remuneração - faculdade legale• remuneração variável, fixado por comissão, peça, tarefa ou...
TRANSCRIPT
Remuneração
DR. THIAGO TRINDADE ABREU DA SILVA MENEGALDO
Advogado trabalhista, sócio no escritório de advocacia Geromes e Menegaldo Sociedade
de advogados, professor em diversos cursos de pós graduação, especialista em direito
material e processual do trabalho pela Escola Paulista de Direito – EPD, ex-presidente da
comissão de direito do trabalho da 39ª Subseção da OAB de São Bernardo do Campo – SP
(2016/2018). Foi profissional de Recursos Humanos por 13 anos, atuando em vários
subsistemas deste departamento.
Thiago Abreu Menegaldo
@thiago_menegaldo
REMUNERAÇÃO X SALÁRIO
CONCEITOS:
- SALÁRIO: é a contraprestação devida ao empregado pela prestação de
serviço, em decorrência do contrato de trabalho.
- REMUNERAÇÃO: é a soma do salário contratualmente estipulado (mensal,
por hora, por tarefa,...) com outras vantagens percebidas na vigência do
contrato de trabalho como horas extras, adicional noturno, adicional de
periculosidade, insalubridade, comissões, gorjetas, percentagens, gratificações,
dentre outros.
A remuneração é gênero e salário é a espécie desse gênero. A palavra
remuneração passou a indicar a totalidade dos ganhos do empregado, pagos
diretamente ou não pelo empregador e a palavra salário, para indicar os
ganhos recebidos diretamente pelo empregador pela contraprestação do
trabalho.
REMUNERAÇÃO X SALÁRIO
Art. 3º CLT – Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário.
Art. 457 da CLT – Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos
os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
§1º - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as
comissões pagas pelo empregador (Reforma Trabalhista – Lei 13.467/17).
__________________________________________________________
A CLT não conceitua salário, somente indica o que compõe a remuneração.
São elementos da remuneração: habitualidade, periodicidade, quantificação,
essencialidade, reciprocidade.
SALÁRIO
O salário é a quantia paga “diretamente pelo empregador” (art. 457,
caput, da CLT), decorrendo do contrato de trabalho.
O salário é pago e devido não só como contraprestação do efetivo
serviço prestado, mas também dos períodos em que o empregado esteve
à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens (art. 4.º,
caput, da CLT), bem como de certos períodos de descanso remunerado
(hipóteses de interrupção do contrato de trabalho como ocorre nas férias
e nos descansos semanais e feriados remunerados).
REMUNERAÇÃO X SALÁRIO
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO SALÁRIO
IRREDUTIBILIDADE SALARIAL (Art. 7º, VI da CF) – Irredutibilidade do salário, salvo o
disposto em convenção ou acordo de trabalho.
PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA – o salário mínimo deve ser capaz de atender às necessidades
vitais do trabalhador e sua família.
SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL – valor mínimo, definido em lei, para determinadas
categorias profissionais (Art. 7º, V da CF). Súmula 143 do TST.
PROTEÇÃO CONTRA DISCRIMINAÇÕES SALARIAIS – Art. 7º, incisos XXX e XXXI CF –
proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil e proibição de qualquer discriminação no tocante a
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência.
PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE PREJUDICIAL – Art. 468 da CLT – não pode o
empregador alterar o salário e nem sua forma se prejudicial ao trabalhador.
PRINCÍPIO DA INTEGRALIDADE DO SALÁRIO – Art. 462 da CLT – vedado efetuar
descontos salariais. Súmula 342 do TST.
PRINCÍPIOS DA PONTUALIDADE NO PAGAMENTO
a) certeza do pagamento (art. 464 da CLT);
b) época do pagamento: deve ser realizado em dia útil (art. 459 da
CLT) - salvo comissões, percentagens e gratificações;
c) local do pagamento (art. 465 da CLT) local do trabalho, ou
mediante conta bancária para esse fim com o consentimento do
empregado;
d) forma de pagamento (art. 463 da CLT) moeda corrente do país.
Caráter alimentar: objetiva o salário a prover o alimento do trabalhador e de sua
família;
Comutatividade: consiste numa equivalência simbólica entre o serviço prestado e o
valor pago;
Sinalagmático: as partes se obrigam a prestações recíprocas;
Caráter forfetário: uma vez executado o trabalho, o salário é sempre devido,
mesmo diante da justa causa;
Duração ou continuidade do salário: O contrato de trabalho é de trato sucessivo
Pós-numerário: o salário somente é devido após a prestação do serviço, até o 5º
dia útil do mês subsequente, mediante recibo;
Irredutibilidade salarial: em regra não pode ser reduzido;
Possibilidade da natureza composta do salário: Salário pode ser pago em
dinheiro e utilidades.
CARACTERÍSTICAS DO SALÁRIO
SALÁRIO COMPLESSIVO
O “salário complessivo” (valor salarial fixado para atender e remunerar o
salário base e adicionais devidos, sem individualizar, definir ou distinguir
percentuais e valores) é vedado pela Súmula 91 do TST, de modo que a
jurisprudência não aceita, por exemplo, os contratos de comissionista que
consideram o DSR já incluído no percentual atribuído às comissões.
SALÁRIO MÍNIMO
A Convenção 131 da OIT, ratificada pelo Brasil em 4/5/1983, no seu art. 1º.1
assegura que o membro da OIT SE compromete a estabelecer um sistema de
salários mínimos que proteja todos os grupos de assalariados cujas condições de
trabalho forem tais que seria aconselhável assegurar-lhes a proteção.
Pela Constituição Federal, o salário deve ser fixado por lei e válido para todo o
território nacional, sendo capaz de atender às suas necessidades vitais básicas do
trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, vedando sua vinculação para qualquer fim (art. 7º, IV).
Pelo prisma constitucional, o salário mínimo deve ser fixado por lei, não se
permitindo a existência de desníveis entre uma região e outra.
SALÁRIO MÍNIMO
Os trabalhadores que possuem remuneração variável, o salário mínimo atua como
garantia mínima da sua paga mensal (art. 7º, VII, CF; art. 78, CLT). Isso significa,
que se no mês, o trabalhador auferir a título de salário variável um montante inferior
à garantia, o valor a ser pago é o condizente com o salário mínimo.
A Lei 8.716, de 11/10/1993, estabelece a garantia do salário mínimo para os
trabalhadores que perceberem:
• remuneração variável, fixado por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades
(art. 1º);
• salário misto, integrado por parte fixa e parte variável.
Ao empregador é vedado fazer qualquer tipo de desconto em mês subsequente a
título de compensação de eventuais complementações feitas em meses anteriores,
nos quais a garantia tenha sido adotada (art. 3º, Lei 8.716/93).
SALÁRIO MÍNIMO - NACIONAL
O salário mínimo corresponde à carga horária normal prevista no art. 7º, XIII, da
Constituição Federal, ou seja: a uma jornada diária de oito horas e quarenta e quatro
semanais.
Para os trabalhadores que tenham por disposição legal a jornada máxima diária de
trabalho inferior a oito horas, o salário mínimo será igual ao definido no parágrafo
acima multiplicado por oito e dividido pelo máximo legal (art. 6º, § 2º, Lei 8.542/92).
Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão
constitucional de 8 horas diárias ou 44 semanais, é lícito o pagamento do piso
salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado (OJ 358, I, SDI-I).
Esse entendimento não se aplica ao servidor público celetista (OJ 358, II).
A partir de janeiro de 2019, o salário mínimo passou a ser de R$ 998,00.
SALÁRIO NORMATIVO
O art. 7º, V, da Constituição, estabelece o piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho.
Salário normativo é o salário fixado para o trabalhador pela cláusula prevista em:
acordo coletivo, convenção coletiva ou decisão normativa. Geralmente, a cláusula
indica um percentual de aumento sobre o salário do trabalhador vigente à época da
data-base.
Piso salarial é o “limite mínimo de ganho atribuído a uma determinada categoria
profissional, em termos absolutos. Assim, se houver disposição de convenção ou
decisão normativa determinando que nenhum trabalhador da categoria profissional
respectiva seja empregado com ganho inferior ao valor, por exemplo, de R$
2.000,00 (dois mil reais), o caso será de piso salarial”.
SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL
Salário profissional é o próprio piso salarial, quando fixado não apenas para incidir
sobre os contratos em curso, mas também para os que vierem a serem celebrados
no futuro. O salário estabelecido pela Lei nº 7.394/85, para os técnicos em
radiologia, constitui caso típico de salário profissional.”
A classificação do salário profissional envolve a extensão e a complexidade de cada
profissão, justificando a existência de padrões diferentes de remunerações mínimas
para diversas profissões, como por exemplo, o caso dos médicos, dos engenheiros,
dos advogados etc.
Os métodos de fixação do salário profissional são: a lei, a convenção ou
acordo coletivo e a sentença ou decisão normativa.
PISOS SALARIAIS ESTADUAIS
A LC 103/00, art. 1º, autorizou os Estados e o Distrito Federal a instituir,
mediante lei de iniciativa do Poder Executivo, o piso salarial de que trata o
inciso V, art. 7º, da CF, para os empregados que não tenham piso salarial
definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho.
O referido piso poderá ser estendido aos empregados domésticos.
Contudo, pretendendo evitar manobras políticas eleitoreiras, não poderá
ocorrer no segundo semestre do ano em que se verificar eleição para os
cargos de governador dos Estados e do Distrito Federal e de deputados
estaduais e distritais.
Também, por decorrência do pacto federativo, não atinge a remuneração de
servidos públicos federais e municipais.
PISOS SALARIAIS ESTADUAIS
A LC 103 tem sofrido severas críticas, notadamente por algumas questões
de inconstitucionalidades:
• possibilita padrões monetários mínimos regionais, colidindo com o art. 7º,
IV, que menciona salário mínimo unificado;
• não se coaduna com o art. 7º, V, que estabelece um salário condizente
com a extensão e a complexidade da profissão, o que nada tem a ver
com salários diferenciados para os vários Estados da Federação.
O salário pode ser aferido levando-se em consideração os seguintes
critérios:
Salário por unidade de tempo:
- Em função do tempo que ficou ou permaneceu à disposição do empregador.
- Não sofre influência do rendimento do empregado, bem como do resultado obtido
pelo empregador. É a forma mais usual para a mensuração do salário pago.
- Significa ainda que o salário pode ser pago por hora, dia, semana, quinzena ou
mês.
- O salário somente pode ser ajustado no máximo por um período de um mês (art.
459, CLT).
A adoção da unidade de tempo não pode ser confundida com os períodos de
pagamento.
O horista, por exemplo, pode receber os seus salários no final do mês ou da
semana.
AFERIÇÃO DO SALÁRIO
Salário por unidade obra (produção)
Por salário por unidade de obra compreende-se o que é fixado por unidade
produzida durante a jornada de trabalho.
A citada forma é empregada nos trabalhos manuais, sendo que o empregado recebe
pela produção realizada, todavia lhe é assegurado o pagamento do salário mínimo
(art. 7º, VII, CF; Lei 8.716/93).
O salário é calculado em função da produção do empregado, não se levando em
conta o tempo que o trabalhador permanece à disposição do empregador.
O art. 483, g, da CLT fixa a justa causa do empregador, autorizando a rescisão
indireta do contrato de trabalho, quando houver a redução do trabalho, sendo este
pago por peça ou tarefa, de forma a afetando sensivelmente a importância dos
salários.
AFERIÇÃO DO SALÁRIO
Salário por tarefa
O salário pago por tarefa possui como base a produção do trabalhador, o qual após
cumprir a obrigação de produzir um determinado número de peças por dia estará
dispensado do cumprimento do restante da jornada diária. Se ficar laborando, após o
cumprimento da tarefa diária, deverá receber um acréscimo ao valor do que foi
estabelecido.
A legislação consolidada permite o salário por tarefa, como se depreende do
pagamento das férias (art. 142, § 2º) e da rescisão indireta (art. 483, g).
A adoção do sistema de mensuração dos salários pelo critério da tarefa não elide a
responsabilidade do empregador em pagar a garantia mínima prevista na Lei
8.716/93 (o pagamento do salário mínimo).
Para quem recebe por tarefa, o cálculo do salário e dos DSR’s acompanha o mesmo
critério desenvolvido no item anterior
AFERIÇÃO DO SALÁRIO
Súmula nº 354 do TST
GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas
espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado,
não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional
noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.
“Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo
cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa,
como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição
aos empregados”. (art. 457, § 3.º, da CLT).
GORJETA
GORJETA
De todo modo, como as gorjetas integram a remuneração, os seus valores incidir
em:
- Cálculo do FGTS (art. 15 da Lei 8.036/1990);
- Férias (art. 142 da CLT);
- 13º salário (art. 1.º da Lei 4.090/1962) e;
- Contribuições previdenciárias (art. 28, inciso I, da Lei 8.212/1991).
Na hipótese de gorjetas espontâneas, como o empregador nem sempre tem
como saber, de forma precisa, as quantias oferecidas pelos clientes aos
empregados, é comum a previsão de seus valores estimados em convenções e
acordos coletivos de trabalho.
As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social sobre a
remuneração, assim, devem especificar o salário e a estimativa da gorjeta (art.
29, § 1.º, da CLT).
Gratificações
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
A teor da ANTIGA redação do §1º do artigo 457 da CLT, as gratificações poderiam
ser ajustadas ou não ajustadas.
As gratificações ajustadas, (de forma tácita ou expressa) possuem natureza
salarial.
As gratificações não ajustadas, não apresentam natureza salarial.
Se não houvesse ajuste expresso quanto à gratificação (quer dizer, para verificar se
existia ou não o ajuste tácito), a jurisprudência firmou o entendimento (de natureza
objetiva) de que, se o pagamento é habitual, trata-se de “gratificação ajustada”
(tacitamente) e, por isso, com natureza salarial.
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
Instrução Normativa SIT 99/2012, art. 8.º, inciso XIV, prevê que são consideradas
de natureza salarial, para fins de recolhimento do FGTS, as gratificações
ajustadas, expressa ou tacitamente, tais como de produtividade, de balanço, de
função ou por exercício de cargo de confiança.
Lei 8.212/1991, no art. 28, § 9.º, e, 7, exclui do salário de contribuição as
“importâncias recebidas a título de ganhos eventuais e abonos expressamente
desvinculados do salário”.
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
Redação Anterior Nova Redação
Art. 457 - Compreendem-se na
remuneração do empregado, para todos
os efeitos legais, além do salário devido
e pago diretamente pelo empregador,
como contraprestação do serviço, as
gorjetas que receber.
Art. 457 (...)
§ 1º - Integram o salário não só a
importância fixa estipulada, como
também as comissões, percentagens,
gratificações ajustadas, diárias para
viagens e abonos pagos pelo
empregador.
§ 1º - Integram o salário a importância
fixa estipulada, as gratificações legais e
as comissões pagas pelo empregador.
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
(...) em se tratando de gratificação criada por norma jurídica (como são as regras componentes
de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho), e não simples ato unilateral ou bilateral
das partes contratuais, deverá o intérprete ater-se aos limites expressamente fixados pela
norma jurídica instituidora da verba. Se essa norma jurídica vedar, inequivocamente, a
repercussão salarial da gratificação, deverá ser respeitada. Contudo, se o diploma normativo
instituidor não especificar, claramente, a regra esterilizadora da natureza salarial da
concessão, ou não tratar de semelhante aspecto, incidirá o comando geral da ordem
justrabalhista, que é de caráter objetivo quanto à integração contratual da parcela gratificatória.
Esclareça-se que a nova redação do § 1º do art. 457 da CLT não alterou as considerações
acima expendidas. O novo texto se refere às “gratificações legais e de função”, em enunciado
claramente exemplificativo das verbas gratificatórias. Além disso, não pode a vontade unilateral
ou bilateral privada criar verba e declará-la “não salarial”, com isenção de reflexos trabalhistas,
previdenciários e fiscais; apenas a regra jurídica, desde que de maneira inequívoca (senão
expressa), é que pode afastar a natureza salarial de parcela contraprestativa habitualmente
devida e paga pelo empregador ao empregado no curso do contrato de trabalho.
(DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18ª Edição. São Paulo: Editora LTR, 2019. Páginas 911 e 912).
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
Gratificação pelo exercício de função de confiança
Trata-se de recompensa oferecida pelo empregador a empregado investido no
exercício de função de qualificada confiança (direção, gerência, fiscalização, chefia
ou equivalentes).
Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:
I – (...)
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se
equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou
filial.
III – (...)
Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados
no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação
de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40%
(quarenta por cento).
O nobre doutrinador Maurício Godinho Delgado quando trata em sua obra o tópico
“Composição do Salário (Parcelas Salariais)”, assim ensina:
A parcela salarial paga ao obreiro em função da relação de emprego não se esgota, como
visto, na verba contraprestativa fixa principal que lhe é paga mensalmente pelo empregador
(salário básico). O salário é composto também por outras parcelas pagas diretamente pelo
empregador, dotadas de estrutura e dinâmica diversas do salário básico, mas harmônicas a
ele no tocante à natureza jurídica. Trata-se do que o jurista José Martins Catharino chamou de
complexo salarial.
São exemplos tradicionais dessas parcelas componentes do salário, em sentido amplo
(complexo salarial): salário básico; comissões; percentagens; gratificações habituais; abonos
(todas essas verbas estavam expressamente mencionadas pelo art. § 1º do art. 457, CLT, até
a vigência da Lei n. 13.467/2017). Além dessas figuras, indiquem-se, ainda, o 13º salário, os
adicionais (englobados na epígrafe “percentagens”) e os prêmios.
(DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18ª Edição. São Paulo: Editora LTR, 2019. Páginas 856 e 857).
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
O mesmo autor indica que os adicionais são de natureza salarial e sempre
terão caráter suplementar com respeito à parcela salarial principal recebida
pelo empregado e complementa (Ob cit. p. 789):
O que distingue os adicionais de outras parcelas salariais são tanto o fundamento
como o objetivo de incidência da figura jurídica. Os adicionais correspondem a
parcela salarial deferida suplementarmente ao obreiro por este encontrar-se, no
plano do exercício contratual, em circunstâncias tipificadas mais gravosas. A
parcela adicional é, assim, nitidamente contraprestativa: paga-se um plus em
virtude do desconforto, desgaste ou risco vivenciados, da responsabilidade e
encargos superiores recebidos, do exercício cumulativo de funções, etc. Ela é,
portanto, nitidamente salarial, não tendo, em conseqüência, caráter indenizatório
(ressarcimento de gastos, despesas; reparação de danos e etc.).
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
Súmula 207 – STF
As gratificações habituais, inclusive a de Natal, consideram-se
tacitamente convencionadas, integrando o salário.
Com isso, em conformidade com o critério objetivo (adotado pela jurisprudência),
haverá ajuste tácito sempre que a conduta do empregador, independentemente
de sua intenção, for pagar com habitualidade a gratificação.
PARCELAS SALARIAIS - GRATIFICAÇÕES
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
da cláusula infringente desta garantia.
§ 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para
que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado,
deixando o exercício de função de confiança.
§ 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não
assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação
correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de
exercício da respectiva função.
PRÊMIOS
§ 4º (art. 457) Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador
em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de
empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no
exercício de suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Portanto, o fato de ser o valor do prêmio variável, e condicionado a certos eventos,
não afasta a sua natureza salarial, quando pago de forma habitual, eis que tais
aspectos são naturais nos contornos dessa parcela.
Súmula 209 – STF
O salário-produção, como outras modalidades de salário-prêmio, é devido,
desde que verificada a condição a que estiver subordinado, e não pode ser
suprimido unilateralmente, pelo empregador, quando pago com
habitualidade.
PRÊMIOS
AJUDA DE CUSTO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. Em sendo comprovado que a verba
recebida pela empregada não visava remunerar o trabalho prestado, mas tão somente
reembolsar os seus gastos com combustível, trata-se de ajuda de custo típica, com
natureza nitidamente indenizatória, não integrando a remuneração para nenhum fim.
Recurso do reclamado provido parcialmente. "SUPLEMENTAÇÃO BOLSA AUXÍLIO".
PRÊMIO HABITUAL. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. Em se tratando de verba habitual
relacionada ao desempenho da trabalhadora (prêmio), paga como retribuição ao serviço, a
legislação vigente à época do contrato de trabalho impunha seu reconhecimento como
parcela salarial. Consequentemente, a "suplementação bolsa-auxílio" deve integrar o
salário da reclamante, sendo devidos os reflexos em aviso prévio, FGTS + 40%, férias 1/3,
13º salários, repouso semanal remunerado e horas extras. Recurso da reclamante provido
parcialmente. (TRT 13ª Região - 2ª Turma - Recurso Ordinário nº 0001963-
90.2016.5.13.0003, Redator(a): Desembargador(a) Ubiratan Moreira Delgado, Julgamento:
20/11/2018, Publicação: DJe 27/11/2018)
Comissões
PARCELAS SALARIAIS - COMISSÕES
As comissões são normalmente praticadas sob a forma de um percentual
incidente sobre as vendas, o faturamento ou alguma base de cálculo
praticada na unidade produtiva.
OJ 181 da SBDI-I do TST: “Comissões. Correção monetária. Cálculo. O
valor das comissões deve ser corrigido monetariamente para em seguida
obter-se a média para efeito de cálculo de férias, 13.º salário e verbas
rescisórias”.
QUEBRA DE CAIXA
Trata-se de valor pago pela empresa em decorrência do exercício dessa
função, tendo em vista a possibilidade de que o caixa operado apresente
diferença, a ser ressarcida pelo empregado. A parcela, logo, seria uma
contraprestação de natureza salarial decorrente da peculiaridade (risco) da
atividade exercida.
Súmula nº 247 do TST
QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
A parcela paga aos bancários sob a denominação "quebra de caixa" possui natureza
salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais.
Os adicionais são devidos em razão do labor em certas condições especiais e
podem ser de natureza salarial ou indenizatória.
Possuir natureza salarial, no entanto, não significa confundir-se com o próprio
salário em sentido estrito; o reconhecimento de serem verbas de natureza salarial,
em oposição à natureza indenizatória, é aspecto de relevância para fins de
incidência do FGTS, de contribuições sociais e reflexos em outras verbas
trabalhistas.
ADICIONAIS AO SALÁRIO
A PROBLEMÁTICA QUANTO AO CONCEITO
INSALUBRIDADE: RISCO À SAUDE DO TRABALHADOR
PERICULOSIDADE: FATALIDADE, RISCO DE VIDA!
Contudo, nem todas atividade ditas “perigosas” fazem jus ao pagamento do
adicional de periculosidade.
O pagamento de periculosidade está condicionado a previsão em norma
regulamentora, lei específica ou em instrumento coletivo.
PERICULOSIDADE
► explosivos (art. 193 da CLT e NR 16);
► inflamáveis (art. 193 da CLT e NR 16);
► energia elétrica (Lei 7.369/1985, revogada pela Lei 12.720/2012, que
reescreveu o art. 193 da CLT);
► radiações ionizantes ou substâncias radioativas (Portaria 3.393/1987
e, depois, Portaria 518/2003, ambas do Ministério do Trabalho);
► segurança pessoal ou patrimonial (art. 193 da CLT, redação dada pela
Lei 12.740/2012);
► trabalho em motocicleta (art. 193 da CLT, redação dada pela Lei
12.997/2014*);
► Bombeiro civil (art. 6º, inc. III da Lei 11.901/09).
*observar anotações no tópico oportuno.
PERICULOSIDADE
PERICULOSIDADE – PORCENTAGEM – BASE DE CÁLCULO
1. Não existem graus de periculosidade (como existem no caso das
atividades insalubres: grau mínimo – 10%, médio – 20% ou máximo – 40%).
O adicional de periculosidade corresponde a uma única porcentagem
(30%) sobre a base de cálculo;
2. A base de cálculo do adicional de periculosidade é o salário-base (ao
contrário do adicional de insalubridade cuja base de cálculo é o salário
mínimo), desconsiderando quaisquer acréscimos resultantes de gratificações,
prêmios ou participações nos lucros da empresa.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
Súmula nº 191
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INCIDÊNCIA. BASE DE CÁLCULO (cancelada
a parte final da antiga redação e inseridos os itens II e III) - Res. 214/2016, DEJT
divulgado em 30.11.2016 e 01 e 02.12.2016
I – O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este
acrescido de outros adicionais.
II – O adicional de periculosidade do empregado eletricitário, contratado sob a égide da
Lei nº 7.369/1985, deve ser calculado sobre a totalidade das parcelas de natureza
salarial. Não é válida norma coletiva mediante a qual se determina a incidência do
referido adicional sobre o salário básico.
III - A alteração da base de cálculo do adicional de periculosidade do eletricitário
promovida pela Lei nº 12.740/2012 atinge somente contrato de trabalho firmado a partir
de sua vigência, de modo que, nesse caso, o cálculo será realizado exclusivamente
sobre o salário básico, conforme determina o § 1º do art. 193 da CLT.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
Súmula nº 132 do TST
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INTEGRAÇÃO (incorporadas as
Orientações Jurisprudenciais nºs 174 e 267 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20,
22 e 25.04.2005
I - O adicional de periculosidade, pago em caráter permanente, integra o cálculo de
indenização e de horas extras (ex-Prejulgado nº 3). (ex-Súmula nº 132 - RA
102/1982, DJ 11.10.1982/ DJ 15.10.1982 - e ex-OJ nº 267 da SBDI-1 - inserida em
27.09.2002)
II - Durante as horas de sobreaviso, o empregado não se encontra em condições de
risco, razão pela qual é incabível a integração do adicional de periculosidade sobre
as mencionadas horas. (ex-OJ nº 174 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
OJ 259 – SDI-I - ADICIONAL NOTURNO. BASE DE CÁLCULO. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. INTEGRAÇÃO (inserida em 27.09.2002)
O adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já
que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco.
O art. 193, § 2.º, da CLT assegura o direito do empregado de optar entre o adicional
de periculosidade e o adicional de insalubridade, tende a prevalecer o entendimento
de que ele não faz jus ao recebimento de ambos os adicionais ao mesmo tempo21,
posicionamento este que, no entanto, merece fundada crítica, pois, se o empregado
está exposto tanto ao agente insalubre como também à periculosidade, nada mais
justo e coerente do que receber ambos os adicionais (art. 7.º, inciso XXIII, da
CF/1988), uma vez que os fatos geradores são distintos e autônomos.
São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condição ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados de acordo
com a natureza e a intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus
efeitos (art. 189, CLT).
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
AGENTES FÍSICOS;
AGENTES QUÍMICOS;
AGENTES BIOLÓGICOS;
FATORES INFLUENTES
• Concentração
• Tempo de Exposição
• Agentes nocivos à saúde
• Previsão na NR 15
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
40% - Grau Máximo
20% - Grau Médio
10% - Grau Mínimo
Os percentuais variam de acordo com os agentes insalubres
previstos nos Anexos da NR 15.
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Súmula nº 228 do TST
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO (redação alterada na sessão do
Tribunal Pleno em 26.06.2008) - Res. 148/2008, DJ 04 e 07.07.2008 - Republicada DJ 08, 09
e 10.07.2008. SÚMULA CUJA EFICÁCIA ESTÁ SUSPENSA POR DECISÃO LIMINAR DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
A partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante nº 4 do Supremo
Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo
critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo.
SUMULA 139
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (incorporada a Orientação
Jurisprudencial nº 102 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para
todos os efeitos legais. (ex-OJ nº 102 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)
SUMULA 248
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DIREITO ADQUIRIDO (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade
competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a
direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial.
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Valentim Carrion, ao comentar o art. 59 da CLT:
“consideram-se extras as horas trabalhadas além da jornada normal de cada
empregado, comum ou reduzida; é o caso do bancário que trabalhe 7 horas; ou do
comerciário que pactue e trabalhe apenas 4 horas por dia – a quinta hora já será
extra; de outro modo o empregador podia contratar jornada inferior habitual,
convocando o empregado a trabalhar 8 horas apenas quando lhe conviesse, sem
garantir-lhe o salário de 8 horas”.
Quanto ao adicional de horas extras, o inciso XVI do art. 7.º da CF/1988
expressamente estabelece o mínimo de 50% sobre o valor da hora normal, o que
afasta a possibilidade de ser fixado em nível inferior, ainda que por meio de
negociação coletiva.
Para o advogado, o percentual é de 100%, mesmo havendo contrato
escrito (art. 20, § 2º, Lei 8.906/94).
ADICIONAIS AO SALÁRIO – HORA EXTRA
TRABALHOS EM DOMINGOS E FERIADOS
Prevê a Súmula 146 do TST:
Súmula 146. Trabalho em domingos e feriados, não compensado. Nova
redação: O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado,
deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso
semanal. (Res. 121/2003, DJ 21.11.2003).
OJ 410 - SDI-I REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. CONCESSÃO
APÓS O SÉTIMO DIA CONSECUTIVO DE TRABALHO. ART. 7º, XV, DA
CF. VIOLAÇÃO. (DEJT divulgado em 22, 25 e 26.10.2010)
Viola o art. 7º, XV, da CF a concessão de repouso semanal remunerado após
o sétimo dia consecutivo de trabalho, importando no seu pagamento em
dobro.
TRABALHOS EM DOMINGOS E FERIADOS
O descanso semanal remunerado não precisa necessariamente coincidir com
os domingos, mas veja:
A portaria nº 417 de 1966 do MTE assim indica:
Art. 2° Os agentes da Fiscalização do Trabalho, no tocante ao repouso
semanal, limitar-se-ão a exigir:
a) das empresas não autorizadas a funcionar ao domingos e feriados, o
estrito cumprimento do art. 67 caput da Consolidação das Leis do Trabalho;
b) das empresas legalmente autorizadas a funcionar nesses dias, a
organização de escala de revezamento ou folga, como estatuído no
parágrafo único do mesmo artigo, a fim de que, em um período máximo de
sete semanas de trabalho, cada empregado usufrua pelo menos um
domingo de folga.(redação a esta alínea dada pela Portaria nº 509, de 15 de
junho de 1967) (grifamos).
TRABALHOS EM DOMINGOS E FERIADOS
Ainda a este respeito temos na Lei 10.101/2000 a seguinte previsão:
Art. 6o Fica autorizado o trabalho aos domingos nas atividades do comércio
em geral, observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da
Constituição.
Parágrafo único. O repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo
menos uma vez no período máximo de três semanas, com o domingo,
respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras a serem
estipuladas em negociação coletiva. (grifamos).
REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS
As horas extras prestadas com habitualidade integram o cálculo:
• Décimo-terceiro salário (Súm. 45, TST),
• Aviso prévio indenizado (art. 487,§ 5º, CLT),
• Indenização por antiguidade (Súm. 24),
• Depósitos fundiários (Súm. 63), gratificações semestrais (Súm. 115),
• Férias (art. 142, § 5º, CLT),
• Descanso semanal remunerado (art. 7º, a, Lei 605/49, Súm. 172).
REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS
Súmula nº 264 do TST
HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal,
integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei,
contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.
OJ 47 – SDI-I - HORA EXTRA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE
CÁLCULO (alterada) – Res. 148/2008, DJ 04 e 07.07.2008 - Republicada DJ 08, 09
e 10.07.2008
A base de cálculo da hora extra é o resultado da soma do salário contratual mais o
adicional de insalubridade.
HORA NOTURNA
Art. 73 (CLT). Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração
superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo
menos, sobre a hora diurna.
§ 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos.
§ 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e
as 5 horas do dia seguinte.
§ 3º (...)
§ 4º (...)
§ 5º Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste capítulo.
Art. 14 (LC 150/15). Considera-se noturno, para os efeitos desta Lei, o trabalho executado entre as 22 horas
de um dia e as 5 horas do dia seguinte.
§ 1o A hora de trabalho noturno terá duração de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.
§ 2o A remuneração do trabalho noturno deve ter acréscimo de, no mínimo, 20% (vinte por cento) sobre o
valor da hora diurna.
§ 3o (...)
§ 4o Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às
horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.
HORA NOTURNA
PERÍODO DA JORNADA DE TRABALHO
Tipo de
Trabalhador
Período
Diurno
Período
Noturno
Hora
Noturna
(minutos)
Adicional
NoturnoFundamento
Urbano e
Doméstico
05h00
as
22h00
22h00
as
05h00
52´3(OJ 127,
SDI-I)
20%
art. 73, § 2º da CLT
LC 150/15 (art. 14,
§§ 1º ao 4º)
Rural (agricultura)
05h00
as
21h00
21h00
as
05h00
60 25%art. 7º, Lei
5.889/73
Rural
(pecuária)
04h00
as
20h00
20h00
as
04h00
60 25%art. 7º, Lei
5.889/73
CLASSIFICAÇÃO
PERÍODO DA JORNADA DE TRABALHO
Tipo de
Trabalhador
Período
Diurno
Período
Noturno
Hora
Noturna
(minutos)
Adicional
NoturnoFundamento
Advogado
05h00
as
20h00
20h00
as
05h00
60 25%Art. 20, §3º, Lei
8.906/94
Portuário
07h00
as
19h00
19h00
as
07h00
60 20%Art. 4º, Lei nº
4.860/65
Aeronauta
Do
nascer
do Sol
Do por
do Sol52’30 20%
Art. 41º, Lei
7.183/84
CLASSIFICAÇÃO
1 hora relógio = 60 minutos
1 hora centesimal = 100 centésimos de hora
Na apuração das verbas trabalhistas, é imperioso ressaltar que a hora
relógio tem 60 minutos e a hora centesimal, como o nome indica,
trabalha com frações de 100
60 minutos = 01 hora
45 minutos = X
Teríamos então:
45 minutos / 60 minutos (01 hora) = 0,75
Vejamos isso no exemplo de transformamos 01h45 em horas centesimais
EXCLUSÃO DA REDUÇÃO FICTA – LEI 5.811/72
Como o trabalho noturno dos empregados (atividades de: exploração,
perfuração, produção e refinação de petróleo, industrialização de xisto,
indústria petroquímica e transporte de petróleo e seus derivados por meio
de dutos) é disciplinado pela Lei 5.811/72, não se aplica a hora reduzida
de 52’30”, art. 73, § 2º, CLT (Súm. 112).
VAMOS CALCULAR A REDUÇÃO FICTA?
CLASSIFICAÇÃO
Hora Hora Normal Redução Ficta
22h00 as 23h00 1,00 1,1428
23h00 as 00h00 1,00 1,1428
00h00 as 01h00 1,00 1,1428
01h00 as 02h00 1,00 1,1428
02h00 as 03h00 1,00 1,1428
03h00 as 04h00 1,00 1,1428
04h00 as 05h00 1,00 1,1428
Total 7,00 8,00
CONVERSÃO DA HORA NORMAL PARA HORA REDUZIDA
(60/52,5 = 1,1428)
HORÁRIO NOTURNO – SÚMULA 60 TST
Como verba salarial, o adicional noturno pago com habitualidade integra o
salário para todos os efeitos (Súm. 60, I), repercutindo, assim, em férias,
abono de férias, 13º salário, aviso prévio, depósitos fundiários e nos
domingos e feriados.
Cumprida integralmente a jornada no período noturno e ocorrendo a sua
prorrogação, também é devido o adicional quanto às horas extras
prorrogadas (art. 73, § 5º) (Súm. 60, II, TST).
HORÁRIO NOTURNO – SÚMULA 60 TST
19 20 21 22 23 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Hora
Diurna
Hora
Noturna
Item II
Sum. 60
HORÁRIO NOTURNO
Com a alteração de turno de trabalho, o empregado perde o direito ao recebimento
do adicional noturno. Deixa de existir a obrigatoriedade do pagamento por parte do
empregador (Súm. 265).
É permitido o trabalho noturno da mulher (art. 381, CLT), sendo vedado para o
trabalhador menor (art. 7º, XXXIII, CF, e art. 404, CLT).
O adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no período
noturno (OJ 97, SDI-I)
(HORA NORMAL + ADICIONAL NOTURNO+ADICIONAL HORA EXTRA)
O adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno,
já que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco
(OJ 259, SDI-I).
HORÁRIO NOTURNO
DICA DE OURO
Jamais poderemos somar os percentuais para aplicá-lo a hora ou valor da hora.
O atalho para chegarmos ao cálculo da hora noturna (considerando a redução ficta)
acrescido do seu adicional será feito da seguinte forma.
1,142857 x 1,2 = 1,3714
Logo, se o empregado trabalhou 5 horas noturnas a conta ficará da seguinte forma:
5 x 1,3714 = 6,86 horas x o salário hora deste empregado.
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para
localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não
acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio .
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam
cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a
transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o
empregado.
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para
localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior,
mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e
cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar
essa situação.
Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador.
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
Doutrinariamente temos a distinção entre REMOÇÃO e
TRANSFERÊNCIA:
REMOÇÃO: Não implica na mudança de domicílio, embora
possa haver mudança de localidade, o que ocorre, com
frequência, na região metropolitana de grandes cidades.
Súmula nº 29 do TST
TRANSFERÊNCIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local
mais distante de sua residência, tem direito a suplemento salarial
correspondente ao acréscimo da despesa de transporte.
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
TRANSFERÊNCIA: Implica na necessidade de mudança de
domicílio do empregado.
-Não é permitida por ato unilateral, salvo de comprovada a
necessidade;
Súmula nº 43 do TST
TRANSFERÊNCIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Presume-se abusiva a transferência de que trata o § 1º do art. 469 da CLT,
sem comprovação da necessidade do serviço.
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
CLÁUSULA CONTRATUAL EXPLÍCITA OU IMPLÍCITA (§1º
DO ART. 469)
Explícita: Há ajuste específico prevendo a transferência ou
mesmo a sua possibilidade.
Implícita: Relacionada a função que o empregado irá exercer.
Geralmente empresas que possui atividades em vários locais
e eventuais funções devem acompanhar essas atividades.
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO (§ 2º, ART. 469)
Neste caso pode ser feita a transferência por ato unilateral.
A empresa deverá arcar com todas as despesas com a
mudança do empregado (art. 470, CLT).
A recusa do empregado será configurada como pedido de
demissão?????????
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
A extinção de estabelecimento é inexorável. Se isso acontecer não se há que
tomar a anuência do empregado no ato de transferência. Ou ele seguirá para outro
estabelecimento da empresa ou seu contrato haverá de ser resilido por ato de
iniciativa patronal.
Perceba-se que o dispositivo acima transcrito isenta a empresa de tomar a
anuência do seu empregado para o ato de transferência. Se este, entretanto, não a
aceitar, não se poderá atribuir efeito jurídico de demissão à negativa do
trabalhador. O empregado, afinal, não é obrigado a aceitar o ato de alteração
contratual, mas, se o aceitar, não terá, evidentemente, direito ao recebimento de
adicional de transferência, uma vez que o ato será praticado em caráter definitivo.
(MARTINEZ, Luciano – CURSO DE DIREITO DO TRABALHO – 7ª EDIÇÃO – SÃO PAULO: SARAIVA,
2016 – p. 916)
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
PAGAMENTO DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA (§3º,
ART. 469)
OJ 113 SDI-I. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA OU
PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A
TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA (inserida em 20.11.1997)
O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de
transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. O
pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a
transferência provisória.
TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO
MAS O QUE PODEMOS ENTENDER POR TRANSFERÊNCIA
PROVISÓRIA?
“A prioridade está, por conseguinte, na interpretação das expectativas e de como
foi feito o acerto que levou à transferência. Entender quais eram as tarefas
atribuídas ao empregado ajudará muito a se perquirir, afinal, qual era o alcance da
transferência”
“Não se mede a provisoriedade em número de dias, semanas ou meses, mas
especialmente pelas expectativas das partes”
(SILVA , Homero Batista Mateus da. Curso de Direito do Trabalho Aplicado – CONTRATO DE TRABALHO. 2ª Edição – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011).
SUSPENSÃO DO PAGAMENTO
- Retorno a base de origem;
- Transferência provisória se tornar definitiva.
ADICIONAL DE SOBREAVISO
Súmula nº 428 do TST
SOBREAVISO APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT (redação
alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012,
DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao
empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso.
II - Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a
controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em
regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para
o serviço durante o período de descanso.
ADICIONAL DE SOBREAVISO
Adicional de sobreaviso é a verba paga ao empregado que permanece
em local ajustado com o seu empregador aguardando a convocação para a
execução de determinados serviços.
Para o trabalhador ferroviário, o adicional de sobreaviso correspondente a 1/3 do
salário normal relacionado com as horas da escala (duração máxima: 24 horas) (art.
244, § 2º, CLT).
Por analogia, a escala do trabalhador ferroviário é aplicada para várias
outras profissões ou atividades profissionais (eletricitários – Súm. 229,TST).
Para os aeronautas, sobreaviso é o período de tempo não inferior a 3
horas e não excedente a 12 horas, em que o aeronauta permanece no local
de sua escolha, à disposição do empregador, devendo apresentar-se no
aeroporto ou outro local determinado, até 90 minutos após receber
comunicação para o início de nova tarefa (art. 43, Lei 13.475/17).
SALÁRIO IN NATURA
O salário-utilidade também é denominado salário in natura.
Saber se determinada utilidade recebida pelo empregado detém natureza
salarial, ou não, possui interesse não só teórico, mas, essencialmente,
prático, em razão das diversas decorrências advindas para o contrato de
trabalho, em face da sua integração ao salário, no cálculo de diversos
direitos trabalhistas.
Ilustrando, cabe mencionar que, se a prestação for salário-utilidade, será
devido o depósito do FGTS sobre ela incidente (Lei 8.036/1990, art. 15,
caput).
Além disso, no âmbito previdenciário, haverá incidência da respectiva
contribuição (Lei 8.212/1991, art. 28, I)
SALÁRIO IN NATURA
O §9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, elenca uma série de “pagamentos”
feito aos empregados que NÃO são considerados como “salário-de-
contribuição”, logo não tem natureza salarial.
Exemplos:
- recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT;
- recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da
CLT;
- a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação
própria;
- a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou
creditada de acordo com lei específica;
SALÁRIO IN NATURA
Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos
legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa,
por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum
será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
Como caracterizar o salário utilidade:
- Se a prestação é fornecida para o trabalho, não tem natureza salarial;
- Caso o seja pelo trabalho, considera-se salário-utilidade.
A diferenciação aqui, portanto, é pela indispensabilidade, ou não, da utilidade
fornecida pelo empregador, para a prestação dos serviços pelo empregado, o que,
em realidade, vai depender, fundamentalmente, das condições e circunstâncias do
caso concreto.
Outro requisito é o fornecimento da utilidade de forma habitual.
SALÁRIO IN NATURA
Súmula nº 367 do TST
UTILIDADES "IN NATURA". HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO.
CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 24, 131 e 246 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005
I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao
empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza
salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também
em atividades particulares. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 131 - inserida em 20.04.1998 e
ratificada pelo Tribunal Pleno em 07.12.2000 - e 246 - inserida em 20.06.2001)
II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde.
(ex-OJ nº 24 da SBDI-1 - inserida em 29.03.1996).
SALÁRIO IN NATURA
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. CUSTO COMPARTILHADO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. Para
configuração da natureza salarial de vantagem concedida pelo empregador, a utilidade há de
ser fornecida integralmente de forma graciosa. Verificada a contraprestação econômica do
empregado, fica afastada a caracterização de salário "in natura". (TRT da 3.ª Região; PJe:
0011004-85.2017.5.03.0145 (RO); Disponibilização: 23/09/2019, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página
900; Órgão Julgador: Quinta Turma; Relator: Convocado Antonio Neves de Freitas).
SALÁRIO IN NATURA. MORADIA. A natureza indenizatória da utilidade in natura só se
caracteriza quando o fornecimento é indispensável (ou, pelo menos, efetivamente instrumental)
para a realização do trabalho. Somente haverá integração da utilidade ao salário quando restar
comprovado que esta era fornecida pelo trabalho prestado (contraprestação pelo trabalho) e
não para o trabalho (ferramenta para viabilização do trabalho). Nesse contexto, o disposto na
Súmula 367, I, do C. TST. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010908-75.2016.5.03.0090 (RO);
Disponibilização: 04/04/2019; Órgão Julgador: Decima Primeira Turma; Relator: Weber Leite de
Magalhaes Pinto Filho).
COMO CALCULAR O SALÁRIO IN NATURA
Estabelece o art. 458, § 1.º, da CLT que os valores atribuídos às prestações
in natura deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada
caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo
(arts. 81 e 82).
No entanto, quanto ao valor da utilidade de natureza salarial, a Súmula 258
do TST (com redação determinada pela Resolução 121/2003) esclarece
que:
“Os percentuais fixados em lei relativos ao salário in natura apenas se
referem às hipóteses em que o empregado percebe salário mínimo,
apurando-se, nas demais, o real valor da utilidade”.
SALÁRIO IN NATURA
§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender aos fins a
que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e
20% (vinte por cento) do salário-contratual.
§ 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela correspondente será
obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-habitantes, vedada,
em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família.
§ 5º - O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou
não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos,
próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido
em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para
qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9º do
art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
O QUE NÃO É SALÁRIO IN NATURA
A ausência da natureza salarial de certas utilidades é uma importante forma
de incentivar a concessão da utilidade pelo empregador.
Não sendo incluída na remuneração (“folha de pagamento”), o empregador
tem, certamente, maior disposição para fornecer ao empregado o bem
jurídico em questão, o que acaba beneficiando o próprio trabalhador.
Nessa linha, observa-se a tendência da própria legislação, como se verifica
na Lei 10.243, de 19 de junho de 2001, que modificou o art. 458, § 2.º, da
CLT, excluindo a natureza salarial de diversas utilidades concedidas pelo
empregador, quais sejam:
O QUE NÃO É SALÁRIO IN NATURA
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e
utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros,
compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e
material didático;
III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso
servido ou não por transporte público;
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou
mediante seguro-saúde;
V – seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI – previdência privada;
VII - Vetado
VIII - o valor correspondente ao vale-cultura.
O QUE NÃO É SALÁRIO IN NATURA
EMENTA: SALÁRIO - QUANDO É E QUANDO NÃO É - O SER E O TUDO - O SER E O NADA
- Salário é a contraprestação devida e paga diretamente pela empregadora ao empregado pela
prestação de serviços. Estabelecer a distinção com base nas expressões pela ou para a
prestação de serviços é mero jogo de palavras, sem expressivo valor científico. O complexo
salarial ( parágrafo primeiro do art. 457 c/c o caput do art. 458), muitas vezes confundido ou
equiparado com a remuneração ( salário mais gorjetas, conforme caput do art. 457), é todo e
qualquer valor, em dinheiro ou em utilidade, recebido pelo empregado diretamente de sua
empregadora e que saia dos cofres desta, com habitualidade, e em decorrência do contrato de
trabalho. Exceções existem e assim devem ser interpretadas sem força expansiva, com fulcro
no art. 458, parágrafo 2o., da CLT, que flexibilizou, mas não despotencializou o estuário
comutativo do contrato do emprego, que continua recepcionando as vantagens concedidas
pela empregadora. Se a parcela em dinheiro ou in natura possui travo salarial, os seus efeitos
justrabalhistas são plenos: ela é tudo e em tudo repercute, trazendo bônus para o empregado e
muito ônus para a empresa. Se, ao revés, a parcela em pecúnia ou em utilidade possui traço
indenizatório, os seus efeitos justrabalhistas são anulados: ela em nada repercute,
desobrigando a empresa dos mais diversos encargos trabalhistas e sociais que incidem sobre
o salário.
(TRT da 3.ª Região; Processo: 00624-2006-077-03-00-0 RO; Data de Publicação: 15/12/2007;
Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Luiz Otavio Linhares Renault; Revisor: Julio Bernardo
do Carmo)
PARCELAS NÃO SALARIAIS
Salário Maternidade
- Licença de 120 dias sem prejuízo ao emprego e ao salário (art. 7º, XVIII, CF;
art. 392, CLT).
- Pode iniciar até o 28º dia antes do parto (art. 392, §1º);
- Devido também a empregada adotante ou que obtenha guarda judicial;
- O salário-maternidade é pago diretamente pela Previdência Social (arts. 71-A a
73, Lei 8.213/91). Por regra, o salário-maternidade corresponde a uma renda
mensal igual à remuneração integral (art. 72);
- Empresas que aderem ao programa de empresa cidadã pode prorrogar o
benefício por mais 60 dias;
PARCELAS NÃO SALARIAIS
Salário Família
- O salário-família é regulado pelos arts. 65 a 70, Lei 8.213/91, e arts. 81 a 92, Decreto
3.048/99;
- De acordo com a Portaria Interministerial MPS/MF 15, de 17/01/2018, o valor da cota do
salário-família, a partir de 1º/1/2018, será de R$ 45,00 (para o segurado com remuneração
mensal não superior a R$ 877,67) e de R$ 31,71 (para o segurado com remuneração mensal
superior a R$ 877,68 e igual ou inferior a R$ 1.319,18);
- O salário-família do trabalhador avulso independe do número de dias trabalhados no mês,
devendo o seu pagamento corresponder ao valor integral da cota (art. 82, § 2º);
- As cotas do salário-família, pagas pela empresa, deverão ser deduzidas
quando do recolhimento das contribuições sobre a folha de salário (art. 82,
§ 4º).
PARCELAS NÃO SALARIAIS
Ajuda de Custo e diárias
Ajuda de custo é a indenização das despesas feitas pelo empregado com a sua
transferência para local diverso daquele em que está domiciliado, onde passará a exercer
seu trabalho para a empresa empregadora.
Diária é o valor pecuniário recebido dado pelo empregador ao empregado para que o mesmo
faça o pagamento das despesas com alimentação, transporte, hospedagem etc.
A finalidade desses títulos é o ressarcimento de despesas efetuadas pelo trabalhador em
função do contrato de trabalho. Não retribuem o serviço prestado, portanto, não podem ser
tidas como salário.
Na legislação consolidada, as importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de
custo e diárias para viagem não integram a remuneração do empregado, não se incorporam
ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista
previdenciário (art. 457, § 2º, CLT, Lei 13.467).
PARCELAS NÃO SALARIAIS
Súmula nº 101 do TST
DIÁRIAS DE VIAGEM. SALÁRIO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 292 da
SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
Integram o salário, pelo seu valor total e para efeitos indenizatórios, as diárias de viagem que
excedam a 50% (cinqüenta por cento) do salário do empregado, enquanto perdurarem as
viagens. (primeira parte - ex-Súmula nº 101 - RA 65/1980, DJ 18.06.1980; segunda parte -
ex-OJ nº 292 da SBDI-1 - inserida em 11.08.2003).
Súmula nº 318 do TST
DIÁRIAS. BASE DE CÁLCULO PARA SUA INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Tratando-se de empregado mensalista, a integração das diárias no salário deve ser feita
tomando-se por base o salário mensal por ele percebido e não o valor do dia de salário,
somente sendo devida a referida integração quando o valor das diárias, no mês, for superior
à metade do salário mensal.
Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do
salário percebido pelo empregado. (Art. 457, §2º - ANTIGA REDAÇÃO)
As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias
para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. (Art. 457, §2º NOVA REDAÇÃO)
Participação de Lucros e Resultados – PLR
O art. 7º, XI, da Constituição Federal enuncia:
“Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei.”
A PLR está prevista na Lei 10.101/2000.
A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e
seus empregados, mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho ou ainda, por
regras estabelecidas por comissão paritária escolhida pelas partes, integrada,
também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria,
considerando:
I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;
II - programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.
PARTICIPAÇÃO DE LUCROS E RESULTADOS - PLR
PARTICIPAÇÃO DE LUCROS E RESULTADOS - PLR
Art. 2º (Lei 10.101/00)...
§ 4º Quando forem considerados os critérios e condições definidos nos incisos I e II
do § 1º deste artigo:
I - a empresa deverá prestar aos representantes dos trabalhadores na comissão
paritária informações que colaborem para a negociação;
II - não se aplicam as metas referentes à saúde e segurança no trabalho.
PARTICIPAÇÃO DE LUCROS E RESULTADOS - PLR
(§3º, art. 2º) Não se equipara a empresa, para os fins desta Lei:
I - a pessoa física;
II - a entidade sem fins lucrativos que, cumulativamente:
a) não distribua resultados, a qualquer título, ainda que indiretamente, a dirigentes,
administradores ou empresas vinculadas;
b) aplique integralmente os seus recursos em sua atividade institucional e no País;
c) destine o seu patrimônio a entidade congênere ou ao poder público, em caso de
encerramento de suas atividades;
d) mantenha escrituração contábil capaz de comprovar a observância dos demais
requisitos deste inciso, e das normas fiscais, comerciais e de direito econômico que
lhe sejam aplicáveis.
PARTICIPAÇÃO DE LUCROS E RESULTADOS - PLR
Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a
remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de
incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio
da habitualidade.
§ 2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de
valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais
de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um)
trimestre civil.
PARTICIPAÇÃO DE LUCROS E RESULTADOS - PLR
PAGAMENTO DE PLR. ÔNUS DO EMPREGADOR. PRINCÍPIO DA APTIDÃO PARA A
PRODUÇÃO DA PROVA. É do empregador o ônus de apresentar ao perito os valores do lucro
líquido da empresa, uma vez que para o cálculo da PLR eles se fazem necessários, conforme
convencionado, haja vista o princípio da aptidão para a produção da prova. (TRT da 3.ª
Região; PJe: 0010625-33.2018.5.03.0106 (AP); Disponibilização: 26/09/2019,
DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 650; Órgão Julgador: Primeira Turma; Relator: Jose Eduardo
Resende Chaves Jr.).
ITAÚ. PLP. PCR. PROGRAMA AGIR -PARCELAS DISTINTAS. INOBSERVÂNCIA dos
requisitos preconizados na Lei 10.101/2000. Reconhecida a natureza salarial das parcelas
quitadas a título de Participação nos Resultados (PR/AGIR SEMESTRAL) diante do não
cumprimento dos requisitos previstos na Lei 10.101/2000, da habitualidade do pagamento e da
feição contraprestativa. Noutro giro, a Participação Complementar nos Resultados (PCR) e a
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) possuem natureza indenizatória. (TRT da 3.ª
Região; PJe: 0011555-10.2017.5.03.0034 (RO); Disponibilização: 04/07/2019; Órgão Julgador:
Decima Turma; Relator: Convocada Adriana Campos de Souza Freire Pimenta)
PARTICIPAÇÃO DE LUCROS E RESULTADOS - PLR
Súmula nº 451 do TST
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO CONTRATUAL ANTERIOR
À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS
MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. (conversão da Orientação
Jurisprudencial nº 390 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e
23.05.2014
Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma
regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados
ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos
lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da
parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-empregado concorreu para
os resultados positivos da empresa.
PARCELAS SALARIAIS – 13º SALÁRIO
O décimo terceiro salário, também chamado gratificação natalina, encontra previsão
constitucional, no art. 7.º, inciso VIII, devendo ser pago com base na remuneração integral
ou no valor da aposentadoria.
A Lei 4.090, de 13 de julho de 1962, no art. 1.º, estabelece o direito do empregado receber
a referida gratificação salarial no mês de dezembro de cada ano.
A gratificação corresponderá a 1/12 da remuneração devida em dezembro, por mês de
serviço, do ano correspondente; a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho será
havida como mês integral (§§ 1.º e 2.º).
O décimo terceiro salário é devido de forma proporcional:
- na extinção dos contratos a prazo, incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego
haja terminado antes de dezembro;
- na cessação da relação de emprego resultante de aposentadoria, mesmo que antes de
dezembro (§ 3.º).
PARCELAS SALARIAIS – 13º SALÁRIO
O empregado faz jus ao décimo terceiro salário proporcional quando é dispensado sem
justa causa (art. 3.º da Lei 4.090/1962).
Súmula nº 157 do TST
GRATIFICAÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A gratificação instituída pela Lei nº 4.090, de 13.07.1962, é devida na resilição contratual
de iniciativa do empregado (ex-Prejulgado nº 32).
Súmula nº 14 do TST
CULPA RECÍPROCA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o
empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo
terceiro salário e das férias proporcionais.
PARCELAS SALARIAIS – 13º SALÁRIO
Efetivamente, entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador
pagará, como adiantamento da gratificação natalina, de uma só vez, metade do
salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior (art. 2.º da Lei
4.749/1965). Não se permite o parcelamento do 13º salário.
O empregador não é obrigado a pagar referido adiantamento, no mesmo mês, a
todos os empregados (§ 1.º).
O adiantamento será pago no mês de férias do empregado, sempre que este o
requerer no mês de janeiro do respectivo ano (§ 2.º).
As horas extras habituais devem ser levadas em conta (integração) para fins de cálculo da
gratificação de Natal (Súmula 45 do TST), pois esta incide sobre a “remuneração integral”
(art. 7.º, inciso VIII, da CF/1988).
PARCELAS SALARIAIS – 13º SALÁRIO
EMENTA: 13º SALÁRIO. CRITÉRIO DE APURAÇÃO. Em regra, o 13º salário
corresponde a 1/12 da remuneração de dezembro, por mês de serviço (do ano
correspondente) ou fração igual ou superior a 15 dias (art. 1º, § 1º, da Lei 4.090/62).
As parcelas variáveis, porém, integram a gratificação natalina a partir da média dos
valores do exercício ou do período aquisitivo, atualizados monetariamente, sendo
que, especificamente para fins de cômputo dos reflexos das horas extras habituais,
apura-se a média física verificada no exercício, com incidência do salário-hora da
época do pagamento da parcela (Súmulas 45 e 347 do TST). (TRT da 3.ª Região;
Processo: 0000011-07.2017.5.03.0137 AP; Data de Publicação: 07/07/2017;
Disponibilização: 06/07/2017, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 400; Órgão Julgador:
Setima Turma; Relator: Convocada Sabrina de Faria F.Leao; Revisor: Fernando Luiz
G.Rios Neto)
PARCELAS SALARIAIS – 13º SALÁRIO
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REFLEXOS SOBRE 13º SALÁRIO. CÁLCULO.
Nos termos do art. 1º, §1º, da Lei 4.090/62, o 13ª salário corresponde a 1/12 avos da
remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.
Sendo devido o adicional de periculosidade em dezembro, certo é que seu valor deve
ser considerado na sua integralidade para o cálculo, não havendo que se falar em
proporcionalidade decorrente do reconhecimento do direito à parcela apenas a partir
de julho. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010168-23.2016.5.03.0186 (AP);
Disponibilização: 20/11/2017; Órgão Julgador: Oitava Turma; Relator: Convocada
Luciana Alves Viotti).
DISPENSA POR JUSTA CAUSA. 13º SALÁRIO E FÉRIAS PROPORCIONAIS. A
dispensa por justa causa afasta o direito ao 13º salário e às férias proporcionais.
(TRT da 3.ª Região; PJe: 0010029-53.2015.5.03.0171 (RO); Disponibilização:
04/09/2015; Órgão Julgador: Nona Turma; Relator: Ricardo Antonio Mohallem)
PARCELAS SALARIAIS – 13º SALÁRIO
EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. REFLEXOS DE HORAS EXTRAS E VALE-
ALIMENTAÇÃO EM FÉRIAS + 1/3 E 13º SALÁRIO. PRESCRIÇÃO. A prescrição só
atinge pretensões exigíveis anteriormente ao marco prescricional. Considerando que
o 13º salário só se torna exigível em 20 de dezembro de cada ano (art. 1º da Lei
4749/65) e as férias após o período concessivo (art. 149 da CLT), a apuração dos
reflexos das horas extras e do vale-alimentação nas férias + 1/3 e no 13º salário não
deve ser proporcional ao período não prescrito, mas de forma integral, considerando-
se a aquisição do direito. (TRT da 3.ª Região; Processo: 0000028-21.2017.5.03.0015
AP; Data de Publicação: 08/02/2018; Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator:
Camilla G.Pereira Zeidler; Revisor: Luis Felipe Lopes Boson).
VALE TRANSPORTE
Instituído pela Lei n. 7.418, de 16 de dezembro de 1985, e regulamentado pelo Decreto n.
95.247, de 17 de novembro de 1987, o vale-transporte é um benefício que o empregador,
pessoa física ou jurídica, antecipa ao empregado para utilização efetiva em despesas de
deslocamento residência-trabalho e vice-versa.
Registre-se que o vale-transporte, nos termos da lei instituidora, somente se destina aos
seguintes trabalhadores:
I — os empregados, assim definidos no art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho;
II — os empregados domésticos, assim definidos na Lei Complementar nº 150/2015;
III — os trabalhadores de empresas de trabalho temporário, de que trata a Lei nº 6.019/74;
IV — os empregados a domicílio, para os deslocamentos indispensáveis à prestação do
trabalho, percepção de salários e os necessários ao esenvolvimento das relações com o
empregador;
V — os empregados do subempreiteiro, em relação a este e ao empreiteiro principal, nos
termos do art. 455 da Consolidação das Leis do Trabalho;
VI — os atletas profissionais (vide o art. 1º do Decreto n. 95.247/87).
VALE TRANSPORTE
A Medida Provisória 283, de 23-2-2006, ao revogar o art. 4º da MP n.
280/2006, retirou do ordenamento jurídico a possibilidade de pagamento do
vale-transporte em pecúnia.
Atualmente, portanto, somente se pode oferecer vale-transporte em forma
de bilhetes, ainda que eletrônicos, sendo das empresas operadoras do
sistema de transporte coletivo público, nos moldes do art. 5º da Lei n.
7.418/85, a obrigação de emiti-los e de comercializá-los.
Se o empregador conceder vale-transporte em pecúnia, poderá ser
apenado a integrar o correspondente valor ao salário do empregado,
haja vista a impossibilidade de controle e de determinação da
destinação do mencionado numerário.
VALE TRANSPORTE
Conceito de transporte coletivo. Outra expansão adotada pela reforma de 1987
diz respeito à abrangência do transporte coletivo, que deixou de ser apenas aquele
municipal e passou a considerar também o intermunicipal e o interestadual, mas
desde que mantidas as características do transporte coletivo público, de oferta
constante, pagamento imediato, ausência de comercialização de bilhetes com
antecedência em estações rodoviárias, permanência de passageiros sentados ou
em pé, ausência do conforto de um leito e, normalmente, operação direta pelo Poder
Público ou mediante concessão, existência de linhas fixas e preços mais reduzidos.
Logo, os serviços seletivos e os serviços especiais, como os conhecidos ônibus
executivos ou fretados, não fazem parte do conceito de vale-transporte. Se o
empregador o custeia, trata-se de negociação individual ou coletiva, e não de uma
imposição do legislador.
VALE TRANSPORTE
A natureza do vale-transporte é eminentemente indenizatória, buscando ressarcir os
empregados dos gastos havidos em seus deslocamentos entre a residência e o
trabalho.
O empregado que abusar do direito do vale-transporte sujeita-se à rescisão por justa
causa do contrato de trabalho, perdendo o direito às indenizações mais expressivas,
como o acréscimo de 40% sobre o fundo de garantia, além do saque do fundo de
garantia e do seguro-desemprego.
O vale-transporte não é “grátis”. A norma prevê que o empregado participa dos
gastos quanto ao valor que exceder de 6% do salário básico do trabalhador.
Súmula nº 460 do TST
VALE-TRANSPORTE. ÔNUS DA PROVA - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e
03.06.2016
É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os requisitos
indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não pretenda fazer uso do benefício.
VALE TRANSPORTE
VALE-TRANSPORTE EM PECÚNIA. O vale-transporte integra o rol das parcelas
enumeradas no art. 28, § 9º, da Lei 8.212 /91. O pagamento em espécie do vale-
transporte não implica a conversão de sua natureza indenizatória para salarial. A
vedação inserta no artigo 5º, do Decreto nº 95.247/87 de substituição do vale-
transporte por dinheiro não confere a tal benefício caráter salarial, conforme
disposição expressa do artigo 6º do mesmo diploma legal. Portanto, atingida a
finalidade do benefício em questão, este conserva a sua natureza indenizatória,
mesmo que pago em dinheiro. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0011622-11.2016.5.03.0001
(RO); Disponibilização: 17/07/2017; Órgão Julgador: Oitava Turma; Relator:
Convocada Luciana Alves Viotti)
VALE TRANSPORTE
VALE TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. INTEGRAÇÃO AO COMPLEXO
SALARIAL DA RECLAMANTE. INDEVIDA. Com efeito, o vale transporte não tem natureza
salarial, nos termos do artigo 2º, letra a, da Lei nº 7.418/85 combinado com o artigo 6º, inciso I
do Decreto nº 95.247/85, e de outro lado, o artigo 5º do respectivo decreto regulamentador
busca delinear contornos que não estão na lei, vez que esta não veda ao empregador pagar o
vale transporte em dinheiro. Ademais, se o empregador pagou o vale transporte em pecúnia,
foi atingida a finalidade da lei no sentido de ressarcir os gastos do trabalhador com a sua
locomoção para o trabalho e vice-versa. (...) In casu, o valor do vale transporte quitado pela
reclamada consta dos holerites juntados aos autos (Id nº a1fe74e), inclusive com o desconto
de 6% que pela legislação fica a cargo do empregado (Parágrafo único do art. 4º da Lei
7.418/85), o que corrobora a versão da defesa no sentido de que a quantia buscava ressarcir
os gastos de transporte da autora para o trabalho e retorno para casa. Apelo da reclamada que
se acolhe quanto à matéria. (TRT 2ª Região – RO Proc. 1001119-41.2017.5.02.0312 – 6ª
Turma – Rel. Des. Valdir Florindo – 08/05/2018).
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
O chamado salário-substituição não apresenta previsão explícita na lei,
mas decorre de critério de igualdade e justiça.
Além disso, o art. 450 da CLT apresenta a seguinte disposição, que
tangencia o tema em questão:
“Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em
substituição eventual ou temporária, cargo diverso do que exercer na
empresa, serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem
como volta ao cargo anterior”.
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
O chamado salário-substituição não apresenta previsão explícita na lei,
mas decorre de critério de igualdade e justiça.
Além disso, o art. 450 da CLT apresenta a seguinte disposição, que
tangencia o tema em questão:
“Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em
substituição eventual ou temporária, cargo diverso do que exercer na
empresa, serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem
como volta ao cargo anterior”.
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
Súmula nº 159 do TST
SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E VACÂNCIA DO CARGO
(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 112 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ
20, 22 e 25.04.2005
I - Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual,
inclusive nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do
substituído. (ex-Súmula nº 159 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito
a salário igual ao do antecessor. (ex-OJ nº 112 da SBDI-1 - inserida em
01.10.1997)
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
Assim, para a existência do direito ao salário-substituição, ou seja, ao
salário do empregado que foi substituído, faz-se necessário que a
substituição não seja meramente eventual.
Não asseguram o direito ao salário-substituição (exceto previsão em
norma mais favorável) as substituições de caráter meramente eventual,
como faltas ou viagens de um ou alguns dias.
Vago o cargo definitivamente (por promoção ou cessação do contrato de
trabalho), aquele que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao
do antecessor, salvo se existir previsão específica, em norma mais
benéfica (como instrumentos normativos decorrentes de negociação
coletiva).
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO. FÉRIAS. Conforme preconiza a Súmula 159 do Colendo TST,
enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive nas
férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do substituído. Tal determinação
está de acordo com a diretriz não-discriminatória, assegurando ao trabalhador substituto o
padrão salarial do substituído. Objetiva, ainda, remunerar o trabalhador de forma condizente
com a força de trabalho cedida a empresa. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010609-
71.2016.5.03.0099 (RO); Disponibilização: 15/03/2018; Órgão Julgador: Decima Primeira
Turma; Relator: Adriana Goulart de Sena Orsini).
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO. O trabalhador que ocupa cargo hierarquicamente superior, em
caráter de substituição, tem direito ao pagamento de salário substituição, observados os
períodos em que desempenhou as atividades do substituído. Adoção do entendimento contido
na Súmula 159 do TST. Sentença mantida no particular. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010792-
84.2016.5.03.0182 (RO); Disponibilização: 02/10/2017, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 394;
Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Maria Lucia Cardoso Magalhaes).
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
A substituição em virtude de férias é, claramente, provisória, interina, ensejando o
pagamento da diferença salarial correspondente.
A substituição interina assegura ao empregado substituto, como examinado, o
salário isonômico, a contagem do tempo de serviço e o retorno ao cargo efetivo,
além do cumprimento das demais cláusulas contratuais. (Grifamos).
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e
inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18. ed.— São Paulo : LTr, 2019. - P.998