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Adriano EliasEstelamar Maria Borges Teixeira

José Antonio BessaPatrícia Campos Pereira

Rosemar Rosa(Organizadores)

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS PROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM

2012

1ª Edição

Uberaba-MGIFTM2014

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REITORRoberto Gil Almeida RodriguesPRÓ-REITOR DE EXTENSÃO

Eurípedes Ronaldo Ananias FerreiraDIRETOR DE EXTENSÃO

José Antônio BessaCOORDENADORA GERAL DE EXTENSÃO E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Estelamar Maria B. TeixeiraCOORDENADOR DE EXTENSÃO E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Adriano EliasCOORDENADORA DE ESTÁGIO E ACOMPANHAMENTO DE EGRESSOS

Gianna Andréia F. GobbiSECRETÁRIA DA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

Patrícia Campos PereiraAPOIO ADMINISTRATIVOCláudia Helena Rezende Lemes

REVISÃO TEXTUALTamara Aparecida LourençoCAPA E DIAGRAMAÇÂO

Alex Sandro Junior de Oliveira(Triunfal Gráfica e Editora)

Impresso no BrasilEdição: 2014

ISBN: 978-85-64139-05-3Tiragem: 700 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Instituto Federal do Triângulo Mineiro

R 586 Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2012 / Organizadores: Adriano Elias, José Antonio Bessa, Estelamar Maria Borges Teixeira, Patrícia Campos Pereira, Rosemar Rosa [Orgs.].- Uberaba- MG: IFTM, 2014.112p.: il

Publicação realizada pela Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTMISBN: 978-85-64139-05-3

1. Extensão universitária. 2. Pesquisa. 3. Educação profissional. 4. Livros de leitura. I. Elias, Adriano. II. Bessa, José Antônio. III. Teixeira, Estelamar Maria Borges, IV. Pereira, Patricia Campos. IV. Rosemar Rosa. II. Título.

CDD 378.103

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Súmário

5 Apresentação

7 Programa Arte Educação IFTM Câmpus Uberaba 2012

15 Cultura Brasileira: Práticas, Representações e Cidadania.

21 Mapeamento das Características Físicas e Químicas de Solos das Propriedades Rurais da Região do Sobradinho, Município de Uberlândia-MG

29 Projeto Impacto do Núcleo de Extensão Universitária: Núcleo de Estudos para Produção de Alimentos Seguros – NEPAS, na Qualidade de Alimentos Preparados e Comercializados por Ambulantes

37 Microbiologia Aplicada à Agroindústria Familiar e a Pequenos e Médios Produtores de Uberaba e Micro-Região

43 Incluir Brincando

49 1° Dia de Campo dos Produtores de Hortaliças do Triângulo Mineiro

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55 Ação Extensionista Visando o Controle do Mosquito Aedes Aegypti por Meio de Armadilhas de Baixo Custo e Ecologicamente Corretas

59 Mostra Artística Multicampi IFTM

67 A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a Ordem Social a partir da Atividade do Trabalho numa Interlocução Poética com a Comunidade de Ituiutaba

75 Educação Ambiental na Escola: Incentivando e Implantando a Destinação Correta dos Resíduos Sólidos

85 Desenvolvimento de Estratégias, junto à Comunidade Local, para a Melhoria dos Índices de Infecção por Leishmania Sp.

89 Museu Entomológico do Instituto Federal do Triângulo Mineiro

97 Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia

107 Cidadania e Sistema Penitenciário: Intervenções e Mini-Cursos de Direitos Humanos junto ao Estabelecimento Prisional de Uberaba-MG

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Apresentação

As ações de Extensão, no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – IFTM constituem um processo educativo, cultural e científico, articulado ao ensino e à pesquisa de forma indissociável, ampliando a relação transformadora do Instituto em diversos segmentos sociais, promovendo o desenvolvimento local e regional, a sociali-zação da cultura e do conhecimento técnico-científico.

Estas ações possuem diversos níveis de articulação e integração, pro-porcionando visibilidade a todos os segmentos sociais, seja frente ao público estudantil, em seu universo cultural e das artes, seja na ampliação de formas diferenciadas de educação e pesquisa para a sociedade, integrando-a ao mun-do do trabalho, da produção e da investigação.

Neste sentido, esta publicação intitulada Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM tem por objetivo divulgar os projetos de ex-tensão tecnológica desenvolvidos no âmbito do IFTM no ano de 2012, consi-derando o desafio de se cumprir a missão do Instituto, fundamentada na Lei 11892/08, de 29 de dezembro de 2008.

Os relatos de experiência têm origem nas atividades de extensão, com-postas por um conjunto de ações pedagógicas, de caráter teórico e/ou prático, presencial ou à distância, planejadas e organizadas de maneira sistemática, incluindo oficinas, workshops, laboratórios e treinamentos, e também dos eventos realizados no IFTM e na comunidade externa com ações de interesse técnico, social, científico, esportivo e artístico, como: assembleias, competi-ções, congressos, seminários, palestras, conferências, mesas redondas, e resul-tantes do processo de elaboração de produtos acadêmicos que caracterizam ações de ensino, pesquisa e extensão, tais como: livros, cartilhas, vídeos, fil-mes, softwares e CDs, dentre outros.

Portanto, esta publicação surge da necessidade de iniciativas de exten-são tecnológica que busquem ampliar a sobrevivência e o crescimento dos arranjos produtivos socioeconômico local e regional.Tendo em vista que a divulgação de informações tecnológicas e suas inovações são estratégias im-portantes que buscam consolidar ações que promovam a inclusão social por meio da difusão e popularização do conhecimento técnico científico.

Esta publicação, ao mesmo tempo em que divulga e valoriza os traba-lhos dos docentes e alunos do Instituto, retrata o que vem acontecendo no

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IFTM por meio dos câmpus de forma ampla através de iniciativas de extensão tecnológica. Traduz-se assim, em mais um trabalho que amplia as ações so-ciais decorrentes de educação profissional e tecnológica.

Roberto Gil Rodrigues Almeida

Reitor IFTM

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Programa Arte Educação IFTM Câmpus Uberaba 2012

Aldo Luís Pedrosa da Silva1. Marvile Palis Costa Oliveira2. Nilce Vieira Campos Ferreira3. Otaviano José Pereira4. Alexandre Bitencourt de Freitas Andrade5. Carolina Sofia Chiba6. Danielle Alves Maia da Veiga Dias7. Danielle Campos Botelho8. Fernanda Araújo Pantaleão9. Gabriel Alves Prado Freitas10. Gabriella Moura Ferreira11. Hiago Alves Fernandes12. Isaías

Antônio de Paiva13. Izabella Thays Jacob Felix14. Kelly Martins Rosa15. Keslly Velozo Loiola16. Leila Carolina Freitas Camargos Dias17. Lucas Borges de Lima18. Marta Cavalcante Ferreira19x. Pablo Humberto Vaz20. Pedro Henrique Chumbinho

Sodré21. Rita de Cássia Vilela Junqueira22. Thea Vaz Amâncio23. Trayse Graneli Soares24. Vanessa de Oliveira Soares25.

Resumo

O Programa Arte Educação IFTM Câmpus Uberaba é uma atividade existente há 15 anos na instituição. O referido programa é formado por vários projetos que possuem como objetivo principal ofertar a alunos, servidores e comunidade externa o contato com a arte e a cultura, em seus vários segmentos. São oferecidos cursos e oficinas em diversas modalidades artísticas, com curta e longa duração. Além das oficinas, são tra-balhados projetos práticos de produção poética e gestão cultural, com a proposta de apresentar os resultados advindos do processo à comunidade local, regional e nacional. No ano de 2012, em decorrência da aprovação no Edital 01/2012 de apoio a Projetos e Programas de Extensão da Pró-reitoria de Extensão do IFTM, o programa se expandiu, atendendo a um número maior de pessoas, além de sua evolução em vários sentidos, dando ao programa maior credibilidade e reconhecimento perante a sociedade.

Palavras-chave: Arte. Educação. Extensão. IFTM. Uberaba.

Introdução

O Programa Arte Educação tem como objetivo principal oferecer aos alunos, servidores e comunidade externa do IFTM - Câmpus Uberaba projetos artísticos em diversas linguagens da arte, visando proporcionar aos participan-tes significativos ganhos referentes aos aspectos bio-psico-sociais do indivíduo. A partir disto, o programa se propõe a estimular a valorização da arte-educação dentro do processo didático-pedagógico calcado no tripé ensino/pesquisa/ex-tensão, oportunizando aos envolvidos sua sensibilização perante a fundamen-tal importância da arte no meio acadêmico, gerando a quebra de preconceitos ainda existentes relacionados ao trabalho de aspectos humanizadores em uma instituição tradicionalmente tecnicista.

Existente há 15 anos, o programa se transformou ao longo do tempo. Em sua origem, no ano de 1998, o programa, na ocasião ainda considerado projeto, se propunha a realizar uma apresentação artística e cultural no final do ano leti-

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vo, a partir do convite a alunos e servidores da instituição, que possuíam algum conhecimento e/ou trabalho artístico, para se apresentarem em uma grande mostra. Sob a coordenação de Sílvia Marina, psicóloga da instituição, na época Escola Agrotécnica Federal de Uberaba, estas apresentações ganharam notorie-dade e o evento, de nome Arte Educação, entrou oficialmente para o calendário acadêmico. Além das apresentações artísticas, ocorria no evento o lançamento do Livro de Contos, Poemas e Poesias, um projeto realizado junto à comuni-dade interna por meio da seleção de textos poéticos que compunham um livro.

Em 2006, o professor de artes Aldo Pedrosa ingressou à instituição, já Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba, e logo foi convidado para participar do grupo que conduzia o projeto. Neste ano, o projeto começou a se esboçar como um programa, pois começaram a ser ofertadas oficinas de arte para a comunidade interna. A apresentação no evento Arte Educação passou a ser composta pelos resultados dos trabalhos nestas oficinas.

A partir de 2009, a instituição já denominada Instituto Federal de Edu-cação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Câmpus Uberaba, os pro-jetos, do então instituído Programa Arte Educação, ganharam maior indepen-dência e passaram a não possuírem o foco único de participação no evento Arte Educação. Desde então, o resultado dos trabalhos de cada oficina começaram a ser apresentados em diversas cidades por todo o Brasil, como ocorrido na ocasião do I e II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, o primeiro realizado em 2009 em Brasília/DF e o segundo em 2012 em Floria-nópolis/SC; o Festival Internacional de Teatro Estudantil, realizado em Porto Alegre/RS em 2012 e diversas outras apresentações como o Festival de Teatro de Patrocínio/MG de 2001 e Mostra Artística Multicampi do IFTM, em Ituiutaba em 2012.

Deste crescente desenvolvimento das atividades, surgiram grupos com enfoque mais profissional, com destaque ao Grupo ContosEnCantos que reali-zou a maioria das apresentações externas até os dias atuais. Este grupo se calca na produção de espetáculos cênicos-musicais autorais, escritos e dirigidos pelos alunos e servidores envolvidos no processo. Sob a direção da aluna bolsista Danielle Maia, o grupo ContosEnCantos produziu as peças ‘Contos do Velho Chico’, em 2009, ‘Contos da Casa Grande em Cantos da Senzala’, em 2010, ‘Contos das Gerais’, em 2011, ‘Encantos do Velho Chico’ e ‘O Último Dia’, em 2012.

O programa Arte Educação vem crescendo significativamente no que se refere à quantidade de projetos envolvidos e à participação do público. Em 2012 o programa deu um salto exponencial, em face da aprovação no Edital 01/2012 de apoio a Projetos e Programas de Extensão da Pró-reitoria de Ex-tensão do IFTM. O programa pôde, então, adquirir recursos materiais e de

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consumo que são fundamentais para seu desenvolvimento, além da contratação de serviços e, principalmente, em decorrência da participação de um grande número de alunos bolsistas, cada um cuidando de uma área específica dos di-versos segmentos em que atuam os projetos.

A partir de 2012, o programa Arte Educação vem oferecendo projetos que se desdobram e atendem principalmente a três grande áreas:

1) Oferecimento de oficinas e cursos nas principais linguagens da arte aos alunos, servidores e também à comunidade externa do IFTM - Câmpus Uberaba.

2) Produção de trabalhos poéticos-artísticos com vistas ao desenvolvimen-to de produtos culturais que possam ser significativos para a arte con-temporânea, bem como para a produção cultural acadêmica brasileira e mundial.

3) Promoção de apresentações e mostras a partir dos resultados obtidos nas oficinas e demais projetos, visando à divulgação dos trabalhos à comuni-dade acadêmica, bem como a participação em eventos regionais, nacio-nais e internacionais, no sentido de contribuir para o desenvolvimento da arte e oportunizar o contato do público com a cultura.

Com uma visão de que as linguagens artísticas e o uso de outros códigos podem estabelecer intervenções eficazes nos ambientes educativos, o Programa considera a heterogeneidade, as diferenças entre pessoas, a sua diversidade, pois para intervir de forma responsável e coletiva é preciso perguntar: a) “Quem são estes novos aprendizes?”; b)“Por que pensam e agem do modo como pensam e agem?”; c) “Como avaliar seu desempenho?”. (FREIRE, 2005).

Este programa também está em sintonia com o Plano de Desenvol-vimento Institucional do IFTM, aprovado pelo Conselho Superior para o período 2009-2013. De acordo com PDI: “O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro tem por finalidades: [...] reali-zar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o cooperativismo, o empreendedorismo e o desenvolvimento científico e tecnológico; [...] de-senvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica; [...] desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do tra-balho e os segmentos sociais com ênfase na produção, no desenvolvimento e na difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos” (INSTITUTO FE-DERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2009, p. 06), e no âmbito cultu-ral, a Extensão do IFTM tem como um dos objetivos principais “ampliar programas artísticos, culturais e de extensão” (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2009, p. 13).

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Têm-se assim atividades de extensão com um percurso claro que vai do reconhecimento de necessidades do mundo do conhecimento entrelaçados à formação necessária fundamentada na concepção de uma consciência humana, cidadã e filosófica.

Tendo isso em vista, é importante ressaltar que o programa, em seus 15 anos de história, tem conquistado significativos ganhos não apenas para as pessoas diretamente envolvidas, mas para toda a comunidade. Em decorrência do apoio da Pró-reitoria de Extensão do IFTM em 2012, o resultado em 2012 foi extremamente positivo, haja vista as inúmeras atividades desenvolvidas e apresentações realizadas, que serão melhor detalhadas no próximo item.

Desenvolvimento

A partir do relato anterior foi possível ter uma dimensão do desenvol-vimento do programa ao longo dos 15 anos de sua existência, que estão sendo celebrados neste ano de 2013. Mas é notório como houve um significativo desenvolvimento do mesmo no ano de 2012, principalmente pela possibili-dade de usufruir de recursos oriundos da aprovação em edital e pelo trabalho da grande equipe de bolsistas que participaram das atividades no ano em questão.

No mês de junho de 2012 foram realizadas reuniões com os dirigentes do Câmpus Uberaba para se verificar as condições de viabilização do programa, uma vez que, devido à grandiosidade da nova proposta, seria uma experiência nova para a equipe já conhecedora do Programa Arte Educação nos moldes an-teriores. No mesmo mês foram realizadas as solicitações de compras e serviços, para a aquisição de equipamentos, figurinos, materiais para uso dos monitores das oficinas, aluguel de som e iluminação para as apresentações, entre diversos outros recursos de suma importância para a execução da proposta como ela foi concebida.

No mês de julho foram lançadas vagas para a seleção de 27 bolsistas. Cada uma destas vagas é direcionada para uma área específica entre as diversas linguagens artísticas, nos seguimentos: monitoria de oficinas, produção artísti-ca e poética, gestão cultural e comunicação.

No final do mês de julho ocorreu, então, a seleção dos bolsistas. Houve uma grata surpresa por conta da grande quantidade de inscrições e, ao final do processo, os 27 novos bolsistas foram selecionados. Os mesmos se juntaram a dois bolsistas que já faziam parte do programa desde o princípio do ano, apro-vados em edital interno do IFTM - Câmpus Uberaba correspondendo, ao todo, a 29 bolsistas. No mês de setembro foram lançadas mais quatro bolsas a partir de um novo edital interno, somando no total 33 bolsas.

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Em agosto foram lançadas as inscrições para 10 novas oficinas: Contra-baixo, Instrumentos de cordas (Guitarra e Violão), Percussão, Canto, Capoeira, Pintura, Desenho, Computação Gráfica, Iniciação Teatral e Danças Brasileiras. Nos primeiros dias de setembro as oficinas foram iniciadas, contando com um grande número de inscritos entre alunos regulares do IFTM, servidores e co-munidade externa.

Paralelamente às oficinas iniciaram-se três projetos de produção artística:

1) Produções Multisensoriais: trabalhos artísticos que procuram explorar, especialmente, os sentidos do olfato e paladar do interator numa obra de arte. Estes sentidos, somado às experiências audiovisuais e táteis já comuns na apreciação artística, propõem a experienciação por completo do objeto artístico, de forma multissensorial. Para este projeto, foram selecionados dois bolsistas dos cursos técnico em Nutrição e Dietética e Superior em Tecnologia de Alimentos.

2) Produção em Computação Gráfica e Interatividade: criação de uma web page que oferece ao usuário a possibilidade de experenciar vídeos interativos, calcados em propostas poéticas contemporâneas a partir de questões como voyeurismo e vigilância. Para o desenvolvimento deste projeto trabalharam dois bolsistas dos cursos de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio e Superior em Análise e De-senvolvimento de Sistemas.

3) Produção Audiovisual: captação e pós-produção de imagens (estáticas ou em movimento) a partir dos registros de todas as atividades deste Progra-ma, visando à documentação e à divulgação dos Projetos em vários ca-nais. Para estas atividades, houve também a participação de dois bolsistas do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio.

E para auxiliar nas questões administrativas e de divulgação das ativi-dades, foram selecionados quatro bolsistas para as áreas de Produção e Gestão Cultural. Além destas novas atividades desenvolvidas, foram oferecidas três ofi-cinas iniciadas em abril de 2012: Teatro, Música Instrumental e Interpretação para Cinema Digital (duas turmas, uma experiente e outra iniciante). No total, foram oferecidas 13 diferentes oficinas, todas ministradas pelos bolsistas nas dependências da Unidade II do IFTM Câmpus - Uberaba.

Como proposta de mostra das produções artísticas desenvolvidas duran-te o ano, o Grupo de Espetáculo Musical ContosEnCantos se apresentou em diversos locais em 2012. Dentre estes locais, ocorreram apresentações em duas ocasiões no Teatro Experimental de Uberaba, quatro apresentações em Escolas Públicas Municipais em Uberaba; houve a participação do II Fórum Mundial

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de Educação Profissional e Tecnológica em Florianópolis – Santa Catarina, no Festival Internacional de Teatro Estudantil em Porto Alegre – Rio Grande do Sul e foram realizadas duas apresentações em Escolas da Rede Estadual de Porto Alegre. Além disto, este grupo se apresentou no VI Festival Novas Tendências e realizou a abertura do Seminário de Iniciação Científica do IFTM, ambas em Uberaba, e participou também da I Mostra Multicampi do IFTM, se apresen-tando na cidade de Ituiutaba/MG e no Câmpus EaD em Uberaba. O grupo de música realizou a abertura da Semana de Ciência e Tecnologia do Câmpus Uberaba e o Grupo de Danças Brasileiras encerrou o Evento de Educação a Distância no Câmpus EaD, além da apresentação em diversos outros espaços públicos na cidade de Uberaba. Os alunos da oficina de Cinema participaram do Festival do Minuto realizado pela Universidade de Uberaba. Parte do traba-lho realizado pelos bolsistas de Computação Gráfica foi levado ao Evento En quete du lieu - Espaces Atraverses, que se constituiu em uma exposição coletiva de arte e tecnologia realizada por artistas franceses e brasileiros na Galerie Mi-chel Journiac em Paris, França. Após esta experiência expositiva, foi realizado um seminário com a finalidade de permitir a interlocução a partir das questões poéticas decorrentes das produções expostas. Ambas atividades ocorreram na Université Paris I - Panthéon-Sorbonne, em Paris, em novembro de 2012, nas quais o Prof. Aldo Pedrosa, coordenador deste programa, representou o IFTM e a cidade de Uberaba.

Considerações finais

É fato que o programa no decorrer de toda sua história contribuiu signi-ficativamente para a formação bio-psico-social de todos os envolvidos no pro-cesso. Nessa visão, o Programa procurou identificar e reconhecer a multiplici-dade de vozes e identidades presentes no espaço educativo comunitário, tendo como apreensão e eixo norteador o respeito à pluralidade cultural. Isto porque em uma sociedade que se percebe cada vez mais multicultural a “pluralidade de culturas, etnias, religiões, visões de mundo e outras dimensões das identidades infiltra-se, cada vez mais, nos diversos campos da vida contemporânea” (MO-REIRA, 2001, p. 41)

Mesmo diante de várias dificuldades e da demora das tramitações buro-cráticas, o que é inerente às instituições públicas do país, todos os objetivos pro-postos inicialmente foram atendidos e houve, também, várias outras conquistas advindas do processo, não previstas nos objetivos iniciais.

Deve-se frisar, em uma última vez, que o investimento no programa em 2012 permitiu que o mesmo se desenvolvesse significativamente e que as ativi-dades se profissionalizassem. No que se refere à seleção de bolsistas, houve uma

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grande procura nas inscrições, o que permitiu uma seleção mais segura com relação ao perfil desejado.

Com o grande número de novas oficinas oferecidas, foi possível atender melhor a comunidade externa. Parcerias se concretizaram, como o auxílio do Instituto Agronelli de Desenvolvimento Social de Uberaba, que divulgou as oficinas nas localidades em que atua (comunidades carentes e centros de apoio ao menor). A partir disto, muitos pré-adolescentes e adolescentes considerados em situação de risco social participaram das atividades, atendendo, desta forma, a um dos objetivos principais do programa. Outro ponto positivo foi a parceria realizada com o Centro de Cultura José Maria Barra – SESI/FIEMG em Ubera-ba, que permitiu a realização da oficina de Danças Brasileiras nas dependências de sua instituição.

Os projetos práticos apresentaram bons resultados, contribuindo para a va-lorização da arte e da cultura no âmbito institucional e em nível nacional. O grupo ContosEnCantos alcançou muito reconhecimento e sucesso nos eventos em que participou no ano de 2012. Em decorrência disso, surgiram, no final do processo, mais três grupos com enfoque mais prático e profissional, visando participar, tam-bém, de mostras e festivais pelo país. São eles: Grupo Musical do IFTM, equipe de Produção de Cinema e Audiovisual e Grupo de Danças Brasileiras. Pretende-se investir bastante nestes novos grupos em 2013, para que eles possam ser os novos representantes da arte do IFTM Câmpus - Uberaba em todo o país.

Notas1 Mestre em Artes - Artes Visuais. Professor. E-mail: [email protected]

2 Graduada em Artes - Música. Professora. E-mail: [email protected]

3 Doutora em Educação. Pedagoga. E-mail: [email protected]

4 Doutor em Educação. Professor de Educação. E-mail: [email protected]

5 Aluno do Bacharelado em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

6 Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

7 Aluna da Especialização em Filosofia e Sociologia da Educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

8 Aluna do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

9 Aluna do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

10 Aluno do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

11 Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

12 Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 02/2012. E-mail: [email protected]

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13 Aluno do Ensino Médio integrado ao Técnico em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

14 Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

15 Aluna do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

16 Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

17 Aluna do Técnico em Nutrição. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

18 Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

19 Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

20 Aluno do Técnico em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

21 Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

22 Aluna da Especialização em Filosofia e Sociologia da Educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

23 Aluna do Bacharelado em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

24 Aluna do Ensino Médio integrado ao Técnico em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de exten-são do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

25 Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Plano de Desenvolvimento Institucional. Uberaba, 2009.

MOREIRA, A. F. B. Currículo, cultura e formação de professores. Revista Educar, Curitiba, Editora da UFPR, n. 17, 2001.

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Cultura Brasileira: Práticas, Representações e Cidadania

Alexandre Gama26. Ítala Lorrane Silva Couto27. Rafael Lucas Silva Mendes28.

Resumo

Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto de extensão Cultura Brasilei-ra: Práticas, representações e cidadania para o programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. Projeto de formação profissional voltado para os professores e educadores da rede pública de ensino de Paracatu. Com uma abordagem interdisciplinar, abordou temas e questões do presente que se explicam ou se compreendem com uma maior profundidade a partir das reflexões da história, antropologia, sociologia e geografia: etnocentrismo, discriminação, violência doméstica, entre outros.

Palavras-chave: Relato de experiência. Cultura Brasileira. Curso de formação profis-sional.

Introdução

Este é um projeto de formação profissional que teve como uma de suas justificativas o cumprimento do Plano de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, onde se lê no item 1.3 que discorre sobre sua finalidade: “VI. Qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes da rede pública de ensino”. Sendo assim, procurou-se executar um projeto que aproximasse mais efetivamente o Câmpus Paracatu da comunidade de educadores paracatuense. Além de poder também atender a missão do IFTM – Câmpus Paracatu de oferecer educação profissional e tecnológica por meio do ensino, pesquisa e extensão.

Portanto, o curso de extensão “Cultura Brasileira: Práticas, Represen-tações e Cidadania” procurou atender a essas várias necessidades com a oferta de um curso de formação profissional que pudesse atender aos professores da rede pública de ensino da cidadã através de um conteúdo interdisciplinar, de maneira que pudesse fornecer aos participantes um material acessível e práti-co, além de reflexões que pudessem alcançar a realidade da sala de aula e das

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escolas de um modo geral. Temas tão presentes como discriminação (social, étnica, religiosa), políticas afirmativas, desigualdades, racismo, violência do-méstica, o ‘jeitinho’ dos brasileiros se relacionarem com a lei, a ética pública e privada (da casa e da rua), o patrimônio cultural enfim, uma séria de questões que foram elencadas para refletir um pouco sobre essa sociedade que vivemos e ajudamos a construir. O resultado de tudo isso passaremos a conferir nas próximas páginas.

Desenvolvimento

O curso de Cultura Brasileira: Práticas, representações e cidadania surgiu de uma necessidade de se estabelecer uma contribuição mais positiva e direta do IFTM – Câmpus Paracatu na comunidade de educadores e professores do Município. Sendo assim, foi pensado dentro da perspectiva da educação inter-disciplinar, cruzando reflexões da geografia, história, literatura, antropologia, sociologia e educação.

O primeiro passo, portanto, foi acertar autores e conteúdos que seriam trabalhados com os participantes através de documentários e textos escritos que seriam compilados sob a forma de uma apostila. Decidiu-se assim começar os textos com as discussões feitas por Roque de Barros Laraia sobre as definições e natureza da cultura (LARAIA, 2007), e depois refletir temas mais práticos que envolviam mais diretamente a vida dos brasileiros, tais como: exclusão social e desigualdades na formação da sociedade brasileira; violência doméstica, cor-rupção e questão de terras; trabalhar os conceitos de democracia racial à luz das reflexões de Gilberto Freyre, de homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda e o de povo massa de Oliveira Viana fazendo um paralelo com a sociedade atual (CARDOSO; MOREIRA, 2008); refletir sobre a ética pública e privada den-tro da percepção antropológica de Roberto DaMatta, quem primeiro no Brasil pensa academicamente esse jeito bem particular de viver sob o regime da lei no Brasil (DAMATTA, 1986c); com o mesmo autor, refletir sobre a culinária rela-cional (DAMATTA, 1986a) e as leituras feitas do cotidiano pelos brasileiros a partir de sua vivência na cozinha (MACIEL, 2005) e, por fim, proceder a uma reflexão sobre o patrimônio cultural brasileiro.

Para proceder tais discussões, selecionamos vários textos de jornais e de-mais periódicos para embasar através de textos que fazem a cobertura da vida e experiências práticas dos brasileiros. As revistas utilizadas para reflexões das reportagens foram a Veja da Editora Abril, a Época da Editora Globo e a Revista Jurídica Consulex. A compilação das reportagens e capítulos de livros dos auto-res acima foi elaborada a apostila que serviria de base para as reflexões a serem empreendidas no curso sobre cultura brasileira.

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Além dos autores já mencionados e dos temas elencados, também se tra-balhou com documentários que ajudassem a compreender um pouco do ethos bem particular do povo brasileiro. Por isso foram selecionados os seguintes títu-los: Olhar estrangeiro que revela como o Brasil é visto no exterior em entrevistas com diretores, roteiristas e produtores de cinema; O Povo Brasileiro que tem como tema a obra e a vida de Darcy Ribeiro e Intérpretes do Brasil que trazem o próprio Darcy Ribeiro e mais Roberto DaMatta, Mãe Stela (Candomblecista) entre outros. Isso aconteceu nos meses de maio e junho.

Decidido o conteúdo, elaborada a seleção de textos e a apostila, pro-cedeu-se então a segunda etapa que foi o contato inicial com a Secretária de Educação do Município, Maria José Gonçalves Santos. O projeto foi explicado e a Secretária se encarregou de reunir os professores interessados de 10 escolas municipais para se inscreverem. Isso aconteceu no mês de julho. As inscrições ocorreram no início de agosto. Os monitores cooperaram nos processos explica-dos até aqui. Foram fundamentais para a organização do material, na produção da apostila e nos encontros presenciais que seguirão, sobretudo para, além de participarem, também cooperarem na organização da sala e dos materiais utili-zados em cada aula.

No dia 31 de agosto de 2012 tivemos o primeiro encontro dos professo-res e educadores participantes realizado na Casa de Cultura com a presença do Diretor de Ensino do IFTM – Câmpus Paracatu, Ronaldo Eduardo Diláscio. Naquele dia, o professor explicou a missão do IFTM de oferecer uma formação educacional abrangente juntamente com a pesquisa e extensão. Assim, os tra-balhos começaram. Os encontros debateram os seguintes temas em cada um de seus sete módulos:

1) Cultura: um conceito antropológico (31/08/2012)

O encontro girava em torno das discussões sobre etnocentrismo e alte-ridade. Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e 2h30min no encontro presencial;

2) Movimentos sociais e Darwinismo Cultural no Brasil Império e Republi-cano (14/09/2012).

O encontro girava em torno das discussões sobre desenvolvimento, dis-curso e desigualdade social e racial no Brasil. Além disso, ainda assistiu-se a ao documentário “Olhar estrangeiro” de Lúcia Murat.

Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e 2h30min no encontro presencial;

3) Violência doméstica, corrupção e questão das terras explicados à luz da formação cultural brasileira (21/09/2012).

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O encontro girava em torno das discussões sobre violência doméstica, so-bretudo contra a mulher, feitas debaixo de uma análise do patriarcalismo da sociedade brasileira. Além disso, também assistiu-se ao documentário “O povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro.

Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e 2h30min no encontro presencial;

4) G. Freyre, S. B. Holanda e O. Viana e os conceitos de democracia racial, homem cordial e povo massa (28/09/2012).

O encontro girava em torno das discussões sobre a sociedade brasileira dentro da perspectiva de alguns dos principais intérpretes da sociedade brasileira: Freyre, Holanda e Viana. Além disso, também se assistiu ao documentário “Intérpretes do Brasil – O candomblé, por Mãe Stela”.

Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e 2h30min no encontro presencial;

5) A ética pública e privada no Brasil: o jeitinho brasileiro (28/09/2012)

O encontro girava em torno das discussões sobre o modo de navegação social bem particular dos brasileiros: o famoso jeitinho. Além disso, foi feita uma reflexão da ética da casa e de sua diferença da ética da rua ex-postas na obra de Roberto DaMatta. Além disso, também se assistiu ao documentário “Intérpretes do Brasil – Contribuições da antropologia para interpretação do Brasil por Roberto DaMatta”.

Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e 2h30min no encontro presencial;

6) A culinária relacional e as leituras do cotidiano (19/10/2012)

O encontro girava em torno das discussões sobre o modo particular dos brasileiros fazerem uma leitura particular de seu cotidiano a partir da cozinha, esse ambiente essencial dentro da cultura do Brasil.

Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e 2h30min no encontro presencial;

7) O patrimônio cultural (26/10/2012)

O encontro girava em torno das discussões sobre política patrimonial, educação patrimonial e patrimônio imaterial.

Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e 2h30min no encontro presencial;

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No dia 23 de Novembro de 2012 fizemos nosso último encontro com a presença do Diretor Geral do Câmpus Paracatu, Heraldo Rossi Cruvinel, do Diretor de Ensino Ronaldo Diláscio e da Coordenadora de Pesquisa e Extensão Daniela Faria Prado. Foi um momento de troca de experiências, para falar da importância do curso na vida e formação profissional de cada um dos partici-pantes.

No dia 30 de Novembro os educadores entregaram uma produção tex-tual que fizeram externando no papel as contribuições do curso para sua vida, aquilo que já haviam feito anteriormente.

Considerações Finais

Ao final do curso, sobretudo no último encontro quando foi feita uma reflexão com os participantes sobre o legado do curso e seus resultados, todos sentiram uma exaltação, por parte deles, de afirmarem ter agora condições de poderem refletir sobre práticas até então naturalizadas pela rotina do cotidiano de cada um deles (culinária, discriminação, dificuldade de aceitação do outro, do diferentes, racismo, jeitinho).

Também perceberam uma maior percepção sobre o regime de representa-ções por meio dos quais os brasileiros utilizam para naturalizar seus preconcei-tos, desigualdades, discriminações e violências. Assim, para além da utilização de frases feitas para tentar combater esses tipos de práticas no meio escolar e na própria sociedade, os educadores e professores foram capacitados a refletirem sobre as causas profundas, enraizadas culturalmente e psicologicamente no mais interior desse povo tão particular chamado brasileiro.

Notas26 Professor e historiador pela Universidade de Brasília. Especialista em História Cultural pela Universidade Estadual de Goiás.

Professor EBTT de História do IFTM – Câmpus Paracatu. E-mail: [email protected].

27 Aluna do Ensino Médio do IFTM – Câmpus Paracatu, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 02/2012.

28 Aluno do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do IFTM – Câmpus Paracatu, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 02/2012.

Referências

CARDOSO, F. H.; MOREIRA, M. M. (Coords.) Cultura das transgressões no Brasil: lições de História. 2. ed. São Paulo,SP: Saraiva, 2008.

DAMATTA, Roberto. Sobre comidas e mulheres. In.:______. O que faz o brasil, Bra-sil? Rio de Janeiro,RJ: Rocco, 1986a.

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_________. O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho”. In.: _______. Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro,RJ: Rocco, 1986b.

_________. A casa, a rua e o trabalho. In.: _______.O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro,RJ: Rocco, 1986c.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 21 ed. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar, 2007.

MACIEL, Maria Eunice. Identidade Cultural e alimentação. In.: CANESQUI, A. M. (Org.). Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro, RJ: Editora Fio Cruz, 2005.

SEVCENKO, N.; NOVAIS, F. A. (Orgs.). História da vida privada no Brasil. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1998, v. 3.

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Mapeamento das Características Físicas e Químicas de Solos das Propriedades Rurais da Região do

Sobradinho, Município de Uberlândia-MG

Angélica Araujo Queiroz29. Luis Augusto Domingues Silva30. Ravisa Magalhães31. Thorrythiele Lima32.

Resumo

A sustentabilidade das atividades agropecuárias está diretamente ligada às características físicas e químicas do solo, que é a base de todo sistema de produção. O presente traba-lho foi desenvolvido em propriedades rurais da região da Faz. Sobradinho, município de Uberlândia-MG. Foram realizadas amostragens de solo para caracterizar física e qui-micamente os solos das propriedades da região da Faz. Sobradinho e identificados os produtores através de aplicação de questionário entre os meses de agosto a dezembro de 2012. Os resultados mostraram que apesar do manejo adotado nas áreas das proprieda-des, este não influenciou a densidade do solo. Com os resultados das analises químicas, pode-se recomendar a adubação química nas áreas de pastagens dos produtores, uma vez que foi identificado, que a maioria destes não recebia nenhum tipo de assistência técnica e não faziam o manejo corretos das áreas de produção.

Palavras-chave: Solos. Características físicas. Características químicas. Amostragem de solo.

Introdução

A sustentabilidade das atividades agropecuárias está diretamente ligada às características físicas e químicas do solo, que é a base de todo sistema de pro-dução. Os solos de cerrado são caracterizados por apresentarem elevada acidez, baixo teor de matéria orgânica e baixa capacidade de troca catiônica. Condições estas, insatisfatórias para a utilização do solo para fins agrícolas. Atualmente, o uso da tecnologia permite reverter às condições indesejáveis do solo tornando-o mais produtivo às culturas e, permitindo uma exploração mais sustentável da atividade agropecuária. Estas tecnologias permitem o incremento em produti-vidade, evitando assim a necessidade do desmatamento e a ocupação de novas áreas, além de diagnosticar seu grau de fertilidade, sua capacidade de armazenar água, suas condições físicas, e demais parâmetros a fim de avaliar suas potencia-lidades e necessidades para um melhor aproveitamento.

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Os solos minerais são constituídos por uma mistura de partículas sólidas de natureza mineral e orgânica, ar e água, formando um sistema trifásico, sóli-do, gasoso e líquido.

A definição de um solo fisicamente ideal é difícil devido ao tipo e nature-za das variações físicas dos solos que ocorrem ao longo da profundidade do solo, na superfície da paisagem e ao longo do tempo. Um exemplo clássico refere-se ao suprimento de água e ar que variam continuamente junto com os ciclos de umedecimento e secagem, que ocorrem com a alternância de chuva e estiagem. Um solo é considerado fisicamente ideal para o crescimento de plantas quando apresenta boa retenção de água, bom arejamento, bom suprimento de calor e pouca resistência ao crescimento radicular. Paralelamente, boa estabilidade dos agregados e boa infiltração de água no solo são condições físicas.

Os valores normais para solos arenosos variam de 1,2 a 1,9 g cm-3, enquanto solos argilosos apresentam valores mais baixos, de 0,9 a 1.7 g cm-3. Valores de Ds associados ao estado de compactação com alta probabilidade de oferecer riscos de restrição ao crescimento radicular situam-se em torno de 1,65 g cm-3 para solos arenosos e 1,45 g cm-3 para solos argilosos. A determi-nação da Ds é relativamente simples e baseia-se na coleta de uma amostra de solos de volume conhecido e com estrutura preservada com técnicas diversas, incluindo coleta de solo em cilindros, torrão ou feito diretamente no campo por escavação.

Para a fertilização de pastagem, deve-se considerar duas etapas, a instala-ção e a manutenção.

No estabelecimento, os nutrientes são necessários para que as plantas cresçam e desenvolvam seus sistemas radiculares e demais órgãos, sendo o fós-foro (P) o elemento mais importante. Na manutenção das pastagens, as plantas com sistema radicular desenvolvido, exploram um solo relativamente grande de solo.

Assim o presente trabalho objetivou conscientizar os produtores rurais da região do Sobradinho, sobre a importância do conhecimento das características químicas e físicas do solo para o uso e manejo correto destes para as atividades agrícolas.

Além desse objetivo principal tínhamos como objetivos ainda:

1) Identificar as propriedades que compõem a região do entorno da Fazen-da Sobradinho;

2) Mapear as características físicas do solo da região do Sobradinho;

3) Avaliar a compactação dos solos das propriedades vizinhas ao IFTM;

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4) Identificar as características químicas do solo da região do Sobradinho;

5) Agrupar os dados obtidos conforme as características encontradas;

6) Exposição dos resultados obtidos aos produtores da região;

7) Elaborar plano de ação visando à adequação das propriedades no que diz respeito às características químicas e físicas;

8) Apresentação de proposta de recuperação de áreas aos produtores.

Desenvolvimento

Os alunos envolvidos no projeto foram responsáveis por auxiliar na iden-tificação das propriedades rurais onde as amostras foram coletadas. Auxiliaram e aprenderam a realizar a amostragem de solo, assim como realizaram análises físicas e tabularam os dados dos resultados das análises físicas e químicas, ela-borando um plano de ação na recomendação de calcário e adubos. Os alunos auxiliaram na organização de resumos para apresentação em eventos, seminá-rios, etc.

Inicialmente a equipe se reuniu para definir as atribuições de cada mem-bro dentro do projeto, após essa reunião inicial, encontros semanais foram or-ganizados a fim de acompanhar todas as atividades desenvolvidas. O aluno teve durante todo o projeto o acompanhamento do professor coordenador, auxilian-do-o nas atividades propostas.

Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a realidade dos pequenos produtores da região do Sobradinho, assim como a própria região onde o IFTM está inserido, conhecendo suas particularidades.

Do contato com os produtores, os alunos puderam conhecer as ativida-des desenvolvidas pelos mesmos e as dificuldades por eles encontrada, princi-palmente com relação à assistência técnica, uma vez que de todos os produtores visitados, apenas um relatou que já teve assistência técnica.

Material e Métodos

Inicialmente, foi elaborado um questionário para avaliar e identificar os produtores que iriam participar do projeto. Os alunos bolsistas ficaram respon-sáveis pela elaboração do questionário e aplicação do mesmo, que foi feita no primeiro contato com os produtores rurais.

Logo em seguida da aplicação do questionário, os produtores identifica-vam as áreas onde seriam realizadas as amostragens de solo.

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As amostragens e as quantidades de foram padronizadas, sendo que para cada 10 hectares de terra, foi retirada uma amostra para a caracterização física (textura) e uma amostra para análise química. A amostra para análise química era uma amostra composta, que erá constituída por oito amostras simples, re-tiradas na profundidade de 0-20 cm, que eram homogeneizadas para compor a amostra composta. A amostragem de solo foi realizada com auxilio de trado tipo Holandês, e para as análises físicas foi utilizado um amostrador de solo, para amostras indeformadas.

As amostras simples eram coletadas em zigue-zague, e em talhões homo-gêneos, após a coleta, era acondicionada em baldes plásticos, homogeneizadas e retirada a amostra composta que seria enviada ao laboratório.

Na análise química foram avaliados: pH, P, K, Ca, Mg, Al, M.O. SB, V e CTC. O número máximo de amostras coletadas por propriedade variou em função do tamanho da mesma, variando de 2 a 10 amostras por propriedade.

A metodologia adotada para realização da análise de textura foi o método da pipeta de Day (1965), Gee e Bauder (1986). Para as demais análises físicas a metodologia adotada foi a preconizada pela Embrapa (1997). Para as analises químicas a metodologia adotada foi a da Embrapa (1999).

Resultados e Discussão

De acordo com os resultados apresentados na tabela 1, de média de den-sidade do solo nas propriedades visitas, de maneira geral, as áreas amostradas apresentaram densidade de solo dentro dos padrões para áreas de solo de textura argilosa, sendo que as mesmas variaram de 1,22 a 1,42 g cm3.

Tabela 1. Média de densidade do solo, nas propriedades visitadas da região da Faz. Sobradinho, Uberlândia-MG, 2012.

Propriedade Média de Densidade do solo (g/cm3)1 1,222 1,213 1,374 1,42

Estes resultados demonstram que apesar da maioria dos produtores, não realizarem o manejo adequado nas áreas, pois grande parte deles tem as áreas pro-dutivas das propriedades destinadas à pastagem e as mesmas não serem renovadas, a densidade ainda sim se mostrou dentro dos padrões de solos das áreas.

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De acordo com Bowen (1981), para solos argilosos, o valor de densidade que pode ser considerado crítico quando em estado de capacidade de campo é de 1,55 Mg m-3.

De acordo com Albuquerque, Sangol e Ender. (2001), em sistemas de integração lavoura-pecuária, a presença de raízes de gramíneas melhoram a es-trutura do solo, amenizando o impacto do pisoteio.

Vários trabalhos demonstram que o tipo de exploração agrícola afeta al-guns atributos físicos de solo (ANJOS et al., 1994; ALBUQUERQUE et al., 1995; ANDREOLA et al., 2000).

Com relação às características químicas analisadas nos solos das propriedades visitadas foram analisadas os valores de pH em H2O, Ca, Mg, K, SB, V% e m%.

Analisando o pH em H2O, pode-se observar que este variou de 4,6 a 6,6, ou seja, de acidez considerada elevada a fraca, sendo que a maioria dos solos apresentaram pH em torno de 5,2, o que para pastagem não é considerada acidez elevada.

Com relação à saturação por bases (V%), notou-se que em média esta variou de 8 a 60 %. Assim, foi recomandado aos produtores que fosse realizada calagem para elevar a saturação por bases para 30-35% nos casos em que a pastagem era de espécies pouco exigentes como a Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. humidicola.

Para tanto, foi utilizada a fórmula de necessidade de calagem expressa abaixo, sendo T a CTC efetiva a pH 7,00; V, a saturação por bases; SB a soma de bases e f a relação 100/PRNT do calcário.

N.C (t/ha) = [(Tx V%)] – SB x f

O teor de P, encontrado em todas as áreas analisadas foi considerado baixo ou muito baixo para o teor de argila dos solos. Os teores variaram de 1,1 a 4,0 mg dm-3, considerado muito baixo, ou baixo para as especies pouco exigentes.

Com relação a recomendação de adubação, como a recomendação foi para a manutenção das pastagens e para evitar a degradação, foi recomendado aplicar em cobertura o nitrogênio (N) e o fosforo (P) na dose de 40kg/ha/ano de N e 20kg/ha de P2O5 a cada dois anos, na forma de fosfato solúvel, como o adubo superfosfato simples (SSP), monoamonio fosfato (MAP) ou superfosfa-totriplo (TSP). Quanto ao potássio (K) foi recomendado aplicar 50 kg/ha de K2O, quando o teor de K no solo cair para menos de 30 mg dm-3 de uma fonte

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potássica como o cloreto de potássio (KCl), que a o adubo potássio mais dis-ponível no mercado . E a reposição de 20kg/ha de enxofre, como gesso, ou em conjunto com uma das fontes de N e P, também é importante.

A fonte de N recomendada para as áreas de textura argilosa e para a es-tação chuvosa foi a Uréia, o pois evita-se assim a perda do N por volatilização.

A recomendação de calagem para manutenção é importante quando os teores de V% cair para 20 a 30% para as espécies pouco exigentes como a Bra-chiaria decumbens, B. ruziziensis e B. humidicola.

A adubação fosfatada e os demais nutrientes foi recomendada para ser feita logo no início da estação chuvosa, exceto o nitrogênio que deve ser aplicado no final da estação chuvosa, em função das perdas que podem acontecer. O calcário pode ser feito ainda no periodo seco, para favorecer sua reação no solo, quando do início das chuvas, preparando o mesmo para receber as adubações recomendadas.

O incremento em produtividade de uma área é uma condição que desfavore-ce a ocupação de novas áreas, através do desmatamento, reduzindo também a perda de solos por processos erosivos. Com uma melhor produtividade o produtor terá uma maior rentabilidade o que favorecerá a sua permanência no meio rural.

Considerações finais

Este trabalho apresentou uma primeira etapa à assistência que se pre-tende dar aos pequenos produtores da região da Faz. Sobradinho, pois se no-tou que dentre os produtores visitados, a assistência a produção quase nunca existiu, e com recomendações básicas de calagem e adubação, pode-se evitar o manejo errôneos nas áreas e consequentemente aumentar a produtividade das pastagens, que é a atividade mais praticada na região, que se destina basicamen-te a produção de gado de leiteiro e de corte.

Buscou-se ainda orientar os produtores com relação às formas corretas de correção e fertilização dos solos, e em como poderão utilizar forma mais racional os solos da propriedade, possibilitando assim maiores rendas e menor impacto destas atividades no ambiente onde estão inseridos.

Notas29 Professor do curso de Engenharia Agronômica. [email protected].

30 Professor do curso de Engenharia Agronômica. [email protected].

31 Técnico em Agropecuária. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012.

32 Técnico em Agropecuária. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012.

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Referências

ALBUQUERQUE, J.A. et al. Rotação de culturas e sistemas de manejo do solo: efeito sobre a forma da estrutura do solo ao final de sete anos. R. Bras. Ci. Solo, v.19, p.115-119, 1995.

ALBUQUERQUE, J.A.; SANGOI, L.; ENDER M. Efeitos da integração lavoura-pe-cuária nas propriedades físicas do solo e características da cultura do milho. R. Bras. Ci. Solo, v.25, p.717-723, 2001.

ANDREOLA, F.; COSTA, L.M.; OLSZEVSKI, N.; JUCKSCH, I. A cobertura vegetal de inverno e a adubação orgânica e, ou, mineral influenciando a sucessão feijão/milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.24, p.867-874, 2000.

ANJOS, J.T. et al. Propriedades físicas em solos sob diferentes sistemas de uso e mane-jo. R. Bras. Ci. Solo, v.18, p.139-145, 1994.

BOWEN, H.D. Alleviating mechanical impedance. In: ARKIN, G.F.; TAYLOR, H.M. (Eds.) Modifying the root environment to reduce crop stress. St. Joseph, American Society of Agricultural Engineers, 1981. p.18-57. (ASAE Monograph, 4).

DAY, P.R. Particle fractionation and particle size analysis .C.A. Black (Ed.), Methods of soil analysis, American Society of Agronomy, Madison,1965. p. 545–567.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2.ed. Rio de Janeiro, 1997.212p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro,1999. 412p.

GEE, G.W.; BAUDER, J.W. Particle size analysis. S. Klute (Ed.), Methods of soil anal-ysis, American Society of Agronomy, Madison.1986, p. 383–411.

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Projeto Impacto do Núcleo de Extensão Universitária: Núcleo de Estudos para Produção de Alimentos

Seguros – NEPAS, na Qualidade de Alimentos Preparados e Comercializados por Ambulantes

Deborah Santesso Bonnas33. Elaine Alves dos Santos34. Fernanda Raghiante35. Letícia Vieira Castejon36. Pedro Alves Martins37. Thiago Taham38. Adriana Souza39. José Maria Lamanes

dos Santos Filho40. Sabrina Silva Arantes41. Thamara Roberta Pereira da Silva42.

Resumo

Alimentos de rua despertam maior suspeita quanto à sanidade, devido à forma peculiar de produção armazenamento e comercialização, fugindo de vários aspectos observados nas boas práticas de fabricação. Esta questão pode estar associada ao pouco conhecimento dos ambulantes sobre noções básicas de boas práticas de fabricação. Neste contexto o presente projeto teve como intuito realizar um diagnóstico do perfil higiênico-sanitário dos ambu-lantes que comercializam alimentos em Uberlândia-MG a fim de direcionar ações educati-vas quanto à produção e comercialização de alimentos seguros. O trabalho foi desenvolvido com ambulantes da Feira da Gente em sua integralidade, além de proporcionar a capacita-ção de servidores do refeitório do IFTM Câmpus Uberlândia e comunidade externa. Todos os 17 ambulantes que atuam na feira foram convidados a participar do Projeto. Desses 11 aceitaram participar e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Seus pontos de venda foram avaliados por meio de uma ficha de inspeção higiênico-sanitária envolvendo questões sobre 1. Práticas de preparação, 2.condições ambientais e higiênicas de materiais e utensílios, 3.perfil dos vendedores ambulantes e 4.controle de qualidade do ponto de venda dos alimentos. Obteve-se um índice médio de não conformidades de 61% contra 35% de itens conformes. Os resultados demonstram a necessidade da capacitação dos ambulantes bem como auxiliá-los na adequação as Boas Práticas. Além dos ambulantes da Feira da Gen-te foram capacitadas mais 30 pessoas entre colaboradores do IFTM e comunidade externa.

Palavras-chave: Boas Práticas de Fabricação. Alimentos de rua. Ambulantes.

Introdução

A articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão é fundamental no processo de produção do conhecimento, pois permite estabelecer um diálo-go entre o conhecimento científico relacionando-o à realidade social. Neste cenário encontra-se nas atividades de extensão a oportunidade onde futuros

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profissionais possam traduzir para o campo operativo os conhecimentos que as instituições de ensino superior vêm produzindo.

No IFTM Câmpus Uberlândia, observou-se que, embora o curso supe-rior de tecnologia em alimentos propicie a formação de profissionais prepara-dos para atuar na produção de alimentos seguros, o curso tem despertado nos alunos a vontade e a necessidade de compartilhar os conhecimentos adquiridos na academia junto à comunidade que atua na área de alimentos, mas que em função da informalidade e falta de condições financeiras não tem acesso às in-formações e capacitação necessária para tal atividade.

Apesar de obrigatória a adoção dos requisitos básicos de boas práticas, observa-se que boa parte dos serviços de alimentação ainda não segue os princí-pios estabelecidos na RDC 216/04 (BRASIL, 2004). Parcerias com a vigilância sanitária e órgão competentes, incentivos às empresas seguidoras do manual de boas práticas, a aproximação clientes e manipuladores de alimentos são ações que possibilitam desenvolver estratégias para manter a inocuidade em todos os processos de produção de alimentos. Dessa forma a atuação do Instituto, em parceria com a Vigilância Sanitária do Município para a oferta de cursos na área de higiene na manipulação dos alimentos, bem como as consultorias tecnoló-gicas na área de produção de alimentos seguros vem de encontro ao anseio da sociedade.

Dessa concepção surgiu o NEPAS – Núcleo de Estudos para a Produção de Alimentos Seguros, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualifi-cação dos profissionais e consequentemente da qualidade dos produtos alimen-tícios produzidos e manipulados por ambulantes por meio da oferta de cursos de Segurança Alimentar na Manipulação de Alimentos. O projeto visa permitir aos alunos do curso superior de Tecnologia em Alimentos, atuarem junto a pequenos empresários e ambulantes informais por meio da oferta de cursos de qualificação assim como propiciar a consultoria tecnológica pelo repasse e desenvolvimento de tecnologias em situações que necessitam ser ajustadas a legislação, mas que devem manter características culturais e regionais como em alguns alimentos chamados “alimentos de rua”.

A Coordenação do Projeto, juntamente a Coordenação do Curso Supe-rior de Tecnologia em Alimentos, no inicio do ano de 2012, convidou profes-sores e técnicos interessados para apresentação da proposta. Nesse momento houve a adesão de quatro (4) professores das áreas de microbiologia de ali-mentos, higiene e segurança alimentar, conservação dos alimentos e nutrição e uma técnica de laboratório responsável pelos laboratórios de processamento de carnes e laticínios. Em agosto de 2012 foram selecionados quatro bolsistas do curso e nesse mesmo mês iniciou-se a primeira etapa do projeto durando até dezembro de 2012. Em função da excelente repercussão e procura pelo projeto,

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tanto por parte dos alunos, quanto pela comunidade, em 2013 propôs-se a sua continuidade e, atualmente, ele conta com a equipe de professores, técnicos, três novos bolsistas e uma aluna voluntária.

O projeto tem atendido a pequenos empresários e ambulantes informais. Os ambulantes, o setor de produtos alimentícios, que engloba doces caseiros, sal-gados, quitandas, tem assumido grande importância, estando em segundo lugar no ranking do número de ambulantes identificados no município de Uberlândia. Nesse item, as condições de higiene e manutenção do alimento em condições ideais para consumo não atendem plenamente às exigências, em virtude da di-ficuldade de se ter equipamentos apropriados na via pública. Outro problema detectado é a capacitação desses ambulantes para essas atividades. Pesquisas reali-zadas na avaliação da escolaridade dos ambulantes indicaram prevalecem o ensino fundamental (48%) e médio (38%), e ainda sem nenhuma profissão anterior, ou seja, pessoas que concluíram uma escolaridade básica, mas não buscaram cursos técnicos ou de qualificação voltados para um segmento do mercado formal, en-contrando na informalidade uma saída para a manutenção financeira.

Nos cursos também são ofertadas vagas para os manipuladores de ali-mentos que atuam no refeitório do IFTM Câmpus Uberlândia a fim de contri-buir para a melhoria da qualidade dos alimentos preparados e consumidos por servidores e alunos da Instituição.

Assim por meio do NEPAS objetivou-se promover a inclusão social de jovens e adultos trabalhadores, garantindo-lhes acessibilidade à qualificação profissional, em higiene dos alimentos no âmbito de uma proposta pedagógica favorecedora de cidadania e senso e crítico de bem estar social.

Desenvolvimento

Após a seleção ficou definido que cada um dos bolsistas seria acompa-nhado por um dos professores da equipe. O trabalho de visita aos ambulantes e divulgação dos cursos foi realizado em conjunto. O curso foi dividido em tópi-cos e os alunos, por afinidade ao assunto, decidiram qual parte iriam ministrar juntamente com os professores responsáveis.

Em uma primeira parte, o estudo foi realizado com ambulantes que atu-am na venda de alimentos na Feira da Gente em Uberlândia – MG. A Feira acontece aos domingos das 8h às 17h na Praça Sérgio Pacheco, no centro de Uberlândia, na qual são comercializados diversos tipos de artesanatos, comidas típicas brasileiras, doces e bebidas. A Feira conta com 17 barracas fixas de venda de alimentos. O fluxo de pessoas no local é de aproximadamente 3500 pessoas e mais de 1000 refeições são servidas aos domingos. A Feira é conhecida como ponto cultural da cidade.

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Os ambulantes foram convidados para uma reunião de sensibilização na qual foi feito o convite para participação no trabalho. Todos os vendedores ambulantes de alimentos localizados na Feira da Gente que aceitaram participar e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foram incluí-dos e tiveram seus pontos de venda avaliados com a utilização da ficha de inspe-ção higiênico-sanitária. A ficha foi desenvolvida a partir do Check List da RDC 275/2002 (BRASIL, 2002) e da ficha adaptada para ambulantes de Mallon e Bortolozo (2004). O preenchimento da ficha de inspeção higiênico-sanitária teve como objetivo obter informações sobre práticas de preparação, condições ambientais e higiênicas de materiais e utensílios, perfil dos vendedores ambu-lantes e controle de qualidade do ponto de venda dos alimentos de rua.

A avaliação das condições higiênico-sanitárias dos pontos de venda foi realizada de acordo com a soma dos itens considerados apropriados para o con-sumo / comercialização, e em seguida foi feito uma regra de três para pontuar a porcentagem dos itens em conformidade. Os resultados das condições higi-ênico-sanitárias foram classificados de acordo com percentual de itens consi-derados apropriados para consumo / comercialização de alimentos, conforme estabelecido na lista de verificação adapta para ambulantes por Mallon e Bor-tolozo (2004):

Grupo 1 - 76 a 100% de atendimento dos itens (BOM);

Grupo 2 - 51 a 75% de atendimento dos itens (REGULAR);

Grupo 3 - 0 a 50% de atendimento dos itens (RUIM).

Após o diagnóstico inicial foram realizados três (3) cursos de capacitação de 40h de Responsável Técnico pela Manipulação de Alimentos em Serviços de Alimentação – RDC 216/2004 entre outubro e dezembro de 2012. A primeira exclusivamente para ambulantes da Feira da Gente, desenvolvida na Oficina Cultural em Uberlândia, situada na Praça Clarimundo Carneiro, n° 204, no período noturno, a segunda voltada para atendimento aos servidores envolvi-dos no serviço de alimentação do Câmpus e demais interessados da comunida-de do Sobradinho, realizado no Câmpus Uberlândia no período vespertino e uma última capacitação que atendeu a ambulantes da Feira que não puderam participar da primeira capacitação e interessados da comunidade externa a qual foi oferecida no período noturno inicialmente na Oficina Cultural e encerrando-se no Câmpus Uberlândia Centro, na Av. Blanche Galassi n° 150.

Todos os 17 ambulantes que atuam na feira foram convidados a partici-par do Projeto. Desses 11 aceitaram participar e assinaram o termo de consen-timento livre e esclarecido. Seus pontos de venda foram avaliados por meio de uma ficha de inspeção higiênico-sanitária envolvendo questões sobre 1.Práticas de preparação, 2.Condições ambientais e higiênicas de materiais e utensílios,

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3.Perfil dos vendedores ambulantes e 4.Controle de qualidade do ponto de venda dos alimentos.

Figura 1 - Percentuais de conformidades e não conformidades em Boas Práticas de Fabricação do Comércio Alimentos por Ambulante

na Feira da Gente - Uberlândia MG - ( B= Barraca)

Obteve-se um índice médio de não conformidades de 61% contra 35% de itens conformes (Figura 2). Os maiores níveis de não conformidades referi-ram-se ao tópico 2, condições ambientais e higiênicas de materiais e utensílios, apresentando 81% de itens não conformes.

Os resultados foram inferiores aos apresentados por Mallon e Bortolozo (2004) avaliando ambulantes de Ponta Grossa - PR, os quais obtiveram a clas-sificação geral dos pontos de venda os seguintes valores: 75% ruim, 20,8% re-gular e 4,2% bom. No presente estudo nenhum dos estabelecimentos avaliados foi classificado como regular ou bom.

Figura 2 - Percentual médio de conformidades as Boas Práticas de Fabricação do Comércio de Alimentos por Ambulante na Feira da Gente – Uberlândia, MG

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Após o diagnóstico foi desenvolvido o treinamento com finalidade de melhorar o processo de produção dos alimentos. O material utilizado como base foi a apostila da Vigilância Sanitária (ANVISA, 2011) preparada com fun-damentação na legislação em estudo, RDC 216/2004. Alguns tópicos foram desenvolvidos exclusivamente pelos bolsistas e alguns contaram com a parti-cipação dos professores e da técnica envolvida. A parte prática, elaboração do Procedimento Operacional Padronizado e do Manual de Boas Práticas foi mi-nistrada pela equipe em conjunto.

Após cada curso foi aplicado um questionário de avaliação de Boas Prá-ticas, a qual abordou os seguintes itens:

Noções de Microbiologia

Hábitos Higiênico-Sanitários e Higiene Pessoal

Boas Práticas de Fabricação.

Os resultados foram superiores a 60% de aproveitamento indicando a efetividade do treinamento desenvolvido. Embora o resultado das avaliações aplicadas tenha sido satisfatório é de fundamental importância que sejam rea-lizados trabalhos de reciclagem de conhecimento garantindo assim a produção de alimentos seguros que não ofereçam riscos a saúde dos consumidores.

Considerações Finais

A avaliação do projeto se deu em duas modalidades:

Pelo público alvo: Os participantes receberam os resultados das avalia-ções realizadas para identificar os conhecimentos agregados em relação às boas práticas ao final de cada atividade.

Pelos bolsistas da equipe: ao final do projeto os bolsistas foram solicita-dos a preencher um questionário de avaliação da atividade.

Os estabelecimentos avaliados também receberam o relatório de cada uma das avaliações de acordo com RDC 275/2002.

Desse questionário destacam-se alguns aspectos relevantes. Em 100% dos questionários a resposta foi SIM quando perguntados se - Esta ação de ex-tensão lhe permitiu articular sua formação acadêmica com sua futura prática profissional? A mesma resposta foi dada para a questão – Sua participação nes-ta ação de extensão lhe ofereceu oportunidade de refletir sobre sua formação acadêmica?

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Outro aspecto positivo foi observado quando questionados se: Este Pro-jeto alcançou os objetivos pretendidos? Todos os avaliados responderam SIM.

Portanto conclui-se que o projeto alcançou os objetivos propostos opor-tunizando a ampliação dos conhecimentos práticos dos alunos, mas também de toda a equipe de docentes e técnicos envolvidos, por meio da realização dessa atividade envolvendo o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, e assim promovendo o diálogo entre o Instituto e a Comunidade.

Notas33 Doutora em Ciência dos Alimentos. Professora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. Coordenadora. E-mail:

[email protected].

34 Tecnóloga em Alimentos. Técnica em laboratório de agroindústria. [email protected].

35 Professora MSc do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos . [email protected].

36 Professora MSc do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. [email protected].

37 Professor Especialista do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. [email protected].

38 Professores do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos . [email protected].

39 Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

40 Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. zé[email protected].

41 Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

42 Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected]

Referências

ANVISA. Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Bra-sília. DF: Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. 2011. Disponível em:< http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/alimentos/cartilha_gicra_final.pdf>. Acesso em: dez 2011.

BRASIL. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regula-mento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados e aplicados aos Estabele-cimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimen-tos. D.O.U. de 06/11/2002. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2012.

_______. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regu-lamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF: Diário Oficial da União,16 set. 2004.

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MALLON, Carolina; BORTOLOZO, Eliana A. F. Q. Alimentos comercializados por ambulantes: uma questão de segurança alimentar. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, v.10, n. 3/4, p. 65-76, set./dez. 2004.

 

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Microbiologia Aplicada à Agroindústria Familiar e a Pequenos e Médios Produtores de Uberaba e Micro-Região

Elaine Donata Ciabotti43. Cíntia Cristina de Oliveira44. Valdair Josino Carvalho Landim45. Luiz Otávio de Queiroz Vieira46. Valquíria Pereira da Silva47. Simone Cristina de Oliveira48. Tuane Mendes Moreira49. Cristiana Santos Rodrigues50. Juliana Marques de Oliveira51. Luciene; Lacerda Costa52. Gabriel Antônio Nogueira Nascentes53. Marlene Jerônimo54. Giovane Tonelli55. Carlos Antônio Alvarenga Gonçalves56.

Resumo

Produtores da agroindústria familiar e das pequenas e médias agroindústrias da micro-região de Uberaba necessitavam da verificação da qualidade microbiológica de seus produtos. O Serviço de Inspeção Municipal realizou o contato entre esses produtores e o IFTM – Câmpus Uberaba. Compartilhar experiências com pequenos produtores e assentamentos que trabalham com produção alimentar na comunidade Uberabense, foi o objetivo geral desse projeto. Foram realizadas 87 análises de 40 produtos de ori-gem animal, incluindo também as águas utilizadas pelas indústrias. Foram visitadas 14 indústrias, nas quais o principal problema enfrentado são a qualidade da água e a educação para a higiene, o que levou a equipe do projeto a preparar um curso de higiene para manipuladores de alimentos a ser oferecido em 2013 e realizar levantamento de métodos convencionais e alternativos de tratamento da água. O contato com produto-res e a verificação de sua realidade e dificuldades, assim como levar a microbiologia ao alcance da pequena indústria foi uma experiência enriquecedora para alunos, professo-res, profissionais do Serviço de Inspeção Municipal e produtores.

Palavras-chave: Microbiologia de alimentos. Agroindústria familiar. Qualidade de ali-mentos. Inspeção municipal.

Introdução

O contato com a comunidade produtora é uma experiência de valor ines-timável para alunos e professores. Permite a vivência e aplicação dos conheci-mentos adquiridos no curso, no caso o de Tecnologia de alimentos, mais espe-cificamente da Microbiologia, nos processos de aquisição de matéria-prima, produção, armazenamento e comercialização de alimentos.

O objetivo geral do projeto “Microbiologia aplicada à agroindústria fa-miliar e a pequenos e médios produtores de Uberaba e micro-região” desde sua elaboração e até o final de sua execução foi compartilhar experiências com

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pequenos produtores e assentamentos que trabalham com produção alimentar na comunidade Uberabense. Os objetivos específicos foram:

1) Emitir resultados de análises microbiológicas preventivas em pelo menos 3 amostras (matéria-prima, amostras de equipamentos, ambientes e ma-nipuladores) por semana provenientes da agricultura familiar, da produ-ção alimentar local de assentados e pequenos produtores agroindustriais;

2) Orientar o público alvo para a melhoria da qualidade microbiológica da matéria-prima e dos produtos finais baseando-se nos resultados das aná-lises, atendendo cada produtor separadamente de acordo com a condição específica, em seu local de trabalho, facilitando o acesso às informações necessárias ao fornecimento de um alimento seguro para a população.

3) Treinar grupos de alunos em análises microbiológicas, intensificando suas prá-ticas de laboratório, promovendo maior segurança na realização das mesmas.

4) Divulgar o Curso de Tecnologia de Alimentos e situar o profissional Tec-nólogo em Alimentos no contexto produtivo.

5) Visitar diferentes instalações agroindustriais, verificando as diversas pos-sibilidades de implantação e ao mesmo tempo visualizando as vantagens e dificuldades do seu funcionamento.

Material e Métodos

O contato de alunos e professores com o seguimento produtivo foi fa-cilitado pela Prefeitura Municipal de Uberaba, através do Serviço de Inspeção Municipal, que foi o elo responsável pela parceria IFTM – Comunidade, per-mitindo que o trabalho fluísse de forma mais rápida. As análises eram realizadas semanalmente e seguiam sempre o mesmo ritual:

Coleta das amostras através do Serviço de Inspeção Municipal (SIM);

Recepção das amostras;

Preparação e esterilização de materiais, meios de cultura e vidrarias para as analises;

Realização das análises (SILVA et al., 2007);

Elaboração dos laudos (BRASIL, 2001);

Reunião técnica para discussão e comparação com padrão estabelecido pela legislação: BRASIL (1997); (BRASIL, 201a) e (BRASIL, 2011b);

Descarte e esterilização de materiais contaminados;

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Reuniões e visitas semanais com produtores.

Resultados e discussão

Foram realizadas 87 análises de 40 produtos de origem animal, incluindo também água utilizada pelas indústrias, obtendo os seguintes resultados cons-tantes na Tabela 1.

Em 90% dos casos, o resultado estava dentro dos padres microbiológicos aceitáveis para a comercialização dos produtos. De acordo com os resultados e com a visita para verificação in loco das condições da indústria e ainda das entrevistas realizadas, os produtores que não conseguiam atingir o padrão microbiológico mí-nimo tinham dois problemas básicos: higiene do manipulador e qualidade da água.

Assim, foi montado um curso de Higiene na manipulação de alimentos a ser executado no ano de 2013 para todos os produtores que fazem parte da abrangência do Serviço de Inspeção Municipal (SIM).

Tabela 1. Produtores, produtos e análises realizadas nas pequenas e médias agroindústrias de Uberaba.

Produtor e data da visita Produto Análises realizadas

Art Queijos Industria e Comércio LTDA - SIM:

20805/09/2012

Leite Pasteurizado Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Minas Frescal Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

Dona Delmi - SIM: 21512/09/2012

Leite Pasteurizado Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Minas Padrão

Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

Rincão - Andre Fontoura Terra Bento, SIM 214

26/09/2012

Leite Pasteurizado Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Minas Frescal Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantesFazenda e Frigorifico

Frango Feliz - SIM 11203/10/2012

Frango Congelado Picado com miúdos Coliformes totais e termotolerantes

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

DANDARA MILK - Ricardo Alves Bento –

SIM14/11/2012

Leite de Búfala Pasteurizado

Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Mussarela de leite de bufala

Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

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Produtor e data da visita Produto Análises realizadas

QUEIJARIA SANTOS REIS SIM: 218

10/10/2012

Leite cru Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Minas Padrão

Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

QUEIJARIA Trança Trança SIM: 201

07/11/2012

Leite cru Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Nozinho Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

Churrasquinho Uberaba - Murilio Nascimento M.

E - SIM 10717/10/2012

Espeto de Carne Bovina

Coliformes totais e termotolerantes e Samonella

Espeto de Carne Súina

Coliformes totais e termotolerantes e Samonella

Espeto de Frango com bacon

Coliformes totais e termotolerantes e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

Queijos Zebu - SIM 23128/11/2012

Leite Pasteurizado Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Mussarela Cabaça Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

Casa de Carnes Silvano Industria de Embutidos

Silvano Ltda22/11/2012

Lingüiça Suína pura Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Lingüiça Suína Apimentada

Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonela

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantesRequeijão Sol Nascente - Maria dos Reis Adolfo

Pereira - SIM 21922/11/2012

Requeijão Moreno Coliformes totais e termotolerantes e Staphilococcus coagulase positiva

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

Frango Carijó CNPJ: 13.036.839/0001-21 Inscrição Estadual:

001.711.230.00-29´24/10/2012

Lingüiça Suína pura Coliformes totais e termotolerantes, Samonella e Staphilococcus coagulase positiva

Lingüiça de Frango Coliformes totais e termotolerantes, Samonella e Staphilococcus coagulase positiva

Queijos Zebu - SIM 23122/11/2012

Leite Pasteurizado Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonela

Queijo Nozinho Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

Art Queijos Indústria e Comércio LTDA - SIM:

20805/09/2012

Leite Pasteurizado Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Minas Frescal Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Água da indústria Coliformes totais e termotolerantes

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Considerações finais

A microrregião de Uberaba possui agroindústrias de pequeno e médio porte que a população desconhece. A maioria dessas agroindústrias é familiar, onde a qualidade dos produtos é muitas vezes superior, pois, a família traba-lha com cuidados especiais no próprio negócio. A dificuldade principal é a educação do manipulador, que em 99% das vezes não tem preparo técnico su-ficiente para exercer a função. A água do meio rural está muito contaminada e os produtores desconhecem seus riscos, sua qualidade e ainda os mecanismos de tratamento dessa água. O bom relacionamento do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) com a comunidade produtora da região é essencial para a conscientização dos mesmos sobre a importância dos cuidados higiênicos na produção e aceitação das Tecnologias a serem adotadas e consequentemente para o sucesso do trabalho de extensão. Ao mesmo tempo o trabalho do Labo-ratório de Microbiologia do IFTM deu apoio e respaldo ao trabalho do SIM, comprovando através das análises a qualidade dos produtos, e em alguns casos as falhas dos mesmos.

Notas43 Doutora em Agronomia, Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].

44 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 05/2012. [email protected].

45 Mestre em Veterinária, Diretor do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba.

46 Médico Veterinário, Veterinário do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba.

47 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

48 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

49 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

50 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

51 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

52 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

53 Doutor em Medicina Tropical e Infectologia. Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].

54 Doutora em Ciências Farmacêuticas, Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].

55 Médico Veterinário, Veterinário do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba, Mestrando em Ciência e Tecnologia de Ali-mentos. [email protected].

56 Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].

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Referências

SILVA, Neuseli; JUNQUEIRA, Valéria; SILVEIRA, Neliane. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. São Paulo,SP: Livraria Varela, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997: aprova o Regulamento Técnico sobre “Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práti-cas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”. 1997. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/search.php>. Acesso: 15/10/2012.

_______. Ministério da Agricultura. Resolução da Diretoria Colegiada Nº12, de 02 de ja-neiro de 2001: aprova o Regulamento Técnico sobre “Padrões microbiológicos para alimen-tos”. 2001. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/a 47bab804 7458b9 0 9541d53fbc4c6735/RDC_12_2001.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 10/07/2013.

_______. Portaria n° 2.914 de 12 de Dezembro de 2011. 2011a Disponível em: <ht-tp://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15/10/2012.

_______. Instrução Normativa Nº 62, de 29 de dezembro DE 2011. 2011b. Dispo-nível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15/10/2012.

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Incluir Brincando

Eliane Teresa Borela57. Jeniffer Rocha Gomes58. Luciana Araujo Valle de Resende59. Phelipe Carvalho Silva60.

Resumo

Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto de extensão intitulado Incluir Brincando, sob o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tri-ângulo Mineiro – Edital 01/2012. Os bolsistas participantes efetuam as atividades do projeto no laboratório de informática da E. E. Bom Jesus Uberlândia-MG, inicialmente atendendo os alunos dos 4º e 5º anos do ensino fundamental, objetivando, por meio da inclusão digital, contribuir com o aprendizado desses alunos nas diversas áreas do conhecimento trabalhadas pela escola, representando, assim, um suporte para o traba-lho dos professores regentes. Trata-se de um projeto de relevância visto que, cada vez mais, a aquisição do conhecimento passa pelo domínio das novas tecnologias, ficando excluídos aqueles que não se integram ao processo.

Palavras-chave: Ferramentas computacionais. Avaliação diagnóstica. Computador.

Introdução

O projeto Incluir Brincando tem como objetivo geral proporcionar, de forma lúdica, aos alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Bom Jesus a possibilidade de ampliar seus conhecimentos nas áreas de informáti-ca e demais conhecimentos ofertados pela escola, bem como possibilitar aos alunos bolsistas do IFTM Câmpus Uberlândia Centro o contato com o uni-verso infantil e suas especificidades. Dentro deste objetivo maior, almejamos: a) ensinar informática e os conteúdos do currículo escolar de forma lúdica; b) estimular a aprendizagem de disciplinas de difícil compreensão através de jogos e outros aplicativos; c) desenvolver a criatividade e a agilidade de raciocínio; d) propiciar aos bolsistas do IFTM a oportunidade de vivenciar o cotidiano escolar e as práticas de ensino e, finalmente, elaborar o material a ser utilizado nas aulas.

Este projeto se justifica sob dois pontos de vista: quanto à sua metodolo-gia e quanto à necessidade premente de colaborar com escolas estaduais na ofer-ta de aulas de informática. Com relação ao primeiro aspecto, vários estudiosos, dentre eles Piaget e Vygotsky, buscando compreender como a criança aprende

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e se desenvolve, defendem a importância do brincar para a formação integral da criança. Dessa forma, a informática, através de jogos e outros aplicativos, pode se tornar um excelente aliado dessa aprendizagem. O outro aspecto diz respeito à falta de pessoas habilitadas para aplicar essa metodologia nas escolas estaduais. Hoje, a maioria dessas escolas já possui laboratório de informática e os mesmos são pouco utilizados devido à essa carência de profissionais. Esse projeto se propõe a minimizar essa necessidade com a inserção dos alunos do curso de Licenciatura em Computação do IFTM-Câmpus Avançado Uberlân-dia na aplicação dessa metodologia de incluir as crianças das primeiras séries do ensino fundamental, tanto no mundo digital quanto no das várias áreas do conhecimento, brincando.

Desenvolvimento

No início, foi feita uma avaliação diagnóstica para averiguar qual era o conhecimento dos alunos do 4º e 5º anos sobre informática (em anexo). Na sequência, os alunos utilizavam a internet para fazer as atividades através de jogos educativos. Após algumas semanas, houve um problema e alguns com-putadores deixaram de ter acesso à internet e com isso os bolsistas optaram por trabalhar atividades pelos programas como koulor paint, editor de texto e vídeos.

A interação entre bolsistas e alunos da E. E. Bom Jesus foi gradativa. Alguns alunos são mais acanhados que outros, mas, com o passar dos dias e das aulas, eles foram se acostumando e participando mais das aulas. E para melho-rar esta interação, os bolsistas começaram a participar dos recreios para terem maior contato com os alunos, jogando carimbada e dançando com eles.

Os bolsistas conversaram com os professores da escola e com os profissio-nais do núcleo pedagógico sobre o que estava sendo trabalhado em sala de aula para que o material utilizado fosse coerente com a proposta pedagógica. Fize-ram uma reunião com a supervisora para definir os horários a serem trabalhados com cada turma de forma a não prejudicar o rendimento escolar dos alunos.

A maioria dos professores não tem um conhecimento adequado em in-formática para auxiliá-los na elaboração de material didático e com isso os bol-sistas passaram a ajudar os professores sanando as dúvidas que os mesmo têm.

Devido ao tamanho do laboratório tivemos que dividir as turmas em dois subgrupos, A e B, que se revezam na realização das atividades propostas em sala de aula com a professora regente e no laboratório com os bolsistas.

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Considerações finais

Concluímos que após dois meses de projeto os alunos dos 4º e 5º anos do ensino fundamental da E. E. Bom Jesus já estão se familiarizando com as ferramentas utilizadas e com as tecnologias disponíveis para eles na escola e já conseguem abrir e executar as atividades ministradas. O projeto está possibi-litando um maior conhecimento tanto para os alunos e professores da escola quanto para os bolsistas. Em relação aos primeiros, estes têm desenvolvido, de forma lúdica e interativa, alguns conteúdos trabalhados em sala de aula, aces-sado sites, jogos, dentre outros, pela internet; bem como utilizado ferramentas do sistema Linux (sistema utilizado pela escola). Acreditamos que se todos os computadores do laboratório de informática tivessem acesso à internet essa evo-lução seria ainda maior.

Anexo - Avaliação Diagnóstica

Instituição: Escola Estadual Bom Jesus

Professoras coordenadoras: Bolsistas: Profa. M.Sc. Eliane Teresa Borela Jeniffer Rocha GomesProfa. M.Sc. Luciana Araujo Valle de Resende Phelipe Carvalho Silva

Nome: Turma: ____ ano Idade: Data: ___/___/___

Avaliação Diagnóstica

1) Enumere as figuras de acordo com seus nomes. (1) Monitor(2) Teclado(3) Fone de ouvido(4) Mouse(5) Gabinete

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2) Para que serve o item ?( ) Guardar coisas que eu não quero excluir.( ) Colocar coisas que não quero mais.( ) Colocar dados pessoais.( ) Abrir jogos.

3) Como devo abrir os jogos no computador?( ) Menu iniciar – todos os programas – jogos.( ) Menu iniciar – Word- jogos.( ) Menu iniciar – Paint – jogos.

4) Um dos itens necessários para entrar na internet é:( ) modem.( ) fone de ouvido.( ) caixinha de som.

5) O que eu posso comer perto do computador?( ) Sanduiche com suco.( ) Pastel com refrigerante.( ) Não posso comer perto do computador.

6) O que eu não devo fazer com o computador?( ) Passar a mão na tela, comer perto e desligar direto da tomada.( ) Ligar primeiro o estabilizador e deixar limpo. ( ) Não bater no teclado, limpar e não riscar.

7) Complete os espaços com as palavras abaixo.

MONITOR FONE DE OUVIDO

MOUSE GABINETE TECLADOa) O é usado para clicar em alguma coisa.b) Não pode tocar com o dedo na tela do .c) Eu uso o para escutar as músicas.d) O serve para digitar textos.e) O teclado é ligado no .

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8) Enumere as opções abaixo de acordo com a sequência correta de ações para desligar o computador. Coloque “1” para a primeira ação, “2” para a segunda e “3” para a última.

( ) Apertar o botão “Power”.( ) Opção desligar.( ) Clicar no menu iniciar.( ) Aceitar a opção “Desligar o computador?”.

9) Para que servem os botões ?( ) Subtração – Inclusão – Multiplicação.( ) Minimizar – Maximizar – Fechar.( ) Restaurar – Maximizar – Fechar.

10) Para que serve a opção Meu Computador ?( ) Para acessar as unidades de disco de nosso computador (HD, Disquete,

CDROM, Pen Drive, etc.).( ) Para navegar na internet.( ) Para colocar senhas de acesso em meu computador.

11) Para copiar algo, após selecionar, eu devo:( ) clicar com o botão direito e selecionar a opção “copiar”.( ) clicar com o botão esquerdo e selecionar a opção “copiar”.( ) clicar com o botão esquerdo depois com o direito.

12) Quais são as teclas de atalho para copiar e colar?( ) Ctrl+ Z e Ctrl+ V( ) Ctrl+ C e Ctrl+ V( ) Ctrl+V e Ctrl+A

13) Para que servem as caixinhas de som?( ) Gravar o som do computador.( ) Reproduzir os sons do computador.( ) Só para enfeite.

14) Para que serve a opção “Copiar”?( ) Para multiplicar o que foi selecionado.( ) Para apagar o que foi selecionado.( ) Para salvar o que foi selecionado.

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15) Para que serve a opção “Recortar”?( ) Para duplicar o que foi selecionado.( ) Para deletar o que foi selecionado e colar em outro local.( ) Somente para deletar o que foi selecionado.

16) Como se deve ligar e desligar o computador?

17) O que você costuma fazer no computador?

18) Como se faz para entrar no site www.iguinho.ig.com.br?

Notas57 Mestre em Engenharia Elétrica/Rede de Computadores. Profa do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico.

[email protected].

58 Graduanda do curso de Tecnologia em Logística. [email protected].

59 Graduando do curso de Tecnologia em Logística. [email protected]

60 Mestre em Educação. Profa do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. [email protected].

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1° Dia de Campo dos Produtores de Hortaliças do Triângulo Mineiro

Hamilton César de Oliveira Charlo61. Maria Eduarda Berlatto Magnabosco. Lucas Hordones Chaves. Laura Borges Martins. Rúbia Rejane Ribeiro. Larissa Cristina Silva. Maycon Gabriel de Souza Silva. Fábio da Rosa. Maxwell Elias Martins. Jéssica

Karine da Silva Silveira. Bruna Fukumoto Kobayashi. Rodrigo Pereira Zago. Lilian Nobrega da Silva. Janaína Borges Oliveira. Danyllo Denner de Almeida Costa. Gabriel Alberto Ceballos. Lidércio Rodriguês dos Santos62. Ricardo Rodrigues

de Oliveira. Celsimar da Silva. Victor Luis Faria Nunes. Geovânia Morais de Rezende. Gabriela Nicolino Rodrigues. Maria Eduarda Gonçalves Jacob. Marcel Augusto Rocha. Vanessa Aparecida Gomide. João Vitor Leonel Marques63.

Resumo

Este trabalho apresenta o relato de experiência da realização do projeto intitulado “1° Dia de Campo dos Produtores de Hortaliças do Triângulo Mineiro” aprovado no o programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012. Este projeto teve como principal objetivo realizar a montagem de uma área modelo, e através da realização do dia de campo, proporcionar a pequenos produtores rurais de hortaliças uma nova possibilida-de de manejo de doenças e pragas de plantas, utilização de produtos alternativos e uti-lização de cultivares mais produtivas, com vistas a tornar seus produtos mais atrativos e economicamente viáveis, para uma rentabilidade maior. Através de trabalhos realizados no âmbito do IFTM, novas tecnologias serão destinadas a produtores cadastrados pelo projeto, que receberão desta forma uma consultoria para alcançar resultados com a nova metodologia de produção de hortaliças, visando atender uma demanda cada vez mais crescente da população, que são alimentos mais saudáveis, menos tóxicos ao homem e ao meio ambiente.

Palavras-chave: Extensão Universitária. Dia de Campo. Difusão de Tecnologia. Produ-ção de Hortaliças.

Introdução

A produção de hortaliças é uma atividade de suma para a fixação do agri-cultor no campo, evitando assim o êxodo rural. Diante do cenário cada vez mais competitivo, os pequenos produtores têm que se atualizar, procurando novas técnicas de cultivo, ou ainda técnicas alternativas de cultivo que proporcionem a produção de hortaliças de alta qualidade, com segurança alimentar, além de altas produtividades. Para tanto, atualmente são empregadas na olericultura

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variedades mais produtivas, além de diversos produtos, como biofertilizantes e estimuladores naturais de plantas, visando a produção de alimentos mais se-guros, além de métodos racionais/alternativos de controle de pragas e doenças, evitando assim, o uso excessivo de agrotóxicos.

Sendo assim, faz-se necessário difundir aos produtores de hortaliças as novas técnicas de cultivo, fazendo com que os mesmos consigam se manter competitivos no mercado, se mantenham no campo e produzam alimentos de maneira sustentável e de melhor qualidade.

A realização deste evento permitiu uma perfeita interação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, contribuindo de forma significativa para a formação de recursos humanos, devido a participação dos alunos do IFTM, além de di-fundir os conhecimentos científicos e as tecnologias geradas pelas pesquisas desenvolvidas dentro e fora da Instituição.

Como relatado acima, este projeto teve como objetivo geral, promover a interação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, reunido estes três elementos num só evento, de maneira a difundir os conhecimentos técnico-científicos gerados pela comunidade acadêmica para os mais diversos públicos (estudan-tes, professores, profissionais da área, pesquisadores, extensionistas, produtores, dentre outros).

Como objetivos específicos deste projeto, pode-se citar:

Contribuir para a geração e difusão de conhecimentos científicos relacio-nados à produção de hortaliças e aos sistemas orgânicos/agroecológicos/sustentáveis de produção para a região do cerrado mineiro;

Contribuir para a formação de extensionistas e alunos dos cursos técni-cos de nível médio e superiores em ciências agrárias direcionada à produ-ção de hortaliças;

Ampliar o debate e o acesso de comunidade escolar, técnicos e produto-res da região a conhecimentos, tecnologias e materiais didáticos envol-vendo temas e questões de importância para a produção de hortaliças e sistemas orgânicos/sustentáveis/alternativos de produção;

Promover articulações e parcerias objetivando fomentar iniciativas para o desenvolvimento da produção de hortaliças na região do Triângulo Mi-neiro;

Promover aumento na geração de emprego e na renda das propriedades agrícolas familiares da região do Triângulo Mineiro;

Trazer a comunidade para o ambiente escolar, promovendo assim, inter-câmbio de conhecimento.

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Desenvolvimento

A realização deste trabalho foi pautada na prática da extensão universi-tária ou acadêmica, a qual é conceituada como a ação de uma Instituição de Ensino junto à comunidade, disponibilizando ao público externo o conheci-mento adquirido com o ensino e a pesquisa desenvolvidos. Essa ação produz um novo conhecimento a ser trabalhado e articulado (FORUM DE PRO-REI-TORES DE EXTENSAO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEI-RAS, 2001).

Este conceito é adotado pelas universidades/instituições (especialmente no Brasil) que se refere ao contato imediato da comunidade interna de uma determinada instituição de ensino superior com a sua comunidade externa, em geral a sociedade à qual ela está subordinada. A ideia de extensão está associa-da à crença de que o conhecimento gerado pelas instituições de pesquisa deve necessariamente possuir intenções de transformar a realidade social, intervindo em suas deficiências e não se limitando apenas à formação dos alunos regulares daquela instituição. No Brasil, a extensão é um dos pilares do ensino superior, conjuntamente com o ensino e a pesquisa, e deve ser valorizada, por ser uma forma de interação com a população (FORUM DE PRO-REITORES DE EX-TENSAO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS, 2001).

Dentro da área de Ciências Agrárias, um dos métodos mais eficazes de se fazer a extensão universitária e difundir as tecnologias geradas pela pesquisa, é a realização de dias de campo, onde é possível a interação entre professores, estudantes, extensionistas e produtores. Diante disto, no ano de 2012, o IFTM Câmpus Uberaba realizou o evento, o qual é objeto deste relato de experiência.

Este projeto teve como principal objetivo a montagem de uma área mo-delo, e através da realização do dia de campo, proporcionar a pequenos pro-dutores rurais de hortaliças uma nova possibilidade de manejo de doenças e pragas de plantas, utilização de produtos alternativos e utilização de cultivares mais produtivas, com vistas a tornar seus produtos mais atrativos e economica-mente viáveis, obtendo-se maior rentabilidade. Através de trabalhos realizados no âmbito do IFTM, novas tecnologias foram destinadas a produtores cadas-trados pelo projeto, que receberam, desta forma, uma consultoria para alcançar resultados com a nova metodologia de produção de hortaliças, visando atender uma demanda cada vez mais crescente da população, que são alimentos mais saudáveis, menos tóxicos ao homem e ao meio ambiente.

No 1° Dia de Campo dos Produtores de Hortaliças do Triângulo Mineiro foram apresentados os campos demonstrativos das mais produtivas variedades de hortaliças, além de experimentos com métodos alternativos de adubação e controle de pragas e doenças.

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Para tanto, os bolsistas montaram experimentos e campos de demonstra-ção das principais variedades e das principais empresas de sementes de hortali-ças do mercado. Sendo assim, os produtores visualizaram quais as variedades de cada espécie se adapta melhor às condições ambientais do Triângulo Mineiro.

A vitrine de cultivares que fora montada constou de mais e 70 diferentes variedades de hortaliças, sendo esta, uma forma muito fácil de visualização de novas fontes de rendas aos produtores de hortaliças da região do Triângulo Mi-neiro, visto que a diversificação é um dos caminhos do sucesso no mercado, o qual está cada vez mais competitivo.

Também foram realizados, pelos bolsistas, experimentos com a utilização de biofertilizantes, onde os produtores puderam visualizar o desempenho das principais hortaliças, quando submetidas às adubações convencionais e às adu-bações com biofertilizantes, com vistas a produção de alimentos mais saudáveis e economicamente viáveis.

Com relação ao manejo de pragas e doenças, foram montados campos demonstrativos e experimentos com os diferentes tipos de controle de pragas e doenças, com vistas a apresentar aos produtores de hortaliças novos métodos de controle, sendo estes menos nocivos ao meio ambiente e que proporcionem produtividades adequadas e com maior qualidade do produto colhido.

Neste projeto participaram ativamente diversos professores do curso de Engenharia Agronômica, além dos 25 bolsistas, os quais compunham a equipe executora do projeto.

Durante o evento, também foi apresentado aos produtores o cultivo hidro-pônico como alternativa de produção de hortaliças na região do Triângulo Mineiro. Durante a apresentação diversos produtores demonstraram interesse sobre o sistema, e até ficaram após o evento para obterem maiores informações sobre o sistema junto aos organizadores do evento.

Os bolsistas do projeto, durante a apresentação do sistema hidropônico, mostraram as principais técnicas de manejo, bem como os insumos e materiais necessários para tal cultivo. Vale ressaltar que os bolsistas – alunos dos curso Técnico em Agricultura e Zootecnia e também do curso de Engenharia Agro-nômica puderam ter contato direto com os produtores, e colocaram em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula e nas pesquisas desenvolvidas no IFTM. Além disto, vale ressaltar a apresentação e o teste de preferência de mer-cado realizado com 27 cultivares de alface, as quais foram cultivadas em hidro-ponia, onde os produtores puderam observar as cultivares que mais se adaptam a este sistema de cultivo, na região do Triângulo Mineiro.

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De maneira geral, a realização deste evento foi de suma importância para todos os 134 participantes, sendo estes, 25 bolsistas, 26 produtores, 7 exten-sionistas, 3 profissionais da área- representantes técnico-comerciais, 3 pesquisa-dores externos e outros 70 participantes (docentes e alunos do IFTM), pois, os alunos sentiram-se muito satisfeitos e realizados, por verem o trabalho de meses culminar em um evento organizado, com qualidade e, acima de tudo, poderem transmitir os conhecimentos adquiridos aos produtores.

Ressalta-se também, com a realização deste evento, um estreitamento nas relações entre o IFTM, EPAMIG, e, especialmente com a EMATER, as quais marcaram presença no evento, contribuindo ainda mais para uma maior difu-são das tecnologias aos produtores.

Considerações finais

Em suma, a realização deste evento foi fundamental na formação acadê-mica dos 25 bolsistas, pois uma boa formação é fundamentada não só apenas no ensino e na pesquisa, mas sim na interação entre ensino x pesquisa x extensão, a qual foi obtida com sucesso na condução e realização deste projeto. Alem disto, vale ressaltar a interação com a comunidade, através da troca de conhecimentos entre alunos, profissionais da área e produtores durante o evento.

Notas61 Doutor em Produção Vegetal. Coordenador do projeto de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012. [email protected].

62 Graduandos em Engenharia Agronômica, bolsista do projeto de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

63 Alunos do curso Técnico em Agricultura e Zootecnia, bolsista do projeto de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.

Referências

FORUM DE PRO-REITORES DE EXTENSAO DAS UNIVERSIDADES PÚBLI-CAS BRASILEIRAS. Plano nacional de extensão universitária. Ilhéus: Editus, 2001

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Ação Extensionista Visando o Controle do Mosquito Aedes Aegypti por Meio de Armadilhas

de Baixo Custo e Ecologicamente Corretas

Júnia de Oliveira Costa64. Leonardo Rocha65. Marcelino Franco de Moura66. Carlos Eduardo Silva67. Dênis Miguel de Oliveira Bento68. Fábio Fernandes Bruno Filho69. Igor Paulo Miranda70. Jéssica Alves Campos71.

Lineker Santos de Almeida72. Sara Garcia da Silva73. Wanner Lucas Goulart74. Lara Caroline Pereira dos Santos75. Olávio Bento Costa Neto76. Matheus Costa Borges Janones77. Milcilene Aparecida Moura Dias78.

Resumo

A dengue é uma doença viral transmitida pelo inseto Aedes aegypti e atinge especialmen-te a população pertencente aos países tropicais, destacando o Brasil. A proliferação do mosquito compromete a saúde pública e o controle do mesmo utilizando-se inseticidas sintéticos acarreta danos ao meio ambiente, pois (semi) metais tóxicos utilizados nestes compostos não são biodegradáveis podendo permanecer na natureza e, consequente-mente, compondo a cadeia alimentar. A literatura relata várias pesquisas relacionadas ao controle de larvas e insetos adultos, especialmente pela utilização de produtos natu-rais. Diante da resistência aos inseticidas convencionais, torna-se importante o estudo de novas estratégias como possíveis alternativas eficazes na erradicação do A. aegypti, que possam diminuir e/ou eliminar os riscos ao ambiente e à saúde pública. Neste sentido, o presente trabalho realizou ações junto às comunidades escolar e local quanto à confecção de armadilhas de baixo custo e ecologicamente corretas (mosquitéricas) e monitoramento das mesmas, atingindo resultados satisfatórios em relação à captura do mosquito vetor da dengue.

Palavras-chave: Dengue. Aedes aegypti. Armadilha. Mosquitérica.

Introdução

A dengue é uma arbovirose que representa sério problema de saúde pú-blica, atingindo especialmente os países tropicais devido ao clima quente e úmido. As condições de saneamento representa um dos fatores relevantes para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito re-emergente em áreas urbanas, trans-missor do vírus causador da doença (LEITE, 2010; MACIEL et al., 2010).

Os inseto-larvicidas inorgânicos e organossintéticos apresentam eleva-da toxicidade aos seres humanos e outros mamíferos, especialmente, ao con-siderar os níveis de dosagem requeridos para torná-los efetivos. Os metais e

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semi-metais tóxicos utilizados nestes compostos não são biodegradáveis e ao serem lançados no ambiente, permanecem na água, no solo e em sedimentos, passando a fazer parte da composição da cadeia alimentar (BRAGA e VALLE, 2007). Portanto, estes fatores reforçam a importância de se desenvolver for-mas alternativas e que não agridam o meio ambiente que permitam a captura e, consequentemente, o controle do Aedes aegypti visando a diminuição da incidência de dengue no país.

Diante do histórico de casos de dengue na região do Triângulo Mineiro, destacando a cidade de Ituiutaba, o presente trabalho, desenvolvido a partir do projeto de extensão intitulado “Ação extensionista visando o controle do mosquito Aedes aegypti por meio de armadilhas de baixo custo e ecologicamente corretas”, aprovado pelo programa de apoio a projetos de extensão do Institu-to Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012, contou com a participação de estudantes e servidores do IFTM, Câm-pus Ituiutaba e teve como objetivo geral possibilitar às comunidades escolar e local a confecção de armadilhas (mosquitéricas) e monitoramento das mesmas quanto à captura e controle do Aedes aegypti e como objetivos específicos conti-nuar com a capacitação dos alunos do IFTM, Câmpus Ituiutaba em relação às armadilhas e o seu manuseio, assim como dar continuidade ao trabalho junto às escolas e à comunidade quanto à confecção e monitoramento das armadilhas para a captura e diminuição da incidência do mosquito da dengue. As ativida-des foram desenvolvidas no período de maio a novembro de 2012, por meio das ações da equipe executora formada por uma coordenadora do projeto, dois servidores colaboradores e 12 bolsistas.

Desenvolvimento

Na construção das armadilhas foram utilizadas garrafas pet de 1,5 a 2 litros; tesoura; lixa de madeira nº 180; fita isolante preta; tecido chamado mi-crotule e grãos de alpiste. Em seguida, a garrafa foi cortada em duas partes, sendo que uma delas foi utilizada como copo e a outra, como um funil, ambas encaixadas. O pedaço de microtule tem a função de cobrir a boca da garrafa e os alpistes triturados foram colocados no fundo do recipiente. Posteriormente, foi adicionada água limpa até a metade do copo. As armadilhas foram coloca-das em lugares frescos e sombreados e, diariamente observadas. A análise destas larvas de possíveis mosquitos Aedes aegypti foi feita pelo fototactismo negativo utilizando uma lanterna (CABRAL; LIBERTO, 2008).

Inicialmente, os bolsistas do projeto foram treinados para confeccionarem e monitorarem as mosquitéricas. Cada aluno levou de cinco a dez mosquitéricas com as respectivas autorizações para colocarem em suas residências e distribuírem aos seus vizinhos e parentes, ensinando-os sobre o funcionamento e monitora-

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mento correto da armadilha. As ações do projeto foram realizadas em vários locais da cidade de Ituiutaba, destacando os bairros Pirapitinga, Setor Sul, Setor Norte, Independência, Natal, São José, Residencial Drummond e o Centro.

As armadilhas capturaram larvas e adultos da espécie Aedes aegypti no Setor Norte, Pirapitinga e no centro da cidade, alertando para este último, onde o percentual de captura foi maior.

As ações do projeto também foram realizadas na Escola Estadual Senador Ca-milo Chaves e com os alunos e professores da Escola Estadual Coronel Tonico Franco de 1o e 2o graus, ambas da cidade de Ituiutaba. As armadilhas foram distribuídas aos servidores públicos municipais de Ituiutaba, alunos do curso de capacita-ção “Desenvolvimento de habilidades técnicas funcionais e empreendedoras na busca pela excelência do atendimento ao cidadão”, ministrado pelo Professor Marcelino Franco de Moura.

Os bolsistas e coordenadora do projeto ministraram o minicurso inti-tulado “Armadilhas ecologicamente corretas para a captura do Aedes aegypti!” no dia 17 de outubro durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada no período de 16 a 18 de outubro de 2012, em parceria com IFTM, Câmpus Ituiutaba e Universidade Federal de Uberlândia – FACIP/UFU, Câmpus Pontal e o minicurso “Coleta seletiva, resíduos sólidos e captura do Aedes aegypti por meio de armadilhas ecologicamente corretas” no dia 23 de novembro durante o II Seminário Regional de Pesquisa das Instituições Inte-gradas de Ensino Superior e Técnico de Ituiutaba-MG (SERIPI), realizado no período de 21 a 23 de novembro de 2012.

Considerações Finais

A mosquitérica é eficaz na captura do Aedes aegypti (larvas e adulto) e, assim, junto com as ações do Centro de Controle de Zoonoses de Ituiutaba (CCZ) contribuem para diminuir os índices de infestação do mosquito e, con-sequentemente, diminuir o número de casos de dengue na população, melho-rando a saúde pública e evitando a contaminação ambiental.

Notas64 Doutora em Bioquímica, Professora EBTT, Coordenadora do Projeto, [email protected].

65 Mestre em Engenharia Civil, Professor EBTT, [email protected].

66 Especialista em Comunicação e Marketing, Professor EBTT, [email protected]

67 Técnico em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

68 Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

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69 Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

70 Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edita 01/2012. [email protected],

71 Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

72 Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

73 Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

74 Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

75 Técnicos em Informática, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

76 Técnicos em Informática, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected]

77 Estudantes do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

78 Estudantes do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].

Referências

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CABRAL, M. C.; LIBERTO, M. I. Passo a passo para a construção da armadilha do mosquito da dengue, 2008. Disponível em: < http://www.webtv.ufrj.br/index.php?op-tion=com_content&task=view&id=232&Itemid=9 >. Acesso em: 25 nov. 2012.

LEITE, M. E. Análise da correlação entre dengue e indicadores sociais a partir do SIG. Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, v. 6, n. 11, dezembro, p. 44-59, 2010.

MACIEL, M. V.; MORAIS, S. M.; BEVILAQUA, C. M. L.; AMORA, S.S.A. Extratos vegetais usados no controle de dípteros vetores de zoonoses. Revista Brasileira de Plan-tas Medicinais [online], v. 12, n. 1, janeiro/março, p. 105-112, 2010.

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Mostra Artística Multicampi IFTM

Márcia Maria de Sousa79. Aldo Luis Pedrosa da Silva80. Michele Soares81. Maria do Socorro de Melo Martins82. Lucas Arantes Pereira83. Eduardo José Borges84.

Resumo

A Mostra Artística Multicampi IFTM consistiu num projeto de extensão que desen-volveu produções artísticas por meio da articulação entre ensino, pesquisa e extensão e da interação de interfaces estéticas e poéticas entre as diferentes linguagens artísticas trabalhadas em cada Câmpus do IFTM. Objetivando apresentar as contribuições das artes na formação dos alunos e na ampliação de repertórios culturais significativos, a Mostra teve como fundamento a conexão entre o fazer artístico, a apreciação estética e a contextualização sócio-histórica, oportunizando um processo ensino-aprendizagem em que a teoria dialoga com a prática. Desenvolvida de agosto a novembro de 2012 por professores de Arte, alunos e técnico-administrativos dos campi IFTM: Ituiutaba, Paracatu, Uberaba e Uberlândia, a Mostra contou com a participação de professores de outras áreas de conhecimento e com a Assessoria de Comunicação Social da Reitoria - IFTM. As trocas de experiências entre as pesquisas e práticas artísticas produzidas em cada Câmpus, foram socializadas por meio da circulação de apresentações artísticas por todos os campi do IFTM, incluindo o Câmpus Avançado Patrocínio e o Câmpus Avançado Uberlândia. A culminância da Mostra aconteceu num evento realizado em novembro de 2012 no auditório do Câmpus EAD - IFTM, na Univerdecidade, em Uberaba. Concluímos que a Mostra possibilitou o trabalho com a Arte na perspectiva da mediação cultural e da reflexão crítica, promovendo o respeito e a valorização da diversidade artística e cultural, tanto no espaço educativo como na comunidade.

Palavras-chave: Arte. Produção Cultural. Linguagens Artísticas.

Introdução

O Projeto de Extensão Mostra Artística Multicampi IFTM surgiu da necessidade, percebida pelos professores de Arte do IFTM, de ampliar os espa-ços da Arte e consolidar esta área de conhecimento nos Câmpus deste Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.

Aprovado pelo Edital 02/2012 do Programa de Apoio a Projetos de Ex-tensão do IFTM, este projeto teve como finalidade apresentar as contribuições significativas das artes na formação dos alunos, por meio da interação artística

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e da construção de interfaces estéticas e poéticas entre as diferentes linguagens trabalhadas em cada Câmpus. É sabido que as trocas de experiências entre as pesquisas e práticas artísticas possibilitam o trabalho com a Arte na perspectiva da mediação cultural, de modo a promover o respeito e a valorização da diver-sidade tanto no espaço educativo como na sociedade, fortalecendo a integração entre a escola e a comunidade (BARBOSA; COUTINHO, 2009).

Alinhada ao Projeto Político Pedagógico do IFTM, a Mostra Artística Multicampi IFTM – buscou ampliar os conhecimentos adquiridos em sala de aula, oportunizando um processo ensino-aprendizagem em que a teoria dialoga com a prática, bem como, ofertar aos servidores e comunidade ex-terna apresentações em diversas linguagens artísticas para o enriquecimento de seus repertórios culturais.

Para tanto, contou em sua equipe com a participação de 4 professores de Arte, 1 professor colaborador e 2 técnico-administrativos que, de agosto a novembro de 2012, participaram ativamente do planejamento e execução de ações arte-educativas que tiveram como intuito a criação de produções artísticas conforme a formação acadêmica dos docentes e experiência dos 29 bolsistas envolvidos.

Desse modo, objetivou-se com a Mostra Artística Multicampi IFTM fomentar a produção artística e a troca de experiências, dando visibilidade às práticas desenvolvidas pelos professores de Arte dos campi IFTM junto às comunidades interna e externa.

Desenvolvimento

Fundamentada na articulação entre o fazer artístico, a apreciação estética e a contextualização sócio-histórica (BARBOSA, 1998), a metodologia de exe-cução da Mostra Artística Multicampi IFTM consistiu em momentos concomi-tantes de pesquisa, estudo, preparação teórico-conceitual e aprofundamento de práticas artísticas e culturais em oficinas, ensaios e práticas em atelier.

Tendo essas ações como base, foram elaboradas e desenvolvidas criações e produções artísticas em diferentes linguagens – Música, Teatro, Dança, Artes Visuais e Audiovisual – incluindo produções de espetáculos englobando inter-faces entre duas ou mais linguagens, conforme o perfil artístico-cultural dos bolsistas e voluntários, a especificidade da formação acadêmica e dos conheci-mentos artísticos dos respectivos professores de Arte dos campi IFTM.

Cada Câmpus do IFTM procedeu à divulgação de edital e seleção de bolsistas conforme o número de bolsas disponíveis e a singularidade das pro-duções locais. Desse modo, o Câmpus Uberlândia participou do Projeto com

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3 bolsistas do Ensino Superior e 10 bolsistas no Ensino Médio Integrado; o Câmpus Uberaba com 2 bolsistas do Ensino Superior (disponibilizados para o setor de Comunicação Social da Reitoria IFTM); o Câmpus Ituiutaba com 5 bolsistas do Ensino Médio Integrado e o Câmpus Paracatu com 9 bolsistas do Ensino Médio Integrado, sendo que todas as produções contaram com a par-ticipação de alunos voluntários e bolsistas de outros projetos de extensão que complementaram o número de artistas necessários para as produções realizadas.

Durante os ensaios, oficinas e práticas em atelier, em todos os campi participantes, foram percebidas demandas por materiais e equipamentos que foram sanadas por meio de parcerias com a comunidade externa, doações, divi-são de despesas entre os bolsistas e coordenadores ou colaboração da direção do Câmpus conforme sua disponibilidade orçamentária.

Os trabalhos artísticos produzidos, além das apresentações locais na cida-de de origem, participaram de um circuito que aconteceu durante a semana de 26 a 29 de novembro de 2012 com a circulação dos trabalhos por todos os cam-pi do IFTM: Ituiutaba, Paracatu, Uberaba, Uberlândia, Avançado Uberlândia e Avançado Patrocínio. Desse modo, durante esta semana, todos os campi re-ceberam a apresentação artística de um Câmpus e se apresentaram em outro Câmpus do IFTM. O encerramento do projeto aconteceu dia 30 de novembro de 2012 no Auditório do Câmpus EAD - IFTM, na Univerdecidade, em Ube-raba, com a Mostra coletiva de todos os trabalhos realizados.

Cabe, no entanto, destacar a singularidade dos processos de criação e da participação de cada Câmpus IFTM na realização da Mostra.

O Câmpus Uberlândia desenvolveu produções em duas linguagens artís-ticas, a saber, Música e Artes Visuais, ambas sob a coordenação da Professora Márcia Maria de Sousa. As atividades em Música contemplaram a formação de três grupos musicais em estilos diferenciados: um de Rock, outro de Música Sertaneja e outro grupo de música instrumental composto por instrumentos de sopro (Grupo de Metais) como saxofone, trombone e trompete. Os bolsistas e voluntários que formaram os três grupos musicais do Câmpus Uberlândia procederam à pesquisa de repertório compatível com a experiência, a capaci-dade instrumental de cada músico, os instrumentos, equipamentos de som e instalações disponíveis no Câmpus, canalizando essas ações para a produção de apresentações no estilo musical escolhido.

Importante ressaltar que a pesquisa de repertório do Grupo de Metais foi realizada após contatos com o Maestro da Banda Municipal de Uberlân-dia e com professores do Conservatório Estadual de Música de Uberlândia em busca de partituras compatíveis com os instrumentos formadores do grupo. Os espetáculos musicais Isto tudo é Rock and Roll (Grupo de Rock) e Do caipira ao

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Sertanejo Universitário (Grupo de Música Sertaneja) contaram também com projeções de imagens que compuseram o cenário e a iluminação das apresen-tações realizadas por esses dois grupos na visita ao Câmpus Paracatu em 26 de novembro, no encerramento da Mostra em Uberaba em 30 de novembro e na Feira do Conhecimento do Câmpus Uberlândia no dia 08 de dezembro de 2012. Já O Grupo de Metais realizou duas apresentações com repertório ins-trumental/popular: uma durante a abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Câmpus Avançado Uberlândia no dia 16 de outubro e outra na Feira do Conhecimento do Câmpus Uberlândia no dia 08 de dezembro.

Quanto ao trabalho em Artes Visuais, o mesmo consistiu numa pesquisa de imagens que teve a paisagem do Cerrado como mote para experimentações visuais em fotografia digital e pintura em painéis de tecido cuja exposição inti-tulada Paisagens Reinventadas: Cerrado/Cidade foi exposta no Câmpus Paracatu em 26 de novembro e no encerramento da Mostra em Uberaba em 30 de no-vembro.

O Câmpus Uberaba participou do projeto com duas produções em te-atro intituladas Casa Grande e Senzala – adaptação de um espetáculo musical realizado em 2010 em comemoração ao dia da Consciência Negra – e O Últi-mo Dia – que trata de questões filosóficas sobre o possível fim do mundo. As duas peças, em formato de musical, foram escritas e produzidas pelos próprios alunos e bolsistas que fazem parte do Programa Institucional de Extensão Arte Educação do Câmpus Uberaba, sob a coordenação do Professor Aldo Pedrosa. As peças, que contaram com o apoio da Banda do Grupo ContosEnCantos e tiveram direção de Danielle Maia, começaram a ser preparadas em agosto pelas duas turmas das Oficinas de Iniciação Teatral do Câmpus Uberaba e foram apresentadas na visita ao Câmpus Ituiutaba em 27 de novembro e no encerra-mento da Mostra em Uberaba em 30 de novembro.

Já os dois bolsistas do Câmpus Uberaba, disponibilizados ao setor de Comunicação Social da Reitoria - IFTM, iniciaram seus trabalhos em setembro de 2012 sob a orientação do servidor Lucas Arantes Pereira e do Professor Aldo Luís Pedrosa da Silva. Os mesmos desenvolveram os materiais gráficos e virtuais de divulgação da Mostra Multicampi, bem como deram suporte na organização e viabilização das viagens e da produção da Mostra em Uberaba.

O Câmpus Ituiutaba produziu duas peças teatrais sob a coordenação da Professora Michele Soares e participação do Professor Eduardo José Borges: Negrinha – construída a partir da adaptação do conto de Monteiro Lobato que trata da legitimação da diversidade, do respeito as diferenças e do repúdio ao preconceito sob qualquer aspecto – e Para viver um grande amor - Ode à Viní-cius de Moraes – peça que trata de histórias de amor e encantamento, propondo um entendimento sensorial dos poemas e canções de Vinícius de Moraes. Além

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de apresentações no Câmpus e na cidade de Ituiutaba, Negrinha foi apresentada no Câmpus Avançado Patrocínio em 28 de novembro e no Câmpus Avançado Uberlândia em 29 de novembro, e Para viver um grande amor no encerramento da Mostra em Uberaba dia 30 de novembro.

O Câmpus Paracatu, sob a coordenação da Professora Maria do Socorro de Melo Martins, montou um grupo teatral intitulado pelos próprios alunos de “Legitimo Encanto”. Este grupo produziu a peça teatral infanto-juvenil A Grande Poção Mágica – que conta a história de uma bruxa adolescente aprendiz de coisas boas e ruins da vida. A estreia da peça aconteceu no Anfiteatro do Câmpus Paracatu e a mesma foi apresentada também no Anfiteatro do Câmpus Uberlândia em 29 de novembro e no encerramento da Mostra em Uberaba dia 30 de novembro.

As apresentações das produções de cada Câmpus em suas cidades e espa-ços educativos possibilitaram o contato com a comunidade interna e externa de cada Câmpus, projetando o IFTM de modo significativo nos cenários artísticos e culturais locais.

Por meio da Mostra Artística Multicampi IFTM, os alunos extensionis-tas tiveram a oportunidade de participar de todas as etapas da produção artísti-ca, vivenciando desde o momento de pesquisa e estudo, à criação, bem como o envolvimento direto nas apresentações dos trabalhos.

Essas etapas do trabalho exigiram dos alunos leitura, estudo e diferen-tes práticas, tanto nos papéis de artistas e/ou técnicos dos exercícios artísticos, como nos papéis de produtores culturais, curadores e montadores de exposi-ções, sonoplastas, iluminadores, debatedores, na projeção de vídeos/imagens que integraram as criações, e também no registro fotográfico e audiovisual dos processos criativos e das apresentações realizadas.

Em relação às comunidades internas e externas, foi possível observar a ampliação da função social e pedagógica da Arte, como linguagem que de-sempenha papel essencial na formação do indivíduo, no estabelecimento de relações sociais e na preservação ou transformação da ordem vigente, numa ação integradora da diversidade cultural e de valorização da produção artística do IFTM. Seja propiciando uma compreensão mais profunda das relações, das questões históricas e do sentimento de estruturação interior ou favorecendo a construção de espaços de reflexão, questionamento e expressão de opiniões.

No âmbito do Ensino Técnico e Tecnológico atual – que tem o trabalho como um princípio educativo integrador de todas as dimensões da prática social (CIAVATTA, 2005) – fomentar o universo das práticas artísticas con-tribui para que a formação profissional se desenvolva de forma integrada à formação geral.

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Nessa perspectiva educativa, propor trabalhos que envolvam a Arte, em diferentes momentos do espaço educativo de formação profissional, corrobora com a formação de profissionais críticos que não apenas reproduzem infor-mações, mas que são capazes de construir conhecimentos e de transformar a realidade em que vivem a partir da interação com outros sujeitos.

Promover ações artístico-culturais em instituições de ensino que tem como foco a formação profissional contribui para aprimorar o pro-cesso de formação para o trabalho por meio da ampliação do campo de visão sobre o mercado e a sociedade dos quais nossos alunos e servidores participam.

Desse modo, a Mostra Artística Multicampi IFTM contribuiu na for-mação cultural de alunos e servidores no sentido de instrumentalizá-los para a constituição de uma identidade cultural significativa, que corresponda a ex-periências e análises próprias, escapando da reprodução acrítica de produtos gerados no âmbito da indústria cultural (COSTA, 1998).

Percebe-se que, além das diferentes linguagens artísticas desenvolvi-das em cada Câmpus do IFTM, houve uma diversidade de temas e assuntos que foram abordados por meio da Arte. Este fato mostra que, tanto o tra-balho com a especificidade de cada linguagem artística deve ser respeitado e fomentado como uma forma de resguardar a singularidade da formação na área de Arte, como existe a possibilidade de experiências que contemplem a interface entre diferentes linguagens, tudo isso desde que haja a prepara-ção dos coordenadores e condições estruturais para a realização do trabalho artístico.

A diversidade acima mencionada, promovida pela interação e troca de experiências entre alunos, professores e comunidade externa, possibilitou pro-blematizar o papel da arte na sociedade contemporânea, na cultura e na edu-cação, contribuindo para o desenvolvimento e fortalecimento da área Arte no IFTM e fornecendo repertório consistente para a formação de opiniões críticas, mas também sensíveis a respeito de diferentes formas de pensar o mundo, es-timulando a formação de um público atento e crítico para as questões sociais bem como para a linguagem artística.

Considerações finais

A Mostra Artística Multicampi IFTM cumpriu com os objetivos pro-postos obtendo êxito quanto à atuação e envolvimento efetivo de alunos, pro-fessores de Arte e demais servidores do IFTM nas produções artísticas, assim como na participação como público das apresentações locais realizadas e das apresentações recebidas durante o circuito multicampi.

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Pode-se dizer que a experiência foi positiva e extremamente significativa, pois muitos alunos e servidores, apesar de terem algum conhecimento artístico, eram iniciantes. A maioria deles nunca tinha participado do processo de produ-ção de um espetáculo, se apresentado em um palco ou montado uma exposição. Esses alunos tiveram – nas oficinas de Iniciação Teatral, na formação dos grupos musicais e na experimentação plástico-visual – a oportunidade de aprofundar e, ao mesmo tempo, de ampliar seus conhecimentos artísticos, se sentirem cria-dores e produtores de Arte, mas também de terem suas produções apreciadas e reconhecidas, tanto pela comunidade interna, como pela comunidade externa.

Cada apresentação realizada durante o circuito multicampi contou com um público de em média 250 pessoas, entre alunos, comunidade escolar e co-munidade externa, dependendo da capacidade do Anfiteatro ou espaço de apre-sentação disponível em cada Câmpus.

Alguns dos problemas ocorridos durante as ações arte educativas desen-volvidas mostraram-se como entraves que merecem atenção em futuros pro-jetos, mas os mesmos foram resolvidos por meio da troca de informações e diálogo constante entre os coordenadores do projeto em cada Câmpus. Assim, fica explícita a necessidade de maior atenção dos coordenadores de projetos de extensão na área artística e cultural quanto às questões técnicas envolvidas nas produções artísticas, como equipamentos de som, iluminação e de exposição de imagens que melhor se adequem aos anfiteatros e espaços de cada Câmpus.

Por outro lado, o projeto possibilitou aquisições de alguns equipamentos permanentes importantes tanto para a continuidade dos trabalhos já realizados, como para o planejamento e desenvolvimento de futuras ações artístico-cultu-rais nos campi IFTM.

Outro aspecto a ser revisto em futuros projetos é a dinâmica adotada na circulação das produções realizadas entre os campi. Na avaliação final dos co-ordenadores do projeto foi observado que concentrar as apresentações em uma semana, junto ao evento de encerramento, acabou por acarretar um desgaste nos participantes, uma vez que ao mesmo tempo em que o grupo de alunos e coordenadores se preparava para viajar, tinha que se preparar também para receber a apresentação de outro Câmpus.

Desse modo, fica a sugestão de que a circulação das produções artísticas entre os campi sejam realizadas durante um mês, sendo que cada Câmpus po-deria receber a visita de um ou mais Câmpus em uma semana e viajar em outra semana, realizando as apresentações com melhor qualidade e sem comprometer as atividades acadêmicas.

Conclui-se enfim, que a Mostra Artística Multicampi IFTM viabilizou o trabalho com a Arte na perspectiva da mediação cultural, de modo a promover

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o respeito e a valorização da diversidade artística e cultural no espaço educativo. Além disso, proporcionou a integração entre a escola e a comunidade fortale-cendo o Instituto Federal do Triângulo Mineiro como espaço educativo que promove formação integral e de qualidade.

Notas79 Mestre em Educação. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Uberlândia.

[email protected].

80 Mestre em Artes. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Uberaba. [email protected].

81 Mestre em História Cultural. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Ituiutaba. [email protected].

82 Especialista em Cultura e Arte Barroca. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Paracatu. [email protected].

83 Graduado em Tecnologia em Alimentos. Técnico-Administrativo da Comunicação Social – Reitoria do IFTM. [email protected].

84 Especialista em Programas e Projetos Sociais. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM – Câmpus Ituiu-taba. [email protected].

Referências

BARBOSA, A. M. Tópicos Utópicos. Belo horizonte,MG: C/Arte, 1998.

BARBOSA, A. M.; COUTINHO, R. G. (Orgs.). Arte/Educação como mediação cul-tural e social. São Paulo, SP: Editora UNESP, 2009, 346p.

CIAVATTA, M. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória e de identidade. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M.(orgs.). Ensino Médio Integrado: concepções e contradições. São Paulo, SP: Cortez, 2005. p.83-102.

COSTA, C. Arte: resistências e rupturas: ensaios de arte pós-clássica. São Paulo, SP: Moderna, 1998, 103p.

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A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a Ordem Social a partir da Atividade do Trabalho numa Interlocução Poética com a Comunidade de Ituiutaba

Michele Soares85. Adriano Lemos Ribeiro. Bruna Barbosa Dias. Camilla Maria Santos Silva. Élida Guimarães. Iara Dâmaso. Lunamaris Macêdo Goulart. Marcos José Ferreira de Souza

Júnior. Rafaella Dutra Goulart. Tamiris Christine Silva. Thais Franco Carvalho86.

Resumo

O projeto de extensão A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a ordem so-cial a partir da atividade do trabalho numa interlocução poética com a comunidade de Ituiutaba aprovado pelo edital 01/2012 - PROEXT-IFTM, foi desenvolvido no Insti-tuto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) / Câmpus Ituiutaba, de maio à novembro, elaborando a montagem e apresentação de cenas teatrais, com posterior debate com os estudantes na platéia, a respeito dos mecanismos e ideologias que agregam ao trabalho valores como concorrência exacerbada, consumismo, individualismo, exploração, enri-quecimento, levando a cristalização de uma ordem social desigual e injusta. Conside-rando o contexto histórico de formação dessa sociedade, a partir da ideologia capitalista – burguesa, a se levar em conta princípios que legitimam o trabalho como dignidade do homem e fonte de sua sobrevivência, foi fundamental a compreensão de como essa mesma atividade é também instrumento de dominação, alienação, mecanização, mas-sificação de corpos e mentes. Para tal, foi importante um estudo interdisciplinar que envolveu leituras das diversas áreas, como Sociologia, Filosofia, História, Literatura e Arte. Essas leituras não se limitaram a bibliografia, mas ampliamos o repertório inves-tigativo, lançando olhares e discussões também a partir de obras literárias e artísticas, como iconografia, vídeos documentários, filmes, encenações, entre outros. O projeto composto por alunos de cursos integrados e concomitantes, contou com 10 bolsistas e ainda com a participação colaborativa de externos a comunidade IFTM, entre eles integrantes do Grupo de Teatro Rebuliço, o qual foi parceiro no projeto.

Palavras-chave: Arte e Sociedade. Pedagogia Teatral. Trabalho e contemporaneidade.

Introdução

Estabelecendo um diálogo interdisciplinar Arte e Sociedade, no projeto de extensão A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a ordem social a partir da atividade do trabalho numa interlocução poética com a comunidade

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de Ituiutaba, objetivamos compreender que tipo de organização social a ativi-dade do trabalho estabelece contemporaneamente, em nossa sociedade, sendo muitas vezes, mecanismo de exploração e massificação dos indivíduos e outras vezes, possibilidade de acensão e autonomia. Tal investigação se deu por fontes artísticas e caminhou para a elaboração de cenas teatrais que discutem tal temá-tica, propondo debates com a plateia estudantil do IFTM Câmpus Ituiutaba bem como de algumas escolas da rede pública de ensino.

Atualmente, vivemos uma nova realidade nos Institutos Federais, dado o empreendimento de expansão da rede, e com isso de ampliação de ofertas de cursos, em diferentes níveis, modalidades e áreas de conhecimento. No cerne das questões consideradas como princípios essenciais para a formação desse aluno, está a preocupação com seu perfil humanístico, possibilitando-lhe uma atuação não só competente enquanto executor de técnicas e procedimentos, mas reflexivo, crítico, capaz de ler o mundo no qual está inserido. Capaz de compreender historicamente o mundo do trabalho, a sociedade, as relações es-tabelecidas em determinado segmento. Enfim, a educação passa a ser concebida não só como investimento fundamental para o desenvolvimento sócio-econô-mico do país, mas como primordial para o desenvolvimento humano e sensível do ser. Partindo desse contexto, surge a necessidade de uma investigação e re-flexão a respeito do mundo do trabalho, entre os alunos envolvidos nas oficinas teatrais, que cursando o técnico nas modalidades integrado e concomitante, se percebem imersos nesse universo e angustiados ao se depararem com cobran-ças, expectativas e inseguranças. Daí, no cruzamento das próprias percepções e vivências com o mundo formalmente constituído do trabalho, propomos a esse grupo um caminho de pesquisa e construção de saberes sobre a referida temá-tica, constituindo elaborações teatrais que materizalizem para a cena, e então para a ampliação do diálogo, essas mesmas questões.

Sendo assim, é importante destacar, que o presente projeto surge nas inquietações geradas a partir das oficinas teatrais que integram outro projeto de extensão desenvolvido no Câmpus Ituiutaba/IFTM, em caráter permanente, intitulado “Oficinas de Arte: criação, fruição e contextualização nas diversas linguagens artísticas”, que por sua vez, objetiva oferecer oficinas de arte a dis-centes e servidores e, a partir daí, a ampliação do processo de criação, conhe-cimento e apreciação (BARBOSA, 2002) de produções artísticas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, bem como da cidade e região. Oficinas de arte que primem pela pesquisa de uma linguagem autônoma e emancipadora de seus integrantes, articulando-se o fazer artístico, a apreciação estética e a contextualização sócio-histórica das questões artísticas (JAPIASSU, 2001). Dessa forma, tais atividades que se norteiam pela busca de aprofundamento da discussão da Arte como área de conhecimento, repensando valores, normas, atitudes, critérios na prática pedagógica do ensino de Arte bem

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como no processo criativo experimentado pelos alunos, acaba estimulando a postura reflexiva e crítica desse aprendiz que desperta novos olhares para diver-sificadas temáticas referentes à condição humana, como ocorreu com o mote Trabalho e Sociedade.

Ao propormos a criação de montagem cênica sobre a orden social a partir da atividade do trabalho, foi necessário establecer um diálogo interdisciplinar entre a bibliografía de Arte e Ciências Humanas, para estudo da formação his-tórica da sociedade brasileira, compreendendo o trabalho também historica-mente. Ou seja, qual a trajetória da atividade do trabalho constituída no Brasil – país, até o século XIX, majoritariamente agrário, população rural, escravo-crata, oligárquico e latifundiário, tendo passado tardiamente pelo processo de industrialização. Todo esse quadro, certamente, determina relações de trabalho específicas.

O projeto composto por alunos de cursos integrados e concomitantes, contou com 10 bolsistas e ainda com a participação colaborativa de externos a comunidade IFTM, a saber, a professora de Sociologia da rede pública estadual Aline Costa e os graduandos em Pedagogia e História na Universidade Fede-ral-Câmpus Pontal, respectivamente, Camila Maia e Hévilen Darian. Os três colaboradores citados, são ainda, integrantes do Grupo de Teatro Rebuliço, o qual foi parceiro no projeto.

Ao final da construção teatral, realizamos a etapa de apresentação da criação cênica, encaminando debates após o espetáculo, a fim de trocar com a platéia, o que a recepção da obra despertou de reflexões. Não foi possível con-cluir inteiramente essa estapa, já que não demos prosseguimento as visitas em outras escolas públicas, ficando restritos, nesse momento, ao IFTM Câmpus Ituiutaba. Ainda assim, a atividade contribui para estimular a formação de um público atento e crítico para as questões sociais bem como para a linguagem teatral. Por essa razão, foi proposta a renovação do projeto, a fim de dar pros-seguimento a etapa de circulação da montagem teatral. Então, aprovada pelo edital 01/2012 - coordenação de extensão - Câmpus Ituiutaba IFTM, seguire-mos com as apresentações ao longo do ano de 2013, o que promoverá também, um retorno a reelaboração das cenas, considerando, inclusive, a integração de mais componentes ao projeto, agora com 16 alunos, sendo 07 bolsistas e 02 servidores - docentes.

Desenvolvimento

O presente trabalho buscou compreender como se constituiu historica-mente a atividade do trabalho na sociedade brasileira, bem como as relações estabelecidas a partir dessa atividade, especialmente a partir do momento de

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maior ênfase da industrialização, anos 50/60 aos dias atuais, o que contri-bui, com grande importância, para que o estudante – tanto ator como pla-téia, futuramente inserido no mercado de trabalho, possa atuar de maneira mais crítica, problematizadora e propositiva. Assim, abandonando lugares de opressão e exploração ou ainda posturas de alienação e mecanização, onde muitas vezes se encontram profissionais competentes em suas funções, po-rém limitados na execução de tarefas técnicas. Para além disso, a educação profissional e tecnológica atualmente, propõe a formação de trabalhadores pensantes, com potencial de atuação nos processos de construção e decisão da sociedade, a qual pertence.

Os alunos extensionistas participaram de todas as etapas do projeto, des-de o momento de estudo da temática, leitura e seleção de textos, elaboração das cenas, bem como envolvimento direto na apresentação da montagem teatral e sua atividade posterior – o debate com o público. Essas etapas de trabalho exi-giram dos alunos extensionistas, leitura, estudo, ensaios – nos papéis de atores e/ou técnicos dos exercícios cênicos, como sonoplasta, iluminador, debatedores, projeção de vídeos/imagens que integraram as cenas.

Na elaboração do trabalho, seguimos procedimentos como: leitura de textos para embasamento teórico sobre a temática do projeto – a constituição da ordem social a partir da atividade do trabalho, seguidos de debates; apreciação e estudo de textos de teatro e/ou outras fontes como poesias, contos, crônicas e até artigos de jornal que puderam ser transformados em cena teatral. Tomando, como ponto de partida, a peça ‘A Comédia do Trabalho, da Companhia do Latão, dirigida por Sérgio de Carvalho, docente na graduação e pós-graduação do curso de Teatro da Universidade de São Paulo, tal texto serviu como linha condutora e provocativa para a construção de uma nova dramaturgia constitu-ída coletivamente.

Nesse contexto, atribuímos ao lugar do espectador, uma condição cen-tral no planejamento pedagógico e artístico da criação teatral, já que durante o processo de criação, optamos metodologicamente, pela experimentação dos dois lugares - ator e platéia, pelos integrantes do projeto que ora estavam na ‘arena’ cênica ora assistiam nos ensaios, pra que isso gerasse novas percepções, discussões e então, alimentassem nosso texto e cenas. Essa metodologia nos pareceu vir ao encontro do sentido inicial do projeto, que era promover a construção de saberes através da descoberta – reflexão, troca de ideias, expe-rimentações, contribuindo para um desenvolvimento mais integral, e então menos fragmentado, desses jovens. Produzindo trabalhos artísticos, mas tam-bém conhecendo a produção de outras pessoas, o aluno podia compreender a diversidade de valores estéticos e sociais que orientam tanto o seu próprio modo de agir, pensar, criar, representar quanto o da sociedade que está inseri-

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do ou não, evidenciando e dialogando com as similaridades, as diferenças, os conflitos e novas proposições.

Fundamental para a realização do projeto, como pressuposto metodo-lógico, é a obra de Bertolt Brecht, que propõe uma arte engajada que discura as contradições entre os homens, entre as classes sociais, que tire o espectador da alienação, deixando em estado de alerta sua consciência, sua visão crítica e instigar a plateia a uma tomada de posição em relação à realidade da qual fazem parte o espectador e o artista. Dos princípios do Teatro Épico de Brecht, preten-de-se explorar: a narrativa, o distanciamento, a abordagem dialética histórica a respeito da história e dos personagens, o estudo do gestus social, o conceito de espectador participativo, a técnica ‘coringa’ de Augusto Boal, a conexão com as questões da atualidade suscitadas a partir das leituras e processos de criação das cenas, o uso de procedimentos que compõem a cena épica, como a música, a projeção, o jornal, entre outros.

E ainda, muito importante para as etapas de execução do projeto, é a metodologia proposta por Augusto Boal que na frente do Teatro do Oprimido, buscou constituir uma prática libertadora do homem, na medida que trabalha o conceito de espectator – o ator é aquele que atua e observa ao mesmo tem-po, sendo assim, somos todos espectadores. O processo de Boal é pedagógico, sem ser didático no sentido arcaico do conceito, sinônimo de mensagem, lição moral. Seu encaminhamento é de destronar as correntes opressoras sobre o ho-mem, instigando-o a construir outras formas de vida, valores, comportamentos, atuações.

Nessa trilha, seria impossível ignorar o que esse permanente potencial reflexivo traz para a cena da pesquisa e da própria prática pedagógica, como necessidade de discussão de outros pontos fundamentais na atualidade para a prática do artista-docente e seus alunos: o papel social do teatro e do ar-tista.

Para tal análise, considerando engajamento como “um mecanismo para gerar novas idéias, perguntas e desafios” (HOBSBAWN, 1998), propomos o es-tudo da condição de engajamento artístico, fundamentado na contemporanei-dade e nas práticas escolares abordadas na presente pesquisa, através da constru-ção de cenas do teatro épico de Bertolt Brecht, textos teatrais de Augusto Boal e da Companhia do Latão / SP, que oferecem propostas temáticas e estéticas, pertinentes à proposição pedagógica empreendida no decorrer desse projeto, qual seja a de propor a partir da cena diálogos entre o palco e a platéia a respeito do mundo, dos sujeitos em questão, não a fim de “pedagogizar” o espetáculo – “submetendo-o às necessidades imediatas da escola” (DESGRANGES, 2006), mas justificar a necessidade de reflexão pelo espectador, bem como pelo ator, de questões que lhes digam respeito.

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Considerações finais

O tema do estudo guiado nesse projeto de pesquisa, bem como numa das últimas etapas de trabalho, que seja a montagem cênica, traz para o centro da arena, a evidência da notável capacidade do capitalismo atual de se renovar, tomar novas roupagens, porém, trazendo em si marcas constantes, inerentes e permanentes. Tal habilidade, promove ainda a desorganização e fragmentação da contestação, ao impor aos trabalhadores a maldição: ‘No mundo da merca-doria, a pior coisa é não ser mercadoria’. Assim, posturas, condutas e valores que regem as mentalidades e ações, estão definidas a partir da máxima capitalista.

O projeto de extensão, traz ainda a possibilidade de continuar a pensar na função da arte. E que essa função pode ser, inclusive, colaborar com a ati-vação revolucionária num tempo em que isso parece não estar no horizonte próximo e em que o capitalismo assume caras novas e terríveis.

O projeto resultou numa experiência extremamente significativa, am-pliando os resultados que, longe de um saldo quantitativo, aponta para ques-tões de grande pertinência na formação do aluno de Instituto Federal, como podemos citar:

Estabelecer a articulação entre o fazer artístico, a apreciação estética e a contextualização sócio-histórica, ampliando os conhecimentos adquiri-dos em sala de aula, oportunizando um processo ensino-aprendizagem em que a teoria dialoga com a prática;

Compreender e constituir a obra de arte em seu caráter político de forma a evidenciar a Arte como meio de resistência e oposição, sem perder de vista a dimensão estética;

Promover a condição de espectador ativo / participativo desse aluno tan-to dentro como fora do espaço escolar, estabelecendo assim, articulação com as práticas culturais comunitárias, com as propostas de outras insti-tuições culturais e com o fazer de outros artistas e grupos regionais;

Desmistificar a atividade teatral enquanto habilidade e especialidade de poucos, assim como o status de artista, promovendo a percepção para os alunos de que a atuação de um colega pode ser tão rica de possibilidades quanto a de um artista consagrado, evidenciando que aquele consegue também emocioná-lo, diverti-lo e instigar seus pensamentos.

Conclui-se, por fim, a importância de ressignificar o conceito e papel de artista bem como de cidadão, no processo criativo da ficção e do real, encora-jando a superação da insegurança e temor de atuar, de se colocar frente uma platéia, ampliando a consciência desse aluno para os elementos constituintes da criação cênica bem como da realidade que o cerca.

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Notas85 Doutoranda em Artes Cênicas, UNIRIO. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Triân-

gulo Mineiro – IFTM/Câmpus Ituiutaba. [email protected]

86 Bolsistas - alunos dos cursos integrados em Agroindústria e Informática e concomitante em Informática do IFTM/Câmpus Ituiutaba.

Referências

BARBOSA, Ana Mae. Inquietações no ensino da Arte. São Paulo, SP: Cortez, 2002.

BOAL, Augusto. Jogos para atores e não-atores. 3.ed.Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2000. 368p.

BRECHT, Bertolt. Diário de Brecht. Porto Alegre, RS: L&PM, 1995.

CARVALHO, Sérgio de. Companhia do Latão 7 peças. São Paulo,SP: Cosac Naify, 2008.

DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do espectador. São Paulo,SP: Hucitec, 2003.

______________. Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. São Paulo,SP: Hu-citec, 2006.

HOBSBAWN, Eric. Sobre a História. São Paulo,SP: Cia das Letras, 1998.

JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Metodologia do ensino do teatro. Campinas, SP: Papirus, 2001.

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Educação Ambiental na Escola: Incentivando e Implantando a Destinação Correta dos Resíduos Sólidos

Dalila de Souza Ferreira87. Fabíola Helena do Prado Luiz88. Jan Rieller Ferreira Silva89. Humberto Ferreira Silva Minéu90.

Resumo

O presente trabalho teve o objetivo de promover a mudança de atitudes e a formação de novos hábitos em relação à destinação correta dos resíduos sólidos na escola. Foram realizadas oficinas, jogos educativos, palestras e aplicação de questionários com alunos do 5º ano e 9º ano do ensino fundamental e gestão da escola. Ocorreu a sensibilização significativa dos estudantes do 5º ano, incorporando o conhecimento dos materiais e da separação para a coleta seletiva; a sensibilização do 9º ano ficou aquém do esperado, em função de menos atividades realizadas e ser um público com maior resistência; ob-teve-se o desenvolvimento de material visual com linguagem apropriada e atrativa, em função do convívio da equipe com os estudantes; verificou-se que o espaço escolar não tem infraestrutura para a coleta seletiva e nenhum trabalho de sensibilização e orientação; percebeu-se a necessidade de participação efetiva do pessoal da limpeza e manutenção e realizou-se um treinamento com os mesmos; o distanciamento da gestão escolar na escola tem efeito determinante na carência de trabalhos de educação ambiental, por não criar/es-tabelecer diretrizes, bem como o apoio aos docentes para a incorporação nas suas práticas pedagógicas. O resultado das atividades de educação ambiental é mais relevante e aceito/incorporado pelo público mais jovem. Com isso, tem-se que a educação ambiental deve ser trabalhada de forma mais consistente e continua no ensino fundamental I.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Coleta seletiva. Resíduos Sólidos. Meio Ambiente.

Introdução

A percepção inicial desta temática foi levantada por estudantes da pós graduação em Ciências Ambientais, que haviam realizado trabalho no campo da Educação Ambiental (EA) e coleta seletiva. No decorrer de discussões, idéias de trabalhos, realização de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), pro-puseram fazer um trabalho na escola que estudaram. Na construção da proposta vinculamos a ação de contribuição com a escola e a realização dos respectivos TCC, articulando o desejo de trabalhar com a EA e contribuir com uma ca-rência na escola, a partir da percepção que tinham da não incorporação na

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plenitude desejada no cotidiano das escolas, em especial a não na separação dos resíduos para a coleta seletiva.

Ao mesmo tempo, a percepção de que a EA representa um campo de ação fundamental para o enfrentamento dos problemas ambientais, o repensar e um novo agir do cidadão.

Após algumas discussões chegou-se a definição do propósito do trabalho de extensão em promover a mudança de atitudes e a formação de novos hábitos em relação à destinação correta dos resíduos sólidos, por meio de informação e adoção da coleta seletiva na escola.

A estruturação do trabalho iniciou com o entendimento de EA, a partir da Política Nacional de Educação Ambiental, lei nº 9.795/1999, como um tema transversal, perpassando todas as unidades curriculares e níveis de ensino (BRASIL, 1999). E que um dos problemas ambientais locais é a questão da destinação correta dos resíduos sólidos, em função dos impactos ambientais negativos da destinação inadequada e do estabelecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, pela lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010).

Neste contexto, a escola constitui um espaço fundamental do trabalho de tomada de consciência da sociedade quanto a adoção de novos valores e atitudes em relação à conservação ambiental. Com isso, a escola passa a representar um ambiente fértil e estratégico na articulação entre as duas políticas nacionais: educação ambiental e resíduos sólidos.

A adoção da educação ambiental representa o momento em que a escola é chamada a dar a sua contribuição para a solução da crise ambiental na pro-moção de mudanças de atitudes individuais e coletivas. Trata-se de um processo participativo, para a construção de valores sustentáveis (CHAPANI; DAIBEM, 2003, p.21).

As ações contaram com muita criatividade por parte dos bolsistas, que trouxeram suas experiências anteriores e criaram novas atividades, além da pro-dução do material durante a execução do projeto.

Desenvolvimento

Para a preparação dos instrumentos e atividades, a equipe buscou alguns fundamentos, além dos previstos no aparato legal vigente.

Partiu-se do princípio de que para a realização de atividades de educação ambiental, o primeiro passo é a identificação da concepção de meio ambiente das pessoas envolvidas. Esse entendimento foi inspirado em Dias (2004), ao afirmar que “a maior ameaça à sustentabilidade humana é a ignorância a respei-

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to da própria condição natural, o chamado “analfabetismo ambiental” – trata-se do desconhecimento das questões ambientais”.

E de acordo com Coimbra (2004, p.539-540) “A percepção é o primeiro passo no processo de conhecimento. Dela dependem aspectos teóricos e aplicações práticas. Se esse primeiro passo falseia, o conhecimento não atingirá seu objetivo;...”.

Outro aspecto importante foi na definição das séries para um projeto inicial, pois se percebeu não termos experiência e tempo para um trabalho de alcance em toda a escola.

Buscou-se trabalhar com os estudantes de 5º e 6º ano do, entendendo este público como receptivo a novos conhecimentos e hábitos. Em função de resistência no segmento docente do 6º ano, optou-se por realizar as atividades com o 9º ano. Com isso, ter um comparativo entre as duas séries terminais do ensino fundamental, que tem sua organização dividida em ensino fundamental I (até o 5º ano) e fundamental II (6º ao 9º ano), por envolver a finalização de ciclo do currículo e alteração de maturidade dos estudantes.

O planejamento envolveu o diagnóstico com a gestão escolar, os profes-sores das turmas e os alunos. Além disso, a observação do espaço escolar para o diagnóstico da infraestrutura da escola e do comportamento dos membros quanto a separação dos resíduos.

Optou-se pela a aplicação de questionários aos gestores, professores e estudantes para o diagnóstico do conhecimento e atitudes acerca da questão ambiental, em especial quanto a coleta seletiva. A exceção foi com os estudantes do 5º ano em que se utilizou de desenhos para captar sua concepção de meio ambiente.

O projeto previa o desenvolvimento de material visual (banners, cartilha) para a realização de atividades de educação ambiental, de caráter informativo (conhecimento) e sensibilização dentro da escola (espaço formal) e fora da es-cola (espaço não formal).

Nas ações com os estudantes, a metodologia envolveu a realização de pa-lestras, apresentação de vídeo e realização de jogos educativos, como forma de motivar os estudantes a participação e ampliar seu conhecimento e sensibilização.

O trabalho foi realizado em uma escola municipal de Ituiutaba/MG, com o propósito de ter um trabalho piloto e os resultados serem posteriormente aplicados a outras escolas.

Para viabilização da separação dos resíduos proveu-se a parceria com a Cooperativa de Reciclagem de Ituiutaba, para o encaminhamento correto dos resíduos separados.

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Atividades Desenvolvidas

1 Produção de material para trabalhos de educação ambiental

A produção dos materiais previstos, banners e cartilha, ocorreu simul-taneamente a execução das atividades, na medida em que ocorria o desenvol-vimento do material e o contato com o público-alvo. Isto promoveu o ama-durecimento das ideias, da linguagem, das imagens, chegando a um resultado considerado bastante satisfatório.

Os banners desenvolvidos foram e poderão ser utilizados em atividades de EA voltada para a coleta seletiva, em ambientes diversos, com pouca infraestrutura, sem a depender de recursos eletrônicos, com qualidade para sensibilização do público.

A cartilha ficou em fase de ajuste final de texto e diagramação, pois se preten-de adotar um formato diferente, voltado para o cotidiano, suficientemente lúdico para o público infantil e ao mesmo tempo sério para o público jovem e adulto.

Além do material previsto no projeto (banners e cartilha) também desen-volvemos cartazes diversificados para divulgação dos sistemas de separação de resíduos sólidos, que possam ser utilizados em campanhas em escolas. Ou seja, um resultado além do previsto em função da vivência no decorrer do projeto.

2 A percepção e participação da gestão escolar

Aqui, o trabalho realizado superou as expectativas do projeto, com a apresentação do artigo “A percepção da gestão escolar sobre educação ambien-tal em uma escola municipal de Ituiutaba/MG”, no III Encontro Mineiro de Investigação na Escola, na Universidade Federal de Uberlândia/Câmpus Pontal.

Verificou-se que dentre os membros da administração da escola predo-minou uma concepção integradora para educação ambiental e globalizante para meio ambiente. Apesar disso, a prática na escola não reflete estas concepções, com distanciamento da direção em relação ao trabalho dos professores. Obser-vou-se que ocorre uma disposição inadequada dos coletores de “lixo” e a não separação de resíduos sólidos. Verificou-se a realização de projetos/práticas pon-tuais e que o trabalho de educação ambiental precisa de reformulação.

3 Atividades com o 5º ano

A primeira ação foi levantar a concepção dos estudantes e captar outras questões relativas e separação de resíduos sólidos para coleta seletiva.

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Quanto ao entendimento de coleta seletiva, 30,61% conhecem o termo, e poucos (26,53%) souberam definir, como sendo a separação dos materiais recicláveis. Quanto à identificação dos materiais recicláveis, 65,31% entendem que os resíduos separados devem ser vidro, papel, plástico e metal; 26,53% en-tendem que deve separar orgânico de inorgânico. Neste aspecto da identificação fica claro o conhecimento pela maioria dos alunos quanto aos materiais que são recicláveis.

Quanto à aplicação da coleta seletiva em casa, 40,82% afirmaram que não fazem a coleta e 30,61% disseram que sim. Com relação a como era feita a separação, 61,22% disseram que separa vidro, papel, plástico e metal em sacos e sacolinhas plásticas.

Percebe-se que existe conhecimento dos materiais recicláveis pelos es-tudantes (65,31%), mas este não está sendo praticado em casa, pois somente 30,61% afirmaram fazer a separação na sua residência.

Estes resultados foram divulgados no trabalho “Percepção dos alunos do 5º ano sobre coleta seletiva numa escola municipal em Ituiutaba/MG”, no II Seminário Regional de Pesquisa das Instituições Integradas de Ensino e Pesqui-sa do Pontal do Triângulo Mineiro.

Com estas turmas foram realizadas atividades de coleta de materiais re-cicláveis, simulando a separação e alguns cuidados com a higiene dos materiais em casa, e jogo educativo, onde os estudantes interagiram entre si, testando seus conhecimentos e trocando informações. Foi utilizado o jogo de tabuleiro em que para pular casas se faz necessário a resposta correta, estimulando a capaci-dade de memória, raciocínio e reflexão sobre os atos de destinação correta de resíduos sólidos e cuidado com o meio ambiente.

A equipe percebeu a necessidade de desenvolver atividades diferentes, como forma de motivar os alunos, que apresentaram uma receptividade muito boa ao conteúdo e metodologias.

4 Atividades com o 9º ano

Observou-se uma diferença significativa na receptividade do tema am-biental, com reações já consolidadas no comportamento e atitudes de desva-lorização.

Com estes alunos foi realizada a exibição de vídeo e debate, segui-do da aplicação de um questionário para captar sua assimilação e atitudes, como em relação a separação dos resíduos para a coleta seletiva em casa, observado na tabela 1.

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Tabela 1. Separação em casa para a coleta seletiva por estudantes do 9º ano.

Resposta Nº de estudantes %Sim 15 30,6Não 20 40,8

As vezes 14 28,6Total 49 100,0

5 Observação do espaço escolar

Observou-se que não havia separação de resíduos para a coleta seletiva. Os coletores não apresentavam identificação para orientar a comunidade esco-lar e no container da coleta de “lixo” era colocado todo tipo de material.

Um dos resultados foi a orientação, atendida pelo vendedor de suco, em não colocar o material orgânico junto com os resíduos da escola no container que vai para o aterro. Outro resultado foi o desenvolvimento de material de identificação dos coletores para a separação.

Realizou-se um mapeamento inicial da disposição e quantificação dos coletores para a separação dos resíduos sólidos no espaço escolar, ficando em processo a busca de apoio para fornecimento dos coletores para implantar a separação dos resíduos sólidos.

6 Orientações para a equipe de limpeza e manutenção

A equipe do projeto percebeu a importância do pessoal de limpeza e manutenção na separação dos resíduos, sendo realizado um trabalho de orientação/treinamento envolvendo os benefícios da separação correta, a importância social e ambiental para a sociedade e para os membros da Co-operativa de Reciclagem, o sistema de separação a ser implantado na escola, ouvir dos mesmos as dificuldades e sugestões e sensibilizá-los para adesão a coleta seletiva.

7 Participação no evento da escola

A escola realizou no final de novembro uma Feira Multidisciplinar para todos os alunos e aberta a comunidade, principalmente os pais. Nesta ocasião foi possível apresentar o material desenvolvido (banners) e painel fotográfico das atividades realizadas com os estudantes do 5º ano, 9º ano e pessoal da lim-peza, alcançando pais e outros professores.

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8 Participação em eventos e produção acadêmica do projeto

A participação em eventos de natureza acadêmica com apresentação de resultados do projeto não estava prevista inicialmente. Como o projeto ficou bastante rico e ocorreram oportunidades regionais para apresentação de tra-balhos, conseguimos apresentar no III Encontro Mineiro de Investigação na Escola e no II Seminário Regional Integrado de Pesquisa e Inovação. Neste, também realizamos um minicurso sobre a separação dos resíduos sólidos, com apoio do material desenvolvido.

9 Dificuldades encontradas para a execução do projeto

Em trabalhos desta natureza é comum ocorrer dificuldades de contatos e compartilhamento por membros da comunidade escolar.

Apesar da ciência prévia do trabalho à Direção e Supervisão, ocorreram dificuldades de envolvimento da gestão e de professores. A comunicação entre os membros da direção foi carente, mesmo tendo a equipe explicado o projeto e ter deixado cópia na escola, o que gerou uma sensação para alguns de desen-volvimento do trabalho sem a discussão com os mesmos.

A carência de infraestrutura da escola dificultou algumas ações, em es-pecial não termos conseguido deixar ao final do projeto o sistema de coleta seletiva implantado.

Considerações Finais

A realização deste trabalho trouxe um aprendizado significativo para a própria equipe, até mais do que contribuímos com a realidade da escola. Tal-vez, até mesmo pela proposta de se fazer um piloto para o desenvolvimento de estratégias conforme o contexto da escola.

A receptividade dos estudantes do 5º ano e incorporação do conheci-mento dos materiais recicláveis e da separação foi muito gratificante e superou em muito à dos alunos do 9º ano. A sensibilização do 9º ano ficou aquém do esperado, em função de menos atividades realizadas e ser um público com há-bitos mais consolidados e maior resistência.

Ficou um aprendizado inicial de que é no primeiro ciclo do ensino fun-damental um importante espaço para a formação dos valores propostos pela educação ambiental. Inferimos que as atitudes são desencadeadas principal-mente nesta etapa, o que fica claro que a EA precisa ser intensificada com esse público e romper as barreiras entre escola e sociedade.

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O convívio da equipe com os estudantes proporcionou o desenvolvi-mento de material visual e com linguagem apropriada e atrativa para o público.

Para a manutenção do espaço escolar e separação correta é necessária a participação efetiva do pessoal da limpeza e manutenção.

O distanciamento da gestão tem efeito determinante na carência de trabalhos de EA e sua continuidade, por não criar/estabelecer diretrizes, bem como o apoio aos docentes para a incorporação da questão ambiental nas suas práticas pedagógicas.

A equipe do projeto também aprendeu que a abordagem à escola precisa ser repensada. Com uma proposta mais envolvente, entre a gestão escolar e pro-fessores, de forma a se conseguir a incorporação de atividades de EA de forma contínua.

Sugestões para novas ações e projetos desta natureza

Após a experiência neste projeto, sugere-se que o trabalho tenha conti-nuidade na mesma escola, para continuar o trabalho de sensibilização da comu-nidade escolar e assessorar a montagem da estrutura adequada. A continuidade do trabalho também é importante para ter um olhar externo à escola, incenti-vador, que busque parcerias e apoio externo para o enfrentamento dos desafios junto com a escola para implantar a coleta seletiva.

A experiência com este projeto proporcionou observações e aprendizado que permitem inferirmos que é relevante a realização de trabalhos semelhantes em outras escolas, ampliando a cada ano as escolas envolvidas na separação de resíduos para a coleta seletiva.

Sugere-se que seja realizado um projeto similar em outra escola como um piloto na rede estadual, atingindo outro público, como os adolescentes do ensino médio.

Notas87 Bióloga. Pós-graduanda em Ciências Ambientais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Institu-

to Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital nº 01/2012. [email protected].

88 Advogada. Pós-graduanda em Ciências Ambientais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital nº 01/2012. [email protected].

89 Lic. em Química. Pós-graduando em Ciências Ambientais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital nº 01/2012. [email protected].

90 Lic. em Ciências Agrícolas e Agrônomo. Mestre em Administração. Professor do IFTM/Câmpus Ituiutaba. Email: [email protected].

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Referências

BRASIL. Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,DF, 1999.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resí-duos Sólidos; altera a lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,DF, 2010.

CHAPANI, D. T.; DAIBEM, A. M. L. Educação ambiental: ação – reflexão – ação no cotidiano de uma escola pública. In: TALOMANI, J. L. B.; SAMPAIO, A. C. (Ed.) Educação ambiental: da prática pedagógica à cidadania. São Paulo,SP: Escrituras Edi-tora, 2003.

COIMBRA, J. de Á. A. Linguagem e Percepção Ambiental. In: PHILIPPI JR, A.; RO-MERO, M. de A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Barueri, SP: Manole, 2004. p. 525-570.

DIAS, G. F. Ecopercepção: um resumo didático dos desafios socioambientais. São Pau-lo,SP: Gaia, 2004.

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Desenvolvimento de Estratégias, junto à Comunidade Local, para a Melhoria dos Índices de Infecção por Leishmania Sp.

Nicolau Santiago Prímola91; João Victor Ribeiro92; Juciele Fonseca Correia93; Luciane Magda Melo94; Sheilla Andrade Souza95

Resumo

A Leishmaniose visceral é uma zoonose grave de transmissão vetorial e de grande im-portância em saúde pública. Por se tratar de uma área endêmica, este trabalho, em parceria com os diversos segmentos da sociedade paracatuense, contribuiu para a cons-cientização da redução dos nichos ecológicos do agente vetor – mosquito Palha, respon-sável pela transmissão do agente infeccioso e aproximação de alunos e professores com a comunidade local, valorizando e fortalecendo ações de cooperação que promovam a melhoria da saúde e bem estar de todo o Município.

Palavras-chave: Leishmaniose. Parceria. Conscientização. Extensão.

Introdução

A Leishmaniose visceral é uma zoonose grave de transmissão vetorial e de grande importância em saúde pública. Atualmente, encontra-se presente nas cinco regiões brasileiras, e os casos em humanos e caninos têm aumentado de forma significativa em áreas urbanas brasileiras (BRASIL, 2010). Em Belo Ho-rizonte, nos últimos anos, ocorreram aproximadamente 100 casos anuais com alta letalidade, em média 13,5%, variando de 6,3% no ano de 1996 a 23,6% em 2009. Há oito anos que a Leishmaniose vem ceifando vidas em Paracatu. Crianças, adultos e animais de estimação foram vítimas fatais da terrível doen-ça. Outras vidas foram perdidas, de lá para cá, e muitos ainda podem vir a con-trair a Leishmaniose. Para isso não acontecer e conseguirmos varrer o Mosquito Palha de Paracatu, é necessário que cada um faça a sua parte (PARACATU, MG, 2011a; PARACATU, MG, 2011b).

Justificativa

Por se tratar de uma área endêmica, este trabalho, em parceria com os di-versos segmentos da sociedade paracatuense, contribuiu para a conscientização

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da redução dos nichos ecológicos do agente vetor – mosquito Palha, responsável pela transmissão do agente infeccioso e aproximação de alunos e professores com a comunidade local, valorizando e fortalecendo ações de cooperação que promovam a melhoria da saúde e bem estar de todo o Município.

Objetivos

Conhecer o ciclo de vida do vetor e do agente infeccioso – Leishmania sp.

Levantar estratégias, junto a comunidade local e as secretarias de saúde do Município de Paracatu, que deram certo para a redução das taxas do mosquito Palha e aprimorá-las.

Construir oficinas de capacitação para alunos do Ensino Fundamental das Escolas da Rede Pública, Estadual e Municipal, do Município de Paracatu.

Participação em eventos científicos (SNCT – Câmpus Paracatu).

Metodologia

Selecionou-se Bolsistas de Iniciação Científica, por edital específico.

Visitou-se às Secretarias de Saúde e Escolas Públicas do Município de Paracatu para levantamento dos dados e projetos já desenvolvidos com a comunidade local.

Fez-se um levantamento bibliográfico de estudos já realizados na região e em outros locais da Federação.

Realizou-se um estudo detalhado do vetor e da Leishmania sp.

Apresentação oral e no formato de Palestra na Semana Nacional de Ciên-cias e Tecnologia no auditório do Câmpus Paracatu. O número de alunos envolvidos foi da ordem de 200. A temática abordada foi o desenvolvi-mento de estratégias para a prevenção e combate ao mosquito Palha em parceria com a Vigilância Sanitária do Município.

Elaborou-se e executou-se um Projeto de Capacitação, no formato de Palestra, que foi aplicado na Escola estadual Antônio Carlos nos dia 25/10/2012 para as turmas de 6º Série. A Palestra foi apresentada no auditório da E.E. Antônio Carlos e teve a participação de cerca de 80 alunos. A temática abordada foi o desenvolvimento de estratégias para a prevenção e combate ao mosquito Palha em parceria com a Vigilância Sanitária do Município.

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Considerações Finais

Constatou-se que as Escolas Públicas Locais e a Secretaria Municipal de Saúde de Paracatu consideraram importantes as ações desenvolvidas e as relações estabelecidas durante a execução do projeto. É interessante ressaltar que os dados obtidos na literatura e na pesquisa de campo apresentaram um quadro conceitual bem parecidos, reforçando ainda mais a necessidade de novos projetos voltados para a saúde da comunidade de Paracatu.

Percebeu-se que as informações repassadas na Palestra e na comunicação Oral (Banner) poderão contribuir significativamente para a redução dos índices de transmissão do mosquito Palha e de outras zoonoses, como a Dengue.

A extensão aplicada à educação é apenas um método de qualificar ainda mais o ensino, proporcionando um aprendizado de qualidade, no sentido de rapidez, interatividade, renovação instantânea de informação e entretenimento para maior absorção das informações repassadas a comunidade local. Resul-tando em uma mudança de comportamento e promovendo a aproximação dos diversos segmentos sociais dentro do município de Paracatu.

Devemos entender a extensão como uma nova oportunidade de ensino aprendizagem, e que se faz necessário trabalhar projetos e/ou parcerias de forma que ajudem o entendimento da comunidade para uma maior compreensão da temática abordada além de promover um auxílio às ações de promoção da saúde local.

Antes de encerrar este trabalho se faz necessário esclarecer que durante toda a execução do projeto não existiu a intenção de terminar esta questão e sim buscar novas parcerias e ações futuras, principalmente no que se refere a zoonoses.

Acreditamos ter contribuído, auxiliado por este trabalho, para à promo-ção da saúde local e da valorização de parcerias entre os diversos segmentos da sociedade Paracatuense e o IFTM- Câmpus Paracatu.

Notas91 Mestre em Ciências Biológicas (Microbiologia). Professor de ensino básico técnico e tecnológico do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Câmpus Paracatu.

92 Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. [email protected].

93 Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. [email protected].

94 Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro.

95 Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro.

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Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010

PARACATU, MG. Secretaria Municipal de Saúde do Município de Paracatu – Leishmaniose é igual AIDS e Mata. Paracatu,MG: SMSMP, 2011a.

PARACATU, MG. Secretaria Municipal de Saúde do Município de Paracatu. Vigi-lância Epidemiológica de Paracatu – Leishmaniose: Saiba como prevenir e combater. Paracatu, MG: SMSMP, 2011b.

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Museu Entomológico do Instituto Federal do Triângulo Mineiro

Kamila Etel Pereira Gonçalves96. Cristina Beatriz Espindula Raizel97. Mariana Mendes Alves98. Robson Thomaz Thuler99.

Resumo

Dentre todos os grupos animais os insetos apresentam o maior número de indiví-duos e espécies. Do total de 1,5 milhão de espécies de animais descritas em todo o Mundo, 865 mil são insetos. Para seu estudo centenas de espécimes de insetos são coletadas anualmente e muitos se perdem devido à falta de cuidados. Para manu-tenção de insetos é necessário local e condições adequadas além de pessoal treina-do para manuseio. A implantação do projeto auxiliouo professor na disciplina de entomologia, nos seus recursos de aulas; os alunos e a sociedade no conhecimento de espécimes de insetos e sua biodiversidade, trazendo atualização dos envolvidos, quanto à classificação de forma adequada dos insetos que são coletados pelos alunos e disponibilizados para a instituição. Os espécimes foram utilizadospara criação do Museu Entomológico do IFTM com uma estrutura física, onde são armazenados os insetos coletados,e uma estrutura itinerante, para socialização de informações com a sociedade, sendo assim uma ferramenta extremamente importante de extensão universitária, aplicável ainda para interação com o ensino e a pesquisa.Por meio da criação do museu entomológico, foi possível levar conhecimento para os alunos da instituição, desenvolver e apoiar projetos de pesquisa, auxiliar pesquisadores regio-nais na identificação de espécimes menos comuns, como também divulgar o IFTM junto à sociedade, pela difusão do conhecimento. A importância do museu ento-mológico é indiscutível sendo avaliado principalmente por seu aspecto sistemático (espécies que abriga) e relevância histórica.

Palavras-chave: Entomologia. Taxonomia e Sistemática. Arthropoda. Insecta.

Introdução

Os insetos são animais extremamentebem sucedidos e, apesar do seu pequenotamanho, estão associados a diversos aspectosda vida do ser humano. Todos os tipos deecossistemas naturais e modificados, terrestres eaquáticos, apresentam comunidades de insetos, que possuem grande variedade de estilos devida, formas e funções (Gullan; Cranston, 2008).

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Esses organismos desempenhamimportante papel na natureza, tendo na Entomologia a ciência que os estuda sob todosos aspectos, estabelecendo as relações com osseres humanos, plantas e animais, correspondendo, respectiva-mente, a Entomologia Médica, Entomologia Agrícola e Entomologia veteriná-ria (Gallo et al.,2002).

A Entomologia Agrícola é o estudo das pragas agrícolas (insetos e ácaros) que causam danos às plantas cultivadas e dos métodos para con-trolá-las. Um grande desenvolvimento dessa área ocorreu na década de 50 em todo o mundo, havendo, a partir de 60, grandes avanços na área de Manejo Integrado de Pragas. Atualmente, a entomologia está cada vez mais interligada com as várias áreas do conhecimento (genética, bioquímica, bio-tecnologia, fisiologia vegetal, fitopatologia, matologia, nutrição de plantas, bioestatísticas, climatologia, análise de impacto ambiental etc.), pois para o controle de pragas são necessários programas inter e multidisciplinares (GALLO et al., 2002).

A maior parte do reino animal pertence ao filo Arthropoda e embora se conheça perto de um milhão de espécies, essa é sem dúvida apenas uma pe-quena porcentagem do número total de viventes, sendo que as demais ainda estão por ser descobertas (RUPPERT; FOX; BARNES, 2005). Dentro do filo Arthropoda o grupo mais abundante é o de insetos sendo que o número de espécies descritas é estimado em aproximadamente um milhão, das quais cer-ca de 10% são pragas, prejudicando plantas, animais domésticos e o próprio homem. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), cerca de 5.000 novas espécies são coletadas e classificadas anualmente (GALLO et al., 2002)

Os insetos são encontrados nos mais variados habitats. Em pouco tempo, pode-se coletar uma quantidade apreciável. As coletas são pontos de partida para uma coleção, portanto, é necessário que os insetos sejam coletados em perfeitas condições.

Dentre todos os grupos animais os insetos possuem o maior número de indivíduos e espécies. Do total de 1,5 milhões de espécies de animais descritas em todo o Mundo, 865 mil são insetos (WILSON, 1999 apud MARINO-NIET et al., 2005). Isso sem considerarmos aquelas que já foram eliminadas da natureza antes mesmo de serem conhecidas, além das que ainda estão para serem descobertas. O número de espécies de insetos descritas num período de 18 anos (1980 a 1998) sofreu um acréscimo de 114 mil, em uma média de 7.700 espécies novas por ano (WILSON, 1999 apud MARINONIET et al., 2005). Uma estimativa do número real de espécies de insetos feita pelo Global BiodiversityAssessment em 1995, chega ao incrível número, mesmo que aproximado, de 10 milhões.

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O Brasil destaca-se por ser um dos mais ricos países em termos de biodi-versidade. Lewinsohn e Prado (2004) estimam que, para o Brasil, sejam conhe-cidas entre 91 e 126 mil espécies de insetos. Considerando-se que pelo menos 15% de toda a biodiversidade mundial esteja aqui alocada, nos remetemos à quantia de 1,5 milhões de espécies de insetos a serem ainda descobertas, valor que se aproxima da estimativa apresentada pelos mesmos autores.

Pelos fatores expostos podemos vislumbrar a importância das Coleções Entomológicas Brasileiras e o que as mesmas representam no contexto mundial para a conservação desse patrimônio.

Coleções de organismos têm com função primordial o registro da bio-diversidade, isto é, o conjunto dos diferentes organismos que povoam a Terra. Esta “diversidade do vivo” que se encontra de forma natural em pleno dina-mismo e contínua evolução, constitui nosso recurso mais valioso, ameaçado e inexplorado (HERNÁNDEZ, 1999).

Características de uma coleção entomológica

Por abrigarem, em sua maioria, indivíduos de pequeno porte, as coleções entomológicas constituem-se em um conjunto que pode chegar a milhões de exemplares. Esses são acondicionados em armários com gavetas bem vedadas, do tipo “mostruário” com tampa de vidro. Cada gaveta abriga exemplares secos, montados em alfinetes especiais preferencialmente de aço, pois não enferrujam, em caixas pequenas de plástico com fundo de polietileno. Para alguns grupos o armazenamento é feito através de lâminas de montagem definitiva, que são acondicionadas em caixas apropriadas. Cada exemplar possui etiqueta conten-do informações sobre a localidade geográfica de procedência, data de coleta, nome dos coletores e eventualmente dados complementares como a planta hos-pedeira ou outras informações ecológicas.

Coleções entomológicas em condições adequadas de armazenamento po-dem preservar os exemplares por um longo período de tempo. Para tanto, os cuidados necessários são inúmeros. Há de se tomar cuidado desde o manuseio dos exemplares já que estes são muito frágeis, principalmente depois de secos. Es-tas coleções estão também constantemente sujeitas ao ataque de fungos e outros insetos, que podem causar danos irreparáveis aos exemplares. A maneira correta de evitar estas infestações é a utilização de produtos repelentes como naftalina e creosoto de faia, e também a manutenção de baixa umidade que pode ser feita através da utilização de desumidificadores e condicionadores de ar.

Além dos cuidados acima, a coleção deve situar-se em local escuro ou protegido da luz direta para evitar a foto-decomposição da cor dos exemplares.

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Desenvolvimento

Em disciplinas de entomologia básica ou aplicada, realizada na maioria das universidades do país, seja no curso de Engenharia Agronômica, seja nas Ciências Biológicas, centenas de espécimes de insetos são coletados a cada ano e muitos se perdem devido á falta de cuidados adequados com os mesmos. Para manutenção desses insetos, são necessários local e condições adequadas, além de pessoal treinado ou especializado para manuseio. Sobremaneira, então, fazia-se necessário a existência no IFTM de um museu entomológico para abrigar os espécimes coletados pelos alunos de diferentes disciplinas, de forma que o monitor juntamente com o professor/orientador pudessem melhorar discipli-nas relativas ao assunto. Além de facilitar o estudo tanto dos estudantes do curso de Engenharia Agronômica, quanto para conhecimento de demais cursos e sociedade em geral.Sendo assim, o projeto teve como objetivo a Criação e ma-nutenção do Museu Entomológico, físico e itinerante do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, para proporcionar aos estudantes do IFTM conhecimento teórico e prático na área entomológica, através de visitas ao museu; além de documentar os espécimes de insetos em perfeito estado de conservação para criação do museu físico, museu itinerante e um site sobre do Museu de Ento-mologia, para apoio aos alunos do IFTM e divulgação do IFTM junto à socie-dade, por meio de visitação à escolas e outras instituições interessadas.

O projeto foi realizado no Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Câmpus Uberaba, no período de março de 2012 a dezembro de 2012. Foram realizadas várias ações para que se pudesse chegar aos objetivos propostos.

Museu Físico

De maneira geral, os espécimes depositados em coleções entomoló-gicas são preservados em vias seca e úmida. A preservação em via seca é aplicada a materiais de difícil decomposição, como exoesqueletos, em que a simples secagem garante a conservação do material; a preservação em via úmida é efetuada em meio líquido (usualmente álcool a 70%) e é aplicada a insetos de fácil decomposição ou em que a manutenção em via seca torna o corpo ou seus apêndices quebradiços (MARTINS, 1994). Assim, com o Recebimento dos espécimes (1) os cuidados foram: Limpeza dos insetos - realizada retirando-se todos os materiais indevidos e poeira dos mesmos e a coleção foi tratada com solventes e feitas secagens em estufa para ma-nutenção dos espécimes; Triagem dos insetos (2 e 3) - que consistiu na separação dos insetos das caixas entomológicas realizadas pelos alunos do IFTM, e em seguida na identificação dos insetos por ordem; Classificação dos espécimes –quando após processo de identificação por ordem, foram

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feitas as classificações dos mesmos por meio da chave de identificação, sendo feita, em seguida, a disposição nas caixas conforme posição taxo-nômica; e Recebimento de novos espécimes -os novos espécimes foram fornecidos pelos alunos do IFTM que cursam a disciplina de Entomologia Básica, sendo os insetos recebidos e armazenados provisoriamente no la-boratório de fitossanidadedo IFTM para realizações dos procedimentos e manutenção do museu entomológico.

A Estruturação do MuseuFísico (4) foi iniciada com a organização dos espécimes, sendo que os espécimes entregues pelos estudantes do IFTM, por meio de trabalhos na disciplina de Entomologia Geral foram analisados e aqueles que apresentaram melhores condições deconservação (nenhuma parte do corpo quebrada, coloração normal e montados de maneira correta) foram separados e armazenados em caixas de coleção entomológica para fa-zer parte do acervo do Museu Entomológico do Instituto Federal do Triân-gulo Mineiro, onde as caixas foram devidamente identificadas pela ordem. As caixas entomológicas foram guardadas em armários próprios para o mu-seu entomológico. Para preservação dos espécimes foram colocadas dentro das caixas entomológicas naftalinas, para evitar danos por insetos indevidos. Por outro lado, os insetos que não estavam em condições adequadas para compor o museu, foram armazenados em caixas entomológicas extras para posteriores aulas práticas. Fotografia e Filmagens -alguns espécimes catalo-gadas vêm sendo fotografados para criação do Museu Virtual e criação do banco de imagens e vídeos.

Museu Itinerante

O início das ações itinerantes ocorreu com a organização de Mostras em escolas e Instituições solicitantes (5 e 6) para divulgação dos conhecimentos entomológicos e do curso de Engenharia Agronômica do IFTM em 02 escolas municipais de Uberaba: Escola Estadual Aurélio Luiz da Costa e Escola Estadu-al Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Para mostra foram separadas caixas entomológicas com espécimes diversificados para visualização e conheci-mento do projeto desenvolvido na instituição. Além das visualizações feitas em microscópios com estruturas dos insetos.

Monitoria nas disciplinas de Entomologia

Foram realizadas monitorias em laboratório,sob orientaçãodo profes-sor,para auxiliar o conhecimento e estudos dos alunos do IFTM. Também fo-ram preparadas as aulas práticas de Entomologia Geral.

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2.TriagemFase 1

ORDENS3.

TriagemFase 2

FAMÍLIAS

4.Estruturação

do MuseuFísico

5.Estruturação

do MuseuItinerante

6.Mostra emEscolas e

IntituiçõesSolicitantes1.

Recebimentodos

Espécimes

Figura 1. Processo representativo das atividades desempenhadas no Museu Entomológico.

Considerações Finais

Cuidados com espécimes

Durante o projeto foi verificado um grande número de espécimes, onde as maiores quantidades de insetos foram encontrados nas ordens lepidóptera, coleóptera e hemíptera.

Ao final o total de 30 caixas foram entreguespelos alunos que cursam a disciplina de entomologia geral, onde cada uma continha aproximadamente 80 insetos. Os novos insetos começaram a ser organizados para práticas dos mes-mos procedimentos em continuidade ao presente projeto.

Preparo do Museu

Verificando os insetos entregues pelos alunos, foi observada uma grande quantidade que não apresentava condições perfeitas de conservação, ficando, portanto, armazenados em caixas extras para aulas práticas. Já os insetos que não tinham nenhuma condição de conservação (insetos muito quebrados, co-loração muito diferente da original e infestados por insetos-pragade armazena-mento) foram descartados evitando maiores perdas.

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Museu Itinerante

O museu itinerante percorreu duas Escolas Estaduais, dando início às ações junto à sociedade, na mostra de cursos do Instituto Federal do Triângu-lo Mineiro – Câmpus Uberaba/MG, divulgando, consequentemente o Museu Entomológico do IFTM, fornecendo conhecimento das atividades, projetos e socializando o conhecimento sobre a ciência Entomologia.

Finalmente o projeto teve grande importância e contribuição para o aprendizado, aumentando o conhecimento sobre os insetos e sua diversidade, levando em consideração os objetivos propostos e tendo em vista o caráter con-tínuo do museu entomológico que, a cada anorecebe novos espécimes, sendo necessário a realização de todos os processos novamente. Enquanto, por meio do museu itinerante é possível proporcionar conhecimento de maneira acessível tanto para a sociedade quanto aos futuros alunos do IFTM.

Notas96 Acadêmica do 9° Período do curso de Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão

do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected].

97 Acadêmica do 7° Período do curso de Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a pro-jetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected].

98 Acadêmica do 7° Período do curso de Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a pro-jetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected].

99 Pós-Doutor, Professor do curso de Engenharia Agronômica, Coordenador do Projeto. [email protected].

Referências

GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba:FEALQ, p. 1-6, 2002.

GULLAN, P.J.; CRANSTON, P.S. Os insetos: um resumo de entomologia. 3 ed. São Paulo: Roca, 2008. 440p.

HERNÁNDEZ, J.M. La evaluación y conservación de labiodiversidad: perspectivas. Cuad. Bioética, v.10, n.38, p.249-252, 1999.

http://www.cria.org.br/cgee/documentos/ColecoesEntomologicas.doc. Acessado em: abril de 2012.

LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Biodiversidade brasileira: síntese do estado atual do conhecimento. 2. ed. São Paulo,SP: Contexto, 2004. 176 p.

MARINONIET, L. et al. Coleções entomológicas brasileiras: estado-da-arte e perspec-tivas para dez anos. Brasília: MCTCGEE, 2005 (Documento). Disponível em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&ve-

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d=0CCoQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.cgee.org.br%2Fatividades%2Fredirect.php%3FidProduto%3D1746&ei=XgLbUfWRGZPh0AH4rIGoDQ&usg=AFQjC-NFDAu5vuaXyuRZ6ow1OlwPR-kEOUg. Acesso em: 08 maio 2012.

MARTINS, U.R.A. Coleção taxonômica. In: PAPAVERO, N. (Org.). Fundamentos práticos de taxonomia zoológica: coleções, bibliografia, nomenclatura. São Paulo,SP: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994. Cap. 1, p.19-43.

RUPPERT, E.E.; FOX, R.S.; BARNES, R.D. Zoologia de Invertebrados. 7. ed. São Paulo,SP: Roca, 2005.

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Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia

Everson Silva100. Gabriel Dias Gonçalves Nunes101. Geise Divino102. Luciana Araujo Valle de Resende103. Márcia Maria de Sousa104. Maria de Lourdes Ribeiro Gaspar105. Sírley Cristina Oliveira106. Vagner Luis da Silva107

Resumo

Espaço Virtual de Interlocução com Cultura Negra em Uberlândia é fruto de um Projeto de Extensão desenvolvido no Instituto Federal de Educação Tecnológica do Triângulo Mineiro – IFTM Câmpus Avançado Uberlândia. O projeto está ligado ao Curso de Licenciatura em Computação e teve como propósito construir um espaço virtual capaz de divulgar informações, preservar a memória e valorizar a tradição dos afros descen-dentes que habitam a cidade de Uberlândia, em especial o bairro Patrimônio. Assim, Espaço Virtual de Interlocução com Cultura Negra em Uberlândia deve ser compreendido como um “lugar de pesquisa” para a comunidade uberlandense, servindo de referência para estudantes, pesquisadores e professores que se interessam pelas questões dos afros descentes no Brasil.

Palavras-chave: Espaço virtual. Cultura negra. Bairro Patrimônio. Uberlândia.

Introdução

Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia é um ambiente virtual voltado para a divulgação da história, da memória, das produções culturais e artísticas dos afrodescendentes que habitam a cidade de Uberlândia.

Para a construção do Espaço Virtual, privilegiamos o estudo de um bairro constituído historicamente por negros, o Patrimônio. É nele que as manifes-tações e vivências dos negros estão em evidência, é nele que estão presentes as histórias, as lembranças e a luta contra os resquícios da escravidão e do precon-ceito.

Assim, levando em conta as especificidades teóricas e metodológicas que requer uma Projeto de Extensão, em especial o profícuo diálogo que se pro-põem estabelecer com a sociedade, o Espaço Virtual de Interlocução com a Cultu-ra Negra de Uberlândia tem como proposta ser um lócus privilegiado de pesquisa para discentes, docentes, pesquisadores, enfim para toda a comunidade uber-

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landense, envolvida e preocupada com as questões ligadas aos afrodescendentes tanto na cidade quanto no Brasil.

Ainda que o bairro esteja passando por grandes transformações - empre-endedorismo imobiliário, novo processo de urbanização, saída de moradores antigos para outros pontos da cidade e novas construções arquitetônicas -, a tradição da música, do carnaval, da religião, da dança e da comida negra ainda estão vivas e são presenças constantes no cotidiano das pessoas que habitam o bairro.

E, é diante dessas circunstâncias que privilegiamos em nosso Espaço Virtual a história e o trabalho artístico cultural da Escola de Samba Tabajara. Fundada na década de 1950, a Escola ainda é um dos pontos de encontro dos antigos moradores do Patrimônio. Outra manifestação representativa da cultu-ra negra uberlandense e presente em nosso espaço virtual é a Festa da Congada, tradicionalmente realizada no mês de outubro. Nesta festa o bairro apresenta para a cidade a sua maior tradição. A música, o eco dos tambores e o criativo trabalho de percussão é a marca registrada do Grupo Tabinha. O grupo forma-do por jovens que habitam o Patrimônio ainda é uma das referências da música negra presente na cidade. No âmago dessas produções culturais ainda desponta o olhar de moradores do bairro que valorizam o Patrimônio não só um lugar de cultura popular, mas o futuro Quilombo Urbano cultura negra em Uberlândia.

Diante desse instigante cenário cultural, o presente projeto de extensão se fundamentou em resolver a seguinte problemática: O que é o bairro Patrimô-nio na atualidade? Em que medida seus moradores se relacionam com as mudanças culturais e políticas que paulatinamente vem entrando no bairro?

Para desenvolvermos tal questão optamos por criar um ambiente virtual que mostre a todos a história do bairro Patrimônio, a memória e a tradição de seus moradores. Mais que isso, optamos por desenvolver um espaço vir-tual que valoriza a luta, a experiência e a resistência de uma população negra em meio às transformações e contradições advindas do progresso e da política urbanística da cidade de Uberlândia. Os resultados dessa problemática e de outras reflexões podem ser consultados através do seguinte endereço eletrônico: http://www.iftmlabs.net.br/espacoculturanegra/.

Desenvolvimento

O Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra de Uberlândia con-templou manifestações e ações culturais tradicionais do Patrimônio. Embora, o bairro esteja passando por grandes transformações urbanísticas, o cotidiano da comunidade ainda é marcado pela experiência histórica de seus antigos mora-dores, expressas, sobretudo, na música, no carnaval, na religião, na dança e na

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comida negra. Tudo isso, faz com que o Patrimônio ainda seja considerado um lugar de cultura popular.

Com esta perspectiva de análise, a metodologia de execução utilizada na construção do Espaço Virtual foi desenvolvida a partir da relação dialógica entre a teoria e o campo das evidências, ou seja, através da realização de uma pesquisa teórica articulada à pesquisa de campo. Nesse sentido, o primeiro momento do trabalho foi à realização de uma Pesquisa Bibliográfica, que contemplou obras de referência sobre o tema. Cabe destacar, que o propósito maior dessa Pesquisa Bibliográfica é relacionar o tema ao debate acadêmico e cientifico realizados em nível nacional, ou seja, avaliar em que medida o tema fincado em uma História Local está intimamente relacionado às questões políticas, econômicas, sociais e culturais do País.

Entre tantas obras que fundamentaram a pesquisa bibliográfica, destaca-se: Usos e abusos da mestiçagem e da raça no brasil (SCHWARCZ,1996). En-tre as questões abordadas no texto merece destaque: a formalização da diferença racial projetada em fins do século XIX, momento em que a característica mis-cigenada da população brasileira foi vista como um espetáculo, um laboratório degradante das raças. Nesta perspectiva de análise, foram tratados temas como a especificidade do racismo no Brasil, o racismo cordial, preconceito retroativo e outros mais.

Outra obra essencialmente importante às nossas discussões diz respeito A questão racial brasileira vista por três professores: Florestan Fernandes, João Baptista Borges Pereira e Oracy Nogueira (SCHWARCZ, 1989). O texto, um conjunto de três entrevistas concedidas pelos referidos professores no ano de 1966, chama atenção para a necessidade de mudanças e de políticas públicas que combatam o preconceito e a discriminação racial no Brasil. Florestan Fer-nandes clama por mais consciência da população negra e a “solidariedade do branco” (questão que foi amplamente discutida e reavaliada pelo grupo). João Baptista Borges Pereira destaca a importância da utilização dos “meios moder-nos” (mídia) para influenciar a opinião pública quanto aos problemas raciais e sociais do negro. Já Oracy Nogueira destaca a relevância da adoção de medidas de caráter educativo para esclarecimento e tomada de consciência da população frente às questões raciais. Em termos práticos as leituras realizadas até então possibilitaram a compreensão dos seguintes conceitos: democracia racial, mito social, tolerância racial, discriminação e segregação, segregação dissimulada.

Em especial, sobre o bairro Patrimônio foram contemplados dois artigos científicos, o primeiro Patrimônio: oitava maravilha do mundo e/ou enclave de pobreza? (PELÁ, 2012), discutiu diferentes noções de cultura aliadas a cons-trução do espaço urbano, sobretudo, problematizou questões importantes que muito contribuirá para o nosso trabalho de pesquisa, entre outras: (i) qual a

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dimensão da intervenção das práticas socioculturais dos chamados “sujeitos não desejados” no planejamento urbano das cidades; (ii) o espaço urbano é também uma construção social, por isso, a urbanização que se projeta nas cidades de mé-dio porte é também uma disputa política, uma luta pela memória, pela história.

Outro texto, Configuração urbana do bairro patrimônio em Uberlân-dia–MG: levantamento histórico e contemporaneidades (SILVA, 2010), es-tabeleceu um paralelo entre o bairro Patrimônio no passado e no presente, e, ainda, procurou demonstrar ao leitor a importância do bairro para o município de Uberlândia.

Concomitante à Pesquisa Bibliográfica foi realizada uma Pesquisa de Cam-po no Bairro Patrimônio, lugar privilegiado para a coleta de dados, informações e pesquisa acerca da cultura negra em Uberlândia por abrigar vários segmentos culturais e políticos representativos da cultura negra da cidade. Neste trabalho, a função da Pesquisa de Campo é relacionar o conhecimento teórico à experiência social da comunidade negra que habita o Patrimônio. O instrumental de coleta das informações sobre o bairro Patrimônio foi à realização de entrevistas com seus respectivos moradores e pessoas que mesmo não sendo habitantes do bairro estabelecem relações profícuas com as suas manifestações culturais.

Entre os entrevistados destacam-se os integrantes da Velha Guarda da Es-cola de Samba Tabajaras – Senhor Tio Bolinho, Senhora Fatinha e Senhora Be-nedita. Também realizamos entrevistas com os representantes da Festa da Con-gada o senhor Jeremias Brasileiro (mestre de honra da congada em Uberlândia). Os líderes dos ternos de congada que ainda permanecem no Patrimônio, os se-nhores Claudiomiro (Terno Raízes) e Ubirajara (Terno Princesa Isabel) Sobre a música negra presente no bairro Patrimônio, Neirimar coordenador do Grupo Tabinha, foi quem nos forneceu informações precisas. Ainda sobre as agremia-ções esportivas do bairro, entrevistamos Renato Batista e Fausto (representantes do Colorado e Guarany). Os moradores do bairro Patrimônio também foram solicitados a nos conceder informações, Dulce e Gilberto Maciel foram os en-trevistados naquele momento12. No site do espaço virtual as referidas entrevis-tas estão disponíveis em sua íntegra no link Entrevistas.

Cabe destacar que a conexão entre a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo possibilitou a construção do Espaço Virtual de Interlocução com a Cul-tura Negra em Uberlândia, pesquisa irá contribuir de forma sistematizada com as discussões e reflexões acerca do tema dos afrodescendentes no Brasil. Assim, a fim de materializar os resultados da pesquisa desenvolvida, segue a estrutura do site produzido:

(link) Início: Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uber-lândia apresenta parte da história e da cultura dos afrodescendentes da

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cidade de Uberlândia, em especial do Patrimônio, um bairro constituído historicamente por negros.

(link): Histórico Projeto: apresenta a proposta da pesquisa e a problemá-tica que norteará a execução do trabalho. Especificamente, destaca como o bairro Patrimônio ainda se projeta como um lugar da cultura popular dos negros. Em meio ao progresso e a modernidade o bairro ainda é um espaço de luta, um local de resistência da história e da cultura dos afrodescendentes de Uberlândia. Ao lado disso esse link ainda apresenta os passos da pesquisa, quais as manifestações que serão contempladas no espaço virtual.

(link) Histórico Bairro Patrimônio: o texto apresenta a história do Pa-trimônio, especificamente como o bairro se constitui como um lugar de negros trabalhadores e excluídos socialmente. Destaca, sobretudo, a trajetória, o cotidiano e o trabalho dos negros que habitaram a cidade de Uberlândia no início do século XX.

(link) Localização: apresenta a localização e as delimitações territoriais que circunda o bairro na cidade de Uberlândia.

(link) Entrevistas: apresentam entrevistas de vários sujeitos, personali-dades que contribuíram para a construção e preservação da história e da tradição do bairro Patrimônio.

(link) Registros Visuais: destaca diferentes circunstâncias culturais do bairro Patrimônio, em especial privilegia imagens da Festa da Congada em Uberlândia no ano de 2012. Assim, disponibiliza ao usuário imagens sobre as crianças congadeiras ( particularidade da Festa de Uberlândia); os símbolos, os rituais e as imagens dos ternos, especialmente do Terno Raízes e Princesa Isabel (tradicionais do bairro Patrimônio). Ainda é apresentado imagens do Patrimônio no passado e no presente. O propósito é mostrar o desenvolvimento histórico do bairro e suas respectivas contradições.

(link) Manifestações Culturais: destaca a produção de textos sobre di-versos segmentos culturais do bairro Patrimônio: a Escola de Samba Ta-bajara; a Festa da Congada e o Grupo de Percussão Tabinha. Todos os textos trazem informações precisas sobre a história e as particularidades culturais do bairro.

(link) Extras: Apresenta ao usuário uma relação de sites relacionados ao tema da pesquisa realizada; também trás para o leitor referências biblio-gráficas especificamente sobre os temas abordados.

(link) Sobre Nós: apresenta a equipe de professores e bolsistas envolvidos no projeto, bem como, os respectivos contatos de cada um.

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Torna-se importante destacar que a construção do Espaço Virtual contou com a participação expressiva dos bolsistas. Nesse sentido, as atividades de pes-quisa e as ações extensionistas realizadas estiveram intimamente relacionadas às Unidades Curriculares do Curso de Tecnologia em Sistemas para Internet e do Curso de Licenciatura em Computação. Em especial, Protocolos e Programação Para a Internet, Interface Homem Computador, Fundamentos de Sistemas para In-ternet I e II forneceram aos bolsitas envolvidos no Projeto, uma fundamentação técnica e teórica acerca das tecnologias de desenvolvimento de sites, como: o HTML (linguagem de marcação de hipertexto, responsável pela estruturação do site); o CSS (folhas de estilo, responsável pela padronização de cores, estilos textuais); e por fim o JAVASCRIPIT (destinado ao desenvolvimento de ações realizadas na máquina do usuário).

Para maior apreciação dos temas e problemas abordados no espa-ço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia, acesse: http://www.iftmlabs.net.br/espacoculturanegra/.

Considerações Finais

O Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução com Cultura Negra em Uberlândia foi lançado oficialmente em meados de dezembro de 2012. Nes-se sentido, com o término da pesquisa foi possível sistematizar alguns resultados acerca do tema cultura negra em Uberlândia:

1) Levando em consideração o processo vertiginoso de urbanização pela qual vem passando a cidade de Uberlândia, em especial as mediações ou o setor em que se localiza o bairro Patrimônio, compreende-se que as diversificadas ações culturais desenvolvidas pelos negros que habi-tam o bairro, são manifestações de resistência, ou seja, manifestações de luta pela preservação da tradição, pelo respeito à cultura e a história dos afros descendentes.

2) Assim, o carnaval tradicionalmente apresentado pela Escola de Samba Tabajara, os festejos religiosos dos ternos de congado e o trabalho de percussão do Grupo Tabinha são algumas das expressões que evidenciam a voz, a presença e a história do negro numa cidade que não só se moder-niza, mas que gradativamente, excluí ou ignora os sujeitos não desejados ao planejamento urbano e moderno que se projeta.

3) Em meio às edificações ostensivas e modernas das novas casas que habitam o espaço e ornamenta o cenário do bairro Patrimônio, é possível identificar a presença de casas essencialmente discretas, simples e antigas, pertencentes aos primeiros moradores do bairro. Entende-se, que esse cenário que con-trasta o “novo” e o “velho”, o “antigo” e o “moderno” é a representação de

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uma luta política forjada ora pela necessidade de preservação da memória e da tradição do “bairro de negros”, ora pela necessidade de modernizar e adaptar o bairro ao “mundo dos brancos”. Nesse processo, conclui-se, que o planejamento urbano e a cultura não são processos neutros e imparciais, ao contrário, são manifestações de lutas, são disputas, são olhares, enfim são escolhas forjadas em um tempo e lugar.

4) Tomando como referência essas questões, qual a função social do espaço virtual frente às mudanças que vem ocorrendo no bairro Patrimônio? Em que medida o espaço virtual poderá contribuir para a preservação da memória e da história dos negros que habitam o bairro?

Compreende-se que o Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia é um espaço valioso para divulgação das tradições, da memória, das lembranças dos negros, mas, sobretudo, é uma forma de divulgar a experiência histórica de luta de uma classe social que historica-mente foi excluída dos benefícios sociais do País. Decorridos anos, séculos de história, percebe-se que a cultura negra de Uberlândia permanece viva através da percussão e do som dos tambores, através das cantorias e das novenas na Igreja do Rosário, através das danças e dos festejos coloridos da Congada. Daí, a importância em divulgar essas manifestações, pois elas carregam evidencias da história do passado, elas caracterizam o cotidiano de luta de homens, mulheres e crianças negras – sujeitos de uma história que não é apenas a do sofrimento da escravidão ou dos constrangimentos racistas é, sobretudo, uma história de luta pela preservação e permanência de suas experiências.

Assim, embora, o Espaço Virtual... se projete como uma linguagem des-provida de materialidade física ele é real, pois permite interpretar a vida, a his-tória, a experiência, a cultura e as tradições dos sujeitos históricos em um tempo histórico: o presente, o passado, enfim o lugar.

Por fim, a construção do Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia possibilitou ainda um debate instigante entre Educação e Tecnologia, entre História e a Ficção, entre as Artes e as Linguagens Computa-cionais. Neste trabalho de pesquisa a tecnologia assume um papel importante: ela é um instrumento político capaz de divulgar informações, produzir conhe-cimento, promover debates suscitando reflexões que possibilitam a tomada de atitude crítica frente ao atual contexto do bairro Patrimônio.

Contudo, ainda que o trabalho de pesquisa e a construção do “site” te-nham se encerrado, não significa o esgotamento do tema em questão. Ao contrá-rio novas possibilidades de pesquisa, novos problemas e novas abordagens já fo-ram levantadas pelo grupo de professores e bolsitas envolvidos no projeto, a saber:

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- qual o papel das novas tecnologias informacionais na produção e divul-gação da história e da cultura dos afrodescendentes que habitam a cidade de Uberlândia.

- o bairro Patrimônio (constituído tradicionalmente por negros) dispõe de um Centro de Formação para jovens e crianças negras e brancas que ha-bitam o bairro. Esses jovens que acompanham as transformações urbanas e o progresso que paulatinamente vem entrando no bairro se reconhecem como sujeitos da história do Patrimônio? Qual o olhar desses jovens so-bre a sua própria cultura e a história do bairro?

Diante dessas problemáticas o Projeto apresenta como novas possibili-dades de pesquisa e extensão oferecer oficinas nos laboratórios de Informática do Câmpus Uberlândia Centro, onde esses jovens poderão materializar seus olhares, suas imagens, suas memórias acerca do bairro em que habitam.

Notas100 Graduando em Licenciatura em Computação e bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Edital 01/2012. [email protected].

101 Graduando em Tecnologia em Sistemas para Internet e bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Edital 01/2012. [email protected].

102 Graduando em Licenciatura da Computação e bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Edital 01/2012. [email protected].

103 Professora Ms. de Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlân-dia Centro. [email protected].

104 Professora Ms. de Artes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlândia. [email protected].

105 Professora Ms. de Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlân-dia Centro. [email protected].

106 Professora Dra. de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câm-pus Uberlândia Centro e Coordenadora do Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia. [email protected].

107 Professor Dr. de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlândia – [email protected].

Referências

PELÁ, Márcia Cristina Hizim. Patrimônio: oitava maravilha do mundo e/ou enclave de pobreza? 2011. Disponível em: www.xiisimpurb2011.com.br. Acesso: 20/06/2012.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. A questão racial brasileira vista por três professores: Flo-restan Fernandes, João Baptista Borges Pereira e Oracy Nogueira. Revista da USP, São Paulo: Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo, n. 1, p. 168-179, mar./maio 1989.

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_______. Usos e Abusos da Mestiçagem e da Raça no Brasil: uma história das teorias raciais em fins do século XIX. Afro-Ásia, v.18, 1996. Disponível em: www.afroasia.ufba.br. Acesso em: 05/08/2012, às 15h30min.

SILVA, Daniela Belo. Configuração Urbana do Bairro Patrimônio em Uberlândia,MG: Levantamento Histórico e Contemporaneidades. Revista fato&versões n. 3, v. 2, p. 98-111, 2010.

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Cidadania e Sistema Penitenciário: Intervenções e Mini-Cursos de Direitos Humanos junto ao Estabelecimento Prisional de Uberaba-MG

Wagner Jacinto de Oliveira108. Guilherme Gomes Caiado109. Solange Renata da Silva Madruga110. Vanessa Nunes de Oliveira111. Rachel Michelle Portes da Rocha112

Resumo

Este trabalho apresenta os elementos que constituem a estrutura do relato de experiên-cia para o programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012 bem como, de forma geral as regras de apresentação, os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. As orienta-ções baseiam-se nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Palavras-chave: Relato de experiência. Modelo de trabalho. Programa de apoio a pro-jetos de extensão.

Introdução

O Projeto em tela tem como tema cidadania e sistema penitenciário: intervenções e mini-cursos de direitos humanos junto ao estabelecimento pri-sional de Uberaba-MG cujo objetivo é Fortalecer as atividades de extensão do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais do IFTM- Câmpus Uberaba-MG, a partir de mini cursos sobre Direitos Humanos dos apenados abrindo mais um canal de estágio bem como o contato com a comunidade carcerária, os agentes penitenciários e familiares dos aprisionados, especialmente com a população mais carente, vítima de um processo de exclusão que lhe impulsiona para o crime e a torna cliente preferencial das instituições penais.

Atuando em um projeto de Pesquisa já aprovado pelo IFTM aos apena-dos do sistema prisional de Uberaba-MG o projeto Cidadania e Sistema Peni-tenciário: intervenções de direitos humanos junto ao Estabelecimento Prisional de Uberaba-MG. Surgiu frente aos graves problemas que permeiam o siste-ma, entre eles a superpopulação carcerária, os altos índices de reincidência e o encarceramento preferencial da população miserável. Assim, o projeto objetiva intervir nesse contexto visando aumentar suas chances de resgatarem a liberda-de e se ressocializarem, e o monitoramento dos direitos humanos dentro do pre-

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sídio. Para tanto, apoiado em um plano de trabalho e atuando conjuntamente com entidades de direitos humanos, o projeto adota como método comum às duas frentes, a capacitação teórica e crítica dos agentes penitenciários, seus membros, familiares com visitas in loco. Procedendo à vigilância dos direitos humanos nos presídios, por outro lado, utilizar-se-á da participação em cursos de formação para os vários segmentos da comunidade que convivem com a realidade carcerária.

O projeto continuará e publicará, ainda, uma cartilha sobre os direitos e deveres do preso, ensinando aos detentos e a suas famílias os procedimentos em caso de violação desses direitos.

Como resultado, pretende-se abrir o diálogo sobre o problema da tortura nos presídios, coibindo sua prática, além de contribuir para a ressocialização dos presos através da adoção de uma nova prática de tratamento humano.

Relato de experiência

A sociedade assustada com o crescimento da violência espera que a prisão se constitua em um espaço de punição e expiação para o criminoso. A manu-tenção deste sentimento de expiação, comum nas sociedades antigas e atuais se agrava pelo crescimento da criminalidade violenta, principalmente, quando as es-tatísticas dos crimes apontam vítimas nas camadas mais abastadas da população.

Nesse sentido, a prisão é uma instituição política. Sua função social, após a formação do Estado liberal é de recuperação dos indivíduos, devendo buscar sua “ressocialização”. Para Boaventura o processo de globalização trouxe uma nova organização da sociedade cujo desenvolvimento é caótico e cujas trocas e diferenças sociais são desiguais e excludentes, concluindo que não há globali-zação, mas sim globalizações como formas alternativas de um mesmo processo que vem se expandido em escala mundial (SANTOS, Boaventura S, p. 04)

Beccaria (1977) defendeu a humanização do Sistema Penal e ressaltou o seu caráter utilitário: a prisão deveria influenciar a conduta humana. Jonh Howard criticou duramente as condições de tratamento destinadas aos reclusos na Europa e defendeu o trabalho penoso: isolamento noturno, carcereiros hon-rados, além da divisão de presos na unidade por idade, sexo e situação processu-al. Bentham (apud FOUCAULT, 1977), outro reformador, discutiu um maior controle sobre os presos nas prisões, sua maior contribuição é na arquitetura prisional e no tratamento dos egressos do sistema prisional.

Experiências como as de Auburn (New York) e da Pensilvânia já apon-tavam para a implantação de sistemas de trabalho prisional, com disciplina rígida e objetivo socializador. Nesse sentido, o regime progressivo significou um

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avanço nas relações prisionais, de humanização da prisão. Esta humanização se explicaria por reduzir o rigor da pena privativa de liberdade (SANTOS, 1999).

Seria contraditório manter os rituais de execução da pena de morte em praça pública, quando os direitos do homem, a liberdade, a igualdade e a frater-nidade, se constituem nos elementos centrais desta nova percepção de política e de poder no mundo ocidental.

A partir das leituras das obras de Michel Foucault, o Projeto cidadania e sistema penitenciário: intervenções e mini-cursos de direitos humanos junto ao estabelecimento prisional de Uberaba-MG procurou fortalecer as atividades de extensão do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais do IFTM- Câmpus Uberaba-MG, a partir de mini cursos sobre Direitos Humanos dos apenados abrindo mais um canal de estágio bem como o contato com a comunidade carcerária, os agentes penitenciários e familiares dos aprisionados, especialmen-te com a população mais carente, vítima de um processo de exclusão que lhe impulsiona para o crime e a torna cliente preferencial das instituições penais.

O primeiro contato com os apenados não é imbuído de uma socialização imediata. Há uma resistência, quase natural, por parte dos mesmos, dado que estamos “invadindo” um espaço que lhes pertence. As aulas foram ministradas no “banho” de sol dos apenados, em média entre cem e cento e vinte detentos. Ali existe outra sociedade, com regras próprias, condutas e comportamentos que não são os existentes aqui fora.

O decurso do tempo foi salutar para desenvolvermos o Projeto tal qual foi pensado. Necessário o nascimento de uma relação de confiança para que a aceita-ção das aulas, dos debates, da propositura das leituras fosse de fato concretizada.

Percebemos essa relação de confiança com o passar de dois meses. Eles se achegavam receosos, recebiam suas apostilas, seus cadernos e canetas, instrumen-tos para a construção das aulas de direitos humanos, ética e cidadania, higiene bucal e corporal e criminologia, conteúdos ministrados pelos alunos bolsistas.

Em alguns momentos, nossas aulas eram reduzidas por conta das reu-niões que os detentos realizavam assim que saíam das celas para o “banho” de sol. Não tivemos acesso ao conteúdo dessas reuniões. Um ou outro detento nos informava que a reunião era para tratar de assuntos disciplinares. – “Professor, nos dias das visitas todo mundo tem que comportar direitinho, respeitar a fa-mília do “irmão”, não mexer com a mulher do outro nem desrespeitar ou falar mais alto com qualquer pessoa que visita a gente. Aqui a gente anda miudinho, e trata todo mundo que visita nós com muito respeito, declarou J.P. S.”

Há um número muito grande de aprisionados jovens entre 19 e 21 anos. Grande parte deles por crimes de tráfico de drogas e são esses os mais atenciosos

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quanto aos cursos que o IFTM oferece. Vêem nesses cursos uma possibilidade em saírem do mundo da ignorância, muitas vezes a responsável pelo ingresso no mundo do crime. Para Gramsci “em cada homem singular, pode-se encontrar o que é cada homem singular” (GRAMSCI p.38), isto posto nos dá a compreen-der que para o filósofo, o homem pode se fazer, controlar seu próprio destino“. Se a gente tivesse oportunidade de estudar quando novo, professor, hoje eu não estaria aqui, nos revela D.A.N, 21 anos.”

Os alunos bolsistas envolvidos adquiriram uma experiência ímpar. O contato com essa nova realidade possibilitou a construção de uma nova forma de pensar a sociedade encarcerada. Perceberam que é possível a socialização daqueles excluídos construindo num primeiro momento a relação de respeito, posteriormente a introdução dos ensinamentos e de conteúdos escolarizados.

Por conta dessa relação de confiança, a atuação desses mesmos alunos no sistema penitenciário tem proporcionado práticas educativas que envolvem tan-to a comunidade externa à penitenciária (família, amigos, conhecidos) quanto à interna (os próprios encarcerados, agentes penitenciários, pessoal da admi-nistração, e direção) na discussão da questão dos direitos humanos no sistema prisional brasileiro; “Quando tentamos um adentramento no diálogo como fenômeno humano, se nos revela algo que já poderemos dizer ser ele mesmo: palavra. Mas ao encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais que um meio para que ele se faça, se nos impõe buscar, também, seus elementos constitutivos” (FREIRE, 2006, p. 89).

Proporcionou de igual modo aos licenciandos mais um espaço para o cum-primento do estágio obrigatório constante no Projeto Pedagógico de Curso bem como no Regulamento de Estágio do IFTM, com a criação da Sala dos Direitos Humanos na Penitenciária em questão, que já disponibiliza o Ensino Médio aos aprisionados, contendo na sua grade curricular a disciplina de sociologia.

Outra experiência salutar foi no que tange a elaboração conjunta de uma cartilha sobre respeito aos direitos humanos para circular no interior da peni-tenciária de Uberaba-MG e região, direcionadas tanto aos reclusos, aos agentes penitenciários, demais servidores, técnicos do sistema e familiares.

A experiência com os apenados foi proveitosa e surtiu efeito nos agen-tes penitenciários que reivindicaram o mesmo curso para si, o que foi feito e realizado nos meses de outubro e novembro além de fomentar um espaço de reflexão sobre o processo de reinserção do aprisionado na sociedade em tempos de cumprimento de pena em especial pelos agentes penitenciários que lidam diuturnamente com os detentos

A maior realização do projeto foi a de atingir as metas delineadas para o combate à tortura e aos maus tratos no presídio de Uberaba. Valemo-nos de

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diversas frentes de pesquisas e de ação. Como orientação basilar para a prática, o projeto procedeu de uma capacitação teórica de seus membros.

Buscamos parcerias para prestação de assistência jurídica gratuita as presos que se encontram no estabelecimento Prisional de Uberaba

Foram feitos acompanhamentos com os familiares dos presos que estive-rem envolvidos no projeto; alem de termos proporcionado práticas educativas às crianças dos apenados envolvendo os alunos do PIBID/IFTM e a comunida-de local na discussão da questão penitenciária.

Foi possível também cooperar junto às entidades civis e aos familiares dos presos nas denúncias de violações aos direitos humanos perpetradas no seio do sistema penitenciário uberabense .

Considerações Finais

É preciso ressaltar a grande importância que tem a sociedade civil hoje como instância de controle das ações do Estado, de crescimento do exercício da cidadania, não apenas em favor dos direitos dos prisioneiros, mas de todos os indivíduos expostos à situação de exclusão, redefinindo o papel da comunidade no novo modelo de globalização. A comunidade deve agir cada vez mais próxima dos conselhos municipais, inclusive do Conse-lho Penitenciário, numa perspectiva de controle e acompanhamento das atividades realizadas pelo executivo e com potencial de denúncia quando do desrespeito dos critérios de decisão e desrespeito aos princípios constitucio-nais ou ao direito inter nacional.

Compreendendo o problema carcerário como problema político que necessita ser debatido no espaço público, com uma ampla participação da so-ciedade, fica claro que não basta apenas enjaular os criminosos e alimentá-los, precisamos educá-los, tratá-los com respeito e dignidade.

A Prisão necessita ser discutida como espaço de resgate da dignidade e não do aprofundamento da marginalidade, o que não pode ser tarefa de um punhado de militantes e abnegados. E necessário um trabalho de conscienti-zação dos agentes penitenciários para compreenderem que os individuos que ali se encontram um dia estarão transitando nas ruas da cidade, então há um grau de responsabilidade no processo e na construção da ressocialização dos apenados. Experiências latino-americanas impostas pela necessidade e pela mar-ginalização, nas quais o sistema penal não atua, têm também gerado um sistema próprio de resolução de conflitos.” (ZAFFARONI, 1991, p.104)

A fragilidade de nossa democracia está exposta na forma como a questão política da participação popular e social é relegadaa um segundo plano. Não

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podemos alimentar o povo, dar emprego e achar que estamos sendo demo-cráticos. É no espaço do debate político que temos que encontrar soluções viáveis para os graves problemas que nos atingem, convocando o cidadão a participar deste diálogo que necessita ser tomado dos grupos minorias, os quais nos fizeram acreditar que política é a profissão das elites abastadas e dos intelectuais. É preciso encontrar saídas politicamente viáveis para o Sistema Penitenciário e para as suas administrações mergulhadas na inope-rância, no fatalismo da falência do modelo prisional vigente, que permite que aceitemos que seres humanos possam ser tratados como animais, des-respeitados em sua cidadania, vitimizados pelo preconceito e pela segregação social. Uma das maiores dificuldades encontradas pelo grupo foi o acesso aos pavilhões, muitas vezes dificultados pelos próprios agentes, que consideravam o Curso como uma forma de interferir negativamente na execução da pena, dado que o curso cumpria com o papel de remissao da pena.

Notas108 Mestre em direitos sociais. Professor de ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Triângulo Mineiro – Câmpus Uberaba. [email protected].

109 Pós-graduando em filosofia e sociologia da educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Ins-tituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].

110 Pós-graduando em filosofia e sociologia da educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].

111 Graduanda em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].

112 Graduanda em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].

Referências

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FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: A História da violência nas Prisões. Petrópolis, RJ: Vozes, 1977.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2006.

GRAMSCI, Antônio. Concepção Dialética da História. Rio de Janeiro, RJ: Civiliza-ção Brasileira, 1994.

SANTOS, Boaventura S. (Org). Globalização e Ciências Sociais. São Paulo, SP: Cor-tez, 2001.

ZAFARONNI, Eugênio R. Em Busca das Penas Perdidas. A Perda de Legitimidade do Sistema Penal. Rio de Janeiro, RJ: Revan, 1991.

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