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PESQUISA DESENVOLVIDA NO ÂMBITO DO NÚCLEO DE ESTUDOS FISCAIS DA FGV DIREITO SP
Coordenação Geral: Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Daniel Santiago, Eurico M. D. de Santi, Karem Jureidini Dias e Susy G. Hoffmann
REPERTÓRIO ANALÍTICO
DE JURISPRUDÊNCIA DO CARF
(2000 a 2015)
TEMA 14 Participação nos Lucros e Resultados (PLR)
COORDENAÇÃO DO TEMA
Alexandre Naoki Nishioka1 e Breno Ferreira Martins Vasconcelos2
COMISSÃO DOS PESQUISADORES AD HOC
André Luis Mársico Lombardi3, Carlos Henrique de Oliveira4 e Carolina W. Landim5
1 Advogado. Professor Doutor de Direito Tributário da Universidade de São Paulo (USP) - Faculdade de Direito de Ribeirão Preto.
Doutor em Direito Econômico e Financeiro pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Ex-Conselheiro do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda (2a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e 1a.
Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento). 2 Mestre em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. LL.M em Direito Tributário pela Università degli
Studi di Bologna, da Itália. Professor no curso de Especialização em Direito Tributário da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio
Vargas. Ex-Conselheiro Titular da Primeira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Advogado. 3 Mestre e Doutorando em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Professor do
Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da DIREITO SP (GVlaw). Professor Adjunto da Faculdade de Direito da FAAP. Auditor Fiscal
da Receita Federal do Brasil. Conselheiro Titular do CARF. Presidente da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento
do CARF. 4 Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo. Especialista em Direito do
Trabalho e Previdenciário Università di Modena e Reggio Emilia – Itália. Professor da FGV DIREITO SP. Conselheiro da 2ª Seção do
Conselho Administrativo de Recuros Fiscais – CARF. 5 LL.M em Direito Tributário Internacional pelo International Tax Center - Universidade de Leiden, na Holanda. Professora visitante do International Tax Center – Universidade de Leiden. Ex-Conselheira da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Advogada.
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REVISÃO, EDITORAÇÃO, INSERÇÃO DE TABELAS E CONCLUSÕES PRELIMINARES (Versão sujeita à aprovação da Coordenação do Tema/Comissão)
Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Eurico Marcos Diniz de Santi6 e Thais Romero Veiga7
6 Professor. Coordenador do NEF/FGV Direito SP. Autor do livro Kafka, Alienação e Deformidades da Legalidade e Diretor do CCiF -
Centro de Cidadania Fiscal. 7 Advogada. Pós-graduada em Administração de Empresas com foco em Gestão Tributária (MBA – Gestão Tributária) pela FIPECAFI
- Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Graduanda em ciências contábeis na FIPECAFI.
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Sumário
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO DA PESQUISA ................................................................................ 4
2. NATUREZA JURÍDICA DA PLR ..................................................................................................... 4
3. REGRAS APLICÁVEIS AOS PLANOS ANTERIORES À EDIÇÃO DA LEI N.º 10.101/00 .................... 9
4. A PLR DEVE SER OBJETO DE NEGOCIAÇÃO ENTRE A EMPRESA E SEUS EMPREGADOS,
MEDIANTE (I) COMISSÃO PARITÁRIA ESCOLHIDA PELAS PARTES, INTEGRADA, TAMBÉM, POR
UM REPRESENTANTE INDICADO PELO SINDICATO DA RESPECTIVA CATEGORIA E (II)
CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO ........................................................................................... 9
4.1. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA E PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO .................................................... 9
4.2. NECESSIDADE DE O PLANO ABRANGER TODOS OS EMPREGADOS. ................................ 16
4.3. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS .......................................................................................... 17
4.3.1. POSSIBILIDADE DE AS METAS SEREM PREVISTAS EM DOCUMENTO APARTADO ..... 22
4.3.2. POSSIBILIDADE DE A PLR SER CALCULADA COM BASE EM LUCROS OU RESULTADOS
DE OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO E DE FORMA
DIFERENCIADA CONFORME O CARGO OU SETOR ............................................................... 24
4.3.3. SITUAÇÕES EM QUE AS AUTORIDADES FISCAIS CONSIDERARAM AS METAS
INSUFICIENTES OU INEXISTENTES ....................................................................................... 28
4.4. MECANISMOS DE AFERIÇÃO ............................................................................................ 32
5. PERIODICIDADE ....................................................................................................................... 35
6. PAGAMENTO DE PLR INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE LUCROS ............................ 39
7. IMPOSSIBILIDADE DE A PLR SUBSTITUIR OU COMPLEMENTAR A REMUNERAÇÃO DEVIDA AO
EMPREGADO ............................................................................................................................... 40
8. POSSIBILIDADE DE A PLR SER PAGA A ADMINISTRADORES ESTATUTÁRIOS ........................... 42
9. USO DE AÇÕES PARA PAGAMENTO DA PLR ............................................................................ 49
10. CONCLUSÕES PRELIMINARES DA COORDENAÇÃO DO LIVRO SOBRE A PESQUISA
"PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR)”, SUJEITAS, AGORA, AO DEBATE, CONTROLE
SOCIAL E VALIDAÇÃO PELOS STAKEHOLDERS DO CARF (CONSELHEIROS, RFB, PGFN,
CONTRIBUINTES E ADVOGADOS) ................................................................................................ 50
4
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO DA PESQUISA
A Constituição de 1988 elencou em seu art. 7º, inciso XI, entre os “direitos dos trabalhadores urbanos e rurais”, a “participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei”.
Nota-se que o pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (“PLR”) ainda gera grandes discussões no âmbito do direito tributário, mesmo com a edição da Lei n.º 10.101, de 19 de dezembro de 2000, que veio a regular a matéria.
Ainda que o texto constitucional tenha expressamente desvinculado tais valores da remuneração, o que se observa da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é que o Tribunal, em muitos dos casos em que a matéria é posta à sua apreciação, interpreta como remuneração as quantias intituladas como PLR, o que as coloca sob a incidência tributária.
Tais interpretações decorrem do entendimento do CARF de que em muitos casos há um desvirtuamento dos institutos jurídicos (remuneração, salário e PLR), que acarreta uma menor carga tributária. Conforme se verá nos tópicos subsequentes, o tema ainda não foi pacificado pelo Conselho, sendo certo, porém, que a análise da PLR e seu enquadramento jurídico devem partir de uma análise casuística, que passa pela necessária observância dos requisitos elencados pela Lei nº 10.101/00 e pela forma como são pagos os valores, dentre outros.
Nesta pesquisa, que não foi exaustiva, analisamos cento e quarenta e oito acórdãos do CARF sobre o tratamento tributário aplicável à PLR, cujos principais pontos descrevemos a seguir.
2. NATUREZA JURÍDICA DA PLR
Quanto à natureza jurídica da PLR, foram analisados nesta pesquisa cinquenta e nove acórdãos, sendo que em apenas três acórdãos, proferidos pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (“CSRF”) e sob a relatoria do conselheiro Elias Sampaio Freire, foi adotado o entendimento de que os pagamentos efetuados a tal título não têm natureza salarial, por serem eventuais e incertos. Nos demais acórdãos, prevaleceu o entendimento de que as contribuições previdenciárias apenas não incidem sobre a PLR por força de imunidade, conforme se verifica da seguinte tabela:
Critério analisado
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a) Declaração de voto
Natureza jurídica: não
remuneratória ou
imunidade?
9202-00.503 CONSTRUTORA
ANDRADE GUTIERREZ 3-mar-10 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Não remuneratória
9202-001.607 GELRE TRABALHO
TEMPORARIO S/A 10-mai-11 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Não remuneratória
5
9202-002.826 BANCO RURAL S.A. 7-ago-13 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Não remuneratória
9202-003.105
COMPANHIA
BRASILEIRA DE
PETROLEO IPIRANGA
25-mar-14 2ª T CSRF
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A N/A Imunidade
9202-003.258 CONSTRUTORA
QUEIROZ GALVAO S.A. 29-jul-14 2ª T CSRF
Maria Helena Cotta
Cardozo Marcelo Oliveira N/A Imunidade
230101.976 INFOGLOBO
COMUNICAÇÕES S.A. 14-abr-11 3ª C / 1ª TO
Damião Cordeiro de
Moraes Mauro José Silva N/A Imunidade
2301-002.627 CARBONO LORENA LTD
A 12-mar-12 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva
Damião Cordeiro de
Moraes N/A Imunidade
2301003.024 TUPY S.A. 18-set-12 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de
Moraes N/A Imunidade
2301003.439 MARÍTIMA SAÚDE
SEGUROS S.A. 16-abr-13 3ª C / 1ª TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa Mauro José Silva N/A Imunidade
2301-003.478
COMPANHIA DE GAS
DE MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de
Moraes
Damião Cordeiro de
Moraes Imunidade
2301-003.477
COMPANHIA DE GAS
DE MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de
Moraes
Damião Cordeiro de
Moraes Imunidade
2301-003.475
COMPANHIA DE GAS
DE MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de
Moraes
Damião Cordeiro de
Moraes Imunidade
2301-003.474
COMPANHIA DE GAS
DE MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de
Moraes
Damião Cordeiro de
Moraes Imunidade
2301-003.476
COMPANHIA DE GAS
DE MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro de
Moraes
Damião Cordeiro de
Moraes Imunidade
2301003.571
CREDIT SUISSE
HEDGING-GRIFFO
ASSET MANAGEMENT
19-jun-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales
Silvério Mauro José Silva Mauro José Silva Imunidade
2301-003.732 BANCO SANTANDER
(BRASIL) S.A. 18-set-13 3ª C / 1ª TO
Adriano Gonzales
Silverio Mauro Jose Silva N/A Imunidade
2301-003.731 BANCO ABN AMRO
REAL S.A. 18-set-13 3ª C / 1ª TO
Adriano Gonzales
Silvério Mauro José Silva N/A Imunidade
2301-003.733 BANCO SANTANDER 18-set-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales
Silvério Mauro José Silva N/A Imunidade
2301-004.063 BANCO BTG PACTUAL S
.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa N/A N/A Imunidade
2301-004.051 BANCO BTG PACTUAL S
.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa N/A N/A Imunidade
2301004.082 LOJAS AMERICANAS
S.A. 17-jul-14 3ª C / 1ª TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa Mauro José Silva N/A Imunidade
2301004.083 LOJAS AMERICANAS
S.A. 17-jul-14 3ª C / 1ª TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa Mauro José Silva N/A Imunidade
6
2301-004.302 ZIRTAM INDUSTRIAL
LTDA 10-fev-15 3ª C / 1ª TO
Natanael Vieira dos
Santos N/A N/A Imunidade
2302-002.844 ARAINVEST
PARTICIPACOES S.A. 19-nov-13 3ª C / 2ª TO
André Luís Mársico
Lombardi N/A
Leonardo Henrique
Pires Lopes Imunidade
2302-002.874 ITAU VIDA E
PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO
Leonardo Henrique
Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade
2302-002.873 ITAU VIDA E
PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO
Leonardo Henrique
Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade
2302-0002.872 ITAU VIDA E
PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO
Leonardo Henrique
Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade
2302-0002.871 ITAU VIDA E
PREVIDENCIA S.A. 20-nov-13 3ª C / 2ª TO
Leonardo Henrique
Pires Lopes Arlindo da Costa e Silva N/A Imunidade
2302-002.941 RHODIA BRASIL LTDA 22-jan-14 3ª C / 2ª TO André Luís Mársico
Lombardi N/A N/A Imunidade
2401-003.191 SITEL DO BRASIL LTDA 25-mar-14 3ª C / 2ª TO
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e Silva Vieira N/A Imunidade
2401-003.192 SITEL DO BRASIL LTDA 25-mar-14 3ª C / 2ª TO
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e Silva Vieira N/A Imunidade
2401-003.190 SITEL DO BRASIL LTDA 25-mar-14 3ª C / 2ª TO
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e Silva Vieira N/A Imunidade
2302-003.139 GENERAL MOTORS DO
BRASIL LTDA. 13-mai-14 3ª C / 2ª TO Liege Lacroix Thomasi N/A
Juliana Campos de Ca
rvalho Cruz Imunidade
2401-003.112
BTG PACTUAL ASSET
MANAGEMENT S.A.
DISTRIBUIDORA DE
TITULOS E VALORES
MOBILIARIOS
17-jul-13 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e Silva Vieira Imunidade
2401-003.544
BORLEM S.A.
EMPREENDIMENTOS
INDUSTRIAIS
16-jul-14 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
Kleber Ferreira de
Araújo N/A Imunidade
2401-003.626 CERVEJARIAS KAISER
BRASIL S.A. 12-ago-14 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A Kleber Ferreira de
Araújo Imunidade
2401-003.651 BANCO DO ESTADO DE
SERGIPE 13-ago-14 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
Kleber Ferreira de
Araújo N/A Imunidade
2401-002.552 COMPANHIA PAULISTA
DE FORÇA E LUZ 11-jul-12 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
Kleber Ferreira de
Araújo N/A Imunidade
2401-003.604
BANCO DE
INVESTIMENTOS
CREDIT SUISSE (BRASIL)
12-ago-14 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira de
Araújo N/A N/A Imunidade
2401-003.606
BANCO DE
INVESTIMENTOS
CREDIT SUISSE (BRASIL)
12-ago-14 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira de
Araújo N/A N/A Imunidade
2401-002.898 MINAS GOIÁS
TRANSPORTES LTDA. 20-fev-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A N/A Imunidade
7
2401-002.899 MINAS GOIÁS
TRANSPORTES LTDA. 20-fev-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A N/A Imunidade
2401-002.900 MINAS GOIÁS
TRANSPORTES LTDA. 20-fev-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A N/A Imunidade
2401002.957 TELEVISÃO SALVADOR
S.A. 16-abr-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A N/A Imunidade
2401-002.958 TELEVISÃO SALVADOR
S.A. 16-abr-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A N/A Imunidade
2401002.959 TELEVISÃO SALVADOR
S.A. 16-abr-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A N/A Imunidade
2401-003.046 TELEMAR NORTE LESTE
S.A. 18-jul-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
Kleber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de Oliveira Imunidade
2401-003.670 VOTORANTIM METAIS
ZINCO S.A. 9-set-14 4ª C / 1ª TO
Carolina Wanderley
Landim N/A N/A Imunidade
2401-003.801 VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO
Kléber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de Oliveira N/A Imunidade
2401-003.802 VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO
Kléber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de Oliveira N/A Imunidade
2401-003.803 VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO
Kléber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de Oliveira N/A Imunidade
2401-003.811
COMPANHIA
BRASILEIRA DE
PETROLEO IPIRANGA
21-jan-15 4ª C / 1ª TO Igor Araújo Soares N/A Carlos Henrique
Oliveira Imunidade
2401-003.881 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15 4ª C / 1ª TO
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
Kleber Ferreira de
Araújo N/A Imunidade
2401-003.882 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15 4ª C / 1ª TO
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
Kleber Ferreira de
Araújo N/A Imunidade
2403002.202 ITAÚ SEGUROS S/A 13-ago-13 4ª C / 3ª TO Carlos Alberto Mees
Stringari
Marcelo Freitas de
Souza Costa N/A Imunidade
2803004.084
LEOGAP INDÚSTRIA E
COMÉRCIO DE
MÁQUINAS
11-fev-15 3ª TE Eduardo de Oliveira N/A N/A Imunidade
2803-002.317
TRANSMERIDIANO
TRANSPORTES
RODOVIARIS LTDA
11-fev-15 3ª TE Natanael Vieira dos
Santos N/A N/A Imunidade
2803002.940
TRANSMERIDIANO
TRANSPORTES
RODOVIARIS LTDA
22-jan-14 3ª TE Natanael Vieira dos
Santos N/A N/A Imunidade
Conforme visto acima, a leitura do acórdão nº 9202-00.503 (sessão de 03/03/2010) e do acórdão nº 9202-01.607 (sessão de 10/05/2011), ambos da Câmara Superior de Recursos Fiscais (“CSRF”) e relatados pelo conselheiro Elias Sampaio Freire,
8
demonstra o entendimento de que a PLR “não se insere no conceito de salário tampouco de ganhos habituais, eis que verba eventual e incerta”.
O entendimento do relator, consoante se infere do voto, baseou-se na redação do art. 7º, XI, da Constituição, que, “ao dispor sobre os direitos fundamentais sociais do trabalhador”, assegura a “participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração”. Em seu voto, o relator transcreve as lições dos doutrinadores Adalberto Martins e Hélio Augusto Pedroso Cavalcanti afirmando que a Constituição “não se limitou a incluir a participação nos lucros no rol de direitos dos empregados. Houve, também, a preocupação no sentido de que a participação nos lucros ficasse desvinculada da remuneração do empregado”.
De forma diversa, no acórdão nº 2401-003.651, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento entendeu que é o eventual cumprimento dos requisitos estatuídos pela Lei nº 10.101/00 que distinguiria os valores recebidos a título de PLR do salário e afastaria a incidência das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, a conselheira relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira salientou, em seu voto vencido, que o contribuinte, “ao pagar PLR em desconformidade com a lei, (...), passam os valores distribuídos a compor o conceito de salário de contribuição”.
A conclusão a que chegou a conselheira relatora partiu da premissa de ser o art. 7º, XI, da Constituição, uma norma de eficácia limitada. Diante disso, e tendo em vista o art. 28, § 9º, “j”, da Lei nº 8.212/91, o qual estabelece que não integrará o salário de contribuição “a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica”, bem como pela superveniente edição da Medida Provisória n.º 794/94 e suas reedições, até a posterior conversão na Lei nº 10.101/00, a conselheira relatora entendeu que os pagamentos realizados sob forma de PLR devem estar em consonância com o que determina esta lei, sob pena de terem natureza salarial e sofrerem a incidência das contribuições previdenciárias. Ressalte-se que o voto vencedor, de lavra do conselheiro redator designado Kleber Ferreira de Araújo, divergiu quanto ao cumprimento, pelo contribuinte, dos requisitos legais, dando parcial provimento ao Recurso Voluntário. De forma semelhante foi decidido no acórdão nº 2401-003.487, do mesmo colegiado.
Recentemente, o acórdão nº 2401-003.811 (sessão de 21/01/2015) analisou recurso voluntário do contribuinte que defendia a auto aplicabilidade do inciso XI do art. 7º da Constituição. O voto condutor, elaborado pelo conselheiro relator Igor Araújo Soares, decidiu de forma contrária ao pleito do contribuinte, ao sustentar que o dispositivo constitucional, “apesar de insculpir verdadeira imunidade, fez clara alusão à necessidade de promulgação de norma infraconstitucional que regulamente e integre o pagamento da participação nos lucros e resultados, para que então venha a ser desvinculada do salário”. Em declaração de voto, o conselheiro Carlos Henrique Oliveira consigna que “a verba paga a título de PLR não integrará a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias se tal verba for paga com total e integral respeito à Lei nº 10.101, de 2000”.
Nesse mesmo sentido, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por meio do acórdão nº 2301-004.302, em voto condutor de relatoria do conselheiro Natanael Vieira dos Santos, concluiu que o dispositivo constitucional não tem aplicabilidade imediata, sendo que “a não incidência da contribuição social
9
previdenciária está adstrita aos pagamentos realizados a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, pressupondo a observância da legislação especial, in casu, Lei nº 10.101/2000”.
3. REGRAS APLICÁVEIS AOS PLANOS ANTERIORES À EDIÇÃO DA LEI N.º 10.101/00
Consoante se observa no acórdão nº 2403-002.979, da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, proferido em sessão de julgamentos ocorrida em 11/03/2015, o tribunal administrativo, ao julgar a exigibilidade de contribuições sociais previdenciárias incidentes sobre Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) referente a período de apuração compreendido entre 01/03/1999 a 30/04/2004, verificou que o Acordo de Participação nos Lucros e Resultados havia sido firmado anteriormente à vigência da Lei n.º 10.101/00. Para estes casos, o posicionamento adotado no voto condutor, elaborado pelo conselheiro relator Marcelo Magalhães Peixoto, é o de que tais acordos “encontram-se devidamente abarcados pela Medida Provisória 794/94 e suas posteriores reedições, que estabelece os mesmos critérios da lei previamente citada”.
Esse foi o único acórdão sobre a matéria identificado na presente pesquisa, razão pela qual não foi elaborada tabela.
4. A PLR DEVE SER OBJETO DE NEGOCIAÇÃO ENTRE A EMPRESA E SEUS EMPREGADOS, MEDIANTE (I) COMISSÃO PARITÁRIA ESCOLHIDA PELAS PARTES, INTEGRADA, TAMBÉM, POR UM REPRESENTANTE INDICADO PELO SINDICATO DA RESPECTIVA CATEGORIA E (II) CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO 4.1. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA E PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO
Sobre esse assunto, analisamos quarenta e seis acórdãos, cujos principais pontos
foram destacados na tabela abaixo, a saber: (i) o momento da realização da negociação foi analisado em trinta e seis acórdãos, sendo que na maior parte dos casos (trinta decisões) prevaleceu o entendimento de que a negociação pode ocorrer durante o período de apuração da PLR; (ii) em dois acórdãos foi decidido que não pode ser desconsiderado o plano de PLR nos casos em que o sindicato foi regularmente convidado, mas não compareceu à reunião de negociação; (iii) em outros dois acórdãos entendeu-se que a previsão da PLR em convenção coletiva dispensa a participação do sindicato na reunião para negociação do plano; (iv) em seis acórdãos foi analisada a possibilidade de o plano ser estendido a empregados de territorialidade não abrangida pelo sindicato que participou da negociação, sendo majoritário (cinco acórdãos, sendo três da CSRF) o entendimento de que é possível a extensão dos efeitos; e (v) em dois acórdãos foi consignado o entendimento de que o envio de comunicação ao sindicato após a negociação não convalida a ausência da entidade:
10
Critérios analisados
Acórdão
nº Contribuinte
Data da
Sessão
Câmara
/ Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração
de voto
Negociação
deve ocorrer
antes do
período de
apuração?
Ausência do
sindicato
após convite
invalida o
plano?
Previsão da
PLR em
convenção
coletiva
dispensa
participação
do sindicato
na
negociação?
Plano
pode ser
estendido
a
empregad
os de
outra base
territorial
?
Envio de
comunicaçã
o ao
sindicato
após a
negociação
convalida?
9202-
00.503
CONSTRUTO
RA ANDRADE
GUTIERREZ
9-mar-10 2ª T
CSRF
Elias
Sampaio
Freire
N/A N/A N/A N/A N/A Sim N/A
9202-
001.246
BRASIL
TELECOM 7-fev-11
2ª T
CSRF
Gonçalo
Bonet
Allage
Marcelo
Oliveira N/A Não N/A N/A Sim N/A
9202-
02.079
SYNGENTA
PROTECAO
DE CULTIVOS
LTDA
22-mar-12 2ª T
CSRF
Elias
Sampaio
Freire
N/A N/A N/A N/A N/A Sim N/A
9202-
002.484
ALMAP
BBDO
PUBLICIDADE
E
COMUNICAÇ
ÕES
29-jan-13 2ª T
CSRF
Luiz
Eduardo de
Oliveira
Santos
Manoel
Coelho
Arruda Junior
N/A Não N/A N/A N/A N/A
9202-
003.192
GOODYEAR DO
BRASIL
PRODUTOS DE
BORRACHA
6-mai-14 2ª T
CSRF
Gustavo Lian
Haddad N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2301-
01.976
INFOGLOBO
COMUNICAÇÕ
ES S.A.
14-abr-11 3ª C / 1ª
TO
Damião Cord
eiro de
Moraes
Mauro José
Silva N/A Não N/A N/A N/A N/A
2301-
002.588
BANCO J. P.
MORGAN S.A. 8-fev-12
3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Adriano
Gonzales
Silvério
N/A N/A N/A Sim N/A N/A
2301-
002.627
CARBONO LOR
ENA LTDA 12-mar-12
3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião
Cordeiro de
Moraes
N/A Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.333
RECAU
SERVICOS DE
PNEUS LTDA
21-fev-13 3ª C / 1ª
TO
Damião Cord
eiro de
Moraes
Mauro José
Silva N/A N/A N/A N/A N/A Não
2301-
003.422
HUNTER
DOUGLAS
BRASIL
14-mar-13 3ª C / 1ª
TO
Damião Cord
eiro de
Moraes
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.478
COMPANHIA
DE GAS DE
MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião Cord
eiro de
Moraes
Não N/A N/A N/A N/A
11
2301-
003.477
COMPANHIA
DE GAS DE
MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião Cord
eiro de
Moraes
Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.475
COMPANHIA
DE GAS DE
MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião Cord
eiro de
Moraes
Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.474
COMPANHIA
DE GAS DE
MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião Cord
eiro de
Moraes
Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.476
COMPANHIA
DE GAS DE
MINAS GERAIS
GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião Cord
eiro de
Moraes
Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.572
CREDIT SUISSE
HEDGING-
GRIFFO
WEALTH
MANAGEMEN
T S.A.
19-jun-13 3ª C / 1ª
TO
Adriano Gon
zales Silvério
Mauro José
Silva
Mauro José
Silva Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.571
CREDIT SUISSE
HEDGING-
GRIFFO ASSET
MANAGEMEN
T
19-jun-13 3ª C / 1ª
TO
Marcelo
Oliveira N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2301-
003.640
FRINAL S.A -
FRIG E
INTEGRACAO
AVICOLA
17-jul-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião
Cordeiro de
Moraes
N/A N/A N/A N/A Sim N/A
2301-
003.731
BANCO ABN
AMRO REAL
S.A.
18-set-13 3ª C / 1ª
TO
Adriano Gon
zales Silvério
Mauro José
Silva N/A N/A N/A N/A N/A Não
2301-
003.755
BV
FINANCEIRA
SA CREDITO
FINANCIAMEN
TO E
INVESTIMENT
O
15-out-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Marcelo
Oliveira N/A Não N/A N/A N/A N/A
2301-
004.315
BANCO SANTA
NDER (BRASIL)
S.A.
11-fev-15 3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
Cleberson Alex
Friess N/A N/A N/A Sim N/A N/A
2301-
003.957
CREDIT SUISSE
HEDGING-
GRIFFO ASSET
MANAGEMEN
T
19-mar-14 3ª C / 1ª
TO
Adriano Gon
zales Silvério
Marcelo
Oliveira N/A Não N/A N/A N/A N/A
2302-
002.874
ITAU VIDA E
PREVIDENCIA
S.A.
20-nov-13 3ª C /
2ª TO
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
Arlindo da
Costa e Silva N/A Não N/A N/A N/A N/A
12
2302-
003.139
GENERAL
MOTORS DO
BRASIL LTDA.
13-mai-14 3ª C / 2ª
TO
Liege Lacroix
Thomasi N/A
Juliana Cam
pos de Carv
alho Cruz
N/A N/A N/A Não N/A
2302-
003.181
CEMIG
DISTRIBUIÇÃO 14-mai-14
3ª C / 2ª
TO
Juliana
Campos de
Carvalho
Cruz
Arlindo da
Costa e Silva e
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A Não N/A N/A N/A N/A
2302-
003.182
CEMIG
DISTRIBUIÇÃO 14-mai-14
3ª C / 2ª
TO
Juliana
Campos de
Carvalho
Cruz
Arlindo da
Costa e Silva e
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A Não N/A N/A N/A N/A
2302-
003.266
BANCO
RABOBANK
INTERNATION
AL BRASIL
18-jul-14 3ª C / 2ª
TO
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2302-
003.550
SOCIEDADE
MICHELIN DE
PARTICIPACOE
S INDUST E
COMERCIO
4-fev-15 3ª C / 2ª
TO
Arlindo da
Costa e Silva
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A N/A Não N/A N/A N/A
2401-
02.251
ITAÚ
UNIBANCO 20-jan-12
4ª C / 1ª
TO
Kleber
Ferreira de
Araújo
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2401-
003.492
DEUTSCHE
BANK S.A.
BANCO
ALEMÃO
15-abr-14 4ª C /
1ª TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2401-
003.604
BANCO DE
INVESTIMENT
OS CREDIT
SUISSE
(BRASIL)
12-ago-14 4ª C / 1ª
TO
Kléber
Ferreira de
Araújo
N/A N/A Sim N/A N/A N/A N/A
2401-
003.606
BANCO DE
INVESTIMENT
OS CREDIT
SUISSE
(BRASIL)
12-ago-14 4ª C / 1ª
TO
Kléber
Ferreira de
Araújo
N/A N/A Sim N/A N/A N/A N/A
2401-
003.046
TELEMAR
NORTE LESTE
S.A.
18-jul-13 4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
Kleber Ferreira
de Araújo
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Sim N/A N/A N/A N/A
2401-
003.670
VOTORANTIM
METAIS ZINCO
S.A.
9-set-14 4ª C / 1ª
TO
Carolina
Wanderley
Landim
N/A N/A N/A Não N/A N/A N/A
2401-
003.626
CERVEJARIAS K
AISER BRASIL 12-ago-14
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A
Kleber Ferrei
ra de Araúj
o
Sim N/A N/A N/A N/A
2401-
003.895
GENERAL MOT
ORS DO BRASIL
LTDA.
12-fev-15 4ª C / 1ª
TO
Kleber
Ferreira de
Araújo
N/A N/A
Sim, mas
pode ser
paga
antecipação
N/A N/A Sim N/A
13
antes da
negociação
2401-
003.487
COMPANHIA
ENERGETICA
DE MINAS
GERAIS-CEMIG
30-abr-15 4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
Kleber Ferreira
de Araújo
Carolina Wa
nderley
Landim
Sim N/A N/A N/A N/A
2402-
003.469
UTINGAS
ARMAZENADO
RA
13-mar-13 4ª C / 2ª
TO
Thiago
Taborda
Simões
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2402-
003.470
UTINGAS
ARMAZENADO
RA
13-mar-13 4ª C / 2ª
TO
Thiago
Taborda
Simões
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2402-
003.471
UTINGAS
ARMAZENADO
RA
13-mar-13 4ª C / 2ª
TO
Thiago
Taborda
Simões
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2403-
002.115
AJINOMOTO
DO BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-13 4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2403-
002.114
AJINOMOTO
DO BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-13 4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2403-
002.117
AJINOMOTO
DO BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-13 4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2403-
002.116
AJINOMOTO
DO BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-13 4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A Não N/A N/A N/A N/A
2403-
002.202
ITAÚ SEGUROS
S/A 13-ago-13
4ª C / 3ª
TO
Carlos Albert
o Mees
Stringari
Marcelo Freita
s de Souza
Costa
N/A
Não, desde
que seja
anterior ao
pagamento
N/A N/A N/A N/A
2803-
004.207
UNIVERSO
ONLINE 12-mar-15 3ª TE
Eduardo de
Oliveira N/A
Ricardo
Magaldi
Messetti
Não N/A N/A N/A N/A
O artigo 2° da Lei n° 10.101/00 estabelece que a PLR deve ser “objeto de negociação entre a empresa e seus empregados” por meio de comissão paritária, convenção ou acordo coletivo.
Na hipótese de negociação e celebração do acordo de PLR por comissão paritária, o dispositivo legal determina que esta seja integrada por representante do sindicato da respectiva categoria.
Sucede que, por vezes, esta participação sindical não ocorre durante todo o
procedimento de negociação e formalização, mas apenas em parte dele, seja por falta
de comunicação pela comissão ou pela empresa, seja por ausência deliberada da
representação sindical que, embora convocada, não comparece.
14
No acórdão nº 2301-003.333, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de
Julgamento afirmou que “um ato unilateral da empresa, impondo aos empregados
determinadas condições para o recebimento de uma verba” não atende aos requisitos
legais estabelecidos na Lei n° 10.101/00, ainda que as condições sejam
comunicadas ao sindicato por meio de ofício. Considerou-se que a mera comunicação
ao sindicato não substitui a exigência legal de que o plano “seja instituído por comissão
escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo
sindicato da respectiva categoria ou convenção ou acordo coletivo”. Assim, ainda que o
ofício “estabeleça regras aos empregados, como condição para obtenção do benefício,
a empresa não demonstra qualquer participação dos empregados ou do sindicato da
categoria na elaboração de tais normas”, motivo pelo qual o relator concluiu pela
ausência de um acordo bilateral.
O CARF também analisou situação em que o acordo por comissão paritária foi
celebrado sem a participação sindical, mas havia convenção coletiva aplicável à
categoria. Tal situação foi objeto do acórdão nº 2301-002.588, também da 1ª Turma
Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, a qual, por maioria de votos,
entendeu que remanescem aplicáveis as condições da convenção coletiva, de sorte que
foram excluídos “da base de cálculo do lançamento os valores que não excederam a
previsão constante em convenção coletiva”.
Outro caso de relevo refere-se à ausência de participação sindical na comissão
paritária, a despeito de sua solicitação. No acórdão nº 2302-003.550, a 2ª Turma
Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento decidiu, por maioria de votos, que,
se a ausência de representante do sindicato ocorre ainda que tenha havido comunicação
formal da realização das reuniões (local, data e horário), na qual se solicita a presença
de um representante do sindicato, “constando em atas de reunião que o sindicato foi
informado, mas não confirmou presença e nem tampouco justificou a ausência”, não se
pode prejudicar empregados e empresa. No caso, afastou-se a exigência do
procedimento previsto no art. 616 da CLT, pois se refere à “recusa à negociação coletiva
para fins de celebração de acordo ou convenção coletiva, não havendo previsão legal de
tal exigência procedimental na hipótese de celebração de acordo de PLR por comissão
paritária”8.
Houve julgamento pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de
Julgamento - acórdão nº 2401-002.752 - em que se afirmou que “o fato de referido
programa ter sido arquivado e/ou homologado pelo Sindicato em comissão paritária não
supre o requisito legal da participação sindical durante as tratativas”, ate porque “o
arquivamento se apresenta como outro pressuposto legal” (§ 2° do artigo 2°, da Lei n°
10.101/00). Assim, “alem de a contribuinte não fazer prova da alegada homologação
por parte do Sindicato, ainda que o fizesse, não seria capaz de afastar a exigência da
participação do representante do Sindicato na respectiva Comissão”.
8 No mesmo sentido, o acordão nº 2401-003.670.
15
Na linha do quanto afirmado no acórdão supra referido, o §2º do art. 2° da Lei n°
10.101/00 determina que “o instrumento de acordo celebrado será arquivado na
entidade sindical dos trabalhadores”. Relativamente a essa exigência legal, o CARF, por
sua 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento - acórdão nº 2401-
00.916 -, manifestou-se no sentido de que o arquivamento na entidade sindical “é um
imperativo legal, e não apenas uma mera formalidade”.
O mesmo colegiado, no acórdão nº 2401-003.101, por voto de qualidade,
assentou o entendimento de que a assinatura do respectivo sindicato nos acordos
realizados com as comissões paritárias é requisito legal, assim como o seu arquivamento
na entidade sindical. No julgamento, a Turma decidiu ainda que “não há que se falar em
metas estipuladas se o acordo foi firmado em data posterior ao término do exercício”.
Ademais, para determinados estabelecimentos da empresa, a PLR foi estipulada
em comissão sem que se tenha considerado como comprovada a participação de
representante da entidade sindical; e em outros estabelecimentos, a PLR foi
estabelecida por acordo coletivo celebrado após o exercício a que se refere. Também
foi pontuada a inexistência de detalhamento do programa. Os Conselheiros Igor Araújo
Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira,
vencidos, entenderam que “os acordos firmados antes do pagamento das parcelas,
mesmo que após o período de apuração a que se referem, não descaracterizam a PLR”.
No acórdão nº 2301-003.477, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de
Julgamento do CARF decidiu que ”os instrumentos de acordo (entre as partes ou
coletivo) (...) devem estar assinados e arquivados na entidade sindical até o último dia
do semestre anterior ao encerramento do período a que se refiram os lucros ou
resultados”. No entanto, abriu-se a possibilidade de que o prazo limite para a assinatura
e arquivamento do instrumento de acordo passe para o “último dia do trimestre
anterior ao encerramento do período a que se refiram os lucros ou resultados”, se a
empresa comprovar ”que as negociações estavam em curso e que os empregados
tinham amplo conhecimento de sua proposta quanto aos lucros ou resultados a serem
atingidos”.
O conselheiro relator Mauro Jose Silva considerou que, “diante da ausência de
expressa determinação legal e da necessidade de o intérprete garantir o atingimento
das finalidades da norma imunizadora e de sua respectiva regulação”, seria preciso
estabelecer prazos que passassem “pelo teste da razoabilidade” e aqueles referidos
acima atenderiam a este requisito ao assegurarem "os três primeiros meses do ano –
normalmente um período difícil – para que as partes se reúnam, os interessados tenham
três meses para iniciar e avançar nas negociações e três meses adicionais para sua total
conclusão". Entendeu que “exigir a assinatura do acordo antes de iniciado o período
atenderia apenas a uma das finalidades da norma regulamentadora – combater a
fraude, mas acabaria por criar um significativo obstáculo para a concessão da PLR”9.
9 No mesmo sentido: 2301-002.627 e 2301-003.245.
16
Consignou-se ainda a necessidade de “participação da entidade sindical
legalmente autorizada a representar aquele conjunto de trabalhadores”, de sorte que o
acordo ”celebrado para um estabelecimento não pode justificar o pagamento de PLR
para outro estabelecimento fora da competência territorial da entidade sindical que
participou das negociações”.
Quanto à representação sindical, a CSRF decidiu, por maioria de votos, nos
acórdãos no 9202-00.503 e 9202-02.079 que “o enquadramento sindical deve levar em
consideração a base territorial do local da prestação dos serviços”, mas ponderou que
“esta regra deve ser ressalvada quando se tornar necessária a observância dos princípios
constitucionais que prescrevem a irredutibilidade de salários e do direito adquirido e,
ainda, na hipótese de transferência temporária do empregado”. Tal compreensão
funda-se no entendimento do Ministério do Trabalho, sintetizado na Ementa nº 12,
aprovada pela Portaria nº 1, de 22 de março de 2002, publicada no Diário Oficial da
União de 25 de março de 200210.
Voltando à questão relativa ao prazo para assinatura do acordo, temos diversos
posicionamentos no âmbito do CARF. Analisando as decisões a partir de 2010, verifica-
se que já se decidiu pela (i) necessidade de assinatura antes do início do exercício
relativo ao cumprimento das metas11; (ii) possibilidade de assinatura no exercício
seguinte ao cumprimento das metas, em razão de a Lei n° 10.101/00 não trazer “limite
temporal para a celebração dos acordos”12 e, consequentemente, pela impossibilidade
de assinatura no exercício seguinte em razão de não haver incentivo à produtividade13,
com precedente da CSRF14; (iii) possibilidade de assinatura até período em que possa
vislumbrar um incentivo à produtividade, mas não necessariamente até o fim do período
a que se refere15; e (iv) possibilidade até antes do pagamento da PLR16, havendo também
precedente da CSRF nesse sentido.17
4.2. NECESSIDADE DE O PLANO ABRANGER TODOS OS EMPREGADOS.
Quanto à necessidade de o plano abranger todos os empregados, nos acórdãos
nº 9202-01.607, 9202-00.503 e 9202.002.079, a CSRF assentou a compreensão de que
não há exigência legal “no sentido de que as parcelas pagas a título de participação de
10 No mesmo sentido decisão da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF: Acórdão 2401-003.895. 11 2401-003.487 12 Acórdão 2803-00.254; 2301-003.422; e 2301-003.572. 13 Acórdão 2301-003.957. 14 Acórdão 9202-001.246. 15 Acórdãos 2302-003.266; 2302-003.182; 2302-003.181; 2401-002.251; 2401-003.492; 2803-004.207; 2302-002.874. Cada decisão com um argumento particular quanto à identificação do "prazo". 16 Acórdão 2402.00.508. 17 Acórdão 9202-002.484.
17
lucros ou resultados” sejam “extensivas a todos os empregados da empresa para que
houvesse a não incidência de contribuição previdenciária”.
Conforme a breve tabela abaixo, foram identificados nesta pesquisa quatro
acórdãos sobre o tema, tendo prevalecido, em todos, o entendimento de que a
legislação não obriga o empregador a incluir todos os empregados no plano de PLR:
Critério analisado
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração de
voto
PLR deve ser
disponibilizada a
todos?
9202-001.607 GELRE TRABALHO
TEMPORARIO S/A
10-mai-
11 2ª T CSRF
Elias Sampaio
Freire N/A N/A Não
9202-00.503 CONSTRUTORA
ANDRADE GUTIERREZ 9-mar-10 2ª T CSRF
Elias Sampaio
Freire N/A N/A Não
9202.002.079 SYNGENTA PROTECAO
DE CULTIVOS
22-mar-
12 2ª T CSRF
Elias Sampaio
Freire N/A N/A Não
230101.976 INFOGLOBO
COMUNICAÇÕES S.A.
14-abr-
11
3ª C / 1ª
TO
Damião Cordeiro
de Moraes Mauro José Silva N/A Não
4.3. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS
A alegada ausência de regras claras e objetivas nos programas de PLR tem sido
uma das mais recorrentes motivações para que as autoridades fiscais caracterizem os
pagamentos efetuados a tal título como salário de contribuição, afastando a imunidade
prevista no artigo 7º, XI, da Constituição Federal e regulamentada pela Lei nº 10.101/00,
sujeitando a verba à tributação.
A exigência de regras claras e objetivas pode ser extraída do § 1º do art. 2º da
Lei nº 10.101/00, nos seguintes termos:
§1º. Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras
claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e
das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações
pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição,
período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser
considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições:
I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;
II - programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.
A despeito da simplicidade da norma acima, surgem dificuldades quanto à
interpretação das autoridades fiscais e dos órgãos julgadores acerca da presença ou não
das ditas regras claras e objetivas nos programas de PLR objeto de fiscalização. O
primeiro questionamento que se faz diz respeito ao que se deve entender por regras
claras e objetivas e se há necessidade de utilização dos critérios e condições elencados
18
nos incisos I e II acima transcritos para que sejam atingidos os parâmetros legais de
clareza e objetividade.
Conforme a tabela a seguir, elaborada com base nos trinta e seis acórdãos
identificados nesta pesquisa sobre o assunto, é majoritário no CARF o entendimento de
que os critérios e condições mencionados pelo § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00 são
meramente exemplificativos:
Critério analisado
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração de
voto
Critérios previstos no art. 2º,
§1º da Lei 10.101 são
exemplificativos ou taxativos?
9202-002.826 BANCO RURAL S.A. 25-mar-14 2ª T CSRF Elias Sampaio Freire N/A N/A Exemplificativos
9202-003.105
COMPANHIA
BRASILEIRA DE
PETROLEO
IPIRANGA
29-jul-14 2ª T CSRF
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A N/A Exemplificativos
9202.003.258 CONSTRUTORA
QUEIROZ GALVAO 18-set-13 2ª T CSRF
Maria Helena Cotta
Cardozo Marcelo Oliveira N/A Exemplificativos
2301-003.732
BANCO
SANTANDER
(BRASIL) S.A.
11-set-14 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales
Silverio Mauro Jose Silva N/A Exemplificativos
2302-003.394 FDS ENGENHARIA
DE OLEO E GAS S/A 4-dez-14 3ª C / 2ª TO
André Luís Mársico
Lombardi N/A N/A Exemplificativos
2401-003.801 VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO
Kléber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A Exemplificativos
2401-003.802 VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14 4ª C / 1ª TO
Kléber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A Exemplificativos
2401-003.803 VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 7-out-14 4ª C / 1ª TO
Kléber Ferreira de
Araújo
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A Exemplificativos
2402-004.323
UNIBANCO
CORRETORA DE
VALORES
MOBILIARIOS E
CAMBIO S.A.
4-nov-14 4ª C / 2ª TO Thiago Taborda
Simões N/A N/A Exemplificativos
2403-002.785 BANCO DO ESTADO
DE SERGIPE S/A 11-fev-15 4ª C / 3ª TO
Marcelo Magalhães
Peixoto N/A N/A Exemplificativos
2301-004.320
AYMORÉ CRÉDITO
FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO
17-jul-13 3ª C / 1ª TO Wilson Antônio de
Souza Corrêa
Cleberson Alex
Friess N/A Taxativos
2301-003.640
FRINAL S.A - FRIG E
INTEGRACAO
AVICOLA
18-set-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro
de Moraes N/A Exemplificativos
2301-003.731 BANCO ABN AMRO
REAL S.A. 11-fev-15 3ª C / 1ª TO
Adriano Gonzales
Silvério Mauro José Silva N/A Exemplificativos
19
2301-004.315 BANCO SANTANDE
R 18-set-13 3ª C / 1ª TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa
Cleberson Alex
Friess N/A Exemplificativos
2301-003.733 BANCO SANTANDE
R 15-out-13 3ª C / 1ª TO
Adriano Gonzales
Silvério Mauro José Silva Mauro José Silva Exemplificativos
2301-003.755
BV FINANCEIRA SA
CREDITO
FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO
19-jun-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Marcelo Oliveira Mauro José Silva Exemplificativos
2301003.571
CREDIT SUISSE
HEDGING-GRIFFO
ASSET
MANAGEMENT
19-jun-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales
Silvério Mauro José Silva
Damião Cordeiro
de Moraes Exemplificativos
2301003.571
CREDIT SUISSE
HEDGING-GRIFFO
ASSET
MANAGEMENT
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Adriano Gonzales
Silvério Mauro José Silva
Damião Cordeiro
de Moraes Exemplificativos
2301-003.478
COMPANHIA DE
GAS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro
de Moraes
Damião Cordeiro
de Moraes Exemplificativos
2301-003.477
COMPANHIA DE
GAS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro
de Moraes
Damião Cordeiro
de Moraes Exemplificativos
2301-003.475
COMPANHIA DE
GAS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro
de Moraes
Damião Cordeiro
de Moraes Exemplificativos
2301-003.474
COMPANHIA DE
GAS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro
de Moraes N/A Exemplificativos
2301-003.476
COMPANHIA DE
GAS DE MINAS
GERAIS GASMIG
9-set-14 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Damião Cordeiro
de Moraes
Juliana Campos de
Carvalho Cruz Exemplificativos
2301-004.129 ROBERT BOSCH
LIMITADA 18-jun-13 3ª C / 1ª TO Mauro José Silva Marcelo Oliveira
Juliana Campos de
Carvalho Cruz Exemplificativos
2302002.526 BANCO MERCANTIL
DO BRASIL S.A. 18-jun-13 3ª C / 2ª TO
Liege Lacroix Thomas
i
André Luís Mársic
o Lombardi N/A Exemplificativos
2302002.527 BANCO MERCANTIL
DO BRASIL S.A. 19-fev-14 3ª C / 2ª TO
Liege Lacroix Thomas
i
André Luís Mársic
o Lombardi N/A Exemplificativos
2401-003.401 CONSTRUTORA
QUEIROZ GALVÃO 17-jul-13 4ª C / 1ª TO
Kleber Ferreira de
Araújo
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A Exemplificativos
2401-003.117 IRMAOS AYRES S/A
CONST IND E COM 13-mar-13 4ª C / 1ª TO
Carolina Wanderley
Landim N/A N/A Exemplificativos
2402-003.469 UTINGAS
ARMAZENADORA 15-mai-13 4ª C / 2ª TO
Thiago Taborda
Simões N/A N/A Exemplificativos
2403-002.169
CIA DE FIACAO E
TECIDOS CEDRO E
CACHOEIRA
23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício
Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos
2403-001.828
HAY DO BRASIL
CONSULTORES
LTDA
23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício
Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos
20
2403-001.829
HAY DO BRASIL
CONSULTORES
LTDA
23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício
Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos
2403-001.830
HAY DO BRASIL
CONSULTORES
LTDA
23-jan-13 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício
Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos
2403-001.831
HAY DO BRASIL
CONSULTORES
LTDA
11-fev-15 4ª C / 3ª TO Paulo Maurício
Pinheiro Monteiro N/A N/A Exemplificativos
2803-002.317
TRANSMERIDIANO
TRANSPORTES
RODOVIARIS LTDA
22-jan-14 3ª TE Natanael Vieira dos
Santos N/A N/A Exemplificativos
2803002.940
TRANSMERIDIANO
TRANSPORTES
RODOVIARIS LTDA
25-mar-14 3ª TE Natanael Vieira dos
Santos N/A N/A Exemplificativos
A 2ª Turma da CSRF, em votos de lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire18,
firmou o entendimento de que: “não há regras detalhadas na lei sobre os criterios e as
características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as
comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições
para a participação do trabalhador nos lucros ou resultados. A intenção do legislador foi
impedir que critérios ou condições subjetivas obstassem a participação dos
trabalhadores nos lucros ou resultados”.
Partindo do raciocínio acima, a CSRF concluiu que os critérios previstos nos
incisos I e II do § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00 são meramente exemplificativos e
podem ou não ser utilizados nos programas de PLR. A objetividade e a clareza exigidas
pelo legislador visam impedir ou, ao menos, dificultar que as regras previstas no acordo
não sejam observadas.
O entendimento da CSRF de que os critérios previstos nos incisos I e II não são
taxativos, mas meramente exemplificativos, foi ratificado pelas Câmaras baixas19, com
exceção do recente acórdão nº 2301-004.320, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª
Câmara da 2ª Seção de Julgamento, que, por maioria, negou provimento ao recurso, sob
a alegação de ausência de regras claras e objetivas, por considerar que a Lei nº
10.101/00 “determina e impõe” às partes a “obrigatoriedade” na utilização dos criterios
nela previstos, os quais não foram observados.20
18 Acórdão nº 9202-002.826, sessão de 07/08/2013, e acórdão nº 9202-01.607, sessão de 10/05/2011, proferidos pelo relator Elias Sampaio Freire, seguindo o entendimento da conselheira Liege Lacroix, manifestado no acórdão nº 205-01.331, sessão de 05/11/2008. 19 Acórdão nº 2302-003.394, sessão de 11/09/2014, conselheiro André Luís Mársico Lombardi, acórdão nº 2401-003.802, sessão de 04/12/2014, conselheiro Kléber Ferreira de Araújo, acórdão nº 2402-004.323, conselheiro Thiago Taborda Simões, acórdão nº 2403-002.785, sessão de 04/11/2014, conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto. 20 Acórdão nº 2301004.320, sessão de 11/02/2015, proferido pelo relator Wilson Antônio de Souza Corrêa.
21
A mesma 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara, em voto de lavra do Conselheiro
Mauro José Silva21, tambem conceituou regras claras como aquelas “fáceis de entender,
evidentes, explícitas, inequívocas e manifestas” e objetivas as “regras que existem fora
do espírito e independentemente do conhecimento que dele possua o sujeito pensante;
ou regras que não se relacionam com os sentimentos pessoais do sujeito pensante”.
Concluiu no sentido de que o acordo deve conter regras fáceis de entender pelo
empregado e que se refiram ao mundo dos objetivos, não sendo admitidos critérios
subjetivos para a concessão da PLR.
Embora seja possível extrair dos conceitos acima alguma orientação quanto ao
alcance da exigência de regras claras e objetivas nos acordos de PLR, a questão não é
tão simples assim. Exatamente por conta da liberdade de que dispõem as partes –
empregados, empregadores e representantes do Sindicato – para fixarem as regras e
critérios para pagamento da participação nos lucros ou resultados, é difícil estabelecer
um parâmetro objetivo dos tipos de regras que são ou não consideradas claras e
objetivas, dependendo essa avaliação da intepretação das autoridades fiscais e órgãos
julgadores, na análise da multiplicidade de regras contidas nos diversos planos de PLR
submetidos à fiscalização e posterior julgamento.
No âmbito da CSRF, houve em dois casos divergência entre os conselheiros a
respeito da clareza e objetividade das regras aprovadas para pagamento de PLR.
No acórdão nº 9202-003.105, de relatoria do conselheiro Rycardo Henrique
Magalhães de Oliveira, foi negado provimento por maioria ao Recurso Especial
interposto pela Fazenda Nacional, que defendia, dentre outros, que a convenção
coletiva que aprovou o programa de PLR não previu forma de recebimento, nem
estabeleceu critérios relativos ao desempenho dos empregados para fruição da
participação nos lucros. O relator, contudo, seguiu integralmente a posição esposada
pela conselheira Liege Lacroix Thomasi na decisão recorrida, que entendeu estarem
presentes no acordo a parcela equivalente à participação nos lucros de cada empregado
e a forma como seria calculada.
O conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira acrescentou, ainda, que
não havia no caso ausência de regras claras e objetivas, mas discordância da autoridade
fiscal quanto aos critérios eleitos pelas partes na elaboração do plano de PLR. E finalizou:
“não cabe ao agente lançador adentrar as regras e outras condições estabelecidas pelas
partes interessadas, de maneira a rechaça-las em razão de eventual discordância”.
Já no acórdão nº 9202.003.258, a discussão girou em torno do plano de PLR de
empresa dedicada à construção civil, aprovado por convenção coletiva de trabalho. A
relatora, conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, votou pelo provimento do recurso
especial da PGFN, por entender que não havia, no acordo coletivo, diretrizes básicas
sobre a forma como o lucro de determinado contrato seria distribuído entre aqueles
que colaboraram para sua execução. A relatora foi vencida, tendo prevalecido, por
21 Acórdão nº 2301-003.640, sessão de 17/07/2013.
22
maioria22, o voto do conselheiro Marcelo Oliveira, que, analisando o mesmo plano,
entendeu que as regras existentes eram suficientemente claras e objetivas, já que o
percentual de participação em cada contrato era definido com base em critérios
estabelecidos no Plano, como Complexidade Negocial, Complexidade Operacional e
Resultado Econômico-Financeiro desejado.
Como se vê, ao debruçarem-se sobre os mesmos acordos de PLR, os conselheiros
não foram unânimes quanto à avaliação da presença de regras claras e objetivas, mesmo
existindo certo consenso quanto à liberdade dada às partes para fixação das regras e
critérios que definiriam a participação dos segurados nos lucros ou resultados.
Diante da diversidade de modelos de planos de PLR que foram analisados pelo
CARF, especialmente pelas Câmaras baixas, não se mostra viável comentar as
especificidades de cada caso e o seu desfecho. Há, contudo, alguns temas específicos,
tratados sob a acusação de ausência de regras claras e objetivas, que foram objeto de
julgamento no CARF e serão comentados a seguir.
4.3.1. POSSIBILIDADE DE AS METAS SEREM PREVISTAS EM DOCUMENTO APARTADO
Quanto a esse ponto da pesquisa, foram analisados quatorze acórdãos, todos no
sentido de que as metas podem ser previstas em documentos apartados. Conforme se
verifica da seguinte tabela, em alguns casos foi ressalvado pelos conselheiros que (i) tal
documento não pode ser elaborado unilateralmente pelo empregador e, ou, (ii) o
instrumento de negociação deve prever que as metas serão ou foram indicadas em
documento apartado:
Critério analisado
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a) Declaração de voto
Metas podem ser
previstas em documento
apartado?
9202-003.105 COMPANHIA BRASILEIRA DE
PETROLEO IPIRANGA 25-mar-14 2ª T CSRF
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A N/A Sim
2302-003.586 IPIRANGA PRODUTOS DE
PETRÓLEO 21-jan-15
3ª C / 2ª
TO
Arlindo da Costa e
Silva
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A Sim
2401-003.604 BANCO DE INVESTIMENTOS
CREDIT SUISSE (BRASIL) 12-ago-14
4ª C / 1ª
TO
Kléber Ferreira de
Araújo N/A N/A
Sim, desde que
documento seja
mencionado no acordo
2401-003.606 BANCO DE INVESTIMENTOS
CREDIT SUISSE (BRASIL) 12-ago-14
4ª C / 1ª
TO
Kléber Ferreira de
Araújo N/A N/A
Sim, desde que
documento seja
mencionado no acordo
2401003.626 CERVEJARIAS KAISER BRASIL 12-ago-14 4ª C / 1ª
TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
N/A Kleber Ferreira de
Araújo
Sim, mas esse
documento não pode ser
unilateral
22 Oito votos contrários ao provimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional e dois votos favoráveis.
23
2401-003.651 BANCO DO ESTADO DE SERGI
PE 13-ago-14
4ª C / 1ª
TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A Sim
2403-002.979 COGNIS BRASIL LTDA. 11-mar-15 4ª C / 3ª
TO
Marcelo
Magalhães Peixoto N/A N/A Sim
2301-004.063 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª
TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa N/A N/A Sim
2301-004.051 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-14 3ª C / 1ª
TO
Wilson Antonio de
Souza Corrêa N/A N/A Sim
2401-003.881 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15
4ª C / 1ª
TO
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A Sim
2401-003.882 SPAIPA S.A. INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE BEBIDAS 10-fev-15
4ª C / 1ª
TO
Rycardo Henrique
Magalhães de
Oliveira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A Sim
2402-003.500 BNY MELLON GESTÃO DE
PATRIMÔNIO LTDA 16-abr-13
4ª C / 2ª
TO
Lourenço Ferreira
do Prado
Thiago Taborda
Simões N/A Sim
2402-003.501 BNY MELLON GESTÃO DE
PATRIMÔNIO LTDA 16-abr-13
4ª C / 2ª
TO
Lourenço Ferreira
do Prado
Thiago Taborda
Simões N/A Sim
2403-002.785 BANCO DO ESTADO DE
SERGIPE S/A 4-nov-14
4ª C / 3ª
TO
Marcelo
Magalhães Peixoto N/A N/A
Sim, desde que
documento seja
mencionado no acordo
O CARF se deparou com situação em que a PLR foi celebrada por comissão
paritária, mas a pormenorização dos fatores de desempenho empresarial e individual
levados em conta para o cálculo da PLR foi efetuada em documento apartado, cartilhas
e slides em que não constaram a assinatura da comissão e do Sindicato. Na ocasião, a
2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento entendeu que a Lei n°
10.101/00 “não impõe que as regras devam ser sempre exaustivas”, no sentido de que
não poderia haver qualquer “detalhamento à parte”. Se a celebração for “o ponto final
das estipulações para o pagamento”, o pacto poderia se transformar “em um
instrumento extenso e talvez confuso aos olhos de quem não tem intimidade com
situações particulares daquela empresa, setor ou função”. Assim, a Turma julgou
possível que aspectos acessórios e detalhamentos dos cálculos da PLR sejam
estabelecidos em documentos apartados, desde que os contornos essenciais sejam
entabulados em negociação coletiva23.
A 1ª Turma da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, partindo da mesma
premissa de que as regras para distribuição não precisam estar previstas no próprio
instrumento de negociação, mas este necessariamente deve mencionar o documento
onde estão reveladas as metas e os critérios que devem ser cumpridos, concluiu, pelo
voto de qualidade conduzido pelo conselheiro relator Kléber Ferreira de Araújo, ser
devida a incidência das contribuições previdenciárias. No caso analisado, o programa de
metas não havia sido mencionado no acordo, que apenas continha a indicação, de forma
23 Acórdão 2302-003.586.
24
genérica, das diretrizes que poderiam ser consideradas na definição das regras de
pagamento da PLR24.
Em decisão mais recente25, a referida Turma, por maioria de votos, afastou
autuação que desconsiderou a existência de acordos ou termos individuais firmados
entre a empresa e seus diretores e gerentes, aplicando a estes as regras gerais previstas
em acordo coletivo. O conselheiro relator, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira,
considerou válida cláusula do acordo coletivo que previa expressamente que os
ocupantes de cargos gerenciais teriam as suas metas definidas em ajustes específicos e
individuais, os quais prevaleceriam sobre as cláusulas gerais do acordo coletivo. Foi
afastada, portanto, a incidência de contribuições previdenciárias sobre a PLR paga a
gerentes e diretores com base nos ajustes individuais que foram firmados com respaldo
em cláusula do acordo coletivo.
O tema em questão também foi debatido no acórdão nº 9202-003.105, da 2ª
Turma da CSRF, de relatoria do conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. A
CSRF, por maioria, negou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para
considerar válida a existência de documento apartado (“Sistema de Gestão de
Desempenho”), contemplando de forma detalhada as condições, metas individuais e
fórmula de cálculo da PLR, sobretudo diante da comprovação de que os empregados
foram cientificados das metas e objetivos a serem alcançados.
4.3.2. POSSIBILIDADE DE A PLR SER CALCULADA COM BASE EM LUCROS OU RESULTADOS DE OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO E DE FORMA DIFERENCIADA CONFORME O CARGO OU SETOR
Na presente pesquisa foram analisados vinte e nove acórdãos sobre a
necessidade de o plano de PLR prever regras equânimes aos beneficiários e de serem
considerados, entre as metas e critérios de pagamento, lucros ou resultados de outras
pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico. Conforme se verifica da tabela abaixo, (i)
é majoritário o entendimento de que o plano pode atribuir metas/pagamentos
diferentes aos beneficiários e (ii) não há consenso quanto à possibilidade de serem
considerados lucros auferidos por outras empresas do mesmo grupo:
Critérios analisados
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração
de voto
Plano de PLR pode atribuir
metas/pagamentos
diferentes aos beneficiários?
PLR pode ser paga com base
em lucros ou resultados de
outra pessoa jurídica do
grupo econômico?
9202-
003.105
COMPANHIA
BRASILEIRA DE
PETROLEO
IPIRANGA
25-mar-14 2ª T CSRF
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
N/A N/A Sim N/A
24 Acórdão nº 2401-003.604. 25 Acórdão nº 2401-003.882, de 10/02/2015.
25
2301-
002.770
SUSPENSYS
SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
LTDA
15-mai-12 3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
N/A N/A Sim Sim
2301-
002.771
SUSPENSYS
SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
LTDA
15-mai-12 3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
N/A N/A Sim Sim
2301-
002.769
SUSPENSYS
SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
15-mai-12 3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
N/A N/A Sim Sim
2302-
003.039
JOST BRASIL
SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
18-mar-14 3ª C / 2ª
TO
André Luis
Mársico
Lombardi
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
N/A Sim Não
2302-
003.040
JOST BRASIL
SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
18-mar-14 3ª C / 2ª
TO
André Luis
Mársico
Lombardi
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
N/A Sim Não
2302-
003.041
JOST BRASIL
SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
18-mar-14 3ª C / 2ª
TO
André Luis
Mársico
Lombardi
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
N/A Sim Não
2302-
003.042
JOST BRASIL
SISTEMAS
AUTOMOTIVOS
18-mar-14 3ª C / 2ª
TO
André Luis
Mársico
Lombardi
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
N/A Sim Não
2401-
003.670
VOTORANTIM
METAIS ZINCO 9-set-14
4ª C / 1ª
TO
Carolina
Wanderley
Landim
N/A N/A Sim N/A
2401-
001.902
BV FINANCEIRA
SA CREDITO
FINANCIAMEN
TO E
INVESTIMENTO
8-jun-11 4ª C / 1ª
TO
Kleber
Ferreira de
Araújo
Elias Sampaio
Freire N/A Sim N/A
2403-
002.979
COGNIS BRASIL
LTDA. 11-mar-15
4ª C / 3ª
TO
Marcelo
Magalhães
Peixoto
N/A N/A Sim N/A
2301-
004.320
AYMORÉ
CRÉDITO
FINANCIAMEN
TO E
INVESTIMENTO
11-fev-15 3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antônio de
Souza
Corrêa
Cleberson Alex
Friess N/A Sim N/A
2301-
004.063
BANCO BTG PA
CTUAL S.A. 14-mai-14
3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
N/A N/A Sim N/A
2301-
004.315
BANCO SANTA
NDER (BRASIL)
S.A.
11-fev-15 3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
Cleberson Alex
Friess N/A Sim N/A
2301-
003.571
CREDIT SUISSE
HEDGING-
GRIFFO ASSET
MANAGEMENT
19-jun-13 3ª C / 1ª
TO
Adriano Gon
zales Silvério
Mauro José
Silva
Mauro José
Silva Sim N/A
2301-
002.491 FRAS-LE S.A. 18-jan-12
3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
N/A
Damião
Cordeiro de
Moraes
Sim N/A
26
2301-
002.492 FRAS-LE S.A. 18-jan-12
3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
N/A
Damião
Cordeiro de
Moraes
Sim N/A
2301-
002.493 FRAS-LE S.A. 18-jan-12
3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
N/A
Damião
Cordeiro de
Moraes
Sim N/A
2301-
004.082
LOJAS
AMERICANAS
S.A.
17-jul-14 3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
Mauro José
Silva N/A Sim N/A
2301-
004.083
LOJAS
AMERICANAS
S.A.
17-jul-14 3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
Mauro José
Silva N/A Sim N/A
2301-
004.129
ROBERT BOSCH
LIMITADA 9-set-14
3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Marcelo
Oliveira N/A Sim N/A
205 01.331
COMPANHIA
BRASILEIRA DE
PETROLEO
IPIRANGA
5-nov-08 2º CC / 5ª
C
Liege Lacroix
Thomasi N/A N/A Sim N/A
2401-
003.881
SPAIPA S.A.
INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE
BEBIDAS
10-fev-15 4ª C / 1ª
TO
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A Sim N/A
2401-
003.882
SPAIPA S.A.
INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE
BEBIDAS
10-fev-15 4ª C / 1ª
TO
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A Sim N/A
Alguns acordos de PLR estabelecem metas por setor, ou até mesmo metas
globais, relativas ao resultado do grupo econômico a que pertence o empregador, para
que o empregado faça jus ao recebimento de PLR. Outros preveem metas e pagamentos
diferenciados em função do cargo ocupado pelo empregado e até mesmo pagamento
em função de lucros de outras entidades do grupo econômico. Tais situações têm dado
margem a autuações, sob o argumento de que as metas devem ser individualizadas,
equânimes ou limitadas aos resultados da empresa empregadora.
O conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, em julgamentos26 realizados na
2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, embora tenha negado
provimento ao recurso do contribuinte, afastou o argumento da autoridade fiscal de que
o estabelecimento de meta global, envolvendo inclusive empresa residente no exterior,
dificultaria ao empregado ter conhecimento do seu atingimento. Para o relator, tal meta
cumpre igualmente a finalidade de integração do capital e empresa: “Se a comissão de
26 Acórdãos nº 2302-002.874, 2302-002.873 e 2302-002.872, proferidos, em 20/11/2013, pela 2ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento. O relator foi acompanhado pelos conselheiros Arlindo Cruz, André Mársico e Liege Lacroix, pelas conclusões. Não foi indicado no acórdão o ponto da fundamentação que não foi adotado pelos demais conselheiros.
27
negociação tomou como base dados do grupo empresarial, não há qualquer
irregularidade na formalização do acordo”.
O mesmo entendimento quanto ao atingimento de meta do grupo econômico
foi seguido na 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em voto
também de relatoria do conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, seguido à
unanimidade quanto a esse item27. O voto também chancela a possibilidade de o acordo
estabelecer metas e percentuais de participações distintos em função do cargo ocupado
pelo empregado, o que foi considerado ilegal pela autoridade fiscal. Ao contrário,
entende que quanto mais específicas as metas em relação às funções, mais claras e
objetivas são as regras do plano, ao passo que percentuais maiores em função do cargo
estimulam o empregado a buscar o crescimento profissional.
O conselheiro André Luis Mársico Lombardi, ao relatar o acórdão nº 2302-
003.039, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, de
18/03/2014, também concordou expressamente com a possibilidade de serem
estabelecidas regras diferenciadas de apuração para gestores em relação a empregados,
mas discordou quanto à possibilidade de serem computados resultados de outras
pessoas jurídicas. No seu entendimento, “deve-se tomar em conta, sempre, única e
exclusivamente, o lucro ou resultado da empresa na qual está inserido o trabalhador”.
Prevaleceu, contudo, na turma, por maioria, o entendimento do conselheiro Leonardo
Henrique Pires Lopes, acima comentado, designado redator do acórdão vencedor.
Quanto ao pagamento de valores diferenciados em função do cargo, a Câmara
Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, concluiu que inexiste previsão legal
quanto à exigência de pagamento de PLR equitativo aos funcionários e diretores da
empresa, até porque tal exigência não seria razoável de acordo com a própria essência
do benefício fiscal, já que uma empresa com diversos setores pode estabelecer critérios
distintos em observância às especificidades das áreas de atuação28.
O mesmo entendimento foi seguido pela maioria da 1ª Turma Ordinária da 4ª
Câmara da 2ª Seção de Julgamento, no acórdão nº 2401-003.670, sessão de 09/09/2014,
de relatoria da conselheira Carolina Wanderley Landim, reiterando o posicionamento já
manifestado no acórdão nº 2401-001.902, sessão de 08/06/2011, de relatoria do
conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, no sentido de inexistir determinação para a
realização de pagamentos na mesma proporção para empregados e diretores, e
tampouco para ocupantes de iguais funções, justamente porque “os parâmetros de
aferição do quantum a ser repassado leva em conta o desempenho individual do
trabalhador”29. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por meio
do acórdão nº 2403-002.979, sessão de 11/03/2015, também chancelou, por
27 Acórdãos nº 2301-002.770, 2301-002.771 e 2301-002.769, sessão de 15/05/2012. 28 Acórdão nº 9202-003.105, sessão de 25/03/2014. 29 No mesmo sentido, os acórdãos nº 2401-003.604 e 2401-003.882.
28
unanimidade30, acordo que previa metas e aferições diversas para os cargos de
supervisão e direção.
4.3.3. SITUAÇÕES EM QUE AS AUTORIDADES FISCAIS CONSIDERARAM AS METAS INSUFICIENTES OU INEXISTENTES
Na tabela seguinte, indicamos trinta e oito acórdãos em que as metas previstas
no plano foram consideradas insuficientes pelos conselheiros do CARF para a
caracterização da PLR:
Critérios analisados
Acórdão
nº Contribuinte
Data da
Sessão
Câmara
/ Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaraçã
o de voto
Pagamento em
valor ou
percentual fixo
Pagamento
conforme tempo
de serviço
Pagamento
conforme horas
trabalhadas/falt
as desnatura
Pagamento
mínimo
9202-
002.826
BANCO RURAL
S.A.
7-ago-
13
2ª T
CSRF
Elias
Sampaio
Freire
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2302-
002.874
ITAU VIDA E
PREVIDÊNCIA
S.A.
20-nov-
13
3ª C / 2ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires
Lopes
Arlindo da
Costa e Silva N/A
Descaracteriza a
PLR
Descaracteriza a
PLR N/A N/A
2302-
002.873
ITAU VIDA E
PREVIDÊNCIA
S.A.
20-nov-
13
3ª C / 2ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires
Lopes
Arlindo da
Costa e Silva N/A
Descaracteriza a
PLR
Descaracteriza a
PLR N/A N/A
2302-
0002.87
2
ITAU VIDA E
PREVIDÊNCIA
S.A.
20-nov-
13
3ª C / 2ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires
Lopes
Arlindo da
Costa e Silva N/A
Descaracteriza a
PLR
Descaracteriza a
PLR N/A N/A
2302-
0002.87
2
ITAU VIDA E
PREVIDÊNCIA
S.A.
20-nov-
13
3ª C / 2ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires
Lopes
Arlindo da
Costa e Silva N/A
Descaracteriza a
PLR
Descaracteriza a
PLR N/A N/A
2401-
003.191
SITEL DO BRASIL
LTDA
25-mar-
14
3ª C / 2ª
TO
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A
2401-
003.192
SITEL DO BRASIL
LTDA
25-mar-
14
3ª C / 2ª
TO
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A
2401-
003.190
SITEL DO BRASIL
LTDA
25-mar-
14
3ª C / 2ª
TO
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A
2301-
003.478
COMPANHIA DE
GÁS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-
13
3ª C / 1ª
TO
Mauro
José Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião C
ordeiro de
Moraes
Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
30 Os conselheiros Ivacir Júlio de Souza e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro votaram pelas conclusões.
29
2301-
003.477
COMPANHIA DE
GÁS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-
13
3ª C / 1ª
TO
Mauro
José Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião C
ordeiro de
Moraes
Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2301-
003.475
COMPANHIA DE
GÁS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-
13
3ª C / 1ª
TO
Mauro
José Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião C
ordeiro de
Moraes
Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2301-
003.474
COMPANHIA DE
GÁS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-
13
3ª C / 1ª
TO
Mauro
José Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião C
ordeiro de
Moraes
Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2301-
003.476
COMPANHIA DE
GÁS DE MINAS
GERAIS GASMIG
18-abr-
13
3ª C / 1ª
TO
Mauro
José Silva
Damião Cordei
ro de Moraes
Damião C
ordeiro de
Moraes
Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2301-
002.627
CARBONO LOREN
A LTDA
12-mar-
12
3ª C / 1ª
TO
Mauro
José Silva
Damião
Cordeiro de
Moraes
N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2301-
004.129
ROBERT BOSCH
LIMITADA 9-set-14
3ª C / 1ª
TO
Mauro
José Silva
Marcelo
Oliveira N/A
Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2301-
002.491 FRAS-LE S.A.
18-jan-
12
3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires
Lopes
N/A
Damião
Cordeiro
de Moraes
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A
2301-
002.492 FRAS-LE S.A.
18-jan-
12
3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires
Lopes
N/A
Damião
Cordeiro
de Moraes
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A
2301-
002.493 FRAS-LE S.A.
18-jan-
12
3ª C / 1ª
TO
Leonardo
Henrique
Pires
Lopes
N/A
Damião
Cordeiro
de Moraes
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A
2302-
003.394
FDS
ENGENHARIA DE
OLEO E GAS S/A
11-set-
14
3ª C / 2ª
TO
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
2401-
003.117
IRMAOS AYRES
S/A CONST IND E
COM
17-jul-
13
4ª C / 1ª
TO
Carolina
Wanderle
y Landim
N/A N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
2401-
003.801
VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14
4ª C / 1ª
TO
Kléber
Ferreira
de Araújo
Rycardo
Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
2401-
003.802
VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14
4ª C / 1ª
TO
Kléber
Ferreira
de Araújo
Rycardo
Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
2401-
003.803
VIAÇÃO CAMPO
GRANDE LTDA 4-dez-14
4ª C / 1ª
TO
Kléber
Ferreira
de Araújo
Rycardo
Henrique
Magalhães de
Oliveira
N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
2403-
002.169
CIA DE FIACAO E
TECIDOS CEDRO
E CACHOEIRA
15-mai-
13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
30
2401-
003.043
BANCO
BONSUCESSO
S.A.
18-jun-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
Igor Araújo
Soares N/A
Percentual fixo
não
descaracteriza a
PLR
N/A N/A N/A
2401-
003.047
BANCO
BONSUCESSO
S.A.
18-jun-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
Igor Araújo
Soares N/A
Percentual fixo
não
descaracteriza a
PLR
N/A N/A N/A
2401-
003.048
BANCO
BONSUCESSO
S.A.
18-jun-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
Igor Araújo
Soares N/A
Percentual fixo
não
descaracteriza a
PLR
N/A N/A N/A
2401-
002.552
COMPANHIA
PAULISTA DE
FORÇA E LUZ
11-jul-
12
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A N/A N/A N/A
Descaracteriza a
PLR
2401-
002.898
MINAS GOIÁS
TRANSPORTES
LTDA.
20-fev-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2401-
002.899
MINAS GOIÁS
TRANSPORTES
LTDA.
20-fev-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2401-
002.900
MINAS GOIÁS
TRANSPORTES
LTDA.
20-fev-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2401-
002.957
TELEVISÃO
SALVADOR S.A.
16-abr-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2401-
002.958
TELEVISÃO
SALVADOR S.A.
16-abr-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2401-
002.959
TELEVISÃO
SALVADOR S.A.
16-abr-
13
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
N/A N/A Descaracteriza a
PLR N/A N/A N/A
2403-
002.115
AJINOMOTO DO
BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-
13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
31
2403-
002.114
AJINOMOTO DO
BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-
13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
2403-
002.117
AJINOMOTO DO
BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-
13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
2403-
002.116
AJINOMOTO DO
BRASIL
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
16-jul-
13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A N/A
Não
descaracteriza a
PLR
N/A
Em alguns acórdãos, o CARF chancelou a acusação fiscal, por entender que o
plano de PLR não estipulou qualquer meta ou critério para o seu pagamento, sendo
suficiente a permanência nos quadros da empresa ou a mera existência de lucro, sem
qualquer índice mínimo exigido.
No acórdão nº 9202-002.826, a CSRF, por maioria de votos, deu provimento ao
recurso especial da Fazenda Nacional, por entender que a parcela paga a título de PLR
tinha cunho salarial, pois para ter direito a tal parcela bastava ter trabalhado na
empresa, independentemente de ter colaborado para geração do lucro ou do
cumprimento de qualquer critério ou condição. O pagamento foi previsto para todos os
empregados em função da data de admissão – se esta ocorreu antes do exercício da
distribuição, o pagamento seria integral, se dentro do exercício, o pagamento seria
proporcional. Além disso, o pagamento correspondeu a percentual sobre o salário do
empregado, acrescido de parcela fixa, sendo observado um teto para pagamento31.
O tempo de serviço também foi rechaçado como único critério a ser utilizado
na distribuição do PLR pela 2ª Turma da 3ª Câmara e 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção
de Julgamento, tanto no caso em que o pagamento foi realizado de forma obrigatória,
independentemente do resultado, de forma igualitária a todos os empregados,
respeitando-se apenas a proporcionalidade ao tempo de serviço32, quanto na hipótese
em que a condição para o pagamento se limitou à prestação de serviço ininterrupta nos
últimos 12 meses ou ao ingresso nos quadros da empresa a partir de determinado
período, hipóteses em que o pagamento foi realizado de forma proporcional33.
Na mesma linha, o pagamento de parcelas fixas, desvinculadas do atingimento
de metas, foi considerado como suficiente para a configuração da natureza salarial das
verbas pagas, sob o argumento de que a PLR é remuneração flexível, que depende de
variáveis como o desempenho dos funcionários, lucros e resultados34.
31 Acórdão nº 9202-002.826, sessão de 07/08/2013. 32 Acórdãos nº 2302-002.874, 2302-002.873, 2302-002.871, 2302-002.872, sessão de 20/11/2013. 33 Acórdãos nº 2401-003.191, 2401-003.192, 2401-003.190, sessão de 25/03/2014. 34 Acórdãos nº 2301-003.478, 2301-003.477, 2301-003.475, 2301-003.474, 2301-003.476, sessão de 18/04/2013, acórdão nº 2301-002.627, sessão de 12/03/2012, acórdão nº 2301-004.129, sessão de 09/09/2014.
32
A mera existência de lucro, sem que fosse estipulada nenhuma meta de valor
ou de resultado, também foi desconsiderada como hábil a caracterizar o pagamento
como PLR imune à tributação pela maioria da 2ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de
Julgamento35.
Situação um pouco diferente foi verificada no acórdão nº 2301-002.491, da 1ª
Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em que o critério de horas trabalhadas
não foi considerado como apto para a distribuição de lucros e resultados. Nos termos
do voto do relator Leonardo Henrique Pires Lopes, “a permanência de horas na empresa
não é garantia de que haverá aumento na produtividade ou o alcance de melhores
resultados”36.
Diferentemente da 1ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, que
considerou o critério de horas trabalhadas inapto como meta em programa de PLR, a 2ª
Turma da mesma Câmara entendeu que é possível estabelecer como critério tudo aquilo
que contribua para o desempenho empresarial, de modo que o absenteísmo pode ser
considerado como meta, pois, caso contrário, seria necessário admitir que uma empresa
com absenteísmo de 1% não seria potencialmente mais produtiva do que uma empresa
com percentual superior37.
Tal posicionamento foi reiterado pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª
Seção de Julgamento, ao analisar situações envolvendo indústria e empresa de ônibus,
oportunidades em que foi ressaltada a impossibilidade de a autoridade lançadora ou
julgadora criar juízo de valor sobre os critérios eleitos pelas partes38. A 3ª Turma
Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento também validou planos de
distribuição de lucros e resultados contendo, dentre as regras, o absenteísmo39.
4.4. MECANISMOS DE AFERIÇÃO
Quanto aos mecanismos de aferição, foram indicados, na breve tabela a seguir,
doze acórdãos em que (i) os mecanismos de aferição foram considerados subjetivos ou
(ii) os documentos comprobatórios da aferição não foram apresentados pelo
contribuinte:
35 Acórdãos nº 2302-002.874, 2302-002.873, 2302-002.871, 2302-002.872, sessão de 20/11/2013. 36 Acórdão nº 2301002.491, sessão de 18/01/2012. 37 Acórdão nº 2302-003.394, sessão de 11/09/2014. 38 Acórdão nº 2401-003.117, sessão de 17/07/2013 e Acórdãos nº 2401-003.802, 2401-003.801, 2401-003.803, proferidos na sessão de 04/12/2014. 39 Acórdão nº 2403002.115, sessão de 16/07/2013 e acórdão nº 2403-002.169, sessão de 15/05/2013.
33
Critérios analisados
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração
de voto
Ficha de avaliação
considerada
subjetiva?
Mera falta de
apresentação dos
documentos
demonstrando a
aferição permite
desconsideração do
plano?
2401-003.112
BTG PACTUAL ASSET
MANAGEMENT S.A.
DISTRIBUIDORA DE
TITULOS E VALORES
MOBILIARIOS
17-jul-13 4ª C / 1ª TO
Kléber
Ferreira
de Araújo
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A Não
2301-004.063 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-
14 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antonio
de Souza
Corrêa
N/A N/A N/A Sim
2301-004.051 BANCO BTG PACTUAL S.A. 14-mai-
14 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antonio
de Souza
Corrêa
N/A N/A N/A Sim
2402-004.323
UNIBANCO CORRETORA
DE VALORES MOBILIARIOS
E CAMBIO S.A.
7-out-14 4ª C / 2ª TO
Thiago
Taborda
Simões
N/A N/A N/A Sim
2401-003.537 ARCELORMITTAL
SISTEMAS S.A
15-mai-
14 4ª C / 1ª TO
Carolina
Wanderley
Landim
Kleber
Ferreira
Araújo
N/A N/A Não
2401-003.538 ARCELORMITTAL
SISTEMAS S.A
15-mai-
14 4ª C / 1ª TO
Carolina
Wanderley
Landim
Kleber
Ferreira
Araújo
N/A N/A Não
2401-003.539 ARCELORMITTAL
SISTEMAS S.A
15-mai-
14 4ª C / 1ª TO
Carolina
Wanderley
Landim
Kleber
Ferreira
Araújo
N/A N/A Não
2302-003.394 FDS ENGENHARIA DE
OLEO E GAS S/A 11-set-14 3ª C / 2ª TO
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A N/A N/A Sim
2402-003.116 GONCALVES SALLES S/A
IND. E COMERCIO 20-set-12 4ª C / 2ª TO
Ana Maria
Bandeira N/A N/A Sim N/A
2401-003.142 BANCO BARCLAYS S/A. 13-ago-13 4ª C / 1ª TO
Elaine
Cristina
Monteiro
e Silva
Vieira
Igor Araújo
Soares N/A Sim N/A
2301-002.627 CARBONO LORENA LTDA 12-mar-
12 3ª C / 1ª TO
Mauro
José Silva
Damião
Cordeiro de
Moraes
N/A N/A Sim
2401-003.401 CONSTRUTORA QUEIROZ
GALVÃO 19-fev-14 4ª C / 1ª TO
Kleber
Ferreira
de Araújo
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A N/A Sim
34
Como visto acima, a Lei nº 10.101/2001 exige que dos instrumentos
decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação
dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos
de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado.
Dentro desse contexto, os mecanismos de avaliação individual do segurado
também têm sido alvo de controvérsias, especialmente nos casos em que (i) não são
apresentados os documentos demonstrando a aferição realizada ou (ii) os métodos
utilizados são considerados insuficientes pelas autoridades fiscais.
Quanto aos documentos demonstrando a aferição do cumprimento do acordo,
verifica-se a existência de posicionamento sustentado pelo conselheiro Kléber Ferreira
de Araújo, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, no sentido
de que a ausência de apresentação pelo contribuinte dos documentos em que conste a
aferição dos resultados alcançados com vistas ao pagamento da PLR não descaracteriza
o plano, desde que o pagamento seja respaldado em regras claras e objetivas, sendo
cabível a imposição de multa por descumprimento de obrigação acessória, seguida do
lançamento das contribuições por arbitramento.
No acórdão nº 2401-003.11240, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção
de Julgamento entendeu que, quando o contribuinte deixa de apresentar os
documentos que respaldam a aferição, cria obstáculo ao fisco de concluir com segurança
se a parcela intitulada de PLR conteria verbas outras suscetíveis de tributação, fazendo
com que a autoridade fiscal possa desconsiderar os pagamentos a título de PLR. No caso
analisado, foi dado provimento ao recurso, por maioria, considerando o equívoco no
procedimento adotado pelo auditor, diante da inexistência de lavratura de auto de
infração em face da não exibição dos documentos solicitados e da ausência de
motivação quanto ao arbitramento, no lançamento das contribuições, em razão da
recusa do contribuinte em atender as intimações da auditoria.
Tal entendimento foi reiterado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª
Seção de Julgamento, no acórdão nº 2301-004.063, bem como pela 2ª Turma Ordinária
da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, no acórdão nº 2402-004.323.
O referido entendimento, contudo, não prevaleceu no acórdão nº 2401-
003.53941, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento,
pois se concluiu que dos documentos apresentados pelo contribuinte no curso da
fiscalização era possível constatar o valor da meta, o percentual atingido e o valor
recebido correspondente a cada empregado, além de apurações dos indicadores da
empresa com os critérios avaliados para cada mês, alcançando-se percentual acumulado
por área, demonstrando a observância da legislação pertinente.
No acórdão nº 2302-003.394, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção
de Julgamento ressaltou que a ausência de apresentação das avaliações dos
40 Sessão de 17/07/2013. 41 Sessão de 14/05/2015.
35
beneficiários do PLR complementar nos moldes acordados e a alegação de
confidencialidade dos pagamentos e da própria folha de pagamento complementar
obstam a análise dos mecanismos de aferição das informações pertinentes ao
cumprimento do acordado, conforme determina o § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00,
tornando inviável a conclusão quanto ao cumprimento do acordo coletivo.
Por fim, quanto à forma de aferição, destaca-se o acórdão nº 2402-003.116,
por meio do qual a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento
manteve a decisão da DRJ42 por considerar que, embora os critérios fossem objetivos –
avaliação de desempenho dos itens produtividade, assiduidade, higiene e limpeza,
variando a depender da avaliação e sendo proporcional ao tempo de serviço –, os
mecanismos de aferição utilizados – avaliação de desempenho, com preenchimento de
ficha de avaliação com critérios de A a D – eram desprovidos de qualquer objetividade.
Já a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, ao analisar
semelhante avaliação de desempenho (A, B, C, D ou N/A – não aplicável), convalidou os
pagamentos realizados a título de PLR43.
5. PERIODICIDADE
No que tange à periodicidade, elaboramos tabela contendo vinte e dois
acórdãos sobre (i) a possibilidade de a PLR ser paga mais de uma vez no mesmo semestre
(durante a vigência da redação original do §2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, alterado
pela Lei nº 12.832/1344) e (ii) os reflexos da inobservância da periodicidade mínima:
Critérios analisados
Acórdão
nº Contribuinte
Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração
de voto
Pagamentos podem ser feitos
no mesmo semestre, desde
que não ultrapassem dois por
ano? (redação original)
Inobservância da
periodicidade mínima
desnatura todo o plano de
PLR?
9202-
003.192
GOODYEAR DO
BRASIL PRODUTOS
DE BORRACHA LTDA.
6-mai-14 2ª T CSRF Gustavo Lian
Haddad N/A N/A N/A Não
2301-
003.732
BANCO SANTANDER
(BRASIL) S.A. 18-set-13
3ª C / 1ª
TO
Adriano
Gonzales
Silverio
Mauro Jose
Silva N/A N/A Não
42 Acórdão nº 2402-003.116, sessão de 20/09/2012. 43 Acórdão nº 2401-003.142, sessão de 13/08/2013. 44 Redação original: “§ 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil”. Redação atual: “§2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil”.
36
2302-
002.844
ARAINVEST
PARTICIPACOES S.A. 19-nov-13
3ª C / 2ª
TO
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A
Leonardo
Henrique
Pires Lopes
N/A Sim
2302-
002.941 RHODIA BRASIL LTDA 22-jan-14
3ª C / 2ª
TO
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A N/A N/A
Não, desde que o plano tenha
sido corretamente elaborado,
tendo ocorrido apenas erro na
execução
2302-
003.139
GENERAL MOTORS
DO BRASIL LTDA. 13-mai-14
3ª C / 2ª
TO
Liege Lacroix
Thomasi N/A
Juliana Cam
pos de Carv
alho Cruz
Sim N/A
2401-
003.487
COMPANHIA
ENERGETICA DE
MINAS GERAIS-
CEMIG
30-abr-15 4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
Kleber Ferreira
de Araújo
Carolina Wa
nderley
Landim
Não Não
2401-
003.544
BORLEM S.A.
EMPREENDIMENTOS
INDUSTRIAIS
16-jul-14 4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A Não Não
2401-
003.626
CERVEJARIAS KAISER
BRASIL S.A. 12-ago-14
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A
Kleber
Ferreira de
Araújo
Não Não
2401-
004.151
EBATE
CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14
3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
N/A N/A Não (pagamento mensal
descaracteriza a PLR) N/A
2401-
004.152
EBATE
CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14
3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
N/A N/A Não (pagamento mensal
descaracteriza a PLR) N/A
2401-
004.153
EBATE
CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14
3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
N/A N/A Não (pagamento mensal
descaracteriza a PLR) N/A
2401-
004.154
EBATE
CONSTRUTORA LTDA. 11-set-14
3ª C / 1ª
TO
Wilson
Antonio de
Souza
Corrêa
N/A N/A Não (pagamento mensal
descaracteriza a PLR) N/A
2401-
003.651
BANCO DO ESTADO
DE SERGIPE 13-ago-14
4ª C / 1ª
TO
Elaine
Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
Kleber Ferreira
de Araújo N/A Não Não
2401-
003.895
GENERAL MOTORS D
O BRASIL LTDA. 12-fev-15
4ª C / 1ª
TO
Kleber
Ferreira de
Araújo
N/A N/A Não Não
2403-
002.202 ITAÚ SEGUROS S/A 13-ago-13
4ª C / 3ª
TO
Carlos Albert
o Mees Strin
gari
Marcelo Freita
s de Souza
Costa
N/A Não Não
2403-
002.979 COGNIS BRASIL LTDA. 11-mar-15
4ª C / 3ª
TO
Marcelo
Magalhães
Peixoto
N/A N/A Não N/A
2301-
004.315
BANCO SANTANDER (
BRASIL) S.A. 11-fev-15
3ª C / 1ª
TO Wilson
Antonio de
Cleberson Alex
Friess N/A Não N/A
37
Souza
Corrêa
2301-
003.640
FRINAL S.A - FRIG E
INTEGRACAO
AVICOLA
17-jul-13 3ª C / 1ª
TO
Mauro José
Silva
Damião
Cordeiro de
Moraes
N/A N/A Não
2403-
001.828
HAY DO BRASIL
CONSULTORES LTDA 23-jan-13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A Não
2403-
001.829
HAY DO BRASIL
CONSULTORES LTDA 23-jan-13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A Não
2403-
001.830
HAY DO BRASIL
CONSULTORES LTDA 23-jan-13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A Não
2403-
001.831
HAY DO BRASIL
CONSULTORES LTDA 23-jan-13
4ª C / 3ª
TO
Paulo
Maurício
Pinheiro
Monteiro
N/A N/A N/A Não
Ao interpretar a regra de periodicidade, o conselheiro Kleber Ferreira Araújo
ressaltou que “o legislador deixou aos empregadores a possibilidade de fazerem um
pagamento por semestre ou dois pagamentos por ano civil”45. De acordo com esse voto,
a conjunção “ou” indicaria que as regras são cumulativas, isto e, não seria permitida a
realização de pagamentos no mesmo semestre, ainda que não extrapolassem o limite
de dois pagamentos por ano46.
Nos acórdãos no 2401-004.151, 2401-004.152, 2401-004.153 e 2401-004.154,
proferidos em 11/09/2014 pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de
Julgamento e que envolvem o mesmo contribuinte, o fato de os pagamentos terem sido
realizados mensalmente foi apontado pelo conselheiro relator Wilson Antonio de Souza
Corrêa como motivo para a manutenção das autuações fiscais, entre outros.
Ainda quanto à aplicação da regra de periodicidade, a 1ª Turma Ordinária da 4ª
Câmara da 2ª Seção de Julgamento entendeu que o fato de o contribuinte ter realizado
45 Acórdão 2401-003.895, 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, sessão de 12/02/2015, conselheiro relator Kleber Ferreira Araujo. 46 “Ao contrário do que defende o sujeito passivo, a leitura do dispositivo transcrito permite concluir que o legislador deixou aos empregadores a possibilidade de fazerem um pagamento por semestre ou dois pagamentos por ano civil. Observe-se que a conjunção "ou" nesse caso é usada com conotação inclusiva, permitindo inferir que a norma não permite o pagamento da PLR em periodicidade inferior a semestral, nem em mais de duas vezes ao ano. Essa é a interpretação mais razoável para a questão, pois caso se entenda que a partícula "ou" representa uma exclusão, afasta-se por completo a regra da periodicidade semestral, uma vez que a empresa poderia pagar duas parcelas por semestre, desde que não violasse o limite de dois pagamentos ao ano.”
38
mais de dois pagamentos no mesmo semestre não violou a Lei nº 10.101/00, pois os
pagamentos foram feitos a empregados diferentes47.
É importante destacar o entendimento de que a vedação de pagamento em
periodicidade inferior a um semestre ou mais de duas vezes no mesmo ano também
engloba as antecipações e complementações de PLR, isto é, pagamentos referentes a
competências anteriores ou posteriores, conforme o voto vencedor proferido no
acórdão nº 2401-003.54448.
Em alguns dos acórdãos que envolvem a observância do art. 3º, § 2º da Lei nº
10.101/00, os conselheiros analisaram se (i) essa situação desnaturaria todo o plano,
devendo ser tributada a totalidade da PLR distribuída ou (ii) deveria ser tributada apenas
a parcela que violou a regra de periodicidade.
Na sessão de 19/11/2013, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de
Julgamento entendeu, por voto de qualidade, “que a afronta ao disposto na Lei nº
10.101/2000, no que se refere ao acordo de pagamento de PLR em mais de duas vezes
no ano civil descaracteriza todo o plano”49. Naquele caso concreto, foram realizadas três
distribuições de PLR no mesmo ano civil.
No voto condutor, o conselheiro relator André Luís Mársico Lombardi afirmou
que, em regra, os pagamentos realizados a título de PLR estão sujeitos à tributação,
sendo excepcionalmente excluídos do âmbito de incidência das contribuições
previdenciárias na situação prevista pelo art. 7º, XI da Constituição Federal, o qual
condiciona a desvinculação da remuneração à observância dos requisitos estabelecidos
pela legislação infraconstitucional.
Partindo dessa premissa, o conselheiro concluiu que, sendo inobservada a
legislação infraconstitucional que permite a aplicação da exceção, incide a regra, ou seja,
os pagamentos efetuados a título de PLR são vinculados à remuneração e,
consequentemente, estão sujeitos à incidência das contribuições previdenciárias.
Como fundamento de seu voto, o conselheiro relator transcreveu ementas de
acórdãos em que o Superior Tribunal de Justiça, ao analisar situações análogas ao
descumprimento da regra de periodicidade, consignou que, caso sejam inobservadas as
condições da Lei nº 10.101/00, os pagamentos configuram remuneração e devem ser
tributados.
Embora o contribuinte tenha pleiteado, em caráter subsidiário, a manutenção
da autuação fiscal apenas em relação ao pagamento que excedeu a periodicidade
máxima, o conselheiro relator entendeu que a natureza jurídica do plano é uma só, não
podendo os pagamentos serem considerados de forma individualizada, de modo que,
47 Acórdão nº 2401-003.487, sessão de 15/04/2014, relator designado Kleber Ferreira Araujo. 48 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, sessão de 16/07/2014, conselheira relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, redator designado: conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. 49 Acórdão nº 2302-002.844.
39
sendo descaracterizada a PLR pela inobservância de qualquer requisito previsto pela Lei
nº 10.101/00, a integralidade do plano estará sujeita à tributação.
O conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes apresentou declaração de voto
em sentido contrário, por entender que apenas a parcela excedente deveria ser
tributada, pois, tendo sido observados os demais requisitos estabelecidos pela
legislação, o plano de PLR não poderia ser integralmente desconsiderado.
Na esteira do voto vencido no acórdão nº 2302-002.844, a 1ª Turma Ordinária
da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em 12/02/2015, entendeu que deveriam ser
tributadas apenas as parcelas pagas em desconformidade com a Lei nº 10.101/00. Esse
entendimento prevaleceu por maioria, havendo dois votos divergentes50.
Foi transcrita pelo conselheiro relator ementa de acórdão proferido pelo STJ
afirmando que, no caso concreto, apenas os pagamentos que observaram a
periodicidade mínima de seis meses não estariam sujeitos à tributação.
Não foram identificadas manifestações da CSRF sobre as consequências da
inobservância da regra de periodicidade.
6. PAGAMENTO DE PLR INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE LUCROS
A CSRF, por meio do acórdão nº 9202-002.826, de lavra do conselheiro Elias
Sampaio Freire, firmou o entendimento de que os critérios e condições para pagamento
do PLR podem ser fixados com relação aos resultados, aos lucros ou a ambos. A
participação nos resultados está ligada ao aumento da produtividade, ao alcance de
meta de desempenho. A participação nos lucros relaciona-se a uma meta de
rentabilidade previamente definida. Ao fisco cabe apenas verificar se os requisitos
legalmente estabelecidos foram cumpridos pela empresa, mas é defeso exigir requisitos
desprovidos de previsão legal.
O conselheiro Marcelo Oliveira51, também em decisão da CSRF, ressaltou a
possibilidade de o pagamento ocorrer em razão dos resultados obtidos,
independentemente da verificação de lucro. Haveria, inclusive, possibilidade de
pagamento em caso de “redução do prejuízo”.
Na mesma linha, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento,
no acórdão nº 2301-01.976, ressaltou que o pagamento de PLR não está vinculado à
existência de lucro líquido, pois não se trata de participação sobre lucros, mas sim de
participação sobre lucros e resultados, de modo que restou afastado o óbice
50 Acórdão 2401-003.895, 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª. Seção de Julgamento, sessão de 12/02/2015, conselheiro relator Kleber Ferreira Araujo. 51 Acórdão 9202-003.258, sessão de 29/07/2014, 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais.
40
considerado pela fiscalização quanto ao critério LAJIDA (lucros antes dos juros,
impostos, depreciação e amortização, também conhecido como EBITDA).
No acórdão nº 2401-003.142, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção
de Julgamento deu provimento ao recurso voluntário, por maioria de votos,
convalidando a PLR vinculada ao percentual de retorno sobre o patrimônio líquido no
início do exercício fiscal, obtido após o pagamento de impostos, previsão de despesas
com a própria PLR e correção monetária do patrimônio líquido.
Os principais aspectos de tais acórdãos foram sintetizados na seguinte tabela:
Critério analisado
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração de
voto
PLR apenas pode ser paga quando há
lucros?
9202-
002.826
BANCO RURAL
S.A. 7-ago-13 2ª T CSRF
Elias Sampaio
Freire N/A N/A Não
9202-
003.258
CONSTRUTORA
QUEIROZ
GALVAO S.A.
29-jul-14 2ª T CSRF Maria Helena
Cotta Cardozo Marcelo Oliveira N/A Não
230101.976
INFOGLOBO
COMUNICAÇÕES
S.A.
14-abr-11 3ª C / 1ª TO Damião Cordeiro
de Moraes Mauro José Silva N/A Não
2401-
003.142
BANCO
BARCLAYS S/A. 13-ago-13 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
Igor Araújo
Soares N/A Não
7. IMPOSSIBILIDADE DE A PLR SUBSTITUIR OU COMPLEMENTAR A REMUNERAÇÃO DEVIDA AO EMPREGADO
Embora a regra estabelecida pelo caput do art. 3º da Lei nº 10.101/00, de que
a PLR “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado”,
seja usualmente mencionada pelos acórdãos sobre a matéria, não identificamos
julgamento em que, diante das características do caso concreto, os conselheiros
afirmaram ter sido diretamente violada tal norma.
No acórdão nº 2302-003.139, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção
de Julgamento afirmou que a inobservância da periodicidade de pagamentos prevista
pelo art. 3º, §2º da Lei nº 10.101/00 acaba por violar “o espírito da PLR, que e o de não
substituir salário”52. No voto condutor, foi ressaltado que a obrigatoriedade de os
pagamentos serem realizados com a periodicidade mínima de um semestre e no
máximo duas vezes por ano foi instituída justamente visando a mitigar o risco de os
52 Sessão de 13/05/2014, conselheira relatora Liege Lacroix Thomasi.
41
empregadores pagarem PLR como forma de substituição ou complementação de
salário.
Nessa mesma linha, foi ressaltado, no voto vencedor do acórdão nº 2302-
003.342, que, tendo a PLR o intuito de incentivar o empregado a melhorar seu
desempenho funcional, não pode ser utilizada “em substituição ou complementação da
remuneração devida ao empregado pelo seu desempenho ordinário e habitual,
decorrente, meramente, do contrato de trabalho”53.
Por fim, quanto ao montante pago a título de PLR ser desnaturado em
decorrência do seu elevado valor em relação ao salário do empregado, nota-se que o
posicionamento da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento foi
alterado, pois, no acórdão nº 2301-003.731, proferido em 18/09/2013, o pagamento a
título de PLR no valor equivalente a 371,60% para alguns empregados “evidencia que o
salário foi substituído pelo pagamento intitulado de Participação nos Lucros ou
Resultados”. Já no acórdão nº 2301-003.755, proferido em 15/10/2013, foi convalidado
o pagamento de PLR no percentual de 280% da remuneração, diante da inexistência de
limitação legal quanto ao valor a ser pago. Mesmo entendimento foi sustentado no
acórdão nº 2301.004.320, proferido em 11/02/2015, oportunidade em que se
considerou que “apesar de estranho um recebimento de 1.000% maior que o salário”,
não haveria imperfeição legal.
No acórdão nº 2402-004.322, proferido em 07/10/2014, a 2ª Turma Ordinária
da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por unanimidade, também afastou o
argumento da acusação fiscal quanto à impossibilidade de pagamento de valores de PLR
que superem o salário base do empregado, por ausência de previsão legal para tanto.
Os principais aspectos dos acórdãos analisados nesta pesquisa sobre o assunto
acima foram sintetizados na seguinte tabela:
Critério analisado
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a)
Declaração de
voto
Situações em que o CARF analisou a
violação indireta à regra que impede a
substituição ou complementação de
salário
2302-
003.139
GENERAL
MOTORS DO
BRASIL LTDA.
13-mai-14 3ª C / 2ª TO Liege Lacroix
Thomasi N/A
Juliana
Campos de
Carvalho Cruz
Inobservância da periodicidade de
pagamentos acaba violando a
impossibilidade de substituir ou
complementar salários, desnaturando
a PLR
2302-
003.342
IPIRANGA
PRODUTOS DE
PETROLEO S.A.
9-set-14 3ª C / 2ª TO Arlindo
Costa e Silva N/A N/A
Remuneração devida ao empregado
pelo seu desempenho ordinário e
habitual, decorrente, meramente, do
contrato de trabalho, desnatura a PLR
53 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, sessão de 09/09/2014, conselheiro relator Arlindo da Costa e Silva.
42
2301-
003.731
BANCO ABN
AMRO REAL S.A. 18-set-13 3ª C / 1ª TO
Adriano Gon
zales Silvério
Mauro José
Silva N/A
Pagamento no valor equivalente a
371,60% para alguns empregados
desnatura a PLR
2301-
003.755
BV FINANCEIRA
SA CREDITO
FINANCIAMENTO
E INVESTIMENTO
15-out-13 3ª C / 1ª TO Mauro José
Silva
Marcelo
Oliveira N/A
Não desnatura a PLR o pagamento
equivalente a 280% da remuneração,
diante da inexistência de limitação
legal quanto ao valor a ser pago
2301-
004.320
AYMORÉ
CRÉDITO
FINANCIAMENTO
E INVESTIMENTO
11-fev-15 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antônio de
Souza
Corrêa
Cleberson Alex
Friess N/A
Não desnatura a PLR o pagamento
equivalente a 1000% da remuneração,
diante da inexistência de limitação
legal quanto ao valor a ser pago
2402-
004.322 7-out-14 4ª C / 2ª TO PLR pode superar o valor do salário
2401-
003.604
BANCO DE
INVESTIMENTOS
CREDIT SUISSE
(BRASIL)
12-ago-14 4ª C / 1ª TO
Kléber
Ferreira de
Araújo
N/A N/A Lei não prevê limite de proporção
entre o salário e a PLR
2401-
003.606
BANCO DE
INVESTIMENTOS
CREDIT SUISSE
(BRASIL)
12-ago-14 4ª C / 1ª TO
Kléber
Ferreira de
Araújo
N/A N/A Lei não prevê limite de proporção
entre o salário e a PLR
8. POSSIBILIDADE DE A PLR SER PAGA A ADMINISTRADORES ESTATUTÁRIOS
No que tange à possibilidade de pagamento de PLR a diretores estatutários,
foram analisados os seguintes vinte e seis acórdãos:
Critério analisado
Acórdão nº Contribuinte Data da
Sessão
Câmara /
Turma Relator(a)
Redator(a)
designado(a
)
Declaração de
voto
PLR paga a diretor estatuário sofre
incidência das contribuições?
2401-
003.487
COMPANHIA
ENERGETICA DE
MINAS GERAIS-
CEMIG
30-abr-15 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
Kleber
Ferreira de
Araújo
Carolina
Wanderley
Landim
Sim
2302-
001.283
METRO
TECNOLOGIA
INFORMATICA
LTDA.
24-ago-11 4ª C / 1ª TO Liege Lacroix
Thomasi N/A N/A Sim
2301-
004.364
COMPANHIA DE
BEBIDAS DAS
AMERICAS -
AMBEV
12-mar-15 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antonio de
Souza Corrêa
N/A N/A Sim
2301-
003.666
IRB BRASIL
RESSEGUROS
S/A
13-ago-13 3ª C / 1ª TO
Adriano
Gonzales
Silvério
N/A N/A Sim
2401-
003.626
CERVEJARIAS KAI
SER BRASIL 12-ago-14 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
N/A Kleber Ferreira
de Araújo Sim
43
2302-
002.373
PARS PRODUTOS
DE
PROCESSAMENT
O DE DADOS
LTDA
12-mar-13 3ª C / 2ª TO Liege Lacroix
Thomasi N/A N/A Sim
2403-
002.158
BANCO
SANTANDER
(BRASIL) S.A.
17-jul-13 4ª C / 3ª TO
Marcelo
Freitas de
Souza Costa
N/A N/A Não
2403-
002.336
MARITIMA
SAUDE SEGUROS
S.A.
19-nov-13 4ª C / 3ª TO
Marcelo
Freitas de
Souza Costa
N/A N/A Não
2402-
002.883
MERCANTIL DO
BRASIL
FINANCEIRA
10-jul-12 4ª C / 2ª TO
Nereu Miguel
Ribeiro
Domingues
N/A N/A Não
2401-
003.811
COMPANHIA
BRASILEIRA DE
PETROLEO
IPIRANGA
21-jan-15 4ª C / 1ª TO Igor Araújo
Soares N/A N/A Não
2301-
004.364
COMPANHIA DE
BEBIDAS DAS
AMERICAS -
AMBEV
12-mar-15 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antonio de
Souza Corrêa
N/A N/A Não
2301-
002.491 FRAS-LE S.A. 18-jan-12 3ª C / 1ª TO
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
N/A Damião Cordeiro
de Moraes Não
2301-
002.492 FRAS-LE S.A. 18-jan-12 3ª C / 1ª TO
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
N/A Damião Cordeiro
de Moraes Não
2301-
002.493 FRAS-LE S.A. 18-jan-12 3ª C / 1ª TO
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
N/A Damião Cordeiro
de Moraes Não
2402-
002.700
GPC QUIMICA
S.A. 15-mai-12 4ª C / 2ª TO
Nereu Miguel
Ribeiro
Domingues
N/A N/A Não
2803-
002.325
COMPANHIA
FABRIL LEPPER 14-mai-13 3ª TE
Natanael
Vieira dos
Santos
N/A N/A Não
2301-
003.254
CIA DE FIACAO E
TECIDOS CEDRO
E CACHOEIRA
22-jan-13 3ª C / 1ª TO Bernadete de
Oliveira Barros
Mauro José
Silva N/A Sim
2301004.082
LOJAS
AMERICANAS
S.A.
17-jul-14 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antonio de
Souza Corrêa
Mauro José
Silva N/A Sim
2301004.083
LOJAS
AMERICANAS
S.A.
17-jul-14 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antonio de
Souza Corrêa
Mauro José
Silva N/A Sim
2301003.439
MARÍTIMA
SAÚDE SEGUROS
S.A.
16-abr-13 3ª C / 1ª TO
Wilson
Antonio de
Souza Corrêa
Mauro José
Silva N/A Sim
2302-
003.394
FDS
ENGENHARIA DE
OLEO E GAS S/A
11-set-14 3ª C / 2ª TO
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A N/A Sim
44
2401-
003.112
BTG PACTUAL
ASSET
MANAGEMENT
S.A.
DISTRIBUIDORA
DE TITULOS E
VALORES
MOBILIARIOS
17-jul-13 4ª C / 1ª TO Kléber Ferreira
de Araújo
Rycardo
Henrique
Magalhães
de Oliveira
Elaine Cristina
Monteiro e Silva
Vieira
Sim
2401003.571 VIVO S/A 17-jul-14 4ª C / 1ª TO
Elaine Cristina
Monteiro e
Silva Vieira
Igor Araújo
Soares N/A Sim
2803-
002.923
TRAMONTINA
CENTRAL DE
ADMINISTRAÇÃ
O
21-jan-14 3ª TE Eduardo de
Oliveira N/A N/A Sim
2302003.059 SEMP TOSHIBA
AMAZONAS 18-mar-14 3ª C / 2ª TO
Leonardo
Henrique Pires
Lopes
André Luís
Mársico
Lombardi
N/A Sim
2403001.387
FIDENS
ENGENHARIA
S.A.
19-jun-12 4ª C / 3ª TO Ivacir Júlio de
Souza N/A N/A Sim
A Constituição Federal, no capítulo que trata dos Direitos Sociais, esculpe no
artigo 7º a gama de direitos dos trabalhadores. Assim o faz: “Art. 7º São direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: (...)” (sem grifos no original).
Em seus 38 incisos tal dispositivo constitucional elenca uma série de direitos
típicos das relações de emprego, tais como 13º salário, aviso-prévio, férias, descansos
semanais remunerados, jornada de trabalho etc. Porém, há também dentre esses outros
direitos que são extensíveis a outras categorias de trabalhadores, como por exemplo,
salário-maternidade (aplicável a todas as trabalhadoras), Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço, FGTS (aplicável ao diretor não-empregado54), ao aprendiz55, redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de proteção de saúde, higiene e
segurança, entre outros.
Dentre esses direitos, um em especial causa polêmica quanto aos sujeitos e
eficácia. A Participação nos Lucros e Resultados, prevista no inciso XI: “XI - participação
nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei”.
A polêmica surge em razão da redação do comando constitucional. Quanto à
aplicabilidade: a participação nos lucros e resultados, desvinculada da remuneração
prescinde de Lei para ser percebida, isto é, só a gestão da empresa, por ser excepcional,
que necessita da lei regulamentadora? Segunda questão: a participação é extensiva a
54 Lei nº 8.036/90, art. 16 55 Lei nº 10.097/00, art. 2º
45
todos os trabalhadores que prestam serviços à empresa, ou somente aos seus
empregados?
A edição da Lei nº 10.101, em 19 de dezembro de 2000, como conversão da MP
1.982-77, em vez de sepultar a questão, fomentou tal discussão.
Vejamos a redação dos seus três primeiros artigos:
Art. 1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I - comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II - convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II - programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. § 3o Não se equipara a empresa, para os fins desta Lei: (...) § 4o Quando forem considerados os critérios e condições definidos nos incisos I e II do § 1o deste artigo. I - a empresa deverá prestar aos representantes dos trabalhadores na comissão paritária informações que colaborem para a negociação, II - não se aplicam as metas referentes à saúde e segurança no trabalho. Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) (sem grifos no original)
A Lei nº 10.101/00, porém, não teve o condão de resolver a polêmica. Se por
um lado contém a regulamentação, por outro não afasta, nem garante a possibilidade
de sua aplicação aos trabalhadores sem vínculo de emprego. Vejamos.
O artigo 1º esclarece que a Lei regula a participação dos trabalhadores nos
lucros e resultados da empresa, dando um sentido amplo ao conceito de trabalhador,
graças à utilização da designação genérica daqueles que prestam serviços pessoais aos
contratantes. Por outro ângulo, o artigo 2º limita a aplicabilidade da lei, ao prescrever
que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, sempre com
a participação sindical.
46
Ao se recordar que a Lei nº 8.212/9156 expressamente afasta a PLR da
composição do salário de contribuição, desde que os valores pagos a título de
participação estejam de acordo com a lei específica, verificamos a importância da
correta interpretação das disposições da Lei nº 10.101/00.
A contradição quanto aos sujeitos do direito de recebimento da PLR é tratada
pela Corte Administrativa sobre algumas vertentes. Vejamos.
A 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em julgado que
resultou no acórdão nº 2302-001.28357, explicita, já na ementa da decisão que:
A Lei n°. 10.101/00 não regulamenta o pagamento de PLR para o segurado
na categoria de contribuinte individual58, mas para o segurado empregado,
e desde que o pagamento atenda todas as disposições nela previstas. (sem
grifos no original)
No voto, a conselheira relatora exprime o entendimento adotado pela 2ª Turma
Ordinária:
Portanto, as finalidades da lei são integração entre capital e trabalho e ganho
de produtividade. Deve haver uma negociação entre empresa e empregados,
através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores: clareza e
objetividade das condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a
participação nos lucros ou resultados (direito substantivo). Entre outros,
podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade,
qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela
empresa.
Entretanto, em nenhum momento a lei contempla o pagamento de
participação nos lucros aos contribuintes individuais. Toda a instituição e
regulamentação do pagamento visa o segurado empregado. A Lei n°.
10.101/00 não regulamenta o pagamento de PLR para o segurado na
categoria de contribuinte individual, mas para o segurado empregado, e
desde que o pagamento atenda todas as disposições nela previstas. (sem
grifos no original)
Com o mesmo entendimento, que veda a possibilidade do pagamento de PLR
sem caráter remuneratório aos contribuintes individuais com base na Lei nº 10.101/00,
56 Artigo 28, § 9º, alínea 'j' da Lei de Custeio da Previdência. 57 Proc. 19515.001242/2008-12, julgado em 24 de agosto de 2011, Relatora Liege Lacroix Thomasi. 58 A Lei de Custeio da Previdência Social, em seu artigo 12, inciso V, classifica o trabalhador que presta serviços a empresas sem relação de emprego, ou seja, sem as características de subordinação, ou habitualidade, ou ainda, pessoalidade, dentre eles o trabalhador autônomo, ou administrador, deve ser classificado como segurado contribuinte individual.
47
encontramos os acórdãos no 2403001.38759, 2301-004.36460, 2301-003.66661, 2401-
003.48762, 2401-003.62663 e 2302-002.37364.
Outras decisões expressam interpretação alargada da Lei nº 10.101/00. Nessas,
os julgadores entenderam que, cumpridos os demais requisitos da Lei da PLR, os valores
pagos a título de participação a diretores estatutários ou administradores podem ser
considerados desvinculados da remuneração e, portanto, sobre eles não incidem
contribuições previdenciárias.
Vejamos os argumentos do conselheiro Marcelo Freire de Souza Costa,
acatados pela maioria da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento,
que resultou no acórdão 2403-002.15865:
Discordo da decisão de primeira instância com relação ao fato de que o
pagamento da PLR não pode alcançar os executivos da recorrente. A
caracterização das verbas pagas pelo empregador aos trabalhadores como
distribuição de lucros, nos termos da Lei 10.101/2000, depende da
desvinculação da remuneração e da ausência de habitualidade. Nem a Lei
supra mencionada nem o art. 28, § 9º da Lei 8212/91 fazem ressalva de que
somente os segurados empregados podem ser beneficiados com o
pagamento de PLR.
(...)
Como se pode observar, todos os diplomas legais que regulam a matéria,
garantem aos trabalhadores o direito à participação nos lucros das empresas.
Em nenhum momento há a definição de que trabalhadores são
exclusivamente segurados empregados. Logo, analisando o conceito de
trabalhador com as respectivas normas legais, não se pode afirmar que
diretores, gerentes e executivos não sejam considerados como tal. (sem
grifos no original)
Em sentido oposto às primeiras decisões analisadas, a 3ª Turma Ordinária da
4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento traz nesse acórdão o entendimento da total
aplicação das disposições da Lei da PLR aos demais trabalhadores, e não somente aos
empregados. Representando essa corrente minoritária, encontramos decisões
representadas pelo acórdão nº 2403-002.33666, e a declaração de voto constante do
acórdão nº 2401-003.81167.
59 Processo 15504.012380/2009-78, julgado em 19 de junho de 2012, Relator Ivacir Julio de Souza. 60 Processo 17546.000495/2007-97, julgado em 12 de março de 2015, Relator Wilson A.de Souza Correa 61 Processo 19740.000125/2008-60, Relator Adriano Gonzales Silverio 62 Processo 15504.723743/2011-19, julgado em 15 de abril de 2014, Relator Kleber Ferreira de Araújo. 63 Processo 13864.720081/2011-19. julgado em 12 de agosto de 2014, Relatora Elaine C Monteiro e Silva Vieira. 64 Processo 16832.001177/2009-14, julgado em 12 de março de 2013, Relatora Liege Lacroix Thomasi. 65 Processo 16327.720473/2010-64, julgado em 17 de julho de 2013. 66 Processo 16327.001055/2009-31, publicado em 19 de novembro de 2013, Relator Marcelo Freire de Souza Costa. 67 Processo 35301.011658/2006-31, julgado em 21 de janeiro de 2015, Relator Igor Araújo Soares. Voto declarado pelo Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.
48
A extensão do direito à PLR aos contribuintes individuais, como valor
desvinculado da remuneração, tem maior apoio jurisprudencial com base na Lei nº
6.404/76. O conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, no voto condutor da decisão
representada pelo acórdão nº 2402-002.883, assim enfrentou a questão:
A Recorrente sustenta também que a participação estatutária dos diretores
não possui feição remuneratória, devendo ser excluída da base de cálculo das
contribuições previdenciárias.
Como pode se verificar no item 2.3 do relatório fiscal (fl. 38), houve a
distribuição de lucros aos diretores estatutários, haja vista que é uma
sociedade anônima, nos termos da Lei nº 6.404/76.
Cabe pontuar, primeiramente, que a Lei nº 6.404/76 trata os diretores da
mesma forma que os administradores, tal como se verifica em seu art. 145
(...).
Nesse sentido, destaca-se que a participação dos diretores estatutários é
contabilizada em conta do patrimônio líquido, mediante redução do lucro
acumulado, e não paga pela empresa em si (por meio de escrituração em
conta de resultado).
Neste contexto, não há que se falar na aplicação do art. 28 da Lei nº
8.212/91, pois os valores recebidos pelos diretores estatutários não se
inserem na relação jurídica “Empregador x Empregado”, não havendo que
se falar na incidência das contribuições previdenciárias. (sem grifos no
original)
Como se pode perceber, a corrente representada pelo voto transcrito entende
que as disposições da chamada Lei das S.A. se prestam a regulamentar o comando
esculpido no artigo 7º, inciso XI, da Carta Magna, afastando, portanto, a incidência
prevista na Lei nº 8.212/91 sobre os valores pagos a título de PLR em desacordo com a
lei. Tal entendimento, como dito, é reproduzido em várias decisões, como os acórdãos
no 2401-003.8119, 2301-004.3644, 2301-002.49268, 2402-002.70069 e 2803-002.32570.
Por fim, necessário apontar que tal entendimento encontrou oposição em
algumas turmas. A 2ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento afastou o voto do
relator no sentido da aplicação da Lei nº 6.404/76 a pagamento de valor a título de PLR,
por decisão qualificada, com base nos seguintes argumentos, consubstanciados por
meio do voto vencedor, de lavra do conselheiro André Luís Mársico Lombardi:
(...) Deveras, o texto constitucional condiciona a desvinculação da parcela
paga a título de participação nos lucros da remuneração aos termos da lei,
sendo que a participação nos lucros somente veio a ser regulamentada após
68 Processo 11020.002008/2010-79, julgado em 18 de janeiro de 2012, Relator Leonardo Henrique Pires Lopes 69 Processo 10872.000322/2010-23, julgado em 15 de maio de 2012, Relator Nereu Miguel Ribeiro Domingues 70 Processo 10920.000375/2010-21, julgado em 14 de maio de 2013, Relator Natanael Vieira dos Santos
49
a Constituição Federal de 1988, não se aplicando, portanto, a lei em destaque
que é de 1976.
Na realidade, a disposição em destaque não regulamentou o artigo 7°, XI, da
CF (que sequer existia), mas apenas estabeleceu uma forma específica de
remuneração dos administradores/diretores. Tal sistemática protege os
acionistas minoritários, na medida em que não permite que os acionistas
majoritários fixem remuneração absolutamente desproporcional aos serviços
prestados. (...)
Tal entendimento pelo afastamento da Lei das S.A. como norma
regulamentadora do pagamento de PLR, também é observado nos acórdãos no 2401-
003.4875 e 2301-003.25471.
9. USO DE AÇÕES PARA PAGAMENTO DA PLR
Como visto, a jurisprudência administrativa federal de segunda instância
caminha no sentido do reconhecimento da imunidade quanto às contribuições
previdenciárias de valores pagos a título de PLR desde que tal pagamento se dê nos
estritos limites da prescrição da Lei nº 10.101/00.
É justamente tal entendimento que embasa o permissivo de pagamento de
valores ajustados a título de participação nos lucros e resultados por meio de ações. O
voto do conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, constante da decisão representada pelo
acórdão nº 2401-003.05572, é representativo:
No nosso entender, o fato da empresa poder interferir no percentual de PLR
que poderia ser convertido em ações não representa unilateralidade, posto
que essa regra foi negociada entre a empresa e seus empregados, conforme
disposição constante dos acordos.
Por outro lado, a lei de regência não veda que o pagamento da PLR seja feito
em ações. De se verificar que os pagamentos em pecúnia ou em ações não
alteram a natureza da verba, qual seja a participação dos trabalhadores nos
lucros ou resultados da empresa. (sem grifos no original)
Não se observou entendimento diverso do transcrito73. Outra conclusão no
mesmo sentido sobre o tema foi proferida no acórdão nº 2401-003.49274, assim
ementado:
71 Processo nº 15504.725349/2011-15, julgado em 22 de janeiro de 2013, Relatora Bernadete de Oliveira Barros. 72 Processo 16327.720469/2010-04, julgado em 18 de junho de 2013. 73 Os acórdãos acima foram os únicos obtidos sobre o tema, num total de 168 acórdãos encontrados, em pesquisa realizada no sítio do Conselho, no dia 06 de janeiro de 2016, com a seguinte busca: "PLR e AÇÕES", para o período de 01/2000 a 01/2016 74 Processo 16327.720468/2010-51, julgado em 15 de abril de 2014, Relatora Elaine C. Monteiro e Silva Vieira
50
PAGAMENTO DA PLR EM AÇÕES. POSSIBILIDADE.
Não havendo qualquer restrição na Lei n.º 10.101/2000 quanto à forma de
pagamento da PLR, é possível que parte da verba seja paga em ações, desde
que acordado com os empregados e tal avença conste no acordo de PLR. (sem
grifos no original)
Sobre o tema, foram identificados nesta pesquisa apenas os acórdãos acima
indicados, razão pela qual não foi elaborada tabela.
10. CONCLUSÕES PRELIMINARES DA COORDENAÇÃO DO LIVRO SOBRE A PESQUISA "PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR)”, SUJEITAS, AGORA, AO DEBATE, CONTROLE SOCIAL E VALIDAÇÃO PELOS STAKEHOLDERS DO CARF (CONSELHEIROS, RFB, PGFN, CONTRIBUINTES E ADVOGADOS)
(i) Natureza jurídica da PLR. É majoritário no CARF o entendimento de que a não incidência de contribuições previdenciárias sobre a PLR decorre de imunidade, e não da ausência de natureza remuneratória dos pagamentos. Quanto à imunidade, predomina o entendimento de que a norma constitucional tem eficácia limitada, devendo ser observados os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.101/00 para que não incidam as contribuições previdenciárias.
(ii) Planos anteriores à Lei nº 10.101/00. Foi identificado um único acórdão
sobre o assunto, no qual se entendeu que o plano poderia ser enquadrado na MP nº 794/94 e suas reedições, posteriormente convertida na Lei nº 10.101/00.
(iii) Negociação prévia e participação do sindicato. É majoritário o entendimento de que a realização da negociação durante o período de apuração da PLR, por si só, não confere natureza salarial aos pagamentos. No que tange à participação do sindicato, foram identificados (i) dois acórdãos no sentido de que a ausência do representante sindical não é convalidada por posterior comunicação quanto aos termos negociados; (ii) dois acórdãos afirmando que a ausência do sindicato não invalida a PLR nos casos em que a entidade foi comprovadamente convocada para a reunião, mas não compareceu; e (iii) dois acórdãos dispensando a participação do sindicato na comissão paritária nos casos em que a PLR já estava prevista em convenção coletiva, devendo ser observados os termos desse documento. Também identificamos discussão quanto à possibilidade de o plano ser estendido a empregados de outra base territorial, o que foi majoritariamente admitido pelos conselheiros.
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(iv) Necessidade de o plano abranger todos os empregados. Foram analisados quatro acórdãos sobre essa questão, e nos quais foi adotado o entendimento de que a legislação não obriga o empregador a disponibilizar a PLR a todos os empregados.
(v) Regras claras e objetivas. Sobre esse ponto, prevaleceu, nos acórdãos analisados, o entendimento de que os critérios e condições mencionados pelo § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00 são meramente exemplificativos.
(vi) Documento apartado. Nos quatorze acórdãos analisados sobre esse assunto, prevaleceu o entendimento de que as metas podem ser previstas em documento apartado, desde que sejam levadas ao conhecimento dos beneficiários. Em alguns acórdãos, foi ressaltado que (i) o documento apartado não pode ser elaborado unilateralmente pelo empregador e, ou, (ii) deve ser mencionado no acordo de PLR.
(vii) Tratamento equânime e cálculo da PLR com base em lucros e resultados de outras pessoas jurídicas. Há entendimento majoritário de que a legislação não obriga o empregador a estabelecer metas e pagamentos equânimes aos beneficiários do plano, podendo haver diferenciação conforme o cargo e setor. Quanto à possibilidade de a PLR ser paga com base em lucros e resultados de outras empresas do mesmo grupo econômico, não há consenso na jurisprudência do CARF, tendo sido identificados três acórdãos favoráveis e quatro contrários.
(viii) Metas insuficientes ou inexistentes. Identificamos acórdãos em que o pagamento em valor ou percentual fixo, conforme (a) tempo de serviço, (b) horas trabalhadas ou (c) nível de abstenção e o estabelecimento de valor mínimo foram considerados pelos conselheiros como características que desnaturam a PLR, tornando a verba salarial, sujeita à incidência das contribuições previdenciárias.
(ix) Mecanismos de aferição. Dentre os acórdãos analisados, prevaleceu o entendimento de que a falta de apresentação dos documentos demonstrando a aferição dos pagamentos de PLR permite a tributação desses valores.
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(x) Periodicidade. Nos acórdãos analisados, é majoritário o entendimento de que, na redação original da Lei nº 10.101/00, não pode ser paga PLR mais de uma vez no mesmo semestre. Nos casos em que foi inobservada a regra de periodicidade, foi majoritariamente adotado o entendimento de que não é descaracterizada toda a PLR, devendo ser tributados apenas os pagamentos realizados acima dos limites estabelecidos pela Lei nº 10.101/00.
(xi) Pagamento de PLR quando não foi apurado lucro. Constatou-se haver entendimento majoritário de que a PLR pode ser calculada sobre os resultados, os lucros ou ambos.
(xii) Substituição ou complementação de remuneração. Não há consenso na jurisprudência do CARF quanto à descaracterização da PLR nos casos em que os pagamentos efetuados a tal título são desproporcionais ao salário do empregado.
(xiii) PLR paga a diretores estatuários. Também há divergência na jurisprudência do CARF quanto à incidência de contribuições previdenciárias sobre a PLR paga a diretores não empregados. Foram analisados vinte e seis acórdãos sobre o tema, sendo que em quinze prevaleceu o entendimento de que tais pagamentos estão sujeitos à tributação.
(xiv) PLR paga com ações. Foram identificados apenas dois acórdãos sobre o tema, nos quais admitiu-se o pagamento de PLR pelo empregador com ações da companhia.