res 57a aula - das finanças públicas e do sistema orçamentário

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DAS FINANÇAS PÚBLICAS E DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO ARTIGOS 163 A 169 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Para um bom entendimento sobre a unidade, é necessário examinar alguns aspectos sobre Ciência das Finanças e a própria Atividade Financeira do Estado. ciência das finanças é a disciplina que, pela investigação dos fatos, procura explicar os fenômenos ligados à obtenção e dispêndio do dinheiro necessário ao funcionamento dos serviços a cargo do Estado, ou de outras pessoas de direito público, assim como os efeitos outros resultantes dessa atividade governamental. Para Cossa “in Scienza Delle Finanza” assim se define a ciência das finanças de “Ciência do Patrimônio Público”. Para um entendimento simples, preferimos conceituar a ciência das finanças, segundo o entendimento do mestre Alberto Deodato (in Manual de Direito das Finanças) “É a ciência que estuda as leis que regulam a despesa, a receita, o orçamento e o crédito público”. Seguindo os passos do mestre, na definição acima encontramos, também, a sua classificação; vale dizer: divide- se a ciência das finanças em: (1) despesa, (2) receita, (3) orçamento e (4) crédito público. A ciência das finanças não é uma ciência jurídica, assim, não é ramo do direito, mas é definida como Ciências Políticas. A ciência das finanças é dominada pelos princípios absolutos da Justiça (toda a medida emanada da ciência das finanças deve respeitar os direitos dos contribuintes e ser eqüitativa, isto é, gravar pobres e ricos, de acordo com as posses de cada um) e relativos da Economia Política (a ciência estudada deve

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  • DAS FINANAS PBLICAS E DO SISTEMA ORAMENTRIO

    ARTIGOS 163 A 169

    DA CONSTITUIO FEDERAL

    Para um bom entendimento sobre a unidade, necessrio examinar

    alguns aspectos sobre Cincia das Finanas e a prpria Atividade Financeira

    do Estado.

    cincia das finanas a disciplina que, pela investigao dos fatos,

    procura explicar os fenmenos ligados obteno e dispndio do dinheiro

    necessrio ao funcionamento dos servios a cargo do Estado, ou de outras

    pessoas de direito pblico, assim como os efeitos outros resultantes dessa

    atividade governamental.

    Para Cossa in Scienza Delle Finanza assim se define a cincia das

    finanas de Cincia do Patrimnio Pblico.

    Para um entendimento simples, preferimos conceituar a cincia das

    finanas, segundo o entendimento do mestre Alberto Deodato (in Manual de

    Direito das Finanas) a cincia que estuda as leis que regulam a despesa, a

    receita, o oramento e o crdito pblico. Seguindo os passos do mestre, na

    definio acima encontramos, tambm, a sua classificao; vale dizer: divide-

    se a cincia das finanas em: (1) despesa, (2) receita, (3) oramento e (4)

    crdito pblico.

    A cincia das finanas no uma cincia jurdica, assim, no ramo do

    direito, mas definida como Cincias Polticas.

    A cincia das finanas dominada pelos princpios absolutos da Justia

    (toda a medida emanada da cincia das finanas deve respeitar os direitos dos

    contribuintes e ser eqitativa, isto , gravar pobres e ricos, de acordo com as

    posses de cada um) e relativos da Economia Poltica (a cincia estudada deve

  • ter em mira o crescimento da riqueza pblica, o menor gasto na aplicao dos

    tributos e, sempre, a oportunidade e o fim til da despesa).

    Por derradeiro, conceituamos a cincia das finanas, segundo os

    ensinamentos do professor Aliomar Baleeiro (in Introduo a Cincia das

    Finanas) A cincia das finanas estuda um dos aspectos ou atividades do

    Estado a obteno e emprego dos meios materiais e servios para a

    realizao de seus fins .

    A Cincia das Finanas, assim se classifica:

    (a) Poltica propriamente dita;

    (b) Administrao Social e

    (c) Administrao Pblica.

    Na relao com outras cincias, a Cincia das Finanas est

    diretamente relacionada: com a histria, a economia poltica, a estatstica, e a

    contabilidade.

    Vejamos a cada uma delas:

    COM A HISTRIA = No exagero afirmar que os regimes fiscais so

    captulos das transformaes sociais e polticas do povo.

    COM A ECONMICA POLTICA = Pois, antigamente, a cincia das finanas

    era um simples apndice da matria de economia poltica.

    COM A ESTATSTICA = evidente que no haver boas leis das finanas sem

    que haja o domnio perfeito dos nmeros.

  • COM A CONTABILIDADE = Que habilita a conhecer a todo e a qualquer

    momento a exata situao financeira.

    Quanto aos precedentes histricos da Cincia das Finanas,

    destacamos:

    COM XENOFONTE (Grcia antiga) = Estudou os aspectos de economia do

    Estado, e a maior fonte de tributos de Atenas, era a explorao de riqueza

    mineral.

    COM OS CAMERALISTAS (no sculo XVII) = Alemanha: Klock e Von

    Seckendorf, no estudo dos monoplios do Estado, e todas as questes

    financeiras da poca.

    COM OS FISIOCRATAS (no sculo XVIII) = Frana: Quesnay e Voltaire

    propuseram a substituio de todos os tributos por um nico, que incidiria

    sobre a terra produtiva.

    No BRASIL (no sculo XIX) = Nossos estudiosos: Bilac Pinto, Divino da Veiga,

    Rui Barbosa, Aliomar Baleeiro e Alberto Deodato.

    A diviso da Cincia das Finanas tem por objetivo material a Atividade

    Financeira do Estado (AFE), ou seja:

    RECEITA PBLICA = Forma de obter dinheiro.

    DESPESA PBLICA = Forma de despender dinheiro.

    ORAMENTO PBLICO = Forma de gerir dinheiro.

    CRDITO PBLICO = Forma de criar dinheiro, ou seja, receita pblica.

    No podemos olvidar da importncia (na histria da Cincia das

    Finanas) dos fisiocratas, como: Quesnay, Voltaire, Mirabeau, Vauban,

  • Boisguillebert, DAlembert, Diderot e Montesquieu no sculo XVIII que abriram

    caminho a Adam Smith, o verdadeiro fundador da nossa Cincia.

    Quesnay, autor do Tableau Economique, foi o primeiro expositor da

    macroeconomia, hoje to em voga nos estudos de Economia Pblica. Depois,

    Ricardo e Stuart Mill concorreram para que o estudo das finanas se

    emancipasse da Economia Pblica. Da para c, emancipou-se da Economia

    Poltica.

    Nos sculos XIX e XX, nossa cincia tomou esse desenvolvimento que

    a est, sendo hoje uma disciplina essencial ao mundo moderno.

    E aparece uma srie infinita de nomes e livros, no outro e nesse sculo:

    Rau e Wagner, na Alemanha; Leroy-Beaulieu, Allix, Jze, Laufenburger e

    Duverger, na Frana; Pantaleoni, Flora, Eianaudi, Morselli, Nitti, Cossa, Ricca-

    Salerno, Tangorra e Grizzioti, na Itlia; Seligman, nos Estados Unidos.

    No Brasil, alm dos Estadistas do Imprio e da Repblica, versados nos

    estudos econmicos e financeiros podemos citar, entre os tratadistas: Ferreira

    Borges, Cndido Oliveira, Silva Maia, Pereira de Barros, Castro Carrera, Rui

    Barbosa, Amaro Cavalcanti, Agenor de Roure, Aliomar Baleeiro, Silvio Santos

    Faria, Teotnio Monteiro de Barros, Billac Pinto, Rocha Loures, Edgard

    Scheneider, Amlcar de Arajo Falco, Delfim Silveira, Guilherme Moojem,

    Buys de Barros, Alfredo Becker e outros que honram a Cincia das Finanas.

    A Cincia das Finanas dominada pelos princpios absolutos da

    Justia e relativos da Economia Poltica. Quanto aos princpios da Justia, toda

    a medida emanada da Cincia das Finanas deve respeitar os direitos dos

    contribuintes e ser eqitativa, isto , gravar pobres e ricos, de acordo com as

    posses de cada um.

    Quanto aos princpios da Economia Poltica, a Cincia estudada deve ter

    em mira o crescimento da riqueza pblica, o menor gasto na aplicao dos

    tributos e, sempre, a oportunidade e o fim til da despesa. H captulos da

  • Cincia Financeira norteada pelos preceitos de Economia Poltica. E sem um

    estudo da Economia no possvel um bom oramento pblico.

    A Cincia das Finanas tem passado por profundas transformaes,

    abalados que esto os seus alicerces clssicos.

    que o Estado aparece, nas novas organizaes polticas, com

    roupagens socialistas. As tcnicas financeiras foram consideradas como

    processos eficazes de interveno no domnio econmico e social.

    Aluram-se as trs grandes pilastras das finanas clssicas: a moeda

    neutra, o equilbrio oramentrio e a finana fiscal.

    O tributo no hoje, apenas o meio de se fazer face s despesas

    pblicas, mas um instrumento de dirigismo econmico, com a sua grave funo

    social. E vemos, ento, impostos sobre celibatrios com fins familiares e

    natalistas; impostos sobre sucesso, com carter confiscatrio no sentido de

    assegurar certa igualdade social; impostos servindo para orientar a atividade

    econmica.

    O imposto como instrumento vital nas relaes econmicas

    internacionais, principalmente no desenvolvimento dos pases

    subdesenvolvidos. Como instrumento de canalizao de rendas para o

    Tesouro, que as redistribui (transcrio in Manual de Cincia das Finanas -

    do mestre Alberto Deodato).

    A Atividade Financeira do Estado (AFE), a procura de meios (obter,

    despender, gerir e criar dinheiro suficiente) para satisfazer as necessidades

    pblicas (que a falta de alguma coisa) atravs dos servios pblicos.

    Assim, a Atividade Financeira do Estado consiste:

    EM OBTER = Atravs da Receita Pblica.

  • EM CRIAR = Atravs do Crdito Pblico.

    EM GERIR = Atravs do Oramento Pblico.

    EM DESPENDER = Atravs das despesas pblicas, o dinheiro necessrio para

    o cumprimento da obrigao mxima do Estado, que a de atender as

    necessidades pblicas.

    Vejamos:

    ESTADO + COM DINHEIRO + SERVIOS = PROCEDE AO ATENDIMENTO

    (CUMPRE A SUA OBRIGAO) DAS NECESSIDADES PBLICAS.

    Vrios so os modos explicados pelos financistas quanto ao fenmeno

    financeiro do Estado. Na realidade so teorias que por quase dois sculos

    levaram pensadores a buscarem atravs dos seus estudos, resultados

    econmicos, sociolgicos e polticos; so elas:

    (a) TEORIA DO CONSUMO = O Estado (comunidade poltica) gasta em lugar

    dos indivduos (cidados contribuintes), parte da riqueza produzida pelo prprio

    indivduo. O Estado quando da prestao dos servios pblicos, no cria e no

    produz, porm consome. O Estado nada produz, somente consome (Batista

    Say);

    (b) TEORIA DA TROCA = um fator de troca entre os indivduos

    (contribuintes) que pagam os tributos (impostos, taxas e contribuies de

    melhorias) e o Estado (comunidade poltica) que efetua os servios (modo com

    o qual se atende as necessidades pblicas). O imposto o valor do servio

    realizado. A sociedade entrega ao Estado algo em troca da sua segurana,

    sade, e outras necessidades (Bastiat);

    (c) TEORIA DA PRODUTIVIDADE OU REPRODUTIVIDADE DAS

    DESPESAS PBLICAS = a prpria e verdadeira produo econmica

    (na poca - muito em moda para os Alemes: Dietzel, Wagner, Stein).

  • (Complexos de meios pecunirios destinados ao exerccio de uma indstria

    especial). O Estado gasta e produz; ele gere empregos e servios pblicos;

    (d) COOPERATIVISMO = Associao de pessoas reunidas em cooperativa

    para evitar o lucro. Se houver ganhado, retorna aos cooperados. O Estado no

    teria lucro, somente operando a preo de custo (Viti Di Marco);

    (e) VRIAS = Teoria da Utilidade Relativa sustentada por Mazzola, Graziani e

    Salermo; Teoria da Produtividade Marginal, sustentada por Montemartini;

    Teoria do Sistema de Preo, sustentada por Pantaleoni; e finalmente a Teoria

    da Luta de Classes, sustentada por Conigliani.

    Necessrio conceituar o objeto fundamental da Atividade Financeira do

    Estado, ou seja, a maneira pela qual e com a qual o Estado busca formar sua

    receita pblica. Chamamos esse objeto de tributo (que designa a soma dos

    impostos, das taxas e das contribuies de melhorias);

    Vejamos:

    TRIBUTO = Toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor

    nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei

    e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (artigo 3 do

    Cdigo Tributrio Nacional). Os tributos so: impostos taxas e contribuio de

    melhoria (artigo 5 do Cdigo Tributrio Nacional).

    IMPOSTO = Cobrana efetuada pelo Estado sem necessidade de fornecimento

    de servios pblicos (Exemplos: renda, predial e outros).

    TAXAS = Cobrana efetuada pelo Estado devido a servios pblicos

    executados, realizado ou prestado, ou a executar, ou seja, aqueles em fase de

    concluso ou trmino.

    CONTRIBUIO DE MELHORIA = Ela instituda para fazer face ao custo de

    obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a

    despesa realizada, e como limite individual o acrscimo de valor que da obra

    resultar para cada imvel beneficiado (artigo 81 do Cdigo Tributrio Nacional).

  • Neste momento da unidade, obrigados somos a tratar da necessidade

    pblica e dos servios pblicos:

    NECESSIDADE PBLICA = toda aquela de interesse geral, satisfeita pelo

    processo dos servios pblicos. A necessidade pblica quando em

    determinado grupo social costuma ser satisfeita pelo processo dos servios

    pblicos, isto , quando o Estado ou outra pessoa de Direito Pblico para

    satisfaz-la institui ou mantm um regime jurdico e econmico especial,

    propcio sua obrigatoriedade, segurana, imparcialidade, regularidade ou

    continuidade, a cargo de seus agentes ou por delegao a pessoas sob sua

    superviso.

    SERVIOS PBLICOS = toda atividade cujo cumprimento deve ser

    assegurado, regulado ou controlado pelos governantes, porque o cumprimento

    dessa atividade indispensvel realizao e ao desenvolvimento da

    interdependncia social e reveste-se de tal natureza, que no pode ser

    alcanada completamente seno pela interveno da fora governamental. a

    forma com a qual e pela qual o governo atende as necessidades pblicas.

    Os servios pblicos, assim se classificam: servio pblico geral (tambm

    chamado de universal) ou servio pblico particular (tambm chamado de

    especial).

    O SERVIO PBLICO GERAL OU UNIVERSAL = O Estado sente a

    necessidade coletiva e, sem que algum lhe pea, cria e executa o servio e o

    cidado (contribuinte) paga o que no solicitou (exemplo: estradas).

    O SERVIO PBLICO PARTICULAR = O cidado (contribuinte) que tem,

    individualmente, o servio espontneo ou a possibilidade de se utilizar dele. O

    cidado somente paga quando utilizar o servio (exemplo: esgoto).

    Aps esta explicao, no podemos deixar de trazer, nesta

    oportunidade, para o conhecimento de todos, trechos tirados da lmpida lio

  • (sobre servios pblicos) apresentada pelo professor Luiz Celso de Barros (in

    Cincia das Finanas): A criao ou preservao de todas as necessidades

    pblicas, so atendidas pelos denominados servios pblicos. atravs destes

    servios que o Estado exterioriza o atendimento coletividade, revelando,

    tambm, outros aspectos, que se adaptam aos fins do Estado. Sendo mltiplas

    as funes atribudas ao Estado, no s como identificou.

    Alessandro Groppali, bem como o determinado na Constituio Federal,

    no artigo 21, que descreve a competncia da Unio, e, em cada uma delas,

    pela noo dos poderes implcitos, os servios pblicos so os instrumentos de

    que se vale o Estado para a execuo prtica dos seus fins.

    O Servio Pblico classificado sob vrios aspectos, entre os quais

    temos: o servio pblico prprio e o servio pblico imprprio. O servio pblico

    prprio, dividido nos diretos e indiretos.

    DIRETOS = Divididos na Administrao Pblica Direta e na Administrao

    Pblica Indireta.

    INDIRETOS = So as concesses de servios. J os imprprios dividem-se

    em: Permisso, Regulamentao e Autorizao.

    Para melhor entendimento, visualizar o quadro sintico a seguir:

  • Explicando o quadro:

    (1) SERVIOS PBLICOS PRPRIOS = Encontram nesta modalidade de

    servios as atividades que, atendendo as necessidades pblicas, estas se

    confundem com a prpria essncia do Estado ou seus fins.

    (2) DIRETOS = Certas atividades do Estado so indelegveis, cabendo ao

    prprio Estado a explorao das mesmas, de forma a no permitir o

    intermedirio na manuteno e explorao daquela atividade.

    (3) ADMINISTRAO PBLICA DIRETA = H inmeras e crescentes

    necessidades, consideradas bsicas ou indisponveis, onde o Estado, por si

    mesmo, atende aquelas atividades, delas no permitindo que outras pessoas

    as explorem, por se confundirem com o fim mximo do Estado. Da surge os

    servios prestados diretamente pela Administrao Pblica, correspondendo s

    consecues finais do Estado. Para reconhecermos quais so os Servios

    Pblicos Prprios Diretos, da Administrao Pblica Direta, basta lanarmos

    uma pequena anlise no artigo 21 da Constituio Federal, para que,

    identificados os poderes expressos dentro deles encontremos os poderes

    implcitos (onde o Estado para cumprir a misso Constitucional, que

  • expressa, depender de aparelhamentos para aqueles fins - surgindo os

    comportamentos contidos ou implcitos para alcanar o contedo da norma).

    Dentro desta linha de raciocnio podemos indicar: relaes exteriores,

    celebrao de tratados, convenes internacionais e outros.

    (4) ADMINISTRAO PBLICA INDIRETA = O Estado, entretanto, atendendo

    as necessidades pblicas encontra algumas delas que podem ser exploradas

    por organismos outros, filiados ao Estado, surgindo a Administrao Pblica,

    onde estes servios aparecem com as Autarquias: federais, estaduais ou

    municipais, bem como empresas pblicas e sociedades de economia mista. As

    Autarquias, conseqentemente, constituem a maneira pela qual se exploram

    no as necessidades pblicas bsicas, mas, as complementares do anseio da

    coletividade. Frisamos mais uma vez: nestas duas modalidades de servios, o

    Estado atende todas as atividades decorrentes de necessidades bsicas ou

    complementares, as quais no podem ser cometidas a organismos privados.

    (5) INDIRETOS = A gama das necessidades pblicas torna-se cada vez maior

    e, no correspondendo quelas necessidades, j abordadas, pode o Estado

    fazer a concesso, para que certos servios possam ser explorados por

    empresas privadas ou pblicas, por um determinado perodo. A regra que tais

    servios devem ser explorados, apenas, por particulares, para no aumentar a

    responsabilidade do Estado, porm, ele assume o lugar destinado aos

    particulares quando estes no demonstrarem interesse na explorao da

    atividade. A nossa Constituio Federal, no artigo 21 inciso XII prev a

    competncia para a Unio explorar, diretamente ou mediante autorizao ou

    concesso indiretos da Unio, onde, em escala estadual ou municipal,

    encontramos outros servios desta natureza: servios de distribuio de gs,

    de gua e esgoto.

    (6) SERVIOS PBLICOS IMPRPRIOS = Atualmente tornam-se difcil

    estabelecer uma distino entre os servios pblicos prprios dos imprprios.

    Mais uma vez tem que nos socorrer do Direito Administrativo para buscarmos

    uma distino de efeitos meramente didticos para o nosso estudo. no

    renomado professor Hely Lopes Meirelles (in Direito Administrativo) que

  • encontramos: naquele o Estado atende a necessidades gerais da coletividade,

    para que ele possa substituir e desenvolver-se; neste o servio visa facilitar a

    existncia do indivduo na sociedade, pondo disposio do indivduo

    utilidades que lhe proporcionaro mais comodidade, conforto e bem-estar.

    Poderamos concluir, portanto, que para os servios pblicos prprios h uma

    necessidade a ser atendida, enquanto para os servios pblicos imprprios h

    uma convenincia de regramento de certas atividades pelo Estado. O servio

    pblico imprprio, em regra, dado para ser explorado por empresas privadas,

    cuja modalidade de vinculao com o Estado dar-se- sob vrias

    denominaes, institutos amparados no Direito Administrativo e que so os

    seguintes: permisso, regulamentao, autorizao.

    (7) PERMISSO = um ato administrativo unilateral, discricionrio e precrio,

    no qual o Poder Pblico faculta ao particular a execuo de servios de

    interesses coletivos, ou o uso especial de bens pblico, a ttulo gratuito ou

    remunerado, nas condies impostas pela Administrao Pblica. Exemplo:

    transporte coletivo.

    (8) REGULAMENTAO = Existindo uma srie de servios que o Estado

    coloca disposio dos particulares, para que estes explorem aquelas

    atividades, entende-se que o Estado reserva para si aquele Poder de

    Regulamentar a explorao, criando normas para o atendimento condigno de

    uma utilidade pblica, fiscalizando a atuao do particular, desde a

    organizao da empresa at a sua situao econmica e financeira, os seus

    lucros, o modo e a tcnica da execuo dos servios, bem como fixa os valores

    em limites razoveis e eqitativos para a empresa e para os usurios da

    mesma. Exemplo: escolas particulares.

    (9) AUTORIZAO = o ato administrativo discricionrio e precrio por meio

    do qual o Poder Pblico faculta ao particular o desempenho de certa atividade

    ou a utilizao de determinados bens que a lei condiciona a aquiescncia da

    Administrao, tais como: a pesquisa e a lavra de jazidas, entrega de avisos de

    vencimentos de tributos municipais. Os conceitos sobre esta diviso dos

    servios pblicos, transcritos do autor mencionado neste ponto, no so

  • aceitos pela maioria dos administrativistas; mas certo, porm, que so

    suficientes para fornecerem uma pequena noo de como se exteriorizam os

    servios pblicos. Ao lado desta utilssima conceituao e classificao dos

    servios pblicos, encontramos, ainda, uma outra classificao: servios

    pblicos gerais e especiais. Os SERVIOS PBLICOS GERAIS: porque

    atende a todos os habitantes de uma coletividade. Desta maneira, estando o

    servio disposio de todos, no importa onde seja construdo, eis que,

    indiretamente, est atendendo toda uma sociedade e no, apenas, os

    habitantes de uma regio onde se implantou o servio. Quanto aos SERVIOS

    PBLICOS ESPECIAIS, estes, o particular, o indivduo quem faz a escolha

    do tipo de servio a ser executado pelo Estado. Finalmente, no basta,

    contudo, sabermos todas as classificaes dos servios pblicos, mas

    relacion-los entre si. Assim que os servios pblicos gerais e especiais se

    enquadram dentro dos servios pblicos prprios do Estado, onde o Estado

    cobrar o imposto ou a taxa.

    Por fim, a relao entre a estrutura jurdica-poltico do Estado e a sua

    atividade financeira:

    ESTADO = Absoluto ou de Direito.

    ABSOLUTO tambm chamado monocrtico realizava-se atravs dos

    imperadores, reis franceses (Luiz XIV que entendia: O Estado sou eu).

    DIREITO, democrtico, consagra-se pela tripartio dos poderes. O poder do

    Estado emana do povo (quem tem a titularidade). Surge, assim, na Frana em

    face ao Estado absolutista a teoria de Montesquieu. Os governantes so

    transitrios. feita a escolha dos governantes (repblica). A existncia dos

    poderes: Legislativo, Executivo e Judicirio. Chama-se Estado de Direito,

    porque todos (sem nenhuma exceo) ficam subordinados a uma s ordem

    (ordenamento) jurdica.

    PRINCPIOS = Absolutos de Justia e os Relativos da Economia

    Poltica.

  • OS ABSOLUTOS de justia so aqueles garantidos por uma constituio,

    respeitando os direitos humanos, ou seja, justia no tratamento (equidade).

    OS RELATIVOS da economia poltica dividem-se: Aqueles do crescimento da

    riqueza em que o Estado deve aparelhar-se para no causar danos

    produtividade. E o dispndio deve-se nortear por objetivos fundamentais para

    dar bons destinos aos recursos auferidos.

    DOUTRINAS = Trs so as doutrinas sobre o assunto: A Absolutista. O

    Liberalismo. O Neo-Liberalismo.

    Na primeira delas a Atividade Financeira do Estado (AFE) era

    considerada como uma coisa boa. Assim afirmavam os doutrinadores

    do sculo XVII, pois eles criavam e gastavam os recursos recebidos.

    Quanto a segunda, consideravam o Estado como um mal necessrio.

    Prestigiava-se a livre empresa. A economia era resultado das leis

    naturais que no deviam ser perturbadas. Doutrina de Adam Smith,

    sculos XVII a XIX.

    Por fim, a terceira e ltima, nas horas de crise o Estado deve efetuar

    despesas para ativar a economia. O Estado respeita intervem onde

    houver problemas. O Estado protege a parte economicamente mais

    fraca. O Estado levado a ampliar suas atividades financeiras.

    COMPOSIO

    O Estado quanto a sua composio, unitrio ou federativo, tambm pode

    influir na Atividade Financeira do Estado; vejamos: o recolhimento dos tributos

    centralizado (absoluto). Federativo o poder poltico do Estado repartido

    (descentralizado) por nveis de governo. A caracterstica a descentralizao

    administrativa poltica. A idia de autonomia administrativo-poltico est

  • diretamente ligada a Atividade Financeira. Ao se dar autonomia poltica

    necessrio que se tenha muita fonte de renda prpria, para cada Estado. Eis a

    razo de que o Estado Federativo mais complicado.

    DAS FINANAS PBLICAS

    Lei Complementar dispor sobre:

    (1) finanas pblicas;

    (2) dvida pblica externa e interna includa a das autarquias, fundaes e

    demais entidades controladas pelo Poder Pblico;

    (3) concesso de garantias pelas entidades pblicas;

    (4) emisso e resgate de ttulos da dvida pblica;

    (5) fiscalizao das instituies financeiras;

    (6) operaes de cmbio realizadas por rgos e entidades da Unio, dos

    Estados, do Distrito Federal e dos Municpios;

    (7) compatibilizao das funes das instituies oficiais de crdito da Unio,

    resguardadas as caractersticas e condies operacionais plenas das voltadas

    ao desenvolvimento regional.

    A competncia da Unio para emitir moeda ser exercida

    exclusivamente pelo Banco Central.

    vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente,

    emprstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer rgo ou entidade que no seja

    instituio financeira.

  • O Banco Central poder comprar e vender ttulos de emisso do

    Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de

    juros.

    As disponibilidades de caixa da Unio sero depositadas no Banco

    Central. As disponibilidades dos Estados, como tambm do Distrito Federal,

    dos Municpios e dos rgos ou entidades do poder pblico e das empresas

    por ela controlada, em instituies financeiras oficiais, ressalvados os casos

    previstos em lei.

    DOS ORAMENTOS

    Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecero: o plano plurianual;

    as diretrizes oramentrias; e os oramentos anuais.

    A lei que instituir o plano plurianual estabelecer, de forma

    regionalizada, as diretrizes, objetivas e metas da administrao pblica federal

    para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos

    programas de durao continuada.

    A Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) compreender as metas e

    prioridades da Administrao Pblica federal, incluindo as despesas de capital

    para o exerccio financeiro subseqente, orientar a elaborao da lei

    oramentria anual, dispor sobre as alteraes na legislao tributria e

    estabelecer a poltica de aplicao das agncias financeiras oficiais de

    fomento.

    O Poder Executivo publicar, at trinta dias aps o encerramento de cada

    bimestre, relatrio resumido da execuo oramentria.

    Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na

    Constituio Federal de 1988 sero elaborados em consonncia com o plano

    plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional (artigo 48).

  • A Lei Oramentria anual compreender: o oramento fiscal referente

    aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao

    direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico;

    e o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou

    indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto: o

    oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela

    vinculada, da administrao direta ou indireta, bem como os fundos e

    fundaes institudos e mantidos pelo Poder Pblico.

    O projeto de Lei Oramentria ser acompanhado de demonstrativo

    regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenes,

    anistias, remisses, subsdios e benefcios de natureza financeira, tributria e

    creditcia.

    Os oramentos previstos no 5 I e II do art 165 compatibilizado com o

    plano plurianual, tero entre suas funes a de reduzir desigualdades inter-

    regionais, segundo critrio populacional.

    A Lei Oramentria anual no conter dispositivo estranho previso da

    receita e fixao da despesa, no se incluindo na proibio a autorizao

    para abertura de crditos suplementares e contratao de operaes de

    crdito, ainda que por antecipao de receita, nos termos da lei.

    Cabe a lei complementar dispor sobre o exerccio financeiro, a vigncia,

    os prazos, a elaborao e a organizao do plano plurianual, da lei de

    diretrizes oramentrias e da lei oramentria anual. Estabelecer normas de

    gesto financeira e patrimonial da administrao direta e indireta, bem como

    condies para a instituio e funcionamento de fundos.

    Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, s diretrizes

    oramentrias, ao oramento anual e aos crditos adicionais sero apreciados

    pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

  • Caber a uma Comisso mista permanente de Senadores e Deputados:

    examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as

    contas apresentadas anualmente pelo Presidente da Repblica; examinar e

    emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais

    previstos na Constituio e exercer o acompanhamento e a fiscalizao

    oramentria, sem prejuzo da atuao das demais comisses do Congresso

    Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o artigo 58.

    As emendas sero apresentadas na Comisso mista, que sobre elas

    emitir parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenrio das duas

    Casas do Congresso Nacional.

    As emendas ao projeto de Lei do Oramento anual ou aos projetos que

    o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: sejam compatveis com o

    plano plurianual e com a lei de diretrizes oramentrias; indiquem os recursos

    necessrios, admitidos apenas os provenientes de anulao de despesa,

    excludas as que incidam sobre: dotaes para pessoal e seus encargos;

    servio da dvida; e transferncias tributrias constitucionais para Estados,

    Municpios e Distrito Federal; ou sejam relacionadas: com a correo de erros

    ou omisses; ou com os dispositivos do texto do projeto de lei.

    As emendas ao projeto de Lei de Diretrizes Oramentrias no podero

    ser aprovadas quando incompatveis com o plano plurianual.

    O Presidente da Repblica poder enviar mensagem ao Congresso

    Nacional para propor modificao nos projetos a que se refere o dispositivo

    constitucional enquanto no iniciada a votao, na Comisso mista, da parte

    cuja alterao proposta.

    Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes oramentrias e do

    oramento anual sero enviados pelo Presidente da Repblica ao Congresso

    Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o artigo 165 9.

  • Aplica-se aos projetos mencionados no texto constitucional, no que no

    contrariar o disposto em lei, as demais normas relativas ao processo legislativo.

    Os recursos que, em decorrncia de veto, emenda ou rejeio do projeto

    de Lei Oramentria anual, ficarem sem despesas correspondentes podero

    ser utilizados, conforme o caso, mediante crditos especiais ou suplementares,

    com prvia e especfica autorizao legislativa.

    So vedados: O incio de programas ou projetos no includos na lei

    oramentria; A realizao de despesas ou a assuno de obrigaes diretas

    que excedam os crditos oramentrios ou adicionais; A realizao de

    operaes de crditos que excedam o montante das despesas de capital,

    ressalvadas as autorizadas mediante crditos suplementares ou especiais com

    finalidade precisa, aprovada pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; A

    vinculao de receita de impostos a rgo, fundo ou despesa, ressalvadas a

    repartio do produto da arrecadao dos impostos a que se referem os artigos

    158 e 159, a destinao de recursos para manuteno e desenvolvimento do

    ensino, como determinado pelo artigo 212, e a prestao de garantias s

    operaes de crdito por antecipao de receita, previstas no artigo 165 8,

    bem assim o disposto no 4 deste artigo. Emenda Constitucional n 3 de 17-

    3-1993 deu nova redao ao inciso IV.

    A abertura de crdito suplementar ou especial sem prvia autorizao

    legislativa e sem indicao dos recursos correspondentes; a transposio, o

    remanejamento ou a transferncia de recursos de uma categoria de

    programao para outra ou de um rgo para outro, sem prvia autorizao

    legislativa; a concesso ou utilizao de crditos ilimitados; a utilizao, sem

    autorizao legislativa especfica, de recursos dos oramentos fiscais e da

    seguridade social para suprir necessidade ou cobrir dficit de empresas,

    fundaes e fundos, inclusive dos mencionados no artigo 165 5; a instituio

    de fundos de qualquer natureza, sem prvia autorizao legislativa. Nenhum

    investimento cuja execuo ultrapasse um exerccio financeiro poder ser

    iniciado sem prvia incluso no plano plurianual, ou sem lei que autorize a

    incluso, sob pena de crime de responsabilidade.

  • Os crditos especiais e extraordinrios tero vigncia no exerccio

    financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorizao for

    promulgado nos ltimos quatro meses daquele exerccio, caso em que,

    reabertos nos limites de seus saldos, sero incorporados ao oramento do

    exerccio financeiro subseqente.

    A abertura de crdito extraordinrio somente ser admitida para atender

    a despesas imprevisveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoo

    interna ou calamidade pblica, observado o disposto no artigo 62.

    permitida a vinculao de receitas prprias geradas pelos impostos a

    que se referem os artigos 155 e 156, e dos recursos de que tratam os artigos

    157, 158, e 159 I a e b e II para a prestao de garantia ou contra garantia

    Unio e para pagamento de dbitos para com esta.

    Emenda Constitucional n 3 de 17-3-1993 acrescentou o 4 no artigo

    167.

    Os recursos correspondentes s dotaes oramentrias,

    compreendidas os crditos suplementares e especiais, destinados aos rgos

    dos Poderes Legislativo e Judicirio e do Ministrio Pblico, ser-lhes-o

    entregues at o dia vinte de cada ms, na forma da Lei Complementar a que se

    refere o artigo 165 9.

    A despesa com pessoal ativo e inativo da Unio, dos Estados, do Distrito

    Federal e dos Municpios no poder exceder os limites estabelecidos em lei

    complementar.

    A concesso de qualquer vantagem ou aumento de remunerao, a

    criao de cargos ou alterao de estrutura de carreiras, bem como a

    admisso de pessoal, a qualquer ttulo, pelos rgos e entidades da

    administrao direta ou indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo

    Poder Pblico, s podero ser feitas: se houver prvia dotao oramentria

  • suficiente para atender as projees de despesa de pessoal e aos acrscimos

    dela decorrentes; se houver autorizao especfica na lei de diretrizes

    oramentrias, ressalvadas as empresas pblicas e as sociedades de

    economia mista.

    O vigente texto constitucional institucionalizou um conjunto de leis

    denominadas de: Lei do Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Oramentrias e a

    Lei do Oramento anual, todas de iniciativa do Poder Executivo, evidentemente

    pela sua funo administrativa, com participao do Poder Legislativo no

    processo oramentrio.

    A grande inovao, alm de outras de menor proporo, est no 9 do

    artigo 165, em que a matria que era disciplinada por lei ordinria passou a ser

    disciplinada por lei complementar.

    ORAMENTO PBLICO (ARTIGO 165 INCISO III)

    o ato pelo qual se prev a arrecadao de receita e se autoriza a

    aplicao desse produto em despesas, discriminadas, durante certo perodo.

    Oramento Pblico o plano de conjunto das necessidades monetrias

    do Estado para um perodo determinado, discutido e aprovado com publicidade

    pelos rgos de representao popular.

    Ou ainda, um ato contendo a aprovao prvia das receitas e das

    despesas, para evitar a ocorrncia do dficit pblico.

    Podemos, definir, por fim, como o ato pelo qual o Poder Legislativo

    prev, e autoriza ao Poder Executivo, por certo perodo, e em pormenor, as

    despesas destinadas ao funcionamento dos servios pblicos e outros fins

    adotados pela poltica econmica do pas, assim como a arrecadao das

    receitas j criadas por lei.

    Como Cliclo Oramentrio, a doutrina nos impe:

  • 1 CICLO = Proposta do Poder Executivo, sob a superviso do Presidente da

    Repblica e assistncia dos rgos tcnicos;

    2 CICLO = Discusso e Aprovao, da proposta do Poder Executivo, pelo

    Congresso Nacional;

    3 CICLO = Sano do Presidente da Repblica, ato exclusivo - execuo por

    ele e ministros;

    4 CICLO = Controle da Execuo (do oramento e parecer final), sobre as

    contas por parte do Tribunal de Contas;

    5 CICLO = Julgamento das Contas, pelo Congresso Nacional, que tm

    competncia para recus-las, e submeter o Presidente da Repblica e seus

    Ministros, se for o caso, ao processo de Impeachment.

    A doutrina nos impe, tambm, princpios oramentrios; a saber:

    1 Princpio = ANUALIDADE OU PERIODICIDADE O oramento pblico para

    estabelecimento constitucional, ser sempre anual (LC n 4.320);

    2 Princpio = UNIDADE OU UNICIDADE Estabelece que cada esfera do

    Governo (Unio, Estados-membros e Municpios), ter um oramento no qual

    estar includo toda a receita e todas as despesas;

    3 Princpio = UNIVERSALIDADE O oramento pblico dever conter

    obrigatoriamente todas as verbas de receita e da despesa do perodo;

    4 Princpio = EXCLUSIVIDADE Impe que a lei oramentria (Poder

    Executivo) cuide somente da previso da receita e da fixao das despesas;

    5 Princpio = ESPECIALIZAO Diz respeito s despesas pblicas, pois a

    lei oramentria deve discriminar qual a destinao das despesas;

  • 6 Princpio = NO AFETAO DA RECEITA Veda qualquer antecipao ou

    vinculao;

    7 Princpio = EQUILBRIO Decorre da prpria natureza lgica da coisa. o

    objetivo mais desejvel na finana pblica, no sentido de manter entre a receita

    e a despesa um equilbrio evitando o dficit ou o supervit pblico.

    Por fim, de ser observado, que os oramentos documentam a vida

    financeira de um pas, em um determinado perodo, porque contm o clculo

    das receitas e despesas autorizadas para o funcionamento dos servios

    pblicos ou para outros fins, projetados pelo governo; vejamos:

    JURDICO = A natureza do ato oramentrio luz do direito e, especialmente,

    das instituies constitucionais do pas.

    POLTICO = Pelo qual o oramento revela com transparncia em proveito de

    que grupos sociais e regies ou para soluo de que problemas e

    necessidades funcionar precipuamente, a aparelhagem de servios pblicos.

    ECONMICO = Atravs do qual se apreciaro, sobretudo os efeitos recprocos

    da poltica fiscal e da conjuntura econmica, assim como as possibilidades de

    utiliz-las o governo, no intuito deliberado de modificar as tendncias da

    conjuntura ou estrutura.

    TCNICO = O que envolve o estabelecimento das regras prticas para a

    realizao dos fins indicados nos itens anteriores e para classificao clara,

    metdica e racional de receita e despesa (os clculos to aproximados quanto

    possvel, apresentao grfica e contbil do documento oramentrio).

    RECEITA PBLICA (ARTIGO 165 8)

  • As quantias recebidas pelos cofres (errios) pblicos so genericamente

    designadas como entradas ou ingressos, mas nem todos esses ingressos,

    porm, constituem receita pblica, pois alguns deles no passam de

    movimentos de fundos, sem qualquer incremento do patrimnio governamental,

    desde que esto condicionados restituio posterior ou representam mera

    recuperao de valores emprestados ou cedidos pelo governo (destitudo do

    carter de receitas).

    Como conceito, dentre muitos, trs foram os escolhidos para o nosso

    trabalho:

    Receita pblica = So as quantias que ingressam nos cofres pblicos

    com destinao de cobrir despesas pblicas (conjunto de gastos efetuados

    pelo Estado) para o atendimento das necessidades pblicas.

    Receita pblica = a denominao atribuda ao total dos valores

    representados em dinheiro, recebidos pelo errio pblico, provenientes das

    diversas rendas (ordinrias, extraordinrias e especiais).

    Receita pblica = a entrada que, integrando-se ao patrimnio pblico

    sem quaisquer reservas, condies ou correspondncias no passivo, vem

    acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo. A receita pblica sofre

    dois tipos de classificao: doutrinria e legal.

    Quanto classificao doutrinria, assim se compe:

    QUANTO NATUREZA:

    (a) In Natura = Aquela correspondente ao pagamento de obrigaes devida

    ao Estado com coisa que no seja dinheiro. Exemplo: prestao do

    servio militar;

    (b) Em Servios = Aquela correspondente ao pagamento de obrigao em

    dinheiro.

  • QUANTO APLICAO:

    (a) Receita Geral = Aquela correspondente a receita que no tem uma

    destinao previamente descrita. Exemplo: impostos em geral;

    (b) Receita Especial = Aquela correspondente a receita que tem uma

    destinao previamente descrita. Exemplo: Taxa Mdica, Tru.

    QUANTO AO TEMPO OU DURAO:

    (a) Ordinria = So aquelas receitas peridicas que vo alimentar os cofres

    pblicos. Exemplo: impostos em geral;

    (b) Extraordinrias = So aquelas receitas imprevistas e espordicas, ou

    seja, aquelas que no ingressam com freqncia nos cofres pblicos.

    Exemplo: imposto de calamidade;

    QUANTO A FONTE:

    (a) Originrias = Tem origem no seu prprio patrimnio. O Estado pode

    auferir recursos do seu prprio patrimnio;

    (b) Derivadas = Tem origem no patrimnio dos contribuintes;

    (c) Mistas = Tem origem nas empresas pblicas.

    Quanto classificao legal, assim se compe:

    1 Receita Originria = So aquelas que provm da explorao econmica das

    propriedades do Estado, e realizada com a finalidade lucrativa. So aquelas

    que provm do domnio privado do Estado - as patrimoniais, as industriais e as

    comerciais;

  • 2 Espcies = Duas so as espcies: de domnio pblico e de domnio privado.

    As de domnio pblico = So aquelas que se encontram no Estado a ttulo de

    soberania. a capacidade de imposio para mant-los permanente.

    Exemplos: quartis, escolas, hospitais. Pode-se dizer tambm, que so bens

    dominicais os que constituem patrimnio da Unio, dos Estados e dos

    Municpios, por direito pessoal ou real de cada entidade . Compreende os

    bens do Estado que destinados ou reservados aos servios pblicos so

    infrutferos no produz renda ; inalienveis no podem ser vendidos ;

    imprescritveis no prescrevem ; e no suscetveis de propriedade exclusiva

    ou privada. As de domnio privado = So aquelas ou aqueles que se encontram

    no Estado a ttulo de propriedade frutfera, pois produzem frutos (renda) -

    privado ou fiscal do Estado que provm os bens que pertence sua receita

    originria, satisfazem as necessidades pblicas, transformando-se em dinheiro

    -. Enfim, pertencem ao Estado, e o Estado os possui a ttulo econmico

    privado;

    3 Domnio Nacional = a reunio de todos os bens que se encontram em

    poder do Estado, a ttulo de soberania ou propriedade;

    4 Diviso da Receita Originria:

    (a) Patrimoniais = Alienao de bens imveis; aluguis de bens imveis; atividades agropecurias; e explorao. As de capital nacional; as de prprios

    nacionais; os terrenos de marinha (banhados pelo mar ou rios); taxa de

    ocupao desses terrenos; os laudmios ( a paga devida pela transferncia

    do domnio); o arrendamento do terreno, as terras devolutas;

    (b) Industriais = Provm da empresa pblica, que tem por fim tutelar certos interesses pblicos, o que permite diminuir, ou regular os preos com vistas ao

    interesse pblico;

    (c) Comerciais = Com a interveno do Estado no comrcio. Exemplo: Banco do Brasil.

  • Cabe observar finalmente que quando o Estado tutela um interesse, ele

    tutela um interesse comum.

    DESPESA PBLICA (ARTIGO 165 8)

    o conjunto dos dispndios do Estado ou de outra pessoa de Direito

    Pblico, para o funcionamento dos servios pblicos (a despesa pblica parte

    do oramento, onde se encontram classificadas todas as autorizaes para os

    gastos custeio dos diferentes setores da administrao).

    a aplicao de certa quantia em dinheiro por parte da autoridade ou do

    agente pblico competente, por autorizao legislativa, para execuo de fim

    cargo do governo.

    Assim, toda despesa pblica pressupe como elemento essencial,

    emprego de dinheiro para objetivos pblicos (no envolvendo dinheiro para a

    realizao do objetivo pblico, no h despesa pblica).

    A despesa pblica uma das fases do fenmeno financeiro do Estado; o

    conjunto de gastos efetuados para o atendimento de necessidades pblicas;

    a aplicao de qualquer parcela da receita pblica, com o fim de administrao

    e, realizada por funcionrio (agente) pblico.

    Para Veiga Filho, a despesa pblica o uso efetivo que o Estado faz de

    seus bens e recursos, para ocorrer s necessidades morais e materiais da vida

    civil e poltica.

    Por derradeiro, afirma o professor Tangorra, que a despesa pblica a

    consignao feita da receita pblica para o fim de conseguir um objetivo

    qualquer da administrao.

    So Aspectos polticos e jurdicos das despesas pblicas:

  • ASPECTO POLTICO = Necessidades humanas de carter coletivo devam ser

    satisfeitas pelo processo dos servios pblicos;

    ASPECTO JURDICO = (a) Legalidade da despesa pblica (Constituio Federal); (b) As despesas, quaisquer que sejam, devem ser previamente autorizadas pelo Poder Legislativo ao Poder Executivo (oramento pblico ou

    crditos adicionais); (c) Em princpio, nenhuma autoridade, sem exceo (entende-se tambm o Presidente da Repblica), pode ordenar ou efetuar

    despesas sem a autorizao do Poder Legislativo (ou acima dos limites ou

    desviar para fins diversos); (d) Crime de responsabilidade (para quem contrariar a regra = artigo 85 da Constituio Federal e artigo 315 do Cdigo

    Penal).

    So requisitos da despesa pblica:

    1 Requisito = UTILIDADE = Atender a uma necessidade pblica (deve ser o

    mais geral possvel); vale dizer, que atenda o maior nmero possvel de

    pessoas (contribuintes).

    2 Requisito = POSSIBILIDADE (contributiva do povo) = As Despesas Pblicas

    devem ser compatveis com as possibilidades contributivas do contribuinte;

    3 Requisito = DISCUSSO PBLICA = Toda despesa deve ser precedida de

    discusso. O Poder Executivo presta ao Poder Legislativo, anualmente, as

    contas de sua gesto;

    4 Requisito = OPORTUNIDADE = A Despesa Pblica deve ser aplicada no

    momento certo, oportuno;

    5 Requisito = LEGALIDADE = Forma de aplicao da Despesa Pblica

    autorizada pelo poder competente (Constituio Federal).

    A despesa pblica assim se classifica:

  • QUANTO ESPCIE:

    (a) In natura = Coisas que no seja dinheiro; (b) Em dinheiro = Coisas em dinheiro.

    QUANTO AO TEMPO OU DURAO:

    (a) Ordinrias = Despesas peridicas, freqentes; aquelas previstas no oramento pblico. Exemplo: pagamento de funcionrios;

    (b) Extraordinrias = Despesas imprevistas, eventuais; aquelas no previstas no oramento pblico. Exemplo: compra de vacina contra um surto de doenas.

    Observao: Alguns autores acrescentam a Despesa Especial, aquela que no

    sendo prevista no oramento pblico, o governo forado a faz-la, no sentido

    de liquidar dvidas provindas de vrias naturezas. Exemplo: pagamentos de

    sentenas judiciais.

    QUANTO AO LUGAR:

    (a) Interna = Despesas realizadas no pas, em dinheiro do pas;

    (b) Externa = Despesas realizadas fora do pas, em moeda forte ou conversvel. Exemplo: pagamento de funcionrios a servio externo;

    QUANTO AO EFEITO ECONMICO:

    (a) Produtiva = Provoca um retorno financeiro. Exemplo: usinas;

    (b) No produtivas = Aquelas que no tm retorno. Exemplo: merenda escolar.

    QUANTO INTENSIDADE DA NECESSIDADE DE SER ATENDIDA:

    (a) teis = Despesa normal passvel de adiamento;

  • (b) Necessrias = Aquelas que so permanentes e que no podem ser adiadas.

    QUANTO AOS FINS:

    (a) Constitucional = Manuteno dos rgos estruturais do Estado;

    (b) Administrao financeira = Arrecadao; domnio do Estado (bens pblicos); Dvida Pblica; Caixa; e Contabilidade Pblica;

    (c) Informao = Subveno, auxlio pecunirio concedido pelos poderes pblicos;

    (d) Dotao = Conjunto de rendas designadas em oramento para fazer face determinados servios pblicos.

    CRDITO PBLICO (ARTIGO 165 8)

    Para o professor Geraldo Ataliba (in Hiptese de Incidncia Tributria)

    Crdito Pblico a faculdade reconhecida a todas as pessoas (desde que

    tenham capacidade jurdica para obrigar-se) de tomar dinheiro emprestado,

    comumente exercitada pelo Poder Pblico.

    Significa dizer, que o Crdito Pblico uma das maneiras que o Estado

    possui para obter entrada de dinheiro, ou melhor, dizendo, fazer receita

    pblica.

    Para alguns autores, trs so os aspectos do Crdito Pblico: Aspectos

    Jurdicos; Aspectos Econmicos; e Aspectos Polticos. Para outros, somente

    dois: Aspectos Jurdicos e Aspectos Econmicos.

    Ficamos com estes.

  • QUANTO AO ASPECTO JURDICO = A dvida pblica depende de autorizao

    do Congresso Nacional quando tratada na esfera federal, consoante se v do

    vigente texto constitucional, artigos: 48 cabe ao Congresso Nacional, com a

    sano do Presidente da Repblica, no exigida esta para o especificado nos

    artigos 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matrias de competncia da Unio,

    especialmente sobre: inciso II - plano plurianual, diretrizes oramentrias,

    oramento anual, operaes de crdito, dvida pblica e emisses de curso

    forado; 52 compete privativamente ao Senado Federal: inciso VI - fixar, por

    proposta do Presidente da Repblica, limites globais para o montante da dvida

    consolidada da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e

    151 inciso II, 163 incisos II e IV, e 234. De outro lado, o crime de

    responsabilidade em face do Presidente da Repblica (dos prefeitos e

    governadores, quando praticados nas esferas estaduais e municipais) e a

    Execuo contra a Fazenda Pblica, conforme matria processual civil.

    QUANTO AO ASPECTO ECONMICO = Todo o emprstimo em longo prazo

    tem, em si, uma verdade: favorece uma gerao em detrimento a outra; isto

    porque ser a gerao tomadora de emprstimo a que se beneficiar do

    mesmo, ficando outra com a obrigao de pag-lo. a preferncia na captao

    desses emprstimos, portanto, dever recair naqueles investimentos efetuados

    pelo Estado que proporcione uma vantagem duradoura ou auto-amortizvel

    (assim ensina o professor Luiz Celso de Barros). A situao econmica de um

    Estado ter influncia decisiva no modo de obter o financiamento, pela

    tributao ou emprstimo. indispensvel que o Estado oferea credibilidade

    ao investigador para a formao do financiamento por emprstimos, j que o

    Estado no utiliza sua soberania.

    Esta credibilidade, por outro lado, decorre no s do desenvolvimento

    econmico da sociedade como, tambm, no regime de governo, que inspiram a

    confiana dos investidores na formao do emprstimo.

    Para a captao de suas receitas (natureza jurdica), quando o Estado

    utiliza sua potestade indireta, estaremos frente ao Emprstimo Compulsrio,

    espcie do gnero tributo; porm quando o Estado deixa de utilizar sua

  • soberania, passando a arrecad-lo com o emprego da livre manifestao de

    vontade das pessoas, denominadas de investidores, a ttulo de Crdito Pblico,

    a sua natureza passa a ser contratual.

    Para obteno destas receitas o Estado no utiliza coercitividade,

    emprega isto sim, da forma contratual, que permite o Estado auferir uma

    receita voluntria (professor Luiz Celso de Barros). O emprstimo sempre

    necessariamente de natureza contratual. No h emprstimo no contratual.

    Por isso, o chamado emprstimo compulsrio no emprstimo, mas um

    tributo como outro qualquer (prof. Geraldo Ataliba).

    O Governo (emprstimo como processo financeiro) usa da faculdade de

    tomar dinheiro por emprstimo (quer recorrendo aos meios de que se socorre

    para esse fim o particular, quer por outros mtodos especficos e compatveis,

    somente com o exerccio dos poderes estatais, ou com certas peculiaridades

    da Fazenda Pblica).

    Os emprstimos so simples entrada de caixa, ou ingressos porque no

    criam novos valores positivos para o patrimnio pblico (no se incluem, pois,

    os emprstimos entre as receitas so considerados receitas imprprias).

    O Crdito Pblico (processo financeiro) consiste numa srie de mtodos

    pelos quais o Estado obtm dinheiro, sob obrigao jurdica de pagar juros

    (quanto ao prazo, geralmente livre, porm os juros so devidos, e devem ser

    pagos pontualmente).

    Os emprstimos celebram-se por atos jurdicos da competncia de

    agentes do Poder Executivo (assinam os contratos e emitem os respectivos

    ttulos). Porm, somente o Poder Legislativo, est investido da competncia

    constitucional para autorizar o Poder Executivo a praticar esses atos.