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33 Relatório da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento - Plataforma de Cairo -

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Relatório da Conferência

Internacional sobre População e

Desenvolvimento

- Plataforma de Cairo -

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RRRRRelatório da Conferência Internacional sobre população eelatório da Conferência Internacional sobre população eelatório da Conferência Internacional sobre população eelatório da Conferência Internacional sobre população eelatório da Conferência Internacional sobre população e

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- Plataforma de Cairo, 1994 -- Plataforma de Cairo, 1994 -- Plataforma de Cairo, 1994 -- Plataforma de Cairo, 1994 -- Plataforma de Cairo, 1994 -

ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação

TTTTTania Pania Pania Pania Pania PatriotaatriotaatriotaatriotaatriotaPsicóloga, Representante Auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil),

mestre em Saúde Pública com especialização em Psicologia Cognitiva e Experimental e emEstatística voltada para Ciências Sociais e da Saúde. Especialista em mortalidade materna e

prevenção do HIV/Aids com mais de 14 anos de experiência no âmbito das Nações Unidas

Já se passaram mais de dez anos desde a decisiva conferência internacional doCairo, Egito. Ela foi decisiva e marco na evolução de direitos das mulheres,especialmente no que tange à capacidade de tomar decisões sobre sua própriavida.

A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), maisconhecida como Conferência do Cairo, realizada em setembro de 1994, foi omaior evento de porte internacional sobre temas populacionais jamais realizado.Contribuíram para seu êxito e impacto os conhecimentos especializados e aforça mobilizadora de 11 mil participantes, representantes de governos, das NaçõesUnidas, e de organizações não-governamentais, além dos meios de comunicação.

A partir da CIPD, as políticas e os programas de população deixaram de centrar-se no controle do crescimento populacional como condição para a melhoria dasituação econômica e social dos países, e passaram a reconhecer o pleno exercíciodos direitos humanos e a ampliação dos meios de ação da mulher como fatoresdeterminantes da qualidade de vida dos indivíduos. Nesta perspectiva, delegadosde todas as regiões e culturas concordaram que a saúde reprodutiva é um direitohumano e um elemento fundamental da igualdade de gênero.

Além desta mudança de paradigma, a comunidade internacional chegou a umconsenso sobre três metas a serem alcançadas até 2015: a redução da mortalidadeinfantil e materna; o acesso à educação, especialmente para as meninas; e oacesso universal a uma ampla gama de serviços de saúde reprodutiva, incluindoo planejamento familiar.

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A atuação do Brasil foi essencial antes e durante a formulação do Programa deAção do Cairo, além disso, temos nos beneficiado dos debates e conquistas daConferência para fortalecer as posições internas sobre os direitos e a saúdesexual e reprodutiva.

Já nos anos 80, os movimentos de mulheres no Brasil reivindicavam um programade saúde da mulher que contemplasse suas necessidades de saúde de formaintegral e não restrito exclusivamente às dimensões de concepção e contracepção.O PAISM, Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, lançado em 1983,propunha-se a atender às necessidades de saúde das mulheres durante seu ciclovital, dando atenção a todos os aspectos da saúde sexual e reprodutiva. Nestaperspectiva abrangente, pode-se dizer que o movimento feminista havia antecipadoem uma década o espírito do Cairo.

Durante a fase preparatória da CIPD, o Ministério das Relações Exteriores (MRE)criou um comitê nacional composto por representantes dos diversos setores doExecutivo, e organizou um processo democrático de consulta nacional, comeventos como o “Encontro Nacional Mulher e População: nossos direitos para oCairo 94”, que contou com a participação de inúmeras organizações não-governamentais feministas. Como resultado foi elaborada a “Carta de Brasília”,que reforçou princípios básicos, incluindo a não-coerção, a saúde integral damulher e os direitos sexuais e reprodutivos.

Apesar dos avanços alcançados, as conquistas do Cairo não aconteceram semresistências. Atualmente, segundo o UNFPA, existem dois grandes obstáculos quedevem ser superados para que as metas do Cairo sejam atingidas: o aporteinsuficiente de recursos e o movimento crescente de setores conservadores,contrários aos princípios acordados em 1994.

Cinco anos depois do Cairo, a ONU realizou um balanço das conquistas e umaatualização das estratégias de implementação do Programa de Ação. Conhecidocomo Cairo+5, este processo mostrou que os objetivos continuavam válidos eque os avanços haviam sido significativos. Ao mesmo tempo, enfatizou-se aurgência de intensificar ações de redução da morbidade e mortalidade maternas,e de redobrar esforços para atender às necessidades dos adolescentes em matériade saúde reprodutiva e prevenção do HIV/aids, assim como oferecer atenção amulheres e jovens em situação de emergência.

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É preciso destacar que a Comissão Nacional de População e Desenvolvimento(CNPD), criada no Brasil em 1995 para acompanhar a implementação da agendado Cairo, teve uma participação muito ativa durante o Cairo+5 em todo o processode debate e formulação de estratégias.

No que se refere ao monitoramento da implementação das metas da CIPD noBrasil, a Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos(Redesaude), Capítulo Brasileiro da REDLAC (Red Latinoamericana y Caribeñapor los Derechos Sexuales y Reproductivos), tem desempenhado um papelfundamental, principalmente por meio do Atenea, um sistema de indicadores degênero com informações de todos os países participantes (Brasil, Colômbia, Chile,México, Nicarágua, Peru e Suriname).

Em 2004, ano do décimo aniversário da Conferência, ou Cairo+10, fez-se umlevantamento pragmático dos avanços e das lições aprendidas. Os resultadosindicaram que a grande maioria dos países está envidando esforços para protegeros direitos reprodutivos de mulheres e meninas. Muitos países haviam incorporadoprincípios da agenda do Cairo em suas legislações, políticas e ações.

Não obstante, em certas regiões e nos setores mais pobres de quase todos ospaíses, o Programa de Ação do Cairo ainda permanece uma promessa distante.Convém mencionar, ainda, que, durante a Cúpula de Governos de 2005, asnações reconheceram que, apesar de não constar entre os Objetivos deDesenvolvimento do Milênio, os compromissos do Cairo são imprescindíveis parase alcançar as Metas definidas em 2000.

Como vemos, a chama do Cairo ainda está viva, precisamos, no entanto, mantê-la acesa junto aos instrumentos e mecanismos internacionais de direitos humanosconstruídos na década de 1990. Face ao avanço de movimentos contrários àAgenda do Cairo, é preciso uma vigilância contínua para evitar retrocessos nasconquistas que demandaram tantos esforços de negociação e consenso.

Nas palavras da Diretora Executiva do Fundo de População das Nações Unidas,Thoraya Obaid: “Precisamos agir agora em relação aos compromissos assumidose fortalecer socialmente a maior geração já vista de jovens às portas da idadeadulta. Não podemos falhar e condenar essas pessoas a vidas miseráveis, saúdeprecária e sonhos não realizados. O custo seria terrível demais para sequer seraventada esta hipótese”.

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* O idioma oficial do Programa de Ação é o inglês, com exceção do Parágrafo 8.25 que foi negociado em

todos os seis idiomas oficias das Nações Unidas. CA

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Nações UnidasCairo, Egito5 a 13 de setembro de 1994

Capítulo ICapítulo ICapítulo ICapítulo ICapítulo IResoluções aprovadas pela ConferênciaResoluções aprovadas pela ConferênciaResoluções aprovadas pela ConferênciaResoluções aprovadas pela ConferênciaResoluções aprovadas pela ConferênciaResolução 1Resolução 1Resolução 1Resolução 1Resolução 1Programa de ação da Conferência Internacional sobre a poplação e desenvolvimento*A Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoA Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoA Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoA Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoA Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, reunida no Cairo, no períodode 5 a 13 de setembro de 1994,1. AprovAprovAprovAprovAprovaaaaa o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,que passa a fazer parte da presente Resolução;2. RecomendaRecomendaRecomendaRecomendaRecomenda à Assembléia Geral que endosse, em sua quadragésima nona sessão, o Programa deAção conforme aprovado pela Conferência;3. Recomenda tambémRecomenda tambémRecomenda tambémRecomenda tambémRecomenda também que a Assembléia Geral aprecie, em sua quadragésima nona reunião, asíntese de relatórios nacionais sobre população e desenvolvimento, preparada pela secretaria daConferência.

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1 Report of the United Nations Conference on Environment and Development, Rio de Janeiro, 3-14 June1992, Vol. I, Resolutions Adopted by the Conference (United Nations publication, Sales N. E. 93.I.8 andcorrigenda) Resolution 1, annex II.2 A fonte para os números de população nos parágrafos 1.3 e 1.4 é World Population Prospects: The 1994Revision.

Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1PREÂMBULOPREÂMBULOPREÂMBULOPREÂMBULOPREÂMBULO1.1. A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento acontece num momentodecisivo na história da cooperação internacional. Com o crescente reconhecimento de populaçãoglobal, desenvolvimento e interdependência ambiental, nunca foi tão grande a oportunidade deadotar políticas adequadas de macroeconomia e sócio-econômicas para promover o crescimentoeconômico sustentado no contexto de um desenvolvimento sustentável em todos os países e paramobilizar recursos financeiros e humanos para a solução global de problemas. Nunca dantes acomunidade mundial teve à sua disposição tantos recursos, tanto conhecimento e tecnologias tãopoderosas que, se devidamente redirecionados, poderiam favorecer o crescimento econômico nosníveis nacionais e internacionais. Por conseguinte, embora amplos recursos tenham estado disponíveispor algum tempo, seu uso para um desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sadio foiseriamente limitado.1.2. O mundo passou por mudanças de longo alcance nas duas últimas décadas. Progressosignificativo foi feito em muitos campos importantes para o bem-estar do homem, mediante esforçosnacionais e internacionais. Entretanto, os países em desenvolvimento ainda enfrentam sériasdificuldades econômicas e um ambiente econômico internacional desfavorável, e aumentou emmuitos países a quantidade de pessoas que vivem em estado de pobreza absoluta. Muitos dosrecursos básicos de que dependerão as gerações futuras para sua sobrevivência e bem-estar estãosendo exauridos em todo o mundo, intensificando-se a degradação ambiental levada a efeito porsistemas não-sustentáveis de produção e consumo, por um crescimento demográfico sem precedente,por uma pobreza generalizada e persistente e pela desigualdade social e econômica. Problemasecológicos, como a mudança global do clima, em grande parte produzida por sistemas não-sustentáveis de produção e consumo, somam-se às ameaças ao bem-estar das futuras gerações.Começa a se manifestar um consenso global sobre a necessidade de aumentar a cooperaçãointernacional no que tange a população no contexto de um desenvolvimento sustentável, para oqual a Agenda 211 oferece uma estrutura. Muito tem sido feito nesse sentido, mas, falta ainda muitopara ser realizado.1.3. A população mundial é estimada atualmente em 5,6 bilhões. Embora o índice de crescimentoesteja em declínio, aumentos absolutos vêm-se registrando. Atualmente esse aumento é de 86milhões de pessoas per annum. Os aumentos anuais da população provavelmente se manterãoacima dos 86 milhões até o ano 20152.1.4. Nos últimos seis anos restantes desta década crítica, as nações optarão, por suas ações ouinações, por uma série de futuros demográficos alternativos. As variantes baixas, médias e altas dasprojeções demográficas das Nações Unidas, para os próximos 20 anos, vão de uma baixa de 7,1bilhões a uma variante média de 7,6 bilhões e alta de 7,8 bilhões de habitantes. A diferença de 720milhões de pessoas no curto espaço de 20 anos ultrapassa a atual população do continenteafricano. Quanto mais se avança no futuro, mais significativamente divergem as projeções. Por voltado ano de 2050, as projeções das Nações Unidas vão de 7,9 bilhões para uma variante média de9,8 bilhões e alta de 11,9 bilhões de habitantes. A implementação das metas e objetivos do presentePrograma de Ação de 20 anos, que se concentram em muitos dos desafios fundamentais de

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população, saúde, educação e desenvolvimento, enfrentados por toda a comunidade humana,resultaria num crescimento mundial demográfico, durante este período e além dele, em níveis abaixoda projeção média das Nações Unidas.1.5 A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento não é um evento isolado. SeuPrograma de Ação baseia-se no considerável consenso internacional que se desenvolveu, a partir daConferência Mundial de População, em Bucareste, em 19743 e da Conferência Internacional sobrePopulação na Cidade do México, em 19844 na consideração dos grandes problemas demográficose das inter-relações entre população, crescimento econômico sustentado e desenvolvimentosustentável, e dos progressos na educação, situação econômica e emancipação da mulher. Mais doque as anteriores sobre população, a Conferência de 1994 recebeu explicitamente um mandato maisamplo sobre questões de desenvolvimento, o que reflete a crescente tomada de consciência de quepopulação, pobreza, sistemas de produção e de consumo e o meio ambiente estão tão intimamenteinter-relacionados que nenhum desses aspectos pode ser analisado isoladamente.1.6. A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento segue outras recentes eimportantes atividades internacionais, nas quais se fundamenta, e suas recomendações devem serentendidas como apoio aos acordos alcançados nos seguintes eventos, com os quais se compatibilizae nos quais se baseia:a) Conferência Mundial para Examinar e Avaliar as Realizações da Década das Nações Unidas paraMulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz, realizada em Nairobi, em 19855;b) Cúpula Mundial para Crianças, realizada em Nova Iorque, em 19906;c) Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio deJaneiro, em 19927;d) Conferência Internacional sobre Nutrição, reunida em Roma em 19928;e) Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, realizada em Viena, em 19939;f) Ano Internacional da População Indígena Mundial, 199310, que levaria à Década da PopulaçãoIndígena Mundial11;g) Conferência Global sobre o Desenvolvimento Sustentável de Pequenos Estados Insulares emDesenvolvimento, realizada em Barbados, em 199412;h) Ano Internacional da Família, 199413.

3 Ver Report of the United Nations World Population Conference, Bucharest, 19-20 August 1974 (UnitedNations publications, Sales No. E.75, XIII.3).4 Ver Report of The Internacional Conference on Population, Mexico City, 6-14 August 1984 (United Nationspublication, Sales N. E.84. XIII.8 and corrigenda).5 Ver Report of the World Conference to Review and Appraise the Achievements of the United NationsDecade for Women: Equality, Development and Peace, Nairobi, 15/26 July 1985 (Unidad Nations publication,Sales, N. E 85.IV.10).6 Ver First Call for Children New York, United Nations Children’s Fund, 1990).7 Ver Report of the United Nations Conference on Environment and Development, Rio de Janeiro, 3-14 June1992 ((United Nations publication, Sales N. E. 93.I.8 and corrigenda).8 Ver The Final Report of the International Conference on Nutrition, Rome, 5-11 December 1992 (Rome,Food and Agriculture Organizatoins of the United Nations, 1993).9 Ver Report of the World Conference on Human Rights, Viena, 14-25 June 1993 (A/CONF. 157/24 (Part. I).10 Resolução 47/75 da Assembléia Geral.11 Resolução 48/163 da Assembléia Geral.12 Ver Report of the Global Conference on the Sustainable Development of Small Island Developing States,Bridgetown, Barbados, 25 Apri-6 May 1994 (United Nations publications, Sales no. 94.I.18 and corrigenda).13 Resolução 44/82 da Assembléia Geral. C

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1.7. Os resultados da Conferência estão estreitamente relacionados com outras importantes conferênciasem 1995 e 1996, como a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social14, a Quarta ConferênciaMundial sobre a Mulher: Movimento por Igualdade, Desenvolvimento e Paz15, a Segunda Conferênciadas Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat II), a elaboração da Agenda para oDesenvolvimento, assim como a celebração de 50º aniversário das Nações Unidas, para os quaisrepresentarão significativas contribuições. Nesses eventos espera-se renovação do apelo da Conferênciade 1994, por maior investimento nas pessoas e por um novo plano de ação para emancipação damulher com vista à sua plena participação, em todos os níveis, na vida social, econômica e política desuas comunidades.1.8. Nos últimos 20 anos, muitas partes do mundo passaram por notáveis mudanças demográficas,sociais, econômicas, ambientais e políticas. Muitos países fizeram progressos substanciais, ampliandoo acesso aos serviços de saúde reprodutiva e reduzindo não só as taxas de natalidade como tambémas de mortalidade e elevando os níveis de educação e de renda, inclusive o status educacional eeconômico da mulher. Embora os avanços das últimas duas décadas, em áreas como o aumento douso de anticoncepcionais, o declínio da mortalidade materna, a implantação de planos e projetos dedesenvolvimento sustentável e de programas intensivos de educação, constituam motivo de otimismosobre o sucesso da implementação do presente Programa de Ação, resta ainda muito a ser feito. Omundo, como um todo, mudou na maneira de criar novas e importantes oportunidades de abordaros problemas de população e desenvolvimento. Entre as mais significativas estão as mudanças deatitude dos povos do mundo e de seus líderes com relação à saúde reprodutiva, planejamentofamiliar e crescimento populacional; resultando, inter alia, no novo conceito geral de saúde reprodutiva,inclusive de planejamento familiar e de saúde sexual, conforme definido no presente Programa deAção. Uma tendência particularmente encorajadora tem sido o fortalecimento do compromissopolítico de muitos governos com políticas demográficas e programas de planejamento familiar. Nessesentido, um crescimento econômico sustentado, no contexto de um desenvolvimento sustentável,ressaltará a capacidade de países de resistir às pressões de um esperado crescimento populacional;facilitará a transição demográfica em países onde se verifica um desequilíbrio entre indicadoresdemográficos e metas sociais, econômicas e ambientais, e permitirá o equilíbrio e a integração dadimensão demográfica em outras políticas relacionadas com o desenvolvimento.1.9. Os objetivos e ações de população e desenvolvimento do presente Programa de Ação enfrentarãocoletivamente os desafios críticos e as inter-relações entre população e crescimento econômicosustentado no contexto de um desenvolvimento sustentável. Para isso, se fará necessária umaadequada mobilização de recursos, nos âmbitos nacional e internacional, assim como de recursosnovos e adicionais de todos os mecanismos de financiamento disponíveis, para os países emdesenvolvimento, inclusive de fontes multilaterais, bilaterais e privadas. Haverá também necessidadede recursos financeiros para reforçar a capacidade de instituições nacionais, regionais, sub-regionaise internacionais de implementar este Programa de Ação.1.10. As próximas duas décadas trarão provavelmente mais mudanças de populações rurais paraáreas urbanas, assim como constantes e elevados níveis de migração entre os países. Essas migraçõessão parte importante das transformações econômicas que ocorrem em todo o mundo e põem novose sérios desafios. Essas questões, por conseguinte, devem ser abordadas com mais ênfase naspolíticas demográficas e de desenvolvimento. É provável que, por volta do ano 2015, cerca de 56

14 Resolução 47/92 da Assembléia Geral.15 Resoluções 36/8 e 37/7 da Comissão sobre a Situação da Mulher (Official Records of the Economic andSocial Council, 1992, Supplement N.4 (E/1992 /24, Cap. I, Set. C e ibid., 1993, Supplement N. 7 (E/1993/27), Cap.I, Setor C).

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por cento da população global estarão morando em áreas urbanas, em comparação com os índicesde menos de 45 por cento em 1994. Os índices mais rápidos de urbanização ocorrerão nos paísesem desenvolvimento. A população urbana das regiões em desenvolvimento era de apenas 26 porcento em 1975, mas está previsto seu aumento para 50 por cento pelo ano 2015. Isto representaráuma enorme pressão sobre os atuais serviços e infra-estrutura sociais, dos quais uma grande partenão terá condições de crescer na mesma proporção da urbanização.1.11. Ingentes esforços se fazem necessários, nos próximos 5, 10 e 20 anos, numa série deatividades de população e de desenvolvimento, com vistas à decisiva contribuição que uma próximaestabilização da população mundial daria para a realização de um desenvolvimento sustentável. Opresente Programa de Ação aborda todos esses problemas e outros mais, numa estrutura global eintegrada com vista à melhoria da qualidade de vida da atual população mundial e de suas futurasgerações. As recomendações de ação são feitas num espírito de consenso e de cooperaçãointernacional, reconhecendo que a formulação e implementação de políticas ligadas à população sãoda responsabilidade de cada país e devem levar em conta a diversidade econômica, social e ambientaldas condições de cada país, com total respeito aos diferentes valores religiosos e éticos, às raízesculturais e às convicções filosóficas de seu povo, assim como a responsabilidade geral, emboradiferenciada, de todos os povos do mundo por um futuro comum.1.12. O presente Programa de Ação recomenda à comunidade internacional uma série de importantesobjetivos de população e desenvolvimento, assim como metas qualitativas e quantitativas que seapóiam mutuamente e de importância decisiva para esses objetivos. Entre esses objetivos e metasestão: crescimento econômico sustentado no contexto de um desenvolvimento sustentável; educação,especialmente para moças; equidade e igualdade dos sexos; redução da mortalidade materna, debebês e crianças e o acesso universal aos serviços de saúde reprodutiva, de inclusive de planejamentofamiliar e saúde sexual.1.13. Muitas das metas quantitativas e qualitativas do presente Programa de Ação requeremcertamente recursos adicionais, alguns dos quais poderiam estar disponíveis com a reordenação deprioridades nos níveis individual, nacional e internacional. Todavia, nenhuma das ações requeridas,nem todas elas reunidas, é dispendiosa em comparação com os gastos atuais com desenvolvimentoglobal ou com programas militares. Algumas requereriam pouco ou nenhum recurso adicional, pelofato de envolver mudanças nos estilos de vida, em normas sociais ou em políticas governamentaisque poderiam ser amplamente produzidas e sustentadas por meio de uma maior ação de cidadaniae de liderança política. Mas, para atender às necessidades de recursos das ações que exigem muitosgastos nas próximas duas décadas, comprometimentos adicionais se farão necessários tanto da partedos países desenvolvidos como dos países em desenvolvimento. Isto será particularmente difícil nocaso de alguns países em desenvolvimento e de países de economia em transição, que passam porgraves restrições de recurso.1.14. O presente Programa de Ação reconhece que só os governos não terão condições de alcançar,nos próximos 20 anos, as metas e objetivos da Conferência Internacional sobre População eDesenvolvimento. Todos os membros e grupos da sociedade têm o direito e, na verdade, aresponsabilidade de desempenhar um papel ativo nos esforços para se alcançar esses objetivos. Ocrescente grau de interesse manifestado por organizações não-governamentais, primeiro no contextoda Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento e da Conferência Mundialsobre Direitos Humanos e, agora, nestas deliberações, reflete uma mudança importante e, em muitoslugares, muito rápida no relacionamento entre governos e uma variedade de instituições não-governamentais. Em quase todos os países surgem novas parcerias entre governo, empresariado,organizações não-governamentais e grupos comunitários, que terão relação direta e positiva com aimplementação do presente Programa de Ação.

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1.15. Embora a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento não crie nenhumnovo direito humano internacional, insiste na aplicação dos padrões de direitos humanos,universalmente reconhecidos, a todos os aspectos de programas de população. A Conferênciarepresenta também a última oportunidade, no século XX, de a comunidade internacional enfrentarcoletivamente os desafios e as inter-relações decisivos entre população e desenvolvimento. O Programade Ação requererá o estabelecimento de uma base comum, com pleno respeito aos diferentes valoresreligiosos e à éticos e à formação cultural. O impacto desta Conferência será medido pela força doscompromissos específicos aqui assumidos e pelas ações subseqüentes para o seu cumprimento,como parte de uma nova parceria global, entre todos os países e povos do mundo, baseada numsentimento de responsabilidade comum, embora diferenciada, de uns pelos outros e pelo nosso larplanetário.

Capítulo IICapítulo IICapítulo IICapítulo IICapítulo IIPRINCÍPIOSPRINCÍPIOSPRINCÍPIOSPRINCÍPIOSPRINCÍPIOSO cumprimento das recomendações contidas no Programa de Ação é direito soberano de cada país,de conformidade com as leis nacionais e prioridades de desenvolvimento, com o pleno respeito aosdiferentes valores religiosos e éticos e à formação cultural de seu povo e de acordo com os direitoshumanos internacionais universalmente reconhecidos.A cooperação internacional e a solidariedade universal, inspiradas nos princípios da Carta dasNações Unidas e em um espírito de parceria, são decisivas para a melhoria da qualidade de vida dospovos do mundo.Ao exercer o mandato da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e seu temageral, as inter-relações entre população, crescimento econômico sustentado e desenvolvimentosustentável e em suas deliberações, os participantes se orientaram e continuarão se orientando pelaseguinte série de princípios:Princípio 1Princípio 1Princípio 1Princípio 1Princípio 1Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Toda pessoa é titular detodos os direitos e liberdade estabelecida na Declaração Universal de Direitos Humanos, sem distinçãode qualquer natureza, como raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra; origemnacional ou social; propriedade, nascimento ou outra condição. Todos têm direito à vida, à liberdadee à segurança pessoal.Princípio 2Princípio 2Princípio 2Princípio 2Princípio 2Os seres humanos estão no centro das questões de desenvolvimento sustentável, têm direito a umavida saudável e produtiva em harmonia com a natureza. As pessoas são o recurso mais importantee valioso de toda nação. Os países devem assegurar a todos os indivíduos a oportunidade deaproveitar o máximo de seu potencial. Todo homem tem direito a um adequado padrão de vida parasi mesmo e sua família, inclusive alimentação, vestiário, habitação, água e saneamento.Princípio 3Princípio 3Princípio 3Princípio 3Princípio 3O direito ao desenvolvimento é um direito universal e inalienável e faz parte integral dos direitoshumanos fundamentais, e a pessoa humana é o sujeito central do desenvolvimento. Embora odesenvolvimento facilite o gozo de todos os direitos humanos, a falta de desenvolvimento não podeser invocada para justificar a redução de direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Odireito ao desenvolvimento deve ser cumprido de modo a atender eqüitativamente às necessidadesda população, de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras.Princípio 4Princípio 4Princípio 4Princípio 4Princípio 4O progresso na igualdade e equidade dos sexos, a emancipação da mulher, a eliminação de todaespécie de violência contra ela e a garantia de poder ela própria controlar sua fecundidade sãopedras fundamentais de programas relacionados com população e desenvolvimento. Os direitos

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humanos da mulher e da menina são parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanosuniversais. A plena e igual participação da mulher na vida civil, cultural, econômica, política e social,nos âmbitos nacional, regional e internacional, e a erradicação de todas as formas de discriminaçãocom base no sexo são objetivos prioritários da comunidade internacional.Princípio 5Princípio 5Princípio 5Princípio 5Princípio 5As metas e políticas relacionadas com população são parte integral do desenvolvimento cultural,econômico e social cujo principal objetivo é melhorar a qualidade de vida de todos os povos.Princípio 6Princípio 6Princípio 6Princípio 6Princípio 6O desenvolvimento sustentável como meio de assegurar o bem-estar humano, eqüitativamentepartilhado por todos os povos, hoje, e no futuro, exige que as inter-relações entre população,recursos, meio ambiente e desenvolvimento sejam plenamente reconhecidas, convenientementeadministradas e estabelecidas num equilíbrio harmonioso e dinâmico. Para se chegar a umdesenvolvimento sustentável e a uma melhor qualidade de vida para todos os povos, os estadosdevem reduzir e eliminar sistemas insustentáveis de produção e de consumo e promover políticasadequadas, inclusive políticas relacionadas com população, de modo a atender às necessidades dasgerações atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer às suas próprias.Princípio 7Princípio 7Princípio 7Princípio 7Princípio 7Todos os estados e todos os povos devem cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza comorequisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, com vista à redução das disparidadesde padrões de vida e o melhor atendimento das necessidades da maioria dos povos do mundo. Àsituação e às necessidades especiais dos países em desenvolvimento, particularmente dos menosdesenvolvidos, deve ser dada especial prioridade. Países de economia em transição, como todos osdemais países, precisam ser plenamente integrados na economia mundial.Princípio 8Princípio 8Princípio 8Princípio 8Princípio 8Toda pessoa tem direito ao gozo do mais alto padrão possível de saúde física e mental. Os estadosdevem tomar todas as devidas providências para assegurar, na base da igualdade de homens emulheres, o acesso universal aos serviços de assistência médica, inclusive os relacionados com saúdereprodutiva, que inclui planejamento familiar e saúde sexual. Programas de assistência à saúdereprodutiva devem prestar a mais ampla variedade de serviços sem qualquer forma de coerção. Todocasal e indivíduo têm o direito básico de decidir livre e responsavelmente sobre o número e oespaçamento de seus filhos e ter informação, educação e meios de o fazer.Princípio 9Princípio 9Princípio 9Princípio 9Princípio 9A família é a unidade básica da sociedade e, como tal, deve ser fortalecida. A família tem o direito dereceber proteção e apoio totais. Em diferentes sistemas culturais, políticos e sociais, há várias formasde família. O casamento deve ser nelas incluídos com o livre consentimento dos futuros cônjuges, emarido e esposa devem ser parceiros iguais.Princípio 10Princípio 10Princípio 10Princípio 10Princípio 10Toda pessoa tem direito à educação, que será dirigida para o pleno desenvolvimento de recursoshumanos, e à dignidade e ao potencial humanos, com particular atenção à mulher e à menina. Aeducação deve visar o fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdadesfundamentais, inclusive as referentes a população e desenvolvimento. Os melhores interesses dacriança serão o princípio orientador dos responsáveis por sua educação e orientação; essaresponsabilidade é, em primeiro lugar, dos pais.Princípio 11Princípio 11Princípio 11Princípio 11Princípio 11Todos os estados e famílias devem dar à criança a mais alta prioridade possível. A criança tem direitoa padrão de vida adequado ao seu bem-estar e direito ao mais alto padrão possível de saúde edireito à educação. A criança tem direito de ser cuidada, orientada e sustentada por pais, famílias e

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sociedade e de ser protegida por adequadas medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionaiscontra toda forma de violência física ou mental, agressão ou brutalidade, descaso ou tratamentonegligente, maus-tratos ou exploração, inclusive venda, traficância, abuso sexual e tráfico de seusórgãos.Princípio 12Princípio 12Princípio 12Princípio 12Princípio 12Países que recebem migrantes regulares devem lhes dispensar, tratamento justo e lhes prestarserviços adequados de bem-estar social e garantir sua segurança e integridade físicas, levando emconta as circunstâncias e necessidades especiais do país, particularmente dos países emdesenvolvimento, e procurando alcançar esses objetivos ou requisitos, com relação a migrantesirregulares, de conformidade com as disposições de convenções, instrumentos e documentosinternacionais pertinentes. Os países devem garantir a todos os migrantes todos os direitos humanosbásicos nos termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.Princípio 13Princípio 13Princípio 13Princípio 13Princípio 13Toda pessoa tem direito de buscar, em outros países, asilo contra perseguição e de usufruir dessedireito. Os estados têm responsabilidades com relação a refugiados, conforme estabelecido naConvenção de Genebra sobre a Situação de Refugiados e seu Protocolo de 1967.Princípio 14Princípio 14Princípio 14Princípio 14Princípio 14Ao considerar as necessidades de população e de desenvolvimento dos povos indígenas, osestados devem reconhecer e apoiar sua identidade, cultura e interesses, e capacitá-los para participaremplenamente da vida econômica, política e social do país, principalmente no que diz respeito a suasaúde, educação e bem-estar.Princípio 15Princípio 15Princípio 15Princípio 15Princípio 15O crescimento econômico sustentado, no contexto de um desenvolvimento sustentável, e o progressosocial requerem que o crescimento se dê numa base geral, oferecendo iguais oportunidades paratodas as pessoas. Todos os países devem reconhecer suas responsabilidades comuns, masdiferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem sua responsabilidade na busca internacional dedesenvolvimento sustentável, e devem continuar a intensificar seus esforços para promover ocrescimento econômico sustentado e reduzir os desequilíbrios, de uma maneira que possa beneficiartodos os países, principalmente os países em desenvolvimento.

Capítulo IIICapítulo IIICapítulo IIICapítulo IIICapítulo IIIINTER-RELAÇÕES ENTRE POPULAÇÃOINTER-RELAÇÕES ENTRE POPULAÇÃOINTER-RELAÇÕES ENTRE POPULAÇÃOINTER-RELAÇÕES ENTRE POPULAÇÃOINTER-RELAÇÕES ENTRE POPULAÇÃO,,,,, CRESCIMENT CRESCIMENT CRESCIMENT CRESCIMENT CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTO ECONÔMICO SUSTENTO ECONÔMICO SUSTENTO ECONÔMICO SUSTENTO ECONÔMICO SUSTENTADO EADO EADO EADO EADO EDESENVDESENVDESENVDESENVDESENVOLOLOLOLOLVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTO SUSTENTÁVELO SUSTENTÁVELO SUSTENTÁVELO SUSTENTÁVELO SUSTENTÁVELA. Integração demográfica e estratégias de desenvolvimentoA. Integração demográfica e estratégias de desenvolvimentoA. Integração demográfica e estratégias de desenvolvimentoA. Integração demográfica e estratégias de desenvolvimentoA. Integração demográfica e estratégias de desenvolvimentoJustificativa da açãoJustificativa da açãoJustificativa da açãoJustificativa da açãoJustificativa da ação3.1 As atividades diárias de todos os seres humanos, de comunidades e de países se inter-relacionamcom a mudança de população, com os sistemas e níveis do uso de recursos naturais, com a situaçãodo meio ambiente e o ritmo e a qualidade do desenvolvimento econômico e social. Há um consensogeral de que a pobreza generalizada e persistente e graves injustiças sociais e em razão do sexo têmsignificativa influência nos parâmetros demográficos como crescimento, estrutura e distribuição dapopulação e, por sua vez, são por eles influenciadas. Há também um consenso geral de que sistemasinsustentáveis de consumo e produção estão contribuindo para o uso insustentável de recursosnaturais e para a degradação ambiental assim como para o aumento das injustiças sociais e dapobreza com as conseqüências, acima mencionadas, para parâmetros demográficos. A Declaraçãodo Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21, aprovadas pela comunidadeinternacional na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, apelampor sistemas de desenvolvimento que reflitam a nova compreensão destas e outras articulaçõesintersetoriais. Reconhecendo as realidades e implicações de mais longo prazo das ações atuais, o

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desafio do desenvolvimento é o de atender às necessidades das gerações presentes e melhorar suaqualidade de vida sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer a suas própriasnecessidades.3.2 Apesar dos recentes declínios nas taxas de natalidade em muitos países, é inevitável que apopulação continue a crescer. Devido à estrutura etária juvenil décadas futuras trarão, para algunspaíses, aumentos substanciais de população em números absolutos. Os movimentos de populaçãodentro dos países e entre eles, inclusive o crescimento muito rápido de cidades e o desequilíbrio nadistribuição regional da população, continuarão a crescer e crescerão no futuro.3.3 O desenvolvimento sustentável implica, inter alia, a sustentabilidade de longo prazo na produçãoe no consumo com relação a todas as atividades econômicas, inclusive indústria, energia, agricultura,florestamento, pesca, transporte, turismo e infra-estrutura, para otimizar o uso de recursoecologicamente correto e minimizar o desperdício. Todavia, as políticas macroeconômicas e setoriaisraramente dispensam a devida atenção a considerações demográficas. A integração explícita dapopulação em estratégias econômicas e de desenvolvimento não só acelerará o ritmo dodesenvolvimento sustentável e a redução da pobreza como também contribuirá para a consecuçãode objetivos demográficos e para a melhoria da qualidade de vida da população.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos3.4 Os objetivos são os de integrar plenamente as questões populacionais em:a) estratégias de desenvolvimento, planejamento, tomada de decisões e alocação de recursos emtodos os níveis e em todas as regiões, com o objetivo de atender às necessidades das gerações atuaise futuras e melhorar a qualidade de vida;b) todos os aspectos de planejamento do desenvolvimento para promover a justiça social e erradicara pobreza por meio do crescimento econômico sustentado no contexto de um desenvolvimentosustentável.AçõesAçõesAçõesAçõesAções3.5 Nos âmbitos internacionais, regionais, nacionais e locais, as questões demográficas devem fazerparte da formulação, implementação, acompanhamento e avaliação de todas as políticas e programasrelacionados com o desenvolvimento sustentável. As estratégias de desenvolvimento devem refletir,com realismo, as implicações de curto, médio e longo prazo, e suas conseqüências, da dinâmicademográfica assim como dos sistemas de produção e de consumo.3.6 Governos, órgãos internacionais, organizações não-governamentais e outras partes interessadasdevem promover revisões oportunas e periódicas de suas estratégias de desenvolvimento, com oobjetivo de avaliar o progresso na integração da população em programas de desenvolvimento emeio ambiente que levem em conta sistemas de produção e consumo e busquem produzir tendênciasdemográficas compatíveis com a realização do desenvolvimento sustentável e com a melhoria daqualidade de vida.3.7 Os governos devem criar os necessários mecanismos institucionais internos e condições quepossibilitem assegurar, em todos os níveis da sociedade, que os fatores populacionais sejamdevidamente incluídos nos processos administrativos e de tomadas de decisão de todos os órgãosestatais responsáveis por políticas e programas econômicos, ambientais e sociais.3.8 O compromisso político com as estratégias integradas de população e desenvolvimento deve serreforçado com programas públicos de informação e de educação, e com o aumento da alocação derecursos mediante a cooperação entre governos, organizações não-governamentais e o setor privado,e com a melhoria do conhecimento básico por intermédio de pesquisa e da capacitação nacional elocal.3.9 Para conseguir o desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida para todo o povo, osgovernos devem reduzir e eliminar sistemas insustentáveis de produção e de consumo e promover

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16 Resolução 45/199, anexo, da Assembléia Geral.17 Ver Report of the Second United Nations Conference on the Least Developed Countries, Paris, 3-14September 1990 (A/CPNF. 147/18), primeira parte.18 Resolução 46/151, anexo, Setor II, da Assembléia Geral.

políticas adequadas de população. Países desenvolvidos devem assumir a liderança na consecuçãode sistemas sustentáveis de consumo e de efetivo controle do desperdício.B. População, crescimento econômico sustentado e pobrezaB. População, crescimento econômico sustentado e pobrezaB. População, crescimento econômico sustentado e pobrezaB. População, crescimento econômico sustentado e pobrezaB. População, crescimento econômico sustentado e pobrezaJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação3.10 As políticas demográficas devem levar em consideração, se conveniente, estratégias dedesenvolvimento acordadas em fóruns multilaterais, particularmente a Estratégia Internacional deDesenvolvimento para a Quarta Década de Desenvolvimento das Nações Unidas16 , o Programa deAção, para a Década de 1990, para os Países Menos Desenvolvidos17, as conclusões da 8ª Sessãoda Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a Mesa Redonda do Uruguaisobre negociações comerciais multilaterais, a Agenda 21 e a Nova Agenda das Nações Unidas parao Desenvolvimento da África na Década de 199018.3.11 Os aumentos registrados nos últimos anos em indicadores tais como expectativa de vida eproduto nacional, embora significativos e encorajadores, não refletem, infelizmente, a verdadeirarealidade da vida de centenas de milhões de homens, mulheres, adolescentes e crianças. Apesar dedécadas de esforços de desenvolvimento, ampliou-se a vala entre nações ricas e pobres e cresceu adesigualdade dentro das nações. Persistem graves injustiças econômicas, sociais, de sexo e outrasque estorvam os esforços para melhorar a qualidade de vida de centenas de milhões de pessoas. Onúmero de pessoas que vivem na pobreza é de cerca de um bilhão e continua a crescer.3.12 Todos os países, mais especialmente os países em desenvolvimento, onde ocorrerá quase todoo crescimento futuro da população mundial, e países de economia em transição enfrentam crescentesdificuldades para melhorar a qualidade de vida de seu povo de uma maneira sustentável. Muitospaíses em desenvolvimento e países de economia em transição enfrentam graves obstáculos aodesenvolvimento, entre os quais estão os relacionados com a persistência de desequilíbrios comerciais,com a recessão na economia mundial, com a persistência do problema do serviço da dívida e com anecessidade de tecnologias e de ajuda externa. A realização de um desenvolvimento sustentável e aerradicação da pobreza devem ser apoiada por políticas macroeconômicas com vista a um adequadoambiente econômico internacional, assim como por bom gerenciamento, políticas efetivas e eficientesinstituições nacionais.3.13 A pobreza generalizada continua sendo o maior desafio aos esforços de desenvolvimento. Apobreza vem muitas vezes acompanhada de desemprego, subnutrição, analfabetismo, baixo statusda mulher, exposição a riscos ambientais e limitado acesso a serviços sociais e de saúde, inclusiveserviços de saúde reprodutiva que, por sua vez, inclui o planejamento familiar. Todos esses fatorescontribuem para altos níveis de fecundidade, morbidade e mortalidade, assim como para uma baixaprodutividade econômica. Além disso, a pobreza está intimamente relacionada com uma inadequadadistribuição espacial da população, com o uso insustentável e uma distribuição desigual de recursosnaturais como terra e água, e com uma séria degradação ambiental.3.14 Estão se fortalecendo mutuamente os esforços para diminuir o crescimento demográfico, parareduzir a pobreza, para alcançar o progresso econômico, melhorar a proteção ambiental e reduzirsistemas insustentáveis de consumo e de produção. Em muitos países, o crescimento mais lento dapopulação exigiu mais tempo para se ajustar a futuros aumentos demográficos. Isso aumentou acapacidade desses países de atacar a pobreza, proteger e recuperar o meio ambiente e lançar a basede um futuro desenvolvimento sustentável. A simples diferença de uma única década na transição

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para níveis de estabilização da fecundidade pode ter considerável impacto positivo na qualidade devida.3.15 O crescimento econômico sustentado é essencial, no conceito de desenvolvimento sustentável,para a erradicação da pobreza. A erradicação da pobreza contribuirá para reduzir a velocidade docrescimento demográfico e para se chegar de imediato, a uma estabilização da população.Investimentos em campos importantes para a erradicação da pobreza, como educação básica,saneamento, água potável, habitação, adequada oferta de alimento e infra-estrutura para populaçõesde rápido crescimento, continuam a extenuar economias já fracas e a limitar as opções de crescimento.A quantidade extraordinariamente elevada de pessoas jovens, conseqüência de uma elevada taxade fecundidade, requer sejam criadas ocupações produtivas para uma força de trabalho em condiçõesde desemprego já generalizado. O número de pessoas idosas que precisam de apoio públicoaumentará também rapidamente no futuro. Um crescimento econômico sustentado no contexto dodesenvolvimento sustentável será necessário para fazer frente a essas pressões.ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo3.16 O objetivo é melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas com adequadas políticas eprogramas de população e desenvolvimento que visem a erradicação da pobreza, o crescimentoeconômico sustentado no contexto de um desenvolvimento sustentável e de sistemas sustentáveisde consumo e produção, o desenvolvimento de recursos humanos e a garantia de todos os direitoshumanos, inclusive o direito ao desenvolvimento como um direito universal e inalienável e parteintegral dos direitos humanos fundamentais. Especial atenção deve ser dispensada à melhoria sócio-econômica da mulher pobre nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Como as mulheressão, em geral, os mais pobres dos pobres e, ao mesmo tempo, atores-chave no processo dedesenvolvimento, a eliminação da discriminação social, cultural, política e econômica da mulher é umpré-requisito para a erradicação da pobreza, para a promoção do crescimento econômico sustentadono contexto de um desenvolvimento sustentável, para a disponibilidade de serviços de planejamentofamiliar de qualidade e de saúde reprodutiva, e para a consecução do equilíbrio entre população erecursos disponíveis e sistemas sustentáveis de consumo e produção.AçõesAçõesAçõesAçõesAções3.17 Investimentos no desenvolvimento de recursos humanos, de acordo com a política nacional,devem ter prioridade nas estratégias e orçamentos de população e desenvolvimento, em todos osníveis, com programas especificamente voltados para aumentar o acesso à informação, à educação,ao desenvolvimento de habilidades, a oportunidades de emprego, tanto formal como informal, e aserviços gerais e de saúde reprodutiva de alta qualidade, inclusive de planejamento familiar e desaúde sexual, por meio da promoção do crescimento econômico sustentado no contexto de umdesenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento e em países de economia em transição.3.18 Devem ser eliminadas as injustiças e dificuldades existentes para a mulher trabalhadora e deveser promovida e intensificada sua participação em toda formulação e implementação de políticas,assim como seu acesso a recursos produtivos, à propriedade da terra, e seu direito de herdar umapropriedade. Governos, organizações não-governamentais e o setor privado devem investir nodesenvolvimento da educação e de habilidades da mulher e da jovem e de seus direitos econômicose legais, promovendo seu acompanhamento a avaliação, como também investir em todos osaspectos de saúde reprodutiva, inclusive o planejamento familiar e a saúde sexual, para capacitá-lasa contribuir efetivamente para o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável e a usufruirdeles.3.19 Alta prioridade deve ser dada por governos, organizações não-governamentais e o setorprivado à satisfação das necessidades, aumentando as oportunidades de informação, de educação,

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ocupações, desenvolvimento de habilidades e de serviços pertinentes de saúde reprodutiva, detodos os membros desfavorecidos da sociedade19.3.20 Providências devem ser tomadas para reforçar políticas e programas agrícolas de alimentação,de nutrição, e de justas relações comerciais, com especial atenção à criação e ao fortalecimento dasegurança alimentar em todos os níveis.3.21 Deve ser facilitada por governos e pelo setor privado a criação de ocupação nos setoresindustriais, agrícolas e de serviços, com o estabelecimento de clima mais favorável à expansão docomércio e de investimentos numa base ambientalmente sadia, com maior investimento nodesenvolvimento de recursos humanos e com o desenvolvimento de instituições democráticas e debom gerenciamento. Esforços especiais devem ser envidados para criar ocupações produtivas pormeio de políticas que promovam indústrias eficientes e, se for o caso, de mão-de-obra intensiva, ea transferência de tecnologias modernas.3.22 A comunidade internacional deve continuar a promover um meio ambiente econômico deapoio, particularmente para países em desenvolvimento e países de economia em transição, em suatentativa de erradicar a pobreza e alcançar o crescimento econômico sustentado no contexto de umdesenvolvimento sustentável. No contexto dos pertinentes acordos e compromissos internacionais,esforços devem ser envidados para apoiar esses países, principalmente os países em desenvolvimento,com a promoção de um sistema de comércio internacional aberto, justo, seguro, não-discriminatórioe previsível; promover investimento externo direto; reduzir o ônus da dívida; prover novos eadicionais recursos financeiros de todas as fontes e mecanismos financeiros disponíveis, inclusivemultilateriais, bilaterais e privados, inclusive em termos de concessão e doação, de acordo comcritérios e indicadores justos e equitativos; prover acesso a tecnologias e assegurar que programasestruturais de ajustamento sejam formulados e implementados de modo a atender aos interessessociais e ambientais.C. População e meio ambienteC. População e meio ambienteC. População e meio ambienteC. População e meio ambienteC. População e meio ambienteJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação3.23 Na Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, a comunidadeinternacional estabeleceu acordo sobre objetivos e ações com vistas à integração de população edesenvolvimento, que foram incluídos na Agenda 21, de outros resultados da Conferência e deoutros acordos internacionais sobre meio ambiente. A Agenda 21 foi concebida como resposta aosgrandes desafios ambientais e de desenvolvimento, inclusive as dimensões econômicas e sociais deum desenvolvimento sustentável, como pobreza, consumo, dinâmica demográfica, saúde humanae assentamento humano, e a uma ampla gama de questões de recursos naturais e ambientais. AAgenda 21 deixa a cargo da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimentoconsiderações ulteriores das relações entre população e o meio ambiente.3.24 A satisfação das necessidades humanas básicas de populações em crescimento depende de ummeio ambiente sadio. É preciso atentar para essas dimensões humanas no desenvolvimento depolíticas globais para um desenvolvimento sustentável no contexto de crescimento demográfico.3.25 Fatores demográficos, combinados, em algumas as áreas, com pobreza e falta de acesso arecursos e, em outras, com sistemas de consumo excessivo e de produção com desperdício, causamou agravam problemas de degradação ambiental e de esgotamento de recursos, inibindo assim odesenvolvimento sustentável.3.26 A pressão sobre o meio ambiente pode resultar de um rápido crescimento demográfico, de suadistribuição e da migração, especialmente em ecossistemas ecologicamente vulneráveis. A urbanização

19 Crianças, conforme o caso, adolescentes, mulheres, pessoas idosas, portadores de deficiência, povoindígena, populações rurais, populações urbanas, migrantes, refugiados, pessoas deslocadas e faveladas.

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e políticas que não reconhecem a necessidade do desenvolvimento rural criam também problemasambientais.3.27 A implementação de eficientes políticas demográficas no contexto de um desenvolvimentosustentável, inclusive de programas de saúde reprodutiva e de planejamento familiar, exige novasformas de participação de vários atores em todos os níveis do processo de formulação de política.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos3.28 De acordo com a Agenda 21, os objetivos são:a) assegurar que fatores população, meio ambiente e erradicação da pobreza sejam integrados empolíticas, planos e programas de desenvolvimento sustentável;b) reduzir tanto os sistemas insustentáveis de consumo e produção como também os impactosnegativos de fatores demográficos no ambiente, para atender às necessidades das gerações atuaissem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender a suas próprias necessidades.AçõesAçõesAçõesAçõesAções3.29 Os governos, no nível que convier, com o apoio da comunidade internacional e de organizaçõesregionais e sub-regionais, devem formular e implementar políticas e programas de população emapoio aos objetivos e às ações acordados na Agenda 21, a outras conclusões da Conferência e deoutros acordos internacionais sobre meio ambiente, levando em consideração as responsabilidadescomuns, mas diferenciadas, refletidas nesses acordos. De acordo com a infra-estrutura e prioridadesestabelecidas na Agenda 21, recomendam-se, inter alia, as seguintes ações para ajudar a realizar aintegração de população e meio ambiente:a) integrar fatores demográficos nas avaliações de impacto ambiental e em outros processos deplanejamento e de tomada de decisão com vista à realização de um desenvolvimento sustentável;b) tomar providências com vista à erradicação da pobreza, com especial atenção a estratégias degeração de renda e de emprego voltadas para o pobre rural e para aqueles que vivem em fracosecossistemas ou em suas proximidades;c) utilizar dados demográficos para promover o gerenciamento sustentável de recursos, especialmentede sistemas ecologicamente fracos;d) modificar sistemas insustentáveis de consumo e produção com medidas econômicas, legislativase administrativas, como convier, para fomentar o uso de recursos sustentáveis e evitar a degradaçãoambiental;e) implementar políticas voltadas para as implicações ecológicas de inevitáveis futuros aumentos dapopulação e de mudanças em sua concentração e distribuição, particularmente em áreasecologicamente vulneráveis e em aglomerações humanas.3.30 Providências devem ser tomadas para intensificar a plena participação de todos os grupospertinentes, especialmente as mulheres, em todos os níveis de tomada de decisão sobre populaçãoe meio ambiente, para se chegar a um gerenciamento sustentável de recursos naturais.3.31 Pesquisas devem ser feitas sobre as vinculações entre população, consumo e produção, meioambiente e recursos naturais, e a saúde humana como roteiro de políticas eficazes de desenvolvimentosustentável.3.32 Governos, organizações não-governamentais e o setor privado devem promover a conscientizaçãoe a compreensão públicas para a implementação das ações supramencionadas.

Capítulo IVCapítulo IVCapítulo IVCapítulo IVCapítulo IVIGUIGUIGUIGUIGUALDADE DOS SEXOSALDADE DOS SEXOSALDADE DOS SEXOSALDADE DOS SEXOSALDADE DOS SEXOS,,,,, EQUIDADE E EMPODERAMENT EQUIDADE E EMPODERAMENT EQUIDADE E EMPODERAMENT EQUIDADE E EMPODERAMENT EQUIDADE E EMPODERAMENTO DA MULHERO DA MULHERO DA MULHERO DA MULHERO DA MULHERA. Emancipação e status da mulherA. Emancipação e status da mulherA. Emancipação e status da mulherA. Emancipação e status da mulherA. Emancipação e status da mulherJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação4.1. O empoderamento e a autonomia da mulher e a melhoria de seu status político, social eeconômico são, em si mesmas, um fim de alta importância. Além de ser essencial à realização de um C

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desenvolvimento sustentável. Plena participação e parceria tanto da mulher quanto do homem sãonecessárias à vida produtiva e reprodutiva, inclusive a partilha das responsabilidades no cuidado ealimentação dos filhos e na manutenção da família. Em todas as partes do mundo, as mulheressofrem ameaças a sua vida, a sua saúde e a seu bem-estar em conseqüência de sua sobrecarga detrabalho e por carecerem de poder e de influência. Na maior parte do mundo, as mulheres recebemmenos educação formal que os homens e, ao mesmo tempo, sua capacidade, saber e mecanismosde luta muitas vezes não são reconhecidos. As relações de poder que impedem a mulher de alcançaruma vida sadia e plena operam em muitos níveis da sociedade, desde os mais pessoais até os maisaltamente públicos. Conseguir uma mudança requer ações de política e programas que melhorem oacesso da mulher a meios de vida seguros e a recursos econômicos, aliviem sua excessivaresponsabilidade com relação aos encargos domésticos, removam impedimentos legais a suaparticipação na vida pública e promovam a conscientização social por meio de eficientes programasde educação e de comunicação de massa. Ademais, a melhoria do status da mulher reforça tambémsua capacidade de tomar decisões em todos os níveis das esferas da vida, especialmente na área dasexualidade e da reprodução. Isto, por sua vez, é essencial para o sucesso, de longo prazo, deprogramas de população. A experiência demonstra que programas de população e desenvolvimentosão mais eficientes quando, simultaneamente, se tomam providências para melhorar a situação damulher.4.2 A educação é um dos meios mais importantes de emancipar a mulher com saber, habilidades eautoconfiança necessários para uma plena participação no processo de desenvolvimento. Há maisde 40 anos atrás, a Declaração Universal dos Direitos Humanos afirmava que “todos têm direito àeducação”. Em 1990, governos reunidos na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, emJomtien, Tailândia, se comprometeram com o objetivo do acesso universal à educação fundamental.Mas, apesar de notáveis esforços de países, em todo o mundo, que ampliaram significativamente oacesso à educação fundamental, há cerca de 960 milhões de adultos analfabetos em todo o mundo,dois terços dos quais são de mulheres. Mais de um terço dos adultos do mundo, na sua maioriamulheres, não têm acesso a instrução escrita, a novas tecnologias ou a novas habilidades quemelhorariam a qualidade de suas vidas e os ajudariam a se moldarem e a se adaptarem às mudançassociais e econômicas. Há 130 milhões de crianças não-matriculadas na escola primária e delas 70 porcento são de meninas.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos4.3 Os objetivos são:a) alcançar a igualdade e a justiça baseadas numa harmoniosa parceria de homens e mulheres ecapacitar a mulher a realizar todo o seu potencial;b) assegurar o aumento da contribuição feminina para o desenvolvimento sustentável com seupleno envolvimento nos processos de formulação de políticas e de tomada de decisão em todos osestágios e participação em todos os aspectos de produção, emprego, atividades geradoras de renda,educação, saúde, ciência e tecnologia, esportes, atividades culturais e relacionadas com populaçãoe outras áreas, como atuantes tomadoras de decisões, como participantes e beneficiárias;c) assegurar que todas as mulheres, assim como os homens, recebam a educação necessária parasatisfazer a suas necessidades humanas básicas e exercer seus direitos humanos.AçõesAçõesAçõesAçõesAções4.4 Os países devem agir para emancipar a mulher e tomar as seguintes providências para eliminar,o mais breve possível, as desigualdades entre homens e mulheres:a) estabelecendo mecanismos para a igualdade de participação e representação eqüitativa da mulherem todos os níveis do processo político e da vida pública, em toda comunidade e sociedade,capacitando-a a organizar seus interesses e necessidades;

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b) promovendo a realização do potencial da mulher por meio da educação, do desenvolvimento dehabilidades e do emprego, conferindo a máxima importância à eliminação da pobreza, do analfabetismoe de doenças entre as mulheres;c) eliminando toda prática que discrimine a mulher; ajudando a mulher a estabelecer e realizar seusdireitos, inclusive os relativos à saúde reprodutiva e sexual;d) tomando as devidas providências para melhorar a capacidade da mulher de ganhar a vida alémdas tradicionais ocupações, adquirir autoconfiança econômica e assegurando à mulher igual acessoao mercado de trabalho e a sistemas de seguridade social;e) eliminando a violência contra a mulher;f) eliminando práticas discriminatórias de empregadores contra a mulher, como as baseadas na provado uso de anticoncepcionais ou do estado de gravidez;g) possibilitando, por meio de leis, regulamentos ou outras medidas apropriadas, que a mulherconjugue os papéis de gravidez, de amamentação e de criação de filhos com a participação na forçade trabalho.4.5 Todos os países devem envidar maiores esforços para promulgar, implementar e fazer cumprir leisnacionais e convenções internacionais de que fazem parte, como a Convenção sobre a Eliminação deTodas as Formas de Discriminação da Mulher, que protejam a mulher contra todos os tipos dediscriminação econômica e de assédio sexual, e implementar, em toda a sua extensão, a Declaraçãosobre a Eliminação da Violência contra a Mulher e a Declaração e o Programa de Ação, de Viena,adotados na Conferência Mundial sobre Direitos Humanos em 1993. Os países são instados a firmar,ratificar e implementar todos os acordos existentes que promovam os direitos da mulher.4.6 Os governos, em todos os níveis, devem assegurar que a mulher possa comprar, manter evender propriedade e terra em termos de igualdade com o homem, obter crédito e negociarcontratos em seu próprio nome e em seu próprio interesse e exercer seus direitos legais a herança.4.7 Governos e empregadores são instados a eliminarem a discriminação em razão de sexo noscontratos de trabalho, salários, benefícios, treinamento e segurança de ocupação com vista àeliminação de disparidades de renda por motivo de sexo.4.8 Governos, organizações internacionais e organizações não-governamentais devem assegurarque suas políticas e práticas de pessoal cumpram o princípio da representação eqüitativa de ambosos sexos, especialmente nos níveis administrativo e de formulação de política, em todos os programas,inclusive programas de população e de desenvolvimento. Procedimentos e indicadores específicosdevem ser criados para análise, com base no sexo, de programas de desenvolvimento e paraavaliação do impacto desses programas na condição social, econômica e de saúde da mulher e emseu acesso a recursos.4.9 Os países devem tomar todas as providências para eliminar toda forma de exploração, abuso,assédio e violência contra a mulher, adolescentes e crianças. Isso implica tanto ações preventivascomo a reabilitação das vítimas. Os países devem proibir práticas degradantes, como o tráfico demulheres, de adolescentes e crianças, e a exploração por meio da prostituição, e dispensar especialatenção à proteção dos direitos e da segurança das vítimas desses crimes e de pessoas que seencontram em situações potencialmente exploráveis, como mulheres migrantes, mulheres no serviçodoméstico e estudantes do sexo feminino. Nesse sentido, salvaguardas e mecanismos internacionaisde cooperação devem ser acionados para assegurar a implementação dessas medidas.4.10 Os países são instados a identificar e condenar a prática sistemática do estupro e de outrasformas de tratamento desumano e degradado da mulher como instrumento deliberado de guerra ede limpeza étnica e tomar as providências para garantir que seja dispensada toda ajuda às vítimasdesses abusos com vista à sua reabilitação física e mental.

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4.11 O planejamento da saúde da família e outras intervenções de desenvolvimento devem levar emmelhor conta as necessidades de tempo de uma mulher, decorrentes da responsabilidade da criaçãodos filhos, do trabalho doméstico e de atividades de geração de renda. As responsabilidades dohomem devem ser enfatizadas com relação à criação dos filhos e ao serviço doméstico. Maioresinvestimentos devem ser feitos em medidas adequadas para reduzir o peso diário das responsabilidadesdomésticas, cujo ônus recai na sua quase totalidade sobre a mulher. Maior atenção deve ser dada àsmaneiras em que a degradação ambiental e mudanças no uso da terra afetam adversamente a alocaçãodo tempo da mulher. O ambiente doméstico de trabalho da mulher não deve prejudicar sua saúde.4.12 Todo esforço deve ser feito para incentivar a expansão e o fortalecimento de grupos popularesfemininos, atuantes, de base comunitária. Esses grupos devem ser o foco de campanhas nacionais parapromover a conscientização da mulher da plenitude de seus direitos legais, inclusive seus direitos nafamília, e para ajudá-la a se organizar para a conquista desses direitos.4.13 Os países são veementemente instados a promulgar leis e implementar programas e políticas quecapacitarão empregados de ambos os sexos a organizar suas responsabilidades de família e de trabalhopor meio de horários flexíveis de trabalho, licença parental, facilidades de cuidados diários, licençamaternidade, políticas que possibilitem a mães trabalhadoras amamentar seus filhos, seguro de saúdee outras medidas semelhantes. Direitos semelhantes devem ser assegurados a quem trabalhe no setorinformal.4.14 Programas para atender às necessidades de uma quantidade cada vez maior de pessoas idosasdevem atentar para o fato de que as mulheres representam a maior proporção desse segmento dapopulação e de que a mulher idosa encontra-se, em geral, numa situação econômica inferior à dohomem idoso.BBBBB..... A meninaA meninaA meninaA meninaA meninaJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação4.15 Uma vez que em todas as sociedades, a discriminação com base no sexo começa muitas vezes nasprimeiras fases da vida, maior igualdade para a menina é a primeira providência necessária paraassegurar que a mulher tome conhecimento de todo o seu potencial e se torne igual parceiro nodesenvolvimento. Em muitos países, a prática da seleção pré-natal do sexo, taxas mais altas demortalidade de bebês do sexo feminino e menores taxas de matrícula escolar de meninas, em comparaçãocom meninos, sugerem que a “preferência por filho” está reduzindo o acesso de crianças do sexofeminino aos serviços de alimentação educação e de saúde. Isto muitas vezes vem junto com ocrescente uso de tecnologias para determinar o sexo fetal, que resulta no aborto de fetos femininos.São decisivos os investimentos feitos na saúde, nutrição e educação da criança do sexo feminino, desdea infância até à adolescência.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos4.16 Os objetivos são:a) eliminar toda forma de discriminação contra a menina e as causas fundamentais da preferência porfilho, o que resulta em práticas prejudiciais e antiéticas com referência ao infanticídio feminino e à seleçãopré-natal do sexo;b) aumentar a conscientização pública do valor da menina e, ao mesmo tempo, fortalecer a auto-imagem, a auto-estima e o status da menina;c) melhorar o bem-estar da menina, especialmente com relação a saúde, alimentação e educação.AçõesAçõesAçõesAçõesAções4.17 Antes de tudo, o valor da menina, tanto para sua família como para a sociedade, deve ir além desua definição como potencial geradora e criadora de filhos e reforçada com a adoção e a implementaçãode políticas educacionais e sociais que estimulem sua plena participação no desenvolvimento dassociedades em que vivem. Líderes em todos os níveis sociais devem bradar e agir com firmeza contra

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sistemas de discriminação sexual na família, baseados na preferência por filhos. Um dos objetivos deveser eliminar a excessiva mortalidade de meninas, onde isto se verifique. Educação especial e movimentosde informação pública se fazem necessários para promover o igual tratamento de meninas e meninoscom relação à alimentação, aos cuidados de saúde, à educação e à atividade social, econômica epolítica, assim como a direitos eqüitativos de herança.4.18 Além da realização do objetivo de educação primária e universal em todos os países antes do ano2015, todos os países são instados a assegurar o acesso mais amplo, e o mais cedo possível, demeninas e mulheres aos níveis secundários e superiores da educação, assim como à educação profissionale a treinamento técnico, tendo em vista a necessidade de melhorar a qualidade e a relevância dessaeducação.4.19 Escolas, a mídia e outras instituições sociais devem buscar a eliminação de estereótipos em todosos tipos de matérias de comunicação e de educação que reforcem as injustiças existentes entre homense mulheres e que minem a auto-estima da menina. Os países devem reconhecer que, além da extensãoda educação para meninas, atitudes e práticas de professores, currículos e instalações escolares devemtambém mudar para refletir o compromisso de eliminar todos os preconceitos com base no sexo,reconhecendo, ao mesmo tempo, as necessidades específicas da menina.4.20 Os países devem desenvolver uma abordagem integrada das necessidades especiais de meninase moças, especialmente nos campos nutricional, de saúde geral e reprodutiva, educacional e social,uma vez que esses investimentos adicionais em moças podem, muitas vezes, compensar antigasinsuficiências em sua alimentação e cuidados de saúde.4.21 Os governos devem cumprir rigorosamente leis que assegurem que o casamento só se dê com opleno e livre consentimento dos cônjuges futuros. Além disso, os governos devem cumprir rigorosamenteleis concernentes à idade mínima legal de consentimento e à idade mínima legal para o casamento eaumentar, onde necessário, essa idade mínima para casamento. Governos e organizações não-governamentais devem promover o apoio social ao cumprimento de leis sobre a idade mínima para ocasamento, especialmente oferecendo oportunidades de educação e de emprego.4.22 Os governos são instados a proibir a mutilação genital feminina onde quer que ocorra e dispensarvigoroso apoio aos esforços de organizações não-governamentais e comunitários e de instituiçõesreligiosas para eliminar essas práticas.4.23 Os governos são instados a tomar as necessárias providências para evitar o infanticídio, a seleçãopré-natal do sexo, o tráfico de meninas e o uso de meninas na prostituição e na pornografia.C. Responsabilidades e participação do homemC. Responsabilidades e participação do homemC. Responsabilidades e participação do homemC. Responsabilidades e participação do homemC. Responsabilidades e participação do homemJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação4.24 Uma mudança de mentalidade, de atitude e de comportamento tanto de homem como da mulhersão condições necessárias para se chegar a uma harmoniosa parceria de ambos os sexos. O homemdesempenha um papel-chave na realização da igualdade sexual, uma vez que, na maioria das sociedades,exerce poder preponderante em quase todas as esferas da vida, que vão das decisões pessoais comrelação ao tamanho da família até às decisões de política e de programa tomadas em todos os níveis deGoverno. É imprescindível a melhoria da comunicação entre homens e mulheres sobre questões desexualidade e de saúde reprodutiva e da compreensão de suas responsabilidades conjuntas, de modoque homens e mulheres sejam parceiros iguais na vida pública e privada.ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo4.25 O objetivo é promover a igualdade dos sexos em todas as esferas da vida, inclusive a vidafamiliar e comunitária, e incentivar e capacitar o homem a assumir a responsabilidade de seucomportamento sexual e reprodutivo e de seus papéis na sociedade e na família.AçõesAçõesAçõesAçõesAções4.26 A igual participação do homem e da mulher, em todas as áreas de família e de responsabilidadesdomésticas, inclusive o planejamento familiar, criação de filhos e trabalhos domésticos, deve ser C

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promovida e estimulada pelos governos. Isto deve ser buscado por meio de informação, educação,comunicação, legislação de emprego e da promoção de um ambiente economicamente favorávelcomo a licença de família para homens e mulheres, de modo que possam ter mais opções no quetange ao equilíbrio de suas responsabilidades domésticas e públicas.4.27 Esforços especiais devem ser envidados para enfatizar a responsabilidade partilhada do homeme promover seu ativo envolvimento na paternidade responsável, no comportamento sexual ereprodutivo, inclusive o planejamento familiar; em cuidados pré-natais, maternais e infantis; naprevenção de doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV; na prevenção de gravidezes não-desejadas e de alto risco; na contribuição partilhada para a renda familiar e seu controle; naeducação, saúde e alimentação dos filhos e no reconhecimento e promoção de igual valor de filhosde ambos os sexos. As responsabilidades masculinas na vida de família devem ser incluídas naeducação dos filhos desde a infância. Ênfase especial deve ser posta na prevenção da violência commulheres e crianças.4.28 Os governos devem tomar providências para assegurar que as crianças tenham o devido apoiofinanceiro de seus pais, entre outras medidas, com o cumprimento das leis de amparo à criança. Osgovernos devem considerar mudanças na lei e na política para assegurar a responsabilidade dohomem por seus filhos e famílias e pelo apoio financeiro que lhes deve. Essas leis e políticas devemtambém estimular a manutenção ou reconstituição da unidade da família. A segurança da mulherdeve ser protegida em relações abusivas.5.29 Líderes nacionais e comunitários devem promover o pleno envolvimento do homem na vidafamiliar e a plena integração da mulher na vida comunitária. Pais e escolas devem assegurar quesejam instiladas em meninos, desde a mais tenra idade possível, atitudes de respeito à mulher e àmenina como iguais, juntamente com a compreensão de suas responsabilidades partilhadas emtodos os aspectos de uma vida de família segura, estável e harmoniosa. Programas relevantes sefazem necessários para alcançar os meninos antes de se tornarem sexualmente ativos.

Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VVVVVA FA FA FA FA FAMÍLIA,AMÍLIA,AMÍLIA,AMÍLIA,AMÍLIA, SEUS P SEUS P SEUS P SEUS P SEUS PAPÉISAPÉISAPÉISAPÉISAPÉIS,,,,, DIREIT DIREIT DIREIT DIREIT DIREITOSOSOSOSOS,,,,, COMPOSIÇÃO E ESTR COMPOSIÇÃO E ESTR COMPOSIÇÃO E ESTR COMPOSIÇÃO E ESTR COMPOSIÇÃO E ESTRUTURAUTURAUTURAUTURAUTURAA. Diversidade da estrutura e composição da famíliaA. Diversidade da estrutura e composição da famíliaA. Diversidade da estrutura e composição da famíliaA. Diversidade da estrutura e composição da famíliaA. Diversidade da estrutura e composição da famíliaJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação5.1 Embora sejam várias as formas de famílias em diferentes sistemas sociais, culturais, legais epolíticos, a família é a unidade básica da sociedade e, como tal, tem o direito de receber total apoioe proteção. O progresso de rápidas mudanças demográficas e sócio-econômicas através do mundotem influenciado sistemas de formação da família e de vida familiar, provocando uma considerávelmudança na composição e na estrutura da família. Noções tradicionais de divisão, com base no sexo,de funções parentais e domésticas e de participação no mercado de trabalho remunerado nãorefletem realidades e aspirações atuais, quando mais e mais mulheres, em todas as partes do mundo,assumem emprego remunerado fora de casa. Ao mesmo tempo, a migração generalizada, mudançasforçadas de população causadas por conflitos violentos e guerras, pela urbanização, pela pobreza,por catástrofes naturais e outras causas de deslocamento têm exercido maiores tensões sobre afamília, uma vez que não há mais a assistência de amplas redes de apoio familiar. Os pais são muitasvezes mais dependentes de assistência de terceiros do que costumavam ser para conciliar trabalho eresponsabilidades de família. Este é particularmente o caso, quando políticas e programas queafetam a família ignoram a existência de diversas formas de família ou são insuficientemente sensíveisàs necessidades e direitos da mulher e da criança.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos5.2 Os objetivos são:

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a) desenvolver políticas e leis que dêem melhor apoio à família, contribuam para sua estabilidade elevem em consideração suas pluralidade de formas, particularmente o número cada vez maior defamílias uniparentais;b) estabelecer medidas de seguridade social que cuidem dos fatores sociais, culturais e econômicaspor trás dos crescentes custos da criação de filhos;c) promover a igualdade de oportunidades para membros da família, especialmente os direitos damulher e da criança na família.AçõesAçõesAçõesAçõesAções5.3 Os governos, em cooperação com empregadores, devem prover e promover meios para facilitara compatibilidade da participação da força de trabalho com as responsabilidades parentais,especialmente para famílias uniparentais com crianças. Esses meios devem incluir segurança de saúdee seguridade social, centros de assistência diária e facilidades, nos locais de trabalho para mães queamamentam, jardins de infância, ocupações de tempo parcial, licença parental remunerada, licença-maternidade remunerada, horários flexíveis de trabalho e serviços de saúde reprodutiva e de saúdeinfantil.5.4 Quando da formulação de políticas de desenvolvimento sócio-econômico, especial consideraçãodeve ser dispensada ao aumento do poder aquisitivo de todos os membros adultos de famíliaseconomicamente desfavorecidas, inclusive idosos e mulheres que trabalham no lar, e para permitirque as crianças, em vez de trabalhar, vão à escola. Atenção especial deve ser dada a pais solteirosnecessitados, especialmente aos que total ou parcialmente são responsáveis pelo sustento de filhose de outros dependentes, assegurando o pagamento de, pelo menos, salários e pensões mínimos,crédito, educação, financiamento de grupos femininos de auto-ajuda e cumprimento mais rigorosodas responsabilidades financeiras do pai de família.5.5 Os governos devem tomar efetiva providência para eliminar toda forma de coerção e dediscriminação em políticas e práticas. Medidas devem ser adotadas executadas para pôr fim acasamentos infantis e a mutilações de genitais femininos. À pessoa com deficiência deve ser dadaassistência no exercício de seus direitos e em relação as suas responsabilidades familiares e reprodutivas.5.6 Os governos devem manter e promover o desenvolvimento de mecanismos para documentarmudanças e empreender estudos sobre a composição e a estrutura familiares, especialmente sobre apredominância de famílias de uma só pessoa e de famílias uniparentais e multiparentais.BBBBB..... Apoio sócio-econômico à famíliaApoio sócio-econômico à famíliaApoio sócio-econômico à famíliaApoio sócio-econômico à famíliaApoio sócio-econômico à família5.7 As famílias são sensíveis a tensões produzidas por mudanças sociais e econômicas. É essencialque se dispense particular atenção à família em difíceis situações de vida. Nestes últimos anos, ascondições de vida pioraram para muitas famílias, devido à falta de emprego remunerado e a medidastomadas por governos para equilibrar seu orçamento, com a redução das despesas sociais. É cadavez maior o número de famílias vulneráveis, inclusive famílias de pais solteiros chefiadas por mulheres,famílias pobres com membros idosos ou portadores de deficiência, famílias de refugiados e deslocados,e famílias com membros afetados pela AIDS ou outras doenças terminais, com dependência dedrogas, abuso de crianças e violência doméstica. Está contribuindo para aumentar as responsabilidadeso aumento de migrações de mão-de-obra e movimentos de refugiados constituem mais uma fontede tensão e desintegração familiar e de mulheres. Em muitos meios urbanos, milhões de crianças ejovens são abandonados à sua própria sorte quando se desfazem os laços familiares e, daí, ficamcada vez mais expostos a riscos como evasão escolar, exploração do trabalho, exploração sexual,gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos5.8 O objetivo é assegurar que todas as políticas de desenvolvimento econômico e social sejaminteiramente sensíveis às diversas e diferentes necessidades e aos direitos de famílias e de seus

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membros individuais e dispensem o apoio e a proteção necessários particularmente às famílias maiscarentes e aos membros mais vulneráveis da família.AçõesAçõesAçõesAçõesAções5.9 Os governos devem formular políticas sensíveis à família no campo de habitação, trabalho,saúde, seguridade social e educação, de modo a criar um ambiente de sustentação da família,levando em consideração suas várias formas e funções, e apoiar programas educacionais concernentesa papéis parentais, a habilidades parentais e ao desenvolvimento da criança. Os governos, juntamentecom outros parceiros pertinentes, devem desenvolver a capacidade de controlar o impacto dedecisões e ações sociais e econômicas no bem-estar das famílias, na condição da mulher na família ena capacidade das famílias de prover as necessidades básicas de seus membros.5.10 Todos os níveis de governo, organizações não-governamentais e organizações comunitáriaspertinentes devem desenvolver sistemas inovadores de prover assistência mais eficiente a famílias eaos indivíduos que a compõem que possam ser afetados por problemas específicos, como pobrezaextrema, desemprego crônico, doença, violência doméstica e sexual, pagamento de dotes,dependência de drogas ou de álcool, incesto, e abuso, negligência ou abandono de crianças.5.11 Os governos devem apoiar e desenvolver os devidos mecanismos para ajudar as famílias acuidar de seus filhos, de dependentes idosos e de membros da família portadores de deficiência,inclusive as resultantes do HIV/AIDS, estimular a partilha dessas responsabilidades entre homens emulheres, e apoiar a viabilidade de famílias de muitas gerações.5.12 Os governos e a comunidade internacional devem dispensar maior atenção a famílias pobres ea famílias vitimadas por guerra, seca, fome, catástrofes naturais, discriminação racial e étnica ouviolência, e lhes prestar maior solidariedade.. Todo esforço deve ser feito para manter seus membrosjuntos, reuni-los em caso de separação e lhes assegurar o acesso a programas de governo destinadosa apoiar e ajudar essas famílias vulneráveis.5.13 Os governos devem ajudar famílias de pais solteiros e dispensar especial atenção às necessidadesde viúvas e órfãos. Todo esforço deve ser feito para ajudar a construir vínculos semelhantes aosfamiliares em circunstâncias especialmente difíceis, por exemplo, as que envolvem meninos de rua.

Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VIVIVIVIVICRESCIMENTCRESCIMENTCRESCIMENTCRESCIMENTCRESCIMENTO E ESTRO E ESTRO E ESTRO E ESTRO E ESTRUTURA DA POPULAÇÃOUTURA DA POPULAÇÃOUTURA DA POPULAÇÃOUTURA DA POPULAÇÃOUTURA DA POPULAÇÃOA. Índices de fecundidade, mortalidade e de crescimento da populaçãoA. Índices de fecundidade, mortalidade e de crescimento da populaçãoA. Índices de fecundidade, mortalidade e de crescimento da populaçãoA. Índices de fecundidade, mortalidade e de crescimento da populaçãoA. Índices de fecundidade, mortalidade e de crescimento da populaçãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação6.1 O crescimento da população mundial é sempre alto em números absolutos, com aumentosatuais que se aproximam de 90 milhões de pessoas por ano. De acordo com as projeções das NaçõesUnidas, os aumentos anuais da população provavelmente deverão permanecer em cerca de 90milhões até o ano 2015. Embora se tenham passado 123 anos para que a população mundialsaltasse de 1 bilhão para 2 bilhões, os aumentos sucessivos de 1 bilhão levaram 33 anos, 14 anose 13 anos. A transição do quinto para o sexto bilhão, que se processa atualmente, levará provavelmente11 anos e se completará por volta de 1998. A população mundial cresceu à taxa de 1,7 por centoao ano durante o período 1985-1990, mas se espera um declínio nas décadas seguintes e quechegue a 1,0 por cento ao ano, entre 2020 a 2025. Não obstante, a conquista da estabilizaçãodemográfica no século XXI requererá a implementação de todas as políticas e recomendações dopresente Programa de Ação.6.2 A maioria dos países converge para um sistema de baixas taxas de nascimento e de mortalidade,mas uma vez que esses países se desenvolvem em diferentes velocidades, o quadro emergente é ode um mundo diante de situações demográficas cada vez mais diversas. Em termos de médiasnacionais, no período 1985-1990, a fecundidade ia de uma estimativa de 8,5 filhos por mulher emRuanda a 1,3 filhos por mulher na Itália, enquanto a expectativa de vida ao nascer, um indicador de

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condições de mortalidade, ia de uma estimativa de 41 anos em Serra Leoa par 78,3 no Japão. Emmuitas regiões, inclusive em alguns países de economia em transição, calcula-se que a expectativa devida tenha diminuído. No período 1985-1990, 44 por cento da população mundial viviam nos 114países com taxas de crescimento de mais de 2 por cento ao ano. Estes 114 países incluíam quasetodos os países da África, cuja população dobrou, em média, duas vezes em cerca de 24 anos, doisterços na Ásia e um terço na América Latina. Por outro lado, 66 países (na sua maioria na Europa),representando 23 por cento da população mundial, tiveram taxas de crescimento de menos de 1 porcento ao ano. A população da Europa levaria mais de 380 anos para dobrar nas taxas atuais. Essesníveis discrepantes e diferenciais têm implicações para o tamanho final e para a distribuição regionalda população do mundo e para as prospectivas de um desenvolvimento sustentável. Projeta-se queentre 1995 e 2015 a população das regiões mais desenvolvidas crescerá em cerca de 120 milhões,enquanto a população das regiões menos desenvolvidas aumentará em cerca de 1,727 milhões.ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo6.3 Reconhecendo que a meta final é a melhoria da qualidade de vida das gerações presentes efuturas, o objetivo é facilitar a transição demográfica tão logo quanto possível em países em que seregistra um desequilíbrio entre taxas demográficas e os objetivos sociais, econômicos e ambientais,embora com total respeito para com os direitos humanos. Esse processo contribuirá para a estabilizaçãoda população mundial e, juntamente com mudanças em sistemas insustentáveis de produção e deconsumo, para o desenvolvimento sustentável e crescimento econômico.AçõesAçõesAçõesAçõesAções6.4 Os países devem dispensar maior atenção à importância das tendências populacionais para odesenvolvimento. Os países que não completaram sua transição demográfica devem tomar efetivasprovidências, nesse sentido, no contexto de seu desenvolvimento social e econômico e com plenorespeito pelos direitos humanos. Os países que concluíram a transição demográfica devem tomar asprovidências necessárias para otimizar suas tendências demográficas no contexto de seudesenvolvimento social e econômico. Estas providências incluem desenvolvimento econômico eminoração da pobreza, especialmente nas zonas rurais, melhoria da situação da mulher, garantia deacesso universal à educação primária de qualidade e à assistência primária à saúde, inclusive aserviços de saúde reprodutiva e de planejamento familiar, a estratégias educacionais concernentes àpaternidade responsável e à educação sexual. Os países devem mobilizar todos os setores dasociedade nesses esforços, inclusive organizações não-governamentais, grupos comunitários locaise o setor privado.6.5 Ao procurar administrar problemas de crescimento populacional, os países devem reconhecer asinter-relações entre níveis de fecundidade e de mortalidade e procurar reduzir altos níveis de mortalidadematerna, de bebês e crianças de modo a reduzir a necessidade de alta fecundidade e diminuir aocorrência de nascimentos de alto risco.B. Crianças e jovensB. Crianças e jovensB. Crianças e jovensB. Crianças e jovensB. Crianças e jovensJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação6.6 Devido ao declínio dos níveis de mortalidade e à persistência de altos níveis de fecundidade,grande número de países em desenvolvimento continua a ter proporções muito grandes de criançase de jovens em suas populações. Para as regiões menos desenvolvidas em geral, 36 por cento dapopulação estão abaixo dos 15 anos de idade e mesmo com a projeção de um declínio nafecundidade, essa proporção será da ordem de 30% por volta do ano 2015. Na África, a proporçãoda população abaixo dos 15 anos de idade é de 45 por cento, quantidade que só apresentaráconforme se espera, um ligeiro declínio, para 40 por cento, em 2015. A pobreza tem um impactodevastador na saúde e bem-estar das crianças. As crianças que vivem na pobreza correm alto risco desubnutrição e de doenças e de se tornarem vítimas da exploração de mão-de-obra, de traficância,

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abandono, abuso sexual e vício das drogas. As demandas atuais e futuras criadas por grandespopulações de jovens, particularmente em termos de saúde, educação e emprego, representamimportantes desafios e responsabilidades para famílias, comunidades locais, países e comunidadeinternacional. Antes de tudo, entre essas responsabilidades está a de assegurar que toda criança éuma criança desejada. A segunda responsabilidade é reconhecer que as crianças são o recurso maisimportante para o futuro e que maiores investimentos que pais e sociedades nelas fazem sãoessenciais à realização de um crescimento e desenvolvimento econômico sustentados.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos6.7 Os objetivos são:a) promover, ao máximo, a saúde, o bem-estar e o potencial de todas as crianças, adolescentes ejovens como representantes dos futuros recursos humanos do mundo, em consonância com oscompromissos assumidos, nesse sentido, na Cúpula Mundial para Crianças e de acordo com aConvenção sobre os Direitos da Criança;b) atender às necessidades especiais de adolescentes e jovens, especialmente das jovens, com adevida consideração de suas próprias capacidades de criação, de apoio familiar e comunitário, deoportunidades de emprego, de participação no processo político e de acesso a serviços de educação,saúde, aconselhamento e de saúde reprodutiva de alta qualidade;c) estimular crianças, adolescentes e jovens, particularmente as jovens, a continuarem sua educaçãopara prepará-los para uma vida melhor, aumentar seu potencial humano, ajudar a evitar casamentosprecoces e gravidezes de alto risco e reduzir a mortalidade e a morbidade conseqüentes.AçõesAçõesAçõesAçõesAções6.8 Os países devem dar alta prioridade e atenção a todas as dimensões da proteção, sobrevivênciae desenvolvimento de crianças e jovens, particularmente de crianças e jovens de rua, e envidar todoesforço para eliminar os efeitos adversos da pobreza em crianças e jovens, inclusive a subnutrição edoenças evitáveis. Iguais oportunidades de educação devem ser asseguradas a meninos e meninasem todos os níveis.6.9 Os países devem tomar efetivas providências para evitar o abandono assim como todo tipo deexploração e abuso de crianças, adolescentes e jovens, como rapto, estupro e incesto, pornografia,traficância, abandono e prostituição. Os países devem, sobretudo, tomar medidas apropriadas paraeliminar abusos sexuais de crianças dentro e fora de suas fronteiras.6.10 Todos os países devem promulgar e aplicar rigorosamente leis contra a exploração econômica,abuso físico e mental ou abandono de crianças, de acordo com os compromissos assumidos sob aConvenção sobre os Direitos da Criança e outros documentos pertinentes das Nações Unidas. Ospaíses devem dispor de serviços de apoio e de reabilitação para as vítimas desses abusos.6.11 Os países devem criar, em regime de urgência, um ambiente sócio-econômico que conduza àeliminação de todo casamento infantil e de outras uniões e desencorajar casamentos precoces. Asresponsabilidades sociais que envolve o casamento devem ser enfatizadas em programas educacionaisdos países. Os governos devem tomar providências para eliminar a discriminação contra a jovemgrávida.6.12 Todos os países devem adotar medidas coletivas para aliviar o sofrimento de crianças emconflitos armados e outros infortúnios e prestar ajuda à reabilitação de crianças que se tornaramvítimas desses conflitos e infortúnios.6.13 Os países devem procurar atender às necessidades e aspirações do jovem, particularmente nasáreas da educação formal e não-formal, de treinamento, oportunidades de emprego, habitação esaúde, assegurando assim sua integração e participação em todas as esferas da sociedade, inclusivea participação no processo político e de preparação para papéis de liderança.6.14 Os governos devem formular, com o efetivo apoio de organizações não-governamentais e dosetor privado, programas de treinamento e de emprego. Máxima importância deve ser posta na

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satisfação das necessidades básicas dos jovens, melhorando sua qualidade de vida e aumentandosua contribuição para o desenvolvimento sustentável.6.15 O jovem deve ser ativamente envolvido no planejamento, na implementação e avaliação deatividades de desenvolvimento que afetem diretamente sua vida diária. Isso é especialmente importantecom relação atividades e serviços de informação, educação e comunicação concernentes à saúdereprodutiva e sexual, inclusive prevenção da gravidez prematura, educação sexual e prevenção doHIV/AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis. O acesso a esses serviços deve serassegurado, bem como sua confidencialidade e privacidade, com o apoio e orientação dos pais e deconformidade com a Convenção sobre os Direitos da Criança. Além disso, há necessidade deprogramas de educação que favoreçam habilidades de planejamento de vida, sistemas de vidasaudável e efetivo desestímulo de abuso de drogas.C. Pessoas IdosasC. Pessoas IdosasC. Pessoas IdosasC. Pessoas IdosasC. Pessoas IdosasJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação6.16 A diminuição dos níveis de fecundidade, reforçada por contínuos declínios nos níveis demortalidade, está produzindo mudanças fundamentais na estrutura etária da população da maioriadas sociedades, aumentos surpreendentes na proporção e número de pessoas muito idosas, inclusivea quantidade cada vez maior dessa categoria de pessoas. Nas regiões mais desenvolvidas, cerca deuma em cada seis pessoas tem pelo menos 60 anos de idade, e essa proporção estará perto de umaem cada quatro por volta de 2015. A situação de países em desenvolvimento, que têm experimentadodeclínios muito rápidos em seus níveis de fecundidade, merece particular atenção. Porque vivemmais do que os homens, na maioria das sociedades as mulheres constituem a maioria da populaçãoidosa e, em diversos países, as mulheres idosas pobres são especialmente vulneráveis. O constantecrescimento de grupos mais idosos nas populações nacionais, tanto em números absolutos comocom relação à população ativa, tem significativas implicações para a maioria dos países, particularmentecom relação à futura viabilidade das atuais modalidades formais e informais de atendimento aoidoso. O impacto econômico e social desse “envelhecimento de populações” é, ao mesmo tempo,uma oportunidade e um desafio para todas as sociedades. Atualmente, muitos países fazem umareavaliação de suas políticas à luz do princípio de que a pessoa idosa constitui um componentevalioso e importante dos recursos humanos de uma sociedade. Estão procurando também achar amelhor maneira de ajudar pessoas idosas necessitadas de apoio de longo prazo.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos6.17 Os objetivos são:a) fortalecer, por meio de mecanismos apropriados, a autoconfiança da pessoa idosa e criar condiçõesque promovam sua qualidade de vida e a capacitem para trabalhar e viver, independentemente, emsuas próprias comunidades por tanto tempo quanto for possível ou conveniente;b) desenvolver sistemas de assistência à saúde assim como sistemas de seguridade social e econômicana velhice, quando conveniente, dispensando especial atenção às necessidades da mulher;c) desenvolver um sistema de apoio social, tanto formal como informal, com vista a ressaltar acapacidade das famílias de cuidarem de seus membros idosos.AçõesAçõesAçõesAçõesAções6.18 Todos os níveis de governo, num planejamento sócio-econômico de médio e longo prazo,devem tomar em consideração o crescente número e proporção de pessoas idosas na população. Osgovernos devem desenvolver sistemas de seguridade social que assegurem mais justiça e solidariedadeentre as gerações e nas gerações e que dêem apoio à pessoa idosa, estimulando famílias de muitasgerações e oferecendo apoio e serviços de longo prazo a quantidades cada vez maiores de pessoasidosas e fracas.

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6.19 Os governos devem procurar aumentar a autoconfiança de pessoas idosas para facilitar acontinuação de sua participação na sociedade. Em consulta com pessoas idosas, os governos devemassegurar que sejam criadas condições necessárias para a capacitar a viver sua vida produtiva comautonomia e saúde e a fazer pleno uso das habilidades e capacidades que adquiriu em sua vida, embenefício da sociedade. Deve ter o devido reconhecimento e encorajamento a valiosa contribuiçãoque a pessoa idosa dá às famílias e à sociedade, especialmente, como voluntárias e prestadoras deserviços.6.20 Os governos, em colaboração com organizações não-governamentais e com o setor privado,devem reforçar sistemas de apoio formais e informais e redes de segurança para pessoas idosas eeliminar todas as formas de violência e de discriminação contra o idoso em todos os países, dispensandoespecial atenção às necessidades de mulheres idosas.D. Povos indígenasD. Povos indígenasD. Povos indígenasD. Povos indígenasD. Povos indígenasJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação6.21 Os indígenas têm uma importante e característica perspectiva das relações de população edesenvolvimento, em geral muito diferente das relações de populações com as quais se inter-relacionam dentro das fronteiras nacionais. Em algumas regiões do mundo, a população indígena,depois de longos períodos de decréscimo populacional, vem experimentando um constantecrescimento demográfico e, em alguns lugares, bastante acelerado em conseqüência do declínio damortalidade, embora a morbidade e a mortalidade, em geral, ainda sejam mais elevadas do que emoutros segmentos da população nacional. Em outras regiões, porém, ainda experimentam umconstante declínio populacional em conseqüência do contato com doenças externas, perda da terrae de recursos, destruição ecológica, deslocamento, reassentamento e desagregação de suas famílias,comunidades e sistemas sociais.6.22 A situação de muitos grupos indígenas é freqüentemente caracterizada pela discriminação eopressão que chegam, às vezes, a ser institucionalizada por leis nacionais e estruturas administrativas.Em muitos casos, sistemas insustentáveis de produção e de consumo, na sociedade em geral,constituem um fator fundamental de uma constante destruição da estabilidade ecológica de suasterras assim como de uma continua pressão para delas os despojar. O povo indígena acredita que oreconhecimento de seus direitos às terras de seus ancestrais está de maneira inextrincável vinculadoa um desenvolvimento sustentável. O povo indígena reclama maior respeito por sua cultura,espiritualidade, estilos de vida e modelos de desenvolvimento sustentável, inclusive sistemas tradicionaisde posse da terra, relações entre homens e mulheres, uso de recursos e conhecimento e práticas deplanejamento familiar. Nos âmbitos nacional, regional e internacional, as reivindicações do povoindígena vêm, cada vez mais, conquistando espaço, conforme atestam, inter alia, a presença doGrupo de Trabalho sobre Populações Indígenas na Conferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento, e a proclamação, pela Assembléia Geral, do ano de 1993 como o AnoInternacional dos Povos Indígenas do Mundo.6.23 A decisão da comunidade internacional de proclamar a Década Internacional dos PovosIndígenas do Mundo, a ter início em 10 de dezembro de 1994, representa mais um importantepasso para a realização das aspirações do povo indígena. O objetivo da Década, que é o fortalecimentoda cooperação internacional para a solução de problemas enfrentados pelo povo indígena em áreastais como direitos humanos, meio ambiente, desenvolvimento, educação e saúde, é reconhecidocomo diretamente ligado à finalidade da Conferência Internacional sobre População eDesenvolvimento e ao presente Programa de Ação. Assim sendo, as perspectivas características dopovo indígena são incorporadas pelo Programa de Ação no contexto de seus capítulos específicos.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos6.24 Os objetivos são:

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a) incorporar as perspectivas e necessidades das comunidades indígenas no planejamento,implementação, acompanhamento e avaliação dos programas de população, desenvolvimento emeio ambiente que os afetem;b) assegurar que os povos indígenas disponham de serviços relacionados com população edesenvolvimento que considerem social, cultural e ecologicamente apropriados;c) chamar a atenção para fatores sociais e econômicos que atuem em prejuízo do povo indígena.AçõesAçõesAçõesAçõesAções6.25 Os governos e outras importantes instituições da sociedade devem reconhecer a perspectivacaracterística do povo indígena sobre aspectos de população e desenvolvimento e, em consulta como povo indígena e em colaboração com organizações não-governamentais e intergovernamentaisinteressadas, devem atender a suas necessidades específicas, inclusive a necessidade de assistênciaprimária de saúde e de serviços de saúde reprodutiva. Todas as violações dos direitos humanos ediscriminação, especialmente todas as formas de coerção devem ser eliminadas.6.26 No contexto das atividades da Década Internacional dos Povos Indígenas do Mundo, asNações Unidas devem, em total cooperação e colaboração com os povos indígenas e suas organizaçõespertinentes, desenvolver um aprofundado conhecimento do povo indígena e compilar dados sobresuas características demográficas, tanto atuais como históricas, como meio de melhorar a compreensãode sua situação populacional. Esforços especiais se fazem necessários para integrar estatísticaspertencentes às populações indígenas no sistema nacional de coleta de dados.6.27 Os governos devem respeitar as culturas do povo indígena e capacitá-lo para a posse eadministração de suas terras, proteger e restaurar os recursos naturais e ecossitemas dos quaisdependem as comunidades indígenas para sua sobrevivência e bem-estar e, em consulta com ospovos indígenas, incluir estas questões na formulação de políticas nacionais de população edesenvolvimento.E. Pessoas com deficiênciaE. Pessoas com deficiênciaE. Pessoas com deficiênciaE. Pessoas com deficiênciaE. Pessoas com deficiênciaJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação6.28 Pessoas portadoras de deficiência constituem uma parcela significativa da população. Aimplementação do Programa Mundial de Ação Concernente a Pessoas Portadoras de Deficiência(1983/1992) contribuiu para uma maior conscientização e maior conhecimento das questões dedeficiência, ressaltou o papel desempenhado por pessoas com deficiência e por organizações dogênero e contribuiu para a melhoria e expansão da legislação sobre deficiência. Todavia, existe aindaa premente necessidade de uma ação continuada que promova medidas efetivas para a prevençãode deficiências, para a reabilitação e para a realização dos objetivos da plena participação e igualdadedas pessoas com deficiências. Em sua Resolução 47/88, de 16 de dezembro de 1992, a AssembléiaGeral instou a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a considerar, interalia, questões de deficiência pertinentes ao tema da Conferência.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos6.29 Os objetivos são:a) assegurar o reconhecimento dos direitos de todas as pessoas com deficiência e sua participaçãoem todos os aspectos da vida social, econômica e cultural;b) criar, melhorar e desenvolver as condições necessárias que assegurem iguais oportunidades apessoas com deficiência e a valorização de suas capacidades no processo de desenvolvimentoeconômico e social;c) assegurar a dignidade e promover a autoconfiança das pessoas com deficiência.AçõesAçõesAçõesAçõesAções6.30 Os governos, em todos os níveis, devem considerar as necessidades de pessoas com deficiênciaem termos de dimensões éticas e de direitos humanos. Os governos devem reconhecer as necessidadesconcernentes, inter alia, a saúde reprodutiva, inclusive planejamento familiar e saúde sexual, a HIV/ C

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AIDS, a informação, educação e comunicação. Os governos devem eliminar formas específicas dediscriminação que pessoas com deficiência possam enfrentar com relação a direitos de reprodução,à formação de um lar e de uma família e à migração internacional, embora levem em consideraçãoquestões de saúde e outras pertinentes, nos termos das normas nacionais de imigração.6.31 Os governos, em todos os níveis, devem desenvolver uma infra-estrutura para atender àsnecessidades de pessoas com deficiência, particularmente com relação a educação, treinamento ereabilitação.6.32 Os governos, em todos os níveis, devem promover mecanismos que assegurem o reconhecimentodos direitos de pessoas com deficiência e reforcem suas capacidades de integração.6.33 Os governos, em todos os níveis, devem implementar e promover um sistema deacompanhamento da integração social e econômica de pessoas com deficiência.

Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VIIVIIVIIVIIVII*****

DIREITDIREITDIREITDIREITDIREITOS DE REPRODUÇÃO E SAÚDE REPRODUTIVOS DE REPRODUÇÃO E SAÚDE REPRODUTIVOS DE REPRODUÇÃO E SAÚDE REPRODUTIVOS DE REPRODUÇÃO E SAÚDE REPRODUTIVOS DE REPRODUÇÃO E SAÚDE REPRODUTIVAAAAA7.1 Este capítulo baseia-se especialmente nos princípios contidos no Capítulo II e, em particular, nosparágrafos introdutóriosA. Direitos de reprodução e saúde reprodutivaA. Direitos de reprodução e saúde reprodutivaA. Direitos de reprodução e saúde reprodutivaA. Direitos de reprodução e saúde reprodutivaA. Direitos de reprodução e saúde reprodutivaJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação7.2 A saúde reprodutiva é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simples aausência de doença ou enfermidade, em todas as matérias concernentes ao sistema reprodutivo e asuas funções e processos. A saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter umavida sexual segura e satisfatória, tenha a capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobrequando, e quantas vezes o deve fazer. Implícito nesta última condição está o direito de homens emulheres de serem informados e de ter acesso a métodos eficientes, seguros, permissíveis e aceitáveisde planejamento familiar de sua escolha, assim como outros métodos, de sua escolha, de controleda fecundidade que não sejam contrários à lei, e o direito de acesso a serviços apropriados de saúdeque dêem à mulher condições de passar, com segurança, pela gestação e pelo parto e proporcionemaos casais a melhor chance de ter um filho sadio. De conformidade com definição acima de saúdereprodutiva, a assistência à saúde reprodutiva é definida como a constelação de métodos, técnicase serviços que contribuem para a saúde e o bem-estar reprodutivo, prevenindo e resolvendoproblemas de saúde reprodutiva. Isto inclui também a saúde sexual cuja finalidade é a intensificaçãodas relações vitais e pessoais e não simples aconselhamento e assistência relativos à reprodução e adoenças sexualmente transmissíveis.7.3 Tendo em vista a definição supra, os direitos de reprodução abrangem certos direitos humanosjá reconhecidos em leis nacionais, em documentos internacionais sobre direitos humanos e emoutros documentos de acordos. Esses direitos se baseiam no reconhecido direito básico de todocasal e de todo indivíduo de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e aoportunidade de seus filhos e de ter a informação e os meios de assim o fazer, e o direito de gozardo mais alto padrão de saúde sexual e de reprodução. Inclui também seu direito de tomar decisõessobre a reprodução, livre de discriminação, coerção ou violência, conforme expresso em documentossobre direitos humanos. No exercício desse direito, devem levar em consideração as necessidades deseus filhos atuais e futuros e suas responsabilidades para com a comunidade. A promoção doexercício responsável desses direitos por todo indivíduo deve ser a base fundamental de políticas eprogramas de governos e da comunidade na área da saúde reprodutiva, inclusive o planejamento

*A Santa Sé expressou sua reserva geral sobre este capítulo, que deve ser interpretada nos termos dadeclaração feita por seu representante na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994.

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familiar. Como parte de seus compromissos, toda atenção deve ser dispensada à promoção derelações mutuamente respeitosas e eqüitativas entre os sexos, particularmente, à satisfação denecessidades educacionais e de serviço de adolescentes para capacitá-los a tratar sua sexualidade deuma maneira positiva e responsável. A saúde reprodutiva é motivo de frustração de diversos povosdo mundo por causa de fatores tais como: níveis inadequados de conhecimento da sexualidadehumana e informação e serviços inadequados ou de pouca qualidade na área da saúde reprodutiva;a predominância de um comportamento sexual de alto risco; práticas sociais discriminatórias; atitudesnegativas com relação à mulher e à jovem; o limitado poder que têm muitas mulheres e moças sobresuas próprias vidas sexuais e reprodutivas. Os adolescentes são particularmente vulneráveis porcausa de sua falta de informação e de acesso a serviços pertinentes na maioria dos países. Homense mulheres mais idosos têm diferentes problemas de saúde reprodutiva e sexual, muitas vezestratados de maneira inadequada.7.4 A implementação do presente Programa de Ação deve ser orientada pela supramencionadadefinição global de saúde reprodutiva, que inclui saúde sexual.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos7.5 Os objetivos são:a) assegurar que informação completa e concreta e toda uma série de serviços de assistência à saúdereprodutiva, inclusive o planejamento familiar, sejam acessíveis, permissíveis, aceitáveis e convenientesa todo usuário;b) possibilitar e apoiar decisões voluntárias responsáveis sobre gravidez e métodos de planejamentofamiliar de sua escolha, assim como outros métodos de sua escolha para o controle da fecundidade,que não contrariem a lei, e tenha a informação, educação e meios de o fazer;c) atender às diferentes necessidades de saúde reprodutiva durante o ciclo de vida e assim o fazer deuma maneira sensível à diversidade de circunstâncias de comunidades locais.AçõesAçõesAçõesAçõesAções7.6 Todos os países devem o mais cedo possível e não depois de 2015, envidar esforços para tornaracessível, por meio de um sistema primário de assistência à saúde, a saúde reprodutiva a todos osindivíduos em idades adequadas. A assistência à saúde reprodutiva, no contexto de uma assistênciaprimária à saúde, deve incluir inter alia: aconselhamento, informação, educação, comunicação eserviços de planejamento familiar; educação e serviços de assistência pré-natal, de parto seguro e deassistência pós-natal; prevenção e o devido tratamento da esterilidade; aborto como especificado noparágrafo 8.25, inclusive a prevenção do aborto e o tratamento de suas seqüelas; tratamento deinfecções do aparelho reprodutivo e informação, educação e aconselhamento, conforme anecessidade, sobre a sexualidade humana, saúde reprodutiva e paternidade responsável. Devemestar sempre disponíveis, conforme a necessidade, os referidos serviços de planejamento familiar ede diagnóstico e tratamento de complicações de gravidez, parto e aborto, esterilidade, infecções doaparelho reprodutivo, câncer de mama e cânceres do sistema reprodutivo, doenças sexualmentetransmissíveis, inclusive HIV/AIDS. Efetivos desestímulos de práticas prejudiciais, como a mutilaçãogenital feminina, devem ser parte integral da assistência à saúde, inclusive de programas de assistênciaà saúde reprodutiva.7.7 Programas de assistência à saúde reprodutiva devem ser lançados para atender às necessidadesda mulher, inclusive das adolescentes, e envolver mulheres na liderança, planejamento, tomada dedecisões, gerenciamento, execução, organização e avaliação de serviços. Os governos e outrasorganizações devem tomar providências positivas para incluir mulheres em todos os níveis do sistemade assistência à saúde.7.8 Programas inovadores devem ser criados para tornarem acessíveis a homens e jovens informação,orientação e serviços de saúde reprodutiva. Esses programas devem, ao mesmo tempo, educar o

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homem e capacitá-lo a partilhar, de uma maneira mais eqüitativa, do planejamento familiar, dasresponsabilidades domésticas e da criação dos filhos, e a aceitar a principal responsabilidade pelaprevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Os programas devem alcançar o homem em seulocal de trabalho, no lar e onde se reúne para recreação. Meninos e adolescentes, com o apoio e aorientação de seus pais, e nos termos da Convenção sobre os Direitos da Criança, devem ser tambémalcançados na escola, organizações juvenis e onde quer que se reúnam. Métodos anticoncepcionaismasculinos, adequados e voluntários, como também de prevenção de doenças sexualmentetransmissíveis, inclusive a AIDS, devem ser promovidos e tornados acessíveis com informação eorientação adequadas.7.9 Os governos devem promover maior participação comunitária nos serviços de assistência à saúdereprodutiva, descentralizando a administração de programas públicos de saúde e fazendo parceriascom organizações não-governamentais locais e prestadores privados de serviços de saúde. Todos ostipos de organizações não-governamentais, inclusive grupos locais de mulheres, sindicatos,cooperativas, programas de jovens e grupos religiosos devem ser incentivados a participar dapromoção de uma melhor saúde reprodutiva.7.10 Sem prejuízo o apoio internacional a programas em países em desenvolvimento, a comunidadeinternacional, a pedido, deve dar atenção ao treinamento, à assistência técnica, às necessidades desuprimento em curto prazo de anticoncepcionais e às necessidades de países em transição de umaadministração centralizada para a economia de mercado, onde a saúde reprodutiva é precária e, emalguns casos, em deterioração. Ao mesmo tempo, esses países devem eles próprios dar maiorprioridade a serviços de saúde reprodutiva, inclusive a uma série abrangente de dispositivosanticoncepcionais e se libertar de sua atual dependência do aborto no controle da fecundidade,atendendo urgentemente à necessidade das mulheres, nesses países, de melhor informação e demais opções.7.11 Pessoas migrantes e deslocadas em muitas partes do mundo têm limitado acesso à assistênciaà saúde reprodutiva e podem enfrentar graves e específicas ameaças a seus direitos e a sua saúdereprodutiva. Os serviços devem ser particularmente sensíveis às necessidades da mulher e da adolescenteindividuais e à sua condição, muitas vezes de impotência, com particular atenção às vítimas deviolência sexual.B. Planejamento familiarB. Planejamento familiarB. Planejamento familiarB. Planejamento familiarB. Planejamento familiarJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação7.12 O objetivo de programas de planejamento familiar deve ser o de capacitar casais e indivíduosa decidir livre e responsavelmente sobre o número e o espaçamento de seus filhos e a ter ainformação e os meios de assim o fazer e assegurar opções conscientes e tornar disponível toda umasérie de métodos eficientes e seguros. O sucesso de programas de educação da população e deplanejamento familiar, numa variedade de circunstâncias demonstra que o indivíduo informadopode agir e agirá, em toda parte, com responsabilidade, de acordo com as suas próprias necessidadese das necessidades de sua família e da comunidade. O princípio da livre escolha consciente éessencial ao sucesso em longo prazo de programas de planejamento familiar. Não há lugar paraqualquer forma de coerção. Em toda sociedade há muitos incentivos e desestímulos sociais eeconômicos que afetam decisões individuais sobre a gravidez e o tamanho da família. No séculopassado, muitos governos experimentaram planos que incluíam incentivos e desestímulos parareduzir ou aumentar a fecundidade. A maior parte dos planos teve apenas um impacto marginal nafecundidade e, em alguns casos, foram contraproducentes. Os objetivos governamentais deplanejamento familiar devem ser definidos em termos de necessidades não-satisfeitas de informaçãoe de serviços. Objetivos demográficos, embora objeto legítimo de estratégias governamentais dedesenvolvimento, não devem ser impostos aos prestadores de serviços de planejamento familiar naforma de alvos ou quotas no recrutamento de clientes.

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7.13 Nas últimas três décadas, a crescente disponibilidade de métodos mais seguros de anticoncepçãomoderna, embora ainda inadequados sob alguns aspectos, tem permitido maiores oportunidadesde escolha individual e de tomada responsável de decisões em matérias de reprodução em grandeparte do mundo. Atualmente, cerca de 55 por cento de casais em regiões em desenvolvimento usamalgum método de planejamento familiar. Esse número representa um aumento de quase cinco vezesa partir da década dos 60. Programas de planejamento familiar têm contribuído consideravelmentepara o declínio nas taxas médias de fecundidade em países em desenvolvimento, de seis a sete filhospor mulher, na década de 1960, para cerca de três ou quatro atualmente. Todavia, toda a gama demétodos modernos de planejamento familiar continua ainda indisponível pelo menos para 350milhões de casais em todo o mundo, muitos dos quais dizem querer espaçar ou evitar outra gravidez.Dados de pesquisa sugerem que cerca de mais 120 milhões de mulheres em todo o mundo estariamatualmente usando um método moderno de planejamento familiar se informações precisas e serviçosautorizados estivessem facilmente disponíveis e se os parceiros, famílias tradicionais e a comunidadefossem mais solidários. Estas cifras não incluem a quantidade substancial e cada vez maior deindivíduos solteiros sexualmente ativos que querem e precisam de serviços e de informação. Durantea década de 1990, o número de casais na idade reprodutiva crescerá cerca de 18 milhões por ano.Para satisfazer a suas necessidades e preencher as grandes lacunas existentes nos serviços, oplanejamento familiar e o suprimento de anticoncepcionais precisarão expandir-se muito rapidamentenos próximos anos. A qualidade de programas de planejamento familiar está muitas vezes relacionadacom o nível e continuidade do uso de anticoncepcionais e com a crescente demanda de serviços.Programas de planejamento familiar funcionam melhor quando fazem parte de programas maisamplos de saúde reprodutiva, ou quando a eles estão ligados, e atendem para necessidadesestreitamente ligadas a saúde e ainda quando há mulheres internamente envolvidas no planejamento,na prestação, administração e avaliação dos serviços.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos7. 14 Os objetivos são:a) ajudar casais e indivíduos a alcançar seus objetivos reprodutivos numa infra-estrutura que promovaa saúde ótima, a responsabilidade e o bem-estar familiar e respeite a dignidade de todas as pessoase seus direitos de escolher a quantidade, o espaçamento e a oportunidade do nascimento de seusfilhos;b) evitar a gravidez indesejada e reduzir a incidência de gravidezes de alto risco e de morbidade emortalidade;c) tornar os serviços de qualidade de planejamento familiar permissíveis, aceitáveis e acessíveis atodos que deles precisam e os queiram, assegurada, porém, sua confidencialidade;d) melhorar a qualidade da orientação, da informação, educação, comunicação, aconselhamento eserviços de planejamento familiar;e) aumentar a participação e a partilha de responsabilidade do homem na prática efetiva deplanejamento familiar;f) promover a amamentação para favorecer o espaçamento de nascimentos.AçõesAçõesAçõesAçõesAções7.15 Os governos e a comunidade internacional devem lançar mão de todos os meios à suadisposição para apoiar o princípio da escolha voluntária no planejamento familiar.7.16 Todos os países devem, nos próximos anos, avaliar a extensão da necessidade nacional não-satisfeita de serviços de planejamento familiar de boa qualidade e sua interação no contexto dasaúde reprodutiva, dispensando especial atenção aos grupos mais vulneráveis e desfavorecidos dapopulação. Todos os países devem tomar providência para satisfazer às necessidades de planejamentofamiliar de suas populações, tão logo quanto possível, e devem, em todos os casos, por volta do

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ano 2015, procurar prover o acesso universal a toda uma série de métodos seguros e confiáveis deplanejamento familiar e aos serviços correlatos de saúde reprodutiva que não sejam contrários a lei.O objetivo deve ser o de ajudar casais e indivíduos a alcançar seus objetivos de ter filhos segundosuas conveniências.7.17 Os governos, em todos os níveis, são instados a instituir sistemas de acompanhamento eavaliação de serviços ao usuário com vista a identificar, evitar e controlar abusos de administradorese provedores de planejamento familiar e a assegurar uma contínua melhoria na qualidade dosserviços. Para esse fim, devem assegurar a conformidade com os direitos humanos e com os padrõeséticos e profissionais na prestação de serviços de planejamento familiar, e relativos a saúde reprodutivacom vistas a assegurar o consentimento responsável, voluntário e consciente e também à prestaçãode serviço referente. Técnicas de fertilização in vitro devem ser usadas de acordo com as devidadiretrizes éticas e padrões médicos.7.18. As organizações não-governamentais devem desempenhar um papel ativo na mobilização doapoio da comunidade e da família, no aumento do acesso e da aceitabilidade de serviços de saúdereprodutiva, inclusive de planejamento familiar, e cooperar com os governos no processo de preparaçãoe prestação de assistência, baseada na escolha consciente, e ajudando a acompanhar programaspúblicos e do setor privado, inclusive os seus próprios.7.19. Como parte do esforço para atender as necessidades não-satisfeitas, todos os países devemprocurar identificar e afastar os principais obstáculos à utilização de serviços de planejamento familiar.Alguns desses obstáculos estão relacionados com a inadequação, a pouca qualidade e o custo dosatuais serviços de planejamento familiar. Deve constituir objetivo de organizações públicas, privadase não-governamentais de planejamento familiar remover, até 2005, todos os obstáculos relacionadoscom o programa ao uso do planejamento familiar, mediante re-planejamento ou expansão deinformações e de serviços e de outros meios para aumentar a capacidade de casais e indivíduos detomar decisões livres e conscientes sobre quantidade, espaçamento e oportunidade de nascimentose protegê-los contra doenças sexualmente transmissíveis.7.20. Os governos devem, especificamente, tornar mais fácil a casais e indivíduos assumir aresponsabilidade por sua própria saúde reprodutiva, removendo desnecessários obstáculos legais,médicos, clínicos e regulamentares à informação e ao acesso a serviços e métodos de planejamentofamiliar.7.21. Todos os líderes políticos e comunitários são instados a desempenhar um papel ativo, sustentadoe transparente na promoção e legitimação do fornecimento e uso de serviços de planejamentofamiliar e de saúde reprodutiva. Os governos, em todos os níveis, são instados a criar um climafavorável ao planejamento familiar público e privado de boa qualidade e à informação e a serviçosde saúde reprodutiva por todos os meios possíveis. Finalmente, líderes e legisladores, em todos osníveis, devem traduzir seu apoio público à saúde reprodutiva, inclusive ao planejamento familiar, emadequadas alocações orçamentárias, em recursos humanos e administrativos para ajudar a atenderás necessidades de todos que não podem arcar com todo o custo dos serviços.7.22. Os governos são incentivados a concentrar a maior parte de seus esforços referentes a seusobjetivos voltados para a população e o desenvolvimento fazendo uso da educação e de medidasvoluntárias, em vez de por meio de planos que envolvam incentivos e desestímulos.7.23. Nos próximos anos, todos os programas de planejamento familiar devem envidar significativosesforços para melhorar a qualidade da assistência. Entre outras medidas, os programas devem:a) reconhecer que métodos apropriados a casais e indivíduos variam de acordo com suas idades,partos, preferência pelo tamanho da família e outros fatores, e assegurar que mulheres e homenstenham informação e acesso a uma série mais ampla possível de métodos seguros e eficientes deplanejamento familiar, para os capacitar a fazer uma escolha livre e consciente;

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b) prover informações acessíveis, completas e precisas sobre vários métodos de planejamento familiar,inclusive seus riscos e benefícios com relação à saúde, possíveis efeitos colaterais e sua eficácia naprevenção da disseminação do HIV/AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis;c) tornar os serviços mais seguros, permissíveis, convenientes e acessíveis a clientes e assegurar, pormeio de sólidos sistemas logísticos, o suprimento suficiente e contínuo de anticoncepcionais essenciaisde alta qualidade. A privacidade e a confidência devem ser garantidas;d) estender e elevar o nível do treinamento formal e informal na assistência sexual e de saúdereprodutiva e no planejamento familiar para todos os prestadores de serviços de saúde, educadorese administradores de saúde, inclusive o treinamento em comunicações interpessoais e emaconselhamento;e) assegurar adequada assistência de acompanhamento, inclusive o tratamento de efeitos colateraisde anticoncepcionais;f) assegurar a disponibilidade de serviços relacionados com saúde reprodutiva in loco ou por meiode eficiente mecanismo de referencia;g) além de medidas quantitativas de desempenho, dar mais ênfase às qualitativas que levem emconta as perspectivas de usuários atuais e potenciais de serviços por meios tais como sistemaseficientes de informação administrativa e técnicas de levantamento para uma oportuna avaliação deserviços;h) os programas de planejamento familiar e de saúde reprodutiva devem enfatizar a educação daamamentação e serviços de apoio que possam contribuir, simultaneamente, para espaçar osnascimentos, melhorar a saúde materna e infantil e aumentar a taxa de sobrevivência infantil.7.24. Os governos devem tomar providências adequadas para ajudar as mulheres a evitar o aborto,que, em nenhuma hipótese, deve ser promovido como método de planejamento familiar e, em todocaso, fazer que mulheres que tenham recorrido ao aborto recebam orientação e tratamentohumanitário.7.25. Para atender ao substancial aumento da demanda de anticoncepcionais, nas próximas décadase para além delas, a comunidade internacional deve partir imediatamente para a criação de umeficiente sistema de coordenação e de facilidades globais, regionais e sub-regionais para a provisãode anticoncepcionais e de outros artigos essenciais para programas de saúde reprodutiva de paísesem desenvolvimento e de países de economia em transição. A comunidade internacional deveconsiderar também medidas tais como a transferência de tecnologia para países em desenvolvimentopara capacitá-los a produzir e distribuir anticoncepcionais de alta qualidade e outros artigos essenciaisa serviços de saúde reprodutiva, para fortalecer a autoconfiança desses países. A pedido dos paísesinteressados, a Organização Mundial de Saúde deve continuar a prestar assessoria sobre qualidade,segurança e eficácia de métodos de planejamento familiar.7.26. A prestação de serviços de assistência à saúde reprodutiva, não deve ser confinada ao setorpúblico, mas deve envolver o setor privado e as organizações não-governamentais, de acordo comas necessidades e recursos de suas comunidades, e incluir, quando conveniente, estratégias eficazesde recuperação do custo e de prestação de serviço, inclusive serviços de comercialização social e debase comunitária. Esforços especiais devem envidados para melhorar a acessibilidade por meio deserviços de extensão.C. Doenças sexualmente transmissíveis e prevenção contra o vírus da imunodeficiênciaC. Doenças sexualmente transmissíveis e prevenção contra o vírus da imunodeficiênciaC. Doenças sexualmente transmissíveis e prevenção contra o vírus da imunodeficiênciaC. Doenças sexualmente transmissíveis e prevenção contra o vírus da imunodeficiênciaC. Doenças sexualmente transmissíveis e prevenção contra o vírus da imunodeficiênciahumana (HIV)humana (HIV)humana (HIV)humana (HIV)humana (HIV)Justificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação7.27. É elevada e aumenta cada vez mais a incidência mundial de doenças sexualmente transmissíveis.A situação piorou consideravelmente com o surgimento da epidemia do HIV. Embora a incidência de

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algumas doenças sexualmente transmissíveis tenha-se estabilizado em algumas partes do mundo,registra-se o aumento de casos em muitas regiões.7.28. As desvantagens sociais e econômicas enfrentadas pela mulher fazem dela alvo especialmentevulnerável de infecções sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV, como acontece, por exemplo,por sua exposição ao comportamento sexual de alto risco de seus parceiros. Na mulher, os sintomasde infecções sexualmente transmissíveis são muitas vezes dissimulados, tornando seu diagnósticomais difícil do que no homem, e as conseqüências para sua saúde muitas vezes são maiores, inclusiveo aumento do risco de esterilidade e de gravidez ectópica. O risco de transmissão do homem infetadopara a mulher é também maior do que da mulher infectada para o homem, e muitas mulheres nãotêm condições de tomar providências para se protegerem.ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo7.29. O objetivo é prevenir, reduzir a incidência de doenças sexualmente transmissíveis e prover seutratamento, inclusive do HIV/AIDS, das complicações de doenças sexualmente transmissíveis como aesterilidade, com especial atenção a moças e mulheres.AçõesAçõesAçõesAçõesAções7.30. Programas de saúde reprodutiva devem aumentar seus esforços para prevenir, detectar e tratardoenças sexualmente transmissíveis e outras infecções do aparelho reprodutivo, especialmente nonível primário de assistência à saúde. Esforços especiais e extraordinários devem ser feitos com vistaa pessoas que não podem ter acesso a programas de assistência à saúde reprodutiva.7.31. Todos os prestadores de serviços de saúde, inclusive todos os prestadores de serviços deplanejamento familiar, devem receber treinamento especializado na prevenção e detecção de doençassexualmente transmissíveis, orientando-os, nesse sentido, especialmente sobre infecções em mulherese moças, inclusive o HIV/AIDS.7.32. Deve ser parte integral de todos os serviços de saúde sexual e reprodutiva a informação,educação e orientação para um comportamento sexual responsável e uma efetiva prevenção dedoenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV.7.33. A promoção, o suprimento e a distribuição confiáveis de camisinhas de alta qualidade devemser componentes integrais de todos os serviços de saúde reprodutiva. Todas as organizaçõesinternacionais pertinentes, especialmente a Organização Mundial de Saúde, devem aumentarsignificativamente sua aquisição. Os governos e a comunidade internacional devem prover todos osmeios para reduzir a disseminação e o índice de transmissão da infecção do HIV/AIDS.D. Sexualidade humana e relações entre os sexosD. Sexualidade humana e relações entre os sexosD. Sexualidade humana e relações entre os sexosD. Sexualidade humana e relações entre os sexosD. Sexualidade humana e relações entre os sexosJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação7.34. A sexualidade humana e as relações entre os sexos estão intimamente inter-relacionadas ejuntas afetam a capacidade de homens e mulheres de realizar e manter a saúde sexual e administrarsua vida reprodutiva. A igualdade nas relações entre homens e mulheres, em matérias de relaçõessexuais e de reprodução, inclui o pleno respeito pela integridade física do corpo humano, exigerespeito mútuo e disposição de aceitar a responsabilidade pelas conseqüências de um comportamentosexual. Comportamento sexual responsável, sensibilidade e igualdade nas relações entre os sexos,particularmente quando instilados durante os anos de formação, fortalecem e promovem respeitosase harmoniosas parcerias entre homens e mulheres.7.35. A violência contra a mulher, particularmente a violência doméstica e o estupro, é generalizada,e aumenta o número de mulheres que correm o risco de contrair a AIDS e outras doenças sexualmentetransmissíveis em conseqüência de um comportamento sexual de alto risco da parte de seus parceiros.Em muitos países, práticas nocivas pretendidas para controlar a sexualidade feminina têm causadograndes sofrimentos. Entre elas está a prática da mutilação genital na mulher, que constitui umaviolação dos direitos básicos e um grande risco, grave e permanente, para a saúde da mulher.

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ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos7.36. Os objetivos são:(a) promover o adequado desenvolvimento da sexualidade responsável, que propicie relações deigualdade e de mútuo respeito entre os sexos e contribua para melhorar a qualidade de vida dosindivíduos;(b) assegurar que mulheres e homens tenham acesso à informação, à educação e a serviços necessáriosa uma boa saúde sexual e exerçam seus direitos e responsabilidades de reprodução.AçõesAçõesAçõesAçõesAções7.37. Deve-se dispensar apoio à educação sexual integral e a serviços para pessoas jovens, com oapoio e a orientação de seus pais e de conformidade com a Convenção sobre os Direitos da Criança,que ressaltem a responsabilidade do homem por sua própria saúde e fecundidade sexual e o ajudea exercer essas responsabilidades. Esforços educacionais devem começar na idade apropriada, naunidade familiar, na comunidade e nas escolas, mas devem também alcançar adultos, particularmenteos homens, por meio da educação não-formal e de uma variedade de esforços baseados nacomunidade.7.38. Tendo em vista a urgente necessidade de evitar a gravidez indesejada, a rápida disseminaçãoda AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis e a predominância do abuso e da violênciasexuais, os governos devem basear sua política nacional em uma melhor compreensão da necessidadede uma sexualidade humana responsável e das realidades do atual comportamento sexual.7.39. A discussão efetiva e franca da necessidade de proteger a mulher, os jovens e a criança contraquaisquer abusos, inclusive o abuso, a exploração, o tráfico e a violência sexuais, deve ser estimuladae apoiada por programas educacionais tanto no âmbito nacional como no comunitário. Os governosdevem criar as necessárias condições e processos para incentivar as vítimas a registrar as violações deseus direitos. Leis atinentes a esses problemas devem ser promulgadas onde não existam, explicitadas,fortalecidas e cumpridas, e instituídos serviços adequados de reabilitação. Os governos devem proibirtambém a produção e o comércio de pornografia infantil.7.40. Governos e comunidades devem tomar urgentes providências para conter a prática de mutilaçãode genitais femininos e proteger a mulher e a jovem contra todas as práticas similares, desnecessárias eperigosas. As providências para eliminar a prática devem incluir eficientes programas de extensãocomunitários que envolvam líderes de aldeias e religiosos, aconselhamento e educação sobre seuimpacto na saúde da mulher e da jovem, e adequado tratamento e reabilitação de jovens e mulheresque tenham sofrido a mutilação. Os serviços devem incluir orientação para mulheres e homem com vistaa desestimular a prática.E.E.E.E.E. AdolescentesAdolescentesAdolescentesAdolescentesAdolescentesJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação7.41. As necessidades de saúde reprodutiva de adolescentes, como um todo, têm sido, em geral,ignoradas até hoje pelos atuais serviços de saúde reprodutiva. A reação das sociedades às necessidadesde saúde reprodutiva de adolescentes deve ser baseada em informação que os ajude a atingir o nívelde maturidade requerida para a tomada de decisões responsáveis. A informação e os serviços devem seracessíveis particularmente a adolescentes do sexo feminino para ajudá-las a compreender sua sexualidadee protegê-las de gravidezes indesejadas, de doenças sexualmente transmissíveis e dos riscos subseqüentesde esterilidade. Isso deve ser combinado com a educação do jovem para respeitar a autodeterminaçãode mulher e partilhar com ela a responsabilidade em matérias de sexualidade e de reprodução. Esseesforço é singularmente importante para a saúde da mulher jovem e de seus filhos, para aautodeterminação da mulher e, em muitos países, para os esforços de conter o ímpeto do crescimentodemográfico. A maternidade numa idade precoce envolve risco de morte materna, que é muito maiordo que a média, e os filhos de mães precoces correm mais riscos de morbidade e de mortalidade. A

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gravidez prematura continua sendo um obstáculo à melhoria do status educacional, econômico e socialda mulher em todas as partes do mundo. Em geral, para mulheres jovens o casamento e a maternidadeprecoces podem reduzir seriamente suas oportunidades de educação e de emprego e têm todaprobabilidade de impacto adverso na qualidade de sua vida e na vida de seus filhos.7.42. Poucas oportunidades educacionais e econômicas e a exploração sexual são fatores importantesnos elevados níveis da gravidez adolescente. Tanto nos países desenvolvidos como nos países emdesenvolvimento, adolescentes com alternativas pouco evidentes de vida não se sentem estimuladas aevitar a gravidez e o parto.7.43. Em muitas sociedades, os adolescentes enfrentam pressões para se engajarem na atividadesexual. Mulheres jovens, particularmente adolescentes de baixa renda, são especialmente vulneráveis.Adolescentes sexualmente ativos de ambos os sexos cada vez mais correm o risco de contrair e detransmitir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS, e são tipicamente mal informadossobre os meios de se protegerem. Programas para adolescentes têm-se revelado os mais eficientesquando asseguram o pleno envolvimento do adolescente na identificação de suas necessidadesreprodutivas e sexuais e no planejamento de programas que atendam a essas necessidades.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos7.44. Os objetivos são:a) Tratar os problemas de saúde sexual e reprodutiva do adolescente, inclusive a gravidez indesejada,o aborto inseguro20 e doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS, com a promoção decomportamento sexual e reprodutivo responsável e sadio, inclusive a abstinência voluntária e com aprestação de serviços apropriados e de orientação especificamente conveniente a esse grupo etário;b) reduzir substancialmente as gravidezes de adolescentes.AçõesAçõesAçõesAçõesAções7.45. Reconhecendo os direitos, deveres e responsabilidades de pais e de outras pessoas legalmenteresponsáveis por adolescentes de prover, de uma maneira compatível com as capacidades emevolução do adolescente, orientação, aconselhamento em assuntos de sexo e reprodução, os paísesdevem assegurar que os programas e atitudes de prestadores de assistência à saúde não restrinjamo acesso de adolescentes a serviços apropriados e à informação de que precisem, inclusive sobredoenças sexualmente transmissíveis e abuso sexual. Assim fazendo e com vistas, inter alia, a contero abuso sexual, esses serviços devem salvaguardar os direitos do adolescente à privacidade, àconfidência, ao respeito e ao consentimento esclarecido, respeitado os valores culturais e crençasreligiosas. Nesse contexto, os países devem, quando necessário, remover obstáculos legais,regulamentares e sociais à informação sobre saúde reprodutiva e à assistência à saúde paraadolescentes.7.46. Os países, com o apoio da comunidade internacional devem proteger e promover os direitosdo adolescente à educação, à informação e à assistência de saúde reprodutiva e reduzirsignificativamente o número de gravidezes de adolescentes.7.47. Os governos, em colaboração com organizações não-governamentais, são instados a atenderàs especiais necessidades doa adolescentes e criar programas para satisfazer a essas necessidades.Esses programas devem incluir mecanismo de apoio à educação e à orientação do adolescente nasáreas de relações e de igualdade entre os sexos, de violência contra adolescentes, comportamentosexual responsável, prática responsável de planejamento familiar, vida familiar, saúde reprodutiva,

20 Aborto inseguro é definido como um procedimento, para pôr fim a uma gravidez indesejada, executadoou por pessoas a quem falta a necessária competência ou num ambiente carente dos mínimos padrõesmédicos ou ambas as coisas (baseado em The Prevention and Management of Unsafe Abortion, daOrganização Mundial da Saúde, relatório de um Grupo de Trabalho Técnico, Genebra, abril, 1992 (WHO/MSM/92.51).

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doenças sexualmente transmissíveis, infecção por HIV e prevenção da AIDS. Devem ser criadosprogramas de prevenção e tratamento de abuso sexual e de incesto e outros serviços de saúdereprodutiva. Esses programas devem propiciar informações aos adolescentes e fazer um esforçoconsciente para o fortalecimento de valores sociais e culturais positivos. Adolescentes sexualmenteativos requererão especiais informações, aconselhamento e serviços de planejamento familiar, e asadolescentes que ficarem grávidas precisarão de apoio especial de suas famílias e da comunidadedurante a gravidez e nos primeiros cuidados maternos. Os adolescentes devem ser inteiramenteenvolvidos no planejamento, na execução e na avaliação dessas informações e desses serviços coma devida consideração à orientação e às responsabilidades dos pais.7.48. Os programas devem envolver e treinar todas as pessoas com a responsabilidade de darorientação a adolescentes com relação ao comportamento sexual e reprodutivo responsável,particularmente pais e famílias, e também comunidades, instituições religiosas, escolas, meios decomunicação de massa e grupos semelhantes. Os governos e organizações não-governamentaisdevem promover programas destinados à educação de pais, com o objetivo de melhorar a interaçãode pais e filhos para capacitar os pais a cumprir melhor seus deveres educacionais no apoio aoprocesso de amadurecimento de seus filhos, particularmente nos campos do comportamento sexuale da saúde reprodutiva.

Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VIIIVIIIVIIIVIIIVIII*****

SAÚDE,SAÚDE,SAÚDE,SAÚDE,SAÚDE, MORBIDADE E MOR MORBIDADE E MOR MORBIDADE E MOR MORBIDADE E MOR MORBIDADE E MORTTTTTALIDADEALIDADEALIDADEALIDADEALIDADEA.A.A.A.A. Assistência primária de saúde e o setor de assistência à saúdeAssistência primária de saúde e o setor de assistência à saúdeAssistência primária de saúde e o setor de assistência à saúdeAssistência primária de saúde e o setor de assistência à saúdeAssistência primária de saúde e o setor de assistência à saúdeJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação8.1. Uma das principais realizações do século XX foi o aumento, sem precedente, da longevidadehumana. Nos últimos cinqüenta anos, a expectativa de vida ao nascer no mundo aumentou, emgeral, em cerca de 20 anos, e o risco de morte no primeiro ano de vida foi reduzido em quase doisterços. Não obstante, essas conquistas carecem de melhorias muito maiores já previstas no Plano deAção sobre População Mundial e na Declaração de Alma Ata, adotados pela Conferência Internacionalsobre a Assistência Primária de Saúde, em 1978. Existem ainda, em muitos países, inteiras populaçõesnacionais e grupos populacionais de dimensão considerável sujeitos a altas taxas de morbidade e demortalidade. Muitas vezes são substanciais as diferenças ligadas à situação sócio-econômica ou àetnia. Em muitos países de economia em transição, a taxa de mortalidade aumentou consideravelmenteem conseqüência de mortes causadas por acidentes e violência.8.2. Os aumentos na expectativa de vida registrados na maior parte do mundo refletem significativosprogressos na saúde pública e no acesso aos serviços primários de saúde. Entre as notáveis realizaçõesestão a vacinação de quase 80 por cento das crianças do mundo e o uso generalizado de tratamentosde baixo custo como a terapia da re-hidratação oral, para assegurar a sobrevivência de mais crianças.Todavia, estas realizações não se verificaram em todos os países, e doenças que podem ser evitadasou tratadas são ainda a principal causa mortis de crianças. Além disso, grandes segmentos de muitaspopulações que continuam sem ter acesso a água tratada e a facilidades sanitárias, são forçados aviver em condições de congestionamento e carentes de nutrição adequada. Grandes parcelas dapopulação permanecem correndo o risco de doenças infecciosas, parasitárias e transmitidas pelaágua, como a tuberculose, a malária e a esquitossomose. Além disso, são cada vez mais preocupantes,em muitos países, os efeitos decorrentes da degradação ambiental e da exposição a substânciasperigosas no local de trabalho para a saúde. Do mesmo modo, o crescente consumo de fumo, álcool

*A Santa Sé expressou sua reserva geral sobre este capítulo, que deve ser interpretada nos termos dadeclaração feita por seu representante na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994. C

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e drogas provocará um notável aumento de dispendiosas doenças crônicas entre pessoas na idadeativa e idosos. O impacto de reduções nos gastos com saúde e outros serviços sociais que tem tidolugar em muitos países, em conseqüência do retraimento do setor público, de incorreta alocação derecursos disponíveis de saúde, de ajustamento estrutural e da transição para economias de mercadotem antecipado significativas mudanças nos estilos de vida, nos meios de vida e nos padrões deconsumo e constitui também um fator de aumento de morbidade e de mortalidade. Embora asreformas econômicas sejam essenciais a um desenvolvimento econômico sustentado, é igualmenteessencial que o planejamento e a execução de programas de ajustamento estrutural incorporemtambém a dimensão social.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos8.3. Os objetivos são:a) aumentar a acessibilidade, a disponibilidade, a aceitabilidade e a permissibilidade de serviços efacilidades de assistência à saúde para todos, de acordo com os compromissos nacionais de proveracesso à assistência básica de saúde para todos;b) aumentar a duração da vida saudável e melhorar a qualidade de vida de todos os povos e reduziras disparidades na expectativa de vida dentro dos países e entre os países.AçõesAçõesAçõesAçõesAções8.4. Todos os países devem fazer do acesso à assistência básica de saúde e da promoção da saúdeas estratégias centrais para reduzir a mortalidade e a morbidade. Recursos suficientes devem seralocados de modo que os serviços primários de saúde possam cobrir toda a população. Os governosdevem reforçar as atividades de informação, educação e comunicação sobre saúde e nutrição, demodo a capacitar as pessoas a aumentar o controle e a melhoria de sua saúde. Os governos devemprover as facilidades necessárias de apoio para atender à demanda criada.8.5. De acordo com a Declaração de Alma Ata, todos os países devem reduzir a mortalidade e amorbidade e procurar tornar a assistência primária de saúde, inclusive a assistência à saúde reprodutiva,universalmente disponível por volta do final desta década. Os países devem visar alcançar, por voltado ano 2005, uma expectativa de vida, ao nascer, superior a 70 anos e, por volta de 2015, umaexpectativa de vida, ao nascer, superior a 75 anos. Os países com índices mais altos de mortalidadedevem visar, por volta do ano 2005, uma expectativa de vida maior que 65 anos e por volta do ano2015, maior que 70 anos. Esforços para assegurar uma vida mais saudável e mais longa para todosdevem ser enfatizados para a redução dos diferenciais da morbidade e da mortalidade entre homense mulheres, assim como entre regiões geográficas, classes sociais e grupos indígenas e étnicos.8.6. O papel da mulher como primeira guardiã da saúde da família deve ser reconhecido e apoiado.Deve ser providenciado o acesso aos cuidados básicos de saúde, a expansão da educação sanitária,a disponibilidade de remédios comuns a preço de custo e a reavaliação de serviços primários desaúde, inclusive serviços de saúde reprodutiva, para facilitar o uso adequado do tempo da mulher.8.7. Os governos devem assegurar a participação da comunidade no planejamento de saúde,especialmente com relação à assistência, em longo prazo, de pessoas idosas, de pessoas comdeficiência e de pessoas infectadas pelo HIV e outras doenças endêmicas. Essa participação deve sertambém promovida em programas de sobrevivência infantil e de saúde materna, em programas deapoio ao aleitamento, em programas para a detecção e tratamento precoce do câncer do sistemareprodutivo e em programas de prevenção da infecção do HIV e de outras doenças sexualmentetransmissíveis.8.8. Todos os países devem reexaminar os currículos de treinamento e a delegação de responsabilidadesno sistema de prestação de assistência à saúde, para reduzir o freqüente, desnecessário e dispendiosorecurso a médicos e a facilidades primárias e secundárias de assistência, embora mantendo efetivosserviços referenciais. Deve ser assegurado o acesso a serviços de saúde a todas as pessoas e

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especialmente aos grupos mais desfavorecidos e vulneráveis. Os governos devem fazer que osserviços de assistência básica de saúde sejam mais financeiramente sustentáveis, embora asseguremseu acesso eqüitativo com a integração de serviços de saúde reprodutiva, inclusive os serviçosmaternais e infantis de saúde e de planejamento familiar, e fazendo adequado uso de serviços debase comunitária, de planos de comercialização social e de recuperação do custo, com vista aaumentar a quantidade e a qualidade de serviços disponíveis. Deve-se promover o envolvimento deusuários e da comunidade no gerenciamento financeiro dos serviços de saúde.8.9. Por meio da transferência de tecnologia, os países em desenvolvimento devem ser ajudados aconstruir sua capacidade de produzir drogas genéricas para o mercado nacional e para assegurar suaampla disponibilidade e acessibilidade. Para atender, na próxima década e nas seguintes, ao aumentosubstancial da demanda por vacinas, antibióticos e outros artigos, a comunidade internacional,quando viável, precisa reforçar, nos países em desenvolvimento, os mecanismos globais, regionais elocais para a produção desses artigos, e o controle de sua qualidade e aquisição. A comunidadeinternacional deve facilitar a cooperação regional na fabricação, controle de qualidade e distribuiçãode vacinas.8.10. Todos países devem dar prioridade a medidas que melhorem a qualidade de vida e a saúde,assegurando um meio ambiente seguro e saudável para todos os segmentos da população, pormeio de medidas que visem evitar congestionamentos de moradia, reduzir a poluição do ar, asseguraracesso à água tratada e ao saneamento, melhorar o manejo do resíduo e aumentar a segurança dolocal de trabalho. Atenção especial deve ser dada às condições de vida do pobre e do desfavorecidonas zonas rurais e urbanas. O impacto de problemas ambientais na saúde, particularmente a degrupos vulneráveis, deve ser regularmente controlado pelos governos.8.11. A reforma do setor e da política de saúde, inclusive a alocação racional dos recursos, deve serpromovida para a consecução dos objetivos estabelecidos. Todos os governos devem achar meiosde maximizar o custo-eficiência de programas de saúde para aumentar a expectativa de vida, reduzira morbidade e a mortalidade e assegurar a toda a população acesso aos serviços básicos de saúde.B. Sobrevivência e saúde da criançaB. Sobrevivência e saúde da criançaB. Sobrevivência e saúde da criançaB. Sobrevivência e saúde da criançaB. Sobrevivência e saúde da criançaJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação8.12. Importante progresso tem sido alcançado, em toda parte, na redução da mortalidade debebês e crianças. As melhorias na sobrevivência de crianças foram, neste último século, o principalcomponente do aumento geral na média de expectativa de vida, primeiro nos países desenvolvidose, nos últimos 50 anos, nos países em desenvolvimento. O número de mortes de bebês (isto é, decrianças abaixo de um ano de idade) por 1.000 nascidos vivos, em nível mundial, caiu de 92, em1970-1975, para cerca de 62 em 1990-1995. Nas regiões desenvolvidas, o declínio foi de 22 para12 mortes de bebês por 1.000 nascidos, e nos países em desenvolvimento, de 105 para 69 mortesde bebês por 1.000 nascidos. Na África subsaariana e em alguns países asiáticos, o progresso temsido mais lento; ali, no período 1990-1995, mais de uma em cada 10 crianças nascidas vivasmorrerão antes de completar o primeiro ano. A mortalidade de crianças com menos de cinco anosapresenta significativa variação dentro dos países e regiões e entre eles. O povo indígena, em geral,tem taxas maiores de mortalidade de bebês e de crianças do que a norma nacional. Pobreza,subnutrição, declínio na amamentação e inadequação ou falta de saneamento e de assistência àsaúde são todos fatores associados a uma alta mortalidade infantil e de crianças. Em alguns países,perturbações e guerras civis têm tido também grandes impactos negativos na sobrevivência dacriança. Nascimentos indesejados, abandono e abuso da criança são também fatores que contribuempara o aumento na mortalidade infantil. Além disso, a infecção do HIV pode ser transmitida da mãepara o filho antes e durante nascimento, e crianças cujas mães morrem correm alto risco de morreremelas próprias muito cedo.

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21 A maternidade segura visa a consecução de uma saúde ótima da mãe e do recém-nascido, isto implicaredução de mortalidade e morbidade maternas e o fortalecimento da saúde do recém-nascido por meio doacesso eqüitativo à assistência primária de saúde, inclusive a assistência ao planejamento familiar, pré-natal, de parto e pós-parto para a mãe e a criança, e acesso a assistência essencial obstétrica e neonatal(Organização Mundial da Saúde, Health Population and Development, WHO Position Paper, Geneve, 1994(WHO/FHE/ 94.1).

8.13. A Cúpula Mundial para a Criança, realizada em 1990, adotou uma série de objetivos paracrianças e para o desenvolvimento, até o ano 2000, que incluem a redução de cerca de um terço nastaxas de mortalidade infantil e de crianças abaixo dos cinco anos de idade, ou para 50 e 70 por1000 nascimentos vivos, respectivamente, o que for menor. Esses objetivos baseiam-se na execuçãode programas de sobrevivência infantil durante a década de 1980, que demonstram não só que háeficientes tecnologias de baixo custo, mas também sua disponibilidade para grandes populações.Todavia, as reduções de morbidade e de mortalidade conseguidas por meio de medidas extraordinárias,na década de 1980, correm o risco de se reverterem, se os sistemas gerais de prestação de serviçosde saúde criados na década não forem institucionalizados e mantidos.8.14. A sobrevivência infantil está intimamente ligada à oportunidade, ao espaçamento e à quantidadede nascimentos e à saúde reprodutiva das mães. Gravidezes precoces, tardias, numerosas e muitosucessivas são os principais fatores que contribuem para altas taxas de morbidade e de mortalidadede bebês e crianças, especialmente onde são escassas as facilidades de assistência à saúde. Onde amortalidade infantil se mantém alta, os casais muitas vezes têm mais filhos do que teriam em outrascircunstâncias, para assegurar a sobrevivência de uma quantidade desejada de filhos.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos8.15. Os objetivos são:a) promover a saúde e a sobrevivência infantis e reduzir a disparidade nos países desenvolvidos e emdesenvolvimento e entre eles, tão rapidamente quanto possível, com particular atenção à eliminaçãodo sistema de mortalidade de excesso e evitável de bebês e crianças do sexo feminino;b) melhorar a situação de saúde e de nutrição de bebês e crianças;c) promover o aleitamento como estratégia de sobrevivência infantil.AçõesAçõesAçõesAçõesAções8.16. Nos próximos 20 anos, devem ser substancialmente reduzidas, por meio da cooperaçãointernacional e de programas nacionais, as diferenças entre taxas médias de mortalidade de bebês ede crianças nas regiões desenvolvidas e nas regiões em desenvolvimento do mundo e eliminadas asdisparidades nos países, as disparidades entre regiões geográficas, entre grupos étnicos ou culturaise entre grupos sócio-econômicos. Países com populações indígenas devem fazer que os níveis demortalidade de bebês e de crianças abaixo de 5 anos de idade nas populações indígenas sejam osmesmos que os da população em geral. Os países devem envidar esforços para reduzir, em um terço,as taxas de mortalidade de bebês e de crianças abaixo de 5 anos de idade, ou em 50 e 70 por 1.000nascimentos vivos, respectivamente, o que for menor, por volta do ano 2000, com adequadaadaptação à situação particular de cada país. Por volta de 2005, os países com níveis intermédios demortalidade devem ter como alvo uma taxa de mortalidade infantil abaixo de 35 por 1.000 nascimentosvivos e uma taxa de mortalidade de crianças com menos de 5 anos de idade abaixo de 45 por 1.000.Os países que alcançarem antes esses níveis devem se esforçar para os reduzir ainda mais.8.17. Todos os governos devem avaliar as causas fundamentais da alta mortalidade infantil e, dentroda infra-estrutura da assistência primária de saúde, ampliar os serviços integrados de assistência àsaúde reprodutiva e à saúde infantil (inclusive a maternidade segura21, programas de sobrevivênciainfantil e serviços de planejamento familiar para toda a população e, particularmente, para os grupos

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mais vulneráveis e desfavorecidos). Os serviços devem incluir assistência pré-natal e orientação, comênfase especial nas gravidezes de alto risco e na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis eda infecção do HIV; adequada assistência no parto e cuidados neonatais, inclusive o aleitamentocomo única forma de alimentação, informação sobre o aleitamento ideal e sobre as apropriadaspráticas de desmame, e a suplementação de micronutrientes e de toxoide tetânico, quando necessário.A intervenção para reduzir a incidência de deficiência de peso ao nascer e de outras deficiênciasnutricionais, como a anemia, devem incluir a promoção da alimentação materna por meio deinformação, educação e orientação e da promoção de intervalos mais longos entre os partos. Todosos países devem priorizar esforços para reduzir as principais doenças infantis, principalmente asinfecciosas e parasitárias, para evitar a subnutrição entre crianças, especialmente a menina, por meiode medidas que visem a erradicação da pobreza e assegurar de que todas as crianças vivam nummeio saudável e divulgar informações sobre higiene e nutrição. É também importante proporcionaraos pais informações e educação sobre cuidados infantis, inclusive o uso da estimulação mental efísica.8.18. Para recém-nascidos e crianças receberem a melhor nutrição e para a proteção específica contrauma série de doenças, a amamentação deve ser protegida, promovida e apoiada. Com apoio legal,econômico, prático e emocional, as mães devem estar em condições de alimentar seus filhosexclusivamente com a amamentação, por quatro a seis meses, sem alimento e bebida suplementar,e continuar a amamentá-los com alimentação complementar apropriada e adequada até a idade dedois ou mais anos. Para alcançar esses objetivos, os governos devem promover informação públicasobre os benefícios do aleitamento; o pessoal da saúde deve receber treinamento sobre o manejo doaleitamento e os países devem estudar métodos e meios de cumprir rigorosamente o CódigoInternacional, da OMS, de Comercialização de Substitutivos do Leite Materno.C Saúde da mulher e maternidade seguraC Saúde da mulher e maternidade seguraC Saúde da mulher e maternidade seguraC Saúde da mulher e maternidade seguraC Saúde da mulher e maternidade seguraJustificativJustificativJustificativJustificativJustificativa de a de a de a de a de AçãoAçãoAçãoAçãoAção8.19. Complicações relacionadas com a gravidez e o parto estão entre as causas principais demortalidade de mulheres na idade reprodutiva em muitas partes do mundo em desenvolvimento.No âmbito geral, foi estimado que cerca de um meio milhão de mulheres morre anualmente decausas ligadas à gravidez, 99 por cento delas nos países em desenvolvimento. Nas regiõesdesenvolvidas e regiões em desenvolvimento é enorme a vala na mortalidade materna: em 1988,encontramos mais de 700 por 100.000 nascimentos vivos nos países menos desenvolvidos paracerca de 26 por 100.000 nascimentos vivos nas regiões desenvolvidas. Taxas de 1.000 ou maismortes maternas por 100.000 nascimentos vivos têm-se registrado em várias regiões rurais da África,correndo as mulheres de muitas gravidezes alto risco de morte durante seus anos reprodutivos. Deacordo com a Organização Mundial da Saúde, o risco contínuo de morrer de causas relacionadascom a gravidez ou o parto é de 1 em 20, em alguns países em desenvolvimento, comparado com1 em 10.000 em alguns países desenvolvidos. A idade em que a mulher começa e para de dar à luz,o intervalo entre cada nascimento, o número total de gravidezes durante a vida e as circunstânciassócio-culturais e econômicas em que vive, tudo isso influi na morbidade e mortalidade maternas.Atualmente, cerca de 90% dos países, representando 96 por cento da população mundial, têmpolíticas que permitem o aborto, sob várias condições legais, para salvar a vida de uma mulher.Todavia, uma significativa proporção de abortos realizados é auto-induzida ou de alguma outraforma inseguro, responsável por uma grande fração de mortes maternas ou danos irreversíveis paraa mulher envolvida. Mortes maternas têm conseqüências muito sérias dentro da família, tendo emvista o papel crucial da mãe para a saúde e bem-estar de seus filhos. A morte da mãe aumenta o riscode sobrevivência de seus filhos pequenos, especialmente se a família não tem condições de proveruma substituta para o papel da mãe. Uma maior atenção às necessidades de saúde reprodutiva de

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moças e adolescentes poderia evitar uma grande incidência de morbidade e de mortalidade maternas,com a prevenção de gravidezes indesejadas e de qualquer sorte de aborto subseqüente malconduzido. A maternidade segura tem sido aceita em muitos países como estratégia para reduzir amorbidade e a mortalidade maternas.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos8.20 Os objetivos são:a) promover a saúde da mulher e a maternidade segura; alcançar uma rápida e substancial reduçãona morbidade e na mortalidade maternas e reduzir as diferenças observadas entre países emdesenvolvimento e países desenvolvidos e dentro dos países. Na base de um compromisso com asaúde e o bem-estar da mulher, reduzir consideravelmente a quantidade de mortes e a morbidadedecorrentes de aborto inseguro;b) melhorar a saúde e o estado de nutrição da mulher, especialmente da mulher grávida e queamamenta.AçõesAçõesAçõesAçõesAções8.21 Os países devem envidar esforços para conseguir significativas reduções na mortalidade maternapor volta do ano 2015: redução, pela metade, por volta do ano 2000, dos níveis de mortalidadematerna de 1990 e pela outra metade por volta de 2015. A realização desses objetivos terádiferentes implicações para países com diferentes níveis de mortalidade materna em 1990. Paísescom níveis intermédios de mortalidade devem pretender alcançar, por volta de ano 2005, uma taxade mortalidade materna abaixo de 100 por 100.000 nascimentos vivos e, por volta do ano 2015,uma taxa de mortalidade materna de menos de 60 por 100.000 nascimentos vivos. Países com osmais altos níveis de mortalidade devem visar alcançar, por volta do ano 2005, uma taxa de mortalidadematerna abaixo de 125 por 100.000 nascidos vivos e, por volta de 2015, taxa de mortalidadematerna de menos de 75 por 100.000 nascidos vivos. Todos os países devem, entretanto, reduzira morbidade e a mortalidade maternas a níveis que não constituam mais um problema de saúdepública. Devem ser reduzidas as disparidades na mortalidade materna dentro dos países e entreregiões geográficas, entre grupos sócio-econômicos e étnicos.8.22 Todos os países, com o apoio de todos os segmentos da comunidade internacional, devemampliar a prestação de serviços de saúde materna no contexto dos cuidados primários de saúde.Esses serviços, baseados no conceito de opção consciente, devem incluir educação sobre maternidadesegura, cuidados pré-natais que sejam concentrados e eficientes, programas de nutrição materna,assistência adequada no parto, que evite recursos excessivos a cirurgias cesarianas e proporcioneatendimento de emergências obstétricas; serviços referenciais para complicações de gravidez, departo e de aborto; cuidados pré-natais e planejamento familiar. Todos os nascimentos devem serassistidos por pessoas treinadas, preferivelmente enfermeiras e parteiras ou, no mínimo, por atendentestreinados em parto. Devem ser identificadas as causas fundamentais de morbidade e de mortalidadematernas e dispensada atenção ao desenvolvimento de estratégias para as superar e de adequadosmecanismos de avaliação e controle para avaliar o progresso que está sendo alcançado na reduçãoda mortalidade e da morbidade maternas e reforçar a eficiência de programas em andamento. Devemser desenvolvidos programas e educação para engajar o apoio do homem à saúde materna e àmaternidade segura.8.23 Todos os países, especialmente os países em desenvolvimento, com o apoio da comunidadeinternacional, devem visar maior redução da mortalidade materna por meio de medidas de prevenção,de detecção e de controle de gravidezes e partos de alto risco, particularmente os riscos paraadolescentes e mulheres de parto tardio.8.24 Todos os países devem planejar e executar programas especiais para atender às necessidadesnutricionais da mulher na idade produtiva, especialmente as que estão grávidas ou amamentando,

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e devem dispensar particular atenção à prevenção e ao tratamento da anemia nutritiva e de males pordeficiência de iodo. Prioridade deve ser dada à melhoria da situação nutricional e de saúde de jovensdo sexo feminino por meio de educação e treinamento como parte de programas de saúde maternae de maternidade segura. Adolescentes de ambos os sexos devem receber informações, educação eorientação para os ajudar a adiar a formação da família, a atividade sexual prematura e a primeiragravidez.8.25 Em nenhuma hipótese o aborto deve ser promovido como método de planejamento familiar.Todos os governos e organizações intergovernamentais e não-governamentais são instados areforçar seus compromissos com a saúde da mulher, a considerar o impacto de um aborto insegurona saúde como uma preocupação de saúde pública e a reduzir o recurso ao aborto, ampliando emelhorando os serviços de planejamento familiar. À prevenção de gravidezes indesejadas deve serdada sempre a mais alta prioridade e todo esforço deve ser feito para eliminar a necessidade deaborto. Mulheres com gravidez indesejada devem ter pronto acesso a informações confiáveis e auma orientação compreensível. Todas as medidas ou mudanças com relação ao aborto no sistemade saúde só podem ser definidas, no âmbito nacional ou local, de acordo com o processo legislativonacional. Em circunstâncias em que o aborto não contraria a lei, esse aborto deve ser seguro. Emtodos os casos, as mulheres devem ter acesso a serviços de qualidade para o tratamento decomplicações resultantes de aborto. Os serviços de orientação pós-aborto, de educação e deplanejamento familiar devem ser de imediata disponibilidade, o que ajudará também a evitar repetidosabortos.8.26 Programas para reduzir a morbidade e a mortalidade materna devem incluir informação eserviços de saúde reprodutiva, inclusive serviços de planejamento familiar. Para reduzir gravidezes dealto risco, programas de maternidade sadia e segura devem incluir orientação e informação deplanejamento familiar.8.27 Todos os países precisam, com uma certa urgência, tentar mudanças no comportamento sexualde alto risco e conceber estratégias para assegurar que o homem partilhe a responsabilidade pelasaúde sexual e reprodutiva, inclusive o planejamento familiar, e na prevenção e no controle dedoenças sexualmente transmissíveis, da infecção do HIV e da AIDS.D. Infecção do vírus de imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiênciaD. Infecção do vírus de imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiênciaD. Infecção do vírus de imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiênciaD. Infecção do vírus de imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiênciaD. Infecção do vírus de imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiênciaadquirida (AIDS)adquirida (AIDS)adquirida (AIDS)adquirida (AIDS)adquirida (AIDS)Justificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação8.28 A epidemia de AIDS é um grande problema tanto nos países desenvolvidos como nos paísesem desenvolvimento. A OMS estima que o número cumulativo de casos de AIDS em todo o mundotenha chegado a 2,5 milhões de pessoas por volta dos meados de 1993 e que mais de 14 milhõesde pessoas foram infetadas pelo HIV desde o começo da epidemia, cifra cujo aumento se projetaentre 30 e 40 milhões por volta do final da década, se estratégias efetivas de prevenção não foremperseguidas. Até os meados de 1993, cerca de quatro quintos de todas as pessoas já infetadas peloHIV viviam em países em desenvolvimento, onde a infecção estava sendo transmitida principalmentena relação heterossexual, e a quantidade de novos casos estava aumentando mais rapidamenteentre as mulheres. Conseqüentemente, crianças, em número cada vez maior, estavam ficando órfãos,correndo elas próprias alto risco da doença e de morte. Em muitos países, a epidemia expande-seatualmente das zonas urbanas para as rurais e entre áreas rurais, afetando a produção econômica eagrícola.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos8.29 Os objetivos são:a) evitar, reduzir a disseminação da infecção do HIV e minimizar seu impacto; aumentar a conscientizaçãodas desastrosas conseqüências da infecção do HIV e da AIDS e de doenças fatais associadas, nos

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níveis individual, comunitário e nacional, e dos meios de evitá-lo; corrigir as injustiças sociais,econômicas, de sexo e raciais que aumentam a vulnerabilidade à doença;b) assegurar que indivíduos afetados pelo HIV tenham a devida assistência médica e não sejamdiscriminados por causa da infecção; oferecer aconselhamento e outro apoio a pessoas infectadaspelo HIV e aliviar o sofrimento de pessoas que vivem com a AIDS e o sofrimento de seus familiares,especialmente os órfãos; assegurar que sejam respeitados, os direitos individuais e a confidencialidadede pessoas infectadas pelo HIV; assegurar que programas de saúde sexual e reprodutiva se ocupemda infecção do HIV e da AIDS;c) intensificar a pesquisa de métodos de controle da epidemia do HIV/AIDS e descobrir um tratamentoeficiente para o mal.AçõesAçõesAçõesAçõesAções8.30. Os governos devem avaliar o impacto demográfico e de desenvolvimento da infecção do HIVe da AIDS. A epidemia da AIDS deve ser controlada por uma abordagem multissetorial que dispensesuficiente atenção a suas ramificações sócio-econômicas, inclusive o pesado ônus para a infra-estrutura de saúde e para a renda familiar, seu impacto negativo na força de trabalho e naprodutividade, e o crescente número de crianças na orfandade. Planos e estratégias nacionaismultissetoriais para o tratamento da AIDS devem ser integrados em estratégias de população e dedesenvolvimento. Devem ser estudados os fatores sócio-econômicos que estão na base dadisseminação da infeção do HIV, e criados programas para tratar dos problemas enfrentados pelosórfãos gerados pela epidemia da AIDS.8.31. Programas para reduzir a disseminação da infecção do HIV devem dar prioridade a campanhasde informação, educação e comunicação para aumentar a conscientização e enfatizar mudanças decomportamento. A educação e a informação sexuais devem ser oferecidas tantos a infectados comoa não-infectados e, especialmente, aos adolescentes. Prestadores de serviços de saúde, inclusive deplanejamento familiar, precisam ser treinados no aconselhamento sobre doenças sexualmentetransmissíveis e a infecção por HIV, inclusive a avaliação e a identificação de comportamentos de altorisco que requerem atenção e serviços especiais; treinamento na promoção do comportamentosexual seguro e responsável, inclusive a abstinência voluntária e uso de camisinhas; treinamento nanão-utilização de instrumentos e produtos de sangue contaminados e na prevenção do uso partilhadode agulhas entre usuários de drogas injetáveis. Os governos devem formular diretrizes e criar serviçosde aconselhamento sobre AIDS e doenças sexualmente transmissíveis nos serviços primários desaúde. Sempre que possível, programas de saúde reprodutiva, inclusive programas de planejamentofamiliar, devem incluir facilidades para o diagnóstico e tratamento de doenças comuns sexualmentetransmissíveis, inclusive de infecção do aparelho reprodutivo, reconhecendo que muitas doençassexualmente transmissíveis aumenta o risco de transmissão do HIV. Deve ser assegurada a relaçãoentre a prevenção da infecção do HIV e a prevenção e tratamento da tuberculose.8.32 Os governos devem mobilizar todos os segmentos da sociedade para controlar a epidemia daAIDS, inclusive organizações não-governamentais, organizações comunitárias, líderes religiosos, osetor privado, a mídia, escolas e instituições de saúde. A mobilização em termos de família e decomunidade deve ter toda prioridade. As comunidades precisam desenvolver estratégias que atendamàs percepções locais de prioridade dada às questões de saúde ligadas à disseminação do HIV e dedoenças sexualmente transmissíveis.8.33 A comunidade internacional deve mobilizar os recursos humanos e financeiros necessários parareduzir a taxa de transmissão da infecção por HIV. Para isso, deve ser promovida e apoiada por todosos países a pesquisa, numa ampla gama de abordagens, para evitar a transmissão do HIV e buscara cura da doença. Comunidades doadoras e de pesquisa devem apoiar e somar seus esforços aosesforços atuais para encontrar uma vacina e para desenvolver métodos de controle para a mulher,

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como microbicidas vaginais, para a prevenção da infecção do HIV. É preciso também que se aumenteo apoio ao tratamento e à assistência de pessoas infectadas pelo HIV e de pacientes da AIDS. Deveser enfatizada a coordenação de atividades para combater a epidemia da AIDS. Particular atençãodeve ser dispensada a atividades do sistema das Nações Unidas em nível nacional, onde medidas taiscomo programas conjuntos podem melhorar a coordenação e assegurar o uso mais eficiente derecursos escassos. A comunidade internacional deve também mobilizar seus esforços no controle eavaliação dos resultados de várias tentativas na busca de novas estratégias.8.34 Os governos devem desenvolver políticas e diretrizes para proteger os direitos individuais depessoas infectadas pelo HIV, e suas famílias, e eliminar sua discriminação. Devem ser reforçadosserviços para detectar a infecção do HIV, assegurada sua confidencialidade. Programas especiaisdevem ser concebidos para dispensar assistência e o necessário apoio emocional a homens emulheres afetados pela AIDS e para aconselhar suas famílias e parentes próximos.8.35 O comportamento sexual responsável, inclusive a abstinência sexual voluntária, para a prevençãoda infecção do HIV, deve ser promovido e incluído em programas de educação e de informação.Camisinhas e drogas para a prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis devemser amplamente disponíveis e serem incluídos em todas as listas de drogas essenciais. Ação efetivadeve ser tomada para maior controle da qualidade de produtos de sangue e da descontaminação deequipamentos.

Capítulo IXCapítulo IXCapítulo IXCapítulo IXCapítulo IXDISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃODISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃODISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃODISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃODISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO,,,,, URBANIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNA URBANIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNA URBANIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNA URBANIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNA URBANIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNAA. Distribuição da população e desenvolvimento sustentávelA. Distribuição da população e desenvolvimento sustentávelA. Distribuição da população e desenvolvimento sustentávelA. Distribuição da população e desenvolvimento sustentávelA. Distribuição da população e desenvolvimento sustentávelJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação9.1 No início da década de 1990, cerca da metade dos governos de todo o mundo, principalmentedos países em desenvolvimento, considerava insatisfatórios os sistemas de distribuição demográficade seus territórios e desejavam modificá-los. A questão central era o rápido crescimento de áreasurbanas que, conforme se estima, abrigarão mais da metade da população mundial por volta do ano2005. Por conseguinte, tem-se dispensado atenção à migração campo-cidade, embora a migraçãodo campo para campo e de cidade para cidade seja de fato as formas dominantes de mobilidadeespacial em muitos países. O processo de urbanização é uma dimensão intrínseca do desenvolvimentoeconômico e social e, por conseguinte, tanto os países desenvolvidos como os países emdesenvolvimento estão passando pelo processo de mudança de sociedade predominantementerurais para sociedades predominantemente urbanas. Para os indivíduos, a migração é muitas vezesum esforço racional e dinâmico em busca de novas oportunidades de vida. As metrópoles sãocentros de crescimento econômico, que impulsionam as inovações e mudanças sócio-econômicas.Todavia, a migração é também favorecida por fatores de pressão, como a alocação desigual derecursos de desenvolvimento, adoção de tecnologias impróprias e falta de acesso à terra disponível.As conseqüências alarmantes da urbanização, visíveis em muitos países, estão relacionadas com seurápido ritmo, que os governos não têm podido acompanhar com suas atuais capacidades e práticasadministrativas. Mesmo nos países em desenvolvimento já há, entretanto, sinais de uma mudançade sistemas de distribuição demográfica, no sentido de que a tendência para a concentração emalgumas grandes metrópoles está dando lugar a uma distribuição mais dispersa em centros urbanosde porte médio. Esse movimento se verifica também em alguns países desenvolvidos, com a preferênciadas pessoas em viver em lugares menores. Políticas eficientes de distribuição demográfica sãoaquelas que, embora respeitando o direito do indivíduo de viver e trabalhar na comunidade de suaescolha, leva em consideração os efeitos de estratégias de desenvolvimento na distribuição dapopulação. A urbanização tem profundas implicações para o meio de vida, para o sistema de vida e

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valores individuais. Ao mesmo tempo, a migração tem implicações econômicas, sociais e ambientais- tanto positivas como negativas - nos lugares de origem e de destinação.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos9.2. Os objetivos são:(a) fomentar uma distribuição espacial mais equilibrada da população, com a promoção, de umamaneira integrada, do desenvolvimento eqüitativo e ecologicamente sustentável das áreas de origeme de destinações, com ênfase especial na promoção da igualdade econômica, social e de sexos,baseada no respeito pelos direitos humanos, especialmente o direito ao desenvolvimento;(b) reduzir o papel dos vários fatores de pressão no seu relacionamento com os fluxos migratórios.AçõesAçõesAçõesAçõesAções9.3. A formulação oficial de políticas de distribuição demográfica deve assegurar que os objetivos emetas dessas políticas sejam compatíveis com outras metas, políticas de desenvolvimento e com osdireitos humanos básicos. Os governos, apoiados por órgãos locais, regionais e intergovernamentaisinteressados, devem avaliar regularmente como as conseqüências de suas políticas econômicas eambientais, suas prioridades setoriais, investimentos em infra-estrutura e equilíbrio de recursos entreautoridades regionais, central, provinciais e locais influenciam na distribuição da população e namigração interna, tanto permanente como temporária.9.4. Para conseguir uma equilibrada distribuição espacial de emprego produtivo e de população, ospaíses devem adotar estratégias regionais de desenvolvimento sustentável e estratégias para estimulara consolidação urbana, o crescimento de pequenos e médios centros urbanos e o desenvolvimentosustentável de áreas rurais, inclusive a adoção de projetos de mão-de-obra intensiva, treinamentopara ocupações não-agrícolas para jovens, e eficientes sistemas de transporte e de comunicação.Para criar um contexto favorável ao desenvolvimento local, inclusive a prestação de serviços, osgovernos devem considerar a descentralização de seus sistemas administrativos. Isso envolve tambémdar a autoridades regionais, distritais e locais a responsabilidade de gastar e o direito de levantarreceitas. Embora sejam essenciais, em muitos países em desenvolvimento grandes melhorias na infra-estrutura urbana e nas estratégias de desenvolvimento, para criar um ambiente saudável para oshabitantes urbanos, semelhantes atividades devem ser também perseguidas nas áreas rurais.9.5. Para reduzir a tendência urbana e o desenvolvimento rural isolado, os governos devemexaminar a viabilidade de conceder incentivos para estimular a redistribuição e recolocação deindústrias e negócios das áreas urbanas para a área rural e estimular a criação de novos negócios, denovas unidades industriais e projetos geradores de renda nas zonas rurais.9.6. Os governos, desejosos de criar alternativas para a emigração das áreas rurais, devem criar aspré-condições para o desenvolvimento nas zonas rurais, apoiar ativamente o acesso à propriedadeou ao uso da terra e acesso a recursos hídricos, especialmente para unidades familiares, fazer eincentivar investimentos para aumentar a produtividade rural, melhorar a infra-estrutura rural eserviços sociais e facilitar a criação de cooperativas de crédito, de produção e de comercialização eoutras organizações de natureza popular que dêem às pessoas maior controle sobre os recursos emelhorem seu meio de vida. Particular atenção se requer para assegurar que essas oportunidadesestejam também à disposição de famílias dos migrantes que permaneceram nas áreas de origem.9.7. Os governos devem perseguir estratégias de desenvolvimento que ofereçam benefícios tangíveisaos investidores nas áreas rurais e aos produtores rurais. Os governos devem procurar tambémreduzir a restrições ao comércio internacional de produtos agrícolas.9.8. Os governos devem reforçar sua capacidade de reagir às pressões causadas pela rápidaurbanização, revendo e reorientando, quando necessário, os órgãos e os mecanismos de administraçãourbana e assegurando ampla participação de todos os segmentos da população no planejamentoe na tomada de decisões sobre o desenvolvimento local. Especial atenção deve ser dispensada ao

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manejo da terra para assegurar seu uso econômico, proteger ecossistemas fracos e facilitar o acessodo pobre à terra tanto nas áreas urbanas como nas rurais.9.9. Os países são instados a reconhecer que as terras de populações indígenas e suas comunidadesdevem ser protegidas contra atividades ambientalmente inconvenientes ou que as populaçõesindígenas interessadas considerem como social e culturalmente impróprias. O termo “terras” éentendido no sentido de incluir o meio ambiente das áreas que a população interessada ocupatradicionalmente.9.10 Os países devem aumentar a informação e o treinamento em práticas de conservação efomentar a criação de oportunidades de emprego rural sustentável, não-agrícola, para limitar acrescente expansão de assentamentos humanos para áreas de ecossistemas precários.9.11 As políticas de distribuição demográfica devem ser compatíveis com instrumentos internacionais,quando aplicáveis, como a Convenção de Genebra relativa à Proteção da População Civil em Tempode Guerra (1949), inclusive o Artigo 49.B.Crescimento da população em grandes aglomerados urbanosB.Crescimento da população em grandes aglomerados urbanosB.Crescimento da população em grandes aglomerados urbanosB.Crescimento da população em grandes aglomerados urbanosB.Crescimento da população em grandes aglomerados urbanosJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação9.12 Em muitos países, o sistema urbano é caracterizado pela esmagadora preponderância de umúnico e importante centro ou aglomerado urbano. A tendência para a concentração da população,fomentada pela concentração de recursos públicos e privados em algumas metrópoles, tem tambémcontribuído para aumentar o número e o tamanho de megacidades. Em 1992, havia 13 metrópolesde pelo menos 10 milhões de habitantes e se estima que esse número se duplique em 2010,quando a maioria das megacidades estarão localizadas nos países em desenvolvimento. A contínuaconcentração da população nas cidades principais, especialmente em megacidades, põe específicosdesafios econômicos, sociais e ambientais para os governos, embora os grandes aglomeradosrepresentem também os centros mais dinâmicos de atividade econômica e cultura em muitos países.Por isso, é essencial que os problemas específicos das grandes metrópoles sejam analisados etratados com pleno reconhecimento da contribuição positiva que dão as grandes cidades para odesenvolvimento econômico e social de um país. Os desafios enfrentados pelas metrópoles sãomuitas vezes agravados pela incapacidade administrativa, em nível local, de tratar as conseqüênciasda concentração demográfica, do desenvolvimento sócio-econômico, dos impactos ambientais e desuas inter-relações.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos9.13 O objetivo é aprimorar a administração de aglomerados urbanos por meio de planejamento eadministração mais participativos e mais conscientes de recursos, rever e reformular políticas emecanismos que contribuem para a excessiva concentração de população nas grandes cidades emelhorar a segurança e a qualidade de vida dos habitantes de baixa renda tanto das áreas urbanascomo das rurais.AçõesAçõesAçõesAçõesAções9.14 Os governos devem aumentar a capacidade e a competência das autoridades metropolitanase municipais para administrar o desenvolvimento urbano, salvaguardar o meio ambiente, atender àsnecessidades de todos os cidadãos, inclusive de invasores urbanos, de segurança pessoal, de infra-estrutura e serviços básicos, eliminar problemas de saúde sociais, inclusive problemas de drogas e decriminalidade, e problemas resultantes da superpopulação e de acidentes, e prover alternativas parapessoas que vivem em áreas sujeitas a acidentes naturais ou provocados pelo homem.9.15 Para melhorar a situação da população pobre urbana que trabalha no setor informal daeconomia, os governos são instados a promover a integração de migrantes das áreas rurais em áreasurbanas e a desenvolver e melhorar sua capacidade de ganhar a vida, facilitando seu acesso aemprego, crédito, produção, oportunidades de comercialização, educação básica, serviços de saúde,treinamento profissional e transporte de trabalho, com especial atenção à situação de mulheres C

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trabalhadoras e de mulheres chefes de família. Devem ser criados centros de assistência à criança eprogramas especiais de proteção e reabilitação de crianças de rua.9.16 Para financiar a infra-estrutura e os serviços necessários, de uma maneira equilibrada, levandoem consideração os interesses dos segmentos pobres da sociedade, órgãos de governos locais enacionais devem considerar a introdução de planos eqüitativos de recuperação de custo e deaumento de receitas com medidas adequadas.9.17 Os governos devem reforçar a capacidade de administrar o espaço, inclusive no planejamentourbano, em todos os níveis, de modo a levar em conta as tendências demográficas e estimular abusca de abordagens inovadoras para enfrentar os desafios que enfrentam as metrópoles, comespecial atenção às pressões e a necessidades resultantes do crescimento de suas populações.9.18 Os governos devem promover o desenvolvimento e a implementação de eficientes estratégiasde manejo ambiental em aglomerados urbanos, dispensando especial atenção ao manejo da água,de resíduos e do ar, assim como a sistemas de energia e de transporte ambientalmente sadios.C. Deslocamento interno das pessoasC. Deslocamento interno das pessoasC. Deslocamento interno das pessoasC. Deslocamento interno das pessoasC. Deslocamento interno das pessoasJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação9.19 Aumentou, na década passada, o conhecimento da situação de pessoas que, por váriosmotivos, são obrigadas a deixar o lugar de sua residência habitual. Pelo fato de não haver umadefinição única de pessoas internamente deslocadas, variam as estimativas de sua quantidade, comovariam as causas de sua migração. Todavia, há um entendimento geral de que essas causas vão dadegradação ambiental a calamidades naturais e a conflitos internos que destroem assentamentoshumanos e obrigam as pessoas a fugir de uma região do país para outra. O povo indígena, emparticular, em muitos casos está sujeito ao deslocamento. Dada a natureza forçada de seu deslocamento,as pessoas deslocadas dentro do país se acham, em geral, em situações particularmente vulneráveis,sobretudo as mulheres que podem estar sujeitas a estupro e a agressões sexuais em situações deconflito armado. O deslocamento interno é muitas vezes precursor de levas de refugiados e dedeslocados externos. Refugiados que retornam pode ser também internamente deslocados.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos9.20 Os objetivos são:a) oferecer proteção e assistência adequadas a pessoas deslocadas dentro de seu país, particularmentemulheres, crianças e idosos, que são as mais vulneráveis, e encontrar solução para as causas quederam origem a esse deslocamento, com vista a evitá-lo e, quando for o caso, a facilitar o retorno oureassentamento;b) pôr fim a todas as formas de migração forçada, inclusive a “limpeza étnica”.AçõesAçõesAçõesAçõesAções9.21 Os países devem tratar das causas do deslocamento interno, inclusive a degradação ambiental,as calamidades naturais, conflito armado e reassentamento forçado, e criar os mecanismos necessáriospara proteger e ajudar as pessoas deslocadas, inclusive, quando possível, com uma compensaçãopor danos, especialmente para aquelas que não têm condições, em curto prazo, de voltar para seulugar normal de residência. Devem ser desenvolvidas adequadas capacidades para a iminência decalamidade. As Nações Unidas, por meio do diálogo com governos e todas as organizaçõesintergovernamentais e não-governamentais, são estimuladas a continuar a estudar a necessidade deproteger e ajudar pessoas internamente deslocadas, as causas principais do deslocamento interno,a prevenção e soluções de longo prazo, levando em consideração situações específicas.9.22 Providências devem ser tomadas para assegurar que pessoas internamente deslocadas tenhamoportunidades de educação básica e de emprego, treinamento profissional e serviços básicos desaúde, inclusive serviços de saúde reprodutiva e de planejamento familiar.

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9.23 Para reverter a deterioração da qualidade ambiental e minimizar o conflito no acesso à terra depastagens, deve ser buscada a modernização do sistema econômico pastoril, com a ajuda provida,se necessário, por meio de acordos bilaterais e multilaterais.9.24 Governos, organizações internacionais e organizações não-governamentais são estimulados areforçar a ajuda de desenvolvimento a pessoas internamente deslocadas, de modo que possamvoltar a seus lugares de origem.9.25 Providências devem ser tomadas, no âmbito nacional, com a cooperação internacional, seconveniente, de acordo com a Carta das Nações Unidas, para encontrar soluções duradouras paraquestões relacionadas com pessoas internamente deslocadas, inclusive seu direito a um retornovoluntário e seguro ao seu lar de origem.

Capítulo XCapítulo XCapítulo XCapítulo XCapítulo XMIGRAÇÃO INTERNACIONALMIGRAÇÃO INTERNACIONALMIGRAÇÃO INTERNACIONALMIGRAÇÃO INTERNACIONALMIGRAÇÃO INTERNACIONALA. Migração internacional e desenvolvimentoA. Migração internacional e desenvolvimentoA. Migração internacional e desenvolvimentoA. Migração internacional e desenvolvimentoA. Migração internacional e desenvolvimentoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação10.1. As interrelações internacionais econômicas, políticas e culturais desempenham um importantepapel no fluxo de pessoas entre países, quer se trate de economias em desenvolvimento, desenvolvidasou em transição. Em seus diversos tipos, a migração internacional está ligada a essas interrelações eambas as coisas afetam o processo de desenvolvimento ou são afetadas por ele. Os desequilíbrioseconômicos internacionais, a pobreza e a degradação do meio ambiente, juntamente com a falta depaz e de segurança, com as violações dos direitos humanos e os variados graus de desenvolvimentode instituições judiciárias e democráticas, constituem, todos, fatores que afetam a migraçãointernacional. Embora a maioria dos fluxos de migração internacional ocorra entre países vizinhos, amigração inter-regional, especialmente a dirigida para países desenvolvidos, está crescendo. Calcula-se que a quantidade de migrantes internacionais do mundo, inclusive refugiados, seja de mais de125 milhões de pessoas, cerca de cuja metade nos países em desenvolvimento. Nos últimos anos,os principais países receptores no mundo desenvolvido registraram uma entrada líquida de migraçãode aproximadamente 1,4 milhões de pessoas por ano, das quais cerca de dois terços são origináriosde países em desenvolvimento. Uma organizada migração internacional pode ter impactos positivostanto nas comunidades de origem como nas comunidades de destinação, com a provisão deremessas de dinheiro para as primeiras e de recursos humanos necessários para as últimas. Amigração internacional tem também o potencial de facilitar a transferência de habilidades e decontribuir para o enriquecimento cultural. Todavia, a migração internacional envolve a perda derecursos humanos para muitos países de origem e pode resultar em tensões políticas, econômicas esociais nos países de destinação. Para serem eficientes, as políticas de migração internacional precisamlevar em consideração as limitações econômicas do país receptor, o impacto da migração na sociedadeque a recebe e seus efeitos para os países de origem. A capacidade de controlar, em longo prazo, amigração internacional está em viabilizar, para toda pessoa, a opção de permanecer em seu país. Umcrescimento econômico sustentável e justo e estratégias de desenvolvimento compatíveis com esseobjetivo são meios necessários para esse fim. Além disso, um uso mais eficiente pode ser feito dacontribuição potencial que os nacionais expatriados podem dar para o desenvolvimento econômicode seus países de origem.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos10.2. Os objetivos são:a) tratar das causas fundamentais da migração, especialmente as relacionadas com a pobreza;b) estimular mais cooperação e diálogo entre países de origem e países de destinação para maximizaros benefícios da migração para os países envolvidos e aumentar a probabilidade de que a migração

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tenha conseqüências positivas para o desenvolvimento tanto dos países de origem como dos paísesde destinação;c) facilitar o processo de integração de migrantes que retornam.AçõesAçõesAçõesAçõesAções10.3. Os governos de países de origem e dos países de destinação devem procurar tornar viável atoda pessoa a opção de permanecer no seu próprio país. Para isto, devem ser envidados esforçospara se chegar a um desenvolvimento econômico e social sustentável que assegure melhor equilíbrioeconômico entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento e países de economia emtransição. É também necessário aumentar os esforços para desativar conflitos internacionais e internosantes que se agravem; assegurar o respeito aos direitos de pessoas que pertencem a minoriasétnicas, religiosas ou lingüísticas e do povo indígena; respeitar as normas da lei, promover um bomgoverno; fortalecer a democracia e promover os direitos humanos. Além disso, deve ser dado maiorapoio para se alcançar a segurança do abastecimento nacional e da família, à educação, à nutrição,à saúde e a programas relacionados com população e assegurar uma efetiva proteção ambiental.Esses esforços podem requerer apoio financeiro nacional e internacional, revisão de relações comerciaise tarifárias, maior acesso a mercados mundiais e maiores esforços da parte de países em desenvolvimentoe de países de economia em transição para criar uma infra-estrutura nacional para um crescimentoeconômico sustentável com ênfase na criação de ocupação. A situação econômica nesses paísesprovavelmente só melhorará gradualmente e, por conseguinte, seus fluxos de migração provavelmentesó declinarão em longo prazo; nesse ínterim os graves problemas atualmente observados levarão osfluxos migratórios a continuar por curto e médio prazo e, por causa disso, os governos são instadosa adotar políticas e programas internacionais transparentes de migração, para controlar esse fluxos.10.4. Os governos de países de origem, desejosos de fomentar o fluxo de entrada de recurso e seuuso produtivo para o desenvolvimento, devem adotar taxas de câmbio, políticas monetárias eeconômicas corretas, facilitar a provisão de facilidades bancárias que possibilitem a transferênciasegura e oportuna de fundos de migrantes e promover as condições necessárias para aumentar apoupança interna e canalizá-la para o investimento produtivo.10.5. Os governos de países de destinação são convidados a considerar o uso de certas formas demigração temporária, como migração de curto prazo e relacionada com projetos, como meio demelhorar as habilidades de cidadãos dos países de origem, especialmente de países emdesenvolvimento e de economia em transição. Para esse fim, devem considerar, se for o caso, fazeracordos bilaterais ou multilaterais. Providências adequadas devem ser tomadas para salvaguardar ossalários e condições de trabalho tanto de trabalhadores migrantes como de nacionais nos setoresafetados Os governos de países de origem são instados a facilitar a volta de migrantes e suareintegração em suas comunidades pátrias e a achar maneiras de usar suas habilidades. Os governosde países de origem devem considerar a colaboração com países de destinação e obter o apoio deapropriadas organizações internacionais na promoção do retorno voluntário de migrantes qualificadosque possam desempenhar um papel decisivo na transferência de conhecimento, habilidades etecnologia. Os países de destinação são estimulados a facilitar a migração de retorno, adotandopolíticas flexíveis, como a possibilidade de transferência de pensões e outros benefícios trabalhistas.10.6. Os governos de países afetados pela migração internacional são convidados a cooperar, comvistas à inclusão da questão em suas agendas políticas e econômicas e à participação na cooperaçãotécnica para ajudar países em desenvolvimento e países de economia em de transição no controle doimpacto da migração internacional. Os governos são instados a intercambiar informações comrelação a suas políticas de migração internacional e a regulamentos que regem a admissão e a estadade migrantes em seus territórios. Os estados que ainda não o fizeram, são convidados a considerar

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a ratificação da Convenção Internacional dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membrosde Suas Famílias.10.7. Os governos são incentivados a considerar pedidos de migração de países cuja existência, deacordo com prova científica disponível, esteja sob a ameaça de iminente aquecimento global emudança climática.10.8. Em cooperação com organizações internacionais e não-governamentais e com instituições depesquisa, os governos devem apoiar a coleta de dados sobre fluxos e estoques de migrantesinternacionais e sobre os fatores responsáveis pela migração, assim como o controle da migraçãointernacional. Deve ser também apoiada a identificação de estratégias que assegurem que a migraçãocontribua para o desenvolvimento e para as relações internacionais. O papel de organizaçõesinternacionais que atuam na área da migração deve ser reforçado de modo que possam dispensaradequado apoio técnico a países em desenvolvimento, assessorar na administração de fluxos demigração internacional e promover a cooperação intergovernamental por meio, inter alia, denegociações bilaterais e multilaterais, se convenientes.B. Migrantes regularesMigrantes regularesMigrantes regularesMigrantes regularesMigrantes regularesJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação10.9. Migrantes regulares são aqueles que satisfazem a todos os requisitos legais para entrar, permanecere, se aplicável, ter emprego no país de destinação. Em alguns países, muitos migrantes regularesadquiriram, com o tempo, o direito de permanência. Nesses casos, é, em geral, desejável a integraçãodo migrante regular na sociedade anfitriã e, para esse fim, é importante lhe estender os mesmos direitossociais, econômicos e legais gozados pelos nacionais, de acordo com a legislação do país. A reunificaçãoda família de migrantes regulares é um importante fator na migração internacional. É também importanteproteger o migrante regular e sua família contra o racismo, o etnocentrismo e a xerofobia, e respeitar suaintegridade física, dignidade e crenças religiosas e valores culturais. A migração regular é, em geral,benéfica ao país anfitrião, desde que os migrantes estejam, em geral, nas idades mais produtivas etenham as habilidades de que precisa o país receptor e sua admissão esteja de acordo com as políticasdo governo. A remessa de valores de migrantes regulares para seus países de origem constitui, muitasvezes, uma fonte muito importante de divisas e é instrumental para a melhoria do bem-estar de seusparentes que ficaram para trás.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos10.10. Os objetivos são:a) assegurar a integração social e econômica de migrantes regulares, especialmente daqueles queadquiriram o direito de residência permanente no país de destinação e igual tratamento diante da lei;b) eliminar práticas discriminatórias contra migrantes regulares, especialmente mulheres, crianças eidosos;c) assegurar proteção contra o racismo, o etnocentrismo e a xenofobia;d) promover o bem-estar de migrantes regulares e de membros de suas famílias;e) assegurar o respeito aos valores culturais e religiosos, a crenças e práticas de migrantes regulares,desde que estejam de acordo com a legislação nacional e os direitos humanos universalmentereconhecidos;f) tomar em consideração as necessidades e circunstâncias especiais de migrantes temporários.AçõesAçõesAçõesAçõesAções10.11 Os governos de países receptores são instados a considerar a extensão a migrantes regulares,que satisfaçam às exigências adequadas de permanência, e a membros de suas famílias cuja estadano país receptor é regular, tratamento igual ao dispensado a seus próprios nacionais com relação aogozo dos direitos humanos básicos, inclusive a igualdade de oportunidade e de tratamento comreferência a práticas religiosas, condições de trabalho, seguridade social, participação em sindicatos,acesso a serviços de saúde, educação, culturais e outros, assim como igual acesso ao sistema C

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judiciário e igual tratamento diante da lei. Os governos de países receptores são ainda instados atomar as necessárias providências para evitar toda forma de discriminação contra migrantes, inclusivea eliminação de práticas discriminatórias referentes à sua nacionalidade e à nacionalidade de seusfilhos, e para proteger seus direitos e sua segurança. Mulheres e crianças que migram como membrosda família devem ser protegidos contra abusos ou negação de seus direitos humanos por seuspatrões, e os governos são solicitados a considerar, nos limites da legislação nacional, a extensão suade estada sob pena de dissolver a relação familiar.10.12 Para promover a integração de migrantes regulares que tenham direito a residência permanente,os governos de países receptores são instados a lhes conceder direitos e responsabilidades civis epolíticas, se conveniente, e lhes facilitar a naturalização. Esforços especiais devem ser feitos paraincentivar a integração dos filhos de migrantes de residência permanente, provendo-lhes oportunidadesde educação e de treinamento iguais às dos nacionais, permitindo-lhes o exercício de uma atividadeeconômica e facilitando a naturalização dos que foram criados no país receptor. Nos termos do Artigo10 da Convenção sobre os Direitos da Criança e de todos os demais instrumentos de direitoshumanos universalmente reconhecidos, todos os governos, principalmente os governos de paísesreceptores, devem reconhecer a importância vital da reunificação da família e promover sua integraçãona legislação nacional para assegurar a proteção da unidade da família de migrantes regulares. Osgovernos de países receptores devem assegurar a proteção de migrantes e de suas famílias, dandoprioridade a programas e estratégias que combatam a intolerância religiosa, o racismo, o etnocentrismo,a xenofobia e a discriminação por causa de sexo, e gerem a necessária sensibilidade pública nessesentido.10.13 Os governos de países de destinação devem respeitar os direitos humanos fundamentais demigrantes regulares e, ao mesmo tempo, afirmar seu direito de regulamentar o acesso a seu territórioe de adotar políticas que reajam aos fluxos de imigração e os ajustem. Com relação à admissão demigrantes, os governos devem evitar a discriminação por motivo de raça, religião, sexo e deficiência,embora levando em consideração a saúde e outros aspectos pertinentes a regulamentos nacionaisde imigração, particularmente as necessidades especiais de idosos e crianças. Os governos sãoinstados a promover, por meio da reunião da família, a normalização da vida familiar de migrantesregulares que têm o direito a residência permanente.10.14 Os governos devem considerar a concessão de ajuda e cooperação a programas que seocupem das adversas conseqüências sociais e econômicas da migração forçada.C. Migrantes irregularesC. Migrantes irregularesC. Migrantes irregularesC. Migrantes irregularesC. Migrantes irregularesJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação10.15 É direito de toda nação-estado decidir sobre quem pode entrar e permanecer em seu territórioe sob quais condições. Esse direito, entretanto, deve ser exercido com cuidado para evitar ações epolíticas racistas ou xenófobas. Migrantes sem documentação ou irregulares são pessoas que nãopreenchem as exigências estabelecidas pelo país de destinação para a admissão em emprego e parapermanecer ou exercer uma atividade econômica. Uma vez que aumentam as pressões para amigração em muitos países em desenvolvimento, especialmente quando sua força de trabalhocontinua a crescer, a migração irregular tende a aumentar.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos10.16 Os objetivos são:a) tratar das causas fundamentais da migração irregular;b) reduzir substancialmente o número de migrantes irregulares, embora assegurando a proteçãointernacional àqueles que dela precisem; evitar a exploração de migrantes irregulares e assegurar quetenha protegidos seus direitos humanos básicos;c) evitar todo tráfico internacional de migrantes, especialmente para fins de prostituição;d) assegurar proteção contra o racismo, o etnocentrismo e a xenofobia.

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AçõesAçõesAçõesAçõesAções10.17 Os governos de países de origem e de países de destinação são instados a cooperarem parareduzir as causas da migração irregular, salvaguardados os direitos humanos básicos desses migrantes,inclusive o direito de procurar e obter, em outros países, asilo contra a perseguição, e evitar suaexploração. Os governos devem identificar as causas da migração irregular e seu impacto econômico,social e demográfico, assim como suas implicações na formulação de políticas sociais, econômicas e demigração internacional.10.18 Os governos tanto dos países receptores como dos países de origem devem adotar sançõesefetivas para quem organiza a migração irregular, explora migrantes irregulares e se envolve no seutráfico, especialmente para quem participa de qualquer forma de tráfico de mulheres, jovens e crianças.Os governos de países de origem, onde são legais as atividades de agentes ou outros intermediáriosno processo de migração, devem regulamentar essas atividades para evitar abusos, especialmente aexploração, a prostituição e a adoção coercitiva.10.19 Os governos, com o apoio de apropriadas organizações internacionais, devem conter a migraçãoirregular, conscientizando os migrantes potenciais por meio de atividades de informação, nos países deorigem, sobre as condições legais de entrada, permanência e emprego nos países receptores.10.20 Os governos de países de origem de migrantes irregulares e de pessoas cujos pedidos de asilotenham sido recusados têm a responsabilidade de aceitar a volta e a reintegração dessas pessoas enão devem puni-las no seu retorno. Além disso, os governos de países de origem e de países dedestinação devem procurar encontrar soluções satisfatórias para os problemas causados pela migraçãoirregular, por meio de negociações bilaterais ou multilaterais de acordos, inter alia, de readmissão queprotejam os direitos humanos básicos das pessoas envolvidas, nos termos de pertinentes instrumentosinternacionais.D. Refugiados, pedidos de asilo e pessoas deslocadasD. Refugiados, pedidos de asilo e pessoas deslocadasD. Refugiados, pedidos de asilo e pessoas deslocadasD. Refugiados, pedidos de asilo e pessoas deslocadasD. Refugiados, pedidos de asilo e pessoas deslocadasJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação10.21 Em menos de 10 anos, de 1985 a 1993, o número de refugiados fez mais do que dobrar, de8,5 milhões para 19 milhões. Isto resultou de múltiplos e complexos fatores, inclusive violaçõesmaciças dos direitos humanos. A maioria desses refugiados encontra asilo em países emdesenvolvimento, impondo muitas vezes pesado ônus a esses estados. A instituição do asilo encontra-se sob forte tensão em países industrializados por uma variedade de razões, inclusive o númerocrescente de refugiados e de solicitadores de asilos e o uso indevido do processo de asilo pormigrantes que procuram burlar as restrições de imigração. Embora dois terços de todos os países domundo tenham ratificado a Convenção de 1951, referente à situação do refugiado, ou o Protocolode 1967 que estabelece normas para a proteção de refugiados, há necessidade de reforçar o apoioà proteção e à ajuda internacional ao refugiado, especialmente o refugiado mulher e o refugiadocriança, que são particularmente vulneráveis. Pessoas deslocadas que não se enquadram naclassificação de refugiados e que, em certos casos, se encontram fora de seu país, são tambémvulneráveis e precisam de ajuda internacional. Acordos regionais devem ser cogitados para proverproteção a pessoas que fogem da guerra.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos10.22 Os objetivos são:a) reduzir as pressões que produzem a movimentação e o deslocamento de refugiados, combatendosuas causas primárias em todos os níveis e tomando providências preventivas nesse sentido;b) achar e executar soluções duráveis para a situação de refugiados e de pessoas deslocadas;c) assegurar proteção e ajuda efetivas a populações de refugiados, com particular atenção àsnecessidades e à segurança física de refugiados mulheres e crianças;d) evitar a deterioração do instituto do asilo;

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e) prover adequados serviços de saúde, educação e sociais para refugiados e pessoas deslocadas;f) integrar programas de ajuda e reabilitação do refugiado e daqueles que regressam no planejamentode desenvolvimento, com a devida atenção à igualdade dos sexos.AçõesAçõesAçõesAçõesAções10.23 Os governos são instados a tratar das causas primárias de movimentações de refugiados e depessoas deslocadas, tomando as devidas providências, particularmente com relação à solução deconflitos e à promoção da paz e da reconciliação; ao respeito pelos direitos humanos, inclusive osdireitos de pessoas pertencentes a minorias; respeito à independência, à integridade territorial e àsoberania dos estados. Além disso, precisam ser controlados os fatores que contribuem para osdeslocamentos forçados, por meio de iniciativas que visem a atenuação da pobreza, a democratização,um bom gerenciamento e a prevenção da degradação ambiental. Os governos e todas as demaisentidades devem respeitar e salvaguardar o direito das pessoas de permanecer em segurança emseus lares e evitar políticas ou práticas que as obriguem a fugir.10.24 Os governos são instados a aumentar seu apoio a atividades internacionais de proteção eajuda aos refugiados e, se for o caso, a pessoas deslocadas, e promover a busca de soluçõesduráveis para sua situação. Assim fazendo, os governos são incentivados a reforçar mecanismosregionais e internacionais que promovam a partilha da responsabilidade pelas necessidades deproteção e de ajuda aos refugiados. Todas as medidas necessárias devem ser tomadas para assegurara proteção física de refugiados, particularmente de refugiados: mulher e criança, sobretudo contra aexploração, o abuso e todas as formas de violência.10.25 O adequado apoio internacional deve ser estendido a países de asilo para atender àsnecessidades básicas de refugiados e ajudar na busca de soluções duráveis. Os refugiados,particularmente o refugiado mulher, devem ser envolvidos no planejamento e na execução deatividades de ajuda ao refugiado Ao se planejar e implementar atividades de ajuda ao refugiado,especial atenção deve ser dispensada a necessidades específicas de refugiados mulheres e crianças.Os refugiados devem dispor de acesso a serviços adequados de alojamento, educação e saúde,inclusive de planejamento familiar e outros serviços sociais necessários. Os refugiados são convidadosa respeitar as leis e regulamentos dos países de asilo.10.16 Os governos devem criar condições que permitam a repatriação voluntária de refugiados emsegurança e com dignidade. A ajuda de reabilitação para a repatriação de refugiados deve ser,quando possível, ligada a planos de reconstrução e de desenvolvimento. A comunidade internacionaldeve dar ajuda a programas de reabilitação e repatriação do refugiado e à remoção de minas de terrae outros artefatos não-explodidos que constituam séria ameaça à segurança do repatriado e dapopulação local.10.27 Os governos são instados a aceitar e cumprir as leis internacionais concernentes aos refugiados.Os estados que ainda não o fizeram são convidados a considerar a ratificação de instrumentosinternacionais relativos a refugiados, em particular, a Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967,referentes à situação do refugiado. Os governos são ainda instados a respeitar o princípio de non-refoulement (isto é, o princípio de não forçar o retorno de pessoas a lugares onde a sua vida ou asua liberdade corra sérios riscos por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social, opiniãopolítica). Os governos devem assegurar que os solicitadores de asilo em seu território tenham odireito de serem ouvidos e devem facilitar o rápido processamento de pedidos de asilo, assegurandoque diretrizes e procedimentos para a definição da condição de refugiado sejam sensíveis à situaçãoparticular da mulher.10.28 Nos casos de súbitas e maciças chegadas de refugiados e de pessoas deslocadas quenecessitem de proteção internacional, os governos dos países receptores devem lhes dispensar pelomenos proteção e tratamento temporários nos termos de normas internacionais reconhecidas e de

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acordo com a legislação, práticas e regulamentos nacionais, até ser encontrada uma solução para suasituação. Pessoas que precisam de proteção devem ser incentivadas a permanecer em áreas segurase, na medida do possível e se conveniente, perto de seus países de origem. Os governos devemreforçar mecanismos de proteção e ajuda à população nessas áreas. Os princípios de cooperaçãocoletiva e de solidariedade internacional devem ser observados na ajuda, a pedidos, a paísesanfitriões.10.19 Os problemas de refugiados e de pessoas deslocadas resultantes de migração forçada,inclusive seu direito de repatriação, devem ser resolvidos de acordo com os princípios pertinentes daCarta das Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de outros instrumentosinternacionais e de resoluções pertinentes das Nações Unidas.

Capítulo XICapítulo XICapítulo XICapítulo XICapítulo XI*****

POPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃO,,,,, DESENV DESENV DESENV DESENV DESENVOLOLOLOLOLVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTO E EDUCAÇÃOO E EDUCAÇÃOO E EDUCAÇÃOO E EDUCAÇÃOO E EDUCAÇÃOA. Educação, população e desenvolvimento sustentávelEducação, população e desenvolvimento sustentávelEducação, população e desenvolvimento sustentávelEducação, população e desenvolvimento sustentávelEducação, população e desenvolvimento sustentávelJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação11.1. Nos últimos 20 anos, o mundo vem experimentando uma elevação nos níveis educacionais.Embora tenham diminuído as diferenças na realização educacional entre homens e mulheres, 75 porcento das pessoas analfabetas no mundo são de mulheres. A falta de educação básica e os baixosníveis de alfabetização de adultos continuam a inibir o processo de desenvolvimento em toda parte.A comunidade mundial tem a especial responsabilidade de assegurar que todas as crianças recebamuma educação de qualidade melhorada e completem o curso primário. A educação é um instrumentoindispensável para a melhoria da qualidade de vida. Todavia, é mais difícil atender às necessidadeseducacionais onde se verifica um rápido crescimento populacional.11.2. A educação é o fator-chave de um desenvolvimento sustentável: é, ao mesmo tempo, umcomponente do bem-estar e fator no aumento do bem-estar, por meio de seus vínculos com fatoresdemográficos, econômicos e sociais. A educação é também um meio de capacitar o indivíduo a teracesso ao conhecimento, que é a pré-condição para enfrentar, por quem quer que seja, a complexidadedo mundo de hoje. A redução das taxas de fecundidade, de morbidade e de mortalidade, aemancipação da mulher, a melhoria da qualidade da população trabalhadora e a promoção de umaautêntica democracia são amplamente ajudadas pelo progresso na educação. A integração demigrantes é também facilitada pelo acesso universal à educação, que respeita as origens religiosas eculturais do migrante.11.3. A relação entre educação e mudanças sociais e demográficas é de interdependência. Há umaestreita e complexa relação entre educação, idade núbil, fecundidade, mortalidade, mobilidade eatividade. O aumento da educação de mulheres e moças contribui para a maior emancipação damulher, para o adiamento da idade de casamento e para a redução do tamanho das famílias.Quando as mães são mais bem educadas, a taxa de sobrevivência de seus filhos tende a subir. Oacesso mais amplo à educação é também um fator da migração interna e da composição dapopulação trabalhadora.11.4. A educação e o treinamento de jovens devem prepará-los para o desenvolvimento de umacarreira e para a vida profissional, a fim de enfrentar a complexidade do mundo moderno. É doconteúdo dos currículos educacionais e da natureza do treinamento recebido que dependem asperspectivas de oportunidades de emprego remunerativo. As inadequações no sistema educacionale no sistema de produção, e entre eles, podem levar ao desemprego e ao subemprego, a uma

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depreciação de qualificações e, em alguns casos, ao êxodo de pessoas qualificadas das zonas ruraispara as zonas urbanas e ao brain drain. É, portanto, essencial que se promova um desenvolvimentoharmônico de sistemas educacionais e de sistemas econômicos e sociais que conduzam a umdesenvolvimento sustentável.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos11.5. Os objetivos são:a) realizar o acesso universal á educação de qualidade, dando particular prioridade à educaçãoprimária e técnica e ao treinamento profissional, ao combate ao analfabetismo e à eliminação dedisparidades entre os sexos no acesso à educação, na sua manutenção e apoio.b) promover a educação não-formal para jovens, garantindo igual acesso a mulheres e homens acentros de alfabetização;c) introduzir e melhorar o conteúdo do currículo de modo a promover maior responsabilidade econscientização das inter-relações entre população e desenvolvimento sustentável; questões desaúde, inclusive saúde reprodutiva, e igualdade dos sexos.AçõesAçõesAçõesAçõesAções11.6. A erradicação do analfabetismo é um dos pré-requisitos do desenvolvimento humano. Todosos países devem consolidar o progresso realizado na década 1990 no acesso universal à educaçãoprimária, conforme acordado na ocasião da Conferência Mundial sobre Educação para Todos,realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990. Todos os países devem, além disso, envidar esforçospara assegurar, o mais cedo possível, o acesso completo, à escola primária ou a um nível equivalentede educação, tanto de rapazes como de moças e, de qualquer maneira, antes do ano 2015. Atençãodeve ser dada também à qualidade e ao tipo de educação, inclusive o reconhecimento de valorestradicionais. Os países que atingiram a meta de educação primária universal são instados a estendera educação e o treinamento para os níveis: secundário e superior e a facilitar seu acesso e conclusão.11.7 Investimentos na educação e no treinamento profissional devem ter alta prioridade nosorçamentos de desenvolvimento em todos os níveis e levar em conta a natureza e o nível derequisitos de habilidades da futura força de trabalho.11.8 Os países devem tomar providências afirmativas para manter moças e adolescentes na escola,construindo mais escolas comunitárias, formando professores mais sensíveis aos sexos, oferecendobolsas de estudo e outros incentivos adequados e conscientizando os pais da importância de educaras filhas, para acabar com a discrepância entre os sexos na educação primária e secundária por voltade 2005. Os países devem também suplementar esses esforços, fazendo pleno uso de oportunidadesde educação não-formal. A adolescentes grávidas devem ser dadas condições de continuar seusestudos.11.9 Para ser mais eficiente, a educação sobre questões de população deve começar na escolaprimária e continuar através de todos os níveis do ensino formal e não-formal, levando em contadireitos e responsabilidades dos pais e as necessidades de crianças e de adolescentes. Onde jáexistem esses programas, os currículos devem ser revistos, atualizados e ampliados com vistas aassegurar uma adequada cobertura de questões tão importantes como a conscientização dos sexos,opções e responsabilidades reprodutivas e doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS. Para assegurar a aceitação, pela comunidade, de programas de educação de população,projetos de educação populacional devem enfatizar a consulta com pais e líderes comunitários.11.10 Esforços devem ser intensificados no treinamento de especialistas em população no níveluniversitário e na incorporação do conteúdo referente a variáveis demográficas e suas inter-relaçõescom o planejamento do desenvolvimento nas disciplinas sociais e econômicas, assim como nasdisciplinas relativas a saúde e meio ambiente.B. Informação, educação e comunicação demográficasB. Informação, educação e comunicação demográficasB. Informação, educação e comunicação demográficasB. Informação, educação e comunicação demográficasB. Informação, educação e comunicação demográficas

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Justificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação11.11 Maior conhecimento, compreensão e compromisso públicos em todos os níveis, do individualao internacional, são vitais para se alcançar as metas e os objetivos do atual Programa de Ação. Emtodos os países e entre todos os grupos devem ser, portanto, fortalecidas as atividades de informação,educação e comunicação concernente à população e a questões de desenvolvimento sustentável.Isto inclui o lançamento de planos e estratégias, relacionados com população e desenvolvimento, deinformação, educação e comunicação de sensibilidade cultural e de sexo. No nível nacional, informaçõesmais adequadas e apropriadas capacitam os planejadores e formuladores de políticas a fazer planosmais apropriados e a tomar decisões mais apropriadas com relação à população e desenvolvimentosustentável. No plano mais básico, uma informação mais adequada e apropriada conduz a tomadasde decisão consciente e responsável concernente a saúde, comportamento sexual reprodutivo, avida familiar e a sistemas de produção e de consumo. Além disso, mais e melhores informações sobreas causas e os benefícios da migração podem criar condições mais positivas para as sociedadesenfrentarem os desafios da migração e lhes reagir.11.12 Informação, educação e comunicação efetivas são pré-requisitos para um desenvolvimentohumano sustentável e abrem o caminho para a mudança de atitude e de comportamento. Narealidade, isto começa com o reconhecimento de que as decisões devem ser tomadas livre eresponsavelmente e de uma maneira consciente sobre a quantidade e o espaçamento de filhos e emtodos os demais aspectos da vida diária, inclusive o comportamento sexual e reprodutivo. Maiorconhecimento e compromissos públicos numa sociedade democrática geram um clima que conduz adecisões e a comportamentos responsáveis e conscientes. O mais importante: abrem também ocaminho para a discussão pública e democrática e, por conseguinte, tornam possíveis um firmecompromisso político e apoio popular com referência à ação que se faz necessária nos âmbitos local,nacional e internacional.11.13 Atividades de informação, educação e comunicação incluem uma série de canais de comunicação,dos níveis mais íntimos da comunicação interpessoal a currículos escolares formais; das artes popularestradicionais a modernos entretenimentos de massa, e de seminários para líderes de comunidadeslocais à cobertura de questões globais pela mídia nacional e internacional. Abordagens por muitoscanais são, em geral, mais eficientes do que por um canal único de comunicação. Todos esses canaisde comunicação têm um importante papel a desempenhar na promoção e compreensão das inter-relações entre população e desenvolvimento sustentável. Instituições religiosas e escolas, tendo emvista seus valores e ensinamentos, podem ser importantes veículos, em todos os países, para instilara sensibilidade racial e de sexos, respeito, tolerância e igualdade, responsabilidade familiar e outrasimportantes atitudes em todas as idades. Há também em muitos países redes eficientes para aeducação não-formal sobre população e questões de desenvolvimento sustentável, servindo-se delocais de trabalho, de facilidades de saúde, sindicatos, centros comunitários, grupos de jovens,instituições religiosas, organizações de mulheres e outras organizações não-governamentais. Essasquestões podem ser também incluídas em programas mais estruturados de educação de adultos, detreinamento profissional e de alfabetização, principalmente para mulheres. Essas redes são decisivaspara se alcançar toda a população, especialmente homens, adolescentes e jovens casais. Parlamentares,professores, líderes religiosos e outros líderes comunitários, curandeiros tradicionais, profissionais desaúde, pais e parentes mais velhos influenciam a formação da opinião pública e devem ser consultadosdurante a preparação de atividades de informação, educação e comunicação. A mídia oferecetambém muitos modelos de papel potencialmente importantes.11.14 Tecnologias atuais de informação, educação e comunicação, como redes globais de interligaçãotelefônica, de televisão e de transmissão de dados, discos compactos e novas tecnologias demultimídia podem ajudar a encher os vazios geográficos, sociais e econômicos que em geral existem

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no acesso à informação no mundo todo. Podem ajudar a assegurar que uma ampla maioria daspessoas do mundo seja envolvida nos debates, nos níveis local, nacional e global, sobre mudançasdemográficas e desenvolvimento humano sustentável, injustiças econômicas e sociais, importânciada emancipação da mulher, saúde reprodutiva e planejamento familiar, promoção da saúde,envelhecimento das populações, o processo acelerado de urbanização e a migração. Um maiorenvolvimento público de autoridades nacionais e da comunidade assegura a ampla difusão dessastecnologias e o fluxo mais livre de informações dentro dos países e entre eles. É essencial que osparlamentos tenham pleno acesso à informação necessária para a tomada de decisões.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos11.15 Os objetivos são:a) aumentar a conscientização, o conhecimento, a compreensão e o compromisso da sociedade, emtodos os níveis, de modo que famílias, casais, indivíduos, líderes de opinião e de comunidade,organizações não-governamentais, formuladores de política, governos e a comunidade internacionalvalorizem a significância e pertinência de questões relacionadas com população e tomem as medidasresponsáveis necessárias para resolver essas questões com um crescimento econômico sustentadono contexto de um desenvolvimento sustentável;b) incentivar atitudes em favor do comportamento responsável em população e desenvolvimento,especialmente em áreas como meio ambiente, família, sexualidade, sensibilidade racial e de sexo;c) assegurar o compromisso político de governos nacionais com questões de população edesenvolvimento, a fim de promover a participação tanto do setor público como do privado, emtodos os níveis, no projeto, implementação e acompanhamento de políticas e programas de populaçãoe desenvolvimento;d) aumentar a capacidade de casais e indivíduos de exercer seus direitos básicos para decidir livre eresponsavelmente sobre o número e o espaçamento de seus filhos e ter a informação, a educaçãoe os meios para assim o fazer.AçõesAçõesAçõesAçõesAções11.16 Esforços de informação, educação e comunicação devem aumentar a conscientização, pormeio de campanhas públicas de educação, de questões prioritárias como: maternidade segura,saúde reprodutiva, direito de reprodução, saúde materna e infantil e planejamento familiar,discriminação de bebês do sexo feminino e de portadores de deficiência e sua valorização, abuso decrianças, violência contra mulheres; responsabilidade masculina; igualdade dos sexos; doençassexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS; comportamento sexual responsável; gravidez deadolescentes; racismo e xenofobia; envelhecimento de populações e sistemas insustentáveis deprodução e consumo. Há necessidade de mais educação em todas as sociedades sobre as implicaçõesdas relações população-meio ambiente, com o objetivo de influenciar a mudança de comportamentoe de estilos de consumo e promover o gerenciamento sustentável dos recursos naturais. A mídiadeve ser um importante instrumento de expansão de conhecimento e de motivação.11.17 Representantes eleitos em todos os níveis, a comunidade científica, líderes religiosos, políticos,tradicionais e de comunidade, organizações não-governamentais, associações de pais, assistentessociais, grupos de mulheres, o setor privado, especialistas qualificados de comunicação e outros emposições de influência devem ter acesso a informação sobre população e desenvolvimento sustentávele questões correlatas. Devem promover a compreensão das questões tratadas no presente Programade Ação e mobilizar a opinião pública em apoio das ações propostas.11.18 Membros do parlamento são convidados a continuar a promover uma ampla conscientizaçãode questões relacionadas com população e desenvolvimento sustentável e a assegurar a promulgaçãoda legislação necessária para uma efetiva implementação do presente Programa de Ação.

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11.19 Uma coordenada abordagem estratégica de informação, educação e comunicação deve seradotada para maximizar o impacto de várias atividades de informação, educação e comunicaçãotanto modernas como tradicionais, que possam ser empreendidas em várias frentes por vários atorese para diferentes públicos. É especialmente importante que as estratégias de informação, educaçãoe comunicação estejam ligadas a políticas e estratégias nacionais de população e desenvolvimento,e as complementem, e a toda uma gama de serviços de saúde reprodutiva, inclusive planejamentofamiliar e saúde sexual, para aumentar o uso desses serviços e melhorar a qualidade do aconselhamentoe da assistência.11.20 As atividades de informação, educação e comunicação devem apoiar-se em conclusõesatualizadas de pesquisa para definir as necessidades de informação e os meios mais eficientesculturalmente aceitáveis, de alcançar públicos pretendidos. Para esse fim, devem ser recrutadosprofissionais experientes na mídia tradicional e não-tradicional. A participação dos públicos pretendidosno planejamento, implementação e acompanhamento das atividades de informação, educação ecomunicação deve ser assegurada, de modo a aumentar a relevância e o impacto dessas atividades.11.21 Devem ser reforçadas, sempre que possível, as habilidades de comunicação interpessoal -particularmente as habilidades motivacionais e de aconselhamento - de prestadores de serviço,público, privado e de organização não-governamental, de líderes comunitários, professores, gruposparitários e outros para aumentar a interação e a certeza de qualidade na prestação de serviços desaúde reprodutiva, inclusive o planejamento familiar, e de saúde sexual. Essa comunicação deve serlivre de coerção.11.22 O imenso potencial da mídia impressa, audiovisual e eletrônica, inclusive bancos de dados eredes como a Rede de Informação sobre População das Nações Unidas (POPIN), deve ser utilizadopara divulgar informação técnica e promover e reforçar a compreensão das relações entre população,consumo, produção e desenvolvimento sustentável.1.23 Governos, organizações não-governamentais e o setor privado devem fazer maior e mais efetivouso dos meios de diversão, inclusive as novelas de rádio e televisão, o teatro popular e outros meiostradicionais para estimular a discussão pública de importantes, mas às vezes, sensíveis tópicos relacionadoscom a implementação do presente Programa de Ação. Quando o meio de entretenimento, especialmenteas novelas - é usado para fins de defesa ou promoção de determinados estilos de vida, o público deveser informado a respeito e em cada caso a identificação dos patrocinadores deve ser indicada de umamaneira conveniente.11.24 A educação adequada à idade, especialmente para adolescentes, sobre questões consideradasno presente Programa de Ação deve começar no lar e na comunidade e continuar através de todos osníveis e canais de educação formal e não-formal, levando em consideração os direitos e a responsabilidadedos pais e as necessidades do adolescente. Onde essa educação já existe, os currículos e materiaisdidáticos devem ser revistos, atualizados e ampliados com vista a assegurar uma adequada coberturade importantes questões relacionadas com população e para desfazer mitos e preconceitos a respeitodelas. Onde essa educação não existe, currículos e materiais apropriados devem ser desenvolvidos.Para assegurar sua aceitação, eficácia e utilidade para a comunidade, os projetos de educação devemser baseados em conclusões de estudos sócio-culturais e envolver a ativa participação de pais e famílias,de mulheres, jovens, idosos e líderes comunitários.11.25 Os governos devem dar prioridade ao treinamento e à manutenção de especialistas em informação,educação e comunicação, especialmente professores, e de todos os demais envolvidos no planejamento,na implementação, no acompanhamento e na avaliação de programas de informação, educação ecomunicação. É preciso treinar especialistas que possam contribuir para o importante desenvolvimentoconceitual e metodológico da educação concernente a população e a questões correlatas. Sistemas detreinamento profissional devem ser, portanto, criados e reforçados com especializações que os preparam

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para trabalhar efetivamente com governos e com organizações não-governamentais que atuam nessecampo. Além disso, deve haver maior colaboração entre a comunidade acadêmica e outras entidadespara reforçar o trabalho conceitual e metodológico e a pesquisa nesse campo.11.26 Para aumentar a solidariedade e manter a ajuda ao desenvolvimento, todos os países precisamser continuamente informados sobre problemas de população e desenvolvimento. Os países devemcriar mecanismos de informação, quando conveniente, para facilitar a coleta, a análise, a divulgação eutilização sistemática de informações relativas a população, nos níveis nacional e internacional, e redesdevem ser criadas ou fortalecidas nos níveis nacional, sub-regional, regional e global, para promovero intercâmbio de informações e de experiência.

Capítulo XIICapítulo XIICapítulo XIICapítulo XIICapítulo XII*****

TECNOLOGIA,TECNOLOGIA,TECNOLOGIA,TECNOLOGIA,TECNOLOGIA, PESQUISA E DESENV PESQUISA E DESENV PESQUISA E DESENV PESQUISA E DESENV PESQUISA E DESENVOLOLOLOLOLVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTOOOOOA. Coleta, análise e divulgação de dados básicosA. Coleta, análise e divulgação de dados básicosA. Coleta, análise e divulgação de dados básicosA. Coleta, análise e divulgação de dados básicosA. Coleta, análise e divulgação de dados básicosJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação12.1 Dados válidos, confiáveis, oportunos, culturalmente relevantes e internacionalmente comparáveisformam a base para o desenvolvimento, implementação, acompanhamento e avaliação de política eprograma. Embora tenhamos registrado notáveis melhorias na disponibilidade de dados de populaçãoe referentes a desenvolvimento, em seguida a importantes avanços feitos nas duas últimas décadasnas metodologias e tecnologia de coleta e análise de dados, muitas lacunas persistem com relação àqualidade e à cobertura de informações básicas, inclusive de dados vitais sobre nascimentos emortes, assim como a continuidade de séries de dados ultrapassados. Em muitas áreas, ainda éinsuficiente a informação específica sobre os sexos e etnia, necessária para aumentar e monitorar asensibilidade de políticas e programas de desenvolvimento. A medição da migração, particularmentenos níveis regional e internacional, está também entre as áreas menos válida e adequadamentecobertas. Por uma questão de princípio, indivíduos, organizações e países em desenvolvimentodevem ter acesso gratuito aos dados e conclusões baseados em pesquisa realizadas em seus própriospaíses, inclusive as mantidas por outros países e por órgãos internacionais.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos12.2 Os objetivos são:a) criar uma base concreta para a compreensão e previsão das inter-relações entre população evariáveis sócio-econômicas - inclusive ambientais - e para melhorar o desenvolvimento, aimplementação, o acompanhamento e avaliação de programa;b) reforçar a capacidade nacional de buscar novas informações e satisfazer à necessidade de coleta,análise e divulgação de dados básicos, com particular atenção à informação classificada por idade,sexo, etnia e diferentes unidades geográficas, para usar as conclusões na formulação, implementação,acompanhamento e avaliação de estratégias globais de desenvolvimento sustentável e fomentar acooperação internacional incluindo essa cooperação nos níveis regionais e sub-regionais;c) assegurar o compromisso político com a necessidade da coleta de dados numa base regular, e daanálise, disseminação e plena utilização de dados, e sua compreensão.AçõesAçõesAçõesAçõesAções12.3 Os governos de todos os países, particularmente de países em desenvolvimento, ajudados,como convém, por meio da cooperação bilateral e de organizações internacionais e, se necessário,por meio da cooperação inter-regional, regional e sub-regional, devem reforçar sua capacidadenacional de executar programas sustentados e abrangentes de coleta, análise, divulgação e utilização

*A Santa Sé expressou sua reserva geral sobre este capítulo, que deve ser interpretada nos termos dadeclaração feita por seu representante na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994.

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de dados de população e desenvolvimento. Atenção especial deve ser dada ao acompanhamentode tendências de população e à preparação de projeções demográficas e ao acompanhamento doprogresso na consecução de objetivos de saúde, educação, sexo, igualdade étnica e de justiçasocial, e de acessibilidade de serviços e qualidade da assistência, conforme estabelecido no presentePrograma de Ação.12.4 Programas de coleta, processamento, análise e oportuna divulgação e utilização de dadossobre população e relativos a desenvolvimento devem incluir separação, inclusive por sexo, coberturae apresentação compatíveis com as necessidades de efetiva implementação de programa sobrepopulação e desenvolvimento. Deve ser promovida a interação entre a comunidade de usuários dedados e seus provedores, com vistas a capacitar os provedores a atender melhor às necessidades dosusuários. A pesquisa deve levar em conta normas éticas e legais e ser realizada em consulta e parceriacom comunidades e instituições locais e com a sua ativa participação. Suas conclusões devem seracessíveis e estar à disposição de formuladores de políticas, tomadores de decisões, planejadores eadministradores de programas para sua oportuna utilização. A comparabilidade deve ser asseguradaem todos os programas de pesquisa e de coleta de dados.12.5 Bancos de dados qualitativos e quantitativos, globais e confiáveis, que permitam articulaçõesentre população, educação, saúde, pobreza, bem-estar da família, questões de meio ambiente edesenvolvimento e que propiciem informação classificada em níveis adequados e desejados, devemser criados e mantidos por todos os países para atender às necessidades de pesquisa, bem como àsde desenvolvimento, implementação, acompanhamento e avaliação de políticas e programas. Especialatenção deve ser dispensada à avaliação de qualidade e acessibilidade da assistência com oestabelecimento de indicadores adequados.12.6 Redes de informações demográficas, sócio-econômicas e outras relevantes devem ser criadasou fortalecidas, se for o caso, nos níveis nacional, regional e global, para facilitar o acompanhamentoda implementação de programas de ação e de atividades sobre população, meio ambiente edesenvolvimento nos níveis nacional, regional e global.12.7 Todas as atividades de coleta e análise de dados devem dispensar a devida consideração àdistinção de sexo, aumentando o conhecimento sobre a posição e o papel do sexo em processossociais e demográficos. Especialmente para oferecer um quadro mais preciso da contribuição atual epotencial da mulher para o desenvolvimento econômico, a coleta de dados deve delinear maisprecisamente a status social da mulher e da força feminina de trabalho e tomar isso como base paradecisões de política e de programa de melhoria da renda da mulher. Esses dados devem incluir, interalia, atividades econômicas não-remuneradas da mulher na família e no setor informal.12.8 Programas de treinamento em estatística, demografia e estudos de população e desenvolvimentodevem ser criados e implementados nos níveis nacional e regional, particularmente em países emdesenvolvimento, com reforçado apoio técnico e financeiro por meio da cooperação internacional ede maiores recursos nacionais.12.9 Todos os países, com o apoio de organizações apropriadas, devem reforçar a coleta e a análisede dados demográficos, inclusive dados de migração internacional, para uma melhor compreensãodesse fenômeno e assim apoiar a formulação de políticas nacionais e internacionais sobre migraçãointernacional.B. Pesquisa de saúde reprodutivaB. Pesquisa de saúde reprodutivaB. Pesquisa de saúde reprodutivaB. Pesquisa de saúde reprodutivaB. Pesquisa de saúde reprodutivaJustificativa da açãoJustificativa da açãoJustificativa da açãoJustificativa da açãoJustificativa da ação12.10 A pesquisa, particularmente a pesquisa biomédica, tem sido um instrumental de acesso demais e mais pessoas a um grande acervo de métodos modernos, seguros e eficientes de controle dafecundidade. Todavia, nem todas as pessoas podem achar um método de planejamento familiar quelhes convenha e a gama de opções disponíveis para o homem é mais limitada do que para a mulher.A crescente incidência de doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS, exige C

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investimentos substancialmente mais elevados em novos métodos de prevenção, diagnóstico etratamento. Apesar da grande redução de financiamento para pesquisa de saúde reprodutiva, sãopromissoras as perspectivas de se desenvolverem e se introduzirem novos métodos e produtos paraa anticoncepção e controle da fecundidade. A melhoria na colaboração e coordenação de atividadesaumentará internacionalmente o custo-eficiência, mas se faz necessário um aumento significativo doapoio de governos e da indústria para se produzirem métodos potenciais novos, seguros e permissíveis,especialmente métodos de obstrução. Essa pesquisa precisa ser guiada, em todas as etapas, porperspectivas dos sexos, particularmente da mulher, e pelas necessidades dos usuários, e ser executadasem absoluta conformidade com os padrões legais, éticos, médicos e científicos internacionalmenteaceitos para a pesquisa biomédica.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos12.11 Os objetivos são:a) contribuir para a compreensão de fatores que afetam a saúde reprodutiva universal, inclusive asaúde sexual e para a expansão da opção reprodutiva;b) garantir a segurança inicial e contínua, a qualidade e os aspectos sanitários de métodos decontrole da fecundidade;c) para assegurar que toda pessoa tenha a oportunidade de possuir e manter perfeita saúde sexuale reprodutiva, a comunidade internacional deve mobilizar todo o espectro de pesquisa biomédicabásica, social e comportamental, e relacionada com programa de saúde reprodutiva e sexualidade.AçõesAçõesAçõesAçõesAções12.12 Os governos, ajudados pela comunidade internacional e por órgãos doadores, pelo setorprivado, por organizações não-governamentais e pela comunidade acadêmica, devem intensificar oapoio à pesquisa biomédica, tecnológica, clínica e epidemiológica e de ciência social, básica eaplicada, para fortalecer os serviços de saúde reprodutiva, inclusive a melhoria dos já existentes, e odesenvolvimento de novos métodos de controle da fecundidade que atendam às necessidades dosusuários e sejam aceitáveis, fáceis de ser usados, seguros, livres de efeitos colaterais de curto e longoprazo e de efeitos de segunda geração, eficientes, permissíveis e convenientes a diferentes gruposetários e culturais e a diferentes fases do ciclo reprodutivo. O teste e a introdução de todas as novastecnologias devem ser continuamente monitorados para evitar abuso potencial. Especificamente, asáreas que requerem mais e mais atenção devem incluir métodos de obstrução, tanto masculinoscomo femininos, no controle da fecundidade e na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis,inclusive o HIV/AIDS, assim como microbicidas e viruscidas capazes ou não de evitar a gravidez.12.13 É de premente necessidade a a pesquisa sobre sexualidade e papéis e relações dos sexos emdiferentes meios culturais, com ênfase em áreas tais como abuso, discriminação e violência contra amulher; mutilação genital, onde for praticada; comportamento e costumes sexuais; atitudes masculinascom relação à sexualidade e à procriação, fecundidade, papéis da família e dos sexos; comportamentode risco com referência a doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes não-planejadas; a conhecidademanda de homens e mulheres por métodos de controle da fecundidade e por serviços de saúdesexual, e razões do não-uso ou do uso ineficiente de serviços e tecnologias existentes.12.14 Alta prioridade deve ser dada também ao desenvolvimento de novos métodos de controle dafecundidade para homens. Especial pesquisa deve ser empreendida sobre fatores inibidores daparticipação masculina, a fim de aumentar o envolvimento e a responsabilidade do homem noplanejamento familiar. Na condução da pesquisa de saúde sexual e reprodutiva, especial atençãodeve ser dispensada às necessidades de adolescentes, para desenvolver políticas e programasadequados e tecnologias apropriadas para atender a suas necessidades de saúde. Especial prioridadedeve ser dada à pesquisa sobre doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS, e àpesquisa sobre a esterilidade.

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12.15 Para apressar a disponibilidade de métodos novos e melhorados de controle da fecundidade,esforços devem ser feitos para aumentar o envolvimento da indústria, inclusive da indústria empaíses em desenvolvimento e de economia em transição. Faz-se necessário um novo tipo de parceriaentre os setores público e privado que inclua a mulher em grupos consumidores, para mobilizar aexperiência e os recursos da indústria na proteção do interesse público. Órgãos nacionais responsáveispela fiscalização de dispositivos e drogas devem ser ativamente envolvidos em todos os estágios doprocesso de desenvolvimento para assegurar a observância de todos os padrões éticos e legais. Ospaíses desenvolvidos devem ajudar, com seu conhecimento, experiência e perícia técnica, programasde pesquisa em países em desenvolvimento e em países de economia em transição e lhes transferirtecnologias apropriadas. A comunidade internacional deve facilitar a criação de capacidadesmanufatoras de artigos anticoncepcionais em países em desenvolvimento, particularmente nosmenos desenvolvidos, e em países de economia em transição.12.16 Toda pesquisa sobre produtos de controle da fecundidade e sobre saúde sexual e reprodutivadeve ser realizada de conformidade com os padrões éticos e técnicos e com condições culturaisinternacionalmente aceitas para a pesquisa biomédica. Especial atenção deve ser dispensada àcontínua vigilância da segurança do anticoncepcional e de seus efeitos colaterais. As perspectivas dousuário, em particular da mulher e de organizações de mulheres, devem ser incorporadas em todosos estágios do processo da pesquisa e do desenvolvimento.12.17 Uma vez que o aborto inseguro é uma grave ameaça à saúde e à vida da mulher, deve-sepromover a pesquisa para a compreensão e melhor abordagem das determinantes e das conseqüênciasdo aborto induzido, inclusive seus efeitos na fecundidade subseqüente, na saúde reprodutiva emental e na prática anticoncepcional, assim como a pesquisa sobre o tratamento de complicações doaborto e de pós-aborto.12.18 Deve ser enfatizada a pesquisa sobre métodos naturais de controle da fecundidade, na buscade processos mais eficientes para detectar o momento da ovulação durante o ciclo menstrual edepois do parto.C. Pesquisa social e econômicaC. Pesquisa social e econômicaC. Pesquisa social e econômicaC. Pesquisa social e econômicaC. Pesquisa social e econômicaJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação12.19 Durante várias décadas passadas, a formulação, implementação, acompanhamento e avaliaçãode políticas, programas e atividades de população foram beneficiados com as conclusões de pesquisasocial e econômica que enfocavam como a mudança demográfica resulta de complexas interações defatores sociais, econômicos e ambientais e de seus impactos. Não obstante, algumas dessas interaçõessão ainda pouco compreendidas e falta conhecimento, especialmente com referência a países emdesenvolvimento, em áreas relevantes para uma série de políticas de população e desenvolvimento,particularmente no que diz respeito a práticas indígenas. A pesquisa social e econômica é evidentementenecessária para capacitar os programas a tomar em consideração os pontos de vista de seus pretensosbeneficiários, especialmente mulheres, jovens e outros grupos menos capazes, e para atender anecessidades específicas desses grupos e de comunidades. Impõe-se a pesquisa com vista às inter-relações entre fatores econômicos globais ou regionais e processos demográficos nacionais. Amelhoria da qualidade de serviços só pode ser obtida onde a qualidade foi definida tanto porusuários como por prestadores de serviços e onde a mulher é ativamente envolvida na tomada dedecisão e na prestação de serviço.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos12.20 Os objetivos são:a) promover a pesquisa sócio-cultural e econômica que ajude na formulação de programas, atividades

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e serviços para melhorar a qualidade de vida e atender às necessidades de indivíduos, famílias ecomunidades, particularmente de todos os grupos desfavorecidos22;b) promover o uso de conclusões de pesquisa para melhorar a formulação de políticas e aimplementação, acompanhamento e avaliação de programas e projetos que melhorem o bem-estarde indivíduos e famílias e do necessitado para aumentar sua qualidade, eficiência e sensibilidade aocliente, e aumentar a capacidade nacional e internacional para essa pesquisa;c) compreender que o comportamento sexual e reprodutivo ocorre em variados contextos sócio-culturais, e compreender a importância desse contexto para projeto e implementação de programasde serviço.AçõesAçõesAçõesAçõesAções12.21 Governos, órgãos financiadores e organizações de pesquisa devem estimular e promover apesquisa sócio-cultural e econômica sobre políticas relevantes de população e desenvolvimento,inclusive práticas indígenas, especialmente com relação a inter-relações entre população, atenuaçãoda pobreza, meio ambiente, crescimento econômico sustentado e desenvolvimento sustentável.12.22 A pesquisa sócio-cultural e econômica deve ser incorporada em programas e estratégias depopulação e desenvolvimento, para oferecer orientação para dirigentes de programa sobre oscaminhos e meios de alcançar clientes desfavorecidos e de atender a suas necessidades. Para essefim, os programas devem oferecer pesquisa de operações, pesquisa de avaliação e outras pesquisasde ciência social aplicada. Essa pesquisa deve ser de natureza participativa. Mecanismos devem sercriados com vistas a assegurar que conclusões de pesquisas sejam incorporadas no processo detomada de decisão.12.23 Pesquisa voltada para a política, nos níveis nacional e internacional, deve ser empreendida emáreas afligidas por pressões demográficas, pobreza, sistemas de “super consumo”, destruição deecossistemas e degradação de recursos, com especial atenção às interações entre esses fatores.Pesquisa deve ser também feita sobre o desenvolvimento e melhoria de métodos referentes aprodução sustentável de alimentos e a sistemas de colheita e pecuários sustentáveis, tanto em paísesdesenvolvidos como em países em desenvolvimento.12.24 Governos, organizações intergovernamentais, organizações não-governamentais interessadas,órgãos de financiamento e organizações de pesquisa são instados a dar prioridade à pesquisa sobreas ligações entre papéis e condições da mulher e processos demográficos e de desenvolvimento.Entre as áreas vitais de pesquisa está a mudança das estruturas familiares; o bem-estar da família; asinterações entre diversos papéis da mulher e do homem, inclusive uso do tempo, acesso ao podere à tomada de decisão e ao controle de recursos; normas, leis, valores e crenças correlatas e osresultados econômicos e demográficos da desigualdade dos sexos. A mulher deve ser envolvida emtodas as etapas do planejamento de pesquisa sobre sexos, e esforços devem ser envidados pararecrutar e treinar mais pesquisadores do gênero feminino.12.25 Dada a natureza instável e a extensão da mobilidade espacial da população, urge umapesquisa para melhorar a compreensão das causas e conseqüências da migração e da mobilidade,tanto nacionais como internacionais. Para prover um sólido fundamento para essa pesquisa, esforçosespeciais se fazem necessários para melhorar a qualidade, a oportunidade e a acessibilidade dedados sobre níveis, tendências e políticas de migração interna e internacional.12.26 Tendo em vista a persistência de significativos diferenciais de mortalidade e morbilidade entresubgrupos de população dentro dos países, é premente a necessidade de esforços para investigar

22 Que pode incluir crianças, adolescentes, mulheres, pessoas idosas, portadores de deficiência, povosindígenas, populações rurais, populações urbanas, migrantes, refugiados, pessoas deslocadas e faveladas.

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os fatores subjacentes a esses diferenciais, para conceber políticas e programas mais eficientes parasua redução. De especial importância são as causas dos diferenciais, inclusive os diferenciais de sexo,na mortalidade e morbidade, sobretudo nas idades mais jovens e nas mais avançadas. Maioratenção deve ser dada também à relativa importância de vários fatores sócio-econômicos e ambientaisna determinação de diferenciais de mortalidade por região ou por grupo sócio-econômico e étnico.Requerem também mais investigação causas e tendências na morbidade e na mortalidade maternas,perinatais e de bebês.

Capítulo XIIICapítulo XIIICapítulo XIIICapítulo XIIICapítulo XIII*****

AÇÃO NACIONALAÇÃO NACIONALAÇÃO NACIONALAÇÃO NACIONALAÇÃO NACIONALA. Políticas e planos nacionais de açãoA. Políticas e planos nacionais de açãoA. Políticas e planos nacionais de açãoA. Políticas e planos nacionais de açãoA. Políticas e planos nacionais de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação13.1 Durante as últimas décadas, considerável acervo de experiência foi adquirido em todo omundo sobre como políticas e programas de governo podem ser formulados e implementados paraabordar matérias concernentes a população e desenvolvimento, fortalecer as opções das pessoas econtribuir para um amplo progresso social. Como é o caso de outros programas de desenvolvimentosocial, a experiência demonstrou também, nos casos em que a liderança está seriamente comprometidacom o crescimento econômico, o desenvolvimento de recursos humanos e a igualdade e equidadedos sexos e a satisfação das necessidades de saúde da população, particularmente das necessidadesde saúde reprodutiva, que inclui o planejamento familiar e a saúde sexual, que os países têm sidocapazes de mobilizar o compromisso mantido em todos os níveis para o sucesso de programas eprojetos de população e desenvolvimento.13.2 Embora esses sucessos possam ser facilitados por desenvolvimentos no contexto global, sociale econômico e por sucessos em outros esforços de desenvolvimento, população e desenvolvimentoestão intimamente inter-relacionados, de forma que o progresso em qualquer componente podecatalisar a melhoria em outros. As muitas facetas da população se inter-relacionam com as muitasfacetas do desenvolvimento. Há um crescente reconhecimento da necessidade de os paísesconsiderarem os impactos da migração, interna e internacional, no desenvolvimento de suas políticase programas pertinentes. Há também um crescente reconhecimento de que políticas, planos, programase projetos relativos a população, para serem sustentáveis, precisam envolver plenamente seuspretensos beneficiários em seu projeto e na sua implementação subseqüente.13.3 O papel de organizações não-governamentais como parceiros nas políticas e programas nacionaisé cada vez mais reconhecido, como é o importante papel do setor privado. Membros de legislativosnacionais podem ter um importante papel a desempenhar, especialmente na aprovação de adequadasleis nacionais para implementar o presente Programa de Ação, alocando apropriados recursosfinanceiros, assegurando a responsabilidade das despesas e promovendo a conscientização dopúblico com relação a questões de população.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos14.4 Os objetivos são:a) incorporar questões de população em todas as relevantes estratégias, planos, políticas e programasnacionais de desenvolvimento;b) fomentar o ativo envolvimento de representantes eleitos pelo povo, particularmente parlamentares,de grupos interessados, especialmente no nível primário, e de indivíduos na formulação,

*A Santa Sé expressou sua reserva geral sobre este capítulo, que deve ser interpretada nos termos dadeclaração feita por seu representante na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994. C

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implementação, acompanhamento e avaliação de estratégias, planos, políticas e programas na áreade população e desenvolvimento.AçõesAçõesAçõesAçõesAções13.5 Os governos, com o ativo envolvimento de parlamentares, órgãos representativos locais,comunidades, o setor privado, organizações não-governamentais e grupos de mulheres devematuar para aumentar a conscientização das questões de população e desenvolvimento e formular,implementar e avaliar estratégias, planos, programas e projetos que tenham as questões de populaçãoe desenvolvimento, inclusive migração, como partes integrais de seu processo de planejamento eimplementação de desenvolvimento setorial, intersetorial e global. Devem também promover e atuarpara assegurar adequados recursos humanos e institucionais para coordenar e executar oplanejamento, implementação, acompanhamento e avaliação de atividades de população e dedesenvolvimento.13.6 Governos e parlamentares, em colaboração com a comunidade internacional e organizaçõesnão-governamentais, devem elaborar os planos necessários de acordo com os interesses e asprioridades nacionais e tomar as providências requeridas para medir, avaliar, acompanhar e avaliar oprogresso com vistas à consecução dos objetivos do presente Programa de Ação. Nesse sentido,deve ser estimulada a participação ativa do setor privado e da comunidade de pesquisa.BBBBB..... AdministrAdministrAdministrAdministrAdministração de progração de progração de progração de progração de programa e desenvolvimento de recursos humanosama e desenvolvimento de recursos humanosama e desenvolvimento de recursos humanosama e desenvolvimento de recursos humanosama e desenvolvimento de recursos humanosJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação13.7 Construir a capacidade e a autoconfiança de países para empreenderem uma ação nacionalconcertada para promover o crescimento econômico sustentado, fomentar o desenvolvimento nacionalsustentável e melhorar a qualidade de vida da população é um objetivo fundamental. Isto exige amanutenção da motivação e a participação é um objetivo fundamental, isto exige a manutenção, amotivação e a participação de pessoas adequadamente treinadas que trabalhem em acordosinstitucionais efetivos, assim como o relevante envolvimento do setor privado e de organizaçõesnão-governamentais. A falta de adequadas habilidades de gerenciamento, particularmente nospaíses menos desenvolvidos, reduz criticamente a capacidade de planejamento estratégico, enfraquecea execução do programa, diminui a qualidade dos serviços, reduzindo assim a utilidade dos programaspara seus beneficiários. A recente tendência para a descentralização do comando nos programasnacionais de população e desenvolvimento, particularmente em programas de governo, aumentasignificativamente a necessidade de um estafe treinado para atender a novas e amplas responsabilidadesnos níveis inferiores da administração. Modifica também a “mistura de habilidades” requeridas eminstituições centrais, tendo hoje mais prioridade do que antigamente a análise de política, a avaliaçãoe o planejamento estratégico.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos13.8 Os objetivos são:a) melhorar as capacidades nacionais e o custo-eficiência, a qualidade e o impacto de estratégias,planos, políticas e programas nacionais de população e desenvolvimento, enquanto assegura suaadequação a todas as pessoas atendidas, particularmente os grupos sociais mais vulneráveis edesfavorecidos, inclusive a população rural e adolescente;b) facilitar e acelerar a coleta, análise e fluxo de dados e informações entre atores de programasnacionais de população e desenvolvimento, para reforçar a formulação de estratégias, políticas,planos e programas e acompanhar e avaliar sua implementação e seu impacto;c) aumentar o nível de habilidade e de responsabilidade de gerentes e outras pessoas envolvidas naimplementação, acompanhamento e avaliação de estratégias, políticas, planos e programas nacionaisde população e desenvolvimento;

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d) incorporar as perspectivas do usuário e dos sexos em programas de treinamento e assegurar adisponibilidade, a motivação e a manutenção do pessoal adequadamente treinado, inclusive mulheres,para formulação, implementação, acompanhamento e avaliação de estratégias, políticas, planos eprogramas nacionais de população e desenvolvimento.AçõesAçõesAçõesAçõesAções13.9 Os países devem:a) formular e implementar programas de desenvolvimento de recursos humanos de uma maneiraque atendam explicitamente às necessidades de estratégias, políticas, planos e programas depopulação e desenvolvimento, dispensando especial atenção à educação básica, ao treinamento eemprego de mulheres em todos os níveis, especialmente nos níveis de tomada de decisão e gerenciais,e à incorporação de perspectivas dos sexos e do usuário por meio de programas de treinamento;b) assegurar a colocação eficiente e em âmbito nacional de pessoal treinado no gerenciamento deestratégias, políticas, planos e programas de população e desenvolvimento;c) aprimorar continuamente as habilidades gerenciais do pessoal prestador de serviço para aumentaro custo-eficiência, a eficiência e o impacto do setor de serviços sociais;d) racionalizar questões de remuneração e outras correlatas, termos e condições de serviço, paraassegurar igual remuneração para trabalho igual de homens e mulheres e a manutenção eaperfeiçoamento de pessoal técnico e gerencial envolvido em programas de população edesenvolvimento e, com isso, melhorar o desempenho desses programas;e) criar mecanismos inovadores para promover a troca de experiência na administração de programasde população e desenvolvimento dentro dos países e entre os países, em níveis sub-regionais,regionais, interregionais e internacional para fomentar a perícia nacional pertinente;f) desenvolver e manter bancos de dados de peritos e instituições nacionais de importância parafomentar a utilização da competência nacional, dando especial consideração à inclusão de mulherese jovens;g) assegurar uma efetiva comunicação com beneficiários do programa em todos os níveis, e seuenvolvimento, particularmente no âmbito rural, para garantir um melhor gerenciamento global doprograma.13.10 Os governos devem dispensar especial atenção ao desenvolvimento e à implementação desistemas de informação administrativa de população e desenvolvimento, centrados no cliente, eparticularmente de saúde reprodutiva, que inclui programas de planejamento familiar e de saúdesexual, cobrindo atividades não-governamentais e contendo dados regularmente atualizados sobreclientes, gastos, infra-estrutura, acessibilidade, produto e qualidade de serviços.C. Mobilização e alocação de recursosC. Mobilização e alocação de recursosC. Mobilização e alocação de recursosC. Mobilização e alocação de recursosC. Mobilização e alocação de recursosJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação13.11 A alocação de recursos para um desenvolvimento humano sustentado em todos os níveis,incide em várias categorias setoriais. Como podem os países alocar os recursos mais proveitosos entreos vários setores depende, em grande parte, das realidades sociais, econômicas, culturais e políticasde cada país, assim como de suas prioridades de política e de programas. De um modo geral, aqualidade e o sucesso de programas resultam de uma equilibrada alocação dos recursos. Programasrelacionados com população desempenham, particularmente, um importante papel, capacitando,facilitando e acelerando o progresso de programas sustentáveis de desenvolvimento humano,sobretudo contribuindo para a emancipação da mulher, melhorando a saúde do povo (particularmenteda mulher e da criança, sobretudo nas áreas rurais), reduzindo o ritmo do crescimento da demandapor serviços sociais, mobilizando a ação da comunidade e ressaltando a importância, em longoprazo, de investimentos no setor social.

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13.12 Os recursos nacionais representam a maior parcela dos fundos para a consecução de objetivosde desenvolvimento. A mobilização de recursos nacionais é, portanto, uma das áreas da mais altaprioridade de uma a atenção concentrada na necessidade de ações oportunas para atender aosobjetivos do presente Programa de Ação. Tanto o setor público como o privado pode contribuirpotencialmente para os recursos necessários. Muitos países que perseguem as metas e objetivosadicionais do Programa de Ação, principalmente os menos desenvolvidos e outros países pobresque passam por penosos ajustamentos estruturais continuam a experimentar tendências de recessãoem suas economias. Os esforços nacionais de mobilização de recursos para expandir e melhorar osprogramas de população e desenvolvimento precisarão ser complementados por um provimentosignificativamente maior de recursos técnicos e financeiros da comunidade internacional, conformeindicado no Capítulo XIV. Na mobilização de novos e adicionais recursos nacionais e de recursos dedoadores, especial atenção deve ser dispensada a medidas adequadas para atender às necessidadesbásicas dos grupos os mais vulneráveis da população, particularmente na zona rural, e para assegurarseu acesso aos serviços sociais.13.13 Com base nas grandes e atuais demandas não-satisfeitas por serviços de saúde reprodutiva,inclusive de planejamento familiar, e na expectativa do crescimento quantitativo de mulheres ehomens na idade reprodutiva, a demanda por esses serviços continuará a aumentar muito naspróximas duas décadas. Essa demanda será acelerada pelo crescente interesse no adiamento dagravidez, num melhor espaçamento de nascimentos e na conclusão bem cedo do tamanho desejadoda família e pelo aceso mais fácil a serviços. Esforços precisam, portanto, ser intensificados para gerare tornar disponíveis maiores níveis de recursos nacionais e para assegurar sua eficiente utilização noapoio a programas de prestação de serviços e de atividades ligadas à informação, educação ecomunicação.13.14 Serviços básicos de saúde reprodutiva, inclusive serviços de planejamento familiar, envolvendoapoio aos sistemas necessários de treinamento, suprimento, infra-estruturas e administração,especialmente no nível primário da assistência à saúde, incluiriam os seguintes e importantescomponentes que devem ser integrados nos programas nacionais básicos de população e saúdereprodutiva:a) nos serviços de planejamento familiar, o componente: artigos anticoncepcionais e prestação deserviço; construção da capacidade de informação, educação e comunicação com referência aoplanejamento familiar e a questões de população e desenvolvimento; construção da capacidadenacional por meio de apoio para treinamento; desenvolvimento de infra-estrutura e melhoria defacilidades; desenvolvimento de política e avaliação de programas; sistemas de informação gerencial;estatística de serviço básico e esforços concentrados para assegurar uma assistência de boa qualidade;b) nos serviços básicos de saúde reprodutiva, o componente: serviços de informação e de rotina deassistência pré-natal, de parto normal e seguro, e pós-natal; aborto (conforme especificado noParágrafo 8.25); informação, educação e comunicação sobre saúde reprodutiva, inclusive doençassexualmente transmissíveis, sexualidade humana e paternidade responsável, e contra práticas nocivas;aconselhamento adequado; diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis eoutras infecções do aparelho reprodutivo, se viável; prevenção da esterilidade e tratamento apropriado,quando viável, e serviços de referência, de educação e de aconselhamento sobre doenças sexualmentetransmissíveis, inclusive HIV/AIDS, e para complicações de gravidez e parto;c) no programa de prevenção de doenças HIV/AIDS sexualmente transmissíveis, o componente:programas de educação pela mídia e nas escolas, promoção da abstinência voluntária e comportamentosexual responsável e ampla distribuição de camisinhas;d) Na pesquisa básica, análise de dados e de política, de população e desenvolvimento, ocomponente - construção da capacidade nacional por meio do apoio a programa demográfico

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como também da coleta e análise de dados relacionados com o programa, pesquisa,desenvolvimento de política e treinamento.13.15 Foi estimado que, nos países em desenvolvimento e em países de economia em transição, aimplementação de programas na área da saúde reprodutiva, inclusive os relativos ao planejamentofamiliar, saúde materna e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, assim como outrasações básicas para coleta e análise de dados de população custarão $17,0 bilhões em 2000, $18,5bilhões em 2005, $20,5 bilhões em 2010 e $21,7 bilhões em 2015; são estimativas de custo feitaspor peritos, baseadas na experiência, até hoje, dos quatros componentes acima referidos. Essasestimativas devem ser revistas e atualizadas na base de uma abordagem global referida no Parágrafo13.14 do presente Programa de Ação, particularmente com referência aos custos da implementaçãoda prestação de serviço de saúde reprodutiva. Deste, cerca de 65% para o sistema de prestação deserviços. Os custos do programa pelos componentes que acabam de ser relacionados e que devemser integrados nos programas básicos nacionais para população e saúde reprodutiva, estão assimestimados:a) estimativa do custo do componente planejamento familiar: $ 10,2 bilhões em 2000, $11,5bilhões em 2005, $12,6 bilhões em 2010 e $31,8 bilhões em 2015. Essa estimativa baseia-se emdados do censo e de levantamento que ajudam a projetar o número de casais e de indivíduos queprovavelmente estão usando informação e serviços de planejamento familiar. Projeções de custosfuturos permitem melhorias na qualidade da assistência. Embora a melhoria da qualidade de assistênciavenha, até certo ponto, a aumentar os custos para o usuário, esses aumentos têm a probabilidadede ser contrabalançado pelo declínio do custo por usuário, na medida em que aumentam a prevalênciae a eficiência do programa;b) o componente de saúde reprodutiva (não incluídos os custos do sistema de parto resumidos nocomponente do planejamento familiar) tem uma estimativa de aumento: $5,0 bilhões em 2000,$5,4 bilhões em 2005, $5,7 bilhões em 2010 e $6,1 bilhões em 2015. A estimativa para a saúdereprodutiva é global, baseada na experiência com programas de saúde materna em países dediferentes níveis de desenvolvimento, que incluem seletivamente outros serviços de saúde reprodutiva.O pleno impacto da saúde materna e infantil dessas intervenções dependerá da prestação deassistência terciária e de emergência, cujos custos devem ser cobertos por orçamentos globais dosetor de saúde;c) o programa de prevenção de doenças HIV/AIDS sexualmente transmissíveis é estimado peloPrograma Global da OMS sobre AIDS nos seguintes custos: $1,3 bilhões em 2000, $1,4 bilhões em2005 e cerca de $1,5 em 2010 e $1,5 bilhões em 2015;d) Pesquisa básica, programa de análise de dados e política de população e desenvolvimento têmavaliado o seguinte custo: $500 milhões em 2000, $200 milhões em 2005, $700 milhões em 2010e $300 milhões em 2015.13.16 Estima-se tentativamente que até dois terços dos custos continuarão sendo atendidos pelospróprios países e cerca de um terço por recursos externos. Todavia, países menos desenvolvidos eoutros países em desenvolvimento de baixa renda exigirão maior participação de recursos externosa título de concessão e de doação. Haverá, portanto, uma considerável variedade de necessidadesde recursos externos para programas de população entre as regiões e dentro delas. As necessidadesgerais estimadas de assistência internacional são delineadas no Parágrafo 14.11.13.17 Recursos adicionais se farão necessários para apoiar programas com objetivos de populaçãoe desenvolvimento, particularmente de programas que buscam atingir os objetivos específicos dosetor social e econômico constantes no presente Programa de Ação. O setor de saúde requererárecursos adicionais para fortalecer o sistema de assistência primária ao parto, programas de sobrevivênciainfantil, serviços de emergência obstétrica e programas de base ampla para o controle de doenças

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sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS, assim como o tratamento e assistência humanitáriade pessoas infetadas pelo HIV/AIDS e doenças sexualmente transmissíveis, entre outras. O setor deeducação requererá também investimentos substanciais e adicionais para dispensar educação básicauniversal e eliminar disparidades no acesso à educação em razão de sexo, localização geográfica,status social e econômico.13.8 Recursos adicionais se farão necessários para programas de ação voltados para melhorar ostatus e a emancipação da mulher e sua plena participação no processo de desenvolvimento (alémde assegurar sua educação básica). O pleno desenvolvimento da mulher no planejamento,implementação, gerenciamento e acompanhamento de todos os programas de desenvolvimentoconstituirão importante componente dessas atividades.13.19 Recursos adicionais se farão necessários para programas de ação para acelerar programas dedesenvolvimento, gerar emprego, gerir interesses ambientais, inclusive sistemas insustentáveis deprodução e consumo, prover serviços sociais, fazer distribuições equilibradas da população e conseguirerradicar a pobreza por meio do crescimento econômico sustentado no contexto de um desenvolvimentosustentável. Importantes e relevantes programas incluem os referidos na Agenda 21.13.20 Os recursos necessários para implementar o presente Programa de Ação requerem aumentossubstanciais de investimento em curto prazo. Os benefícios desses investimentos podem ser medidosem futuras economias de exigências setoriais, em sistemas sustentáveis de produção e de consumoe no crescimento econômico sustentado no contexto de um desenvolvimento sustentável, e namelhoria geral na qualidade de vida.ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo13.21 O objetivo é alcançar um nível adequado de mobilização e alocação de recursos nos níveiscomunitário, nacional e internacional, para programas de população e outros programas correlatos,dos quais todos buscam promover e acelerar o desenvolvimento social e econômico, melhorar aqualidade de vida para todos, fomentar a justiça e o pleno respeito pelos direitos individuais e, assimfazendo, contribuir para um desenvolvimento sustentável.AçõesAçõesAçõesAçõesAções13.22 Governos, organizações não-governamentais, o setor privado e comunidades locais, ajudados,a pedido, pela comunidade internacional, devem envidar esforços para mobilizar e utilizareficientemente os recursos em programas de população e desenvolvimento que expandam e melhorema qualidade da assistência à saúde reprodutiva, inclusive o planejamento familiar e esforços deprevenção do HIV/AIDS e doenças sexualmente transmissíveis. Em consonância com o objetivodeste Programa de Ação, de assegurar a disponibilidade universal de serviços de alta qualidade desaúde reprodutiva e de planejamento familiar e o acesso também universal a esses serviços, ênfaseespecial deve ser posta na satisfação das necessidades de grupos desfavorecidos da população,inclusive adolescentes, levando em consideração os direitos e as responsabilidades dos pais e asnecessidades dos adolescentes, e de pobres rurais e urbanos, e garantindo a segurança dos serviçose sua disponibilidade para mulheres, homens e adolescentes. Na mobilização de recursos para essasfinalidades, os países devem examinar novas modalidades como aumentar o envolvimento do setorprivado, o uso seletivo de taxas de usuários, comercialização social, distribuição do custo e outrasformas de recuperação dos custos. Todavia, essas modalidades não devem impedir o acesso aosserviços e devem ser acompanhadas de adequadas medidas de uma “rede de segurança”.13.23 Governos, organizações não-governamentais, o setor privado e consumidores locais, apoiados,a pedido, pela comunidade internacional, devem envidar esforços para mobilizar os recursosnecessários para reforçar os objetivos de desenvolvimento social e, particularmente, para honrar oscompromissos anteriormente assumidos pelos governos com relação à Educação para Todos (aDeclaração de Jomtien), aos objetivos multissetoriais da Cúpula Mundial para Crianças, da Agenda

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21 e outros acordos internacionais pertinentes, e mobilizar ainda os recursos necessários paraalcançar os objetivos do presente Programa de Ação. Nesse sentido, os governos são instados adedicar uma considerável proporção dos gastos do setor público aos setores sociais, assim comouma maior proporção da ajuda oficial de desenvolvimento, com ênfase especial na erradicação dapobreza no contexto de um desenvolvimento sustentável.13.24 Governos, organizações internacionais e organizações não-governamentais devem colaborarcontinuamente, quando necessário, no desenvolvimento de estimativas de custo precisos e confiáveisde cada categoria de investimento.

Capítulo XIVCapítulo XIVCapítulo XIVCapítulo XIVCapítulo XIV*****

COOPERAÇÃO INTERNACIONALCOOPERAÇÃO INTERNACIONALCOOPERAÇÃO INTERNACIONALCOOPERAÇÃO INTERNACIONALCOOPERAÇÃO INTERNACIONALA. Responsabilidades de parceiros no desenvolvimentoA. Responsabilidades de parceiros no desenvolvimentoA. Responsabilidades de parceiros no desenvolvimentoA. Responsabilidades de parceiros no desenvolvimentoA. Responsabilidades de parceiros no desenvolvimentoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação14.1 A cooperação internacional tem-se provado essencial, nas duas últimas décadas, para aimplementação de programas de população e desenvolvimento. A quantidade de doadoresfinanceiros aumentou constantemente e o perfil das comunidades doadoras tem sido cada vez maismodelado pela presença, cada vez maior, de organizações não-governamentais e do setor privado.Várias experiências de cooperação bem-sucedida entre países em desenvolvimento puseram fim àimagem estereotipada de doadores exclusivamente dos países desenvolvidos. Parcerias de doadorestornaram-se as mais predominantes numa variedade de configurações, de modo que não é maisraro encontrar governos e organizações multilaterais trabalhando em estreita união com organizaçõesnão-governamentais nacionais e internacionais e segmentos do setor privado. Essa evolução dacooperação internacional em atividades de população e desenvolvimento reflete as mudançasconsideráveis que tiveram lugar nas duas últimas décadas, particularmente uma maior conscientizaçãoda magnitude, diversidade e urgência de necessidades não-satisfeitas. Países que antigamentedispensavam pouca importância a problemas de população, hoje os vêem no âmago de seu desafiode desenvolvimento. A migração internacional e a AIDS, por exemplo, antigamente questões deinteresse secundário para alguns países, hoje constituem problemas de alta prioridade numa grandeproporção de países.14.2 O processo de amadurecimento sofrido pela cooperação internacional na área de população edesenvolvimento tem revelado muitas dificuldades e falhas que precisam ser enfrentadas. Porexemplo, o número cada vez maior de parceiros do desenvolvimento, e sua configuração, submetetanto os receptores como os doadores a crescentes pressões para decidir entre uma multidão deprioridades competitivas de desenvolvimento, tarefa que, sobretudo, os governos receptores podemachar excessivamente difícil de resolver. A falta de adequados recursos financeiros e de mecanismoseficientes de coordenação tem sido considerada como responsável pela desnecessária superposiçãode esforços e pela falta de coerência com o programa. Mudanças repentinas nas políticas dedesenvolvimento dos doadores podem causar interrupções de atividades de programa no mundotodo. O restabelecimento de prioridades nacionais e a adesão a essas prioridades requerem umanova definição das responsabilidades recíprocas entre os parceiros do desenvolvimento e seucomprometimento com elas.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos14.3 os objetivos são:

*A Santa Sé fez uma reserva geral sobre este capítulo. A reserva deve ser interpretada nos termos dedeclaração feita por seu representante na 14a. Reunião Plenária, em 13 de setembro de 1994. C

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a) assegurar que a cooperação internacional na área de população e desenvolvimento seja compatívelcom prioridades nacionais de população e desenvolvimento, centralizados no bem-estar dosbeneficiários pretendidos e sirva para promover a construção da capacidade nacional e suaautoconfiança;b) instar a comunidade internacional a adotar políticas macroeconômicas favoráveis à promoção docrescimento econômico sustentado e do desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento;c) definir as responsabilidades recíprocas dos parceiros de desenvolvimento e melhorar a coordenaçãode seus esforços;d) desenvolver programas conjuntos de longo prazo entre os países receptores e entre paísesreceptores e doadores;e) melhorar e fortalecer o diálogo político e a coordenação de programas e atividades de populaçãoe desenvolvimento no nível internacional, inclusive órgãos bilaterais e multilateriais;f) instar o que todos os programas de população e desenvolvimento com todo o respeito pelosdiferentes valores religiosos e éticos e pelas origens culturais do povo de cada país, acatem os direitoshumanos básicos reconhecidos pela comunidade internacional e reafirmados no presente Programade Ação.AçõesAçõesAçõesAçõesAções14.4 No nível de programa, a construção da capacidade nacional em população e desenvolvimentoe a transferência de tecnologia e de know-how convenientes a países em desenvolvimento, inclusivepaíses de economia em transição, devem constituir objetivos essenciais e atividades centrais decooperação internacional. Nesse sentido, importantes elementos devem achar meios acessíveis deatender a grandes demandas de artigos, de programas de planejamento familiar, por meio daprodução local de anticoncepcionais de qualidade e confiabilidade comprovadas, para o que deveser incentivada: a cooperação tecnológica, os joint ventures, e outras formas de assistência técnica.14.5 A comunidade internacional deve promover um ambiente econômico de apoio, adotandopolíticas macroeconômicas favoráveis à promoção do crescimento e de desenvolvimento econômicossustentados.14.6 Os governos devem assegurar que os planos nacionais de desenvolvimento tomemconhecimento de financiamentos e cooperação internacionais previstos em seus programas depopulação e desenvolvimento, inclusive de empréstimos de instituições financeiras internacionais,particularmente com relação à construção da capacidade nacional, a cooperação tecnológica e atransferência de tecnologia adequada, que deve ser proporcionada em termos favoráveis, inclusiveem termos de concessão e preferenciais, conforme mutuamente acertado, levando em conta anecessidade de proteger os direitos internacionais de propriedade, assim como as necessidadesespeciais dos países em desenvolvimento.14.7 Os governos receptores devem reforçar seus mecanismos de coordenação nacional para acooperação internacional em população e desenvolvimento e, em consultas com doadores, esclareceras responsabilidades atribuídas a vários tipos de parceiros de desenvolvimento, inclusive organizaçõesintergovernamentais e organizações internacionais não-governamentais, baseados numa atentaconsideração de suas relativas vantagens no contexto de prioridades nacionais de desenvolvimento.A comunidade internacional deve ajudar governos receptores a fazer esses esforços de coordenação.B. Por um novo compromisso com o financiamento de população e desenvolvimentoB. Por um novo compromisso com o financiamento de população e desenvolvimentoB. Por um novo compromisso com o financiamento de população e desenvolvimentoB. Por um novo compromisso com o financiamento de população e desenvolvimentoB. Por um novo compromisso com o financiamento de população e desenvolvimentoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação14.8 Há um grande consenso sobre a necessidade de mobilizar significativos recursos financeirosadicionais, tanto da comunidade internacional como dos próprios países em desenvolvimento e depaíses de economia em transição, para programas nacionais de desenvolvimento em apoio aodesenvolvimento sustentável. A Declaração de Amsterdã sobre uma Vida Melhor para as Gerações

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Futuras, adotada no Fórum Internacional sobre População no Século XXI reunido em Amsterdã, em1989, convidou os governos a dobrar os gastos totais globais em programas de população e osdoadores a aumentar substancialmente sua contribuição, para tender às necessidades de milhões depessoas nos países em desenvolvimento, nos campos do planejamento familiar e de outras atividadesde população por volta do ano 2000.Todavia, desde então, os recursos internacionais para atividadesde população têm estado sob graves pressões, devido à prolongada recessão financeira nos tradicionaispaíses doadores. Os países em desenvolvimento enfrentam também crescentes dificuldades de alocarrecursos suficientes para seus programas de população. Recursos adicionais são urgentementerequeridos para melhor identificação e satisfação de necessidades não-satisfeitas em questões relativasa população e a desenvolvimento, como assistência à saúde reprodutiva, inclusive serviços einformações de planejamento familiar e de saúde sexual, assim como para atender a futuros aumentosna demanda, acompanhar as crescentes demandas que precisam ser atendidas e melhorar o alcancee a qualidade de programas.14.9 Para ajudar a implementação de assistência à população e à saúde reprodutiva, inclusiveprogramas de planejamento familiar e de saúde sexual, organismos bilaterais e multilateriais têmdispensado assistência técnica e financeira a órgãos nacionais e subnacionais envolvidos. Comoalguns desses programas começaram a ter sucesso, tornou-se conveniente a muitos países aprenderemuns com a experiência de outros, por meio de muitas e diferentes modalidades (por exemplo,programas de treinamento de longa e curta duração, viagens técnicas de observação e serviços deconsultoria).ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos14.10 Os objetivos são:a) aumentar substancialmente a disponibilidade da assistência financeira internacional na área depopulação e desenvolvimento para possibilitar aos países em desenvolvimento e países de economiaem transição alcançar os objetivos do presente Programa de Ação, na persecução de seus esforçosde auto-suficiência e de construção de sua capacidade;b) aumentar o comprometimento e a continuidade da ajuda financeira internacional na área depopulação e desenvolvimento, diversificando as fontes de contribuições e, ao mesmo tempo,desenvolvendo esforços para evitar tanto quanto possível uma redução nos recursos para outrasáreas de desenvolvimento. Recursos adicionais devem tornar-se disponíveis para a ajuda em curtoprazo a países de economia em transição;c) aumentar a ajuda financeira internacional para a cooperação direta Sul-Sul e para facilitar processosde financiamento para a cooperação direta Sul-Sul.AçõesAçõesAçõesAçõesAções14.11 A comunidade internacional deve envidar esforços para atingir a meta acordada de 0,7 porcento do produto nacional bruto para a ajuda oficial global de desenvolvimento e procurar aumentara parcela de financiamento de programas de população e desenvolvimento, proporcional ao alcancee à escala de atividades requeridas para atingir os objetivos e metas do presente Programa de Ação.O desafio de urgência crucial da comunidade doadora internacional é, portanto, traduzir seucompromisso com os objetivos e metas quantitativas do presente Programa de Ação em proporcionaiscontribuições financeiras para programas de população nos países em desenvolvimento e em paísesde economias em transição.Dada a magnitude das necessidades de recursos financeiros para programasnacionais de população e desenvolvimento (conforme identificadas no Capítulo XIII) e na presunçãode que os países receptores serão capazes de produzir aumentos suficientes de recursos de geraçãointerna, a necessidade de fluxos de recursos complementares dos países doadores seria da ordem de(em dólares de 1993): $5,7 bilhões em 2000; $6,1 bilhões em 2005; $6,8 bilhões em 2010 e $7,2bilhões em 2015. A comunidade internacional considera a iniciativa de mobilizar recursos para dar,

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a todos os povos, acesso aos serviços sociais básicos, iniciativa conhecida 20/20, que será aindaestudada na oportunidade da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social.14.12 Os países receptores devem assegurar que a ajuda internacional a atividades de população edesenvolvimento seja efetivamente usada para atender aos objetivos nacionais de população edesenvolvimento, de modo a ajudar os doadores a manter o compromisso de mais recursos paraprogramas.14.13 O Fundo das Nações Unidas para População, outras organizações das Nações Unidas,instituições financeiras multilaterais, bancos regionais e fontes financeiras bilaterais são convidados ase informarem, com vista à coordenação de suas políticas financeiras e a processos de planejamentopara melhorar o impacto, a complementação e o custo-eficiência de suas contribuições para realizaçãodos programas de população de países em desenvolvimento e de países de economia em transição.14.14 Os critérios para alocação de recursos financeiros externos para atividades de população empaíses em desenvolvimento devem incluir:a) programas, planos e estratégias nacionais, coerentes, de população e desenvolvimento;b) a reconhecida prioridade dos países menos desenvolvidos;c) a necessidade de complementar esforços financeiros nacionais sobre população;d) a necessidade de evitar obstáculos ao progresso até então realizado ou sua reversão;e) problemas de significativos setores e áreas sociais não-refletidos nos indicadores médios nacionais.14.15 Países de economia em transição devem receber ajuda temporária para atividades de populaçãoe desenvolvimento, tendo em vista os difíceis problemas econômicos e sociais que enfrentem nomomento.14.16 Ao conceber um adequado equilíbrio entre fontes de financiamento, mais atenção deve serdispensada à cooperação Sul-Sul assim como a novos meios de mobilizar contribuições privadas,particularmente em parceria com organizações não-governamentais. A comunidade internacionaldeve instar órgãos doadores a melhorar e modificar seus processos de financiamento para facilitar edar maior prioridade ao apoio de acordos de colaboração direta Sul-Sul.14.17 Devem ser exploradas formas inovadoras de financiamento, inclusive novos meios de gerarrecursos financeiros públicos e privados e vários meios de aliviar a dívida.14.18 Instituições financeiras internacionais são incentivadas a aumentar sua ajuda financeira,particularmente em população e saúde reprodutiva, inclusive planejamento familiar e assistência àsaúde sexual.

Capítulo XVCapítulo XVCapítulo XVCapítulo XVCapítulo XV*****

PPPPPARCERIA COM O SETARCERIA COM O SETARCERIA COM O SETARCERIA COM O SETARCERIA COM O SETOR NÃO-GOOR NÃO-GOOR NÃO-GOOR NÃO-GOOR NÃO-GOVERNAMENTVERNAMENTVERNAMENTVERNAMENTVERNAMENTALALALALALA. Organizações não-governamentais locais, nacionais e internacionaisA. Organizações não-governamentais locais, nacionais e internacionaisA. Organizações não-governamentais locais, nacionais e internacionaisA. Organizações não-governamentais locais, nacionais e internacionaisA. Organizações não-governamentais locais, nacionais e internacionaisJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação15.1 Como a contribuição, real ou potencial, de organizações não-governamentais ganha cada vezmais reconhecimento em muitos países e nos níveis internacionais e regionais, é importante afirmarsua relevância no contexto da preparação e implementação do presente Programa de Ação. Paraenfrentar, eficientemente, os desafios de população e desenvolvimento, é essencial uma ampla eefetiva parceria entre organizações governamentais e não-governamentais (inclusive grupos eorganizações sem fins lucrativos nos níveis local, nacional e internacional) para ajudar na formulação,implementação, acompanhamento e avaliação de objetivos e atividades de população edesenvolvimento.

*A Santa Sé expressou sua reserva geral sobre este capítulo, que deve ser interpretada nos termos dadeclaração feita por seu representante na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994.

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15.2 Apesar de situações amplamente diversas em sua relação e interação com governos, asorganizações não-governamentais têm dado e continuam dando, cada vez mais, importantescontribuições para atividades tanto de população como de desenvolvimento em todos os níveis. Emmuitas áreas de atividades de população e desenvolvimento, grupos não-governamentais já sãobastante conhecidos por sua relativa vantagem com referência a órgãos de governo, tendo em vistao planejamento e a implementação de programas inovadores, flexíveis e apropriados, inclusive departicipação popular e porque muitas vezes estão radicados em clientelas, com as quais interagem,que são pouco atendidas e têm dificuldade de sê-lo pelos canais oficiais.15.3 Organizações não-governamentais são vozes importantes do povo e suas associações e redessão meios efetivos e eficientes de melhor enfocar as iniciativas locais e nacionais e de enfrentarprementes questões de população, meio ambiente, migração, desenvolvimento econômico e social.15.4 Organizações não-governamentais estão ativamente envolvidas na provisão de serviços deprograma e planejamento virtualmente em toda área do desenvolvimento sócio-econômico, inclusiveo setor de população. Muitas delas têm, em muitos países, uma longa história de envolvimento eparticipação em atividades ligadas à população, particularmente de planejamento familiar. Sua forçae credibilidade estão no papel responsável e construtivo que desempenham na sociedade e noapoio que suas atividades recebem em geral da comunidade. Organizações e redes formais einformais, inclusive movimentos populares, merecem ser reconhecidas nos níveis local, nacional einternacional como parceiros válidos para a implementação do presente Programa de Ação. Paraessas parcerias funcionar e florescer, é necessário que organizações governamentais e não-governamentais criem sistemas e mecanismos apropriados para facilitar o diálogo construtivo, nocontexto de programas e políticas nacionais, reconhecendo seus distintos papéis, responsabilidadese capacidades particulares.15.5 São conhecidas a experiência, a capacidade e a perícia de muitas organizações não-governamentais e de grupos comunitários locais em áreas de direta relevância para o Programa deAção. Organizações não-governamentais, especialmente as que atuam no campo de saúde sexuale reprodutiva e do planejamento familiar, organizações de mulheres e grupos de defesa de imigrantese refugiados têm aumentado o conhecimento público e oferecidos serviços de educação a homense mulheres, que contribuem para a bem-sucedida implementação de políticas de desenvolvimentoe população. Organizações de jovens vêm-se tornando cada vez mais eficientes parcerias na criaçãode programas para a educação da juventude e em questões de saúde reprodutiva, de sexos e demeio-ambiente. Outros grupos, como organizações de idosos, migrantes, organizações de pessoasportadoras de deficiência e grupos populares informais contribuem também efetivamente para oaumento de programas para suas respectivas clientelas. Essas diversas organizações podem ajudar aassegurar a qualidade e a relevância de programas e serviços para as pessoas a quem pretendematender e devem ser convidadas a participar com órgãos locais, nacionais e internacionais de tomadade decisões, inclusive o sistema das Nações Unidas, para assegurar a efetiva implementação,acompanhamento e avaliação do presente Programa de Ação.15.6 No reconhecimento da importância de uma parceria efetiva, organizações não-governamentaissão convidadas a fomentar a coordenação, a cooperação e a comunicação, nos níveis local, nacional,regional e internacional e com os governos locais e nacionais, para reforçar sua eficiência comoparticipantes-chave na implementação de programas e políticas de população e desenvolvimento. Oenvolvimento de organizações não-governamentais deve ser visto como complementar àresponsabilidade dos governos de prover serviços completos, seguros e acessíveis de saúdereprodutiva, inclusive serviços de planejamento familiar e de saúde sexual. Como os governos, asorganizações não-governamentais devem ser responsáveis por suas ações e ser transparentes comrelação a seus serviços e processos de avaliação.

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ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos15.7 O objetivo é promover uma efetiva parceria entre todos os níveis de governo e toda a série deorganizações não-governamentais e grupos comunitários locais na discussão e decisões sobreplanejamento, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação de programas relativosà população, desenvolvimento e meio ambiente, de acordo com a estrutura da política geral dosgovernos, levando em devida consideração as responsabilidades e os papéis dos respectivos parceiros.AçõesAçõesAçõesAçõesAções15.8 Governos e organizações intergovernamentais, em consulta com organizações não-governamentais e grupos comunitários locais, e com pleno respeito a sua autonomia, devemintegrá-las em suas tomadas de decisão e facilitar a contribuição que organizações não-governamentaispodem dar em todos os níveis para encontrar soluções para questões de população e desenvolvimentoe, em particular, para assegurar a implementação do presente Programa de Ação. Organizações não-governamentais devem desempenhar um papel-chave nos processos nacionais e internacionais dedesenvolvimento.15.9 Os governos devem garantir papéis e participação essenciais de organizações de mulheres noplanejamento e implementação de programas de população e desenvolvimento. O envolvimento demulheres em todos os níveis, especialmente no nível administrativo, é decisivo para se alcançarem osobjetivos e implementar o presente Programa de Ação.15.10 Adequados recursos técnicos financeiras e informação necessária para a efetiva participaçãode organizações não-governamentais em pesquisa, planejamento, implementação, acompanhamentoe avaliação de atividades de população e desenvolvimento, se viáveis e solicitados, podem serpostos à disposição do setor não-governamental por governos, organizações intergovernamentaise instituições financeiras internacionais de uma maneira que não comprometa sua plena autonomia.Para assegurar a transparência, a responsabilidade e a efetiva divisão de tarefa, essas mesmasinstituições devem dispensar a essas organizações não-governamentais a informação e documentosnecessários. Organizações internacionais podem oferecer ajuda técnica e financeira a organizaçõesnão-governamentais de acordo com as leis e regulamentos de cada país.15.11 Governos e países doadores, inclusive organizações intergovernamentais e instituiçõesfinanceiras internacionais, devem assegurar que organizações não-governamentais e suas redessejam capazes de manter sua autonomia e fortalecer sua capacidade por meio do diálogo e consultasregulares, treinamento adequado e atividades de extensão, e de desempenharem assim um maiorpapel de parceria em todos os níveis.15.12 Organizações não-governamentais e suas redes e comunidades locais devem reforçar ainteração com suas clientelas, assegurar a transparência de suas atividades, mobilizar a opiniãopública, participar na implementação de programas de população e desenvolvimento e contribuirativamente para o debate nacional, regional e internacional sobre questões de população edesenvolvimento. Os governos, se conveniente, devem incluir a representação de organizaçõesnão-governamentais em delegações nacionais a fóruns regionais e internacionais onde se discutemquestões de população e desenvolvimento.B. O setor privadoB. O setor privadoB. O setor privadoB. O setor privadoB. O setor privadoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação15.13 O setor privado, o setor voltado para o lucro, desempenha importante papel nodesenvolvimento social e econômico, inclusive na produção e prestação de serviços e artigos para aassistência à saúde, de educação adequada e informações pertinentes a programas de população edesenvolvimento. Num crescente número de países, o setor privado tem desenvolvido ou estádesenvolvendo sua capacidade financeira, gerencial e tecnológica de executar uma série de atividadesde população e desenvolvimento de uma maneira eficaz e de custo-eficiência. A experiência tem

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lançado a base para parcerias úteis que o setor privado pode desenvolver e expandir. O envolvimentodo setor privado pode ajudar ou suplementar, mas não diminuir, a responsabilidade dos governosde prover serviços completos, seguros e acessíveis de saúde reprodutiva para todo o povo. O setorprivado deve também assegurar que todos os programas de população e desenvolvimento, comtotal respeito aos diferentes valores religiosos e éticos e às origens culturais de cada povo, observemos direitos básicos reconhecidos pela comunidade internacional e reafirmados no presente Programade Ação.15.14 Outro aspecto do papel do setor privado é sua importância como parceiro no crescimentoeconômico e no desenvolvimento sustentável. Por meio de suas ações e atitudes, o setor privadopode ter um impacto decisivo na qualidade de vida de seus empregados e muitas vezes emsegmentos mais amplos da sociedade e em suas atitudes. Experiências adquiridas com esses programassão úteis a governos e organizações não-governamentais em seu contínuo esforço para encontrarmeios inovadores de envolver efetivamente o setor privado em programas de população edesenvolvimento. Uma crescente conscientização de responsabilidades sociais faz que tomadores dedecisões do setor privado busquem cada vez mais novos meios de entidades com fins lucrativospoderem trabalhar construtivamente com os governos e organizações não-governamentais emquestões de população e desenvolvimento sustentável. Reconhecendo a contribuição do setorprivado e procurando mais áreas de programa para uma cooperação mutuamente benéfica, governose organizações não-governamentais podem, do mesmo modo, tornar mais eficientes suas atividadesde população e desenvolvimento.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos15.15 Os objetivos são:a) reforçar a parceria entre governos, organizações internacionais e o setor privado na identificaçãode novas áreas de cooperação;b) promover o papel do setor privado na prestação de serviço e na produção e distribuição, em todasas regiões do mundo, de artigos e anticoncepcionais de saúde reprodutiva e de planejamentofamiliar de alta qualidade e disponíveis para setores de baixa renda da população.AçõesAçõesAçõesAçõesAções15.16 Governos e organizações não-governamentais e internacionais devem intensificar suacooperação com o setor privado e lucrativo, em matérias pertencentes a população e desenvolvimentosustentável, a fim de reforçar sua contribuição na implementação de programas de população edesenvolvimento, inclusive com a produção e prestação de artigos e serviços anticoncepcionais dequalidade, com informação e educação adequadas, de uma maneira socialmente responsável,culturalmente sensível e aceitável e de custo-eficiência.15.17 Organizações com e sem fins lucrativos e suas redes devem desenvolver mecanismos por meiodos quais possam trocar idéias e experiências nos campos de população e desenvolvimento, comvista a partilharem abordagens inovadoras e iniciativas de pesquisa e desenvolvimento. A vulgarizaçãode informações e de pesquisa deve ser uma prioridade.15.18 Os governos são firmemente incentivados a estabelecer padrões de prestação de serviço e arever políticas legais, reguladoras e de importação, para identificar e eliminar políticas que proíbemou restringem desnecessariamente o maior envolvimento do setor privado na produção eficiente deartigos para saúde reprodutiva, inclusive planejamento familiar, e na prestação de serviço. Os governos,tendo em vista as diferenças sociais e culturais, devem incentivar vivamente o setor privado a cumprirsuas reponsabilidades na vulgarização da informação ao consumidor.15.19 O setor lucrativo deve considerar a melhor maneira de ajudar organizações não-governamentaissem fins lucrativos a desempenharem um papel mais amplo na sociedade, com o fortalecimento ou

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criação de adequados mecanismos para canalizar o apoio financeiro ou outro apropriado a essasorganizações não-governamentais e suas associações.15.20 Empregadores do setor privado devem continuar a projetar e a implementar programasespeciais que ajudam a atender à demanda de seus empregados, por serviços de informação,educação e de saúde reprodutiva, e combinar as necessidades de trabalho de seus empregados comsuas responsabilidades familiares. Prestadores de serviços organizados de assistência à saúde eseguradoras devem também continuar incluindo serviços de planejamento familiar e de saúdereprodutiva entre os benefícios de saúde que oferecem.

Capítulo XVICapítulo XVICapítulo XVICapítulo XVICapítulo XVI*****

AAAAACOMPCOMPCOMPCOMPCOMPANHAMENTANHAMENTANHAMENTANHAMENTANHAMENTO DA CONFERÊNCIAO DA CONFERÊNCIAO DA CONFERÊNCIAO DA CONFERÊNCIAO DA CONFERÊNCIAA.A.A.A.A. Atividades no nível nacionalAtividades no nível nacionalAtividades no nível nacionalAtividades no nível nacionalAtividades no nível nacionalJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação16.1 A importância da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento dependerá dadisposição de governos, comunidades locais, do setor não-governamental, da comunidadeinternacional e de todas as demais organizações interessadas e de indivíduos de pôr em ação suasrecomendações. Esse comprometimento será de particular importância nos níveis nacionais eindividuais. Essa disposição de integrar efetivamente questões de população em todos os aspectosda atividade econômica e social e suas inter-relações ajudará significativamente que se obtenha umamelhor qualidade de vida para todos os indivíduos assim como para as futuras gerações. Todos osesforços devem ser feitos com vistas a um crescimento econômico sustentado no contexto de umdesenvolvimento sustentável.16.2 Os extensos e diferentes processos preparatórios, nos níveis internacional, sub-regional, nacionale local, representaram uma importante contribuição para a formulação do presente Programa deAção. Verificou-se, em muitos países, considerável desenvolvimento institucional no encaminhamentodo processo preparatório nacional; promoveu-se maior conscientização das questões de populaçãopor meio de campanhas públicas de informação e educação, e relatórios nacionais foram preparadospara a Conferência. A grande maioria dos países participantes da Conferência atendeu ao convitepara preparar relatórios nacionais abrangentes sobre população. É digna de nota e animadora acomplementação desses relatórios por outros encomendados por recentes conferências e iniciativasinternacionais relativas a desenvolvimento ambiental, econômico e social. A importância de seconstruir sobre essas atividades, no acompanhamento da Conferência, é plenamente reconhecida.16.3 As principais funções com relação ao acompanhamento dos resultados da Conferência sãoorientação política, inclusive a criação de vigoroso apoio político, em todos os níveis, a população edesenvolvimento; mobilização de recursos; coordenação, e mútua responsabilidade nos esforçospara implementar o Programa de Ação; solução de problema e partilha de experiências dentro dospaíses e entre eles; acompanhamento e relatórios do andamento da implementação do Programa deAção. Cada uma dessas funções requer um acompanhamento acordado e coordenado nos níveisnacional e internacional e deve envolver plenamente todos os indivíduos e organizações pertinentes,inclusive organizações não-governamentais e de base comunitária. A implementação, oacompanhamento e a avaliação do Programa de Ação, em todos os níveis, devem ser conduzidos demaneira coerente com seus princípios e objetivos.16.4 A implementação do presente Programa de Ação, em todos os níveis, deve ser consideradacomo parte do esforço integrado de acompanhamento de importantes conferências internacionais,

*A Santa Sé fez uma reserva geral sobre este capítulo. A reserva deve ser entendida nos termos dadeclaração feita por seu representante na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994.

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inclusive a presente Conferência, a Conferência Mundial sobre Saúde para Todos, a ConferênciaMundial sobre Educação para Todos, Cúpula Mundial para Crianças, Conferência das Nações Unidassobre Países menos Desenvolvidos, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, Conferência Internacional sobre Nutrição, Conferência Mundial sobre DireitosHumanos, Conferência Global sobre Desenvolvimento Sustentável de Pequenos Estados Insulares,Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social, IV Conferência Mundial sobre a Mulher e Conferênciadas Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat II).16.5 A implementação de metas, objetivos e ações do presente Programa de Ação exigirão emmuitos casos recursos adicionais.ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo16.6 O objetivo é estimular e capacitar os países a implantar, de uma maneira plena e efetiva, oPrograma de Ação, por meio de políticas e programas adequados e pertinentes no nível nacional.AçõesAçõesAçõesAçõesAções16.7 Os governos devem: (a) se comprometerem, no mais alto nível político, a alcançar as metas eobjetivos contidos no presente Programa de Ação e (b) a assumir um papel de liderança nacoordenação da implementação, acompanhamento e da avaliação de atividades de acompanhamento.16.8 Governos, organizações do sistema das Nações Unidas e grupos importantes, particularmenteorganizações não-governamentais, devem dar a mais ampla divulgação ao Programa de Ação ebuscar o apoio do público a suas metas, objetivos e ações. Isto pode envolver reuniões deacompanhamento, publicações e recursos audiovisuais, assim como a mídia impressa e eletrônica.16.9 Todos os países devem considerar suas atuais prioridades de despesas com vistas a darcontribuições adicionais para a implementação do Programa de Ação, levando em consideração odisposto nos Capítulos XIII e XIV e as limitações econômicas enfrentadas por países emdesenvolvimento.16.10 Todos os países devem criar mecanismos nacionais adequados de acompanhamento,responsabilidade e controle, em parceria com organizações não-governamentais, grupos comunitáriose representantes da mídia e da comunidade acadêmica, assim como com o apoio de parlamentares.16.11 A comunidade internacional deve ajudar os governos interessados a organizar um adequadoacompanhamento nacional, inclusive a construção da capacidade nacional de formular projeto e degerenciar programa, como também fortalecer mecanismos de coordenação e de avaliação daimplementação do presente Programa de Ação.16.12 Os governos, com a ajuda da comunidade internacional, quando necessário, devem, tãologo quanto possível, criar ou reforçar bancos de dados para prover informação e dados básicos quepossam ser usados na medição ou avaliação do progresso na consecução de metas e objetivos dopresente Programa de Ação e de outros documentos, compromissos e acordos internacionais correlatos.A fim de avaliar o progresso, todos os países devem estimar regularmente seu progresso na realizaçãodos objetivos e metas do Programa de Ação e de outros compromissos e acordos e os relatar,periodicamente, em colaboração com organizações não-governamentais e grupos comunitários.16.13 Na preparação dessas avaliações e relatórios, os governos devem descrever os sucessosalcançados, assim como problemas e obstáculos encontrados. Quando possível, os relatórios nacionaisdevem ser compatíveis com os planos nacionais de desenvolvimento sustentável que os paísesprepararão no contexto da implementação da Agenda 21. Esforços devem ser feitos para descobrirum sistema adequado e consolidado de relatar, levando em conta todas as conferências pertinentesdas Nações Unidas que exigem relatórios nacionais em campos correlatos.BBBBB..... Atividades regionais e sub-regionaisAtividades regionais e sub-regionaisAtividades regionais e sub-regionaisAtividades regionais e sub-regionaisAtividades regionais e sub-regionaisJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação

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16.14 Atividades empreendidas tanto no nível sub-regional como regional constituíram um aspectoimportante dos preparativos para a Conferência. O resultado de reuniões sub-regionais e regionaispreparatórias, sobre população e desenvolvimento, demonstrou claramente a importância de sereconhecer, juntamente com ações internacionais e nacionais, a contínua contribuição da ação sub-regional e regional.ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo16.15 O objetivo é promover a implementação do presente Programa de Ação nos níveis sub-regional e regional, com atenção a estratégias e necessidades específicas sub-regionais e regionais.AçõesAçõesAçõesAçõesAções16.16 Comissões regionais, organizações do sistema das Nações Unidas que atuam no nível regionale outras organizações sub-regionais e regionais pertinentes devem desempenhar um papel ativo, noâmbito de suas atribuições com relação à implementação do presente Programa de Ação, por meiode iniciativas sub-regionais e regionais sobre população e desenvolvimento. Essa ação deve sercoordenada entre as organizações interessadas nos níveis sub-regional e regional, com vistas a umaação eficiente e efetiva no trato de questões específicas de população e desenvolvimento relevantespara as regiões interessadas, quando conveniente.16.17 Nos níveis sub-regional e regional:a) os governos nas sub-regiões e regiões e organizações pertinentes são convidados, quandoconveniente, a reforçar mecanismos já existentes de acompanhamento, inclusive reuniões deacompanhamento de declarações regionais sobre questões de população e desenvolvimento;b) perícia multidisciplinar, quando necessário, deve ser utilizada para desempenhar um papel-chavena implementação e acompanhamento do presente Programa de Ação;c) a cooperação nas áreas críticas de construção de capacidade, de partilha e intercâmbio de informaçãoe experiências, de know-how e de perícia técnica deve ser reforçada com adequado apoio dacomunidade internacional, levando em conta a necessidade de parceria com organizações não-governamentais e outros grupos importantes, na implementação e acompanhamento do Programade Ação no nível regional;d) os governos devem assegurar que o treinamento e a pesquisa em questões de população edesenvolvimento, no nível terciário, sejam reforçados, e amplamente divulgadas conclusões eimplicações de pesquisas.CCCCC..... Atividades no nível internacionalAtividades no nível internacionalAtividades no nível internacionalAtividades no nível internacionalAtividades no nível internacionalJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de açãoJustificativa de ação16.18 A implementação das metas, objetivos e ações do presente Programa de Ação requereránovos e adicionais recursos financeiros dos setores públicos e privados, de organizações não-governamentais e da comunidade internacional. Embora alguns recursos requeridos possam vir dareordenação de prioridades, recursos adicionais se farão necessários. Nesse contexto, países emdesenvolvimento, particularmente os menos desenvolvidos, requererão recursos adicionais, inclusiveem termos de concessão e de doação, de acordo com indicadores corretos e justos. Países deeconomia em transição podem precisar também de ajuda temporária, tendo em vista os difíceisproblemas econômicos e sociais que enfrentam no momento. Países desenvolvidos e outros emcondições de assim o fazer devem considerar a provisão de recursos adicionais, quando necessários,para apoiar a implementação das decisões desta Conferência por meio de canais bilaterais e multilaterais,assim como por meio de organizações não-governamentais.ObjetivosObjetivosObjetivosObjetivosObjetivos

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a) assegurar apoio total e consistente, inclusive ajuda financeira e técnica, da comunidade internacional,bem como do sistema das Nações Unidas, a todos os esforços para a implementação do presentePrograma de Ação em todos os níveis;b) assegurar uma abordagem coordenada e uma divisão mais clara de tarefas na política pertinentede população e nos aspectos operacionais da cooperação de desenvolvimento. Isto deve sersuplementado com o aumento de coordenação e planejamento na mobilização de recursos;c) assegurar que questões de população e desenvolvimento tenham o devido enfoque e integraçãono trabalho de organismos e entidades do sistema das Nações Unidas.AçõesAçõesAçõesAçõesAções16.21 A Assembléia Geral é o mais alto mecanismo intergovernamental para a formulação e avaliaçãode política sobre assuntos referentes ao acompanhamento desta Conferência. Para assegurar umeficiente acompanhamento da Conferência, assim como para aumentar a capacidadeintergovernamental de tomar decisões para a integração de questões de população e desenvolvimento,a Assembléia deve organizar uma revisão regular da implementação do presente Programa de Ação.Na realização dessa tarefa, deve considerar a oportunidade, forma e aspectos organizacionais dessarevisão.16.22 A Assembléia Geral e o Conselho Econômico e Social devem assumir suas respectivasresponsabilidades, conforme lhes são atribuídas na Carta das Nações Unidas, na formulação depolíticas e na provisão de orientação e coordenação da atividade das Nações Unidas no campo depopulação e desenvolvimento.16.23 O Conselho Econômico e Social, no contexto do papel que lhe é atribuído pela Carta junto àAssembléia Geral e de acordo com as Resoluções 45/264 46/235 e 48/162 da Assembléia, deveajudá-la na promoção de uma abordagem integrada e na provisão de coordenação de sistemaamplo e orientação no acompanhamento da implementação do presente Programa de Ação e naformulação de recomendações nesse sentido. Providências oportunas devem ser tomadas parasolicitar relatórios regulares dos órgãos especializados sobre seus planos e programas relativos àimplementação deste Programa de Ação, de acordo com o Artigo 64 da Carta.16.24 O Conselho Econômico e Social é convidado a rever o método de relatório no sistema dasNações Unidas no que diz respeito a questões de população e planejamento, levando em consideraçãoos processos de relatar, requeridos no acompanhamento de outras conferências internacionais, comvistas a estabelecer, se possível, um sistema mais coerente de relatar.16.25 Dentro de suas respectivas atribuições e de acordo com sua Resolução 48/162, a AssembléiaGeral, a Assembléia, em sua 45ª Reunião, e o Conselho Econômico e Social, em 1995, devem reveros papéis, responsabilidades, atribuições e vantagens comparativas tanto de organismosintergovernamentais pertinentes como dos órgãos do sistema das Nações Unidas que se ocupam depopulação e desenvolvimento, com vistas a:a) assegurar a efetiva e eficiente implementação, acompanhamento e avaliação das atividadesoperacionais das Nações Unidas a serem empreendidas com base no presente Programa de Ação;b) melhorar a eficiência e a eficácia das atuais estruturas e mecanismos das Nações Unidas paraimplementar e acompanhar atividades de população e desenvolvimento, inclusive sua estratégia decoordenação e de revisão intergovernamentais;c) assegurar o pleno reconhecimento das inter-relações de orientação de política, pesquisa, criaçãode critérios e atividades operacionais em população e desenvolvimento, assim como a divisão detarefas entre os órgãos interessados.16.16 Como parte dessa revisão, o Conselho Econômico e Social, nos termos da Resolução 48/162da Assembléia Geral, deve considerar os respectivos papéis de órgãos pertinentes das Nações Unidasque se ocupam de população e desenvolvimento, inclusive o Fundo das Nações Unidas para

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População e a Divisão de População do Departamento de Informação Econômica e Social e deAnálise de Política da Secretaria das Nações Unidas, com relação ao acompanhamento do presentePrograma de Ação.16.27 A Assembléia Geral, em sua 45ª Reunião, de acordo com sua Resolução 48/162, é convidadaa dispensar maior atenção à criação de um distinto Conselho Executivo do Fundo das Nações Unidaspara População, levando em consideração os resultados da supramencionada revisão e tendo emvista as implicações administrativas, orçamentárias e de programa dessa proposição.16.28 O Secretário Geral das Nações Unidas é solicitado a consultar os vários organismos do sistemadas Nações Unidas, assim como instituições financeiras internacionais e várias organizações e órgãosbilaterais de ajuda, com vista à promoção de um intercâmbio de informações entre elas sobre asexigências de assistência internacional, e à revisão, numa base regular, das necessidades específicasde países no campo de população e desenvolvimento, inclusive necessidades emergenciais etemporárias, e à maximização da disponibilidade de recursos e sua utilização mais eficiente.16.29 Todos os órgãos especializados e organizações ligadas ao sistema das Nações Unidas sãoconvidados a reforçar e ajustar suas atividades, programas e estratégias de médio prazo, conformefor o caso, para levar em conta o acompanhamento da Conferência. Nesse mesmo sentido, órgãosgovernamentais pertinentes devem rever suas políticas, programas, orçamentos e atividades.

Resolução 2Resolução 2Resolução 2Resolução 2Resolução 2Expressa agradecimentos ao povo e ao Governo do EgitoExpressa agradecimentos ao povo e ao Governo do EgitoExpressa agradecimentos ao povo e ao Governo do EgitoExpressa agradecimentos ao povo e ao Governo do EgitoExpressa agradecimentos ao povo e ao Governo do Egito*****

A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, reunida no Cairo, entre 05 e 13de setembro de 1994, a convite do Governo do Egito,1. Manifesta seu profundo reconhecimentoManifesta seu profundo reconhecimentoManifesta seu profundo reconhecimentoManifesta seu profundo reconhecimentoManifesta seu profundo reconhecimento a Sua Excelência, Muhammad Hosni Mubarak,Presidente da República Árabe do Egito, por sua importante contribuição, como Presidente daConferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, para o êxito da Conferência;2. Expressa sua profunda gratidãoExpressa sua profunda gratidãoExpressa sua profunda gratidãoExpressa sua profunda gratidãoExpressa sua profunda gratidão ao Governo do Egito por ter tornado possível realizar areunião da Conferência no Cairo e pelas excelentes instalações, pessoal e serviços tão graciosamentepostos à sua disposição;3. Solicita3. Solicita3. Solicita3. Solicita3. Solicita ao Governo do Egito que transmita à cidade do Cairo e ao povo do Egito a gratidão daConferência pela hospitalidade e cordiais boas—vindas aos participantes.

Resolução 3Resolução 3Resolução 3Resolução 3Resolução 3Credenciais de delegações à Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoCredenciais de delegações à Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoCredenciais de delegações à Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoCredenciais de delegações à Conferência Internacional sobre População e DesenvolvimentoCredenciais de delegações à Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento**********

A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,Após considerarApós considerarApós considerarApós considerarApós considerar o relatório do Comitê de Credenciais1/ e a recomendação ali constante,AprovaAprovaAprovaAprovaAprova o relatório do Comitê de Credenciais.Capítulo IICapítulo IICapítulo IICapítulo IICapítulo IICOMPCOMPCOMPCOMPCOMPARECIMENTARECIMENTARECIMENTARECIMENTARECIMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS O E ORGANIZAÇÃO DOS O E ORGANIZAÇÃO DOS O E ORGANIZAÇÃO DOS O E ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOSTRABALHOSTRABALHOSTRABALHOSTRABALHOSA. Data e local da ConferênciaA. Data e local da ConferênciaA. Data e local da ConferênciaA. Data e local da ConferênciaA. Data e local da Conferência1. Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento reuniu—se no Cairo, entre 5 e 13de setembro de 1994, de acordo com as Resoluções 47/176, de 22 de dezembro de 1992, e 48/186, de 21 de dezembro de 1993, da Assembléia Geral. A Conferência reuniu-se, no período, em14 sessões plenárias.

*Aprovada na 14a. Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994; para a discussão, ver Cap. VIII.**Aprovada na 13a. Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994; para a discussão, ver Cap. VI.1/ A/CONF.171/11 e corr. 1.

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B. Consultas de pré—ConferênciaB. Consultas de pré—ConferênciaB. Consultas de pré—ConferênciaB. Consultas de pré—ConferênciaB. Consultas de pré—Conferência2. Consultas de pré-Conferência, abertas a todos os Estados convidados a participar da Conferência,se realizaram no Cairo, nos dias 3 e 4 de setembro de 1994, para considerar várias matérias deprocedimento e de organização. Estas e outras consultas foram conduzidas sob a presidência de SuaExcelência, o Sr. Mohamed Adel Elsafty, Vice-Ministro dos Assuntos Estrangeiros do Egito. O relatóriosobre as consultas (A/CONF.171L.2) foi submetido à Conferência e as recomendações ali constantesforam aceitas como base para a organização de seus trabalhos.C. ComparecimentoC. ComparecimentoC. ComparecimentoC. ComparecimentoC. Comparecimento3. Fizeram-se representar na Conferência os seguintes estados e organizações regionais de integraçãoeconômica:Afeganistão / África do Sul / Albânia / Alemanha/ Algéria / Angola / Antígua e Barbuda / Argentina/ Armênia / Austrália / Áustria / Azerbaijão / Bahama / Bahrain / Bangladesh / Barbados / Belarus /Bélgica / Belize / Benin / Bolívia / Botsuana / Brasil / Butão / Cabo Verde / Camboja / Canadá /Casaquistão / Casaquistão / Chade / Chile / China / Chipre / Colômbia / Comores /Comunidade Européia / Congo / Costa do Marfim / Costa Rica / Croácia / Cuba / Dinamarca /Dinamarca / Dinamarca / Egito / El Salvador / Emirados ÁrabesUnidos / Equador / Eritréia / Eslováquia/ Eslovênia / Espanha / Estados Unidos da América / Estônia / Etiópia / Ex-República Iugoslava daMacedônia / Federação Russa / Fiji/ Filipinas / Finlândia / França / Gabão / Gâmbia / Gana / Geórgia/ Grécia / Guatemala / Guiana / Guiné / Guiné Equatorial / Guiné-Bissau / Haiti / Honduras / Hungria/ Iêmen / Ilhas Cook / Ilhas Salomão / Índia / Indonésia / Irã (República Islâmica do) / rlanda / lslândia/ Israel/ Itália/ Jamaica / Japão / Jordânia / Kwait / Látvia / Lesoto / Libéria / Líbia / Lituânia /Luxemburgo/ Madagascar / Malaui / Malásia / Maldivas / Mali / Malta / Marrocos / Maurício/Mauritânia/ México / Micronéisa (Estados Federados da)/ Moçambique / Mongólia / Myanmar /Namímbia / Nepal / Nicarágua / Neger / Nigéria / Niue / Nova Zelândia / Noruega / Oman/ PaísesBaixos / Paquistão / Papua Nova Guiné / Paraguai / Panamá / Peru / Polônia / Portugal /Portugal /Quênia / Quribati / Quirziquistão / Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte / República daArábia Síria / República da Moldávia / República Democrática do Laos/ República Unida da Tanzânia/ República da Coréia /Romênia / Ruanda / Saint Kitts and Nevis / Samoa / San Marino / Santa Lúcia/ São Vicente e as Granadas / São Tomé e Príncipe / Santa Sé / Seicheles / Senegal / Serra Leoa /Singapura / Sri Lanca / Suazilândia/ Suécia / Suíça / Suriname / Tailândia / Tajiquistão / Togo / Tonga/ Trinidad e Tobago / Tunísia/ Turquemenistão / Turquia /Tuvalu / Ucrânia / Uganda / Uruguai /Uzbequistão / Vanuatu / Vietnã / Zaire / Zâmbia / Zimbabue /4. Observador pela Palestina participou da Conferência.5. Os seguintes membros associados das comissões regionais foram representados por observadores:Arruba / Ilhas Virgens Britânicas / Guam / Antilhas Holandesas / República de Palau / Ilhas VirgensAmericanas6. As secretarias das seguintes comissões regionais se fizeram representar:Comissão Econômica para a África / Comissão Econômica para a Europa / Comissão Econômica paraa América Latina e o Caribe / Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico / ComissãoEconômica e Social para a Ásia Ocidental7. Os seguintes organismos e programas das Nações Unidas se fizeram representar:Fundo das Nações Unidas para a Criança / Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para aMulher / Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento / Programa das Nações Unidas parao Meio Ambiente / Fundo das Nações Unidas para População / Universidade das Nações Unidas /Programa Mundial de Alimento / Centro das Nações Unidas de Assentamentos Humanos (Habitat)/ Alto Comissariado nas Nações Unidas para Refugiados, Secretaria do Instituto Internacional dePesquisa e Treinamento para o Progresso da Mulher / Unidade de Inspeção Conjunta

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8. Fizeram-se representar os seguintes órgãos especializados: /Organização Internacional do Trabalho / Organização das Nações Unidas para a Agricultura eAlimentação / Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas / Organização Mundialda Saúde / Banco Mundial / Fundo Monetário Internacional / Organização Meteorológica Mundial/ Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola/ Organização das Nações Unidas para oDesenvolvimento Industrial9. Fizeram-se representar as seguintes organizações intergovernamentais:Banco Africano de Desenvolvimento / Agência para a Cooperação Cultural e Técnica / Fundo Árabepara o Desenvolvimento Econômico e Social / União Árabe Maghreb / Comissão Consultivo-JurídicaAfro-Asiática / Banco Asiático de Desenvolvimento / Secretariado da Comunidade Caribenha /Comissão Caribenha de Desenvolvimento e Cooperação / Centro de Estudos e de Pesquisa sobre aPopulação para o Desenvolvimento / Comissão Regional de Assuntos Sociais / Comissão dasComunidades Européias / Comunidade de Estados Independentes / Conselho de Cooperação dosEstados Árabes do Golfo / Conselho da Unidade Econômica Árabe / Conselho da Europa / CentroLeste-Oeste / Instituto de Formação e de Pesquisa Demográficas / Banco Interamericano deDesenvolvimento / Comitê Internacional da Cruz Vermelha / Instituto Internacional de Pesquisa dePolítica de Alimentação / Organização Internacional para a Migração / Organização Islâmica Educacional,Científica e Cultural / Centro Latino-Americano para o Desenvolvimento Gerencial / Liga dos EstadosÁrabes / Organização da Unidade Africana / Organização dos Estados Americanos / Organização paraCooperação Econômica e Desenvolvimento / Organização da Conferência Islâmica / Organização doFundo de Países Exportadores de Petróleo para o Desenvolvimento Internacional / Programa deDesenvolvimento de Ilhas do Pacífico / Comissão do Pacífico Sul / Secretariado do Fórum do PacíficoSul10. Um grande número de organizações não-governamentais participou da Conferência. A lista deorganizações não-governamentais credenciadas para participar da Conferência encontra-se nosdocumentos E/CONF.84/PC/10 e Add. 103, A/CONF.171/PC/6 e Add. 1-5 e A/CONF. 171/7 e Add.1.Informações sobre atividades paralelas e afins, inclusive o Fórum 94 das ONG, estão incluídas noanexo IV do presente Relatório.DDDDD..... AberturAberturAberturAberturAbertura da Conferência e eleição do Presidentea da Conferência e eleição do Presidentea da Conferência e eleição do Presidentea da Conferência e eleição do Presidentea da Conferência e eleição do Presidente11. A Conferência foi declarada aberta pelo Secretário Geral da Conferência, em nome da SecretariaGeral das Nações Unidas.12. Em sua primeira sessão plenária, em 5 de setembro, a Conferência elegeu, por aclamação, paraPresidente da Conferência, Sua Excelência, o Sr. Muhammad Hosni Mubarak, Presidente da RepúblicaÁrabe do Egito. O discurso inaugural do Presidente da Conferência está no Anexo II do presenteRelatório.13. O Secretário Geral das Nações Unidas e o Secretário Geral da Conferência Internacional sobrePopulação e Desenvolvimento, Dr. Nafis Sadik, conduziram, em seguida, a Conferência. Seus discursosinaugurais estão no Anexo II.14. As declarações de abertura foram feitas por Suas Excelências, a Sra. Gro Harlem Bruntdland,Primeiro Ministro da Noruega; o Sr. Albert Gore, Vice-Presidente dos Estados Unidos da América;Mohtarma Benazir Bhutto, Primeiro Ministro do Paquistão, e Sua Alteza Real, o Príncipe Mbilini,Primeiro Ministro do Reino da Suazilândia. Os textos de suas declarações estão no Anexo II.E. Mensagens de Chefes de EstadoE. Mensagens de Chefes de EstadoE. Mensagens de Chefes de EstadoE. Mensagens de Chefes de EstadoE. Mensagens de Chefes de Estado15. A Conferência recebeu mensagens, augurando seu sucesso, de Suas Excelências, o Sr. Soeharto,Presidente da República da Indonésia; o Sr. Lech Walesa, Presidente da República da Polônia e o Sr.Ion Iliescu, Presidente da Romênia.

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FFFFF..... AprovAprovAprovAprovAprovação de normas regimentaisação de normas regimentaisação de normas regimentaisação de normas regimentaisação de normas regimentais16. Na 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, a Conferência adotou as normas regimentais (A/CONF.171/2) conforme recomendação do Comitê Preparatório da Conferência e aprovados pelaAssembléia Geral em sua Decisão 48/490 de 14 de julho de 1994.GGGGG..... AprovAprovAprovAprovAprovação da Pação da Pação da Pação da Pação da Pautaautaautaautaauta17. No final da 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, a Conferência adotou como pauta a pautaprovisória (A/CONF.171/1) recomendada pelo Comitê Preparatório em sua Decisão 3/2. A pautaadotada foi a seguinte:1. Abertura da Conferência2. Eleição do Presidente3. Aprovação das normas regimentais4. Aprovação da pauta5. Eleição dos demais membros, além do Presidente6. Organização dos trabalhos, inclusive a criação de um Comitê Principal da Conferência7. Credenciais de delegações à Conferência:(a) nomeação dos membros do Comitê de Credenciais;(b) Relatório do Comitê de Credenciais.8. Experiências concernentes a estratégias e programas de população e desenvolvimento.9. Programa de Ação da Conferência10. Assuntos de ordem geral11. Aprovação do relatório da ConferênciaH. Eleição dos demais membros da mesa, fora o PresidenteH. Eleição dos demais membros da mesa, fora o PresidenteH. Eleição dos demais membros da mesa, fora o PresidenteH. Eleição dos demais membros da mesa, fora o PresidenteH. Eleição dos demais membros da mesa, fora o Presidente18. Na sua 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, a Conferência elegeu vice-presidentes entre osrepresentantes dos seguintes grupos regionais:Estados Africanos (7 vice-Presidentes): República Central-Africana, Etiópia, Quênia, Nigéria, Senegal,Tunísia e Zâmbia;Estados asiáticos (6 vice-Presidentes): Bangladesh, China, Japão, Indonésia, Ilhas Marshal e Paquistão;Estados da Europa Oriental (3 vice-Presidentes): Hungria, Romênia e a ex-República Iugoslava daMacedônia;Estados Latino-Americanos e do Caribe (5 vice-Presidentes): Brasil, México, Suriname, Uruguai eVenezuela;Estados da Europa Ocidental e outros (6 vice-Presidentes): Canadá, Dinamarca, Finlândia, Alemanha,Grécia e Malta.19. Na mesma reunião, a Conferência elegeu também um vice-Presidente ex-oficio, do país anfitrião,Sua Excelência, o Sr. Maher Mahran, Ministro de População e do Bem-Estar da Família do Egito.20. Ainda na mesma reunião, a Conferência elegeu o Sr. Fed Sai (Gana) para Presidente do ComitêPrincipal.21. Na 10ª Sessão Plenária, em 9 de setembro, a Conferência elegeu o Sr. Peeter Olesk (Estônia) paraRelator Geral da Conferência.1. Organização dos trabalhos, inclusive a criação do Comitê Principal da ConferênciaOrganização dos trabalhos, inclusive a criação do Comitê Principal da ConferênciaOrganização dos trabalhos, inclusive a criação do Comitê Principal da ConferênciaOrganização dos trabalhos, inclusive a criação do Comitê Principal da ConferênciaOrganização dos trabalhos, inclusive a criação do Comitê Principal da Conferência22. Na 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, a Conferência, de acordo com as recomendações dasconsultas de pré-Conferência, constantes dos Parágrafos 15 a 18 do Documento A/CONF.171/L.2,aprovou a organização de seus trabalhos.J. Credenciamento de organizações intergovernamentaisJ. Credenciamento de organizações intergovernamentaisJ. Credenciamento de organizações intergovernamentaisJ. Credenciamento de organizações intergovernamentaisJ. Credenciamento de organizações intergovernamentais23. Em sua 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, de acordo com as recomendações das consultasde pré-Conferência, constantes no Parágrafo 20 do Documento A/CONF.171/L.2, a Conferência

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aprovou o credenciamento das organizações intergovernamentais enumeradas no Documento A/CONF.171/8.K. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentais24. Em sua 11ª Sessão plenária, em 12 de setembro, a Conferência aprovou o credenciamento dasorganizações intergovernamentais adicionais enumeradas no Documento A/CONF. 171/8/ Add. 1 e 2.K. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentaisK. Credenciamento de organizações não-governamentais25. Na 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, de acordo com as recomendações das consultas depré-Conferência constantes no Parágrafo 21 do Documento A/CONF.171/L.2, a Conferência aprovouo credenciamento das organizações não-governamentais enumeradas nos documentos A/CONF.171/7 e Add.1.L. Designação dos membros do Comitê de CredenciaisL. Designação dos membros do Comitê de CredenciaisL. Designação dos membros do Comitê de CredenciaisL. Designação dos membros do Comitê de CredenciaisL. Designação dos membros do Comitê de Credenciais26. Na 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, de conformidade com a Norma 4 das normasregimentais da Conferência e com a recomendação das consultas de pré-Conferência constantes noParágrafo 19 do Documento A/CONF. 171/L.2, a Conferência criou um Comitê de Credenciaiscomposto pela Áustria, Bahamas, China, Costa do Marfim, Equador, Maurício, Federação Russa,Tailândia e Estados Unidos da América, no entendimento de que, se um desses estados nãoparticipasse da Conferência, seria substituído por outro Estado do mesmo grupo regional.M.M.M.M.M. Assuntos de Ordem GerAssuntos de Ordem GerAssuntos de Ordem GerAssuntos de Ordem GerAssuntos de Ordem Geralalalalal27. Na 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, a Conferência aprovou os entendimentos para aconsideração dos vários capítulos da minuta do Programa de Ação conforme recomendado pelasconsultas de pré-Conferência. Os capítulos deveriam ser considerados na seguinte ordem: I, II, VIII,VII, IX, X, XI, XIII, XIV, III, XVI, IV, V, VI, XII e XV.Capítulo IIICapítulo IIICapítulo IIICapítulo IIICapítulo IIIDEBADEBADEBADEBADEBATE GERALTE GERALTE GERALTE GERALTE GERAL1. A Conferência manteve um debate geral sobre experiências concernentes a estratégias e programasde população e desenvolvimento (questão 8), da 2ª à 12ª Sessões, entre os dias 5 e 12 de setembrode 1994. Representantes de estados, órgãos especializados, organizações das Nações Unidas,programas e escritórios, organizações intergovernamentais e organizações não-governamentais eobservadores de membros associados das comissões regionais se dirigiram à Conferência. Todosmanifestaram seu reconhecimento dos esforços desenvolvidos pelo país anfitrião e pela Secretaria napreparação da Conferência.2. Na 2ª Sessão Plenária, em 5 de setembro, o Secretário Geral da Conferência fez um pronunciamentointrodutório. A Conferência ouviu também pronunciamentos do representante da Algéria (em nomedos estados-membros das Nações Unidas que fazem parte do Grupo de 77), da Alemanha (emnome da União Européia), do México, China, Quênia, Argentina, Tuvalu, Chile e Espanha.3. Na mesma sessão, o Presidente do Fundo Monetário Internacional fez um pronunciamento.4. Na 3ª Sessão Plenária, em 6 de setembro, a Conferência ouviu os pronunciamentos dos PrimeirosMinistros de Uganda e da Etiópia e de representantes da França, Venezuela, Austrália, Dinamarca,Romênia, Tunísia, Índia, Indonésia, Sri Lanca, Canadá e Nova Zelândia.5. Na mesma sessão, fizeram declarações o Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde, oPresidente do Banco Mundial e o Presidente do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.6. Na 4ª Sessão Plenária, em 6 de setembro, foram feitos pronunciamentos pelos representantes deAntígua e Barbuda, Japão, Finlândia, Zimbabue, Samoa, Malásia, Irlanda, a ex-República Iugoslavada Macedônia, Croácia, Bélgica, República da Coréia, Emirados Árabes Unidos, Áustria, Bahmas,Brasil, Turquia e Papua Nova Guiné.7. Na mesma Sessão, se dirigiram à Conferência o Diretor Geral da Organização Educacional, Científicae Cultural das Nações Unidas, os Diretores Executivos do Fundo das Nações Unidas para a Criança

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e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o representante do Comitê pelaEliminação da Discriminação da Mulher. Fizeram declarações os representantes das seguintesorganizações intergovermentais: Comissão das Comunidades Européias, Liga dos Estados Árabes,Organização Internacional para Migração, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Organizaçãopara a Cooperação Econômica e Desenvolvimento. Declarações foram também feitas pelosrepresentantes das seguintes organizações não-governamentais: Federação Internacional daPaternidade Planejada, Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do CrescenteVermelho, Sociedade Cousteau, Conselho da Terra e Comissão sobre Governo Global.8. Na 5ª Sessão Plenária, em 7 de setembro, a Conferência ouviu os pronunciamentos dosrepresentantes da Itália, Paraguai, Gana, Tonga, Hungria, Eslovênia, Fiji, Panamá, Mali, Bangladesh,Trinidad e Tobago e Cuba.9. Na mesma Sessão, o representante da Organização das Nações Unidas para o DesenvolvimentoIndustrial fez um pronunciamento.10. Na 6ª Sessão Plenária, em 7 de setembro, fizeram pronunciamentos os representantes dosEstados Federados da Micronésia, Bolívia, Tailândia, Suécia, Santa Sé, Benin, Burquina Faso, Nicarágua,Grécia, Kwait e Filipinas. O observador da Palestina fez uma declaração.11. Na mesma Sessão, o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura eAlimentação fez um pronunciamento. Pronunciamentos foram também feitos pelo Diretor em exercíciodo Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Mulher, pelo Reitor da Universidade dasNações Unidas, pelo Secretário Executivo da Comissão Econômica para a África, pelo Presidente daComissão sobre Desenvolvimento Sustentável, pelo Presidente do Comitê sobre os Direitos daCriança e pelo Presidente/Relator do Grupo de Trabalho sobre Populações Indígenas. O representanteda Organização da Unidade Africana, organização intergovernamental, fez uma declaração.Pronunciaram-se também os representantes das seguintes organizações não-governamentais:Organização não-Governamental Internacional da Juventude para Consulta de ICPD, ComissãoIndependente de População e Qualidade de Vida, Ação Internacional de População, Conselho dePopulação, Centro para o Desenvolvimento e Atividades de População, Comitê Inter-africano sobrePráticas Tradicionais e Federação Internacional do Direito à Vida.12. Na 7ª Sessão Plenária, em 8 de setembro, a Conferência ouviu o pronunciamento dosrepresentantes de Israel, do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, da África do Sul,Ucrânia, Zâmbia, República Islâmica do Irã, Malta, Namíbia, República dos Camarões, Suíça e Portugal.13. Na mesma Sessão, pronunciaram-se os representantes do Banco Asiático de Desenvolvimento edo Instituto Internacional de Pesquisa de Política de Alimentação, organizações intergovernamentais.14. Na 8ª Sessão Plenária, em 8 de setembro, fizeram declarações os representantes do Senegal,Guatemala, Serra Leoa, Tajiquistão, Suriname, Países Baixos, Mongólia, Moçambique, RepúblicaDemocrática da Coréia, Ilhas Cook e Eritréia.15. Na mesma Sessão, pronunciaram-se os Secretários Executivos da Comissão Econômica e Socialpara a Ásia Ocidental e da Comissão Econômica para a Europa e o Vice-Secretário Executivo daComissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico. Fizeram declarações os representantes doConselho da Europa, do Banco Africano de Desenvolvimento e da Organização Educacional, Científicae Cultural Islâmica, organizações intergovernamentais. Declarações foram também feitas pelosrepresentantes das seguintes organizações não-governamentais: Consulta Religiosa sobre População,Saúde Reprodutiva e Ética, Federação Internacional de Assentamentos e Centros de Vizinhança,União Internacional para o Estudo Científico de População, Instituto de População, União deCientistas Interessados, Associação Americana de Aposentados, Serviço Mundial da Igreja, PainelInternacional de Academias sobre População e Desenvolvimento, Centro de Investigação Social,Formação e Estudos da Mulher, Sociedade Nacional Audubon, Conselho Mundial da Igreja, Fundação

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Sasakawa da Paz, IPAS - Iniciativas de Saúde da Mulher e Fórum Asiático de Parlamentares sobrePopulação e Desenvolvimento.16. Na 9ª Sessão Plenária, em 9 de setembro, a Conferência ouviu declarações dos representantesde Níger, Malaui, Colômbia, Botsuana, Nigéria, Líbia, Ruanda, Estônia e Vanuatu.17. Na 10ª Sessão Plenária, em 9 de setembro, foram feitas declarações pelo Primeiro Ministro deMadagascar e pelos representantes da Noruega, Uruguai, Equador, Federação Russa, Luxemburgo,Polônia, Maurício, Jamaica, Nepal, Guiné-Bissau, Albânia, São Vicente e as Granadas, Vietnã, Belize,Eslováquia, Ilhas Marshall, Honduras, Bulgária, Congo, Quiribati, Niue, Maldivas e Látvia e peloobservador das Ilhas Virgens Britânicas.18. Na mesma Sessão, declarações foram feitas pelo Vice-Diretor Geral da Organização Internacionaldo Trabalho e pelo Presidente da Organização Internacional de Agricultura e Alimentação. O SecretárioGeral da Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat II) e o Vice-DiretorExecutivo do Programa Mundial de Alimentação fizeram também pronunciamentos. Pronunciaram-se os representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e da Agência de Cooperação Culturale Técnica, organizações intergovernamentais.19. Na 11ª Sessão Plenária, em 12 de setembro, a Conferência ouviu os pronunciamentos dosrepresentantes do Chade, Costa do Marfim, Myanmar, El Salvador, Belarus, Islândia, RepúblicaCheca, Chipre, Camboja, República Dominicana, República da África Central, Peru, Libéria, RepúblicaPopular Democrática do Laos e República Unida da Tanzânia.20. Na 12ª Sessão Plenária, em 12 de setembro, a Conferência ouviu declarações dos representantesde Angola, Burundi, Seicheles, Zaire, Guiné, Costa Rica, Gâmbia, Haiti, Jordânia, Gabão, SanMarino, República Árabe da Síria, Togo, Azerbaijão, São Tomé e Príncipe, Lituânia, Geórgia, Armêniae Turquemenistão e do observador pelas Ilhas Virgens Americanas.21. Na mesma Sessão, o vice-Diretor Executivo do Fundo das Nações Unidos para População e orepresentante da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe fizeram declarações. Orepresentante do Fundo Árabe para o Desenvolvimento Econômico e Social, organizaçãointergovernamental, fez um pronunciamento. Declarações foram feitas também pelas seguintesorganizações não-governamentais: Pathfinder Internacional, Vívida Comunicação com Mulheres emSuas Culturas, Associação Indiana de Planejamento Familiar, Confederação Internacional de SindicatosLivres, Associação de Organizações não-Governamentais de Ilhas do Pacífico, Aliança Internacionalde Mulheres - Iguais Direitos, Iguais Responsabilidades, Federação Internacional para Promoção daVida Familiar, Centro Margaret Sanger e Associação CARITAS no Egito para o Desenvolvimento daComunidade.Capítulo IVCapítulo IVCapítulo IVCapítulo IVCapítulo IVRELARELARELARELARELATÓRIO DO COMITÊ PRINCIPTÓRIO DO COMITÊ PRINCIPTÓRIO DO COMITÊ PRINCIPTÓRIO DO COMITÊ PRINCIPTÓRIO DO COMITÊ PRINCIPALALALALAL1. Na 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro de 1994, a Conferência aprovou a organização de seustrabalhos, conforme estabelecido no Documento A/CONF.171/3, e decidiu submeter a questão 9 dapauta (Programa de Ação da Conferência) ao Comitê Principal, que deveria apresentar suasrecomendações à Conferência.2. O Comitê Principal fez cinco reuniões, entre os dias 5 e 12 de setembro de 1994. Reuniu-se tambémem várias reuniões informais.3. O Comitê Principal tinha à sua consideração os seguintes documentos:(a) nota verbal, datada de 9 de setembro de 1994, da delegação da Costa Rica à ConferênciaInternacional sobre População e Desenvolvimento, dirigida ao Secretário Geral da Conferência (A/CONF.171/9);(b) carta, datada de 7 de setembro de 1994, do Embaixador da Tunísia no Egito, dirigida ao SecretárioGeral da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento 9A/CONF.171/10);

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(c) carta datada de 9 de setembro de 1994, do vice-Chefe Alternativo da Delegação da Indonésia àConferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, dirigida ao Secretário Geral daConferência (A/CONF.171/12);(d) nota da Secretaria enviando a minuta do Programa de Ação da Conferência Internacional sobrePopulação e Desenvolvimento (A/CONF.171/L.1).4. O Presidente do Comitê Principal era Fred Sai (Gana), que fora eleito por aclamação na 1ª SessãoPlenária da Conferência, em 5 de setembro.5. O Comitê Principal, em sua primeira reunião, em 5 de setembro, elegeu os seguintes vice-presidentes por aclamação:Lionel A. Hurst (Antígua e Barbuda);Nicolaas H. Biegman (Países Baixos);Bal Gopal Baidya (Nepal);Jerzy Z. Holzer (Polônia).6. Na mesma reunião, o Comitê Principal, acolhendo proposta do Presidente, concordou em que oSr. Holzer (Polônia) acumulasse a função de Relator com a de vice-Presidente.ConsiderConsiderConsiderConsiderConsideração da minuta do Progração da minuta do Progração da minuta do Progração da minuta do Progração da minuta do Programa de ama de ama de ama de ama de AçãoAçãoAçãoAçãoAção7. Da 2ª a 5ª reuniões, nos dias 09, 10 e 12 de setembro, o Comitê Principal considerou as emendasà minuta do Programa de Ação (A/CONF.171/L.1) sobre as quais se tinha chegado a um acordo apósconsultas informais.8. Na 2ª reunião, em 9 de setembro, o Comitê Principal aprovou as emendais ao Capítulo XI(População, Desenvolvimento e Educação) da minuta do Programa de Ação e recomendou oCapítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.11 e 17). Orepresentante da Santa Sé fez uma declaração.9. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo IX (Distribuição dapopulação, urbanização e migração interna) da minuta do Programa de Ação e recomendou oCapítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.9 e 17).10. Também na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo XVI(Acompanhamento da Conferência) da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, comas emendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add 16).11. Na 3ª reunião, em 10 de setembro, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo III (Inter-relações entre população, crescimento econômico sustentado e desenvolvimento sustentável) daminuta de Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência(ver A/CONF.171/L.3/Add.3 e 17). O representante da Santa Sé fez uma declaração.12. Na 4ª reunião, em 10 de setembro, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo IV(Igualdade, equidade de sexos e emancipação da mulher) da minuta do Programa de Ação erecomendou o Capítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.4e 17).13. Na mesma reunião, o Conselho Principal considerou emendas propostas ao Capítulo V (Afamília, seus papéis, direitos, composição e estrutura) da minuta do Programa de Ação. Declaraçõesforam feitas pelos representantes da Austrália, Alemanha (em nome da União Européia), Santa Sé,Áustria, Zâmbia, Zimbabue, República Dominicana, Honduras, Nicarágua, Equador e Benin. OComitê Principal adiou a apreciação do Capítulo (ver Parágrafo 23).14. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo VI (Crescimento eestrutura demográficos) da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas,à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.6 e 17).14. Também na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou um texto com emendas para substituiro Capítulo VIII (Saúde, morbidade e mortalidade) da minuta do Programa de Ação e recomendou o

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Capítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.8 e 17). Declaraçõesforam feitas pelos representantes da Santa Sé, Benin, República Dominicana, Malta, Jordânia,Equador, Honduras, Guatemala, Nicarágua, Gâmbia, Líbia e Costa Rica.16. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo XII (Tecnologia, pesquisae desenvolvimento) da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas, àaprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.12 e 17). Declarações foram feitas pelosrepresentantes de Zimbabue e Gâmbia.17. Na mesma reunião, o Comitê Principal considerou propostas de emendas ao Capítulo X (Migraçãointernacional) da minuta do Programa de Ação. Declarações foram feitas pelos representantes daRepública Dominicana, Senegal, Tunísia, Benin, Zimbabue, Algéria, Zâmbia, Mali, China, Camarões,Equador, Suazilânida, México, Mauritânia, Honduras, Líbia, Libéria, Chile, Filipinas, Bangladesh,Bolívia, Uganda, Malaui, Nicarágua, Botsuana, Peru, El Salvador, Paraguai, Santa Sé, Nepal, Guatemala,Suriname, Cuba, Congo, Gâmbia, Haiti, Canadá e Chade. O Comitê Principal adiou a apreciação doCapítulo (ver Parágrafo 20).18.Na 5ª reunião, em 12 de setembro, o Comitê Principal aprovou um texto substitutivo do CapituloVII (Direitos de reprodução e saúde reprodutiva) da minuta do Programa de Ação e recomendou oCapítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.7). Declaraçõesforam feitas pelos representas da Argentina, República Árabe da Síria, Equador, Egito, Santa Sé,Malta, Turquia, Suécia (também em nome da Finlândia e da Noruega), Nicarágua, Índia, Jordânia,Líbia, Zâmbia, Mali e El Salvador.19. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo XII (Ação Nacional) daminuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência(ver A/CONF.171/L.3/Add.13).20. Ainda na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo X (Migraçãointernacional) da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas, àaprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.10).21. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou um texto emendado para substituir o CapítuloII (Princípios) da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas, àaprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.2). Declarações foram feitas pelos representantesda Suécia, Alemanha (em nome da União Européia), Estados Unidos da América, República Islâmicado Irâ, Índia, Antigua e Barbuda, Egito e a Santa Sé.22. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou um texto substitutivo do Capítulo I (Preâmbuto)da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas, à aprovação daConferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.1). Os representantes de Zimbabue e da Índia fizeramdeclarações.23. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo V (A família, seus papéis,direitos, composição e estrutura) da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com asemendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.5).24. Ainda na 5ª reunião, o Comitê Principal aprovou as emendas ao Capítulo XIV (Cooperaçãointernacional) da minuta do Programa de Ação e recomendou o Capítulo, com as emendas, àaprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.14).25. Na mesma reunião, o Comitê Principal aprovou o texto do Capítulo XV (Parceria com o setornão-governamental) tendo em vista as emendas feitas a outros capítulos da minuta do Programa deAção e recomendou o Capítulo, com as emendas, à aprovação da Conferência (ver A/CONF.171/L.3/Add.15 e 17).

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Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VVVVVAPROAPROAPROAPROAPROVVVVVAÇÃO DO PROGRAMA DE AÇÃO DO PROGRAMA DE AÇÃO DO PROGRAMA DE AÇÃO DO PROGRAMA DE AÇÃO DO PROGRAMA DE AÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO1. Na 13ª Sessão Plenária, em 13 de setembro, a Conferência considerou as recomendações sobreo Programa de Ação constante do relatório do Comitê Principal (A/CONF.171/L.3 e Add. 1;17). OPresidente do Comitê Principal Fred Sai (Gana) fez uma declaração.2. Após terem sido feitas outras emendas aos Capítulos I e II do Programa de Ação, a Conferênciaaprovou os Capítulos de I a XVI, nos termos das recomendações do Comitê Principal. Fizeramcomentários ou manifestaram reservas sobre vários capítulos do Programa de Ação os seguintesestados:(a) sobre o Capítulo I, os representantes do Brasil e da Áustria;(b) sobre o Capítulo II, os representantes da República Islâmica do Irã e da China;(c ) sobre o Capítulo IV, os representantes da República Islâmica do Irã e da Líbia;(d) sobre o Capítulo V, os representantes da República Dominicana, Paquistão e Zimbabue;(e) sobre o Capítulo VII, os representantes da Líbia, Iêmen, Egito, Indonésia, Algéria, Afeganistão,República Árabe da Síria, El Salvador, Kwait, Jordânia, Malta, República Islâmica do Irã, Malásia,Djibuti e Maldivas;(f) sobre o Capítulo VIII, os representantes da Colômbia, da Líbia, El Salvador, Geórgia, Indonésia,Iêmen e Malta;(g) sobre o Capítulo X, os representantes da Austrália;(i) sobre o Capítulo XVI, os representantes da Tunísia e do Senegal.3. Ainda na 13ª Sessão Plenária, o representante da Algéria, em nome dos estados-membros dasNações Unidas que integram o Grupo dos 77, apresentou uma minuta de resolução (A/CONF.171/L.5) intitulada “Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento”.Os representantes do Peru e do Equador fizeram declarações.4. Na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro, a Conferência aprovou a minuta da Resolução (parao texto, ver Capítulo I, Resolução I).5. Antes da aprovação da minuta de resolução, declarações foram feitas pelos representantes daArgentina, República Dominicana, Emirados Árabes Unidos, Santa Sé, Nicarágua, Belize, Honduras,Malásia, El Salvador, Guatemala, Chile, Venezuela, Costa Rica, Paraguai, Paquistão, Tuvalu, Líbia,Guiné, Turquia, Brunei Darussalam, Zâmbia, Costa do Marfim e República dos Camarões.

DeclarDeclarDeclarDeclarDeclarações orações orações orações orações orais e reservais e reservais e reservais e reservais e reservas sobre o Progras sobre o Progras sobre o Progras sobre o Progras sobre o Programa de ama de ama de ama de ama de AçãoAçãoAçãoAçãoAção6. Nas 13ª e 14ª Sessões Plenárias, representantes de vários países fizeram declarações solicitandoseu registro à Secretaria da Conferência. Seguem as declarações:7. O representante do Afeganistão declarou o seguinte:A delegação do Afeganistão deseja manifestar sua reserva sobre a palavra “indivíduo” no CapítuloVII e também sobre aquelas partes que não estão de acordo com a sharia islâmica.8. O representante de Brunei Darussalam declarou o seguinte:De acordo com a nossa interpretação, um aspecto dos direitos de reprodução e de saúde reprodutiva,com referência específica aos parágrafos 7.3 e 7.47 e ao subparágrafo 13.14 (c ) do Programa deAção, contradiz a lei islâmica e nossa legislação nacional, valores éticos e origem cultural. Meu paísdeseja que se registrem suas reservas sobre esses parágrafos.9. O representante de El Salvador declarou o seguinte:Reconhecendo que os aspectos do Programa de Ação são muito positivos e de suma importânciapara o futuro desenvolvimento da Humanidade, da família e de nossos filhos, nós, como líderes denações, não podemos senão expressar as reservas que consideramos apropriadas. Se não o fizéssemos,possivelmente não teríamos condições de enfrentar as questões que nosso povo certamente nosporia. C

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É por esse motivo - reconhecendo o espírito do documento, ao qual demos o nosso consentimentoe nossa aprovação - que desejamos declarar que há três aspectos básicos com os quais nospreocupamos. Por isso, de acordo com as normas regimentais desta Conferência, queremos fazer asseguintes reservas e solicitar que sejam registradas, no seu inteiro teor, no relatório desta Conferência.Nós, países latino-americanos, somos signatários da Convenção Americana sobre Direitos Humanos(Pacto de São José). Seu Artigo 4º declara, com muita clareza, que a vida deve ser protegida a partirdo próprio instante da concepção. Além disso, por serem nossos países principalmente cristãos,consideramos que a vida é dada pelo Criador e não pode ser tirada a menos que haja uma razão quejustifique sua extinção. Por esse motivo, no que diz respeito ao Princípio 1 do Programa de Ação,nós nos unimos à reserva da delegação da Argentina: consideramos que a vida deve ser protegidadesde o momento da concepção.No que diz respeito à família, embora estejamos plenamente esclarecidos sobre o que está dito nodocumento, gostaríamos de fazer alguns reservas específicas sobre como a expressão “várias formasde família” deve ser interpretada, porque a união é entre homem e mulher, conforme definido emnosso Código de Família na Constituição de nossa República.*

No que diz respeito aos direitos de reprodução, saúde reprodutiva e planejamento familiar, queremosfazer algumas reservas, como já o fizeram outros países latino-americanos: jamais devemos incluir oaborto nesses conceitos, quer como serviço quer como método de controle da fecundidade.A delegação do El Salvador endossa as reservas feitas por outras nações com relação ao termo“indivíduos”, conforme objetamos a esse termo no Comitê Principal. Não está de conformidade comnossa legislação e, por conseguinte, pode dar lugar a equívocos. Expressamos, por isso, nossareserva com relação ao termo “indivíduos”.10. O representante de Honduras declarou o seguinte:De acordo com a Norma 33 das normas regimentais, a delegação de Honduras, ao subscrever oPrograma de Ação desta Conferência, gostaria de fazer, de conformidade com a Norma 10 dasreferidas normas regimentais, a seguinte declaração de reservas, solicitando que seja incluída, na suaíntegra no relatório final:A delegação de Honduras, ao apoiar o Programa de Ação da Conferência Internacional sobrePopulação e Desenvolvimento, baseia-se na Declaração da 15a. Reunião de Cúpula de Presidentesda América Central, aprovada em Guácimo de Limón, Costa Rica, em 20 de agosto de 1994 e sebaseia especificamente no seguinte:a) o Artigo 65 da Constituição da República de Honduras, que dispõe sobre o fato de ser inviolávelo direito à vida, e os Artigos 111 e 112 da mesma Constituição, que estabelecem que o Estado deveproteger a instituição da família e do casamento e o direito de homens e de mulheres de contrairmatrimônio e matrimônios de lei comum;b) a Convenção Americana sobre Direito Humanos que reafirma que toda pessoa tem direito à vidae que esse direito será protegido pela lei e será protegida de um modo geral, desde o momento daconcepção, baseada em princípios morais, éticos, religiosos e culturais, que devem regular acomunidade internacional, e de acordo com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos.Em conseqüência disso, os conceitos de “planejamento familiar”, “saúde sexual”, “saúdereprodutiva”, “maternidade sem risco”, “controle da fecundidade”, “direitos de reprodução” e“direitos sexuais” são aceitos na medida em que não incluem “aborto” ou “término da gravidez”,porque Honduras não aceita ações tão arbitrárias; nem as aceitamos como meio de controle dafecundidade ou de regular a população.

*O representante de El Salvador corrigiu posteriormente sua declaração nos seguintes termos: Comreferência à família em suas várias formas, em nenhuma circunstância podemos mudar a origem e ofundamento da família, que é a união entre homem e mulher da qual derivam filhos.

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Em segundo lugar, dado que uma nova terminologia foi introduzida no documento, assim comoconceitos que devem ser mais bem analisados, e dado que esses termos e conceitos são expressosnuma linguagem científica, em linguagem social ou linguagem de serviço público, que deverão serentendidos em termos de seu adequado contexto e não ser interpretados de uma maneira quepossa minar o respeito pelos seres humanos, a delegação de Honduras considera que essa terminologiasó pode ser compreendida sem prejuízo de sua legislação nacional.Finalmente, declaramos também que os termos “composição e estrutura da família”, “tipos defamílias”, “diferentes tipos de famílias”, “outras uniões” e expressões semelhantes só podem seraceitos no entendimento de que, em Honduras, esses termos nunca poderão significar uniões depessoas do mesmo sexo.11. O representante da Jordânia declarou o seguinte:A delegação da Jordânia, em suas deliberações e discussões com todas as delegações e de umamaneira muito séria e responsável, sempre desejou participar do consenso sobre o Programa deAção. Embora aprecie profundamente os grandes esforços desenvolvidos pelo Comitê Principal epelos grupos de trabalho, que se dedicaram por longas horas com o objetivo de chegar a umconsenso sobre a linguagem, e com pleno respeito pelos valores de todos os países, a delegação daJordânia fez algumas restrições com relação à linguagem em todas as questões.Acreditamos plenamente que a comunidade internacional respeita nossa legislação nacional, nossascrenças religiosas e o direito soberano de cada país de aplicar políticas de população de acordo comsua legislação. A delegação da Jordânia entende que o documento final, particularmente os CapítulosIV, V, VI e VII, será aplicado dentro da estrutura da sharia islâmica e de nossos valores éticos, assimcomo as leis que modelam nosso comportamento. Trataremos, nesses termos, os parágrafos destedocumento. Por conseguinte, interpretamos que a palavra “indivíduos” para significar casais, umcasal casado. Espero que estes comentários sejam registrados.12. O representante do Kwait declarou o seguinte:A delegação do Kwait gostaria de manifestar seu apoio ao Programa de Ação, inclusive em todos osseus pontos positivos em benefício da Humanidade. Ao mesmo tempo, gostaríamos de registrar quenosso compromisso com quaisquer políticas de população é condicionado ao fato de não estar emcontradição com a sharia islâmica ou com os costumes e tradições da sociedade kwaitiana e com aConstituição do Estado.13. O representante da Líbia fez a seguinte declaração:A delegação da Líbia deseja expressar sua reserva sobre todos os termos do documento que estãoem conflito com a sharia islâmica, conforme constatamos no Parágrafo 4.17 e no Capítulo II dodocumento, com relação à herança e a atividades sexuais extraconjugais, e com referência aocomportamento sexual, como no Parágrafo 8.31.Desejo fazer uma reserva, apesar da discussão já ocorrida no Comitê Principal com relação aosdireitos básicos de casais e de indivíduos. Fazemos uma reserva com referência ao termo “indivíduos”.A Líbia reafirma, da parte da civilização árabe, a importância do diálogo entre todas as religiões,culturas e povos, a fim de se realizar a paz mundial; por conseguinte, nenhum país, nenhumacivilização tem o direito de impor suas orientações políticas, econômicas e sociais a qualquer outropovo.Quero também expressar minha reserva sobre os termos “gravidezes indesejadas” no Parágrafo8.25, porque nossa Constituição escrita não permite ao Estado fazer abortos, a menos que a saúdeda mãe esteja em risco.14. O representante da Nicarágua fez a seguinte declaração:Nos termos da Norma 33 das normas regimentais desta Conferência, a delegação da Nicaráguaapóia o acordo geral alcançado no Programa de Ação. Todavia, gostaríamos de fazer, por escrito, nos

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termos da Norma 38 das normas regimentais, a seguinte declaração de reservas. Pediríamos que essadeclaração seja fielmente transcrita no relatório final da Conferência.O Governo da Nicarágua, de acordo com sua Constituição e suas leis, e como signatário da ConvençãoAmericana sobre Direitos Humanos, reafirma que toda pessoa tem direito à vida, constituindo estedireito um direito fundamental e inalienável, e que esse direito começa do exato momento daconcepção.Assim, primeiro concordamos em que a família pode assumir várias formas, mas em nenhumahipótese sua essência pode ser mudada. Sua essência é a união entre homem e mulher, da qualderiva uma nova vida humana.Segundo, aceitamos os conceitos de “planejamento familiar”, “saúde sexual”, “saúde reprodutiva”,“direitos de reprodução”, fazendo explícita reserva sobre esses termos e quaisquer outros quandoincluem “aborto” ou “término de gravidez” como seu componente. O aborto e o término dagravidez não podem ser, em nenhuma circunstância, considerados como método de controle dafecundidade ou como meio de controle de população.Terceiro, manifestamos também uma reserva explícita sobre os termos “casal” ou “uniões” quandopossa referir-se a pessoas do mesmo sexo.Quarto, a Nicarágua aceita o aborto terapêutico fundamentado na necessidade médica nos termosde nossa Constituição. Assim fazemos uma reserva explícita sobre “aborto” e “fim de gravidez” emqualquer parte do Programa de Ação desta Conferência.15. O representante do Paraguai fez a seguinte declaração:De acordo com a introdução ao Capítulo II do Programa de Ação, a delegação do Paraguai gostariade fazer as seguintes reservas.Sobre o Capítulo VII, Parágrafo 7.2, o direito à vida é o direito inerente a todo ser humano a partirda concepção até a morte natural. Isso é estipulado no Artigo 4º de nossa Constituição nacional. Porconseguinte, o Paraguai aceita todas as formas de planejamento familiar com pleno respeito à vida,conforme disposto em nossa Constituição nacional, e como expressão do exercício da paternidaderesponsável.A inclusão da expressão “interrupção da gravidez” como parte do conceito de controle da fecundidadena definição funcional proposta pela Organização Mundial da Saúde, usado no curso destaConferência, torna esse conceito inteiramente inaceitável ao nosso país. Gostaríamos de ressaltar queno Paraguai reconhecemos constitucionalmente a necessidade de promover a saúde reprodutiva dapopulação como meio de melhorar a qualidade de vida da família.Sobre o Capítulo II, Princípio 9 e Capítulo V, Parágrafo 5.1, nossa Constituição nacional consideraque a família é a unidade básica da sociedade e que se baseia na união de um casal - homem emulher - reconhecendo também famílias de um só dos pais. É só nessa perspectiva é que podemosincluir a expressão “várias formas da família”, respeitando várias formas de culturas, tradições ereligiões.Gostaríamos de pedir que esta declaração de reservas seja incluída no relatório final da Conferência.16. O representante das Filipinas declarou o seguinte:A delegação das Filipinas gostaria de registrar nosso pesar de que no Parágrafo 10.12 do Programade Ação, a redação originalmente proposta, que reconhecia “o direito à reunificação da família”,tenha sido modificada para apenas reconhecer a “importância vital da reunificação da família”. Numespírito de transigência, concordamos com a redação revista, baseada no argumento apresentadopor outras delegações de que não houve convenções internacionais ou declarações anteriores queproclamassem esse direito e de que a esta Conferência não compete criá-lo. Por esta e outras justasrazões queremos reiterar a recomendação feita no Comitê Principal, apoiada por muitas delegaçõese recebidas positivamente pelo Presidente, de que se realize num futuro próximo uma conferência

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internacional sobre migração. Confiamos em que essa recomendação fará parte da ata destaConferência e que será formalmente enviada ao Conselho Econômico e Social e à Assembléia Geralpara as devidas considerações.17. O representante da República Árabe da Síria declarou o seguinte:Gostaria de registrar que a República Árabe da Síria respeitará os conceitos contidos no Programa deAção e os aplicará de acordo com o Capítulo II e em total conformidade com os conceitos econvicções éticos, culturais e religiosos de nossa sociedade, a fim de servir à unidade da família, queé o núcleo da sociedade e para aumentar a prosperidade de nossas sociedades.18. O representante dos Emirados Árabes Unidos fez a seguinte declaração:A delegação dos Emirados Árabes Unidos acredita a proteção do homem e na promoção de seubem-estar e no fortalecimento de seu papel na família e no Estado e no âmbito internacional.Consideramos também que o homem é o objeto central e o meio de alcançar um desenvolvimentosustentável. Não consideramos o aborto como meio de planejamento familiar e aderimos aosprincípios da lei islâmica em matérias de herança.Desejaríamos fazer reservas sobre tudo que contrarie os princípios e os preceitos de nossa religião,o Islã, uma religião tolerante, e nossas leis. Gostaríamos que a Secretaria da Conferência registrassea posição que expressamos entre as reservas que foram feitas por outros estados ao documentofinal.19. O representante do Iêmen declarou o seguinte:A delegação do Iêmen crê que o Capítulo VII faz uso de uma terminologia que está em contradiçãocom a sharia islâmica. Por conseguinte, o Iêmen faz reservas sobre todo termo e toda terminologiaque esteja em contradição com a sharia islâmica.No Capítulo VIII, temos algumas observações a fazer, particularmente com relação ao Parágrafo 8.24.Na realidade, queríamos eliminar a expressão “atividade sexual”. Mas já que não o podemos fazer,gostaríamos, então, de fazer nossas reservas. No parágrafo 8.25, com relação ao “aborto inseguro”,achamos que a definição é obscura e não está de acordo com nossas crenças religiosas. Na shariaislâmica há algumas disposições claras sobre o aborto e quando deve ser feito. Opomo-nos àexpressão “aborto inseguro”. Queremos fazer nossas reservas ao parágrafo 8.35, referente a“comportamento sexual responsável”.DeclarDeclarDeclarDeclarDeclarações escritas apresentadas sobre o Prograções escritas apresentadas sobre o Prograções escritas apresentadas sobre o Prograções escritas apresentadas sobre o Prograções escritas apresentadas sobre o Programa de ama de ama de ama de ama de AçãoAçãoAçãoAçãoAção20. As declarações a seguir foram declarações escritas apresentadas à Secretaria da Conferência paraserem incluídas no relatório do evento.21. O representante da Argentina apresentou a seguinte declaração escrita:Nos termos da Norma 33 das normas regimentais da Conferência (A/CONF.171/2), a RepúblicaArgentina adere ao acordo geral sobre o Programa de Ação.Todavia, estamos submetendo, por escrito, nos termos da Norma 38, as seguintes reservas, esolicitamos que sejam incluídas, na sua íntegra, no relatório final da Conferência.Capítulo II (Princípios)Capítulo II (Princípios)Capítulo II (Princípios)Capítulo II (Princípios)Capítulo II (Princípios)Princípio 1Princípio 1Princípio 1Princípio 1Princípio 1A República Argentina aceita o Princípio 1 no entendimento de que a vida existe desde o momentoda concepção e de que desde aquele momento toda pessoa, ser único e irreprodutível, goza dodireito à vida, que é a fonte de todos os demais direitos individuais.Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo V (A família,V (A família,V (A família,V (A família,V (A família, seus papéis seus papéis seus papéis seus papéis seus papéis,,,,, direitos direitos direitos direitos direitos,,,,, composição e estrutur composição e estrutur composição e estrutur composição e estrutur composição e estrutura)a)a)a)a)Parágrafo 5.1Parágrafo 5.1Parágrafo 5.1Parágrafo 5.1Parágrafo 5.1A República Argentina aceita o Parágrafo 5.1 desde que, embora a família possa existir em váriasformas, em nenhuma hipótese sua origem e fundamento, isto é, a união entre homem e mulher queproduz filhos, pode ser mudada.

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Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VII (Direitos de reprodução e saúde reprodutivVII (Direitos de reprodução e saúde reprodutivVII (Direitos de reprodução e saúde reprodutivVII (Direitos de reprodução e saúde reprodutivVII (Direitos de reprodução e saúde reprodutiva)a)a)a)a)Parágrafo 7.2Parágrafo 7.2Parágrafo 7.2Parágrafo 7.2Parágrafo 7.2A República Argentina não pode aceitar a inclusão do aborto no conceito de “saúde reprodutiva”quer como serviço quer como método de controle da fecundidade.Esta reserva, baseada na natureza universal do direito à vida, aplica-se também a todas as semelhantesreferências a esse conceito.22. O representante de Djibuti apresentou a seguinte declaração escrita:A delegação da República de Djibuti tem a honra de informá-los de seu desejo de fazer expressasreservas a todas as passagens, nos parágrafos do Programa de Ação da Conferência Internacionalsobre População e Desenvolvimento, que estejam em conflito com os princípios do Islã e com alegislação, leis e cultura da República de Djibuti.A delegação de Djibuti gostaria que essas reservas constassem no relatório da Conferência.23. O representante da República Dominicana apresentou a seguinte declaração escrita:Nos termos da Norma 33 das normas regimentais da Conferência (A/CONF.171/2), a RepúblicaDominicana adere ao acordo geral sobre o Programa de Ação. Todavia, de acordo com sua Constituiçãoe leis e como signatária da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos, reafirma plenamentesua fé de que toda pessoa tem o direito fundamental e inalienável à vida e de que esse direito teminício no momento da concepção.Assim, aceita o conteúdo das expressões “saúde reprodutiva”, “saúde sexual”, “maternidadesegura”, “direitos de reprodução”, “direitos sexuais” e “controle da fecundidade”, mas faz expressareserva ao conteúdo dessas expressões e de outras quando seu sentido inclui o conceito de abortoou de interrupção da gravidez.Fazemos também expressa reserva ao termo “casal” quando se referir a pessoas do mesmo sexo ouquando os direitos individuais de reprodução são mencionados fora do contexto do matrimônio eda família.Estas reservas aplicam-se também a todos os acordos regionais e internacionais que digam respeitoa esses conceitos.Capítulos Capítulos Capítulos Capítulos Capítulos V e XV e XV e XV e XV e XO Governo da República Dominicana deseja registrar que no curso dos trabalhos da Conferência emgeral e em particular com relação aos Capítulos V e X, foi muitas vezes difícil se chegar a um consensodevido à falta de instrumentos internacionais que incorporassem o direito à integridade da família.Consciente de que, com a promoção da unidade e da integridade da família como um sistemanatural de desenvolvimento, estamos assegurando um desenvolvimento global e sustentável denossas comunidades, propomos que esse direito à integridade da família seja considerado pelasNações Unidas com vista à sua adoção o mais breve possível.De acordo com a Norma 38 das normas regimentais, solicitamos que esta declaração de reservas sejaincluída, na sua íntegra, no relatório final da Conferência.24. O representante do Equador fez a seguinte declaração escrita:De acordo com a Norma 38 das normas regimentais, fazemos as seguintes reservas para inclusão norelatório final da Conferência.ReservaReservaReservaReservaReservaCom relação ao Programa de Ação da Conferência Internacional do Cairo sobre População eDesenvolvimento e de acordo com as disposições da Constituição e leis do Equador e das normas delei internacional, a delegação do Equador reafirma, inter alia, os seguintes princípios incorporadosem sua constituição: a inviolabilidade da vida, a proteção da criança desde o momento de suaconcepção, a liberdade de consciência e de religião, a proteção da família como a unidade fundamentalda sociedade, a paternidade responsável, o direito dos pais de criar seus filhos e a formulação de

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planos de população e desenvolvimento pelo Governo de acordo com os princípios de respeito àsoberania.Assim, a Delegação do Equador faz reserva com relação a todos os termos como “controle defecundidade”, “interrupção de gravidez”, “saúde reprodutiva”, “direitos de reprodução” e “filhosindesejados” que, de uma maneira ou de outra, no contexto do Programa de Ação, possa implicaraborto.O Equador faz também reserva concernente a certos conceitos não-naturais relativos à família, interalia, os que poderiam minar os princípios constantes de sua Constituição.O Governo do Equador está disposto a colaborar com todas as atividades que visem chegar ao bemcomum, embora não aceite e não possa aceitar princípios que infrinjam sua soberania, a Constituiçãoe suas leis.25. O representante do Egito fez a seguinte declaração:Queremos observar que a delegação do Egito está entre aquelas delegações que registraram várioscomentários sobre os conteúdos do Programa de Ação com relação à frase “casais e indivíduos”.Embora reconheça que essa expressão tenha sido adotada em duas conferências anteriores sobrepopulação, de 1974 e 1984, nossa delegação apelou para a eliminação da palavra “indivíduos”,uma vez que foi sempre do nosso entendimento que todas as questões de que se ocupa oPrograma de Ação, nesse sentido, dizem respeito a harmoniosas relações entre casais unidos pelosvínculos do casamento no contexto do conceito da família como a célula primária da sociedade.Gostaríamos que o relatório da Conferência registrasse o supra citado.26. O Governo da Guatemala apresenta a seguinte declaração escrita:A delegação da Guatemala deseja apresentar seus agradecimentos ao povo e às autoridades doEgito e aos organizadores da Conferência por sua hospitalidade e pelos serviços oferecidos, poispossibilitaram que nossas deliberações sobre a vida e o desenvolvimento futuro da humanidadechegassem a uma conclusão que nossa delegação espera, sinceramente, aumentará o respeito pelavida e pela dignidade do homem e da mulher, especialmente os das novas gerações, nas quaisteremos de pôr nossa fé e confiança para fazer face ao futuro sem recurso a previsões apocalípticas,mas na solidariedade, na justiça e na verdade.Nos termos da Norma 33 das normas regimentais da Conferência (A/CONF.171.2), a República daGuatemala adere ao acordo geral sobre o Programa de Ação.De acordo com a Norma 38, fazemos a seguinte declaração de reservas e pedimos sua inclusão, naíntegra, no relatório final da Conferência.O Governo da Guatemala faz expressa reserva sobre o uso de termos, estipulações e disposiçõesque, implícita ou explicitamente, estejam em contradição com:1. A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem;2. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José);3. As diretrizes adotadas na 15a. Reunião de Cúpula dos Presidentes da América Central;4. A Constituição da República da Guatemala;5. A legislação civil, criminal e de direitos humanos;6. O Acordo Multissetorial sobre Educação da População publicado pelo Ministério da Educação daGuatemala e a abordagem do ensino usado nessa educação;7. A mensagem, à Conferência, do Presidente da República, Ramiro de León Carpio.Fazemos também expressas reservas sobre:a) Capítulo II (Princípios): aceitamos este capítulo, mas observamos que a vida existe desde omomento da concepção e que o direito à vida é a fonte de todos os demais direitos;b) Capítulo V, Parágrafo 5.1: aceitamos esta disposição no entendimento de que, embora a famíliapossa existir de várias formas, em nenhuma circunstância pode ser mudada sua natureza essencialque é a união entre um homem e uma mulher, da qual derivam o amor e a vida; C

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c) Capítulo VII: fazemos reserva a todo o capítulo, pois o mandado da Assembléia Geral à Conferêncianão se estende à criação ou formulação de direitos; esta reserva aplica-se, por isso, a todas asreferencias no documento a “direitos de reprodução”, “direitos sexuais”, “saúde reprodutiva”,“controle de fecundação”, “saúde sexual”, “indivíduos”, “educação sexual e serviços para menores”,“aborto em todas as suas formas”, “distribuição de anticoncepcionais” e “maternidade segura”;d) Capítulo VIII: todos os parágrafos ou sentenças que contenham referencia aos termos e conceitosacima mencionados;e) Capítulo IX, XII, XIII e XV: referências aos mesmos termos e conceitos.27. O representante da Santa Sé fez a seguinte declaração escrita:Nossa Conferência, à qual compareceram pessoas de várias tradições e culturas, com ponto de vistaamplamente diferente, realizou seu trabalho numa atmosfera de paz e de respeito. A Santa Sé saúdao progresso que foi feito nestes dias, mas também acha que algumas de suas expectativas não foramsatisfeitas. Estou certo de que a maioria das delegações partilha sentimentos semelhantes.A Santa Sé sabe muito bem que algumas de suas posições não são aceitas por outros aqui presentes.Mas há muitos, crentes e não-crentes, em todos os países do mundo, que partilham as posições quetemos expressado. A Santa Sé aprecia a maneira como as delegações têm ouvido e tomado emconsideração teorias com as quais nem sempre podem estar de acordo. Mas a Conferência ficariamais pobre se esses pontos de vista não tivessem sido ouvidos. Uma conferência internacional quenão acolhe vozes diferentes estaria longe de ser uma conferência de consenso.Como todos sabem, a Santa Sé não pôde encontrar um meio de participar do consenso dasConferências de Bucareste e da Cidade do México, tendo em vista algumas reservas fundamentais.Não obstante, agora no Cairo, pela primeira vez, o desenvolvimento esteve ligado a populaçãocomo uma importante questão de reflexão. O atual Programa de Ação abre, entretanto, algunscaminhos novos com relação ao futuro de uma política de população. O documento é notável porsuas afirmações contra todas as formas de coerção em políticas de população. Os princípios claramenteelaborados, baseados nos mais importantes documentos da comunidade internacional, esclareceme iluminam os capítulos posteriores. O documento reconhece a proteção e o apoio reclamados pelaunidade básica da sociedade, a família fundada no matrimônio. O progresso da mulher e a melhoriade sua situação, por meio da educação e de melhor assistência de saúde, são ressaltados. AConferência deu vários indícios da preocupação existente em toda a comunidade internacional comas ameaças à saúde da mulher. Há um apelo a um maior respeito pelos valores religiosos e culturaisdas pessoas e comunidades.Mas, há outros aspectos do documento final que a Santa Sé não pode apoiar. Juntamente comtantas pessoas em todo o mundo, a Santa Sé afirma que a vida humana começa no momento daconcepção. Que a vida deve ser defendida e protegida. A Santa Sé, por conseguinte, não podejamais condescender com o aborto ou políticas que o favoreçam. O documento final, ao contráriodos documentos anteriores das Conferências de Bucareste e da Cidade do México, reconhece oaborto como dimensão de uma política de população e, na realidade, de assistência primária desaúde, muito embora ressalte que o aborto não deva ser promovido como meio de planejamentofamiliar e insta as nações a achar alternativas para o aborto. O preâmbulo implica que o documentonão contém a afirmação de um novo direito ao aborto internacionalmente reconhecido.Minha delegação foi agora capaz de examinar e avaliar o documento em toda a sua inteireza. Nestaoportunidade, a Santa Sé deseja, de alguma forma, aderir ao consenso, mesmo se de uma maneiraincompleta ou parcial.Primeiro, minha delegação adere ao consenso sobre os Princípios (Capítulo II), como um sinal denossa solidariedade com a inspiração básica que tem orientado, e continuará a orientar, nossotrabalho. De um modo semelhante, adere ao consenso sobre o Capítulo V sobre a família, a unidadebásica da sociedade.

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A Santa Sé concorda com o Capítulo III sobre população, crescimento econômico sustentado edesenvolvimento sustentável, embora preferisse ver um tratamento mais detalhado da matéria.Concorda com o Capítulo IV (Igualdade, equidade e emancipação da mulher) e com os Capítulos IXe X sobre questões de migração.A Santa Sé, tendo em vista sua natureza específica, não acha conveniente aderir ao consenso sobreos capítulos operativos do documento (Capítulos XII a XVI).Desde a aprovação dos Capítulos VII e VIII no Comitê Geral, foi possível avaliar a significação dessescapítulos dentro do documento global e também na política de assistência à saúde em geral. Asintensas negociações destes dias resultaram na apresentação de um texto que todos reconhecemcomo melhorado, mas acerca do qual a Santa Sé ainda tem graves preocupações. No momento desua aprovação, por consenso, pelo Comitê Principal, minha delegação já chamava a atenção parasuas preocupações com a questão do aborto. Os capítulos contêm também referências que poderiamser vistas como uma aceitação de atividade sexual extraconjugal, especialmente entre adolescentes.Pareceriam afirmar que serviços de aborto fazem parte da assistência primária à saúde como ummétodo opcional.Apesar de muitos aspectos positivos dos Capítulos VII e VIII, o texto que nos foi apresentado temimplicações muito mais amplas, que levaram a Santa Sé a decidir por sua não-adesão ao consensosobre esses capítulos. Isso não exclui o fato de que a Santa Sé apóie o conceito de saúde reprodutivacomo um conceito holístico para a promoção da saúde de homens e mulheres e continuará atrabalhar, juntamente com outros, pela evolução de uma definição mais precisa deste e de outrostermos.A intenção, portanto, de minha delegação é a de se associar a esse consenso de uma maneira parcial,compatível com sua própria posição, sem criar obstáculos para o consenso entre outras nações, mastambém sem prejudicar sua própria posição com relação a algumas seções.Nada que a Santa Sé tenha feito neste processo de consenso deve ser entendido ou interpretadocomo um endosso de conceitos que não pode aceitar por razões morais. Especialmente, nada deveser entendido implicar que a Santa Sé endosse o aborto ou tenha de alguma forma, mudado suaposição moral com relação ao aborto ou a anticoncepcionais ou esterilização ou sobre o uso decamisinhas em programas de prevenção do HIV/AIDS.Eu pediria que no texto desta declaração as reservas formalmente indicadas abaixo sejam incluídasno relatório da Conferência.ReservasReservasReservasReservasReservasA Santa Sé, de acordo com sua natureza e sua missão particular, ao aderir ao consenso parcial dodocumento final da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 5-13 desetembro de 1994), deseja manifestar seu entendimento do Programa de Ação da Conferência.1. Com relação aos termos “saúde sexual” e “direitos sexuais” e “saúde reprodutiva” e a “direitosde reprodução”, a Santa Sé considera esses termos como aplicáveis a um conceito holístico de saúde,que envolva, cada um, à sua própria maneira, a pessoa na integridade de sua personalidade, mentee corpo, e que favoreça a realização da maturidade pessoal na sexualidade e no amor mútuo e natomada de decisão que caracterizam o relacionamento conjugal de acordo com normas morais. ASanta Sé não considera o aborto ou o acesso ao aborto como uma dimensão desses termos.2. Com relação aos termos “anticoncepção”, “planejamento familiar”, “saúde sexual”, “direitossexuais e de reprodução” e “capacidade da mulher de controlar sua própria fecundidade”, “umacategoria mais ampla de serviços de planejamento familiar” e quaisquer outros termos referentes aserviços de planejamento familiar e conceitos de controle de fecundidade no documento, a adesãoda Santa Sé ao consenso de modo algum deve ser interpretada como constituindo uma mudança desua conhecida posição concernente àqueles métodos de planejamento familiar que a Igreja Católica

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considera moralmente inaceitáveis ou sobre serviços de planejamento familiar que não respeitem aliberdade dos cônjuges, a dignidade humana e os direitos humanos das pessoas interessadas.3. Com relação a todos os acordos internacionais, a Santa Sé reserva sua posição nesse sentido,particularmente sobre quaisquer acordos existentes mencionados neste Programa de Ação, compatíveiscom sua aceitação ou não desses acordos.4. Com referência ao termo “casais e indivíduos” a Santa Sé reserva sua posição com o entendimentode que essa expressão deve significar casais casados e o homem e a mulher individual que constituemo casal. O documento, especialmente no uso desse termo, é marcado por uma compreensãoindividualista de sexualidade que não dá a devida atenção ao amor mútuo e à tomada de decisãoque caracterizam a relação conjugal.5. Com relação ao Capítulo V, a Santa Sé interpreta este Capítulo à luz do Princípio 09, isto é, emtermos do dever de fortalecer a família, a unidade básica da sociedade, e em termos de casamentocomo uma parceria igual entre esposo e esposa.6. A Santa Sé faz reservas gerais aos Capítulos VII, VIII, XI, XII, XIII, XIV XV e XVI. Essa reserva deveser interpretada em termos da declaração feita pela delegação na reunião plenária da Conferência,em 13 de setembro de 1994. Solicitamos que essa reserva geral seja anotada em cada um dossupramencionados capítulos.28. O representante da República Islâmica do Irã apresentou a seguinte declaração escrita:O Programa de Ação, embora tenha alguns elementos positivos, não leva em consideração o papelda religião e de sistemas religiosos na mobilização das capacidades de desenvolvimento. Basta-nossaber que o Islã, por exemplo, estabelece como dever de todo muçulmano satisfazer às necessidadesessenciais da comunidade e impõe também o dever de demonstrar gratidão pelos benefícios,utilizando-os da melhor maneira possível, assim como os deveres de justiça e moderação.Cremos, por isso, que as Nações Unidas devem reunir simpósios para estudar essa matéria.Há algumas expressões que poderiam ser interpretadas como aplicáveis a relações sexuais fora daestrutura do casamento e isso é totalmente inaceitável. O uso da expressão “indivíduos e casais” eos conteúdos do Princípio 8 demonstram esse ponto. Fazemos reservas com relação a todas essasreferências no documento.Acreditamos que a educação sexual para adolescentes só pode ser produtiva se o material foradequado e se essa educação for oferecida pelos pais e vise à prevenção de desvio moral e dedoenças fisiológicas.29. O representante de Malta fez a seguinte declaração escrita:ReservReservReservReservReservas sobre o Capítulo as sobre o Capítulo as sobre o Capítulo as sobre o Capítulo as sobre o Capítulo VIIVIIVIIVIIVIIAo participar do consenso, a delegação de Malta gostaria de declarar:A delegação de Malta reserva sua posição sobre o título e disposições desse Capítulo e particularmentesobre o uso de termos tais como “saúde reprodutiva”, “direitos de reprodução” e “controle dafecundidade” nesse Capítulo e em outras partes do documento.,A interpretação dada por Malta é coerente com sua legislação nacional, que considera ilegal o fim dagravidez por meio de aborto induzido.Além disso, a delegação de Malta reserva sua posição sobre disposições do Parágrafo 7.2,particularmente sobre “documentos internacionais de direitos humanos e outros pertinentesdocumentos de consenso das Nações Unidas”, compatíveis com sua prévia aceitação ou não-aceitação.ReservReservReservReservReservas sobre o Capítulo as sobre o Capítulo as sobre o Capítulo as sobre o Capítulo as sobre o Capítulo VIII,VIII,VIII,VIII,VIII, P P P P Parágrarágrarágrarágrarágrafo 8.25afo 8.25afo 8.25afo 8.25afo 8.25Ao aderir ao consenso, a delegação de Malta gostaria de declarar:O término da gravidez por meio de processos de aborto induzido é ilegal em Malta. A delegação deMalta não pode, por conseguinte, aceitar sem reserva a parte do Parágrafo 8.25 que dispõe sobre“circunstâncias em que o aborto não é contra a lei”.

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Além disso, a delegação de Malta reserva sua posição sobre a redação “esse aborto deve serseguro”, uma vez que, para ela, essa frase pode prestar-se a múltiplas interpretações, implicandoentre outras coisas, que o aborto pode ser completamente livre de riscos médicos e de outros riscospsicológicos, embora ignorando totalmente os direitos do não-nascido.10. O representante do Peru fez a seguinte declaração escrita:A delegação do Peru aderirá ao acordo sobre o Programa de Ação. Na sua opinião, as negociaçõesque culminaram hoje na adoção do Programa de Ação demonstraram também que as posiçõesdivergem sobre alguns dos conceitos substantivos do Programa e que a comunidade internacionaldeseja claramente chegar a acordos que, esperemos, beneficiem a todos; acolhemos essa tentativade se chegar a consensos.O Governo do Peru deseja, todavia, registrar os seguintes pontos:1. As linhas principais do Programa de Ação serão implementadas no Peru sob a Constituição e asleis da República e, inter alia, sob os tratados internacionais de direitos humanos e da Convençãosobre os Direitos da Criança, que foram devidamente aprovados e ratificados pelo Peru.2. Devemos mencionar, nesse sentido, o Artigo 2º da Constituição que dá a toda pessoa o direito àvida a partir do momento da concepção; o aborto é com razão classificado como crime no CódigoPenal do Peru, com a única exceção ao aborto terapêutico.3. O Peru considera o aborto como um problema de saúde pública que deve ser tratado principalmentepor meio de programas de educação e de planejamento familiar. Assim sendo, a Constituiçãoreconhece o papel fundamental desempenhado pela família e pais na forma de paternidade ematernidade responsáveis, que nada mais é do que o direito dos pais de escolher livre e voluntariamenteo número e o espaçamento de seus filhos. O mesmo se aplica ao método de sua escolha deplanejamento familiar, desde que não ponha a vida em risco.4. O Programa de Ação contém conceitos tais como “saúde reprodutiva”, “direitos de reprodução”e “controle de fecundidade” que, na opinião do Governo peruano, requer uma definição maisprecisa, com a total exclusão do aborto na base de que seja compatível com o direito à vida.Agradeceríamos se esta reserva interpretativa sobre o Programa de Ação possa ser devidamenteregistrada.Enfim, desejamos endossar as congratulações e agradecimentos expressos por outras delegações.Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VIVIVIVIVIRELARELARELARELARELATÓRIO DO COMITÊ DE CREDENCIAISTÓRIO DO COMITÊ DE CREDENCIAISTÓRIO DO COMITÊ DE CREDENCIAISTÓRIO DO COMITÊ DE CREDENCIAISTÓRIO DO COMITÊ DE CREDENCIAIS1. Na 1ª Sessão Plenária, em 5 de setembro de 1994, a Conferência Internacional sobre Populaçãoe Desenvolvimento, de acordo com a Norma 4ª das normas regimentais da Conferência, foi criado oComitê de Credenciais, baseado no Comitê de Credenciais da Assembléia Geral das Nações Unidasem sua 48ª Reunião, composto dos seguintes nove membros: Áustria, Bahamas, China, Costa doMarfim, Equador, Maurício, Federação Russa, Tailândia e Estados Unidos da América.2. O Comitê de Credenciais reuniu-se no dia 08 de setembro de 1994.3. O Sr. Rangsan Phaholyothin (Tailândia) foi eleito, por unanimidade, Presidente do Comitê.4. O Comitê tinha à sua consideração um memorando do Secretário Geral, datado de 7 de setembrode 1994, sobre o status de credenciais das delegações à Conferência. Informações adicionais sobrecredenciais recebidas depois da emissão do memorando do Secretário Geral foram transmitidas aoComitê por seu Secretário.5. Conforme observado no Parágrafo 1º do memorando do Secretário Geral, atualizado pelasinformações adicionais recebidas, credenciais formais, emitidas por Chefe de Estado ou de Governoou pelo Ministro dos Assuntos Estrangeiros, conforme estabelecido na Norma 3ª das normasregimentais tinham sido recebidas pelo Secretário Geral para os representantes dos seguintes 101estados participantes na Conferência: Albânia, Argentina, Austrália, Áustria, Bahamas, Barbados,

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Bélgica, Benin, Butã, Bolívia, Botsuana, Brunei Darussalam, Bulgária, Burundi, Camboja, Repúblicados Camarões, Cabo Verde, República da África Central, Chade, China, Comores, Croácia, RepúblicaCheca, República Popular Democrática da Coréia, Dinamarca, República Dominicana, Equador, Eritréia,Fiji, finlândia, França, Geórgia, Grécia, Guiana, Santa Sé, Honduras, Hungria, Índia, Irlanda, Jamaica,Japão, Jordânia, Casaquistão, Quênia, República Popular Democrática do Laos, Látvia, Líbia, Lituânia,Madagascar, Malaui, Malásia, Maldivas, Mali, Malta, México, Micronésia (Estados Federados da),Mongólia, Myanmar, Namíbia, Nepal, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá,Filipinas, Polônia, Portugal, República da Coréia, Romênia, Federação Russa, Ruanda, Saint Kitts eNevis, Santa Luzia, São Vicente e as Granadas, Samoa, Seicheles, Serra Leoa, Singapura, Eslováquia,Ilhas Salomão, África do Sul, Sri Lanca, Suriname, Suazilândia, República Árabe da Síria, Tailândia, ex-República Iugoslava da Macedônia, Tonga, Trinidad e Tobago, Tunísia, Turquemenistão, Tuvalu,Ucrânia, Emirados Árabes Unidos, República Unida da Tanzânia, Vanuatu, Zaire e Zâmbia. Além disso,no caso da Comunidade Européia, as credenciais foram apresentadas para seus representantes peloPresidente da Comissão Européia.6. Conforme observado no Parágrafo 2º do memorando já atualizado, informações concernentes àdesignação de delegações à Conferência tinham sido comunicadas por meio de fac similes ou naforma de cartas ou notas verbais de ministérios, embaixadas, missões permanentes nas NaçõesUnidas ou por órgãos ou autoridades governamentais ou por meio de escritórios locais das NaçõesUnidas, para os seguintes 78 estados participantes da Conferência: Afeganistão, Angola, Antígua eBarbuda, Armênia, Azerbaijão, Bahrain, Bangladesh, Belarus, Belize, Brasil, Burquina Faso, Canadá,Chile, Colômbia, Congo, Ilhas Cook, Costa Rica, Costa de Marim, Cuba, Chipre, Djibuti, Dominica,Egito, El Salvador, Guiñe Equatorial, Estônia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Alemanha, Gana, Guatemala,Guiné, Guiné-Bissau, Haiti, Islândia, Indonésia, Irã (República Islâmica do), Israel, Itália, Quiribati,Quirziquistão, Lesoto, Libéria, Luxemburgo, Ilhas Marshal, Mauritânia, Maurício, Marrocos,Moçambique, Nicarágua, Niger, Nigéria, Niue, Oman, Papua Nova Guiné, Paraguai, Peru, Repúblicada Moldávia, San Marino, São Tomé e Príncipe, Senegal, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Tajiquistão,Togo, Turquia, Uganda, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Estados Unidos daAmérica, Uruguai, Uzbequistão, Venezuela, Vietnã, Iêmen e Zimbabue.7. O Presidente propôs que o Comitê aceitasse as credenciais de todos os representantes mencionadosno memorando pelo Secretário Geral, no entendimento de que credenciais formais para osrepresentantes referidos no Parágrafo 2º de memorando do Secretário Geral, seriam comunicadas aosecretário Geral o mais cedo possível, Foi proposta pelo Presidente a Seguinte minuta para seradotada pelo Comitê:Comitê de CredenciaisComitê de CredenciaisComitê de CredenciaisComitê de CredenciaisComitê de CredenciaisTTTTTendo examinadoendo examinadoendo examinadoendo examinadoendo examinado as credenciais dos representantes junto à Conferência Internacional sobrePopulação e Desenvolvimento, referidas nos Parágrafos 1º e 2º do memorando do Secretário Geral,datado de 07 de setembro de 1994,AceitaAceitaAceitaAceitaAceita as credenciais dos citados representantes.8. A minuta de resolução foi aprovada pelo Comitê sem votação.9. Subseqüentemente, por proposta do Presidente, o Comitê concordou em recomendar à Conferênciaa aprovação de uma minuta de resolução aprovando o relatório do Comitê de Credenciais.Atos da ConferênciaAtos da ConferênciaAtos da ConferênciaAtos da ConferênciaAtos da Conferência10. Na 13a.Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994, a Conferência considerou o relatório doComitê de Credenciais (A/CONF.171.11 e Corr.1).11. A Conferência aprovou a minuta de resolução recomendada pelo Comitê em seu relatório (parao texto, ver Cap. I, Resolução 3).

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Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VIIVIIVIIVIIVIIAPROVAÇÃO DO RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA1. O Relator Geral apresentou o relatório da Conferência (A/CONF.171/L.4 e Add. 1) na 13a. SessãoPlenária, em 13 de setembro de 1994.2. Na mesma sessão, a Conferência aprovou a minuta do relatório e autorizou o Relator Geral acompletá-lo, em conformidade com a prática das Nações Unidas, com vista à sua submissão àAssembléia Geral em sua 49ª Reunião.Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo VIIIVIIIVIIIVIIIVIIIENCERRAMENTO DA CONFERÊNCIA1. Na 14ª Sessão Plenária, em 13 de setembro de 1994, o representante da Algéria, em nome dosestados-membros das Nações Unidas que fazem parte do Grupo dos 77 e China, apresentou umaminuta de resolução (A/CONF.171/L.6) expressando a gratidão da Conferência ao país anfitrião.2. Na mesma Sessão, a Conferência aprovou a minuta da resolução (para o texto, ver Capítulo I,Resolução 2).3. Ainda na mesma Sessão, fizeram pronunciamentos os representantes do Gabão (em nome dosEstados africanos), da República da Coréia (em nome dos estados asiáticos), da Croácia (em nomedos estados da Europa Oriental), do Panamá (em nome da América Latina e do Caribe), da Bélgica(em nome da Europa Ocidental e de outros estados) e do Senegal (em nome dos membros daOrganização da Conferência Islâmica, participantes da Conferência).4. O representante do Comitê sobre Organizações não-Governamentais (em nome das organizaçõesnão-governamentais participantes da Conferência) fez um pronunciamento.5. Após os pronunciamentos do Ministro de Assuntos Estrangeiros do Egito e do Secretário Geral daConferência, o presidente da Conferência fez um discurso de encerramento e a declarou encerrada.

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