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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa N”998 3 DEZEMBRO 1998 100$ - 0,5 SOCIALISTA ~ Quem disse ? Sociedade & País Política Foz Côa Património Mundial Gravuras rupestres finalmente consagradas A festa da vitória aconteceu ontem. O primeiro-ministro, António Guterres, e o ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, desceram ao vale do Côa para readmirarem a arte legada pelos prØ-históricos, agora designada pela UNESCO como património da humanidade. Assim, o dia 2 de Dezembro serÆ, doravante, recordado por ser aquele em que as polØmicas gra- vuras rupestres de Foz Côa foram elevadas à condiçªo de patrimó- nio mundial. O facto enche de orgulho os por- tugueses em geral, bem como a comunidade arqueológica lusita- na e, muito especialmente, o Go- verno socialista, que se bateu, num gesto político admirÆvel, pela pre- servaçªo de um valioso bem cul- tural. Pouco tempo depois de o mundo ter ficado a saber que no Portugal da nova era socialista a preserva- çªo da cultura nªo Ø intimidada pe- las «grandes obras», a Assembleia Geral da UNESCO reforça e re- compensa esta manifestaçªo de consciŒncia civilizacional, afastan- do de vez toda e qualquer dœvida sobre o incalculÆvel valor da arte paleolítica do Côa. Num contexto de jœbilo justificado, o Presidente da Repœblica, Jorge Sampaio, fez questªo de elogiar a postura assumida desde o come- ço pelo Executivo chefiado por António Guterres, considerando que a elevaçªo de Foz Côa a pa- trimónio mundial representa uma mostra da «grande vitória da ca- pacidade portuguesa». Sampaio recordou «a coragem do Governo em suspender a constru- çªo da barragem no local e apos- tar nas gravuras e na sua internacionalizaçªo». Segundo o chefe de Estado, esta «foi uma medida difícil, mas muito correcta». A provÆ-lo ficarÆ, para sempre, no primeiro critØrio de classificaçªo do Côa como património da humani- dade considerado pela UNESCO. É que, «a arte do vale do Côa do Paleolítico Superior Ø uma ilustra- çªo excepcional do desabrochar sœbito do gØnio criador, na alva do desenvolvimento da humanidade». «Nªo hÆ sentimentos humanitÆrios capazes de fazerem prescrever os crimes de um tirano (Augusto Pinochet) deste calibre.» MÆrio Bettencourt Resendes DiÆrio de Notícias, 26 de Novembro A XV Cimeira Luso-Espanhola realizada em Albufeira nos dias 29 e 30 de Novembro ficou marcada pela assinatura entre os dois países de um acordo «histórico» para a gestªo dos rios comuns. Na cimeira onde foram tambØm assinados importantes acordos noutras Æreas, ficou patente o empenhamento de António Guterres e do seu homólogo espanhol em manterem um relacionamento excepcional entre os dois países. Confiança nos municípios à prova de cores partidÆrias António Guterres manifestou ao terminar quatro dias de Governo em DiÆlogo na Beira Interior, a confiança do Governo «nos municípi- os, qualquer que seja a sua cor política, nas forças vivas, nos empresÆrios e associaçıes». «Ao fim de quatro dias de visita a dois distritos onde foram anunciados projectos excepcio- nalmente importantes para esta zona do interior, sabemos que todo o investimento que o Estado aqui vai fazer, vai ser bem aproveita- do», sublinhou o primeiro-ministro. Formaçªo sociocultural para 15 mil jovens Cerca de 15 mil jovens desempregados entre os 15 e os 25 anos, que abandonaram o ensino antes ou após o 9” ano, vªo receber formaçªo sociocultural no âmbito de um protocolo de colaboraçªo assinado na passada quinta-feira, dia 26. O documento foi assinado entre a Escola Superior de Educaçªo de Setœbal (ESE) e o Instituto do Emprego da Formaçªo Profissional (IEFP), numa cerimónia presidida pelo secretÆrio de Estado do Emprego e da Formaçªo, Paulo Pedroso.

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Page 1: Resendes DiÆrio de Notícias, 26 de Novembro · vuras rupestres de Foz Côa foram elevadas à condiçªo de patrimó-nio mundial. O facto enche de orgulho os por-tugueses em geral,

3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA1

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected]

Director Fernando de Sousa

Nº998 3 DEZEMBRO 1998 100$ - 0,5

SOCIALISTA

~Quem disse ?

Sociedade & PaísPolítica

Foz CôaPatrimónio Mundial

GravurasrupestresfinalmenteconsagradasA festa da vitória aconteceu ontem.O primeiro-ministro, AntónioGuterres, e o ministro da Cultura,Manuel Maria Carrilho, desceramao vale do Côa para readmirarema arte legada pelos pré-históricos,agora designada pela UNESCOcomo património da humanidade.Assim, o dia 2 de Dezembro será,doravante, recordado por seraquele em que as polémicas gra-vuras rupestres de Foz Côa foramelevadas à condição de patrimó-nio mundial.O facto enche de orgulho os por-tugueses em geral, bem como acomunidade arqueológica lusita-na e, muito especialmente, o Go-verno socialista, que se bateu, numgesto político admirável, pela pre-servação de um valioso bem cul-tural.Pouco tempo depois de o mundoter ficado a saber que no Portugalda nova era socialista a preserva-ção da cultura não é intimidada pe-las «grandes obras», a AssembleiaGeral da UNESCO reforça e re-compensa esta manifestação deconsciência civilizacional, afastan-do de vez toda e qualquer dúvidasobre o incalculável valor da artepaleolítica do Côa.Num contexto de júbilo justificado,o Presidente da República, JorgeSampaio, fez questão de elogiar apostura assumida desde o come-ço pelo Executivo chefiado porAntónio Guterres, considerandoque a elevação de Foz Côa a pa-trimónio mundial representa umamostra da «grande vitória da ca-pacidade portuguesa».Sampaio recordou «a coragem doGoverno em suspender a constru-ção da barragem no local e apos-tar nas gravuras e na suainternacionalização».Segundo o chefe de Estado, esta«foi uma medida difícil, mas muitocorrecta».A prová-lo ficará, para sempre, noprimeiro critério de classificação doCôa como património da humani-dade considerado pela UNESCO.É que, «a arte do vale do Côa doPaleolítico Superior é uma ilustra-ção excepcional do desabrocharsúbito do génio criador, na alva dodesenvolvimento da humanidade».

«Não há sentimentoshumanitários capazesde fazerem prescreveros crimes de um tirano(Augusto Pinochet)deste calibre.»

Mário BettencourtResendesDiário de Notícias,26 de Novembro

A XV Cimeira Luso-Espanhola realizada em Albufeira nos dias 29e 30 de Novembro ficou marcada pela assinatura entre os doispaíses de um acordo «histórico» para a gestão dos rios comuns.Na cimeira onde foram também assinados importantes acordosnoutras áreas, ficou patente o empenhamento de AntónioGuterres e do seu homólogo espanhol em manterem umrelacionamento excepcional entre os dois países.

Confiança nos municípiosà prova de cores partidárias

António Guterres manifestou ao terminarquatro dias de Governo em Diálogo na BeiraInterior, a confiança do Governo «nos municípi-os, qualquer que seja a sua cor política, nasforças vivas, nos empresários e associações».«Ao fim de quatro dias de visita a dois distritosonde foram anunciados projectos excepcio-nalmente importantes para esta zona dointerior, sabemos que todo o investimento queo Estado aqui vai fazer, vai ser bem aproveita-do», sublinhou o primeiro-ministro.

Formação socioculturalpara 15 mil jovens

Cerca de 15 mil jovens desempregados entre os15 e os 25 anos, que abandonaram o ensinoantes ou após o 9º ano, vão receber formaçãosociocultural no âmbito de um protocolo decolaboração assinado na passada quinta-feira,dia 26.O documento foi assinado entre a Escola Superiorde Educação de Setúbal (ESE) e o Instituto doEmprego da Formação Profissional (IEFP), numacerimónia presidida pelo secretário de Estado doEmprego e da Formação, Paulo Pedroso.

Page 2: Resendes DiÆrio de Notícias, 26 de Novembro · vuras rupestres de Foz Côa foram elevadas à condiçªo de patrimó-nio mundial. O facto enche de orgulho os por-tugueses em geral,

ACÇÃO SOCIALISTA 2 3 DEZEMBRO 1998

A SEMANA

EDITORIAL A DIRECÇÃO

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1980

SEMANA

SINDICALISTAS EXIGEM RESTRIÇÕESAOS CONTRATOS A PRAZO

Estávamos a 4 de Dezembro de 1980 atrês dias das eleições presidenciais. Ocandidato apoiado pelos órgãos legitima-mente eleitos do PS era Ramalho Eanes.O órgão oficial do PS dirigido pelo cama-rada Alfredo Barroso dedicava, no entan-to, pouco mais que um artigo do cama-rada António Macedo a este importanteacto eleitoral.Em causa estava o modelo de regime de-mocrático. O candidato Soares Carneiroera uma ponta do projecto dehegemonização da direita que tinha porobjectivo uma maioria, um governo, umpresidente.Soares Carneiro era ainda a ponta de umprojecto que tinha ainda como objectivoalterar a profundamente a Constituição,nomedamante na parte económica, deforma a abrir as portas ao modelo econó-mico e social de endeusamento do mer-cado e da iniciativa privada defendidopela direita.Eanes, pelo menos, dava garantias derespeito pela lei fundamental e deequidistância ao projecto da direita.Destaque ainda nesta edição para umaposição do Sindetex exigindo restriçõesaos contratos a prazo, bem como paraartigos de opinião dos camaradas RaulRego e Rodolfo Crespo. J. C. C. B.

4 de Dezembro

Quem disse?

«Por Dezembrismo se entende o movi-mento que levou ao poder Sidónio Pais,suspendendo as instituições da I Repú-blica e os órgãos de soberania, desde oCongresso da República até ao próprioPresidente Bernardino Machado.»Raul Rego

Guterres garantePortugal não está isolado na Agenda 2000

O primeiro-ministro, António Guterres, re-cusou, no dia 27, na Covilhã, que Portugalesteja «isolado» nas negociações para a«Agenda 2000», comentando uma noticiapublicada, no mesmo dia, no «Expresso».O semanário refere declarações do minis-tro dos Negócios Estrangeiros de Espanha,Abel Matutes, indicando que o seu paísaceita a Agenda 2000 (quadro financeiroda União Europeia para os anos de 2000 a2006) tal como está proposta pela Comis-são Europeia, o que deixaria Portugal iso-lado nas negociações.António Guterres afirmou, categórico, que

não está «preocupado, até porque os cen-tros de decisão fundamentais em relaçãoaos nossos problemas não estão emEspanha».Falando no distrito de Castelo Branco, oprimeiro-ministro afirmou que o facto de o«documento (Agenda 2000) ser satisfatóriopara Espanha não quer dizer que sejasatisfatório para Portugal», pelo que «Por-tugal continuará com as suas negocia-ções», disse Guterres, acrescentando queesteve recentemente na Alemanha com ochanceler social-democrata GerhardSchroder para falar de assuntos da UE.

Nova ponte sem aumentos

O Governo poderá vir a compensar finan-ceiramente a Lusoponte para que não ac-tualize, no início do próximo ano, a porta-gem da Ponte Vasco da Gama.Segundo o «Público», um assessor do mi-nistro João Cravinho afirmou que a ques-tão está a ser negociada com a concessi-onária das travessias rodoviárias do Tejoem Lisboa.«Não está previsto nenhum aumento ime-diato», garantiu ao jornal da Quinta do

Lambert o assessor do ministro do Equi-pamento, quando confrontado com aeventual actualização dos preços da por-tagem da nova ponte entre Sacavém e oMontijo.Entretanto, num comunicado do dia 27, oMinistério do Equipamento, do Planeamen-to e da Administração do Território esclare-ceu que «não estão definidos nem o mon-tante nem data para actualização das por-tagens na Ponte 25 de Abril.

SondagemPS com maioria absoluta

Se as eleições legislativas fossem hoje, oPS alcançaria a maioria absoluta, de acor-do com uma sondagem DN/TSF/Universi-dade Moderna, referente a Novembro.Um «score» que vem confirmar que a der-rota do Sim no referendo do passado dia 8de Novembro, não alterou em nada a con-fiança que os portugueses continuam adepositar no PS e no seu Governo.Segundo o estudo de opinião, o PS obteria51,1 por cento dos votos, enquanto o PSDalcançaria 30,4 por cento.A larga distância surgem a CDU com 7,4por cento e o PP com 5,3 por cento, quenão consegue subir não obstante a ondade demagogia imprimida por Paulo Portas.Às vezes o populismo não pega. É que o

regime democrático já tem quase 25 anos.Esta sondagem revela ainda que, no queconcerne à popularidade das personalida-des de esquerda, os dois primeiros luga-res são ocupados por Jorge Sampaio eAntónio Guterres.De registar a subida nos índices de popu-laridade de Sousa Franco. É o reconheci-mento dos portugueses a um ministro quetem como imagem de marca a extremacompetência e seriedade.À direita, a personalidade com maior índi-ce de popularidade continua a ser SantanaLopes logo seguido de Durão Barroso. Olíder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa,continua a ocupar uma modestíssima 10ªposição.

Timor-LesteO passo mais importante...

O primeiro-ministro, António Guterres, con-siderou, no dia 26, em Almeida, distrito daGuarda, que o «mais importante» no rea-tar das negociações entre Portugal e aIndonésia sobre Timor-Leste foi «a toma-da de posição das Nações Unidas».«O envio de uma missão imediata a Timor-Leste era o nosso objectivo essencial.Toda a nossa política tem sido articularmo-nos cada vez melhor com as Nações Uni-das e que as Nações Unidas se fixem per-manentemente em Timor-Leste», frisou.Nesta perspectiva, «foi muito importante

os passos que foram dados pelas NaçõesUnidas neste momento», reaf i rmouAntónio Guterres, acrescentando: «Achoque valeu a pena fazermos o que fize-mos.»«Naturalmente que devemos responderpositivamente aos apelos que as NaçõesUnidas nos dirigem. O nosso objectivo écontribuir para resolver os problemas e en-volver cada vez mais as organizações in-ternacionais, as Nações Unidas e a CruzVermelha Internacional, na solução do pro-blema», disse ainda.

UNESCO confirma Côa«A arte do Vale do Côa do Paleolítico Superior é uma ilustração excepcional do desabro-char súbito do génio criador, na alva do desenvolvimento da humanidade», este é o primei-ro critério apresentado pela UNESCO para a classificação das gravuras como PatrimónioMundial, transformando, desta forma, o Vale do Côa no nono local português património dahumanidade e na primeira zona arqueológica portuguesa a merecer aquela alta distinçãoda UNESCO.Sobre Foz Côa, o comité afirmou tratar-se de uma «excepcional concentração de gravurasrupestres do paleolítico superior que constitui o exemplo mais notável das primeiras manifes-tações da criação artística humana até agora desconhecido a uma tal escala no mundo».A grande visão política deste Governo ao suspender a 17 de Janeiro de 1996, as obras deconstrução da barragem, permitindo assim a elaboração de um relatório científico sobre ovalor patrimonial e arqueológico da região e consequentemente a sua preservação, denotauma sensibilidade cultural e uma consciência civilizacional que certamente fará história.Esta atitude traduziu a consagração da opção governamental pela defesa do patrimónioem detrimento da barragem. Tratou-se, conforme salientou Manuel Maria Carrilho, da «con-sagração e êxito de uma opção que foi muito difícil e muito arriscada mas que era precisoser feita, como se fez em 1995, com a defesa do património deste vale à frente de tudomais».A nobre atitude do Governo representa «uma aposta corajosa que abre hoje para outrasapostas e outros desafios, para não só defender e valorizar aquele património, como setem vindo a fazer com a existência do Parque Arqueológico � que em dois anos de existên-cia já recebeu mais de 50 mil visitantes -, mas também articular essa defesa e valorizaçãocom o desenvolvimento da região», que será fortemente apoiada no próximo QCA.Recorde-se que este longo processo começou quando em finais de 1994 foram descober-tas as gravuras rupestres em rochas à beira do rio Côa, numa altura em que a EDP sepreparava para dar início às obras de construção de uma barragem hidroeléctrica no local.«As gravuras ou a barragem ?», a questão, polémica e delicada, saltou para a opiniãopública em Novembro de 1994, exaltou ânimos e permaneceu em aberto até ao final de1995, quando o Governo de António Guterres decretou a suspensão das obras do empre-endimento hidroeléctrico.

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3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

ALBUFEIRA XV Cimeira Luso-Espanhola

ACORDO HISTÓRICO SOBRE RIOS

Pacote de acordos

A XV Cimeira Luso-Espanholarealizada em Albufeira nos dias 29e 30 de Novembro ficou marcadapela assinatura entre os doispaíses de um acordo «histórico»para a gestão dos rios comuns.Na cimeira onde foram tambémassinados importantes acordosnoutras áreas, ficou patente oempenhamento de AntónioGuterres e do seu homólogoespanhol em manterem umrelacionamento excepcional entreos dois países.

sta foi a cimeira mais impor-tante que se realizou entre osnossos dois governos demo-cráticos, ou seja, desde há

25 anos», afirmou António Guterres no dia30, ao anunciar o fim da maratona negocialsobre a água.Segundo o primeiro-ministro portuguêsque emergiu desta cimeira, para quem ain-da tivesse dúvidas, como um grande es-tadista, o convénio hidrológico «é o maisambicioso, mais abrangente, mais moder-no e mais eficaz algum vez assinado e éfruto de uma muito laboriosa negociaçãoque conduziu a um resultado extremamen-te equilibrado e que protege de forma ad-mirável os interesses tanto de Espanhacomo de Portugal».Outra figura em destaque na cimeira foi aministra do Ambiente, Elisa Ferreira, obrei-ra do acordo sobre a água que assinou,após intensas horas de negociações, coma ministra espanhola da Agricultura, Loylade Palacio.Elisa Ferreira e a sua homóloga espanho-la conseguiram chegar a um entendimen-to que permitiu a assinatura de um acor-do histórico que dá garantias de uma ges-tão equilibrada dos rios internacionais aambas as partes.

Em declarações aos jornalistas, ElisaFerreira que demonstrou nesta cimeira asua reconhecida capacidade técnica mastambém política, classificou o acordo de«equilibrado», revelando que nas últimashoras foi preciso limar algumas arestas.O acordo garante para Portugal os cau-dais necessários à concretização dos seusprojectos de desenvolvimento e estipulaque do lado espanhol só poderão fazer-se transvases desde que não afectem o

volume de água acordado para chegar aPortugal.A gestão do convénio ficará a cargo deuma comissão mista que garantirá o seucumprimento e estipulará as situações deexcepção.O mecanismo de acompanhamento daconcretização do acordo é permanentepor parte da comissão mista de técnicos.Na cimeira ficou igualmente patente aconvergência de Lisboa e Madrid quanto

Os Governos de Portugal e Espanha de-cidiram ainda estabelecer acordostransfronteiriços em matéria de pescas,segurança, trabalho e solidariedade.No que respeita às pescas, ficou defini-da a criação de um comité bilateral e deum grupo de negociação para o contro-lo das infracções.O ministro da Administração Interna, Jor-ge Coelho, e o seu homólogo espanholdecidiram, por seu lado, reforçar a coo-peração na perseguição aos criminosos.O ministro do Trabalho e da Solidarieda-de, Ferro Rodrigues, e o seu homólogoespanhol, Javier Bocanegra, assinaramuma «declaração de intenções sobre co-operação e assistência técnica laboral»que alarga à area da solidariedade o âm-

bito do protocolo sobre a mesma matériacelebrado em 1997.De acordo com o documento, o primeiroa ser assinado na XV Cimeira Luso-Espa-nhola, os dois países vão «impulsionar acooperação mútua» em matérias como a«promoção do emprego».O texto dá especial atenção às medidasque se destinam à «inserção laboral de gru-pos que se encontram em desvantagensno mercado de trabalho», designadamenteos jovens, as mulheres, os trabalhadorescom algum tipo de deficiências e os de-sempregados de longa duração.Portugal e Espanha acordaram tambémimpulsionar a cooperação nos domíniosda Formação Profissional, Segurança eSaúde no Trabalho, experiências sobre As-

suntos Sociais e Solidariedade e em «qual-quer outra matéria» que corresponda àsáreas tuteladas por Ferro Rodrigues eJavier Bocanegra.As duas partes comprometeram-se tam-bém a «elaborar programas e projectossusceptíveis de serem realizados conjun-tamente», «organizar reuniões de peritosprovenientes dos respectivos órgãos com-petentes» e «participar nos principais even-tos de carácter científico e técnico que te-nham lugar em cada um dos países relaci-onados com o emprego, a formação pro-fissional, a segurança e a saúde no traba-lho».A declaração prevê também a realizaçãode actividades de carácter cientifico rela-cionadas com as matér ias acima

indicadas, «de acordo com as disponi-bilidades orçamentais de cada uma daspartes».A celebração de «reuniões periódicas(semestrais) para tratar dos temas inclu-ídos na ordem do dia dos programas detrabalho da Presidência do Conselho daUnião Europeia», foi outro dos pontos dadeclaração de intenções assinada do-mingo por Ferro Rodrigues e JavierBocanegra.A «colaboração na elaboração e desen-volvimento de acções no âmbito dos Pro-gramas Euromediterrânicos» e aresponsabilização mútua pela «organiza-ção e execução das acções de coope-ração» foram os dois últimos pontos dodocumento.

às críticas à actual presidência austríacada Comissão Europeia que preconiza aredução drástica dos fundos de coesão.«Espanha e Portugal não devem nada aninguém, recebem em função dos objec-tivos do Tratado, e estamos plenamenteconvencidos de que uma política de co-esão e solidariedade serve não apenasaqueles que recebem fundos, mas todosos países da União Europeia», disseAznar.

«E

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 3 DEZEMBRO 1998

POLÍTICA

CONFIANÇA NOS MUNICÍPIOSÀ PROVA DE CORES PARTIDÁRIAS

GOVERNO EM DIÁLOGO Distritos de Castelo Branco e Guarda

O primeiro-ministro, AntónioGuterres, manifestou, no dia 29, aoterminar quatro dias de Governoem Diálogo na Beira Interior, aconfiança do Governo «nosmunicípios, qualquer que seja a suacor política, nas forças vivas, nosempresários e associações».«Ao fim de quatro dias de visita adois distritos onde foramanunciados projectosexcepcionalmente importantes paraesta zona do interior, sabemos quetodo o investimento que o Estadoaqui vai fazer, vai ser bemaproveitado», sublinhou Guterres.

uestionado sobre qual o mo-mento mais satisfatório para sineste Governo em Diálogo, ochefe do Executivo confessou

ter sido «a emocionante e carinhosa» re-cepção que teve da população na fregue-sia de Donas, terra de origem da sua fa-mília.«É gratificante verificarmos que aqueles quenos conhecem desde miúdos continuam ater connosco uma relação muito afectiva»,disse.Relativamente às decisões tomadas peloactual Governo socialista para a região no quediz respeito às auto-estradas, caminhos-de-ferro e ao Regadio da Cova da Beira, «queestavam parados», o primeiro-ministro des-tacou, contudo, a importância da extensãodo gás natural ao interior do País.Esta decisão, frisou, «é reveladora de quehoje olhamos para esta zona querendo dar-lhe os mesmos factores de competitividadeque tem o litoral do País».

Castelo Branco: a linhada beira baixa

Para provar a aposta governamental na do-tação dos distritos de Castelo Branco deinfra-estruturas para transportes está a ga-rantia dada por Guterres, em Castelo Bran-co, de que a linha de caminho-de-ferro daBeira Baixa vai beneficiar até ao 2002 de uminvestimento de 16,5 milhões de contos paraelectrificação, numa primeira fase entreMouriscas e Castelo BrancoA modernização desta linha, segundo o pre-sidente do Conselho de Administração daCP, Crisóstomo Teixeira «inclui novo materialcirculante e vai permitir ganhos nos temposde viagem de cerca de 40 minutos até Cas-telo Branco e de cerca de 50 minutos até àCovilhã».O primeiro-ministro, por sua vez, sublinhouque «a melhoria desta linha tem agora umprojecto com princípio e fim» para permitirnovas condições de acessibilidade destaregião a Lisboa.O chefe do Governo visitou também as ruí-nas do antigo Cine-Teatro Avenida de Cas-telo Branco, destruído por um incêndio hácerca de 13 anos e cuja recuperação a Câ-mara Municipal de Castelo Branco vai co-

meçar ainda este ano, com um investimen-to de cerca de meio milhão de contos.Ao lado ficam as instalações do antigo Oi-tavo Regimento de Cavalaria, que aautarquia adquiriu recentemente por 233 milcontos e vai recuperar também, transfor-mando-o no Centro Cívico da cidade.

Covilhã: preservaçãoe valorização da serra da Estrela

Chegado, no dia 28, ao concelho contem-plado pela natureza com a grandiosidadeda Serra da Estrela, Governo anunciou vári-os investimentos na região classificada peloprimeiro-ministro, António Guterres, comosendo a «matriz da nossa identidade cultu-ral, económica e de cidadania».Guterres falava na Covilhã, durante a apre-sentação do «Plano de Aproveitamento dasPotencialidades Turísticas e Ambientais daSerra da Estrela», que prevê a recuperaçãodo antigo Sanatório dos Ferroviários, próxi-mo das Penhas da Saúde, e sua transfor-mação em Pousada da Enatur- EmpresaNacional de Turismo, onde vão ser investi-dos dois milhões contos.Salientando a importância de preservar edignificar este maciço montanhoso, o pri-meiro-ministro disse que a serra da Estrelaconstitui «um potencial natural admirável».Por sua vez, o ministro da Economia, PinaMoura, que participou nesta sessão, adian-tou que, além dos dois milhões e contos ainvestir na Pousada da Enatur, os esforçosturísticos previstos para a Serra da Estrela eque envolvem parceiros privados prevêema aplicação de mais 3,4 milhões de contos.Aproveitou também a ocasião para dizer queo Governo está apostado em «afirmar e con-firmar que a identidade dos Lanifícios daSerra da Estrela têm futuro».O governante revelou ainda que foi assinadoum despacho conjunto de todos os mem-bros do Executivo, criando, na Covilhã, umaextensão do Centro de Formalidades deEmpresas, sediado em Coimbra, no âmbitode uma experiência-piloto que se pretendealargar a outras cidades do interior.

Nesta sessão foi assinado um protocolo decolaboração entre o Estado, representadopelas Secretarias de Estado do Turismo, doAmbiente e do Desenvolvimento Regional,com a empresa concessionária da explora-ção do turismo e desportos da Serra daEstrela (Turistrela) que contempla várias ini-ciativas tendentes à «conciliação entre a pre-servação dos valores naturais e a activida-de turística».

Almeida: educaçãono coração

O primeiro-ministro, que pernoitou na Pou-sada de Almeida, começou, na passadaquinta-feira, o segundo dia de Governo emDiálogo no distrito da Guarda com uma visi-ta aos principais pontos em recuperação daantiga praça de armas fronteiriça onde aentrada ainda é feita através de portadasabertas na dupla muralha.Almeida é uma das dez localidades que têmestado a ser alvo de obras ao abrigo do Pro-grama de Recuperação de Aldeias Históri-cas.Durante a estada em Almeida, Guterres diri-giu-se aos arredores da vila, já fora do perí-metro amuralhado, a fim de visitar a EscolaBásica 2 + 3, onde foi saudado por deze-nas de estudantes.O chefe do Governo foi abordado no localpor um grupo de elementos da comissãode pais da escola de São Miguel do Outei-ro, no concelho de Tondela, onde lhe expu-seram o problema dos seus filhos, cuja es-cola introduziu o horário completo, de ma-nhã e tarde, mas não tem cantina.Isto obriga os cerca de 40 alunos a percor-rer a pé uma grande distância para irem al-moçar a casa, sujeitos a serem assaltadospelo caminho, explicaram.Para Guterres, o sistema dos horários com-pletos é uma boa solução que pode con-cretizar-se nos grandes centros onde asescolas são grandes e há cantinas, deven-do haver adaptações nos locais onde asescolas não têm cantinas e têm apenas umnúmero reduzido de alunos.Neste sentido, a secretária de Estado daEducação e Inovação, Ana Benavente, tam-bém presente na ocasião, deu garantias deque o problema «já está a ser visto com oCentro de Área Educativa e com a direcçãoregional de educação».«Tem que haver uma solução de horário queconvenha mais e que não ponha em causaa segurança das crianças», assegurou AnaBenavente.

Sabugal: Barragem é o projectoda vida de Guterres

Ainda no distrito da Guarda e de visita àBarragem do Sabugal em construção,António Guterres disse que este empreen-dimento integrado no AproveitamentoHidroagrícola da Cova da Beira é o projectoda sua vida.Guterres recordou que durante toda a suavida política ouviu falar desta obra e quesempre se bateu pela sua concretização

dado ser um «elemento estruturante no pro-jecto do Regadio da Cova da Beira».Destaque-se que a Barragem do Sabugalconstitui o primeiro projecto de regadio doPaís sob pressão natural que não necessitado dispêndio de energia e que vai gerar elec-tricidade com aproveitamento da queda de220 metros, em túnel de ligação entre a Bar-ragem do Sabugal e a da Meimoa.O investimento para a albufeira e regadio éde sete milhões de contos, a que se seguea aplicação de mais 11 milhões de contosaté ao ano 2004, no âmbito do Quadro Co-munitário de Apoio, explicou à Imprensa oministro da Agricultura, Capoulas Santos,que acompanhou a visita do primeiro-minis-tro ao empreendimento.

Manteigas: primeiro programaabastecimento água e despoluição

E porque os recursos hídricos do nosso paíssão matéria prioritária para a administraçãosocialista, o Governo em Diálogo procedeu,em Manteigas, à apresentação daquele quehá de ser lembrado como o primeiro Pro-grama Multimunicipal de Abastecimento deÁgua e Despoluição a concretizar no interi-or do País.Trata-se do Sistema de Abastecimento deÁgua e Despoluição do Zêzere Nascenteque vai abranger sete municípios da regiãoda Serra da Estrela e os 21 concelhos (en-tre os quais Lisboa) abastecidos pela EPAL,através da captação de Castelo de Bode.Trata-se igualmente da primeira vez que umprojecto desta dimensão no interior de Por-tugal beneficia do Fundo de Coesão (emcerca de dez milhões de contos) e é ainda aprimeira vez que se concretiza um ProgramaIntegrado de Abastecimento de Água e deTratamento dos Esgotos, conforme salientoua ministra do Ambiente, Elisa Ferreira.

Guarda: duplicação do IP5

Em matéria de circulação rodoviária, o pas-so decisivo foi, finalmente, dado. A aberturadas propostas do concurso para a duplica-ção do IP5 realiza-se a 22 de Dezembro,conforme anunciou o primeiro-ministro, du-rante uma visita às obras de construção daVia de Cintura Externa da Guarda (Viceg).No IP5 «o que está a ser feito neste momen-to é apenas remediar», afirmou AntónioGuterres, ao mesmo tempo que recordavaas condições em que foi construída a con-troversa estrada.«O problema contudo só se resolve com aauto-estrada e a duplicação do IP5», referiuainda o chefe do Executivo socialista, pou-co depois de chegar à Guarda.A Viceg vai ficar articulada com o IP2, a auto-estrada da Beira Interior, que liga Abrantes àGuarda onde se cruza com a que faz a liga-ção Aveiro/Vilar Formoso, foi divulgado nabreve sessão em que se realizou a apresen-tação das novas acessibilidades da região.Os ministros Veiga Simão, José Sócrates,Pina Moura e Manuel Maria Carrilho eramalgumas das personalidades presentes nasessão. MJR

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3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA5

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 25 de Novembro

AGRICULTURA - O Ministério da Agricul-tura vai lançar uma linha telefónica, disponí-vel durante as 24 horas do dia, para a re-cepção de denúncias de suspeitas de en-trada em Portugal de carne de suínos defraca qualidade ou em más condições dehigiene.A novidade foi dada, na passada quinta-fei-ra, dia 26, por Capoulas Santos, na Comis-são Parlamentar de Economia e Finanças,durante o debate na especialidade do Or-çamento de Estado para 1999.O ministro da Agricultura, do Desenvolvi-mento Rural e das Pescas respondia a umaintervenção do deputado Carlos Duarte(PSD), que acusou o Governo de não to-mar as medidas necessárias no que diz res-peito à actual crise no sector suinicultor.O ministro adiantou ainda estar a preparar acoordenação entre as várias autoridades quesupervisionam o sector, ou seja, a Direcção-Geral de Veterinária, a Guarda Nacional Re-publicana (GNR), a Direcção-Geral de Activi-dades Económicas e a Direcção-Geral deFiscalização da Qualidade Alimentar.Capoulas Santos garantiu ainda que, no casode denúncia recebida através da referida li-nha telefónica, a GNR estaria «imediatamen-te disponível para actuar», bem como cercade 1 100 médicos veterinários por todo o País.

AMBIENTE - A ministra do Ambiente, ElisaFerreira, presidiu, no dia 27, em Lousada,Porto, à assinatura dos contratos-programaque permitirão, até finais de 1999, a solu-ção do abastecimento de água e tratamen-to de esgotos nos concelhos do Vale doSousa.Os contratos-programa englobam os pro-jectos que os seis municípios do Vale doSousa consideram de maior prioridade, numvalor global de 1,7 milhões de contos.Segundo o Ministério do Ambiente, os con-celhos de Castelo de Paiva, Felgueiras,Lousada, Paços de Ferreira, Paredes ePenafiel, onde vivem cerca de 314 mil pes-soas, regista «das mais baixas taxas deabastecimento de água e tratamento deáguas residuais» do País.

CIÊNCIA - O Ministro da Ciência e daTecnologia, Mariano Gago, presidiu no dia26, na Fundação Calouste Gulbenkian, emLisboa, à primeira parte dos trabalhos daconferência anual do European Collaborativefor Science, Industry and TechnologyExhibitions (ECSITE), que se realizou pelaprimeira vez em Portugal.Mariano Gago disse na abertura dos traba-lhos que nesta fase de fim de século é im-perativo capitalizar experiências e evoluir naconcepção dos centros científicos com vis-ta à formatação dos Museus de Ciência eTecnologia do Futuro.A conferência ECSITE�98 reuniu responsá-veis e peritos dos mais importantes museuse centros de divulgação científica da Euro-pa. O ECSITE conta com 197 museus-mem-bros.A sessão «Tendências da ModernaMuseologia Científica na Europa» teve intro-dução de Simona Bodo, da FundazioneGiovanni Agnelli (Itália), que elaborou umpouco sobre a importância das relações en-tre a ciência, os museus e a sociedade.

COMUNICAÇÃO SOCIAL - O secretáriode Estado da Comunicação Social, Aronsde Carvalho, considerou, no dia 26, emQueluz, Sintra, que os portugueses estãomuito dependentes da televisão e rádio, ra-zão que o leva a querer fomentar a leiturados jornais.«Uma das formas é criar entre os jovens essehábito, tanto mais que Portugal é um dospaíses da União Europeia com mais baixoíndice de leitura de imprensa», especificouArons de Carvalho na assinatura de um pro-tocolo com o secretário de Estado da Ad-ministração Educativa, Guilherme d�OliveiraMartins.O objectivo do protocolo - assinado na Es-cola Secundária Miguel Torga em Queluz -é criar hábitos de leitura entre os jovens atra-vés dos jornais regionais.A escolha dos jornais regionais foi justificadapelo presidente do conselho directivo da es-cola, José Carlos Cruz, com o facto de aglobalização ser feita «à custa das realida-des locais».O secretário de estado Oliveira Martins sali-entou a importância da ligação dos jovensàs realidades locais.O protocolo abrange todas as escolas do2º e 3º ciclos e escolas secundárias do País.

CULTURA � A secretária de Estado da Cul-tura, Catarina Vaz Pinto, esteve presente, nodia 27 de Novembro, no Anfiteatro da Bibli-oteca Nacional, durante a evocação de JoséCardoso Pires.Na cerimónia realizou-se uma reflexão so-bre a obra do escritor falecido recentemen-te, numa mesa-redonda centrada sobre otema «José Cardoso Pires ou a Escrita comoDiversidade».

DESPORTO � O secretário de Estado doDesporto, Miranda Calha, presidiu, no dia27, à cerimónia de assinatura do contrato-programa entre o Complexo de Apoio às ac-tividades Desportivas, o Instituto Nacional doDesporto e a Federação Portuguesa de Gol-fe, que cria as condições para a construçãode um campo de golfe no complexodesportivo do Estádio Nacional.O equipamento incluirá um campo de noveburacos, um campo de treino, três buracospara iniciação e infra-estruturas de apoio.

EMPREGO E FORMAÇÃO - A educaçãoé uma das maiores apostas do Governo nocombate à pobreza, tendo em vista «a cria-ção de alicerces que criem perspectivas devida positivas para os mais jovens», disseno dia 26, no Porto, secretário de Estado doEmprego e Formação.Paulo Pedroso, que falava à ComunicaçãoSocial antes da sessão de abertura das Jor-nadas Nacionais de Luta Contra a Pobreza,revelou que, das 350 mil pessoasabrangidas pelo Rendimento Mínimo Garan-tido (RMG), metade tem menos de 18 anos,facto que «justifica uma grande aposta naeducação, para arrancar os mais jovens deuma tradição familiar de grande pobreza».O secretário de Estado sustentou que «a in-tensidade de pobreza será reduzida em cer-ca de 50 por cento devido ao RMG», factoque terá «efeitos significativos» no futuro dosfilhos jovens de famílias carenciadas.

Paulo Pedroso lançou, porém, um apelo àsociedade para que se mobilize no sentidoda inserção social, salientando que «o com-bate ao desemprego depende muito dosempresários».«É com esse objectivo que o Governo temprocurado implementar medidas de incen-tivo para ajudar o sector empresarial», dis-se o governante, aproveitando para anunci-ar «algumas novidades» em 1999, no âmbi-to de uma política de criação de oportuni-dades de trabalho.Além das denominadas empresas de inser-ção, já criadas pelo Executivo, PauloPedroso salientou, entre as novas medidas,o aperfeiçoamento dos apoios ao trabalho

para pessoas em situação de desempregoprolongado.O combate à pobreza em Portugal foi clas-sificado pelo secretário de Estado como«inovador na Europa, uma vez que está aser realizado em simultâneo com a inserçãosocial».

TRABALHO E SOLIDARIEDADE � O mi-nistro do Trabalho e da Solidariedade, FerroRodrigues, presidiu, no passado dia 27, emLisboa, à sessão de abertura do seminário«Locais de Vida e Trabalho na Comunidadepara os Adultos com Autismo», promovidapela Associação Portuguesa para a Protec-ção aos Deficientes Autistas.

O Conselho de Ministros aprovou:

� Um decreto-lei que atribui à Sociedade Metro do Porto, SA a concessão do serviço públicodo sistema de metro ligeiro na área metropolitana do Porto e aprova as bases que a regulam;� Uma resolução que aprova a minuta do contrato a celebrar entre o Metro do Porto, SA, e oAgrupamento Complementar de Empresas Normetro;� Uma resolução que autoriza a Direcção-Geral do Património a adquirir um conjunto urbano(«Compound») situado no n.º 8 da Rua Dong Wu Jie San Li Tun, no distrito de Chaoyang, emBeijing (Pequim), na China, com vista à futura instalação da Chancelaria e da Residência daEmbaixada de Portugal e outras dependências diplomáticas na capital chinesa,� Quatro decretos-lei que transpõem para a ordem jurídica interna as normas europeiasrelativas aos valores limite e aos objectivos de qualidade para as descargas na água e nosolo de cádmio, mercúrio, hexacloriciclo-hexano e de certas substâncias perigosas;� Uma resolução que cria a estrutura de projecto para as questões de organização e logísticada Presidência Portuguesa da União Europeia e da UEO;� Um decreto-lei que cria o regime de concessão de apoio financeiro especial para realiza-ção de obras de conservação ordinária, extraordinária e de beneficiação em habitação pró-pria permanente de indivíduos e agregados familiares economicamente carenciados;� Uma proposta de lei que concede autorização ao Governo para dotar os engenheirostécnicos portugueses de uma associação profissional de natureza pública;� Um decreto-lei que revoga o n.º 1 do artigo 27º do decreto-lei n.º 182/95, de 27 de Julho,que estabeleceu as bases da organização do sistema eléctrico nacional;� Um decreto-lei que altera os estatutos do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP);� Um decreto-lei que altera a orgânica da Orquestra Nacional do Porto;� Um decreto-lei que altera a orgânica da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema;� Um decreto-lei que altera o Estatuto dos Solicitadores;� Uma resolução que cria, no âmbito do Ministério de Ambiente, uma Comissão de Acompa-nhamento destinada a conduzir os trabalhos tendentes à criação do Sistema Multimunicipalde Captação e Tratamento de Água para Consumo e de Recolha, Tratamento e Rejeição deEfluentes do Alto Zêzere;� Uma resolução que adjudica ao Consórcio Beiragás, a concessão de exploração da redede distribuição regional de gás natural do Centro Interior e construção das respectivas infra-estruturas;� Uma resolução que adjudica à Tagusgás - Empresa de Gás do Vale do Tejo SA, a conces-são de exploração da rede de distribuição regional de gás natural do Vale do Tejo e a cons-trução das respectivas infra-estruturas;� Uma resolução que alarga a área de intervenção do Programa de Desenvolvimento Inte-grado da Serra da Estrela (Proestrela) ao município de Fornos de Algodres;� Uma resolução que aprova a aquisição do prédio urbano sito na Rua Luís de Camões eTravessa da Mãozinha, em Coimbra, para ampliação das instalações da Faculdade de Eco-nomia da Universidade de Coimbra;� Uma resolução que aprova a aquisição do imóvel sito em Lisboa na Rua Martens Ferrão,n.º 11;� Uma resolução que aprova o Plano de Ordenamento da Albufeira de Alvito;� Uma resolução que aprova o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Sines-Burgau;� Uma proposta de resolução que aprova o Protocolo de Emendas ao Acordo de 28 deJunho de 1973, entre o Governo da República Portuguesa e o Conselho Federal Suíço relati-vo aos transportes internacionais de pessoas e mercadorias por estrada;� Uma proposta de resolução que aprova, para ratificação, a Convenção relativa à adesãoda República da Áustria, da República da Finlândia e do Reino da Suécia à convenção sobrea lei aplicável às obrigações contratuais, aberta à assinatura em Roma em 19 de Julho de1980, bem como ao primeiro e segundo protocolo relativo à sua interpretação pelo Tribunalde Justiça;� Um decreto-lei que estabelece regras sobre o regime geral de estruturação de carreiras naAdministração Pública.

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 3 DEZEMBRO 1998

UNIÃO EUROPEIA

ESTRASBURGO REJEITARENACIONALIZAÇÃO DE PARTE

DAS AJUDAS AGRÍCOLAS

GOVERNOS DA UE QUEREM UM BCEINDEPENDENTE, MAS COOPERANTE

PARLAMENTO EUROPEU Info-Europa

O Parlamento Europeu (PE) rejeitou o prin-cípio da renacionalização de uma parte dasajudas directas da UE aos agricultores,defendido pelos maiores contribuintes líqui-dos para o orçamento comunitário.Chamado a votar uma proposta de resolu-ção sobre a reforma da PAC, o plenário re-tirou do texto, proposto em conjunto pelospartidos Liberal (LDR) e Popular Europeu(PPE), o parágrafo em que estes dois gru-pos políticos admitiam a possibilidade deos Estados-membros co-financiarem, futu-ramente, parte da Política Agrícola Comum

(PAC).A ideia também é perfilhada por parte dogrupo socialista, um dos co-autores deuma segunda proposta de resolução so-bre o mesmo tema.O plenário foi mais sensível aos opositoresda renacionalização de uma parte da PAC,proposta emanada na origem da ComissaoEuropeia, que a avançará a pensar nas rei-vindicações dos países mais ricos daUnião, que lutam pela redução das respec-tivas contribuições para o orçamento dosQuinze.

EURODEPUTADOS DO PS VOTARAMCONTRA RESOLUÇÃO SOBRE PAC

Os socialistas portugueses no Parlamen-to Europeu rejeitaram no dia 19 uma re-solução que contempla a posição do go-verno de Portugal contrár ia àrenacionalizacao de parte das ajudasagrícolas da UE.

A resolução em que o PE exclui o princí-pio do co-financiamento partilhado pelaUE e pelos Estados-membros de partedas despesas da Política Agrícola Comum(PAC) foi aprovada no plenário por 213votos favoráveis, quase todos do Partido

Popular Europeu (PPE) 209 contra, socia-listas na sua maioria, e 46 abstenções, in-cluindo as dos comunistas portugueses.Este é o panorama revelado pela grelhada votação nominal distribuída pelos ser-viços da assembleia.O plenário aprovou a resolução depois delhe subtrair, numa votação separada, umparagráfo em que se previa arenacionalização da PAC.Embora tenha contribuído para a retiradado parágrafo lesivo dos interesses portu-gueses, votando a favor da sua supres-são do texto, a delegação do PS no Parla-mento Europeu seguiu, na votação final daresolução, a orientação adoptada pelogrupo político europeu a que pertence.Surpreendentemente, nenhum dos socia-listas portugueses que participaram na vo-tação final apoiou a resolução modifica-da, que consagra a posição defendida porvários membros do Governo portuguêsem sucessivos conselhos de ministros daUnião Europeia.Em recentes reuniões de ministros da Agri-cultura, dos Negócios Estrangeiros (As-suntos Gerais) e das Finanças, os minis-tros Capoulas Santos, Jaime Gama e o se-cretário de Estado do Tesouro, Teixeira dosSantos, rejeitaram a ideia de os Estados-membros co-financiarem uma percenta-gem das ajudas directas destinadas aosagricultores, argumentando que a medi-

da penalizaria ainda mais a agricultura na-cional, aquela que menos dinheiro rece-be do orçamento agrícola da UE.Esta é também a posição dos membrosportugueses do PPE e da União Para aEuropa (UPE) que votaram em bloco aproposta de resolução, que depois deemendada se tornou favorável aos interes-ses de Portugal.A renacionalização da PAC é um dos mé-todos preconizados pela ComissãoEuropeia e pelos Estados-membros quemais contribuem para os cofres comuni-tários para poupar dinheiro, visto que es-tes países querem ver reduzidas as suascontribuições financeiras no âmbito da re-forma do sistema de recursos próprios daUnião Europeia, prevista na Agenda 2000(quadro económico-financeiro para osanos 2000-2006).É, também, a proposta mais polémica co-locada sobre a mesa do Conselho de Mi-nistros dos Quinze e da sua antecâmara(o comité dos embaixadores dos Estados-membros junto da UE) no quadro das ne-gociações sobre a reforma da PAC.António Campos foi o único dos nove de-putados do PS e o único português quevotou pela permanência do controversoparágrafo, manifestando-se de forma cla-ra a favor de uma maior responsabilizaçãodos governos nacionais pelo financiamen-to da política agrícola.

FINANÇAS Euro

Os ministros das Finanças dos 11 paísesdo euro insistiram no dia 23, em Bruxelas,na necessidade de uma cooperação es-treita com o banco do euro (BCE) naimplementação de políticas geradoras decrescimento económico e de emprego.A conjugação da polít ica monetáriaeuropeia, que será conduzida pelo BancoCentral Europeu, a partir do arranque damoeda única, a 1 de Janeiro próximo, comas políticas orçamentais e fiscais, que sãoda responsabilidade dos governos nacio-nais, foi o principal tema da reunião doEuro-11, conselho informal que reúne ostitulares das Finanças dos países partici-pantes na união monetária.Na sequência de um jantar informal, reali-zado em Bruxelas, de ministros das Finan-ças de Governos socialistas, os titularesdos 11 países do Euro insistiram na neces-sidade de as futuras moedas e políticamonetária únicas da UE seremcontrabalançadas com uma política eco-nómica comum orientada para orelançamento do crescimento económicoe para a criação de empregos na Europa.A ideia visa impedir que o BCE, na condu-ção da política monetária única e na ges-tão do euro, se alheie dos principais e re-ais problemas económicos da União, comosão actualmente o desemprego e a que-

bra do crescimento económico.A mensagem dos ministros dos Onze, quetem como impulsionadores os titulares dasFinanças dos quatro grandes da UE - Ale-manha, França, Reino Unido e Itália - fazprever a continuação, após a criação doEuro no principio do ano, do actual «braço-de-ferro» entre governos e bancos centrais,em torno do nível das taxas de juro na União.Em declarações aos jornalistas portugue-ses, num intervalo do conselho, o ministrodas Finanças, Sousa Franco, salientou que«a conjugação de politícas é uma necessi-dade» que não põe em causa a indepen-dência quer do BCE, quer dos governosnacionais.«As políticas são todas complementares.Se falharem não falham sozinhas, pois têmefeitos umas sobre as outras», declarou oministro português.Para Sousa Franco, «as políticas monetári-as, orcamentais, fiscais e sociais, que en-volvem, nomeadamente, políticas salariais,devem ser abordadas sistematicamenteem conjunto».«Ficou claramente demonstrado na reuniãoque não há oposição, mas simcomplementaridade na prossecução depolíticas de crescimento e emprego e depolíticas de estabilidade, no âmbito da UE»,afirmou o titular português das Finanças.

RELATÓRIO 1997

EUROPA CRIOU800 MIL POSTOS DE TRABALHO

Cerca de 800 mil novos postos de trabalhoforam criados no Velho Continente em1997, de acordo com um relatório apresen-tado no dia 27 pela Comissão Europeia,em Bruxelas.Na Europa, no entanto, o flagelo do desem-prego continua a ter níveis alarmantes, atin-gindo os 18 milhões o exército dos sem-emprego, o que deve implicar dos Esta-dos-membros, agora governados na suamaioria por Governos que se reclamam deesquerda uma nova visão, colocando a

questão do emprego no centro das suasprooridades.Segundo o relatório da Comissão Europeia,47 por cento dos desempregados commais de 25 anos «não possuem mais doque a educação básica», sendo a qualifi-cação profissional eleita como o maior obs-táculo ao emprego.Para reduzir o flagelo do desemprego noVelho Continente, a Comissão Europeia acon-selha os diferentes governos a seguirem «li-nhas directrizes para o emprego de 1999».

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3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA7

SOCIEDADE & PAÍS

METRO DO PORTO CONCESSIONADODESTAQUE - CM Equipamentos

Conselho de Ministros aprovou,no passado dia 25 de Novem-bro, um decreto-lei que atribuià Sociedade Metro do Porto, SA

a concessão do serviço público do siste-ma de metro ligeiro na área metropolitanado Porto, bem como as bases que a regu-lam.O Governo procedeu, assim, à aprovaçãofinal deste diploma, cumpridas que foramas audições da Associação Nacional dosMunicípios Portugueses (ANMP) e das co-missões de trabalhadores da CP - Cami-nhos de Ferro Portugueses, EP e daREFER - Rede Ferroviária Nacional.O diploma atribui à sociedade Metro doPorto, SA - constituída em 6 de Agosto de1993 e tendo como sócios a Área Metro-politana do Porto (com 80 por cento docapital social), a Caminhos de Ferro Por-tugueses, EP (com 15 por cento) e a Me-tro de Lisboa, EP (com 5 por cento) - aexploração, em regime de concessão, deum sistema de metro ligeiro na área me-tropolitana do Porto, aprovando as basesgerais que a regulam.A concessão terá a duração de 50 anos,contados a partir da data de entrada emvigor deste diploma, podendo tal períodoser prorrogado por, no máximo, dois perí-odos sucessivos de dez anos, desde quea concessionária o requeira.O decreto-lei estabelece, também, os ter-mos de um acordo parassocial entre osaccionistas da concessionária, reforçan-do o capital social ainda este ano e alte-rando a estrutura accionista que passaráa ter a seguinte configuração: Área Me-tropolitana do Porto (60 por cento), Cami-nhos de Ferro Portugueses (5 por cento),Sociedade de Transportes Colectivos do

Porto (25 por cento) e Estado (10 por cen-to).O diploma atribui à Metro do Porto, SA aresponsabilidade pela regulação das ope-rações que constituirão a infra-estrutura dosistema de metro, a construir por entida-de escolhida no âmbito de um concursointernacional, assim como pela montagemdo correspondente sistema de fiscaliza-ção.O exercício da concessão fica norteadopor exigências e obrigações, algumas decariz imperativo e outras programáticas,salientando-se, todavia, dois aspectos es-senciais: em primeiro lugar, a definição deum regime de controle financeiro; e em se-gundo, a obrigatoriedade da cedência ousubconcessão da exploração da rede aterceiros, caso a exploração feita directa-

mente pela concessionária venha a serdeficitária.Procedeu-se, igualmente, à alteração pon-tual dos diplomas legais aplicáveis ao sec-tor ferroviário, sobretudo em vista da trans-ferência das infra-estruturas ferroviáriasexistentes para a concessionária e o seuaproveitamento no sistema de metro.Assim, a REFER e a CP cessam a presta-ção directa dos serviços que vinham as-segurando na Linha da Póvoa e na Linhade Guimarães (até à Trofa), cabendodoravante à Metro do Porto assegurar osserviços de transporte alternativos, atra-vés de protocolos com aquelas duas em-presas, de forma a garantir a continuida-de desses serviços de transporte durantea fase da obra.Para o desenvolvimento do projecto inte-

grado do sistema de metro, estabeleceu-se um protocolo entre o Estado e as dife-rentes entidades intervenientes - a JuntaMetropolitana do Porto, a sociedade Me-tro do Porto, SA, a CP e a REFER - no qualse fixa um conjunto de medidas sobre asituação laboral dos trabalhadores da CPe da REFER, afectos à exploração das li-nhas que passam a integrar o novo servi-ço concessionado.A Metro do Porto, SA prevê que o projectoenvolva um montante de cerca de 230 mi-lhões de contos, excluindo investimentose apoios complementares necessários, eque a construção da infra-estrutura venhaa ocupar um número global de cerca demil trabalhadores, número que passarápara cerca de 250 na fase de operação.A rede do metro do Porto será compostapelos troços Hospital de São João - Trin-dade - Santo Ovídeo; Campanhã - Trinda-de - Senhora da Hora - Matosinhos; Se-nhora da Hora - Vila do Conde - Póvoa doVarzim; e Senhora da Hora - Maia - Trofa.Em termos de prazos essenciais, prevê-se que o primeiro troço do metro entre emserviço até finais de 2001, devendo a to-talidade do sistema de metropolitano en-trar em funcionamento até ao fim de 2003.Entretanto, foi também dada luz verde, nareunião do Conselho de Ministros do dia25 de Novembro, a uma resolução queaprova a minuta do contrato a celebrar en-tre o Metro do Porto, SA, e o Agrupamen-to Complementar de Empresas Normetro.Este diploma vem aprovar o contrato ce-lebrado entre a Metro do Porto e oNormetro, com vista à adjudicação daconcepção e realização do sistema demetro ligeiro na área metropolitana doPorto.

EQUIPAMENTOS Porto

GARANTIDA CONSTRUÇÃO DOS MOLHES NO DOUROGoverno «está fortemente deter-minado na construção dos mo-lhes na barra do Douro»,garantiu, no dia 20, no Porto,

Consiglieri Pedroso, secretário de Estadoadjunto do ministro do Equipamento, Pla-neamento e Administração do Território.O representante de João Cravinho, que fa-lava da cerimónia de abertura do Congres-so Internacional do Douro, revelou que oExecutivo socialista apresentaria uma pro-posta na cimeira luso-espanhola que ter-minou na passa segunda-feira, no sentidode uma candidatura a fundos comunitári-os alternativos, apoiada pelos dois paísesatravés do INTERREG.Depois de elogiar a forma «exemplar» comoa Administração dos Portos do Douro eLeixões (APDL) conduziu o processo,Consiglieri Pedroso defendeu a transferên-cia do projecto para o Instituto deNavegabilidade do Douro (IND).

«Não faz sentido que a barra do Douro con-tinue a pertencer à jurisdição da APDL, umavez que ela não tem qualquer actividadeportuária neste rio», adiantou o secretáriode Estado.Para Consiglieri Pedroso, a condução doprocesso pelo IND tem a «vantagem» dese tratar de uma entidade com uma «duplatutela», ou seja, a do ministério de JoãoCravinho e a do Ambiente.Depois de considerar que a navegação flu-vial interior do Douro está «finalmente ga-rantida», o governante classificou a nave-gação fluvio-marítima como «fundamental».É necessário sair e entrar na barra do Dou-ro em condições de segurança e ao longode todo o ano», matéria que, segundo dis-se Consiglieri Pedroso, é da competênciado Ministério do Equipamento.É igualmente fundamental proteger algu-mas zonas de Gaia e do Porto, como oCabedelo e o Passeio Alegre, que todos

os invernos sofrem danos consideráveisdevido à inexistência de molhes na barra»,referiu.«Essa é uma questão que envolve directa-mente o Ministério do Ambiente, uma vezque é da sua competência a relação entreo rio e as suas margens», acrescentou ogovernante, explicando, desta forma, asreferidas vantagens da «dupla tutela» doIND.Consiglieri Pedroso anunciou, entretanto, oarquivamento do processo relativo à quei-xa apresentada em Bruxelas contra o pro-cesso de construção dos molhes.«A União Europeia considerou que o pro-cesso foi bem conduzido pelo Governoportuguês», frisou.O secretário de Estado considerou, contu-do, que essa queixa apresentada por umgrupo de críticos da obra, terá «influenciado»Bruxelas a recusar o seu financiamento.Esse não será, no entanto, um obstáculo à

construção dos molhes, conforme adian-tou Consiglieri Pedroso. «Há sempre a pos-sibilidade de recorrermos a fundos comu-nitários alternativos», sublinhou.Essa hipótese foi discutida na cimeira luso-espanhola, onde a «luz verde» dos espa-nhóis foi decisiva para o arranque dasobras em 1999.Consiglieri Pedroso classi-ficou o Douro como uma «auto-estrada quenão se pode subaproveitar na ligação en-tre o Norte de Portugal e a região de Castelae Leão», acrescentando não ser possível«desperdiçar investimentos».«Nas últimas décadas acumularam-se in-vestimentos, como a construção de barra-gens, que não puderam ser aproveitadosdevidamente», disse o secretário de Esta-do, suscitando os aplausos da sala e osorriso de Fernando Gomes, presidente daCâmara do Porto e da Associação Ibéricados Municípios Ribeirinhos do Douro, enti-dade promotora do congresso.

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 3 DEZEMBRO 1998

SOCIEDADE & PAÍS

PORTO ASSINALA 90 ANOS DE MANOEL DE OLIVEIRAE APRESENTA CASA-MUSEU DO REALIZADOR

CULTURA Cinema

Porto vai comemorar os 90 anosdo realizador Manoel de Olivei-ra com uma homenagem noTeatro Rivoli, anunciou recente-

mente o ministro da Cultura, Manuel MariaCarrilho.A iniciativa, apresentada durante uma con-ferência de Imprensa realizada no dia 23sobre o ponto da situação do «Porto Capi-tal Europeia da Cultura 2001», tem lugar nodia 11 de Dezembro, no Teatro MunicipalRivoli, sendo organizada em parceria pelaCâmara do Porto e pelo Ministério da Cul-tura.Fernando Gomes, presidente da autarquia,revelou que a ocasião será aproveitadapara a apresentação do anteprojecto e damaqueta da Casa-Museu Manoel de Oli-veira, cuja inauguração deverá acontecerem 2001.«O projecto é da autoria do arquitecto SoutoMoura e tem sido acompanhado de pertopelo próprio Manoel de Oliveira», adiantouFernando Gomes.

Porto Capital Europeia da Cultura

Por outro lado, o ministro da Cultura reve-lou que o Governo vai investir cerca de 24

milhões de contos no «Porto CapitalEuropeia da Cultura 2001».«O financiamento, um dos problemas queainda estavam pendentes, está garantidoe deverá situar-se entre os 23 e os 25 mi-lhões de contos», disse Manuel MariaCarrilho, em conferência de Imprensa apósuma reunião com o presidente da Câmarado Porto, Fernando Gomes.

Esta verba, que resulta de uma «combina-ção do Orcamento de Estado com fundoscomunitários», tem como destino a cons-trução e intervenção em equipamentosculturais da cidade, o programa de anima-ção da «Capital da Cultura» e a reabilita-ção urbanística da Baixa portuense.Segundo Fernando Gomes, entre os pro-jectos já confirmados está a construção noParque da Cidade da Casa da Música, afutura biblioteca e galeria de exposicões doPalácio de Cristal e a reabilitação do Palá-cio do Freixo, onde ficarão sediados osmuseus da Imprensa e da Indústria.«Este financiamento vai também servir paraconcluir a intervenção já efectuada noColiseu», adiantou o autarca.

Requalificação do espaço urbano

No âmbito da requalificação do espaçourbano, a Câmara do Porto prevê interven-ções ao nível da recuperação de passei-os, pavimentos e fachadas, na áreasenvolventes do Teatro Nacional de S. João,Praça da Batalha, Teatro Municipal Rivoli eColiseu.«Vamos também poder, finalmente, avan-çar com velhos projectos como o comboio

histórico, entre a Alfândega e as Caves deVinho do Porto», revelou Fernando Gomes.Segundo o presidente da Câmara, o «Por-to 2001» servirá, ainda, como«impulsionador de um outro conjunto deprojectos, nomeadamente a reabilitação docomércio tradicional, que será efectuadapor acordo com o Ministério da Economiaatravés do programa de incentivosPROCOM».Esta intervenção visará o comércio nas ruasFormosa, Fernandes Tomás, Mouzinho daSilveira, Flores, Clérigos e Santa Catarina,entre outras.Fernando Gomes adiantou, contudo, quea reabilitação do comércio tradicional sóestará concluída depois de 2001.«Ultrapassadas as questões financeiras»,conforme palavras do próprio ManuelCarrilho, a instituição formal do «Porto 2001»está ainda dependente da publicação dodecreto de criação da sociedade presidi-da por Artur Santos Silva, que irá gerir todoo processo.Manuel Maria Carrilhou deixou, entretanto,no ar a esperança de ver o financiamentodisponibilizado pelo Governo para a Capi-tal da Cultura ser reforçado pela «interven-ção mecenática».

A PONTE ENTREA EUROPA E A ÁSIA

GOVERNO APOIA CRIAÇÃODO MUSEU ARISTIDES

DE SOUSA MENDES

ESTRASBURGO HomenagemCIÊNCIA E TECNOLOGIA Mariano Gago em Macau

O ministro português da Ciência eTecnologia, Mariano Gago, participou, on-tem, em Macau, na abertura da Semana deCiência e Tecnologia, uma iniciativa da Uni-versidade de Macau e da Fundação Macau.Em território macaense, Mariano Gago as-sistirá à assinatura de um protocolo entrea Agência de Inovação e o Centro de Pro-dutividade e Transferência de Tecnologia deMacau, que possibilitará a instalação ime-diata no território de um «focal point» daIniciativa Eureka.A assinatura do protocolo permitirá «ter umaantena» da Iniciativa Eureka em territóriomacaense e possibilitará o início da prepa-ração do Encontro Eureka de EmpresasAsiáticas e Europeias, que se realizará noano 2000.Portugal e a China acordaram em Abril umconjunto de iniciativas no campo das ciên-cias e tecnologias que decorrerão em 1999e 2000.No âmbito entre os dois países, ficoumarcada para a Primavera de 1999 umaConferência Internacional sobre tendênci-as da Educação Científica e da CulturaCientifica e Tecnológica na Europa e naÁsia, em que se espera uma «grande parti-cipação» de técnicos chineses, europeus

e de outros países da região asiática, dis-se Mariano Gago.O ministro revelou também que, paralela-mente à conferência, poderá realizar-se umencontro de natureza industrial igualmentesubordinado à temática das tendências dasEducação Científica e da Cultura Cientificae Tecnológica na Europa e na Ásia.«Era particularmente interessante que, en-tre outros, se começassem a explorar nes-ta região as possibilidades de desenvolvi-mento tecnológico ligado à indústria dosbrinquedos (...), equipamentos técnicospara a educação e para a museologia (...)e todas as novas tecnologias como a pro-dução de cd-rom ou produção de softwareeducativo para as ciências», afirmou.Mariano Gago anunciou ainda que em Abrilde 1999 deverão ser apresentadas as con-clusões de um estudo sobre desenvolvi-mento das instituições de ensino superiorde Macau de investigação e de tecnologia.É um trabalho «muito importante para o fu-turo de Macau», sublinhou o ministro, aosustentar que Portugal sempre «defendeu»que o território «poderia ser uma ponte en-tre a Europa e a Ásia, designadamente en-tre a China e a Europa, em matéria cientificae tecnológica».

«Aristides de Sousa Mendes pensou sem-pre que Salazar lhe perdoaria, sobretudo em1945, depois da vitória dos Aliados. Só quetinha subestimado esse aspecto mesquinhoe rancoroso de Salazar. Esta história mostrabem, aliás, como Portugal estava cortadoda Europa.»José Alain FralonJornalista do «Le Monde»

A Europa começa a descobrir aexistência do «Schindlerportuguês». Aristides de SousaMendes foi homenageado no dia 17no Parlamento Europeu por tersalvo a vida a 30 mil pessoas quefugiam ao holocausto nazi atravésda concessão, em Bordéus, ondeera cônsul, de outros tantos vistosde entrada em Portugal.

Durante a cerimónia de homenagem aoex-cônsul de Bordéus, realizada emEstrasburgo, o ministro dos NegóciosEstrangeiros, Jaime Gama, disse que o

Governo português manifestou a sua«solene disposição para apoiar a cria-ção de uma instituição que se proponha,em articulação com a família, recuperara antiga casa do diplomata portuguêsAristides de Sousa Mendes, em Caba-nas de Viriato, transformando-a em mu-seu».Jaime Gama revelou que «existe igualmotivação por parte do Ministério da Cul-tura e autarquias locais».No decurso da homenagem, que tevemomentos comoventes, foi ainda lidauma mensagem do Presidente da Repú-blica, Jorge Sampaio, e usaram da pa-lavra a jornalista Diana Andringa, o pre-sidente do PE, Gil Robles, o represen-tante do Congresso Judaico e Otto vonHabsburgo (através do filho), ambos sal-vos por Aristides Souza Mendes.Da comissão de honra da homenagemfaziam parte Willy de Clercq, presidentedo Intergrupo do PE Estado Hebreu-Eu-ropa, os vice-presidentes do PE, LuísMarinho e Nicole Fontaine, e Otto vonHabsburgo. J. C. C. B.

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3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA9

SOCIEDADE & PAÍS

ECONOMIA Agosto em análise

COMÉRCIO A RETALHOE INDÚSTRIA EM ALTA

FORMAÇÃO SOCIOCULTURALPARA 15 MIL JOVENS

TRABALHO Empregabilidade estrutural

erca de 15 mil jovens desempre-gados entre os 15 e os 25 anos,que abandonaram o ensino an-tes ou após o 9º ano, vão rece-

ber formação sociocultural no âmbito deum protocolo de colaboração assinado napassada quinta-feira, dia 26.O documento foi assinado entre a EscolaSuperior de Educação de Setúbal (ESE) eo Instituto do Emprego da Formação Pro-fissional (IEFP), numa cerimónia presididapelo secretário de Estado do Emprego eda Formação, Paulo Pedroso.Segundo o secretário de Estado, o traba-lho vai desenvolver-se em 1999 e integraos programas para Língua Cultura Portu-guesas, Inglês, Francês, Alemão, MundoActual, Matemática e alguns domínios doDesenvolvimento Pessoal e Social.Após a acção de formação, ministrada peloIEFP, os formandos obterão certificaçõesprofissionais de nível 2, equivalentes ao 9ºano de escolaridade (escolaridade obriga-tória), e de nível 3, equivalente ao 12º ano.Fazer com que o número de jovens abran-gidos atinja os 30 mil no ano de 2003 é um

dos objectivos do programa, disse PauloPedroso.Até 2006, acrescentou, «é imprescindível»que todos os jovens com 18 anos tenham

volume de negócios do comér-cio a retalho manteve a expan-são registada há vários meses,de acordo com os dados publi-

cados pelo Instituto Nacional de Estatísti-ca (INE).Face a Agosto de 1997, o volume de ne-gócios do comércio a retalho subiu 13,1por cento, registando uma taxa de cresci-mento de 11,8 por cento nos produtos ali-mentares, bebidas e tabaco e de 14,2 porcento nos produtos não alimentares.Nos últimos 12 meses, a progressão parao conjunto do sector foi de 9,8 por cento,com taxas de crescimento de 11,1 porcento e 9 por cento, respectivamente, noalimentar e não-alimentar.Entretanto, também o volume de negíciosna indústria cresceu 7,8 por cento.O volume de negócios, medido através doíndice geral, registou aumentos de 7,8 porcento em termos de variação acumuladanos 12 meses anteriores e no ano e de4,5 por cento face ao mês homólogo de1997.

Teixeira dos Santos quer investimentofora do défice orçamental

O secretário de Estado das Finanças,Teixeira dos Santos, defendeu no dia 27,

em Londres, que «as despesas de inves-timento em infra-estruturas deveriam serexcluídas do cálculo do déf iceorçamental».«Certos países têm importantes investi-mentos por realizar, para se colocarem aonível dos seus parceiros europeus», disseTeixeira dos Santos.Liderados pelo Bundesbank, o banco cen-tral alemão, os partidários da ortodoxia

orçamental pretendem que o pacto de es-tabilidade seja cumprido à risca, ao con-trário da maioria dos Governos socialis-tas ou social-democratas, incluindo o novoExecutivo germânico.Os ortodoxos exigem orçamentos equili-brados ou mesmo excedentários.Teixeira dos Santos não rejeita o pacto deestabilidade, mas defendeu uma leitura«mais flexível».

Para o secretário de Estado, «existe mar-gem de manobra no pacto de estabilida-de», uma posição partilhada pelo social-democrata Oskar Lafontaine, novo minis-tro alemão das Finanças, e por outros res-ponsáveis socialistas europeus.

Vice-presidente do BEIelogia Portugal

«Portugal tem sido exemplar na aplicaçãodos recursos do Banco Europeu de Inves-timentos», disse no dia 26, na Comissãode Política de Desenvolvimento Regionaldo Parlamento Europeu, o vice-presiden-te do BEI, durante a apresentação do re-latório dos 40 anos de actividade daquelainstituição financeira.O vice-presidente do BEI sublinhou que«Portugal tem revelado um espírito inova-dor, não só em termos de colaboraçãocom a instituição, mas também na apre-sentação de projectos, tanto no domíniopúblico como no privado».Recorde-se que o BEI é uma instituiçãofinanceira particularmente vocacionadapara o apoio ao desenvolvimento regio-nal, financiando projectos de investimen-to nos domínios empresarial, infra-estru-turas de comunicação e energia, entreoutros.

se «avançar na formação pós ensino bási-co», de modo a preparar os jovens quedurante os próximos 40 anos irão respon-der aos desafios do mercado de trabalho.A formação a ministrar aos jovens tem trêscomponentes: uma de formação geral,outra de formação científico-tecnológica,que abrange 70 por cento do tempo deformação, e a componente prática, com 30por cento do tempo de formação.Diminuir os valores de desemprego nosjovens até aos 25 anos, cujo número ape-sar de estar a diminuir, segundo o secretá-rio de Estado, ainda é superior ao desem-prego médio é outro dos objectivos do pro-tocolo.Criar condições para que haja uma«empregabilidade estrutural» e para que osjovens consigam responder aos desafiose às alterações que irão afectar, nos próxi-mos 30 ou 40 anos, o mercado de traba-lho é, segundo Paulo Pedroso, outro dosobjectivos do protocolo, assinado por doisrepresentantes do IFP e pela presidente doConselho Directivo da ESE de Setúbal, AnaMaria Bettencourt.

beneficiado de uma componente formativa,mesmo que já tenham tido acesso ao mer-cado de trabalho.Paulo Pedroso defendeu a necessidade de

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ACÇÃO SOCIALISTA 10 3 DEZEMBRO 1998

SOCIEDADE & PAÍS

REGRAS PARA SALVAGUARDADA NATUREZA

LEONOR COUTINHOAPROVA 9,9 MILHÕESPARA NOVAS CASAS

GOVERNO DISPONIBILIZA2 MILHÕES DE CONTOS

TURISMO Zonas protegidas

HABITAÇÃO Realojamento

secretário de Estado do Turis-mo, Vítor Neto, anunciou, no dia27, em Loulé, a aprovação porparte do Executivo socialista de

um conjunto de regras e condicionantespara a actividade de turismo de naturezanas 12 zonas protegidas existentes no País.Um diploma aprovado em conselho desecretários de Estado estabelece o Progra-ma Nacional de Turismo de Natureza emtodas as zonas protegidas, na tentativa de«conciliar a actividade turística com a pro-tecção do ambiente» naquelas zonas, deacordo com Vítor Neto.Baseado num levantamento exaustivo dasmúltiplas situações existentes nos parquesnacionais, o diploma estabelece regraspara a prática do Turismo de Natureza emcada uma daquelas áreas delimitadas, deacordo com um levantamento exaustivolevado a cabo nos últimos meses pelasSecretarias de Estado do Turismo e doAmbiente.«Pela primeira vez, antecipámo-nos aoserros, estabelecendo regras para que aspessoas possam usufruir da natureza sema pôr em causa», afirmou Vítor Neto, subli-nhando, ainda que, doravante, «as activi-

dades económicas dos habitantes dessaszonas, desde que devidamente enquadra-das, poderão coexistir com os parques».O governante reconheceu que, com a po-lítica restritiva até agora existente, «as po-pulações residentes eram vítimas do facto

de viverem naquelas áreas».O diploma aprovado estabelece para cadauma das áreas sujeitas a protecção espe-cífica quais as regras a ter em conta e quaisas actividades turísticas que se podem le-var à prática.

São nomeadamente objectos daquele tipode regras o tipo de habitações a erguer, aprática ou não de desportos náuticos mo-torizados, a tipologia de passeios (pedes-tres, ciclísticos, motorizados) autorizados,ou se o parque «é só para tirar fotografi-as», exemplificou o responsável governa-mental.Vítor Neto falava aos jornalistas após acerimónia de abertura da Mostra Empre-sarial do Algarve, uma iniciativa da Associ-ação Empresarial da Região do Algarve(Nera).No certame apresentaram-se cerca de 60expositores, 40 dos quais do sector agro-alimentar, pertencendo a vintena restanteao «VI Salão de Informática do Algarve», quedecorreu em simultâneo com a exposição-mãe.Durante a cerimónia, foram assinados pro-tocolos entre o Nera e o Instituto de Apoioàs Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI),Banco Comercial Português (BCP) e Oci-dental Seguros, além de se ter procedidoao lançamento do catálogo bilingue (emportuguês e inglês) «Empresas e Produtosdo Algarve», da responsabilidade da asso-ciação organizadora da mostra.

COMUNICAÇÃO SOCIAL Imprensa e rádios regionais

Mais 1 223 famílias vão ser realojadas nosconcelhos de Lisboa, Cascais, Matosinhos,Oeiras e Lourinhã, mediante um investimen-to de 9,9 milhões de contos aprovado pelasecretária de Estado da Habitação, LeonorCoutinho.Esse realojamento contará com umacomparticipação a fundo perdido do Esta-do de perto de 50 por cento do investimentototal, sendo o restante garantido através deum empréstimo a longo prazo a concederpelo Instituto Nacional da Habitação àscâmaras municipais.Em comunicado, a Secretaria de Estado daHabitação e Comunicações refere que paraLisboa foram aprovados 120 fogos na zona«M» de Chelas, com um montante globalde 692,6 mil contos.Para Cascais foi aprovada a construção de378 casas, nas zonas de Abuxarda,Matarraque, Zambujal e Conceição daAbóboda, com um investimento de 3,38milhões de contos, enquanto paraMatosinhos foi aprovada a construção de154 fogos em Custódio, com um custo to-tal de 1,421 milhões de contos.Para Oeiras foi aprovada a construção de

441 novas habitações, com um investimen-to total de 4,366 milhões de contos, e paraa Lourinhã foi aprovada a construção de130 casas, representando um investimen-to de 926,6 mil contos.

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O Governo vai disponibilizar, no próximo ano,mais de dois milhões de contos para apoi-os e incentivos a imprensa regional e as rá-dios locais, anunciou, no dia 28, em Albu-feira, o secretário de Estado da Comunica-ção Social.Arons de Carvalho, que falava aos jornalistasno final do Encontro Nacional de Jornais eRádios Locais e Regionais (Lerouvir�98),garantiu que essa verba está inscrita no Or-çamento de Estado para 1999.Segundo o governante, o dinheiro vai serdisponibilizado de uma forma diversificadaque vai desde a modernização tecnológica,apoios à formação, descontos nas telecomu-nicações, sistema de porte pago e protoco-los com a Agência Lusa e Telepac.Isto porque, segundo Arons de Carvalho, aimprensa regional e as rádios locais e regio-nais «prestam um serviço de grande impor-tância às populações onde estão integradas»,dai o Executivo continuar apostado no apoioao sector.Na conversa com os jornalistas o secretáriode Estado da Comunicação reconheceu osdesníveis existentes, em termos de qualida-de, no seio da imprensa regionalista portugue-sa, situação que leva a uma «concorrênciadesleal» em termos de procura de apoios.

«Na imprensa regional há jornais de grandequalidade, que apostam em profissionais, noseu conteúdo e na fidelidade com os leito-res, e outros que omitem estes princípios eque acabam por ser um dispêndio muitogrande para o erário público», disse Aronsde Carvalho.Respondendo e reagindo a algumas ques-tões postas no decorrer do encontro, Aronsde Carvalho não hesitou em reconhecer queno que toca à publicidade judicial e a algu-ma publicidade institucional na imprensa re-gional, a lei não está a ser cumprida.«Existem obrigações em alguns diplomas nosentido de a publicidade ser divulgada naimprensa regional, o que não acontece emalguns casos», disse o secretário de Estadoda Comunicação Social.

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3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA11

SOCIEDADE & PAÍS

SERVIÇO NACIONAL XXIDIRECCIONADO PARA O CIDADÃO

HOMENAGEMA SALGADO ZENHA

CAMPANHAARRANCA HOJE NA LOUSÃ

SAÚDE Maria de Belém em Ponte de Lima

ministra da Saúde, Maria deBelém, anunciou, no dia 27, emPonte de Lima, que o seu mi-nistério está a trabalhar numa

estratégia nacional de saúde para o virardo século essencialmente «direccionadapara o cidadão».Segundo a governante, o Ministério da Saú-de já definiu aquilo que deve ser o ServiçoNacional de Saúde para o próximo século(SNS XXI), um serviço de saúde assenteem princípios e valores que preservem adignidade humana e que vise «obter maisganhos para as pessoas».A ministra falava na inauguração do Cen-tro de Saúde de Ponte de Lima, a funcio-nar desde Junho de 1998 e cujas obrasimplicaram um investimento que ronda os320 mil contos, durante a qual salientou que«na saúde há só um único partido, que sãoas pessoas».Na sua intervenção, Maria de Belém reafir-mou ainda a vontade expressa pelo primei-ro-ministro, António Guterres, aquando dadiscussão do Orçamento para 1999, de darprioridade à saúde nos próximos anos, atra-

vés da canalização para essa área dos re-cursos necessários à melhoria da presta-ção dos cuidados de saúde.Durante a sua deslocação ao Vale do Lima,a ministra da Saúde assistiu ainda a apre-

sentação dos resultados intercalares doestudo piloto de patologia gástrica associ-ada à infecção pela bactéria «HelicobacterPylori» numa amostra constituída por tra-balhadores dos Estaleiros Navais de Viana

do Castelo (ENVC).A escolha dos trabalhadores dos ENVCprendeu-se sobretudo com o facto de es-tarem sediados numa área com elevadaincidência de cancro do estômago e porse tratar de uma empresa com serviçosmédicos bem organizados.Os resultados obtidos permitem concluirque cerca de 82 por cento dos trabalhado-res dos ENVC são portadores da bactéria«Helicobacter Pylori» e que a taxa de infec-ção é praticamente idêntica à observadapelo IPATIMUP nos dadores de sangue doHospital de São João e em várias localida-des de Trás-os-Montes.Tal como em outros estudos, não foramdetectadas lesões de displasia ou cancrode estômago nos trabalhadores dos Esta-leiros Navais de Viana do Castelo.Segundo Maria de Belém, sendo Portugalo país da Europa com maior incidência emortalidade por cancro do estômago, es-tes estudos irão continuar, por forma a de-finir-se uma estratégia de combate a infec-ção por «Helicobacter Pylori» e as suassequelas na população portuguesa.

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BRAGA Sampaio e Guterres INCÊNDIOS FLORESTAIS Prevenção

A campanha de prevenção de incêndios flo-restais «Viver é conviver» arranca hoje naLousã tendo por finalidade, segundo a Di-recção-Geral das Florestas (DGF), sensibili-zar para a prevenção dos incêndios pesso-as que usufruem dos espaços florestais.Segundo a subdirectora-geral das Florestas,Maria Teresa Alves da Silva, a população-alvodo projecto «Viver é conviver» é constituídapelos cidadãos que mantêm com as áreasflorestais uma relação directa, mas «não vi-vem directamente delas».Incluem-se neste grupo, designadamente,agricultores, pastores, campistas e outrosque se dedicam a actividades de lazer. Ma-ria Teresa Silva lembrou que uma grandeparte dos incêndios florestais tem origem na

negligência humana.Integrado na campanha de prevenção con-tra incêndios na floresta, o projecto «Viver éconviver» é promovido pelo Departamento deComunicação e Arte da Universidade deAveiro. Participam na sessão, em que seráapresentada a mascote e o «slogan» da cam-panha além do Manual de Silvicultura e deuma história musicada da floresta (por umgrupo de alunos da Universidade de Aveiro),os secretários de Estado do DesenvolvimentoRural, Vítor Barros, e o adjunto do ministroda Administração Interna, Armando Vara.A apresentação realiza-se no auditório doCentro de Operações e Técnicas Florestais(COTF), junto ao Centro de Meios Aéreos daLousã, na Chã do Freixo.

O Presidente da República, Jorge Sampaio,e o primeiro-ministro, António Guterres, pre-sidem, a 16 de Dezembro, em Braga, a umahomenagem a Francisco Salgado Zenha,promovida pela Universidade do Minho,anunciou, no dia 26, a instituição.A homenagem, organizada em colabora-ção com a Câmara e Governo Civil deBraga, coincide com o dia do curso de Di-reito da Universidade.O evento começa com a inauguração daBiblioteca Francisco Salgado Zenha, cons-tituída a partir de um fundo bibliográficodoado pelos familiares e que ocupa umespaço próprio e autónomo no Campus deGualtar, em Braga.O fundo documental, especializado emDireito, Fiscalidade e Ideias Políticas, écomposto por 17 mil monografias e cincomil fascículos de publicações periódicas.Após a abertura oficial da biblioteca, reali-za-se a sessão solene, presidida por Jor-ge Sampaio e que terá intervenções do rei-tor da Universidade do Minho, do presiden-te do Departamento Autónomo de Direitoe de António Guterres.A figura do homenageado será evocadapor Miguel Galvão Teles, seguindo-se a dis-tribuição de uma antologia de textos deSalgado Zenha e a entrega dos prémiosescolares da licenciatura em Direito.Nascido em Braga, a 2 de Maio de 1923,

Salgado Zenha cursou Direito em Coimbra,defendeu presos políticos e candidatou-sea deputado pela oposição democrática, oque o levou a ser perseguido e preso.Depois do 25 de Abril, Salgado Zenha foiministro da Justiça (1974-1975) e das Fi-nanças (l975-1976), presidente do GrupoParlamentar do PS, vice-presidente daAssembleia do Conselho da Europa, pre-sidente do Conselho Nacional do Plano ecandidato a Presidência da Republica.Francisco Salgado Zenha morreu a 1 deNovembro de 1993.

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 3 DEZEMBRO 1998

AUTARQUIAS

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

Albufeira

Comissão defende menoresConstituída oficialmente desde Abril, está afuncionar na Câmara Municipal a Comissãode Protecção de Menores de Albufeira.A Comissão tem por objectivo prevenir si-tuações que possam afectar a integridadefísica ou moral da criança ou do jovem, ouque possam colocar em risco a sua inser-ção na família ou na comunidade, no quese refere à área da Comarca.

Situações de maus tratos ou outras que po-nham em risco a vida dos menores poderãoser objecto de análise desta Comissão, de-vendo os interessados dirigir-se ao Sector deAcção Social da Câmara Municipal.

Cascais

Campanha de recolha de roupasCom o apoio da Câmara Municipal, a AMI -Assistência Médica Internacional organizouno dia 16 uma recolha de roupas usadasno concelho de Cascais.Esta iniciativa teve como objectivo angari-ar fundos para apoiar as missões desta or-ganização humanitária, nomeadamenteaquela que neste momento desenvolve noapoio às vítimas do furacão «Mitch» naAmérica do Sul.

Bombeiros da Parede com nova viaturaA Câmara Municipal de Cascais vai atribuirà Associação de Beneficência e Socorros

Amadeu Duarte, na Parede, um subsídiono valor de 9 660 destinado a possibilitar acompra de uma nova viatura de socorrourbano, reforçando a segurança das pes-soas e bens no concelho de Cascais.O Corpo de Bombeiros Voluntários da As-sociação Amadeu Duarte, na Parede, quecompletou no passado dia 26 de Agosto,72 anos de vida, é constituído por 60 efec-tivos voluntários que actuam em toda a Fre-guesia da Parede e em parte da Freguesiade São Domingos de Rana.

Figueiró dos Vinhos

Promoção do turismoA Câmara de Figueiró dos Vinhos abriuconcurso para a elaboração de um vídeopromocional sobre o município.

A iniciativa tem por objectivo dar a conhe-cer a história, cultura e tradições do conce-lho, divulgando os pontos de interesse tu-rístico, gastronomia, artesanato, contribuin-do deste modo para atrair visitantes e parao desenvolvimento económico do concelho.Por outro lado, serão elaborados outrosmateriais promocionais, como folhetos, ro-teiros de informação turística e postais.

Lisboa

Reabilitação de bairros históricosA Câmara Municipal de Lisboa quer con-cluir a reabilitação dos bairros históricos até2015 e com esse objectivo está a tentar ainclusão da matéria no próximo QuadroComunitário de Apoio (QCA-3).De salientar que a média anual de fogosreabilitados nos bairros históricos da capi-tal é actualmente de 1 300, mas o cresci-mento pretendido só poderá ser alcança-do com maiores investimentos.O objectivo é concluir em 2015 todo o pro-grama em curso de reabilitação urbana dosbairros históricos, o que inclui a extensãodas operações a outras zonas previstas noPlano Director Municipal (PDM), nomea-damente S. Vicente de Fora, Graça eAlcântara, entre outras.De um total de 29 mil fogos incluídos nasoperações já programadas, foram reabili-

tados até ao momento um número de ha-bitação que se aproxima dos sete mil, querepresentaram investimentos da ordem dos20 milhões de contos.

Para reabilitar o que falta nos bairros doprojecto inicial - Alfama e Encosta do Cas-telo, Bairro Alto e Bica, Madragoa, entreoutros - são precisos mais 35 milhões decontos, a que acrescem outros 35 milhõesde contos para as obras nas restantes zo-nas previstas no PDM.Criado em 1988, o plano de reabilitação dosbairros históricos de Lisboa teve apenascomo suporte o Recria, mas já com o ac-tual Governo socialista os financiamentosforam reforçados com a criação do progra-ma Rehabita.O recurso aos financiamentos permite aosparticulares conseguir apoios a fundo per-dido que podem atingir mais de 70 porcento do total dos custos e também jurosbonificados.Além da autarquia e do Estado, os agen-tes da reabilitação dos bairros históricos,cada vez mais procurados pela classemédia alta, talvez cansada dos condomí-nios fechados, autênticos guetos de luxo,são a Câmara de Lisboa, o Estado, propri-etários e os próprios inquilinos.

Loulé

Centro infantil de QuarteiraO Centro de Apoio à Criança de Quarteiravai receber uma comparticipação financei-ra da Câmara Municipal de Loulé destina-da à execução de obras de arranjos deexteriores, tendo como prioridade asensibilização e educação das crianças.O apoio no valor de 4 400 contos insere-se num acordo de cooperação, estabele-cido em Janeiro do ano passado, entre aedilidade e a instituição louletana, visandoa ampliação do referido centro e,consequentemente, a criação de condi-ções de lazer para as crianças.

Marinha Grande

IX Feira de Artesanatoe GastronomiaNuma organização do Clube Desportivo

do Casal Galego em estreita colaboraçãocom a Câmara Municipal da Marinha Gran-de, a nona edição da Feira de Artesanatoe Gastronomia da Marinha Grande abriuas portas ao público no passado dia 21,no decorrer de um acto inaugural que con-tou com a presença do secretário de Es-tado do Turismo, Vítor Cabrita Neto.

Durante nove dias a Marinha Grande aco-lheu nos três pavilhões do Parque Munici-pal de Exposições, o que de melhor sefaz em Portugal em matéria de artesanatoe aquilo que de melhor se pode saborearem matéria de cozinha tradicional portu-guesa, desde o Minho ao Alentejo até aosAçores.Os artesãos ocuparam cerca de 115«stands» nos quais trabalharam materiaistão diversificados como o vidro, o latão,cabedal, couro, pano, estanho e papelou mostrarão produtos de actividades tãovariadas que vão desde a doçaria até aofabrico de licores ou de enchidos.Quanto à gastronomia, que esteve repre-sentada em nove tasquinhas, pratos tra-dicionais como o arroz de tamboril, a pastamirandesa, o bacalhau com arroz, a sopado vidreiro, a espetada de lulas com ca-marão, o ensopado de robalo e favasguisadas, foram algumas das iguarias quefizeram as delícias dos mais exigentes vi-sitantes.Todas as noites houve ainda animaçãomusical.

Vila Real de S. António

Complexo desportivoO município de Vila Real de S. Antóniovai concretizar até final do primeiro trimes-tre de 1999, um plano de investimentosno complexo desportivo municipal, orça-do em cerca de 50 mil contos, parcial-mente comparticipados pelo Fundo deTurismo.Entre os investimentos previstos, destaquepara a construção do terceiro campo rel-vado e de novos sectores para o lança-mento do dardo, disco, peso e martelo.Será ainda construído um novopolidesportivo com funcionalidades pró-prias para a patinagem, um campo de té-nis em terra batida e um ginásio demusculação ao ar livre.

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3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA13

PS EM MOVIMENTO

A lista A, afecta ao PS e encabeçada por Eurídice Pinho, venceu as eleições para aComissão de Trabalhadores (CT) da Câmara Municipal de Setúbal, obtendo 365 vo-tos e elegendo cinco elementos.A lista C, próxima do PCP, alcançou 330 votos, equivalente a quatro representantesno órgão.A lista conotada com o PSD ficou-se pelos 68 votos e não elegeu qualquer represen-tante.

PENHA DE FRANÇA Miguel Coelho reúne com militantes

A Concelhia do PS da Amadora acusou, num comunicado, a CDU local de estar «emabsoluto delírio» e de inventar «as mais torpes mentiras», ao acusar a Câmara Municipale o Estado de desenvolverem «diligências» para alienar os antigos terrenos do Regimen-to de Comandos, situado na cidade.No comunicado intitulado «As inverdades da CDU», a Concelhia do PS refere que «al-guém ficou preocupado com a proposta totalmente correcta do presidente da Câmarada Amadora», pois, a concretizar-se, esta «inviabilizará quaisquer negociações que esti-vessem na calha».

O camarada Miguel Coelho esteve no passado dia27, nas renovadas instalações da Secção da Penhade França, onde reuniu com os militantes desta dinâ-mica estrutura e ainda com os camaradas da Sec-ção São João/Beato.Na reunião, bastante participada, o camarada MiguelCoelho expôs as linhas-mestras da lista que lidera àseleições para a Concelhia de Lisboa.No fundo, explicou, trata-se do aprofundamento donotável trabalho já realizado ao longo dos dois últi-mos anos, através de importantes iniciativas, comdestaque para os Estados Gerais do Militante.Nas diversas intervenções, algumas de grande qua-lidade, em que ficou patente o apoio à lista liderada pelo camarada Miguel Coelho, foramtecidos rasgados elogios ao trabalho desenvolvido pela Concelhia ao longo do últimomandato.Para o futuro, fica a certeza dada pelo camarada Miguel Coelho de a Concelhia de Lisboacontinuar a ser uma estrutura que não abdica da sua esfera de acção em todos os domí-nios que tenham a ver, nomeadamente, com o apoio construtivo à acção da Câmara deLisboa e do Governo.No encontro foi ainda rejeitada pelos cerca de 60 camaradas presentes qualquer tentati-va de transformar o PS, partido de militantes, em partido de eleitores.

PORTO PS acusa PSD de «demagogia»

A Federação Distrital do PS/Porto acusou no dia 19 o PSD de «irracionalidade» e «dema-gogia», criticando as propostas laranja de criação de novos concelhos.«O PS/Porto não está contra o aparecimento de novos municípios, mas entende que aAssembleia da República e o Governo deveriam proceder a um estudo sério que possi-bilitasse uma reforma da administração local e, consequentemente, autorizasse a cria-ção de novos municipios», refere um comunicado dos socialistas portuenses.Nesse sentido, o PS/Porto considera que o agendamento na Assembleia da Repúblicada discussão e votação da criação de novos concelhos, por «vontade exclusiva» do PSD,representa um «acto de completa irracionalidade política, acrescido da mais evidentedemagogia».«Quando se envereda, como faz agora o PSD, pela irracionalidade e pela demagogia, asconsequências podem vir a ser desastrosas», refere o documento.

Concelhia critica nova «AD»Entretanto, a Concelhia do Porto do PS acusou o PSD e o PP locais de «falta de culturademocrática» e de «intriga» por terem desafiado Fernando Gomes a demitir-se do seumandato autárquico.O desafio daqueles dois partidos sergiu na sequência do anúncio por Fernando Gomesde que pretendia abandonar a Câmara Municipal do Porto antes do final do mandato.Em comunicado, os socialistas portuenses consideram as reacções do PSD e do PPfruto da sua «falta de cultura democrática e de respeito da vontade popular», que por trêsvezes elegeu Fernando Gomes para dirigir a autarquia portuense.Recordando as «vitórias» de Fernando Gomes à frente da autarquia, nomeadamente aclassificação do centro histórico do Porto como Património Mundial e Capital Europeia daCultura em 2001, o PS considera que «é contra este tipo de sucessos de uma gestãoautárquica socialista que o PSD e este PP de facto estão, porque se trata de uma gestãoque lhes retira pretextos e margem de crítica».«Que fique bem claro que o município do Porto tem um presidente e que esse presidentese irá manter no pleno exercício das suas funções até que seja irreversível a realizaçãodos projectos que os portuenses em devido tempo sufragaram», frisa-se no comunica-do.Para os socialistas, se Fernando Gomes abandonar a Câmara antes do final do mandatomas depois de realizadas as suas promessas, «não há qualquer ludibrio ou atitude enga-nosa».

AMADORA PS acusa CDU de «delírio» SETÚBAL PS vence eleições na Câmara

PS/Norte quer debate profundosobre descentralização

Os presidentes de câmara e deputados socialistas do Porto, Braga e Viana do Castelodecidiram no passado dia 20 solicitar à direcção do PS um «debate nacional profun-do, amplo e sereno sobre a descentralização».Os deputados socialistas dos três distritos e presidentes de câmara da regiao doDouro Litoral e Minho, reunidos no Porto, abordaram a questão do Aeroporto Sá Car-neiro, pedindo ao Governo a «clarificação dessa matéria».O camarada Rui Solheiro, presidente da Câmara de Melgaco e da distrital socialistade Viana do Castelo, defendeu a necessidade de «combater o centralismo» de formaa «aproximar o poder de decisão do cidadão».Os socialistas aceitam a «resposta negativa» do eleitorado traduzida pelo «Não» àsregiões no referendo do passado dia 8 de Novembro, mas alertam para a necessida-de de proceder a uma «nova organização dos serviços de Estado e organismos públi-cos».

Pela descentralizaçãoOs dirigentes socialistas consideram que «esta é a melhor altura» para proceder a umdebate nacional sobre a matéria, promovendo uma verdadeira «reforma de Estado»descentralizadora.«Todos nós temos consciência que o Estado é demasiado centralizado, caro, com umexcessivo peso e não funciona», referiu Rui Solheiro, porta-voz dos dirigentes socialis-tas reunidos no Porto.A reunião dos socialistas surgiu de um «hábito promovido para abordar o referendosobre a regionalização», mantido após a consulta, dada a «necessidade de abordarquestões relacionadas com o desenvolvimento da região».

PortoMarcadas eleiçõespara as concelhias

As eleições para as 17 comissões concelhias da Federação Distrital do Porto do PSrealizam-se nos próximos dias 14 e 15 de Janeiro.Manuel Seabra, membro do Secretariado do PS/Porto, referiu que a decisão, tomadana reuniao daquele órgão, faz coincidir as eleições para as concelhias com a eleiçãodo secretário-geral e a escolha dos delegados ao Congresso, marcado para 30 e 31de Janeiro, em Lisboa.Na reunião, realizou-se um debate sobre o actual modelo de Estado e o seu funciona-mento, verificando-se «um consenso sobre a necessidade de aprofundar adescentralização, dotando os municípios e as áreas metroplitanas com mais meiosfinanceiros para gerir as áreas a seu cargo».«É também um dado consensual a necessidade de valorizar o papel das associacõesde municípios e das áreas metropolitanas no sentido de lhes conferir maior eficácia,dotando-as de meios financeiros e capacidade de investimento de forma a que estasestruturas valham mais pelo seu todo do que pela soma das partes que as com-põem», disse Manuel Seabra.Quanto às finanças locais, aquele dirigente referiu que o Secretariado do PS/Portoconsidera que a acção do actual Governo naquela área representa «um passo degigante face à actuação do anterior Governo», mas fica ainda aquém do desejável.A questão da descentralização constituira, assim, uma prioridade para o PS/Portoapós a realização do Congresso, estando neste momento em fase de estudo e prepa-ração várias iniciativas nesse sentido.

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ACÇÃO SOCIALISTA 14 3 DEZEMBRO 1998

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A IMPORTÂNCIA DOS NOVOS CONSELHOSECONÓMICOS E SOCIAIS REGIONAIS

ECONOMIA José Conde Rodrigues*

a I Conferência Europeia do De-senvolvimento Económico eSocial das Regiões para o ano2000, organizada recentemen-

te pela AERLIS � Associação Empresarial daRegião de Lisboa, para além da importân-cia dos temas abordados, um anúncio pú-blico acabou por se destacar: a criação deConselhos Económicos e Sociais Regionais.O anúncio, em primeira mão, foi feito peloMinistro João Cravinho e, na sua perspecti-va, trata-se de dar execução a algo já recla-mado pelos agentes económicos e sociais,bem como corresponder a uma gestão maisparticipada do futuro Plano de desenvolvi-mento Económico e Social a vigorar de2000- 2006.Eis, assim, o virar da página na questão doterritório e sua respectiva articulação com o

desenvolvimento económico e social. Ouseja, não basta falar de parcerias estratégi-cas, em concertação entre os diversos agen-tes no terreno, é preciso ir mais além e pro-curar espaços institucionalizados onde essaconcertação se efectue.É verdade que o modelo já existe a nível na-cional. É verdade ainda que, no ConselhoEconómico e Social, constitucionalmenteprevisto e a funcionar, já se discutem as di-versas políticas sectoriais que o Governo pre-tende promover no país. Só que isso hojenão basta. O desenvolvimento faz-se demodo criativo e territorializado, pelo que setorna importante encontrar espaços de par-ceria institucionalizada, em torno de projec-tos concretos, onde os diversos actores pos-sam propor, monitorizar e avaliar as diversaspolíticas regionais, bem como a sua articula-

ção com os diversos poderes públicos.Ora é aqui que a proposta do Ministro JoãoCravinho, a implementar durante o ano de1999, se apresenta, não só actual, comoainda de grande utilidade para a gestão dosfundos comunitários a negociar no âmbitoda Agenda 2000. Aliás, estes ConselhosEconómicos e Sociais Regionaiscorrespondem a estruturas semelhantes jáexistentes na maioria dos nossos parceirosda União Europeia. Concertação estratégi-ca regional, olhando para o desenvolvimentocomo inovação constante e procura da di-versidade, será o seu grande desafio. Maisdo que ajudar a planear, deve caber a estesConselhos o acompanhamento da eficiên-cia dos respectivos instrumentos de planifi-cação, superando e iniquidades nos dife-rentes territórios, evitando desperdícios nadespesa pública.Em suma, procura-se a optimização dosrecursos, públicos e privados, tendo porobjectivo a mesma missão: fazer de Portu-gal um país qualitativamente competitivo.Esse objectivo, contudo, não pode olvidara realidade actual. Nessa mesma realidadenão existe efectiva concertação estratégica.Alguns falam, outros decidem, cada umexecuta à sua maneira.Já temos Câmaras de Comércio e Indús-tria, Associações Empresarias dinâmicas,Associações de Municípios activas, mas épreciso organizar o seu trabalho especial-mente, dar-lhe forma sistematizada. O de-senvolvimento não se decreta, ele faz-se

gradualmente com a contribuição de todos.Porém, esse mesmo desenvolvimento podeser sustentado, facilitado, coordenado noterritório. Ganhando todos, a economia cres-ce, a riqueza pode ser melhor redistribuída,a inclusão social pode ser alcançada.Voltando ao ponto, podemos então ficarsatisfeitos com esta nova forma de parce-ria? Não será suficiente. Temos de ser exi-gentes connosco e com os diversos agen-tes no terreno. É preciso definir as suas fun-ções, enquadrar a sua acção, dotá-los deoperacionalidade para que não se fique pelaretórica e pelos habituais estudos, projec-tos, modelos, etc. É fundamental dar umconteúdo concreto à acção desses futurosConselhos Económicos e Sociais. Espera-mos que esse objectivo seja alcançado, semque se caia na discussão inútil dos seus li-mites geográficos, dos poderes ou da suaprópria legitimidade.Em suma, defender o interesse público,operando de modo empresarial, com ino-vação e diferenciação qualitativa, será ocaminho para o trabalho a desenvolver. Maisdo que ter muitos planos, complexos eexaustivos, é necessário abertura estratégi-ca e flexibilidade para perceber e acompa-nhar o ordenamento do território. Assim seobterá uma maior coesão económica e so-cial, um desenvolvimento sustentável, afinal,uma competitividade mais equilibrada doterritório português, ganhando centralidadeno território europeu.*Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo

N

PERSPECTIVA Helena Roseta

CAPITALISMO DEMOCRÁTICOOU DITADURA DOS MERCADOS

A PRESIDÊNCIA AUSTRÍACAE A AGENDA 2000

UNIÃO EUROPEIA Luís Marinho

presidência austríaca, qualcandeia que vai iluminando ocaminho por onde a Alemanhahá-de passar, apresentou se-

mana passada uma proposta sobre aAgenda 2000 que inviabilizará qualqueracordo entre os Quinze sobre as perspec-tivas financeiras entre 2000 e 2006.Despudoradamente, atirando para o caixo-te do lixo as propostas iniciais, já de sicriticáveis, do Sr. Santer, avança com umchamado critério de estabilização da des-pesa dos 85 milhões de euros. Este mes-mo montante é igual ao dos critérios depagamento do orçamento de 99 e propõe-se que vigore até 2006, indexado à infla-ção, mas sem atender ao aumento do PIBcomunitário. Como consequência, os pre-vistos 285 milhões de euros da Agenda2000 para os fundos estruturais e fundo decoesão, que representavam os prometidos0,46 por cento da despesa, reduzem-se em

19 pontos e caem para 0,27. Ao mesmotempo, a política agrícola comum, que atin-giria até 2006 os 52 mil milhões de euros,reduzir-se-ia anualmente ao plafond de 40mil milhões.O carácter catastrófico desta manobra dapresidência austríaca, frontalmente rejeita-da por Portugal, Espanha, Grécia e, comnuances, pela Itália, é afinal uma espéciede «gato escondido com o rabo de fora».Visa tornar aceitável a pílula inicial da Agen-da 2000, elevada à categoria de soluçãofinal.Pena é que, numa União que julgávamosresponsável e solidária para ser forte, seusem expedientes de «feira da ladra» parafazer um favor aos alemães: em vez depagarem à Europa, que fez a sua riqueza,uma contribuição que equivale actualmen-te, por habitante, ao preço de uma garrafade cerveja por ano, passarem a pagar ape-nas o preço de um copo�

A

fosso entre os países podero-sos e os chamados «mercadosemergentes» - leia-se paísespobres � nunca foi tão grande.

O pânico que tem vindo a alastrar nas bol-sas dos países ricos é uma ironia do siste-ma. A voracidade com que os chamadoshedg funds, ou fundos de alto risco, apos-taram na mais inimaginável especulação fi-nanceira rebentou-lhes nas mãos. Os prin-cipais bancos americanos, com o beneplá-cito do FED, tiveram de cobrir com maisde 2 milhões de dólares a ameaça de fa-lência do fundo LTCM, dirigido por doisprémios Nobel da Economia. Enquanto setapa o buraco deste fundo, os republica-nos do Congresso americano recusamceder mais dinheiro ao FMI. A mensagemé clara: a crise é dos credores, não dospaíses pobres. Para quem sempre o teve,o dinheiro não é falta. Não há nisto nadade democrático.O capitalismo mudou de natureza. Os mer-cados financeiros sobrepuseram-se à pro-dução industrial, a uma escala nunca an-tes vista. A desregulação da circulação decapitais, aliada à invenção de novos pro-dutos financeiros e a velocidade instantâ-nea das decisões, permitiu que se chegas-se àquilo que, no dizer do economista fran-cês Fitoussi, é uma verdadeira «ditadurados mercados». Ignorá-los nos dias de hojeé impossível para quem quer que se recla-me do socialismo, da esquerda e da pró-pria liberdade.Não há simetria possível entre o «socialis-mo democrático» e «capitalismo democrá-tico». Se o primeiro é urgente num mundo

em que a exclusão, o desemprego e a mi-séria crescem, mesmo no interior das so-ciedades mais ricas, o segundo é uma con-tradição nos termos. A única liberdade queos mercados reclamam é a dos negócios.Não está demonstrado que ela conduza àsrestantes, bem pelo contrário.O que distingue a democracia é a capaci-dade de revolver conflitos de forma pacífi-ca, através de regras que todos aceitam. Aregra da maioria é apenas uma delas. Ou-tras têm de existir, como a separação depoderes e a liberdade de afirmação de mi-norias e contrapoderes. Sem este comple-xo jogo de regulações e oposições não háverdadeiramente democracia. O que acon-tece é que o capitalismo financeiro alcan-çou um tal poder que nem os Estados nemas organizações internacionais o conse-guem contrariar. Os resultados daprepotência especulativa estão à vista. Oque a esquerda tem de fazer é denunciá-lae contrapor-lhe limitações que mudem asregras do jogo. Não sei se o velho Galbraithterá razão, quando diz que já nem os capi-talistas estão seguros do capitalismo, nemos socialistas do socialismo. Mas o maisabsurdo será ver socialistas a tentar redimiro capitalismo. Não há pragmatismo quejustifique tamanha cegueira. As vitórias daesquerda na Europa são um sinal de queos eleitores não aceitam prescindir das con-quistas sociais, mas também um apelocontra as injustiças do statu quo. Seria trá-gico olhá-las como um chancela de «de-mocracia» aposta à nova ditadura dosmercados financeiros.In «Visão»

O

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3 DEZEMBRO 1998 ACÇÃO SOCIALISTA15

CULTURAS & DESPORTOS

QUE SE PASSA Maria João Rodrigues

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

SUGESTÃO

Efeméride em Abrantes

Este mês comemoram-se os 850 anos dafundação da cidade por D. AfonsoHenriques.Nesse sentido, a autarquia local promoveum conjunto de iniciativas alusivas àefeméride, onde se inclui uma exposiçãobibliográfica e iconográfica sobre a vida eépoca do primeiro rei de Portugal.A mostra poderá ser visitada na GaleriaMunicipal a partir do sábado, dia 5, e atéao dia 10 de Janeiro de 1999, de terças asábados, das 14 às 20 horas, bem comoaos domingos, entre as 15 e as 19 horas.No âmbito destas comemorações decor-rerão ainda actividades como os lançamen-to de duas publicações.No dia 5, às 17 horas, a Galeria Municipalserá palco para a apresentação e divulga-ção do livro de banda desenhada da auto-ria de Paulo Matos, «Histórias de Abrantesaos Quadradinhos».Quatro dias depois, na quarta-feira, à mes-ma hora e no mesmo local, será altura paraconhecer «Abrantes: do Rio à Colina», umapublicação de Carlos Garcia.Entretanto, no Polidesportivo Municipal Dr.Rogério Ribeiro, disputa-se, até ao dia 8, oTorneio de Futebol Fundação de Abrantes,cuja organização está a cargo do SportAbrantes e Benfica.

Feira do mel em Cascais

A Câmara Municipal promove mais umaedição da «Feira do Mel», até ao dia 20,numa iniciativa que decorre no Jardim Vis-conde da Luz, permitindo o contacto comos produtos de colmeia, nomeadamente omel, o pólen, a geleia real, o própole e opão de abelha, entre outros.Esta feira contará este ano, pela primeiravez, com um espaço pedagógico destina-do às crianças das escolas do concelho.Ao longo deste certame são projectadosfilmes relacionados com a apicultura, reali-zadas provas de mel de diversas zonas doPaís, bem como a amostragem de abelhasao vivo em colmeias de vidro.

Pintura em Coimbra

A Casa-Museu Bissaya Barreto apresenta,hoje, às 18 horas, uma edição realizada emcolaboração com a Associação Portugue-sa, sobre o tema «Estudo de Oportunida-de de Investimento para as Empresas Por-tuguesas � Guia de Moçambique».Amanhã estreiam dois filmes nas salas dacidade. Trata-se da comédia «The Mighty»,de Peter Chelsom, com Sharon Stone,Elden Ratliff e Gillian Anderson e da maisrecente produção animada da Disney,«Mulan», no Estúdio 1.A partir do dia 5 e até ao dia 13, a Sala daCidade � Refeitório de Santa Cruz � alber-gará a exposição «Livros da Alemanha».A mostra poderá ser visitada de terças asextas-feiras, entre as 10 horas e as 12 e30 ou das 14 às 19 horas, bem como aossábados e domingos, das 14 às 18 horas.

Os trabalhos mais recentes da pintoramoçambicana Leonor Brites poderão serapreciados, no Café-Galeria Almedina, atéao dia 20, das 8 até às 4 horas.

Desenhos em Fafe

Está patente, na Biblioteca MunicipalCalouste Gulbenkian, até amanhã, umamostra de desenhos e pinturas realizadospelos alunos de 56 escolas do ensino pri-mário do concelho.Os trabalhos das crianças subordinam-seaos temas «A Importância da EscolaridadeObrigatória» e «As Desvantagens, Riscos ePerigos do Trabalho Infantil».

Livrosem Ferreira do Alentejo

Até ao dia 23, passe pelo EspaçoMuseológico Municipal e participe na Feirado Livro cuja edição de 1998 foi organiza-da sob a designação genérica «Os Livrose a História».

Festas em Guimarães

As Festas Nicolinas�98 chegam ao fim nasegunda-feira, dia 7, com o Baile da Sau-dade, destinado aos novos nicolinos.

Exposições em Lisboa

Amanhã, às 18 horas haverá um encontrocom Lídia Jorge na Fnac.Na Feira Internacional de Lisboa decorre,até ao domingo, dia 6, a «Motoexpo».Também até domingo estará patente aopúblico, na1º Galeria da Culturgest a mos-tra «Arman».No dia 7, às 19 horas, o Auditório Dois daFundação Calouste Gulbenkian engalanar-se-á para ser palco de um concerto dado

pelos solistas da Orquestra Gulbenkian,cujo programa inclui obras de Rossini,Strauss, Poulenc e Françaix.As fotografias de dança de Jorge Gonçal-ves esperam por si, até ao dia 21, no Foyerdo Pequeno Auditório do Centro Culturalde Belém (CCB), todas elas organizadasnuma mostra intitulada «Corpo Expressa oCorpo».Até ao dia 3 de Janeiro de 1999 poderáapreciar a exposição retrospectiva de CindySherman, na Galeria das Caravelas doCCB.As visitas à mostra podem ser efectuadasdiariamente entre as 11 e as 20 horas.

Música em Matosinhos

A Loja Fnac será palco, hoje, pelas 18 ho-ras, para um recital de piano a cargo deAntónio Pinho Vargas.Ainda hoje, mas as 22 horas e no Auditórioda Exponor assista a um concerto derevisitação de Ella Fitzgerald e Chick Webba cargo de Carmine Michelle e os TuxedoBig Band.

Ilustrações no Porto

Hoje, pelas 18 horas, será inaugurada aexposição «Cruz Caldas � Ilustrador Cari-caturista», na Sala de Exposições Tempo-rárias da Casa-Museu Guerra Junqueiro.Amostra estará patente ao público até aodia 28 de Fevereiro de 1999.

Teatro emVila Real de Santo António

Amanhã, pelas 15 horas, vá ver a peça deteatro «Falar Português», no Auditório doCentro Cultural.Decorre, até ao dia 5 de Janeiro de 1999r,na Sala de Exposições do Centro Cultural,uma mostra de presépios de colecção.

FESTIVALOUTONO

O Teatro Camões, no Parque das Na-ções, abriu já a suas portas ao públicopara a segunda edição do Festival Ou-tono em Lisboa.Depois de uma curta pausa, o eventoretoma, hoje, toda a sua animação comuma voz muito especial. Trata-se deJoão Afonso, sobrinho de Zeca Afonso,que com um timbre muito parecido aodo seu lendário tio, fará as delícias daassistência.Amanhã será a vez de ver e ouvir a Alados Namorados, que contarão, na suaapresentação, com a participação es-pecial de Sara Tavares.Mas, se é apreciador dos Delfins, entãonão deverá faltar à actuação que estegrupo musical português tem prepara-da para o sábado, dia 5. É que MiguelÂngelo, o vocalista da reconhecida ban-da, estreia ao vivo o seu álbumdebutante como artista a solo, «Timidez.Um dia depois, João Aguardela, cantore líder dos Sitiados, faz também a suaprimeira apresentação a solo em palco.A ansiada actuação de José Mário Bran-co, acompanhado por José Peixoto, dosMadredeus, e por Carlos Bica ficouagendada para a segunda-feira, dia 7.O Festival Outono em Lisboa encerrarána terça-feira, dia 8, com «Ó Que SomTem?», um projecto de percussões daresponsabilidade de Rui Júnior.Por tudo isto e muito mais, não falte aestes encontros muito especiais, mar-cados na antiga Área Internacional Sulda Expo�98, junto ao Tejo.

Ressurreição

Por quê o roxo no teu rosto louro?E nos punhos? Fossem meus e me

deixassemfazia com que os cornos do touro,vivo, se beijassem.

Tira-me esse olhar absorto!Homem, fala? Essa mão tão fria�- assim eu gritava, porque não sabiaque estavas morto.

Teu sonho que no desterro ficou(ovo de ave que sentiu maus passose para sempre voou)havemos de chocá-lo em nossos braços.

E quando a casa se partir(barco saindo um porto)então, irmão, podes virque não estás morto

Luís Veiga Leitão(Noite de Pedra)

Concerto

Jazz e Tangoem Lisboa

Uma noite com Richard Galliano Trio5 de Dezembro

Grande Auditório Centro Cultural de Belém

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 3 DEZEMBRO 1998

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaOrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMaria João RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé Raimundo

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Imprinter, Rua Sacadura Cabral 26,Dafundo1495 Lisboa Distribuição Vasp, Sociedade deTransportes e Distribuições, Lda., Complexo CREL,Bela Vista, Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

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ÚLTIMA COLUNA Joel Hasse Ferreira

SOC IAL ISTA

A

«Pinochet é um torcionário dapior espécie, um assassino,directo e indirecto, mas consci-ente, de muitos milhares depessoas, cujo único crime foiacreditarem na liberdade.»Mário Bettencourt ResendesDiário de Notícias, 26 de Novembro

«A democracia no Chile vairesistir aos saudosos de AugustoPinochet.»Isabel AllendeAntena Um, 26 de Novembro

«É uma decisão histórica na lutacontra a impunidade. Dada agravidade dos crimes imputadosao general Pinochet, nenhummotivo de ordem jurídica, políticaou humanitária deverá obstar àextradição.»Federação Internacional dasLigas dos Direitos do HomemPúblico, 27 de Novembro

«Este julgamento é histórico, é omais importante do século nodomínio dos direitos do homem(�) Os magistrados dos Lordeslançaram um aviso a todos osresponsáveis do mundo, o deque não poderão continuar aviajar impunemente pelo estran-geiro.»Geffrey Bindman, jurista daAmnistia InternacionalPúblico, 27 de Novembro

OS ORÇAMENTOSE O ACORDO IBÉRICO

discussão do OrçamentoRectificativo permitiu a clarifica-ção das posições políticas dosdiferentes grupos parlamenta-

res, tendo a direita viabilizado a sua aprova-ção pela Assembleia da República e o gru-po comunista votado contra.O Orçamento Rectificativo de 98 permitiuautorizar de forma clara despesas imprevis-tas há um ano como as concernentes aoPorto � capital da cultura e outras como oscustos da operação de regresso da Guiné.Por outro lado, houve necessidade de refor-çar significativamente as verbas relativas àsbonificações para o crédito à habitação.A imprevisibilidade dos custos com a B.S.E.obriga também à sua inscrição.Em contrapartida, a melhoria da situação fi-nanceira do Estado conjugada com a dimi-nuição dos custos financeiros permitem quehaja uma redução das despesas relativa-mente ao previsto, enquanto as receitas fis-cais (fruto de uma maior eficácia) tambémcrescem.O Acordo celebrado há dias entre o primei-ro-ministro português António Guterres e opresidente do Governo espanhol J. M. Aznar

foi saudado pelos comentadores e obser-vadores sérios dos dois Estados ibéricoscomo um marco histórico. Efectivamente, seé importante o compromisso obtido no do-mínio hídrico, com inerentes consequênciasambientais, energéticas e nas áreas agríco-la e do abastecimento, não menos relevan-te é a convergência estratégica assumidaquanto a �dossiers� fundamentais no planoeuropeu.Prossegue, entretanto, o debate do Orça-mento de Estado para 99. Paulo Portas in-siste em dar às pensões o que era para asregiões, quando já terá percebido que nãoé possível, com os resultados do referen-do, extinguir as CCRs e os Governos Civis.Pode haver é que reformular as suas com-petências, o que não trará necessariamenteredução de despesa.Quanto ao PS, Governo e Grupo Parlamen-tar preparam e apresentam as necessáriasalterações.A questão do IRS foi clarificada pelo pri-meiro-ministro em Plenário no debate nageneralidade e o Ministro das Finanças for-neceu os necessários esclarecimentos eprecisões no debate na especialidade. É

bem de ver que a grande maioria dos con-tribuintes é beneficiada pelo novo sistemado IRS, como já vem na proposta de Orça-mento e que foi reforçado na garantia jádada pelo Primeiro Ministro e pelo Ministroda Finanças. Os deputados socialistas,esperando o voto favorável da maioria daAssembleia, apresentam uma propostaque concretizará a cláusula de salvaguar-da complementar apresentada brilhante-mente por António Guterres no debate nageneralidade.Em resumo, Orçamento Rectificativo de 98,Orçamento de Estado para 99 e Acordo Ibé-rico constituem passos relevantes na con-solidação de uma estratégia política e eco-nómica, com forte impacto social, de queos socialistas portugueses se podem orgu-lhar e em que toda a população pode con-fiar.

Nota de Redacção. Por lamentável lap-so, na última edição, o texto «Os elefantestambém se abatem», inserido na habitual co-luna «6ª Fila» não foi atribuido ao seu verda-deiro autor, Manuel dos Santos. Pelo factopedimos desculpa ao visado.