reportagens televisivas e estigmas sociais: as ... · para reconhecer qual é o espaço reservado...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES Reportagens Televisivas e Estigmas Sociais: As Representações da Arte em Questão Relatório Final de Iniciação Científica Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica / PIBIC Bolsista: Sofia Franco Guilherme Orientadora: Profa. Dra. Rosana de Lima Soares Agosto 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

Reportagens Televisivas e Estigmas Sociais:

As Representações da Arte em Questão

Relatório Final de Iniciação Científica

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica / PIBIC

Bolsista: Sofia Franco Guilherme

Orientadora: Profa. Dra. Rosana de Lima Soares

Agosto 2013

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____________________________________________

Prof. Dra. Rosana de Lima Soares

Orientadora

____________________________________________

Sofia Franco Guilherme

Bolsista

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ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO....................................................................................... 5

II. OBJETIVOS........................................................................................... 6

III. METODOLOGIA.................................................................................... 7

1. Pesquisa bibliográfica................................................................. 7

2. Escolha do o material de análise................................................ 8

IV. ANÁLISES TEÓRICAS......................................................................... 11

1. Questões do jornalismo cultural................................................. 11

2. Por que o Homer não se interessa por cultura?......................... 14

3. Em busca de uma definição de Cultura...................................... 16

4. Comunicação e discurso nas mídias.......................................... 18

V. RESULTADOS DA ANÁLISE DA AMOSTRAGEM................................ 20

1. Levantamento das reportagens................................................... 20

2. Amostragem selecionada............................................................ 22

3. Estrutura e linguagem das reportagens...................................... 25

4. Discursos presentes nas reportagens........................................ 28

5. Relação texto-imagem................................................................ 30

6. Fontes de informação................................................................. 31

VI. CONCLUSÕES..................................................................................... 33

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 35

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Total de reportagens culturais no ano de 2012 .................................. 9

Gráfico 2 Número de reportagens culturais em cada telejornal por mês .......... 10

Gráfico 3: Número de reportagens por temática em cada telejornal ................ 20

Gráfico 4: Reportagens por temática no Jornal da Cultura............................... 22

Gráfico 5: Proporção de Temáticas no Jornal do SBT ..................................... 23

Gráfico 6: Proporção de temáticas no Jornal da Record .................................. 23

Gráfico 7: Proporção de temáticas no Jornal Hoje ........................................... 24

Gráfico 8: Proporção de temáticas no Jornal Nacional .................................... 24

Gráfico 9: Fontes de informação das reportagens por temática ....................... 32

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Relação texto-imagem na reportagem sobre Morte ......................... 30

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I. Introdução

Os discursos disseminados pela mídia têm papel importante na

formação de uma opinião pública e, consequentemente, são capazes de incluir

ou excluir formas de produção artística no gosto popular. Este é o tema desta

pesquisa de Iniciação Científica que está vinculada à pesquisa “Mídias

Audiovisuais e Estigmas Sociais – Sutileza e Grosseria da Exclusão”,

desenvolvida pela Profa. Dra. Rosana de Lima Soares desde 2003, com o

apoio do CNPq (bolsa produtividade em pesquisa). A pesquisa se volta ao

estudo das produções midiáticas em diversos formatos, englobando discursos

ficcionais ou referenciais.

O projeto maior tem como eixo teórico-metodológico a crítica e

desconstrução do conceito de representação midiática, e como objeto de

estudo os discursos audiovisuais de caráter referencial que tratam dos

estigmas sociais. Nesta pesquisa o recorte escolhido é o discurso jornalístico,

na forma de reportagens televisivas, que tem como tema central assuntos de

cultura e artes.

Para reconhecer qual é o espaço reservado para a cultura no

telejornalismo diário buscaremos, num primeiro momento, levantar as

reportagens televisivas do tema escolhido exibidas no ano de 2012 nos

principais jornais da TV aberta do Brasil. No segundo momento faremos uma

análise de algumas destas reportagens para entender de que forma a cultura é

representada neste espaço da mídia.

A primeira etapa da pesquisa pode ser dividida em dois momentos: o

inicio das leituras a partir da pesquisa bibliográfica e a coleta de dados para a

amostragem. No primeiro momento foi realizada a pesquisa bibliográfica. A

partir das leituras iniciadas redefinimos as linhas mais gerais do projeto e o

recorte a ser utilizado para o levantamento de reportagens e constituição de

uma amostragem na próxima etapa.

No segundo momento fizemos a coleta de dados baseados no recorte

determinado. Escolhemos trabalhar com os principais telejornais da TV aberta

brasileira, pois o objetivo é compreender como a cultura e representada a para

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a população geral, que não possui conhecimento prévio ou procura se informar

sobre este tema especificamente, como seria o público alvo de um programa

mais especializado.

Os canais de TV fechada estão disponíveis para um público restrito, com

poder aquisitivo melhor, pois é preciso ser assinante de alguma operadora de

televisão. As emissoras abertas são as que alcançam a maior parte do público

de diferentes classes sociais, e, portanto, tem uma audiência bastante

diversificada. O telejornalismo diário se propõe a trazer os principais

acontecimentos do dia para a população geral, de forma rápida e clara, e não

tendo a obrigatoriedade que os impressos têm de trazer uma editoria cultural,

muitas vezes deixam estas notícias em segundo plano, ou fora da edição.

Porque estas matérias estão ausentes e quando elas aparecem foi um dos

questionamentos centrais para o desenvolvimento da pesquisa.

As reportagens exibidas nos telejornais Jornal Nacional, Jornal Hoje,

Jornal da Record, Jornal do SBT e Jornal da Cultura, foram recuperadas por

meio do acervo disponível no site das respectivas emissoras. Depois de

coletadas elas foram classificadas de acordo com as temáticas centrais

abordadas dentro do grande tema cultura. De cada temática levantada foi

escolhida uma reportagem para a análise baseada nos conceitos de análise do

discurso e considerando as especificidades do dispositivo audiovisual.

Vale ressaltar que, no campo do jornalismo – especialmente o televisivo

– a editoria de cultura ocupa lugar pouco representativo, sendo muitas vezes

diluída em programas de variedades, ou tratada em programas voltados a essa

temática específica.

II. Objetivos

O objetivo deste projeto é realizar uma pesquisa e análise teórica sobre

as relações entre aceitação e consumo de produtos culturais e sua presença

na mídia, especificamente, na televisão. Será observada como a questão da

estigmatização social se revela no processo de decisão dos temas culturais

que aparecerão na mídia televisiva. Também verificaremos qual a posição

ocupada pela editoria de cultura no telejornalismo diário brasileiro.

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A partir deste objetivo maior foram feitos os seguintes questionamentos

inicias:

A ausência de reportagens televisivas sobre cultura e arte é real?

Quais são os temas relacionados à arte que aparecem no

telejornalismo brasileiro?

O que é considerado arte pelos telejornais?

Qual é o lugar que estas matérias ocupam no telejornal?

De que forma os temas de cultura são abordados nas reportagens

televisivas?

III. Metodologias

1. Pesquisa bibliográfica

No primeiro momento foi realizada a pesquisa bibliográfica. Os autores

foram selecionados no sentido de construir um embasamento sobre o

jornalismo cultural e uma definição para o tema cultura e arte trabalhada ao

longo da pesquisa. A partir das leituras iniciadas definimos o recorte a ser

utilizado para o levantamento de reportagens e constituição de uma

amostragem na próxima etapa.

Para chegarmos ao nosso objeto de pesquisa decidimos utilizar um

conceito mais abrangente de cultura e arte, pois restringi-lo poderia resultar em

uma falta de objetos a serem analisados mais tarde. Este conceito foi

construído através das leituras selecionadas durante a pesquisa bibliográfica.

Os textos principais utilizados neste processo foram: A cultura no Plural de

Michel de Certeau, para produzir um conceito mais amplo de cultura, e O poder

simbólico de Pierre Bourdieu sobre a criação de um campo artístico e os

critérios de apreciação das obras. A respeito dos estigmas também será lida

uma bibliografia mais geral para mais tarde relacionarmos este conceito com os

temas culturais e artísticos encontrados.

Sobre as questões específicas do jornalismo cultural, a principal

referência foi o livro de Daniel Piza, Jornalismo Cultural, que coloca alguns dos

dilemas enfrentados por este campo do trabalho jornalístico. No entanto, a

maior parte dos textos referentes a esta temática são voltados para as mídias

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impressas, que tem uma dinâmica um pouco diferente, principalmente por

produzirem cadernos diários voltados para assuntos de cultura e variedades.

Sobre o telejornalismo cultural, há uma carência de bibliografia, por isso

utilizamos as questões apontadas para o impresso como guia pra apontar

problemáticas voltadas para o meio audiovisual.

2. Escolha do material de análise

Para decidir quais seriam os programas de televisão dos quais viria a

amostragem pensamos nos que teriam a maior audiência, e, portanto maior

visibilidade e mais poder de legitimação e representação dos temas tratados:

“É por conta da visibilidade que as mídias assumem um papel crucial como

disciplina e controle, portanto, como promotoras/mantenedoras de escalas de

valores, como vigilantes” (Gomes, 2003: 77).

Escolhemos trabalhar com os principais telejornais da TV aberta

brasileira, que têm alcance nacional e tratam de diversos temas da sociedade

voltados a um público mais amplo. Assim, poderemos compreender como a

cultura é representada para a população geral, que não possui conhecimento

prévio ou nem procura se informar sobre este tema especificamente, como

seria o público alvo de um programa mais especializado.

As reportagens exibidas nos telejornais Jornal Nacional, Jornal Hoje,

Jornal da Record, Jornal do SBT e Jornal da Cultura, foram recuperadas por

meio do acervo disponível no site das respectivas emissoras. Como podemos

perceber pelo próprio nome destes jornais, eles representam a voz do canal em

que são exibidos e se pretendem com alto grau de credibilidade para o público,

sendo assim um local de legitimação para os fatos neles apresentados. Todos

são exibidos nacionalmente, e exceto o Jornal Hoje, são exibidos no horário

nobre da televisão.

A decisão de incluir o Jornal Hoje no material pesquisado foi feita para

que tivéssemos o parâmetro de um programa exibido em um horário alternativo

e considerado mais leve do que os jornais noturnos. Como a Globo é a

emissora de maior audiência no jornalismo, com o Jornal Nacional, escolhemos

outro jornal desta rede, também exibido nacionalmente.

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O Jornal Nacional foi criado em 1969, estrategicamente posicionado

entre duas telenovelas, um gênero de grande audiência desde então, para ser

um programa de prestígio da Rede Globo. O JN tinha o segundo maior público

de telejornalismo mundial na década de 80 do século XX, e sempre teve

influência considerável sobre a opinião pública (SILVA, 1985: 40).

A coleta dos dados foi realizada através dos sites oficiais das emissoras

de televisão pesquisadas. Os sites da Rede Globo, Record e SBT possuem

ferramentas de busca que permitem a filtragem de reportagens veiculadas em

seus telejornais por meio de palavras-chave, separando cada reportagem por

título e temas, além de identificar palavras do texto de apresentação inserido

no vídeo.

A exceção ao método utilizado foi a TV Cultura, pois o formato de seu

site permite apenas que busquemos as edições em blocos separados, sendo

que os vídeos são postados com os blocos inteiros de cada dia que o Jornal da

Cultura foi ao ar. Portando para o levantamento quantitativo desta emissora em

especial foi necessário assistir a todas as edições do Jornal da Cultura do ano

de 2012 online, e coletar as reportagens que correspondiam ao tema cultura e

arte, proposto nesta pesquisa.

Gráfico 1: Total de reportagens culturais no ano de 2012

166

69 86

58

214

0

50

100

150

200

250

Total de reportagens culturais no ano de 2012

Jornal Nacional

Jornal Hoje

Jornal da Record

Jornal do SBT

Jornal da Cultura

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Gráfico 2 Número de reportagens culturais em cada telejornal por mês

Para a segunda etapa da pesquisa foram selecionadas algumas das

reportagens recolhidas no levantamento do ano de 2012. Nos propusemos a

analisá-las a partir das teorias de análise do discurso levando em conta as

especificidades do discurso audiovisual.

Com o objetivo de compreender como os programas de telejornalismo

abordam os temas de cultura e arte, foram escolhidas matérias que têm como

tema central artistas e produções culturais da atualidade. Para ilustrar as

diversas representações existentes foi feita a análise de reportagens

jornalísticas em diferentes telejornais e das diversas categorias temáticas

organizadas, de acordo com o levantamento realizado na primeira etapa.

A amostragem foi constituída de modo não aleatório, selecionando

reportagens televisivas voltadas à temática proposta neste projeto para

estabelecer, entre elas, pontos de consonância e dissonância a fim de apontar

suas temáticas, recorrências, formatos e modos de enunciação. Ao final,

pretendemos apresentar um quadro representativo não apenas da produção

jornalística televisiva voltada à arte, bem como às relações entre estigmas

sociais e produção cultural.

A seleção das reportagens que constituem a amostragem foi feita de

modo que cada uma das temáticas levantadas estivesse representada por uma

0

10

20

30

40

50

60

Número de reportagens culturais em cada telejornal por mês

Jornal Nacional

Jornal Hoje

Jornal da Record

Jornal do SBT

Jornal da Cultura

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reportagem. Além disso, nos preocupamos em manter um equilíbrio

quantitativo entre os telejornais e escolher matérias das temáticas que fossem

mais recorrentes em cada um deles. Houve a preocupação em selecionar

objetos que abordassem diferentes formas de expressão artística, para que

pudéssemos abranger a cultura de forma mais ampla.

As teorias de análise do discurso são o instrumento principal na

interpretação dos objetos. Para isso lemos Patrick Chareaudeau e Dominique

Maingueneau, que trabalham com noções mais gerais sobre o discurso das

mídias e encaminharam a forma de leitura da amostragem.

Como aportes metodológicos para estudar tevê, em especial os

telejornais, foram utilizados textos de pesquisadores do audiovisual. A

referência inicial é o livro A televisão levada a sério de Arlindo Machado. O

autor se propõe a estudar o jornalismo como um gênero televisivo, abordando

sua forma de enunciação, ao invés da politicidade de seus conteúdos. Desta

maneira ele propõe formas de estrutura narrativa do telejornal, que serviram

como base para nossas análises da amostragem.

IV. Análises teóricas

1. Questões do Jornalismo Cultural

O jornalismo cultural como um todo ainda precisa definir sua posição

dentro da atividade e levanta algumas questões sobre a função das

reportagens de cultura e do jornalista cultural. O jornalismo cultural deve ser

opinativo? Fazer o papel de serviço, disponibilizando uma agenda dos eventos

do momento? Ser composto de críticas e resenhas? O que há para ser feito,

além disso?

Em seu livro Jornalismo Cultural, Daniel Piza discute algumas destas

questões se voltando principalmente para as mídias impressas. No entanto,

estas discussões podem ser deslocadas também para as mídias audiovisuais,

como é a nossa proposta com esta pesquisa.

Daniel Piza inicia seu livro resgatando a história do jornalismo cultural e

destacando o papel central da crítica para esta atividade. “A crítica é claro

continua a ser a espinha dorsal do jornalismo cultural”. Ele comenta que os

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críticos eram pessoas reconhecidas que exerciam forte influência tanto no

público como nos artistas. No caso brasileiro, Paulo Francis é citado como um

bom exemplo de comentarista cultural, pois contaminava seus leitores com seu

gosto pela arte.

Muitos nostálgicos afirmam que o jornalismo cultural não é mais o

mesmo e que a prevalência de assuntos como celebridades e sucessos de

audiência mostra que os críticos não possuem a mesma influência sobre o

sucesso de uma obra. Nos anos 90, o peso das reportagens opinativas

diminuiu e o espaço passou a ser ocupado por uma agenda passiva dos

eventos culturais. No entanto, Piza acredita na possibilidade de reconquistar

um pouco desta influência atualmente:

Há espaço para recuperar parte desta influência, pois o

bombardeio de dados e informações da era eletrônica criou

uma carência ainda maior de análises e comentários, que

suplementem argumentos, perspectivas e contextos para o

cidadão desenvolver um senso crítico e conectar as disciplinas

(PIZA, 2011: 32).

Em uma época onde os produtos culturais se tornam cada vez mais

acessíveis para o público, o jornalismo desempenha uma função central na

difusão destes. Por isso precisa ter um olhar sem preconceitos e fazer a

seleção dos fatos reportados utilizando senso crítico. Segundo Piza, os

jornalistas não tem conseguido exercer esse papel com clareza e eficácia, por

estar em crise quanto aos critérios de avaliação das obras (IDEM, 2011: 45).

Uma das questões enfrentadas pelo jornalismo cultural é a divisão entre

o que seria cultura e o que seria entretenimento. Este estigma em torno de

certas formas de produção cultural, como se eles fossem menos importantes, é

prejudicial. De acordo com Piza, isso ocorre porque “cultura” é associada à

intelectualidade inalcançável por grande parte da população, o que faz com

que temam a cultura.

O autor comenta que os jornalistas tem a capacidade de pegar uma obra

de sucesso na audiência e tratá-la de forma mais profunda mostrando que há

mais nela do que os consumidores percebem inicialmente. Também podem

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reportar temas considerados complexos demais de uma maneira que o público

compreenda: “Temas ditos eruditos podem ser tratados com leveza, sem

populismo; e temas ditos de entretenimento podem ser tratados com sutileza,

sem elitismo” (PIZA, 2011: 58). O que os veículos devem levar em conta na

hora de selecionar o que será divulgado é seu leitor ou espectador. “Cada

publicação da imprensa tem um público-alvo e deve se concentrar em falar

com ele, sem abrir mão de tentar contribuir com sua formação, com a melhoria

de seu repertório” (PIZA, 2011: 47).

O equilíbrio entre assuntos nacionais e internacionais nas edições é

mais uma dificuldade enfrentada pelos jornais. No mundo globalizado de hoje é

importante ver que a cultura se interpenetra para se manter viva e ativa,

portanto os fatos do exterior também tem relevância no país. No entanto, não

podemos olhar para a cultura de fora e virar as costas para as obras

produzidas aqui no Brasil, ou tratá-las com menos prestígio.

Um tema discutido por Daniel Piza sobre os jornais impressos que pode

ser transferido para o telejornalismo é a diferença no tom e abordagem dos

assuntos entre os cadernos culturais publicados diariamente e os suplementos

especiais que saem semanalmente. Podemos estabelecer um paralelo dessas

duas modalidades com os telejornais diários e os programas de nicho,

respectivamente.

Nos segundos cadernos as matérias são mais superficiais, valorizando

as celebridades, e suas reportagens se tornam cada vez mais releases dos

eventos. Essa abordagem se parece com aquela dada pelos telejornais diários,

que ainda possuem mais uma desvantagem por não terem uma editoria cultural

obrigatória todos os dias, como o impresso. Já os suplementos especiais do

impresso tendem a trazer análises mais aprofundadas, tratando de temas

ligados à erudição (PIZA, 2011: 53). Este tratamento voltado para um público

“iniciado” nos assuntos culturais é esperado pelos programas de televisão

especialmente sobre cultura, que tem este público alvo.

Por ter suas análises voltadas para os meios impressos, Daniel Piza

destaca a diferença destes da TV, por serem capazes de maior

aprofundamento e argumentação (PIZA, 2011: 47). Mas precisamos pensar em

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maneiras que a TV possa tentar trabalhar com as questões culturais de forma

critica e profunda também, deixando de lado o preconceito em torno deste

meio, considerado menos sério e equilibrado.

2. Por que o Homer não se interessa por cultura?

Este estigma do telespectador foi retirado da afirmação de William

Bonner de que o Jornal Nacional é produzido pensando em um público que tem

o perfil do patriarca do seriado de TV norte-americano “Os Simpsons”. Um

homem que assiste à televisão e simplesmente assimila o que vê, sem

criticidade alguma.

A comparação foi feita em novembro de 2005, durante uma visita de

professores universitários aos estúdios da Rede Globo. De acordo com o

professor da Universidade de São Paulo, Laurindo Lalo Leal Filho, em relato

para a Carta Capital, Bonner teria dito que o telespectador é como Homer

porque tem dificuldade de “entender notícias complexas e pouca familiaridade

com siglas como BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social)”. No dia 06 de dezembro do mesmo ano, a Folha de S. Paulo divulgou

uma nota do jornalista em que ele diz que não pensou no personagem de

maneira preconceituosa. William Bonner explicou que o exemplo foi dado por

Homer representar “um pai de família, um trabalhador conservador, sem curso

superior, que após uma jornada de trabalho, quer ter acesso às notícias mais

relevantes do dia de forma clara e objetiva”. Em contraposição a este

estereótipo podemos utilizar a pesquisa de Lins da Silva e os trabalhos de

Arlindo Machado.

Segundo Arlindo Machado, em seu livro A televisão levada a sério, as

abordagens políticas a respeito dos programas de TV falham ao presumirem

que os espectadores, que são os leitores dos meios audiovisuais, são ingênuos

e reproduzem acriticamente a opinião dos programas. Machado afirma, citando

Dominique Wolton, que “a significação no telejornal é função do contexto

cognitivo ou sociocultural do processo de interpretação, razão por que ela

sempre transborda de qualquer intenção.” (MACHADO, 2000: 100). Desta

forma o mesmo telejornal pode ser interpretado diferentemente por

espectadores variados, de acordo com seus valores e ideologias além de suas

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estratégias perceptivas ou cognitivas. O telespectador tem autonomia suficiente

para selecionar o que é apresentado no fluxo televisual.

Em sua pesquisa, Carlos Eduardo Lins da Silva não tem a pretensão

generalizante, mas sim o objetivo de mostrar que nem todos os trabalhadores

brasileiros telespectadores do Jornal Nacional aceitam as mensagens deste

meio de forma passiva e sem senso crítico, desde que haja outra fonte para

compor sua representação da realidade. “Não havendo o monopólio da

representação do real, qualquer pessoa pode ser crítica diante da TV” (SILVA,

1985: 135).

As mídias selecionam o que será apresentado ao público por motivos

externos a ela, mas também por motivos internos a máquina midiática.

Segundo Patrick Charaudeau “pode-se falar de automanipulação das mídias

sob a pressão de suas próprias representações” (CHARAUDEAU, 2012: 258).

A instância midiática lida com as representações de seu público e com as

representações de si mesma, sendo que estas representações de si mesma

podem se estender as suas rubricas. O jornal será dividido e organizado para

se encaixar na identidade construída para si pela máquina midiática.

A divisão de um jornal em editorias é um exemplo do processo de

classificação presente na vida social. Tal processo está ligado ao

estabelecimento de identidades e diferenças. Segundo Tomaz Tadeu da Silva,

“A identidade e a diferença são criações sociais e culturais” (SILVA, T. T.,

2000: 76). As identidades são produzidas em um contexto social a partir da

diferenciação de suas características das de outras identidades, portanto

diferença e identidade são inseparáveis.

As identidades são disputadas e dependem de relações de poder para

se estabelecerem. “Na disputa pela identidade está envolvida uma disputa mais

ampla por outros recursos simbólicos e materiais da sociedade” (SILVA, T. T.,

2000: 81). No caso da identidade de uma editoria no telejornalismo o recurso

envolvido nesta disputa é o espaço e o tempo de exibição das matérias que

correspondem a esta rubrica na edição diária do jornal.

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A divisão do espaço midiático em rubricas remete à reconstrução do

espaço público operada pelas mídias. As editorias do jornalismo, por exemplo,

correspondem aos diversos campos de pensamento da opinião pública em que

a informação cultural é o espaço reservado para as discussões sobre o campo

artístico, suas produções e atores. (CHARAUDEAU, 2012: 145). Na televisão

as divisões temáticas se dão de forma temporal, ou seja, a hierarquia das

reportagens de acordo com suas rubricas pode ser percebida pela ordem de

apresentação e número de vezes que uma notícia aparece além do tempo de

exibição reservado para ela na edição do telejornal.

Sendo assim, podemos considerar aqui a disputa por reconhecimento da

identidade da editoria de cultura no telejornal. A cultura pode ser considerada

como um tema estigmatizado dentre as editorias do telejornalismo. Pelo

levantamento feito, o número de matérias encontradas surpreendeu, pois

esperamos um número muito pequeno, mas ainda assim a quantidade

encontrada é muito inferior a de outras editorias. A sensação de ausência de

matérias culturais no telejornalismo diário pode ser um exemplo de como a

editoria de cultura ocupa lugar pouco representativo, sendo muitas vezes

diluída ao longo do ano.

Por este ponto de vista, a editoria de cultura pode carregar o estereótipo

de ser menos importante, fútil, e, portanto, servir para ocupar espaço quando

não houver outros fatos mais “importantes” de serem noticiados naquele dia.

Outro possível estereótipo é de que a cultura, se fosse discutida com mais

profundidade crítica, não seria compreendida pelo telespectador médio dos

jornais. Esta visão elitista enxerga a cultura como um tema complexo e mistura

o estigma do público com um estereótipo dos temas culturais.

3. Em busca de uma definição de Cultura

A construção do conceito de cultura e arte utilizado nesta pesquisa foi

feita pensando de forma que não restringisse o nosso objeto de pesquisa, já

reduzido por natureza. Por isso buscamos definições mais amplas e

abrangentes de cultura, que a vissem de forma plural e sem preconceitos.

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Em A Cultura no Plural, Michel de Certeau afirma que a cultura é plural,

ou seja, não existe uma definição de Cultura e sim várias culturas que

convivem. Ele visa o intercâmbio entre o popular e o intelectual, sendo que

uma forma de cultura não é superior à outra, todas elas possuem seu valor e

sua função. Ele ainda destaca que a cultura tomada no singular é

extremamente prejudicial para a criatividade.

Como apontado por Certeau, o termo cultura pode ser empregado em

diferentes situações e em cada uma delas designar um significado. Entre os

selecionados pelo autor, os que mais se aproximam da abordagem utilizada

nesta análise são as que seguem. Um patrimônio das obras que devem ser

preservadas, difundidas e com relação ao qual nos situamos, e dentro disso as

criações e criadores que devem ser promovidos. Também o conjunto de mitos,

comportamentos e instituições que compõe um quadro de referências próprio

de uma sociedade, diferenciando-a das demais. Ou ainda um sistema de

comunicação, que organiza os significados e a mídia (CERTEAU, 1995: 194).

Mas não é porque a cultura pode ser encontrada em diversas formas e

locais de uma sociedade que qualquer atividade humana pode ser reconhecida

como tal. Para que sejam verdadeiramente consideradas como cultura é

necessário que as práticas sociais tenham significado para o sujeito que as

pratica (CERTEAU, 1995: 141). O que faz a arte ser considerada arte, e se

diferenciar das outras produções? Sobre a questão da legitimidade conferida

às formas de expressão cultural humana e seus produtores podemos utilizar as

teorias de Pierre Bourdieu a respeito da criação do campo artístico.

Segundo Bourdieu (2001), através da Academia e de instituições que

intermediam o acesso à cultura são criadas divisões das formas de

representação do mundo que são legítimas ou não. Sendo assim, cria-se um

estereótipo das produções artísticas aceitas pelos produtores e consumidores

de cultura.

Concretamente a produção dos produtores de que o Estado,

através das instituições encarregadas de controlar o acesso ao

corpo, detém o monopólio, toma forma de um processo de

certificação ou, se se prefere, de consagração pelo qual os

produtores são instruídos aos seus próprios olhos e aos olhos

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18

de todos os consumidores legítimos, como produtores

legítimos, conhecidos e reconhecidos por todos (BOURDIEU,

2001: 276).

A mídia está entre as instituições com autoridade legitimadora na

atualidade. Por isso, as reportagens televisionadas, ao selecionarem certas

formas de produção cultural para serem apresentadas ao público, estão

contribuindo para que estas sejam aceitas e, portanto, consumidas pela

população.

O valor artístico de uma produção e seu sentido não estão definidos no

produto em si, ou em seu produtor, mas no campo artístico que se constrói,

conforme a teoria de Bourdieu. O conjunto de agentes e obras, críticos,

produtores, consumidores e intermediários que se interessam por arte ou vivem

dela, e que lutam por uma representação do real, colaboram para a criação de

valor e sentido das obras e artistas (BOURDIEU, 2001: 290).

Os conceitos de beleza e outras categorias usadas para compreender e

admirar diferentes formas de produções culturais estão ligadas ao contexto

histórico e social tanto da produção quanto da apreciação de tal obra. Essas

noções estéticas tomam diferentes sentidos em diferentes períodos da história,

de acordo com as revoluções artísticas que ocorrem. (BOURDIEU, 2001: 292)

4. Comunicação e discurso nas mídias

Para estabelecermos os parâmetros da análise discursiva a ser

realizada sobre as reportagens que constituem a amostragem desta pesquisa

utilizamos como referência as propostas de Patrick Charaudeau em seu livro O

Discurso das Mídias.

O modelo de análise se baseia na concepção do ato comunicacional

como uma troca entre a instância de produção e a instância de recepção onde

deve haver uma cointencionalidade para que o sentido se produza, pois o

receptor precisa reconhecer a estruturação feita pelo produtor dos signos e

formas da linguagem utilizada. Desta forma são instituídos três lugares de

importância na máquina midiática o lugar da produção, representado pelo

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produtor de informação, o lugar da recepção, representado pelo consumidor da

informação, e o produto midiático. (CHARAUDEAU, 2012).

A instância de produção envolve as práticas profissionais condicionadas

pelas relações socioeconômicas da empresa midiática (espaço externo-

externo) e as condições de produção da informação, onde são tomadas as

decisões a respeito de como o produto será realizado (espaço externo-interno)

de acordo com os efeitos que pretendem produzir no público. No entanto, o

produtor “não tem garantia de que os efeitos pretendidos corresponderão

àqueles realmente produzidos no receptor” (CHARAUDEAU, 2012: 26).

O lugar das condições de recepção é divido em interno-externo e

externo-externo. O primeiro é o espaço do receptor ideal, um leitor modelo

imaginado pela instância produtora para ser o alvo do produto comunicacional.

O segundo é o espaço do receptor real, público consumidor da informação que

a interpreta conforme suas circunstâncias de leitura.

O lugar do produto midiático concretizado, objeto das análises realizadas

nesta pesquisa, é o local onde o discurso esta configurado como texto, verbal

ou não. Como explicitado anteriormente, os sentidos pretendidos pelos

produtores e os sentidos realmente produzidos nos receptores não são

necessariamente coincidentes. Portanto a análise do produto, neste caso das

reportagens televisivas, é um exame dos “possíveis interpretativos”, baseado

no estudo das estruturas encontradas na amostragem e nos discursos de

representação circulantes nas instâncias de produção e recepção.

As mídias são atuantes nas dinâmicas e construção do espaço público

onde contribuem na constituição de discursos circulantes. Os discursos

circulantes são as somas dos enunciados que definem a sociedade e por meio

dos quais os sujeitos de uma comunidade se reconhecem. Dentre as

características do discurso circulante, ligadas às funções da representação, a

que se relaciona com a nossa questão é sua função de regulação do cotidiano

social, que direciona os hábitos de certo grupo social, incluindo as formas de

cultura consumidas por seus integrantes. (CHARAUDEAU, 2012: 118).

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20

V. Resultados da análise das reportagens

1. Levantamento de reportagens culturais

“Os telejornais só entram na área cultural quando há algum morto

célebre, alguma exposição muito promovida que promete fazer filas

na cidade ou mais uma vez alguma estreia chamativa no cinema para

o fim de semana” (PIZA, 2011: 66).

Após coletar os dados dos cinco telejornais selecionados como objeto de

pesquisa, fizemos uma classificação prévia dos conteúdos trabalhados por

cada um deles. Dentro do grande tema Cultura pudemos perceber temáticas

menores em que as reportagens televisivas se agrupam.

Gráfico 3: Número de reportagens por temática em cada telejornal

A inclusão de uma reportagem em um grupo temático não a exclui dos

demais, pois uma única reportagem pode abranger mais de uma temática,

portanto elas foram classificadas de acordo com o conteúdo mais evidente. Por

exemplo, as reportagens classificadas como Carnaval, poderiam também ser

incluídas em tradição popular, pois esta festa faz parte da tradição cultural do

Brasil. No entanto, como o tema carnaval prevalece naquele período do ano no

telejornalismo, ele foi classificado separadamente.

Outra temática bastante presente são reportagens que trazem exemplos

de arte e cultura como ferramentas para a superação de indivíduos ou

0

10

20

30

40

50

JN JH JR SBT

Número de reportagens por temática em cada telejornal

Função social da arte Carnaval Premiações

Mortes Comemorações Festivais

Exposições Crimes TV

Turismo Sucessos de audiência tradição popular

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21

comunidades. Foi o que chamamos de função social da arte, onde estas

atividades são vistas como fundamentais na construção da sociedade.

Os lançamentos da indústria cultural, juntamente com os grandes

sucessos entre o público, também merecem uma classificação separada. Sua

presença nos telejornais remete a uma das questões do jornalismo cultural

contemporâneo, que segundo Piza (2011: 31) enfrenta um dilema sobre como

se posicionar ante os “fenômenos” de audiência e repercute os sucessos de

massa.

Crimes e questões judiciais envolvendo produtos culturais e artistas

também estão presentes no telejornalismo diário. Desde roubos de obras raras

a acusações de plágio e racismo em videoclipes, estas notícias negativas

encontram seu espaço na pauta das edições dos jornais.

Exercendo uma função de agenda cultural, os telejornais apresentam

notícias sobre os principais eventos que ocorrem no Brasil e no mundo. Dentro

desta categoria encontramos premiações internacionais que repercutem no

país, como o Oscar, grande prêmio do cinema, e o Nobel. Também temos as

exposições, concertos e espetáculos que acontecerão nos dias próximos à

exibição da reportagem e os festivais, eventos que envolvem milhares de

pessoas e por isso ganham relevância para o noticiário. Ainda temos a

temática de Turismo, que traz dicas de programas culturais que podem ser

feitos em cidades do Brasil e do exterior.

As personalidades de destaque no mundo cultural ganham espaço

especialmente quando morrem ou quando existe alguma data especial para ser

comemorada. Por isso foram criadas mais duas categorias, uma incluindo as

mortes e outra as homenagens.

Cada emissora de televisão tem o hábito de relatar fatos relacionados à

sua grade de programação. Por isso foi criado o grupo temático TV, que

abrange as reportagens relacionadas a programas exibidos neste veículo.

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Gráfico 4: Reportagens por temática no Jornal da Cultura

No caso do Jornal da Cultura a categorização foi feita de maneira um

pouco diferente, devido ao seu formato. Neste programa, existe um jornalista

central que discute os assuntos mais relevantes do dia com especialistas

convidados. A maioria dos acontecimentos debatidos é de política e economia

do país e do exterior. No entanto dois quadros especiais, que foram

classificados separadamente, tratam de temáticas culturais com maior

frequência, o Arquivo Especial, que depois passou a se chamar Cultura Retrô,

e o Boa Noite Especial, no fim de cada edição. Um dos motivos para essa

abordagem pode ser a existência de um programa cultural que é veiculado

diariamente.

2. Amostragem selecionada

Para constituirmos uma amostragem de análise representativa das

reportagens levantadas no ano de 2012 separamos as temáticas em sete

grandes grupos: Função Social, Crime, Agenda, Premiação, Morte, Tradição

popular e Grandes Audiências. Foram selecionadas então uma reportagem de

cada uma destas temáticas mais uma reportagem do quadro Arquivo Especial,

do Jornal da Cultura.

A seleção foi feita levando em conta à proporção que cada temática

ocupava dentro dos telejornais pesquisados (Gráficos 5 a 8, abaixo) de forma a

0 10 20 30 40 50 60

Reportagens por temática no Jornal da Cultura

Arquivo especial/ Retrô Boa noite outros

Tradição popular Sucessos de audiência Turismo

TV Crimes Exposições

Festivais Comemorações Mortes

Premiações Carnaval Função social da arte

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23

abranger todos eles com equilíbrio. Das oito reportagens que compõe a

amostragem temos duas do Jornal Nacional, duas do Jornal da Record e duas

do Jornal do SBT, que representam um telejornalismo mais tradicional. Além

disto, foi selecionada uma reportagem do Jornal Hoje, que ocupa um local

diferente na programação da Globo e esta emissora já possui outro

representante, e uma reportagem do Jornal da Cultura, pois pretendíamos

analisar o quadro diferencial deste telejornal.

Gráfico 5: Proporção de Temáticas no Jornal do SBT

Gráfico 6: Proporção de temáticas no Jornal da Record

6%

13%

21%

9% 4% 9%

38%

Temáticas Jornal do SBT

1

2

3

4

5

6

7

Função Social Crime Agenda Premiação Morte Tradição popular Grandes Audiências

1 8% 2

13%

3 12%

4 11% 5

8%

6 7%

7 41%

Temáticas Jornal da Record

1

2

3

4

5

6

7

Função Social Crime Agenda Premiação Morte Tradição popular Grandes Audiências

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24

Gráfico 7: Proporção de temáticas no Jornal Hoje

Gráfico 8: Proporção de temáticas no Jornal Nacional

Além destes critérios também buscamos abranger diferentes formas de

produção artística (literatura, artes plásticas, audiovisual, música e dança) e

direcionadas a públicos variados para analisar os tratamentos encontrados. As

notícias que despertaram maior interesse pelo acontecimento relatado dentro

de cada temática também tiveram prioridade na seleção.

A reportagem que trata da temática Função Social da arte foi retirada do

Jornal Nacional do dia 20 de abril. A notícia relata como presos do Espírito

Santo reduzem sua pena ao participar de coral no presídio. A outra

11%

8%

38%

27%

11%

5%

Temáticas Jornal Hoje

1

2

3

4

5

6

7

Função Social Crime Agenda Premiação Morte Tradição popular Grandes Audiências

13% 4%

43%

25%

14%

1%

Temáticas Jornal Nacional

1

2

3

4

5

6

7

Função Social Crime Agenda Premiação Morte Tradição popular Grandes Audiências

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25

reportagem deste telejornal foi sobre a morte do escritor Gore Vidal, exibida

no dia primeiro de agosto de 2012, representando a temática morte.

Do Jornal do SBT foi selecionada a reportagem abordando a temática

Tradição Popular, sobre a declaração do Frevo como Patrimônio Imaterial da

Humanidade no dia 6 de dezembro. A outra matéria selecionada do SBT foi da

temática grandes audiências que trata do livro Cinquenta tons de cinza, um

sucesso mundial, que foi ao ar no dia 11 de agosto.

Representando a temática Crime o caso do clipe de Alexandre Pires

acusado de racismo foi abordado pelo Jornal da Record no dia 4 de maio. Do

mesmo telejornal escolhemos a matéria sobre a Bienal de São Paulo, da

temática Agenda, exibida no dia 7 de setembro.

O Arquivo Especial exibido pelo Jornal da Cultura no dia 17 de março

homenageou Tim Maia na data dos 14 anos de sua morte. E na temática

Premiação escolhemos a reportagem do Jornal Hoje do dia 20 de novembro,

que tratou dos Emmy’s recebidos pelas produções da Globo, uma matéria

interessante justamente por sua autorreferencia e exaltação da qualidade da

emissora.

3. Estrutura e linguagem das reportagens

Toda vez que capturamos a realidade ela passa pelo filtro de um ponto

de vista particular, construindo um fragmento do real. Por isto quando tentamos

representar a realidade o que temos é um real construído. A notícia é uma

forma de construção do acontecimento dentro de um contrato de comunicação

midiático. O contrato institui um quadro de restrições dentro do qual ocorrerá a

encenação da informação. O produtor joga com os elementos do contrato de

acordo com a situação de comunicação e com os efeitos que pretende

produzir, unindo o desafio da credibilidade e atraindo o público

(CHARAUDEAU, 2012: 129).

O telejornalismo parte do acontecimento para construir uma narrativa

midiática. A televisão é um dispositivo que permite a narrativa tanto em

simultaneidade, ou seja, construída ao mesmo tempo em que os eventos se

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desenrolam, quanto à narrativa após o acontecimento, onde se operará a

reconstituição dos fatos.

Em todas as reportagens desta amostragem e na grande maioria das

reportagens culturais, os eventos são narrados posteriormente, sendo

utilizados então recursos de roteiro e montagem para reconstituir os

acontecimentos, tornando-os inteligíveis ao espectador. A maioria dos

acontecimentos relatados dentro da editoria de cultura são programados no

calendário da vida social e esperado pelo público, mas alguns dos casos são

inesperados, como a morte (CHARAUDEAU, 2012: 138). Estas narrativas

possuem uma estrutura similar, típica do telejornalismo, mas também

apresentam singularidades de acordo com a temática que representam.

Todas as reportagens são introduzidas pela cabeça gravada no estúdio

do telejornal pelos âncoras, normalmente um homem e uma mulher sentados

atrás de uma bancada, a exceção é o Jornal da Cultura que possui apenas

uma âncora. A função dos apresentadores é conduzir o jornal, introduzindo e

amarrando as notícias que compõe a edição do dia, sem expressar opiniões

pessoais a respeito dos acontecimentos relatados, eles são a representação da

equipe editorial e em alguma medida da própria emissora. No cenário do

estúdio os elementos mais importantes são a bancada, que confere seriedade

e autoridade aos âncoras, e a logomarca do telejornal ao fundo dos

apresentadores, marca da identidade do programa.

As reportagens se utilizam do recurso de montagem para construir a

narrativa audiovisual dos acontecimentos relatados. Elas unem fragmentos de

filmagens das produções culturais abordadas em diversos ângulos e

enquadramentos, com depoimentos para a câmera em primeiro plano,

principalmente do público e de artistas, e passagens dos repórteres em locais o

mais próximo possível do acontecimento, também se utilizam de imagens de

arquivo dos artistas e produções quando são mais antigas.

Arlindo Machado (2000) caracteriza o telejornal como uma “polifonia de

vozes”, onde a notícia reconstrói o acontecimento a partir da combinação de

diversos pontos de vista, envolvendo vários enunciadores, diferentes

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entonações e níveis de dramaticidade, sem que um se sobreponha ao outro

cabendo ao espectador interprete sua versão dos fatos. Nesta forma narrativa

o repórter enviado para cobrir o evento é apenas mais um enunciador, que

contribui para a multiplicidade de vozes.

Em paralelo à ideia de polifonia encontramos o conceito de policromia

proposto por Souza (2001). A autora argumenta que as imagens também

possuem suas heterogeneidades na estrutura visual, no jogo entre os

elementos da linguagem não verbal, o ângulo, as cores, detalhes,

enquadramentos, representam diferentes perspectivas do objeto tratado. “Ao

definir a policromia como rede de elementos visuais, implícitos ou silenciados,

verifica-se que são esses os elementos que possibilitarão as diferentes

interpretações do texto não verbal.” (SOUZA, 2001: online).

Apesar das reportagens culturais levantadas possuírem uma

multiplicidade de perspectivas visuais e apresentadas nas falas, estas são

majoritariamente complementares, não conflitando as opiniões a respeito de

uma produção artística. Poucos são os pontos de vista apresentados que se

contradizem ou apontam lados divergentes a respeito do acontecimento

abordado na reportagem de cultura. O telejornal só pode falar sobre aquilo que

está mediado, só pode mostrar os fatos que forem capturados por suas

câmeras e correspondentes ou tenham testemunhas, leigas ou oficiais. O

repórter não é apenas um observador, ele se torna parte da narrativa, o que

confere maior realismo e credibilidade à reportagem. A presença da televisão

no local e tempo do acontecimento é essencial para legitimar o discurso e por

que esta é a condição principal da sua enunciação.

Por isso vemos que todas as reportagens, exceto o Arquivo Especial,

possuem passagens dos repórteres enviados pelo telejornal em um local o

mais próximo possível do acontecimento. Quando não se pode estar no lugar

exato do evento, no caso da morte, do sucesso de audiência e da premiação,

os repórteres são correspondentes falando de Nova York, onde uma peça

teatral do autor Gore Vidal estava em cartaz e no Central Park, onde

comprovam o apelo mundial do livro Cinquenta Tons de Cinza, além de estar

presente na sala de imprensa do Emmy Internacional.

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28

4. Discursos presentes nas reportagens

Os discursos disseminados nas reportagens que compõe nossa

amostragem destacam os aspectos positivos e integradores da arte na

sociedade. Elas reforçam a ideia de que a arte é para todas as pessoas,

independente dos conhecimentos prévios sobre aquela produção, escolaridade

ou classe social.

Na reportagem de Tradição Popular sobre o frevo fica bem claro o

discurso de que este produto cultural é capaz de tocar qualquer indivíduo com

o qual entra em contato quando o repórter diz que muitas pessoas no público

“nem sabiam do que se tratava, mas se encantavam com o que viam”, e o

maestro entrevistado confirma esta premissa afirmando que “qualquer povo

que escutar esta música maravilhosa, primeiro se emociona”.

O mesmo acontece na reportagem de Agenda a respeito da Bienal de

arte de São Paulo, a testemunha escolhida para ser entrevistada ia pela

primeira vez a uma exposição de arte e afirmou estar muito emocionada com a

experiência, juntamente com as imagens dela admirando uma instalação ao

lado de outras pessoas. A narração da repórter confirma que não é necessário

ser um visitante experiente ou entender as intenções do artista para aproveitar

as obras de arte expostas, cujo papel é instigar o público.

Outro discurso presente nas reportagens coletadas é de como a arte é

capaz de ajudar indivíduos a superar situações de dificuldades sociais como a

pobreza ou presidiários que precisam se reintegrar a sociedade. É o caso da

reportagem sobre o projeto de música oferecido aos detentos no Espírito

Santo, onde a arte cumpre sua função social e contribui para que eles “deixem

as grades para trás”, os tornando mais aptos a conviver em comunidade pela

reflexão e sensibilização através da música. A função social da arte também

está presente no Arquivo Especial em homenagem a Tim Maia, quando a

narração destaca a infância difícil do cantor e seu envolvimento com drogas

antes de conseguir fazer sucesso nos palcos.

Na reportagem da temática Morte são levantadas as contribuições do

autor Gore Vidal para a literatura e para a vida política nos EUA. Neste caso

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entra em questão a influência que os artistas de prestígio possuem na

sociedade e sua capacidade de criticar o poder e levantar questões polêmicas

através de sua obra e de suas declarações na mídia.

No caso da reportagem de Grande Audiência, o produto em questão é o

livro Cinquenta Tons de Cinza, que obteve sucesso internacional. O aspecto

destacado pela construção narrativa da notícia é o erotismo do livro e sua má

qualidade literária, revelando o elitismo do jornalismo cultural ao falar de

literatura, e desviando dos discursos elogiosos sobre a arte, sendo que esta

produção nem é chamada de arte. A crítica é feita apontando que apesar das

leitoras, já que o livro é voltado para o público feminino, se sentirem

envergonhadas de lerem sobre sexo elas encontram maneiras de ultrapassar

este obstáculo, com o uso do e-book. Para que o espectador consiga entender

a proporção do sucesso de vendas do livro de E.L. James a reportagem o

compara ao sucesso dos livros da saga Harry Potter e ao mencionar a editora

cita o autor Paulo Coelho, um brasileiro que faz parte da lista de best-sellers.

A única reportagem da amostragem selecionada que realmente

contrasta pontos de vista a respeito de uma produção é a da temática Crime.

Nesta notícia o assunto é o clipe da música Kong do cantor Alexandre Pires

que causou polêmica por ser considerado racista e implicitamente incentivar o

sexo sem camisinha. São colocados os pontos de vista do representante da

Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do Procurador da

República e do advogado do cantor, além de serem apresentados trechos do

clipe em questão para que o público possa construir sua interpretação do fato.

A reportagem de premiação exibida pelo Jornal Hoje nos interessa

principalmente por fazer referência à própria emissora do telejornal e exaltar os

sucessos das produções da Rede Globo. A reportagem é bem maior que as

demais que compõe a amostragem chegando ao dobro de tempo de exibição

de algumas. Na matéria o discurso claramente é elogiar a qualidade da

instância de produção, sendo a autorreferencia sua característica mais

marcante. Ela descreve a cerimônia destacando os momentos em que

concorreram produtos da Globo, com trechos dos programas mencionados, e

entrevista os vencedores. A matéria também é a única que possui um pé na

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bancada do telejornal, onde os apresentadores enumeram as vitórias da

emissora nos Emmy’s anteriores.

5. Relação Texto-imagem

A televisão é um dispositivo que mistura a linguagem verbal e a

linguagem não verbal onde imagem e fala estão “numa solidariedade tal, que

não se saberia dizer de qual das duas depende a estruturação de sentido”

(CHARAUDEAU, 2012: 109). Neste jogo enunciativo a imagem tende para o

sentimental e a palavra para o conceitual.

Muitas vezes a TV pode ser apenas ouvida sem prejuízo ao

entendimento da informação transmitida, isso acontece porque a imagem esta

sendo descrita e explicada pela fala. Este tipo de imagem repetitiva que mostra

o que está no texto está bastante presente nas reportagens da amostragem.

Como exemplo temos a sequencia a seguir, retirada da reportagem sobre a

morte de Gore Vidal.

Imagem Texto/Áudio

Arquivo de entrevista de Gore Vidal há

alguns anos.

Ele chegou a concorrer duas vezes a uma vaga

no Congresso, mas nunca foi eleito. Crítico

ferrenho da política externa americana,

Cenas de guerras, helicópteros e bombas

explodindo.

se posicionou contra as guerras do Vietnã e do

Iraque.

Arquivo de Gore Vidal de cadeira de rodas. Foi alvo da fúria de muita gente ao declarar,

Cenas das Torres Gêmeas em 11/09/01. após os ataques de 11 de setembro de 2001,

Arquivo de George Bush em

pronunciamento.

que George Bush teria sido cúmplice dos

terroristas.

Arquivo de entrevista com Gore Vidal. Há quatro anos, Gore Vidal disse numa

entrevista que não se arrependia de nada na

vida.

Tabela 1: Relação texto-imagem na reportagem sobre Morte

As reportagens com temas culturais também utilizam imagens que

complementam o sentido das palavras. Elas não representam o que está sendo

descrito pela narração, mas mostram aspectos da produção cultural sendo

tratadas.

Sobre o tipo de imagens utilizadas nas matérias do telejornalismo cultural, a

maioria possui um enquadramento centralizado e ângulos retos. Poucos

quadros foram feito com contra-plongé ou plongé, pois privilegiam a clareza

nas representações. Além disso, as entrevistas são feitas em primeiro plano de

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frente para a câmera, focando no rosto das testemunhas, captando suas

expressões.

A imagem televisual das reportagens de cultura tem a função de

designação, mostrando o mundo em sua realidade perceptiva (CHARAUDEAU,

2012: 225). Os produtos culturais são os “objetos mostrados”, criando um efeito

de transparência, como se o espectador estivesse lá, em contato com a

produção artística. Esta função esta ligada ao efeito de autenticidade.

6. Fontes da informação

As informações apresentadas em um telejornal não podem ser

inventadas, elas devem obedecer ao critério de credibilidade da instância

midiática. Portanto para produzir uma reportagem é preciso utilizar fontes de

informação internas ou externas ao mundo das mídias.

Pela classificação de Charaudeau (2012), as fontes internas às mídias

podem ser do próprio organismo de produção (correspondentes, enviados

especiais e arquivos próprios) ou de outros organismos (agências de

informação e indústrias de serviços e outras mídias). As fontes externas podem

ser institucionais (Estado-Governo, Administrações, Organismos sociais,

políticos e representantes sociais) ou não institucionais (testemunhas,

especialistas ou representantes de corpos profissionais).

Fizemos um levantamento numérico das fontes de informação utilizadas

nas reportagens que fazem parte da amostragem desta pesquisa. Os

resultados podem ser observados no gráfico abaixo.

As fontes de informação mais utilizadas pelas reportagens culturais são

as não institucionais externas à mídia, especialmente testemunhas que

compõe o público das produções tratadas em cada reportagem. Os artistas

foram classificados como especialistas por possuírem o especializado a

respeito da produção cultural da qual participa. Estes especialistas também

participam do conjunto de fontes de informação utilizadas com frequência nas

notícias de cultura.

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32

Gráfico 9: Fontes de informação das reportagens por temática

Os correspondentes do telejornal são fontes de todas as reportagens da

amostragem, fazendo passagens, como citado anteriormente, ou apenas

narrando a notícia. Dentre as outras fontes internas à máquina midiática

também são utilizados arquivos do próprio organismo e informações retiradas

de outras mídias.

Os arquivos compõe a maior parte das fontes de imagens das reportagens

da temática morte e do Arquivo especial, pois não é possível entrevistar o

artista de quem a reportagem fala, e o mais importante é relembrar seus feitos

do passado. As informações de outras mídias podem ser imagens das

produções, no caso do clipe de Alexandre Pires acusado de racismo, ou

Fon

tes

de

info

rmaç

ão

Temáticas das reportagens

Fontes de informação das reportagens por temática

Representantes (corpos profissionais)

Especialistas

Testemunhas

Politicos/Representantes sociais

Organizações sociais

Administrações

Estado/Governo

Outras mídias

Agências e indústrias de serviços

Arquivos próprios

Enviados especiais

Correspondentes

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comentários a repeito da mesma produção, como é o caso da reportagem

sobre o livro Cinquenta Tons de Cinza, que usa a matéria do New York Times

sobre o mesmo livro.

A reportagem de temática Crime utiliza fontes de classificações diferentes

das demais. Uma fonte é o advogado representante do cantor Alexandre Pires,

e fontes oficiais da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial,

do Procurador da República.

Outra característica observada a respeito das fontes de informação é a

forma de identificação utilizada pelos telejornais. Nas reportagens analisadas

as fontes são nomeadas no letreiro da tela e sob seus nomes aparecem sua

profissão, destacando assim qual a posição destes indivíduos na sociedade e

seu grau de conhecimento a respeito do tema tratado. Os repórteres

correspondentes do telejornal são identificados por seu nome seguido pela

cidade de onde estão fazendo sua passagem.

Nas fontes testemunhais que representam o público das produções

artísticas, as profissões são variadas e o nível de conhecimento prévio sobre

aquela produção é baixo, para mostrar que qualquer um pode apreciar a obra.

No caso das fontes de outros países, como na reportagem de audiência e de

tradição popular, as fontes não foram identificadas no letreiro.

VI. Conclusões

As reportagens analisadas nesta pesquisa são prioritariamente

descritivas, com pouco espaço para comentários e aprofundamentos a respeito

das produções culturais de que tratam. Esta característica é própria do gênero

reportagem e intensificada por serem feitas para o telejornalismo, onde não há

muito tempo para desenvolver os assuntos e para a contemplação das

imagens e do texto apresentados com velocidade.

Os acontecimentos são construídos midiaticamente ao serem relatados

e este processo majoritariamente descritivo revela o estereótipo de que a

cultura deve ser discutida com menor profundidade crítica, ou não seria

compreendida pelo telespectador médio dos jornais, onde se opera um

processo de vulgarização dos temas para atingir o maior número de

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espectadores possível. Esta visão da cultura como um tema complexo é uma

junção do estigma do público com um estereótipo dos temas culturais.

No conceito de agenda setting proposto por Charaudeau (2012) as

mídias fundamentam os comentários que os sujeitos participantes da vida

social tecem sobre o espaço público. Desta forma funcionam como um filtro

para os acontecimentos que chegam ao público, incluindo o tratamento dado a

estes acontecimentos.

Essa ideia de “cultura” associada à intelectualidade inalcançável por

grande parte da população faz com que temam a cultura. Por isso as decisões

de tratamento que definem as estratégias usadas na construção de uma notícia

jornalística tentam equilibrar elitismo e populismo. Os jornalistas tentam pegar

uma obra de sucesso na audiência e tratá-la de forma mais profunda,

mostrando que há mais nela do que os consumidores percebem inicialmente.

Também podem reportar temas considerados complexos de uma maneira que

o público compreenda, sendo esta forma mais comum nas reportagens

analisadas, como forma de mostrar que a arte pode ser aproveitada por

qualquer pessoa.

Através da análise da amostragem percebemos uma contradição no que

diz respeito à posição ocupada pela editoria de cultura nos telejornais e suas

reportagens. Os enunciados das reportagens exibidas nos telejornais que

compõe a nossa amostragem trazem uma representação da arte como algo

que pode tocar toda a população independente da escolaridade, classe social

ou conhecimento prévio sobre aquela forma de produção cultural. Por este

ponto de vista, os temas culturais podem sim ser compreendidos pelo

telespectador médio dos jornais, pelo público alvo a quem ele se dirige quando

produz seu conteúdo.

Outro estereótipo levantado é de que a cultura seria menos importante,

fútil, e só receber tempo e espaço de exibição quando não existem

acontecimentos mais “importantes”, de outras editorias, para serem noticiados

naquele dia. No entanto ela é apresentada com a função social de reintegrar

indivíduos ao convívio em sociedade e ajudar na superação de situações de

dificuldade e desigualdade sociais. Um critério de escolha pelo qual as

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reportagens de cultura não são selecionadas para serem exibidas é porque

elas se referem a uma agenda muito local para serem exibidas em um

telejornal de alcance nacional ou são frias e podem esperar abrir um espaço

para irem ao ar mais tarde.

Ainda assim as reportagens que formariam uma editoria de cultura no

telejornalismo diário estão espalhadas na programação e possuem um número

pouco representativo se comparadas com as demais editorias. A cultura ainda

não conseguiu estabelecer a sua identidade e se encontram em constante

disputa por espaço na divisão temática que o telejornalismo opera sobre o

espaço público.

VII. Referências Bibliográficas:

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o

contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora da

Universidade de Brasília, 1999.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

CERTEAU, M. A cultura no plural. Campinas: Papirus, 1995.

CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2012.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.

GANS, H. Deciding what’s news. New York: Vintage Books, 1980.

GOMES, M. R. Jornalismo e ciências da linguagem. São Paulo: Hacker/Edusp,

2000.

MACHADO, A. A televisão levada a sério. São Paulo: Senac, 2000.

PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural. São Paulo: Contexto, 2011.

SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Muito além do jardim botânico. São Paulo:

Summus, 1985.

SILVA, T. T. (org.). Identidade e diferença. A perspectiva dos estudos culturais.

Petrópolis: Vozes, 2000.

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36

SOUZA, T.C.C. A Análise do não verbal e os usos da imagem nos meios de

comunicação. Revista eletrônica Ciberlegenda. Niterói: UFF, nº6, 2001.

Disponível em : <http://www.uff.br/mestcii/tania3.htm>

Sites consultados:

Jornal Nacional

http://g1.globo.com/jornal-nacional

Jornal Hoje

http://g1.globo.com/jornal-hoje/

Jornal da Record

http://noticias.r7.com/jornal-da-record/

Jornal do SBT

http://www.sbt.com.br/jornalismo/jornaldosbt/

Jornal da Cultura

http://tvcultura.cmais.com.br/jornaldacultura

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ANEXO:

Decupagem da Reportagem referente à temática: Função social da arte (2’58”)

Imagem Letreiro Texto/Áudio

Bancada do JN, William Bonner e Patrícia Poeta, só ela fala.

Detentos de um presídio na Região Metropolitana de Vitória estão reduzindo suas penas de uma forma inovadora. Mais de 80 aderiram ao projeto de uma fundação sem fins lucrativos. É o repórter André Junqueira quem conta.

Grades e corredor do presídio em traveling, câmera subjetiva.

O som que se espalha pelos corredores e atravessa as grades

Traveling em torno do cantor e professor de música, até fechar no rosto dele.

vem do cantor de ópera, que já fez várias apresentações no Brasil e no exterior. Diante dos presos, ele vira professor.

Professor de pé na frente da sala, ao lado do tecladista.

Lício Bruno, barítono.

“Inspira e senta na barriga”.

Professor Licio, barítono, em primeiro plano, a câmera passa para sua mulher.

Quando ele se junta a mulher, o resultado é imediato.

Plateia de presidiários aplaudindo

Música para sensibilizar criminosos condenados em um presídio. Será possível?

Aluno e professora em plano geral, com costas do grupo sentado

É mais fácil encontrar resistência.

Ormantiezer, presidiário, entrevistado em plano médio com outros presidiários ao fundo

Ormantiezer Rodriguez, presidiário.

"Primeira coisa que eu falei. Já deixei isso bem claro, para não ter mal entendido,” “O que?” “que eu não sabia cantar".

Ormantiezer em primeiro plano cantando

Ele começou a cantar

Professores a frente da sala de pé e costas dos presidiários de pé

e muitos outros também.

Presidiário entrevistado com grupo ao fundo

"A letra nos ensina muita coisa”

Professora regendo o grupo a frente da turma cantando, de costas para a câmera

O encontro de letra e música, quem sabe não estimula a reflexão. “Um novo tempo...” (cantado)

Professora a frente da sala de pé e costas dos presidiários de pé

"Se a gente não ouve a voz de quem está ao nosso redor, a gente só ouve a nossa voz, a gente acaba vacilando"

Repórter caminhando pelo corredor do presídio de

Os presos que são apresentados à música são os que já cumpriram

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trás das grades e saindo. a maior parte da pena e, nessa reta final, o que se percebe é que todo o som parece encurtar o caminho para a liberdade. Pelo menos é o que a maioria dos presos diz: quem solta a voz, deixa as grades para trás.

Imagens do grupo de presidiários se apresentando em Igreja

E não é só na imaginação. O coral com 70 presos chegou a sair da penitenciária, em 2011, e se apresentou em uma igreja lotada em Vila Velha, na Grande Vitória.

Entrevista diretor do presídio, Marcelo Gouvêa, dentro da sala de aula com grupo de presidiários ao fundo.

Marcelo Gouvêa, diretor do presídio.

"Foram dois ônibus cheios, mais as escoltas atrás, mais algumas identificações de segurança necessárias para o momento, mas foi muito tranquilo”.

Entrevista professora de música, maestrina, Adalgisa Rosa, com presidiários sentados na sala de aula ao fundo.

Adalgisa Rosa, maestrina.

"Nós temos pessoas com um material vocal muito bom, pessoas que tem desenvoltura, uma performance maravilhosa”.

Presidiário, Pavarotti do presídio canta em primeiro plano.

No presídio, os companheiros o chamam de Pavarotti. "Como ele aprendeu é inexplicável", fala um presidiário.

Entrevista do Pavarotti do presídio (Mario Batista) na sala vazia

Ele canta para os outros presidiários e professores, de costas para a câmera que gira em torno dele até filmar seu rosto.

E pensar que ele ainda não fazia parte do coral. Foi o primeiro teste de voz do preso.

Entrevista do Mario Batista do presídio na sala vazia

Mario Batista, presidiário.

"Uma língua italiana a qual não sei traduzir direito por causa da minha escolaridade"

Mario canta ao lado do professor Licio, com orientações.

Agora ele tem ajuda do especialista.

Decupagem da Reportagem referente à temática: Morte (1’46”)

Imagem Letreiro Texto/Áudio

William Bonner na bancado do JN

A literatura perdeu um dos mais versáteis e polêmicos intelectuais dos Estados Unidos: o escritor, roteirista e ensaísta Gore Vidal. Ele tinha 86 anos e morreu ontem, em Los Angeles, de complicações decorrentes de uma pneumonia.

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Imagens de arquivo Gore Vidal dando autógrafos e fazendo palestra recentemente, imagens de entrevista quando mais jovem, trabalhando em seu escritório já idoso.

Ele é considerado um dos maiores escritores americanos do século 20. E um dos primeiros a tratar a homossexualidade de forma mais aberta em seus livros. O tema está em "A cidade e o pilar", que provocou escândalo na época em que foi lançado: 1948. Gore Vidal publicou 25 romances, duas memórias

Panorâmica de paisagem e varanda com o escritor

e teve vários ensaios premiados. Nos textos, o escritor ironizava a sociedade americana.

Passagem da repórter em frente ao teatro da paca Best Man, em NY.

Elaine Bast Nova York

Gore Vidal é autor de várias peças de teatro, entre elas "The Best Man", que fala de política e ambição durante uma disputa pela presidência dos Estados Unidos. Escrita em 1960, a peça voltou a ser remontada na Broadway. Política, aliás, era outro tema que ele adorava. Mas, nessa área não teve o mesmo sucesso conquistado na literatura.

Arquivo de entrevista há alguns anos

Ele chegou a concorrer duas vezes a uma vaga no Congresso, mas nunca foi eleito. Crítico ferrenho da política externa americana,

Cenas de guerras, helicópteros e bombas explodindo.

se posicionou contra as guerras do Vietnã e do Iraque.

Arquivo de Gore Vidal de cadeira de rodas

Foi alvo da fúria de muita gente ao declarar,

Cenas das Torres Gêmeas em 11/09/01

após os ataques de 11 de setembro de 2001,

Arquivo de George Bush em pronunciamento

que George Bush teria sido cúmplice dos terroristas.

Arquivo de entrevista do escritor

Há quatro anos, Gore Vidal disse numa entrevista que não se arrependia de nada na vida.

Tela azul escuro com foto de Gore Vidal à direita e frase selecionada em branco.

Sou exatamente aquilo que pareço. Não há uma pessoa amorosa dentro de mim. Sob minha superfície fria, uma vez quebrado o gelo, você encontra água gelada.

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Decupagem da Reportagem referente à temática: Premiação (4’04”)

Imagem Letreiro Texto/Áudio

Bancado do Jornal Hoje com Sandra Annemberg e Evaristo Costa

- A Rede Globo foi a vencedora em duas categorias do prêmio Emmy Internacional, que é considerado o Oscar da televisão. A cerimônia foi ontem à noite, em Nova York. (Evaristo) - E o correspondente Hélter Duarte acompanhou tudo e conta como foi a premiação. (Sandra)

Atores, diretores, produtores, roteiristas, etc. no Tapete vermelho do Emmy posando para fotos.

Os melhores da TV mundial reunidos em Nova York. Atores, roteiristas, diretores e produtores de quatro continentes. Todos enfrentaram uma seleção de seis meses, com juízes de 67 países. No tapete vermelho estiveram profissionais que fizeram da Rede Globo a única emissora brasileira a participar da final do Emmy. Das nove categorias do prêmio, a Globo concorreu em cinco.

Arquivo de Cartola cantando

Na categoria programa de arte, "Por Toda a Minha vida" foi indicado pela 6ª vez consecutiva.

Ganhadores subindo escadas para receber o prêmio

A TV alemã levou o prêmio.

Cenas do quadro “Planeta extremo”

O “Planeta Extremo”, exibido pelo Fantástico, concorreu na categoria sem roteiro pré-definido,

Grupo recebendo o prêmio no palco

e o Emmy foi para os australianos.

Apresentador anunciando a categoria de programas de comédia

Mas quando chegou a vez dos programas de comédia... “The Invisible Woman”

Diretores se levantando para receber o prêmio no meio da plateia

A “Mulher Invisível” venceu a disputa com duas séries do Reino Unido e uma da Bélgica.

Abertura de “A Mulher Invisível”

Cenas do seriado “A Mulher Invisível”

O seriado é uma coprodução da Rede Globo com a Conspiração Filmes e conta a história de um casal apaixonado e de uma mulher imaginária que surge no meio da relação. “Amanda, o que é que você tá fazendo aqui?”

Ganhadores subindo as escadas e recebendo o prêmio do apresentador

O prêmio foi recebido pelo diretor Claudio Torres e pelo roteirista Mauro Wilson. Em inglês,

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Ganhadores no discurso de agradecimento

O Claudio dedicou o Emmy ao filho. “Davy ,my son, this is for you”

Passagem do repórter com ganhadores brasileiros ao fundo posando para fotos depois da cerimônia

Hélter Duarte, Nova York

Depois de receber o prêmio lá no palco o Claudio Torres e o Mauro Wilson vieram comemorar e tirar muitas fotos aqui na sala de imprensa. É que agora, ganhadores do Emmy Internacional, eles tem que conversar com jornalistas do mundo inteiro.

Entrevista com diretor do seriado após receber o prêmio no hall da cerimônia

Claudio Torres, diretor

Parecia um sonho. “Eu não me lembro do que aconteceu nos últimos três minutos, é mais ou menos isso assim... mas muito feliz, realmente feliz.”

Cenas da produção “Homens de bem”

Agora telefilme, a Globo concorreu com “Homens de Bem”, uma coprodução com a Casa de Cinema de Porto Alegre.

Ganhadora recebendo o prêmio no palco

O vencedor foi um filme do Reino Unido.

Imagem da estatueta do Emmy no telão

“Marcelo Serrado” (com sotaque americano)

Apresentadores da categoria novela

E na categoria novela o Brasil teve um representante na apresentação: o ator Marcelo Serrado.

Cenas da produção Duas produções de Portugal,

Cenas da produção uma da Coréia do Sul

Cenas de “O astro” e a brasileiríssima “O Astro” estavam na disputa. Uma nova versão da novela escrita por Janete Clair e que foi um grande sucesso na década de 70. A história de Herculano Quintanilha foi exibida no ano passado e trouxe o segundo Emmy da noite para a Globo.

Apresentadora anunciando o ganhador

“For “The Ilusionist”“

Brasileiros se levantando e comemorando na plateia

O Emmy internacional

Ganhadores subindo no palco e recebendo a estatueta

foi recebido pelo diretor Mauro Mendonça Filho e pelo autor Geraldo Carneiro,

Discurso de agradecimento dos ganhadores

que foram acompanhados no palco pelo também autor Alcides Nogueira e pela atriz Rosamaria Murtinho. Uma vitória compartilhada em equipe.

Entrevista com o diretor no hall da cerimônia

Mauro Mendonça Filho, diretor

"É uma emoção muito forte, porque realmente é um prêmio e

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tanto e a gente está muito feliz pela gente, pelo Alcides, Geraldo, eu, por Roberto Talma e pela Globo TV. Estamos muito felizes"

Entrevista com o autor no hall da cerimônia

Alcides Nogueira, autor

"Ganha todo mundo. Ganha sabe... eu acho que o público sai ganhando, os autores saem ganhando, diretores, enfim, a cultura brasileira”.

Bancado do Jornal Hoje com Sandra e Evaristo

- Parabéns! (Sandra) - Parabéns a todos eles. Com essa vitória, com as vitórias deste ano, a Globo já soma oito prêmios Emmy. No ano passado venceu na categoria novela com “Laços de Sangue', exibida em Portugal, em coprodução com o canal português Sic. Também foi premiada na categoria jornalismo pela cobertura do Jornal Nacional da invasão do Complexo do Alemão. (Evaristo) - Em 2009, a vitória foi de “Caminho das índias”; em 1981, “A Arca de Noé”; em 82, “Morte e Vida Severina”; e em 1983, o jornalista Roberto Marinho ganhou o prêmio na categoria direção. (Sandra) - Oito prêmios no total, como a gente disse. (Evaristo)

Decupagem da Reportagem referente à temática: Tradição popular (1’45”)

Imagem Letreiro Texto/Áudio

Bancada do Jornal do SBT

Brasil com Karyn Bravo

O ritmo que ao lado do samba e

do axé já é marca registrada no

carnaval brasileiro ganha mais um

motivo para encher de orgulho o

povo pernambucano.

Bancada do Jornal do SBT

Brasil com Marcelo Torres

em primeiro plano

Pois é, o frevo foi incluído numa

lista muito especial da UNESCO e

agora é Patrimônio Imaterial da

Humanidade.

Crianças dançando frevo

na praça em plano geral e

médio

Poucas horas depois do anúncio

em Paris os passos do frevo

tomaram conta do Parque São

Pedro,

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Menina dançando em

primeiro plano

lugar histórico da área central do

Recife.

Outra menina dançando

3ª menina dançando

Banda tocando frevo no

palco, câmera de trás do

palco.

A festa entrou pela noite sob

comando das orquestras.

Maestro andando no palco

na frente dos músicos

tocando

Vassourinha, clássico do frevo, foi

a primeira música tocada.

Criança dançando frevo no

plano contra-plongé

A festa chamou a atenção de

muitos

Turista apreciando a

apresentação de frevo

que nem sabiam do que se

tratava, mas se encantavam com o

que viam.

Turista entrevistada em

primeiro plano

A forma natural que eles fazem é

maravilhoso, os pulos, os giros, diz

a turista belga. (tradução sobre a

fala em inglês)

Passagem do repórter em

plano médio na praça com

dançarinos ao fundo

Jonathan Monteiro,

Recife

O frevo pernambucano entra para

uma lista que até o fim do ano

passado reunia 232 elementos

culturais em todo planeta.

Dançarinos de frevo na

praça, câmera faz traveling

horizontal de um para o

outro.

Mas o que deixa esta gente mais

feliz é que o título mundial só

reafirma a importância deste ritmo

que em 2007 fervia de alegria com

a conquista do patrimônio cultural

brasileiro.

Entrevista homem em

primeiro plano

Mizael Bastos,

auxiliar de

produção

"Me sinto muito orgulhoso por ter

nascido aqui em Pernambuco, de

ser cidadão recifense também e o

frevo ter nascido aqui na nossa

cidade, no nosso estado."

Entrevista Maestro em

primeiro plano

Maestro Forró,

cantor e

compositor

O frevo bate direto no emocional,

no espiritual na energia, né. E

qualquer povo que escutar esta

música maravilhosa, primeiro se

emociona e depois

Menina dançando frevo,

plano americano.

o resto é detalhe amigo.

Pessoas dançando frevo,

plano geral.

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Decupagem da Reportagem referente à temática: Grandes audiências (2’50”)

Imagem Letreiro Texto/Áudio

Bancada do Jornal do SBT com Karyn Bravo e Carlos Nascimento

-Um livro erótico inspirado na Saga Crepúsculo virou um fenômeno comercial em todo mundo (Carlos) -50 tons de cinza, da inglesa E.L. James, vendeu até agora 40 milhões de cópias. (Karyn) -Enquanto ela ri à toa com lucro, a atenção dos leitores ou das leitoras está nas passagens de sexo e sadomasoquismo, narradas em detalhes.(Carlos)

Mulher lendo no banco do parque

Quer entender sobre o que é a trama?

Plano detalhe das páginas do livro sendo viradas

Nem precisa de tradução.

Entrevista com mulher em primeiro plano

“Sex, sex and sex”

Capa do livro As mulheres estão grudadas no livro

Cenas do filme Crepúsculo cenas do filme CREPÚSCULO

inspirado na Saga Crepúsculo, mas que de vampiro não tem nada. Ao contrario do comportado casal do cinema Bella e Edward

Detalhe da lombada com título do livro nas mãos da leitora

o do livro protagoniza cenas quentes

Leitora sentada nas escadas do parque, câmera zoom out.

Numa ficção erótica voltada para mulheres que só falam de sexo entre 4 paredes, e olhe lá.

Carros virando a esquina em frente à livraria

Aqui nos Estados Unidos

Foto da autora com seu livro

a trilogia da inglesa E. L. James tem atraído várias gerações.

Entrevista em plano médio com mulher no parque

“My mom is reading it...” A americana me conta que até a mãe e a vó dela estão lendo com vergonha.

Capa do livro Já são 40 milhões de cópias vendidas mundialmente, inclusive no Brasil.

Estantes de livraria Um recorde histórico da literatura

Cenas dos filmes de Harry Potter

Capaz de desbancar até o famoso Harry Potter.

Primeiro Plano de livro no colo de mulher passando as páginas

O pano de fundo é a relação entre uma estudante de 22 anos

Páginas viradas com velocidade vistas de cima

e um milionário que se aproveita da inocência dela para satisfazer os desejos mais secretos na

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cama.

Livro fechado no colo da mulher visto de cima

Até mesmo sadomasoquismo.

Foto da autora em livraria mostrando seu livro

O sucesso do livro começou no boca a boca. Foi publicado na Austrália

Mulheres estudando sentadas na grama

até ter os direitos comprados

Parque em plano geral, pessoas caminhando ao fundo.

aqui nos Estados Unidos

Homem lendo sentado no banco

pela mesma editora que representa Paulo Coelho.

Capa do livro E agora está prestes a virar um filme.

Passagem da repórter no banco do parque

Yula Rocha, Nova York

O fenômeno também é associado a isso aqui, olha. Muitas mulheres tem vergonha de ler uma história pornográfica publicamente, preferem a edição digital que não revela a capa. É como as revistas de fofoca, que todo mundo lê, mas nem sempre admite.

Kindle sendo lido no colo de mulher

O sucesso não foi abalado nem pelas péssimas críticas

Página de internet falando sobre o livro, Destaque para o título do New York Times e manchete da matéria.

publicadas nos jornais. Uma obra considerada pelo The New York Times, mal escrita

Mulher lendo no banco do parque

Essa escritora nigeriana

Entrevista com mulher no banco do parque aparecendo costas da repórter

diz que não se entrega a leitura de metrô. Por que não, eu pergunto. E ela responde com toda honestidade: Porque sou esnobe. “I’m snobish (risos)”

Porta de livraria vista da rua

E Makena não está sozinha. Esta livraria em Nova York faz parte do movimento para boicotar a venda,

Caixa da livraria ainda que tenha

Interior da livraria, plano geral.

que comprometer o lucro certo.

Entrevista com gerente da livraria entre as estantes

O gerente me diz que as pessoas entram aqui sem saber o título, e perguntam do livro sobre um homem, uma mulher e algo mais. “... about a woman and a guy and some stuff”.

Detalhe do livro, páginas virando.

É este algo mais que o leitor e a leitora querem. A chave do sucesso.

Mulheres conversando no parque

A estudante devorou a trilogia

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Entrevista com mulher no parque

e confessa que ficou envergonhada várias vezes ao ler o livro em locais públicos. “it’s like hot”

Repórter saindo da livraria com sacola

Acabei me rendendo a curiosidade desta leitura proibida.

Repórter sentada no banco lendo, zoom in.

Mas não conte pra ninguém, tá bem.

Decupagem da Reportagem referente à temática: Agenda (2’15”)

Imagem Letreiro Texto/Áudio

Bancada do JR com Ana Paula Padrão e Celso Freitas

- Uma exposição para encher os olhos e provocar o pensamento. A Bienal em São Paulo começou hoje e com uma novidade, não é Celso? - É, além do Pavilhão no Ibirapuera as obras vão ser expostas em vários pontos da cidade.

Trenzinho andando entre garrafas em primeiro plano

O trenzinho vai correndo veloz pelo trilho, deixando para trás uma sinfonia entre copos e garrafas de vidro.

Parede de molas O som vem também desta outra instalação.

Entrevista com homem em frente à parede de molas

Jonathan Sena “Você pode ver que cada molinha tá se mexendo de uma forma diferente.”

Interior do prédio da Bienal com rampas em plano geral

Nos três andares da Bienal a arte se confunde com a realidade.

Instalação com quadros enfileirados, “guardados”, com mulheres caminhando e observando.

Seria um depósito de quadros que ainda não foram pra parede? Não,

Instalação de parede é mais uma das 3000 obras

Obra com cadeiras de 111 artistas.

Homens olhando instalação de gaiola, traveling para a passagem da repórter andando no meio da exposição.

Um olhar atento de cada pessoa sobre a obra analisando, julgando, apreciando. Nem sempre quem vem a uma exposição como esta consegue desvendar o que motivou a instalação, o que o artista quis dizer. Não tem problema. Aí, justamente aí, a arte

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cumpre o seu papel: o da provocação.

Crianças interagindo com obra exposta

E nem precisa ser um visitante experiente.

Menino olhando obra com carrinhos

A arte pode despertar um amor à primeira vista.

Pessoas em torno da instalação do trenzinho

Foi assim com Patrícia, que até hoje nunca tinha visitado uma exposição.

Entrevista com mulher que olhava o trem

Patrícia dos Santos, auxiliar de serviços gerais.

“É uma emoção muito grande, é muito bom.” “Valeu a pena?” “Valeu muito a pena. Tá valendo.”

Pessoas olhando obra com monte de terra e cortinas

O que é esse monte de terra no meio da Bienal?

Instalação com manto bordado

E esse manto bordado

Entrevista com mulher em plano médio na exposição

Isabel Farias Rocha, supervisora.

“Ele me explicou que ele fez esse manto bordado pra ser enterrado com ele.”

Homem fotografando obra O manto da superação

Foto do artista com manto É uma das mais importantes obras de Arthur Bispo do Rosário.

Instalação no teto em contra-plongé

A Bienal deste ano

Homem observando obra traz mais de 300 peças do artista

Traveling vertical de obra com ferramentas

Feitas durante os 50 anos que ele passou num manicômio no Rio de Janeiro.

Homem observando obra em primeiro plano

Contemplação,

Pessoas em frente à parede com obras

curiosidade,

Mulheres fotografando obras com celular

em meio às milhares de bugigangas

Mulher fotografando obra na parede

Assim, cada visitante

Obra com estatuetas em primeiro plano

se vê desafiado

Obra com painéis solares em plano geral

de um jeito diferente

Mulher assistindo telão com vídeo

pelas infinitas

Obra com para-brisa quebrado, zoom in.

possibilidades da arte moderna.

Entrevista com mulher na exposição

“A riqueza da arte é essa,

Obra com vários objetos em detalhe

essa outra leitura, né.

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Entrevista com mulher na exposição

Olha, é de uma maravilha, eu fico empolgada viu. (risos)”.

Decupagem da Reportagem referente à temática: Crime (1’35”)

Imagem Letreiro Texto/áudio

Ana Paula Padrão no estúdio do JR

Agora uma polêmica. Uma música do cantor mineiro Alexandre Pires divide opiniões. Alguns acham que é apenas uma canção alegre, até inocente; outros falam em racismo e incentivo ao sexo sem camisinha.

Eduardo Ribeiro no estúdio do JR

Na dúvida, o Ministério Público entrou no caso.

Cenas do clipe com homens fantasiados de macacos e mulheres de biquíni. Cena de Neymar no clipe. Cena de Mc Catra no clipe. “Macacos” dançando no clipe.

No vídeo clipe da música Kong, homens vestidos de macacos invadem uma festa cheia de mulheres. Com a participação do craque Neymar e do MC Catra a coreografia tem gestos de duplo sentido que já foram copiados

Jogadores de futebol comemorando com coreografia

Até pelo jogador Daniel Alves ao comemorar um gol do Barcelona.

Cenas do clipe com mulheres dançando e bajulando homem vestido de macaco

Postado em janeiro o clipe já foi exibido

Neymar fazendo embaixadinhas no clipe

quase 3 milhões e 300 mil vezes.

Alexandre Pires cantando e pessoas dançando no clipe

E também já recebeu inúmeras denúncias de preconceito.

Entrevista com homem negro em local externo

Carlos Alberto Júnior, Ouvidor de Sec. Políticas Igualdade Racial.

“È um clipe racista e sexista.

Cenas do clipe Porque eles unem homens negros à posição de inferioridade.”. Segundo as denúncias no refrão a música também incentivaria o sexo sem camisinha. “é no pelo do macaco que o bicho vai pegar” (trecho da música cantado)

Passagem do repórter em Rick Paranhos, Uberlândia O caso foi enviado aqui

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frente ao Ministério Público Federal

- MG. para o Ministério Público Federal em Uberlândia, cidade onde mora Alexandre Pires. O cantor foi ouvido na última quinta-feira.

Entrevista com homem em escritório

Frederico Pelucci, Procurador da República.

“O Alexandre deixou bem claro que foi um clipe feito num momento de descontração, numa brincadeira...”

Cenas do clipe O advogado de Alexandre diz que ouve exagero por parte dos ativistas do movimento negro.

Entrevista com homem em escritório

Honório Neto Caixeta, advogado do cantor

“Eu entendo que há uma perseguição nefasta, uma perseguição indevida, infundada”.

Cenas do clipe, macacos dançando.

“é no pelo do macaco que o bicho vai pegar” (trecho da música cantado)

Decupagem da Reportagem referente à temática: Arquivo Especial (1’15”)

Imagem Letreiro Texto/Áudio

Bancada do Jornal da Cultura com Márcia Bon Giovanni

E há 14 anos morria Tim Maia. Uma das vozes mais bonitas do Brasil esta no Arquivo especial de hoje.

Vinheta do quadro Arquivo Especial

Fotos em preto e branco do cantor Tim Maia

Narração Valéria Grillo Tim Maia teve uma infância difícil. Era o décimo oitavo filho de uma família de classe média carioca.

Cenas de arquivo do cantor tocando violão. Zoom out até aparecer seu rosto.

Trabalhou em quase tudo. Com 12 anos foi para os Estados Unidos, tinha 12 dólares no bolso.

Foto em preto e branco dele cantando

Preso por envolvimento com drogas foi deportado de volta ao Brasil. Seu

Filmagem antiga de Tim Maia cantando em show. Ele em contra-plongé intercalado com instrumentos musicais em primeiro plano.

Tim Maia sucesso como cantor começou em 1970. Era só abrir a boca e a voz grave de Tim Maia roubava a cena. Mas a língua solta funcionava como uma metralhadora giratória. Crítico ferrenho das gravadoras e da política de

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direitos autorais não perdoava ninguém nas entrevistas sempre polêmicas. Era irreverente e desconfiado, mas acreditava em extraterrestres. Tim Maia morreu aos 56 anos, mas sua música continua animando a festa.

Tocador de trompete em primeiro plano. Rosto de Tim Maia cantando (continuação do arquivo anterior, mas com áudio).

“Uma luz azul me guia/ Com a firmeza e os lampejos do farol/ E os recifes lá de cima/ Me avisam dos perigos de chegar” (música do show ao vivo)