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BRASIL CARBONO ZERO EM 2060 Relatório do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC) para a Presidência da República

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BRASILCARBONOZEROEM2060

RelatóriodoFórumBrasileirodeMudançadoClima(FBMC)

paraaPresidênciadaRepública

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Em agosto de 2018, durante a cerimônia de entrega ao Exmo. SrPresidente da República do documento Proposta Inicial para aImplementação da NDC Brasileira, desenvolvida pelo FórumBrasileirodeMudançadoClima(FBMC),omesmosolicitouaoFBMCaelaboraçãodeumapropostaavaliandooqueserianecessárioparao Brasil se tornar um país carbono neutro –isto é com emissõeslíquidaszerodegasesefeitoestufa(GEE)--nohorizontede2060.Aquestãodeumaestratégiade longoprazo jávinhasendotratadanoFBMCpela suaCâmaraTemática8de Visão de Longo Prazo.Elaprepara um estudomais abrangente que vai além demitigação deemissões e inclui a adaptação e visões de sociedade. A demandapresidencial se focou, especificamente, numa avaliação capaz desituar o nosso país em relação às iniciativas que vem sendoanunciadas de países que anunciam a disposição de se tornarcarbono neutros. É o caso recente de Portugal e Espanha queapontaramparaohorizonte2050.A urgência desse tipo de avaliação foi ressaltada pelo recenterelatório do IPCC tratando do limite de 1,5 ºC e do que serianecessário como ação coletiva internacional para tanto. Mesmo ametatradicionalde2grausdependedeumplanetacarbononeutroem algum ponto entre 2055 e 2070. O desafio técnico para arealização,nocurtíssimoespaçodetempodisponível,numprazode120dias, ficounasmãos da equipe do professor EmílioLaRovere,do Centro Clima da COPPE/UFRJ, que já havia desenvolvido umtrabalho avaliando a possibilidade do Brasil alcançar, em 2050,emissõespercapitanumamédiacompatívelcomumcenáriode1,5ºC.Esse estudo serviu de base ao se utilizar boa parte de suametodologia e pressupostos. Porque optou-se por 2060? O estudomencionado, para 2050, ainda apresentava um saldo residual deemissões líquidas naquele ano. Por outro lado, essa era a primeiravezqueogovernobrasileiroentravanadiscussãodotemaenoseuinteriorhaviadiferentesopiniões arespeitodapertinênciadopaísapresentar metas de longo prazo e que influência isso poderia tersobre nossa posição negociadora. Buscando dar maior confortopolítico aos tomadores de decisão optou-se por esse ano. Tambémabandonou-seaideiainicialdeumdecretopresidencialcriandoum

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grupodetrabalhonessesentidoemproldeumapropostacombasenumestudopreliminardoFórumquepoderáevoluircomotempo.O importante é que, pela primeira vez, o governo brasileirosinalizou, por meio de um pedido do Presidente da República,interesse em considerar a meta de nos tornarmos país carbononeutroemtermosdeemissõeslíquidasdeGEE.ÉumasituaçãoondeGEEcontinuarãoaseremitidos,masserãototalmentecompensadasporumaabsorçãodecarbonoequivalente.Osentidodesseestudoéformular e traçar, para o presente e futuros governos, os grandescontornosdecomopoderiaserimplementadoesseobjetivo.Aestratégiaaquipropostaparaohorizonte2060nãosópermiteaoBrasil cumprir sua parte em relação à contenção das mudançasclimáticasemumnívelnão-catastróficocomosugereoportunidadeseconômicas importantes na medida em que nosso país estásingularmente bem posicionado para enfrentar, com vantagenscompetitivas,odesafiodadescarbonizaçãodaseconomiasnoâmbitoglobal. AlfredoSirkisCoordenadorExecutivoFórumBrasileirodeMudançadoClima

RiodeJaneiro,30deNovembrode2018

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Equipetécnica:

CentrodeEstudosIntegradossobreMeioAmbienteeMudançasClimáticasdoInstituto

dePesquisasePós-graduaçãodeEngenhariadaUniversidadeFederaldoRiodeJaneiro

CentroClima/COPPE/UFRJ

COORDENAÇÃOGERAL:EmilioLèbreLaRovere

CENÁRIOMACROECONÔMICO:WilliamWills

AGRICULTURA,FLORESTAEOUTROSUSOSDATERRA(AFOLU):MicheleKarinaCottaWaltereCarolinaBurleSchmidtDubeux.SETORESDETRANSPORTES,INDÚSTRIA,OFERTADEENERGIA,RESÍDUOSEOUTROSSETORES:CarolinaGrotteraeCarolinaB.S.Dubeux.

APOIO:CarmenBrandãoReis

EDITORAÇÃO:ElzaMariadaSilveiraRamos

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SumárioApresentação............................................................................................................................................................1

1. CenárioMacroeconômico.........................................................................................................................3

1.1. DescriçãodasPremissasdoCenárioEconômico..................................................................3

1.1.1. Atividadeeconômicamundial...............................................................................................4

1.1.2. Preçointernacionaldopetróleo...........................................................................................5

1.1.3. Populaçãonacional.....................................................................................................................5

1.1.4. Evoluçãodaprodutividadedotrabalho...........................................................................6

1.1.5. TaxadecrescimentodoPIBdoBrasilnohorizonteestudado..............................6

1.1.6. Premissassetoriais.....................................................................................................................9

1.2. ResumodasPremissasdoCenárioEconômico...................................................................10

2. SetordeAgricultura,FlorestaseOutrosUsosdaTerra(AFOLU)......................................12

2.1. Hipóteses...............................................................................................................................................12

2.2. AplicaçãodasMedidasdeMitigação........................................................................................13

2.3. EmissõeseremoçõesdeGEE.......................................................................................................14

3. SetordeTransportes................................................................................................................................17

3.1. Hipóteses...............................................................................................................................................17

3.2. EmissõesdeGEE...............................................................................................................................18

4. SetorIndustrial...........................................................................................................................................20

4.1. Hipóteses...............................................................................................................................................20

4.2. EmissõesdeGEE................................................................................................................................21

5. OfertadeEnergia.......................................................................................................................................23

5.1. Hipóteses...............................................................................................................................................23

5.2. EmissõesdeGEE................................................................................................................................24

6. SetordeResíduos......................................................................................................................................25

6.1. Hipóteses...............................................................................................................................................25

6.2. EmissõesdeGEE................................................................................................................................26

7. EvoluçãodasEmissõesdeGasesdeEfeitoEstufaaté2060..................................................27

8. ConsideraçõesFinais................................................................................................................................28

9. Bibliografia....................................................................................................................................................29

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TabelasTabela1. CrescimentomédioanualdoPIB(variaçãorealanual)–Médiahistóricaeprojeção ..........................................................................................................................................................7

Tabela2. CrescimentodoPIBdosgrandessetoresdaeconomia(variaçãorealanual–%aoano)–Médiahistóricaeprojeção....................................................................................................10

Tabela3. MedidasdemitigaçãoesuaaplicaçãonosetordeAFOLU...................................14

Tabela4. Evoluçãodasáreasocupadaspelaagricultura(Mha=milhõesdehectares) 14

Tabela5. EmissõestotaisedossubsetoresdosetordeAFOLUnoperíodo2010-2060(MtCO2e) 16

Tabela6. EmissõestotaisedossubsetoresdosetordeTransportesnoperíodo2010-2060(MtCO2e).....................................................................................................................................................19

Tabela7. EmissõestotaisedossubsetoresdosetordeIndústrianoperíodo2010-2060(MtCO2e).....................................................................................................................................................21

Tabela8. EmissõestotaisedossubsetoresdoSetorEnergéticonoperíodo2010-2060(MtCO2e).....................................................................................................................................................24

Tabela9. EmissõestotaisedossubsetoresdoSetordeResíduosnoperíodo2010-2060(MtCO2e).....................................................................................................................................................26

FigurasFigura1. TaxamédiaanualdecrescimentodoPIBmundial.....................................................5

Figura2. Populaçãonacional(totaldehabitantes)........................................................................6

Figura3. CrescimentodoPIB(variaçãorealanual–%aoano)–Médiahistóricaeprojeção ..........................................................................................................................................................8

Figura4. EvoluçãodaPopulação,PIBePIBpercapitanoBrasil2005-2060(Base2005=1)noscenáriosdosestudosIES-Brasil2050eBrasil2060...............................................8

Figura5. EmissõestotaisdosetordeAFOLUnoperíodo2010-2060(MtCO2e).........16

Figura6. Evoluçãodasemissõestotaisesetoriaisnoperíodo2005-2060.....................27

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Apresentação

Emjunhode2018,aPresidênciadaRepúblicasolicitouaoFórumBrasileirodeMudança

doClima(FBMC)“noprazode120dias,aelaboraçãodeumaproposta,baseadaemestudose

debates com governo, iniciativa privada, terceiro setor e academia, que trate do que seria

necessárioparao atingimentoporpartedoBrasil deumametade emissões líquidas zerono

horizonte de 2060”. O FBMC solicitou então ao Centro Clima da COPPE/UFRJ este estudo e

promoveuasuadiscussão,atravésdesuaCâmaraTécnicadeLongoPrazo(CTLP).

Tendoemvistaoexíguoprazodisponívelparaarealizaçãodotrabalho,aequipedoCentro

Clima se baseou em um conjunto de estudos sobre o tema já realizados anteriormente (ver

Bibliografia).Emparticular,oProjetoIES-Brasil2030(LaRovereetal,2015),coordenadopelo

CentroClimadaCOPPE/UFRJ,noâmbitodoForumBrasileirodeMudançasClimáticas–FBMC,

comapoiodogovernobrasileiroatravésdoMinistériodoMeioAmbiente–MMA,edoprojeto

internacionalMitigationActions, Plans andScenarios -MAPS, usouumprocessoparticipativo

paraelaborarcenáriosdemitigaçãodasemissõesdegasesdeefeitoestufa(GEE)doBrasilaté

2030eavaliarsuas ImplicaçõesEconômicaseSociais.Esteprojeto, realizadode2013a2015,

constituiu-se numa experiência bemsucedida de estabelecer um diálogo transparente e

construtivo entre cerca de 70membros de instituições de governo, setor produtivo, ONGs e

comunidade científica atuantes na área de mudanças climáticas, reunidos na Comissão de

Elaboração de Cenários – CEC. Na quantificação dos cenários, além de modelos técnico-

econômicossetoriaisparaAFOLU,Energia,Transporteseoutrossetores,foiutilizadoummodelo

macroeconômicodeequilíbriogeral,oIMACLIM-BR,especialmentedesenvolvidopelaequipedo

CentroClimaparasimularasimplicaçõeseconômicasesociaisdareduçãodeemissõesdeGEEdo

país.ACECdiscutiuevalidouashipótesesmaispertinentesparaseremtestadasnoscenários

elaborados, analisando as barreiras para adoção das medidas de mitigação propostas e

instrumentosdepolíticapúblicaparasuperá-los.OprodutofinaldoIES-Brasil2030,umrelatório

comasíntesedaanálisecomparativadostrêscenárioselaborados,mostrouaviabilidadedeuma

reduçãosignificativadasemissõesdoBrasilaté2030semcomprometerocrescimentoeconômico

e a qualidade de vida da população. Seus resultados foram apresentados ao MMA e outros

ministérios, e à plenáriado FBMC, fornecendo elementos valiosos para a preparaçãodaNDC

brasileira (a Contribuição Nacionalmente Determinada) apresentada à Convenção do Clima –

UNFCCCeratificadapeloCongressoNacional.

A NDC brasileira é uma das mais ambiciosas dentre os países em desenvolvimento,

visandoumareduçãodeGEEde37%em2025esinalizandoumareduçãode43%em2030no

nível absoluto de emissões em relação a 2005. O desenvolvimento de novos cenários de

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descarbonização no Brasil até meados do século é fundamental para conceber estratégias

revisadasemaisambiciosasquemantenhamatrajetóriadasemissõesdeGEEdopaísemlinha

comoobjetivodoacordodeParis,mantendooaquecimentoglobalbemabaixode2°C,idealmente

abaixode1,5°C.

O presente estudo permitiu a continuidade desses esforços, permitindo a definição de

medidas de mitigação adicionais às já em andamento no país para viabilizar um cenário

compatívelcomametadereduçãoazerodasemissõeslíquidasdeGEEdopaísaté2060.Seus

resultados preliminares foramapresentados e discutidos em reunião da Câmara Temática de

LongoPrazo(CTLP)doFBMC.Esterelatóriovemfornecer insumosparaaelaboraçãodeuma

estratégiabrasileiradedesenvolvimentodebaixaemissãodeGEEnolongoprazo,contribuindo

paraasuadefinição,previstapara2020noâmbitodaConvençãodoClima(UNFCCC).

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1. CenárioMacroeconômicoDeacordocomaabordagemdametodologiadecenários,asprojeçõesnãosãoprevisões,ou

seja,seuobjetivonãoéodefornecerofuturoquesejulgaomaisprovável.OBrasilenfrentou

recentemente uma das recessões mais graves de sua história. Consequentemente, era

fundamentalatualizarasprojeçõesdecrescimentoeconômicoaestanovarealidade,reduzindo

asaltastaxasdecrescimentoeconômicoadotadaspelogovernonaelaboraçãodosobjetivosda

NDCbrasileiraaté2030.Mesmocomarevisãodastaxasdecrescimentoparabaixo,estecenáriose

baseiaemtaxaselevadasdecrescimentoeconômicomundialedentrodopotencialdecrescimentode

longoprazodaeconomiabrasileira,deacordocomOCDE(2017)ePWC(2015).Assim,oatingimento

doobjetivodezerarasemissõeslíquidasdeGEEdopaísaté2060nãosedariaemdetrimentodo

desenvolvimentoeconômicoesocial.Aocontrário,ocenáriobuscagarantiraconsecuçãodestameta

mesmonaeventualidadedeocorrênciadeumritmosustentadodecrescimentoeconômico.

Em2017,pordemandadoInstitutoClimaeSociedade- iCSedaWWF-Brasil,oCentro

Climaelaborouumcenáriodemitigaçãoadicionaldas emissõesdeGEEdopaísaté2050, em

trajetóriascompatíveiscomaestabilizaçãodatemperaturagloballimitadaaumaumentode1,5ºC

acimadonívelpré-RevoluçãoIndustrial.Em2017,foramrealizadasduasreuniõescomcercade

70membrosdeinstituiçõesdegoverno,setorprodutivo,ONGsecomunidadecientíficaatuantes

naáreademudançasclimáticas,paradiscutirevalidarashipótesesdeumCenário1,5ºCparao

Brasil, baseado em tecnologias jádisponíveis e para avaliar os resultados obtidos a partir da

modelagemquantitativadessecenáriorealizadapelaequipedoCentroClima.

OcenárioeconômicodopresenteestudosebaseianaqueledescritonesseestudoIES-Brasil

2050(LaRovereetal,2017),quenarraumahistóriadefuturoplausívelepertinente,apartirde

hipóteses sobre a evolução da economia brasileira. Entretanto, para o presente estudo Brasil

CarbonoZero,astaxasdecrescimentoeconômicoforamnovamenteatualizadasdeacordocom

osdadosmaisrecentes.Ocenáriomacroeconômicodebaseadotoupremissasbemsemelhantes

às do estudo IES-Brasil 2050 quanto à estrutura econômica, entretanto, considerou taxas de

crescimentomenores após 2030. Assim, neste estudo Brasil Carbono Zero, o PIB em 2060 é

equivalenteàqueleobservadonoIES-Brasilem2050.

1.1. DescriçãodasPremissasdoCenárioEconômicoEsta seção apresenta o conjunto de premissas utilizadas na calibração do cenário

econômico, que foi validado por debates com governo, iniciativa privada, terceiro setor e

academia,noâmbitodoestudoIES-Brasil2050(LaRovereetal,2017).

OPIBcaiuaproximadamente7%entre2014e2016.Em2017,oPIBbrasileiroaumentou

apenas1%,mesmodepoisdestaseveracrise.A taxadedesempregono finaldenovembrode

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2018,emboraregistrandoligeiraqueda,aindafoide11,7%,representandocercade12milhões

detrabalhadoressemocupação,segundodadosdoIBGE.Énecessárioumgranderearranjoda

economiapararetomarocrescimentoeconômicosustentado,projetadoemnossocenáriosóa

partirde2021.Estecenáriotemcomopressupostoosucessodaspolíticaspúblicasaplicadaspara

superaracriseeconômicanocurtoprazo.AtaxamédiaanualdecrescimentodoPIBassumidapara

o período 2018-2020 é de2,5%, e para o período 2021-2030, de3,2%.Considerando todo o

período de projeção (2018-2030), a taxamédia anual de crescimento do PIB ficou em 3,0%,

inferioràmédiade3,2%observadaentre1994,anodecriaçãodoPlanoReal,e2014,últimoano

comcrescimentopositivoantesdestacriseeconômica.No longoprazo,entre2031e2060, foi

consideradaumareduçãodataxamédiaanualdecrescimentodoPIBemrelaçãoaosimuladono

estudoIES-Brasil2050(2,0%aoinvésde3,1%).Destaforma,nopresenteestudo,ataxamédia

anualdecrescimentodoPIBentre2021e2060éde2,0%,contra2,7%noestudoIES-Brasil2050

entre2021e2050.Comobasedecomparaçãoparaestashipótesesdecrescimento,em2030,o

PIBpercapitabrasileirochegariaaonívelatualdepaísesdemaiorrendamédiadaAméricaLatina

eEuropaOriental,comoArgentina,HungriaePolôniae,até2060,alcançariaosníveisatuaisde

PortugaledaRepúblicaTcheca.

1.1.1. AtividadeeconômicamundialOcenáriopropostoassumequeoníveldeatividadeeconômicamundialdeveevoluirde

formaaceleradanoperíodoentre2013e2020,aumataxamédiaanualde3,8%,puxadopelo

crescimentodaseconomiasemergentes,aopassoqueospaísesdesenvolvidosserecuperamda

crise econômica iniciada em 2008/2009. Após 2020, verifica-se uma desaceleração do

crescimento,emfunçãodoarrefecimentonastaxasdecrescimentodaChinaedeoutrospaíses

emergentes.Duranteoperíodo2021-2030,estima-sequeoPIBmundialcresçaemmédia3,2%

aoano.Entre2031e2060aexpectativaéqueocrescimentomédioanualdoPIBmundialfique

emtornodos2,4%.

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Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdeEPE(2015)

Figura1. TaxamédiaanualdecrescimentodoPIBmundial

1.1.2. PreçointernacionaldopetróleoAhipótesedopreçointernacionaldopetróleoestálastreadanocenáriodepreçosbaixosdo

World EnergyOutlook, da Agência Internacionalde Energia, que estima o preço do barril de

petróleo abaixo de 80 USD por barril até 2030, em linha com as projeções recentes da EPE.

Durante todooperíodo2016-2050,opreçodobarrildepetróleo(Brent)giraemtornode80

US$/barril. Este nível médio foi o considerado no nosso cenário até 2060. Dentre os seus

determinantes,destacam-se:i)recuperaçãodocrescimentoeconômicomundial;ii)maturaçãode

projetosdeE&Pdepetróleoegás(particularmentecomrecursosnao-convencionais);iii)picode

produção do shale/tight oil norte-americano, estimado em torno de 2020; iv) aumento da

competitividadedeoutras fontes substitutas (incluindo fontes renováveis e o gásnaturalnão

convencional,sobretudoshale/tightgas);v)reduçãodaparticipaçãodopapeldopetróleocomo

ativofinanceiroespeculativoevi)gradualelevaçãodaeficiênciaenergéticaedasubstituiçãopor

outrasfontes.

1.1.3. PopulaçãonacionalEstima-se uma intensificação da tendência de desaceleração da taxa de crescimento

populacionalbrasileira,funçãodemenorestaxasdefecundidade,quejávemsendoobservadanas

últimasdécadas.Em2030,apopulaçãoatingeopatamarde223milhõesdepessoas(IBGE,2014).

Para2060 foi feitoumajustena estimativadapopulaçãonacionalpara compatibilizaranova

0

1

2

3

4

2006-2012 2013-2020 2021-2030 2031-2040 2041-2050 2051-2060

PIB PIB per capita

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projeçãodo IBGE (2018) comapopulação consideradano IES-Brasil2050(baseada em IBGE

2013).Osresultadospodemserobservadosnográficoabaixo.

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdeIBGE(2013)eIBGE(2018)

Figura2. Populaçãonacional(totaldehabitantes)

Apopulaçãobrasileiraatingeumpicode231,6milhõesem2047edepoisentraemqueda

lentaatéatingir226,3milhõesem2060.

1.1.4. EvoluçãodaprodutividadedotrabalhoEste cenário econômico possui como uma de suas premissas que o Brasil continuará a

diminuir a desigualdade entre as diferentes classes de renda, por meio do aumento de

investimentos em educação, de forma a aumentar a produtividade do trabalhador e por

consequência, a competitividade brasileira – o aumento de renda e omaior investimento em

educaçãocontribuemparatornaramão-de-obramaisqualificadae,portanto,maisprodutiva.A

hipótese de evolução da produtividade média do trabalhador por setor é condizente com o

crescimentodaproduçãosetorialapresentadanoestudoIES-Brasil2050,corrigido,porém,para

taxasdecrescimentomaisbaixas,comojáexplicado.

1.1.5. TaxadecrescimentodoPIBdoBrasilnohorizonteestudadoOcenáriomacroeconômicodoméstico é caracterizado, nomédioprazo, pela reduçãodo

"CustoBrasil"apartirdamelhoriadainfraestrutura,contribuindoparaareduçãodecustosde

transporteeaumentodacompetitividadedossetoresprodutivos.Esperam-setambémavanços

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noâmbitoeducacional,commaioresinvestimentosnestaárea,partedelesoriundadasreceitas

deexploraçãodepetróleonacamadadoPré-Sal,alémdeumareformadaprevidência,demodoa

estabilizarosgastosemrelaçãoaoPIBnospadrõesde2005.Estaspolíticascontribuemparauma

maiorprodutividadegeraldaeconomiabrasileira.

Em termos de política econômica, espera-se que o país mantenha o chamado tripé

macroeconômico,baseadoemcambioflutuante,metasdeinflaçaoedesuperavitprimario.

Destaforma,estima-sequeoBrasilcresceráataxasmaisbaixasdoqueamédiamundialaté

2020,quandosairiadaatualcrise.Entre2021e2030,colhendoosfrutosdasreformasiniciadas

nofinaldadécadaanterior,oBrasilcrescerianamédiadorestodomundo:3,2%a.a..Nolongo

prazo,entre2031e2060,oBrasilteriasuataxadecrescimentoumpoucoreduzida,influenciada,

entreoutrascoisaspelaestabilizaçãodapopulaçãoereduçãodapopulaçãoemidadeativaapartir

demeadosdadécadade2040.Atabelaaseguirapresentaastaxasmédiasanuaisdecrescimento

doPIBporperíodo.

Tabela1. CrescimentomédioanualdoPIB(variaçãorealanual)–Médiahistóricaeprojeção

Período CrescimentomédioanualdoPIB

1950-1993 5,7%

1994-2014 3,2%

2015 -3,8%

2016 -3,6%

2017 1,0%

2018-2020* 2,5%

2021-2030* 3,2%

2031-2060* 2,0%

2021-2060* 2,3%

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdeIPEADATA(2018)eBACEN(2018).

*Projeção

AFigura3apresentaataxadecrescimentorealdoPIBentre1950e2017eaprojeçãode

crescimentoentre2018e2060.

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Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdeIPEADATA(2018)eBACEN(2018).

Figura3. CrescimentodoPIB(variaçãorealanual–%aoano)–Médiahistóricaeprojeção

AFigura4,aseguir,apresentaumacomparaçãoentreindicadoresselecionadosdosestudos

Brasil2060eIES-Brasil2050,comooPIB,PIBpercapitaeapopulaçãobrasileiraentre2005e

2060,utilizandoabase2005=1.

Fonte:Elaboraçãoprópria.

.

Figura4. EvoluçãodaPopulação,PIBePIBpercapitanoBrasil2005-2060(Base2005=1)nos

cenáriosdosestudosIES-Brasil2050eBrasil2060.

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Comopodeserobservado,devidoàgranderecessãodosúltimosanos,oPIBbrasileirosó

voltariaaosníveisde2014(pico)em2022.JáoPIBpercapitaseriaaindamaisafetadodevidoao

aumentodapopulação, e só voltariaaonível de2013 (pico) em2024.Conformemencionado

anteriormente,porconstrução,oPIBdoBrasilem2060nopresenteestudoé idênticoaoPIB

brasileiroem2050noestudoIES-Brasil2050.

Oníveldedesigualdadederenda,quecaiuentre2000e2010,voltaasubirentre2015e

2020,frutodacriseeconômicabastanteprofunda,emboranãochegueaosníveisobservadosno

começodosanos2000.Apartirde2021,comumcrescimentoeconômicomaiselevado,amelhoria

progressiva do nível educacional da população, e a tendência de formalização do trabalho, a

desigualdadenopaísvaisereduzindolentamenteatéofinaldohorizonteestudado,chegandoem

2050aumcoeficientedeGinide0,45,aproximando-sedonívelobservadoem2005emalguns

paíseseuropeusmenosricos,comoPortugal.

AssimcomonoprojetoIES-Brasil2050,considerou-senesteestudoumataxadecâmbiode

3,15R$/US$constanteduranteoperíodoanalisado(ambasasmoedasemvaloresde2015).

1.1.6. PremissassetoriaisAcomposiçãodaeconomiafoiprojetadaemlinhacomashipótesesjáadotadasnoestudo

IES-Brasil 2050. A solução de gargalos, a redução das desigualdades sociais e o aumento na

produtividadedosfatores(trabalho,capital,terra),alémdamaiorrendapercapita,contribuem

paraalteraroperfildeparticipaçãodossetoresnaeconomia.

Há continuidadedaperda departicipação da indústria de base na economia, porém de

formamaislentaqueadescritanoPNE2050,adotando-seumapremissamaisalinhadacomado

PDE2026.Tendoemcontaaaltavantagemcomparativadaagropecuáriabrasileirafrenteaoresto

domundoeamanutençãodaaltanopreçodascommoditiesagrícolas,estesetoraumentasua

participaçãonaeconomiabrasileiranoperíodoanalisado.Alémdosetoragropecuário,ossetores

de Petróleo, Gás Natural, Eletricidade, Biomassa para energia, Papel e Celulose e Mineração

crescemmaisdoqueorestantedaeconomia,porteremvantagenscompetitivasnaturaisfrente

aorestodomundo.

ATabela2,aseguir,apresentaaevoluçãodaparticipaçãodosgrandessetoresnaeconomia

brasileira.

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Tabela2. CrescimentodoPIBdosgrandessetoresdaeconomia(variaçãorealanual–%aoano)–

Médiahistóricaeprojeção

Agropecuária Indústria Serviços

2005 5,2% 29,0% 65,8%2010 5,3% 28,1% 66,6%2020 5,8% 25,9% 68,3%2030 5,8% 25,7% 68,5%2040 5,8% 25,4% 68,8%2050 6,1% 24,3% 69,6%2060 6,1% 24,3% 69,6%

Fonte:Elaboraçãoprópria

Mais detalhes sobre as hipóteses setoriais podem ser encontradas em La Rovere et al

(2017).

1.2. ResumodasPremissasdoCenárioEconômicoØ Demografia:

• ProjeçãodapopulaçãoajustadaparamelhoracompanharanovaprojeçãodoIBGE

(2018)

• Picode231,6milhõesem2047edepoisquedalentaatéatingir226,3milhõesem

2060

• Populaçãototalemidadeativaatingepicode152,9milhõesem2037

Ø Petróleo:

• AlinhadocomcenáriodepreçosbaixosdaAgênciaInternacionaldeEnergia

• Preçodobarrildepetróleo:crescequaselinearmenteaté80US$/barrilem2020

epermanececonstanteaté2060.

• Viabilizaopré-sal,mascontabilizasuasreceitasdemodoconservador.

Ø Macroeconomia:

• Divisasoriginadasdasexportaçõesdopré-salutilizadasparaimportaçãodebens

decapital

• Aumentodaprodutividadedaeconomiabrasileira

• Balançacomercialequilibrada(saldopróximodezero)

• Taxadecâmbioconstanteem3,15R$/US$(valoresde2015)

• TaxamédiaanualdecrescimentodoPIB:

• 2018-2020:2,5%a.a.

• 2021-2030:3,2%a.a.

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• 2031-2060:2,0%a.a.

• 2021-2060:2,3%a.a.

• Evolução da participação dos grandes setores no PIB Brasileiro: a estrutura

econômicavaisealterandolentamenteaolongodohorizontedoestudo:

• Agropecuária-suaparticipaçãoaumentade5,2%doPIBem2005para

6,1%doPIBem2060

• Indústria-suaparticipaçãodiminuide29,0%doPIBem2005para24,3%

doPIBem2060

• Serviços-suaparticipaçãoaumentade65,8%doPIBem2005para69,6%

doPIBem2060.

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2. SetordeAgricultura,FlorestaseOutrosUsosdaTerra(AFOLU)OsetordeAgricultura,FlorestaseOutrosUsosdaTerra(AFOLU)éoprincipalemissorde

gasesdeefeitoestufadopaís.Poroutrolado,éoqueapresentamaiorpotencialdemitigaçãode

suas emissõesbrutas ede sequestrode carbonopara chegar em2060 comemissões líquidas

negativas.

AestratégiademitigaçãodelongoprazodosetordeAFOLUvisandoadescarbonizaçãoda

economiaaté2060écaracterizadapelaadoçãoemmaiorgraudemedidasdemitigaçãocontidas

naspolíticasclimáticasbrasileiras(Decreto7.390/2010ePlanoAgriculturadeBaixoCarbono–

PlanoABC)enoscompromissosgovernamentaisprevistosaté2030(NAMAseNDC).Algumas

medidas foram adotadas com flexibilização dos prazos para seu cumprimento, em função do

atraso já observado. Medidas adicionais como conservação florestal em áreas privadas

desmatáveislegalmenteeaumentodeáreasprotegidasforamtambémconsideradas.

2.1. HipótesesAproduçãoagrícola,pecuáriaeflorestalaolongodoperíodofoiprojetadaapartirdedados

técnicos e econômicos do projeto IES-Brasil 2050 (La Rovere et al., 2017) ajustados às

perspectivasdecrescimentoeconômicoconsideradasnessetrabalho(PIBdomésticoemundial)

e àsdemandasporprodutosagropecuários (matériaprimaparabiocombustíveis) e florestais

(biomassaparafinsindustriaiseenergéticos)estimadasparaossetoresdeofertaedemandade

energia(transporte,indústria,comercial/residencialedoprópriosetoragropecuário).

Asmedidasdemitigaçãoadotadasnossetoresdetransporte,indústriaeenergiaimplicam

emumaumentonademandadebiomassaflorestaledebiodieselenareduçãodousodeetanol

(peloaumentodafrotaelétrica),sendoessashipótesesincorporadasàsprojeçõesdosetorAFOLU,

refletindo-sediretamentenaocupaçãodasáreascomagriculturaeflorestas.

Ashipótesesconsideradasnamodelagemestãoaseguir:

Ø Florestaeconômica:plantiohomogêneodeespéciesdecrescimentorápido(Eucaliptoe

Pinus)parafinscomerciais.Aáreamodeladaéfunçãodademandapormadeiraparafins

energéticos,parapapelecelulose,edetaxasdecrescimentodossegmentosdemadeira

industrializada (serrados e compensados), painéis de madeira e pellets. Além disso,

incluiu-seumaáreaadicionalparaaproduçãodestinadaàexportação;

Ø SistemaSilvipastoril:sistema integradodepecuáriabovinaeeucalipto.Osistemade

integraçãosimuladoadotaumahipóteseconservadora,não incluindoa lavoura(Plano

ABCpara2020em2030comtaxadecrescimentoanualestendidaaté2060);

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Ø RestauraçãodeFlorestaNativa:objetivoderecomporopassivoflorestalnosbiomas

Amazônia,Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampas e Pantanal a partir de 2020: 21

milhõesdehectaresalcançadosem2060(potencialestimadoporSoaresFilho,2013);

Ø Conservaçãoflorestalemáreasprivadasdesmatáveis:considerou-seque,em2060,

todaaáreademandadaparaaconstituiçãodeCotasdeReservaLegal-CRA(4,7Mha)seria

atendida, conforme estimativa do estudo de Soares Filho et al., (2016) e Rajão et al.,

(2015);

Ø Reduçãododesmatamento:NaAmazônia,desmatamento(inclusive legal)chegariaa

zero em2060.NoCerradoa reduçãoda taxa anualdedesmatamento éde97,5%, em

relaçãoaoperíodo1996-2005,ousejaaáreaanualdesmatadaseriade39,2milha,em

2060;

Ø Incremento de Carbono em Unidade de Conservação e Terras Indígenas com

incorporaçãodenovasáreasapartirde2030:em2060chega-sea72%daáreade

florestaspúblicasnãodestinadasnoBrasil(51,8Mha);

Ø SistemadePlantioDireto:após2020, considera-sequeo SPDestará implantadoem

100%daáreaadicionaldesoja,milhoearroz;

Ø FixaçãoBiológicadeNitrogênio:FBNadotadaem100%daáreadesojae30%dasáreas

demilho,arroz,feijão,trigoecanadeaçúcarjáapartirde2020,mantendo-seassimaté

2060;

Ø Melhoriadaspráticasagropecuárias:

• Aumentopaulatinodataxamédiadelotação:de1,22para2,5cabeças/ha,em2060

(emáreasrecuperadasqueatingem60Mha);

• Reduçãopaulatinadaidademédiadeabate:de37para27meses,em2060;

Ø TratamentodeDejetosdeSuínos:metadoPlanoABCpara2020temalcancedobrado

em2060.

2.2. AplicaçãodasMedidasdeMitigaçãoATabela3apresentaaevoluçãodoníveldeaplicaçãodasmedidasdemitigaçãoaolongo

doperíodode2010a2060,deacordocomashipótesesdescritasnoitemanterior.

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Tabela3. MedidasdemitigaçãoesuaaplicaçãonosetordeAFOLU

MedidasdeMitigaçãoNíveldeaplicaçãodasmedidas

2010 2020 2030 2040 2050 2060ExpansãodeFlorestaEconômica(Mha)(incluipellets) 6,5 6,6 9,1 12,3 15,3 18,5

Sistemassilvopastoris-IntegraçãoPecuáriaFloresta-IPF(Mha) 0 1,2 5,0 6,1 10,5 15,0

RestauraçãodeFlorestaNativa(Mha) 0 1,3 2,4 5,5 13,3 21,0Conservaçãoflorestalemáreasprivadasdesmatáveis(Mha) 0 0,0 0,3 0,7 1,8 4,7

IncrementodeCemUCeTI*(Mha) 191,5 269,2 269,2 286,4 303,6 320,7Recuperaçãodepastagensemelhorianaspráticasagrícolas(Mha) 0 7,8 20,0 40,0 60,0 60,0

SistemadePlantioDireto(Mha) 30,8 39,3 49,5 50,1 50,6 49,8FixaçãoBiológicadeNitrogênio(Mha) 23,3 33,4 52,4 53,9 55,3 56,1TratamentodeDejetosdeSuínos(MilhõesdeM3) 0 0,5 2,4 4,6 6,3 8,1

Mha=milhõesdehectares*UC–UnidadedeConservaçãoeTI–TerrasIndígenas.Fonte:elaboraçãoprópria

Aáreaagrícolatotalsereduzem18%noperíodo2010-2018graçasaganhosdeprodutividade,

ouseja,mantendo-seocrescimentoesperadodaproduçãodosetor,principalmentenapecuária,

reduzindosubstancialmenteaáreadepastagens.Istopermitealiviarapressãosobreafronteira

agrícola,contribuindoparaareduçãodastaxasanuaisdedesmatamento.ATabela4apresentaas

áreasocupadaspelaagricultura.

Tabela4. Evoluçãodasáreasocupadaspelaagricultura(Mha=milhõesdehectares)

Área(Mha) 2010 2020 2030 2040 2050 2060Total 229,4 228,1 233,1 219,8 184,1 188,4

CulturasAgrícolas 51,2 56,0 65,1 67,3 66,9 66,5Pastagens 171,7 164,3 155,9 134,2 94,39 94,39

FlorestasEconômicas* 6,5 7,8 12,1 18,3 22,8 27,5

*Incluiáreadeflorestahomogêneaparafinscomerciaiseáreadeflorestasemintegraçãolavoura-pecuária-floresta.Fonte:elaboraçãoprópria

2.3. EmissõeseremoçõesdeGEEAreduçãodasemissõestotaisdeGEEdosetordeAFOLUnoperíodoanalisadoéatribuída

principalmenteàMudançadeUsodoSoloeFlorestas.Asprincipaisfontesdeemissãodosubsetor

deMudançadeUsodaTerraeFlorestassãoaperdadebiomassadevidoaodesmatamentoea

conversãodeumusodaterraemoutrousodaterra(trocadecultivos,porexemplo).Poroutro

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lado,asmaioresremoçõesnestesetorocorremprincipalmentegraçasàmanutençãodoestoque

decarbonoemáreasprotegidaseàrecomposiçãodavegetaçãonativa.

Asremoções totaisdaMudançadoUsodaTerraeFlorestaspassamasersuperioresàs

emissõesbrutasapartirde2030,resultandoemumaemissãolíquidanegativadestesubsetorno

período2030-2060.As remoçõespassama sermais expressivas apartir de2030, quando se

consideraquehaveriaumaumentodeáreasprotegidas,alémdeumamaiortaxadepenetração

dasmedidasdemitigaçãorelacionadasàrestauraçãodeflorestasnativaseexpansãodeflorestas

econômicasplantadasemsistemadeintegraçãopecuária-floresta.Contribuiriamtambémpara

aumentodaremoçãoasmedidasdemitigaçãorelacionadasàexpansãodeflorestasplantadasnão

consorciadasparaproduçãodepelletseaconservaçãoflorestalemáreasprivadasdesmatáveis.

No que se refere ao subsetor de agricultura, as emissões são crescentes até 2030,

apresentandoaseguirumaquedaatéofinaldoperíodo,totalizando500MtCO2eem2060.As

principaisfontesdeemissãosãoafermentaçãoentérica(CH4)eossolosagrícolas(N2O).Observa-

se uma redução nas emissões oriundas da fermentação entérica a partir de 2030, graças à

intensificaçãodarecuperaçãodepastagens,melhoriadaspráticasagropecuáriaseconsequente

reduçãodorebanhobovino,mesmocomaexpansãoprojetadadaofertadecarne.Emmenores

proporções têm-se também como fontes de emissão da agricultura, a atividade demanejo de

dejetos,aqueimaderesíduosagrícolaseocultivodearroz.

Observa-se que a partir de 2050, as emissões totais líquidas de AFOLU passam a ser

negativas, sobretudograçasà reduçãodas taxasdedesmatamento eàsmedidasdemitigação

voltadasparaoaumentodaremoçãodecarbono.

ATabela5eaFigura5apresentamosresultadosdasemissõesdeGEEcalculadasparacadasubsetorde2010a2060.

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Tabela5. EmissõestotaisedossubsetoresdosetordeAFOLUnoperíodo2010-2060(MtCO2e)AFOLU 2010* 2020 2030 2040 2050 2060

Emissõestotais(MtCO2e) 828 598 342 92 -198 -516Agricultura 139 124 122 135 142 144Pecuária 333 371 379 379 370 356Usodaterra(Emissõesliquidas) 355 103 -158 -422 -711 -1.016

EmissõesbrutasdeMUT 1.102 526 377 222 109 37Emissõesbrutasdodesmatamento 484 339 190 78 8

OutrasemissõesbrutasdeMUTeusodecalcário 42 38 33 30 29

RemoçõesdeMUT -747 -423 -535 -645 -819 -1.053Florestaseconômicasnãoconsorciadas

(pelletsnãoincluídos) -33 -39 -49 -60Florestasplantadasparapellets -30 -23 -23 -30

Sistemassilvipastoris(IPF) -13 -20 -29 -33 -32Restauraçãodeflorestanativa -8 -32 -76 -171 -284

Conservaçãoflorestalemáreasprivadasdesmatáveis -7 -17 -45 -115

IncrementodeCemUCeTI* -382 -382 -415 -448 -481Recuperaçãodepastagem -20 -31 -45 -51 -51

*DadosdaIIIComunicaçãoNacional.DevidoàsdiferençasentreasfontesdeemissõeseremoçõesadotadasnaComunicaçãoNacional

enesteestudo,asemissõesbrutaseasremoçõesdeMUTnãosãodetalhadasnoanode2010.

**C=carbono,UC–UnidadedeConservaçãoeTI–TerrasIndígenas.

Fonte:elaboraçãoprópria

Fonte:elaboraçãoprópria

Figura5. EmissõestotaisdosetordeAFOLUnoperíodo2010-2060(MtCO2e)

-1,500

-1,000

-500

-

500

1,000

2010 2020 2030 2040 2050 2060

Emissões de AFOLU (MtCO2e)

AFOLU Mudança de uso da terra e florestas Agricultura

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3. SetordeTransportes1As estimativas de atividade, demanda de energia e emissões de GEE para o setor de

transportes consideraram a evolução da população, do nível de urbanização e de atividade

econômica,alémdasiniciativasdeplanejamentogovernamentalemcursoouanunciadas,comoo

PlanoSetorialdeTransporte eMobilidadeUrbanaparaMitigação eAdaptação àMudançado

Clima(PSTM),oPlanoNacionaldeLogísticaeTransportes(PNLT),oPlanoDecenaldeExpansão

deEnergia(PDE)2026,oPlanoNacionaldeEnergia2050(PNE2050),oRenovaBioeoRota2030,

sucessordoprogramaInovar-Auto.

3.1. Hipóteses Foram propostas medidas de aprofundamento da redução de emissões, com novos

incentivos e investimentos. Para o transporte de passageiros, foram considerados maior

participação do transporte metroviário de passageiros, incentivo ao transporte ativo (não

motorizado),alémdamaiorpenetraçãodeônibusurbanosesemi-urbanoshíbridoseelétricos.

Há também maior utilização de biocombustíveis, como o etanol em veículos com motores a

combustãointerna,enovastecnologiascomoobioqueroseneparaaviação.Comrelaçãoàfrota,

considerou-se um aumento da frota circulante de veículos compartilhados. Automóveis

particularesaetanol,gasolina,oucomtecnologiaflex-fueldeixariamdesercomercializadosna

décadade2040,perdendoparticipaçãonafrotatotal.Emcontraste,haveriaintensapenetração

deveículoscomsistemasdepropulsãoalternativos,comohíbridoseelétricos,quedominariam

asvendasautomotivasaofimdoperíodo.

Paraotransportedecarga,propõe-seabuscapeloequilíbriodadivisãomodalpormeiode

investimentos em infraestrutura epolíticaspúblicas, expansãoe eletrificaçãode ferrovias.No

transporte rodoviário, caminhões leves e semi-leves e médios seriam predominantemente

híbridoseelétricos.Paraotransportedecargadelongasdistâncias,paraoqualautilizaçãode

veículos elétricos plug-in não é viável, a frota de caminhões pesados e semi-pesados seria

progressivamentesubstituídaporveículoshíbridos(diesel/elétrico).Haveriatambémaumento

daeficiêncialogísticaedaparticipaçãodobiodieseleintroduçãodobioqueroseneparaaviaçãoe

dobio-óleoparaotransporteaquaviário.

Ashipótesesconsideradassãosintetizadasaseguir:

1 Esta seção se baseia no Capítulo de Transportes do “Projeto IES-Brasil, 2050 – Cenário 1,5oC” de autoria de Márcio de Almeida D'Agosto, Daniel Neves Schmitz Gonçalves e George Vasconcelos Goes, do Laboratório de Transporte de Carga – LTC da COPPE/UFRJ (D'Agosto, Schmitz e Goes, 2018).

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Ø Ganhosdeeficiênciaenergéticanotransportedepassageirosecarga:deacordocom

olimitemáximoencontradonaliteratura;

Ø Investimentoemferroviasparaotransportedecarga:aumentode10%nadivisão

modalem2060,alémdaeletrificaçãodeferroviasexistentes;

Ø Investimentosemmetrô,VLTetrensurbanos:aumentode4,6%nadivisãomodalem

2060;

Ø Aumentodoníveldeserviçodotransportecoletivo:renovaçãoequalificaçãodafrota

(ônibuseBRT);

Ø Frotacirculante:aumentodafrotadeveículoscompartilhados;

Ø Transporteativo:incentivoaotransportenãomotorizado;

Ø Eficiêncialogística:aumentodaeficiênciadaoperaçãodetransportedecarga;

Ø Transporte aquaviário: expansão do transporte aquaviário de carga por meio de

investimentosepolíticaspúblicas;

Ø Etanol:aumentodamisturadoetanolanidroàgasolinapara27%eaumentodoconsumo

deetanolhidratadoemmotoresflexible-fuel,alcançando90%em2060;

Ø Biodiesel:aumentodamisturadebiodieselnoóleodieselmineralpara30%em2060;

Ø Bioquerosene:aumentodamisturadebioqueroseneaoquerosenedeaviaçãopara20%

em2060;

Ø Bioóleo: aumento da mistura de bioóleo ao óleo combustível para 15% em 2060

(transporteaquaviário);

Ø Automóveiselétricosehíbridos:aumentodafrota,atingindo39%dototaldafrotapara

veículosBEVe45%paraveículoshíbridosem2060;

Ø Ônibus urbanos elétricos: aumento da frota, atingindo 50% do total da frota para

veículosBEVem2060;

Ø Caminhõeselétricosehíbridos:aumentodafrota,atingindo55%dototaldafrotapara

caminhões leves e semi-leves BEV, 15% para caminhões médios BEV e 30% para

caminhõesmédioshíbridosem2060.

3.2. Emissões de GEE

ATabela6apresentaosresultadosdasemissõesdeGEEcalculadasparacadasubsetorde2010a2060.

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Tabela6. EmissõestotaisedossubsetoresdosetordeTransportesnoperíodo2010-2060(MtCO2e)

Setor2010 2020 2030 2040 2050 2060

MtCO2eTransportes 171 192 167 143 122 106Rodoviário 154 177 147 120 96 76Ferroviário 3 3 3 3 3 4Aéreo 10 10 12 13 15 16

Hidroviário 4 3 5 7 8 10

Fonte:apartirdeD'Agostoetal.(2018)

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4. SetorIndustrial2

4.1. Hipóteses

AsemissõesdeGEEdosetorindustrialcompreendemtantooconsumoenergéticoquanto

osprocessos eusodeprodutos industriais (IPPU). Foramanalisadosmaisdetalhadamenteos

setoresindustriaisdemaiorintensidadeenergética:Cimento,Siderurgia,Química,Não-Ferrosos

ePapeleCelulose.Osdemaissetoresforamtratadosdeformaagregada.Hágrandepotencialde

redução de emissões industriais a partir de ganhos de eficiência energética e de melhorias

tecnológicas nos processos e uso de produtos industriais. Para o horizonte de 2060, foram

considerados equipamentos mais eficientes, aperfeiçoamentos no controle dos processos e na

recuperaçãodecalor,usodeaditivosnosegmentodeproduçãodecimento,substituiçãodosgases

fluoradosporgasesdemenorpotencialdeaquecimentoglobal,entreoutrasmedidas.Adicionalmente,

épossívelreduziremissõespelatrocadecombustíveis,comoasubstituiçãodocarvãomineralpor

carvãovegetalnasiderurgiaeadoóleocombustívelporgásnatural,menosintensivoemcarbono,no

setordenão-ferrosos.

Ashipótesesconsideradasparareduçãodaintensidadeenergéticaem2060com relação a

2010 incluem umamiríade de ações pontuais que conjuntamente fornecem uma contribuição

significativaesãosintetizadasaseguir:

Ø Setordecimento:controle e otimização, redução da perda de calor, melhorias no

sistema de combustão e uso de aditivos ;

Ø Ferro-gusa e aço: recuperação de calor residual, drivers de velocidade variável nos BOF,

coke dry quenching, controle da umidade do carvão, recuperação de calor nas fornalhas

de ar quente, injeção de carvão pulverizado, fornos a coque tipo Scope 21, recuperação

de calor sensível do BOF, novos processos e altos-fornos com reciclagem de gás do topo;

Ø Ferroligas: substituição fornos a arco semicobertos por cobertos (20%), recuperação de

CO em gases exaustos, controle avançado, recuperação de calor e geração de

eletricidade e trocadores mais eficientes;

Ø Não-ferrosos: redução da intensidade energética em 2060 com relação a 2010 a partir

de otimização do fluxo de ar da combustão, controle de pressão em fornos, isolamento

em fornos, recuperação de calor, controle de motores e inversores de frequência;

2 Esta seção se baseia no Capítulo de Indústria do “Projeto IES-Brasil, 2050 – Cenário 1,5oC” de autoria de Otto Hebeda (Hebeda, 2018).

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21

Ø Papel e celulose: caldeira auxiliar com controle de processo, caldeira auxiliar com

recuperação de vapor, caldeira auxiliar com retorno de condensado, manutenção da

caldeira auxiliar e modificações no forno de cal.

Ø Cerâmica: recuperação de calor, motores mais eficientes e otimização dos fornos;

Ø Têxtil: otimização do fluxo de ar da combustão, sistemas de recuperação de calor,

recuperação de vapor, novos processos e outras medidas de eficiência;

Ø Mineração e pelotização: motores elétricos mais eficientes, manutenção da frota e

recuperação de calor;

Ø Química: otimização do fluxo de ar da combustão, sistemas de recuperação de calor,

recuperação de vapor e novos processos;

Ø Alimentos e bebidas: manutenção do purgador, melhoria do isolamento, recuperação

do gás de combustão e fornos mais eficientes;

Ø Para outras indústrias: otimização do fluxo de ar da combustão, sistemas de

recuperação de calor, recuperação de vapor e novos processos;

Ø Para outras fontes: substituição de HFCs por refrigerantes de baixo GWP (redução de

99% das emissões), controle de vazamento e recolhimento de SF6 ao fim de vida

(redução de 84% das emissões) e otimização e controle do processo para redução de

emissões de PFCs em 28% (níveis de redução que seriam atingidos em 2060, em relação

a 2010).

4.2. Emissões de GEE ATabela7apresentaosresultadosdasemissõesdeGEEcalculadasparacadasubsetorde

2010a2060.

Tabela7. EmissõestotaisedossubsetoresdosetordeIndústrianoperíodo2010-2060(MtCO2e)

Setor 2010 2020 2030 2040 2050 2060MtCO2e

Indústria 162 160 175 186 200 213Indústria(energia) 71 69 74 82 90 98

Cimento 14 16 16 17 18 20Ferro-gusaeaço 6 6 6 6 6 7Ferro-ligas 0 0 0 0 0 0Mineraçãoepelotização 7 7 10 11 12 13

Nãoferrososeoutrosmetais 5 4 5 5 5 5

Química 14 14 14 17 19 22Alimentosebebidas 6 4 5 6 7 7

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Têxtil 1 1 1 1 1 2PapeleCelulose 4 4 4 5 5 6

Cerâmica 5 5 5 5 5 6Outrasindústrias 8 8 7 8 10 11

IPPU 91 91 101 104 110 115IndústriaMineral 31 30 36 41 47 52Ferro-gusaeaço 39 37 35 36 36 37

Ferroligas 1 1 1 1 1 1Nãoferrososeoutros

metais 4 4 5 5 5 5

Alumínio 3 6 9 10 11 12IndústriaQuímica 4 4 4 5 6 7Produtosdeusonão

energético 1 1 1 1 1 1

HFCseSF6 8 9 9 6 3 0Fonte:ApartirdeHebeda(2018)

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5. OfertadeEnergia3

5.1. Hipóteses Osetordeofertadeenergiacompreendeasemissõesprovenientesdastransformaçõesdo

setorelétricoedoconsumodeenergiapeloprópriosetorenergético,alémdasemissõesfugitivas

edegasesnão-CO2dascarvoarias(transformaçãodalenhaemcarvãovegetal).Graçasaoenorme

potencial competitivo de fontes renováveis para geração elétrica no país (hidroeletricidade,

biomassa, eólica e solar), considerou-se que todas as termelétricas com fonte primária não-

renovável (exceto nuclear) seriam descomissionadas até 2060. Haveria menor geração de

eletricidade a partir de derivadosde petróleo e carvãomineral, enquanto a utilização de gás

naturalcomofontedecalornaindústriaaindaseriacrescente.Aofertadebiocombustíveisseria

consistentecomademandadosetordetransportebemcomocomasáreasagrícolasdestinadas

aocultivodasrespectivasmatériasprimas(cana-de-açúcar,sojaeoutras).

Medidasdeeficiênciaenergéticadeveriamserimplantadasemtodosossetoresdeconsumo

deenergia.Entretanto,devidoàtendênciademaioreletrificaçãodaeconomia,inclusivenosetor

detransportes,haveriamaiordemandaporenergiaelétrica.Assim,haveriaexpansãodefontes

renováveis intermitentes, como eólica e solar fotovoltaica (tanto na forma distribuída como

centralizada).Agarantiadeenergiafirmeseriaasseguradapelasfonteshidrelétrica,termelétrica

a bagaço de cana-de-açúcar e a biomassa florestal, e solar heliotérmica. Adicionalmente,

considerou-seacontinuidadeeoaprofundamentodemelhoriasnocontroledeemissõesfugitivas

nosetordeexploraçãodepetróleoegásnatural,seguindoasmelhorespráticasinternacionais.

Ashipótesesconsideradassãosintetizadasaseguir:

Ø Projeçãodepetróleoegás:extraçãode7,7milhõesdebarris/diaem2060;

Ø Fontesfósseisnosetorelétrico:nenhumaparticipaçãodefontesnãorenováveis

em2060,excetodeautoproduçãoenuclear;

Ø Usinasnucleares:AngraIchegaaofimdavidaútilaolongodohorizonte.Em2060,

apenasasusinasAngraIIeIIIsemantêm(2,7GW);

Ø Renováveis no setor elétrico: hidrelétricas com expansão moderada, maior

diversificação(eólicas,solaresfotovoltaicaseheliotérmicas),maistermelétricasa

biomassa(bagaçoeflorestaplantada),compensandoausênciadeUTEfósseis;

Ø Produçãodeetanol:produçãototalde44,6bilhõesdelitrosem2060;

3 Esta seção se baseia no Capítulo do Setor Energético do “Projeto IES-Brasil, 2050 – Cenário 1,5oC” de autoria de Amaro Olímpio Pereira Jr. e Gabriel Castro (Pereira Jr. e Castro, 2018).

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Ø Emissõesfugitivas:medidasparareduçãodeemissõesfugitivasnosetordeE&P

depetróleoegásnatural

5.2. Emissões de GEE

ATabela8apresentaosresultadosdasemissõesdeGEEcalculadasparacadasubsetorde

2010a2060.

Tabela8. EmissõestotaisedossubsetoresdoSetorEnergéticonoperíodo2010-2060(MtCO2e)

Setor2010 2020 2030 2040 2050 2060

MtCO2eOfertadeEnergia 82 85 96 95 89 81EnergéticoAmplo 61 60 68 63 55 47

ConsumodoSetorEnergético 24 27 31 33 36 39

Transformações 37 33 37 30 19 8CentraisElétricas 37 32 37 29 18 7

Carvoarias 1 0 1 1 1 1EmissõesFugitivas 20 25 28 31 33 34

E&P 10 14 16 19 20 20Refino 7 9 10 10 11 11Carvão 3 3 2 3 3 3

Fonte:ApartirdePereiraJr.eCastro(2018)

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6. SetordeResíduos4

6.1. HipótesesConsiderou-seareduçãodadestinaçãoinadequadaderesíduos,comoprevistonaPolítica

NacionaldeResíduosSólidos(PNRS)enaPolíticaNacionaldeSaneamentoBásico(PNSB),além

demaiorestaxasdereciclagemecompostagemempequenascidades.Apesardasemissõesde

GEEdestesetornãoseremsignificativasnototaldopaís,algunsmétodosdedisposiçãofinale

tratamentoderesíduosdeformaadequadaemanambiogás,ensejandograndesemissõesdeGEE,

oquepoderiaacarretarumaumentosubstancialdasemissõesfuturasdosetor.

Paraevitarisso,haveriaumaumentodacapacidadedecoletaequeimadebiogásoriundo

de aterros (formado principalmente pormetano), e também o aproveitamento do biometano

produzido pelo enriquecimento do biogás e substituição do gás natural utilizado em usinas

térmicasparageraçãodeeletricidadeoucomocombustívelveicular,oquepoderiacontribuir

para reduzir as emissões do setor energético. Adicionalmente, nas duas maiores regiões

metropolitanasdopaís,SãoPauloeRiodeJaneiro,seriamutilizadastecnologiasdetratamento

térmico e biológico de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) já dominantes em países avançados,

associadasaoencerramentodefinitivodosaterrossanitários(apartirdotérminodesuasvidas

úteis).

Analogamente, para esgotos domésticos haveria maior aproveitamento do biometano

geradonasEstaçõesdeTratamentodeEsgoto(ETEs).A indústria tambémcontribuiriacoma

reduçãodasemissõesdotratamentodeefluentes,atravésdoincrementodacapturadebiogáse

produçãodebiometanoparageraçãoeconsumoprópriodeeletricidade.

Ashipótesesconsideradassãosintetizadasaseguir:

Ø Resíduos sólidos urbanos: universalização da coleta a partir de 2030 com

aumentodadisposiçãofinalematerrossanitáriosalcançando70%dototalcoletado

em2060.Ao finaldoperíodo,nosaterroshaveriadestruiçãode45%dometano

geradoeaproveitamentoenergéticode20%;dosresíduoscoletados,aincineração

de RSU com geração de eletricidade alcançaria 8,2% e a biodigestão 10,3%.

Unidadesdecompostagemaeróbiaseriamimplantadasemcidadescommenosde

100 mil habitantes (6,9% do total de resíduos coletados em 2060). A taxa de

reciclagemseriaseisvezesmaiorem2060doqueem2015.

4 Esta seção se baseia no Capítulo do Setor de Resíduos do “Projeto IES-Brasil 2050 – Cenário 1,5oC” de autoria de Saulo Machado Loureiro e Tairini Pimenta Oliveira (Loureiro e Oliveira, 2018).

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Ø Tratamentodeesgotoseefluentes:oníveldecoletadeesgotosalcançaria84%

doesgotogeradoem2060.Destes,47%seriamtratadosemETEs,sendo56%de

forma anaeróbia destruindo 80% do metano que gerariam. O tratamento de

efluentesindustriaisemETEsanaeróbiasalcançaria55%dototalgerado,em2060.

TaisETEscapturariammetanoparausoenergético.

6.2. Emissões de GEE

ATabela9apresentaosresultadosdasemissõesdeGEEcalculadasparacadasubsetorde

2010a2060.

Tabela9. EmissõestotaisedossubsetoresdoSetordeResíduosnoperíodo2010-2060(MtCO2e)

Setor2010 2020 2030 2040 2050 2060

MtCO2eResíduos 71 80 76 77 73 65Resíduossólidosurbanoseindustriais 37 48 44 44 40 34

Efluentes 34 32 33 33 32 31Esgotosdomésticos 16 16 18 18 17 15Efluentesindustriais 17 16 15 15 16 16

Fonte:ApartirdeLoureiroeOliveira(2018)

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7. EvoluçãodasEmissõesdeGasesdeEfeitoEstufaaté2060Asestimativasrealizadasmostramqueadescarbonizaçãodaeconomiaem2060deverá

estarbaseadanareduçãodrásticadasemissõesdeMudançadeUsodaTerra,quepassariamaser

negativasjáem2030,umareduçãode153%noperíodo2005-2060.Nesseperíodo,asemissões

sereduzemem26%nosetordetransporteseaumentam50%nosetordeIndústria,17%nosetor

deofertadeenergia,10%nosetorderesíduose9%nosetordeAgricultura.Nosdemaissetores

– Residencial, Comercial e Agrícola (demanda de energia) para os quais não foram testadas

medidasdemitigação5,asemissõescrescem13%.

AFigura6apresentaaevoluçãodasemissõestotaisesetoriaisnoperíodo2005-2060.

Fonte:elaboraçãoprópria

Figura6. Evoluçãodasemissõestotaisesetoriaisnoperíodo2005-2060.

5 O potencial de mitigação é considerado bem baixo relativamente aos demais setores.

2005 2010 2020 2030 2040 2050 2060Mudança de Uso da Terra 1,922 355 103 -158 -422 -711 -1,016Agricultura 460 473 496 500 514 512 500Transportes 144 171 192 167 143 122 106Indústria 141 162 160 175 186 200 213Oferta de Energia 69 82 85 96 95 89 81Resíduos 60 71 80 76 77 73 65Outros 45 47 47 49 50 51 51 Emissões Totais 2,841 1,360 1,162 905 643 335 -0

-1,500

-1,000

-500

-

500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

Mt C

O2e

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8. ConsideraçõesFinaisEstetrabalhoconfirmaasconclusõesdeestudosanteriores:

• o potencial de recursos naturais renováveis faz com que os benefícios e

oportunidades da transição para uma economia de baixo de carbono sejam

particularmenteimportantesnocasodoBrasil,quedetémposiçãoprivilegiadade

competitividadeemrelaçãoaosdemaispaíses,nocenáriodeumesforçomundial

paraalcançarosobjetivosdelongoprazodoAcordodeParis(MCTIC/GEF,2016).

• umcenáriodeimplantaçãoplenadaNDCbrasileirapormeiodepolíticaspúblicas

adequadasécompatívelcomumamelhoraacentuadanosindicadoreseconômicos

esociaisdopaís,alémdepropiciarumasignificativareduçãodeemissõesdeGEE,

permitindoocumprimentodoscompromissosassumidospeloBrasilnoAcordode

Paris(ProjetoIES-Brasil2030).

• uma estratégia de desenvolvimento do Brasil no longo prazo compatível com a

limitaçãodoaumentodatemperaturaglobala1,5ºCnãoimplicarianecessariamente

emconsequênciaseconômicasesociaissignificativamentenegativasparaopaís,se

implantadaatravésdepolíticaspúblicasapropriadas(ProjetoIES-Brasil2050).

O cenário desenhado no presente estudo não é o único possível. Existem vários

cenáriospossíveisquepodemedevemserexplorados,dadaagrandeincertezainerenteà

análisedasopçõesemumhorizontedetãolongoprazo(2060).Oprogressotécnicodas

opções de mitigação, a evolução dos comportamentos e as mudanças estruturais nos

padrões de consumo abrem possibilidades ainda mais amplas de uma estratégia de

desenvolvimentodebaixaemissãodeGEEaseremexploradas.Análisesdesensibilidade

sãoportantoessenciaisparaquesepossaavaliarseaviabilidadedaaplicaçãodasmedidas

adicionaisdemitigação identificadasneste estudo semanteriamesmo que importantes

parâmetrosparaamodelagem,comoatrajetóriadopreçodopetróleo,variemnohorizonte

estudado.

Asimplicaçõesmacroeconômicasesociaisdatransiçãoparaumaeconomiadebaixo

carbono dependem não só dos custos das opções de mitigação, mas também dos

instrumentosusadospara viabilizar sua adoção: econômicos, financeiros, de comandoe

controle, ou uma mistura deles. Para viabilizar o ambicioso cenário aqui desenhado, é

crucial adotar uma precificação das emissões de GEE, sinalizando para os agentes

econômicosovalordareduçãodesuasemissões,atravésdeumataxadecarbono,e/oude

outrosinstrumentos,comoummercadodecotascomercializáveisdeemissõesdeGEE,e

condiçõesfavorecidasdecréditoparaosprojetosdemitigação.Estasquestõesdevemser

consideradasempróximosestudossobreotema.

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