relatório de estágio - repositório aberto · 2021. 2. 9. · relatório de estágio | diana...
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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia do Calendário
Setembro-outubro de 2019 e janeiro-fevereiro de 2020
Diana Lopes Oliveira
Orientador: Dr.ª Marta Pinto
Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Carmo
Abril de 2020
III
Declaração de Integridade
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro
curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores
(afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e
encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com
as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio
constitui um ilícito académico.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de abril de 2020
Diana Lopes Oliveira
IV
Agradecimentos
Em primeiro lugar, quero agradecer aos profissionais da Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto pela instrução que me transmitiram durante o meu percurso
académico. Um agradecimento especial à professora Helena Carmo pela sua disponibilidade
e orientação, durante o meu estágio, no desenvolvimento dos projetos e relatório.
Em segundo lugar, agradeço à Comissão de estágios, pela oportunidade de estagiar numa
farmácia comunitária, que foi essencial para concluir a minha formação como estudante. Com
este estágio, pude colocar em prática os fundamentos teóricos apreendidos na faculdade e
vivenciar o quotidiano da profissão.
Em terceiro lugar, a toda a equipa de farmácia que me recebeu de braços abertos e que me
fez sentir que fazia parte da organização, em especial a Dr.ª Alexandra Esteves e a Dr.ª Marta
Pinto, Diretora Técnica e Farmacêutica Adjunta, respetivamente. Sinto-me grata pelo seu
apoio e pelos contributos para o esclarecimento das dúvidas que me surgiam durante o
estágio.
Por último, à minha família, que esteve sempre ao meu lado e que me apoiou
incondicionalmente, tornando possível a minha chegada a esta etapa final.
V
Resumo
O meu percurso académico no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas fica concluído
com um estágio de seis meses.
Este relatório descreve todas as atividades realizadas na Farmácia do Calendário durante
esse período e está dividido em duas partes. Uma primeira com a descrição da farmácia e
das atividades realizadas neste espaço e uma segunda com os temas dos dois projetos que
realizei neste período.
O projeto com o tema “Gripe e constipação” foi o 1º projeto, realizado em outubro, com o
objetivo de fornecer informação aos utentes sobre estas patologias. O projeto consistiu numa
recolha de respostas a um inquérito feito por mim, dentro da farmácia e nas redes sociais da
mesma, bem como à elaboração de um panfleto que foi distribuído na farmácia. Os utentes
aderiram bem na resposta ao inquérito, pelo qual obtive 166 respostas válidas. A maioria dos
utentes dizem saber distinguir entre estas duas doenças, mas nem sempre respondiam de
forma mais acertada. Com as respostas recolhidas pode-se constatar que existe uma grande
percentagem de pessoas mal informadas em relação à transmissão e ao uso de antibióticos
no tratamento para estas doenças.
O tema do 2º projeto é “Doenças da pele”, realizado em fevereiro, com o propósito de formar
a equipa da farmácia sobre algumas das doenças de pele mais frequentes: acne, rosácea,
dermatite seborreica, dermatite atópica e dermatite de contacto. Para isso, elaborei um guia
para entregar à equipa da farmácia e apresentei-o utilizando o computador como suporte. A
apresentação foi bem sucedida e os colaboradores da farmácia gostaram bastante do guia.
VI
Índice Agradecimentos ................................................................................................................... IV
Resumo ................................................................................................................................. V
Índice de tabelas ................................................................................................................... X
Índice de gráficos .................................................................................................................. X
Índice de anexos ................................................................................................................... X
Lista de abreviaturas ............................................................................................................ XI
Parte I – Atividades desenvolvidas na Farmácia do Calendário .......................................1
1. Introdução ..........................................................................................................................1
2. A Farmácia do Calendário ..................................................................................................1
2.1 Localização e Horário de funcionamento ......................................................................1
2.2. Características dos Utentes .........................................................................................2
2.3. Infraestruturas .............................................................................................................2
2.3.1. Espaço exterior .....................................................................................................2
2.3.2. Espaço interior ......................................................................................................2
2.4. Recursos Humanos .....................................................................................................3
3. Gestão na Farmácia Comunitária .......................................................................................4
3.1. Sistema informático .....................................................................................................4
3.2. Realização de encomendas .........................................................................................5
3.3. Receção de encomendas ............................................................................................6
3.4. Armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos .....................................7
3.5. Devoluções ..................................................................................................................8
3.6. Gestão de stocks .........................................................................................................8
3.6.1. Prazos de validade ...............................................................................................9
4. Dispensa de Medicamentos e outros Produtos ...................................................................9
4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ...................................................................9
4.1.1. Validação de prescrições médicas ......................................................................10
4.1.2. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos..................................................12
4.1.3. Regimes de Comparticipação .............................................................................12
VII
4.1.4. Receituário e Faturação ......................................................................................13
4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica .............................................................14
4.3. Outros produtos .........................................................................................................15
4.3.1. Medicamentos e Produtos de uso Veterinário .....................................................15
4.3.2. Dispositivos médicos ..........................................................................................15
4.3.3. Produtos cosméticos e de higiene corporal .........................................................16
4.3.4. Suplementos Alimentares ...................................................................................16
4.3.5. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil .......................................17
5. Prestação de cuidados de saúde ......................................................................................17
5.1. Determinação da pressão arterial ..............................................................................17
5.2. Medição de parâmetros bioquímicos .........................................................................18
5.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis ...............................................18
5.4. VALORMED ..............................................................................................................18
5.5. Consultas de nutrição, podologia, audiologia, depilação a laser e radiofrequência ....19
6. Formações .......................................................................................................................19
7. Imagem e comunicação....................................................................................................20
Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia do Calendário .......................................20
Projeto I – Gripe e Constipação ............................................................................................20
1. Enquadramento do projeto e objetivos .......................................................................20
1.1. Gripe ...................................................................................................................20
1.1.1. Glicoproteínas do vírus influenza .................................................................21
1.2. Constipação ........................................................................................................22
1.2.1. Patogénese da infeção por rinovírus............................................................22
1.3. Sintomas da gripe e constipação ........................................................................22
1.4. Transmissão .......................................................................................................23
1.5. Medidas de prevenção........................................................................................23
1.6. Vacina da gripe ...................................................................................................24
1.7. Tratamento .........................................................................................................25
1.8. Medidas não farmacológicas ..............................................................................26
VIII
2. Métodos .....................................................................................................................26
3. Resultados .................................................................................................................26
4. Discussão e conclusão ..............................................................................................28
Projeto II – Doenças de pele ................................................................................................29
1. Objetivo e estratégia de intervenção na farmácia .........................................................29
1.1. Acne vulgar .........................................................................................................29
1.1.1. Fisiopatologia ..............................................................................................29
1.1.2. Etiologia .......................................................................................................30
1.1.3. Tratamento ..................................................................................................30
1.1.3.1. Terapias tópicas ......................................................................................30
1.1.3.2. Terapias sistémicas ................................................................................31
1.1.3.3. Cuidados da pele ....................................................................................31
1.2. Rosácea .............................................................................................................32
1.2.1. Fisiopatologia e etiologia .............................................................................33
1.2.2. Medidas gerais ............................................................................................33
1.2.3. Tratamento ..................................................................................................33
1.2.3.1. Terapias tópicas ......................................................................................33
1.2.3.2. Terapias sistémicas ................................................................................33
1.3. Dermatite Seborreica ..........................................................................................34
1.3.1. Apresentação clínica ...................................................................................34
1.3.2. Fisiopatologia ..............................................................................................34
1.3.3. Tratamento ..................................................................................................35
1.3.3.1. Couro cabeludo.......................................................................................35
1.3.3.2. Corpo e face ...........................................................................................35
1.3.4. Medidas gerais ............................................................................................36
1.4. Dermatite atópica ................................................................................................36
1.4.1. Fisiopatologia ..............................................................................................36
1.4.2. Apresentação clínica ...................................................................................36
1.4.3. Tratamento ..................................................................................................37
IX
1.4.4. Medidas gerais ............................................................................................37
1.5. Dermatite de contacto .........................................................................................38
1.5.1. Dermatite de contacto irritante .....................................................................38
1.5.2. Dermatite de contacto alérgica ....................................................................38
1.5.3. Tratamento ..................................................................................................39
2. Métodos .....................................................................................................................39
3. Discussão e conclusão ..............................................................................................40
Referências ..........................................................................................................................41
Anexos .................................................................................................................................45
X
Índice de tabelas
Tabela 1 - Atividades desenvolvidas durante o período de estágio na Farmácia do Calendário.
...............................................................................................................................................1
Tabela 2 - Equipa da FdC ......................................................................................................4
Tabela 3 - Formações a que assisti durante o meu estágio. .................................................20
Tabela 4 - Diferença entre a constipação e a gripe...............................................................23
Tabela 5 - Resultados obtidos no inquérito ...........................................................................27
Índice de gráficos
Gráfico 1 - Resultados da pergunta "Sabe distinguir entre as duas doenças?".....................27
Gráfico 2 - Resultados da pergunta "Todas as pessoas devem ser vacinadas contra a gripe?"
.............................................................................................................................................28
Índice de anexos
Anexo 1 – Imagem e comunicação.......................................................................................45
Anexo 2 - Inquérito sobre a gripe e a constipação ................................................................46
Anexo 3 - Panfleto da gripe e da constipação ......................................................................47
Anexo 4 - Algoritmo de tratamento para acne vulgar para adolescentes e adultos jovens. ...49
Anexo 5 - Diagnóstico diferencial de dermatite seborreica. ..................................................50
Anexo 6 - Guia sobre as doenças da pele ............................................................................50
Anexo 7 - Apresentação sobre as doenças da pele. .............................................................51
XI
Lista de abreviaturas
FdC Farmácia do Calendário
PCHC Produtos cosméticos e de higiene corporal
Sifarma MA Sifarma - Módulo de Atendimento
CNP Código Nacional do Produto
PVP Preço de Venda ao Público
MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica
MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
SNS Sistema Nacional de Saúde
MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Exclusiva em
Farmácia
HA Hemaglutinina
NA Neuraminidase
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
1
Parte I – Atividades desenvolvidas na Farmácia do Calendário
1. Introdução
O meu estágio profissionalizante realizou-se na Farmácia do Calendário (FdC), em Famalicão,
de 1 de setembro a 31 de outubro de 2019 e 2 de janeiro de 2020 a 29 de fevereiro de 2020,
sob a orientação da Dr.ª Marta Pinto. Durante todo o período, cumpri um horário de 8 horas
diárias, isto é, 40 horas semanais. A seguir será descrito, em primeiro lugar a farmácia e as
atividades realizadas neste espaço (Parte I) e, por último os projetos que desenvolvi na FdC
(Parte II), como se pode verificar na tabela 1.
Tabela 1 - Atividades desenvolvidas durante o período de estágio na Farmácia do Calendário.
Parte I - Atividades desenvolvidas
setembro outubro janeiro Fevereiro
Armazenamento e reposição de produto
X X X X
Receção e conferência de Encomendas
X X X X
Atendimento supervisionado X
Atendimento autónomo X X
Medição de parâmetros Bioquímicos/físicos
X X X X
Formações X X
Imagem e comunicação X X X X
Parte II- Projetos
setembro outubro janeiro Fevereiro
Projeto 1 “Gripe e constipação” X
Projeto 2 “Doenças da pele” X
2. A Farmácia do Calendário
2.1 Localização e Horário de funcionamento
A farmácia do Calendário localiza-se na Avenida de França, 1361, Loja 1, na União de
Freguesias de Vila Nova de Famalicão e Calendário, código postal 4760-282 Vila Nova de
Famalicão. Está próximo do centro da cidade, do centro de saúde, da Clínica Vale do Ave
(CLIAVE), de agrupamentos de escolas e da estação de comboios.
O horário semanal de atendimento ao público é de segunda a sexta das 8:30h às 21:00h,
sábado das 9:00h às 20:30h e domingo e feriados das 9:00h às 13:00h. Quando a FdC é a
farmácia de turno, as portas encerram às 23:00h e o atendimento ao público continua através
de guichet para o efeito.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
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2.2. Características dos Utentes
Devido ao seu horário alargado e à sua proximidade com os estabelecimentos indicados no
ponto anterior, a FdC é uma farmácia muito movimentada. Grande parte dos utentes da FdC
são clientes habituais e são idosos.
2.3. Infraestruturas
A FdC cumpre com o descrito na Norma geral sobre as infraestruturas e equipamentos, do
Manual de Boas Práticas de Farmácia Comunitária, aprovada e emitida no dia 29 de abril de
2015 pela Ordem dos Farmacêuticos1.
2.3.1. Espaço exterior
No espaço exterior da FdC, encontra-se o símbolo “cruz verde” que permanece iluminado
durante o horário de funcionamento da farmácia, incluindo quando esta está de turno.
O horário de funcionamento da farmácia e as escalas de turno das farmácias do município
que estão em regime de serviço permanente, bem como, a sua localização, estão expostas,
de forma visível, no exterior da farmácia. De acordo com o Manual de Boas Práticas de
Farmácia Comunitária, no espaço exterior da farmácia também se encontra exposto, de forma
visível, o nome da farmácia e da diretora técnica1.
Além disso, na entrada há publicidade a campanhas que decorrem na FdC.
2.3.2. Espaço interior
A FdC tem duas portas de entrada, a porta da frente que é destinada ao público e a porta de
trás que é exclusivamente utilizada pelos funcionários e para a entrada de encomendas.
Existem, essencialmente, 9 áreas distintas no interior da farmácia, sendo elas:
• Área de atendimento ao público: local onde é feita a dispensa de medicamentos e
o aconselhamento farmacêutico. Possui uma máquina de senhas, uma balança, uma
zona de espera com cadeiras e um monitor, 6 balcões de atendimento devidamente
numerados e vários produtos de cosmética e higiene corporal (PCHC), dermofarmácia,
obstetrícia e puericultura, entre outros, expostos ao alcance dos utentes. Atrás dos
balcões ainda há algumas gavetas que contêm certos produtos que são vendidos com
mais frequência.
• Gabinete de atendimento individualizado: área que permite um diálogo privado e
confidencial com o utente. Neste local também são feitas as medições dos parâmetros
bioquímicos (como a glicémia, colesterol, triglicerídeos e ácido úrico), medição da
pressão arterial, administração de injetáveis, furação de orelhas, consultas de nutrição
e os rastreios auditivos.
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• Gabinete de estética: área da farmácia onde, semanalmente, são prestados os
serviços de estética (depilação a laser e radiofrequência), com marcação prévia e onde
ocorrem as ações de promoção de várias marcas de dermofarmácia e cosmética.
• Área de armazenamento primário: espaço mais próximo da área de atendimento
constituído por várias gavetas onde os medicamentos são armazenados segundo as
seguintes categorias: éticos (medicamentos de marca), genéricos, xaropes, produtos
de aplicação vaginal, medicamentos de uso veterinário, ampolas bebíveis, gotas,
medicamentos para o tratamento de asma, medicamentos injetáveis, sistemas
transdérmicos e carteiras, enemas, bem como pomadas e solutos. Cada categoria
está organizada por ordem alfabética. Há ainda três armários, sendo um utilizado para
o armazenamento de material de penso, desinfeção e tratamento de feridas e de
outros dispositivos médicos, outro para o armazenamento de leites infantis e outros
produtos alimentícios, e o terceiro para o armazenamento de cremes e outros produtos
de dermofarmácia e cosmética, champôs, produtos de higiene íntima, colutórios,
repelentes de insetos e chás. Nesta área, há também um frigorifico, onde se armazena
produtos termolábeis (por exemplo, a insulina), com uma temperatura compreendida
entre os 2 a 8 ⁰C, controlada por termómetro eletrónico.
• Armazém avançado: localizado no piso inferior, destinado aos stocks de
medicamentos e outros produtos, armazenados em estantes, bem como, de produtos
psicotrópicos e estupefacientes, arrumados num armário. Adicionalmente, neste local,
encontra-se uma área reservada aos medicamentos e produtos para devolução
devido, por exemplo, ao prazo de validade expirado.
• Posto de receção e realização de encomendas: área onde ocorre o processo de
receção das encomendas. Neste espaço, há um local sinalizado para as “banheiras”
e é onde se encontra todo o equipamento necessário para a receção e realização de
encomendas, nomeadamente, um computador, leitor de códigos de barras, impressora
normal, fiscal e de etiquetas, telefone e telemóvel.
• Gabinete da direção técnica: este gabinete é utilizado pela Dr.ª Alexandra Esteves,
Diretora Técnica, para a realização de todas as tarefas inerentes à direção técnica.
• Laboratório: embora exista esta área, todos os produtos manipulados dispensados
na FdC, são produzidos na Farmácia Aliança ou na Farmácia dos Clérigos.
• Instalações sanitárias: esta área encontra-se no piso inferior e é exclusivamente
utilizada pela equipa da farmácia.
2.4. Recursos Humanos
A equipa da farmácia é constituída pela diretora técnica, Dr.ª Alexandra Esteves, pela
farmacêutica adjunta, Dr.ª Marta Pinto, que me orientou durante o estágio, por um
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farmacêutico, quatro técnicos de farmácia e dois técnicos auxiliares de farmácia, como se
observa na tabela 2.
Tabela 2 - Equipa da FdC
Quadro farmacêutico
Diretora Técnica Dr.a Alexandra Esteves
Farmacêuticos Dr.a Marta Pinto
Dr.a Sandra Barroso
Quadro não farmacêutico
Técnicos de farmácia
Alice Campos
Juliana Silva
Ana Faria
Filipa Ribeiro
Técnicos auxiliares de farmácia Renato Couto
Hernâni Carvalho
Com recurso a especialistas e através de marcação prévia, a FdC presta também os seguintes
serviços: consultas de nutrição, depilação a laser e radiofrequência, consultas de podologia e
de audiologia.
3. Gestão na Farmácia Comunitária
3.1. Sistema informático
Quando comecei o meu estágio, o programa informático utilizado na FdC era apenas o
Sifarma 2000®, sendo este, gratuito e desenvolvido pela Glintt (Global Intelligent
Technologies®). É um sistema indispensável para o bom funcionamento da farmácia, porque
é utilizado como auxílio em grande parte das atividades realizadas no quotidiano da farmácia,
nomeadamente, dispensa de medicamentos e outros produtos, faturação, gestão de stocks,
realização de encomendas, reservas faturadas, devoluções e contabilidade.
O Sifarma 2000® ainda ajuda o farmacêutico no bom aconselhamento ao utente, pois contém
um dicionário científico onde é possível aceder facilmente a informações sobre o
medicamento, tais como: a indicação terapêutica do medicamento, precauções na sua
utilização, interações medicamentosas, posologia, entre outros.
A partir do dia 10 de novembro de 2019, a farmácia introduziu o novo módulo do Sifarma, o
Sifarma - Módulo de Atendimento (Sifarma MA), para o qual toda a equipa teve formação.
A partir desse dia, a FdC passou a utilizar ambos os módulos, sendo que o Sifarma MA é
usado, essencialmente, no atendimento e na gestão das reservas, enquanto que o resto das
atividades continuam a ser feitas no Sifarma 2000®.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
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Durante o meu período de estágio tive a oportunidade de acompanhar a introdução do Sifarma
MA e de usar os dois módulos. O novo módulo ainda tem certas limitações, sendo uma delas
a impossibilidade de aceder ao histórico do utente.
Ao longo da minha experiência no atendimento, pude constatar que esta funcionalidade é
fundamental, visto que, tive que recorrer ao Sifarma 2000®, por diversas vezes, para saber
qual a medicação habitual do utente. A maioria dos utentes prefere manter a medicação que
costuma fazer. Por vezes, também tinha que usar o Sifarma 2000® para realizar certos
descontos dos produtos.
3.2. Realização de encomendas
Os produtos farmacêuticos existentes na FdC são adquiridos via distribuidor
grossista/armazenista ou por compras feitas diretamente aos laboratórios produtores.
Relativamente à primeira forma de aquisição, a FdC trabalha, principalmente, com três
distribuidores grossistas, a Cooprofar Medlog, Botelho & Rodrigues, Lda e a Alliance
Healthcare, tendo sido estas as escolhidas depois da consideração de certos fatores, como
as condições financeiras oferecidas, qualidade do serviço, rapidez na entrega, bem como, a
flexibilidade quanto à realização de devoluções. Desta forma, ao longo do meu estágio tive a
oportunidade de acompanhar os tipos de encomendas seguintes:
• Diárias: que são realizadas duas vezes por dia (final da manhã e ao fim do dia). No
momento em que um produto atinge o nível mínimo de stock é sugerido, pelo Sifarma
2000®, a encomenda deste e a quantidade sugerida é o valor necessário para atingir
o stock máximo. Aquando da realização da encomenda, a pessoa encarregue desta
função analisa as sugestões feitas, tendo em conta o histórico de compras e vendas e
as condições oferecidas, podendo adicionar ou remover produtos. Por fim, a
encomenda é aprovada e enviada ao fornecedor.
Embora não tenha realizado este tipo de encomendas de maneira autónoma, pude
assistir, por várias vezes, à sua realização e esclarecer as minhas dúvidas.
• Instantâneas: Normalmente, realizam-se no momento do atendimento ao público
quando há falta de stock do produto que o utente procura. Nesta situação, é possível
verificar através do Sifarma MA (e no Sifarma 2000®) se o produto está disponível nos
fornecedores, qual é o preço de compra e, ainda, a data e hora prevista para a entrega
do produto na farmácia.
Em 17 de julho de 2015, surgiu o programa Via Verde dos Medicamentos, que é uma
via alternativa de aquisição de medicamentos abrangidos neste projeto, mediante uma
receita médica válida, quando o produto pretendido não existe no stock da farmácia2.
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Durante o período em que fiz o atendimento ao público houve vários momentos em
que realizei encomendas instantâneas.
• Manuais: que são realizadas, por via telefónica ou via online. Geralmente, para
produtos específicos dos quais se desconhece o código nacional do produto (CNP) ou
para produtos esgotados. Este tipo de encomenda não fica registado no sistema
informático, por isso, antes de realizar a receção desta, é necessário criar uma
encomenda manual no Sifarma 2000®.
As encomendas feitas diretamente aos laboratórios - encomendas diretas - têm,
normalmente, o objetivo de adquirir maiores quantidades de produtos com melhores
condições económicas.
3.3. Receção de encomendas
Os produtos que chegam à farmácia encontram-se dentro de contentores próprios, as
“banheiras”, que estão seladas e identificadas com o nome da farmácia para onde se destinam
e o nome do fornecedor. As banheiras são depositadas na zona assinalada para este efeito.
De seguida, um membro da equipa da farmácia confirma se o número de volumes que foi
entregue corresponde ao número de volumes que a guia de remessa apresenta e, se assim
for, rubrica a guia para confirmar a entrega da encomenda.
As encomendas que chegam em caixas de cartão seladas e devidamente identificadas,
normalmente contêm os produtos de dermofarmácia e cosmética provenientes diretamente
dos respetivos laboratórios.
No momento de realizar a receção da encomenda, o primeiro passo é encontrar a fatura numa
das banheiras da encomenda. De seguida, faz-se o registo dos produtos no sistema
informático. Na FdC, as receções das encomendas são realizadas utilizando o Sifarma 2000®,
tendo sido este o programa que usei quando fiz receção de encomendas e não o Sifarma MA.
Se não houver registo da encomenda no sistema informático, em primeiro lugar, tem que se
criar uma encomenda manual com os produtos listados na fatura. Existindo esse registo,
pode-se iniciar a receção propriamente dita.
Primeiramente, introduzia a identificação da fatura e o valor total faturado. Posteriormente
registava todos os produtos recebidos da encomenda através do scanner, no entanto, em
alguns destes produtos esta forma de registo não era válida sendo necessário digitar o CNP.
Para cada produto que registava também confirmava o prazo de validade, introduzindo essa
data no Sifarma 2000® quando não havia stock do produto ou quando o prazo de validade
fosse menor. Por fim, conferia se os Preços de Venda Faturados eram iguais aos indicados
na fatura, corrigindo aqueles que não estavam de acordo.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
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Outro parâmetro importante a ter em conta é o Preço de Venda ao Público (PVP). No caso
dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e outros produtos em que o preço
consta na cartonagem é crucial que este preço corresponda ao PVP (no Sifarma 2000®).
Quando estes não estavam de acordo e não existia stock desse produto alterava o valor no
Sifarma 2000®, caso contrário, assinalava as caixas cujo PVP foi atualizado para alertar para
esta situação.
No que se refere aos outros produtos, o PVP é estabelecido pela própria farmácia, tendo em
consideração o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), Preço de Venda Faturado e a
margem comercial.
No final, o valor total faturado e o número de embalagens tinham que corresponder aos que
estavam descritos na fatura. Era ainda necessário registar a identificação da fatura no
sistema, no caso de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, e arquivar a fatura.
Esta tarefa foi uma das quais comecei a efetuar logo no primeiro mês do meu estágio e
constatei que era uma das funções mais fundamentais, pois esta envolve a dinâmica de toda
a farmácia.
3.4. Armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos
Após a receção, é necessário que os medicamentos e produtos farmacêuticos sejam
rapidamente armazenados nos seus respetivos lugares para que seja mais fácil encontrar o
produto pretendido. Estando os produtos arrumados, o tempo de espera dos utentes diminui
consideravelmente.
Os produtos que devem ser conservados no frio (a uma temperatura entre 2º e 8º C) devem
ser os primeiros a serem armazenados, mesmo que ainda não tenham sido registados no
sistema informático para que não fiquem comprometidos.
Os medicamentos e os produtos farmacêuticos são arrumados nas áreas e do modo que
descrevi no ponto 2.3.2., tendo em consideração o princípio FEFO (first expired, first out),
para que os produtos com uma validade mais curta sejam dispensados primeiro e assim evitar
a sua inutilização. Quanto aos produtos sem prazo de validade a arrumação era feita de
acordo com o princípio FIFO (first in, first out). Os medicamentos estupefacientes e/ou
psicotrópicos não são armazenados em conjunto com os outros produtos. São armazenados
num local isolado e sujeitos a maior controlo.
Esta tarefa foi essencial para mim como estagiária e como novo membro na farmácia, porque
ao realizar o armazenamento dos medicamentos e outros produtos ajudou-me a conhecer
melhor a organização da farmácia e a encontrar os produtos com mais facilidade.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
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3.5. Devoluções
Na farmácia comunitária, a necessidade de realizar devoluções está relacionada com: a
receção de medicamentos ou produtos farmacêuticos não encomendados; quando os
produtos estejam de alguma forma comprometidos, no caso do prazo de validade ter expirado
e sempre que um medicamento é retirado do mercado por ordem do INFARMED, I.P.® ou do
laboratório.
Na FdC existe um local próprio para os produtos que vão ser devolvidos pelos motivos
anteriormente mencionados. Durante o meu estágio tive a oportunidade de assistir e participar
na recolha de lotes de medicamentos contendo Ranitidina existentes na FdC.
As devoluções na FdC são feitas através do Sifarma 2000® no menu “Gestão de Devoluções”
no qual era necessário preencher o nome do fornecedor, data e hora para recolha, a
designação do produto, preço de compra, o motivo da devolução e indicar a fatura de origem.
Por fim, faz-se a comunicação à Autoridade Tributária e ao fornecedor, fazendo a impressão
triplicada da nota de devolução. O distribuidor recolhe os produtos levando juntamente duas
das notas de devolução.
3.6. Gestão de stocks
A gestão de stocks é fundamental para o bom funcionamento de uma farmácia comunitária,
pois esta deve dispor de produtos, em quantidade suficiente, para satisfazer as necessidades
dos utentes. A falta destes produtos pode, por vezes, significar a perda de clientes. No
entanto, é preciso ter atenção para que não haja excesso de um produto se este não é
escoado em tempo útil, pois isto pode causar prejuízo à farmácia.
De forma a controlar o stock, é definido, no sistema informático, um stock mínimo e máximo
para cada produto existente na farmácia. O stock mínimo e máximo são facilmente alterados
e são estabelecidos tendo em atenção vários fatores, tais como: a sazonalidade, o meio onde
a farmácia se insere, o histórico de compras/vendas do produto e as campanhas dos
fornecedores.
Infelizmente, o stock informático nem sempre corresponde à realidade, pois, durante o
atendimento, deparei-me com situações em que, no stock informático, mostrava que tinha um
determinado número de caixas do medicamento, quando essa quantidade não correspondia
à realidade. Nestes casos, registava o erro num formulário para que mais tarde, a pessoa
responsável por esta tarefa, pudesse corrigir.
De forma a reduzir estes erros, devem ser efetuadas contagens físicas periodicamente.
Realizei algumas contagens para certas marcas, como a ISDIN®, Vichy® e Mustela®. E durante
as contagens também tive atenção aos prazos de validade.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
9
3.6.1. Prazos de validade
Os prazos de validade dos medicamentos ou dos produtos de saúde têm que ser controlados
de modo a garantir a segurança, eficácia e qualidade destes. Assim sendo, os prazos de
validade são verificados aquando da receção dos produtos e é também retirada do Sifarma
2000® uma listagem de medicamentos e produtos farmacêuticos cujos prazos de validade
estão próximos de expirar.
Na FdC, os produtos que ainda podem ser escoados são colocados num local próprio, de fácil
acesso à equipa farmacêutica e têm prioridade para serem dispensados. Se estes já não
podem ser dispensados, então são devolvidos ao fornecedor, se for possível, ou são
armazenados num local próprio na FdC (durante 3 anos) e registam-se as quebras dos
medicamentos no sistema informático.
4. Dispensa de Medicamentos e outros Produtos
Atualmente o papel do farmacêutico não se resume apenas à dispensa do medicamento,
como profissionais de saúde que integram o sistema de saúde, as responsabilidades do
farmacêutico incluem o aconselhamento sobre o uso racional e responsável dos
medicamentos, e o acompanhamento dos utentes, bem como outras atividades no âmbito dos
cuidados farmacêuticos3.
Grande parte do meu tempo de estágio incidiu-se no atendimento ao balcão, de início, com
supervisão e depois de forma autónoma. Cada atendimento é diferente do outro, o que me
permitiu experimentar diversas situações que me deram a oportunidade de aprender e
progredir como profissional de saúde.
4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica
Os medicamentos que são dispensados ao público na farmácia comunitária são divididos em
dois grupos de medicamentos, os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e os
medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)4.
Os MSRM são medicamentos que podem ser dispensados pela farmácia somente na
presença de uma receita médica prescrita por um profissional devidamente habilitado a
prescrever medicamentos. Os medicamentos assim classificados, devem cumprir uma das
seguintes condições4:
• A possibilidade de constituir um perigo para a saúde publica, de forma direta ou
indireta, quando são usados sem vigilância médica, mesmo que seja para os fins a
que se destinam, ou usados frequentemente e em quantidade considerável para fins
diferentes daquele a que se destinam;
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
10
• Na sua composição inclua substâncias ou preparações cuja atividade e/ou efeitos
secundários necessitem de aprofundamento científico;
• Se destinem a uma administração por via parentérica.
Os MSRM ainda podem ser classificados como: medicamentos de receita médica não
renovável, medicamentos de receita médica renovável, medicamentos sujeitos a receita
médica especial e medicamentos de receita médica restrita4.
4.1.1. Validação de prescrições médicas
Ao longo da minha experiência no atendimento, tive a oportunidade de trabalhar com os três
tipos de prescrições médicas existentes: a receita manual, a receita eletrónica materializada
(em papel) e a receita eletrónica desmaterializada (sem papel).
Receitas manuais
De acordo com a legislação em vigor, a prescrição manual pode ser utilizada em apenas
algumas situações, nomeadamente, na falência do sistema informático, nas prescrições ao
domicílio, inadaptação fundamentada do prescritor devidamente confirmada e validada e
outras situações até um máximo de 40 receitas por mês. É imprescindível o prescritor
assinalar com uma cruz, no canto superior direito da receita, qual das situações se trata5.
Apenas é permitida uma via da receita, sendo que esta tem uma validade de 30 dias. Por isso,
aquando do atendimento, é fundamental verificar a data da prescrição de modo a garantir que
a receita ainda está dentro do período de validade. Para a receita ser válida ainda tem que
incluir a vinheta identificativa do médico prescritor, vinheta identificativa do local de prescrição
(se aplicável), contacto telefónico do prescritor e identificação da especialidade médica,
quando for aplicável5.
No que se refere à identificação do utente, é essencial a receita conter o nome, número do
SNS do utente, número de beneficiário da entidade financeira responsável (se aplicável) e o
regime especial de comparticipação de medicamentos, sempre que aplicável, que é
representado pela letra “R” (pensionista) ou “O” (regime especial com menção ao diploma
legal)6.
O medicamento deve estar identificado pela Denominação Comum internacional da
substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e número de
embalagens. A prescrição pode, em certas situações, incluir a denominação comercial do
medicamento, por marca ou indicação do nome do titular da autorização de introdução no
mercado, tais como: na inexistência do medicamento genérico; prescrição de medicamento
com margem ou índice terapêutico estreito; reação adversa prévia e continuidade de
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
11
tratamento superior a 28 dias. Por fim, a assinatura do médico prescritor é obrigatória e
manuscrita5.
Na receita manual apenas podem ser prescritos 4 medicamentos distintos, num total de 4
embalagens ou, no máximo, 2 embalagens por medicamento. As receitas não podem conter
rasuras, nem serem prescritas com caligrafias diferentes, canetas diferentes ou lápis6.
Num atendimento, começava por verificar os pontos mencionados anteriormente e só depois
dava seguimento ao atendimento. Por vezes, sentia dificuldade em compreender qual o nome
do medicamento descrito devido à caligrafia dos médicos.
Receitas eletrónicas
Segundo o artigo 9.º da Portaria 224/2015 de 27 de julho, estes tipos de receitas devem incluir:
número da receita; data de prescrição; local de prescrição ou respetivo código; identificação
do médico prescritor; nome e número do utente; entidade financeira responsável e número de
beneficiário, bem como a referência ao regime especial de comparticipação (se aplicável).
A identificação do medicamento é feita pelos seguintes elementos: Denominação Comum
internacional da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e
número de embalagens. Para situações anteriormente mencionadas, também pode ser
incluído a denominação comercial do medicamento. É ainda necessária a inclusão do código
nacional de prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM) ou outro código oficial
identificador do produto, se aplicável5.
A receita eletrónica materializada, além dos pontos anteriores, ainda necessita da assinatura
do prescritor. Enquanto que, a receita eletrónica desmaterializada necessita da hora da
prescrição e as suas linhas de prescrição devem incluir a menção do tipo de linha, número da
linha, tipo de medicamento ou produto de saúde prescrito e data do termo da vigência da linha
de prescrição5.
As receitas eletrónicas materializadas que contenham medicamentos para tratamentos de
longa duração podem ser renováveis, contendo até três vias que vigoram por seis meses6.
A partir do dia 1 de abril de 2016, tornou-se obrigatório as prescrições das receitas eletrónicas
desmaterializadas em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS)7.
Ambas as receitas eletrónicas, desmaterializada e materializada, contêm um código matriz,
código de acesso/dispensa e o código de direito de opção que permite o acesso à receita
no sistema informático da farmácia. Relativamente à receita desmaterializada, os códigos são
enviados para os utentes por via e-mail ou por mensagem de texto.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
12
Durante o tempo em que estive a fazer atendimento ao balcão pude verificar que as receitas
eletrónicas têm um maior nível de segurança na dispensa dos produtos, pois permite
minimizar os erros humanos. Após ter acedido à receita e ter selecionado os medicamentos
pretendidos pelos utentes, é sempre obrigatório (tanto no Sifarma 2000® como no Sifarma
MA) confirmar os medicamentos e outros produtos de saúde através da leitura do CNP com
o scanner. Quando o produto que estamos a dispensar não corresponder aquele que se
encontra na receita, o sistema informático emite um alerta e dessa forma permite minimizar
os erros.
Outra vantagem destas receitas em comparação com as receitas manuais, é a possibilidade
de levar apenas a medicação que quer no momento e mais tarde pode levantar o resto dos
medicamentos que estão prescritos na receita, desde que ainda estejam dentro da validade.
4.1.2. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos
Ao longo do meu estágio pude verificar que é dado aos medicamentos estupefacientes e
psicotrópicos uma atenção especial. Além de serem armazenados isoladamente, estes tipos
de medicamentos são sujeitos a dois momentos de controlo rigoroso que tive a oportunidade
de realizar, no momento da receção de encomenda e aquando da dispensa. Na receção,
estes medicamentos vêm sempre acompanhados pela requisição e o seu duplicado, sendo
que a requisição original deve ser, posteriormente, arquivada durante, pelo menos, três anos.
A requisição é datada, assinada e carimbada pelo farmacêutico responsável e, por fim,
reenviada ao fornecedor.
No que se refere à dispensa dos psicotrópicos e estupefacientes, é necessário preencher
dados do doente a quem o medicamento está destinado e os dados da pessoa adquirente,
uma vez que o doente e o adquirente não são obrigatoriamente a mesma pessoa. A
apresentação do documento de identificação é indispensável.
Ao terminar o atendimento é emitido um registo de saída dos medicamentos estupefacientes
e psicotrópicos dispensados que são logo arquivados também por um período de três anos.
Mensalmente, a farmacêutica adjunta envia a listagem de todos os medicamentos
psicotrópicos e/ou estupefacientes que foram dispensados ao longo do mês às autoridades
competentes. Além disso, é feito anualmente o balanço de entradas e saídas deste tipo de
medicamentos na farmácia.
4.1.3. Regimes de Comparticipação
A legislação prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos mediante dois tipos
de regime: o regime geral e o regime especial6.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
13
No que se refere ao primeiro regime mencionado, o Estado comparticipa uma percentagem
no preço do medicamento de acordo com o seu grupo ou subgrupo farmacoterapêutico.
Existem quatro escalões de comparticipação, os escalões A, B, C, e D, cujas percentagens
de comparticipação são de 90%, 69%, 37% e 15%, respetivamente. No escalão D podem ser
incluídos os medicamentos novos ou que estejam num regime de comparticipação transitório8.
Quanto ao regime especial de comparticipação, a comparticipação pode ser efetuada em
função de: beneficiários, patologias ou grupos especiais de utentes e cidadãos estrangeiros
com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal6.
Para os pensionistas do regime especial, o Estado ainda comparticipa uma percentagem
adicional de 5% no escalão A e 15% nos restantes escalões. Caso o medicamento escolhido
tenha o PVP igual ou inferior ao quinto preço mais baixo do grupo homogéneo, a
comparticipação do Estado é de 95% para o conjunto dos escalões9.
A comparticipação de medicamentos utilizados no tratamento de algumas patologias ou por
grupos especiais de utentes é definida por despacho do membro do Governo responsável
pela área da saúde6.
Os cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal têm
acesso gratuito ao SNS para efeitos de cuidados de urgência, de cuidados de saúde primários
e de assistência medicamentosa na área de residência6.
O regime de comparticipação ainda abrange outros produtos, tais como: certos medicamentos
manipulados, em que a comparticipação é de 30%; produtos destinados ao autocontrolo da
diabetes mellitus, com comparticipação de 85% nas tiras-teste e 100% nas agulhas, seringas
e lancetas. Os produtos dietéticos com caracter terapêutico são comparticipados a 100% se
forem prescritos no Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães ou nos centros de
tratamento dos hospitais protocolados com o Instituto. Relativamente à comparticipação das
câmaras expansoras e dispositivos de apoio a doentes ostomizados e/ou com incontinência/
retenção urinária, a comparticipação é de 80% do PVP (não podendo exceder 28€ e limitada
a uma câmara expansora, independentemente do tipo, por utente, por cada período de um
ano) e de 100% do PVP, respetivamente6.
Alguns utentes também podem beneficiar de regimes complementares através de
subsistemas de saúde públicos (por exemplo, a ADSE) ou privados10.
4.1.4. Receituário e Faturação
Como já foi mencionado no ponto anterior, existem regimes de comparticipação que permitem
aos utentes pagar à farmácia apenas uma percentagem dos PVP de certos medicamentos.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
14
Por isso, é importante haver controlo de receituário e faturação para permitir que as farmácias
recebam a percentagem correspondente à comparticipação.
Para efeitos de faturação, as farmácias têm que enviar mensalmente para o Centro de
Controlo e Monitorização do SNS (CCM-SNS), um conjunto de informações, tais como: a
fatura (em duplicado), as notas de débito/crédito (em duplicado), a relação resumo de lotes,
os verbetes de identificação de lotes e as receitas médicas11.
As receitas manuais necessitam de serem verificadas e validas pelo farmacêutico responsável
pelo receituário que, no caso da FdC, é a farmacêutica adjunta. Dessa forma, a farmacêutica
adjunta verifica, uma vez por semana, se a receita foi corretamente prescrita, se os
medicamentos dispensados correspondem aos que estão prescritos na receita, se a entidade
de comparticipação foi corretamente aplicada e se a receita está assinada, datada e
carimbada. Os medicamentos que foram efetivamente dispensados ficam impressos no verso
da receita, com o lote, o número da receita, a assinatura do utente e do profissional que
procedeu à dispensa.
De seguida, o responsável pelo receituário agrupa as receitas de acordo com o tipo a que
pertencem e também as organiza em lotes que podem conter até um máximo de 30 receitas.
Finalmente, cada lote que contenha receitas materializadas deve ser devidamente identificado
com o respetivo verbete. No que se refere ao documento de relação resumo de lotes, apenas
é possível apresentar um único documento11.
4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica
Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) não cumprem qualquer condição
mencionada no ponto 4.1. e na sua dispensa não é necessário a presença de uma prescrição
médica. Os MNSRM destinam-se ao tratamento de problemas de saúde menores e sem
gravidade. A maioria dos MNSRM não são comparticipáveis, pois os MNSRM
comparticipáveis são casos excecionais e têm que ser devidamente justificados por razões
de saúde pública4.
Em 2013, foi introduzida uma subcategoria, os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
de Venda Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF). Os MNSRM-EF podem ser dispensados sem
prescrição médica, no entanto, é essencial a intervenção do farmacêutico e aplicação de
protocolos de dispensa12,13.
Antes de dispensar um MNSRM, quer seja por pedido do utente ou indicação minha,
procurava sempre questioná-lo para quem se destinava o medicamento, quais eram os
sintomas e há quanto tempo estes já estavam presentes. Consoante as respostas do utente,
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
15
aconselhava a ida ao médico ou dispensava o MNSRM que considerava adequado para a
situação.
No momento da dispensa tentava sempre fazer todas as advertências necessárias
relativamente ao medicamento (por exemplo, reações adversas e posologia) e aconselhava a
ida ao médico em caso de agravamento ou persistência dos sintomas.
4.3. Outros produtos
4.3.1. Medicamentos e Produtos de uso Veterinário
Segundo o Decreto-Lei n.º 314/2009, de 28 de outubro, o medicamento veterinário é “toda a
substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades
curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser
utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário
ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou
modificar funções fisiológicas”14.
O produto de uso veterinário é a substância ou mistura de substâncias, sem indicações
terapêuticas ou profiláticas que se destinam aos animais no sentido de promover o bem-estar
e estado higiossanitário, coadjuvando ações de tratamento, de profilaxia ou de maneio
zootécnico, designadamente o da reprodução. Também se destinam ao diagnostico médico-
veterinário e ao ambiente que rodeia os animais, designadamente às suas instalações15.
Na FdC, os produtos que mais me solicitaram foram desparasitantes (Eliminal® e Frontline®)
e contracetivos (Pilusoft® e Megecat®).
4.3.2. Dispositivos médicos
Os dispositivos médicos são destinados, pelo fabricante, a ser utilizados em seres humanos
para fins de:
• Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;
• Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de
uma deficiência;
• Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico;
• Controlo da conceção.
E ao contrário dos medicamentos, os fins dos dispositivos médicos não são atingidos por
meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos16.
Dispositivos médicos como canetas de insulina, lancetas e tiras teste para controlo da
glicemia, os testes de gravidez, compressas, pensos e seringas são alguns exemplos de
produtos que tive a oportunidade de dispensar com frequência. As meias de compressão
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
16
também são muito solicitadas pelos utentes, que são obtidas, normalmente, por encomenda
após determinação das medidas dos utentes.
4.3.3. Produtos cosméticos e de higiene corporal
Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) abrangem uma grande diversidade de
produtos, porque, segundo Decreto-Lei n.º 296/98, de 25 de Setembro, o PCHC é “qualquer
substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes
superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas,
lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade
de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto e ou proteger ou
os manter em bom estado e ou de corrigir os odores corporais”17.
A FdC trabalha com muitas marcas, tendo uma maior quantidade e diversidade de artigos das
seguintes marcas: Bioderma®, La Roche-Posay®, Caudalie®, Sesderma®, Institut
Esthederm®, Vichy®, Eucerin® e Martiderm®.
Durante o período do meu estágio, os produtos que mais dispensei dentro desta categoria
foram champôs anticaspa, cremes hidratantes de corpo e rosto, produtos de higiene íntima
(Lactacyd®) e produtos de higiene oral (pasta de dentes da Elgydium®). No início do meu
estágio senti dificuldade no aconselhamento dos PCHC, principalmente por causa das
numerosas opções que existiam na farmácia, mas com o tempo fui aprendendo e melhorando
nos aconselhamentos destes produtos.
4.3.4. Suplementos Alimentares
Uma pessoa que tenha um regime alimentar adequado e variado geralmente consegue obter
todos os nutrientes necessários nas quantidades adequadas para ter um bom
desenvolvimento e manter um bom estado de saúde. No entanto, cada vez é mais difícil
alcançar a situação ideal mencionada, essencialmente em consequência do estilo de vida da
população (sedentarismo e maus hábitos alimentares)18. Atualmente, a população tem uma
alimentação pouco variada e recorrem muitas vezes a fast-food.
A fim de complementar as quantidades ingeridas de alguns nutrientes, os consumidores
podem optar pelo consumo de suplementos alimentares. Os suplementos alimentares são
considerados géneros alimentícios, no entanto, não devem ser utilizados como substitutos de
uma dieta variada18.
Estes suplementos alimentares podem oferecer um leque bastante variado de substâncias
nutrientes e outros ingredientes, nomeadamente, vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos
gordos essenciais, fibras e várias plantas e extratos de ervas18.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
17
Antes da colocação dos suplementos alimentares no mercado é necessário notificar a
Autoridade Competente, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária19.
Na FdC pode-se encontrar uma grande diversidade destes produtos, uma vez que são
bastante solicitados. Alguns dos suplementos que mais dispensei foram: Magnesona®,
Magnoral®, Melamil®, Valdispert Noite®, Cholagutt® A gotas e vários suplementos da
Absorvit®.
Os distúrbios menores de sono e o cansaço físico e/ou mental eram as principais queixas dos
utentes que solicitavam suplementos.
4.3.5. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil
A puericultura é a área que se dedica mais especificamente ao acompanhamento do
desenvolvimento infantil, isto é, à promoção e proteção da saúde e bem-estar das crianças.
A FdC possui muitos artigos desta categoria como: as chupetas, os pratos, as fraldas, os
biberões, as tetinas, os mordedores, entre outros. No que se refere à obstetrícia a FdC dispõe,
por exemplo, de cintas, protetores de mamilos, e bombas de extração de leite.
No período em que estive no atendimento ao balcão dispensei chupetas da Chicco® e da
Suavinex®, biberões da Dr. Brown’s®, protetores de mamilos da Medela® e cintas de
gravidez. Para a nutrição infantil, mais especificamente as papas e leites de fórmula, a FdC
trabalha com as marcas Nutribén®, NAN® e Aptamil®.
5. Prestação de cuidados de saúde
O primeiro local onde as pessoas se deslocam quando têm um problema de saúde,
geralmente, é a farmácia comunitária. Dessa forma, os farmacêuticos, além da dispensa do
medicamento, prestam diversos serviços centrados no utente e nas suas necessidades.
5.1. Determinação da pressão arterial
A determinação da pressão arterial foi um dos primeiros serviços que prestei na FdC. A
determinação da pressão arterial é um método simples e de fácil realização, que pode ser
realizado a qualquer altura do dia, pois não é necessário o jejum. Esta medição foi feita por
mim várias vezes ao longo do meu estágio desde do primeiro mês.
Os utentes solicitam este serviço por variados motivos, como a recomendação do médico para
determinar se é necessária uma intervenção terapêutica ou para avaliar a eficácia terapêutica
do medicamento.
Antes de iniciar a medição tentava promover a descontração do doente, permitindo que este
se sentasse e repousasse por aproximadamente 5 minutos. Geralmente, questionava o utente
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
18
quanto ao motivo que o levou a solicitar a medição, se era hipertenso e se fazia alguma
medicação para a hipertensão arterial. Se, após a determinação da pressão arterial, o valor
fosse elevado, tentava entender se tinha tomado café ou se tinha realizado algum esforço
físico, bem como se tinha dores de cabeça ou se sentia tonturas. Nas situações em que o
utente tinha respondido afirmativamente à minha questão sobre fazer medicação para a
hipertensão, tentava avaliar e promover a adesão à terapêutica. Além disso, aconselhava
algumas medidas não farmacológicas.
5.2. Medição de parâmetros bioquímicos
Na FdC é possível determinar os valores de colesterol, triglicerídeos, glicemia e de ácido úrico.
Em primeiro lugar, aquando da determinação destes valores, informava-me sobre os
problemas de saúde dos utentes, ou seja, se era diabético, se era habitual ter valores elevados
do colesterol, triglicerídeo e/ou ácido úrico. Após a obtenção dos valores, explicava aos
utentes os resultados obtidos comparando-os com os valores de referência. Se os valores dos
parâmetros avaliados fossem elevados tentava aconselhar os utentes sobre os hábitos
alimentares, a importância do exercício físico, bem como a importância da adesão à
terapêutica (se aplicável).
5.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis
A administração de medicamentos e de vacinas não incluídas no Plano Nacional de
Vacinação é outro serviço que pode ser prestado na farmácia comunitária por profissionais
habilitados para o efeito, através da participação em formação específica na área20. A FdC
dispõe de dois farmacêuticos credenciados.
Para cada administração de vacina e medicamentos injetáveis é feito o registo de dados no
Sifarma MA (também é possível no Sifarma 2000), que inclui o nome do utente, a data de
nascimento, o nome da vacina/medicamento, lote, via de administração e a identificação do
farmacêutico que a administrou.
Durante o meu estágio, observei que os anti-inflamatórios, como o Voltaren®, e os relaxantes
musculares, como o Relmus®, eram os medicamentos mais frequentemente administrados
por via intramuscular. Além disso, a vacina da gripe (Influvac® Tetra) foi bastante dispensada
e administrada na FdC.
5.4. VALORMED
A FdC colabora com a Valormed®, uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela
gestão de resíduos das embalagens vazias e dos medicamentos fora de uso, com o propósito
de preservar o ambiente e proteger a saúde pública21. Dessa forma, a FdC possui contentores,
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
19
disponibilizados por esta entidade, que se destinam às embalagens vazias e medicamentos
fora de uso ou que tenham o prazo de validade expirado entregues pela população à farmácia.
Quando os contentores atingem os seus limites máximos de capacidade, são selados e
regista-se no Sifarma2000® a entrega deste aos distribuidores de medicamentos. Também
realizei esta tarefa algumas vezes ao longo do meu estágio.
5.5. Consultas de nutrição, podologia, audiologia, depilação a laser e radiofrequência
A FdC dispõe de profissionais credenciados que realizam outros serviços, tais como:
consultas de Nutrição e Dietética; consultas de podologia; depilação a laser e radiofrequência;
consultas de audiologia.
Todos estes serviços são realizados no gabinete de atendimento individualizado (com
exceção da depilação a laser e radiofrequência). Nesse mesmo gabinete pode-se encontrar
uma balança InBody 270 para uma avaliação corporal. Esta balança é principalmente utilizada
pela Dra. Ana Pedro, responsável pelas consultas de Nutrição e Dietética que ocorrem duas
vezes por semana, mediante marcação prévia. A FdC criou o projeto “Phuturo Saudável”, que
consiste na sinalização de crianças (entre os 5 e 16 anos de idade) com sinais de excesso de
peso ou obesidade, através das parcerias realizadas com as instituições da comunidade,
consulta de pediatria ou na própria farmácia, para uma avaliação física e nutricional. Após
uma avaliação física realizada pela nutricionista da farmácia, é elaborado um plano alimentar
para a criança. É realçada a importância da alteração dos hábitos alimentares numa conversa
com as crianças e os seus encarregados de educação. Também há uma intervenção
farmacêutica, em que o farmacêutico educa e capacita a criança a que faça as melhores
escolhas alimentares.
As consultas de podologia são realizadas pela Dr.a Liliana Rajão, semanalmente, quando há
marcações. As consultas de audiologia ocorrem mensalmente e a suas marcações são da
responsabilidade da Casa Sonotone Audiosom. Por fim, a depilação a laser e radiofrequência
realizam-se uma vez por semana na FdC.
6. Formações
Os membros da FdC participam em muitas formações para se manterem atualizados e para
estarem mais habilitados no aconselhamento dos medicamentos e outros produtos de saúde
disponíveis na farmácia.
Durante o meu período de estágio pude assistir a algumas formações realizadas na farmácia.
Muitas vezes a formação durava apenas alguns minutos em que era apresentado apenas um
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
20
produto (por exemplo, ib-u-ron® gel mentol), mas tive também a oportunidade de assistir a
duas formações com uma duração mais prolongada como está mencionado na tabela 3.
Tabela 3 - Formações a que assisti durante o meu estágio.
Tema Data Duração Local
Esthederm® 23/10/2019 45 min FdC
Sensilis® 17/02/2020 1h30min FdC
7. Imagem e comunicação
Qualquer organização sente a necessidade crescente de comunicar com eficácia, estando
sempre presente nas redes sociais ou noutros meios de comunicação.
Numa farmácia comunitária não há especialistas em comunicação e marketing sendo essa
função atribuída a alguns dos colaboradores que mostrem especial interesse e tenham
alguma aptidão.
Durante o meu estágio, fui encarregada de criar artigos de comunicação e imagem, com o
objetivo de promover atividades ou produtos, para expor na farmácia e para publicar nas redes
sociais. Pode-se observar alguns exemplos no anexo 1.
Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia do Calendário
Projeto I – Gripe e Constipação
1. Enquadramento do projeto e objetivos
Durante o meu primeiro mês de estágio na FdC, assisti a vários atendimentos feitos pelos
colaboradores da farmácia e pude constatar que várias pessoas não sabiam distinguir a gripe
da constipação, havendo mesmo quem pensasse que fosse o mesmo problema de saúde.
Além disso, foi-me referido por vários colaboradores que os utentes pediam por diversas
vezes antibióticos quando apresentavam sintomas de gripe ou constipação.
Devido às razões anteriormente mencionadas, bem como, ao facto de no mês de outubro se
iniciar a administração da vacina da gripe, decidi desenvolver um projeto sobre a gripe e
constipação. Com este trabalho tive como objetivo fornecer mais informação sobre estas
doenças aos utentes e esclarecer as suas dúvidas.
1.1. Gripe
A gripe é uma doença aguda, causada pelo vírus influenza e que afeta principalmente as vias
respiratórias22,23. A maior parte dos casos de infeções pelos vírus influenza são autolimitadas
e estão restritas ao trato respiratório superior. No entanto, certos grupos de doentes têm um
risco maior de desenvolver complicações que levam a alta morbilidade e mortalidade24.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
21
As epidemias sazonais, nas regiões com climas temperados, acontecem sobretudo no
inverno. Em regiões tropicais, os surtos são mais irregulares, pois a gripe pode acontecer em
qualquer altura do ano25.
A atividade da gripe, em Portugal, tem sido maior entre os meses de dezembro e fevereiro22.
O período de incubação, ou seja, o tempo entre a infeção e o aparecimento dos primeiros
sintomas é de aproximadamente dois dias, mas pode variar entre um a quatro dias25.
Geralmente, esta doença é de curta duração, com um período de recuperação de uma a duas
semanas22.
Existem três tipos de vírus influenza que são capazes de infetar os humanos, isto é, o tipo A,
o B e o C26.
O principal reservatório dos vírus influenza A são as aves aquáticas selvagens e outras aves,
enquanto que, os humanos são o hospedeiro primário e o reservatório dos vírus influenza B
e C26.
Apenas os vírus influenza A e B causam doença com impacto significativo na saúde humana
e são capazes de causar epidemias sazonais. Os vírus influenza A ainda são responsáveis
por pandemias originadas de infeções zoonóticas26,27.
O vírus influenza C, geralmente, causa uma doença respiratória leve26,27.
1.1.1. Glicoproteínas do vírus influenza
Os vírus influenza pertencem à família Orthomyxoviridae e possui um genoma constituído por
segmentos de RNA26.
Na superfície do vírus encontram-se duas glicoproteínas com funções essenciais ao vírus26:
• Hemaglutinina (HA), uma lectina trimérica;
• Neuraminidase (NA), uma enzima tetramérica.
A HA é responsável pelo primeiro passo no processo que leva a uma infeção produtiva por
vírus, ou seja, a ligação aos recetores. Esta proteína liga-se a recetores específicos que
possuem ácido N-acetilneuramínico (Neu5Ac ou ácido siálico), principalmente em células
epiteliais e mucinas das vias respiratórias humanas. Além disso, a infeção também pode
ocorrer em células alveolares, em monócitos / macrófagos recrutados, células dendríticas e
células B26.
A NA também tem especificidade para o ácido siálico e é responsável por clivar os resíduos
de ácido siálico dos vírus e das glicoproteínas celulares, desse modo permitindo a libertação
dos novos vírus que irão infetar outras células26,27.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
22
Os vírus influenza A são divididos em subtipos de acordo com as combinações de HA e NA.
Atualmente conhecem-se 18 tipos de HA e 11 tipos de NA. Sendo que os subtipos da
influenza A que têm circulado em humanos são: A(H1N1) e A(H3N2). Os vírus influenza B
ainda são classificados em 2 linhagens: as linhagens B / Victoria e B / Yamagata28.
1.2. Constipação
A constipação é uma doença respiratória causada por diversos vírus, dos quais, os rinovírus
são os mais comuns. Além destes, o coronavírus humano, o adenovírus, o vírus sincicial
respiratório, o vírus da parainfluenza humana e o metapneumovírus humano também podem
causar constipações29.
É possível ficar constipado em qualquer altura do ano, no entanto a maioria das infeções
ocorrem na primavera e no inverno e recuperam, geralmente, dentro de 7 a 10 dias30. No
entanto, pessoas com problemas respiratórios, asma ou que tenham um sistema imunológico
enfraquecido podem desenvolver doenças mais graves (por exemplo, pneumonia ou
bronquite)29.
1.2.1. Patogénese da infeção por rinovírus
Os rinovírus ligam-se aos recetores da ICAM-1 (intracellular adhesion molecule 1) no epitélio
da nasofaringe. As células infetadas libertam interleucina-8 (IL-8) que vai estimular a
libertação de mediadores inflamatórios (como as prostaglandinas e cininas) que,
consequentemente, pode levar ao aumento da vasodilatação, da permeabilidade vascular e
da secreção das glândulas exócrinas. Estes processos causam os sintomas clássicos da
constipação, nomeadamente, a rinorreia, os espirros e a congestão nasal31.
1.3. Sintomas da gripe e constipação
A gripe e a constipação têm vários sintomas similares, o que dificulta a distinção entre estas
patologias baseado apenas nos sintomas. Normalmente, os sintomas da gripe são mais
intensos do que os da constipação32. Sendo que, na gripe, os sintomas respiratórios são
acompanhados de dores musculares, febre superior a 38ºC, fortes dores de cabeça, cansaço
e fraqueza33. Na tabela 4, podem ser observadas as principais diferenças entre as
patologias34-36.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
23
Tabela 4 - Diferença entre a constipação e a gripe. Adaptado de [34-36].
1.4. Transmissão
Tanto os vírus que causam a constipação como o vírus Influenza são transmitidos por
pequenas gotículas expelidas pela pessoa infetada, quando ela espirra ou tosse. O contato
direto com superfícies contaminadas é outra forma de transmissão menos frequente. Por
exemplo, quando a mão de uma pessoa tem contacto com uma superfície contaminada e
depois coloca a mão na boca, nariz ou boca30,37.
1.5. Medidas de prevenção
De forma a diminuir os casos de constipação e gripe, existem variadas medidas que se podem
praticar, sendo elas as seguintes30,38:
• Lavar corretamente as mãos, especialmente depois de assoar, espirrar ou tossir;
• Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;
• Evitar contacto próximo com pessoas doentes;
• Desinfetar as superfícies tocadas com frequência, incluindo objetos como brinquedos
e maçanetas;
Constipação VS Gripe
Gradual Início dos sintomas Súbito
Baixa/Sem febre Febre Superior a 38ºC
Raro Dores musculares Frequente, muitas vezes
severa
Raro Mal-estar geral e
cansaço Frequente
Ligeira a moderada Dor de cabeça Intensa
Moderado Corrimento nasal Intenso
Frequente Espirros Por vezes
Frequente Congestão nasal Por vezes
Frequente Dor de garganta Por vezes
Ligeira a moderada Tosse Frequente; pode ser
severa
Não Perda de apetite sim
Raro Náuseas, vómitos e
diarreia
Frequente em crianças
com menos de 5 anos
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
24
• Tapar o nariz e a boca, quando espirrar ou tossir, com um lenço de papel (descartável)
ou com o braço e nunca com a mão.
Além disso, se possível, deve-se ficar em casa quando estiver doente para evitar a
transmissão dos vírus para outras pessoas30,38.
Outra forma de prevenção contra a gripe é a vacinação anual que será discutida no tópico
seguinte.
1.6. Vacina da gripe
A vacinação anual é a melhor forma de prevenção contra a gripe. Além disso, a vacinação
também tem outros benefícios como prevenir as complicações da gripe39.
Por isso, a vacinação é fortemente recomendada a pessoas que têm maior risco de sofrer
complicações. Os grupos de risco incluem: idosos (com idade igual ou superior a 65 anos),
principalmente se residirem em instituições; grávidas; doentes crónicos (cardíacos,
respiratórios, renais, diabéticos) e imunocomprometidos40;
Adicionalmente, é importante que os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados
também sejam vacinados22.
Algumas das possíveis complicações da gripe são: infeções de ouvido, pneumonia bacteriana,
sinusite e exacerbação de condições médicas crónicas, como insuficiência cardíaca
congestiva, asma ou diabetes37.
Em Portugal, a vacinação deve ser feita a partir de outubro e até ao final do ano. No entanto,
pode ser administrada durante todo o outono e inverno40.
A administração da vacina da gripe é contraindicada para quem tem antecedentes de reação
anafilática aos componentes da vacina, nomeadamente às proteínas do ovo ou a qualquer
dos excipientes40.
As glicoproteínas HA e NA do vírus influenza do tipo A, principalmente o HA, podem acumular
mutações que alteram a sua natureza antigénica e, é por esta razão, que é necessário ajustar
a composição da vacina sazonal anualmente, de modo a que haja uma maior proteção contra
as variantes antigénicas recentes26.
As vacinas tetravalentes contra a gripe foram desenvolvidas por causa da co-circulação das
duas linhagens do vírus influenza B com vírus influenza A (H1N1) e A (H3N2) durante
epidemias sazonais26.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
25
1.7. Tratamento
Os antivíricos (por exemplo, o fosfato de oseltamivir - Tamiflu®) são uma opção para o
tratamento da gripe. Estes medicamentos são mais eficazes no início da doença,
aproximadamente dois dias após o início dos sintomas, pois podem ajudar a evitar a infeção41.
Não há cura para a constipação42.
Geralmente, o tratamento para ambas patologias baseia-se na redução da intensidade e
duração dos sintomas, bem como, na minimização do risco das complicações, uma vez que
a gripe e a constipação são, em geral, autolimitadas31. Assim sendo, há várias classes de
medicamentos que são utilizados, como:
Analgésicos, antipiréticos, anti-inflamatórios
Na gripe e constipação, os analgésicos, paracetamol, ácido acetilsalicílico e ibuprofeno, são
bastante utilizados para tratar sintomas, como dor de garganta, dor de cabeça, febre, mialgia,
calafrios, mal-estar e dor sinusal43. O uso de aspirina em crianças deve ser evitado devido ao
risco de síndrome de Reye31.
Agentes antitússicos
A tosse pode ser produtiva ou seca e pode ser um reflexo de defesa do organismo. O muco
e as partículas presentes na garganta e no trato respiratório inferior podem ser eliminados
através da tosse. Esta classe de medicamentos deve ser usada apenas quando a tosse é
seca44.
Anti-histamínicos
Os anti-histamínicos de 1ª geração são usados para reduzir alguns dos sintomas da
constipação, os espirros e a rinorreia. Isto pode ser potencialmente explicado pelo efeito
anticolinérgico dos anti-histamínicos de 1º geração44.
Segundo a literatura, os anti-histamínicos como monoterapia não têm efeito significativo no
tratamento da constipação, mas em combinação com descongestionantes, analgésicos ou
ambos, parecem ter efeito leve a moderado na constipação em adultos e crianças com idade
superior aos 5 anos45.
Agentes expetorantes e mucolíticos
A tosse com expetoração é aliviada, normalmente, com fármacos expetorantes e mucolíticos
que alteram a viscosidade das secreções mucosas e brônquicas, facilitando a expulsão da
expetoração44.
Descongestionantes
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
26
Para aliviar a congestão nasal, causada pela vasodilatação e edema da mucosa nasal, podem
ser usados agonistas adrenérgicos alfa-1, via oral ou tópica (sprays nasais)44. Os
descongestionantes tópicos ou orais, como a pseudoefedrina e a fenilefrina, diminuem o
edema nasal e, desta forma, facilitam a entrada de ar46.
Antibióticos
Os antibióticos não têm eficácia no tratamento da gripe ou constipação, uma vez que não são
infeções bacterianas, mas sim virais. O uso desnecessário de antibióticos pode tornar as
bactérias resistentes aos antibióticos47.
1.8. Medidas não farmacológicas
No tratamento dos sintomas da constipação e da gripe existem alternativas não
farmacológicas que podem ser empregues, como: descansar, beber muitos líquidos (água),
utilizar o humidificador limpo ou vaporizador de névoa frio. Pode-se também usar soluções de
água do mar e, para crianças mais novas, aspirador nasal para limpar o muco. As crianças
(com idade superior a 1 ano) e os adultos podem usar o mel para aliviar a tosse42. O banho
de água tépida pode ser uma alternativa para reduzir a febre31.
2. Métodos
Primeiramente, elaborei um inquérito sobre este tema para os utentes preencherem (anexo
2). Como, geralmente, as pessoas que vão à FdC não mostram muita disponibilidade para
colaborar neste tipo de projeto, requeri, fundamentalmente, a colaboração dos utentes que
utilizavam o gabinete da FdC aquando da administração da vacina da gripe ou outros
injetáveis, bem como da determinação da pressão arterial e parâmetros bioquímicos.
Também publiquei este inquérito nas redes sociais da farmácia para ter uma maior adesão.
Por último, desenvolvi um panfleto que foi distribuído aos utentes no final dos atendimentos e
também foram dispostos pelos balcões ao alcance destes (anexo 3). O panfleto desenvolvido
continha as informações que respondiam às perguntas presentes no inquérito, dessa forma
as pessoas podiam tirar as dúvidas que surgiram quando o preencheram.
3. Resultados
Por fim, obtive um total de 170 respostas, 4 destas foram invalidadas. A maioria das pessoas
que responderam ao inquérito eram do sexo feminino (134 pessoas do sexo feminino e 32
pessoas do sexo masculino).
As idades variam dos 18 aos 75 anos, sendo que 104 (63%) pessoas frequentaram o ensino
superior e 62 (37%) pessoas o ensino básico e secundário.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
27
• Para a pergunta “Sabe distinguir entre as duas doenças?”, houve 139 respostas
afirmativas e 27 respostas negativas, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1 - Resultados da pergunta "Sabe distinguir entre as duas doenças?"
No que se refere à tabela, para cada linha havia quatro opções de resposta (“Constipação”,
“Gripe”, “Ambas as patologias” e “Nenhuma destas patologias”), em que apenas uma das
opções podia ser selecionada. Na Tabela 5 constata-se qual foi o número de pessoas que
responderam em cada uma das opções ao inquérito feito.
Tabela 5 - Resultados obtidos no inquérito
Constipação Gripe Ambas as
patologias
Nenhuma
destas
patologias
Sintomas súbitos 67 (40%) 52 (31%) 33 (20%) 14 (8%)
Sintomas surgem de
forma gradual 58 (35%) 70 (42%) 34 (20%) 4 (2%)
Febre superior a 38ºC 2 (1%) 151 (91%) 11 (7%) 2 (1%)
Congestão nasal 58 (35%) 8 (5%) 99 (60%) 1 (1%)
Espirros 73 (44%) 9 (5%) 84 (51%) 0 (0%)
Fortes dores de
cabeça 8 (5%) 104 (63%) 50 (30%) 4 (2%)
Dores musculares
intensas 1 (1%) 150 (90%) 13 (8%) 2 (1%)
Dor de garganta 31 (19%) 55 (33%) 68 (41%) 12 (7%)
Mal-estar geral e
cansaço 7 (4%) 98 (59%) 59 (36%) 2 (1%)
Tosse 44 (27%) 26 (16%) 88 (53%) 8 (5%)
Perda de apetite 10 (6%) 94 (57%) 45 (27%) 17 (10%)
É contagiosa 9 (5%) 88 (53%) 61 (37%) 8 (5%)
Tratamento com
antibiótico 3 (2%) 98 (59%) 16 (10%) 49 (30%)
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
28
• Finalmente, para a pergunta “Todas as pessoas devem ser vacinadas contra a
gripe?”, obtive 103 respostas negativas e 63 respostas afirmativas. Pode-se observar
esses resultados no gráfico 2.
Gráfico 2 - Resultados da pergunta "Todas as pessoas devem ser vacinadas contra a gripe?"
4. Discussão e conclusão
A maioria das pessoas responderam afirmativamente em relação a saberem distinguir as duas
patologias. No entanto, as respostas obtidas nem sempre foram as mais acertadas. Em
relação ao início dos sintomas, houve uma maior percentagem que respondeu que na
constipação os sintomas são súbitos. Além disso, a maioria das pessoas associaram os
sintomas que aparecem de forma gradual à gripe. Quanto aos parâmetros “febre superior a
38ºC” e “dores musculares intensas”, a maioria associou de forma acertada à gripe com
percentagens iguais ou superiores aos 90%.
Com este inquérito podemos também constatar que ainda há muitas pessoas mal informadas
quanto ao uso dos antibióticos, uma vez que, 59% das pessoas responderam que o antibiótico
é usado no tratamento da gripe, 2% no tratamento da constipação e 10% no tratamento de
ambas as patologias. No parâmetro “é contagiosa” apenas 37% das pessoas responderam
que ambas as patologias são contagiosas. A maioria das restantes pessoas responderam que
apenas a gripe era contagiosa (53%), mas também houve quem respondesse que apenas a
constipação é transmitida ou que nenhuma destas patologias era transmitida.
Após o preenchimento deste inquérito, várias pessoas mostraram-se interessadas em saber
mais sobre este assunto e pediram mais informação. Outras pessoas mostraram interesse em
ler a informação do panfleto depois de o ver nos balcões. No final, tive “feedbacks” positivos
sobre o panfleto, pois acharam-no útil para distinguir melhor estas patologias.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
29
Projeto II – Doenças de pele
1. Objetivo e estratégia de intervenção na farmácia
Durante a minha experiência no atendimento ao público vivenciei diversos casos em que os
utentes recorriam em primeiro lugar à farmácia aquando do aparecimento de sinais/ sintomas
na pele. Pude constatar que há uma maior dificuldade no aconselhamento a estas pessoas,
sendo essa a razão para a qual decidi fazer uma formação à equipa da farmácia sobre
algumas das doenças de pele mais frequentes. Pretendia com isto, que a equipa da farmácia
ficasse apta para identificar as doenças e que tivesse conhecimento suficiente para
proporcionar um aconselhamento de qualidade ao utente. Para tal, elaborei um guia com
informação referente a estas doenças para fornecer aos colaboradores da farmácia e também
o utilizei como suporte na minha apresentação.
1.1. Acne vulgar
A acne vulgar é uma doença que afeta a unidade pilossebácea da pele e causa lesões não
inflamatórias, lesões inflamatórias e diferentes graus de cicatrizes. As lesões não inflamatórias
são caraterizadas pelos comedões abertos e fechados, enquanto que as lesões inflamatórias
são caraterizadas pelas pápulas, pústulas e nódulos48.
O diagnóstico diferencial é feito com a rosácea, a dermatite perioral e erupções acneiformes
causadas por fármacos, sendo as características que as distingue as seguintes49:
• Rosácea - Não há comedões;
• Dermatite Perioral - Geralmente, a distribuição é mais acentuada nas regiões perioral
e periorbital;
• Erupções acneiformes - Causadas por medicamentos sistémicos, corticoides tópicos,
produtos cosméticos e corantes de contraste. O início pode ser abrupto e existe uma
correlação com a exposição, melhorando quando há interrupção da exposição.
A prevalência da acne vulgar ao longo da vida é de aproximadamente 85%. Esta condição
ocorre principalmente durante a adolescência, mas pode persistir na idade adulta48.
Esta doença pode estar associada ao desenvolvimento de distúrbios psicológicos (baixa
autoestima, ansiedade e depressão), o que causa um impacto negativo na qualidade de vida
do paciente48.
1.1.1. Fisiopatologia
A formação das lesões de acne ocorre devido a quatro processos patogénicos principais
sendo estes48:
• Alteração da queratinização folicular que leva a comedões;
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
30
• Produção aumentada e alterada de sebo sob o controle de andrógenos;
• Colonização folicular por Propionibacterium acnes;
• Mecanismos inflamatórios complexos que envolvem a imunidade inata e adquirida.
1.1.2. Etiologia
A produção de andrógenos durante a puberdade é uma das razões pela qual a acne vulgar é
muito comum na população49.
As alterações hormonais que ocorrem devido à gestação ou ciclo menstrual são outro fator
que contribui para o desenvolvimento desta condição, bem como, o uso de cosméticos,
produtos de limpeza, loções e roupas oclusivas, a alta humidade e a sudorese.
Adicionalmente, há estudos que sugerem uma associação da acne com dietas com alto teor
glicémico e com os lacticínios49.
1.1.3. Tratamento
O tratamento da acne tem uma taxa de fracasso elevada, mesmo existindo numerosas opções
terapêuticas. O anexo 4 mostra o algoritmo de tratamento para acne vulgar em adolescentes
e adultos jovens, que requer ajustes com base nas características do doente e das lesões50.
1.1.3.1. Terapias tópicas
Na acne leve a moderada, as terapias tópicas são uma das opções terapêuticas mais
utilizadas, sendo que os agentes tópicos podem ser dispensados com prescrição médica e
sem prescrição médica. Geralmente, este tratamento é considerado mais seguro em
comparação com os medicamentos orais, uma vez que a absorção sistémica é normalmente
mais baixa (pode ser considerada insignificante em alguns casos) se o tratamento não for
muito intensivo ou prolongado48.
Os tratamentos tópicos mais frequentemente usados são: ácido salicílico, peróxido de
benzoílo, antibióticos, antibióticos combinados com peróxido de benzoílo, retinoides,
retinoides com peróxido de benzoílo, retinoides com antibióticos, ácido azelaico e agente
sulfona48.
O peróxido de benzoílo é um agente anti-inflamatório comedolítico, queratolítico, com
propriedades antimicrobianas. Este agente reduz a colonização de P.acnes pela produção de
radicais de oxigênio reativos, sem risco de resistência. A associação entre antibióticos e
peróxido de benzoílo pode ter melhores resultados no tratamento, além de poder diminuir o
desenvolvimento de resistências a antibióticos48,51.
O ácido salicílico é um agente comedolítico que, embora seja bem tolerado pelos pacientes
em geral, tem uma eficácia limitada48,51.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
31
Quanto aos antibióticos tópicos, podem ter tanto efeito antibacteriano como anti-
inflamatório. A clindamicina e a eritromicina são os antibióticos tópicos mais usados48,51.
Os retinoides tópicos são comedolíticos e diminuem a formação de microcomedões. São
fármacos que possuem propriedades anti-inflamatórias e são utilizados em combinação com
outros agentes tópicos para todas as lesões do acne. A tretinoína, o adaptaleno e o tazatoteno
são três retinoides tópicos usados no tratamento da acne. Esta terapia não deve ser usada
em mulheres grávidas48.
O ácido azelaico funciona como um agente comedolitico, antimicrobiano e anti-inflamatório
e é um adjuvante útil no tratamento da acne, particularmente na dispigmentação pós-
inflamatória48.
Segundo os dados existentes, a dapsona tem uma eficácia moderada na redução das lesões
inflamatória da acne. Pensa-se que funciona como um agente anti-inflamatório. No entanto,
mais estudos são necessários para conhecer completamente os mecanismos deste fármaco
no tratamento da acne. A dapsona não é indicada para o uso de grávidas48.
1.1.3.2. Terapias sistémicas
Em pacientes com acne inflamatória moderada a grave ou em pacientes com acne leve a
moderada em que o tratamento com agentes tópicos não foi eficaz, é habitual o uso de
antibióticos orais, como a classe das tetraciclinas (tetraciclina, minociclina e doxiciclina)48.
O uso com isotretinoína oral é o tratamento mais eficaz para a acne severa51.
1.1.3.3. Cuidados da pele
Há certos cuidados de pele que se podem adotar no dia-a-dia, de forma a prevenir a formação
das lesões da acne e/ou a sua exacerbação, como52:
• Não espremer as lesões da acne;
• Lavar a face com produtos adequados e secá-la com suavidade (sem esfregar);
• Manter o cabelo limpo e afastado da face (principalmente se este for oleoso);
• Mulher: evitar os produtos de maquilhagem e os cosméticos gordos. Os produtos que
utilizar devem ter no rótulo das embalagens a referência «não comedogénico» ou
«sem gordura»;
• Homem: o barbear pode piorar a acne. Se for possível, evitar barbear. Caso contrário,
experimentar a máquina e a lâmina de barbear, e verificar qual é a que causa menos
exacerbação da acne.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
32
1.2. Rosácea
A rosácea é uma doença inflamatória crónica da pele, encontrada com maior frequência em
adultos (com idade superior aos 30 anos) e afeta principalmente áreas visíveis, como o rosto.
Afeta predominantemente as mulheres com pele clara53,54.
Esta doença apresenta uma grande diversidade de sintomas e de graus de gravidade, bem
como períodos de remissão e de exacerbação. Aproximadamente 10% da população é
afetada pela rosácea. Esta pode provocar um impacto negativo na qualidade de vida do
doente, pois causa, possivelmente, baixa auto-estima, ansiedade e depressão devido à
aparência física54.
A rosácea é classificada em 4 subtipos, de acordo com as suas características
morfológicas53,54:
A) Rosácea eritemato-telangiectásica
A rosácea eritemato-telangiectásica é caraterizada pelo rubor (eritema facial transitório) e pela
vermelhidão persistente na região central da face. A maioria dos doentes também apresentam
vasos sanguíneos visíveis.
B) Rosácea pápulo-pustulosa
A rosácea pápulo-pustulosa é caracterizada por uma intensidade variável de eritema na região
central da face, bem como, um número variável de pequenas pápulas e pústulas eritematosas.
C) Rosácea fimatosa
A rosácea fimatosa é caracterizada pela hipertrofia tecidual, que se apresenta como
espessamento da pele, e pela hiperplasia das glândulas sebáceas. Esta pode afetar o queixo
(gnatofima), orelhas (otofima), testa (metofima), pálpebras (blefarofima) e nariz (rinofima). O
nariz é a área mais afetada pela rosácea.
D) Rosácea ocular
A rosácea ocular é caracterizada por queixas inespecíficas de secura, prurido, sensações
arenosas, lacrimejamento e terçolhos frequentes. Além disso, alguns doentes com esta
condição apresentam blefarite e conjuntivite, telangiectasia da margem da pálpebra, formação
de calázio ou hordéolo.
Geralmente, os doentes apresentam características morfológicas de mais do que um subtipo
de rosácea. E podem também apresentar maior sensibilidade da pele facial com sensação de
ardência, picadas e prurido54.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
33
Normalmente, a rosácea é diagnosticada após os 30 anos de idade e é mais frequente nas
mulheres, com a exceção da rosácea fimatosa54.
1.2.1. Fisiopatologia e etiologia
Existem estudos que suportam a hipótese da componente genética no desenvolvimento da
rosácea. Além disso, há bastantes evidências de que fatores como microrganismos, nutrição,
hormonas, stress psicossocial, radiação ultravioleta (UV), extremos de temperaturas e perda
de integridade da barreira cutânea podem estimular um aumento na resposta imune inata e/ou
desregulação neurovascular54.
1.2.2. Medidas gerais
É importante que o doente esteja informado que esta é uma doença crónica e que pode haver
períodos de remissão como de exacerbação. Por isso, os doentes devem tentar reconhecer
os fatores que levam à exacerbação desta condição e evitá-los54.
Também é recomendado ter cuidados diários com a pele, de forma a manter a sua hidratação
e a função de barreira, bem como, a utilização de protetores solares com fator de proteção
igual ou superior a 30. A fim de minimizar o impacto psicossocial da rosácea, é indicada a
utilização de pós de encobrimento ou correção de cor54.
1.2.3. Tratamento
1.2.3.1. Terapias tópicas
A primeira linha de tratamento para a rosácea leve a moderada são as terapias tópicas. No
tratamento da rosácea pápulo-pustulosa, é indicado o metronidazol 0,75% (gel, creme e
loção) e metronidazol 1% (gel e creme), o ácido azelaico 15% (gel) e a ivermectina 1%
(creme)54.
O tartarato de brimonidina 0,33% (gel) é um agonista seletivo do recetor α2-adrenérgico
com atividade vasoconstritora, usado no tratamento do eritema facial persistente54.
As formulações de sulfacetamida de sódio 10% (com ou sem 5% de enxofre) têm sido
utilizadas no controlo da rosácea pápulo-pustulosa, contudo, não foram aprovadas pela FDA
por falta de evidências da sua eficácia. Adicionalmente existem inúmeras terapias tópicas
usadas como tratamentos off label para a rosácea, tais como: retinoides, macrólidos e
análogos de macrólidos, inibidores tópicos de calcineurina e permetrina, entre outros54.
1.2.3.2. Terapias sistémicas
A tetraciclina e a doxiciclina oral são usadas em diferentes doses no tratamento da rosácea,
mas a doxiciclina de libertação prolongada (40mg, uma vez por dia) é o único fármaco
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
34
aprovado pela FDA. Para casos mais graves e persistentes de rosácea pápulo-pustulosa e de
rosácea fimatosa no estado inicial, pode ser necessária uma terapia com isotretinoína oral54.
Uma higiene ocular adequada e a aplicação de colírios lubrificantes podem ser uma opção de
tratamento para os pacientes com rosácea ocular leve, que apresentem sintomas como a
sensação de ressecamento nos olhos. Relativamente aos casos mais graves, os pacientes
que apresentem crostas nas margens da pálpebra, irritação dos olhos, ou formação de calázio
e hordéolo são, geralmente, tratados por antibióticos sistémicos ou tópicos, ou
ciclosporina54.
Os lasers vasculares e a luz intensa pulsada (intense pulse light - IPL) são a primeira linha de
tratamento para a redução da telangiectasia54.
Em casos mais graves de rosácea fimatosa, para os quais já tenha ocorrido deformação, os
melhores resultados são obtidos através de excisões cirúrgicas, eletrocirurgias e terapia com
laser de CO254.
1.3. Dermatite Seborreica
A dermatite seborreica é uma condição cutânea inflamatória crónica, caracterizada por
eritema e descamação da pele e que, normalmente, aparece em áreas do corpo com grande
densidade de glândulas sebáceas (face, couro cabeludo, costas, peito, virilha e axilas)55,56.
Esta condição dermatológica tem muita incidência em doentes com infeção pelo vírus da
imunodeficiência humana ou com doenças neurológicas, como evento cerebrovascular e
doença de Parkinson. Contudo, a dermatite seborreica também ocorre em pessoas saudáveis.
A prevalência desta condição é de 34% a 83% em pessoas imunocomprometidas e 1% a 3%
na população em geral. Além disso, é mais frequente em homens. Climas frios e secos, bem
como períodos de maior stress são fatores que parecem causar casos mais graves55,56.
1.3.1. Apresentação clínica
A forma infantil da dermatite seborreica pode apresentar-se no couro cabeludo, como
escamas espessas e gordurosas, de cor branca ou amarela. Geralmente, é uma condição
autolimitada. No que se refere aos adolescentes e adultos, a dermatite seborreica geralmente
apresenta-se como manchas eritematosas, oleosas e escamosas no couro cabeludo, orelhas,
pregas nasolabiais, sobrancelhas, parte superior das costas ou peito55,56. O diagnóstico
diferencial pode ser observado no anexo 555.
1.3.2. Fisiopatologia
As causas da dermatite seborreica ainda não são completamente compreendidas, mas pensa-
se que esta condição resulta de uma combinação de três fatores: presença de levedura
Malassezia, secreção da glândula sebácea e resposta imune do hospedeiro56.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
35
1.3.3. Tratamento
A dermatite seborreica infantil é tratada, em primeiro lugar, com emolientes que ajudam a
soltar as escamas. Em seguida, é possível remover estas escamas com uma toalha ou uma
escova de cabelo infantil55.
Os adolescentes e os adultos têm um tratamento idêntico, em que o objetivo principal é
diminuir os sinais visíveis da doença e reduzir o eritema e o prurido. Os produtos usados com
esta finalidade incluem champôs e antifúngicos tópicos, corticosteroides e inibidores de
calcineurina. Além do mais, é geralmente necessária uma terapia de manutenção continua,
visto que esta doença é crónica55.
1.3.3.1. Couro cabeludo
Adultos ou adolescentes com uma dermatite seborreica leve no couro cabeludo, esta pode
ser controlada com champôs que contêm na sua composição o sulfeto de selénio ou
piritionato de zinco55.
Os champôs antifúngicos com cetoconazol ou ciclopirox na sua composição são usados a
fim de controlar a dermatite seborreica a longo prazo. Ou seja, são usados diariamente ou
duas a três vezes por semana até à remissão da doença, ou podem também ser usados uma
vez por semana para prevenir relapsos55.
Os corticoides tópicos podem ser usados para tratar da inflamação do couro cabeludo
(dependendo do grau de inflamação), mas podem ser prejudiciais se forem usados por
períodos prolongados. O champô ou a solução de fluocinolona e a espuma de valerato de
betametasona também podem ser uma opção de tratamento55.
Os champôs de clobetasol e cetoconazol, usados alternadamente, são eficazes na redução
dos sintomas agudos, em casos de dermatite seborreica moderados a graves55.
Os anti-inflamatórios sistémicos podem ser benéficos, se os tratamentos acima descritos
não resultarem55.
1.3.3.2. Corpo e face
O gel que contém cetoconazol é eficaz na redução do eritema, descamação e prurido. No
entanto, o ciclopirox aparenta ser mais eficaz e bem tolerado do que o cetoconazol a 2%.
Ainda existe o creme de sertaconazol para tratar os sintomas desta dermatite. Existe
preferência pelos antifúngicos tópicos devido à sua eficácia e a terem poucos efeitos
adversos55.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
36
Os corticosteroides tópicos com uma potência leve a moderada são eficazes a reduzir os
sintomas de dermatite seborreica, no entanto devem ser usados como tratamento de segunda
linha por causa dos efeitos adversos associados ao uso prolongado55.
Por fim, há estudos que demonstram que o uso off-label de inibidores de calcineurina
tópicos podem ser eficazes no tratamento da dermatite seborreica. Tal como os
corticosteroides, os inibidores de calcineurina tópicos são usados como segunda linha de
tratamento porque podem estar associados ao linfoma e a cancro de pele, embora não haja
evidências suficientes que provem este facto55.
1.3.4. Medidas gerais
Os doentes devem ser informados que a dermatite seborreica é uma condição crónica, logo
pode ocorrer recaídas futuras. Os fatores causadores de sintomas devem ser evitados e, na
existência de lesões, é recomendado não as irritar quando há prurido ou utilizar preparações
queratolíticas potentes56.
1.4. Dermatite atópica
A dermatite atópica (eczema atópico) é uma doença inflamatória crónica da pele, pruriginosa,
e que afeta maioritariamente as crianças. A sua prevalência na população pediátrica varia
entre os 10% e 20% e desenvolve-se principalmente na primeira infância57.
A dermatite atópica é caracterizada pelo prurido, ressecamento da pele e outras lesões
cutâneas, como escoriações, exsudato seroso, pápulas e liquenificação. Além disso, as
comorbidades desta doença incluem outras condições atópicas, tais como, rinite alérgica,
asma e alergias alimentares. Aproximadamente 60% das crianças com dermatite atópica
estão predispostas a desenvolver uma ou mais comorbidades atópicas57.
A qualidade de vida das pessoas com dermatite atópica é significativamente afetada, pois
envolve o bem-estar físico e psicológico, funcionamento social e custos económicos58.
1.4.1. Fisiopatologia
A fisiopatologia da dermatite atópica é complexa e envolve fatores genéticos, imunológicos e
ambientais que levam a uma barreira cutânea disfuncional e desregulação do sistema
imunológico59. A barreira cutânea disfuncional é causada pela doença e também pode
contribuir para a doença58.
1.4.2. Apresentação clínica
As lesões normalmente apresentam diferente morfologia de acordo com a idade do doente.
Na dermatite atópica infantil, crianças de idade entre 3 meses e 2 anos, apresentam lesões
agudas, que aparecem principalmente na face, no tronco e nas superfícies extensoras dos
membros. As crianças de idade entre 2 a 12 anos, apresentam lesões agudas ou crónicas
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
37
que aparecem principalmente nas superfícies de flexão e áreas perioral. Em relação aos
adolescentes e adultos até aos 60 anos, a doença é caracterizada por lesões crónicas,
liquenificadas ou escoriadas, que aparecem em áreas típicas, como o pescoço, as regiões de
flexão e a cabeça, bem como em áreas periorbitais e nas mãos. Por fim, os doentes com
idade superior a 60 anos apresentam lesões extensas com prurido intenso, que geralmente
não se manifestam nas regiões de flexão58.
1.4.3. Tratamento
A fim de melhorar a hidratação e a função da pele é essencial utilizar hidratantes. Estes
podem ser o tratamento primário para a dermatite atópica leve e também fazer parte do regime
de tratamento quando a doença é mais grave60.
No tratamento das crises desta doença ou como tratamento de manutenção, são usados anti-
inflamatórios, como corticosteroides tópicos e inibidores da calcineurina tópicos60.
Os corticosteroides tópicos são a base da terapia anti-inflamatória, podendo ser usada tanto
em adultos como crianças com dermatite atópica. Estes medicamentos são usados apenas
quando os bons cuidados com a pele e o uso de hidratantes não são suficientes60.
Os inibidores da calcineurina tópicos são particularmente úteis em certas situações clínicas,
como: quando as lesões são em áreas sensíveis (por exemplo, anogenital, dobras da pele,
face); persistência dos sintomas após tratamento com esteroides; atrofia induzida por
esteroides e uso de esteroides tópicos a longo prazo e sem interrupções. No entanto, há falta
de dados relativamente à segurança destes medicamentos quando são usados por um
período prolongado60.
No que se refere a casos mais graves e persistentes, os tratamentos de eleição são
imunossupressores sistémicos, fototerapia e corticosteroides sistémicos58,60.
1.4.4. Medidas gerais
Existem alguns cuidados a ter com a pele que podem ajudar a melhorar as condições de pele,
tais como61:
• Não se deve permanecer muito tempo dentro de água quando se está a tomar banho.
Além disso, a água deve estar morna e é recomendado o uso de sabonetes ácidos,
de aveia, ou óleos de banho sem perfumes;
• Não se deve esfregar, enquanto se seca com a toalha;
• Utilizar cremes hidratantes, gordos e não perfumados, de forma a manter a pele
sempre bem hidratada. Também se deve evitar loções com álcool visto que secam a
pele;
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
38
• Lavar a roupa com detergentes que não irritem a pele. Evitar usar roupa de lã e fibras
sintéticas que tenham contacto com a pele. Além disso, esta não deve ser justa;
• Evitar coçar se tiver prurido. Este sintoma deve ser aliviado por medicamentos;
• Evitar ambientes extremos em temperatura e humidade, porque os ambientes frios e
secos levam a uma pele mais seca e os ambientes quentes e húmidos provocam
transpiração;
• É possível que o stress seja um fator que cause uma exacerbação da doença, neste
caso tentar encontrar estratégias para relaxar;
• Evitar ter contacto com substâncias que irritem a pele ou tudo aquilo a que se seja
alérgico.
1.5. Dermatite de contacto
A dermatite de contacto é a inflamação da pele provocado pelo contacto desta com produtos
químicos. A fase aguda desta condição apresenta eritema, vesiculação (formação de bolha),
supuração e crostas. A fase crónica tem aparência de fissuras (rachadura), descamação e
liquenificação (linhas acentuadas da pele)62.
A dermatite de contacto tem quatro categorias gerais: dermatite de contacto irritante, dermatite
de contacto alérgica, dermatite por fotocontacto e urticária de contacto. As duas primeiras
categorias, ou seja, a dermatite de contacto irritante e a dermatite de contacto alérgica, são
as categorias que ocorrem com mais frequência62.
1.5.1. Dermatite de contacto irritante
A dermatite de contacto irritante é uma forma não imunológica, ou seja, provoca danos na
pele sem sensibilização prévia do sistema imunológico. Esta representa aproximadamente
80% de todos os casos de dermatite de contacto e é induzida principalmente por uma
exposição repetida a agentes químicos mais fracos. As áreas mais frequentemente afetadas
são as mãos62.
A inflamação da pele ocorre devido à desnaturação das queratinas epidérmicas, danos nas
membranas celulares, remoção dos lípidos da superfície da pele e efeitos citotóxicos diretos62.
Os agentes mais comuns que causam dermatite de contacto irritante são solventes como o
xileno, o álcool, a acetona e cetonas, a terebintina; fluidos para trabalhar metais; tensioactivos
(laurilsulfato de sódio); álcalis em sabão; e ácidos62.
1.5.2. Dermatite de contacto alérgica
A dermatite de contacto alérgica é uma reação de hipersensibilidade retardada do tipo IV que
requer sensibilização prévia com predisposição genética. Esta representa aproximadamente
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
39
20% dos casos de dermatite de contacto. Os alergénicos são normalmente lipossolúveis e de
baixo peso molecular e, por isso, conseguem penetrar a barreira cutânea62.
Esta reação tem duas fases: a fase de sensibilização e a fase de elicitação. Na fase de
sensibilização, o antigénio (hapteno) penetra a barreira cutânea e é capturado pelas células
epidérmicas de Langerhans que migram para os linfonodos drenantes. Enquanto migram, o
hapteno é alterado quimicamente e é conjugado com uma molécula HLA-DR. Este antigénio
é, então, apresentado aos linfócitos T auxiliares CD4+ nos gânglios linfáticos regionais.
Estas células sofrem clonagem e esses linfócitos T de memória migram para a pele 62.
A seguir há a fase de elicitação que ocorre quando há ativação dos linfócitos T pela
reexposição aos alergénios. O alergénio é, mais uma vez, capturado pela célula de
Langerhans e apresentado aos linfócitos T de memória. As citocinas são libertadas, os
mastócitos e macrófagos ativados e como consequência há inflamação, destruição e
reparação celular62.
1.5.3. Tratamento
A primeira medida adotar no tratamento desta doença é evitar entrar em contacto com a
substância irritante ou o alergénico62.
Na dermatite de contacto irritante deve-se, em primeiro lugar, evitar o contacto com a
substância irritante. Além disso, é importante cuidar da pele seca através de medidas como a
utilização de produtos de limpeza para pele sensível e uso continuo de hidratantes62.
Na dermatite de contacto alérgica também é essencial evitar os alergénios, mas para isso,
geralmente, é necessário realizar o “teste de adesivo” para identificar o alergénio. Caso não
se realize este teste, pode-se usar produtos que tenham na sua composição um número baixo
de alergénios potenciais e verificar se a dermatite de contacto alérgica pode ser aliviada desta
forma62.
2. Métodos
O meu segundo projeto consistiu numa formação à equipa da farmácia. Para tal, elaborei um
guia (anexo 6) com informação referente a algumas das doenças de pele mais frequentes
(acne, rosácea, dermatite seborreica, dermatite atópica e dermatite de contacto) para fornecer
aos seus colaboradores e também o utilizei como suporte na minha apresentação (anexo 7).
Optei pela elaboração do guia com o intuito de os colaboradores da farmácia terem acesso
fácil e rápido a informação sobre estas doenças.
O dia da apresentação foi marcado com antecedência e organizaram-se dois turnos de grupos
diferentes. A apresentação realizou-se no gabinete de atendimento individualizado com
recurso a um computador onde foi exposto o guia que elaborei.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
40
3. Discussão e conclusão
Nas doenças que optei por destacar decidi focar-me principalmente na apresentação clínica
com inclusão de imagens bem visíveis dos sintomas para facilitar a sua identificação, em
algumas medidas que se pode adotar de forma a atenuar ou prevenir a exacerbação da
doença e nos produtos que existem na farmácia que podem ser indicados no tratamento
destas patologias. Esta abordagem mais prática tinha o intuito de facilitar a identificação da
doença e de eleger, entre a grande variedade de produtos existentes, o mais adequado à
situação. Uma vez que destaquei cinco doenças diferentes, não fui muito exaustiva em cada
uma delas, optando por uma abordagem mais geral.
Os colaboradores da farmácia tiveram uma reação bastante positiva com a apresentação e
com o guia entregue. Concordaram que o projeto era útil e que os ajudaria no aconselhamento
ao doente.
O desenvolvimento deste trabalho proporcionou-me informação que me ajudou a melhorar o
aconselhamento ao utente, principalmente a conhecer melhor os produtos disponíveis na FdC
para estas doenças.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
41
Referências
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11. Centro de controlo e monitorização do SNS: Manual de relacionamento das farmácias com
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farmácia. Acessível em: http://www.infarmed.pt/. [acedido em 13 novembro de 2018].
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Relatório de Estágio | Diana Oliveira
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Relatório de Estágio | Diana Oliveira
45
Anexos
Anexo 1 – Imagem e comunicação
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
46
Anexo 2 - Inquérito sobre a gripe e a constipação
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
47
Anexo 3 - Panfleto da gripe e da constipação
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
48
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
49
Anexo 4 - Algoritmo de tratamento para acne vulgar para adolescentes e adultos jovens. Retirado de Zaenglein AL, Pathy AL, Schlosser BJ, Alikhan A, Baldwin HE, Berson DS, et al (2016). Guidelines of care for the management of acne vulgaris. Journal of the American Academy of Dermatology; 74(5): 945-973.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
50
Anexo 5 - Diagnóstico diferencial de dermatite seborreica. Retirado de Clark GW, Pope SM, & Jaboori KA (2015). Diagnosis and treatment of seborrheic dermatitis. American family physician; 91(3): 185-190.
Anexo 6 - Guia sobre as doenças da pele
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
51
Anexo 7 - Apresentação sobre as doenças da pele.
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
52
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
53
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
54
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55
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56
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57
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
58
Relatório de Estágio | Diana Oliveira
59
ii
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Centro Hospitalar Universitário do Porto
novembro a dezembro de 2019
Diana Lopes Oliveira
Sara Raquel Soares Silva
Sofia Oliveira Marques
Tatiana Filipa de Moura Parente
Orientador: Dr.ª Bárbara Santos
Abril de 2020
iii
Declaração de Integridade
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso
ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,
ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se
devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de
referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito
académico.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de abril de 2020
Diana Lopes Oliveira
iv
Agradecimentos
Finalizado o período de estágio nos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar Universitário
do Porto estamos mais próximas de terminar o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
e iniciar o nosso percurso no mundo laboral enquanto Farmacêuticas.
Queremos começar por agradecer a todos os elementos desta equipa, farmacêuticos, técnicos,
assistentes operacionais e assistentes técnicos, por toda a amabilidade, tempo despendido,
partilha de conhecimentos e paciência.
Agradecemos especialmente à Dr.ª Patrocínia Rocha, Diretora dos Serviços Farmacêuticos, por
nos ter concedido a oportunidade de estagiar no CHUP, à Dr.ª Bárbara Santos, a nossa
orientadora, pelo apoio e dedicação com que nos recebeu e acompanhou durante o nosso
estágio, e à Dr.ª Paulina Aguiar, pela excelente experiência que nos proporcionou na Unidade de
Farmácia de Ambulatório, sempre com foco na nossa aprendizagem e por todo o incentivo que
nos deu ao longo do nosso estágio.
Por fim, gostaríamos ainda de agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,
nomeadamente aos nossos professores, pelos conhecimentos que nos transmitiram ao longo do
MICF e nos serviram de base para este estágio, e particularmente à Comissão de Estágios, por
estar sempre disponível para nos ajudar, esclarecer dúvidas e por nos permitir ter este tipo de
experiências de estágio.
v
Resumo
No âmbito da conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto, o nosso grupo teve a oportunidade de realizar um estágio
profissionalizante na vertente de Farmácia Hospitalar, durante um período de dois meses no
Centro Hospitalar Universitário do Porto.
Sob orientação da Dr.ª Bárbara Santos, o nosso percurso nos Serviços Farmacêuticos foi feito
de forma rotativa, isto é, experienciamos cada setor durante um período máximo de uma semana.
Desta forma, foi-nos permitido ter um conhecimento sobre o papel do Farmacêutico Hospitalar
nos diferentes setores, mostrando a polivalência de funções que lhes é incumbida.
Tal como referido anteriormente, durante o período de estágio, cada estagiária esteve presente
num determinado setor durante uma semana, pelo que o relatório se encontra dividido em
capítulos que correspondem aos diferentes setores, sendo estes:
• Armazém dos Produtos Farmacêuticos;
• Farmacotecnia;
• Sistemas de Distribuição de Medicamentos;
• Ensaios Clínicos;
• Cuidados Farmacêuticos.
De realçar que durante a nossa primeira semana de estágio foram-nos feitas apresentações pelo
responsável de cada setor sobre a integração dos Serviços Farmacêuticos no contexto do Centro
Hospitalar Universitário do Porto, bem como a descrição do funcionamento dos vários setores
que estes compreendem, o que nos permitiu ter uma visão geral das atividades que iríamos
executar.
vi
Índice
Declaração de Integridade .......................................................................................................................iii
Agradecimentos ....................................................................................................................................... iv
Resumo ................................................................................................................................................... v
Índice de Anexos .................................................................................................................................... viii
Abreviaturas ............................................................................................................................................ ix
1. Introdução ....................................................................................................................................... 1
1.1. Centro Hospitalar Universitário do Porto .................................................................................. 1
1.2. Serviços Farmacêuticos............................................................................................................. 1
1.3. Organização do estágio ............................................................................................................. 2
2. Armazém de Produtos Farmacêuticos .............................................................................................. 3
2.1. Experiência de Estágio no APF .................................................................................................. 5
3. Distribuição de Medicamentos ......................................................................................................... 5
3.1. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) ........................................................... 6
3.1.1. Prescrição Médica ............................................................................................................. 6
3.1.2. Validação e monitorização de prescrições médicas ........................................................... 7
3.1.3. Preparação da medicação ................................................................................................. 8
1.1.3. Experiência de Estágio na DIDDU .................................................................................... 10
3.2. Distribuição em Regime de Ambulatório ................................................................................. 10
3.2.1. Os medicamentos ........................................................................................................... 10
3.2.2. Organização estrutural e Funcionamento da UFA ............................................................ 11
3.2.3. Validação e monitorização da prescrição médica ............................................................ 11
3.2.4. Dispensa dos medicamentos ........................................................................................... 12
3.2.5. Devolução de medicamentos .......................................................................................... 13
3.2.6. Experiência de Estágio na UFA ........................................................................................ 13
3.3. Distribuição Clássica ............................................................................................................... 14
4. Farmacotecnia ............................................................................................................................... 14
4.1. Medicamentos não estéreis .................................................................................................... 15
4.1.1. Produção das Preparações Não Estéreis .......................................................................... 15
1.1.4. Experiência de Estágio nas preparações não estéreis ...................................................... 16
4.2. Medicamentos estéreis .......................................................................................................... 16
4.2.1. Produção dos medicamentos estéreis ............................................................................. 17
vii
4.2.2. Experiência de Estágio nas preparações estéreis ............................................................. 18
4.3. Produção de nutrição parentérica........................................................................................... 18
4.3.1. Experiência de Estágio na Nutrição Parentérica ............................................................... 20
4.4. Medicamentos citotóxicos ...................................................................................................... 20
4.4.1. Produção ........................................................................................................................ 20
5. Investigação Clínica e Desenvolvimento - Ensaios Clínicos .............................................................. 23
5.1. Experiência de Estágio nos EC ................................................................................................. 24
6. Cuidados Farmacêuticos................................................................................................................. 25
7. Conclusão ...................................................................................................................................... 25
Referências Bibliográficas ...................................................................................................................... 27
Anexos ................................................................................................................................................... 32
viii
Índice de Anexos
Anexo 1: Exemplo de alguns Kanbans. .....................................................................................5
Anexo 2: Exemplo de impresso de requisição de estupefacientes e
psicotrópicos..............................................................................................................................7
Anexo 3: Exemplo de impresso de requisição de hemoderivados...........................................7
Anexo 4: Impresso de requisição de material de penso............................................................7
Anexo 5: Exemplo de impresso de prescrição manual de antídotos…………………………….7
Anexo 6: Pharmapick………………………………………………………………………………….8
Anexo 7: Termo de responsabilidade entregue aos doentes na UFA………………………….11
Anexo 8: Ficha de preparação de uma preparação não estéril…………………………………15
Anexo 9: Exemplo de rótulo de uma preparação não estéril……………………………………16
Anexo 10: Ordem de Preparação de Produto Estéril…………………………………………….17
Anexo 11: Prescrição de Nutrição Parentérica……………………………………………………19
Anexo 12: Exemplo de rótulo de preparação e disponibilização de medicamentos citotóxicos e
confirmação dos cálculos informáticos……………………………………………………………..22
ix
Abreviaturas
AOP - Assistentes Operacionais
APF - Armazém de Produtos Farmacêuticos
CdM- Circuito do Medicamento
CFLv - Câmara de Fluxo Laminar vertical
CFT - Comissão de Farmácia e Terapêutica
CHUP - Centro Hospitalar Universitário do Porto
CMIN – Centro Materno-Infantil do Norte
CTX -Citotóxicos
DCI - Denominação Comum Internacional
DIDDU - Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
EC - Ensaios Clínicos
FEFO – First Expired, First Out
GHAF – Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia
HSA – Hospital de Santo António
ME - Medicamento Experimental
MP - Matérias-primas
NP – Nutrição Parentérica
OP - Ordem de Preparação
PV - Prazo de Validade
SF - Serviços Farmacêuticos
TSDT - Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica
TSS - Técnico Superior de Saúde
UEC - Unidade de Ensaios Clínicos
UFA - Unidade de Farmácia de Ambulatório
UFO - Unidade de Farmácia Oncológica
1
1. Introdução
1.1. Centro Hospitalar Universitário do Porto
Em setembro de 2007, foi criado o Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), E.P.E.
(Entidade Pública Empresarial) através do Decreto lei 326/2007 de 28.09.2007. Este é constituído
pelo Hospital de Santo António (HSA), uma unidade geral universitária, pelo Hospital Joaquim
Urbano (HJU), pelo Centro de Cirurgia de Ambulatório (CICA), pelo Centro de Genética Médica
Doutor Jacinto de Magalhães (CGMJM) e pelo Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) [1].
O CHUP tem como objetivo a prestação de cuidados de saúde à população, sendo que
também apoia o ensino pré e pós-graduado (nomeadamente em associação com o Instituto de
Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto) e a investigação. Todas as
atividades levadas a cabo pelos profissionais que integram o CHUP são regidas por valores de
exímia qualidade, excelência, segurança, inovação, respeito nas relações interpessoais,
responsabilidade, integridade e ética [2].
1.2. Serviços Farmacêuticos
Os serviços farmacêuticos do CHUP têm como principal função garantir a seleção, aquisição,
armazenamento e distribuição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos a todos os
doentes internados e em ambulatório, de acordo com a legislação em vigor e as deliberações do
Conselho de Administração. Garantem também a produção de preparações galénicas estéreis e
não estéreis (incluindo nutrição parentética e citotóxicos) e participam na realização de ensaios
clínicos, na informação sobre medicamentos, no exercício de ações de farmacovigilância e de
farmácia clínica [3].
Segundo o Decreto-Lei n.º 44 204, de 2 de fevereiro de 1962, onde está descrito o
Regulamento geral da Farmácia Hospitalar, os Serviços Farmacêuticos Hospitalares apresentam
autonomia científica e técnica, sendo responsáveis pelos resultados das suas ações perante os
Órgãos de Administração dos Hospitais. No mesmo Decreto-Lei é definido que a direção dos SF
tem que ser obrigatoriamente ocupada por um farmacêutico hospitalar. Assim, os SF do CHUP
obedecem a todos estes atributos e requisitos. A sua equipa é constituída por 21
Farmacêuticos/Técnicos Superiores de Saúde (TSS), 27 Técnicos Superiores de Diagnóstico e
Terapêutica (TSDT), 17 Assistentes Operacionais (AOP) e 3 Assistentes Técnicos (AT) que estão
sob a direção da Dr.ª Patrocínia Rocha e 1 administrador hospitalar. Nos vários setores que estão
2
integrados nos SF, cada um possui um farmacêutico responsável. Contudo a cada farmacêutico
é fornecido um horário rotativo, o que nos indica a polivalência de funções de um farmacêutico
hospitalar, tendo capacidades e formação em cada um dos setores [4,5].
O CHUP desenvolve a sua atividade nas variadíssimas valências, repartidas pelas cinco
linhas de atividade principais, Internamento, Ambulatório, Hospital de Dia, Consultas Externas e
Urgência. Os Serviços Farmacêuticos (SF) localizam-se no piso 0 do edifício neoclássico do
CHUP, à exceção da Unidade de Farmácia Oncológica (UFO) que se encontra no edifício Dr.
Luís de Carvalho junto do Hospital de Dia.
Os SF apresentam certificação ISO (International Organization for Standardization),
nomeadamente a ISO 9001. De forma a melhorar os serviços prestados, o CHUP tem
implementado um sistema de melhoria contínua, o Hospital Logistic System (HLS) []. Através do
HLS implementou-se a filosofia Kaizen. De entre vários beneficios, destacam-se as alterações ao
nível da gestão de stocks pretendendo-se evitar ruturas e trazendo vantagens económicas. Para
além de serem parte fundamental dos SF, os Farmacêuticos integram também várias comissões
do CHUP, como a Comissão de Ética para a Saúde (CES), a Comissão de Farmácia e
Terapêutica (CFT) e a Comissão de Controlo e Infeção Hospitalar (CCIH) [6,7].
1.3. Organização do estágio
O Estágio Profissionalizante em questão decorreu nos meses de novembro e dezembro de
2019. A primeira semana foi de carácter introdutório, sendo que nos foi dada a apresentarão geral
sobre os SF do CHUP e uma apresentação de cada setor pelas farmacêuticas responsáveis de
cada setor.
Nas semanas seguintes fomos divididas pelos diferentes setores dos SF, com rotação
semanal, sendo nos foi dada a oportunidade de estabelecer conhecimentos à cerca de todos os
setores e participar nos mesmos, sob supervisão, sendo que, as atividades que desenvolvemos
e a nossa experiência em cada setor serão descritas na parte final de cada capítulo.
3
2. Armazém de Produtos Farmacêuticos
O armazém de produtos farmacêuticos (APF) inclui-se numa série de setores que compõe
os Serviços Farmacêuticos (SF) e se encontram interligados, de forma a assegurar a
disponibilização de medicamentos e produtos farmacêuticos em quantidade, qualidade e no
prazo expectável pelo doente, ao menor custo possível, de forma a garantir o bom uso e dispensa
dos medicamentos em perfeitas condições aos doentes do hospital. Neste setor estão incluídos
os processos de aquisição, receção, armazenamento, conservação, gestão e distribuição dos
medicamentos [8].
De forma a não haver falhas na aquisição de produtos farmacêuticos é de extrema
importância a gestão de stocks dos mesmos, acima de tudo os medicamentos, que deverá ser
efetuada informaticamente no sistema operativo de Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia
(GHAF), com atualização automática de stocks e também uma estreita linha de comunicação
entre os SF e o SA [9].
Cada setor tem uma designação específica neste sistema informático sendo que o do APF
corresponde ao armazém 1001, o da Unidade de Farmácia de Ambulatório (UFA) corresponde
ao 1003, a Unidade de Farmácia de Oncologia (UFO) é designada como 1004 e a Unidade de
Produção corresponde ao 1006. Todo este circuito se processa na forma de um ciclo. Neste ciclo,
podemos considerar que o início do circuito do medicamento se processa no Serviço de
Aprovisionamento (SA) aquando o seu pedido ao fornecedor, ou no caso de necessidade de
produtos pontuais, os quais não se verifica a necessidade de ter em stock, este é feito através de
um pedido à Farmácia Lemos. Adicionalmente consideramos o fim do ciclo quando é necessária
uma nova reposição do mesmo [10,11].
A seleção e aquisição de medicamentos é realizada de acordo com o Formulário Hospitalar
Nacional do Medicamento (FHNM), disponível no site do INFARMED, ou deliberações da
Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), com base nas necessidades terapêuticas dos
doentes do hospital. O FHNM é uma publicação oficial elaborada pela comissão técnica
especializada do INFARMED, na qual constam todos os medicamentos a utilizar nos hospitais do
Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os medicamentos, produtos farmacêuticos e alguns dispositivos médicos, depois de
devidamente requisitados pelos SF, serão entregues nos respetivos serviços. Estes chegam ao
hospital, nomeadamente à zona da Receção de Encomendas. Aqui, o Técnico Superior de
4
Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) e o Assistente Operacional (AOP) são responsáveis pela
receção de todos os produtos sendo estes devidamente confirmados no que toca à quantidade e
qualidade e qual o destino interno que devem seguir, confere-se a guia de remessa com a nota
de encomenda, regista-se a entrada do produto no GHAF no SA, envia-se o original da guia de
remessa para o SA e os produtos para armazenamento com os respetivos kanbans, tendo em
atenção os critérios técnicos (condições especiais de armazenagem, segurança especial de
medicamentos), a conferência de hemoderivados exige ainda a conferência dos boletins de
análise e dos certificados de aprovação emitidos pelo INFARMED (CAUL), que ficam arquivados
junto com a respetiva fatura [12].
O Farmacêutico ou o TSDT são responsáveis pela validação da mercadoria entregue
comparando com a faturada, devendo sempre verificar o lote e o prazo de validade (PV) e registar
caso haja alguma inconformidade. Por exemplo, no caso do PV ser inferior a 6 meses a
encomenda fica em espera, isto é, só é aceite se houver garantia de troca por outros produtos
com PV maior ou caso o produto apresente elevada rotatividade e seja utilizado antes do PV
terminar. Por outro lado, o TSDT ou farmacêutico também é responsável por conferir os
medicamentos hemoderivados ou derivados do plasma humano e verificar se apresentam o
respetivo certificado do INFARMED (CAUL), conferir os injetáveis de grande volume, verificar se
o dispositivo médico tem a marcação CE e arquivar os certificados que o acompanham no APF-
1001, rececionar as matérias-primas e analisar o registo que comprova a qualidade do lote
(Boletim de Análise) fornecido pelo fabricante. De notar que os estupefacientes e psicotrópicos
devem ser enviados para o farmacêutico que se encontre de serviço no APF, que os armazena
logo de seguida numa sala de acesso condicionado, sendo que para a aquisição destes é exigido
o preenchimento do anexo VII, que é enviado para o SA que o envia para o fornecedor [12].
Seguidamente, os medicamentos são colocados no carro de arrumação com o respetivo
kanban. Também a arrumação é feita de forma específica, isto é, verifica-se o PV do produto já
existente e, se este for igual, arruma-se o produto sem organização específica. Caso o PV seja
diferente, arruma-se o produto como PV mais curto à direita do restante, sendo este método
designado por FEFO (First Expired First Out). Por fim, coloca-se o kanban na quantidade do
produto correspondente ao ponto de encomenda [13].
A dispensa de medicação na distribuição clássica é realizada pelo TSDT, os medicamentos
são devidamente acondicionados para posterior entrega no Serviço Clínico respetivo. Os
estupefacientes/psicotrópicos e derivados de plasma humano destinados a reposição de stock
5
nos Serviços de Cuidados Intensivos e blocos operatórios são feitos através do Pixys. Quando
estas requisições são destinadas a doentes de internamento, requisições individualizadas, estas
são validadas e preparadas na Distribuição Individual em Dose Unitária (DIDDU). Aqui, faz-se
também a requisição e débito das epoetinas com impressos próprios [14].
Outras atividades da competência do farmacêutico são a realização da atualização dos
stocks, monitorizar as existências reais e verificar se as mesmas se encontram concordantes com
o stock informático, identificar as necessidades de aquisição e comunicá-las ao SA, atualizando
o ficheiro Lista Comum, e indicar os novos medicamentos e produtos farmacêuticos para
elaboração de um novo kanban (consiste num cartão com identificação do medicamento/produto
farmacêutico, código de barras e quantitativo de reposição e localização) (Anexo 1). O kanban é
retirado quando se atinge o quantitativo de reposição de stock e indica a necessidade de um
pedido ao fornecedor. É ainda da competência do farmacêutico reavaliar os níveis de stock, bem
como calcular os pontos de encomenda e as quantidades a encomendar gerindo os prazos de
validade dos produtos e as suas inutilizações. Por último, o farmacêutico é também responsável
por gerir os empréstimos de medicamentos e produtos farmacêuticos [15].
2.1. Experiência de Estágio no APF
Durante o período de estágio no armazém realizámos algumas das seguintes tarefas, apoio
ao técnico responsável pela receção das encomendas, auxílio na dispensa de hemoderivados e
eritropoietinas e preenchimento dos respetivos impressos, auxílio na solicitação e cedência de
empréstimos de medicamentos a outros centros hospitalares e reposição de stock de
psicotrópicos no Pixys.
3. Distribuição de Medicamentos
A distribuição de medicamentos “é a atividade dos serviços farmacêuticos com mais
visibilidade e onde mais vezes se estabelece o contacto destes serviços com os serviços clínicos
do hospital” [4]. Esta tem como principais objetivos, permitir a requisição de medicamentos para
reposição de stocks, garantir o cumprimento da prescrição médica, informar acerca de novos
medicamentos, permitir o aviamento e débito dos medicamentos, garantir o acondicionamento
adequado para transporte, executar a validação dos produtos farmacêuticos e medicamentos
devolvidos e definir qual o seu destino e a gestão das inutilizações e não conformidades [16].
6
De uma forma geral, a distribuição constitui um processo fundamental do CdM garantindo a
eficácia e segurança do uso do medicamento.
No CHUP a distribuição engloba os doentes internados, através da Distribuição Clássica e da
Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) e os doentes em regime de ambulatório,
através da UFA.
3.1. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU)
A DIDDU consiste na validação, preparação e dispensa da medicação, por doente internado
e por dia, surgindo como necessidade da administração dos medicamentos de forma
individualizada. Esta surge como um imperativo de aumentar a segurança no circuito do
medicamento, conhecer melhor o perfil farmacoterapêutico dos doentes diminuindo assim os
riscos de interações medicamentosas, racionalizar melhor a terapêutica, atribuir mais
corretamente os custos e com a redução dos desperdícios [4,17].
No CHUP, a DIDDU assegura a distribuição da medicação a todos os doentes em regime de
internamento, por um período de 24h, à exceção dos fins de semanas em que a mesma é
assegurada por um período de 48h.
Para os medicamentos serem fornecidos aos doentes é necessária a existência de uma
prescrição médica, através do GHAF, que vai sendo constantemente atualizada. Esta é
posteriormente analisada e validada por um farmacêutico. A análise cuidada da prescrição feita
por este profissional permite evitar ou reduzir as Problemas Relacionados com Medicamento
(PRM) e aprimorar o tratamento de cada paciente, de modo a garantir o melhor para a sua saúde
[18,19].
3.1.1. Prescrição Médica
A maioria das prescrições, exceto estupefacientes, hemoderivados e material de penso,
é feita eletronicamente, através do GHAF. Contudo, certos fármacos necessitam de prescrição
manual, segundo impressos próprios. Tal acontece pela necessidade de garantir maior controlo
e uso mais racional de medicamentos com características especiais.
Relativamente aos estupefacientes e psicotrópicos, o médico de um serviço específico
preenche, em anexo próprio da Imprensa Nacional - Casa da Moeda (INCM), denominado Anexo
7
X, qual a quantidade de estupefacientes que foi utilizada, por determinado doente, e remete este
impresso para a DIDDU (Anexo 2) [20].
Os hemoderivados, são também sujeitos a prescrição por impresso da INCM, neste caso
denominado de Anexo XIX. O serviço clínico que prescreve é responsável pelo envio das
etiquetas com o nome e processo do doente, sendo que estes só poderão ser dispensados por
farmacêuticos, que devem preencher o quadro C do impresso, identificar o lote de cada
hemoderivado e verificar o PV e o CAUL do mesmo. Estas prescrições têm validade de 24 horas
(Anexo 3) [21].
Com validade de 8 dias, a prescrição do material de penso é feita através do Anexo
XXXIX. Posteriormente, este impresso irá ser validado por um farmacêutico da DIDDU, bem como
dispensado e debitado no processo do doente (Anexo 4).
Por fim, os antídotos podem ser prescritos através do GHAF ou através de impresso, o
Anexo XXXVII. Quando é feita através deste impresso, a prescrição é feita para reposição de
stock fixo existente no Serviço de Urgência. Assim, este deve conter identificação do doente, qual
o antídoto que foi utilizado e a razão da sua administração (Anexo 5).
3.1.2. Validação e monitorização de prescrições médicas
Tal como foi referido anteriormente, as prescrições podem ser realizadas de duas formas:
via manual e via eletrónica, através do GHAF.
O GHAF é organizado em categorias referentes a cada serviço, sendo que as prescrições
médicas, após serem efetuadas pelo médico, encontram-se no serviço de internamento
correspondente do sistema.
Numa prescrição médica, é imprescindível a presença de certas informações, tais com,
dados sobre o doente, nome, número do processo, serviço e número da cama, e sobre o
medicamento, dose, modo de administração, forma farmacêutica, frequência e duração do
tratamento, sendo que este último se deve apresentar de acordo com a DCI, a identificação do
médico e, ainda, a data e hora da prescrição [18,19].
É responsabilidade do farmacêutico fazer a validação das prescrições, começando pelas
urgentes, identificadas a vermelho no sistema informático, e ir validando as restantes ao longo
do dia de trabalho. Simultaneamente, deve analisar e responder às solicitações do “Portal
8
Interno”, portal informático que permite comunicação mais rápida e efetiva entre as enfermarias
e os farmacêuticos. A validação deve seguir as Deliberações da CFT e do FHNM. Esta é essencial
para perceber se existem PRMs na prescrição que careçam de intervenção farmacêutica, ou seja,
se a medicação é realmente necessária, se é adequada ao paciente e ao seu problema de saúde,
se a posologia é a correta e se o doente apresenta condições para a usar adequadamente [22,23].
Todas as intervenções que sejam realizadas são inseridas no CdM, num espaço próprio
para esse efeito - “Observações da Farmácia”, que devem posteriormente ser impressas e
arquivadas. No caso das prescrições manuais, todas as intervenções são anotadas num impresso
específico.
3.1.3. Preparação da medicação
O passo seguinte à validação da prescrição passa pelo débito dos medicamentos que irão
ser aviados para cada paciente, seguindo-se a emissão de listas de medicamentos a serem
enviados para cada unidade de internamento.
A prescrição de um doente pode sofrer alterações ao longo do dia, sendo que quando os
medicamentos ainda não foram transportados para o serviço a que se destinam, efetua-se o
“Processamento de Prescrição com Revertências”, caso contrário, quando os medicamentos já
foram entregues ao serviço, procede-se ao “Processamento de Prescrição sem Revertências”.
Para estas últimas são impressos mapas e etiquetas com dados dos doentes, sendo que estes
preparados pelo TSDT e postos em envelopes fechados nas caixas SUC®️ da unidade em
questão e enviados à mesma pelos mensageiros [24].
O aviamento consiste na preparação de cassetes (gaveta) com os medicamentos que são
destinados a determinado doente, sendo crucial a identificação do paciente, número de processo
e o local onde o doente se encontra, isto é, o serviço e o número de cama.
Este serviço da DIDDU pode ser feito de forma manual e semiautomática (de manhã) ou
apenas de forma manual (de tarde), sendo que, de forma manual, os medicamentos localizam-
se nas células (medicamentos de maior rotatividade) e torres (medicamentos de menor
rotatividade) e, na semiautomática, a dispensa é feita através do Pharmapick® (dispensador
automático de medicamentos) (Anexo 6). Os medicamentos que se encontram no Pharmapick®
estão organizados em gavetas, sendo que, aquando da dispensa, a recolha destes é feita por
medicamento e não por doente, ou seja, os TSDT retiram primeiro todos os medicamentos que
9
contêm a mesma designação para os diferentes utentes. As gavetas dirigidas para a mesma
unidade de internamento compõem uma mala e o conjunto destas integra um carro. As malas
integrantes do carro são pertencentes a serviços clínicos que se localizam próximos fisicamente
[25,26].
A Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP), bem como o Serviço de Cuidados
Intensivos (SCI) apresentam já um stock de certos medicamentos, sendo que para esses há a
validação da prescrição, mas não o envio da medicação. Para a UCIP e para o SCI são, portanto,
apenas enviados certos medicamentos que estes não possuem, como material de penso,
nutrição artificial, imunomoduladores, antiinfeciosos e ainda os medicamentos que não tenham
stock nesses serviços [22].
Ao contrário dos medicamentos anteriormente referidos, os medicamentos
estupefacientes e psicotrópicos e os medicamentos hemoderivados são dispensados apenas
pelos farmacêuticos.
O Despacho Conjunto nº1051/2000 (2ª série) de 14 de setembro dos Ministérios da
Defesa Nacional e da Saúde serve como base para a dispensa de medicamentos hemoderivados.
Este contém uma ficha de modelo constituída por 2 vias, VIAFARMÁCIA e VIASERVIÇO, que é
enviada aos serviços farmacêuticos após o preenchimento dos quadros A, com a identificação
do doente e do médico, e B, com dados sobre o hemoderivado e patologia do doente, sendo que
estes preenchem o quadro C [21].
Neste último são preenchidas informações dos hemoderivados, nomeadamente o
hemoderivado/dose, a quantidade, o lote, o laboratório de origem/fornecedor e o número
certificado do INFARMED (CAUL). No final o farmacêutico assina, coloca a data na ficha e
procede ao débito no CdM.
O quadro D está apenas presente na VIASERVIÇO e é preenchido apenas pelo
enfermeiro responsável pela administração do hemoderivado. A VIAFARMÁCIA permanece
arquivada nos serviços farmacêuticos durante 50 anos. Já a VIASERVIÇO é preenchida pelo
serviço requisitante e arquivada no processo clínico do doente.
Para os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos é seguido o DecretoLei nº 15/93
de 22 de janeiro, com retificação de 20 de fevereiro. Os serviços farmacêuticos recebem a
prescrição médica estando esta em impresso próprio, o Anexo X, contendo certas informações
10
preenchidas, nomeadamente o DCI, a forma farmacêutica, a dosagem, o nome do doente,
cama/processo, a quantidade pedida ou prescrita, rubrica do enfermeiro que administra e
respetiva data de administração e o serviço, a assinatura do médico, o número mecanográfico,
número sequencial do impresso e o carimbo do serviço. O farmacêutico faz o débito no GHAF e
preenche no anexo a quantidade fornecida [27].
1.1.3. Experiência de Estágio na DIDDU
Durante o nosso estágio neste setor tivemos a oportunidade de observar e participar na
análise e validação de prescrições médicas. Adicionalmente, preparamos e debitamos os
medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, assim como, medicamentos hemoderivados.
Tivemos também a oportunidade de assistir a algumas situações em que o Farmacêutico alertou
o médico sobre doses não adequadas para aquele doente em particular e sobre interações
medicamentosas.
3.2. Distribuição em Regime de Ambulatório
A distribuição de medicamentos em regime de ambulatório permite assegurar a
distribuição de medicamentos, e outros produtos de saúde, aos utentes da consulta externa e
dos hospitais de dia nas quantidades, qualidade e prazos exigidos, assegurando a preservação
das características dos mesmos. A Unidade de Farmácia de Ambulatório permite, assim, a
dispensa de fármacos a doentes que não estejam internados, resultando numa redução de custos
associados e a recuperação do doente em ambiente familiar [4].
3.2.1. Os medicamentos
Os medicamentos dispensados na UFA, que têm a particularidade de serem
completamente comparticipados de acordo com despachos do ministério da saúde, apresentam
em alguns casos custos muitos elevados e estão indicados para o tratamento ou controlo de
patologias especiais definidas por legislações, pelo que estão sujeitos a dispensa exclusiva em
FH e noutros casos são a penas prescritos e dispensados em meio hospitalar devido à
necessidade de haver um maior controlo e vigilância em determinadas terapêuticas, em
consequência de efeitos secundários graves e à necessidade de assegurar a adesão a
terapêutica [28].
11
3.2.2. Organização estrutural e Funcionamento da UFA
A UFA no CHUP é constituída por uma sala de espera e pela sala de atendimento que
possui três balcões e um gabinete. Possuí ainda, sistemas de armazenamento de medicamentos,
nomeadamente, gavetas organizadas por doenças mais comuns tais como, Síndrome Do
Intestino Curto, Hepatite B, Insuficiência Renal Crónica, Fibrose Quística, Esclerose Múltipla entre
outras e, dentro dessas categorias, os medicamentos estão organizados por ordem alfabética.
Apresenta também frigoríficos para medicamentos termolábeis que necessitem de condições de
refrigeração, armários onde se encontram os produtos de nutrição e as malas térmicas,
contentores para depósito de agulhas e ainda armários onde é arquivada a documentação
(legislações, autorizações especiais, controlos de stock).
O atendimento é gerido por um sistema de senhas geradas por um dispensador eletrónico,
funcionando entre as 9 e as 17 horas, de segunda a sexta-feira.
A reposição dos medicamentos nos armários da UFA é feito por um sistema de Kanbans,
sendo a manutenção do stock, garantida do seguinte modo, atingindo o ponto de encomenda, os
kanbans são retirados e enviados para o APF, estando nelas indicada a quantidade a ser
encomendada. Quanto aos produtos de Nutrição, estes são previamente encomendados pelo
utente e posteriormente preparados.
3.2.3. Validação e monitorização da prescrição médica
Para que a medicação possa ser dispensada, é necessário que o utente ou o seu
respetivo representante venha acompanhado de uma prescrição médica, na qual através do
GHAF, o farmacêutico procede à validação, explicação da terapêutica, dispensa e,
eventualmente, condições de transporte e armazenamento. Caso seja o respetivo representante
é necessário um termo de responsabilidade na qual o utente nomeia outras pessoas para o
representarem no levantamento da sua prescrição médica, o termo de responsabilidade deverá
ser entregue ao utente na primeira visita à farmácia hospitalar e no qual o mesmo se compromete
a responsabilizar-se pela boa utilização, correto transporte e armazenamento do medicamento,
conforme indicado pelo farmacêutico. Caso seja uma nova terapêutica e não necessariamente
um novo doente, toda a informação sobre aquele(s) medicamento(s) deve ser prestada e todas
as dúvidas devem ser esclarecidas (Anexo 7).
12
Nas prescrições médicas o Farmacêutico é responsável por verificar a identificação do
doente, a medicação prescrita e por cada medicamento a indicação da dose, forma farmacêutica,
posologia, via de administração, a especialidade médica que emitiu a prescrição, a identificação
do prescritor e a sua assinatura, a data da próxima consulta e o diploma legal a que a prescrição
obedece [29,30]. A prescrição tem uma validade de 30 dias após a data de emissão da mesma,
pode acontecer que o utente tenha a medicação respetiva em reserva e não a necessite nesses
30 dias, porém tem de a validar na farmácia do hospital. A prescrição eletrónica é a prescrição
atualmente utilizada, salvo a exceção de casos de Gastroenterologia, Nutrição e Hemoderivados,
sendo estas em papel, contendo também a identificação do médico prescritor e, no caso de
prescrições de consultas externas ao CHUP para algumas patologias nomeadamente Artrite
Reumatoide e Psoríase, o número de certificação de registo da Direção Geral de Saúde. No caso
de hemoderivados acrescenta-se ainda, o número de lote e o CAUL [31,32].
3.2.4. Dispensa dos medicamentos
A dispensa dos medicamentos é a principal função da UFA e é feita aos utentes do CHUP,
salvo a exceção de utentes com médicos privados, mas que apresentem o diagnóstico de Artrite
Reumatóide, Espondilite Anquisolante, Artrite Psoriática, Artiste Idiopática Juvenil Poliarticular e
Psoríase em placas [33,34].
Quando aplicado, o farmacêutico deve ceder consumíveis, nomeadamente seringas,
contentores de risco biológico, sacos isotérmicos, e outros produtos necessários ao tratamento.
Os sacos isotérmicos só são cedidos uma vez ao utente, promovendo a sua reutilização, sendo
que é registada a data da primeira entrega do saco isotérmico no sistema informático. Caso o
doente não o traga numa visita posterior à da entrega a medicação poderá ser-lhe rejeitada.
A quantidade de medicação entregue obedece a regras e critérios, nomeadamente a data
da próxima consulta e a patologia. Entre estas regras e critérios podemos encontrar, dispensa de
medicamentos para períodos não superiores a 30 dias, salvo algumas exceções que devem
serem autorizadas pelo Conselho de Administração (por exemplo, devido ao facto de haver
utentes que residem a grandes distâncias). Contudo, caso o tratamento se complete em 40 dias,
a medicação deve ser fornecida na totalidade, tendo em conta o bom senso (e tendo sempre em
conta o stock do medicamento). Na terapêutica antiretrovírica é permitida a dispensa por um
período de 90 dias, de acordo com a lei vigente e nos doentes transplantados renais ou hepáticos,
o fornecimento predefinido é de 3 meses. Caso a cedência completa dos medicamentos não seja
possível até a próxima consulta, é emitido um documento de medicação pendente, em que o
13
doente poderá levantar mais medicação até à próxima consulta. Caso não seja possível os
medicamentos serem cedidos nas suas embalagens originais devem ser sempre corretamente
embalados e etiquetados [35].
Durante a dispensa, o farmacêutico deverá introduzir informaticamente o lote de certos
medicamentos tais como os citotóxicos, os anti-retrovíricos e os imunosupressores de forma a
assegurar a sua rastreabilidade.
Quanto ao caso especial da talidomida é necessário a apresentação do Formulário de
Farmacovigilância de Prescrição do Programa de Prevenção da Gravidez - Thalidomide
Celgene®, garantindo que o Médico informou o utente acerca dos efeitos adversos e
responsabilidades associadas à sua toma, quer em mulheres ou homens, no uso em combinação
com melfalano e prednisona, para tratamento de primeira linha de doentes com ≥ 65 anos de
idade com mieloma múltiplo não tratado ou não elegíveis para tratamento com altas doses de
quimioterapia, sendo da responsabilidade do farmacêutico completar o documento [36].
3.2.5. Devolução de medicamentos
Por vezes os utentes devolvem a medicação aos SF do hospital. A UFA tem um
compartimento apropriado para estes medicamentos designado “Devolução de Medicamentos”,
para posterior averiguação da origem do medicamento, condições de conservação, integridade
física das embalagens primária e secundária, PV, entre outros. O farmacêutico deve registar
quem recebeu os medicamentos, data e número do processo do doente. Os medicamentos em
frascos abertos e os medicamentos que necessitem de conservação no frio devem ser rejeitados,
pois nada nos garante que tenham sido cumpridos as precauções necessárias [37].
3.2.6. Experiência de Estágio na UFA
Durante o nosso estágio na UFA tivemos a oportunidade de concretizar as seguintes
atividades, assistimos atentamente ao atendimento e dispensa de medicação e produtos de
nutrição, auxiliando na validação das prescrições médicas e após aprendizagem realização do
mesmo sob supervisão dos farmacêuticos presentes, organizamos as gavetas e recolhemos os
kanbans quando passado o ponto de encomenda, reembalamos as seringas de epoetina, uma
vez que se encontram embaladas em caixas com quantidades superiores às necessárias pelo
doente na maior parte das vezes.
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Uma experiência completamente enriquecedora que nos encheu de novos conhecimentos,
tais como a descoberta das patologias e fármacos que dependem dos serviços da UFA
nomeadamente da quantidade significativa de doentes transplantados e pós-transplantados
necessitados da medicação presente no ambulatório, o funcionamento do sistema informático
base do CHUP - GHAF, a descoberta dos três tipos de prescrição em papel e ainda um
enriquecimento a nível pessoal devido à extrema compreensão dos farmacêuticos com os
utentes.
3.3. Distribuição Clássica
A Distribuição Clássica consiste no fornecimento de medicamentos e outros produtos de
saúde, em quantidades e com prazos pré-estabelecidos, a vários serviços clínicos do hospital,
blocos e consultas, farmácias satélites do CMIN e do HJU e ao armazém da UFO e da UFA. Os
pedidos de reposição podem ser feitos eletronicamente ou via manual [37].
4. Farmacotecnia
Para satisfazer as necessidades individuais de cada doente, por vezes é necessário recorrer
a preparações individualizadas de certos medicamentos por diversos motivos, sendo estes
quando os medicamentos não se encontram comercializados nas doses ou formas farmacêuticas
pretendidas, quando se pretende reduzir desperdícios dos fármacos e quando existem motivos
económicos para tal. A farmacotecnia existe para que seja possível colmatar estes problemas,
sendo que engloba a produção de medicamentos estéreis, não estéreis, fracionamento de
medicamentos estéreis e não estéreis e citotóxicos.
Para que seja garantida a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos, pilares
essenciais para a produção dos mesmos, todas as secções de produção cumprem as Boas
Práticas de Fabrico de Medicamentos Manipulados e seguem também os protocolos com base
no Pharmaceutical Inspection Co-operation Scheme (PIC´s) e na United States Pharmacopeia
(USP).
As referências acima mencionadas contém um conjunto de informações a ter em conta sobre
as instalações e equipamentos utilizados, as matérias-primas, os materiais de embalamento, a
rotulagem, os operadores envolvidos, o controlo de qualidade a ter em conta, a manipulação
adequada e também a toda a documentação necessária.
15
4.1. Medicamentos não estéreis
Tal como o termo indica, trata-se de medicamentos que não necessitam de condições de
esterilidade, nomeadamente nos equipamentos, materiais e fardamento utilizados para a
manipulação dos mesmos.
O público-alvo destes manipulados são maioritariamente as crianças, devido à inexistência
de doses pediátricas e formas farmacêuticas adequadas da maioria dos medicamentos
comercializados.
O laboratório dispõe de uma hotte, onde são manuseadas matérias-primas nocivas para o
operador, de dois balcões, situando-se um deles no centro da sala onde decorre a maioria do
processo de fabrico, e o outro na periferia onde estão presentes uma balança analítica e uma
semi-analítica, e uma placa de aquecimento.
As matérias-primas encontram-se guardadas em armários, dispostas por ordem alfabética e
por tamanho das embalagens, sendo que os materiais de laboratório e os frascos de
acondicionamento se encontram em outros dois armários diferentes.
4.1.1. Produção das Preparações Não Estéreis
Um medicamento não estéril é preparado quando é recebido um pedido através do
sistema informático do hospital (GHAF) ou pelo sistema de KANBANS (Anexo 8). Os KANBANS
têm como função repor os stocks que atingem o ponto de encomenda. Ambos os sistemas
servem para satisfazer as necessidades dos diferentes serviços, nomeadamente a UFA, CMIN e
DIDDU. Em seguida, o farmacêutico é responsável pela validação do pedido, emissão da Ordem
de Preparação (OP) e dos respetivos rótulos, sendo que estes últimos também podem ser
emitidos por um técnico.
Relativamente à OP, esta deve conter a identificação do operador e supervisor, o número
de lote, a quantidade unitária e o número de unidades necessárias a preparar, matérias-primas
utilizadas com as respetivas informações sobre as mesmas tais como, validade, lote e origem, o
procedimento para a elaboração do manipulado, a composição qualitativa e quantitativa, os
ensaios de verificação da qualidade, a forma farmacêutica e a dose, a rubrica do supervisor e o
rótulo. Já no rótulo deve constar a identificação da preparação, a informação da instituição onde
a mesma foi elaborada (CHUP), a data da preparação, a via de administração, a composição
qualitativa e quantitativa, a identificação do diretor técnico , a validade do manipulado, sendo que
16
esta deve seguir a USP Pharmacists Pharmacopeia, o lote da preparação, as condições de
conservação e os cuidados a ter em conta com o produto final (Anexo 9) [38].
Segue-se então a elaboração do manipulado pelo TSDT, que deve estar devidamente
equipado e utilizar a técnica adequada que se encontra presente na OP. O produto acabado deve
ser sujeito a ensaios de qualidade e classificado como conforme ou não conforme mediante o
cumprimento ou não dos requisitos estipulados na OP. Estando o medicamento não estéril em
conformidade com os ensaios, procede-se ao seu acondicionamento primeiramente numa
embalagem primária, como por exemplo, frascos de vidro âmbar, devidamente rotulada e em
seguida é armazenado numa embalagem secundária denominada de manga. Ainda nesta fase,
através do GHAF, procede-se à composição do produto acabado, isto é, dá-se a saída das
matérias-primas utilizadas e entrada do manipulado preparado, que é de seguida transferido para
o armazém requisitante. A OP é arquivada cronologicamente após ser assinada pelo
farmacêutico supervisor [39].
1.1.4. Experiência de Estágio nas preparações não estéreis
Durante o nosso estágio neste setor tivemos a oportunidade de assistir à preparação de
alguns medicamentos não estéreis como, saliva artificial, soluções orais de sacarose a 24% em
frascos de 30 ml, suspensões orais de ondansentron 1mg/ml em frascos de 80ml, sildenafil
2,5mg/ml em frascos de 80ml, gel cetamina 0,5% + amitriptilina 2%, entre outros. Além disso,
auxiliamos na preparação de papéis medicamentosos e no embalamento secundário do produto
acabado.
4.2. Medicamentos estéreis
Os medicamentos estéreis englobam colírios, preparações intravítreas, fracionamento de
medicamentos, bolsas de NP (produção ou aditivação), citotóxicos, medicamentos de Ensaios
Clínicos, entre outros.
A preparação de medicamentos estéreis é feita em condições de assepsia e pressão
controlada, pressão positiva comparativamente à sala negra, numa sala adaptada para a
manipulação destes, sala branca, que deve ser cuidadosamente limpa antes e no final de cada
sessão de produção. Além disso, os operadores devem estar devidamente equipados com
fardamento adequado, bata, máscara, luvas, cobre-sapatos e touca.
17
4.2.1. Produção dos medicamentos estéreis
A preparação de medicamentos estéreis e de nutrição parentérica realiza-se numa área
composta por 3 zonas com níveis de pressão crescentes, a zona negra, a zona cinzenta e a zona
branca, sendo que esta última deve ser aquela que possui esterilidade máxima e atmosfera de
pressão positiva, de modo a minimizar a ocorrência de contaminações provenientes do exterior.
Esta última sala possui ainda uma janela com duas portas, designada por transfer, que permite a
comunicação com o exterior (entrada e saída de material), um sistema de ar condicionado e
filtrado e uma Câmara de Fluxo Laminar vertical (CFLv).
A limpeza do exterior da CFLv e da sala branca é da responsabilidade do AOP. Por outro
lado, a limpeza do interior da CFLv é da competência do TSDT, que o limpa diariamente no início
e final de cada sessão com álcool a 70º e semanalmente é sujeito a uma desinfeção com solução
de hipoclorito de sódio a 0,5%. O registo das atividades referidas é feito em impresso próprio pelo
TSDT [40].
O fardamento dos operadores é feito de forma progressiva, na zona cinzenta são
colocados os cobre-sapatos, máscara e touca de cabelo, é feita a lavagem adequada das mãos
com sabão. Seguidamente e ainda nesta zona, os operadores vestem a bata cirúrgica
impermeável e fazem a desinfeção das mãos com álcool, calçando posteriormente as luvas. Após
devidamente equipados, os Farmacêuticos e os TSTD seguem para a zona branca onde se
realiza a manipulação dos medicamentos estéreis [41].
O processo inicia-se com o pedido de preparação através do sistema informático GHAF
ou pelo sistema de KANBANS, isto é, quando há necessidade de reposição de stock, pedidos de
clientes externos, prescrições médicas ou solicitações de ensaios clínicos. Após serem
produzidos são armazenados em local próprio sendo transferidos para o serviço que efetuou o
pedido. É ainda necessário, a validação da formulação por parte do farmacêutico sendo que,
caso esta nunca tenha sido elaborada no CHUP, deve ser consultada bibliografia adequada ou
então contactados farmacêuticos de outras unidades hospitalares que já tenham realizado a
mesma preparação, de forma a ser elaborada uma OP que será então introduzida no sistema
ficando registado no impresso “Registo da conceção, verificação e validação de novas
formulações” (Anexo 10). O passo seguinte passa pela obtenção da OP e respetivos rótulos. O
lote presente nestes documentos é gerado utilizando a mesma metodologia dos medicamentos
não estéreis. Em seguida, as OP são levadas para a zona branca através do transfer, onde são
18
seguidos os procedimentos presentes nas mesmas para a produção dos produtos estéreis [42,43,
44].
Quando se obtém o produto final realizam-se ensaios organoléticos, tais como, cor,
presença/ausência de partículas em suspensão e presença/ausência de ar, e de seguida, caso
as características organoléticas estejam em conformidade realiza-se o controlo gravimétrico,
sendo que neste último o produto tem de se encontrar dentro da margem de erro estabelecida (±
5%). Estando o produto acabado em conformidade, este é rotulado e acondicionado na
embalagem secundária. A OP é rubricada pelo farmacêutico que supervisionou a preparação,
com referência a todos os elementos da equipa, e é posteriormente arquivada. De referir ainda
que, quando o produto acabado não está conforme, é necessário efetuar uma nova preparação
[45,46].
4.2.2. Experiência de Estágio nas preparações estéreis
Durante o nosso estágio nesta unidade tivemos a oportunidade de assistir ao fracionamento
de hidroxicobalamina injetável 2mg/0,4mL e de intravítreos, como aflibercept injetável
2mg/0,05mL e ranibizumab injetável 0,5mg/0,05mL; preparação de colírios, como ceftazidima
5%/10mL e, ainda, à preparação de manipulados para ensaios clínicos. Tivemos também a
possibilidade de auxiliar na rotulagem dos medicamentos.
4.3. Produção de nutrição parentérica
A nutrição parentérica (NP) é destinada a utentes com deficiências nutricionais e energéticas
que apresentam a via oral ou entérica obstruída/ não completamente funcional ou que
apresentam desnutrição severa.
No CHUP, a produção de bolsas de NP faz-se segundo prescrição, que pode ser proveniente
dos Serviços de Cuidados Intensivos Pediátricos, da Pediatria ou da Neonatologia, do Centro
Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) ou ainda de doentes de ambulatório que fazem NP em
casa.
As prescrições das bolsas de nutrição parentérica são recebidas em formato PDF através de
pastas partilhadas via intranet, à exceção do CHTS, que envia via email a OP e os rótulos, sendo
que estes necessitam sempre da validação de um farmacêutico. Esta requer a verificação da data
e hora da prescrição, informação pessoal do doente e sua localização, composição qualitativa e
19
quantitativa das duas soluções (I e II) a serem preparadas e identificação do serviço clínico que
prescreveu o medicamento (Anexo 11).
De seguida faz-se a preparação de todo o equipamento e material a utilizar no enchimento
das soluções I, constituída por oligoelementos, glucose, vitaminas hidrossolúveis e aminoácidos
e II, constituída por vitaminas lipossolúveis e lípidos.
O enchimento dos macronutrientes na solução I faz-se através de uma bomba de enchimento
automática enquanto que o dos micronutrientes é feito manualmente, recorrendo a uma seringa
luer-look, pelo que a solução I é preparada de forma semi-automática e numa bolsa de diferentes
capacidades. de acordo com o volume necessário. Quanto à solução II, esta pode ser preparada
numa seringa caso o volume total seja inferior a 50ml ou numa bolsa, caso seja superior. O
enchimento desta solução é feito de forma manual, sendo que as vitaminas lipossolúveis são
adicionadas posteriormente à adição da emulsão lipídica.
Estando ambas as soluções finalizadas, procede-se à rotulagem e realização de ensaios
organoléticos (I, II e III) e ensaios gravimétricos, de maneira a verificar se o peso da solução I
estava conforme o intervalo de referência. Posteriormente, as bolsas são protegidas da luz com
folhas de alumínio ou sacos próprios fornecidos por laboratórios, sendo de seguida novamente
rotuladas. As bolsas e/ou seringas pertencentes ao mesmo doente são acondicionadas numa
mesma embalagem secundária [47].
Na primeira bolsa de cada sessão de trabalho e na última da última sessão do dia, procede-
se ao controlo microbiológico, no qual há recolha de uma alíquota da solução I para ser inoculada
no frasco Bactec, que é enviado ao serviço de Microbiologia do CHUP. Ainda há a verificação
das superfícies da câmara ou das mãos dos operadores, sendo a recolha de uma amostra feita
utilizando uma zaragatoa. Mais tarde, a amostra é enviada para uma entidade externa para ser
analisada (Sagilab) [48].
As bolsas são então enviadas para diferentes unidades, nomeadamente para o Hospital de
Dia, Cuidados Intensivos de Pediatria e Internamento Médico-Cirúrgico (CIP-IMC), para crianças
em regime de ambulatório (crianças com défices de absorção, como por exemplo, síndrome do
intestino curto), Serviço de Neonatologia do CMIN ou, então, para o CHTS.
20
4.3.1. Experiência de Estágio na Nutrição Parentérica
Durante o nosso estágio neste setor tivemos a oportunidade de observar a validação das
prescrições e a emissão da OP e dos rótulos. Assistimos também à preparação das bolsas e
realizamos os ensaios gravimétricos e ainda ficamos responsáveis por fazer o acondicionamento
das soluções.
4.4. Medicamentos citotóxicos
Ao contrário dos outros setores dos serviços farmacêuticos, que se encontram no Edifício
Neoclássico do hospital, a unidade de farmácia oncológica (UFO) pertencente aos SF encontra-
se no Edifício Dr. Luís de Carvalho, junto ao serviço de Hospital de Dia Polivalente.
A preparação dos citotóxicos faz-se na UFO, e a administração destes no Hospital de Dia,
sendo que esta pode ser feita em cadeirões ou camas dependendo do estado de debilitação dos
pacientes ou do tipo de tratamento.
4.4.1. Produção
Tal como na produção dos estéreis, a UFO é constituída pelas zonas negra, cinzenta e
branca, que apresentam também um gradiente de pressão.
Na zona negra, encontram-se armazenados os medicamentos citotóxicos, anti-eméticos
e corticóides, bem como matérias-primas adicionais para a manipulação dos citotóxicos. Estes
estão armazenados de acordo com as suas condições de conservação, no frigorífico ou armários,
estando ainda dispostos por ordem alfabética de acordo com o nome da substância ativa e
seguindo a metodologia FEFO. Além disso, existe um armário, de fácil acesso para os
farmacêuticos, destinado aos medicamentos que são usados com maior frequência, como por
exemplo, as soluções de diluição, a dexametasona e o irinotecano.
Antes da preparação de qualquer citotóxico na zona branca, os TSDT efetuam o
fardamento adequado na zona cinzenta com máscara PFR P3 ou P2, touca e cobre-sapatos,
assim como, fazem a lavagem assética das mãos. De seguida, na antecâmara, vestem a bata
reforçada de baixa permeabilidade, desinfetam as mãos com álcool a 70º e calçam o primeiro par
de luvas. Já na zona branca, onde se efetua a produção dos medicamentos citotóxicos, colocam
o segundo par de luvas de alta proteção. Esta zona encontra-se com os níveis máximos de
esterilidade e está equipada com uma CFLv (Classe IIB), dois filtros HEPA sendo sujeita a um
21
ambiente controlado com pressão negativa para evitar a concentração de partículas de CTX e
sua saída para o exterior. Para controlar o diferencial de pressão da sala limpa utiliza-se o sistema
VIGIE, software integrado de monitorização de pressão nas salas limpas. A comunicação física
entre a zona branca e a negra é feita por um transfer e a comunicação verbal por sistema de
intercomunicação [49, 50].
Para desencadear o processo de produção dos CTX é necessário que seja feita uma
prescrição via eletrónica através do GHAF para doentes em Hospital de Dia. Esta prescrição é
feita de acordo com os Protocolos de Quimioterapia praticados pelo CHUP que são baseados em
esquemas reconhecidos internacionalmente sendo a dose prescrita para cada CTX em função
da superfície corporal, peso ou área sob a curva (AUC) de cada doente, existindo a possibilidade
de reduções de dose por toxicidade, insuficiência renal/hepática ou mielosupressão. É da
competência do Farmacêutico a validação e monitorização das prescrições médicas de
quimioterapia. Quando a prescrição reúne os critérios mínimos de aceitação, tais como,
identificação do doente, peso, altura, superfície corporal, CTX prescritos por DCI, dose padrão
do protocolo, via de administração e data da realização do ciclo, assim como quando o doente
apresenta condições necessárias de saúde e se encontra dentro dos valores estabelecidos no
hemograma, é-lhe atribuída uma luz verde no sistema informático para que se proceda à
validação e preparação do CTX. Caso contrário, estes recebem luz vermelha e, por não estarem
aptos, não recebem a medicação, pelo que esta nem sequer é preparada. Quando os valores do
hemograma ou mesmo o estado de saúde do utente sugere dúvidas, é emitida luz amarela que,
após uma análise mais cuidada pelo médico, passará a verde ou vermelha. Uma vez emitida a
luz verde, a prescrição é validada pelo farmacêutico, na qual se verifica a identificação do doente
e certos dados acerca deste (peso, altura, superfície corporal). Os CTX que são prescritos através
da DCI, da dose padrão e da dose ajustada a cada paciente, o modo de administração, a data, o
nome do médico e respetivo serviço clínico. Posteriormente, são impressas as ordens de
preparação na forma de rótulos, o interno, que serve de OP e o externo e são preparadas todas
as matérias-primas necessárias para se proceder à obtenção do CTX. Estes documentos e
materiais são colocados num tabuleiro dentro do transfer para serem utilizados pelos TSDT na
zona branca. De seguida, o técnico prepara todo o material apropriado para a elaboração do CTX
que depois é introduzido na CFLv e é utilizado pelos operadores. Por fim, o produto final é
rotulado, protegido da luz (quando indicado no rótulo) e acondicionado na embalagem
secundária. Este é posto novamente no transfer e recolhido pelo farmacêutico para a zona
negra. A partir deste momento, o farmacêutico verifica se está tudo em conformidade e, se assim
22
for, o medicamento é colocado na caixa dos cadeirões ou das camas, de acordo com a
localização do doente, e regista-se no sistema informático a libertação do mesmo (Anexo 12)
[51,52,53].
Caso um doente apresente na prescrição um protocolo complexo como é o caso do
FOLFOX, os as preparações que irão ser administradas em primeiro lugar são aquelas que
apresentam maior prioridade para serem preparadas.
Certos medicamentos dispensados nesta unidade não necessitam de manipulação, pelo
que nestes apenas é colocado o rótulo. Ainda nesta unidade, existe um gabinete destinado à
preparação e dispensa de hemoderivados e à impressão de listas dos doentes com marcação
para o dia seguinte no Hospital de Dia (agendamento), de forma a permitir um melhor controlo de
stocks dos produtos necessários para cada paciente.
Aos TSDT cabem ainda as funções de rececionar os medicamentos, verificar os
medicamentos recebidos (se correspondem às guias de transferência), auxiliar no
armazenamento dos medicamentos e limpar a CFLv no início e no final de cada sessão. No final
de cada sessão, faz-se também controlo microbiológico das superfícies e das luvas dos
manipuladores.
Os AOP do Hospital de Dia recolhem e transportam regularmente os medicamentos para
o local onde estes vão ser administrados pelos enfermeiros. No entanto, antes dos fármacos
saírem da UFO, é essencial que os AOP assinem a lista de transporte dos mesmos [53].
É importante que todos os profissionais envolvidos no processo de CTX saibam o que
fazer caso aconteça algum acidente/derrame. Nestes casos recorre-se ao kit de derramamento
que contém o material básico necessário para proteção pessoal e para limpeza do local, bem
como um poster com o símbolo biohazard para colocar no local do derrame de forma a alertar
sobre o sucedido a todos os profissionais que por ali passem. Este kit encontra-se em local bem
visível na sala branca e deve sempre ser substituído após utilização [54].
Como nas outras unidades dos serviços farmacêuticos, é utilizado o sistema de KANBANS
na gestão de encomendas e stocks, sendo que esta encomenda é feita uma vez por dia ao
armazém 1001 ou são adicionados os medicamentos em falta na lista comum, para que o SA
proceda à encomenda destes.
23
5. Investigação Clínica e Desenvolvimento - Ensaios Clínicos
Os ensaios clínicos (EC) são estudos de investigação destinados a dar resposta a questões
científicas e a encontrar melhores formas de tratar ou prevenir doenças. A realização EC de
medicamentos para uso humano é regulada a nível nacional pela Lei de Investigação Clinica, Lei
n.º 21/2014, de 16 de abril, alterada pela Lei n.º 73/2015 de 27 de julho, e que, relativamente aos
EC com Medicamentos de uso humano, revogou a Lei n.º 46/2004, de 19 de agosto, passando
a transpor a Diretiva 2001/20/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 4 de abril [55,56].
A Lei de Investigação Clínica define um EC como “qualquer investigação conduzida no ser
humano, destinada a descobrir ou a verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou outros efeitos
farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos experimentais, ou a identificar os efeitos
indesejáveis de um ou mais medicamentos experimentais, ou a analisar a absorção, a
distribuição, o metabolismo e a eliminação de um ou mais medicamentos experimentais, a fim de
apurar a respetiva segurança ou eficácia” [57].
Os EC diferenciam-se através da metodologia utilizada, do número de centros intervenientes, do
processo de aleatorização, do desenho de estudo e da sua finalidade. Um EC apresenta na sua
maioria quatro fases com finalidades distintas. Na fase I, um novo fármaco ou tratamento é
testado num pequeno grupo de dezenas de pessoas saudáveis, cujo objetivo é testar a segurança
dos mesmos. A fase II foca-se na avaliação da eficácia do fármaco ou do tratamento num número
de doentes que não ultrapassa as centenas, com uma determinada doença ou condição médica.
Na fase III, pretende-se reunir mais informações sobre a segurança e eficácia, recorrendo ao
estudo em diferentes populações de centenas a milhares de pessoas. Na fase IV, os ensaios são
efetuados após aprovação da AIM. Estes são designados como estudos de farmacovigilância e
o seu objetivo é reunir informações adicionais sobre a segurança, eficácia e uso otimizado do
medicamento. A maior parte dos ensaios em que o CHUP participa são de fase III, sendo que
também está envolvido em alguns ensaios de fase I, II e IV [58].
No decurso de um EC é extremamente importante o cumprimento das Boas Práticas Clínicas por
todos os intervenientes de forma a que os direitos, a segurança, o bem-estar dos participantes e
a credibilidade dos dados sejam garantidos. Num EC há vários intervenientes, o promotor, pessoa
singular ou coletiva, o instituto ou o organismo responsável pela conceção, realização, gestão e
financiamento de um EC, assim como do pedido de aprovação às entidades reguladoras. As
autoridades reguladoras encarregues da aprovação dos EC, em Portugal, são o INFARMED e a
24
Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC). Outros intervenientes no processo incluem
o monitor, profissional dotado da necessária competência científica ou clínica, designado pelo
promotor para acompanhar o estudo clínico e para o manter permanentemente informado, o
investigador, a pessoa que se responsabiliza pela realização do EC no centro de estudo e o
farmacêutico que é responsável por todo o circuito do medicamento experimental (ME) no centro
de ensaio [59].
O farmacêutico coordenador dos EC é responsável por garantir a gestão do medicamento
experimental em estudo, isto é, receção, acondicionamento e identificação, gestão de do stock,
dispensa/preparação, informação ao doente, registos, devoluções, controlo do inventário do ME
e arquivo de informações. Tem ainda a responsabilidade de assegurar a elaboração e
implementação de procedimentos normalizados de trabalho, que permitam o cumprimento das
Boas Práticas Clínicas através de um controlo apertado dos ME.
Nas instalações dos SF existe um local próprio destinado aos ensaios clínicos – a UEC, que é
constituída por duas salas contíguas. Uma sala de acesso restrito reservada ao armazenamento
do ME, com temperatura e humidade controladas e monitorizadas, e com frigorífico e armários
onde se encontra a medicação experimental, incluindo a devolvida e não utilizada. Na outra
encontra-se um gabinete de trabalho onde se encontram armários de acesso restrito onde é
guardada a documentação relativa aos EC em curso.
Os Serviços Farmacêuticos iniciam o processo do EC após aprovação do mesmo pelas entidades
regulamentares (INFARMED E CEIC), e após assinatura do contrato financeiro pelo Conselho de
Administração do Hospital [59].
Posteriormente, o promotor marca uma reunião com toda a equipa, com a finalidade de se
apresentar o protocolo e procedimentos exigidos nesse estudo. Mais detalhadamente, nesta
reunião debate-se e estabelece-se a data de entrega do ME, todos os procedimentos que dizem
respeito à prescrição, dispensa e preparação da ME, bem como dos seus registos, modo de
proceder à devolução devolvida pelos doentes e/ou não utilizada e a articulação interna entre os
elementos da equipa de investigação [60].
5.1. Experiência de Estágio nos EC
Durante o período do EC, podem decorrer visitas de monitorização que são efetuadas pelos
monitores, estes são indicados pelo promotor para acompanhar e o informar constantemente do
25
curso do ensaio. Nestas visitas, o monitor reconcilia a medicação e verifica os dados recolhidos
e a qualidade desses dados. Durante o nosso estágio na Unidade de Ensaios Clínicos foi-nos
possível acompanhar algumas visitas, nomeadamente, visitas de início e de monitorização.
6. Cuidados Farmacêuticos
Segundo a Declaração de Tóquio, na segunda reunião da OMS sobre o papel do
farmacêutico, os Cuidados Farmacêuticos (CF) visam a promoção de um “conjunto de atitudes,
comportamentos, compromissos, inquietudes, valores éticos, funções, conhecimentos,
responsabilidades e aptidões na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de atingir
resultados terapêuticos concretos em saúde e na qualidade de vida do doente” [61].
No CHUP, os CF têm como foco a análise dos tratamentos farmacológicos com o objetivo de
detetar possíveis interações medicamentosas. Caso estas existam, os Farmacêuticos reportam-
nas aos médicos responsáveis, assim como sugerem formas de atuação de forma a resolver as
interações detetadas. Adicionalmente, realizam a identificação e resolução de Problemas
Relacionados com o Medicamento (PRM) diminuindo desta forma a ocorrência de Resultados
Negativos associados à Medicação (RNM) que podem ser evitáveis. No CHUP, há uma
preocupação com a educação dos utentes para a saúde, dotar um doente de conhecimentos,
atitudes e valores que os ajudem a fazer opções e a tomar decisões adequadas à sua saúde e
ao seu bem-estar físico, social e mental, bem como a saúde dos que os rodeiam, conferindo-lhes
assim um papel interventivo. Neste sentido os SF do CHUP desenvolvem material de apoio para
que os doentes compreendam melhor a sua doença e a respetiva terapêutica [62,63].
Por fim, o Farmacêutico pode ainda propor e implementar Programas de Monitorização da
Prescrição de Medicamentos aprovados pela Direção dos SF do CHUP. Todas as intervenções
farmacêuticas supracitadas devem ser alvo de registo e pretendem, de uma forma transversal, a
deteção, prevenção e resolução de PRM e/ou RNM, a melhoria das condições de saúde do
doente e a diminuição dos custos associados à terapêutica.
7. Conclusão
Concluído o nosso estágio profissionalizante no CHUP, e após termos tido oportunidade de
acompanhar o trabalho dos Farmacêuticos em diferentes setores, adquirimos conhecimentos que
nos permitiram conhecer o papel do Farmacêutico Hospitalar e do seu constante cuidado em
prestar os melhores serviços de saúde, tendo sempre em conta uma boa satisfação por parte dos
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utentes e uma diminuição das despesas em saúde, sendo que este profissional de saúde se foca
na otimização dos resultados da farmacoterapia através do uso racional do medicamento,
minimizando desta forma o aparecimento de efeitos adversos.
Estamos agora cientes de toda a dinâmica, funcionamento e organização dos SF,
conhecendo o circuito do medicamento e a importância do trabalho da equipa composta por
profissionais multidisciplinares que se revela crucial para o bom funcionamento dos SF. Tivemos
ainda a oportunidade de consolidar alguns dos conhecimentos adquiridos ao longo do Mestrado
Integrado em Ciências Farmacêuticas e adquirimos novos conhecimentos que irão de certeza ser
uteis para o nosso futuro enquanto profissionais de saúde.
Saímos desta etapa satisfeitas por ter tido a oportunidade de experienciar a realidade do
farmacêutico Hospitalar e orgulhosas por conhecer a importância que estes têm num centro
hospitalar como o CHUP. Consideramo-nos mais preparadas para o mundo do trabalho que nos
espera e agradecidas pela formação, apoio e sugestões de como nos devemos comportar como
futuras profissionais de saúde, que certamente contribuiu para o nosso crescimento e foi uma
base futura para um melhor desempenho como futuras farmacêuticas.
27
Referências Bibliográficas
[1] Centro Hospitalar do Porto: Centro Materno-Infantil do Norte. Disponível em
https://www.chporto.pt/ver.php?cod=0A&und=jd [acedido em 20 de novembro de 2019].
[2] Ministério da Saúde: Decreto-Lei 326/2007.Disponível em www.sg.min-saude.pt [acedido a 20
de novembro de 2019].
[3] Almeida, T. “Manual da Qualidade – Serviços Farmacêuticos”. Serviços Farmacêuticos do
Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Feb-2015.
[4] Brou MH, Feio JÁ, Mesquita E, Ribeiro RM,. Brito MC, Cravo C, Pinheiro E, (2005). Manual da
Farmácia Hospitalar, Ministério da Saúde.
[5] Decreto Lei n.º 44 204, de 2 de fevereiro de 1962- Regulamento geral da Farmácia Hospitalar.
[6] Câmara de Comércio e Indústria: O que é a certificação da qualidade? Disponível em
http://www.aeportugal.pt/inicio.asp?Pagina=/areas/qualidade/iso90012000 [acedido em 20 de
novembro de 2019].
[7] Centro Hospitalar do Porto: Comissão de Ética para a Saúde. Disponível em
https://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0A&fbclid=IwAR2vRygRjRm9fTqFuGa3wq5Pfmlfwag
dWlb5vWrMh39Q-ZlwdWxcwUrlzY [acedido em 20 de novembro de 2019].
[8] Rocha, P. “Matriz de processo: “Programa Gestão dos Armazéns” IM.GQ.GER.043/5”.
Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E., Mar-2015.
[9] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Matriz de Processo
IM.CG.GER.043/5 – Programa de Gestão dos Armazéns – Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
[10] Vicente, P. “Instrução de Trabalho - Solicitação de Empréstimos de Medicamentos/Produtos
Farmacêuticos - IT.SFAR.GER.064/1”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto
E.P.E. Jul-2014
[11] Rocha, P. “Instrução de Trabalho – Pedidos à Farmácia Lemos - IT.SFAR.GER.091/1.”.
Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014
28
[12] Vicente, P. “Instrução de trabalho – Receção e armazenamento de medicamentos -
IT.SFAR.GER.007/3”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E., Jul-2014
[13] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E.- Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.057/1- Normas de Receção.
[14] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E.- Especificação
ESP.SFAR.GER.012/0- Reposição de Medicação aos Serviços Clínicos e aos Serviços
Farmacêuticos.
[15] Vicente, P. “Instrução de trabalho - Elaboração de Kanban’s - IT.SFAR.GER.060/1”. Serviços
Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014.
[16] Teixeira, B. “Matriz de processo - Programa Distribuição Individual Diária (DID)-
IM.GQ.GER.043/5”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Mar-2015.
[17] Aguiar, P. “Instrução de Trabalho – Dispensa de Hemoderivados - IT.SFAR.GER.021/1”.
Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014
[18] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.102/1-Validação e Monitorização da Prescrição Médica na DIDD.
[19] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.111/1- Gestão de faltas de Medicação e Prescrições Urgentes.
[20] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.105/1 - Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária.
[21] Despacho Conjunto nº1051/2000, de 14 de setembro - Registo de Medicamentos derivados
do plasma.
[22] Teixeira, B. “Instrução de Trabalho - Validação e Monitorização da Prescrição Médica DID-
IT.SFAR.GER.102/1”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Jul-2014.
[23] Teixeira, B. “Instrução de Trabalho - Reposição do Stock de Apoio à DID e Gestão dos Prazos
de Validade - IT.SFAR.GER.103/1”. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
Jul-2014.
29
[24] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.106/1-Transporte e entrega de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos na DIDD.
[25] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.121/0 – Reposição de medicamentos no Pyxis Medstation®.
[26] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.105/1 - Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária.
[27] Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro-Legislação de Combate à Droga.
[28] Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto- Estatuto do Medicamento.
[29] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.053/1-Validação e Monitorização da Prescrição Médica de Ambulatório.
[30] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.021/1-Dispensa de Hemoderivados.
[31] Despacho nº 1051/2000, de 14 de setembro - Registo de medicamentos derivados de
plasma.
[33] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.056/2 – Receitas Externas ao Hospital.
[34] Despacho nº18419/2010, de 2 de dezembro- Condições de dispensa e utilização de
medicamentos prescritos a doentes com artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite
psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas.
[35] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.020/2 –Prescrição eletrónica.
[36] RCM da Talidomida Celgene® 50mg, disponível em
http://ec.europa.eu/health/documents/communityregister/2018/20180208139808/anx_139808_pt
.pdf (acedido a 5 de dezembro de 2019).
[37] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER-.075/3-Acondicionamento e transporte de medicamentos/produtos farmacêuticos-
Hospital de Santo António.
30
[38] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo
IM.GQ.GER.043/5- Processo de Produção de Medicamentos Não Estéreis.
[39] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.085/1- Seleção e Controlo de Matérias Primas.
[40] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.048/1- Limpeza e desinfeção da sala branca e CFLv.
[41] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.047/1 – Gestão do Fardamento.
[42] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Matriz de processo
IM.GQ.GER.043/5-Processo de produção de medicamentos estéreis.
[43] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.041/1 – Elaboração da Ordem de Preparação de preparações estéreis.
[44] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.040/1 – Designação do lote de produção de preparações estéreis.
[45] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.043/2- Ensaios de verificação.
[46] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.042/1- Embalamento de preparações estéreis.
[47] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.037/1- Embalamento de bolsas e seringas de NP.
[48] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.038/3- Controlo microbiológico das bolsas de NP.
[49] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.080/3 – Fardamento e Equipamento de Proteção Individual a utilizar na
Manipulação de Citotóxicos.
[50] Serviços Farmacêuticos. Instrução de Trabalho IT.SFAR.GER.126/1–Controlo do diferencial
de pressão nas salas limpas.
31
[51] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.029/2–Validação e Monitorização da Prescrição de Citotóxicos para preparação
em CFLv.
[52] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.027/2–Manipulação de Citotóxicos.
[53] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.026/1–Gestão do armazém avançado da Unidade de Farmácia Oncológica.
[54] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.034/3–Derramamento/Acidente com Citotóxicos.
[55] https://dre.pt/pesquisa/-/search/25344024/details/maximized (acedido a 25 de novembro).
[56] https://ec.europa.eu/health//sites/health/files/files/eudralex/vol-
1/dir_2001_20/dir_2001_20_pt.pdf (acedido a 25 de novembro).
[57] Lei nº 21/2014. Diário da República n.º 75 – 1.ª Série de 2014-04-16.
[58] Roche: Fases dos Ensaios Clínicos. Disponível em
https://www.roche.pt/corporate/index.cfm/farmaceutica/ensaios-clinicos-profissionais-de-
saude/fases-dos-ensaios-clinicos/ (acedido a 25 de novembro de 2019).
[59] Almeida, T. “Implementação e Actividade de Uma Unidade de Ensaios Clínicos Nos Serviços
Farmacêuticos de Um Hospital Central Universitário”. Serviços Farmacêuticos do Centro
Hospitalar do Porto E.P.E. 2010.
[60] Almeida, T. “Manual Ensaios Clínicos – Serviços Farmacêuticos - MA.SFAR.GER.003/1”.
Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Maio-2014.
[61] Declaração de Tóquio, segunda reunião da OMS sobre o papel do farmacêutico, 1993.
[62] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.031/1-Identificação e resolução de PRMs.
[63] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.050/1-Educação para a saúde.
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Anexos
Anexo 1 – Exemplo de alguns Kanbans.
Anexo 2 – Exemplo de impresso de requisição de estupefacientes e psicotrópicos.
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Anexo 3 - Exemplo de impresso de requisição de hemoderivados.
Anexo 4 - Impresso de requisição de material de penso.
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Anexo 5 - Exemplo de impresso de prescrição manual de antídotos.
Anexo 6 - Pharmapick.
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Anexo 7 - Termo de responsabilidade entregue aos doentes na UFA.
Anexo 8 - Ficha de preparação de uma preparação não estéril.
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Anexo 9 - Exemplo de rótulo de uma preparação não estéril.
Anexo 10 - Ordem de Preparação de Produto Estéril.
37
Anexo 11 - Prescrição de Nutrição Parentérica.
Anexo 12 - Exemplo de rótulo de preparação e disponibilização de medicamentos citotóxicos e
confirmação dos cálculos informáticos.
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