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A responsabilidade social das empresas é fator determinante na preservação ambiental Relatório Anual 2006 Relatório Anual 2006

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  • A responsabilidade social das empresas é fator determinante na preservação ambiental

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  • Saiba como a Petros, Petrobras, Brasil Ecodiesel, Perdigão e Randon trabalham para um amanhã melhor

  • � Relatório Anual 2006

    Até 30% das espécies de plantas e animais da Terra estão ameaçadas de extinção em virtude da elevação das temperatu-ras médias globais. Ameaça que também

    trará como conseqüências o aumento do nível do mar e o degelo dos pólos. Falta de água potável aba-lará a saúde humana e prejudicará o desempenho das indústrias. Este quadro caótico não é ficção. São as pre-visões descritas no novo relatório da ONU sobre mu-danças climáticas, divulgado pelo IPCC – Painel Inter-governamental de Mudanças Climáticas -, apresentado recentemente, em Bruxelas, na Bélgica.

    Desde os anos 50, a Terra sofreu um aquecimento de 0,6 ºC. A previsão do Painel Intergovernamental é de que a temperatura possa aumentar até 5,8 ºC em �100, variação considerada normal em um período de 1.000 anos. Em termos práticos, significa afirmar que, em

    menos de um século, muitas cidades costeiras poderão sofrer alagamentos severos, que causariam enormes danos materiais e financeiros ou mesmo impossibili-tariam a presença humana nesses locais. Novas tem-pestades tropicais, furacões e outros desastres naturais viriam ainda mais fortes do que no passado.

    Além do aquecimento global, o efeito estufa traz conseqüências para a saúde da população: em decor-rência do aumento da temperatura, as taxas de mor-talidade de crianças e idosos se elevarão. Em termos econômicos, as altas temperaturas resultarão na dimi-nuição da disponibilidade de água potável e em prejuí-zos para a agricultura.

    Diante deste cenário, percebemos que as mudanças do clima global são um dos mais urgentes desafios en-frentados pelos governos, sociedade e empresas. Esses

    Aquecimento global: quadro alarmante pode ser revertido

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  • 3Relatório Anual 2006

    Aquelas organizações que utilizarem tecnologias ‘limpas’ em suas atividades terão cada vez mais oportunidades de negócios no seu segmento

    desafios não se restringem apenas às questões ambien-tais relacionadas à quantidade de dióxido de carbono

    jogado na atmosfera diariamente. O problema vai além.

    O desafio se estende para questões sociais e econômi-cas, uma vez que a intensificação do efeito estufa não é simplesmente um problema ambiental, mas sim uma questão de sustentabilidade, ou seja, de como criar, hoje, as condições de sobrevivência do amanhã.

    O impacto ambiental criado pelo efeito estufa desequi-libra a composição atmosférica e provoca uma crescen-te elevação da concentração de certos gases que têm capacidade de absorver calor, exemplo do metanol, do Cloro-Flúor-Carbono (CFC), mas, principalmente do di-óxido de carbono (CO�) que é jogado no ar.

    Os desafios ambientais, econômicos e sociais impos-tos pelas mudanças climáticas devem ser enfrentados,

    sobretudo, pelas empresas. Para as organizações, esses desafios podem representar riscos ou oportunidades

    de negócios. Estratégias de “governança climática”, que

    minimizem os riscos e maximizem as oportunidades

    irão diferenciar as empresas perante os consumidores, investidores, governo e sociedade em geral. Aquelas organizações que utilizarem tecnologias “limpas” em suas atividades terão cada vez mais oportunidades de

    negócios no seu segmento. Aquelas que não adotarem

    uma postura rigorosa em relação à legislação ambiental

    verão seus negócios sucumbirem.

    Governos, empresas e sociedade civil têm acordado para a urgente necessidade de se reverter este quadro

    alarmante. Ainda há tempo de conter os avanços deste

    cenário. Requer consci entização, investimento e, so-

    bretudo, vontade de mudar.

  • Sumário6 Apresentação

    9 Petros: compromisso com um futuro melhor

    10 Investimento aliado à preservação ambiental

    12 Petrobras: sintonia com o social e o ambiental

    14 Wilson Santarosa

    16 Ricardo Azevedo

    18 Luís Fernando Nery

    20Brasil Ecodiesel: combustível social abastece agricultura familiar

    21 Nelson José Côrtes da Silveira

    23 Grupo Randon: crescer junto e preservar a vida

    24 David Abramo Randon

    26 Perdigão: crescimento e sustentabilidade

    27 Ricardo Menezes

  • Relatório Anual 2006 Petros

    PolíticA dE invEstimEntos 30

    A PEtRos no mERcAdo 35

    REsUltAdos dA PEtRos

    INVESTIMENTOS: EVOLUÇÃO E RENTABILIDADE 37

    GESTÃO DE PLANOS DE PREVIDÊNCIA 37

    PARTICIPANTES POR PATROCINADORA 38

    BENEFÍCIOS CONCEDIDOS 40

    EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA 42

    dEmonstRAtivo dE invEstimEntos 43

    dEmonstRAÇÕEs contÁBEis

    BALANÇO PATRIMONIAL 61

    DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 62

    DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS FINANCEIROS 62

    NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 64

    PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES 80

    AltERAÇÃo dE REGUlAmEntos dE PlAnos 81

    PAREcER AtUARiAl soBRE os BAlAnÇos 82

    dEmonstRAÇÃo PAtRimoniAl E dE REsUltAdos 131

  • 6 Relatório Anual 2006

    conquistando reconhecimento mundial e colecionando respeitáveis resultados.

    Na mesma proporção de comprometimento com o meio ambiente, a Petros projeta seu crescimento no respeito às leis de preservação ambiental e tem levado essa cul-tura de forma irrestrita às suas decisões de investimen-tos, empregados e fornecedores. A Fundação acredita que sua responsabilidade de gerir os recursos e garantir o benefício contratado junto aos seus participantes e assistidos é mais eficaz ao estimular as boas práticas de governança e responsabilidade socioambiental nas empresas nas quais se propõe a investir.

    Com esta visão, a Petros definiu, em �003, critérios ri-gorosos de seleção de investimentos e, recentemente, aderiu ao PRI – Princípios para Investimento Respon-sável - uma ação da UNEP FI - Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pelo Pacto Global.

    Fundamentada nesses pré-requisitos, a Petros passou a investir em empresas que somam à sua produtividade e rentabilidade, práticas consistentes de preservação ambiental. Perdigão, Brasil Ecodiesel e Grupo Randon fazem parte da carteira de investimentos da entida-de que atendem a essas exigências. São exemplos de

    este documento, onde prestamos conta aos nossos participantes sobre os números conquistados em �006, abordamos o tema do momento: a sobrevivência do planeta.

    A preservação do meio ambiente é uma responsabili-dade social, um meio que transforma e constrói uma sociedade sustentável e comprometida do ponto de vis-ta ambiental. A afirmação ilustra bem as diretrizes que regem os princípios adotados pela Petros - Fundação Petrobras de Seguridade Social - que pauta seus negó-cios no respeito às premissas inseridas no conceito de responsabilidade ambiental.

    É percorrendo um caminho de sustentabilidade, que sua principal patrocinadora, a Petrobras, aplica em todas as esferas de sua gestão a preocupação simultânea com crescimento econômico e segurança socioambiental. Portanto, a Petrobras é regida pelo princípio: na dúvida, pare! Felizmente, esta orientação, que exige uma parada a cada possível contratempo, não se aplica aos desafios que a Petrobras tem enfrentado. Pelo contrário! Seu ritmo é cada vez mais acelerado. Além dos resultados alcançados, que, de acordo com a consultoria espanho-la Management & Excellence a coloca no ranking da segunda empresa mais sustentável do mundo no setor de petróleo, vem expandindo seu âmbito de atuação,

    Apresentação

    N

    Não importa se teremos tempo suficiente para ver mudadas as coisas e as pessoas pelas quais lutamos, mas sim que façamos a nossa parte de modo que tudo se transforme a seu tempo

    autor desconhecido

  • �Relatório Anual 2006

    aplicações que trazem resultados positivos não apenas para a rentabilidade do patrimônio dos participantes e assistidos, mas, em uma escala bem maior, dividendos para a preservação do meio ambiente.

    Com apoio direto da Petros, essas empresas apresen-tam iniciativas que merecem ser divulgadas. A Brasil Ecodiesel, produtora de biodiesel, construiu a Fazenda Santa Clara, no Piauí, modelo de produtividade base-ada em agricultura familiar. A Perdigão, por sua vez, criou um Instituto de Sustentabilidade, com projetos atuantes na preservação do meio ambiente e na pro-moção do bem-estar das comunidades envolvidas com seu processo produtivo. O Grupo Randon, formado por oito empresas das áreas de implementos rodoviários, ferroviários e veículos especiais, de autopeças, siste-mas automotivos e de serviços, também faz a sua par-te ao desenvolver novas tecnologias para redução do impacto ambiental em sua produção e criar o Instituto Elizabetha Randon, que congrega ações sociais junto à comunidade e práticas de educação ambiental.

    É evidente que o investimento na preservação ambien-tal já é percebido como fator fundamental para a so-brevivência das empresas a médio e longo prazo. Por conseqüência, pode ser avaliada como essencial para a competitividade das organizações. Também não se-ria exagero afirmar que uma “boa imagem verde” traz grandes benefícios para as instituições. Porém, se a te-oria e a prática caminhassem sempre juntas, todas as empresas teriam esta como uma de suas principais pre-ocupações, o que não corresponde à realidade de todas as organizações. No entanto, graças à cultura empresa-rial implantada na Petrobras, bem como na Petros, estes princípios já fazem parte das diretrizes corporativas e da rotina dos empregados.

    A Petrobras tem inúmeras iniciativas que merecem des-taque, entre elas, o Projeto Piatam, na Amazônia, único

    no mundo que avalia a redução de potenciais impactos e riscos da indústria do petróleo e gás na região e que conta atualmente com a participação de 600 pesquisa-dores e com o apoio de diversas universidades federais.

    A Petros, por sua vez, segue junto no ranking de pro-jetos desenvolvidos. Na Fundação, o destaque é o CDP - Carbon Disclosure Project -, um projeto mundial de responsabilidade socioambiental. O principal objetivo desta iniciativa é atrair investidores institucionais para empresas comprometidas com a redução da emissão de gases que contribuem para o aquecimento global.

    O projeto tem publicado anualmente um documento em nível mundial com as 500 maiores empresas do mundo, inclusive do Brasil. Em �005, o País ganhou uma pu-blicação nacional, onde as 50 maiores empresas foram solicitadas a responder questionário. O documento tem como patronos a Abrapp - Associação Brasileira das En-tidades Fechadas de Previdência Complementar e fun-dos de pensão, dentre os quais a Petros.

    A Petros também estimulou as empresas a responde-rem ao questionário que deu origem à etapa brasileira do relatório e incentivou o compromisso do mundo corporativo com a proteção da natureza e o cresci-mento sustentado.

    Por sua própria natureza, uma entidade de previdência deve pensar a longo prazo. Entendemos que a preserva-ção do meio ambiente é fundamental para proporcionar um futuro tranqüilo e saudável para todos.

    Cremos que a Petros está fazendo a sua parte. Os nú-meros e resultados que vocês acompanharão neste Re-latório comprovam que cuidar do meio ambiente não é apenas uma questão de imagem empresarial, mas também de responsabilidade e comprometimento com o futuro das nossas gerações.

    Diretoria Executiva

  • 8 Relatório Anual 2006

  • �Relatório Anual 2006

    encorajar empresas e investidores a trabalharem para reverter as previsões sombrias a respeito da emissão de carbonos na atmosfera, fazendo disso uma questão fundamental em seus negócios.

    O CDP visa a informar os investidores sobre riscos e oportunidades gerados pelas mudanças climáticas e informar a administração em relação às sérias preocu-pações de seus acionistas, ante o impacto da questão no valor da empresa.

    De forma direta – através do PRI e do CDP, ou de forma indireta – ao investir em empresas preocupadas com o meio ambiente, como Petrobras, Perdigão, Brasil Ecodie-sel e Randon, a Petros participa e vem ampliando a sua atuação em projetos que, de alguma forma, possam ga-rantir o bem-estar da população brasileira e mundial.

    A Petros sabe que, diante da sua posição no mercado de previdência complementar e da sua capacidade de investimento, mais do que poder, tem o dever de ze-lar e dar o exemplo ao adotar e incentivar ações que sejam socialmente responsáveis, associadas, evidente-mente, a rentabilidade.

    A excelência na assistência aos seus participantes e assistidos é o que move a entidade. O cuidado com um Brasil e um mundo melhor cresce a cada dia. Somadas as preocupações, a Petros segue em frente criando e adotando as melhores práticas para um futuro susten-tado, para um futuro melhor!

    Petros acredita que a preservação do ecos-sistema depende de todos: governo, educa-dores, empresas, organizações não-gover-namentais (ONGs) e da sociedade civil.

    A Fundação tem trabalhado e se esforçado para garantir um futuro “mais limpo”, seguro e tranqüilo, não apenas para seus participantes e assistidos, mas também para toda a sociedade.

    Várias iniciativas comprovam essa preocupação. A entidade foi a pioneira em incluir em sua Política de Investimentos critérios de seleção de empresas com res-ponsabilidade social e ambiental. Diante de sua impor-tância, estes requisitos foram incorporados pela ABRAPP – Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previ-dência Complementar, a fim de serem disseminados para outras fundações. Recentemente, 15 fundos de pensão, liderados pela Previ (Banco do Brasil), aderiram ao PRI – Princípios para Investimento Responsável, um marco decisivo para assegurar as práticas de governança cor-porativa e a preocupação com a preservação ambiental, de forma definitiva. Esta iniciativa conta com a liderança mundial da ONU.

    Mas este foi só o começo. O rigor em suas aplicações já faz parte da rotina da Petros, que agora busca novas alternativas para contribuir para um desenvolvimento sustentado. Com este propósito, a Fundação teve par-ticipação significativa no relatório brasileiro do CDP – Carbon Disclosure Project, cujo objetivo central é

    A

    Petros Compromisso com um futuro melhor

  • 10 Relatório Anual 2006

    responsabilidade socioambiental passou a ser uma das prioridades de gestão da Petros a partir de �003, tendo como marco inicial a implantação dos critérios de res-

    ponsabilidade social e ambiental na seleção dos inves-timentos da entidade bem como a publicação anual do Balanço Social.

    A Fundação sediou a primeira reunião com a finalida-de de se discutir a responsabilidade social nos investi-mentos. Neste encontro foi discutida a importância da construção de princípios de investimentos que somas-sem aos aspectos técnicos e à rentabilidade exigida a preocupação social e ambiental. Em seguida, a ABRAPP – Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Pre-vidência Complementar, tomou a iniciativa de difundir os princípios de investimento responsável.

    Paralelamente, a partir de um grupo multidisciplinar formado por �0 profissionais da Petros, a entidade criou, com a aprovação da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo, a Política Interna de Respon-sabilidade Social que envolve a relação da Instituição com seus trabalhadores, fornecedores, participantes, patrocinadoras e sociedade em geral. A Política de In-vestimentos e o Manual de Governança da entidade também refletem esta preocupação. Prova disso é que, atualmente, quase todas as empresas que a Petros in-veste apresentam de forma planejada e estruturada, ações que preservam ou não agridem o ambiente e a sociedade de uma forma geral.

    O controle destes investimentos socialmente res-ponsáveis ocorre através de monitoramento junto às empresas em que a Petros tem participação acioná-ria, mediante indicadores de governança corporativa e responsabilidade social. A partir do retorno desse monitoramento, a equipe da Petros interage junto às empresas estabelecendo, em parceria, um prazo para adequação da empresa, com intuito de evitar o “desin-vestimento” que ocorrerá a partir de �00�, para as que não se adequarem.

    O período estipulado pode parecer longo, no entanto, a Fundação tem como princípio que responsabilidade social não pode ser imposta, deve ser construída e con-quistada, pressupondo interação com seus parceiros e superação conjunta das dificuldades. Entre as principais exigências da seleção de investimento destacam-se os indicadores e o planejamento das empresas que sinali-zam a preocupação com o impacto ambiental e social que podem ser causados com suas atividades.

    Este zelo com os recursos dos participantes e com o futuro de todos têm trazido bons resultados. Estudos técnicos afirmam que empresas que atuam ou de-senvolvem suas atividades com foco na preservação social e ambiental são, comprovadamente, empresas mais seguras – pagam menos multas por agressão ao meio ambiente, o que reverte em mais rentabilida-de, têm uma imagem e, portanto, uma participação maior no mercado, têm melhor relacionamento com a comunidade, fornecedores e acionistas. É um equí-

    Investimento aliado à preservação ambiental

    A

  • 11Relatório Anual 2006

    voco aplicar em investimentos com alta rentabilidade imediata, porém com grande possibilidade de gerar prejuízos, a médio e longo prazo. A diretoria entende que rentabilidade e responsabilidade social têm que andar juntas.

    As ações da Petros, como no caso dos critérios de in-vestimentos, extrapolam a sua gestão interna. Ainda em parceria com a ABRAPP, a Petros foi signatária do CDP - Carbon Disclosure Project -, participando como uma das entidades patrocinadoras. Mais recentemente, a Petros aderiu ao PRI - Princípios para Investimento Res-ponsável, iniciativa que foi liderada, no Brasil, pela Previ. Ambas, aliadas a outros fundos têm como papel buscar grandes investidores institucionais para engrossar as fi-leiras de adesão e disseminar estes princípios pelo País, contribuindo para uma cultura socioambiental.

    A responsabilidade social empresarial é um compromisso expresso por meio de atos e atitudes que possam refletir positivamente na sociedade de uma forma geral ou em uma comunidade específica. Esta definição, descrita no balanço social de �003 da Petros, traduz claramente, o significado do termo para a entidade: responsabilidade sócio-ambiental é um princípio de gestão. O Comitê in-terno, a Política de Investimentos, o Manual de Gover-nança e o Balanço Social, entre outras iniciativas, servem de parâmetro para balizar a gestão da entidade, em to-das as instâncias, com todas as partes interessadas. Para tanto, além da documentação e das ações de estímulo e conscientização, foram implantados indicadores que são periodicamente mensurados, avaliados e comparados para monitorar a gestão, com o intuito de que a entidade mantenha-se sempre fiel aos seus objetivos e metas e possibilitando ações corretivas quando necessárias.

    Segmento do negócio: Administradora de Planos de Previdência Complementar

    Ano de fundação: 1��0

    Mercado de atuação: Brasil

    Patrimônio líquido: R$ 3�,4 bilhões

    Número de empregados: 401

    Número de empresas e entidades com planos administrados pela Petros: 31 patrocinadoras e �� instituidoras

    Número de participantes: �4.804 mil

    Perfil Petros (dezembro de �006)

    Os 11 princípios de responsabilidade social que nor-teiam a gestão da Petros têm, entre suas preocu-pações, que verificar se a empresa publica ou não balanço social, clareza, relevância e a veracidade das informações, quando possível. No próprio balanço, checam se há políticas claras de não discriminação e políticas afirmativas com relação a mulheres, negros e pessoas com necessidades especiais e rejeitam de forma absoluta o trabalho escravo e o uso da mão-de-obra infantil. A mesma igualdade de tratamento deve ser estendida à força de trabalho terceirizada dos parceiros. De acordo com os princípios, conhecer as práticas de preocupação ambiental e a ausência de autuações ambientais sofridas pela empresa é fun-damental. É preciso avaliar se há geração de trabalho e renda para comunidades, como também confirmar se desenvolvem programas sociais consistentes.

    A Petros entende que, a exemplo da participação no CDP e no PRI, os fundos de pensão, como grandes investidores que são, têm como dever transformar o setor em referência de participação e conscienti-zação. Para tanto, precisam assumir o compromisso da responsabilidade socioambiental de forma am-pla, aprimorando seus instrumentos e ferramentas, investindo, cada vez mais, no sentido de estimular e consolidar a cultura de responsabilidade social e ambiental na população brasileira.

    Para a Petros, responsabilidade social é um conjunto de ações integradas que pensa em todos os agentes en-volvidos no processo produtivo e, por conseqüência, integra a sociedade como um todo, em benefício de todos. Ela não deve ser confundida ou entendida como assistencialismo.

  • 1� Relatório Anual 2006

    nserido no Planejamento Estratégico da Petrobras desde �003, o tema responsabilidade socioam-biental, ao lado de desenvolvimento tecnológico e rentabilidade, passou a ser um dos três pilares da

    gestão da empresa.

    O pilar mais recente se consolidou por meio de dois grandes programas: o primeiro deles é o Petrobras Fome Zero – que reúne os projetos sociais dedicados à geração de trabalho e renda, educação e qualificação profissional e garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. O segundo, chamado Petrobras Ambien-tal, trata de projetos ligados à preservação dos corpos de água doce e da biodiversidade marinha. Não há, no entanto, projeto desenvolvido diretamente pela Petro-bras. Os projetos que atendem aos critérios são sele-cionados a partir de edital público e passam a contar com apoio da empresa para sua formatação e finan-ciamento. Ao todo, desde o início da reestruturação da empresa, foram em torno de R$ 1� bilhões direcionados à preservação do meio ambiente.

    Muitos recursos investidos, muito retorno alcançado. Segundo o gerente de Responsabilidade Social, Luis Fernando Nery, todas as metas previstas foram supe-radas. No fechamento de �006, a Petrobras contabi-lizou mais de 10 milhões de pessoas atendidas, 18 mil parceiras entre ONGs, governos de várias instâncias e outras empresas, além de projetos em funcionamen-to em todos os estados brasileiros, com �.300 muni-cípios contemplados.

    Segurança e saúde também fazem parte das preocu-pações primordiais da Petrobras. De acordo com o ge-

    Petrobras: sintonia com o social e o ambiental

    Pesquisador do Projeto Piatam na Região AmazônicaFoto: José Caldas

    I

  • 13Relatório Anual 2006

    ceria das universidades do Pará, Rondônia, Amazonas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, INPA - Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Instituto Tecnológi-co da Amazônia, entre outros.

    Para se ter uma noção da grandiosidade do programa, hoje os projetos contam com o Piatam Mar, Piatam Oceano, Piatam Oeste e o Piatam Urucu. Totalmente financiados pela Petrobras, integram a carteira de pro-jetos do Proamb - Programa Tecnológico de Meio Am-biente da Petrobras, sendo coordenado por especialistas e pela Unidade Corporativa de SMS - Segurança, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional.

    De acordo com o gerente de Comunicação Institucional da companhia, Wilson Santarosa, ao utilizar os recursos naturais, a Petrobras assegura eficiência nas operações e minimiza impactos à natureza. “Com uma avaliação criteriosa dos possíveis riscos ambientais, todas as ati-vidades exercidas pela empresa estão de acordo com as melhores práticas mundiais do mercado”, afirma San-tarosa. Dessa maneira, a Petrobras garante desenvolvi-mento tecnológico ao mesmo tempo em que promove o bem-estar da população e protege o meio ambiente e a biodiversidade.

    Tanto empenho na preservação do meio ambiente tem trazido reconhecimento internacional para a Petrobras. O ano passado foi um ano de referência para a empresa nesta área. Passou a integrar dois ra-tings importantes - ISE e Dow Jones, foi destacado pelo Goldman Sachs, passou a integrar o Conselho do Pacto Global e o Conselho Empresarial Mundial para Desenvolvimento Sustentado.

    Santarosa, no entanto, anuncia que os programas de responsabilidade social e ambiental tendem a crescer ainda mais. A diretoria da Petrobras já sinalizou que o tema terá maior destaque no próximo Planejamen-to Estratégico, que contempla as ações da empresa até �0�0.

    rente de SMS, Ricardo Azevedo, a companhia entende que não é possível ocorrer crescimento econômico sem que haja aproveitamento mais racional dos recur-sos naturais. Para isso, a empresa adotou um modelo de desenvolvimento sustentável que direciona ações de preservação a todas as suas atividades. Adotou 15 diretrizes de sustentabilidade, pretendendo alcançar o nível de excelência em �015. No entanto, os indicado-res atuais já comprovam melhorias significativas em termos de segurança, saúde dos empregados e efici-ência dos processos, chegando, em muitos casos, a ser considerada benchmarking (referência) em alguns dos mais relevantes.

    Embora a necessidade da sustentabilidade esteja pre-sente em todas as esferas onde haja impactos sobre o meio ambiente, a Petrobras considera a Amazônia uma região que necessita de cuidados iminentes. Essa pre-ocupação acontece pelo fato de a Região Amazônica ser considerada uma área de sensibilidade ambiental, suscetível à degradação e de representar o patrimônio natural da humanidade.

    Vários projetos de patrocínio ambiental são desenvol-vidos pela companhia, como Mata Atlântica, Tamar, Baleia Jubarte e Peixe-Boi, mas é na Região Amazôni-ca que a Petrobras desenvolve um de seus principais programas: o Piatam - Potenciais Impactos Ambientais do Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica. Trata-se de uma iniciativa multidisciplinar de pesquisa social e ambiental que monitora as ativi-dades de produção e transporte de óleo e gás natural vindos de Urucu, maior província terrestre de petróleo do Brasil, situada no coração da Floresta Amazônica.

    Por meio do Piatam é possível gerar dados ambientais sobre os ecossistemas amazônicos em que a Petrobras atua, avaliando e prevenindo os potenciais riscos das atividades para reduzir os impactos ambientais e prote-ger as comunidades do entorno. Atualmente, o progra-ma conta com cerca de 600 pesquisadores e com a par-

  • 14 Relatório Anual 2006

    produtos. Hoje, a nossa gasolina Podium é a melhor gasolina do mundo. Não tem nenhuma outra igual, em nenhum país do mundo. Isso é real, é comprovado cientificamente. Isso foi desenvolvido graças ao nosso patrocínio da equipe Williams de Fórmula 1. E o terceiro eixo de sustentação do nosso planejamento estratégico é a responsabilidade social e ambiental. Passou a ter um peso muito grande na companhia.

    P.: de que forma o comitê de Responsabilidade socioambiental atua?

    W.S.: O Comitê não tem papel de analisar projeto so-cial. Sua função é traçar diretrizes da empresa como um todo e indicar como atuar responsavelmente. Hoje, 1% de todos os investimentos da Petrobras são dire-cionados para projetos de impacto ambiental e social. É para cuidar preventivamente de possíveis impactos. A Petrobras está crescendo muito rapidamente e a nossa atuação em responsabilidade social e ambiental cresce junto. Então nós vamos ter mais investimentos na área, mais dinheiro para aplicar. E a atitude é tão forte e tão transparente, que independe do lucro. Tem havido uma coincidência do lucro da empresa ter au-mentado em função do preço do petróleo, mas não significa que se o preço do petróleo cair nós vamos diminuir os investimentos nessa área. Não, pelo con-trário: 1% é taxativo, mas não é o limite. Nós estamos atuando alinhados às políticas públicas do governo federal, do governo de cada Estado. Não atira cada um para um lado. Nós estamos atirando todos para um mesmo lado e o resultado é melhor.

    P.: A Petrobras já é reconhecida como uma empresa que atua com responsabilidade socioambiental?

    W.S.: Está havendo um reconhecimento no mundo in-teiro. Tanto é que nós fazemos parte do grupo executivo do pacto global da ONU. A Petrobras foi convidada. A única empresa petroleira do mundo que faz parte do grupo executivo do pacto global da ONU. Não é propa-ganda, publicidade o que a gente faz. Está todo mundo sentindo a presença da Petrobras tanto na área ambien-tal, quanto na área social. Os nossos investimentos nas duas áreas são enormes. Nos últimos anos, a Petrobras investiu cerca de R$ 1� bilhões na preservação do meio ambiente. Hoje estamos com vazamentos praticamente zero, porque investimos na manutenção e na melhoria dos equipamentos, na capacitação do pessoal. Numa empresa que trabalha com petróleo, alta pressão, alta temperatura, emergências são constantes. Há uns cinco anos que estamos praticamente zerados em número de acidentes. Os resultados têm dado retorno positivo para nós. A certificação de Dow Jones, que conseguimos o ano passado, reflete isso também. Isso agregou valor às nossas ações na bolsa de Nova Iorque.

    P.: como o tema responsabilidade ambiental é inserido na gestão da empresa?

    W.S.: A partir de �003 passou a fazer parte do nosso planejamento estratégico, da nossa visão. São três pi-lares de sustentação: O primeiro pilar é a rentabilidade que é quando a gente dá retorno aos acionistas. Outro pilar é o desenvolvimento tecnológico e a qualidade de

    Ação social da Petrobras é reconhecida em todo o mundo

    Entrevista Wilson Santarosa gerente de Comunicação Institucional da Petrobras e presidente do Conselho Deliberativo da Petros

    Comunidade visitada pelos pesquisadores do Projeto PiatamFoto: José Caldas

  • 15Relatório Anual 2006

    P.: Para a Petrobras, o que significa ser ambiental-mente e socialmente responsável?

    W.S.: Na questão ambiental, a Petrobras investiu mais de U$ 5 bilhões em quatro anos. Na área social, investimos, por ano, mais ou menos, R$ 150 milhões. As cifras são bastante significativas. Um banco, por exemplo, que fez uma campanha publicitária enorme na TV, teria investi-do R$ 1� milhões em projetos sociais e aí eu fui checar: foram R$ 5 milhões em investimento social e ambiental e R$ 1� milhões em propaganda na TV sobre o assunto. Então, era marketing. As pessoas reclamam porque eu não divulgo mais nossos projetos sociais e ambientais. Eu respondo o seguinte: não é com propaganda. As co-munidades é que têm que sentir a presença da Petrobras. Hoje, a Petrobras é reconhecida em pesquisa espontânea como a empresa mais responsável socialmente. Nossa atuação vai além dos negócios. Em algumas regiões, o que nos moveu a investir em projetos sociais foi o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, da cidade. Não necessariamente negócios da Petrobras. E ela faz isso através de uma seleção pública. Então, a gente abre um edital público para que todo mundo possa inscre-ver seu projeto e um conselho de especialistas de den-tro e de fora da companhia selecionam os melhores projetos. Isso possibilitou o patrocínio de projetos nas áreas cultural, social e ambiental.

    Na área cultural, no ano passado foram R$ 80 milhões. Na social, foram R$ 40 milhões e na ambiental foram em torno de R$ �0 milhões. Isso possibilitou que a gen-te expandisse nossa atuação que se restringia ao eixo Rio-São Paulo. Com o edital público, hoje nós estamos presentes nos �� Estados brasileiros. Atualmente, se faz uma pesquisa de opinião sobre a marca e verificamos um retorno altíssimo. Há quatro anos atrás, pesquisas apontavam que no Rio Grande do Sul, por exemplo, a Petrobras de 0 a 100, estava com quarenta pontos de opinião pública favorável. Hoje não. Nós batemos �� em função dessa atuação.

    P.: o ser humano, de forma geral, está mais cons-ciente de sua responsabilidade perante a sociedade e o meio ambiente?

    W.S.: Acredito que ninguém trabalha para que a comuni-dade que vive esteja bem. O ser humano trabalha para ele estar bem. Isso é uma prática que nos foi ensinada. Isso está errado. Trabalhamos para o nosso bem-estar, não para o bem-estar da coletividade. A Petros está tentando investir só em empresas socialmente e ambientalmente responsáveis. A maior contribuição que a Petrobras pode dar é o que já está praticando: nós trabalhamos individu-almente pela coletividade; não só para o auto bem-estar. Só assim chegaremos em um planeta ideal, sustentável.

    A Petrobras está crescendo muito rapidamentee a nossa atuação em responsabilidade social e ambiental cresce junto

    Projeto TamarPrograma Petrobras AmbientalFoto: Arquivo Projeto Tamar

  • 16 Relatório Anual 2006

    Rentabilidade, respeito ao meio ambiente e respeito social

    Entrevista Ricardo Azevedo gerente executivo de SMS – Segurança, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional da Petrobras

    Estabelecemos metas no próprio PEGASO, que contou com R$1� bilhões de investimentos. Implantamos a certificação de todas as nossas unidades.

    P.: A gestão de sms é baseada na estrutura criada pelo PEGAso?

    R.A.: Não. O PEGASO é um programa com início, meio e fim. Ele precisou ser estruturado para ser um pro-grama que tivesse uma série de projetos para reduzir aquele momento de crise que estávamos passando. Tínhamos que investir na capacidade de resposta e na prevenção. Esse foi o objetivo inicial do PEGASO. A partir daí, começamos a introduzir uma gestão den-tro da companhia, onde criamos nossas políticas cor-porativas. Temos hoje nossa política onde elaboramos 15 diretrizes corporativas de SMS. Visitamos empresas do mundo inteiro, a maioria na área de petróleo, que eram excelência dentro da questão de segurança, am-biente e saúde. Recolhemos esse material, internaliza-mos, adequamos à nossa cultura e à característica da nossa atividade e, a partir daí, passamos a investir forte na gestão de SMS para que, por si só, desse resultado. E os resultados têm sido excelentes. As diretrizes de sus-tentabilidade começaram a ser implantadas em �00�. Neste aspecto, vamos chegar na excelência que imagina-mos em �015. Entendemos por excelência o fato de es-tarmos entre as melhores empresas do mundo, entre as melhores práticas do mundo de SMS. Os nossos indica-dores já estão bem perto disso, se comparados a outras.

    P.: depois do acidente na Baía da Guanabara, muitas ações foram tomadas no sentido de prevenir impactos ambientais. A gestão de sms - segurança, meio ambiente e saúde ocupacional – surgiu em razão disso?

    R.A.: Na verdade, foi uma grande coincidência. Em �000 a Petrobras estava fazendo uma grande reestruturação do seu modelo de gestão e criou o modelo de Unidade de Negócios. Naquele ano, aproveitando a mudança de estrutura na Petrobras, foi elaborada a área de SMS, à semelhança das grandes empresas de petróleo, que in-tegram a segurança, o meio ambiente e a saúde ocupa-cional. Naquela época nasceu o PEGASO - Programa de Excelência na Gestão Ambiental e Segurança Ocupacio-nal, com foco muito grande em alavancar projetos para melhorar a qualidade do serviço. Os acidentes estavam acontecendo e precisávamos ter uma capacidade de resposta do ocorrido, que estava deficiente. Construí-mos os CDAs - Centros de Defesa Ambiental, conjunto de recursos de pessoal e equipamentos para atuar no caso de uma emergência, de um acidente. Nenhuma empresa no mundo hoje tem uma estrutura de resposta igual a da Petrobras. Estamos partindo para o décimo CDA. As unidades já têm esses recursos, só que em um nível menor. Se acontecer um acidente que ultrapas-sar a capacidade de resposta daquela unidade, entram em ação os CDAs. Depois investimos muito na preven-ção, fazendo reparos em todas as principais capitais do Brasil. Foram muitos quilômetros de dutos reparados.

    Projeto Enxerga Brasil: oftalmologistas atuando nas comunidadesFoto: A. C. Junior

  • 1�Relatório Anual 2006

    P.: Uma das diretrizes do programa é “na dúvida, pare!”. É mais uma demonstração da importância da segurança na gestão da empresa?

    R.A.: Ainda temos a cultura do petroleiro herói. Antiga-mente nossa cultura era produzir a qualquer custo, as atividades não podiam parar. Era bater recorde. Hoje, não. O que a gente procura colocar na força de trabalho é: Na dúvida, pare! Se tem dúvida de como fazer uma operação que pode ocasionar um acidente, um vaza-mento, uma explosão, pare. Converse com seu super-visor, discuta e só aja quando tiver certeza. Segurança é questão de cultura.

    P.: na prática, os indicadores comprovam melhorias na gestão a partir da implantação do sms?

    R.A: Nossos índices comprovam melhorias significativas. Em �000, nós estávamos com 3,6 na nossa TFCA – Taxa de Freqüência de Acidentados com Afastamento por milhão de homem/hora de exposição ao risco. Fechamos �006 com 0,��. Hoje somos benchmarking (referência) do mercado, mesmo quando comparados a API (American Petroleum Instituto), ARPEL (Associação Regional de Empresas de Petróleo e Gás da América Latina e Caribe) e OGP (Oil & Gas Producers). Em nossa Taxa de Acidentados Fatais, passamos do patamar de 13,8, em �000 para 1,6, em �006. O melhor resultado da concorrência foi em �005, quando a OGP divulgou índice de 3,5. Para o montante de vazamento de óleo e derivados, a Petrobras reduziu de 5.�83, em �000 para ��3, no ano passado. Todos os índices melhoraram, a despeito da curva crescente de evolução da produção de óleo.

    P.: Quais são as principais contribuições da área de sms para a melhoria contínua do processo de res-ponsabilidade ambiental?

    R.A.: Redução do número de fatalidades de acidentes, promoção da saúde, de qualidade de vida, da força de trabalho, redução da emissão de gases poluentes para a atmosfera, redução de vazamentos, eliminação de atividades que geram impacto sobre a biodiversidade, otimização do uso da água, reduções da emissão de efluentes, redução da geração de resíduos sólidos e da extensão de áreas impactadas, melhoria do desempe-nho com fornecedores e redução dos impactos negati-vos sobre a saúde e a segurança das comunidades.

    P.: no ano passado foi lançado o Prêmio Petrobras de sms. Qual o propósito desse prêmio?

    R.A.: É uma ferramenta pró-ativa dentro da nossa gestão de SMS. O objetivo é, a cada ano, reconhecer os empregados, próprios ou contratados, individual-mente ou em equipe, com seus trabalhos, com as téc-nicas desenvolvidas, com seus projetos para melhoria da gestão de SMS. Mais do que isso, o prêmio visa a ser mais um fórum de troca de melhores práticas. Todos os trabalhos que chegam à premiação final são apresentados, promovendo a troca de experiências entre unidades distantes.

    P.: crescimento e respeito ao meio ambiente são compatíveis?

    R.A.: Certamente. É a base da sustentabilidade: tem que ter rentabilidade, respeito ao meio ambiente e respeito social. Nenhuma empresa, atualmente, vai para frente sem aplicar o conceito de sustentabilidade. A questão da responsabilidade social e ambiental hoje é vital. Tem que estar no planejamento estratégico de toda empresa. A Petrobras tem o compromisso com a ecoeficiência, ou seja, produzir mais com impactos cada vez menores no meio ambiente. Isso quer dizer o não desperdiço de água, redução de emissões, redução de resíduos, pro-teção da biodiversidade. Enfim, a ecoeficiência é olhar para tudo e questionarmos: onde podemos nos tornar mais eficientes na relação com a natureza.

    Piatam: apoio às comunidades às margens do rio SolimõesFoto: José Caldas

  • 18 Relatório Anual 2006

    Certificados e prêmios na trilha do reconhecimento

    Entrevista Luís Fernando Nery gerente de Responsabilidade Social da Petrobras

    P.: Quais são as principais certificações da Petrobras no que diz respeito à responsabilidade social?

    L.F.N.: O Comitê de Gestão de Responsabilidade Social e Ambiental decidiu que a Petrobras deve acompanhar e participar das discussões da norma internacional que deverá regular suas ações. Esta norma, que está sendo estruturada pelo Instituto ISO, é a ISO �6000 e está prevista para �008. A companhia integra o comitê brasileiro que representa o País nesta norma não-certificável e elaborada para ser referencial.

    O comitê brasileiro é composto por seis membros: representante do poder público, que hoje é do Ministério de Ciência e Tecnologia; dos consumidores, o IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor; das ONGs, o Instituto Ethos; do meio acadêmico, que é uma universidade do Nordeste; da indústria, a Petrobras e um representante do trabalhadores, o Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

    P.: Em relação às premiações nesta área?

    L.F.N.: No que diz respeito a reconhecimento, a Petrobras vem se submetendo a vários institutos que têm avalia-do (ratings) a companhia. Os mais conhecidos são o ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, que a Petrobras passou a integrar em �006 e foi cria-do em �005, e o Dow Jones Sustainability Index, para o qual fornecemos dados para avaliação desde �00�, sendo que ingressamos pela primeira vez em �006.

    É considerado o índice internacional mais importante e classifica empresas que têm sustentabilidade econô-mica, social e ambiental. A pontuação da Petrobras foi muito boa, sendo benchmarking (referência) em itens como gestão da marca, eficiência energética e cidada-nia corporativa. A Petrobras se submete igualmente a ratings importantes, por exemplo, a Goldman Sachs, instituição financeira de atuação mundial que classi-ficou a Petrobras como uma das sete empresas com maior sustentabilidade do mundo.

    A Petrobras tem alguns instrumentos de gestão, como o balanço social, que é considerado hoje balanço notável pelo Pacto Global da ONU. Em função de algumas ações hoje, nosso presidente José Sérgio Gabrieli é o único representante de uma empresa da América Latina a integrar o Conselho do Pacto Global. A companhia pas-sou a integrar também o WBCSD – Conselho Empresa-rial Mundial para Desenvolvimento Sustentado, criado na época da Rio ��, que é um movimento de empresas para discutir este tema.

    P.: Em relação ao investimento social. o que foi fei-to nesses últimos anos?

    L.F.N.: A Petrobras tem recebido inúmeros prêmios em relação ao investimento social em comunidades onde atua. Importante também são os resultados das pesquisas. Temos um trabalho que se chama Sísmico – Sistema de Monitoramento da Imagem Corporati-va, que é um conjunto de pesquisas com segmentos como empregados, comunidade, fornecedores, clien-

    Projeto Nova Brasil - aula na escola AcescFoto: Rogério Reis

  • 1�Relatório Anual 2006

    tes, órgãos do poder público, imprensa e opinião pú-blica. Todos eles respondem como vêem a Petrobras do ponto de vista tecnológico, econômico, do presta-dor de serviço e da responsabilidade ambiental. Tudo isso é avaliado em uma escala de 0 a 100. Em �001, quando este trabalho começou a ser feito, a pontua-ção total da Petrobras, somando todas as opiniões era �6 e a pontuação em responsabilidade social era 5�. Hoje, a pontuação geral é 81 e, no aspecto responsa-bilidade social, �6.

    Além disso, há pesquisas no mercado feitas pelo Ma-rket Analysis, contratado pelo Instituto Ethos. A última pesquisa, realizada em oito capitais, apontou a empre-sa como identificada com responsabilidade social, com maior citação espontânea. Há também o projeto Rede Jovem de Cidadania, de Belo Horizonte, que apoiamos e integra o Petrobras Fome Zero. A iniciativa foi escolhida por uma agência da ONU que trata da replicação de projetos em grandes metrópoles mundiais. No último evento do Pipeline Techonogical Conferecence, um pro-jeto da companhia sobre hortas em faixas de dutos ficou com o prêmio maior do item responsabilidade social. Na área ambiental, a companhia recebeu o prêmio da Agência Nacional de Águas pelo conjunto de projetos que apóia.

    P.: Quais são os principais programas de apoio a projetos de responsabilidade social e ambiental?

    L.F.N.: Hoje a Petrobras não tem nenhum grande projeto social ou ambiental em que é a executora. Ela sempre apóia projetos que são de interesse da comunidade e alinhados a políticas públicas. Esses projetos estão em dois grandes programas: no campo social, o Petrobras Fome Zero e, na área ambiental, o Petrobras Ambiental. Cada um tem seu campo de atuação e critérios. No pri-meiro, geração de trabalho e renda, educação e quali-ficação profissional e garantia dos direitos das crianças

    e adolescentes. No caso ambiental, o principal foco é água, como corpos de água doce, conjunto de nascente, matas ciliares e, no caso do mar, a biodiversidade mari-nha, incluindo organismos marítimos vivos.

    P.: Quais são os projetos de destaque na área social?

    L.F.N.: Um dos destaques é o Mova Brasil, de alfabetiza-ção de adultos, que é desenvolvido pela Petrobras, pelo Instituto Paulo Freire e pela FUP- Federação Única dos Petroleiros. O projeto já contemplou 40 mil pessoas no Brasil inteiro, em três anos e meio de execução. Outra referência é a rede de cooperativas de catadores de material reciclado. Dados do Movimento Nacional de Catadores informam que existem 350 mil pessoas ligadas à atividade. Cerca de 36 mil estão organizados e cadastrados e sendo acompanhados pelo Movimento Nacional. Deste grupo, cerca de nove mil já estão sendo apoiados pela Petrobras, que tem projetos em 10 Estados. Há ainda o Colher a Terra, no qual a Petrobras disponi-biliza água para as comunidades, para consumo huma-no e atividades produtivas. Outro projeto importante é o A Cor da Cultura, fundamentado na Lei 6.63�, que instituiu, na educação fundamental e no ensino médio, o ensino da história e cultura de afrodescententes.

    Na linha do direito das crianças e adolescentes, um dos principais trabalhos é o da destinação de recursos mediante o FIA - Fundo da Infância e Adolescência, distribuídos para os Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais de Direito da Criança e Adolescente. Ou-tro projeto referência é o Siga Bem Criança, voltado para divulgação do Disque 100, que denuncia abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. O serviço é prestado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, cujas denúncias são enca-minhadas para o Conselho Tutelar ou para o Conselho de Direito da Criança e Adolescente.

    Segmento do negócio: exploração de gás e petróleo, refino e distribuição

    Ano de fundação: 1�53

    Mercado de atuação: Brasil e exterior

    Número de empregados: 6�.�66 próprios; 1�6.810 contratados

    Acionistas: �4�.580

    Perfil Petrobras

  • �0 Relatório Anual 2006

    ustentabilidade é a palavra-chave no ne-gócio da Brasil Ecodiesel. A empresa não só tem como missão produzir alternativa limpa e renovável aos combustíveis fósseis, como

    também aplicar os princípios de sustentabilidade no seu processo produtivo. Há também a preocupação em fomentar a agricultura familiar, como fica evidente em um dos seus empreendimentos, em Canto do Bu-riti, município piauiense a 500 km de Teresina. Neste local, a Brasil Ecodiesel administra a Fazenda Santa Cla-ra, onde vivem cerca de 6�0 famílias. A cada família foi destinada uma casa e �5 hectares para plantação de mamona, agricultura de subsistência e conservação da reserva legal. A Brasil Ecodiesel está presente em 1� Estados brasileiros. Trabalhando com modelos de pro-cesso produtivo diversos ao da Fazenda Santa Clara, é responsável por 58% do mercado de biodiesel brasilei-ro. Hoje, de acordo com sua diretoria, já tem parceria com 5� mil famílias e, até o final deste ano, pretende trabalhar com 100 mil grupos familiares.

    Atualmente, o biodiesel produzido pela Brasil Ecodiesel é integralmente comprado pela Petrobras. A partir de �008, por determinação legal, passará a ser obrigatória a adição de �% de biodiesel na composição do diesel nacional e, a partir de �013, o percentual será elevado para 5%. Na Eu-ropa, já é possível encontrar nos postos o chamado B100, ou seja, o diesel 100% produzido por fontes renováveis.

    Toda a produção de mamona da Fazenda Santa Clara é aproveitada como matéria-prima na usina de bio-diesel de Floriano, no Piauí. As outras usinas estão localizadas no Ceará, Bahia, Tocantins, Rio Grande do

    Brasil Ecodiesel: combustível social abastece agricultura familiar

    Sul e Maranhão. A quantidade de mamona ainda não é suficiente para a produção total das usinas. Soja e girassol completam a necessidade de matéria-prima. Ao modelo de agricultura familiar implementado na Santa Clara, a Brasil Ecodiesel associa outras modalidades de agricultura, como as agrovilas, os assentamentos e as cooperativas, com plantações em áreas próprias. Para o sucesso deste modelo que congrega formas variadas de parceria, a Brasil Ecodiesel conta com apoio fun-damental da Fetag - Federação dos Trabalhadores na Agricultura, e da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Para todos os modelos de parceria, a Brasil Ecodiesel fornece toda a assistência técnica necessária, sementes, equipamentos, além de garantir a compra de toda a produção.

    Neste modelo de agricultura familiar, a fazenda incluiu no processo produtivo do biodiesel, aproximadamente, �600 pessoas, em 18 células, compostas de 35 casas cada uma. O modelo das células é semelhante aos Kibutz de Israel: visam à integração social, qualidade de vida e sustentabilidade econômica. Integrando todas as células está o núcleo da fazenda, com escola que atende mais de 800 crianças e adultos, posto de saúde, ambulatório, consultório odontológico, centro comunitário, hotel e escritório da empresa. Até a chegada da empresa, �5% da comunidade adulta era analfabeta. Hoje, todas as crianças da comunidade são obrigadas, contratualmente, a freqüentar a escola. A escola é reconhecida pelo MEC e acrescenta em sua grade curricular cinco disciplinas extras para os alunos a partir de 10 anos: empreendedorismo, ética, cidadania, filosofia e informática. Cerca de 300 adultos estão sendo alfabetizados.

    Entrevista Nelson José Côrtes da Silveira

    presidente da Brasil Ecodiesel

    Plantação de mamona - Fazenda Santa ClaraFoto: André Luiz Mello

    S

  • �1Relatório Anual 2006

    “Uma escola de relacionamento humano”

    Entrevista Nelson José Côrtes da Silveira

    presidente da Brasil Ecodiesel

    P.: como surgiu a Fazenda santa clara, uma unidade modelo de agricultura familiar?

    N.S.: Foi iniciada a obra em novembro de �003 e inau-gurada em março de �004. Hoje são 6�0 casas, na época eram 450. Foi uma loucura. Para organizar esta estrutura tivemos que colocar água, luz, cadastrar fa-mílias, montar escola, criar o estatuto do colégio, posto de saúde, contratar médicos. Todo um esforço grande, mas gratificante. A Santa Clara é, para nós, uma esco-la o tempo todo. É uma escola para reaprendermos a lidar com gente. Nós somos muito cartesianos, muito urbanos. A gente tem que aprender a lidar com gente e mostrar que você pode ter uma relação que não seja nem paternalista, nem uma relação autoritária. É uma relação de troca. Primeiro, troca de relacionamentos humanos e depois troca econômica. Um agente econô-mico se relacionando com outro agente econômico.

    P.: Além da mamona, quais são as outras oleagi-nosas que fazem parte do processo produtivo das usinas da Brasil Ecodiesel?

    N.S.: Embora, no nosso caso, a mamona sirva exclusi-vamente para produção de biodiesel, pois ela é tóxica e não pode ser aproveitada como alimento, não é possível abastecer as usinas apenas com mamona. Nós compra-mos soja. O projeto tem que ser estratégico. Hoje temos ¼ da nossa produção de não-soja, mas �0% em �00� será de soja. No ano que vem, quando saírem os primei-ros plantios de girassol, acredito que será meio a meio.

    A nossa perspectiva é chegar a uma redução gradual dessa dependência até �0% de soja, que é um número razoável.

    P.: Hoje a plantação da santa clara restringe-se à mamona?

    N.S.:Temos a plantação de mamona com a de feijão. Plantamos mamona e no meio temos o feijão. O outro projeto que começamos a desenvolver na fazenda foi o pinhão manso. O investimento é menor do que o da mamona. A estrutura ideal é ter três a quatro culturas realizadas ao mesmo tempo. A grande saída é a poli-cultura com o girassol, com o milho... Hoje nós temos efetivamente mamona e girassol. Teremos até o final do ano 500 mil hectares plantados com girassol e �50 mil hectares de mamonas.

    P.: sendo uma atividade baseada na agricultura fa-miliar, como é possível impedir o trabalho infantil?

    N.S.: É uma questão cultural do brasileiro. Não tem como interferir na relação dos parceiros com seus filhos. O que a gente faz: todas as crianças estudam. O ônibus escolar pega e leva para a escola. A única coisa que eu poderia fazer é denunciar o pai por estar botando me-nor para trabalhar. É uma quebra de lógica, dizer que o menino é mais importante que o próprio pai. As regras hierárquicas de poder nesses lugares são fortes. O saber estava ligado a quem tinha poder. Classe dominante e dominada. E a ignorância a quem não tinha poder. A

    Vista aérea da Fazenda Santa Clara - PiauiFoto: André Luiz Mello

  • �� Relatório Anual 2006

    Segmento do negócio: indústria e comércio de biocombustível e óleos vegetais

    Ano de fundação: �003

    Mercado de atuação: Brasil

    Número de empregados: 1.416

    Participação no mercado nacional: 58%

    Número de famílias dentro do projeto de agricultura familiar: 5� mil

    Perfil Ecodiesel

    escola tem muito essa configuração de ganhar poder enquanto estuda. Como interferir? A propriedade é dele. A caracterização do domínio sobre o seu terreno e a autonomia familiar é muito clara. De qualquer forma, todas as crianças estão na escola. É regra contratual. Assim como a proibição do trabalho de menores consta no contrato entre a Brasil Ecodiesel e seus parceiros.

    P.: o Governo é um parceiro?

    N.S.: Acredito que esteja fazendo exatamente o que o Governo quer que eu faça. Não porque ele quer que eu faça, mas porque é do meu interesse fazer. É uma sinergia de interesses. O presidente Lula chegou a visitar a fazenda Santa Clara e a usina de Floriano. Nossos grandes parceiros são Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, Fetag - Federação dos Trabalhadores na Agricultura e Sindi-catos dos Trabalhadores Rurais. O papel deles junto à Brasil Ecodiesel é levar o projeto aos agricultores e trazer os agricultores para o projeto e organizá-los. E através da mobilização, o movimento sindical, principalmente no nordeste, está se fortalecendo. A primeira vez que estabelecemos uma parceria foi através da Petros, que tem essa visão da pertinência social das suas ações, da responsabilidade social. No entanto, as conversas com a ministra Dilma e com a Maria da Graça Foster (presidente da BR) foram fun-damentais para a fase de estruturação da produção

    do biodiesel. Quando a Maria da Graça assumiu a presidência, a BR passou, efetivamente, a distribuir biodiesel no País. Aí começou a rodar o programa de uma forma efetiva.

    P.: você é otimista em relação ao futuro?

    N.S.: Nosso grande desafio é arranjar um energético substituto à queima do diesel e da gasolina. Vai se chegar à situação econômica pertinente nos próximos �0 anos, não antes disso. Quando chegar, todos os veículos do mundo serão de combustão. Então você tem que fazer uma mudança gradativa de um modelo para outro. Aí você leva mais �0 anos. Em todas as partes se consome diesel ou óleos pesados, que vão, gradativamente, ser substituidos. A qualidade de vida vai descer tão dras-ticamente que você tem que parar para não chegar nesse ponto. De repente todas as geleiras desapa-recem e aí no ano seguinte sobe cinco metros o nível do mar. É uma coisa assim drástica. Por isso o que faz as pessoas usarem o biocombustível hoje é a percep-ção, principalmente nos países desenvolvidos, de que a gente vai cometer um erro fatal. É o caos global. Eu sou otimista em relação ao biocombustível. Eu não sou otimista em relação à humanidade. O biocombustível é uma das poucas soluções que ainda temos para sair da encruzilhada, para continuar seguindo. O problema do aquecimento global é tão urgente que está tornando secundário os outros problemas.

  • �3Relatório Anual 2006

    máxima “a vida é movimento. Tudo que se move precisa parar. Parar é prepa-rar o próximo movimento para a vida se-guir em frente”, utilizada pela Fras-le,

    fabricante de materiais de fricção, uma das oito empresas do Grupo Randon, pode ser transportada para a filoso-fia do conglomerado em relação à política ambiental. De acordo com o vice-presidente do Conselho, David Abra-mo Randon, as práticas ambientais começam dentro de casa, substituindo tecnologias para a redução de impacto como a utilização de madeira reciclável (pinus), aço reaproveitável e pintura à base de água, sem solvente e sem thinner. Investe também em estação de tratamento de efluentes e no reaproveitamento dos resíduos indus-triais e cloacais para transformá-los em adubo. Além da implantação dessas novas tecnologias, o grupo mantém ações educativas de preservação dos recursos naturais, transmitindo práticas de economia de água, preserva-ção de recursos naturais e coleta seletiva de lixo.

    Grupo Randon: crescer junto e preservar a vida

    “Crescer junto e preservar a vida. Trabalhar em parceria com dedicação, criatividade, competência e espírito de uma organização única” é o que prega o presidente Raul Anselmo Randon, um descendente de imigrantes italianos nascido em 1���, que iniciou o negócio em 1�4�, juntamente com o irmão Hercílio. Hoje, cerca de cinco em cada dez carretas que rodam pelas estradas brasileiras levam a marca Randon, cujo grupo é cons-tituído por empresas nas áreas de implementos rodo-viários, ferroviários e veículos especiais, de autopeças, sistemas automotivos e de serviços.

    Para a promoção de educação e cultura, programas à comunidade, ações sociais, incentivo a programas de cooperação voluntária, organização e conservação de acervos históricos e culturais, foi criado o Instituto Elizabetha Randon. Dentre as ações promovidas, está o Programa Florescer, que oferece educação complemen-tar, pedagógica, cultural e esportiva para estudantes de � a 14 anos, que freqüentam escolas públicas da região e para os filhos de funcionários do Grupo. Já o Projeto Qualificar prepara jovens de 14 a 18 anos, vindos do Florescer, para a formação técnica e inserção no mer-cado de trabalho.

    A Randon mantém, ainda, projetos de aperfeiçoamento dos seus profissionais e exercício da cidadania, progra-ma de plantio de mudas de árvores nativas, entre elas orquidários e cactários, revitalização de áreas urbanas e obras de infra-estrutura.

    Leia entrevista do vice-presidente David Abramo Randon agraciado, em �006, com o Prêmio de Responsabilidade Ambiental, promovido pelo Instituto Latino-americano de Proteção Ambiental Borboleta Azul.

    Estação de tratamento de efluentes - ETE InterlagosFoto: Arquivo Randon

    Lago da empresa Fras-le que armazena efluentes tratados onde peixes servem como bioindicadores • Foto: Arquivo Randon

    A

  • �4 Relatório Anual 2006

    - Fundação Estadual de Proteção do Meio Ambiente. Em 1��5 implantamos o processo tecnologias limpas, que trata de amenizar os prováveis impactos.

    Há seis anos, investimos um milhão e meio de dólares na troca do processo de utilização de madeira bruta, pelo sistema Ecoplast, que é a composição de madeira reciclá-vel (pinus) e aço que pode ser reaproveitado. Destaca-mos, também, o Projeto de Pintura Ecolt, com um investi-mento de mais de R$ 60 milhões só na área de pintura de produtos, que utiliza tinta à base de água, sem solvente e sem thinner. Tecnologia única na América Latina.

    P.: como é tratada a questão do amianto?

    D.A.R.: Por decisão política e estratégica, o Grupo Ran-don não utiliza o amianto. A Fras-le, desde �001, elimi-nou completamente o uso deste componente. Nos EUA e na Europa, o uso é proibido, mas no Brasil não há proibição. A inalação do pó em razão de procedimentos inadequados é prejudicial à saúde do operador.

    P.: A cultura de preservação do meio ambiente é entendida como algo necessário pelos funcionários?

    D.A.R.: A cultura é bastante disseminada no próprio en-quadramento das empresas em várias certificações de gestão como PGQP - Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade, PNAQ - Programa Nacional de Qualidade e ISOs, que promovem a melhoria contínua. Nas empre-sas, há uma sistemática que propicia aos funcionários sugerirem melhorias. A partir das idéias, os chamados

    P.: desenvolvimento empresarial e preservação do meio ambiente são compatíveis?

    D.A.R.: Acreditamos que as tecnologias atuais são compatíveis, desde que aplicadas com a preocupação da manutenção ou de melhorias ao meio ambiente. As preocupações crescem à medida que a gente evolui. Em 1��0 criamos dentro da Randon um departamento específico formado por especialistas em meio ambiente. Na mesma época, em Caxias do Sul, foi instituída uma fundação para tratar assuntos de meio ambiente nas empresas da região, da qual sou integrante.

    P.: Quais os projetos em relação ao meio ambiente que se destacam no Grupo Randon?

    D.A.R.: Há muito trabalhamos com uma destinação de resíduos da produção de forma adequada e com a preocupação de sempre adotarmos insumos que tenham o menor desperdício no final. Como exemplo, o tratamento de líquidos e sólidos de dentro das em-presas, para que os resíduos, ao retornarem ao meio ambiente, tenham condições de reaproveitamento e a água volte na qualidade de água potável. Devido a alguns projetos tecnológicos, como o tratamento físi-co-químico e biológico de efluentes líquidos industriais no Projeto de Compostagem de lodo da Estação de Tratamento de Efluentes obtemos redução de custo de destinação e aproveitamento do composto como adubo nas áreas internas. É um projeto bonito, caro na implan-tação, mas em médio prazo é um sucesso. A Fras-le foi a primeira empresa com licença de operação pela FEPAM

    Qualidade, produtividade e respeito ao meio ambiente

    Entrevista David Abramo Randon vice-presidente do Grupo Randon

    Projeto de compostagem de iodo da estação de tratamento de efluentesFoto: Arquivo Randon

    Projeto de compostagem de lodo da estação de tratamento de efluentesFoto: Arquivo Randon

  • �5Relatório Anual 2006

    Ecotimes, formados por um grupo de pessoas de dife-rentes áreas, estudam a viabilidade ambiental e econô-mica da implementação. O trabalho tem o aval da área de segurança e do meio ambiente. Em �006, a Fras-le foi a finalista no PNQ - Prêmio Nacional da Qualidade, tendo destaques em liderança, clientes e pessoas.

    P.: o que o Grupo Randon tem feito em relação à comunidade?

    D.A.R.: Nos projetos da gestão do meio ambiente, a comunidade também é envolvida em parcerias e no de-senvolvimento educacional. Na Fras-le, por exemplo, o projeto Rede de Sensores Humanos agrega pessoas da comunidade local para treinamento específico, atuando preventivamente quanto à detecção de vazamento. Na Semana do Meio Ambiente, especialistas da área técni-ca dão palestras nas escolas públicas e comunidades da região, esclarecendo a importância da conservação do meio ambiente. Dentro do Programa Florescer se ensina o que é poluir a água e como despoluí-la, como fazer reciclagem e outras ações de preservação da natureza.

    P.: o Grupo Randon é exportador. Há muita exigên-cia na questão do meio ambiente?

    D.A.R.: Tanto o comércio internacional, quanto os inves-tidores, cobram ações de responsabilidade social. Porém, nós da Randon fazemos pela consciência. Por isso, antes de instalarmos um grande projeto pedimos a consultoria de alguns clientes formadores de opinião. Assim, eles ficam com a tranqüilidade de receber produtos de uma empresa responsável com a saúde e as questões ambientais.

    P.: Qual o trabalho na área de reflorestamento?

    D.A.R.: Na cidade de Vacaria, a família Randon planta Pinus. Tirando o lado industrial, a família investe no

    que chamamos de agrosilvopastoril. Tudo iniciou com o plantio de maçã, criação de gado e, depois, com a pro-dução de queijo, a criação de suínos, o plantio de uvas e grãos. Enfim, uma cadeia onde uma coisa alimenta a outra e forma um ciclo de reaproveitamentos.

    Para produzir o queijo se utiliza parte do leite e a outra vira soro. O soro é poluidor nos rios, por isso transfor-mamos os dez mil litros de soro por dia em ração e complementação do alimento dos suínos, pois é pura proteína. De outra parte, os resíduos dos porcos e das vacas também são poluidores, mas podemos transfor-mar parte em gás metano e parte em adubo. Este é utilizado na terra para o plantio e o gás gera energia elétrica. Trabalhamos em parceria com a Perdigão no desenvolvimento de biodigestores.

    P.: o efeito estufa o assusta como empresário, como executivo, como ser humano?

    D.A.R.: Primeiro como ser humano. Vendo o que os países desenvolvidos estão fazendo, a previsão para os próxi-mos 30 anos é catastrófica. Minha maior preocupação é se esses países, realmente se adaptarão à redução das emissões de gases que formam o efeito estufa. Infeliz-mente o ser humano está acabando com as outras raças além da sua. Os humanos e os animais por natureza são poluidores desde o momento que nascem. No Brasil te-mos 180 milhões de pessoas e 180 milhões de animais, logo, é um grande poluidor, mesmo em sua vasta área. Mas não representa nem 5% do problema mundial. O alerta que daqui a 50 anos tudo pode mudar no clima, refletindo diretamente na agricultura, mobiliza os cida-dãos e as empresas para que tentem melhorar o meio ambiente. Mas tem muito que avançar, pois os maiores geradores são os que menos estão preocupados. O Brasil está fazendo a sua parte com a produção do álcool e do biocombustível.

    Segmento do negócio: fabricante de implementos rodoviários

    Ano de fundação: 1�4�

    Mercado de atuação: Brasil e exterior

    Número de empregados: �.560

    Perfil Randon

  • �6 Relatório Anual 2006

    m �006, a Perdigão criou o Instituto Perdigão de Sustentabilidade. No entanto, a direção da em-presa afirma que a preocupação com a preser-vação ambiental é bem mais antiga. O zelo com

    o meio ambiente e com as comunidades com as quais se relaciona permeia todos os seus processos e é refor-çado pelos valores disseminados pela organização. É o que afirma Ricardo Menezes, diretor de Relações Insti-tucionais, para quem meio ambiente e sustentabilidade estão intimamente ligados e são prioridades na política de gestão da Perdigão.

    Hoje a empresa conta com 16 fábricas, exportando para mais de 100 países. É uma das maiores companhias do setor de alimentos da América Latina e, no Brasil, está entre as líderes na produção de alimentos e processa-mento de aves e suínos.

    Perdigão:crescimento e sustentabilidade

    A empresa foi fundada em 1�34, em Videira (SC), tendo como principal foco a gestão sustentável do seu negó-cio. Na última década, a Perdigão alcançou crescimento médio anual de �1% em faturamento e abriu cerca de �,3 mil novos postos de trabalho por ano. Atualmente, o quadro de funcionários ultrapassa a marca de 3� mil profissionais. No Brasil, a Perdigão conta com mais de 84,� mil clientes. No mercado internacional, soma 800 importadores. São mais de 1.500 variedades de pro-dutos, sob as diversas marcas relacionadas à Perdigão. Com controle acionário pulverizado e difuso, a Perdigão confere direitos igualitários a seus acionistas, entre os quais está a Petros.

    Leia entrevista com o diretor Ricardo Menezes e sai-ba como a Perdigão lida com o tema responsabili-dade ambiental.

    Casas do Programa ProhabFoto: Arquivo Perdigão

    E

  • ��Relatório Anual 2006

    Conservação de Energia, o de Reuso de Água e o Prohab, Programa de Construção de Habitação para os nossos funcionários.

    P.: como funciona cada um deles?

    R.M.: No Prohab, a empresa disponibiliza o terreno e sua área de engenharia para elaborar e acompanhar o proje-to. O funcionário utiliza os recursos do Fundo de Garan-tia e a Prefeitura local oferece a infra-estrutura. Já cons-truímos cerca de mil casas em cinco Estados. Essa é uma demanda muito grande, principalmente no interior, pois muitas vezes não conseguíamos expandir nossas ativi-dades porque não havia disponibilidade de moradia para levar um profissional para trabalhar lá. Em outras vezes, quando havia expansão, o mercado se desregulava de tal forma que os preços iam à estratosfera. O programa fun-ciona como um regulador desse mercado, para garantir melhor qualidade de vida. Inauguramos, recentemente, um conjunto com 50 casas, em Rio Verde, Goiás.

    P.: o que é o Programa Perdigão de suinocultura sustentável e como tem contribuído para a preser-vação do meio ambiente?

    R.M.: Este programa começou no Centro-Oeste em fun-ção das características das propriedades rurais locais, que são formados por grandes extensões com uma concentração muito grande de animais. Conseqüente-mente, a geração de dejetos é muito grande. Optamos

    P.: Qual a função do instituto Perdigão de susten-tabilidade?

    R.M: Na história da Perdigão aconteceu o inverso em re-lação a outras indústrias. A empresa foi se instalando e as cidades se formaram ao seu redor. Normalmente, a indústria vai para um local, ali encontra mão-de-obra e estrutura. No início, em meados dos anos 30, a Perdigão tinha que buscar água, então instalava suas unidades próximas a um rio. A comunidade ia na mesma direção. A companhia se expandiu, as unidades foram crescendo e a população em torno das indústrias também. De re-pente, fábrica e comunidade passaram a enfrentar alguns problemas que precisavam ser administrados porque estavam interferindo na qualidade de vida das pessoas, pois, naquela época, a fábrica não havia sido projetada para conviver com uma comunidade lado a lado. Então, fomos obrigados a rever toda a nossa estrutura. Desde o problema da captação da água no rio, até o dos gases emitidos pela fábrica. Conseqüentemente, os programas socioambientais foram surgindo e precisávamos tirá-los da estrutura formal da companhia para dar-lhes ritmo. Optamos por criar um instituto, que passou a agregar os programas que já estavam em andamento.

    P.: Quais são os programas que fazem parte do instituto?

    R.M: No Instituto estão quatro projetos: Suinocultura Sustentável, Proceb - Programa de Racionalização e

    Investimentos em programas socioambientais

    Entrevista Ricardo Menezes diretor de Relações Institucionais da Perdigão

    Aula prática de produção de hortaliças do projeto SemearFoto: Arquivo Perdigão

  • �8 Relatório Anual 2006

    pela tecnologia do biodigestor, que cria alternativas de fonte de energia, além de resolver o problema dos de-jetos, impedindo que contaminem o lençol freático. A parte sólida do dejeto se transforma em bioferti-lizante e o gás gerado pode ser usado para aquecer a ave no início da vida ou, se não tem avicultura, o produtor pode utilizar em sua propriedade como al-ternativa energética. O programa está sendo estendi-do para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, só que nesses Estados a característica é diferenciada, pois os produtores são de menor porte. Embora haja menor concentração de animais por propriedade, a popula-ção de animais é muito maior quando somamos todas as propriedades. Estamos dando início ao Projeto de Suinocultura Sustentável com a empresa Randon, na região das serras gaúchas.

    P.: como funciona o Programa de Reuso da Água?

    R.M.: A atividade industrial da Perdigão demanda muita água no processo produtivo. Em função disso, algumas de nossas fábricas estão instaladas muito próximas a rios importantes. A grande preocupação da empresa era com a qualidade da água que, após captada, seria devolvida ao rio, para não interferir em atividades complementares, como piscicultura e lazer, além do próprio abastecimento da cidade. Criamos as estações de tratamento de efluen-tes e conseguimos devolver essa água captada ao rio em melhores condições do que no momento da captação. A seguir, surgiu a questão do rareamento da água, problema que está em discussão no mundo todo. Por meio do ins-tituto, desencadeamos um processo de conscientização, incentivando nossos funcionários a aplicar em sua casa ou propriedade as medidas de economia adotadas na

    fábrica. Em seguida, implantamos o Projeto do Reuso da Água. Hoje, as maiores fábricas da empresa já exercitam essa prática.

    P.: como o Proceb (Programa de Racionalização e conservação de Energia) tem contribuído para a economia de energia?

    R.M.: Esse é o Programa mais antigo desenvolvido pela empresa e que começou antes do apagão porque precisávamos reduzir o custo de energia. E, à medida que avançamos com essa iniciativa, percebemos que sua utilidade não era apenas uma questão de custo, mas também uma questão de sustentabilidade, que a empresa precisa se prevenir. Quando aconteceu o apa-gão ficou comprovado que estávamos absolutamente certos nesse processo. Já conseguimos racionalizar o custo na maioria das nossas indústrias, criar alterna-tivas energéticas e diminuir o consumo de determina-dos equipamentos.

    P.: A Perdigão acaba de inaugurar o complexo Agroindustrial de mineiros, em Goiás. Esse novo complexo já está voltado para a preservação am-biental da região?

    R.M.: Sim. O complexo fica próximo ao Parque Nacional das Emas, o que levou a empresa a analisar os possíveis impactos e a adotar medidas preventivas na implan-tação do projeto. Essa unidade já foi moldada dentro desse planejamento. Todo o empreendimento conta com as mais modernas soluções que visam a obter máxima produtividade e excelência em biosseguran-ça e contribuir para a preservação do meio ambiente.

    Ilha fluvial Herminio Salata de Almeida - Videira (SC)Foto: Arquivo Perdigão

  • ��Relatório Anual 2006

    Segmento do negócio: Indústria de Alimentos

    Ano de fundação: 1�34

    Mercado de atuação: Brasil e exterior

    Número de empregados: 40 mil

    Número de produtores integrados: � mil

    Perfil Perdigão

    Para a instalação da linha de perus, técnicos da Perdi-gão visitaram plantas na Holanda, Alemanha, França e Polônia, consideradas as mais avançadas no setor. Implantamos um sistema com utilização de dióxido de carbono (CO�), que melhora a qualidade e a maciez da carne e garante melhor aproveitamento do peito, além de contribuir para a redução do esforço físico dos funcionários envolvidos na linha de produção. A principal delas visa reduzir em 50% a quantidade de amônia, produto químico de alta toxidade, emprega-do como fluido térmico. Nas salas de corte, onde é preciso manter a temperatura a 10 ºC, a amônia será substituída por água gelada. O prédio da administra-ção utilizará energia solar. Todos os aspectos foram rigorosamente planejados para permitir, no maior

    grau possível, o emprego de fontes renováveis de energia .

    P: Além da preservação e da melhoria de seus pro-cessos, a preocupação ambiental trouxe reconheci-mento para a Perdigão?

    R.M.: A política socioambiental praticada possibilitou à Per-digão ser a única empresa de alimentos a participar do ISE - Índice de Sustentabilidade Econômica da Bovespa. Trata-se de uma conquista muito importante porque, além do reconhecimento do nosso Programa de Sustentabilidade, o ISE é grande diferencial da empresa no mercado inter-nacional, tanto para valorização dos papéis da companhia como para a comercialização de seus produtos.

  • 30 Relatório Anual 2006

    1- Introdução

    A Política de Investimentos dos planos administrados pela Petros têm como objetivo fornecer aos gestores da Petros as diretrizes em relação às estratégias para alocação dos investimentos em um horizonte de longo prazo, sendo um documento de vital importância para o planejamento e gerenciamento dos planos adminis-trados pela Fundação.

    Elas levam em consideração as modalidades e carac-terísticas das obrigações de cada plano de benefício administrado pela Petros, objetivando o equilíbrio econômico-financeiro entre os seus ativos e o passi-vo atuarial. Dada sua grande importância, este resumo tem como principal objetivo ressaltar alguns dos princi-pais pontos abordados pelas Políticas de Investimentos

    POLÍTICA DE INVESTIMENTOS 2007-2011

    que foram elaboradas em Novembro de 2006, aprova-das pelo Conselho Deliberativo da Petros através da Ata n.º 352 em 19 de Dezembro de 2006 e enviadas para todos os participantes e assistidos na Revista Petros de Dezembro de 2006. Também estão disponíveis no site da Petros (www.petros.com.br).

    A Petros administra 27 (vinte e sete) planos de benefícios de 31 (trinta e dois) patrocinadoras e 22 (vinte e um) instituidores. O documento dividiu os planos em 3 (três) grupos, onde são apresentadas políticas de investimentos distintas para cada um deles. Esta divisão fez-se necessária devido às caracte-rísticas atuariais e financeiras de cada plano. Os 3 (três) grupos são:

    1) Política de Investimentos do Plano Petros – Sistema Petrobras

    CNPB Planos

    19.700.001-47 Plano Petros – Sistema Petrobras

    2) Política de Investimentos dos Planos Petros – Privatizadas

    Seguem abaixo os CNPBs e o nome dos Planos a eles relacionados, respectivamente:

    CNPB Planos

    20.030.023-83 Plano Petros – Nitriflex/DSM

    20.030.025-29 Plano Petros – PQU

    20.030.026-18 Plano Petros – Ultrafértil

    20.030.021-38 Plano Petros – Braskem

    20.030.022-19 Plano Petros – Copesul

    20.030.024-56 Plano Petros – Petroflex

    3) Política de Investimentos dos Planos Petros – Contribuição Definida / Variável

    Seguem abaixo os CNPBs e o nome dos Planos a eles relacionados, respectivamente:

    CNPB Planos

    20.030.005-18 Plano PQU Previdência

    20.020.008-83 Plano Triunfo Vida| continua |

  • 31Relatório Anual 2006

    Ressaltamos que todos os planos possuem patrimônios segregados. O agrupamento apresentado se deve às seme-lhanças das características do perfil de compromissos futuros.

    Tabela Cenários 2007

    Pessimista Referência Otimista

    PIB 3,0 3,9 4,6

    IPCA 5,0 4,0 3,2

    IGP-M 6,0 4,5 3,0

    CNPB Planos

    20.020.019-11 Plano IBP

    20.040.013-56 Plano SIMEPREV

    20.040.017-47 Plano Copesulprev

    20.040.023-11 Plano IBAprev

    20.040.025-65 Plano CULTURAPREV

    20.000.062-56 Plano de Previdência DBA

    20.010.004-56 Plano Concepa

    20.000.073-92 Plano de Previdência Transpetro

    19.990.031-11 Plano de Previdência REPSOL YPF

    20.000.059-18 Plano de Previdência Cachoeira Dourada

    20.050.004-11 Plano CROPrev

    20.050.007-11 Plano SinMed/RJ

    20.020.004-92 Plano SAT

    20.040.026-38 Plano Sanasa

    20.050.019-29 Plano Manguinhos

    20.050.065-56 Plano FIEPEprev

    20.060.005-11 Plano Termoprev

    20.060.012-56 Plano CRAPrev

    | continua |

    2- Cenário Macroeconômico

    Com a perspectiva de continuidade de redução dos juros reais e tendência futura de crescimento acima de 4%, as políticas de investimentos privilegiaram setores que tenham alta correlação com o atual desenvolvimento brasileiro, como setores de infra-estrutura, desde que apresentem um marco regulatório consolidado e poten-cial de rentabilidade segura no médio e longo prazo. Nos investimentos em renda fixa a preferência é por títulos lastreados em risco de crédito privado, elaborados através de veículos bem estruturados.

    Todos os limites e parâmetros definidos seguiram a Resolução CMN 3.121/03 e demais instruções e regula-mentações complementares, e foram elaborados para o período de 2007-2011 dentro de uma estratégia de valo-rização dos ativos no médio e longo prazo. Assim, todos os parâmetros têm uma perspectiva qüinqüenal, cuja direção deverá ser perseguida pelos gestores de investimentos da Petros. Sempre serão levados em consideração nas decisões de investimentos governança corporativa e, especialmente responsabilidade socioambiental.

  • 32 Relatório Anual 2006

    3- Alocação de Recursos

    3.1- Política de Investimentos Plano Petros - Sistema Petrobras

    Segmento Percentual alocado Out/06Percentual 2007 / 2011:

    Mínimo

    Percentual 2007 / 2011:

    Máximo

    Renda Fixa 69,07 % 55,00% 73,00%

    Renda Variável 24,14 % 20,00% 35,00%

    Imóveis 3,23 % 2,50% 4,00%

    Empréstimo a Participantes 3,56 % 3,00% 6,00%

    3.2- Política de Investimentos Planos Petros - Privatizadas

    Segmento Percentual alocado Out/06Percentual 2007 / 2011:

    Mínimo

    Percentual 2007 / 2011:

    Máximo

    Renda Fixa 42,95% 30,00% 80,00%

    Renda Variável 42,66% 20,00% 50,00%

    Imóveis 6,85% 2,50% 8,00%

    Empréstimo a Participantes 7,54% 3,50% 10,00%

    3.3- Política de Investimentos Planos Petros – Contribuição Definida / Variável

    SegmentoPercentual alocado

    Out/06 (*)

    Percentual 2007 / 2011:

    Mínimo

    Percentual 2007 / 2011:

    Máximo

    Renda Fixa 98,22% 70,00% 100,00%

    Renda Variável 0,00% 0,00% 25,00%

    Imóveis 0,00% 0,00% 0,00%

    Empréstimo a Participantes 1,78% 0,00% 8,00%

    (*) Utilizamos parâmetros de Percentual Alocado em Out/06 o Plano Transpetro por ser o único que tem alocação em empréstimos a partici-pantes. Os demais planos tem 100% dos recursos alocados em Renda Fixa.

    Pessimista Referência Otimista

    SELIC 13,25 11,75 11,00

    SELIC REAL(*) 8,3 7,8 7,8

    RISCO PAÍS (EMBI) 220,0 190,0 175,0

    DÍVIDA / PIB 48,0 47,8 47,3

    TX CÂMBIO 2,65 2,25 2,05

    4- Outros Limites para Diversificação dos Investimentos

    Além dos limites acima descritos, a Petros estabeleceu que todos os planos por ela administrados devem também utilizar os limites máximos de diversificação dos investimentos, sempre respeitando os limites legais

    estabelecidos pela Resolução CMN 3.121/03 e demais instruções e regulamentações complementares, e as tabelas abaixo relacionadas:

  • 33Relatório Anual 2006

    Imóveis

    Limites Máximos

    Por Imóvel 100,00%

    Por PL do Fundo 25,00%

    Limites Mínimos para Participação em Assembléia de Acionistas¹

    Limites

    Capital Votante 0,01%

    Capital Total -------

    Recursos Garantidores -------

    Limite Máximo

    Pessoa Jurídica ou conglomerado 30,00%

    Patrocinadoras e ligadas 10,00%

    Ativos de Renda Fixa (*)

    Baixo Risco Médio Risco Alto Risco

    Pessoa Jurídica Não Financeira 20,00% 20,00% 20,00%

    Instituição Financeira 25,00% 15,00% 15,00%

    FIDC (**) 10,00% 5,00% 5,00%

    (*) Os limites estabelecidos para Médio Risco e Alto Risco são não cumulativos

    (**) Além dos limites acima relacionados, a Petros se limitará a investir até 25% do Patrimônio Liquido de um FIDC.

    Companhias Abertas

    Limites Máximos

    Por Capital Votante 20,00%

    Por Capital Total 20,00%

    Dos Recursos Garantidores (*) 5,00%

    (*) Este limite pode ser majorado para 10% no caso de ações representativas de percentual igual ou superior a 2% do Ibovespa, do IBX-100, do

    IBX-50 ou do FGV-100.

    Sociedades de Propósito Específico

    Limites Máximos

    Por Projeto 25,00%

    Por Projeto + Inversões das Patrocinadoras 40,00%

    Os limites estabelecidos para Companhias Abertas e Sociedades de Propósito Específico podem ser alterados de acordo com modificações na legislação. Estes limites obedecem preceitos de liquidez e segurança de acordo com as características de cada empresa.

    ¹A Petros não tem um valor mínimo para participação em assembléia de acionistas. Ela participa de acordo com seus interesses.

  • 34 Relatório Anual 2006

    5- Critério para Seleção de Gestores de Recursos

    • Estrutura de Suporte e de Controle;• Práticas de Marcação a Mercado;

    • Capacitação Técnica;

    • Total de Recursos Administrados;

    • Custos;

    • Riscos Incorridos;

    • Rentabilidade Histórica Auferida;

    • Histórico da Empresa e dos Controladores; e,

    • Outros.

    6- Critérios de Controle de Risco

    • Mercado

    • Liquidez

    • Contraparte

    • Legal

    • Operacional

    • Outros

  • 35Relatório Anual 2006

    A PETROS NO MERCADO

    EFPCPopulação Total Ativos

    Absoluto % Total do setor Absoluto % Total do setor

    PREVI/BB 162.791 6,5 83.288 4,4

    POSTALIS 111.383 4,5 96.438 5,1

    FUNCEF 96.484 3,9 72.017 3,8

    PETROS2 94.789 3,8 41.271 2,2

    HSBC 63.483 2,6 57.330 3,0

    VALIA 60.463 2,4 39.813 2,1

    BB PREVIDÊNCIA 48.460 1,9 47.625 2,5

    FUNDAÇÃO CESP 48.146 1,9 18.788 1,0

    REFER 46.031 1,8 6.151 0,3

    ITAUBANCO 36.865 1,5 30.070 1,6

    10 Maiores 768.895 30,9 492.791 26,1

    Total - Patrocínio Público 995.755 40,0 646.218 34,3

    Total - Patrocínio Privado 1.469.386 59,0 1.214.381 64,4

    Total - Patrocínio Instituidor 24.118 1,0 24.042 1,3

    Total do Setor 2.489.259 100 1.884.641 100

    ¹População Total é o somatório do número de ativos, assistidos e beneficiários de pensão. ²As informações da Petros são de fonte própria, podendo divergir das divulgadas pela SPC.Fonte: Secretaria de Previdência Complementar - Ministério da Previdência Social. Elaboração: Gerência de Controle.

    Em dezembro de 2006, a Pet