resenha 2 - estudo dos processos de comunicação científica e tecnológica

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO - PPGinfo Disciplina: Estudo dos Processos de Comunicação Científica e Tecnológica Profª: Lani Lucas Aluna: Juliana Aparecida Gulka Data: 09/03/2015 RESENHA TARGINO, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. Informação & Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, 2000. ALVES, Letícia. Informação e os sistemas de comunicação científica na Ciência da Informação. DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, 2011. CARVALHO, Kátia de et al. Aspectos gerenciais da política científica brasileira: um olhar sobre a produção científica do campo da sociologia face aos critérios de avaliação do CNPq e da CAPES. Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, v. 19, n. 1, 2013. SILVA, Edna Lúcia; PINHEIRO, Liliane Vieira; REINHEIMER, Frederico Maragno. Redes de conhecimento em artigos de comunicação científica: estudo baseado em citações bibliográficas de artigos de periódicos na área de Ciência da Informação no Brasil. Informação & Sociedade: Estudos, v. 23, n. 1, 2013. A ciência evolui à medida que constrói processos a fim de desvendar os fenômenos, levando em conta que verdades absolutas inexistem, e, por isso mesmo, estão sempre sendo buscadas. Targino (2000) afirma que a ciência está sempre trocando de paradigmas, de ideias, temas, hipóteses e visões, e que este pode ser considerado um ciclo inesgotável e permanente, interminável. É aí que entra o papel da comunidade científica, que analisa as teorias, os métodos e os resultados a fim de concordar ou não com o que foi exposto. A comunicação científica, por sua vez, vem registrando o crescimento da ciência e o papel crucial da informação. Os cientistas e pesquisadores não estão interessados na ampla gama de informações disponíveis atualmente, mas sim naquelas que são exclusivas de seu grupo, de seus pares e de sua área de pesquisa.

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Page 1: Resenha 2 - Estudo dos Processos de Comunicação Científica e Tecnológica

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO - PPGinfo

Disciplina: Estudo dos Processos de Comunicação Científica e Tecnológica Profª: Lani Lucas Aluna: Juliana Aparecida Gulka Data: 09/03/2015

RESENHA

TARGINO, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. Informação & Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, 2000. ALVES, Letícia. Informação e os sistemas de comunicação científica na Ciência da Informação. DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, 2011. CARVALHO, Kátia de et al. Aspectos gerenciais da política científica brasileira: um olhar sobre a produção científica do campo da sociologia face aos critérios de avaliação do CNPq e da CAPES. Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, v. 19, n. 1, 2013. SILVA, Edna Lúcia; PINHEIRO, Liliane Vieira; REINHEIMER, Frederico Maragno. Redes de conhecimento em artigos de comunicação científica: estudo baseado em citações bibliográficas de artigos de periódicos na área de Ciência da Informação no Brasil. Informação & Sociedade: Estudos, v. 23, n. 1, 2013.

A ciência evolui à medida que constrói processos a fim de desvendar os

fenômenos, levando em conta que verdades absolutas inexistem, e, por isso

mesmo, estão sempre sendo buscadas. Targino (2000) afirma que a ciência está

sempre trocando de paradigmas, de ideias, temas, hipóteses e visões, e que este

pode ser considerado um ciclo inesgotável e permanente, interminável. É aí que

entra o papel da comunidade científica, que analisa as teorias, os métodos e os

resultados a fim de concordar ou não com o que foi exposto.

A comunicação científica, por sua vez, vem registrando o crescimento da

ciência e o papel crucial da informação. Os cientistas e pesquisadores não estão

interessados na ampla gama de informações disponíveis atualmente, mas sim

naquelas que são exclusivas de seu grupo, de seus pares e de sua área de

pesquisa.

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Essa comunicação pode ser formal ou informal. Ambas diferem pelo público

que alcançam, polarizado de grande para o primeiro, e restrito para o segundo; do

armazenamento e recuperação, e sua ausência; além do nível de atualidade da

informação. Independente de suas características, o que se nota é que um

pesquisador está sempre tanto adquirindo informações para as suas próprias

produções, quanto às disseminando para os pares.

Os autores dos textos estudados concordam que a comunicação científica,

feita tanto pelos canais formais quanto informais, auxilia na legitimação do

conhecimento gerado pelo pesquisador, pois este coloca sua produção para análise.

No entanto, uma pesquisa passa a existir formalmente para a comunidade científica

após a sua publicação, sobretudo se isso for feito por meio de artigo científico. Além

disso, existe também a busca pela reputação científica, que, como afirma Carvalho

et al. (2013) ao citar Bourdieu, trata-se do capital científico, um tipo de capital

simbólico que pode promover o reconhecimento entre os pares e a instituição

científica, promovendo inclusive o prestígio do pesquisador.

Os sistemas de reputação também envolvem organizações que fazem o

controle do trabalho científico, que ao estabelecerem normas e regras, acaba por

definir formas de distribuição de prestígio. Duas agências de fomento a pesquisa do

Brasil são citadas no trabalho de Carvalho et al. como provedoras de indicadores de

avaliação, a CAPES e o CNPq, sendo que ambas são amplamente conhecidas no

país.

A produção científica, por sua vez, é um importante critério indicador de

reputação, estando intrinsicamente ligado à escolha de bons títulos de periódicos

para se publicar. Para Alves (2011), os periódicos são tão importantes porque

registram oficialmente os conhecimentos gerados, desempenhando um papel crucial

no âmbito da comunicação científica.

É a partir da comunicação científica que se pode visualizar a evolução de uma

determinada área, pois a medida que constroem comunicações de suas próprias

pesquisas, os autores utilizam de outras que a precedem, fazendo assim uma

interligação do conhecimento científico. Dessa forma, à medida que os

pesquisadores e cientistas publicam o resultado de suas pesquisas em artigos,

também utilizam materiais já publicados por outros pesquisadores para dar

embasamento e conferir autoridade ao assunto trabalhado, o que culmina numa

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rede de conhecimento científico interligando a literatura científica por meio de

remissões a variados documentos.

A citação também é considerada, portanto, um modo de obter

reconhecimento no meio científico. A análise de citações dos artigos científicos, por

sua vez, permite a identificação de redes e comunidades invisíveis formadas pelos

pesquisadores. Técnicas bibliométricas ou cientométricas podem ser utilizadas para

essa análise.

Alves (2011), no entanto, chama atenção para as perspectivas no âmbito da

comunicação científica, levando em conta a evolução dos meios de comunicação e

facilitando a comunicação eletrônica, que de forma simples já apresenta a estrutura

dos periódicos eletrônicos, mas que evolui para outras práticas.

A autora comenta sobre os blogs de comunicação científica e seu papel na

discussão de pre-prints, que a partir da colaboração dos pares pode ser republicado

e assim, passar por um processo mais rápido do que a submissão aos tradicionais

periódicos científicos.

Caminha-se para uma comunicação científica em modelo aberto, seguindo a

tendência da rápida propagação da informação por meio dos canais eletrônicos.