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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DO TRABALHO, EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA, DRA. VITÓRIA DIAS DIOGO, MINISTRA DO TRABALHO, EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL, POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO DO ESTUDO SOBRE O FENÓMENO DO TRABALHO INFANTIL E SEU IMPACTO EM MOÇAMBIQUE Maputo, 24 de Junho de 2016

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DO TRABALHO, EMPREGO E

SEGURANÇA SOCIAL

DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA, DRA. VITÓRIA

DIAS DIOGO, MINISTRA DO TRABALHO,

EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL, POR OCASIÃO

DO LANÇAMENTO DO ESTUDO SOBRE O

FENÓMENO DO TRABALHO INFANTIL E SEU

IMPACTO EM MOÇAMBIQUE

Maputo, 24 de Junho de 2016

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SENHOR VICE-MINISTRO DO GÉNERO, CRIANÇA E

ACÇÃO SOCIAL, EXCELÊNCIA,

EXMO(A) MENINO(A) REPRESENTANTE DO

PARLAMENTO INFANTIL,

SENHOR REPRESENTANTE DOS EMPREGADORES,

SENHOR REPRESENTANTE DOS TRABALHADORES,

SENHORES MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO

DA MINISTRA,

SENHORA REPRESENTANTE DAS NAÇÕES UNIDAS,

SENHORA REPRESENTANTE DO UNICEF,

SENHORAS E SENHORES REPRESENTANTES DA

SOCIEDADE CIVIL,

SENHORA EMBAIXADORA DA BOA VONTADE PARA A

CRIANÇA,

DISTINTOS CONVIDADOS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,

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É com grande sentido de responsabilidade que me

dirijo a todos vós aqui presentes e, através de vós,

quero saudar as famílias moçambicanas em geral

e as crianças em particular.

Hoje tenho o privilégio de dirigir o Seminário de

apresentação do Estudo Qualitativo sobre o

Fenómeno do Trabalho Infantil e o seu Impacto

em Moçambique.

Este Seminário ocorre num momento especial,

pois o país celebra, este ano, 30 anos do

desaparecimento físico do fundador da

RepúblicaPopular de Moçambique, o Presidente

Samora Machel. Entre muitas qualidades

extraordinárias e peculiares que tinha, o

Presidente Samora distinguiu-se pelo grande

amor, afeto e dedicação pelas crianças, dai a frase

imortal ˝as crianças são flores que nunca

murcham!”. Sim, criançassão a nossa fonte de

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inspiração em tudo o que projectamos para o

futuro.

A apresentação pública deste estudo é mais uma

plataforma para alargar o nosso conhecimentoe

entendimento sobre o trabalho infantil no nosso

país e, a partir deste entendimento, como Governo

podemos encontrar medidas que concorram para a

dignificação da criança e que garantam que o

trabalho seja feito dentro do quadro dos princípios

plasmados na Constituição da República de

Moçambique e na Lei do Trabalho relativos à

protecção e promoção dos direitos da criança.

Estão aqui representadas diversas sensibilidades

da sociedade, desde instituições do Estado,

crianças, empresários, académicos, pesquisadores,

organizações da sociedade civil e não-

governamentais, organizações socioprofissionais e

associações sindicais e parceiros de cooperação,

media o que nos encoraja, pois poderemos

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aproximarmo-nos mais em termos de

entendimento sobre o que é trabalho infantil no

nosso país, como se manifesta, em que dimensão,

para além de possíveis ideias sobre como agir.

Minhas Senhoras, Meus Senhores

De acordo com dados da Organização

Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 168

milhões de crianças estão no trabalho infantil,

sendo que mais de metade exercem actividades

que colocam em risco o seu futuro na sociedade,

saúde e desenvolvimento humano, pois, no

quadro severo das piores formas do trabalho

infantil, em várias regiões do mundo, envolve

situações de escravidão, tráfico de drogas,

prostituição infantil, entre outras manifestações de

abuso da dignidade humana.

Em Moçambique, ainda existem situações que

requerem a atenção de todos. É neste quadro que

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as acções e medidas do Governo sobre a criança

têm incentivado a defesa e preservação dos direitos

da criança, quais sejam: o direito a ter família, a

ir a escola, ter alimento saudável e nutritivo,

entre outros.

Ilustres Participantes

O estudo que nos é apresentado impele-nos a uma

reflexão sobre o conceito do trabalho infantil. Com

efeito, qual é a visão dos moçambicanos sobre o

trabalho feito por crianças? Qual é a fronteira

entre o aceitável e o não tolerável? Como é que

as diferentes sensibilidades da sociedade

moçambicana interpretam este conceito?

A criança que acompanha a mãe para a

machamba, aquela que ajuda os pais nos

afazeres domésticos, aquela criança que ajuda a

tia a acarretar água para a família, aquela

criança que ajuda o pai na carpintaria, serão

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estas actividadesencorajadas na sociedade

moçambicana?

A par dos direitos quais são os deveres da

criança na família e na sociedade? Deve a criança

participar na sua edificação como futuro chefe de

família, piloto, pedreiro, académico, gestor,

costureira, deputado, agente de desenvolvimento

do país? Como e quando deve começar a se formar

como Homem e mulher do amanhã?

Embora o estudo traga respostas e percepções dos

moçambicanos relativas a estas questões, as

nossas contribuições na discussão,neste

seminário, serão mais um valor acrescentado na

formulação do consenso sobre esta matéria no

país.

Minhas Senhoras e Meus Senhores

Na perspectiva da OIT “a participação de crianças

e adolescentes no trabalho, que não afecta a sua

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saúde e desenvolvimento pessoal ou interfira na

sua educação, é geralmente considerado como

sendo algo positivo. Isso inclui actividades como

ajudar os pais em casa, ajudarnum negócio de

família ou ganhar dinheiro de bolso fora do horário

escolar e durante as férias escolares. Estes tipos

de actividades contribuem para o desenvolvimento

das crianças e para o bem-estar das suas famílias;

e lhes dão habilidades e experiência, para além de

ajudar-lhes a preparar o seu futuro para serem

membros produtivos da sociedade durante a sua

vida adulta".

Como sinal inequívoco de que o Governo pugna

por uma infância sã das nossas crianças e é

veemente contra a violência física, mental e moral

da criança, Moçambique estáalinhado com a

agenda global em prol do desenvolvimento da

criança e, como prova desse cometimento

internacional, ratificou diversos instrumentos

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internacionais sobre os direitos da criança, sendo

de destacar:

▪ Convenção sobre os Direitos da Criança

(1989);

▪ Carta Africana dos Direitos e Bem-Estar da

Criança (1990);

▪ Convenção nº 138, da OIT, sobre a Idade

Mínima (1973); e

▪ Convenção nº 182, da OIT, sobre as Piores

Formas de Trabalho Infantil (1999).

Ainda este ano o Governo aprovou a proposta de

ratificação do Protocolo 2014 da OIT, relativo à

Convenção sobre o Trabalho Forçado de 1930,

instrumento que preconiza o reforço dos serviços

de inspecção do trabalho, entidade que vela pela

legalidade laboral no país, além da protecção da

criança, nos casos em que se atenta contra a sua

dignidade, dentro do que está plasmado na Lei do

Trabalho.

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Igualmente, nos fora a nível regional e

internacional, Moçambiqueadvoga o respeito pelos

direitos da criança e contribui na adopção de

instrumentos que promovem o bem-estar físico,

mental e educação da criança.

Foi assim na III Conferência Global sobre o

Trabalho Infantil, em 2013, em Brasília, a qual

adoptou a Declaração de Brasília, um

instrumento orientador para o desenvolvimento de

políticas públicas e estratégias com vista a

prevenção e erradicação do trabalho nefasto para

as crianças.

Igualmente em 2011, na XI Reunião dos

Ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais

da CPLP, Moçambique participou na aprovação da

Resolução sobre a Prevenção e a Eliminação da

Exploração do Trabalho Infantil na CPLP.

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A adopção, em 2015, pelas Nações Unidas, da

Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030

que no seu OitavoObjectivo, insta os Estados

membros a assegurar a proibição e eliminação das

piores formas de trabalho infantil, vem reforçar a

necessidade de todos os actores se

comprometerem no alcance de medidas para o

controle e proibição das formas nocivas de

emprego das crianças.

Minhas Senhoras, Meus Senhores

A sociedade, ao reconhecer algumas

particularidades do nosso país, que levaram a que

um número considerável de crianças tivesse que,

muito cedo, assumir a chefia das famílias, através

do legislador, estabeleceu, na Lei do Trabalho, 15

anos como idade mínima de admissão ao

empregoe, excepcionalmente, a partir dos 12 anos

de idade.

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A Lei impõe também aos empregadores a adopção

de medidas que garantam ao menor as condições

necessárias de actividade adequadas à sua idade,

excepcionalidade que a inspecção do trabalho nas

suas acções de fiscalização prioriza, como forma

de evitar o uso abusivo dos menores.

Igualmente, a Lei estabelece que para certo tipo de

trabalho, tido por perigoso, a criança só pode ser

empregada se tiver completado 18 anos de idade.

A Prioridade II, do Plano Quinquenal do

Governo 2015-2019, sobre o Desenvolvimento

do Capital Humano, promove medidas que

fortaleçam os direitos das crianças em situação de

pobreza e vulnerabilidade, sendo de realçar a

promoção de programas de desenvolvimento

integral para crianças na idade pré-escolar;

prevenir e combater a violência contra a criança,

incluindo o abuso sexual, uniões forçadas, raptos,

tráfico e exploração do trabalho infantil.

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A proposta de Política de Emprego de

Moçambique, insta para a tomada de medidas

concretas no combate as piores formas do

trabalho infantil e cujas principais linhas de

acção incluem o controlo efectivo das disposições

legais relativas ao emprego de menores, a

promoção de incentivos para a manutenção de

criançasna escola, o desenho de um plano de

acção para o combate contra as piores formas do

trabalho infantil, a melhoria dos programas que

assegurem a implementação da estratégia de

protecção social básica.

Todos somos chamados a contribuir na

identificação das melhores estratégias com vista à

erradicação, das piores formas do trabalho

infantil e assegurar que as crianças, em

Moçambique, tenham uma vida digna que lhes

abra as portas para um futuro risonho.

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Finalmente, em todo o mundo, no dia 12 de Junho

celebra-se, o Dia de Luta contra o Trabalho

Infantil. A OIT instituiu o Cartão Vermelho

contra o Trabalho Infantil como forma de chamar

atenção para este mal. Assim, convido a todos os

presentes a levantarem os seus cartões vermelhos

contra as piores formas do trabalho infantil em

Moçambique e no mundo.

Com estas palavras declaro aberto o Seminário

de apresentação do estudo sobre o Fenómeno

do Trabalho Infantil e seu Impacto em

Moçambique.

NDATENDA!

OCHUKURO!

KHANIMAMBO!

MUITO OBRIGADA!