relatório do primeiro semestre de 2004 · no carnaval, gestos inventados para re-presentar a letra...

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tivo para aprender mais. Dessa forma podere- mos estabelecer novos links com o assunto, contribuindo, cada vez mais, para a generaliz a- ção desse conhecimento. MUSICA Começamos o ano nos preparando para o bloco da escola. As aulas viraram animados ensaios para o nosso carnaval, onde as cri- anças tocaram instrumentos de percussão e cantaram. O tempo foi curto, mas deu para falar um pouco sobre os instrumentos que compõem a bateria das escolas de samba. No retorno à aulas, iniciamos um trabalho de prática de conjunto, formando uma “bandinha” com instrumentos de percussão. Priorizando o ritmo “marcha” fomos encon- trar na obra de Lamartine Babo, que está completando seu centenário este ano e é mestre no gênero de marchinhas, a música eleita pelas crianças para ser trabalhada. Até chegarmos a uma escolha, ouvimos um pou- co da sua obra e, após uma votação, decidi- mos pela canção “A.E.I.O.U”. Cada criança escolheu qual instrumento queria tocar depois de alguma experimenta- ção. E passamos a contar com tambor, pan- deiro, tamborim, agogô, reco-reco e clave. Depois de aprender a letra e a melodia de “AEIOU”, iniciamos o arranjo. Pudemos tr a- balhar vários conceitos da linguagem mus i- cal, a começar pela noção de pulso e anda- mento. A música tem uma determinada velo- cidade que deve ser constante, sendo ne- cessária a concentração para não atrasar ou adiantar. Pudemos introduzir a noção de dinâmica – possibilidade de variarmos a intens idade do volume dos instrumentos, a noção de for- ma – quantas partes tem a música, quantas vezes repete e a noção de textura – mudan- ça de densidade de acordo com a quantida- de de instrumentos que está sendo tocada. As crianças passaram, também, pelo de- safio de concentração e coordenação apre- sentado pela necessidade de cantar simulta- neamente com o tocar, atentando para a “trama sonora” formada pelo som de cada instrumento, onde ouvir o colega é funda- mental para a unidade do arranjo. Depois de muitos ensaios, a “bandinha” se apresentou na festa pedagógica. Depois disso, iniciamos uma nova atividade onde o som entra como elemento inspirador de imagens e histórias. Esse trabalho continuará sendo desenvolvido no segundo semestre. Projeto: Rita de Cássia Oliveira Matemática: Flávia Renata Coelho Inglês: Gabriela A. Irigoyen Expressão Corporal: Ana Cecília Guimarães Educação Física: Renato Lent Música: Manoela Marinho Rego Teatro: Rodrigo Maia Artes: Sabrina Romeio Tribo: Anselmo Carvalho Auxiliar : Carolina Carmo Orientação: Andréa de Rezende Travassos Coordenação e Direção: Maria Teresa Moura e Maria Cecília Moura Relatório do Primeiro Semestre de 2004 Ensino Fundamental Rua Capistrano de Abreu, 29 - Botafogo Tel 535-2434 Rua Cesário Alvim, 15 - Humaitá Tel 3239-0950 www.sapereira.com.br / [email protected] TRIBO Escutar e ouvir. Duas faces da mesma moeda. Duas formas que só existem juntas. Ouvir é acreditar. Só ouve quem acredita em quem fala. E aí começa a complicação. A fala tem se proliferado além dos ouvidos. Tem pairado como um ruído de fundo. Pode que as crianças não ouvem. Mas não será a fala que está vazia? Começamos a tribo buscando o ouvir. Pri- meiro uma música quase inaudível, depois o silêncio, depois os outros. Os menores, primei- ra e segundas séries, se deliciam com a exi s- tência de um espaço onde possam reclamar, trazer suas insatisfações, suas inseguranças, ou não ser verdadeira. Pode ou não ter vera- cidade. Pode ou não ter a fé de quem a pro- fere. Aos políticos já foi dado o direito de dizer o que quiserem quando em campanha. Aos pais o direito de falar e acreditar que não vão ser ouvidos. Aos professores o de solicitar sem a certeza de que vão ser aten- didos. É nesse ambiente que reclamamos Primeira Série Manhã Ana Carolina Medeiros do Carmo / Clara Urzedo Rocha Motta / Flora Rosa Campos / Gabriel de Andrade Busquim / Isabela Passos de Souza / Ivan Megre Souto / Joao Barcellos Rezende Pedro da Costa / João Octavio Rocha Lopes / João Paulo de Lima Neves / João Pedro Rocha da Silva / Juliana Arvellos Penello / Julie Angel de Freitas Fleury / Leonardo Vieira Franca Moss / Luna Tapajos Santos Moreira / Marilia Arruda Pereira / Petrus Vinicius Ballhausen Arruda / Sofia Mandelert Pracownik / Tabatha Mourao Araujo de Bulhoes / Theo Pereira da Cunha / Tomas Sobreira Machado / Tomaz Maya Monteiro L. de Oliveira

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Page 1: Relatório do Primeiro Semestre de 2004 · No carnaval, gestos inventados para re-presentar a letra do samba ajudaram a deco-rá-lo. Cantando e dançando, nos inspiramos para o animado

tivo para aprender mais. Dessa forma podere-mos estabelecer novos links com o assunto, contribuindo, cada vez mais, para a generaliza-ção desse conhecimento.

MUSICA Começamos o ano nos preparando para o

bloco da escola. As aulas viraram animados ensaios para o nosso carnaval, onde as cri-anças tocaram instrumentos de percussão e cantaram. O tempo foi curto, mas deu para falar um pouco sobre os instrumentos que compõem a bateria das escolas de samba.

No retorno à aulas, iniciamos um trabalho de prática de conjunto, formando uma “bandinha” com instrumentos de percussão. Priorizando o ritmo “marcha” fomos encon-trar na obra de Lamartine Babo, que está completando seu centenário este ano e é mestre no gênero de marchinhas, a música eleita pelas crianças para ser trabalhada. Até chegarmos a uma escolha, ouvimos um pou-co da sua obra e, após uma votação, decidi-mos pela canção “A.E.I.O.U”.

Cada criança escolheu qual instrumento

queria tocar depois de alguma experimenta-ção. E passamos a contar com tambor, pan-deiro, tamborim, agogô, reco-reco e clave.

Depois de aprender a letra e a melodia de “AEIOU”, iniciamos o arranjo. Pudemos tra-

balhar vários conceitos da linguagem musi-cal, a começar pela noção de pulso e anda-mento. A música tem uma determinada velo-cidade que deve ser constante, sendo ne-cessária a concentração para não atrasar ou adiantar.

Pudemos introduzir a noção de dinâmica – possibilidade de variarmos a intens idade do volume dos instrumentos, a noção de for-ma – quantas partes tem a música, quantas vezes repete e a noção de textura – mudan-ça de densidade de acordo com a quantida-de de instrumentos que está sendo tocada.

As crianças passaram, também, pelo de-safio de concentração e coordenação apre-sentado pela necessidade de cantar simulta-neamente com o tocar, atentando para a “trama sonora” formada pelo som de cada instrumento, onde ouvir o colega é funda-mental para a unidade do arranjo. Depois de muitos ensaios, a “bandinha” se apresentou na festa pedagógica.

Depois disso, iniciamos uma nova atividade onde o som entra como elemento inspirador de imagens e histórias. Esse trabalho continuará sendo desenvolvido no segundo semestre.

Projeto: Rita de Cássia Oliveira Matemática: Flávia Renata Coelho Inglês: Gabriela A. Irigoyen Expressão Corporal: Ana Cecília Guimarães Educação Física: Renato Lent Música: Manoela Marinho Rego Teatro: Rodrigo Maia Artes: Sabrina Romeio Tribo: Anselmo Carvalho

Auxiliar : Carolina Carmo Orientação: Andréa de Rezende Travassos Coordenação e Direção: Maria Teresa Moura e Maria Cecília Moura

Relatório do Primeiro Semestre de 2004 Ensino Fundamental

Rua Capistrano de Abreu, 29 - Botafogo Tel 535-2434

Rua Cesário Alvim, 15 - Humaitá Tel 3239-0950 www.sapereira.com.br / [email protected]

TRIBO Escutar e ouvir. Duas faces da mesma

moeda. Duas formas que só existem juntas. Ouvir é acreditar. Só ouve quem acredita

em quem fala. E aí começa a complicação. A fala tem se proliferado além dos ouvidos. Tem pairado como um ruído de fundo. Pode

que as crianças não ouvem. Mas não será a fala que está vazia?

Começamos a tribo buscando o ouvir. Pri-meiro uma música quase inaudível, depois o silêncio, depois os outros. Os menores, primei-ra e segundas séries, se deliciam com a exis-tência de um espaço onde possam reclamar, trazer suas insatisfações, suas inseguranças,

ou não ser verdadeira. Pode ou não ter vera-cidade. Pode ou não ter a fé de quem a pro-fere. Aos políticos já foi dado o direito de dizer o que quiserem quando em campanha. Aos pais o direito de falar e acreditar que não vão ser ouvidos. Aos professores o de solicitar sem a certeza de que vão ser aten-didos. É nesse ambiente que reclamamos

Primeira Série Manhã Ana Carolina Medeiros do Carmo / Clara Urzedo Rocha Motta / Flora Rosa Campos / Gabriel de Andrade Busquim / Isabela Passos de Souza /

Ivan Megre Souto / Joao Barcellos Rezende Pedro da Costa / João Octavio Rocha Lopes / João Paulo de Lima Neves / João Pedro Rocha da Silva / Juliana Arvellos Penello / Julie Angel de Freitas Fleury / Leonardo Vieira Franca Moss / Luna Tapajos Santos Moreira / Marilia Arruda Pereira /

Petrus Vinicius Ballhausen Arruda / Sofia Mandelert Pracownik / Tabatha Mourao Araujo de Bulhoes / Theo Pereira da Cunha / Tomas Sobreira Machado / Tomaz Maya Monteiro L. de Oliveira

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seus protestos. Os maiores já se preocupam mais em estabelecer suas opiniões, dar suges-tões. Mas a verdade é que ouvir é muito difícil. Provavelmente porque estamos prenhes de discursos vazios e sem sentido. Essa meia hora que mescla a meditação e o diálogo com-pletamente desprendido de qualquer objetivo que não o diálogo, mas organizado é, às ve-zes, um tempo curtíssimo, às vezes enorme. Pode-se conseguir falar e ouvir muito e muitas vezes não se falou nem ouviu nada. É um e-xercício sem fim.

Se dá algum resultado, o tempo tem dito. Mas poderíamos cuidar de filtrar mais a nos-sa fala. Dizer só aquilo em que acreditamos verdadeiramente. Precisaríamos tentar não proibir o que não podemos garantir que fica-rá proibido. Não dizer nãos que virarão sim pela, às vezes simples, às vezes insuportá-vel, insistência, que pode virar especialidade nas nossas crianças.

Precisamos, adultos que se propõem a colo-borar na sua educação, sermos parceiros em uma fé verdadeira na verdade de cada um, única condição para que falando sejamos es-cutados, e ouvindo sejamos acolhedores.

do e nos gostando. Construímos um vínculo forte e iniciamos a nossa história, trilhando um caminho de muitos estudos e pesquisas, de encantamento e de aventuras. Um pouco dela vamos deixar aqui registrado.

“... Nas grandes histórias, você sabe quem vive, quem morre, quem encontra o amor e quem não encontra. E, mesmo assim, você quer ouvir de novo. Esse é seu mistério e sua magia.”

Arundhatai Roy No ritmo quente do carnaval começaram

as discussões sobre o Projeto Institucional: “Catando os sonhos no velho e novo mun-do”. A letra do samba embalou nossas ma-nhãs e nos convidou para um passeio pela Grécia Antiga, por seus mitos, suas histórias, seus personagens fantásticos e encantado-res. Afinal, quem resistiria a esse convite: “... A verdade é o que a gente acredita / Tanta coisa já dita / Tanta a se revelar / Me encan-ta / Me conta uma história bonita / Pois nem tudo na vida / Dá pra se explicar ...”

E lá fomos nós. Entre deuses e heróis, abrimos uma janela para a Grécia.

Inauguramos nossos estudos confeccio-

O tom deste texto pode parecer estranho aos que estão acostumados com nossos relatórios. Mas carrega um pouco das preo-cupações que temos compartilhado com nossas crianças e entre a equipe pedagógi-ca. Preocupações que têm tomado algum espaço no que temos pensado sobre o como educá-las e orientá-las para a vida, tarefas em que somos parceiros, famílias e escola.

PROJETO Foi com grande alegria que recebemos es-

ses meninos e meninas na tão esperada pri-meira-série. Com os olhinhos brilhando e salti-tantes, entraram na sala de aula e acomoda-ram suas mochilas. Os mais antigos reencon-travam os amigos e, aos poucos, conheciam gente nova, também muito animada. Chega-ram todos com muita vontade de saber, de trocar experiências e de contar novidades so-bre as férias. E assim fizeram. Não precisou muito tempo para estarem enturmados e adap-tados à rotina do ensino fundamental, traba-lhando com prazer, envolvimento e curiosida-de. Gostando de ajudar e de aprender.

Fomos nos conhecendo, nos aproximan-

TEATRO Começamos o semestre aprendendo vá-

rios jogos de regras, necessários para o en-tendimento da cena. Os jogos visam estimu-lar atitude, solidariedade, respeito, entre ou-tros aspectos. São eles: João e Joana, Gato e Rato, Congela, Máscara, Jogo do Passo... Jogos que já nos ajudaram e vêm nos auxili-ando, cada vez mais, a estar em cena de-monstrando desembaraço e maior possibili-dade de comunicação.

Em seguida, através dos povos e países presentes na música composta para o carna-val “Tem Grego, tem Japonês, Indiano, Ára-be, Índio, Africano, Egípcio, Celta, Chinês”, demos início aos jogos dramáticos, que en-volveram a escolha de um lugar, um perso-nagem e uma situação para serem vivencia-das em um esquete.

A partir do momento em que instalamos a cena, introduzimos o exercício de Criação de Histórias, com o tema vinculado ao projeto desfrutando de uma autoria coletiva. Con-quistamos, aí, uma passagem ao mundo das histórias fantásticas, com toda a sorte de acontecimentos. Grandes aventuras e emo-ções, sempre com muita imaginação.

Para entrarmos nesse mundo fantástico utilizamos como conto estímulo a lenda de “São Jorge e o Dragão” do “Livro das Virtudes” organizado por William J. Benneditti, um herói bastante popular que é síntese do sincretismo da cultura brasileira. O conto criado durante a aula-ensaio foi “O Astronauta”

Estando bastante afinados com o univer-

so da história, abraçamos uma proposta, muito bem vinda, onde a integração com Projeto e Dança foi carinhosamente compar-tilhada e cuidada pelas professoras e auxilia-res. Encenamos, então, os mitos de Prome-teu e Pandora, já que falávamos de criação, surgimento e origem da humanidade.

Como o trabalho de teatro nunca encerra após a apresentação, estamos dando continui-dade à encenação dos Mitos de Prometeu e Pandora, fazendo circular entre os alunos os diversos personagens com suas falas, para que todos possam vivenciar outros papéis.

EXPRESSÃO CORPORAL A turma, com muito entusiasmo, aprovei-

tou intensamente as aulas do semestre. No início do ano, os aquecimentos feitos em roda serviram, não só para preparar, alongar e tomar consciência do corpo, mas para as conversas sobre o que podemos fazer nas aulas de Expressão Corporal, sobre os cui-dados necessários com o espaço e com os colegas. Trabalhamos de diferentes formas, sempre favorecendo as experiências corpo-rais através da ludicidade e proporcionando uma vivência integradora para as crianças.

No carnaval, gestos inventados para re-presentar a letra do samba ajudaram a deco-rá-lo. Cantando e dançando, nos inspiramos para o animado Bloco da Sá Pereira.

Depois, iniciamos um trabalho integrando a ação à respiração. Trabalhamos a coorde-nação motora, tentando realizar a expiração quando nos movimentávamos e a inspiração com o corpo em repouso. Foi bem divertido

e desafiador fazer esse exercício e evoluir nas possibilidades de realizá-lo em duplas, sincronizando a expiração de um amigo com a inspiração de outro.

Falando em heróis, utilizamos a música de Hélio Contreiras, “Estampas Eucalol”, que conta as facetas de vários personagens da mitologia grega. Improvisamos movimentos que foram escolhidos e os coreografamos coletivamente para a apresentação na Festa Pedagógica.

Durante o semestre tivemos oportunidade de utilizar os diversos materiais disponíveis para o trabalho corporal. As crianças ousa-ram e ampliaram suas possibilidades moto-ras nos panos suspensos, em rolamentos nos colchonetes, no bolão e com as pernas de pau. Exercitaram o corpo em equilíbrio nas suspensões, vivenciando e entendendo a força e a leveza necessárias para cada manobra realizada.

A dança do Mineiro Pau, apresentada na festa caipira, empolgou as crianças, que de-monstraram muito empenho nos ensaios para aprender a manusear os bastões com habilidade, ritmo e coordenação.

EDUCAÇÃO FÍSICA Começamos o semestre resgatando as

regras de convivência. A primeira e segunda séries são turmas

grandes que dividem o pátio no horário de recreio. Para não perderem tempo apressa-mos um pouco a divisão dos times. As crian-ças exigem bastante a presença do profes-sor, acompanhando o jogo, não pela compe-tição, mas sim para voltar às jogadas que erram e repeti -las de acordo com a regra.

É claro que gostam de ganhar, mas estão mais preocupados em jogar do que competir. Normalmente escolhem os times pela amizade e não pelas habilidades de cada aluno. Sem-pre misturamos as turmas na formação dos times, tentando uma maior confraternização.

Realizamos, no ano passado, um grande torneio, que teve várias modalidades de jogos, torcida, grito de guerra, questões para serem respondidas. Tudo isso em dois dias de mobili-zação de toda a escola e engajamento das crianças. Pretendemos repeti -lo este ano e, para isso, já estamos nos organizando para a grande Olimpíada Sá Pereira, no segundo se-mestre. Aproveitamos o fato de ser o ano das Olimpíadas e, portanto, um momento significa-

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ARTES Inspirados no tema Catando os Sonhos

no Velho e no Novo Mundo, o projeto de tur-ma Entre Deuses e Heróis nos fez pensar em São Jorge, um mito cristão, não reconhe-cido pela Igreja católica, mas de muita popu-laridade e devoção, incorporado por outras religiões afro-brasileiras através do sincretis-mo. As crianças estiveram bastante envolv i-das com as cores na reinterpretação do mito, encontrado em “O Livro das Virtudes para Crianças” organizado por William J. Benett, “Posso fazer a princesa?” “Posso fazer o dragão?”. Nosso objetivo era pensar em co-mo representar plasticamente a figura e o fundo, utilizando lápis de cor para o desenho da figura e aguada de anilina para o fundo.

Com a apreciação das reproduções São Jorge e o Dragão, de Paolo Uccello e Rafael, destacamos na composição da imagem figu-rativa os elementos estéticos que a compõe: “O fundo está atrás, é menor e mais claro!” A observação deu margem à ampliação do

repertório visual e ao reconhecimento da autoria: “Eu pensava que a princesa fosse mais bonita...” Essa atividade foi acrescida da apreciação dos trabalhos das crianças e

diversos comentários. Em um segundo momento, o envolvimen-

to das crianças com diferentes histórias de deuses e heróis gregos viabilizou o trabalho com as silhuetas. Partimos da apreciação da cerâmica grega, explorando o conteúdo das obras e a relação dos elementos que as constituem. Através do contraste os artistas articulam tensões espaciais determinando o conteúdo dramático das narrativas gregas. Movidas por esse caráter expressivo, as cri-anças, divididas em grupos, criaram cenas resolvendo facilmente o problema proposto. Na frente do retroprojetor, puderam fazer o contorno da silhueta interpretada. O passo seguinte foi o desenho dos detalhes das fi-guras (rosto, roupa, adereços), para final-mente fazerem a pintura do fundo.

Uma outra atividade mobilizadora foi a apreciação dos vasos gregos com várias cenas representadas. Em tiras de papel car-tão, como uma ‘planificação’ dos vasos, as crianças, em duplas, desenharam narrativas da mitologia grega em três partes. Mais uma vez utilizando apenas o preto, a turma foi aos poucos, explorando o espaço do suporte e desenvolvendo o gosto pelo trabalho mo-nocromático.

Finalizamos o semestre atendendo a um desejo das crianças: a modelagem em argila dos deuses e heróis de maior identi ficação. Para isso, apreciamos algumas esculturas de barro de figura humana para observar o recurso que o material oferece.

as suas histórias de amor e as ilustraram com bonitas imagens. Aproveitamos a opor-tunidade e realizamos nosso primeiro pas-seio. No Jardim Botânico pudemos apreciar a belíssima paisagem e conhecer as famo-sas estátuas de Eco e Narciso, aproximadas pelo escritor Antônio Calado, numa homena-gem ao antigo e extinto Chafariz das Marre-cas, obra do Mestre Valentim. Guardamos para esse momento a leitura de um dos mais belos mitos de amor: Eros e Psiquê. Toda a turma garantiu que valeu a pena o suspense.

O clima de romance foi chegando ao fim, mas os pedidos por mais histórias continua-vam. E assim, os heróis chegaram. Em livros, vídeos, de diferentes formas, fomos conhe-cendo alguns desses bravos homens. Per-seu, Hércules, Jasão, Teseu, Aquiles, Ulis-ses... estiveram junto com a gente, causando suspiros e medos, coragem e fascínio.

“... Além disso, não precisamos correr sozinhos o risco da aventura, pois os he-róis de todos os tempos a enfrentaram antes de nós. O labirinto é conhecido em toda a sua extensão. Temos apenas de seguir a trilha do herói, e lá, onde temía-mos encontrar algo abominável, encontra-remos um deus... Onde imaginávamos viajar para longe, iremos ter ao centro da nossa própria existência. E lá, onde pen-sávamos estar sós, estaremos na compa-nhia do mundo todo.”

“O Poder do Mito” Joseph Campbell

Em meio a tantas falas, como curiosidade, as crianças ainda trouxeram o fato de alguns planetas do nosso sistema solar terem o no-me romano de deuses. Pronto! Isso já bas-tou para que eles demonstrassem interesse em saber mais sobre os astros, as constela-ções, o Universo. Mais pesquisas acontece-ram e novamente mostraram o quanto de conhecimento já têm sobre o assunto. Visita-mos o Planetário e assistimos ao filme “Projeto Científico”. Encantados por cada instante, aproveitaram as incríveis imagens, as curiosas informações e, ainda, a conversa que tivemos com um astrônomo.

“Sei que a arte é irmã da ciência. Ambas filhas de um deus fugaz Que faz um momento E no mesmo instante desfaz.”

Gilberto Gil Terminamos o semestre empenhados em

saber mais informações sobre o planeta em

nando um colorido mural com imagens de deuses e seres fantásticos da mitologia gre-ga, estreitando uma parceria entre os dois turnos e nos sensibilizando para os estudos que aconteceriam a partir daí. E, completa-mente envolvidos e sedentos por aprender mais e mais, começamos. Os materiais não paravam de chegar. Sempre alguém tinha algo para contar, uma história, uma informa-ção, curiosidades. Recolhemos tudo e classi-ficamos o material para não nos perdermos com tantas possibilidades de estudo.

Adotamos o livro, “Divinas Aventuras”, de Heloisa Prieto, e com ele começamos a sa-ber mais sobre os deuses que, ao longo da leitura, foram se apresentando e contando um pouco do seu jeito, do seu gosto, da sua vida no Olimpo e sobre suas relações com os mortais.

As crianças, aos poucos, foram também mostrando suas preferências por esse ou a-quele deus, por esse ou aquele conto. Lemos o mito de Criação do mundo, a História de Pro-meteu e a Caixa de Pandora. E, como ficaram muito envolvidos com esses dois mitos, resol-vemos recontá-los, em parceria com o Rodrigo, na aula de Teatro. O resultado pôde ser visto na Festa Pedagógica. Nem mesmo a chuv a atrapalhou. E todos ficamos tomados pela e-moção ao ver nossos pequenos atuando com tanta vontade e graça.

As histórias de amor também ganharam um lugar de destaque em nossas rodas de leitura na Biblioteca. A cada semana era u-ma emoção diferente, um personagem novo chegava e tomava conta de nosso coração e de nossos pensamentos. Inspirados nesses contos, em duplas de trabalho, escreveram

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que vivemos. Este nosso planeta azul, cheio de água, terra, fogo, ar e muita vida!

Como podemos notar, vivenciamos um tempo de muito estudo e foi essa turminha, cheia de disposição, que ditou o ritmo inten-so de trabalho.

É assim que acontece a relação entre as diferentes áreas de conhecimento, dando significado aos aprendizados das crianças.

As produções de textos ganharam um lugar de destaque ao longo desse tempo. Estão se apropriando da língua escrita, de sua estrutura, deparando-se com as dificul-dades. Gostar do que se escreve, ler para o amigo, compartilhar suas idéias, organizá-las no papel, foram os nossos mais importantes objetivos.

Procuramos oferecer situações didáticas onde a leitura e a escrita estiveram presen-tes naturalmente, fazendo parte da nossa vida, do nosso dia-a-dia. Só assim será pos-sível formar leitores e escritores, não apenas autônomos, mas também sujeitos criativos, preparados para formular e realizar seus projetos de vida.

Todos avançam, cada um a seu tempo, construindo inúmeros conhecimentos. Cres-cem também enquanto grupo de amigos que iniciam sua trajetória de estudantes na Sá Pereira.

As férias chegam em boa hora. Logo es-

taremos de volta, mais descansados e chei-os de saudade, prontos para começar tudo de novo.

MATEMÁTICA O ingresso na primeira série é marcado

por uma significativa mudança na rotina. A-gora são vários professores, um volume mai-or de materiais e de tarefas.

Inicialmente, nosso objetivo é ampliar as

relações com o universo da Matemática tra-zendo uma diversidade de propostas que possam garantir a reflexão acerca da leitura e escrita dos numerais, a identificação dos símbolos matemáticos, o contato com as representações gráficas, com as unidades de medidas e a construção do significado das operações. Entendemos que todos es-ses conteúdos devam ser trazidos através de um contexto significativo. Assim, o traba-lho com a resolução de problemas tem lugar de destaque em nossa ação pedagógica.

O livro “Os Problemas da Família Gorgon-zola,” de Eva Furnari, da Global Editora, foi o primeiro convite para que as crianças come-çassem a elaborar e registrar suas estraté-gias de cálculos pessoais. Os textos bem humorados, numa linguagem irreverente, com uma grande variedade de desafios em um campo numérico variado, entusiasmava as crianças e as deixava à vontade para ex -pressarem a sua forma particular de calcular. No início, as contagens de um em um e a representação de toda a história aparecem como recurso para se chegar a resolução mas, pouco a pouco, os desenhos são subs-tituídos por numerais. Nessa etapa, para que possam operar com mais segurança, as de-composições aparecem com freqüência, o que contribui, de forma significativa, para a compreensão das regras do nosso sistema de numeração. A análise e a discussão so-

uma visita para observação cuidadosa em um supermercado de verdade. Preparamos até um encarte! No dia e hora marcados, o salão da escola foi arrumado para receber o T6 para as compras. Muitos cálculos para não “errar” no momento de calcular o troco e uma gostosa atividade traduzida no olhar alegre das crianças.

Para o segundo semestre o contato com uma antiga máquina de calcular, o ábaco, nos servirá de recurso para uma aproxima-ção maior com as características do sistema de numeração decimal.

INGLÊS Baseada num grande respeito por todas

as línguas e formas de cultura, esta aborda-gem de ensino coloca o estudante no centro dos procedimentos didáticos, fazendo-o mo-bilizar diversos conhecimentos e capacida-des, além de despertar a curiosidade e o prazer de descobrir – não só novos dados lingüísticos – mas aspectos históricos e cul-turais dos usuários de outras línguas.

Com esse enfoque começamos o ano buscando estratégias que a-bordassem aspectos culturais, históricos e também lingüísti-cos da língua inglesa e dos povos que se expressam atra-vés desse idioma. Como temos duas aulas por semana, em uma delas traba-lhamos os conteúdos específi-cos da língua inglesa para es-sa faixa etária e na seguinte buscamos interconexões com o projeto institucional da esco-la. Dessa forma as crianças podem adquirir algumas habili-dades e competências na utili-zação do Inglês como língua estrangeira e podem aprender sobre ela e o seu contexto cul-tural. Iniciamos o ano estudando sobre a origem dos nomes dos dias da semana em inglês. Os nomes de quatro dias da se-mana foram dados em home-nagem a alguns deuses da mitologia nórdica: Tuesday (Tyr’s day), Wednesday (Wooden’s ou Oden’s day),

Thursday (Thor’s day) e Friday (Freyja’s day). Ouvimos histórias sobre cada um des-ses deuses e seus animais, vimos ilustra-ções e os desenhamos.

Também descobrimos, no Atlas, onde fi-cam a Noruega, a Dinamarca e a Suécia – países que ocupam a região onde os vikings se concentravam. Assistimos a um video sobre a vida e a história dos vikings da série “O Homem” e ouvimos a Cavalgada das Val-quírias, de Wagner.

Buscando uma ponte com as aulas de projeto e o que as crianças estavam vivenc i-ando, aprendemos, em inglês, as virtudes dadas por Zeus à sua multidão de estátuas e à Pandora: Loyalty (lealdade/fidelidade), s-trength (força), cleverness (esperteza); av i-dity (avidez); wisdom (sabedoria), beauty (beleza), language (linguagem), smoothness (suavidade), courage (coragem). Para viven-ciar essas palavras em inglês brincamos de mímica, desenhamos seus significados, brin-camos de “embaralhar e desembaralhar” as palavras, jogamos forca e de “how do you say.... in English?” (como se diz .... em in-glês?).

Ao saber que as crianças iriam estudar, em Projeto, sobre os Heróis dos mitos e len-das, pensamos que seria interessante apro-veitar as nossas aulas para fazer um desdo-bramento desse tema, estudando sobre os super heróis, criados pelo homem contempo-râneo. As crianças ficaram entusiasmadas por essa oportunidade e escolheram os su-per heróis que gostariam de estudar – Spi-derman (Homem-aranha), Batgirl, Wonder Woman (mulher-maravilha), The Flash, Su-perman (Super Homem), Hulk e Batman – e definiram o que poderíamos aprender em inglês com a ajuda deles, o significado dos nomes; as características físicas, as habili-dades e poderes, onde vivem, as roupas que usam, o que comem e sobre suas famílias.

O conteúdo de língua inglesa que foi sele-cionado a partir do livro adotado – Smile – para este primeiro semestre foi o alfabeto, saudações e cumprimentos (Hi, hello, Go-odbye, bye), a perguntar e a dizer o seu no-me em inglês (What’s your name? – My name’s..; I’m....), a perguntar e a responder o que é alguma coisa (What is it? It’s a....) e as cores como adjetivo (It’s a red book, it’s a yellow pen, etc.).

bre as estratégias usadas é um momento importante para a construção de um acervo de procedimentos de cálculos eficientes para cada tipo de situação.

Os jogos também tiveram lugar de desta-que em nossas aulas. Os jogos “Bomba”, “Memória do Dez”, “Cerque o Número”, entre outros, foram propostos com o objetivo de favorecer a observação das regularidades das seqüências numéricas e elaboração de estratégias de cálculo mental para somar, subtrair e dividir. A apropriação das combi-nações possíveis para se formar dez é um importante recurso para se operar em um campo numérico mais amplo. Muitas crian-ças já concluem que:

– Se 3+2 são 5, então 30+20=50! Finalzinho do semestre, muito trabalho

realizado, mas a tarefa de montar o Mercado de Sá Pereira era urgente, principalmente para as crianças que já haviam participado dessa atividade enquanto “clientes”, no ano passado. Recolhemos embalagens, pesqui-samos os preços das mercadorias e classifi-camos os produtos em seções, depois de