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1 . Contribuir para a melhoria das condições socioambientais e fortalecimento político e cultural das comunidades tradicionais em situação de risco Relatório Anual 2018 Março de 2019 Adelco – Associação para o Desenvolvimento Local Co-produzido Rua Barão de Aracati, 2200 – casa 44 – Joaquim Távora CEP 60.115-082 Fortaleza Ceará Brasil Fone 85. 32644492 Email – [email protected]

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.

Contribuir para a melhoria das condições socioambientais e

fortalecimento político e cultural das comunidades tradicionais em situação de risco

Relatório Anual

2018

Março de 2019

Adelco – Associação para o Desenvolvimento Local Co-produzido Rua Barão de Aracati, 2200 – casa 44 – Joaquim Távora

CEP 60.115-082 Fortaleza Ceará Brasil Fone 85. 32644492 Email – [email protected]

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Sumário

1. ADELCO

2. Projeto Maracas: Saneamento Ecológico e Turismo Solidário

3. Projeto Urucum

4. Prestação de serviços de Assistência Técnica de Extensão Rural - ATER

5. Comunicação & Visibilidade

6. Balanço financeiro

7. Desenvolvimento Institucional

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I. ADELCO

A ADELCO – Associação para o Desenvolvimento Local Co-produzido, fundada em 2001, entidade civil sem fins lucrativos, localizada em Fortaleza-Ce, tem como eixos de intervenção: Etnodesenvolvimento; Habitabilidade; Participação e organização política; Desenvolvimento Institucional; Meio Ambiente e agroecologia; Segurança Alimentar e nutricional e Direitos humanos dentre os quais perpassa o tema de igualdade de gênero. É filiada à Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG). Desde 2001 a ADELCO executou programa modelo para habitações indígenas, desenvolveu projetos de microcrédito habitacional, implantou o Fundo Emergencial para reforma e construção de casas populares e projetos com microcrédito produtivo, efetivou projetos de turismo solidário, cultural e étnico (artesanato, estruturação de trilhas etno-ecológicas, mapeamento, inventários participativos da fauna e flora). Na área de saneamento ecológico, construiu cisternas de captação de águas pluviais e fossas ecológicas e desenvolveu ações de monitoramento dos recursos hídricos e de educação ambiental. No campo da agricultura familiar investiu na agroecologia apoiando a organização da produção de quintais produtivos e de sistemas agroflorestais, e apoiou na comercialização dos produtos e apoiou na elaboração de Planos de negócio de empreendimentos coletivos. No campo da cultura facilitou formações sobre museologia e apoiou na estruturação de museus indígenas e na constituição de acervos ambientais. Em fim, no campo da cidadania, a ADELCO apoia seus parceiros no fortalecimento institucional e no controle social com ações de comunicação, de formação sobre direitos humanos, de campanhas de lobbying e advocacy. Famílias beneficiadas (período até 2018): 827 contratos de melhoria habitacional, 236 de microcrédito produtivo, 30 com fundo emergencial , 67 com quintais produtivos, 629 fossas ecológicas, 426 cisternas de captação de água de chuva, 15 famílias com 3 Mandalas. Mais 2 Sistemas Agroflorestais, 24 trilhas ecológicas, apoio a 4 museus indígenas, assessoria a 04 organizações indígenas, 02 microprojetos financiados e mais de 9500 pessoas formadas. DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente: Sandra Araújo Oliveira, Tesoureira: Adelle Azevedo Ferreira Secretária: Geny Marques da Silva

CONSELHO FISCAL Ricardo Figueiredo Bezerra Silvia Barbosa Correia

COORDENAÇÃO GERAL Patrick Oliveira

Conheça: Site: www.adelco.org.br Facebook: www.facebook.com/adelcobrasil Instagram: @adelcobrasil TV Adelco no YouTube Rua Barão de Aracati, 2200, casa 44 Joaquim Távora - CEP: 60.115-082 Fortaleza - Ceará Fone: (85) 3264.4492

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II. Projeto Maracas: Saneamento Ecológico e Turismo Solidário

Apoio: Período: 09/2015 a 09/2019

Áreas de atuação: Público beneficiado: Beneficiários diretos: 975 (pessoas diretamente atingidas pelo projeto), Beneficiários indiretos: 7.667 (população das duas etnias envolvidas: Tremembé e Pitaguary)

1. Resumo

O projeto busca melhorar a qualidade de vida de comunidades indígenas do Ceará favorecendo maiores e melhores condições de saneamento ambiental e fortalecendo o turismo comunitário. Os princípios da iniciativa são; a) o fortalecimento da cultura e da identidade étnica; b) autodeterminação e a territorialidade; e c) autogestão.

2. Resultados esperados

- Melhoria do sistema de saneamento ambiental estimulada através da educação ambiental - Programa de captação, armazenamento de água da chuva e de saneamento ecológico implantado na

comunidade utilizando tecnologias alternativas - Conceitos, enfoques e instrumentos práticos para o desenvolvimento do turismo solidário apropriados

pelos indígenas - Produtos e serviços turísticos de comunidades indígenas com dimensão territorial e cultural melhor

estruturados - Renda das famílias indígenas aumentadas - Fluxo turístico nas comunidades indígenas aumentado

3. Atividades e resultados alcançados

MELHORIA DO SISTEMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL ESTIMULADA ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL - Construção de cisternas de ferrocimento e fossas ecológicas nas Aldeias do Povo Pitaguary

• No primeiro semestre, foram concluídas as instalações dos "kits" de saneamento ambiental, totalizando a implementação das 55 fossas ecológicas e as 55 cisternas de captação de água da chuva.. Os equipamentos já estão beneficiando as famílias, pois o período chuvoso na região (janeiro a maio) tem abastecido as cisternas. As fossas também estão sendo utilizadas no tratamento dos resíduos - sólidos e líquidos - domésticos.

• Ao receberem os equipamentos, as famílias se comprometem a realizar a manutenção e reparos necessários, quando houver. Os equipamentos ajudarão no saneamento básico - acesso à água

1) Saneamento Ambiental (fossas ecológicas e cisternas de captação de água de chuva); 2) Turismo comunitário (trilhas ecológicas, formação de acervos dos museus, museologia,

Empreendimentos turísticos)

Maracas: Saneamento Ecológico e Turismo Solidário Indígena

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potável e esgotamento sanitário - promovendo segurança hídrica e prevenção de doenças, melhorando a qualidade de vida das famílias indígenas dos Pitaguary.

• Segue abaixo a distribuição quantitativa dos equipamentos nas aldeias Pitaguary:

Tecnologia de saneamento ambiental

Aldeias Pitaguary

Horto Olho D´água Monguba Santo Antonio Total

Fossa Ecológica 10 10 15 20 55

Cisterna de Ferrocimento 10 10 15 20 55

- As cisternas são usadas

para captação de água da chuva (período de janeiro a maio), mas também para armazenar água dos carros-pipa que distribuem água para famílias no período de estiagem (julho a dezembro).

- As famílias demonstram satisfação e gratidão por receberem os equipamentos, pois, historicamente, conviveram com dificuldades de acesso à água e saneamento básico.

CONCEITOS, ENFOQUES E INSTRUMENTOS PRÁTICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO SOLIDÁRIO APROPRIADO PELOS INDÍGENAS

- Elaboração do Plano de turismo comunitário Pitaguary • Em fevereiro/2018, na aldeia de Monguba, foi realizada oficina de elaboração do Plano de

Turismo Comunitário. A atividade contou com a participação de 14 indígenas (jovens e lideranças) envolvidos nas atividades de visitação ao museu e trilhas etnoecológicas. Foram definidas as estratégias, princípios e ações/atividades - de curto e médio prazo - para o desenvolvimento e organização do turismo de base comunitária. O plano de turismo comunitário faz-se necessário para organizar e definir as ações que a aldeia irá desenvolver, abrangendo áreas da recepção, trilhas, alimentação e hospedagem de grupos visitantes. O plano serve como orientador das ações futuras e elemento motivador, pois colabora com a auto-organização do grupo de turismo local.

Resumo das ações propostas pelo grupo de Turismo Pitaguary no ano de 2018:

Estratégia Ação/atividade Período

1. Melhoria das estruturas e equipamentos comunitários para organização do turismo comunitário

Sinalização ambiental e cultural das trilhas e pontos atrativos do Território (Museu, Escola, casa de apoio; trilhas: do Bambuzal e do tanque do Davi)

1º semestre 2018

Revitalizar a área do horto (aldeia de Monguba) para o cultivo de plantas medicinais e como ponto de visitação

1º semestre 2018

Finalização da reforma do Museu Pitaguary com ambientação do mesmo

1º semestre 2018

Reforma da casa de apoio de Monguba para hospedagem e local de alimentação de visitantes.

2º semestre 2018

2. Fortalecer as atividades

culturais e de identidade indígena

Estabelecer e resgatar o calendário de eventos culturais do Povo Pitaguary

1º semestre 2018

Realização de oficinas de produção dos artesanatos indígenas dos Pitaguary, envolvendo crianças, jovens e lideranças.

1º semestre 2018

Buscar parcerias para recuperação da casa de apoio da aldeia de 2º semestre 2018

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Monguba, revitalizando o espaço (que estava abandonado) para uso nas atividades de visitação (recepção, hospedagem, descanso, alimentação), assim como reuniões, oficinas e encontro da aldeia.

3. Visibilidade das atividades e do turismo comunitário e dos eventos culturais do Povo Pitaguary

Melhorar as estratégias de divulgação do turismo comunitário indígena para o público externo;

2º semestre 2018

Capacitar jovens nos instrumentos de fotografia e uso de redes sociais 2º semestre 2018

PRODUTOS E SERVIÇOS TURÍSTICOS DE COMUNIDADES INDÍGENAS COM DIMENSÃO TERRITORIAL E CULTURAL MELHOR ESTRUTURADOS - Reformar e equipar o museus indígena dos povos Tremembé.

• Acervo cultural Tremembé de Almofala Espaço de acervo do Povo Tremembé. O equipamento será utilizado para guarda, conservação e exposição de materiais e demais gêneros documentais que guardam a história de resistência e afirmação étnica do Povo Tremembé no estado do Ceará. O espaço foi instalado junto à escola Indígena Professora Maria Venâncio, localizado na aldeia da praia (Distrito de Almofala, Itarema-CE). O espaço estará aberto para visitação e também serve como ponto de apoio para atividades de turismo comunitário. O espaço em formato circular conta com 05 ambientes: 01 sala de recepção/exposição; 01 espaço de guarda dos gêneros documentais do acervo Tremembé; e dois

banheiros. Com o recurso do projeto também foi possível a construção de uma cisterna para captação de água da chuva e uma fossa ecológica. O espaço já está sendo utilizado nas atividades (oficinas, reuniões etc.) do projeto, assim como na acolhida de visitantes (descanso, pernoite, refeição) e da equipe do projeto.

• Oca Maloca Tremembé de Almofala No mês de junho de 2018 foram finalizadas as atividades de implantação e entrega oficial do espaço da “Maloca Tremembé", equipamento de apoio às ações culturais, educativas organizacionais e de

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turismo comunitário. A construção junto ao espaço da Escola Indígena Maria Venâncio (aldeia da Praia) tem formato circular (20 metros de diâmetro), com cobertura de palha de carnaúba.

- Oficina de culinária Pitaguary

No mês de setembro, foi realizado na Aldeia Monguba, em Pacatuba-CE, o primeiro momento da Oficina de Culinária Tradicional do Povo Pitaguary. A atividade buscou resgatar e fortalecer a identidade indígena através da culinária tradicional. Os pratos foram mungunzá doce, mungunzá salgado, quarenta, Inhame, batata doce e peixe frito. Total de 14 indígenas - entre lideranças, crianças e jovens participaram da atividade. A culinária é um dos atrativos turísticos a serem oferecidos aos visitantes do território indígena. Essas atividades apoiadas pelo projeto têm fortalecido a revitalização do espaço (antes abandonado) da Casa de Apoio da Monguba. O local também é ponto de recepção, hospedagem e alimentação dos visitantes.

- Oficina de artesanato Pitaguary

No mês de outubro foi realizada uma oficina de produção de artesanato Pitaguary. A atividade foi realizada na aldeia de Olho D’água (Maracanaú-CE) e contou com a participação de 21 indígenas - mulheres e jovens da aldeia.

O espaço já está sendo usufruído pelos Tremembé. O espaço se articula com as atividades da Escola e também com o Acervo Tremembé, como pontos atrativos para o Turismo Comunitário.

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A oficina foi conduzida por artesãs com experiência na produção de colares, brincos, cocás e chaveiros. A atividade teve como objetivo fortalecer as iniciativas de produção de artesanatos das mulheres indígenas Pitaguary. As peças produzidas são vendidas pelas mulheres durante as visitações a aldeia, assim como durante os eventos indígenas ao longo do ano.

- Oficinas de sinalização ambiental (Tremembé de Almofala e Pitaguary) As oficinas tiveram como objetivo a identificação e sinalização de elementos dos territórios indígenas - espaços culturais, equipamentos comunitários, trilhas ecológicas e demais elementos territoriais e ambientais dos Povos Tremembé e Pitaguary. Sistematização dos pontos a serem sinalizados através das placas de madeira, identificando os pontos atrativos das trilhas, equipamentos comunitários e culturais (museus, escolas, locais sagrados, pontos de paradas nas trilhas etc.). Pinturas e escrita dos pontos em placas (tábuas de madeira). Após finalização de todas as placas segue-se a instalação (fixação) das mesmas nos pontos indicados.

As oficinas contaram com a participação de 16 indígenas Pitaguary - jovens, crianças e lideranças que estão envolvidas com o turismo comunitário. Os participantes têm avaliado positivamente as atividades, pois fortalecem e valorizam aspectos e conhecimentos sobre o território, além de colaborar na organização da proposta de turismo comunitário, orientando os visitantes sobre os pontos e trilhas existentes nos territórios indígenas. Como forma de valorizar os talentos locais, a oficina foi conduzida e organizada pelo indígena Benício Pitaguary - jovem com referência na arte de produção de pinturas indígenas - grafismo, pintura corporal, peças artesanais, etc.

INTERCÂMBIO EM TRILHAS ECOLÓGICAS – SERRA DAS ALMAS, CRATEÚS-CE A atividade foi realizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN - Unidade de Conservação) Serra das Almas, localizada na zona rural do município de Crateús-CE. A reserva promove visitações, atividades de educação ambiental e pesquisas ligadas à conservação de recursos da fauna e flora do bioma da caatinga. O intercâmbio contou com a participação de 13 indígenas Pitaguary e 13 indígenas Tremembé. As trilhas ecológicas foram conduzidas por dois jovens guias da Associação Caatinga - organização responsável pela gestão da reserva.

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O intercâmbio teve como objetivo o aprendizado e a troca de experiências sobre os processos de recepção e condução de visitantes/turistas para o turismo comunitário. Na oportunidade, os Pitaguary e Tremembé realizaram 02 trilhas (dos Macacos e do Lajeiro) e a partir do diálogo com os guias da reserva puderam compreender aspectos importantes sobre a forma de recepção e condução de pessoas em trilhas (duração, nível de dificuldade etc.) apresentação do território e seus atrativos turísticos.

Com o intercâmbio, também apreenderam sobre outros aspectos que podem ser aplicados ao turismo comunitário - alojamento, alimentação, logística e comunicação/divulgação para o público externo. No final da atividade foi realizada uma avaliação do intercâmbio pelos participantes. Eles ressaltaram os aprendizados que obtiveram com a atividade, principalmente no aspecto de saber receber, conduzir e orientar os visitantes/turistas em seus territórios. Adaptando a realidade de cada um dos povos, eles iram aplicar os aprendizados no desenvolvimento do turismo comunitário em suas aldeias.

INTERCÂMBIO DE TURISMO COMUNITÁRIO EM TERRAS INDÍGENAS, JENIPAPO-KANINDÉ (Aquiraz-CE) Atividade foi realizada com a participação de 22 Pitaguary - jovens, crianças, lideranças e professores/as indígenas das aldeias de Monguba e Olho D'água. O intercâmbio teve como objetivo a troca de experiências entre o Povo Pitaguary e Jenipapo-Kanindé na questão do Turismo Comunitário. O Povo Jenipapo-Kanindé (Aldeia Lagoa da Encantada) já desenvolve atividades de recepção de visitantes/turistas em seu território, ofertando serviços de hospedagem, alimentação, visitação ao museu e trilhas etnoecológicas. A ideia do intercâmbio foi proporcionar conhecimentos sobre como os Jenipapo-Kanindé se organizam para o desenvolvimento do turismo comunitário em Terra Indígena. O intercâmbio foi conduzido pelo indígena Heraldo ("Preá") e guias locais da aldeia Jenipapo-Kanindé. Além da visitação ao Museu Indígena Jenipapo-Kanindé, foram realizadas três (03) trilhas etnoecológicas (Trilha Morro do Urubu; Trilha do Marisco; e Trilha da Lagoa do Tapuio.

Os/as participantes avaliaram como positivo o intercâmbio, principalmente por ser realizado, em específico, em Terra Indígena e que poderão usar como experiência nas trilhas e museu dos Pitaguary. Com o intercâmbio também puderam aprender aspectos práticos e os cuidados necessários na condução de visitantes às trilhas (horário, duração e distância do percurso, nível de dificuldade etc.), forma de hospedagem e serviços de alimentação.

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FESTA DO MILHO PITAGUARY

DIVULGAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DO PROJETO PARA OUTROS POVOS INDÍGENAS DO CEARÁ Baseado nas demandas de diversas etnias, a Adelco realizou visitas as Povos Indígenas Potyguara (Monsenhor Tabosa), Tabajara (Crateús-CE) e Kanindé (Canindé-CE) com o objetivo de apresentar a experiência do projeto Saneamento Ambiental e Turismo Solidário com suas metodologias e ferramentas (inventários, trilhas ecológicas, tecnologias sociais - fossas ecológicas, cisternas e quintais produtivos) e identificar as potencialidades desses Povos para o desenvolvimento de projetos nas áreas do Turismo Comunitário e de implantação de Tecnologias socioambientais .

No mês de julho foi realizada mais uma edição da Festa do Milho Pitaguary, na aldeia de Olho D'água, Maracanaú-CE. O evento reuniu lideranças (Caciques e Pajé), famílias das aldeias Pitaguary e visitantes. O evento já faz parte do calendário etnocultural dos Pitaguary. O projeto apoiou na divulgação do evento em suas plataformas digitais assim como no apoio na aquisição de gêneros alimentícios para produção dos pratos típicos da festa (mucunzá, bolo de milho, tapioca, pamonha, canjica etc.).

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INTERCÂMBIO INTERNACIONAL, MUSEUS DA AMÉRICA – MEDELLÍN, COLÔMBIA1 No mês de novembro de 2017, dois representantes (01 por etnia) dos Povos Pitaguary e Tremembé de Almofala participaram de um intercâmbio internacional sobre museus. Relato de participação e aprendizados pelos/as participantes:

Evento: “El Museo Reimaginado, Medellín 2017”: Encontro de profissionais de museus da América. Local e data: 01 a 03 de novembro de 2017. Medellín, Colômbia. Participantes:

- Rosa da Silva Sousa. Liderança Pitaguary (aldeia de Monguba, Pacatuba-CE) e organizadora do grupo de Turismo Comunitário e museu Pitaguary.

- Janiel Marques do Nascimento. Liderança jovem do Povo Tremembé de Almofala (Itarema-CE).

Agradecimento: Primeiramente, queremos agradecer o apoio do Projeto “Saneamento Ambiental e Turismo Solidário” (ADELCO e IAF) pelo apoio dado na participação do evento, nos dando a oportunidade de conhecer e aprender sobre a diversidade de experiências que existem sobre museus no mundo. Objetivo de nossa participação no evento: Vivenciar, aprender e compartilhar aprendizados com outras experiências museológicas desenvolvidas por outros povos e comunidades da América. Com essa experiência, valorizar e diversificar a experiência local de nossos museus indígenas. Aprendizados:

- Museus comunitários: nossos museus são o território como todo.

- Fauna e Flora como elementos ser usados na diversificação dos museus. Como forma de preservação e valorização dos animais e plantas (plantas medicinais) de cada local. Aliando elementos da medicina tradicional com o Museu.

- Várias formas de apresentar os museus (fotos, utensílios, culinária típica etc.). Importância de diversificar os diversos aspectos e olhares sobre a realidade dos territórios.

- Museus como espaço de Educação e de visibilidade da história, cultura e identidade. Espaço da história viva dos Povos.

- Museus usados como instrumentos de Educação contra violência e de outros temas sociais. Instrumento de fortalecimento e resgate da nossa história, lutas e conquistas.

- A importância de diversificar nossos museus com elementos da história, cultura, território e aspectos ambientais.

O que podemos aplicar ou replicar em nossa experiência local dos museus indígenas: - Valorizar e fortalecer nossas nossa cultura e história enquanto povo indígena, representando isso

através dos museus indígenas; - Envolver jovens e crianças em nossos museus indígenas para que os mesmos possam conhecer e

valorizar a cultura e identidade indígena, não deixando que nossa cultura venha a “enfraquecer” ao longo do tempo;

- Diversificar e representar, através dos museus indígenas, aspectos da história, lutas, cultura, território e meio ambiente.

- O Povo Pitaguary já reimagina seu museu de diversas formas - culinária, trilhas, cultura. • Tipos de experiências visitadas durante o evento: planetário, aquário, santuário das iguanas,

orquidário. • Importância de guardar as informações da história, dos antepassados. Passando as histórias para

gerações. Não perder as tradições através da oralidade, das histórias dos nossos antigos. • Memória do passado para lembrar o futuro. Importância da memória através de nossos museus,

repassando a história e nossa cultura (forma de ser e viver) para gerações futuras.

1 Ação desenvolvida no ano de 2017 e registrada no ano de 2018

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III FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS INDÍGENAS DO BRASIL2 Depois de acontecer nos estados do Ceará (Museu dos Kanindé, aldeia Sítio Fernandes, Aratuba-CE, maio de 2015) e de Pernambuco (Museu Kapinawá, aldeia Mina Grande, Buíque-PE, agosto de 2016), a terceira edição do Fórum Nacional de Museus Indígenas aconteceu no mês de outubro de 2017 na comunidade de Nazaré do povo Tabajara, no município de Lagoa de São Francisco, localizado no sertão do Piauí. Reuniu 164 representantes indígenas e parceiros que desenvolvem processos museológicos e de registro da memória em seus territórios no Brasil e deu continuidade às trocas de experiências e saberes, articulação interinstitucional e formação em rede, propiciadas pela Rede Indígena de Memória e Museologia Social desde 2014. O projeto apoiou no transporte da comissão de 45 representantes dos Povos Indígenas do Ceará - Povos Pitaguary, Tremembé de Almofala, Tapeba, Jenipapo-Kanindé, Kanindé (de Aratuba), Anacé, Potyguara, Tabajara e Gavião. O encontro fortalece as iniciativas de museologia indígena, usada como instrumento de fortalecimento da memória e afirmação da história, identidade indígena e pautas de luta dos Povos Indígenas.

PARTICIPAÇÃO NA RÁDIO UNIVERSITÁRIA – DIVULGAÇÃO DO TURISMO COMUNITÁRIO INDÍGENA O projeto foi convidado para participação do programa Rádio Debate da rádio Universitária FM, da Universidade Federal do Ceará (UFC). O tema em debate foi sobre a experiência do Turismo Etnocultural/Comunitário em terras indígenas. Participaram do programa, pela Adelco o coordenador técnico do Projeto, Marciano Moreira, e a liderança Pitaguary, Rosa Silva. Foram debatidos: a) a ação da Adelco em parceria com IAF, b) as iniciativas de turismo comunitário desenvolvidas junto aos Povos Pitaguary e Tremembé de Almofala, c) O que é o Turismo Comunitário e seus princípios, d) os atrativos de visitação e conhecimento dos Povos Indígenas (trilhas, museu indígena, artesanato, culinária, história/costumes e tradições etc.), e f) a organização comunitária como receptora de visitantes. Segue o link com a entrevista: https://twitter.com/radiodebate/status/973941335068692482 A participação no programa deu visibilidade para atividade de turismo comunitário, fato que já tem gerado o contato de diversas pessoas que realizaram agendamento de visitas após a participação no programa. Através de seu site e página nas redes sociais, a Adelco também tem colaborado na divulgação e visibilidade das atividades de Turismo Comunitário nas duas etnias apoiadas pelo projeto.

2 Ação desenvolvida no ano de 2017 e registrada no ano de 2018

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4. Visita da representação da IAF, apoio local

No mês de junho o projeto recebeu a visita de acompanhamento de Juliana Menucci (IAF, apoio local/Recife-PE). A visita teve como objetivo acompanhar o andamento das atividades e resultados alcançados pelo projeto. No primeiro momento a equipe da Adelco apresentou as ações e atividades realizadas no período, assim como os avanços e dificuldades na atividade de apoio ao turismo comunitário (Povos Pitaguary e Tremembé de Almofala) e de saneamento ambiental (fossas e cisternas - Pitaguary). No segundo momento foi realizada visita de campo para conhecimento "in loco" das atividades - visita na aldeia da Praia (Distrito de Almofala, Itarema-CE).

Reunião com o grupo de turismo comunitário dos Tremembé de Almofala,, foi realizada uma breve avaliação da importância do projeto para o desenvolvimento de uma proposta sustentável de Turismo Etnocultural, através das ações apoiadas pelo projeto - oficinas de trilhas, apoio ao artesanato e demais atrativos turísticos do território Tremembé. Foram visitados os equipamentos comunitários apoiados pelo projeto - o Acervo Tremembé e a Maloca Tremembé. Os dois equipamentos estão sendo utilizados pelo Tremembé para atividades de turismo comunitário. O Cacique João Venâncio agradeceu pelo apoio recebido e parabenizou a equipe do projeto pelo respeito e diálogo nas decisões sobre as ações do projeto. Os jovens do grupo destacaram a relação de parceria entre a Adelco e os participantes da atividade, ressaltando a importância de continuidade das ações. Depois foi realizado percurso para conhecimento do Território Tremembé.

5. Encontro de donatários IAF 2018

No mês de março, a Adelco participou do Encontro das Organizações Sociais apoiadas pela Fundação Interamericana. O foco do encontro foram as temáticas de Gênero e a participação de representantes de Povos e Comunidades Tradicionais – indígenas, quilombolas, extrativistas. Cerca de 60 pessoas de 14 estados do Brasil, onde a IAF apoia projetos de desenvolvimento local, estiveram presentes. O encontro proporcionou a troca de experiências entre as organizações que trabalham com projetos sociais, com temáticas sobre gênero, agroecologia, economia solidária e cooperativismo.

6. II Encontro de Experiências e Aprendizados Pequenos Projetos Ecossociais (PPP Ecos) no Cerrado e Caatinga

No mês de maio, aconteceu o II Encontro de Experiências e Aprendizados do Programa Pequenos Projetos Ecossociais (PPP Ecos), em Brasília.

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O evento foi coordenado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) e contou com mais de 80 organizações ecossociais do Cerrado e Caatinga, dentre elas a Adelco. O objetivo do evento foi proporcionar a troca de saberes e elaboração de estratégias socioambientais e políticas para os Biomas. Nesse evento a Adelco pode compartilhar um pouco sobre a experiência do projeto Turismo Comunitário e Saneamento Ambiental, a partir do apoio ao turismo etnocultural e a implantação de tecnologias adaptadas ao Bioma Caatinga (fossas ecológicas e cisterna de ferrocimento para captação de água da chuva).

7. Reunião com lideranças Pitaguary No mês de setembro, foi realizada reunião juntos as lideranças Pitaguary sobre os projetos desenvolvidos pela Adelco. Estiveram presentes lideranças do Olho D’Água, Horto e Santo Antônio. A Adelco apresentou as ações realizadas pelo projeto nas áreas de apoio a Museologia Social, Turismo Comunitário e Saneamento Ambiental. Foi justificada a diminuição da atuação da Adelco na Aldeia de Santo Antonio devido aos conflitos e aos eventos violentos ocorridos e informado sobre a implantadas mais 30 cisternas no Território Pitaguary. Além disso, foram citadas as ações - a realizar - de etnomapeamento, inventário ambiental e fotografias (fauna, flora, culturais/sítios sagrados) dos territórios Pitaguary e Tremembé.

8. Reunião na Aldeia de Monguba (Situação de insegurança nos Pitaguary) No dia 14 de setembro foi realizada uma reunião na Aldeia de Monguba (Casa de Apoio) com lideranças Pitaguary e diversas organizações públicas e ONG indígenas, sobre a situação de insegurança que predomina no Território Pitaguary. As lideranças Pitaguary convocaram as entidades de segurança pública (polícias Civil e Militar), Ministério Público Federal, Defensoria Pública e organizações da sociedade civil no sentido de solicitar apoio destas para grave situação de violência e insegurança que diversas lideranças Pitaguary vem sofrendo. A reunião foi convocada a partir da agressão (tentativa de homicídio) sofrida pela Liderança e Cacique Madalena Pitaguary. As lideranças Pitaguary citaram os diversos casos de violência e ameaças que tem sofrido e sentem-se inseguros com a ausência de proteção pelos órgão de segurança pública. A violência tem-se intensificado a partir dos conflitos internos, conflitos pelo território (posseiros) e venda de drogas no território. As famílias citaram a ausência do poder público (Funai, Polícias Federal e Militar) intensifica a sensação de insegurança. A Adelco informou que a insegurança no território também tem afetado a atuação dos projetos (principalmente na Aldeia de Santo Antonio). A situação de insegurança acaba por afastar ou provocar a diminuição de atuação das entidades civis nas aldeias. Como encaminhamento, foi formada uma comissão local que irá se reunir com a chefia de gabinete do governador do Ceará e órgãos de segurança pública estadual para apresentar as demandas discutidas na reunião.

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III. Urucum

Apoio:

Co-requerente Período: 06/2016 a 06/2019

Áreas de atuação: 1) Fortalecimento Institucional; 2) Mulheres indígenas e a Questão de Gênero; 3) Juventude e Afirmação da Cultura Indígena

Público: 14 Etnias Indígenas do Estado do Ceará Parceiros: COPICE/FEPOINCE, AMICE, COJICE/Movimento da Juventude Indígena, OPRINCE

1. Contextualização O Projeto EIDHR/ 2016/375/014 “Fortalecendo a Autonomia Político-Organizativa dos povos indígenas” atua no fortalecimento das capacidades de gestão, intervenção social e política das associações indígenas e suas quatro representações no Ceará: a COPICE (Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Ceará) que logo foi extinta e em seu lugar foi criada a FEPOINCE (Federação dos Povos Indígenas no Ceará), a AMICE (Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará), a COJICE (Comissão de Juventude Indígena do Ceará) e a OPRINCE (Organização dos professores indígenas do Ceará). Os povos indígenas do Ceará passam por constantes processos de criminalização e violações aos seus direitos a partir de conflitos territoriais (invasões de áreas, desapropriações, especulação imobiliária); falta de educação plena, de inadequação dos serviços de saúde, prostituição, violência doméstica, esvaziamento cultural e étnico, exposição dos jovens ao consumo e tráfico de drogas, ao aumento da criminalidade e ao trabalho semiescravo. As fragilidades das organizações indígenas, em termos de Desenvolvimento Organizacional e Institucional, impedem intervenções de impacto sobre suas demandas. O Projeto se iniciou com a pesquisa e trabalho de campo para a elaboração do diagnóstico/linha de base. Algumas mudanças nas estratégias de atuação do projeto foram necessárias em razão, por exemplo, dos 51 dias de ocupação da FUNAI contra a indicação e apadrinhamento político do cargo de coordenador regional e desmonte da Política Indigenista e pelo sucateamento da FUNAI. Dentro desse cenário de luta, algumas atividades foram realizadas ainda durante a ocupação e também uma campanha de visibilidade, denunciando a morosidade dos processos de demarcação de terra. No período do projeto, o povo Tapeba, depois de 31 anos, conseguiu finalmente a expedição da Portaria Declaratória e agora se encontra no status de terras declaradas3. Já os Jenipapo-Kanindé tiveram um parecer favorável no Supremo Tribunal Federal. O STF julgou inviável o recurso da empresa Pecém Agroindustrial Ltda, que pedia suspensão da demarcação das terras indígenas da etnia Jenipapo-Kanindé, na Lagoa Encantada, em Aquiraz. Em fim, a entrega da primeira reserva indígena do Ceará- Taba dos Anacé, do Povo Anacé, em razão de uma política compensatória pelos impactos causados com a instalação do Complexo Portuário e Industrial do Pecém nas suas terras.

3 Terras que obtiveram a expedição da Portaria Declaratória pelo Ministro da Justiça e estão autorizadas para serem demarcadas fisicamente, com a materialização dos marcos e georreferenciamento.

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A realidade dos povos indígenas no Ceará, apesar das conquistas acima citadas, não mudou muito. O processo de criminalização de lideranças e as violações aos seus direitos a partir de conflitos territoriais permanecem, tais como invasões de áreas, reintegrações e especulação imobiliária. Além disso, destaca-se ainda a presença cada vez mais forte de organizações criminosas, conhecidas como facções, nas terras indígenas. A situação ficou ainda mais preocupante com o início da nova gestão federal em 2019, que no seu primeiro dia de Governo editou a Medida Provisória 870, que repartiu a competência da FUNAI entre dois Ministérios: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, gerando ainda mais dúvidas com relação à atuação do órgão indigenista oficial, que já vinha sendo sucateado nos últimos anos. Em abril de 2018, o projeto recebeu a visita do Consultor da União Europeia Vicent Brackelaire, que se reuniu com Adelco, Esplar, FEPOINCE, AMICE e COJICE, além de algumas lideranças indígenas. A missão ROM (Results Oriented Monitoring) finalizou com dez recomendações4 que geraram uma reflexão sobre a relação entre a Adelco, o Esplar e as quatro organizações indígenas, gerando uma avaliação sobre as atividades já realizadas e o planejamento em conjunto das próximas, além da criação de um Comitê de Monitoramento do Projeto, que cumpe uma agenda de encaminhamentos, demonstrando que o ajuste fortaleceu a confiança mútua entre todos os envolvidos na execução deste Projeto.

2. Objetivos OBJETIVOS GERAIS 1. Evidenciar, reconhecer e debater publicamente as violações dos direitos dos povos indígenas no Estado do Ceará; 2. Melhorar o acesso aos direitos territoriais e demais direitos sociais específicos dos povos indígenas do Ceará, assim como o acesso a políticas indigenistas.

OBJETIVO ESPECÍFICO Objetivo 1. Fortalecer as capacidades das organizações representativas dos Povos Indígenas do Ceará no âmbito institucional e no que se refere à promoção e defesa dos seus direitos e efetivação das políticas indigenistas.

3. Resultados esperados - Associações indígenas e suas redes representativas em nível estadual possuem capacidades de gestão e

de intervenção social e política reforçadas, são informadas sobre as políticas indigenistas. - Mulheres indígenas formadas, participando de sua associação política estadual (AMICE), com processos

de gestão, de organização política e de intervenção fortalecidos, com maior presença em espaços políticos e usando instrumentos de proteção contra a violência.

- Juventude indígena mobilizada e articulada em torno da garantia de seus direitos e da preservação de sua cultura.

4. Atividades e resultados alcançados Atividade 1. Elaborar diagnóstico sobre a situação dos territórios indígenas do Ceará, bem como diagnóstico sobre de desenvolvimento institucional e organizacional das suas instâncias representativas (COPICE e AMICE).

1. Aplicação de Questionário para atualização do Diagnóstico

A atividade já havia sido realizada, mas depois da Visita realizada pela Missão Results Oriented Monitoring - ROM, foi sugerida a publicação do Diagnóstico, considerado pelo Consultor como um importante instrumento

4 Vide página 21.

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que o movimento indígena poderia utilizar na sua luta cotidiana pela reivindicação dos seus direitos. Em razão disso, aplicamos questionários com os 14 povos presentes na XXIII Assembleia Estadual dos Povos Indígenas, realizada em Tamboril durante o mês de dezembro de 2018.

Atividade 2. Ministrar formação para lideranças indígenas sobre: Direitos dos Povos Indígenas; Territorialidade; Memória e Cultura Indígena; Controle Social; Políticas Públicas; Gestão e Fortalecimento Institucional.

Módulo 1 - Direitos, Políticas Públicas e Controle Social: 8 oficinas já haviam sido realizadas durante segundo ano do projeto, com a participação de 342 pessoas, sendo 124 homens, 218 mulheres e 147 jovens, nas quais vários casos de violações foram relatados. Módulo 2: “Gestão e Fortalecimento Institucional” Será realizado em 2019. Módulo 3: “Elaboração e Gerenciamento de Projetos”.

- 01 oficina foi realizada com 13 jovens Tremembé de Almofala em novembro de 2017, na qual foi construído um diagnóstico dos principais problemas e uma proposta de projeto para a juventude;

- 01 oficina foi realizada com as quatro organizações estaduais e a APOINME em março de 2018, com 16 participantes, dos quais 08 homens, 08 mulheres e 04 jovens; o microprojeto Taboca do Ceará foi elaborado a fim de custear as despesas para participação da delegação do Ceará no Acampamento Terra Livre - ATL 2018, espaço de aglutinação de todos os povos indígenas do país para intercambiar lições aprendidas e consolidar o movimento.

- 01 oficina foi realizada também com as quatro organizações estaduais e a APOINME durante o mês de setembro de 2018, na aldeia São José na Terra Indígena Tremembé da Barra do Mundaú, com a participação de 15 indígenas, sendo 8 homens, 7 mulheres e 5 jovens. Nesta oficina, foi realizada uma discussão sobre a importância de se ter a visão, missão e valores da instituição federação dos Povos Indígenas do Ceará - FEPOINCE, para adentrar nas fases de elaboração do microprojeto voltado para a realização da Assembleia Estadual dos Povos (previsão de ocorrer em dezembro de 2018).

Atividade 3. Realizar visitas de intercâmbio para que as lideranças troquem experiências e conheçam a realidade de outras organizações indígenas. A Adelco participou da IX Assembleia Geral Ordinária da Apoinme que aconteceu entre os dias 12 a 14 de novembro de 2018, na aldeia Lagoa dos Tapeba em Caucaia/CE. Reuniram-se 247 indígenas credenciados, representando povos de todos os estados do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. A Assembleia teve como objetivos: a) Alterar o estatuto da Apoinme; b) Eleger novos membros da Coordenação Executiva e Conselho Fiscal; c) Executar Oficina de Formação em Controle Social sobre Orçamento e Direito à Saúde Indígena; d) Promover reuniões das mulheres e juventude indígena. Os objetivos do encontro foram alcançados e as pautas realizadas: o encontro das mulheres, a reunião da juventude, a eleição das novas coordenações e uma mesa de Análise da Conjuntura Política Indigenista. A Adelco teve cadeira na Mesa de Abertura, bem como na mesa Estratégia Política da Apoinme para os Próximos Anos. A Assembleia da Apoinme representou uma efetiva ação de intercâmbio dos indígenas cearenses com povos de outros dez estados brasileiros, na qual trocaram-se experiências em temas como política, controle social, mulheres, juventude, espiritualidades e culturas.

Atividade 4. Apoiar a criação e/ou participação em espaços de debate sobre políticas indigenistas.

1. Audiência de Reintegração de Posse sobre o caso da pedreira na Terra Indígena Pitaguary, Ocorrida no dia 11 de junho de 2018, na 34ª Vara da Justiça Federal de Maracanaú. Apoiadores e indigenistas juntos com representantes do povo Pitaguary debateram a permanência na área retomada da Pedreira e como evitar a reativação da mesma. Diante dos argumentos apresentados pela Defensoria Pública da União, o juiz federal concedeu um prazo de 20 dias para que o Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM realizasse um sobrevoo com Drone e apresentasse um mapa especificando onde está localizada a área de 3 hectares pretendidos pela pedreira. Enquanto isso, foi encaminhado que FUNAI,

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DPU, AGU, CDPDH e uma comissão formada por indígenas Pitaguary irem ao Tribunal Regional Federal (Recife) para tentar reverter a ordem de Reintegração de Posse, expedida por este.

2. Reunião com Comitê Gestor de Políticas Culturais Indígenas do Ceará, Ocorreu no mês de agosto, com a participação de 23 pessoas, entre os quais 13 eram homens, 10 mulheres e 6 jovens sobre propostas de editais específicos para apoio aos povos indígenas e apoio aos Museus Comunitários Indígenas e Pontos de Cultura. Foi informado pela SECULT que, havia R$ 500.000,00 disponíveis, que seriam divididos da seguinte forma: R$ 250.000,00 para a elaboração do Plano Setorial de Culturas Indígenas e R$ 250.000,00 para o Edital Prêmio Culturas Indígenas. Uma comissão foi formada para elaborar o edital. Foi destacado pelas lideranças que a SECULT deveria pensar numa ação maior para apoio e fomento para os povos indígenas, sendo consenso entre os presentes o encaminhamento do pedido de orçamento específico para isto ao Governo do Estado.

3. I Reunião da Comissão Interinstitucional de Educação Escolar Indígena (CIEEI) 5

Realizada no mês de agosto, com a participação de 60 pessoas, entre lideranças indígenas, técnicos das CREDE’s

6 e Organizações parceiras, sobre o concurso público diferenciado para professor indígena com lotação

na SEDUC. Encaminhamento: apenas professores/as indígenas poderão prestar o concurso; a comprovação de identidade étnica se dará em duas formas obrigatórias: primeiro, a autoidentificação; segundo, um documento assinado por uma associação e por lideranças indígenas daquele povo; os/as candidatos concorrerão a vagas por escola; a carga horária (20h ou 40h semanais) será definida pelo/a candidato/a; para concorrer à vaga de uma escola, o/a candidato deve ser da própria etnia ou ser comprovadamente integrado a ela; o concurso abrangerá todos os níveis de ensino: Infantil, Fundamental, Médio e EJA; e concorrerão apenas professores/as com nível superior.

4. II Reunião da Comissão Interinstitucional de Educação Escolar Indígena, Realizada no mês de novembro de 2018. A reunião aconteceu no mesmo período da Assembleia da Apoinme, na Terra Indígena Tapeba em Caucaia/CE, gerando ausências7. Esta II Reunião teve como objetivo definir os pontos ainda pendentes para a elaboração do edital do Concurso Público para Professores Indígenas no Ceará. O grupo definiu os pontos que faltavam para a composição do edital: Formou-se a Comissão responsável por avaliar os recursos; Encaminhou-se a elaboração da lista de lideranças que poderão assinar o certificado de identidade indígena.

5. Seminário de Pesquisa em Direitos Indígenas. Povos Indígenas na Constituição de 1988, Luta e Resistência,

Contou com 70 participantes, entre estudantes, professores, lideranças indígenas, órgãos públicos e organizações indigenistas. O Seminário foi organizado pelo CDPDH em parceria com a UNIFOR, a fim de envolver os estudantes na discussão sobre os direitos indígenas. Além disso, objetivava lembrar que o ano de 2018 marca os 30 anos da Constituição Federal em contraste com a não efetivação dos direitos previstos nela. As falas abrangeram principalmente os direitos previstos nos artigos 231 e 232, focando principalmente do direito ao usufruto exclusivo, além da Legislação Internacional e Povos Indígenas e os avanços conseguidos nas decisões dos órgãos colegiados do Sistema Global e do Sistema Interamericano. Foi ressaltado que há cerca de 100 procedimentos de demarcação em curso na Funai sem avanços há 10 anos, e cerca de 400 reivindicações ainda não analisadas, além das dificuldades para efetivar os procedimentos, tais como a propositura de diversas ações judiciais pelos posseiros suspendendo os procedimentos ou, no pior dos casos,

5 A CIEEI foi criada em 2018 pela SEDUC a partir do diálogo com professores/as e lideranças indígenas, é composta por instituições governamentais e não governamentais, estas últimas escolhidas pelos próprios indígenas 6 Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação 7 Algumas ausências expressivas foram as de Weibe Tapeba (liderança tradicional) e Ceiça Pitaguary (Fepoince), além do MPF, Unilab e UVA

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excluindo parte das terras demarcadas, a exemplo do que aconteceu na Terra Indígena Pitaguary, destacando que o Ceará é o estado mais atrasado do país em demarcação das terras.

6. FEPOINCE a) Em janeiro de 2018, a FEPOINCE realizou seu Planejamento Estratégico com o apoio da Adelco, a fim de

definir os eixos estratégicos da entidade e suas principais atividades a serem realizadas no período de dois anos. Realizado na Lagoa dos Tapeba, contou com 23 participantes, dos quais 3 era jovens e 9 eram mulheres. Na ocasião, a atividade foi realizada por uma consultora externa (Suzany Costa, do Instituto Fonte).

- Construção de uma linha do tempo da trajetória do movimento indígena - Resgate do que foi a COPICE e de como o movimento indígena chegou à criação da FEPOINCE. - A divisão do movimento indígena - A criaçao da FEPOINCE como representante de todos os povos e organizações indígenas do Estado, e a

institucionalização do movimento para concorrer a editais e buscar melhorias para os povos indígenas no Ceará.

- Definição das prioridades da FEPOINCE e da organização interna. - Definição dos eixos estratégicos da organização e as suas atividades: desenvolvimento institucional,

sustentabilidade e incidência política, sendo que comunicação/visibilidade ficou como transversal em todos os eixos.

b) Reunião do Projeto Urucum com o Movimento Indígena e FEPOINCE no mês de março de 2018 sobre os

microprojetos como apoio para o Acampamento Terra Livre Reunião aconteceu na Adelco entre a Adelco e a coordenadora da Fepoince, Ceiça Pitaguary, com Cacique Jorge Tabajara, membro da diretoria da mesma organização indígena, com Weibe Tapeba, representante do movimento indígena. Ficou acordado que seria realizada a capacitação em elaboração de projetos e prestação de contas dos recursos nos dia 16, 17 e 18 de março na sede da FEPOINCE na Monguba. Também se definiu que o projeto seria para o Acampamento Terra Livre. Também foi explicitado da necessidade de uma das organizações de ter CNPJ para a transferência do recurso, pois há a necessidade de se comprovar o gasto junto a União Europeia. Adequação do cronograma de atividades à dinâmica do movimento indígena, fortalecimento da parceria entre Adelco e movimento indígena do Ceará.

c) Em outubro de 2018 aconteceu uma reunião da FEPOINCE na Aldeia Viração em Tamboril/CE, com o

objetivo de planejar a XXIII Assembleia dos Povos Indígenas do Ceará. Participaram 22 indígenas, incluindo representantes da Apoinme, Fepoince, COJICE e OPRINCE, além de duas representantes da Adelco. Os participantes definiram detalhes operacionais para a realização da Assembleia, como transporte, hospedagem, alimentação, espaços para realização das atividades, articulação com a prefeitura local, dentre outros. Além disso, esboçaram a proposta que posteriormente foi submetida aos microprojetos previstos no Projeto Urucum.

7. Acampamento Terra Livre - ATL

Em abril de 2018, mais de 3.500 indígenas, representando mais de 305 povos, participaram, em Brasília, do Acampamento Terra Livre - ATL. Uma delegação do Ceará participou do acampamento, que tinha por objetivo pressionar o Governo Federal a demarcar as terras indígenas, assim como, a Advocacia Geral da União a revogar o parecer 001/2007, que estabelece, entre outros pontos, critérios temporais para a demarcação de terras indígenas. Do Ceará, uma delegação com mais de 50 indígenas participou do ATL através do apoio do Microprojeto Taboca do Ceará do projeto Urucum da Adelco e da cessão de um ônibus pelo Governo do Estado. - O ATL denunciou a violação dos seus direitos pelos membros dos Poderes Executivo, Legislativo e

Judiciário, pois além de não realizar demarcações, procedem a revisão e a anulação dos processos de demarcação já existentes, negando os direitos territoriais.

- Oposição à publicação da Portaria nº 001/2017 da Advocacia Geral da União, que de forma inconstitucional e contrária à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), impõe a tese do marco temporal, segundo a qual as terras indígenas só poderiam ser demarcadas se estivessem ocupados pelos povos que as reivindicam à data da promulgação da CF/88.

- Além da pauta específica da demarcação, o acampamento trouxe à tona uma série de outras violações com relação à saúde, à educação diferenciada, às mulheres indígenas, aos jovens indígenas etc, reunindo os diversos segmentos para aprofundar as discussões pertinentes e fortalecer a luta destes.

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8. 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (CNSI) – etapa Distrital.

O encontro de 3 dias aconteceu nos mês de novembro de 2018. A organização estimou cerca de 200 participantes. Além de indígenas, funcionários do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) e instituições parceiras compareceram. O objetivo foi definir as 70 propostas que devem ser levadas à Etapa nacional da CNSI. Os participantes conseguiram realizar todas as metas previstas: debateram as 102 propostas originais; selecionaram quais delas são de âmbito nacional e quais são distritais; indicaram as 70 propostas que serão levadas à Etapa Nacional da CNSI. A Adelco contribuiu participando de dois dos sete Grupos de Trabalho formados para discutir as propostas.

9. IV Assembleia dos Professores Indígenas. A reunião aconteceu no mês de novembro de 2018 na Escola Diferenciada Indígena Índios Tapeba. Seus objetivos principais foram eleger a nova diretoria da Organização dos Professores Indígenas do Estado do Ceará (OPRINCE) e receber da SECULT os informes a respeito do concurso diferenciado para professores e professoras indígenas. A nova diretoria foi eleita, contando com representantes de todos os 14 povos e tendo à frente a professora Ana Cristina Pitaguary. A Adelco participou da Assembleia contribuindo na alimentação dos participantes e na relatoria do encontro.

10. XXIII Assembleia Estadual dos Povos Indígenas do Ceará. O encontro aconteceu no mês de dezembro de 2018 na Aldeia Viração do Povo Potiguara em Tamboril/CE. Seu tema foi “Desafio e unidade na luta em favor de demarcação: garantia de futuro dos nossos povos”. Além dos 14 povos organizados no movimento indígena no Ceará, estiveram presentes representantes indígenas do Rio Grande do Norte, além do povo Karão, de Aratuba/CE, que vive um momento de emergência étnica e está se aproximando do movimento indígena estadual, também representantes da Secretaria da Educação, do Conselho Distrital de Saúde Indígena e do Distrito Sanitário Especial Indígena, e da FUNAI. - Atual situação das Terras Indígenas no Ceará - Dificuldades mais comuns para a efetivação da

demarcação de terras indígenas no Ceará - Limitações financeiras e estruturais da Funai - Conflitos com posseiros e empreendimentos - Judicialização de alguns casos - A perspectiva para os próximos anos, com um governo federal abertamente contrário à demarcação de

terras - Educação e saúde diferenciadas - Eduardo Desidério, servidor da Funai no Ceará,

sobre a atuação do órgão no estado e sobre suas limitações estruturais e financeiras.

A parte final da plenária aprovou o total de onze cartas assinadas pelo movimento indígena e dirigidas ao poder público, especialmente ao futuro governo federal. Elas apresentam o descontentamento das lideranças quanto a possível saída da Funai do Ministério da Justiça; manifestaram apoio ao povo Pitaguary em relação à perda temporária de parte de seu território na Justiça; e reafirmaram a disposição do movimento em lutar pela efetivação dos seus direitos.

Atividade 6. Publicar dossiê sobre a Violação dos Direitos Indígenas.

Concluímos a produção do dossiê no final de 2018 e a impressão do mesmo iniciou em dezembro. Ele conta com artigos da equipe da Adelco e de indígenas, além do prefácio escrito pela antropóloga indigenista Isabelle Braz, da Universidade Federal do Ceará. O livro será lançado no ano de 2019. Seu título é: Violação de direitos indígenas no Ceará: terra, educação, previdência, mulheres.

Foto: Iago Barreto Soares

Foto: Iago Barreto Soares

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Atividade 7. Promover ações de advocacy (campanhas) com o intuito de denunciar casos de violação de direitos e conflitos territoriais.

Exposição fotográfica 1 Local: Porto Iracema das Artes, sala Leonilson – Fortaleza. Exposição do 11/04 ao 11/05/2018 Objetivo da atividade: Expor fotografias realizadas durante o ano de 2018, feitas por jovens indígenas em aldeias. Meta da atividade: Divulgar o trabalho fotográfico de jovens indígenas para pessoas não-indígenas. No primeiro dia da exposição realizou-se uma abertura onde participaram Iago Barreto, curador e reponsável por esta exposição, Roberta França, da Adelco, Marciane Tapeba e João Kennedy Tapeba, além do professor e cineasta Herique Dídimo. Roberta explicou sobre como aconteceu o processo da exposição já no ano de 2017 e sobre a importância da juventude construir suas próprias imagens. Marciane e João falaram da criação do canal Ajit Caucaia e Henrique falou sobre seus trabalhos com indígenas. Texto site da Adelco com fotografias: https://goo.gl/6rvxap

Exposição fotográfica 2 A exposição “Nas Aldeias: o cotidiano sob o olhar da juventude indígena no Ceará” ficou aberta no Museu de Arte da UFC entre os dias 14 de novembro e 10 de dezembro de 2018. A mostra reuniu 90 fotografias realizadas por jovens das etnias Tapeba, Tremembé, Jenipapo Kanindé, Tabajara, Kanindé e Pitaguary. A curadoria é assinada pelo fotógrafo indigenista Iago Barreto e pela Adelco. As fotos dão visibilidade ao cotidiano dos povos indígenas no estado do Ceará, suas culturas e sua relação com a terra. A exposição “Nas aldeias: o cotidiano sob o olhar da juventude indígena no Ceará” também apresentou obras dos fotógrafos indígenas durante a Inauguração da Escola de Cinema Indígena Jenipapo-Kanindé, que foi idealizada pela Associação de Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé, e foi inaugurada em 2 de agosto, na Escola Indígena da aldeia Lagoa Encantada, em Aquiraz. Além de visibilizar talentos, a exibição faz referências ao longo processo de apropriação do audiovisual pelos jovens, percurso expandido e potencializado pela Escola de Cinema Indígena. Campanha para Fepoince O projeto apoiou a Fepoince na realização da sua primeira campanha de arrecadação de móveis e equipamentos para sua sede, que fica na aldeia Monguba, do povo Pitaguary, em Pacatuba. A Adelco e o Esplar receberam as doações de móveis e equipamentos até o mês de novembro de 2018 com o objetivo de dar uma cara mais institucional para a maior organização indígena no Ceará, além de permitir que o espaço tenha condições de receber reuniões importantes de articulação dos povos indígenas, como seminários, assembleias, palestras. Abaixo segue a peça utilizada nas redes sociais para divulgar a campanha.

Atividade 8. Promover visitas a equipamentos do sistema de justiça garantidores dos direitos das mulheres. No mês deagosto de 2018 foi realizada uma Visita das mulheres indígenas à Casa da Mulher Brasileira em Fortaleza, com a participação de 27 mulheres indígenas, com o objetivo de apresentar para o sua finalidade como centro de referência no atendimento à mulher vítima de violência doméstica e familiar, bem como debater sobre a aplicabilidade da Lei Maria da Penha nas aldeias indígenas. Na ocasião foi apresentado pela coordenadora da Casa um histórico com a evolução da luta das mulheres cearenses por direitos e contra violência, além de uma conversa com a Delegada titular da Delegacia da Mulher que propiciou um maior conhecimento do grupo sobre as políticas públicas de segurança no combate à violência contra a mulher no Estado do Ceará.

Atividade 10. Apoiar encontros da AMICE visando à construção e/ou fortalecimento de articulações políticas.

II seminário com mulheres indígenas, tema: “Violência doméstica familiar e o sistema de proteção às mulheres Aconteceu no mês de maio de 2018, no território de Monsenhor Tabosa na aldeia Marruá, organizado e realizado pelo ESPLAR. Ao todo foram 37 participantes sendo 01 representante da AMICE, 01 representante da COJICE, 03 representantes do CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) 01 representante da Secretaria

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de Assistência, 01 representante da SME (Secretaria Municipal de Educação). Das etnias participaram 30 mulheres Tabajaras, Potyguaras e Tupinambás. a) Tema: “discutindo o conceito de violência”. Objetivo: debater a violência doméstica e as práticas sofridas

por elas em seu cotidiano, seja no âmbito doméstico, no espaço público, nos demais espaços e a partir daí identificar formas de superação.

- Situação das aldeias - Como identificar casos de violência doméstica - Casos que elas conhecem e como elas compreendem o assunto - Fatores que contribuem para a violência - Indicadores da violência no Ceará e a situação das mulheres indígenas - A ausência de indicadores como elemento inibidor da reivindicação por um sistema de proteção

adequado à sua realidade - Apresentação do filme “Silêncio das Inocentes” - Apresentação e distribuição da Cartilha sobre a Lei Maria da Penha

b) Tema: “o sistema de proteção do Estado – a Lei Maria da Penha e a política pública para as mulheres.” O objetivo foi mostrar e discutir com as mulheres sobre o que existe na esfera institucional (Delegacias, Juizados, Centros de Referência) para amparar as mulheres que sofrem violência doméstica, onde estão essas instituições, como funcionam e como acessar.

c) O orçamento de 2018 do governo Federal d) Debate sobre as “estratégias e resistência à violência contra a mulher” e) Vídeo da campanha Pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico f) Avaliação do seminário

Reunião com Representações do Movimento de Mulheres Indígenas No mês de julho de 2018, ocorreu na sede do Esplar uma reunião com representações do Movimento de Mulheres Indígenas a nível estadual sobre a elaboração de um Projeto de Lei para instituir a Semana Diana Pitaguary, a ser realizada nas escolas indígenas sobre Questões de Gênero e Violência Doméstica. Além disso, foi discutida a ideia de impressão de cartazes específicos sobre a violência doméstica contra a mulher indígena, bem como uma faixa para ser utilizada pelas mulheres nas manifestações públicas. Reunião com Representantes da Amice No mês de outubro de 2018, ocorreu uma reunião com as representantes da Diretoria da AMICE sobre a organização da Assembleia das Mulheres Indígenas e a participação e apoio financeiro do Esplar. Foram definidos apoios com ônibus, confecção de camisas, além da aprovação dos cartazes sobre violência contra a mulher indígena, idealizados na reunião anterior. V Assembleia da Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará No mês novembro de 2018, ocorreu na Aldeia Lagoinha dos Potyguara, no município de Novo Oriente/Ce, a V Assembleia da Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará, com a presença de 70 mulheres. Com o objetivo de fortalecer a autonomia da AMICE e avaliar o avanço do movimento de mulheres indígenas, a assembleia debateu a atual conjuntura política do país lançando uma carta com posicionamento da Articulação. Além disso, houve a eleição da nova diretoria da AMICE.

CARTA DA V ASSEMBLEIA DAS MULHERES INDÍGENAS NO CEARÁ

Nós, 80 mulheres articuladas na Associação de Mulheres Indígenas do Ceará, dos povos Anacé, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanindé, Pitaguary, Potyguara, Tabajara, Tapeba, Tremembé e Tapuia-Kariri, reunidas em Assembléia Estadual no Município de Novo Oriente, aldeia Lagoinha dos Potiguara, entre os dias 1º e 3 de novembro de 2018, vimos respeitosamente, apresentar à União Europeia, a demanda que se segue e seus motivos:

Considerando que em junho de 2019 se encerra o Projeto Urucum, uma parceria Adelco-Esplar com esta Articulação;

Considerando que as atividades desenvolvidas com as mulheres foram fundamentais tanto para dar visibilidade pública à AMICE como para ir consolidando seu fortalecimento político diante do Estado, do Mercado e das Instituições da sociedade civil brasileira;

Considerando que ainda faz-se necessário um forte impulsionamento na articulação das mulheres no que se refere ao seu fortalecimento político, organizativo e educativo para que tenham condições de romper com o machismo e o racismo, fortemente presentes no Estado e grande responsáveis pela violência doméstica, familiar e pelo feminicídio cada vez mais presentes nas aldeias;

Considerando que o Presidente recém-eleito no Brasil vem desmontando todas as estruturas relacionadas às politicas públicas voltadas para os povos indígenas;

Considerando ainda que o Congresso brasileiro com a maioria de suas bancadas francamente contrárias aos nossos interesses, vem votando e propondo Projetos de Lei que irão impossibilitar uma educação libertadora, a demarcação das terras indígenas, a homologação de retomadas de terra e a prevenção e proteção às indígenas contra a violência;

Considerando portanto, um cenário que tende a trazer graves consequências para nossas vidas nas aldeias e de nossas famílias, vimos submeter à sua consideração, a possibilidade de um novo apoio ao Projeto Urucum, para que possamos continuar e ampliar, junto com as organizações parceiras, os passos que vimos dando, no que se refere à Formação, à Articulação, ao Intercâmbio e à Sustentabilidade de nossa Resistência.

Lagoinha dos Potiguara, 3 de novembro de 2018.

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Atividade 11. Apoiar à realização de encontros da juventude indígena. Reunião Extraordinária da COJICE. Aconteceu no mês de setembro de 2018 nas aldeias Jucás e Marruá, em Monsenhor Tabosa/CE. Participaram seis jovens que compõem a diretoria da COJICE, além de outras lideranças indígenas convidadas. Teve como objetivos: a) análise do regimento da COJICE; b) discussão da agenda de atividades já realizadas/ainda a realizar; c) diálogo sobre a responsabilidade de cada membro da comissão; d) balanço sobre as conquistas e ações positivas da organização.

Atividade 12 . Realizar reuniões de Monitoramento e Avaliação a) No mês de fevereiro a Adelco recebeu representantes das quatro organizações indígenas no Ceará para a reunião de monitoramento do Projeto Urucum. Esta é a oportunidade que o movimento indígena e a Adelco encontram para prestar contas e fazer o projeto e alinhar novas ações. Estiveram presentes, representantes do Esplar, da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (FEPOINCE), da Organização dos Professores Indígenas do Ceará (OPRINCE), da Associação das Mulheres Indígenas do Ceará (AMICE) e da Comissão da Juventude Indígena do Ceará (COJICE). Das ações discutidas neste encontro, estão: oficina de gestão e fortalecimento institucional, audiência pública sobre Violações dos Direitos Indígenas, lançamento de duas publicações e avaliação final do projeto. b) Reunião com Comitê de Monitoramento em maio de 2018 A reunião foi dividida em 03 pautas: apresentação das atividades já realizadas em 2016-2018, devolutiva do ROM e planejamento das atividades. - Apresentação das atividades já realizadas no período, assim como os resultados e o montante gasto com

as atividades planejadas. Encaminhamento das demandas - Recomendações do consultor da União Europeia (Missão ROM) - Planejamento das atividades

c) No mês de agosto de 2018, ocorreu na sede da Adelco uma reunião de Monitoramento do Projeto Urucum, com a participação de 15 pessoas, entre lideranças das organizações estaduais e membros da Adelco e do Esplar, dos quais 5 homens, 10 mulheres e 5 jovens. A reunião teve com objetivo o planejamento das atividades do semestre, a aprovação do texto do Termo de Parceria e a avaliação dos dois primeiros anos de projeto. Na ocasião, foi encaminhada ainda a realização de uma campanha de doação de móveis e equipamentos para a sede da FEPOINCE (Casa de Apoio Pitaguary), para a qual será lançado um banner nas redes sociais com o link para o site da Adelco com o texto explicando o objetivo da campanha e os locais para receber os materiais (Adelco e Esplar). - Formações - Elaboração do termo de parceria entre Adelco e as organizações indígenas - Fortalecimento institucional da FEPOINCE: proposta de realizar uma campanha para organizar a sede da

Federação; - Publicação do Diagnóstico: o mesmo deverá passar por um processo de atualização junto aos indígenas. A

proposta é que na Assembleia dos Povos seja realizada essa atualização. - Publicação do Dossiê: algumas pessoas ficaram ainda de enviar os artigos para a composição do livro. - Apoiar a articulação da Assembleia da APOINME (proposta que será justificada como intercâmbio para a

UE);

Atividade 13 . Missão ROM – Missão Results Oriented Monitoring Realizada para o projeto Fortalecendo a autonomia político-organizativa dos povos indígenas do Ceará (ou Projeto URUCUM) pelo Consultor Vincent Brackelaire no mês de março de 2018 em nome da Delegação da União Europeia em Brasília.

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A missão ROM teve como base a sede do projeto na ADELCO e na ESPLAR em Fortaleza; realizou-se reuniões com toda equipe do projeto e visitas às organizações indígenas FEPOINCE, AMICE e COJICE, esta última reunida para um evento destinado a juventude indígena em Canindé a 150 km de Fortaleza. Principais recomendações para a durabilidade da ação8: 1) a elaboração de um termo de acordo ou convênio entre Adelco e Esplar e as 4 organizações indígenas; 2) a criação de um comitê de acompanhamento do projeto, com a participação das organizações indígenas; 3) fortalecimento institucional das organizações, a partir da elaboração conjunta de relatórios e

documentos, além de buscar um apoio complementário para a consolidação de sedes das organizações; 4) apoiar a consolidação do movimento indígena através da integração - articulação das 4 organizações

indígenas; 5) trabalhar e facilitar a relação entre as 4 organizações e suas bases; 6) comunicação com foco na apropriação indígena dos produtos, a partir de publicações, cartazes, banners,

mapas e mensagens importantes nos espeços de articulação indígena, tendo sido sugerido ainda um seminário para discutir propostas de ajustes institucionais;

7) uso e publicação do diagnóstico sobre a situação das TI do Ceará e sobre o desenvolvimento institucional e organizacional como instrumento estratégico de visibilidade e de fortalecimento do movimento e de todos seus atores;

8) apoiar a articulação dos povos indígenas dentro e fora do Ceará; 9) adequação do “apoio a terceiros” as prioridades indígenas; e 10) estabelecer a diferença entre sensibilização e capacitação nas ações. - .

8 Documento ROM na íntegra disponível na sede da Adelco em Fortaleza

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IV. Prestação de Serviços de Assistência Técnica de Extensão Rural - ATER

Contratante-beneficiária: Apoio:

ASSOCIAÇÃO INDÍGENA

KANINDÉ DE ARATUBA – AIKA

ALDEIA FERNANDES – ARATUBA

CEARÁ - ZONA RURAL

ESPECIFICAÇÃO DO BEM OU SERVIÇO Prestação de serviços de assessoramento técnico e acompanhamento do projeto produtivo da organização da agricultura familiar beneficiária do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – PDRS/Projeto São José III, com fins de inclusão produtiva.

OBJETIVO Realizar serviço de assessoramento técnico e acompanhamento dos projetos produtivos, com fins de inclusão econômica da entidade representativa e dos agricultores familiares, beneficiários do Projeto São José III. Objetivos Específicos: - Prestar serviços de assessoria técnica à entidade representativa e aos agricultores familiares beneficiários - Contribuir através do assessoramento técnico e gerencial para a consolidação do empreendimento

produtivo, com fins de inclusão econômica - Contribuir para a sustentabilidade com rentabilidade, através da inclusão e adequação de novas

tecnologias, no empreendimento produtivo - Realizar capacitação técnica e gerencial à entidade representativa e aos agricultores familiares beneficiários - Inserir e/ou ampliar a participação dos agricultores nos mercados Formais, inclusive no mercado

institucional com a oferta de alimentos aos programas governamentais – PAA, PNAE e aquisições governamentais

Empreendimento: Avicultura Caipira e Oficina de Gestão de Negócios no Meio Rural com implantação do empreendimento “CASA DE OVOS”.

Contextualização Dados comprovam que o agronegócio cresce, mantém o Brasil na liderança mundial dos maiores exportadores de produtos alimentícios e sendo a referência do país na pesquisa em tecnologia de ponta. Como carro-chefe da economia brasileira, a agricultura familiar, por sua vez, avança no mercado interno e já responde, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por mais de 50% da comida que chega às mesas dos brasileiros. Tendo destaque as pequenas áreas rurais conduzidas por famílias que respondem por 70% da mão de obra no campo. Elas agrupam aproximadamente 4,4 milhões de famílias agricultoras, o que representa 84% dos estabelecimentos rurais no país, gerando 38% do valor bruto da produção agropecuária

9.

Tal formato de trabalho a agricultura familiar tem dinâmica e características distintas em comparação à agricultura não familiar. Nela, a gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda.

9 Fonte: Mapa e Emater - MG

Projeto São José III – SDA / Secretaria do Desenvolvimento

Agrário

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Os números mais recentes da agricultura familiar no Brasil10 e como ela participa dos resultados no campo. » 50% dos alimentos consumidos no país » 70% da geração de empregos » 4,4 milhões de famílias agricultoras trabalham no país » 84% dos estabelecimentos rurais » 38% do valor bruto da produção agropecuária Políticas públicas como linhas de crédito, assessoria técnica especializada, vem garantindo visibilidade e ampliando suas fronteiras em diversas frentes, tanto no que se refere à tecnologia quanto a questões educacionais, culturais, de formação e ambientais. Ainda existem as cooperativas que nasceram com o intuito de defender os trabalhadores face à precarização das relações de trabalho oriunda do modo de produção capitalista. Para que o cooperativismo se torne eficaz como sistema econômico, faz-se necessário o envolvimento dos agentes locais a fim de que se tornem protagonistas, propiciando-lhes melhoria da qualidade de vida e incremento da renda familiar, além da melhoria das condições de trabalho. Desse modo, as cooperativas agropecuárias poderão desempenhar sua função social, tendo como meta a redução da pobreza e o combate à precarização das condições de vida de seus cooperados agricultores familiares, assumindo compromisso com a promoção do desenvolvimento. Entretanto uma dificuldade ainda a ser superada é a gestão dos pequenos e médios empreendimentos. Dificuldade comum aos agricultores familiares da região Nordeste, tais como: pequeno tamanho da propriedade, risco e incerteza, capital humano com baixo nível de escolaridade, forma de domínio sobre a terra (arrendamento, parceria, direitos de propriedade), disponibilidade de trabalho, crédito, assistência técnica insuficiente. Assim, ações de fortalecimento de iniciativas na agricultura familiar como os Serviços de Assistência Técnica de Extensão Rural são pertinentes e essenciais.

Ações realizadas

1. Mobilização Esta ação se deu por meio de contato telefônico e posteriormente como grupo das 14 famílias. Onde fora apresentado cronograma e metodologia a ser trabalhada com o grupo. Período 1 0 trimestre de 2018. 2. Caracterização da cadeia produtiva priorizada Caracterização da cadeia produtiva priorizada: tal prática teve de ser realizada em 02 momentos distintos nos quais apresentamos um modelo para cadeia de ovos caipiras ,tentando fazer um alinhamento com a produção real momentânea e onde se pretende chegar. Período 1 0 trimestre de 2018.

3. Construção Coletiva do Plano de Trabalho – PT Este produto foi oriundo dos matérias sistematizados nas atividades de mobilização e caracterização da cadeia produtiva . Período 1

0 trimestre de 2018.

4. Assessoramento Técnico Coletivo

junho 2018: Foram realizadas varias formações para o fortalecimento do grupo e ampliação dos saberes uma primeira formação em valorização dos quintais produtivos, local mais próximo da casa de domínio das mulheres de onde saem as frutas, verduras, hortaliças e pequenos animais. Tal feito se deu em. No 2 0 trimestre de 2018 Foi realizada uma oficina de Manejo Sanitário Básico para Aves, onde se pode identificar as principais fragilidades para a saúde dos animais e aumento do plantel. Concomitante as formações mensalmente as 14 famílias recebiam, visitas as suas unidades de produção familiar UPF , estas visitas aconteceram a o longo de toda a assessoria contabilizando 10 visitas por participante (Período de execução 10 meses). Ainda quanto ao manejo sanitário, fora elaborada ficha de controle sanitário e produtivo.

- Oficina: “AVICULTURA BÁSICA” O curso de Criação de Aves no estilo Caipira, foi idealizado frente a necessidade de ofertar ações práticas para a realização da atividade de maneira mais direcionada e objetiva, respondendo à demanda da AIKA - Associação

10 Fonte: Mapa e Emater-MG

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dos Kanindé de Aratuba. Para esta atividade, a ADELCO procurou o SENAR, com o qual firmou parceria para a sua realização. Realização: 17 a 20 de outubro de 2018, na comunidade de Balança. Instrutor do SENAR: Antônio Fernandes, com assessoria da ADELCO.

Participantes da Formação. Balança Aratuba. Outubro de 2018.Foto: ADELCO

Dia 1: a importância do aviário, materiais para confecção, localização em sentido leste/oeste, características gerais (cumeeira, dimensionamento, materiais mais apropriados e material existente in loco), modelos de piquetes, questões de rotatividade, super pastejo, cálculo de área para o plantel a ser trabalhado, sombreamento dos piquetes, espécies de gramíneas exóticas e nativas que comporão parte da dieta alimentar destes animais. Houve importante troca de conhecimentos entre os participantes.

Dia 2: CASA DE OVOS. Visita do equipamento – estrutura. Relevância do sombreamento na estrutura e das práticas de arborização. A utilização de espécies arbóreas corretas sendo fundamental para o sucesso do sombreamento, assim como para compor o quadro de alimentos verdes fornecidos aos animais. Usos de equipamentos como: luvas, macacões, pedilúvio, destinação correta das camas de frango entre outros.

Figura 1Visita técnica a Casa de Ovo .Balança Aratuba. Outubro 2018. Fonte ADELCO

Equipamentos e a necessária adoção de ações de higienização e utilização correta destes: tipos de bebedouro e comedouro, as respectivas aturas para cada estágio, a qualidade e temperatura da água, a necessidade do uso de círculos de proteção, forramento do círculo, a utilização adequada das fontes de calor, os sinais de alta ou baixa temperatura, o tempo necessários para que os pintinhos fiquem no círculo. As vassouras de fogo, balanças, caixas, pulverizador e carrinho de mão. Sugestão de confecção de ninheira. Dia 3: aquisição de animais Aquisição de animais para o plantel, raças nativas e exóticas, suas aptidões e a necessidade de preservação das raças animais crioulas. Raças de postura, os estágios de desenvolvimento, os tipos de ração, as quantidades de ração balanceada, ração verde, pico de postura, descarte e calendário de vacinação. As diferentes doenças aviárias e principais fontes de contaminação. Quanto ao manejo reprodutivo, que ainda é uma questão a ser melhorada pelos participantes, aproveitamos o ensejo para construirmos uma chocadeira artesanal, que servirá como modelo a ser replicado para os quintais.

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Dia 4: resgates e aprofundamentos Práticas de vacinação, elaboração de rações alternativas, construção de chocadeira e ninheira.

Figura 2Chocadeira alternativa pronta para uso. Término da formação.

- Oficina: “GESTÃO DE NEGÓCIOS VOLTADOS A AGRICULTURA FAMILIAR” A Oficina aconteceu em dezembro 2018 na Aldeia Balança em Aratuba -CE. Elaboração de ficha zootécnica voltada a atividade avícola (dificuldade em obter respostas e então na avaliação e monitoramento desta prática de criação). Dia 1: temas abordados: 1. A agricultura familiar no Brasil e no Nordeste 2. Entendendo os fatores que afetam um empreendimento rural - Fatores internos (da porteira para dentro) 3. Planejamento – Organização - Controle

Conteúdo: - Conceitos de agronegócio x agricultura familiar x agricultura familiar de subsistência. - Como sair de uma condição de produção para o auto consumo e voltarmos minimamente para uma

produção que gere além de alimentos uma renda - O trabalho cooperado.. - Fatores/motivos que podem trazer sucesso ou insucesso ao negócio agrícola:

• Financeiros: Administração dos recursos financeiros, controle de contas e resultados, de onde vêm e para onde vão os recursos, previsão de entradas e saídas de recursos, disponibilidade de recursos.

• Administrativos; Estrutura organizacional, processo de tomada de decisões, comunicação, sistema de informações, planejamento e controle, técnicas empregadas.

• Humanos: Administração e admissão de pessoal, quadro de pessoal, remuneração e motivação, qualificação.

• Físicos Tipo e tamanho da área, estado e quantidade de benfeitorias e equipamentos, necessidade de insumos.

• De mercado Localização, distância dos centros consumidores, informações de mercado, armazenagem e beneficiamento, nome e marca, divulgação.

- Pontos Fortes e Pontos Fracos ( fertilidade de solo, topografia, comercialização, água, energia, telefone, equipamentos, capital para investimento, custos de produção, motivação, etc.).

Dia 2: resgate das atividades trabalhadas no dia anterior e planejamento e planejamento estratégico. - O rumo da “empresa” (objetivos e metas), decisões orientadas para o futuro, ameaças e oportunidades

do ambiente, os pontos fortes e fracos da empresa e suas capacitações estratégicas. - Organização, a função administrativa responsável por agrupar e estruturar os recursos humanos e

materiais da empresa rural, controle de gestão, este é determinado de acordo com as explorações da empresa. Na maioria das vezes, é utilizado o ano agrícola, inventário da propriedade rural.

- Exercício prático de planejamento

5. Realização de eventos coletivos Participação em Intercâmbio RIS - Rede de Intercâmbio de Sementes no município de Morrinhos, região Norte do estado.

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6. Avaliação intermediária A avaliação intermediária se deu em julho de 2018, onde fora aplicado planilha financeira (planilha SDA -Secretaria de Desenvolvimento Agrário), tendo como resposta um saldo positivo de 7,15% de aumento da produtividade quando comparado ao anterior.

7. Avaliação final (previsão para fevereiro de 2019)

8. Atividades adicionais Em janeiro de 2018 ocorreu um intercâmbio com uma cooperativa familiar: visita da cooperativa COOPERFAM (Cooperativa Agroecológica da Agricultura Familiar do Caminho de Assis) e de um produtor de galinhas caipiras da região de Massapê em Maranguape que também é cooperado com a COOPERFAM quanto a produção de acerola. A COOPERFAM é destaque no estado por atender a diversos municípios da região metropolitana de Fortaleza com frutas e hortaliças (25 produtos) para programas governamentais como PNAE e PAA, também produz polpas de frutas que exporta para outros estados. Atualmente a COOPERFAM que surgiu em 2010, conta com cerca de 230 cooperados. Com sede em Maranguape, a Cooperfam oferece produtos e serviços ligados a hortifrutigranjeiros e polpa de frutas.

Na avaliação da atividade, tiveram destaques : a) Acreditar na possibilidade de uma cooperativa, b) As mulheres e os jovens ocupam lugar de destaque dentro das atividades, podendo ser protagonistas do empreendimento que vão iniciar, c) o espírito de empreendedorismo e a esperança que os trabalhos campesinos podem vir a ser uma fonte constante de renda e emprego. Atividades como intercâmbios, dias de campo e formações práticas são essenciais para estimular a valorização da agricultura familiar e inserção de jovens e mulheres nestes espaços.

9. Visitas técnicas

Visita do produtor de galinhas caipiras, senhor Hélio, na comunidade de Massapê distante 40 km do centro de Maranguape. Principais atividades: a produção de aves caipiras para corte e a fruticultura. Após a compra de um lote de 50 pintos, há 02 anos, atualmente seu plantel consta de 200 aves em 02 estágios que vivem em sistema semi-intensivo, sendo fornecido massa verde e frutas do próprio quintal, além de rações balanceadas. O preço de cada animal vivo custa em torno de R$ 35,00 a ave viva na porta de casa, já abatida o valor sobe para R$ 40,00. Em média os animais são abatidos com 130 dias. Além da otimização dos espaços, se nota total adoção de manejos alimentares e sanitários o que diminui significativamente a perda de animais.

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V. Comunicação & Visibilidade A assessoria de comunicação da ADELCO tem o papel de facilitar o relacionamento entre a instituição e os diversos públicos (sociedade em geral, possíveis voluntários, imprensa, etc) por meio da divulgação dos acontecimentos e no atendimento as demandas de informação sobre a instituição. Seu objetivo é também construir estratégias de mobilização e sensibilização junto a esses diversos públicos que a organização trabalha.

No ano de 2018 destaca-se a produção dos seguintes materiais: - Publicação Violações de Direitos Indígenas no Ceará: https://bit.ly/2Wa1oSo

- Folder Adelco

- Nova logomarca da entidade:

- Novo layout do site www.adelco.org.br:

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- Centro de Documentação Indígena: http://adelco.org.br/centro-documentacao/

- Nova papelaria: papel timbrado (como este usado neste documento) e cartões de visita: Mídias:

Abril 2018

- Adelco participa de Encontro das Organizações Sociais apoiadas pela Fundação Interamericana http://adelco.org.br/noticias/adelco-participa-de-encontro-das-organizacoes-sociais/

Maio 2018

- Adelco participa de encontro sobre estratégias socioambientais e políticas para os Biomas https://www.facebook.com/notes/adelco/adelco-participa-de-encontro-sobre-estrat%C3%A9gias-socioambientais-e-pol%C3%ADticas-para-/2132694073437699/

Junho 2018

- Organizações Indígenas e Adelco criam Comitê de acompanhamento

http://adelco.org.br/geral/organizacoes-indigenas-e-adelco-criam-comite-de-monitoramento-e-acompanhamento-do-projeto/

- Técnica da Fundação Interamericana visita o Povo Tremembé de Almofala

http://adelco.org.br/geral/tecnica-da-fundacao-interamericana-visita-o-povo-tremembe-de-almofala/

Julho 2018

- Artigo sobre educação indígena é publicado em seminário nacional

http://adelco.org.br/geral/artigo-sobre-educacao-indigena-e-publicado-em-seminario-nacional/ - Povo Pitaguary realiza mais uma Festa do Milho

http://adelco.org.br/geral/povo-pitaguary-realiza-mais-uma-festa-do-milho/

Agosto 2018

- Artigo: Os inimigos dos povos indígenas não ficaram no passado colonial

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“Celebra-se em 09 de agosto o Dia Internacional dos Povos Indígenas, instituído pela ONU em 1994. Existem, no Ceará, 14 povos articulados no movimento indígena, morando em mais de 100 aldeias, situadas em pelo menos 26 municípios. Os direitos das populações tradicionais continuam violados. São diversos os empreendimentos, fazendas, pedreiras, dentre outros, que invadem as terras tradicionalmente ocupadas e trazem grande risco aos indígenas. A data especial é um momento de reflexão sobre os direitos indígenas: em que medida eles são postos em prática? São suficientes? Procuramos responder a isso a partir das experiências de trabalho e pesquisa na Adelco, que podem ser consultadas no site da instituição: adelco.org.br. Legislações brasileiras e internacionais asseguram direitos em áreas como: educação, seguridade social, cultura, meio ambiente e território. A relação dos indígenas com a terra é tanto material quanto espiritual. É nas terras que os povos se fortalecem física e culturalmente, e é nelas que as demais garantias se efetivam. O direito à terra é primordial. O cumprimento de muitos direitos ainda está distante. Há 24 Terras Indígenas que não completaram o processo de demarcação. Todas já extrapolaram o prazo de cinco anos para isso, determinado pela Constituição. Algumas aguardam há décadas. Outro exemplo é a educação diferenciada indígena, que não conta com o apoio suficiente do poder público em relação a materiais didáticos específicos, concursos diferenciados para professores/as indígenas e maior autonomia curricular das escolas. A segurança em Terras Indígenas é um grande problema. Enquanto bem da União, deveriam ser protegidas pela Polícia Federal, que por sua vez não faz policiamento ostensivo. Como consequência, ficam vulneráveis a ações criminosas, um risco a todos. O direito previdenciário é insuficiente. O modo de vida e as técnicas de trabalho indígenas são desconsiderados pelo INSS, seja nas entrevistas ou nas condições impostas para o segurado especial. São necessárias leis que tratem da condição de segurado indígena. A efetivação e ampliação dos direitos indígenas não é interesse apenas desses povos. A busca pela justiça social para todas as esferas da população é objetivo de quem almeja uma sociedade mais digna. As conquistas de cada grupo social também são vitória de todos.”

Artigo de: Artur Alves – Sociólogo e técnico da Adelco

Setembro 2018

- Nota de Solidariedade

http://adelco.org.br/geral/nota-de-solidariedade/ - VIII Jogos dos Povos Indígenas do Ceará iniciam nesta quinta, 20

http://adelco.org.br/geral/viii-jogos-dos-povos-indigenas-do-ceara-iniciam-nesta-quinta-20/

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I. Balanço financeiro O ano de 2018 foi marcado financeiramente por uma diminuição dos recursos e um maior investimento no projeto Urucum apoiado pela União Europeia. Manteve-se o projeto Marracas apoiado pela IAF – Fundação Interamericana, e um micro projeto ATER (São José/SDA – Secretaria de Desenvolvimento Agrário). A seguir gráfico de despesas por financiador/ano 2016 e 2017.

Montantes dos convênios no período11:

1. Maracas: Saneamento ecológico e Turismo solidário indígena Duração: 36 meses. Início: 22/09/2015. Convênio de doação BR-895: IAF Montante total do convênio: U$ 293.600,00 (dólares)

2. Prestação de serviços de Assistência Técnica de Extensão Rural - ATER

Duração: 365 dias. Início : 05/01/2018. Contrato com fundamento o Shopping n°02/2017 Contratante: Associação Indígena Kanindé de Aratuba - AIKA Projeto PDRS/São José III/Termo de fomento DAS n°25/2017 Montante total do contrato: R$ 33.730,00 (desembolsos por produtos)

3. URUCUM - Fortalecendo a autonomia político-organizativa dos povos indígenas

Duração: 36 meses Convênio: Delegação da União Europeia no Brasil - Referência: EuropeAid/150064/L/ACT/BR Montante total do convênio € 564.254,00 (Euros)

11 Os períodos considerados correspondem à duração total do projeto assim como o montante total do mesmo para o período completo.

Fundos Próprios 5%

União Européia 63%

IAF 30%

Projeto SJ/Aika/Ater

2%

Despesas 2018

R$. 726.096,00

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II. Desenvolvimento Institucional

1. Parcerias

Ao longo dos anos, a ADELCO firmou e consolidou diversas parcerias. Muitas delas foram articuladas em apoio às ações dos projetos. No ano de 2018 as parcerias mais importantes foram as seguintes:

- Universidade Federal do Ceará (UFC) / GEPE - Organização dos Professores Indígenas do Ceará - Oprince - Associação das Mulheres Indígenas do Ceará - Amice - Federação dos Povos Indígenas do ceará - FEPOINCE - Comissão da Juventude Indígena do Ceará - Cojice - Articulação dos Jovens Indígenas Tapeba – Ajit - Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espíritu Santo - Apoinme - União Europeia - Delegação da União Europeia em Brasília - Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria - Fundação Inter-Americana - IAF - Fundação Nacional do Índio - Funai - Casa Civil – Governo estadual do Ceará - Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos – CDPDH - Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN - Associação das Comunidades dos Índios Tapeba - Acita - Associação das Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé - Associação Indígena Kanindé de Aratuba - Aika - Conselho Indígena Tremembé de Almofala - Cita - Instituto Agropolos do Ceará - Secretaria de Desenvolvimento Agrário - SDA - Embaixada da França

2. Representação Institucional Em 2018, a Adelco teve representação institucional em dois espaços: Comitê Gestor de Políticas Culturais Indígenas no Ceará e a Comissão interinstitucional de Educação Escolar Indígena. Em ambos, está contribuindo com a elaboração e formulação de políticas públicas para os segmentos de cultura e educação, em especial, nas discussões para a elaboração de editais de políticas culturais e do concurso público para professor indígena. No final de 2018, tomou posse como suplente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial. Também acompanhamos a iniciativa de organização de um Comitê de Segurança Pública para discutir a questão da violência nos Pitaguary e em outras comunidades indígenas.

3. Planejamento Estratégico

Planejamento Estratégico ADELCO Ano de 2018 I- Visibilidade

Estratégia Comunicação Realizar eventos (Agenda política do mov. Indígena - Seminário pré-assembléia - Seminário Jovens - Debate AL) Atualizar o site Com link publicações e Versão para celular/mobile Banco de imagem: Organograma Em processo de reorganização Escrever artigos e notas de opinião Adelco Sistematizar dados e produzir folders pontualmente por evento específico Divulgar ações dos projetos de forma sistémica

Page 35: Relatório Anual 2018adelco.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Relatório...microcrédito habitacional, implantou o Fundo Emergencial para reforma e construção de casas populares

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Sistematizar dados e produzir folders pontualmente por evento específico Divulgar as pautas indígenas (Facebook e a campanha do Abril Indígena – jornal impresso, artigo, notas, fotos, vídeo, rádios.) Produzir folders institucionais Painel de sinalização na ADELCO sobre os parceiros

Participação e representação política Comissão da SECULT: Continuidade da participação da ADELCO em 2018 CERQUICE / Quilombos: Avaliar a possibilidade de participar enquanto ADELCO Espaços Indígenas (AMICE, FEPOINCE, COJICE, OPRINCE: Continuar apoiando em 2018 no fortalecimento institucional 2018 através do projeto URUCUM

Articulação Com Povos Indígenas e Quilombolas: Organização de um evento/intercâmbio em maio 2018

II- Formação interna Oficinas Em 2018, realizamos um debate com o tema Desenvolvimento com assessoras externas.

III- Captação de recursos elaboração de projetos Monitorar os editais existentes Elaborar um roteiro de pré-análise Criar uma lista de pré-requisitos Com a mudança estrutural na Adelco teremos maior dedicação à captação de recursos (financeiros, humanos, etc.) e à representação política/institucional: ampliação e melhoria das duas áreas visando a sustentabilidade institucional. Prestação de serviços: Monitorar organismos como Agropolo, Embrapa, Diário Oficial do Estado Atualizar a lista Fontes Financiamento: Incluir novas fontes de financiamento Concorrer a editais em formato de parceria com Universidades: Continuar, aprofundar relação com o GEPE (UFC). Sondar outras universidades Resgatar os projetos já elaborados

IV- Monitoramento Acompanhamento sistemático do Plano Estratégico, sistemática de relatórios de atividades campo, de participação em eventos, de reuniões de projetos e/ou equipe

4. Gestão institucional Composição da equipe ADELCO 2018:

Profissional Função Área/projeto

01 Patrick Oliveira Coordenação Geral ADELCO

02 Sandra Araújo Oliveira Coordenação Administrativa/Financeira institucional ADELCO

03 Marciano de Gois Moreira Coordenação de Projetos Saneamento ambiental

04 Adelle Azevedo Ferreira Coordenação Executiva ADELCO

05 Maria de Lourdes Vieira Ferreira Coordenação de projetos Urucum 06 Ronaldo de Queiroz Lima Coordenação de projetos Urucum

07 Artur Alves de Vasconcelos Técnico de apoio aos projetos Urucum

08 Roberta Cavalcante de França Assessoria de comunicação estratégica ADELCO

09 Mirlânia Lima Bezerra Coordenação financeira de projeto Urucum

10 Clarice Rodrigues de Albuquerque Colaboradora ATER

11 Geny Marques da Silva Apoio administrativo ADELCO