reportagem

Jorge Gonçalves

A Music Hall, fundada em 1985 por Roy Hall, é um fabricante de equi-pamentos de áudio de dois canais,

tendo-se desde sempre dedicado de ma-neira especial aos gira-discos, produtos esses produzidos actualmente na fábrica da Pro-Ject em Litovel, na Eslováquia. Pa-ra além dos gira-discos a Music Hall tem igualmente uma gama menos conheci-da de amplificadores integrados, leitores de CD, receivers, prévios de phono e con-versores D/A. A Pro-Ject assumiu recen-temente a distribuição da Music Hall para a Europa, o que constituiu uma boa razão para, juntamente com Carlos Moreira, da my Hi-Fi House, e um conjunto de lojistas espanhóis, bem como os responsáveis pe-la Sound Pixel Planet, distribuidor ibérico da marca, visitar as novas instalações da Pro-Ject e a renovada fábrica de Litovel.

Music Hall, quase 35 anos dedicados ao áudio em estéreo

Um atraso excessivo de mais de duas horas fez com que a visita à fábrica tives-se que ficar sem efeito, mas felizmente posso apresentar aqui algumas imagens retiradas do vasto conjunto de fotos ama-velmente cedidas pelo Gustavo Roales--Nieto, da Sound Pixel. Antes dessas fotos vou aqui exarar um conjunto de conside-rações retiradas da apresentação de Heinz Lichtnegger, o dono da Pro-Ject, e de al-guns momentos de conversa que esta-belecemos juntos, como é hábito sempre que nos encontramos.

É uma realidade que estamos a assistir ao desaparecimento gradual de diversas pequenas marcas como empresas indi-viduais, dando origem a conglomerados que agregam muitas delas, tais como Sou-nd United, World of McIntosh e assim por diante. Perante isso Heinz só tinha duas al-ternativas: ou vendia a Pro-Ject ou investia e andava em frente. E foi com base numa

inabalável decisão de caminhar decisiva-mente em frente que apareceram as no-vas instalações de que já falei na minha visita de há cerca de um ano e que incor-poram um conjunto de inovações tecnoló-gicas viradas para a estabilidade térmica e para a produção de energia eléctrica que a tornam quase auto-suficiente em ter-mos energéticos e lhe garantiram um dos mais prestigiados prémios na área da pro-tecção ambiental – vencedor na categoria «Fogo» do Energy Globe Austria. Ao mes-mo tempo, a Pro-Ject pode estar hoje em dia próximo de atingir o número máximo de consumidores que pode abarcar, pelo que, para crescer, a Audio Tuning, a em-presa-mãe da marca, teria que conside-rar situações que lhe permitissem crescer num mercado tendencialmente conserva-dor, razão porque foi tomada a decisão de aumentar o portfólio de marcas, adquirin-do, por um lado, a Musical Fidelity e assu-mindo, por outro, a distribuição da Music Hall. Esta última funciona como o comple-mento quase perfeito para a Pro-Ject, pois os seus produtos quase na generalidade têm preços que não colidem com os des-ta, ao mesmo tempo que a Musical Fideli-ty permite alargar a gama de preços para níveis que se situam mais ou menos entre

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1 As novas instalações da Pro-Ject têm excelentes capacidades de armazenagem.

2 A geotermia permite uma quase total independência da sede da Pro-Ject em termos energéticos. Durante o Inverno armazena-se gelo numa enorme piscina, aproveitando-se no Verão a energia liber-tada pela passagem do gelo para o estado líquido.

3 A tecnologia geotérmica garantiu à Pro-Ject o galardão «Fogo», conferido pelo Energy Globe Austria.

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os 3000 e os 10.000 euros. Em termos de produção, uma plataforma de fabricação mais ou menos comum permite, tal como acontece com muitos fabricantes de auto-móveis, obter alguma economia de esca-la. Por outro lado, convém não esquecer que a linha de electrónica da Music Hall tem preços bastante acessíveis, o que tor-na a marca atraente para distribuidores de diversos países da Europa. A Audio Tuning detém os direitos de distribuição para todo o continente europeu e está a reconfigurar a linha de distribuição em vários países.

A Audio Tuning nunca quis seguir os caminhos mais fáceis e, por exemplo, uti-lizar componentes e materiais mais ba-ratos para tentar chegar a outros grupos de consumidores – apenas como exemplo destacam-se as cabeças da Ortofon, braços e motores de alta qualidade, aplicação de várias camadas de verniz no acabamen-to e assim por diante. Nalguns casos es-sas opções traduzem-se em melhorias na performance, mas os ganhos mais impor-tantes são perceptíveis na atitude do lo-jista e, claro, na cobertura na imprensa especializada. E tudo isso faz sentido até porque a Pro-Ject não tem os meios fi-nanceiros necessários para implementar enormes acções de promoção de marke-ting, dirigindo assim os seus recursos para actuações a nível local, ou seja, directa-mente junto dos seus distribuidores. Heinz defende ainda que a exclusividade exces-siva é um dos maiores problemas de uma loja, pelo que, apenas como um exemplo, pode ser interessante ter em exposição o gira-discos White Album, não porque se venda muito mas porque é um bom cha-

mariz para a promoção da marca e do con-ceito do analógico.

Outro aspecto importante a destacar é o facto de os equipamentos produzidos pela Audio Tuning terem origem em fábri-cas europeias. De facto, a grande diferença entre a China e a Europa assenta nas preo-cupações sociais – enquanto naquele país será quase normal trabalhar 60 horas por semana, no nosso continente privilegia-se o tempo de qualidade. Na Audio Tuning fazem-se todos os esforços para que os funcionários tenham tempos livres e par-ticipem em eventos organizados nas no-vas instalações. Outra informação recebida na visita tem a ver com o facto de a loja da Audio Tuning em Viena ter sido fecha-da recentemente devido ao número relati-vamente reduzido de vendas e ao facto de essas vendas se concentrarem em produ-tos high-end, e mesmo essas prejudicadas pelos elevados níveis de desconto pratica-dos em países vizinhos, nomeadamente na Alemanha. Claro que perante esta rea-lidade o volume de negócios diminuiu e já não fazia sentido ter uma loja que, no fim de contas, acabava por concorrer com as lojas para as quais a Audio Tuning distri-buía equipamentos.

Falando agora sobre a Music Hall, con-vém dizer desde já que todos os equipa-mentos continuam a ser desenhados por Roy Hall, isto embora em muitos dos gi-ra-discos sejam empregues peças igual-mente utilizadas em vários gira-discos da Pro-Ject. Um dos destaques feitos no ca-so do mmf-2.3 foi que é importante que o motor seja desacoplado através de um O-ring de borracha porque nalguns países

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4 A Musical Fidelity foi adquirida há cerca de um ano pela Audio Tuning.

5 A fábrica de Litovel foi equipada com mo-dernos equipamentos de última geração.

6 Inserção da cablagem dos braços dos gira-discos.

7 Gira-discos Music Hall mmf-2.3.

8 O mmf-9.3 utiliza um plinto triplo e um motor externo para melhor isolamento e um prato em acrílico.

9 A Music Hall tem também uma interessan-te gama de equipamentos electrónicos.

10 Foto de grupo tirada junto à entrada da sede da Pro-Ject.

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a tensão do sector não é da melhor qua-lidade e provoca vibrações no motor. Este é um tipo de instalação que pode ser feita pelo distribuidor local, uma vez que o mo-tor tem de origem uma suspensão livre. A fonte de alimentação incorpora um regu-lador de tensão para garantir uma maior estabilidade de rotação. O braço é fabrica-do a partir de uma mistura de fibra de car-

bono e alumínio e é ajustável em altura, o que é raro num gira-discos que custa perto de 500 euros. Já no caso mmf-3.3 é possí-vel, para além do ajuste de altura, acertar ainda o VTA e o azimute, sendo o apoio do prato igual ao utilizado no Pro-Ject 1 origi-nal e os pés de alumínio ajustáveis em al-tura. As grandes diferenças entre o 2.3 e o 3.3 assentam no plinto duplo, numa cabe-

ça de melhor qualidade e nas três veloci-dades disponíveis do 3.3.

O mmf-5.3 tem um plinto de maior massa que o do 3.3 e um braço de melhor qualidade, bem como é fornecido com um dispositivo roscado para aperto do disco (clamp). Por mais cem euros que a versão normal pode ter-se um prato em acrílico ou mesmo em vidro. Já o mmf-9.3 tem

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uma massa maior, um melhor braço, prato em acrílico e um isolamento superior. Depois de vários anos de trabalho com Roy Hall foi possível chegar ao topo-de-gama mmf-11.1, equi-pado com um braço totalmente de alumínio, excelente nível de isolamento através de semiesferas de sorbotano, dois mo-tores de accionamento do prato de acrílico. Durante este Verão vão igualmente estar disponíveis o DAC 5.3, um conversor D/A e amplificador de auscultadores de nível audiófilo e o Pa-25.3, um prévio de phono igualmente com amplificação para aus-cultadores e conversor D/A de alta resolução com saída USB. Vamos então esperar pela chegada em breve de alguns equi-pamentos até nós para poder analisá-los e divulgar aos nossos leitores as suas qualidades.