renovaÇÃo da acÇÃo pedagÓgica · a cabeça de lobo, que encima o mas- ... francisco aprende-se...

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I Apoio do: Setembro/Outubro 2009 I Depois de um ano de pilotagem, em que a Renovação da Acção Pedagógica tomou forma mais concreta, e começou já a ser aplicada experimentalmente em muitos Agrupamentos do país, chega a hora de apresentar a todo o CNE o fundamento espiritual que dá alma ao projecto de re- novação em curso. Falamos da Mística su- gerida para o escutismo em cada Secção, e da Simbologia daí decorrente. Será oportuno recordar que, segundo a mesma Renovação da Acção Pedagógica, as áreas de desenvolvimento sublinham diferentes aspectos: Afectivo, Carácter, Espiritual, Físico, Intelectual e Social. Trata-se, evidentemente, de uma for- ma de sublinhar diferentes aspectos que compõem o todo, que é a pessoa humana. Tudo, na educação, deve concorrer para a unidade. E, precisamente, enquanto fun- damento e garante dessa unidade, a di- mensão espiritual abraça as restantes e acompanha, a seu modo, tudo o que é pró- prio do desenvolvimento pessoal. Assim, trata-se de uma dimensão central, que não tira a importância das demais mas, pelo contrário, dá a essas o seu correcto sentido e enquadramento. Esse é o motivo pelo qual a Mística – expressão concreta da dimensão espiritual – adquire um lugar basilar e decisivo em todo o processo de Renovação da Acção Pedagógica. NOTA PRÉVIA No CNE utilizamos expressões que, com o tempo, adquiriram um sentido muito específico, nem sempre coincidente com o sentido geral dos termos e, em alguns casos, sentido inteiramente novo. Por isso, é necessário esclarecer qual o sentido exacto que pretendemos dar a al- gumas expressões muito usadas. São os casos aqui apresentados: MÍSTICA Proposta de enquadramento temático e vivência espiritual para cada uma das sec- ções, que visa aprofundar a descoberta de Deus e a comunhão em Igreja. RENOVAÇÃO DA ACÇÃO PEDAGÓGICA IMAGINÁRIO Ambiente que envolve um determinado grupo e que se traduz por um espírito e uma lingua- gem próprios. Envolve frequentemente uma história com heróis e símbolos. Induz a um sentimento de pertença em relação ao grupo e permite a transmissão de determinados valores. SÍMBOLOS Elementos/objectos representativos de re- alidades, características ou atitudes que materializam o ideal proposto na mística de cada secção. Todas as secções têm o seu símbolo, po- dendo este ser único ou integrado num conjunto de símbolos complementares. PATRONO Santo ou Beato da Igreja que no decurso da sua vida encarnou na plenitude os valo- res que se pretendem transmitir através da Mística e do Imaginário de uma determina- da secção, sendo por isso escolhido como protector e exemplo de vivência para os jovens dessa mesma secção. MODELOS DE VIDA Figuras da Igreja Católica que, à semelhança do Patrono, também encarnaram os valores e ideais da Mística e do Imaginário da secção e que exprimem a diversidade de caminhos e carismas possíveis para os viver. GRANDES FIGURAS Personalidades que na sua vida realizaram grandes feitos, associados ao Imaginário da secção, que marcaram a História da Humanidade Lobitos Exploradores Moços Pioneiros Marinheiros Caminheiros Companheiros Vida Adulta Equipa Nacional de Assistência

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Page 1: RENOVAÇÃO DA ACÇÃO PEDAGÓGICA · A Cabeça de Lobo, que encima o Mas- ... Francisco aprende-se a alegria, a simpli- ... de Deus, razão pela qual é invocada a sua

I

Apoio do:

Setembro/Outubro 2009

I

Depois de um ano de pilotagem, em que a Renovação da Acção Pedagógica tomou forma mais concreta, e começou já a ser aplicada experimentalmente em muitos Agrupamentos do país, chega a hora de apresentar a todo o CNE o fundamento espiritual que dá alma ao projecto de re-novação em curso. Falamos da Mística su-gerida para o escutismo em cada Secção, e da Simbologia daí decorrente. Será oportuno recordar que, segundo a mesma Renovação da Acção Pedagógica, as áreas de desenvolvimento sublinham diferentes aspectos: Afectivo, Carácter, Espiritual, Físico, Intelectual e Social.

Trata-se, evidentemente, de uma for-ma de sublinhar diferentes aspectos que compõem o todo, que é a pessoa humana. Tudo, na educação, deve concorrer para a unidade. E, precisamente, enquanto fun-damento e garante dessa unidade, a di-mensão espiritual abraça as restantes e acompanha, a seu modo, tudo o que é pró-prio do desenvolvimento pessoal. Assim, trata-se de uma dimensão central, que não tira a importância das demais mas, pelo contrário, dá a essas o seu correcto sentido e enquadramento. Esse é o motivo pelo qual a Mística – expressão concreta da dimensão espiritual – adquire um lugar basilar e decisivo em todo o processo de Renovação da Acção Pedagógica.

NOTA PRÉVIANo CNE utilizamos expressões que, com o tempo, adquiriram um sentido muito específico, nem sempre coincidente com o sentido geral dos termos e, em alguns casos, sentido inteiramente novo.Por isso, é necessário esclarecer qual o sentido exacto que pretendemos dar a al-gumas expressões muito usadas. São os casos aqui apresentados:

MÍSTICAProposta de enquadramento temático e vivência espiritual para cada uma das sec-ções, que visa aprofundar a descoberta de Deus e a comunhão em Igreja.

RENOVAÇÃO DA ACÇÃO PEDAGÓGICA

IMAGINÁRIOAmbiente que envolve um determinado grupo e que se traduz por um espírito e uma lingua-gem próprios. Envolve frequentemente uma história com heróis e símbolos. Induz a um sentimento de pertença em relação ao grupo e permite a transmissão de determinados valores.

SÍMBOLOSElementos/objectos representativos de re-alidades, características ou atitudes que materializam o ideal proposto na mística de cada secção.Todas as secções têm o seu símbolo, po-dendo este ser único ou integrado num conjunto de símbolos complementares.

PATRONOSanto ou Beato da Igreja que no decurso

da sua vida encarnou na plenitude os valo-res que se pretendem transmitir através da Mística e do Imaginário de uma determina-da secção, sendo por isso escolhido como protector e exemplo de vivência para os jovens dessa mesma secção.

MODELOS DE VIDAFiguras da Igreja Católica que, à semelhança do Patrono, também encarnaram os valores e ideais da Mística e do Imaginário da secção e que exprimem a diversidade de caminhos e carismas possíveis para os viver.

GRANDES FIGURASPersonalidades que na sua vida realizaram grandes feitos, associados ao Imaginário da secção, que marcaram a História da Humanidade

Lobitos

ExploradoresMoços

PioneirosMarinheirosCaminheiros

Companheiros

Vida Adulta

Equipa Nacionalde Assistência

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II

MÍSTICA DO CNE

A Mística do Programa Educativo do CNE assenta num esquema de quatro eta-pas, com vista a uma formação humana e cristã integral, sólida e madura. Estas etapas são sequenciais – cada uma é trabalhada para uma secção, ainda que de forma não estanque – e complemen-tam-se (nenhuma vale por si mesma), na medida em que estão interligadas e adquirem o seu pleno sentido na sobre-posição das partes. Desenrolam-se na lógica de um caminho a percorrer, cons-tituindo um itinerário de crescimento individual e comunitário proposto a cada escuteiro:

As etapas aqui apresentadas sintetizam os objectivos finais, a nível espiritual, de cada uma das secções e, evidente-mente, pressupõem que o contributo dado pelo escutismo não esgota nem substitui os diferentes contributos nesta área (família, em primeiro lugar, escola, catequese, etc.).

Pretende-se que, em cada etapa, o Lo-bito ou Escuteiro possa ter um encontro profundo, verdadeiro e frutuoso com Je-sus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, em harmonia com a respectiva faixa etária. É

esse o motivo pelo qual se inclui, no es-quema, uma faixa a preto, transversal, com a inscrição «Jesus Cristo». Através do Filho, com o Espírito Santo, chega-se ao Pai. Pode-se assim dizer que, o es-quema proposto tem um fim teológico, acima de tudo.

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III

MÍSTICAO louvor ao Criador: o Lobito louva

Deus-Criador, descobrindo-O no que o rodeia

Quando o Lobito descobre as maravi-lhas da Natureza e vive alegre, contente, obediente, amigo de todos e disposto a imitar em tudo o Menino Jesus, perce-bendo que Este o ama, aprende a louvar o Criador.

Utilizando uma linguagem adequada à idade dos lobitos, transmite-se a ideia de que Deus é a fonte de todas as coisas boas, procurando, assim, fazer desper-tar sentimentos religiosos de gratidão e de louvor. Naturalmente o Lobito será mais sensível a um discurso centrado em Jesus – nestas idades frequente-mente chamado «Menino Jesus» –, pelo que será essa a via mais adequada para encaminhar para o início da descoberta de Deus.

É importante que a descoberta de Deus seja acompanhada pela descoberta da família, dos amigos, de todos os meninos e meninas e de todas as pessoas, para que o Lobito encontre na relação com os outros um caminho privilegiado para fa-zer a vontade de Deus.

Esta etapa será eminentemente práti-ca, não estando dependente de discursos ou transmissões orais de conteúdos. O desafio que é colocado aos animadores desta Secção é o de encontrar formas ca-tivantes e dinâmicas de, através do jogo, educar no sentido descrito.

IMAGINÁRIO

O imaginário dos Lobitos tem por base a história de Máugli de “O Livro da Selva”. Esta história encontra-se nos dois volu-

Lobitos

mes da célebre obra de Rudyard Kipling, e tem um sentido claramente alegó-rico. As diferentes personagens que compõem o enredo dos maravilhosos episódios do «Menino-Lobo», represen-tam alguns aspectos característicos da sociedade em que viveu o autor, e que estão igualmente presentes na socieda-de hodierna. Trata-se, por isso, de uma obra de grande actualidade e, sobretudo, de um precioso instrumento pedagógico que permite, através do jogo, ajudar a conhecer o mundo e transmitir valores essenciais.

SIMBOLOGIA A Cabeça de Lobo, que encima o Mas-

tro Totem da Alcateia, é o símbolo máxi-mo da unidade e de cada Lobito. Consi-derando as características psicológicas das crianças desta idade, e consideran-do que os símbolos têm, por definição, uma função unificadora, propõe-se um símbolo único para as crianças desta faixa etária.

A cabeça de Lobo evoca o imaginário da Secção e, simultaneamente, remete para a mística dos lobitos, que tem por base o tema da Criação. O Lobo perso-

nifica todos os animais que Deus criou – que embelezam terra, céus, mares e rios –, trazendo ao espírito a ideia de que tudo é dom da sua bondade e de que, por isso, Deus deve ser sempre louvado. Imagem de Deus, o homem e a mulher surgem como expoentes da Criação. Por isso, toda a acção pedagógica encontra na pessoa humana (os lobitos e os outros) a razão de ser e o seu fim último.

Ao mesmo tempo, a cabeça de Lobo representa o processo evolutivo do me-nino Lobo, no seio da Alcateia, aludindo à caminhada que todo o ser humano pro-cura realizar.

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IV

Considerando a mística proposta para esta secção, e a vida deste santo da Igre-ja, reconhecemos que esta é ícone da-quela. Ou seja, conhecendo a vida de S. Francisco e observando o seu percurso de santidade, reconhecemos no Santo de Assis os principais traços que cons-tituem os objectivos educativos para os Lobitos, na área espiritual, que é como que o «substrato» das demais. Por esse motivo, e não por qualquer motivo de or-dem exclusiva ou prioritariamente devo-cional, a escolha do patrono recai sobre S. Francisco.

S. Francisco viveu os valores evangé-licos com grande radicalidade. Depois do encontro profundo com Cristo, a sua vida foi inteiramente colocada ao serviço da vontade divina, para bem da Igreja. Na harmonia com as criaturas, S. Francisco encontrou (ou melhor, foi encontrado) e deixou-se cativar pelo Criador. Por isso, tudo lhe falava de Deus. O seu exemplo de vida contagiou imensos homens e mulheres, e continua ainda a contagiar, a ponto de ser uma figura notável da falan-ge venerável dos santos da Igreja. Com S. Francisco aprende-se a alegria, a simpli-cidade, a entrega de vida, a fidelidade, a amizade, a fraternidade mas, sobretudo, o Amor a Jesus Cristo.

A escolha de um patrono «oficial» e geral, para todos os lobitos do CNE, tem por objectivo proporcionar de maneira uniforme – tanto quanto isso é possível – um enquadramento espiritual adequado para a aplicação correcta da pedagogia. Por esse motivo, devem todas as Alca-teias do CNE considerar devidamente esta escolha de âmbito nacional, en-quanto membros de uma Associação que quer ser sempre, e cada vez mais, Corpo.

O Patrono é exemplo de vida, uma re-ferência singular, um estímulo para uma vida pautada pelos valores perenes e, si-multaneamente, é um intercessor junto de Deus, razão pela qual é invocada a sua protecção.

PatronoO patrono dos Lobitos é S. Francisco de Assis

MODELOS DE VIDAAlém do patrono, embora estreita-

mente ligados a este, propõem-se ainda outros modelos de vida para os lobitos. A razão de ser desta proposta prende-se com a diversidade de personalidades e carismas, e com a importância que a identificação com os modelos adquire. Isto é, pretendendo apresentar modelos que cativem os lobitos e façam despertar neles o desejo de caminhar para a san-tidade, aponta-se outras grandes figu-ras da Igreja, igualmente reconhecidas como santos ou beatos e que, como o patrono, incarnaram na sua vida os va-lores e ideais da Mística e do Imaginário.

Estes «modelos de vida» podem ser enriquecidos localmente, com outras figuras que tenham alguma ligação à co-munidade cristã local e que sejam, por isso, mais próximas. Os nomes apresen-tados são apenas alguns exemplos. Para os lobitos sugerimos S. Clara de Assis e os Beatos Francisco e Jacinta.

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