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REPENSANDO A HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: SUGESTÕES DE ATIVIDADES SOBRE A GRÉCIA ANTIGA
BOSA, Roseli Maria Budel.1 RAMOS, Odinei Fabiano (orientador).2
RESUMO
O artigo aqui apresentado é resultado de uma pesquisa-ação, parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, Paraná, 2010. Esta foi desenvolvida na área de Didática da História e executada em duas etapas principais. Primeiramente a elaboração do projeto de intervenção e do caderno pedagógico, atendo-se ao público alvo: professores do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Pinheiro do Paraná, Curitiba. Já a segunda etapa aconteceu por meio da implementação do projeto e do caderno pedagógico, na escola em questão. Paralelamente a essa segunda etapa ocorreu o GTR (Grupo de Trabalhos em Rede), 2011que é um curso online onde o material desenvolvido inicialmente no programa foi usado para discussão com outros professores do Estado do Paraná. A temática escolhida para esse artigo surgiu como questionamento ao baixo rendimento e desinteresse por parte dos educandos do Ensino Fundamental na matéria de História. Considerando a problemática que envolve o ensino de história, a pesquisa-ação ateve-se em práticas de ensino para serem aplicadas paralelamente nas aulas de história, quanto ao conteúdo Grécia Antiga, abordando assim as origens dessa civilização, suas condições, entre outras especificidades que geralmente são abordadas no 6º ano do Ensino Fundamental de maneira superficial, ou ainda, com um conteúdo extremamente teórico longe da verdadeira transposição didática. A educação básica deve formar o aluno para conviver com mudanças, pois se vive num mundo que se transforma diariamente, entretanto se percebe que nas aulas de história, ainda perpetua a verdade absoluta e inquestionável emanada pela aula expositiva. Assim, há diferentes formas de enriquecer as práticas de ensino na disciplina de história, mas estas dependem também da realidade dos alunos, dos conteúdos a serem trabalhados, pois, são fatores que auxiliam na compreensão dos educandos. Palavras-Chave: história – didática – aprendizagem significativa.
1 Professora integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, do Paraná, 2010. Formada
em História pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Metodologia do Ensino Fundamental, pela Faculdade Integrada Espírita. 2 Professor Orientador: Dr. Odinei Fabiano Ramos – Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de
Paranaguá.
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1. APRESENTAÇÃO
Já faz algum tempo que na educação é alertado sobre a importância dos
conhecimentos prévios dos educandos para um ensino-aprendizagem mais
significativo. O fato é que muito se fala e diferentes estudos são publicados em prol
desse fator, entretanto há algumas escolas que ainda mantém o ensino focado em
métodos tradicionais, com aulas expositivas, sendo o professor o dono do saber e o
aluno o receptor.
Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica para o ensino de História,
propõe-se formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam
criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao
conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade
(BRASIL, 2008).
Com a facilidade de acesso a inúmeras fontes de informação, os alunos
devem ser capazes de buscar informações, filtrar, questionar afirmações apresentadas
como verdade, a não ser dependente. Para isso é imperativo que exista a preocupação
do professor em se atualizar e de estar em sintonia com as mudanças, até para falar
em uma mesma linguagem com seus alunos. Não pode haver acomodação.
Diante dos desafios contemporâneos enfrentados não somente pelo professor
de história, como das outras áreas da educação, optou-se por uma pesquisa-ação,
centrada em práticas de ensino diferenciadas para serem trabalhadas complementando
o conteúdo em sala, ou seja, agregadas aos recursos metodológicos já usados pelo
professor.
Para uma visualização mais detalhada da situação em que enfrenta a disciplina
de história nos 6° (sextos) anos, buscou-se com uma pesquisa no SERE – Sistema
Estadual de Registro Escolar, dados pertinentes a aprovação, reprovação, enfim quanto
ao rendimento dos educandos nos anos de 2009 e 2010.
Como objetivo geral seguiu-se: Possibilitar através de práticas de ensino
diferenciadas sobre o conteúdo Grécia Antiga, atividades que amenizassem o baixo
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rendimento dos educandos do 6° (sexto) ano do Ensino Fundamental no ensino de
História, sendo aplicadas pelos professores do 6° ano.
Com os objetivos específicos, buscou-se propor formas de superar o desafio de
melhorar a aprendizagem tornando as aulas mais atrativas e dinâmicas, com atividades
complementares ao conteúdo Grécia Antiga, também, discutir com os docentes do GTR
2011 formas e recursos importantes para tornar a aula de história mais significativa.
A opção pelo conteúdo Grécia Antiga, foi porque este faz parte do conteúdo a
ser trabalhado conforme o planejamento de história para o 6° (sexto) ano do Ensino
Fundamental - PPC – Proposta Pedagógica Curricular. Também porque o
conhecimento histórico pertinente à Grécia Antiga é base de toda a cultura ocidental,
pois foi nesse período histórico que surgiram as ciências propriamente ditas, o teatro, a
democracia, a filosofia, as olimpíadas, logo são assuntos interessantes e significativos
para os alunos.
Para uma melhor descrição de todo o trabalho desenvolvido, inicialmente é
apresentada a fundamentação teórica, discutindo-se particularidades complexas do
ensino de história a partir de subsídios teóricos. Na sequência tem-se a abordagem de
como foi a implementação no colégio embasada através dos princípios da pesquisa-
ação, uma modalidade de pesquisa, pertinente à pesquisa qualitativa associada as
experiências que foram significativas, juntamente à alguns depoimentos importantes
detectados no decorrer do GTR, 2011.
Assim, destaca-se que a pesquisa-ação seguiu a linha de pensamento
conforme o ponto de vista de Alcântara (1997, p. 120): “A meu ver [...] um bom
historiador, sintonizado com as últimas temáticas e preocupações da produção
historiográfica, não é necessariamente um bom professor de História". Assim, o autor
considera que a prática pedagógica (incluindo a de História) se traduz na sala de aula
pela concepção de realidade do professor e seus pressupostos teóricos.
Dessa forma, no caso da disciplina de História, a visão de mundo do professor
perpassa a concepção de História com a qual ele se identificou, e esta por sua vez,
norteia sua prática pedagógica, ainda que o professor não tenha clareza dessas
relações: “[...] qualquer concepção de História tem uma história e vincula-se,
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inevitavelmente, a uma dada teoria do conhecimento que vai se traduzir na sua prática
pedagógica” (ALCÂNTARA, 1997, p.127).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A REALIDADE CRÍTICA DO ENSINO DE HISTÓRIA
No Colégio Estadual Pinheiro do Paraná, em Curitiba, onde o projeto foi
implementado, existe um número expressivo de alunos com baixo aproveitamento na
disciplina de História, o que foi constatado observando-se os dados de aprovação e
reprovação do SERE – Sistema Estadual de Registro Escolar.
Uma das metas da pesquisa-ação foi estudar princípios didáticos e autores que
refletissem sobre como tornar a matéria de história, mais significativa para os alunos, ou
seja, mais desafiadora e interessante, estimulando-os a serem mais participativos,
críticos, conscientes de serem sujeitos transformadores do mundo a sua volta. Não se
teve a pretensão em dar fórmulas prontas para esses professores aplicarem em suas
práticas de ensino, mesmo porque elas não existem, mas apresentar sugestões.
Assim, este trabalho foi dirigido a professores e alunos do sexto ano do ensino
fundamental do Colégio Estadual Pinheiro do Paraná.
Segundo Fonseca (2010, p. 29), há uma:
[…] crise da educação, de valores, vivenciada de forma aguda e complexa pela sociedade brasileira contemporânea. Explorar esse território, contestá-lo e transformá-lo implica enfrentar uma temática óbvia para nós historiadores: a relação orgânica entre educação, cultura, memória e ensino de história.
Observa-se com a citação acima, que o ensino de história como também das
outras disciplinas, sofre influências significativas do mundo contemporâneo, quais
devem ser englobadas nas práticas de ensino, sem perder a relação entre educação,
cultura, memória e ensino de história. Neste contexto a pesquisa-ação dirigida a
professores e alunos do sexto ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Pinheiro
do Paraná, partiu da seguinte problemática: Que metodologias e práticas de ensino,
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podem transformar o ensino na disciplina de história mais significativo e interessante
para os educandos?
Também deve-se considerar o que autores, como Caimi (2006), Schimidt e
Cainelli (2009) alertam, a necessidade de se trabalhar a partir da realidade e dos
conhecimentos prévios dos alunos, sendo este portanto, o meio para se alcançar uma
aprendizagem de melhor qualidade.
Neste sentido é fundamental considerar que como a sociedade evolui e as
mudanças acontecem constantemente e tanto as escolas quanto os professores devem
acompanhar as transformações, pois os discentes de hoje, como a sociedade de hoje,
não são os mesmos de anos atrás.
2.2 A EMERGÊNCIA DE UM DISCURSO VOLTADO PARA PRÁTICAS METODOLÓGICAS DIFERENCIADAS Desde os primórdios da educação dita formal, procura-se por um método
perfeito, onde todos os alunos se apropriem do saber. Atualmente se sabe que isto não
existe, porém, ainda é uma das grandes aflições dos professores.
Nas reuniões docentes sempre aparecem as queixas de que os alunos são
apáticos, não se interessam pelo estudo, são irrequietos, que o aproveitamento de uma
parcela significativa dos estudantes está abaixo da média, entre outras questões
problemáticas.
Há no colégio, onde a pesquisa-ação foi implementada, um grande número de
estudantes que apresentam dificuldades na aprendizagem da disciplina de História,
com um aproveitamento muito aquém do esperado. Através deste estudo, buscou-se
auxiliar os professores desta área na identificação dos aspectos que podem ser
melhorados, ou modificados, propondo caminhos para a superação deste desafio, tanto
na apropriação como na aplicação dos conteúdos.
Nesse sentido a pesquisa buscou intervir nas práticas metodológicas de
ensino, atendo-se especialmente no ensino da disciplina de História. Dessa forma, por
meio de pesquisa bibliográfica e via internet, foram investigados temas e metodologias
que levassem a uma aprendizagem mais prazerosa por parte dos educandos, como
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também dos professores, pois uma aula prazerosa é sinônimo de satisfação pessoal
para o docente.
É importante se pensar que atualmente a realidade brasileira é bastante
complexa, onde muitas das inovações tecnológicas são mais conhecidas e utilizadas
pelos estudantes do que por professores, por isso a realidade da escola e dos alunos
dever ser conhecida e levada em conta no momento da inserção de novas tecnologias.
Se fala diariamente da necessidade de preparar os alunos para serem sujeitos
da transformação da sociedade atual. Logo, estes alunos devem se sentir parte desta
sociedade e ter a capacidade de se adaptar, questionando as mudanças se necessário.
Neste sentido destaca-se a necessidade de estimular o desenvolvimento no
aluno como um ser em construção, estimulando-o para que venha a ser um cidadãos
crítico, participativo, que saibam ler nas entrelinhas dos jornais, das revistas, e assim,
defender seus interesses e de toda uma sociedade. É dessa forma que o aluno
consegue interpretar melhor o mundo e ser realmente um sujeito da sua própria história.
Diante disso esta pesquisa foi dirigida diretamente aos professores de História,
profissionais inconformados com a realidade que se apresenta atualmente. As
sugestões propostas e refletidas desde o projeto de intervenção até a implementação
do caderno pedagógico, auxiliaram estes profissionais nas suas práticas de ensino,
fazendo com que os seus alunos fossem mais participativos, curiosos, criativos e
críticos, não apenas como alunos, mas como cidadãos engajados, conscientes de seu
papel social.
3. A PESQUISA-AÇÃO
A modalidade de pesquisa científica adotada foi a pesquisa-ação, explicada por
Tripp (2005, p. 443), “[...] como uma das muitas diferentes formas de investigação-ação,
a qual é sucintamente definida como toda tentativa continuada, sistemática e
empiricamente fundamentada de aprimorar a prática.”
Portanto, trata-se de um método criado para analisar e responder problemas
concretos dentro do meio social, visando a mudança de comportamentos.
Já Vergara (2007, p. 49) conceitua como: “um tipo particular de pesquisa
participante e de pesquisa aplicada que supõe intervenção participativa na realidade
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social. Quanto aos fins é, portanto, intervencionista".
Nesse sentido a pesquisa-ação é uma modalidade importante para ser adotada
em pesquisas na área de educação, pois diante dos diferentes problemas enfrentados
devido a dicotomia teoria e prática, ou ainda, por outros fatores que interferem no
processo de ensino e aprendizagem, ela possibilita ao pesquisador, refletir e auto-
avaliar a sua própria prática metodológica de ensino, intervir na mesma e transformar
suas ações visando alcançar objetivos em comum, relacionados, sobretudo, à uma
aprendizagem significativa dos educandos, ou a longo prazo, a formação integral e
crítica do aluno, que se observa como sujeito histórico.
Considerando que se refere a um processo de ação planejada cujo
pesquisador é o ator nessa ação em desenvolvimento, compreende-se que a pesquisa-
ação é principalmente uma modalidade de intervenção coletiva, inspirada nas técnicas
de tomada de decisão, que associa atores e pesquisadores em procedimentos
conjuntos de ação com vista a melhorar uma situação precisa, avaliada com base em
conhecimentos sistemáticos de seu estado inicial e apreciada com base em uma
formulação compartilhada de objetivos de mudança (FIGUEIREDO, 2009).
Neste contexto, antes de implementar a unidade didática com a sequência de
atividades, foi feito um levantamento de dados quanto ao índice de aprovação e
reprovação na disciplina de história em turmas de 6° (sexto) ano, através do SERE –
Sistema Estadual de Registro Escolar no ano de 2009 e 2010. Para uma melhor
visualização da situação tem-se as tabelas a seguir:
Tabela 1 – Rendimentos dos alunos de 6° ano em 2009.
2009
Turmas N° de alunos matriculados
N° de alunos aprovados
N° de alunos aprovados por
conselho
N° de alunos
reprovados
6°A 32 16 6 10
6°B 26 11 10 5
6°C 27 15 6 6
6°D 29 17 6 6
6°E 24 13 6 5 Fonte: a autora (2012)
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Observa-se que os números representam que em cada turma entre o índice
dos alunos reprovados e os aprovados pelo conselho escolar é expressivo,
considerando-se com o total de alunos matriculados. Assim é notável o baixo
aproveitamento na disciplina de História. Entretanto, devem ser considerados que esses
resultados advém de uma soma de fatores, como dificuldades de aprendizagem, falta
de estrutura, recursos, entre outros complementados com questões complexas das
práticas de ensino de história.
Os dados observados no ano de 2010 não são críticos, mas devem ser
observados detalhadamente para que cada vez mais o número de alunos matriculados
e o de alunos aprovados se aproximem.
Tabela 2 – Rendimentos dos alunos de 6° ano em 2010.
2010
Turmas N° de alunos matriculados
N° de alunos aprovados
N° de alunos aprovados por
conselho
N° de alunos
reprovados
6°A 34 25 3 6
6°B 32 26 2 4
6°C 34 24 3 7
6°D 32 17 9 6 Fonte: a autora (2012)
Uma questão a se destacar é que o número de alunos matriculados representa
que para 6° (sextos) anos é significativamente alto, porque o trabalho com turmas
numerosas pode ocasionar outras problemáticas que influenciam no processo de
ensino e aprendizagem como: indisciplina e atendimento individualizado pouco
frequente.
Diante dos dados observados com relação ao aproveitamento dos alunos
quanto de 6° (sexto) ano, buscou-se aplicar a unidade didática atendo-se em atividades
diferenciadas sobre o conteúdo Grécia Antiga.
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3.1 A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DO CADERNO PEDAGÓGICO: RESULTADOS E
DISCUSSÕES DA IMPLEMENTAÇÃO
A seguir são demonstrados os resultados da pesquisa-ação desenvolvida
primeiramente no projeto de intervenção na temática didática para o ensino de história,
depois na unidade didática, elaborada conforme o público alvo, professores de história
do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Pinheiro do Paraná, Curitiba em 2011. O
mesmo caderno de sequência de atividades planejadas conforme o conteúdo Grécia
antiga, foi discutido juntamente com outros professores de história do estado do
Paraná, no GTR, 2011, o que favoreceu ainda mais a implementação. Portanto, tanto as
ações planejadas, como no momento em que foram implementadas, possibilitaram a
intervenção participativa na prática coletiva de ensino e aprendizagem na disciplina de
história.
Há diferentes formas de enriquecer as práticas de ensino na disciplina de
História, mas estas dependem também da realidade dos alunos, dos conteúdos a
serem trabalhados, da turma que pode ser numerosa ou não, pois, são fatores que
auxiliam/influenciam na compreensão dos educandos.
Dando continuidade ao processo de pesquisa-ação tem-se em seguida o
resultado da implementação das sugestões de atividades complementares ao conteúdo
de Grécia Antiga, explorado pelos professores de história, do Colégio Estadual Pinheiro
do Paraná em 2011. Destaca-se que essas são apenas um exemplo de como pode se
enriquecer a prática de ensino no dia-a-dia do contexto escolar e alcançar a
aprendizagem significativa.
Todavia, o que seria então uma aprendizagem significativa? Aprendizagem
significativa segundo Moreira (2000) trata-se daquela onde prevalece a compreensão, o
sentido e a capacidade de transferência; oposta à aprendizagem mecânica,
memorística e sem significado.
Através dessa linha de pensamento a implementação aconteceu em cinco
ações conforme a sequência de atividades direcionadas pelo caderno pedagógico.
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Entretanto, inicialmente foi apresentado o projeto de intervenção aos professores
sujeitos ativos da pesquisa-ação. Logo, após a apresentação do projeto, explorou-se o
caderno pedagógico, orientando-os aos encaminhamentos que deveriam ser seguidos
e os materiais/recursos que estariam enriquecendo suas práticas de ensino de história,
no que se referia ao conteúdo Grécia Antiga, 6° ano.
A primeira atividade foi uma abordagem mais sutil para iniciar as discussões e
estimular o interesse dos educandos. Assim, os professores deveriam levar o texto
impresso com ilustrações tendo como ponto de partida, os Jogos Olímpicos da Grécia,
propondo também a visualização de dois vídeos: Grécia Antiga, parte 1 e 2.
Depois houve uma sistematização destas informações num quadro seguindo
as categorias (antiguidade, atualidade, guerras, cidades importantes, principais
obras/histórias criadas. Assim, dentro dessas categorias deveriam colocar palavras ou
explicações nas colunas correspondentes, como: olimpíadas, filosofia, arte, ciência,
odisseia, ilíada, Homero, Atenas, Esparta, Tróia, democracia, entre outras.
Salienta-se que foi explicado aos professores sobre a importância que as
atividades propostas servissem de estímulo á busca de compreensão tanto do passado
como do presente. Portanto, a sequência de atividades somadas aos encaminhamentos
metodológicos deveriam possibilitar o diálogo entre as referências dos alunos, as das
discussões das práticas de ensino, as do professor, e ainda as de outras pessoas.
Esta visão refere-se a uma aprendizagem com finalidade construtiva na
construção de significados. Perrenoud (2000, p. 34) explica que a construção de
significados ocorre necessariamente de forma dialógica, isto é, de maneira semelhante
à de um diálogo: “o aluno coloca as suas múltiplas referências com as quais entra em
contato”. Esse diálogo ocorre sempre, não importa qual seja a concepção pedagógica
dos professores ou o seu método de ensino. Em decorrência, também sempre acontece
a construção de significados.
Considerando-se essa finalidade da aprendizagem, as próximas atividades: “A
Grécia antiga continua vivendo”; “O que já aprendemos sobre a Grécia antiga?”;
“Aprofundando conhecimentos...”; “Pesquisando e socializando”; como os próprios
subtítulos sugerem foram despertando o interesse e ao mesmo tempo aumentando o
grau de dificuldades e exigências diante dos educandos. Os professores que
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implementaram as atividades deveriam retomar sempre as atividades das aulas
anteriores, para que o conhecimento não focasse fragmentado e sim envolvesse numa
abordagem contínua do mesmo conteúdos, levando o aluno a fazer associações por
meio das construções de significados que lhes eram oportunizadas.
Para que os alunos expusessem suas construções de significados e também
ultrapassando o saber prévio ampliando a linha de conhecimento, na atividade “Grécia
antiga continua vivendo”, foram divididos em grupos e o professor sorteou temas para
pesquisa:
• Organização Política da Grécia Antiga
• Mitos Gregos
• Língua grega e radicais gregos na língua portuguesa
• Literatura grega: Ilíada e Odisséia
• O corpo na cultura grega
• Arte grega
• Religião grega
Segundo os professores essa prática foi significativa porque os educandos
apresentaram em forma de cartaz, vídeos e imagens e embora alguns estivessem mais
tímidos, todos fizeram alguma coisa na hora da apresentação.
Outro encaminhamento seguido pelos professores na implementação foi que
apareceram com um mural branco feito de papel (cartolina branca), em que os alunos
deveriam escrever o que já haviam aprendido sobre a Grécia, tanto na antiguidade
como na atualidade. Assim, além da exposição escrita, os educandos geraram grande
movimentação, todos queriam falar, assim segundo alguns professores aconteceu
também um debate orientado pelos educadores.
Dando continuidade, em “Aprofundando os conhecimentos” o tema explorado
foi a civilização grega, com distribuição e leitura de texto com imagens da divisão do
território da polis, após a discussão e apresentação de imagens, os alunos em trios,
deveriam ser estimulados a desenhar a polis, ou fazer uma colagem com imagens
pesquisadas por eles, ou ainda a construção de uma maquete, como o trio achasse
melhor, para apresentar na próxima aula.
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Para melhor demonstrar como os conhecimentos foram aprofundados,
discutindo-se a organização da civilização grega com as imagens apresentadas, tem-se
a seguir as imagens que foram usadas pelos professores nessa prática, nas figuras 1 e
2:
Figura 1 – Acrópole com legenda Fonte: <www.klepsidra.net/klepsidra26/agora-plano.jpg>.
Fonte: <www.klepsidra.net/klepsidra26/agora-plano.jpg>.
Segundo os professores, as imagens despertaram o interesse dos educandos,
levando-os a discutirem, compararem e principalmente a criatividade desencadeada
pela vontade de desenhar e criar a Acrópole, ou as divisões do território da pólis:
acrópole, cidade alta, que abrigava os templos dos deuses e não era habitada; a cidade
baixa onde se situavam as praças, os mercados e as moradias de ricos e pobres; o
campo onde moravam os agricultores.
A seguir está a figura 2, com outro ponto de vista:
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Figura 2 – Outro ponto de vista da Acrópole Fonte: <www.klepsidra.net/klepsidra26/agora-plano.jpg>.
Essas aproximações entre presente e passado, como também da cultura da
Grécia Antiga, possibilitou aos educandos uma compreensão de que cada sociedade é
organizada conforme o período histórico em que esta inserida.
Karnal (2003, p. 21): aponta que:
Cada estudante precisa se perceber, de fato, como sujeito histórico, e isso só se consegue quando ele se dá conta dos esforços que o ser humano levou para chegar ao estágio civilizado [...] Para o mal, mas também para o bem, afinal de contas. Humanizar o homem é percebê-lo em sua organização social de produção [...] E no momento especial que vivemos, isso é particularmente importante.
Portanto, a aprendizagem histórica está intimamente relacionada aos
encaminhamentos que o professor dispõe para o aluno, como também as
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oportunidades de relacionar presente com passado e de compreender-se como sujeito
participante da História e da sociedade.
A implementação prosseguiu com a ultima atividade implementada, onde
mostrou-se aos professores que é necessário planejamento, pesquisas, para que o
professor de fato comprometa-se com o seu papel, e sobretudo, com a função social da
escola, que é sistematizar, passar e compartilhar conhecimentos acumulados na
humanidade.
Neste contexto, nesta atividade, focavam-se as particularidades da Grécia
Antiga, onde mostrou-se para os professores outras opções que poderiam ser pedidas
para os alunos pesquisarem, entretanto era fundamental levar o material “quase pronto”
para a sala (recortes de imagens, explicações, curiosidades, aspectos culturais,
artísticos, entre outros) para que os educandos montassem painéis explicativos sobre
cada pequeno tema. Entre as sugestões de temas estavam:
Alimentação na Grécia antiga;
Trechos de filmes que demonstrem a Grécia;
Deuses e Mitos;
Esparta
A mulher espartana
Atenas
Ostracismo
Atena, a Deusa Guerreira
Arte e literatura
Os professores comentaram que os encaminhamentos metodológicos foram
adequados, deram certo, não somente como atividades a serem trabalhadas
complementando o conteúdo de Grécia Antiga, como também atividades que
exploraram boa parte desse conteúdo a ser trabalhado no 6° ano. A linguagem, a
sequência e tudo mais, foi planejado conforme os educandos alvos e principalmente
visando alcançar os objetivos voltados para a amenização do baixo rendimento dos
alunos na disciplina de História.
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Alcançar os objetivos, perceber as práticas de ensino produtivas, os materiais e
a sequência didática foi uma maneira de discutir com os professores sujeitos da
pesquisa-ação o sentido de ensinar história na atualidade e como estas novas formas
de pensar a aprendizagem da história interfere na forma de escolher os conteúdos e os
subtemas a serem trabalhados na sala de aula ou fora dela.
Shmidt e Cainelli (2009, p. 20) colocam que deve-se:
[...] olhar para esses conteúdos (de História) a partir da possibilidade de construir com os alunos novas questões diante de conteúdos/temas postos pela, historiografia. Aprender história é discutir evidencias levantar hipóteses, dialogar com os sujeitos, os tempos e os espaços históricos. É olhar para o outro em tempos e espaços diversos. A experiência de cada um alarga-se com a compreensão das experiências dos outros.
Assim, como demonstrou-se neste artigo, uma sugestão de atividades
perpetuadas por uma didática da História por meio das necessidades dos educandos
como sujeitos da história e como alunos. Pois muitas vezes os professores preocupam-
se tanto com os conteúdos que acabam esquecendo que estão trabalhando com
crianças, que rapidamente desestimulam-se e desinteressam-se diante de práticas de
ensino mecânicas, memorialísticas e maçantes.
Nas sugestões dos temas, também pensou-se na questão interesse, onde os
encaminhamentos metodológicos focaram o fato destes alunos estarem em processo
de aprendizagem e desenvolvimento, portanto buscou-se fazer também que os
professores os considerassem assim, para que observassem o processo e não o
resultado de determinada sistematização.
Enfim, os professores perceberam que o aluno pode dialogar com fontes
históricas, assim como fazem os historiadores, sendo possível fazer com que o aluno
construa uma série de hipóteses a respeito, relacionando causas e efeitos, raciocinando
sobre o assunto em questão.
Considerando-se os professores e consequentemente os alunos envolvidos na
implementação das atividades integrantes do PDE 2010, muito pode ser feito para
melhorar o ensino de história, mas não basta apenas formações continuadas, ou cursos
preparatórios, é preciso uma mudança no sistema de ensino geral, na carga horária,
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nas estruturas das escolas, no número de alunos, entre tantas outras questões que
também são desafios enfrentados pelo professor no contexto escolar.
Os professores que implementaram as atividades, avaliaram os alunos em
atividades de discussões, quadros com relações históricas entre passado e presente
apontados pelos alunos, interesse em participar das atividades, considerando-se
juntamente ao conhecimento sistematizado a criatividade. Dentro disso, todos
consideraram que as atividades foram significativas para serem trabalhadas
complementando o conteúdo Grécia Antiga.
Porém, toda a abordagem só foi possível com o conhecimento da unidade
didática, o preparo e planejamento anterior das aulas, para assim poder direcionar e
mediar e entre a prática de ensino e o aluno. Porque com todos os desafios do dia-a-dia
escolar, apenas a proposta da atividade não foi suficiente para despertar o interesse e
estimular o conhecimento do aluno quanto ao conteúdo.
Muitos desses desafios foram apontados no decorrer do GTR – Grupo de
Trabalhos em Rede, 2011. Onde anseios, angústias e experiências significativas foram
compartilhadas. Entre as contribuições deste grupo de professores de história da rede
estadual de ensino do Paraná, escolheram-se alguns:
Só através do conhecimento e da conscientização de que o ensino de História enfrenta problemas de cunho metodológico, que poderemos assumir um compromisso maior. Acredito que cada professor procura aplicar sua prática de ensino da melhor maneira, atendo-se à realidade da escola e dos educandos. Mas o problema do baixo rendimento, pode estar associado a uma infinidade de fatores, cabe ao professor saber detecta-los e tentar revertê-los (PROFESSOR DO ESTADO DO PARANÁ, GTR, 2011).
Na descrição anterior, o professor apontou sobre a importância dessa profissão
no observar particularidades do contexto em que atua, para que possa intervir na
realidade dos alunos.
Outro ponto de vista interessante foi sobre o caderno pedagógico:
Abordar o tema das Guerras juntamente com o das grandes histórias/obras literárias desenvolvidas na Grécia, é uma maneira de discutir o passado demonstrando que a história não é construída apenas com sangue, com confrontos culturais, mas também com heróis e romances maravilhosos. O que
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você colocou para esses professores, foi de que além de se trabalhar com atividades desafiadoras e criativas, os alunos independente de idade e grau de escolaridade, querem participar e envolver-se, basta estimulá-los e despertá-los para o mundo do conhecimento histórico (PROFESSOR DO ESTADO DO PARANÁ, GTR, 2011).
Dessa forma, no contexto escolar do mundo contemporâneo acontece algo
semelhante, quando se trata de declamar poesias, cantar ou tocar um instrumento ou
simplesmente contar história: nem todos os professores têm estas habilidades, mas
cabe a eles mesmos a busca de recursos, técnicas e práticas metodológicas
diferenciadas, pois o livro didático é apenas um complemento, um apoio.
Para finalizar, cabe citar o ponto de vista de um professor que argumenta
falando da transposição didática:
A escola constitui o lugar onde os alunos podem ter acesso ao conhecimento de forma estruturada, a partir do compartilhamento de noções, referências e conceitos que dão especificidade a cada campo de estudo. A transposição didática [...] deve buscar a aproximação entre o conhecimento científico e a vivência diária dos jovens, sem, contudo, negar ao aluno a oportunidade de se apropriar de conteúdos abstratos, aparentemente distantes de sua existência (PROFESSOR DO ESTADO DO PARANÁ, GTR, 2011).
Enfim, o GTR demonstrou que o baixo rendimento no ensino de História, não é
uma realidade apenas da escola onde houve a intervenção. E o importante é que todos
os docentes estão preocupados com a situação, logo estão buscando novas
possibilidades de intervir favorecendo o rendimento na disciplina.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo de História constitui uma prática fundamental para a formação de
cidadãos ativos no mundo. Proporcionar às crianças um estudo mais amplo da trajetória
da sociedade em que vivem, bem como o conhecimento da história de povos diversos e
distintos, representa uma importante oportunidade para auxiliá-los a estabelecer
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critérios bem embasados para suas escolhas e abrir-se à convivência com outras
formas de organização cultural, religiosa e social.
Assim, os objetivos do projeto de intervenção foram alcançados, principalmente
pelo contato direto com os professores, sujeitos ativos da pesquisa-ação. Não houve
restrição, pois se percebe que o docente está sempre aberto à novas ideias e
sugestões para enriquecerem suas práticas de ensino. As quais muitas vezes, não
estão tão produtivas, por comodismo, por dificuldades e desafios da realidade escolar,
também a questão de tempo e de materiais disponíveis.
Há consciência destas especificidades, entretanto refletir sobre a própria
prática, trabalhar significativamente é um meio de alcançar resultados positivos não
somente nos educandos, como também nos educadores.
A escolha pelo conteúdo Grécia Antiga, favoreceu em muito porque despertou
interesse e discussões dos alunos. Pois, conceitos como democracia, política, ciência,
entre outros se utilizados referenciando-se à acontecimentos atuais como os períodos
eleitorais, eleição de grêmios, de representantes de turma, são fundamentais para os
alunos compreenderem questões de organização do poder, do voto, entre outras.
Além dessas questões, estão implícitas discussões como, greves, lutas,
situação da mulher na sociedade atual, entre outras comparações aproveitadas com
atividades e práticas de ensino significativas servem para tornar a disciplina de história
empolgante para o aluno.
Cabe destacar, que os alunos adoram participar contribuindo com suas
histórias e comentando os assuntos trabalhados, logo é fundamental que exista uma
aproximação entre o professor e alunos.
E o mais importante, o professor deve pensar e repensar sua prática, pois ser
um bom professor exige atualização e reflexão.
Sendo a escola um espaço de conhecimento inserido num contexto local e
mundial, é preciso que ela promova situações de ensino-aprendizagem (como as
sugeridas nesta pesquisa) que discutam valores subjacentes aos temas em estudo.
Essa prática implica evidenciar os próprios valores do grupo em relação às questões
em debate e localizá-las num horizonte mais amplo de promoção de justiça, igualdade,
harmonia e desenvolvimento humano.
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REFERÊNCIAS
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