resenha: a privataria tucana
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"A PRIVATARIA TUCANA nos traz, de maneira chocante e até decepcionante, a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público. Faz uma denúncia vigorosa do que foi a chamada Era das Privatizações, instaurada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e por seu então Ministro do Planejamento, José Serra. Nomes imprevistos, até agora blindados pela aura da honestidade, surgirão manchados pela imprevista descoberta."TRANSCRIPT
http://geracaoeditorial.com.br/privatariatucanaa/
Privataria Tucana, A
A privataria tucana
Autor: Amaury Ribeiro Jr.
Categoria: Reportagemdenúncia
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 344
Peso:
ISBN: 9788561501983
Coleção História Agora
Editora: Geração
Sinopse:
Preparese, leitor, porque este, infelizmente, não é um livro qualquer.
A PRIVATARIA TUCANA nos traz, de maneira chocante e até decepcionante, a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público. Faz uma denúncia vigorosa do que foi a chamada Era das Privatizações, instaurada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e por seu então Ministro do Planejamento, José Serra. Nomes imprevistos, até agora blindados pela aura da honestidade, surgirão manchados pela imprevista descoberta
de seus malfeitos.
Amaury Ribeiro Jr. faz um trabalho investigativo que começa de maneira assustadora, quando leva um tiro ao fazer reportagem sobre o narcotráfico e assassinato de adolescentes, na periferia de Brasília. Depois do trauma sofrido, refugiase em Minas e começa a investigar uma rede de espionagem estimulada pelo
exgovernador paulista José Serra, para desacreditar seu rival no PSDB, o exgovernador mineiro Aécio Neves. Ao puxar o fi o da meada, mergulha num novelo de proporções espantosas.
—————————————————————————————
Livro-denúncia traz bastidores espantosos de uma era de escândalos e corrupção
Com 200 páginas e 16 capítulos que jamais deixam cair seu contundente interesse, PRIVATARIA TUCANA é o resultado final de anos de investigações do repórter Amaury Ribeiro Jr. na senda da chamada Era das Privatizações, promovida pelo governo Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de seu ministro do Planejamento, exgovernador de São Paulo, José Serra. A expressão “privataria”, cunhada pelo jornalista Elio Gaspari e utilizada por Ribeiro Jr., faz um resumo feliz e engenhoso do que foi a verdadeira pirataria praticada com o dinheiro público em benefício de fortunas privadas, por meio das chamadas “offshores”, empresas de fachada do Caribe, região tradicional e historicamente dominada pela pirataria.
Essa “privataria” toda foi descoberta num vasto novelo cujo fio inicial foi puxado pelo repórter quando ele esteve a serviço de uma reportagem investigativa, encomendada pelo jornal “Estado de Minas”, sobre uma rede de espionagem estimulada pelo exgovernador paulista José Serra para levantar um dossiê contra o exgovernador mineiro Aécio Neves, que estaria tendo romances discretos no Rio de Janeiro. O dossiê teria a finalidade de desacreditar o exgovernador mineiro na disputa interna do PSDB pela indicação ao candidato à Presidência da República, e levou Ribeiro Jr. a uma série de investigações muito mais amplas, envolvendo Ricardo Sérgio de Oliveira, extesoureiro das campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, o próprio Serra e três de seus parentes: Verônica Serra, sua filha, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marín Preciado. Serra e seu clã são o assunto central do livro, mas as ramificações e consequências sociais e políticas das práticas que eles adotam são vastas e fazem com que o leitor comum fique, no mínimo, estupefato.
Sem dúvida, o brasileiro padrão, mediano, que paga seus impostos, trabalha dignamente e luta pela vida com dificuldades imensas estará longe de compreender o complexo mundo de aparências e essências, fachadas e bastidores da corrupção política e empresarial, e toda a sofisticação desses crimes públicos que passam por “lavanderias” no Caribe, e, neste caso, o estilo objetivo e jornalístico de Amaury Ribeiro Jr. é de grande ajuda para que as ações pareçam inteligíveis para qualquer pessoa mais instruída.
Um dos principais méritos do livro é descrever toda a trajetória que o dinheiro ilícito faz, das “offshores” a empresas de fachadas no Brasil, e da subsequente “internação” desse dinheiro nas fortunas pessoais dos envolvidos. Neste ponto, o livro de Ribeiro Jr., embora não tenha nada de fictício, segue a trilha de livros policiais e thrillers sobre corrupção e bastidores da política, já que o leitor pode acompanhar o emaranhado e sentirse recompensado pelo entendimento. O livro, aliás, tem um início que de cara convida o leitor a uma grande jornada de leitura informativa e empolgante, revelando como Ribeiro Jr., ao fazer uma
reportagem sobre o narcotráfico na periferia de Brasília, a serviço do “Correio Braziliense”, sofreu um atentado que quase o matou e, descansando desse atentado, voltou tempos depois a um jornal do mesmo grupo, “O Estado de Minas”, para ser incumbido de investigar a rede de espionagem estimulada por Serra, mencionada no início. É o ponto de partida para tudo.
O que este PRIVATARIA TUCANA nos traz é uma visão contundente e realista como poucas dos bastidores do Brasil político/empresarial. O desencanto popular com a classe política, nas últimas décadas, acentuase dia após dia, e um livro como este só faz reforçálo. Para isso, oferece todo um manancial de informações e revelações para que o leitor perceba onde foi iludido e onde pode ainda crer na humanidade, pois, se a classe política sai muito mal, respingando lama, dessas páginas, ao menos o jornalismo investigativo, honesto e necessário, prova que os crimes de homens públicos e notórios não ficam para sempre convenientemente obscurecidos. Há quem os desvende. E quem tenha coragem de revelálos.
Sobre o autor
Amaury Ribeiro Jr. Repórter ganhador de 3 prêmios Esso, vencedor por quatro vezes do prêmio Vladimir Herzog, dedicou toda a sua carreira ao jornalismo investigativo e de denúncia. Amaury faz parte do ICIJ – Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Foi repórter especial do jornal “O Globo” e da revista “Isto É”, além de ter se destacado no “Correio Braziliense” e no “Estado de Minas”, entre outros jornais.
http://www.cartacapital.com.br/politica/resenhadeaprivatariatucanacausademissaodejornalistanarevistadabibliotecanacional/
Resenha de 'A privataria tucana' causa demissão de jornalista na revista da Biblioteca Nacional Pressão do PSDB levou Celso de Castro Barbosa a ser demitido após resenha favorável ao livro de Amaury Ribeiro Jr. por Gabriel Bonis — publicado 29/03/2012 10:18, última modificação
22/12/2012 09:21
demissão de dois jornalistas
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A demissão de dois profissionais da revista de História da Biblioteca Nacional semanas após a
publicação de uma resenha favorável ao livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro
Jr fato que despertou a ira de parlamentares do PSDB, alvo de denúncias na obra colocou o
veículo no centro de uma polêmica sobre uma suposta intervenção do partido no caso. A
demissão foi apontada na imprensa na coluna do jornalista Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo,
da quartafeira 28.
Publicado em 24 de janeiro, o texto do jornalista Celso de Castro Barbosa foi alvo críticas de
tucanos, que liderados pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), ameaçaram processar a
publicação, editada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin) e que da
Biblioteca Nacional recebe apenas material de pesquisa e iconografia.
Como resultado, a revista retirou a resenha do ar. “Fui censurado e injuriado”, diz o jornalista
em entrevista a CartaCapital.
Barbosa destaca que a remoção do texto ocorreu apenas “após o chilique do PSDB” em 1º de
fevereiro, nove dias depois da publicação em destaque na primeira página do site da revista. O
motivo seria uma nota divulgada em um jornal carioca, segundo a qual a cúpula do partido
estava “possessa” com a revista, tida pela legenda como do governo.
A evidente pressão externa fez com que o jornalista recebesse um chamado do editorchefe da
publicação, Luciano Figueiredo, naquele mesmo dia. “Ele [Figueiredo] disse concordar com
quase tudo que havia escrito, mas o Gustavo Franco [expresidente do Banco Central no
governo FHC] leu, não gostou e resolveu mobilizar a cúpula tucana.”
Para conter o movimento, relata, o editorchefe se comprometeu a escrever uma nota
assumindo a culpa pela publicação do texto. “Eu disse: ‘Culpa de que? Ninguém tem culpa de
nada. É uma resenha de um livro.’”
No dia seguinte o diário O Globo destacou a história e um pronunciamento da Sabin a dizer que
os textos da revista são analisados pelos editores, mas aquela resenha não havia sido editada.
“Subentendese que publiquei por minha conta”, ironiza Barbosa.
Por outro lado, em matéria publicada na terçafeira 27 no site do Sindicato dos Jornalistas do
Rio de Janeiro, dois editores da revista, Vivi Fernandes de Lima e Felipe Sáles, desmentem a
Sabin e confirmam ter editado a resenha antes da publicação no site.
Críticas a Serra
O texto de Barbosa destaca a vivacidade do jornalismo investigativo no livro e sugere que José
Serra esteja “morto”. O exgovernador de São Paulo também é citado como a figura com a
“imagem mais chamuscada” pelas denúncias, além de questionar a origem de seu patrimônio.
(Leia o texto aqui)
Inconformado com a resenha, Guerra chegou a enviar cartas de protesto à ministra da Cultura,
Ana de Hollanda, e a Figueiredo. Outros tucanos alegaram que a publicação era pública, trazia
os nomes da presidenta Dilma Rousseff, e de Hollanda no expediente e recebia verba da
Petrobrás. Logo, deveria se manter isentada de questões políticas.
Mas Barbosa destaca que a dona da revista é a Sabin. “Uma entidade privada, composta
inclusive por bancos.”
O patrocínio, defende, não seria impedimento para a manifestação de opiniões no veículo. “Não
está escrito na Constituição que em revista patrocinada pela Petrobras a manifestação contra
eventuais adversários do governo é proibida.”
A revista, por outro lado, preferiu divulgar nota pedindo desculpas aos ofendidos pelo texto, além
de alegar não defender “posições político partidárias”.
Em meio ao ocorrido, Barbosa afirma ter sido ameaçado com um processo por Guerra e, após
a pressão dos tucanos, seus editores avaliaram que seria menor que trabalhasse em casa.
Devido à situação, o jornalista revela ter questionado o posicionamento de Figueiredo em um
email aberto à redação, no qual perguntava sobre a nota que o editorchefe escreveria em seu
apoio. “Ele escreveu uma nota mentirosa e deu para o presidente da Sabin assinar. Depois, em
29 de fevereiro, me demitiu.”
Sobre a reação tucana, Barbosa acredita que o partido poderia ter agido de outra forma.
“Vivemos em um país livre e a Constituição me garante o direito à opinião.”
O jornalista se refere a declarações de parlamentares do PSDB, que o chamaram de “servidor
público a favor do aparelhamento do Estado”. “Se há algum erro no tom, é deles [tucanos], não
meu. Sequer tinha carteira assinada e cumpria jornada sem direito trabalhista.”
Um dos motivos pelo qual Barbosa processa a revista. “Na ação, também peço indenização por
danos morais e uma retratação pela nota mentirosa.”
Procurada, a Sabin informou, via nota assinada pelo presidente da instituição, JeanLouis
Lacerda Soares, que “não interfere no conteúdo editorial da revista”, pois a “atribuição
relacionada ao conteúdo é do Conselho Editorial”.
A sociedade nega ter sofrido interferência externa nas demissões e diz que o jornalista Celso de
Castro Barbosa foi demitido pelo então editor Luciano Figueiredo, por sua vez, dispensado
“exclusivamente por razões administrativas.”
A reportagem de CartaCapital também contatou Luciano Figueiredo por meio da assessoria de
imprensa da Universidade Federal Fluminense, instituição na qual leciona, e foi informada de
que o historiador não poderia dar entrevistas.
Outra tentativa foi realizada por email, mas não houve resposta do professor até o fechamento
desta reportagem.
O PSDB divulgou, nesta sextafeira 30, nota na qual afirma que a "a própria Revista de História
da Biblioteca Nacional constatou ter cometido um erro ao publicar o artigo" e "lamenta o retorno
do assunto", ressaltando que "não teve nenhum tipo de interferência na demissão dos
profissionais."
Na nota, Guerra afirma que o partido tem o direito de ir contra a resenha e também à Justiça.
Ele nega interferência no caso.
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6990:rese
nha030412&catid=43:resenhas&
Resenha - A Privataria Tucana
ESCRITO POR CELSO DE CASTRO BARBOSA
QUARTA, 04 DE ABRIL DE 2012
Recomendar
Nota da Redação: A resenha a seguir foi publicada originalmente na Revista de História da
Biblioteca Nacional, patrocinada por órgãos de governo e editada pela Sociedade dos
Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin). Após melindrar políticos tucanos foi retirada do ar.
Posteriormente, o jornalista que a assinou e mais um colega foram demitidos e até
acusados de ter produzido e publicado o artigo, favorável ao livro, por conta própria. No
entanto, ficaram inequívocas as pressões, incapazes, no entanto, de rebater e desmontar
as denúncias desde a publicação do livro, de modo que tentam obstinadamente censurá-lo
e retirá-lo do debate nacional. Portanto, pelas razões descritas, o Correio da Cidadania
publica a resenha do jornalista Celso de Castro Barbosa.
“O jornalismo não morreu”
Privataria Tucana prova que a reportagem de investigação está viva e José Serra,
aparentemente, morto
Engana-se quem imagina morta a reportagem de investigação
no Brasil. Embora os jornalões, revistas semanais e emissoras
de TV emitam precários sinais vitais do gênero, ele está
vivíssimo, como prova A Privataria Tucana, livro do premiado
repórter Amaury Ribeiro Jr.
Lançado em dezembro e recebido pela grande imprensa com
estridente silêncio, seguido de críticas que tentaram
desqualificar a reportagem e o autor, o sucesso do livro, já na
terceira edição e no topo das listas dos mais vendidos, não se
deve a suposto sentimento anti-tucano. Até porque os fatos
objetivos relatados não poupam o PT. Não há santos na
Privataria.
Com base em documentos oficiais, da CPI do Banestado e outros que o autor conseguiu
em cartórios, Amaury torna pública a relação de dirigentes do PSDB e a abertura de contas
no exterior de empresas de fachada, responsáveis pelo retorno ao Brasil do dinheiro sujo
da corrupção. Dinheiro que voltou, naturalmente, limpo.
Muita gente deve explicações à Justiça que, nesse episódio como em outros envolvendo
expressivos representantes da elite brasileira, move-se a passos de tartaruga. Ou
simplesmente não se move. Pelo cargo que ocupou na época das tenebrosas transações,
as privatizações da era FHC, José Serra, então ministro do Planejamento e depois duas
vezes candidato à presidência, prefeito e governador de São Paulo, é quem tem a imagem
mais chamuscada, para não dizer estorricada, ao fim da Privataria Tucana.
De origem humilde, o tucano paulista exibe patrimônio incompatível com os rendimentos de
um político. Tudo em nome de sua filha, Verônica, que ao lado de Ricardo Sérgio, tesoureiro
das campanhas de Serra e Fernando Henrique, emerge como principais parceiros do
ex-governador no propinoduto que marcou a venda das empresas de telecomunicação.
Além de jogar uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos, o livro de Amaury
tem ainda o mérito de questionar, involuntariamente, a atuação da grande imprensa no
país. Agindo como partido único, onde só é permitida uma única opinião, jornais, revistas e
mídia eletrônica defenderam, com unhas e dentes, a privatização. O principal argumento
era a vantagem que traria aos consumidores: eficiência e tarifas baixas por causa da
concorrência. Passados mais de dez anos, o Brasil cobra tarifas de telefone das mais altas
do planeta e as concessionárias são campeãs de reclamação nos Procons.
Não bastasse, ao ignorar o lançamento do livro, a imprensa hegemônica mostra sua face
semelhante à dos piratas: um olho tapado, que nada vê, e outro atento à movimentação
dos adversários.
Ficha técnica:
Título: A Privataria Tucana
Autor: Amaury Ribeiro Junior
Editora: Geração Editorial
Ano: 2011
http://www.pedromigao.com.br/ourodetolo/2011/12/resenhaliterariaaprivatariatucana/
Resenha Literária – "A Privataria Tucana" Postado em 22 dezembro 2011. Tags: Cultura, Eleições
2010, Livros, Política, PSDB, Resenha Literária
Arrasador. Insofismável.
Se fosse reduzir a poucas palavras este “A
Privataria Tucana”, do laureado (três Prêmios Esso,
o mais importante do jornalismo brasileiro) Amaury
Ribeiro Jr, as palavras seriam estas.
Fruto de dez anos de pesquisas do autor por
cartórios, varas de Justiça, bancos e outras
diversas fontes, o livro desnuda alguns bastidores
das privatizações e mostra como as propinas
resultantes do processo foram “lavadas” a fim de
entrarem de forma legal – “ma non troppo” – no
país.
Além disso, a obra mostra esquemas de lavagem
de dinheiro utilizados pelos políticos tucanos – mas
não só estes: políticos, empresários e criminosos
utilizavam-se dos mesmos estratagemas. E mostra
os esquemas de espionagem a aliados e
adversários comandado pelo ex-candidato José
Serra.
Em um terceiro momento, o autor revela alguns bastidores da última campanha presidencial, onde
acabou no meio de um tiroteio envolvendo a campanha tucana e, ao mesmo tempo, uma luta de
poder entre dois grupos de petistas – que quase desestabilizou a candidatura de Dilma Roussef e
com direito a lamentáveis traições.
Como se não bastasse, ainda mostra a formação dos consórcios de privatização, revela alguns
fatos sobre a venda – melhor seria dizer doação – da Vale do Rio Doce, mostra que a filha de José
Serra quebrou o sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros e explica o porquê da monumental
pizza em que se transformou a CPMI do Banestado, produzida tanto por petistas quanto por
tucanos.
Como o leitor pode ver somente pela introdução, nitroglicerina pura.
O processo de privatização no Brasil se pautou pela pouca transparência, pelo apoio
entusiasmado da mídia – como escrevi em post recente – e pelo “abafa” de todas as tentativas de
se investigar o processo. Olivro traz o mérito de jogar luz em muito do que ocorreu, chegando a
rastrear algumas
propinas pagas neste processo. Sempre cruzando documentos e estabelecendo relações, o autor
faz um panorama bastante fiel – e assustador – do que houve no processo.
Como são muitos assuntos tratados, faço abaixo pequeno resumo de cada capítulo.
Capítulo 1 – “A História antes da História”: Amaury conta o episódio onde levou um tiro em
investigação sobre o assassinato em massa de menores no entorno de Brasília, o que o levou ao
jornalismo político.
Capítulo 2 – “Briga de Foice no PSDB”: a pedido do jornal “Estado de Minas”, onde trabalhava,
o autor preparou matéria que mostrava o esquema de “arapongagem” montado por Serra a fim
de monitorar e acompanhar todos os passos de Aécio Neves, então governador de Minas e
concorrente do governador paulista na postulação tucana à candidatura presidencial.
Tal guerra teve seu ápice em um artigo do Estado de São Paulo intitulado “Pó Pará, Governador”,
em clara intimidação ao governador mineiro. Nas investigações a pedido do Estado de Minas
(ligado de forma xipófoga a Aécio) Amaury se concentra em operações de lavagem de dinheiro
comandadas por Ricardo Sérgio de Oliveira, ligado a Serra, ex-caixa de campanha de Fernando
Henrique e um dos personagens centrais do livro. Bem como do genro de Serra.
Capítulo 3 – “Com o Martelo na Mão e Uma Idéia na Cabeça”: introduzindo a questão das
privatizações, mostra-se o modelo utilizado – que nas palavras do autor “faria corar Margaret
Thatcher”. O capítulo faz um resumo das privatizações e mostra que estavam nos planos também
a venda do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e a Petrobras.
Também demonstra-se que muitas vezes o Estado pagou para que empresas fossem vendidas,
via empréstimos do BNDES, moedas podres e aumentos de tarifas da ordem de 500% na telefonia
e 150% na energia elétrica.
Cita-se o episódio do Banerj, banco estatal do Rio de Janeiro, onde o governador tucano Marcello
Alencar – de fama popular sedimentada como corrupto, embora incrivelmente jamais tenha se
conseguido provar nada – pagou R$ 3,3 bilhões para vender o banco por R$ 165 milhões.
(Parêntese: foi em 95 que pela única vez fora de um regime ditatorial se fez intervenção em um
sindicato por motivos políticos, no caso o dos petroleiros. O autor deste absurdo era o então advogado
geral da União e hoje Ministro do STF Gilmar Mendes, o mesmo que concedeu dois habeas corpus a
Daniel Dantas em 48 horas. Fecha o parêntese)
Capítulo 4 – “A Grande Lavanderia”: aqui se mostram os paraísos fiscais no Caribe , em especial
as Ilhas Virgens Britânicas. Lá ficava a “Citco”, que era um instrumento de lavagem de dinheiro
usado por tucanos de alta plumagem, o Presidente da CBF Ricardo Teixeira e Fernandinho Beira
Mar, entre outros.
Capítulo 5 – “Aparece o Dinheiro da Propina”: o tomo abre com a CPMI do Banestado, cuja
agência em Nova York se tornou a maior lavanderia do mundo – R$ 30 bilhões lavados. A CPI
acabou em uma monumental pizza, porque tanto tucanos quanto petistas tinham culpa no cartório
e fizeram um “acordão”.
Entretanto, ao ser processado por Ricardo Sérgio, o autor teve acesso aos documentos da CPI e
aí conseguiu – de forma totalmente legal – documentos que mostram Ricardo Sérgio recebendo
propina por ocasião da privatização da Telemar.
À época ele era diretor da área internacional do Banco do Brasil, mas era caixa de campanha de
José Serra e Fernando Henrique Cardoso desde 1990.
Há ainda uma mal explicada história de uma doação feita por Carlos Jereissati – um dos
posteriores compradores da Telemar – à campanha ao Senado de Serra em 1994. Ele doou R$ 2
milhões à campanha, mas somente R$ 95 mil apareceram na prestação de contas da campanha.
Outra informação impressionante: a Vale do Rio Doce foi vendida com suas reservas de minério de
ferro, que podem abastecer o mundo por quatro séculos, valoradas como zero. Ou seja, a
empresa foi privatizada como se não tivesse sequer mais um quilo de minério para extrair do solo.
Os capítulos 6 a 10 mostram de forma detalhada todo o esquema de lavagem de dinheiro
utilizado por Ricardo Sérgio e por tucanos de alta plumagem. Chama a atenção a presença
constante do primo de Serra, Gregorio Preciado, da filha Verônica e do genro nos esquemas de
lavagem de dinheiro, através de diversos métodos.
Preciado também foi beneficiado com empréstimos do Banco do Brasil mesmo estando
inadimplente com o banco, e teve uma redução de dívida de 90% concedida pela mesma
instituição.
Do 11 ao 13 detalha-se o esquema de espionagem de José Serra – operacionalizado pelo
ex-Secretário de Segurança do Rio de Janeiro e ex-deputado federal Marcelo Itagiba – e as
empresas “camaleão” utilizadas para internar dinheiro no país. Bem como a quebra do sigilo
bancário de 60 milhões de brasileiros feita pela empresa da filha de Serra, em sociedade com a
irmã de Daniel Dantas.
Nos três capítulos finais contam-se histórias das eleições de 2010, onde o autor ficou no meio de
um tiroteio que envolvia o staff de Serra, a central de espionagem do candidato, a luta política do
PT e o controverso episódio de indiciamento do autor – cuja explicação do episódio é bastante
convincente, até porque as datas das eventuais quebras simplesmente não batem.
O livro elucida a questão do vazamento de declarações de renda de tucanos da agência de Mauá,
feita pela própria estrutura de inteligência do PSDB a fim de incriminar os petistas e colocada na
conta do autor. O argumento dele é insofismável: os dados que ele procurava não estavam em
declarações de renda, e sua pesquisa abrangia período anterior aos das declarações vazadas.
Lamentável é a postura do presidente nacional do PT, Rui Falcão, que sabota de forma deliberada
a campanha a fim de obter mais poder – a ponto de começar a vazar todos os passos da
campanha para órgãos de imprensa engajados na campanha do PSDB, como a Veja e a Folha de
São Paulo. Em português claro: traidor.
Estes órgãos, a propósito, saem bem chamuscados do livro, pois fica claro que atuavam no staff
de Serra e muitas vezes distorciam matérias a fim de atender aos objetivos de campanha.
Resumindo, o livro mostra que a corrupção no Brasil não foi inventada pelo PT, embora haja
muitos corruptos no partido. Tem o mérito de mostrar todas as falcatruas ocorridas durante a
privatização, confirmando a impressão generalizada de que teria havido um assalto aos cofres da
nação – e fazem Mensalão e assemelhados parecerem troco de bala nas Lojas Americanas.
Ainda mostra todos os esquemas de lavagem de dinheiro utilizados especialmente pelos tucanos,
mas não somente por eles. E de forma didática, embora seja tema espinhoso, explica como
funciona o processo.
Lembro também que Serra sai menor da leitura, pois fica claro que sua conduta para o público
externo era uma e a realidade, totalmente diferente.
E algo importante: todos os fatos relatados estão calcados em documentos, obtidos de forma
legal e disponíveis ao público. cerca de um terço do livro é de transcrição destes, com algumas
descobertas bastante interessantes.
Independente da posição política do leitor, é leitura obrigatória. Nem que seja para desmascarar a
hipocrisia de certos políticos e certos órgãos de imprensa que posam de vestais.
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Privataria_Tucana
A Privataria Tucana é um livro de autoria do jornalista brasileiro Amaury Ribeiro Jr.1 , exrepórter especial da revista Isto É e do cotidiano O Globo e ganhador de diversos
prêmios Esso de jornalismo. O título do livro ("privataria") é um neologismo que combina
privatização a pirataria, criado pelo jornalista Elio Gaspari, e "Tucano" é um apelido comum
dado a membros do PSDB, a partir de um dos símbolos do partido, o pássaro tucano.
Sinopse
O livro, resultado de 12 anos de investigação sobre as "privatizações no Brasil",2 , destaca
documentos que apresentam indícios e evidências de irregularidades nas privatizações que
ocorreram durante a administração do expresidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB,
além de amigos e parentes de seu companheiro de partido, José Serra. Os documentos
procuram demonstrar que estes políticos e pessoas ligadas a eles realizaram, entre 1993 e
2003,3 movimentos de milhões de dólares,lavagem de dinheiro através de offshores
empresas de fachada que operam em Paraísos Fiscais no Caribe.4 5
Privataria Tucana contém cerca de 140 páginas de documentos fotocopiados que evidenciam
que o então Ministro do Planejamento e futuro Ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), José Serra, recebeu propina de empresários que participaram dos processos de
privatização no Brasil.6
O autor revela que iniciou as investigações sobre lavagem de dinheiro quando fazia uma
reportagem sobre o narcotráfico a serviço do Correio Braziliense (CB). Depois de sofrer um
atentado, foi transferido para o jornal O Estado de Minas, do mesmo grupo do CB, e lá
incumbido de investigar uma suposta rede de espionagem mantida por José Serra.7
As denúncias do livro citam uma série de casos em que propinas teriam sido pagas a Ricardo
Sérgio de Oliveira e outras pessoas ligadas a José Serra em troca de benefícios pessoais.
Possível propina de Jereissati, comprador da Telemar8
O livro mostra que uma empresa de Ricardo Sérgio de Oliveira, exdiretor da área internacional
do Banco do Brasil e amigo de Serra, recebeu 410 mil dólares de outra empresa chamada
Infinity Trading. Essa offshore das Ilhas Cayman, depositou os 410 mil dólares em favor da
empresa Franton Interprise, no MTB Bank, de Nova York. Oliveira é o dono da Franton, e o
empresário cearense Carlos Jereissati, proprietário da Infinity9 . A transferência foi feita dois
anos depois do leilão em que um grupo controlado por Jereissati arrematou o controle da antiga
Telemar.10 Segundo um documento da Secretaria de Acompanhamento Econômico, o Grupo
Jereissati é dono de uma Infinity Trading.11 Os 410 mil seriam propina em troca de
favorecimento na compra da Telemar. Aventouse a possibilidade de que se esteja apenas
diante de duas Infinity Trading homônimas, mas isto nunca foi confirmado.
Em outro caso, publicado também na revista Veja, em 2002, uma empresa de consultoria
financeira, de Ricardo Sérgio, que em 1996 faturou apenas 60 mil reais, recebeu 1,8 milhões de
reais em 1999 de uma empresa de Carlos Jereissati a título de consultoria em internet, o que
parece também afirmarse como indício do pagamento de propina durante o processo de
privatização.12
Comprador da Vale diz que Ricardo Sérgio lhe cobrou comissão13
Em outro possível caso de dinheiro ilícito ligado às privatizações, o livro relata que dois
ministros de FHC disseram ter ouvido do líder do consórcio comprador da Vale que Ricardo
Sérgio exigiu dele uma comissão. A história já foi capa da revista Veja.14
Ricardo Sérgio ganhou dinheiro em negócios com fundos de pensão15
Enquanto era diretor do Banco do Brasil com influência na gestão dos fundos de pensão
estatais, o faturamento das empresas de Ricardo Sérgio cresceu muito, principalmente em
negócios com os próprios fundos de pensão. Para a Previ, as empresas dele venderam um
prédio por 62 milhões de reais. Da Petros, compraram dois prédios por 11 milhões de reais.
Tudo isso também foi publicado na já mencionada edição da revista Veja de 2002,16 exceto por
um dado a mais: o dinheiro da compra do prédio da Petros veio de uma offshore caribenha.
Banco do Brasil perdoa dívida de Gregório Preciado, exsócio de Serra17
O valor exato do perdão diverge segundo a versão, mas está na casa das dezenas de milhões
de reais. Depois do perdão, Preciado, mesmo falido, conseguiu representar a espanhola
Iberdrola em privatizações do setor elétrico. O próprio Preciado não nega a história. A Folha de
S. Paulo publicou o caso em 2002.18
Verônica Serra & Verônica Dantas
O livro traz ainda evidências de que a Verônica Serra, filha de José Serra, e Verônica Dantas,
irmã do banqueiro que fora acusado por inúmeros crimes de corrupção, Daniel Dantas, usaram
três empresas chamadas Decidir para trazer 5 milhões de dólares do Citibank ao Brasil pelo
trajeto MiamiCaribeSão Paulo.19 Esta teria sido uma outra forma de pagamento de propina
cujo o intuito era receber favorecimento nas privatizações, já que o Citibank comprou parte da
Telebrás em associação com o acima citado, Daniel Dantas.
Em 2003, Verônica Serra foi indiciada pela Polícia Federal pelo crime de quebra de sigilo, o
processo está lavrado na 3ª Vara Criminal de São Paulo.20 Em nota à imprensa, Verônica
Serra desmentiu as informações do livro e apresentou certidão sobre tal processo, da Terceira
Vara Criminal de São Paulo, de 23 de dezembro de 2011, onde se atesta que ela "não prestou
declarações em sede policial, não foi indiciada nos referidos autos, tampouco houve
oferecimento de denúncia em relação à mesma." A filha de José Serra afirmou ainda nunca ter
sido indiciada ou ré em qualquer processo junto à Polícia Federal, e que irá abrir processo de
calúnia e difamação contra o autor do referido livro.21 nota 1
Mais adiante, o livro relata que o marido de Verônica Serra, Alexandre Burgeois, usou uma
empresa do Caribe para injetar 7 milhões de reais em outra no Brasil.22 As duas empresas se
chamam IConexa. As transferências não chegaram a ser comprovadas documentalmente, mas
há indícios de que foram feitas por meio da compra de ações da empresa brasileira pela sua
homônima caribenha: a ata de uma assembleia de acionistas da IConexa de São Paulo,
assinada duas vezes por Alexandre Burgeois, sendo uma como pessoa física e outra como
representante da IConexa do Caribe.23 Isso leva a crer que o marido de Verônica e a IConexa
do Caribe eram os únicos acionistas da IConexa de São Paulo. O capital da empresa na data
da assembleia era de 5,4 milhões de reais. Não há como saber qual era a porcentagem de
cada sócio. Em sendo a IConexa do Caribe amplamente majoritária, é possível que tenha
comprado a maior parte do capital da IConexa de São Paulo como meio de remeter o dinheiro
para o Brasil. Mais tarde, o capital da IConexa de São Paulo foi aumentado para 7 milhões de
reais, totalizando a soma que, segundo o livro, foi trazida do Caribe pelo marido de Verônica.
Esse aumento de capital aparece em documentos da Junta Comercial,24 que, contudo, não
mostram quem injetou o dinheiro.
Os 2,5 bilhões de dólares que na verdade são 1,2 milhão
O livro diz que Gregório Preciado, primo de Serra, depositou 2,5 bilhões de dólares numa
empresa de Ricardo Sérgio, a Franton, por meio da conta Beacon Hill, que ficou famosa no
caso Banestado.25 Mas esse valor não bate com os extratos da Beacon Hill publicados na
página 150. Eles mostram que esse total é de 1.204.000 dólares, valor que bate com o que
autor do livro divulgou um ano antes.26
Uso de arapongas por José Serra
O livro afirma ainda que José Serra, desde o seu período à frente do Ministério da Saúde,
utilizou o serviços de arapongas, pagos com dinheiro público, para criar dossiês contra
adversários políticos.27 O grupo de Serra faria grande uso da tática da contrainteligência, isto
é, manobras diversionistas, antecipação e esvaziamento de possíveis denúncias e vitimização
perante a opinião pública.28 O livro também destaca como adversários políticos do mesmo
partido praticaram guerras de espionagem e contraespionagem entre si nos bastidores, tanto
no PSDB (no caso, entre José Serra e Aécio Neves no capítulo 2) como no PT (entre Fernando
Pimentel e Rui Falcão no capítulo 16).
Produção e publicação
A ideia do livro surgiu em 2009, quando Aécio e Serra disputavam acirradamente a indicação
tucana para concorrer à presidência. O mineiro defendia prévias e o paulista se colocava como
"o primeiro da fila". O jornal Estado de S. Paulo, articulado com José Serra, publicou um texto
intitulado "Pó pará, governador?"29 que insinuava, já no título, que Aécio seria um cocainômano
e que, portanto, não poderia sonhar com a presidência. Amaury já havia sido transferido para
Belo Horizonte e foi incumbido pelo dono do jornal Estado de Minas, Álvaro Teixeira da Costa,
de produzir reportagem em resposta a "São Paulo" (referência as mídias do estado de São
Paulo polarizada com o PSDB).30 Amaury sugeriu, então, que se investigassem as
privatizações, pela fragilidade que as conexões com desvio de verbas públicas provocava em
Serra. A investigação o levou a encontrar as contas usadas por Ricardo Sérgio, Alexandre
Bourgeois e pela filha de Serra, Verônica Serra.31
Foi em ação judicial onde Amaury Ribeiro Junior era réu que ele obteve grande parte dos
documentos constantes no livro. Uma reportagem na revista "Istoé", na qual mencionava
Ricardo Sergio, motivou o excaixa de campanha de Serra e FHC a entrar com o processo
judicial contra o jornalista. Para se defender, o autor recorreu ao instrumento judicial, conhecido
como "exceção da verdade", que obrigou a entrega de documentos da CPI do Banestado a
Amaury, fato que contribuiu muito para a investigação jornalística seguir a trilha do dinheiro das
privatizações que comprovam as movimentações feitas entre os envolvidos.
O autor conta que o título inicial seria "No Porões da Privataria"; depois pensou em "Os Privatas
do Caribe", em alusão aos paraísos fiscais no Caribe, mas desistiuse desse segundo para
evitar confusão com o filme " piratas do Caribe". Foram 12 anos de produção do livro até chegar
às livrarias.32
A primeira edição, de 15 mil exemplares, esgotouse no dia do lançamento, 9 de dezembro. No
dia 12, a Geração Editorial decidiu reimprimir 30 mil. No dia 14 de dezembro,Luiz Fernando
Emediato, da Geração Editorial, subiu para 80 mil cópias.33 O jornal O Estado de S.Paulo
noticiou apenas no dia 15 de dezembro, depois de ampla repercussão em blogs e redes
sociais. A notícia de que "(...) 15 mil exemplares vendidos em menos de uma semana, (...)" já
estava defasada.34
Repercussão e comentário
Excetuando a revista CartaCapital e a Rede Record a grande imprensa brasileira ignorou o
lançamento do livro até o dia 15 de dezembro.35 Posteriormente, a revista CartaCapital a Rede
Record e diversos blog de esquerda acusaram a imprensa de ter boicotado o livro para não
prejudicar José Serra. Uma defesa para o silêncio inicial foi o fato de só a revista Carta Capital
ter tido acesso ao livro antes da publicação. O motivo alegado pela editora para o sigilo foi o
receio de que alguma ordem judicial impedisse a publicação.36
A ombudsman da Folha de S. Paulo, Suzana Singer, trouxe outro ponto que deixou de ser
observado pelos que acusaram a grande imprensa de boicotar "A Privataria Tucana": o fato de
durante o governo Fernando Henrique Cardoso tanto a própria Folha quanto a Veja terem dado,
respectivamente, manchete e capa para denúncias relacionadas às privatizações, uma das
quais presente no livro.37 Outras denúncias do livro foram publicadas em 2002 pela Veja ou
pela Folha de S. Paulo.
De qualquer modo, o livro teve uma enorme repercussão em blogs identificados com a
esquerda, e nas redes socias. Ele provocou uma grande reação negativa do PSDB e motivou o
requerimento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Cronologia
No dia 11 de dezembro de 2011, aparece a primeira manchete sobre o livro em língua inglesa:
"Boycotted by Brazil's Mainstream Media Book on Opposition's Corruption Becomes Instant
Bestseller. "38 e no dia 22 de dezembro o livro está na capa do jornal argentino "Página 12″.39
No dia 13 de dezembro, a assimdita grande midia continuou a ignorar o "bestseller" e o
jornalista Gilberto Maringoni (Carta Maior) escreveu: " Um curioso espírito de ordem unida
baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros.
Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de "vaca amarela" (...) " 40 O
jornal "Folha de S. Paulo" quebrou o seu silêncio no dia 15 de dezembro, publicando a opinião
do exgovernador:
"Tratase de uma coleção de calúnias que vem de uma pessoa indiciada pela Polícia Federal.
Isso é crime organizado fingindo ser jornalismo.41 " José Serra
No mesmo dia, a Folha de São Paulo publicou que: "Jornalista acusa tucanos de receber
propina", que dá notícias sobre a repercussão do livro.42
O jornalista Luis Nassif, classificou a obra como "A reportagem investigativa da década".43 Os
jornalistas Luiz Carlos Azenha e Luis Fausto afirmaram que os 15 mil exemplares da 1ª edição
foram esgotados no primeiro dia.44 45 O expresidente Fernando Henrique Cardoso chegou a
cancelar um evento de autógrafos de seu novo livro de memórias 46 , e cancelou todos seus
eventos para o fim de ano, adiantando suas férias 47 Como medida de comparação, o livro de
nãoficção mais vendido no Brasil em 2011, "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil",
lançado em 2009 pelo jornalista Leandro Narloch, vendeu 71 mil cópias em todo o ano segundo
o site Publish News.48
O jornalista Paulo Henrique Amorim — conhecido ferrenho opositor do PSDB — defende que o
conteúdo do livro seria suficiente para que figuras como José Serra e Fernando Henrique
Cardoso sejam presos49 , a exemplo de outros expresidentes latinoamericanos que também
comandaram privatizações fraudulentas em seus países, como Alberto Fujimori do Peru,
Gonzalo Sánchez de Lozada da Bolívia, Carlos Salinas de Gortari do México.
No dia 21 de dezembro, o autor do livro participou de um debate sobre "o silêncio da mídia" com
o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoBSP), autor do pedido de CPI sobre o tema, e o
jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim.50 Em sua edição online do mesmo dia, a revista
Veja, da Editora Abril, publicou uma notícia sobre a obtenção por Protógenes, com base no livro,
das assinaturas para a CPI.
No dia 23 de dezembro a matéria deixou existir 51 naquele espaço virtual. Desde o lançamento
do livro, a revista Veja, que publica semanalmente uma lista dos livros mais vendidos e comenta
os sucessos populares, não fez nenhuma resenha sobre a obra e barrou a matéria online sobre
os reflexos políticos que ela está provocando. O silêncio generalizado dos veículos tradicionais
de comunicação — exceção feita a uma crítica no jornal Folha de S. Paulo, em 15 de dezembro
— perdurou por semanas. 52
Passados 19 dias da chegada de "A Privataria Tucana" a livrarias do país, a publicação foi
inserida na lista dos livros mais vendidos de não ficção da semana da Veja na internet, no dia 28
de dezembro.53
A Globo, no caderno, Prosa & Verso, colocou o livro em primeiro lugar, seguido em segundo
pelo livro, Steve Jobs A biografia54 Somente no dia 28 de dezembro, que a Globo publicou
comentários sobre o conteudo do livro. Com o título "Querem impor a mordaça", Marco Antonio
Villa afirma que "o panfleto de Amaury Ribeiro é apenas um produto da máquina petista de
triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto". Nada foi comentado, no
artigo, sobre as acusações de tucanos receberem propina, nem sobre a venda de 15 mil
exemplares da 1ª edição do "bestseller".55
Fábio de Oliveira Ribeiro, no dia 3 de janeiro de 2012, foca na "importância do capítulo 16".
Ribeiro justifica a importância dizendo que o capítulo 16 "(...) mostra aos interessados
(especialmente aos jornalistas) como é perigoso deixar o campo jornalístico submergir
inteiramente no campo político." Ele conclui que este capítulo do livro é exemplo de "(...) um
poderoso paradigma que certamente ajudará a melhorar a atuação de policiais, jornalistas e
políticos nas próximas eleições presidenciais..." 56
"A privataria tucana", com 120 mil exemplares vendidos, chegou ao topo da lista geral de
vendas da primeira semana do ano 2012. "Steve Jobs" e "As esganadas", de Jô Soares,
fecharam em segundo e terceiro lugar, respectivamente. 57
Amaury Ribeiro Jr. lançou o livro, no dia 18 de janeiro, no Rio de Janeiro e cerca de 300
pessoas, incluindo o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoBSP) e grande número de
lideranças sindicais, lotaram o auditório do Sindicato dos Bancários para o debate e a noite de
autógrafos do livro.58 59
Mais de 300 pessoas na noite de 19 de janeiro no auditório do Sindicato dos Trabalhadores nos
Serviços Municipais de Curitiba, participaram do lançamento do livro no Paraná60 61 e no dia 26
de janeiro Ribeiro Jr. participou de um debate promovido pelo Sindicato dos Bancários
(SindBancários) dentro da programação do Fórum Social Temático (FST), fazendo o
lancamento do livro em Porto Alegre.62 O debate contou também com a participação do
deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoBSP) e do governador Tarso Genro (PT). Ribeiro
Jr. disse que pensa em lançar o "Privataria 2" e adiantou que seu novo livro vai abordar o
envolvimento de estatais no pagamento de campanhas eleitorais, como Furnas, e empresas do
setor elétrico, como a Cemig. Também vai se debruçar sobre o movimento de privatização da
saúde em vários estados brasileiros, como Paraná, Rio de Janeiro e Pará.63 64
O livro foi lançado no dia 1º de março em Salvador (Bahia). Um debate foi proposto pelo
deputado estadual Joseildo Ramos (PT) e reuniu, além do autor do livro, o deputado Protógenes
(PcdoBSP), proponente da CPI da Privataria e Emediato, publisher da Geração Editorial. Na
Bahia, dois temas chamaram atenção no livro: A privatização da Coelba e o caso da doação de
terrenos na Ilha do Urubu, em Porto Seguro. 65 66 67 68 69
'A Privataria Tucana’ foi um dos finalistas 54ª edição do Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, o
prêmio mais prestigiado da literatura brasileira, na categoria Reportagem.70 71 72
Em fevereiro de 2013, Amaury Júnior e a Geração Editorial foram condenados a pagarem R$ 1
mil ao exgovernador José Serra a título de indenização por eventual dano moral e eleitoral pela
publicação do livro.73 74 75
CPI da Privataria
No dia 15 de dezembro de 2011, O deputado federal Delegado Protógenes Queiroz
(PCdoBSP) conseguiu recolher 185 assinaturas de deputados para a abertura de
umacomissão parlamentar de inquérito (CPI). Protógenes disse que a motivação veio do livro
do jornalista Amaury Ribeiro Junior, que o deputado classificou como um "importante
documento". O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PTRS), recebeu um pedido
de abertura de (CPI) para investigar o processo de privatizações realizado durante o governo
Fernando Henrique, apurar os supostos casos de lavagem de dinheiro e a realização de uma
audiência pública para debater as denúncias do livro.
Brizola Neto (PDTRJ) foi à tribuna da Câmara e pediu ao seu partido mais assinaturas para o
pedido de CPI apontando que "No livro, só de documentos, são mais de 100 páginas, que
mostram claramente o que aconteceu durante o processo de privatizações do governo FHC" e
o deputado federal Ivan Valente (PSOLSP) pediu a realização de audiências públicas para
apurar as denúncias feitas pelo jornalista. 76
Os deputados Nelson Marchezan Júnior (PSDBRS), Antônio Imbassahy (PSDBBA) e
Fernando Francischini (PSDBPR) surpreenderam aos líderes tucanos ao assinarem aCPI da
Privataria.
Francischini, apesar do apelo de Fernando Henrique Cardoso para considerarem o livro como
uma "coleção de calúnias" e "crime organizado fingindo ser jornalismo", esclareceu sua posição
ao Jornal do Brasil, dizendo: "Acho que tudo deve ser investigado e, se as denúncias forem
verdadeiras, os culpados devem ser punidos. Se provarem tudo o que estão falando, vou ser o
primeiro a pedir punição. Ao mesmo tempo, se elas forem falsas, os responsáveis pelo livro
terão que pagar".77 No dia 16 de dezembro, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff afirmou não
ter lido o livro e, segundo ela, "CPI é para caso extremo".78
Cristine Prestes opiniou no dia 2 de janeiro de 2012, no Valor Econômico, que apesar de muitos
governistas terem assinado o pedido de CPI, "(...) ainda não se conhece o interesse do governo
e do PT na instalação efetiva desta investigação." 79
O desinteresse de ambos na abertura de uma investigação poderia ser explicado pela
informação que consta da página 75 do livro: "Os arquivos ocultavam informações capazes de
constranger tanto o governo Lula quanto o de FHC".Cristine Prestes
O deputado Protógenes conseguiu o número de assinatura (186) suficientes para requerer a
abertura da CPI. Mas ele disse que "A comissão só será mesmo aberta se houver pressão
popular".80
No dia 21 de dezembro, Protógenes protocolou o pedido de abertura da CPI da Privataria. Logo
depois, a Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmera conferiu as assinaturas dos
parlamentares que faziam o pedido e atestou a validade de 185 delas, 14 além da quantia
mínima necessária para validar o requerimento.81 O exgovernador José Serra disse que
desconhecia a existência de pedido de CPI na Câmara para investigar veracidade das
acusações contidas no livro, no dia 10 de janeiro. Mais tarde, no mesmo dia, ele qualificou como
"palhaçada" o pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito.82
Reação no PSDB
O exgovernador José Serra (PSDBSP) falou que não leu, mas afirma que livro é um "lixo".83
O senador Aécio Neves (PSDBMG) também classificou a publicação como "literatura
menor".84 35
Em uma nota, o ex presidente, Fernando Henrique Cardoso, no dia 15 de dezembro, disse que
o livro "É infâmia!".
(...) quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à
direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação. Chega
de assassinatos morais de inocentes. Se dúvidas houver, e nós não temos, que se apele à
Justiça, nunca à infâmia.85 Fernando Henrique Cardoso
Em nota oficial, o PSDB classificou o livro como "uma leviana tentativa de atribuir
irregularidades aos processos de privatização no governo do presidente Fernando Henrique
Cardoso e acusa o Partido e os seus líderes de participar de ações criminosas".86 O partido
ainda reforça que as privatizações viabilizaram a modernização da economia brasileira, com
investimentos em serviços essenciais e a geração de milhares de empregos, e que todas as
privatições foram auditadas pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal e
outros órgãos de controle, onde nenhuma irregularidade foi constatada.87 Sérgio Guerra,
presidente nacional do PSDB, declarou que entrará com um processo contra o jornalista e a
editora que publicou a obra.
No dia 22 de dezembro, Verônica Allende Serra respondeu às acusações feitas a ela no livro.
Ela colocou que são as "(...) insinuações e acusações totalmente falsas a meu respeito." e
lembrou que se houve "(...) qualquer tipo de movimentação ilegal de recursos (...)" ela não
esteve envolvida "nem remotamente":
"Não fui sócia de Verônica Dantas (...) Não fundamos empresa juntas, nem chegamos a nos
conhecer" Verônica Allende Serra
Sobre as insinuações e acusações que têm sido publicadas e republicadas, na imprensa
escrita e eletrônica, ela disse que "Nunca fui ré em processo nem indiciada pela Polícia Federal;
fui, isto sim, vítima dos crimes de pessoas hoje indiciadas." A nota de Verônica detalha a sua
participação na empresa Decidir, segundo ela, em respeito a todas as normas legais em
vigor.88
O governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral Filho, saiu em defesa de FHC, no dia 30 de
dezembro, sobre as denúncias sobre desvios bilionários durante o processo de privatização de
empresa brasileiras.89
"O presidente Fernando Henrique fez muito bem ao Brasil ao abrilo para investidores nacionais
e estrangeiros, ao permitir, no caso da exploração do petróleo e do gás, a entrada de empresas
nacionais e multinacionais, acabando com o monopólio da Petrobras, acabando com o
monopólio da Telebrás (...)"Sérgio Cabral Filho
No dia 3 de dezembro, o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra, que
prometeu processar Amaury Ribeiro Jr., em entrevista à Rádio Folha, afirmou que o livro não
passa de um "jogo publicitário" feito pela internet para enfraquecer a grande Imprensa. Disse o
tucano que "Isso foi para diminuir o tamanho da imprensa na formação da opinião pública".
Sérgio Guerra classificou a publicação de "farsa" repleta de "calúnias", produzida com
integrantes e agentes do PT.90
O Presidente Nacional do PSDB, Dep. Sérgio Guerra, no dia 1 de fevereiro enviou uma carta
para a ministra da Cultura, Ana Maria Buarque de Hollanda repudiando as acusações e
insinuações veiculadas pela Revista de História.91 Ele disse que "o verdadeiro alvo dessa
vilania (...) " é o PSDB.
A pretexto de exaltar o livro "A Privataria Tucana", o site da Revista de História, ligada à
Biblioteca Nacional, publicou um artigo assinado por um de seus editores, Celso de Castro
Barros, atacando o exgovernador e outros "tucanos", não nominados, da forma mais grosseira
e descabida. Dep. Sérgio Guerra
Notas 1. Ir para cima↑ No processo 2003.61.81.0003705 Verônica Serra constava inicialmente como
indiciada, porém em consultas mais recentes ao processo na justiça federal do estado de
São Paulo ela consta apenas como averiguada. [1]