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CriativiRepórter Eram precisamente zero horas em ponto que o fogo-de-artifício acompanhado pelo Hino Nacional anunciava a chegada do 25 de Junho, dia da celebração do quadragésimo aniversário da proclamação da independência nacional na província de Manica. O governo desta parcela do país escolheu o bairro 16 de Junho, nas redondezas da histórica e misteriosa Montanha Cabeça do Velho para assinalar os primeiros minutos da chegada da efeméride. Muita música proporcionada pelos vários cantores, entre locais e oriundos de outros pontos do país e da diáspora, convidados a cerimónia vibrava com gente que não quis ficar indiferente ao evento e acorreu ao local para ver, ouvir, cantar, dançar, aplaudir e testemunhar o momento mais marcante da história moçambicana. Até a tribuna de honra não escapou a tentação dos artistas que procuravam dar o melhor de si em saudação a independência nacional aqui na província de Manica. Afinal, o que significa para o país o dia 25 de Junho? DISCURSO DE SAMORA MACHEL DA PROCLAMAҪÃO DA INDEPENDÉNCIA DE MOҪAMBIQUE. Há quarenta anos, precisamente a 25 de Junho de 1975, o segundo presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e primeiro da República Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel, subia ao pódio do estádio da Machava, em Maputo, capital do país para proclamar a independência total e completa de Moçambique do domínio colonial português. Recuemos um pouco no espaço e no tempo para revivermos os momentos antecedentes a este marco importantíssimo na história moçambicana. Moçambique viveu quinhentos anos de domínio colonial português, desde a chegada do primeiro navegador português Vasco da Gama na baía de Inhambane em 1498. Durante o período, os moçambicanos (homens, mulheres e crianças) passaram humilhações que iam desde o trabalho forçado nas grandes plantações até a sua deportação até as Américas naquilo que ficou conhecido como Comércio Triangular.

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CriativiRepórter

Eram precisamente zero horas em ponto que o fogo-de-artifício acompanhado pelo Hino Nacional anunciava a chegada do 25 de Junho, dia da celebração do quadragésimo aniversário da proclamação da independência nacional na província de Manica.

O governo desta parcela do país escolheu o bairro 16 de Junho, nas redondezas da histórica e misteriosa Montanha Cabeça do Velho para assinalar os primeiros minutos da chegada da efeméride.

Muita música proporcionada pelos vários cantores, entre locais e oriundos de outros pontos do país e da diáspora, convidados a cerimónia vibrava com gente que não quis ficar indiferente ao evento e acorreu ao local para ver, ouvir, cantar, dançar, aplaudir e testemunhar o momento mais marcante da história moçambicana. Até a tribuna de honra não escapou a tentação dos artistas que procuravam dar o melhor de si em saudação a independência nacional aqui na província de Manica.

Afinal, o que significa para o país o dia 25 de Junho?

DISCURSO DE SAMORA MACHEL DA PROCLAMAҪÃO DA INDEPENDÉNCIA DE MOҪAMBIQUE.

Há quarenta anos, precisamente a 25 de Junho de 1975, o segundo presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e primeiro da República Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel, subia ao pódio do estádio da Machava, em Maputo, capital do país para proclamar a independência total e completa de Moçambique do domínio colonial português.

Recuemos um pouco no espaço e no tempo para revivermos os momentos antecedentes a este marco importantíssimo na história moçambicana.

Moçambique viveu quinhentos anos de domínio colonial português, desde a chegada do primeiro navegador português Vasco da Gama na baía de Inhambane em 1498. Durante o período, os moçambicanos (homens, mulheres e crianças) passaram humilhações que iam desde o trabalho forçado nas grandes plantações até a sua deportação até as Américas naquilo que ficou conhecido como Comércio Triangular.

Segundo narra a história, o desejo de libertar a terra e os homens da opressão colonial portuguesa que se arrastava a quinhentos anos, no solo pátrio, fez com que alguns moçambicanos se organizassem em movimentos de resistência, para alcançar o seu objectivo.

E porque a missão de libertar-se do jugo colonial era feita separadamente entre os movimentos, cada um defendendo a sua região, redundava em fracasso, em 25 de Junho de 1962 em Dar-es-Salam, na altura, capital da

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República da Tanzânia, sob direcção de Eduardo Mondlane, os movimentos de resistência nacional a opressão colonial, nomeadamente a UDENAMO, MANO e UNAMI uniram-se num único movimento que viria a ser denominada Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Este movimento encarregou-se em liderar a luta armada libertação de Moçambique.

Volvidos dez anos de luta, a guerra terminou com os Acordos de Lusaka, assinados a 7 de Setembro de 1974 entre o governo português e a FRELIMO, na sequência da Revolução dos Cravos havida em Portugal que culminou com a destituição de Marcelino Caetano na altura presidente da república portuguesa. Ao abrigo desse acordo, foi formado um Governo de Transição, chefiado por Joaquim Chissano, que incluía ministros nomeados pelo governo português e outros nomeados pela FRELIMO.

Com o Governo de Transição pretendia-se a promoção da transferência progressiva de poderes a todos os níveis e a preparação da independência de Moçambique que viria a ser proclamada a 25 de Junho de 1975.

Competia ainda a este governo transitório o exercício de funções legislativas e executiva por via de decretos de lei; a administração geral do território até a proclamação da independência e a reestruturação dos respectivos quadros; a defesa e salvaguarda da ordem pública e da segurança das pessoas e bens e a execução dos acordos entre a FRELIMO e o Estado português. Competia-lhe igualmente a gestão económica e financeira do território estabelecendo, nomeadamente as estruturas e os mecanismos de controlo que contribuíssem para o desenvolvimento de uma economia moçambicana independente e garantir o princípio da não discriminação racial, étnica, religiosa ou com base no sexo e também a reestruturação da organização judiciária do território.

Ao Alto-comissário para Moçambique, nomeado pelo Estado português, competia assegurar a integridade territorial, promulgar os decretos de lei aprovados pelo Governo de Transição e ratificar os actos que envolvessem responsabilidade directa para o Estado português; assegurar o cumprimento dos acordos celebrados entre o Estado português e a Frelimo e o respeito das garantias mutuamente dadas, designadamente as consignadas na Declaração Universal dos Direitos do Homem e dinamizar o processo da descolonização.

Voltemos para Manica. Como dissemos, neste ponto do país as cerimónias da celebração do dia da independência iniciaram no dia 24, no bairro 16 de Junho com um mega espectáculo musical organizado pelo governo provincial e que contou com a presença de grandes nomes da música contemporânea, Afro-Madjaha da capital do país, Banda Djakas da cidade da Beira em Sofala, Cota Azagaia, Luísa Boaventura, Djipson de Manica, só para citar alguns exemplos.

Mas a festa não terminou só no bairro 16 de Junho. A praça dos heróis da cidade de Chimoio foi o ponto onde os moçambicanos uniram-se para em uníssono cantar o “Pátria Amada”, vincando que os milhões de braços dos moçambicanos, unidos, vão vencer os desafios do futuro, tal como no passado,

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também unidos, estes milhões de braços derrotaram o colonialismo português, e a seguir superaram inimigos, cujas agressões militares semearam luto, dor e consternação no seio da jovem República de Moçambique.

Depois da entoação do Hino Nacional na Praça dos Heróis, o momento a seguir foi de uma marcha pela avenida 25 de Setembro em direcção à Praça da Independência, local escolhido para acolher as cerimónias centrais ao nível desta parcela do país. No foi por acaso que se escolheu o local. Justamente naquele recinto encontra-se erguida a estátua de Samora Machel, Combatente da Luta de Libertação Nacional e proclamador da independência da República Popular de Moçambique, do qual tornou-se o primeiro presidente.

Neste local, muita gente também acorreu para ver, ouvir, dançar, cantar e aplaudir as actuações das várias manifestações culturais exibidas pelos artistas. Na hora de tomar a palavra, o chefe do executivo provincial, Alberto Mondlane enalteceu o papel do povo maniquense pelo seu contributo para o desenvolvimento da província em particular e do país de uma forma geral.

Mondlane mencionou algumas conquistas alcançadas nos sectores de educação, saúde, abastecimento de água, energia, meios de transporte e comunicação, entre outros, como sendo consequências da independência. Aquele dirigente reconheceu que passados 40 anos, muito há ainda por se fazer pelo que apelou a preservação da paz e unidade nacional para permitir a expansão de mais serviços aos moçambicanos tanto da cidade, como das zonas rurais:

Imagem: Alberto Mondlane

Com o intuito de buscar mais memórias do processo da luta de libertação nacional até a independência, a CriativiTv conversou com Acácio Nzeru Mbawiri, veterano da luta armada de libertação nacional para ouvir ao seu sentimento e saber se, passados quarenta anos da independência nacional, os objectivos pelos quais lutou foram alcançados:

Imagem 09.00: Antigo combatente

Bernardo Danizai e Ema Raimundo Mahombezi, líderes Comunitários dos bairros Centro Hípico e do Trangapasso, respectivamente deixaram o seu ponto de vista pelos 40 anos da independência de Moçambique.

Imagem 54.00: líderes comunitários

Para além dos combatentes e líderes comunitário o “CriativiRepórter” ouviu também Fernando Chongo do Conselho Cristão de Moçambique que nos falou do contributo da religião cristã no processo de libertação de Moçambique. O prelado considera positivo o estágio actual que o país atravessa, porque segundo ele, o desenvolvimento que Moçambique regista é o corolário do engajamento de todas as esferas da sociedade moçambicana, da qual a igreja também exerceu e continua exercendo um papel importantíssimo no processo de socialização.

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Imagem: Fernando Chongo

A CriativiTv colheu depoimentos de cidadãos que se pronunciaram a cerca dos quarenta anos da independência de Moçambique. Armando Machaio estudante da Escola Secundária Samora Machel, na cidade de Chimoio, dá o primeiro passo:

Imagem 58.01: Estudante

Imagem 22.00,07.00, 07.01, 13.00 : todos cidadãos

E porque o espaço de falar da independência nacional não se restringe apenas à políticos, combatentes, religiosos, líderes comunitários e estudantes, quisemos ouvir os fazedores da música o seu ponto de vista em relação a este marco importantíssimo da história moçambicana. E para tal não quisemos perder a oportunidade de conversar com os Afro-Madjaha, Banda Djakas, Luísa Boaventura que estiveram presentes no espectáculo alusivo quadragésimo aniversário

Com os Afro-Madjaha falamos da vida, da música, da independência, enfim falamos de tudo. Quem dá o pontapé de saída é Nelson Tivane que nos conta como surge a ideia da criação do grupo que nos últimos tempos tem sido a figura de cartaz nas principais pistas de dança moçambicanas e não só.

Imagem 23.00: Afro-Madjaha

Outa grande banda que participou no espectáculo dos 40 anos da independência no Monte Bengo, como dissemos anteriormente foi Djakas, um agrupamento musical da cidade da Beira mas de reconhecido mérito tanto ao nível nacional como internacionalmente:

Imagem 43.00: Banda Djakas

Quem também não escapou ao nosso olhar foi Luísa Boaventura, cantora que desde a sua adolescência encanta milhares de ouvidos com a sua belíssima voz. Ela falou-nos da sua vida quando era adolescente e contou-nos o drama vivido no período colonial:

Imagem 10.00: Luísa Boaventura

De referir que as celebrações da independência deste ano tiveram como lema “40 anos da independência, Unidade Nacional, Paz e Progresso”.

Dj Alex, Dj Dárico, Dj Angel e Nelson Tivane

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