república federativa do brasil -...

32
BRAStLlA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO sÁBADO, 18 DE JUNHO DE 1988 ANO 11- N9 266 ASSEMBLÉIA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE' 1- ATA DA 290' SESSÃO DA AS- SEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE, EM 17 DE JUNHO DE 1988 1- Abertura da sessão 11- Leitura da ata da sessão anterior que é, sem observações, assinada 11I - Leitura do Expediente OFÍCIOS 71/88 - Do Senhor Constituinte Mário Covas, Líder do Partido do Movimento Demo- crático Brasileiro - PMDB, participando que o Sr. Constituinte Euclides Scalco deixa de integrar, a partir de 16 de junho do corrente, o Colégio de Vice-Líderesdaquela agremiação partidária. 72/88 - Do Senhor Constituinte Mário Covas, Líder do Partido do MOVimento Demo- crático Brasileiro - PMDB, participando que o Sr. Constituinte Nelson Jobim passa a exer- cer as funções de Primeiro Více-Líder daquela agremiação partidária, a partir de 16 do cor- rente. 28/88 - Do Senhor Constituinte des Scalco, participando seu desligamento dos quadros do Partido do Movimento Demo- crático Brasileiro - PMDB, a partir de 16 do corrente. REQUERIMENTOS Do Senhor Constituinte ErVIn Bonkoski, so- licitando o abono de suas faltas às sessões da Assembléia Nacional Constituinte realiza- das nos períodos compreendidos entre 19 a 24 de maio de 26 de maio a 12 de junho. Do Senhor Constituinte Alarico Abib, solici- tando o cancelamento de suas faltas aos traba- lhos da Assembléia Nacional Constituinte no período compreendido entre 6 e 13 de junho do corrente.. SUMÁRIO Do Senhor Constituinte Mario Assad, solici- tando o cancelamento de suas faltas às ses- sões da Assembléia Nacional Constituinte ocorndas no período compreendido entre 8 e 10 de junho do corrente. _ Do Senhor Constituinte Jacy Scanagatta, Justificando sua ausência aos trabalhos da As- sembléia Nacional Constituinte no período compreendido entre 5 e 12 do corrente. Do Senhor Constitumte Francisco Coelho, solicitando licença para tratamento de saúde. Da Senhora Constituinte Márcia Kubitschek, participando que se ausentará do País no pe- ríodo compreendido entre 5 e 9 do corrente. Do Senhor Constituinte OlívioDutra, partici- pando que se ausentará do País no período compreendido entre 17 e 25 do corrente. Da Senhora Constituinte Irma Passoni, parti- cipando que se ausentará do País nos dias 16 e 17 do corrente. Da Senhora Constituinte Anna Mana Rattes, participando que se ausentará do País no pe- ríodo compreendido entre 16 e 18 do corrente. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Conces- são da palavra aos Constituintes, nos termos do § 2° do art. 39 do Regimento Interno, tendo em vista a inexistência de quorum para vota- ção. ASSIS CANUTO - Isenção da correção monetária Incidente sobre empréstimos toma- dos por microempresários e pequenos e mé- dios produtores rurais durante o Plano Cruza- do. Garantia, no futuro texto constitucional, dos chamados "Soldados da Borracha". AMAURY MÚLLER - Rejeição, pela Assem- bléia Nacional Constituinte, da realização de eleições para Governador do Distrito Federal em 1988. Improcedência dos argumentos contrários à concessão de anistia da correção monetária mcidente sobre empréstimostoma- . , dos por microempresários e pequenos e mé- dIOS produtores rurais. LÉlIO SATHLER - Consequéncias das he- sitaçôes governamentais no tocante à adoção de medidas de amparo aos microempresános e pequenos e.médíos produtores rurais. DORETO, CAMPANARI - Reforma minis- terial. ELIAS MURAD - Manifesto de intelectuais mineiros contra a criação do Estado do Triân- gulo. Protesto contra a possível extinção da Fundação Mendes Pimentel, da Universidade Federal de Minas Gerais, Estado de Minas Ge- rais. PAULO DE.LGADO - Perversidade da polí- tica econômica do Governo José Sarney. DARCY DEITOS (pela ordem) - Pedido de verificação de quorum. PRESIDENTE - Resposta ao Constituinte Darcy Deitos. TITO COSTA - Transcurso do 80° aniver- sário da imigração japonesa no Brasil. LUIZ SOYER- Efeitos da pretendida equi- paração do preço do álcool hidratado ao da gasolina. ONOFRE CORRÊA- Elevação do Distrito de São Pedro de Água Branca, atualmente pertencente a Imperatriz,Estado do Maranhão, à categoria de Município. FRANCISCO ROLLEMBERG - Reintegra- ção à organização político-admlnstratíva sergi- pana dos Municípios de Jandaíra, Itapicuru e Rio Real, hoje integrantes do Estado da Bahia. MÁRIO MAlA - Declaração, pelo Tribunal Superior do Trabalho, de inconstitucionalida- de do Decreto-Lei na 2.425. MATHEUS IESEN -lnveracidade de noti- ciário na imprensa a respeito de pagamento de direitos autorais ao compositor Edison Fer- nandes Coelho por editora de propriedade do orador. -

Upload: dinhnhu

Post on 14-Dec-2018

238 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

BRAStLlA-DF

República Federativa do Brasil

NACIONAL CONSTITUINTEDIÁRIO

sÁBADO, 18 DE JUNHO DE 1988ANO 11- N9 266

ASSEMBLÉIA

ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE'

1 - ATA DA 290' SESSÃO DA AS­SEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE,EM 17 DE JUNHO DE 1988

1-Abertura da sessão11-Leitura da ata da sessão anterior

que é, sem observações,assinada11I - Leitura do Expediente

OFÍCIOS

N° 71/88 - Do Senhor Constituinte MárioCovas, Líder do Partido do Movimento Demo­crático Brasileiro - PMDB, participando queo Sr. Constituinte Euclides Scalco deixa deintegrar, a partir de 16 de junho do corrente,o Colégio de Vice-Líderesdaquela agremiaçãopartidária.

N° 72/88 - Do Senhor Constituinte MárioCovas, Líder do Partido do MOVimento Demo­crático Brasileiro - PMDB, participando queo Sr. Constituinte Nelson Jobim passa a exer­cer as funções de Primeiro Více-Líder daquelaagremiação partidária, a partir de 16 do cor­rente.

N°28/88 - Do Senhor Constituinte Eucli~des Scalco, participando seu desligamentodos quadros do Partido do Movimento Demo­crático Brasileiro - PMDB, a partir de 16 docorrente.

REQUERIMENTOSDo Senhor Constituinte ErVIn Bonkoski, so­

licitando o abono de suas faltas às sessõesda Assembléia Nacional Constituinte realiza­das nos períodos compreendidos entre 19 a24 de maio de 26 de maio a 12 de junho.

Do Senhor Constituinte Alarico Abib, solici­tando o cancelamento de suas faltas aos traba­lhos da Assembléia Nacional Constituinte noperíodo compreendido entre 6 e 13 de junhodo corrente..

SUMÁRIO

Do Senhor Constituinte Mario Assad, solici­tando o cancelamento de suas faltas às ses­sões da Assembléia Nacional Constituinteocorndas no período compreendido entre 8e 10 de junho do corrente. _

Do Senhor Constituinte Jacy Scanagatta,Justificando suaausência aos trabalhos da As­sembléia Nacional Constituinte no períodocompreendido entre 5 e 12 do corrente.

Do Senhor Constitumte Francisco Coelho,solicitando licença para tratamento de saúde.

Da Senhora Constituinte Márcia Kubitschek,participando que se ausentará do País no pe­ríodo compreendido entre 5 e 9 do corrente.

Do Senhor Constituinte OlívioDutra, partici­pando que se ausentará do País no períodocompreendido entre 17 e 25 do corrente.

Da Senhora Constituinte Irma Passoni, parti­cipando que se ausentará do País nos dias16 e 17 do corrente.

Da Senhora Constituinte Anna Mana Rattes,participando que se ausentará do País no pe­ríodo compreendido entre 16 e 18 do corrente.

PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Conces­são da palavra aos Constituintes, nos termosdo § 2° do art. 39 do Regimento Interno, tendoem vista a inexistência de quorum para vota­ção.

ASSIS CANUTO - Isenção da correçãomonetária Incidente sobre empréstimos toma­dos por microempresários e pequenos e mé­dios produtores rurais durante o Plano Cruza­do. Garantia, no futuro texto constitucional,dos chamados "Soldados da Borracha".

AMAURY MÚLLER - Rejeição, pela Assem­bléia Nacional Constituinte, da realização deeleições para Governador do Distrito Federalem 1988. Improcedência dos argumentoscontrários à concessão de anistia da correçãomonetária mcidente sobre empréstimos toma-

. ,dos por microempresários e pequenos e mé­dIOS produtores rurais.

LÉlIO SATHLER - Consequéncias das he­sitaçôes governamentais no tocante à adoçãode medidas de amparo aos microempresánose pequenos e.médíos produtores rurais.

DORETO, CAMPANARI - Reforma minis­terial.

ELIAS MURAD - Manifesto de intelectuaismineiros contra a criação do Estado do Triân­gulo. Protesto contra a possível extinção daFundação Mendes Pimentel, da UniversidadeFederal de Minas Gerais, Estado de Minas Ge­rais.

PAULO DE.LGADO - Perversidade da polí­tica econômica do Governo José Sarney.

DARCY DEITOS (pela ordem) - Pedidode verificação de quorum.

PRESIDENTE - Resposta ao ConstituinteDarcy Deitos.

TITO COSTA - Transcurso do 80° aniver­sário da imigração japonesa no Brasil.

LUIZ SOYER- Efeitos da pretendida equi­paração do preço do álcool hidratado ao dagasolina.

ONOFRE CORRÊA- Elevação do Distritode São Pedro de Água Branca, atualmentepertencente a Imperatriz,Estado do Maranhão,à categoria de Município.

FRANCISCO ROLLEMBERG - Reintegra­ção à organização político-admlnstratíva sergi­pana dos Municípios de Jandaíra, Itapicuru eRio Real, hoje integrantes do Estado da Bahia.

MÁRIO MAlA - Declaração, pelo TribunalSuperior do Trabalho, de inconstitucionalida­de do Decreto-Lei na 2.425.

MATHEUS IESEN -lnveracidade de noti­ciário na imprensa a respeito de pagamentode direitos autorais ao compositor Edison Fer­nandes Coelho por editora de propriedade doorador.

-

Page 2: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11414 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

FLORICENO PAIXÃo - Apoio à fusão deemendas concedendo anistia aos micro e pe­quenos empresários e agricultores nos débitoscontraídos durante a vigência do Plano Cru­zado.

SÓLON BORGES DOS REIS - Agilizaçãodos trabalhos da Assembléia Nacional Consti­tuinte VIsando à promulgação da futura Cons­tituição o mais rapidamente possivel.

MAURÍCIO NASSER - Transcurso do 80'aniversário da imigração japonesa no Brasil.

MENDES RIBEIRO - Obrigatoriedade damanutenção, pelos Constituintes, da círcuns­pecção devida no plenário da Assembléia Na­cional Constituinte.

MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80'aniversário do início da imigração japonesano Brasil,

FERES NADER- Necessidade de criaçãode juizado especial para julgar as infraçõesde trânsito.

PAULOMACARINI- Conveniênciada revo­gação do Decreto n° 95.715, de 1988, quedispõe sobre reservas florestais no País.

JOSÉ GUEDES (Pela ordem) - Encami­nhamento de discurso sobre deshgamento doorador dos quadros do PMDB. Manifestaçãode admiração pelo Presidente Ulysses Guima­rães.

PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Agradecimento ao Constituinte José Guedes

pelas palavras proferidas a seu respeito.PRESIDENTE - Realização de verificação

de quorum.

(procede-se à verificação.)

PRESIDENTE - Convocação de sessão daCâmara dos Deputados e da Assembléia Na­cional Constituinte para o dia 20, às 9h e14h30min, respectivamente.

SIQUEIRACAMPOS (Pela ordem) - Realí­zação da I' Convenção Nacional do PartidoDemocrata Cristão, Brasília, Distrito Federal.

MÁRIO COVAS (Pela ordem) - Convoca­ção de reunião da bancada do PMDB paraeleição do novo Líder do partido na Assem­bléia Nacional Constituinte.

JOSÉ LOURENÇO (Pela ordem) - Apeloao Constituinte Mário Covas para permanên­cia à frente da Liderança da bancada do PMDBna Assembléia Nacional Constituinte

NELSON CARNEIRO(Pela ordem) - Con­veniência da reafirmação, pela bancada doPMDB, do Constituinte Mário Covas na Lide­rança do partido na Assembléia NacionalConstituinte.

FERNANDO SANTANA (Pela ordem) ­Apelo ao Constituinte Expedito Machado parasustação do movimento de destituição doConstituinte Mário Covas da Liderança da ban­cada do PMDB na Assembléia Nacional Cons­tituinte.

NEL..C:;ON JOBIM (Pela ordem) - Perrna­nência do orador, na condição de l°-Vice­Líder, à frente da bancada do PMDB na As­sembléia Nacional Constituinte até a data dareunião para eleição do novo Líder partidário.

JUAREZ ANTUNES, CHAGAS RODRI­GUES, MOEMASÃO THIAGO,ARNALDOFA­RIA DE SÁ (pela ordem) - Registro da pre­sença dos oradores à sessão.

PRESIDENTE - Testemunho sobre a dedi­cação e competência do Constituinte MárioCovas no exercício da Liderança da bancadado PMDB na Assembléia Nacional Constítuin-.te. Importância para os trabalhos de elabo­ração constitucional da permanência de S. Ex'no desempenho do cargo. Anúncio da inexis­tência de quorum para votação.

LUIZ ROBERTO PONTE (pela ordem) ­Apelo ao Constituinte Mário Covas para per­manência na Liderança da bancada do PMDBna Assembléia Nacional Constituinte.

IV - ENCERRAMENTO

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DEPARTIDOS (Relação dos membros)

4 - COMISSÃO DE SISTEMATIZA­ÇÃO (Relação dos membros)

Ata da 290~ Sessão, em 17 de junho de 1988Presidência dos Srs.: Ulysses Guimarães, Presidente;

Jorge Arbage, Segundo-Vice-Presidente.

ÀS 09:00HORAS COMPARECEM OSSENHO­RES:

Abigail Feitosa - PSB; AcivalGomes - PMDB;Adauto Pereira - PDS; Ademir Andrade - PSB;Adolfo Oliveira- PL;Adylson Motta - PDS; Aéciode Borba - PDS; Affonso Camargo - PTB;Afon­so Sancho - PDS Agassiz Almeida - PMDB;Agripino de Oliveira Lima - PFL;Airton Sandoval- PMDB;Alarico Abib - PMDB;Albano Franco- PMDB;Albérico Cordeiro - PFL; Alceni Guerra- PFL; Aldo Arantes - PC do B; Alércio Dias- PFL;Alexandre Costa - PFL; Alexandre Puzyna- PMDB;Almir Gabriel- PMDB;Aloisio Vascon-celos - PMDB; Aloysio Chaves - PFL; AluizioBezerra - PMDB;AluízioCampos - PMDB;Álva­ro Antônio - PMDB; Alysson Paulinelli -PFL;Amaral Netto - PDS; Amaury Mi.I1ler - PDT;Amilcar Moreira - PMDB; Ángelo Magalhães ­PFL; Anna Maria Rattes - PMDB;Annibal Barce­llos - PFL; Antero de Barros - PMDB; AntônioBritto - PMDB;Antônio Carlos Franco - PMDB;Antôniocarlos Konder Reis - PDS; Antônio deJesus - PMDB;Antonio Ferreira - PFL; AntonioGaspar - PMDB; Antonio Salim Curiati - PDS;Amaldo Martins - PMDB;Amaldo Prieto - PFL;

Amold Fioravante - PDS; Artenir Wemer- PDS;Artur da Távola - PMDB; Asdrubal Bentes ­PMDB; Assis Canuto - PFL; Átila Lira - PFL;Augusto Carvalho - PCB; Áureo Mello - PMDB;Basílio ViIlani - PTB; Benito Gama - PFL; Ber­nardo Cabral - PMDB; Beth Azize- PSB; Boni­fácio de Andrada - PDS; Bosco França - PMDB;Brandão Monteiro -'PDT; Cardoso Alves­PMDB; Carlos Alberto Caó - PDT; Carlos Bene­vides - PMDB; Carlos Cardmal - PDT; CarlosCotta - ; Carlos De'Carli - PTB; Carlos Mos­coni - ; Carlos Sant'Anna - PMDB; Carrel Be­nevides - PTB; Cássio Cunha Lima - PMDB;Célio de Castro - ; Celso Dourado - PMDB;César Cals Neto - PDS; Chagas Duarte - PFL;Chagas Rodrigues - PMDB; Chico Humberto­PDT; Cid Carvalho - PMD8; Cid Sabóia de Carva­lho - PMDB; Cláudio Ávila - PFL; CleonâncioFonseca - PFL; Costa Ferreira - PFL; CristinaTavares- ; Dálton Canabrava-PMDB; DarcyDeitos-PMDB;Darcy Pozza - PDS; Daso Coim­bra - PMDB; Davi Alves Silva - PDS; Del BoscoAmaral - PMDB; Délio Braz - PMDB; DenisarAmeiro - PMDB; Dionísio Dal Prá - PFL; DirceTutu Quadros - PTB; Dirceu Carneiro - PMDB;Domingos Juvenil - PMDB; Domingos Leonelli

- PMDB; Doreto Campanari - PMDB; EdésioFrias - PDT; Edison Lobão - PFL; Edvaldo Ho­landa - PL; Edrrulson Valentim - PC do B;Eduardo Bonfim - PC do B; Eduardo Jorge ­PT; Eduardo Moreira - PMDB; Elias Murad ­PTB; Ehel Rodrigues - PMDB; Eliézer Moreira- PFL; Enoc Vieira - PFL; Eraldo Tinoco ­PFL; Eraldo Trindade - PFL; Ervin Bonkoski ­PTB; Etevaldo Nogueira - PFL; Euclides Scalco- PMDB; EUnice Michiles - PFL; Evaldo Gon­çalves - PFL; Expedito Machado-PMDB; FábioFeldmann - PMDB; Fábio Raunheitti - PTB;Farabulini Júnior - PTB; Fausto Rocha - PFL;Felipe Mendes - PDS; Feres Nader - PTB; Fer­nando Cunha - PMDB; Fernando Gomes­PMDB; Fernando Henrique Cardoso - PMDB;Fernando Lyra - ; Femando Santana - PCB;Femando Velasco - PMDB; Firmo de Castro ­PMDB;Florestan Fernandes - PT; Floriceno Pai­xão - PDT; Francisco Amaral - PMDB; Fran­cisco Benjamim - PFL; Francisco Cameiro ­PMDB; Francisco Dornelles - PFL; FranciscoKilster-PMDB; Francisco Pinto-PMDB; Fran­cisco Rollemberg - PMDB; Francisco Rossi ­PTB; Francisco Sales - PMDB; Furtado Leite­PFL; Gabriel Guerreiro - PMDB; Gandi Jamil

Page 3: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11415

Brasília, 16 de junho de 1988

- PFL; Genebaldo Correia - PMDB; GeovaniBorges - PFL; Geraldo Alckmin Filho - PMDB;Geraldo Bulhões - PMDB; Geraldo Campos ­PMDB; Geraldo Melo - PMDB; Gerson Camata- PMDB; Gerson Peres - PDS; Gidel Dantas- PMDB; Gonzaga Patriota - PMDB; GuilhermePalmeira - PFL; Gumercindo Milhomem - PT;Haroldo Lima - PC do B; Hélio Duque - PMDB;Hého Manhães - PMDB; Hélio Rosas - PMDB;Henrique Córdova - PDS; Hermes Zaneti ­PMDB;Homero Santos - PFL; Humberto Lucena- PMDB; Humberto Souto - PFL; Iberê Ferreira- PFL; Ibsen Pinheiro - PMDB; Inocêncio Oli-veira - PFL; Irajá Rodrigues - PMDB; IrapuanCosta Júnior - PMDB; Israel Pinheiro - PMDB;Itamar Franco - ; Ivo Cersósimo - PMDB; IvoLech - PMDB; Ivo Mainardi - PMDB;Jacy Sca­meiro - PDC; Jalles Fontoura - PFL; JarbasPassarinho - PDS; Jayme Paliarin - PTB;JaymeSantana - PFL; Jesualdo Cavalcanti - PFL; .Je­pus Tajra - PFL; Joaci Góes - PMDB; Joãot\gripinQ - PMDB; João Alves - PFL; João Cal­rnon - PMDB; João Castelo - PDS; João daMata - PDC; João de Deus Antunes - PTB;João Lobo - PFL; João Machado Rollemberg:........ PFL; João Menezes - PFL; 'João Natal ­PMDB; João Paulo - PT; João Rezek - PMDB;Joaquim Bevilacqua - PTB; Jofran Frejat - PFL;Jonas Pinheiro ~ PFL; Jonival Lucas - PDC;Jorge Arbage - PDS; Jorge Hage - PMDB;Jor­ge Medauar - PMDB; Jorge Uequed - PMDB;José AgrIpino -'- PFL; José Carlos Grecco ­PMDB; José Carlos' Sabóia -'PSB; José Costa- ; José da Conceição - P/I1DB; José Elias- PTB; José Fernandes - PDT; José Fogaça- PMDB; José Genoíno - PT; José Guedes -P/I1DB; José IgnáCIO Ferreira - PMDB;JoséJorge- PFL; José LIns - PFL; :José Lourenço - PFL;José Luiz de Sá - PL; José Luiz Maia - PDS;José Maranhão - PMDB; José Maria Eymael ­PDC; José Melo - PMDB; José Moura - PFL;José Paulo Bisol- PMDB; José Queiroz - PFL;José Richa - PMDB; José Tavares - PMDB;José Thomaz Nonõ- PFL; José Tinoco - PFL;José Viana - PMDB; Juarez Antunes - PDT;Júlio Costamilan - PMDB;Jutahy Magalhães ­PMDB; Koyu lha - ; Lael Varella - PFL; Lavoí­sierMaia - PDS; Lélio Souza - PMDB; LeopoldoBessone - PMDB; Leopoldo Peres - PMDB; Le­vy Dias - PFL; Lezio Sath\er - PMDB; Lídiceda Mata - PC do B; Lourival Baptista - PFL;Lúcio Alcântara - PFL; Luís Eduardo - PFL;Luís Roberto Ponte - PMDB; Luiz Alberto Rodri­gues - PMDB; Luiz Freire - PMDB; Luiz Gushi­ken - PT; Luiz InáCIO Lula da Silva - PT; LuizMarques - PFL; LuizSalomão - PDT; LuIZ Soyer- PMDB; Lysâneas Maciel-PDT; Maguito Vilela,- PMDB;Manoel Castro - PFL; Manoel Moreira- PMDB; Mansueto de Lavor - PMDB; MárCIaKubitschek - PMDB; Márcio Braga - PMDB;Márcio Lacerda - PMDB; Marco Maciel - PFL;Marcondes Gadelha - PFL; Maria de LourdesAbadia - PFL; Maria Lúcia - PMDB;Mário Assad- PFL; Mário Covas - PMDB; Mário de Oliveira- PMDB; Mário Maia - PDT; Marluce Pinto -PTB; Matheus Iensen - PMDB; Mattos Leão ­PMDB; Maurício Correa - PDT; Maurício Fruet- PMDB; Maurício Nasser - PMDB; MaurícioPádua - PMDB;Maurílio Ferreira Lima - PMDB;Mauro Benevides - PMDB; Mauro Borges ­PDC; Mauro Miranda - PMDB; Mauro Sampaio

- PMDB; Max Rosenmann - PMDB; Meira Filho- PMDB; Melo Freire - PMDB; Mello Reis -PDS; Mendes Botelho -.:... PTB; Mendes Ribeiro- PMDB; Messias Góis - PFL; Messias Soares- PTR; Michel Temer - PMDB; Milton Lima -PMDB; Milton Reis - PMDB; Miraldo Gomes ­PDC; Miro Teixeira - PMDB; Moema São Thiago- PDT; Mozárildo Cavalcanti - PFL; Mussa De­mes - PFL; Nabor Júnior - PMDB; NaphtaliAlves de Souza - PMDB; Nelson Carneiro '-­PMDB; Nelson .Jobirn - PMDB; Nelson Seixas- PDT; Nelson Wedekin - PMDB; Nelton' Frie­drich - PMDB; Ney Maranhão'- PMB; NIlsonGibson - PMDB; Nion Albernaz- PMDB; NyderBarbosa - PMDB; Octávio ElÍsió - ; OdacirSoares - PFL; Olívio Dutra - PT; Onofre Corrêa- PMDB; Orlando Bezerra - PFL; Oscar Corrêa- PFL; Osmar Leitão - PFL; Osmir Lima '---PMDB; Osmundo Rebouças - PMDB; OsvaldoBender - PDS; Osvaldo Coelho - PFL; OttomarPinto - PTB; Paes de Andrade - PMDB;' PaesLandim-PFL; Paulo Delgado-PT; Paulo Maca­rini - PMDB; Paulo Mincarone - PMDB; PauloPaim - PT; Paulo Pimentel- PFL; Paulo Ramos- PMDB; Paulo Silva - PMDB; Paulo Zarzúr'­PMDB;Pedro Canedo - PFL; Plínio Arruda Sam­paio-PT; Pompeu de Sousa - ; Rachid Salda­nha Derzi - PMDB; Raimundo Lira ~ PMDB;Raimundo Rezende - PMDB; Raquel Cândido- ; Raquel Capiberibe - PSB; Raul Belém ­PMDB; Renan Calheiros - ; Renato Vianna '­PMDB; Ricardo Fiuza - PFL; Rita Camata ­PMDB;Roberto Augusto - PTB; Roberto Balestra- PDC;Roberto Freire - PCB; Roberto RoJ1em­'berg - PMDB;Roberto Torres - PTB; RodriguesPalma - PTB; Ronaldo Aragão - PMDB; Ro­naldo Carvalho - PMDB; Ronan Tito - PMDB; .Ronaro Corrêa - PFL; Rosa Prata - PMDB;Rose'de Freitas - PMDB; Rospide Netto - PMDB;Rubem Branquinho - PMDB; Rubem Medina ­PFL; Ruberval Pilotto - PDS; Ruy Bacelar r:PMDB; Ruy Nedel - PMDB; Sadie Hauache ­PFL; Salatiel Carvalho - PFL; Sandra Cavalcanti- PFL; Saulo Queiroz - PFL; Sérgio Spada ..:....:PMDB; Sigmaringa Seixas - PMDB; Sílvio Abreu- PMDB; Simão Sessím - PFL; Siqueira Cam­pos - PDC; Sólon Borges dos Reis - PTB; StélioDias - PFL; Tadeu França - PDT; TeotônioVilelaFilho - PMDB;Tito Costa - PMDB; Ubira­tan Aguiar - PMDB; Ubiratan Spinelli - PDS;Uldurico Pinto - PMDB; Ulysses Guimarães .:....:.PMDB; Valmir Campelo '- PFL; Vasco Alves .::....:.PMDB; Victor Faccroní - PDS; Victor Fontana- PFL; Virgildásio de Senna - PMDB; VIrgílioGalassi - PDS; VIrgílio Guimarães - PT; VivaldoBarbosa - PDT; Vladimir Palmeira- PT; WagnerLago - PMDB; Waldec Ornélas - PFL; WaldyrPugliesi - PMDB; Walmor de Luca - PMDB;Wilson Campos - PMDB; Wilson Martms ­PMDB.

1-ABERTQRA DA SESSÃOO SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - A

lista de presença registra o comparecimento de198 Senhores Constituintes.

Está aberta a sessãoSob a proteção de Deus e em nome do povo

brasileiro, imciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da

sessão anterior.

11- LEITORA DA-ATAO SR. PAULO DELGADO, servindo como

Segundo-Secretário, procede à leitura da ata dasessão antecedente, a qual é, sem observações,assinada.

O SR. PRESIDENlE (Jorge Arbag€:) - Pas-sa-se à leitura do expediente, '

O SR. AMAURY MÜllER. servindo comoPrimeiro-Secretário, procede à leitura do seguinte:

111- EXPEDIENTE

, OFÍCIOSDo Sr. Constituinte Mário CoVas, Líder do

PMDB. nos seguintes termos:

Of. n° 071/88 ,

Brasília, 16 de junho de 1988. .ExceIentíssimo SenhorDeputado Ulysses GuimarãesDignissimo Presidente da Assembléia NacionalConstituinteNesta

Senhor Presidente,Comunico a-V. Ex' que, nos termos do art. 12,

§ 2° do Regimento Interno da Assembléia Nacio­nal Constituinte, o Deputado Euclides Scalco dei­xa de exercer, a pedido, a partir desta data, ocargo de Primeiro Vice-Líder do PMDB na Assem­bléia Nacional Constituinte.

Sem outro particular, reitero a V. Ex' protestosde estima e elevado apreço. - Senador MárioCovas, Líder do PMDB na Assembléia NacionalConstituinte.

Of. n° 072/88.

Brasília, 16 de junho de 1988

Excelentíssimo SenhorDeputado Ulysses GuimarãesDignissimo Presidente da Assembléia NacionalConstituinteNesta

Senhor Presidente,Comunico a V. Ex' que o Deputado Nelson

.Jobim, passa a exercer, a partir desta data, o cargode Primeiro Vice-Uder do PMDB na AssembléiaNacional Constituinte.

Sem outro particular, reitero a 'li. Ex- protestode estima e elevado apreço. - Senador MárioCovas, Líder do PMDB na Assembléia NacionalConstituinte . .

Do Sr. Constituinte Euclides Scalco; nosseguintes termos:Of.028/88

ExmvSr,Deputado Ulysses GuimarãesDD. Presidente da Assembléia Nacíonal'Contítuín-teNesta

Senhor Presidente,Cumpro o dever de comunicar a V. Ex' que

nesta data estou me desligando dos quadros doPMDB - Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro

Page 4: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11416 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

Brasília, 16 de junho de 1988

Da Sra. Constituinte Irma Passoni, nos se­guintes tennos:

Brasília, 16 de junho de 1988

Da Sra. Constituinte Anna Maria Rattes,nos seguintes tennos:

Brasília, 15 de junho de 1988

Of. rr 115/88Excelentíssimo Senhor:Venho à presença de V. Ex" a fim de informar

e solicitar autorização para me ausentar do Paísnos dias 16 e 17 de junho em virtude da partici­pação na "Primeira Conferência do ContinenteAmericano - Encontro de Mulheres Parlamen­tares do Mundo", que está acontecendo na Argen­tina - Buenos Aires

Grata pela compreensão,Atenciosamente, - Deputada Irma R. Pas­

soni.

Of n° 049/88Exmo, Sr. Presidente:Tem o presente a finalidade de comunicar, nos

termos do Regimento Intemo da Câmara dos De­putados, que estarei ausente do Brasil nos dias16, 17 e 18 de junho, em viagem à Argentina,corno participante da Primeira Conferência doContinente Americano de Mulheres Parlamenta­res do Mundo Para a Paz, na qualidade de repre­sentante do Grupo Brasileiro do Parlamento Lati­no-Americano.

Por esta razão, encareço relevar a minha ausên­cia nos trabalhos da Assembléia Nacional Cons­tituinte.

Aproveito o ensejo para renovar protestos deelevada estima e distinta consideração. - AnnaMaria Rattes, Deputada Federal Constituinte.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Apresente sessão destina-se à votação, em primeiroturno, do Ato das Disposições Constitucionais ge­rais e transitórias, que consta da Ordem do Dia.

De acordo com o art. 39 do Regimento Intemo,as votações só serão iniciadas com a presençade, no mínimo, 280 Srs. Constituintes.

É evidente a falta de quorum em plenário.Isto posto, com base no § 2° do art. 39, a Presi­

dência irá conceder a palavra aos Constituintesque dela queiram fazeruso, até que esteja comple­tado o quorum em Plenário.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Con­cedo a palavra ao nobre Constituinte Assis Ca­nuto.

do não comparecimento às Sessões da Assem­bléia Nacional Cosntituinte, no período de 17 a25 do corrente mês.

Sem mais para o momento, receba meus pro­testos de alta estima e consideração.

Cordialmente, - Olívio Dutra, DeputadoConstituinte, Presidente Nacional do Partido dosTrabalhadores.

O SR. ASSIS CANOTO (PFL - RO. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­tuintes, nas próximas sessões, esta Casa deveráapreciar emendas de transcendental importânciapara a vida deste País. Referimo-nos, especifica­mente, a duas delas.

A primeira, de interesse intrisecamente nacio­nal, é uma fusão das Emendas Mansueto de La­vor, Humberto Souto e Ziza Valadares, para su­pressão da correção monetária incidente em fi-

Do Sr. Constituinte Jacy Scanagatta, nosseguintes tennos:

Brasília; 1,6de junho de 1988OF/JS/116/88Exmr Sr.Deputado Ulysses GuimarãesDD. Presidente da Assembléia Nacional Consti­tuinteBrasília-DF

Senhor Presidente,Pelo presente encaminho a V. Ex", em anexo,

o "Atestado Médico" emitido pelo Dr. AntonioJoão de Oliveira, relativo ao tratamento a quefui'submetido no período de 5 a 12 do corrente.

Mediante o exposto e comprovação, solicito aV. Ex", mandar justificar minhas faltas no períodoacima especificado.

Atenciosas saudações, - Jacy Scanagatta,Deputado Federal PFUPR.

Do Sr. Constituinte Francisco Coelho, nosseguintes tennos:

Brasília, 16 de junho de 1988Ofício rr 30/88

Senhor Presidente, ,Cumprimentando-o cordialmente, dirijo-me a

Vossa Excelência para solicitar meu afastamentotemporário dos trabalhos da Assembléia NacionalConstituinte, por motivos de saúde, conformeatestado anexo.

"outrossim, esclareço que hesitei muito paratomar tal decisão, que hoje não é mmha e simmêdica, pois não queria de forma alguma atrapa­lhar o andamento dos trabalhos que Vossa Exce­lência vem brilhantemente dirigindo, com a firme­za que lhe é peculiar, porém desde a semanapassada já não me sentia bem, motivo pelo qualnão' compareci às sessões.

Na certeza da compreensão de Vossa Exce­lência aproveito a oportunidade para renovar pro­testos de elevada estima e distinta consideração.

Atenciosamente, - Deputado Francisco Coe­Ihó.

Da 51'" Constituinte Márcia Kubitschek,nos seguintes tennos:

SenhorPresidente,Honrada com o convite do Senhor Presidente

da República para integrar a delegação à Confe­rência sobre Desarmamento realizada pelas Na­ções Unidas, requeiro a V. Ex" que minha ausênciano período de 5 a 9 do corrente seja consideradacomo Missão autorização.

Brasília, 3 de junho de 1988.' - ConstituinteMárcia Kubitchek.

Do Sr. Constituinte Olívio Dutra, nos se­guintes tennos:

Brasília, 14 de junho de 1988Excelentíssimo Senhor Presidente,A Convite do Senhor Erik Honeaker, Secretá­

rio-Geral do Partido Socialista Unificado da Ale­manha e Presidente do Conselho de Estado daRepública Democrática Alemã e por designaçãodo meu Partido - o Partido dos Trabalhadores- comparecerei ao "Encontro Intemacional paraa criação de zonas livres de Armas Nucleares",que irá se realizar nos próximos dias 20 e 22de junho, em Berlim Oriental.

E um dever indeclinável a cumprir, o que meleva a solicitar a Vossa Excelência que me excuse

Brasília, 15 de junho de 1988.Excelentíssimo Senhor Deputado ConstituinteUlysses GuimarãesDigníssimo Presidente da Assembléia NacionalConstituinteNesta

Exrrr' Sr.Dr. Ulysses GuimarãesDD. Presidente da-AssembléiaConstituinte e da Câmara Federal

Venhopela presente solicitar a V. Ex", data vênia,o cancelamento das faltas nos dias 19 a 24 demaio e 26 de maio até o dia 12 de junho, emrazão do meu estado de saúde não permitir, con­forme o atestado médico anexo.

Agradeço-lhe, sensibilizado,o seu atendimento.Cordiais saudações, - EJvin Bonkoski, De­

putado Federal.

Brasília, DF, 16 de junho de 1988

Antecipando agradecimentos, sírvo-me do en­sejo para renovar os protestos de minha elevadaestima e apreço.

Atenciosamente, - Constituinte Alarico Abib.

Do Sr. Constituinte Mário Assad, nos se­guinte tennos:

Senhor Presidente:Tomo a liberdade de solicitar de Vossa Exce­

lência as providências cabíveis no sentido de de­terminar o cancelamento de faltas apontadas aeste Constituinte, compreendendo o período de6 de junho a 13 de junho do corrente ano, confor­me Atestado Médico anexo.

Do Sr. Constituinte Alarico Abib, nos se­guintes tennos:

Do Sr. Constituinte EJvin Bonkoski, nosseguintes tennos: '

Toma-se oportuno o momento para apresentara V.Ex" os protestos de consideração e respeito.

Atenciosamente, - Euclides Sacalco, Depu­tado.

REQUERIMENTOS

Exrrr' Sr.Deputado Ulysses GuimarãesDigníssimo Presidente da Assembléia NacionalCosntituinteNesta

Senhor Presidente,Venho pela presente, solicitar a Vossa Exce­

lência, determinar que sejam justificadas as rní­~as faltas dos dias 8, 9 e 10 de junho corrente,la que naqueles dias me encontrava em Belo Hori­zonte/MG, submetendo-me a exames médicoscom o Oculista Dr. Nassim Calixto, conformeatestado em anexo.

Esperando as providências devidas, agradeço­lhe vossa compreensão, subscrevendo-me res­peitosamente Mário Assad, Deputado FederalConstituinte.

Page 5: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11417

Muitoobrigado.

nanciamentos adquiridos no período do PlanoCruzado, ou seja, até 31 de dezembro de 1987,por pequenas e microempresas e pequenos emédios agricultores.

Essa emenda vem mobilizando toda a classeprodutora do Brasil, de Norte a Sul, de Leste aOeste. Dos mais longínquos rincões temos rece­bido apelos no sentido de que, quando essaemenda for submetida a plenário, estejamos pre­sentes para dar nosso voto favorável.

Reiteradas vezes, desta tribuna - e V. Ex", Sr.Presidente, é testemunha disso - temos defen­dido intransigentemente tal emenda. Da mesmaforma, temos pedido a transcrição de inúmerosdocumentos recebidos de lideranças urbanas erurais, de vereadores, prefeitos, deputados esta­duais, microempresários e pequenos e médiosagricultores.

Assistimos hoje, no programa "Bom dia Brasil",à exposição do presidente da Associação dos Mi­croempresários, Dr. Pedro Cascaes, na qual S.S· fazia veemente apelo para que na próxima se­mana estIvesse em Brasíliao maior número possí­velde microempresários e pequenos agricultores.Acredito ser esta e legítima forma de pressão paraque nós, Constituintes, possamos atender aos an­seios nacionais. Queremos, pois, ratificar que es­taremos presentes para votar favoravelmente aemenda.

A outra proposição é de caráter regional. Tra­ta-se de algo por que a Presidência também tembatalhado e diz respeito aos "soldados da borra­cha", os seringueiros nordestinos recrutados, noesforço da Segunda Guerra Mundial,para o traba­lho de extração do látex nas matas amazônicas,com vistas a abastecer os Aliados na luta contraas nações do Eixo. Temos emendas a respeitodo assunto, visando estender benefícios mais doque justos aos seringueiros, aos "soldados da bor­racha", e seus descendentes. Se cotejarmos alegislação que recrutou soldados para lutar noscampos da Itáliae civispara a Amazônia, a conclu­são, clara e insofismável, será a de que a lutadestes foi muito mais dura 'e penosa do que ados que foram para os campos de batalha.

No entanto, o projeto da Comissão de Sistema­tização e o do "Centrão" privilegiam de maneirabastante diferente os pracinhas, na medida emque apenas timidamente beneficia os chamados"soldados da borracha".

As emendas que submetemos à decisão destaAssembléia visam estabelecer condições maisigualitárias, fazendo justiça àqueles que, aqui, noBrasil, embora não tendo ido para a Itália,enfren­taram endemias, epidemias, enfim, todo tipo dedificuldades, para manter a integridade de nossasfronteiras e contribuir para o esforço de guerra.

Neste sentido, pedimos a atenção do Plenárioe o apoio decisivo de V. Ex', Sr. Presidente, quetem sido um batalhador na defesa desses ho­mens.

o SR. AMAURY MÜLLER (PDT- RS. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, SI'"' e Srs.Constituintes, ontem a Assembléia NacionalConstituinte jogou no lixo da História mais umaoportunidade de demonstrar que o Plenário é real­mente democrático e está atento ao crescenteclamor das ruas. Por apenas 23 votos foi rejeitadaa emenda que pretendia devolver a cidadania aopovo do Distrito Federal, que, desde a instalação

da Capital em Brasília, está Impedido, por uma Ora, Sr. Presidente, não posso concordar comlegislação arbitrária e fascista, de dernonstrar-pe- . a afirmação de que o custo será anunciado. Men­las umas a sua soberania e o seu desejo de cons- tem os Ministros da área econômica, quando fa­truir uma verdadeira democracia. ' Iam em 10 milhões de dólares. Isto não é verdade,

Aliás, isto já não é novidade. Há pessoas que como também equivocada era a afirmação deda boca para fora dizem uma coisa e no seu' . alguns Mimstros militares, de que a anistia paraíntimo agem de forma diferente, dando-se ao luxo' as vitimas da ditadura custaria 180 bilhões dede trabalhar contra as idéias que; ao menos no cruzados, se fossem concedidos os cinco anosseu c:!Jscurso, dizem professar. Os jomais pubií- ' de indenização que nós, democratas, pleiteáva­cam a ação de alguns ConstItuintes de Brasília mos. Amentira continua sendo a tônica das mam­que teriam agido nesse sentido; votaram com a festações oficiais.emenda pró-eleições, manifestaram-se publica- Para encerrar, eu, que não tenho pendor paramente a seu favor, mas nos conluios de corredor a poesia, ne':Jl sou declamador, aproveito duastrabalhavam contra a democratização da Capital quadrinhas de um gênio extraordinário e popular,da República. o Constituinte Nelson Aguiar, a respeito da polê-

O mesmo ocorre com a emenda -dos Consti- mica questão do cancelamento da correção mo­tuintes Mansueto de Lavor Humberto Souto e netária para pequenos e médios agricultores eZiza Valadares, a que, não 'num gesto de larga microempresários:generosidade, mas numa atitude coerente com "Só mesmo a tecnocracia,a realidade nacional, pretende devolveros direitos sanguessugas da Nação,de pequenos e médios agricultores e microem- Insiste ria economia,presários literalmente massacrados pelo Governo ' que vive de correção.da Nova República, com base sobretudo no Plano Se, de fato, 'a correçãoCruzado, o qual, meramente eleitoreiro, deu ao custa mesmo 10 milhões,então poderoso PMDB vinte e dois governadores do outro lado 'do balcão,estaduais e esmagadora maioria na Assembléia há um bando de ladrões,"Nacional Constituinte. ' ' .

Leio hoje nos jornais, Sr. Presidente, alegaçõesde que, se concedido o cancelamento dessa cor-reção monetária, os bancos estaduais irão à falên-. O SR. LÉZIo SATHLER (PMDB _ ES. Semcia. Continua-se usando o argumento pífioe esfar- revisão do orador.) _ Sr. Presidente, Sr", e Srs,rapado de que o custo social do cancelamento Constituintes, o tema, ao qual o ilustre Constí-da correção monetária sobre esses débitos seria tuinte Amaury Muller acaba de fazer referência,de um trilhão e setecentos ,bilhões de cruzados,' nas últimas semanas e _ por que não dizer?o equivalente, hoje, a dez milhões de dólares. Vou' _ até em termos de meses, vem crescendo emrepetir um argumento que tem sido sistemati- rmportáncia e a cada instante, ocupa espaço nestacamente usado pelos defensores da Idéia. Não' Assembléia Nacional Constituinte, bem como nasé monótono, cansativo ou asfíxíante, mas é racío- sessões do Congresso Nacional, da Câmara doscinio verdadeiro, matemático, científico. Se for Deputados e, de igual forma, no Senado Federal.concedido este benefício social a pequenos e mê- É fácilimagin'arque, nas Assembléias Legislativasdios agricultores e microempresários, na verdade' e nas Câmaras de Vereadores de'todo o País,a Nação despenderá algo em torno de 183 bilhões também seja um CIos temas mais frequentes.de cruzados, assim distribuídos: 156 bilhões relà-' Vejam,Srs. Constituintes, que poderíamos aquitivo a pequenos e médios agricultores, e 27:a realizardebates e reflexões sobre matéria eminen-microempresários. " .. " temente constitucional. Todavia, isto não ocorre,

Não posso concordar com os argumentos porque não é possível ígnorar o que está aconte-apresentados pelos que desfraldaram a bandeira cendo. A crise que nos atinge não estaria tãodo antipovo, da antinação, exatamente contra os ' acentuada se o Poder Executivo, pelos organis-segmentos que produzem, que' geram riquezas, mos da área financeira e econômica do governo,empregos, impostos', e, muitas vezes, apenas fan-, tivesse, no 'momento oportuno, a' responsabili-tasíando-se de ardorosos defensores do povo. dade, a coragem de tomar providências a respeito

O Decreto n° 167, editado durante a ditadura do problema.rmlítar, virtualmente proíbe a incidência da corre- Temos ouvido que este Governo só age nação monetária sobre a cédula rural pignoratícia. ' base de pressão política,da pressão da sociedade.Isso significa que não se pode cobrar, como se Agrande pressão é a própria crise. Recentemente,faz, abusiva e autoritariamente, correção mone-, o próprio Presidente da República dizia que otána sobre, débitos contraídos por pequenos e Estado chegou à exaustão. E triste, é lamentávelmédios agricultores para custeio e investimento. o desgoverno que contaminou a sociedade intei-No entanto, centenas de modestos e anônimos ra, dado o descrédito no atual Governo, por suaprodutores da riqueza nacional, nos confins deste falta de posicionamento correto nos momentosPaís, tiveram, inclusive, suas terras tomadas por adequados Os que fazem sua defesa insinuambancos, que executaram essas dívidas lastreadas que, durante o Plano Cruzado o Governo não to-no peso insuportável da correçãomonetéria Má-· mou a atitude que deveria em razão de pressõesquinas, implementos, e até animais, foram usur-: por parte de alguns segmentos políticos, Frágil,pados de pequenos e médios agricultores que imbecil declaração, eis que não se pode admitirnão conseguiram saldar, no tempo devido, seus que, em faces das pressões, um estadista, umcompromissos, e muitos bancos avançaram nas Presidente da República deixe de tomar uma deci-terras sob a proteção de uma lei míope e capenga são que se faz necessária, Hoje vemos as conse-que, apesar da sua miopia; foi, inclusive,-inob- qüêncías disso. O Presidente da República e osservada. . Ministrosda área econômica é que não tomaram

Page 6: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11418 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

uma decisão corajosa, necessária, no momentocerto. Não fosse isto e esta Assembléia NacionalConstitumte estaria livrepara debater temas comoo da anisna às micro, pequenas e médias empre­sas, ou o da falência do setor rural. Mas, comoa Constituinte tem de ser intérprete da situaçãonacional protestamos contra este Govemo, co­brando soluções.

Ao mesmo tempo, fazemos um apelo aos mes­mos que aqui estiveram para garantir o mandatode 5 anos para o Presidente José Sarney e parasustentar o regime presidencialista no sentido deque no momento em que vamos votar matériade tamanha importância - que representa a sal­vação de 10 milhões de micro e pequenas empre­sas, de produtores rurais - tenham a mesmapreocupação, a mesma assiduidade, o mesmoespírito. Agora devem comparecer com o com­promisso de aprovar esse conjunto de emendasque representa a anistia desses setores.

Não se trata de perdão algum, de favor algum,trata-se, isto sim de um princípio de justiça, ouseja, dar a cada um o que lhe pertence. Não pode­mos permitir que o setor financeiro, que ao longodos últimos anos, só teve lucros continue crescen­do, principalmente às custas do micro e do peque­no produtor deste País. Chega de o sistema fínan­cetro, em concluio com o Governo.estar semprefazendo sofrer esses setores menos favorecidos.Chega de o Governo fazer terrorismo com núme­ros, dizendo que isso vai provocar uma evasãodo Tesouro e vai aumentar o déficit público. Epreciso entender que, acima de tudo, salvar esses10 milhões de produtores e de micro empresáriosrepresenta um investimento.

Por isso, Sr. Presidente, Srs. Constituintes, espe­ramos que, na próxima semana quando certa­mente as galerias estarão lotadas, já que um gran­de número de representantes do setor fará seuloby justo e necessário a Assembléia NacionalConstitumte aprova esse conjumto de emendas,possibilitando ao setor produtivo da nossa econo­mia a sua salvação.

o SR. DORETO CAMPANARI (PMDB ­SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presi­dente, SI"'" e Srs. Constituintes, desde que o Sr.José Sarney conquistou os cinco anos de man­dato e com o agravamento da crise econômico­financeira, disparando os impostos e as tarifaselétricas, telefônicas, além do preço do petróleoe da ameaça que pesa sobre o Proálcool, nãoé nada de mais que se esteja propalando a oportu­nidade de uma reforma ministerial, que atinja,inclusive, o Sr. Mailson da Nóbrega, autor dasmaiores Injustiças que o contribuinte conheceu,até hoje, na política financeira.

Quem não gostou das notícias sobre a reformafoi o Mínistro Luíz Henrique - talvez por sentir-seameaçado -, declarando diante da pergunta deum repórter sobre o assunto:

"Parece que o brasileiro gosta de crise,gosta de instabilidade, gosta de indefinição.A única pessoa que caberia criar condiçõespara essa Interrogação seria o Presidente daRepública, que tem desmentído, categorica­mente, inclusive, recentemente, em NovaYork, qualquer mudança ministerial."

Confia muito o Ministro na palavra do Presi­dente, por não ter memória ou por obrigação

de oficio. O Sr. José Sarney declarou que limitavaem quatro anos seu mandato. Depois lutou deses­peradamente pelos cinco anos, até obtê-los Tam­bém afirmou que jamais assinaria um decreto-lei,dividindo a responsabilidade de legislar com oCongresso. Até hoje, porém, nenhum presidentebaixou tantos decretos-leis em ígual período, al­guns, em matéria financeira, revogando o anteriordois anos depois,

Se os jornalistas fazem tais perguntas é que"onde há fumaça, há fogo", e só não circulamapenas os aviões de carreira...

Entretanto, o Ministro objeta:

"No momento em que se fala em mu­dança ministerial, praticamente para a má­quina do ministério, porque todos os esca­lões inferiores ficam na escuridão, na dúvida,se o seu Ministro permanece ou não:'

No presidencialismo é assim. A dúvida sempreestá no ar. No parlamentarismo a queda de umgabinete não leva o pânico à alta burocracia.

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente.

O SR. ELIAS MURAD (PTB -MG. Sem revi­são do orador.) -Sr. Presidente, Sr" e Srs. Consti­tuintes, os jornais de todo o Brasil publicaramontem um manifesto dos intelectuaís mineiroscontra a divisão do Estado de Minas Gerais, assi­nado por praticamente toda a inteligência do nos­so Estado, desde os membros da Academia Mi­neira de Letras até os maiores escritores; cientis­tas, pesquisadores e professores.

Quero registrá-lo nos Anais da Assembléia Na­cional Constituinte, chamando a atenção, princi­palmente, para um de seus trechos: "DividirMinasé retirar do Brasil algo que integra de maneiraindelével a sua história, o seu presente e o seuMuro:'

Ontem alguns separatistas distribuíram um vo­lante ao Plenário desta Assembléia, sob o título:"O Triângulo não fará falta a Minas." Mas acres­centamos que Minas fará falta ao Triângulo.

Sr. Presidente, colegas Constituintes, querotambém fazer um regístro a respeito do Decreton° 96.904, que praticamente extingue as funda­ções em todas as universidades brasileiras. Parti­cularmente, quero falar sobre uma delas, a Funda­ção Mendes Pimentel, de Minas Gerais.

A Fundação Mendes Pimentel foi criada em1930, antes mesmo da criação da própria UFMG,e tem assistido, no decorrer desses 58 anos, maisde 3 000 alunos carentes, contribuindo de formadecisiva para uma das principais reivindicaçõesdos estudantes na área da educação: ensino públi­co e gratuito. .

Nesse contexto, é imprescindível que se ofereçaao aluno não só um curso, mas principalmentecondições que o permitam manter-se durante asua estada na Universidade. Assim, é necessárioque se crie uma infra-estrutura capaz de garantirao aluno também assistência a sua saúde (médi­co-odontológica), seu equilíbrio psicossocial, suaalimentação a baixo custo, fihanciamento de seumaterial escolar etc. Para quelse pesque um peixe,não basta apenas a existência do rio. É precisoque exista também a vara, o anzol e a isca.

Deste modo, a Fundação Mendes Pimentel tematuado, mesmo com sua pouca - e diga-se depassagem, própria - verba, em todas essas áreas,proporcionando ao aluno comprovadamente ca-

rente tais condições É inadmissível, portanto, quese venha a extinguir uma das poucas coísas quetêm dado certo no País, e que, em absoluto, trazqualquer tipo de ônus à Umão.

O objetivo da Fundação é criar condições paraque alunos pobres ingressem na Universidade e,principalmente, nela permaneçam até sua forma­tura, distanciando, assim, de nossa realidade ofantasma da evasão.

Nosso País precisa de pessoas altamente quali­ficadas. Para tanto é necessário incrementar oensino umversitário. E não será extinguindo umaFundação, que só benefícios tem trazido, que issoacontecerá. Não podemos fechar os olhos a essamutilação do patrimônio do próprio setor da edu­cação brasileira.

MAf'lIFESTOA QUE SEREFERE O ORA­DOR:

AO POVO BRASILEIRO

Os intelectuais mineiros, alarmados com a pos­sibilidade do seccionamento do Estado de MinasGerais, tornam púbhco seu repúdio a manobrasdivisionistas que violentam o espínto de unidadenacional.

Qualquer estudo político que se detiver no exa­me do fenômeno da unidade geográfica brasileira,concluirá que é do espínto mineiro, de sua mode­ração e de seu equilíbrio, que resultou a ínteqrí­dade territorial do País.

No plano político, caso se concretize essa ina­ceitável divisão, conseqüências desastrosas suce­derão no Poder Moderador Mineiro, tantas vezesacionado nos momentos cructaís da vida brasi­leira.

Interesses pessoais momentâneos, subalternosou imediatistas, ligados mais às realizações deduvidoso êxito político ou efêmera demonstraçãode prestígio, não poderão preponderar sobre asmais lídimas, legítimas e inalienáveis aspiraçõesdo País.

Entre a ruptura demagógica e o Brasil, impõe­se o voto pelo Brasil, com o revigoramento dosEstados, atribuindo-se-lhes, isto sim, maiores so­mas de competências e melhores alternativas deagilizarem programas regionais para atendimentoao nosso sofrido povo. Dividir Minas é retirar doBrasil algo que integra de maneira indelével asua história, o seu presente e o seu futuro,

Os Intelectuais mineiros estão certos de quenossos constituintes saberão assimilar o proble­ma, tendo em vista as invejáveis unidade políticae geográfica brasileiras, de que somos todos, emúltima análise, os responsáveis diretos., Academia Divinopolitana de Letras - Acade­

mia Feminina Mineira de Letras - Academia deLetras de Viçosa - Academia Mineira de Letras- Adão Ventura, escrítor - Adélia Prado, escn­tora - Ademir R. Silva, crítico de cinema - Adil­son Carlos Fernandes, jornalista - Adilson Rodri­gues, jomalista - Afonso ÁVila, escritor - AfonsoBorges Filho, escritor - Afonso Romano deSant'Ana, escritor - Afonso de Souza, jornaíísta- Alan Viggiano, escritor - Alberto Barroca, es­critor - Alberto de Senna Batista, jornalista ­Alciene Ribeiro Leite, escritora - Alcir Pires ver­melho, compositor - Alexâma Itapuan Goularí,jornalista - Alvaro Andrade Garcia, escritor ­Álvaro Apocalypse, artista plástico - Ana ElisaGregori, escritora - Ana Maria Duarte Nunes de

Page 7: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11419

Souza C. e Bragança, escritora - Ana Raquel,ilustradora - Ângela Carrato, jornalista - ÂngelaDomeles Vaz Leão, escritora - Angela Lago, ilus­tradora - Ângela Leite de Souza, escritora ­Ângelo Osvaldo de Araújo Santos, jornalista ­André Carvalho, escritor - André Marques daSilva, jornalista - Aníbal Cristiano Pena, jornalista- Antônio Barreto, escritor - Antômo Cândidode Mello e Souza, crítico literário - Antônio CésarDrummond Amorín, escritor - Antônio Cocenza,jornalista - Antônio Lisboa Meira, jornalista ­Antônio Savino, escritor - Augusto Duarte, jorna­lista - Austen Amaro de Moura Drummond, es­critor - Autran Dourado, escritor - Baptista Cha­gas Almeida, jornalista - Benedito Paulo Noguei­ra, escritor- Benito Barreto, escritor- BenjaminAbaliac, jornalista - Bernardo Andrade Carvalho,escritor - Beto Guedes, cantor - Borjalo, cartu­nista - Branca Maria de Paula, escritora - CarlosÁvila,escritor - Carlos Armando, crítico de cine­ma - Carlos Felipe de M. Marques Horta, jorna­lista - Carlos Gropen, jornalista - Carlos Hercu­lanó Lopes, escritor - Carlos Pereira, jornalista- Carlos Perktold, marchand - Carlos RobertoPellegrino, escritor - Carlos Wolney Soares, artrs­ta plástico - Celene Caldeira Brant, artista plás­tica - Celina Machado, jornalista - Célio Horta,jornalista - Célius Aulicus, jornalista - CelrnaA1vim, artista plástica - Celso Adolfo, cantor ­Chanina Szejnbepi, artista plástico - Chico Mari­nho, chargista - Clara Arreguy, jornalista - Cláu­dia Renault, artista plástica - Claudinê A1bertine,jornalista - Cleonice Rainho, escritora - CristinaAgostinho, escritora - Daniel Gomes, jornalista- Danilo Andrade, jornalista - Déa Januzzi, jor­nalista - Décio Meíreles de Miranda, escritor ­Délcio Monteiro de Lima, escritor - Delfim Afon­so Jr., escritor - Dirceu Mesquita Horta, jornalista- Djalma Corrêa, músico - Djalma Gomes, jor­nalista - Dom Marcos Barbosa, escritor - Dou­glas Bicalho Dias, desenhista - Duílio Gomes,escritor - Edméia Passos, jornalista - ElianaMourão, artista plástica - Eliana Rangel, artistaplástica - Elisa Melo, jornalista - Elizabeth Car­valho Guimarães, historiadora - Eloy do PradoBrandão, jornalista - Elza Beatriz, escritora ­Emílio Grinbaum, crítico literário/médico - Eras­mo Ângelo, jornalista - Everton de Paula, jorna­lista - Eurípedes Alcântara, escritor - EymardBrandão, artista plástico - Fábio Lucas, críticoliterário - Fábio Pompeu, jornalista - FernandoBrant, compositor - Fernando Cesário, médico/escritor - Fernando Mitri, escritor - FernandoMorais, escritor - Fernando Rios, escritor - Fer­nando Sahíno,escritor - Fernando Veloso, artistaplástico - Fernando Sasso, jornalista - Fernan­do Teixeira, escritor - Flamínio Fantini, jornalista- Flávio Orsini Costa Vai, crítico de cinema ­Flávio Venturini, cantor - Francisco Brant, jorna­lista - Francisco Iglésias, escritor - FranciscoSantana Resende, jornalista - Francisco SthelingNeto, jornalista - Gabi Santos, jornalista - GentilUrsine do Vale, escritor - Geraldo Álvares, editorde livros - Geraldo França de Lima, escritor ­Geraldo Ludovico, ator - Geraldo Magalhães, jor­nalista - Geraldo de Oliveira Simões, jornalista- Geraldo Teles de Oliveira (G.T.O), escultor­Gilberto Faria, escritor- Gilberto Mansur, escritor- Giovana Martins, artista plástica - Gracie San­tos, jornalista - Grande Otelo, ator - Haley Car­neiro, jornalista - Hélio Marinho, cantor - Helos

Porfírio, jornalista - Henrique Novais, jornalista- Heraldo' Melo A1vim, escritor - Higma Bruzzide Melo, escritora - Híldebrando Pontes Neto,escritor - Ieda Prates Bernis, escritora - IldeuBrandão, escritor - lone Bernadete Dias de Mo­rats, jornalista -Ildamaris Féhs, jornalista -Isau­ra Pena, artista plástica - Isaac Karabtchevsky,maestro -Isaías Golgher, historiador - Ítalo Ber­toleti, escritor - Ivan Ângelo, escrito - IvanDrummond, jornalista - Ivan Vasconcelos, escri­tor -Ivany Rocha, jornalista -Jacques do PradoBrandão, escritor -Jaime Pra80 Gouvêa, escritor- Jarbas Juarez, artista plástico - Jeferson An­drade, escritor - João Bosco Carneiro Barbosa,jornalista -João Luís Traverso, jornalista -JoãoEtienne Filho, escritor - Jonas Bloch, ator ­José Adão Fialho, escritor -José Cercchi Fusari,escritor - José Márcio Penido, jornalista - JoséMana Mayrink, escritor - José Maria Cançado,jornalista -José Maurício VidalGomes, jornalista-José Procópio, psiquiatra/escritor-José Zubaico de cinema - José Romualdo Quintão, artistaplástico - Jorge Fernando dos Santos, escritor- José Eustáquio de Oliveira, jornaliSta - JoséHenrique de A Guimarães, livreiro - .JussaraGonçalves, jornalista - Lacyr Eschetino, escritora- Laetitia Renault, artista plástica --"- Laís Corrêade Araújo, escritora - Lauricy Belletti Rodrigues,escritora - Lázaro Barreto, escritor - Leda Bou­chat, escritora - Leopoldo José de Oliveira, jorna­lista - Letícia Malard, escritora - Ligia Lippi,artista plástica' - Lindolfo Paoliello, escritor ­Lino Albergaria, escntor - Lizabeth Emermmar­cher, artista plástica - Lô Borges, cantor- LucasRaposo, jornalista/músico- Lúcia Helena Gazela.jornalista - Lúcia Machado de Almeida, escritora- Lúcia Magalhães Barbosa, escritora - Lucíene'Takahashi, jornalista - Lúcio Perez, jornalista -:Luís Carlos Dolabela Chagas, escritor - Luís Fer­nando Rufato, escritor' - Luís Carlos Bemardes,'jornalista - Luís Nacif, escritor - Luís Paulo Fer­reira de Andrade, dramaturgo - Luís Vilela,escri­tor - Manoel Lobato, escritor - Marcelo CastilhoAvelar, crítico de cinema - Marcelo Perine, escri­tor·- Marcemírio de Oliveira, escritor - MárCIaPortela, jornalista - Márcio Almeida, escritor ­Márcio Sampaio, artista plástico/escritor - MarcoFalabella, jornalista - Marco Túlio Resende, artis­ta plástico - Marcos Coelho Benjamin, artistaplástico - Marcos Pedroso, escritor~Maria An­gélica Melendi (Pitti), artista plástica - MargaridaMaria Andrade B. de Oliveira Mega, escritora ­Maria Camargos Rocha, escntora - Maria Cân­dido Aguiar, escritora - Maria Clara Prates, [orna­lista - Maria Cléa Borges, jornalista - Maria Cris­tina Rodnques, jornalista - Maria de Lourdes DiasReis, escritora - Maria de Lourdes Schaefer, jor­nalista - Maria do Carmo Brandão, escritora ­Maria Helena Andrés, artista plástica - Maria He­lena de Andrade Linhares, jornalista - Maria JoséQueirós, escritora - Maria LÚCIa Godoy, cantora/escritora - Maria Vilma de Oliveira, escritora ­Marilton Borges, músico - Marina Nazareth, arns­ta plástica - Mário Flecha, jornalista - MárioGarcia de Paiva, escritor - Mário Sérgio Brant,jornalista - Mário Teles de Oliveira, escultor ­Mário Vale, artista plástico - Mário Zavagli, artistaplástico - Maristela Carneiro, jornalista - Maris­tela Tristão, artista plástica '- Marly F. Álvares,jornalista - Mauro Horta Neves, jornalista - Mau­ro Mendonça, ator - Mauro Werkema, jornalista

- Melchiades Cunha Júnior, escritor - Micitausdo Issás, escritor - Miguel Resende, ator - MiltonNascimento, cantor - Moacir Laterza, artista plás­tico - Mônica de Castella Noronha, escritora ­Mônica Machado de Almeida, artista plástica ­Mônica Sartori, artista plástica - Murilo Antunes,compositor/escritor - Murdo Fehsberto, escritor- Murilo Rubião, escritor - Napoleão da CruzMatos, historiador - Neander de Oliveira César,jornalista - Neide Magalhães Fonseca, jornalista- Nirlando Beirão - Ofélia Bhering, jornalista- Olavo Romano, escritor - Oldack Esteves,jornalista - Olívio Tavares de Araújo, artista plás­tico - Olympio da Cruz Simões Coutinho, jorna­lista - Osvaldo André de Melo, escritor - Oswal­do França Júnior, escritor - Otto Lara Resende.escritor - Pascoal Mota, escritor - Paulinho As­sunção, escritor - Pauhnho Pedra Azul, cantor- Paulo Celso R.Ramos, jornalista - Paulo Faria,jornalista - Paulo Laender, artista plástico - Pau­lo Mendes Campos, escritor - Paulo Mercadante,escritor - Paulo Roberto A. Nogueira, jornalista- Paulo Schrnidt, artista plástico - Pedro NunesVIeira,escritor - Priscila Freire, teatróloga - Ra­rnon Garcia y Garcia, jornahsta - Regina PintoZigoni, escritora. - Ricardo Grinbaurn, jornalista- Rique A1eixo de Brito, escntor - Rita Espeschit,escritora - Robertinho Brant, compositor - Ro­berto Drurnrnond, escritor - Robson Damasce­no, escritor - Rogério Miranda, jornalista - Ro­gério Ramos Pimentel, escritor - Ronald Claver,escritor - Ronaldo Bastos, compositor - Ro­naldo Simões Coelho, escritor - Ronaldor, ator- Rosângela Rennó, artista plástica - RosanaBrant, jornahsta- Rui Castro, escritor - Rui Mar­cos Silveira de Almeida, jornalista - Rui Mourão,escritor - Ruiter Miranda, jornalista - Ruth Bar­ros, escntora - Sábato MagaldI, crítico de teatro- Sara Avila,artista plástica - Sebastião GeraldoBreguês, jornalista - Sebastião Milagre, escritor- Selma Weissrnann, artista plástica - SérgioAugusto Carvalho, jornalista - Sérgio Fantini, es­critor - Sérgio Vaz, escritor - Silas Alberto Perei­ra, jornalista - Sílvia Helena Laporte, jornalista- Silviano Santiago, escritor - Sílvio do AmaralMoreira, jornalista - Sindicato dos Escritores deMinas Gerais - Solange Borges, cantora -SôniaLabouriau, artista plástica - Son Salvador, jorna­lista - Stella Libânio Christo, escritora - TadeuFranco, cantor- Tavinho Moura, cantor - TeloBorges, cantor - Tereza Cristina Soares de Souza(Tecris), jornalista - Terezinha Alvarenga, escri­tora - Terezinha Azeredo Rios, escritora - Tere­zinha Soares, artista plástica - Terezinha Veloso,artista plástica - Theódulo Amaury da Mota, jor­nalista - Títane, cantora - Tonico Mercador,escritor - Toninho Horta, cantor - UmbertoWerneck, escritor - ValdirVasconcelos, jornalista- Vera Godoy, jornalista - Victor Couri, jornalista- Vilrna Fazito, jornalista - Vilrna GuimarãesRosa, escritora - VivaldiMoreira, escritor - VíVl­na de Assis Viana, escritora - Virgínia Pinheiro,escritora - Wander Caldeira Brant, jornalista ­Wagner Torres, escritor - Wagner Seixas, jorna­lista - Wagner Tiso, músico - Wayne Fernan­des, jornalista - Wdliarn Souza Santos, jornalista- Wilson Coelho Leão, escritor - Wilson Figuei­redo, escritor - Wilson Frade, jornalista - YéBorges, cantor - Zancar Duarte, jornalista - Zé­Iio Alves Pinto, artista plástico - Ziraldo, escntor- Zulrnira Rolirn de M. Lins, escritora.

Page 8: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11420 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Junho de 1988

o SR. PAULO DELGADO (PT - MG. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, SI""" e Srs.Constituintes, a função das Disposições Transi­tórias num texto constitucional é sempre preparara nova ordem que, teoricamente, se inicia coma entrada em vigor do novo texto que se estápreparando. São, por sua própria essência e natu­reza, um veículo para ser usado pela sociedadeque se quer construir com o novo texto constitu­cional, que necessita de algumas adaptações, afim de que não haja um processo de dificuldadeacrescido pelo descuido ao redigir-se esse texto.

No entanto, sem discutir o mérito e a naturezaprogressista ou reacionária e conservadora do tex­to permanente votado no primeiro turno da As­sembléia Nacional Constituinte, o que estamosobservando nas Disposições Transitórias é que,em vez de preparar a transição, elas estão muitomais vinculadas à preocupação, a partir da obser­vação de seus artigos e parágrafos, de cristalizardistorções e injustiças e manter a velha ordemdentro da nova ordem. É uma verdadeira subver­são do conceito do que sejam Disposições Tran­sitórias.

Sr. Presidente, observando a imprensa de hoje,é lamentável perceber que o povo deste País eseus trabalhadores são os mais desprotegidosnesta parte da Constituição. Não há, nos artigose parágrafos do Ato das Disposições Gerais eTransitórias, qualquer preocupação em conter aescalada de abusos da política econômica que,quando a nova ordem constitucional entrar emvigor, não terá forças para impedir a destruiçãoprovocada pelo velho, que, hoje, além de antigoe ultrapassado, é administrado de maneira perver­sa, não atendendo aos interesses populares.

Apolíticaeconômica do Governonão se detém,não há qualquer preocupação em criarcondiçõesde sobrevivência para o nosso povo. Há mesmoo risco de termos uma Constituição nova, masum povo sem condições mínimas de exercer acidadania de pleno direito.

O pão francês sobe quase 19% no dia de hoje,acumulando um aumento de 215,13% desde oinício do ano, contra uma inflação de 123,99%.Além disto, nos supermercados os preços sobemquase 20% neste fimde semana. Acarne continuasubindo acima da inflação.Os que têm o privilégiode possuir telefone, também a partir deste fimde semana pagarão tarifasquase 20% mais caras.O leite tipo "C" - mais uma coloração brancaque leite - sobe de 50 para 61 cruzados; O dotipo "B", de 85 para 100 cruzados.

A transitoriedade, Sr. Presidente, não estamosconseguindo dar às Disposições Transitórias,maso Governo, com essa política de massacre, impe­de que o cidadão, sem as mínimas condiçõesde sobrevivência, transite de uma velha ordempara uma nova.

Encerro com a observação do consumidorEduardo Ribeiro, de São Paulo, que, numa pada­ria, diante da surpresa diária com o preço cadavez mais alto de todos os gêneros de primeiranecessidade, afirma:

"Olimpíada dos preços. As chances de oconsumidor maltreinado, subnutrido, con­quistar uma medalha são remotas. Ele sabe,desde o começo, que vai chegar sempreatrás. Se insiste em correr, é porque estávivo e não pode renunciar à esperança devencer."

É essa sobrevída do nosso povo, Sr. Presidente,que permite imaginar que este Governo,por maisviolento, insensível e incapaz que seja, não vaiconseguir derrotar a população, que ainda man­tém a esperança.

O Sr. Darcy Deitos - Sr. Presidente, peçoa palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - TemV. Ex' a palavra, pela ordem.

O SR. DARCY DEITOS (PMDB - PRo Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, são 9h39mino Ontem o Presidente UlyssesGuimarães con­vocou uma sessão para hoje, às 9:00h, afirmandoque às 9h30min seria feita a verificação de quo­rum.

Solicito,pois, a V.Ex' que faça essa verificação,porque não é justo que os Parlamentares quepermaneceram em Brasília para dar número aesta sessão fiquem prejudicados nas suas via­gens, se porventura não for obtido quorum sufí­ciente para dar andamento a esta reunião.

É a solicitação que faço a V. Ex'

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - APresidência deseja informar ao Plenário que, on­tem, durante a sessão, instado por alguns Consti­tuintes, o Presidente Ulysses Guimarães assegu­rou que, na reunião de hoje, às 9h30min, seriafeitaverificaçãode quorum. Esta Presidência nãotem por que deixar de acatar a decisão do Presi­dente Ulysses Guimarães e fará, em seguida, achamada dos Srs. Constituintesque se encontramnas dependências do Congresso, para que ve­nham diretamente ao plenário, a fim de que seproceda à verificação de quorum e, assim, sepossa dar seguimento ao processo de votaçãodas matérias constantes da Ordem do Dia.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Con­cedo a palavra ao nobre Constituinte 'fito Costa.

O SR. TITO COSTA (PMDB - SP. Sem revi­são do orador.)-Sr. Presidente,SroseSrs. Consti­tuintes, quero registrar nos Anais da AssembléiaNacional Constituinte a comemoração dos 80anos da imigração japonesa para o Brasil.

Ex-Prefeito de São Bernardo do Campo, ali tiveum convíviomuito grande com os membros dacomunidade japonesa, que, em São Paulo e ou­tros recantos do Brasil, trouxeram contribuiçãovaliosíssima para o desenvolvimento brasileiro,não só no que se refereà agricultura,mas tambémàs artes e a outras atividades humanas.

Precisamente hoje, 17 de junho, quando chegaa São Paulo o PríncipeFumihito, da Casa Imperialjaponesa, queremos registrarnossa alegria e satis­fação pela comemoração dos 80 anos da chega­da do primeiro contingente de migrantes japone­ses, que para cá vieram enfrentando grandes ad­versidades, mas que aqui se radicaram e deramexcelente contribuição ao nosso desenvolvimen­to, a qual todos nós, brasileiros, devemos reco­nhecer, aplaudir e agradecer.

Meu aplauso e meu agradecimento, portanto,à valorosa colônia japonesa, que, repito, tem sido,na sua integração com o Brasil, um dos fatorespreponderantes do progresso do nosso País.

O SR. LUIZ SOYER (PMDB-GO. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr'" e Srs.Constituintes, pretender equiparar os preços do

álcool e da gasolina - idéia que vem sendo estu­dada no Ministério da Fazenda-é uma rematadaloucura e podem depor a respeito o Sr. OsiresSilva, Presidente da Petrobrás, e o Sr. AurelianoChaves, Ministro das Minas e Energia.

Por isso mesmo os consumidores e produtoresde álcool hidratado no Estado de Goiás estãose movimentando contrariamente a qualquer re­solução do Conselho Nacional do Petróleo nessesentido, sustentando que a equiparação de preçosentre os dois combustíveis resulta na destruição,a curto prazo,do Proálcool,um dos planos válidosdos Governos anteriores, justamente quando o"boom" do petróleo começou a exigir, de todosos povos consumidores do mundo, uma soluçãoao menos parcial, pela produção de novos com­bustíveis,desde o aproveitamento da energia solaraté a utilização do lixoe da energia das marés.

Demora o reajuste dos combustíveis justamen­te em vista dessa reação, mas não tardará a vir,reduzindo-se a diferença entre o preço do álcool'e da gasolina, intenção que vem de longo tempo.

O Presidente da Sociedade Goiana de Produ­tores de Álcool, já declarou que se a equiparaçãoocorrer, irá à falência o Proálcool, com gravesprejuízos para o Estado, que tem nada menosde trezentos mil veículos movidos a álcool circu­lando, enquanto nada menos de vinte e uma usi­nas serão condenadas à concordata ou à falência.

Mas não é só isso. Existem, em todo o Paíscerca de quinhentas destilarias,gerando cerca deoitocentos mil empregos diretos e mais de trêsmilhóes indiretos.

Sabe-se que, para a extração de um barril depetróleo, são utilizados0,6 por cento de empregosdiretos, enquanto para produzir um barril de ál­cool, mobilizam-se cerca de quatro empregos,ou seja, a produção do álcool gera sessenta vezesmais empregos que a de gasolina.

Isso deve pesar na balança, quando há subem­prego no Brasil, constituindo-se num risco gravea realizaçãodessa mudança pelo Conselho Nacio­nal do Petróleo, quando estudos do Ministério deMinase Energia, para justificar a equiparação depreços, não ignoram esses aspectos negativose ameaçadores, tanto mais quando, desde abrilde 1987 foicrescente a melhoria da situação ener­gética no País, reduzindo-se a importação da pe­tróleo, apesar do aumento da frota circulante. Pa­ralelamente, melhorou a tecnologia na produçãode motores, que passaram a consumir menoscombustíveis, inclusiveo álcool hidratado.

Era o que tínhamos a dizer.

O SR. ONOFRE cORRÊA (PMDB - MA.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, faço, desta tribuna do Parla­mento brasileiro,um apelo ao Governador Epítá­cio Cafeteira no sentido de que encaminhe rnen­sagem à Assembléia Legislativa do Estado do Ma­ranhão propondo a emancipação políticado Dis­trito de São Pedro de Água Branca, atualmentepertencente à cidade de Imperatriz.

Acha-se ele distante cerca de 180km da sededo Município, estando situado na divisa com oPará e Goiás. Sua população é grande, mas seencontra tristemente abandonada pela Prefeiturade Imperatriz, que não se tem preocupado comas necessidades básicas de sua população traba­lhadora e ordeira.

Page 9: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Sábado 18 11421

Esse Distrito, juntamente com Vila Nova dosMartírios e Primeiro Cocal, possui todas as condi­ções para gerir, sozinho, os seus destinos políti­cos. Estou consciente, devido aos contatos quevenho mantendo com a comunidade, de que esseé o anseio desses três núcleos populacionais doatual Município de Imperatriz.

Entendo e sempre defendi esse ponto de vistaque devemos oferecer condições práticas e legaispara que os Distritos possam ter as oportunidadesdevidas para se afirmarem. Abandonados comose encontram atualmente, esses três Distritos so­frem uma marginalização injusta e indevida. Con­tribuem, significativamente, para a arrecadaçãomunicipal e nada recebem em troca.

Estou certo de que o nobre Governador Epitá­cio Cafeteira será sensível a essa reivindicação,e dentro de muito pouco tempo haverá mais umpujante MUOlcípio trabalhando para o progressodo nosso Estado do Maranhão.

Era o que tinha a dizer.

O SR. FRANCISCO ROLLEMBERG(PMDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso.)- Sr. Presidente, Srs. Constituintes, acima de to--dos os interesses está a força do direito.

O mesmo zelo demonstrado pela Bahia na de­fesa da manutenção do seu território, tal comohoje, embora erroneamente demarcado, guardaa devida proporção com o temor do esbulho con­forme sentido, há mais de um século, pelo Estadode Sergipe.

O Território baiano se restringia, à êpoqa doBrasil Colônia, à reqrão do Recôncavo, ocupandocerca de 4.000km2

, onde se sedíava'o GovernoGeral. Tratava-se de uma área restrita, destinadaexclusivamente ao exercício da edmínístraçãocentral da imensa terra descoberta pelos portu­gueses.

Com a mudança da Govemadoria Geral parao Rio de Janeiro, iniciou-se o processo avassa­lador daquela então Provincia, em detrimento, porcerto, das regiões vizinhas. No início do séculoatual, a área da Bahia já contava com 420.427km2

atingindo, hoje 559.951km2• Foi esta uma expan­são incompreensíveL É como se o antigo DistritoFederal, após a mudança da Capital para Brasília,ocupasse todo o Estado do Rio de Janeiro. Noentanto, limitou-se a transformar-se em Cidade­Estado, o da Guanabara, mantendo integralmentesua extensão territorial. Ao contrário, a Bahra seexpandiu.

Deve considerar-se os mecanismos emprega­dos para obter tal aumento territorial. Em relaçãoa Sergipe, foram usurpados mais de 18.000km2

,

reduzindo-se a área de pouco mais de 39.000km2,

segundo informação oficial do Governo da Bahia,para 21.059km2. A partir do clIlO de 1904 - noinício de século, portanto - enquanto a superfícieda Bahia aumentava inexplicavelmente, tambémde forma inexplicável a área de Sergipe sofriadrástica redução de quase 50%.

Encontram-se em meu poder vários documen­tos fidedignos que comprovam a primitiva super­fície do meu Estado. Entretanto, Senhores, comonão busco estimular a discórdia, não advogo adevolução da área total usurpada. Proponho, pormeio da Emenda Aditivan° 2P00587-O, o retomode apenas 3.000km2 à superfície do Estado; aoinvés dos treze municípios subtraídos à organi­zação político-administrativa sergipana, a reínte-

gração de apenas três: Jandaíra, ltapicuru e RioReal.

Coerente com o espírito conciliador dos meusirmãos sergipanos, persigo o entendimento e acompreensão.'Foram esses os objetivos da emen­da que apresentei a este augusto Plenário; preten­do, apenas, que se restaure a fronteira sul e adignidade histórica da minha terra.

Srs. Constituintes, Sergipe depõe em suasmãos essa questão que se arrasta há mais deum século, confiante no discernimento e no sensode justiça que deve presidir cada decisão destaAssembléia soberana.

Encerro esta fala com as oportunas palavrasdo editorial "Forma de luta", do jornal Gazetade Sergipe:

"Em tal questão não pode haver fronteirapartidária (...). A questão é superior, priori­tária, e requer a consciência tanto individualcomo coletiva para que o erro não se perpe­tue no tempo."

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente, Srs.Constituintes.

O SR. MÁRIo MAIA (PDT - AC. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Cons­tituintes, a Justiça do Trabalho cumpriu seu papele, demonstrando independência, autonomia, como espírito voltado para os interesses e os direitosdos trabalhadores, decidiu pela ilegalidade docongelamento da URP.A Justiça do Trabalho fezo que cabia às autoridades do Executivo fazer,

- fez o que cabia ao Congresso Nacional fazer.

Em dois anos consecutivos, o Executivo apro­priou-se do produto do trabalho alheio. Isto equi­vale a uma apropriação indébita do que não lhepertence, mesmo sendo as vitimas desse esbulhoseus próprios servidores. No ano passado, na ges­tão, no Ministérioda Fazenda, do Sr. BresserPerei­ra, os trabalhadores perderam, no ato de divulga­ção de sua política, o famoso pacote Bresser,a inflação correspondente a um mês. Depois, vie­ram o arrocho declarado por um lado e, por outro,as justificativas enganosas, a dissimulação e oengodo. Neste ano, com a nova política do Sr.Maílson,os trabalhadores voltaram a perder. Sem­pre com os mesmos argumentos que, em abso­luto, não correspondem à verdade.

O CongressoNacíonal, por sua vez, infelizmen­te, participou desse jogo injusto com su~ omissãonesse sufocamento dos assalariados. E indeferi­sável a postura de certos Constituintes que defen­dem e justificam o congelamento dos vencimen­tos de quem recebe 10 ou pouco mais que 10mil cruzados por mês no Serviço Público. O argu­mento apresentado, de que não existem recursos,é falacioso, inverídico, basta observar algumasaplicações que o Governo vem fazendo de seusrecursos financeiros, tais como dívidas não cobra­das de usineiros, compras de caças à jato, helicóp­teros, submarinos. Basta verificar a concentraçãode recursos em algumas áreas, em troca deapoios ao Governo, especialmente apoio aos cin­co anos. Só em promessas que, obviamente, nãocumprirá, o Governo já comprometeu os orça­mentos de vários governos sucessivos, como éo caso da prometida estrada ligando Cruzeiro doSul, no meu Estado, ao resto do País. Nem aligação entre Porto Velho, em Rondônia, a RioBranco, no Acre, o Governo do Sr. Sarney conse-

guirá executar, quanto mais o Rio Branco-Cru­zeiro do Sul, em 20 meses.

O Tribunal ainda não deu sua decisão definitiva,porém o resultado preliminar de dez votos a doispela inconstitucionalidade do congelamento daURPé uma afirmação peremptória de sua autode­terminação e independência, afirmação esta queo Congresso Nacional está impossibilitado de fa­zer.

O SR. MATHEUS IENSEN (PMDB - PRoPronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, todo homem púbhco está su­jeito a calúnias, infâmias e injúrias. Faz parte dacaminhada política, principalmente quando essehomem ganha projeção. A inveja é companheirainseparável daqueles que, distanciados das con­quistas, buscam denegrir a honra alheia atravésde métodos falaciosos.

Desejo referir-me, em especial, ao noticiáriodos jornais Tribuna do Paraná; de 4 de junhoFolha de Londrina; de 9 de junho, e CorreioBraziliense, de 9 de junho, acolhendo falsidadeslevantadas pelo compositor Edison FernandesCoelho contra a minha pessoa, alegando não lheterem sido pagos os devidos direitos autorais so­bre música de sua lavra incluídas no disco "CemOvelhas", da Editora Evangélica Estrela da ManhãLtda, de minha propriedade. Nesses noticiários,sou claramente acusado de ser mau pagador ede estar utilizando a fé evangélica para auferirlucros pecuniários em proveito próprio.

Nada mais falso, Sr. Presidente. Exibo, nesteinstante, cópia de recibo assinado pelo referidocompositor, dando plena, geral e irrevogável qui­tação pelos direitos autorais referentes à autoriadas músicas constantes do citado long-play. Aforma de pagamento está claramente enunciada:cinquênta mil cruzados em moeda corrente; qui­nhentos dos citados discos; cinco minutos diáriosna programção de Rádio Marumby, até o finaldo ano de 1986.

O recibo está datado de 28 de julho de 1986,com as firmas devidamente reconhecidas em no­tário público, tendo como testemunha, inclusive,Teima Moreira de Carvalho Fernandes Coelho,com quem Edison Fernandes canta em dupla.Solicito, Sr. Presidente, que esse recibo seja trans­crito, integralmente, nos Anais da Casa, para quenão surjam ou permaneçam quaisquer dúvidassobre o episódio.

Averdade sobre todo esse noticiário é que estemodesto orador foi o autor da emenda que fIXOU

em cinco anos o mandato do Presidente JoséSarney. Os descontentes, aqueles que votaramcontra a emenda, buscam agora qualquer aconte­cimento que possa atingir minha honorabilidade.Mas tenho a consciência tranqüila.

Outro ponto contido nessas matérias díz res­peito a uma emenda, também de minha autoria,que isenta do pagamento de direitos autorais amúsica sacra baseada em textos bíblicos, quandoutilizada em programas de caráter religioso. Aaprovação deste texto, Srs. Constituintes, contra­riou aqueles que se servem da palavra de Deuspara fins meramente comerciais. A minha emen­da mereceu significativo apoiamento, obteve oaval de inúmeros colegas. E, sobretudo, foi aco­lhida pela maioria absoluta dos Constituintes.

No Livro de São Mateus está escrito: "Se degraça recebestes, de graça dai." Sou, pessoal­mente, cantor sacro há 25 anos, com mais de

Page 10: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11422 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

vinte discos lançados por grandes gravadoras. Ja­mais auferi direitos autorais. Entendo que a BíbliaSagrada é de domínio público e a ninguém cabeo direito de intitular-se dono da palavra de Deus.

Todo esse episódio, Sr. Presidente, deriva dareconhecida frustração daqueles que votaramcontra o mandato de cinco anos para o PresidenteJosé Sarney. E escolheram a minha pessoa comoalvo de suas retaliações Mas, nada temerei. SeDeus está comigo, quem estará contra mim? Aquem temerei?

Era o que tinha a dizer!

TEXTOA OOE SE REFEREO ORADOR:

RECIBO DE QUITAÇÃO

Pelo presente instrumento particular, eu, EDI­SON FERNANDES COELHO, brasileiro, casado,músico, portador da Carteira de Identidade RGn° 14.100, expedida pela Ordem dos Músicos doBrasil, Conselho Regional do Estado do RIO deJaneiro, da Carteira de Identidade RG n°02193819-6-RJ, e inscrito no CPF/MP. sob o n°371.270.477-15, residente e domiciliado à ruaJorge Lacerda, n° 125, apt- n° 102, Jardim Amé­rica, na Capital do Estado do Rio de Janeiro, abai­xo assinado, declaro que nesta data recebi daEDITÔRA EVANGÉLICA ESTRELA DA MANHÃLTDA., pessoa jurídica de direito privado, comsede e foro à Avenida Paraná, rr 1.879, Boa Vista,nesta Capital, devidamente inscnta no CGC/MFsob o rr 77.052.215/0001-80, inscrição estadual101.35.598-A, como segue abaixo:

A) Cz$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzados) emmoeda corrente e legal do País, contados e acha­dos certos, dos quais dou ao mesmo plena, gerale irrevogável quitação de pago e satisfeito paranada mais reclamar da quantia ora recebida, por .mim, meus herdeiros ou sucessores;

B) 500 (quinhentos) discos "Cem Ovelhas",long play, com 12 faixas, Gravadora Estrela daM~nhã, de propriedade, digo, com 12 faixas, daEditora Evangélica Estrela da Manhã Uda.;

C) 5 (cinco minutos) dtáríos na programaçãoda Rádio Maramby, com sede nesta capital, queopera em OM (ondas médias), até o fínal do cor­rente ano de 1986.

Todos esses bens servem para quitação plena,geral e irrevogável, pelos Direitos Autorais do sig­natário referente à autoria das músicas constantesdo LP "CEM OVELHAS", interpretado por Ozéiasde Paula, abaixo relacionadas:

1°) É assim que eu te amo.2°) Oh foi por mim.3°) Tu me guiarás.4°) Canção do Nauta.5°) Pode alguém - Gravada por Expedito Ro­

drigues.A presente quitação abrange o período com­

preendido entre a gravação do referido LP atéa presente data, nada mais podendo o signatárioreceber ou reclamar em tempo algum, referenteaos referidos direitos autorais, no período supra­considerado;

O presente é firmado em caráter irrevogávele irretratável, não cabendo do mesmo arrepen­dimento com o conseqüente prejuízo à parte quehouver originado à causa; respondendo o signa­tário do presente instrumento civile criminalmen­te pelo que se contém no presente instrumento,

Isentando a Editora supracitada de qualquer res­ponsabihdade até a presente data.

E, por ser a expressão da verdade e para queproduza os efeitos legais, firmo o presente instru­mento em 2 (duas) VIas de igual teor e forma,na presença de 2 (duas) testemunhas à este atopresentes;

Curitiba, 28 de julho de 1986. - Edison Fer­nandes Coelho.

De acordo:Matheus IensenTestemunhas:

José Felintoe

TeIma Moreira de Carvalho Fernandes Coelho

o SR. FLORlCENO PAIXÃo (PDT - RS.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, desejo, nesta oportunidade,manifestar minha solidariedade aos microempre­sários deste País, que aguardam, com ansiedade,uma soluçáo desta Assembléia Nacional em rela­ção aos seus cruciantes problemas financeiros,decorrentes de empréstimos bancários realizadosna época do fracassado Plano Cruzado.·

São hoje mais de um milhão de unidades pro­dutivas urbanas e rurais em situação de insolvabi­hdade, às portas da falência. Elas não desejamnem pedem anistia de suas dívidas, mas tão-so­mente a dispensa da correção monetária de seusdébitos, que foi restabelecida em função do fimdo Plano Cruzado. Tão-somente isso. E conclamomeus colegas a votarem as emendas Mansuetode Lavor e Humberto Souto. Estaremos, assim,não apenas reativando uma parcela ponderáveldo setor produtivo, como também reincorporan­do à força do trabalho centenas de milhares deempregados despedidos cumpulsoriamente emvirtude das dificuldades apontadas, que atingiramas micro, pequenas e médias empresas em todoo País.

O SR. SÓLON BORGES DOS REIS (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -Sr. Presi­dente, Srs. Constituintes, a quem interessa o retar­damento dos trabalhos da Assembléia NacionalConstituinte? A quem pode interessar?

Há os que põem na conta do Governo federalum esforço para atrasar as decisões desta Casa,na esperança de que, assim, poderia o Executivocontinuar governando mediante decretos-leis, du­rante mais tempo e também se retardaria a plenavigência da reforma tributária que transfere recur­sos da União para os Estados e os Municípios.Não creio que, com o conhecimento e o endossodo Presidente da República, uma manobra comoessa poderia empreender-se a esta altura das ativi­dades constituintes desta Assembléia.

Há também os que debitam aos que não seconformam com as conquistas trabalhistas vota­das por nós e desejariam procrastinar o mais pos­sível a promulgação da nova Carta constitucionalbrasileira.

MenCIonam-se ainda grupos outros, institui­ções ou forças estranhas a esta Casa, como inte­ressados em que a promulgação da Constituiçãoque estamos concluindo ficasse protelada parao mais tarde possível.

Não se pode, em sã consciência, afirmar a pro­cedência dessas versões em si mesma deplorá­veis.

Mas a verdade é que precisamos acelerar osnossos trabalhos, concitando a todos os 559 inte­grantes deste extraordinário Poder, de ação histé­rica, a se integrarem de corpo e alma na tarefafinal de concluir o pouco que ainda resta paraacabarmos o nosso trabalho. Isto interessa muitoao povo e à Nação. E é apenas a nossa obrigaçãopolítica parlamentar, social, moral e cívica.

O SR. MAURÍCIO NASSER (PMDB- PRPronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs Constituintes, antes do início dos tempos,os Irmãos lzanagi e Izanami se encontravam sobrea ponte celeste. EmbaIXO, trevas profundas e tem­pestuoso caos. A mulher Izanami perguntou: "Ha­verá algum ponto firme, no meio do abismo, ondepossamos descer?" Izanaqi mergulha o dardo depedra preciosa na massa amorfa e revoluteante.Quando o retira, cai uma gota do dardo. A gotaforma uma ilha, a ilha de Kyushu

As divindades vêm para a ilha, e nela se fixam.Acasalam-se. Da união nascem, primeiramente,as outras Ilhas, que iriam formar o Nippon. Se­guem-se a elas numerosos deuses, dentre osquais o do vento, do mar, da chuva, das árvores,das montanhas, dos vales, dos alimentos, do fogo.

Izanami morreu queimada no parto do deus dofogo. Encolerizado, Izanagi sacou a espada e es­traçalhou o recém-nascido. Cada pedaço se trans­formou em chispas e fagulhas; daí nasceram ou­tros deuses.

Sepultada na povoação de Anma, na Provínciade Kii, o espírito de Izanami desceu, porém, aomundo subterrâneo, na Terra de Yomi. Izanagifoi buscá-la. Mas a deusa não queria mais voltarà luz e à vida. "Por que vens tão tarde? Eis quejá destruí o fogo da cozmha do país de Yomi.Não me molhes mais". Com um dente do penteenorme que consigo trazia, Izanagi fez fogo e viuo corpo da esposa como massa, em putrefação.Dos braços e pernas apodrecidos nasceram, ime-

. diatamente, os oito deuses do trovão.Aterrorizado e enojado, Izanagi tratou de fugir,

perseguido por Izanami, juntamente com os deu­ses do trovão. Conseguiu salvar-se, deixando Iza­namí, a deusa horrível, na Terra de Yomi, ao lan­çar, durante a fuga, o barrete negro, depois opente, que se tranformam em uvas e brotos debambu e, por fim, lançou três pêssegos. A cadaobjeto lançado, Izanami parava a fim de exami­ná-los. Graças a isso, Izanagi ganhava maior dis­tância.

Ao retornar ao mundo da luz, Izanagi se banhouno no, para purificar-se das manchas, quandose deu a grande gênese dos deuses japoneses.Da parte superior das vestes, nasceu o deus dasdoenças; da sujeira saída com a água, surgiramas duas divindades causadoras do mal; os Kamisuperiores despontaram da lavagem dos olhose do nariz. Amaterasu, a deusa do sol, brotoudo olho esquerdo e, do olho direito, a deusa lunar.O deus Susanô, irrequieto e perverso, veio donanz e estava destinado a praticar toda sorte detropelias, pondo em polvorosa a morada das di­vindades.

O deus Susanô põe abaixo os tapumes dosarrozais do céu, solta o fogoso cavalo celeste ese lança do telhado à sala onde Amaterasu traba­lhava no tear. A deusa solar, já de si muito tímida,leva um grande susto e refugia-se no interior decaverna rochosa. O mundo mergulha nas trevas.

Page 11: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11423

(Ê possível que a lenda gire em torno de umeclipse solar total). Susanô fOI expulso do convíviodos deuses

As demais divindades Imploram a Amaterasuque saia da caverna. Ela se recusa a atender aospedidos A essa altura, a deusa Uzume se vestecom espalhafato e, diante da caverna, se põe adançar com lascívia e gestos obscenos. Os deusesnem dos trejeitos da deusa. Amaterasu se mostracuriosa sobre o que está acontecendo. Olha poruma fresta, mas nada vê Os deuses colocamum espelho à sua frente. Quando ela sai da caver­na para olhar, o deus da força, que se esconderaao lado, arrasta-a de vez para fora Os deusestapam depressa a entrada da caverna com estei­ras e Amaterasu não mais volta. O mundo seilumina de novo

Passado o tempo, alguns membros do conse­lho celeste baixam à terra, a fim de prepararema vinda do neto da deusa Amaterasu, de nome['!inigl.

Quando tudo estava pronto, Nmlgi desceu naparte oeste da Ilha da Kiushu, onde fundou olrnpéno dos Celestes. Como insígnias irnpenais,trouxe consigo o espelho, o sabre e o colar depedrarías, que, até hoje, são de uso do imperadordo Japão e veneradas por todos como dádivasdivinas.

Dá-se Jimmu Tennô como descendente dadeusa do sol e ancestral do atual tenshi (de tennô,"Imperador celeste", e shujo, soberano ou se­nhor).

Esclarecemos que o título de mikado é ado­tado quase exclusivamente em linguagem poé­tica. Significa "Porta Sublime", de mi = sublime,kado porta.

Jimmy Tennô fundou, em 660 a.C; o reinodo Yamato, no centro da ilha de Kiushu, de ondese origina a história do Japão.

A lenda fala do guerreIro Yamato-dake, filhode rei de Yamato, que matou e mutilou o Irmão,por este haver deixado de comparecer à refeiçãocom o pai, o que se considerou ofensa muitograve.

Yarnato-dake convidou guerreiros do Kumaso,que arrotavam valentia e, após embnaqá-los nobanquete, cortou cada um ao meio com a espadae liquidou outro guerreiro de lzumo, medianteo estratagema de entregar-lhe uma espada demadeira, em vez da de aço, para o combate, nãolhe dando condição de defesa.

Noivo da princesa Miyazu, escapa de morrerno fogo, a carrunho de Sagami, graças à interven­ção de sua tia; posteriormente escapa de morrerno mar, salvo que foi pela amante OtotachibanaNa planícíe de Tagi, o mitológico Yamato-dakese transformou na branca ave tarambola e subiupara os céus

O governo de Jimmu Tennõ se prolongou doano de 660 ao de 580 a C, com a duração, portan­to, de oitenta anos, a enfeixar o imperador o poderabsoluto Esse regime perdurou de 580 a.c. até1192 d.C., em cujo período se sucederam cercade 81 imperadores.

A implantação do shogunato ocorreu em1192, com o fortalecimento do poder militar, emdetrimento do do imperador, predommando a fa­míha Mmamoto até 1213, e estando à frente oseu chefe Yorítomo, casado com mulher da famí­lia Haja. Yoritomo assumiu os poderes políticos,admírustratívo e militar e, em 1213, esses poderes

são transferidos à familia Haja, que governa até1333, quando sobrevém, pelo curto período decinco anos, entre 1333 e 1338, a restauração dopoder imperial, com o 90° tenshi Go-Daigo notrono. Takaiyi Ashikaga se insurpiu contra a cortee, em 1338, esmagou em batalha as forças queapoiavam Go-Daiqo. A família Ashikaga empal­mau o shogunato por mais de dois séculos, mdode 1338 a 1590, época em que os daimyôs,mergulhados em forte rivalidade, guerreavam en­tre SI, pela cobiça de estender o seu domínio sobreoutras' províncias. A intervenção de HideyoshiToyotomi restabeleceu a paz, e os daimyôs lheprestaram obediência, como shôgum A famíliaToyotomi controlou o poder civil e militar portreze anos, de 1590 a 1603, quando se inauguroua era Tokugawa, após leyasu Tokugawa, fundadorda dmastía, ter vencido os Toyotomi. leyasu se­ato em Vedo, hoje Tokyo, depois de terem sidocapitais as cidades de Nara e Quioto.

Sob a égide da familia Ashikaga, haviam sidoadmitidos os primeiros portugueses, em 1542,no territórío japonês, acompanhados de jesuítas,com S Francisco Xavier entre os catequisadores.Mas, em 1637, os Tokugawa proibiram quaisquerrelações com o exterior e expulsaram os euro­peus, mcluindo os relígiosos, apesar de, nesseséculo XVII, um jesuíta haver elaborado o primeirodícionáno japonês-português. Apenas os holan­deses puderam continuar residindo e negociandono Japão.

A era Tokugawa se prolongou de 1603 a 1868,ocasião em que houve a unificação do país ea concentração de maior poder em mãos do shô­gum. Em 1854, o comodoro Mattew Perri chegou.ao Japão com navios de guerra norte-americanosé forçou a abertura dos portos' para o Ocidente,mediante tratado comercial, assinado, no ano se­guinte, por uma delegação nipônica, nos EstadosUnidos.

Sobreveio, em 1868, o colapso do shogunato,e, em consequência, restaurou-se o poder írnpe­nal, tendo o tenshi Mutsuhito inaugurado a eraMeiji, notabilizada pela abertura pró-Ocidente epela modernízação do país, quandojovens nipõesforam enviados para cursarem universidades nosEstados Unidos, França e Inglaterra. Esses jovenstinham por missão adquinr os conhecimentoCientíficos e tecnológicos, para aplicarem pratica­mente no retorno à pátria. A era Meijise estendeuaté 1912, ocasião em que o tenshi Taisho assu­miu o trono e governou até 1926, ano em queo poder-passou às mãos do Imperador Hirohito,e que é mantido por ele até os nossos dias, nãoobstante a sua provecta idade.

Na era Meiji, aconteceram alguns fatos alta­mente significativos. Em 1871, houve a aboliçãode leis que sustentavam o regime feudal, atravésdo damyato e do shogunato, e a promulgação,em 1899, de uma Constituição, nos moldes dada Prússia, a Alemanha de hoje. Embora a Chinahouvesse dominado o Japão no século IV e se­guintes da era cristã, e houvesse introduzido obudismo no país, registrou-se, em 1894/1895, aguerra sino-japonesa, com derrota chinesa e ín­corporação ao Japão da ilha formosa (Taíwan),da ilha dos Pescadores e da Penísula de üaotung. ,Em 1904/1905, o Japão derrota fragorosarnente 'a RÚSSia czarista, com a destruição da sua pode­rosa esquadra. A Coréia passa, em 1910, parao domínio ~ipônico, situação, qu~ hav~ri~,~e per-

durar até o esmagamento do Japão na SegundaGuerra MundIal, após a destruição, por bombasatômicas, das cidades de Hiroshina e Nagasaki.

Sob a égide do Imperador Taisho, o Japão parti­cipou da Primeira Guerra Mundial ao lado dospaíses que lutaram contra a Alemanha e a Austria­Hungria, tendo incorporado, então, diversas ilhas,que haviam estado sob o domínio germânICO.

Sob Hirohíto, o Japão se apossa da Mandchúriae instaura o Estado-fantoche do Mandchukuo,com Pu-Vi como imperador. Surge, em 1937, o"incidente da China", uma guerra não declarada,em decorrência da invasão de provincias do norteda China, até transformar-se em guerra totaL Oexpansíorusmo militarista estimulou, em 1940, o"Pacto de Aço", após a formação do Eixo Roma­Berlim-Tokyo. Ocorreu, a 7 de dezembro de 1941,o ataque japonês à base naval norte-arnencanade Pearl Harbor, e a guerra mundial se estendeuao Índico e ao Pacífico, quando os japoneses ocu­param a China, a Indochina, a Indonésia, o arqui­pélago das Molucas e outras ilhas. Era a execução,sem dúvida, dos princípios exarados no Memo­randum Tanaka, de 1927, quanto à mponízaçãodo Extremo Oriente e expulsão dessa região daspotências ocidentais.

As bombas atômicas mataram dezenas de mi­lhares de habitantes de Hiroshima e Nagasaki ereduziram essas Cidades a escombros. A ameaçanorte-americana de continuação da destruiçãosistemática do país levou o tenshi Hirohito adecidir-se pela rendição, para a preservação dopaís e para a salvação de rmlhôes de vidas. Ogeneral Mac Arthur ficou no comando, mas osassuntosínterrios continuaram sob o controle decivis japoneses. A nova Constituição, de 1947,estabeleceu a renúncia à guerra e ao armamento,com extinção da marinha de guerra e da aviaçãomilitar e a introdução da democracia, sob o regi­me parlamentarista. A Dieta se compõe da Câma­ra dos Deputados e da Câmara dos Conselheiros.Filho do Céu, como descendente da deusa Ama­terasu, o imperador continua "o símbolo do Esta­do e da unidade do povo japonês". O tratadode paz se firmou em 1952 e passou a vigorarno ano seguinte. O Japão devolveu as conquistasterritoriais e restabeleceu relações diplomáticase comerciais com todos os paises.

De acordo com o Prlmeiro-Mlrustro Tanaka, emseu Memorandum de 1927, o samurai iria dispir­se da espada e do arco e flexa, para vestir a casacado diplomata e empunhar o canudo de grau uni­versitário.

Graças a essa revolução, o Japão se industria­lizou e aprimorou a sua tecnologia, a tal pontoque, sem favor algum, se coloca no elenco daspotências hiper-industrializadas, com crescentehegemonia no comércio mundial Participa, tran­quilarnente, de um quarto do comércio internodos Estados Unidos e faz sentír a sua ação cadavez maior no continente europeu.

Preocupados com a progressão soviética naÁsIa, com ampla influência no Vietnã e no Cam­bodja, e a ocupação militar russa do Afganístão,os Estados (lmdos enVidam esforços para a milita­

.rízação do Japão, no intuito de tê-lo como senti­nela àvançada do anticomunismo e barreira aoavanço russo no Extremo Oriente. Tem havidoresistência ao avanço russo no Extremo Orienta.Tem havido resistência a essa intenção em váriossegmentos da sociedade nipônica, ainda com a

Page 12: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11424 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NAOONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

memória bastante viva do tructdarnento impie­doso de homens, mulheres e crianças inocentesde Nagasaki e Hiroshima.

Os Ainos eram primitivamente senhores dasilhas do Nippon Grupos vindos da China, Coréiae outros pontos, aí desembarcaram, e foram atro­pelando os Aínos, de raça branca, para o norte,onde, com população reduzida, continuam a sub­sistir.

As quatro ilhas principais, - Hokkhaido, Hon­shu, Shikoku e Kyushu, - e as restantes trêsmil ilhas pequenas perfazem a área de 377.748quilômetros quadrados, com população superiora 120 milhões de habitantes. Quatro quintas par­tes do território são acidentadas, com 532 monta­nhas com altitude superior a 2 mil metros, tendo,no sagrado Monte Fuji, o ponto culminante, com3.776 metros, e possuindo nada menos de 67wlcões. Ademais, o Japão se encontra na rotados ciclones que assolam o Pacíficoe sofre, perio­dicamente, o flagelo de violentos terremotos, quereduzem tudo a ruínas e sacrificam, a cada vez,numerosas vidas.

O impressionante crescimento demográfico,aliado aos fenômenos naturais adversos, tem con­tribuído para o êxodo da população, em sua lutapela sobrevivência. Gente inicialmente devotadaao amanho da terra, apesar da diminuta área agri­culturável, o japonês precisou emigrar, mesmoquando o país não se achava ainda superpovoado.Temos notícia do primeiro desembarque, em1258, de migrantes nipônicos no Havaí,tambémconhecido como terra de Makapuu. Tempos de­pois, outros migrantes chegaram a Mavi, transpor­tando mudas de cana-de-açúcar, para cultivo.Aportaram em Acapulco, México, em agosto de1610, a mando do governador das Filipinas, paracontatos comerciais com as possessões espanho­las. Três anos após, em 1613, cristãos de Sendaiviajaram para o Méxicono navio São Boaventura,construído no Japão por WJ11 Adarns, chamadoAnjim Miura. O shôgum leyasu Tokugawa proi­biu, em 22 de junho de 1636, que súditos japone­ses saíssem ou retomassem ao Japão, e o atoveio a ser revogado apenas em 1868. Um naviorusso recolheu, em 1804, quatro náufragos nipô­nicos, que foram deixados na praia de Kavai, Ha­waí e Honolulu passou a ser escala regular denáufragos desejosos de regressarem ao Japão.De 1805 a 1875, houve o registro de mais de60 náufragos japoneses na costa dos EstadosUnidos e do Alaska, ficando os últimos em ilhasrussas da região, conhecidas, por isso, como "Ja­ponski". Manjiro Nakahama, de Shikoku, reco­lhido em junho de 1841 por navio norte-ame­ricano, desembarcou em NewEngland, para estu­dar e, com o nome de John Mung, retomou aoJapão em 1852. Misturados com trabalhadoreschineses, chegaram aos Estados Unidos, entre1848 e 1852, muitos japoneses, que vieram comocoolies, mão de obra barata, para se dedicaremà pesca, trabalho em ferrovias, minas, peixarias,fazendas, e fábncas, coincidindo com a Corridado Ouro na Califórnia, mas, em 1856, saiu a pri­meira lei antioriental, que proibia chineses (os ja­poneses eram com eles confundidos) de garim­parem ouro. Aconteceu, a 30 de junho de 1858,a naturalização do primeiro japonês, Hikozo Ha­mada, como cidadão norte-americano, em Balti­more. As escolas públicas de São Francisco ex­pulsam, em 1859, os alunos filhos de chineses

e esse preconceito racial haveria de prevalecerpelos anos afora.O primeiro navioa vapor japonêsao Francisco a 17 de março de 1860, para acom­panhar os emissános do país, que se dirigem aWashington, via Istmo do Panamá, hoje, Canaldo Panamá, com a missão de ratificarem o tratadocomercial com os Estados Unidos, de 1858. De­nominados gannen mono, os imigrantes japone­ses chegam ao Hawai, a 17 de maio de 1868,a bordo do navio inglês "Seleto" e alcançam Ho­nolulu a 19 de junho. Refugiados políticos, soba chefia de John HenrySchenell, do clã dos Matsu­daíra, vêm para São Francisco, a 27 de maiode 1869 e instalam, em Gold HilI, Califórnia,umafazenda com cultura de chá e bicho-da-seda. Ou­tra lei,de 1870, conhecida como o Atoda Naturali­zação, permitiu a naturalização de negros, masexcluindo "chineses e outros mangóis". Os ga­nnem mono, pelo fato de receberem maus tratosnas fazendas de chá e bicho-da-seda, são autori­zados a regressar ao Japão antes do término doprazo do contrato de trabalho nos Estados Unidos.Segundo embaixada japonesa chega, em 1872,a São Francisco, e atravessa o território norte-a­mericano de carruagem, com destino a Nova Ior­que. A Suprema Corte dos Estados Unidos, em1875, declara inconstitucional uma lei antiimi­grante, enquanto, em 1877, Manzo Nagano é oprimeiro imigrante japonês a entrar no Canadá.No mesmo ano, funda-se a Sociedade Benefi­ciente Japonesa de Honolulu, depois transforma­da em Hospital Japonês de Kuakini, e, em 1879,surge, em São Francisco, a Sociedade EvangélicaJaponesa, sob a direção de Kanichi Miyama, queorigina mais tarde a Igreja Metodista Japonesanos Estados Unidos. Editou-se, em maio de 1882,

. o Ato de Exclusão, proibindo a entrada nos Esta­dos Unidos de trabalhadores chineses, mas con­sentindo na dos japoneses, por serem mão-de­obra mais barata. Em 1885, doze japoneses enca­minham petição para organizarem a Igreja Presbi­teriana Unidos a Cristo. O Estado de Washingtoné um dos onze que, em 1889, promulga lei antija­ponesa e, em 1891, a Suprema Corte nega ovisto de entrada nos Estados Unidos de Ekiu Ni­shimura, indo além, ao declarar, em 1894, que,por não serem livrese brancos, os japoneses nãosão naturalizáveis. A Rainha da Inglaterra baixa,um ato em 1895 pelo Conselho Privado, desquali­ficando o voto dos japoneses no Canadá, ao passoque, entre 1891 e 1901, cerca de 2.600japonesesingressram na Columbia Britânica. A cassaçãodo direito de votar prevaleceu até depois da Se­gunda Guerra Mundial para os nisseis, descen­dentes de imigrantes, em primeiro grau. Surge,em 1890, o movimento trabalhista japonês emSão Francisco; 1892 assinala, em Monterey Bay,Califónia,a expansão da indústria pesqueira nipô­nica, a ponto de, em 1900, serem esta e as deoutras localidades acusadas de dumping no co­mércio do salmão, o que provocou violenta rea­ção dos brancos que, em Stevenson, na ColúmbiaBritânica, fizeram tumultos generalizados. Apare­ce, no Hawaí,em 1892, o primeiro jornal japonêse, em 1896, é fundada a primeira escola de línguajaponesa, pelo reverendo Takie Okumura, da Igre­ja Cristã de Makiki, Honolulu, enquanto a 14 dejulho de 1898, sacerdotes da Nishi Hongwanji,de Kyoto,reúnem, em São Francisco, 32 gannenmono, para criarem as Igrejas Budistas da Amé­rica. O Congresso Americano aprovou, em 1902,

o Ato da Reclamação, impeditivo de direitos traba­lhistas aos japoneses e, no mesmo ano, trabalha­dores brancos expulsaram trabalhadores japone­ses da Companhia Mineradora de Yukon. O Peruse tomou o primeiro país sul-americano a estabe­lecer, em 1873, relações diplomáticas com oJa­pão; a 3 de abril de 1899, desembarcam em Ca­lIao, do navio "Sakura Maru", 790 trabalhadoresjaponeses e, a 29 de julho de 1903, chega aopaís o segundo grupo e lojas comerciais nipônicascomeçam a funcionar. As plantações de borrachada Bolíviareceberam, em 1906, trabalhadores doImpério do Sol Nascente, e lojas nipônicas entramem funcionamento em La Paz, em 1909. Chega­dos a Vancouver, Colômbia Britânica, 1200 ga­nnen mono, procedentes do Hawaí,a 24 de julhode 1907, já a 7 de setembro, registra-se o "Conflitode 1907", quando 8 mil brancos investem contrao bairro de LittIe Tokyo, de Vancouver. Resultoudisso um acordo, segundo o qual japoneses fo­ram substituídos por filipinos, mas sem restriçõesà entrada das "noivas por fotografias". Outubrode 1921 marcou a chegada de imigrantes nipô­nicos à Colômbia, para trabalharem em Cauca,ao sul de Cali, onde, em 1929, é fundada umaColônia de Japoneses colombianos. O Japão pro­testara, em 1897, contra a anexação do Hawaíao território norte-americano, por existirem ali,naocasião, 20 mil súditos seus. Durante a PrimeiraGuerra Mundial, imigrantes e descendentes orga­nizaram uma Companhia da Guarda Nacional e,em 1935, o Presidente Franklin Delano Rooseveltassina o termo de naturalização dos veteranosdaquela conflagração. No Hawaí,Sanji Abe se ele­ge Senador, em 1939, e o Exército norte-ame­ricano abre, em 1941, uma escola de línguajapo­nesa, mas, depois de Pearl Harbot, a Ordem Exe­cutiva rr 9.066 determina o internamento de 110mil japoneses em dez campos de concentraçãonos Estados da Califórnia,Idaho, Wyoming,Arizo­na, Colorado e Arkansas. O curioso é que onzenavios partiram do Peru com cidadãos japoneses,a fim de serem internados no Texas, e a Confe­rência Inter-Americana do Rio de Janeiro deter­mina a expulsão de japoneses do Peru, Bolívia,Equador, Colômbia, Costa Rica e Panamá, todosconfinados nos Estados Unidos.

ALiga Nacional dos Cidadãos Japoneses-Ame­ricanos conseguiu, em novembro de 1943, a ex­tinção do status de estrangeiro inimigo para osnisseis americanos. Aseguir, organizou-se o 100"Regimento de Infantaria, só de nisseis e que,a 25 de setembro de 1943, desembarcou emSalemo, Itália, como outros nisseis combateramem Corregidor, Filipinas e sudoeste asiático, sen­do de mencionar-se também o 442" Regimentode nisseis, treinado desde janeiro de 1943, eque se apresentou para combate no norte de Ro­ma, em 1944, cujo desfile, no retomo aos EstadosUnidos,em 1946, é assistido pelo presidente HarryTruman, em Washington. O sargento HiroshiMiyamura, do Novo México, recebeu, a 20 deagosto de 1953, a Medalha de Honra por suacaptura pelos comunistas, na guerra da Coréia,tendo sido o único nisseis vivo a receber a maisalta condecoração militarnorte-americana. O AtoMacCarran-Walter,de 27 de junho de 1952, anu­lou o Ato de Exclusão de 1924, assegurando anaturalização norte-americana de japoneses e ou­tros asiáticos, e o Ato das Origens Nacionais, de3 de outubro de 1865, aumentou para 20 mil

Page 13: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11425

asiáticos a quota anual de ingresso no territónonorte-americano. Nissei participam da VIda polí­Iguns sendo eleitos para a Câmara dos Represen­tantes e outros postos de igual relevo, como nocaso de George Aryosh e Nelson Doi, eleitos, res­pectivamente, governador e vice-governador doHawaí, March Fong, eleito Secretário de Estadopela Califórnia, com 3.400.00 votos S. I. Hayakwae Spark Matsunaga, eleitos Senadores pela Cali­fórnia e pelo Hawaí. Henry Morozumi é o primeiroDissel norte-americano e alcançar o Pólo Sul,e o major AIlison Onizuka, do Hawaí, é o primeiroDissei americano a realizar missão de estronauta,enquanto o cientista nissei chinês, Dr. TaylorWang, de Pasadena, realiza experiências no espa­ço.

O primeiro contato físico de brasileiros comjaponeses ocorreu, em 1793, quando éramos ain­da Vice-Reino de Portugal. Vejamos o que nosconta a respeito a jornalista paranaense DayseRegina Ferreira (Jomal do Estado, de Curitiba,edição de 2-3-88):

"Em 1793, quatro pescadores japoneses nau­fragaram nas costas da Oceania e, socorridos poruma embarcação russa, foram levados para Le­ningrado (chamava-se Petrogrado, ou S. Peters­burgo, na época, e capital do império czarista),lá ficando por 10 anos. A bordo do navio russo"Nadeshuda", partiram em direção ao Oriente,quando foram surpreendidos por uma tempes­tade, próxima às ilhas Canárias Desgovernadoe arrastado pelas correntes marítimas, o "Nade­shuda" acabou atracando no porto de Nossa Se­nhora do Desterro, hoje Florlanôpohs,

"Tsudayu, Ghihei, Sahei e Tajuro, todos da Pro­vincia de Niyagui-ken, ficaram quarenta e cincodias em Santa Catarina, enquanto o barco erareparado. Penetraram 80 quilômetros pelo interiordo Estado, viram uma colonização de mil casas,conheceram o primitivo secador de arroz movidoa água, e se surpreenderam com a banana e ococo. Voltaram para o Japão, e nunca mais retor­naram ao Brasil.Mas relataram o que viram princi­palmente as ferramentas agrícolas utilizadas naépoca".

Prosseguindo, a jornalista paranaense nos es­clarece:

"O segundo contato ocorreu em 1869. Os te­nentes Jurouzaemon Maeda e Itsuki ltiro, numaviagem de estudos à Inglaterra, atracaram em Sal­vador, Bahia, no navio de guerra "Liverpool". Mae­da, de 23 anos, desesperado com a distância queo separava de seu país, praticou o hara-hiri, efoi sepultado na Bahia, enquanto Itsuki seguiuviagem para a Inglaterra."

Eis outras valiosas informações:"O engenheiro brasileiro Francisco Antonio de

Almeida, mtegrando uma comissão francesa deestudos meteorológicos, esteve em Tokyo em1874, publicando, cinco anos depois, um relatóriosobre o Japão. No mesmo ano, o alrmrante Jace­guai, embaixador brasileiro na China, manteve osprimeiros entendimentos sobre imigração como chanceler japonês Kaoru Inoue. Augusto Leo­poldo, neto de D.Pedro 11, e o almirante Custódiode Mello, estiveram em Tokyo em 1889, para fir­marem acordos comerciais, mas tudo o que con­seguiram foi a simpatia do cicerone WasaburoOtake, que aceitou o convite para visitar o Brasil,e acabou vivendo aqui durante 10 anos, traba­lhando no Ministério da Marinha e elaborando

o primeiro dicionário japonês-português "(con­vém lembrar que, no século XVII, um jesuíta, denacionalidade lusa, compusera um dicionárioportuguês-japonês).

"O Deputado japonês Tadashi Nemoto visitouoficialmente o Brasil em 1894, percorrendo, du­rante 42 dias, São Paulo, Minas, Pémambuco eBahia. Voltou ao seu país, certo de que eram pro­missoras as possibilidades para o envio de imi­grantes. Asduas primeiras tentativas fracassaram,por falta de famosos "entendimentos governa­mentais" às negociações que estavam sendo fei­tas pela companhia brasileira de imigração PradoJordão e sua congênere Kissa lmim Kaisha e peloDepartamento de Terras do Pará e a Companhiade Imigração Oriente, do Japão. Brasil e Japãotrocaram embaixadores pela primeira vez em1897, e estava tudo programado para a vindade dois mil imigrantes, quando a crise na cafei­cultura adiou, mais uma vez, o empreendimento.No início do século, Tadashi Suguimura, segundoembaixador japonês no Brasil, comunicou a To­kyo que as condições finalmente estavam favorá­veis. Ryu Mizuno, ex-deputado da oposição, semteressou, e veio ao Brasil tratar diretamente como secretário da Agricultura de São Paulo, CarlosBotelho, os assuntos de interesse dos dois países.Era o ano de 1906. Enquanto o Brasil avaliavao desempenho de imigrantes japoneses no'Perue no Hawaí, Mizuno voltava ao Japão, e desenca­deava uma campanha publicitária: ''Trabalhe noBrasil e fique rico."

"No Japão", conclui Dayse Regina Ferreira,"400 mil pessoas por ano deixavam o campo.'No Brasil, a cafeicultura precisava de trabalha­dores. Estava feito o intercâmbio, que resultouna viagem do "Kasato Maru", que partiu de Kobeem 1908, no dia 28 de abril, trazendo para oBrasil 781 japoneses, que formavam o primeirogrupo de imigrantes. Era cônsul do Brasil emYokohama, Santos Silva. Foi uma viagem de 52dias, até o desembarque em Santos".

Sob o título "80 Anos", publicado na "Gazetado Povo", de Curitiba, edição de 17-04-88, a licen­ciada em História pela Universidade Federal doParaná, Keiko Ishitaninos revelou:

"Foi por ocasião da Restauração Meiji(l868),quando foram abertos os portos às nações, quehouve uma arrancada emigratória. A emigraçãojaponesa teve início com a ida de trabalhadorespara as ilhas monárquicas do Hawaí(l868). Estaemigração começou a ser proibida em 1908, sen­do definitivamente proibida em 1924. No Brasil,a emigração alemã já existia desde 1824, quaseum século e meio antes da japonesa. Em 1859,pelo decreto "Von der Heydt", do então governoprussiano, foi proibida a emigração alemã desti­nada a São Paulo, limitando suas vindas aos esta­dos sulinos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.Também em 1902, o govemo italiano expediuo "Decreto Prinetti," proibindo a vinda de emi­grantes italianos com destino às fazendas de café:ambas as medidas foram baseadas nas condiçõesprecárias de trabalho, observadas. nas fazendas,'devido ao curto lapso de tempo decorrido desde ..a abohçâo (1888). .

"A imigração japonesa no Brasil coincide comdois acontecimentos:

1) premência de mão-de-obra nas fazendas decafé, da parte brasileira;

2) fechamento do continente norte-americanopara os japoneses.

Portanto, a imigração japonesa foi essencial­mente agrícola. pertenciam os imigrantes, na suamaioria, à classe médía ou média baixa (muitoseram pequenos proprietários rurais). Além domais, o Japão emergiu do isolamento de naçãofechada, após mais de 2.00 anos, modernizan­do-se rapidamente, com a introdução da culturaocidental. Desde esta época, havia entre os japo­neses a mentalidade de que a "ilustração" eramuito importante e os imigrantes chegaram aoBrasil com esta mentalidade.

"799 pioneiros japoneses chegaram ao portode Santos no dia 18 de junho de 1908, trazidospelo navio "Kasato Maru", navio-hospital, presade guerra no conflito entre russos e japoneses(em 190411905), que foi modificado em navio­transporte pelos primeiros imigrantes, contrata­dos pela Companhia de Emigraçâo Kokoku.

"Chegados a Santos, às dezessete horas e quin­ze minutos do dia 18 de junho de 1908, partiram,no dia seguinte, de trem especial, para a capitalpaulista.

"A duração da viagem Japão Brasil foi de 52dias. As suas câmaras e demais acomodaçõesapresentavam limpeza inexcedível. Tratando-sede gente simples e humilde, seu navio apresen­tava, na 30 classe, mais asseio e limpeza que a10 classe de um transatlântico europeu. Ao de­sembarcarem na Hospedaria dos Imigrantes, saí­ram dos vagões na maior ordem, sem deixar atrásuma sujeira sequer, um só cuspo, uma cascade fruta ou qualquer outra coisa que demons­trasse falta de higiene. Entraram em nossas terrascom bandeiras do Brasil, de seda, feitas no Japãoe trazidas de propósito para serem amáveis. Deli­cadeza fina, reveladora de uma educação apre­ciável.

"Eram de estatura baixa. Pouca bagagem. Suasmalas eram feitas de vime branco e algumas delona pintada, contrastando flagrantemente combaús de folhas e trouxas de nossos operários.Os empregados da alfândega declararam quenunca viram gente com tanta calma e ordem,assistindo à conferência de suas bagagens, e nemuma só vez foram apanhados em mentira. Esta­vam vestidos à moda européia, com roupas sim­ples: os homens de chapéu ou boné, gravata,calçando botinas, borzeguins ou sapatos baratos(com ferro na sola), usando meias. As mulheresusavam saias e as mãos calçadas com luvas bran­cas. As roupas foram adquiridas pelos imigrantesno Japão.

"O segundo navio aqui aportado foi o "Ryo­kum-Maru,' em 1910, e até 1914 vieram maisde 8 navios, trazendo um total de 13.289 imigran­tes Vieram subsidiados pelo governo de São Pau­lo, indo trabalhar na zona da Alta Mogiana, emfazendas de café.

"Todos vinham com sonhos de enriquecimen­to rápido, para voltarem ricos ao Japão. Mas, arealidade no Brasil era bem diferente: obstáculosterríveis, como a língua, a comida, horário de tra­balho, a aceítaçâo.de novos costumes e as doen-ças incontrgl~vei~.· '. .. '. . .

"A imigração japonesa chocou mais do quea imigração de outros ·povos porque, além daraça mongólica (feições, olhos, cor), outra culturae, principalmente, sua religião xintoísta e budista,os distanciava mais dos outros imigrantes de reli-

Page 14: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11426 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

gião católica ou protestante e tradições européias.Mesmo arcando com o "epíteto" de povo inassi­milável, foi o povo que mais se desfez de seushábitos e costumes.

"A partir de 1952 (2' leva), o governo japonêspassou a subsidiar a imigração. Esses não foramatraídos só pelas promessas de enriquecimentorápido, mas premidos pela recessão econômicae pelo desemprego no Japão, agravados como grande terremoto de Kanto (antiga Tokyo), em1923. Ainda se dirigiam às fazendas paulistas decafé, embora alguns grupos iniciassem a coloni­zação agrícola, em núcleos criados nos estadosde São Paulo, Paraná e Amazônia.

"A imigração continuou ininterruptamente até1934, quando foi estabelecido o regime de restri­ção por meio de quotas. Com a 2' Guerra Mundial,houve completa mterrupção durante uma década,retomando a corrente imigratória a partir de maisou menos 1953. Desta data em diante, surge umnovo tipo de imigrante. Não eram mais força detrabalho, vinham com algum patrimônio e equipa­mentos. Um exemplo típico foi a' vinda de 250jovens, entre 18 a 25 anos, recrutados na zonarural, mediante convênio com o Instituto de Imi­gração e Colonização e a Cooperativa Agrícolade Cotia. Eram os Cotia seinemjovens da cotia,responsáveis por uma ampla renovação na produ­tividade agrícola, como em termos da renovaçãotecnológica.

"Esta saga de trabalho e sacrifício, corageme perseverança está completando 80 anos. Hoje,temos no Brasil, além dos isseis(o imigrante mí­cial), os nissels, sanseis, yonseis, e goseis, ouseja, segunda, terceira, quarta e quinta geraçõesde japoneses, espalhados por todo o território na­cional. A maioria, entretanto, concentra-se na re­gião metropolitana de São Paulo.

"Acontribuição na agricultura foi tão marcanteque os brasileiros continuam acreditando que amaioria dos imigrantes japoneses ainda perma­nece na lavoura. Com a urbanização da sociedadebrasileira, houve também êxodo de japoneses pa­ra os grandes centros, dedicando-se às mais di­versas atividades, e fortemente integrados na reali­dade sócio-econômica do país. Um dos mais es­petaculares feitos dos japoneses no Brasil é arecuperação, para a agricultura, do solo do cerra­do, que corresponde simplesmente a 1/4 do terri­tório nacional".

Caio Luiz de Carvalho ("Estado de S. Paulo",edição de 25-3-88) divulga o cartaz alusivo aosoitenta anos de imigração japonesa no Brasil,obrainspirada do consagrado pintor Manabu Mabe,por solicitação da Comissão Oficial dos Festejos,presidida por Masuichi Ohmi. Faz um resumoda emigração japonesa, embora, graças a subsí­dios por nós retromencionados discordemos dasua afirmação de que o movimento migratóriocomeçara apenas em 1868, quando verificaraque, já em 1258, japoneses haviam desembar­cado no Hawaí, e que, em 1610, outros alcan­çaram Acapulco, no MéXICO Não perde interesseentretanto, a exposição de Caio Luizde Carvalho,razão pela qual, data vênia transcrevemo-la:

"Aimigração transmarina dos japoneses fOI ini­ciada em 1868, quando chegaram ao Hawaí.Em1880, eles se dingiram para os Estados Unidose, nove anos depois, desembarcaram no primeiropaís da América do Sul, o Peru". (Segundo dadosem nosso poder e citados anteriormente, o Peru

estabeleceu em 1873, relações diplomáticas como Japão, e os prírnerros 790 trabalhadores nipô­nicos desembarcaram em Callao, Peru, a 3 deabril de 1889, vindos no navio "Sakura Maru",e não em 1888, como diz o autor).

"Sua hístóna no Brasil começou em 1908 (vi­mos atrás, que o primeiro contato ocorrera em1793), com a chegada no porto de Santos dovapor "Kasato Maru", e pode ser dividida em cmcoperíodos. O primeiro foi marcado pela assinaturado Tratado de Amizade entre os dOIS países, esta­belecendo relações regulares (em 1897) e abrin­do as possrbihdades imigratórias Aempresa japo­nesa Kichisa Imim Kaish enviou um representantea São Paulo, e foram feitas as negociações paraa vinda da primeira leva de camponeses, de 20a 25 anos, num total de aproximadamente 1 500pessoas Entretanto, uma grave crise econômicaem São Paulo. causada pela queda dos preçosdo café, impediu a imigração japonesa. O primei­ro desembarque só ocorreu em 1908, dentro deum programa subsrdiado pelo governo de SãoPaulo, com o objetivo de abastecer o mercadodeficitário de braços para a lavoura cafeeira. Ormrustro plernpotencíérío do Japão no Brasil Sr.Sugimura, em relatório ao seu governo, três anosantes exprimiu o seu ponto de Vistasobre a imigra­ção: "Proibida a entrada na Austrália, discrimi­nados nos Estados ümdos, perseguidos no Caná­da, e agora limitados também nas Ilhas do pací­fico, os nossos colconos trabalhadores encon­trarão no Estado de São Paulo uma rara felicidadee um verdadetro paraíso. Os japoneses receberamtodas as garantias e proteção que o governo pau­lista concedia aos colonos europeus E mais ain­da, uma subvenção para os Imigrantes solteiros,o que não era outorgada a nenhum imigrantedos demais países Nestas condições, no dia 18de junho de 1908, chegaram ao porto de Santos781 imigrantes contratados, com passagem paga,e mais 12 livres. Seu destino: o interior de SãoPaulo, para trabalhar em ricas fazendas de café.

"Em 28 de junho, o porto de Santos recebeuo segundo navio, "Ryajun Maru" (Ryokun Maru),trazendo 447 famílias com 906 pessoas e, noperíodo de 1912 a 1914, registrou-se a entradade mais oito vapores, transportando 12.289 imi­grantes.

A partir daí, estava aberto um novo horizonte.Aterra era fértil,o japonês bem acolhido e aquelesque se dirigiam para trabalhar como colonos dedesenvolvimento da agricultura brasileira rece­biam subsídios do governo de São paulo. De 1917a 1920, chegaram mais 3.419 famílias, e foifunda­da no Japão a Kalgai Kogyo Kaísha, primeiro pas­so do govemo daquele país, no sentido de darcunho estatal à política emigratória para o BrasiLEra, agora, não mais o governo de São Paulo,mas o do próprio Japão, que subvencionava cor­rente migratória para o nosso Pais.

"O terceiro período da migração vai de 1926a 1941, quando entraram no território nacional148.975 trabalhadores japoneses. Desse momen­to em diante, o Brasil passou a ser considerado,não apenas quanto à possibilidade de absorçãode excessos populacionais, mas também comomercado de mvestímento. Vieram imigrantes pro­rietários de colconízaçãoagrícola, amparados pe­la política e capitais oficiaisdo Japão. Houve aindaa canahzaçáo do capital japonês para setores co­merciais e índustríars,

"Mas, vela a 11 Guerra Mundial e, com ela. ainterrupção da Imigração, correspondendo aoquarto período. Tudo retornou ao normal a partirde 1952, quando entraram no país agncultoresespecializados no cultivo da juta, fixando-se noAmazonas. No ano seguinte outros 1.480 colonosse estabeleceram naquele Estado, e, 1959, chega­ram mais 7.041. Essa retomada do fluxo imigra­tório faz parte do quinto período, que é o atuale que, pelos dados disponíveis permitem fixar onúmero de imigrantes em torno de 250 mil atéhoje, quando se comemoram 80 anos do írucíoda imigração japonesa no Brasil"

Conforme Tomiko Tanaami Bom. a populaçãonikkei(assim chamadas as pessoas com sangueJaponês, de qualquer geração), em 1958, era de428.903 pessoas, e, em 1985, de, aproximada­mente, 800 mil pessoas, entre as quais 120 milisseis (imigrantes).

Após fracassos nas várias tentativas de se traze­rem para o Brasil numerosos gannen mono, afim de ser suprida a carência de mão-de-obranas fazendas de café em São paulo, o ex-De­putado japonês RyuMizunoveio para cá e realizouentendimentos que, em tal sentido, alcançarampleno êxito,Mizuno voltou ao Japão e promoveuintensa campanha, sob o slogan "Trabalhe noBrasil, e fique rico", até que, em 1908 chegoua primeira leva de Imigrantes. Ryu Mizuno passoua residir no bairro das Mercês, em Curitiba, capitaldo Paraná, onde permaneceu de 1926 a 1941,ajudando a fixação dos ísseísem vários pontosdo território nacional,

Por inlclanva da professora Tereza Nagata deRezende, responsável pela introdução do cursode língua japonesa na Universidade Estadual deLondrina, o Instituto Nacional do Livro, em cola­boração com a Secretaria de Cultura do Paraná,está editando a biografia de Ryu Mlzuno,de autoriado jornalista Japonês Jun Ushikubo, residente emLondrina, que aportou em 1935, tendo VIajadono navio "ArabiaMaru" Ushlkubo é autor de maisde trinta livros, em língua japonesa herdou desua mãe, professora de Artes na Escola de Artesda Ueno, Japão, o dom da pintura, e trabalhaatualmente no "Paraná Shimbum", jornal da colô­nia japonesa, no Estado, após haver trabalhadono "Díahõ Shímbum", de São Paulo. A traduçãopara o português da obra "Ryu Mizuno, raízesno Paraná está a cargo de Teruko IwakamiBeltráo,professora de língua japonesa, na UníversidadeFederal do Paraná, Curitiba.O livrodeve ser lança­do ainda no mês de junho.

O Paraná conta com numerosa colônia nipô­nica. Os primeiros Imigrantes, partícipes da levatrazida pelo "Kasato Maru", entraram pelo litoralno referido Estado, em 1912. O primeiro nisselparanaense nasceu em 1913 e, em 1915,jáestavaem funcionamento a pnmeíra colônia, a de Kakat­su, a 80 quilômetros da cidade de Guaraqueçaba,na orla marítima. Dois japoneses vieram a pé dolitoral para Curitiba, pela estrada da Graciosa. Umdos posteriores rrnigrantes adquiriu, em 1920,uma fazenda de 100 alqueires paulistas no Muni­cípio de Bandeirantes, norte pioneiro do Paraná,para assentamento de algumas famílias japone­sas, quando a região era ainda sertão bruto, ten­do-se tornado uma fazenda-modelo.

O Núcleo Três Barras, dispondo da vilade Assa­hilândia, com área total de 18 340 alqueires pau­listas, teve as terras divididas e vendidas, a partir

Page 15: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA N.AClONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11427

de 1932, pela BRATAC.- O interesse pelas terrascresceu quando, em 1932, o governo paulistacerceou o plantio de café em seu território. Em1939, nada menos de 7.312,77 alqueires haviamsido comprados e, em 1941, estavam loteados14.800 alqueires; existiam 1.614 famílias de imi­grantes e a população alcançava 8.666 habitantes.O primeiro gerente do Núcleo Três Barras fO!

Miyuki Saito, seguindo-se-Ihe o colono Kaíto Us­sui e, depois, Hikohei Shimba. Saito se empenhouno alargamento em três metros da estrada paraSão Jerômmo da Serra, como construiu o primei­ro escritório da BRATAC, com telhado de palhae sem paredes. O desmatamento da área se mí­ciou a lo de maio de 1932 e Saito fixou essadata como a oficial de fundação do Núcleo, e,conseqüentemente, a da Assahilândia (Terra deSol Nascente) de outrora, sendo a Assai dos nos­sos dias, um dos mais florescentes municípios.do Paraná.

Na obra "O Imigrante Japonês, História de suaVida no Brasil", o escntor e pintor Tomoo Handafala do cotidiano, usos, costumes e peripéciasdos gannen mono, e de como desbravaram oentão selvagem norte do Paraná, com o enfrenta­mento do sertão bruto, feras, mosquitos, maleita,febres palustres, falta de estradas, ranchos de sa­pé, isolamento completo da civilização.

A Paraná Plantation, de capitais ingleses e parti­cipação da Coroa, fundou Londrina, cujo nomese derivou do de Londres. As datas urbanas eos lotes rurais tiveram enorme procura por parte'de migrantes nacionais e estrangeiros, em espe­cial por parte de'colonos japoneses. Voltada paraa cafeicultura, Londrina se projetou, de imediato,por seu desenvolvimento. Assim é que a LeI n°2.519, de 3 de dezembro de 1934, criou o Muni­cípio, cuja instalação se deu a lOdo mesmo mêse ano. Juntamente com Assai, constituiu-se nomais forte núcleo de radicação de imigrantes doSol Nascente. .

Organizou-se, em 1936, a Colônia Alvorada,no Município de Ponta Grossa. Mas Curitiba setomou o centro de interesse, em virtude das esco-

". las secundárias e das de nívelsuperior. As famíliasnipônicas foram se estabelecendo aos poucosnos arredores da capital paranaense, atraídas pe­las favoráveis condições de produção hortifruti­granjeira e sua colocação no mercado de consu­mo. Dentro de poucos anos, Curitiba viu crescera colônia japonesa, com seus isseis, nisseis,sanseis, yonseis e goseis, ou seja, com seusimigrantes, filhos, netos, bisnetos e trinetos.

6 Paraná ostenta, com justificado orgulho, im­portantes núcleos de color ização japonesa, cum­prindo destacar os de AssaÍ, (Iraí, Londrina, Cun­tiba, Antonina, Cornélio Procópio, Arapongas eMaringá.

Os gannen mono se espalharam pelo Brasilinteiro, começando por São Paulo e Pararia, de­pois a Amazônia e Mato Grosso, prolongamentodo colar de colônias do Peru, Colômbia e Bolíviae, por último, buscaram Santa Catarina e Rio

. Grande do Sul. Com excesso de imaginação, hou­ve 'quem assoalhasse, antes da Segunda GuerraMundial, existir plano maquiavélico de expansio­nismo nipônico na América do Sul, com a criaçãode Novo Japão neste hemisfério, mediante a in­corporação dos territórios onde se situavam ascolônias. Explodiu a conflagação, deu-se o con­fisco de bens dos súditos do Eixo Roma-Berlim-

Tokyo, a retirada destes de zonas estratéqicas econfinamento no interior do país, sem que nadaacontecesse, revelando-se, POIS, que o plano ex­pansionista não passava de fruto de imaginaçãodelirante. O Centro de Estudos Nipo-Braslleirosde São Paulo, em projeto financiado pela JapanIntemational Cooperation Agency (JlCA), fez o le­vantamento da população de nikkeis no Brasil,concluindo existirem 1.168.000, o que nos dá oprimeiro lugar, dentre os paises, fora o Japão,com o maior número de japoneses e descen­dentes. A maior colônia está em São Paulo, com828 000 pessoas, vindo, a seguir, o Paraná com137.824 pessoas, enquanto Santa Catarina e RioGrande do Sul não passam de 4.472 pessoas.

Detalhe curioso nas exigências brasileiras paraa vinda de imigrantes: o cumprimento da lei dastrês enxadas , segundo a qual cada imigrantedeveria fazer-se acompanhar de mais dois familia­res, em condições de empunharem enxadas, notrabalho do campo. O acordo implicou aumentodo número de casamentos, antes da partida doJapão, graças ao que se preenchia mais facil­mente o número de pessoas aptas para a lavoura.Mas esse fato não implicava permanência perpé­tua do issei no campo. Três anos depois, encer­rado contrato de trabalho, ele, de modo geral,se punha a amanhar a terra, agora de sua proprie­dade, ou se encaminhava para a cidade, dedican­do-se, então, ao comércio e à Indústria.

Eloqüente, assim, o depoimento do nikkei Yo­SIO Antonio Ueno, eminente Deputado Federaldo PFL do Paraná, sobre a epopéia vivida porseu próprio pai, o issei Yoneso Ueno, à "GazetaMercantil", de São Paulo, no caderno especial so­bre "A Contribuição Japonesa" (edição de 30/4a 215/88), conforme reportagem de Claudio La­chini:

"Yoneso üeno, no princípio, seguiu a lei dastrês enxadas e, se vivo fosse, não tena motivospara arrepender-se Aos 18 anos de idade, paracumprir a estranha lei, desposou Kikue, que tmhaa mesma idade Recrutou sua própria irmã Tsutai,de 14 anos de idade, e deixou a provincia natalde Fukuoka. Alguns meses mais tarde, no dia24 de outubro de 1913, muitos milhares de rrulhasdistantes, os três desembarcaram do vapor "Tie­koku Maru", no porto de Santos.

"A lei das três enxadas era brasileira, e faziaparte do acordo de imigração, que começou aviger entre o Brastl e o Japão em 1908 - erapreciso cumpri-Ia para vir trabalhar nas lavouras(de café) do interior do País (leia-se São Paulo),exigia-se o mínimo de três pessoas de uma mes­ma família para empunhar a ferramenta do ofício.

"A saga de Yoneso Ueno, falecido em 1975,é um exemplo do que foi a epopéia dos japonesesque, começando pelo Estado de São Paulo. sefixaram no Paraná - hoje são cerca de 150 milentre imigrantes, nisseis (os filhos), sanseis (osnetos) e seus descendentes, responsáveis poruma produção agrícola estimada em US$ 200milhões por ano, ou cerca de 10% das safrasdo Estado, que é o principal produtor de grãosdo Brasil.

"Quando chegou, Yoneso foi para a região deMogiana, trabalhar nas plantações de café", Infor­ma seu filho mais velho, losio Antonio Geno, 64anos, Deputado Federal (PFL) em sexta legisla­tura, portador da condecoração "Zuihosho KunNi Too" (Ordem do Tesouro Sagrado, recebida

do imperador Hirolnto), e sócio de um conglo­merado agroindustrial e comercial que fatura cer­ca de US$ 65 milhões por ano. Yoneso, contao filho,lutou cinco anos nas lavouras da Moglana,até que, em 1916, empreitou uma área para plan­tar café no norte do Paraná, em Cambará. Ali,onde ficava a Fazenda dos Barbosa e hoje vicejaa família Matsubara e seu clube de futebol profis­sional, foi que ele semeou algodão em meio àscovas de café. fez as colheitas das primeiras flora­ções (pelo sistema de empreita, o agricultor des­matava a terra, plantava e cultivava por quatroanos, usufruindo integralmente de seu trabalho)."Ganhou seis contos de réis (moeda da época),dinheiro suficiente para abrir armazém de secose molhados", narra Ueno, nascido em 1924, trêsanos depois que Yoneso abandonara a lei dastrês enxadas.

"Esse abandono, porém, fOI temporário. Os Ue­no, ao longo de 75 anos de Brastl, amealharammuitas terras e muitas culturas e nunca mais dei­xaram de produzir, embora seus interesses hojeestejam ramificados por outros Estados, além doParaná, e por muitos negócios, além da agricul­tura. A multiplicação de Yoneso e Kikue e da irmãe cunhada Tsutae gerou até hoje 34 brasileirosde olhos puxados e uma vasta gama de produtosagroindustriais: os Ueno, cujos negócios são diri­gidos pelo irmão mais novo de Antonio, Kurao,e o sócio Vicente Okamoto, produzem atualmente100 mil fardos de algodão (em sete usinas debeneficiamento), 40 mil sacas de café (principal-.mente em sua fazenda de 8 milhões de pés planta­dos em Araguari, Minas Gerais, e 50 milhões delitros de álcool em Goío-Erê, no Paraná, ondea famíliaplantou a sua base. Tocam ainda o NikkeiPalace Hotel, um quatro estrelas edificado no co­ração de São Paulo, e que fatura US$ 1,5 milhãopor ano.

Antonio (Ieno, além de ser um dos Deputadosmais antigos do Brasil (ele pertencia ao PartidoDemocrata Cristão antes do poder militar de1964), formou-se em contabilidade, economia edireito, tendo realizado o primeiro sonho de seupai e de todo imigrante: dar a seus filhos formaçãouniversitária. Essa regra, diz Ueno, .sequida pelosnisseis e sanseis, precisa ser transmitida às no­vas gerações: "Transmitir os valores culturais (doJapão) para enriquecer (culturalmente) o Brasil,integrando-se definitivamente à vida nacional".

Outros exemplos, não menos edificantes, indi­cam a transformação do colono contratado emagricultura independente, ou em industrial pro­gressista, com extraordinária contribuição para odesenvolvimento econômico, social e cultural bra­sileiro. Citemos alguns desses exemplos, comoilustração: .

Hisato Fujiwara trabalhou seis anos na FazendaCanaã, na região da Mogiana, São Paulo. Poste­riormente, foi pedreiro, depois comprou um fábri­ca de macarrão, em Pindorama, aplicando, assim,os 1.000 ienes doados por seu pai, antes do em­barque para o Brasil.Vendeu-a em 1927 e transfe­riu-se para o setor de beneficiamento do algodão.Enriquecido, legou, ao morrer, em 1949, paraos sete filhos, fazendas em São Paulo e no Paraná,além das empresas Fujiminhas Agropastoril (pro­dução de café e sementes no cerrado), A Serici­têxil (fábrica vertilizada da seda), a Minasilk (pro­dução de fios de seda) e a F1ytec (comércio depeças e componentes de avião).

Page 16: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11428 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITÇIINTE Junho de 1988

Após frustrada tentativa de fixação no Peru, Tsu­nesaemon Maeda foi atraído pela cafeiculturapaulista. Ao deixar o colonato, plantou algodãono norte de São Paulo, e dele extraiu óleo. Cons­trói, em ltuveravas, uma fábrica, área construídade 9 mil metros quadrados, para produção men­sal de 300 toneladas de fios, a partir de 1990,com 30% destinadas à exportação. Hoje,os negó­cios da família, presididos pelo filho mais velhoTakayuki Maeda, abrangem 25 mil hectares deterras (produção de milho e algodão), 45 tonela­das de algodão em cargos por ano, três usinasde beneficiamento de algodão, com produçãoanual de 20 mil toneladas de algodão em plumapara fiação, fazendas com 8 mil cabeças de gadoconfinado e 5 mil solto no pasto, e mais as empre­sas Agropecuárias Maeda SA., Maeda SA Indús­tria e Comércio, Agropecuária Salto Belo SA.,Maeda SA. Administração e Participação, e MaedaArmazens Gerais Ltda., com faturamento médioatual de US$ 30 milhões, e projeção para US$SOmilhões.

ACooperativa de Cotia nasceu com 80 associa­dos e capital de 215 contos de réis (moeda daépoca). Disseminou-se por todo país, com diversi­ficação da produção e comercialização, abran­gendo algumas dezenas de mlhares de associa­dos e capital de alguns bilhões de cruzados.

Shunji Nishimura é um caso especial. No plenoe rigoroso inverno de 1932, desembarcou no Bra­sil, trazendo o diploma de técnico em mecânica,alguns livros, a bíblia e 50 ienes no bolso. Traba­lhou na lavoura, em Pompéia, São Paulo, e depoiscomo garçon. Com quatro amigos, montou umaoficina e, a seguir, outra, sozinho, com a taboleta:Conserta-se tudo". Comprou a primeira solda euma oficina mais completa, iniciou a construçãodas primeiras máquinas. Em 1949, vendeu a suaprimeira polvilhadeira. A empres Máquinas Agrí­colas Jacto 5A. é o coroláno, tendo construídoa primeira colhedeira de café no mundo e outrasmáquinas agrícolas. Surpreendeu-se, certa feita,com carta do governo imperial japonês, comuni­canmdo-Ihe a concessão de condecoração, "porter valorizado o povo japonês no exterior", e esco­lhido para ser entrevistado, entre os premiados,pela maior rede de televisão, NHK, do Japão. Ni­shimurajulgou ter havido engano de pessoa, pois,a seu ver, estava beneficiando o povo brasileirocom a sua produção de máquinas agrícolas. Oerro, contudo, fopra de Nishimura. Acasa imperialqueria exaltar, como exaltou, quem, tendo partidodo nada, muito fez, "As,coisas foram acontecendosem querer", disse nu~a prova de inteligênciae capacidade de trabalho .dos filhos do Sol Nas­cente.

As Usinas Siderúrgicxas de Minas Gerais SA.(Usiminas), a Companhia do Vale do Rio Docee outros empreendimentos ue tais tiveram o intei­ro apoio japonês, sem o qual não teriam ido avan­te.

Numerosas multinacionais nipônicas atuam noBrasil,entre as quais C.Itoh E Co Ltd.a MitusubishiCorporation, a Sumitono Corporation e a Mitsuie Co. Ltd.,tantoi no interioir como na Zona Francade Manaus. Partem, quando possível, para a cons­tituição de joint-ventures, união com empresasbrasileiras, nos setores de soja, minérios, eletrô­nica, etc. Cedem-nos tecnologia de ponta, canali­zam capitais para nós, e geram milhares de em­pregos.

Numerosos projetos industriais e agrícolas es­tão sendo financiados por bancos japoneses. Aszaibatsu se mostram grandemente interessadasem que esses projetos sejam executados comsucesso.

A cultura mutissecular modelou o povo japo­nês, segundo princípios de austeridade, disciplinaobediência e apurado sentido de honra. O Gorinestabelecia as cinco relações humanas: entre opríncipe e o vassalo, entre o pai e o filho, entreo senhor e servo, entre o marido e a mulher,entre o amigo e o amigo, ou entre irmão e Irmão.Essas relações se baseiam no Gokai, os cincomandamentos. não matar, não roubar, não seentregar à luxúria, não mentir:não tomar bebidasalcoólicas. O hamakure, no século XVII, imprimiuorientação á sociedade, e inspirou o bushidô,do código de conduta do samuraie do soldadodos dias de hoje, tendo no harakiri, ou seppuku,a saída jonrosa pela morte ritual, para a recupe­ração da dognidade perdida.

Encontramos as suas origens no Xintó, a viade Deus, que determinava a garnde prurificação- Oharai -, acmpanhada de oferendas e ceri­mônia expiatóna de todo povo, arrenpendido dcrime cometido, indo desrespeito aos deuses àprofanação de cadáveres, homicídio, feitiçaria,so­domia, incesto e até perturbação na cultura doarroz O Kami Inari, a cavalo numa raposa, ajudaa penetrar-se na essência do Xintó e assume,quando quer, variadas formas. Alcança-se a Viade Deus através da sublimação do ser humanoe do culto aos antepassados, realizado, este noRimoki, oratório familiar, onde o mochi, bolode arroz, alimenta as almas.

O budismo ingressou, no século N a.c , no Ja­pão, e, no século XIII, fundiu-se praticamente como Xintó. Do sincretismo religioso adveío a concep­ção do Chikuskô, o mundo dos animais da Shu­ra, o mundo da força bruta, do Jigoku, o mundodos Infernos, e do Ten, o mundo dos seres celes­tes. Aobediência ao Gokaie aos princípios religio­sos estabelecidos conduz ao camiho da perfeiçãoespiritual, que permite o ingresso, como prêmio'no Nehan, o Nirvana para o Japonês

A massa do povo assimilou esses ensinamen­tos, e se amoldou a eles.

Hirohito, o 124 0 imperador, é o tenshi, o Filhodo Céu descente direito de Amaterasu, a deusado Sol, cujo neto Ninigi, tendo recebido do deusIkuninushi, - o Senhor da Grande Terra, - partedo reino de Izumu, trouxe, como símbolos impe­riais, - até hoje venerados, - sabre, o espelhoe o colar de pedraspreciosas. O imperador perso­nifica o Japão e o seu povo, que lhe presta home­nagem na festa do Tentiossetsu, comemorativado seu aniversário natalicio. Esses respeito impe­rial igualmente de origem divina.

Convencida da obediência da sociedade à suaautoridade e ao fato de assegurar aunidade nacio­nal, a Casa Imperial vai ao povo, em todas asocasiões que lhe oferecem.

Temos, agora, presente no Brasil, o PríncipeFumihito neto do tenshi Hirohito, como, em ou­tras épocas, fomos honrados com a augusta pre­sença do Príncipe Aki Hito, herdeiro do trono.

O ilustre visitante comparece às comemora­ções do 80 0 aniversário do início da imigraçãojaponesa em nosso País. Prestigiada a'colôniae transmite-lhe palavras de estímulo e carinhopela odisséia praticada, ao rumar para um país

inteiramente desconhecido e para o qual vemdando o melhor do seu trabalho e da sua íntelí­gência.

Apnmorou-se a arte guerreira no Japão, desdeas sangrentas lutas de samurais, a serviço doShogunato e dos daimyôs. Mas, a arte de defesapessoal, se inspirou no Xintó e no Zen, e extra­polou para o Ocidente, em suas variadas ramifica­ções, - Karatê, jiu-jitsu, summô e kung-fu.Os inúmeros adeptos assimilam, concomitante­mente, a filosofia que lhe deu a base e a técnica.

Muitos de nós se enfronham em outros aspec­tos da cultura japonesa, a literatura, a música,a históna, o teatro, os usos e costumes, o modode ser do japonês. Mishima, o mtransigente defen­sor das tradições, preferiu submeter-se ao hara­kiri do que suportar a ocidentalização do seupaís. Haikai e tanko são primores de síntesee delicadeza. Aizu Banzaie Soram Bushi fazemparte do rico repertório musical. O teatro nob,o teatro kabuki e o teatro de bonecos atraem,divertem, comovem até às lágrimas. A mulherestá mais liberada, e também disputa o mercadode trabalho, rnodífrcando, aos poucos, a figuraromântica da gueisha, a dedilhar o shamisene a participar, com os trezentos gestos de mãos,a cerimônia do chá, - chanoyu, realizado nocbachitsu, recordando que a planta do chá nas­ceu, com dádiva celeste, dos fragmentos de pál­pebras que o apóstolo Darumá lançara ao solo.A ikebana, arte floral, se propagou até nós, como seu arranjo, com o seu colorido, com a sualinguagem.

O japonês não se esquece, no Ano Novo, deornamentar a frente da casa com ramos de pinhei­ro e bambu, o Kadomatsu, simbolizando o pinhei­ro a longevidade e o bambu, a virtude. E nãose esquece de acrescentar o shimenawa, o cor­dão de palha com tiras de papel branco (o ga­hei), em ziguezage, para espantar a má sorte.

Distante da pátria, o issei recorda a cerejeira,árvore-símbolo da perenidade. A flor cai antesde murchar, e a árvore floresce ainda uma vezno ano. Por isso, o bushidô se compara a ela,- tomba jovem no campo de batalha, e ressus­cita, em outro lugar, para continuar defendendoa terra e o Imperador. O hana-mí faz parte doculto à cerejeira, quando, sob a sua sombra,a família se reune em convescote.

Tem saudades do Katsuyuki, a primeira ne­ve; do sorí, o carrinho de madeira sobre pranchade bambu, com o qual deslisava no lençol alva­cento; do yuki-gassen, a batalha de bolas deneve. Ri, interiormente, dos bonecos redondos,feitos de neve; a lembrarem, no yuki-dãruma,o monge Daruma que, conforme a lenda, engor­dou tanto durante a longa meditação que tomoua forma de um barril, a rolar de um para outrolado.

Empenha-se em enfeitar o mastro, junto dacasa, com os koinobori, flâmulas de papel emforma de carpa, infladas pelo vento, no Dia dosMeninos. Compenetra-se, no bonodori, a festaem honra dos mortos, com as lanternas de papele música ruidosa na rua, depois de, no botsudan,haveracendido vela, queimado incenso, e deposi­tado o mochi para os entes da família já partidos.Na noites de manguetsu, a lua cheia, deleitafilhos e netos com a tradição da Mushi - Hana­shi-Kai, associação em Tokyo que, algumas ve­zes, no ano, distribui milhares de grilos e outros

Page 17: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11429

insetos cantores nos ramos das árvores do parquea flrn de encantar com a musicalidade os ouvidosde toda a gente ou sonha com a festa da Tana­bataMatsuri, que rememora o episódio daTece­lã Tsume e do vaqueiro Hikoboshi. Tsume traba­lhava no tear, em casa, quando passou Hikoboshi.Apaixonou-se imediatamente. Saiu ao encalço de­le, que, ao vê-Ia, também se enamorou perdida­mente. Casaram-se, com as bençãos dos deuses.Mas, amando-se dia e noite, deixaram de traba­lhar. O tear envelheceu e quebrou-se. O campode arroz se encheu de ervas daninhas. Entupi­ram-se os valos de irrigação. O gado emagreceue sucumbiu, por falta de zelo. Os deuses se irrita­ram e condenaram o casal à separação. Tsumee Hikoboshi, as estrelas Altair e Vega, ficaram se­parados pela Via Láctea e só se unem uma vezao ano, no dia 7 de julho, quando, na festa daTanabata Matsuri, os japoneses prendem, emramos de bambu, tiras de papel colorido compoemas propiciatórios. Distrai-se confeccionandoorigami,animais feitos de papel, e kaminingyo,bonecas de pano, quase sem rosto, motivos dealegria e divertimento para as crianças.

Tudo isso se transplantou e penetrou na culturada sociedade brasileira.

Devemos observar que, nos primeiros tempos,havia desconfiança de parte a parte. A diferençade língua, comportamento, mentalidade e hábitosacarretava o distanciamento entre o colono E' onativo, a ponto do japonês considerar o brasileirocomo gaijin, estrangeiro em sua própria terra,porque a sociedade nas colônias era hermetica­mente fechada ao elemento estranho. Depois deanos de convívio e de observação mútuos no tra­balho, ruíram as barreiras. A miscegenação racial,antes inadmissível, é hoje fato corriqueiro, aceitapor todos.

O convívio trouxe o entendimento e o emprés­timo de culturas. Há colaboração espontânea. Ume outro reconhecem as virtudes e os defeitosalheios, sem preconceitos contra o amarelo e con­tra os hakufin (brancos). O japonês, que vieracom a preocupação de enriquecimento rápidoe retomo apressado à pátria, construiu no Brasilo ~u lar definitivo. Participa ativamente da vidasocial, política, econômica, intelectual e adminis­trativa do nosso país. O O issei está perfeitamenteintegrado e orgulha-se dos seus descendentes,vitoriosos em todos os setores de atividade. Reful­gem na indústria, no comércio, na agricultura,nas ciências, nas artes e nas letras os nisseis,os senseis, osyonseis e os goseis. Muitos delesobtêm bolsas de estudos para aperfeiçoamentotécnico-profissional, nas Universidades do Japão.E o que aprendem aplicam entre nós, para a nossamaior grandeza.

São muitas, e belíssimas, as festívídades, emtodo País, comemorativas do 80' aniversário daimigração japonesa, a contar da chegada, ao por­to de Santos, do navio "Kasato Maru", a 18 dejunho de 1908. É um acontecimento que comove,por sua alta significação, o povo brasileiro. Nestedespretensioso relato, vai um pouco do reconhe­cimento de todos nós, pelo muito que os gannenmono fizeram pelo nosso país.

Atoda a Colônia, nosso sincero muito obrigado,japonês!

O SR. MENDES RIBEIRO (PTB - SP. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr.Presidente, Srs.Parlamentares, não há renovação de ar no plená-

rio. A refrigeração funciona ao máximo. Um hábi­to, aliás, do Planalto Central, Nordeste e Norte.O frio recomenda aos cautelosos ocuparem osúltimos lugares, onde a cobertura resultante dopiso das galerias, proteje razoavelmente.

De lá, vejo o balão, um balão comum, bnn­quedo de criança, sendo jogado de um deputadopara outro. Só dois. E, olho o painel eletrônico,são 460 os presentes.

Como era de esperar, o Presidente explode:- Senhores, é a Instínnçâo, Guardem postura!Amáquina fotográfica - atenta ao mínimo des-

lise - capta o flagrante.Sei. Manhã seguinte, destaque.Lógico. É a mais primária das regras de jorna­

lismo por guia. O cachorro mordendo o homem,não vale uma linhá. O homem mordendo o ca­chorro é manchete.

Um parlamentar brincando de balão? É umdespropósito. Daí os aplausos quando a direçãodos trabalhos adverte. Voltono tempo. Sou jorna­lista principiante. Destacado para cobrir os acon­tecimentos na Assembléia Legislativa do Estado,assisto episódio inesquecível.

Nas acanhadas dependências de então o plená­rio tinha concorrência fora do comum. E, nasgalerias, as alunas do Instituto de Educação rece­beriam lições de educação moral e cívica.

O então Deputado Cândido Norberto presídíaa Assembléia. Um primoroso homem público. Edele, saibam, a obra do Auditório Araújo Vianae a concretização do sonho do hoje magníficoprédio do Legislativo gaúcho.

Lá pelas tantas, um deputado jovem, arreba­tado, em meio ao debate, deixou escapar um pala­vrão. Palavrão à época. Hoje é nada. Coisa mo­dema. Lugar comum no cinema e televisão. Masera. E como! O presidente advertiu. O parlamentarrepetiu.

O presidente mandou retirar o deputado. Reti­raram.

Logo após, assumindo no lugar do exemplarPoty Medeiros, votei contra um movimento que- pasmem! - tinha por objetivo depor o Cândidoe' desagravar o faltoso. Por pouco, muito pouco,não se consumou!

Passaram, nos meus cálculos, 25 anos. Comose vê é coisa de agora, vez por outra, um destem­pero. A figura central do caso narrado é homemcom alto cargo na vida de nossoEstado, Com­prova que até os melhores são passíveis de falha.

Olhei amarelecidos recortes. Gaurdando asproporções, a máquina de hoje é mais ágil doque a manejada faz um quarto de século. Alevian­dade é igual. A postura do Presidente Ulysses,enérgica, tal qual foi, respeitando o paralelo, ado comandante do nosso parlamento regional.No entanto, agora, pela natura! ressonância, obalão é coisa de todos e não de dois. No passado,foi um dizendo o que não devia. Com nome efoto. Ressaltou-se a ação presidencial muito em­bora colegas - a minoria tenha comentado de­masiada energia. Não foi. E marcou!

É o caso das faltas. Ou falhas. Se cortadasna base. Se punidas. Se levadas por exemplo,é saneamento. Profilático. A simples publicaçãodos nomes dos faltosos, surtiu mais efeito do quedescontar jetons ou cortar os ganhos.

O balão atirado ao ar, virou travesseiro de pe­nas.

- Brincam de balão na Assembléia NacionalConstituinte!

U a manchete.É verdade. Verdade inteira? Para meu gosto,

na mmha ótica, não. Um. Dois. Com a reprovaçãode mais de 458.

Afinal,a dignidade e a postura representam ele­mentos indispensáveis ao exercício do mandato.E bastaria um exemplo. Tal como vi, aí no RioGrande, quando pela primeira vez fui jornalistae parlamentar.

O SR. MANOEL MOREIRA (PMDB - SP.Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente,Sr'" e Srs. Constituintes, na oportunidade em quese comemoram os 80 anos de imigração japone­sa, movido pelo mais elevado espírito de 'respeitoe admiração, desejo, desta tribuna, homenagearo governo e o grandioso povo japonês, os valoro­sos imigrantes, todos os seus simpáticos e dinâ­micos descendentes, bem como os denodadosbrasileiros que, direta ou indiretamente, estãocontribuindo para a realização deste evento que,sem dúvida alguma, há de ratificar,ad aeternum,o respeitoso e transparente pacto de colaboraçãoe amizade que traçamos para os nossos países.

"Deus fez do trabalho a sentinela da virtude"e os japoneses, integrando ambos, superaram asi próprio, singraram mares e fizeram do Brasilo seu querido lar, para que, juntos, pudéssemoshoje, obstante as evidentes e antipodas diferenças,usufruir desse benefício intercâmbio de abrasílei­ramento ou niponização dos nossos relaciona­mentos.

Mas esta pujante e salutar presença nipônica,espontaneamente inserida na realidade brasileirada década de 80, revela a todos que a contem­plam uma longa, árdua e combativa história. Co­meçou quando o navio "Kasato-Maru" chegouao porto de Santos, em 18 de junho de 1908,após 60 dias de viagem desde o porto de Kobe,Japão, trazendo 791 imigrantes a bordo. Alicome­çara a saga de 165 famílias na busca perseverantee incontida da realização de um fantástico sonho:trabalhar na lavoura de café, conseguir muito di­nheiro e voltar rapidamente ao Japão. Realmenterevolucionaram nossa agricultura, ganharammuito dinheiro, porém pouquíssimos retornaramà terra natal. Em diferentes datas, até 1977, novaslevas de imigrantes, totalizando 250.746 pessoas,aportaram em terras brasileiras, tonificando e am­pliando as atividades dos pioneiros. O certo eo maravilhoso é que, das fazendas de café pau­listas e paranaenses, espalharam-se, com seusdescendentes, em todas as direções e em todosos segmentos econômicos brasileiros, deixandoa marca indelével do mais completo e bem arqui­tetado sucesso.

Na agricultura, por exemplo, motivo primeiroda presença japonesa no Brasil, a colônia é res­ponsável atualmente por 4% do PIBagrícola que,em 1987, foi equivalente a 90 bilhões de dólares.Para elucidar, sozinha, a Cooperativa Agrícola deCotia, o maior grupo cooperativo da América lati­na, a 19' empresa do Brasil e a sexta empresaprivada nacional, detém um faturamento globalprevisto para 1988 na ordem de Cz$ 161 bilhões.

Os japoneses e seus descendentes, contudo,. não nos beneficiaram apenas na agricultura. Atua­

ram, também, no setor industrial, que começoua se desenvolver na década de 40. Para exempli-

Page 18: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11430 Sábadó 18 DIÃRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONALCONSTITUINTE Junho de 1988

ficar, a (Isimlnas, pnmeira Joint venture japo­nesa com o governo, noBrasil, é hoje a 7' empresaentre as estatais, enquanto a siderúrgica de Tuba­rão, uma associação de capitais pnvados brasi­leiros e Japoneses, é a 2' entre as de capital misto.No ranking das empresas estrangeiras, a Natio­nal e a Ishíbrásestão na 43' e 44' posições, caben­do à National a 7' posição no setor eletroeletrônlcoe à Ishibrás a liderança na construção naval

No que tange ao setor financeiro, o lugar dedestaque fica para o Banco Aménca do Sul, cons­tituído de capitais exclusivos da colônia japonesa,sendo o 210 banco do país. Três outros bancosjaponeses ainda figuram na lista dos 50 maioresdo Brasil: o Banco de Tókio (36°), o Mltsubishi(38°) e:o Sumitomo (490).

Na área de prestação de serviços, os japonesesdirecionaram-se para todos os setores, e umexemplo de sucesso são as agências de viagemque, operando quase exclusivamente com a Ja­pan Nr Lines - JAL, e a Varig, conseguem lotarum Jumbo com destino a Tókío cmco vezes porsemana.

Quanto ao setor de comunicações, os japone­ses-contarn hoje com três jornais diáríos, editadosem São Paulo e distribuídos por todo o Brasile América Latina

Enfim, a presença japonesa no Brasil é signifí­cativa, marcante e crescente, aplicando aqui 2,6bilhões 'de dólares, assimilando nossa brasilidadee propagando sua língua, sua religião, seus costu­mes, suas festas, sua cultura, sua arte, sobretudoo Ikebana, cujos arranjos florais nos deleitampor sua extraordinária beleza e nos ensinam overdadeiro exercício da sensibilidade

Em suma, 80 anos depois, o Brasil se senteorgulhoso e honrado de acolher, em seu berçoesplêndido, os queridos descendentes do país dosol nascente, que somam hoje 1.680 000 entrenisseis, sanseis, ionseis e gosseis, que se urbani­zam conosco e compartilham da nossa realidade,passando a fazer parte da nossa História. O maiseloquente exemplo dessa interação se verifica naregião Sudeste, onde está a maior concentraçãode descendentes de japoneses (915.000 pes­soas), cabendo o destaque para as cidades deSão Pauloe Campinas. Em Campinas, toma-sefundamental ressaltar, vivem cerca de 22.000 des­ses intrépidos descendentes da terra dos Samu­rais, honrando sua estirpe, desenvolvendo as maisdiferentes atividades no campo, na indústria, nocomércio, no ensino, na tecnologia de ponta ouem profissões liberais outras, construindo comvigor e esperança imortais o progresso de nossomunicípio, deixando aos campmeíros e ao Brasilpreciosas lições de disciplina, sabedoria e deter­minação, marcando nossa terra com amor e ferti­lidade.

Por fim, Sr. Presidente, Sr" e'Srs, Consntuíntes,. que minha voz se eleve bem alto, e percorra os

mesmos caminhos do "Kasato-Maru" e possatransmitir, solene e expressivamente, aos ouvidosda milenar e altiva nação japonesa, os versos dopoeta lusitano Femando Pessoa:

"Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequenaQuem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor."

e, também, o dito popular:

"Fica sempre um pouco de perfume nasmãos que oferecem rosas."

Era o que tinha a dizer.

o SR. FERES NADER (PTB- RJ. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Cons­tituintes, durante a realização do ICongresso Inter­nadonal sobre Segurança de Trânsito, em Uber·lândia, Minas Gerais, foi anunciada a adoção denovas medidas para tentar reduzir o número ea gravidade dos acidentes de trânsito que matamcerca de 50 mil pessoas por ano e causam prejuí­zos de 1,2 bilhão de dólares ao País.

Na ocasião, foi revelado que, entre as propostasem estudo por uma comissão interministerial, es­tão alterações na legislação de trânsito para tor­ná-Ia mais drástica e eficiente. Citou-se, comoexemplo, mudanças no valor das multas: a infra­ção mais barata - estacionamento em fila dupla- que custa hoje 5% do salário mínimo de refe­rência - cerca de Cz$ 5 mil - passaria para100%, e a mais cara - dirigir embriagado ­teria seu valor triplicado para cerca de Cz$21.500,00.

Falou-se também que algumas alterações noCódigo Penal estão em estudos e poderão serintroduzidas no capítulo referente ao trânsito. Diri­gir bêbado deixaria de ser contravenção, toman­do-se crime. Estão também sendo examinadasmudanças processuais para acelerar a tramitaçãodos processos a fim de evitar que eles já estejamprescritos quando forem encerrados.

O presidente do Conselho Nacional de Trânsito,Roberto Scaringella, que participou do encontro,disse que o Contran pretende também utilizarme­lhor os sistemas de informática para cadastrarcarros e motoristas. Admitiu inclusive que nãose sabe quantos veículos e motoristas existemno Brasil. Defendeu a necessidade de o órgãofazer um prontuário de cada motorista no qualas infrações de trânsito seriam acumuladas. De.pendendo do total ele perderia a licença.

A medida seria da maior importância, pois asautoridades de trânsito poderiam, através doscomputadores, cobrar multas de veículos de ou­tros Estados. Isso seria possível com a simplesintegração dos sistemas de informática dos diver­sos órgãos envolvidos na questão. Hoje, um moto­rista de uma cidade pode cometer impunementeinfrações em outra localidade sem ser multado.Esta irregularidade tem causado sérios problemasa diversas cidades, cujo perímetro urbano é corta­do pelo seguimento de rodovias. Podemos citar,como exemplo, Volta Redonda, na região sul flu­minense, onde o trânsito de carretas e caminhõesé intenso, registando-se incontáveis infrações detrânsito e que não são transformadas em multas,por falta de instrumentos.

As medidas sugeridas fazem parte do Programade Emergência para Segurança de Trânsito, cujaprimeira experiência será promovida através deum multirão contra a violência no trânsito.

Mas para que todas estas alterações se comple­tem, permitimo-nos, Sr. Presidente, acrescentaruma necessidade inadiável, cujos exemplos posi­tivos são encontrados nos grandes países: a cria­ção imediata de um Juizado Especial apenas parajulgar as infrações de trânsito. A medida agilizariaos processos registrados nessa área e robuste­ceria o sentimento de respeito e de previdência

de todos os motoristas. Por isso, reivindicamosao Ministério da Justiça estudos nesse sentido.

Muito obrigado.

O SR. PAULO MACARlNI (PMOB - Se.Pronuncia o seguinte díscurso.) - Sr. Presidente,o industrial Domingos Forte Filho, na qualidadede presidente do Sindicato das Indústrias de serra­rias, carpintarias tanoarias, madeiras compensa­das e lamínadas, aglomerados, chapas de fibrade madeira e de marcenaria de União da Vitória,refletindo o entendimento do empresariado dosul do País, manifesta sua preocupação quantoaos efeitos do Decreto n° 95.715, de 10-2-1988,que poderá criar sérios embaraços ao desenvol­vimento das atividades industriais, à manutençãodas reservas florestaís, ao surgimento de novosreflorestamentos e, sobretudo, ao racional apro­veitamento das florestas.

O setor representa significativa parcela da eco­nomia, com circulação de riquezas, arrecadaçãode impostos e mercado de mão-de-obra. Por tudoisso, /aliado à nova consciência desta classe, empreservar o meio ambiente, animo-me a trazerao debate deste Parlamento as razões explicitadaspelo Sindicato para exame, avaliação e confrontoquanto ao não equacionamento dos problemasnacionais.

Assim sendo, passo a ler as razões invocadaspelo Sindicato, que abrange grande número deatividades e congrega um formidável mercadode mão-de-obra que precisa ser mantido e am­pliado.

Aliás, até o final do século xx, o Brasil neces­sitará de vinte milhões de novos empregos, e so­mente através de novos investimentos, numa con­jugação de esforços entre o Poder Público, o em­presariado e a sociedade, alcançaremos tais me­tas.

O documento está vazado nos seguintes ter­mos:

"Digníssimas autoridades dos PoderesConstituídos! .

O empresariado da indústria regional liga­do direta ou indiretamente ao uso da terra,representado por suas associações de classee sindicatos, contando com a presença deexperts no assunto, decidiu, em reunião rea­lizada nesta data, enviar seu clamor a todasas dignissimas autoridades do Poder Cons­tituído,

Da imperiosa necessidade da revogaçãodo Decreto Federal n° 95.715, de 10 de feve­reiro de 1988, que regulamentou o Decre­to-Lei n" 2.363,_de 21 de outubro de 1987,

Por entenderem que o citado Decreto,além de incoerente com as realidades fáticas,perpetra inovação ao Direito e conflita comnormas legais em vigor,

pedmdo vênia para expenderem suas ra­zões:

I. Da Inovação ao Direito

AConstituição Federal disciplinou a garan­tia da inviolabilidade dos direitos, inclusiveos concernentes à propriedade (art. 153, §22), bem como fixou também os parâmetrosda Ordem Econômica e Social (art. 160),deixando bem claro que a desapropriaçãoé uma exceção e nunca regra geral, postoque a propriedade privada, com suas garan-

Page 19: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988

tias efetivas, é uma conquista amalgamadaem luta secular

De outra parte, é do primado do Direito,e assim consagrado pela Constituição Fede­ral, o ordenamento jurídico instalado na hie­rarquia das leis, com preponderância, por­tanto, das leis maiores sobre as leis menores.

Assim, o Decreto rr 95.715 não atendeuao referido primado do Direito, dando ensejoà arguição de mconstitucionalidade, confor­me adiante se comprova:

"A desapropriação de que trata esteartigo é da competência exclusiva daUnião e hrmtar-se-à às áreas incluídasnas zonas prioritárias, fixadas por decre­to do Poder Executivo "só recaindo empropriedades rurais cuja forma de explo­ração contrarie o acima disposto, con­fonne estabelecido em lei". (Art. 161,§ 2', da CF - gnfamos).

Logo, em se dando através de decreto,a regulamentação do preceito constitucional,houve inovação ao Direito, com flagrantedesrespeito à Magna Carta e com desatençãoà inderrogável hierarquia das leis.

Enfatiza-se ainda, a circunstância de quea matéria contida no Decreto analisado, su­perpõem-se, ainda, a uma enorme gamade leis, como as de n'S 4.504/64 (Estatutoda Terra), 4.947/66 (Direito Agrário),5.889/73 (Estatuto do Trabalhador Rural),7.511/86 (Código Florestal), com o que seconforma o Direito, mormente num país de­mocrático, que, por sua estrutura correspon­de à um estado de direito.

Anorma constitucional enfocada já se en­contrava devidamente regulamentada e: s'ealguma coisa houvesse que ser feita, teriaque ser através de uma lei e nunca por de­creto.

Assim, presente está, no Decreto na95.715, verdadeira inovação ao Direito e per­feitamente caracterizada a inconstitucionali­dade dessa norma, além da total ausênciado consagrado tecnicismo, indispensável naboa hermenêutica jurídica.

As classes e categorias ligadas à terra, secompraziam com a legislação agrária entãoVigente,posto que a mesma (legislação) pro­moveu o surpreendente desenvolvimento ex­perimentado nesta década, com a obtençãode sucessivos recordes de produção e doperfeito entrosamento econômico-social,tornando-se supérfluas quaisquer modifica­ções de base, principalmente, um retroces­so do direito, patenteado no referido Decre­~o na 95.715.

11. A realidade desenvolvimentistarelegada pelo Decreto na95.715

O Decreto enfocado, em seu art 30 e res­pectivos mcisos, nega o real e efetivo desen­volvimento do setor agropastoril-pecuáno eflorestal, por contraditório, deixando de re­presentar os legítimos anseios econômico­sociais da Nação nesse setor, posto que:

"1- a legislação pertinente às rela­ções de trabalho e aos contratos de uso'temporário da terra não está sendo cum­prida" (art 30

) ;

DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

Contrapõem-se ao texto do Decreto, asdísposições contidas na Leina5.889n3, alémde contraporem-se também, o Decreto na59.566/66, as Leis na; 4.594/64 e 4.947/66,eis que, são "a contrário sensu", as melhoresem nossos dias, as relações de trabalho eos contratos de uso temporário da terra, gra­ças às quais normas legais, o trabalhadorrural se encontra equiparado em seus direitosao trabalhador urbano, enquanto que, tam­bém por força dessas leis, se pode retirardo ostracismo o lanfundiáríoque, através doscontratos de uso temporário da terra, torna­ram produtivas as fabulosas propriedadesantes ociosas e tão-somente pelos contratosde uso temporário da terra, conseguiu o Paísos já assinalados recordes de produção.

Inservivel a assertiva contida na normaanalisada, posto que os contratos agráriosse constituem em "pacta servanda" e, comotal, ensejam, para o caso de descumprimen­to, as sanções do direito mediante atuaçãoda Justiça, na melhor conformidade com o.Direito e com as realidades democráticas,

.mercê de Deus recuperadas com o adventoda Nova República.

Por incoerente com a reahdade atual e,também sob o impacto de retrocesso do Di- .reíto, o preceito não corresponde aos anseiosda Nação.

"11- está sendo realizada com mé­todos ou técnicas inadequadas ao plenoaproveitamento de suas potencialidadesou à obtenção do grau mínimo de pro­dutividade exigida por lei" (art. 30

)

Há total equívoco no que a respeito se con­tém essa norma acima.

Os métodos e técnicas usadas atualmentesão os indicados pelos órgãos governamen­tais, com projetos aprovados e permanen­temente fiscalizados pelos órgãos técnicosem seus departamentos setoriais e estaduais,graças aos quais se conseguiu o melhoraproveitamento da terra em ação ínofensrvaà finalidade desta (terra), tanto no setor agro­pecuário, quanto no de extratividade vegetal.

Assim, irreal, por não comprovada a as­sertiva, também neste inciso li, mesmo por­que, inexiste qualquer lei que defina o quese possa entender como "potencialidade ougrau mínimo de produtividade". Tais fatorestem sido evidenciados na prática, pela aplica­ção da melhor tecnologia e da assistênciagarantida pela então legislação específica,com resultados sempre melhores, como talexpressados nas estatísticas. A derrogaçãoda legislação anterior, é retrocesso do dl­reito.

"Ill - Não observa as normas de preser-vação dos recursos naturais, importando ematividade nociva ou danosa ao meio ambien­te." (Art. 30

)

As normas de preservação dos recursosnaturais se encontram consolidadas no Esta­tuto da Terra, nas Leis nOs 4.771 e 7.511,sempre vigiadas pelo então Instituto Brasi­leiro de Desenvolvimento F1orestal-IBDF, eatravés dos órgãos setoriais convenientes. Alegislação anterior, conforme se vê, era pIe­-namente satisfatória e, se não cumprida poralguma minoria, perm,itia sanções pesadas

Sábado 18 11431

aos infratores. Logo, em contrariedade coma Citadaleqrslação, o Decreto na95715, dian­te das enormes incoerências e atecnia, aoinvés de assegurar, permite a predação des­ses recursos, conforme se cuidará duranteo presente mamfesto e na refutação dos de­mais itens nele (Decreto na95.715) contidos.

"IV-As atIvidades desenvolvidas são in­compatíveis com sua vocação ou utíhzaçãoeconômica." (Art 30

)

Inexistindo zoneamentos (a não ser os na­turais e o das regiões metropolitanas), a voca­ção da terra está sendo evrdencíada pela ex­periência e tecnologia ditadas pelos órgãosgovernamentais, com grande sucesso ates­tado pelos números alçados, que, economi­camente, são os mais auspiciosos no setorda utilização econômica rural.

Se determinado latifundiário explora suapropriedade observando rigorosamente osditames da anterior legislação, no pertInenteàs relações de trabalho e em atenção às re­gras pertinentes aos contratos de uso tempo­rário da terra, bem como, utilizando-se dosmétodos e técnicas adequadas, por assis­tidos e fiscalizados pelos órgãos constituídospara essa finalidade, a vocação da terra estásendo cumprida e respeitada. Tolher o pro­prietário do exercício dessa liberdade na for­ma e nas condições legais, é autêntico re­trocesso do direito, o que trará, por certo,o desmantelamento dos sucessos obtidoscom grandes lutas e pelo trabalho.

111. Da incoerência do conceito de"Produção"

Pelo art. 50, o Decreto na 95.715, afirmade modo categórico:

"Art. 50 Também não podem ser desa­propriadas as áreas em produção."

No entanto, tal preceito é derrogado pelomesmo diploma, posto que é através do seuparágrafo 20 e respectivas alíneas que for­mam as letras "a" até a letra "f', deixa deconsiderar "em produção", as reservas flo­restais com destinação industnal, mantidasa muito custo, pelo uso adequado e garan­tidor de sua regeneração, no que estava sen­do rigidamente controlada pelos órgãos fis­calizadores e aplicação das Leis noS 4.771- 7.511/86 e através de projetos específicos,tecnicamente elaborados e com aprovaçãolegal.

Considerar, ainda, improdutivas as áreasnaturais de ervais (erva mate), campos e pas­tagens é simplesmente desconhecer a im­portância da exploração dessas fontes de ri­quezas, desrespeitando-se a própria vocaçãodessas áreas.

Na forma aqui aposta, a norma enfocadaé um convite à "erradicação total das reservasflorestais nativas", com total aniquilamentodas espécies naturais, bem como aniquilara economia dos setores extrativistas e da cria­ção de gado de corte.

Atentos a que a improdutividade concei­tuada no preceito traz como corolário a modi­ficação do tratamento tributário (ITR), deixa­das tais áreas dentro da prioridade expropria­tóna, é lógico que seus proprietános cuida­rão, ímediatamente, do desmatamento das

Page 20: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11432 Sábado 18 OlÁRIo DA ASSEMBLÉIA NACIONAl.CONSTITUINTE Junho de 1988

mesmas, com resultados nefastos à ecologiae ao meio ambiente, além de atentatónosaos interesses nacionais.

Pela letra "b", possibilita-se a expropriaçãode todas as florestas naturais que-já foramabatidas através o manejo sustentado e queaguardam a sua renegeração para novoaproveitamento racional.

No cotejo do conteúdo das letras "c" e"d" do mencionado § 2°,verifica-se a possibi­hdade da "falência da agricultura brasileira",pela constatação de que nenhum proprie­tário rural vai permitir o preparo do solo, nemconceder o uso de suas terras em regimede contratos, pelo temor de vir a sofrer aação relativa à reforma agrária, convindo-seanotar que, atualmente, mais de 70% dasáreas cultivadas são em regime de contratosagrários.

Page 21: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11433

tantos foram sacrificados, em um autêntico hori­zonte visual, aquele do qual quanto mais a gentese aproxima mais distante ele fica.

Aquela bandeira, desfraldada por companhei­ros de todos os rincões da pátna, foisimplesmenteusurpada pelos que outrora foram os algozes dademocracia. A bandeira do PMDBestá rota e puí­da nas mãos de um grupo de áulícos, adesistas,corruptos que nunca deixaram e nunca deixarãode ser governistas. Encontraram abrigo na nau,que saía de nevasca. Pularam do barco que fazia.água, barco que navegava há mais de duas déca­das nas águas turvas do arbítrio e que tinha comoseu timoneiro o atual ocupante do Palácio doPlanalto, vislumbrando a possibilidade de perma­nência no governo sob o manto do seu lídermaior

Sabiam os opressores de ontem, que o homemque derrubou a Emenda Dante de Oliveira,comoPresidente do PDS de então, seria o grande aliadopara as maquinações antídemocrátícas que adre­de haveriam de pôr em marcha. Tão log""aboca­nharam o poder com a ação de Sarney, sàíramde suas tocas e abrigaram-se sob a sombra demo­crática do PMDB; fizeram pose de dernocratàse tomaram o partido de assalto, mostrando suas"verdadeiras fazes quando deixaram suas másca­ras irem ao chão nas votações desta AssembléiaNacional Constituinte. .

Aliados ao Palácio do Planalto, fizeram corocom o que de mais reacionário e retrógrado pululanestA Casa. Respaldaram asações da UDR, votan­do com a reação na questão da, reforma agrária.Derrubaram a perspectiva de moralização destePaís, derrotando a emenda parlamentarista refor­çando um presidencialismo que serve mais aosinteresses antípovo de que à grande maioria dapopulaçãobrasileiraVotaram cinco anos para osmandatos presidenciais e asseguraram, por fim,cinco anos de mandato para o atual ocupante­do Palácio do Planalto. Essas mesmas figuras pre­param-se, ainda, para derrubar algumas conquis­tas e alguns avanços contitucionais, por ocasião

. do segundo turno de votação do projeto da nova,Carta.

As pregações do passado estão enterradas peloPMDB e com ele próprio. De que serviu tantapregação se hoje o partido, um grande aglome­rado onde os homens de pensamento estão mar­ginalizados, transformou tudo em cinzas?

Este é o triste quadro do desastre nacional quefoi gerado pelo desarticulado PMDB. Aí está umpaís desmoralizado internacionalmente e desa­creditado por seus cidadãos. A juventude, a me­lhor e maior força nacional, está desencantadae deixando o País na busca de oportunidade emoutras terras.

A quem devemos à situação caótica em quevivemos? Será que tudo devemos aos mais devinte anos de ditadura? Não, senhoras e senhores.Devemos a maior parcela de desequilíbrio da ve­lhíssima Nova República, que foi desvirtuada porcavalheiros viciados, de larga tradição antíderno-

. crátíca e que estão encastelados no Palácio do. Planalto, vestidos. na. pele do PMPB pará:aplicar. . 'seus golpes em todàs as direções.· .

. Enxovalhado, o 'povo ri'ãosuporta rnàis a hipo­crisia; não acredita mais nas-mensagens de seupartido e, envergonhado, busca abrigo em' ban­deiras outras que não possam servir de amparo

a políticos, que não tenham o sentimento, a almae a cara do povo.

O Planalto, arma seus golpes e encontra ecoem setores despreparados, expande sua ação ne­fasta e serve de exemplo para que em algunsEstados da Federação sejam adotados procedi­mentos políticos semelhantes.

Falo pelo meu Estado. Em Rondônia foi im­plantada uma situação política que nada diferedo que se pratica na área federal.

Eleito pelo PMDB, representando as esperan­ças de todo o povo rondoniense, o GovernadorJerômimo Santana repudiou seu passado de lutas,na resistência democrática, vestindo a camisa doPlanalto, e implantou métodos condenados pelopartido em toda a história política de Rondônia.

Importou pessoas para o seu secretariado epara a direção de órgãos públicos de vital impor­tância para o Estado, algumas dos quais compassado duvidoso, envolvidos em inquéritos nosseus Estados de origem e totalmente desvincu­lados de Rondônia, onde nem ao menos são elei­tores. Adotou métodos nada convencionais naadministração'pública, demitindo humildes servi­dores, com perseguições mesquinhas. Segregouforças políticas expressivas, detentoras de man­.datos no Congresso Nacional, na Assembléia Le­gislativa e nas 'Câmaras de Vereadores e, sobre­tudo, relegou a segundo plano as pregações dopartido que o elegeu, esquecendo todo um passa­do político, agregando em tomo de si uma meia

,duzia de apaniguados que respiram e transpiramcorrupção. Também rompeu o princípio de inde­pendência e harmonia entre os poderes, interfe­rindo de forma constrangedora no funcionamen­to do Legislativoe do Judiciário.

Como posso, Sr. Presidente, conviver com uma'sítuaçâo dessas? Como posso compactuar compráticas políticas dessa natureza? Como possopermanecer em um partido que tripudia sobreo povo e rasga sua própria bandeira?

Não, Sr. Presidente. O que tenho a fazer nestahora é fumar uma posição ao lado do povo queme outorgou o mandato que estou exercendocom a dignidade de quem já tem um passadode luta, um presente afirmativo e coerente comas pregações que motivaram minha eleição e como futuro deste País.

Vou em frente, Sr. Presidente. Dei um prazoao Governador de Rondônia, quando da conven­ção estadual do PMDB, para que a moralidadepública fosse restabelecida no Estado. Concedium prazo para que a dignidade governamentalfosse restaurada, mas o Governador fez poucocaso. Esgotei todos os meios para que o PMDBrecuperasse a postura criteriosa do passado, mastudo foi em vão, uma vezque o Governador prefe­riu continuar com seus métodos vergonhosos,aétícos e despudorados.

Vou em frente, Sr. Presidente. O caminho apercorrer poderá ser longo, mas a alvorada dademocracia plena e a esperança de alcançaraquele horizonte de dias melhores para o nossopovo me fascina. Vou pelos caminhos dos quetêm vergonha, têm dignidade e respeitam seusfilhos, a quem quero transrnítír um exemplo dehonradez na.vida pública.. . ,

No PMDBprovei que estou acima da fisiologiapolítica, da ambição e da ganância. No PMDBdeixeia marca da dimensão do meu caráter, colo­cando-me em posição de luta ao lado das figuras

mais respeitáveis do partido. Não me submeti àspressões palacianas, pelo contrário, as rechaceipor não aceitar a traição como arma política. FI­quei ao lado da verdade, contra os que mentêmao povo. Não negociei, nem negociarei meu no­me. Preciso enfrentar os que em mim confiaram,de cabeça erguida, olhando nos olhos de cadaum, sem tremer na hora de prestar contas dosmeus atos. Preciso aparecer diante do povo semtemer o debate, como nas lutas do passado.

Deixo o PMDB para ficar ao lado do povo naexpectativa de que as transformações e mudan­ças que o partido pregou possam ser conseguidaspor outras vias partidárias e políticas, sem engo­dos e escamoteações.. Deixo o PMDB para ser fiel a mim mesmo,

não traindo as esperanças nacionais nem mmhasconvicções democráticas.

Deixo o PMDBpara caminhar ao lado dos queacreditam neste País e estão dispostos ao sacri­fício pela Pátria..

Deixo o PMDB carregando o entusiasmo queme acompanha e que alimenta as esperançasque acumulo pensando no amanhã de meu País.

Vou pelos caminhos da'verdade. Acompanhoos companheiros que não concordam com a si­tuação à que está sendo levado o partido. Vourepartir com eles o empenho e as forças da minhaenergia para sacudir este País do marasmo emque se encontra. Vou em busca de uma política

'que tome este País uma Nação soberana, livredo fantasma da corrupção e das interferênciasinternacionais e imperalistas, confiante em quehaveremos de, juntos, resgatar a bandeira largadano meio do caminho pelo PMDB.

No novo caminho, não estarei só. Velhos com­panheiros, grandes lideranças, jovens políticos,idealistas, intelectuais, estudantes, trabalhadores,donas-de-casa, vamos todos caminhar na direçãoda democracia sem adjetivos, marchando na co­luna de um 'partido sério, onde não haja lugarpara os arrivistas.Vou com Covas, Euclides Scal­co, Montoro, Fernando Henrique, Richa, Pimentada Veiga, Paulo Silva, Moema, Cristina e tantosoutros bravos, nomes dos quais as gerações dofuturo haverão de se orgulhar.

Vou com o povo brasileiro.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Passamos à verificação de quorum.

Solicito aos Srs. Constituintes que se encon­tram eventualmente fora do plenário, em seusgabinetes ou em outro local da Casa, que compa­reçam ao recinto para votar, mesmo que sejanos postos avulsos. (Pausa.)

Srs. Constituintes, acionem simultaneamenteo botão preto e a chave sob a bancada, manten­do-os pressionados até que as luzes se apaguem.

E importante que todos os Constituintes este­jam aqui r.a segunda-feira, pois precisamos avan­çar na votação.

(Procede-se à veriiireçêode quorum.)

O SR. PRESIDENTE (UlyssesGuimarães)­Informo ao Plenário que haverá sessão da Câmarana próxima segunda-feira, às 9 horas, e da Consti­tuinte às 14h30min.

', O Sr•.Siqueira Campos c-, Sr. Presidente,peço a palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem V.~ a palavra.

Page 22: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11434 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

o SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDC - GO.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, apesarde estarmos em processo de votação, gostariade pedir permissão para fazer uma comunicação,díríqrda especialmente a V. Ex'

Nós, do Partrdo Democrata Cristão, vamos rea­lizar no dia 19, domingo próximo, nossa primeiraconvenção nacional. O partido reinstalou-se noBrasil depois de haver SIdo cassado pelo A1-2 erealiza agora, em meio às alegrias gerais, numagrande festa da democracia, sua primeira conven­ção nacional.

Já dirigi ofício a V.Ex' para, como nosso convi­dado de honra, participar das solenidades de aber­tura da convenção. Reitero, Sr. Presidente, os ter­mos desse convite, porque a presença de V. Ex'naquele evento será altamente honrosa para to­dos nós.

Para nossa alegna, V. Ex' bem poderia estarpresente naquela grande festa da democraciacristã no Brasil. Estendo o convite 'a todos osdemais Srs. Constituintes.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­A convenção será em Brasília?

O SR. SIQUEIRA CAMPOS -Sim, em Bra­sília, no Auditório Nereu Ramos, às 9 horas. Édo ato de inauguração que esperamos V.Ex' parti­cipe como convidado de honra e, como convi­dados especiais, todos os Constituintes brasilei­ros, homens e mulheres que estão mudando estePaís. MUlto obrigado. (Palmas.)

O Sr. Mário Covas - Sr. Presidente, peçoa palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Tem V.Ex' a palavra.

O SR. MÁRIO COVAS (PMDB - SP. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, há exata­mente duas semanas, numa sexta-feira como ho­je, declarei aqui que havia tomado a decisão dedeixar o partido, o PMDB. Declarei ainda que,tendo em vista o fato de eu haver reivindicadojunto à bancada o exercício da Liderança, nãome sentia à vontade para, pura e simplesmente,deixar a Liderança, porque isso me parecia umafuga à responsabilidade que eu mesmo solicitara.Corri o risco até de não ser entendido - nãosei se o fui- e de parecer que estava me apegan­do exageradamente ao cargo. Assim agi sobre­tudo porque tinha tido anteriormente uma con­versa com um grupo da bancada, na qual algunscompanheiros consideram que seria mais conve­niente que eu permanecesse na Liderança atéo final da Constituinte. Embora discordando, to­mei aquela atitude. E disse que permaneceria namedida em que a bancada não entendesse deforma diferente. Fiz a comunicação exatamentepara que a bancada, sabendo de minha decisão,pudesse, se quisesse, tomar outra deliberação.Ao primeiro sinal que eu percebesse, no sentidode qualquer modificação, imediatamente cami­nharia nessa direção, e isto é perfeitamente com­preensível. A liderança é um cargo de naturezapolítica que pertence à bancada. Portanto, com­pete a ela, em cada instante, decidir como condu­zi-Ia.

Sr. Presidente, nos últimos dois dias, li nosjor­nais que grupos ponderáveis da bancada - Muitojusta e naturalmente - entendiam que a melhorsolução não era a que estava em curso. Li tam­bêrn, na coluna do jornalista Haroldo Holan-

da, que V. Ex' estava sendo muito pressionadopor alguns companheiros no sentido de modificaressa situação. E isso me pareceu um sinal sufi­ciente. Uma das figuras apresentadas como sig­natário de documento a esse respeito era o Cons­tituinte Expedito Machado. FIZ questão de procu­rá-lo ontem e perguntar-lhe se procedia a notíciaque eu havia lido nos jornais. S Ex' informou-meque sim, e que ina encammhar um documentoa V.Ex' ponderando que, em primeiro lugar, fizes­se um apelo no sentido que eu permanecesseno partido; em hipotese contrária, que encarru­nhasse uma solução para outra LIderança. Ora,como já tenho decisão tomada - e V.Ex' soubedisso antes de qualquer pessoa - me antecipo.Julgo que esta mamfestação é perfeitamente ra­zoável. Entendo que a bancada tem toda a liber­dade de assim proceder. Não vejo nisso qualquerrepresálta ou atitude constrangedora. Constran­gedor seria eu permanecer no cargo, mesmo emface disso.

Nessas condições, Sr. Presidente, aproveito es­te momento para anunciar que convoquei reuniãoda bancada para a próxima quarta-feira, para quese possa eleger nova Liderança. Nesse intervalo,farei aquilo que puder, no sentido de contribuirpara o andamento das negociações em cursonesta Casa. Acho que já estamos numa fase emque as negociações praticamente se esgotaram.Daqui para a frente teremos o segundo turno,quando se votará "sim" ou "não". Além disso,o PMDB dispõe de homens de melhor categona,que certamente foram os responsáveis pelas ne­gociações feitas até agora. O constituinte NelsonJobim, durante esse período, até que a reuniãose realize, pelo fato de estar ocupando a primeiraVice-Liderança, exercerá a liderança formalmente,comandando as sessões aqui.

Quero convocar a bancada para que, quarta­feira, decida - se não fizer antecipadamente ­como escolher o novo Líder, que certamente con­duzirá a bancada com muito mais qualificaçõesque eu

Devo dizer que não se trata de uma despedida,nem de agradecimento. Farei isso pessoalmentena reunião da bancada. Trata-se simplesmentede uma comunicação feita com absoluta isenção,sem nenhum sentimento de emoção maior. Nãose trata de uma atitude precipitada Pelo contrário.Entendo perfeitamente que parte da bancada, ouaté toda ela, achou que seria melhor uma outrasolução. Pessoalmente, desde o ínicio, sempreconsíderer ser esta a melhor solução. Mas apenaspor uma questão de constranqimento, de com­promisso com a própria Assembléia NacionalConstituinte e com companheiros que salienta­vam que seria melhor se fosse feito assim, tomeia liberdade de colocar as duas alternativas. Parece,no entanto, que o melhor é caminharmos nessadireção.

De forma que, Sr. Presidente, me antecipo econvoco uma reunião para quarta-feira, como jádisse. Quis usar este meio, contando com a hbera­lidade de V.Ex', para fazer a comumcação formal­mente à Casa. Aqui fica, portanto, desde já, omeu agradecimento, e o renovarei formalmenteno momento oportuno. Obrigado (Palmas.)

O Sr. José Lourenço - Sr. Presidente, peçoa palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses GUlmarães)­Tem V Ex' a palavra

O SR. JOSÉ LOURENÇO (PFL - BA.Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente. Srs. Consti­tumte, desde o micío de nossos trabalhos e logoapós a eleição do Constituinte Máno Covas paraLíder do maior partido do País, na AssembléiaNacional Constituinte, tenho tido, através do tem­po, em função de mmhas obrigações tambémcomo Líder do PFL, os mais diversos contatoscom S Ex', homem público da melhor qualidade,da melhor estirpe, sério, digno, que me habitueía estimar e com quem tenho tido diálogos domais alto nível, em função do interesse maiordo País. Podemos divergir eventualmente, maso fazemos - e o temos feito - dentro daquiloque deve ser aceito, com respeito mútuo, na açãopolítica

Desta maneira, Sr. Presidente, em nome domeu Partido e, creio, no da Assembléia NacionalConstituinte, neste instante faço um apelo aoConstituinte Máno Covas. Não são hstas e assma­turas eventuais que nos podem levar - os líde­res, que temos grande responsabilidades paracom o País neste momento - a abandonar encar­gos a nós transferidos por esmagadora maioriadesta Assembléia, consubstanciada no Partido doMovimento Democrático Brasileiro.

Considero indispensável a presença do Consti­tumte Mário Covas como Líder do PMDB, paraque continuemos a caminhar. Em função disso,Presidente Ulysses Guimarães - V.Ex' sabe queàs vezes diverqímos, mas sabe também que tenhogrande apreço por V.Ex', bem como pelo SenadorMário Covas - gostana de fazer um apelo a S.Ex', para que superasse essas dificuldades inter­nas, pois todos as temos em nossos partidos ecom elas convivemos em nome do interesse doPaís e da nova Constituição do Brasil.

Faço este apelo ao Senador Máno Covas, nãosó em meu nome pessoal, mas no de milhõesde brasileiros, pelos quais falo no momento: caroamigo Senador Mário Covas, permaneça na lide­rança de sua bancada, porque isso é da maiorunportância para que possamos concluir, o maisrápido possível, a Constituição que juramos fazerpara o nosso País. Nova eleição de líder significanovo método de trabalho e novo tipo de diálogo.As coisas alterar-se-ão profundamente no mo­mento em que estamos dando o passo final paraconcluirmos a Constituição do Brasil.

Falo, neste momento, com palavras que saemdo meu coração e, pela estima e respeito quetenho por V.Ex', peço-lhe que continue liderandoa Bancada do PMDB, para que continuemos jun­tos, pois todos esperam que nosso trabalho re­dunde no melhor resultado para a Nação bra­silerra.

Estou certo de que V.Ex' acederá ao meu apelo.Não considere minhas palavras um ato emotivoe Impensado. Estou pensando, como V.Ex' sem­pre o faz, acima de tudo, no interesse do povobrasileiro, que deseja o término da Constituição.

Espero que V. Ex' continue Líder do PMDB.(Palmas)

O Sr. Nelson Carneiro - Sr. Presidente,peço a palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Concedo a palavra ao nobre Constituinte NelsonCarneiro.

Page 23: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

· Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sábado 18 11435

o SR. NELSON CARNEIRO (PMDB - RJ.Sem revisão do orador.) -Sr. Presidente, o nobreLíder Mário Covas anunciou que napróxima quar­ta-feira reunirá a Bancada para, perante ela, apre­sentar sua renúncia, para que a bancada escolhaaquele que deve, substituí-lo.

Sr. Presidente, acredito que, quaisquer que se­jarn as divergências dentro da Bancada do PMDB,o seu dever, pensando na Constituinte e no Brasil,é reafirmar sua confiança no Constituinte MárioCovas e reelegê-lo, para que S. Ex' possa conti­nuar a dirigi-la.

O Sr. Fernando Santana - Sr. Presidente,peço a palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses GUimarães) ­Concedo a palavra ao nobre Constituinte Fernan­do Santana.

O SR. FERNANDO SANTANA (PCB - BASem revisão do orador.) - Sr. Presidente, todosfalam nesta Casa. E quem menos fala sou eu.Meu partido é pequeno no número, mas grandena concepção do País.

Gostaria de dizer que o Constituinte José Lou­renço fez um apelo ao nobre Constituinte MánoCovas, com o qual estamos Inteiramente de acor­do. Falo em meu nome e não como representantede meu partido. Entretanto, acho que o apelode S. Ex' deveria ser dirigido, em primeiro lugar,ao Constituinte Expedito Machado, autor de ummovimento para destituir da LIderança do PMDBo Constituinte Mário Covas. Tal movimento, a nos­so ver, é antipatriótico, equivocado e extempo­râneo, porque, na verdade - sem querer levarflores ao Sr. Mário Covas -, S. EX' tem Sido ocoordenador de todos os acordos realizados des­de o preâmbulo até agora. Substitui-lo, a estaaltura dos nossos trabalhos, constitui erro histó­rico e prejudicial à Constituinte, que está acimados partidos e dos homens. Acima da AssembléiaNacional Constituinte só está o BrasiL

Por isso, considero que o Sr. Expedito Machadodeveria abandonar seu movimento contra a per­manência. do Sr. Mário Covas na LIderança doPMDB.

O Sr. Nelson jobim - Sr. Presidente, peçoa palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Tem V.EX' a palavra.

O SR. NELSON JOBIM (PMDB - RS. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, tendo emvista a manifestação do eminente Líder Mário Co­vas e considerando minha indicação, ocorrida on­tem à noite, para assurntr a primeira Vlce-Líde­rança, passando, então, a assumir inteiramentea Liderança do PMDB, quero comunicar a V. Ex'e a este Plenário que exerceremos até quarta-feiraesta função, para que, nesse dia, a Bancada doPMDB saiba, honrando os trabalhos desenvolvi­dos com transparência, lucidez, correção absolutae total honestidade pelo eminente Líder Mário Co­vas, referendar seu nome, em face das circuns­tãncias históricas que estamos vivendo e dos pro­blemas internos do partido, embora haja tambémproblemas individuais que conduzem a esta de­cisão.

Respeitamos a posição do eminente Líder, masverificamos que a Nação reclama o término irne­.diato desta Constituição. O PMDB saberá condu-

zir-se com correção absoluta e com altivez enfren­tará os problemas, de forma tal que o Pais e estaAssembléia Nacional Constituinte não sejam pre­judícados. Saberemos conduzir os problemas, namterirudade, dentro da linha determinada pela for­ma correta, lúcida e transparente do eminenteLíder Máno Covas.

Esta, a cornumcação que gostana de fazer (Pal­mas)

O Sr. Juarez Antunes - Sr. Presidente, peçoa palavra, pela ordem

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Tem V.EX' a palavra.

O SR. JCJAREZANTUNES (PDT - RJ Semrevisão do orador) - Sr. Presidente. peço a VEX' que regls~re minha presença.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses GUlmarães)­Será registrada, Ilustre Constituinte.

O Sr. Chagas Rodrigues - Sr. Presidente,peço a palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Gunnarãesj c-­

Tem V. Ex' a palavra.

O SR. CHAGAS RODRIGUES (PMDB ­PI Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente. nãotendo meu nome figurado no painel, peço a V.EX' que reqistre minha presença

o SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)-V.Ex' será atendido.

A SI'" Moema São Thiago - Sr. Presidente,peço a palavra, pela ordem.

o SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem V EX' a palavra.

A SRA. MOEMA SÃO THIAGO (PDT - CE.Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, gosta­ria fosse registrada a minha presença.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)-V.EX' será atendida.

O Sr. Arnaldo Faria de Sá - Sr. Presidente,peço a palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem V.EX' a palavra.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PMDB­SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,gostana fosse registrada minha presença

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)-V.EX' será atendido.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses GUImarães) ­Srs. Constitumtes, a propósito das declaraçõesdo Líder Máno Covas, desejo afirmar que nãohá, entre os 559 Constituintes, melhor testemu­nha do que o próprio Senador Mário Covas deque, se dependesse de mim, S. Ex' não sainado PMDB Se dependesse de mim, Presidenteda Constituinte, S.EX' continuana Líder do PMDBna Constituinte.

Entendo que os supremos interesses deste País- portanto, interesses meus - são os da Consti­tuinte. Desejo - nem precisaria fazê-lo, porque

está na consciência de todos - assinalar a com­petência e a dedicação do Constitumte Máno Co­vas, as quais excedem seus lirrutes físicos, che­gando até a afetar sua própna saúde, no desem­penho da função de Líder do PMDB na Assem­bléia Nacional Constituinte.

Haverá reuruão da bancada, mas quero, desdeJá, reiterar o que já disse ao Constituinte MárioCovas - é fácil fazê-lo; não é preciso sequer criati­vidade, pOIS já o fiz muitas vezes pessoalmente,na televisão, no rádio e em reuniões

De qualquer sorte, manifesto meu testemunhoquanto à atuação de Mário Covas, que constarános Anais como uma das figuras exponenciaisda Assembléia Nacional Constituinte do Brasil(Palmas)

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Presentes 221 Srs Constitumtes, não há quorumpara votação

REGISTRAM PRESENÇA OS SRS. CONSTI-TOINTES: . '

Presidente: Ulysses Guimarães -Acival Gomes- Ademir Andrade - Adolfo Oliveira - AdylsonMotta - Aécio de Borba - Affonso Camargo- Afonso Sancho - Agripino de Oltveira Lima-Alarico Abib -Albano Franco -Alceni Guerra- Almir Gabriel - Aloisio Vasconcelos - AloysioChaves - Aluízio Campos - Alysson Paulinelli-Amaury Müller-Anmbal Barcellos -AntônioCarlos Konder Reis - Artenir Werner - Arturda Távola - Assis Canuto - Átila Lira - BasílioVillani - Bernardo Cabral - Cardoso Alves ­Carlos Alberto Caó - Carlos Benevides - CarlosMosconi - Carlos Sant'Anna - Cássio CunhaUma - Célto de Castro - Celso Dourado ­Chico Humberto - Cid Sabóia de Carvalho ­Costa Ferreira - Cristina Tavares - Darcy Deitos- Daso Coimbra - DaviAlves Silva - Del BoscoAmaral- Délio Braz - Denisar Ameiro - Dioni­sio Dal Prá - Domingos Juvenil - Doreto Cam­panari - Edivaldo Holanda - Edmílson Valentim- Eduardo Jorge - Elias Murad - Eliel Rodri­gues - Eliézer Moreira - Eraldo Tinoco - Eral­do Trindade - Euclides Scalco - Evaldo Gon­çalves - Expedito Machado - Fábio Feldmann- Farabulini Júnior - Felipe Mendes - Fernan­do Cunha - Fernando Gomes - Fernando San­tana - FIrmo de Castro - Florestan Fernandes- F1oriceno Paixão - Francisco Amaral- Fran­CISCO Benjamim - Francisco Carneiro - Fran­cisco Dornelles - Francisco Küster - FranciscoRollemberg - Francisco Rossi - Furtado Leite- Gabriel Guerreiro - Genebaldo Correia ­Geovah Amarante - Geraldo Alckmin Filho ­Gerson Peres - Gidel Dantas - GumercindoMilhomem - Haroldo Uma - Hélio Duque ­HélioRosas - Henrique Córdova - Homero San­tos -Ibsen Pinheiro - Inocêncio Oliveira -Ira­puan Costa Júnior - Israel Pinheiro - ItamarFranco -Ivo Cersósimo - Ivo Lech -Ivo Mai­nardi - Jacy Scanagatta - Jarbas Passarinho-Jayme Paliarin -Jesualdo Cavalcanti -JesusTajra - João Agripino - João Calmon - Joãode Deus Antunes - João Machado Rollemberg- João Menezes - João Natal - João Paulo- João Rezek - Joaquim Bevilacqua - JofranFrejat -Jonas Pinheiro -JorgeArbage -JorgeMedauar - Jorge Uequed - José Agripino -

Page 24: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

11436 Sábado 18 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

José Costa-José da Conceição -José Fernan­des - José Fogaça - José Genoíno - JoséGuedes - José Lins - José Lourenço - JoséLuiz de Sá - José LuIZ Maia - José Tavares- José Thomaz Nonô - José Tinoco - JoséViana - Júlio Costamilan - Jutahy Magalhães- Koyu lha - Lélio Souza - Lídice da Mata- Lourival Baptista - Luís Roberto Ponte - LuizAlberto Rodrigues - LuizFreire - LuizGushiken- Luiz Inácio Lula da SIlva - Luiz Marques ­Luiz Soyer - Maguito Vilela - Manoel Castro- Mansueto de Lavor- Márcio Lacerda - MarcoMaciel - Marcos Perez Queiroz - Mário Assad- Mário Covas - Mário Maia - Marluce Pinto- Matheus Iensen - Maurício Fruet - MaurícioNasser - MauríliO Ferreira Lima - Mauro Bene­vides - Mauro Borges - Mauro Miranda - MeiraFilho - Mello Reis - Melo Freire - MendesBotelho- Messias Góis- MiltonLima - MiraldoGomes - Naphtali Alves de Souza - NelsonCarneiro - Nelson Jobim - Nelson Seixas ­Nelson Wedekin - Nelton Friedrich - NeyMara­nhão - Nyder Barbosa - Octávio Elísio - Oda­cir Soares - Olívio Dutra - Onofre Corrêa ­Oscar Corrêa - Osmar Leitão - Osmir Lima-Osmundo Rebouças - Paulo Delgado - Pau­lo Ramos - PlínioArruda Sampaio - RaimundoRezende - Raquel Capiberibe - Raul Belém ­RitaCamata - Roberto Balestra - Roberto Freire- Roberto Rollemberg - Rodrigues Palma ­Ronan Tito - Rospide Netto - Rubem Bran­quinho - Rubem Medina - - Ruberval PIlotto- Ruy Bacelar - Ruy Nedel - Sadie Hauache- Sandra Cavalcanti - Sérgio Spada - SimãoSessim - Siqueira Campos - Sólon Borges dosReis - Stého Dias - Tito Costa - UbiratanAguiar - Ubiratan Spinelli - Valter Pereira ­Vasco Alves - Victor Faccioni - Victor Fontana-Virgílio Galassi - Vivaldo Barbosa - VladimirPalmeira - Waldyr Pugliesi - Wilma Maia ­Wilson Martins.

o Sr. Luís Roberto Ponte - Sr. Presidente,peço a palavra, pela ordem.

o SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem V.Ex"a palavra.

o SR. Luís ROBERTO PONTE (PMDB ­RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,perdoe-me por romper, de certa forma, a hierar­quia falando depois de V. Ex" sobre o mesmotema, mas acho que é importante deixar regis­trado aqui um aspecto que talvez não tenha sidoabordado.

O Constituinte Mário Covas mencionou sua de­cisão de, colocando seu cargo à disposição, levara voto na bancada, quarta-feira, a eleição de novoLíder. Queria registrar que a decisão de S. Ex',no sentido de permanecer, mesmo depois deanunciar sua retirada, foi criticada aqui e ali comoatitude que talvez não devesse ter sido tomada.

Estou entre os que solicitaram a permanênciade S. Ex' na Liderança do PMDB até o final dostrabalhos da Constituinte. Faço pois, este registroe, sobretudo, um apelo não só ao eminente Cons­tituinte, porque acho absolutamente correta suaposição de levar a votos essa matéria, à luz dospnmeiros sinais de que alguns companheirosnossos desejam modificação, mas principalmen­te aos companheiros da bancada. Embora te-

nham também o direito de substituir o Consti­tuinte Mário Covas, peço que reflitam muito atéquarta-feira, pois acho que a celendade do pro­cesso Constituinte é um desejo de todos nós.

O registro de memória que tem o ilustre Consti­tumte Mário Covas de alguns acertos que aindadevem ser votados, mas que foram feitos no pas­sado, talvez indique a conveniência de se manterS. Ex"na Liderança do PMDB.

Sr. Presidente, percebo sua inquietação. Per­doe-me, mas acho que é importante registrar quena hipótese de ser o Sr. Mário Covas reconduzidopela bancada, S. Ex' deve aceitar permanecer naLiderança.. Era o registro que queria fazer.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Sobre a mesa o seguinte.

REQUERIMENTO

Sr. Presidente,Solicitamos que registre nossas presenças, por

não terem sido registradas no painel eletrônico.Brasília -DF, 17 de junho de 1988

l-José Jorge, 2-Amaldo Prieto, 3-Teo­tônio Vilela Filho, 4-Jorge Hage, 5-DaltonCanabrava, 6 - Ronaldo Carvalho, 7 - ValmirCampelo, 8 - Eduardo Moreira, 9 - HumbertoLucena, 10 -Aldo Arantes, 11 -João Lobo,12 -José Paulo Bisol, 13 -Asdrúbal Bentes,14 - Bonifácio de Andrada, 15 - SigmaringaSeixas, 16-Augusto Carvalho, 17 -Dirce TutuQuadros, 18-Fernando Velasco, 19-A1exan­dre Costa, 20-Lavoisier Maia, 2l-Miro Tei­xeira, 22-Antônio Ferreira, 23-Waldeck Or­nelas, 24-Agassiz Almeida, 25-Carlos De'Carli, 26 - Michel Temer, 27 - Mussa Demes,28-Benito Gama, 29-Geraldo Bullhões,30Antero de Barros, 3l-Abigail Feitosa,32 - Rose de Freitas, 33 - Wagner Lago,34 - Darcy Pozza, 35 -Alexandre Puzyna,36 - Paes de Andrade, 37 - Geraldo Campos,38-Francisco Sales, 39-Angelo Magalhães,40 - Wilson Campos, 41 - Mauro Sampaio,42 - Arnaldo Martms, 43 - EUnice Michiles,44 - Amaral Netto, 45 - Maria de Lourdes Aba­dia, 46 - Raimundo Lira, 47 - Cid Carvalho,48 - Lysâneas Maciel, 49 - Antônio Gaspar,50 - Edison Lobão, 51 - Roberto Augusto, 52- Nion Albemaz, 53 - César Cals Neto, 54 ­Maz Rosenamann, 55 - Francisco Pinto.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Após a verificação de quorum, comparecerammais os Srs.:

Geovah Amarante - PMDB; Marcos Queiroz- PMDB; Valter Pereira - PMDB; Wilma Maia-PDS.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a ses­são.

DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:

Adhemar de Barros Filho - PDT; AdroaldoStreck- PDT;Aécio Neves - PMDB;AfifDomin­gos - PL;Afonso Arinos - PFL; Airton Cordeiro- PFL; Albérico Filho - PMDB;Alfredo Campos- PMDB; Aloysio Teixeira - PMDB; Álvaro Pa-checo - PFL;ÁlvaroValle- PL;Antônio Câmara

_ PMDB;Antoniocarlos Mendes Thame - PFL;Antonio Mariz- PMDB;Antonio Perosa - PMDB;Antonio Ueno - PFL; Arnaldo Faria de Sá ­PMB;Arnaldo Moraes - PMDB;Arolde de Oliveira_ PFL; Benedicto Monteiro - PTB; Benedita daSilva - PT; Bezerra de Melo - PMDB;BocayuvaCunha - PDT; Caio Pompeu - PMDB; CarlosAlberto - PTB; Carlos Chiarelli - PFL; CarlosVinagre - PMDB; Carlos Virgílio - PDS; CésarMaia - PDT; Chagas Neto - PMDB;ChristóvamChiaradia - PFL; Cunha Bueno - PDS; DelfimNetto - PDS; Dionísio Hage - PFL; Divaldo Su­ruagy - PFL; Djenal Gonçalves - PI-1DB; Edi­valdo Motta - PMDB; Edme Tavares - PFL;Egídio Ferreira Lima - PMDB; Enco Pegoraro- PFL; Ézio Ferreira - PFL; Fausto Fernandes- PMDB; Felipe Cheidde - PMDB; FernandoBezerra Coelho - PMDB; Fernando Gasparian-PMDB; Flavio Palmier da Veiga-PMDB; FlávioRocha - PL;França Teixeira - PMDB;FranciscoCoelho - PFL; Francisco Diógenes - PDS; Gas­tone Righi - PTB; Genésio Bernardino - PMDB;Geraldo Flernmq - PMDB; Gerson Marcondes- PMDB; Gil César - PMDB; GIlson Machado- PFL; Gustavo de Faria - PMDB;Harlan Gade-lha - PMDB; Haroldo Sabóia - PMDB; HélioCosta - PMDB; Henrique Eduardo Alves ­PMDB; Heráclito Fortes - PMDB; Hilário Braun- PMDB; Iram Saraiva - PMDB; Irma Passoni- PT; Ismael Wanderley - PMDB; Ivo Vander-Iinde-PMDB;Jamil Haddad- PSB;Jessé Freire- PFL, João Carlos Bacelar - PMDB;João Cu­nha - PMDB; João Herrmann Neto - PMDB;.Joaquírn Francisco - PFL; Joaquim Hayckel­PMDIB; Joaquim Sucena - PTB;Jorge Bornhau­sen - PFL; Jorge Leite - PMDB;Jorge Vianna- PMDB; José Camargo - PFL; José CarlosCoutinho - PL; José Carlos Martinez - PMDB;José Carlos Vasconcelos - PMDB; José Dutra- PMDB; José Egreja - PTB; José Freire ­PMDB;José Geraldo - PMDB;José Maurício­PDT; José Mendonça Bezerra - PFL; José San­tana de Vasconcellos - PFL;José Serra - PMDB;José Teixeira - PFL; José Ulísses de Oliveira-PMDB;JovanniMasini-PMDB;Júlio Campos- PFL; Leite Chaves - PMDB; Leur Lomanto- PFL; Louremberg Nunes Rocha - PTB; LúciaBraga - PFL; Lúcia Vânia - PMDB; Luiz Viana- PMDB;Luiz Viana Neto - PMDB;MalulyNeto- PFL; Manoel Ribeiro - PMDB; Manuel Viana- PMDB; Marcelo Cordeiro - PMDB; MarcosLima - PMDB;Mário Bouchardet - PMDB;Má­rio Lima-PMDB; Maurício Campos-PFL; Mau­ro Campos - ; Mendes Canale - PMDB;MiltonBarbosa - PDC; Moysés Pimentel- PMDB;My­rian Portella - PDS; Narciso Mendes - PFL; Nel­son Aguiar - PDT; Nelson Sabrá - PFL; NestorDuarte - PMDB; Nilso Sguarezi - PMDB; Noelde Carvalho - PDT; Olavo Pires - PMDB;Orlan­do Pacheco - PFL; Osvaldo Macedo - PMDB;Osvaldo Sobrinho - PTB; Oswaldo Almeida ­PL; Oswaldo Trevisan - PMDB; Paulo Marques- PFL; Paulo Roberto - PMDB; Paulo RobertoCunha - PDC; Pedro Ceolin - PFL; Percival Mu­niz - PMDB; Pimenta da Veiga - ; Plínio Mar­tins - PMDB;Raimundo Bezerra - PMDB;RaulFerraz - PMDB;Renato Bernardi - PMDB;Rena­to Johnsson - PMDB; Ricardo Izar - PFL; Rita

.Furtado - PFL; Roberto Brant - . RobertoCampos - PDS; Roberto D'Ávila- PDT;RobertoJefferson - PTB; Roberto Vital- PMDB;Robson

Page 25: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Junhode 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTEI

Sábado 18 11437

Marinho - PMDB; Ronaldo Cezar Coelho ­PMDB; Ruben Figueiró - PMDB; Samir Achôa- PMDB;Santinho Furtado - PMDB;Sérgio Bri­to - PFL; Sérgio Werneck - PMDB;Severo Go­mes - PMDB;Sotero Cunha - PDC;Telmo Kirst- PDS; Theodoro Mendes - PMDB;Vicente Bo­go - PMDB;VictorTrovão - PFL; Vieirada Silva

- PDS; Vilson Souza - PMDB; Vmgt Rosado- PMDB;Vinicius Cansanção - PFL; VitorBuaiz- PT; Ziza Valadares -

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Encerro a sessão, designando para a próxima se­gunda-feira, dia 20, às 14:30 horas, a seguinte:

ORDEM DO DIA

Prosseguimento da votação, em primeiro turno,do Ato da Disposições Constitucionais, Gerais eTransitórias.

(Encerra-se a Sessão às 10 horas e 08 minutos.)

Page 26: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

pAGI~JA ORIGINAL E~i BRANC,O

Page 27: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

MESA

ASSEMBLÉIA NACIONAL'CONSmOlNTE

. ' L6>ERANÇAS'NAASSEMBLÉIA NACIONAL·CONSmOlNÍ'E

~ ~ . . , ~ .

PMDB Valmjr Campelo 'Vicé-Uderes: '

Presidente: Líder: MessiasGôís . Plínio ArrudaSampaio

ULYSSES GUIMARÃES Nt:lson Jobim, Aroldede Oliveii~' José Genoíno '

, ,Vice-Uder no exercíciot:.valdOGonç~ ,

. PL:da-Liderança . 'Uder:',

19-Vice-Presid~nte:..

Simão SesSim Adolfo OlivelÍa .

MAURO:B~~'Vice-Uderes: . . Divaldo Suruagy.

PauloMacarini. . "José Agripino Mala

AntônioBritto Maurício Campos 'PDC

29-Vice-Presidente: ' Gonzaga Patrióta . Paulo Pimentel Líder;'

JORGE ARBAGE "Osmír Líma. José Uns Mauro Borges

Gidel DantasPaes Landim

HenriqueEduardo Alves Vice-Uderes:

19-5ecretário: Ubiratan Aguiar PDS José MariaEymael

MARCELO CORDEIROLíder: Siqueira Campos

Rose de Freitas Amaral NettoJoaci Góes PCdoB

Nestor Duarte Vice-Uderes:

29-Secretário: AntonioMarizLíder:

Victor Faccioni Haroldo UmaMÃRlOMAIA Walmor de Luca CarlosVirgílio

RaulBelémRobertoBrant Vice-Uder:

3°-Secretário: MauroCampos PDT AÍdo Arantes

ARNAlJ)() FARIA DE SÁHélio Manhães

Uder:

Teotonio Vilela FilhoBrandão Monteiro PCB

Aluizio Bezerra Vice-Uderes:LÍder:

NionA1bemazRoberto Freire

1v-Suplente de Secretário: OSvaldo MacedoAmauryMüller Vice-L,íder:

BENEDITA DA SILVA Jovanni MasiniAdhemat de Barros Filho Fernando Santana

NelsonJobimVIValdo Barbosa

Miro TeixeiraJosé Fernandes

2°-Suplente de Secretário: RonaldoCésar CoelhoPSB

LUIZ SOYERPTB Líder;Líder; Ademir~

PFL Gastone RJgblLíder;

39-Suplente de Secretário: José LourençoVice-Uderes:

SOTERO CUNHA PMBVice-Uderes: Sólon Borges dos Reis

Uder:RobertoJeffersonInocênciode Oliveira EliasMurad Ney Maranhão

Fausto RochaRicardoFiuza Pf PTR

GeovaniBorges Uder: Lfder: ,MozariIdo Cavalcanti LuIz inácio Lula da sOva Messias Soares

Page 28: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

PDS

Antonlocarlos Konder " J:ubas PesearínhoReis " Jos~'LuizMala'

Da'rcy Pozza Vlrglllo TáVora.Gerson Peres

Luiz Salomão

VIctor Faccioni

Jonas PInheIroJosé LourençoJr.~ .1noco,f<\ozarlldo C4yli\é-rttlValmir CampeloPaesLândlmRIcardoIzarOscar Corrêa

,PA..

BocayuvaCunha

PDT

PDSAdylson "'oltaBonifácio de Andrada

" "Enoc VIeira .', Furtado Leite '

GUson MachadoHugoNapoleão_ .._Jesutlldo CavalcanteJoão MenezesJofran Frejat

L}"".1\neas MacielPDT.

Brandão f4ontelroJosé Mauricio

Francisco RossiGastoneRJghl

PMDB

COMISSÃO DESISTEMATIZAÇÃO

PresIdente:AfOfUJD Arinos- PF1. :-RJ

t 9-VIce-PresIdente:A1ufzlo Campos - PMDB- PB

2<-Vk:e-Presldente:Brandêo Monteiro - PDT- RJ

RellItor:BernardoCabral- PMDB-N-\

AbIgai Feitosa José IgMcIo FerreiraAdemlr Andrllde José P"aulo BIsolAlfredo Campos José RichaAlmIr Gabriel José SerraAluizio Campos José <JIIsses de OliveiraAntonIo Britto Manoel MoreiraArturda TávcIlI MárIo UrnaBernardo Cabral MIlton ReisCarlosMosconI Nel50n CarneiroCadosSlmt'AnnlI NelsOn'JobÚ1lCelsoDourado Nelton FriedrichOd CarwIho Nilson GibsonCrIstnlIT~ Oswaldo Lbna FI1hoEgfdio Ferreiralina PauloRamosFernando 8ezeml <:oeIho Plmentllda VeigaFernando CilIsplIrilIn PrIsco VIana 'FepllIJldo Henrique ClIfdoso RaImundo BezerraFenumdo ~ynt RenatoVliWlaFrandscoPInto ~es PalmaHaroldoSabóIlI Slgrnarlnga SeixasJo8o Calmon SeveroGomesJoãoHermlInn Neto Theodoro MendesJosé Fogaça Vlrglldáslo de SennaJosé Freire \VdSon MartInsJoséGerakb

PTBOttomar PInto

PTJosé Qenofno, '

PLAfá Domingos

PDCJosé Maria Eymael Roberto BaUestra

PedaB

. , Aldo Arantes

Femando Sanl.llna

PA..

José JorgeJosé UnsJosé LourençoJosé Santllnll de

VasconceUosJ;,sé niõmaiNonêLuís EduardoMarcondes GadelhaMárlo'Assad T­Osvaldo CoelhoPauloPimentelRicardo Fiuza .Sandra Cavalcantl

PJ\IDD

Aécio Neve,Albano FrancoAntonio HarlzChagasRodrigues

, Daso CoimbraDélIo BrazEuclides ScalcoIsrael PInheiroJoão A.grlpinoJOdONatalJosé Carlos GreccoJosé CostaJosé MaranhãoJosé Teveres

lx~ I !~nrlquef..1,~:,ocl VIana;1',_.•;,{) Bragar. :;:,,03 Lima/'';,;:''-1 Temer,f:', c ';'",btelraI k:;~"1 We'CleklnCc '.:: .:D EIlslor.,,:,' :..:.o BrantRoz~ GC FreitasCàlf.:::u Pinto'/!::c:nte Bogo• ')n de SoUZll/_ ' . V.:.l::.dares

PSBBethAzlze

PMBbIae\,Plnhelr6 Filho

Rwm{)etl; terças, quartas e quintas-feiras.

~:MariaLauraCoutinho

Telefones: 224-2848 - 2t3-687~ ­213-6878.

Page 29: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL ~CONSTIT(JINTE

Preço de Assinatura

(Inclusa as despesas de eorretovia terrestre]

Semestral !.,............ Cz$ '950,00- ~ . '. -

Exemplar avúlso ~ ••;•.. ',:Cz$' '. ·6~00,

Os pedidos devem ser acompanhados de cheque pagável emBrasííía, nota

de empenho ou ordem de pagamento pela Caixa Econ~.mica Federal - Agência

- PS-CEGRAF, conta corrente rr 920001-2, a favor do

Praça dos Três Poderes -' Caixa Postal 1.203 - Brasília -' DF.CEP: 70160

Maiores informações pelos telefones (061) 211-4128 e 224-5615, naSupervisão de Assinaturas e Distribuição de PubDcações -'Coordenação deAtendimento ao Usuário.

Page 30: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

REVISTA DEINFOBMAÇÃO',LEGISLATI:VA N9: :,95'

(julho a. setembro de 1987)

Está circulando o n9 95:da Hevista de' lnforrnação L,egisla~iva, periódico tnmestral de pesquisajurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, c01'!1 3~Q páginas, ,contém as seguintes matérias:

- Direitos humanos no Brasil ....:- compreen­são teórica de sua história recente - José Rei~

naIdo de Lima Lopes_ Proteção internacional dos direitos do ho- .

mem nos sistemas regionais americano e europeu_ uma introdução ao estudo comparado dos direi­tos protegidos - Clemerson Merlin Cleve, ,

- Teoria do ato de governo -,J. CretellaJúnior

- A Corte Constitucional - Pin~o Ferreira '

- A interpretação eonstitucíona' e o controleda constitucionalidade das leis - Maria HelenaFerreira da Câmara .

- Tendências atuais dos regimes de governo- Raul Machado Horta

_ Do contencioso administrativo e do pro­cesso administrativo - no Estado de Direito ......:...A.a. Cotrim Neto

_ Ombudsman - Carlos Alberto Proven-ciano Gallo .

- Liberdade capitalista no Estado de Direito- Ronaldo Poletti

. :-. A'Coristituição do Estado federal e das uni­dades federadas - Fernanda Dias Menezes deAlmeida

- Á drstribuição dos tributos 'na Federaçãobrasileira - Harry Conrado Schüler

. - A moeda nacional e a Constituinte - Letá­cio Jansen

- Do. tombamento ~:uma' suqestão à As-· sembléia Nacional Constituinte - Nailê Russoma·· no .

'- Facetas da "Comissão Afonso Arinos" ­.e eu... - Rosah Russomano

- Mediação e bons ofícios - consideraçõessobre sua natureza e presença na história da Amé­rica Latina - José·Carlos Brandi Aleixo. .

- Prevenção do dano nuclear -aspectos jurí­·dicas .:.- Paulo Affonso Leme Machado

À venda na Subsecretariade Edições Téchlcas­Senado Federal, Anexo I,22° andar - Praçados Três Poderes,CEP 70160 - Brasília, DF- Telefone: 211-3578

PREÇO DOEXEMPLAR:Cz$ 150,00

Assinatura para 1988(nOS 97 a 100): CZ$ 600,00

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técni­cas do Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

Page 31: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 96

(outubro a dezembro de 1987)

Está circulando o n° 96 da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral depesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técrucas do Senado Federal.

Este número, com 352 páginas, contém as segumtes matérias:

Os dilemas mstrtucronais no Brasil - Ronaldo PolettiA ordem estatal e legalista. A política como Estado e o

direito como lei - Nelson SaldanhaCompromisso Constituinte -Carlos Roberto Pel/egrinoMas qual Constrturção? - Torquato JardimHermenêutica constitucional - Celso BastosConsiderações sobre os rumos do federalismo nos Esta-

dos Unidos e no Brasil - Fernanda Dias Menezesde Almeida

RUI Barbosa, Coosutumte s-. Rubem Nogueira

Relaciones y conventos de las Provrncras con sus Muruci­pios. con el Estado Federal y con Estados extranjeros- Jesús Luis Abad Hernando

Constnurção Sintética ou analítica? - Fernando HerrenFernandes Aguillar

Constttuição amencana. moderna aos 200 anos - Ricar­do Arnaldo Malheiros Fiuza . ,

A Consntu.ção dos Estados Unidos - Kenneth L. Pe­negar

A evolução constitucional portuguesa e suas relações coma brasileira - Fernando Whitaker da Cunha

Uma análise sistêrruca do conceito de ordem econômicae social - Diogo de Figueiredo Moreira Neto eNey Prado

A Intervenção do Estado na economia - seu processoe ocorrência mstóncos - A. B. Cotrim Neto

O processo de apuração do abuso do poder econômicona atual legislação do CADE -José Inácio GonzagaFranceschini

Unidade e dualidade da magistratura - Raul MachadoHorta

Judicréno e rrunonas - Geraldo Ataliba

Dívida externa do Brasil e a arqurção de sua mconstrtucio­nalidade - Nailê Russomano

O Mmisténo Público e a Advocacia de Estado - PintoFerreira

Responsabilidade civil do Estado - Carlos Mário da SilvaVel/oso

Esquemas pnvatfstrcos no direito administrativo - J. Cre­tel/a Júnior .

A sindicância administrativa e a punição discrphnar - Ed­rnir Netto de Araújo

A vinculação constitucional, a recombilldade e a acumu­lação de empregos no Direito do Trabalho - PauloEmílio Ribeiro de Vilhena

Os aspectos juridrcos da Inseminação artificial e a dtsciplmaJurídicados bancos de esperma - Senador NelsonCarneiro

Casamento e família -na futura Constiturçâo brasrleua acontnburção alemã - João Baptista Vil/ela

A evolução social da mulher - Joaquim Lustosa So- ­brinho

Os seres monstruosos em face do direito romano e doCIVil moderno - Sílvio Meira

Os direitos mteíectuars na Consutuição - Carlos AlbertoBittar

O direito autoral do Ilustrador na literatura Infantll- Hilde­brando Pontes Neto

Reflexões sobre os rumos da reforma agrána no Brasil- Luiz Edson Fachin

À venda na Subsecretariade Edições TécnicasSenado Federal,Anexo I. 220 andarPraça dos Três Poderes,CEP 70160 - Brasília, DFTelefones. 211-3578 e

211-3579

PREÇO DO

EXEMPLAR:Cz$ 150,00

ASSinaturapara 1988

(nOS 97 a 100).Cz$ 600,00

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nommal à Subsecretaria de EdiçõesTécrucasdo Senado Federal ou de vale postal remetido à AgênCia ECT Senado Federal- CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

Page 32: República Federativa do Brasil - imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/266anc18jun1988.pdf · MANOEL MOREIRA- Transcurso do 80' aniversário do início da imigração

Centro Gráfico do Senado Federal.Caixa'P.ostal :07/1203

Brasília- ·DF

PREÇO DESTE EXEMPLAR: CZ$ 6,00 JEDIÇÃO DE HOJE: 32 PÁGINAS1 _