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Page 1: Relatório de Estágio - Repositório Aberto · 2021. 2. 9. · Relatório de Estágio | Diana Oliveira 1 Parte I – Atividades desenvolvidas na Farmácia do Calendário 1. Introdução
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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia do Calendário

Setembro-outubro de 2019 e janeiro-fevereiro de 2020

Diana Lopes Oliveira

Orientador: Dr.ª Marta Pinto

Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Carmo

Abril de 2020

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III

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro

curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores

(afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e

encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com

as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio

constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de abril de 2020

Diana Lopes Oliveira

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IV

Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer aos profissionais da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto pela instrução que me transmitiram durante o meu percurso

académico. Um agradecimento especial à professora Helena Carmo pela sua disponibilidade

e orientação, durante o meu estágio, no desenvolvimento dos projetos e relatório.

Em segundo lugar, agradeço à Comissão de estágios, pela oportunidade de estagiar numa

farmácia comunitária, que foi essencial para concluir a minha formação como estudante. Com

este estágio, pude colocar em prática os fundamentos teóricos apreendidos na faculdade e

vivenciar o quotidiano da profissão.

Em terceiro lugar, a toda a equipa de farmácia que me recebeu de braços abertos e que me

fez sentir que fazia parte da organização, em especial a Dr.ª Alexandra Esteves e a Dr.ª Marta

Pinto, Diretora Técnica e Farmacêutica Adjunta, respetivamente. Sinto-me grata pelo seu

apoio e pelos contributos para o esclarecimento das dúvidas que me surgiam durante o

estágio.

Por último, à minha família, que esteve sempre ao meu lado e que me apoiou

incondicionalmente, tornando possível a minha chegada a esta etapa final.

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V

Resumo

O meu percurso académico no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas fica concluído

com um estágio de seis meses.

Este relatório descreve todas as atividades realizadas na Farmácia do Calendário durante

esse período e está dividido em duas partes. Uma primeira com a descrição da farmácia e

das atividades realizadas neste espaço e uma segunda com os temas dos dois projetos que

realizei neste período.

O projeto com o tema “Gripe e constipação” foi o 1º projeto, realizado em outubro, com o

objetivo de fornecer informação aos utentes sobre estas patologias. O projeto consistiu numa

recolha de respostas a um inquérito feito por mim, dentro da farmácia e nas redes sociais da

mesma, bem como à elaboração de um panfleto que foi distribuído na farmácia. Os utentes

aderiram bem na resposta ao inquérito, pelo qual obtive 166 respostas válidas. A maioria dos

utentes dizem saber distinguir entre estas duas doenças, mas nem sempre respondiam de

forma mais acertada. Com as respostas recolhidas pode-se constatar que existe uma grande

percentagem de pessoas mal informadas em relação à transmissão e ao uso de antibióticos

no tratamento para estas doenças.

O tema do 2º projeto é “Doenças da pele”, realizado em fevereiro, com o propósito de formar

a equipa da farmácia sobre algumas das doenças de pele mais frequentes: acne, rosácea,

dermatite seborreica, dermatite atópica e dermatite de contacto. Para isso, elaborei um guia

para entregar à equipa da farmácia e apresentei-o utilizando o computador como suporte. A

apresentação foi bem sucedida e os colaboradores da farmácia gostaram bastante do guia.

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VI

Índice Agradecimentos ................................................................................................................... IV

Resumo ................................................................................................................................. V

Índice de tabelas ................................................................................................................... X

Índice de gráficos .................................................................................................................. X

Índice de anexos ................................................................................................................... X

Lista de abreviaturas ............................................................................................................ XI

Parte I – Atividades desenvolvidas na Farmácia do Calendário .......................................1

1. Introdução ..........................................................................................................................1

2. A Farmácia do Calendário ..................................................................................................1

2.1 Localização e Horário de funcionamento ......................................................................1

2.2. Características dos Utentes .........................................................................................2

2.3. Infraestruturas .............................................................................................................2

2.3.1. Espaço exterior .....................................................................................................2

2.3.2. Espaço interior ......................................................................................................2

2.4. Recursos Humanos .....................................................................................................3

3. Gestão na Farmácia Comunitária .......................................................................................4

3.1. Sistema informático .....................................................................................................4

3.2. Realização de encomendas .........................................................................................5

3.3. Receção de encomendas ............................................................................................6

3.4. Armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos .....................................7

3.5. Devoluções ..................................................................................................................8

3.6. Gestão de stocks .........................................................................................................8

3.6.1. Prazos de validade ...............................................................................................9

4. Dispensa de Medicamentos e outros Produtos ...................................................................9

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ...................................................................9

4.1.1. Validação de prescrições médicas ......................................................................10

4.1.2. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos..................................................12

4.1.3. Regimes de Comparticipação .............................................................................12

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VII

4.1.4. Receituário e Faturação ......................................................................................13

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica .............................................................14

4.3. Outros produtos .........................................................................................................15

4.3.1. Medicamentos e Produtos de uso Veterinário .....................................................15

4.3.2. Dispositivos médicos ..........................................................................................15

4.3.3. Produtos cosméticos e de higiene corporal .........................................................16

4.3.4. Suplementos Alimentares ...................................................................................16

4.3.5. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil .......................................17

5. Prestação de cuidados de saúde ......................................................................................17

5.1. Determinação da pressão arterial ..............................................................................17

5.2. Medição de parâmetros bioquímicos .........................................................................18

5.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis ...............................................18

5.4. VALORMED ..............................................................................................................18

5.5. Consultas de nutrição, podologia, audiologia, depilação a laser e radiofrequência ....19

6. Formações .......................................................................................................................19

7. Imagem e comunicação....................................................................................................20

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia do Calendário .......................................20

Projeto I – Gripe e Constipação ............................................................................................20

1. Enquadramento do projeto e objetivos .......................................................................20

1.1. Gripe ...................................................................................................................20

1.1.1. Glicoproteínas do vírus influenza .................................................................21

1.2. Constipação ........................................................................................................22

1.2.1. Patogénese da infeção por rinovírus............................................................22

1.3. Sintomas da gripe e constipação ........................................................................22

1.4. Transmissão .......................................................................................................23

1.5. Medidas de prevenção........................................................................................23

1.6. Vacina da gripe ...................................................................................................24

1.7. Tratamento .........................................................................................................25

1.8. Medidas não farmacológicas ..............................................................................26

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VIII

2. Métodos .....................................................................................................................26

3. Resultados .................................................................................................................26

4. Discussão e conclusão ..............................................................................................28

Projeto II – Doenças de pele ................................................................................................29

1. Objetivo e estratégia de intervenção na farmácia .........................................................29

1.1. Acne vulgar .........................................................................................................29

1.1.1. Fisiopatologia ..............................................................................................29

1.1.2. Etiologia .......................................................................................................30

1.1.3. Tratamento ..................................................................................................30

1.1.3.1. Terapias tópicas ......................................................................................30

1.1.3.2. Terapias sistémicas ................................................................................31

1.1.3.3. Cuidados da pele ....................................................................................31

1.2. Rosácea .............................................................................................................32

1.2.1. Fisiopatologia e etiologia .............................................................................33

1.2.2. Medidas gerais ............................................................................................33

1.2.3. Tratamento ..................................................................................................33

1.2.3.1. Terapias tópicas ......................................................................................33

1.2.3.2. Terapias sistémicas ................................................................................33

1.3. Dermatite Seborreica ..........................................................................................34

1.3.1. Apresentação clínica ...................................................................................34

1.3.2. Fisiopatologia ..............................................................................................34

1.3.3. Tratamento ..................................................................................................35

1.3.3.1. Couro cabeludo.......................................................................................35

1.3.3.2. Corpo e face ...........................................................................................35

1.3.4. Medidas gerais ............................................................................................36

1.4. Dermatite atópica ................................................................................................36

1.4.1. Fisiopatologia ..............................................................................................36

1.4.2. Apresentação clínica ...................................................................................36

1.4.3. Tratamento ..................................................................................................37

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IX

1.4.4. Medidas gerais ............................................................................................37

1.5. Dermatite de contacto .........................................................................................38

1.5.1. Dermatite de contacto irritante .....................................................................38

1.5.2. Dermatite de contacto alérgica ....................................................................38

1.5.3. Tratamento ..................................................................................................39

2. Métodos .....................................................................................................................39

3. Discussão e conclusão ..............................................................................................40

Referências ..........................................................................................................................41

Anexos .................................................................................................................................45

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X

Índice de tabelas

Tabela 1 - Atividades desenvolvidas durante o período de estágio na Farmácia do Calendário.

...............................................................................................................................................1

Tabela 2 - Equipa da FdC ......................................................................................................4

Tabela 3 - Formações a que assisti durante o meu estágio. .................................................20

Tabela 4 - Diferença entre a constipação e a gripe...............................................................23

Tabela 5 - Resultados obtidos no inquérito ...........................................................................27

Índice de gráficos

Gráfico 1 - Resultados da pergunta "Sabe distinguir entre as duas doenças?".....................27

Gráfico 2 - Resultados da pergunta "Todas as pessoas devem ser vacinadas contra a gripe?"

.............................................................................................................................................28

Índice de anexos

Anexo 1 – Imagem e comunicação.......................................................................................45

Anexo 2 - Inquérito sobre a gripe e a constipação ................................................................46

Anexo 3 - Panfleto da gripe e da constipação ......................................................................47

Anexo 4 - Algoritmo de tratamento para acne vulgar para adolescentes e adultos jovens. ...49

Anexo 5 - Diagnóstico diferencial de dermatite seborreica. ..................................................50

Anexo 6 - Guia sobre as doenças da pele ............................................................................50

Anexo 7 - Apresentação sobre as doenças da pele. .............................................................51

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XI

Lista de abreviaturas

FdC Farmácia do Calendário

PCHC Produtos cosméticos e de higiene corporal

Sifarma MA Sifarma - Módulo de Atendimento

CNP Código Nacional do Produto

PVP Preço de Venda ao Público

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

SNS Sistema Nacional de Saúde

MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Exclusiva em

Farmácia

HA Hemaglutinina

NA Neuraminidase

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

1

Parte I – Atividades desenvolvidas na Farmácia do Calendário

1. Introdução

O meu estágio profissionalizante realizou-se na Farmácia do Calendário (FdC), em Famalicão,

de 1 de setembro a 31 de outubro de 2019 e 2 de janeiro de 2020 a 29 de fevereiro de 2020,

sob a orientação da Dr.ª Marta Pinto. Durante todo o período, cumpri um horário de 8 horas

diárias, isto é, 40 horas semanais. A seguir será descrito, em primeiro lugar a farmácia e as

atividades realizadas neste espaço (Parte I) e, por último os projetos que desenvolvi na FdC

(Parte II), como se pode verificar na tabela 1.

Tabela 1 - Atividades desenvolvidas durante o período de estágio na Farmácia do Calendário.

Parte I - Atividades desenvolvidas

setembro outubro janeiro Fevereiro

Armazenamento e reposição de produto

X X X X

Receção e conferência de Encomendas

X X X X

Atendimento supervisionado X

Atendimento autónomo X X

Medição de parâmetros Bioquímicos/físicos

X X X X

Formações X X

Imagem e comunicação X X X X

Parte II- Projetos

setembro outubro janeiro Fevereiro

Projeto 1 “Gripe e constipação” X

Projeto 2 “Doenças da pele” X

2. A Farmácia do Calendário

2.1 Localização e Horário de funcionamento

A farmácia do Calendário localiza-se na Avenida de França, 1361, Loja 1, na União de

Freguesias de Vila Nova de Famalicão e Calendário, código postal 4760-282 Vila Nova de

Famalicão. Está próximo do centro da cidade, do centro de saúde, da Clínica Vale do Ave

(CLIAVE), de agrupamentos de escolas e da estação de comboios.

O horário semanal de atendimento ao público é de segunda a sexta das 8:30h às 21:00h,

sábado das 9:00h às 20:30h e domingo e feriados das 9:00h às 13:00h. Quando a FdC é a

farmácia de turno, as portas encerram às 23:00h e o atendimento ao público continua através

de guichet para o efeito.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

2

2.2. Características dos Utentes

Devido ao seu horário alargado e à sua proximidade com os estabelecimentos indicados no

ponto anterior, a FdC é uma farmácia muito movimentada. Grande parte dos utentes da FdC

são clientes habituais e são idosos.

2.3. Infraestruturas

A FdC cumpre com o descrito na Norma geral sobre as infraestruturas e equipamentos, do

Manual de Boas Práticas de Farmácia Comunitária, aprovada e emitida no dia 29 de abril de

2015 pela Ordem dos Farmacêuticos1.

2.3.1. Espaço exterior

No espaço exterior da FdC, encontra-se o símbolo “cruz verde” que permanece iluminado

durante o horário de funcionamento da farmácia, incluindo quando esta está de turno.

O horário de funcionamento da farmácia e as escalas de turno das farmácias do município

que estão em regime de serviço permanente, bem como, a sua localização, estão expostas,

de forma visível, no exterior da farmácia. De acordo com o Manual de Boas Práticas de

Farmácia Comunitária, no espaço exterior da farmácia também se encontra exposto, de forma

visível, o nome da farmácia e da diretora técnica1.

Além disso, na entrada há publicidade a campanhas que decorrem na FdC.

2.3.2. Espaço interior

A FdC tem duas portas de entrada, a porta da frente que é destinada ao público e a porta de

trás que é exclusivamente utilizada pelos funcionários e para a entrada de encomendas.

Existem, essencialmente, 9 áreas distintas no interior da farmácia, sendo elas:

• Área de atendimento ao público: local onde é feita a dispensa de medicamentos e

o aconselhamento farmacêutico. Possui uma máquina de senhas, uma balança, uma

zona de espera com cadeiras e um monitor, 6 balcões de atendimento devidamente

numerados e vários produtos de cosmética e higiene corporal (PCHC), dermofarmácia,

obstetrícia e puericultura, entre outros, expostos ao alcance dos utentes. Atrás dos

balcões ainda há algumas gavetas que contêm certos produtos que são vendidos com

mais frequência.

• Gabinete de atendimento individualizado: área que permite um diálogo privado e

confidencial com o utente. Neste local também são feitas as medições dos parâmetros

bioquímicos (como a glicémia, colesterol, triglicerídeos e ácido úrico), medição da

pressão arterial, administração de injetáveis, furação de orelhas, consultas de nutrição

e os rastreios auditivos.

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3

• Gabinete de estética: área da farmácia onde, semanalmente, são prestados os

serviços de estética (depilação a laser e radiofrequência), com marcação prévia e onde

ocorrem as ações de promoção de várias marcas de dermofarmácia e cosmética.

• Área de armazenamento primário: espaço mais próximo da área de atendimento

constituído por várias gavetas onde os medicamentos são armazenados segundo as

seguintes categorias: éticos (medicamentos de marca), genéricos, xaropes, produtos

de aplicação vaginal, medicamentos de uso veterinário, ampolas bebíveis, gotas,

medicamentos para o tratamento de asma, medicamentos injetáveis, sistemas

transdérmicos e carteiras, enemas, bem como pomadas e solutos. Cada categoria

está organizada por ordem alfabética. Há ainda três armários, sendo um utilizado para

o armazenamento de material de penso, desinfeção e tratamento de feridas e de

outros dispositivos médicos, outro para o armazenamento de leites infantis e outros

produtos alimentícios, e o terceiro para o armazenamento de cremes e outros produtos

de dermofarmácia e cosmética, champôs, produtos de higiene íntima, colutórios,

repelentes de insetos e chás. Nesta área, há também um frigorifico, onde se armazena

produtos termolábeis (por exemplo, a insulina), com uma temperatura compreendida

entre os 2 a 8 ⁰C, controlada por termómetro eletrónico.

• Armazém avançado: localizado no piso inferior, destinado aos stocks de

medicamentos e outros produtos, armazenados em estantes, bem como, de produtos

psicotrópicos e estupefacientes, arrumados num armário. Adicionalmente, neste local,

encontra-se uma área reservada aos medicamentos e produtos para devolução

devido, por exemplo, ao prazo de validade expirado.

• Posto de receção e realização de encomendas: área onde ocorre o processo de

receção das encomendas. Neste espaço, há um local sinalizado para as “banheiras”

e é onde se encontra todo o equipamento necessário para a receção e realização de

encomendas, nomeadamente, um computador, leitor de códigos de barras, impressora

normal, fiscal e de etiquetas, telefone e telemóvel.

• Gabinete da direção técnica: este gabinete é utilizado pela Dr.ª Alexandra Esteves,

Diretora Técnica, para a realização de todas as tarefas inerentes à direção técnica.

• Laboratório: embora exista esta área, todos os produtos manipulados dispensados

na FdC, são produzidos na Farmácia Aliança ou na Farmácia dos Clérigos.

• Instalações sanitárias: esta área encontra-se no piso inferior e é exclusivamente

utilizada pela equipa da farmácia.

2.4. Recursos Humanos

A equipa da farmácia é constituída pela diretora técnica, Dr.ª Alexandra Esteves, pela

farmacêutica adjunta, Dr.ª Marta Pinto, que me orientou durante o estágio, por um

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

4

farmacêutico, quatro técnicos de farmácia e dois técnicos auxiliares de farmácia, como se

observa na tabela 2.

Tabela 2 - Equipa da FdC

Quadro farmacêutico

Diretora Técnica Dr.a Alexandra Esteves

Farmacêuticos Dr.a Marta Pinto

Dr.a Sandra Barroso

Quadro não farmacêutico

Técnicos de farmácia

Alice Campos

Juliana Silva

Ana Faria

Filipa Ribeiro

Técnicos auxiliares de farmácia Renato Couto

Hernâni Carvalho

Com recurso a especialistas e através de marcação prévia, a FdC presta também os seguintes

serviços: consultas de nutrição, depilação a laser e radiofrequência, consultas de podologia e

de audiologia.

3. Gestão na Farmácia Comunitária

3.1. Sistema informático

Quando comecei o meu estágio, o programa informático utilizado na FdC era apenas o

Sifarma 2000®, sendo este, gratuito e desenvolvido pela Glintt (Global Intelligent

Technologies®). É um sistema indispensável para o bom funcionamento da farmácia, porque

é utilizado como auxílio em grande parte das atividades realizadas no quotidiano da farmácia,

nomeadamente, dispensa de medicamentos e outros produtos, faturação, gestão de stocks,

realização de encomendas, reservas faturadas, devoluções e contabilidade.

O Sifarma 2000® ainda ajuda o farmacêutico no bom aconselhamento ao utente, pois contém

um dicionário científico onde é possível aceder facilmente a informações sobre o

medicamento, tais como: a indicação terapêutica do medicamento, precauções na sua

utilização, interações medicamentosas, posologia, entre outros.

A partir do dia 10 de novembro de 2019, a farmácia introduziu o novo módulo do Sifarma, o

Sifarma - Módulo de Atendimento (Sifarma MA), para o qual toda a equipa teve formação.

A partir desse dia, a FdC passou a utilizar ambos os módulos, sendo que o Sifarma MA é

usado, essencialmente, no atendimento e na gestão das reservas, enquanto que o resto das

atividades continuam a ser feitas no Sifarma 2000®.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

5

Durante o meu período de estágio tive a oportunidade de acompanhar a introdução do Sifarma

MA e de usar os dois módulos. O novo módulo ainda tem certas limitações, sendo uma delas

a impossibilidade de aceder ao histórico do utente.

Ao longo da minha experiência no atendimento, pude constatar que esta funcionalidade é

fundamental, visto que, tive que recorrer ao Sifarma 2000®, por diversas vezes, para saber

qual a medicação habitual do utente. A maioria dos utentes prefere manter a medicação que

costuma fazer. Por vezes, também tinha que usar o Sifarma 2000® para realizar certos

descontos dos produtos.

3.2. Realização de encomendas

Os produtos farmacêuticos existentes na FdC são adquiridos via distribuidor

grossista/armazenista ou por compras feitas diretamente aos laboratórios produtores.

Relativamente à primeira forma de aquisição, a FdC trabalha, principalmente, com três

distribuidores grossistas, a Cooprofar Medlog, Botelho & Rodrigues, Lda e a Alliance

Healthcare, tendo sido estas as escolhidas depois da consideração de certos fatores, como

as condições financeiras oferecidas, qualidade do serviço, rapidez na entrega, bem como, a

flexibilidade quanto à realização de devoluções. Desta forma, ao longo do meu estágio tive a

oportunidade de acompanhar os tipos de encomendas seguintes:

• Diárias: que são realizadas duas vezes por dia (final da manhã e ao fim do dia). No

momento em que um produto atinge o nível mínimo de stock é sugerido, pelo Sifarma

2000®, a encomenda deste e a quantidade sugerida é o valor necessário para atingir

o stock máximo. Aquando da realização da encomenda, a pessoa encarregue desta

função analisa as sugestões feitas, tendo em conta o histórico de compras e vendas e

as condições oferecidas, podendo adicionar ou remover produtos. Por fim, a

encomenda é aprovada e enviada ao fornecedor.

Embora não tenha realizado este tipo de encomendas de maneira autónoma, pude

assistir, por várias vezes, à sua realização e esclarecer as minhas dúvidas.

• Instantâneas: Normalmente, realizam-se no momento do atendimento ao público

quando há falta de stock do produto que o utente procura. Nesta situação, é possível

verificar através do Sifarma MA (e no Sifarma 2000®) se o produto está disponível nos

fornecedores, qual é o preço de compra e, ainda, a data e hora prevista para a entrega

do produto na farmácia.

Em 17 de julho de 2015, surgiu o programa Via Verde dos Medicamentos, que é uma

via alternativa de aquisição de medicamentos abrangidos neste projeto, mediante uma

receita médica válida, quando o produto pretendido não existe no stock da farmácia2.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

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Durante o período em que fiz o atendimento ao público houve vários momentos em

que realizei encomendas instantâneas.

• Manuais: que são realizadas, por via telefónica ou via online. Geralmente, para

produtos específicos dos quais se desconhece o código nacional do produto (CNP) ou

para produtos esgotados. Este tipo de encomenda não fica registado no sistema

informático, por isso, antes de realizar a receção desta, é necessário criar uma

encomenda manual no Sifarma 2000®.

As encomendas feitas diretamente aos laboratórios - encomendas diretas - têm,

normalmente, o objetivo de adquirir maiores quantidades de produtos com melhores

condições económicas.

3.3. Receção de encomendas

Os produtos que chegam à farmácia encontram-se dentro de contentores próprios, as

“banheiras”, que estão seladas e identificadas com o nome da farmácia para onde se destinam

e o nome do fornecedor. As banheiras são depositadas na zona assinalada para este efeito.

De seguida, um membro da equipa da farmácia confirma se o número de volumes que foi

entregue corresponde ao número de volumes que a guia de remessa apresenta e, se assim

for, rubrica a guia para confirmar a entrega da encomenda.

As encomendas que chegam em caixas de cartão seladas e devidamente identificadas,

normalmente contêm os produtos de dermofarmácia e cosmética provenientes diretamente

dos respetivos laboratórios.

No momento de realizar a receção da encomenda, o primeiro passo é encontrar a fatura numa

das banheiras da encomenda. De seguida, faz-se o registo dos produtos no sistema

informático. Na FdC, as receções das encomendas são realizadas utilizando o Sifarma 2000®,

tendo sido este o programa que usei quando fiz receção de encomendas e não o Sifarma MA.

Se não houver registo da encomenda no sistema informático, em primeiro lugar, tem que se

criar uma encomenda manual com os produtos listados na fatura. Existindo esse registo,

pode-se iniciar a receção propriamente dita.

Primeiramente, introduzia a identificação da fatura e o valor total faturado. Posteriormente

registava todos os produtos recebidos da encomenda através do scanner, no entanto, em

alguns destes produtos esta forma de registo não era válida sendo necessário digitar o CNP.

Para cada produto que registava também confirmava o prazo de validade, introduzindo essa

data no Sifarma 2000® quando não havia stock do produto ou quando o prazo de validade

fosse menor. Por fim, conferia se os Preços de Venda Faturados eram iguais aos indicados

na fatura, corrigindo aqueles que não estavam de acordo.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

7

Outro parâmetro importante a ter em conta é o Preço de Venda ao Público (PVP). No caso

dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e outros produtos em que o preço

consta na cartonagem é crucial que este preço corresponda ao PVP (no Sifarma 2000®).

Quando estes não estavam de acordo e não existia stock desse produto alterava o valor no

Sifarma 2000®, caso contrário, assinalava as caixas cujo PVP foi atualizado para alertar para

esta situação.

No que se refere aos outros produtos, o PVP é estabelecido pela própria farmácia, tendo em

consideração o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), Preço de Venda Faturado e a

margem comercial.

No final, o valor total faturado e o número de embalagens tinham que corresponder aos que

estavam descritos na fatura. Era ainda necessário registar a identificação da fatura no

sistema, no caso de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, e arquivar a fatura.

Esta tarefa foi uma das quais comecei a efetuar logo no primeiro mês do meu estágio e

constatei que era uma das funções mais fundamentais, pois esta envolve a dinâmica de toda

a farmácia.

3.4. Armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos

Após a receção, é necessário que os medicamentos e produtos farmacêuticos sejam

rapidamente armazenados nos seus respetivos lugares para que seja mais fácil encontrar o

produto pretendido. Estando os produtos arrumados, o tempo de espera dos utentes diminui

consideravelmente.

Os produtos que devem ser conservados no frio (a uma temperatura entre 2º e 8º C) devem

ser os primeiros a serem armazenados, mesmo que ainda não tenham sido registados no

sistema informático para que não fiquem comprometidos.

Os medicamentos e os produtos farmacêuticos são arrumados nas áreas e do modo que

descrevi no ponto 2.3.2., tendo em consideração o princípio FEFO (first expired, first out),

para que os produtos com uma validade mais curta sejam dispensados primeiro e assim evitar

a sua inutilização. Quanto aos produtos sem prazo de validade a arrumação era feita de

acordo com o princípio FIFO (first in, first out). Os medicamentos estupefacientes e/ou

psicotrópicos não são armazenados em conjunto com os outros produtos. São armazenados

num local isolado e sujeitos a maior controlo.

Esta tarefa foi essencial para mim como estagiária e como novo membro na farmácia, porque

ao realizar o armazenamento dos medicamentos e outros produtos ajudou-me a conhecer

melhor a organização da farmácia e a encontrar os produtos com mais facilidade.

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8

3.5. Devoluções

Na farmácia comunitária, a necessidade de realizar devoluções está relacionada com: a

receção de medicamentos ou produtos farmacêuticos não encomendados; quando os

produtos estejam de alguma forma comprometidos, no caso do prazo de validade ter expirado

e sempre que um medicamento é retirado do mercado por ordem do INFARMED, I.P.® ou do

laboratório.

Na FdC existe um local próprio para os produtos que vão ser devolvidos pelos motivos

anteriormente mencionados. Durante o meu estágio tive a oportunidade de assistir e participar

na recolha de lotes de medicamentos contendo Ranitidina existentes na FdC.

As devoluções na FdC são feitas através do Sifarma 2000® no menu “Gestão de Devoluções”

no qual era necessário preencher o nome do fornecedor, data e hora para recolha, a

designação do produto, preço de compra, o motivo da devolução e indicar a fatura de origem.

Por fim, faz-se a comunicação à Autoridade Tributária e ao fornecedor, fazendo a impressão

triplicada da nota de devolução. O distribuidor recolhe os produtos levando juntamente duas

das notas de devolução.

3.6. Gestão de stocks

A gestão de stocks é fundamental para o bom funcionamento de uma farmácia comunitária,

pois esta deve dispor de produtos, em quantidade suficiente, para satisfazer as necessidades

dos utentes. A falta destes produtos pode, por vezes, significar a perda de clientes. No

entanto, é preciso ter atenção para que não haja excesso de um produto se este não é

escoado em tempo útil, pois isto pode causar prejuízo à farmácia.

De forma a controlar o stock, é definido, no sistema informático, um stock mínimo e máximo

para cada produto existente na farmácia. O stock mínimo e máximo são facilmente alterados

e são estabelecidos tendo em atenção vários fatores, tais como: a sazonalidade, o meio onde

a farmácia se insere, o histórico de compras/vendas do produto e as campanhas dos

fornecedores.

Infelizmente, o stock informático nem sempre corresponde à realidade, pois, durante o

atendimento, deparei-me com situações em que, no stock informático, mostrava que tinha um

determinado número de caixas do medicamento, quando essa quantidade não correspondia

à realidade. Nestes casos, registava o erro num formulário para que mais tarde, a pessoa

responsável por esta tarefa, pudesse corrigir.

De forma a reduzir estes erros, devem ser efetuadas contagens físicas periodicamente.

Realizei algumas contagens para certas marcas, como a ISDIN®, Vichy® e Mustela®. E durante

as contagens também tive atenção aos prazos de validade.

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9

3.6.1. Prazos de validade

Os prazos de validade dos medicamentos ou dos produtos de saúde têm que ser controlados

de modo a garantir a segurança, eficácia e qualidade destes. Assim sendo, os prazos de

validade são verificados aquando da receção dos produtos e é também retirada do Sifarma

2000® uma listagem de medicamentos e produtos farmacêuticos cujos prazos de validade

estão próximos de expirar.

Na FdC, os produtos que ainda podem ser escoados são colocados num local próprio, de fácil

acesso à equipa farmacêutica e têm prioridade para serem dispensados. Se estes já não

podem ser dispensados, então são devolvidos ao fornecedor, se for possível, ou são

armazenados num local próprio na FdC (durante 3 anos) e registam-se as quebras dos

medicamentos no sistema informático.

4. Dispensa de Medicamentos e outros Produtos

Atualmente o papel do farmacêutico não se resume apenas à dispensa do medicamento,

como profissionais de saúde que integram o sistema de saúde, as responsabilidades do

farmacêutico incluem o aconselhamento sobre o uso racional e responsável dos

medicamentos, e o acompanhamento dos utentes, bem como outras atividades no âmbito dos

cuidados farmacêuticos3.

Grande parte do meu tempo de estágio incidiu-se no atendimento ao balcão, de início, com

supervisão e depois de forma autónoma. Cada atendimento é diferente do outro, o que me

permitiu experimentar diversas situações que me deram a oportunidade de aprender e

progredir como profissional de saúde.

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Os medicamentos que são dispensados ao público na farmácia comunitária são divididos em

dois grupos de medicamentos, os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e os

medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)4.

Os MSRM são medicamentos que podem ser dispensados pela farmácia somente na

presença de uma receita médica prescrita por um profissional devidamente habilitado a

prescrever medicamentos. Os medicamentos assim classificados, devem cumprir uma das

seguintes condições4:

• A possibilidade de constituir um perigo para a saúde publica, de forma direta ou

indireta, quando são usados sem vigilância médica, mesmo que seja para os fins a

que se destinam, ou usados frequentemente e em quantidade considerável para fins

diferentes daquele a que se destinam;

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10

• Na sua composição inclua substâncias ou preparações cuja atividade e/ou efeitos

secundários necessitem de aprofundamento científico;

• Se destinem a uma administração por via parentérica.

Os MSRM ainda podem ser classificados como: medicamentos de receita médica não

renovável, medicamentos de receita médica renovável, medicamentos sujeitos a receita

médica especial e medicamentos de receita médica restrita4.

4.1.1. Validação de prescrições médicas

Ao longo da minha experiência no atendimento, tive a oportunidade de trabalhar com os três

tipos de prescrições médicas existentes: a receita manual, a receita eletrónica materializada

(em papel) e a receita eletrónica desmaterializada (sem papel).

Receitas manuais

De acordo com a legislação em vigor, a prescrição manual pode ser utilizada em apenas

algumas situações, nomeadamente, na falência do sistema informático, nas prescrições ao

domicílio, inadaptação fundamentada do prescritor devidamente confirmada e validada e

outras situações até um máximo de 40 receitas por mês. É imprescindível o prescritor

assinalar com uma cruz, no canto superior direito da receita, qual das situações se trata5.

Apenas é permitida uma via da receita, sendo que esta tem uma validade de 30 dias. Por isso,

aquando do atendimento, é fundamental verificar a data da prescrição de modo a garantir que

a receita ainda está dentro do período de validade. Para a receita ser válida ainda tem que

incluir a vinheta identificativa do médico prescritor, vinheta identificativa do local de prescrição

(se aplicável), contacto telefónico do prescritor e identificação da especialidade médica,

quando for aplicável5.

No que se refere à identificação do utente, é essencial a receita conter o nome, número do

SNS do utente, número de beneficiário da entidade financeira responsável (se aplicável) e o

regime especial de comparticipação de medicamentos, sempre que aplicável, que é

representado pela letra “R” (pensionista) ou “O” (regime especial com menção ao diploma

legal)6.

O medicamento deve estar identificado pela Denominação Comum internacional da

substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e número de

embalagens. A prescrição pode, em certas situações, incluir a denominação comercial do

medicamento, por marca ou indicação do nome do titular da autorização de introdução no

mercado, tais como: na inexistência do medicamento genérico; prescrição de medicamento

com margem ou índice terapêutico estreito; reação adversa prévia e continuidade de

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11

tratamento superior a 28 dias. Por fim, a assinatura do médico prescritor é obrigatória e

manuscrita5.

Na receita manual apenas podem ser prescritos 4 medicamentos distintos, num total de 4

embalagens ou, no máximo, 2 embalagens por medicamento. As receitas não podem conter

rasuras, nem serem prescritas com caligrafias diferentes, canetas diferentes ou lápis6.

Num atendimento, começava por verificar os pontos mencionados anteriormente e só depois

dava seguimento ao atendimento. Por vezes, sentia dificuldade em compreender qual o nome

do medicamento descrito devido à caligrafia dos médicos.

Receitas eletrónicas

Segundo o artigo 9.º da Portaria 224/2015 de 27 de julho, estes tipos de receitas devem incluir:

número da receita; data de prescrição; local de prescrição ou respetivo código; identificação

do médico prescritor; nome e número do utente; entidade financeira responsável e número de

beneficiário, bem como a referência ao regime especial de comparticipação (se aplicável).

A identificação do medicamento é feita pelos seguintes elementos: Denominação Comum

internacional da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e

número de embalagens. Para situações anteriormente mencionadas, também pode ser

incluído a denominação comercial do medicamento. É ainda necessária a inclusão do código

nacional de prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM) ou outro código oficial

identificador do produto, se aplicável5.

A receita eletrónica materializada, além dos pontos anteriores, ainda necessita da assinatura

do prescritor. Enquanto que, a receita eletrónica desmaterializada necessita da hora da

prescrição e as suas linhas de prescrição devem incluir a menção do tipo de linha, número da

linha, tipo de medicamento ou produto de saúde prescrito e data do termo da vigência da linha

de prescrição5.

As receitas eletrónicas materializadas que contenham medicamentos para tratamentos de

longa duração podem ser renováveis, contendo até três vias que vigoram por seis meses6.

A partir do dia 1 de abril de 2016, tornou-se obrigatório as prescrições das receitas eletrónicas

desmaterializadas em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS)7.

Ambas as receitas eletrónicas, desmaterializada e materializada, contêm um código matriz,

código de acesso/dispensa e o código de direito de opção que permite o acesso à receita

no sistema informático da farmácia. Relativamente à receita desmaterializada, os códigos são

enviados para os utentes por via e-mail ou por mensagem de texto.

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12

Durante o tempo em que estive a fazer atendimento ao balcão pude verificar que as receitas

eletrónicas têm um maior nível de segurança na dispensa dos produtos, pois permite

minimizar os erros humanos. Após ter acedido à receita e ter selecionado os medicamentos

pretendidos pelos utentes, é sempre obrigatório (tanto no Sifarma 2000® como no Sifarma

MA) confirmar os medicamentos e outros produtos de saúde através da leitura do CNP com

o scanner. Quando o produto que estamos a dispensar não corresponder aquele que se

encontra na receita, o sistema informático emite um alerta e dessa forma permite minimizar

os erros.

Outra vantagem destas receitas em comparação com as receitas manuais, é a possibilidade

de levar apenas a medicação que quer no momento e mais tarde pode levantar o resto dos

medicamentos que estão prescritos na receita, desde que ainda estejam dentro da validade.

4.1.2. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Ao longo do meu estágio pude verificar que é dado aos medicamentos estupefacientes e

psicotrópicos uma atenção especial. Além de serem armazenados isoladamente, estes tipos

de medicamentos são sujeitos a dois momentos de controlo rigoroso que tive a oportunidade

de realizar, no momento da receção de encomenda e aquando da dispensa. Na receção,

estes medicamentos vêm sempre acompanhados pela requisição e o seu duplicado, sendo

que a requisição original deve ser, posteriormente, arquivada durante, pelo menos, três anos.

A requisição é datada, assinada e carimbada pelo farmacêutico responsável e, por fim,

reenviada ao fornecedor.

No que se refere à dispensa dos psicotrópicos e estupefacientes, é necessário preencher

dados do doente a quem o medicamento está destinado e os dados da pessoa adquirente,

uma vez que o doente e o adquirente não são obrigatoriamente a mesma pessoa. A

apresentação do documento de identificação é indispensável.

Ao terminar o atendimento é emitido um registo de saída dos medicamentos estupefacientes

e psicotrópicos dispensados que são logo arquivados também por um período de três anos.

Mensalmente, a farmacêutica adjunta envia a listagem de todos os medicamentos

psicotrópicos e/ou estupefacientes que foram dispensados ao longo do mês às autoridades

competentes. Além disso, é feito anualmente o balanço de entradas e saídas deste tipo de

medicamentos na farmácia.

4.1.3. Regimes de Comparticipação

A legislação prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos mediante dois tipos

de regime: o regime geral e o regime especial6.

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13

No que se refere ao primeiro regime mencionado, o Estado comparticipa uma percentagem

no preço do medicamento de acordo com o seu grupo ou subgrupo farmacoterapêutico.

Existem quatro escalões de comparticipação, os escalões A, B, C, e D, cujas percentagens

de comparticipação são de 90%, 69%, 37% e 15%, respetivamente. No escalão D podem ser

incluídos os medicamentos novos ou que estejam num regime de comparticipação transitório8.

Quanto ao regime especial de comparticipação, a comparticipação pode ser efetuada em

função de: beneficiários, patologias ou grupos especiais de utentes e cidadãos estrangeiros

com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal6.

Para os pensionistas do regime especial, o Estado ainda comparticipa uma percentagem

adicional de 5% no escalão A e 15% nos restantes escalões. Caso o medicamento escolhido

tenha o PVP igual ou inferior ao quinto preço mais baixo do grupo homogéneo, a

comparticipação do Estado é de 95% para o conjunto dos escalões9.

A comparticipação de medicamentos utilizados no tratamento de algumas patologias ou por

grupos especiais de utentes é definida por despacho do membro do Governo responsável

pela área da saúde6.

Os cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal têm

acesso gratuito ao SNS para efeitos de cuidados de urgência, de cuidados de saúde primários

e de assistência medicamentosa na área de residência6.

O regime de comparticipação ainda abrange outros produtos, tais como: certos medicamentos

manipulados, em que a comparticipação é de 30%; produtos destinados ao autocontrolo da

diabetes mellitus, com comparticipação de 85% nas tiras-teste e 100% nas agulhas, seringas

e lancetas. Os produtos dietéticos com caracter terapêutico são comparticipados a 100% se

forem prescritos no Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães ou nos centros de

tratamento dos hospitais protocolados com o Instituto. Relativamente à comparticipação das

câmaras expansoras e dispositivos de apoio a doentes ostomizados e/ou com incontinência/

retenção urinária, a comparticipação é de 80% do PVP (não podendo exceder 28€ e limitada

a uma câmara expansora, independentemente do tipo, por utente, por cada período de um

ano) e de 100% do PVP, respetivamente6.

Alguns utentes também podem beneficiar de regimes complementares através de

subsistemas de saúde públicos (por exemplo, a ADSE) ou privados10.

4.1.4. Receituário e Faturação

Como já foi mencionado no ponto anterior, existem regimes de comparticipação que permitem

aos utentes pagar à farmácia apenas uma percentagem dos PVP de certos medicamentos.

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14

Por isso, é importante haver controlo de receituário e faturação para permitir que as farmácias

recebam a percentagem correspondente à comparticipação.

Para efeitos de faturação, as farmácias têm que enviar mensalmente para o Centro de

Controlo e Monitorização do SNS (CCM-SNS), um conjunto de informações, tais como: a

fatura (em duplicado), as notas de débito/crédito (em duplicado), a relação resumo de lotes,

os verbetes de identificação de lotes e as receitas médicas11.

As receitas manuais necessitam de serem verificadas e validas pelo farmacêutico responsável

pelo receituário que, no caso da FdC, é a farmacêutica adjunta. Dessa forma, a farmacêutica

adjunta verifica, uma vez por semana, se a receita foi corretamente prescrita, se os

medicamentos dispensados correspondem aos que estão prescritos na receita, se a entidade

de comparticipação foi corretamente aplicada e se a receita está assinada, datada e

carimbada. Os medicamentos que foram efetivamente dispensados ficam impressos no verso

da receita, com o lote, o número da receita, a assinatura do utente e do profissional que

procedeu à dispensa.

De seguida, o responsável pelo receituário agrupa as receitas de acordo com o tipo a que

pertencem e também as organiza em lotes que podem conter até um máximo de 30 receitas.

Finalmente, cada lote que contenha receitas materializadas deve ser devidamente identificado

com o respetivo verbete. No que se refere ao documento de relação resumo de lotes, apenas

é possível apresentar um único documento11.

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) não cumprem qualquer condição

mencionada no ponto 4.1. e na sua dispensa não é necessário a presença de uma prescrição

médica. Os MNSRM destinam-se ao tratamento de problemas de saúde menores e sem

gravidade. A maioria dos MNSRM não são comparticipáveis, pois os MNSRM

comparticipáveis são casos excecionais e têm que ser devidamente justificados por razões

de saúde pública4.

Em 2013, foi introduzida uma subcategoria, os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

de Venda Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF). Os MNSRM-EF podem ser dispensados sem

prescrição médica, no entanto, é essencial a intervenção do farmacêutico e aplicação de

protocolos de dispensa12,13.

Antes de dispensar um MNSRM, quer seja por pedido do utente ou indicação minha,

procurava sempre questioná-lo para quem se destinava o medicamento, quais eram os

sintomas e há quanto tempo estes já estavam presentes. Consoante as respostas do utente,

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15

aconselhava a ida ao médico ou dispensava o MNSRM que considerava adequado para a

situação.

No momento da dispensa tentava sempre fazer todas as advertências necessárias

relativamente ao medicamento (por exemplo, reações adversas e posologia) e aconselhava a

ida ao médico em caso de agravamento ou persistência dos sintomas.

4.3. Outros produtos

4.3.1. Medicamentos e Produtos de uso Veterinário

Segundo o Decreto-Lei n.º 314/2009, de 28 de outubro, o medicamento veterinário é “toda a

substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades

curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser

utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário

ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou

modificar funções fisiológicas”14.

O produto de uso veterinário é a substância ou mistura de substâncias, sem indicações

terapêuticas ou profiláticas que se destinam aos animais no sentido de promover o bem-estar

e estado higiossanitário, coadjuvando ações de tratamento, de profilaxia ou de maneio

zootécnico, designadamente o da reprodução. Também se destinam ao diagnostico médico-

veterinário e ao ambiente que rodeia os animais, designadamente às suas instalações15.

Na FdC, os produtos que mais me solicitaram foram desparasitantes (Eliminal® e Frontline®)

e contracetivos (Pilusoft® e Megecat®).

4.3.2. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos são destinados, pelo fabricante, a ser utilizados em seres humanos

para fins de:

• Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;

• Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de

uma deficiência;

• Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico;

• Controlo da conceção.

E ao contrário dos medicamentos, os fins dos dispositivos médicos não são atingidos por

meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos16.

Dispositivos médicos como canetas de insulina, lancetas e tiras teste para controlo da

glicemia, os testes de gravidez, compressas, pensos e seringas são alguns exemplos de

produtos que tive a oportunidade de dispensar com frequência. As meias de compressão

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16

também são muito solicitadas pelos utentes, que são obtidas, normalmente, por encomenda

após determinação das medidas dos utentes.

4.3.3. Produtos cosméticos e de higiene corporal

Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) abrangem uma grande diversidade de

produtos, porque, segundo Decreto-Lei n.º 296/98, de 25 de Setembro, o PCHC é “qualquer

substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes

superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas,

lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade

de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto e ou proteger ou

os manter em bom estado e ou de corrigir os odores corporais”17.

A FdC trabalha com muitas marcas, tendo uma maior quantidade e diversidade de artigos das

seguintes marcas: Bioderma®, La Roche-Posay®, Caudalie®, Sesderma®, Institut

Esthederm®, Vichy®, Eucerin® e Martiderm®.

Durante o período do meu estágio, os produtos que mais dispensei dentro desta categoria

foram champôs anticaspa, cremes hidratantes de corpo e rosto, produtos de higiene íntima

(Lactacyd®) e produtos de higiene oral (pasta de dentes da Elgydium®). No início do meu

estágio senti dificuldade no aconselhamento dos PCHC, principalmente por causa das

numerosas opções que existiam na farmácia, mas com o tempo fui aprendendo e melhorando

nos aconselhamentos destes produtos.

4.3.4. Suplementos Alimentares

Uma pessoa que tenha um regime alimentar adequado e variado geralmente consegue obter

todos os nutrientes necessários nas quantidades adequadas para ter um bom

desenvolvimento e manter um bom estado de saúde. No entanto, cada vez é mais difícil

alcançar a situação ideal mencionada, essencialmente em consequência do estilo de vida da

população (sedentarismo e maus hábitos alimentares)18. Atualmente, a população tem uma

alimentação pouco variada e recorrem muitas vezes a fast-food.

A fim de complementar as quantidades ingeridas de alguns nutrientes, os consumidores

podem optar pelo consumo de suplementos alimentares. Os suplementos alimentares são

considerados géneros alimentícios, no entanto, não devem ser utilizados como substitutos de

uma dieta variada18.

Estes suplementos alimentares podem oferecer um leque bastante variado de substâncias

nutrientes e outros ingredientes, nomeadamente, vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos

gordos essenciais, fibras e várias plantas e extratos de ervas18.

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Antes da colocação dos suplementos alimentares no mercado é necessário notificar a

Autoridade Competente, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária19.

Na FdC pode-se encontrar uma grande diversidade destes produtos, uma vez que são

bastante solicitados. Alguns dos suplementos que mais dispensei foram: Magnesona®,

Magnoral®, Melamil®, Valdispert Noite®, Cholagutt® A gotas e vários suplementos da

Absorvit®.

Os distúrbios menores de sono e o cansaço físico e/ou mental eram as principais queixas dos

utentes que solicitavam suplementos.

4.3.5. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil

A puericultura é a área que se dedica mais especificamente ao acompanhamento do

desenvolvimento infantil, isto é, à promoção e proteção da saúde e bem-estar das crianças.

A FdC possui muitos artigos desta categoria como: as chupetas, os pratos, as fraldas, os

biberões, as tetinas, os mordedores, entre outros. No que se refere à obstetrícia a FdC dispõe,

por exemplo, de cintas, protetores de mamilos, e bombas de extração de leite.

No período em que estive no atendimento ao balcão dispensei chupetas da Chicco® e da

Suavinex®, biberões da Dr. Brown’s®, protetores de mamilos da Medela® e cintas de

gravidez. Para a nutrição infantil, mais especificamente as papas e leites de fórmula, a FdC

trabalha com as marcas Nutribén®, NAN® e Aptamil®.

5. Prestação de cuidados de saúde

O primeiro local onde as pessoas se deslocam quando têm um problema de saúde,

geralmente, é a farmácia comunitária. Dessa forma, os farmacêuticos, além da dispensa do

medicamento, prestam diversos serviços centrados no utente e nas suas necessidades.

5.1. Determinação da pressão arterial

A determinação da pressão arterial foi um dos primeiros serviços que prestei na FdC. A

determinação da pressão arterial é um método simples e de fácil realização, que pode ser

realizado a qualquer altura do dia, pois não é necessário o jejum. Esta medição foi feita por

mim várias vezes ao longo do meu estágio desde do primeiro mês.

Os utentes solicitam este serviço por variados motivos, como a recomendação do médico para

determinar se é necessária uma intervenção terapêutica ou para avaliar a eficácia terapêutica

do medicamento.

Antes de iniciar a medição tentava promover a descontração do doente, permitindo que este

se sentasse e repousasse por aproximadamente 5 minutos. Geralmente, questionava o utente

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quanto ao motivo que o levou a solicitar a medição, se era hipertenso e se fazia alguma

medicação para a hipertensão arterial. Se, após a determinação da pressão arterial, o valor

fosse elevado, tentava entender se tinha tomado café ou se tinha realizado algum esforço

físico, bem como se tinha dores de cabeça ou se sentia tonturas. Nas situações em que o

utente tinha respondido afirmativamente à minha questão sobre fazer medicação para a

hipertensão, tentava avaliar e promover a adesão à terapêutica. Além disso, aconselhava

algumas medidas não farmacológicas.

5.2. Medição de parâmetros bioquímicos

Na FdC é possível determinar os valores de colesterol, triglicerídeos, glicemia e de ácido úrico.

Em primeiro lugar, aquando da determinação destes valores, informava-me sobre os

problemas de saúde dos utentes, ou seja, se era diabético, se era habitual ter valores elevados

do colesterol, triglicerídeo e/ou ácido úrico. Após a obtenção dos valores, explicava aos

utentes os resultados obtidos comparando-os com os valores de referência. Se os valores dos

parâmetros avaliados fossem elevados tentava aconselhar os utentes sobre os hábitos

alimentares, a importância do exercício físico, bem como a importância da adesão à

terapêutica (se aplicável).

5.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis

A administração de medicamentos e de vacinas não incluídas no Plano Nacional de

Vacinação é outro serviço que pode ser prestado na farmácia comunitária por profissionais

habilitados para o efeito, através da participação em formação específica na área20. A FdC

dispõe de dois farmacêuticos credenciados.

Para cada administração de vacina e medicamentos injetáveis é feito o registo de dados no

Sifarma MA (também é possível no Sifarma 2000), que inclui o nome do utente, a data de

nascimento, o nome da vacina/medicamento, lote, via de administração e a identificação do

farmacêutico que a administrou.

Durante o meu estágio, observei que os anti-inflamatórios, como o Voltaren®, e os relaxantes

musculares, como o Relmus®, eram os medicamentos mais frequentemente administrados

por via intramuscular. Além disso, a vacina da gripe (Influvac® Tetra) foi bastante dispensada

e administrada na FdC.

5.4. VALORMED

A FdC colabora com a Valormed®, uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela

gestão de resíduos das embalagens vazias e dos medicamentos fora de uso, com o propósito

de preservar o ambiente e proteger a saúde pública21. Dessa forma, a FdC possui contentores,

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

19

disponibilizados por esta entidade, que se destinam às embalagens vazias e medicamentos

fora de uso ou que tenham o prazo de validade expirado entregues pela população à farmácia.

Quando os contentores atingem os seus limites máximos de capacidade, são selados e

regista-se no Sifarma2000® a entrega deste aos distribuidores de medicamentos. Também

realizei esta tarefa algumas vezes ao longo do meu estágio.

5.5. Consultas de nutrição, podologia, audiologia, depilação a laser e radiofrequência

A FdC dispõe de profissionais credenciados que realizam outros serviços, tais como:

consultas de Nutrição e Dietética; consultas de podologia; depilação a laser e radiofrequência;

consultas de audiologia.

Todos estes serviços são realizados no gabinete de atendimento individualizado (com

exceção da depilação a laser e radiofrequência). Nesse mesmo gabinete pode-se encontrar

uma balança InBody 270 para uma avaliação corporal. Esta balança é principalmente utilizada

pela Dra. Ana Pedro, responsável pelas consultas de Nutrição e Dietética que ocorrem duas

vezes por semana, mediante marcação prévia. A FdC criou o projeto “Phuturo Saudável”, que

consiste na sinalização de crianças (entre os 5 e 16 anos de idade) com sinais de excesso de

peso ou obesidade, através das parcerias realizadas com as instituições da comunidade,

consulta de pediatria ou na própria farmácia, para uma avaliação física e nutricional. Após

uma avaliação física realizada pela nutricionista da farmácia, é elaborado um plano alimentar

para a criança. É realçada a importância da alteração dos hábitos alimentares numa conversa

com as crianças e os seus encarregados de educação. Também há uma intervenção

farmacêutica, em que o farmacêutico educa e capacita a criança a que faça as melhores

escolhas alimentares.

As consultas de podologia são realizadas pela Dr.a Liliana Rajão, semanalmente, quando há

marcações. As consultas de audiologia ocorrem mensalmente e a suas marcações são da

responsabilidade da Casa Sonotone Audiosom. Por fim, a depilação a laser e radiofrequência

realizam-se uma vez por semana na FdC.

6. Formações

Os membros da FdC participam em muitas formações para se manterem atualizados e para

estarem mais habilitados no aconselhamento dos medicamentos e outros produtos de saúde

disponíveis na farmácia.

Durante o meu período de estágio pude assistir a algumas formações realizadas na farmácia.

Muitas vezes a formação durava apenas alguns minutos em que era apresentado apenas um

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

20

produto (por exemplo, ib-u-ron® gel mentol), mas tive também a oportunidade de assistir a

duas formações com uma duração mais prolongada como está mencionado na tabela 3.

Tabela 3 - Formações a que assisti durante o meu estágio.

Tema Data Duração Local

Esthederm® 23/10/2019 45 min FdC

Sensilis® 17/02/2020 1h30min FdC

7. Imagem e comunicação

Qualquer organização sente a necessidade crescente de comunicar com eficácia, estando

sempre presente nas redes sociais ou noutros meios de comunicação.

Numa farmácia comunitária não há especialistas em comunicação e marketing sendo essa

função atribuída a alguns dos colaboradores que mostrem especial interesse e tenham

alguma aptidão.

Durante o meu estágio, fui encarregada de criar artigos de comunicação e imagem, com o

objetivo de promover atividades ou produtos, para expor na farmácia e para publicar nas redes

sociais. Pode-se observar alguns exemplos no anexo 1.

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia do Calendário

Projeto I – Gripe e Constipação

1. Enquadramento do projeto e objetivos

Durante o meu primeiro mês de estágio na FdC, assisti a vários atendimentos feitos pelos

colaboradores da farmácia e pude constatar que várias pessoas não sabiam distinguir a gripe

da constipação, havendo mesmo quem pensasse que fosse o mesmo problema de saúde.

Além disso, foi-me referido por vários colaboradores que os utentes pediam por diversas

vezes antibióticos quando apresentavam sintomas de gripe ou constipação.

Devido às razões anteriormente mencionadas, bem como, ao facto de no mês de outubro se

iniciar a administração da vacina da gripe, decidi desenvolver um projeto sobre a gripe e

constipação. Com este trabalho tive como objetivo fornecer mais informação sobre estas

doenças aos utentes e esclarecer as suas dúvidas.

1.1. Gripe

A gripe é uma doença aguda, causada pelo vírus influenza e que afeta principalmente as vias

respiratórias22,23. A maior parte dos casos de infeções pelos vírus influenza são autolimitadas

e estão restritas ao trato respiratório superior. No entanto, certos grupos de doentes têm um

risco maior de desenvolver complicações que levam a alta morbilidade e mortalidade24.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

21

As epidemias sazonais, nas regiões com climas temperados, acontecem sobretudo no

inverno. Em regiões tropicais, os surtos são mais irregulares, pois a gripe pode acontecer em

qualquer altura do ano25.

A atividade da gripe, em Portugal, tem sido maior entre os meses de dezembro e fevereiro22.

O período de incubação, ou seja, o tempo entre a infeção e o aparecimento dos primeiros

sintomas é de aproximadamente dois dias, mas pode variar entre um a quatro dias25.

Geralmente, esta doença é de curta duração, com um período de recuperação de uma a duas

semanas22.

Existem três tipos de vírus influenza que são capazes de infetar os humanos, isto é, o tipo A,

o B e o C26.

O principal reservatório dos vírus influenza A são as aves aquáticas selvagens e outras aves,

enquanto que, os humanos são o hospedeiro primário e o reservatório dos vírus influenza B

e C26.

Apenas os vírus influenza A e B causam doença com impacto significativo na saúde humana

e são capazes de causar epidemias sazonais. Os vírus influenza A ainda são responsáveis

por pandemias originadas de infeções zoonóticas26,27.

O vírus influenza C, geralmente, causa uma doença respiratória leve26,27.

1.1.1. Glicoproteínas do vírus influenza

Os vírus influenza pertencem à família Orthomyxoviridae e possui um genoma constituído por

segmentos de RNA26.

Na superfície do vírus encontram-se duas glicoproteínas com funções essenciais ao vírus26:

• Hemaglutinina (HA), uma lectina trimérica;

• Neuraminidase (NA), uma enzima tetramérica.

A HA é responsável pelo primeiro passo no processo que leva a uma infeção produtiva por

vírus, ou seja, a ligação aos recetores. Esta proteína liga-se a recetores específicos que

possuem ácido N-acetilneuramínico (Neu5Ac ou ácido siálico), principalmente em células

epiteliais e mucinas das vias respiratórias humanas. Além disso, a infeção também pode

ocorrer em células alveolares, em monócitos / macrófagos recrutados, células dendríticas e

células B26.

A NA também tem especificidade para o ácido siálico e é responsável por clivar os resíduos

de ácido siálico dos vírus e das glicoproteínas celulares, desse modo permitindo a libertação

dos novos vírus que irão infetar outras células26,27.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

22

Os vírus influenza A são divididos em subtipos de acordo com as combinações de HA e NA.

Atualmente conhecem-se 18 tipos de HA e 11 tipos de NA. Sendo que os subtipos da

influenza A que têm circulado em humanos são: A(H1N1) e A(H3N2). Os vírus influenza B

ainda são classificados em 2 linhagens: as linhagens B / Victoria e B / Yamagata28.

1.2. Constipação

A constipação é uma doença respiratória causada por diversos vírus, dos quais, os rinovírus

são os mais comuns. Além destes, o coronavírus humano, o adenovírus, o vírus sincicial

respiratório, o vírus da parainfluenza humana e o metapneumovírus humano também podem

causar constipações29.

É possível ficar constipado em qualquer altura do ano, no entanto a maioria das infeções

ocorrem na primavera e no inverno e recuperam, geralmente, dentro de 7 a 10 dias30. No

entanto, pessoas com problemas respiratórios, asma ou que tenham um sistema imunológico

enfraquecido podem desenvolver doenças mais graves (por exemplo, pneumonia ou

bronquite)29.

1.2.1. Patogénese da infeção por rinovírus

Os rinovírus ligam-se aos recetores da ICAM-1 (intracellular adhesion molecule 1) no epitélio

da nasofaringe. As células infetadas libertam interleucina-8 (IL-8) que vai estimular a

libertação de mediadores inflamatórios (como as prostaglandinas e cininas) que,

consequentemente, pode levar ao aumento da vasodilatação, da permeabilidade vascular e

da secreção das glândulas exócrinas. Estes processos causam os sintomas clássicos da

constipação, nomeadamente, a rinorreia, os espirros e a congestão nasal31.

1.3. Sintomas da gripe e constipação

A gripe e a constipação têm vários sintomas similares, o que dificulta a distinção entre estas

patologias baseado apenas nos sintomas. Normalmente, os sintomas da gripe são mais

intensos do que os da constipação32. Sendo que, na gripe, os sintomas respiratórios são

acompanhados de dores musculares, febre superior a 38ºC, fortes dores de cabeça, cansaço

e fraqueza33. Na tabela 4, podem ser observadas as principais diferenças entre as

patologias34-36.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

23

Tabela 4 - Diferença entre a constipação e a gripe. Adaptado de [34-36].

1.4. Transmissão

Tanto os vírus que causam a constipação como o vírus Influenza são transmitidos por

pequenas gotículas expelidas pela pessoa infetada, quando ela espirra ou tosse. O contato

direto com superfícies contaminadas é outra forma de transmissão menos frequente. Por

exemplo, quando a mão de uma pessoa tem contacto com uma superfície contaminada e

depois coloca a mão na boca, nariz ou boca30,37.

1.5. Medidas de prevenção

De forma a diminuir os casos de constipação e gripe, existem variadas medidas que se podem

praticar, sendo elas as seguintes30,38:

• Lavar corretamente as mãos, especialmente depois de assoar, espirrar ou tossir;

• Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;

• Evitar contacto próximo com pessoas doentes;

• Desinfetar as superfícies tocadas com frequência, incluindo objetos como brinquedos

e maçanetas;

Constipação VS Gripe

Gradual Início dos sintomas Súbito

Baixa/Sem febre Febre Superior a 38ºC

Raro Dores musculares Frequente, muitas vezes

severa

Raro Mal-estar geral e

cansaço Frequente

Ligeira a moderada Dor de cabeça Intensa

Moderado Corrimento nasal Intenso

Frequente Espirros Por vezes

Frequente Congestão nasal Por vezes

Frequente Dor de garganta Por vezes

Ligeira a moderada Tosse Frequente; pode ser

severa

Não Perda de apetite sim

Raro Náuseas, vómitos e

diarreia

Frequente em crianças

com menos de 5 anos

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

24

• Tapar o nariz e a boca, quando espirrar ou tossir, com um lenço de papel (descartável)

ou com o braço e nunca com a mão.

Além disso, se possível, deve-se ficar em casa quando estiver doente para evitar a

transmissão dos vírus para outras pessoas30,38.

Outra forma de prevenção contra a gripe é a vacinação anual que será discutida no tópico

seguinte.

1.6. Vacina da gripe

A vacinação anual é a melhor forma de prevenção contra a gripe. Além disso, a vacinação

também tem outros benefícios como prevenir as complicações da gripe39.

Por isso, a vacinação é fortemente recomendada a pessoas que têm maior risco de sofrer

complicações. Os grupos de risco incluem: idosos (com idade igual ou superior a 65 anos),

principalmente se residirem em instituições; grávidas; doentes crónicos (cardíacos,

respiratórios, renais, diabéticos) e imunocomprometidos40;

Adicionalmente, é importante que os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados

também sejam vacinados22.

Algumas das possíveis complicações da gripe são: infeções de ouvido, pneumonia bacteriana,

sinusite e exacerbação de condições médicas crónicas, como insuficiência cardíaca

congestiva, asma ou diabetes37.

Em Portugal, a vacinação deve ser feita a partir de outubro e até ao final do ano. No entanto,

pode ser administrada durante todo o outono e inverno40.

A administração da vacina da gripe é contraindicada para quem tem antecedentes de reação

anafilática aos componentes da vacina, nomeadamente às proteínas do ovo ou a qualquer

dos excipientes40.

As glicoproteínas HA e NA do vírus influenza do tipo A, principalmente o HA, podem acumular

mutações que alteram a sua natureza antigénica e, é por esta razão, que é necessário ajustar

a composição da vacina sazonal anualmente, de modo a que haja uma maior proteção contra

as variantes antigénicas recentes26.

As vacinas tetravalentes contra a gripe foram desenvolvidas por causa da co-circulação das

duas linhagens do vírus influenza B com vírus influenza A (H1N1) e A (H3N2) durante

epidemias sazonais26.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

25

1.7. Tratamento

Os antivíricos (por exemplo, o fosfato de oseltamivir - Tamiflu®) são uma opção para o

tratamento da gripe. Estes medicamentos são mais eficazes no início da doença,

aproximadamente dois dias após o início dos sintomas, pois podem ajudar a evitar a infeção41.

Não há cura para a constipação42.

Geralmente, o tratamento para ambas patologias baseia-se na redução da intensidade e

duração dos sintomas, bem como, na minimização do risco das complicações, uma vez que

a gripe e a constipação são, em geral, autolimitadas31. Assim sendo, há várias classes de

medicamentos que são utilizados, como:

Analgésicos, antipiréticos, anti-inflamatórios

Na gripe e constipação, os analgésicos, paracetamol, ácido acetilsalicílico e ibuprofeno, são

bastante utilizados para tratar sintomas, como dor de garganta, dor de cabeça, febre, mialgia,

calafrios, mal-estar e dor sinusal43. O uso de aspirina em crianças deve ser evitado devido ao

risco de síndrome de Reye31.

Agentes antitússicos

A tosse pode ser produtiva ou seca e pode ser um reflexo de defesa do organismo. O muco

e as partículas presentes na garganta e no trato respiratório inferior podem ser eliminados

através da tosse. Esta classe de medicamentos deve ser usada apenas quando a tosse é

seca44.

Anti-histamínicos

Os anti-histamínicos de 1ª geração são usados para reduzir alguns dos sintomas da

constipação, os espirros e a rinorreia. Isto pode ser potencialmente explicado pelo efeito

anticolinérgico dos anti-histamínicos de 1º geração44.

Segundo a literatura, os anti-histamínicos como monoterapia não têm efeito significativo no

tratamento da constipação, mas em combinação com descongestionantes, analgésicos ou

ambos, parecem ter efeito leve a moderado na constipação em adultos e crianças com idade

superior aos 5 anos45.

Agentes expetorantes e mucolíticos

A tosse com expetoração é aliviada, normalmente, com fármacos expetorantes e mucolíticos

que alteram a viscosidade das secreções mucosas e brônquicas, facilitando a expulsão da

expetoração44.

Descongestionantes

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

26

Para aliviar a congestão nasal, causada pela vasodilatação e edema da mucosa nasal, podem

ser usados agonistas adrenérgicos alfa-1, via oral ou tópica (sprays nasais)44. Os

descongestionantes tópicos ou orais, como a pseudoefedrina e a fenilefrina, diminuem o

edema nasal e, desta forma, facilitam a entrada de ar46.

Antibióticos

Os antibióticos não têm eficácia no tratamento da gripe ou constipação, uma vez que não são

infeções bacterianas, mas sim virais. O uso desnecessário de antibióticos pode tornar as

bactérias resistentes aos antibióticos47.

1.8. Medidas não farmacológicas

No tratamento dos sintomas da constipação e da gripe existem alternativas não

farmacológicas que podem ser empregues, como: descansar, beber muitos líquidos (água),

utilizar o humidificador limpo ou vaporizador de névoa frio. Pode-se também usar soluções de

água do mar e, para crianças mais novas, aspirador nasal para limpar o muco. As crianças

(com idade superior a 1 ano) e os adultos podem usar o mel para aliviar a tosse42. O banho

de água tépida pode ser uma alternativa para reduzir a febre31.

2. Métodos

Primeiramente, elaborei um inquérito sobre este tema para os utentes preencherem (anexo

2). Como, geralmente, as pessoas que vão à FdC não mostram muita disponibilidade para

colaborar neste tipo de projeto, requeri, fundamentalmente, a colaboração dos utentes que

utilizavam o gabinete da FdC aquando da administração da vacina da gripe ou outros

injetáveis, bem como da determinação da pressão arterial e parâmetros bioquímicos.

Também publiquei este inquérito nas redes sociais da farmácia para ter uma maior adesão.

Por último, desenvolvi um panfleto que foi distribuído aos utentes no final dos atendimentos e

também foram dispostos pelos balcões ao alcance destes (anexo 3). O panfleto desenvolvido

continha as informações que respondiam às perguntas presentes no inquérito, dessa forma

as pessoas podiam tirar as dúvidas que surgiram quando o preencheram.

3. Resultados

Por fim, obtive um total de 170 respostas, 4 destas foram invalidadas. A maioria das pessoas

que responderam ao inquérito eram do sexo feminino (134 pessoas do sexo feminino e 32

pessoas do sexo masculino).

As idades variam dos 18 aos 75 anos, sendo que 104 (63%) pessoas frequentaram o ensino

superior e 62 (37%) pessoas o ensino básico e secundário.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

27

• Para a pergunta “Sabe distinguir entre as duas doenças?”, houve 139 respostas

afirmativas e 27 respostas negativas, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1 - Resultados da pergunta "Sabe distinguir entre as duas doenças?"

No que se refere à tabela, para cada linha havia quatro opções de resposta (“Constipação”,

“Gripe”, “Ambas as patologias” e “Nenhuma destas patologias”), em que apenas uma das

opções podia ser selecionada. Na Tabela 5 constata-se qual foi o número de pessoas que

responderam em cada uma das opções ao inquérito feito.

Tabela 5 - Resultados obtidos no inquérito

Constipação Gripe Ambas as

patologias

Nenhuma

destas

patologias

Sintomas súbitos 67 (40%) 52 (31%) 33 (20%) 14 (8%)

Sintomas surgem de

forma gradual 58 (35%) 70 (42%) 34 (20%) 4 (2%)

Febre superior a 38ºC 2 (1%) 151 (91%) 11 (7%) 2 (1%)

Congestão nasal 58 (35%) 8 (5%) 99 (60%) 1 (1%)

Espirros 73 (44%) 9 (5%) 84 (51%) 0 (0%)

Fortes dores de

cabeça 8 (5%) 104 (63%) 50 (30%) 4 (2%)

Dores musculares

intensas 1 (1%) 150 (90%) 13 (8%) 2 (1%)

Dor de garganta 31 (19%) 55 (33%) 68 (41%) 12 (7%)

Mal-estar geral e

cansaço 7 (4%) 98 (59%) 59 (36%) 2 (1%)

Tosse 44 (27%) 26 (16%) 88 (53%) 8 (5%)

Perda de apetite 10 (6%) 94 (57%) 45 (27%) 17 (10%)

É contagiosa 9 (5%) 88 (53%) 61 (37%) 8 (5%)

Tratamento com

antibiótico 3 (2%) 98 (59%) 16 (10%) 49 (30%)

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

28

• Finalmente, para a pergunta “Todas as pessoas devem ser vacinadas contra a

gripe?”, obtive 103 respostas negativas e 63 respostas afirmativas. Pode-se observar

esses resultados no gráfico 2.

Gráfico 2 - Resultados da pergunta "Todas as pessoas devem ser vacinadas contra a gripe?"

4. Discussão e conclusão

A maioria das pessoas responderam afirmativamente em relação a saberem distinguir as duas

patologias. No entanto, as respostas obtidas nem sempre foram as mais acertadas. Em

relação ao início dos sintomas, houve uma maior percentagem que respondeu que na

constipação os sintomas são súbitos. Além disso, a maioria das pessoas associaram os

sintomas que aparecem de forma gradual à gripe. Quanto aos parâmetros “febre superior a

38ºC” e “dores musculares intensas”, a maioria associou de forma acertada à gripe com

percentagens iguais ou superiores aos 90%.

Com este inquérito podemos também constatar que ainda há muitas pessoas mal informadas

quanto ao uso dos antibióticos, uma vez que, 59% das pessoas responderam que o antibiótico

é usado no tratamento da gripe, 2% no tratamento da constipação e 10% no tratamento de

ambas as patologias. No parâmetro “é contagiosa” apenas 37% das pessoas responderam

que ambas as patologias são contagiosas. A maioria das restantes pessoas responderam que

apenas a gripe era contagiosa (53%), mas também houve quem respondesse que apenas a

constipação é transmitida ou que nenhuma destas patologias era transmitida.

Após o preenchimento deste inquérito, várias pessoas mostraram-se interessadas em saber

mais sobre este assunto e pediram mais informação. Outras pessoas mostraram interesse em

ler a informação do panfleto depois de o ver nos balcões. No final, tive “feedbacks” positivos

sobre o panfleto, pois acharam-no útil para distinguir melhor estas patologias.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

29

Projeto II – Doenças de pele

1. Objetivo e estratégia de intervenção na farmácia

Durante a minha experiência no atendimento ao público vivenciei diversos casos em que os

utentes recorriam em primeiro lugar à farmácia aquando do aparecimento de sinais/ sintomas

na pele. Pude constatar que há uma maior dificuldade no aconselhamento a estas pessoas,

sendo essa a razão para a qual decidi fazer uma formação à equipa da farmácia sobre

algumas das doenças de pele mais frequentes. Pretendia com isto, que a equipa da farmácia

ficasse apta para identificar as doenças e que tivesse conhecimento suficiente para

proporcionar um aconselhamento de qualidade ao utente. Para tal, elaborei um guia com

informação referente a estas doenças para fornecer aos colaboradores da farmácia e também

o utilizei como suporte na minha apresentação.

1.1. Acne vulgar

A acne vulgar é uma doença que afeta a unidade pilossebácea da pele e causa lesões não

inflamatórias, lesões inflamatórias e diferentes graus de cicatrizes. As lesões não inflamatórias

são caraterizadas pelos comedões abertos e fechados, enquanto que as lesões inflamatórias

são caraterizadas pelas pápulas, pústulas e nódulos48.

O diagnóstico diferencial é feito com a rosácea, a dermatite perioral e erupções acneiformes

causadas por fármacos, sendo as características que as distingue as seguintes49:

• Rosácea - Não há comedões;

• Dermatite Perioral - Geralmente, a distribuição é mais acentuada nas regiões perioral

e periorbital;

• Erupções acneiformes - Causadas por medicamentos sistémicos, corticoides tópicos,

produtos cosméticos e corantes de contraste. O início pode ser abrupto e existe uma

correlação com a exposição, melhorando quando há interrupção da exposição.

A prevalência da acne vulgar ao longo da vida é de aproximadamente 85%. Esta condição

ocorre principalmente durante a adolescência, mas pode persistir na idade adulta48.

Esta doença pode estar associada ao desenvolvimento de distúrbios psicológicos (baixa

autoestima, ansiedade e depressão), o que causa um impacto negativo na qualidade de vida

do paciente48.

1.1.1. Fisiopatologia

A formação das lesões de acne ocorre devido a quatro processos patogénicos principais

sendo estes48:

• Alteração da queratinização folicular que leva a comedões;

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

30

• Produção aumentada e alterada de sebo sob o controle de andrógenos;

• Colonização folicular por Propionibacterium acnes;

• Mecanismos inflamatórios complexos que envolvem a imunidade inata e adquirida.

1.1.2. Etiologia

A produção de andrógenos durante a puberdade é uma das razões pela qual a acne vulgar é

muito comum na população49.

As alterações hormonais que ocorrem devido à gestação ou ciclo menstrual são outro fator

que contribui para o desenvolvimento desta condição, bem como, o uso de cosméticos,

produtos de limpeza, loções e roupas oclusivas, a alta humidade e a sudorese.

Adicionalmente, há estudos que sugerem uma associação da acne com dietas com alto teor

glicémico e com os lacticínios49.

1.1.3. Tratamento

O tratamento da acne tem uma taxa de fracasso elevada, mesmo existindo numerosas opções

terapêuticas. O anexo 4 mostra o algoritmo de tratamento para acne vulgar em adolescentes

e adultos jovens, que requer ajustes com base nas características do doente e das lesões50.

1.1.3.1. Terapias tópicas

Na acne leve a moderada, as terapias tópicas são uma das opções terapêuticas mais

utilizadas, sendo que os agentes tópicos podem ser dispensados com prescrição médica e

sem prescrição médica. Geralmente, este tratamento é considerado mais seguro em

comparação com os medicamentos orais, uma vez que a absorção sistémica é normalmente

mais baixa (pode ser considerada insignificante em alguns casos) se o tratamento não for

muito intensivo ou prolongado48.

Os tratamentos tópicos mais frequentemente usados são: ácido salicílico, peróxido de

benzoílo, antibióticos, antibióticos combinados com peróxido de benzoílo, retinoides,

retinoides com peróxido de benzoílo, retinoides com antibióticos, ácido azelaico e agente

sulfona48.

O peróxido de benzoílo é um agente anti-inflamatório comedolítico, queratolítico, com

propriedades antimicrobianas. Este agente reduz a colonização de P.acnes pela produção de

radicais de oxigênio reativos, sem risco de resistência. A associação entre antibióticos e

peróxido de benzoílo pode ter melhores resultados no tratamento, além de poder diminuir o

desenvolvimento de resistências a antibióticos48,51.

O ácido salicílico é um agente comedolítico que, embora seja bem tolerado pelos pacientes

em geral, tem uma eficácia limitada48,51.

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Quanto aos antibióticos tópicos, podem ter tanto efeito antibacteriano como anti-

inflamatório. A clindamicina e a eritromicina são os antibióticos tópicos mais usados48,51.

Os retinoides tópicos são comedolíticos e diminuem a formação de microcomedões. São

fármacos que possuem propriedades anti-inflamatórias e são utilizados em combinação com

outros agentes tópicos para todas as lesões do acne. A tretinoína, o adaptaleno e o tazatoteno

são três retinoides tópicos usados no tratamento da acne. Esta terapia não deve ser usada

em mulheres grávidas48.

O ácido azelaico funciona como um agente comedolitico, antimicrobiano e anti-inflamatório

e é um adjuvante útil no tratamento da acne, particularmente na dispigmentação pós-

inflamatória48.

Segundo os dados existentes, a dapsona tem uma eficácia moderada na redução das lesões

inflamatória da acne. Pensa-se que funciona como um agente anti-inflamatório. No entanto,

mais estudos são necessários para conhecer completamente os mecanismos deste fármaco

no tratamento da acne. A dapsona não é indicada para o uso de grávidas48.

1.1.3.2. Terapias sistémicas

Em pacientes com acne inflamatória moderada a grave ou em pacientes com acne leve a

moderada em que o tratamento com agentes tópicos não foi eficaz, é habitual o uso de

antibióticos orais, como a classe das tetraciclinas (tetraciclina, minociclina e doxiciclina)48.

O uso com isotretinoína oral é o tratamento mais eficaz para a acne severa51.

1.1.3.3. Cuidados da pele

Há certos cuidados de pele que se podem adotar no dia-a-dia, de forma a prevenir a formação

das lesões da acne e/ou a sua exacerbação, como52:

• Não espremer as lesões da acne;

• Lavar a face com produtos adequados e secá-la com suavidade (sem esfregar);

• Manter o cabelo limpo e afastado da face (principalmente se este for oleoso);

• Mulher: evitar os produtos de maquilhagem e os cosméticos gordos. Os produtos que

utilizar devem ter no rótulo das embalagens a referência «não comedogénico» ou

«sem gordura»;

• Homem: o barbear pode piorar a acne. Se for possível, evitar barbear. Caso contrário,

experimentar a máquina e a lâmina de barbear, e verificar qual é a que causa menos

exacerbação da acne.

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1.2. Rosácea

A rosácea é uma doença inflamatória crónica da pele, encontrada com maior frequência em

adultos (com idade superior aos 30 anos) e afeta principalmente áreas visíveis, como o rosto.

Afeta predominantemente as mulheres com pele clara53,54.

Esta doença apresenta uma grande diversidade de sintomas e de graus de gravidade, bem

como períodos de remissão e de exacerbação. Aproximadamente 10% da população é

afetada pela rosácea. Esta pode provocar um impacto negativo na qualidade de vida do

doente, pois causa, possivelmente, baixa auto-estima, ansiedade e depressão devido à

aparência física54.

A rosácea é classificada em 4 subtipos, de acordo com as suas características

morfológicas53,54:

A) Rosácea eritemato-telangiectásica

A rosácea eritemato-telangiectásica é caraterizada pelo rubor (eritema facial transitório) e pela

vermelhidão persistente na região central da face. A maioria dos doentes também apresentam

vasos sanguíneos visíveis.

B) Rosácea pápulo-pustulosa

A rosácea pápulo-pustulosa é caracterizada por uma intensidade variável de eritema na região

central da face, bem como, um número variável de pequenas pápulas e pústulas eritematosas.

C) Rosácea fimatosa

A rosácea fimatosa é caracterizada pela hipertrofia tecidual, que se apresenta como

espessamento da pele, e pela hiperplasia das glândulas sebáceas. Esta pode afetar o queixo

(gnatofima), orelhas (otofima), testa (metofima), pálpebras (blefarofima) e nariz (rinofima). O

nariz é a área mais afetada pela rosácea.

D) Rosácea ocular

A rosácea ocular é caracterizada por queixas inespecíficas de secura, prurido, sensações

arenosas, lacrimejamento e terçolhos frequentes. Além disso, alguns doentes com esta

condição apresentam blefarite e conjuntivite, telangiectasia da margem da pálpebra, formação

de calázio ou hordéolo.

Geralmente, os doentes apresentam características morfológicas de mais do que um subtipo

de rosácea. E podem também apresentar maior sensibilidade da pele facial com sensação de

ardência, picadas e prurido54.

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Normalmente, a rosácea é diagnosticada após os 30 anos de idade e é mais frequente nas

mulheres, com a exceção da rosácea fimatosa54.

1.2.1. Fisiopatologia e etiologia

Existem estudos que suportam a hipótese da componente genética no desenvolvimento da

rosácea. Além disso, há bastantes evidências de que fatores como microrganismos, nutrição,

hormonas, stress psicossocial, radiação ultravioleta (UV), extremos de temperaturas e perda

de integridade da barreira cutânea podem estimular um aumento na resposta imune inata e/ou

desregulação neurovascular54.

1.2.2. Medidas gerais

É importante que o doente esteja informado que esta é uma doença crónica e que pode haver

períodos de remissão como de exacerbação. Por isso, os doentes devem tentar reconhecer

os fatores que levam à exacerbação desta condição e evitá-los54.

Também é recomendado ter cuidados diários com a pele, de forma a manter a sua hidratação

e a função de barreira, bem como, a utilização de protetores solares com fator de proteção

igual ou superior a 30. A fim de minimizar o impacto psicossocial da rosácea, é indicada a

utilização de pós de encobrimento ou correção de cor54.

1.2.3. Tratamento

1.2.3.1. Terapias tópicas

A primeira linha de tratamento para a rosácea leve a moderada são as terapias tópicas. No

tratamento da rosácea pápulo-pustulosa, é indicado o metronidazol 0,75% (gel, creme e

loção) e metronidazol 1% (gel e creme), o ácido azelaico 15% (gel) e a ivermectina 1%

(creme)54.

O tartarato de brimonidina 0,33% (gel) é um agonista seletivo do recetor α2-adrenérgico

com atividade vasoconstritora, usado no tratamento do eritema facial persistente54.

As formulações de sulfacetamida de sódio 10% (com ou sem 5% de enxofre) têm sido

utilizadas no controlo da rosácea pápulo-pustulosa, contudo, não foram aprovadas pela FDA

por falta de evidências da sua eficácia. Adicionalmente existem inúmeras terapias tópicas

usadas como tratamentos off label para a rosácea, tais como: retinoides, macrólidos e

análogos de macrólidos, inibidores tópicos de calcineurina e permetrina, entre outros54.

1.2.3.2. Terapias sistémicas

A tetraciclina e a doxiciclina oral são usadas em diferentes doses no tratamento da rosácea,

mas a doxiciclina de libertação prolongada (40mg, uma vez por dia) é o único fármaco

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aprovado pela FDA. Para casos mais graves e persistentes de rosácea pápulo-pustulosa e de

rosácea fimatosa no estado inicial, pode ser necessária uma terapia com isotretinoína oral54.

Uma higiene ocular adequada e a aplicação de colírios lubrificantes podem ser uma opção de

tratamento para os pacientes com rosácea ocular leve, que apresentem sintomas como a

sensação de ressecamento nos olhos. Relativamente aos casos mais graves, os pacientes

que apresentem crostas nas margens da pálpebra, irritação dos olhos, ou formação de calázio

e hordéolo são, geralmente, tratados por antibióticos sistémicos ou tópicos, ou

ciclosporina54.

Os lasers vasculares e a luz intensa pulsada (intense pulse light - IPL) são a primeira linha de

tratamento para a redução da telangiectasia54.

Em casos mais graves de rosácea fimatosa, para os quais já tenha ocorrido deformação, os

melhores resultados são obtidos através de excisões cirúrgicas, eletrocirurgias e terapia com

laser de CO254.

1.3. Dermatite Seborreica

A dermatite seborreica é uma condição cutânea inflamatória crónica, caracterizada por

eritema e descamação da pele e que, normalmente, aparece em áreas do corpo com grande

densidade de glândulas sebáceas (face, couro cabeludo, costas, peito, virilha e axilas)55,56.

Esta condição dermatológica tem muita incidência em doentes com infeção pelo vírus da

imunodeficiência humana ou com doenças neurológicas, como evento cerebrovascular e

doença de Parkinson. Contudo, a dermatite seborreica também ocorre em pessoas saudáveis.

A prevalência desta condição é de 34% a 83% em pessoas imunocomprometidas e 1% a 3%

na população em geral. Além disso, é mais frequente em homens. Climas frios e secos, bem

como períodos de maior stress são fatores que parecem causar casos mais graves55,56.

1.3.1. Apresentação clínica

A forma infantil da dermatite seborreica pode apresentar-se no couro cabeludo, como

escamas espessas e gordurosas, de cor branca ou amarela. Geralmente, é uma condição

autolimitada. No que se refere aos adolescentes e adultos, a dermatite seborreica geralmente

apresenta-se como manchas eritematosas, oleosas e escamosas no couro cabeludo, orelhas,

pregas nasolabiais, sobrancelhas, parte superior das costas ou peito55,56. O diagnóstico

diferencial pode ser observado no anexo 555.

1.3.2. Fisiopatologia

As causas da dermatite seborreica ainda não são completamente compreendidas, mas pensa-

se que esta condição resulta de uma combinação de três fatores: presença de levedura

Malassezia, secreção da glândula sebácea e resposta imune do hospedeiro56.

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1.3.3. Tratamento

A dermatite seborreica infantil é tratada, em primeiro lugar, com emolientes que ajudam a

soltar as escamas. Em seguida, é possível remover estas escamas com uma toalha ou uma

escova de cabelo infantil55.

Os adolescentes e os adultos têm um tratamento idêntico, em que o objetivo principal é

diminuir os sinais visíveis da doença e reduzir o eritema e o prurido. Os produtos usados com

esta finalidade incluem champôs e antifúngicos tópicos, corticosteroides e inibidores de

calcineurina. Além do mais, é geralmente necessária uma terapia de manutenção continua,

visto que esta doença é crónica55.

1.3.3.1. Couro cabeludo

Adultos ou adolescentes com uma dermatite seborreica leve no couro cabeludo, esta pode

ser controlada com champôs que contêm na sua composição o sulfeto de selénio ou

piritionato de zinco55.

Os champôs antifúngicos com cetoconazol ou ciclopirox na sua composição são usados a

fim de controlar a dermatite seborreica a longo prazo. Ou seja, são usados diariamente ou

duas a três vezes por semana até à remissão da doença, ou podem também ser usados uma

vez por semana para prevenir relapsos55.

Os corticoides tópicos podem ser usados para tratar da inflamação do couro cabeludo

(dependendo do grau de inflamação), mas podem ser prejudiciais se forem usados por

períodos prolongados. O champô ou a solução de fluocinolona e a espuma de valerato de

betametasona também podem ser uma opção de tratamento55.

Os champôs de clobetasol e cetoconazol, usados alternadamente, são eficazes na redução

dos sintomas agudos, em casos de dermatite seborreica moderados a graves55.

Os anti-inflamatórios sistémicos podem ser benéficos, se os tratamentos acima descritos

não resultarem55.

1.3.3.2. Corpo e face

O gel que contém cetoconazol é eficaz na redução do eritema, descamação e prurido. No

entanto, o ciclopirox aparenta ser mais eficaz e bem tolerado do que o cetoconazol a 2%.

Ainda existe o creme de sertaconazol para tratar os sintomas desta dermatite. Existe

preferência pelos antifúngicos tópicos devido à sua eficácia e a terem poucos efeitos

adversos55.

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Os corticosteroides tópicos com uma potência leve a moderada são eficazes a reduzir os

sintomas de dermatite seborreica, no entanto devem ser usados como tratamento de segunda

linha por causa dos efeitos adversos associados ao uso prolongado55.

Por fim, há estudos que demonstram que o uso off-label de inibidores de calcineurina

tópicos podem ser eficazes no tratamento da dermatite seborreica. Tal como os

corticosteroides, os inibidores de calcineurina tópicos são usados como segunda linha de

tratamento porque podem estar associados ao linfoma e a cancro de pele, embora não haja

evidências suficientes que provem este facto55.

1.3.4. Medidas gerais

Os doentes devem ser informados que a dermatite seborreica é uma condição crónica, logo

pode ocorrer recaídas futuras. Os fatores causadores de sintomas devem ser evitados e, na

existência de lesões, é recomendado não as irritar quando há prurido ou utilizar preparações

queratolíticas potentes56.

1.4. Dermatite atópica

A dermatite atópica (eczema atópico) é uma doença inflamatória crónica da pele, pruriginosa,

e que afeta maioritariamente as crianças. A sua prevalência na população pediátrica varia

entre os 10% e 20% e desenvolve-se principalmente na primeira infância57.

A dermatite atópica é caracterizada pelo prurido, ressecamento da pele e outras lesões

cutâneas, como escoriações, exsudato seroso, pápulas e liquenificação. Além disso, as

comorbidades desta doença incluem outras condições atópicas, tais como, rinite alérgica,

asma e alergias alimentares. Aproximadamente 60% das crianças com dermatite atópica

estão predispostas a desenvolver uma ou mais comorbidades atópicas57.

A qualidade de vida das pessoas com dermatite atópica é significativamente afetada, pois

envolve o bem-estar físico e psicológico, funcionamento social e custos económicos58.

1.4.1. Fisiopatologia

A fisiopatologia da dermatite atópica é complexa e envolve fatores genéticos, imunológicos e

ambientais que levam a uma barreira cutânea disfuncional e desregulação do sistema

imunológico59. A barreira cutânea disfuncional é causada pela doença e também pode

contribuir para a doença58.

1.4.2. Apresentação clínica

As lesões normalmente apresentam diferente morfologia de acordo com a idade do doente.

Na dermatite atópica infantil, crianças de idade entre 3 meses e 2 anos, apresentam lesões

agudas, que aparecem principalmente na face, no tronco e nas superfícies extensoras dos

membros. As crianças de idade entre 2 a 12 anos, apresentam lesões agudas ou crónicas

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que aparecem principalmente nas superfícies de flexão e áreas perioral. Em relação aos

adolescentes e adultos até aos 60 anos, a doença é caracterizada por lesões crónicas,

liquenificadas ou escoriadas, que aparecem em áreas típicas, como o pescoço, as regiões de

flexão e a cabeça, bem como em áreas periorbitais e nas mãos. Por fim, os doentes com

idade superior a 60 anos apresentam lesões extensas com prurido intenso, que geralmente

não se manifestam nas regiões de flexão58.

1.4.3. Tratamento

A fim de melhorar a hidratação e a função da pele é essencial utilizar hidratantes. Estes

podem ser o tratamento primário para a dermatite atópica leve e também fazer parte do regime

de tratamento quando a doença é mais grave60.

No tratamento das crises desta doença ou como tratamento de manutenção, são usados anti-

inflamatórios, como corticosteroides tópicos e inibidores da calcineurina tópicos60.

Os corticosteroides tópicos são a base da terapia anti-inflamatória, podendo ser usada tanto

em adultos como crianças com dermatite atópica. Estes medicamentos são usados apenas

quando os bons cuidados com a pele e o uso de hidratantes não são suficientes60.

Os inibidores da calcineurina tópicos são particularmente úteis em certas situações clínicas,

como: quando as lesões são em áreas sensíveis (por exemplo, anogenital, dobras da pele,

face); persistência dos sintomas após tratamento com esteroides; atrofia induzida por

esteroides e uso de esteroides tópicos a longo prazo e sem interrupções. No entanto, há falta

de dados relativamente à segurança destes medicamentos quando são usados por um

período prolongado60.

No que se refere a casos mais graves e persistentes, os tratamentos de eleição são

imunossupressores sistémicos, fototerapia e corticosteroides sistémicos58,60.

1.4.4. Medidas gerais

Existem alguns cuidados a ter com a pele que podem ajudar a melhorar as condições de pele,

tais como61:

• Não se deve permanecer muito tempo dentro de água quando se está a tomar banho.

Além disso, a água deve estar morna e é recomendado o uso de sabonetes ácidos,

de aveia, ou óleos de banho sem perfumes;

• Não se deve esfregar, enquanto se seca com a toalha;

• Utilizar cremes hidratantes, gordos e não perfumados, de forma a manter a pele

sempre bem hidratada. Também se deve evitar loções com álcool visto que secam a

pele;

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

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• Lavar a roupa com detergentes que não irritem a pele. Evitar usar roupa de lã e fibras

sintéticas que tenham contacto com a pele. Além disso, esta não deve ser justa;

• Evitar coçar se tiver prurido. Este sintoma deve ser aliviado por medicamentos;

• Evitar ambientes extremos em temperatura e humidade, porque os ambientes frios e

secos levam a uma pele mais seca e os ambientes quentes e húmidos provocam

transpiração;

• É possível que o stress seja um fator que cause uma exacerbação da doença, neste

caso tentar encontrar estratégias para relaxar;

• Evitar ter contacto com substâncias que irritem a pele ou tudo aquilo a que se seja

alérgico.

1.5. Dermatite de contacto

A dermatite de contacto é a inflamação da pele provocado pelo contacto desta com produtos

químicos. A fase aguda desta condição apresenta eritema, vesiculação (formação de bolha),

supuração e crostas. A fase crónica tem aparência de fissuras (rachadura), descamação e

liquenificação (linhas acentuadas da pele)62.

A dermatite de contacto tem quatro categorias gerais: dermatite de contacto irritante, dermatite

de contacto alérgica, dermatite por fotocontacto e urticária de contacto. As duas primeiras

categorias, ou seja, a dermatite de contacto irritante e a dermatite de contacto alérgica, são

as categorias que ocorrem com mais frequência62.

1.5.1. Dermatite de contacto irritante

A dermatite de contacto irritante é uma forma não imunológica, ou seja, provoca danos na

pele sem sensibilização prévia do sistema imunológico. Esta representa aproximadamente

80% de todos os casos de dermatite de contacto e é induzida principalmente por uma

exposição repetida a agentes químicos mais fracos. As áreas mais frequentemente afetadas

são as mãos62.

A inflamação da pele ocorre devido à desnaturação das queratinas epidérmicas, danos nas

membranas celulares, remoção dos lípidos da superfície da pele e efeitos citotóxicos diretos62.

Os agentes mais comuns que causam dermatite de contacto irritante são solventes como o

xileno, o álcool, a acetona e cetonas, a terebintina; fluidos para trabalhar metais; tensioactivos

(laurilsulfato de sódio); álcalis em sabão; e ácidos62.

1.5.2. Dermatite de contacto alérgica

A dermatite de contacto alérgica é uma reação de hipersensibilidade retardada do tipo IV que

requer sensibilização prévia com predisposição genética. Esta representa aproximadamente

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

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20% dos casos de dermatite de contacto. Os alergénicos são normalmente lipossolúveis e de

baixo peso molecular e, por isso, conseguem penetrar a barreira cutânea62.

Esta reação tem duas fases: a fase de sensibilização e a fase de elicitação. Na fase de

sensibilização, o antigénio (hapteno) penetra a barreira cutânea e é capturado pelas células

epidérmicas de Langerhans que migram para os linfonodos drenantes. Enquanto migram, o

hapteno é alterado quimicamente e é conjugado com uma molécula HLA-DR. Este antigénio

é, então, apresentado aos linfócitos T auxiliares CD4+ nos gânglios linfáticos regionais.

Estas células sofrem clonagem e esses linfócitos T de memória migram para a pele 62.

A seguir há a fase de elicitação que ocorre quando há ativação dos linfócitos T pela

reexposição aos alergénios. O alergénio é, mais uma vez, capturado pela célula de

Langerhans e apresentado aos linfócitos T de memória. As citocinas são libertadas, os

mastócitos e macrófagos ativados e como consequência há inflamação, destruição e

reparação celular62.

1.5.3. Tratamento

A primeira medida adotar no tratamento desta doença é evitar entrar em contacto com a

substância irritante ou o alergénico62.

Na dermatite de contacto irritante deve-se, em primeiro lugar, evitar o contacto com a

substância irritante. Além disso, é importante cuidar da pele seca através de medidas como a

utilização de produtos de limpeza para pele sensível e uso continuo de hidratantes62.

Na dermatite de contacto alérgica também é essencial evitar os alergénios, mas para isso,

geralmente, é necessário realizar o “teste de adesivo” para identificar o alergénio. Caso não

se realize este teste, pode-se usar produtos que tenham na sua composição um número baixo

de alergénios potenciais e verificar se a dermatite de contacto alérgica pode ser aliviada desta

forma62.

2. Métodos

O meu segundo projeto consistiu numa formação à equipa da farmácia. Para tal, elaborei um

guia (anexo 6) com informação referente a algumas das doenças de pele mais frequentes

(acne, rosácea, dermatite seborreica, dermatite atópica e dermatite de contacto) para fornecer

aos seus colaboradores e também o utilizei como suporte na minha apresentação (anexo 7).

Optei pela elaboração do guia com o intuito de os colaboradores da farmácia terem acesso

fácil e rápido a informação sobre estas doenças.

O dia da apresentação foi marcado com antecedência e organizaram-se dois turnos de grupos

diferentes. A apresentação realizou-se no gabinete de atendimento individualizado com

recurso a um computador onde foi exposto o guia que elaborei.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

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3. Discussão e conclusão

Nas doenças que optei por destacar decidi focar-me principalmente na apresentação clínica

com inclusão de imagens bem visíveis dos sintomas para facilitar a sua identificação, em

algumas medidas que se pode adotar de forma a atenuar ou prevenir a exacerbação da

doença e nos produtos que existem na farmácia que podem ser indicados no tratamento

destas patologias. Esta abordagem mais prática tinha o intuito de facilitar a identificação da

doença e de eleger, entre a grande variedade de produtos existentes, o mais adequado à

situação. Uma vez que destaquei cinco doenças diferentes, não fui muito exaustiva em cada

uma delas, optando por uma abordagem mais geral.

Os colaboradores da farmácia tiveram uma reação bastante positiva com a apresentação e

com o guia entregue. Concordaram que o projeto era útil e que os ajudaria no aconselhamento

ao doente.

O desenvolvimento deste trabalho proporcionou-me informação que me ajudou a melhorar o

aconselhamento ao utente, principalmente a conhecer melhor os produtos disponíveis na FdC

para estas doenças.

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

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Referências

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Acessível em: https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/. [acedido em 5 de setembro de

2019].

2. INFARMED: Projeto Via Verde do Medicamento. Acessível em: https://www.infarmed.pt/.

[acedido em 7 de setembro de 2019].

3. Ordem dos Farmacêuticos: Norma geral sobre o farmacêutico e pessoal de apoio.

Acessível em: https://www.ordemfarmaceuticos.pt/. [acedido em 11 de setembro de 2019].

4. Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.º 176/2006. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 12 de setembro de 2019].

5. Diário da República Eletrónico: Portaria nº 224/2015. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 12 de setembro de 2019].

6. INFARMED: Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde.

Acessível em: http://www.infarmed.pt/. [acedido em 12 de setembro de 2019].

7. Diário da República Eletrónico: Despacho nº 2935-B/2016. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 13 de setembro de 2019].

8. Diário da República Eletrónico: Portaria no 195-D/2015. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 16 de setembro de 2019].

9. Serviço Nacional de Saúde: Medicamentos. Acessível em: https://www.sns.gov.pt/.

[acedido em 20 de setembro de 2019].

10. Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.º 118/83. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 20 de setembro de 2019].

11. Centro de controlo e monitorização do SNS: Manual de relacionamento das farmácias com

o centro de controlo e monitorização do SNS. Acessível em: https://ccmsns.min-saude.pt/.

[acedido em 23 de setembro de 2019].

12. INFARMED: Deliberação nº 24/CD/2014. Acessível em: http://www.infarmed.pt/. [acedido

em 23 de setembro de 2019].

13. INFARMED: Questões Frequentes sobre Medicamentos de dispensa exclusiva em

farmácia. Acessível em: http://www.infarmed.pt/. [acedido em 13 novembro de 2018].

14. Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.o 314/2009. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 1 de novembro de 2019].

15. Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.o 237/2009. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 1 de novembro de 2019].

16. Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.o 145/2009. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 2 de novembro de 2019].

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17. Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.º 296/98. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 4 de novembro de 2019].

18. Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.o 136/2003. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 6 de novembro de 2019].

19. INFARMED: Suplementos alimentares, o que são e como notificar reações adversas.

Acessível em: http://www.infarmed.pt/. [acedido em 6 de novembro de 2019].

20. Diário da República Eletrónico: Portaria n.o 1429/2007. Acessível em: https://dre.pt/.

[acedido em 10 de novembro de 2019].

21. VALORMED: Quem somos. Acessível em: http://www.valormed.pt/. [acedido em 13 de

novembro de 2019].

22. Serviço Nacional de Saúde: Gripe. Acessível em: https://www.sns.gov.pt/. [acedido em 25

de setembro de 2019].

23. Gripenet: O que é a doença? Acessível em: http://www.gripenet.pt/pt/. [acedido em 25 de

setembro de 2019].

24. de Vries RD, & Rimmelzwaan GF (2016). Viral vector-based influenza vaccines. Human

vaccines & immunotherapeutics; 12(11): 2881-2901.

25. World Health Organization: Influenza (Seasonal). Acessível em: https://www.who.int/.

[acedido em 25 de setembro de 2019].

26. York IA, Stevens J, & Alymova IV (2019). Influenza virus N-linked glycosylation and innate

immunity. Bioscience reports; 39(1): BSR20171505.

27. Gripenet: Estrutura do vírus influenza. Acessível em: http://www.gripenet.pt/pt/. [acedido

em 25 de setembro de 2019].

28. Centers for Disease Control and Prevention: Types of Influenza Viruses. Acessível em:

https://www.cdc.gov/. [acedido em 26 de setembro de 2019].

29. Centers for Disease Control and Prevention: Common Colds: Protect Yourself and Others.

Acessível em: https://www.cdc.gov/. [acedido em 28 de setembro de 2019].

30. Centers for Disease Control and Prevention: Common Cold. Acessível em:

https://www.cdc.gov/. [acedido em 28 de setembro de 2019].

31. Roxas M, & Jurenka J (2007). Colds and influenza: a review of diagnosis and conventional,

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32. Centers for Disease Control and Prevention: Cold Versus Flu. Acessível em:

https://www.cdc.gov/. [acedido em 1 de outubro de 2019].

33. Gripenet: Perguntas sobre a Gripe. Acessível em: http://www.gripenet.pt/pt/. [acedido em

1 de outubro de 2019].

34. Centers for Disease Control and Prevention. Flu Symptoms & Complications: Acessível

em: https://www.cdc.gov/. [acedido em 3 de outubro de 2019].

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43

35. CUF: Gripe ou constipação? Distinga através dos sintomas. Acessível em:

https://www.saudecuf.pt/. [acedido em 3 de outubro de 2019].

36. European Centre for Disease Prevention and Control: Questions and answers on seasonal

influenza. Acessível: https://www.ecdc.europa.eu/en. [acedido em 3 de outubro de 2019].

37. Centers for Disease Control and Prevention: Key Facts About Influenza (Flu). Acessível

em: https://www.cdc.gov/. [acedido em 3 de outubro de 2019].

38. Centers for Disease Control and Prevention: Healthy Habits to Help Prevent Flu. Acessível

em: https://www.cdc.gov/. [acedido em 4 de outubro de 2019].

39. Centers for Disease Control and Prevention: Key Facts About Seasonal Flu Vaccine.

Acessível em: https://www.cdc.gov/. [acedido em 4 de outubro de 2019].

40. Serviço Nacional de Saúde: Perguntas frequentes sobre a gripe sazonal. Acessível em:

https://www.sns.gov.pt/. [acedido em 7 de outubro de 2019].

41. Centers for Disease Control and Prevention: What You Should Know About Flu Antiviral

Drugs. Acessível em: https://www.cdc.gov/. [acedido em 10 de outubro de 2019].

42. Centers for Disease Control and Prevention: Common Cold| Antibiotic Use. Acessível em:

https://www.cdc.gov/. [acedido em 10 de outubro de 2019].

43. Eccles R (2006). Efficacy and safety of over‐the‐counter analgesics in the treatment of

common cold and flu. Journal of clinical pharmacy and therapeutics; 31(4): 309-319.

44. Ismail H, & Schellack N (2017). Colds and flu–an overview of the management. South

African Family Practice; 59(3): 5-12.

45. Allan GM, & Arroll B (2014). Prevention and treatment of the common cold: making sense

of the evidence. Cmaj; 186(3): 190-199.

46. Fashner J, Ericson K, & Werner S (2012). Treatment of the common cold in children and

adults. American family physician; 86(2): 153-159.

47. European Centre for Disease Prevention and Control: Sensibilização para o Uso Racional

de Antibióticos. https://www.ecdc.europa.eu/en. [acedido em 8 de agosto de 2019].

48. Tan AU, Schlosser BJ, & Paller AS (2018). A review of diagnosis and treatment of acne in

adult female patients. International journal of women's dermatology; 4(2): 56-71.

49. MSD: Acne Vulgaris. Acessível em: https://www.msdmanuals.com/en-pt/professional.

[acedido em 20 de janeiro de 2020].

50. Zaenglein AL, Pathy AL, Schlosser BJ, Alikhan A, Baldwin HE, Berson DS, et al (2016).

Guidelines of care for the management of acne vulgaris. Journal of the American Academy

of Dermatology; 74(5): 945-973.

51. Lynn DD, Umari T, Dunnick CA, & Dellavalle RP (2016). The epidemiology of acne vulgaris

in late adolescence. Adolescent health, medicine and therapeutics; 7: 13.

52. ACeS Porto Ocidental: BORBULHAS. ACNE. Acessível em:

https://acesportoocidental.org/pt/. [acedido em 24 de janeiro de 2020].

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Relatório de Estágio | Diana Oliveira

44

53. Mikkelsen CS, Holmgren HR, Kjellman P, Heidenheim M, Kappinnen A, Bjerring P, et al

(2016). Rosacea: a clinical review. Dermatology reports; 8(1).

54. Rainer BM, Kang S, & Chien AL (2017). Rosacea: Epidemiology, pathogenesis, and

treatment. Dermato-endocrinology; 9(1): e1361574.

55. Clark GW, Pope SM, & Jaboori KA (2015). Diagnosis and treatment of seborrheic

dermatitis. American family physician; 91(3): 185-190.

56. Gary G (2013). Optimizing treatment approaches in seborrheic dermatitis. The Journal of

clinical and aesthetic dermatology; 6(2): 44.

57. Kowalska-Olędzka E, Czarnecka M, & Baran A (2019). Epidemiology of atopic dermatitis

in Europe. Journal of drug assessment; 8(1): 126–128.

58. Feldman SR, Cox LS, Strowd LC, Gerber RA, Faulkner S, Sierka D, et al (2019). The

challenge of managing atopic dermatitis in the United States. American health & drug

benefits; 12(2): 83.

59. Eichenfield LF, Tom WL, Chamlin SL, Feldman SR, Hanifin JM, Simpson EL, et al (2014).

Guidelines of care for the management of atopic dermatitis: section 1. Diagnosis and

assessment of atopic dermatitis. Journal of the American Academy of Dermatology; 70(2):

338-351.

60. Eichenfield LF, Tom WL, Berger TG, Krol A, Paller AS, Schwarzenberger K, et al (2014).

Guidelines of care for the management of atopic dermatitis: section 2. Management and

treatment of atopic dermatitis with topical therapies. Journal of the American Academy of

Dermatology; 71(1): 116-132.

61. ACeS Ocidental: Eczema Atópico. Acessível em: https://acesportoocidental.org/pt/.

[acedido em 10 de fevereiro de 2020].

62. Burkemper NM (2015). Contact dermatitis, patch testing, and allergen avoidance. Missouri

medicine; 112(4): 296.

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Anexos

Anexo 1 – Imagem e comunicação

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Anexo 2 - Inquérito sobre a gripe e a constipação

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Anexo 3 - Panfleto da gripe e da constipação

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Anexo 4 - Algoritmo de tratamento para acne vulgar para adolescentes e adultos jovens. Retirado de Zaenglein AL, Pathy AL, Schlosser BJ, Alikhan A, Baldwin HE, Berson DS, et al (2016). Guidelines of care for the management of acne vulgaris. Journal of the American Academy of Dermatology; 74(5): 945-973.

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50

Anexo 5 - Diagnóstico diferencial de dermatite seborreica. Retirado de Clark GW, Pope SM, & Jaboori KA (2015). Diagnosis and treatment of seborrheic dermatitis. American family physician; 91(3): 185-190.

Anexo 6 - Guia sobre as doenças da pele

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Anexo 7 - Apresentação sobre as doenças da pele.

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ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Centro Hospitalar Universitário do Porto

novembro a dezembro de 2019

Diana Lopes Oliveira

Sara Raquel Soares Silva

Sofia Oliveira Marques

Tatiana Filipa de Moura Parente

Orientador: Dr.ª Bárbara Santos

Abril de 2020

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iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,

ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se

devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito

académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de abril de 2020

Diana Lopes Oliveira

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iv

Agradecimentos

Finalizado o período de estágio nos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar Universitário

do Porto estamos mais próximas de terminar o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

e iniciar o nosso percurso no mundo laboral enquanto Farmacêuticas.

Queremos começar por agradecer a todos os elementos desta equipa, farmacêuticos, técnicos,

assistentes operacionais e assistentes técnicos, por toda a amabilidade, tempo despendido,

partilha de conhecimentos e paciência.

Agradecemos especialmente à Dr.ª Patrocínia Rocha, Diretora dos Serviços Farmacêuticos, por

nos ter concedido a oportunidade de estagiar no CHUP, à Dr.ª Bárbara Santos, a nossa

orientadora, pelo apoio e dedicação com que nos recebeu e acompanhou durante o nosso

estágio, e à Dr.ª Paulina Aguiar, pela excelente experiência que nos proporcionou na Unidade de

Farmácia de Ambulatório, sempre com foco na nossa aprendizagem e por todo o incentivo que

nos deu ao longo do nosso estágio.

Por fim, gostaríamos ainda de agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,

nomeadamente aos nossos professores, pelos conhecimentos que nos transmitiram ao longo do

MICF e nos serviram de base para este estágio, e particularmente à Comissão de Estágios, por

estar sempre disponível para nos ajudar, esclarecer dúvidas e por nos permitir ter este tipo de

experiências de estágio.

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v

Resumo

No âmbito da conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, o nosso grupo teve a oportunidade de realizar um estágio

profissionalizante na vertente de Farmácia Hospitalar, durante um período de dois meses no

Centro Hospitalar Universitário do Porto.

Sob orientação da Dr.ª Bárbara Santos, o nosso percurso nos Serviços Farmacêuticos foi feito

de forma rotativa, isto é, experienciamos cada setor durante um período máximo de uma semana.

Desta forma, foi-nos permitido ter um conhecimento sobre o papel do Farmacêutico Hospitalar

nos diferentes setores, mostrando a polivalência de funções que lhes é incumbida.

Tal como referido anteriormente, durante o período de estágio, cada estagiária esteve presente

num determinado setor durante uma semana, pelo que o relatório se encontra dividido em

capítulos que correspondem aos diferentes setores, sendo estes:

• Armazém dos Produtos Farmacêuticos;

• Farmacotecnia;

• Sistemas de Distribuição de Medicamentos;

• Ensaios Clínicos;

• Cuidados Farmacêuticos.

De realçar que durante a nossa primeira semana de estágio foram-nos feitas apresentações pelo

responsável de cada setor sobre a integração dos Serviços Farmacêuticos no contexto do Centro

Hospitalar Universitário do Porto, bem como a descrição do funcionamento dos vários setores

que estes compreendem, o que nos permitiu ter uma visão geral das atividades que iríamos

executar.

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vi

Índice

Declaração de Integridade .......................................................................................................................iii

Agradecimentos ....................................................................................................................................... iv

Resumo ................................................................................................................................................... v

Índice de Anexos .................................................................................................................................... viii

Abreviaturas ............................................................................................................................................ ix

1. Introdução ....................................................................................................................................... 1

1.1. Centro Hospitalar Universitário do Porto .................................................................................. 1

1.2. Serviços Farmacêuticos............................................................................................................. 1

1.3. Organização do estágio ............................................................................................................. 2

2. Armazém de Produtos Farmacêuticos .............................................................................................. 3

2.1. Experiência de Estágio no APF .................................................................................................. 5

3. Distribuição de Medicamentos ......................................................................................................... 5

3.1. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) ........................................................... 6

3.1.1. Prescrição Médica ............................................................................................................. 6

3.1.2. Validação e monitorização de prescrições médicas ........................................................... 7

3.1.3. Preparação da medicação ................................................................................................. 8

1.1.3. Experiência de Estágio na DIDDU .................................................................................... 10

3.2. Distribuição em Regime de Ambulatório ................................................................................. 10

3.2.1. Os medicamentos ........................................................................................................... 10

3.2.2. Organização estrutural e Funcionamento da UFA ............................................................ 11

3.2.3. Validação e monitorização da prescrição médica ............................................................ 11

3.2.4. Dispensa dos medicamentos ........................................................................................... 12

3.2.5. Devolução de medicamentos .......................................................................................... 13

3.2.6. Experiência de Estágio na UFA ........................................................................................ 13

3.3. Distribuição Clássica ............................................................................................................... 14

4. Farmacotecnia ............................................................................................................................... 14

4.1. Medicamentos não estéreis .................................................................................................... 15

4.1.1. Produção das Preparações Não Estéreis .......................................................................... 15

1.1.4. Experiência de Estágio nas preparações não estéreis ...................................................... 16

4.2. Medicamentos estéreis .......................................................................................................... 16

4.2.1. Produção dos medicamentos estéreis ............................................................................. 17

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4.2.2. Experiência de Estágio nas preparações estéreis ............................................................. 18

4.3. Produção de nutrição parentérica........................................................................................... 18

4.3.1. Experiência de Estágio na Nutrição Parentérica ............................................................... 20

4.4. Medicamentos citotóxicos ...................................................................................................... 20

4.4.1. Produção ........................................................................................................................ 20

5. Investigação Clínica e Desenvolvimento - Ensaios Clínicos .............................................................. 23

5.1. Experiência de Estágio nos EC ................................................................................................. 24

6. Cuidados Farmacêuticos................................................................................................................. 25

7. Conclusão ...................................................................................................................................... 25

Referências Bibliográficas ...................................................................................................................... 27

Anexos ................................................................................................................................................... 32

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viii

Índice de Anexos

Anexo 1: Exemplo de alguns Kanbans. .....................................................................................5

Anexo 2: Exemplo de impresso de requisição de estupefacientes e

psicotrópicos..............................................................................................................................7

Anexo 3: Exemplo de impresso de requisição de hemoderivados...........................................7

Anexo 4: Impresso de requisição de material de penso............................................................7

Anexo 5: Exemplo de impresso de prescrição manual de antídotos…………………………….7

Anexo 6: Pharmapick………………………………………………………………………………….8

Anexo 7: Termo de responsabilidade entregue aos doentes na UFA………………………….11

Anexo 8: Ficha de preparação de uma preparação não estéril…………………………………15

Anexo 9: Exemplo de rótulo de uma preparação não estéril……………………………………16

Anexo 10: Ordem de Preparação de Produto Estéril…………………………………………….17

Anexo 11: Prescrição de Nutrição Parentérica……………………………………………………19

Anexo 12: Exemplo de rótulo de preparação e disponibilização de medicamentos citotóxicos e

confirmação dos cálculos informáticos……………………………………………………………..22

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ix

Abreviaturas

AOP - Assistentes Operacionais

APF - Armazém de Produtos Farmacêuticos

CdM- Circuito do Medicamento

CFLv - Câmara de Fluxo Laminar vertical

CFT - Comissão de Farmácia e Terapêutica

CHUP - Centro Hospitalar Universitário do Porto

CMIN – Centro Materno-Infantil do Norte

CTX -Citotóxicos

DCI - Denominação Comum Internacional

DIDDU - Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

EC - Ensaios Clínicos

FEFO – First Expired, First Out

GHAF – Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

HSA – Hospital de Santo António

ME - Medicamento Experimental

MP - Matérias-primas

NP – Nutrição Parentérica

OP - Ordem de Preparação

PV - Prazo de Validade

SF - Serviços Farmacêuticos

TSDT - Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica

TSS - Técnico Superior de Saúde

UEC - Unidade de Ensaios Clínicos

UFA - Unidade de Farmácia de Ambulatório

UFO - Unidade de Farmácia Oncológica

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1

1. Introdução

1.1. Centro Hospitalar Universitário do Porto

Em setembro de 2007, foi criado o Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), E.P.E.

(Entidade Pública Empresarial) através do Decreto lei 326/2007 de 28.09.2007. Este é constituído

pelo Hospital de Santo António (HSA), uma unidade geral universitária, pelo Hospital Joaquim

Urbano (HJU), pelo Centro de Cirurgia de Ambulatório (CICA), pelo Centro de Genética Médica

Doutor Jacinto de Magalhães (CGMJM) e pelo Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) [1].

O CHUP tem como objetivo a prestação de cuidados de saúde à população, sendo que

também apoia o ensino pré e pós-graduado (nomeadamente em associação com o Instituto de

Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto) e a investigação. Todas as

atividades levadas a cabo pelos profissionais que integram o CHUP são regidas por valores de

exímia qualidade, excelência, segurança, inovação, respeito nas relações interpessoais,

responsabilidade, integridade e ética [2].

1.2. Serviços Farmacêuticos

Os serviços farmacêuticos do CHUP têm como principal função garantir a seleção, aquisição,

armazenamento e distribuição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos a todos os

doentes internados e em ambulatório, de acordo com a legislação em vigor e as deliberações do

Conselho de Administração. Garantem também a produção de preparações galénicas estéreis e

não estéreis (incluindo nutrição parentética e citotóxicos) e participam na realização de ensaios

clínicos, na informação sobre medicamentos, no exercício de ações de farmacovigilância e de

farmácia clínica [3].

Segundo o Decreto-Lei n.º 44 204, de 2 de fevereiro de 1962, onde está descrito o

Regulamento geral da Farmácia Hospitalar, os Serviços Farmacêuticos Hospitalares apresentam

autonomia científica e técnica, sendo responsáveis pelos resultados das suas ações perante os

Órgãos de Administração dos Hospitais. No mesmo Decreto-Lei é definido que a direção dos SF

tem que ser obrigatoriamente ocupada por um farmacêutico hospitalar. Assim, os SF do CHUP

obedecem a todos estes atributos e requisitos. A sua equipa é constituída por 21

Farmacêuticos/Técnicos Superiores de Saúde (TSS), 27 Técnicos Superiores de Diagnóstico e

Terapêutica (TSDT), 17 Assistentes Operacionais (AOP) e 3 Assistentes Técnicos (AT) que estão

sob a direção da Dr.ª Patrocínia Rocha e 1 administrador hospitalar. Nos vários setores que estão

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2

integrados nos SF, cada um possui um farmacêutico responsável. Contudo a cada farmacêutico

é fornecido um horário rotativo, o que nos indica a polivalência de funções de um farmacêutico

hospitalar, tendo capacidades e formação em cada um dos setores [4,5].

O CHUP desenvolve a sua atividade nas variadíssimas valências, repartidas pelas cinco

linhas de atividade principais, Internamento, Ambulatório, Hospital de Dia, Consultas Externas e

Urgência. Os Serviços Farmacêuticos (SF) localizam-se no piso 0 do edifício neoclássico do

CHUP, à exceção da Unidade de Farmácia Oncológica (UFO) que se encontra no edifício Dr.

Luís de Carvalho junto do Hospital de Dia.

Os SF apresentam certificação ISO (International Organization for Standardization),

nomeadamente a ISO 9001. De forma a melhorar os serviços prestados, o CHUP tem

implementado um sistema de melhoria contínua, o Hospital Logistic System (HLS) []. Através do

HLS implementou-se a filosofia Kaizen. De entre vários beneficios, destacam-se as alterações ao

nível da gestão de stocks pretendendo-se evitar ruturas e trazendo vantagens económicas. Para

além de serem parte fundamental dos SF, os Farmacêuticos integram também várias comissões

do CHUP, como a Comissão de Ética para a Saúde (CES), a Comissão de Farmácia e

Terapêutica (CFT) e a Comissão de Controlo e Infeção Hospitalar (CCIH) [6,7].

1.3. Organização do estágio

O Estágio Profissionalizante em questão decorreu nos meses de novembro e dezembro de

2019. A primeira semana foi de carácter introdutório, sendo que nos foi dada a apresentarão geral

sobre os SF do CHUP e uma apresentação de cada setor pelas farmacêuticas responsáveis de

cada setor.

Nas semanas seguintes fomos divididas pelos diferentes setores dos SF, com rotação

semanal, sendo nos foi dada a oportunidade de estabelecer conhecimentos à cerca de todos os

setores e participar nos mesmos, sob supervisão, sendo que, as atividades que desenvolvemos

e a nossa experiência em cada setor serão descritas na parte final de cada capítulo.

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3

2. Armazém de Produtos Farmacêuticos

O armazém de produtos farmacêuticos (APF) inclui-se numa série de setores que compõe

os Serviços Farmacêuticos (SF) e se encontram interligados, de forma a assegurar a

disponibilização de medicamentos e produtos farmacêuticos em quantidade, qualidade e no

prazo expectável pelo doente, ao menor custo possível, de forma a garantir o bom uso e dispensa

dos medicamentos em perfeitas condições aos doentes do hospital. Neste setor estão incluídos

os processos de aquisição, receção, armazenamento, conservação, gestão e distribuição dos

medicamentos [8].

De forma a não haver falhas na aquisição de produtos farmacêuticos é de extrema

importância a gestão de stocks dos mesmos, acima de tudo os medicamentos, que deverá ser

efetuada informaticamente no sistema operativo de Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

(GHAF), com atualização automática de stocks e também uma estreita linha de comunicação

entre os SF e o SA [9].

Cada setor tem uma designação específica neste sistema informático sendo que o do APF

corresponde ao armazém 1001, o da Unidade de Farmácia de Ambulatório (UFA) corresponde

ao 1003, a Unidade de Farmácia de Oncologia (UFO) é designada como 1004 e a Unidade de

Produção corresponde ao 1006. Todo este circuito se processa na forma de um ciclo. Neste ciclo,

podemos considerar que o início do circuito do medicamento se processa no Serviço de

Aprovisionamento (SA) aquando o seu pedido ao fornecedor, ou no caso de necessidade de

produtos pontuais, os quais não se verifica a necessidade de ter em stock, este é feito através de

um pedido à Farmácia Lemos. Adicionalmente consideramos o fim do ciclo quando é necessária

uma nova reposição do mesmo [10,11].

A seleção e aquisição de medicamentos é realizada de acordo com o Formulário Hospitalar

Nacional do Medicamento (FHNM), disponível no site do INFARMED, ou deliberações da

Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), com base nas necessidades terapêuticas dos

doentes do hospital. O FHNM é uma publicação oficial elaborada pela comissão técnica

especializada do INFARMED, na qual constam todos os medicamentos a utilizar nos hospitais do

Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Os medicamentos, produtos farmacêuticos e alguns dispositivos médicos, depois de

devidamente requisitados pelos SF, serão entregues nos respetivos serviços. Estes chegam ao

hospital, nomeadamente à zona da Receção de Encomendas. Aqui, o Técnico Superior de

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Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) e o Assistente Operacional (AOP) são responsáveis pela

receção de todos os produtos sendo estes devidamente confirmados no que toca à quantidade e

qualidade e qual o destino interno que devem seguir, confere-se a guia de remessa com a nota

de encomenda, regista-se a entrada do produto no GHAF no SA, envia-se o original da guia de

remessa para o SA e os produtos para armazenamento com os respetivos kanbans, tendo em

atenção os critérios técnicos (condições especiais de armazenagem, segurança especial de

medicamentos), a conferência de hemoderivados exige ainda a conferência dos boletins de

análise e dos certificados de aprovação emitidos pelo INFARMED (CAUL), que ficam arquivados

junto com a respetiva fatura [12].

O Farmacêutico ou o TSDT são responsáveis pela validação da mercadoria entregue

comparando com a faturada, devendo sempre verificar o lote e o prazo de validade (PV) e registar

caso haja alguma inconformidade. Por exemplo, no caso do PV ser inferior a 6 meses a

encomenda fica em espera, isto é, só é aceite se houver garantia de troca por outros produtos

com PV maior ou caso o produto apresente elevada rotatividade e seja utilizado antes do PV

terminar. Por outro lado, o TSDT ou farmacêutico também é responsável por conferir os

medicamentos hemoderivados ou derivados do plasma humano e verificar se apresentam o

respetivo certificado do INFARMED (CAUL), conferir os injetáveis de grande volume, verificar se

o dispositivo médico tem a marcação CE e arquivar os certificados que o acompanham no APF-

1001, rececionar as matérias-primas e analisar o registo que comprova a qualidade do lote

(Boletim de Análise) fornecido pelo fabricante. De notar que os estupefacientes e psicotrópicos

devem ser enviados para o farmacêutico que se encontre de serviço no APF, que os armazena

logo de seguida numa sala de acesso condicionado, sendo que para a aquisição destes é exigido

o preenchimento do anexo VII, que é enviado para o SA que o envia para o fornecedor [12].

Seguidamente, os medicamentos são colocados no carro de arrumação com o respetivo

kanban. Também a arrumação é feita de forma específica, isto é, verifica-se o PV do produto já

existente e, se este for igual, arruma-se o produto sem organização específica. Caso o PV seja

diferente, arruma-se o produto como PV mais curto à direita do restante, sendo este método

designado por FEFO (First Expired First Out). Por fim, coloca-se o kanban na quantidade do

produto correspondente ao ponto de encomenda [13].

A dispensa de medicação na distribuição clássica é realizada pelo TSDT, os medicamentos

são devidamente acondicionados para posterior entrega no Serviço Clínico respetivo. Os

estupefacientes/psicotrópicos e derivados de plasma humano destinados a reposição de stock

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nos Serviços de Cuidados Intensivos e blocos operatórios são feitos através do Pixys. Quando

estas requisições são destinadas a doentes de internamento, requisições individualizadas, estas

são validadas e preparadas na Distribuição Individual em Dose Unitária (DIDDU). Aqui, faz-se

também a requisição e débito das epoetinas com impressos próprios [14].

Outras atividades da competência do farmacêutico são a realização da atualização dos

stocks, monitorizar as existências reais e verificar se as mesmas se encontram concordantes com

o stock informático, identificar as necessidades de aquisição e comunicá-las ao SA, atualizando

o ficheiro Lista Comum, e indicar os novos medicamentos e produtos farmacêuticos para

elaboração de um novo kanban (consiste num cartão com identificação do medicamento/produto

farmacêutico, código de barras e quantitativo de reposição e localização) (Anexo 1). O kanban é

retirado quando se atinge o quantitativo de reposição de stock e indica a necessidade de um

pedido ao fornecedor. É ainda da competência do farmacêutico reavaliar os níveis de stock, bem

como calcular os pontos de encomenda e as quantidades a encomendar gerindo os prazos de

validade dos produtos e as suas inutilizações. Por último, o farmacêutico é também responsável

por gerir os empréstimos de medicamentos e produtos farmacêuticos [15].

2.1. Experiência de Estágio no APF

Durante o período de estágio no armazém realizámos algumas das seguintes tarefas, apoio

ao técnico responsável pela receção das encomendas, auxílio na dispensa de hemoderivados e

eritropoietinas e preenchimento dos respetivos impressos, auxílio na solicitação e cedência de

empréstimos de medicamentos a outros centros hospitalares e reposição de stock de

psicotrópicos no Pixys.

3. Distribuição de Medicamentos

A distribuição de medicamentos “é a atividade dos serviços farmacêuticos com mais

visibilidade e onde mais vezes se estabelece o contacto destes serviços com os serviços clínicos

do hospital” [4]. Esta tem como principais objetivos, permitir a requisição de medicamentos para

reposição de stocks, garantir o cumprimento da prescrição médica, informar acerca de novos

medicamentos, permitir o aviamento e débito dos medicamentos, garantir o acondicionamento

adequado para transporte, executar a validação dos produtos farmacêuticos e medicamentos

devolvidos e definir qual o seu destino e a gestão das inutilizações e não conformidades [16].

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De uma forma geral, a distribuição constitui um processo fundamental do CdM garantindo a

eficácia e segurança do uso do medicamento.

No CHUP a distribuição engloba os doentes internados, através da Distribuição Clássica e da

Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) e os doentes em regime de ambulatório,

através da UFA.

3.1. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU)

A DIDDU consiste na validação, preparação e dispensa da medicação, por doente internado

e por dia, surgindo como necessidade da administração dos medicamentos de forma

individualizada. Esta surge como um imperativo de aumentar a segurança no circuito do

medicamento, conhecer melhor o perfil farmacoterapêutico dos doentes diminuindo assim os

riscos de interações medicamentosas, racionalizar melhor a terapêutica, atribuir mais

corretamente os custos e com a redução dos desperdícios [4,17].

No CHUP, a DIDDU assegura a distribuição da medicação a todos os doentes em regime de

internamento, por um período de 24h, à exceção dos fins de semanas em que a mesma é

assegurada por um período de 48h.

Para os medicamentos serem fornecidos aos doentes é necessária a existência de uma

prescrição médica, através do GHAF, que vai sendo constantemente atualizada. Esta é

posteriormente analisada e validada por um farmacêutico. A análise cuidada da prescrição feita

por este profissional permite evitar ou reduzir as Problemas Relacionados com Medicamento

(PRM) e aprimorar o tratamento de cada paciente, de modo a garantir o melhor para a sua saúde

[18,19].

3.1.1. Prescrição Médica

A maioria das prescrições, exceto estupefacientes, hemoderivados e material de penso,

é feita eletronicamente, através do GHAF. Contudo, certos fármacos necessitam de prescrição

manual, segundo impressos próprios. Tal acontece pela necessidade de garantir maior controlo

e uso mais racional de medicamentos com características especiais.

Relativamente aos estupefacientes e psicotrópicos, o médico de um serviço específico

preenche, em anexo próprio da Imprensa Nacional - Casa da Moeda (INCM), denominado Anexo

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X, qual a quantidade de estupefacientes que foi utilizada, por determinado doente, e remete este

impresso para a DIDDU (Anexo 2) [20].

Os hemoderivados, são também sujeitos a prescrição por impresso da INCM, neste caso

denominado de Anexo XIX. O serviço clínico que prescreve é responsável pelo envio das

etiquetas com o nome e processo do doente, sendo que estes só poderão ser dispensados por

farmacêuticos, que devem preencher o quadro C do impresso, identificar o lote de cada

hemoderivado e verificar o PV e o CAUL do mesmo. Estas prescrições têm validade de 24 horas

(Anexo 3) [21].

Com validade de 8 dias, a prescrição do material de penso é feita através do Anexo

XXXIX. Posteriormente, este impresso irá ser validado por um farmacêutico da DIDDU, bem como

dispensado e debitado no processo do doente (Anexo 4).

Por fim, os antídotos podem ser prescritos através do GHAF ou através de impresso, o

Anexo XXXVII. Quando é feita através deste impresso, a prescrição é feita para reposição de

stock fixo existente no Serviço de Urgência. Assim, este deve conter identificação do doente, qual

o antídoto que foi utilizado e a razão da sua administração (Anexo 5).

3.1.2. Validação e monitorização de prescrições médicas

Tal como foi referido anteriormente, as prescrições podem ser realizadas de duas formas:

via manual e via eletrónica, através do GHAF.

O GHAF é organizado em categorias referentes a cada serviço, sendo que as prescrições

médicas, após serem efetuadas pelo médico, encontram-se no serviço de internamento

correspondente do sistema.

Numa prescrição médica, é imprescindível a presença de certas informações, tais com,

dados sobre o doente, nome, número do processo, serviço e número da cama, e sobre o

medicamento, dose, modo de administração, forma farmacêutica, frequência e duração do

tratamento, sendo que este último se deve apresentar de acordo com a DCI, a identificação do

médico e, ainda, a data e hora da prescrição [18,19].

É responsabilidade do farmacêutico fazer a validação das prescrições, começando pelas

urgentes, identificadas a vermelho no sistema informático, e ir validando as restantes ao longo

do dia de trabalho. Simultaneamente, deve analisar e responder às solicitações do “Portal

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Interno”, portal informático que permite comunicação mais rápida e efetiva entre as enfermarias

e os farmacêuticos. A validação deve seguir as Deliberações da CFT e do FHNM. Esta é essencial

para perceber se existem PRMs na prescrição que careçam de intervenção farmacêutica, ou seja,

se a medicação é realmente necessária, se é adequada ao paciente e ao seu problema de saúde,

se a posologia é a correta e se o doente apresenta condições para a usar adequadamente [22,23].

Todas as intervenções que sejam realizadas são inseridas no CdM, num espaço próprio

para esse efeito - “Observações da Farmácia”, que devem posteriormente ser impressas e

arquivadas. No caso das prescrições manuais, todas as intervenções são anotadas num impresso

específico.

3.1.3. Preparação da medicação

O passo seguinte à validação da prescrição passa pelo débito dos medicamentos que irão

ser aviados para cada paciente, seguindo-se a emissão de listas de medicamentos a serem

enviados para cada unidade de internamento.

A prescrição de um doente pode sofrer alterações ao longo do dia, sendo que quando os

medicamentos ainda não foram transportados para o serviço a que se destinam, efetua-se o

“Processamento de Prescrição com Revertências”, caso contrário, quando os medicamentos já

foram entregues ao serviço, procede-se ao “Processamento de Prescrição sem Revertências”.

Para estas últimas são impressos mapas e etiquetas com dados dos doentes, sendo que estes

preparados pelo TSDT e postos em envelopes fechados nas caixas SUC®️ da unidade em

questão e enviados à mesma pelos mensageiros [24].

O aviamento consiste na preparação de cassetes (gaveta) com os medicamentos que são

destinados a determinado doente, sendo crucial a identificação do paciente, número de processo

e o local onde o doente se encontra, isto é, o serviço e o número de cama.

Este serviço da DIDDU pode ser feito de forma manual e semiautomática (de manhã) ou

apenas de forma manual (de tarde), sendo que, de forma manual, os medicamentos localizam-

se nas células (medicamentos de maior rotatividade) e torres (medicamentos de menor

rotatividade) e, na semiautomática, a dispensa é feita através do Pharmapick® (dispensador

automático de medicamentos) (Anexo 6). Os medicamentos que se encontram no Pharmapick®

estão organizados em gavetas, sendo que, aquando da dispensa, a recolha destes é feita por

medicamento e não por doente, ou seja, os TSDT retiram primeiro todos os medicamentos que

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contêm a mesma designação para os diferentes utentes. As gavetas dirigidas para a mesma

unidade de internamento compõem uma mala e o conjunto destas integra um carro. As malas

integrantes do carro são pertencentes a serviços clínicos que se localizam próximos fisicamente

[25,26].

A Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP), bem como o Serviço de Cuidados

Intensivos (SCI) apresentam já um stock de certos medicamentos, sendo que para esses há a

validação da prescrição, mas não o envio da medicação. Para a UCIP e para o SCI são, portanto,

apenas enviados certos medicamentos que estes não possuem, como material de penso,

nutrição artificial, imunomoduladores, anti­infeciosos e ainda os medicamentos que não tenham

stock nesses serviços [22].

Ao contrário dos medicamentos anteriormente referidos, os medicamentos

estupefacientes e psicotrópicos e os medicamentos hemoderivados são dispensados apenas

pelos farmacêuticos.

O Despacho Conjunto nº1051/2000 (2ª série) de 14 de setembro dos Ministérios da

Defesa Nacional e da Saúde serve como base para a dispensa de medicamentos hemoderivados.

Este contém uma ficha de modelo constituída por 2 vias, VIAFARMÁCIA e VIASERVIÇO, que é

enviada aos serviços farmacêuticos após o preenchimento dos quadros A, com a identificação

do doente e do médico, e B, com dados sobre o hemoderivado e patologia do doente, sendo que

estes preenchem o quadro C [21].

Neste último são preenchidas informações dos hemoderivados, nomeadamente o

hemoderivado/dose, a quantidade, o lote, o laboratório de origem/fornecedor e o número

certificado do INFARMED (CAUL). No final o farmacêutico assina, coloca a data na ficha e

procede ao débito no CdM.

O quadro D está apenas presente na VIASERVIÇO e é preenchido apenas pelo

enfermeiro responsável pela administração do hemoderivado. A VIAFARMÁCIA permanece

arquivada nos serviços farmacêuticos durante 50 anos. Já a VIASERVIÇO é preenchida pelo

serviço requisitante e arquivada no processo clínico do doente.

Para os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos é seguido o Decreto­Lei nº 15/93

de 22 de janeiro, com retificação de 20 de fevereiro. Os serviços farmacêuticos recebem a

prescrição médica estando esta em impresso próprio, o Anexo X, contendo certas informações

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preenchidas, nomeadamente o DCI, a forma farmacêutica, a dosagem, o nome do doente,

cama/processo, a quantidade pedida ou prescrita, rubrica do enfermeiro que administra e

respetiva data de administração e o serviço, a assinatura do médico, o número mecanográfico,

número sequencial do impresso e o carimbo do serviço. O farmacêutico faz o débito no GHAF e

preenche no anexo a quantidade fornecida [27].

1.1.3. Experiência de Estágio na DIDDU

Durante o nosso estágio neste setor tivemos a oportunidade de observar e participar na

análise e validação de prescrições médicas. Adicionalmente, preparamos e debitamos os

medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, assim como, medicamentos hemoderivados.

Tivemos também a oportunidade de assistir a algumas situações em que o Farmacêutico alertou

o médico sobre doses não adequadas para aquele doente em particular e sobre interações

medicamentosas.

3.2. Distribuição em Regime de Ambulatório

A distribuição de medicamentos em regime de ambulatório permite assegurar a

distribuição de medicamentos, e outros produtos de saúde, aos utentes da consulta externa e

dos hospitais de dia nas quantidades, qualidade e prazos exigidos, assegurando a preservação

das características dos mesmos. A Unidade de Farmácia de Ambulatório permite, assim, a

dispensa de fármacos a doentes que não estejam internados, resultando numa redução de custos

associados e a recuperação do doente em ambiente familiar [4].

3.2.1. Os medicamentos

Os medicamentos dispensados na UFA, que têm a particularidade de serem

completamente comparticipados de acordo com despachos do ministério da saúde, apresentam

em alguns casos custos muitos elevados e estão indicados para o tratamento ou controlo de

patologias especiais definidas por legislações, pelo que estão sujeitos a dispensa exclusiva em

FH e noutros casos são a penas prescritos e dispensados em meio hospitalar devido à

necessidade de haver um maior controlo e vigilância em determinadas terapêuticas, em

consequência de efeitos secundários graves e à necessidade de assegurar a adesão a

terapêutica [28].

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3.2.2. Organização estrutural e Funcionamento da UFA

A UFA no CHUP é constituída por uma sala de espera e pela sala de atendimento que

possui três balcões e um gabinete. Possuí ainda, sistemas de armazenamento de medicamentos,

nomeadamente, gavetas organizadas por doenças mais comuns tais como, Síndrome Do

Intestino Curto, Hepatite B, Insuficiência Renal Crónica, Fibrose Quística, Esclerose Múltipla entre

outras e, dentro dessas categorias, os medicamentos estão organizados por ordem alfabética.

Apresenta também frigoríficos para medicamentos termolábeis que necessitem de condições de

refrigeração, armários onde se encontram os produtos de nutrição e as malas térmicas,

contentores para depósito de agulhas e ainda armários onde é arquivada a documentação

(legislações, autorizações especiais, controlos de stock).

O atendimento é gerido por um sistema de senhas geradas por um dispensador eletrónico,

funcionando entre as 9 e as 17 horas, de segunda a sexta-feira.

A reposição dos medicamentos nos armários da UFA é feito por um sistema de Kanbans,

sendo a manutenção do stock, garantida do seguinte modo, atingindo o ponto de encomenda, os

kanbans são retirados e enviados para o APF, estando nelas indicada a quantidade a ser

encomendada. Quanto aos produtos de Nutrição, estes são previamente encomendados pelo

utente e posteriormente preparados.

3.2.3. Validação e monitorização da prescrição médica

Para que a medicação possa ser dispensada, é necessário que o utente ou o seu

respetivo representante venha acompanhado de uma prescrição médica, na qual através do

GHAF, o farmacêutico procede à validação, explicação da terapêutica, dispensa e,

eventualmente, condições de transporte e armazenamento. Caso seja o respetivo representante

é necessário um termo de responsabilidade na qual o utente nomeia outras pessoas para o

representarem no levantamento da sua prescrição médica, o termo de responsabilidade deverá

ser entregue ao utente na primeira visita à farmácia hospitalar e no qual o mesmo se compromete

a responsabilizar-se pela boa utilização, correto transporte e armazenamento do medicamento,

conforme indicado pelo farmacêutico. Caso seja uma nova terapêutica e não necessariamente

um novo doente, toda a informação sobre aquele(s) medicamento(s) deve ser prestada e todas

as dúvidas devem ser esclarecidas (Anexo 7).

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Nas prescrições médicas o Farmacêutico é responsável por verificar a identificação do

doente, a medicação prescrita e por cada medicamento a indicação da dose, forma farmacêutica,

posologia, via de administração, a especialidade médica que emitiu a prescrição, a identificação

do prescritor e a sua assinatura, a data da próxima consulta e o diploma legal a que a prescrição

obedece [29,30]. A prescrição tem uma validade de 30 dias após a data de emissão da mesma,

pode acontecer que o utente tenha a medicação respetiva em reserva e não a necessite nesses

30 dias, porém tem de a validar na farmácia do hospital. A prescrição eletrónica é a prescrição

atualmente utilizada, salvo a exceção de casos de Gastroenterologia, Nutrição e Hemoderivados,

sendo estas em papel, contendo também a identificação do médico prescritor e, no caso de

prescrições de consultas externas ao CHUP para algumas patologias nomeadamente Artrite

Reumatoide e Psoríase, o número de certificação de registo da Direção Geral de Saúde. No caso

de hemoderivados acrescenta-se ainda, o número de lote e o CAUL [31,32].

3.2.4. Dispensa dos medicamentos

A dispensa dos medicamentos é a principal função da UFA e é feita aos utentes do CHUP,

salvo a exceção de utentes com médicos privados, mas que apresentem o diagnóstico de Artrite

Reumatóide, Espondilite Anquisolante, Artrite Psoriática, Artiste Idiopática Juvenil Poliarticular e

Psoríase em placas [33,34].

Quando aplicado, o farmacêutico deve ceder consumíveis, nomeadamente seringas,

contentores de risco biológico, sacos isotérmicos, e outros produtos necessários ao tratamento.

Os sacos isotérmicos só são cedidos uma vez ao utente, promovendo a sua reutilização, sendo

que é registada a data da primeira entrega do saco isotérmico no sistema informático. Caso o

doente não o traga numa visita posterior à da entrega a medicação poderá ser-lhe rejeitada.

A quantidade de medicação entregue obedece a regras e critérios, nomeadamente a data

da próxima consulta e a patologia. Entre estas regras e critérios podemos encontrar, dispensa de

medicamentos para períodos não superiores a 30 dias, salvo algumas exceções que devem

serem autorizadas pelo Conselho de Administração (por exemplo, devido ao facto de haver

utentes que residem a grandes distâncias). Contudo, caso o tratamento se complete em 40 dias,

a medicação deve ser fornecida na totalidade, tendo em conta o bom senso (e tendo sempre em

conta o stock do medicamento). Na terapêutica antiretrovírica é permitida a dispensa por um

período de 90 dias, de acordo com a lei vigente e nos doentes transplantados renais ou hepáticos,

o fornecimento predefinido é de 3 meses. Caso a cedência completa dos medicamentos não seja

possível até a próxima consulta, é emitido um documento de medicação pendente, em que o

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doente poderá levantar mais medicação até à próxima consulta. Caso não seja possível os

medicamentos serem cedidos nas suas embalagens originais devem ser sempre corretamente

embalados e etiquetados [35].

Durante a dispensa, o farmacêutico deverá introduzir informaticamente o lote de certos

medicamentos tais como os citotóxicos, os anti-retrovíricos e os imunosupressores de forma a

assegurar a sua rastreabilidade.

Quanto ao caso especial da talidomida é necessário a apresentação do Formulário de

Farmacovigilância de Prescrição do Programa de Prevenção da Gravidez - Thalidomide

Celgene®, garantindo que o Médico informou o utente acerca dos efeitos adversos e

responsabilidades associadas à sua toma, quer em mulheres ou homens, no uso em combinação

com melfalano e prednisona, para tratamento de primeira linha de doentes com ≥ 65 anos de

idade com mieloma múltiplo não tratado ou não elegíveis para tratamento com altas doses de

quimioterapia, sendo da responsabilidade do farmacêutico completar o documento [36].

3.2.5. Devolução de medicamentos

Por vezes os utentes devolvem a medicação aos SF do hospital. A UFA tem um

compartimento apropriado para estes medicamentos designado “Devolução de Medicamentos”,

para posterior averiguação da origem do medicamento, condições de conservação, integridade

física das embalagens primária e secundária, PV, entre outros. O farmacêutico deve registar

quem recebeu os medicamentos, data e número do processo do doente. Os medicamentos em

frascos abertos e os medicamentos que necessitem de conservação no frio devem ser rejeitados,

pois nada nos garante que tenham sido cumpridos as precauções necessárias [37].

3.2.6. Experiência de Estágio na UFA

Durante o nosso estágio na UFA tivemos a oportunidade de concretizar as seguintes

atividades, assistimos atentamente ao atendimento e dispensa de medicação e produtos de

nutrição, auxiliando na validação das prescrições médicas e após aprendizagem realização do

mesmo sob supervisão dos farmacêuticos presentes, organizamos as gavetas e recolhemos os

kanbans quando passado o ponto de encomenda, reembalamos as seringas de epoetina, uma

vez que se encontram embaladas em caixas com quantidades superiores às necessárias pelo

doente na maior parte das vezes.

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Uma experiência completamente enriquecedora que nos encheu de novos conhecimentos,

tais como a descoberta das patologias e fármacos que dependem dos serviços da UFA

nomeadamente da quantidade significativa de doentes transplantados e pós-transplantados

necessitados da medicação presente no ambulatório, o funcionamento do sistema informático

base do CHUP - GHAF, a descoberta dos três tipos de prescrição em papel e ainda um

enriquecimento a nível pessoal devido à extrema compreensão dos farmacêuticos com os

utentes.

3.3. Distribuição Clássica

A Distribuição Clássica consiste no fornecimento de medicamentos e outros produtos de

saúde, em quantidades e com prazos pré-estabelecidos, a vários serviços clínicos do hospital,

blocos e consultas, farmácias satélites do CMIN e do HJU e ao armazém da UFO e da UFA. Os

pedidos de reposição podem ser feitos eletronicamente ou via manual [37].

4. Farmacotecnia

Para satisfazer as necessidades individuais de cada doente, por vezes é necessário recorrer

a preparações individualizadas de certos medicamentos por diversos motivos, sendo estes

quando os medicamentos não se encontram comercializados nas doses ou formas farmacêuticas

pretendidas, quando se pretende reduzir desperdícios dos fármacos e quando existem motivos

económicos para tal. A farmacotecnia existe para que seja possível colmatar estes problemas,

sendo que engloba a produção de medicamentos estéreis, não estéreis, fracionamento de

medicamentos estéreis e não estéreis e citotóxicos.

Para que seja garantida a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos, pilares

essenciais para a produção dos mesmos, todas as secções de produção cumprem as Boas

Práticas de Fabrico de Medicamentos Manipulados e seguem também os protocolos com base

no Pharmaceutical Inspection Co-operation Scheme (PIC´s) e na United States Pharmacopeia

(USP).

As referências acima mencionadas contém um conjunto de informações a ter em conta sobre

as instalações e equipamentos utilizados, as matérias-primas, os materiais de embalamento, a

rotulagem, os operadores envolvidos, o controlo de qualidade a ter em conta, a manipulação

adequada e também a toda a documentação necessária.

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4.1. Medicamentos não estéreis

Tal como o termo indica, trata-se de medicamentos que não necessitam de condições de

esterilidade, nomeadamente nos equipamentos, materiais e fardamento utilizados para a

manipulação dos mesmos.

O público-alvo destes manipulados são maioritariamente as crianças, devido à inexistência

de doses pediátricas e formas farmacêuticas adequadas da maioria dos medicamentos

comercializados.

O laboratório dispõe de uma hotte, onde são manuseadas matérias-primas nocivas para o

operador, de dois balcões, situando-se um deles no centro da sala onde decorre a maioria do

processo de fabrico, e o outro na periferia onde estão presentes uma balança analítica e uma

semi-analítica, e uma placa de aquecimento.

As matérias-primas encontram-se guardadas em armários, dispostas por ordem alfabética e

por tamanho das embalagens, sendo que os materiais de laboratório e os frascos de

acondicionamento se encontram em outros dois armários diferentes.

4.1.1. Produção das Preparações Não Estéreis

Um medicamento não estéril é preparado quando é recebido um pedido através do

sistema informático do hospital (GHAF) ou pelo sistema de KANBANS (Anexo 8). Os KANBANS

têm como função repor os stocks que atingem o ponto de encomenda. Ambos os sistemas

servem para satisfazer as necessidades dos diferentes serviços, nomeadamente a UFA, CMIN e

DIDDU. Em seguida, o farmacêutico é responsável pela validação do pedido, emissão da Ordem

de Preparação (OP) e dos respetivos rótulos, sendo que estes últimos também podem ser

emitidos por um técnico.

Relativamente à OP, esta deve conter a identificação do operador e supervisor, o número

de lote, a quantidade unitária e o número de unidades necessárias a preparar, matérias-primas

utilizadas com as respetivas informações sobre as mesmas tais como, validade, lote e origem, o

procedimento para a elaboração do manipulado, a composição qualitativa e quantitativa, os

ensaios de verificação da qualidade, a forma farmacêutica e a dose, a rubrica do supervisor e o

rótulo. Já no rótulo deve constar a identificação da preparação, a informação da instituição onde

a mesma foi elaborada (CHUP), a data da preparação, a via de administração, a composição

qualitativa e quantitativa, a identificação do diretor técnico , a validade do manipulado, sendo que

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esta deve seguir a USP Pharmacists Pharmacopeia, o lote da preparação, as condições de

conservação e os cuidados a ter em conta com o produto final (Anexo 9) [38].

Segue-se então a elaboração do manipulado pelo TSDT, que deve estar devidamente

equipado e utilizar a técnica adequada que se encontra presente na OP. O produto acabado deve

ser sujeito a ensaios de qualidade e classificado como conforme ou não conforme mediante o

cumprimento ou não dos requisitos estipulados na OP. Estando o medicamento não estéril em

conformidade com os ensaios, procede-se ao seu acondicionamento primeiramente numa

embalagem primária, como por exemplo, frascos de vidro âmbar, devidamente rotulada e em

seguida é armazenado numa embalagem secundária denominada de manga. Ainda nesta fase,

através do GHAF, procede-se à composição do produto acabado, isto é, dá-se a saída das

matérias-primas utilizadas e entrada do manipulado preparado, que é de seguida transferido para

o armazém requisitante. A OP é arquivada cronologicamente após ser assinada pelo

farmacêutico supervisor [39].

1.1.4. Experiência de Estágio nas preparações não estéreis

Durante o nosso estágio neste setor tivemos a oportunidade de assistir à preparação de

alguns medicamentos não estéreis como, saliva artificial, soluções orais de sacarose a 24% em

frascos de 30 ml, suspensões orais de ondansentron 1mg/ml em frascos de 80ml, sildenafil

2,5mg/ml em frascos de 80ml, gel cetamina 0,5% + amitriptilina 2%, entre outros. Além disso,

auxiliamos na preparação de papéis medicamentosos e no embalamento secundário do produto

acabado.

4.2. Medicamentos estéreis

Os medicamentos estéreis englobam colírios, preparações intravítreas, fracionamento de

medicamentos, bolsas de NP (produção ou aditivação), citotóxicos, medicamentos de Ensaios

Clínicos, entre outros.

A preparação de medicamentos estéreis é feita em condições de assepsia e pressão

controlada, pressão positiva comparativamente à sala negra, numa sala adaptada para a

manipulação destes, sala branca, que deve ser cuidadosamente limpa antes e no final de cada

sessão de produção. Além disso, os operadores devem estar devidamente equipados com

fardamento adequado, bata, máscara, luvas, cobre-sapatos e touca.

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4.2.1. Produção dos medicamentos estéreis

A preparação de medicamentos estéreis e de nutrição parentérica realiza-se numa área

composta por 3 zonas com níveis de pressão crescentes, a zona negra, a zona cinzenta e a zona

branca, sendo que esta última deve ser aquela que possui esterilidade máxima e atmosfera de

pressão positiva, de modo a minimizar a ocorrência de contaminações provenientes do exterior.

Esta última sala possui ainda uma janela com duas portas, designada por transfer, que permite a

comunicação com o exterior (entrada e saída de material), um sistema de ar condicionado e

filtrado e uma Câmara de Fluxo Laminar vertical (CFLv).

A limpeza do exterior da CFLv e da sala branca é da responsabilidade do AOP. Por outro

lado, a limpeza do interior da CFLv é da competência do TSDT, que o limpa diariamente no início

e final de cada sessão com álcool a 70º e semanalmente é sujeito a uma desinfeção com solução

de hipoclorito de sódio a 0,5%. O registo das atividades referidas é feito em impresso próprio pelo

TSDT [40].

O fardamento dos operadores é feito de forma progressiva, na zona cinzenta são

colocados os cobre-sapatos, máscara e touca de cabelo, é feita a lavagem adequada das mãos

com sabão. Seguidamente e ainda nesta zona, os operadores vestem a bata cirúrgica

impermeável e fazem a desinfeção das mãos com álcool, calçando posteriormente as luvas. Após

devidamente equipados, os Farmacêuticos e os TSTD seguem para a zona branca onde se

realiza a manipulação dos medicamentos estéreis [41].

O processo inicia-se com o pedido de preparação através do sistema informático GHAF

ou pelo sistema de KANBANS, isto é, quando há necessidade de reposição de stock, pedidos de

clientes externos, prescrições médicas ou solicitações de ensaios clínicos. Após serem

produzidos são armazenados em local próprio sendo transferidos para o serviço que efetuou o

pedido. É ainda necessário, a validação da formulação por parte do farmacêutico sendo que,

caso esta nunca tenha sido elaborada no CHUP, deve ser consultada bibliografia adequada ou

então contactados farmacêuticos de outras unidades hospitalares que já tenham realizado a

mesma preparação, de forma a ser elaborada uma OP que será então introduzida no sistema

ficando registado no impresso “Registo da conceção, verificação e validação de novas

formulações” (Anexo 10). O passo seguinte passa pela obtenção da OP e respetivos rótulos. O

lote presente nestes documentos é gerado utilizando a mesma metodologia dos medicamentos

não estéreis. Em seguida, as OP são levadas para a zona branca através do transfer, onde são

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seguidos os procedimentos presentes nas mesmas para a produção dos produtos estéreis [42,43,

44].

Quando se obtém o produto final realizam-se ensaios organoléticos, tais como, cor,

presença/ausência de partículas em suspensão e presença/ausência de ar, e de seguida, caso

as características organoléticas estejam em conformidade realiza-se o controlo gravimétrico,

sendo que neste último o produto tem de se encontrar dentro da margem de erro estabelecida (±

5%). Estando o produto acabado em conformidade, este é rotulado e acondicionado na

embalagem secundária. A OP é rubricada pelo farmacêutico que supervisionou a preparação,

com referência a todos os elementos da equipa, e é posteriormente arquivada. De referir ainda

que, quando o produto acabado não está conforme, é necessário efetuar uma nova preparação

[45,46].

4.2.2. Experiência de Estágio nas preparações estéreis

Durante o nosso estágio nesta unidade tivemos a oportunidade de assistir ao fracionamento

de hidroxicobalamina injetável 2mg/0,4mL e de intravítreos, como aflibercept injetável

2mg/0,05mL e ranibizumab injetável 0,5mg/0,05mL; preparação de colírios, como ceftazidima

5%/10mL e, ainda, à preparação de manipulados para ensaios clínicos. Tivemos também a

possibilidade de auxiliar na rotulagem dos medicamentos.

4.3. Produção de nutrição parentérica

A nutrição parentérica (NP) é destinada a utentes com deficiências nutricionais e energéticas

que apresentam a via oral ou entérica obstruída/ não completamente funcional ou que

apresentam desnutrição severa.

No CHUP, a produção de bolsas de NP faz-se segundo prescrição, que pode ser proveniente

dos Serviços de Cuidados Intensivos Pediátricos, da Pediatria ou da Neonatologia, do Centro

Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) ou ainda de doentes de ambulatório que fazem NP em

casa.

As prescrições das bolsas de nutrição parentérica são recebidas em formato PDF através de

pastas partilhadas via intranet, à exceção do CHTS, que envia via email a OP e os rótulos, sendo

que estes necessitam sempre da validação de um farmacêutico. Esta requer a verificação da data

e hora da prescrição, informação pessoal do doente e sua localização, composição qualitativa e

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quantitativa das duas soluções (I e II) a serem preparadas e identificação do serviço clínico que

prescreveu o medicamento (Anexo 11).

De seguida faz-se a preparação de todo o equipamento e material a utilizar no enchimento

das soluções I, constituída por oligoelementos, glucose, vitaminas hidrossolúveis e aminoácidos

e II, constituída por vitaminas lipossolúveis e lípidos.

O enchimento dos macronutrientes na solução I faz-se através de uma bomba de enchimento

automática enquanto que o dos micronutrientes é feito manualmente, recorrendo a uma seringa

luer-look, pelo que a solução I é preparada de forma semi-automática e numa bolsa de diferentes

capacidades. de acordo com o volume necessário. Quanto à solução II, esta pode ser preparada

numa seringa caso o volume total seja inferior a 50ml ou numa bolsa, caso seja superior. O

enchimento desta solução é feito de forma manual, sendo que as vitaminas lipossolúveis são

adicionadas posteriormente à adição da emulsão lipídica.

Estando ambas as soluções finalizadas, procede-se à rotulagem e realização de ensaios

organoléticos (I, II e III) e ensaios gravimétricos, de maneira a verificar se o peso da solução I

estava conforme o intervalo de referência. Posteriormente, as bolsas são protegidas da luz com

folhas de alumínio ou sacos próprios fornecidos por laboratórios, sendo de seguida novamente

rotuladas. As bolsas e/ou seringas pertencentes ao mesmo doente são acondicionadas numa

mesma embalagem secundária [47].

Na primeira bolsa de cada sessão de trabalho e na última da última sessão do dia, procede-

se ao controlo microbiológico, no qual há recolha de uma alíquota da solução I para ser inoculada

no frasco Bactec, que é enviado ao serviço de Microbiologia do CHUP. Ainda há a verificação

das superfícies da câmara ou das mãos dos operadores, sendo a recolha de uma amostra feita

utilizando uma zaragatoa. Mais tarde, a amostra é enviada para uma entidade externa para ser

analisada (Sagilab) [48].

As bolsas são então enviadas para diferentes unidades, nomeadamente para o Hospital de

Dia, Cuidados Intensivos de Pediatria e Internamento Médico-Cirúrgico (CIP-IMC), para crianças

em regime de ambulatório (crianças com défices de absorção, como por exemplo, síndrome do

intestino curto), Serviço de Neonatologia do CMIN ou, então, para o CHTS.

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4.3.1. Experiência de Estágio na Nutrição Parentérica

Durante o nosso estágio neste setor tivemos a oportunidade de observar a validação das

prescrições e a emissão da OP e dos rótulos. Assistimos também à preparação das bolsas e

realizamos os ensaios gravimétricos e ainda ficamos responsáveis por fazer o acondicionamento

das soluções.

4.4. Medicamentos citotóxicos

Ao contrário dos outros setores dos serviços farmacêuticos, que se encontram no Edifício

Neoclássico do hospital, a unidade de farmácia oncológica (UFO) pertencente aos SF encontra-

se no Edifício Dr. Luís de Carvalho, junto ao serviço de Hospital de Dia Polivalente.

A preparação dos citotóxicos faz-se na UFO, e a administração destes no Hospital de Dia,

sendo que esta pode ser feita em cadeirões ou camas dependendo do estado de debilitação dos

pacientes ou do tipo de tratamento.

4.4.1. Produção

Tal como na produção dos estéreis, a UFO é constituída pelas zonas negra, cinzenta e

branca, que apresentam também um gradiente de pressão.

Na zona negra, encontram-se armazenados os medicamentos citotóxicos, anti-eméticos

e corticóides, bem como matérias-primas adicionais para a manipulação dos citotóxicos. Estes

estão armazenados de acordo com as suas condições de conservação, no frigorífico ou armários,

estando ainda dispostos por ordem alfabética de acordo com o nome da substância ativa e

seguindo a metodologia FEFO. Além disso, existe um armário, de fácil acesso para os

farmacêuticos, destinado aos medicamentos que são usados com maior frequência, como por

exemplo, as soluções de diluição, a dexametasona e o irinotecano.

Antes da preparação de qualquer citotóxico na zona branca, os TSDT efetuam o

fardamento adequado na zona cinzenta com máscara PFR P3 ou P2, touca e cobre-sapatos,

assim como, fazem a lavagem assética das mãos. De seguida, na antecâmara, vestem a bata

reforçada de baixa permeabilidade, desinfetam as mãos com álcool a 70º e calçam o primeiro par

de luvas. Já na zona branca, onde se efetua a produção dos medicamentos citotóxicos, colocam

o segundo par de luvas de alta proteção. Esta zona encontra-se com os níveis máximos de

esterilidade e está equipada com uma CFLv (Classe IIB), dois filtros HEPA sendo sujeita a um

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ambiente controlado com pressão negativa para evitar a concentração de partículas de CTX e

sua saída para o exterior. Para controlar o diferencial de pressão da sala limpa utiliza-se o sistema

VIGIE, software integrado de monitorização de pressão nas salas limpas. A comunicação física

entre a zona branca e a negra é feita por um transfer e a comunicação verbal por sistema de

intercomunicação [49, 50].

Para desencadear o processo de produção dos CTX é necessário que seja feita uma

prescrição via eletrónica através do GHAF para doentes em Hospital de Dia. Esta prescrição é

feita de acordo com os Protocolos de Quimioterapia praticados pelo CHUP que são baseados em

esquemas reconhecidos internacionalmente sendo a dose prescrita para cada CTX em função

da superfície corporal, peso ou área sob a curva (AUC) de cada doente, existindo a possibilidade

de reduções de dose por toxicidade, insuficiência renal/hepática ou mielosupressão. É da

competência do Farmacêutico a validação e monitorização das prescrições médicas de

quimioterapia. Quando a prescrição reúne os critérios mínimos de aceitação, tais como,

identificação do doente, peso, altura, superfície corporal, CTX prescritos por DCI, dose padrão

do protocolo, via de administração e data da realização do ciclo, assim como quando o doente

apresenta condições necessárias de saúde e se encontra dentro dos valores estabelecidos no

hemograma, é-lhe atribuída uma luz verde no sistema informático para que se proceda à

validação e preparação do CTX. Caso contrário, estes recebem luz vermelha e, por não estarem

aptos, não recebem a medicação, pelo que esta nem sequer é preparada. Quando os valores do

hemograma ou mesmo o estado de saúde do utente sugere dúvidas, é emitida luz amarela que,

após uma análise mais cuidada pelo médico, passará a verde ou vermelha. Uma vez emitida a

luz verde, a prescrição é validada pelo farmacêutico, na qual se verifica a identificação do doente

e certos dados acerca deste (peso, altura, superfície corporal). Os CTX que são prescritos através

da DCI, da dose padrão e da dose ajustada a cada paciente, o modo de administração, a data, o

nome do médico e respetivo serviço clínico. Posteriormente, são impressas as ordens de

preparação na forma de rótulos, o interno, que serve de OP e o externo e são preparadas todas

as matérias-primas necessárias para se proceder à obtenção do CTX. Estes documentos e

materiais são colocados num tabuleiro dentro do transfer para serem utilizados pelos TSDT na

zona branca. De seguida, o técnico prepara todo o material apropriado para a elaboração do CTX

que depois é introduzido na CFLv e é utilizado pelos operadores. Por fim, o produto final é

rotulado, protegido da luz (quando indicado no rótulo) e acondicionado na embalagem

secundária. Este é posto novamente no transfer e recolhido pelo farmacêutico para a zona

negra. A partir deste momento, o farmacêutico verifica se está tudo em conformidade e, se assim

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for, o medicamento é colocado na caixa dos cadeirões ou das camas, de acordo com a

localização do doente, e regista-se no sistema informático a libertação do mesmo (Anexo 12)

[51,52,53].

Caso um doente apresente na prescrição um protocolo complexo como é o caso do

FOLFOX, os as preparações que irão ser administradas em primeiro lugar são aquelas que

apresentam maior prioridade para serem preparadas.

Certos medicamentos dispensados nesta unidade não necessitam de manipulação, pelo

que nestes apenas é colocado o rótulo. Ainda nesta unidade, existe um gabinete destinado à

preparação e dispensa de hemoderivados e à impressão de listas dos doentes com marcação

para o dia seguinte no Hospital de Dia (agendamento), de forma a permitir um melhor controlo de

stocks dos produtos necessários para cada paciente.

Aos TSDT cabem ainda as funções de rececionar os medicamentos, verificar os

medicamentos recebidos (se correspondem às guias de transferência), auxiliar no

armazenamento dos medicamentos e limpar a CFLv no início e no final de cada sessão. No final

de cada sessão, faz-se também controlo microbiológico das superfícies e das luvas dos

manipuladores.

Os AOP do Hospital de Dia recolhem e transportam regularmente os medicamentos para

o local onde estes vão ser administrados pelos enfermeiros. No entanto, antes dos fármacos

saírem da UFO, é essencial que os AOP assinem a lista de transporte dos mesmos [53].

É importante que todos os profissionais envolvidos no processo de CTX saibam o que

fazer caso aconteça algum acidente/derrame. Nestes casos recorre-se ao kit de derramamento

que contém o material básico necessário para proteção pessoal e para limpeza do local, bem

como um poster com o símbolo biohazard para colocar no local do derrame de forma a alertar

sobre o sucedido a todos os profissionais que por ali passem. Este kit encontra-se em local bem

visível na sala branca e deve sempre ser substituído após utilização [54].

Como nas outras unidades dos serviços farmacêuticos, é utilizado o sistema de KANBANS

na gestão de encomendas e stocks, sendo que esta encomenda é feita uma vez por dia ao

armazém 1001 ou são adicionados os medicamentos em falta na lista comum, para que o SA

proceda à encomenda destes.

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5. Investigação Clínica e Desenvolvimento - Ensaios Clínicos

Os ensaios clínicos (EC) são estudos de investigação destinados a dar resposta a questões

científicas e a encontrar melhores formas de tratar ou prevenir doenças. A realização EC de

medicamentos para uso humano é regulada a nível nacional pela Lei de Investigação Clinica, Lei

n.º 21/2014, de 16 de abril, alterada pela Lei n.º 73/2015 de 27 de julho, e que, relativamente aos

EC com Medicamentos de uso humano, revogou a Lei n.º 46/2004, de 19 de agosto, passando

a transpor a Diretiva 2001/20/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 4 de abril [55,56].

A Lei de Investigação Clínica define um EC como “qualquer investigação conduzida no ser

humano, destinada a descobrir ou a verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou outros efeitos

farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos experimentais, ou a identificar os efeitos

indesejáveis de um ou mais medicamentos experimentais, ou a analisar a absorção, a

distribuição, o metabolismo e a eliminação de um ou mais medicamentos experimentais, a fim de

apurar a respetiva segurança ou eficácia” [57].

Os EC diferenciam-se através da metodologia utilizada, do número de centros intervenientes, do

processo de aleatorização, do desenho de estudo e da sua finalidade. Um EC apresenta na sua

maioria quatro fases com finalidades distintas. Na fase I, um novo fármaco ou tratamento é

testado num pequeno grupo de dezenas de pessoas saudáveis, cujo objetivo é testar a segurança

dos mesmos. A fase II foca-se na avaliação da eficácia do fármaco ou do tratamento num número

de doentes que não ultrapassa as centenas, com uma determinada doença ou condição médica.

Na fase III, pretende-se reunir mais informações sobre a segurança e eficácia, recorrendo ao

estudo em diferentes populações de centenas a milhares de pessoas. Na fase IV, os ensaios são

efetuados após aprovação da AIM. Estes são designados como estudos de farmacovigilância e

o seu objetivo é reunir informações adicionais sobre a segurança, eficácia e uso otimizado do

medicamento. A maior parte dos ensaios em que o CHUP participa são de fase III, sendo que

também está envolvido em alguns ensaios de fase I, II e IV [58].

No decurso de um EC é extremamente importante o cumprimento das Boas Práticas Clínicas por

todos os intervenientes de forma a que os direitos, a segurança, o bem-estar dos participantes e

a credibilidade dos dados sejam garantidos. Num EC há vários intervenientes, o promotor, pessoa

singular ou coletiva, o instituto ou o organismo responsável pela conceção, realização, gestão e

financiamento de um EC, assim como do pedido de aprovação às entidades reguladoras. As

autoridades reguladoras encarregues da aprovação dos EC, em Portugal, são o INFARMED e a

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Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC). Outros intervenientes no processo incluem

o monitor, profissional dotado da necessária competência científica ou clínica, designado pelo

promotor para acompanhar o estudo clínico e para o manter permanentemente informado, o

investigador, a pessoa que se responsabiliza pela realização do EC no centro de estudo e o

farmacêutico que é responsável por todo o circuito do medicamento experimental (ME) no centro

de ensaio [59].

O farmacêutico coordenador dos EC é responsável por garantir a gestão do medicamento

experimental em estudo, isto é, receção, acondicionamento e identificação, gestão de do stock,

dispensa/preparação, informação ao doente, registos, devoluções, controlo do inventário do ME

e arquivo de informações. Tem ainda a responsabilidade de assegurar a elaboração e

implementação de procedimentos normalizados de trabalho, que permitam o cumprimento das

Boas Práticas Clínicas através de um controlo apertado dos ME.

Nas instalações dos SF existe um local próprio destinado aos ensaios clínicos – a UEC, que é

constituída por duas salas contíguas. Uma sala de acesso restrito reservada ao armazenamento

do ME, com temperatura e humidade controladas e monitorizadas, e com frigorífico e armários

onde se encontra a medicação experimental, incluindo a devolvida e não utilizada. Na outra

encontra-se um gabinete de trabalho onde se encontram armários de acesso restrito onde é

guardada a documentação relativa aos EC em curso.

Os Serviços Farmacêuticos iniciam o processo do EC após aprovação do mesmo pelas entidades

regulamentares (INFARMED E CEIC), e após assinatura do contrato financeiro pelo Conselho de

Administração do Hospital [59].

Posteriormente, o promotor marca uma reunião com toda a equipa, com a finalidade de se

apresentar o protocolo e procedimentos exigidos nesse estudo. Mais detalhadamente, nesta

reunião debate-se e estabelece-se a data de entrega do ME, todos os procedimentos que dizem

respeito à prescrição, dispensa e preparação da ME, bem como dos seus registos, modo de

proceder à devolução devolvida pelos doentes e/ou não utilizada e a articulação interna entre os

elementos da equipa de investigação [60].

5.1. Experiência de Estágio nos EC

Durante o período do EC, podem decorrer visitas de monitorização que são efetuadas pelos

monitores, estes são indicados pelo promotor para acompanhar e o informar constantemente do

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curso do ensaio. Nestas visitas, o monitor reconcilia a medicação e verifica os dados recolhidos

e a qualidade desses dados. Durante o nosso estágio na Unidade de Ensaios Clínicos foi-nos

possível acompanhar algumas visitas, nomeadamente, visitas de início e de monitorização.

6. Cuidados Farmacêuticos

Segundo a Declaração de Tóquio, na segunda reunião da OMS sobre o papel do

farmacêutico, os Cuidados Farmacêuticos (CF) visam a promoção de um “conjunto de atitudes,

comportamentos, compromissos, inquietudes, valores éticos, funções, conhecimentos,

responsabilidades e aptidões na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de atingir

resultados terapêuticos concretos em saúde e na qualidade de vida do doente” [61].

No CHUP, os CF têm como foco a análise dos tratamentos farmacológicos com o objetivo de

detetar possíveis interações medicamentosas. Caso estas existam, os Farmacêuticos reportam-

nas aos médicos responsáveis, assim como sugerem formas de atuação de forma a resolver as

interações detetadas. Adicionalmente, realizam a identificação e resolução de Problemas

Relacionados com o Medicamento (PRM) diminuindo desta forma a ocorrência de Resultados

Negativos associados à Medicação (RNM) que podem ser evitáveis. No CHUP, há uma

preocupação com a educação dos utentes para a saúde, dotar um doente de conhecimentos,

atitudes e valores que os ajudem a fazer opções e a tomar decisões adequadas à sua saúde e

ao seu bem-estar físico, social e mental, bem como a saúde dos que os rodeiam, conferindo-lhes

assim um papel interventivo. Neste sentido os SF do CHUP desenvolvem material de apoio para

que os doentes compreendam melhor a sua doença e a respetiva terapêutica [62,63].

Por fim, o Farmacêutico pode ainda propor e implementar Programas de Monitorização da

Prescrição de Medicamentos aprovados pela Direção dos SF do CHUP. Todas as intervenções

farmacêuticas supracitadas devem ser alvo de registo e pretendem, de uma forma transversal, a

deteção, prevenção e resolução de PRM e/ou RNM, a melhoria das condições de saúde do

doente e a diminuição dos custos associados à terapêutica.

7. Conclusão

Concluído o nosso estágio profissionalizante no CHUP, e após termos tido oportunidade de

acompanhar o trabalho dos Farmacêuticos em diferentes setores, adquirimos conhecimentos que

nos permitiram conhecer o papel do Farmacêutico Hospitalar e do seu constante cuidado em

prestar os melhores serviços de saúde, tendo sempre em conta uma boa satisfação por parte dos

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utentes e uma diminuição das despesas em saúde, sendo que este profissional de saúde se foca

na otimização dos resultados da farmacoterapia através do uso racional do medicamento,

minimizando desta forma o aparecimento de efeitos adversos.

Estamos agora cientes de toda a dinâmica, funcionamento e organização dos SF,

conhecendo o circuito do medicamento e a importância do trabalho da equipa composta por

profissionais multidisciplinares que se revela crucial para o bom funcionamento dos SF. Tivemos

ainda a oportunidade de consolidar alguns dos conhecimentos adquiridos ao longo do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas e adquirimos novos conhecimentos que irão de certeza ser

uteis para o nosso futuro enquanto profissionais de saúde.

Saímos desta etapa satisfeitas por ter tido a oportunidade de experienciar a realidade do

farmacêutico Hospitalar e orgulhosas por conhecer a importância que estes têm num centro

hospitalar como o CHUP. Consideramo-nos mais preparadas para o mundo do trabalho que nos

espera e agradecidas pela formação, apoio e sugestões de como nos devemos comportar como

futuras profissionais de saúde, que certamente contribuiu para o nosso crescimento e foi uma

base futura para um melhor desempenho como futuras farmacêuticas.

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Referências Bibliográficas

[1] Centro Hospitalar do Porto: Centro Materno-Infantil do Norte. Disponível em

https://www.chporto.pt/ver.php?cod=0A&und=jd [acedido em 20 de novembro de 2019].

[2] Ministério da Saúde: Decreto-Lei 326/2007.Disponível em www.sg.min-saude.pt [acedido a 20

de novembro de 2019].

[3] Almeida, T. “Manual da Qualidade – Serviços Farmacêuticos”. Serviços Farmacêuticos do

Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Feb-2015.

[4] Brou MH, Feio JÁ, Mesquita E, Ribeiro RM,. Brito MC, Cravo C, Pinheiro E, (2005). Manual da

Farmácia Hospitalar, Ministério da Saúde.

[5] Decreto Lei n.º 44 204, de 2 de fevereiro de 1962- Regulamento geral da Farmácia Hospitalar.

[6] Câmara de Comércio e Indústria: O que é a certificação da qualidade? Disponível em

http://www.aeportugal.pt/inicio.asp?Pagina=/areas/qualidade/iso90012000 [acedido em 20 de

novembro de 2019].

[7] Centro Hospitalar do Porto: Comissão de Ética para a Saúde. Disponível em

https://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0A&fbclid=IwAR2vRygRjRm9fTqFuGa3wq5Pfmlfwag

dWlb5vWrMh39Q-ZlwdWxcwUrlzY [acedido em 20 de novembro de 2019].

[8] Rocha, P. “Matriz de processo: “Programa Gestão dos Armazéns” IM.GQ.GER.043/5”.

Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E., Mar-2015.

[9] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Matriz de Processo

IM.CG.GER.043/5 – Programa de Gestão dos Armazéns – Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

[10] Vicente, P. “Instrução de Trabalho - Solicitação de Empréstimos de Medicamentos/Produtos

Farmacêuticos - IT.SFAR.GER.064/1”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto

E.P.E. Jul-2014

[11] Rocha, P. “Instrução de Trabalho – Pedidos à Farmácia Lemos - IT.SFAR.GER.091/1.”.

Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014

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[12] Vicente, P. “Instrução de trabalho – Receção e armazenamento de medicamentos -

IT.SFAR.GER.007/3”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E., Jul-2014

[13] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E.- Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.057/1- Normas de Receção.

[14] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E.- Especificação

ESP.SFAR.GER.012/0- Reposição de Medicação aos Serviços Clínicos e aos Serviços

Farmacêuticos.

[15] Vicente, P. “Instrução de trabalho - Elaboração de Kanban’s - IT.SFAR.GER.060/1”. Serviços

Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014.

[16] Teixeira, B. “Matriz de processo - Programa Distribuição Individual Diária (DID)-

IM.GQ.GER.043/5”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Mar-2015.

[17] Aguiar, P. “Instrução de Trabalho – Dispensa de Hemoderivados - IT.SFAR.GER.021/1”.

Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014

[18] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.102/1-Validação e Monitorização da Prescrição Médica na DIDD.

[19] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.111/1- Gestão de faltas de Medicação e Prescrições Urgentes.

[20] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.105/1 - Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária.

[21] Despacho Conjunto nº1051/2000, de 14 de setembro - Registo de Medicamentos derivados

do plasma.

[22] Teixeira, B. “Instrução de Trabalho - Validação e Monitorização da Prescrição Médica DID-

IT.SFAR.GER.102/1”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014.

[23] Teixeira, B. “Instrução de Trabalho - Reposição do Stock de Apoio à DID e Gestão dos Prazos

de Validade - IT.SFAR.GER.103/1”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

Jul-2014.

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[24] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.106/1-Transporte e entrega de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos na DIDD.

[25] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.121/0 – Reposição de medicamentos no Pyxis Medstation®.

[26] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.105/1 - Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária.

[27] Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro-Legislação de Combate à Droga.

[28] Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto- Estatuto do Medicamento.

[29] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.053/1-Validação e Monitorização da Prescrição Médica de Ambulatório.

[30] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.021/1-Dispensa de Hemoderivados.

[31] Despacho nº 1051/2000, de 14 de setembro - Registo de medicamentos derivados de

plasma.

[33] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.056/2 – Receitas Externas ao Hospital.

[34] Despacho nº18419/2010, de 2 de dezembro- Condições de dispensa e utilização de

medicamentos prescritos a doentes com artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite

psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas.

[35] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.020/2 –Prescrição eletrónica.

[36] RCM da Talidomida Celgene® 50mg, disponível em

http://ec.europa.eu/health/documents/communityregister/2018/20180208139808/anx_139808_pt

.pdf (acedido a 5 de dezembro de 2019).

[37] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER-.075/3-Acondicionamento e transporte de medicamentos/produtos farmacêuticos-

Hospital de Santo António.

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[38] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5- Processo de Produção de Medicamentos Não Estéreis.

[39] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.085/1- Seleção e Controlo de Matérias Primas.

[40] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.048/1- Limpeza e desinfeção da sala branca e CFLv.

[41] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.047/1 – Gestão do Fardamento.

[42] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Matriz de processo

IM.GQ.GER.043/5-Processo de produção de medicamentos estéreis.

[43] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.041/1 – Elaboração da Ordem de Preparação de preparações estéreis.

[44] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.040/1 – Designação do lote de produção de preparações estéreis.

[45] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.043/2- Ensaios de verificação.

[46] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.042/1- Embalamento de preparações estéreis.

[47] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.037/1- Embalamento de bolsas e seringas de NP.

[48] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.038/3- Controlo microbiológico das bolsas de NP.

[49] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.080/3 – Fardamento e Equipamento de Proteção Individual a utilizar na

Manipulação de Citotóxicos.

[50] Serviços Farmacêuticos. Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.126/1–Controlo do diferencial

de pressão nas salas limpas.

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[51] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.029/2–Validação e Monitorização da Prescrição de Citotóxicos para preparação

em CFLv.

[52] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.027/2–Manipulação de Citotóxicos.

[53] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.026/1–Gestão do armazém avançado da Unidade de Farmácia Oncológica.

[54] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.034/3–Derramamento/Acidente com Citotóxicos.

[55] https://dre.pt/pesquisa/-/search/25344024/details/maximized (acedido a 25 de novembro).

[56] https://ec.europa.eu/health//sites/health/files/files/eudralex/vol-

1/dir_2001_20/dir_2001_20_pt.pdf (acedido a 25 de novembro).

[57] Lei nº 21/2014. Diário da República n.º 75 – 1.ª Série de 2014-04-16.

[58] Roche: Fases dos Ensaios Clínicos. Disponível em

https://www.roche.pt/corporate/index.cfm/farmaceutica/ensaios-clinicos-profissionais-de-

saude/fases-dos-ensaios-clinicos/ (acedido a 25 de novembro de 2019).

[59] Almeida, T. “Implementação e Actividade de Uma Unidade de Ensaios Clínicos Nos Serviços

Farmacêuticos de Um Hospital Central Universitário”. Serviços Farmacêuticos do Centro

Hospitalar do Porto E.P.E. 2010.

[60] Almeida, T. “Manual Ensaios Clínicos – Serviços Farmacêuticos - MA.SFAR.GER.003/1”.

Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Maio-2014.

[61] Declaração de Tóquio, segunda reunião da OMS sobre o papel do farmacêutico, 1993.

[62] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.031/1-Identificação e resolução de PRMs.

[63] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.050/1-Educação para a saúde.

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Anexos

Anexo 1 – Exemplo de alguns Kanbans.

Anexo 2 – Exemplo de impresso de requisição de estupefacientes e psicotrópicos.

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Anexo 3 - Exemplo de impresso de requisição de hemoderivados.

Anexo 4 - Impresso de requisição de material de penso.

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Anexo 5 - Exemplo de impresso de prescrição manual de antídotos.

Anexo 6 - Pharmapick.

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Anexo 7 - Termo de responsabilidade entregue aos doentes na UFA.

Anexo 8 - Ficha de preparação de uma preparação não estéril.

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Anexo 9 - Exemplo de rótulo de uma preparação não estéril.

Anexo 10 - Ordem de Preparação de Produto Estéril.

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Anexo 11 - Prescrição de Nutrição Parentérica.

Anexo 12 - Exemplo de rótulo de preparação e disponibilização de medicamentos citotóxicos e

confirmação dos cálculos informáticos.

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