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1 REPARTIÇÃO DE RISCOS EM CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DE SERVIÇOS REGIDOS PELA LEI FEDERAL 8.666/93 Heitor Becker Mombach * RESUMO Este artigo busca pesquisar e compreender os riscos envolvidos nos contratos administrativos de serviços de caráter continuado, celebrados sob as normas da Lei Federal 8.666/93, bem como os instrumentos e estratégias que podem ser adotadas pela Administração Pública para a sua repartição. Para atender aos objetivos estabelecidos, foi realizada a revisão de produções existentes acerca da temática, visando o aprofundamento nas conceituações e o levantamento de categorias de risco a serem consideradas para a análise final. A pesquisa foi realizada com a utilização do método qualitativo classificado como pesquisa exploratória bibliográfica, sendo desenvolvida a partir dos autores Andrade (2013), Damodaran (2009), Di Pietro (1999), Führer e Führer (2003), Grilo e Alves (2011), Jabôr (2013), Justen Filho (2012), Miranda e Rocha (2016), Rocha (2014), Santos (2003) e Santos (2014), bem como a partir das Leis Federais 8.666/1993 e 11.079/2004 e da Norma Técnica NBR ISO 31000 (2009). A partir das interpretações promovidas verificou-se que, em maior ou menor grau, os riscos levantados através do viés gerencial podem resultar em diferentes interpretações quando à sua classificação através do viés jurídico. Desta forma, restou como solução a proposição de realização de análise específica e individualizada em cada caso, buscando-se evitar generalizações prévias quanto à alocação dos riscos. Palavras-chave: Contratos administrativos. Terceirização de serviços públicos. Repartição de riscos. 1 INTRODUÇÃO A Administração Pública, buscando a consecução de um de seus principais objetivos o atendimento ao princípio constitucional da eficiência faz uso do instituto da contratação * Administrador de Empresas, discente do curso de especialização MBA em Gestão Financeira e Controladoria, matriculado na disciplina de Orientação ao Trabalho de Conclusão, sob a orientação da Profa. Dra. Adriana Rivoire Menelli de Oliveira. E-mail: [email protected]

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REPARTIÇÃO DE RISCOS EM CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

DE SERVIÇOS REGIDOS PELA LEI FEDERAL 8.666/93

Heitor Becker Mombach*

RESUMO

Este artigo busca pesquisar e compreender os riscos envolvidos nos contratos administrativos

de serviços de caráter continuado, celebrados sob as normas da Lei Federal 8.666/93, bem

como os instrumentos e estratégias que podem ser adotadas pela Administração Pública para a

sua repartição. Para atender aos objetivos estabelecidos, foi realizada a revisão de produções

existentes acerca da temática, visando o aprofundamento nas conceituações e o levantamento

de categorias de risco a serem consideradas para a análise final. A pesquisa foi realizada com

a utilização do método qualitativo classificado como pesquisa exploratória bibliográfica,

sendo desenvolvida a partir dos autores Andrade (2013), Damodaran (2009), Di Pietro (1999),

Führer e Führer (2003), Grilo e Alves (2011), Jabôr (2013), Justen Filho (2012), Miranda e

Rocha (2016), Rocha (2014), Santos (2003) e Santos (2014), bem como a partir das Leis

Federais 8.666/1993 e 11.079/2004 e da Norma Técnica NBR ISO 31000 (2009). A partir das

interpretações promovidas verificou-se que, em maior ou menor grau, os riscos levantados

através do viés gerencial podem resultar em diferentes interpretações quando à sua

classificação através do viés jurídico. Desta forma, restou como solução a proposição de

realização de análise específica e individualizada em cada caso, buscando-se evitar

generalizações prévias quanto à alocação dos riscos.

Palavras-chave: Contratos administrativos. Terceirização de serviços públicos. Repartição de

riscos.

1 INTRODUÇÃO

A Administração Pública, buscando a consecução de um de seus principais objetivos –

o atendimento ao princípio constitucional da eficiência – faz uso do instituto da contratação

* Administrador de Empresas, discente do curso de especialização MBA em Gestão Financeira e Controladoria,

matriculado na disciplina de Orientação ao Trabalho de Conclusão, sob a orientação da Profa. Dra. Adriana

Rivoire Menelli de Oliveira. E-mail: [email protected]

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de entes privados, através da celebração de contratos administrativos. Dentre os principais

motivadores para estes atos estariam a possibilidade de contratação de empresas com

capacidade especializada em determinadas atividades – ocasionando a execução contratual

com melhor qualidade – bem como a incorrência em menores custos trabalhistas e

previdenciários. No entanto, a possibilidade de insucesso na execução dos objetos contratuais

e de cometimento de ilegalidades de cunho trabalhista, pelas partes contratadas, configura-se

em risco para a Administração Pública. Especificamente com vistas à mitigação do risco de

inexecução contratual, a Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993, estabeleceu a

possibilidade de exigência de garantias contratuais a serem apresentadas pelas contratadas. No

entanto, a complexidade envolvida em determinadas execuções contratuais submete a

Administração Pública a riscos de outras naturezas, além daquela prevista pela Lei de

Licitações e Contratos.

A adoção de medidas com vistas a evitar ou minimizar o impacto de riscos que

possam impedir a realização dos objetivos contratuais permite, em última análise, a obtenção

de benefícios além dos esperados. Esta lógica pode ser encontrada e aplicada aos

investimentos privados – em relação ao mercado de capitais e ao investimento em iniciativas

econômicas – bem como encontra sustentação também na esfera de projetos de investimento

público.

Neste sentido, ilustra-se com a legislação voltada às Parcerias Público-Privadas

(PPPs), cuja Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, versa de maneira bastante

específica ao abordar o conceito de mérito para avaliação de projetos de concessão

administrativa ou patrocinada de obras e serviços públicos, o que remete à busca de menor

custo e/ou melhor qualidade. Tem-se, portanto, que as contratações administrativas regidas

pela Lei 11.079/2004 vislumbram a conquista pela Administração Pública do maior benefício

possível a partir dos investimentos realizados.

Partindo-se para as contratações administrativas realizadas sob as normas da Lei de

Licitação e Contratos, Lei Federal nº 8.666/93, não se encontra paralelo ao conceito de

mérito. No entanto, embora sem uma explícita conceituação, é possível encontrar

similaridades ao buscarmos referência nos princípios constitucionais da Administração

Pública. Recorre-se, para este fim, ao princípio da eficiência, o qual, conforme será

aprofundado ao longo deste trabalho, remete à busca pela maior produtividade possível em

relação aos gastos incorridos, objetivo que também pode ser encontrado nos conceitos de

vantajosidade econômica e economicidade.

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A partir das conceituações apresentadas, sugere-se que o atingimento tanto do mérito

vislumbrado para o estabelecimento das Parcerias Público-Privadas, quanto da vantajosidade

econômica ou economicidade no âmbito das contratações regidas pela Lei 8.666/93, torna-se

possível a partir da adoção de medidas de repartição dos riscos envolvidos. Neste sentido, a

lei voltada às PPPs já estabelece, como uma de suas diretrizes para a celebração de contratos,

a divisão dos riscos entre as partes. Já a Lei 8.666/93 não prevê esta possibilidade e restringe a

mitigação dos riscos emergentes das contratações à prestação, pelas entidades contratadas, de

garantias referentes ao risco de inexecução dos objetos contratuais. No entanto, a

complexidade envolvida em determinadas contratações submete a Administração Pública a

riscos que podem ser considerados muito mais elevados do que somente os riscos de

“insucesso” previstos na Lei de Licitações e Contratos.

O presente artigo propõe um aprofundamento na temática sobre as estratégias de

alocação e gestão de riscos possíveis de serem adotadas nos contratos administrativos – sem

recorrer-se a novos entendimentos da legislação vigente –, em especial os estabelecidos com

vistas à contratação de serviços. Buscar-se-á apresentar os principais riscos inerentes a estas

contratações, bem como demonstrar que o potencial de impacto financeiro negativo advindo

dos riscos identificados não é coberto em sua totalidade pelas garantias previstas na Lei

8.666/93 e que, a partir desta realidade, restaria impossibilitado o atendimento ao princípio

constitucional da eficiência.

Para o desenvolvimento do estudo, foi utilizado o método qualitativo classificado

como pesquisa exploratória bibliográfica. Buscou-se, com a adoção deste método, a obtenção

de maior familiaridade com a temática e conceitos abordados para o desenvolvimento das

análises. Foram pesquisados os seguintes assuntos e autores: (1) Contratos administrativos de

serviços. Referencial: Di Pietro (1999), Justen Filho (2012) e as Leis 8.666/1993 e

11.079/2004; (2) Princípio constitucional da eficiência na Administração Pública e demais

entendimentos. Referencial: Justen Filho (2012), Santos (2003), Führer e Führer (2003), Grilo

e Alves (2011); (3) Repartição de riscos em contratos administrativos de serviços.

Referencial: Lei 8.666/1993, Jabôr (2013), Justen Filho (2012), Miranda e Rocha (2016),

Rocha (2014), Santos (2014); (4) Gestão de riscos. Referencial: Norma Técnica NBR ISO

31000 (2009), bem como os autores Andrade (2013), Damodaran (2009).

Por fim, buscou-se promover o relacionamento entre a gestão de riscos e as

contratações realizadas pela Administração Pública, de forma a demonstrar os diversos riscos

inerentes a este instituto, indo além do risco de inexecução contratual previsto pela Lei de

Licitações e Contratos. Tornou-se relevante, portanto, uma análise em específico acerca

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destes riscos, bem como a proposição da possibilidade de repartição dos mesmos com os

entes contratados. O problema de pesquisa para este projeto foi estabelecido com vistas a

lançar luz sobre esta temática, e encontra-se resumido no seguinte questionamento: quais

estratégias podem ser adotadas pela Administração Pública para promover a correta

repartição dos riscos envolvidos nos contratos administrativos de serviços celebrados sob as

normas da Lei Federal 8.666/93? Para responder a esta questão, foi estabelecido o objetivo

principal de pesquisar e compreender os riscos envolvidos nos contratos administrativos de

serviços celebrados sob as normas da Lei Federal 8.666/93, bem como os instrumentos e

estratégias que podem ser adotadas pela Administração Pública para a promoção da sua

repartição.

2 A BUSCA PELA EFICIÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Convém iniciar as conceituações teóricas a partir do entendimento apresentado pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas (2009), que expõe claramente que podem ser

considerados como riscos, todos os “eventos que possam criar, aumentar, evitar, reduzir,

acelerar ou atrasar a realização dos objetivos” (p. 17). Complementar a este argumento,

busca-se na literatura empresarial voltada à gestão de riscos, a lógica de que “a efetiva gestão

do risco diz mais respeito às escolhas estratégicas do que às escolhas na esfera financeira, e

manifestam-se no valor na forma de retornos excedentes ao custo de capital”

(DAMODARAN, 2009, p. 301). O entrelaçamento das conceituações apresentadas permite

depreender que iniciativas de gestão de riscos são implementadas não somente com vistas a

evitar desvios em relação à realização dos objetivos estipulados, mas que busca-se, a partir de

sua implementação eficaz, a obtenção de benefícios além dos esperados, a partir dos esforços

despendidos. Esta lógica pode ser encontrada e aplicada aos investimentos privados – em

relação, por exemplo, ao mercado de capitais e ao investimento em iniciativas econômicas –

bem como encontra sustentação na esfera das iniciativas de investimentos públicos.

Neste sentido, é importante apresentar ao leitor o que prevê a legislação própria (Lei

Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004) voltada ao estabelecimento das denominadas

Parcerias Público-Privadas (PPPs)1. A referida lei versa de maneira bastante específica acerca

da busca pela Administração Pública por benefícios além dos esperados, quando aborda o

conceito de mérito para a avaliação de projetos de concessão de obras e serviços públicos.

Neste viés, os autores Grilo e Alves (2011) apresentam que a opção pelo estabelecimento de

uma PPP não deve ser adotada “como aparente solução para restrições ao financiamento dos

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investimentos no âmbito governamental, ou mesmo em função da forma de contabilização das

obrigações assumidas pelo governo” (p. 9), mas que a opção por esta modalidade de

contratação deve ser fundamentada tão somente em seu mérito, justificado por um menor

custo e/ou melhor qualidade, o que demonstraria, por fim, a conveniência e a oportunidade do

projeto. Nota-se, portanto, que as contratações administrativas nas modalidades de concessão

de serviços e obras públicas, regidas pela Lei 11.079/2004, vislumbram a conquista pela

Administração Pública do maior benefício possível a partir dos investimentos realizados e

encontram conceituação quando a referida lei prevê que o mérito de um projeto reside

especificamente em seu menor custo ou em sua melhor qualidade.

Partindo-se para as contratações administrativas realizadas à luz da Lei de Licitação e

Contratos, não se encontra paralelo ao conceito de mérito. No entanto, embora não exista esta

explícita conceituação, é possível encontrar similaridades ao buscarmos referência nos

princípios constitucionais da Administração Pública. Recorre-se, para este fim, ao princípio

da eficiência, o qual passou a vigorar2 a partir da Constituição Federal de 1988 (SANTOS,

2003, p. 182) como um dos princípios norteadores dos atos praticados pela Administração

Pública federal, estadual, do Distrito Federal e municipal. Considera-se importante, neste

momento, apresentar a proposição conceitual para o princípio constitucional da eficiência:

[...] em qualquer organização (seja pública ou privada) deve-se sempre buscar o

melhor resultado com o menor esforço ou custo possíveis, com a diferença de que a

procura pelo menor gasto o maior lucro pode ser livremente perseguida pelo

administrador privado, desde que não encontre vedação legal em sentido contrário,

ao passo que no âmbito da Administração Pública, a busca será pelo menor gasto

com a maior produtividade no atendimento do interesse público (SANTOS, 2003,

p. 190, grifo do autor).

Complementar a este entendimento, é relevante também a conceituação da

vantajosidade econômica apresentada pelo autor Justen Filho (2012), o qual define que “a

vantajosidade pode ser enfocada sob uma dimensão econômica, o que conduzirá a uma

avaliação da questão sob o prisma da eficiência” (p. 61) e elucida que, nos casos de

contratações realizadas pela Administração Pública através de licitações3, a busca da

vantajosidade “trata-se de determinar a proposta que assegurará o aproveitamento

racionalmente mais satisfatório dos bens econômicos” (p. 61). Para o autor, é obrigação da

Administração Pública realizar suas contratações observando sempre o “ponto de vista da

economicidade”, a qual é atingida caso “o Estado desembolse o mínimo e obtenha o máximo

e o melhor” (2012, p. 62).

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A partir dos conceitos abordados, sugere-se que o atingimento tanto do efetivo mérito

vislumbrado para o estabelecimento das Parcerias Público-Privadas, quanto da efetiva

vantajosidade econômica ou economicidade no âmbito das contratações regidas pela

Lei 8.666/93, torna-se possível a partir de uma eficiente repartição dos riscos envolvidos nas

contratações. É exatamente neste sentido que a lei voltada às PPPs estabelece4 como uma de

suas sete diretrizes para a celebração de contratos, a “repartição objetiva de riscos entre as

partes”. Já a Lei 8.666/93 não prevê tal mecanismo e restringe a mitigação dos riscos

envolvidos nas contratações à prestação, pelas contratadas, de garantias para acionamento e

aplicação na ocorrência de eventos que possam prejudicar a entrega e execução dos objetos

contratuais.

3 RISCOS NOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DE SERVIÇOS

Conforme exposto na Introdução, tem-se que a Administração Pública, buscando o

atendimento ao princípio constitucional da eficiência adota, também, o instituto da

contratação de entidades privadas. A autora Di Pietro (1999) esclarece que, junto das

modalidades de “desregulação”, “desmonopolização”, “privatização de serviços públicos” e

“concessão de serviços públicos”, tem-se a “contratação de terceiros” como uma das formas

de “buscar a colaboração do setor privado”, através da celebração de contratos de obras e

serviços (p. 162). Tais avenças são estabelecidas através de contratos administrativos,

modalidade específica de contratos que não somente atendem às previsões legais pertinentes

aos contratos em geral, mas também estão condicionadas a “certas características especiais”,

conforme apresentado pelos autores Führer e Führer (2003, p. 49). Além de atenderem,

portanto, às exigências de “acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito e forma prescrita

ou não proibida na lei” (p. 49), os autores apresentam que as contratações realizadas pela

Administração Pública devem (2003, p. 49): ser objeto de “licitação prévia”; receber a devida

publicidade para sua plena eficácia; possuir “prazo determinado”, com vedação para prazos

indeterminados; prever a possibilidade de “prorrogabilidade” e possuir as denominadas

“cláusulas exorbitantes”, as quais preveem poderes para a Administração Pública superiores

aos poderes das contratadas.

Já conforme apresentado por Di Pietro (2009), os contratos administrativos devem ser

estabelecidos observando questões referentes à “capacidade técnica e administrativa” (p. 164)

da contratada para a execução dos serviços, bem como em relação ao correto enquadramento

legal da entidade. Devem ser observadas, ainda, questões relativas à mão-de-obra empregada,

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em aspectos como correta remuneração, nível de conhecimento e capacidade técnica, bem

como se as obrigações trabalhistas estão sendo devidamente cumpridas.

A partir destes entendimentos, é possível identificar que a obediência aos corretos

procedimentos legais, a perfeita execução técnica e o atendimento às leis trabalhistas são

fatores que exigem especial atenção por parte da Administração Pública. A possibilidade de

desvios procedimentais, de insucesso na execução do objeto contratual e de cometimento de

ilegalidades de cunho trabalhista, pelas contratadas, configuram-se, para os fins do

entendimento aqui proposto, em riscos para a parte contratante. Principalmente pela

compreensão de que, referente a inadimplementos trabalhistas por parte das contratadas, tem-

se o previsto pelo autor Rocha (2014), em relação à responsabilidade subsidiária do público

frente às demandas legais. O autor elucida a motivação para tal entendimento:

O argumento é de que a Administração contrata mal seus prestadores de serviços, a

despeito de dispor de uma série de instrumentos que a Lei nº 8.666/93 lhe assegura

para evitar a contratação de empresas inidôneas e para se garantir em caso de

descumprimento das obrigações por parte da contratada (ROCHA, 2014).

Como devidamente apontado na citação, a Administração Pública possui, com vistas à

mitigação dos riscos que emergem de suas contratações, os instrumentos previstos na Lei

Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. A referida lei estabeleceu a possibilidade de

exigência de garantias contratuais que visam permitir à Administração Pública “cercar-se de

todas as cautelas para evitar o insucesso da contratação” (JUSTEN FILHO, 2012, p. 824) ou,

ainda, para servir como “um instrumento adicional para eliminar riscos de insucesso”. No

entanto, a complexidade envolvida na execução de determinadas contratações submete a

Administração Pública a riscos de outras naturezas, que não somente a de inexecução

contratual.

4 PESQUISAS CORRELATAS

Encontra-se sustentação para a conclusão proposta no parágrafo anterior, em trabalho

dos autores Miranda e Rocha (2016, p. 67), no qual estes apresentam ser “necessária uma

releitura acerca dos riscos nos contratos administrativos” regidos pela Lei 8.666/93. Em seu

artigo, os autores buscaram analisar conceituações quanto à repartição de riscos entre “o

particular contratado e a administração pública”, nos contratos administrativos celebrados à

luz da Lei de Licitações e Contratos, salientando, no entanto, que “doutrina a jurisprudência

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majoritárias negam veementemente essa possibilidade”. Mesmo assim, concluem que existe a

possibilidade de uma melhor precificação, pelas entidades contratadas, dos riscos que lhe

competem, bem como condenam o que denominam de “negação da alocação de riscos nos

contratos regidos pela Lei nº 8.666/93”.

Similar à temática proposta para o presente trabalho, e permitindo aprofundar na

necessidade de lançar novo olhar sobre os riscos nos contratos administrativos, busca-se

oportuna referência em trabalho desenvolvido por Santos (2014), que procurou adentrar nos

entendimentos sobre os riscos envolvidos na terceirização de serviços públicos. O autor

expõe, claramente, que existe uma “relação indissociável entre repartição de riscos e garantia

da eficiência” (p. 183). Para os casos em que estão presentes “circunstâncias facilmente

administradas pelo Estado” (p. 186), o autor salienta que “a divisão de riscos deveria se

manter conforme a praxe utilizada no campo das contratações estatais” (p. 186). No entanto,

promovendo reflexões maiores acerca dos riscos envolvidos, é apresentado que, além de

atender ao princípio da eficiência, cabe ao público orientar-se, também, pelo princípio da

sustentabilidade para a realização de suas contratações. Restaria ao poder público, portanto,

buscar a “prévia apuração dos impactos decorrentes dos contratos firmados [...] englobando a

análise de riscos destinada à quantificação e qualificação das contingências”

(p. 188). De forma correlata, o autor apresenta como necessário o levantamento prévio dos

“influxos de natureza técnica, econômica, operacional, financeira, mercadológica, ambiental,

regulatório, fiscal, política, jurídica e tecnológica, capazes de incidir sobre o projeto

delineado” (p. 184), para a celebração de contratos administrativos. Este argumento encontra

corroboração, também, no que o autor denomina de “curso evolutivo da Administração

Pública” (p. 189), apresentando que “a despolitização das decisões acresceu rigor técnico-

científico à propriedade das escolhas para adequá-las aos parâmetros de eficácia, efetividade e

eficiência” (p. 189), entendimento que demonstra a necessidade da adoção de práticas de

gestão tecnicamente fundamentadas. Ao final de seu trabalho, o autor conclui que a divisão de

riscos deve ser considerada nas contratações públicas, tendo em vista as incertezas inerentes a

estes institutos, pois “não há como garantir contratações sustentáveis sem levar em conta

flexibilidade no regime de repartição de riscos” (p. 194). Neste entendimento e demonstrando

grande utilidade como fundamento para o trabalho aqui desenvolvido, o autor considera,

ainda, que a proposição de repartição de riscos prevista pela Lei 8.666/93 para as contratações

“cuja especificidade técnica exija conhecimento apurado sobre determinadas contingências”

(p. 194), seria, em última análise, “descabida” (p. 194). Em sua conclusão, apresenta:

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O emprego do Procedimento Manifestação de Interesse (PMI), a metodologia Fuzzy,

os estudos de impacto, as audiências e consultas públicas, o mapeamento de riscos, a

definição de estratégias para minimização das perdas e os demais mecanismos de

contenção de danos são indispensáveis à Administração contemporânea para que se

possa atingir a eficiência, sob uma perspectiva constitucional (SANTOS, 2014,

p. 194).

5 CATEGORIAS DE RISCOS

Ante a premissa de que a falta de repartição de riscos entre as partes impossibilita o

atendimento ao princípio constitucional da eficiência – tese que encontra sustentação em

outros trabalhos desenvolvidos sobre a mesma temática –, pretende-se pesquisar e apresentar

os riscos advindos dos contratos administrativos.

Parte-se, primeiramente, do levantamento de categorias gerais de riscos, identificadas

principalmente na literatura empresarial. Andrade (2013) apresenta que os riscos surgem

devido à “incerteza nas estimativas, tanto nos gastos para implantação quanto nos benefícios

auferidos” (p. 168) e que “os processos decisórios das empresas não contemplam

explicitamente o tratamento da incerteza presente nas informações” (p. 169). Em relação à

categorização, o autor apresenta duas perspectivas. A primeira faz referência à disponibilidade

de dados para a estimativa de probabilidades de eventos, categoria que o autor denomina de

“decisão sob risco” e que envolve a utilização de metodologias de “análise do valor esperado

e da variância” ou por “análise de simulação”. Já a segunda é denominada pelo autor de

“decisão sob incerteza”, e ocorre quando não é possível “associar probabilidades aos valores

possíveis dos parâmetros do projeto de investimento”. De qualquer forma, dispondo ou não de

probabilidades atribuíveis à ocorrência de eventos, o autor expõe cinco categorias de riscos às

quais “todos os projetos são submetidos” (p. 173). São elas:

“Risco do fluxo de receitas”: refere-se à incerteza quanto à geração das receitas

previstas no projeto;

“Riscos de construção”: o autor considera que, durante a implementação de projetos,

surgem riscos de atrasos diversos e de custos não previstos, bem como riscos técnicos e

gerenciais das contratadas;

“Riscos legais e políticos”: advêm de possíveis alterações em leis e marcos

regulatórios e de mudanças em políticas do governo (incluindo a monetária e a fiscal), bem

como da flutuação da taxa de juros;

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“Riscos ambientais”: referem-se aos riscos de falhas no “planejamento prévio para

levantamento das questões ambientais e sua mitigação” (p. 174), bem como a mudanças nas

exigências ambientais;

“Riscos financeiros”: surgem a partir de possíveis mudanças no mercado financeiro

que afetem a capacidade de crédito das contratadas ou de sua liquidez.

Nota-se que as categorias apresentadas abrangem, em cada uma, diferentes ocorrências

e que os eventos apresentados não esgotam as possibilidades dos riscos existentes. Neste

sentido, Damodaran (2009) apresenta entendimento de grande utilidade para o presente

trabalho, quando expõe que “a lista de todos os riscos que uma empresa enfrenta pode ser

enorme” e que “uma maneira de tornar administráveis os riscos consiste em separá-los em

categorias amplas” (p. 308). Completa o entendimento apresentando que a correta

categorização dos riscos é uma condição essencial para a adoção de estratégias voltadas à sua

gestão. Para o autor, após ser realizada a listagem detalhada de todos os riscos em algum

projeto, os mesmos devem ser enquadrados de acordo com as seguintes premissas:

É um “risco de mercado” (referentes às condições às quais “muitas ou todas as

empresas” estão sujeitas), ou representa um “risco específico” (afetam somente a empresa, ou

uma reduzida quantidade de empresas)?

É um “risco operacional” (riscos que decorrem de mudanças que possuem impacto nas

operações das empresas, como os preços de insumos, por exemplo) ou é um “risco financeiro”

(riscos decorrentes, por exemplo, das decisões de estrutura de capital nas empresas)?

É um “risco contínuo” (riscos aos quais as empresas estão constantemente expostas,

como por exemplo as flutuações nas taxas de juros) ou é um “risco de evento” (o autor os

define como “eventos desagradáveis que têm consequências econômicas”, exemplificando

com situações como “revolução política ou a nacionalização” de determinadas atividades)?

É um “risco catastrófico” ou é um “risco menor” (o enquadramento pode variar de

empresa para empresa e refere-se ao grau de impacto negativo que algum risco pode causar)?

Complementar ao viés gerencial apresentado nas categorizações de risco propostas

pelos autores Andrade (2013) e Damodaran (2009), a autora Di Pietro (2008, p. 286, apud

Miranda e Rocha, 2016, p. 60) apresenta, por um viés jurídico, a divisão dos riscos advindos

dos contratos administrativos em apenas duas categorias: ordinários e extraordinários. Os

primeiros, de simples conceituação, referem-se a eventos resultantes “da própria flutuação do

mercado” e são considerados como “previsíveis em que o particular contratado responde

integralmente pelos possíveis prejuízos que vier a sofrer”. Já a segunda categoria, no entanto,

possui maior complexidade conceitual, tendo em vista possuir dois níveis de subcategorias.

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Ainda conforme Miranda e Rocha (2016), em um primeiro nível tem-se a subdivisão em

riscos extraordinários pertencentes à denominada álea econômica, bem como aqueles

pertencentes à álea administrativa. Os riscos extraordinários pertencentes à álea econômica

são “aqueles que, em um panorama de razoabilidade, afastam-se do limite de ordinariedade de

ocorrência” (p. 65) e que consistem em eventos “externos ao contrato, estranhos à vontade das

partes, imprevisíveis e inevitáveis, que causam um desequilíbrio grande na avença, com

consequências incalculáveis” (p. 64). Já os riscos extraordinários da álea administrativa, por

sua vez, apresentam três outras subcategorias, denominadas de: “alteração unilateral do

contrato pela administração pública” (respeitando certos limites legais); “fato do príncipe”;

“fato da Administração”.

Para Jabôr (2013), o risco da ocorrência do “fato do príncipe” deve ser suportado pela

Administração Pública, pois este “representa uma das hipóteses de desequilíbrio econômico-

financeiro do contrato administrativo” (p. 83), pois torna o contrato “mais oneroso para o co-

contratante particular, que deve, por isso, ser compensado economicamente” (p. 84). No

entanto, Miranda e Rocha (2016) apresentam que os efeitos advindos de eventos classificados

como “fato do príncipe” podem ser previamente estabelecidos em contrato e que, portanto,

caso sejam assumidos pela parte contratada, não exigirão que sejam suportados pela

Administração Pública através da concessão de reequilíbrio econômico-financeiro ao

contrato. Os autores consideram ser “plenamente possível a alocação de riscos oriundos de

fatos do príncipe nos contratos regidos pela Lei n 8.666/93” (p. 63). Em suma, o “fato do

príncipe” consiste em “fato relacionado a fatores econômicos imprevisíveis, oriundos de

norma editada pelo Estado” (TANAKA, 2007, p. 175). O autor salienta, no entanto, que os

efeitos decorrentes devem possuir “relação imediata com o contrato em vigor” (p. 175).

Já em relação aos “fatos da Administração”, Miranda e Rocha (2016) descartam

qualquer estratégia de repartição de riscos, por compreenderem que tais eventos são

decorrentes puramente por descumprimento contratual por parte da Administração Pública,

situação que gera direito a reequilíbrio econômico-financeiro do contrato a ser suportado pela

parte contratante.

6 METODOLOGIA

Conforme apresentado, este trabalho trata da proposição de estratégias de alocação e

gestão de riscos para os contratos administrativos referentes à contratação de serviços. Para

atender aos objetivos estabelecidos, foi promovida a revisão de produções existentes acerca da

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temática e dos conceitos envolvidos, visando o aprofundamento nas conceituações e o

levantamento de categorias de risco a serem consideradas para o desenvolvimento da análise

final.

A pesquisa foi realizada com a utilização do método qualitativo classificado como

pesquisa exploratória bibliográfica. Gil (2002) apresenta que o caráter exploratório consiste

em “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito”

(p. 41). Em relação ao caráter bibliográfico, a autor elucida que “a pesquisa bibliográfica é

desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos

científicos” (p. 44). A pesquisa foi realizada, portanto, a partir do estudo dos materiais citados

pelo autor, buscando os devidos aprofundamentos teóricos nos conceitos envolvidos na

temática proposta.

A partir dos autores e produções selecionadas, foi realizada revisão de produções

existentes, buscado o aprofundamento nos conceitos apresentados a seguir:

(1) Contratos administrativos de serviços. Referencial: Di Pietro (1999), Justen Filho

(2012) e as Leis 8.666/1993 e 11.079/2004;

(2) Princípio constitucional da eficiência na Administração Pública e demais

entendimentos. Referencial: Justen Filho (2012), Santos (2003), Führer e Führer (2003), Grilo

e Alves (2011);

(3) Repartição de riscos em contratos administrativos de serviços. Referencial: Lei

8.666/1993, Jabôr (2013), Justen Filho (2012), Miranda e Rocha (2016), Rocha (2014),

Santos (2014);

(4) Gestão de riscos. Referencial: Norma Técnica NBR ISO 31000 (2009), bem como

os autores Andrade (2013) e Damodaran (2009).

6.1 Análise dos resultados

A partir das categorizações dos riscos obtidas através dos vieses gerencial e jurídico,

foi formulado um quadro demonstrativo apresentando proposição de interpretação, pelo viés

jurídico, quanto a cada tipo de risco identificado na literatura revisada. O Quadro 1, a seguir,

apresenta os resultados:

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Quadro 1 – Intepretações das categorizações de riscos levantadas

Autor Denominação pelo

viés gerencial

Interpretação pelo viés jurídico, sob o

ponto de vista da parte contratada Alocação

Andrade

(2013)

“Risco de fluxo de

receitas”

a) Risco ordinário, em condições de

mercado estáveis. Contratado

b) Risco extraordinário, da álea

econômica, caso resulte de eventos

macroeconômicos imprevisíveis e

inevitáveis.

Contratante

c) Risco extraordinário, da álea

administrativo, caso decorra de alteração

unilateral do contrato pela Administração

Pública ou, ainda, de “fato da

administração”, quando esta, por

exemplo, descumprir o contrato ao não

realizar os pagamentos devidos à

contratada, ou deixar de conceder

reajustes e reequilíbrios econômico-

financeiros, caso devidos.

Contratante

“Riscos de

construção”

Risco ordinário, pois resulta da atuação

do contratado. Contratado

“Riscos legais e

políticos”

a) Risco ordinário, em condições estáveis

de mercado, como por exemplo relativo

às flutuações da taxa de juros, mudanças

em políticas governamentais, dentre

outros.

Contratado

b) Risco extraordinário, da álea

econômica, caso resulte de eventos

imprevisíveis e inevitáveis que causem

grande desequilíbrio nas condições

previamente acordadas entre as partes,

como por exemplo alterações expressivas

em taxas de juros, mudanças

significativas na legislação, dentre outras

possibilidades que impeçam ao

contratado manter as condições da

proposta inicial.

Contratante

c) Risco extraordinário, da álea

administrativa, quando decorrente de

“fato do príncipe”, “fato da

administração” ou de alteração unilateral

do contrato pela Adm. Pública.

Analisar

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“Riscos ambientais”

a) Risco ordinário, quando decorrente de

falhas incorridas pela contratada em seu

planejamento.

Contratada

b) Risco extraordinário, da álea

econômica, quando advindo de eventos

externos ao contrato.

Contratante

c) Risco extraordinário, da álea

administrativa, quando advindo de “fato

do príncipe” em relação à legislação

ambiental.

Contratante

“Riscos financeiros”

Enquanto mudanças nas políticas

públicas monetária e fiscal são

consideradas como riscos "legais e

políticos" (conforme apresentado

anteriormente neste quadro), resta à

categoria de riscos "financeiros"

contemplar aqueles advindos da dinâmica

do mercado, sem a influência externa.

Logo, podem ser considerados como

pertencentes à categoria de riscos

"ordinários" pelo viés jurídico.

Contratado

Damodaran

(2009)

“Riscos de

mercado”

Como a própria denominação sugere, são

riscos advindos da própria dinâmica do

mercado de atuação da contratada. Desta

forma, pode ser considerado como um

risco “ordinário”, pelo viés jurídico de

interpretação.

Contratado

“Risco específico”

Tal qual o risco “de mercado”, os riscos

“específicos” referem-se tão somente à

dinâmica interna da contratada, ou

algumas poucas empresas similares.

Desta forma, os riscos inerentes ao

negócio devem ser de conhecimento

prévio da contratada devido à sua

expertise em seu mercado de atuação e,

portanto, devem restar devidamente

precificados em suas propostas.

Configuram-se, portanto, como riscos

“ordinários” pelo víes jurídico.

Contratado

“Risco operacional”

a) Via de regra, toda empresa incorre em

riscos denominados “operacionais”, pois

são riscos advindos de mudanças que

afetam as operações. Conforme

Damodaran (2009), variações nos preços

Contratado

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de insumos são considerados riscos

“operacionais”. Desta forma, resta a

correta compreensão dos motivos que

ocasionam a mudanças de preços. Caso

seja motivada por fatores advindos da

própria dinâmica de mercado, tais riscos

podem ser considerados como

“ordinários” pelo viés jurídico.

b) Caso sejam resultantes de eventos

imprevisíveis na esfera macroeconômica

ou outras ocorrências sobre as quais a

contratada não possua controle ou

influência e que fujam da normalidade, os

mesmos podem ser considerados como

riscos “extraordinários” da álea

econômica.

Contratante

c) Caso decorram de mudanças em

políticas públicas que afetem de maneira

significativa o contrato, tais riscos podem

ser classificados como “extraordinários”

da álea administrativa.

Contratante

“Risco financeiro”

Enquanto o autor Andrade (2013) utiliza

esta denominação para riscos advindos do

mercado, o autor Damodaran (2009) os

apresenta como advindos decisões

internas das empresas, referentes a seus

aspectos financeiros. Desta forma, sua

ocorrência depende basicamente do

ambiente interno da contratada e,

portanto, pode ser classificado como um

risco “ordinário” pelo viés jurídico.

Contratado

“Risco contínuo”

Sendo riscos aos quais as empresas estão

constantemente expostas, propõe-se que

os mesmos devem ser de conhecimento

da contratada e, portanto, devem estar

devidamente precificados nas propostas.

Desta forma, podem ser classificados

como riscos “ordinários” pelo viés

jurídico.

Contratado

“Risco de evento”

Pertencem à categoria de riscos

“extraordinários” da álea econômica, pois

são apresentados por Damodaran (2009)

como advindos de eventos específicos

que afetam a economia e, assim o sendo,

pode-se considerar que “em um panorama

de razoabilidade, afastam-se do limite de

Contratante

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ordinariedade de ocorrência” (Miranda e

Rocha, 2016, p. 65).

“Risco catastrófico”

Quando advindos de eventos “externos ao

contrato, estranhos à vontade das partes,

imprevisíveis e invitáveis, que causam

um desequilíbrio grande na avença, com

consequências incalculáveis” (Miranda e

Rocha, 2016, p. 64), tais riscos podem ser

classificados como “extraordinários” e

pertencentes à álea econômica ou, tendo

como causa atos da Administração

Pública, como pertencentes à álea

administrativa.

Contratante

“Risco menor”

Conforme o autor Damodaran (2009), são

riscos que não apresentam o mesmo grau

de impacto dos riscos “catastróficos”. Por

este motivo, podem ser previamente

previstos nas propostas e caracterizados

como riscos “ordinários”.

Contratado

Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

Conforme pode ser depreendido a partir das interpretações de riscos disponíveis no

Quadro 1, as categorias de riscos compreendidas através do viés gerencial proposto poderiam

assumir diferentes categorizações quando analisadas sob a ótica do viés jurídico. Neste

sentido, por exemplo, tem-se que os “riscos de fluxo de receitas”, conforme proposição de

Andrade (2013), poderiam ser compreendidos como riscos ordinários e alocados à parte

contratada, quando os eventos que os configuram surgissem em condições de mercado

consideradas estáveis. No entanto, na ocorrência de eventos macroeconômicos imprevisíveis e

inevitáveis, os riscos podem ser considerados como extraordinários, da álea econômica e

sendo devido, portanto, a concessão de reequilíbrio econômico-financeiro pela parte

contratante. As mesmas alterações no fluxo de receitas poderiam surgir, ainda, de alterações

unilaterais no contrato por parte da Administração Pública, pela ocorrência de um “fato da

administração” ou, ainda, pela ocorrência de “fato do príncipe”. Nestas ocasiões, os riscos

advindos de tais eventos poderiam ser classificados como extraordinários, da álea

administrativa e, portanto, sujeitos ao reequilíbrio econômico-financeiro.

Tem-se que, em maior ou menor grau, os riscos gerenciais levantados a partir dos

autores revisados poderiam resultar em diferentes interpretações quando à sua classificação

através do viés jurídico. Desta forma, restaria como solução a realização de análise específica

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e individualizada em cada caso, buscando-se evitar generalizações prévias quanto à alocação

dos riscos nos contratos administrativos celebrados sob as normas da Lei Federal 8.666/93.

No entanto, algumas estratégias podem mostrar-se como pertinentes para a mitigação

de alguns riscos. Por exemplo, os chamados “fatos da administração” referem-se, conforme já

apresentado, aos eventos de descumprimento contratual por parte da Administração Pública.

Neste sentido, a correta gestão contratual, de modo a evitar equívocos quanto aos pagamentos

tempestivos à contratada e quanto à concessão dos devidos reajustes e reequilíbrios são

medidas que permitiriam, por exemplo, afastar a possibilidade de aplicação de multas pela

parte contratada, evitando que o contrato viesse a se tornar mais oneroso do que o

inicialmente previsto.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme Miranda e Rocha (2016), à parte contratada é possível a precificação dos

“riscos que lhe competem, assim como fazem nos contratos de PPP” (p. 67). Logo, uma

primeira conclusão para responder aos objetivos do presente artigo seria a recomendação

quanto à inserção, pela Administração Pública, de exigência nos Editais de Licitações para

que os contratados apresentassem suas matrizes de risco e os instrumentos que pudessem

adotar para a mitigação destes riscos. Desta forma, a Administração Pública estaria, em

prática, transferindo os riscos identificados para o privado, exigindo do mesmo as medidas de

gestão de riscos e sua prévia precificação nas propostas. Com atenção às limitações impostas

pela omissão da Lei 8.666/93 nesta questão, acredita-se encontrar parte da solução para a

problemática através da transferência, à parte contratada, dos riscos inerentes à execução

contratual, além das garantias exigidas e dos mecanismos de penalização previstos em lei.

Salienta-se, no entanto, o exposto por Justen Filho (2012), quando o mesmo apresenta

que “como se não bastasse, o particular engloba, na formação de seus custos, os encargos

necessários à obtenção da garantia” (p. 824), interpretando que “sob essa abordagem, a

garantia produz malefícios”, com as consequências de que “tanto reduz o número de licitantes

como acarreta elevação dos custos para a Administração”. Contrário a este entendimento,

tem-se o apresentado por Di Pietro (1999), que considera que “a alegação de que o excesso de

garantias afasta os possíveis interessados não pode ser aceita sem colocar em risco o interesse

público” (p. 85), trazendo à luz o princípio constitucional da razoabilidade, o qual refere-se,

em essência, à “proporcionalidade dos meios aos fins” (p. 85). A autora apresenta que os

interesses das partes envolvidas, particular e administração pública, devem ser conciliados “de

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tal modo que as imposições aparentemente discriminatórias, como é o caso da exigência de

garantia, sejam feitas na medida necessária e suficiente para proteger o interesse público”.

Sabe-se que todas as contratações realizadas pela Administração Pública,

independente da modalidade adotada e da lei específica que as rege, estão submetidas à Lei

Maior. Desta forma, devem objetivar a conquista de vantajosidade econômica, tendo esta

premissa como um de seus objetivos norteadores, com vistas a atender ao princípio

constitucional da eficiência. Em específico quanto às contratações através de licitações

públicas, esta diretriz resta claramente apresentada pela Lei 8.666/1993, em seu Art. 3º, onde

é previsto que “a licitação destina-se a [...] selecionar a proposta mais vantajosa para a

Administração” (BRASIL, 1993). A repartição dos riscos, atendendo ao princípio da

razoabilidade, conforme exposto por Di Pietro (2012), seria necessária para atender ao

interesse público. Desta forma, o presente trabalho busca demonstrar que a garantia contratual

limitada pela Lei de Licitações e Contratos não permite à Administração a eficiente alocação

de riscos entre as partes, não garantindo às contratações o atingimento da citada eficiência

nem tampouco o atendimento da razoabilidade. Propôe-se, portanto, que deveria ser realizada

a correta identificação dos riscos específicos advindos de cada contratação pretendida, bem

como sua categorização em relação à natureza dos eventos, de acordo com as classificações

gerenciais e jurídica apresentadas por Andrade (2013), Damodaran (2009) e Miranda e Rocha

(2012). Identificados e categorizados os riscos, tornar-se-ia possível a compreensão da

estratégia a ser adotada para a contratação, em relação à alocação ao contratado ou à

contratante, dos riscos inerentes ao contrato. Tal medida condiz com o previsto por Tanaka

(2007), quando este apresenta que “a caracterização do desequilíbrio econômico-financeiro do

contrato não é imediata e nem tão simples de se averiguar na prática”, completando que

“caberá sempre a análise pormenorizada [...] para ser constatada, ou não, sua existência”

(p. 177). A forma proposta para abordagem dos riscos teria, inclusive, caráter preventivo para

a Administração Pública em relação ao exposto por Andrade (2013), quando este apresenta

que “os processos decisórios das empresas não contemplam explicitamente o tratamento da

incerteza presente nas informações” (p. 169). Na esfera pública, as medidas aqui apresentadas

tornariam os processos decisórios de contratação menos vulneráveis à incerteza das

informações, ao passo que tornaria transparentes e previsíveis os riscos presentes nos

contratos administrativos.

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RISK-SHARING IN ADMINISTRATIVE CONTRACTS COVERING SERVICES

UNDER THE NORMS OF FEDERAL LAW 8,666/93

ABSTRACT

This article seeks to research and understand risks involved in administrative contracts

covering services, under the norms of Federal Law 8,666/93 as well as means and

proceedings adopted by the Public Administration in the risk-sharing associated with such

contracts. In order to achieve the established goal, an appraisal of pre-existing works on the

theme was carried out, viewing a deeper conceptualization and a survey of risk categories to

be considered before the final analysis. Research was carried out by means of a qualitative

methodology classified as bibliographical exploratory research, starting with authors Andrade

(2013), Damodaran (2009), Di Pietro (1999), Führer and Führer (2003), Grilo and Alves

(2011), Jabôr (2013), Justen Filho (2012), Miranda and Rocha (2016), Rocha (2014), Santos

(2003) and Santos (2014), plus Federal Laws 8 666/1993 and 11,079/2004, as well as

Technical Norm NBR ISO 3,000 (2009). Based on this interpretation, it was verified that, to a

greater or lesser extent, those risks identified through a managerial outlook can result from

different application due to judiciary outlook and legal bias. In conclusion, the resulting

solution is the proposal of a specific and individual analysis for each case and contract,

aiming to avoid a pre-conceived generalization regarding inherent risks.

Keywords: Administrative Contracts; Outsourcing of Public Services; Risk-Sharing.

NOTAS EXPLICATIVAS

1 Conforme apresentado pela Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, as parcerias público-privadas

são também estabelecidas através de contratos administrativos, mas cujos objetos referem-se a concessão de

serviços e obras públicas (BRASIL, 2004). 2 O autor CORREA DOS SANTOS (2003) apresenta que o “o princípio da eficiência foi introduzido

expressamente no caput do art. 37 da Constituição Federal através da Emenda Constitucional n. 19, de

4.6.1998”. 3 Visando não se afastar das devidas conceituações de Justen Filho (2012), cabe salientar que o autor apresenta

que as licitações não são realizadas pela Administração Pública com o objetivo específico de buscar a

vantajosidade econômica, mas que tal objetivo deve sempre ser orientador das contratações (2012, p. 68). 4 Conforme Art. 4º da Lei Federal nº 11.079 de 30 dezembro de 2004.

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