resenha do livro - a civilização inca - 20.08.2013

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    FAVRE, Henri. A Civilizao Inca. 1.ed. Traduo de Maria Jlia

    Goldwasser. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora 1998. 105 pginas.

    Tawantinsuyu: O maior Imprio das Amricas

    Publicado originalmente no ano de 1972 pela Presses Universitaires de France,o livro A Civilizao Inca, do professor Henri Favre traa um interessantepanorama sobre o maior Imprio da America Pr-colombiana.

    A obra divida em seis captulos, sendo cada um deles subdivididos em trs

    tpicos de maneira a permitir o entendimento do tema abordado. No primeirodeles, denominado Precursores e Concorrentes, o autor apresenta os povospossuidores de uma rica tradio cultural assimilada mais tarde pelosconquistadores Incas. Entre esses povos, a obra destaca a civilizao Chavin,originada com o advento da agricultura e da expanso demogrfica, durante o Imilnio A.C.; os Estados de Tiahuanaco e Huari que estenderam sua influnciadesde os planaltos bolivianos at o norte do Peru e o Imprio Chimu,caracterizado pelas suas redes hidrulicas de irrigao, que se chocaria maistarde com o imperialismo inca.

    A expanso Inca e suas causas explanada no capitulo dois, tendo sua origema partir da Confederao Cuzquenha, aliana formada entre os Incas e asetnias existentes na regio de Cuzco. Como o poder militar era exercido pelosIncas, isso garantiu a sua supremacia sobre os outros grupos nascendoportanto um Estado de carter unitrio que encabeado pela figura doImperador e do Deus-Sol Inti. O capitulo traa a linha das conquistas sobre ospovos andinos por meio de uma serie de importantes lderes, como Pachakuti,Tupa Yupanki e Wayna Kapaq, responsveis por estender os territriosconquistados a uma superfcie de 950 km. Deste modo, no a toa que eles

    denominavam seu Imprio como Tawantinsuyu, as quatro terras na lnguakechwa. Ao comentar sobre as razes do expansionismo Inca, o autor nos traza noo pouco conhecida de que eles justificavam seu imperialismo nosmesmos termos que os espanhis procuravam justificar o seu, dizendo-seinvestidos de uma misso civilizadora sobre os povos mergulhados nabarbrie.

    No capitulo trs entendemos melhor as relaes scias e econmicas vigentesno interior da sociedade Inca, no qual destacado o papel fundamental doayllu, grupo social existente nas aldeias constitudo por um conjunto de famlias

    unidas por laos de aliana ou parentesco que reconhecia assim uma chefia,ou kuraka, e uma divindade tutelar, chamada de waka. Era comum vrios ayllu

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    unirem-se sob a primazia de um deles para formar uma chefia, assim comovarias chefias poderiam ser unidas sob a hegemonia de uma delas para formaruma chefia maior.

    Fevre estende-se, detalha sobre as caractersticas do trabalho que sustenta a

    economia do Imprio, impostas a todos os homens adultos da classecamponesa durante intervalos de alguns meses a um ano, a prestaremservios nas colheitas, no pastoreio, nas construes e na guerra.

    Ao nos depararmos com o capitulo quatro, conhecemos melhor as funesimperiais e seu carter instvel: no existia um principio dinstico quedeterminasse a ordem de sucesso dos imperadores, portanto, a continuidadedo Imprio se dava atravs de um golpe de Estado, eclodindo sempre emrebelies dos territrios submetidos. O autor descreve a burocracia inca,composta pelo conselho de quatro membros do imperador, chamado de apu,os governadores das provncias ou tukriquq, os contadores ou kipukamayoq, eos chefes locais. A ultima parte dedicada a metrpole poltica e religiosa domundo Inca, Cuzco, o umbigo do mundo, que em seu apogeu comportavamais de 60 mil habitantes, onde mesclavam-se etnias, lnguas e culturas.

    Embora os Incas ignorassem a escrita, o capitulo cinco mostra que elespassaram muito bem sem ela. Criando deste modo uma literatura oral decarter histrico e religioso, fixaram um calendrio de 12 meses lunares basede um sistema numrico decimal a partir de uma espcie de baco e

    desenvolveram uma arquitetura e urbanismo que impressionou at mesmo oseuropeus. O autor tambm aborda a arte da cermica, da tecelagem e daproduo metalrgica que apesar de ter fabricado objetos em ouro, prata,cobre e bronze, no excluiu a elaborao de utenslios lticos.

    Aps lermos as paginas anteriores, o sexto e ultimo capitulo, denominadoInvaso e Queda, ainda mantm a maneira minuciosa de narrar os fatos.Frevre mostra que o sucesso da invaso espanhola se deve principalmente asguerras que se sucederam a morte do imperador Wayna Kapaq,entre seus doisfilhos, Ataw Wallpa e Waskarr. Os espanhis, chefiados por Francisco Pizarro,

    souberam aproveitar-se dessa situao e auxiliados pelas chefias queinsurgiram-se contra os Incas, eliminaram os dois pretendentes ao tronodominando Cuzco em 1533. Todavia Manko Inka, meio-irmo de Waskarr eAtaw Wallpa, comandou a resistncia Inca incorporando as tcnicas militaresdos europeus nos campos de batalha. Aps a morte dele, lentamente o Estadodesmembrou-se. Em 1572 a execuo de Titu Kusi, filho de Manko Inka psfim a linhagem dos Filhos do Sol.

    Em suma, a leitura de A Civilizao Inca dilata nossa compreenso sobre acultura Incaica, o seu legado e a acumulao de riquezas que foi de tal

    proporo que um sculo de pilhagem por parte dos invasores espanhis,acarretou riquezas materiais quatro vezes maiores do que os europeus

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    puderam acumular em dois mil anos. Nota-se tambm, que embora o autortenha citado o Deus-Sol Inti e outras divindades em numerosas passagens,no dedicou nenhum capitulo em particular para falar sobre as crenas epraticas religiosas que estiveram enraizadas na tradio Peruana, combatidaspelo Cristianismo durante a poca da colonizao e que ainda existem emmuitas localidades dos Andes. atraente pensar como teria sido a evoluodeste Imprio se os espanhis no tivessem chegado naquele determinadomomento.

    Henri Favre um etno-socilogo especializado em Amrica Latina, dedicando-se a estudar em particular os Maias do Mxico e os Quchuas do Peru. Possuidoutorado na Universidade de Paris sendo pesquisador do CNRS (CentreNationale de La Recherche Scientifique) e professor do Instituto de AltosEstudos sobre a Amrica Latina. Seus principais livros, constantemente

    editados e traduzidos para outras lnguas so: Les Incas (1972)", Lemouvement indigniste en Amrique Latine" (1996) e L'indignisme (1998).