rescisão fraudulenta de contrato de trabalho

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  • 8/16/2019 Rescisão Fraudulenta de Contrato de Trabalho

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    RESCISÃO FRAUDULENTA DE CONTRATO DE TRABALHO

    A Portaria MTB 384/1992 visa editar regras e conceitos objetivando coibir a prática de dispensas fictícias (acordos),seguidas de recontratação ou permanência do empregado em serviço, com o propósito de facilitar o levantamento dosdepósitos da conta vinculada do trabalhador.

    CARACTERIZAÇÃO

    É considerada fraudulenta a rescisão do contrato de trabalho, sem justa causa, por parte do empregador, que se operaformalmente, mas cujo empregado permanece em serviço ou é recontratado no prazo de 90 (noventa) dias da data darescisão contratual.

    FRAUDE DECORRENTE DE PDV

    Incorre em rescisão fraudulenta a empresa que, se utilizando do Plano de Demissão Voluntária - PDV, demite oempregado, mas continua a se valer de seus serviços por intermédio de empresa terceirizada. A fraude estaráconsubstanciada quando se comprova que o referido empregado ainda mantém os caracterizadores do vínculo deemprego como habitualidade, subordinação, dependência financeira (salário) e pessoalidade.

    A empresa só irá se eximir da caracterização da fraude se comprovar que o empregado, ainda que lhe preste serviços, ofaz através de empresa prestadora de serviços (desde que esta não desenvolva atividade fim da empresa contratante), ese os elementos caracterizadores do vínculo de emprego acima citados, não restar comprovados entre o empregado e atomadora.

    FISCALIZAÇÃO

    A inspeção do trabalho dará prioridade à constatação de simulação de rescisão contratual, por iniciativa do empregadorsem justa causa, seguida de recontratação ou permanência do empregado em serviço sem registro.

    Constatada a prática supracitada, a fiscalização levantará todos os casos de rescisões ocorridos nos últimos 24 meses.

    SEGURO-DESEMPREGO – IMPLICAÇÕES

    Juntamente com o levantamento de casos de dispensas fictícias, com intuito de movimentação dos depósitos da contavinculada do FGTS, a fiscalização verificará a ocorrência de fraude ao seguro-desemprego.

    PENALIDADES CABÍVEIS

    Conforme o estabelecido nos artigos 1º e 3º da Portaria mencionada, após a constatação, por parte da fiscalização dotrabalho, das fraudes tipificadas no texto legal em questão, são aplicadas sanções Administrativas nos seguintesvalores:

    Com relação ao FGTS:

    a) de 2,00 a 5,00 UFIR, por trabalhador, nos casos de:

    omissão de informações sobre a conta vinculada do trabalhador;

    apresentação das informações ao Cadastro Nacional do Trabalhador, dos trabalhadores, dos trabalhadoresbeneficiários, com erros ou omissões;

    b) de 10,00 a 100,00 UFIR, por trabalhador, nos casos de:

    não depositar mensalmente o percentual referente ao FGTS;deixar de computar mensalmente o percentual referente ao FGTS;

    deixar de efetuar os depósitos e os acréscimos legais, após notificado pela fiscalização;

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    Nos casos de fraude, simulação, ardil, artifício, resistência, desacato ou embaraço à fiscalização, assim como nareincidência, a multa especificada acima será duplicada, sem prejuízo das demais cominações legais.

    Com relação ao seguro-desemprego:

    de 400,00 a 40.000 UFIR, segundo a natureza da infração, sua extensão e a intenção do infrator, a seremaplicadas em dobro, no caso de reincidência, oposição à fiscalização ou desacato à autoridade, além daspenalidades civil e criminal.

    Para maiores esclarecimentos e verificação do valor da UFIR utilizada, acesse o tópico Multas por infração àLegislação Trabalhista.

    JURISPRUDÊNCIA

    A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA. 1. DIFERENÇAS DECOMISSÕES - BASE DE CÁLCULO - JULGAMENTO CITRA PETITA . 2. MULTA DE 40% DO FGTS - VALORDEDUZIDO DA CONDENAÇÃO. UNICIDADE CONTRATUAL . DECISÃO DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO.Na hipótese dos autos, o Reclamante pleiteou o reconhecimento da unicidade contratual, alegando que a rescisãoocorrida em 11/11/2000 teria sido fraudulenta, pois imposta como condição para a manutenção de seus serviços sob a

    forma de representação comercial autônoma. Ao mesmo tempo, requereu a restituição da multa de 40% do FGTS, aofundamento de que, sobre essa verba, teria sido obrigado a renunciar no referido ato rescisório. A egrégia CorteRegional, constatando a fraude ocorrida na primeira rescisão contratual havida, reconheceu a unicidade contratual.Consoante registrado pela Corte Regional, como existe nos autos prova do recebimento pelo Reclamante da multa de40% do FGTS quando da rescisão fraudulenta ocorrida em 11/11/2000 , e, por outro lado, como não há elementoprobatório que indique a devolução do respectivo valor pelo Obreiro , é de se reconhecer devida sua dedução doquantum condenatório, sob pena de o trabalhador perceber valor indevido, já que nula a primeira rescisão contratuallevada a efeito. Incólume o art. 971 do CC/1916. Agravo de instrumento desprovido. B) AGRAVO DEINSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA. 1. UNICIDADE CONTRATUAL . 2.PRESCRIÇÃO. 3. CONTRADIÇÃO DE DEPOIMENTO TESTEMUNHAL. 4. SALÁRIO - PAGAMENTO -PORFORA-. 5. DIFERENÇAS SALARIAIS - REDUÇÃO DO ICMS. DECISÃO DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. Aegrégia Corte Regional, a partir da análise do conjunto fático-probatório dos autos, constatou que a Reclamada nãologrou demonstrar a presença dos requisitos da representação comercial excludentes da relação de emprego, tendoficado comprovado, na verdade, o preenchimento dos pressupostos fático-jurídicos do vínculo empregatício, razão pelaqual se declarou a fraude da primeira rescisão contratual havida e, por conseguinte, reconheceu-se a unicidadecontratual. Para divergir dessas conclusões, seria necessário o revolvimento de fatos e provas, o que é defeso nesta sederecursal, nos termos da Súmula 126/TST. Assim, não há como assegurar o processamento do recurso de revista quandoo agravo de instrumento interposto não desconstitui a decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos.Agravo de instrumento desprovido. (TST - AIRR: 22267020105180011 2226-70.2010.5.18.0011, Relator: MauricioGodinho Delgado, Data de Julgamento: 08/05/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/05/2013).

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNICIDADE CONTRATUAL. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV).RESCISÃO FRAUDULENTA. NÃO PROVIMENTO. O julgador de origem, com base no conjunto probatório dosautos, reconheceu ter sido fraudulenta a rescisão contratual efetuada pelo primeiro reclamado em 28/08/00, pois aautora continuou prestando os mesmos serviços para ele, sem solução de continuidade, por meio de interposta pessoa(segunda reclamada), contudo subordinada ao primeiro e sem os direitos decorrentes do primeiro contrato relativos àcategoria dos bancários. Assim, condenou o primeiro réu a retificar-lhe a CTPS e a restituir-lhe as condiçõescontratuais havidas até 28/08/00, reativando o plano de saúde e pagando anuênios e reflexos, gratificações e reflexos,participação nos lucros e resultados, diferenças de auxílio-alimentação e diferenças salariais pela aplicação dereajustes, conforme as normas coletivas aplicáveis aos bancários, deduzidos os valores já alcançados sob as mesmasrubricas pela empregadora formal (segunda ré), condenada solidariamente, na forma do § 2º do art. 2º da CLT. Oprimeiro reclamado insurge-se contra o vínculo de emprego posterior a 28/08/00, aduzindo regularidade na rescisãocontratual, na contratação da autora pela segunda reclamada e na terceirização ocorrida, considerando ter a autoraaderido ao PDV, sem vício de consentimento, tendo sido homologada a rescisão pelo sindicato. Entende estar a

    sentença a violar o disposto no art. 453 da CLT. Aduz ser lícita a terceirização de atividade-meio (área de controle,organização e registro de documentos), bem como estar inserido no seu poder de comando despedir empregados, nãose podendo considerar nula a rescisão efetuada. Sustenta não ter havido ingerência nas atividades da segundareclamada, sendo necessária a presença de representantes seus no local de trabalho da autora para afastar a

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    responsabilidade subsidiária, não estando demonstrados os requisitos caracterizadores da relação de emprego. A teserecursal da segunda reclamada é no sentido de ser esta a empregadora da reclamante após 28/08/00, deduzindofundamentos idênticos aos do primeiro réu quanto à rescisão efetuada no primeiro contrato e a validade daterceirização. Sustenta não serem devidos os direitos bancários em face da nova contratação. Sem razão os reclamados.A reclamante foi admitida pelo Banco, primeiro reclamado, em 18.08.88, operando-se a rescisão formal do contrato em28.08.00 (fl. 11), sendo incontroverso que a ruptura do vínculo resulta de sua adesão ao PDV. Nesta mesma data, areclamante foi contratada pela segunda reclamada (fls. 236/238), resultando da prova nos autos, principalmente atestemunhal (fls. 594/596 e 704/705), a qual tem pleno valor probante, consoante já analisado supra, não ter havido

    qualquer alteração na prestação de serviço, a qual continuou sendo em face do primeiro reclamado e sob seu comando.1. Inviável o processamento do recurso de revista na hipótese em que, constatada pelo egrégio Tribunal Regional arescisão contratual fraudulenta, a decisão que reconhece vínculo de emprego diretamente com o tomador de serviçosestá de acordo com a orientação do item I da Súmula nº 331. 2. Ademais, conclusão diversa demandaria o reexame defatos e provas, o que é vedado neste momento processual (Súmula nº 126). 3. Agravo de instrumento a que se negaprovimento. (TST - AIRR: 1038 1038/2001-005-04-40.3, Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data deJulgamento: 04/11/2009, 7ª Turma,, Data de Publicação: 13/11/2009).

    EMENTA: DEVOLUÇÃO DA MULTA DE 40% DO FGTS. A reclamante aduziu que por ocasião da rescisão docontrato de trabalho foi compelida a devolver à sua empregadora, a importância de R$1.000,00 a título de multa de40% do FGTS. Verifica-se pelo seu depoimento pessoal prestado que as partes transacionaram a rescisão do contrato de

    trabalho até de forma fraudulenta e prejudicial ao erário público, simulando uma rescisão contratual pela qual areclamada procedeu ao pagamento das verbas rescisórias, fornecendo guias do seguro desemprego, ficando ajustado,em contrapartida, que a reclamante lhe devolveria a quantia correspondente à multa fundiária. É certo que a rescisãocontratual se tornou efetiva por mútuo consentimento entre as partes, obrigando-as, já que isenta de vício demanifestação de vontade, salvo quanto ao terceiro prejudicado que não integra a lide. Recurso denegado. (TRT da 3.ªRegião; Processo: 00274-2009-010-03-00-6 RO; Data de Publicação: 28/09/2009; Disponibilização: 25/09/2009,DEJT, Página 26; Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Milton V.Thibau de Almeida; Revisor: Convocado VitorSalino de Moura Eca).

    ACÓRDÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RESCISÃO CONTRATUALFRAUDULENTA. Concluindo o Regional, forte na análise da prova produzida, que a devolução, pelo reclamante, do

    valor correspondente à multa de 40% do FGTS, ocorreu em razão da inexistência da rescisão contratual, defesa emsede de recurso de revista a alteração do quadro decisório, ante a impossibilidade do reexame do conjunto fático-probatório. PROC. Nº TST-AIRR-86/2006-040-03-40.1. Juiz Relator RICARDO MACHADO. Brasília, 16 de maio de2007.

    ACÓRDÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. EMPRESA PRESTADORA DESERVIÇOS. FRAUDE. VÍNCULO DE EMPREGO. RECONHECIMENTO DIRETO COM O TOMADOR DAMÃO-DE-OBRA. O Regional, instância soberana na apreciação dos fatos e provas, concluiu que a ruptura do contratode trabalho, ocorrida em 20/01/2001, revestiu-se de nulidade uma vez que inexistiu alteração nas condições de trabalhoda autora a partir de então, quando continuou a prestar os mesmos serviços para a reclamada, mediante empresaprestadora de serviços. Dessa forma, o processamento da revista só se viabilizaria por meio do revolvimento do

    conjunto fático-probatório dos autos, na medida em que a alegação da recorrente está calcada em demonstrar ainexistência de fraude, procedimento que é vedado nesta instância extraordinária, ante o óbice da Súmula nº 126 doTST. PROC. Nº TST-AIRR-15.097/2002-651-09-40.2. Ministro Relator VANTUIL ABDALA. Brasília, 27 de junhode 2007.

    EMENTA: CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE SERVIDOR PÚBLICO MEDIANTE EMPRESA INTERPOSTA -PRÉ-EXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM EMPRESA PÚBLICA - RESCISÃO CONTRATUALFRAUDULENTA - DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA DISPENSA E RECONHECIMENTO DA UNICIDADECONTRATUAL - NÃO APLICAÇÃO DA SÚMULA N° 331, II, DO TST, POR SE TRATAR DE HIPÓTESEDISTINTA. É nula a rescisão contratual de servidor público que, admitido por empresa pública, após ter sido aprovadoem concurso público, e por ela dispensado, é, em seguida, novamente contratado pela mesma, mediante empresa

    interposta, para prestar-lhe os mesmos serviços relacionados com sua atividade-fim, laborando, sem qualquer soluçãode continuidade, nas mesmas condições anteriores e no mesmo local de trabalho, porquanto efetivada em fraude àlegislação e aos direitos trabalhistas, numa tentativa de ocultar a existência de verdadeira relação de emprego, atraindoa incidência, na espécie, do art. 9º da CLT, e impondo-se, por mero corolário, o reconhecimento da existência de umúnico contrato de trabalho com a tomadora. Não há que se falar na aplicação, nesse caso, da Súmula nº 331, II, do

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    Colendo TST, que obsta a formação de vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta oufundacional, por se tratar de hipótese absolutamente distinta daquelas versadas no referido verbete sumular. Processo00148-2005-134-03-00-6 RO. Relator Irapuan de Oliveira Teixeira Lyra. Belo Horizonte, 06 de setembro de 2006.

    EMENTA: Fraudulenta a rescisão contratual se o reclamante permaneceu prestando serviço para a reclamada nasmesmas funções (ainda que por interposta e conivente empresa de trabalho temporário), tendo sido pela própriareclamada posteriormente "readmitido" com salário inferior ao anteriormente percebido. Inteligência do Código Socialde 1943 (artigos 9º e 468) e do Colendo TST (Enunciado nº 20) para decretação de unicidade contratual e consectários

    legais. PROCESSO Nº: 20010211599 ANO: 2001 TURMA: 4ª. RELATOR(A): RICARDO VERTA LUDUVICE.DATA DE PUBLICAÇÃO: 21/06/2002.

    Base legal: Lei 8.036/90;Lei 7.998/90;Portaria MTB 384/1992 e os citados no texto.

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