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República Federativa do Brasil DIÃ RIOlilililllríNAC10NA L SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO, 22 DE OUTUBRO DE 1983 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ata da 138{l Sessão, em 21 de outubro de 1983 1- ATA DA 138' SESSÃO DA I' SESSÃO LEGISLATIVA DA 47' LEGISLATURA, EM :n DE OUTUBRO DE 1983. I- Abertura da SessÃo II - Leitura e assinatura da ata da sessÃo anterior III - Leitura do Expediente OFIcIOS a) N's 119 e 120/83, do Sr. Deputado Bonifácio de Andrada, Presidente da Comissão de Consti- tuição e Justiça. b) N' P-7t/83, do Sr. Pedro Sampaio, Presidente da Comissão de Economia, Indústria e Comér- cio. e) N' 515/83, do Sr. Inocêncio Oli veira, Presiden te da Comissão do Interior. d) N' 148/83, do Sr. Deputado Borges da Silveira, Presidente da Comissão de Saúde. IV - Pequeno Expediente JOÃO HERCULINO - Decre- tação de medidas de emergência no Distrito Federal. SEBASTIÃO CURIÔ - Pror- rogação do prazo para garimpa- gem manual em Serra Pelada, Esta- do do Pará. ARTHUR VIRGILIO NETO - Julgamento dos padres Aristides Camio e François Gouriou. IVO VANDERLlNDE - Rei- vindicações dos fumicultores. SUMÁRIO JOÃO GILBERTO - Desvin- culação dos reajustes das aposenta- 'dorias, das pensões c demais be- nefícios. HÊLIO DUQUE - Conveniên- cia do reencontro da Nação com o Estado brasileiro. LÚCIO ALCÂNTARA Combate à seca no Nordeste. As- sistência aos flagelados nordesti- nos. OLIVIR GABARDO - Carta do Ministro da Acronáuticajustifi- cando utilização de aviões da FAB no transporte de material de em- presa partieular na região de Alta Floresta, Estado do Paraná. JORGE ARBAGE - Projeto de lei sobre o aborto. OCTACILIO ALMEIDA Construção da estrada Paranapuã- Mesópolis, Estado de São Paulo. OSWALDO MELO - Reflexos da alta do custo de vida na classe média. LÚCIA VIVEIROS - Pendên- cias trabalhistas na Santa Casa de Misercórdia, Belém, Estado do Pa- rá. VICENTE GUABIROBA - Defesa do ex-Deputado Athos Vieira de Andrade. ASSIS CANUTO - Preser- vação da ecologia e dos recursos naturais. NOSSER ALMEIDA - Políti- ca indigenista. Atuação da FU- NA!. ALCIDES LIMA - UI Encon- tro Regional sobre a Problemática da Seca. DENISAR ARNEIRO - Con- fiança da juventude nos destinos do País. SIQUEIRA CAMPOS - Exten- são do POLAMAZONIA a Mu- nicípios da Amazônia Legal goia- na. NILSON GIBSON - Explo- ração da gipsita em Araripe. Esta- doi de Pernambuco. JOSÊ RIBAMAR MACHADO - Necrológio do jornalista e poeta Fernando Ribamar Viana. FLORICENO PAIXÃO - Apreciação, pelo Congresso Nacio- nal, do Decreto-lei n' 2.064/83. JOSÊ FOGAÇA - Concessão, pelo Governador de Minas Gerais, da medalha Santos Dumont ao Mi- nistro Delfim Netto. IRINEU COLATO - I Feira Agropecuária e Industrial de Gi- ruá, Estado do Rio Grande do Sul. DANTE DE OLIVEIRA Momento político brasileiro. ORESTES MUNIZ - Forneci- mento de óleo diesel e combustível para Manaus e Porto Velho. RENAN CALHEIROS - De- cretação de medidas de emergência no Distrito Federal. SÊRGlO LOMBA - Encerra- mento das atividades da fábrica de tecidos Nova América, Estado do Rio de Janeiro. Presidência dos Srs.: Walber Guimarães, 2 P - Vice Presidente; Ary Kffuri, 2 P -Secretário; Amaury Müller, 4 P -Secretário; e Milton Brandão (Art. 76 do Regimento In- terno). I - ÀS 9:00 HORAS COMPARECEM OS SE- NHORES: Flávio Marcílio Paulino Cfcero de Vasconcellos Walber Guimarães Fernando Lyra Ary Kffuri Francisco Studart Amaury Müller Osmar Lcitão Carneiro Arnaud José Eudes Antônio Morais Acre Alércio Dias - PDS; Aluízio Bezerra - PMDB; Amilcar de Queiroz - PDS; Geraldo Fleming - PMDB; José Mello - PMDB; Nasser Almeida - PDS; Ruy Lino - PMDB; Wildy Vianna - PDS. Amazonas Arthur Virgílio Neto - PMDB; Carlos Alberto de Carli - PMDB; José Fernandes - PDS; José Lins de Albuquerque - PDS; Josué de Souza - PDS; Mário Frota - PMDB; Randolfo Bittencourt - PMDB; Vi- valdo Frota - PDS. Rondônia Assis Canuto - PDS; Francisco Erse - PDS; Fran- cisco Sales - PDS; Leônidas Rachid - PDS; Múcio Athayde - PMDB; Olavo Pires - PMDB; Orestes Mu- niz - PMDB; Rita Furtado - PDS. ParlÍ Ademir Andrade - PMDB; Antônio Amaral- PDS; Brabo de Carvalho - PMDB; Carlos Vinagre - PMDB; Coutinho Jorge - PMDB; Dionísio Hage .,...

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Page 1: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

República Federativa do Brasil

DIÃRIOlilililllríNAC10NALSEÇÃO I

ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO, 22 DE OUTUBRO DE 1983

CÂMARA DOS DEPUTADOS Ata da 138{l Sessão,em 21 de outubro de 1983

1- ATA DA 138' SESSÃO DAI' SESSÃO LEGISLATIVA DA47' LEGISLATURA, EM :n DEOUTUBRO DE 1983.

I - Abertura da SessÃo

II - Leitura e assinatura da atada sessÃo anterior

III - Leitura do Expediente

OFIcIOS

a) N's 119 e 120/83, do Sr.Deputado Bonifácio de Andrada,Presidente da Comissão de Consti­tuição e Justiça.

b) N' P-7t/83, do Sr. PedroSampaio, Presidente da Comissãode Economia, Indústria e Comér­cio.

e) N' 515/83, do Sr. InocêncioOli veira, Presiden te da Comissãodo Interior.

d) N' 148/83, do Sr. DeputadoBorges da Silveira, Presidente daComissão de Saúde.

IV - Pequeno Expediente

JOÃO HERCULINO - Decre­tação de medidas de emergência noDistrito Federal.

SEBASTIÃO CURIÔ - Pror­rogação do prazo para garimpa­gem manual em Serra Pelada, Esta­do do Pará.

ARTHUR VIRGILIO NETO- Julgamento dos padres Aristides

Camio e François Gouriou.

IVO VANDERLlNDE - Rei­vindicações dos fumicultores.

SUMÁRIO

JOÃO GILBERTO - Desvin­culação dos reajustes das aposenta­'dorias, das pensões c demais be­nefícios.

HÊLIO DUQUE - Conveniên­cia do reencontro da Nação com oEstado brasileiro.

LÚCIO ALCÂNTARACombate à seca no Nordeste. As­sistência aos flagelados nordesti­nos.

OLIVIR GABARDO - Cartado Ministro da Acronáuticajustifi­cando utilização de aviões da FABno transporte de material de em­presa partieular na região de AltaFloresta, Estado do Paraná.

JORGE ARBAGE - Projeto delei sobre o aborto.

OCTACILIO ALMEIDAConstrução da estrada Paranapuã­Mesópolis, Estado de São Paulo.

OSWALDO MELO - Reflexosda alta do custo de vida na classemédia.

LÚCIA VIVEIROS - Pendên­cias trabalhistas na Santa Casa deMisercórdia, Belém, Estado do Pa­rá.

VICENTE GUABIROBA ­Defesa do ex-Deputado AthosVieira de Andrade.

ASSIS CANUTO - Preser­vação da ecologia e dos recursosnaturais.

NOSSER ALMEIDA - Políti­ca indigenista. Atuação da FU­NA!.

ALCIDES LIMA - UI Encon­tro Regional sobre a Problemáticada Seca.

DENISAR ARNEIRO - Con­fiança da juventude nos destinos doPaís.

SIQUEIRA CAMPOS - Exten­são do POLAMAZONIA a Mu­nicípios da Amazônia Legal goia­na.

NILSON GIBSON - Explo­ração da gipsita em Araripe. Esta­doi de Pernambuco.

JOSÊ RIBAMAR MACHADO- Necrológio do jornalista e poetaFernando Ribamar Viana.

FLORICENO PAIXÃO ­Apreciação, pelo Congresso Nacio­nal, do Decreto-lei n' 2.064/83.

JOSÊ FOGAÇA - Concessão,pelo Governador de Minas Gerais,da medalha Santos Dumont ao Mi­nistro Delfim Netto.

IRINEU COLATO - I FeiraAgropecuária e Industrial de Gi­ruá, Estado do Rio Grande do Sul.

DANTE DE OLIVEIRAMomento político brasileiro.

ORESTES MUNIZ - Forneci­mento de óleo diesel e combustívelpara Manaus e Porto Velho.

RENAN CALHEIROS - De­cretação de medidas de emergênciano Distrito Federal.

SÊRGlO LOMBA - Encerra­mento das atividades da fábrica detecidos Nova América, Estado doRio de Janeiro.

Presidência dos Srs.:Walber Guimarães, 2P- Vice Presidente;Ary Kffuri, 2P-Secretário;Amaury Müller, 4P-Secretário; eMilton Brandão (Art. 76 do Regimento In­

terno).

I - ÀS 9:00 HORAS COMPARECEM OS SE­NHORES:

Flávio MarcílioPaulino Cfcero de VasconcellosWalber GuimarãesFernando LyraAry KffuriFrancisco StudartAmaury MüllerOsmar LcitãoCarneiro ArnaudJosé EudesAntônio Morais

Acre

Alércio Dias - PDS; Aluízio Bezerra - PMDB;Amilcar de Queiroz - PDS; Geraldo Fleming ­PMDB; José Mello - PMDB; Nasser Almeida - PDS;Ruy Lino - PMDB; Wildy Vianna - PDS.

Amazonas

Arthur Virgílio Neto - PMDB; Carlos Alberto deCarli - PMDB; José Fernandes - PDS; José Lins deAlbuquerque - PDS; Josué de Souza - PDS; MárioFrota - PMDB; Randolfo Bittencourt - PMDB; Vi­valdo Frota - PDS.

Rondônia

Assis Canuto - PDS; Francisco Erse - PDS; Fran­cisco Sales - PDS; Leônidas Rachid - PDS; MúcioAthayde - PMDB; Olavo Pires - PMDB; Orestes Mu­niz - PMDB; Rita Furtado - PDS.

ParlÍ

Ademir Andrade - PMDB; Antônio Amaral- PDS;Brabo de Carvalho - PMDB; Carlos Vinagre ­PMDB; Coutinho Jorge - PMDB; Dionísio Hage .,...

Page 2: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

11372 Sábado 22 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Outubro de 1983

Paraíba

Rio Grande do Norte

Piauí

Ceará

Bahia

nani Satyro - PDS; Joacil Pereira - PDS; João Agripi­no - PMDB; José Maranhão - PMDB; Raimundo As­fora - PMDB; Tarcisio Buriti - PDS.

Pernambuco

Antônio Farias - PDS; Arnaldo Maciel - PMDB;Carlos Wilson - PMDB; Cristina Tavares - PMDB;Egídio Ferreira Lima - PMDB; Fernando Lyra ­PMDB; Geraldo Melo - PDS; Gonzaga Vasconcelos­PDS; Inocêncio Oliveira - PDS; Jarbas Vasconcelos­PMDB; João Carlos de Carli - PDS; Josê Carlos Vas­concelos - PMDB; José Jorge - PDS; José MendonçaBezerra - PDS; José Moura - PDS; Josias Leite ­PDS; Mansueto de Lavor - PMDB; Miguel Arraes ­PMDB; Nilson Gibson - PDS; Oswaldo Coelho ­PDS; Oswaldo Lima Filho - PMDB; Pedro Corrêa ­PDS; Ricardo Fiuza - PDS; Roberto Freire - PMDB;Sérgio Murilo - PMDB; Thales Ramalho - PDS.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PDS; Djalma Falcão - PMDB;Fernando Collor - PDS; Geraldo Bulhões - PDS; JoséThomaz Nonó - PDS; Manoel Afonso - PMDB; Nel­son Costa - PDS; Renan Calheiros - PMDB.

Abdias do Nascimento - PDT; Agnaldo Timóteo­PDT; Alair Ferreira - PDS; Aloysio Teixeira ­PMDB; Amaral Netto - PDS; Arildo Teles - PDT;Arolde de Oliveira - PDS; Bocayuva Cunha - PDT;Brandão Monteiro - PDT; Carlos Peçanha - PMDB;Celso Peçanha - PTB; Clemir Ramos - PDT; DarcílioAyres - PDS; Daso Coimbra - PMDB; Délio dos San­tos - PDT; Denisar Arneiro - PMDB; Eduardo Galil- PDS; Fernando Carvalho - PTB; Figueiredo Filho- PDS; Franciso Studart - PTB; Gustavo Faria -PMDB; Hamilton Xavier - PDS; Jacques D'Ornellas- PDT; JG de Araújo Jorge - PDT; Jorge Cury ­PTB; Jorge Leite - PMDB; José Colagrossi - PDT; Jo­sé Eudes - PT; José Frejat - PDT; Lázaro Carvalho-

Espírito Santo

Sergipe

Adroaldo Campos - PDS; Celso Carvalho - PDS;Francisco Rollemberg - PDS; Gilton Garcia - PDS;Hélio Dantas - PDS; José Carlos Teixeira - PMDB;Walter Baptista - PMDB.

Hélio Manhães - PMDB; José Carlos Fonseca ­PDS; Luiz Baptista - PMDB; Max Mauro - PMDB;Myrthes Bevilacqua - PMDB; Nelson Aguiar ­PMDB; Pedro Ceolim - PDS; Stélio Dias - PDS;Theodoríco Ferraço - PDS.

Rio de Janeiro

Afrísio Vieira Lima - PDS; Angelo Magalhães ­PDS; Antônio Osôrio - PDS; Carlos Sant'Anna ­PMDB; Djalma Bessa - PDS; Domingos Leonelli ­PMDB; Elquisson Soares - PMDB; Eraldo Tinoco ­PDS; Etelvir Dantas - PDS; Felix Mendonça - PDS;Fernando Gomes - PMDB; Fernando Magalhães ­PDS; Fernando Santana - PMDB; França Teixeira ­PDS; Francisco Pinto - PMDB; Genebaldo Corrcia­PMDB; Gorgônio Neto - PDS; Haroldo Lima ­PMDB; Hélio Correia - PDS; Horácio Matos - PDS;Jairo Azi - PDS; João Alves - PDS; Jorge Medauar­

.PMDB; Jorge Vianna - PMDB; José Lourenço ­'PDS; José Penedo - PDS; Jutahy ,Júnior - PDS; LeurLomanto - PDS; Manoel Novaes - PDS; Marcelo

'Cordeiro - PMDB; Ney Ferreira - PDS; Prisco Viana- PDS; Raymundo Urbano - PMDB; Raul Ferraz­PMDB; Rômulo Galvâo - PDS; Ruy Bacelar - PDS;Virgildásio de Senna - PMDB; Wilson Falcão - PDS.

VI - DESIGNAÇÃO DA OR­DEM DO DIA

VII - ENCERRAMENTO

2-ATA DAS COMISSOES

3 - MESA (Relação dosmembros)

4 - LIDERES E VICE.LIDERES DE PARTIDOS (Re­lação dos membros)

moderado c radical. Eleições dire­tas para Presidente da República.

JOSÊ MOURA - Situação ali­mentar do mundo em geral e doBrasil, em particular. Necessidadede dar ao País nova estrutura so­cial.

CLARK PLATON - Realidadedo Território Federal do Amapá,na passagem do quadragésimo ani­versário de sua criação.

5 - COMISSOES (Relação dosmembros das Comissões Perma­nentes, Especiais, Mistas e de In­quérito)

ABDIAS DO NASCIMENTO- Culto do candomblé, no Brasil.Celebração, dia 23 de outubro cor­rente, de cinqüenta anos de sacer­dócio de Mãe Teté, da "Casa Bran­ca" ou "Candomblé do EngenhoVelho", no Estado do Rio de Janei­ro. Proposta de rompimento dasrelações diplomáticas do Brasilcom a África do Sul. Discrimi­nação racial.

JOÃO BATISTA FAGUNDES- Realidades atuais do TerritórioFederal de Roraima e necessidadede sua transformação para Estadoda Federação.

Agenor Maria - PMDB; Antônio Câmara ­PMDB; Antônio Florêncio - PDS; Henrique EduardoAlves - PMDB; Jessé Freire - PDS; João Faustino ­PDS; Vingt Rosado - PDS; Wanderley Mariz - PDS.

Adauto Pereira - PDS; Aluísio Campos - PMDB;Álvaro Gaudêncio - PDS; Antônio Gomes - PDS;Carneiro Arnaud - PMDB; Edme Tavares - PDS; Er-

Aécio de Borba - PDS; Alfredo Marques - PMDB;António Morais - PMDB; Carlos Virgílio - PDS; Cla­udio Philomeno - PDS; Evandro Ayres de Moura ­PDS; Flávio Marcílió - PDS; Furtado Leite - PDS;Gomes da Silva - PDS; Haroldo Sanford - PDS;Leorne Belém - PDS; Lúcio Alcântara - PDS; ManoelGonçalves - PDS; Manuel Viana - PMDB; MauroSampaio - PDS; Moysés Pimentel- PMDB; OrlandoBezerra - PDS; Ossian Araripe - PDS; Paes de Andra­de - PMDB; Paulo Lustosa - PDS; Sérgio Philomcno-PDS.

v- GRANDE EXPEDIENTE

jornalista Dário Macedo, publica­do no ·'Correio BraziIiense",edição de 21-10-83, a respeito daconvicção do Governo quanto ànecessidade de se convocaremeleições diretas para Presidente daRepública. Ilegitimidade do Colé­gio Eleitoral.

JOACIL PEREIRA - Apre­ciação sobre o instituto do decreto­lei.

ELQUISSON SOARES - Sus­pensão da obrigatoriedade da fide­lidade partidária. O conceito de

NILSON GIBSON - Comuni­cação, como Líder, em resposta aopronunciamento anterior, do DeN

putado Luiz Henrique.

SÊRGIO LOMBA - Comuni­cação, como Líder, sobre a propos­ta do Sr. Paulo Maluf para um de­bate entre os presidenciáveis atra­vés da televisão. Eleições diretaspara Presidente da República.

IVO VANDERLINDE ­Pro blemática brasileira. SistemaCooperativo de Crédito Rural. En­'contro Nacional das Cooperativasde Produtores Rurais, promovidopela Frente Parlamentar Coopera­tivista, no Congresso nacional.

NILSON GIBSON - Comuni­cação, como Líder, em resposta aopronunciamento anterior, do De­putado Sérgio Lomba. Comen­tários sobre o artigo publicado no"Jornal de Brasília" de hoje, intitu­lado "Radicais tinham plano parasaquear Brasília". Medidas deemergência decretadas pelo Gover­

.no.

CRISTINA TAVARES - De­missões de funcionários na TVS.Cumprimento da legislação sobretelejornais.

DASO COIMBRA - Falênciado setor de construção naval.

VICTOR FACCIONI - Simpó­sio sobre Parlamentarismo,Brasília, Distrito Federal.

MILTON BRANDÃO - Ne­cessidade de amparo ao Nordeste.

AGENOR MARIA - Prorro­gação do prazo de pagamento dosfinanciamentos rurais concedidos aagricultores prejudicados pela es­tiagem.

RENATO CORDEIRO - Rei­vindicações dos pescadores artesa­nais do litoral norte de São Paulo.

CUNHA BUENO - Décimonono Festival do Folclore, Olím­pia, Estado de São Paul6.

ANTONIO CÂMARA - Libe­ração de verba para conclusão dotrecho rodoviário João Câmara­Macau, Estado do Rio Grande doNorte.

MÁRIO FROTA - Situaçãoeconômico~financeira.

FERNANDO LYRA - Necro­lógio do ex-Deputado Federal Gre­gório Bezerra.

JONATHAS NUNES - I En­contro de Mineração do Piauí, Te­resina, Estado do Piauí.

ALBERICO CORDEIRO ­Convocação extraordinária doCongresso Nacional no recessoparlamentar.

LUIZ HENRIQUE - Comuni­cação, como Líder, sobre artigo do

Maranhão

PMDB; Domingos Juvenil - PMDB; Gerson Peres ­PDS; Jorge Arbage - PDS; Lúcia Viveiros - PDS; Ma­noel Ribeiro - PDS; Osvaldo Melo - PDS; RonaldoCampos - PMDB; Sebastião Curió - PDS; VicenteQueiroz - PMDB.

Bayma Júnior - PDS; Cid Carvalho - PMDB; Edi­son Lobão - PDS; Enoc Vieira - PDS; Eurico Ribeiro_ PDS; Jayme Santana - PDS; João Alberto de Souza- PDS; João Rebelo - PDS; José Burnett - PDS; JoséRibamar Machado - PDS; Magno Bacelar - PDS;Nagib Haickel - PDS; Pedro Novais - PMDB; SarneyFilho - PDS; Vieira da Silva - PDS; Victor Trovão ­PDS; Wagner Lago - PMDB.

Celso Barros - PDS; Ciro Nogueira - PMDB; Herá­clito Fortes - PMDB; Jonathas Nunes - PDS; JoséLuiz Maia - PDS; Ludgero Raulino - PDS; MiltonBrandão - PDS; Tapety Júnior - PDS; Wall Ferraz­PMDB.

Page 3: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

Outubro de 1983 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Sábado 22 11373

PDS; Léo Simões - PDS; Leônidas Sampaio - PMDB;Marcelo Medeiros - PMDB; Márcio Braga - PMDB;Márcio Macedo - PMDB; Mário Juruna - PDT; Os­mar Leitão - PDS; Roberto Jefferson - PTB; RubemMedina - PDS; Saramago Pinheiro - PDS; SebastiãoAtaide - PDT; Sebastião Nery - PDT; Sérgio Lomba- PDT; Simão Sessim - PDS; Walter Casanova ­PDT; Wilmar Palis - PDS.

Minas Gerais

ges - PMDB; Siqueira Campos - PDS; Tobias Alves- PMDB; Wolney Siqueira - PDS.

Mato Grosso

Bento Porto - PDS; Cristino Cortes - PDS; Dantede Olivcira - PMDB; Gilson de Barros - PMDB; Jo­nas Pinheiro - PDS; Maçao Tadano - PDS; MárcioLacerda - PMDB; Milton Figueiredo - PMDB.

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - A lista de pre-sença acusa o comparecimento de 174 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitnra da ata da sessão

anterior.

11 - O SR. NILSON GIBSON, servindo como 2'­Secrctário, procede à leitura da ata da sessão anteceden­te, a qual é, sem observações, assinada.

Do Presidente da Comissão do Interior, nos seguintestermos:

Do Presidente da Comissão de Constituição e Justiça,nos seguintes termos:

III - EXPEDIENTE

OFIcIOS

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Passa-se à leitn­ra do expediente.

O SR. AMAURY MÜLLER, 4'-Secretário, servindocomo I'-Secretário, procede à leitura do seguinte

Brasília, 19 de outuhro de 1983

Brasília, 18 de outubro de [983Of. n' 120/83

Of. n' 515/83

Senhor Presidente,Tenho a honra de solicitar a V. Ex' a gentileza de de­

terminar as indispensáveis providências visando a queseja convidado a comparecer a este Órgão Técnico o Dr.Mauro Dias, Presidente do IBDF, no próximo dia 27 deoutobro, às dez horas, a fim de proferir palestra sobre

Of. n' P-71/83 Brasília, 18 de outubro de 1983.

Senhor Presidente,Venho solicitar a Vossa Excelência, nos termos do art.

61, do Regimento Interno da Cámara dos Deputados,autorização para rcalizar uma reunião de audiênciapública, com a presença do Senhor Manuel Henrique deFaria Ramos, Presidente da União Nacional do Comér­cio Varejista de Carnes e Derivados, que representa osSindicatos do gênero em todo País, a fim de "examinar aproblemática da política deste comércio em nosso País",sendo a data sugerida 27 de outobro de 1983, às 10 (dez)horas.

Aproveitando a oportunidade, renovo a Vossa Exce­léncia os meus protestos de elevada estima e conside­ração. - Pedro Sampaio, Presidente.

Do Presideute da Comissão de Coustituição e Justiça,nos seguintes termos:Of. n' 119/83 Brasília, '18 de outubro de 1983

Senhor Presidente,Atendendo a deliberação unânime desta Comissão,

solicito a Vossa Excelência autorizar a anexação do Pro­jeto de Lei n' 1.288/83 ao de n' 707183, por versaremmatéria análoga.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce­lência protestos de consideração e apreço. - Bonifáciode Andrada, Presidente.

Deferido pelo Sr. Presidente, em 20-10-83.

Senhor Presidente,Atendendo a deliberação unânime desta Comissão,

solicito a Vossa Excelência autorizar a anexação do Pro­jeto de Lei n' 2.125183 ao de n' 1.783/83, por versaremmatéria análoga.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce­lência protestos de consideração e apreço. - Bonifáciode Andrada, Presidente.

Do Presidente da Comissão de Economia, Indústria eComércio, nos seguintes termos:

Roraima

Alcides Lima - PDS; João Batista Fagundes - PDS;Júlio Martins - PDS; Mozarildo Cavalcanti - PDS.

Rio Grande do Sul

Santa Catarina

Mato Grosso do Sul

Albino Coimbra - PDS; Harry Amorim - PMDB;Levy Dias - PDS; Plínio Martins - PMDB; Ruben Fi­goeiró - PMDB; Saulo Queiroz - PDS; Sérgio Cruz­PMDB.

Amapá

Antônio Pontes - PDS; Clarck Platon - PDS; Geo­vani Borges - PDS; Paulo Guerra - PDS.

Adhemar Ghisi - PDS; Casildo Maldaner - PMDB;Dirceo Carneiro - PMDB; Epitácio Bitteneourt ­PDS' Evaldo Amaral- PDS; Fernando Bastos - PDS;Ivo Vanderlinde - PMDB; João Paganella - PDS;Luiz Henrique - PMDB; Nelson Morro - PDS; Nel­son Wedekin - PMDB; Odilon Salmoria - PMDB;Paulo Melro - PDS; Pedro Colin - PDS; Renato Vian­na - PMDB; Walmor de Luca - PMDB.

Paraná

Alceni Guerra - PDS; Alencar Furtado - PMDB;Amadcn Geara - PMDB; Ansclmo Peraro - PMDB;Antônio Mazurek - PDS; Antônio Ueno - PDS; Arol­do MoleUa - PMDB; Ary Kffuri - PDS; Borges daSilveira - PMDB; Celso Sabóia - PMDB; Dilson Fan­chin - PMDB; Euclides Scalco - PMDB; Hélio Duque- PMDB; !talo Conti - PDS; José Carlos Martinez­PDS; José Tavares - PMDB; Luiz Antônio Fayet ­PDS; Mattos Leão - PMDB; Norton Macedo - PDS;Olivir Gabardo - PMDB; Oscar Alves - PDS; OtávioCesário - PDS; Paulo Marques - PMDB; Pedro Sam­paio - PMDB; Reinhold Stephanes - PDS; RenatoBernardi - PMDB; Renato Bueno - PMDB; RenatoJohnson - PDS; Santinho Furtado - PMDB; SantosFilho - PDS; Sebastião Rodrigues Júnior - PMDB;Valmor Giavarina - PMDB; Walber Guimarães ­PMDB.

Aldo Pinto - PDT; Amaury Müller - PDT; AugustoTrein - PDS; Balthazar de Bem e Canto - PDS; EQ1f­dio Perondi - PDS; Floriceno Paixão - PDT; GuidoMoesch - PDS; Hermes Zaneti - PMDB; Hugo Mar­dini - PDS; Ibsen Pinheiro - PMDB; Irajá Rodrigues- PMDB; Irineu Colato - PDS; João Gilberto ­PMDB; Jorge Uequed - PMDB; José Fogaça ­PMDB; Júlio Costamilan - PMDB; Lélio Souza ­PMDB; Matheus Schimidt - PDT; Nadyr Rosseti ­PDT; Nelson Marchezan - PDS; Nilton Alves - POT;Oly Facchin - PDS; Osvaldo Nascimento - PDT; Pau­lo Mincarone - PMDB; Pedro Germano - PDS; Prati­ni de Morais - PDS; Rosa Flores - PMDB; RubensArdenghi - PDS; Siegfried Heuser- PMDB; SinvalGuazzelli - PMDB; Victor Faccioni - PDS.

Adail Vettorazzo - PDS; Airton Sandoval- PMDB;Airton Soares - PT; Alberto Goldman - PMDB; Alci­des Franciscato - PDS; Armando Pinheiro - PDS;Aurélio Peres - PMDB; Cardoso Alves - PMDB; Cu·nha Bueno - PDS; Darcy Passos - PMDB; Del BoscoAmaral - PMDB; Djalma Bom - PT; Doreto Campa­nari - PMDB; Ednardo Matarazzo Suplicy- PT; Este­vam Galvão - PDS; Farabnlini Júnior - PTB; FelipeCheidde - PMDB; Ferreira Martins - PDS; FlávioBierrenbach - PMDB; Francisco Amaral - PMDB;Francisco Dias - PMDB; Freitas Nobre - PMDB;Gasthone Righi - PTB; Gióia Júnior - PDS; HerbertLevy - PDS; Irma Passoni - PT; Israel Dias·Novaes- PMDB; João Bastos - PMDB; João Cunha ­PMDB; João Herrmann - PMDB; José Camargo ­PDS; José Genoino - PT; Maluly Neto - PDS; Marce­lo Gato - PMDB; Márcio Santilli - PMDB; Marcon­des Pereira - PMDB; Mário Hato - PMDB; MendcsBotelho - PTB; Mendonça Falcão - PTB; MoacirFranco - PTB; Natal Gale - PDS; Nelson do Carmo- PTB; Octacílio de Almeida - PMDB; Paulo Maluf- PDS; Paulo Zarzur - PMDB; Raimundo Leite -PMDB; Ralph Biasi - PMDB; Renato Cordeiro ­PDS; Ricardo Ribeiro - PTB; Roberto Rollemberg ­PMDB; Ruy Côdo - PMDB; Salles Leite - PDS; Sa­mir Achôa - PMDB; Theodoro Mendes - PMDB; Ti­dei de Lima - PMDB; Ulysses Goimarães - PMDB.

Aldo Arantes - PMDB; Brasília Caiado - PDS;Fernando Cunha - PMDB; Genésio de Barros ­PMDB; Ibsen de Castro - PDS; Iram Saraiva ­PMDB; Irapnan Costa Júnior - PMDB; Iturival Nasci·mento - PMDB; Jaime Cámara - PDS; Juarez Bernar­des - PMDB; Onísio Ludovico - PMDB; Panlo Bor-

Goiás

São Paulo

Aécio Cunha - PDS; Aníbal Teixeira - PMDB; An­tónio Dias - PDS; Bonifácio de Andrada - PDS; Car­los Eloy - PDS; Carlos Mosconi - PMDB; CássioGonçalves - PMDB; Castejon Branco - PDS; Christó­vam Chiaradia - PDS; Emílio Gallo - PDS; GerardoRenault - PDS; Homero Santos - POS; HumbertoSouto - PDS; Israel Pinheiro - PDS; Jairo Magalhães- PDS' João Herculino - PMDB; Jorge Carone ­PMDB;' Jorge Vargas - PMDB; José Aparecido ­PMDB; José Carlos Fagundcs - PDS; José Machado­PDS; José Maria Magalhães - PMDB; José Ulisses ­PMDB; Juarez Batista - PMDB; Júnia Marise ­PMDB; Leopoldo Bessone - PMDB; Luís Dulci - PT;Luiz Baccarini - PMDB; Luiz Guedes - PMDB; LuizLeal - PMDB; Magalhães Pinto - PDS; Manoel CostaJúnior - PMDB; Marcos Lima - PMDB; Mário Assad- PDS' Mário de Olivcira - PMDB; Maurício Campos- PDS: Mclo Frcire - PMDB; Milton Reis - PMDB;Navarr~ Vieira Filho - PDS; Nylton Velloso - PDS;Oscar Corrêa - PDS; Osvaldo Murta - PMDB; Oza­nan Coelho - PDS; Paulino Cícero de Vasconcellos ­PDS; Pimenta da Veiga - PMDB; Raul Belém ­PMDB; Raul Bernardo - PDS; Ronaldo Canedo ­PDS; Rondon Pacheco - PDS; Rosemburgo Romano- PMDB; Sérgio Ferrara - PMDB; Vicente Guabiro­ba - PDS; Wilson Vaz - PMDB.

Page 4: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

11374 Sábado.22

tema livre, versando sobre assunto da competência doÚrgão que dirige, com posterior debate.

Renovo a V. Ex', nesta oportunidade, protestos de es­tima e consideração.

Cordialmente, Inocêncio Oliveira, Prcsidente.

Do Presidente da Comissão de Saúde, nos seguintes ter­mos:

OC. n" 148/83 Brasília, 20 de outubro de 1983.

Senhor Presidente,Reportando-nos ao nosso Oficio n" 117/83, de 25 de

agosto do corrente ano, informamos a V. Ex' que estcórgão técnico, em sua reunião de 19 de outubro, delibe­rou altcrar ~ data de seu IV Simpósio Sobre Politica Na­cional de Saúde, em virtude da impossibilidade de suarealização TIO prazo previsto.

Assim sendo, solicitamos de V. Ex' autorização nosentido de ser fixado o período de 22 a 25 de novembropróximo, para a realização do mesmo.

Na oportunidade, aprcsentamos a V. Ex' protestos deelevada estima e consideração. - Borges da Silveira,Prcsidente.

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Está finda a lei­tura do expediente.

IV - Passa-se ao Pequeno Expediente.Tem a palavra o Sr. João Herculino.

O SR. JOÃO HERCULINO (PMDB - MG. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, a afirmação de que a História é a repetição de fa­tos encontrou uma confirmação, quando o Sr. Presiden­te da República, usando das atribuições que lhe conferea Constituição Federal, resolveu decretar "Medidas deEmergência", na área do Distrito Federal.

Em 1964 o Governo, estribando-se num pronuncia­mento insignificante quanto ao sentido, quanto à formae '"quanto ao horário", resolveu cassar o mandato doDeputado Márcio Moreira Alves, e editou o Ato Institu­cional n" 1.

Agora, estribando-se em nada, ou melhor, estribando­se na presunção de possíveis agitações, quando da vo­tação dos Decretos-leis n's 2.036 e 2.045, o Presidente daabertura, o Presidente que jurou fazer deste País uma de­mocracia, coloca uma ~'tramcla" no incipiente regimepor ele sonhado e pelo qual jurou.

O decreto publicado, no meu entender, não teve comoescopo apenas oferecer garantias solicitadas pelo Presi­dente do Congresso Nacional, em exercício, SenadorMoacyr DaIla.

No meu entender, repito, teve também a intenção vol­tada para o novo julgamento, para o julgamento do re­curso dos padres franceses, Camio e Gouriou, que o Su­perior Tribunal Militar realizou ontem.

Exige-se de quem governa um País como o Brasil obom senso, a inteligência, o descortino, a acuidade, atemperança indispensável para saber discernir as coisasque interessam realmente o País, a fim de que não se pre­cipite o caos social.

A Oposição, desde o início do sistema comandado porbrasileiros sem a indispensável tarimba no setor público,tem alertado para o fato criado pelos gastos exorbitantespara a realização de obras suntuárias ou, pelo menos,adiáveis.

Mas, fazendo ouvidos moucos, as administrações di­tas revolucionárias se sucederam e, com elas, os vaga­lhões das insânias e das fantásticas elocubrações despro­prositadas, criadas, não pela maldade, mas pela incom­petência específica de homens públicos "feitos a marte­lo", depois de marginalizarem companheiros políticos dealtíssima qualidade.

E a onda de desacertos, a acumulação monstruosa deerros e mais erros, tirou o Brasil desenvolvido, as­sombrosamente, "cinqüenta anos em cinco", pela admi­nistração do incomparável e inolvidável político e esta­dista, Presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira e. o

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

atirou no emaranhado, quase que intransponível, do en­dividamento, quase que insuperável, dos bilhões e bi­lhões de dólares que nos asfixiam e que anulam os es­forços e os sacrifícios das elasses operárias e produtoras,das cidades c dos campos.

Tudo o que produzimos não chega sequer para pagaros juros de nossa dívida.

E o desenvolvimento?E a evolução de tudo que foi feito neste País, até 1964?Tirando os poucos setores que alcançaram desenvolvi-

mento. como. por exemplo. as telecomunicações, a in­dústria de armamentos, as fontes de energia alternativas,que constituem, efetivamente, uma vitória que não ousa­mos desmerecer, no mais, tudo teve um crescimento na­tural, normal, vegetativo. Aritmético, mesmo, estrondo­samente fabuloso, o que cresceu, neste País, foi a suadívida externa, e, conseqilentemente, a miséria e a fome.

Gastaram o que quiseram, e não tiveram, sequer, ofreio do Congresso Nacional, por obra e graça do decur­so de prazÓ. Esbanjaram. Não conheceram limitações.Depois, buscaram o único recurso, possível para saldaros compromissos assumidos: o FMI.

E agora, quem paga?Quem pagará, pelos desmandos e pelos erros, cons­

cientes e inconscientes?O povo I Pobre povo, espoliado pelas multinacionais,

corroído pela voragem tributária e massacrado pelo pesoda carga tributária indispensável, para fazer face a tantogasto, a tanta incompetência.

Ontem, a crise gerada pela incompetência dos pseudo­homens públicos era uma crise, apenas, de competência.

Agora, a crise não é apenas de competência, mas é,sobretudo, de competência e dinheiro.

A vida particular nos ensinou que para vencer a crisefinanceira. só há um caminho. o caminho da seriedadeadministrativa e da produção.

Produção, produção até encher os nossos armazéns,saciar a fome do povo, e, depois, exportar. Exportar e li­quidar nossa dívida externa, para que possamos legaraos nossos filhos um País rico e forte.

Sem uma mudança radical na política econômica, nãohá decreto que resolva a situação. Não há FMI queagilente.

Se demorar muito não haverá mais remédio.Com emergência ou sem emergência l estaremos perdi­

dos!

O SR. SEBASTIÃO CUIDÚ (PDS - PA. Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Pre­sidente Figueiredo terá de escolher entre os poderososgrupos econômicos que estão por trás da CompanhiaVale do Rio Doce, no caso de Serra Pelada, c os oitentamil trabalhadores que ganham ali o sustento da suafamília.

Quem são os poderosos grupos econômicos? Um con­glomerado chamado AGM, da Atlântica Boavista, Ro­berto Marinho (Globo) e Monteiro Aranha. Estes trêsgrupos constituiram duas firmas: a Cia. Minerações eParticipações e a ABRAMO - Associação Brasileirados Mineradores de Ouro. Estas firmas têm, como Dire­tores Executivos, Eiki Batista, filho do Dr. Eliezer Batis­ta, Presidente da Companhia Vale do Rio Doce, e Antô­nio Dias Leite Júnior, filho do ex-Ministro das Minas eEnergia, Antônio Dias Leite. Elas têm vinculação com aBritsh Petroleum e a Anglo American Corporation. Sãoestas firmas que querem explorar o ouro de Serra Pelada,no lugar dos oitenta mil brasileiros. O Sr. Francisco dasChagas Pinto Coelho, Assessor do Ministro César Cals,é o defensor direto dos interesses deste grupo, através daMonteiro Aranha.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, o meu projeto, ao con·ceder mais cinco anos de lavra manual aos garimpeirosde Serra Pelada, não cassa alvarás, não atinge ninguém eaté preserva as concessões já fcitas à Companhia Vale doRio Doce, que detém, 'hoje, 736 alvarás, sem nada ter ex-

Outubro de 1983

piorado no ramo da mineração de ouro; ele simplesmen­te prorroga a concessão já feita aos garimpeiros.

Gostaria de citar aqui o interesse econômico. Ontem,recebi dos garimpeiros de Serra Pelada telefonema emque me comunicavam que encontraram uma pepita deouro, que não está toda descoberta, mas a parte que jáaflora tem 1,5 metro de comprimento por 50 centímetrosde largura, portanto, com 1 tonelada, aproximadamente,a maior do mundo.

Há, em Serra Pelada, uma briga do poder econômico,que não condeno. Não condeno a iniciativa privada, ainiciativa empresarial, mas, sim, o que está sendo feitocon tra 80 mil brasileiros, em Serra Pelada, pela Compa­nhia Vale do Rio Doce, que tem por trás de si esses gru­pos econômicos e multinacionais.

Fica aqui o meu apelo ao velho e ao novo coração doPresidente Figueiredo, de quem sou correligionário eamigo, para que não vete meu projeto, que tem por obje­tivo a solução de um problema social muito sério, paraque conceda aos garimpeiros de Serra Pelada o direito decontinuarem trabalhando para o sustento de suasfamílias, porque aqueles garimpeiros descobriram SerraPelada, e a Companhia Vale do Rio Doce chegou poste­riormente.

Era este, Sr. Presidente, o apelo que queria fazer.

O SR. ARTHUR VIRGlLIO NETO (PMDB - AM.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, em pleno latifúndio institucional do General New.ton Cruz, subo à tribuna para denunciar uma arbitrarie­dade ontem praticada sob a inspiração desse milílar. Ospadres franceses Aristides Camio e François Gouriou fo­ram muitas vezes julgados. E eu pergunto: Que julga­mento? O embargo foi rejeitado e a sentença mantida,até novo pronunciamento da Justiça Militar.

Os padres, na verdade, não cometeram crime algum.Faço parte da CPI BNH e Grupo Delfim, em funciona­mento nesta Casa, c não me lembro jamais de haver ou­vido o nome de qualquer um deles arrolado como supos­tamente implicado em corrupção. Tenho ouvido falar,sim, no nome do Ministro Mário Andreazza, no nomedo Presidene do Banco Nacional da Habitação, Dr. JoséLopes de Oliveira, mas não me recordo de haver alguémmencionado os padres franceses como envolvidos emcorrupção. Sei que a CPI da Dívída brasileira jamais al­guém ousou colocar os padres franceses dentre aquelesque teriam levado o Brasil para o buraco sem fundo dainsolvência interna e externa. Lá se fala muito no Minis­tro Oelftm Netto, no Senador Roberto Campos, não nospadres franceses. São eles portanto, réus sem crime que,quando condenados, condenam quem não ousouabsolvê-los.

Mas, à saída do julgamento no Superior Tribunal Mi­litar, as pessoas, em grande parte religiosos, todos demo­cratas, que lá foram levar a solidariedade aos padresfranceses, os quais sequer presentes podiam estar ao dra­coniamo julgamento, foram vítimas de uma tentativa deintimidação de parte da Polícia Militar, chefiada por al­guns paisanos, tutelados pelo General Newton Cruz, ciodadão que, por sinal, teve o seu nome arrolado quandoexplodiu o escândalo Caso Baumgarten. E não melembro - faço novamente um parêntesis - de haver ou­vido alguém mencionar o nome dos padres francesescomo implicados no alfaire Baumgarten, que encheu delama este País. À saída do julgamento - repito! -aPolícia Militar, chefiada por um paisano, tentou agrediros populares que haviam levado a sua solidariedade aospadres injustamente condenados. Não fora a intervençãode alguns Parlamentares. entre os quais eu próprio e obravo companheiro Luiz Guedes, de Minas Gerais, teriasido consumada a agressão.

Tenho a impressão, Sr. Presidente, de que houve umequívoco enorme por parte do Governo ao decretar asmedidas de emergéncia. Era preciso, de fato, que se de­cretasse com muita "emergência", com a maior urgênciapossível, medidas que extirpassem, de uma vez por to-

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Outubro de 1983

das, o regime de corrupção e opróbio que a Nação brasi­leirajá não mais suporta nem tolera. Não se pode pensarem paliativo algum nem em solução de fundo com o Sr.Delfim Netto, sentado, a desmandar na Secretaria dePlanejamento. Não se pode pensar em qualquer saldapaliativa ou, sobretudo, de fundo, quando sabemos quetodos os segmentos da sociedade têm um projeto paraeste País. Todos o têm. Tenho a impressão de que os em­presários nacionais têm um projeto definido para o Paíse, mais do que todos e com mais legitimidade, os traba­Ibadores haveriam de ter um projeto definido para aNação, se chegassem ao poder. Somente quem não temprojeto algum, somente quem não é capaz de gerir nada,somente quem não é capaz de se compor com a realidadedeste Brasil ultrajado é o grupo cansado, é o grupo, polí­tica e civicamente, esclerosado que ainda vegeta peloPlanalto, a editar medidas de emergência, a sonhar, a sersaudosista da exceção e, sobretudo, a ameaçar a segu­rança da Pátria, entregando-a e agredindo-a, Pátria queoutra coisa não deseja a não ser se ver livre do entulhodo arbítrio, a não ser começar urgentemente o seu pro­grama de reconstrução nacional.

Sr. Presidente, encerro, dizendo a V. Ex' que já não émais cabível que se governe a Nação brasileira por decre­to, já não é mai~ cabível que se governe u Nação brasilei­ra pela ameaça. E os incapazes, apesar das medidas deemergência, haverão de ceder vez à democracia e à his­tória, haverão de aprender a respeitar o Congresso e umaNação que hoje todos sabem que se respeitam profunda­mente. (Palmas.)

o SR. IVO VANDERLINDE (PMDB - SC. Sem re­visão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, tra­go hoje a esta Casa a preocupação dos fumieultores doBrasil. Ontem, por iniciativa nossa, tivemos a visita àComissão de Agricultura da Cámara dos Deputados doPresidente e do Secretário da Associação dos Fumiculto­res do Brasil, associação que atualmente congrega cercade 110 mil produtores de fumo. O apelo que fazem os fu­micultores a esta Casa c a diversos Ministérios governa­mentais é no sentido de que ao, ser fixado este ano opreço do fumo, não se cometa contra os produtores no­vamente a injustiça praticada no ano passado. B público- não sei se todos sabem - que o IPI do fumo represen­ta mais de 50% do total desse imposto arrecadado pelaNação. No entanto, no ano passado, os fumicultores nãotiveram seus custos de produção repostos. Num custo de132% os industriais só lhes deram 98%, alegando que ainflação deveria diminuir.

Agora os produtores de fumo, reunidos em SantaCruz do Sul, com mais de dois mil produtores presentes,apresentam ao Governo um documento de alerta. A áreaplantada no ano de 1983 já é 6% menor do que a de 1982.Os produtores estão preocupados, pois se aproxima no­vamente a fixação do preço do fumo, quando os produ­tores têm de se confrontar diretamente com as poderosasindústrias e o-ooverno ignora isso, não interfere. Os pro­dutores pedem que o Governo esteja ao seu lado; se nãohouver outra forma, que diminua um pouco a sua arre­cadação, pois, pasmem, Srs. Deputados - do preço finalde uma carteira de cigarros, apenas um e meio por centocabe ao produtor de fumo, enquanto cerca de 70% cor­

_respondentes ao IPI, é arrecadado pelo Governo.

Deixo, Sr. Presidente, para registro nos Anais da Ca­sa, o documento que me foi entregue ontem pela Asso­ciação dos Fumicultores do Brasil, ao mesmo tempo emque formulo apelo a esta Casa para que nos interessemospelo problema dos produtores de fumo e para que o Go­verno seja sensível às suas reivindicações, não permitin­do que esse setor tão importante da economia, principal­mente para os minifundiários do Sul do País, que rara­mente têm nas suas propriedades outra opção a não serplanlar o fumo, tam bém se deteriore e venham trazermaior preocupação e maior miséria para o meio rural.

DIÁRIO DO CONORESSO NACIONAL (Seção I)

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O DEPU,­TADO IVO VANDERLlNDE:

ASSOCIAÇÃO DOS FUMILCUTORES DO BRASIL

"Santa Cruz do Sul, 17 de outubro de 1983.

Exm' Sr.Dr. Ivo VanderlindeMD. Deputado FederalBrasília (DF)

Comunicamos a V. Ex' que iremos encaminhar aosministros da área económica, um memorial solicitandorevisão da tributação do cigarro, especialmente no quediz respeito ao IPI, para uma melhor remuneração aosmais de 100.000 produtores brasileiros que vivem da cul-tura do fumo. -

É público que no Brasil o fumo contribui com mais de50% do total do IPI arrecadado. Enquanto as indústriasalegam estrangulamento de margem e estarem sem con­dições de melhor remunerar o plantador de fumo, nãoexiste dúvida sobre a precária situação do produtor, porisso, a nossa posição é de total inconformidade para acontinuidade desta situação, pois o fumicultor não podecontinuar nesta "camisa-de-força" para o qual lhe cabesomente a atividade de produzir sem receber pelo frutode seu trabalho, ao menos, um preço justo, cujas conse­qüências, pela obviedade, todos nós já podemos prever.

Diante deste quadro, se torna necessário esclarecerquem (Governo e/ou Indústria) deve ceder parte de seusganhos ao agricultor que é o causador desta grande ri­queza, mas que não usufrui de seus méritos.

Considerando a importância econômica deste produtopara o desenvolvimento do Brasil, contamos com a cola-boração de V. Ex' -

Atenciosamente. - AFUBRA - Associação dos Fu­micultores do Brasil. - Halnsl GraIow, Presidente ­Romeu Schneider, Secretário.

DOCUMENTO DE ALERTA

Aos fumicultores são apresentadas desculpas de toda aordem para justificar a baixa remuneração. Os dirigentesda classe não podem mais aceitar justificativas que nãorevertem em resultados ao fumicultor. Ora são proble­mas do mercado de exportação, ora é a indústria de ciogarras alegando estrangulamento de custos que não lhepossibilita pagar mais pelo fumo, embora admitam que aremuneração do fumicultor é insuficiente. A situação setornou insuportável e, por isto, procedemos amplos estu­dos. Penetramos, inclusive, na área das vendas, consumoe tributação dos cigarros.

O relacionamento Produtor de Fumo/Indústria de Ci­garros/Governo (Receita) e O Mercado Consumidor,precisa ser reavaliado de forma séria, para evitar que secaminhe para uma situação (que já se apresenta de formaperceptível) de estrangulamento total, com riscos e pre­juízos para todos:

- Fumicultores insatisfeitos com os preços e abando­nando a cultura por falta de atratividade.

- Indústria de Cigarros alega falta de lucratividade.- Consumo em decréscimo em função da política de

preços ao consumidor e, em conseqüência,- queda real de arrecadação para o Governo Federal

e os Estados.A elevação dos preços e patamares mais compensado­

res para o agricultor é a única forma de assegurar asobrevivência da cultura do fumo no Brasil.

A materialização desta política deve levar em conta apreservação do mercado consumidor, o que nos obriga aconcluir que só poderá ser alcançada mediante a revisãopor "arte do Governo, de sua política de taxação, espe­cialmente no que diz respeito ao Imposto Sobre Produ­tos Industrializados (IPI).

A aceitação por parte da Receita Federal de reexami­nar este assunto é de vital importância para garantir ofuturo deste segmento da economia, inclusive, como já

Sábado 22 11375

dissemos, os próprios interesses do Tesouro Nacionalque, ao nosso ver, estão sob ameaça se mantidos os parâ­metros em vigência.

Estamos, pois, solicitando ao Governo Federal a re­dução da taxa de IPI, de forma a permitir que O pequenoprodutor de fumo possa receber um preço justo para seutrabalho e a conseqüente volta da normalidade no Setor.

Anexos:- o produtor de fumo- as vendas de cigarros no Brasil- os reajustes de preços de cigurros- a importância do fumo na Receita Federal- u evolução da margem do fabrieante- u evolução percentual du destinação da venda bruta

de cigarros- tributação do cígarro

O PRODUTOR DE FUMO

É um universo composto-de mais de 100.000 agriculto­res minifundiários envolvidos numa cultura praticamen­te artesanal, na qual intervém toda a família do planta­dor (meio milhão de pessoas concentradas em 3 Estadosdo Sul) desde a semeadura ao transporte, cuidados ge­rais, emasculação, colheita e cura do fumo em galpões eestufas.

Basicamente, sua remuneração vem sendo reajustadamediante negociação com a indústria, visando exclusiva­mente a recomposição de seus custos, especialmenteMão-de-Obra e Insumos.

Devido a constante alegação da falta de margem porparte da indústria de cigarros, este reajustes raramentesatisfizeram ao agricultor.

A situação se agravou em novembro/82 quando osprodutores verificaram que o seu custo de produção au­mentou em 132,00% em relação ao ano anterior e a in­dústria, alegando perspectiva de uma inflação declinan­te, estabeleceu, um aumento de apenas 98%, não admi­tindo qualquer negociação acima deS\C percentual, c!>mo que se radicalizou a posição da indúst~ia para com aclasse dos Fumicultores, representada pela Afubra e Fe­derações que se retiraram da reunião da fixação do preçodo fumo sem qualquer acerto, já que não havia mais con­dições de continuar a negociação.

Este índice, diante da retomada,da inflação e deproblemas climátícos que prejudicatam a produtividadee a qualidade da safra, deixaram o fumicultor em si­tuação de total desestímulo.

O preço médio reajustado em realidade não ultrapas­sou a 83,00%. Para que se possa avaliar o clima e a ex­pectativa existente no meio da classe produtora de fumo,transcrevemos a seguir algumas das 19 moções apresen­tadas e aprovadas em recente Congresso de Fumiculto­res realizado aqui, em Santa Cruz do Sul, com a presençadc mais dc 2.000 pequenos produtores de fumo.

Moção 8 - "que o preço do fumo estabelecido em de­zembro, tenha o seu preço reajustado mês a mês, deacordo com o reajuste da taxa do USS."

Moção 9 - "Que as empresas pag'uem de acor'do coma entrega de cada Produtor, um retorno de 20% sobre aúltima safra como compensação aos prejuízos sofridosna comercialização e como participação do produtor nasvantagens auferidas pelas Empresas com a redução doImposto de Exportação de 20% para 5%."

Moção 10 - "Que O preço do fumo tenha um aumen­to de 20% superior ao aumento do preço do cigarro."

Moção 12 - "Redução em 20% do plantio para a pró­xima safra, para baixar a oferta e pressionar a demandado produto."

Moção 13 - "Diversificação das culturas e proibiçãoda construção de novas estufas."

A nossa aflição que, inicialmente, poderia parecer pre­matura, se justifiéa, porque o Sindicato da Indústria doFumo já se pronunciou em 21-9-83 incapacitado sequerde garantir uma recomposição dos preços de fumo aníveis condizentes com os índices inflacionários que es-

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11376 Sábado 22 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Outubro de 1983

1982 (a partir de I" de janeiro)

COMPOSIÇÃO DO PREÇO DO CIGARRO(Indice Cr$ 100,00)

alterando para mais a sua participação na receita de ven­da de cigarros, principalmente do IPI, tornando inexe­qüível uma política de melhor remuneração do fumicul­tor.

Esta situação pode ser claramente constatada no qua­dro a seguir, onde mostramos em termos percentuais odestino da receita bruta de vendas provenientes do cigar­ro.

100Governo-Participação

lOOGoverno-Participação

9,2468,4275,857,43

14,91

9,2467,6375,197,56

15,57

GOI'erno-ParticipaçãoConsumidor*xlOO

VarejistaIPIICM/PIS/SELO/FINSOCIALFabricante

1982 (a partir de 16 de maio)

(*) - Vide a seguir considerações sobre a Margem doFabricante.

VarejistaIPIICM/PIS/SELO/FINSOCIALFabricante *

CONSIDERAÇÚES SOBRE A MARGEM DOPABRICANTE

Consumidor

73,169,29

66,117,05

17,55

VarejistaIPIICM/PIS/SELOFabricante*

1981

Consumidor

tão ocorrendo este ano e que, muito menos, poderia fa­zer face às reivindicações extras acima formuladas.

A fundamentação desta atitude, segundo eles, está ba­seada na inexistência de margem do negócio, que permi­ta uma política mais compensatória de preços, como se­ria desejo de todos.

As líderanças representativas dos produtores se mos­tram descontentes com a frustrada negociação feita em82 e não estão dispostas a abrir mão da recuperação decustos da cultura, sob pena de recomendarem o abando­no da produção. (Na presente safra a área já diminuiuem 6%.) E impossível mesmo admitir que os 110.000 pe­quenos mini fundiários produtores de fumo possam sefrustrar mais uma vez com o preço de seu principal pro­duto de sustento, quando sua capacidade financeira foiabalada pelo endividamento provocado pelo fracasso daúltima safra, quando as taxas de crédito rural foram bru­talmente majoradas, quando os fertilizantes com seuscomponentes importantes estão sendo comercializadoscom reajustes próximos dos 200%.

A nossa Associação, cm conseqüência do exposto, vêcomo iminente uma descstabilização do mercado, envol­vendo produtor, indústria e consumidor, e sentiu-se naobrigação de redigir este documento de alerta para que,em tempo, se analise e evite o agravamento da situação.

1982 (a partir de 12 de abril)

100Governo-Participação

100Governo-ParticipaçãoAS VENDAS DE CIGARRO NO BRASIL(E suas eonseqüéncias)

Ano Volume em bilhões Aumento/cigarros Decréscimo

1978 137,21979 137,4 + 0,21980 142,7 +4,81981 134,9 -7,81982 132,3 - 1,71983 130,0 -2,3*

Consumidor

VarejistaIPIICM/PIS/SELOFabricante *

Consumidor

9,2466,11

7,2117,44

73,32

Da Margem do Fabricante retiram-se os recursos des­tinados ao pagamento de:

- Fumo ao plantador e a outros fornecedores dematérias-primas das empresas;

- Custeio das despesas de venda, distribuição e publi­cidade dos cigarros;

- Lucro das indústrias com o conseqüente pagamen­to dos dividendos;

- Pagamento do Imposto de Renda devido.

IMPORTÂNCIA DO FUMO NA RECEITA FEDE­RAL

1982 (a partir de i" de junho)

. * = Estimado

Esta reversão no consumo de cigarros no País vemprovocando quedas constantes nos volumes de fumo aele destinado pois, além do declínio físico da venda, oconsumidor está comprando marcas mais baratas queabsorvem menos qualidade c quantidade de fumo.

Menor produção de fumo significa maior número de pro­dutores fora do mercado

VarejistaIPIICM/PIS/SELOFabricante *

9,2467,636,97

16,16

74,60O fumo é, como demonstrado no quadro abaixo, o

maior contribuinte individual dos impostos da União.

O IPI do fumo

(Valores em milhões de cruzeiros)

1979 1980 1981 1982

52.203 117.100 223.973 536.512127.647 263.182 500.897 989.809

40,90 44,49 44,71 54,20

408.245 877.960 1.716.658 3.412.46912,79 13,34 13,05 15,72

509.843 1.219.418 2.261.969 4.617.84710,24 9,60 9,90 11,62

mento da Indústria para manter os reajustcs de preçosdo fumo para o agricultor sob rígido controle.

Em termos reais, a arrecadação federal e estadual jáestá sendo prejudicada; porém os aumentos de preço,conjugados com maior participação da receita federal nadivisão de venda, vêm ilusoriamente mantendo a arreca­dação em níveis satisfatórios; o quadro de volumes antesapresentado indica, no entanto, de forma evidente, que olimite já foi alcançado e que, a partir de agora, todos es­tarào perdendo com esta política, inclusive, o Governo.

A médio prazo, persistindo estas reduções de volumeno mercado doméstico, estaremos cOI1Jprometcndo, tam­bém, as metas quantitativas de crescimento do mercadode exportação, pois, torna-se inviável pensar em domi­nar o mercado internacional sem que se mantenha ummercado doméstico ativo e atualizado, como suportedeste objetivo. Salientamos que o mercado externo defumo brasileiro é hoje o segundo maior do mundo emvolume, aproximando-se este ano de uma receita cam­biaI da ordem de US$ 450,000,000.00 (Sul).

OS REAJUSTES DE PREÇO DE CIGARROS

O histórico dos últimos reajustes de preço dos cigarrosem níveis quase sempre superiores à inflação e ao cresci­mento do poder de compra dos consumidores é, ao nos­so ver, o fator básico que vem provocando redução nosvolumes de vendas.

O produtor não está se beneficiando destes aumentosde preços e a indústria alega que a receita Federal vem

Receita Federal

A - IPI do FumoB - Total do IPI-BrasilC - IPI Fumo/IPI Total %

O - Total de todos os impostos - BrasilE- IPI Fumo/Impostos%

F - Total da Receita BrasilG - IPI Fumo/Receita %

Não é justo que os pequenos minifundiários produto­res de fumo, que propiciam ao Governo a oportunidadedc receber tão importante parcela de sua Receita Tribu­tária, se vejam na iminência de abandonarem a cultura,por falta de estímulo, num período de governo onde onosso Presidente João Figueiredo se comprometeu a dartoda a prioridade ao agricultor.

EVOLUÇÃO DA MARGEM DOS FABRICANTES

Historicamente, a margem do fabricante de cigarrosvcm sendo reduzida e reside neste ponto o grande argu-

Ano

197519771980

jan/82abr/82jun/82

1983

Margem do Fabricante

19,21%18,28%17,67%17,44%16,16%15,57%14,91%

Page 7: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

Outubro de 1983 DIÃRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Sábado 22 11377

EVOLUÇÃO PERCENTUAL DA DESTINAÇÃO DA VENDA BRUTA DE CIGARROS

Produtos Alíquotas Prazo (dias)

Cigarros 365,6 15

Cerveja 72,0 15

Perfumes 77,00 150

Armas 45,0 120

Automóveis 22,033,038,00 45

Ar Condicionado 18 150

Relógio de Pulso 12 120

Televisão 10 120

Distribuição Percentual Jan Abr Jun

do Preço do Cigarro 1977 1980 1982 1982 1982 1983

Varejista 9,46 9,35 9,24 9,24 9,24 9,24

IPI 66,11 66,11 66,11 67,63 67,63 68,42

ICM-Ind. 3,20 3,43 3,66 3,42 3,42 3,29

ICM- Varejo 1,54 1,65 1,76 1,76 1,76 1,76

Selo 0,37 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75

PIS 1,04 1,04 1,04 1,04 1,04 1,04

FINSOCIAL 0,59 0,59

Fabricante 18,28 17,67 17,44 16,66 15,57 14,91

Consumidor

- Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

TRIBUTAÇÃO DO CIGARRO. tributação incidente sobre o preço fabricante de outros

O cigarro é, hoje, e de longe no Brasil, o que apresenta produtos e aquele cujo prazo de recolhimento é o menor

maior taxação em termos de IPI, se comparado com a entre os existentes na legislação.

Em termos comparativos com outros países e, calcu­lando sobre o preço de venda ao consumidor, o cigarrobrasileiro é o segundo mais taxado do mundo.

Então, Sr. Presidente e Srs. Deputados, faltou com averdade o Ministro Delfim Netto. Armou uma armadi­lha, talvez para o Sr. Presidente da República, mas prin­cipalmente para este Congresso, ao parecer oferecer umaequação lógica aos nossos olhos: estabelecendo-se a livrenegociação dos salários, então se dcsvineula dos benefí­cios da Previdência Social. Não, os benefícios da Previ­dência Social têm seu aumento vinculado ao saláriomínimo, que continua sendo determinado por lei. E nãopoderia ser diferente. O salário mínimo não poderia serobjeto de livre negociação, jamais. Veja-se aonde foi! Se­rá que é incompetência? Não. Certamente é má intenção.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, dizia no início do meupronunciamento, que não costumo adjetivar Ministrosou pessoas; discuto fatos, discuto idéias. E citando a pró­pria Consolidação da Previdência Social,que é clara ­"o valor do benefício de manutenção será reajustadoquando for alterado o salário-mínimo" - eu digo: sefosse um boneco de madeira que tivesse assinado estajustificativa do decreto-lei, o nariz dcle teria crescido ummetro. Por que não cresce o nariz do Ministro? (Palmas.)

O SR. HltLlO DUQUE (PMDB - PRo Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, pode umanação superar desafios terríveis não tendo a credibilida­de e a solidariedade da sociedade? Seguramente, não.

A Espanha vivia, no ano de 1977, uma conjunturamuito semelhante ã do Brasil de hoje, agravada por mo­vimentos separatistas latentes. Contudo, a sociedade es­panhola soube encaminhar um amplo entendimento detodos os segmentos da sociedade, de todos os sementospolíticos organizados, enfim, da alma da nação espanho­la, e se reunir naquilo que foi o Pacto de La Moneloa.

Operou-se a transição, e hoje Felipe Gonzalez é oPrimeiro- Ministro da Espanha.

Alguns anos atrás, em Madri, tive oportunidade deconversar eom dirigentes do Partido Socialista Espanhole tomar conhecimento do que foi La Mocloa um paláciodesativado. Foi o momento da sociedade espanholaencontrar-se consigo própria. No Brasil também temosum palácio desativado, o Alvorada. Este País precisa deuma nova alvorada, Sr. Presidente e Srs. Deputados,porque o momento que vivemos ê grave e extremamenteperigoso, do ponto de vista dos interesses majoritáriosda sociedade. E se neste País não se operar um proeesode reencontro da Nação com o Estado brasileiro, havere­mos de ver novas ondas de intolerância que, por exem­plo, as medidas de emergéncia tomadas ainda esta sema­na refletem como uma pequena ponta de um grande eenorme iceberg.

A sociedade, a partir deste Poder, que é o Parlamento,Sr. Presidente, não pode continuar sendo marginalizada,como o é por segmentos das oposições e o é também porsegmentos do prôprio partido que nominalmente dá sus­tentação ao Governo.

O nobre Deputado João Gilberto tratava, há pouco,do Decreto-lei 2.064 e de um aspecto específico, o seuart. 44 mas, se observarmos desse ponto de vista, vere­mos que o art. 16 é uma brutalidade fiscal em relação àatividade privada neste Pais, sobretudo quanto aos seg­mentos das médias, pequenas e microempresas, quandose eleva para 35% a participação das alíquotas do Impos­to de Renda sobre a pessoa jurídica. Esta é uma medida

armadilha do Ministro Dclfim Netto nos jogava, porquede repcnte me ocorreu: a vinculação não ê com a políticasalarial, é com os reajustes salariais, que, pelo decreto­lei, vão ser um dia objeto de livre negociação. A vincu­lação dos aumentos dos benefícios da Previdência Socialê com o salário-mínimo e o salário-mínimo continua sen­do determinado por lei, tanto que o próprio decreto diz,no seu art. 24, quando institui a livre negociação:

"A revisão do valor dos salários passará a ser ob­jeto de livre negociação coletiva entre empregados eempregadores, a partir de I' de agosto de 1988, res­peitado o valor do salário mínimo legal."

"A legislação atual vincula a correção dos benefí­cios previdenciários à política salarial em vigor.Com a adoção da livre negociação prevista nesteprojeto de decreto-lei, o art.44 dispõe sobre a ade­quação dos critérios de reajuste dos benefícios pre­videnciários à nova sistemática de aumentos de sa­lários, atendida a necessidade de se manter oequilíbrio atuarial do sistema, a longo prazo."

Portanto, os reajustes das aposentadorias, das pensõese demais benefícios passam a ser critêrio único da Previ­dência social, não estão mais vinculados a nada, vão serdados quando e quanto o Ministério quiser. É algo damaior gravidade, já denunciado aqui ontem por váriosparlamentares, especialmente o meu coestaduano Depu­tado Jorge Uequed.

Mas, como gosto de analisar os fatos a fundo, fui àjustificativa do decreto-lei, assinada por um só Ministro,o Sr. Antônio Delfim Netto, e que, no seu ítem 58, dizassim:

ciários, com base na evolução da folha de salárioode~contribuição.11

Tendo lido esta justificativa, pareceu-me que haviaapcnas um aspecto a ser questionado: é de que a livre ne­gociação está prevista para 1988. Então, a única falta delógica, o único sofisma, seria a utilização - agora jápara o próximo aumento da Previdência, dos aposenta­dos - desta desvinculação total, que poderia parecer, alongo prazo, justa, razoável ou, pelo menos, legal. Gran­de engano! Refletindo um pouco mais, fui ver aonde a

70%68%65%61%61%54%51%50%

Incidência IPIou equivalentePaíses

DinamarcaBRASILBélgicaReino UnidoAlemanhaMéxicoPortugalEquador

"O Presidente da República, ouvido o conselhoAtuarial do Ministério da Previdência e AssistênciaSocial, fixará os reajustes dos benefícios previden-

O SR, JOÃO GILBERTO (PMDB - RS. Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, nãotenho o hábito de usar esta tribuna para pequenas comu­nicações. Costumo falar do microfone do plenário, ehoje o faço excepcionalmente para destacar a gravidadedo problema que desejo abordar:

Sr. Presidente, não tenho o costume de adjetivar pes­soas, mesmO as do Governo. Prefiro tratar de fatos, idc­ias e realidades. Mas é muito grave o que vou apresentaraos Srs. Deputados.

O Decreto-Lei n' 2.064, ontem editado, tem no seu art.44 a seguinte redação:

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11378 Sábado 22

que contraria os interesses da sociedade, Sr. Presidente,porquc significa também a retirada de recursos brutais anível de uma violência fiscal em setores que são eficientesem termos produtivos, em termos de geração de empre­go, para jogar em muitos setores ineficientes da máquinapública, representada por essa tecnocracia autoritáriaque aí está.

Veja V. Ex' a impossibilidade, neste País, que se refletenos entendimentos mantidos com o Presidente UlyssesGuimarães e outros segmentos da oposição e com o pró­prio Presidente do PDS; o Senador José Sarney.

O Chefe da Casa civil da Presidência da República, Sr.Presidente, chegou a contemplar uma medida que con­traria níveis de discussão de abertura, a nível das opo­sições, no sentido da manutenção de sete a oito saláriosmínimos, com manutenção integral do INPC.

Mas as razões da própria classe política que dá susten­tação ao Governo foram marginalizadas. Foi marginali.zado o Chefe da Casa Civil, foi marginalizado o Presi­dente do 'PDS, foi marginalizada a liderança do PDS e atecnocracia editou esse decretão, que há mais de vintedias já estava nos escaninhos, nas gavetas da tecnocraciarepresentada pelo Sr. Delfim Netto.

A sociedade brasileira não pode continuar sendo tute·lada por uma tecnocracia que mostrou ser incompetente,porque falhou, Sr. Presidente.

Veja V. Ex' o que o Fundo Monetário Internacionalestá cobrando agora do Governo brasileiro. Sabe V. Ex'o quê? Uma promessa e um compromisso assumido deque a inflação, no último trimestre de 1983, nos meses deoutubro, novembro e dezembro, seria dc apenas 5%. Esomente a inflação do mês de outubro deverá ultrapassaros 10%.

A tecnocracia não pode continuar, Sr. Presidente, sen­do uma tuteladora maior da nacionalidade.

Acho que La Moneloa, Sr. Presidente, traz muitos en·sinamentos para o momento que estamos vivendo, e se­ria bom que este País se reordenasse politicamente, atra­vés de uma nova realidade constitucional, expressadanuma Assembléia Nacional Constituinte, no restabeleci­mento das eleições diretas, no restabelecimento de umprojeto articulado de desenvolvimento nacional, nummomento de transição que poderia muito bem, como emLa Moc1oa, trazer muitos ensinamentos. Bem que pode­ria ser o pacto da alvorada - da alvorada de um novotempo, tempo de liberdade, de desenvolvimento com jus.tiça social neste Pais.

o SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PDS - CE. Pronun·cia o seguinte discurso,) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, acabo de percorrer a microrregião de Baturité, noCeará, em visita "a vários Municípios que a integram. Aimpressão que trago é tão desoladora que não poderiadeixar de transmiti-Ia a esta Casa. A inclemência da secasucumbiu também aquela serra, cuja natureza, outroraexuberante, fastigada pela imtempérie, definha, transfor­mando sua vegetação nO.mesmo manto cinza que se es­tende agora uniformemente para além dos sertões do Ca­nindé. O braço da seca atingiu assim, pesadamentc, todaaquela área, que em estiagens passadas esteve imune aofenômeno, servindo inclusive de refúgio aos que, tangi­dos pela fome e a falta dágua, buscavam alívio no climaameno da serra. Diante dos poucos chafarizes existentes,postam-se centenas de pessoas, desde a madrugada, emfilas alongadas, à espera de colher uma lata dágua paramatar a sede e satisfazer as necessidades domésticasmínimas de suas famílias. Já não correm mais os riachos,as grotas e os olhos dágua secaram, os cacimbões estão­se esgotando, e a água some rapidamente nos lagos ebarragens, muitas delas já completamente vazías. A cida­de de Baturité, situada no" sopé da serra do mesmo nome,e a cidade mais importante da região, está com o sistemade abstecimento dágua completamente parado. A barra­gem da Tijuca, manancial fornecedor de água, secoucompletamente. A população urbana abastec0-se preca-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

riamente com água de qualidade duvidosa e escassatransportada em carros·pipas e lombos de animais. Omercado de água floresceu, e algumas pessoas dedieam­se hoje à sua comercialização. Sei que o quadro por mimdescrito não é privilégio de Baturité. Há mais de meiacentena de sistemas de abastecimento de água de cidadesdo Ceará paralisado por terem secado as respectivas fon­tes de abastecimento. Muitos outros deverão entrar emcolapso nos próximos meses, os mais difíceis que tere·mos pela frente. Nem Fortaleza, a Capital, escapou aodesastre. Ali a água já está sendo racionada, e a expecta­tiva é de paralisação do sistema se não chover nos pri­meiros meses do próximo ano. Sei perfeitamente que aocapricho da natureza ninguém pode eseapar. Nem mes·mo desejo indagar o que se poderia ter feito em matériade obras e outras providências para tornar mais amena aconvivência com a seca. O que reclamo agora é a adoçãode providências mais ágeis e efetivas, suficientes para re­duzir os efeitos da seca que colocam em risco a sobrevi­vência daspessoas.

Tenho pedido repetidamente que o Governo promovaa oferta de água, alimento e assistência médica aos flage­lados, como condição mínima capaz de garantir a vidade milhões de nordestinos. Reconheço o esforço que oGoverno Federal vem fazendo em favor da região. Nãopretendo ser seu crítico impenitente, mas nenhum nor­destino razoavelmente informado está convencido deque a União realiza ali tudo que pode e deve empreenderem momento tão dramático. Em síntese, o apoio do Go­verno está muito aquém do exigido pelas proporções dacalamidade. A conseqüência de .tudo isso é a sensação dedesesperança e desalento que toma conta de populaçõesinteiras. Daí à revolta, a distância é pequena, mas as con'seqüências são imprevisíveis. A seca queimou a vege­tação, o Governo incumbiu-se de crestar a alma das pes­soas. J{l não há verde nas matas, nem esperança no co­ração dos homens. Depois desse ciclo de secas, o Nor­deste não será o mesmo. Espero que da conjugação per­versa entre a impiedade da seca e a omissão do Governosurja um homem novo, um nordestino mais consciente,senhor dos seus direitos, capaz de construir os caminhosda sua libertação. Essa será a maior obra que, desperce·bidamente embora, o Governo terá contribuído paraconstruir!

O SR. OUVIR GABARDO (PMDB - PRo Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, para que conste dosAnais, lerei carta que recebi do Sr. Ministro da Aeronáu­tica relacionada à denúncia que fiz sobre a utilização deaviões da FAB no transporte de material de firma de mi­neração na região de Alta Floresta.

"Brasília, 21-9-83.

Exmo. Sr.Deputado Olivir GabardoCâmara dos DeputadosBrasília

Senhor Deputado,Tendo em vista o seu pronunciamento, no ple­

nário da Cámara, acerca do transporte, por "aviãoda FAB, de uma usina de garimpagem, de Cururupara Alta Floresta, gostaríamos de prestar, poramar à verdade, os seguintes esclarecimentos:

Quando o Ministério da Aeronáutica recebe soli·citação, de qualquer empresa nacional, para que co­labore em uma determinada missão, submete oproblema aos seguintes critérios:

a) Se a firma é legalmente constituída; se está emdia com suas obrigações fiscais e se nada consta quedesabone a sua postura ética.

b) Se a missão pode ser executada pela aviação

civil.c) Se o local permite o transporte por meios ter·

restres ou por navio.

Outubro de 1983

Após esta avaliação e verificada a possibilidadetécnica do atendimento, a Força Aérea, em aprovei­tamento de missões já previstas para a área, aceitarealizar o transporte desde que devidamente indeni­zada em seus custos operacionais; segundo tabelasfixadas pela sua Secretaria de Economia e Finanças.

No caso em tela. efetuamos um transporte de 18toneladas, para uma distância de 200 milhas, em lo­cal desprovido de estradas e rios navegáveis, ao cus­to de Cr$ 5.321.952,00, para atender a uma empresanacional, como tantas outras que já foram apoiadasem situações semelhantes.

Atuando dentro da missão constitucional doCorreio Aéreo, qual seja a de promover o desenvol­vimento e preservar a integração, a Força Aérea re­pudia a precipitação de V. Ex' em assacar, contra ainstituição, suspeita de procedimento ilegal ou desa­bonador.

O meu Ministério, como é do conhecimentopúblico, está aberto a todas as correntes de pensa·menta e, assim sendo, V. Ex' pode e poderá semprea ele recorrer quando suas dúvidas forem maioresque o seu nível, de informação.

Atenciosamente. - Délio Jardim de Mattos, Mi­nistro da Aeronáutica.PS: Estou enviando cópia desta ao

Senhor Deputado Nelson Marchezan."

O SR. JORGE ARBAGE (PDS - PA. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, peço-lhe autorizar a trans­crição nos Anais de uma Carta do Sr. Sylvio Mourão,em que solicita minha colaboração - e a terá de imedia­to - contra o malsinado projeto do aborto.

Eis a carta:

"Caeté, 18 de outubro de 1983.Excelentíssimo SenhorDep. Jorge ArbageSaudações cordiais

Atendendo ao apelo do Sr. Arcebispo de Apare­cida, D. Geraldo M.M. Penido, como amigo e ad·mirador de V. Ex', venho pedir-lhe sua valiosa cola­boração ao movimento de todos que se opõe aomaldito projeto, em estudo no legislativo, sobre oaborto.

De minha parte tcnho a convicção de que onobre Parlamentar saberá, de sua parte, dar um nãodecidido a este crime hediondo que ameaça a sacie·dade brasileira. E que assim fazendo V. Ex' obtenhade Deus as Suas Bênçãos para as atividades políticase parlamentares. '

Ótimo seria, e esta é a principal razão desta cartade apoio aO movimento, se o ilustre Deputado eon­quistasseà causa dos inocentes indefesos a outroscompanheiros de legislatura. Ao mesmo tempo queexerce um mandato legislativo faria um apostoladobem de acordo com a vontade de Deus.

V. Ex' teria ocasião de lembrar-lhes que todosque votarem a favor ficarão ipso facto excomunga­dos da Igreja Católica; não poderão ter sepulturaeclesiástica; não poderão receber sufrágios públicosapós a morte; não poderão ser padrinhos ou madri­nhas dos Sacramentos, etc. E terão sempre diante desi o espectro macabro pela responsabilidade na des­truição de milhares de criaturas humanas impedidasde vir à vida natural e espiritual pclo batismo. E ja·mais poderão tcr paz de cspírito.

Confiado nà atuação religiosa e patriótica de V.Ex' peço a Deus que o ilumine. '

Aproveito a ocasião para manifestar·lhe minhasincerá admiração por sua brilhante atuação na áreaparlamentar, sempre visando o bem de nossa Pátria.

Atensiosamente, amigo e admirador..- SylrioMourão."

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Outubro de 1983

o SR. OCTAClLlO ALMEIDA (PMDB - SP. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, comunicou-me o Secretário dos Transportes, poroficio cuja cópia transmiti ao Prefeito Municipal AlfeuPolarini, a inclusão, para construção, se possível, aindano próximo ano, da estrada Paranapuã-Mesópolis.

Estamos nos primeiros meses do Governo FrancoMontara. Os primeiros anos de um governo são dificeis.Tratando de governo sucessor de outro do mesmo parti­do, ainda há facilidade de dinamização. Mas quando opartido vencedor é antagonista do anterior, como sucedeao Governo Franco Montoro, eleito pela oposição apósdezoito anos de mandato do PDS, há implicações maisdiffeeis de serem destrinçadas. .

Político da região de Paranapuã; transitando semprepelo Município, conheço bem a oportunidade desta es­trada vicinal.

Franco Montara, por sinal, foi felicíssimo quando fi­xou como programa prioritário de seu governo a cons­trução de pequenas rodovias, entrelaçando Municípios edistritos paulistas.

Prometi, Srs. Deputados, durante os anos que antece­deram a eleição de 1982, a construção da rodovia asfalta­da Paranapuã-Mesópolis.

Franco Montara, durante a campanha, confirmou mi­nha promessa, selando'com autoridade de futuro Gover­nador o aval de segurança â realização.

Na mesma época também, Orcstes Quércia repetia amesma promessa, em comício de que participamos emMesópolis.

O ofício do Secretário dos Transportes comprova,com satisfação, o cumprimento da promessa.

Espero, portanto,. antes de encerrar o Governo FrancoMontoro, visitar Mesópolis por estrada de asfalto.

Tenho dito.

o SR. OSVALDO MELO (PDS - PA. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, estamos preocupa­dos e até mesmo alarmados com a perspectiva do custode vida, nos próximos meses e no ano vindouro de 1984.

As notícias estampadas nos jornais diários são de queo pão sobe de preço. a carne foi para 100%, os aluguéisde casa estão proibitivos, o feijão não existe, a gasolinavai aumentar mais uma vez, o leite já disparou, e os hor­tigranjeiros já não são nem consumidos pela classe mé­dia, devido aos seus altos preços.

Esse alarmante índice de custo de vida, anunciadopara ser enfrentado pelo nossa povo, é uma fonte depreocupação para o Governo e para nós, parlamentares,porquanto, como classe média que somos, sentimos to­das as agruras da nossa sofrida gente brasileira. Os índi­ces apontados pela "Fundação Getúlio Vargas" estãomostrando uma evidência impressionante em relação àsubida do custo de vida nos últimos meses.

O preço dos alimentos e do vestuário, nessa pesquisas,estão evoluindo em proporção bem mais alta que os de­mais componentes.

Chegamos às portas de um inverno que, segundo ameteorologia nacional, promete ser dos mais rigorosos,marcando época. E justamente quando as autarquias ro­doviária federal e estadual informam não ter condiçõesde manter estradas abertas - e em algumas, por exem­plo, recomendam mesmo, aos carreteiros, que viajemcom água e comida de reserva "para qualquer emergên­cia". Belém continua sem abastecimento próprio de ali­mentos, dependendo integralmente do transporte rodo­viário para sobreviver.

A perspectiva é sombria, e a curto prazo. Há projeta­dos aumentos de derivados de petróleo, ainda este ano,que mais uma vez incidirão sobre esses preços, num in­terminável repasse que já se tornou uma ameaça. Mas hásobretudo, uma omissão imperdoável no que toca aoabastecimento de Belém, cuja população, de forma cadavez mais sistemática, se ressente dos alimentos essenciais,sempre mais caros e mais difíceis de obter.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Estamos vivendo dias muito difíceis e a Naçãodefronta-se com três impasses muito sérios: social, eco~

nômico e político.Nessa situação toda, quem está pagando mais caro é a

a sofrida classe média, à qual pertecemos, pois é quemestá perdendo o poder aquisitivo.

A inflação ultrapassou os 150% e os salários, quer defuncionários, quer de executivos empresariais, mal ultra­passam 80%. Quer dizer, diminui sensivelmente o poderde compra, e quem se ressente é o comércio; só conseguesobreviver quem tem capital de giro ou quem está despe­dindo seus empregados. Em conseqüência, teremos queo desemprego vai aumentar, a insegurança vai dobrar e O

resultado é imprevisível. Só Deus sabe e nos há de prote­ger! O mais impressionante é a classe média é a que sofreos maiores impactos. Até certas autoridades federais jádecretaram que desejam a classe média andando de ôni­bus e não mais de carro prôprio.

Perguntamos: a classe média atenderá a esse desejo ouexplodirá em manifestações de protestos por estar per­dendo seu poder aquisitivo, seu chamado status? Se esteé o espírito predominante da classe média que derrubouJoão Goulart, em 64, â espera de melhores dias, imagineo que vai na cabeça do morador do Barreiro, que nãotem infra-estrutura, nem urbana, nem social, e vai pagarônibus ou táxis a preços proibitivos!

O Governo está num caminho errado, procurando ni­velar a todos, por baixo, todo o mundo no barco da mi­séria, exceto alguns privilegiados, é claro, os tecnocratasque estão no poder.

O assalariado da classe média no Brasil trabalha quasequatro meses por ano para pagar impostos.

Há que se protestar em favor do próprio Governo.Está-se trilhando um caminho perigoso que levará, acurto prazo, â proletarização da classe média. E sempresobre esta última que tendem a alicerçar-se todos os regi­mes centro·direita como o que atualmente rege os desti­nos do País. Essa classe média, quando forte, torna-se osuporte do Estado, resistindo a qualquer impacto ideoló­gico, que passa a ser desinteressante para os que atingemum certo nível de vida, na medida em que colocam â suadisposição o maior número possível de supérfluos. As­sim é muito dilIcil seduzir a classe média com a ideologiade extremos, enquanto essa vê pela frente oportunidadede ascensão. Nivelar-se por baixo é o que de pior podeacontecer, pois a mesma classe média, apesar da naturalaversão à esquerda, tenderá a apoiá-la, já que se vê aban­donada pelo aliado natara!.

O que é certo é que, sem o apoio da classe média, setorque pelo número de seus componentes acaba concen­trando grande parte da riqueza da Nação, não haverápossibilidade de essa abertura dar certo, e o caminho se­rá nova radicalização, para que lado sÓ Deus sabe.~

Fazemos um apelo veemente aos Srs. Ministros dosTransportes, da Agricultura e do Interior, para que, emação conjunta, verifiquem, nas áreas de seus Ministérios,o que pode ser feito para amenizar a situação aflitiva detransporte e de alimentação da Capital do Estado do Pa·rá.

A SR- LÚCIA VIVEIROS (PDS - PA. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,leio, para que seja transcrito nOS Anais desta Casa, opronunciamento, publicado em O Liberal de 5 de ou­tubro de 1983, pelo Deputado Edson Matoso, com otítulo "Pendências Trabalhistas na Santa Casa".

"Através dc requerimento apresentado na sessãode ontem, da Assembléia, o deputado Edson Mato­so, do PDS, pediu que o ministro do Trabalho, Mu­rilo Macedo, interfira junto à Justiça do Trabalhodo Pará no sentido de solucionar de uma vez por to­das as cerca de 700 pendências judiciais de eX­funcionários da Santa Casa de Misericórdia, que,segundo o parlamentar, passam enormes dificulda-

Sábado 22 11379

des por estarem com seus salários retidos desde ju­lho de 1982.

Matoso criticou duramente a Junta Governativa daSanta Casa, por ele acusada de fazer acordo com váriosex-funcionários, indenizando-os com "migaJhas", alémde discriminar muitos dos atuais funcionários daquelacasa de saúde, preteridos em favor de uma "panelinha deprivilegiados". O deputado pedessista acentuou aindaque a Junta Governativa, indicada para garantir os direi­tos trabalhistas dos funcionários, para sanear as finançasdo hospital e para moralizar sua administração não con­seguiu, até agora, satisfazer a nenhum desses objetivos.

E rechaçou por antecipação qualquer desculpa que ve­nha a ser levantada com relação à falta de recursos parapagar o que é devido aos ex-funcionários. "Dinheiroexiste, sim. E se disserem que não existe teimando nessadesculpa que não convencerá a ninguém, vale a pena per­guntar: e as campanhas, as promoções musicais, filantró­picas, os bazares, as inúmeras coletas em favor da SantaCasa? Será que não serviram ainda para saldar os com­promissos que a Junta já deveria ter assumido há muitotempo."

É realmente inadimissível, Srs. Deputados, que tantas"promoções" pagas com a colaboração de artistas famo­sos do Brasil, Roberto Carlos, e outros grandes, que debom grado atendem a convites, pensando em minorar osofrimento do povo humilde do Pará, não tenham podi­do pagar os compromissos maiores para com os pobresfuncionários da Santa Casa, vítimas de insensibilidade,como sempre.

O SR. VICENTE GUABIROBA (PDS - MG. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, O Jornal O Globo, em sua edição de 10 de se­tembro de 1983, publicou a seguinte declaração do Sr.Deputado Mário Juruna:

"Segundo o Deputado Xavante (Mário Juruna),a FUNAI contratou o ex-Deputado Athos Vieira deAndrade como assessor parlamentar, pagando-lhesalário mensal de Cr$ 700 mil.

Esse Senhor - disse Juruna - não conhece oproblema do índio c está a serviço da Adminis­tração da FUNAI, defendendo interesses particula­res, como empregos para protegidos de Deputadosdo PDS, e procurando prejudicar o meu trabalho naCâmara".

Diante desta declaração tão extravagante quanto ab­surda, vejo-me diante da honrosa obrigação de defendera pessoa do nosso ex-colega Athos Vieira de Andrade esô o faço tendo em vista a renovação de mandatos ocor­rida nas eleições de 1974, 1978 e 1982, pois estou certoque esta defesa é desnecessária a todos os Deputados quehoje têm assento nesta Casa e conviveram na legislatura1971-1975 com o então Deputado Athos Vieira de An­drade.

Certamente que S. Ex-, o Deputado Mário Juruna,não conhece o Dr. Athos Vieira de Andrade, pois, se oconhecesse, por certo não cometeria tamanha injustiça.

Trata-se de uma das figuras mais honradas que passa­ram por este Parlamento, tendo a seu favor uma dasmais relevantes folhas de serviços prestados à nossa Pá­tria.

Homem de origem humilde, estudou com dificuldadee foi o primeiro itanhomiense a chegar aos bancos deuma Universidade.

Sou, com muito orgulho, o Deputado Federal maisvotado em sua tcrra Natal, Itanhomi, no Estado de Mi­nas Gerais, onde goza de invejável reputnção.

Professor, advogado, bacharel em Ciências Sociais,Promotor de Justiça, Oficial da Reserva do Exército bra­sileiro, presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil,Grão-Mestre da Maçonaria de Minas Gerais (eleito ereeleito), Reitor do Colégio Caratinga, escritor, Deputa-

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do Estadual em Minas Gerais por três legislaturas, De­putado Federal na legislatura 1971-1975, Líder da Ban­cada do Partido Republicano, Vice-Presidente da As­sembléia Legislativa de Minas Gerais, Representante doGoverno de Minas Gerais em Brasília nas adminis­trações dos seguintes Governadores: Aureliano Chaves,Ozanam Coelho, Francclino Pereira e Tancrcdo Neves;Presidente da Orquestra Sinfônica Mineira, Conselheiroda Associação Evangélica Beneficente de Minas Gerais,Cidadão Honorário (por serviços prestados) de váriosMunicípios; participou de delegações brasileiras em via­gens feitas em diferentes datas, a Cuba, Estados Unidose Suiça. Agraciado com a Medalha de Brasnia, pclos ser­viços prestados ao Distrito Federal.

Eis ai alguns dos muitos titulos que honraram a perso­nalidade do Dr. Athos Vieira de Andrade.

Muito infeliz foi o Sr. Deputado Mârio Juruna ao ten­tar denegrir o caráter desse ilustre brasileiro. Chegamosaté a acreditar que tais afirmativas não correspondem aopensamento do nobre Deputado Xavante, pois sabemo­lo pessoa simples e de boa fé. Certamente, neste episó­dio, como tem acontecido em muitos outros, o sopro deassessores tendenciosos deve ter prevalecido e influencia­do tais conceitos que refutamos, por julgá-los inveridi­

cos~

Tanto assim pensamos que fazemos os seguintes desa­fios ao Sr. Deputado Mário Juruna:

1') Indique, pelo menos, um nome de qualquer pes­soa, protegida ou não de Deputados do PDS, que tenha'conseguido emprego na FUNAI por sugestão, indi­cação, recomendação ou pedido do Dr. Athos Vieira deAndrade.

2.) Quando, onde, como e em que episódio ou cir­cunstâncias o Dr. Athos Vieira de Andrade prejudicou otrabalho de S. Ex' aqui na Câmara ou em qualquer outrolugar?

3.) Indique quais e de quem os interesses particularesque o DI. Athos está defendendo no exercício da Asses­soria Parlamentar da FUNAL

A propósito, li no jornal Correio Braziliense, deBrasília, edição de 16 de outubro de 1983, na coluna"PLANTÃO", a seguinte nota:

"O Deputado Mârio Juruna não é tão ingênuocomo se imagina. Está cobrando cachê de cem milcruzeiros para conceder entrevista. Como aeultura­do exótico, seguro de seu lado folclórico, não fazpor menos.

E não aceita cheque. Tem que ser mesmo Cash."

É o caso de perguntarmos:Porque o Sr. Deputado Mário Juruna não responde a

acusação que lhe faz o responsável pela coluna "PLAN­TÃO", do Correio Braziliense, ao invés de formular in­conseqüentes acusações cO!'!tra uma pessoa por todos ostítulos digna de respeito?

De nossa parte, podemos afirmar com toda tranqüili­dade: muito lucraria esta Câmara se todos os AssessoresParlamentares por ela credenciados fossem ex­Deputados Federais do nivel, da estirpe, do conceito e dahonradez do Dr. Athos Vieira de Andrade.

o SR. ASSIS CANUTO (PDS - RO. Pronuncia o se­guinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, umadas preocupações maiores que envolve hoje grande partede nossa sociedade está ligada à preservação de nossaecologia e de nossos recursos naturais visando à manu­tenção do meio ambiente em condições satisfatórias.

E neste mister queremos ressaltar o extraordinário tra­balho iniciado em 1976 pelo Dr. Edgar Cordeiro, quan­do Secretário de Agricultura de Rondônia, com o objeti­vo de proteger e de preservar as tartarugas dos rios Gua­poré e Mamoré, trabalho este que teve continuidade eaté hoje merece a atenção especial dos nossos governan­tes.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

Considerando a relevância desta realização que bene­ficia toda a humanidade, solicitamos a transcrição nosAnais desta Casa do documento em anexo, expedidopela Divisão de Comunicação Social do Governo deRondônia, para que possa ser lido e conhecido por todosaqueles que se interessam pela nossa ecologia e pelosnossos recursos materiais.

Era o que tinha a dizer.

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORA-DOR

GOVERNO DE RONDONIASECRETARIA DE AGRICULTURA

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

"A TARTARUGA, UM RECURSO VITIMADOPELA DEPREDAÇÃO HUMANA."

A Tartaruga da Amazônia, Podocnemis expansa, ain­da é, na realidade, um dos quelônios fluviais mais perse­guidos em nossa região, à medida que o homem ribeiri­nho, ser humano totalmente desprovido de conhecimen­tos dos mais rudimentares da área ecológica, tem pro­porcionado em pequeno espaço de tempo, danos irrepa­ráveis à mãe natureza, através da exploração predatóriadesordenada dos recursos naturais renováveis que aindanos restam.

Algumas espécies outrora representativas da BiotaAmazônica, a exemplo, a ariranha, Pteronura brasilien­sis, vitima indiscriminada da depredação humana, hoje,está quase extinta, podendo desaparecer para sempre e,por conseguinte, provocar uma série de alterações noecossistema em que antes fizera parte, no entanto poder­se equilatar o grau de complexidade.

Com n;lação à tartaruga, o problema da extinção tematingido niveis de significáncia cada vez menores quandocomparada a outros animais silvestres, em virtude do en­foque dado à preservação desta espécie, desde o anO de1965, por técnicos do Ministério da Agricultura no Pará,segundo consta em PRESERVAÇÃO DA TARTARU­GA AMAZONICA, trabalho apresentado no SimpósioInternacional sobre Fauna e Pesca Fluvial e LacustreAmazônica. realizado em Manus-AM, no período de 26de novembro a l' de dezembro de 1973.

Em 1976, a Secretaria de Economia, Agricultura e Co­lonização do Territôrio Federal de Rondônia, através deiniciativa do então titular Edgar Cordeiro, cria, a nívelterritorial, o Programa Preservação de Quelônios, visan­do preservar a tartaruga e o tracajá no Rio Guaporé, úl­timo reduto de sobrevivência destas espécies em Rondô­nia, bem como repovoar outras Bacias Hidrográficas daregião, com um número representativo de animais salva­guardando o equilíbrio ecológico de cada ambienteaquático.

No ano seguinte e em decorrência dos resultados ex­pressivos obtidos no ano anterior, foi firmado um convê­nio entre a SEAG e o IBDF com o objetivo de ampliar oprocesso de preservação desses animais em Rondônia.Para tanto. foram mobilizados técnicos de Departamen-

. to de Recursos Naturais da SEAC e da Divisào de Faunada Delegacia do IBDF em Porto Velho que no decorrerdesses anos realizaram um trabalho conjunto, através deum significativo desprendimento de esforços, a fim demanterem estes quelônios incólumes do ataque do prin­cipal predador: o caboclo ribeirinho.

Até o momento, já foram lançados aos rios, cerca de100.000 filhotes de quelónios que, de outra forma teriamsido destruídos como ovos, ou até mesmo utilizados naalimentação dos peixes e das aves, antes mesmo do endu­recimento de seus cascos.

A continuidade dos trabalhos de preservação da tarta­ruga e do tracajá no Alto Guaporé, na nossa maneira depensar, é talvez uma das metas mais felizes da Secretariade Estado da Agricull.ura de Rondônia e da Delegacia doJBDF, que através de um trabalho conciso e da busca de

Outubro de 1983

objetivos comuns tem, ao longo desses anos, concorridoà manutenção do equilíbrio ecológico de nossa fauna sil­vestre.

Apesar de todo o trabalho empreendido pela SEAC eo IBDF, o concurso às praias de desova da tartaruga porparte de elementos predadores, continua nos dias de ho­je, não obstante a presença imediata dos fiscais daSEACjIBDF, que vez por outra são tomados de súbitoCOm tais aparições.

Os meses de agosto e setembro marcam o início da su­bida da tartaruga c do tracajá às praias de desova do rioGuaporé. Precisamos nos conscientizar e à nossa popu­lação de que tal fato vai muito além de um simples botarde ovos. mas sim fase de um ciclo biológico que, atéquem saiba, anos mais tarde, possa ser responsável dire­to pela sobrevivência da comunidade ribeirinha de nossoEstado.

O SR. NOSSER ALMEIDA (PDS - AC. Pronunciao seguinte discurso.) - SI. Presidente, Srs. Deputados,dificilmente encontramos um órgào da administraçãopública tão injustiçado quanto a Fundação Nacional doIndio - FUNAI.

Apesar de todos os seus esforços no sentido de defen­der o índio brasileiro, não consegue agradar a todos. Aocontrário, recebe sistemático e dirigido combate de pes­soas e grupos que procuram, de todas as formas, provo­car a sua destruição.

Esta posição intransigente tomada por seus inimigosgratuitos, em nosso entendimento, é fruto de duas causasprincipais:

a) A primeira é o desconhecimento, intencional ounão, do trabalho desenvolvido pela FUNAI, na exe­cução dos programas que alcançam as várias áreas deatividade humana, dentro da comunidade indígena;

b) A segunda é a visão negativa que deturpa os fatos einverte situações, objetivando colocar os próprios índioscontra o órgão que os defende e protege.

Estas consideruções vêm-nos à mente a propósito deduas notícias publicadas em dois ôrgãos da imprensa es­crita brasileira.

Sem entrar no mérito das publicações, desejamos res·saltar, no seu con teúdo, o reconhecimento que fazem àluta que a FUNAI vem empreendendo na defesa da cau­sa indígena em nossa Pátria. E para fazermos justiça aquem sô recebe criticas c condenações, queremos. nestepronunciamento, transcrever essas duas publicações.Elas falam mais alto do que as nossas palavras.

A primeira, encontramos no Jornal de Brasília, deBrasília - DF, edição de 16 de outubro de 1983.

Ei-la:

"FUNAI LUTA PARA RETER TERRAS DOSPATAXÓS

A FUNAI quer reaver mais 3.000 hectares daárea da antiga reserva Caramuru-Paraguassu, loca­lizada no sul da Bahia, hoje totalmente oeupada porfazendeiros, posseiros e arrendatários que estão emlitígio com os índios Pataxó Ha-Ha-Hae. A Procu­radoria Jurídica do órgão já notificou seis arrenda­tários e en trará com uma ação de despejo caso osocupantes dos 3.000 hectares pleiteados pela FU­NA! não devolvam as áreas que ocupam no espaçode seis meses.

Com mais esta ação judicial a FUNAI afirmaque está tentando reaver parte do território indíge­na. mas não toda a área reivindicada pelos índiosque exigem a retomada de um total de 36.000 hecta­res, correspondentes à reserva Caramuru­Paraguassu que chegou a ser demarcada, em 1933,pelo Exército. Fontes da PUNAI defendem que a li­beração de uma área de 13.000 hectares seria sufi­ciente para abrigar os Pataxós Ha-HH~Hae~ que des­de o ano passado. iniciaram uma luts. para reaver

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Outubro de 1983

suas terras. Segundo a FUNAI, a pretensão de seconseguir retirar todos os ocupantes da área Pataxónão é viável, pois existe, hoje em dia, até uma sedede município encravada na reserva, o de Pau Brasil.

Para retirar parte dos arrendatários a FUNAI es­tá entrando junto à Justiça Federal com notificaçõesem grupo. Dentro do primeiro grupo consta atéuma prefeitura, a de Itajú do Coloinia e o fazendei­ro Jenner Pereira Rocha, que também ocupa outrafazenda na área, a fazenda São Lucas, de 1.200 hec­tares, que no ano passado foi invadida pelos índios.A FUNA I entrou com uma ação possessória junto àJustiça Federal na Bahia para reaver a São Lucas eagora vai novamente brigar com Jenner para tentartomar outra área arrendada por ele.

Em relação a São Lucas, a FUNAI aguarda ain­da para este mês uma decisão do juiz federal LázaroAlfredo Guimarães. Paralelamente, a FUNAI tam­bém entrou com uma ação declaratória de nulidadede títulos no Supremo Tribunal Federal para tentaranular os títulos que foram concedidos pelo Gover­no do Estado da Bahia, dentro da reservaCaram uru-Paraguassu.

A partir de um trabalho feito pela antropólogaMaria Hilda Baqueiro Paraíso, a procuradoria daFUNAI sustenta que os títulos emitidos pelo Go·vemo da Bahia, em 1978, são nulos porque "alémde configurar alienação a non domino, feriram dis­positivo constitucional vigente, configurando, dessemodo, ato inegável de irrcsponsabilidade adminis­trativa. "A antropóloga afirma que em 1978 foramexpedidos "abusiva e desrespeitosamente, títulosdefinitivos de propriedade, em nome de invasores,posseiros, arrendatários e grileiros".

Enquanto aguarda pela decisão da Justiça, a FU­NAI está empenhada, segundo afirmaram assesso­res do órgão, em evitar que os índios invadam novasfazendas atendendo a uma determinação do juiz Lá·zaro Guimarães. Em oficio dirigido à FUNAI, ojuiz afirma que "está se disseminando nos meios dccomunicação social a informação falsa de que osíndios Pataxós teriam direito à ocupação da área de36.000 hcctares". O juiz sustenta que a área é apenasuma reivindicação da FUNAI, por enquanto."

A segunda é a insuspeitíssima entrevista concedidapelo Meritíssimo Juiz Federal, Dr. José Lázaro AlfredoGuimarães, titular da 2' Vara lI, de Salvador-BA, aoJornal da Bahia, de Salvador-BA, edição de 8 de ou­tubro de 1983, da qual destacamos as seguintes pergun­tas e rcspectivas respostas:

"P. Jornal da Bahia: A FUNAI está mesmo a fa­vor do indio brasileiro?

R. Lázaro Guimarães: Foi a FUNAI que trouxeos índios de volta de Minas Gerais para a reservaCaramuru-Paraguassu. Foi a FUNAI que ingressoucom a ação anulatória de títulos. Foi a FUNAI queingressou com o interdito proibitório. A FUNAItem mantido o serviço de assistência; os índios sequeixam, e tal, mas de qualquer maneira, neste pro­cesso sob O qual posso falar, a FUNAI tem dado as­sistência.

P. Jornal da Bahia: Como você vê a atuação des­tas instituições, os antropólogos das ANAl e os reli­giosos do CIMI, em relação aos índios?

R. Lázaro Guimarães: Eu vejo com muitas reser­vas, na prática, esta atuação: Porque o que eles têmfeito só tem prejudicado a vida dos índios. No casoda perícia, que relatei, eu vi declaraçõcs dessc pes­soal, contra a perícia. Meu Deus: como é que sepode ser contra a realização de uma prova requeri­da, pela FUNAI; indispensável ao curso do proces­so? Com que sentido? Como é que se pode defenderinvasões vizinhas pelos índios, se eles estão sob pro-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

teção judicial na fazenda São Lucas? Tem que cui­dar de aproveitar este espaço que conquistaram.

Uma das deficiências da fazenda São Lucas é acarência de água. Se eles tivessem convivência pací­fica com os fazendeiros, tem fazendas vizinhas comágua, estaria resolvido este problema."

Eis a íntegra da entrevista:

"NÃO RECEBI PRESSÃO.OS fNDIOS DEVEM

AGUARDAR A JUSTIÇA"

JBa.: A decisão do Tribunal Federal de Recursos,em ratificar uma decisão judicial de que a área da Fa­zenda São Lucas é dos indios merece uma reflexão eque pensa o Juiz, o que pode significar esta primeiravitória dos indígenas na Justiça na permanente lutapela posse da terra no Brasil? Significa que a Justiçapode ser bom Juiz das causas indígenas?

Lázaro Guimarães: A ação possessória que a FU­NAI propôs, tem por objeto a Fazenda São Lucas,antes ocupada pelo réu lener Pereira Rocha. Emabril de 82 os índios voltaram de Minas Gerais ereocupa'ram a fazenda, que era o centro da reservaCaramuru Paraguaçu. E como se sentiam ameaça­dos a FUNAI sentiu a ameaça, que haveria algumareação contra a ação deles, daí ingressou com esteinterdito proibitório. Depois de ir lá, verificar pes­soalmente a situação dos índios no local, dc fazeruma reunião no cinema de Pau Brasil com mais demil posseiros, de verificar todo aquele estado de lití­gio, de tensão existente na área, e ainda diante dadocumentação produzida, concedi a liminar. Ela éantecipativa. Na segunda-feira é que será a definiti­va, com a haudiência de instrução julgamentoH quepode confirmar ou cassar a liminar.

Houve o recurso ao Tribunal Federal de Recur­sos, este negou provimento confirmando minha de­cisão, contra o recurso do réu e do Estado da Bahia.

JBa.: O que que o Estado da Bahia pretende ao en·trar com recurso contra os índios?

Lázaro Guimarães: O Estado interveio como as­sistente. Ainda em dezcmbro o Estado interveio, eleconsiderava essas terras devolutas, pertencentes aoEstado, seria ele então também réu. Eu neguei estaintervenção do Estado como réu, como pretendia apetição. Por quê? Porque na ação possessória não sediscute o dominio da propriedade mas uma relaçãode fato com a pessoa, a posse da terra.

Nesta ação possessória não se discute se há terratitulada ou não, de ser do domínio ou não do Esta­do. Então admiti o Estado como mero assistente,por ter interesse jurídico. Dessa decisão minha o Es­tado também recorreu dizendo que não seria sim­ples assistente mas co-réu digamos assim. O Tribu­nal Federal de Recursos negou provimento a esseagravo de instrumento do Estado, mantendo minhadecisão.

JBa.: De um lado, o índio enfrenta o fazendeiro deoutro, o Estado. Quem fica do lado do índio? A Jus­!iça?

Lázaro Guimarães: Só o Supremo é que vai dizerse estes títulos dos 36.000 hectares totais são válidosou não. Quanto à posse da Fazenda São Lucas, dia10, segunda-feira fica resolvido. Num prazo de 10dias darei a setença. Mas, seja favorável ou con­trária aos índios, a liminar se mantém. De qualquermaneira a Fazenda São Lucas está garantida, nosseus 1.200 hectares, para os índios.

Respondendo à pergunta, toda relação humana écomplexa, mas a gente pode reduzir a alguma sim­plicidade. O esfoçro que toda pessoa deve fazer nomomento, é no sentido de que os índios lá na Fazen­da São Lucas aguardem a ação maior que está no

Sábado 22 11381

Supremo, sobre os 36.000 hectares. Porque os indiossó contam com a proteção judicial em relação a es­tes 1.200 hectares da São Lucas. O restante da áreestá litigiosa.

Somente na área da São Lucas, eles têm a garan­tia de ocupação legítima. Se eles partem para incur­sões em fazendas vizinhas, a situação deles fica vul­nerável. Aí eles passam a cometer um ato que o or­denamento jurídico nacional considera de violência.Uma violéncia que se equipara - vocé pode até di­zer Uesta violência seria justa, a outra seria injusta"- mas isto em termos de Direito não vai fazer dife­rença. É violéncia e ilegítima. É um crime, umexercício arbitrário das próprias razões. Ainda quevocé ache que tenha razão, não pode fazer justiçapelas próprias mãos. A Justiça privada está abolidadesde os primórdios da civilização.

Os índios podem confiar na Justiça. Me pareceque até o momento ela não tem falhado, pelo menosneste episódio dos pataxós. Eles estão na FazendaSão Lucas sob proteção da Justiça. Quanto à outraação, o que está no Supremo, está demorando, massão 400 e tantos réus. São 400 e tantos réus no inte­rior de Itambé até perto do extremo-sul, uma áreade 56 mil hectares. Vai demorar um pouco.

Mas enquanto ela tramita, o que custa aos indiosficarem lá na Fazenda São Lucas?

A FUNAI propôs um acordo em torno de 6 mil epoucos hectares, e o presidente da República teriaque baixar um decreto considerando a desocupaçãodessas terras pelos índios. Voltando à questão, oíndio pode confiar na Justiça. Mas, a gente precisaprocurar todos os instrumentos para a realizaçãodos nossos direitos, não pode ficar só esperando,justiça, justiça, justiça. Têm meios diversos: a con­versa com a parte antagônica, os meios administra­tivos, a proteção da FUNAI que deve ser efetiva, ademarcação das terras e finalmente, o acesso ao J u­diciário, não encontrada nenhuma solução atravésdesses meios.

JBa.: A partir dessa sua experiência em trabalharcom a causa indígena, eu perguntaria de onde vêm aspressões contra essa defesa? Vem dos fazeudeiros,através de pressões econômicas, ou vem do Estado,exercendo o Poder político? O que voeê tem enfrenta­do?

Lázaro Guimarães: Me criei aqui em Salvador, aspessoas me conhecem. Durante minha vida toda te­nho uma linha de comportamento... De fazendeironenhum, nenhum tipo de pressão por parte do Go­verno do Estado, não posso dizer que recebi pressãonenhuma, apenas, o ex-governador Antônio CarlosMagalhães demonstrou que estava preocupado coma situação e procurou defender os interesses do Es­tado. Mas de jeito nenhum ele me pressionou, issoeu não posso dizer.

JBa.: Ele fez o que para demonstrar seus interes­ses?

Lázaro Guimarães: Atuou, mostrou que estevapreocupado, achava que O Estado tinha razão, massem pressões. Inclusive quando era jornalista, eu fuiassessor de imprensa dele, quando foi prefeito da­qui. Ele me conhece, não faria isto.

.JBa.: Então vamos reviror a questão atê que ano?Porque foi o Estado da Bahia, antes de qualquer fa­zeudeiro entrar nas terras, foi o Estado que se apos­sou do que perteneia de fato aos índios Pataxós. OEstado considerou terras suas e passou a fornecer ostítulos aos fazendeiros.

Lázaro Guimarães: Não quero me pronunciaragora, porque isto é' objeto também do processo queainda vou julgar, e de outro que corre no Supremo.Mas eu poderia dizer, em tese, a você que a questãonão é tão simplcs assim. A História é um processo

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em movimento. Então, de 1926, quando foi feita ademarcação daquela área, muito tempo passou, ospersonagens mudaram, e a ação humana se desen­volveu naquela área. O Estado alega que os índiosnão ocuparam toda aquela área, e alega tambémque não se concretizou a destinação da área comoreserva indigena porque não se oficializou a demar­cação.

Diz o Estado, que a área foi abandonada, diga­mos assim. A área que não foi ocupada, o Estadoconsiderou terra devoluta e titulou a terra. fi umaalegação que vou pronunciar na minha sentença, emrelação à Fazenda São Lucas. O restante será no Su­premo. Essas titulações ocorrem desde 1930, títulosoutorgados por Mangabeira, Juracy Magalhães,Roberto Santos e Antônio Carlos Magalhães.

JBa.: A FUNAI está mesmo a favor do índio bra­sileiro?

Lázaro Guimarães: Foi a FUNAI que trouxe osíndios de volta de Minas Gerais para a reserva Ca­ramuru Paraguaçu. Foi a FUNAI que ingressoucom a ação anulatória dos títulos, foi a FUNAI queingressou como interdito proibitório. A FUNAItem mantido o serviço de assistencia: os índios sequeixam e, tal, mas de qualquer maneira, neste pro­cesso sob O qual posso falar, a FUNAI tem dado as­sistência.

JBa.: Como são estas terras em litígio, são muitoferteis, a região envolve muitos interesses econômi­cos?

Lázaro Guimarães: Muito rica, basta dizer quena zona da pecuária, próxima a Itambé, estão pro­priedades exploradas, todas elas. Na área do cacaua mesms coisa. Existe outras áreas, ocupadas porpequenos posseiros com cultura de sobrevivência.Existem todos estes interesses antagônicos aos inte­resses dos indios. O problema todo está neste cho­que. As terras foram reservadas aos índios desde1926.

JBa,: A ascensão de um líder como Juruna no pia­no da política nacional pode contribuir para a causados índios?

Lázaro Guimarães: Para a comunidade indígenanacional, a eleição do deputado Juruna foi um mar­co. E ele tcm defendido energicamente, vibrante­mente: estes interesses.

JBa: Como estão vivendo os Pataxós na área?Sobrevivem do quê?

Lázaro Guimarães As terras são muito ricas, elespoderiam estar plantado... tem um parente de umaíndia que veio do Paraná, está colhendo o que plan­tou, uma beleza! A FUNAI distribui semanalmentecomida...

JBa: Você não acha que são atitudes paternalistas,assistencialista, não vão resolver o problema de sub­sistência dos índios?

Lázaro Guimarães: Mais importante que esta dis­tribuição, essa distribuição não é importante, é ocultivo daquela terra. Às vezes fico irritado com otempo que se perde coisa ridícula, meu Deus paraensinar o índio a repelir a presença dos peritos, porexemplo, de realizar 05 exames na área. F oram rea­lizar a perícia na região. Gataram-se mais de 3 me­ses pela resistência oposta pelos índios, a parte co­mandada pelo cacique Nailton.

Resistência ao trabalho dos peritos, indispensá­vel aos processos. F oram dizer aos índios que erapara tomar a terra dcles.

JBa: Quem fez isso?Lázaro Guimarães: Os informes que tenho rece­

bido são de que a ANAl e o CIMI, botaram na ca­beça deles isso. Não tem nada a ver. Perdeu-se 3 me­ses, que poderiam ser aproveitados em orientaçãode tr,!-bulho, para plantar, para colber, de uma ma-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

neira geral. Agora, ao invés de se recuperar o tempoperdido, tão botando na cabeça dos índios que elesdevem invadir as fazendas vizinhas, que diabo! Pen­sar em preparar guerra de um exêrcito de Branca­leone!? Devia era dar orientação para eles trabalha­rem a terra, para ficarem na terra. Enquanto aguar­dam uma ação que pode aumentar a área deles lá.Não é?

JBa.: Como você vê a atuação destas instituições,os antropólo~os da ANAI e os religiosos do CIMI, emrelação aos índios?

Lázaro Guimarães: Eu vejo com muitas reservas,na prática, esta atuação. Porque o que eles têm feitosó tem prejudicado a vida dos índios. No caso daperícia, que relatei, eu vi declarações desse pessoal,contra a perícia. Meu Deus: como é que se pode sercontra a realização de uma prova requerida, pelaFUNAI, indispensável ao curso do processo? Comque sentido? Como é que se pode defender invasõesvizinhas pelos ínidos, se eles estão sob proteção ju­dicial na fazenda São Lucas? Tem que se cuidar deaproveitar este espaço que conquistaram.

Uma das deficiências da fazenda São Lucas, é acarência de água. Se eles tivessem convivência pací­fica com os fazendeiros, tem fazendas vizinhas comágua, estaria resolvido este problema.

JBa.: O que deve ser feito para dar solução, me­lhorar a dignidade de vida dos índios brasileiros?

Lázaro Guimarães: É complexo. Mas eu procura­ria conhecer primeiro os problemas de cada tribo.Respeitar os valores, a cultura, manter a integridadede cada tribo. E garantir a posse da terra, com o quese daria apenas cumprimento à uma regra constitu­cional - artigo 198 da Constituição Federal. Istonão seria um sonho, apenas O cumprimento da LeiMaior que garante a posse dos territórios habitadospelos indigenas.

Garantida esta posse, estimular a atividade pru­dutiva, respeitados seus valores, estudados osproblemas de seus contatos com os males da civili­zação branca.

JBa.: A emancipação do índio para sua situação?Lázaro Guimarães: Não resolve. Nós às vezes

pensamos que se resolve os problemas mais sérioscom lei. A lei não resolve nada. Os índios necessi­tam desta tutela, na medida em que a FUNAI osaglutina, e os colonizadores que exploram a terraarrasariam COm eles. Não é possível para eles com­preender as leis, os direitos. O que gera a capacidadecivil? A presunção de que o indivíduo seja apto aexercer os seus direitos. Prá exercer seus direitos êpreciso compreender os limites deste direito paraque ele seja eficaz. Se os índios não têm cultural­mente aptidão para compreender toda a gama dedireitos-deveres-obrigações decorrente do ordena­mento jurídico nacional, como é que de repente po­derão ter capacidade civil para exercitar estes direi­tos?

Por quê? Porque ele está arraigado à sua própriacultura, então, para ele conviver com a cultura do­minante é preciso que ele seja destinatário de umaproteção especial, por um órgão do Estado.

JBa.: Saindo um pouco do assunto índio... por quese acredita tão pouco na Justiça do Brasil?

Lázaro Guimarães: Na minha escola (NR: (Uni­versidade Católica onde leciona Direito Civil) fize­mos uma pesquisa de opinião pública e o resultadofoi deprimente. Mostrou uma Justiça enormementedesacreditada, a margem de imagem negativa dojuiz é acentuada e, O que é pior, a indiferença daspessoas com relação à Justiça - mais da metadedos entrevistados, de Amaralina, Federação, etc dis­seram isso.

Outubro de 1983

Eu localizo esse descrédito também pela falta decredibilidade nas instituições, um processo geral queestá acontecendo com a sociedade brasileira. Umprocesso de deterioração que vem se desenvolvendoao longo das últimas décadas. É a realidade que sesente, o agigantamento da intervenção do Estado, adisseminação do Estado na economia, e a ênfasedada à economia. Tudo isso fez com que o Estado sedescuidasse de objetivos essenciais: educação, saú­de, justiça, e segurança pública do indivíduo.

Enquanto o Estado se agigantou, a intervençãoeconômica não gerou resultados sólidos e nos levamà crise, e a crise quase nos leva de roldão. No campoeducacional, pioramos. Anteriormente, a imagemdo homem da Justiça era bem melhor. Hoje a for­mação profissional deste indivíduo é precária. Euvejo as escolas formando péssimos profissionais.Tenho visto decisões de juízes completamente semforma jurídica, decisões às vezes puramente pessoaise interesseiras.

Que estas duas publicações possam contribuir no sen­tido de ajudar as pcssoas bem intencionadas, na apre­ciação do exaustivo trabalho que a FUNAI vem reali­zando, com mérito, na deresa do índio brasileiro.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. ALCIDES LIMA (PDS - RR. Pronuncia o se­guinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, emmeu poder documento enviado pela Confederação N a­cionai dos Trabalhadorcs na Agricultura (CONTAG),que resultou do III Encontro Regiona! Sobre a Proble­mática da Seca, realizado no período de 15 a 19 de agos­to passado, na cidade de Tercsina, no Piauí, com a parti­cipação de 50 dirigentes sindicais do Nordeste.

O referido documento, que se denomina "Posição doMovimento Sindical de Trabalbadores Rurais sobre oProblema da Seca", consubstancia os pontos de vista daclasse sobre a grave questão nordestina e o elenco de me­didas propostas para solucioná-la.

A idéia básica defendida pela CONTAG centra-se nanecessidade urgente da implantação de medidas que vi­sem à transformação da estrutura fundiária vigente naregião nordestina atravês da Reforma Agrária, com aparticipação dos trabalhadores rurais, acompanhada demodificações na política agrícola e de irrigação.

Ao lado da reestruturação do modelo agrário, o docu­mento sublinha a urgéncia da adoção de medidas ligadasà questão do crédito, do seguro agrícola e do "Programade Emergência".

N o que tange à emergência, SI. Presidente, emboraconsiderem ser ela apenas um paliativo, os dirigentes sin­dicais nordesfinos reconhecem sua imprescindibilidadeem momentos de crise aguda como o atual vivido pelostrabalhadores rurais da região, assolada, em seu quintoano consecutivo, pela estiagem prolongada.

Finalmente, além de reclamar a implantação de medi­das anteriormente pleiteadas pelos trabalhadores no do­cumento intitulado "Documento de Teresina", defende­se a inclusão, no "Programa de Emergência", de todosos Municipios atingidos pela seca, com a criação deáreas de trabalho em todas as comunidades e de vagassuficientes nas frentes de serviço, e propugna-se pela par­ticipação efetiva dos própios trabalhadores rurais, atra­vés de suas entidades sindicais, em todas as fases do pla­no.

Sr. Presidente, hipotecando minha solidariedade irres­trita aos trabalhadores rurais do Nordeste e endossandoo movimento reivindicatório em seu favor, liderado pela

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Outubro de 1983

CONTAG, requeiro a transcrição, nos Anais da Casa,do documento a que me reporto e cujo teor é o seguinte:

"OFICIO CIRCULAR N- AEj054j83Brasília, 12 de setembro de 1983

Senhor Deputado,A Confederação Nacional dos Trabalhadores na

Agricultura - CONTAG, órgão máximo de repre­sentação dos trabalhadores rurais brasileiros, vemsolicitar a atenção especial de V. Ex' para o Docu­mento Reivindicatório que ora encaminhamos:"Posição do Movimento Sindical de TrabalhadoresRurais sobre o Problema da Seca".

O presente documento resultou do "111 EncontroRegional Sobre a Problemática da Seca", realizadodentro da Programação Integrada CONTAGjFE­DERACÕESjSINDICATOS, no período de 15 a19 de agosto último, em Teresina, Piauí, contandocom a participação de 50 (cinqüenta) dirigentes sin­dicais do Nordeste.

Traz o documento uma análise da dramática si­tuação da população trabalhadora rural que vemenfrentando cinco anos consecutivos de seca; umaanálise das medidas governamentais voltadas para aregião e, por fim, as reivindicações dessa população,incluindo medidas indispensáveis à solução definiti­va do problema da seca, bem eomo medidas de ur­gência absoluta para garantir a sobrevivência dc mi­lhões de famílias de trabalhadores rurais.

Reivindicamos medidas que visam à solução de­finitiva do problema da scca que implicam na trans­formação da atual estrutura agrária injusta, concen­tradora de terra c renda, através da ReformaAgrária com a participação dos trabalhadores ru­rais, acompanhada de mudanças na polítiea agríco­la e de irrigação, no sentido de que seja dada priori­dade aos pequenos agricultores.

Entre as medidas agrárias destacamos as de cará­ter específico, "que possibilitarão reduzir de formassubstancial os efeitos danosos das secas sobre os tra­balhadores rurais", tais como: a desapropriação dasáreas úmidas e vazantes, distribuindo-as aos traba­lhadores rurais; desapropriação por interesse socialde áreas litigiosas; assentamento imediato dos tra­balhadores rurais nas áreas já desapropriadas.

Reivindicamos medidas de absoluta urgência li­gadas à questão do Crêdito, do Seguro Agrícola edo Programa de Emergência.

Consideramos que, "apesar de serem apenas umpaliativo, as frentes de serviço são indispensáveis emmomentos críticos como os que os trabalhadores ru­rais vêm suportando nos últimos anos".

Portanto, reivindicamos a inclusão no Programade Emergência de todos os municípios atingidospela seca com a criação de áreas de trabalho em to­das as comunidades e de vagas suficientes nas fren­tes de serviço, devendo ser liberados os trabalhado­res por ocasião das chuvas, sem prejuízo dos paga­mentos até a colheita.

Ainda sobre o Programa de Emergência chama­mos a atenção das autoridades responsáveis para aadoção das medidas reivindicadas no "Documentode Teresina" visando à correção das distorçõesatualmente verificadas na execução desse Programa,tornaudo-se indispensável a participação efetiva dospr6prios trabalhadores rurais, através de suas enti­dades sindicais, em todas as fases do plano de emer­gência, bem como a mudança dos atuais critérios eunificação do procedimento dos órgãos encarrega­dos da execução do Programa de Previdência. .

Detalhamos no nosso documento reivindicatórioas bases necessárias aos critérios do Programa deEmergência, acerca das seguintes questões: alista­mento, condições de trabalho, salário, pagamento e

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

obras a serem realizadas. Reivindicamos também que"esses critérios sejam tornados púhlicos pela SUDE­NE o mais breve possível e encaminbados às entidadessindicais" .

Estamos conscientes de que tanto a solução defi­nitiva da situação da seca do Nordeste, como a ga­rantia de condições mínimas de sobrevivência dapopulação, dependem exclusivamente da adoçãopelas autoridades responsáveis das medidas maisuma vez reivindicadas pelo Movimento Sindical deTrabalhadores Rurais.

Nesse sentido, conclamamos todos os setores dasociedade brasileira para manifestarem o sell apoioconcreto às reivindicações dos trabalhadores ruraisda região, os quc mais sofrem os efcitos da seca, porterem com a estiagem agravada uma situação já sa­crificada sobretudo pela injusta estrutura agrária epela falta de uma política agrícola a serviço dos pe­quenos agricultores.

Sendo o que se nos apresenta para o momento,valemo-nos da oportunidade para reiterar-lhe pro­testos de distinta consideração."

Era o que tinha a dizer.

o SR. DENISAR ARNEIRO (PMDB - RJ. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, ocupar uma cadeira de Deputado Federal, em nossoPaís, nesse grave momento por que passa todo o povobrasileiro, considero uma demonstração de ousadia. Noentanto, Sr. Presidente, talvez seja desolador para aque­les que aqui chegaram cheios de entusiasmo, na espe­rança de poder fazer algo pelo seu povo sofrido e aban­donado. Ledo engano. Como já disse, somos um podersem poder, um poder sem forças, um poder que não estásabendo impor-se perante os realmente poderosos destePaís. Mas nem tudo está perdido. Acabo de receber umacarta de uma jovem eleitora, com apenas 21 anos de Ida­de, que não foi possível dar o destino das demais cartasque reeebemos - responder e arquivar.

Tenho, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que transcre­ver, para conhecimento desta Casa, o que pensa esta jo­vem e que talvez represente o pensamento de uma grandeparcela da nossa mocidade e que n6s até ignoramos, por­que não temos tempo de trocar idéias com os jovens.

O País está conturbado, e nós, os mais velhos, estamosigualou pior. Esta carta, Sr. Presidente, é um brado dealerta para aqueles, da nossa geração, que não acreditammais nesta sua Pátria. Os jovens estão desiludidos conos­co, porque lhes vamos legar um país pobre, endividado ehumilhado, mas eles ainda acreditam no poder de recu­peração dessa terra, e a prova disto é o relato desta carta:

"Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o car­tão que você me enviou pelo meu aniversário. Gos­tei muito de recebê-lo e me senti muito importante.Isso alimentou a idéia de escrever para você.

Tenho me preocupado bastante com a situaçãodo País c com a miséria do povo. A cada dia me sin­to mais impotente diante dos problemas cada vezmaiores que assolam este País. A cada dia me sintomais inútil em saber que não estou fazendo nadapara evitar isto, ao mesmo tempo em que reparo,com imensa desolação, que a maior parte do povotambém está inerte, ou seja, também está vendo asua situação ficar cada vez pior enquanto fica para­do, esperando as eoisas acontecerem.

Lembro-me de quando viajei, em 1982, quandofui à Europa, e pude presenciar, ver e sentir umpovo desenvolvido. Pude eomparar a conscienti­zação, educação e desenvolvimento do povo francêse do inglés com a do povo português e italiano.Pude observar que países situados um ao lado dooutro contêm em si personalidades tão distintas, po-

Sábado 22 11383

dendo concluir que é o "povo" que faz o seu país,cabendo ao governo direcioná-lo e organizá-lo.

Assim pensando, acabei olhando para o Brasil, eê com grande pesar que vejo este Pais tão grande,tão bonito, tão cheio dc riquezas minerais e vege­tais, com população tão numerosa e de braços for­tes, e com um governo aparentemente tão voltadopara problemas outros que não os de satisfazer asnecessidades mínimas do seu povo.

Quando vejo pelos jornais que o povo nordestinoestá "morrendo" de fome, no sentido literal da pala­vra, não posso crer que seja verdade, vez que as ár­vores do imenso País continuam dando frutos, ossolos continuam férteis, e o são para todos.

Estou terminando a Faculdade de Direito, e pos­so observar a carência da população do Estado doRio, que é um dos mais desenvolvidos do País. Coma minha profissão posso tristemente concluir que opovo não tem a consciência mínima dos seus direi­tos. E que não há outra saída senão a de o governoinvestir na educação, e investir urgentemente, antesque essa população despreparada, carente e incons­ciente da sua força se revolte c, sem preparação, sejaum mero instrumento nas mãos daqueles que con­tém com o conhecimento e o usa para fins anti­sociais, antimorais e antiespirituais, visando apenasa obter podcr e dinheiro.

Estou com medo diante do que estou vendo: au­xiliares da Justiça que são facilmente corrompidos,advogados que corrompem, que se utilizam da cor­rupção para conscguir dar ao seu cliente o direitoque julgam lhe caber.

Ê triste ver isto acontecendo sem que eu possa fa­zer nada.

É igualmente triste ter medo de sair às ruas, deandar nos ônibus, quando todos aqui em casa já so­freram pelo menos tentativas de roubo. Nunea seviu violência e criminalidade nesta cidade "maravi­lhosa" como agora. Moro num bairro que tem tudopara ser tranqüilo, numa rua pequena, perto do Co­légio Militar e, no entanto, vejo com temor a possi­bilidade de andar sozinha nesta rua à noite ou mes­mo entrar de carro na garagem, enquanto um assal­tante pode estar à espreita.

Ê muito triste ver tudo isso, quando sei que todohomem tem o direito de viver, e de ter vida emabundância, como nos disse Jesus. Quando sei quesão direitos inerentes ao homem os de, pelo menos,habitação, alimentação e segurança.

Outro dia li, no Jornal do Brasil, a carta de um ci­dadão dizendo que, atualmente, viajar num 6nibusno Rio se tornou um ato de coragem. Isso sem falarnos fumantes que desrespeitam às normas básicasda boa educação, higiene e etc. Realmente, nos ôni·bus o que impera é a falta de educação e insegu­rança. E pensar que o transporte foi feito para servirao homem...

Não consigo conceber a idéia de que o governo,que é eleito para representar o seu povo, esteja sepreocupando às prôximas eleições, com candidatosque em nada agradam ao povo, com a dívida exter­na e com os juros de 200% ao ano, que são umaafronta ao povo, mesmo aos mais abastados. Taisproblemas, ou melhor, a tentativa de solucionar es­tes problemas, está levando o país a um retrocessoeconômico, cultural, moral e etc.

O brasileiro não sabe que ele precisa preservar asruas, OS ônibus, as praças, os prédios, as praias, asmatas; porque não sabe que tudo isso é seu.

Sei que vocé sabe de tudo isto, e que você prova­velmente também está se sentindo impotente dianteda situação tão desastrosa. Mas precisava expor oque penso para o meu candidato, porque, assim fa­zendo, penso estar, pelo menos, saindo da "onda de

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inércia" em que vivem os nossos 100 milhões de bra­sileiros.

Custo a acreditar que o povo prefere sofrer umainflação de 200% a se reunir e tentar formar umaforça consciente, trabalhadora e produtiva. Custo aacreditar que os nossos governantes não tomemuma medida decente que faça aumentar a confiabili­dade da nação deles.

Como sei que um povo faminto e que não teveeducação/instrução não pode pensar nestas coisas,então só me resta a idéia de que a única saída é queo Governo invista na educação das crianças, porquea mente dos adultos já está por demais deformada,pelo menos a de grande parte deles. E esta saída sópode surgir das mãos dos nossos governantes que,em tese, devem buscar a satisfação dos desejos maisínfimos do homem, para então, a partir daí, sairpara a busca da satisfação das outras necessidades,não tão inerentes ao homem, mas nem por isso irre­levantes, que seriam a dívida externa e etc.

Peço desculpas por escrever esta carta, porque seique você é um homem de bem, com personalidade,com bons princípios e que, por isso mesmo, tambémdeve estar sofrendo muito diante do que vemos.

Mas é por saber da sua capacidadc, do seu cspíri­to dc liderança, da sua fé e da sua boa vontade quete cscrevo, querendo demonstrar o meu apoio, eincutir-lhe a esperança para que você rcalize da me­lhor maneira possívcl o teu trabalho, sabendo quesó vocé pode realizá-lo, e que lhe cabe realizá-lo damelhor maneira possível.

Tenho a convicção de que você está neste lugarporque vocé é a pessoa mais conveniente paraocupá-lo, e de que, se você desempenhar a sua tarefacom amor, com lealdade, com fé, e se todos fizerema parte que lhes cabe com esses princípios básicos, areceita dará certo, e nem tudo está perdido. Peço aDeus que o ilumine e lhe renove a cada dia a cora­gem e a esperança, e que lhe dê pessoas e ambientede trabalho que te ajudem a trilhar o caminho certo.

Bem. peço desculpas por ter escrito esta. mas mesentia na obrigação de te demonstrar os "anseiosdesta tua eleitora". Ass. Ida Maria Moulin Alledi.Rua Lúcio de Mendonça, 46, apto 501 - Tijuca(RJ)."

Após a leitura, nada mais tenho a dizer desta tribuna,a não ser agradecer a esta jovem, em nome desta Casa, Q

exemplo que nos está dando de preocupar-se com o futu­ro do nosso País, coisas que muitos daqueles que hojecomandam os destinos dos cento e vinte milhões de bra­sileiros, não sabem fazer.

o SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS - ·GO. Pronun­cia Oseguinte discurso) - Sr. Presidente, Srs. Deputadosa situação eeonômica do Norte/Nordeste de Goiás exigedo Governo Federal imediatas providências a fim de nãose estabelecer ali o caos e a desordem, porque a popu­lação não tem mais eondições de suportar a quase parali­sação total das atividades produtivas, causando aindadesemprego em razão da falta de recursos.

Duas providências salvadoras, já solicitadas por mimvárias vezes e prometidas pelo Presidente Figueiredo eMinistro Delfim Netto, estão tardando demais.

Refiro-me à extensão do POLAMAZÔNIA a PortoNacional, Miracema do Norte, Cristalândia e outrostrinta e sete municípios da Amazônia Legal de Goiás,ainda não bencficiados por aqucle programa, e a dccrc­tação de emergência para os quarenta e quatro municí­pios, prejudicados por prolongada estiagem, não incluí­dos nas Cartas-Cireulares 901 e 919/83, do Banco Cen­tral.

A extensão do POLOAMAZÔNIA,já prevista em Ex­posição de Motivos eneaminhada pelo Ministro Delfim

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Netto à Presidência da República, aguarda decisão doeminete Presidente Figueiredo. A expedição de Carta­Circular, pelo Banco Central, incluindo todos os Mu­nicípios do Narte/Nordeste goiano que fazem parte daAmazônia Legal está dependendo de parecer do Minis­tro Mário Andreazza. tendo o seu Ministério todas as in­formações necessárias que, a meu pedido, o MinistroDelfim Netto lhe encaminhou sob a Papelete MinisterialSEPLAN n" 5.901, de 27/9/83.

Porque estou vendo sofrer o povo nortense de Goiás eprevejo graves problemas sociais naquela região é que di­rijo insistente apelo ao eminente Presidente Figueiredo,ao Ministro Mário Andreazza e ao Presidente do BancoCentral, Dr. Afonso Celso Pastare, no sentido da rápidaadoção das medidas reivindieadas.

Aguardo confiante as providências reclamadas, pedin­do a Deus que ilumine os nossos dirigentes para queajam em tempo de evitar graves prejuízos para o Norte/­Nordeste de Goiás e o seu abnegado povo.

Era o que tinha a dizer.

O SR. NILSON GIBSON (PDS - PE. Pronuncia oseguinte diseurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, hápoucos dias, foi realizado no Recife o III Encontro Na­cional de Gipsita, evento de suma importância para Per­nambuco, pois destinou-se ao estudo e debate das ques­tões atuais e das perspectivas de uma das principais ri­quezas naturais do Estado, eujas jazidas se encontram noAraripe, uma de suas regiões mais áridas, assolada pelaseca e sem grandes alternativas de exploração econômi­ca.

O racional aproveitamento dessa verdadeira dádiva danatureza é a esperança dos 200 mil habitantes do Arari­pe, que enfrentam graves dificuldades provoeadas PclOclima e pela estiagem e que praticamente têm no gessoseu único meio de sobrevivência.

É elogiável. Sr. Presidente. Srs. Deputados, a preocu­pação do Governo Roberto Magalhães, reafirmada peloSr. André de paula, Secretário da Indústria, Comércio eMinas, no sentido de contribuir decisivamente para o in­cremento de todo o processo de exploração da gipsita doAraripe, da extração mineral ao beneficiamento e à co­mercialização do gesso natural, através de um trabalhopermanente da SICOM e de seus órgãos, ITEP, Minériose CEAG; ainda mais porque se trata de uma das mais in­questionáveis vocações para a industrialização em basessólidas e com prorundas raízes na economia local, con~forme assinalou na abertura do Encontro.

No elenco das providências em andamento destacam­se o florestamento e reflorestamento da região do Arari­pe; a modernização dos fornos de calcinação alimenta­dos a lenha, visando a baratear os custos e erradicar apoluição ambiental; a construção de estradas para facili­tar o escoamento da produção gesseira; a instalação deum laboratório cspecializado e a criação de linhas de cré­dito específicas para fortaleeer as pequenas e médias em­presas mineradoras.

Desse esforço de incentivo e apoio tecnoiógico, nqbrescolegas, devem participar não somente o Governo do Es­tado mas também os empresários mineradores e calcina­dores de Pernambuco, com vistas à ampla comerciali­zação da gipsista do Araripe, ao incremento do uso dessemineral no próprio mercado regional e à motivação deseus setores produtivos para o grande campo de empregodo gesso natural, desde a Medicina até a construção ci­vil, sobretudo na fabricação de forros e divisôrias, porsuas virtudes isolantes e antinflamáveis e dado seu baixocusto em relação a outros materiais.

Nesse eontexto, Sr. Presidente, Srs. Deputados, devemser aproveitadas todas as oportunidades de programasde cooperação, assisténcia técnica e transferência de tec­nologia de paises, como a França, que têm tradição e ex­periência no aproveitamento industrial da gipsita, inclu­sive na produção de enxofre.

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Impõe-se, portanto, nobres colegas, que incentivemostodas as iniciativas que tenham por objetivo o aprimora­mento dos métodos, técnicas, processos e sistemas de ex­tração, beneficiamento e comercialização do gesso natu­ral do Araripe, produto que pode contribuir significati­vamente para o desenvolvimento social e econômico daregião e, conseqüentemente, melhorar a qualidade devida da população.

Ao fazer este registro, Sr. Presidente, Srs. Deputados,solicito que o Governo Federal, principalmente atravésdo Ministério das Minas e Energia, dê cfetivo apoio aoprograma estadual de ampliação e aperfeiçoamento daexploração da gipsita existente na região do Araripe, emPernambuco.

O SR. JOSÉ RIBAMAR MACHADO (PDS - MA.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, gostaríamos de registrar, com tristeza e sau­dade, nos Anais desta Casa, o recente falecimento do ex­parlamentar, médieo, jornalista e poeta maranhense Fer­nando Ribamar Viana, vitimado por uma forte pneumo­nia no mês passado. No prôximo dia 31 de outubro, Fer­nando Viana, como era conhecido no mundo das letras,completaria 79 anos de idade, grande parte dos quais de­dicados à política, à medicina, ao jornalismo e às letras.

Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, Fer­nando Viana exereeu, durante muito tempo, a profissãode médico. Foi também funcionário da Contadoria­Geral da República e, na condição de jornalista, exerceua função de Redator Chefe do jornal O Combate e Jornaldo Povo. Mais do que isso, Fernando Viana publieoumuitos artigos politicos com o pseudônimo de FclicianoVentura e dirigiu o suplemento literário, "O Ressurgi­menta". do Correio da Tarde.

Como poeta, Srs. Deputados, ele se notabilizou no gê­nero satírico, e, Como Deputado Estadual que foi porduas vezes, Fernando Viana deixou a marca de seu cará­ter e firmeza na defesa de determinados prineípios, quan­do renunciou a um dos mandatos que lhe fora outorgadopelo povo maranhense porque não quis compartilhar detransações políticas ilícitas.

Ainda, como poeta, Fernando Viana era o mais antigomembro da Academia Maranhense de Letras., "Ele dei­xou uma profunda lacuna nesta Casa de Cultura", dissea poetisa Dagmar Desterro, expressando, na verdade, aopinião e o sentimento de todo o povo maranhense e nãosimplesmente dos que tiveram a feliz oportunidade deconhecer sua obra, seus versos, suas quadrinhas e troca­dilhas, que eram escritos, segundo o historiador MárioMeirelles, cOm "uma facilidade de expressão muito gran­de".

Além disso, Srs. Deputados, Fernando Viana era umdos so breviventes da geração mais antiga da AcademiaMaranhense de Letras. Escreveu, em 1945•. "Folhas Sol­tas", uma coletânea de sonetos, c, em 1979.". "Seara"; epublicou os estudos. "O Bequimão" ~. "Boeagge". Semdúvida, Sr. Presidente, um dos mais expressivos e notá­veis representantes do movimento literário maranhensee, por que não dizer, do nosso País, na medida em queseus versos não ficaram circunscritos ao Maranhão, mastambém foram espalhados por outros Estados do Brasil,sendo apreciados em diversos círculos literários.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, como disse José Cha­gas, colunista de nossa imprensa local" "o poeta sabiaque a morte o andava espreitando a ponto de escreverque ultimamente / tenho-a visto viajando as cercanias, /indo e vindo, a espiar, lubricamente, / O meu portão e asminhas gelosias. É possível então quc sô ele completouJosé Chagas - não se tenha surpreendido eom ela, tantoque a recebeu, tranqüilo, sereno, COmO se fosse apenas obom sono de uma noite a mais",

A multidão que foi ao seu sepultamento revela qQeFernando Viana morreu, mas ficou no Coração e na

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mente de todos os maranhenses que admiraram a sua in­teligência e, acima de tudo, a sua personalidade.

Por estes motivos, Srs. Deputados, é que registro nosAnais desta Casa a morte de Fernando Viana, com quemtivemos o prazer dc ter uma grande amizade, cultivadaao longo de um tempo em que convivemos com sua ex­traordinária inteligência.

Não poderíamos, por fim, deixar de fazer o registro deum de seus poemas mais belos, chamado In Fine:

"Envoltos na tristeza que decorrede minha caminhada para O Fim,morrem-me os sonhos todos, tal qual morreum rosal desfolhado no Jardim.

o tempo, agora, comO um doido, correCOmo antes nunca o vi correr assim,e, inexorável, como um Juiz, escorreos últimos minutos sobre mim.

A marcha dos ponteiros não me assombra:sei que a Vida, em seus círculos assestafocos de luz raríssimos na sombra...

Imerso nestas cismas, desolado,percebo que a alegria que me restasão restos de alegrias do Passado."

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente.

o SR. FLORICENO PAIXÃO (PDT - RS. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, o Decreto-Lei n' 2.064, além de confiscar o saláriodos trabalhadores, investiu de forma cruel e perversaeontra os aposen tados e pensionistas do INPS, que ago­ra não mais terão o reajuste de seus proventos de acordocom o percentual de aumento do salário-mínimo.

Pelo decretão ontem publicado, o reajuste dos benefí­cios da Previdência Social será feito de acordo com a fo­lha do salário-de-contribuição, isto ê, de acordo COm aarrecadação do INPS. E como o País está mergulhadoem profunda recessão, com Slla produção parada, é claroque a receita da Previdência Social está caindo cada vezmais, não só em virtude do alto índice de desemprego e oviolento arrocho salarial que vem sendo imposto peloGoverno, como, também, porque o próprio Governonão está pagando em dia sua quota para com o sistemaprevidenciário.

Tal ê a manifcsta injustiça que os homens que dirigemeste Pais estão praticando contra os aposentados e pen­sionistas, que estes, que nada têm a ver com os reiteradoserros do Governo, se constituem agora no alvo prineipaldas investidas governamentais atrnvês de um ato deforça, quando se sabe que O decreto-lei que trata sobresalário é reconhecidamcnte ilegal e inconstitucional.

E como serão incalculáveis os prejuízos que advirãopara os aposentados, tem esta Casa a imensa responsabi­lidade de rejeitar ainda este ano esse novo decreto, queatingiu em cheio não só os assalariados e aposentados,como tantos outros segmentos da sociedade brasileira.

O SR. JOst FOGAÇA (PMDB - RS. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, la­mento muito a informação dos jornais que OSr. Tancre­do Neves acaba de publicar no Diário Oficial de MinasGerais o ato de concessão da medalha Santos Dumont,no grau ouro, ao Ministro do Planejamento, AntónioDelfim Netto. A comenda será entregue neste fim de se­mana, em Belo Horizonte.

O Sr. Delfim Netto é, hoje, o maior aliado que os ban­cos internacionais têm no Brasil. Em nome dos interessesdo sitema financeiro internacional e, acima de tudo, parapreservar-lhes e garantir-lhes o recebimento de eScor­chantes e criminosas taxas de juros que impuseram aonosso País, o Sr. Delfim Netto não hesita em submeter

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

os trabalhadores a um arrocho salarial de proporçõesnão conhecidas no Brasil.

Entre os interesses externos e o povo brasileiro, Del­fim optou tranqüilamente pelos seus aliados estrangei­ros.

Será que o povo de Minas Gerais, de profundas tra­dições democráticas e históricas demonstrações de brasi­lidade, esse mesmo povo que elegeu legitimamente o Go­vernador Tancredo Neves a partir da sua pregação opo­sicionista, concorda com essa condecoração agora con­cedida ao Sr. Delfim Netto, um nome maciçamcnte re­pudiado pela Nação no seu conjunto?

O último Governador que distribuía medalhas imere­cidas, em nome do seu cabedal político, era o Sr. PauloMaluf. Esse malutísmo laudatório desmoralizou as co­mendas do Estado de São Paulo e, muitas vezes, enver­gonhou aqueles que as pontavam com inteira justiça.

No momento em que o Sr. Delfim Netto, para subser­vir ao Fundo Monetário Internacional, despeja sobre ostrabalhadores brasileiros mais um decreto-lei cujo objeti­vo é tão-somente achatar os salários de quem trabalha ereduzir a pensão dos aposentados, é, no mínimo, um gri­tante despropósito conferir-lhe uma medalha em nomedo Estado de Minas Gerais.

Tenho certeza de que o povo de Minas vitupera e abo­mina tal iniciativa.

O SR. IRINEU COLATü (PDS - RS. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,nos dias 16, 17 e 18 de setembro pretérito, foi realizadocom extraordinário êxito, na cidade de Giruã, Estado doRio Grande do Sul, a l' Feira Agropecuária e Industrialde Giruá - I' FAPIG - evento prestigiado por cerca de15.000 visitanies, tendo, na oportunidade, o progressistaMunicípio recebido a primeira visita do Exm" Sr. Gover­nador do Estado, Jair de Oliveira Soares, ponto alto doacontecimento promocional, festejado como o maior dahistória de Giruá. Efetivamente, a classe produtora ­agricultores, pecuaristas, industrialistas e comerciantes- mostraram toda a sua pujança e importância para odesenvolvimento daquela que é cognominada por anto­nomásia a Capital da Produtividade. A comunidade vi­veu um tríduo de muita movimentação e festividade, de­vendo exaltar-se a dinamicidade do Prefeito Municipal,Lauri Antônio Thomas e do seu colaborador nào menosdinâmico, que o Vice-Prefeito, Senhor José Antunes deOliveira, que vêm conduzindo com braço forte e deter­minação os destinos político-administrativos daquelaflorescente comuna, cabendo ênfase especial à ComissãoOrganizadora da promoção, a cuja testa esteve o SenhorAltino Weimcr. acompanhado de perto pelos seus es­forçados colaboradores. Promoções desta natureza, Sr.Presidente, Srs. Deputados, engrandecem a obra admi­nistrativa dos homens públicos, da comunidade e das li­deranças comunitárias. Promoções desta natureza e en­vergadura projetam as comunas que as promovem além,muito além de suas fronteiras físicas. Promoções destanatureza, envergadura e jaez enaltecem os produtoresdos diversos segmentos comunais. Através da I' FAPIG,Giruá deu uma verdadeira demonstração organizacio­nal, de pujança, de capacidade criativa e de força econô­mica. Cumprimentamos vivamente desta tribuna demo­crática o feito giruaense e almejamos, desde já, que ou­tras edições da FAPIG sejam editadas em porvindourosanos.

Acedendo a convite do ilustríssimo Sr. Prefeito Muni­cipal e da Comissão Organizadora do maiúsculo eventoda I' FAPIG, prestigiei também aquele magno certame aque nos referimos. Sinto-me envaidecido e deveras lison­jeado por ter sido distinguido com tão singular convite.A Comissão Organizadora houve' por bem facultar-nos aparticipação de uma mesa redonda, no dia 16 de se­tembro, fazendo parte da promoção da I' FAPIG,

Sábado 22 11385

ensejando-nos um amplo debate sobre temas momento­sos, com o Deputado Federal Amaury Müller, do PDT,com o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ru­rais, Sr. Walter José Picoli, com o representante da CO­TAP, Sr. Alcyr Peters Hartung e com o representante daEMATER local, Sr. Oldemar Kamt. Os temas em pautana referida mesa redonda, levada a efeito como parte dafeira-exposição e trausmitida para toda a região por qua­tro radioemissoras, sob a liderança da Râdio Giruá lo­cai, foram: a mudança na política do crédito agrícola, arevogação da Circular n" 706, do Banco Central, telefo­nia rural, eletrificação, habitação para o homem do cam­po, reforma tributária e a mudança imediata dos cri­térios de avaliação do ICM para calcular o retorno dosMunicípios. A pauta dos assuntos, Senhor Presidente,Senhores Deputados, bem demonstra a preocupação rei­nante, mesmo nas comunas mais longlnquas c interiora­nas, diz respeito aos temas que atualmente mais afligema população. Quando o Deputado retoma para a sua re­gião de atuação política é constantemente inquirido eabordado sobre o que vem acontecendo na área econô­mica, querendo o povo saber com incontida sede das me­didas que estão sendo adotadas para a solução dosproblemas que pululam em todos os recantos destaNação. Giruá, através da mesa redonda promovida aolongo das festividades da l' FAPIG, transformou-senum hiato para reflexão, num momento para meditaçãoséria e compenetrada, um extenso oásis neste lençol de­sértico de problemas em ebulição, um recreio parapensar-se eoletivamente em voz alta e excogitar de tenta­tivas de solução para os assuntos abordados. A partirdas abordagens desta mesa redonda, foi redigido um ma­nifesto, o Manifesto de Giruá. Tomamos, pois, a liberda­de, Sr. Presidente, Srs. Deputados, para transmitir, naíntegra, desta tribuna aquele documento, para que osilustres pares com assento nesta casa legislativa possamaquilatar das preocupações da comunidade de Giruá epor extensão de toda a comunidade sul-riograndense:

"O Município de Giruá figura dentro do Estadocomo um dos maiores produtores de grãos por uni­dade de área - sendo muito propriamente denomi­nada de Capital da Produtividade - o que demons­tra o potencial tecnológico que aqui é praticado.

Cabe, em primeiro lugar, manifestar a preocu­pação do setor com a sistemática de crédi to impostaao produtor pelo Conselho Monetário Nacional,que determinou às instituições financeiras do Siste­ma Nacional de Crédito Rural, a adoção de proce­dimentos completamente alheios e impraticáveis àrealidade do nosso agricultor, através da Circular n"706, de 16-6-82.

I - Considerando que é dispensada a compro­vação de uso de insumos modernos, corretivos, pes­ticidas, sementes fiscalizadas;

2 - Considerando que as operações de custeiode lavouras até 500 MVR englobam cerca de 85%das operaçõcis financiadas na região;

3 - Considerando que tais operações são dis­pensadas de Assistência Técnica e Orientação Ge­renciai a nível de Propriedade Rural;

4 - Considerando que a liberação dos VBCs aoprodutor se processa de modo tal que o mesmo temde arcar com significativo volume de recursos pró­prios, quando na verdade está descapitalizado;

5 - Considerando que o abandono à tecnologiagera, além da diminuição considerável de produtivi­dade, as implicações que são relatadas a seguir:

O endividamento da classe produtora tende a au­mentar cada vez mais, fazendo com que sejamforçados a vender suas propriedades, incentivandoo êxodo rural; o sistema tributário sofre considerá­vel diminuição do volume da arrecadação emfunção da redução quantitativa da produção agríco-

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11386 Sábado 22

la fundamental importância sócio-econômica para oRio Grande do Sul; a chamada prioridade agrícolado Governo Federal fica seriamente comprometida,uma vez que tais medidas, consideradas desburocra­tizantes, propiciam redução em qualidade e quanti­dade dos alimentos; a pesquisa oficial, que vem tra­balhando incessantemente na busca de melhores al­ternativas para a agricultura da Nação, fica seria­mente comprometida, pois se interrompe drastica­mente a canalização dos avanços tecnológicos até oprodutor, missão esta que, até então, era feita pelosprofissionais da área agronômica das diversas enti­dades que prestam serviços ao produtor e que, inex­plicavelmente, foram alijados do processo produti­vo;

6 - Considerando que o abandono da tecnolo­gia leva também aO uso indiscriminado do própriosolo, que é a fonte maior das divisas da comunidadeda região;

7 - Considerando que a pecuária em seu todoencontra-se relegada a segundo plano e que necessi­ta urgentemente de recursos a juros viáveis, em épo­cas oportunas C com prazos dentro da realidadepara a sua manutenção e conseqüente desenvolvi­mento.

Resolvemos sugerir às autoridades responsáveispelo setor agropecuário do País, em nível federal,estadual e municipal, as seguintes medidas de apoioao sistema:

I - A substituição da Circular n. 706, por nor­mas viáveis e dentro da realidade do nosso produ­tor, onde entendemos que devam constar, basica­mente, os seguintes princípios: 1.1. Comprovaçãodo uso dos insumos modernos, corretivos, pestici­das, sementes fiscalizadas, etc.; 1.2. Assisténciat~cnica e orientação gerencial a nível de propriedaderural para aqueles produtores que realmente delanecessitam e/ou por cla optarem espontaneamente;1.3. Fixação dos limites de crédito de acordo comos estudos de custos reaís das lavouras e, que as libe­rações dos mesmos sejam efetuadas de tal modo queo produtor tenha livre escolha do valor a ser finan­ciado - desde que seja respeitado o teto do mesmo,considerando a sua estrutura, potencial tecnológicoe potencial de produção, uma vez que os VBCs fixa­dos atualmente não atendem as necessidades reaisde custo para formação das lavouras; 1.4. Isençãode ônus imediatos para o produtor por ocasião dofinanciamento, no sentido do mesmo não arcar comrecursos próprios que, na verdade, não possui nomomento; 2 - Fixação de juros viáveis e compatí­veis com a realidade do nosso produtor; 3 - A rea­tivação do programa PRO-SOLO e a concessão doaumento aos recursos financeiros destinados à con­servação e recuperação do solo, através de culturasde inverno; 4 - Faixa especial de crédito para aqui­sição e adaptação de equipamentos destinados aoplantio direto, como técnica de conservação do solomais eficiente para combate à erosão e o desenvolvi­mento racional de nossa agricultura; 5­Suplementação do valor básico do custeio às lavou­

ras adeptas do plantio direto, como prática conser­vacionista; 6 - Inclusão na Política de Preços Mini­mos - de culturas - alternativas de inverno decomprovada viabilidade num sistema de diversifi­cação de culturas para a nossa região, tais como li­nhaça, etc.; 7 - Linhas de crédito compatíveis com.a realidade do produtor, para incremento da pe­cuária na região."

Sr. Presidente, Srs. Deputados, este o Manifesto deGiruã que nos convida a refletir I que nos leva a medita,rsobre os diversos problemas em ebulição, notadamente,

ltCt""SCtOf -agriet>kHlo Município e· na-região adjacente,

DIÂRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

não devendo ser muito diferente a problemática do setoragropecuário do restante da Nação.

Apelamos, pois, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que sedê ouvidos aos apelos e anseios que emanam do povo,pois que uma Nação desenvolvida e pujante se constróicom a ajuda do povo, seja pelo trabalho, seja pela cola­boração através de idéias, sugestões, estudos e pesquisas.A agropecuária brasileira precisa ser levada a sério, por­que sobre este binômio repousa grande porção de nossaeconomia nacional, responsável pela geração de expres­sivas divisas. Não se pode olvidar a importância daadoção de medidas eficazes para o segmento agrope­cuário. Os problemas que afligem os criadores e produ­tores rurais não podem ser empurrados indefinidamentepara a procrastinação. É chegada a hora de partir parasoluções fortes, corajosas e saneadoras, como aquelasaventadas no Manifesto de Giruá. Não é possível que secontinue oferecendo paliativos, incertezas, intranqüilida­de, apreensão, através de uma política agropecuária me­diana, inconsistente e indefinida. Foi esta, Senhor Presi­dente, Senhores Deputados, mais uma vez a lição que re­colhi da mesa redonda, da qual participei, no dia 16 desetembro transato, na cidade de Giruá, cumo parte da I'FAPIG: só se faz uma agropecuária e por extensão umaeconomia forte com uma política econômica clara, Con­sistente e séria. Temos capacidade para sair da crise, bas­ta que se pratique iniciativas acertadas.

Era o que tioha a dizer.

O SR. DANTE DE OLIVEIRA (PMDB - MT. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, hâ poucos dias, cu usava a tribuna desta Casapara analisar o momento político c afirmava que não po­deríamos continuar vivendo um regime de meia ditadu­ra, ou melhor, de ditadura econômica e abertura políti­ca.

Dizia mais~ que o Ministro Delfim e mais alguns ele­mentos do regime jogavam conscientemente para o en­volvimento, única maneira de eles tentarem viabilizar arecessão, a fome e o desemprego, única forma de atendc­rem os desejos do FMI.

Eles tém consciência de que a Nação não aceita maisas violências econômicas. Ela reage e reagirá sempre.

É bom lembrarmos que o 2.045 foi imposto pelo Con­selho de Segurança Nacional, na tentativa de impor oude atemorizar a sociedade. E o que está provado hoje éque o CSN está completamente desligado da realidadedo País, não o sente, não o representa e não o defendecontra os verdadeiros inimigos da pátria.

Os gestos do governo vem sendo todos de desespero.São gestos de alguém que reconhece não ter mais mo­

rai nenhuma para negociar com as forças externas, poiso que ele diz ê a mentira oficializada.

Se o governo já estava desmoralizado com as forçasinternacionais pelos resultados prometidos - e é bomlembrarmos que em janeiro prometiam uma inflação de78% para 83, c já em fevereiro isto já se elevava para 90%c agora em julho já esperavam um número em torno de160%, - imaginem agora que não conseguem mais umaval do próprio PDS para suas falcatruas internacionais.

As medidas de emergência são mais uma tentativa deamedrontar o País, de demonstrar que ainda têm forçamilitar.

A verdade é que a Nação necessita de salvaguardascontra as ameaças internacionais, contra as medidas eco­nômicas que vêm sendo tomadas e que ferem os brios daPátria; é preciso salvaguarda contra o Projeto II assina­dos com o FMI, é preciso salvaguarda para a moralidadeadministrativa no combate aos escândalos da Coroa­Brastel, da CAPEMI, da Delfin-BNH, das. "polonetas" edo caso Baungartem e tantos outros, enfim a sociedadeprecisa de verdadeiras salvaguardas contra os corruptose impatriotas que estão encastelados no poder há anos.

Outubro de 1983

Que moral pode ter um governo que assiste a tudo issode braços cruzados, conivente porque nada apura e nin­guém é punido?

Onde está o resultado das investigações pedidas peloPresidente Aureliano Chaves no caso das. "polonetas"?Talvez esteja na mesma gaveta da qual foi tirado o decre­to das emergências.

Enfim, Sr. Presidente, o governo, com as medidas deemergência, demonstra que perdeu o comando daNação, mostrou que a loucura e a insanidade política é anorma dos governantes, que perdeu o pouco que restavade credibilidade para enganar internacionalmente.

O Congresso está de parabéns, não se atemorizou, nãose rendeu e, ao contrário, votamos mais uma vez guarda­dos não pelo General Newton Cruz da vida, mas pelopovo brasileiro aqui presente.

Enquanto aqui fervia nacionalmente ao som do HinoNacional, lá fora estava Brasília militarizada e desligadainfelizmente dos sentimentos mais puros da nossa Pátria.

A Nação gostaria de ver lutarem alguns militares frus­trados de guerrear.

Mas, Sr. Presidente, gostaríamos de vê-los guerrearcontra os inimigos do Brasil, contra as forças econômi­cas internacionais, contra o FMI, contra o Projeto II as­sinado com essa entidade e que fere brutalmente a nossasoberania, enfim guerrear em defesa do povo e da Pátria,e não contra este Congresso, contra o povo brasileiro,armado apenas da esperança de Um dia ter uma vida dig­na e decente.

O SR. ORESTES MUNIZ (PMDB - RO. Pronunciao segninte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,na primeira quinzena deste més, a PETROBRÁS sus­pendeu o fornecimento de óleo diesel e óleo combustívelàs usinas termelétricas da ELETRONORTE, subsidiáriada ELETROBRÁS, localizadas em Manaus e Porto Ve­lho, ameaçando manter o fornecimento suspenso, atéque fosse saldada uma dívida de dezoito bilhões de cru­zeiros. No dia 6, as unidades térmicas de Porto Velhochegaram a ter reservas de combustíveis para operar so­mente até às dezoito horas, quando, diante dos protes­tos, foram liberados cento e sessenta mil litros de óleodiesel e, no dia seguinte, uma partilha de combustível su­ficiente para a operação das usinas pelo resto da semana.

A PETROBRÁS alegava que a 'óuspensão decorria deproblemas de transporte; entretanto apurou-se que a sus­pensão decorrera daquela dívida. Enquanto o Presidenteda PETROBRÁS comunicava ao Ministro das Minas eEnergia que o embargo havia sido suspenso, os respon­sáveis pelas bases de Manaus e Porto Velho negavam-sea entregar o combustível.

Só diante de um apelo dramático, no dia 6, o óleo pas­sou a ser fornecido gradualmente.

Mas a ELETRONORTE considera indefinida a si­tuação, sem segurança quanto à continuidade da ope­ração das usinas termoelétricas daquelas duas capitais.

A situação financeira da empresa é dramática: em Por­to Velho ela terá, este ano, uma receita tarifária da or­dem de um bilhão e trezentos milhões de cruzeiros,quando as despesas com combustível sobem a sete bi­lhões e oitocentos milhôes de cruzeiros que, somados adespesas operacionais, criam um déficit de oito bilhões equatrocentos milhões de cruzeiros no sistema.

Evidentemente, a ELETRONORTE c a CERON es­tão sendo mal administradas.

Seria necessário que houvesse equilíbrio orçamentárionessas empresas, pois não se exige lucro em serviçospúblicos. Esse desequilíbrio penaliza o próprio usuário,que tem freqüentemente o serviço suspenso, por queaquelas duas empresas públicas acrescem, a cada mês, oseu débito para com a PETROBRÁS.

Ademais, há uma Reserva Global de Garantia, forma­da pelo recolhimento das concessionárias lucrativas, jus-

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Outubro de 1983

tamente para repasse àquelas que estão dando prejuízo,contanto que não haja paralisação do fornecimento deenergia.

De qualquer modo, exigem-se providências da ELE­TROBRÁS, no sentido de evitar essa suspensão de for­necimento de combustível, que resulta num insuportável"black-out" em Manaus e Porto Velho.

Era o que tínhamos a dizer.

O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Sem re­visão do orador.) - Sr. Presidente, o decreto do terror,baíxado pelo Governo para intimidar o Congresso Na­cionaI c sindicalistas que aqui vieram, é uma reediçãotosca e fora de época do sinistro AI-S.

O SR. SItRGIO LOMBA (PDT - RJ. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, oplano diabólico do Sr. Delfim Netto e seus aliados, asempresas multinacionais, fez mais uma vítima entre asindústrias brasileiras. O plano de sucatear as indústriasbrasilerias, através do esmagamento econômico, estáconseguindo êxito, e vemos, uma após outra, as empre­sas brasileiras melancolicamente fechando as suas por­tas.

Desta vez, foi a fábrica de tecidos Nova América, comduas fábricas no Rio de Janeiro, uma na Capital, nobairro de Del Castilho, e a outra em Magé, no Distritode Fragoso, com milhares de trabalhadores, que destaforma, vão somar-se aos milhões de brasileiros que já es­tavam desempregados.

O que impressiona em nosso País é a impunidade doSr. Delfim Netto, cuja criminosa pol!tica econômica per­manece inabalável, apesar de todas as desgraças que jácausou e que certamente continuará causando a todos osbrasileiros, empresários ou trabalhadores, profissionaisliberais, donas de casa, aposentados enfim, toda a socie­dade brasileira.

A fábrica de tecidos Nova América foi uma poténcia eorgulho da indústria têxtil brasileira. Por ela passarammilhares de técnicus e operários brasileiros, muitos jáaposentados. e que em muitos casos viam agora a conti­nuação do seu trabalho, através de seus filhos, que já tra­balhavam na empresa. Erajá a segunda geração de técni­cos c opcrários, trabalhando naq uela fábrica.

Hoje está tudo acabando. No entanto, desta tribuna,quero fazer um apelo dramático ao Sr. Presidente da Re­pública, para que determine providências urgentes natentativa ainda de salvar a fábrica de tecidos NovaAmérica e o emprego de milhares de brasileiros. Estemonumento têxtil, orgulho da nossa indústria de tecidos,não pode sucumbir, sem ter quem o socorra. Aqui fica onosso dramático apelo. Sr. Presidente Figueiredo salve aCia. Tecidos Nova América e o emprego de seus traba­lhadores. Resgate esta empresa, porque se estará resga­tando a honra da indústria têxtil nacional.

Era o que tinha a dizer.

O SR. CUNHA BUENO (PDS - SP. Pronuncia o se­guinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, a ci­dadc de Ol!mpia, próspcra comunidade do intcrior doEstado de São Paulo, realizou ncste ano, como o faz hádezenove anos consecutivos, o Festival do Folclore, fcstaque tive a oportunidade de prestigiar pessoalmente, du­rante todo o tempo em que fui Secretário da Cultura doGoverno do Estado de São Paulo.

Naquela semana de 14 a 21 de agosto, Sr. Presidente,Olímpia se transformou, mais uma vez, na Capital doFolclore, vestindo-se de esperança, paz c bem-estar, paracomemorar, a seu modo, o Mês do Folclore. Festa Coor­denada por José Sant'Ana, cumpriu todos os seus objeti­vos, com um programa bem elaborado, que constou doseguinte: pau-de-sebo, pega-porco, corrida de carimhode rolemã, prova do estilingue, jogo da bolinha, corridadentro-da-saco, jogo do pião, corrida da perna-de-pau,corrida do arco, jogo dda amarelinha, pular corda, pór o

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

rabo no burro, jogo da Bétia, corrida do ovo-na-colher,quebra-pote, égua-de-pau, briga-da-sabugo e soltar pa­pagáios.

Os objctivos daquelc Festival do Folclore, de Olímpia,Srs. Deputados, que foram plenamente alcançados, fo­ram os seguintes: incentivar os grupos folclóricos, difun­dir o folclore e contribuir para a sua preservação, forta­lecendo a consciência da unidade nacional. Junto comestes, foram alcançados outros objetivos de ordem cultu­ral, a saber: contribuir para o conhecimento das cultu­ras, músicas, danças, folguedos, medicina caseira e teoló­gica, brinquedos da lúdica infantil, cozinha ~egional,

modismos lingüísticos, arte e artesanato. - ,-

Junto com a realização daquele amplo programadiário, já citado, houve também expsições de peças fol­clóricas, feiras de artesanato, danças folclóricas, folgue­dos, brinquedos tradicionais e cozinha com pratçs típi- ;cos regionais e nacionais do Brasil. Tudo foi realizado nosentido de levar os participantes e os visitantes a gosta­rem mais do que ê nosso, como um momento de puraafirmação nacional.

Congratulando-me efusivamente com todos os quetrabalharam pela sua realização, com os artistas e arte­sãos que dele tomaram parte, bem como com toda a co­munidade olimpiense e com os que puderam visitar 019'Festival do Folclore, Sr. Presidente, quero deixar, nestemeu pronunciamento, um voto de louvor pelo que ali serealizou, fazendo votos para que esse Festival se repitasempre, para que Olímpia continue a ser a Capital doFolclore.

Era o que tinha a dizer.

o SR. VICTO~ FACCIONI (PDS - RS. PronunciaOseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,complementando os convites já formulados e o noti­ciário já produzido, trago ao conhecimento da Casa arealização, a partir do próximo dia 25, terça-feira, doSimpósio Sobre Parlamentarismo promovido pelas Co­missões de Constituição e Justiça e Educação e Culturada Câmara c do Senado, pela Comissão Mista do Con­gresso que examina as emcndas parlamentaristas, pelaUnião Parlamcntar Interestadual c União dos Vereado­res do Brasil, com a coordenação dos Srs. Deputados au­tores de emendas parlamentaristas, Herbert Levy, Air­ton Sandoval e este orador.

Desejamos sensibilizar os Srs. Deputados para o signi­ficado e importância do encontro, quer pelas ilustres eabalizadas presenças confirmadas, quer pelos desdobra­mentos que possam ocorrer com a abertura dos debatcsem torno da tese parlamentarista.

Entendemos que todos nós almejamos encontrar alter­nativas que visem ao aperfeiçoamento e à consolidaçãodas nOSsas instituições e representem garantia de umexercício democrático sem sobressaltos e sem descom­passos. Através do parlamentarismo, pensamos ter ã dis­posição uma rara possibilidade de investigar e pesquisarmodalidades que representem opções, caminhos e dire­trizes para um quadro político e institucional que seaproxime do grande sonho de todos os brasileiros.

Estamos longe de assegurar que só o parlamentarismotem as respostas necessárias aos desafios do momento. Oque pretendemos é criar oportunidades para que a classepolítica e a inteligência nacional se capacitem das quali­dades e atê mesmo das eventuais deficiências que o siste­ma possa conter. A realização deste Simpósio outra coi­sa não se propõem fazer senão focar alguma luz na di­reção do tema parlamentarista, para que ele se alinhe en­tre as perspectivas institucionais que procuramos.

Ocupamo-nos, por isso, em vir trazer as informaçõesque se seguem com vistas a interessar todos os Srs. De­putados no sentido de prestigiarem estc evento que terá,nos dias 25, 26 c 27, o seguinte desdobramento:

Dia 25, terça-feira, às 9,30 horas, instalação pelo Pre­sidente da Câmara dos Deputados, Deputado FlávioMarcílio; apresentação pelo Dcputado Bonifácio de An-

Sábado 22 11387

drada; às 10,00 horas, Painel sobre o tema "A Experiên­cia Parlamentarista Brasileira no Império e na Repúbli­ca", sob a Presidência do Senador Murilo Badaró, sendoconferencista o Senador Tancredo Neves e Debatedoreso Prof. Paulo Brossard, o Deputado Estadual JarbasLima e o Prof. César Saldanha.

Dia 26, quarta-feira, às 9,30 horas, Painel sobre otema "A Experiência Parlamentarista Moderna na Espa­nha:', sob a Presidência do Senador João Calmon, sendoconferencista o General Gu ticrres Mcllado, ex-vice­Primeiro Ministro da Espanha, sendo debatedores o Se­nador Octávio Cardoso e o Prof. Cêlio Borja. Às 11,00horas do mesmo dia, ocorrerá o Painel sobre o tema "AExperiéncia Parlamentarista Moderna em Portugal",sob a Presidência do Deputado João Faustino, Presidcn­tc da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, sen­do conferencista o Or. André Gonçalves Pereira, ex­Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, sendodebatedores o Senador Octávio Cardoso e o Prof. CélioBorja.

Dia 27, quinta-feira, às 9,00 horas, Painel sobre "Par­lamentarismo e Democratização", sob a Presidência doDeputado Bonifácio de Andrada, sendo conferencista oProf. Afonso Arinos de Mello Franco, tendo como deba­tedores o Deputado Freitas Nobre, o Prof. VamirehChacon e o Dr. Geraldo Guedes.

Às 10,30 horas, ainda de quinta-feira, acontecerá oPainel sobre "As propostas de emenda parlamentarista",sob a presidência do Deputado Jorge Viana, sendo con·ferencistas os autores das emendas constitucionais De­putados Airton Sandoval, Herbert Levy e Victor Faccio­ni, tcndo como debatedorcs os Senadores Jorge Bor­nhausen, Relator da Comissão Mista do ,Congresso, eMurilo Badaró, mais os Deputados Bonifácio de Andra­da, Deputado Estadual Moacir Bcrtolli e Vereador AldoBelarmino da Silva.

Sendo o que desejamos informar, contamos com aprestigiosa presença dos Srs. Deputados.

O SR. RENATO CORDEIRO (PDS - SP. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, se existe uma atividade que possui grande importân­cia é a pesca, que, desde a Pré-História, constitui-se emuma das principais fonles de alimentos para o homem.

O Brasil, com seu extenso litoral de mais de 7,4 milquilômetros, e vasta rede hidrográfica, altamente pisco­sos, não tem, entretanto, dado a essa atividade o devidovalor, quando com cla poderíamos não só atender à nos­sa demanda interna de alimentos, como também obtervultosas divisas com a exportação de seus produtos e de­rivados.

A pesca desenvolveu-se, em nosso País, dc forma lentae artesanal, com predominância da pesca extrativa, sen­do que esta sempre participou com maior porcentagemda captura, mesmo concorrendo com a empresarial, ecom os peixes de maior valor comercial.

Porém, não obstante a existência de um órgão própriopara cuidar dos problemas atinentes ao setor - a Supe­rintendência do Descnvolvimento da Pesca - muitopouco se tem feito de concreto em especial em relação aopescador artesanal.

As dificuldades que enfrentam são inúmeras, princi­palmente pela falta de amparo do poder público, levan­do ao desespero milharcs de famílias que tiram das águaso seu sustento. Mas, pelo pouco tempo de que dispomos,vamos deter-nos nas que afligem esses trabalhadores nolitoral paulista.

A pesca artesanal gera empregos, em nOSso Estado,numa região onde existe carência dc ocupações produti­vas, qual seja, o litoral norte, que abrange os Municípiosde São Sebastião, I1habela, Caraguatatuba e Ubatuba.

Não dispõe, aqueles homens de melhor disciplinaçãoda pesca em nosso litoral, notadamente no tocante aouso de parelhas de arrastão. Outrossim, há falta de câ­maras frigoríficas para estoque de seus produtos, o que

Page 18: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

11388 Sábado 22

OS faz vendê-los a preços vis, mesmo com a fixação dopreço mínimo, que simplesmente não é cumprido, dada aperecibilidade da mercadoria e a distância do mercadoconsumidor. A ausência de portarias que disciplinem aextração do camarão é outro problema que se agravapela insuficiente fiscalização, comprometendo a segu­rança das zonas criadoras desse crustáceo, bem como desardinhas da região. O defeso do camarão, na época daprocriação, ê medida que se impõe c consiste em sentidareivindicação dos pescadores, como única forma de pre­servar a espêcie c assegurar-lhes o exercício da profissão.

Desejam tambêm os pescadores que sejam criadas li-. nhas de crêdito com juros subsidiados compatíveis com

os recursos dos pequenos e médios produtores, bemcomo que lhe seja concedido um subsídio de 30% para ocombustível, considerando-se o aumento brutal que so­freu o óleo diesel nos últimos meses, cujo consumo pelosetor pesqueiro equivale apenas a 1% de todo o óleo utili­zado no País.

Ressalte-se, ademais, que a política que vem sendo se­guida pela SUDEPE não se dirige ao pescador artesanal,responsável por quase 50% de toda a nossa produção,pois deveriam eles ser ouvidos quando da elaboração dasportarias que se referem ao setor.

Em vista do exposto, encarecemos ao Exmo. Sr. Presi­dente da República, que se tem mostrado, em tantas oca­siões, sensível aos problemas nacionais, a necessidade deurgentes providências junto à SUDEPE no sentido de:I - ser intensificada a fiscalização da atividade pesquei­ra no litoral norte paulista, mais especificamente nosMunicípios de São Sebastiào, I1habela, Caraguatatuba eUbatuba; 11 - serem estabelecidas linhas de crédito,com juros subsidiados compatíveis com os recursos dosmédios e pequenos produtores que se dedicam à pescaartesanal; III - concessão de subsídio na base de 30% aocombustível consumido pelas embarcações de proprieda­de de pescadores artesanais para o exercício de sua pro­fissão e IV - elaboração de portarias normatizando aação de parelhas de arrastão e disciplinando a pesca docamarão naquela área, com o estabelecimento inclusivede um período de defeso, na époea da reprodução.

Essas as principais reivindicações desses humildes bra­sileiros, cuja atividade está em vias de extinção, pois opescador, em virtude das dificuldades que enfrenta e davida miserável que leva, vai pouco a pouco abandonan­do o mar, na esperança de encontra, nas cidades, melho­res condições de trabalho.

o SR. ANTÓNIO CÂMARA (PMDB - RN. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, há aproximadamente vinte anos que a comunida­de macauense luta pelo asfaltamento da BR-406, trechoJoão Câmara-Macau, com aproximadamente IDO quilô­metros.

Reivindicações, apelos, protestos foram feitos até que,no início do corrente ano, precisamente no mês de abril,iniciou-se a implantação asfáltiea e anunciava-se 20 km,mas só foram implantados 7 km, pois aeabara a primeiraparcela no valor de cem milhões de cruzeiros.

Segundo informações do Chefe do Departamento Na­cional de Estradas de Rodagem, no Rio Grande do Nor­te, engenheiro Janduí Leite da Silva, os trabalhos foramreiniciados no mês próximo passado eom a aloeação demais eem milhões, que acabam em novembro próximo, eeoncluem apenas 13 km dos eem km do treeho. ou seja,mais seis quilômetros serão feitos desde a primeira para­da de obras. Afirma ainda o engenheiro chefe que a obravai parar novamente, (segunda parada), porque nào háperspectiva de se obter mais verbas. O valor total destarodovia aproxima-se de um bilhão e oitocentos milhõesde cruzeiros.

OI percurso dessa BR serve a seis municípios - JoãoCâ~ara-Jandaira-PedroAvelino-Guamaré-Pendências eMacau. O trecho em obra é de importância vital para odesenvolvimento dessa região e para o Estado. Para seter uma idéia da importâneia da BR-40G, possibilitará

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

ela o eseoamento da produção de barrilha (a fábrica queestá em vias de conclusão - duplicará o ICM do Esta­do), do sal, do petróleo (Rio Grande do Norte é o tercei­ro produtor do Brasil), produção agrícola, especialmentealgodão e sisal, e atenderia as indústrias que virão a serimplantadas com a conclusão do trecho.

Dado o exposto, solicitaria, através da Câmara Fede­ral, ao Exm9 Sr. Ministro dos Transportes, urgência naliberação desta vcrba, mais as seguintes informações:

19 - Qual o valor da obra?29 - Quanto já foi liberado?39 - Qual a empresa contratada e o prazo de conclu­

são da obra?É a palavra do povo de Macau.

o SR. AGENOR MARIA (PMDB - RN . Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,tendo em vista as desastrosas conseqüências da secasobre as atividades agropecuárias nas regiões assoladas,o Conselho Monetário Nacional, através de Resoluçãon9 829, de 9 de junho de 1983, do Banco Central do Bra­sil, resolveu autorizar a prorrogação dos financiamentosrurais nas áreas da SUDAM, SUDENE, Espírito Santoe Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, nos casos demutuários prejudicados pela estiagem.

A consolidação das dívidas ficou sujeita aos encargosoriginalmente contratados, e os prazos de reembolso, àcapacidade de pagamento dos devedores, em função dosníveis de perdas ocorridas e da expectativa de receitas fu­turas.

No entanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados, quandoos ruralista procuram o Banco do Brasil para a compo­sição e o reescaionamento de suas dívidas, deparam comuma série de exigências burocráticas, cujo cumprimentoé demorado e oneroso.

Nos financiamentos através de Nota de Crédito Rural,Cédula Rural Pignoratícia, Cédula Rural Hipotecária eCédula Rural Pignoratícia e Hipoteeária, os mutuáriossão obrigados a apresentar, além do título de proprieda­de devidamente registrado, certidões negativas de títulosprotestados nos últimos cinco anos, de ações cíveis, cri­minais c trabalhistas, de ações de distribuição obriga­tória às Varas Cíveis, de Família, do Registro Públieo,de Acidentes no Trabalho e de Úrfãos e Sucessões, de fa­lências dolosas ou culposas de distribuição obrigatóriaàs Varas Criminais, de títulos e documentos destinados aregistro, de ações cíveis, fiscais e criminais de distri­buição obrigatória à Justiça Federal e de ações cíveis, es­taduais e municipais, dc interdições civis, fiscais e comer­ciais (falências e concordatas) e penais.

Para as cédulas pignoratícias e hipotecárias são aindaexigidas eertidões de inexistência de reserva de domínioou alienação fiduciária em garantia sobre máquinas,equipamentos e outros veíeulos oferecidos como lastro,e, para as cédulas hipotecárias, certidões da inexistênciade ônus reais, legais ou convencionais que possam afetara posse e domínio, certidão do Registro de Imóveis daComarca onde se localiza o imóvel a ser hipotecado, re­fercnte à cadeia dominial, abrangendo o pcríodo dequinze anos, e certidão negativa de protesto contra aalienação de bens, no período de dez anos.

Para as Notas de Crédito Rural exige-se também con­trato de locação e/ou earta de anuência do proprietário,se este não for o proponente.

Tudo isso, Sr. Presidente, Srs. Deputados, vale dinhei­ro, e a obtenção dos documentos demanda várias via­gens do devedor à agêneia do banco, sendo estimado em30 mil cruzeiros o total das despesas, entrc o custo dascertidões e os gastos com deslocamentos do campo paraa cidade.

Além disso, a ausência do produtor impede ou atrasaa realização de tarefas imprescindíveis em seu imóvel rU~

ral, como a alimentação animal e a melhoria das cacim­bas e aguações, principalmente nestes tempos de seca,quando tudo se torna mais difícil.

Outubro de 1983

Os lavradores, notadamente os míni e pequenos,encontram-se descapitalizados e, para obterem um be­nefício criado com o objetivo de amenizar suas dificulda­des, não podem dispor de tempo e dinheiro para satisfa­zer descabidas exigências burocrátieas que contradizemo propalado propósito governamental de prestar ajudaàs vítimas da seca.

Sendo assim, apelamos para o Sr. Presidcnte da Re­pública a fim de que determine ao Ministério da Fazen­da, ao Banco Central e ao Banco do Brasil providênciasno sentido de simplificar a consolidação e prorrogaçãodos débitos dos mutuários rurais das áreas afetadas pelaestiagem.

o SR. MILTON BRANDÃO (PDS - PI. Pronuneiao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,estamos a menos de 40 dias do início do reeesso parla­mentar, o que sobremaneira nos preocupa tendo em vis­ta as soluções para o Nordeste não se terem concretizadoaté o momento.

As medidas adotadas pelo Governo, através dos orga­nismos responsáveis pela região, não tiveram continui­dade. Daí por que não sabemos como enfrentar os próxi­mos 4 meses, ou seja, até o final de fevereiro de 1984, é­poca em que esperamos contar eom algumas chuvas, su­ficientes para uma possível produção de gêneros ali­mentícios. Até mesmo os projetos anunciados pelo CTA,que oferecem uma contribuição significativa para o Nor­deste, nào tiveram o necessário suporte financeiro, em..bora, como é do nosso conhecimento, as verbas pleitea­das sejam realmente modestas. Enfim, estamos jogadosàs feras. Nossos problemas, que se agravam dia a dia,não são levados em consideração, e, assim, não podemosprever o que nos está reservado para aumentar nossasagruras.

A crueldade como temos sido tratados demonstra a in­sensibilidade da parte daqueles que têm o poder de dis­tribuir as rendas do Tesouro. Estamos atônitos, perple­xos, estarrecidos, diante da insensibilidade para comnossos sofrimentos. Destaque-se que nem mesmo o rea­juste das diárias pagas aos trabalhadores do campo, ho­mens, mulheres e crianças, foi levado em conta, não obs­tante os apelos formulados na Cámara, por intermédioda Comissão do Interior.

A verdade é que outras são as preocupações dos ho­mens públicos deste País.

As nossas manifestações, reiteradas em centenas depronunciamentos desta tribuna, em quase nada têm con­tribuído para minorar a angústia e a dor das populaçõesda área do Polígono das Secas. O quadro continuasombrio, as perdas de vida de seres humanos se sucedem,tudo é tragédia. Mesmo assim, ainda tcmos esperanças, enossos pensamentos se voltam para Deus, no sentido deque proteja nossa sofrida gente.

Volto a ler, por oportuno, o telex que a Comissão doInterior encaminhou, por seu intermédio, ao ConselhoDeliberativo da SUDENE, que se reuniu dia 30 do mêspróximo passado em Parnaíba, no meu Estado:

"Deputado Milton Brandão para Conselho Deli­berativo da SUDENE - SESI - Av. Nações Uni­das s/n9 - Recreativo Ranoulfho Torres Raposa

Parnaíba - Piauí - 29-9-83Brasília, 28 DF setembro DF 1983, Ofício n9

502/83, senhores eonselheiros, a Comissão do Inte­rior, em sua reunião ordinária realizada hoje, deli­berou, por unanimidade de seus membros, fazer oseu apelo de diversos Deputados, consubstanciadono requerimento do Deputado Milton Brandão, nosentido de que esse conselho estude, com empenho,a possibilidade de adotar as medidas abaixo relacio­nadas BPT I - alistamento de homens, mulheresem condições de trabalho, nas frentes de serviço im­plantadas no Nordeste brasileiro; 2 - destinação,as mulheres, de um serviço mais leve e compatívelcom a sua constituição física; 3 - reajuste das men-

Page 19: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

Outubro de 1983

salidades nos mesmos níveis do aumento do saláriomínimo da região; 4 - pagamento quinzenal aos

. engajados nas frentes de trabalho, ao invés do paga­mento mensal. Deliberou, ainda, este órgão técnicoincumbir o representante da comissão, DeputadoMilton Brandão, de transmitir, pessoalmente, o in­teresse que os parlamentares têm no atendimentodessas reivindicações. Cordialmente, Deputado Ino­cêncio Oliveira, Presidente Comissão Interior."

Sr. Prcsidente, vamos aguardar as informações do Mi­nistério do Interior e da SUDENE a respeito dessa soli­citação, que representa o mínimo que poderíamos plei­tear, de imediato, em favor das angustiadas e sofredoraspopulações do Nordeste. (Muito bem!)

A SR' CRISTINA TAVARES (PMDB - PE. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr's e Srs.Deputados, os homens do Palácio do Planalto, tão cio­sos de acompanhar o que se diz neste Plenário, têm-sefeito de surdos às dezenas de denúncias aqui feitas, e quereforço agora, a respeito das demissões em massa que aTVs, do Grupo Sílvio Santos, está realizando em todosos setores.

De acordo com informações fornecidas pelo Sindicatodos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Ja­neiro, o departamento de jornalismo da emissora foiprofundamente atingido por cortes de pessoal. Na TVsde São Paulo já foram dispensados pelo menos 240 pes­soas, entre as quais 25 do jornalismo, reduzindo o depar­tamento a menos da metade e, no Rio, praticamenteextinguindo-o, com a demissão de nove pessoas da equi­pe mínima que ali funcionava.

As demissões foram efetuadas apesar dos insistentesapelos feitos ao presidente do Grupo, Sílvio Santos, peloSindicato dos Jornalistas do Rio, e das gestões da Confe­deração Nacional dos Trabalhadores em Comunicaçõese Publicidade, (CONTCOP) e da Federação Nacionaldos Jornalistas Profissionais (FENAJ). A alegação dodirigente da emissora é a de que a empresa vai mal e nãotem dinheiro para pagar os salários.

Além de contradizer declarações dadas pelos diretoresda TVs na revista Veja, de 21 de setembro, a respeito dobom desempenho e da inexistência da crise financeira naempresa, o Grupo Sílvio Santos, ao realizar essas demis­sões, está descumprindo o compromisso que firmou hádois anos com o Governo Federal de manter DS funcio­nários e ampliar D nível de emprego, CDmo condiçõespara Dbter a cDncessãD do canal, antes utilizado pelosDiáriDs ASSDciados. FDi em função desse compromissoque Sílvio Santos passou à frente de outros grupos inte­ressados em obter o canal.

Mas as irregularidades não param aí. Está sendo des­eumprido pela TVs o Código Nacional de Telecomuni­cações, que estabelece um tempo mínimo de notíciososdiários, equivalente a cinco por ccnto da programaçãototal. O único telejornal da emissora é o Noticentro, comduração de apenas 30 min utos, configurando claro des­respeito ao Código de Telecomunicações.

Sílvio Santos, que não esconde sua antipatia por tcle­jornais e esportes alega, em sua defesa, que os programas"O Povo na TV" e "Flávio Calvacanti" têm cunho jor­nalístico. Mesmo que fosse verdadeiro o argumento, a íf&regularidade estaria caracterizada, pois as entrevistaseventualmente configuram ilegalidade, porque não sãofeitas por jornalistas profissionais.

Se a pmgramação jornalística já era escassa, a demis­são dos profissionuis da áreu indica claramente a in­tenção dos dirigentes du emissora de extinguir o telejor­nalismo, limitando-sc exclusivamente a enlatados impor­tados, desenhos animados e novelas, que já eompõem amaioria da pmgramação.

Diante dessa situação, não se justifica a negligência doGoverno - em outras situações tão expedito - em re-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

lação a tais irregularidades, sobejamente conhecidas edenunciadas.

Em nome do interesse público, do direito eda justiça,impõe-se, da parte do Governo, a cobrança a SilviD San­tos do compromisso de gerar empregos - e não reduzi­los e do cumprimento da legislação sobre telejornais, sDbpena de perda da concessão dos canais de TV.

O SR. DASO COIMBRA (PMDB - RJ. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, apolítica econômica está ameaçando de extinção a maisprogrcssista indústria do Estado do Rio de Janeiro, ondevários bancos privados estão protestando títulos dosnossos estaleiros, apesar do aval da SuperintendênciaNacional da Marinha Mercante.

Todos os estaleims já tiveram títulos protestados e pa­garam cm cartório, mas não conseguem evitar a reduçãode pessoal. Exemplo disso é a VetoIme do Brasil, de An­gra dos Reis, que demitiu quase mil trabalhadores em se­tembro, diante da falta de novas enCDmendas e a pressãodos bancos. Isto criDu um sério problema social naqueleMuniclpio sul-fluminense, onde o maior e melhor con·sumidor de mão-de-obra ê a indústria naval.

A dívidà dos estaleiros para com o sistema bancárioatinge hoje 400 bilhões de cruzeiros, nãD havendo pers­pectivu de pagamento. Até alguns meses, a SUNAMAMera o órgão do Governo responsável por essa dívida, mascom a transferência do Fundo de Marinba Mercante daSUNAMAM para o Banco Nacional do Desenvolvi­mento Econômico e Social a responsabilidade passou àUnião.

Iniciou-se, então, uma nova fase de negociações entreos estaleiros e DGoverno Federal, porém em ritmo quecxaspera a paciência dos banqueiros, já que O Ministroda Fazenda, Sr. Emane Galvêas, com tantas idas e vin­das do exterior para negociar a divida externa, não en­contra tempo para tratar dos assuntos domêsticos.

Os bancos não pretendem provocar a faléncia do setorde construção naval, mas, ao que tudo indica, o Governopouco sc importaria se tal acontecesse.

Era o que tinha a dizer.

O SR. FERNANDO LYRA (PMDB - PE. Pronunciao seguinte discurSD.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,nascido CDm Dséculo, acaba de deixar-nos o sertanejo, olutador, o homem-povo e, para os pernambucanos, ohomem-lenda Gregório Bezerra. Falar dele é falar do ho­mcm pobre do Nordeste, dos seus sofrimentos, mas é fa­lar também da sua fortaleza, da sua luta contra a desi­gualdade e a injustiça.

Homem sem fraquezas, incomum, Gregório Bezerradedicou praticamente toda a sua vida à defesa de suascrenças, dc seus ideais, escolhendo para expressá-Ias oPartido Comunista Brasileiro.

Ex-camponês sem terra, filho de camponeses, ex­pedreim da construção civil, ex-sargento do Exército,Bezerru atuou como um dos líderes da fracassada Revo­lução de 1935, quando foi prcso pela primeira vez, só re­conquistando a liberdade dez anos depois, com a anistiadc 1945. No ano seguinte, elegeu-se Deputado Federalpela legenda do PCB, para ter o mandato cassadD em1948.

Mas a adversidade nunca o dobrou. Tomaram-lhe omandato, e ele entrou para a c1andcstinidade para reor­ganizar o Partido em Pernambuco. Prenderam-no em1964, amarraram-no como gado e espancaram-nD comoloucos, em praça pública, para humilhá-lo. Só consegui­ram fazé-Io mais herói, mais respeitado pelo seu povo,que o viu cambaleando, todo ensangüentado, cordaamarrada ao pescoço, mas com uma dignidade inabalá­vel.

É um homem que pertence à Históriu, e para falarsobre ele ninguém melhor do que a sua própria gente,

Sábado 22 11389

que de há muito canta em vcrsos de cordel o scu idealis­mo e a sua coragem:

"Mas existe nesta terraMuitos homens de valorQue é bravo sem matar genteMas não teme matadorQue gosta de sua genteE que luta a seu favor:Como Gregório BezerraFeito de ferro e de flor."

o SR. JÓNATHAS NUNES (PDS - PI. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,promovido pela Associação Profissional dos GeólogosdD Piauí, foi realizado em Teresina, no pcríodo de 17 a18 de outubro, o I Encontro de Mincração do Piauí,evento que reuniu nessa capital, além do Sr. Ministro dasMinas e Energia, o Senador César Cals de Oliveira Fi­lho, todas as autoridades dD setor mineral, CDmo oDiretor-Geral do DNPM, Yvan Barreto de Carvalho, oPresidente da CPRM, JR Andrade Ramos, o Diretor daÁrea de Pesquisa da CPRM, Graccho da Costa Rodri­gues J r., dentre outms.

Os obfetivos propostDs e alcançados pela associaçãoforam os de promover em Teresina um franco debatesobre as questões pertencentes ao setor mineral do Esta­do, enfocando as suas potencialidades, as suas perspecti­vas, além de ampla discussão sobre a exploração preda­tória como vem sendo utilizados os aqüiferos subterrâ­neos do Piauí.

A presença de S. Ex' o Governador Hugo Napoleãona solenidade de abertura com o Ministro César Cals de­monstra, de forma inequívoca, a prcocupação do Gover­no do Piauí com o setor mineral, que sem recursos paradesenvD\ver seu importante trabalho reclama uma parce­la maior de atenção e prioridade do Governo Federalpara a mineração do País.

Contando com o Governo do Estado, com uma com­panhia de Mineração, responsável pcla política, planeja­mento e execução do setor mineral, a COMDEPI _Companhia de Desenvolvimento do Piauí, a ela foi tam­bém reclamada participação maior no desenvolvimentode uma política racional de exploração dos recursoshídricos do Estado.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, durante o I Encontrode Mineração do Piauí, DDr. Aurimar de Barros Nunes,Diretor-Presidente da COMDEPI, proferiu importanteconferência subordinada ao tema "Desenvolvimento doSetor Mincral Piauiense - Histórico e Perspectivas".

Sr. Presidente, Srs. Deputados, du tribuna dcsta Casadesejo congratular-me CDm a Associação Profissionaldos Geólogos do Piauí, presididu pclo Doutor César Ne­greiros Barros Filho. Estou seguro de que a feliz e Dpor­tuna iniciativa da Associação, em promovendo o I En­contro de Mincração do Piauí, produzirá seus frutos.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

o SR. ALBItRICO CORDEIRO (PDS - AI.. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, leio, para O conhecimento da Casa e da Nação, O

telex que remetemos hoje a S. Ex' o Sr. Presidente da Re­pública sugerindo a convocação extraordinária dD Con­gresso durante o próximo recesso constitucional, em faceda situação eCDnômico-financcira do País e da necessida­de comprovada da presença desta instituição em todosos entendimcntos e negociações que se estão processan.do. O documento contém assinaturas de 250 DeputadosFederais de todos os partidos com assento nesta Casa eenfatiza, numa demonstraçãD de espírito público e damais alta responsabilidade dos parlamentares brasilei­ros, que a convocação extraordinária sugerida ao Sr.Prcsidcnte da República, sendo de sua iniciativa, não té­rá quaisquer ônus para os cDfres públicos.

Page 20: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

11390 Sábado 22

É o seguinte o telex enviado ao Chefe do Governo:

Excclentíssimo SenhorPresidente João FigueiredoPalácio do PlanaltoBrasília - DF

Senhor Presidente da República

Sugerimos a V. Ex' exame convocação extraordi­nária Congresso Nacinal próximo período recessosessão legislativa em curso pt A providência possibi­litará continuidade discussão graves problemas eco­nômicos enfrentados pela Nação et propiciará opor­tunidade parlamento decidir sobre medidas cujospropósitos visem atenuar crise de ordem geral queassola o Pais pt Diante evolução recentes aconteci­mentos et posicionamento assumido por V. Ex' nopronunciamento dia sete corrente vg reafirmamosestarmos plenamente convencidos participaçãoCongresso eh fundamental para superação adversi­dades que afetam sociedade brasileira neste diITcilinstante vida nacional pt Na oportunidade vg dese­jamos informar V. Ex' nossa disposição pessoal deabrir mão quaisquer vantagens financeiras eventual­mente decorrentes convocação extraordinária vg emnome superiores interesses da Nação pt Respeitosassaudações pt - Albérico Cordeiro - Emílio Gallo- Guido Moesch - Ruy Bacelar - José Tavares- Wolney Siqueira- Pedro Germano- Ruy Líno- Haroldo Sanford - Inocêncio Oliveira - PauloGustavo de Faria - Arthur Virgílio - Luiz Baptis­ta - Rômulo Galvão - Gomes da Silva - MarciaBraga - Manoel Ribciro - Rubens ASrdenghi ­Ludgero Raulino - Vivaldo Frota - Djalma B~ssa

- Francisco Erse - Santinho Furtado - TarcísioBurity - Orlando Bezerra - Juarez Bcrnardes ­Adhemar Ghisi - Roberto Freire - Onisio Ludo­vico - Gerardo Renault - Adail Vetorazzo - Jo­sé Mendonça B. - Antonio Dias - Ademir Andra­de - Oscar Alves - Antônio Farias - Mendes Bo­telho - Múeio Athayde - João Batista Fagundes- Paulo Mincaronc - Osvaldo Murta -- PauloGuerra - Dirceu Carneiro - Nelson Morro - Aé­cio de Borba - Sebastião Ataide- Márcio Santilli- Ricardo Ribeiro - Mario Assad - MiltonBrandão - Amadeu Geara - João Carlos de Carli- Nilson Gibson - Alvaro Gaudêncio - Mozaril­do Cavalcanti - Emidio Perondi - Hélio Duque- Tobias Alves - Leorne Belém - AlbinoCoimbra - João Alves - Salles Leite - NatalGale - Vicente Queiroz - Manoel Costa - DelBosco Amaral - Sebastião Rodrigues - AntonioAmaral - Alberto Goldman - Olavo Pires ­Dionísio Hage - Ossian Araripe - Oly Fachin ­José Moura - Walter Casanova - Wildy Vianna- Vingt Rosado - Fernando Lyra - Assis Canuto- Clark Planton - Alércio Dias - Lúcia Viveiros~ Amaral Netto - Antônio Pontes - AlcidesLima - Cid Carvalho - Domingos Juvenil- Os­mar Leitão - Irajá Rodrigues - Maçao Tadano­Heráclito Fortes - Matheus Schmidt - EdisonLobão - Agnaldo Timóteo - Raymundo Urbano- Odilon Salmoria - Anselmo Peraro - WalberGuimarães - Bento Porto - Juarez Batista - Cel­so Carvalho - João Faustino - Fernando Gomes- Aluizio Campos - Márcio Laccrda - SinvalGuazelli - Aroldo Molelta - Osvaldo Nascimentoda Silva - Wilson Vaz - Mário Frota- CastejonBranco - Rubem Figueiró - Israel Pinheiro ­Gonzaga Vasconcelos - Jorge Uequed - LélioSouza - Iturival Nascimcnto - Otacílio Almeida- Vieira da Silva - Nadyr Rossetti - TheodoricoFerraço - Agenor Maria - Arolde de Oliveira ­Francisco Dias - José Mendonça de Morais _Furtado Leite - Jaime Câmara - Oscar Correa-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Renato Cordciro - Marcos Lima - Myrthes Bevi­laqua - Antonio Osório - Irincu Colato - JoséMachado - Milton .Figueiredo - Renan Calheiros- Francisco Rollemberg - Carlos Mosconi ­Lconidas Sampaio - Darcílio Ayres - Irma Passo­ni - Lúcio Alcântara - Brabo de Carvalho ­Humberto Souto - Enoc Vieira - Sérgío Lomba- José Carlos Teixeira - José Luiz Maia - Deni­sar Arneiro - Pedro Novais - José Ulisses - Fi­guciredo Filho - Sérgio Cruz - Sebastião Nery ­Mario Juruna - Jorge Medauar - Siqueira Cam­pos - Farabulini Junior - Eurico Ribeiro - Ge­raldo Fleming - Jarbas Vasconcelos - SebastiãoRodrigues J r. - Prisco Viana - Ary Kffuri - JoséLourenço - Stelio Dias - Fernando Cunha - Sal­vador Julianelli - João Cunha - Pedro Ceolim­Djalma Bom - José Carlos Fonseca - Sérgio Fcr­rara - Aldo Pinto - João Rebelo - Roberto Jef­ferson - Melo Freire - Marcondes Pereira - Mil­ton Reis - Carlos de Carli - Manoel Viana - Flá­vio Berrenbach - Carlos Wilson - Antonio Go­mes - Airton Sandoval- Delio dos Santos - Ge­raldo Melo - Pedro Correa - José Genoino ­Manoel Affonso- Nasser Almeida- Luiz Guedes- Theodoro Mendes - Aloysio Teixeira - LuizLeal - Marcelo Gato - Santos Filho - ValmorGiavarina - Aldo Arantes - Wilmar Palis - Wil­son Falcão - Jorge Vianna - Renato de Melo Via­na - Ciro Nogueira - Plinio Martins - FrançaTeixeira - Gerson Peres - Cunha Bueno - Joa­quim Roriz - Celso Peçanha - José Fernandes­João Agripino - Dante de Olivcira - DasoCoimbra - Cristina Tavares - Clemir Ramos ­Jayme Santana - Vicente Guabiroba - Hélio Ma­nhães - José Fogaça - Paulo Borges - EduardoM. Suplicy - Paulo Marques - Dilson Fachin­Afrisio Vieira - João Mendonça Falcão - Máriode Oliveira - Ibsen Pinheiro - Marcia Macedo­Luiz Dulci - Simão Sessim - Cassio Gonçalves­Jacques D'Ornellas - Rosemburgo Romano ­Brasilio Caiado - Carlos Eloy - Norton Macedo- José Burnett - Alfredo Marques - BrandaoMonteiro - José Thomaz Nonê - Navarro V. Fi­lho - José Melo - Djalma Falcão - Ivo Vander­linde - Euclides Scalco - Sérgio Murilo - Osval­do Mclo - Wall Ferraz - Jorge Carone."

o Sr. Luiz Henrique - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder.

o SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Tem a palavrao nobre Deputado.

o SR. LUIZ HENRIQUE (PMDB - Se. Sem revi·são do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o jor­nal Correio Braziliense, nesta data, em matéria assinadapelo acatado jornalista brasiliense Dário Macedo, nos dáconta de que o Governo finalmente decide aceitar umaevidência: a evidência de que não haverá estabilidadepolítica no Pais, de que não haverá possibilidade de en­caminhamento da grave crise em que se aprofundou anossa Nação, se o Governo não decidir pela convocaçãode eleições diretas para a Presidência da República.

E é preciso, Sr. Prcsidentc, que neste ponto atendamosa uma outra evidência: a de que não bastarão eleições di·retas pelo sistema simples. O próximo Presidente, parapropor e realizar as mudanças de profundidade que seprecisam operar no âmbito da economia e da estruturasocial do País, no campo c na cidade, precisa ter o respal·do da maioria do povo brasileiro. E isto significa dizerque não bastam eleições diretas; é fundamental que se­jam majoritárias e que o nosso Presidente da República,ao reccber a faixa presidcncial, esteja respaldado pelametade mais um, pelo menos, dos eleitores brasileiros.

Outubro de 1983

O Colégio Eleitoral que aí cstá não tcm a menor legiti­midade. O critério de igualdadc da rcpresentação das de­legações estaduais equiparou os grandes colégios eleito­rais aos menores colégios eleitorais do País, e por isso 6Deputados de cada Estado representam uma despropor­cionalidade gritante, o que torna o Colégio ilegítimo eincapaz de significar a efetiva representação do povonesta Casa.

Por outro lado, o Senado de Rui Barbosa estâ cons­purcado pela presença de 22 Senadorcs biônicos, quenão receberam voto popular, que não receberam nenhu­ma representação popular, que não receberam nenhummandato, nenhuma procuração para aqui votar no Presi­dente da República.

Além do mais, Sr. Presidente c Srs. Deputados. o pro­cesso chamado indireto, que mais apropriadamente seriadenominado de biónico, está levando o Governo a umaprofunda dilaceração interna. Os candidatos nada pro­põem à Nação, nenhum programa, nenhuma platafor­ma, nenhuma carta de intenções. Apcnas se engolfamnuma luta fisiol6gica de distribuição de benesses, de ofe·recimento de espaços. Os mais sorridentes e os mais solí­citos no oferecimento de jantares são os que têm maischances. Isso porque. Sr. Presidente, o candidato nãoprecisa sc dirigir à Nação, nem ao povo, nem prccisa ma·nifestar suas intenções perante a sociedade brasileira;basta-lhe olhar para o horizonte curto, estreito. peque­no, acanhado, de pouco mais de centenas de pessoas,uma com representatividade legal e popular, é verdade,mas a maioria sem essa legitima representatividade.Eleições diretas para Presidência da República fazem oscandidatos jornadearem por este Brasil, conhecer a reali­dade dura do Nordeste, a realidade perversa das perife­rias das grandes cidades, os alagados, os mocambos, asfavelas c os mangues mal habitados. Eles precisam ver odrama do desemprego nos grandes conglomerados urba­nos - agora já nos médios e pequenos - para sentir aNação, para ver a pulsação deste povo que sofre commedidas arbitrárias cada vez mais repetitivas, como asdos decretos salariais. Quem já participou de umaeleição direta para prefeito municipal como n6s, podeavaliar que s6 este sistema de escolha de mandatários dásensibilidade e pleno conhecimento da realidade aos go­vernantcs e os faz firmarem compromissos com o povoem todos os seus segmentos. Por isso, Sr. Presidente, oPMDB, como um todo, mais uma 'ez vem à tribunapara dizer ser esta uma obstinação. uma questão inarre­dável, uma posição programática da qual não se afastaum milímetro. O PMDB não aceita outra soluça0 para oequacionamento da grave crise política que estamos pas­sando que não seja a eleição direta para Presidcnte da'República, que nós pessoalmente entendemos deva sermajoritária, mas sabemos que este princípio acabará sen­do também programático de partidos.

Sr. Presidente e Srs. Deputados. finalmente, vemos,através da imprensa. que o próprio Presidente da Re­pública admite a negociação em termos de eleições dire­tas. O Minislro Délio Jardim de Mattos teve alribuída asi rccentc declaração pcla qual defendc já as eleiçõcs di­rctas. Grande parte dos governadores eleitos pelo PDSestão a defendê·la, e já são raros os segmentos da sacie·dade que não aceitam este princípio, as eleições diretas,como forma capaz de conduzir esta Nação a soluções de­mocráticas de seus problemas.

o Sr. Nilson Gibson - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder.

o SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Tem a palavrao nobre Deputado.

o SR. NILSON GIBSON (PDS - PE. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, nós do PDS temosa dizer o seguinte: primeiro, a argumentação de que, cfe~

tivamente, o entendimento esposado pelo nobre Deputa-

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Outubro de 1983

do Luís Henrique, do PMDB, não é assunto para se dis­cutir, ou seja, o problema das eleições diretas para Presi­dentc da República. Tanto é quc foi criada uma Subco­missão, na Comissão dc Constituição e Justiça, a fim deexaminar o aperfeiçoamento da nossa Lei Maior. E oaperfeiçoamento da nossa Lei Maior converge tambémpara uma modificação no dispositivo em que atualmenteexplicita a escolha do Presidente da República eomeleições indiretas, através do Colégio Eleitoral. Todavia,essa modificação não pode ser feita agora "ex abruptus",quando as regras do jogo fixam as eleições de Presidenteda República para o dia 15 de janeiro, porque é umproblema de grande interesse para a Nação o aperfeiçoa­mento da Lei Maior. Em relação a outro aspecto, em queo PMDB acha deve haver o diálogo, eu o admito da se­guinte ordem: é que o Presidente Figueiredo, desde o iní­cio, quando assumiu o seu Governo, já veio estendendoa mão para um entendimento perfeito com os partidosde Oposição. Isso foi feito quando ele encaminhou oprojeto da anista e posteriormente modificando aquelanossa lei do bipartidarismo, chamada lei de força. Real­mente, o Presidente continua com a mão estendida parao diálogo.

Eram as duas comunicações que nós queríamos fazer.

o Sr. Sér!:io l.omba Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder.

o SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Tem a palavrao nobre Deputado.

o SR. SÉRGIO l.OMBA - (PDT - RJ. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, esse pro­cesso de eleição indircta às vezes nos parece surrealista.Agora mesmo um dos presidenciáveis desafiou os ou­tros, também chamados presidenciáveis, do PDS, paraum debate na televisão. E a gente fica pensando que issoé uma hrincadeira de mau gosto e não chegamos nem aentender, na realidade, o que pretende o Sr. Paulo Malufquando desafia os seus pseudoeoncorrentes para um de­bate na televisão. Ora, Sr. Presidente, nós até podemosentender a validade de um debate na televisão entre can­didatos a cargos eletivos. Entendo ser isso válido, masnuma eleição direta.

A televisão, hoje, atinge os mais longínquos rincões denossa terra, atinge milhões de pessoas. Mas para aseleições que o Sr. Paulo Maluf defende, um pequeno au­ditório já eomporta sua assistência. Ele não precisa de­bater com os ditos presidenciãveis do PDS na televisão.Reúnam-se num pequeno auditório, convoquem o Colé­gio Eleitoral que eles querem que conduza o destino des­ta Nação, c debatam lá entre eles. Não queira o Sr. PauloMaluf fazer uma farsa para o povo brasileiro, que nãovai entrar nesse tipo de jogada.

Parece uma brincadeira do Sr. Paulo Maluf querer dis­cutir na televisão, perante milhões de brasilerios, um as­sunto do qual ele não quer deixá-los participar. Se qui­sesse, estaria defendendo as eleições diretas, como estãofazendo todos os oposicionistas verdadeiros desta terra eaté alguns homens de bem do PDS; que entendem nãoter mais este País saída fora das eleições diretas.

Mas o Sr. Paulo Maluf, na sua desfaçatez que todos jãconhecemos, brincando com o povo brasileiro, brincan­do com a Nação brasileira, com a sociedade, com esseempresariado massacrado - e ainda há pouco falamosna Fábrica de Tecidos Nova América, um poderio da ín­dústria brasileira, do empresariado nacional, que estáindo à falência pela insensibilidade dos homens que com­põem este Governo - vem eonvocar os outros presiden­ciáveis para um debate na televisão.

Para que, Sr. Presidente? O povo hrasileiro quer assis­tir a um debate na televisão entre todos os candidatos,desde que esses homens que o propõem tenham a cora­gem de ir para as ruas defender as eleições diretas comosaída para a sociedade brasileira, para o nosso povo.

DIÃRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

Basta de brincadeiras com o nosso povo, que não aceitaesse tipo de piada. O Sr. Paulo Maluf deveria ter maisvergonha e respeitar o povo brasileiro. Ao invés de ficarpropondo debates na televisão, que ele proponha entãodebate num pequeno auditório junto ao seu colégio elei­toral, c vá para lá discutir, porque o povo hrasileiro nãoquer nada eom ele, nem quer ouvi-lo.

O Sr. Nilson Gibson - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder.

o SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Tem a palavrao nobre Deputado.

O SR. NILSON GIBSON (PDS - PE. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, sem colocar a posição daLiderança do PDS quanto à com unicação formuladapelo ilustre representante do PDT. Deputado SérgioLomba, o Deputado Paulo Maluf, companheiro nosso,nesta Casa, tem o direito de propor posições para aque­les que pretendem ser candidatos. Eu até admito que issoseja um processo bastante democrático, desde que semnenhuma colocação a candidaturas de presidenciáveis donosso partido, apenas fazendo colocação sobre o proces­so democrático.

Em aditamento ao início da nossa comunicação sobreeleições, o nosso atual processo de eleições para Presi­dente da República não é realmente um processo deeleições indiretas. Há um equívoco. O nosso processo,dentro da sistemática do direito político, é denominadode sistema misto. Por quê? Porque é o parlamentar quecompõe o colégio eleitoral para o qual foi indicado, por­que eleito por aquele processo de eleições diretas. E nasua propaganda eleitoral incluía dentro daqueles princí­pios que também ia representar o seu eleitor quando daeleição do futuro Presidente da República.

Mas o fulcro da nossa comunicação é trazer ao conhe~

cimento da Casa que o Jornal de Brasfiia. de hoje, na suaprimeira página, diz ao mundo; "Radicais tinham planopara saquear Brasília".

Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, a denúncia égravíssima. Trata-se do Jornal de Brasfiia, que normal­mente écontundente em críticas ao Governo e aos Parla­mentares que pertencem ao nosso partido.

Sr. Presidente, leio para que conste dos Anais da Casa,notícia a que me refiro:

"RADICAIS TINHAM PLANOSPARA SAQUEAR BRASILIA"

A discussão em torno de quem provocou a decre­tação das medidas de emergência, se o presidente doSenado, Moacyr DaUa, ou os líderes do PDS nãotem o menor sentido. Na verdade o que ocorr~u foiexatamente isto; desde segunda-feira, a Polícia Fe­deral e os órgãos de segurança identificaram sinaisde uma "ação coordenada" para perturbar não ape­nas a votação do Congresso, como a vida da cidade.No meio das delegações classistas mobilizadas paradarem respaldo de massa aos partidos de oposição,infiltraram-se alguns elementos de há muito identifi­cados pela Polícia Federal por sua atuação nos sa­ques ocorridos em São Paulo e, mais recentemente,em Manaus. A movimentação desses elementos, emBrasília, passou a ser vigiada de perto, pela PolíciaFederal. Na terça-feira à tarde já havia a convicçãopolicial de que tais elementos preparavam, com aajuda de ativistas locaís, um saque a dois supermer­cados: Carrefour e Casas da Banha da Asa Norte. Ainvação e depredação desses dois supermercados de­veria ocorrer na madrugada de ontem, quinta-feira.O acordo entre os partidos, adiando por 24 horas avotação do Decreto-lei n. 2.045, provocou tambémo adiamento do saque para a madrugada de sexta­feíra'- seria hoje.

Sábado 22 11391

De posse dessas informações, o ministro Leitãode Abreu começou a movimentar suas peças. Teveuma conversa exploratória com o presidente do Se­nado, mas não sentiu no Senador Moacyr Dalla, atéporque a conversa se limitara ao problema da segu­rança no Congresso, preocupação maior com a ma­nutenção da ordem nas galerias da Câmara. O sena­dor José Sarney e o deputado Nelson Marchezan fo­ram encarregados, então, de solicitar ao presidentedo Senado as garantias que se faziam necessárias. Oresto da operação já estava todo previsto e crono­metrado.

A prova de que a decisão de baixar as medidas deexceção não visava, preferencialmente, a votação noCongresso e sim a ação terrorista contra casas co­merciais, pode ser deduzida da tranqiiilidade comque o Governo esperou eSsa votação, sem tentar se­quer convencer o grupo "Participação" a somar vo­tos a favor do decreto.

A trajetória do 2.064 já estava também traçada.O comportamento dos grupos de pressão no

Congresso, durante o dia de anteontem, foi inter­pretado pelos setores de segurança como a confir­mação de que havia, de fato, uma "ação coordena­da". Pela manhã, quando tudo parecia correr bem,o grupo feminino do PC do B fez seu carnaval decaçarolas. Mas, já na parte da tarde, esses grupos depressão, provavelmente informados de que vinha"chumbo grosso", comportavam-se, na palavra deum informante nosso, "como se as galerias do Con­gresso fossem um auditório de colégio de freiras"."Se não houvesse coordenaçào'\ diz nosso infor­mante, "você acha que toda aquela gente iria, de re­pente, ficar tímidaT'

A duração das medidas de emergência é explica­da como um prazo lixado pela própria Consti­tuição, que tanto pode ser prorrogado por mais 60dias como também suspenso pelo Presidente da Re­pública, desde que desapareçam os motivos queprovocaram a medida. Para os setores de segurança,contudo, a escalada dos saques e depredações atéBrasília é um projeto cuidadosamente montado porsetores radicais do sindicalismo.

Projeto que tanto pode ser adiado ou sepultado,como pode também (não é provável) ser acionadopara provocar um confronto com as forças policiaisencarregadas de executar as medidas de emergênciadecretadas.

v - O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Passa-seao Grande Expediente. Tem a palavra o Sr. Ivo Vander­linde.

O SR. IVO VANDERLINDE (PMDB - SC. Sem re­visão do orador.) Sr. Presidente, Srs. Deputados...

O Sr. Del Bosco Amaral- Nobre Deputado Ivo Van­derlinde, eoncede-me V. Ex' um breve aparte, antes deiniciar propriamente o seu discurso?

O Sr. Nilson Gibson - Sr. Prcsídentc, na forma regi­mental. o aparte só é permitido quando tratar do teor dodiscurso do orador.

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - De acodo como art. 166 do Regimento Interno, o aparte é da livre von­tade do orador. Não posso impedi-lo.

O SR. IVO VANDERLINDE - Ouço V. Ex', Depu"tado Del Bosco Amaral.

O Sr. Del Bosco Amaral- V. Ex', Deputado Ivo Van­derlinde, está prestando um serviço à Nação, indireta­mente, ao conceder-me este aparte, embora ele provoquealgum atraso ao seu discurso. É muito comum, nestesmomentos de crise, um grupo radical de direita orques­trar, aí fora e aqui dentro, uma crise fictícia. Quanto ao

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que disse o nobre Líder do PDS, eu denuncio, re­lembrando, principalmente, os mais antigos jornalistasdesta Casa: é a repetição do que se fazia em qualquer cri­se mínima que porventura existisse nesta Nação, Elesquerem é maximizar a crise, Os Presidentes do Senado eda Câmara dos Deputados jâ estão pedindo a retiradadessas medidas de emergência. Mas, veja V. Ex' que de­pois de um episódio desses eles sempre escalam os parla­mentares mais radicais, ligados à direita, para trazernotícias dessa natureza, O Líder do PDS acaba de daruma notícia policial, uma notícia jornalística. Faço àNação um desafio. Se esses homens conseguem detectarque ia ocorrer um saque a supermecado, pergunto aoLíder do PDS onde estão os assassinos que colocaramuma bomba na OAB. Neste momento, Deputado NilsonGibson, V. Ex' não veio ler jornal nenhum. Isto é umavergonha. Deputado Ivo Vanderlinde, desculpe-me in­terromper o discurso de V. Ex', mas, na condição deVice-Líder, falta-me tempo para falar, e não poderia onosso Vice-Líder de plantão fazê-lo, pelo mesmo motivo.En tretanto, não podemos deixar impunes esses orques­tradores de crise, essas cassandras que continuam impu­nes em nosso País e que pretendem espalhar um verda­deiro terrorismo institucional dentro do Congresso Na­cional,

o Sr. Nilson Gíbson - Deputado Ivo Vanderlinde,permita-me apenas um esclarecimento. De acordo com oart. 166 do nosso Regimento Interno...

o SR. IVO VANDERLINDE - Sr. Presidente, ...

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Deputado IvoVanderJinde, V. Ex' concedeu o aparte?

O SR. IVO VANDERLINDE - Não.

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Deputado Nil­son Gibson, o orador não concedeu o aparte a V. Ex'

O Sr. Nilson Gibson - Sr. Presidente, ele concedeu O

aparte ao nobre Deputado Del Bosco Amaral antes deter iniciado o pronunciamento, o que é anti-regimental,porque o aparte é para discutir sobre matéria em debate.

O Sr. José Fogaça - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma questão de ordem.

O Sr. Nilson Gibson ~ O que nós comunicamos aquifoi o que a imprensa divulgou.

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Deputado Nil­son Gibson, o orador está com a palavra.

O Sr. José Fogaça - O Deputado Nilson Gibson de­seja tumultuar esta sessão. Sr. Presidente. Solicito a V.Ex' que tome as providências necessárias.

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Nobre Deputa­do José Fogaça, as providências já foram tomadas, cquem dirige os trabalhos é a Mesa.

O SR. IVO VANDERLINDE - Com muito prazer,incorporo ao meu pronunciamento o aparte do nobreDeputado Del Bosco Amaral, Sr. Presidente, Srs. Depu.tados, tornou-se lugar comum, desgraçadamente, falarque o Brasil atravessa, talvez, a crise mais grave de suaHistória recente. E o pior, o aflitivo, o mais desesperadoré o não se vislumbrar uma saída.

A situação do País lembra, e muito, aqueles quadrosreprisados nos faroestes americanos, em que o chefeíndio está à morte, em sua esteira, rodeado pelos feiticei­ros da tribo que intentam mil mágicas, sem sucesso.

.Estamos à beira da convulsão social, acometidos desérios males econômicos e políticos, com feiticeiros devariada catadura compondo fórmulas, impondo rezas eremexendo poções, e nada acontece que nos nos altere O

estado comatoso.

DIÁRIO 00 CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

A inflação alcança cumes nunca dantes conseguidosno Brasil.

O Custo de vida segue-lhe a curva, a ponto de estar re­tirando a última comida da mesa do trabalhador;

O desemprego cresce e multidões famintas já invademestabelecimentos para saquear. E não é no sertão doNordeste, apenas. É também, no Rio e em São Paulo,Estados notoriamente ricos.

Se, de um lado, apresentamos, orgulhosos, resultadospositivos na balança do comércio exterior, de outro, te­mos de confessar, envergonhados, a necessidade de im­portar produtos básicos, como milho, feijão, arroz, car­ne e agora também leite.

O Sr. Nilson Gibson - Permite-me V. Ex' um breveaparte?

o SR. IVO VANDERLINDE - Peço que seja breve.

O Sr. Nilson Gibson - Nobre Deputado, V. Ex' abor­da um tema muito interessante. f: verdade que os saquesvêm ocorrendo no Nordeste, área da seca, das estiagens.Mas tenho para mim que V. Ex' não conhece de pertoaquele quadro, aquela realidade. Fica um pouco distantedo seu entendimento e mesmo das suas vistas. Lá ;elesacontecem em conseqüência da fome, da necessidade.Há uma diferença, uma distinção entre aqueles saquesrealizados com objetivos outros e aquele denunciadohoje por um jornal de Brasília, lido por nós da tribuna.Não fomos nós que o dissemos nem afirmamos, mas aimprensa que abordou o problema. Quero que V. Ex'en­tenda perfeitamente a diferença, a distinção entre os sa­ques ocorridos na minha região e os preparados por ra­dicais de esquerda para tumultuar e subverter a ordem110 País, que vem sendo tão bem conduzída pelo Presi­dente Figueiredo, com suas mãos estendidas. ParabenizoV. Ex' por abordar o problema do Nordeste. Receba omeu aplauso. Qucro também esclarecer que quando da­mos um aparte é sobre o tema que está no conteúdo dodiscurso do orador. Não o fazemos, evidentemente, an­tes de saber qual o assunto do pronunciamento. Creioque V. Ex' concedeu o aparte ao Deputado Del BoscoAmaral movido pela sua generosidade, pelo seu espíritoparlamentar, democrático - que também é o nosso ­como um homem que já vem desenvolvendo trabalhopor todos nós aplaudido. Escuto com atenção o pronun­ciamento de V. Ex', e pediria, em outra oportunidade,baseado no seu espírito democrático sempre colocadoem primeiro plano, que me·concedesse outra breve inter­venção.

O SR. IVO VANDERLINDE - Agradeço a V. Ex' oaparte.

O Sr. Arthur Virgílio Neto - Permite-me V. Ex' umminuto de interrupção ao bravo discurso que pronuncia?

O SR. IVO VANDERLlNDE - Concedo o aparte aonobre Deputado Arthur Virgílio Neto. Gostaria de dizeraos companheÍros que, com muito prazer, darei logo OU~

tros apartes, mas solicito que me permitam desenvolverum pouco mais o meu pronunciamento.

O Sr. Arthur Virgílio Neto - Nobre Deputado, sereibreve. Inicialmente, quero homenagear V. Ex' peIo dis­curso que profere - cujo teor já conhecia - que é damaior responsabilidade pública. Em segundo lugar, que­ro dizer que, de fato, a Liderança do PDS tem razão: hâum plano de saques neste País'e a este País, orquestradopela economista Ana Maria Jul, do FMI, orquestradointencionalmente pelo GOverno dos Estados Unidos daAmérica com a cumplicidade dos príncipes biônicos doPalácio do Planalto, com o intuito de arrasar a economianacional e impor aqui as leis e as regras do imperialismo.Em terceiro lugar, quero dizer a V. Ex', à Presidência, àCasa e à Nação que na madrugada de hoje faleceu um .grande brasileiro, nas palavras do nobre Líder Luiz Hen-

Outubro de 1983

rique, um homem da História, acima de quaisquer po­sições ideológicas que tenha tomado ao longo da vida,admirável até por elas, mas, acima delas, alguém que aNação inteira - a Nação séria, não a do saque - deveadmirar. Encaminhei à Mesa requerimento pedindo quese homenageie nesta Casa a memôria do bravo brasilei­ro, Constituinte de 46, Gregório Bezerra, falecido na ma­drugada de hoje.

O SR. IVO VANDERLINDE - Agradeço a V. Ex' oaparte. Com prazer, associo-me ao requerimento de V.Ex' solicitando que esta Casa preste homenagem à me­mória desse grande brasileiro.

Prossigo, Sr. Presidente.Para os campos falta fertilizante, falta semente, falta

crédito.Na indústria,.a cada dia é maior o número de concor­

datas, falências. e protestos.No comércio o clima é de exasperação e desesperança.No setor de seryiços, empresas são desmobilizadas e

técnico postos na amargura do desemprego.O setor público, gordo, agigantado por mais de uma

década de expropriação ao contribuinte e de investimen­to.levianos, arrepia-se esc encolhe. Os marajós das esta­tais "botam as barbas de molho" porque suas mordo­mias passadas e presentes defrontam-se com um futuroterrivelmente duvidoso.

Como pano de fundo ao espetáculo bizarro em quetransformaram este País da esperança, ergue-se o estra­nho painel dos negócios escusos e mal- explicados, ver­dadeiro monumento à corrupção, onde o escândalo deontem já é antigo hoje, pelos novos que o sucedem.Acordo atômico, compra da Light, Luftala, Delfin, CA­PEMI, Coroa-BrasteI, "Relatório Saraiva", e por aíafora. São tantas e tão escabrosas as ocorrências, quenada mais nos surpreende, nos assusta ou nos escandali­za.

O único fio de esperança, a única luz bruxoleante nofim do túnel, o único sopro de brisa que nos impede su­focar é o projeto de redemocratização.

Retornar ao povo a decisão sobre seu próprio destino,dispensar, definitivamente, as tutelas de tão infeliz suces­so na condução dos negócios do País, restaurar a legiti.midade das leis pelo revigoramento das prerrogativasplenas do Congresso Nacional, são os caminhos na visãodos quais encontramos o único alf?nto contra o terror dodesespero.

Não será bastante, todavia, a restauração do Estadode Direito, da democracia formal, se não houver a cor­respondente liberdade económica, consubstanciada nodireito real de·todos participarem com eqüidade do pro­cesso econômico nacional, quer no tocante às oportuni­dades de produzir, quer no que concerne à distribuiçãodos 'resultados obtidos entre o capital e o trabalho.

Essa dimensão social da democracia que queremosnão é uma eonquIsta ·para depois. Tem de ser um doscomponentes básicos do próprio processo de aberturapolítica, pois o autoritarismo que com a ajuda de Deuspretendemos superar, enquanto centralizou o poder,concentrou as riquezas nas mãos de uns poucos. Quemnão se lembra da decantada teoria de primeiro fazer o"bolo" para depois distribuí-lo. Na prâtica, o que houvefoi um grande "bolo" em todo mundo.

De qualquer forma, para sairmos do País dos "bolos"e entrarmos no País -real, teremos de enfrentar um árduotrabalho de reconstrução, que passa, necessariamente,pela revisã.o económica com vistas à justiça social.

Nesse contexto é que retomo minhas preocupaçõescom o cobperativismo. Não apenas com o cooperativis­mo que é, que está aí, mas principalmente com o coope­rativismóque pode ser, que há de vir. Cooperativismo éO método comunitário de produção, tanto agrícola comourbanista. É tão importante para a democracia eeonómi­ca co'mo são as eleições diretas, universais e secretas paraa democracia política. A cooperativa é a autêntica em­presa social.

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Outubro de 1983

Enquanto a empresa estatal serve, antes do povo, a in­teresses corporativos ou de grupos do poder, com a vio­lenta força adquirida pela conjugação do poder econô­mico ao poder de polícia, sobrepairando à Nação, semqualquer controle social eficaz, a empresa cooperativasubmete-se às posturas gerais da ordem econômica, é go­vernada pela universalidade do corpo associativo, queestabelece e destitui mandatários de forma direta, é depropriedade de todos os usuários dos serviços que pres­ta, ou de todos os trabalhadores de seu processo produti­vo. Opera, sempre, a custo, pois seu objetivo empresarialnão é a acumulação capitalista, mas o próprio produtode sua atividade.

Construir a democracia, para mim, é também cons­truir formas cooperativas de produção e trabalho.

Essa construção cooperativista pressupõe, hoje, umarevisão ampla do modelo vigente, desde a Lei n9

5.764/71, que dispõe sobre a política nacional de coope­rativismo, até os programas ditos de apoio às cooperati­vas e às próprias vigências administrativas nessas socie­dades.

A lei cooperativista, editada num instante particular­mente denso do período autoritário, está eivada de dis­torções que precisam ser corrigidas para desatar asamarras da tutela governamental e do espírito regula­mentatório e fiscalista que a inspirou. Precisamos deuma lei geral para o cooperativismo, que balisc princí­pios e assegure eficientes controles sociais, mas quesobretudo não feche espaços às iniciativas de cooperaçãona economia, abrindo eaminbos à ampla organizaçãocomunítária com objetivos econômicos.

Os próprios serviços públicos deveriam se direcionarpara o cooperativismo e o municipalismo, com o que seadequariam às necessidades dos usuários, sem os custosproibitivos que alcançam no atual modelo ccntralista cdivorciado dos interesses populares.

A política governamental de cooperativismo deve serigualmente revista, tanto nos seus aspectos conceituaiscomo nos seus aspectos operacionais, para que alcanceobjetividade e rapidez nas ações de apoio.

Essa polftica é, hoje, completamente inadequada a ob­jetivos de consolidação e expansão da economia coope~

rativada.Na área administrativa, os famosos "órgãos exeeuti­

'vos federais", previstos no capítulo XV da lei cooperati­vista, primam pelo espírito do não pode e do não deve.Extremamente burocratizados, perdidos num emaranha­do de papéis - certidões, atestados, despachos, circula­res, pa receres, etc. - agem com a preocupação de res­tringir as possibilidades de cooperação que a própria leipermite.

Na área creditícia, o quadro não é diverso, O BancoNacional de Crédito Cooperativo - BNCC, ou não con­ta com linhas de crédito adequadas, ou não dispõe de re­cursos suficientes para atender às demandas do setor, ouse envolve em negócios que nada têm a ver com o coope­rativismo, como é o caso da CAPEMI. Há casos que sãocompletamente contrários ao bom senso, nessa área.Existe, por exemplo, um Grupo Executivo de Eletrifi­cação Rural de cooperativas - GEER, cuja finalidade édar suporte dc financiamento às cooperativas de eletrifi­cação rural. Esse órgão, quando foi criado, repassava re­cursos às cooperativas de eletrificação a juros subsidia­dos e através das respectivas federações ou cooperativascentrais. Hoje o GEER tornou-se um pequeno e inefi­ciente banquinho sem dinheiro. Perdeu tqdas as carac­terísticas de órgão de desenvolvimento, queroi sua razãode existir. Além de extremamente burocratizado, é fun­cionalmente desonesto, pois vai à televisão dizer que osagricultores procurem as cooperativas em b4sca de seufinanciamento à eletrificação rural, e diz às cõoperativasque não dispõe de recursos para financiá-Ias. !nduz ascooperativas a gastos exorbitantes com projetos e, pornão operar, transformou esses projetos em papel pinta­do. Foi criado para servir às cooperativas, no eAtanto,seu presidente e seus altos funcionários dizem, a ''luem

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

quiser ouvir, que seus financiamentos somente serão fei­tos através dos concessionários.

A atuação nefasta dessa excrecência burocrática levouo cooperativismo e eletrificação rural a uma crise irreme­diável. No entanto, os irresponsáveis que o dirigem con­tinuam osufruindo das mordomias do poder, e não háninguém capaz de, com um simples decreto, passar oFundo de Eletrificação das Cooperativas para o BNCC,reduzindo gastos, aumentando a cficiência e reorientan­do a aplicação dos recursos eventualmente disponíveisnessa conta, para a finalidade com que se a criou: darapoio creditício às cooI1erativas de eletrificação rural.

Na área de representação político-classista, a inade­quação continua. Tanto ao OCB - Organização dasCooperativas Brasileiras, a nível nacional, como as orga­nizações estaduais de cooperativas, são extremamentefrágeis por não disporem de recursos institucionais bas­tan!e para embasar-lhes a atividade.

Há uma contribuição cooperativista, para manter osistema OCB. Esta, entretanto, é calculada sobre o capi­tal das Cooperativas - empresas não capitalistas -, doque resulta em onerar excessivamente as cooperativas,por um lado, principalmente aquelas que necessitam deimensos patrimônios para um exiguo movimento finan­ceiro, como é o caso da eletrificação, e, por outro, emmanter a OCB COm permanente insuficiência de recur­sos.

As outras entidades que poderiam dá efetivo apoio aocooperativismo estão de fôlego demasiado curto paraque façam alguma coisa.

Mesmo organizações tradicionais, como o Banco doNordeste, o Banco do Brasil, e outras permanecereminermes antes os problemas do setor. As decisões são in­toleravelmente lentas, as respostas tímidas, a postura in­díferente.

Quando a crise alcança marcas agudíssimas, o que es­taria a exigir redobrado esforços das agências governa­mentais para remediar o possível, estas entram numa in­compreenssível apatia e se estancam em fatal inoperân­cia.

Cito, como exemplo, o caso de um conglomerado in­dustrial do Rio Grande do Norte que, à beira da falên­cia, intentou, como única saída, transferir seu controleacionário a um grupo impresarial do Sul, suficientemen­te forte para assumir seu passivo, na casa dos três bilhõesde cruzeiros e manter o empreendimento funcionando.

A condição imposta pelo grupo que assumiu o contro­le foi de que houvesse composição da dívida, por umano. Pois bcm, todos os bancos particulares: Itaú, BRA­DESCO, América do Sul, Econômico, SUDAMERIS eoutros fizeram a composição, sem sobressaltos. Na áreaestatal, porém, o negócio corre o risco de desandar, comenormes prejuízos para a região, particularmente neces­sitada de empregos. O Banco do Brasil, por exemplo,posterga indefinidamente a solução dos pleitos, não ape­nas os referentes à composição da dívida, mas tambémos de anuência à transferência de controle acionário,"dando uma situação insustentável para todos.

Isso numa região para a qual o Governo prometeratoda a ajuda - lembra-se da estória do virar o mapa doBrasil de cabeça para baixo? - e num caso onde todostêm demonstrado interesse em resolver, principalmente oGovernador do Estado.

A razão de eu ter levantado esse exemplo é demonstrarque a tardança de o Governo atender a reivindicaçãesdas cooperativas não é, como se pensa, de má vontadegovernamental para com o cooperativismo. É inoperân­cia, mesmo!

O Governo age de forma centralizada e burocrática.Pequenos problemas do interior acabam, sempre, emBrasília, afogados sob uma avalanche de papéis.

Por isSO' as cooperativas se debatem por falta de apoio,mesmo quando o Governo diz estar apoiando.

Sábado 22 11393

Agora mesmo, com o programa de apoio financeiroestabelecido pela Circular n9 761/83 do Banco Central,para saneamento de cooperativas, está acontecendo isso.

Há verdadeira romaria de presidentcs dc cooperativasa Brasília, dos mais distantes pontos do País, para resol­ver uma ou outra questiúncula burocrática, na esperançade apressar a liberação dos créditos.

O tempo passa, as dívidas crescem, os projetos de sa­neamento são superados e, quando os recursOS forem li­berados, já não poderão resolver os problemas para osquais se destinavam.

É a ineficácia, a incompetência, a total falta de objeti­vidade do Governo para enfrentar estes tempos de crise.

Outro episódio ilustrativo do despreparo governamen­tal, influindo negativamente no cooperativismo, é o doaval à CAPEMI pelo BNCC.

Cada dia fica mais cvidente que o malfadado aval foiimposto ao banco, por irresistíveis esferas do poder go­vernamental. O Banco obedeceu.

Agora, terminada a festa, cscancarado o rombo, todosos tostões disponíveis no chamado banco das cooperati­vas são empregados para honrar esse aval.

Sabendo-se que o dinheiro do BNCC tem origem nasoperações com as cooperativas, clientela exclusiva desseBanco; e que deveria retornar a estas, na forma de pro­gramas de crédito, fica evidente a falácia de certo apoiogovernamental. As cooperativas não cstão sendo apoia­das. Estão, sim, apoiando, e com sacrifícios ingentes, oGoverno para tapar um buraco que elas não ajudaram acavar.

A revisão necessária à política coopcrativista do Go­verno deve-se iniciar na própria estrutura executiva dosetor.

O Sr. Alcides Lima - Permite-me V. Ex' um aparte?

O SR. IVO VANDERLINDE - Com todo o prazer,concedo ao nobre Deputado Alcides Lima o aparte.

o SR. ALCIDES LIMA - Nobre Deputado, em pri­meiro lugar, registro com muita satisfação a presença, naPresidência, do nosso grande Deputado Milton Figueire­do. É um prazer muito grande vê-lo presidindo esta ses­são. Em segundo lugar, quero apresentar a minha solida­riedade a V. Ex' pelas posições que tem assumido em de­fesa do cooperativismo brasileiro.

Tem sido sempre uma posição bastante favorável, deum homem que está realmente comprometido com oespírito cooperativista, com o cooperativismo mesmo,não o corporativismo, que é o que se tem praticado ulti­mamente neste País. Gostaria de aproveitar a oportuni­dade em que V. Ex' levanta a questão sobre o BNCCpara dizer também que temos alguma satisfação com asmedidas que o BNCC está tomando no sentido de fo­mentar o cooperativismo, através da Diretoria de Fo­mento Cooperativista, que existia, até bem pouco tempo,apenas no papel e de forma simbólica. Mas é importanteque observemos as atividades desenvolvidas por essa di­retoria, para que possamos formar juízo sobre se oBNCC está realmente disposto a apoiar o cooperativis­mo brasileiro, principalmente as pequenas cooperativas.

o SR. IVO VANDERLINDE - Agradeço a V. Ex',Deputado Alcides Lima, o aparte. Quando V. Ex' levan­ta aqui a questão do BNCC, quero dizer que sou um dosseus mais assíduos defensores. Só lamento que o nossobanco, o banco do cooperativismo, tenha sido, sem con­sulta às cooperativas, envolvido num caSo dessa nature­za.

Por isso posicionei-mc contra a criação da SecretariaNacional de Cooperativismo, que se pretende no Minis­tério da Agricultura. Esta será apenas uma instância bu­rocrática a mais, de um Ministério despojado de poder ede influéncia, dirigida por um burocrata de baixo esca-

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lão, tirado do bolso do Ministro, sem qualquer represen­tatividade no sistema cooperativo, continuando tudocomo dantes, senão pior.

A execução da politica nacional de cooperativismonão pode estar a cargo de um órgão dessa espécie. Coo­perativismo é um sistema econômico que abrange, hoje,todos os setores de atividades - agricultura, pecuária,mineração, pesca, agroindústria, indústria gráfica, in­dústria têxtil, indústria alimentícia, indústria eletronica,comércio, importação e exportação, eletrificação, ser­viços de saúde, comunicação, jornalismo, crédito, habi­tação, transporte e muito mais - não se concebendocomo será possivel encerrá-lo num órgão de linha de umMinistêrio que nem sobre a área-fim de sua atividadetem poder para decidir.

o Sr. Luís Henrique - Deputado Ivo Vanderlinde,apenas para dizer-lhe, em nome da Liderança, que o dis­CUrso de V. Ex lil, emérito especialista no campo agrário eno ~ampo do cooperativismo, engrandece esta Casa e oPMDB.

o SR. IVO VANDERLINDE - Muito obrigado a V.Ex' pelo aparte.

O Sr. ASsis Canutn - Concede-me V. Ex' um aparte?Só para registrar, desta tribuna, e agregar ao seu pronun­ciamento que o dirigente cooperativista Cláudio BragaRibeiro, que se encontra em Brasilia para coordenar oCongresso que se vai realizar com as cooperativas de ex­portação, anuncia que a exportação de soja foi responsá­vel por 70% das exportações do setor primário, nesteano. Então eu gostaria, para ressaltar o seu pronuncia­mento, para valorizá-lo, "inclusive, de solicitar aos movi­mentos cooperativistas que busquem a eliminação de en­traves burocráticos e comissões desde o recolher da pro­dução do produtor até a exportação, para que os resulta­dos possam ser volumosamente mais repassados aos pro­dutores.

O SR. IVO VANDERLINDE - Muito obrigado a V.Ex' pelo aparte.

Nossa.proposta seria a da criação de um Ministério daCooperação. Enquanto isso não for possível, porém,poder-se-ia criar um Instituto de Cooperativismo,alterando-se a composição do atual Conselho Nacionalde Cooperativismo - CNC, onde as cooperativas sãosimples figurantes, e dando autonomia administrativa efinanceira à Secretaria Executiva desse órgão, que passa­ria a exercer as funções de controle, fisealização, assesso­ria e apoio a todos os tipos de cooperativas.

Nesse esquema, poder-se-ia caminhar mais rapida­mente rumo à sonhada autogestão das cooperativas,onde estas pudessem prescindir da tutela governamentala que estão submetidas, a qual muitas vezes redunda emefeitos de~astrosos, não poucas vezes· com nomeação deinterventores que, por desconhecerem cooperativa e coo­perativismo, praticam desatinos administrativos, na ge­neralidade dos casos.

A liberação para se constituir cooperativas de crédito- tanto rurais quanto urbanas - em diversos graus, queculminasse com a criação de um ·Banco das Cooperativas- não governamental - é outro dos pontos que devemser considerados para se alcançar a verdadeira consoli­dação do cooperativismo brasileiro.

Dotar o cooperativismo de um sistema de represen­tação poderoso capaz dé enfrentar os setores que lhe sãoadversos em igualdade de condições, é outra de nossaspreocupações. Isso implicaria rever a base de incidênciada contribuição cooperativista, para aliviar as eooperati­vas, de um lado, e criar recursos instituGÍonais suficientespara a representação das cooperativas, do outro.

Democracia e cooperativismo são remédios dos quaiso Brasil necessita urgentemente para sair da crise, para

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

encontrar um caminho novo, sem as armadilhas que te­mos encontrado e rumo a portos mais seguros para o so­frido povo brasileiro.

O cooperativismo brasileiro tem dado sinais positivosna busca de alternativas para uma atuação mais ampla eeficaz. .

O segmento cooperativista de crédito, por exemplo,tem procurado, com insistência e denodo, vencer as qua­se intransponíveis barreiras que a burocracia do BancoCentral vem criando para evitar sua expansão.

No Rio Grande do Sul já se estrutura um sistema decrédito rural cooperativo, com possibilidades reais deoperação, em grau significativo, com a criação de UmaCentral de Crédito, à qual se vinculam cooperativas sin­gulares de crédito das mais diversas regiões do Estado,com o que se torna possivel contar com um fluxo conti­nuo de depósitos e, ipso facto, com programas de créditoa baixo custo.

Ê bem verdade que um sistema de crédito localizado,restrito a uma região, ainda que a um Estado de econo­mia diversificada como é o Rio Grande do Sul, não temviabilidade ampla de se tornar suficientemente forte eeficaz. Para isso necessitaria criar vínculos estruturais eoperacionais em escala nacional. A existência, porém, dosistema cooperativo de crédito rural gaúcho pode ser oinício do processo brasileiro de estruturação do créditocooperativado.

Esse ponto, aliás, foi levantado no Seminário de Coo­perativismo de Crédito, reunido em Brasília no semestrepassado. Evidenciou-se, nesse encontro, que o cooperati­vismo de crédito é dos mais eficientes instrumentos paraeliminar a especulação financeira que tantos males causaà nossa economia.

Evidenciou-se, também, que o Banco Central, enquan­

to protegeu o sistema bancário especulativo, criandooportunidades para que se reestruturasse em bases sóli­das e definitivas, desfechou luta de morte contra o coo­perativismo de crédito, obrigando sua pulverização insti­tucional em cooperativas pequenas, isoladas e estanques;fechando cooperativas existentes e baixando normas im­peditivas à constituição de novas.

Por que terá fcito isso a maldita fauna tecnocráticaque tanto infelicita o Brasil? Burrice? Má fé? A vazia pre­sunção de tudo saber e de em tudo mandar?

Ou terá sido tão-somente sua ojeriza por tudo o que épovo, por tudo o que é comunitário, por tudo o que nãoé estatal nem multinacionan

Quando a democracia varrer definitivamente nesse po­der encapuçado, que por detrás dos gabinetes refrigera­dos de Brasilia,.sem mandato, persiste, governo após go­verno, nos postos chaves da administração econámico­financeira do País, pondo c dispondo sobre o modo devida dos cidadãos, sem que ninguém lhe peça contas, en­tào o cooperativi,':)ffiO de crédito poderá florescer comona Alemanha, na França, na Holanda, nos Estados Uni­dos, no mundo desenvolvido, enfim, e não teremos maisa desgraça de juros de 200, 300 e até 400% ao ano.

O cooperativismo de produção, rural, por sua vez,movimenta-se para alcançar maior autonomia e melho­res condições para atuar.

Com a presença em massa de suas lideranças mais re­presentativas de todo o País, os cooperativistas estive­ram no I Encontro Nacional de Cooperativas de Produ­tores Rurais, promovido pela Frente Parlamentar Coo­perativista, nas próprias dependências do Congresso Na­cional.

Nesse Encontro foram debatidos temas de fundamen­tal importância para o cooperativismo rural,setorizando-se os estudos por áreas de atividade eestabelecendo-se caminhos de atuação comum dos parla­mentares e das lideranças cooperativistas.

Questões sobre a inadequação da política de crédito,quer por praticar taxas exorbitantes, quer por não colo-

Outubro de 1983

car recursos disponíveis nas épocas certas da atividadeagropecuária, quer ainda pela excessiva burocracia natramitação dos pleitos, com exigências totalmente desca­bidas, foram predominantes no I Encontro.

Não foram menos importantes os debates sobre aspec­tos institucionais do cooperativismo, encaminhado-se,todos, no sentido de profundas revisáes na Lei n.5.764/71.

Esse esforço do cooperativismo tem encontrado resso­nância nas Casas do Congresso.

Cerca de oitenta parlamentares, Deputados c Senado­res, já integram uma frente informal de apoio ao coope­rativismo, constituindo-se numa vanguarda para a defe­sa e promoção desse importante segmento de nossa ativi­dade empresarial.

A Frente Parlamentar Cooperativista tem representa­do uma bandeira de esperança às cooperativas do Brasil,que sempre se ressentiram de apoio destemido no âmbitofederal.

Ao finalizar, Sr. Presidente e Srs. Deputados, queriadeixar, da tribuna, um veemente apelo aos ilustresmembros desta Casa para que juntemos nossas forças emapoio dessa nova fronteira da democracia, que é o coo­perativismo. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Ivo Vandcrlinde o Sr.AIY Kffuri. 2v-Secretário, deixa a cadeira da presi­dência. que é ocupada pelo Sr. MillOn Brandão, nostermos do art. 76 do Regimento Interno.

Durante o discurso do Sr. Ivo Vanderiinde o Sr.Milton Brandão (art. 76 do Regimento Interno). dei­xa a cadeira da presidência. que é ocupada pelo Sr.Ary Kffuri. 2v-Secretário.

O SR. PRESIDENTE (Ary Kffuri) - Concedo a pa­lavra ao Sr. Deputado Joaei! Pereira.

o SR. JOACIL PEREIRA PRONUNCIA DIS­CURSO QU~ ENTREGUE Ã REV~ÃO DOORADOR. SERA- PUBLICADO POSTERIOR­MENTE.

O SR. ELQUISSON SOARES (PMDB - BA. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente. Srs. Deputados,tramitam nas duas Casas do Congresso Nacional duaspropostas de emenda à Constituiçjo versaado sobre a fi­delidade partidária. Uma, de minha autoria, que foiapresentada primeiramente, extinguindo a fidelidadepartidária, extinguindo exatamente os §§ 5. e 6. do art.152 da Constituição, pura e simplesmente, portanto,emenda extintiva da fidelidade. E outra, de autoria donobre Deputado Heráclito Fortes, do PMDB do Piauí,que propõe a suspensão da fidelidade partidária por umano.

A imprensa, nos últimos dias, vem noticiando que oPalácio do Planalto teria autorizado o Senador Marcon­des Gadelha a oferecer parecer favorável à emenda doDeputado Heráclito Fortes, que propõe a suspensão dafidelidade partidária. Curiosamente, o ex-Senador eatual Governador de Minas Gerais, que ao longo detodo O período de tramitação da Emenda n. 7, que extin­gue a fidelidade, não deu uma palavra sequer de conde­nação ou de defesa desta proposta, vem agora a público,usando como palco um gabinete do Ministério do Inte­rior, do Ministro Mário Andreazza - vejam bem, o ter­reno do Sistema - apoiava proposta do Palácio do Pla­nalto.

Venho à tribuna para alertar sobretudo os companhei­ros do PMDB: ambas as propostas são do PMDB, mas épreciso que saibamos distinguír entre os interesses nacio­naís e os interesses dos ocupantes do Palácio do Planal­to. A extinção pura e simples da fidelidade partidária, in­serida na Constituição por interesse dos ocupantes doPalácio do Planalto, é uma medida democrática, é um

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principio democrático que o PMDB deve defender, atéporque faz parte do seu programa. É preciso, uma medi­da que se impõe ao partido, porquanto todos os seus in­tegrantes concordam com o programa, no qual constaque o partido é contra a fidelidade partidária.

A emenda do Deputado Heráclito Fortes, o pr6prioDeputado não nega, visa a acomodar situações parti­dârias.

É um dado verdadeiro, Sr. Presidente e Srs. Deputa­dos, que o Brasil não possui partidos programáticos. Ospartidos políticos do Brasil são meramente formais. Tan­to é verdade que eles são conhecidos em razão de certasfiguras que os integram, salvo, talvez, a hip6tese doPDS, tido apcnas como partido do Sistema, e não chegao Senador José Sarney a corporificá-lo. Mas no caso dosoutros partidos, concretamente, é isso. N6s conhecemoso PT, por exemplo, pela figura de Lula, o PDT pela figu­ra de Leonel Brizola; quanto ao PTB, fica-se na dúvidaentre Getúlio Vargas, falecido, e, atualmente, a da Depu­tada Ivete Vargas. Mas, de qualquer modo, essas duas fi­guras personalizam o partido. O PMDB é idêntificadoora pela figura do Presidente Ulysses Guimarães, orapela figura do Governador Tancredo Neves.

Não há, portanto, no Brasil, partidos programáticos.O povo vota em determinado partido político em certoinstante, circunstancialmente. No caso do PMDB, aolongo desse período autoritário, o povo vota, dá maioriaao partido, porque, na verdade, ele defende o que inte­ressa à população brasileira. Em primeiro lugar, defendea preservação da riqueza nacional, defende a democra­cia, defende o Governo escolhido pelo povo, embora, Sr.Presidente, evidentemente, na prútica partidária, issonão seja uma constante, e o partido é identilicado por es­sas figuras maiores que o integram. O PMDB, no entan­to, está mais próximo de se transformar nUm partidoprogramático do que qualquer outro, exatamente por­que já prega a substância que convém à grande e esmaga­dora maioria da população brasileira.

E o que n6s desejamos, portanto, é que a sua práticafaça com que ele se identilique como um partido progra­mático. E há um contingente enorme de integrantes dopartido que lutam por isto. Ora, na medida em que opartido tem em tramitação nas duas Casas do CongressoNacional propostas dessa natureza, é preciso que ele, navcrdade, não se perca no momento de decidir. Por exem­plo, mesmo como autor da Emenda n' 7, que propõepura e simplesmente a extinção da fidelidade partidária,eu aceito que, numa assembléia do PMDB, se decida quenão é conveniente, no momento, extinguir a fidelidadepartidária por um interesse momêntâneo e circunstan­cial, embora isso contrarie o programa do partido e con­trarie, sobretudo, o pricípio democrático.

O correto, portanto, na minha opinião, é a extinção dafidelidade partidária. Eu chegaria a aceitar essa condutado partido, mas não posso aceitar de maneira alguma,que o partido venha a votar uma que suspenda a fideli­dade, por qualquer espaço de tempo que seja, porque ai,na verdade, ele contraria o seu programa e seus princí­pios democráticos.

Quem deseja neste instante suspender a fidelidade par­tidária para fazer acomodações políticas é o PDS, queestá em diliculdade, porque está rachado publicamente.Está em dificuldade porque até o seu Presidente de Hon­ra, o Sr. Presidente da República, ameaça desligar-se dopartido porque não tem aqui a fidelidade dc todos osseus integrantes. E está devido, também, porque todomundo sabe que no colégio Eleitoral existente hoje, se­gundo a legislação vigente, não adianta o Palácio do Pla­nalto estabelecer táticas e estratégias, porque todas elassão minadas jJclo Deputado Paulo Salim Maluf.

DIÁRIO 00 CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Ouço V. Ex', nobre Deputado.

O Sr. Alcides Lima - Tenho admirado sempre o bri­lhantismo dos pronunciamentos de V. Ex' e a logicidadecom que V. Ex' coloca os seus argumentos. Estou tam­bém plenamente de acordo com a extinção dessa fideli·dade partidária. Mas um aspecto do seU pronunciamen­to me chama muito a atenção. Na verdade, os partidospolíticos brasileiros são frutos do mesmo ventre. Entãoeles, ainda, não guardam diferenças muito grandes exa­tamente porque são frutos do mesmo ventre. Entendoque há uma superficialidade. São mais siglas partidáriasdo que partidos programáticos, embora o programa es­teja no papel. O ideal seria que pudéssemos ser candida­tos a cargos eletivos sem nos filiarmos, necessariamente,a partidos. O que deveria valer seria muito maís o com­promisso, a mensagem, a dialética. Concordo com V.Ex' quando diz que precisamos tcr partidos programáti­cos.

O SR. ELQUISSON SOARES - V. Ex' tem toda ra­zão. Se, por exemplo, na atual quadra da vida brasileira,os integrantes do PDS se dessem ao cuidado de ler o Pro­grama partidário, haveria quase que suicídio coletivo,porque entre aquilo que tem vindo para esta Casa, emnome do partido, e o programa do PDS há um abismo.O que está escrito é uma beleza. A prática do partidoleva o povo ao sacrifício e ao desespero, leva o Pais à fa·lência, de tal sorte que, repito, lendo o programa do par­tido, ou todo mundo passa a ter uma participação verda­deira, ou haverá suicídio coletivo do partido.

Concedo o aparte ao Deputado Vicente Queiroz, comprazer.

O Sr. Vicente Queiroz - Deputado Elqui'Son Soares,como sempre, V. Ex' se conduz na tribuna com a mesmapostura e a mesma capacidade. Defini muito bem a ques­tão em que nos encontramos envolvidos nesta hora, me­nos partidária e mais de ética, no nosso entendimento,porque não seria, digamos, um prazo exíguo para qncessa fidelidade partidária fosse suspensa quc resolveria oproblema de todos os partidos políticos. Lembre-se deque, no último período legislativo, na última Legislatura,houvc uma proposta no sentido de que o partido do Go­verno, que era majoritário nesta Casa, abrisse as com­portas da fidelidade partidária, mas para os outros irematé ele, e não para que seus membros fossem aos outros.A ARENA se deu mal com a sigla. Sempre se ouve dizerque, quando o comerciante se dá mal, ele muda de firma.Foi exatamente o que aconteceu com a antiga ARENA.Desacreditou-se perante o povo, perdeu a credibilidadepopular, e hoje se chama PDS, talvez até para se confun­dir com a antigo PSD, do grande e imortal Juscelino Ku­bitschek. Veja V. Ex', não será solução, não será idioti­ce, será mediocridade, será principalmente estulticc da­queles que pensam que a suspensão da fidelidade parti­dária, por tempo mínimo, resolverá o problema. A ques­tão é de ética, é de moral. Estamos há 20 anos nessa trin­cheira. V. Ex' tem toda razão quando defende a criaçãode partidos programáticos. Não aceito que o meu parti­do, que durante tantos anos - no nosso caso, apenas secolocou Q "p" de povo na frente, porque o MDB temtradição, tem luta, na vanguarda da defesa dos interessescoletivos - se forjou e se formou na consciência nacio­nal, hoje possa pensar em outros termos, senão o de darum programa definido, objetivo, para que, no futuro, setorne um partido programático. Na realidade, hoje háconvergência de opiniões, correntes de opiniões aglome­radas dcntro do nosso partido. Até nós, que participa­mos dessa luta durante esses 20 anos, que nunca perde­mos o senso da responsabilidade daquilo que dizemos,porque nunca confundimos agressão com a crítica, mui­tas vezes sentimos a tristeza de ver que companheirosnossos, parlamentares desta Casa, do Partido Demoerâ-

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tico Social, que têm feito pronunciamento de alta res­ponsabilidade, de alto sentido nacional, por essa fideli­dade espúria e, sobretudo, antidemocrática - qUe é ogarroteamento à liberdade individual de cada Deputado- não podem dar a sua opinião sincera e honesta dentrodo partido. Hoje o PDS, como disse V. Ex', está racha­do. Por que Porque aqueles que reconhecem que o PDSpassou a ter o mesmo destino da ARENA, perdendo acredibilidade, não vão ficar absolutamente inertes, por­que têm a respeitabilidade de si pr6prios e sabem que nosestão levando para o inferno, para o cadafalso, para ofundo do poço, com esta política antieconómica e, sobre­tudo, antipatri6tica do Governo que aí está. Perdoe ter­me alongado em meu aparte. Continuarei ouvindo o bri­lhante pronunciamento de V. Ex'

O SR. ELQUISSON SOARES - Não há o que per­doar, Deputado. O aparte de V. Ex' s6 enriquece o pro­nunciamento que faço.

Gostaria de afirmar que realmente causa estranhezaque o Palácio do Planalto proponha a aprovação deemenda que suspende a fidelidade por um ano, quando aproposta maior do Presidente da Repúhlica é no sentidode fazer deste Pais uma democracia. A não ser que o Pre­sidente Figueiredo esteja admitindo que pode um Paiscomo o nosso, com a sua dimensão, com a sua irnportân~

cia, com a população que possui, viver a democraciaapenas por um ano e, depois, retornar ao abscurantismo.Estou certo de que a emenda parlamentar que apresenteiao Congresso Nacional, extinguindo a fidelidade, seráaprovada. Estou certo disso, porque é uma contribuiçãono scntido da construção da democracia. Estou certo de·que os companheiros do PMDB, como o GovernadorTancredo Neves, vào refletir sobe essa questão.

Não posso aceitar meu partido com essa dicotomia. ODeputado Ulysses Guimarães vai à imprensa c, corrobo­rando a opinião da esmagadora maioria do partido, de­fende eleições diretas; imediatamente, vem o Governa­dor Tancrcdo Neves e defende aS indiretas. O DeputadoUlysses Guimarães diz que não admite a extinção da fi­delidade agora, em razão do tumulto partidário que O

Pais vive; vem o Sr. Tancredo Neves e diz que defende asuspensão da fidelidade, nos termos da proposta do De­putado Heráclito Fortes. Há, portanto. um cnfrenta­mento, no interior do PMDB, entre essas duas correntes.

Não tenho dúvida de que a população brasileira desejatambêm um enfrentamento entre o PMDB e aquilo queo Planalto reflete. Logo, o Sr. Tancredo Neves tem de seajustar ã vontade nacional, que quer extirpar tudo quan­to nasce no Palácio do Planalto. E toda vez que ele seaproxima do Palácio do Planalto se distancia do PMDBe da vontade da Nação. Este é um dado absolutamenteverdadeiro.

O Sr. Pedro Corrêa - Meu caro Deputado ÉlquissonSoares, V. Ex' desenvolve seu pronunciamento com obrilhantismo que lhe é peculiar. Apenas fico sementendê-lo, quando V. Ex' diz que a questão da fidelida­de partidária interessa exclusivamente ao PDS, que é"um partido rachado etc" Discordo de V. Ex' Acho quevivemos num clima de abertura política, e os partidosprecisam, cada vez mais, ter seus programas discutidosno seu seio. Prova disso foi a reunião de ontem do Dire­tório Nacional do PDS, onde se apresentou a propostade fechamento de questão. A matéria foi discutida, hou­ve pensamentos contrários, e foi adiada, para que se pro­movesse uma discussão mais ampla. Quero aindalembrar que a proposição para extinguir a fidelidadepartidária é do Deputado Heráclito Fortes, do partidode V. ex' Conseqtientemente, não entendo como V. Ex'coloca, na manhã de hoje, esse aspecto de preferência doPDS na apresentação dessa proposição. O PDS é umpartido que continua unido e que tem procurado manterno seu interior as discussões, para que amanhã possamos

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realmente chegar ao clima de abertura que pretendemos,proposto para toda a Nação.

o SR. 1tLQUlSSON SOARES - Meu querido De­putado Pedro Corrêa, o seu aparte dispensa maiores co­mentários. Logo no início, V. Ex' confessou que não es­tava entendendo. Se V. Ex' não estava entendendo. evi­dentemente. não poderia oferecer um apartc com acerto.O que estou afirmando desta tribuna é que não aceitoque o Palácio do Planalto queira suspender a fidelidadepartidária, quando o correto seria extingui-la.

o Sr. Pedro Corrêa - Mas o Palácio do Planalto nãoaprcsentou nenhuma proposta ncste sentido. Se o Palá­cio do Planalto quisesse fazer alguma coisa, teria apre­sentado mensagem do Executivo ao Legislativo, que se­ria aqui analisada. Por isso, ela foi apresentada pelo De­putado Hcráclito Fortes, que é do partido de V. Ex'

o SR. ÉLQUISSON SOARES - Tudo bem, nobreDeputado. O Deputado Heráclito Fortes a apresentou,mas quem sai.u à rua, dizendo que o Palácio do Planaltohavia autorizado a sua aprovação, foi um ilustre Sena­dor - diga-se de passagem - do PDS, o Sr. MarcondesGadelha. De tal sorte que, ou o Senador Marcondes Ga­delha está falando pelo Palácio do Planalto - porque es­tivera com o Sr. Presidente da República para discutireste assunto - ou a imprensa está mentindo. No caso.prefiro ficar com a versão da imprensa, porque me pare­ce que o Senador Marcondes Gadelha pediu uma au­diência a S. Ex', esteve com o Presidente e foi autoriza­do.

Ouço a Deputada Cristina Tavares.

A Sr' Cristina Tavares - Deputado Êlquisson Soares,a discussão que V. Ex' leva à tribuna nesta manhã desextas-feira é por todos os títulos oportuna. Na realida­de, se concebermos os partidos políticos como canais darepresentação da vontade coletiva, VeremoS que oPMDB se legitimou, apesar de ter sido criado no ventreda ditadura. em face de sua vanguarda, das proposiçõesque apresentou e das posições que tomou na defesa in­transigente daquilo que representa a vontade COletiva dopovo brasileiro. E a antiga ARENA faleccu e apodreceuporque, apesar de o seu programa conter determinadospostulados, suas práticas, eram diferentes do seu progra­ma. Contudo, o PMDB - V. Ex' tem razão - vive, tal­vez, a sua maior crise, se considerarmos que ê um parti­do político que tem o seu programa - e o PMDB existee cresceu porque tem sido fiel ao seu programa - quan­do uma figura da expressão do Governador de MinasGerais, Trancredo Neves, publicamente vem desafiar oprograma do PMDB. O PMDB sempre defendeu aseleições diretas para a Presidência da República. E nestemomento figura da expressão e da competência do Go­vernador de Minas Gerais vem com a conversa de con­senso, que é conchavo, acordo dc elites. E ainda mais, ocandidato do Governador de Minas Gerais nem é donosso partido; é do partido do Governo. É o Vice­Presidente Aureliano Chaves. A questão que o PMDBcoloca é definitiva. Não sc trata de trocar um general porum coronel, um coronel por um civi1. O PMDB é Umpartido contra o regime. contra o Governo, e foi a partirdaí que conseguiu essa vitoriosa expressão nas urnas. In­clusive, nos palanques, o Sr. Governador de Minas Ge­rais nunca pregou o consenso e a candidatura de Aure­liano Chaves, porque, se Otivesse feito - tenho certeza- não seria hoje Governador do PMDB. O que se passaé, realmente, uma traição ao programa do PMDB, porisso, tem razão V. Ex~ não podemos cair no casuísmo de

defender a retirada da fidelidade partidária apenas porum ano, para viabilizar a candidatura de Aureliano Cha­ves num Colégio Eleitoral espúrio. O PMDB não podeser um partido que coloque os seus Deputados, os seus

DIÂRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Senadores e as suas bases apenas contra Paulo SalimMaluf. Paulo Salim Maluf é parte integrante da filosofiado PDS. A emenda patrocinada pelo Governador de Mi­nas Gerais é para viabilizar o consenso, e a emenda queV. Ex' apresenta ê para retirar definitivamente essa fide­lidade partidária oportunista, essa fidelidade partidáriaque não tem fidelidade, porque seria fidelidade parti­dária ao programa do partido, e não às conjunturas ca­suísticas. como agora estamos verificando dentro doPMDB.

O SR. ELQUlSSON SOARES - Tem razão V. Ex'Imagine que, ao apresentar esta emenda à Casa envieicarta a todas as Câmaras de Vereadores e a todas as As­sembléias do País. De quase todas essas Cámaras de Ve­readores - não diria todas, porque algumas podem nãotem respondido - recebi telegramas, ofícios. Não háuma só Cámara de Vereadores neste País que não tenhaenviado ofício dizendo que não aprova a extinção da fi­delidade partidária. Logo, a esta altura, eu me funda­mento na opinião da base política, pelo menos a nível deVereador, Deputado Estadual, Prefeito etc. Quanto àemenda que propõe a suspensão por um ano, cla nãoapenas nasce dos escaminhos oposicionistas, mas, jáagora, também emerge dos escaminhos e da cúpula doPDS ou do Palácio do Planalto, para definir melhor.Quanto ao que a Deputada Cristina Tavares afirmou,que não pode haver essa estória de consenso, trata-se deum dado verdadeiro. Quem tem que estabeleer os cami­nhos da nacionalidade não é o Governador TancredoNeves, nem o Presidente João Figueiredo, mas o povobrasileiro. É a ele que nos temos dc dirigir, para saber oque ele deseja neste instante. Querem V. Ex's saberemqual o destino do Sr. Paulo Salim Maluf neste P~ís?

Estabeleçam-se as eleições diretas, e veremos o quanto oseu dinheíro vale. Nem mesmo em São Paulo ele ganha­rá. em eleições diretas. Mas, com um Colégio Eleitoralespúrio, é fácil conduzir-se, sobretudo tendo muito di­nheiro, como ele; e assim tem feito essa campanha escan­dalosa por este País afora. Eu nem colocaria ­permitam-me a afirmação. que é verdadeira - a dicoto­mia entre Aureliano Chaves e Paulo Salím Maluf, por­que se. em dado instante. fosse colocada para o Brasil,ninguêm pode ter dúvida: seria Aureliano mesmo. É pre­ciso, sobretudo, preservar a imagem de seriedade destePaís. Mas o que queremos ê que haja eleições diretas,.para que nos encontremos, inclusive, com AurelianoChaves, porque temos candidatos para enfrentá-lo. E va­mos mostrar, portanto usando o que houver de melhorno PDS como adversários, que a Nação brasileira quer aOposição, porque a Oposição prega os caminhos que eladeseja trilhar. Portanto, o que desejamos é que hajaeleições diretas. E não queremos um candidato moral­mente fraco para enfrentar o candidato das oposíções.Não. Não queremos o Sr. Paulo Maluf, queremos o quehouver de mclhor no PDS; que parece ser o Sr. Aurclia·no Chaves. E vamos derrotá-lo em eleições diretas. Ago­ra, se não se puder construir os caminhos das eleições di­retas, por entraves militares, por interferência norte­americana, ou do FMI ou de quem quer que seja, que sepossa preservar um mínimo da imagem de seriedade nes­te Pais. Esse o desejo de todos.

Sr. Presidente, no que respeita à matéria que estamosdiscu lindo. não tenho dúvida de que a extinção da fideli­dade será aprovada ou derrotada. Mas admitirmos estasituação por quínze, trinta días, ou por um ano, significafazer o jogo que o sistema fez, como lembrou aqui o De­putado Vicente Queiroz, que, a certa altura, abriu a pos­sibilidade de mudança de partido, desde que fosse dospartidos de oposição para o POSo

E a estória - tam bém interna - de que existem mo­derados e radicais no PMDB, isso é algo quc só interessaao Sistema, e é o Sistema quc a propaga. (Palmas.)

Eu já disse o que ê radical. Radical é aquicle que equi.libra, é o que sustenta. é o que não permite que se enver-

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gue, que se curve. Portanto, se é Com esse sentido quechamou, na verdade, a maioria do partido, não há dúvi.da. somos todos radicais, porque há realmente maioriasustentando essas posíções, até porque não conheço ne­nhum moderado que tenha pedido voto como tal. Todomoderado, durante a campanha eleitral, foi radical, àsvezes mais do que aqueles que mantêm uma situação deequilibrio ao longo de todo o desempenho político, quernas campanhas, quer quanto ao cumprimento do man­dato. Essa estória, portanto, de certo modo também éajudada pelo Planalto. A imagem do chamado modera­do quem a propaga, na verdade, ê o Sistema, porqueacha que nós, que não queremos consenso com eles, de­sejamos mudar o comportamento político do País, por­que a Nação está a exigir. Logo, se isto é radicalismo, te­mos de radícalizar, porque quem pede é a Nação. O polí­tico que.:: se preza cumpre, na verdade, seus compromis­sos. E ê o que o PMDB deve fazer, porque tem o conseo­so da Nação, pois tem a maioria. E se é democracia oque o Palácio do Planalto deseja, esta democracia. emqualquer país do mundo, é simplesmentc a tradução davontade da maioria.

Com prazer, concedo o aparte ao Deputado Raymun­do Asfora.

O Sr. Raymundo A.fora - Nobre Deputado, conside­ro, com aberta sinceridade, que temos laborado em equí­vocos dentro do PMDB. No caso, sou exemplo manifes­to de um erro crasso no caminho do PMDB. Recente­mente, atendeodo a solicitação do eminente DeputadoJoão Agripino, meu grande e particular amigo, assineídocumento que seria do seu intercsse, como muítos des­ses documentos que circulam aqui, nos corredores e noplenário, de interesse de outros eminentes colegas. Aoassinar aquele papel, vim a saber que se tratava do movi­mento chamado uUnidade'\ dentro da nossa agre­miação. Nos últimos dias, farejei nesse movimento cogi­tações excludentes de grandes companheiros da nossavida partidária. Um Miguel Arraes, por exemplo, estariano alvo de uma eliminação da cúpula do Partido. Eu re­tiro, imediatamente, a assinatura a qualquer documentoque tenha a inspírá-Io o sacrifício daqueles que são no­mes respeitados pela opinião oposicionista deste País.Acho que o PMOB deve ir em frente com o seu progra­ma. Se não alcançarmos as eleições diretas, devemoscontinuar a luta por elas, jamais entrando em conchavoou em cambalacho com quem quer que seja do Governo.Acho que devemos cumprir à risca o programa que ado­tamos c que tem o referendo do povo brasileiro. Foradisso, ê matéria sujeita a autocritica, como agora estou afazê-lo, neste plenário e nesta manhã. O PMDB é a nossagrande bandeira, ungida da sagração deste País, das suasmassas obreiras, dos seus empresários, dos seus estudan­tes, enfim, das suas massas escorraçadas pelo atual regí­me. Quero tornar público este meu compromisso com oPMDB. Revisarei qualquer posição que. por equívoco.não seja aquela dos caminhos do PMDB. Temos de pre­servar o patrimônio popular do nosso grêmio: aquelesque sustentaram, até no exílio, a flamada resistência. Jádisse e repito: a resistência é o novo batismo da liber­tação. Qualquer transigência com a intransigência doGoverno significa traição naciona1. Não deixaremos apregação do chão sagrado dos comícios ser pisoteadapela subserviência dos tecnocratas e as botas dos milita­res, conduzidas pelo comando do imperialismo norte­americano.

O SR. ÉLQUISSON SOARES - Deputado Rai­mundo Asfora, não fosse a necessidade, a obrigação,mesmo, de dar fecho ao meu pronunciamento, eu mecontentaria com o aparte de V. Ex', porque é exatamentedessa seriedade, dessa convicção que o partido precisa.Não podemos, na verdade, a cada instante, estar cantan- .do loas ao regime porque ele vislumbrou a possibilidadede viver o regime democrático. Afinal de contas, será quealguém tem a ilusão de que é o Presidcnte Figueiredo

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quem dará ao Brasil um regime democrático? Será quealguém tem a ilusão dequeéo Presidente Figueiredo, naverdade, o tutor desta Nação, e vai fazer, portanto, doseu povo o que bem entender? Em verdade, temos quedizer ao Presidente Figueiredo, seja lá onde for - nesteParlamento, na rua, com ou sem medidas de emergência- que primeiramente cle tcm que respeitar a vontade daNação brasileira, que ele deve fidelidade aos postuladosdo povo, que ele não pode vender esta Pátria, que ele nãopode colocar mascates nos caminhos internacionais a ne­gociarem a nossa riqueza, a nossa soberania e a nossadignidade. (Palmas.)

É preciso, portanto, que o PMDB não vislumbre a me­nor possibilidade de sentar à Mesa para negociações des­sa natureza. ° que o PMDB pode e deve é sentar comquem quer que seja para discutir a retomada do caminhodemocrático. E o caminho democrático, qucm o tem in­tcgrado, ao longo destes vinte anos, são as Oposições. °sistema, a todo O instante, o que fez foi calar, o que fezfoi cassar, o que fez foi torturar, o que fez foi assassinar,o que fez foi engodar a opinião pública com a história do"milagre brasileiro". E eis, hoje, o milagre, do qual atémesmo os grandes industriais, os grandes banqueiros, to­dos aqueles que podiam viver nababescamente em qual­quer país do mundo estão reclamando, porque estão em­pobrecidos e sem condições de sobreviver. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Élquisson Soares o Sr.Ary Kffuri, 2'-Secretário. deixa a cadeira da presi­dência, que é ocupada pelo Sr. Walber Guimarães, 2'­Vice-Presidente,

o SR. PRESIDENTE (Walber Guimarães) - Tem apalavra o Sr. José Moura. (Pausa,)

o SR. JOSÉ MOURA (PDS - PE. Pronuncia o se­guinte discurso.) - Sr. Presidcntc, Srs. Deputados:

A fome representa, sem dúvida, o grande desafio da ci­vilização humana.

O preceito bíblico de que o homem deve ganhar o pãocom o suór de seu rosto faz parte da herança de nossa es­pécie e, por isso mesmo, conforme ensina Josué de Cas­tro, a História da Humanidade tem sido, desde o princí­pio, a história da luta pelo pão-nosso de cada dia,

Mais ainda, como explicita Michel Garzin, Chefe daDivisão de Políticas Alimentares da FAO, a "evoluçãoda espécie humana foi marcada por desastres alimenta­res repetidos, a que se seguiam vigorosas recuperações eeras de prosperidade. Grande número de invasões, guer­ras c migraçõcs tiveram, como única finalidade satisfazcrnecessidades alimentares".

O problema é, pois, de tal importância, quer no planoindividual, quer no contexto das nações, que Jules Mi­chelet, o grande historíador da França, observou que aRevolução Francesa nunca teria ocorrido se antes não setivesse escrito um livro terrível: o livro da fome.

Trata-se, efetivamente, de questão multissecular, que,não obstante constituir a "mais fecunda matriz de cala­midades sociais", continua a marcar duramente a reali~

dade dos países em dcsenvolvimento, representando ver­dadeira ameaça ao seu presente e ao seu futuro.

Com efeito, vivemos, ainda hoje, uma fase históricaem que, se é verdade que a miséria vem diminuindo siste..maticamente em algumas partes do mundo, eigualmentecerto que a desnutrição e a fome continuam presentes deforma dramática em mais da metade do planeta.

Tragédia resultante de múltiplos fatores, que vão des­de os sistemas nacionais de produção às condições me..teorológicas. das estruturas do comércio internacionalao crescimento demográfico de numerosos países, oproblema da fome no mundo, como afirmam os cientis..tas norte-americanos Frances Moore e Joseph Collins,do Institute for Food and Development Policy, residemuito mais na acumulação de grandes quantidades derecursos e de produtos em poucos países, às custas de

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

multidões cada vez mais desnutridas e famintas de outrasnações.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, de acordo com pesqui­sas efetuadas pela FAO, relativas ao ano de 1976 - nadaindica, contudo, que a situação tenha sido alterada ­nos países do terceiro mundo, de economia de mercado,cerca de 25% das populações tem problemas sérios dedesnutrição.

A situação nesses países é tão grave, que RobertMcNamara. na qualidade de Prcsidentc do Banco Mun­dial, advertiu:

"Nunca, nos últimos anos, o mundo viveu tãopobre de alimentos. Um bilhão de seres humanosestão condenados a futuros desesperos, sc a comuni­dade internacional não acorrer imediatamente emsua ajuda. A inflação geral, o aumento do preço dopetróleo, e a radical diminuição da ajuda das naçõesricas compõem um quadro que, por seu aspectosombrio, não tem precedentes da História."

Mas, Sr. Presidente, o paradoxal é que sobram alimen­tos neste mundo faminto.

A imprensa notificou, há pouco, que todos os silos daterra estão cheios, em toda a sua capacidade, com enor­mes excedentes agrícolas, inclusive dos países em desen­volvimento. Segundo informações veiculadas pela im­prensa e atribuídas ao professor Cláudio Fornari, asses­sor da FAO, os Estados Unidos, principal produtor decereais, tem pago, muitas vezes, aos agricultores paraplantarem menos, à vista do excesso de produção estoca­da. O mesmo ocorre com outros países desenvolvidos.

Em seu pronunciamento, a 19 do corrente - DiaMundial de Alimentação - Eduoard Saouma, Diretor­Gera! da FAO, assim se expressou:

"O gasto militar mundial de 700 bilhões de dóla­res anuais representa 30 por cento do total da ajudaoficial ao desenvolvimento, designado para aliviaros problemas econêmicos e sociais do TerceiroMundo."

É contra essc Estado de coisas que a Organização dasN ações Unidas para a Agricultura c Alimentação ­FAO, e outros órgãos das Nações Unidas vêm lutado,com vistas ao estabelecimento de uma nova ordem eco­nômica mundial, que corrija as desigualdades entre asnações, elimine o hiato que separa os países pobre dos ri­cos, assegure o desenvolvimento social e econômico, eabra uma u era de justiça alimentar".

Sr, Presidente, Srs, Deputados, existe um provérbio

africano, muito conhecido, segundo o qual "aquele quetem a sua farinha tem também a sua dignidade".

Como já se disse, não é surpreendente que esse provér­bio seja africano, porquanto numerosos são os países da..quele continente afetados pcla desnutrição, pela fome epela miséria. Trata-se, portanto, de uma região que bemconhece a íntima relação existente entre dignidade e ali­mentação.

Isto porque, como também já foi dito, sc o indivíduo,para sobreviver, ncccssita de alimento, também é certoque a falta ou insuficiência prolongada esse mesmo ali­mento, antes de conduzir à morte física, leva inapelavel­mente à degradação moraL

À luz dessa premissa, chegamos a uma verdade inso­fismávcl: a base da dignidade humana está na sua segu­rança alimentar. Se extrapolarmos um pouco, vemosque, também no plano das nações, a independência, a so­berania e a própria segurança têm como um dos seus pi­lares u uuto..suficiência de produtos básicos, o abasteci..menta razoável de gêneros alimentícios essenciais às po­pulações, Não nos esqueçamos, como afirmou BrillatSavarin, de que "o destino das nações depende de comoo povo se alimenta'\

Sábado 22 11397

Concedo o aparte ao nobre Deputado Nilson Gibson.

°Sr. Nilson Gibson - Nobre Deputado José Moura,a Liderança do Partido de V. Ex' não podia deixar deassociar-se ao pronunciamento em que V. Ex' revela aversatilidade dos seus conhecimentos e da sua cultura.Acompanhando a sua ação desde os idos do ColégioMarista, quando tivemos oportunidade de ser compa­nheiros, e, posteriormente, a atividade política desenvol­vida por seus familiares, que, sempre tiveram uma po­sição exponencial no Estado de Pernambuco, para nósnão é surpresa o tema que hoje V. Ex' traz a debate: aalimentação, da fome c da pobreza do País. V. Ex' citou,no início do seu pronunciamento, um eminente ex­Deputado pelo nosso Estado e também ex-Presidente daFAO, o Prof. Josué de Castro, cuja memória esta Casarecentemente homenageou. Desejamos, em nome donosso Partido, congratular-nos com V. Ex' pela preocu­pação que demonstra, como legítimo representante dePernambuco.

° SR. JOSf; MOURA - Agradeço as palavras doDeputado Nilson Gibson,

Dentro dessa moldura, é com bastante apreensão quedesejo referir-me à situação alimentar no Brasil de nos­sos dias, sobretudo no Nordeste flagelado pela seca,onde multidões famintas jú estão a criar um clima socialde intranqüilidade; a desnutrição infantil alcança índicesalarmentes; está sendo extremamente baixo o consumode proteínas e, de uma maneira geral, a média da dieta éinadequada sob o ponto de vista nutricional.

As condições alimentares no País, com efeito, não sãonada animadoras. Ravestem-se, mesmo, de característi­cas muito preocupantes, que estão a exigir avaliação rea­lista e medidas corretivas vigorosas por parte de nossosgovernantes. Precisamos, inclusive, ter plena consciêncianão só da situação atual, como de suas possívcis conse­ql1ências a médio e longo prazo.

o renomado professor Malaquias Batista Filho, daUniversidade Federal de Pernambuco, durante a Sema­na de Nutrição, promovida pela Universidade deBrasília, em agosto passado, prestou um triste depoi­mento sobre o assunto, afirmando que o Brasil apresentao segundo maior índice de desnutriçào do mundo, pcr­dcndo apenas para a lndia.

Estimativas do Banco Mundial, por sua vez, concluemque 60% da nossa população têm dieta nutricional inade­quada e, desse percentual, 34% sofrem um déficit de até400 calorias diárias.

Temos mais de 20 milhões de habitantes em estado decarência total, sendo necessário acrescentar a esse núme­ro os flagelados das secas, o contingente de desemprega­dos c aquela parcela da população que ganha menos dedois salários mínimos, quadro que faz com que mais dametade da população brasileira viva "nos indefiníveis li­mites entre a pobreza e a miséria".

E a relação entre pobreza e desnutrição - não é preci­so ressaltar - transborda em todas as pesquisas feitassobre a matéria.

No Nordeste, vale acentuar qu as gestantes têm, emmédia, apenas 50 por cento de suas necessidades nutri­cionais atendidas, com conseqüéncias graves para o feto,já que, como é claro, mães desnutridas geram filhos des­nutridos,

O Sr. José Jorge - Permite-me V. Ex' um aparte?

O SR. JOSF; MOURA - Com todo o prazer.

O Sr. José Jorge - Nobre Deputado José Moura, emprimeiro lugar, desejo congratular..me com V. Ex' pelaescolha do tema fome e alimentaçào para csse pronun­ciamento, Gostaria, no entanto, de acrescentar duas ob­servações ao seu brilhante discurso. Em primeiro lugar, énecessário que o Governo enfrente a produção alimentar

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11398 Sábado 22

no nosso País de frente, porque o aumento da produçãode alimentos, além de efeitos sociais, tem efeitos econô­micos, no sentido de diminuição da inflação e de permi­tir que se possa, inclusive, aumentar as exportaçõcs bra­sileiras. O Brasil, apesar da sua extensão territorial, pro­duz somente cerca de 54 milhões de toneladas de grãospor ano, distante de nações como Estados Unidos, queproduzcm quase 600 milhões, da China, que produz qua­se 400 milhões, e da União Soviética, que produz dessaordem, de grandeza, países com extensão territorial seme­lhante ao Brasil. Então, é necessário que se realize umaprogr~mação econômica que incremente a produção emnosso 'país. E, em segundo lugar, é indispensável que sepromova um programa de apoio alimentar, às popu­lações'do Nordeste, principalmente às populações flage­ladas. Há pouco tempo, o Governo esquematizou acriação de uma cesta alimentar, cesta alimentar essa que,depois de um més instituída, não está sendo operaciona­lizada, e acredito que dificilmente o será pela forma bu­rocratizada como foi criada, sem levar em conta todauma rede de abastecimento já existente na nossa região.Gostaria, portantn, além dessas duas observações, decongratular-me com V. Ex', pela atualidade e importân­cia do seu pronunciamento.

, O SR. JOsf: MOURA - Agradeço a V. Ex', Deputa­do José Jorge, o aparte, e, com satisfação, incorporosuas observações ao meu pronunciamento.

Mas, Sr. Presidente1 são inúmeras, como se sabe, aspatologias decorrentes da falta de alimentação adcquadae carências vitamínicas, de que destacamos, como maisfreqüentes em nosso meio, a anemia, o raquitismo, a hi­povitaminose A, a desnutrição energético-protéico e obôcio endêmico.

Para desenhar esse quadro, observa-se uma grande in­cidência de desnutrição energético-protéica, que ocorresobretudo em crianças menores de cinco anos de idade,estimando o Dr. Malaquias Batista que 70% da popu­lação infantil do Nordeste do Brasil sofre desse tipo dedesnutrição, crescendo "totalmente fora dos padrões re­comendáveis para sua faixa etária".

Ao nível psíquico, vale destacar que esse tipo de des­nutrição, conforme estudos realizados pelo notável nu­tricionista pernambucano Nelson Chaves, é responsávelpor um QI médio de apenas 70, em elevada par,::ela dapopulação rural nordestina, índice que significa "o li­miar da debilidade mental".

Estudos médicos têm comprovado, efetivamente, quea criança que apresenta esse tipo de desnutrição, emboracapacitada de certo modo a conviver com a fome, apre­senta alto índice não só de comprometimento físico, maspode ter afetada sua função cerebral, com acentuado em­pobrecimento do nível intelectual.

Ouço V. Ex', nobre Deputada Cristina Tavares.

A Sr' Cristina Tavares - Nobre Deputado José Mou­ra, o pronunciamento de V. Ex' é da maior seriedade. V.Ex' escolheu, para fundamentar-se, o Prof. Josué de Cas­tro e médicos do Instituto de N,utrição de Pernambuco,que fizeram as maiores denúncias do crime que se come­te nesta Nação, criando uma geração de nanicos de ho­mens que, por ausência de proteínas nos primeiros anosde vida, se tornam cidadãos de segunda categoria, verda­deiros multilados cerebrais. Traçou V. Ex' um retratoperfeito do quadro de subnutrição crônico existente noBrasil, principalmente no Nordeste, que mais do queurna fatalidde se torna um escândalo. Entendo que essasituação é conseqüência de alguma coisa. É preciso quelutemos contra as causas que geram a fome, a desnu­trição e a mortalidade infantil. E essa luta cabe a esteParlamento.

No momento em que esse P'aí'lment'o derrotou decre­tos de arrocho salarial estava contribuindo para modifi­car, efetivamente, a situação de miséria e de pobreza do

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

povo brasileiro, porque, com o arrocho salarial, o traba­lhador brasileiro não poderá ter a sua cesta básica. E, anão haver a cesta básica, estamos criando as condiçõesda subnutrição, da mortalidade infantil, dos mutiladoscerebrais deste País. Cabe a nós, legisladores brasileiros,enfrentar essa radiografia, essa fotografia que V. Ex' faz,e apontar as medidas para que saiamos dela. Não serácom esmolas, não ~erá apresentando emocionalmente amiséria colorida do Nordeste do Brasil que haveremosde nos livrar dessa situação vergonhosa que aponta parao Governo que aí está, como um levelo, há 20 anos res­ponsável pela condução da política econômica, e deixa oNordeste do Brasil com 1/3 da sua população, 33 mi­lhões de pessoas, em situação de extrema pobreza. Aquinesta Casa poderemos, Parlamentares que têm o enten­dimento que V. Ex' teve, forçar, senão a reforma agrária,pelo menos o cumprimento do Estatudo da Terra, queeste ano está no vigésimo ano de sua assinatura e quenunca foi posto em prática. Que possamos aqui, nesteCongresso Nacional, exigir a desapropriação das terras àbeira dos açudes públicos. Que possamos transformar oVale do São Francisco não numa sinecura de emprego,como é hoje sinecura a CODEVASF, o DNOCS mas,efetivamente, num grande celeiro para o País. Portanto,Deputado José Moura, ao mesmo te'!lPo em que louvoV. Ex' pela sinceridade do pronunciamento, faço umapelo às pessoas que têm o entendimento de V. Ex' e aoutros companheiros mesmo de partidos diferentes, quenão nos contentemos em mostrar a fotografia da fomeque às vezes é até plástica, mas que lutemos contra ascausas que nos levam a esta situação calamitosa.

O SR. JOsl!: MOURA - Agradeço à Deputada Cris-'tina Tavares o aparte, e diria também que realmente afome no Nordeste se apresenta de maneira mais dramâti~

ca, mas a fome não é privilégio da Região nordestina.

O Mcio endêmico, por sua vez, ainda continua a atin­gír a nossa comunidade, calculando-se, entre adultos ecrianças, em cerca de 15 milhões os brasileiros portado­res do mal.

Outro grande problema nutricional, como disse, con­siste na hipovitaminose A, cuja maior incidência tam­bém é na região semi-árida do Nordeste.

Já na capital paulista, ê a anemia o que prevalece.

O Sr. Hélio Duque - Deputado José Moura, querocongratular.mc com V. Ex' pelo oportuno pronuncia­mento, Robretudo porque as razões que V. Ex' trazl demodo mais dramático em relação ao nordeste, hoje seacetuam por todo o País. Veja V. Ex' que hoje, no RioGrande do Sul, onde a inanição já se faz presente, já hádiminuição, sobretudo na última década, na altura deseus habitantes, como decorrência desse fator brutal, afome. Há um trabalho muito importante, de um paquis­tanês, Abu-El-Albruk, que deveria ser bem conhecido,juntamente com os trabalhos de Nélson Chaves, Josuêde Castro e tantos outros brasileiros que têm estudadoessa dramática questão, porque apresenta respostas ime­diatas. O Deputado José Jorge, em aparte, tratava daprodução de grãos neste País, de 54 milhões de tonela­das. O nosso Estado, o Paraná, responde por 25% dessetotal. Não há, conseqüentemente, um modelo agrícolaque dê prioridade à produção de alimentos, sobretudo à­queles que se destinam ao mercado interno. Veja V. Ex'O meu Estado, o Paraná, teve, nos últimos 10 anos, umcrescimento de 1.437% em relação à produção de soja, euma redução de perto de 1,7% em relação à produção defeijão - do nosso feijão - no mesmo período. Veja V.Ex'" que, na raíz. além das razões muito bem.fundamen­

tadas de V. Ex', também está a manutenção de um mo­delo econômico agrícola que precisa ser respeitado e quepassa pela vigência de se respeitar o Estatuto da Terra ede se partir para este País produzir não 54 milhões, mas100 ou 150 milhões de grãos para a 'exportação, mas não

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deixar também de produzir aquilo que é essencial, quesão os grãos que devem estar à mesa dos brasileiros. Na'Liderança do PMDB; quero congratular-me com V. Ex'pela oportunidade do pronunciamento que traz neste dia.de sexta-feira a esta Casa.

O ,JOsf: MOURA - Agradeço ao nobre DeputadoHélio Duque as colocações que fez ao meu pronuncia­mento, que incorporo com muito prazer ao meu discur­so.

Prossigo, Sr. Presidente. Estou convencido de que cer­ca de 10% das gestantes são atacadas do mal, índice esseque cresce para 60% nas zonas de maior pobreza. Nomeio infantil, a mesma carência atinge 10% entre 6 mesese 5 anos de idade, elevando-se para 30 a 40 por cento nascrianças cujas famílias têm renda inferior a meio saláriomínimo per capita.

A mortalidade infantil, como se sabe, constitui um in­dicador preciso não apenas das condições sôcio­econômicas de um país, mas sobretudo na qualidade devida de seus habitantes.

Um coeficiente elevado nessa área indica uma dietaalimentar insuficiente e pobre por parte da população,sobretudo no que se refere à população materna e infan­til.

Pois bem, sozinha ou associada a outros males, a des­nutrição chega a matar uma criança brasileira a cadavinte minutos, de acordo com estimativas da Organi­zação Mundial da Saúde..

Mas a fome não é causa apenas de milhares e milharesde mortes, no meio da população de baixa renda. Elamarca, também, com deficiências fisicas e mentais, mi­lhões de crianças em todo o País.

O nordeste sobretudo, como já foi dito, apresentaíndices alarmantes de desnutrição infantil, o que nos levaa concluir que a nossa sociedade poderá ficar irremedia­velmente prejudicada em seu esforço para a construçãode um país próspero e desenvolvido, se não conseguir­mos corrigir e superar, com nítido sentido de urgência,esse lastimável estado de coisas.

Recordo, a propósito, que o já mencionado cientistapernambucano Nelson Chaves, recentemente falecido,ao estudar a Zona da Mata do Estado, nos anos 60, iden­tificou a existência, no Município de Catende, de ho­mens adultos com 1,47 cm de estatuea, isto ê, um centí­metro a mais do que a média dos pigmeus africanos.

Conforme pesquisa comprovada pela comunidadecientífica estadual, está em formação, pois, no Nordestebrasileiro, uma raça de nanicos. A desnutrição na regiãoé tão forte que, em muitas áreas, Ü50% das crianças têmestatura e peso inferiores ao adequado para a idade".

Trabalhos recentes, efetuados sob a direção do Profes­sor Geraldo Pereira, da Universidade Federal de Per­nambuco, confirmaram que o fenômeno não só persiste,como já se estende a outras áreas, chegando até mesmo ácapital do estado: "Na favela do Beco dos Casados, ondequase 70% das famílias vivem com menos de um saláriomínimo, perto de dois terços das crianças têm estaturaabaixo dos limites mínimosH

, acentuou a revista Istoé,em sua edição de 14 de setembro último.

A desnutrição faz o homem produzir pouco. A im­prensa constantemente divulga dados que revelam ser adeficiência alimentar responsável, etn nosso País, pelabaixa produtividade em todos os setores' da atividade.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, estou convencido deque a atual situação alimentar existente no País, casopersista. poderá comprometer seriamente o futuro nacio­nal, em termos de desenvolvimento e mesmo de sobera~

nia.O estado de penúria em que se encontra grande parte

de nossa população deverá ser solucionado,necessitando-se, para tanto, identificar distorções de na­tureza eminentemente social.

Ainda COtn relação à desnutrição infantil, quero men­cio,!ar os problemas - todos graves, do ponto de vista

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social - de repetência e evasão escolares, bem como aassustadora incidência de molêstias infecto-contagiosas,uma vez que a pobreza alimentar impossibilita a criação,sobretudo no organismo da criança, de reservas energéti­cas.

Essa situação alimentar, como é óbvio, não atinge so­mente a população infantil.

A população adulta, que representa a atual força detrabalho do país, também sofre de graves deficiências noque se refere à matéria.

Sabemos, sob esse ángulo, que as correções para oproblema alimentar não residem apenas no aumento daprodução agrícola, mas - é ainda o Professor Mala­quias Batista quem ensina - na produção adequada dealimentos para o atendimento das necessidades básicasdo consumo interno, na melhor distribuição das riquezase na implantação de serviços de saúde equipados e efi­cientes para prevenir e curar endemias, "que chegam aafrontar o estado nutricional das populações, indepen­dentes do próprio consumo de alimentos".

Ê necessário dar ao País uma nova estrutura social, na:qual não existam a fome e a misêria.

A tarefa não é fácil e exige sacrifícios e colaboração detodos os segmentos da sociedade.

Creio, em primeiro lugar, para que a fome seja erradi­cada de nosso meio, que devemos, como disse o Profes­sor Malaquias Batista, redirecionar a nossa política agrí­cola, seja visando ao aumento da produtividade, seja nosentido de obter-se. a auto-suficiência, alimentar, o quesignifica, em outras palavras, que devemos fazer comque a agricultura se volte para os brasileiros, como umfim, e não como um meio.

Segundo interessante artigo publicado na revista Ce­res, órgão da FAO, a agricultura orientada para a expor­tação põe de manifesto o divórcio existente entre a pró­pria agricultura e as necessidades alimentares dos respec­tivos países.

Também, em nosso caso específico, a fome tem muitomenos a ver com a quantidade da produção, do que paraonde c para quem se destina essa produção.

Se analisarmos o aumento da produção de grãos noPaís, vamos ver uma enorme área incorporada ao cultivode soja, e bem sabemos que ela é substancialmente dirigi­da para exportação. Cresceu em tonelagem a oferta degrãos, mas é preciso observar que esse crescimento nãodiz respeito a produtos destinados à mesa do consumi­dor.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, de acordo com a FAO,a produção de alimentos, para que seja reduzido o déficitexistente a nivel mundial, deverá crescer a um ritmo de 4por cento ao ano. No Brasil, consoante estimativas daEMBRAPA, a oferta de alimentos precisa aumentar ataxa de 5 a 6 por cento ao ano, o que significa que deve­mos incrementar de maneira substancial a produçãoagrícola, e redirecionâ-Ia para a luta contra a fome, e nãopara a captação de divisas.

Pesquisas demonstram que a dieta básica do brasileiroé constituída por poucos produtos, o que representa, semdúvida, uma vantagem com que podemos contar paravencer o desafio nessa área.

Além do aumento da produção agrícola, o problemada fome envolve, ademais, questões relacionadas com acapacidade aquisitiva do povo, vale dizer, com a distri­buição da riqueza nacional.

Tendo em vista a persistência de fatores contrários auma melhor redistribuição da renda, o Governo, man­tendo vultosos programas de crédito rural, estabeleceu agarantia do preço mínimo para os produtos agrícolas, epromove o seguro para ressarcir o produtor em caso defrustração de safras; além disso, vem promovendo pro­gramas de distribuição de alimentos, através da Compa­nhia Nacional de Alimentação Escolar, do PRONAM ede outros programas semelhantes, todos extremamenteimportantes e destinados basicamente à população maisvulnerável.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Esse esforço, todavia, embora grande para nossas pos­sibilidades, se tem revelado insuficiente, e é precisoaumentá-lo.

Julgo que a comercialização dos alimentos é outroitem que está a merecer a atenção dos setores governa­mentais competentes.

Não podemos esquecer, como já foi dito, que o quemais contribui para desfigurar disponibilidade de ali­mentos num país, não se refere apenas a produção, mastambém à comercialização.

Nela, a intermediação exagerada responde muitas ve­zes pelo elevado custo final dos produtos alimentícios.

Assim, tendo em vista o baixo poder aquisitivo das po­pulações carentes, poderíamos analisar alternativas quecontemplassem a venda de alimentos subsidiados às clas­ses de baixa renda, ou a adoção de políticas que estabele­cessem preços especiais para gêneros de primeira necessi­dade.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, a problemática dafome está a desafiar a capacidade e o patriotismo daatual geração de brasileiros.

Este é um desafio de que não podemos fugir.Reco~hecemos que a alimentação constitui um direito

elementar da pessoa humana, e representa um necessida­de básica que, uma vez insatisfeita, poderá gerar proble­mas pessoais, comprometer o bem-estar das famílias e atranqüilidade do Estado.

Não podemos permitir que, como no poema de JoãoCabral de Mello Neto, "se continue em nossa Pátria amorrer de fome um pouco cada dia".

O grande desafio com que nos defrontamos ê o de fa­zer desaparecer do nosso horizonte a desnutrição ea fo­me, através da execução de uma política econômica e so­cial afinada com os sentimentos nacionais de solidarie­dade humana, e as legítimas aspirações de prosperidadee desenvolvimento social do povo brasileiro.

A maneira pela qual pretendemos construir o nossofuturo exige açàes enérgicas nesse sentido, seja porque adignidade do homem tem relação direta com o seu esta­do nutricional, como reza o provêrbio africano a que mereferi, seja porque a paz social depende da capacidade doEstado em proporcionar alimentação satisfatória à suapopulação.

Saibamos viver, com grandeza e imaginação, esse mo­mento de consciência histórica.

Tudo o que fizermos no campo da nutrição será pou­co, como retribuição ao muito que devemos a esse povogeneroso, trabalhador e sacrificado.

o SR. ARDIAS DO NASCIMENTO(PDT - RJ.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, parece que este plenário está vazio. Parece, porqueneste momento em que quero celebrar as sacerdotisas ne­gras do meu povo, invoco os espíritos ancestrais da raça,os negrumes do povo negro.

A Religião, para os negros, não era e não é apenasuma crença na vida transcedente, em Olorum, o DeusSupremo; não era e não é unicamente o exercício litúrgi­co do culto aos Orixás. Desde os primórdios de sua prá­tica em nosso País pelos africanos escravizados, a reli­gião do Candomblé se instituia como um templo dosOrixás e da resistência física e cultural de uma raça vio­lentamente agredida.

Para perpetrar e perpetuar a escravidão fisiea, mesmocom a enorme superioridade bélica que os escravizadoreseuropeus possuíam em relação aos povos africanos, osopressores se viram diante da necessidade de se utiliza­rem também da agressão espiritual. Era muito difícil atarefa de escravizar aquelas naçàes africanas, aqueles ne­gros insubmissos às corre.ntes, troncos, gargalheiras eoutros instrumentos de tortura.

Um dos primeiros desses templos de libertação dos es­cravos foi aquele erigido na Bahia, e que hoje é conheci­

do como Casa Branca ou Candomblé do Evangelho Ve-

Sábado 22 11399

lho, e que no contexto ritual é o Ilê Lya Nassô Oká, dainação Keto.I A história desse terreiro ou templo configura o processo,da experiência negra em nosso País. Com mais de 350'anos de existência, ele se destaca como um dos bens cul­turais da Bahia e do Brasil, constituindo um símbolo decriatividade, espírito organizativo e de resistência à colo­nização cultural.

Infundindo a identidade do povo brasileiro a sua mã"i. ca indelével. .

Transcrevo as palavras do Sr. António .i\gnelo Perei­ra, Presidente da Sociedade Beneficente e Recreativa SãoJorge do Engenho Velho, mantedora do Candomblé:

"Sim, nossa gente tem sofrido muito. Lutamoscontra o cativeiro e continuamos lutando contra ou­tras injustiças, sempre com dignidade. Até há pouconosso culto era perseguido com cruel violência, masresistimos. Ainda hoje, há quem despreze nossastradições, nossa religião, tratando-a, por exemplo,como simples folclore, por ignoráncia ou preconcei­tuosa má vontade. Isto não nos impede de manter aherança divina que recebemos."

Este terreiro, fundado pela africana Lyá Nassô, insti­tuiu ao longo do tempo uma verdadeira linhagem de sa­cerdotisas iniciada com as três Marias: Maria Júlia deFigueiredo (tia Lyá Nassô), Maria Júlia de Nazaré (tiaLya Detá), Maria Júlia da Conceição (tia Lyá Kalá).

Várias mulheres negras de origem iorubá têm ilustra­do a chefia desse terreiro. Entretanto, desejamos nestaoportunidade celebrar a todas essas africanas e afro­'brasileiras que, inspirada pela religião e a filosolfia devida de sua pátria de origem, vêm, com sabedoria,. pa­ciência, energia e amor, orientando seu povo, possibili­tando a sua sobrevivência dentro da desumanizaçã6 es-.cravista e da crueldade do racismo pós-abolição.

Além do conforto espiritual que o Candomblé signifi­ca, o terreiro é a comunidade fraterna onde os afro­brasileiros têm podido manter seus laços de famíliua san­güínea e de família religiosa.

Dentre essas grande mulberes negras da Casa Branca,quero celebrar a Dona Juliana Silva Baraúna, Yakekerêdo templo do Engenho Velho. Depois de amanhã, dia 23de outubro, Dona Juliana - ou Mãe Teté - completa50 anos de sacerdócio; sua feitura como Yaô, primeirodegrau na hierarquia do Candomblé aconteceu a 23 deoutubro de 1933, quando ela tinha apenas 16 anos deidade.

Dona Juliana Silva Baraúna - Mãe Teté - nasceu àRua dos Marchantes, n9 42, bairro do Carmo, na cidadede Salvador, a 19 de junho de 1916, filha de Maria Joséda Silva e Lino Silva Baraúna. Sua educação iorubanaprovém do lado materno. Dona Maria José da Silva,costureira de profissão, era "Abiã" da Casa Branca, sen­do possuida pelo Orixá "Oni Dadá". Dona Maria Efigê­nia da Conceição, sua avô materna, era feita por africa­nos, isto é, iniciada por sacertotes nativos de África e seuOrixá era "Oxá Oforu", um dos muito títulos de Oxalá.

Ainda na sua linha avuncular e digna de mençãoregistra-se Tia Santana, sua bisavó, cujo afixá era Iansã,sob o nome de "Oyá Funké".

Consta que sua mãe, Dona Maria José da Silva, tinhao privilégio de celebrar cerimônias do seu santo em casa.Quando a certa altura de sua vida religiosa, Dona MariaJosé da Silva foi para a Casa Branca, estava grávida demãe Teté. Em razão disso, Mãe Teté ao nascer, por forçados papéis rituais desempenhados por sua mãe na ativi­dade religiosa, teve o seu berço muitas vezes arranjadoentre os "pepelés" do templo.

A iniciação de Dona Juliana Silva Baraúna, Mãe Teté,no sacerdócio da tradição dos Orixás se deu por voltados 16 anos aos 17 anos, quando foi guiada na camari­nha por Dona Adêlia de Xangô, sendo que fê-Ia sacerdo-

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11400 Sábado 22

tisa "Oin FunKê", Mãe Maximiana Maria da Con­ceição, a famosa Yalorixá Tia Massi. Na cerimônia dcsua sagração sacerdotal foi "Ebami" Tia Totonha, ''''A­xogun" O Senhor Marco e "Alabê", tambêm um outroSenhor Marco.

Por volta de 1962, no mesmo dia em que Maria Dco­linda Okê foi confirmada Yalorixá do Axé Ilê Lyá NassôOká, Mãe Teté foi feita Yakekerê desse templo.

Mãe Teté, de profissão bordadeira aprendida no Colê­gio Azevedo Fernandes, no Pelourinho, seguindo umatradição das velhas negras da Casa Branca, vendedorasde fato no Mereado Santa Bárbara, tornou-se por algumtempo quitandeira, vendendo aearajé, eocada, bolos demilho e de carimã, manauê de milho e arroz, sarapateletc. nos bairros do Uruguai e do Machado.

Dona Juliana Silva Baraúna, Mãe Teté, tem um únicofilho, Antônio Silva Passos.

Muitos freqUentadores dos templos africanos afirmamque Mãe Teté, quando possuída pelo seu Orixá Oyá Ni­ra, é a Iansã mais bonita jamais vista.

Dentre os traços mais relevantes da sua personalidade,forjada na cultura iorubana, está o equilíbrio eom quedesempenha as suas funções sacerdotais, atenta a um sótempo, ao particular e ao genérico, ao próximo e ao dis­tante. É enérgica e doce, sempre.

Súbito, transmuda-se numa sedutora irresistível.No próximo domingo, dia 30, a comunidade negra do

Brasil se dirige em espírito para o Terreiro do EngenhoVelho - a Casa Branca. Muitos outros, como este De­putado, estarão de corpo presente participando dessafesta religiosa tão rara na histór!a dos cultos afro­bras.ileiros, da celebração, em vida, de uma Yalorixá,que há meio século exerce o sacerdócio no templo afro­brasileiro mais antigo do País.

Com justo orgulho e como representante do meu povonesta Casa, registro as homenagens que devemos à nossaeminente sacerdotisa e unimos a nossa voz e a voz coleti­va da raça negra:

Axé, Mãe Teté!Sr. Presidente, Srs. Deputados, celebrando essa valen­

te e sábia negra da Bahia, quero também testemunhar omeu repúdio c a minha revolta contra a forma com quefreqUentemente é tratada a população negra naquele Es­tado. Ainda reccntcmente, no último dia 7 de Setembro,os negros do bairro de Liberdade, da comunidade de li­berdade, estavam proeedendo, como fazem hâ váriosanos, à lavagem do Quilombo do Orumilá. A lavagemsignifiea um passeio procissional pelo bairro. De repen­te, os negros foram violentamente agredidos pela políeiamilitar daquele Estado, e sem nenhuma razão, sem ne­nhum fundamento foram presos os meus irmãos de raçaApolônio de Jesus, Lino de Almeida e Freitas. Esteseram os eoordenadores da lavagem do Quilombo Oru­milá. A políeia. eomo sempre faz ncssas oeasiões, aeusouos negros de perturbarem a ordem promover distúrbiosna via pública. Entretanto, sabemos que a Bahia é o Es­tado das grandes festas religiosas católicas e essas festas,via de regra, não recebem esse tratamento violento e in~

tempestivo por parte das autoridades. Isso oeorre comtodas as manifestações culturais da raça negra. Por isso,quero deixar registrado aqui o meu protesto c o meu re­púdio, porquanto ao negros que começaram a cons­trução deste País, pela Bahia, plantando a cana, depois oalgodão, depois o café, depois trabalhando na mine­ração, esses descendentes dos africanos têm o direito aorespeito à sua condição de cidadãos brasileiros e não aesta definição que a sociedade dominante freqUentemen­te lhes tem impingido - a definição de marginais.

Gostaria, também, aproveitando esse momento de ce­lebração das mulheres da minha raça, lembrar que na ci­dade de São Paulo está ocorrendo agora fato análogo.Trata-se do Conselho Estadual da condição Feminina,criado pelo Governador Franco Montoro. O Conselho éconstituído de 15 mulheres. Pois bem, dentre essas 15

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

mulheres, não há uma negra sequer. As mulheres negrasdaquele Estado estão, com justa razão, reivindicandoparticipar também deste Conselho, porquanto sabemosperfeitamente que os problemas da mulher branca nãosão os mesmos da mulher negra. A mulher branca sofrenaturalmente várias restrições e muita discriminação, emvirtude da cultura machista que preside o processo his­tórico do nosso País. Entretanto, a mulher branca jamaisfoi sistematicamente, legalmente estuprada pelo branco;elajamais foi forçada, de uma forma coletiva, a ser obje­to sexual do senhor, daquele com mais poder econômico,daquele com mais status sacia!. Mas esta é exatamentc acondição da mulhcr ncgra. As mulheres africanas teste­munham, com seus filhos mulatos, esta violência sofridadurante o tempo da escravidão, violência que continuaquando a sociedade dominante nega ã mulher negra osespaços onde ela pode, realmente, resgatar a sua dignida­de e descmpenhar o papel de mulher igualitariamentecom suas irmãs de outras raças.

Fazemos, desta tribuna, um apelo a S. Ex' o Governa­dor Franco Montoro, do Estado de São Paulo, para queacolha a indicação do Coletivo das Mulhcres Negras deSão Paulo, que indicou, para integrar o Conselho Esta­dual Feminino, as irmãs negras Teresa Santos, comomembro efetivo, e Vera Lúcia Siqueira, para suplente.Vemos que a pretensão das mulheres negras é bastantemodesta, porquanto, se fôssemos reivindicar os nossosdireitos de acordo com o percentual negro na consti­tuição do povo brasileiro, veríamos que qualquer reivin­dicação da minha raça deveria exigir pelo menos 70% delugarcs, pois o povo negro forma o contingente majori­tário disso que chamamos povo brasileiro. No entanto,é-nos negada mesmo uma participação puramente sim­bôlica nesse Conselho.

Apelo ao espirito de justiça dc S. Ex' o GovernadorFranco Montoro, para que acolha a indicação, nomean­do nao apenas as indicadas, mas algumas outras mulhe­res negras, que podem, com muita dignidade, consciên­cia e sabedoria, defender os interesses da comunidadenegra de São Paulo nos altos conselhos do Estado e doseu Governo.

Para terminar, insistem em que o Brasil, para dar,realmente o grande passo no caminho da constituição deuma sociedade fraterna, democrática c igualitária, temque se exonerar dessa carga preconceituosa, dessa cargade racismo que carrega desde os tempos coloniais. A es­cravidão acabou, mas o negro ainda continua sofrendoas desvantagens sociais, as desvantagens econômicas, asdesvantagens culturais e políticas que deveriam ter ter­minado a 13 de maio de 1888.

É por isso que, desta tribuna, estamos conclamando aconsciência progressista, a consciência justiceira, a cons­ciência igualitária dos meus colegas, ilustres, Deputadose Senadores deste Congresso Nacional, para que ajudema erradicar esta grande desvantagem social, esta crueldcstituição que a raça negra ainda sofre neste País.

Não vamos deixar que os ânimos se envenenem, por­que o negro é humano esta parmanência na desgraça ena negação dos seus direitos fatalmente o levará a umaatitudc de revolta violenta. Porque a revolta já está nacomunidade negra. até agora ela tem se pautado dentrodos caminhos institucionais e da ordem, a comunidadenegra tem feito a sua revolta dentro das instituições legí­timas do País. Mas ê evidente que a reiteração na ne­gação desses direitos fatalmente levará a comunidade ne­gra deste País a uma atítude menos pacífica, e então ireN

mos enfrentar tempos temp~stuosos de confrontação ra­cia!. Vamos, por excmplo, a 18 de novembro próximo,realizar no Rio de Janeiro uma grande marcha contra oracismo e a discriminação racial. É uma marcha pacífica.Vamos apenas expor enfaticamente aquilo que conside­ramos de justiça para o nosso povo negro. Dentre ositens dessa luta contra o racismo e a discriminação ra·cial, consideramos que o Brasil tem que cortar imediata-

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mente as relações diplomáticas com a África do Sul, cor­tar as relações econômicas com a África do Sul, cortar asrelações aviatórias com a África do Sul. Aliás, cortandoessas relações com a África do Sul, o Brasil não estará fa­zendo nada mais nada menos do que cumprir seus com­promissos assinados nas Nações Unidas, porque o Brasilassinou compromissos nas Nações Unidas mas continuamantendo esses laços espúrios com um País nazí­fascista, um país que tem o crime legahnente instaladonas estruturas de poder. O apartheid não é apenas umamanifestação tópica de discriminação racial: é um crimeinstituído contra os negros. E nós chamamos a atençãodc S. Ex's para o fato dc que sc lá houvesse um nazi­fascismo racista contra uma nação branca, toda a cons­ciência do Brasil estaria de pé gritando, condenando e re­pudiando. No entanto, como se trata de um nazi­fascismo que mata negros, vemos um siléncio tumular,vcmos, muito pelo contrário, órgãos da imprensa endos­sando e sustentando essa campanha apartheísta e genoci­da da África do Sul. E nós citamos, apenas para ilustrarcom alguns exemplos, "O Estado de S. Paulo", que tempatrocinado o apartheid nas suas colunas, e principal­mente. o "Jornal do Brasil", que tem reiteradamentepublicado editoriais endossando a África do Sul comoum grande parceiro para o Brasil. ora, o Brasil foi umdaqueles que ajudaram a combater, de armas na mão onazi-fascismo de Hitler. Pois lá está instalado tambémoutro nazi-fascismo hitleriano; simplesmente, em vez dematar os judeus, agora esta matando a raça negra.

A consciência das classes dominantes do Brasil está in­sensívcl a esse clamoroso crime que se eomete à vista dochamado mundo civilizado. Mas ê o mundo da civili­zação ocidental e cristã que tem sido para o negro umacivilização autoritária. Por isso clamamos daqui que O

negro não esteve sob um regime autoritário apenas du­rante os vinte anos de governo militar; nós estamos sobregime do autoritarismo há quase 500 anos. Para nós, to­dos os governos, todos os regimes deste País têm sido di­tatoriais, autoritários. e por isso precisamos, agora quefalamos em abertura, que estamos às vésperas da cons­trução de um Brasil novo, tcr em mente esse dado funda­mental para essa nova organização social e política donosso País. Precisamos descolonizar-nos exorcizar-nosdesses males que ainda perduram dos tempos da escravi­dão precisamos realmente reconhecer a nossa verdadeiraface, deste Brasil construído pclo negro, a face deste Paísq1,1e os africanos sozinhos construíram com sangue, suor,lágrimas c muito sofrimento. No entanto, esses constru­tores do País são considerados cidadãos de segunda clas­se. E tanto são considerados cidadãos de segunda classeque em geral nos condenam com um racismo ao reverso,quando advogamos o nosso direito de igualdade, o nossodireito de ver-nos representados em todos os níveis depoder. Enquanto não existir a presença negra em todosos níveis de poder, em todas as instituições deste País,entaremos aqui clamando: este País é racista, este País éuma cópia sul-americana da África do Sul, este Brasilnão tem o direito de falar em democracia, este País nãotem o direito nem mesmo de falar em Cristo, porque nãodiscrimina as raças, nem as culturas, nem os seres huma­nos. Aqui há uma grave discriminação, um grave despre­ZO pela raça negra, uma grave humilhação a esta maioriaque constitui o segmento negro do nosso povo. No en­tanto, quando aqui apresentei o pedido da constituiçãode uma Comissão do Negro, exatamente para que a casativesse seus próprios dados concretos dessa situação dra­mática vivida pela comunidade negra, este projeto foiimediatamente fulminado por um relator da Comissãode Constituição e Justiça. porquc realmente não se querconhccer cssa realidade. Grande parte dos meus colegasnão quer conhecer o que realmente o negro sofre. Que­rem viver na ilusão da democracia racial. Querem perpe­tuar essa falsa imagem de um Brasil igualitário, de umBrasil paraíso de raças. Mas nós, os negros, sabemos que

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esse paraíso tem sido um inferno, um inferno de dor, uminferno de destituição, porque nosso paraíso está nosmocambos, nas favelas, nas residências coletivas, ondesó há sujeira, só há fome, só há miséria, onde as nossascrianças já nascem condenadas à morte. Já no ventre dasmães as crianças negras estão condenadas. E isso ocorrenão simplesmente porque são pobres - há tambémcrianças pobres de raça branca - mas porque a maiorianegra nunca teve nenhuma oportunidade de, coletiva­mcntc, galgar a posição a que tem direito, pclo seu papelfundamental e decisivo na construção deste País.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero, homenageandoesta grande sacerdotisa negra da Bahia, celebrando asmuheres da minha raça, mais uma vez elevar a minhavoz cansada, que começou a gritar contra o racismo ain­da quando tinha apenas 7 anos. Tenho quase 70 anos deidade e essa minha luta pcla igualdadc, por uma verda­deira democracia racial neste País, começou quando ain­da tinha 7 anos. Entretando, pouca coisa mudou, porquea estrutura de dominação racista é tão perfeitamente ar­quitetada, é tão diabolicamente construída que poucacoisa muda durante séculos. Vemos quc o Brasil tornou­se independente e o negro continuou escravo; veio aAbolição e o negro continuou escravo de fato, emboranão de direito, veio a República e o negro, em vez de gal­gar a condição de cidadão, passou a ser aquela figuraque o Código Penal define como vadiagem. E a domi­nação política continuou definindo que só poderiam vo­tar os alfabetizados. Ora, o negro vcio da escravidão e naescravidão ele era coisa, não podia aprender· a ler ou es­crever. Esmagaram e erradicaram suas línguas de ori­gem. Como ele poderia então ser este cidadão proclama­do pela lei da Abolição? Tudo farsa. E essa farsa temosdenunciado. Sr. Presidente. Temos que falar a verdade aesta Nação, temos que falar a verdade, se queremos defato, realmente, efetivamente, criar um Brasil igualitário,justo, soberano e democrático. Muito obrigado. (Pal­mas)

O SR. CLARCK PLATON (PDS-AP. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, ésobremaneira honroso para mim ocupar pela primeiravez, no horário do Grande Expediente, os microfonesdesta Casa para tecer considerações sobre a minha rc­gião, sobre o Território que tenho a honra de representarno Congresso Nacional.

O Amapá completou, há poucos dias, 40 anos comoTerritório Federal, e caminha, acreditamos, a passos de­cididos para sua emancipação política, em futuro que es­pcramos esteja bastante próximo.

Sua história, nessas quatro décadas de existência, estárepleta de acontecimentos importantes, em que a bravu­ra, o trabalho e o esforço dos amapaenses são responsá­veis por conquistas notáveis para toda a Região Amazô­nica e para o País.

O Recenseamento brasileiro de 1940, Sr. Presidente,mostrava uma realidade desoladora a definir aquele es­paço do Brasil setentrional: a economia, paupérrima, de­pendia basicamente do extrativismo, sem critérios racio­nais ou técnicos: o comércio, incipiente, sem qualquerlastro, realizava-se apenas com as Guianas e praças vizi­nhas, timidamente; não havia estradas de ferro e de ro­dagem, sendo a navegação fluvial e a vapor a única alter­nativa disponível, assim mesmo, sem apoio e condiçõesadequadas, para a contato com a grande cidade e até acivilização, que era então Belém. Setores como educaçãoe saúde não dispunham de qualquer sinal de infra­estrutura, e a população, bastante rarefeita, vivia sobverdadeiro isolacionismo e condições de extrema pobre­za.

Tudo estava por ser feito naquele estratégico pedaçodo território brasileiro, cujas potencialidades, aliadas àsituação geográfica, despertavam a cobiça de outros paí­ses, interessados em ali implantar bases para ampliação

OTÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

dc poderio político e econômico, como já fora sobeja­mente demonstrado quando da luta com os franceses,galharda e valentemente expulsos por Cabralzinho, ogrande brasileiro, herói do Amapá.

A criação do Território Federal do Amapá, em 13-9­43, constituiu assim decisão acertada do Presidente Var­gas, não somente pelo aspecto da segurança interna,como também pelo propósito de dotar a área de uma es­trutura administrativa que, embora provisória, atendesseaos requisitos mínimos para a realização das primeirasobras saneadoras e colonizadoras, visando à fixação dohomem. Do passo inicial concretizado em que se desta­cou a figura do grande brasileiro c patriota Janary Nu­nes, uma segunda etapa importante haveria de acontecerquase trinta anos depois, em janeiro de 1969, com oDecreto-lei 411 dispondo sobre a administração dos Ter­ritórios e organizações dos seus municípios.

Os objetivos do Decreto-lei 411, Sr. Presidente, não seprendiam exclusivamente aos preceitos de segurança e decolonização dos Territórios. Revelavam-se, acima disso,como precursores à conquista, por essas áreas, da con­dição de Estado da Federação, através da aceleração nolevantamento das suas riquezas, seu aproveitamentomais efetivo e racional e a concessão de assistência técni­ca e financeira para a realização de obras em áreas bási­cas e fundamentais.

Atividades fins de uma administração regional passa­ram a contar com órgãos próprios para o seu atendimen­to, indiscutivelmente adequados ao estágio em que se en­contram o Amapá e, até mesmo, a administração públicado Brasil.

Agora, passados outros quinzes anos, totalizando 40anos de vida, a organização administrativa do Amapá,bcm como dc Roraima, precisa ser modernizada e dina­mizada, em função dos novos pressupostos e necessida­des vigentes naqueles dois Territórios Federais.

Muito se fez nas quatro décadas de vida do Amapá, éverdade, graças mais à tenacidade do Povo Amapaense,somado aos Brasileiros de todos os rincões de nossa Pá­tria e de estrangeiros que escolheram o Amapá para asede de suasvidas, lá implantando também os seus patri­mônios.

Através dos principais eixos rodoviários projetados, aBR-156, principalmente, verdadeira espinha dorsal doTerritório, que permite a ligação dos Três Municípios in­cluídos nas áreas selecionadas depois ao Poloamazônia,Amapá, Calçoene e Oiapoque, e a BR-2l0, a PerimetralNorte, responsável pela ligação entre o Amapá e Rorai­ma, c1iminou-se o caráter de isolamento, com a decisivacontribuição já então das vias de navegação fluvial, quereceberam incentivos para constante e intenso aproveita­mento, e que teve da parte do empresariado a melhorresposta. Os portos de M acap"á e Santana, com capacida­de para atender não apenas a embarcações de pequenoporte, mas navios de consideráveis cargas, de até mais de35.000 toneladas, possibilitam o fluxo da entrada e saídade produtos, em comércio que se ampliou muitas vezescom o Amazonas, o Pará, outros Estados brasileiros epaíses vizinhos e distantes, estes principalmente em ra­zão da exportação do nosso minério de manganês, deque o Amapá é o maior produtor e exportador brasilci­ro.

Concedo o aparte ao nobrc Deputado Paulo Guerra.

O Sr. Paulo Guerra - Nobre Deputado, V. Ex' no diade hoje, como mencionou ao iniciar seu pronunciamen­to, faz a sua estréia na tribuna desta Casa como um dosrepresentantes do povo amap~ense na Cámara Federal.Estréia V. Ex' com um sentido de oportunidade e muitofeliz nas suas colocações, porque, procura traçar um per­fil dtl retllidtlde amtlptlense, fazendo um cotejo históricode acontecimentos de ordem constitucional da criaçãodo Território, como também se espraia um pouco quan­to a eventos de ordem histórica, quando relembra o nos-

Sábado 22 1140!

so grande herói Cabralzinho. Daí por que, nobre Depu­tado, congratulo-me com V. Ex' c, ao ouvir as suas pri­meiras colocações, cu não poderia deixar de estabelecercomparações. Em primeiro lugar quero observar o Terri­tório do Amapá com uma existência de 40 anos, a suaorigem, a sua luta, o pioneirismo daqueles que para láforam nos idos de 40, 42, 43, a luta aguerrida de Cabral­zinho e a luta que persiste, hoje, por parte de todos osamapaenses que buscam melhorcs dias para sua terra epara o seu povo, como é o caso de V. Ex' Heróicos fo­ram aqueles, que até meSmo colocando em jogo a suaprópria vida, procuraram defender o Amapá; heróicossão aqueles que lutam diuturnamente para que, mesmosahendo ter sido o Território do Amapá criado sob a égi­de de uma ditadura, possa esse mesmo Amapá ter, a cur­to prazo, a sua emancipação, o exercício plcno da sua li­berdade, dentro do espírito democrático. E, lamentavel­mente, sem conflitar com o pronunciamento de V. Ex',ao contrário, solidarizando-me, a ele, deixo, entretanto,o testemunho de que, como bem V. Ex' falou, urge quc oGoverno Federal tome imediatas providências no scnti­do de que cesse esta figura csdrúxula de Território, estaexcrescência jurídica que é a figura do Território Fede­ral, e que possamos ter legitimado, dentro dos princípiosbasilares da democracia, um Governo que traduZ"- o sen­timento do nosso povo que se dê um basta a esta praxede nomeação de Governadores, como temos o último lá,cuja administração, ao invés de se configurar por atitu­des que possam desenvolver o Território do Amapá,caracteriza-se muito mais pelos atos de corrupção e pelasperseguições, mesquinhas, que agridem e violentam aconsciência do nosso povo e da nossa terra. ParabenizoV. Ex', porque acredito piamente que as suas convicçõesde brasileiro e de homem do Território haverão deinspirá-lo sempre para persistir na sua luta, apoiando-seem todos aqueles companheiros da região, para que tc­nhamos um Amapá forte no futuro, liberto dessa rema­nescência malsinada de um Estado Novo, quando sur­giu, em plena ditadura, e que o Amapá se caraterize pelaliberdade, pelo progresso e pelo desenvolvimento.

O SR. CLARK PLATON - Muito obrigado, Depu­tado Paulo Guerra. Tenho certeza de que o conteúdo desuas palavras perfeitamente com a maneira que tenho dever o aspecto problemático que o nosso Território apre­senta. Suas palavras muito enriquecem meu pronuncia­mento.

Prossigo, Sr. Presidentc.O Território do Amapá, ainda, em conseqüência das

riquezas minerais exploradas, possui tambêm ferrovia dealta categoria, a primeira de bitola larga de toda a Ama­zónia, fazendo a ligação da Serra do Navio ao Porto deSantana, com uso obrigatório ao tráfego público de car­gas e passageiros, por força de contrato, embora funda­mentalmente voltada para o transporte de manganês,sob a responsabilidade da indústria c Comércio de Mi­nérios S.A. - ICOMI, empresa brasileira de mineração.

O manganês, Sr. Presidente, representa notável rique­za amapaense desde 1954, quando se iniciara a execuçãodo projeto das jazidas descobertas oito anos antes e jáem 1953 declaradas, por ato do Presidente da República,economicamente vantajosas do ponto de vista nacional.Graças à produção amapaense, o Brasil inclui-se entre osexportadores desse importante minêrio para a indústriasiderúrgica, deixando de ser importador então, ele quefunciona como agente desoxidante, fundamental para asligas do tlÇO indispensável para a melhoria na qualifi­cação do scus produtos. Na competitiva concorrência in­ternacional, com países tradicionalmentc exportadorescomo a União Soviética, África do Sul, Austrália, Ga­bão e India, a posição do minério do Amapá consolidou­se efetivamente, a partir de matéria-prima com alta qua­lidade, determinando ainda o surgimento da primeirausina de pelotização de manganês do Brasil c quiçá das

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Américas, para tornar o manganés do Amapá maisatraente na concorrência internacional.

A província mineral do Amapá não se restringe aomanganês, comprovadas que estão as reservas de ferro ebauxita, ouro c outros minerais nobres, entre os quais atentalita, com volumes suficientes, inclusive, para viabili­zarem a implantação de indústrias no Território, sendoque, recentemente, conforme farto noticiário da impren­sa nacional, uma nova província mineral, talvez superiora Carajás, em valor econômico, acaba de ser detectadanas faldas do Tumucumaque.

A agricultura amapaense, Sr. Presidente, fundamentalpara qualquer processo de colonização, infelizmente, po­rém, ainda não superou o caráter de subsistência,denotando-se o baixo nivel tecnológico no aproveita­mento de áreas agrícolas, sem, por isso, atingir produçãosuficiente para atender à necessidade da demanda popu­lacional, que determinaria a expansão migratória exter­na e interna, que tanta falta faz ao povoamento do Terri­tório.

Ouço o aparte do nobre Deputado Mozarildo Caval­cante.

o Sr. Mozarildo Cavalcante - Deputado Clarck Plan­ton, é com muito prazer que ouvimos V. Ex!, digno re­presentante do Território do Amapá. Nós, representan­tes do Território de Roraima, não poderíamos ficar au­sentes do seu pronunciamento. Inicialmente, queremosparabenizá-lo pela brilhante exposição que faz a respeitoda figura do Territorio Federal e a análise aprofundadado desenvolvimento econômico que estas regiões, atécerto ponto objetivaram, e que agora, parece-me, chega­ram a am ponto em que não só estagnaram, como estãoem declínio. E V. Ex' traça com bastante competênciaesse quadro, ao mesmo témpo em que apela para quepossamos - Amapá e Roraima - muito breve, sair des­ta condição arbitrária. ditatorial de Territórios Federaisgovernados por alienígtmas, e partirmos para comporrealmente o quadro da República como Unidade da Fe­deração. V, Ex' também menciona um tópico relativo àmineração, c O que temos observado, depois de lantosanos de exploração do manganês do Amapá, ê que, narealidade, Q manganês do Amapá serviu à economia bra­sileira, mas muito pouco serviu à economia interna doAmapá, pois os lucros auferidos com a exploração desseminério deixaram ao o Amapá muito pouco relativa­mente ao muito que foi produzido e explorado. Portan­to, neste momento gostaria de deixar registrada aqui anecessidade que temos nós, Parlamentares, representan­tes do povo daquelas subunidades da Federação, de ad­vogar que a exploração das riquezas ~'àturais dessas re­giões, tão decantadas pelo aspecto da segurança nacio­nal, seja feita através das companhias de desenvolvimen­to regionais próprias de cada Território, exigindo assim,não só o aproveitamento da mão-de-obra local, como apermanência , no Território, dos recursos, dos lucrosauferidos por essa exploração, de maneira a contribuirpara a consolidação da economia desses futuros Estadosda Federação.

o SR. CLARCK PLATON - Muito obrigado, Depu­tado Mozarildo Cavalcanti. Fico muito grato pela com­plementação que. V. Ex! presta ao meu discurso. Co­nheço perfeitamente o clima do Território de Roraima,naquilo que conceme aos anseios de ver as transfor­mações que V. Ex' deseja, que são semelbantes às nossas,no Território do Amapá.

Ouço o nobre Deputado Mílton Brandão,

o Sr. Milton Brandão - É uma satisfação apartear oilustre Deputado Clark Planton, para, no seu importantediscurso, manifestar também a nossa solidariedade e asnossas preocupações com o Território do Amapá, criadohá cerca de quarenta anos. Estivemos na sua gleba,quando era g~vernada pelo ilustre Cel. Janary Nunes,convidados :.:t visitar o iJ;,mapá, peJo seu pranteado ir~

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

mão, Deputado Guaracy Nunes, colega que recordamoscom saudades, pelo companheirismo, pela lealdade epelo 'espírito público demonstrado em favor daquela re­gião do Norte do Brasil. De modo que estou de acordocom o ilustre colega, em que as potencialidades do Terri·tório do Amapá, a sua riqueza em minério e os seusgrandes rios navegáveis somente poderão ser de fato pro­dutivos se aquele território adquirir autonomia comple­ta, se ele passar a ter o seu Governo eleito pelo povo e,afinal de contas, possam surgir também as manifestaçõesde todas as tendências populares para que, num conjun­to harmonioso, possam levar a efeito o desenvolvimentodaquela região. Parabenizo V, Ex' pelo pronunciamentoque faz. Continue sua luta com os demais companheiros,e alcançará O objetivo desejado.

o SR. CLARK PLANTON - Muito obrigado a V.Ex' pelo aparte. Devo dizer que tenho uma alegria imen­sa em incorporar as palavras de V. Ex' ao meu pronun­ciamento, uma vez que sou testemunha, nesses meses to­dos, neste recinto do Congresso brasileiro, da luta ingen­te que V. Ex! tem dedicado em favor do Nordeste, comuma pertinácia e uma sinceridade verdadeiramente to­cantes. V. Ex' realmente não se sente bem quando sabeque milhões de brasileiros, seus eonterráneos, estão vi­vendo dias piores.

~rossigo, Sr. Presidente.A mandioca, o arroz, o milho, o feijão, a batata-doce,

a cana-de-açúcar, a pimenta-da-reino e a banana, impor­tantes, face aos indices de produtividade alcançados e àbaixa incidência de doenças, poderiam ser culturas extre­mamente rentáveis e representativas do setor do Amapá,carente que está - repito - de maiores estímulos eações racionalizadores.

Na verdade. o Amapá necessita de projetos de coloni·zaçõo e desenvolvimento, no Vale do rio Vila Nova, porexemplo, onde envolveriam empreendimentos agromine­rais; também ao longo de rodovia:) federais, fa:;::cndo-3c adistribuição de lotes de terras a colonos, visando ao cul­tivo de ]lOTtifrutigranjeiros e a p!:cuúria; nn~ n~giõe~ do13a1;;o e Médio Araguari, para aumento das áreas colol1i­zadas j Com apoio à agricultura e ~xpansão da pecuâria;projetos que façam aumentar a estrutura dr; apoio à na­vegação dos rios Jari, Vila Nova, Araguari, Oiapoque edemais via:, nos seus extensos trechos navegãvcis~ proje­tos visando à pesca, atividade que sustenta grande parce­la de amapaenses, mas que precisa de apoio técnico e fi­nanceiro para desenvolver-se e consolidar-se definitiva­mente.

A pecuária bovina também se inclui como atividadetradicional, embora seus rebanhos integrados por mes·tiços de zebu, de baixa fertilidade, reduzido peso de car­caça e do tipo pouco desenvolvido, não ofereça valoreconómico substancial. A criação de búfalos demonstra- esta, sim - perpectivas bem mais favoráveis, pelaqualidade das terras disponíveis. ao mesmo tempo emque pesquisas realizadas nos domínios da agrostologia eda zootecnia, em especial evidenciam que se pode encon­trar tipo racial mais adequado para a região, conformedados de organismos federais, desde que continuem a serfeitas experiênêias, estudos e pesquisas sobre o assunto.

Vale ressaltar, na mudança da pecuária da nossa re­gião, em método, qualidade de rebanho e seu progressi­vo crescimento, o papcl decisivo e fundamental, de apoiofinanceiro e encorajamento empresarial que tem repre­sentado para o Amapá a SUDAM, notadamente nos úl­timos 5 anos,

Assim é que foi possibilitado o surgimento do DistritoIndustrial de Macapá, onde inúmeros projetos indus­triais estão já implantados ou em implantação, e ainda,graças à SUDAM, um grande l1úmero de projetos agro­pecuários jâ permitiram a entrada de mais de 10,000 suí­nos na região.

A suinocultura, empreendimento complementar âagricultura, especialmente Dara famílias de menor con­di"ao econômica, deverá sair da situação de atividade ex-

Outubro de 1983

tensiva, para adquirir características de um trabalho aser realizado com técnica e comprovados métodos cientí­ficos de criação. Precisa apoio. O mesmo ocorre com aavicultura, cujo incremento na produção de ovos c defrangos para corte depende da formulação de programasespecíficos, pelos quais se garanta preço justo aos produ­tores e. sobretudo, se estimule e encorage a iniciativa pri­vada para esse fim. Que a ação governamental fique sócomo reguladora.

Daí, S~. Presidente, a minha disposição em apresentara esta Casa - o que já fizemos - projetos de lei dispon­do sobre a destinação de recursos de incentivos fiscaispara projeots de colonização e desenvolvimento nos Ter­ritórios Federais do Amapá e de Roraima, que darão àsduas Unidades, tenho absoluta convicção, muito do quelhes falta para buscar desenvolvimento efetivo e harmo·nioso. Não serão necessários recursos adicionais queviessem a sobrecarregar os cofres públicos, pois as apli­cações a serem feitas pelas respectivas companhias de de­senvolvimento - a CODEASA, no caso do Amapá ­terão por base parcelas dos fundos de investimentos quehá muitos anos beneficiam áreas geográficas e setoreseconômicos, mas que não foram alocados para os Terri·tórios Federais. Tambêm, projetos propondo a isençãode impostos, lCM, IPI e de Importação, quando o fatogerador foi empreendimentos agroindustriais, no Ama­pá, foram apresentados por nós como uma grande moti­vação para atrair os investidores.

Esses projetos, que julgo indispensáveis para o Ama­pá, proporcionarão uma distribuição espacial dos ama­paenses muito mais racional do que se observa no pre­sente. Hoje, dos quase 200 mil habitantes do Amapá ­insignificante população para 40 anos de colonização,com densidade de 1,3 habitante por quilômetro quadra­do - menos de um terço localiza-se nas zonas rurais, re­presentando a média de 0,5 habitante por quilômetroquadrado. Eis a razão do empobrecimento da nossa eco­nomia. /t fixação do homem no campo e na lavoura. des­congestionando as áreas urbanas? sô serâ possível atra­vés de empreendimentos oficiais, com recursos públicosque ofereçam estimulo ao plantio, à criação e a agroin­dústria, conforme prevêem os projetos de colonização aque faço referência. O crescimento da economia doAmapá, Se Presidente - não disponho de dados oficiais- duvido que seja superior n zero.

Com esse mesmo objetivo, ainda devem atuar o Insti­tuto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - IN­CRA, e o Grupo Executivo para a Região do BaixoAmazonas - GEBAM, promovendo ações que regulari­zem a questão fundiária, providenciando a distribuição etitulação de terras àqueles que já ocupam OU desejamtrabalhar em áreas produtivas. O Amapá, Sr. Presidente,tem muita terra devoluta. Para isso, não é preciso confli­tar terras já tituladas e trabalhadas.

Não é por falta de sugestões e alternativas, portanto,que o Amapá continuará a manter a estagnação econô­mica a que está submetido, nem por carência de poten­cialidades. Estamos procurando observar, neste espaçode tempo do nosso pronunciamento, o quanto o Amapádispõe de condições para promover a arrancada rumo aodesenvolvimento. A abordagem sobre as deficiências so­ciais, nas áreas de saúde, educação, habitação, por exem­plo faremos em outra oportunidade.ló: da ordem e conse­qüêneia do empóbrecimcnto econômico de que falamos.Hoje, o objetivo é demonstrar que, se bem administradosos recursos de que dispõe, e o Ministério do Interior nãotem medido esforços para isso, o Amapá terá condiçõesreais para garantir à sua gente qualidade de vida bem su­perior à que tem desfrutado a imensa maioria dos ama­paenses.

No campo da energia, a Hidrelétrica Coaracy Nunes,no rio Araguari, permite resolver o problema energéticodo Território, garantindo o abastecimento às indústraisque lá se instalarem. sem transtornos que pudessem torm

nar inexeqüíveis OU inviáveis, economicamente, projetosindustriais. Até diria que fi falta de imaginação de gover-

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nantes tem permitido o lançamento diário de energia ge­rada, excedente, nas águas do rio. Em razão disto, apre­sentamos também um projeto nesta Casa, visando a darmaiores rendimentos sociais à energia de nossa hidrelé­trica.

Vejam, Srs. Deputados, que o Amapá dispõe de recur­sos em todos os sentidos, mas se encontra estagnado nes­ses anos mais recentes, como se tivesse atingido umestágio-limite de desenvolvimento não superável, si­tuação com a qual não podemos, absolutamente, con­cordar.

Já mencionamos, embora por idéias gerais, as poten­cialidades agropecuárias e minerais do Território, entreas quais devemos incluir a madeira, a castanha-da-pará,a borracha, as oleaginosas e as espêcies aromáticas.

A pesca nos lagos e rios amapaenses, considerados en­tre os mais piscosos do Brasil, e na sua linha costeira,apontada como a maior fonte supridora individual domundo, por seus extraordinários bancos camaroneiros,precisa ser preservada da cobiça internacional, Sr. Presi­dente, pela facilidade de captura que essas áreas ofere­cem, não somente porque dela dependem centenas defmaílias que se dedicam à pesca artesanal, mas porqueurge estimular a ida do empresariado nacional paraaquela região, visando ao resguardo de uma riqueza deque o Amapá pouco ou quase nada se tem beneficiadopara o crescimento da sua economia. A falta de maiorapoio à comercialização do peixe, através de uma estru­tura que beneficiasse os pescadores e atendesse às exigên­cias de um mercado em expansão, determina perdas con­sideráveis para a economia amapaense, pressupondo-secomo condição básica a instalação da armazenagem emcâmaras frigoríficas a atender basicamente o produtoobtido. A estrutura precária que existe não funciona, e arespeito já nos dirigimos ao ExmQ Sr. Ministro da Agri­cultura pedindo socorro.

Assim, devemos conceder cunho mais empresarial àpesca no Amapá, com a presença de processos indus­triais nessa atividade, mas não podemos permitir que apesca industrial predatória, inconseqüênte, continue aser praticada por barcos de outras bandeiras, como vemacontecendo, necessitando-se, com urgência. de umaguarda-costeira, conforme acentua o próprio Ministroda Marinha, Maximiano da Fonseca, que nos alegrousobremaneira quando de sua decisão de expulsar os inva­sores piratas.

Ao início de nosso pronunciamento, afirmamos quehá 40 anos tudo estava por ser feito no Amapá, e que acriação do Território representaria o passo inicial à es­truturação de uma nova Unidade federativa.

Hoje, Srs. Deputados, muito ainda precisa ser realiza­do, a começar por uma outra concepção administrativa,autônoma, independente, com capacidade para legislar epara decidir as questões de. interesse de sua gene. UmaUnidade, Sr. Presidente, que escolha os seus governantespelo voto, configurando o compromisso formal dos quegovernam com a comunidade, fazendo-a participativa eintegrada aos problemas do seu interesse.

São inúmeras as vantagens de transformação do Terri­tório em Estado, desde que assentada em bases sólidas edefinitivas. Politicamente, substituiremos a inevitávelcondição de inferioridade, caracterizada pelo sentido as­sistcncialista do auxílio que move as ações governamen­tais, pelo reconhecimento de um direito à participaçãocomo Unidade integrante no esforço de desenvolvimentodo País. Os Estados concorrem com idênticas oportuni­dades na distribuição dos encargos e direitos, enquantoos Territórios ficam definidos como apêndices da estru­tura central de Governo, dele dependendo quase que in­tegralmente. Com a estrutura política de que dispõe osTerritórios, jamais poderemos comandar a arrancadapara o desenvolvimento de nossa economia c, assim,num círculo vicioso, nunca atingiremos a auto­sustentação econômica pretendida. Já duas gerações deAmapaenses foram sacrificadas. Urge pois, que anteci-

DI1RIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

pcmos os fatos. Com a estrutura política de Estado, sere­mos capazes de gerar a estrutura económica desejada.

Economicamente, portanto, os efeitos concorrem nomesmo sentido, podendo determinar que o Estado, atra­vês de Poder Legislativo próprio, oriente a forma porqueserão atendidas as prioridades - e principalmente asexigidas pela realidade amapaense.

A etapa de Território Federal para o Amapá, na práti­ca, está encerrada, embora legalmente permaneça emplena vigência. Afinal, os objetivos da criação de umTerritório Federal, consubstanciados na preparação daUnidade para sua futura autonomia, devem ser conside­rados como realmente cumpridos pelo Amapá. As defi­ciências e o estágio de atraso que ainda apresenta encon­trarão maiores facilidades de superação quando contarcom autonomia e uma completa estrutura de todos osPoderes.

O funcionalismo do Territôrio, configurado inicial­mente em três quadros - Tabela Única de Mensalista,Tabela de Extranumerários Mensalistas e Tabela do Pes­soal Diarista de Obras - teve sua situação parcialmenteregularizada com o advento das Leis nOs 3.780/60 e6.550/78, esta dispondo sobre a Classificação de Cargose Empregos dos Servidores dos Tcrritórios Federais.Mas a reclassificação de cargos cometeu crimes inominá­veis, sobre o quc tenho um trabalho em ultimação quepretendo apresentar ao Sr. Ministro chcfc do DASP c in­formar a esta Casa. Houve tentativas de regularizaçãoapenas parcial, e sérias distorções e impropriedades es­tão a prejudicar a situação funcional de centenas de ser·vidores, num verdadeiro crime de lesa-patrimônio, e,pior, de lesa-vida. É importante observar que a Classifi­cação de Cargos dos Servidores da União ocorreu em1970, mas para os Territórios Federais ela iniciou-se so­mente oito anos depois, e com imperfeições e injustiçasatê hoje não reparadas.

São essas as colocações que gostaria de fazer, ao enali­sar a realidade do Amapá nos seus 40 anos de vida comoTerritório. obviamente sem pretensão de esgotar todosos itens e aspectos, pois o próprio tempo não me permiti­ria fazê-lo, sobre tema complexo e tantas implicaçõesinstitucionais, econômicas e sociais.

Entendo fundamental continuar-se em outras oportu­nidades a discussão sobre a problemática amapaense,que não deve ser compreendida como algo limitado àsfronteiras geográficas do território, mas como parte inte­grante da realidade amazônica e nacional, pelas reper­cussões económicas, sociais e de segurança interna que oAmapá representa no contexto da vida brasileria.

Era o quc tinha a dizer. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Clarck Platon o Sr.Walber Guimarães, 2P- Vice-Presidente, deixa a ca­deira da presidência, que é ocupada pelo Sr. AmauryMüller. 4'-Secretário.

O SR. PRESIDENTE (Amaury Müller) - Concedo apalavra ao Sr. Deputado João Batista Fagundes.

o SR. JOÃO BATISTA. FAGUNDES (PDS - PRoPronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, existe, hoje, no Território Federal de Rorai­ma, de forma bastante disseminada, a aspiração do povororaimense no sentido da transformação em unidade au­tônoma da Federação brasileira daquelc pedaço altivodo Brasil setentrional.

E, sensível às aspirações do povo brasileiro, o Presi­dente João Figueiredo determinou, recentemente, aconstituição de um grupo de trabalho especialmente des­tinado a estudar medidas eficazes para viabilizar, emcurto prazo, a elevação daquele Território à categoria deEstado.

Povo generoso e leal à sua História, em cujos capítulosalteiam-se, iluminados, tantos nomes de heróicos desbra­vadores, o roraimense de hoje labuta incessantementeconvicto da nobreza de lutar pela justiça de uma causa. E

Sábado 22 .11403

estamos certos de que ele haverá de edificar com o suorde seu rosto mais uma estrela na Bandeira Nacional.

Sem adentrarmos no especto jurídico da matêria, queestá sendo minudentemente estudada no ámbito do Mi­nistério do Interior, trazemos à elevada consideraçãodeste Plenário alguns aspectos econômicos que julgamosoportuno analisar, sugerindo mediadas que nos parecemdo mais largo significado, para que possamos, efetiva­mente, criar um novo Estado com a dimensão de grande­za que o seu povo merece, olhando para o alto e para afrente, como os horizontes sem fins dos scus ideais.

Mesmo porque cremos firmemente que não pode ha­ver independéncia política onde houver dependênciaeconómica, sendo que o primeiro grande passo para aemancipação política reside no fortalecimento económi­co. E tal objetivo seria perfeitamente atingível, mediantea exploração racional das verdadeiras potencialidadesminerais do atual Território e aceleração de medidaspolíticas que permitam intensificar o interc'àmbio comer­ciai com os dois países vizinhos: a Venezuela e a Guiana.

É preciso que fique bem expresso, de uma vez por to­das, que Roraima não ê um mundo à parte do Brasil nãoê melhor nem pior. Mas ê, seguramente, diferente.

E por ser diferente em múltiplos aspcctos ê que cxigetem bém um tratamcnto diferenciado e especial, para qucpossa efetivamente conquistar a categoria de Estado au­tônomo. sem os riscos de ficar da dcpendência do eternosocorro do Poder Central.

Com uma extensa faixa de fronteiras, inteiramentedespovoadas, com dois países, ocupa uma posição estra­tégica que exige atenção especial por parte do Conselhode Segurança Nacional o qual deverá exercer uma vigíliapermanente até mesmo na concessão dos alvarás a seremfornecidas para quem quer que pretenda a exploraçãodos recursos minerais.

Roraima não precisa de socorro nem é terra de flagela­dos de pires na mão!

Roraima não precisa de esmolas nem de generosida­des. Mas precisa de apoio, para que possa retirar do sub­solo dadivoso as potencialidades com que lhe adotou oCriador.

O que se verifica, atualmente, em Roraima é uma for­ma agravada do que se verifica no Brasil onde é mínimaa contribuição do setor mineral para a economia <;lo País,se considerarmos a maravilhosa potencialidade do solobrasileiro.

Concedo aparte ao nobre Deputado Milton Brandão.

O Sr. Milton Brandão - Ilustre Deputado João Batis­ta Fagundes, é com prazer que insiro na seu brilhantediscurso estas modestas palavras. Faço-o por conhecerseu espírito público, desde que V. Ex' serviu no meuPiaUÍ. Estado a que também devota grande amor, princi­palmente à sua população, porque com ela conviveu du­rante alguns anos. quando, OfieiI do Exército, serviu no25' BC. É com prazer - repito - que aparteio V. Ex', afim de oferecer-lhe solidariedade e estímulo, e para for­mular votos no sentido de que o grupo de trabalho orga­nizado pelo Presidente João Baptista Figueiredo encon­tre, no menor espaço de tempo, a solução adequada pararesolver os problemas do Território de Roraima, e essaunidade seja elevada à catagoria de Estado da Fede­ração, para que possa atingir os seus objetivos e aprovei­tar as suas grandes potencialidades. A V. Ex', portanto,nossos aplausos e solidariedade pela luta que trava emfavor da autonomia do Território de Roraima.

O SR. JOÃO BATISTA. FAGUNDES - Agradeço,sensibilizado, o aparte ao eminente líder piauiense, quevem emprestar ao meu discurso com o brilho de que ca­rece.

Prossigo Sr. Presidente.

Segundo dados fornecidos por organismos internacio­nais do mais alto gabarito, a participação da produçãomineral no Produto Interno Bruto (PIR) brasileiro foi,em 1982, da ordem de 2,3%, muito abaixo de países

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como os EE.UU., Canadá, Austrália, México, Venezue­la, África do Sul, Malásia e Indonésia, para citarmosapenas alguns deles.

Em Roraima, acontccc o mesmo paradoxo, em maio­res proporções, pois, tendo uma inequívoca vocação mi­neral, não aufere praticamente nada em termos de míne­ração industrial, retirando os recursos minerais de tãoacentuada potencialidade, apenas pelo trabalho penosodas mãos calejadas do garimpeiro.

-Por isso mesmo, é com inteira justiça que se erigiu nocentro da capital do futuro Estado de Roraima um mo­!Jumento dedicado ao garimpeiro, que, encravado em pe­destal de granito, dcsafia a incleméncia do tempo, sob osol tórrido do Equador.

Mas o garimpeiro nem precisava de monumento compedestal de pedra, pois a sua grande figura está assenta­da no pedestal da História, onde nada aconteceu que nãofosse amparado pelas mãos calosas destes heróis anôni­mos, que quebraram o mMeridiano das Tordesilhas edefiniram, na procura de ouro e pedras preciosas, os exa­tos contornos do território brasileiro.

Paradoxalmente, é lá no Estado de Roraima, que tan­to deve ã bateia do garimpeiro, que se verificam inúme­ras restrições ã exploração dos recursos minerais.

Com uma área de superfície de 230.104 km', equiva­lente a 23.010.400 ha, dos quais 9.670.000 ha (cerca de42%) encontram-se totalmente bloqueados de qualquertipo de atividade econômica, devido à existência de 44reservas indígenas, Roraima oferece características suigeneris.

o Sr. Luiz Henrique - Nobre Deputado João BatistaFagundes, já se vão algumas décadas quando Sucarno,Nasser, Nehru e tantos outros líderes de nações pobresdo terceiro mundo reuniram-se para a formulação dapolítica de defesa dos produtos primários, em troca datransferência de tecnologia dos países desenvolvidos. Jáse vão algumas décadas, e não se articulou com a devidacficiência uma luta organizada desses países pobres, cadavez mais afastados do bencfício de desenvolvimentoeconômico-social, no sentido de valorizar os produtosprimários que exportam e de estabelecer, através da va­lorização desses mesmos produtos, um poder de barga.nha internacional capaz de fazer com que a exportaçãode produtos minerais, por exemplo, representasse umaforma de alocar um processo tecnológico de desenvolvi­mento de cada um desses países. Hoje, entristecemo-nosao ver que o Equador está liderando tal iniciativa, con­vocando uma reunião dos países sul-americanos, no scn­tido de discutir essas questões. Lamentamos que o Bra­sil, que tem sido tão explorado, que tem tido o seu terri­tório livre para exploração econômica por parte das po­tências desenvolvidas, com a liderança territorial, geo·gráfica, geopolítica que possui, não se disponha a co·mandar países do Terceiro Mundo, países sul­americanos, no sentido de estabelecer o poder de barga­nha. E eu lembro a V. Ex' e à Casa os relatórios de Bonne de Londres, que afirmam, por exemplo, que se apenasum dos países fornecedores de manganês para a Alema·nha se negasse a continuar fornecendo esse produto, ha­veria um grande colapso na indústria metalúrgica alemã.Foi por isso que o Primeiro-Ministro WilIy Brandt, emvirtudc dc decisão tomada pelo Congresso alemão, esto­cou um suprimcnto acima das ncccssidadcs de um anodesscs produtos, por tcmor de uma articulação dos paí­ses pobres, no sentido de usar o poder de barganha sobreo fornecimento. Cumprimento, pois, V. Ex' pelo discur­so que faz, retratando a situação terrível no seu Estado,o que é mais uma demonstração de conhecimento sobrea triste realidade da política mineral do País.

O SR. JOÃO BATIST4- FAGUNDES - Agradeço aV. Ex' o aparte, que valoriza o meu pronunciamento. Oconhecimento expresso por V. Ex' atesta, eloqüentemen­te, a veracidade daquilo que afirmamos: o Brasil tirauma ínfima pa;cela daquilo que poderia usufruir, verda­deiramente, dos seus recursos minerais.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

Prossigo, Sr. Presidente.

E julgo importante assinalar que os principais reCursosminerais do Território - cstanho, ouro, diamante ­não ocorrem na região próxima de Boa Vista, pois, geo­logicamente, a região sul-sudoeste do Território ê consti­tuida por sedimentos de idade quaternária, os quais nãoapresentam nenhum atrativo mineral.

Mas as rochas da idade pré-cambriana ocorrem naárea restante do Território, e são aquelas onde se verificagrande incidência de ocorrências minerais conhecidas.

Estas rochas localizam-se principalmente nas porçõesnorte-noroeste e nortc-nordcste, justamente onde estãosituados cerca de 83% das áreas indigenas do TerritórioFederal de Roraima, ou seja, cerca de 8.000.000 de ha.

Ora, se considerarmos que a Suiça tem uma superfíciede 4.000.000 ha (41.288 Km') e uma população de 7 mi­lhões de habitantes, é fácil concluir que nossos- irmãosindígenas não sofrem restrições na liberdade de loco­moção no Território de Roraima, onde existem cerca de30 mil índios.

E se considerarmos que as reservas minerais já exis­tiam muito antes das reservas indígenas t chegaremos àtriste conclusão de que as reservas indígenas foram colo­cadas em cima das grandes jazidas minerais, não paraproteger o direito do índio, mas para esconder o direitode O Brasil tomar posse de sua riqueza mineral.

Tenho para mim que os mesmos meridianos e parale­los que quiseram inundar o imenso lago Amazônico doHudson Institute, demarcaram para a posteridade o per­fil atual das reservas indígenas do Território Federal deRoraima.

Por isso, encontramos hoje na região do Surucucus,índios que falam inglês ... lndios que falam espanhol... EIndios que até falam o português! E o que é pior, Sr. Pre­sidente, há inglês que fala a linguagem do índio... En­quanto isso, há quem defenda a criação de um parquemultinaeional a pretexto dc defender a nação indígena!

Não é de hoje que a cobiça estrangeira ronda nossasfronteiras. Mas é inadmissível que ainda hoje tenhamosfronteiras inteiramente despovoadas, justamente em re­giões onde se vcrifica enorme incidência dc ouro, cassite­rita, uránio e pedras preciosas, como é o caso da Regiãode Surucucus.

Concedo, com prazer, o aparte ao nobre DeputadoMozarildo Cavalcanti.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti - Deputado João BatistaFagundes, é com muito prazer que ouço o discurso de V.Ex' nesta tarde, quando aborda tópicos importantíssi­mos para nós, de Roraima. Primeiramente, querocumprimentá-lo pela posição pública que assume na de­fesa da criação do Estado de Roraima, condição sine quanon para que corrijamos, nós mesmos, essas distorçõesque V. Ex' denuncia. É realmente inadmissível- temosdito e V. Ex' o faz com clareza e brilhantismo - a si­tuação da nefasta política indígena colocada em práticano Território de Roraima. Realmente, quando V. Ex' dizque as reservas indígenas surgiram muito depois do co­nhecimento das reservas minerais, V. Ex' o diz com todaa verdade. Essa política indigenista é um verdadeiro cri­me que se comete contra o País. E, quando V. Ex' men­cionou o Conselho de Segurança Nacional como órgãoresponsável pela vigiláncia daquelas áreas de fronteira,ao incorporarmos nossas palavras ao discurso de V. Ex'gostaríamos de aqui apelar a esse Conselho no sentido deque fique atento a essas manobras, que não são de hoje.Lembro-me bem de que, quando era criança, naqueleTerritório, ouvia inúmeros relatos de aviões que pousa­vam em Surueucus, carregados de bagulhos, e decola­vam carregados de determinado tipo de areia, previa­mente escolhida pelos geólogos das missões evangélicas- entre aspas. Quero eongratular-mc com V. Ex' peladefesa que faz de nosso Território e, mais do que isso.pela veemente condinação da política indigenista, que es-

Outubro de 1983

tá entravando nosso desenvolvimento e, acima de tudo,condenando à estagnação e ao declínio nossa economia

O SR. ,JOÃO BATISTA FAGUNDES - Agradeço aV. Ex', nobre Deputado Mozarildo Cavalcanti, a inesti­mável contribuição que dá ao meu pálido pronuncia­mento. Como autêntico líder daquele Território, porcujo engrandecimento tanto se bate, conhece V. Ex' me­lhor que eu, a dura e triste realidade de termos uma fron­teira extensa e despovoada, à mercê da cobiça alienígenaque lá chega a toda hora.

Prossigo, Sr. Presidente.No tocante ao ouro e às pedras preciosas, o garimpo

faz-se normalmente. mercê de sacrifícios excepcionais,dando notável contribuição à economia do Território.

Mas pretendo focalizar principalmente a exploraçãoda cassiterita, abundante no Território e que poderiaapenas o estanho exportado, viabilizar economicamenteo novo Estado.

Há aproximadamente 13 anos, um grupo de empre­sários atcndcu ao apelo do Governo para que investisseem pesquisa e racionalizasse o aproveitamento de cassi­terita na Amazônia. E a produção brasileira desse mine­ral, até então incipiente, e em SUa maior parte provenien­te de garimpos, experimentou um crescimento acentua­do, sendo hoje o estanho um dos poucos não-ferrosos emque o Brasil é auto-suficiente e desde 1975, crescente ex­portador.

Toda a expansão da indústria nacional do estanhoteve como suporte a disponibilidade de reservas mine­rais, definidas e ampliadas como resultado de implemen­tação de dispendiosos trabalhos de pesquisa geológica,envolvendo investimentos de alto risco, levados a termopor empresas de mineração legalmente habilitadas e ri­gorosamente brasileiras.

Os parámetros geológicos definidos no curso das pes­quisas indieam que as atuais jazimentos de cassiterita naAmazônia se estendem a divcrsas regiões que se iniciamna provínica estanífera de Rondônia e afloram abundan­temente no Território de Roraima, depois de passar peloAmazonas, já em fase de franca exploração. Ainda, re­centemente, dizia O Governador Gilberto Mestrinho, fa­lando a um grupo de Parlamentares, que o Amazonas se­rá neste ano o maior produtor de estanho do Brasil.

Mas, como representante do Território Federal de Ro­raima nesta Casa. não hesito em afirmar que o meu futu­ro Estado bem poderia competir com o Estado de Ron­dônia e com o Amazonas! Basta que tenhamos uma le­gislação adequada que não feche as portas do Territórioà exploração econômica de suas reais potencialidades.

É preciso que tenhamos coragem de afirmar nestaCasa Legislativa que nada justifica um pedaço do Brasiltão rico em cassiterita, estar com suas portas fechadas à

indústria nacional de estanho, um metal que tem comér­cio absolutamente assegurado no mercado internacional,num momento tão grave da vida nacional, quando oTerritório precisa de recursos para transformar-se emEstado. E o Brasil precisa de divisas para pagar sua dívi­da externa!

Poucos são os paises onde se encontram jazidas de cas­siterita, sendo os principais produtores mundiais a Malá­sia, a Tailândia, a Indonésia e a Bolívia.

No Brasil, muito embora as pesquisas tenham-se ini·ciado há apenas 12 anos, sua indústria de mineraçãopode ser citada como um modelo dc' aplicação a outrosminerais do setor. tendo conseguido, após superar a ple­na capacidade de atendimento das necessidades internas,voltar-se decisivamente para a exportação.

Tem o aparte o nobre Deputado Clarck Platon.

O Sr. Clark Platon - Nobre Deputado João BaptistaFagundes, eu não poderia deixar de colocar alguma coi­sa em relação aos pontos que tão brilhantemente defen­de, sobretudo porque V. Ex' rcpresenta uma rcgião que

Page 35: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

Outubro de 1983

sofre as mesmas injunções contra as quais também nosrebelamos no Território do Amapá, ou seja, essa falta deautonomia que gera falta de segurança, conseqüente­mente, uma fraqueza social e O empobrecimento econô­mico que experimentamos nos Territórios de Roraima edo Amapá. Quando. V. Ex', de passagem, em seu bri­lhante discurso, se referiu à garimpagem, ao garimpeiro,c às riquezas minerais de que Roraima é sobejamentepródiga, gostaria de lembrar que o Amapá também temas suas mazelas neste campo, talvez com repercussão di­minuída, porque o problema não chegou até nós com oreflexo negativo tão impressionante de que Roraimahoje se ressente, porque diz respeito a uma posição sobresua economia, sobre aquilo que já poderia vir auferindohá muito tempo, para tornar o Território auto·suficienteem recursos oriundos da área mineral. No Amapá, nos­sos garimpeiros, principalmente do ouro, estão sofrendotambém agressões da parte de empresas de grande porte,que, detentoras de documentos que as habilitam à pes­quisa em áreas descobertas e desbravadas pelos garim­peiros, estão colocando esses garimpeiros para fora. ODeputado Sebastião .curió é o grande apologista destecampo, em razão de Serra Pelada e dos seus 80 mil ga­rimpeiros. Demodo geral, toda a região Norte se ressen­te de uma polítiea melhor de aproveitameuto e explo­ração míneral. Apenas gostaria de dizer que sou soli­dário a V. Ex' na minha posição de rebeldia a esse estadode coisas. Parabenizo V. Ex' por tão brilhante exposiçãoa respeito dessa matéria.

O SR. JOÃO BATISTA FAGUNDES- Muito obri­gado, nobre Deputado Clarck Platon. Aliás, no pronun­ciamento anterior, de maneira brilhante V. Ex' eviden­ciou esse problema, que tão bem conhece. Agradeço aonobre representante do Amapá o aparte.

O Sr. Paulo Guerra - Nobre Deputado, embora saibaperfeitamente da exigüidade do seu tempo gostaria demerecer um aparte.

o SR. JOÃO BATISTA FAGUNDES - Concedo oaparte a V. Ex' com prazer.

O Sr. Paulo Guerra - Nobre Deputado, na tarde dehoje, procura V. Ex' dar um enfoque estritamente econô­mico ao seu discurso voltado para a problemática doTerritório de Roraima. Solidarizo-me plenamente comV. Ex' Sem querer discrepar, sem pretender questionaresse malfadado entreguismo da Amazônia que nos atin­ge visceralmente, quando, de forma sub-reptícia, pretex­tanda estratégia de segurança, assentam-se os índios, ena verdade estão tolhendo a viabilidade econômica doseu Território. Atrevo-me a suscitar o outro lado daquestão: hoje, o território é inviável, e sofrendo todos ospercalços com que o do Amapá se defronta, como jâ dis­se anteriormente, com o problema de origem. Como eudizia, ainda agora, na intervenção ao pronunciamentodo brilhante Deputado Clarek Platon, eles são, na reali­dade, uma excrecência jurídica.

Hoje, vejo os Territórios muitos mais penalizados pela. falta de sensibilidade do Governo. Eles foram criados em1943, mas somente em 1969 surgiu o Decreto-lei n" 411configurado como a Lei Maior para os Territórios Fede­rais, e que até hoje não foi regulamentado, permitindoque a orientação que se dã na administração dos Terri­tórios não seja aquela com vistas aos interesses mais al­tos do Território e da Pátria, mas seja as funções de Go­vernador de Território eabides de empregos para ho­mens que desconhecem a nossa realidade, que não mili­tam nem comungam das aspirações maiores do nossopovo e da nossa terra. (Palmas.i Eles são alienígenas e láse assentam como caciques, como verdadeiros dona­târios de capitanias hereditárias. O nosso repúdio vee­mente e constante, nesta Casa, pode ser atestado pelos

DIÂRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

pronunciamentos que temos feito. Fico feliz quandoouço a voz de V. Ex' se levantando na defesa intransi­gente dos interesses maiores de Roraima, que, por conse­qüência, será a salvaguarda dos interesses maiores destePaís contra o entreguismo, contra esta verdadeira farrade multinacionais, que querem tolher a nossa possibili­dade de independência, de soberania e fazer da nossaspontencilidade o seu trono, usufruindo de todas as be­nesses em detrimento da nossa miséria e da nossa depen­dência total, sendo o Território mero departamento doMinistério do Interior. Parabenizo V. Ex' pelo seu pro­nunciamento e peço eScusas pelo tempo que lhe tomei.

O SR. JOÃO BATISTA FAGUNDES - Agradeço aV. El<' o aparte. Estou certo de que, com líderC8 como V.Ex!-, breve o Território será erigido à categoria de Esta­do.

Pediria ao nobre Presidente, em nome do sentimentopatriótico que sei que impulsiona sua ação parlamentar,que me desse um pouquinho mais de tempo, porque o as­sunto é sumamente importante, e eu não me quero privar,da honra de dar um aparte ao Líder Jorge .carone.

O SR. PRESIDENTE (Amaury Müller) - A Mesaacolhe o pedido de V. Ex', lembraodo apenas que o seu"tempo já está ultrapassando em três minutos, mas somosuma Casa democrática e a Mesa seria antidemocrática senão proporcionar o tempo que V. Ex' necessita paraconcluir o seu discurso.

O Sr. Jorge Carone - O assunto que V. Ex' traz a estaCasa é realmente muito sério. Gostaria que V. Ex' meexplicasse como é que um País com recursos mineraisimensos, como o nosso, pode estar devendo aproximada­mente 100 milhões de dólares.

O SR. JOÃO BATISTA FAGUNDES - A questão,meu nobre Deputado Jorge Carone, escapa aos dadosque eu tenho. No momento, fico a dever a V. Ex' estaresposta, inclusive porque estou certo de que não tenhoas luzes de V. Ex' acerca da matéria.

Atualmente, entre 180 c 200 mil toneladas de estanhosão consumidas em todo o mundo, e o Brasil produz odobro do que consome, isto é produz 9 mil toneladasanuais, e exporta o excedente.

Já se disse, e com razão, que o Brasil tem pressa. Emais pressa tem a Amazônia para entrar na posse de suasriquezas, e mais pressa tem Roraima para atingir suaemancipação política, promovendo o desenvolvimentodaquela região secularmente esquecida.

É preciso que se retire de uma vez por todas da cons­ciência nacional a idéia errónea do.. "Inferno Verde" ouda intocabilidade do.. "pulmão do mundo", que tantotem servido aos arautos da internacionalização da Ama­zônía.

O Congresso Nacional tem uma grande parcela de res­ponsabilidade, adequando a legislação exístcnte à reali­dade, fazendo os reparos necessários ao vigente Códigode Mineração, e modificando a legislação paternalista einadequada que regre o problema indígena no Brasil.

Por que não compatibilízar ambas as matérias aOS in­teresses do desenvolvimento nacional?

Na condição de tutora dos índios, até janeiro de 1981,a FUNAI exercitava o seu poder discricionário institui­do nos termos do Decreto n" 65.202/69, concedendo ounão, a seu critério, autorização para pesquisa e lavra emterras habitadas por silvícolas.

Com o advento da Portaria Interministerial n" 006, de15-1-81, ficou determinado qU~."as autorizações depes­quisa e concessão de lavra em terras indígenas c/ou pre·sumivelmente habitadas por silvícolas ficam restritas aempresas estatais a nível federal".

E aqui, meu eminente Líder Mozarildo Cavaleante,permita-me discordar de V. Ex'

Sábado 22 11405

Tal portaria criou, na verdade, uma situação de privi­légio às empresas estataís ·a nível federal, excluindoprior! todas as empresas que atuam no setor mineral.

Ora, a atuação do Estado na atividade econômica,como dispõe a Constituição, se fará apenas em situaçõesparticulares e em caráter complementar à iniciativa pri·vada, o que deixa a Portaria Interministerial n' 006/81tisnada, com a eiva da inconstitucionalidade. Acresce-sea isso que a referida Portaria Interministerial choca-seCOm os preceitos do Decreto n" 65.202/69, no que se re·fere ao acesso às riquezas do sub-solo em terras .indíge­nas. Sendo ODecreto um ato de hierarquia superior, seustermos não poderiam ser revogados através de uma Por­taria.

No entanto, a Portaria Interministerial n" 006/81, ain­da em vigor, continua a provocar o índeferimento deuma série de requerimentos de pesquisa de empresas dosetor do estanho, frustrando o desenvolvimento de ãreaspotencialmente promissoras.

O SR. PRESIDENTE (Amaury Müller) - Nobre De­putado João Batista Fagundes, a toleriincia da Mesa está.sc esgotando, finalmente. Estamos com oito minutosalém do seU tempo. Esta Presidência está tolerante e de­mocrática,mas espera contar com a generosidade e com·preensão de V. Ex'

O SR, JOÃO BATISTA FAGUNDES - Vou con­cluir, Sr. Presidente, mas não me quero privar do apartedo Deputado Mozarildo Cavalcante, que, sem sombrade dúvidas, é profundo conhecedor desses problemas noTerritório. Concluirei com muito prazer, tão logo seuaparte seja verificado.

O SR. PRESIDENTE (Amaury Müller) - A Mesaagradece a compreensão de V. Ex'

O Sr. Mozarildo Cavalcante - Apenas para esclare­cer, Deputado João Batista Fagundes, que em momentoalgum defendi a Portaria Interministerial que bloqueou aárea de Surucucu, espeeificamente l e muito menos defen­di a entrega desses alvarás de pesquisa e exploração aempresas estatais. O que defendi foi que não se desse,Como já está dado, o alvará de exploração de Surucucupara a Cia. Vale do Rio Doce, ou para grupos como Pa­ranapancma e outros que sejam alienígenas em relaçãoao Território. Defendo que essas pesquisas e exploraçõessejam dadas a empresas do Território. Se a lei só permitirque sejam empresas estatais a nível federal, que se dê oalvará para a Cia. do Desenvolvimento. Caso contrário,como disse V. Ex', defendo que essas riquezas sejam ex­ploradas pela iniciativa privada. do Território.

O SR. JOÃO BATISTA FAGUNDES - Mas meunobre Deputado Mozarildo Cavalcante, cuja opinião euadmiro e respeito, o Território é fundamentalmente umpedaço do Brasil.

V. Ex' comete um pecado quando qualifica de aliení­gena uma empresa brasileira que vá explorar regiões noTerritório. Uma das coisas mais bonitas que existe noTerritório é aquele espírito de fraternidade que acolhe debraços abertos brasileiros de todos os lugares.

Concluo, Sr. Presidente, meu pronunciamento agrade­cendo a tolerância da Mesa para com este orador.

- É incontestável que o aproveitamento dos recursosminerais do nosso sub-solo é de grande interesse para aeconomia do País, especialmente quando se sabe, nocaso específico do estanho, que as minas atualmente emlavra em Rondônia têm seus teores em constante declí­nio.

Tudo, n'a verdade, se resume na definição dos princí­pios e regras que atendam, de forma harmônica, aos in­teiesses dos indígenas, dos mineradores, e da Segurança _

Page 36: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

11406 Sábado 22

Nacional, em uma região altamente estratégica e perma­nentemente alvo da cobiça estrangeira.

Tais parâmetros seriam determinados por órgãoscomo o' Conselho de Segurança Nacional, que estabele­ceria as condições necessárias para compatibilizar o inte­resse das comunidades indígenas e o interesse nacional,seriamente ameaçado em uma ârea rica em minério, si~

tuada em extensa faixa de fronteira totalmente despo­voada.

A título de sugestão, proporia a adoção dos seguintesprincípios básicos para que fosse permitido às empresasde mineração atuarem em áreas consideradas indígenas:

I - Os trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e la­vra dos depósitos minerais devem ser executados por em­presas de mineração regularmente constituida (Códigode Mineração e Legislação correlata), julgada capaz eidónea pela FUNAI, em processo próprio, que a cadas­trará.

1.1 - Os requerimentos de pesquisas em áreas indíge­nas seriam indeferidos pelo DNPM caso a empresa nãoseja cadastrada junto à FUNAI.

2 - Os trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e la­vra dos depósitos minerais em áreas indigenas devem sedesenvolver de forma a obedecer não sÓ às normas ge­rais, como também às normas específicas (válídas paracada caso) que a FUNAI estipulará, inclusive prevendoaté O aproveitamento de mão-de-obra indígena, se forcabível.

3 - Entre os critérios de credenciamento das empre­sas de mineração, a FUNA[ incluiria:

- ser de capital societário majoritariamente nacional:- ser empresa de mineração com uma produçào regu-

lar, por mais de 3 anos, num valor mínimo de 1.000.000ORTNs;

- possuir operações em regiões geoeconômicas (A­mazônia, Nordeste etc) semelhantes.

4 - Entre as normas gerais, a FUNAI incluiria:- as comunidades indígenas deverão receber das em­

presas de mineração. como se proprietários superfi­ciários fosscm, todas as vantagens e beneficios que estãoprevistos na legislação brasileira;

- os recursos obtidos pela comunidade indígena sc­riam aplicados em programas destinados à integraçãodessa comunidade à civilização, elaborados, desenvolvi­dos e/ou coordenados pela FUNA[;

- as condições de acesso ou passagem a áreas indige­nas seriam fixadas pela FUNAI, assim como todas asações programadas de contacto;

- as empresas deverão possibilitar a instalação c fun­cionamento de postos da FUNAI nas áreas de conces­são, provídencíando o acesso e sua manutenção.

5 - Todos os processos passariam pelo crivo do Con­selho de Segurança Nacional.

Estes são, Sr. Presidente, os fatos que trago e queronesta hora apresentar à elevada consideração desta Casa.

Como homem de formação militar, não tenho o direi­to de desertar ante os problemas que afligem meu País.

Como brasileiro tenho que estar permanentemente vi­gilante na defesa da Soberania Nacional. E, como repre­sentante do bravo povo roraimense, tenho obrigação delul'ar em defesa dos seus sagrados interesses, eis que ha­verâ de edificar-se em breve futuro o Estado de Roraima,forte, sustentado pelo braço altivo de seus filhos. (Muitobem. Palmas.)

o SR. PRESIDENTE (Amaury Müller) - Nada maishavendo a tratar, vou levantar a sessão.

DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:

CearáMarcelo Linhares - PDS.

SergipeAugusto Franco. - PDS.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

Bahia

Francisco Bcnjamim - PDS.

Augusto Franco - PDS.

Minas GeraisJosé Mendonça de Morais - PMDB.

São PauloBete Mentes - PT; Diogo Namura - PDS; Ivete Var­gas - PTB; Salvador Julianilli - PDS.

GoiásJoaquim Roriz - PMDB.

Mato Grosso do Sul.Ubaldo Barém - PDS.

ParauáFabiano Braga Cortes - PDS.

Rio Grande do SulDarcy Pozza - PDS.

(VI - Levanta-se a Sessão às 13 horas e 50 minutos.)

ATA DAS COMISSÕESCOMISSÃO DE AGRICULTURA

E POLITICA RURALDISTRIBUIÇÃO DE PROJETOS 18/83

O Senhor Presidente da Comissão dc Agricultura ePolítica Rural fez. nesta data, a seguinte distribuição:

1. Projeto de Lei n' 386/83, do Sr. Oscar Corrêa. quedetermina a devolução aos municípios do montante dasretenções efetuadas a titulo de custeio do serviço dclançamento e arrecadação do imposto sobre a proprieda­de territorial rural.

Ao Senhor Deputado Renato Cordeiro.

2. Projeto de Lei n' 1.594/83, do Sr. Oscar Alves,que obriga a adição de 10%, no mínimo, de farinha demilho na farinha de trigo e determina outras providên­cias. (Anexo o PL 2.203/83.)

Ao Senhor Deputado Renato Cordeiro.

3. Projeto de Lei n' 2.029/83, do Poder Executivo(Mens. n' 328/83), que autoriza a reversão ao Municípiode Barra do Garças, Estado de Mato Grosso, do terrenoque menciona.

Ao Senhor Deputado Renato Cordeiro.

Sala da Comissão, 18 de outubro de 1983. -José Ma­ria de Andrade Córdova, Secretário.

DISTRIBUIÇÃO DE PROJETOS 19/83

O Senhor Presidente da Comissão de Agricultura ePolítica Rural fez, nesta data, a seguinte distribuição:

I. Projeto de Lei n' 1.274/83, do Sr. Saulo Queiroz,que cria o Fundo para Investimentos Agropecuários ­FINAGRO.

Ao Senhor Deputado Francisco Sales.

2. Projeto de' Lei n' 1.492/83, do Sr. Aldo Pinto, queautoriza o Poder Executivo a instituir o Programa Na­cional de Erva-Mate - PRÓ-MATE, e dá outras provi­dências.

Ao Senhor Deputado Francisco Sales.

3. Projeto de Lcí n' 1.672/83, do Sr. Siqueira Cam­pos, que estabelece restrições à importação dos produtosque especifica, e dá outras providências.

Ao Senhor Deputado Francisco Sales.

Sala da Comissão, 19 de outubro de [983. -.Tosé Ma­ria de Andrade Córdova, Secretário.

Outubro de 1983

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIADISTRIBUIÇÃO

O Presidente du Comissão de Ciência e Tecnologia,Deputado Fernando Cunha, fez a seguinte distribuiçãoem 17 de outubro de 1983:

Ao Senhor Deputado Adail Vettorazzo:Projeto de Decreto Legislativo n' 37/83 (Mensagem n.

467/82), da Comissão de Rclações Exteriores, qUe "a­prova o texto do Acordo de Cooperação Amazônica en­tre o Governo da República Federativa do Brasil e o Go­verno da República Cooperatívista da Guiana, cclebra­do em Brasília, a 5 de outubro de 1982".

Ao Senhor Deputado Antônio Florêncio:Projeto de Lei n' 1.404/83, do Sr. Jorge Uequed, que

"altera o Código da Propriedade Industrial - Lei n.5.772, de 21 de dezembro de 1971".

Ao Senhor Deputado Irineu Colato:Projeto de Lei n' 1.452/83 (anexo o PL 1.638/83), da

Sra. Irma Passoni, que. "disciplina a utilização industrialde tecnologia de ponta e dá outras providências".

Ao Senhor Deputado Jorge Vargas:Projeto de Lei n° 1.813/83, do Sr. Heráclito Fortes,

que "torna obrigatória a utilização de balanças nos ca­minhões de entrega nos depósitos e postos de revenda dcgás Iiqüefeito de petrôleo (GLP), e dá outras providên­cias".

Brasília, 17 de outubro de [983. - Luiz de OliveiraPinto, Secretário.

DISTRIBUIÇÃO

O Senhor Presidente da Comíssão de Ciência e Tecno­logia, Deputado Fernando Cunha, fez a seguinte distri­buição em 18 de outubro de 1983:

Ao Senhor Deputado Adail Vettorazzo:Projeto de Lei n' 1.723/83, do Sr. Wilmar Palis, que

"dispõe sobre a dedução do lucro real, para fins de im­posto de renda das pessoas juridicas, do dobro das des­pesas realizadas em projetos de desenvolvimento tecno­lógico, e dá outras providências".

Brasília, 18 de outubro de 1983. - Luiz de OliveiraPinto, Secretário.

COMISSÃO DE COMUNICAÇÃOPAUTA

1. Projeto de Lei nO 866/83Ementa: Institui o imposto sobre telecomunicações e

altera as normas relativas à sobretarífa recolhida aoFundo Nacional de Telecomunicações.

Autor: Deputado Renato JohnssonRelator: Deputado Anibal TeixeiraParecer: Pela aprovação.Sala da Comissão, 20 de outubro de 1983. - José Car­

doso Dias, Secretário Substituto.

COMISSÃO DE ECONOMIA, INDÚSTRIA E CO­MÉRCIO

Vigésima primeira reunião ordinária,

realizada na primeira Sessão Legislativa

da 47' Legislatura, em

5 de outubro de 1983.

Aos cinco dias dos mês de outubro dc mil novecentos eoitenta e trés, às dez horas e dezesseis minutos, realizou­se, na sala própría de seus trabalhos, a vigéssima primei­ra reunião ordinária da Comissão de Economia, Indús­tria e Comércio. sob a Presidência do Senhor DeputadoPedro Sampaio. Compareceram os Senhores Deputados

Page 37: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

Outubro de 1983

Genebaldo Correia, Vice-Presidente, Israel Pinheiro,Segundo-Vice-Presidente, Estevam Galvão, SiegfriedHeuser, Celso Sabóia, Herbert Levy, Antônio Farias,João Agripino, Fernando Carvalho, Coutinho Jorge,Antônio Osório, Darcy Passos, Saulo Queiroz, OscarCorrêa, Alberto Goldman, Antônio Câmara, José Tho­maz Nonô, Amaral Netto, Alencar Furtado, José Ulis­ses, Gustavo de Faria, Haroldo Lima, Eduardo Mata­razzo Suplicy, Etelvir Dantas, Odilon Salmoria, João Al­berto de Souza, Ciro Nogueira e Sérgio Philomeno, Ata:foi lida c aprovada a ata da reunião antcrior. A segair,foram apreciadas as seguintes proposições: 1) Projetode Lei n' 3.148/80, qUe, "Dispõe sobre a alienação deimóveis residenciais de propriedade da União Federal eseus legítimos ocupantes pelo Poder Executivo e dá ou­tras providências". Autor: Deputado José Ribamar Ma­chado. Relator: Deputado Celso Sabóia. Voto do Rela­tor: Pela rejeição. Aprovado por unanimidade, vai àCoordenação de Comissõcs Permanentes. 2) Projeto deLei nO 3.650/80, qUe, "Autoriza o Poder Executivo a pro­por ao Conselho de Desenvolvimento Econômico ­CDE - a providência que especifica". Autor: SenadoFederal. Relator: Deputado Haroldo Lima, Voto do Re-'lator: FavoráveL Foi concedida vista ao Senhor Couti­nho Jorge que apresentou parecer favorável com emen­da, Tendo sido vencedor o parecer do Deputado Couti­nho Jorge, o do Senhor Deputado Haroldo Lima passoua constituir voto em separado. Os Senhores Herbert Le­vy, Estevam Galvão, Fernando Carvalho e SiegfriedHeuser votaram contra o parecer vencedor. A matériasegue à Coordenação de Comissões Permanentes, O pro­jeto foi discutido pelos Senhores Deputados João Agri­pino, Coutinho Jorge, Herbert Levy, Siegfried Heuser,Fernando Carvalho e Estevam Galvão, 3) Projeto deLei n' 5.226/81, qUe. "Altera o § I' do arL 15 da Lei n'6.649, de 16 de maio de 1979, que regula a locação pre­dial e dá outras providências". Autor: Deputado AlbertoGoldman. Relatora: Deputada Cristina Tavares. Votoda Relatora: Favorável. Foi concedida vista ao SenhorDeputado Herbert Levy que apresentou Parecer Favorá­vel com Substitutivo, Foi aprovado o Parecer da Relato­ra contra os votos dos Senhores Deputados João Agripi­no, Celso Sabóia e Estevam Galvão, O Senhor HerbcrtLevy apresentou voto em separado. Discutiram a ma­téria os Senhores Deputados Alberto Goldman, OscarCorrêa, Celso Sabóia, João Agripino, Siegfried Heuser,Estevam Galvão e Herbcrt Levy. A matéria seguc àCoordenação de Comissõcs Permanent.,s. 4) Projeto deLei n' 364/83, qUe. "Assegura ao trabalhador dcsempre­gado isenção do pagamento de tarifas de serviço públi­co", Autor: Depatado Airton Soares. Relator: Deputa­do Eduardo Matarazzo Suplicy, Voto do Relator: Favo­rável. O Senhor Deputado Estevam Galvão solicita vistada proposição, sendo atendido pelo Senhor Presidente,S) Projeto de Lei n" 6,782/82, qUe. "Dispõe sobre a de­dução do lucro tributável, para fins de imposto sobre arenda das pessoas jurídicas, do dobro das despesas reali­zadas com a construção, instalação e manutenção de cre­ches destinadas aos filhos de seus empregados", Autor:Senado Federal. Relator do Parecer Vencedor: Celso Sa­bóia, Voto do Relator: Favorável, com a adoção daemenda da Comissão de Trabalho e Legislação Social.Aprovado, contra o voto em separado do Senhor Depu­tado Fernando Collor, vai à Coordenação de ComissõesPermanentes. Requerimento: foi aprovado requerimentode autoria do Senhor Deputado Ralph Biasi no sentidode que a Comissão convide, o Presidente da União Na­cional do Comércio Varejista de Carnes e Derivados, Se­nhor Manuel Henrique de Faria Ramos, representantedos sindicatos de gênero em todo o País, para,juntamen­te com uma comissão representatíva dos comerciantes decarnes, possam examinar a problemática da política des­te comércio em nosso País. Nada mais havendo à tratar,às doze horas e trinta e oito minutos, o Senhor Presiden-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

te encerra a reunião. E, para constar, eu, Delzuite Macê­do de Avelar, Secretária, lavrei a presente ata, que, de­pois de lida c aprovada, será assinada pelo Scnhor Presi­dente e irá à publicação.

DISTRIBUIÇÃO N' 19/83

Efetuada pelo Senhor Presidente, Deputado PedroSampaio

Em 18-10-83Ao Senhor Deputado José Thomaz Nonô:L Proj. Dec. Leg, nO 38/83, (Mensagem nO 195/83)

~ 1\ prova o texto do Convênio Multilateral sobre Coo­peração e Assistência Mútua entre as Direções Nacio­nais de Aduanas (incluídos os Anexos I, V e XJll), ce­lebrado no México,

Autor: Com. ReI. Exteriores,Brasília, 18 de outubro de I983. - Delzuite Macêdo de

Avelar, Secretária,

COMISSÃO DE FINANÇAS

O Senhor Deputado Irajá Rodrigues, Presidente daComissão de Finanças, fez a seguinte

DISTRIBUiÇÃO

Ao Senhor Deputado Fernando Magalhães:Projeto de Lei n' 699/83 - do Sr. Inocêncio Oliveira

- Estatui aplicação de depósitos efetuados na rede ban­cária do Nordeste hem como de linhas especiais de refi­nanciamento destinados a incentivos para exportação,naquela região.

Ao Scnhor Deputado Jayme Santana:Projeto de Lei n' 82/83 - do Sr, Jorge Arbage - Dis­

põe sobre isenção de tributo, no caso e condições que es­pecifica.

Projeto de Lei n' 1.070/83 - do Sr. Domingos Juvenil- Dispõe sobre a criação da Escola Agrícola Federal deAltamira, no Estado do Pará.

Projeto de Lei n" 1.474/83 - do Sr. Geovani Borges- Autoriza o Executivo a criar o Tribunal de Justiça doTerritório Federal do Amapá, e dá outras providências.

As Senhor Deputado José Carlos Fagundes:Projeto de Lei nO 649/83 - da Sr' Cristina Tavarcs­

Assegura aos cidadãos acesso às informaçõcs sobre a suapessoa, constantes dos bancos de dados, e dá outras pro­vidências.

Projeto de Lei n' 1,345/83 - do Sr. Albérico Cordeiro- Considera Certidões do Ministério da Marinha, docu­mentos hábeis para percepção de beneficios da Lei n'4,242, de 17 dejulho de 1963, que fixa novos valores paraos vencimentos dos Servidores do Poder Executivo, Civise Militares, e dá outras providências.

Projeto de Lei n' 1.349/83 - do Sr, José Moura ­Destina 20% dos valores das multas de trânsito arrccada­das de motoristas profissionais, na forma que especifica.

Ao Senhor Deputado Floriceno Paixão:Projeto dc Lei n' 54/83 - do Sr. Adhemar Ghisi ­

Acrescenta dispositivos à Lei n' 6,226, de 14 de julho de1975, qUe. "dispõe sobre a contagem recíproca de tempode serviço público c privado para o fim de admitir a con­tagem do tempo de mandato de prefeito municipal, paraefeito de aposentadoria".

Projeto de Lei n' 113/83 - do Sr. Evandro Ayres deMoura - Isenta do Imposto de Renda os proventos daaposentadoria eompulsória, da facultativa e da por inva­lidez, atê o limite equivalente a vinte salários mínimos demaior valor do País, e determina outras providências,

Projeto de Lei n" 950/83 - do Sr. Jorge Arbage ­Dispõe sobre a criação de Fundo de Assisténcia às Enti­dades de Apoio e Defesa do Menor, e dá outras provi­dências,

Projeto de Lei n' 1.579/83 - do Sr. Nelson do Carmo- Acrescenta parágrafo ao ar!. 30 da Lei nO 6,830, de 22

Sábado 22 11407

de setcmbro de 1980, que dispõe sobre a cobrançajudi­cial da Dívida Ativa da Fazenda Pública.

Ao Senhor Deputado Sérgio Cruz:Projeto de Lei n' 197/83 - do Sr. Osvaldo Melo ­

Alteração do arL lO da Lei nO 5,527, de 8 de novembro de1968, para restaurar o direito a aposentadoria especialdas categorias profissionais que especifica.

Projeto de Lei n' 349/83 - do Sr. Inocêncio Oliveira- Obriga a Administração Federal Direta e Indireta apagar quinzenalmente aos seus servidores. Projeto deLei n' 398/83 - do Sr. José Tavares - Considera rendi­mentos não tribatáveis, para fins de incidência do Im­posto de Renda, a gratificação de Natal e os prêmios.

Projeto de Lei n' 435/83 (anexos os Projetos de Lei nOs982/83 e 1.422/83) - do Sr. Borges da Silveira - Dis­põe sobre o pagamento de juros e cllrreção monetárianas dívidas pagas COm atraso pelo Poder Público,

Projeto de Lei n' 663/83 - do Sr. Henrique EguardoAlves - Autoriza deduzir' do imposto sobre a renda asimportáncias gastas com a compra de medicamentos, edá outras providências,

Projeto de Lei nO 1.094/83 - do Sr. Antônio Pontes- Dispõe sobre isenção de custas e taxas judiciais aosmutuários do Sistema Financeiro de Habitação, e dá ou­tras providências,

Avocados pelo Senhor Presidente:Projeto de Lei n' 1.405/83 - do Sr. Henrique Eduar­

do Alves - Altera dispositivo da Lei n' 5.107, de 13 desetembro de 1966, visando permitir a utilização de partedos depósitos cm conta vinculada do FGTS para aqui­sição da casa própria fora do Sistema Financeiro de Ha­bitação.

Projeto de Lei n' 637/83 - do Sr, Manoel Affonso ­Determina que os juros pagos a integrantes do SistemaFinanceiro de Habitação sejam abatidos, pelo total, darenda bruta das pessoas físicas.

Sala da Comissão, 14 de outubro de 1983. - JarbasLeal Viana, Secretário,

COMISSÃO DO lNDIO

4' reunião ordinária, realizada no dia 11 de outubro de1983

(Com a presença do Sr. An'.ônio Carlos dc MouraFerreira - membro do CIMI - e Lucircne BehederuJavaé - representante indígena).

Aos onze dias do mês de outubro do ano de um milnovecentos e oitenta c três, às dez horas e trinta minutos,no Plenário da Comissão de Rcdação, localizado noEdifício Anexo 11, reuniu-se a Comissão do Indio, com apresença dos Srs. Deputados Mário J uruna, Presidente,Alcides Lima, 1'- Vice-Presidente, Albino Coimbra,Aldo Arantes, Eduardo Matarazzo Suplicy, Gilson deBarros, Dante de Oliveira, José Fernandes, Sérgio Cruz,Nasser Almeida, Domingos Leonelli, Agnaldo Timóteoe Mansueto de Lavor. Declarada aberta a Reunião, o Sr.Presidente solicitou ao Sr. I'-Vice-Presidente que assu­misse a Presidência da Reunião. Já na Presidência daReunião o Sr. Deputado Alcides Lima dispensou a leitu­ra da Ata da Reunião anterior, que foi considerada apro­vada sem restrições. Foi estabelccida a sistemática queseria adotada na condução dos debates sobre a cons­trução da estrada Transaraguaia e foram lidos os expe­dientes que comunicavam o não comparecimento do Sr.Cei. João Carlos Nobre da Veiga e a substituição de D,Erwin Kautler pelo Sr. Antônio Carlos de Moura Ferrei­ra, como também do Cacique João Javaé pela Sr' Luci­rene Behederu Javaé como convidados para a Reunião,A seguir falaram 05 convidados e posteriormente debate­ram com eles o tema proposto os Srs, Deputados Eduar­do Matarazzo Suplicy, Gilson de Barros, Aldo Arantes,Dante de Oliveira, Sérgio Cruz e Mário Juruna, A Mesadesignou os Deputados Gilson de Barros, Dante de Oli­veira, Rubens Ardenghi, Ricardo Ribeiro e Eduardo

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11408 Sábado 22

Matarazzo Suplicy para tratarem mais especificamenteda questão da estrada Transaraguaia sem prejuízo daação da Comissão, e agradeceu a presença dos convida­dos, que se retiraram da Mesa e ocuparam o Plenário daComissão. Passou-se então à seguinte fase da Reunião,onde foi debatida pelos Srs. Deputados a questão da via­gem à Região dos lndios Pataxós, marcada para o dia se:guinte. O Sr. Deputado Domingos Leonelli solicita queseja consignado em Ata o seu veemente protesto contra aposição assumida pela FUNAI, e que estava divulgadano Jornal da Bahia, em sua edição do dia Ii de outubro,e que o adiamento da viagem não deveria ser entendidocomo uma submissão ao expediente enviado por aqueleórgão do Poder Executivo, mas sim por uma decisão so­berana da Comissão e que fará a visita em caráter pes­soal. O Sr. Deputado Dante de Oliveira tambêm concor­dou com o adiamento e requereu que fosse enviada cor­respondência à FUNAI protestando contra a nota divul­gada pelo Jornal da Bahia, c que fosse expedida notapara a imprensa divulgando o pensamento da Comissãosobre o assunto. O SI. Deputado Gilson de Barros apre­sentou requerimento propondo o envio de ofícios à SU­DECO. ao Ministro do Interior e ao Ministro dos Traas­portes, comunicando a posição desta Comissão com re­lação a estrada BR-158, e convidando os órgãos interes­sados do Executivo a participarem doravante das reu­niões desta Comissão. O Sr. Deputado Mário Jurunausou da palavra para criticar também a atitude da FU­NAI com relação à viagem. Finalmente. o Sr. DeputadoAlcides Lima, 10-Vice-Presidente e na Presidência daReunião, decidi,,: I - Adiar sine die a viagem à regiãodo lndios Pataxós; 2 - Divulgar comunicado à impren­sa sobre o assunto; 3 - Enviar correspondência aos inte­ressados comunicando o cancelamento; 4 - Enviar ofí­cios aos membros da Comissão, alertando para a falta dequorum que vem se verificando nas reuniões (art. 81, §2', do RI); 5 - Enviar ofício à SUDECO oferecendo al­ternativas para a construção. da estrada Transaraguaia.E, antes de devolver a Presidência ao Sr. DeputadoMário Juruna para o encerramento, o Sr. Deputado Al­cides Lima, l'-Vice-Presidente, comunicou ao Plenárioque O Sr. Presidente decidiu substituir o Técnico Legisla­tivo, Classe Especial, Ivan Roque Alves, na função deSecretário da Comissão, e que tendo acompanhado deperto os trabalhos da Secretaria neste pequeno período,deixava registrado o seu testemunho do zelo e dedicaçãocom que houve o Secretário e seus auxiliares que, apesardas dificuldades naturais encontradas em todo órgão emfase de instalação, tudo fizeram para que os trabalhos es­tivessem em dia c em ordem, e sempre dentro das normasregimentais da Casa. O Sr. Deputado Mário Juruna as­sumiu a Presidência dos trabalhos e declarou encerrada aReunião às treze horas e trinta minutos. e eu, Ivan Ro­que Alves, Secretário, lavrei a presente Ata que, depoisde lida e aprovada, será assinada pelo Sr. DeputadoMário Juruna e irá à publicação.

COMISSÃO no INTERIOR20' reunião ordinária realizadano dia l' de setembro de 1983

Ao l' (primeiro) dia do mês de setembro do ano de1983 (um mil novecentos e oitenta e três), reuniu-se a Co­missão do Interior da Câmara dos Deputados, presentesos Senhores Inocêneio Oliveira, Presidente, Evandro Ay­res de Moura e Heráclito Fortes, Vice-Presidentes, AssisCanuto, Orestes Muniz, José Luiz Maia, Ângelo Maga­lhães, Cristina Cortes, João Rebelo, Albérico Cordeiro,Mansueto de Lavor l [rma Passoni, Mário Juruna, Ma~noel Costa Júnior, Clarck Platon, Dilson Fanchin, VingtRosado, Pedro Corrêa, José Maria Magalhães, ManoelGuedes, Eurico Rioeiro, Manoel Gonçalves, Josias Lei­te. José Carlos Vasconcelos, Raul Ferraz. Aldo Arantes,Luiz Baptista, Dante de Oliveira, Sinval Gua72elli e Ma-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

noel Novaes. Ata: Foi lida e aprovada, sem restrições, aAta da reunião anterior. Ordem do Dia. Em seguida oSr. Presidente anuncia a Ordem do Dia constante das se­guintes matérias: Projeto de Lei Complementar n' 1/83,do Sr. Siqueira Campos, que. "cria o Estado de Tocan­tins e determina outras providências", tendo como rela­tora a Senhora Irma Passoni. Parecer: Contrário. Antesde submetido à votação, o Sr. Presidente defere pedidode vista do Sr. Eurico Ribeiro. Projeto de Lei Comple­

.mentar nO 31/83, do Sr. Paulo Lustosa, qUe. "inclui osmunicípios de Cascavel e Pacajus na Reião Metropolita­na de Fortaleza, alterando o § 80 do artigo I' da LeiComplementar nO 14, de 8 dejunho de 1973", a este ane­xo o Projeto de Lei Complementar n' 75/83, do Sr. Cláu­dio Philomeno. Relator: Deputado Dilson Fanchin. Pa­recer: Pela prejudicialidade do Projeto de Lei Comple­mentar n" 31/83 e pela aprovação do de n' 75/83. Apro­vado por unanimidade. Vai à Comissão de Finanças.Projeto de Lei n' 209/83. do Sr. Octacílio Almeida, que"introduz modificações na Lei n' 7.069, de 20 de de­zembro de 1982, que dispõe sobre o reajustamento de

. alugueres em locações residenciais e dá outras providên­cias", tendo como relator o Sr. Clarck Platon. Parecer:Favorável, com substitutivo. Aprovado por unanimida­de. Vai à Comissão de Finanças. Projeto de Lei n'747/83, do Sr. Ivo Vanderlinde, que. "acrescenta disposi­tivo à Lei nO 5.107, de 13 de setembro de 1966 (FGTS),impondo responsabilidade solidária ao BNH pelo ina­dimplemento das empresas quanto aos depósitos men­sais", tendo como relator o Sr. Deputado Luiz Baptista.Parecer: Favorável. Aprovado por unanimidade. Vai àComissão de Finanças. Projeto de Lei n' 1.062-A/79, doSI. Joel Lima - Emenda de Plenário ao Projeto de LeinO 1.602-A/79, quI'. "dispõe sobre a venda aos servidoresque menciona dos imóveis funcionais por estes ocupadosem Brasília", tendo como relator o SI. qlavo Pires. Pare­cer: Favorável. Aprovado por unanimidade. Vai à Co­missão de Finanças. Esgotada a pauta Idos trabalhos, oSr. Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, lê, para co­nhecimento dos presentes, o telex que recebeu do Sr.Aléssio Vaz Primo, Diretor da Carteira do Crédito Ruraldo Banco do Brasil, dando ciência de providências quedeterminara em atendimento de pedido formulado peloPresidente da Comissão do Interior, mencionando dis­pensa de exigências de certidões para a consolidação deformalizações por nota de crédito rural e sobre custeiosem caráter excepcional de gastos junto aos cartórios,para clientes sem recursos para tais fins. A pedido dosdeputados presentes, o SI. Presidente determina forneci­mento de cópia do expediente a todos os membros do ór­gão técnico. Em seguida, faculta a palavra aos senhoresparlamentares presentes. Falam os Senhores: João Re­bello, para que se formalize convite aos responsáveispela execução do Projeto Nordeste para comparecer àComissão; José Carlos Vasconcelos, Irma Passoni, JoséLuiz Maia. Domingos Leonelli, Raul Ferraz e ManoelCosta Júnior para discutirem os pormenores relativosaos painêis a serem realizados no mês de setembro emcurso e para traçar programas da Comissão do Interiorem viagem ao Nordeste. Esgotados os temas, declara oSI. Presidente encerrada a reunião. Para constar, eu,(Edson Nogueira da Gama), Secretário, lavrei a presenteAta que, depois de lida, aprovada e publicada, será assi­nada pelo Sr. Presidente.

21' reunião ordinária, realizadano dia 14 de setembro de 1983

Aos quatorze (14) dias do mês de setembro de 1983(um mil novecentos e oitenta e três), reuniu-se a Comis­são do Interior da Câmara dos Deputados, presentes osSenhores: Inocêncio Oliveira, Presidente, Evandro Ayresde Moura e Heráclito Fortes, Vice-Presidentes, Josê LuizMaia, Irma Passoni, Sinval Guazzelli, Epitácio Caietei-

Outubro de 1983

ra. Walter Baptista. Vingt Rosado, Cristina Cortes, IvoVanderlinde, Wagner Lago, Osvaldo murta, Ângelo ma­galhães. Carlos Alberto de Carli, José Carlos Vasconce­los, Celso Sabóia, João Rebelo, José Maria Magalhães,Jutahy Júnior, Denisar Arneiro, Luiz Guedes, JosiasLeite, Mário Juruna, Manoel Costa Junior, Pedro Cor­rêa e Aroldo Moleta. Ata: Foi lida e aprovada, sem res­trições. a Ata da reunião anterior. Ordem do Dia: O Sr.Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira informa aospresentes que a presente reunião foi convocada para arealização do Painel sobre as Enchentes do Sul do País,que contará com a presença dos Srs. Antônio CândidoPires. Superintendente da SUDESUL e com a do Gene­ral Annibal Gurgel do Amaral, Secretário Especial deDefesa Civil. A reunião foi encerrada às 13:43h (trezehoras e quarenta e três minutos). Os assuntos debatidosforam registrados através de gravação em Plenário queserão transcritos posteriormente pela Taquigrafia, pas­sando a fazer parte integrante da presente Ata. Paraconstar, eu, Edson Nogueira da Gama, Secretário, lavreia presente Ata que depois de lida, aprovada e publicada,será assinada pelo Sr. Presidente.

22- reunião ordinária realizadano dia 15 de setembro de 1983

Aos quinze (15) dias do mês de setembro do ano de1983 (um mil novecentos e oitenta e três), reuniu-se a Co­missão do Interior da Câmara dos Deputados, presentesos Senhores: Inocêncio Oliveira, Presidente, -EvandroAyres de Moura e Heráclito Fortes, Vice-Presidentes,Luiz Baptista, José Luiz Maia, Irma Passoni, WalterBaptisla, Manoel Costa Júnior, José Mendonça, PedroCorrêa, Dante de Oliveira, Mário Juruna, João Rebelo,Osvaldo Murta, Sinval Guazzelli, Renato Vianna, Ju­tahy Júnior, Luiz Guedes, Milton Brandão, Mansuetode Lavor e Vingt Rosado. Ata: Foi lida e aprovada, semrestrições, a Ata da reunião anterior. q.rdem do Dia: OSr. Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira informa aospresentes que a presente reunião foi' convocada para arealização do Painel Sobre as Enchentes do Sul do país,contando com a presença dos Srs. Governador Espiri­dião Amin, do Estado de Santa Catarina, Viee­Governador Cláudio Strassburger, do Estado do RioGrande do Sul e do Dr. Luiz Felipe Haj Mussi, Secre­tário de Segurança Pública do Estado do Paraná. A reu­nião foi encerrada às 14:20 h (quatorze horas e vinte mi­nutos). Os temas debatidos foram registrados e consta·rão das notas taquigráficas a serem remetidas á Comis­são do interior, passando a fazer parte integrante da pre­sente Ata. Para constar, eu, Edson Nogueira da Gama,Secretário, lavrei a presente Ata que depois de lida, apro­vada e publicada, será assinada pelo Sr. Presidente.

23' reunião ordinária, ~ealizada

no dia 21 de setembro de 1983

Aos vinte c um (21) dias do mês de setembro do ano de1983 (um mil novecentos c oitenta e três), reuniu-se a Co­missão do Interior da Câmara dos Deputados, presentesos Senhores: Inocêncio Oliveira, Presidente, EvandroAyrcs de Moura e Heráclito Fortes, Vice-Presidentes,José Carlos Vasconcelos, Epitácio Cafeteira, Luiz Gue­des, Irma Passoni, Mansueto de Lavor, Manoel Novaes,Pedro Corréa, Mário Jutuna, Dilson Fanchini, Assis Ca­nuto, Osvaldo Murta. Josê Maria Magalhães, AntônioPontes, Domingos Leonelli, Orestes Muniz, João Rebe­lo, Luiz Baptista, Raul Ferraz, José Maranhão e VingtRosado. Ata: Foi lida e aprovada, sem restrições, a Atada reunião anterior. Ordem do Dia: O Sr. Presidente,Deputado Inocêncio Oliveira, informa aos presentes quea reunião ora em andamento foi convocada para a reali­zação do Painel Sobre as Secas do Nordeste, contandocom a presença do Sr. Walfrido Salmito, Superindentesda SUDENE.A reunião foi encerrada às 14:50 h (quator­ze horas e cinqOenta minutos). A palestra proferida peloi

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Outubro de 1983

Superintendente da SUDENE bem como os debates pos­teriores foram registrados e constarão das notas taqui­gráficas a serem remetidas á Comissão do Interior, pas­sando a fazer parte integrante da presente Ata. Paraconstar, eu, Edson Nogueira da Gama, Secretário, lavreia presente Ata que, depois de lida, aprovada e publicada,será assinada pelo Sr. Presidente.

24' reunião ordinária, realizadano dia 22 de setembro de 1983

Aos vinte e dois (22) dias do mês de setembro do anode 1983 (um mil novecentos e oitenta e três), reuniu-se aComissão do Interior da Câmara dos Deputados, pre­sentes os Senhores: Inocêncio Oliveira, Presidentes,Evandro Ayres de Moura e Heráclito Fortes, Viee­Presidente, Vice-Presidentes, José Carlos Vaseoncelos,Irma Passoni, Fernando Gomes, José Luiz Maia, MárioJuruna, Agenor Maria, Manoel Costa Júnior, Mansuetode Lavor, Dilson Fanchin, Elquisson Soares, ManoelGonçalves, José Maria Magalhães, Josias Leitc, LuizGuedes e Manoel Novaes. Ata: Foi lida c aprovada, semrestrições, a Ata da reunião anterior. Ordem do Dia: OSr. Presidente, Deputado Inocêneio Oliveira, deelara quea reunião Foi especialmente eonvocada para dar prosse­guimento à segunda parte do Painel sobre as Seeas doNordeste, estando programado para serem ouvidos osSrs. Dom José Rodrigues, Bispo de Juazeiro, Municípíodo Estado da Bahia; Álvaro Diniz, Diretor da CON­TAG e Jorge Coelho, Agrônomo da SUDENE. A reu­nião foi encerrada às 14:10 h (quatorze horas e dez minu­tos). Os temas das palestras proferidas e os debates pos­teriores realizados pelo senhores parlamentares, foramregistrados e constarão das notas taquigráficas a seremremetidas à Comissão do Interior, passando a fazer parteintegrante da presente Ata. Para constar, eu, Edson No­gueira da Gama, Secretário, lavrei a presente Ata que de­pois de lida, aprovada e publicada, será assinada pelo Sr.Presidente.

REDISTRIBUIÇÃO DE PROJETO

O Senhor Presidente da Comissão do Interior, Depu­tado Inocêncio Oliveira, fez, em 17 de outubro de 1983, aseguinte redistribuição:

À Deputada Irma PassoniProjeto de Lei n9 96/83, do Sr. José Carlos Teixeira,

que "estabelece isenção de contribuição previdenciáriapara construção de tipo econômico de ilrea não superiora 70 metros quadrados".

Sala da Comissão, 20 de outubro de 1983. - BenícioMendes Teixeira, Secretário Substituto.

COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA

O Senhor Presidente da Comissão de Minas e Energia,Deputado Hugo Mardini, fez, nesta data, a seguinte dis­tribuição:

Ao Senhor Deputado Epitácio Bitlencourt, oProjeto de Lei n9 1.684/83, que "determina que as au­

torizações de pesquisa e concessões de lavra nas regiõesde fronteira sejam conferidas às companhias regionais dedesenvolvimento, que poderão abri~Ias à livre garimpa­gem sob sua supervisão, quando não localizadas emáreas indígenas".

Autor: Deputado Mozarildo Cavalcanti - PDS/RRAo Senhor Deputado Maurício Campos, oProjeto de Lei n9 1.708/83, que "autoriza o Poder Exe­

cutivo a criar o Programa Nacional de Aproveitamentodo Vinhoto".

Autor: Deputado Nelson do Carmo - PTB/SPAo Senhor Depu tado Celso Sabóia, oProjeto de Lei n9 1.581/83, que "proíbe a construção e

Funcionamento de instalações nucleares a menos de 100km de cidades populosas e condiciona sua instalação, em

DIÂRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

qualquer outro local, ã consulta prévia à população doEstado envolvido".

Autor: Deputado Abdias do Nascimento - PDTIRJAo Senhor Deputado Nelson Costa, O

Projeto de Lei n' 1.214/83, que "proíbe a exportaçãode diamantes "in natura", e dá outras providências".

Autor: Deputado Leónidas Sampaio - PMDB/RJ

Ao Senhor Deputado João Agripino, oProjeto de Lei n9 1.431/83, que "suspende por dois

anos a vigência do disposto no art. 49 da Lei n' 5.655, de20 de maio de 1971, que dispõe sobre a remuneração le­gai do investimento dos concessionários de serviçospúblicos de energia elétrica, e dá outras providências".

Autor: Deputado Francisco Amaral - PMDB/SP

Ao Senhor Deputado Pimenta da Veiga, oProjeto de Lei Complementar n' 67/83, que'''concede

ampla isenção de tributos, inclusive estaduais, para veí­culos com motor a álcool e outros que representem subs­tituição alternativa para o petróleo, quando adquiridospelas municipalidades".

Autor: Deputado Adhemar Ghisi - PDS/SCBrasília, 6 de outubro de 1983. - Hugo Mardini, Pre­

sidente da Comissão.O Senhor Presidente da Comissão de Minas e Energia,

Deputado Hugo Mardini, fez, nesta data, a seguinte dis­tribuição:

Ao Senhor Deputado Paulo Melro, oProjeto de Lei n' 274/83, que "dispõe sobre o prazo de

vencimento das contas de água e energia elétrica, e dáoutras providências".

Autor: Deputado Paulo Zarzur - PMDB/SP

Brasília, 14 de outubro de 1983. - Hugo Mardíni, Pre­sidente da Comissão.

I SIMPóSIO NACIONAL SOBRE ÁLCOOL COM­BUSTlvEL

REGULAMENTO

Data: Dias 18, 19 e 20 de outubro de 1983Local: Plenário da Comissão de Minas e EnergiaAr!. 19 A Comissão de Minas e Energia da Câmara

dos Deputados realizará, nos dias 18, 19 e20 de outubrode 1983, no Plenário dos seus trabalhos, ~ Primeiro Sim­pósio Nacional sobre Álcool Combustível.

Ar!. 2' O Simpósio terá por objetivo, através deconferências, painéis e debates com políticos, autorida­des diversas, cientistas e técnicos, a avaliação sobre o usodo álcool em motores e veiculas leves e pesados, paratransporte de pessoas e de cargas, sobretudo nos mo­mentos difíceis pelos quais o País atravessa, analisandosua viabilidade ante os obstáculos técnicos, econômicose resistências sociais ou ambientais, mediante a expo­sição e o debate dos seguintes temas principais:

a) A política energética brasileira e a contribuiçãodo álcool;

b) O PROÁLCOOL - Desenvolvimento recente cperspectivas;

c) Produção de motores pesados movidos a álcool­viabilidade, economia e eventuais problemas;

d) Principais problemas e reivindicações dos produ­lares de álcool;

e) Painel - Tema: O álcool como substituto do die­sel.Debatcdores: I - álcool aditivado;

2 - dupla alimentação;3 - dupla injeção/piloto;4 - desenvolvimento do motor nacional a álcool.f) Painel - Tema: Produção de energia x produção

de alimentos.Expositores: I - avaliação econômica;2 - aspectos económicos e sociais do PROÁLCOOL;3 - impactos comunitários.

Sábado 22 11409

g) Painel - Tema: Alternativas de produção de ál­cool. Panorama atual da produção de álcool. As expe­riências de cooperativas e das associações de produtores.

Expositores: 1 - desenvolvimento de novas varieda-des de cana;

2 - álcool de sorgo e mandioca;3 - álcool de madeira; .4 - as microdestilarias.h) Política de preços do álcool e dos derivados de pe­

tróleo.Art. 39 Concluídos os trabalhos do Simpósio, serão

os temas nele tratados encaminhados à publicação, sob aresponsabilidade da Comissão de Minas e Energia.

Art. 4' Os conferencistas poderão fazer-se acompa­nhar de assessores e técnicos especialistas nos assuntosenFocados, a quem será facultado responder as pergun­tas.

§ I' Além dos temas do Simpósio, poderão ser enca­minhados ao Presidente da Comissão de Minas e Ener­gia trabalhos e proposições pertinentes ao assunto, cujaapresen tação, se For o caso, far-se-á no prazo máximo decinco minutos, após debatido o último tema.

§ 2' A Comissão de Minas c Energia decidirá sobrea relevância e inclusão, nos Anais do Simpósio, das pro­posições e trabalhos recebidos.

Da Ordem dos Trabalhos

Ar!. 5' Os trabalhos do Simpósio desenvolver-se-ãoem duas partes: uma de conferências, seguidas de deba­tes; outra com painêis, seguidos de expositores pelo pra­zo de dez minutos.

§ I' A parte das conferências destina-se à exposiçãocircunstanciada dos temas e não permitirão apartes, per­guntas ou debates paralelos.

§ 29 A parte dos painéis destina-se à exposição dotema central, seguida de quadros de expositores no prazomáximo de 10 minutos.

§ 3' Coneeder-se-á a palavra primeiramente aosconferencistas e expositores e, em seguida, aos parlamen­tares e aos participantes regularmente inscritos.

Ar!. 6' As perguntas ou manifestações de opiniãodos participantes serão formuladas por escrito, durante areunião, em formulário próprio fornecido pela Secreta­ria do Simpósio. Para os parlamentares será concedido oprazo improrrogável de 3 minutos para conclusões ouperguntas sobre o tema.

Art. 7' A Presidência do Simpósio será exercidapelo Presidente da Comissão de Minas e Energia.

Art. 8' Compete do Presidente:a) presidir as reuniões;b) indicar o Relator-Geral;c) organizar, juntamente com o Relator Geral, a

pauta dos trabalhos das reuniões;d) indicar o grupo de trabalho para a redação final;e) resoJver os casos omissos.Parágrafo único. O Presidente será substituído, em

seus impedimentos eventuais, pelos Vice-Presidentes daComissão de Minas e Energia.

Ar!. 9' Compete ao Relator-Geral:a) receber os trabalhos e proposições e tomar as pro­

vidências para a consecução dos objetivos do Simpósio;b) organizar, juntamente com o Presidente, a pauta

dos trabalhos das reuniões;

c) coordenar a preparação, divulgação, organizaçãoe execução dos trabalhos.

Ar!. 10. À Secretaria Executiva compete o desempe­nho das atividades de apoio administrativo do Simpósio.

Dos Participantes

Ar!. lI. Poderão participar do Simpósio:a) parlamentares;b) autoridades e técnicos especialmente convidados;c) convidados por indicação de Deputados membros

da Comissão de Minas e Energia.

Page 40: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

11410 Sábado 22

Parágrafo único. No decorrer dos debates, por indi­cação de parlamentares ou de conferencistas, aprovadapelo plenário da Comissão de Minas e Energia, poderáser convocada qualquer pessoa de reconhecido saber,pertinente aos assuntos tratados no Simpósio, em ho­rário extraordinário a ser fixado dentro do período dasreuniões programadas.

Das Disposíções Finais

Art. 12. O presente Regulamento poderá ser altera­do pela- Presidência, de comum acordo com o Rclator­Geral.

Art. 13. Concluído o Simpósio, no prazo máximode 90 dias serão apresentadas e publicadas as conclusõese sugestões da Comissão de r,{inas e Energia ao PoderExecutivo e à Mesa Diretora do Poder Legislativo, bemcomo a todos os participantes e interessados na situaçãodo álcool combustível no País.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITODESTINADA A EXAMINAR A UTILIZAÇÃO DOSRECURSOS HIDRICOS NO BRASIL

2' Reunião, realizada em 6-10-1983

Às dez horas e quarenta e cinco minutos do dia seis deoutubro de mil novecentos e oitenta e três, reuniu-se noPlenário da Comissão de Transportes, na Câmara dosDeputados, em Brasília, sob a Presidência do DeputadoOsvaldo Coelho, a Comissão Parlamentar de Inquéritodestinada a examinar a utilização dos recursos hídricosno Brasil, com :l presença dos Senhores Deputados Os­valdo Coelho, Coutinho Jorge, Mendes Botelho, Evan­dro Ayres de Moura, Etelvir Dantas, Adroaldo Campos,Ludgero Raulino, membros efetivos: Antônio Gomes,suplente. Dando início aos trabalhos, o Senhor Presiden­te, Deputado Osvaldo Coelho, determinou à Secretáriaprocedesse à leitura da Ata, que foi aprovada unanime­mente. Retomando a palavra, o Senhor Presidente indi­cou o Senhor Deputado Coutinho Jorge para Relator daComissão, concedendo-lhe a palavra. O Senhor Deputa­do Coutinho Jorge aceitou a escolha considerando-auma mi."ão altamente dignificante. Teceu consideraçõesa respeito dos problemas hídricos brasileiros, declarandoque a Comissão deveria iniciar suas atividades, fazendolevantamentos e prosseguir analisando a utilização alter­nativa desses recursos, pois o que existe é um manejo in­correto, necessitando-se verificar, posteriormente, osmeios que viabilizem uma política coerente de aproveita­mento das fontes. A seu ver, a CPI há que observar ínloco o problema, estruturar uma sistemática de trabalho,apresentando conclusões objetivas, claras, defensáveis eimplementáveis a curto, médio e longo prazos. Ao enfa­tizar perceber que esta Comissão será bastante enriqueci­da pela vivência do seu Presidente e experiência dos seuscomponentes, o Senhor Deputado Coutinho Jorge agra­deceu sua indicação, prometendo honrar o compromissoassumido. Falando, a seguir, o Senhor DeputadoAdroaldo Campos sugeriu à Comissão inteirar-se, ini­cialmente, sobre os planos do Governo e, numa segundaetapa, conhecer e verificar o aproveitamento dos recur­sos hídricos. O Senhor Deputado Etelvir Dantas parabe­niza a Comissão pela escolha do Presidente e pela indi­cação do Relator, acrescentando que alguns projetos re­lativos aos recursos hídricos estão em abandono, necessi­tando serem visitados e estimulados. Voltando a falar, oSenhor Presidente renova agradecimentos pela presençados Senhores Deputados e ratifica sua confiança no de­senvolvimento de um trabalho de equipe em torno doSenhor Relator. Nada mais havendo a tratar, o SenhorPresidente encerrou os trabalhos às onze horas e quinzeminutos, convocando uma próxima reunião para o diavinte de outubro às nove horas e trinta minutos. E, paraconstar, eu, Nelma Cavalcanti Bonifácio, Secretária, la-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)

vrei a presente Ata, que, após lida e aprovada, será assi­nada pelo Senhor Presidente.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITODESTINADA A INVESTIGAR OS EPISÓDIOS

QUE ENVOLVERAM O BANCO NACIONAL DAHABITAÇÃO E O GRUPO DELFIN E QUE

CULMINARAM COM A INTERVENÇÃO DO BAN­CO CENTRAL NO REFERIDO GRUPO

9<' Reuniào, realizada em 06-10-83

Às nove horas e quarenta minutos do dia seis do mêsde outubro de mil novecentos e oitenta e três, presentesos Senhores Deputados Brandão Monteiro, Vice­Presidente no exercício da Presidência, Alberto Gold­man, Relator; Paulo Mincarone, Arthur Virgílio Netto,Nelson Wedekin, Nasser Almeida, membros efetivos daComissão; Irma Passoni, Márcio Braga, Nilton Alves,membros suplentes; e mais o Senhor Deputado ManoelCosta Júnior, reuniu-se no plenário da Comissão deCiências e Tecnologia, Anexo 11 da Càmara dos Deputa­dos, em Brasília, Distrito Federal, esta Comissão Parla­mentar de Inquêrito destinada a investigar os episódiosque envolveram o Banco Nacional da Habitação e oGrupo Delfin, que culminaram com a intervenção doBanco Central no referido Grupo, para tomada de de·poimento do Senhor Maurício Schulman ex-Presidentedo BNH. Ata; Lida, discutida e aprovada a da reuniãoanterior. O Senhor Presidente sugeriu a convocação doSenhor Assis Paim Cunha para prestar depoimento nodia 19 do corrente, justificando a sugestão em face dasdeclarações daquele empresário aos principais jornais doPaís, no último dia dois, relacionada com o princípio denegócio entre os Grupos Delfin e Coroa Braste!. A Se­nhora Deputada Irma Passoni sugeriu que a convocaçãodo Senhor Paim fosse feita em data mais próxima. O Se­nhor Deputado Paulo Mincarone sugeriu a data de de­zoito de outubro. Submetida à votação, foi aprovada adata de dezenove de outubro para o aludido depoimen­to. Pela ordem, o Senhor Relator Deputado AlbertoGoldman propôs que fosse designado um membro daComissão para deslocar-se à cidade de São Paulo a fimde proceder diligências, relacionadas com matéria emexame nesta Comi.ssào, oportunidade em que fez a indi­cação do nome do Senhor Presidente em exercício. Aproposta foi aprovada por unanimidade. O Senhor Pre­sidente convidou o Senhor Depoente a tomar assento àmesa e, após prestar o compromisso de praxe, foi inqui­rido pelos Senhores Deputados Alberto Goldman, Nel­son Wedekin, Irma Passoni, Paulo Mincarone, BrandãoMonteiro, Manoel Costa Júnior. O depoimcnto e as in­quirições foram gravados e, depois de traduzidos e dati­lografados, serão anexados aos autos do presente in­quêrito. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presiden­te agradeceu a presença do Depoente e encerrou a reu­niào às treze horas e cinqüênta minutos, convocando osSenhores membros da Comissão para a próxima reu­níão, a realizar·se no dia dezenove do corrente mês, àsnove horas, para tomada de depoimento do Senhor AssisPaim Cunha, Presidente do Grupo Coroa Brastel. E,para constar, eu, Sebastião Augusto Machado, Secre­tário, lavrei a presente Ata que, depois de lida, discutidae aprovada será assinada pelo Senhor Presidente.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITODESTINADA A INVESTIGAR OS EPrSÓDIOS

QUE ENVOLVERAM O BANCO NACIONAL DAHABITAÇÃO E O GRUPO DELFIN E QUE

CULMINARAM COM A INTERVENÇÃO DO BAN­CO CENTRAL NO REFERIDO GRUPO

10' reunião, realizada em 19-10-1983-

Às dez horas do dia dezenove do mês de outubro demil novecentos e oitenta e três, presentes os Senhores

Outubro di: 1983

Deputados Brandão Monteiro, Vice-Presidente noexercício da Presidência; Alberto Goldman, Relator;Paulo Mincarone, Arthur Virgílio Netto, Nelson Wede­Kin, Nasser Almeida, Sérgio Ferrara, membros efetivosda Comissão; Irma Passoni, Márcio Braga, Gustavo deFaria, membros suplentes; e mais o Senhor DeputadoNilson Gibson, reuniu-se no plenário das ComissõesParlamentares de Inquérito, Anexo II da Cámara dosDeputados, em Brasília, Distrito Federal, esta ComissãoParlamentar de Inquérito destinada a investigar os episó­dios que envolveram o Banco Nacional da Habitação e oGrupo Delfin e que culminaram com a intervenção doBanco Central no referido Grupo, para tomada de de­poimento do Senhor Assis Paim Cunha, Presidente doGrupo Coroa Braste!. ATA: Lida, discutida c aprovadaa da reunião anterior. Empediente: Leitura dos seguintesofícios; Pres-1500/83, do BACEN, respondendo Of. n9

020/83-PR., da Comissão que solicitava informaçõessobre possível negociação entre os Grupos Delfin e Co­roa Brastel: GP-1803/83, do BNH, encaminhando docu­mentos requisitados por ocasião do depoimento do Se­nhor José Lopes de Oliveira: sln do Senhor Roger Gui­marães Levinsohn, encaminhando documentos requisi­tados por ocasião do depoimento do Senhor RonaldGuimarães Levinsohn. O Senhor Presidente comunicouao Plenário sobre a ausência do depoente e propôs, emseguida, que o mesmo fosse convocado para uma novadata. Ouvido O Senhor Relator, este propôs o dia novede novembro próximo, e que a Comissão fosse convoca­da para a próxima quarta-feira, dia 26, para tratar dedois assuntos, quais sejam: a complementação do roteiroinicial e da efetivação ou eleição do Presidente da Comis­são. As propostas foram submetidas à votação e aprova­das por unanimidade. A Senhora Deputada Irma Passo­ni, pela ordem, requereu que fosse distribuidas cópias docalendário geral de convocações aos Senhores membros,bem como cópias dos documentos já recebidos pela Co­missão. O Senhor Presidente acolheu o requerimento edeterminou à Seeretària que procedesse ao atendimento.A reunião foi gravada, e depois de traduzidas c datilo­grafada, será anexada aos autos do presente inquérito.Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente encer­rou a reunião as onze horas e cinco minutos, convocan­do os Senhores membros da Comissão para a próximareunião, a realizar-se, amanhã dia vinte de outubro, àsnove horas para tomada de depoimento dos SenhoresLuiz António Pompéia, Diretor da EMBRAESP, VictorLuiz Vieira, Perito da CEF e Osvaldo Freitas Gross­mann, perito do BACEN. E, para constar, eu, SebastiãoAugusto Machado, Secretário, lavrei a presente Ata que,depois de lida, discutida e aprovada será assinada peloSenhor Presidente.

COMISSÃO DE TRABALHO E LEGISLÁÇÃOSOCrAL

REDISTRIBUIÇÃO N? 10/83

O Presidente da Comissão de TRabalho e LegislaçãoSocial, Deputado

Djalma Bom, fez a seguinte redistribuição em 17-10-83;Ao Senhor Deputado Francisco Amaral;Projeto de Lei n? 36/83, do Sr. Adhemar Ghisi, que

"disciplina o salário profissional de advogado e a remu­neração mínima por serviço prestado".

Brasília, 17 de outubro de 1983. - Agassis NylanderBrito, Secretário.

COMISSÃO DE TRANSPORTESDISTRIBUIÇÃO DE PROJETOS EM 18 DE OU­

TUBRO DE 1983

l. Projeto de Lei n? 1.287/83 - "Atribui ao Depar­tamento de Polícia Federal (DPF) a competência para afiscalização da utilização de veículos automotores ofi­ciais, na forma que menciona."

Page 41: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

Outubro de 1983

Autor: Senhor Ricardo RibeiroAo Sr. Deputado Mendes Botelho2: Projeto de Lei n' 1.569/83 - "Dispõe sobre o li­

mite máximo de peso transmitido por veiculas às superfl­cies das vias públicas."

Autor: Senhor Dilson FanchinAo Sr. Deputado Paulo Mincarone3. Projeto de Lei n' 1.674/83 - "Atribui prioridade

absoluta à construção do trecho rodoviário que especifi­ca, incluido no Plano Nacional de Aviação, aprovadopela Lei n' 5.917, de 10 de setembro de 1973."

Autor: Senhor Siqueira CamposAo Senhor Deputado Homero Santos4. Projeto de Lei n' 1.721/83 - "Inclui a rodovia

que especifica no Sistema Rodoviário N acionai, do Pla­no Nacional de Viação."

Autor: Sr. Siqueira CamposAo Sr. Deputado Navarro Vieira Filho5. Projeto de Lei n' 1.762/83 - "Dispõe sobre õ

transporte rodoviário de bóias-frias, com maior segu­rança e conforto e dá outras providências."

Autor: Sr. Paulo ZarzurAo Senhor Deputado Sérgio Ferrara6. Projeto de Lei n' 1.770183 - "Autoriza a rever­

são ao Munieípio de Jaearezinho, Estado do Paraná, doterreno que menciona.H

Autor: Poder ExecutivoAo Sr. Deputado Raul Bernardo7. Projeto de Lei n' 1.867/83 - "Estabelece meia

passagem para estudantes em viagens interestaduais."Autor: Sr. Anselmo PeraroAo Sr. Deputado Carlos Peçanha8. Projeto de Lei n' 3.151/76 - "Dispõe sobre uso

de eombust1vellíquido, óleo diesel ou álcool-motor, emveículos automotores licenciados para serviço de aluguelcomercial, inclusive táxi, e dá outras providências."

Autor: Sr. José Ribamar MachadoAo Sr. Deputado Darcy Pozza9. Projeto de Lei n' 3.207/80 - "Concede isenção

do pagamento da Taxa Rodoviária Única ao motoristaproprietário de veículo de aluguel, destinado ao trans­porte individual de passageiros."

Autor: Sr. Walmor de LucaAo Sr. Deputado Simão Sessim10. Projeto de Lei n' 3.248/80 - "Introduz alte­

ração no Decreto-lei n' 73, de 21 de novembro de 1966,limitando o teto dos prêmios devidos no seguro obriga­tório de veículos de aluguel."

Autor: Sr. Marcelo CordeiroAo Sr. Deputado Alércio Dias

COMISSÃO DE REDAÇÃO26' Reunião Extraordinária da l' Sessão Legislativa da

10' Legislatnra, realizada em 3 de ontnbro de 1983

Às dez horas e quinze minutos do dia três de outubrode mil novecentos e oitenta e três, reuniu-se extraordina­riamente a Comissão de Redação, na sala onze do Anexodois da Câmara dos Deputados. Estiveram presentes osseguintes Senhores Deputados: Aloysio Teixeira, Presi­dente, Sérgio Lomba, Joaci! Pereira, Prisco Viana, JoséCarlos de Vasconcelos. Lida, foi aprovada a Ata da reu­nião anterior. A seguir, foram lídas, discutidas e aprova­das, nos termos dos pareceres dos relatores, as redaçõesfinais das seguintes proposições: Projeto de Lei n' 1.318­B, de 1979, que "dispõe sobre a criação de Junta de Con­ciliação e Julgamento no Município de Araras, Estadode São Paulo"; Projeto de Lei n' 4.802-B que "acrcscentaparágrafo ao arl. 13 da Lei n' 5.474, dc 18 de junho de1968, que dispõe sobre as duplicatas, e dá outras provi­dências"; Projeto de Lei n' 6.0 I l-B, de 1982, que "alteraa Lei n' 6.179, de 11 de dezembro dc 1974, que instituiamparo previdenciário para maiorcs de setenta anos deidade e para inválidos"; Projeto de Lei n' 6.038-B, de1982, que "revoga o arl. 2' do Decreto-lei n' 1.910, de 29

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

de dezembro de 1981, que dispõe sobre a obrigatorieda­dc dc contribuição previdenciária por parte de aposenta­dos c pensionistas"; Projeto de Lei n' 236-B, de 1983,que "extingue o periodo de carência para a concessão deauxílio-doença e da aposentadoria por invalidez no âm·bito da Previdência Social, e determina outras providên­cias", relatadas pelo Senhor Deputado Sérgio Lomba;Projeto de Lei n' 4. 112-B, de 1980, que "acrescenta pará­grafo único ao arl. 3' da Lei n' 1.060, de 5 de fevereiro de1950, que trata da assistência judiciária aos necessita­dos"; Projeto de Lei n' 4.294-B, de 1981, que "Revoga o§ 4' do ar!. 37 da Lei n' 5.250, de 9 de fevereiro de 1967- Lei de Imprensa"; Projeto de Lei n' 6.034-B, de 1982,que "dispõe sobre a contagem de tempo de efetivo ser­viço nas Forças Armadas dos militares que prestaramserviço público federal, estadual ou municipal"; Projetode lei n' 553-B, de 1983, que "aAltera o ar!. I' e seu§ I'da Lei n' 4.717, de 29 dejunho de 1965, para ampliar ashipóteses de cabimento de ação popular e de legitimaçãopara propô-la"; Projeto de Lei n' 761-B, de 1983; que"revoga o ar!. 243 da Consolidação das Leis do Traba­lho, aprovada pelo Decreto-lei n' 5.452, de I' de maio de1943, que dispõe sobre o horário dos ferroviários de es­tações do interior", estas últimas relatadas pelo SenhorDeputado Joacil Pereira. Às onze horas e dez minutos,nada mais bavendo na pauta, o Senbor Presidente encer­f OU os trabalhos, e, para constar, eu, Laura Antônia Par­rella Parisi, Secretária, lavrei a presente Ata que, depoisde lida e achada conformc, será assinada pelo Senhorpresidente.

Aloysio Teixeira, Presidente.

27' Reunião Ordinária da I' Sessão Legislativa dalO' Legislatura, realizada em 28 de setembro de 1983

Às dez horas do dia vinte e oito de setembro de mil no­vecentos e oitenta e três, reuniu-se ordinariamente a Co­missão de Redação, na sala <lnze do Anexo Dois da Câ­mara dos Deputados. Estiveram prescntes os seguintesSenhores Deputados: Aloysio Teixeira, Presidente,Francisco Rollemberg, José Carlos de Vasconcelos,Djalma Bessa, Sérgio Lomba, Freitas Nobre e MárioHato. Deixaram de comparecer, por motivo justificado,os Senhores Deputados Rita Furtado, Daso Coimbra,João Herculino e Simão Sessim. Lida, foi aprovada aAta da reunião anterior. A seguir, foram lidas, discutidase aprovadas, nos termos dos pareceres dos relatores, asredações finais das seguintes proposições: Projeto de Lein' 5.729-B. dc 1981, que "altera a Lei n' 6.717, de 12 denovembro de 1979, que instituiu a modalidade de sorteiode números - Loto"; Projeto de Lei n' 5.794-B, de 198 I,que "define como crime de responsabilidade, dos Prefei­tos Municipais, pagar a seus servidores salários abaixodo valor correspondente ao saláro minimo da região, in­troduzindo disposição no ar!. I' do Decreto-lei n' 201,de 27 de fevereiro de 1967"; Projeto de Lei n' 263-0, de1983, que "exclui, dentre os considerados de interessc daSegurança Nacional, os Municípios de Amambaí, Antô­

.nio João, Aral Moreira, Bela Vista, Caracol, Corumbá,Eldorado, Iguatemi, Ladário, Mundo Novo, Ponta Porãe Porto Murtinho, no Estado de Mato Grosso do Sul",que foram relatadas pelo Senhor Deputado José Carlosde Vasconcelos; Projeto de Lei n' 6.741-B, de 1982, que"estende aos Auditores do Tribunal de Contas da Uniãoo disposto na Lei n' 6.554, de 21 de agosto de 1978, e dáoutras providências", relatada pelo Senhor DeputadoFrancisco Rollemberg; Projeto de Lei n' 5.709-B, de198 I, que "altera a redação do art. 35 do Decreto-lei n,3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de ProcessoPenal, para efeito de garantir à mulher casada o direitode queixa, e dá outras providências"; Projeto de Lei n'5.921-B, de 1982, que "autoriza o Poder Executivo acriar um Fundo para o Alistamcnto Eleitoral"; Projetode Lei n' 5.957-B, de 1982, que "introduz alteração naLei n' 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos

Sábado 22 11411

Funcionários Públicos Civis da União"; Projeto de Lein' 287-D, dc 1983, que "exclui, dentre os consideradosde interesse da Scgurança Nacional, o muinicípio de TrêsLagoas, no Estado de Mato Grosso do Sul", relatadaspelo Senhor Deputado Sérgio Lomba. Às onze horas,nada mais bavendo na pauta, o Senhor Presidente encer­rou os trabalhos. E, para constar, eu Laura Antonia Per­relIa Parisi, Sccretária, lavrei a presente Ata que, depoisde lida e achada conforme, será assinada pelo SenhorPresidente. Aloysio Terixeira, Presidente.

28' Reunião Ordinária da I' Sessão Legislativa dalO' Legislatura, realizada em 6 de outubro de 1983

Às dez horas e cinco minutos do dia seis de outubro demil novecentos e oitenta e três, reuniu-se ordinariamentea Comissão de Redação, na sala onze do Anexo Dois daCâmara dos Deputados. Estiveram presentes os seguin­tes Senhores Deputados: Aloysio Teixeira, Presidente,Djalma Bessa, Sêrgio Lomba, Prisco Viana, BocayuvaCunha, Junia Marise, Freitas Nobre. Deixaram de com­parecer, por motivo justificado, os Senhores DeputadosMário Hato, Rita Furtado, Daso Coimbra, João.Hercu­lino, Simão Sessim e Francisco Rollemberg. Lida, foiaprovada a Ata da reunião anterior. A seguir, foram li­das, discutidas e aprovadas, nos termos do parecer do re­lator, Senhor Deputado Sérgio Lomba, as redações fi­nais das scguintcs proposições: Projeto de Lei n' 77-C, de1983, que "outorga ao Presidente Getúlio Vargas o títulode "patrono dos Trabalhadores do Brasil"; Projeto deLei n' 2.284-A, de 1983, que "concede autorização, atitulo precário, para que os atuais garimpeiros conti­nuem explorando o ouro de Serra Pelada e determinaoutras providências". Às dez horas e vinte minutos, nadamais havendo na pauta, o Senhor Presidente encerrou ostrabalhos. E, para constar, eu, Laura Antonia Perrella­Parisi, Secretária, lavrei a presente Ata que, dcpois delida e achada conforme, será assinada pelo Senhor Presi­dente. Aloysio Teixeira, Presidente.

ERRAT~

26' Reunião Ordinária da l' Sessão Legislativa da10' Legislatura, realizada em 22 de setembro de 1983

Exclua-se, da rclação de projetos incluídos na Ata aci­ma referida, o Projeto de Lei n' 2.124-B, de 1979, que"altera a redação do ar!. 57 da Lei n' 3.807, de 26 deagosto de 1960 - Lei Orgânica da Previdência Social, edá outras providências". Aloysio Teixeira, Presidente.

25' Reunião Ordinária da l- Sessão Legislativa dalO' Legislatnra, realizada em 21 de setembro de 1983

Exclua-se, da relação de projetos incluídos na Ata aci­ma referida, o Projeto de Lei n' 218-B, dc 1979, que "as­segura a permanência no emprego ao trabalhador rea­daptado em virtude de acidente e dá outras providên­cias·'. Aloysio Teixeira, Presidente.

SECRETARIA-GERAL DA MESAResenha da Correspondência Recebida

19-10-83 - Aviso n' 392-SUPAR/83, de 18-10-83, doGab. Civil da Preso da República, encaminhando eselare­cimentos dos Ministérios da Eduçação e Cultura, da Jus­tiça e das Comunicações, sobre os quesitos constantes doReq. de Informações n' 53/83, de autoria do Sr. Dep.Francisco Amaral, sobre o não atendimento e quais osimpedimentos aos requerimentos cnviados a diversosMinistérios de Estado.

- Aviso n, 393-SUPAR/83, de 18-10-83, do Gab. Ci­vil da Preso da República, encaminhando esclarecimen­tos do Min. da Fazenda, sobre os quesitos constantes doReq. de Informações n' 21/83, de autoria do Sr. Dep.Francisco Studart, solicitando à Secretaria de Planeja.

Page 42: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

!1412 Sábado 22 ,

mento da Presidência da República e ao Banco Centraldo Brasil relação nominal das empresas estatais inadim­plentes com compromissos no exterior e informaçõessobre o montante da dívida externa de órgãos públicos.

- Of. SM/n' 686, de 1\-10-83, do SF, comunicandoremessa à sanção do PL n' 3.247/80, que "dispõe sobre aobrigatoriedade de aplicação dos créditos e financiamen­tos de organismos governamentais e daqueles provenien­tes de incentivos fiscais, exclusivamente nos projetospara os quais foram concedidos".

- Of. SM/n' 687, de 17-10-83, do SF, encaminhandoo PL n' 6.239/82, que "autoriza o Departamento Nacio­nal de Obras Contra as Secas - DNOCS, autarquia vin­culada ao Ministério do Interior, a doar o imóvel quemenciona, situado no Município de Cariús, no Estadodo Ceará", sancionado.

- Of. SM/n' 688, de 17-10-83, do SF, encaminhandoo PL n' 08/83, que "autoriza o Instituto Nacional de Co­lonização c Reforma Agrária - INCRA a doar o imóvelque menciona", sancionado.

- Of. SM/n' 689, de 17-10-83, do SF, encaminhandoo PL n' 190/83, que "concede pensão especial a AbigailLopes, companheira do ex-sertanista Francisco FurtadoSoares de Meircles", sancionado.

Oficios

SGM-965, de 17-10-83 - Ao Senador Octávio Cardo­so, convidando-o para participar de Painel na Com. deConstituição e Justiça.

SGM-966 a 969, de 17-10-83 - Aos Srs. Presidentes:da TELEBRÂS E Associação Brasileira de Telecomuni­cações, Dr. Hélio Estrela e ao Preso do Instituto Brasilei­ro de Direito Tributário, convidando-os para participarde Mesa-Redonda na Com. de Comunicação.

SGM-970, de 19-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 566/75, que "assegura o direito de preferência, dosatuais ocupantes de imóveis residenciais do Instituto Na­cional da Previdéncia Social-INPS, a aquisição das uni­dades respectivas".

SGM-971, de 19-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLnv 416/75, que "dispõe sobre a anotação do salário, naCarteira de Trabalho e Previdência Social dos barbeiros,cabeleireiros, manicures e massagistas". .

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

SGM-972, de 19-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 405/75, que "dispõe sobre a aplicação de produtos sa­neantes clorados".

SGM-973, de 19-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 316/75, que "acrescenta parágrafos ao art. 77 da Lein' 5.108 de 21 de setembro de I966-Código Nacional deTrânsito".

SGM-974, de 19-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 12/75, que "institui o "Dia da Bíblia", para ser come­morado anualmente em todo o território nacional no se­gundo domingo de dezembro".

SGM-975, de 19-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 505/75, quc "determina a obrigatoriedade da incidên­cia de juros e correção monetária nos débitos de entida­des públicas".

SGM-976, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 3.322/80, que "assegura ao aposentado por invalidezque retoma à atividade, após se recuperar parcialmentc,ou para trabalho diverso do que habitualmente exercia,direilo a manter seus proventos".

SGM-977, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 600/75, que "altera dispositivo da Consolidação dasLeis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei n' 5.452, del' de maio de 1943".

SGM-978, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PL138/75, que "institui o "Dia da Comunidade Afro­Brasileira" c determina outras providências".

SGM-979, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn. 5.693/81, que "declara de utilidade pública o GrupoEspirita Cristão "André Luiz de Interlago~", sediado nacidade de São Paulo-SP". '

SGM-980, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 2.555/79, que "altera dispositivos da Consolidaçãodas Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei n'5.452, de 1. de maio de 194~, estabelecendo regime espe­cial de férias para os tripulantes de unidades mercantes".

SGM-98I, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 5.566/81, que "instroduz alterações no Decreto-lei n'2.848, de 7 de dezembro de 1940-Código Penal, para ofim de incluir o crime de porte de arma e seus consec­tários" .

SEC!i}:T,~ltr/.-ap.U.·l!. l.:l :·ll·~·/:

1 9 B :;

Rf:QUERI/doNTOS Df: INFORMt.ÇOL'~ t'NC,1.\!INI!J.:DOS

Outubro de 1983

SGM-982, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PL593/75, que "introduz alterações no Decreto-lei n' 201,de 27 de fevereiro de 1967, que trata da responsabilidadedos Prefeitos e Vcreadores, dispondo sobre maior pro­teção do mandato legislativo dos Vereadores".

SGM-983, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando O PLn' 5.480/81, que "altera o art. 100 da Lei n' 5.869, de Iide janeiro de 1973-Código de Processo Civil".

SGM-984, de 20-10-83 - Ao SF, encaminhando o PLn' 614/75, que "erige em monumento nacional o túmulodc Getúlio Dornelles Vargas, na cidade de São Borja".

SGM-985 a 994, de 21-10-83 - Aos Srs. Presidentes:do GEIPOT. da NTC, da RODONAL, do CNP, da AN­FAVEA; Diretor-Geral do DNER, Presidente do SINI­CON. Dr. Pedro Paulo de Ulysséia; Presidente da AB­DER e da ABER, convidando-os para falar na Com. deTransportes.

GP-0-2484, de 1'8-10-83 - À Com. de Comunicação,comunicando o deferimento do Of. 131/83.

GP-O-2485, de 18-10-83 - Ao SF, encaminhandoProposta de Emenda Constitucional, de autoria do Dep.Valmor Giavarina que "altera a redação dos arts. 101 e102 da Constituição Federal".

GP-O-2516 e 2517, de 20-10-83 - Aos Srs. Vice­Presidente da República, Dr. Aureliano Chaves e Minis­tro dos Transportes, Dr. Cloraldino Severo, para proce­derem à abertura e ao encerramento do Seminário sobreTransportes Rodoviários.

PORTARIA LT/GP/84/83

o Presidente da Câmara dos Deputados, na forma dosarts. 4' e 5' da Resolução n' 24, de 28 de junho de 1976,resolve designar Maria das Graças de Oliveira para exer­cer, no Gabinete dos Suplentes de Secretários, sob o regi­me da Consolidação das Leis do Trabalho, a função deOficial de Gabinete, com o salário mensal deCr$92.006,00 (noventa e dois mil e seis cruzeiros), a par­tir dc 7 de outubro do corrente ano.

Câmara dos Deputados, 19 de outubro de 1983. ­Flávio Mareílio, Presidente.

-----------------.--_.. __ ._-

...'9

2/83

23/83

H/83

28/83

.~!JTO.r.r

JOJ.O HSHC!JLIIIO

OSVALDO LI.'oJA FILHO

RAY,lJU,'/DO AS_oORA

FRA,'ICISCO DHS

f:MENTA

Soliai. ta infoI'mações à, SEPLJ!!/ :J:JJ)).,;! O~ awna.n[;CJ:J

dos pl'e.ços dos derivados do r~ t.h.H i!<.J.

Sob:aita infol"maçõee ao' Sl'. M1NI:J'l'}(O I:.'X'1'Hl'tORDI­

li/RIO PAR,\ ASSUNTOS FUNDIlfRIO'; "út,', o d""pejo

de ] SO fami~ias de agr'icuZtol·tJ:l .:lu 1/[·'i-UHH1da Mu

ZataU~ em Pepnambuco.

SoZici ta infol''''''''ões à CAIXA eCúIlO:.JfCA FEDERAL

aObl1.2 financiamewto na oonstl,tlçào na Pal1ctiLa.

SoZiai<a i"formações ao MIIII::Jj'f!JlIO ihl "A21.'NDA

sobrae al'1'2cadação de todas as lot~l·iad 1'~ali­

zadas no Pa'l:s.

D.41'..1 LiA ltl:..'U!:.'iJ5.·: .~L: ';/'::1::.:.::l~m;:SIVr.':~·I..; ~....

(.,1/. ;!ll'J-;~l, lI! ):J.)3 •• ;I~

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Page 43: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

Outubro de 1983

::;;

23/83

24/83

25/83

OSWALDO LIUA PILHO

RAY!,IU.'IDO ASPC)R"

OSVALDO .',IELO

DIÁRIO 00 CONGRESSO NACIONAL (Seçào I)'

SF.:cRETI.RI.!~-a:;HAL Dr~ :·!~'8.·:

1 :;I :J .3

R!:.'('J!:.'RJN!!::ITOS DE: IllPOR.V,;ÇOES !:';',' ..: ..1:,!!.VHADOS

E"VENTA

SoZicita in/o!'fIlaçõe~ ao l.fII/IS'l'EH[() IJtl }'/I~:!:.'N!JA

sobroe a l"ó:!lI/tJS8a dli! dólaT'aa par~l '-' 1!.;.L·r.oJl·i~l' PCil"

empl"esaa nacionais e e~tr'angeíl'asJ em 1980 J

1981 e 1982.

SoZicita infopmaçôea ao NIIIIS1'tilIO DA JUS2'IÇA

sobre projetou e ~eaursos para a aonstpI!ç5o

de uma penitenciál'ia em Campina Gl'a'lde (l-'!:JJ.

Solicita infol"mações ao Mt'e SObl'ti! ad OUJ'U$ J;)

Patflimânio !listóT'ico de Bel.érn do Pal.'â.

Sâbado' 22 1141)

DA:l'A D.~ RE'::!:S3/. /~ G..:~:":::,~· :!:'~'':'

F.~=·81 !J':,.':,'CI':" ~.,: .~ :'7 • -=::.....~

FERREIRA. !.fAftTI:1S So1.icir::ll informaçõen ao Sr. M[Nr~J'1'IW !::X'i'R/iORDI­

NARIO 1',lU,l A ..;BUNTOS FUNDrARJ08 u"'!,!'/) ~l I.O'2""!o,:J9.

çào pelo INCHAI nos exe~c{eios de ]V,d u 1982 1

do Imposto TerritoriaL Rural, ", dS

56/B3

37/83

~O/d3

n/83

42/83

n/83

n/83

~8/83

50/85

55183

OSVALDO MELO

CRISTINA TAVARE:S

:3~RJIO CRUZ

SIEGFRIE~ HE~SER

PRA:JCISC:O .-:.'·}AR/.L

FRAnCISCO AUARAL

ALtRCIO DIAS

ARnALDO .\IACIEL

HtLIO DUQUE:

AIRTON SOARES

SoLioita infoprnaçôea ao MIlIlSTtRIO O,IS MUlAS eEflERGIA sobt'e a implantação do pl'ojt1to Albl'áa­

Alttnl.ir·te.

Solicita infopmações ao INS2'ITUTO BIIA9ILEIRO

De DE:SeNVOLVIMeNTO FLOReSTAL - IBDP sobpe os

projetos aprovados pelo õl"gào n08 últimoa

anoS'.

SoliiJi tJ inforomações ao MIloU5TtRIU DO UlTE­

RIOR sobre o n~meTo de mutuarios do Sistema

Finance1>/'o de Rabitaçào inadimplentes nos úl:­timos 5 anos,

Soliaita -itlj'ol'ma"õen uo MJNIS1'tIUO Ih! AUJ([CUI.

TURll aobroe CQmIH'ciati=;açào doi! <.:1·!'1)i; ..: r~ ~J(70

Solioita ·ini'o2 I maçÕlJ:3 ao~NI!/IS'1't/(JO ll/! P.r1'L!:.'NDA

soor'e O montante dedl~;:ido do Imp"tl L.O dtt RiJnJa

a titu~o do c~idito financ~i~o ahali~udo POl'

emp~esa8 de capitais naai011ain e ~Ol' ~mpl'dBav

de capitaZ es~rangeil'o,

Solicita in'foPlnaçôes ao BANCO NACIONAL DA liAS]'

TAÇÃO sobre os mutu.ários em atz'Cl.1:10 HU.3 Vl't!<lta­

çôqs da casa própria,

SoLicita infopmaçõea ao MINIS1'f:ilIO DO IN2'I.'IlIOII

sobve aqkisiç5es de terrenos p~Zo aNil nos aZtimas 3 a1l0S.

SoLioita infopmaçõe. ao MINIS2'f:U!o LiOS ~'RANSPO!!.

PES SObl',I? 4) d"ft<kMteft-t:o do'S 't1"oba (/fl.:nJ r.iol pãviman­

tação da BR-3t3oJ 1 no 't"peaho C"uidl'ci-",xJ'to V~lho-.

Ab~nã-Rio B~anao.

SoLicita infol'lJla"õel' ao MIIIISj'CI<J'U 1J.4 ";lZI::NDA

sabre a Latepia'E3poptiua Fed~pal d a Loto.

SoZicita informações ao Nlf/IS'l'F:RIO DAS NINAS E

ENERGIA sobl'e ope'l'açõel:1 no mer'c:auo l'i.rlaH~Bipo

intB~naoionaLI pela PETROHRAs J d~ a~~uto d~

1982 a 30 de abviL de 1~8J.

So ~ icd ta illfo}"'I~ções ao t>iINJSPEU TO 0." ·~'A.'aNlJ:[

Bo1:t'~ a CGI que apul"otl iJ'l'eaul,V·'i-dorr.(Jd Há "i!&..:~

,-=a /:,'aonô!I/'ida FedllJ'al de Goiás.

Df. SiJ,If-.d/, ·d" :':'., 3,{

Df'. SlJN-5d8 1 d ... ,:: •• , ..,. 3J

Of. :.:;';:.j-t,uJJ

.~, •••• }~ • ..,j

Di, :.:(J'U-o'i.J) • .• ~ '.:1. ):/. ~,'

Page 44: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

11414 Sãbado 22 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

1 ;,1 d J

Outubro de 1983

----------------------------------------

MOZARILDO CAVALCANTI, SoLioita informações ao TRIBUNAL DE CONTAS DA

UIlIÃO SOVl'B ae (Jantas do GoVerno do 'l'erpitô:rl-o

J;'ederal de ROr'aima J l"e'·l.ativas aO<i eXtH~a{.oio.:; de

1979 a 1982 - Governo OtOl'1QP de Sou~a Pinto.

56/83

57/83

58/83

59/83

60/83

61/83

62/83

63/83

64/83

65/83

66/83

67/83

88/83

69/83

70/83

.~!.'?CR

FRANCISCO AMARAL

FRANCISCO AMARAL

WALL FERRAZ

OSVALDO NELO

HELIO DUQUE

CRISTIlIA TAVARES

FRANCISCO AMARAL

RAYMUNDO ASFORI,

RAnJU:IDO ASFORA

ALBeRICO CORD~IRO

PAULO MI:1CAROIIE

RAYMUNDO ASFORA

OSVALDO MELO

HELIO DUQUE."

ENENTA

Solicita informações ao MINISptRIO DAS UINAS E

ENERGIA sobre a Canta de Reserva GLobal Je R.­

ver8ão~ movimBn~ada peZa ELETROER~S.

SoLicita informações aoe IHNISTPRIO VI, ,'AZEIIDA"

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DA PRESIDtllCIA DA R~

POBLICA e MINISTERIO DA PREVIDENC1A E ASSISTEN­

erA SOCIAL~ SObl"8 o débito da União para aom a

Previdência Social.

SoLici~a informações ao MINISTERIO DA AGRICUL­

TURA 8obroB a implanta~ão do Parque Nacional da

Capivara" em são Raimundo Nonato, no Piaw{.

SoZicita informações à SECRt'TAHIA DE' PLAIIEJAIIEII

TO DA PRESIDtllCIA DA REPOSLICA sob,-e a implant!!.

ção de T~óleibus em Be1ám.

SoZioi ta informações ao III1IISTeRIO DA AERON,{Un

CA sobra as obras de ampliação do Aeroporto de

Macaé~ no Estado do Rio de Janeiro.

SoLicita informaçâes ao MINIST~RIO DD IIITERIOR

sobre a situação jur.z.diao-fiTlarweirQ do Conjll!!..

to ResidenoiaZ Xpiranga~ e'~ R~aife.

SoLioita informações ao MINISTE:RTO DA ?REVIDtN­

CIA J:.' ASSISTEllCIA SOCIAL SObl' (j os débitos em

atraso das prefeituras munioipais e 8okt'e acor­

dos para pagamento parceZado,

Solioita informações ao MIII1STE:RIO DA AGRICUL­

TURA 80bre a intervenção na Cooperativa Regio­

naZ dos Produtores de Sisal da Paralba.

SoLiai~a informações ao MTNIS1'E:8IO DO INTERIOR

sobre a pallalização das obI'ae da bQl']'agem de

"Curimatã", no Estado 'da Para'Íba.

Solicita informações ao MINTST~RIO DA IND(}STRIA

E DO CONtRCIO sobre programas destinados w de­

senvolvimento da atividade tu!,tstletQ do NOl'd~8­

te.

SoZicita infol·maçõB8 ao MINIS'l'tRIO iJA FAZJ:.~NDA

aobI'e oa gastos e as apZicações do Pundo PIS/

PASEP.

SoLiei~a informações ao IIINIS1'elII0 DO INTE'RIOR

sobre as localidades em que estão situados 08

açudes constl'ufdos neste Governo.

SoLicita informações ao MINIS1'eR10 DAS NINAS E

ENERGIA sabre a ppojeto da Fábrioa Albrás-ALu­

norte~ no Pal'á.

SoLicita informaçõe. à SECRETARIA DE' PLANEJAME!!..

TO DA PRESIDEIlCIA DA, REPOBLICA .obra emp.'e3as

brasileiras com sede pr6pria ou a7.ugaJa no exte

l'iol'.

Of. (J,!J-O-<;. /d::~ .:,'07.1~·.tiJ~ (!., >!::",~'/tL ~l~' ClI,'.'T,4$ [.'S U!II(:~.

Df. SI.J:,j-tJ21 ~ .ir: :lo,'. 1 J.,j~

ar. SGM-82.J, .!~ :.lJ.:J'J

Oj'. f:GI·I-H26, J., ,'·1.1.0. BJ

OI'. ,,;'C/.!-8:':IJ, Jo; ';.lJ ..'1j

0l. ;)W1-(jJO~ lo.' 1.1;.lJ.3J

0f. StlM-8Jl~ Je ,,·';.lJ.~:.':

OJ'. ~·Gf.I-832" di! :)'1.1J, :;',;

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Outubro de 1983

::~

71/83

?2/B3

73/83

74/83

..!.'J'i'O?

OSVALDO }·lELO

PRA~CIS~O ANARAL

RAY:.JU:lDO ASFORA

ORESTES 1·IUIIIZ

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

SECRETARIA-GERAL DA :.lESA

J 9 8 3

R.~:Q!JERI.'·!.=;llTOS DF INFORMAÇÕES ENC,~,·JIIJ}}.;1Dl.,3

E!.ff!l1'A

SoZioita informaçõeo ao MINIS1't.RIO DO INTERIOR

sobl'e Projetos BNH-COlJAB, 110 Papá.

Solicita úiformaçõeo ao PODSR EXECUTIVO oob,-e

a aomposição das delegações oficiais bra9ite~

l'as às Confel'ênci~8 Intepnaaionaia do Tl'aba­

Zho promovidas peZa O~gani!ação Inte~naoionat

do Trabalho - OlT:

SoZioita informações ao UINISZt.RIO DO INTERIOR

8obp8 investimentos naB obras de abastecímento

de água de João Pessoa.

SoZioita info~maçõeo ao MINI5Tt.RIO DA FAZENDA

uob:l'~ o númcI'o de Inatitu.içõeEJ b'ina1wel.l'as qUB

estão amparadas pelo Banoo Centl'al do lJJ~a8il.

ol. g,;M - Y~ J ~ .:'.' );. 1J. • :J' J

Of. SOM-83S. J. UJ.1J.SZ

?e/83 EDUARDO NATARAZZO SUPLICY Solioita info~maçõeo ao MINI8Tt.RID DA PAZO'NDA

sobre a fisoaZização das InstituiçãefJ Finanael.

~as, especialmente com a liquidação da Co~oa­

Bl'aotaz' Of. SGM-899 1 J.J QI..',.lJ.::U

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PÂGlNA ORIGINAL EM BRANCO

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MESALIDERANÇAS

Presidente:

Flávio Marcílio - PDS

1.0_Vice-Presidente:

Paulino Cícero de Vasconcellos - PDS

2.°_Vice-Presidente:

Walber Guimarães - PMDB

1.0-Secretário:

Fernando Lyra - PMDB

2.0-Secretário:

Ary Kffuri - PDS

3.0-Secretário:

Francisco Studart - PTB

4.0-Secr·etárlo:

Amaury Müller - PDT

SUPLENTES

Osmar Leitão - PDS

Carneiro Arnaud - PMDB

José Eudes - PT

Antí'mio Morais - PMDB

PDS

Lider:

Nelson Marchezan

Vice-Lideres:

Alcides Franciscato

Amaral NettoDjalma BessaEdison LobãoGióia Júnior

Joacil PereiraJorge ArbageRicardo Fiuza

Siqueira CamposCelso Barros

Nilson GibsonJosé Lourenço

Francisco BenjamimAugusto Franco

José Carlos FonsecaSaramago Pinheiro

otávio CesárioAdhemar GhisiAugusto Trein

PMDB

Lider:

Freitas Nobre

Vice-Lideres:

Egídio Flerreira Lima

Sinval GuazzelliCardoso Alves

Carlos Sant'AnaChagas VasconcelosDel Bosco AmaralEpitácio Cafeteira

Haroldo LímaHélio Duque

Hélio Manhães

Iram saraivaJoão HercuIino

João HerrmannJorge Medauar

José Carlos VasconcelosJuarez BatistaLélio de SouzaLuiz Henrique

Marcelo CordeiroMárcio Macedo

Mário FrotaPaulo MarquesRoberto Freire

Sebastião Rodrigues Jr.Walmor de Luca

PDT

Líder:

Bocayuva Cunha

Vice-Líderes:

Nadir RossettiSérgio Lomba

Brandão MonteiroClemir Ramos

PTB

Líder:

Ivete Vargas

Vice-Líderes:

Celso peçanhaRicardo RibeiroGasthone Righi

PTLíder:

Airton Soares

Vice-Líder

Eduardo Matarazzo SuplícyIrma Passoni

DEPARTAMENTO DE COMISSÕES

COMISSOES PERMANENTES

1) COMISSÃO DE AGRICULTURA EPOLfTICA RURAL

Titulares

PDS

Onísio LudovicoPaulo MarquesPimenta da VeigaRaul FerrazVago

Irineu Colato

Jonathas NunesRubens Ardenghi

PDT

Mário JurunaVago

PT

PMDB

Marcelo Gato

Suplentes

PDS

Aríldo Teles

Eduardo MatarazzoSUJllícy

Reuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10 horasLocal: Anexo 1I - sala 11 - R.: 6293 e 6294Secretário: José Maria de Andrade Córdova

2} COMISSÁO DE CI~NCIA ETECNOLOGIAPresidente: Fernando Cunha - PMDB

Vice-Presidente: Dirceu Carneiro - PMDBVice-Presidente: Antônio Florêncio - PDS

TitularesPDS

Jorge VargasManoel AffonsoManoel Costa JúniorMansueto de LavorNelson AguiarOlavo Pires

Adaíl VettorazzoBrasílio Caiado

Jorge UequedJorge Vargas

Evaldo AmaralJoão Rebelo

Juarez BernardesLélio SouzaMárcio LacerdaMarcondes PereiraMattos LeãoMelo FreireOswaldo Lima FilhoRaul BelémSantinho Furtado

PT

PDTSérgio Lomba

PMDB

Epitácio BittencourtEstevam GalvãoHumberto SoutoIsrael PinheiroJosé Carlos FagundesOtávio Cesár:ioOsvaldo CoelhoPedro GermanoPrisco VianaRubem MedinaSalles LeiteSebastião Curió

PMDBDel Bosco AmaralDoreto CampanariHélio DuqueIsrael Dias-NovaesJoão Bastos

Suplentes

PDS

Aldo PintoOsvaldo Nascimento

Airton Soares

Airton SandovalAroldo MolettaCardoso AlvesCarlos VinagreFernando GomesGeraldo FlemingHarry AmorimIvo VanderlindeJorge ViannaJuarez Batista

Afrísio Vieira LimaAlceni GuerraAntônio DiasAntônio FariasAntônio FlorêncíoAntônio MazurekAntônio UenoAssis CanutoCristino CortesDarcy PozzaDíDgO NomuraEnoc Vieira

Agenor MariaAntônio CâmaraCarlos MosconiCa,sUdo MaldanerDante de Oliveira

Gerardo RenaultHélio DantasJoão Carlos de CarliJoão PaganellaJonas PinheiroLevy DíasMaçao TadanoPedro CeoIímReinhold StephanesRenato CordeiroSaramago PinheiroWildy Vianna

Presidente: Iturival Nascimento - PMDBVice-Presidente: JOsé Mendonça de Moraes

PMDB

Vice-Presidente: Antônio Gomes - PDS

Adauto PereiraAlcides LimaAmílcar de QueirozBalthazar de Bem

e CantoBento PortoCarlos EloyCelso CarvalhoEmfdio PerondiFabiano Braga CortesFrancisco SalesGeovani Borges

Diretor: Jolímar Corrêa PintoLocal: Anexo II - Telefone 224-2848

Ramal 6278

Coordenação de Comissões Permanentes

Diretora: Sílvia Barroso MartinsLocal:' Anexo II - 'Telefone: 224-5179

, Ramais: 6285 e 6289

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3) COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO

4) COMISSÃO DE CONSTITUiÇÃO EJUSTiÇA

Reuniões:

Quartas e Quintas-feiras, às 10 horasLocal: Anexo II - Sala 3 - R.: 6295Secretário: Luiz de Oliveira Pinto

Presidente: Bonifácio de Andrada - PDSVice-Presidente: Leorne Belém - PDSVice-Presidente: Brabo de Carvalho - PMDB

Titulares

Gerardo RenaultGerson PeresJosé BurnettJosé CamargoJosé Carlos MartinezJosé Luiz ,MaiaNagib HaickelNylton VelIosoOrlando BezerraRenato JohnssonVictor Trovão

PMDBMário HatoMiguel ArraesMúcio AthaydeNelson WedekinOswaldo Lima Filll0Sebastião Rodrigues

JúniorVirgildásio de Senna4 vagas

PDT

João Faustino - PDSFerreira Martins - PDSHermes Zaneti - PMDB

TitularesPDS

Rômulo GalvãoSalvador JilJianelliStélio DiasVictor Faccioni

Pedro Sampaio - PMDBGenebaldo Correia - PMDBIsrael Pinheiro - PDS

TitularesPDS

José LourençoJosé MouraJosé Thomaz NonôLuiz Antonio FayetOscar CorrêaPratini de MoraesRicardo FiuzaRubem MedinaSaulo QueirozSérgio Philomeno

PMDB

Haroldo LimaHélio DuqueJoão AgripinoJosé UlissesManoel AffonsoOdilon SalmoriaRalph BiasiSiegfried Heuser

PresidenteVice-PresidenteVice-Presidente

Darcilio AyresEraldo TinocoOly FachinRita Furtado

Presidente:Vice-Presidente:Vice-Presidente:

Carlos WilsonCid CarvalhoEuclides ScalcoHenrique Eduardo

AlvesIrajá RodriguesIrapuan Costa JúniorJosé FogaçaMarcelo Cordeiro

7) COMISSÃO DE EDUCAÇÃO ECULTURA

Adauto PereiraAlcides FranciscatoBalthazar de Bem e

CantoCarlos VirgilioDjalma BessaEduardo GalilEvandro Ayres de

MouraFelix MendonçaGeraldo BulhõesGeraldo Melo

PDT

José GenoinoReuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10:00 hora"Local: Anexo n - Sala 4 - R.: 6314Secretária: Delzuite Macedo de Al<uiar

PTRicardo Ribeiro

PTB

Sebastião Nery

PTB

Fernando CarvalhoPT

Aldo Pinto

Eduardo MatarazooSuplicy

6} COMISSÃO DE ECONOMIA,INDúSTRIA E COM~RCIO

Suplentes

PDS

Alencar FurtadoAlberto GoldmanAntônio CâmaraArthur Virgílio NetoCiro Nogueira.Coutinho JorgeCristina TavaresDarcy PassosGustavo Faria

Amaral NettoAntônio FariasAntônio OsórioCelso de BarrosEstevam GalvãoEtelvir DantasFernando CollorHerbert LevyJoão Alberto de SouzaJosé Jorge

Theodoro MendesValmor Giavarina

PT

PDT

Matheus Schmidt

PTB

PDT

Walter Casanova

PTB

PT

PMDB

Luiz LealMárcio MacedoMilton ReisRenan CalheirosRoberto FreireWagner Lago6 vagas

França Teixeira

PMDB

Samir AchôaVirgildásio de Senna

Suplentes

PDS

Mozarildo CavalcantiSérgio Philomeno

PMDBMário FrotaRonaldo Campos2 vagas

PDT

Aurélio PeresJosé Carlos

Vasconcellos

Nilton Alves

Albino CoimbraFigueiredo Filho

Aécio CunhaCláudio Philomeno

Agenor MariaDel Bosco AmaralHélio Manhães

Amadeu GearaCardoso AlvesFrancisco AmaralIbsen PinheiroJorge LeiteJorge MedauarLélio SouzaLuiz Henrique

Floriceno Paixão

Airton Soares

Celso Peçanha

Gastone Righi

Brandão Monteiro

José GenoinoSuplentes

PDS

Celso Banos Lázaro CarvalhoDarcílio Ayres Magalhães PintoEdison Lobão Nelson MorroFrancisco Benjamim Ney FerreiraGomes da Silva Osmar LeitãoGonzaga Vasconcelos Pedro ColinHélio Correia Ricardo FiuzaJoão Paganella Ronaldo CanedoJosé Carlos Fonseca Sarney FilhoJosé Mendonça Bezerra Tarcisio BuritiJosé PenedO Theedorico FerraçoJutahy Júnior

Reuniões

Terças, quartas, quintas-feiras, às 10 :00 horasLocal: Anexo II - Sala 17 - Ramal 6.30BSecretário: Ruy Ornar Prudêncio da Silva

Presidente: Paulo Lustosa - PDSVice-Presidente: Agnaldo Timóteo - PDTVice-Presidente: Olivir Gabardo - PMDB

Titulares

PDS

5) COMISSÃO DE DEFESA DOCONSUMIDOR

Reuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10:00 horasLecal: Anexo nSecretária: Maria Júlio. Rabello de Moura

Raimundo LeiteRaymundo AsíióraSérgio MuriloVago

Vago

PDSJosé BurnettJúlio MartinsMário AssadNatal GaleNilson GibsonOctávio CesárioOsvaldo MeloRondon Pacheco

PDS

Salles LeiteSiqueira CamposVieira da Silva

PMDB

João GilbertoJorge CaroneJosé MeloJosé TavaresOnísio LudovicoPimenta da VeigaPUnio Martins

Pedro CeolimRômulo GalvãoSaulo QueirozVingt Rosado

PMDB

Sérgio MuriloVagoVago

PDT

PTB

PMDBCarneiro ArnaudIbsen PinheiroMarcelo Medeiros

PDT

PMDB

Suplentes

PDS

Adelnir AndradeAluízio CamposArnaldo MacielDjalma FalcãoEgfdio Ferreira LimaElquisson SoaresJoão Cunha

Afrísio Vieira LimaAntônio DiasArmando PinheiroDjalma BessaEduardo GaliIErnani satyroGerson PeresGorgônio NetoGuido MóeschHamilton XavierJairo MagalhãesJoacil PereiraJorgp. Arbage

JG de Araújo Jorge

AJair F'erreiraFernando CollorFrança TeixeiraManoel Ribeiro

Heráclito FortesMárcio BragaPaulo ZarzurSamir Achôa

Anibal TeixeiraAntônio MoraisCarlos Wilson

Fernando Carvalho

Reuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Ramais 6304 e 6300Secretário: Iole Lazzarini

Sebastião Nery

Presidente: Henrique Eduardo AlvesPMDB

Vice-Presidente: Moacir Franco - PTBVice-Pl'esidente: José Carlos Martinez - PDS

Titulares

Carlos VirgilioGióia JúniorJaime CâmaraMagno Bacelar

Cristina TavaresManuel VianaSinval Guazzelli

Page 49: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

PTMoacir Fra.nco

PDTAbdias do Nascimento Clemir Ramos

PTB

Irma· PassoniReuniões:Quartas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 9 - R.: 6318Secretária: Tasmânia Maria de Brito Guerra

Nagib HaickelNosser AlmeidaPaulo GuerraRita FurtadoRubem: Ardenghi

Irineu ColatoJosé Mendonça BezerraJosué de SouzaOtávio CesárioUbaldo BarémWildy Vianna

PMDB

João HerrmannJosé Carlos VasconcelosManoel Costa Jr.3 vagas

PDS

Luiz GuedesMárcio SantilliOrestes MunizRandolfo BittencourtRonaldo CamposSérgio Cruz

Suplentes

Adhemar GhisiAlbino CoimbraAntonio MazurekAssis CanutoBento PortoFrança Teixeira

Coutinho JorgeDomingos LeonelliFreitas NobreHaroldo LimaIsrael Dias-Novaes

Aldo ArantesDante 'CIe OliveiraEduardo Matarazzo

Suplicy (PT)Gilson de BarrosIbsen Pinheiro

11) COMISSAO DO INDIOPresidente: Mário Juruna - PDT

Vice-Presidente: Alcides Lima - PDSVice-Presi'CIente: Ricardo Ribeiro - PTB

TituIarfS

IPDS

Jaime CâmaraJoáo Batista FagundesJoão PaganellaJosé FernandesManoel RibeiroMozarildo Cavalcante

PMDB

Jayme SantanaRenato JohnssonVicente Guabiroba

PDT

Jessé FreireRenato CordeiroThales RamalhoWanderley Mariz

PMDB

Raul BelémRuy CôdoWilscn Vaz

Múcio AthaydeSérgio CruzWalmor de Luca

PDTVago

PTB

PMDB

Suplentes

PDS

Presidente: Irajá Rodrigues - PMDBVice-Presidente: Floriceno Paixão - PDTVice-Presidente: José Carios Fagundes - PDS

Titulares

PDS

Ricardo Ribeiro

Ademir AndradeDomingos JuvenilLeopoldo BessoneMarcos Lima

Nadyr Rossetti

9) COMISSAODE FINANÇAS

Luiz BaccariniLuiz LealMoysés Pimentel

Angelo MagalhãesCelso CarvalhoEtelvir DantasFerreira Martins

Aécio de BorbaChristóvam ChiaradiaFernando MagalhãesIbsen de Castro

PT

PMDB

Márcio BragaRandolfo BittencourtRaymundo UrbanoTobias AlvesWaU Ferraz

PDTWalter Casanova

PTB

Suplentes

PDSMagno BacelarNorton MacedoOscar AlvesSimão SessimVieira da Silva

PMDBMarcondes PereiraOctacilio AlmeidaOlivir GabardoPaulo MarquesRaimundo Asfóra

ArUdo Teles

Luis Dulcl

Celso Peçanha

Albérico CordeiroBrasllio CaiadoCunha BuenoJairo MagalhãesLeur Lomanto

Carlos Sant'AnnaCasUdo MaldanerDiOlÚSlo HageFrancisco DiasJoão Bastos

Aldo ArantesFrancisco AmaralGenebaldo CorreiaGenésio de BarrosJoão HerculinoLuiz Baptista

,PDT

PTBArildo Teles

Ricardo RibeiroReuniões:

Quintas-feiras, às 10 horasLocal: . Plenário da Comissão de Defesa do

Consumidorsecretária: Maria Linda Morais de MagalhãesRamais: 6386 e 6387

PDT

PTB

Agnaldo Timóteo

Aldo Arantes José Maria MagalhãesCarlos Alberto de CarIl Luiz BaptistaDante de Oliveira Luiz GuedesDilson Fanchin Manoel Costa Jr.Domingos Leonelli Mansueto de LavorJorge Medauar Mário FrotaJosé Carlos Olavo Pires

Vasconcelos Orestes MuniZJosé Maranhão Pedro Novaes

Vago

Reuniões:

Terças-feiras, às 10 horasQuintas-feiras, às 9 horasLocal: Plenário da Comissão de RedaçãoSecretário: Ivan Roque Alves - R.: 6391 e 6393

PMDB

Albérico Cordeiro Leur LomantoAngelo Magalhães Lúcia ViveirosAntônio Mazurek Manoel GonçalvesAntônio Pontes Manoel NovaesAssis Canuto Milton BrandãoAugusto Franco Nagib HaickelClarck Platon Nylton VeIlosoCristino Cortes Orlando BezerraGeraldo Melo Osvaldo CoelhoGilton Garcia Paulo GuerraJoãp Rebelo Pedro CorrêaJosé Luiz Maia Victor TrovãoJosé Mendonça Bezerra Vingt RosadoJosué de Souza Wanderley MarizJutahy Júnior

Presidente: Inocêncio Oliveira - PDSVice-Presidente: Evandro Ayres de Moura

PDSVice-Presidente: Heráclito Fortes - PMDB

TituIares

PDS

12) COMISSÃO DO INTERIOR

Manoel NovaesMarcelo Linhal'esUbaldo BarémWilson Falcão

Siegfried Heu3er2 vagas

PTB

Ulysses GuimarãesWilson Vaz

PTB

PMDB

PTB

PMDB

Alencar FurtadoFrancisco Pinto

Aécio de BorbaAlvaro GaudêncioAmilcar de QueirozJorge ArbageJosué de Souza

Presidente: Humberto Souto - PDSVice-Presidente: Nosser de Almeida - PDSVice-Presidente: Milton Figueiredo - PMDB

Titulares

PDS

Haroldo SanfordJoão AlvesOzanam Coelho

João HerculinoRoberto Rollemberg

Mendonça Falcão

Celso Peçanha

Reuniões:

Quartas e Quintas-feiras, às 10 horasLocal: Anexo II - sala n.o 16 - R.: 6322 e 6323Secretário: Jarbas Leal Viana

Augusto Treincastejon BrancoFurtado LeiteGeraldo Bulhões

Ricardo Ribeiro

Reuniões:

Quartas e Quinta.s-feiras, às 10 :00 horasLOcal: Anexo II - Sala 15 - R.: 6325secretãrio: Geraldo da Silva

Suplentes

PDS

10) COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO FI­NANCEIRA E TOMADA DE CONTAS

José Carlos MartinezJosé MouraManoel RibeiroPaulo Lustosa

PMDBHeráclito FortesJosé Eudes (PT)Manoel AffonsoMilton Reis

PTB

PDT

Aloysio TeixeiraBete Mendes (PT)Ciro NogueiraIbsen PinheiroJoão Bastos

SuplentesPDS

Aécio de Borba Léo SimõesAlbino Colmbra Marcelo LinharesArolde de Oliveira Simão SessimFrancisco Erse Siqueira .CamposJoão Carlos de Carli Victor Faccioni

PMDB

Leônidas SampaioLuiz HenriqueRaul FlerrazRoberto Rollemberg

Agnaldo Timóteo

Mendonça Falcão

Elquisson SoaresFelipe CheiddeHélio ManhãesHenrique Eduardo

Alves

8) COMISSÃO DE ESPORTE ETURISMOPresidente: Márcio Braga - PMDB

Vice-Presidente: Oly Fachin - PDSVice-Presidente: Albérico Cordeiro - PDS

Titular,es

PDS

Aécio CunhaAlércio DiasFernando CollorFrança Teixeira

Page 50: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

13) COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA

Luis Dulci

Reuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10 :00 horasLocal: Anexo II - Sala 8 - R.: 6333

J oaoil PereiraJoão AlvesJoão Batista FagundesJoão Carlos de CarliJosé Thomáz NonôLúcia ViveirosNosser AlmeidaOscar CorrêaOsvaldo MeloOzanan CoelhoPaulo GuerraPaulo LustosaRaul Bernardosaramago PinheiroSiqueira Campos

Jacques D'OrnellasSérgio Lomba

PTB

PMDB

Manoel AffonsoManoel Costa Jr.Odilon SalmoriaOrestes MunizPaes de AndradePedro SampaioRaymundo UrbanoRuy CôdoTheodoro MendesTobias AlvesUlysses GuimarãesWalter BaptistaVago

PDT

PT

PDT

Vago

Lúcio AlcântaraLudgero RauIinoMauro SampaioOscar Alves

PMDB

Manuel VianaMário HatoMax Mauro

Miguel ArraesMilton ReisNelson AguiarOctacílio AlmeidaPaulo MarquesRenato BuenoRosa FloresSebastião Rodrigues

Júnior

PDT

Abdias do Nascimento José FrejatClemir Ramos Nilton Alves

PTB

Anselmo PeraroDoreto CampanariEuclides ScalcoLeônidas Sampaio

Armando PinheiroAugusto FrancoBonifácio de AndradaCláudio Phi1omenoErnani SatyroFernando BastosFernando MagalhãesFurtado LeiteGilton GarciaGogônio NetoHamilton XavierHélio DantasHomero Santosítalo ContiJaime CâmaraJayme Santana

Albino CoimbraAlceni GuerraF'igueiredo FilhoLeônidas Rachid

Jarbas VasconcelosJoão HerrmannJosé AparecidoJosé Carlos TeixeiraJosé FogaçaJúilla MariseLeopoldo BessoneMárcio MacedoMárcio Santilli

José Eudes

Ivete Vargas

PT

16) COMISSÃO DE SAúDEPresidente: Borges da Silveira - PMDB

Vice-Presidente: Carlos MOSconi - PMDBVice-Presidente: Tapety Júillor - PDS

Titulares

PDS

Suplentes

PDS

Agnaldo TimóteoJO de Araújo Jorge

Mendes Botelho

Bete Mendes

Reuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10 :00 horasLocal: Anexo II - sala 7 - R.: 6347 e 6348Secretária: Edna Medeiros Barreto

Anibal TeixeiraArnaldo MacielArthur Virgílio NetoBorges da SilveiraCarlos Sant'AnnaDionísio HageDjalma FalcãoGustavo FariaJoão CunhaJoão GilbertoJorge CaroneJuarez BernardesTJuiz Guedes

PMDB

Flávio BierrenbachFreitas NobreIram SaraivaIrapuan Costa Júnior

PMDB

João AgripinoWalmor de Lucavago

PDT

PTB

PDT

João Herculino

PDT

Suplentes

PDS

José LourençoJosé MachadoLevy DiasLuiz Antonio FayetManoel GonçalvesPratini de MoraesRondon Pacheco

Suplentes

PDS

Siqueira CamposVago

PMDB

José Carlos VasconcelosPedro Novaes

Aluízio BezerraChagas VasconcelosDaso CoimbraFernando Santana

Aécio CunhaAdhemar GhisiBento PortoClarck PlatonHaroldo Sanfordlrineu ColatoJoão Alberto de SouzaJosé Fernandes

Matheus Schmidt

Alberto GoldmanCoutinho JorgeFernando Santana

Daso Coimbra

J oacil PereiraPrisco Viana

Moacir Franco

Reuniões:

Quartas e Quintas-feiras, às 10 :00 horasLocal: Anexo II - Sala 7 - R.: 6336Secretária: Allia Felicio Tohias

14) COMISSÃO DE REDAÇÃOPresidente: Aloysio Teixeira - PMDB

Vice-Presidente: Mário Hato - PMDBVice-Presidente: Rita Furtado - PDS

Titulares

PDS

Djalma B!,!ssa Simãc' SessimFrancisco Rollemberg

PMDB

Sérgio Lomba

15) COMISSÃO DE RELAÇõESEXTERIORES

Presidente: Diogo Nomura - PDSVice-Presidente: Pedro Colin - PDSVice-Presidente: Israel Dias-Novaes - PMDB

Titulares

PDS

Adroaldo Campos Marcelo LinharesAntônio Ueno Nelson MorroCunha Bueno Norton MacedoEdison Lobão Ossian AraripeEnoc Vieira Paulo MalufFrancisco Benjamim Rubens ArdenghiJessé Freire Santos FilhoJonathas Nunes Sarney FilhoJosé Camargo Tarcísio BuritiJosé Carlos Fonseca Thales RamalhoJosé Machado Theodoricó FerraçoJosé Penedo Ubaldo BarémJosé Ribamar Machado Wilson FalcãoMagalhães Pinto VagoMaluly Neto

Freitas NobreJúilla Marise

Délio dos Santos

Reuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - sala 14 - R.: 6342 e 6340Secretária: Laura Perrela Parisi

Marcos LimaVicente Queiroz

Léo SimõesMauricio CamposNelson CostaPaulo MelroPrisco VianaWolney Siqueira

PTB

PDT

Vago.

PT

Ronaldo CamposSinval GuazzelliWagner LagoWalter BaptistaVago

PDT

Mário Juruna

PT

Milton FigueiredoPlinio MartinsRaimundo LeiteRandolfo BittencourtRenato ViannaRuben FigueiróVagoVagoVagoVagoVagoVagoVagoVago

PDT

Osvaldo NascimentoPTB

PTB

PMDB

Suplentes

PDS

João FaustinoJonas PinheiroJosé JorgeJosé MouraJúlio MartinsLéo SimõesLeorne BelémLúcio AlcântaraLudgero RaulinoMauro SampaioOssian AraripeRuy BacelarTapety JúniorVivaldo FrotaWilmar Pallis

Nadyr Rossetti

Nelson do Carmo

Bayma JúniorEmilio GalloEpitácio BittencourtEvaldo AmaralFelix MendonçaGonzaga VasconcelosJoão Batista Fagundes

PMDB

Celso SabóiaGenésio de BarrosMarcelo Cordeiro

Délio dos Santos

Irma Passoni

Presidente: Hugo Mardini - PDSVice-Presidente: Horácio Matos - PDSVice-Presidente: Cid Carvalho - PMDB

Titulares

PDS

Oswaldo MurtaPaulo BorgesRaul FerrazRenato BernardiRoberto Freire

José Frejat

Aloysio TeixeiraAluízio BererraAluízio CamposAnibal TeixeiraAroldo MolettaDenisar ArneiroFernando GomesHaroldo LimaHarry AmorimJoão HerrmannJoaquim RorizJosé MelloMarcelo CordeiroMárcio Lacerda

Adroaldo CamposAlcides LimaAlércio DiasAntônio AmaralAntônio OsórioBayma JúniorCelso BarrosChristóvam ChiaradiaEurico RibeiroFabiano Braga CortesFrancisco ErseF1rancisco SalesGeovani BorgesHerbert LevyHugo MardiniIbsen de Castro

Vago

Page 51: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

PDT

Suplentes

PDS

17) COMilSSÃO DE SEGURANÇANACIONAL

vago

Reuniões:

Quartas e Quintas-feiras, às 10 :00 horasLocal: Anexo II - Sala 10 - R.: 6352Secretária: Iná Fernandes Costa

Paulo ZarzurRuy CôdoSérgio FerraraTidei de Lima

Leônidas RachidMaçao TadanoMaurício camposPaulo MalufSantos FilhoStélio DiasVictor FaccioniWolney Siqueira

Navarro Vieira FilhoPedro GermanoRaul BernardoSimão sessimWilmar Pallis

PT

PDT

PDS

PMDB

PMDB

Suplentes

Hélio CorreiaHomero SantosJairo AziJosé FernandesLázaro CarvalhoManoel Ribeiro

Adail V<lttorazzoAmaral NettoAlcid<ls FranciscatoAugusto TreinCarlos EloyEdme TavaresEmidio PerondiEraldo Tinoco

Bete Mendes

José Colagrossi

Carlos PeçanhaDomingos JuvenilF<llipe Cheidd<lJoaquim RorizPaulo Mincaroni

PMDB

Jorge UequedMoyses Pimentel

PMDB

Mário de OliveiraNelson WedekinRenan Calheiros

Osmar LeitãoRonaldo CanedoVivaldo FrotaVago

PDT

Titulares

PDS

Epitácio CafeteiraF1"eitas NobreGilson de Barros

Reunióes:

Quartas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 12 - R.: 6360Secretário: ODlair de Mattos Rezende

Amadeu GearaAurélio PeresCássio GonçalvesJúlio CostamilanLuiz Henrique

sebastião Ataide

Adhemar GhisiAlcides FranciscatoAlvaro GaudêncioAntônio AmaralFernando BastosJosé Lins de

Albuquerque

19) COMISSÃO DE TRABALHO ELEGISLAÇÃO SOCIAL

Presidente: Dj&lma Bom - PT

Vice-Presidente: Edme Tavar,es - POS

'Vice-Presidente: Francisco Amaral - PMDB

Navarro Vieira FilhoPedro CorrêaRita Furtadosalvador Julianelli

Sebastião Curió

PMDB

Mattos LeãoRenato Bueno3 vagas

PMDB

RUY Lino

PDT

Castejon BrancoFrancisco RollembergInocéncio OliveiraJairo Azi

José Lins de Albu­querque

Carneiro ArnaudJorge ViannaJOsé Maria MagalhãesLuiz Guedes

Ney Ferreira

Ruben Figueiró

Presidente: ítalo Conti - PDSVice-Presidente: Francisco Rollemberg - PDSVice-Presidente: Gilson de Barros - PMDB

Titulares

PDS

Gastone Righi

Reuniões:Quartas e Quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - sala 13 -- R.: 6355 e 6358Secretário: Walter Flores Figueira

Suplentes

PDS

Antônio Pontes Milton BrandãoJosé Ribamar Machado Vicente Guabiroba

PMDB

Reunióes:

Quartas e Quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - sala 5 - R.: 6372 e 6373Secretário: Carlos Brasil de Araújo

Jaques D'Ornellas

Farabulini Júnior

FláVio BierrenbachLuiz Baccarini

vago

PTB

José Tavares

PDT

PTB

Jorge Cury

Antônio GomesEmilio GalloGióia JúniorMaluly NetoMáric AssadNatal Gale

Brabo de CarvalhoDarcy PassosDomingos LeonelliFernando CunhaIvo Vanderlinde

Brandão Monteiro

PTB

Suplentes

PDSNelson CostaNilson GibsonPaulo MelroReinhold StephanesVago

PMDB

Marcelo GatoMirthes Bevilac!;!uaVagoVago

PDT

Airton SandovalDilson FanchinFrancisco DiasGeraldo FlemingJosé misses

Sehastião Ataíde

Nelson do Carmo

Djalma Bom

Juarez BatistaLuiz LealOrestes MunizPaulo BorgesRosa Flores

PDT

PTB

PT

18) COMISSÃO DE SERViÇOPÚBLICO

Gastone Righi

PTB

PT

COORDENAÇÃO DE COMISSOESTEMPORÁRIAS

Presidente: Paes de Andrade - PMDBVice-Presidente: Jorge Leite - PMDBVice-Presidente: Francisco Erse - PDS

Diretor: Walt<lr Gouvêa Costa

Local: Anexo II - Tel: 226-2912

Ramal: 6401

Seção de Comissões Parlamentaresde Inquérito

Chefe·: Lucy stumpf Alves de Souza

Local: Anexo II:'- TeL 223-7280

Ramal 6403

Seção de Oomissóes Especiais

Chefe: Stella Prata da Silva Lopes

Local: Anexo II - Tel.: 223-8289

Ramais: 6408 e 6409

TituIues

PDSDarcy PozzaEurico Ribeiro

Alair FerreiraAlércio Dias

Presidente: Ruy Bacelar - PDSVice-Presidente: Denisar Arneiro PMDBVice-Presidente: Mendes Botelho - PTB

20) COMISSÃO DE TRANSPORTES

J.osé Eudes

Reuniões:

Quartas e QuintaS-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 15 - R.: 6367Secretário: Agassis Nylander Brito

Oly FacchinWildy Vianna

Gomes da Silva

Guido MoeschHorácio Matos

Titulares

PDSMozarildo CavalcantiVago

PMDB

Francisco Pinto Renato ViannaMyrthes BeVilacqua

Suplentes

PDS

Page 52: imagem.camara.gov.brimagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/dcd22out1983.pdfRepública Federativa do Brasil DIÃRIOlilililllríNAC10NAL SEÇÃO I ANO XXXVIII - N9 138 CAPITAL FEDERAL SÁBADO,

1) COMISSAO ESPECIAL DESTINADAA DAR PARECER AO PROJETO DELEI N9· 634175, DO PODER EXE­CUTIVO, QUE INSTITUI O CóDIGOCIVIL

Airton SoaresJoão Herrmann

Sérgio Lomba

PMDB

Israel Dias-NovaesPimenta da Veiga

PDT

Aldo ArantesAlencar FurtadoAnibal Teixeira

PMDB

Fernando SantanaHélio Duque

PDT

PDS

Afrísio Vieira Lima Francisco RollembergFrancisco Benjamim

PMDB

Presidente: Pimenta da Veiga - PMDBVice-Presidente: Elquisson Soares - PMDBVice-Presidente: Gilton Garcia - PDS

Relator-Geral: Ernani Sátyro - PDS

Relatores Parciais:

Dep. Israel Dias-Novaes -- Parte Geral - Pes­soas, Bens e Fatos JurídicosDep. Francisco Rollemberg - Livro I - ParteEspecial - ObrigaçõesDep. Francisco Benjamim - Livro H - ParteEspecial - Atividade NegociaIDep. Afrísio Vieira Lima - Livro IH - ParteEspecial - CoisasDep. Brandão Monteiro - Livro IV - ParteEspecial - FamíliaDep. Roberto Freire - Livro V - Parte Especial- Sucessões e Livro Complementar

Titulares

Titulares

PDS

Pratini de MoraesRicardo Fiuza

Flávio BierrenbachJoão CunhaJosé Fogaça

PDT

PMDB

Suplen1;<>s

PDS

REQUERIMENTO N.o 12/83

Prazo: de 27-9-83 a 19-6-84

Presidente: Deputa'Clo Osvaldo CoelhoVice-Presidente: Deputado Mendes Botelho

Relator: Deputado Coutinho Jorge

5) COMISSÃO PARLAMENTAR DE IN­QUéRITO DESTINADA A EXAMINARA UTILIZAÇAO DOS RECURSOS Hr­DRICOS NO BRASIL

Terças-feiras, 9 :30 h.Local: Plenário da Comissão de EconomiaSecretária: Marci Ferreira BorgesRamal: 6406

Jacques D'Ornellas

Djalma FalcãoEduardo Matarazzo

Suplicy

Reuniões:

Sebastião Nery

Antonio MazurekLuiz Antonio FayetLúcio Alcântara

PDS

João Batista Fagundes Renato JohnssonJairo Magalhães Theodorico FerraçoJorge Arbage

Arthur Virgílio Neto Sérgio FerraraNelson Vedekin Paulo Mincaroni

Suplentes

PDS

Presidente: Theodorico FerraçoVice-Presidente: Brandão Monteiro

Relator:

Titulares

PMDB

REQUERIMENTO N.o 10/83

Prazo: 17-a-83 a. 11-5-84

3) COMISSÃO PARLAMENTAR DE IN­QUÉRITO DESTINADA A INVESTI­GAR OS EPISÓDIOS QUE ENVOL­VERAM O BANCO NACIONAL DAHABITAÇÃO E O GRUPO DELFIN EQUE CULMINARAM COM A INTER­VENÇÃO DO BANCO CENTRAL NOREFERIDO GRUPO

Quintas-feiras, 10 :OOh

Local: Plenário das Comissões Parlamentaresde Inquérito - Anexo H

Secretária: Márcia de Andrade PereiraRamal 6407

Reuniões:

Roberto Freire

Arnaldo MacielDjalma Falcão

PDT

Suplentes

PDS

Guido MoeschJorge ArbageVago

PMDB

Brandão Monteiro

Brabo de CarvalhoDarcy PassosJosé Melo

Celso BarrosGerson PeresGorgônio Neto

Cristina TavaresIsrael Dias-Novaes

Vago

Reunião:

Anexo II - Sala 14 - Ramais: MOa e 6409Secretário: Antonio Fernando Borges Manzan

2) COMISSÃO PARLAMENTAR DE IN­QUÉRITO DESTINADA A INVESTI­GAR EM TODA A SUA PLENITUDEE CONSEQOII!NCIAS AS ATIVIDA­DES DO GRUPO CAPEMI

REQUERIMENTO N.o 9/a3

Prazo: 1a-5-83 - 7-3-a4

Presidente: Deputado Léo SimõesVice-Presidente: Deputado Siqueira Campos

Relator: Deputado Matheus Schmidt

Titulares

Nilton Alves

Reuniões:

Quintas-feiras, 9 :00 horas

Local: Plenário das CPIs

secretário: Sebastião Augusto MachadoRamal 6405

Marcelo LinharesMilton BrandãoVictor Trovão

Francisco BenjamimLudgero RaulinoOsvaldo Coelho

·PTB

Marcelo CordeiroRandolfo BittencourtFernando Santana

PDT

PMDB

VagoVagoVago

PDT

PMiDB

Suplentes

cr?DS

Aldo Pinto

Antonio GomesJessé FreireJosiaa LeiteManoel Novaes

Mendes Botelho

Geraldo FlemingPauio MarquesVago

Adroaldo CamposAntõnio FlorêncioEtelvir !DantasEvandro Ayres de

Moura

Coutinho JorgeDomingon LeonelliJorge Vargas

Osvaldo Nascimento

Reuniões:

VagoPTB

Márcio BragaRuben Figueiró

Tarcísio BurityVictor Faccioni

PDT

PMDB

Gustavo FariaIrajá RodriguesIrma Passoni (PT)

Adhemar GhisiJosué de SouzaNey iFerreira

4) COMISSÃO PARLAMENTAR DE IN­QUÉRITO DESTINADA A APURARAS CAUSAS E CONSEQOII!NCIAS DOELEVADO ENDMDAMENTO EXTER­NO BRASILEIRO, TENDO EM VISTAAS NEGOCIAÇõES COM O FUNDOMONETARIO INTERNACIONAL

REQUERIMlElNTO N.o 08/83

Prazo: 16-8-33 a 10-5-84

Presidente: Alencar Furtado - PMDB/PRVice-Presidente: Sebastião Nery - PDT/RJ

Relator: Sebaatião Nery - PDT/RJ

TitulaJ:es

PDS

PDT

Sebastião Curió

PDS

PDS

PDT

PMDB

Airton Soares (FT)

Orestes Muniz

Suplentes

Ademir And1'llJdeCid CarvalhoFarabulini Júnior

Israel PinheiroSarney Filho

Antõnio AmaralBento PortoEdison Loblío

Joacil PereiraMaçao Tadano

Adhemar GhisiJorge AxbageJosé Camargo

Octávio CesárioPetfro Colin

Local: Plenário das CPIs - Anexo IISecretário.: Nelma Cavalcanti BonifácioAnexo II - Tel: 213-64110

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CÓDIGO DE MENORES(edição: 1982)

- Lei n9 6.697, de 10 de outubro de 1979, que "Institui o Código de Menlres"

- índice temâtico

_ Comparação com a legislação anterior (Decreto n9 17.943-A/27 e Leis r4.655/65 e 5.258/67, alterada pela Lei n9 5.439/681

_ Anotações (textos legais; pareceres; comentârios; depoimento na CPI

Menor)

- Histórico da Lei n9 6.697/79 (tramitação legislativa)

512 Págin"as

Preço: Cr$ 1.000,00

À venda na Subsecretaria de Edições Técnicas - Senado FederalAnexo 1- 229 andar - Brasília, DF (CEP: 70160) ou pelo REEMBOLSO PO~

TAL

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CÓDIGO DEPROCESSO PENAL

Quadro comparativo do Projeto em tramitação noCongresso Nacional, com o Projeto de Código de Processo Penal

remetido ao Legislativo em 1975 e asemendas aprovadas pela Câmara dos Deputados e

pelo Senado Federal à proposição retiradapelo Poder Executivo, em 1978.Exposição de Motivos. Notas.

2 VolumesPreço:

Cr$ 2.000,00

À venda na Subsecretaria de Edições Técnicas - Senado Federal(229 andar) - Brasília DF - 70160, ou mediante cheque visado pagávelem Brasília.

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LEI DE

EXECUÇÃO PENAL

Quadro comparativo do Projeto em tramitação no Congresso Na­cional, com o Anteprojeto Benjamin Moraes (1970) e a legislação vigen­te.

Exposição de Motivos. Regras Mínimas da ONU para o tratamentodos Reclusos. Notas.

À venda na Subsecretaria de Edições Técnicas - Senado Federal(229 andar) - Brasília-DF - 70160, ou mediante cheque visado pagá­vel em Brasília.

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