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1 PESQUISA DESENVOLVIDA NO ÂMBITO DO NÚCLEO DE ESTUDOS FISCAIS DA FGV DIREITO SP Coordenação Geral: Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Daniel Santiago, Eurico M. D. de Santi, Karem Jureidini Dias e Susy G. Hoffmann REPERTÓRIO ANALÍTICO DE JURISPRUDÊNCIA DO CARF (2000 a 2015) TEMA 14 Participação nos Lucros e Resultados (PLR) COORDENAÇÃO DO TEMA Alexandre Naoki Nishioka 1 e Breno Ferreira Martins Vasconcelos 2 COMISSÃO DOS PESQUISADORES AD HOC André Luis Mársico Lombardi 3 , Carlos Henrique de Oliveira 4 e Carolina W. Landim 5 1 Advogado. Professor Doutor de Direito Tributário da Universidade de São Paulo (USP) - Faculdade de Direito de Ribeirão Preto. Doutor em Direito Econômico e Financeiro pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Ex-Conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda (2a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e 1a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento). 2 Mestre em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. LL.M em Direito Tributário pela Università degli Studi di Bologna, da Itália. Professor no curso de Especialização em Direito Tributário da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Ex-Conselheiro Titular da Primeira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Advogado. 3 Mestre e Doutorando em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da DIREITO SP (GVlaw). Professor Adjunto da Faculdade de Direito da FAAP. Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. Conselheiro Titular do CARF. Presidente da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF. 4 Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário Università di Modena e Reggio Emilia – Itália. Professor da FGV DIREITO SP. Conselheiro da 2ª Seção do Conselho Administrativo de Recuros Fiscais – CARF. 5 LL.M em Direito Tributário Internacional pelo International Tax Center - Universidade de Leiden, na Holanda. Professora visitante do International Tax Center – Universidade de Leiden. Ex-Conselheira da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Advogada.

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Page 1: REPERTÓRIO ANALÍTICO DE JURISPRUDÊNCIA DO …...do CARF. 4 Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Especialista em Direito

1

PESQUISA DESENVOLVIDA NO ÂMBITO DO NÚCLEO DE ESTUDOS FISCAIS DA FGV DIREITO SP

Coordenação Geral: Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Daniel Santiago, Eurico M. D. de Santi, Karem Jureidini Dias e Susy G. Hoffmann

REPERTÓRIO ANALÍTICO

DE JURISPRUDÊNCIA DO CARF

(2000 a 2015)

TEMA 14 Participação nos Lucros e Resultados (PLR)

COORDENAÇÃO DO TEMA

Alexandre Naoki Nishioka1 e Breno Ferreira Martins Vasconcelos2

COMISSÃO DOS PESQUISADORES AD HOC

André Luis Mársico Lombardi3, Carlos Henrique de Oliveira4 e Carolina W. Landim5

1 Advogado. Professor Doutor de Direito Tributário da Universidade de São Paulo (USP) - Faculdade de Direito de Ribeirão Preto.

Doutor em Direito Econômico e Financeiro pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Ex-Conselheiro do

Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda (2a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e 1a.

Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento). 2 Mestre em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. LL.M em Direito Tributário pela Università degli

Studi di Bologna, da Itália. Professor no curso de Especialização em Direito Tributário da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio

Vargas. Ex-Conselheiro Titular da Primeira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Advogado. 3 Mestre e Doutorando em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Professor do

Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da DIREITO SP (GVlaw). Professor Adjunto da Faculdade de Direito da FAAP. Auditor Fiscal

da Receita Federal do Brasil. Conselheiro Titular do CARF. Presidente da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento

do CARF. 4 Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Especialista em Direito do

Trabalho e Previdenciário Università di Modena e Reggio Emilia – Itália. Professor da FGV DIREITO SP. Conselheiro da 2ª Seção do

Conselho Administrativo de Recuros Fiscais – CARF. 5 LL.M em Direito Tributário Internacional pelo International Tax Center - Universidade de Leiden, na Holanda. Professora visitante do International Tax Center – Universidade de Leiden. Ex-Conselheira da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Advogada.

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REVISÃO, EDITORAÇÃO, INSERÇÃO DE TABELAS E CONCLUSÕES PRELIMINARES (Versão sujeita à aprovação da Coordenação do Tema/Comissão)

Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Eurico Marcos Diniz de Santi6 e Thais Romero Veiga7

6 Professor. Coordenador do NEF/FGV Direito SP. Autor do livro Kafka, Alienação e Deformidades da Legalidade e Diretor do CCiF -

Centro de Cidadania Fiscal. 7 Advogada. Pós-graduada em Administração de Empresas com foco em Gestão Tributária (MBA – Gestão Tributária) pela FIPECAFI

- Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Graduanda em ciências contábeis na FIPECAFI.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO DA PESQUISA ................................................................................ 4

2. NATUREZA JURÍDICA DA PLR ..................................................................................................... 4

3. REGRAS APLICÁVEIS AOS PLANOS ANTERIORES À EDIÇÃO DA LEI N.º 10.101/00 .................... 9

4. A PLR DEVE SER OBJETO DE NEGOCIAÇÃO ENTRE A EMPRESA E SEUS EMPREGADOS,

MEDIANTE (I) COMISSÃO PARITÁRIA ESCOLHIDA PELAS PARTES, INTEGRADA, TAMBÉM, POR

UM REPRESENTANTE INDICADO PELO SINDICATO DA RESPECTIVA CATEGORIA E (II)

CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO ........................................................................................... 9

4.1. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA E PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO .................................................... 9

4.2. NECESSIDADE DE O PLANO ABRANGER TODOS OS EMPREGADOS. ................................ 16

4.3. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS .......................................................................................... 17

4.3.1. POSSIBILIDADE DE AS METAS SEREM PREVISTAS EM DOCUMENTO APARTADO ..... 22

4.3.2. POSSIBILIDADE DE A PLR SER CALCULADA COM BASE EM LUCROS OU RESULTADOS

DE OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO E DE FORMA

DIFERENCIADA CONFORME O CARGO OU SETOR ............................................................... 24

4.3.3. SITUAÇÕES EM QUE AS AUTORIDADES FISCAIS CONSIDERARAM AS METAS

INSUFICIENTES OU INEXISTENTES ....................................................................................... 28

4.4. MECANISMOS DE AFERIÇÃO ............................................................................................ 32

5. PERIODICIDADE ....................................................................................................................... 35

6. PAGAMENTO DE PLR INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE LUCROS ............................ 39

7. IMPOSSIBILIDADE DE A PLR SUBSTITUIR OU COMPLEMENTAR A REMUNERAÇÃO DEVIDA AO

EMPREGADO ............................................................................................................................... 40

8. POSSIBILIDADE DE A PLR SER PAGA A ADMINISTRADORES ESTATUTÁRIOS ........................... 42

9. USO DE AÇÕES PARA PAGAMENTO DA PLR ............................................................................ 49

10. CONCLUSÕES PRELIMINARES DA COORDENAÇÃO DO LIVRO SOBRE A PESQUISA

"PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR)”, SUJEITAS, AGORA, AO DEBATE, CONTROLE

SOCIAL E VALIDAÇÃO PELOS STAKEHOLDERS DO CARF (CONSELHEIROS, RFB, PGFN,

CONTRIBUINTES E ADVOGADOS) ................................................................................................ 50

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1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO DA PESQUISA

A Constituição de 1988 elencou em seu art. 7º, inciso XI, entre os “direitos dos trabalhadores urbanos e rurais”, a “participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei”.

Nota-se que o pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (“PLR”) ainda gera grandes discussões no âmbito do direito tributário, mesmo com a edição da Lei n.º 10.101, de 19 de dezembro de 2000, que veio a regular a matéria.

Ainda que o texto constitucional tenha expressamente desvinculado tais valores da remuneração, o que se observa da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é que o Tribunal, em muitos dos casos em que a matéria é posta à sua apreciação, interpreta como remuneração as quantias intituladas como PLR, o que as coloca sob a incidência tributária.

Tais interpretações decorrem do entendimento do CARF de que em muitos casos há um desvirtuamento dos institutos jurídicos (remuneração, salário e PLR), que acarreta uma menor carga tributária. Conforme se verá nos tópicos subsequentes, o tema ainda não foi pacificado pelo Conselho, sendo certo, porém, que a análise da PLR e seu enquadramento jurídico devem partir de uma análise casuística, que passa pela necessária observância dos requisitos elencados pela Lei nº 10.101/00 e pela forma como são pagos os valores, dentre outros.

Nesta pesquisa, que não foi exaustiva, analisamos cento e quarenta e oito acórdãos do CARF sobre o tratamento tributário aplicável à PLR, cujos principais pontos descrevemos a seguir.

2. NATUREZA JURÍDICA DA PLR

Quanto à natureza jurídica da PLR, foram analisados nesta pesquisa cinquenta e nove acórdãos, sendo que em apenas três acórdãos, proferidos pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (“CSRF”) e sob a relatoria do conselheiro Elias Sampaio Freire, foi adotado o entendimento de que os pagamentos efetuados a tal título não têm natureza salarial, por serem eventuais e incertos. Nos demais acórdãos, prevaleceu o entendimento de que as contribuições previdenciárias apenas não incidem sobre a PLR por força de imunidade, conforme se verifica da seguinte tabela:

Critério analisado

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a) Declaração de voto

Natureza jurídica: não

remuneratória ou

imunidade?

9202-00.503 CONSTRUTORA

ANDRADE GUTIERREZ 3-mar-10 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Não remuneratória

9202-001.607 GELRE TRABALHO

TEMPORARIO S/A 10-mai-11 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Não remuneratória

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9202-002.826 BANCO RURAL S.A. 7-ago-13 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Não remuneratória

9202-003.105

COMPANHIA

BRASILEIRA DE

PETROLEO IPIRANGA

25-mar-14 2ª T CSRF

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A N/A Imunidade

9202-003.258 CONSTRUTORA

QUEIROZ GALVAO S.A. 29-jul-14 2ª T CSRF

Maria Helena Cotta

Cardozo Marcelo Oliveira N/A Imunidade

230101.976 INFOGLOBO

COMUNICAÇÕES S.A. 14-abr-11 3ª C / 1ª TO

Damião Cordeiro de

Moraes Mauro José Silva N/A Imunidade

2301-002.627 CARBONO LORENA LTD

A 12-mar-12 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva

Damião Cordeiro de

Moraes N/A Imunidade

2301003.024 TUPY S.A. 18-set-12 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de

Moraes N/A Imunidade

2301003.439 MARÍTIMA SAÚDE

SEGUROS S.A. 16-abr-13 3ª C / 1ª TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa Mauro José Silva N/A Imunidade

2301-003.478

COMPANHIA DE GAS

DE MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de

Moraes

Damião Cordeiro de

Moraes Imunidade

2301-003.477

COMPANHIA DE GAS

DE MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de

Moraes

Damião Cordeiro de

Moraes Imunidade

2301-003.475

COMPANHIA DE GAS

DE MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de

Moraes

Damião Cordeiro de

Moraes Imunidade

2301-003.474

COMPANHIA DE GAS

DE MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de

Moraes

Damião Cordeiro de

Moraes Imunidade

2301-003.476

COMPANHIA DE GAS

DE MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de

Moraes

Damião Cordeiro de

Moraes Imunidade

2301003.571

CREDIT SUISSE

HEDGING-GRIFFO

ASSET MANAGEMENT

19-jun-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales

Silvério Mauro José Silva Mauro José Silva Imunidade

2301-003.732 BANCO SANTANDER

(BRASIL) S.A. 18-set-13 3ª C / 1ª TO

Adriano Gonzales

Silverio Mauro Jose Silva N/A Imunidade

2301-003.731 BANCO ABN AMRO

REAL S.A. 18-set-13 3ª C / 1ª TO

Adriano Gonzales

Silvério Mauro José Silva N/A Imunidade

2301-003.733 BANCO SANTANDER 18-set-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales

Silvério Mauro José Silva N/A Imunidade

2301-004.063 BANCO BTG PACTUAL S

.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa N/A N/A Imunidade

2301-004.051 BANCO BTG PACTUAL S

.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa N/A N/A Imunidade

2301004.082 LOJAS AMERICANAS

S.A. 17-jul-14 3ª C / 1ª TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa Mauro José Silva N/A Imunidade

2301004.083 LOJAS AMERICANAS

S.A. 17-jul-14 3ª C / 1ª TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa Mauro José Silva N/A Imunidade

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2301-004.302 ZIRTAM INDUSTRIAL

LTDA 10-fev-15 3ª C / 1ª TO

Natanael Vieira dos

Santos N/A N/A Imunidade

2302-002.844 ARAINVEST

PARTICIPACOES S.A. 19-nov-13 3ª C / 2ª TO

André Luís Mársico

Lombardi N/A

Leonardo Henrique

Pires Lopes Imunidade

2302-002.874 ITAU VIDA E

PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO

Leonardo Henrique

Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade

2302-002.873 ITAU VIDA E

PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO

Leonardo Henrique

Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade

2302-0002.872 ITAU VIDA E

PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO

Leonardo Henrique

Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade

2302-0002.871 ITAU VIDA E

PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO

Leonardo Henrique

Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade

2302-002.941 RHODIA BRASIL LTDA 22-jan-14 3ª C / 2ª TO André Luís Mársico

Lombardi N/A N/A Imunidade

2401-003.191 SITEL DO BRASIL LTDA 25-mar-14 3ª C / 2ª TO

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e Silva Vieira N/A Imunidade

2401-003.192 SITEL DO BRASIL LTDA 25-mar-14 3ª C / 2ª TO

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e Silva Vieira N/A Imunidade

2401-003.190 SITEL DO BRASIL LTDA 25-mar-14 3ª C / 2ª TO

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e Silva Vieira N/A Imunidade

2302-003.139 GENERAL MOTORS DO

BRASIL LTDA. 13-mai-14 3ª C / 2ª TO Liege Lacroix Thomasi N/A

Juliana Campos de Ca

rvalho Cruz Imunidade

2401-003.112

BTG PACTUAL ASSET

MANAGEMENT S.A.

DISTRIBUIDORA DE

TITULOS E VALORES

MOBILIARIOS

17-jul-13 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e Silva Vieira Imunidade

2401-003.544

BORLEM S.A.

EMPREENDIMENTOS

INDUSTRIAIS

16-jul-14 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

Kleber Ferreira de

Araújo N/A Imunidade

2401-003.626 CERVEJARIAS KAISER

BRASIL S.A. 12-ago-14 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A Kleber Ferreira de

Araújo Imunidade

2401-003.651 BANCO DO ESTADO DE

SERGIPE 13-ago-14 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

Kleber Ferreira de

Araújo N/A Imunidade

2401-002.552 COMPANHIA PAULISTA

DE FORÇA E LUZ 11-jul-12 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

Kleber Ferreira de

Araújo N/A Imunidade

2401-003.604

BANCO DE

INVESTIMENTOS

CREDIT SUISSE (BRASIL)

12-ago-14 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira de

Araújo N/A N/A Imunidade

2401-003.606

BANCO DE

INVESTIMENTOS

CREDIT SUISSE (BRASIL)

12-ago-14 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira de

Araújo N/A N/A Imunidade

2401-002.898 MINAS GOIÁS

TRANSPORTES LTDA. 20-fev-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A N/A Imunidade

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2401-002.899 MINAS GOIÁS

TRANSPORTES LTDA. 20-fev-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A N/A Imunidade

2401-002.900 MINAS GOIÁS

TRANSPORTES LTDA. 20-fev-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A N/A Imunidade

2401002.957 TELEVISÃO SALVADOR

S.A. 16-abr-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A N/A Imunidade

2401-002.958 TELEVISÃO SALVADOR

S.A. 16-abr-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A N/A Imunidade

2401002.959 TELEVISÃO SALVADOR

S.A. 16-abr-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A N/A Imunidade

2401-003.046 TELEMAR NORTE LESTE

S.A. 18-jul-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

Kleber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de Oliveira Imunidade

2401-003.670 VOTORANTIM METAIS

ZINCO S.A. 9-set-14 4ª C / 1ª TO

Carolina Wanderley

Landim N/A N/A Imunidade

2401-003.801 VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO

Kléber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de Oliveira N/A Imunidade

2401-003.802 VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO

Kléber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de Oliveira N/A Imunidade

2401-003.803 VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO

Kléber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de Oliveira N/A Imunidade

2401-003.811

COMPANHIA

BRASILEIRA DE

PETROLEO IPIRANGA

21-jan-15 4ª C / 1ª TO Igor Araújo Soares N/A Carlos Henrique

Oliveira Imunidade

2401-003.881 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA

BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15 4ª C / 1ª TO

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

Kleber Ferreira de

Araújo N/A Imunidade

2401-003.882 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA

BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15 4ª C / 1ª TO

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

Kleber Ferreira de

Araújo N/A Imunidade

2403002.202 ITAÚ SEGUROS S/A 13-ago-13 4ª C / 3ª TO Carlos Alberto Mees

Stringari

Marcelo Freitas de

Souza Costa N/A Imunidade

2803004.084

LEOGAP INDÚSTRIA E

COMÉRCIO DE

MÁQUINAS

11-fev-15 3ª TE Eduardo de Oliveira N/A N/A Imunidade

2803-002.317

TRANSMERIDIANO

TRANSPORTES

RODOVIARIS LTDA

11-fev-15 3ª TE Natanael Vieira dos

Santos N/A N/A Imunidade

2803002.940

TRANSMERIDIANO

TRANSPORTES

RODOVIARIS LTDA

22-jan-14 3ª TE Natanael Vieira dos

Santos N/A N/A Imunidade

Conforme visto acima, a leitura do acórdão nº 9202-00.503 (sessão de 03/03/2010) e do acórdão nº 9202-01.607 (sessão de 10/05/2011), ambos da Câmara Superior de Recursos Fiscais (“CSRF”) e relatados pelo conselheiro Elias Sampaio Freire,

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demonstra o entendimento de que a PLR “não se insere no conceito de salário tampouco de ganhos habituais, eis que verba eventual e incerta”.

O entendimento do relator, consoante se infere do voto, baseou-se na redação do art. 7º, XI, da Constituição, que, “ao dispor sobre os direitos fundamentais sociais do trabalhador”, assegura a “participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração”. Em seu voto, o relator transcreve as lições dos doutrinadores Adalberto Martins e Hélio Augusto Pedroso Cavalcanti afirmando que a Constituição “não se limitou a incluir a participação nos lucros no rol de direitos dos empregados. Houve, também, a preocupação no sentido de que a participação nos lucros ficasse desvinculada da remuneração do empregado”.

De forma diversa, no acórdão nº 2401-003.651, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento entendeu que é o eventual cumprimento dos requisitos estatuídos pela Lei nº 10.101/00 que distinguiria os valores recebidos a título de PLR do salário e afastaria a incidência das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, a conselheira relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira salientou, em seu voto vencido, que o contribuinte, “ao pagar PLR em desconformidade com a lei, (...), passam os valores distribuídos a compor o conceito de salário de contribuição”.

A conclusão a que chegou a conselheira relatora partiu da premissa de ser o art. 7º, XI, da Constituição, uma norma de eficácia limitada. Diante disso, e tendo em vista o art. 28, § 9º, “j”, da Lei nº 8.212/91, o qual estabelece que não integrará o salário de contribuição “a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica”, bem como pela superveniente edição da Medida Provisória n.º 794/94 e suas reedições, até a posterior conversão na Lei nº 10.101/00, a conselheira relatora entendeu que os pagamentos realizados sob forma de PLR devem estar em consonância com o que determina esta lei, sob pena de terem natureza salarial e sofrerem a incidência das contribuições previdenciárias. Ressalte-se que o voto vencedor, de lavra do conselheiro redator designado Kleber Ferreira de Araújo, divergiu quanto ao cumprimento, pelo contribuinte, dos requisitos legais, dando parcial provimento ao Recurso Voluntário. De forma semelhante foi decidido no acórdão nº 2401-003.487, do mesmo colegiado.

Recentemente, o acórdão nº 2401-003.811 (sessão de 21/01/2015) analisou recurso voluntário do contribuinte que defendia a auto aplicabilidade do inciso XI do art. 7º da Constituição. O voto condutor, elaborado pelo conselheiro relator Igor Araújo Soares, decidiu de forma contrária ao pleito do contribuinte, ao sustentar que o dispositivo constitucional, “apesar de insculpir verdadeira imunidade, fez clara alusão à necessidade de promulgação de norma infraconstitucional que regulamente e integre o pagamento da participação nos lucros e resultados, para que então venha a ser desvinculada do salário”. Em declaração de voto, o conselheiro Carlos Henrique Oliveira consigna que “a verba paga a título de PLR não integrará a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias se tal verba for paga com total e integral respeito à Lei nº 10.101, de 2000”.

Nesse mesmo sentido, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por meio do acórdão nº 2301-004.302, em voto condutor de relatoria do conselheiro Natanael Vieira dos Santos, concluiu que o dispositivo constitucional não tem aplicabilidade imediata, sendo que “a não incidência da contribuição social

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9

previdenciária está adstrita aos pagamentos realizados a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, pressupondo a observância da legislação especial, in casu, Lei nº 10.101/2000”.

3. REGRAS APLICÁVEIS AOS PLANOS ANTERIORES À EDIÇÃO DA LEI N.º 10.101/00

Consoante se observa no acórdão nº 2403-002.979, da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, proferido em sessão de julgamentos ocorrida em 11/03/2015, o tribunal administrativo, ao julgar a exigibilidade de contribuições sociais previdenciárias incidentes sobre Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) referente a período de apuração compreendido entre 01/03/1999 a 30/04/2004, verificou que o Acordo de Participação nos Lucros e Resultados havia sido firmado anteriormente à vigência da Lei n.º 10.101/00. Para estes casos, o posicionamento adotado no voto condutor, elaborado pelo conselheiro relator Marcelo Magalhães Peixoto, é o de que tais acordos “encontram-se devidamente abarcados pela Medida Provisória 794/94 e suas posteriores reedições, que estabelece os mesmos critérios da lei previamente citada”.

Esse foi o único acórdão sobre a matéria identificado na presente pesquisa, razão pela qual não foi elaborada tabela.

4. A PLR DEVE SER OBJETO DE NEGOCIAÇÃO ENTRE A EMPRESA E SEUS EMPREGADOS, MEDIANTE (I) COMISSÃO PARITÁRIA ESCOLHIDA PELAS PARTES, INTEGRADA, TAMBÉM, POR UM REPRESENTANTE INDICADO PELO SINDICATO DA RESPECTIVA CATEGORIA E (II) CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO 4.1. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA E PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO

Sobre esse assunto, analisamos quarenta e seis acórdãos, cujos principais pontos

foram destacados na tabela abaixo, a saber: (i) o momento da realização da negociação foi analisado em trinta e seis acórdãos, sendo que na maior parte dos casos (trinta decisões) prevaleceu o entendimento de que a negociação pode ocorrer durante o período de apuração da PLR; (ii) em dois acórdãos foi decidido que não pode ser desconsiderado o plano de PLR nos casos em que o sindicato foi regularmente convidado, mas não compareceu à reunião de negociação; (iii) em outros dois acórdãos entendeu-se que a previsão da PLR em convenção coletiva dispensa a participação do sindicato na reunião para negociação do plano; (iv) em seis acórdãos foi analisada a possibilidade de o plano ser estendido a empregados de territorialidade não abrangida pelo sindicato que participou da negociação, sendo majoritário (cinco acórdãos, sendo três da CSRF) o entendimento de que é possível a extensão dos efeitos; e (v) em dois acórdãos foi consignado o entendimento de que o envio de comunicação ao sindicato após a negociação não convalida a ausência da entidade:

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10

Critérios analisados

Acórdão

nº Contribuinte

Data da

Sessão

Câmara

/ Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração

de voto

Negociação

deve ocorrer

antes do

período de

apuração?

Ausência do

sindicato

após convite

invalida o

plano?

Previsão da

PLR em

convenção

coletiva

dispensa

participação

do sindicato

na

negociação?

Plano

pode ser

estendido

a

empregad

os de

outra base

territorial

?

Envio de

comunicaçã

o ao

sindicato

após a

negociação

convalida?

9202-

00.503

CONSTRUTO

RA ANDRADE

GUTIERREZ

9-mar-10 2ª T

CSRF

Elias

Sampaio

Freire

N/A N/A N/A N/A N/A Sim N/A

9202-

001.246

BRASIL

TELECOM 7-fev-11

2ª T

CSRF

Gonçalo

Bonet

Allage

Marcelo

Oliveira N/A Não N/A N/A Sim N/A

9202-

02.079

SYNGENTA

PROTECAO

DE CULTIVOS

LTDA

22-mar-12 2ª T

CSRF

Elias

Sampaio

Freire

N/A N/A N/A N/A N/A Sim N/A

9202-

002.484

ALMAP

BBDO

PUBLICIDADE

E

COMUNICAÇ

ÕES

29-jan-13 2ª T

CSRF

Luiz

Eduardo de

Oliveira

Santos

Manoel

Coelho

Arruda Junior

N/A Não N/A N/A N/A N/A

9202-

003.192

GOODYEAR DO

BRASIL

PRODUTOS DE

BORRACHA

6-mai-14 2ª T

CSRF

Gustavo Lian

Haddad N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2301-

01.976

INFOGLOBO

COMUNICAÇÕ

ES S.A.

14-abr-11 3ª C / 1ª

TO

Damião Cord

eiro de

Moraes

Mauro José

Silva N/A Não N/A N/A N/A N/A

2301-

002.588

BANCO J. P.

MORGAN S.A. 8-fev-12

3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Adriano

Gonzales

Silvério

N/A N/A N/A Sim N/A N/A

2301-

002.627

CARBONO LOR

ENA LTDA 12-mar-12

3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião

Cordeiro de

Moraes

N/A Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.333

RECAU

SERVICOS DE

PNEUS LTDA

21-fev-13 3ª C / 1ª

TO

Damião Cord

eiro de

Moraes

Mauro José

Silva N/A N/A N/A N/A N/A Não

2301-

003.422

HUNTER

DOUGLAS

BRASIL

14-mar-13 3ª C / 1ª

TO

Damião Cord

eiro de

Moraes

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.478

COMPANHIA

DE GAS DE

MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião Cord

eiro de

Moraes

Não N/A N/A N/A N/A

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11

2301-

003.477

COMPANHIA

DE GAS DE

MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião Cord

eiro de

Moraes

Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.475

COMPANHIA

DE GAS DE

MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião Cord

eiro de

Moraes

Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.474

COMPANHIA

DE GAS DE

MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião Cord

eiro de

Moraes

Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.476

COMPANHIA

DE GAS DE

MINAS GERAIS

GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião Cord

eiro de

Moraes

Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.572

CREDIT SUISSE

HEDGING-

GRIFFO

WEALTH

MANAGEMEN

T S.A.

19-jun-13 3ª C / 1ª

TO

Adriano Gon

zales Silvério

Mauro José

Silva

Mauro José

Silva Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.571

CREDIT SUISSE

HEDGING-

GRIFFO ASSET

MANAGEMEN

T

19-jun-13 3ª C / 1ª

TO

Marcelo

Oliveira N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2301-

003.640

FRINAL S.A -

FRIG E

INTEGRACAO

AVICOLA

17-jul-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião

Cordeiro de

Moraes

N/A N/A N/A N/A Sim N/A

2301-

003.731

BANCO ABN

AMRO REAL

S.A.

18-set-13 3ª C / 1ª

TO

Adriano Gon

zales Silvério

Mauro José

Silva N/A N/A N/A N/A N/A Não

2301-

003.755

BV

FINANCEIRA

SA CREDITO

FINANCIAMEN

TO E

INVESTIMENT

O

15-out-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Marcelo

Oliveira N/A Não N/A N/A N/A N/A

2301-

004.315

BANCO SANTA

NDER (BRASIL)

S.A.

11-fev-15 3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

Cleberson Alex

Friess N/A N/A N/A Sim N/A N/A

2301-

003.957

CREDIT SUISSE

HEDGING-

GRIFFO ASSET

MANAGEMEN

T

19-mar-14 3ª C / 1ª

TO

Adriano Gon

zales Silvério

Marcelo

Oliveira N/A Não N/A N/A N/A N/A

2302-

002.874

ITAU VIDA E

PREVIDENCIA

S.A.

20-nov-13 3ª C /

2ª TO

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

Arlindo da

Costa e Silva N/A Não N/A N/A N/A N/A

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12

2302-

003.139

GENERAL

MOTORS DO

BRASIL LTDA.

13-mai-14 3ª C / 2ª

TO

Liege Lacroix

Thomasi N/A

Juliana Cam

pos de Carv

alho Cruz

N/A N/A N/A Não N/A

2302-

003.181

CEMIG

DISTRIBUIÇÃO 14-mai-14

3ª C / 2ª

TO

Juliana

Campos de

Carvalho

Cruz

Arlindo da

Costa e Silva e

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A Não N/A N/A N/A N/A

2302-

003.182

CEMIG

DISTRIBUIÇÃO 14-mai-14

3ª C / 2ª

TO

Juliana

Campos de

Carvalho

Cruz

Arlindo da

Costa e Silva e

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A Não N/A N/A N/A N/A

2302-

003.266

BANCO

RABOBANK

INTERNATION

AL BRASIL

18-jul-14 3ª C / 2ª

TO

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2302-

003.550

SOCIEDADE

MICHELIN DE

PARTICIPACOE

S INDUST E

COMERCIO

4-fev-15 3ª C / 2ª

TO

Arlindo da

Costa e Silva

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A N/A Não N/A N/A N/A

2401-

02.251

ITAÚ

UNIBANCO 20-jan-12

4ª C / 1ª

TO

Kleber

Ferreira de

Araújo

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2401-

003.492

DEUTSCHE

BANK S.A.

BANCO

ALEMÃO

15-abr-14 4ª C /

1ª TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2401-

003.604

BANCO DE

INVESTIMENT

OS CREDIT

SUISSE

(BRASIL)

12-ago-14 4ª C / 1ª

TO

Kléber

Ferreira de

Araújo

N/A N/A Sim N/A N/A N/A N/A

2401-

003.606

BANCO DE

INVESTIMENT

OS CREDIT

SUISSE

(BRASIL)

12-ago-14 4ª C / 1ª

TO

Kléber

Ferreira de

Araújo

N/A N/A Sim N/A N/A N/A N/A

2401-

003.046

TELEMAR

NORTE LESTE

S.A.

18-jul-13 4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

Kleber Ferreira

de Araújo

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Sim N/A N/A N/A N/A

2401-

003.670

VOTORANTIM

METAIS ZINCO

S.A.

9-set-14 4ª C / 1ª

TO

Carolina

Wanderley

Landim

N/A N/A N/A Não N/A N/A N/A

2401-

003.626

CERVEJARIAS K

AISER BRASIL 12-ago-14

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A

Kleber Ferrei

ra de Araúj

o

Sim N/A N/A N/A N/A

2401-

003.895

GENERAL MOT

ORS DO BRASIL

LTDA.

12-fev-15 4ª C / 1ª

TO

Kleber

Ferreira de

Araújo

N/A N/A

Sim, mas

pode ser

paga

antecipação

N/A N/A Sim N/A

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13

antes da

negociação

2401-

003.487

COMPANHIA

ENERGETICA

DE MINAS

GERAIS-CEMIG

30-abr-15 4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

Kleber Ferreira

de Araújo

Carolina Wa

nderley

Landim

Sim N/A N/A N/A N/A

2402-

003.469

UTINGAS

ARMAZENADO

RA

13-mar-13 4ª C / 2ª

TO

Thiago

Taborda

Simões

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2402-

003.470

UTINGAS

ARMAZENADO

RA

13-mar-13 4ª C / 2ª

TO

Thiago

Taborda

Simões

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2402-

003.471

UTINGAS

ARMAZENADO

RA

13-mar-13 4ª C / 2ª

TO

Thiago

Taborda

Simões

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2403-

002.115

AJINOMOTO

DO BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-13 4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2403-

002.114

AJINOMOTO

DO BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-13 4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2403-

002.117

AJINOMOTO

DO BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-13 4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2403-

002.116

AJINOMOTO

DO BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-13 4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A

2403-

002.202

ITAÚ SEGUROS

S/A 13-ago-13

4ª C / 3ª

TO

Carlos Albert

o Mees

Stringari

Marcelo Freita

s de Souza

Costa

N/A

Não, desde

que seja

anterior ao

pagamento

N/A N/A N/A N/A

2803-

004.207

UNIVERSO

ONLINE 12-mar-15 3ª TE

Eduardo de

Oliveira N/A

Ricardo

Magaldi

Messetti

Não N/A N/A N/A N/A

O artigo 2° da Lei n° 10.101/00 estabelece que a PLR deve ser “objeto de negociação entre a empresa e seus empregados” por meio de comissão paritária, convenção ou acordo coletivo.

Na hipótese de negociação e celebração do acordo de PLR por comissão paritária, o dispositivo legal determina que esta seja integrada por representante do sindicato da respectiva categoria.

Sucede que, por vezes, esta participação sindical não ocorre durante todo o

procedimento de negociação e formalização, mas apenas em parte dele, seja por falta

de comunicação pela comissão ou pela empresa, seja por ausência deliberada da

representação sindical que, embora convocada, não comparece.

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14

No acórdão nº 2301-003.333, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de

Julgamento afirmou que “um ato unilateral da empresa, impondo aos empregados

determinadas condições para o recebimento de uma verba” não atende aos requisitos

legais estabelecidos na Lei n° 10.101/00, ainda que as condições sejam

comunicadas ao sindicato por meio de ofício. Considerou-se que a mera comunicação

ao sindicato não substitui a exigência legal de que o plano “seja instituído por comissão

escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo

sindicato da respectiva categoria ou convenção ou acordo coletivo”. Assim, ainda que o

ofício “estabeleça regras aos empregados, como condição para obtenção do benefício,

a empresa não demonstra qualquer participação dos empregados ou do sindicato da

categoria na elaboração de tais normas”, motivo pelo qual o relator concluiu pela

ausência de um acordo bilateral.

O CARF também analisou situação em que o acordo por comissão paritária foi

celebrado sem a participação sindical, mas havia convenção coletiva aplicável à

categoria. Tal situação foi objeto do acórdão nº 2301-002.588, também da 1ª Turma

Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, a qual, por maioria de votos,

entendeu que remanescem aplicáveis as condições da convenção coletiva, de sorte que

foram excluídos “da base de cálculo do lançamento os valores que não excederam a

previsão constante em convenção coletiva”.

Outro caso de relevo refere-se à ausência de participação sindical na comissão

paritária, a despeito de sua solicitação. No acórdão nº 2302-003.550, a 2ª Turma

Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento decidiu, por maioria de votos, que,

se a ausência de representante do sindicato ocorre ainda que tenha havido comunicação

formal da realização das reuniões (local, data e horário), na qual se solicita a presença

de um representante do sindicato, “constando em atas de reunião que o sindicato foi

informado, mas não confirmou presença e nem tampouco justificou a ausência”, não se

pode prejudicar empregados e empresa. No caso, afastou-se a exigência do

procedimento previsto no art. 616 da CLT, pois se refere à “recusa à negociação coletiva

para fins de celebração de acordo ou convenção coletiva, não havendo previsão legal de

tal exigência procedimental na hipótese de celebração de acordo de PLR por comissão

paritária”8.

Houve julgamento pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de

Julgamento - acórdão nº 2401-002.752 - em que se afirmou que “o fato de referido

programa ter sido arquivado e/ou homologado pelo Sindicato em comissão paritária não

supre o requisito legal da participação sindical durante as tratativas”, ate porque “o

arquivamento se apresenta como outro pressuposto legal” (§ 2° do artigo 2°, da Lei n°

10.101/00). Assim, “alem de a contribuinte não fazer prova da alegada homologação

por parte do Sindicato, ainda que o fizesse, não seria capaz de afastar a exigência da

participação do representante do Sindicato na respectiva Comissão”.

8 No mesmo sentido, o acordão nº 2401-003.670.

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15

Na linha do quanto afirmado no acórdão supra referido, o §2º do art. 2° da Lei n°

10.101/00 determina que “o instrumento de acordo celebrado será arquivado na

entidade sindical dos trabalhadores”. Relativamente a essa exigência legal, o CARF, por

sua 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento - acórdão nº 2401-

00.916 -, manifestou-se no sentido de que o arquivamento na entidade sindical “é um

imperativo legal, e não apenas uma mera formalidade”.

O mesmo colegiado, no acórdão nº 2401-003.101, por voto de qualidade,

assentou o entendimento de que a assinatura do respectivo sindicato nos acordos

realizados com as comissões paritárias é requisito legal, assim como o seu arquivamento

na entidade sindical. No julgamento, a Turma decidiu ainda que “não há que se falar em

metas estipuladas se o acordo foi firmado em data posterior ao término do exercício”.

Ademais, para determinados estabelecimentos da empresa, a PLR foi estipulada

em comissão sem que se tenha considerado como comprovada a participação de

representante da entidade sindical; e em outros estabelecimentos, a PLR foi

estabelecida por acordo coletivo celebrado após o exercício a que se refere. Também

foi pontuada a inexistência de detalhamento do programa. Os Conselheiros Igor Araújo

Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira,

vencidos, entenderam que “os acordos firmados antes do pagamento das parcelas,

mesmo que após o período de apuração a que se referem, não descaracterizam a PLR”.

No acórdão nº 2301-003.477, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de

Julgamento do CARF decidiu que ”os instrumentos de acordo (entre as partes ou

coletivo) (...) devem estar assinados e arquivados na entidade sindical até o último dia

do semestre anterior ao encerramento do período a que se refiram os lucros ou

resultados”. No entanto, abriu-se a possibilidade de que o prazo limite para a assinatura

e arquivamento do instrumento de acordo passe para o “último dia do trimestre

anterior ao encerramento do período a que se refiram os lucros ou resultados”, se a

empresa comprovar ”que as negociações estavam em curso e que os empregados

tinham amplo conhecimento de sua proposta quanto aos lucros ou resultados a serem

atingidos”.

O conselheiro relator Mauro Jose Silva considerou que, “diante da ausência de

expressa determinação legal e da necessidade de o intérprete garantir o atingimento

das finalidades da norma imunizadora e de sua respectiva regulação”, seria preciso

estabelecer prazos que passassem “pelo teste da razoabilidade” e aqueles referidos

acima atenderiam a este requisito ao assegurarem "os três primeiros meses do ano –

normalmente um período difícil – para que as partes se reúnam, os interessados tenham

três meses para iniciar e avançar nas negociações e três meses adicionais para sua total

conclusão". Entendeu que “exigir a assinatura do acordo antes de iniciado o período

atenderia apenas a uma das finalidades da norma regulamentadora – combater a

fraude, mas acabaria por criar um significativo obstáculo para a concessão da PLR”9.

9 No mesmo sentido: 2301-002.627 e 2301-003.245.

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16

Consignou-se ainda a necessidade de “participação da entidade sindical

legalmente autorizada a representar aquele conjunto de trabalhadores”, de sorte que o

acordo ”celebrado para um estabelecimento não pode justificar o pagamento de PLR

para outro estabelecimento fora da competência territorial da entidade sindical que

participou das negociações”.

Quanto à representação sindical, a CSRF decidiu, por maioria de votos, nos

acórdãos no 9202-00.503 e 9202-02.079 que “o enquadramento sindical deve levar em

consideração a base territorial do local da prestação dos serviços”, mas ponderou que

“esta regra deve ser ressalvada quando se tornar necessária a observância dos princípios

constitucionais que prescrevem a irredutibilidade de salários e do direito adquirido e,

ainda, na hipótese de transferência temporária do empregado”. Tal compreensão

funda-se no entendimento do Ministério do Trabalho, sintetizado na Ementa nº 12,

aprovada pela Portaria nº 1, de 22 de março de 2002, publicada no Diário Oficial da

União de 25 de março de 200210.

Voltando à questão relativa ao prazo para assinatura do acordo, temos diversos

posicionamentos no âmbito do CARF. Analisando as decisões a partir de 2010, verifica-

se que já se decidiu pela (i) necessidade de assinatura antes do início do exercício

relativo ao cumprimento das metas11; (ii) possibilidade de assinatura no exercício

seguinte ao cumprimento das metas, em razão de a Lei n° 10.101/00 não trazer “limite

temporal para a celebração dos acordos”12 e, consequentemente, pela impossibilidade

de assinatura no exercício seguinte em razão de não haver incentivo à produtividade13,

com precedente da CSRF14; (iii) possibilidade de assinatura até período em que possa

vislumbrar um incentivo à produtividade, mas não necessariamente até o fim do período

a que se refere15; e (iv) possibilidade até antes do pagamento da PLR16, havendo também

precedente da CSRF nesse sentido.17

4.2. NECESSIDADE DE O PLANO ABRANGER TODOS OS EMPREGADOS.

Quanto à necessidade de o plano abranger todos os empregados, nos acórdãos

nº 9202-01.607, 9202-00.503 e 9202.002.079, a CSRF assentou a compreensão de que

não há exigência legal “no sentido de que as parcelas pagas a título de participação de

10 No mesmo sentido decisão da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF: Acórdão 2401-003.895. 11 2401-003.487 12 Acórdão 2803-00.254; 2301-003.422; e 2301-003.572. 13 Acórdão 2301-003.957. 14 Acórdão 9202-001.246. 15 Acórdãos 2302-003.266; 2302-003.182; 2302-003.181; 2401-002.251; 2401-003.492; 2803-004.207; 2302-002.874. Cada decisão com um argumento particular quanto à identificação do "prazo". 16 Acórdão 2402.00.508. 17 Acórdão 9202-002.484.

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17

lucros ou resultados” sejam “extensivas a todos os empregados da empresa para que

houvesse a não incidência de contribuição previdenciária”.

Conforme a breve tabela abaixo, foram identificados nesta pesquisa quatro

acórdãos sobre o tema, tendo prevalecido, em todos, o entendimento de que a

legislação não obriga o empregador a incluir todos os empregados no plano de PLR:

Critério analisado

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração de

voto

PLR deve ser

disponibilizada a

todos?

9202-001.607 GELRE TRABALHO

TEMPORARIO S/A

10-mai-

11 2ª T CSRF

Elias Sampaio

Freire N/A N/A Não

9202-00.503 CONSTRUTORA

ANDRADE GUTIERREZ 9-mar-10 2ª T CSRF

Elias Sampaio

Freire N/A N/A Não

9202.002.079 SYNGENTA PROTECAO

DE CULTIVOS

22-mar-

12 2ª T CSRF

Elias Sampaio

Freire N/A N/A Não

230101.976 INFOGLOBO

COMUNICAÇÕES S.A.

14-abr-

11

3ª C / 1ª

TO

Damião Cordeiro

de Moraes Mauro José Silva N/A Não

4.3. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS

A alegada ausência de regras claras e objetivas nos programas de PLR tem sido

uma das mais recorrentes motivações para que as autoridades fiscais caracterizem os

pagamentos efetuados a tal título como salário de contribuição, afastando a imunidade

prevista no artigo 7º, XI, da Constituição Federal e regulamentada pela Lei nº 10.101/00,

sujeitando a verba à tributação.

A exigência de regras claras e objetivas pode ser extraída do § 1º do art. 2º da

Lei nº 10.101/00, nos seguintes termos:

§1º. Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras

claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e

das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações

pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição,

período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser

considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições:

I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;

II - programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.

A despeito da simplicidade da norma acima, surgem dificuldades quanto à

interpretação das autoridades fiscais e dos órgãos julgadores acerca da presença ou não

das ditas regras claras e objetivas nos programas de PLR objeto de fiscalização. O

primeiro questionamento que se faz diz respeito ao que se deve entender por regras

claras e objetivas e se há necessidade de utilização dos critérios e condições elencados

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18

nos incisos I e II acima transcritos para que sejam atingidos os parâmetros legais de

clareza e objetividade.

Conforme a tabela a seguir, elaborada com base nos trinta e seis acórdãos

identificados nesta pesquisa sobre o assunto, é majoritário no CARF o entendimento de

que os critérios e condições mencionados pelo § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00 são

meramente exemplificativos:

Critério analisado

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração de

voto

Critérios previstos no art. 2º,

§1º da Lei 10.101 são

exemplificativos ou taxativos?

9202-002.826 BANCO RURAL S.A. 25-mar-14 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Exemplificativos

9202-003.105

COMPANHIA

BRASILEIRA DE

PETROLEO

IPIRANGA

29-jul-14 2ª T CSRF

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A N/A Exemplificativos

9202.003.258 CONSTRUTORA

QUEIROZ GALVAO 18-set-13 2ª T CSRF

Maria Helena Cotta

Cardozo Marcelo Oliveira N/A Exemplificativos

2301-003.732

BANCO

SANTANDER

(BRASIL) S.A.

11-set-14 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales

Silverio Mauro Jose Silva N/A Exemplificativos

2302-003.394 FDS ENGENHARIA

DE OLEO E GAS S/A 4-dez-14 3ª C / 2ª TO

André Luís Mársico

Lombardi N/A N/A Exemplificativos

2401-003.801 VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO

Kléber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A Exemplificativos

2401-003.802 VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO

Kléber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A Exemplificativos

2401-003.803 VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 7-out-14 4ª C / 1ª TO

Kléber Ferreira de

Araújo

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A Exemplificativos

2402-004.323

UNIBANCO

CORRETORA DE

VALORES

MOBILIARIOS E

CAMBIO S.A.

4-nov-14 4ª C / 2ª TO Thiago Taborda

Simões N/A N/A Exemplificativos

2403-002.785 BANCO DO ESTADO

DE SERGIPE S/A 11-fev-15 4ª C / 3ª TO

Marcelo Magalhães

Peixoto N/A N/A Exemplificativos

2301-004.320

AYMORÉ CRÉDITO

FINANCIAMENTO E

INVESTIMENTO

17-jul-13 3ª C / 1ª TO Wilson Antônio de

Souza Corrêa

Cleberson Alex

Friess N/A Taxativos

2301-003.640

FRINAL S.A - FRIG E

INTEGRACAO

AVICOLA

18-set-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro

de Moraes N/A Exemplificativos

2301-003.731 BANCO ABN AMRO

REAL S.A. 11-fev-15 3ª C / 1ª TO

Adriano Gonzales

Silvério Mauro José Silva N/A Exemplificativos

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19

2301-004.315 BANCO SANTANDE

R 18-set-13 3ª C / 1ª TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa

Cleberson Alex

Friess N/A Exemplificativos

2301-003.733 BANCO SANTANDE

R 15-out-13 3ª C / 1ª TO

Adriano Gonzales

Silvério Mauro José Silva Mauro José Silva Exemplificativos

2301-003.755

BV FINANCEIRA SA

CREDITO

FINANCIAMENTO E

INVESTIMENTO

19-jun-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Marcelo Oliveira Mauro José Silva Exemplificativos

2301003.571

CREDIT SUISSE

HEDGING-GRIFFO

ASSET

MANAGEMENT

19-jun-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales

Silvério Mauro José Silva

Damião Cordeiro

de Moraes Exemplificativos

2301003.571

CREDIT SUISSE

HEDGING-GRIFFO

ASSET

MANAGEMENT

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales

Silvério Mauro José Silva

Damião Cordeiro

de Moraes Exemplificativos

2301-003.478

COMPANHIA DE

GAS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro

de Moraes

Damião Cordeiro

de Moraes Exemplificativos

2301-003.477

COMPANHIA DE

GAS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro

de Moraes

Damião Cordeiro

de Moraes Exemplificativos

2301-003.475

COMPANHIA DE

GAS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro

de Moraes

Damião Cordeiro

de Moraes Exemplificativos

2301-003.474

COMPANHIA DE

GAS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro

de Moraes N/A Exemplificativos

2301-003.476

COMPANHIA DE

GAS DE MINAS

GERAIS GASMIG

9-set-14 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro

de Moraes

Juliana Campos de

Carvalho Cruz Exemplificativos

2301-004.129 ROBERT BOSCH

LIMITADA 18-jun-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Marcelo Oliveira

Juliana Campos de

Carvalho Cruz Exemplificativos

2302002.526 BANCO MERCANTIL

DO BRASIL S.A. 18-jun-13 3ª C / 2ª TO

Liege Lacroix Thomas

i

André Luís Mársic

o Lombardi N/A Exemplificativos

2302002.527 BANCO MERCANTIL

DO BRASIL S.A. 19-fev-14 3ª C / 2ª TO

Liege Lacroix Thomas

i

André Luís Mársic

o Lombardi N/A Exemplificativos

2401-003.401 CONSTRUTORA

QUEIROZ GALVÃO 17-jul-13 4ª C / 1ª TO

Kleber Ferreira de

Araújo

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A Exemplificativos

2401-003.117 IRMAOS AYRES S/A

CONST IND E COM 13-mar-13 4ª C / 1ª TO

Carolina Wanderley

Landim N/A N/A Exemplificativos

2402-003.469 UTINGAS

ARMAZENADORA 15-mai-13 4ª C / 2ª TO

Thiago Taborda

Simões N/A N/A Exemplificativos

2403-002.169

CIA DE FIACAO E

TECIDOS CEDRO E

CACHOEIRA

23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício

Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos

2403-001.828

HAY DO BRASIL

CONSULTORES

LTDA

23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício

Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos

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20

2403-001.829

HAY DO BRASIL

CONSULTORES

LTDA

23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício

Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos

2403-001.830

HAY DO BRASIL

CONSULTORES

LTDA

23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício

Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos

2403-001.831

HAY DO BRASIL

CONSULTORES

LTDA

11-fev-15 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício

Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos

2803-002.317

TRANSMERIDIANO

TRANSPORTES

RODOVIARIS LTDA

22-jan-14 3ª TE Natanael Vieira dos

Santos N/A N/A Exemplificativos

2803002.940

TRANSMERIDIANO

TRANSPORTES

RODOVIARIS LTDA

25-mar-14 3ª TE Natanael Vieira dos

Santos N/A N/A Exemplificativos

A 2ª Turma da CSRF, em votos de lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire18,

firmou o entendimento de que: “não há regras detalhadas na lei sobre os criterios e as

características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as

comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições

para a participação do trabalhador nos lucros ou resultados. A intenção do legislador foi

impedir que critérios ou condições subjetivas obstassem a participação dos

trabalhadores nos lucros ou resultados”.

Partindo do raciocínio acima, a CSRF concluiu que os critérios previstos nos

incisos I e II do § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00 são meramente exemplificativos e

podem ou não ser utilizados nos programas de PLR. A objetividade e a clareza exigidas

pelo legislador visam impedir ou, ao menos, dificultar que as regras previstas no acordo

não sejam observadas.

O entendimento da CSRF de que os critérios previstos nos incisos I e II não são

taxativos, mas meramente exemplificativos, foi ratificado pelas Câmaras baixas19, com

exceção do recente acórdão nº 2301-004.320, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª

Câmara da 2ª Seção de Julgamento, que, por maioria, negou provimento ao recurso, sob

a alegação de ausência de regras claras e objetivas, por considerar que a Lei nº

10.101/00 “determina e impõe” às partes a “obrigatoriedade” na utilização dos criterios

nela previstos, os quais não foram observados.20

18 Acórdão nº 9202-002.826, sessão de 07/08/2013, e acórdão nº 9202-01.607, sessão de 10/05/2011, proferidos pelo relator Elias Sampaio Freire, seguindo o entendimento da conselheira Liege Lacroix, manifestado no acórdão nº 205-01.331, sessão de 05/11/2008. 19 Acórdão nº 2302-003.394, sessão de 11/09/2014, conselheiro André Luís Mársico Lombardi, acórdão nº 2401-003.802, sessão de 04/12/2014, conselheiro Kléber Ferreira de Araújo, acórdão nº 2402-004.323, conselheiro Thiago Taborda Simões, acórdão nº 2403-002.785, sessão de 04/11/2014, conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto. 20 Acórdão nº 2301004.320, sessão de 11/02/2015, proferido pelo relator Wilson Antônio de Souza Corrêa.

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21

A mesma 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara, em voto de lavra do Conselheiro

Mauro José Silva21, tambem conceituou regras claras como aquelas “fáceis de entender,

evidentes, explícitas, inequívocas e manifestas” e objetivas as “regras que existem fora

do espírito e independentemente do conhecimento que dele possua o sujeito pensante;

ou regras que não se relacionam com os sentimentos pessoais do sujeito pensante”.

Concluiu no sentido de que o acordo deve conter regras fáceis de entender pelo

empregado e que se refiram ao mundo dos objetivos, não sendo admitidos critérios

subjetivos para a concessão da PLR.

Embora seja possível extrair dos conceitos acima alguma orientação quanto ao

alcance da exigência de regras claras e objetivas nos acordos de PLR, a questão não é

tão simples assim. Exatamente por conta da liberdade de que dispõem as partes –

empregados, empregadores e representantes do Sindicato – para fixarem as regras e

critérios para pagamento da participação nos lucros ou resultados, é difícil estabelecer

um parâmetro objetivo dos tipos de regras que são ou não consideradas claras e

objetivas, dependendo essa avaliação da intepretação das autoridades fiscais e órgãos

julgadores, na análise da multiplicidade de regras contidas nos diversos planos de PLR

submetidos à fiscalização e posterior julgamento.

No âmbito da CSRF, houve em dois casos divergência entre os conselheiros a

respeito da clareza e objetividade das regras aprovadas para pagamento de PLR.

No acórdão nº 9202-003.105, de relatoria do conselheiro Rycardo Henrique

Magalhães de Oliveira, foi negado provimento por maioria ao Recurso Especial

interposto pela Fazenda Nacional, que defendia, dentre outros, que a convenção

coletiva que aprovou o programa de PLR não previu forma de recebimento, nem

estabeleceu critérios relativos ao desempenho dos empregados para fruição da

participação nos lucros. O relator, contudo, seguiu integralmente a posição esposada

pela conselheira Liege Lacroix Thomasi na decisão recorrida, que entendeu estarem

presentes no acordo a parcela equivalente à participação nos lucros de cada empregado

e a forma como seria calculada.

O conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira acrescentou, ainda, que

não havia no caso ausência de regras claras e objetivas, mas discordância da autoridade

fiscal quanto aos critérios eleitos pelas partes na elaboração do plano de PLR. E finalizou:

“não cabe ao agente lançador adentrar as regras e outras condições estabelecidas pelas

partes interessadas, de maneira a rechaça-las em razão de eventual discordância”.

Já no acórdão nº 9202.003.258, a discussão girou em torno do plano de PLR de

empresa dedicada à construção civil, aprovado por convenção coletiva de trabalho. A

relatora, conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, votou pelo provimento do recurso

especial da PGFN, por entender que não havia, no acordo coletivo, diretrizes básicas

sobre a forma como o lucro de determinado contrato seria distribuído entre aqueles

que colaboraram para sua execução. A relatora foi vencida, tendo prevalecido, por

21 Acórdão nº 2301-003.640, sessão de 17/07/2013.

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22

maioria22, o voto do conselheiro Marcelo Oliveira, que, analisando o mesmo plano,

entendeu que as regras existentes eram suficientemente claras e objetivas, já que o

percentual de participação em cada contrato era definido com base em critérios

estabelecidos no Plano, como Complexidade Negocial, Complexidade Operacional e

Resultado Econômico-Financeiro desejado.

Como se vê, ao debruçarem-se sobre os mesmos acordos de PLR, os conselheiros

não foram unânimes quanto à avaliação da presença de regras claras e objetivas, mesmo

existindo certo consenso quanto à liberdade dada às partes para fixação das regras e

critérios que definiriam a participação dos segurados nos lucros ou resultados.

Diante da diversidade de modelos de planos de PLR que foram analisados pelo

CARF, especialmente pelas Câmaras baixas, não se mostra viável comentar as

especificidades de cada caso e o seu desfecho. Há, contudo, alguns temas específicos,

tratados sob a acusação de ausência de regras claras e objetivas, que foram objeto de

julgamento no CARF e serão comentados a seguir.

4.3.1. POSSIBILIDADE DE AS METAS SEREM PREVISTAS EM DOCUMENTO APARTADO

Quanto a esse ponto da pesquisa, foram analisados quatorze acórdãos, todos no

sentido de que as metas podem ser previstas em documentos apartados. Conforme se

verifica da seguinte tabela, em alguns casos foi ressalvado pelos conselheiros que (i) tal

documento não pode ser elaborado unilateralmente pelo empregador e, ou, (ii) o

instrumento de negociação deve prever que as metas serão ou foram indicadas em

documento apartado:

Critério analisado

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a) Declaração de voto

Metas podem ser

previstas em documento

apartado?

9202-003.105 COMPANHIA BRASILEIRA DE

PETROLEO IPIRANGA 25-mar-14 2ª T CSRF

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A N/A Sim

2302-003.586 IPIRANGA PRODUTOS DE

PETRÓLEO 21-jan-15

3ª C / 2ª

TO

Arlindo da Costa e

Silva

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A Sim

2401-003.604 BANCO DE INVESTIMENTOS

CREDIT SUISSE (BRASIL) 12-ago-14

4ª C / 1ª

TO

Kléber Ferreira de

Araújo N/A N/A

Sim, desde que

documento seja

mencionado no acordo

2401-003.606 BANCO DE INVESTIMENTOS

CREDIT SUISSE (BRASIL) 12-ago-14

4ª C / 1ª

TO

Kléber Ferreira de

Araújo N/A N/A

Sim, desde que

documento seja

mencionado no acordo

2401003.626 CERVEJARIAS KAISER BRASIL 12-ago-14 4ª C / 1ª

TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

N/A Kleber Ferreira de

Araújo

Sim, mas esse

documento não pode ser

unilateral

22 Oito votos contrários ao provimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional e dois votos favoráveis.

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23

2401-003.651 BANCO DO ESTADO DE SERGI

PE 13-ago-14

4ª C / 1ª

TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A Sim

2403-002.979 COGNIS BRASIL LTDA. 11-mar-15 4ª C / 3ª

TO

Marcelo

Magalhães Peixoto N/A N/A Sim

2301-004.063 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª

TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa N/A N/A Sim

2301-004.051 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª

TO

Wilson Antonio de

Souza Corrêa N/A N/A Sim

2401-003.881 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA

BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15

4ª C / 1ª

TO

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A Sim

2401-003.882 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA

BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15

4ª C / 1ª

TO

Rycardo Henrique

Magalhães de

Oliveira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A Sim

2402-003.500 BNY MELLON GESTÃO DE

PATRIMÔNIO LTDA 16-abr-13

4ª C / 2ª

TO

Lourenço Ferreira

do Prado

Thiago Taborda

Simões N/A Sim

2402-003.501 BNY MELLON GESTÃO DE

PATRIMÔNIO LTDA 16-abr-13

4ª C / 2ª

TO

Lourenço Ferreira

do Prado

Thiago Taborda

Simões N/A Sim

2403-002.785 BANCO DO ESTADO DE

SERGIPE S/A 4-nov-14

4ª C / 3ª

TO

Marcelo

Magalhães Peixoto N/A N/A

Sim, desde que

documento seja

mencionado no acordo

O CARF se deparou com situação em que a PLR foi celebrada por comissão

paritária, mas a pormenorização dos fatores de desempenho empresarial e individual

levados em conta para o cálculo da PLR foi efetuada em documento apartado, cartilhas

e slides em que não constaram a assinatura da comissão e do Sindicato. Na ocasião, a

2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento entendeu que a Lei n°

10.101/00 “não impõe que as regras devam ser sempre exaustivas”, no sentido de que

não poderia haver qualquer “detalhamento à parte”. Se a celebração for “o ponto final

das estipulações para o pagamento”, o pacto poderia se transformar “em um

instrumento extenso e talvez confuso aos olhos de quem não tem intimidade com

situações particulares daquela empresa, setor ou função”. Assim, a Turma julgou

possível que aspectos acessórios e detalhamentos dos cálculos da PLR sejam

estabelecidos em documentos apartados, desde que os contornos essenciais sejam

entabulados em negociação coletiva23.

A 1ª Turma da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, partindo da mesma

premissa de que as regras para distribuição não precisam estar previstas no próprio

instrumento de negociação, mas este necessariamente deve mencionar o documento

onde estão reveladas as metas e os critérios que devem ser cumpridos, concluiu, pelo

voto de qualidade conduzido pelo conselheiro relator Kléber Ferreira de Araújo, ser

devida a incidência das contribuições previdenciárias. No caso analisado, o programa de

metas não havia sido mencionado no acordo, que apenas continha a indicação, de forma

23 Acórdão 2302-003.586.

Page 24: REPERTÓRIO ANALÍTICO DE JURISPRUDÊNCIA DO …...do CARF. 4 Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Especialista em Direito

24

genérica, das diretrizes que poderiam ser consideradas na definição das regras de

pagamento da PLR24.

Em decisão mais recente25, a referida Turma, por maioria de votos, afastou

autuação que desconsiderou a existência de acordos ou termos individuais firmados

entre a empresa e seus diretores e gerentes, aplicando a estes as regras gerais previstas

em acordo coletivo. O conselheiro relator, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira,

considerou válida cláusula do acordo coletivo que previa expressamente que os

ocupantes de cargos gerenciais teriam as suas metas definidas em ajustes específicos e

individuais, os quais prevaleceriam sobre as cláusulas gerais do acordo coletivo. Foi

afastada, portanto, a incidência de contribuições previdenciárias sobre a PLR paga a

gerentes e diretores com base nos ajustes individuais que foram firmados com respaldo

em cláusula do acordo coletivo.

O tema em questão também foi debatido no acórdão nº 9202-003.105, da 2ª

Turma da CSRF, de relatoria do conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. A

CSRF, por maioria, negou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para

considerar válida a existência de documento apartado (“Sistema de Gestão de

Desempenho”), contemplando de forma detalhada as condições, metas individuais e

fórmula de cálculo da PLR, sobretudo diante da comprovação de que os empregados

foram cientificados das metas e objetivos a serem alcançados.

4.3.2. POSSIBILIDADE DE A PLR SER CALCULADA COM BASE EM LUCROS OU RESULTADOS DE OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO E DE FORMA DIFERENCIADA CONFORME O CARGO OU SETOR

Na presente pesquisa foram analisados vinte e nove acórdãos sobre a

necessidade de o plano de PLR prever regras equânimes aos beneficiários e de serem

considerados, entre as metas e critérios de pagamento, lucros ou resultados de outras

pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico. Conforme se verifica da tabela abaixo, (i)

é majoritário o entendimento de que o plano pode atribuir metas/pagamentos

diferentes aos beneficiários e (ii) não há consenso quanto à possibilidade de serem

considerados lucros auferidos por outras empresas do mesmo grupo:

Critérios analisados

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração

de voto

Plano de PLR pode atribuir

metas/pagamentos

diferentes aos beneficiários?

PLR pode ser paga com base

em lucros ou resultados de

outra pessoa jurídica do

grupo econômico?

9202-

003.105

COMPANHIA

BRASILEIRA DE

PETROLEO

IPIRANGA

25-mar-14 2ª T CSRF

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

N/A N/A Sim N/A

24 Acórdão nº 2401-003.604. 25 Acórdão nº 2401-003.882, de 10/02/2015.

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25

2301-

002.770

SUSPENSYS

SISTEMAS

AUTOMOTIVOS

LTDA

15-mai-12 3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

N/A N/A Sim Sim

2301-

002.771

SUSPENSYS

SISTEMAS

AUTOMOTIVOS

LTDA

15-mai-12 3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

N/A N/A Sim Sim

2301-

002.769

SUSPENSYS

SISTEMAS

AUTOMOTIVOS

15-mai-12 3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

N/A N/A Sim Sim

2302-

003.039

JOST BRASIL

SISTEMAS

AUTOMOTIVOS

18-mar-14 3ª C / 2ª

TO

André Luis

Mársico

Lombardi

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

N/A Sim Não

2302-

003.040

JOST BRASIL

SISTEMAS

AUTOMOTIVOS

18-mar-14 3ª C / 2ª

TO

André Luis

Mársico

Lombardi

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

N/A Sim Não

2302-

003.041

JOST BRASIL

SISTEMAS

AUTOMOTIVOS

18-mar-14 3ª C / 2ª

TO

André Luis

Mársico

Lombardi

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

N/A Sim Não

2302-

003.042

JOST BRASIL

SISTEMAS

AUTOMOTIVOS

18-mar-14 3ª C / 2ª

TO

André Luis

Mársico

Lombardi

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

N/A Sim Não

2401-

003.670

VOTORANTIM

METAIS ZINCO 9-set-14

4ª C / 1ª

TO

Carolina

Wanderley

Landim

N/A N/A Sim N/A

2401-

001.902

BV FINANCEIRA

SA CREDITO

FINANCIAMEN

TO E

INVESTIMENTO

8-jun-11 4ª C / 1ª

TO

Kleber

Ferreira de

Araújo

Elias Sampaio

Freire N/A Sim N/A

2403-

002.979

COGNIS BRASIL

LTDA. 11-mar-15

4ª C / 3ª

TO

Marcelo

Magalhães

Peixoto

N/A N/A Sim N/A

2301-

004.320

AYMORÉ

CRÉDITO

FINANCIAMEN

TO E

INVESTIMENTO

11-fev-15 3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antônio de

Souza

Corrêa

Cleberson Alex

Friess N/A Sim N/A

2301-

004.063

BANCO BTG PA

CTUAL S.A. 14-mai-14

3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

N/A N/A Sim N/A

2301-

004.315

BANCO SANTA

NDER (BRASIL)

S.A.

11-fev-15 3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

Cleberson Alex

Friess N/A Sim N/A

2301-

003.571

CREDIT SUISSE

HEDGING-

GRIFFO ASSET

MANAGEMENT

19-jun-13 3ª C / 1ª

TO

Adriano Gon

zales Silvério

Mauro José

Silva

Mauro José

Silva Sim N/A

2301-

002.491 FRAS-LE S.A. 18-jan-12

3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

N/A

Damião

Cordeiro de

Moraes

Sim N/A

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26

2301-

002.492 FRAS-LE S.A. 18-jan-12

3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

N/A

Damião

Cordeiro de

Moraes

Sim N/A

2301-

002.493 FRAS-LE S.A. 18-jan-12

3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

N/A

Damião

Cordeiro de

Moraes

Sim N/A

2301-

004.082

LOJAS

AMERICANAS

S.A.

17-jul-14 3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

Mauro José

Silva N/A Sim N/A

2301-

004.083

LOJAS

AMERICANAS

S.A.

17-jul-14 3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

Mauro José

Silva N/A Sim N/A

2301-

004.129

ROBERT BOSCH

LIMITADA 9-set-14

3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Marcelo

Oliveira N/A Sim N/A

205 01.331

COMPANHIA

BRASILEIRA DE

PETROLEO

IPIRANGA

5-nov-08 2º CC / 5ª

C

Liege Lacroix

Thomasi N/A N/A Sim N/A

2401-

003.881

SPAIPA S.A.

INDÚSTRIA

BRASILEIRA DE

BEBIDAS

10-fev-15 4ª C / 1ª

TO

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A Sim N/A

2401-

003.882

SPAIPA S.A.

INDÚSTRIA

BRASILEIRA DE

BEBIDAS

10-fev-15 4ª C / 1ª

TO

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A Sim N/A

Alguns acordos de PLR estabelecem metas por setor, ou até mesmo metas

globais, relativas ao resultado do grupo econômico a que pertence o empregador, para

que o empregado faça jus ao recebimento de PLR. Outros preveem metas e pagamentos

diferenciados em função do cargo ocupado pelo empregado e até mesmo pagamento

em função de lucros de outras entidades do grupo econômico. Tais situações têm dado

margem a autuações, sob o argumento de que as metas devem ser individualizadas,

equânimes ou limitadas aos resultados da empresa empregadora.

O conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, em julgamentos26 realizados na

2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, embora tenha negado

provimento ao recurso do contribuinte, afastou o argumento da autoridade fiscal de que

o estabelecimento de meta global, envolvendo inclusive empresa residente no exterior,

dificultaria ao empregado ter conhecimento do seu atingimento. Para o relator, tal meta

cumpre igualmente a finalidade de integração do capital e empresa: “Se a comissão de

26 Acórdãos nº 2302-002.874, 2302-002.873 e 2302-002.872, proferidos, em 20/11/2013, pela 2ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento. O relator foi acompanhado pelos conselheiros Arlindo Cruz, André Mársico e Liege Lacroix, pelas conclusões. Não foi indicado no acórdão o ponto da fundamentação que não foi adotado pelos demais conselheiros.

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27

negociação tomou como base dados do grupo empresarial, não há qualquer

irregularidade na formalização do acordo”.

O mesmo entendimento quanto ao atingimento de meta do grupo econômico

foi seguido na 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em voto

também de relatoria do conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, seguido à

unanimidade quanto a esse item27. O voto também chancela a possibilidade de o acordo

estabelecer metas e percentuais de participações distintos em função do cargo ocupado

pelo empregado, o que foi considerado ilegal pela autoridade fiscal. Ao contrário,

entende que quanto mais específicas as metas em relação às funções, mais claras e

objetivas são as regras do plano, ao passo que percentuais maiores em função do cargo

estimulam o empregado a buscar o crescimento profissional.

O conselheiro André Luis Mársico Lombardi, ao relatar o acórdão nº 2302-

003.039, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, de

18/03/2014, também concordou expressamente com a possibilidade de serem

estabelecidas regras diferenciadas de apuração para gestores em relação a empregados,

mas discordou quanto à possibilidade de serem computados resultados de outras

pessoas jurídicas. No seu entendimento, “deve-se tomar em conta, sempre, única e

exclusivamente, o lucro ou resultado da empresa na qual está inserido o trabalhador”.

Prevaleceu, contudo, na turma, por maioria, o entendimento do conselheiro Leonardo

Henrique Pires Lopes, acima comentado, designado redator do acórdão vencedor.

Quanto ao pagamento de valores diferenciados em função do cargo, a Câmara

Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, concluiu que inexiste previsão legal

quanto à exigência de pagamento de PLR equitativo aos funcionários e diretores da

empresa, até porque tal exigência não seria razoável de acordo com a própria essência

do benefício fiscal, já que uma empresa com diversos setores pode estabelecer critérios

distintos em observância às especificidades das áreas de atuação28.

O mesmo entendimento foi seguido pela maioria da 1ª Turma Ordinária da 4ª

Câmara da 2ª Seção de Julgamento, no acórdão nº 2401-003.670, sessão de 09/09/2014,

de relatoria da conselheira Carolina Wanderley Landim, reiterando o posicionamento já

manifestado no acórdão nº 2401-001.902, sessão de 08/06/2011, de relatoria do

conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, no sentido de inexistir determinação para a

realização de pagamentos na mesma proporção para empregados e diretores, e

tampouco para ocupantes de iguais funções, justamente porque “os parâmetros de

aferição do quantum a ser repassado leva em conta o desempenho individual do

trabalhador”29. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por meio

do acórdão nº 2403-002.979, sessão de 11/03/2015, também chancelou, por

27 Acórdãos nº 2301-002.770, 2301-002.771 e 2301-002.769, sessão de 15/05/2012. 28 Acórdão nº 9202-003.105, sessão de 25/03/2014. 29 No mesmo sentido, os acórdãos nº 2401-003.604 e 2401-003.882.

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28

unanimidade30, acordo que previa metas e aferições diversas para os cargos de

supervisão e direção.

4.3.3. SITUAÇÕES EM QUE AS AUTORIDADES FISCAIS CONSIDERARAM AS METAS INSUFICIENTES OU INEXISTENTES

Na tabela seguinte, indicamos trinta e oito acórdãos em que as metas previstas

no plano foram consideradas insuficientes pelos conselheiros do CARF para a

caracterização da PLR:

Critérios analisados

Acórdão

nº Contribuinte

Data da

Sessão

Câmara

/ Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaraçã

o de voto

Pagamento em

valor ou

percentual fixo

Pagamento

conforme tempo

de serviço

Pagamento

conforme horas

trabalhadas/falt

as desnatura

Pagamento

mínimo

9202-

002.826

BANCO RURAL

S.A.

7-ago-

13

2ª T

CSRF

Elias

Sampaio

Freire

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2302-

002.874

ITAU VIDA E

PREVIDÊNCIA

S.A.

20-nov-

13

3ª C / 2ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires

Lopes

Arlindo da

Costa e Silva N/A

Descaracteriza a

PLR

Descaracteriza a

PLR N/A N/A

2302-

002.873

ITAU VIDA E

PREVIDÊNCIA

S.A.

20-nov-

13

3ª C / 2ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires

Lopes

Arlindo da

Costa e Silva N/A

Descaracteriza a

PLR

Descaracteriza a

PLR N/A N/A

2302-

0002.87

2

ITAU VIDA E

PREVIDÊNCIA

S.A.

20-nov-

13

3ª C / 2ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires

Lopes

Arlindo da

Costa e Silva N/A

Descaracteriza a

PLR

Descaracteriza a

PLR N/A N/A

2302-

0002.87

2

ITAU VIDA E

PREVIDÊNCIA

S.A.

20-nov-

13

3ª C / 2ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires

Lopes

Arlindo da

Costa e Silva N/A

Descaracteriza a

PLR

Descaracteriza a

PLR N/A N/A

2401-

003.191

SITEL DO BRASIL

LTDA

25-mar-

14

3ª C / 2ª

TO

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A

2401-

003.192

SITEL DO BRASIL

LTDA

25-mar-

14

3ª C / 2ª

TO

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A

2401-

003.190

SITEL DO BRASIL

LTDA

25-mar-

14

3ª C / 2ª

TO

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A

2301-

003.478

COMPANHIA DE

GÁS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-

13

3ª C / 1ª

TO

Mauro

José Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião C

ordeiro de

Moraes

Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

30 Os conselheiros Ivacir Júlio de Souza e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro votaram pelas conclusões.

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29

2301-

003.477

COMPANHIA DE

GÁS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-

13

3ª C / 1ª

TO

Mauro

José Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião C

ordeiro de

Moraes

Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2301-

003.475

COMPANHIA DE

GÁS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-

13

3ª C / 1ª

TO

Mauro

José Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião C

ordeiro de

Moraes

Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2301-

003.474

COMPANHIA DE

GÁS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-

13

3ª C / 1ª

TO

Mauro

José Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião C

ordeiro de

Moraes

Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2301-

003.476

COMPANHIA DE

GÁS DE MINAS

GERAIS GASMIG

18-abr-

13

3ª C / 1ª

TO

Mauro

José Silva

Damião Cordei

ro de Moraes

Damião C

ordeiro de

Moraes

Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2301-

002.627

CARBONO LOREN

A LTDA

12-mar-

12

3ª C / 1ª

TO

Mauro

José Silva

Damião

Cordeiro de

Moraes

N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2301-

004.129

ROBERT BOSCH

LIMITADA 9-set-14

3ª C / 1ª

TO

Mauro

José Silva

Marcelo

Oliveira N/A

Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2301-

002.491 FRAS-LE S.A.

18-jan-

12

3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires

Lopes

N/A

Damião

Cordeiro

de Moraes

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A

2301-

002.492 FRAS-LE S.A.

18-jan-

12

3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires

Lopes

N/A

Damião

Cordeiro

de Moraes

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A

2301-

002.493 FRAS-LE S.A.

18-jan-

12

3ª C / 1ª

TO

Leonardo

Henrique

Pires

Lopes

N/A

Damião

Cordeiro

de Moraes

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A

2302-

003.394

FDS

ENGENHARIA DE

OLEO E GAS S/A

11-set-

14

3ª C / 2ª

TO

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

2401-

003.117

IRMAOS AYRES

S/A CONST IND E

COM

17-jul-

13

4ª C / 1ª

TO

Carolina

Wanderle

y Landim

N/A N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

2401-

003.801

VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14

4ª C / 1ª

TO

Kléber

Ferreira

de Araújo

Rycardo

Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

2401-

003.802

VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14

4ª C / 1ª

TO

Kléber

Ferreira

de Araújo

Rycardo

Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

2401-

003.803

VIAÇÃO CAMPO

GRANDE LTDA 4-dez-14

4ª C / 1ª

TO

Kléber

Ferreira

de Araújo

Rycardo

Henrique

Magalhães de

Oliveira

N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

2403-

002.169

CIA DE FIACAO E

TECIDOS CEDRO

E CACHOEIRA

15-mai-

13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

Page 30: REPERTÓRIO ANALÍTICO DE JURISPRUDÊNCIA DO …...do CARF. 4 Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Especialista em Direito

30

2401-

003.043

BANCO

BONSUCESSO

S.A.

18-jun-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

Igor Araújo

Soares N/A

Percentual fixo

não

descaracteriza a

PLR

N/A N/A N/A

2401-

003.047

BANCO

BONSUCESSO

S.A.

18-jun-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

Igor Araújo

Soares N/A

Percentual fixo

não

descaracteriza a

PLR

N/A N/A N/A

2401-

003.048

BANCO

BONSUCESSO

S.A.

18-jun-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

Igor Araújo

Soares N/A

Percentual fixo

não

descaracteriza a

PLR

N/A N/A N/A

2401-

002.552

COMPANHIA

PAULISTA DE

FORÇA E LUZ

11-jul-

12

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A N/A N/A N/A

Descaracteriza a

PLR

2401-

002.898

MINAS GOIÁS

TRANSPORTES

LTDA.

20-fev-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2401-

002.899

MINAS GOIÁS

TRANSPORTES

LTDA.

20-fev-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2401-

002.900

MINAS GOIÁS

TRANSPORTES

LTDA.

20-fev-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2401-

002.957

TELEVISÃO

SALVADOR S.A.

16-abr-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2401-

002.958

TELEVISÃO

SALVADOR S.A.

16-abr-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2401-

002.959

TELEVISÃO

SALVADOR S.A.

16-abr-

13

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

N/A N/A Descaracteriza a

PLR N/A N/A N/A

2403-

002.115

AJINOMOTO DO

BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-

13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

Page 31: REPERTÓRIO ANALÍTICO DE JURISPRUDÊNCIA DO …...do CARF. 4 Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Especialista em Direito

31

2403-

002.114

AJINOMOTO DO

BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-

13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

2403-

002.117

AJINOMOTO DO

BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-

13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

2403-

002.116

AJINOMOTO DO

BRASIL

INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

16-jul-

13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A N/A

Não

descaracteriza a

PLR

N/A

Em alguns acórdãos, o CARF chancelou a acusação fiscal, por entender que o

plano de PLR não estipulou qualquer meta ou critério para o seu pagamento, sendo

suficiente a permanência nos quadros da empresa ou a mera existência de lucro, sem

qualquer índice mínimo exigido.

No acórdão nº 9202-002.826, a CSRF, por maioria de votos, deu provimento ao

recurso especial da Fazenda Nacional, por entender que a parcela paga a título de PLR

tinha cunho salarial, pois para ter direito a tal parcela bastava ter trabalhado na

empresa, independentemente de ter colaborado para geração do lucro ou do

cumprimento de qualquer critério ou condição. O pagamento foi previsto para todos os

empregados em função da data de admissão – se esta ocorreu antes do exercício da

distribuição, o pagamento seria integral, se dentro do exercício, o pagamento seria

proporcional. Além disso, o pagamento correspondeu a percentual sobre o salário do

empregado, acrescido de parcela fixa, sendo observado um teto para pagamento31.

O tempo de serviço também foi rechaçado como único critério a ser utilizado

na distribuição do PLR pela 2ª Turma da 3ª Câmara e 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção

de Julgamento, tanto no caso em que o pagamento foi realizado de forma obrigatória,

independentemente do resultado, de forma igualitária a todos os empregados,

respeitando-se apenas a proporcionalidade ao tempo de serviço32, quanto na hipótese

em que a condição para o pagamento se limitou à prestação de serviço ininterrupta nos

últimos 12 meses ou ao ingresso nos quadros da empresa a partir de determinado

período, hipóteses em que o pagamento foi realizado de forma proporcional33.

Na mesma linha, o pagamento de parcelas fixas, desvinculadas do atingimento

de metas, foi considerado como suficiente para a configuração da natureza salarial das

verbas pagas, sob o argumento de que a PLR é remuneração flexível, que depende de

variáveis como o desempenho dos funcionários, lucros e resultados34.

31 Acórdão nº 9202-002.826, sessão de 07/08/2013. 32 Acórdãos nº 2302-002.874, 2302-002.873, 2302-002.871, 2302-002.872, sessão de 20/11/2013. 33 Acórdãos nº 2401-003.191, 2401-003.192, 2401-003.190, sessão de 25/03/2014. 34 Acórdãos nº 2301-003.478, 2301-003.477, 2301-003.475, 2301-003.474, 2301-003.476, sessão de 18/04/2013, acórdão nº 2301-002.627, sessão de 12/03/2012, acórdão nº 2301-004.129, sessão de 09/09/2014.

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32

A mera existência de lucro, sem que fosse estipulada nenhuma meta de valor

ou de resultado, também foi desconsiderada como hábil a caracterizar o pagamento

como PLR imune à tributação pela maioria da 2ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de

Julgamento35.

Situação um pouco diferente foi verificada no acórdão nº 2301-002.491, da 1ª

Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em que o critério de horas trabalhadas

não foi considerado como apto para a distribuição de lucros e resultados. Nos termos

do voto do relator Leonardo Henrique Pires Lopes, “a permanência de horas na empresa

não é garantia de que haverá aumento na produtividade ou o alcance de melhores

resultados”36.

Diferentemente da 1ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, que

considerou o critério de horas trabalhadas inapto como meta em programa de PLR, a 2ª

Turma da mesma Câmara entendeu que é possível estabelecer como critério tudo aquilo

que contribua para o desempenho empresarial, de modo que o absenteísmo pode ser

considerado como meta, pois, caso contrário, seria necessário admitir que uma empresa

com absenteísmo de 1% não seria potencialmente mais produtiva do que uma empresa

com percentual superior37.

Tal posicionamento foi reiterado pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª

Seção de Julgamento, ao analisar situações envolvendo indústria e empresa de ônibus,

oportunidades em que foi ressaltada a impossibilidade de a autoridade lançadora ou

julgadora criar juízo de valor sobre os critérios eleitos pelas partes38. A 3ª Turma

Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento também validou planos de

distribuição de lucros e resultados contendo, dentre as regras, o absenteísmo39.

4.4. MECANISMOS DE AFERIÇÃO

Quanto aos mecanismos de aferição, foram indicados, na breve tabela a seguir,

doze acórdãos em que (i) os mecanismos de aferição foram considerados subjetivos ou

(ii) os documentos comprobatórios da aferição não foram apresentados pelo

contribuinte:

35 Acórdãos nº 2302-002.874, 2302-002.873, 2302-002.871, 2302-002.872, sessão de 20/11/2013. 36 Acórdão nº 2301002.491, sessão de 18/01/2012. 37 Acórdão nº 2302-003.394, sessão de 11/09/2014. 38 Acórdão nº 2401-003.117, sessão de 17/07/2013 e Acórdãos nº 2401-003.802, 2401-003.801, 2401-003.803, proferidos na sessão de 04/12/2014. 39 Acórdão nº 2403002.115, sessão de 16/07/2013 e acórdão nº 2403-002.169, sessão de 15/05/2013.

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33

Critérios analisados

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração

de voto

Ficha de avaliação

considerada

subjetiva?

Mera falta de

apresentação dos

documentos

demonstrando a

aferição permite

desconsideração do

plano?

2401-003.112

BTG PACTUAL ASSET

MANAGEMENT S.A.

DISTRIBUIDORA DE

TITULOS E VALORES

MOBILIARIOS

17-jul-13 4ª C / 1ª TO

Kléber

Ferreira

de Araújo

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A Não

2301-004.063 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-

14 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antonio

de Souza

Corrêa

N/A N/A N/A Sim

2301-004.051 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-

14 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antonio

de Souza

Corrêa

N/A N/A N/A Sim

2402-004.323

UNIBANCO CORRETORA

DE VALORES MOBILIARIOS

E CAMBIO S.A.

7-out-14 4ª C / 2ª TO

Thiago

Taborda

Simões

N/A N/A N/A Sim

2401-003.537 ARCELORMITTAL

SISTEMAS S.A

15-mai-

14 4ª C / 1ª TO

Carolina

Wanderley

Landim

Kleber

Ferreira

Araújo

N/A N/A Não

2401-003.538 ARCELORMITTAL

SISTEMAS S.A

15-mai-

14 4ª C / 1ª TO

Carolina

Wanderley

Landim

Kleber

Ferreira

Araújo

N/A N/A Não

2401-003.539 ARCELORMITTAL

SISTEMAS S.A

15-mai-

14 4ª C / 1ª TO

Carolina

Wanderley

Landim

Kleber

Ferreira

Araújo

N/A N/A Não

2302-003.394 FDS ENGENHARIA DE

OLEO E GAS S/A 11-set-14 3ª C / 2ª TO

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A N/A N/A Sim

2402-003.116 GONCALVES SALLES S/A

IND. E COMERCIO 20-set-12 4ª C / 2ª TO

Ana Maria

Bandeira N/A N/A Sim N/A

2401-003.142 BANCO BARCLAYS S/A. 13-ago-13 4ª C / 1ª TO

Elaine

Cristina

Monteiro

e Silva

Vieira

Igor Araújo

Soares N/A Sim N/A

2301-002.627 CARBONO LORENA LTDA 12-mar-

12 3ª C / 1ª TO

Mauro

José Silva

Damião

Cordeiro de

Moraes

N/A N/A Sim

2401-003.401 CONSTRUTORA QUEIROZ

GALVÃO 19-fev-14 4ª C / 1ª TO

Kleber

Ferreira

de Araújo

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A N/A Sim

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34

Como visto acima, a Lei nº 10.101/2001 exige que dos instrumentos

decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação

dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos

de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado.

Dentro desse contexto, os mecanismos de avaliação individual do segurado

também têm sido alvo de controvérsias, especialmente nos casos em que (i) não são

apresentados os documentos demonstrando a aferição realizada ou (ii) os métodos

utilizados são considerados insuficientes pelas autoridades fiscais.

Quanto aos documentos demonstrando a aferição do cumprimento do acordo,

verifica-se a existência de posicionamento sustentado pelo conselheiro Kléber Ferreira

de Araújo, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, no sentido

de que a ausência de apresentação pelo contribuinte dos documentos em que conste a

aferição dos resultados alcançados com vistas ao pagamento da PLR não descaracteriza

o plano, desde que o pagamento seja respaldado em regras claras e objetivas, sendo

cabível a imposição de multa por descumprimento de obrigação acessória, seguida do

lançamento das contribuições por arbitramento.

No acórdão nº 2401-003.11240, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção

de Julgamento entendeu que, quando o contribuinte deixa de apresentar os

documentos que respaldam a aferição, cria obstáculo ao fisco de concluir com segurança

se a parcela intitulada de PLR conteria verbas outras suscetíveis de tributação, fazendo

com que a autoridade fiscal possa desconsiderar os pagamentos a título de PLR. No caso

analisado, foi dado provimento ao recurso, por maioria, considerando o equívoco no

procedimento adotado pelo auditor, diante da inexistência de lavratura de auto de

infração em face da não exibição dos documentos solicitados e da ausência de

motivação quanto ao arbitramento, no lançamento das contribuições, em razão da

recusa do contribuinte em atender as intimações da auditoria.

Tal entendimento foi reiterado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª

Seção de Julgamento, no acórdão nº 2301-004.063, bem como pela 2ª Turma Ordinária

da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, no acórdão nº 2402-004.323.

O referido entendimento, contudo, não prevaleceu no acórdão nº 2401-

003.53941, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento,

pois se concluiu que dos documentos apresentados pelo contribuinte no curso da

fiscalização era possível constatar o valor da meta, o percentual atingido e o valor

recebido correspondente a cada empregado, além de apurações dos indicadores da

empresa com os critérios avaliados para cada mês, alcançando-se percentual acumulado

por área, demonstrando a observância da legislação pertinente.

No acórdão nº 2302-003.394, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção

de Julgamento ressaltou que a ausência de apresentação das avaliações dos

40 Sessão de 17/07/2013. 41 Sessão de 14/05/2015.

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35

beneficiários do PLR complementar nos moldes acordados e a alegação de

confidencialidade dos pagamentos e da própria folha de pagamento complementar

obstam a análise dos mecanismos de aferição das informações pertinentes ao

cumprimento do acordado, conforme determina o § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00,

tornando inviável a conclusão quanto ao cumprimento do acordo coletivo.

Por fim, quanto à forma de aferição, destaca-se o acórdão nº 2402-003.116,

por meio do qual a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento

manteve a decisão da DRJ42 por considerar que, embora os critérios fossem objetivos –

avaliação de desempenho dos itens produtividade, assiduidade, higiene e limpeza,

variando a depender da avaliação e sendo proporcional ao tempo de serviço –, os

mecanismos de aferição utilizados – avaliação de desempenho, com preenchimento de

ficha de avaliação com critérios de A a D – eram desprovidos de qualquer objetividade.

Já a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, ao analisar

semelhante avaliação de desempenho (A, B, C, D ou N/A – não aplicável), convalidou os

pagamentos realizados a título de PLR43.

5. PERIODICIDADE

No que tange à periodicidade, elaboramos tabela contendo vinte e dois

acórdãos sobre (i) a possibilidade de a PLR ser paga mais de uma vez no mesmo semestre

(durante a vigência da redação original do §2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, alterado

pela Lei nº 12.832/1344) e (ii) os reflexos da inobservância da periodicidade mínima:

Critérios analisados

Acórdão

nº Contribuinte

Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração

de voto

Pagamentos podem ser feitos

no mesmo semestre, desde

que não ultrapassem dois por

ano? (redação original)

Inobservância da

periodicidade mínima

desnatura todo o plano de

PLR?

9202-

003.192

GOODYEAR DO

BRASIL PRODUTOS

DE BORRACHA LTDA.

6-mai-14 2ª T CSRF Gustavo Lian

Haddad N/A N/A N/A Não

2301-

003.732

BANCO SANTANDER

(BRASIL) S.A. 18-set-13

3ª C / 1ª

TO

Adriano

Gonzales

Silverio

Mauro Jose

Silva N/A N/A Não

42 Acórdão nº 2402-003.116, sessão de 20/09/2012. 43 Acórdão nº 2401-003.142, sessão de 13/08/2013. 44 Redação original: “§ 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil”. Redação atual: “§2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil”.

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36

2302-

002.844

ARAINVEST

PARTICIPACOES S.A. 19-nov-13

3ª C / 2ª

TO

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A

Leonardo

Henrique

Pires Lopes

N/A Sim

2302-

002.941 RHODIA BRASIL LTDA 22-jan-14

3ª C / 2ª

TO

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A N/A N/A

Não, desde que o plano tenha

sido corretamente elaborado,

tendo ocorrido apenas erro na

execução

2302-

003.139

GENERAL MOTORS

DO BRASIL LTDA. 13-mai-14

3ª C / 2ª

TO

Liege Lacroix

Thomasi N/A

Juliana Cam

pos de Carv

alho Cruz

Sim N/A

2401-

003.487

COMPANHIA

ENERGETICA DE

MINAS GERAIS-

CEMIG

30-abr-15 4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

Kleber Ferreira

de Araújo

Carolina Wa

nderley

Landim

Não Não

2401-

003.544

BORLEM S.A.

EMPREENDIMENTOS

INDUSTRIAIS

16-jul-14 4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A Não Não

2401-

003.626

CERVEJARIAS KAISER

BRASIL S.A. 12-ago-14

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A

Kleber

Ferreira de

Araújo

Não Não

2401-

004.151

EBATE

CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14

3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

N/A N/A Não (pagamento mensal

descaracteriza a PLR) N/A

2401-

004.152

EBATE

CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14

3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

N/A N/A Não (pagamento mensal

descaracteriza a PLR) N/A

2401-

004.153

EBATE

CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14

3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

N/A N/A Não (pagamento mensal

descaracteriza a PLR) N/A

2401-

004.154

EBATE

CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14

3ª C / 1ª

TO

Wilson

Antonio de

Souza

Corrêa

N/A N/A Não (pagamento mensal

descaracteriza a PLR) N/A

2401-

003.651

BANCO DO ESTADO

DE SERGIPE 13-ago-14

4ª C / 1ª

TO

Elaine

Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

Kleber Ferreira

de Araújo N/A Não Não

2401-

003.895

GENERAL MOTORS D

O BRASIL LTDA. 12-fev-15

4ª C / 1ª

TO

Kleber

Ferreira de

Araújo

N/A N/A Não Não

2403-

002.202 ITAÚ SEGUROS S/A 13-ago-13

4ª C / 3ª

TO

Carlos Albert

o Mees Strin

gari

Marcelo Freita

s de Souza

Costa

N/A Não Não

2403-

002.979 COGNIS BRASIL LTDA. 11-mar-15

4ª C / 3ª

TO

Marcelo

Magalhães

Peixoto

N/A N/A Não N/A

2301-

004.315

BANCO SANTANDER (

BRASIL) S.A. 11-fev-15

3ª C / 1ª

TO Wilson

Antonio de

Cleberson Alex

Friess N/A Não N/A

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37

Souza

Corrêa

2301-

003.640

FRINAL S.A - FRIG E

INTEGRACAO

AVICOLA

17-jul-13 3ª C / 1ª

TO

Mauro José

Silva

Damião

Cordeiro de

Moraes

N/A N/A Não

2403-

001.828

HAY DO BRASIL

CONSULTORES LTDA 23-jan-13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A Não

2403-

001.829

HAY DO BRASIL

CONSULTORES LTDA 23-jan-13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A Não

2403-

001.830

HAY DO BRASIL

CONSULTORES LTDA 23-jan-13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A Não

2403-

001.831

HAY DO BRASIL

CONSULTORES LTDA 23-jan-13

4ª C / 3ª

TO

Paulo

Maurício

Pinheiro

Monteiro

N/A N/A N/A Não

Ao interpretar a regra de periodicidade, o conselheiro Kleber Ferreira Araújo

ressaltou que “o legislador deixou aos empregadores a possibilidade de fazerem um

pagamento por semestre ou dois pagamentos por ano civil”45. De acordo com esse voto,

a conjunção “ou” indicaria que as regras são cumulativas, isto e, não seria permitida a

realização de pagamentos no mesmo semestre, ainda que não extrapolassem o limite

de dois pagamentos por ano46.

Nos acórdãos no 2401-004.151, 2401-004.152, 2401-004.153 e 2401-004.154,

proferidos em 11/09/2014 pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de

Julgamento e que envolvem o mesmo contribuinte, o fato de os pagamentos terem sido

realizados mensalmente foi apontado pelo conselheiro relator Wilson Antonio de Souza

Corrêa como motivo para a manutenção das autuações fiscais, entre outros.

Ainda quanto à aplicação da regra de periodicidade, a 1ª Turma Ordinária da 4ª

Câmara da 2ª Seção de Julgamento entendeu que o fato de o contribuinte ter realizado

45 Acórdão 2401-003.895, 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, sessão de 12/02/2015, conselheiro relator Kleber Ferreira Araujo. 46 “Ao contrário do que defende o sujeito passivo, a leitura do dispositivo transcrito permite concluir que o legislador deixou aos empregadores a possibilidade de fazerem um pagamento por semestre ou dois pagamentos por ano civil. Observe-se que a conjunção "ou" nesse caso é usada com conotação inclusiva, permitindo inferir que a norma não permite o pagamento da PLR em periodicidade inferior a semestral, nem em mais de duas vezes ao ano. Essa é a interpretação mais razoável para a questão, pois caso se entenda que a partícula "ou" representa uma exclusão, afasta-se por completo a regra da periodicidade semestral, uma vez que a empresa poderia pagar duas parcelas por semestre, desde que não violasse o limite de dois pagamentos ao ano.”

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38

mais de dois pagamentos no mesmo semestre não violou a Lei nº 10.101/00, pois os

pagamentos foram feitos a empregados diferentes47.

É importante destacar o entendimento de que a vedação de pagamento em

periodicidade inferior a um semestre ou mais de duas vezes no mesmo ano também

engloba as antecipações e complementações de PLR, isto é, pagamentos referentes a

competências anteriores ou posteriores, conforme o voto vencedor proferido no

acórdão nº 2401-003.54448.

Em alguns dos acórdãos que envolvem a observância do art. 3º, § 2º da Lei nº

10.101/00, os conselheiros analisaram se (i) essa situação desnaturaria todo o plano,

devendo ser tributada a totalidade da PLR distribuída ou (ii) deveria ser tributada apenas

a parcela que violou a regra de periodicidade.

Na sessão de 19/11/2013, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de

Julgamento entendeu, por voto de qualidade, “que a afronta ao disposto na Lei nº

10.101/2000, no que se refere ao acordo de pagamento de PLR em mais de duas vezes

no ano civil descaracteriza todo o plano”49. Naquele caso concreto, foram realizadas três

distribuições de PLR no mesmo ano civil.

No voto condutor, o conselheiro relator André Luís Mársico Lombardi afirmou

que, em regra, os pagamentos realizados a título de PLR estão sujeitos à tributação,

sendo excepcionalmente excluídos do âmbito de incidência das contribuições

previdenciárias na situação prevista pelo art. 7º, XI da Constituição Federal, o qual

condiciona a desvinculação da remuneração à observância dos requisitos estabelecidos

pela legislação infraconstitucional.

Partindo dessa premissa, o conselheiro concluiu que, sendo inobservada a

legislação infraconstitucional que permite a aplicação da exceção, incide a regra, ou seja,

os pagamentos efetuados a título de PLR são vinculados à remuneração e,

consequentemente, estão sujeitos à incidência das contribuições previdenciárias.

Como fundamento de seu voto, o conselheiro relator transcreveu ementas de

acórdãos em que o Superior Tribunal de Justiça, ao analisar situações análogas ao

descumprimento da regra de periodicidade, consignou que, caso sejam inobservadas as

condições da Lei nº 10.101/00, os pagamentos configuram remuneração e devem ser

tributados.

Embora o contribuinte tenha pleiteado, em caráter subsidiário, a manutenção

da autuação fiscal apenas em relação ao pagamento que excedeu a periodicidade

máxima, o conselheiro relator entendeu que a natureza jurídica do plano é uma só, não

podendo os pagamentos serem considerados de forma individualizada, de modo que,

47 Acórdão nº 2401-003.487, sessão de 15/04/2014, relator designado Kleber Ferreira Araujo. 48 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, sessão de 16/07/2014, conselheira relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, redator designado: conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. 49 Acórdão nº 2302-002.844.

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sendo descaracterizada a PLR pela inobservância de qualquer requisito previsto pela Lei

nº 10.101/00, a integralidade do plano estará sujeita à tributação.

O conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes apresentou declaração de voto

em sentido contrário, por entender que apenas a parcela excedente deveria ser

tributada, pois, tendo sido observados os demais requisitos estabelecidos pela

legislação, o plano de PLR não poderia ser integralmente desconsiderado.

Na esteira do voto vencido no acórdão nº 2302-002.844, a 1ª Turma Ordinária

da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em 12/02/2015, entendeu que deveriam ser

tributadas apenas as parcelas pagas em desconformidade com a Lei nº 10.101/00. Esse

entendimento prevaleceu por maioria, havendo dois votos divergentes50.

Foi transcrita pelo conselheiro relator ementa de acórdão proferido pelo STJ

afirmando que, no caso concreto, apenas os pagamentos que observaram a

periodicidade mínima de seis meses não estariam sujeitos à tributação.

Não foram identificadas manifestações da CSRF sobre as consequências da

inobservância da regra de periodicidade.

6. PAGAMENTO DE PLR INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE LUCROS

A CSRF, por meio do acórdão nº 9202-002.826, de lavra do conselheiro Elias

Sampaio Freire, firmou o entendimento de que os critérios e condições para pagamento

do PLR podem ser fixados com relação aos resultados, aos lucros ou a ambos. A

participação nos resultados está ligada ao aumento da produtividade, ao alcance de

meta de desempenho. A participação nos lucros relaciona-se a uma meta de

rentabilidade previamente definida. Ao fisco cabe apenas verificar se os requisitos

legalmente estabelecidos foram cumpridos pela empresa, mas é defeso exigir requisitos

desprovidos de previsão legal.

O conselheiro Marcelo Oliveira51, também em decisão da CSRF, ressaltou a

possibilidade de o pagamento ocorrer em razão dos resultados obtidos,

independentemente da verificação de lucro. Haveria, inclusive, possibilidade de

pagamento em caso de “redução do prejuízo”.

Na mesma linha, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento,

no acórdão nº 2301-01.976, ressaltou que o pagamento de PLR não está vinculado à

existência de lucro líquido, pois não se trata de participação sobre lucros, mas sim de

participação sobre lucros e resultados, de modo que restou afastado o óbice

50 Acórdão 2401-003.895, 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª. Seção de Julgamento, sessão de 12/02/2015, conselheiro relator Kleber Ferreira Araujo. 51 Acórdão 9202-003.258, sessão de 29/07/2014, 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais.

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40

considerado pela fiscalização quanto ao critério LAJIDA (lucros antes dos juros,

impostos, depreciação e amortização, também conhecido como EBITDA).

No acórdão nº 2401-003.142, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção

de Julgamento deu provimento ao recurso voluntário, por maioria de votos,

convalidando a PLR vinculada ao percentual de retorno sobre o patrimônio líquido no

início do exercício fiscal, obtido após o pagamento de impostos, previsão de despesas

com a própria PLR e correção monetária do patrimônio líquido.

Os principais aspectos de tais acórdãos foram sintetizados na seguinte tabela:

Critério analisado

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração de

voto

PLR apenas pode ser paga quando há

lucros?

9202-

002.826

BANCO RURAL

S.A. 7-ago-13 2ª T CSRF

Elias Sampaio

Freire N/A N/A Não

9202-

003.258

CONSTRUTORA

QUEIROZ

GALVAO S.A.

29-jul-14 2ª T CSRF Maria Helena

Cotta Cardozo Marcelo Oliveira N/A Não

230101.976

INFOGLOBO

COMUNICAÇÕES

S.A.

14-abr-11 3ª C / 1ª TO Damião Cordeiro

de Moraes Mauro José Silva N/A Não

2401-

003.142

BANCO

BARCLAYS S/A. 13-ago-13 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

Igor Araújo

Soares N/A Não

7. IMPOSSIBILIDADE DE A PLR SUBSTITUIR OU COMPLEMENTAR A REMUNERAÇÃO DEVIDA AO EMPREGADO

Embora a regra estabelecida pelo caput do art. 3º da Lei nº 10.101/00, de que

a PLR “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado”,

seja usualmente mencionada pelos acórdãos sobre a matéria, não identificamos

julgamento em que, diante das características do caso concreto, os conselheiros

afirmaram ter sido diretamente violada tal norma.

No acórdão nº 2302-003.139, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção

de Julgamento afirmou que a inobservância da periodicidade de pagamentos prevista

pelo art. 3º, §2º da Lei nº 10.101/00 acaba por violar “o espírito da PLR, que e o de não

substituir salário”52. No voto condutor, foi ressaltado que a obrigatoriedade de os

pagamentos serem realizados com a periodicidade mínima de um semestre e no

máximo duas vezes por ano foi instituída justamente visando a mitigar o risco de os

52 Sessão de 13/05/2014, conselheira relatora Liege Lacroix Thomasi.

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41

empregadores pagarem PLR como forma de substituição ou complementação de

salário.

Nessa mesma linha, foi ressaltado, no voto vencedor do acórdão nº 2302-

003.342, que, tendo a PLR o intuito de incentivar o empregado a melhorar seu

desempenho funcional, não pode ser utilizada “em substituição ou complementação da

remuneração devida ao empregado pelo seu desempenho ordinário e habitual,

decorrente, meramente, do contrato de trabalho”53.

Por fim, quanto ao montante pago a título de PLR ser desnaturado em

decorrência do seu elevado valor em relação ao salário do empregado, nota-se que o

posicionamento da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento foi

alterado, pois, no acórdão nº 2301-003.731, proferido em 18/09/2013, o pagamento a

título de PLR no valor equivalente a 371,60% para alguns empregados “evidencia que o

salário foi substituído pelo pagamento intitulado de Participação nos Lucros ou

Resultados”. Já no acórdão nº 2301-003.755, proferido em 15/10/2013, foi convalidado

o pagamento de PLR no percentual de 280% da remuneração, diante da inexistência de

limitação legal quanto ao valor a ser pago. Mesmo entendimento foi sustentado no

acórdão nº 2301.004.320, proferido em 11/02/2015, oportunidade em que se

considerou que “apesar de estranho um recebimento de 1.000% maior que o salário”,

não haveria imperfeição legal.

No acórdão nº 2402-004.322, proferido em 07/10/2014, a 2ª Turma Ordinária

da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por unanimidade, também afastou o

argumento da acusação fiscal quanto à impossibilidade de pagamento de valores de PLR

que superem o salário base do empregado, por ausência de previsão legal para tanto.

Os principais aspectos dos acórdãos analisados nesta pesquisa sobre o assunto

acima foram sintetizados na seguinte tabela:

Critério analisado

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a)

Declaração de

voto

Situações em que o CARF analisou a

violação indireta à regra que impede a

substituição ou complementação de

salário

2302-

003.139

GENERAL

MOTORS DO

BRASIL LTDA.

13-mai-14 3ª C / 2ª TO Liege Lacroix

Thomasi N/A

Juliana

Campos de

Carvalho Cruz

Inobservância da periodicidade de

pagamentos acaba violando a

impossibilidade de substituir ou

complementar salários, desnaturando

a PLR

2302-

003.342

IPIRANGA

PRODUTOS DE

PETROLEO S.A.

9-set-14 3ª C / 2ª TO Arlindo

Costa e Silva N/A N/A

Remuneração devida ao empregado

pelo seu desempenho ordinário e

habitual, decorrente, meramente, do

contrato de trabalho, desnatura a PLR

53 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, sessão de 09/09/2014, conselheiro relator Arlindo da Costa e Silva.

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42

2301-

003.731

BANCO ABN

AMRO REAL S.A. 18-set-13 3ª C / 1ª TO

Adriano Gon

zales Silvério

Mauro José

Silva N/A

Pagamento no valor equivalente a

371,60% para alguns empregados

desnatura a PLR

2301-

003.755

BV FINANCEIRA

SA CREDITO

FINANCIAMENTO

E INVESTIMENTO

15-out-13 3ª C / 1ª TO Mauro José

Silva

Marcelo

Oliveira N/A

Não desnatura a PLR o pagamento

equivalente a 280% da remuneração,

diante da inexistência de limitação

legal quanto ao valor a ser pago

2301-

004.320

AYMORÉ

CRÉDITO

FINANCIAMENTO

E INVESTIMENTO

11-fev-15 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antônio de

Souza

Corrêa

Cleberson Alex

Friess N/A

Não desnatura a PLR o pagamento

equivalente a 1000% da remuneração,

diante da inexistência de limitação

legal quanto ao valor a ser pago

2402-

004.322 7-out-14 4ª C / 2ª TO PLR pode superar o valor do salário

2401-

003.604

BANCO DE

INVESTIMENTOS

CREDIT SUISSE

(BRASIL)

12-ago-14 4ª C / 1ª TO

Kléber

Ferreira de

Araújo

N/A N/A Lei não prevê limite de proporção

entre o salário e a PLR

2401-

003.606

BANCO DE

INVESTIMENTOS

CREDIT SUISSE

(BRASIL)

12-ago-14 4ª C / 1ª TO

Kléber

Ferreira de

Araújo

N/A N/A Lei não prevê limite de proporção

entre o salário e a PLR

8. POSSIBILIDADE DE A PLR SER PAGA A ADMINISTRADORES ESTATUTÁRIOS

No que tange à possibilidade de pagamento de PLR a diretores estatutários,

foram analisados os seguintes vinte e seis acórdãos:

Critério analisado

Acórdão nº Contribuinte Data da

Sessão

Câmara /

Turma Relator(a)

Redator(a)

designado(a

)

Declaração de

voto

PLR paga a diretor estatuário sofre

incidência das contribuições?

2401-

003.487

COMPANHIA

ENERGETICA DE

MINAS GERAIS-

CEMIG

30-abr-15 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

Kleber

Ferreira de

Araújo

Carolina

Wanderley

Landim

Sim

2302-

001.283

METRO

TECNOLOGIA

INFORMATICA

LTDA.

24-ago-11 4ª C / 1ª TO Liege Lacroix

Thomasi N/A N/A Sim

2301-

004.364

COMPANHIA DE

BEBIDAS DAS

AMERICAS -

AMBEV

12-mar-15 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antonio de

Souza Corrêa

N/A N/A Sim

2301-

003.666

IRB BRASIL

RESSEGUROS

S/A

13-ago-13 3ª C / 1ª TO

Adriano

Gonzales

Silvério

N/A N/A Sim

2401-

003.626

CERVEJARIAS KAI

SER BRASIL 12-ago-14 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

N/A Kleber Ferreira

de Araújo Sim

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43

2302-

002.373

PARS PRODUTOS

DE

PROCESSAMENT

O DE DADOS

LTDA

12-mar-13 3ª C / 2ª TO Liege Lacroix

Thomasi N/A N/A Sim

2403-

002.158

BANCO

SANTANDER

(BRASIL) S.A.

17-jul-13 4ª C / 3ª TO

Marcelo

Freitas de

Souza Costa

N/A N/A Não

2403-

002.336

MARITIMA

SAUDE SEGUROS

S.A.

19-nov-13 4ª C / 3ª TO

Marcelo

Freitas de

Souza Costa

N/A N/A Não

2402-

002.883

MERCANTIL DO

BRASIL

FINANCEIRA

10-jul-12 4ª C / 2ª TO

Nereu Miguel

Ribeiro

Domingues

N/A N/A Não

2401-

003.811

COMPANHIA

BRASILEIRA DE

PETROLEO

IPIRANGA

21-jan-15 4ª C / 1ª TO Igor Araújo

Soares N/A N/A Não

2301-

004.364

COMPANHIA DE

BEBIDAS DAS

AMERICAS -

AMBEV

12-mar-15 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antonio de

Souza Corrêa

N/A N/A Não

2301-

002.491 FRAS-LE S.A. 18-jan-12 3ª C / 1ª TO

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

N/A Damião Cordeiro

de Moraes Não

2301-

002.492 FRAS-LE S.A. 18-jan-12 3ª C / 1ª TO

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

N/A Damião Cordeiro

de Moraes Não

2301-

002.493 FRAS-LE S.A. 18-jan-12 3ª C / 1ª TO

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

N/A Damião Cordeiro

de Moraes Não

2402-

002.700

GPC QUIMICA

S.A. 15-mai-12 4ª C / 2ª TO

Nereu Miguel

Ribeiro

Domingues

N/A N/A Não

2803-

002.325

COMPANHIA

FABRIL LEPPER 14-mai-13 3ª TE

Natanael

Vieira dos

Santos

N/A N/A Não

2301-

003.254

CIA DE FIACAO E

TECIDOS CEDRO

E CACHOEIRA

22-jan-13 3ª C / 1ª TO Bernadete de

Oliveira Barros

Mauro José

Silva N/A Sim

2301004.082

LOJAS

AMERICANAS

S.A.

17-jul-14 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antonio de

Souza Corrêa

Mauro José

Silva N/A Sim

2301004.083

LOJAS

AMERICANAS

S.A.

17-jul-14 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antonio de

Souza Corrêa

Mauro José

Silva N/A Sim

2301003.439

MARÍTIMA

SAÚDE SEGUROS

S.A.

16-abr-13 3ª C / 1ª TO

Wilson

Antonio de

Souza Corrêa

Mauro José

Silva N/A Sim

2302-

003.394

FDS

ENGENHARIA DE

OLEO E GAS S/A

11-set-14 3ª C / 2ª TO

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A N/A Sim

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44

2401-

003.112

BTG PACTUAL

ASSET

MANAGEMENT

S.A.

DISTRIBUIDORA

DE TITULOS E

VALORES

MOBILIARIOS

17-jul-13 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira

de Araújo

Rycardo

Henrique

Magalhães

de Oliveira

Elaine Cristina

Monteiro e Silva

Vieira

Sim

2401003.571 VIVO S/A 17-jul-14 4ª C / 1ª TO

Elaine Cristina

Monteiro e

Silva Vieira

Igor Araújo

Soares N/A Sim

2803-

002.923

TRAMONTINA

CENTRAL DE

ADMINISTRAÇÃ

O

21-jan-14 3ª TE Eduardo de

Oliveira N/A N/A Sim

2302003.059 SEMP TOSHIBA

AMAZONAS 18-mar-14 3ª C / 2ª TO

Leonardo

Henrique Pires

Lopes

André Luís

Mársico

Lombardi

N/A Sim

2403001.387

FIDENS

ENGENHARIA

S.A.

19-jun-12 4ª C / 3ª TO Ivacir Júlio de

Souza N/A N/A Sim

A Constituição Federal, no capítulo que trata dos Direitos Sociais, esculpe no

artigo 7º a gama de direitos dos trabalhadores. Assim o faz: “Art. 7º São direitos dos

trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição

social: (...)” (sem grifos no original).

Em seus 38 incisos tal dispositivo constitucional elenca uma série de direitos

típicos das relações de emprego, tais como 13º salário, aviso-prévio, férias, descansos

semanais remunerados, jornada de trabalho etc. Porém, há também dentre esses outros

direitos que são extensíveis a outras categorias de trabalhadores, como por exemplo,

salário-maternidade (aplicável a todas as trabalhadoras), Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço, FGTS (aplicável ao diretor não-empregado54), ao aprendiz55, redução dos

riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de proteção de saúde, higiene e

segurança, entre outros.

Dentre esses direitos, um em especial causa polêmica quanto aos sujeitos e

eficácia. A Participação nos Lucros e Resultados, prevista no inciso XI: “XI - participação

nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,

participação na gestão da empresa, conforme definido em lei”.

A polêmica surge em razão da redação do comando constitucional. Quanto à

aplicabilidade: a participação nos lucros e resultados, desvinculada da remuneração

prescinde de Lei para ser percebida, isto é, só a gestão da empresa, por ser excepcional,

que necessita da lei regulamentadora? Segunda questão: a participação é extensiva a

54 Lei nº 8.036/90, art. 16 55 Lei nº 10.097/00, art. 2º

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45

todos os trabalhadores que prestam serviços à empresa, ou somente aos seus

empregados?

A edição da Lei nº 10.101, em 19 de dezembro de 2000, como conversão da MP

1.982-77, em vez de sepultar a questão, fomentou tal discussão.

Vejamos a redação dos seus três primeiros artigos:

Art. 1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I - comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II - convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II - programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. § 3o Não se equipara a empresa, para os fins desta Lei: (...) § 4o Quando forem considerados os critérios e condições definidos nos incisos I e II do § 1o deste artigo. I - a empresa deverá prestar aos representantes dos trabalhadores na comissão paritária informações que colaborem para a negociação, II - não se aplicam as metas referentes à saúde e segurança no trabalho. Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) (sem grifos no original)

A Lei nº 10.101/00, porém, não teve o condão de resolver a polêmica. Se por

um lado contém a regulamentação, por outro não afasta, nem garante a possibilidade

de sua aplicação aos trabalhadores sem vínculo de emprego. Vejamos.

O artigo 1º esclarece que a Lei regula a participação dos trabalhadores nos

lucros e resultados da empresa, dando um sentido amplo ao conceito de trabalhador,

graças à utilização da designação genérica daqueles que prestam serviços pessoais aos

contratantes. Por outro ângulo, o artigo 2º limita a aplicabilidade da lei, ao prescrever

que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, sempre com

a participação sindical.

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46

Ao se recordar que a Lei nº 8.212/9156 expressamente afasta a PLR da

composição do salário de contribuição, desde que os valores pagos a título de

participação estejam de acordo com a lei específica, verificamos a importância da

correta interpretação das disposições da Lei nº 10.101/00.

A contradição quanto aos sujeitos do direito de recebimento da PLR é tratada

pela Corte Administrativa sobre algumas vertentes. Vejamos.

A 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em julgado que

resultou no acórdão nº 2302-001.28357, explicita, já na ementa da decisão que:

A Lei n°. 10.101/00 não regulamenta o pagamento de PLR para o segurado

na categoria de contribuinte individual58, mas para o segurado empregado,

e desde que o pagamento atenda todas as disposições nela previstas. (sem

grifos no original)

No voto, a conselheira relatora exprime o entendimento adotado pela 2ª Turma

Ordinária:

Portanto, as finalidades da lei são integração entre capital e trabalho e ganho

de produtividade. Deve haver uma negociação entre empresa e empregados,

através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores: clareza e

objetividade das condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a

participação nos lucros ou resultados (direito substantivo). Entre outros,

podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade,

qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela

empresa.

Entretanto, em nenhum momento a lei contempla o pagamento de

participação nos lucros aos contribuintes individuais. Toda a instituição e

regulamentação do pagamento visa o segurado empregado. A Lei n°.

10.101/00 não regulamenta o pagamento de PLR para o segurado na

categoria de contribuinte individual, mas para o segurado empregado, e

desde que o pagamento atenda todas as disposições nela previstas. (sem

grifos no original)

Com o mesmo entendimento, que veda a possibilidade do pagamento de PLR

sem caráter remuneratório aos contribuintes individuais com base na Lei nº 10.101/00,

56 Artigo 28, § 9º, alínea 'j' da Lei de Custeio da Previdência. 57 Proc. 19515.001242/2008-12, julgado em 24 de agosto de 2011, Relatora Liege Lacroix Thomasi. 58 A Lei de Custeio da Previdência Social, em seu artigo 12, inciso V, classifica o trabalhador que presta serviços a empresas sem relação de emprego, ou seja, sem as características de subordinação, ou habitualidade, ou ainda, pessoalidade, dentre eles o trabalhador autônomo, ou administrador, deve ser classificado como segurado contribuinte individual.

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encontramos os acórdãos no 2403­001.38759, 2301-004.36460, 2301-003.66661, 2401-

003.48762, 2401-003.62663 e 2302-002.37364.

Outras decisões expressam interpretação alargada da Lei nº 10.101/00. Nessas,

os julgadores entenderam que, cumpridos os demais requisitos da Lei da PLR, os valores

pagos a título de participação a diretores estatutários ou administradores podem ser

considerados desvinculados da remuneração e, portanto, sobre eles não incidem

contribuições previdenciárias.

Vejamos os argumentos do conselheiro Marcelo Freire de Souza Costa,

acatados pela maioria da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento,

que resultou no acórdão 2403-002.15865:

Discordo da decisão de primeira instância com relação ao fato de que o

pagamento da PLR não pode alcançar os executivos da recorrente. A

caracterização das verbas pagas pelo empregador aos trabalhadores como

distribuição de lucros, nos termos da Lei 10.101/2000, depende da

desvinculação da remuneração e da ausência de habitualidade. Nem a Lei

supra mencionada nem o art. 28, § 9º da Lei 8212/91 fazem ressalva de que

somente os segurados empregados podem ser beneficiados com o

pagamento de PLR.

(...)

Como se pode observar, todos os diplomas legais que regulam a matéria,

garantem aos trabalhadores o direito à participação nos lucros das empresas.

Em nenhum momento há a definição de que trabalhadores são

exclusivamente segurados empregados. Logo, analisando o conceito de

trabalhador com as respectivas normas legais, não se pode afirmar que

diretores, gerentes e executivos não sejam considerados como tal. (sem

grifos no original)

Em sentido oposto às primeiras decisões analisadas, a 3ª Turma Ordinária da

4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento traz nesse acórdão o entendimento da total

aplicação das disposições da Lei da PLR aos demais trabalhadores, e não somente aos

empregados. Representando essa corrente minoritária, encontramos decisões

representadas pelo acórdão nº 2403-002.33666, e a declaração de voto constante do

acórdão nº 2401-003.81167.

59 Processo 15504.012380/2009-78, julgado em 19 de junho de 2012, Relator Ivacir Julio de Souza. 60 Processo 17546.000495/2007-97, julgado em 12 de março de 2015, Relator Wilson A.de Souza Correa 61 Processo 19740.000125/2008-60, Relator Adriano Gonzales Silverio 62 Processo 15504.723743/2011-19, julgado em 15 de abril de 2014, Relator Kleber Ferreira de Araújo. 63 Processo 13864.720081/2011-19. julgado em 12 de agosto de 2014, Relatora Elaine C Monteiro e Silva Vieira. 64 Processo 16832.001177/2009-14, julgado em 12 de março de 2013, Relatora Liege Lacroix Thomasi. 65 Processo 16327.720473/2010-64, julgado em 17 de julho de 2013. 66 Processo 16327.001055/2009-31, publicado em 19 de novembro de 2013, Relator Marcelo Freire de Souza Costa. 67 Processo 35301.011658/2006-31, julgado em 21 de janeiro de 2015, Relator Igor Araújo Soares. Voto declarado pelo Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.

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A extensão do direito à PLR aos contribuintes individuais, como valor

desvinculado da remuneração, tem maior apoio jurisprudencial com base na Lei nº

6.404/76. O conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, no voto condutor da decisão

representada pelo acórdão nº 2402-002.883, assim enfrentou a questão:

A Recorrente sustenta também que a participação estatutária dos diretores

não possui feição remuneratória, devendo ser excluída da base de cálculo das

contribuições previdenciárias.

Como pode se verificar no item 2.3 do relatório fiscal (fl. 38), houve a

distribuição de lucros aos diretores estatutários, haja vista que é uma

sociedade anônima, nos termos da Lei nº 6.404/76.

Cabe pontuar, primeiramente, que a Lei nº 6.404/76 trata os diretores da

mesma forma que os administradores, tal como se verifica em seu art. 145

(...).

Nesse sentido, destaca-se que a participação dos diretores estatutários é

contabilizada em conta do patrimônio líquido, mediante redução do lucro

acumulado, e não paga pela empresa em si (por meio de escrituração em

conta de resultado).

Neste contexto, não há que se falar na aplicação do art. 28 da Lei nº

8.212/91, pois os valores recebidos pelos diretores estatutários não se

inserem na relação jurídica “Empregador x Empregado”, não havendo que

se falar na incidência das contribuições previdenciárias. (sem grifos no

original)

Como se pode perceber, a corrente representada pelo voto transcrito entende

que as disposições da chamada Lei das S.A. se prestam a regulamentar o comando

esculpido no artigo 7º, inciso XI, da Carta Magna, afastando, portanto, a incidência

prevista na Lei nº 8.212/91 sobre os valores pagos a título de PLR em desacordo com a

lei. Tal entendimento, como dito, é reproduzido em várias decisões, como os acórdãos

no 2401-003.8119, 2301-004.3644, 2301-002.49268, 2402-002.70069 e 2803-002.32570.

Por fim, necessário apontar que tal entendimento encontrou oposição em

algumas turmas. A 2ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento afastou o voto do

relator no sentido da aplicação da Lei nº 6.404/76 a pagamento de valor a título de PLR,

por decisão qualificada, com base nos seguintes argumentos, consubstanciados por

meio do voto vencedor, de lavra do conselheiro André Luís Mársico Lombardi:

(...) Deveras, o texto constitucional condiciona a desvinculação da parcela

paga a título de participação nos lucros da remuneração aos termos da lei,

sendo que a participação nos lucros somente veio a ser regulamentada após

68 Processo 11020.002008/2010-79, julgado em 18 de janeiro de 2012, Relator Leonardo Henrique Pires Lopes 69 Processo 10872.000322/2010-23, julgado em 15 de maio de 2012, Relator Nereu Miguel Ribeiro Domingues 70 Processo 10920.000375/2010-21, julgado em 14 de maio de 2013, Relator Natanael Vieira dos Santos

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a Constituição Federal de 1988, não se aplicando, portanto, a lei em destaque

que é de 1976.

Na realidade, a disposição em destaque não regulamentou o artigo 7°, XI, da

CF (que sequer existia), mas apenas estabeleceu uma forma específica de

remuneração dos administradores/diretores. Tal sistemática protege os

acionistas minoritários, na medida em que não permite que os acionistas

majoritários fixem remuneração absolutamente desproporcional aos serviços

prestados. (...)

Tal entendimento pelo afastamento da Lei das S.A. como norma

regulamentadora do pagamento de PLR, também é observado nos acórdãos no 2401-

003.4875 e 2301-003.25471.

9. USO DE AÇÕES PARA PAGAMENTO DA PLR

Como visto, a jurisprudência administrativa federal de segunda instância

caminha no sentido do reconhecimento da imunidade quanto às contribuições

previdenciárias de valores pagos a título de PLR desde que tal pagamento se dê nos

estritos limites da prescrição da Lei nº 10.101/00.

É justamente tal entendimento que embasa o permissivo de pagamento de

valores ajustados a título de participação nos lucros e resultados por meio de ações. O

voto do conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, constante da decisão representada pelo

acórdão nº 2401-003.05572, é representativo:

No nosso entender, o fato da empresa poder interferir no percentual de PLR

que poderia ser convertido em ações não representa unilateralidade, posto

que essa regra foi negociada entre a empresa e seus empregados, conforme

disposição constante dos acordos.

Por outro lado, a lei de regência não veda que o pagamento da PLR seja feito

em ações. De se verificar que os pagamentos em pecúnia ou em ações não

alteram a natureza da verba, qual seja a participação dos trabalhadores nos

lucros ou resultados da empresa. (sem grifos no original)

Não se observou entendimento diverso do transcrito73. Outra conclusão no

mesmo sentido sobre o tema foi proferida no acórdão nº 2401-003.49274, assim

ementado:

71 Processo nº 15504.725349/2011-15, julgado em 22 de janeiro de 2013, Relatora Bernadete de Oliveira Barros. 72 Processo 16327.720469/2010-04, julgado em 18 de junho de 2013. 73 Os acórdãos acima foram os únicos obtidos sobre o tema, num total de 168 acórdãos encontrados, em pesquisa realizada no sítio do Conselho, no dia 06 de janeiro de 2016, com a seguinte busca: "PLR e AÇÕES", para o período de 01/2000 a 01/2016 74 Processo 16327.720468/2010-51, julgado em 15 de abril de 2014, Relatora Elaine C. Monteiro e Silva Vieira

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PAGAMENTO DA PLR EM AÇÕES. POSSIBILIDADE.

Não havendo qualquer restrição na Lei n.º 10.101/2000 quanto à forma de

pagamento da PLR, é possível que parte da verba seja paga em ações, desde

que acordado com os empregados e tal avença conste no acordo de PLR. (sem

grifos no original)

Sobre o tema, foram identificados nesta pesquisa apenas os acórdãos acima

indicados, razão pela qual não foi elaborada tabela.

10. CONCLUSÕES PRELIMINARES DA COORDENAÇÃO DO LIVRO SOBRE A PESQUISA "PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR)”, SUJEITAS, AGORA, AO DEBATE, CONTROLE SOCIAL E VALIDAÇÃO PELOS STAKEHOLDERS DO CARF (CONSELHEIROS, RFB, PGFN, CONTRIBUINTES E ADVOGADOS)

(i) Natureza jurídica da PLR. É majoritário no CARF o entendimento de que a não incidência de contribuições previdenciárias sobre a PLR decorre de imunidade, e não da ausência de natureza remuneratória dos pagamentos. Quanto à imunidade, predomina o entendimento de que a norma constitucional tem eficácia limitada, devendo ser observados os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.101/00 para que não incidam as contribuições previdenciárias.

(ii) Planos anteriores à Lei nº 10.101/00. Foi identificado um único acórdão

sobre o assunto, no qual se entendeu que o plano poderia ser enquadrado na MP nº 794/94 e suas reedições, posteriormente convertida na Lei nº 10.101/00.

(iii) Negociação prévia e participação do sindicato. É majoritário o entendimento de que a realização da negociação durante o período de apuração da PLR, por si só, não confere natureza salarial aos pagamentos. No que tange à participação do sindicato, foram identificados (i) dois acórdãos no sentido de que a ausência do representante sindical não é convalidada por posterior comunicação quanto aos termos negociados; (ii) dois acórdãos afirmando que a ausência do sindicato não invalida a PLR nos casos em que a entidade foi comprovadamente convocada para a reunião, mas não compareceu; e (iii) dois acórdãos dispensando a participação do sindicato na comissão paritária nos casos em que a PLR já estava prevista em convenção coletiva, devendo ser observados os termos desse documento. Também identificamos discussão quanto à possibilidade de o plano ser estendido a empregados de outra base territorial, o que foi majoritariamente admitido pelos conselheiros.

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(iv) Necessidade de o plano abranger todos os empregados. Foram analisados quatro acórdãos sobre essa questão, e nos quais foi adotado o entendimento de que a legislação não obriga o empregador a disponibilizar a PLR a todos os empregados.

(v) Regras claras e objetivas. Sobre esse ponto, prevaleceu, nos acórdãos analisados, o entendimento de que os critérios e condições mencionados pelo § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00 são meramente exemplificativos.

(vi) Documento apartado. Nos quatorze acórdãos analisados sobre esse assunto, prevaleceu o entendimento de que as metas podem ser previstas em documento apartado, desde que sejam levadas ao conhecimento dos beneficiários. Em alguns acórdãos, foi ressaltado que (i) o documento apartado não pode ser elaborado unilateralmente pelo empregador e, ou, (ii) deve ser mencionado no acordo de PLR.

(vii) Tratamento equânime e cálculo da PLR com base em lucros e resultados de outras pessoas jurídicas. Há entendimento majoritário de que a legislação não obriga o empregador a estabelecer metas e pagamentos equânimes aos beneficiários do plano, podendo haver diferenciação conforme o cargo e setor. Quanto à possibilidade de a PLR ser paga com base em lucros e resultados de outras empresas do mesmo grupo econômico, não há consenso na jurisprudência do CARF, tendo sido identificados três acórdãos favoráveis e quatro contrários.

(viii) Metas insuficientes ou inexistentes. Identificamos acórdãos em que o pagamento em valor ou percentual fixo, conforme (a) tempo de serviço, (b) horas trabalhadas ou (c) nível de abstenção e o estabelecimento de valor mínimo foram considerados pelos conselheiros como características que desnaturam a PLR, tornando a verba salarial, sujeita à incidência das contribuições previdenciárias.

(ix) Mecanismos de aferição. Dentre os acórdãos analisados, prevaleceu o entendimento de que a falta de apresentação dos documentos demonstrando a aferição dos pagamentos de PLR permite a tributação desses valores.

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(x) Periodicidade. Nos acórdãos analisados, é majoritário o entendimento de que, na redação original da Lei nº 10.101/00, não pode ser paga PLR mais de uma vez no mesmo semestre. Nos casos em que foi inobservada a regra de periodicidade, foi majoritariamente adotado o entendimento de que não é descaracterizada toda a PLR, devendo ser tributados apenas os pagamentos realizados acima dos limites estabelecidos pela Lei nº 10.101/00.

(xi) Pagamento de PLR quando não foi apurado lucro. Constatou-se haver entendimento majoritário de que a PLR pode ser calculada sobre os resultados, os lucros ou ambos.

(xii) Substituição ou complementação de remuneração. Não há consenso na jurisprudência do CARF quanto à descaracterização da PLR nos casos em que os pagamentos efetuados a tal título são desproporcionais ao salário do empregado.

(xiii) PLR paga a diretores estatuários. Também há divergência na jurisprudência do CARF quanto à incidência de contribuições previdenciárias sobre a PLR paga a diretores não empregados. Foram analisados vinte e seis acórdãos sobre o tema, sendo que em quinze prevaleceu o entendimento de que tais pagamentos estão sujeitos à tributação.

(xiv) PLR paga com ações. Foram identificados apenas dois acórdãos sobre o tema, nos quais admitiu-se o pagamento de PLR pelo empregador com ações da companhia.