relatos de experiÊncia dos 2016 - iftm · roberto gil rodrigues almeida vice-reitor josé antônio...

189

Upload: others

Post on 10-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira
Page 2: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOSPROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM

2016

Page 3: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira
Page 4: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

Adriano EliasAldo Luis Pedrosa da Silva

Cláudia Helena Rezende LemesEstelamar Maria Borges Teixeira

Lucas Arantes PereiraRosemar Rosa

(Organizadores)

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOSPROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM

2016

1ª Edição

Uberaba-MGIFTM2017

Page 5: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

ReitorRoberto Gil Rodrigues Almeida

Vice-ReitorJosé Antônio Bessa

Pró-Reitor de Extensão TecnológicaEurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

Diretora de Extensão TecnológicaEstelamar Maria Borges Teixeira

Coordenador Geral de Extensão TecnológicaLucas Arantes Pereira

Coordenador de Extensão Tecnológica e Assistência EstudantilAdriano Elias

Coordenadora de Estágio e Acompanhamento de EgressosLiciane Mateus da Silva

Secretária da Pró-Reitoria de Extensão TecnológicaCláudia Helena Rezende Lemes

Apoio AdministrativoMaria José Diogenes Vieira Marques

Revisão TextualMariangela Castejon

CapaDanilo Silva de Almeida

DiagramaçãoMarcos Roberto Capuci Lima

Impresso no BrasilEdição: 2016

ISBN: 978-85-64139-14-5 Tiragem: 700 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Instituto Federal do Triângulo Mineiro

R 586

CDD 378.103

Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2016 /Organizadores: Adriano Elias, Aldo Luis Pedrosa da Silva, Cláudia Helena Rezende Lemes, Estelamar Maria Borges Teixeira , Lucas Arantes Pereira, Rosemar Rosa.-- Uberaba - MG: IFTM, 2017.114p.: il

Publicação realizada pela Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTMISBN: 978-85-64139-14-5

1. Extensão universitária. 2. Pesquisa. 3. Educação profissional.4. Livros de leitura. I. Elias, Adriano (Org.). II. Silva, Aldo LuisPedrosa da (Org.) III. Lemes, Cláudia Helena Rezende (Org.).IV. Teixeira, Estelamar Maria Borges (Org.). V. Pereira, LucasArantes (Org.). VI. Rosa, Rosemar. II. Título.

Page 6: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

As atividades de extensão criam um ambiente pedagógico e oportunizam o desenvolvimento de aprendizagens significativas. Ao articular os conhecimentos gerados no âmbito do IFTM às necessidades da comunidade, transforma a realidade na qual os discentes estão inse-ridos e promove os arranjos produtivos circunscritos ao seu entorno.

Esta interação permite a geração de novos conhecimentos na busca de soluções de problemas demandados pela comunidade, criando uma sinergia, numa natureza simbiótica em que os próprios valores, as práticas, a cultura e as manifestações das mais diversas linguagens artísticas e culturais. Tais práticas educativas passam a se constituir elementos indutores que devem realimentar o ensino, a pesquisa e a extensão desen-volvidos para o atendimento de nossa missão institucional.

Nesse sentido, a quinta edição do livro “Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM” é uma coletânea de 18 relatos de projetos desenvolvidos no ano 2016. Os textos demonstram a diversidade possí-vel de ações desenvolvidas com os estudantes utilizando as implicações da necessária articulação entre ensino, pesquisa e extensão na formação dos alunos em áreas distintas de conhecimento. Este livro dá voz às experiências concretas, além de trazer visibilidade aos trabalhos de inte-ração, realizados entre o instituto e a sociedade.

Ao oferecer aos leitores deste livro variadas experiências e sugestões, esperamos suscitar reflexões acerca da Extensão tecnológica e de possibilidades de seu desenvolvimento no âmbito acadêmico. Além de reforçarmos que o papel da educação é por excelência um trabalho de humanidades para indivíduos sociais.

Eurípedes Ronaldo Ananias FerreiraPró-Reitor de Extensão

APRESENTAÇÃO

Page 7: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira
Page 8: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

SUMÁRIO

09 | 3º dia de campo em cafeicultura do IFTM Campus Uberaba

17 | A leitura como estratégia de integração e interação social: promoção da cultura do livro e da biblioteca

34 | Aperfeiçoamento de conteúdos e promoção social por meio de capacitações em higiene, manipulação e consumo de alimentos

43 | Aproximando surdos e ouvintes no ambiente escolar: o desafio de anular as barreiras sócio-comunicacionais

53 | Capacitação para manipuladores de alimentos: ação do nucleo de estudos para produção de alimentos seguros (NEPAS)

63 | Conhecendo o IFTM

70 | Consultoria social

80 | Corujão tecnológico

86 | IF na escola: comunicação, informação e cultura

97 | IFTM inclui – lar da criança

104 | NEABI: espaço de formação e experimentação da cultura negra, africana e indígena na cidade de Uberlândia.

114 | Reciclar para quê? para mim e para você!

126 | Revitalização do horto do IFTM Campus Uberaba, como ferramenta para o resgate do interesse da comunidade pelas plantas medicinais

133 |Robô Cerrado – olimpíada de robótica do cerrado

141 | Projeto de extensão: semana da família

Page 9: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

150 | V Semana de Ciências Agrárias: tecnologias no uso racional dos recursos naturais

159 | Seminário integrado em bem-estar, saúde e qualidade de vida (SinBemQualiVi)

172 | Tecnologias assistivas disponíveis aos alunos com deficiência e seus educadores

Page 10: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

9

3º DIA DE CAMPO EM CAFEICULTURA DO IFTM CAMPUS UBERABA

Haroldo Silva Vallone1

Otávio Augusto Mendonça Barbassa2

Lucas Marques Carvalho Costa3

RESUMO

O Café é um produto de importância mundial, sendo consumido de várias formas atendendo a vários tipos de consumidores. O Brasil é o maior produtor de café, responsável por cerca de 33% da produção mundial, e Minas Gerais se destaca como o maior estado produtor, responsável por cerca da metade produzida no país. Desde o ano de 2010, o Núcleo de Pesquisas em Cafeicultura do IFTM-Uberaba (NUPEC-IFTM), cadastrado no diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, realiza pesquisas científicas, promove integração de estudantes e participa de eventos técnico-científicos ligados à cafeicultura. Os objetivos deste trabalho foram divulgar os estudos realizados pelo NUPEC por meio de um Dia de campo, bem como desenvolver nos estudantes bolsistas e demais integrantes do Núcleo, habilidades de organização e execução deste importante método de extensão rural. Neste 3º Dia de Campo em Cafeicultura foi possível observar o ama-durecimento dos integrantes do NUPEC na realização deste tipo de evento e também a importância da participação dos bolsistas envolvi-dos, visto que eles coordenam as ações e contam a com o auxílio dos integrantes do Núcleo na execução da proposta.

Palavras-chave: Núcleo de estudos. Coffea arabica L.. Extensão rural.

Page 11: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

10

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como tema a realização de um Dia de Campo em Cafeicultura realizado no IFTM Campus Uberaba, contemplado pelo Edital 01/2015 da Coordenadoria de Extensão do IFTM.

A cafeicultura ocupa um lugar de destaque no agronegócio brasileiro e tem uma expressiva importância econômica e social. O Brasil é o maior produtor mundial de café e responsável por cerca de 33% da produção mundial.

O sucesso na cafeicultura se inicia com a combinação entre as características do local de cultivo e a escolha de espécies e cultivares mais adaptadas à região. Dessa forma, torna-se importante que o produtor tenha sempre um detalhamento das reais condições de sua região, quanto à localização, topografia, condições climáticas, para que, no momento da escolha, essa combinação não deixe de existir (PIMENTA, 2003).

O Dia de Campo é um método planejado de comunicação grupal e de grande efeito motivacional, utilizado na extensão ru-ral para mostrar, em um dia, uma ou mais práticas agropecuárias tecnicamente recomendáveis. Estas práticas podem estar localizadas em propriedades rurais, estações experimentais ou em outros locais adequados (EMATER, 2009).

Desde o ano de 2010, o Núcleo de Pesquisas em Cafeicultura do IFTM-Uberaba (NUPEC-IFTM) realiza pesquisas científicas, promove integração de estudantes e participa de eventos técnico-científicos ligados à cafeicultura. Este núcleo também é cadastrado no CNPq como Grupo de Pesquisa em Cafeicultura do IFTM-Uberaba. Em 2014, foi realizado o 1º Dia de Campo em Cafeicultura do IFTM, com a participação de 71 inscritos.

Assim, este trabalho teve por objetivos divulgar os estudos realizados pelo NUPEC por meio de um Dia de campo, bem como desenvolver nos estudantes bolsistas e demais integrantes do Núcleo habilidades de organização e execução deste importante método de extensão rural.

Page 12: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

11

2 DESENVOLVIMENTO

O café foi introduzido no Brasil em 1727, no estado do Pará, com sementes e mudas oriundas da Guiana Francesa. Foi levado para o Maranhão onde ocorreu a expansão para outros estados até a Serra do Mar, atingindo, em 1825, o Vale do Paraíba e chegou aos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Segundo Chaufoun e Reis (2010), um ponto importantíssimo a ser considerado é o caráter itinerante assumido pela cultura, pois o plantio do café, durante um grande período, sempre esteve em movimento. Primeiramente, ele foi plantado nas redondezas do Rio de Janeiro sem objetivos comerciais (na cidade e na baixada fluminense); depois se espalhou pelo Vale do Paraíba (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e mais tarde penetrou pelo estado de São Paulo (oeste paulista), chegando depois ao Paraná.

A cafeicultura brasileira é uma atividade de grande importância econômica e tradicional em alguns estados brasileiros, dentre eles Minas Gerais, que atualmente tem mais de um milhão de hectares plantados e responde por mais de 50% de toda a safra brasileira de café, sendo esta cultura a principal commodity de exportação do agronegócio mineiro, que é vendido para mais de 60 países do mundo.

Para sustentar toda essa produção, são necessárias operações mecanizadas desde o plantio da cultura até a colheita dos grãos que, somados a massa das máquinas e caminhões utilizados no transbordo da produção, circulam na área repetidamente, têm cau-sado significativas alterações nos atributos físicos destes solos e na produtividade das culturas.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (2017), a produção da safra de 2017 está estimada entre 43.650,1 e 47.509,8 mil sacas beneficiadas de café. A área total utilizada com a cultura deve ser de 2.228,2 mil hectares (331,8 mil hectares em formação e 1.896,4 mil hectares em produção). A produção do estado de Minas Gerais está estimada entre 25,4 a 26,81 milhões de sacas café na safra 2017.

Page 13: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

12

Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo responsável por 30% do mercado internacional de café, volume equivalente à soma da produção dos outros seis maiores países produtores. É também o segundo mercado consumidor, atrás somente dos Estados Unidos da América do Norte (REIS; CUNHA, 2010).

De acordo com Botelho et al. (2008), na escolha da variedade a ser plantada, o produtor deverá estar certo das condições e características edafoclimáticas da sua propriedade, das exigências das cultivares, do manejo a ser adotado ou já existente, etc. Os autores ressaltam ainda que a recomendação de cultivares de cafeeiros para determi-nada região e o sistema de cultivo são decisões difíceis, em razão da carência de experimentação local, para determinação do com-portamento regional de cada material genético.

O Dia de Campo é um eficiente método de divulgação de tecnologias e práticas agropecuárias sustentáveis voltadas para o meio rural. Vem sendo usado, no Brasil, desde que o serviço de extensão rural foi implantado em 1948 (EMATER-RJ, 1996).

Segundo a Emater (2009), os principais objetivos de um Dia de campo são: a) mostrar a aplicação e os resultados de práticas agrícolas bem conduzidas, nas condições locais; b) possibilitar com-parações entre diversas alternativas viáveis, em uma ou mais práti-cas; c) despertar interesse ao aproveitamento racional das condições existentes na propriedade; d) proporcionar entrosamento entre ex-tensionista, produtores, líderes e autoridades; e) estimular a troca de experiência entre os produtores rurais; e f) divulgar os trabalhos realizados pela extensão rural e outros órgãos do setor agrícola.

Os autores também relatam que as vantagens são: a) atinge a um maior número de pessoas; b) motiva para adoção de práticas; c) envolve a participação de toda a comunidade; d) reforça o entrosa-mento dos extensionistas com a comunidade e e) divulga os trabalhos da extensão rural.

As limitações são: a) exige eficiente organização; b) público heterogêneo e numeroso; c) custo elevado; d) necessidade de local e

Page 14: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

13

de prática adequadas à mostra; e e) exige colaborador positivo e bem aceito na comunidade.

De acordo com Silva e Silva (2013), o planejamento do Dia de Campo deve ser encarado com muita seriedade, pois é dele que depende todo o sucesso do evento e, para tal, é imprescindível realizar reuniões objetivas e programadas, quantas vezes forem necessárias, com todos os membros envolvidos. Os autores salientam ainda que, na elaboração do planejamento, a equipe de coordenação deverá pro-gramar reuniões e envolver todos os que irão realizar o evento nas de-cisões quanto ao tema, à época de realização, aos conteúdos técnicos a serem priorizados, à definição dos(as) instrutores(as) em cada estação, ao local do evento e à divulgação entre o público interessado.

2.1 Preparação do Dia de campo

Para a realização do presente trabalho, foram realizadas reu-niões quinzenais desde o primeiro semestre de 2016, aproveitando as reuniões do NUPEC. Nesses encontros foram definidos os pas-sos para a realização do Dia de campo.

A primeira atividade realizada pelos bolsistas foi elaborar um Plano de Patrocínio para o evento, no qual o Dia de Campo foi detalhado para que os futuros patrocinadores tivessem a real visão da dimensão do evento. Nesse Plano foram destacados os objetivos do evento, o público-alvo, a programação e as formas de participa-ção do patrocinador. Foram elaborados fôlderes e panfletos para divulgação e busca de patrocínio.

Em seguida, os bolsistas de extensão entraram em contato com várias empresas e foi possível angariar recursos para a realização do evento. O passo seguinte foi a definição dos experimentos que comporiam o Dia de campo; as estações onde seriam ministradas as palestras; quais os trabalhos de pesquisa seriam abordados; e quais estudantes ficariam responsáveis por cada experimento. Foram ela-borados ‘banners’ para cada trabalho científico. Por fim, os bolsistas

Page 15: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

14

coordenaram a preparação da área para a realização do dia de campo, tendas foram reservadas e os demais preparativos para as inscrições, suprimento de água e lanche foram devidamente disponibilizados.

2.2 Realização do Dia de campo

No dia 19 de outubro de 2016, durante a realização da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o 3º dia de campo em Cafeicultura do IFTM teve início às 08h, com as inscrições dos participantes.

Em seguida, houve a abertura com a fala do professor Haroldo Silva Vallone, que ao final solicitou que os grupos fossem reunidos em função da letra que constava no crachá recebido na inscrição.

Os participantes foram divididos em dois grupos, com temas distintos e, em cada estação, o tempo dedicado à apresentação do tema era de 30 minutos com 10 minutos para debate. Decorridos os 40 minutos, os grupos foram orientados a seguir para a próxima estação. Dessa forma, às 11h30min, cada grupo já havia passado por todas as estações e foi encerrado o Dia de campo. Os bolsistas participaram deste momento auxiliando na realização das inscrições, nas divisões dos grupos e na condução aos locais das palestras.

Foram registradas 77 inscrições entre estudantes (maioria), professores e comunidade externa.

3 CONCLUSÕES

Neste 3º Dia de Campo em Cafeicultura, foi possível observar o amadurecimento dos integrantes do NUPEC na realização deste tipo de evento e também a importância da participação dos bolsistas envolvidos, visto que eles participam ativamente de todas as etapas de realização do Dia de Campo, desde o planejamento à realização propriamente dita, contando sempre com o auxílio dos integrantes do Núcleo de Pesquisa em Cafeicultura do IFTM-Uberaba.

Page 16: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

15

Percebe-se a importância desse tipo de evento como comple-mentação da formação do profissional. Estudantes que têm a oportu-nidade de vivenciar estas experiências tornam-se mais seguros e podem enfrentar os desafios da carreira com mais tranquilidade.

Importante também são as atividades de extensão que as Instituições de ensino devem promover para oportunizar aos do-centes e discentes esta experiência enriquecedora.

4 NOTAS1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitotecnica/Cafeicultura. Professor do IFTM Campus Uberaba. E-mail: [email protected] Graduando em Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. E-mail: [email protected] Graduando em Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. E-mail: [email protected].

5 REFERÊNCIAS

BOTELHO, C. E. et al. Cultivares de café e suas principais características agronômicas e tecnológicas. Informe Agropecuário. Belo Horizonte: EPAMIG. v. 29, n. 247, p. 31-41, nov./dez. 2008.

CHALFOUN, S. M.; REIS, P. R. História da cafeicultura no Brasil. In: REIS, P. R.; CUNHA, R. L. (Org.). Café arábica do plantio à colheita. Lavras: UR Epamig SM, 2010. p. 689-756.

CONA. Acompanhamento da safra brasileira de café 2017: primeira estimativa, jan/2017 Brasília: CONAB. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/ 17_01_17_14_51_54_boletim_cafe_-_janeiro_de_2017.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2017.

Page 17: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

16

EMATER. Metodologia de extensão rural. Goiânia, GO: Emater, Supervisão de metodologia e capacitação, 2009. 104 p. Disponível em: <http://www.emater.go.gov.br/intra/wp-content/uploads/downloads/2012/10/Apostila-Metodologia-Ext.Rural_.pdf>. Acesso: 07 jan. 2015.

EMATER- RJ. Guia de metodologia de extensão rural. Rio de Janeiro: Emater, 1996.

PIMENTA, C. J. Qualidade de café. Lavras: UFLA, 2003. 304p.

REIS, P. R.; CUNHA, R. L. da. Café Arábica do plantio à colheita. Lavras: EPAMIG SM, 2010.

SILVA, A. P. G. da; SILVA, G. G. da. Planejando e executando o Dia de Campo Recife: Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA, 2013. Disponível em: <http://www.ipa.br/novo/pdf/ ipa-planejandoeexecutando.pdf>. Acesso: 10 fev. 2017.

Page 18: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

17

A LEITURA COMO ESTRATÉGIA DE INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO SOCIAL: PROMOÇÃO DA CULTURA DO LIVRO E DA BIBLIOTECA

Maria Marques1

Daniel Eloi Gomes2

Jonathan Mendes Rodrigues3

Maicon Barone4

Fernando Della Noce Wehbe5

Gabriela Chagas Câmara6

Jennifer De Souza Rezende7

RESUMO

A formação da cultura do livro e de leitores é um processo contínuo que contribui para a concepção de formação profissional e a construção cons-ciente do cidadão. Para tanto, o acesso facilitado à biblioteca, aos espaços de leitura e às atividades culturais corroboram para uma melhoria da compreensão do papel do leitor em seu processo de consti-tuição crítico-cidadã. Este trabalho apresenta as atividades realizadas no decorrer do Projeto de Extensão “Promoção da cultura do livro e da biblioteca: A leitura como estratégia de integração e interação social” – Edital 01/2015 – PROEXT. As ações apresentaram à comunidade dos campi, por meio de ações socioculturais, multifacetadas, multicampi e interdisciplinares, uma nova perspectiva, que envolveu o público parti-cipante nas atividades de “Almoço em Poesia”, campanha de doação e aquisição de acervo literário e visitas às escolas municipais. As atividades foram realizadas nas cidades de Uberlândia e Uberaba, na Reitoria e nos campi Uberaba, Uberlândia e Uberlândia Centro. As ações de caráter sociocultural, com o intuito de incentivar a cultura da leitura para a comunidade acadêmica, aconteceram em um ambiente agradável e descontraído com vistas ao incentivo cultural-literário, interação e integração entre as pessoas.

Palavras-chave: Eventos. Livro. Estratégias. Leitura. Poesia. Literatura.

Page 19: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

18

1 INTRODUÇÃO

O projeto de extensão “Promoção da Cultura do Livro e da Biblioteca: a leitura como estratégia de integração e interação social” foi aprovado na linha de fomento do Instituto Federal do Triângulo Mineiro para ser desenvolvido no ano de 2016. As atividades fo-ram realizadas nas cidades de Uberlândia, Uberaba no estado de Minas Gerais, em unidades escolares do ensino médio e fundamental dessas cidades e reflexos em cidades do entorno. As ações do projeto integra-ram habilidades de dois cursos de graduação do IFTM, Tecnólogo em Marketing e Licenciatura em Química, com propostas que interagissem com as aptidões de bolsistas remunerados e voluntários dos dois cursos.

1.1 Concepções teóricas de Licenciatura, Marketing e Leitura para instrumentar a prática extensionista

A missão do projeto foi promover a cultura do livro e da biblioteca, usando instrumentos e recursos atuais que têm um maior alcance possível, como as mídias sociais. As ferramentas tinham como objetivos auxiliar e dar suporte a comunicação, exposição de conteúdo e divulgação das atividades e eventos promovidos pelo projeto de extensão.

Para uma ação mais eficiente e receptividade do público, usamos ferramentas de marketing, pois esta foi uma oportunidade de aplicar as teorias estudadas em prática e de forma que as ativi-dades do projeto ganhassem vida e satisfizessem os escopos. Uma análise básica do entendimento do marketing utilizado para o proje-to foi a concepção de que é a ação do mercado, ou seja, um estudo do mercado, de suas particularidades. Ressaltando que marketing vai além da forma equivocada que muitos definem confundindo com publicidade e propaganda. O marketing é responsável por processos que possibilitam suporte para se construir campanhas publicitárias. Ele estrutura e fornece subsídios e a publicidade dá vida e corpo.

Page 20: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

19

Assim, os recursos do marketing foram usados para fazer com que os alunos, servidores e internautas se interessassem pelas temáticas e propostas do projeto, essas estratégias foram fundamentais para o desenvolvimento e sucesso do mesmo. Kotler (2003) define marketing do seguinte modo:

Processo que consiste em determinar de maneira sistemática o que produzir como chamar a atenção dos clientes para o produto ou serviço, como facilitar o acesso ao produto ou serviço e como reter o interesse do cliente pelo produto ou serviço, de modo que sempre queira comprar mais (p. 12).

Aliadas ao marketing, a didática e as teorias fundantes educacionais abordadas pela licenciatura auxiliaram a construir uma proposta metodológica viável para a execução do projeto. Segundo Libâneo (2002), “A ação de planejar, (...) é antes, a atividade consciente de previsão das ações docente, fundamentadas em opções político pedagógicas, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas (isto é a problemática social econômica, política e cultural [...])” (p.222). Dessa forma, a troca entre os alunos dos cursos enri-queceu cada um, dentro de suas habilidades, e a proposta do projeto trouxe, também, concepções de leitura para um melhor embasamento nas atividades.

Por meio da leitura, pelos bolsistas, dos livros: “Como um Romance”, de Daniel Pennac, que fala sobre o interesse dos jovens e adolescentes pela leitura; “Literatura e Educação”, de Gabriel Perissé, sobre a relevância da literatura; “Livro que te quero livre”, dos autores Sueli de Souza Cagneti e Werner Zotz, relatos sobre práticas de leitura; entre outros textos so-bre leitura e literatura. A busca foi por embasar a temática, no sentido de compreender melhor a cultura da leitura, e conso-lidar um caminho diferente da realidade leitora de cada envol-vido, além de propiciar a discussão crítica para formação dos organizadores do projeto.

Page 21: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

20

Assim, como o marketing é uma peça fundamental para estruturar, planejar e lançar um produto no mercado, ele desenvolve meios para facilitar e explorar de maneira mais eficaz e de modo que tenha um alcance e todos compreendam a mensagem, obje-tivos e se convençam da necessidade de adquirir ou aderir a um produto. No caso do projeto era promoção da cultura do livro e da biblioteca, apoiados no pensamento que “Comunicação é toda a forma pela qual a marca e sua essência toquem este cliente” (SCHULTZ; BARNES, 2001, p. 44).

Portanto, buscamos nas características e ferramentas do marketing um conjunto de técnicas e procedimentos como objetivo de adequar as atividades e eventos para o público-alvo. O intuito de usar essa estratégia era persuadir os alunos, mostrar os objetivos, enfatizar a importância da cultura e incentivar a leitura e o hábito de frequentar a biblioteca. Ainda, destacando os textos e escritores clássicos e atuais e não apenas lendo livros e conteúdos que são propostos em suas ementas curriculares.

A formação docente, também, foi essencial para a compreensão do papel exercido pelo professor como aquele que subsidia a construção do conhecimento, conforme destaca Libâneo (2002):

O professor precisa juntar a cultura geral, a especialização disciplinar e a busca de acontecimentos conexos com sua matéria, porque formar o cidadão hoje é, também, ajudá-lo a se capacitar para lidar praticamente com noções e problemas surgidos nas mais variadas situações, tanto do trabalho quanto sociais, culturais, éticas ( p.43).

Ao lidar com uma proposta extensionista educacional, o aluno sai de seu lugar de conforto e experimenta atividades com as quais lidará no seu cotidiano profissional. A prática se torna mais próxima, real e instiga o desejo de novas vivências para os bolsistas participantes.

Page 22: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

21

1.2 As atividades do Projeto de Extensão

O projeto teve como objetivo principal incentivar a cultura do livro e da biblioteca e, para que isso se transformasse em rea-lidade, foi necessário usar recursos que despertassem no público a magia da leitura, além de usar ferramentas como a tecnologia a favor. Para concretizarmos essa ideia de interação e integração social com êxito, contou-se com criação das seguintes redes so-ciais: E-mail, Facebook e Snapchat. Essas redes sociais deram vida à interação, comunicação, divulgação e, também, uma forma de receber feedback. Uma proposta de sucesso foi um evento chama-do “Almoço em Poesia”, realizado nos campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) Uberaba, Reitoria, Uberlândia e Uberlândia Centro. O resultado foi uma experiência positiva.

No período final do projeto, a atividade principal foi sair de sua base e expandir para a sociedade, uma resposta e justificativa para sua existência. Foram realizadas visitas nas escolas municipais de Uberlândia e Uberaba, com alunos do 9º ano do ensino fundamental, para incentivo à leitura, utilização de bibliotecas, divulgação do proje-to de extensão e do processo seletivo para ingresso no ensino médio integrado do IFTM.

Foram realizadas, também, atividades como visitas nos campi do IFTM para interação e colaboração na realização dos eventos, nas duas cidades. Os bolsistas trocaram experiências através das visitas, ressaltando aspectos positivos e negativos, essa troca aconteceu entre os alunos bolsistas das quatro uni-dades contempladas pelo projeto. Também foram realizados trabalhos voluntários na biblioteca do Campus Uberaba e em dois eventos do Campus Uberlândia com auxílio dos servidores da biblioteca.

Page 23: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

22

2 RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DA VIVÊNCIA DOS BOLSISTAS

O início do projeto foi em abril com o lançamento do edital e, logo em seguida, o processo seletivo. Concluída essa etapa, foram divulgados os alunos selecionados, com duas bolsas remuneradas e, posteriormente, uma terceira. Foi destinado um bolsista remunerado para Uberaba e dois para Uberlândia.

Na fase de introdução, implementações do projeto e criação de ferramentas para o desenvolvimento das pessoas foram muito importantes, pois cada um colaborou com seus conhecimentos, su-gestões e opiniões. Planejamos e estruturamos as estratégias, o ajus-te das atividades a serem executadas, dentre elas estavam as reuniões semanais com a orientadora juntamente com os alunos bolsistas. O objetivo dessas reuniões foi traçar metas e estratégias para o desenvolvimento das atividades e eventos, todas as pautas foram elaboradas fundamentando meios e estratégias para haver maior alcance e participação do público, através delas é que foram de-cididos os passos e ações, coleta de ideias e estudo da viabilidade da funcionalidade das sugestões.

O primeiro passo executado foi a estruturação das redes sociais para interagir e comunicar de maneira mais eficaz com o público, em seguida, uma análise de quais redes melhor atenderiam as necessidades do projeto. Posteriormente, para criação e estrutu-ração, foi feito um estudo e a gestão de conteúdo da mídia porque essa é uma ferramenta importante e atual para divulgação de tudo que acontece. Então, logo se compreende uma necessidade de ter bons conteúdos para divulgação, pois a identidade do projeto que está em jogo, sabendo da importância de ter uma identidade visual, foi realizada uma reunião com os bolsistas junto à equipe de Co-municação do IFTM com a finalidade de criarmos uma logomarca para o projeto. Nessa reunião, resolvemos criar uma logomarca para que o público o identifique com essa referência, ou seja, auxiliar o

Page 24: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

23

público a associar a imagem da logo com as ações do projeto. A concepção criativa do desenho, construída pelo grupo de bolsistas e a equipe de comunicação foi de uma árvore com as raízes em um livro aberto para remeter ao público que o conhecimento é a base de sustentação para a sabedoria. As folhas foram baseadas em balões de diálogos para representar a interação. Também foi criada uma identidade visual para uma importante atividade do projeto o “Al-moço em Poesia”, este com símbolos culturais e imagens de talheres para se associar almoço com o projeto, todos os símbolos em forma de caricaturas para ser sofisticado e jovem.

Fig.1: Logomarca do Projeto de Extensão Fig.2: Identidade visual da ação “Almoço em Poesia”

2.1 Almoço em Poesia

O projeto de extensão foi baseado na problemática da promoção da cultura do livro, da leitura e da biblioteca a partir de pesquisas para construir a base teórica das ações com o estudo dos segmentos e as características do público-alvo a fim de alcançar o maior público possível e promover a cultura da leitura.

Page 25: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

24

Para chamar a atenção de forma prazerosa, foi criado o evento “Almoço em Poesia” para ser desenvolvido, nas quatro unidades em que o projeto foi executado, no espaço referente ao refeitório, áreas de convivência e área em torno.

Na Reitoria do IFTM, foi criado um espaço onde os ser-vidores doaram obras e puderam interagir e compartilhar livros e conhecimentos, um espaço de leitura. Todos os livros literários do-ados pelos servidores foram doados para a biblioteca do Campus Uberaba, ao final do projeto. Antecedendo os eventos, foram envia-dos convites para participar do evento por e-mail e, também, para que os servidores que desejassem pudessem fazer uma apresentação musical, de dança e/ou de declamação de poesia.

A decoração, voltada para a temática, fazia homenagem ao autor escolhido, para imergir os participantes no clima do evento com apresentações culturais e artísticas. As diversas decorações fo-ram pensadas com criatividade para envolver o público como um céu de pássaros de origami colocado no teto da área demarcada como palco. Também foram utilizados origamis em formato de vaso para ficar em cima das mesas, além de poemas impressos, fra-ses poéticas em bilhetinhos, painel para recados sobre o evento. Fo-ram criadas caricaturas em papel paraná nas medidas de 1x2 metros, dos escritores homenageados e colocados na entrada do refeitório.

O primeiro “Almoço em Poesia” foi realizado na Reitoria e homenageou o escritor brasileiro Manuel de Barros, contando sua trajetória profissional. Alunos e servidores do campus Uberaba e servidores da Reitoria declamaram seus versos e, ainda, contou-se com a participação do Projeto da Escola de Artes, no qual os alunos e servidores em conjunto apresentaram músicas encantadoras, can-tadas e tocadas. No “Almoço em Poesia”, chamou a atenção para a ação “Doe um livro literário”, voltada para a criação do espaço de leitura na reitoria, que recebeu uma estante para livros, em madeira, desenhada pelo bolsista e confeccionada para o projeto, doada pelo Campus Uberaba.

Page 26: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

25

Na reitoria do IFTM, foram realizados quatro eventos e, no Campus Uberaba, três edições com homenagem aos escritores Manuel de Barros, Fernando Pessoa, Clarice Lispector e Jorge Amado. As apresentações artísticas tiveram a colaboração de diversos servi-dores da reitoria e servidores e alunos do Campus Uberaba, que se encontraram para ensaiar as apresentações e contribuir com seu talento. Tais apresentações foram divertidas e proporcionaram aos servidores técnico-administrativos, docentes e servidores terceirizados momentos descontraídos e de convívio social no horário de almoço.

Em uma das apresentações, foi convidada a Escola de Dança Carlos Fernandes, da comunidade externa ao IFTM, da cidade de Uberaba, para participar do evento na Reitoria. O dançarino, Carlos Fernandes, muito conhecido na região, que participou da dança dos famosos no programa Domingão do Faustão, no canal da rede Globo e se tornou referência de dança para a região e pelos projetos sociais desenvolvidos. O convidado, gratuitamente, se disponibilizou a se apresentar no “Almoço em Poesia”, com seu projeto social juntamente com os alunos atendidos pela escola.

O primeiro evento no Campus Uberlândia Centro teve como tema o autor Manuel de Barros. Tivemos dificuldades por ser o primeiro e não termos experiência com o segmento, porém, daí em diante, fomos aprimorando cada vez mais nossos eventos. Analisando o evento, optamos por readaptar o horário e mudar a estratégia, assim, o “Almoço em Poesia” se transformou em “Café em Poesia”. Essa mudança proporcionou excelentes retornos. Sendo assim, mantivemos no campus a versão “Café em Poesia”.

Foto: Alexandre Oliveira Sousa Filho. Café em poesia sobre Carlos Drummond de Andrade

Page 27: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

26

Ao chamar o público para participar do evento e quebrar o gelo, ofertamos cupcakes e pirulitos para os participantes do evento. Como todos adoraram a ideia, nos últimos eventos, para diversificar, entregamos pirulitos de chocolate personalizados juntamente com um folheto com uma poesia de cada autor tema dos eventos passados: Manuel de Barros, Clarisse Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina e Marina Colasanti.

O “Café em Poesia” teve 4 edições, entre elas um evento no-turno com o tema da primeira edição, Carlos Drummond de Andrade. Devido ao horário, os brindes de incentivo à participação a quem decla-masse foram balas, pirulitos e chocolates.

O projeto teve uma ação de impacto para marcar seu legado para o Campus Uberlândia Centro, além dos eventos que foram promovidos, a compra de livros literários para a biblioteca. Este processo ocorreu da seguinte forma: a fim de atender todos os gostos e contemplar a opinião dos alunos, foi realizada uma pes-quisa e solicitadas sugestões aos alunos do campus de livros que eles gostariam que adquiríssemos para nossa biblioteca. Essa pesquisa teve duas semanas de duração, os títulos mais votados entraram para lista de livros, juntamente com uma lista sugerida pela coordena-dora do projeto, baseado nas indicações de acervos do Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE 2013 com títulos literários indicados para o ensino médio. Após o levantamento dos títulos e as cotações realizadas, a equipe financeira do campus auxiliou e deu continuidade ao processo de aquisição. Os 174 novos títulos de livros escolhidos, em grande parte pelos alunos, chegaram no início do mês de novembro e foram disponibilizados na biblioteca do Campus Uberlândia Centro.

2.2 Visitas a Escolas de Ensino Fundamental

A principal ação extensionista do projeto foi a realização de visitas em escolas municipais das cidades de Uberaba e Uberlândia,

Page 28: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

27

no estado de Minas Gerais, e na cidade de Igarapava, estado de São Paulo, com o intuito de promover palestras abordando a cultura da leitura e sua importância para os alunos. Na oportunidade, esclareceu-se também sobre o processo seletivo para ingresso de estudantes no IFTM.

O público-alvo do projeto foram alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Em Uberaba, visitamos 18 escolas com um total es-timado em 1200 alunos. As palestras iniciaram falando dos projetos que o IFTM fornece para os estudantes, como os treinos de esportes, curso de línguas estrangeiras, intercâmbio, academia, cadastro de cur-rículo para estágio e trabalho, e a qualidade em ensino. Em seguida, orientou-se a forma de se fazer a inscrição para o processo seletivo e as informações do edital com data da prova.

A terceira etapa da palestra foi sobre o processo da leitura e seus benefícios para formação dos conhecimentos e o reflexo na vida de estudante, além de informações sobre as diversas bibliotecas como fonte de acesso aos livros literários; os projetos que incen-tivam a leitura; a biblioteca municipal da cidade e o incentivo aos alunos para conhecerem o local. Também foi relatado sobre as ati-vidades do projeto Cultura da Leitura e o impacto dessas ações na vida dos bolsistas e participantes do projeto.

As visitas às escolas trouxeram à tona a importância da boa gestão da direção da escola, empenhada em desenvolver projetos que trazem impacto transformador aos alunos, com projetos que instiguem e incentivem a leitura. Foi possível vivenciar as dinâmicas escolares em escolas com estrutura considera de qualidade, mas que não desenvol-viam nenhum projeto voltado para a cultura da leitura, e outras escolas com instalações adaptadas, mas com bons projetos.

Em Uberlândia, concluindo as atividades do projeto, as visitas nas escolas municipais alcançaram aproximadamente 630 alunos e 54 servidores. O objetivo das visitas foi de divulgar o processo seletivo do IFTM, incentivar os alunos a cultivar o interesse pela busca de cultura através da leitura e apresentar o Projeto de Extensão.

Page 29: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

28

Com a intenção de facilitar adesão, abordagem e a maneira de comunicar o projeto, é necessário definir o conceito de comuni-cação no marketing, como uma das estratégias adotadas pelos bol-sistas do curso de Marketing, que se basearam no

conceito de planejamento de comunicação de marketing que reconhece o valor agregado de um plano abrangente que avalie os papéis estratégicos de uma série de disciplinas da comunicação – por exemplo, propaganda geral, resposta direta, 199 promoção de vendas e relações públicas – e combine-as para oferecer clareza, consistência e impacto máximo nas comunicações. (SCHULTZ, 1993, p.17)

Concordando com Schultz (1993), a importância da comu-nicação de marketing era uma preocupação recorrente, pois nosso objetivo era convencer os alunos sobre a importância da leitura. Desse modo, para cada postagem, cada evento e cada visita preparada tínhamos o cuidado de planejar da melhor forma possível para sensi-bilizar o público usando uma linguagem acessível.

Mapeamos as escolas, agendamos as visitas e tivemos como recompensa o projeto ter sido bem visto não só por parte dos bol-sistas, mas também pela comunidade. Em virtude dessa aceitação, foi solicitado um acompanhamento intensivo com os alunos para o próximo ano a fim de amadurecer o incentivo à cultura e também de divulgação do IFTM, objetivando um resultado ainda melhor. A proposta de uma escola, com renomada qualidade de ensino, para cursarem o ensino médio junto ao curso técnico foi muito bem re-cebida e aprofundou o interesse da direção, dos docentes e dos alu-nos de outras turmas de conhecer o projeto e o IFTM. Torna-se, assim, uma segunda edição do projeto relevante para um trabalho contínuo e personalizado de acordo com as necessidades do públi-co, visto que alunos e professores acolheram muito bem a visita e as propostas apresentadas.

Page 30: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

29

3 CONCLUSÃO

O projeto trouxe uma nova percepção para o público, a cultura do livro para os participantes, ultrapassou a passividade do leitor, com atuações em ações artísticas e culturais que acarretou interação e inte-gração social. As atividades do projeto modificaram positivamente a rotina dos servidores da reitoria, criou laços de amizade e parceria no ambiente de trabalho. Trouxe momentos de relaxamento e descanso que geraram maior produtividade na volta ao trabalho. Nos campi, os alunos tiveram a oportunidade de participar presencial e virtualmente das ações do projeto, contribuindo com a interação e integração em agradáveis momentos de socialização.

Nos eventos, havia um quadro interativo no qual os participantes deixavam pequenos relatos sobre a experiência de participar em cada atividade, uma maneira que encontramos de recebermos um feedback dos participantes para avaliarmos as atividades, recebidas com vários relatos positivos e de aprovação dos eventos promovidos, além dos relatos verbais.

O trabalho voluntário foi essencial para que as atividades acontecessem, como a atividade realizada na biblioteca do Campus Uberaba. Durante toda a duração do projeto, dois bolsistas voluntários se revezaram para auxiliar nas atividades da biblioteca e divulgar as obras literárias para os alunos da comunidade. No campus Uberlândia, vários alunos e servidores da biblioteca foram volun-tários e auxiliaram em duas edições do “Almoço em Poesia” na “Semana Multidisciplinar e na Semana do Livro e da Biblioteca” com uma grande participação acadêmica e com participantes no evento da comunidade. Também, nas visitas às escolas de ensino fundamental de Uberaba, a atuação voluntária foi marcante auxilian-do a ampliar o número de escolas atendidas.

As ações realizadas foram uma oportunidade para o crescimento de todos que participaram das atividades, um meio para descontrair o am-biente acadêmico. A proposta de proporcionar a interação foi funda-

Page 31: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

30

mental para estreitar laços e convívio nos ambientes em que foram executadas as atividades. Se não fosse esse movimento, dificilmente esses relacionamentos existiriam hoje, uma oportunidade de network – conexões envolvendo contatos que ajudem a alcançar metas profissionais. A contribuição de cada participante foi fundamental para alcançarmos os bons resultados, com a repercussão obtida pelo projeto ao atingir pessoas por meio das redes sociais, alunos, servido-res com os eventos nos campi do IFTM e aos alunos das escolas que receberam as visitas. O resultado positivo pode ser mensurado pelo fato de se verificar cerca de quatro mil e seiscentas pessoas acessarem mensalmente as redes sociais, além das visualizações.

Abaixo, seguem alguns depoimentos dos bolsistas sobre o projeto:

“Além do crescimento pessoal para cada participante, houve a oportunidade de aprender e de colocar em prática teorias estudadas em marketing, um desafio elaborar estratégias e conteúdos para incentivar a cultura, de fato, um desafio para qualquer marketólogo. Encarei este desafio de modo para aplicar os conhecimentos adquiridos na faculdade, dando retorno para a sociedade levando um pouco de cultura e incentivando a leitura”. A minha participação com ideias, gestão de conteúdos das mídias e execução de tarefas nos eventos foram valorosas e construtivas, sobre tudo no campo da leitura de obras que antes não apreciava, tinha sim uma certa admiração por alguns autores como Fernando Pessoa, Mário Quintana, Jorge Amado e José de Alencar, hoje com interesse e conheci-mento de mais obras e autores. O projeto desmistificou e me fez amadurecer no sentido de textos e na vida de grandes poetas brasileiros, acredito que essa não seja uma realidade isolada e única, pois percebemos o crescimento da participação e do interesse dos alunos em cada even-to realizado. Portanto, o projeto marcou não somente os bolsistas, mas também alunos, servidores e até mesmo a biblioteca, com ações permanentes.”

Jonathan Mendes

Page 32: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

31

“No começo do projeto, pensei que seria complicado trazer para os alunos de forma descontraída o quanto criar uma cultura de leitura no nosso dia a dia é importante, porém fui surpreendida com a quantidade de pessoas que não só possuem esse hábito, mas também sentem prazer e praticam com amor suas leituras. O projeto foi uma atividade essencial para minha formação, onde nele, coloquei todas informações obtidas em aula e as transformei em estratégias para desenvolver as atividades. Nosso objetivo era mostrar aos alunos e servidores do instituto o quão importante e rica é a leitura presente em nossas vidas. O objetivo do projeto sem dúvidas, foi alcançado com bom aproveitamento por todos, desde nós bolsistas até mesmo os alunos de outros cursos e o corpo docente do instituto”.

Jennifer Rezende

“Pelo observado na interação com os alunos nas palestras realizadas nas escolas, a leitura nas escolas por meio de projetos, pode resultar no aluno o crescimento intelectual e empenho em realizar atividades, e refletir no âmbito escolar positivamente.”

Maicon Barone.

“Os projetos voluntários exercidos na biblioteca do IFTM Campus Uberaba, onde fui muito bem recebida e instruída sobre as atividades que iria exercer no local, possibilitaram a confecção e a realização do projeto e me proporcionaram um olhar diferenciado do ambiente bibliotecário, em que tive a oportunidade de aprender sobre o seu funcionamento estrutural e administrativo.”

Gabriela Câmara e Fernando Webe

“Para concluir este trabalho, quero evidenciar que a experiência que tive com esse projeto foi de grande importância para a minha formação acadêmica e para a minha formação como um cidadão. As oportunidades oferecidas por este projeto serviram para que tivesse mais conhecimento pela leitura e sua forma de ensino. Mas todo este trabalho serve de experiência não só para o meu currículo, mas de experiência para o resto da minha vida. Com esse projeto pude estreitar relações com alunos de outros campi e de outras escolas. Deste modo, conheci novas culturas e amplia as relações intrapessoais.”

Daniel Eloi

Page 33: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

32

4 NOTAS1 Mestre em Educação. Técnico em Assuntos Educacionais na reitoria do IFTM. Coordenadora do Projeto de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected]. 2 Graduando em Tecnologia em Marketing. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected]. 3 Graduando em Tecnologia em Marketing. Bolsista e bolsista voluntário de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected]. 4 Graduando em Licenciatura em Química e Ator. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected]. 5 Licenciatura em Química. Bolsista voluntário de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected]. 6 Graduando em Licenciatura em Química. Bolsista voluntária de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected]. 7 Graduanda em Tecnologia em Marketing. Bolsista voluntária de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected].

5 REFERÊNCIAS

CAGNETI, Sueli de Souza; ZOTZ, Werner. Livro que te quero livre. Rio de Janeiro: Editorial Nórdica, 1986.

KOTLER, Philip. Marketing de A a Z: 80 conceitos que todo profissional precisa saber. 10. Ed. Rio de Janeiro-RJ: Campus, 2003.

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educativas e profissão docente. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

PENNAC, Daniel. Como um romance. Porto Alegre: L&PM; Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

Page 34: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

33

PERISSÉ, Gabriel. Literatura & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. v. 1. 146 p.

SCHULTS, Don E. e BARNES, Beth. Campanhas estratégicas de comunicação de marca. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

SCHULTZ, Don E. Integrated marketing communications: maybe definitions is in the point of view. Marketing News, v. 27, n. 2, p. 17, 1993a.

Page 35: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

34

APERFEIÇOAMENTO DE CONTEÚDOS E PROMOÇÃO SOCIAL POR MEIO DE

CAPACITAÇÕES EM HIGIENE, MANIPULAÇÃO E CONSUMO DE ALIMENTOS

Alexanôre Santos Alves1; Carlos Humberto de Souza Neto1;Maria Julia Matos Julich de Oliveira1; Sara Julia Rocha Freitas1; Vivian Araújo Costa e Fonseca1;

Mara Lina Rodrigues2; Ubiramar Ribeiro Cavalcante3; Flávio Caldeira Silva4

RESUMO

A escolha alimentar é definida como um conjunto de decisões conscientes e inconscientes tomadas por uma pessoa no momento da compra, no momento do consumo ou em algum momento entre estes dois. Dentre os motivos relacionados à seleção de alimentos, estão envolvidos fatores individuais (psicológicos, implicando aspectos motivacionais, como os relacionados aos sentidos – o sabor, o hábito, controle de peso, preocupações éticas, estresse, entre outros) e fatores coletivos (sociais e culturais, incluindo aspectos como a produção dos alimentos, marketing, entregas, vendas). Nesse cenário, a conscientização sobre o consumo alimentar adequado mostra-se essencial como fator de compreensão da relação entre alimentação e saúde, sobretudo no que se refere à ingestão ou não de alguns alimentos e ao estado nutricional. Adicionalmente, considerando que o consumo adequado dos alimentos é essencial para manutenção de diversas funções metabólicas do organismo, é importante que a população saiba escolher e rejeitar os alimentos mantendo o estado nutricional dentro do esperado.

Palavras-chave: Consumo de alimentos. Segurança alimentar. Manipulação. Capacitação.

Page 36: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

35

1 INTRODUÇÃO

O consumo dos alimentos é resultado de práticas sociais, que não podem ser abordadas por uma única perspectiva disciplinar, pois o significado do ato de nutrir, de comer, ultrapassa o mero ato biológico. Nessa perspectiva, compreendemos como práticas alimentares a seleção, o consumo, a produção da refeição, o modo de preparação, de distribuição, de ingestão, isto é, o que se planta, o que se compra, o que se come, como se come, onde se come, com quem se come, em que frequência, em que horário, em que combinação, tudo isso conjugado como parte integrante das práti-cas sociais (ROTENBERG; DE VARGAS, 2004).

As doenças transmitidas por alimentos (DTAs) são um importante problema de saúde pública mundial, tanto para os países desenvolvidos (MEAD et al., 1999; LINDQVIST et al., 2000) como para os países em desenvolvimento (DOSSO; COULIBALY; KADIO, 1998; KOSEC; BERN; GUERRANT, 2003; GUERRANT, 2002), apesar dos constantes esforços para a melhoria da qualidade e segurança dos alimentos.

Ao consumir alimentos contaminados por micro-organismos patogênicos ou suas toxinas, o indivíduo por ser acometido por al-guma doença. Sabe-se que existem mais de 250 tipos de DTAs e a maioria são causadas por bactérias e fungos (e suas toxinas), vírus e parasitas (CVE, 2008). Outras doenças são envenenamentos causa-dos por toxinas naturais ou por produtos químicos prejudiciais que contaminaram o alimento. As consequências de uma DTA podem variar de um leve desconforto a reações intensas e até mesmo à morte (LAGAGGIO; FLORES; SAGABINAZI, 2002).

Embora a maioria da população associe comumente a ocorrên-cia de DTA ao consumo de alimentos fora dos domicílios, evidências epidemiológicas sugerem que muitos casos estão associados a falhas no processamento domiciliar dos alimentos (MITAKAKIS et al., 2004; GREEN et al., 2005; ALTEKRUSE, 1999). De acordo com dados

Page 37: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

36

epidemiológicos da Secretária de Vigilância em Saúde sobre ocorrência de DTAs no Brasil, no período de 2000 a 2011, ocorreram 8.663 surtos, deixando doentes 163.425 pessoas e levando 112 a óbito. Desses surtos, mais de 50% tiveram origem em residências (SVS, 2011).

Santos et al. (2010) estudaram a segurança alimentar na manipulação doméstica por meio de abordagem dos perigos físicos, químicos e biológicos e os resultados obtidos demonstraram que existe uma falta de conhecimento das corretas práticas de manipulação dos alimentos por parte dos manipuladores residenciais e que medi-das simples, como a capacitação serão eficientes para realização de um processamento doméstico de alimentos mais adequado.

A frequente observação de que a ocorrência de DTAs está relacionada à falta de conhecimento do manipulador levou diversos estudos a salientarem a importância do treinamento dos manipuladores para prevenção de enfermidades transmitidas por alimentos (EHIRI; MORRIS, 1996; VERGARA; REVUELTA; MAJEM, 2000). Oliveira et al. (2003) afirmaram que a educação e o treinamento dos manipu-ladores são as melhores ferramentas para assegurar a qualidade da alimentação.

Assim, diante do exposto, os objetivos foram aperfeiçoar o conhecimento dos alunos nas questões relacionadas à higiene, à manipulação e ao consumo de alimentos por meio de oficinas; pro-mover socialmente os alunos facilitando o acesso ao mercado de trabalho ou ao ensino superior; e repassar para a comunidade exter-na ao campus os conhecimentos construídos.

2 METODOLOGIA

O presente projeto foi identificado pela sigla “SAL”, de “Stand Alimento Legal”. Foram realizadas 8 (oito) oficinas de aperfeiçoamento no projeto SAL. Cada oficina contou com um tema relacionado à higiene, à manipulação e/ou ao consumo de alimentos, sendo os seguintes temas trabalhados:

Page 38: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

37

1- Você sabe organizar a sua geladeira?2- Sobrou. E agora?3- Como higienizar os vegetais?4- Os perigos do pano de prato, da bucha de lavar e da tábua de carnes.5- O congelamento e descongelamento adequado dos alimentos.6- Alimentos, nutrientes e calorias.7- Transgênicos e OGMs. O que é isso? 8- Onde tem fibras nos alimentos?

Para participar do SAL, foi selecionado um número de alunos compatível com a realização das oficinas por meio de inscrição e realização de entrevistas. Esses alunos foram adequadamente capacitados nos temas propostos com atividades teóricas e práticas, contemplando exemplos e estudos de casos. As reuniões de orientação entre discentes e docentes eram semanais; no entanto, outros encontros entre os discentes aconteciam na biblioteca do IFTM para que pudessem aprofundar as discussões.

A cada novo tema desenvolvido nas oficinas, os alunos reali-zaram estudos, reuniões em grupos de discussão e buscas em livros, artigos científicos e também da rede mundial de computadores. Após serem capacitados por meio da realização de pesquisa, de discussão do material selecionado em forma de seminário e de participação em expo-sição dialogada, utilizaram-se as seguintes estratégias durante as oficinas de aperfeiçoamento do projeto SAL:

- Curiosidades- Você sabia?- Pôsteres - Dinâmicas- Utensílios e alimentos para demonstração- Folders explicativos

Uma vez finalizado o aperfeiçoamento dos alunos, foram preparadas as atividades de integração com a comunidade para que

Page 39: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

38

os alunos pudessem colocar em prática o conhecimento construído no decorrer das oficinas. Os materiais necessários para montagem do stand nos quais os alunos repassavam seus conhecimentos foram fornecidos pela instituição. Os eventos foram divulgados nos meios de comunicação da instituição e sempre realizados em locais onde houvesse ampla movimentação popular.

3 DESENVOLVIMENTO

No período de desenvolvimento do projeto, foram realizados encontros do grupo participante com o respectivo orientador, cujo intuito era discutir os temas propostos, trocar ideias, organizar e tomar decisões. Os alunos bolsistas, após os encontros, prepararam materiais baseados nas pesquisas realizadas, como: folders, banners e cartazes informacionais.

No decorrer do projeto, a elaboração de banners e materiais que facilitassem a compreensão do público auxiliou no processo de fixação de conceitos importantes ministrados em sala de aula. Logo, o uso de dinâmicas, banners, folhetos explicativos e atividades de interação fizeram com que conceitos antes apresentados de forma apenas teórica fossem repassados de forma mais simples, direta e lúdica, facilitando a compreensão do público. Dessa forma, no andamento das atividades e nas pesquisas realizadas, o grupo aprendeu novos assuntos e aperfeiçoou conceitos já discutidos.

A discussão de temas atuais, como o uso de alimentos trans-gênicos, possibilitou o conhecimento de outros pontos envolvidos no processamento e desenvolvimento de novas tecnologias para alimentos. Assim, pudemos observar o quanto essas questões influem não só na vida e saúde da população em geral, mas também no progresso da ciência e nos impactos que estes podem causar ao meio ambiente, implicando até na criação ou revogação de decretos e leis.

Além da consolidação conceitos teóricos, o projeto promoveu a visualização do impacto causado pelo conhecimento de conceitos básicos

Page 40: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

39

de microbiologia e boas práticas na manipulação de alimentos na vida cotidiana de cidadãos, e como essa nova percepção mudou seus hábitos diários, sua dinâmica na cozinha e nos hábitos alimentares. As Figuras 1 e 2 ilustram algumas apresentações dos alunos extensionistas.

Figura 1. Apresentação do tema Você sabe organizar sua geladeira?, na Praça Getúlio Vargas

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 2. Apresentação dos temas “Os perigos do pano de prato, da bucha de lavar e da tábua de carnes” e “O congelamento e descongelamento adequado de alimentos” durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia”

Fonte: Arquivo pessoal

Page 41: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

40

O desenvolvimento do projeto de extensão visou transmitir a comunidade alguns dos princípios fundamentais envolvidos na elaboração de alimentos saudáveis e que fossem produzidos de maneira mais sustentá-vel possível e causando o mínimo de desperdício, de forma com que as in-formações fossem de fácil entendimento e aplicação. O grupo de extensio-nistas observou também que foi beneficiado com os temas abordados no projeto, uma vez que além de ter compartilhado um pouco da experiência de informação que havia adquirido, ainda pode aumentar o conhecimento como futuros profissionais Técnicos em Agroindústria.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto proporcionou aos bolsistas um amplo aprendizado, em áreas variadas, mas todas relacionadas, como higienização dos alimentos e os transgênicos, todos voltados para a saúde e bem-estar.

A comunidade interna e externa ao IFTM mostrou-se ter compreendido as informações repassadas e afirmaram aderir às boas práticas informadas, com algumas exceções, esperamos que as pessoas conscientizadas divulguem os conhecimentos adquiridos com nossas apresentações e que, assim, constitua-se futuramente uma sociedade mais consciente e saudável.

Após a conclusão do projeto, os discentes relataram uma sensação de ânimo e que as atividades propostas foram relevantes, além de a comunidade presente mostrar-se muito interessada nas apresentações, confirmando que o trabalho e esforço despendidos foram válidos.

5 NOTAS

1 Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. 2 Doutora em Engenharia e Ciência de Alimentos. Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected] Mestre em Olericultura. Professor Universidade do Estado de Minas Gerais - Campus Ituiutaba [email protected] Doutor em Engenharia Química. Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected]

Page 42: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

41

6 REFERÊNCIAS

ALTEKRUSE, S. F. eta al. A multistate survey of consumer food-handling and food consumption practices. American journal of preventive medicine, v. 16, n. 3, p. 216-221, 1999.

BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Dados Epidemiológicos – DTA período de 2000 a 2011*. Ministério da Saúde - Unidade Técnica de Doenças de Veiculação Hídrica e Alimentar – UHA. Acesso em 08/11/2011. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/ portal/arquivos/pdf/dados_epidemiologicos_dta_15911.pdf

DOSSO, M.; COULIBALY, M.; KADIO, A. Place des diarrhées bactériennes dans les pays en développement. Bulletin de la Société de pathologie exotique, v.91, n. 5 BIS, p. 402-405, 1998.

EHIRI, J. E.; MORRIS, G. P. Hygiene training and education of food handlers: does it work? Ecology of Food and Nutrition, v. 35, n. 4, p. 243-251, 1996.

GREEN, L. R. et al. Beliefs about meals eaten outside the home as source of gastrointestinal illness. Journal of food protection, v. 68, n. 10, p. 2184-2189, 2005.

GUERRANT, R. L. et al. Magnitude and impact of diarrheal diseases. Archives of Medical Research, v. 33, n. 4, p. 351-355, 2002.

KOSEC, M.; BERN, C.; GUERRANT, R. L. The global burden of diarrhoeal disease, as estimated from studies published between 1992 and 2000. Bulletin of the World Health Organization, v. 81, n. 3, p. 197-204, 2003.

Page 43: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

42

LAGAGGIO, V. R. A.; FLORES, M. L.; SAGABINAZI, S. D. Avaliação microbiológica da superfície de mãos dos funcionários do restaurante universitário, da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Revista Higiene Alimentar, v.16, n. 100, p.102-106, 2002.

LINDQVIST, R. et al. A summary of reported foodborne disease incidents in Sweden, 1992-1997. Journal of Food Protection, v. 63, n. 10, p. 1315-1320, 2000.

MEAD, P. S. et al. Food-related illness and death in United States. Emerging Infectious Diseases, v.5, n. 5, p. 607-625, 1999.

MITAKAKIS, T. Z. et al. Food safety in family homes in Melbourne, Australia. Journal of food protection, v. 67, n. 4, p. 818-822, 2004.

OLIVEIRA, A. M. et al. Manipuladores de alimentos: um fator de risco. Revista Higiene Alimentar, v. 17, n. 114-115, p. 12-19, 2003.

ROTENBERG, S.; DE VARGAS, S. Práticas alimentares e o cuidado da saúde: da alimentação da criança à alimentação da família. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 4, n. 1, p. 85-94, 2004.

SANTOS, M. H. R. et al. Segurança alimentar na manipulação doméstica: Abordagem física, química e biológica. In: SIMPÓSIO DE SEGURANÇA ALIMENTAR – ROMPENDO BARREIRAS, 3., 2010, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2010. CD-ROM

VERGARA, P. V. G.; REVUELTA, C. C.; MAJEM, L. S. Evaluación de la eficacia de los cursos de formación sanitária dirigidos a los manipuladores de alimentos del área sanitaria de Gandía, Valencia. Revista Española de Salud Pública, v. 74, n. 3, p. 299-307, 2000.

Page 44: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

43

APROXIMANDO SURDOS E OUVINTES NO AMBIENTE ESCOLAR: O DESAFIO DE ANULAR

AS BARREIRAS SÓCIO-COMUNICACIONAIS

Aline Gonçalves Silva1, Diego Basto dos Santos2,Fabiana Elias Marquez3, Gislene Ferreira Venerando4,

José Guilherme Fabiano5, Josiene Cristina de Oliveira Barros6,Kênia Palhares Gonçalves7, Marina Beatriz Ferreira Vallim8.

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo relatar experiência propor-cionada pelo projeto de extensão “Aproximando surdos e ouvintes no ambiente escolar: o desafio de anular as barreiras sócio-comunicacionais”, dis-posto no Edital 01/2015, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, de abril a novembro de 2016. Este projeto viabilizou a prática inclusiva em atividades pedagógicas direcionadas a alunos de ensino médio e cur-so normal da rede estadual de ensino; bem como a realização do curso de Libras para funcionárias da rede de atenção básica à saúde do município de Uberaba/MG. Tais atividades contaram com o auxílio de profissionais especializados no ensino da Língua Brasileira de Sinais, uma voluntária e alunos bolsistas que realizaram atividades pontuais para a melhor execução do projeto. Além dos recursos humanos, foi necessário o uso de materiais impressos e mídias digitais. Os encontros se pautavam na discussão de temas referentes à inclusão e atividades que propiciassem o aprendizado de conceitos e sinais básicos de Libras. O ensejo imbuído a este projeto visava à discussão sobre paradigmas que a educação inclusiva vivencia na contemporaneidade. Por fim, o que se obteve foi uma demanda de maior número de alunos e profissionais que gostariam de se inserir no projeto e aprender um pouco mais sobre a Língua Brasileira de Sinais. Esta demanda proporcionou a submissão de nova proposta

Page 45: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

44

para o ano de 2017, pois se previa a ampliação das oficinas já realizadas e o aumento no número de turmas para o curso de Libras.

Palavras-Chave: Projeto de extensão. Surdos. Ouvintes.

1 INTRODUÇÃO

A escola, cotidianamente, se apresenta como um espaço capaz de propiciar uma (re)aprendizagem que auxilia crianças e adolescentes na elaboração de ideias e conceitos que instigam a leitura de mundo, baseada em aspectos éticos e morais que enaltecem o respeito, o con-vívio harmonioso junto à diversidade e à prática do acolhimento às neces-sidades do outro. Estes atributos alicerçam relacionamentos sociais cons-trutivos, favorecendo o desenvolvimento de aspectos comportamentais, emocionais e psicológicos favoráveis a desejos particulares e anseios de comum acordo com os demais. Além disso, temos no território bra-sileiro, inúmeras instituições e pessoas que debatem a Educação, desde aspectos mais gerais aos mais específicos. O documento referência da Conferência Nacional de Educação (Conae, 2014), apresenta infor-mações acerca de discussões realizadas em encontro de nível nacional com profissionais da educação, entidades e sociedade civil; seu segundo eixo envolve o debate sobre educação e diversidade – justiça social, inclusão e direitos humanos. Segundo o documento Conae (2014, p 29), “A diversidade como dimensão humana deve ser entendida como a construção histórica, social, cultural e política das diferenças que se expressa nas complexas relações sociais e de poder”. Contudo, a realidade das escolas brasileiras envolve ausência de profissionais preparados para o acolhimento e atenção a alunos com necessidades especiais como, por exemplo, alunos que necessitam de intérpretes de Libras ao longo de sua vida escolar.

Assim, a promoção da consciência inclusiva junto a alunos e professores é tarefa de todos. As atuais diretrizes do governo federal, relacionadas à efetiva concretização da inclusão em todos os

Page 46: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

45

âmbitos, especialmente no setor educacional, certamente requerem do meio docente posicionamento mais efetivo. Engajar-se em projetos relacionados ao tema, buscar cursos de formação continuada, participar de fóruns de discussão e acolher seu aluno especial é uma das diversas maneiras de colaborar para o êxito da histórica marcha pela transformação de paradigmas.

O projeto de extensão “Aproximando surdos e ouvintes no ambiente escolar: o desafio de anular as barreiras sócio-comunicacionais” buscou favorecer diretamente no desempenho dos educandos surdos presentes em instituições educacionais, por meio de estudos e dinâmicas aplicadas à realidade de alunos e professores. Este trabalho propiciou a inte-ração entre ouvintes e surdos, rompendo preconceitos e a falta de informação sobre a surdez e o convívio com pessoas surdas.

O projeto desenvolveu atividades com o objetivo de elucidar a necessidade de prática inclusiva, principalmente, no campo educacional e, consequentemente, demais setores da esfera pública; assim como propiciar o conhecimento inicial acerca da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Dentre o público-alvo, encontravam-se alunos, professores, profissionais da saúde e comunidade externa. As ati-vidades e temáticas abordadas favoreciam a inclusão pela redução de barreiras comunicacionais, de modo a facilitar a relação entre ouvintes e surdos no ambiente escolar, com o uso de estratégias como a Libras.

Em sua obra “Educação e Mudança”, publicada em 2013, Paulo Freire discute a importância de se compreender a fértil relação aluno x professor para além da formação profissional/educacional frente ao papel assumido pelo profissional na educação. A escola possuidora de uma rica diversidade cultural torna-se o local ideal para se desenvolver atividades que propiciem melhor compreensão e ampliada visão acerca dos ensinamentos possíveis de serem repassados por ela. Com esta perspectiva, o projeto, propôs e se amparou para dispor de métodos que pudessem ser usados pelos envolvidos no processo de construção de meios comunicacionais entre surdos e ouvintes.

Page 47: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

46

2 DESENVOLVIMENTO

Durante anos, as pessoas surdas foram submissas à imposição do poder do saber que os ouvintes institu-cionalizaram na sociedade como verdades acabadas, ou seja, os ouvintes impuseram o quê e como deveria ser tratado o surdo, sem permitir que este se manifestasse enquanto singular sujeito possuidor de potencialidades como qualquer outra pessoa. A comunidade surda não pode ser considerada como homogênea, “deficiente”, mas sim sujeitos diferentes com identidade distinta, que integram grupos com características diversas, que possuem valores em todos os aspectos psicossociocul-turais, que lhe são peculiares e que contribuem para a formação da sociedade. Sendo assim, os surdos enquanto grupo social organizado culturalmente não se define como “deficiente auditivo”, “portador de necessidade”, mas sim, como pessoas que se diferem de forma cultural e linguística na sociedade. (WRINGLEY, 1996).

Seguindo a leitura de Wringley (1996), o que se tem é uma re-alidade na qual pessoas surdas enfrentam diversas dificuldades para poder se comunicar com ouvintes, visto que estes possuem como língua materna o Português, enquanto os surdos a têm como segun-da língua e a Libras, a primeira língua. No ano de 2002, via Congres-so Nacional, foi sancionada a lei 10.436 que reconheceu a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial (BRASIL, 2002). Desde este momento ainda se encontra dificuldades na comunicação entre sur-dos e ouvintes, bem como escassa oferta do curso de Libras para a população em geral. Além de oficializar a língua, instituiu-se que empresas e órgãos públicos tenham intérpretes de Libras, para garantir que os surdos possam se integrar com os ouvintes. Na prática, infelizmente, ainda se encontram locais públicos sem este suporte à população surda ocasionando grande desconforto para ambos. Assim, o projeto de extensão “Aproximando surdos e ouvintes no ambiente escolar: o desafio de anular as barreiras sócio-comunicacionais” foi elaborado visando minimizar os déficits de uma demanda social que necessita de capacitação.

Page 48: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

47

O projeto primou por atender professores e alunos da rede municipal e estadual de ensino do município de Uberaba/MG e região. Com sua aplicação, também pudemos atender profissionais da saúde e de setores administrativos da Prefeitura Municipal de Uberaba/MG. Seu cronograma contou com palestras, encontros e semanas de discussão acerca de temas como: “Inclusão na sala de aula”, “O papel do intérprete de Libras na escola”, “Como identificar a surdez” e “Libras - Conceitos básicos”. As temáticas foram abor-dadas por Fabiana Elias Marquez (Surda e Pedagoga Especialista no Ensino de Libras) recebendo contribuições, da voluntária do projeto, dos bolsistas e da equipe executora.

Os bolsistas foram responsáveis pela elaboração de materiais gráficos que auxiliaram na aprendizagem dos participantes dos en-contros e eventos. Além disso, organizaram listagem de presença, apresentações em slides e, conforme as disponibilidades de horário de cada um, participaram dos encontros como monitores nas oficinas de Libras e na plataforma de ensino a distância – Edmodo. Os encontros presenciais do curso de Libras, ofertado como atividade vinculada ao projeto de extensão, aconteceram por meio de mesas redondas e palestras informativas, que permitiam a interação e o esclarecimento de dúvidas e de questionamentos. Nas atividades de ensino das noções básicas em Libras, utilizou-se a projeção de slides na qual os materiais visuais facilitaram o ensino do alfabeto, números e sinais básicos. A Se-cretaria Municipal de Saúde de Uberaba cedeu espaço que foi utilizado para realização do curso de noções básicas de Libras aos profissionais da saúde. Tal curso contou com 20 encontros presenciais e carga ho-rária a ser cumprida à distância, visando o ensino de conteúdos como: História da educação de surdos no Brasil, Língua Brasileira de Sinais, Identificação da surdez na criança, Expressões faciais na Libras, Itens lexicais e marca de tempo, Pedagogia da imagem, Setembro Azul, musi-calidade, sinais de profissões, cores, instrumentos, frutas e outros.

Tais atividades propiciaram a disseminação da Língua Brasileira de Sinais em diversos espaços na comunidade, cativando vários profis-

Page 49: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

48

sionais pela proposta. A cada aula ou atividade realizada fez-se registro documental, fotográfico e certificação para os participantes. O curso “Curso Introdutório à Língua Brasileira de Sinais – Libras – Básico I” concluiu perfazendo a carga horária de 120 horas, sendo 60h presenciais e 60h à distância, e recebeu diversas solicitações para continuar a ser ofertado em próximas oportunidades. Os conteúdos disponibilizados foram elaborados por todos os envolvidos no projeto e possibilitaram vislumbrar a elaboração futura de uma apostila a ser utilizada em novas edições do curso. Para as práticas à distância, foi necessário o uso da plataforma digital denominada Edmodo, que conta com a possibilidade de estreitar a relação entre professor e aluno, na realização de atividades e avaliações via internet.

Figura 1: Logotipo do Projeto

Fonte: Autores.

Sendo uma experiência nova, teve pontos positivos e negativos. Devido ao horário e dia de realização do curso, muitos colaboradores do projeto não puderam participar na modalidade prática do curso, o que não foi empecilho para atuarem em algumas oficinas em escolas

Page 50: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

49

e nas atividades no Edmodo. Entretanto, em todos os encontros da equipe para avaliação das atividades e programação de ações futuras havia a preocupação com a participação de todos.

Na parte EaD, muitos alunos tiveram um pouco de dificuldade em usar a plataforma digital e isso atrasava a entrega das atividades. Acreditamos que, em futuras ofertas do curso, essa parte poderá ser substituída por apostila ou algo mais dinâmico e prático, podendo ainda o material servir de arquivo para futuras consultas.

A atuação dos alunos bolsistas foi fundamental no decorrer das atividades desenvolvidas do projeto de extensão, pois foi possí-vel estabelecer parcerias com escolas onde realizavam seus estágios obrigatórios ou demais atividades de extensão. Assim, aconteceu no mês de setembro visitas à Escola Estadual América e à Escola Estadual Professora Corina de Oliveira quando estas realizavam o evento “Setembro Azul”, mês que é nacionalmente comemorativo, pois é repleto de datas significativas que refletem a história de lutas e conquistas da Comunidade Surda. Os bolsistas, a voluntária e a equipe executora do projeto compareceram nas instituições de ensino para lembrar e esclarecer sobre a importância deste evento que evi-dencia a conquista dos surdos no Brasil e no mundo. Nessa ocasião, foram realizadas oficinas de Libras com grupos de alunos do ensi-no médio e do magistério dessas escolas, em que muitos tiveram o primeiro contato com a Libras.

Os bolsistas também buscavam eventos sobre inclusão no quais pudessem enviar resumos ou artigos acerca das experiências vivenciadas por meio do projeto. Dessa forma, um bolsista do pro-jeto e um membro da equipe executora participaram do Primeiro Congresso Regional da Pessoa com Deficiência, organizado pela Pre-feitura Municipal de Uberaba em março de 2017, eles proferiram a comunicação oral intitulada “Educação e saúde unidas para romper barreiras sócio-comunicacionais”.

A equipe do projeto foi convidada pela professora Priscilla, ex-integrante do projeto em edição anterior e professora da E. E.

Page 51: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

50

Geraldino Rodrigues da Cunha, para realizar oficina de Libras para professores e alunos dos cursos noturnos da unidade escolar que funciona na cidade de Veríssimo. Nesse encontro, contamos com o interesse do público e a interação aconteceu mediada por vídeos, músicas, dinâmicas e brincadeiras que propiciaram momentos de ludicidade e muita descontração.

Os profissionais vinculados ao projeto foram responsáveis por executar as atividades propostas, viabilizar sua execução em instituições parceiras e orientar os bolsistas acerca das tarefas a serem executadas a cada atividade. Destacamos o compromisso com a proposta por parte dos integrantes e dos bolsistas que, no encerramento das atividades do ano, já vislumbravam novas ações a partir da experi-ência adquirida.

3 CONCLUSÃO

Ao longo do projeto, perceberam-se diversos aspectos positivos e negativos. Como positivos, aponta-se:

• a participação de indivíduos de diversos níveis e campos de formação, participando e dialogando sobre diversidade;

• grande maioria das escolas disponibilizou espaço e tempo para que as atividades fossem realizadas;

• o projeto contou com a contribuição de alunos e pro-fissionais de diversas áreas, que propiciaram o desenvolvimento das atividades da melhor forma possível e tornando-o acessível a todos os públicos;

• o constructo material obtido com as atividades e dinâmicas utilizadas possibilitou a elaboração de conteúdo a ser aproveitado e aperfeiçoado para demais edições do projeto;

• com as atividades realizadas, o projeto se corporificou de maneira a ser fonte de elementos para elaboração de artigos e oficinas para exposição em eventos e congressos.

Page 52: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

51

Em relação aos aspectos negativos, os integrantes do projeto destacam:

• a impossibilidade de se utilizar redes sociais para o de-senvolvimento de atividades a distância do curso de Libras, pois alguns alunos não tinham acesso ou conhecimento necessário acerca dessas ferramentas;

• a falta de melhores condições materiais impossibilitou a criação de outros materiais impressos para os alunos que participaram do curso, a fim de dispô-los com acervo de maiores informações;

• a impossibilidade, devido ao pouco tempo, de levar os alunos às instituições e espaços onde poderiam obter contato mais próximo com os surdos;

• o maior e mais desafiador problema encontrado é o baixo interesse e motivação para que os cursistas participem com mais motivação e desejo de aprender sobre temáticas tão importantes como a inclusão e a Língua Brasileira de Sinais.

Acreditamos que, mesmo diante das dificuldades, a realização desse projeto possibilitou a abertura de um novo caminho para a tão propalada e almejada inclusão. Com ele, não apenas busca-mos abrir portas para cidadãos surdos, mas também para que se desenvolva um novo e eficiente modo de interpretar e trabalhar com a diversidade entre professores e comunidade. Todos os en-volvidos no projeto possuem ciência de que, no Brasil, a escola inclusiva ainda é futuro distante, mas seguramente a tarefa para se chegar lá está sendo feita por diversos profissionais, esta é nossa inspiração.

Esperamos ter contribuído com a comunidade externa tratando de um tema tão especial e nos dispomos para integrar futuros projetos que tenham a inclusão como eixo integrador entre IFTM e a sociedade.

Page 53: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

52

4 NOTAS

1 Licencianda em Ciências Biológicas. Bolsista do projeto. E-mail: [email protected] Mestrando em Educação pelo IFTM. Bolsista do projeto. E-mail: [email protected] Especialista na área de deficiência auditiva. E-mail: [email protected] Mestre em Educação. Coordenadora do projeto. E-mail: [email protected] Licenciando em Ciências Sociais. Bolsista do projeto. E-mail: [email protected] Enfermeira. Voluntária do projeto. E-mail: [email protected] Pós-Graduanda em Educação pelo IFTM. Bolsista do projeto. E-mail: [email protected] Especialista em Educação Especial. Equipe executora do projeto. E-mail: [email protected]

4 REFERÊNCIAS

CONAE 2014 – Documento Referência. Disponível em: http://conae.mec.gov.br/. Acesso em: 03 Fev. 2017.

BRASIL. Lei nº 10.436, 24 de abril de 2002. 2014. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial (da) República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 abr. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 03 fev. 2017.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12. ed. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 2013.

WRIGLEY, Owen. The politics of deafness. Whashington: Gallaudet University Press, 1996.

Page 54: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

53

CAPACITAÇÃO PARA MANIPULADORES DE ALIMENTOS: AÇÃO DO NUCLEO DE ESTUDOS PARA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SEGUROS

(NEPAS)

Deborah Santesso Bonnas1, Elaine Alves dos Santos2

Letícia Vieira Castejón3, Edina Maria Barros de Morais4

Elisana Geralda dos Reis Lourenço4, Jorge Luiz da Silva Santos Silva4

Thalita Mariano Borges5, Thamara Roberta Pereira Silva5

RESUMO

O presente relato pretende descrever as atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos para Produção de Alimentos Seguros, pro-jeto de extensão aprovado pelo programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015, constituído por professores, técnicos e alunos do curso superior de tecnologia em alimentos que oferecem, com apoio da Vigilância Sanitária, SEBRAE e Secretaria de Agropecuária do Município de Uberlândia, capacitação em Boas Práticas de Fabricação. O projeto permite aos alunos dos períodos finais do curso aplicar seus conhecimentos nos treinamentos para microempresários, ambulantes e pequenos produtores agroindus-triais e, ao mesmo tempo, intercambiar conhecimentos com esses grupos que têm o conhecimento prático da produção alimentícia. Durante o ano de 2016, foram realizados 04 cursos de capacitação para manipuladores, sendo o primeiro em maio para 12 feirantes proprietários de bancas de pastéis, realizado em parceria com a Se-cretaria Municipal de Agropecuária; o segundo para 30 pequenos produtores e microempreendedores, em julho, durante a Semana da Família Rural; em setembro, foram capacitados os 12 servidores ter-ceirizados do refeitório do IFTM; e, em outubro, foram capacitados 36 microempresários e ambulantes em curso organizado com apoio

Page 55: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

54

do SEBRAE-MG nas instalações da Associação Comercial e Indus-trial de Uberlândia (ACIUB). Com o projeto espera-se melhorar a qualidade dos alimentos produzidos, adequar os estabelecimentos à legislação vigente e propiciar aos alunos a vivência do treinamento junto aos manipuladores.

Palavras-chave: Boas Práticas de Fabricação. Treinamento. Segurança alimentar.

1 INTRODUÇÃO

As doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) encontram-se entre os riscos mais importantes em relação à saúde pública. A conta-minação por agentes patogênicos pode ocorrer em qualquer uma das fases de destinação dos produtos ao consumo ou fazer parte da matéria-prima obtida de maneira insatisfatória do ponto de vista higiênico. Essa realidade tem como causa principal o manipulador de alimentos que, na maioria das vezes, apresenta deficiências de formação profissional.

No Brasil, estima-se que, de cada cinco refeições, uma é feita fora de casa, na Europa duas em cada seis e, nos EUA, uma em cada duas. Esses números indicam que ainda pode haver um grande aumento e desenvolvimento dos locais que produzem refeições para consumo imediato no país. Tais estabelecimentos incluem unidades de produção de porte e tipos de organização diferentes entre si, como restaurantes comerciais, restaurantes de hotéis, serviços de motéis, coffee shops, buffets, lanchonetes, cozinhas industriais, fast food, catering e cozinhas hospitalares (ARAÚJO; CARDOSO, 2002).

Nesse cenário e considerando a crise econômica que assola o país, observa-se que os ambulantes têm ocupado espaço fundamental no mercado dos serviços de alimentação devido, entre outros fatores, ao baixo custo dos produtos.

Page 56: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

55

Contudo, o comércio informal de produtos alimentícios também pode levar a problemas significativos, como a dificuldade de controle da qualidade higiênico-sanitária do grande número de alimentos de rua, devido à grande diversidade, mobilidade dos vendedores ambulantes e natureza temporária da atividade. Esta questão pode estar associada à baixa escolaridade e pouco conhecimento dos ambulantes sobre noções básicas de alimentos seguros e de boas práticas de fabricação, mas também à intenção de lucro rápido com a utilização de matéria-prima de qualidade duvidosa, tanto em termos higiênico-sanitários, quanto em relação aos aspectos nutricionais (WHO, 1996).

Nesse contexto, foi criado o núcleo de estudos para produção de alimentos seguros (NEPAS) o qual é um projeto de extensão do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) – Campus Uberlândia, que, em parceria com a Vigilância Sanitária, SEBRAE e a Secretaria de Agropecuária do município de Uberlândia, oferece cursos de capacitação em Boas Práticas de Fabricação (BPF’s) para manipuladores de ali-mentos com foco principal nos ambulantes e microempresários que ainda não se qualificaram na área de alimentos.

Esse projeto permite que alunos a partir do 3° período de Tecnologia em Alimentos do IFTM compartilhem os conhecimentos teóricos e práticos, obtidos no curso de graduação, com os microempre-endedores, ambulantes e pequenos produtores agroindustriais, grupos da área de produção alimentícia.

As capacitações dos manipuladores ocorreram com base na RDC 216, de 2004 (BRASIL, 2004), que aprova o regulamento técnico de Boas Práticas para serviços de alimentação.

Dessa forma, o objetivo deste projeto é contribuir, por meio de capacitação profissional, para formação de profissionais da área de alimentos, baseadas nas Boas Práticas, na perspectiva da produção de alimentos seguros, durante o processamento, estocagem, distribuição e alimentos preparados, para preservar qualidade e prevenir a contaminação.

Page 57: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

56

2 DESENVOLVIMENTO

O termo “manipulador de alimentos” é genericamente utilizado para classificar todas as pessoas envolvidas com alguma parte da produção de alimentos, incluindo os que colhem, abatem, armazenam, transportam, processam ou os que preparam, compreendendo, nesse universo, os trabalhadores da indústria e comércio de alimentos, ambulantes e até donas de casa (GERMANO et al , 2000 apud ANDREOTTI et al., 2003).

Entretanto, esses profissionais geralmente não têm total consciência do real perigo que as variadas fontes de contaminação representam e, também, de como evitá-la (SILVA et al., 2012). Dessa forma, a falta de esclarecimentos entre as pessoas que trabalham na produção de alimentos contribui de maneira significativa para a sua contaminação, se fazendo necessário adotar, através de capacitações, medidas sanitárias rigorosas na manutenção de um padrão adequado de higiene dos indivíduos que trabalham em serviços de alimentação (SILVA et al., 2012).

Visando colaborar para a melhoria da segurança desses ali-mentos, o presente projeto de extensão Núcleo de Estudos para Produção de Alimentos Seguros (NEPAS) objetivou a qualificação de manipuladores de alimentos da cidade de Uberlândia – MG quan-to à produção de alimentos livres de contaminação, de acordo com as exigências Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), conforme RDC 216/2004 (BRASIL, 2004). Pretendeu-se tornar a alimentação mais segura para a população, por meio da oferta de produtos de melhor qualidade, orientados pelos princípios das Boas Práticas de Fabricação.

Por sua importância e exigência pelos órgãos de fiscalização sanitária do Município, além dos cursos de Boas Práticas serem reali-zados no IFTM Campus Uberlândia, as atividades dos NEPAS são de-senvolvidas com apoio da Associação Comercial e Industrial de Uber-lândia (ACIUB) e o Serviço de Apoio a Pequenas e Micro Empresas

Page 58: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

57

(SEBRAE), por meio do Programa EMPREENDER, cujo objetivo é contribuir para o aumento da competitividade das MPME´s (micro, pequenas e médias empresas) (ACIUB, 2010) e diminuir a dificuldade de mobilização desses setores. Esses apoiadores têm papel funda-mental contatando os ambulantes e microempresários que necessi-tam da capacitação e, também, por disponibilizar o espaço para que as aulas ocorram em local central mais acessível aos participantes.

Outro apoiador do projeto que colabora desde 2015 é a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento. Essa Secre-taria apresenta a demanda dos setores de feirantes e assentados da reforma agrária que também manipulam alimentos e precisam dessa certificação para o desempenho de suas atividades.Tais parcerias se mantiveram para execução do projeto em 2016.

2.1 Apresentação e preparação para as atividades do projeto pela equipe executora

Para a execução do projeto, após a divulgação, foram selecionados três bolsistas responsáveis pela execução dos cursos. Para a seleção foram estabelecidos os seguintes requisitos: ter concluído com sucesso as disciplinas conservação de alimentos, microbiologia de alimentos e sistemas de gestão da segurança alimentar.

Como o número de candidatos qualificados excedeu o número de bolsas disponíveis, os candidatos foram convidados a participarem como voluntários, havendo duas voluntárias no projeto.

Formada a equipe, realizaram-se reuniões para apresentação do conteúdo programático do curso e seus componentes curriculares, os quais são previamente estabelecidos pela RDC 216/2004 (BRASIL, 2004). Foi permitido a cada bolsista que escolhesse, por afinidade ao assunto, o componente curricular que seria ministrado por ele.

O material didático foi elaborado com base na Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação (GICRA), publicação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para a elaboração

Page 59: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

58

do material, os estagiários/bolsistas também utilizaram as apostilas e anotações adquiridas nas disciplinas já cursadas na graduação.

Os roteiros de aulas preparados foram fundamentados nos tópicos exigidos pela legislação, abordando-se os temas: doenças trans-mitidas por alimentos, saúde do manipulador, manual de Boas Práticas de Fabricação e Procedimentos Operacionais Padronizados, conservação dos Alimentos e Noções básicas sobre microbiologia.

Todos os recursos instrucionais das aulas e dinâmicas foram desenvolvidos pelos bolsistas participantes com a supervisão da coordenadora do projeto, professores e técnicos envolvidos na proposta. Materiais de consumo necessários para realizar as dinâmicas educacionais foram obtidos com recurso aprovado no Edital da PROEXT 01/2015, bem como para o pagamento de 3(três) bolsas.

Um aspecto a se destacar dos cursos é a utilização de dinâmicas para fixação de alguns conteúdos. A cada curso, novas dinâmicas são introduzidas, algumas idealizadas pelos próprios bolsistas, outras apenas adaptadas, mas que trazem bons resultados em aprendizados quando aplicadas.

2.2 Realização dos Cursos

2.2.1 Locais de realização

O primeiro curso foi ministrado no Anexo da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Uberlândia (SMAA), localizado na Avenida das Gameleiras, 10, Bairro Planalto, para 12 feirantes proprietários de bancas de pastéis em feiras livres. O recruta-mento dos participantes foi realizado pela SMAA e o curso ocorreu no período da tarde, das 13h às 16h30min, em maio de 2016.

O segundo curso ocorreu durante a Semana da Família Rural no IFTM Campus Uberlândia para 30 pequenos produtores e micro-empreendedores, inscritos por meio da EMATER –MG. Esse curso ocorreu em julho de 2016.

Page 60: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

59

O terceiro curso também foi realizado nas instalações do IFTM Campus Uberlândia, aberto à comunidade local, no qual se teve 12 participantes entre alunos e servidores terceirizados do refeitório do campus.

O quarto e último curso foi realizado em parceria com o SEBRAE/ACIUB, nas dependências da ACIUB, que se localiza na Avenida Vasconcelos Costa, 1500, Bairro Martins Uberlândia, Minas Gerais, das 19h às 22h30min, em outubro/novembro de 2016, para 36 microempresários e ambulantes.

2.2.2 Desenvolvimento dos Cursos

Todos os cursos tiveram a duração de 40 horas que é a carga horária exigida pela Vigilância Sanitária do Município.

Os participantes tiveram os conhecimentos adquiridos avaliados por meio de exercícios e dinâmicas elaborados pelos discentes bolsitas e voluntários.

Foram ministradas aulas teóricas com a utilização de slides e vídeos. Após o término de cada conteúdo, era aplicado aos participantes um questionários com questões objetivas e de múltiplas escolhas, abrangendo os conteúdos estudados, como: locais de preparo dos alimentos, destinos dos dejetos, insta-lações sanitárias, destinos do lixo, higiene dos manipuladores, uso adequado de EPI´s, métodos de conservação e utilização da água.

Como prática, foi feito teste microbiológico das mãos e objetos dos participantes, utilizando placas contendo ágar para contagem padrão, do laboratório de microbiologia do IFTM, para demonstrar as condutas de risco de manipuladores e consumidores em estabelecimentos alimentícios, observando-se a contaminação das mãos não higienizadas até mais higienizadas, unhas, cabelos, anéis, brincos, relógios, carteiras, bolsos, dinheiro. Após, fez-se a observação dos resultados das placas.

Page 61: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

60

As dinâmicas propostas no curso tinham como intuito trabalhar os conteúdos teóricos de forma lúdica uma vez que o nível de esco-laridade dos participantes era bem diversificado.

As dinâmicas realizadas foram:Gliter: demonstra como as pessoas se contaminam facilmente

sem perceber (SANTOS, 2013). Dois palestrantes, com um pouco de gliter de duas cores diferentes nas mãos, recebem os cursistas cumpri-mentando-os com aperto de mãos. Durante a palestra, solicita-se que eles observem as mãos que estarão com gliter de diferentes cores.

Brincadeira de detetive: demonstra o problema do aumento da contaminação. Faz-se um círculo, determina-se secretamente um participante para ser a bactéria e um para ser o vigilante. Os demais são alimentos a serem contaminados. O grau de dificuldade aumenta quando mais participantes são escalados como bactérias.

Lavagem de mãos com tinta guache: observa-se a importância dos pontos a serem higienizados durante a assepsia (SANTOS, 2013). De olhos vendados, alguns participantes recebem tinta guache nas mãos como se fosse sabão líquido e devem aplicar sobre as mãos como se as estivessem lavando.

Caixinha misteriosa: contendo perguntas sobre os conteúdos estudados durante curso (SANTOS, 2013).

O objetivo dessas dinâmicas foi demonstrar a importância dos cuidados e fiscalização dos alimentos preparados, garantindo a segurança dos mesmos. E, para os bolsitas e voluntários, foi um desafio a preparação, com criatividade, do material de consumo em quantidade suficiente, do tempo de aplicação e, principalmente, da postura como mediador e interlocutor do conhecimento.

No encerramento de todos os cursos, era realizada uma confraternização com entregas dos certificados.

Ao final dos cursos, foi pedido aos participantes que fizessem uma avaliação espontânea do curso. Os participantes que se manifesta-ram foram elogiosos à postura dos bolsistas e destacaram a importância do curso para suas atividades.

Page 62: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

61

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desse projeto de extensão, foi possível realizar a qualificação de 90 manipuladores de alimentos quanto à produção de alimentos se-guros, em consonância com as políticas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), auxiliando-os a se adequarem às legislações vigentes.

O curso de responsável técnico pela manipulação de alimentos é obrigatório pela legislação vigente sendo ofertado por instituições priva-das, podendo ser considerado de alto custo para manipuladores informais como os ambulantes, microempresário e empreendedores individuais. Com base nisso, a proposta contribuiu com a sociedade por possibilitar a oferta de produtos alimentícios de maior qualidade e segurança higiênico--sanitária, pois os cursos são gratuitos e acessíveis.

O projeto colaborou para bolsistas e voluntários no desenvol-vimento de habilidades e competências necessárias para o mercado de trabalho, uma vez que reforçou os conhecimentos adquiridos na academia e aprimorou suas habilidades de treinamento ao prepararem e ministrarem os cursos. Destaca-se a articulação entre o ensino e a extensão, permitindo se estabelecer um diálogo entre o conheci-mento científico relacionando-o à realidade social, pois os alunos são colocados em contato direto com profissionais, compartilhando seus problemas e dificuldades e buscando soluções.

Relata-se também a divulgação institucional realizada pelos par-ceiros externos e participantes dos cursos, demonstrando a importância das ações de extensão do IFTM.

4 NOTAS1 Doutora em Ciência dos Alimentos. Professora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. Coordenadora. e-mail: [email protected] Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Técnica em laboratório de agroindústria. e-mail [email protected] Doutora em Engenharia Química. Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. Email: [email protected] Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. 5 Voluntárias de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015.

Page 63: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

62

5 REFERÊNCIAS

ANDREOTTI, A. et al. Importância do treinamento para manipuladores de alimentos em relação à higiene pessoal. Revista Cesumar, Maringá, v.5, n.1, p.29-33, jan.-jun. 2003.

ARAÚJO, W. M. C; CARDOSO, L. Qualidade dos alimentos comercializados no Distrito Federal no período de 1997-2001. Dissertação (Mestrado). Brasília: Universidade de Brasília; 2002.

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL E COMERCIAL DE UBERLÂNDIA - ACIUB. O Programa EMPREENDER. 2010. Disponível em <http://www.empreenderuberlandia.com.br/empreender.php> Acesso em: 22nov.2014.

BRASIL. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 16. set. 2004.

SANTOS, V. S. Impacto dos treinamentos de Boas Práticas de Fabricação na produção de merenda escolar em escolas municipais de Rio Paranaíba – MG. Dissertação ( Mestrado) - Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2013.

SILVA, M. N. da et al. Importância de capacitação para manipuladores de alimentos em serviço de alimentação na cidade de Santa Maria (RS). In: SEMINÁRIO DE NUTRIÇÃO DA UNIFRA. 6., 2012, Santa Maria-RS. Anais.... Santa Maria-RS: Centro Universitário Franciscano, 2012.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Division of Food and Nutrition. Essential safety requirements for street-vended foods. (Revised edition). 1996. Disponível em: http://www.who.int/fsf/96-7.pdf Acesso em: 10 out. 2016.

Page 64: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

63

CONHECENDO O IFTMPedro Henrique Tomás1

Gustavo Amaral Coimbra2

João Pedro Tauffer Caldas3

Sarah Bárbara da Silva4

RESUMO

No ano de 2016, foi desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Campus Paracatu o projeto “Conhe-cendo o IFTM” que visou à apresentação do IFTM aos alunos de turmas de oitavo e nono ano de escolas municipais e estaduais de ensino fundamental da cidade, com a finalidade de fortalecer a marca do instituto junto à comunidade e melhorando nosso engajamento com a sociedade estudantil paracatuense. Para a realização do projeto, contou-se com toda estrutura do campus, onde os alunos visitantes conheceram todas as instalações oferecidas, além de par-ticiparem em atividades e projetos desenvolvidos pelos alunos do IFTM, com o objetivo de ilustrar algumas ações desenvolvidas não somente na área de ensino, mas também em pesquisa e extensão, comprovando que é possível uma educação gratuita com qualidade. Este relato descreve todas as etapas e as experiências que foram alcançadas com a realização do projeto, todo o desenvolvimento, além do intuito, as dificuldades e os incentivos que foram encontrados para a realização do mesmo.

Palavras-chave: Apresentação. IFTM. Estrutura. Alunos. Educação.

1 INTRODUÇÃO

O Projeto Conhecendo o IFTM visou à apresentação do instituto para alunos de escolas públicas do ensino fundamental da cidade de Paracatu (MG). Ele foi organizado de forma que os alu-nos convidados se deslocavam até o IFTM Campus Paracatu-MG e conheciam todas as instalações do instituto e os cursos técnicos e superiores oferecidos pela instituição.

Page 65: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

64

O projeto possibilitou trabalhar as várias áreas de conheci-mento, como ciências exatas, biológicas, engenharias, ciências sociais e humanas, além de focar nas temáticas de tecnologia, educação, cultura, trabalho e comunicação. Destacaram-se dois pontos pedagógi-cos: a interdisciplinaridade e a flexibilidade curricular. Entendemos que a interdisciplinaridade compreende a integração entre os saberes e saberes específicos, produção do conhecimento e intervenção social, de maneira a articular diferentes áreas do conhecimento, a ciência, a tecnologia e a cultura para que a pesquisa seja assumida como princí-pio pedagógico. Já a flexibilidade curricular permite as possibilidades de ajustes na estrutura do currículo e na prática pedagógica em consonância com os princípios da interdisciplinaridade, da criativi-dade e da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, que fundamentam a construção do conhecimento.

Este projeto tem por objetivo apresentar os cursos ofere-cidos pelo IFTM, bem como a estrutura do instituto, a todos os alunos de escolas públicas, com a finalidade de despertar nos alunos o interesse pelos cursos que oferecemos, buscando, através de pa-lestras no nosso auditório e atividades diversas, informar sobre as principais áreas de atuação e o que é ensinado nos nossos cursos técnicos e superiores.

O projeto buscou despertar o interesse dos alunos a se in-gressarem no vestibular do IFTM, já que, em diversas vezes, os alu-nos não sentem interesse pelo Instituto por não conhecer sua estru-tura e organização.

Ao criar este projeto, pretendemos que, quando o aluno se inscrever no nosso processo seletivo, ele esteja mais bem informado sobre o curso que escolheu, a fim de diminuir o índice de evasão.

A cada visita, o desejo de fazer parte do IFTM cresceu em muitos, foi percebida essa evolução devido à análise dos questionários que foram aplicados a cada visita ao Instituto, pois os alunos respondiam com liberdade sobre as suas percepções da visita.

Page 66: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

65

O projeto Conhecendo o IFTM tem ações eficazes para a maior divulgação da marca IFTM junto à comunidade estudantil paracatuense, pois acreditamos que o IFTM poderá possibilitar um ensino de qualidade e oferecer mão de obra qualificada para suprir as carências da região, tanto com os cursos técnicos como com os cursos superiores.

2 CONHECENDO O IFTM

O projeto Conhecendo o IFTM foi desenvolvido com o intuito de levar aos alunos da rede pública do município de Paracatu (MG) informações sobre o IFTM Campus Paracatu, tais como o funciona-mento do instituto, a relação da instituição com seus alunos e relatos dos próprios alunos sobre o campus, sejam esses os bolsistas ou convi-dados que participaram do projeto.

A fase inicial foi marcada pela preparação dos bolsistas para a apresentação de suas respectivas áreas às escolas convidadas. Os meses de abril e maio foram utilizados para a confecção das apresentações em slides, bem como o desenvolvimento postural de cada um que iria apre-sentar os cursos técnicos. Foram também realizadas, conjuntamente com a orientadora Raquel Barbosa Machado, que desenvolveu o projeto, buscas e pesquisas para levantar dados quanto ao número de alunos da rede pública que cursavam o oitavo e nono ano do En-sino Fundamental II no ano de 2016. Esses dados ajudaram a prepa-rar como funcionaria cada visita e a dividir e organizar o tempo disponí-vel para o desenvolvimento das atividades. Ademais, a pré-operação contou com a preparação de um questionário que foi aplicado às escolas visitantes. O questionário tinha como função nos oferecer dados para que acompanhássemos os resultados do projeto e sobre o perfil das escolas que participariam conosco. Foi perguntado sobre a preferência aparente de qual curso os alunos gostariam de fazer, assim como se havia algum outro curso técnico em mente para se aplicar no instituto, além disso, pedimos uma avaliação de cada apresentação.

Page 67: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

66

A partir da última semana de maio, foram iniciadas as visi-tas, que inicialmente contaram com o apoio de alguns servidores na hora da apresentação dos cursos disponíveis no campus. Foram con-vidados servidores das áreas de eletrônica, informática e adminis-tração e, também, contamos com a participação de alunos egressos. Depois de algumas visitas, passamos a convidar os próprios alunos do IFTM Campus Paracatu para contar e demonstrar sobre suas ex-periências sobre os cursos técnicos, enquanto estudantes da institui-ção. Todos que nos ajudaram foram muito solícitos e dedicados à proposta, tornando ainda melhores as visitas e facilitando a missão do projeto. Além da apresentação oral dos bolsistas e colaboradores, utilizamos outros materiais: folhas impressas com os questionários, pastas de papéis e canetas.

O projeto sofreu mudanças em seu decorrer, pois a mentora e orientadora, Raquel Barbosa Machado, precisou transferir a orientação do mesmo para outro servidor, sendo o projeto então abraçado pelo professor Pedro Henrique Tomás com apoio da professora Janice Queiroz de Pinho Gonçalves. Os novos orientadores deram sequência, dedicadamente, ao projeto realizando diversas visitas, complementando e aperfeiçoando as atividades realizadas. Para as visitas, contamos com algumas parcerias de outros projetos de extensão em execução: a robótica e o projeto de lógica se tornaram grandes parceiros em nossas apresentações, juntamente com seus orientadores. Além do apoio de vários servidores do IFTM, entre os quais podemos destacar: Geraldo Wagner de Matos, Emerson Andrade Câmara, Edwar Saliba Júnior, Márcio Silva Andrade, Gustavo Alexandre Oliveira Silva, Leonardo Mendes Marinho, Celi Hipólito Dutra, Gustavo de Souza Neves, Michele Ruzichki e Janaína Maria Oliveira Almeida.

Nessas visitas, percebemos diferentes tipos de alunos, e com a aplicação do questionário, pudemos perceber que mais de 80% desses alunos responderam sim ou talvez, quando perguntados sobre o

Page 68: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

67

interesse de ingressar no instituto, sendo importante frisar que muitos deles fariam a prova no ano de 2016 por estarem no nono ano do ensino fundamental de suas respectivas escolas. Entretanto, esses alunos tinham muitas dúvidas de como se inscrever no processo seletivo e outras acerca do funcionamento do colégio, o dia a dia dos alunos do IFTM, questões sobre as normas da instituição e sobre os cursos que o instituto oferece.

O Projeto conhecendo o IFTM, portanto, dedicou-se a sanar as dúvidas supracitadas e fomentar nos visitantes a vontade de se tor-nar parte da instituição, bem como apresentar os aspectos de cada curso para facilitar a escolha dos inscritos quanto às opções dispo-nibilizadas. Os alunos, durante as apresentações, puderam entender algumas características dos cursos de administração, eletrônica e in-formática, correlacionando suas próprias características pessoais aos cursos apresentados, estimulando-os mais a se inscrever no processo. Durante as visitas, também eram feitos passeios no campus com o intuito de mostrar sua infraestrutura e os locais onde cada curso desenvolve suas atividades.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto atingiu seu objetivo inicial por meio de parcerias com escolas municipais e estaduais para chegar até os alunos e despertar neles a vontade de estudar em uma instituição pública, gratuita e de qualidade.

Além da parceria com escolas, obteve-se também uma página na rede social Facebook para reafirmar o compromisso com toda a sociedade. Foi realizada com sucesso a aplicação de questionários para avaliar o desempenho de cada apresentação (Informática, Eletrônica e Administração), e a grande maioria, mais de 90%, achou ótima a apresentação dos cursos. Já, a respeito de qual curso pretendiam fazer, 40% dos entrevistados responderam Eletrônica, 30% Administração e 30% Informática.

Page 69: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

68

Após 8 meses de projeto, conclui-se que é possível aumen-tar o interesse da população e tornar o IFTM Campus Paracatu uma instituição mais conhecida e mais valorizada. Apesar de problemas enfrentados, prevaleceu a boa convivência e a autocrítica madura, tanto por parte dos orientadores como pelos orientandos. Foi dado mais um pequeno e importante passo para uma educação cada vez melhor, popular e justa.

4 NOTAS

1 Especialista em Informática na Educação. Professor EBTT do IFTM Campus Paracatu - MG. [email protected] Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01//2016. [email protected] Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01//2016. [email protected] Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01//2016. [email protected]

Page 70: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

69

ANEXO I - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 71: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

70

CONSULTORIA SOCIAL Flávia Ferreira Marques Bernardino1

Ana Flávia Martins de Lima2

Beatriz Isidoro de Medeiros3

Rafael Cisneiros Lenine4

RESUMO

O projeto teve por objetivo analisar e auxiliar a gestão interna de uma organização não governamental, propondo iniciativas voltadas para a estruturação financeira da organização, com o enfoque na otimização do processo decisório. Nesse sentido, foram apresentados instrumen-tos de gestão e análise financeira, como o fluxo de caixa e indicadores financeiros, para que pudessem auxiliar os gestores da organização. A proposta incluía ainda o treinamento dos gestores de modo que pudessem compreender e aplicar tais ferramentas na rotina da gestão. Para tanto, foram realizadas visitas à ONG selecionada e coletados dados e informações que subsidiassem o trabalho. Posteriormente, foram realizadas análises, elaborados relatórios e apresentados à em-presa. Também foi implementado um treinamento dos gestores para capacitá-los a compreender e utilizar os instrumentos de apoio.

Palavras-chave: Processo decisório. Gestão financeira. Organização não Governamental.

1 INTRODUÇÃO

O projeto de extensão denominado Consultoria Social consistiu em uma proposta de capacitação e consultoria desenvolvido junto à ONG Estação Vida, cujo objetivo foi analisar a gestão interna da insti-tuição, propondo iniciativas voltadas para a estruturação financeira da mesma, com o enfoque na otimização dos resultados.

As Organizações Não Governamentais (ONGs) desempenham um importante papel na sociedade, pois contribuem para a geração

Page 72: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

71

do bem-estar social e melhoria da qualidade de vida de pessoas em risco de exclusão social. Contudo, em sua maioria, elas apresentam deficiência em sua gestão, necessitando de capacitação gerencial, bem como, assessoria empresarial, para profissionalizar o processo de tomada de decisão e aumentar a eficiência com que são administradas e, consequentemente, a geração de valor social.

Uma boa gestão é fundamental para qualquer organização gerar valor, porém as ONGs costumam apresentar graves deficiências nessa área, desenvolvendo uma gestão não profissional, devido à falta de recursos financeiros e a não capacitação gerencial de seus adminis-tradores, além da preocupação em demasia com a geração de valor social, em detrimento do desenvolvimento de soluções de negócios. Essa carência acarreta muitos transtornos às ONGs, comprometendo inclusive sua sobrevivência no longo prazo.

Nesse sentido, esse projeto de extensão se justifica, porque pretendeu auxiliar uma organização a suprimir essa deficiência, à medida que forneceu assessoria na área gerencial e acompanhamento da implan-tação do projeto de melhoria definido conjuntamente entre os membros organização selecionada, consultores e professores do IFTM.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As Organizações Não Governamentais (ONGs), assim como as demais entidades, buscam parte dos recursos que neces-sitam perante terceiros, a saber nas instituições públicas, em forma de subsídios recebidos dos governos, junto às instituições privadas, como empréstimos dos bancos, ou mesmo junto à comunidade, em forma de contribuições. Consequentemente, tais organizações se veem obrigadas a prestar contas sobre seu desempenho aos seus financiadores.

Conhecer bem as demonstrações financeiras e saber extrair as informações que elas disponibilizam auxiliam no processo decisório de qualquer organização. Segundo Matarazzo (2010, p.4):

Page 73: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

72

As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanços transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir. (MATARAZZO, 2010, p.4)

As demonstrações contábeis, de acordo com o CPC 26, têm como propósito o “atendimento das necessidades informacionais de usuários externos que não se encontram em condições de requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas neces-sidades peculiares”. No entanto, como as demonstrações contábeis são também uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade, os usuários internos, como os gestores, comumente se orientam pelas informações disponibilizadas nesses relatórios.

Os principais demonstrativos contábeis de uma ONG são: Balanço Patrimonial, Balancete de Verificação, Demonstração de Resultado. O Balanço Patrimonial é um instrumento muito rico em informações, bastante utilizado na análise financeira. Bruni (2010, p. 02) define o Balanço Patrimonial da seguinte forma: “O primeiro e mais básico relatório da Contabilidade preocupa-se a apresentar, de forma distinta, bens e direitos separados das obrigações e patrimônio líquido”.

No desenvolvimento de suas atividades, as ONGs acabam contraindo obrigações (dívidas) junto a terceiros, as quais devem honrar em um determinado momento. Estas obrigações, assim como os bens e direitos, são evidenciadas no Balanço Patrimonial, que é um dos demonstrativos fundamentais para a gestão e para elaboração dos índices que iremos apresentar.

O balancete de verificação, por sua vez, é um importante demonstrativo auxiliar que relaciona os saldos das contas contábeis, existentes no diário e que é comumente utilizado para fins geren-ciais, como, por exemplo, analisar o resultado do período, antes mesmo da apuração desse resultado pela contabilidade. O grau de

Page 74: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

73

detalhamento do balancete de verificação deverá estar adequado à finalidade do mesmo. Geralmente, o balancete é disponibilizado mensalmente, servindo de suporte aos gestores para visualizar a situação da empresa diante dos saldos mensurados, por ser um demonstrativo de fácil entendimento, de grande relevância e utilidade prática.

As ONGs devem informar aos terceiros interessados, no caso à sociedade e aos órgãos governamentais, seu desempenho econômico e sua capacidade de gerir os recursos demonstrando seu lucro ou prejuízo alcançado no período. A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) tem como objetivo básico, demonstrar como se chegou ao lucro ou ao prejuízo obtido pela instituição durante deter-minado período (exercício social). Para tanto, apresenta as contas de receitas e despesas, de modo ordenado.

2.2 Análise financeira e econômica

No processo de gestão e tomada de decisão, a análise financeira da entidade se mostra como um instrumento útil, tanto para os usuários internos como para os externos. É importante para o gestor conhecer a saúde financeira de uma organização, em determi-nado momento, avaliar sua capacidade de cobertura (pagamento) das exigibilidades de curto e longo prazo. Para isso ele se utiliza dos índices de liquidez, que informa de quantos reais a empresa dispõe nos seus Ativos para fazer face aos compromissos e obrigações assumidas que estão contempladas nos seus Passivos.

Uma empresa “líquida” é aquela que pode facilmente satisfazer suas obrigações de curto prazo, no vencimento. Os principais índices de liquidez são: Índice de Liquidez Corrente; Índice de Liquidez Seca; Índice de Liquidez Imediata e Índice de Liquidez Geral.

Um dos índices financeiros mais comumente citados. Mede a capacidade da empresa para satisfazer suas obrigações de curto prazo. Calcula-se dividindo seu Ativo Circulante pelo Passivo Circulante.

Page 75: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

74

Segundo Iudícibus (2010, p. 94), o quociente de liquidez corrente “é um índice muito divulgado e considerado como o me-lhor indicador da situação de liquidez da empresa”. Esse indicador faz uma relação com os elementos do ativo que podem ser transfor-mados, em curto prazo, em dinheiro para que saldem as obrigações também de curto prazo.

Semelhante ao índice de liquidez corrente, com a diferença que exclui os estoques do ativo circulante, pois é um ativo de menor liquidez, de acordo com Gitman (2007). Os analistas de instituições concedentes de crédito, por vezes, consideram um valor excessivo no estoque como sendo uma atitude errônea da empresa em relação a sua gerência de compra e venda de produtos, podendo vir a difi-cultar a concessão de financiamentos.

O índice de liquidez imediata, por sua vez, trata-se de um índice conservador, pois considera apenas caixa, saldos bancários e aplicações financeiras de liquidez imediata para quitar obrigações (GITMAN, 2007). Excluem-se estoques e contas a receber.

O índice de liquidez geral possibilita observar a saúde financeira de longo prazo da empresa (IUDÍCIBUS, 2010). É preciso, porém, estabelecer uma relação dos índices com os prazos a que são submetidos cada cumprimento dos passivos e os rece-bimentos dos ativos.

2.3 Fluxo de caixa

Controlar as entradas e saídas de dinheiro é questão de sobrevivência em qualquer organização. Para tanto, as organizações utilizam de um relatório que, de forma condensada, informa toda a movimentação de dinheiro que ocorreu em determinado período. Esse relatório é chamado de Fluxo de Caixa.

Para Frezatti (1997, p. 14), “a gestão do fluxo de caixa não se constitui em preocupação exclusiva das grandes empresas, ou mesmo da-quelas voltadas para a obtenção do lucro, mas das organizações em geral”.

Page 76: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

75

Como a organização depende do dinheiro em caixa para fazer frente às suas obrigações, é importante elaborar um relatório que a auxilie a ter uma visão de quanto tem disponível e de quanto vai precisar para suprir suas necessidades atuais e futuras. Por meio do fluxo de caixa, a ONG pode se organizar e definir antecipadamente seus objetivos e metas a serem alcançadas, além de conhecer sua necessidade de financiamento.

Segundo Assaf Neto e Silva (2002), o fluxo de caixa relaciona os ingressos (entradas) e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo.

A elaboração do fluxo de caixa auxilia os gestores nas tomadas de decisões empresariais criando uma estratégia financeira do seu caixa. A sua adoção possibilita uma boa gestão dos recursos financeiros, evitando situações de insolvência ou falta de liquidez que representam sérias ameaças à continuidade das organizações.

A correta utilização desse instrumento permite, ainda, conhecer o grau de independência financeira e a necessidade de capitação de recursos, tanto para capital de giro como para aplicações permanentes.

Portanto, este trabalho procurou focar na proposição do fluxo de caixa e na elaboração dos indicadores de liquidez, de forma a demonstrar para os gestores da ONG a situação financeira atual e auxiliar nas tomadas de decisão futuras e nos processos de captação de recursos junto aos financiadores.

3. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido em forma de estudo de caso. Segundo Vergara (2007, p.49), “Estudo de caso é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”.

Nesse sentido, primeiramente foi escolhida a ONG a ser be-neficiada com o projeto. Na sequência foi realizada uma entrevista

Page 77: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

76

com a gestora responsável pela ONG, para conhecer a realidade da gestão praticada na organização.

Feito o levantamento inicial e conhecidas as necessidades da ONG, passou-se à fase de coleta de informações financeiras, junto ao contador da mesma. Posteriormente, foram elaborados os demonstra-tivos da análise e a confecção de um Fluxo de Caixa interativo, para a ONG entrar com as informações financeiras de cada projeto que reali-za e ter a sua disposição um orçamento e fluxo de caixa previsto.

Por fim, foram apresentados à organização os controles e instrumentos financeiros que, supomos, seriam importantes aliados da gestão na tomada de decisões.

4. RESULTADOS

Os resultados alcançados foram satisfatórios, embora tenha se tratado de uma organização não governamental, que sobrevive de doações, inclusive dos serviços contábeis e não tivemos acesso a todas as informações necessárias para a análise.

Foram calculados os principais índices mencionados no referencial teórico, com base nas informações financeiras dispo-nibilizadas pela ONG, como forma de subsidiar a gestora no pro-cesso de prestação de contas e também de argumentação junto a potenciais fontes de financiamentos necessários à instituição. O projeto proporcionou ainda a capacitação da gestora, quanto à continuidade do cálculo dos indicadores para períodos posteriores e também quanto à interpretação de tais instrumentos, de forma que ela pudesse compreender as informações ali presentes.

Também foi apresentado o Fluxo de Caixa, o qual funciona-rá como um instrumento de previsão para os eventos/projetos desenvolvidos pela ONG. Como a instituição sempre promove eventos como forma de arrecadar dinheiro para sua subsistência, ela poderá conhecer de antemão, se o projeto/evento produzirá fluxos positivos de caixa, ou se o mesmo não será viável.

Page 78: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

77

5. DISCUSSÕES

O presente trabalho, como dito anteriormente, apresentou limitações. Uma delas foi a dificuldade de acesso aos relatórios contá-beis da ONG, que era de suma importância para o desenvolvimento do trabalho. Outro aspecto foi a dificuldade de conciliar os horários dos bolsistas para as reuniões na organização, por serem de turnos diferentes. A apresentação final para a ONG com todos os integrantes ficou pendente, para apresentação em data posterior ao fechamento do projeto, devido à agenda dos participantes do projeto.

No entanto, com relação ao aprendizado, é importante destacar que tal experiência foi fundamental para formação pessoal e vida acadê-mica dos discentes envolvidos, pois eles puderam aplicar na prática os conhecimentos teóricos aprendidos nos cursos. Foi trabalhado ainda o aspecto social da formação, uma vez que a entidade beneficiada foi uma Organização não Governamental, celeiro para o empreendedo-rismo social e a atuação voluntária.

Durante o projeto, pode-se aplicar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Gestão Financeira, Matemática Financeira, Orçamento Empresarial, Gestão de Custos e Finanças – disciplinas constantes na estrutura curricular nos cursos Superiores de Tecnologia em Logística e Marketing e no curso Técnico em Administração.

6. CONCLUSÃO

O projeto teve por objetivo analisar e auxiliar a gestão interna de uma organização não governamental de Uberlândia/MG, propondo iniciativas voltadas para a estruturação operacional e financeira da mesma. Nesse sentido, foram apresentados instrumentos de gestão financeira, como o fluxo de caixa e análise de indicadores, para que pudesse auxiliar os gestores da organização no processo decisório. A proposta incluía ainda o treinamento dos gestores de modo que pudessem compreender e aplicar tais ferramentas na rotina da gestão.

Page 79: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

78

O êxito só não foi maior devido ao fato de ser uma organização não governamental, que conta com doações, inclusive em relação aos ser-viços contábeis, o que dificultou o acesso a informações primordiais a dados que seriam utilizados na consultoria.

Como sugestão para trabalhos futuros, indicamos uma organização que disponibilize amplo acesso às informações necessárias ao trabalho e, também, a ampliação do escopo do trabalho, com suporte e treinamento em áreas como recursos humanos e marketing.

4 NOTAS

1 Mestre em Administração pela FAGEN/UFU. Doutoranda em Ciências Contábeis pela FACIC/UFU Professora do IFTM Campus Uberlândia Centro, MG. E-mail: [email protected] Bacharel em Admnistração pela UFU. Discente do curso Superior de Tecnologia em Marketing. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2016. E-mail: [email protected] Discente do curso Técnico em Administração, integrado ao ensino médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 06/2016. E-mail: [email protected] Discente do curso Superior de Tecnologia em Logística. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2016. E-mail: [email protected].

5 REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, A., SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

BRUNI, A. L. Administração de custos, preços e lucros. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

FREZATTI, F. Gestão do fluxo de caixa diário: como dispor de um instrumento fundamental para o gerenciamento do negócio. São Paulo: Atlas, 1997.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São Paulo: Harbra. 2007.

Page 80: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

79

IUDÍCIBUS, Sergio de et al. Manual de contabilidade societária: aplicada a todas as sociedades – De acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo: Atlas, 2010.

MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanço. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

Page 81: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

80

CORUJÃO TECNOLÓGICOCintia Carvalho Oliveira1

Dênis Henrique de Deus Lima2

Rafael de Oliveira Carvalho Soares3

RESUMO

O projeto Corujão Tecnológico é um evento produzido para integração dos alunos de cursos Superiores e Técnicos Integrados ao Ensino Médio juntamente com as coordenações de ensino, pesquisa e extensão do Instituto Federal do Triângulo Mineiro Campus Patrocínio. A importância de eventos de tecnologia na região é estimular cada vez mais a formação de mão de obra qualificada para empresas e estimular a criação de novos produtos no mercado. Nesse evento, os envolvidos participaram de doze horas de atividades tecnológicas e culturais, a saber, campeonatos de robótica, palestras, minicursos, maratona de programação, campeonatos de jogos, feira de amostra de novos produtos, entre outros. A fim de disseminar conhecimento, cultura, troca de informações e contatos no setor de tecnologia da informação, ressalta-se ainda que, em momento específico do evento os participantes contaram com uma atividade cultural para criar um ambiente com troca de experiências, divulgação dos parceiros do evento e criação de networking.

Palavras-chave: Projeto de extensão. Tecnologia. Corujão Tecnológico.

1 INTRODUÇÃO

Devido ao natural avanço econômico e político da região, a cidade Patrocínio se desenvolve, porém percebemos que tal desenvol-vimento não chega efetivamente aos setores de educação e tecnologia das escolas públicas da cidade. O setor tecnológico se tornou uma fundamental ferramenta em organizações, a fim de impulsionar o

Page 82: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

81

sucesso das mesmas, possibilitando assim novos meios de desenvolvi-mento e crescimento dentro de um mercado altamente competitivo (JUNIOR; PENHA; SILVA, 2013). Seguindo esta ideologia, o Corujão Tecnológico foi planejado a fim de ofertar a todas as pessoas da região, as quais são admiradoras de tecnologia e inovação, diversos minicursos e palestras de capacitação profissional, além de atividades culturais e competições tecnológicas, tais como maratona de programação, campeonato de robótica e campeonatos de jogos eletrônicos.

Desse modo, para ser realizado, contamos com a ajuda de docentes do IFTM Campus Patrocínio e, majoritariamente, de alunos dos cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio e dos cursos Su-periores de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e de Tecnologia em Gestão Comercial.

O projeto teve como missão estimular relações de instituições científico-tecnológicas, comunidade interna e externa e, assim, colaborar para a disseminação de conhecimento e geração de novos produtos para o mercado. O evento se pôs junto a várias organizações dos mais diferenciados setores a fim de motivar a inovação sustentável interligada à tecnologia e assim contribuir para o desenvolvimento aca-dêmico e profissional de todos os participantes.

A programação do evento foi planejada a fim de atender todo o público interessado por tecnologia e inovação e que queria se inteirar sobre tecnologias utilizadas no mercado de desenvolvimen-to de software e hardware, eletrônica e temas ligados à computação e tecnologia da informação de uma forma em geral.

O objetivo geral do projeto Corujão Tecnológico foi o de criar um ambiente para disseminação de conhecimento, trocas de experiências e motivação para os atuais e futuros profissionais do ramo de tecnologia da informação.

Os objetivos específicos do projeto foram:• repassar novos conhecimentos através palestras com profissionais

atuantes do setor de tecnologia da informação;

Page 83: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

82

• disseminar novos conhecimentos com a realização de diversos minicursos, os quais possuíram os mais variados temas, todavia todos apresentaram conceitos e ferramentas que são muito utilizados no mercado de trabalho, ou seja, que vai além do contexto acadêmico e tenta aproximar os participantes da realidade das empresas;

• o estímulo ao trabalho em grupo, a criatividade e a resolução de problemas sob pressão através da maratona de programação;

• promover a troca de contatos e pensamento estratégico com a proposta de diversos campeonatos de jogos eletrônicos em equipe e individuais.

2 DESENVOLVIMENTO

Foram realizadas diversas pesquisas, as quais mensuraram todo o material e pessoal que seria necessário para que tudo ocorresse de acordo com o planejado para o evento. Além disso, foi realizada uma estimativa de público que o evento comportaria de acordo com a estrutura do campus.

Para a realização das atividades e oferta de lanches aos participantes durante a programação, foi conseguido com empresas locais apoio financeiro e de parte dos materiais necessários para execução do que foi proposto e planejado para o evento.

Houve grande interação entre os participantes através das atividades tecnológicas e culturais as quais estavam à disposição dos participantes durante todo o evento, tais como campeonato de robótica, palestras, minicursos, maratona de programação e campeonatos de jogos eletrônicos.

2.1 Descrição dos procedimentos metodológicos

O projeto Corujão Tecnológico foi aprovado através do Edi-tal 01/2016 e realizado no período de abril/2016 a dezembro/2016, em conjunto de docentes e discentes dos cursos Técnicos Integra-dos e Superiores do Campus Patrocínio.

Page 84: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

83

As ações e planejamentos se basearam nas duas últimas edições do evento, as quais ocorreram em 2014 e 2015 e contaram com público estimado em 300 e 450 pessoas, respectivamente. O maior diferencial da edição atual deste projeto foi a maior participação das empresas da região, as quais não mediram esforços para auxiliar com o desenvolvimento do mesmo.

2.1.1 Divulgação do projeto

O projeto foi amplamente divulgado através das redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter, além também de contar com um canal interativo no YouTube, em que foram divulgados diversos vídeos explicativos sobre o evento de uma forma divertida e prática. Além disso, um site foi desenvolvido por alunos, o qual disponibilizou os regulamentos do evento e dos campeonatos específicos, além de ter sido utilizado para realização das inscrições dos participantes e das equipes dos campeonatos.

2.1.2 Execução do projeto

Foram realizadas diversas reuniões para debater a respeito da organização e programação do evento, a fim de planejar e mensurar a quantidade de materiais, serviços e pessoas que seriam necessárias para a concretização do evento em si.

A elaboração de documentos de apresentação do projeto e bons diálogos com os responsáveis das empresas da região foram essenciais para conseguir apoio para a realização das atividades propostas no evento, além do fornecimento de lanches servidos durante a programação.

Com 700 vagas liberadas, toda a estrutura do campus foi aproveitada, alocando, em todas as salas e laboratórios, as atividades planejadas para o evento. Todas as vagas foram preenchidas antes mesmo do encerramento do prazo das inscrições.

Page 85: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

84

Todas atividades planejadas para a noite e para a madrugada foram executadas no evento sem empecilhos: minicursos, palestras, campeonatos e transmissões de jogos eletrônicos, maratona de programação, campeonato de robótica, salas com atividades interativas, tais como RPG de mesa e sala com jogos retrô, foram todos realizados sem qualquer tipo de empecilho.

2.2 Resultados e Discussão

Obtivemos um resultado positivo perante o planejamento e estrutura que foi ofertada no ano de 2016, na qual foi disponibilizado quase o dobro de vagas se comparado à última edição, a do ano de 2015. Contamos, inclusive, com participação de inscritos de outras cidades, como Monte Carmelo, Uberlândia e Serra do Salitre.

Houve um grande trabalho em conjunto, em que os alunos de todos os cursos do campus trabalharam de maneira impetuosa antes, durante e pós-evento, preparando e organizando os laboratórios e salas para recepcionar o público aguardado composto por um total de 700 participantes.

Mesmo com o grande número de participantes externos ao campus, não foram relatados qualquer tipo de problemas no decorrer do evento, dessa forma, os participantes interagiram e trocaram ideias de maneira amistosa e amigável, trocando conhecimento e criando uma nova rede de contatos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho e dedicação da equipe desenvolvedora, composta por docentes e discentes que se dispuseram a ajudar na organização e realização do evento, foi de grande importância e foram responsáveis pelo sucesso do evento.

Tendo obtido um feedback positivo com a realização desta edição, espera-se que o Corujão Tecnológico continue sendo realizado

Page 86: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

85

tradicionalmente nos anos posteriores por ser um diferencial na região de Patrocínio. O evento traz minicursos e palestras diversificadas que vão além do que é visto em sala de aula e, também, inovações tecnológicas e ferramentas que são vistas e utilizadas no mercado de trabalho. Além disso, atividades de entretenimento, tais como jogos e dinâmicas em grupo, serão muito bem-vindas, também, nas próximas edições.

O bolsista do projeto relatou que houve um grande crescimento cognitivo e pessoal devido ao fato de ter havido maior integração com os discentes e docentes do campus. Destacou, também, a opor-tunidade de ter conversado com responsáveis das empresas da região e de poder conhecer mais sobre o comércio e administração local.

4 NOTAS

1 Mestre em Ciência da Computação. [email protected] – Professora Orientadora.2 Especialista em Engenharia de Software com Métodos Ágeis. [email protected] – Professor Coorientador.3 Aluno do 6º período do Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. [email protected] – Aluno Bolsista.

5 REFERÊNCIAS

JUNIOR, I. P. G.; PENHA, L. M.; SILVA, C. M. A importância da tecnologia da informação como ferramenta para o processo da gestão hospitalar no setor privado: um estudo de caso em uma organização hospitalar em Feira de Santana (BA). Revista de Gestão em Sistemas de Saúde – RGSS, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 91-115, jan/jun. 2013.

Page 87: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

86

IF NA ESCOLA: COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO E CULTURA

Vinícius Felipe Oliveira1, Maísa Cecília Ferreira2

Natan Cassiano Santos Pires3, Tamara Oliveira Duarte4Camila Cunha Oliveira Giordani5, Jeanne Gonçalves Rocha6

RESUMO

Considerando a necessidade de fixar estratégias que favoreçam a difusão de informações relacionadas ao IFTM Campus Patrocínio, o Projeto IF na Escola: comunicação, informação e cultura visa, precipuamente, apresentar a instituição, bem como atividades de ensino, pesquisa, extensão e cultura à comunidade patrocinense. O projeto IF na Escola: comunicação, informação e cultura, mais que continuar as ações de projetos anteriores, tem como objetivo geral valorizar o IFTM Campus Patrocínio enquanto instituição produtora de conhecimento e fomentadora do desenvolvimento local, por meio de atividades transdisciplinares voltadas para a difusão de informa-ções relativas à educação profissional e tecnológica, contribuindo para o combate à evasão. Diante disso, o IF na Escola, ao pro-mover a difusão das ações e saberes do IFTM Campus Patrocínio, intenta contribuir para a popularização da ciência e tecnologia e, por consequência, despertar na comunidade a necessidade de buscar novas alternativas de formação, contribuindo para a redução das desigualdades sociais. O IF na Escola almeja também, diante do exposto, ser um projeto de comunicação, tentando promover o intercâmbio de saberes entre o IFTM Campus Patrocínio e as instituições parceiras

Palavras-chave: Extensão. Comunicação. Educação profissional. IFTM Campus Patrocínio.

Page 88: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

87

1 INTRODUÇÃO

O contexto atual da educação profissional no Brasil, na qual a democratização do acesso aos vários níveis e o combate à evasão se impõem como necessidade, é preciso que sejam traçadas estratégias para que a informação sobre o ingresso nas escolas de ensino técnico e tecnológico seja difundida satisfatoriamente. Não se trata apenas da oferta e reserva de vagas. O desafio é garantir que o público tenha conhecimento dos processos de seleção, dos programas de acesso e permanência e, mais que isso, entenda a importância dessa formação para a vida. O projeto de extensão IF na Escola, desenvolvido ao longo do ano de 2016, realiza ações que visam apresentar o IFTM Campus Patrocínio a instituições públicas de ensino de Patrocínio.

O projeto IF na Escola: comunicação, informação e cultura, mais que continuar as ações de projetos anteriores, tem como objetivo geral valorizar o IFTM Campus Patrocínio enquanto instituição produtora de conhecimento e fomentadora do desenvolvimento local, por meio de atividades transdisciplinares voltadas para a difusão de informações relativas à educação profissional e tecnológica, contribuindo para o combate à evasão. Os objetivos específicos foram:

• fortalecer a imagem do IFTM Campus Patrocínio como ofertante de ensino público e de qualidade, consolidando-o como fomentador de conhecimento científico e tecnológico na região;

• apresentar os cursos ofertados no IFTM Campus Patrocínio como oportunidade de melhoria de vida e despertar o interesse dos alunos das instituições de educação, enfatizando os princípios de democracia, inclusão, verticalização e interdisciplinaridade;

• orientar os estudantes sobre o processo seletivo, programas de permanência e outras informações com vistas a aumentar o número de participantes da rede pública de educação nessa atividade;

• favorecer o intercâmbio científico e tecnológico entre o IFTM e a comunidade externa de Patrocínio e região.

Page 89: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

88

Assim, buscou-se desenvolver atividades inter e transdisciplinares voltadas para a difusão de informações relativas à educação de formação profissional e tecnológica ofertada pelo IFTM Campus Patrocínio, como alternativas para a melhoria na qualidade de vida, contribuindo para a popularização da ciência e da tecnologia. Acredita-se que este projeto contribua no sentido em que proporciona momentos de articulação entre o Instituto e a sociedade, por meio de atividades voltadas ao conhecimento científico e tecnológico, reforçando os princípios de inclusão social e fortalecimento da cidadania.

2 METODOLOGIA

O projeto foi desenvolvido no formato de encontros, em cada instituição parceira, durante o período de abril a novembro de 2016. Cada encontro teve como público-alvo tanto os alunos do ensino médio quanto os concluintes do ensino fundamental. Nos encontros, foram realizadas palestras interativas a fim de tratar de informações relativas à instituição, bem como dos cursos ofertados pelo Campus Patrocínio. A ideia é destacar a instituição como parte da rede federal de ensino e enfatizar a formação integral dos estudantes e à preparação para o mercado de trabalho. O tema de cada palestra, relativo a determinado curso, leva em consideração sua compatibilidade com o público em questão.

Nesse sentido, as atividades em questão foram desenvolvidas em forma de mostra de trabalhos e produtos, elaborados pelo próprio corpo docente e alunos do instituto. A intenção é trabalhar com as áreas do conhecimento da forma mais didática possível, proporcionando aos alunos entendimento da proposta dos cursos apresentados.

Por fim, a equipe executora proporcionou aos alunos visitas ao campus para o desenvolvimento de atividades culturais em espaços e cenários característicos que estimulem o intercâmbio tecnológico/cultural. Para esse momento, em especial, o envolvimento dos alunos extensionistas foi fundamental para o auxílio ao planejamento

Page 90: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

89

e a execução das ações. Como forma de avaliação do projeto, foram aplicados questionários ao público-alvo, com o objetivo de sinalizar melhorias nas metodologias de execução das atividades. Além disso, foram realizadas reuniões com a equipe executora, nas quais o desen-volvimento das ações foi discutido, com o propósito de aperfeiçoar a abordagem em prol de um melhor resultado.

Tendo em vista os objetivos do IFTM em relação à extensão, o envolvimento dos extensionistas visa, sobretudo, a participação dos alunos nas atividades com o intuito de articulação entre conhecimen-to, ciência e tecnologia às necessidades locais/regionais. Mais que apoio ao planejamento e a execução das ações, busca-se o preparo para a vida, para o trabalho e para a continuidade dos estudos. Aos alunos envolvidos, foram propostas atividades de participação efetiva nas ações. Nos encontros com as instituições parceiras, os alunos foram responsáveis pela articulação entre as coordenações, pro-fessores e discentes, bem como pela apresentação e preparação das atividades, principalmente aquelas referentes à mostra dos cursos, seus projetos e produtos.

Como forma de avaliação do projeto, foram aplicados questionários aos alunos e educadores das escolas parceiras. Esses instrumentos foram utilizados ao longo e posteriormente às atividades, com o objetivo de sinalizar melhorias nas metodologias de execução das atividades e a efetividade das ações realizadas junto à comunidade. Ainda, no decorrer do projeto, as reuniões periódicas com a equipe executora priorizaram também a avaliação do desenvol-vimento dos procedimentos e ações, baseado nos resultados dos questionários (Anexo I).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O IFTM Campus Patrocínio, em sua missão de ofertar Educação Profissional e Tecnológica por meio do Ensino, Pesquisa e Extensão, promovendo o desenvolvimento na perspectiva de uma sociedade

Page 91: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

90

inclusiva e democrática, assume também o papel de contribuir para o desenvolvimento local e regional, por intermédio da produção científica e tecnológica. Mais que ofertar, é preciso que a comunidade reco-nheça na Instituição um espaço público de produção de conhecimento a serviço da sociedade. Da mesma forma, deve atender às mudanças na sociedade e, por meio da extensão, promover o desenvolvimento social, reduzindo as desigualdades (RODRIGUES, 1999).

Segundo Castro (2004), a aproximação entre as comunidades e a instituição produtora de conhecimento promovida pela extensão possibilita trocas de saberes que modificam o processo de ensino aprendizagem e a criação de um novo senso comum. Assim, a extensão perpassaria a simples transmissão de conhecimentos acadêmicos a uma comunidade qualquer. A extensão, dessa ma-neira, na relação com ensino e pesquisa, possibilita que a comunidade seja sujeito do processo de construção de novos saberes. Nesse sentido, Jezine (2004, p.3) afirma que

os princípios da integração ensino-pesquisa, teoria e prática que embasam a concepção de extensão como função acadê-mica da universidade revelam um novo pensar e fazer, que se consubstancia em uma postura de organização e intervenção na realidade, em que a comunidade deixa de ser passiva no recebimento das informações/conhecimentos transmitidos pela universidade e passa a ser, participativa, crítica e constru-tora dos possíveis modos de organização e cidadania.

A concepção da comunidade como sujeito do processo de ex-tensão universitária coloca-se em oposição à concepção assistencialista de extensão, na qual a comunidade e as pessoas são objeto de ações e atividades, alienados do processo de produção de conhecimento e do processo de ensino e aprendizagem. Nessa direção, Anjos (2014, p. 58) resgata o pensamento de Paulo Freire em Extensão ou comunicação, no qual questiona a extensão, na medida em que coisifica o homem/mulher, impedindo-o de, por meio da práxis, desvelar o mundo, para transformá-lo e ser transformado por ele.

Page 92: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

91

Então, a extensão deve ser comunicação pois

é na relação comunicativa entre homem-mundo e homem-homem, que o conhecimento se processa. Não há um pensar sozinho sobre o objeto que se quer conhecer, mas uma coparticipação dos sujeitos no ato de pensar, ou seja, comunicação entre sujeitos, estabelecida pela intersub-jetividade. No entanto, para que a comunicação seja esta-belecida, os sujeitos envolvidos devem compreender o que está sendo comunicado. E essa compreensão se processa por meio de um diálogo problematizador, capaz de fazer do ato concreto, ao qual se refira o conhecimento, objeto de compreensão mútua. (ANJOS, 2014, p. 58).

Diante disso, o IF na Escola, ao promover a difusão das ações e saberes do IFTM Campus Patrocínio, intenta contribuir para a popularização da ciência e tecnologia e, por consequência, despertar na comunidade a necessidade de buscar novas alternativas de forma-ção, contribuindo para a redução das desigualdades sociais. O IF na Escola almeja também, diante do exposto, ser um projeto de comunicação, tentando promover o intercâmbio de saberes entre o IFTM Campus Patrocínio e as instituições parceiras.

Ao longo de 2016, o IF na Escola atendeu todas as escolas da sede do município de Patrocínio e grande parte das escolas de zona rural. Foram realizadas atividades no 9º ano do Ensino Fundamental e nas séries do Ensino médio. Os encontros pauta-ram-se na valorização do IFTM Campus Patrocínio, identifican-do como produtor e fomentador de ensino, pesquisa e extensão e como centro de tecnologia, contribuinte do desenvolvimento local e regional.

A participação dos bolsistas, como dito anteriormente, foi decisiva. Os alunos bolsistas, juntamente com alunos voluntários, foram responsáveis por fornecer aos alunos das escolas públicas de Patrocínio uma visão de como é estudar numa escola da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.

Os encontros, de maneira geral, aconteceram em duas etapas: a primeira, de caráter introdutório, cujo objetivo foi o de apresentar

Page 93: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

92

o IFTM Campus Patrocínio como instituição de ensino, sua colocação na Rede Federal, a missão e os valores, função social na região de Patrocínio, os diferentes níveis e modalidades de cursos oferecidos, os programas de assistência estudantil e de bolsas de todas as na-turezas. Na segunda etapa, professores e alunos apresentaram os cursos ofertados pelo IFTM Campus Patrocínio, divididos por áreas ou núcleos (Gestão, Eletrônica e Informática) e suas disciplinas, as atividades, os projetos e produtos desenvolvidos na instituição. Da mesma forma, foram discutidos o perfil dos profissionais formados e sua importância na sociedade.

Além das visitas nas escolas, durante as atividades da Semana de Ciência, Tecnologia e Inovação de Patrocínio 2016, promovida pelo IFTM Campus Patrocínio e pela Câmara de Desenvolvimento de Patrocínio, a equipe do IF na Escola ministrou o minicurso “Que curso fazer: informações sobre os cursos técnicos integrados ao ensino médio”. O minicurso, voltado para alunos dos últimos anos do ensino funda-mental, atendeu a mais de 60 alunos, de 06 (seis) escolas da cidade.

Foi usada a mesma metodologia dos encontros nas escolas. No entanto, no minicurso, foram formados grupos que se revezaram em três salas/laboratórios nos quais eram fornecidas informações, apresentados projetos e a infraestrutura dos três cursos integrados ao ensino médio ofertados pelo Campus Patrocínio: Administração, Manutenção e Suporte em Informática e Eletrônica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em seu segundo ano de execução, o IF na Escola continua sua missão de levar informação aos alunos das escolas públicas de Patrocínio e região. Os trabalhos realizados em 14 escolas proporcionaram experiências únicas a alunos dos níveis funda-mental e médio, seja sobre o curso que poderão cursar, seja da estrutura que poderão usufruir.

Este projeto, com a pretensão de extrapolar a concepção de

Page 94: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

93

extensão assistencialista, promove a integração entre ensino, pesquisa e extensão, instituição e comunidade, de maneira a ocorrer troca de saberes em detrimento de uma simples transmissão de conhecimento científico e tecnológico. Sendo assim, além de projeto de extensão, pretendemos ser um projeto de comunicação, no qual os saberes sejam compreendidos da mesma forma, em uma troca dialógica de informações e conhecimentos (FREIRE, 1983).

Espera-se, no próximo ano, expandir o raio de ação do projeto, atingindo mais alunos e escolas, também nas cidades do entorno de Patrocínio, possibilitando que mais pessoas conheçam e tenham acesso à educação profissional e tecnológica, valorizando o IFTM como instrumen-to de crescimento profissional e melhoria na qualidade de vida das pessoas.

5 NOTAS

1 Especialista em Gestão e Organização da Escola. Técnico em Assuntos Educacionais - Coordenador. [email protected] Aluna do 2o ano do curso técnico em administração integrado ao ensino médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected] Aluna do 2o ano do curso técnico em eletrônica integrado ao ensino médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected] Aluno do 2o ano do curso técnico em manutenção e suporte em informática integrado ao ensino médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected] Especialista Coordenação Pedagógica e Supervisão Escolar. Colaboradora. [email protected] Especialização em Língua Brasileira de Sinais. Técnica em Assuntos Educacionais. Colaboradora. [email protected].

6 REFERÊNCIAS

ANJOS, M. de C. R. dos. Fronteiras na construção e socialização do conhecimento científico e tecnológico: um olhar para a extensão universitária. 2014. 410f. Tese (Doutorado em Educação Científica e Tecnológica) – Centro de Ciências Físicas e Matemática, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.

Page 95: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

94

CASTRO, L. M. C. A universidade, a extensão universitária e a produção de conhecimentos emancipadores. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 27, 2004, Caxambu. Anais... Caxambu: ANPEd, 2004. Disponível em: http://27reuniao.anped.org.br/. Acesso em: 15 dez 2015.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? 8. ed. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1983. Disponível em: http://forumeja.org.br/files/Extensao_ou_Comunicacao1.pdf . Acesso em: 15 dez 2015.

JEZINE, E. As práticas curriculares e a extensão universitária. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2, 2004, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2004. p. 1-6. Disponível em: https://www.ufmg.br/congrext/Gestao/Gestao12.pdf. Acesso em: 15 dez 2015.

RODRIGUES, M. M. Universidade, extensão e mudanças sociais. Em Extensão. v.1, n.1. p.41-51, 1999.

Page 96: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

95

ANEXO I - Modelo de questionário aplicado a alunos do ensino fundamental

Page 97: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

96

ANEXO II - Lista das Escolas atendidas em 2016

 Colégio Municipal Professor Olímpio dos Santos;  Escola Estadual de Serra do Salitre;  Escola Estadual Dalva Estela;  Escola Estadual Dom Lustosa;  Escola Estadual Dona Cotinha;  Escola Estadual Joaquim Dias;  Escola Estadual José Eduardo Aquino;  Escola Estadual Irmã Gislene;  Escola Estadual Nely Amaral;  Escola Estadual Terezinha Moreira Marra;  Escola Municipal Elisa Viana;  Escola Municipal Maria Isabel Queiroz Alves – CAIC;  Escola Municipal Joaquim Martins;  Escola Municipal Professor Afrânio Amaral.

Page 98: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

97

IFTM INCLUI – LAR DA CRIANÇAFranciele Marques Peres1

Harley de Faria Rios2

Luís Paulo Nascimento Carvalho3

Paulo Joelson Afonso de Oliveira4

Virna Aryane Resende5

RESUMO

O presente relato tem como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas no Projeto IFTM Inclui – Lar da Criança. O uso de computadores atualmente toma conta do nosso cotidiano e o conhecimento sobre as máquinas é exigido nos mais diversos tipos de trabalhos e ofícios. Dessa forma, as crianças e jovens precisam ter acesso ao mundo digital e as aulas de informática estimulam a curiosidade da criança para que ela possa desenvolver várias habi-lidades como, por exemplo, a coordenação motora que é exigida em diversas áreas diferentes de conhecimento, o raciocínio rápido e lógico, além de diversas outras habilidades que ajudam a promover a socialização e integração da criança. Nesse contexto, o foco do Projeto IFTM Inclui – Lar da Criança foi levar inclusão digital a crianças e adolescentes através de aulas de informática ministradas por 3 bolsistas do IFTM Campus Patrocínio, atendendo o público assistido pela instituição Lar da Criança.

Palavras-chaves: Relato de experiência. Informática. Inclusão Digital. Lar da Criança.

1 INTRODUÇÃO

Vivemos em um mundo que nos cobra adaptabilidade em diversos cenários socioculturais que nos afeta e modifica, mudando hábitos e maneiras de ensinar e aprender. Como um destes modos

Page 99: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

98

de aprendizagem, temos a informática, que é essencial no pro-cesso de formação de crianças e adolescentes (BUZATO, 2008). Percebe-se que o computador e a internet são ferramentas necessárias à inclusão de crianças e jovens na atual sociedade e permite o acesso controlado dos alunos às informações da web, para aprimorar seus conhecimentos e na ajuda de sua formação educacional.

Nesse cenário, surgiu o projeto de extensão IFTM Inclui – Lar da Criança, que realiza atividades de inclusão digital para o público infanto-juvenil atendido por esta instituição filantrópica, através de au-las de informática ministradas por alunos do IFTM bolsistas do projeto. Destaca-se que a Instituição Lar da Criança possui um laboratório de informática que não estava sendo usufruído por falta de profissio-nais aptos a utilizá-lo com os usuários da entidade. Dessa forma, a parceria realizada entre o IFTM Campus Patrocínio e a Instituição pelo Projeto de Extensão em questão, beneficiou cerca de 70 crian-ças e jovens que participaram de aulas de informática ministradas pelos nossos alunos bolsistas dos cursos Técnico em Manutenção e Suporte a Informática integrado ao ensino médio, e Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Sendo assim, sob orientação dos professores, os alunos vivenciaram a prática de ensinar e colocar em prática vários conteúdos vistos em sala, auxiliando na construção de uma sociedade melhor, com a inclusão desta parcela da sociedade, o IFTM Campus Patrocínio cumpre sua função social e exerce seu papel na comunidade de ser um ente educador na cidade.

2 METODOLOGIA

Os projetos de extensão visam, de maneira geral e objetiva, auxiliar na melhoria da sociedade como um todo. Para isso, o IFTM Inclui - Lar da Criança procurou oferecer aos alunos, conhecimentos básicos e técnicos na área da Informática. A forma adotada para a realização das atividades foi à divisão do grupo de bolsistas em tur-

Page 100: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

99

mas e horários estabelecidos pela equipe de coordenação responsável pelo projeto, bem como a divisão dos alunos participantes do projeto para ministrarem aulas semanalmente durante o período de nove meses, concluindo assim, um curso de Informática Básica para crianças e adolescentes. A divisão das turmas foi feita de acordo com a faixa etária de cada aluno. No quadro 01, estão descritos os horários de atendimento do primeiro semestre ilustrados o dia, horário de funcio-namento das atividades propostas e os devidos responsáveis por elas.

Quadro 01 – Horários de aula

Fonte: Autores

Cabe ressaltar que, no segundo semestre, as aulas ministra-das pelos alunos Luís Paulo e Virna Aryane na segunda-feira foram remanejadas para quarta devido às alterações de horário do IFTM.

As atividades realizadas fora dos horários da tabela anterior eram referentes à elaboração do plano de aula que seria aplicado na sala. Já nos demais dias, a carga horária era distribuída em aulas e moni-

Page 101: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

100

toria exclusiva, para que fosse possível um maior suporte aos alunos em relação a esclarecimento de dúvidas e aprimoramento das ações aplicadas. Além disso, os orientandos foram divididos para ministrar as aulas de acordo com suas cargas horárias a serem cumpridas no projeto, contribuindo para uma maior organização do trabalho.

As aulas visaram transmitir o conhecimento já adquirido pelos alunos do IFTM Campus Patrocínio, tanto em nível básico quanto técnico. Foi decidido em conjunto com toda a equipe envolvida quais seriam os tópicos com os principais temas que o curso se basearia, a fim de nortear os trabalhos e os conteúdos a serem seguidos ao decorrer do ano de efetuação do curso (2016), como no exemplo abaixo:

a) Introdução a Informática Básica: teoria, conceitos e história da informática;b) Introdução a Softwares pedagógicos: desenvolvimento de ha-bilidades com o mouse, teclado e raciocínio;c) Digitação: softwares de auxílio à digitação;d) Ferramentas do Office: trabalhar documentos word, planilhas, apresentações, dentre outros.

Para o desenvolvimento de cada tema acima citado, foram utilizados:

a) dinâmicas de conhecimento de grupo para início das aulas, conceitos introduzidos e transmitidos via oral e conversa com os alunos sobre a história e utilidade da informática na atualidade;b) softwares pedagógicos como “Klavaro”, “Gcompris” e pasta ex-clusiva com jogos pedagógicos para auxiliar no ensino sobre a prática da digitação, manuseio do mouse de forma lúdica para o desenvolvimento psicológico dos alunos, além do acesso à internet para serem realizadas pesquisas orientadas;c) aprofundamento no software “Klavaro” para desenvolver habilida-des específicas de digitação, como o correto posicionamento das mãos no teclado, o posicionamento de cada tecla, dentre outros;

Page 102: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

101

d) ferramentas do Office 2003: Microsoft Word 2003, Microsoft PowerPoint 2003 e Microsoft Excel 2003.

Buscou-se a utilização de programas educacionais a fim de acrescentar no segmento do conteúdo programado e tornar as au-las lúdicas, o que atraiu a atenção do aluno. Alguns instrumentos, principalmente “Word”, “Excel”, “Power Point” e “internet’, jun-tamente com conceitos sobre computadores, foram trabalhados de forma mais aprofundada, ou seja, cada ferramenta e possibilidade do software foi explorada, principalmente por se tratarem de noções básicas e de extrema importância para quem inicia um curso voltado para a área da Informática.

Além disso, o conteúdo era ministrado de forma prática, te-órica e interdisciplinar com as matérias que são aprendidas nas es-colas regulares o que proporcionou um benefício ainda maior, prin-cipalmente para as crianças, o que contribui para o desenvolvimento de várias habilidades ao mesmo tempo.

3 DESENVOLVIMENTO

O IFTM Inclui, projeto de extensão desenvolvido no Campus Patrocínio, teve como objetivo levar e gerar um conhecimento básico de computadores por meio de aulas teóricas, práticas e interdiscipli-nares, softwares educativos e outras ferramentas de tecnologia da informação. O projeto teve como público-alvo crianças de Patrocínio-MG, atendidas pelo Instituto Crê-Ser em parceria com o Lar da Criança, instituições filantrópicas que recebem crianças de toda a cidade e oferecem atividades em diversas áreas do conhecimento, além de cultura e lazer.

Foi feita uma reunião entre as equipes do projeto IFTM in-clui – Instituto Crê-Ser e IFTM inclui – Instituto Lar da Criança, para que fossem decididos os últimos detalhes do projeto, tais como: a elaboração da apostila usada como referencial de trabalho durante o

Page 103: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

102

projeto, a manutenção dos computadores, a preparação do laboratório de informática e planejamento das atividades a serem executadas.

Seguindo o cronograma, as aulas começaram a ser ministradas semanalmente com conteúdos básicos em computadores, como digitação e jogos educativos, nas quais os alunos desenvolveram habilidades necessárias tais como: coordenação motora, raciocínio lógico, criatividade, agilidade, entre outras.

Foram aplicadas atividades para diagnosticar o desenvolvimento e o aprendizado na área de edição de textos, criação de slides, e elaboração de tabelas, utilizando as ferramentas do pacote Microsoft Office, Power Point, Excel e Word, atividades lúdicas envolvendo jogos para aprimorarem o raciocínio e agilidade, juntamente com mais atividades de digitação para continuarem o desenvolvimento da coordenação mo-tora e destreza das mãos. Assim, as atividades diferenciadas explorando os recursos dos aparatos tecnológicos tinham por finalidade, também, auxiliar a escrita correta e sanar dificuldades de redigir textos.

3 CONCLUSÃO

O uso correto de computadores na educação pode facilitar o desenvolvimento e a organização do pensamento, além de despertar o interesse e a curiosidade dos alunos por estarem aprendendo de uma forma lúdica diferente da tradicional (ALMEIDA; PRADO, 2008). Assim, percebemos alguns dos benefícios que este sistema traz à Educação.

O ensino em Informática trata-se de um trabalho contínuo, para o qual este projeto tem como resultado a redução da desi-gualdade no acesso a ferramentas de tecnologia da informação e um maior entendimento em computadores e suas funciona-lidades. Graças ao IFTM Inclui, o Lar da Criança passou a ter acesso a computadores, o que é muito positivo visto que, para algumas crianças, a única maneira de ter contato com esses é através da instituição.

Page 104: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

103

É possível afirmar que o projeto de extensão IFTM Inclui, que ocorre desde o ano de 2012, é cada vez mais um sucesso e sua importância para os envolvidos é de fato notória. Ademais, com esta iniciativa foi possível promover a inclusão digital e incentivar os alunos a estarem sempre estudando e relacionando aquilo que eles aprendem com práticas do dia a dia que podem trazer benefícios para outras pessoas.

Por fim, oportunizando maior agregação de valor por meio do uso da tecnologia e de acesso ao conhecimento e à informação, o Programa IFTM Inclui – Lar da Criança garantiu a contribuição para a educação, aprendizado e o acesso à informação nos locais em que se fez presente.

4 NOTAS

1 Especialista em MBA Executivo em Negócios Financeiros. Professora EBTT em Ciências Contábeis no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. [email protected] Mestre em Modelagem Matemática e Computacional. Professor EBTT em Informática II no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. [email protected] Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2016. [email protected] Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2016. [email protected] Estudante do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio de Manutenção e Suporte em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2016. [email protected]

5 REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. E.; PRADO, M. E. Desafios e possibilidades da integração de tecnologias ao currículo. In: SALGADO, M.; AMARAL, A. Tecnologias na educação: ensinando e aprendendo com as TIC. Brasília: Ministério da Educação, 2008.

BUZATO, M. E. L K. Inclusão digital como invenção do quotidiano: um estudo de caso. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 38, maio/ago. 2008

Page 105: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

104

NEABI: ESPAÇO DE FORMAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO DA CULTURA NEGRA, AFRICANA E INDÍGENA NA CIDADE DE

UBERLÂNDIA.Sírley Cristina Oliveira1

Dickson Duarte Pires2

Maycon Douglas da Silva3

Rafael de Oliveira Freitas4

Débora Mein Alelvan5

RESUMO

NEABI - Espaço de Formação e Experimentação da Cultura Negra, Africana e Indígena na Cidade de Uberlândia é fruto de um projeto de extensão desenvolvido no IFTM Campus Uberlândia Centro (Edital 01/2015). A proposta principal do projeto é institucionalizar o NEABI no Campus como lócus privilegiado para o debate e a rea-lização de ações que valorizem a história e a cultura dos afrodescen-dentes e indígenas na cidade de Uberlândia. Para tanto, foi realizado o I Seminário NEABI: Memória, História e Diversidade dos Afrodescendentes que ascendeu a possibilidade para a realização de debates, reflexões e ações permanentes de combate ao preconceito racial, intolerância religiosa e racismo institucional no ambiente escolar.

Palavras-chave: NEABI. História. Diversidade. Afrodescendentes.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o Brasil vem experimentado novos processos de desenvolvimento social, principalmente em relação à população negra que alcançou níveis de escolaridade e salários até então desconhecidos em nosso País (MATIJASCIC, 2014). Contudo, apesar dos indicadores de avanços nas condições de inserção eco-nômica e social, ainda persistem as diferenças e desvantagens da

Page 106: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

105

população negra quando comparados à população branca. Nesse sentido, o debate e a construção de ações afirmativas de inclusão e igualdade devem ser um processo contínuo, daí a importância em se criarem espaços e canais que promovam intervenções e reflexões acerca dos impasses vivenciados pela comunidade negra em Uberlândia.

E foi com essa perspectiva que desenvolvemos o Projeto de Extensão NEABI- espaço de formação e experimentação da cultura negra, africana e indígena na cidade de Uberlândia para fomentar a reflexão so-bre a arte, a cultura e a memória dos afrodescendentes, bem como criar ações que possibilitem a mudança de mentalidade para superar atitudes, comportamentos pessoais e institucionais que ainda legiti-mam o racismo, o preconceito, a intolerância.

Assim, com a expectativa de alcançar os objetivos propos-tos pelo Projeto, realizamos o I Seminário NEABI do IFTM Campus Uberlândia Centro: Memória, História e Diversidade dos Afrodescendentes com o propósito de promover palestras, oficinas, exposições artís-ticas e intervenções culturais sobre a história, a memória e a luta da população negra brasileira ao longo dos tempos. Inicia-se, então, a inserção do IFTM Campus Uberlândia Centro no debate das questões afrorraciais do País.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Diversidade, Inclusão, Educação: Apropriação da Lei 10.693 pelos Sujeitos que ocupam o Cotidiano Escolar

O I Seminário NEABI - Memória, História e Diversidade dos Afrodescendentes abriu suas atividades com a palestra Diversidade, Inclusão e Educação: Apropriação da Lei 10.693 pelos Sujeitos que ocupam o Cotidiano Escolar6, em que se discutiram as perspectivas e os recuos da Lei 10.693 no ambiente da escola.

Page 107: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

106

Entre as questões tratadas, destaca-se um tema bastante discutido por estudiosos e pesquisadores que se debruçam sobre a história e a me-mória dos afrodescendentes: o mito da democracia racial no Brasil.

Para a palestrante, Vanilda Honória dos Santos, o Brasil sempre procurou sustentar a imagem de um país cordial, caracterizado, pela presença de um povo, feliz, harmonioso, pacífico, sobretudo, sem preconceito de raça e religião. Durante décadas alimentou-se a ideia de que vivíamos uma verdadeira democracia racial, apesar das visíveis desigualdades sociais e as parcas oportunidades oferecidas aos negros, mulatos, índios, ciganos e pobres (MUNANGA, 2005).

Mas será que esse “paraíso racial” realmente existe em nosso país? Qual o lugar da escola nesse debate? A Escola é reprodutora da democracia racial? Dada as dificuldades e os impasses em consolidar o debate afrorracial no campo da Educação, podemos dizer que a Escola é a representação do pensamento hegemônico eurocentrista que promove a superioridade racial e perpetua práticas que promo-vem a exclusão?

A partir dessa problematização, a palestrante desenvolveu conceitos importantes como a discriminação racial, preconceito, raça e ra-cismo, além de desconstruir a sensação de racismo camuflado, disfarçado de democracia racial em nosso País. Nesse sentido, conclui-se que o preconceito racial e a intolerância com as manifestações culturais, religiosas dos negros não são coisas do passado e que a Lei 10.693 veio para legitimar a participação efetiva da escola nesse debate.

Assim, a participação da Escola nos assuntos relacionados à história dos afrodescendentes veio preencher o vazio da informação, da despolitização que persegue a prática docente, os materiais didáticos e os programas curriculares, além de corrigir as distorções dos valores e da história da população negra, que diferentemente dos registros escolares, contribuiu muito para o desenvolvimento Brasil. O conhe-cimento, o debate e a reflexão sem sombra de dúvidas é o caminho para a superação do racismo, do preconceito e da falsa e ideológica democracia racial que persegue o imaginário popular no País.

Page 108: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

107

2.2 Negras Paisagens: Imagens e Iconografias Simbólicas

Entre as atividades desenvolvidas no Seminário, destaca-se a exposição fotográfica Negras Paisagens: Imagens e Iconografias Simbólicas7, que apresentou aos docentes, discentes do IFTM e a comunidade externa as manifestações culturais e religiosas da população negra que habitam os diferentes espaços da cidade.

As imagens fotográficas, cujo valor simbólico da fé estava representado pelos rituais, indumentárias e emblemas do Candomblé e da Festa da Congada e da Folia de Reis, contribuíram para tornar o debate da diversidade e alteridade mais expressivo dentro do campus.

Notadamente, os negros e as negras que aparecem nas imagens em suas mais diversificadas manifestações artísticas e culturais, são expressões de uma história, de uma luta, de uma memória que insiste em se fazer presente numa cidade onde o discurso da “modernidade” e do “progresso” reconhece e valoriza demasiadamente a historicidade das práticas culturais de uma população eminentemente branca, machista e heterossexual (HALL, 2014).

2.3 PeriferArte e a Capoeira como Elemento de Política, Resistência e Cultura Negra na Sociedade Brasileira

Cabe destacar ainda que a realização do Seminário NEABI: Memória, História e Diversidade dos Afrodescendentes contou com a parti-cipação e contribuição da comunidade externa, em especial das Or-ganizações Não Governamentais (ONG´S) dos bairros periféricos da cidade de Uberlândia. Esse diálogo entre Comunidade e Escola foi essencial para que os estudantes tivessem a possibilidade de diá-logo com agentes sociais responsáveis pela produção e preservação da cultura popular da cidade, mais que isso, foi um momento políti-co de reconhecimento da história e das vivências do outro.

As trocas de experiências, o diálogo, as conversas informais, sem sombras de dúvidas, realçou uma questão bastante debatida no

Page 109: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

108

âmbito da produção científica dos fundamentos da educação: a Es-cola não se faz sozinha, não é um organismo fechado e isolado, ao contrário, para que ela permaneça viva, necessita da presença do outro (DELORS, 2001). Nesse caso específico, o outro que povoou o Campus Uberlândia Centro, foram homens, mulheres e crianças negras, sujeitos historicamente conhecidos e socialmente excluídos das benéfices da sociedade capitalista brasileira.

Com esta perspectiva, o Grupo PeriferArte, do bairro Canaã, da cidade de Uberlândia, promoveu a oficina A Capoeira como Elemento de Política, Resistência e Cultura Negra. Embora, a oficina tenha apresentado um caráter essencialmente prático, voltada, sobretudo, para a luta, os movimentos do corpo e apreciação dos diferentes ins-trumentos musicais que compõem o ritual, os bolsistas deram nesse momento uma contribuição especial, apresentando ao público infor-mações históricas que constituem a história da capoeira no Brasil.

Entre as várias manifestações culturais ditas brasileiras com raízes africanas, destaca-se a prática da Capoeira. Uma espécie de dança, misturada com música, com golpes de luta, marcam as características dessa prática cultural que faz parte da identidade do Brasil.

Ao entrar em contato com a realidade social e histórica do país, o africano em condições de escravidão, trouxe a capoeira como forma de resistência e resgate da sua cultura original como meio de alento a realidade de sofrimento imposta. Entende-se então, a capoeira, como componente originalmente brasileiro, concebida por afro-brasileiros, surgiu através da mistura da cultura africana com a brasileira, transformando o sofrimento da escravidão em arte, dança, conhecida atualmente como manifestação folclórica brasileira.

No entanto, a capoeira enquanto patrimônio cultural per-correu diversos e difíceis caminhos dentro da realidade brasileira. Por se tratar de uma prática pertencente à cultura afrodescendente, em primeira instância foi considerada marginalizada, sendo posta à margem da sociedade, além disso, criminalizada no decorrer dos séculos XVI-XIX.

Page 110: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

109

Embora, a capoeira tenha passado por situações constrangedoras, atualmente, ela ocupa um lugar de destaque no que diz respeito à divulgação da cultura dos afrodescendentes, sendo reconhecida e praticada em diferentes setores da sociedade brasileira (AREIAS, 1983), (BARBIERI, 1993).

2.4 Representações da Negritude: música e atitude no Hip Hop

Ainda, com a perspectiva de ampliar a função social do IFTM Campus Uberlândia Centro junto à comunidade e aos bairros periféricos da cidade, o Seminário NEABI contou com participação de mais uma entidade popular da periferia, a Companhia de Dança Manos do Hip Hop, que ao ministrar a oficina Representações da Negritude: música e atitude no Hip Hop mostrou aos alunos como a música e a dança pode inserir o jovem pobre retirando-lhe do caminho da exclusão social9. Mais que isso, a música e a dança, ou melhor, o Hip Hop ao assumir uma função social perante a sociedade valoriza a imagem positiva do negro, que se apresenta como sujeito de sua história capaz de transformar a si e o meio em que atua.

2.5 Dialogando e Superando o Racismo Institucional: Processos Históricos de Empoderamento dos Atores Negros no Cotidiano Escolar

A última atividade do Seminário NEABI foi a palestra do historiador João Gabriel Nascimento que suscitou inúmeras provo-cações e polêmicas nos estudantes e professores presentes. Entre as inúmeras questões discutidas, merece respeito destaque a produção dos materiais didáticos escolares e a notável exclusão da história e da luta dos heróis negros.

Segundo o historiador, os materiais didáticos de forma geral não contribuem para um registro contextualizado da imagem, das práticas culturais e da história da população negra brasileira. Comumente, os negros são apresentados nos livros didáticos de uma

Page 111: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

110

maneira estereotipada, uma simples caricatura e suas experiências cotidianas são resgatadas de forma simplificada e falsificada.

A presença do negro no livro didático é sempre a do escravo desobediente sem valores civilizatórios e sem perspectiva de luta e resistência à escravidão. São em sua maioria, dóceis, afáveis, obedientes e trabalhadores. Ao lado disso, as lutas, as insurreições, as manifes-tações de resistências e os heróis negros quase nunca aparecem nos registros dos livros didáticos.

A obra Superando o Racismo na Escola (MUNANGA, 2005) faz uma leitura interessante sobre essa questão. Para os autores, o esquecimento ou ocultamento do negro em sua historicidade e diversidade pelos livros didáticos, nada mais é do que a expansão dos valores ideológicos do branqueamento que se alimenta, necessaria-mente, das teorias ligadas à inferioridade racial. Consequentemente, é esse o processo que desencadeia e viabiliza a intolerância, o preconceito e a discriminação racial no ambiente escolar.

3 CONCLUSÃO

Neabi: Espaço de Formação e Experimentação da Cultura Negra, Africana e Indígena na Cidade de Uberlândia é um projeto contínuo e de longa duração. Embora, tenhamos encerrado uma fase importante dos trabalhos - a inserção do IFTM Campus Uberlândia Centro no debate das questões afrorraciais –, a construção das ações afirmativas não está esgotada, ao contrário, continua em processo, promovendo reflexões, debates e diálogos com a comunidade. Sendo assim, eis alguns apontamentos finais:

1) embora a realização do Seminário NEABI tenha nos possibilitado trocas e debates frutíferos na busca de uma sociedade democrática, tanto no campo social quanto racial, observamos que o espaço escolar ainda tem dificuldade em reconhecer outros sujeitos que habitam a escola: em especial,

Page 112: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

111

a comunidade negra, pobre e socialmente excluída. Notada-mente, existe ainda em nosso campus uma escassez de valores voltados para Alteridade, ou seja, a necessidade de reconhecer a diferença do outro e não enxergá-lo como um estranho;

2) uma das atividades realizadas no Seminário NEABI foi a Exposição Negras Paisagens: Imagens e Iconografias Simbólicas, a qual foi imprescindível para perceber o quanto a comunidade escolar necessita de uma educação estética, para captar os signos, os rastros, os símbolos e a etimologia visual da cultura negra. Em termos práticos chamou-nos a atenção, para a necessidade de promover ações pedagógicas que inspiram processos subjetivos para a apreciação e identificação da arte;

3) outra questão apreendida nas discussões e debates realizados no Seminário NEABI é que o processo de exclusão social do negro ainda é latente em nossa sociedade, consolidando com um grave problema social. Quem são os indivíduos presos na maioria dos presídios brasileiros? Quem são os sujeitos que compõem os bolsões de miséria em diferentes partes do País? Quem são os menores de ruas abandonados? Questões importantes como essas contribuíram para a formação política e humana dos estudantes que participaram ativamente dos debates, palestras e oficinas;

4) por fim, a realização do Seminário NEABI: diversidade, história e memória dos afrodescendentes foi demasiadamente positiva, pois evidenciou que o debate acerca da história, da memória e da cultura dos negros e negras que constituíram a História do Brasil é processual e de longa duração, ou seja, os fundamentos da Lei 10.693 e 11. 645 devem ser compreendidos como parte efetiva das ementas, dos conteúdos programáticos e dos projetos políticos pedagógico dos cursos.

Page 113: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

112

4 NOTAS

1Coordenadora do Projeto e Professora de História do IFTM Campus Uberlândia Centro.2Membro do NEABI e Professor de Artes do IFTM Campus Uberlândia Centro3Aluno do Curso Técnico de Computação Gráfica Integrado ao Ensino Médio e bolsista do projeto.4Aluno do Curso de Licenciatura em Computação e bolsista do Projeto.5Aluna do Curso de Logística e bolsista do Projeto.6A palestra foi ministrada pela Professora e Mestre, da Rede Municipal de Ensino da cidade de Uberlândia, Vanilda Honória dos Santos. 7As fotografias que constituíram a exposição Negras Paisagens: imagens e iconografias simbólicas foram de autoria dos professores do IFTM Campus Uberlândia Centro: Mestre Dickson Duarte Pires; Dr. Marcio Bonesso; Dra. Sírley Cristina Oliveira. 8A ONG PeriferArte existe desde o ano de 2007 e está localizada no bairro Canaã sob a coordenação do Prof. de Capoeira Neto Ona-rerê e da moradora do bairro Juliana Trindade. A proposta cultural e política da PeriferArte é criar um Centro cultural no bairro Canãa que fomente e valorize as diferentes linguagens da cultura popular, entre outras: o hip hop, a capoeira, a música sertaneja e a dança de rua. Por falta de iniciativa política e recursos financeiros do poder público, até o presente não existe perspectiva de construção do Centro Cultural, mesmo assim, a ONG segue desenvolvendo o seu trabalho de utilizar a arte para dar vozes aos jovens socialmente excluídos. A PeriferArte foi objeto de estudo para o sociólogo Marcio Bonesso em sua dissertação de mestrado. Resultados desta pesquisa podem ser consultados em: BONESSO, M. Formas Expressivas de Arte Urbana: esboço de curtos-circuitos nas periferias de Uberlândia. In: Silva,E.A; Bonesso, M. (Org.). Periferarte na Terra Prometida: lazer, arte e controle social em Uberlândia. 1aed.Uberlândia: EDUFU, 2013, v. , p. 49-84.9A Companhia de Dança Manos do Hip Hop foi fundada em 2005 e é coordenado pela Professora Aposentada da Rede Municipal de Ensino, Ormezinda dos Santos. A Companhia é fruto das reuniões entre os jovens da comunidade seringueira, local com grande índice de criminalidades. Desde o início de sua fundação, a Companhia tem como proposta promover um resgate sócio-cultural e tirar a ociosidades dos jovens da periferia.

5 REFERÊNCIAS

AREIAS, Almir das. O que é capoeira. Brasília: Brasiliense, 1983.

BARBIERI, Cesar. Um jeito brasileiro de aprender a ser. Brasília: DEFER, Centro de Informação e Documentação sobre a Capoeira (CIDOCA/DF), 1993.

HALL, Stuart. Identidade Cultural na Pós Modernidade. Rio de Janeiro: Lamparina, 2014.

Page 114: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

113

MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na escola. 2. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.

SILVA, E. A; BONESSO, Marcio. (Org.). Periferarte na Ter-ra Prometida: lazer, arte e controle social em Uberlândia. .Uberlândia: EDUFU, 2013, v. , p. 49-84.

Page 115: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

114

RECICLAR PARA QUÊ?PARA MIM E PARA VOCÊ!

Janair Gomes de Matos1, Eunice Silva Pereira Monteiro2

Cristina Almeida Nascimento Oliveira3, Leonardo Mendes Marinho4

Rosa Maria Rodrigues Pais Vasconcelos5, Vanusa de Assis Silva Moura6

Ana Luiza Silva Floriano7, Matheus Oliveira Caldas8

Priscilla Silva de Oliveira9

RESUMO

A qualidade de vida e a saúde da população urbana estão sujeitas a riscos considerados graves em razão de uma série de problemas que afetam seu cotidiano, principalmente nas grandes metrópoles. O aumento populacional aliado à produção e consumo excessivo de bens, faz gerar resíduos que se tornam cada vez mais visíveis e preju-diciais ao meio ambiente. Grande parte do que se considera como lixo é composta de materiais que podem ser reciclados e/ou reutilizados. A finalidade da reciclagem é poder obter produtos sem que seja ne-cessário recorrer aos recursos naturais existentes contribuindo para um planeta sustentável. Este trabalho apresenta o relato de experiência vivenciado pelos alunos dos cursos técnicos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro de Paracatu, enquanto bolsistas do projeto de extensão “Reciclar para quê? Para mim e para você! O objetivo principal foi ressaltar a importância de se pensar em alternativas sustentáveis, quando se trata da reciclagem e reutilização de materiais que seriam descartados no lixo ocasionando impactos negativos à na-tureza. As atividades desenvolvidas propiciaram a conscientização sobre a preservação ambiental, a valorização e a disseminação da reci-clagem e reutilização de resíduos entre os alunos da Escola Municipal Gidalte Maria dos Santos, em Paracatu-MG.

Palavras-chave: Lixo. Reciclagem. Reutilização.

Page 116: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

115

1 INTRODUÇÃO

As questões a respeito do lixo, reciclagem e reutilização são consideradas cada vez mais urgentes e importantes na sociedade. Além de reciclar e reutilizar é preciso sensibilizar o “outro” sobre os cuidados com o meio ambiente e a redução da geração de lixo.

O Projeto “Reciclar para quê? Para mim e para você”! reali-zado entre os meses de abril a outubro de 2016, na Escola Municipal Gidalte Maria dos Santos, na cidade de Paracatu-MG, contemplou os alunos das turmas de 5º ano da Escola Municipal Gidalte Maria dos Santos. O interesse em contribuir para a conscientização dos problemas relacionados ao lixo nas formas de coleta e destino, da reciclagem e da reutilização foi a principal motivação para a criação e desenvolvimento deste projeto.

O trabalho foi orientado pela servidora Vanusa Moura, com a colaboração dos servidores Cristina Oliveira, Eunice Pereira, Janair Matos, Leonardo Marinho e Rosa Vasconcelos e dos alunos extensionistas Ana Luiza Floriano, Matheus Caldas e Priscilla Oliveira.

Essa atividade está alinhada ao Projeto Político Pedagógico do Instituto, assegurado no item 07:

(...) norteia-se pelos fins e objetivos institucionais previstos na Lei nº 11.892/08 e em princípios norteadores de metas e demais ações previstas no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI - tem como finalidade o desenvolvimento pleno do educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecendo--lhe meios para progredir no trabalho e em estudos poste-riores. (...) Para a consecução dos objetivos dos cursos, o trabalho pedagógico no Ensino Técnico Integrado ao En-sino Médio do Campus Paracatu tem como princípios: I. Formação humanística; II. Cidadania; III. Ética; IV. Desen-volvimento social, de solidariedade e trabalho em equipe; V. Formação empreendedora; VI. Educação ambiental e VII. Inclusão Social (BRASIL, 2015, p.11).

Page 117: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

116

Neste trabalho, foi ampliada em todos os envolvidos, tanto na comunidade interna e externa, a postura participativa; acendendo o senso crítico e a criatividade nas ações interdisciplinares, sensibili-zando os envolvidos, para a mudança de atitudes quanto ao excesso de lixo gerado e descartado no meio ambiente.

Confirma-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais que “é preciso fazer considerações sobre o lixo como um importante arsenal de matéria a ser aproveitado, como composto orgânico ou reciclada e o problema da produção de materiais não degradáveis” (BRASIL, 2001, p. 181). É necessário propor atitudes e valores vol-tados para a preservação e conservação do meio ambiente, buscando cogitar sobre a importância da reciclagem e reutilização, a fim de diminuir o acúmulo de lixo e, também, poupar a natureza da extração de seus recursos.

Até o início do século passado, os seres humanos viviam em harmonia com a natureza, pois todo o lixo que geravam – restos de comida, excrementos de animais e de outros materiais orgânicos – se reintegravam aos ciclos naturais e servia como adubo para a agricultura. Entretanto, com a industrialização e a concentração da população nas grandes cidades, o lixo foi se tornando um problema. Segundo James:

Vivemos numa sociedade que consome, ou usa muitos recursos. É a chamada “sociedade de consumo”, existente nos países capitalistas. Esses países desenvolveram um estilo de vida que exige muitos produtos, como carros, televisores, móveis, refrigeradores, livros e cosméticos. Esse estilo de vida consome muitos recursos naturais (JAMES, 1997, p. 10).

Como se observa, o capitalismo desenvolveu na sociedade hábitos extremamente consumistas, tornando-se o principal respon-sável pela geração de lixo. As pessoas têm a ideia de que tudo é descartável, adquirem inúmeros produtos, consumindo, assim, boa parte dos recursos naturais.

Page 118: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

117

É preciso insistir no fato de que a consciência ambiental faz com que as famílias e a sociedade, em geral, invistam na formação de valores essenciais aos jovens, passando à escola a função de estabe-lecer e resgatar hábitos, valores éticos, preservação do meio ambiente e da própria vida.

É fundamental que a noção de preservação ambiental seja trabalhada desde a tenra idade, sendo complementada e aperfeiçoada na escola. Além disso, trabalhar Educação Ambiental é interessante porque enfatiza o papel da escola em relação à formação de cidadãos críticos e proativos, no sentido de resgatar valores e levar adiante o respeito à vida, tendo em vista a cooperação mútua.

Dessa forma, este estudo torna-se relevante para a sociedade porque propõe discussões e reflexões sobre os problemas causados pelo aumento da geração de lixo e aponta para a prática da reciclagem e reutilização de resíduos, bem como suas formas de tratamento e disposição adequada. Toda a população deve evitar que o lixo se torne ameaça à saúde, ao bem-estar, à sobrevivência de espécies da fauna e flora, aos ecossistemas, à vida em suas diversas formas de manifestação. A reciclagem é uma resposta para esse caos. É necessário conscientizar sobre a sua importância.

2 DESENVOLVIMENTO

Inicialmente, houve o estudo a respeito do tema em questão e visita à Escola onde seria executado o trabalho.

O projeto foi dirigido, primeiramente, por meio de estudo e reflexões sobre a questão do acúmulo de lixo gerado em nosso tempo, de forma a evitar ou diminuir os problemas causados pelo mesmo na fauna, na flora, no solo e, por fim, na saúde do ser humano.

Em todas as visitas feitas à Escola Municipal Gidalte Maria dos Santos, procurou-se incitar nos envolvidos, a partir de atividades pedagógicas e multidisciplinares, o senso crítico e a responsabilidade do adulto e da criança em cuidar do meio em que vive.

Page 119: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

118

Houve oficinas para a produção de brinquedos, objetos e painéis decorativos, utilizando garrafas e tampinhas de PET, caixas de papelão diversas e materiais distintos que seriam descartados.

Ocorreu a “Tarde do Cinema”, apresentando o filme “Wall-E” que, de forma descontraída e dinâmica, chamou a atenção dos discentes sobre o problema do descarte do lixo, sobrevindo o estímulo à prática da coleta seletiva na escola e pelo bairro apreciando os materiais encontrados nos aspectos de origem, quantidade, aproveitamento e proteção ao meio ambiente.

Os alunos extensionistas foram os responsáveis pelas ações associadas para alcançar os objetivos específicos, sob a orientação, apoio e estímulo frequente da orientadora e dos colaboradores do Projeto.

Durante toda a execução do Projeto, procurou-se alcançar os objetivos propostos:

• refletir criticamente sobre o significado e a atuação do ser humano sobre o planeta na formação da cidadania;

• reconhecer os materiais recicláveis e/ou reutilizáveis; • estabelecer a importância de separar o lixo; • mostrar aos alunos a realidade da consequência do lixo não aproveitado;

• conhecer sobre o processo de seleção e reciclagem do lixo inorgânico;

• selecionar o lixo que pode ser reciclado e/ou reaproveitado; • reciclar para evitar desperdício e preservar o meio ambiente; • transformar o lixo em objetos úteis;• apreciar e refletir sobre o produto final.

Dentre as atividades previstas e cumpridas no Projeto, destacam-se:

• apresentação do tema e objetivos do trabalho aos alunos do 5º ano da Escola Gidalte, bem como o significado e importância de reciclar, reduzir e reaproveitar;

Page 120: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

119

• promoção de discussões com os alunos sobre o tema meio ambiente e, assim, incentivou a todos os envolvidos a participarem mais dos programas de reciclagem e reutilização, separando em casa e na escola o material para reaproveitar e/ou doar;

• utilização da leitura, da linguagem escrita e da arte como instru-mentos de aprendizagem, transformação e sensibilização;

• emprego da arte como instrumentos de transformação e sensibilização;

• elaboração e interpretação de textos (Apêndice A), folder (Apêndice B) sobre a importância em reciclar e reutilizar determinados objetos que seriam descartados no lixo degradando a natureza;

• exibição do Filme Wall-E, alertando sobre o problema da geração excessiva do lixo;

• confecção de objetos e utensílios a partir de matéria-prima que seria descartada;

• socialização em atividades recreativas e pedagógicas envolvendo alunos da Escola Gidalte com os alunos e servidores do IFTM;

• encerramento do projeto e distribuição de brinquedos (feitos com materiais reutilizados) aos alunos do período vespertino da Escola Gidalte.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da oportunidade em trabalhar com o Projeto, per-cebeu-se que há a necessidade de enfatizar ações que induzam à responsabilidade nos cuidados com o meio em que vivemos. Tendo a criatividade como aliada, podemos conscientizar os estudantes e a comunidade escolar em relação à importância e à prática da reutilização de materiais e redução da propagação do lixo.

Sentimo-nos com o dever cumprido de levar a um grupo, um trabalho desenvolvido por servidores e alunos do IFTM Campus Paracatu, com práticas educativas que abranjam o processo de

Page 121: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

120

desenvolvimento e aprendizagem infantil. Além disso, contemplam os contextos educativos norteando os cuidados com a natureza por meio de atividades integradas nas diferentes áreas do conhecimento.

4 NOTAS

1Especialista em Docência do Ensino Superior. Assistente de Aluno. E-mail: [email protected] em Gestão e Organização da Escola. Técnica em Assuntos Educacionais. E-mail: [email protected] em Geografia. Auxiliar Administrativo. E-mail: [email protected] em Geografia. Operador de Máquinas Agrícolas. E-mail: [email protected] em Língua Portuguesa e Redação. Assistente de Aluno. E-mail: [email protected] em Orientação Escolar. Assistente de Aluno. E-mail: [email protected] do Curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. E-mail: [email protected] do Curso Técnico em Eletrônica Concomitante. Bolsista de extensão do programa de apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. E-mail: [email protected] do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. E-mail: [email protected].

5 REFERÊNCIAS

BRASIL. Projeto Político Pedagógico do Curso Técnico em Administração Concomitante ao Ensino Médio. Ministério da Educação. Paracatu: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, 2015.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Introdução. Ensino Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 2001.

JAMES, Bárbara. Lixo e reciclagem. São Paulo: Scipione, 1997.

Page 122: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

121

APÊNDICE A: Material usado para estudo sobre o tema: Cuidados com a natureza.

CRIANÇA TAMBÉM CUIDA DA NATUREZA!

AO RECICLAR OU REUTILIZAR

VÁRIOS TIPOS DE MATERIAIS

ESTAREMOS AJUDANDO A

CUIDAR DA NATUREZA.

A PRODUÇÃO DE LIXO

AUMENTA A CADA DIA QUE

PASSA.

O PROBLEMA DO LIXO

PIOROU COM O DESPERDÍCIO E

COM O SURGIMENTO DE

PRODUTOS DESCARTÁVEIS.

MUITOS MATERIAIS NÓS

MESMOS PODEREMOS

REAPROVEITAR, USANDO A

NOSSA CRIATIVIDADE.

VOCÊ ACREDITA QUE

PODEMOS MELHORAR A VIDA

DO NOSSO PLANETA?

LEIA OS TEXTOS A SEGUIR E RESPONDA AS PERGUNTAS:

Texto 01:REDUZIR

A melhor solução é reduzir o lixo que produzimos em primeiro lugar. Por exemplo, só devemos comprar produtos que não venham com muita embalagem e de que realmente precisamos.

Pense com cuidado sobre que tipos de materiais são usados nas coisas que compramos. Uma vez que se tornam lixo, eles podem levar muito tempo para se decompor na natureza.

Page 123: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

122

De acordo com o texto, REDUZIR é:a) aumentar e desperdiçar o lixo.b) jogar lixo nas ruas.c) a coleta do lixo.d) diminuir o lixo evitando desperdício.

Texto 02:

REUTILIZAR: As pessoas são muito criativas ao reutilizarem os objetos, ao

invés de jogá-los fora. Por exemplo, podemos usar as garrafas PET e transformá-las em brinquedos, podemos fazer móveis com sobras de madeira e usar vidros bem lavados para guardar alimentos e ma-teriais de carpintaria e de escritório.

Segundo o texto, REUTILIZAR é:a) pegar objetos que iam para o lixo e transformar em outros.b) jogar o lixo nos terrenos baldios da cidade.c) jogar latas de alumínio no lixo.d) um tipo de lixo que faz mal à saúde.

Texto 03:

RECICLAR É: Se objetos como garrafas de vidro, latas de metal e de estanho,

jornais e plásticos não puderem ser reutilizados, talvez seja possível reciclá-los. Por exemplo, o vidro é lavado em indústrias especiais, quebrado em pedacinhos e, então, derretido para fazer vidro “novo”, pronto para a fabricação de alguma outra coisa. Alguns países têm fábricas que reciclam estes materiais.

Page 124: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

123

De acordo com o texto, RECICLAR é:a) quebrar vidros.b) transformar o lixo em novos objetos.c) tudo que jogamos fora.d) o acúmulo de lixo pelas ruas e bairros.

O acúmulo de lixo causa:a) Saúdeb) Bem-estarc) Educaçãod) Doenças.

Page 125: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

124

APÊNDICE B: Folder empregado no trabalho com os alunos.

Page 126: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

125

Page 127: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

126

REVITALIZAÇÃO DO HORTO DO IFTM CAMPUS UBERABA, COMO FERRAMENTA PARA O

RESGATE DO INTERESSE DA COMUNIDADE PELAS PLANTAS MEDICINAIS

Victor Peçanha de Miranda Coelho1, Mychelle Carvalho2

Daniel Pena Pereira3, Ana Isa Marquez Rocha Machado4

Gabrielle Clérie Gonçalves Silva5, Heber Marcos Carneiro Júnior5

Geraldo José Carneiro Neto5, Jussara Martins Alves Pereira5

Mateus Augusto de Andrade Silva6

RESUMO

A proposta do projeto foi revitalizar o horto do IFTM Campus Uberaba, constituindo-se numa ferramenta de interação direta entre academia e comunidade, como também para inclusão social, geração de opor-tunidades e melhoria das condições de vida. Atualmente, o horto conta com mais de 50 espécies medicinais, todas determinadas em nível de espécie e com placas de identificação. Foram ampliados os canteiros para plantio e construídas bancadas para cultivo de mudas no viveiro. A extratoteca desenvolvida neste projeto conta com 15 extratos vegetais, que têm sido utilizados em diversos projetos de pesquisa do IFTM, todos focados no uso de alternativas mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis para o combate de pragas e doenças de plantas de interesse agrícola. Foram instaladas duas hortas medicinais, uma na Escola Estadual N.S. da Abadia e outra no CAPS – Fundação Gregório Baremblitt. Cerca de 100 alunos de diferentes escolas municipais e estaduais visitaram o horto durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em 2016. Neste evento, também realizamos dois minicursos e doamos mais de 300 mudas de plantas medicinais. O horto continua sendo mantido com todas as suas atividades. A perspectiva para 2017 é a implantação de um jardim sensorial com plantas medicinais no Instituto dos Cegos

Page 128: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

127

de Uberaba e a manutenção do horto como espaço de extensão, ensino e pesquisa.

Palavras-chave: Plantas Medicinais. Extratoteca. Hortas escolares.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país rico em diversidade biológica e cultural, privilegiado pelo grande número de espécies vegetais, animais e micro-organismos, assim como de povos que trazem em suas culturas e tradições, o conhecimento tradicional associado à utilização desses re-cursos naturais (ALBUQUERQUE; HANAZAKI, 2006). No âmbito da cultura popular, o rápido processo de mudança social, sobretudo no meio rural, tem ameaçado a sobrevivência de várias tradições, como, por exemplo, o uso de plantas medicinais nas práticas de cura.

No passado, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) Campus Uberaba manteve uma área para o cultivo de plantas medicinais, que com o tempo e a falta de cuidado foi completamente tomada por plantas daninhas. A ideia de implantar um horto medicinal no IFTM Campus Uberaba surgiu do interesse dos professores Victor Peçanha de Miranda Coelho, Daniel Pena Pereira e Mychelle Carvalho, ao visitarem a reserva Ecocerrado de Araxá/MG, que trabalha com plantas medicinais da região. A partir daí oficializou-se um projeto financiado pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT), cujo objetivo é promover atividades no horto, resgatando o interesse pelas plantas medicinais da comunidade acadêmica e externa, inserindo e informando crianças, jovens e adultos sobre o manejo, cultivo e uso de espécies medicinais.

Também utilizamos as plantas medicinais para atuar no ensino da botânica. O ensino desta disciplina tem como principais problemas o grande desinteresse dos alunos pelo conteúdo e a falta de desen-volvimento de atividades práticas e de material didático voltado para o aproveitamento do estudo (MELO et al. 2012). Nesse contexto,

Page 129: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

128

os bolsistas do projeto utilizaram a técnica do papel semente para o ensino da botânica. Esta técnica contemporânea e inova-dora (COUTINHO; DOROW, 2014) utiliza um papel artesanal que possui sementes germináveis em sua composição, o que possibilita o crescimento de plantas dias após ser plantado (KLAUTZ et al. 2014). A reciclagem de papel e uso de materiais orgânicos para fabri-cação do papel semente, constitui-se numa alternativa ecologicamente responsável, que pode aliar sustentabilidade e ensino de botânica.

O nosso público alvo foi a comunidade interna (servidores e estudantes) e a comunidade externa, sobretudo os alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas de Uberaba, MG. O projeto envolve áreas como botânica, fitoquímica e fitotecnia. Contou com a colaboração de 4 professores e de cinco alunos de graduação, além de voluntários (servidores e estudantes). No início de 2017, o projeto foi concluído e o horto medicinal do IFTM Campus Uberaba, cada vez mais se consolida como um espaço de ensino, pesquisa e extensão.

2 DESENVOLVIMENTO

A ideia de criação de um horto medicinal no IFTM Campus Uberaba, surgiu em 2015 a partir de uma visita a fundação Ecocerrado em Araxá (MG). Lá conseguimos parceiros e doação de diversas matrizes de plantas medicinais, sendo este o pontapé inicial para a revitalização do horto de plantas medicinais no Campus Uberaba. Assim, surgiu este projeto de extensão com o objetivo de revitalizar a horto medicinal do IFTM Campus Uberaba, como um instrumento de resgate do interesse da comunidade pelas plantas medicinais; inserindo e informando crianças, jovens e adultos no contexto da biodiversidade, como também sobre o manejo, cultivo e uso de espécies medicinais.

Inicialmente, a área destinada para o estabelecimento do horto encontrava-se descuidada e com poucas plantas. Com o início das atividades do projeto, em 2016, a área recebeu manejo adequado

Page 130: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

129

e, atualmente, tem mais de 50 espécies medicinais, algumas incluídas na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS): mil-folhas (Achillea millefolium L.), babosa (Aloe vera (L.) Burm. f.), losna (Artemisia absinthium L.), carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.), pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link), erva-baleeira (Varronia curassavica Jacq.), cana-do-brejo (Costus spicatus (Jacq.) Sw.), funcho (Foeniculum vulgare Mill.), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek), poejo (Mentha pulegium L.), hortelã (Mentha crispa L.), guaco (Mikania glomerata Spreng.), alfavacão (Ocimum gratissimum L.), tanchagem (Plantago major L.), boldo-do-reino (Plectranthus barbatus Andrews), arruda (Ruta graveolens L.), boldo (Vernonia condensata Baker) e assa-peixe (Vernonia polyanthes (Spreng.) Less.).

As principais atividades desempenhadas pelos integrantes do projeto são: propagação das mudas, conserto e manutenção da casa de vegetação e do viveiro, estabelecimento de uma coleção de extratos vegetais (extratoteca) e parcerias com escolas municipais e estaduais de Uberaba, recebendo seus alunos para apresentar-lhes o horto da instituição e auxiliando-os na implantação de hortas de plantas medicinais nas suas escolas. Foram implantadas duas hortas: uma na escola estadual N.S. da Abadia e outra no CAPS – Fundação Gregório Baremblitt, ambos em Uberaba (MG). Na escola, o público atingido foi cerca de 60 estudantes do ensino fundamental (6º e 7º ano) e a professora de Ciência destes. Eles instalaram a horta, a qual tem sido usada para o ensino de botânica, e realizam a manutenção dela com o auxílio dos bolsistas do projeto. Também foi realizada uma oficina de propagação de plantas e outra de confecção de papel semente nesta escola. No CAPS, o público atingido foi de pacientes com problemas psiquiátricos que tiveram as plantas medicinais como aliadas nas terapias ocupacionais e na aromoterapia desenvolvidas no local. Os extratos da extratoteca têm sido utilizados em diversos projetos de pesquisas do IFTM, a sa-ber: “Bioprospecção de produtos naturais inseticidas em extratoteca oriunda de espécies nativas do Cerrado ou cultivadas no horto do

Page 131: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

130

IFTM” – aprovado no Edital nº 09/2015 PIVIC/IFTM (1 ano de duração); (2) “Bioprospecção de plantas com potencial inseticida para o controle de Plutella xylostella” – aprovado no Edital nº02/2016 PIBITI/IFTM (1 ano de duração); (3) Manutenção e Desenvolvi-mento do Núcleo de Estudos em Agroecologia do Instituto Fede-ral do Triângulo Mineiro Campus Uberaba – aprovado na Chamada MCTI/MAPA/CNPQ nº02/2016 (2 anos de duração). Esses proje-tos visam desenvolver métodos alternativos para o controle de pragas e doenças de plantas a partir de moléculas obtidas em plantas, como descrito por Corrêa e Salgado (2011).

Pedagogicamente, a interface com o ensino, pesquisa e extensão, faz do horto um instrumento de aprendizagem e colaboração na formação de alunos, uma vez que oportunizou aos estudantes bolsistas e voluntários atividades como: visitas técnicas, atuação como monitores durante as visitações das escolas ao horto e atuação como palestrantes de minicursos. Além disso, viabiliza a realização de projetos de pesquisa e se mantém aberto ao público como um local que proporciona conhecimento sobre plantas medicinais. O presente projeto foi divulgado no boletim Conexão Biologia nº 16/2016. Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2016, o horto recebeu cerca de 100 estudantes de escolas públicas de Uberaba. Os alunos bolsistas do projeto ministraram dois mi-nicursos para cerca de 30 alunos: um sobre propagação de plantas medicinais e outro sobre a confecção de papel semente. As mudas produzidas no horto continuam sendo destinadas à implantação de canteiros permanentes na comunidade externa ou são doadas para a comunidade do IFTM Campus Uberaba.

3 CONCLUSÃO

As atividades foram conduzidas de forma satisfatória e houve interesse tanto da comunidade interna quanto externa pelo espaço revitalizado do horto de plantas medicinais, como também pelas

Page 132: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

131

ações de extensão promovidas durante o projeto. Busca-se agora a consolidação do horto como um espaço de extensão, ensino e pesquisa. A técnica do Papel Semente se mostrou viável, de baixo custo e agrega valor ambiental, social e econômico ao processo de reciclagem de papel. A aplicação do papel semente no ensino de botânica será avaliada em conjunto com os professores da Escola Estadual N.S. da Abadia. De sorte, a interatividade dessa técnica juntamente com a quebra da rotina de aulas tradicionais irá estimular os alunos a se interessarem mais pelos conteúdos de botânica. As dificuldades encontradas durante a realização deste projeto se concentram nos entraves burocráticos para o uso das verbas aprovadas, da falta de fun-cionários do Campus para nos auxiliar na manutenção do horto e na falta de transporte para executar as ações de extensão nas escolas.

4 NOTAS

1Biólogo, Doutor em Botânica. Professor coordenador do projeto. [email protected] Agrônoma, Doutora em Fitotecnia. Professora. [email protected] Agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas. Professor. [email protected]óloga, Mestre em Botânica. Professora. [email protected] em Licenciatura em Ciências Biológicas. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015. [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] em Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015.

5 REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, U.P.; HANAZAKI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.16, p. 678-689, 2006. Suplemento.

CORRÊA, J. C. R.; SALGADO, H. R. N. Atividade inseticida das plantas e aplicações: revisão. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.13, n. 4, p. 500-506, 2011.

Page 133: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

132

COUTINHO, C.; DOROW T. Papel semente: uma alternativa para inserção da Educação Ambiental na escola. Revista Monografias Ambientais, v.14, n.2, p. 3183-3191, 2014.

KLAUTZ, D. J. et al. Papel semente e IFSC sustentável: uma estratégia de cooperação ambiental e geração de oportunidades. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA, EXTENSÃO E INOVAÇÃO DO IFSC, 2014, Santa Catarina. Anais... Santa Catarina: IFSC, 2014. ISSN 2357-836X.

MELO, E. A. et al. A aprendizagem de botânica no ensino fundamental: dificuldades e desafios. Scientia Plena, v. 8, n.10, p. 1-8, 2012.

Page 134: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

133

ROBÔ CERRADO – OLIMPÍADA DE ROBÓTICA DO CERRADO

Aline Fernanda Furtado Silva¹, Murylo Elvio Rocha Cajá Pereira², Igor Gustavo Souza³, Mateus Victor de Freitas Matos4,

Gabriela Borges França5, Neilor Carvalho Silva6, Roney Junior de Portugal7, Leandro Souza Vilefort8,

Mariana de Lourdes Godoy Silva9, Sergio Souza de Castro Junior10

RESUMO

O projeto Robô Cerrado – Olimpíada de Robótica do Cerrado foi ide-alizado por um grupo multidisciplinar de professores do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) com o intuito de incentivar o aprendizado de disciplinas tais como física, matemática, eletrônica, programação, entre outras, através do ensino da robótica e suas tec-nologias. Teve início no ano de 2016 contemplando vinte estudan-tes regularmente matriculados no nono ano do Ensino público municipal da cidade de Patrocínio. Estes estudantes receberam semanalmente aulas de robótica ministradas por alunos bolsistas e voluntários do IFTM, os quais, por sua vez, receberam da equipe executora um curso de capacitação além da oportunidade de parti-cipar de eventos de robótica de nível nacional. Ao término do curso de robótica, os participantes foram submetidos a uma competição local da qual, oito finalistas foram premiados com medalhas e men-ções honrosas. O projeto continua atualmente em execução com planos de promover uma olimpíada entre as escolas públicas do município de Patrocínio. A adesão ao projeto, tanto por parte da comunidade institucional como por parte da comunidade externa, tem crescido vertiginosamente e planos são feitos para que sua execução aconteça de forma contínua.

Palavras-chave: Robótica. Aprendizado. Curso. Olimpíada.

Page 135: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

134

1 INTRODUÇÃO

A robótica tem estado na mente dos seres humanos desde o momento em que poderíamos construir objetos: brinquedos, máquinas, relógios etc. Os robôs são elementos muito poderosos da indústria atual, capazes de realizar tarefas e operações diversas, além de serem mais precisos que os seres humanos, dispensam elementos de conforto e segurança requeridos por estes (NIKU, 2014). O estudo desta tecnologia pode relacionar as áreas de matemática, artes, linguagem, física, biologia, eletrônica e programação.

A ideia deste projeto surgiu em 2014 quando da participação de sua coordenadora na Mostra Nacional de Robótica em São Carlos (SP). Nessa ocasião, um aluno do curso Técnico em Eletrônica apresentou seu projeto de iniciação científica voluntária durante os três dias de evento. Simultaneamente, acontecia a final da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), da qual participavam estudantes de nível funda-mental e médio, de escolas públicas e privadas, técnicas e regulares de todo o Brasil, daí surgiu o desejo de inserir os alunos do IFTM Patrocínio no universo das competições de robótica escolar.

Entretanto, o sonho da professora não se restringia apenas ao IFTM. Ela almejava proporcionar aos estudantes das demais escolas públicas de sua região a mesma oportunidade que os seus alunos teriam. Entretanto, seria muito difícil levar todos os possíveis interessados para participar em um evento nacional. Então, por que não criar em Patrocínio um evento de robótica similar à OBR?

Desta ideia deu-se início o planejamento do projeto de extensão Robô Cerrado. O projeto foi pensado em três etapas principais, sendo a primeira destinada à capacitação dos alunos do próprio IFTM (bolsistas e voluntários); a segunda seria a oferta de um curso de robótica à comunidade externa à instituição; e a terceira seria a realização de uma olimpíada de robótica entre os estudantes das escolas participantes.

Page 136: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

135

O planejamento contou com a participação de uma equipe multidisciplinar de professores do campus, alinhado ao Projeto Político pedagógico do IFTM, na medida em que associa as práticas de ensino, pesquisa e extensão.

O projeto foi submetido e aprovado institucionalmente pela Pró-reitoria de extensão e colocado em prática no segundo trimestre do ano de 2016, tendo uma duração de oito meses. Neste ano (2017), com uma nova edição, o projeto está em andamento desde fevereiro.

Na edição inicial, foram envolvidos cinco bolsistas e oito voluntários dos diversos cursos de Ensino Médio Concomitante e Integrado. Este ano, o projeto conta com dezesseis voluntários do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio e quatro voluntários do Curso de Engenharia Elétrica, havendo a previsão de uma bolsa para o Ensino Médio.

O principal objetivo é atuar como um instrumento para a melhoria no ensino fundamental, médio e superior, integrando as escolas de Patrocínio e região preparando nossos jovens para eventos nacionais e internacionais na área de tecnologia e inovação. Já os objetivos específicos são identificar jovens talentosos que possam ser estimulados para carreiras técnico-científicas; aprimorar o ensino da matemática, artes, eletrônica, programação e outras disciplinas, mostrando sua aplicação na tecnologia; propiciar iguais oportunidades de acesso à robótica aos alunos de escolas públicas; e incentivar a difusão da robótica, da tecnologia e da inovação.

Além disso, pretende-se possibilitar aos bolsistas e voluntários envolvidos uma aprendizagem realmente efetiva através de sua participação nos processos de ensino, divulgação e organização de um curso e de uma olimpíada de robótica.

Ademais, visando aliar a prática da extensão à divulgação dos cursos de Ensino Médio Integrado, têm-se como público-alvo os estudantes regularmente matriculados no nono ano de escolas públicas municipais e estaduais do município de Patrocínio.

Page 137: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

136

2 DESENVOLVIMENTO

O projeto foi estruturado em três etapas principais. Contudo, no ano de 2016, cinco etapas foram efetivamente executadas e, para a edição atual, acredita-se que acontecerão pelo menos seis etapas.

A primeira consiste na capacitação dos bolsistas e voluntários, alunos do próprio campus, realizada pela equipe multidisciplinar de professores de matemática, artes, linguagem, física, biologia, eletrônica e programação.

Após a formação de nossos alunos, deu-se a etapa de divulgação do projeto por meio dos canais digitais (site e rede social) desenvolvidos pelos bolsistas e voluntários, e de panfletagem e visita às turmas de nonos anos das escolas públicas municipais e estaduais de Patrocínio.

Finda a segunda etapa, foram abertas as inscrições pelo site, no ano de 2016, e, posteriormente, aplicou-se a prova diagnóstica e classificatória que aprovou um grupo de vinte estudantes para participar do Curso de robótica. Este ano, houve mais de setenta inscritos, de dez escolas diferentes do município de Patrocínio. A coordenação do projeto, juntamente com sua equipe executora e a direção do campus, está estudando a melhor forma de selecionar os inscritos e pretende atender pelo menos quatro alunos de cada uma das escolas inscritas.

A etapa seguinte é o curso de robótica, sob a organização e condução dos bolsistas e voluntários e uma carga horária total de 40 horas. O grupo composto pelos 20 alunos da rede pública recebeu, duas vezes por semana, treinamentos em eletrônica e programação e tiveram a oportunidade de aprender a projetar pequenos robôs seguidores de trilha com kits de robótica da Lego. O robô seguidor de linha ou de trilha consiste em um ser projetado para executar movimentos motores buscando manter-se na trilha proposta na pista em que se situa, dessa forma, o robô se locomove condizendo ao seu nome, seguidor de linha, referência ou trilha (MCROBERTS, 2015).

Page 138: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

137

Para o ano de 2017, pretende-se estimular o uso de tecnologias Open Source como a plataforma ARDUINO e o reaproveitamento de sucata eletrônica e materiais recicláveis para a confecção dos robôs.

As etapas finais são as competições entre as equipes de uma mesma escola e a grande olimpíada de robótica com uma equipe de cada escola participante. Ao final do ano de 2016, os alunos da rede pública atendidos pelo Robô Cerrado participaram de uma compe-tição, nos moldes de uma olimpíada local. Eles foram divididos em pequenas equipes e a cada uma foram propostos desafios, como uso de obstáculos, redutores de velocidade, marcadores de percurso, rampas, labirintos e utilização de diferenciação de setor por cor. Ao final, oito jovens finalistas foram premiados com medalhas e menções honrosas. Para este ano, estão sendo realizados esfor-ços para que ocorra realmente uma grande olimpíada no mês de outubro encerrando as atividades desta edição do projeto.

Os bolsistas com o auxílio de voluntários foram responsáveis pela preparação de materiais, realização das aulas do curso de robótica e organização da competição entre os participantes. Além disso, os alunos do IFTM integrantes do projeto (bolsistas e voluntários) participaram da etapa mineira da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), a qual foi sediada na cidade de São João Del Rei, no mês de setembro de 2016. Esta participação foi muito importante para que os jovens compreendessem a organização desse tipo de evento a fim de reproduzi-lo posteriormente no campus. Eles também tive-ram a oportunidade de ministrar uma série de minicursos (Arduíno, Introdução à robótica, montagem de robô “seguidor de linha” com Kit Lego) durante os dois principais eventos do campus, a Semana de Cursos do IFTM Campus Patrocínio e a Semana de Ciência, Tecnologia e Inovação de Patrocínio (SCTIP).

Estes alunos também participaram do Desfile cívico de Sete de setembro de 2016, no qual representaram o campus e divulgaram o projeto, através da exposição de robôs e de uma pista de com-petição, para toda a comunidade da referida cidade. Outro evento

Page 139: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

138

promovido pela equipe de estudantes envolvidos neste projeto foi uma competição de robótica nomeada Competição de Robótica do Corujão (CRC) ocorrida durante o evento Corujão Tecnológico, evento tradicional que acontece no campus Patrocínio anualmente, a qual contou com a presença de integrantes do grupo de robótica do curso Equipe de Desenvolvimento de Robótica Móvel (EDROM) da Universidade Federal de Uberlândia, que participaram como juízes. As regras da CRC foram baseadas nas normas da OBR, já que o objetivo da competição era simular uma olimpíada de robótica. A oportunidade de participar destes eventos serviu como estímulo à permanência dos alunos no curso técnico e à melhora indivi-dual de seus currículos, além de ajudar na difusão da robótica, da tecnologia e da inovação.

Ao longo da primeira edição do projeto foi possível iden-tificar perfil para a área técnica e tecnológica entre os bolsistas, voluntários do IFTM, e os alunos da rede pública contemplados pelo projeto. Aconselhou-se àqueles que estavam cursando o nono ano do Ensino Fundamental a se inscreverem no processo seletivo dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio do próprio IFTM Campus Patrocínio.

3 Considerações finais

O projeto tal como foi proposto e da forma que tem sido executado pode ser avaliado positivamente, pois o envolvimento dos bolsistas, voluntários, servidores e público-alvo tem crescido linearmente e já se fala em parcerias com empresas e fornecedores de pilhas, baterias e componentes eletrônicos.

Ao longo do percurso, tanto na primeira edição quanto atualmente, tem sido realizado o acompanhamento das notas e frequências dos alunos vinculados ao Robô Cerrado. Este acompa-nhamento é uma forma de avaliação da participação dos estudantes nas atividades de extensão desenvolvidas.

Page 140: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

139

Através deste acompanhamento foi possível perceber uma melhoria significativa no desempenho dos alunos, tanto em aspectos quantitativos (notas e frequência), quanto em aspectos qualitativos (interesse, dedicação, concentração etc.).

Pretende-se ainda, ao final da atual edição propor uma autoavaliação para os bolsistas e voluntários, a fim de colher infor-mações para aperfeiçoamento do projeto para propostas futuras.

Em relação aos participantes das escolas públicas, enxerga-se que a própria Olimpíada já seja uma forma de avaliação, mas a equipe executora vem estudando outras possibilidades para se avaliar os resultados desta atividade junto à comunidade.

No entanto, ainda é cedo para dizer que todos os objetivos deste projeto de extensão foram alcançados, uma vez que se espera que se torne um projeto contínuo da instituição. A busca por aprender com os erros e acertos e com a própria comunidade atendida visa torná-lo uma tradição para o município de Patrocínio, visto que este tipo de atividade ajuda na promoção à compreensão, à tolerância, ao respeito às diversi-dades e promove a inclusão das minorias e a igualdade de gêneros a fim de construir uma sociedade livre e democrática.

4 NOTAS

¹Mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação. Professora EBTT, Coordenadora. [email protected]²Aluno do curso Técnico em Contabilidade. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015 [email protected].³Aluno do 3º ano do curso de Eletrônica integrado ao ensino médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015 [email protected] do 2º ano do curso de Eletrônica integrado ao ensino médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015 [email protected] do 2º ano do curso Manutenção Suporte em Informática integrado ao ensino médio, Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro– Edital 01/2015 [email protected] do 3º ano do curso de Eletrônica integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2015 [email protected].

Page 141: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

140

7Mestre em Física. Professor EBTT, Coordenador substituto do projeto. [email protected] em Engenharia Elétrica. Professor EBTT, membro da equipe executora. [email protected] do curso de Eletrônica. Voluntaria de extensão. [email protected] do curso de Eletrônica, Voluntario de extensão. [email protected].

5 Referências

MCROBERTS, Michael. Arduino Básico. São Paulo: Novatec Editora LTDA, 2015.

NIKU, S. B. Introdução à robótica: análise, controle, aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2014.

Page 142: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

141

PROJETO DE EXTENSÃO:SEMANA DA FAMÍLIA

Giovana Gabriela Soares Ribeiro1

Júlia Bernardes Vasconcelos2

Renata Marques dos Santos3

RESUMO

O projeto de extensão da Semana da Família é realizado desde 2015, com a participação de toda a comunidade e os alunos do IFTM Campus Pa-tos de Minas. O projeto tem como objetivo aproximar os pais dos seus filhos e da escola dos mesmos, além de realizar atividades integrando as famílias de todos. Para realizar essa integração foram realizadas palestras e atividades entre pais e filhos. O passado e o presente estiveram juntos para alcançar os objetivos do projeto discutindo temas atuais, como a nova formação da família e a sexualidade na adolescência, além de uma volta ao passado com uma releitura musical da época dos pais. De forma conjunta, pais, filhos e escola atingiram os objetivos do projeto.

Palavras-chave: Família. Escola. Passado.

1 INTRODUÇÃO

Estudos comprovam que a presença dos pais na vida escolar dos filhos é muito importante e causa efeitos benéficos que refletem diretamente em notas mais altas, na disciplina comportamental e também reduz a evasão escolar. Dessa forma, a falta dessa participa-ção é considerada um problema para a escola pública. Logo, é funda-mental que a família participe da educação de seus filhos e se aproxime da instituição para que juntas possam oferecer uma educação de qualidade aos jovens em formação.

Page 143: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

142

O Projeto de Extensão Semana da Família do Campus Patos de Minas foi realizado no período de 18 a 20 de agosto de 2016, no IFTM Campus Patos de Minas, e teve como objetivo aproximar a família e a escola, fazendo com que ambas tivessem uma melhor comunicação. No entanto, para chegar à semana final, foram realizadas algumas etapas intermediárias com os seguintes objetivos:

• promover palestra sobre o tema Família, para iniciar as discussões sobre diversi-dade nas famílias atualmente;

• trabalho em sala de aula na disciplina de biologia e espanhol, com a construção da árvore genealógica da família de cada aluno do primeiro ano;

• pesquisas nas disciplinas de história e geografia, abordando as cidades de origem dos avós, dos pais, localização geográfica e quais as motivações que levaram as mudanças de cidades, análises das profissões e questões de trabalho;

• criar um álbum de família com as fotos e memórias pesquisadas com os seus familiares recontando sua própria história;

• debates e discussões na disciplina de geografia, abordando questões de tradições, costumes, mudanças de hábitos e de profissões entre as gerações;

• escolher e interpretar letras de músicas (em português, inglês e espanhol), que remetessem à época de adolescente dos pais dos alunos do segundo ano para a construção de uma minidiscoteca na semana da família;

• promover palestra abordando a temática sobre sexualidade na adolescência, pois este é um momento na vida onde as experimentações e/ou experiências devem ser bem orientadas pela família em conjunto com a escola;

• ministrar minicurso de economia financeira familiar, com dicas de como administrar as finanças da família, elaboração de um fluxo de caixa pessoal, planeja-mento do orçamento pessoal;

Page 144: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

143

• encontro final de confraternização dos pais, alunos, funcionários e demais familiares no IFTM Campus Patos de Minas, com a realização de um café coletivo, jogos e atividades artísticas que promovam a interação entre todos os participantes.

Este projeto teve duração de 4 meses, entre os meses de maio a agosto, período em que foram discutidos alguns temas relacionados com o projeto. Neste relato de experiência, abordamos sobre todas as atividades realizadas ao longo do projeto que envolveu a família, os alunos e os funcionários e que alcançaram grande sucesso ao atingir os seus objetivos.

2 DESENVOLVIMENTO

Na sua segunda edição, o Projeto de Extensão Semana da Família no Campus Patos de Minas proporcionou a integração entre escola, alunos e família.

O conceito de família é polissêmico, com várias acepções. No sentido mais restrito, ele se refere ao núcleo familiar básico. No mais amplo, ao grupo de indivíduos vinculados entre si por laços consangüíneos, consensuais ou jurídicos, que constituem complexas redes de parentesco atualizadas de forma episódica por meio de intercâmbios, cooperação e solidariedade, com limites que variam de cultura, de uma região e classe social a outra (SALLES, p.199; 2002; TUIRÁN, 2002).

Desde o início, foi trabalhado com a comunidade acadêmica e seus familiares que o conceito de família implica em laços amorosos por parte das pessoas em um lar, sendo constituído por casais de sexo oposto ou não. Seguindo esta linha, foram discutidas as questões de diversidade no contexto atual da sociedade (figura 01).

Page 145: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

144

Com o intuito de promover um maior debate sobre o assunto, foram realizadas duas palestras no dia 18 de junho de 2016, nas quais os palestrantes Alessandra Regina Regis e José Lucilo da Silva Júlio expuseram suas visões sobre “Família”, à luz de suas experiências profissionais e de integração em atividades comunitárias vividas em nossa comunidade. Os palestrantes trouxeram visões distintas sobre o conceito de Família na sociedade atual, o que contribuiu em muito para que os participantes pudessem ter visões diferentes, mas comple-mentares sobre o mesmo assunto.

Nesse mesmo encontro, o projeto “Semana da Família” realizou uma parceria com o também projeto de extensão “Educação Financeira”, oferecendo um minicurso para os pais e responsáveis

Figura 01: Banner do evento que reflete o pensamento de diversidade proposto pelo projeto.

Fonte: Arquivo dos autores

Page 146: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

145

sobre Educação Financeira. Essa parceria teve a finalidade de trazer as famílias para participarem das atividades realizadas no Campus Patos de Minas, bem como auxiliar as mesmas a se organizarem melhor e terem um maior controle financeiro de suas contas neste momento de crise econômica que o país está passando.

Para coroar o dia foi realizado um café coletivo organizado pelos próprios alunos e pais, momento oportuno para conhecermos melhor os pais dos alunos, principalmente dos ingressantes no primeiro ano. Estes momentos de confraternização se mostram muito impor-tantes para que os familiares conheçam os colegas dos filhos, assim como se tornam mais próximos aos professores e funcionários do IFTM. São pequenas ações que mostram aos pais que a escola esta junto com a família pensando o melhor para os seus filhos.

Após este primeiro momento, foi realizado um balanço das atividades com os alunos bolsistas e voluntários para decidir o que deveria ser trabalhado na segunda rodada de palestras. A opção foi pelo tema Sexualidade que se deu pelo fato de a adolescência ser justamente a época de descobertas e experimentações sobre o sexo que, se não forem bem orientadas, podem trazer impactos negativos para sempre na vida do jovem. Uma questão apresentada pelos próprios alunos é que este tema muitas vezes é considerado um tabu em suas famílias e nem sempre o diálogo ocorre como eles gostariam.

Pensando nisso, foi preparada para o evento final da Semana da Família (18 a 20 de agosto) uma palestra de abertura sobre “Sexualidade na Adolescência” proferida pela Dra. Karina Alvarenga Ribeiro. A Dra. Karina é endrocrinologista especializada em metabologia e nutrologia, com vasta experiência em atendimento a jovens e ado-lescentes, assim como na realização da palestra sobre sexualidade na adolescência. O tema, apesar de delicado e cheio de tabus, foi tratado de forma leve, descontraída e muito dinâmica. A palestrante conseguiu alcançar os jovens e pais que estavam presentes ao evento levando informações e esclarecendo dúvidas. Foram tratadas não somente as consequências físicas e metabólicas de uma iniciação sexual

Page 147: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

146

precoce com as doenças venéreas e sexualmente transmissíveis, bem como uma gravidez indesejada e as consequências psicológicas de uma sexualidade iniciada inadequadamente pelos jovens.

A finalização da Semana da Família aconteceu em um sábado letivo (20/08/16) festivo com um encontro de confra-ternização entre alunos, pais e funcionários. As atividades foram iniciadas pela manhã com um café de confraria entre todos os presentes, possibilitando uma maior integração entre pais, alunos e servidores. Posteriormente, foram realizados jogos que inte-grassem os participantes do evento, tais como futebol, basquete, ping-pong e uma gincana entre pais e filhos. Concomitante-mente, ocorreram apresentações artísticas e culturais dos nossos alunos com declamações de poemas, apresentações musicais e roda de capoeira composta pelos alunos.

Nesse dia também foram apresentados pelos alunos os resultados dos trabalhos desenvolvidos ao longo desses quatro meses envolvendo as disciplinas de Geografia, Espanhol, Biologia e História. Aos alunos do primeiro ano coube a construção do Álbum de Família (foto 02), em que realizaram pesqui-sas histórico-geográficas sobre as suas origens. Através deste tra-balho, os alunos começaram a conhecer melhor sua própria família, bem como a família dos colegas, respeitando a história de cada um. É nítido pelos relatos coletados durante as apresentações que eles mesmos não conheciam suas origens, os encontros e desencontros que se estabeleceram antes do seu nascimento.

Outro ponto importante é que, a partir da observação das fotos, foi possível acompanhar as modificações de costumes e vestuários ao longo das épocas, assim como os tipos de profissões e ocupações que já existiram e hoje estão extintas ou foram alteradas com o tempo. Para a confecção deste Álbum de Família foi construída, conjuntamente com os professores de Biologia e Espanhol, uma Árvore Genealógica (foto 03) a partir da qual os alunos foram resgatando seu passado.

Page 148: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

147

Foto 02: Exposição dos Álbuns de Família elaborados pelos alunos

Fonte: Arquivo dos autores

Foto 03: Exposição da Árvore Genealógica de cada aluno

Fonte: Arquivo dos autores

Page 149: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

148

Para os alunos do segundo ano, a volta ao passado foi através do “Tú-nel do Tempo”, construindo uma minidiscoteca com a seleção musical escolhida pelos pais. Essa pesquisa fez com que os alunos dialogassem mais com os pais a respeito do gosto musical destes, bem como dos momentos pessoais e políticos que marcaram época através destas músicas. Dessa forma, os alunos trouxeram músicas que marcaram momentos da adolescência dos pais e criaram um ambiente para resgatar as memórias durante o evento festivo.

3 CONCLUSÃO Assim, como na edição anterior deste projeto, ocorreu grande

envolvimento e participação de pais e responsáveis pelos alunos. Dessa forma, pode-se considerar que o objetivo primordial do projeto Semana da Família em integrar família, escola e alunos foi alcançado.

Já nas primeiras atividades realizadas no campus, no dia 18 de junho, o retorno foi bem gratificante. Os participantes dos minicursos sobre Educação Financeira elogiaram bastante os alunos bolsistas (Projeto Educação Financeira) responsáveis por ministrar os cursos. Os relatos informaram que os bolsistas eram muito didáticos, dinâ-micos nas apresentações e dominavam o conteúdo apresentado. Em relação às palestras ministradas sobre a Família no contexto atual, os alunos foram categóricos em dizer que ficaram muito satisfeitos com o debate proposto pelos palestrantes. Apesar de terem ouvido opiniões distintas sobre o assunto, o debate foi respeitoso e proveitoso para melhor compreensão da diversidade social.

Sobre o evento final realizado na Semana da Família em agosto de 2016, os resultados atenderam às expectativas iniciais do projeto: houve um grande envolvimento dos alunos e dos pais nas atividades propostas; e a palestra sobre Sexualidade foi muito bem aceita pelos alunos. De acordo com relatos dos envolvidos, muitos começaram a conversar sobre o tema com a família a partir do evento; outros disse-ram ter sido este o primeiro contato mais aprofundado sobre o tema; alguns falaram que a palestra foi esclarecedora quanto ao tema.

Page 150: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

149

Em relação à apresentação dos Álbuns de Família, bem como a minidiscoteca, o resultado foi bem maior do que as expec-tativas, uma vez que houve o envolvimento dos alunos com seus familiares e, também, uma forma de aproximação e maior respeito dos alunos com os demais colegas de turma.

A partir destes resultados, espera-se que este projeto tenha uma nova edição em 2017, pois já estão sendo planejadas novas ações que integrem ainda mais o IFTM Campus Patos de Minas com a co-munidade Patense. Pretende-se incluir ações de cidadania e assistência comunitária vinculadas ao projeto Semana da Família.

4 NOTAS 1Estudante do curso técnico em Logística Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. [email protected] do curso técnico em Logística Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. [email protected] Mestre em Geografia. Coordenadora do projeto de extensão. [email protected]

5 REFERÊNCIAS

SALLES, V. Familias en transformación y codigos por transformar. In: GOMES, C. (Comp.). Procesos sociales, población y familia: alternativas teoricas y empiricas en las investigaciones sobre la vida domestica. Mexico: Miguel Angelo Porrua, 2002. p.103-125.

TUIRÁN, R. Estructura familiar y trayectorias de vida en Mexico. In: GOMES, C. (Comp.). Procesos sociales, población y familia: alternativas teoricas y empiricas en las investigaciones sobre la vida domestica. Mexico: Miguel Angelo Porrua, 2002. p.25-65.

Page 151: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

150

V SEMANA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS: TECNOLOGIAS NO USO RACIONAL DOS

RECURSOS NATURAISMarina Robles Angelini1, Letícia Vieira Castejon2

Igor Souza Pereira2, Angélica Araújo Queiroz2

Luciana Santos Rodrigues Costa Pinto2, Sidney Fernandes Bandeira2

Carlos Alberto Alves de Oliveira2, Patrícia Alves de Matos3

RESUMO

Em parceira, os cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em Alimentos realizam, a cada ano, desde 2012, a Semana de Ciências Agrárias que é organizada pela equipe de professores, alunos e coordenadores de cursos. Este projeto objetivou capacitar os discentes dos cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em Alimentos e a comunidade em geral durante a Semana de Ciências Agrárias, realizada no IFTM Campus Uberlândia, a qual acontece anualmente no mês de maio. Este evento teve como público-alvo a comunidade acadêmica do IFTM, outras entidades de ensino técnico, tecnológico e superior da rede de ensino pública, privada e demais interessados do setor produtivo da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Contou com a presença de prelecionistas de diferentes instituições de pesquisa, ensino e setores produtivos envolvidas no tema central. Foram realizadas palestras, visitas técnicas, apresentações culturais e apresentação de trabalhos, garantindo e incentivando o debate entre os participantes e os palestrantes por meio de sessão de perguntas e debates. Ao final, conseguiu-se com este evento, promoção técnico-científica nos diversos níveis de formação dos futuros engenheiros e tecnólogos e um fortalecimento dos laços de cooperação com sociedade produtiva regional, além de expandir o intercâmbio de ideias e pessoas entre diferentes instituições de ensino, pesquisa e extensão na região.

Palavras-chave: Difusão de conhecimento. Extensão. Semana acadêmica.

Page 152: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

151

1 INTRODUÇÃO

Mediante a importância que se atribui às atividades ex-tracurriculares em consonância com as disciplinas cursadas e os conhecimentos obtidos em sala de aula para a formação profissional e intelectual dos estudantes, os cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em Alimentos do IFTM Campus Uberlândia realizam, desde o ano de 2012, a Semana de Ciências Agrárias, cujo público-alvo são os alunos desses cursos e demais interessados no tema.

A Semana de Ciências Agrárias é um evento de extensão, previsto anualmente no calendário da instituição e apoiado financeiro por meio de edital da Pró-reitoria de Extensão do IFTM e que tem um papel, além de acadêmico também social, de elevada importância no contexto educacional na atualidade. O papel social destaca-se pela extensão dos conhecimentos produzidos na instituição ou mesmo adaptados para interessados da comunidade. De acordo com Mendonça e Silva (2002), são poucas as pessoas que têm acesso direto aos conhecimentos gerados nas instituições de pesquisa e ensino públicas e a extensão, por essas instituições, é imprescindível para a democratização do acesso a esses conhecimentos, assim como para o redimensionamento da função social da própria instituição. Instituições públicas como o IFTM, por meio da extensão, podem influenciar e também serem influenciadas pela comunidade, ou seja, possibilita uma troca de valores e saberes entre esta e o meio.

A extensão, portanto, pode ser considerada indispensável na formação do aluno, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade, implicando em relações multi, inter ou transdis-ciplinares e interprofissionais. A qualidade e o sucesso dos profissionais formados pelas instituições de ensino, assim, dependem, diretamente, do nível de desenvolvimento, equilíbrio e harmonia entre essas três áreas.

Com o evento, a comunidade acadêmica tem a oportunidade de se preparar melhor para o mundo do trabalho, uma vez que é incentivada a debater os temas abordados e a troca de experiências com profissionais atuantes no mercado e pesquisadores, convidados

Page 153: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

152

para expor ideias e debater em palestras e mesas redondas com te-mas relevantes e contemporâneos referentes aos assuntos.

O evento é organizado por docentes e discentes dos cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia de Alimentos do IFTM Campus Uberlândia e é aberto à participação da comunidade externa promovendo a disseminação da cultura tecnológico-científica com outras instituições de ensino e pesquisa pública e privada, que estão presentes na região, como Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Faculdade Presidente Antônio Carlos de Uberlândia (UNIPAC), Centro Universitário do Triângulo (UNITRI), Universidade Estadual de Goiás Campus Ipameri (UEG Ipameri), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), produtores rurais e profissionais de empresas que atuam no segmento do agronegócio e da produção alimentícia.

Diante do exposto, a Semana de Ciências Agrárias tem como objetivo proporcionar aos discentes e docentes dos cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em Alimentos, qualificação e aperfeiço-amento técnico, por meio de cursos, visitas técnicas e palestras re-lacionadas a diferentes áreas de atuação desses profissionais. Além disso, objetivou também incentivar a produção do conhecimento em ciência, tecnologia e inovação junto à comunidade interna e externa e, ainda, divulgar projetos e resultados de pesquisas e inovações tecnológicas realizadas pela comunidade científica interna.

2 Fundamentação Teórica

Os eventos científicos constituem-se como fonte essencial na busca e apreensão de novos conhecimentos, sua finalidade é reunir profissionais ou estudantes de uma determinada especialidade para troca e transmissão de informações de interesse comum aos participantes.

De acordo com Campello (2000), os eventos científicos podem desempenhar diversas funções, dentre elas encontros como forma

Page 154: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

153

de aperfeiçoamento de trabalhos científicos, uma vez que os trabalhos apresentados mudam substancialmente após apreciação nos eventos; encontro como reflexo do estado da arte, pois os trabalhos apre-sentados durante os eventos podem refletir o panorama da área e o perfil dos seus membros e encontros como forma de comunicação informal, pois as conversas informais com seus pares constituem parte importante dos eventos.

Para Marchiori et al. (2006), os eventos ou encontros científicos reúnem, comumente, profissionais, especialistas, estudantes e outros grupos interessados em compartilhar e obter conhecimentos sobre uma determinada área. Os referidos autores citam como principais funções desses eventos: criar oportunidades para a troca de experiências entre os pesquisadores; atualização sobre os progressos recentes de uma área; sistematizar os avanços mais recentes em uma área; divulgar novos conhecimentos.

Outro aspecto importante é a possibilidade de empoderamento pela comunidade dos conhecimentos produzidos ou adaptados pelas instituições públicas de pesquisa e ensino. Esse empoderamento torna-se ainda mais importante, pois, em última análise, é o retorno de todo um investimento da sociedade por meio de tributos na forma de conhecimento, socializado pelo evento extensionista.

3 Metodologia

A V Semana de Ciências Agrárias com o tema “Tecnologias no uso racional dos recursos naturais” foi organizada por uma comissão de docentes que atuam na instituição, nomeados pela portaria nº 35/2016 do IFTM Campus Uberlândia, além de discentes dos cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em Alimentos. Essa comissão levantou demandas dentre os discentes, elaborou um cronograma de atividades, selecionou os prelecionistas, contatou empresas e entidades para as visitas técnicas e demais atividades relacionadas ao desenvolvimento do evento.

Page 155: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

154

Foi incentivada a participação dos discentes na organização do evento pela concessão de bolsas de extensão que foram obtidas pela aprovação do projeto por meio de edital nº 01/2015 da PROEXT/IFTM, em que foi ofertado um total de 16 bolsas de extensão.

Os bolsistas selecionados participavam semanalmente de reuniões com a comissão organizadora. Durante as reuniões, discutiram-se todas as etapas para a realização do evento em que os alunos bolsistas envolvidos tiveram como principais responsabilidades:

• integração dos membros da comissão de organização do evento;• centralização de informações sobre palestrantes, cursos, patrocínio e divulgação do evento;

• mediação entre os interesses da Instituição e da Comunidade;• organização de espaços físicos, limpeza, infraestrutura e lanche durante o evento;

• sensibilização da comunidade, da Instituição e demais discentes sobre os conhecimentos gerados nos cursos e palestras;

• propor reuniões e intermediá-las; • fechamento e avaliação de evento a fim de propor ações para o evento do próximo ano.

O acompanhamento e avaliação dos bolsistas ficaram sob a responsabilidade dos docentes envolvidos na comissão organizadora. Durante todo o trabalho para a organização do evento, os bolsistas foram orientados pelos docentes sobre as atividades a serem desenvolvidas, ou seja, todas as decisões foram tomadas pelos alunos com anuência dos docentes proponentes.

Após a realização do evento, os bolsistas repassaram aos participantes um questionário de avaliação da Semana de Ciências Agrárias. Os dados desse questionário foram analisados com o objetivo de nortear o desenvolvimento das atividades do evento previsto para VI Semana de Ciências Agrárias.

Page 156: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

155

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todo o projeto foi desenvolvido em torno do objetivo principal: a realização da V Semana de Ciências Agrárias do Campus Uberlândia. As reuniões ocorreram de acordo com o planejamento inicial, oportunizando a todos os envolvidos a possibilidade de participação direta nas atividades desenvolvidas. A divulgação do evento ocorreu, conforme foi planejado, na plataforma principal, desde 2013, em que se criou o blog especificamente para o evento e a manutenção das informações para os participantes (http://semanacienciasagrarias.blogspot.com.br). Nesse blog, a partir da definição das atividades, foram disponibilizadas as informações.

A equipe de divulgação, composta por docentes e discentes bolsistas, ficou responsável por distribuir folders (Apendice A) e carta-zes aos interessados nas instituições locais de ensino da área de ciências agrárias com destaque para a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Faculdade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) e SENAI/FIEMG. No folder, foi apresentada a programação com os prelecionistas convidados e demais informa-ções consideradas necessárias. Os docentes da comissão organizadora enviaram por malote e por mídia digital a divulgação aos demais campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Foi realizada também a atualização constante do blog da Semana de Ciências Agrárias.

Participaram um total de 25 prelecionistas dos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, oriundos de universidades, institutos federais, associações civis e de empresas privadas.

Algumas entidades públicas e privadas estabeleceram parceria com a comissão organizadora do evento, disponibilizando além de prelecionistas, equipamentos, reagentes ou produtos que subsidiaram a realização de algumas palestras ou viagens técnicas.

Destaca-se a participação do Conselho Regional de Química do Estado de Minas Gerais - Delegacia de Uberlândia (CRQ-UDI),

Page 157: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

156

da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), do Instituto de Ciências Agrárias da UFU (ICIAG-UFU) e das empre-sas Moinho Sete Irmãos (Uberlândia, MG), Cachaçarias Leblon (Pa-tos de Minas, MG), Jerominho (Itumbiara, MG) e Néctar do Cerra-do (Monte Alegre, MG), Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (EBBA – Araguari, MG), Fenner Aviação Agrícola (Nova Ponte, MG) e Koppert Biological Systems (representação Triângulo Mineiro).

O público esperado pela organização do evento era de 300 participantes, mas houve um total de 326 inscritos, o que superou as expectativas da comissão organizadora, incentivando a promoção do evento para o próximo ano. Tal superação de expectativa deve-se, sobretudo, à intensa participação dos discentes dos cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em Alimentos e da intensa divulgação que ocorreu nas outras instituições de ensino da cidade.

Durante o evento, foi realizada atividade de caráter científico, em que, desde a sua 2ª edição, são publicados resumos simples, resultado de pesquisas acadêmicas, com o objetivo de socializar os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos localmente.

Os resumos foram avaliados e publicados (ISSN: 2317-8450) no blog do evento, <http://semanacienciasagrarias.blogspot.com.br/>, em que estão disponíveis todos os trabalhos apresentados. Nessa edição, foram publicados e apresentados 14 trabalhos, sendo 8 relacionados aos temas ligados à Engenharia Agronômica e 6 ligados à Tecnologia em Alimentos. Esses trabalhos foram preparados por 18 autores diferentes, em que havia no máximo 5 autores por trabalho apresenta-do (SEMANA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS: TECNOLOGIAS NO USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS, 2016).

Quanto ao tipo de pesquisa publicada, em Engenharia Agronômica, a mandioca e o milho foram espécies mais relatadas, com 3 resumos cada. Em Tecnologia em Alimentos, os temas dos trabalhos foram mais diversificados. Os pôsteres foram avaliados por docentes convidados e alguns trabalhos foram laureados por uma certificação honrosa.

Page 158: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

157

Ao final do evento, realizou-se uma avaliação documental da qualidade e organização. Foram selecionados aleatoriamente 42 participantes para avaliação do evento em que: 88,11% gostaram do evento e 11,90% não gostaram (Gráfico 01).Gráfico 01 - Avaliação do evento, a V Semana de Ciências Agrárias.

Fonte: Dados da Pesquisa

Os fatores julgados pelos participantes para não gostarem do evento foram: poucas atividades práticas; impossibilidade de escolher mais de um minicurso; curto tempo para visitas técnicas e mais palestras na área de Tecnologia em Alimentos. Relataram que gostaram muito da qualidade das palestras, dos temas escolhidos e da capacitação dos palestrantes; da diversidade apresentada que foi suficiente à oferta.

Ao longo da organização e do evento, houve o fortalecimento das relações de cooperação e respeito entre os organizadores, desen-volvimento do sentido coletivo, ao trabalharem em equipes e, principal-mente, engrandecimento da grande área de conhecimento denominada de Ciências Agrárias. À comunidade, oportunidade de reciclar conhecimentos técnico-científicos, realizar rede de contatos pela troca de experiências, divulgar o que é produzido de conhecimento.

4 CONCLUSÃO

A realização do evento cumpriu com o objetivo de divulgar os cursos da área de Ciências Agrárias e a Instituição à comunidade.

Page 159: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

158

Ao realizar atividades extracurriculares de palestras e minicursos, atendeu à diversificação da formação acadêmica. Com a execução do evento promoveu a interação em pessoas, a sentimento de coletividade e despertou a necessidade de organização para se alcançar um objetivo. Portanto, conclui-se que projetos dessa natureza, para promoção de eventos, são de extrema relevância para complementação dos conheci-mentos técnico-científicos e construção de um cidadão.

5 NOTAS1Professora Doutora do IFTM, Coordenadora do projeto, Campus Uberlândia. Email: [email protected] Doutores dos cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em alimentos do IFTM, Campus Uberlândia.3Bolsista do Projeto. Tecnóloga em Alimentos, IFTM Campus Uberlândia. [email protected].

6 REFERÊNCIAS

CAMPELLO, B. S. Encontros Científicos. In: CAMPELLO, B. S.; CENDÓN, B.V.; KREMER, J. M (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 200.

MARCHIORI, Patricia Zeni et al. Fatores motivacionais da comunidade científica para publicação e divulgação da sua produção em revistas. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 14., 2006, Salvador. Anais eletrônicos... Salvador: UFBA, 2006. Disponível em: <http://www.snbu2006.ufba.br/ soac/viewabstract.php>. Acesso em: 17 jan.2006.

MENDONÇA, S. G. L.; SILVA, P.S. Extensão Universitária: uma nova relação com a administração pública. Extensão Universitária: ação comuni-tária em universidades brasileiras. São Paulo, v. 3, p. 29-44, 2002.

SEMANA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS: TECNOLOGIAS NO USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS, 5., 2016, Uberlândia (MG). Anais eletrônicos... Uberlândia (MG): IFTM Campus Uberlândia, 2016. Disponível em: <http://semanacienciasagrarias.blogspot.com.br/>. Acesso em: 16 de novembro de 2016.

Page 160: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

159

Apêndice A - Folder da Programação da V Semana de Ciências Agrárias

Page 161: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

160

Page 162: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

161

SEMINÁRIO INTEGRADO EMBEM-ESTAR, SAÚDE E QUALIDADE

DE VIDA (SinBemQualiVi)Héberly Fernandes Braga1

RESUMO

Este texto apresenta um relato de experiência docente realizado com alunos do ensino médio de uma escola pública, no que tange às vivên-cias da organização, logística e participação em um evento de ex-tensão, no formato de seminário, direcionado à temática de bem--estar, saúde e qualidade de vida. Os dados para construção deste relato foram obtidos por meio de fotos e anotações em diário de bordo. O projeto foi realizado em um período de seis meses, com contribuição de docentes de distintas áreas do conhecimento e de alunos volun-tários e bolsistas, culminando com o evento realizado no dia 05 de agosto de 2016, em comemoração ao dia Nacional da Saúde. Foi observada boa mobilização da comunidade, especialmente interna, em todas as atividades propostas. No geral, o projeto cumpriu com seus objetivos de promover, conscientizar e alertar os participantes quanto aos cuidados com a saúde, bem-estar e qualidade de vida, além de oportunizar a vivência aos discentes extensionistas sobre rotinas for-mais de planejamento, organização, execução e verificação.

Palavras-chave: Atividade de extensão. Relato de experiência. Seminário.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea altamente globalizada tem exigido dos indivíduos a busca desenfreada pela informação, a qual serve para nos manter atualizados, facilitar o convívio em grupo, manter e melhorar a qualidade de vida. Nesse sentido, distintas instituições,

Page 163: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

162

especialmente aquelas relacionadas à educação, ao ambiente e ao mundo do trabalho, têm sido confrontadas a atuarem conjuntamente e colaborativamente na formação dos cidadãos, inspirando novos ritmos educativos e operantes, para que possam vislumbrar não somente os aspectos dos processos produtivos, mas também os econômicos, culturais, ambientais, políticos, de saúde, entre outros. Diante das inúmeras transformações da sociedade, vários são os desafios a serem enfrentados, especialmente os relacionados às atividades educativas. Conforme o novo paradigma da ciência, as práticas docentes devem ser orientadas de modo a permitir aos educandos relacionar, com criticidade, os conhecimentos teóricos à aplicabilidade prática, considerando o contexto do mundo real, em todas as suas esferas (CARPIM; BEHRENS; TORRES, 2014). Segundo Moraes (2008), as transformações paradigmáticas permeiam mais que somente a dualidade do processo ensino-aprendizagem, elas também requerem a busca de valores, hábitos, atitudes e estilos de vida, além de modos de pensar, sentir, compreender e agir.

No que tange às três grandes áreas de atuação das instituições de ensino superior, incluindo aqui as instituições tecnológicas, a extensão acadêmica é uma das esferas mais correlacionadas e que atuam diretamente sobre essas transformações demandadas pela sociedade, especialmente porque é por meio dela que os conhecimentos produzidos cientificamente são repassados aos indivíduos.

Segundo definição do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, a extensão acadêmica visa socializar o conhecimento promovendo a interação entre as instituições de ensino/pesquisa e a comunidade. Nessa interação, ambos os agentes são beneficiados, pois ao mesmo tempo que a extensão melhora a vida da sociedade, ela complementa a formação profissional dos discentes envolvidos ao propiciar reformulações e reflexões teóricas que podem ser acrescidas ao conhecimento (FORPROEX, 2007).

Correlacionada a essas questões e, especialmente, objeti-vando proporcionar respostas empáticas, compreensivas e seguras

Page 164: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

163

a problemas e questionamentos que surgem entre adolescentes, na fase escolar do ensino médio, associados à saúde, amadurecimen-to fisiológico, psicoemocional e comportamental. Muitos projetos vêm sendo desenvolvidos nas escolas, envolvendo distintas áreas do conhecimento, de modo a tornar a transição da infância à vida adulta mais tênue e saudável (HOGA; ABE, 2000).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) regulamenta, como fundamental a essa faixa etária, o direito ao desenvolvimento sadio e harmonioso e, para que isso seja mais efetivo, principalmente quando se considera propor e implementar programas de promoção à saúde, faz-se necessário envolver esses interlocutores do planejamento à avaliação, contextualizando o processo educativo ao meio sociocultural onde vivem. Nesse sentido, o presente trabalho visa relatar a experiência do autor na proposição, elaboração e desenvolvimento de uma atividade exten-sionista, do tipo organização de evento, mediado pela participação de discentes do ensino médio.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O processo saúde-doença é umas das áreas da vivência humana altamente complexa, pois envolve diferentes agentes e fatores emocionais, biológicos, políticos, educativos, culturais, econômicos, sociais e ambientais, que influem sobre o bem-estar e a qualidade de vida dos indivíduos. Sendo assim, importante sua permanente reflexão, discussão e formação (BISCARDE; PEREIRA-SANTOS; SILVA, 2014).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1986), o termo saúde deve ser entendido como qualidade de vida e, por ter influência de distintos aspectos, a sua avaliação, promoção e moni-toramento tem caráter intersetorial, extrapolando a responsabilida-de exclusiva dos órgãos da saúde. Nesse sentido, a escola é uma ins-tituição que congrega crianças e adolescentes em fase de formação e,

Page 165: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

164

assim, tem que atuar como um ambiente promotor da saúde, bem-estar e da qualidade de vida (OPAS, 2003). Adotando princípios e práticas que incidam no cotidiano da comunidade escolar interna e externa e contribuam para uma vida pessoal mais ativa, fraterna e solidária de todos os envolvidos (GUIMARÃES; AERTS; CÂMARA, 2012).

A promoção da saúde deve apontar para a necessidade da melhoria das condições de vida da população e para o reconhecimento do direito de cidadania e de participação popular (SILVA; ARAÚJO, 2007). Partindo disso, as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas, precisam considerar além dos aspectos formativo-educativo básicos, aqueles de cunho profissional, cotidiano e social, que estimulem o questionamento, a argumentação, a pesquisa e a crítica reflexiva. Tais práticas visam aumentar a participação dos sujeitos e da coletividade na modificação dos determinantes do processo saúde-doença, como emprego, renda, educação, cultura, lazer, hábitos de vida, entre outros.

Na perspectiva da formação para o convívio em sociedade e atuação no mundo do trabalho, Carpim, Behrens e Torres (2014) enfatizam a importância do investimento na formação continuada que estimulem habilidades tanto cognitivas quanto comportamentais, que possam criar soluções originais de forma inovadora. A partir de novos conhecimentos, construir saberes significativos para aplicabilidade no contexto social, profissional e pessoal.

Considerando as questões enunciadas e a vulnerabilidade adolescente no contexto da saúde pública brasileira nos dias atuais, Jager et al. (2014) discorrem sobre a preocupação em se desenvolver e re(orientar) estratégias de ação em saúde que sejam mais efetivas e, consequentemente, surtam maior efeito sobre esse público. Nesse sentido, a extensão acadêmica poderia atuar como um elo importante para potencializar a relação entre os conhecimentos produzidos nas instituições de ensino/pesquisa e os interesses e necessidades da população, como, por exemplo, a melhoria na qualidade de vida (BARRAGÁN et al., 2016).

Page 166: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

165

3 METODOLOGIA

A ideia inicial de se desenvolver um evento de extensão voltado à temática “bem-estar, saúde e qualidade de vida” partiu de observações feitas pelo autor durante o desenvolvimento de conteúdos relativos à saúde e à reprodução humana, ofertados a alunos do segundo ano do ensino médio integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – IFTM Campus Uberlândia Centro, na disciplina de Biologia. Foi verificado, durante a abordagem de tais assuntos, o grande interesse dos discentes por temáticas cor-relacionadas como: desenvolvimento psicoemocional, comporta-mento, enfrentamentos sociais, sexualidade, entre outras. Tais temas, relativos à fase da adolescência, culminaram na necessidade de se elaborar um projeto interdisciplinar que pudesse atender aos anseios e sanar dúvidas demandadas por este público, mas que, em certas vezes, não são temáticas específicas do conteúdo programático da respectiva disciplina.

Partindo desse anseio e, ainda, considerando a carência de espaços e/ou mesmos horários na grade curricular dos alunos, para vivenciar e discutir tais abordagens, além da observação de que a instituição não apresentava um refeitório que podia oferecer alimentação saudável, e nem profissionais específicos como das áreas da Psicologia e Assistência Social, o projeto extensionista intitulado “Seminário Integrado em Bem-estar, Saúde e Qualidade de Vida – SINBEMQUALIVI” foi elaborado e submetido ao edital de seleção interno de número 01/2015, do Programa de Apoio a Projetos do IFTM, sob a coordenação do respectivo autor e com a participação de membros docentes das áreas da Linguagem, Educação Física, História e Biologia.

O projeto, com carga horária de 50 horas a ser desenvolvido, se encaixou na linha de extensão “Projeto social”, do respectivo edital de apoio, com as temáticas “Educação, Meio Ambiente, Saúde, Tecnologia e Trabalho”, envolvendo diferentes áreas do conhecimento.

Page 167: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

166

Após aprovado para execução, as atividades foram realizadas em quatro fases gerais no período de abril a setembro de 2016, sendo elas: seleção dos bolsistas discentes; reuniões para discussão e elaboração do evento; logística do evento e avaliação pós-atividade.

Os discentes interessados foram selecionados conforme critérios especificados no edital e por meio de entrevistas conduzidas pelo coordenador e dois membros participantes do projeto.

A fase de organização do seminário foi realizada por meio de reuniões quinzenais com todos os membros participantes e um docente externo à instituição, da área da Biologia. Todos os assuntos, deliberações, definições, modelos de atividade a serem desenvolvidos no seminário, recrutamento de profissionais palestrantes e/ou ministrantes de atividades, parcerias colaborativas externas foram sugeridas, discutidas e acordadas entre os membros participantes do projeto e registradas em ata.

Antes do fechamento dos temas e tipos de atividades a serem abordados durante o seminário, foram elencados pela equipe executora alguns assuntos, utilizando-se a técnica Brainstorm. Dentre as várias ideais elencadas envolvendo relações interpessoais, saúde, comportamento, trabalho, vivência, esporte, qualidade de vida, sexualidade, entre outros, foram selecionadas algumas consideradas mais pertinentes e polêmicas, apresentadas previamente a toda a comunidade acadêmica interna da instituição, para que pudesse ser escolhida aquelas de maior interesse.

A partir da escolha das temáticas, seguiu-se a definição dos tipos de atividades, dos possíveis conferencistas e parceiros externos. Estes últimos foram considerados partindo-se do princípio de que tinham que oferecer algum tipo de atividade e/ou serviço correlacionado com a temática geral do evento (bem-estar, saúde e qualidade de vida).

A divulgação das inscrições para a participação no evento foi realizada em diferentes meios de comunicação: banners, cartazes, e-mail institucional e a criação de uma página na internet.

Page 168: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

167

O evento realizado no dia 05 de agosto de 2016, num período de 8 horas em comemoração ao dia Nacional da Saúde, foi conduzido pelos membros integrantes do projeto, em diferentes espaços da instituição com divisão das tarefas, sendo destinado ao público interno e externo, totalizando 100 pessoas.

O controle da participação foi feito por meio de listas de presenças e os participantes que tiveram 75% de frequência no total de atividades oferecidas receberam a certificação.

A avaliação pós-atividade foi realizada com duas reuniões e teve como objetivos confeccionar as certificações e discutir os pontos fortes e fracos do projeto.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desenvolvimento do projeto de extensão no formato de organização e logística de um seminário propiciou distintas vivências e experiências, tanto aos docentes, quanto aos membros discentes e o público participante do evento, sejam estes ouvintes ou parceiros.

Aos docentes, a experiência de coordenar, monitorar, assessorar, mediar, atividades, pessoas e o tempo foi engrandecedora, especialmente do ponto de vista profissional, pois permitiu desenvolver habilidades e competências intrínsecas às atividades da carreira adminis-trativa, as quais também podem fazer parte das atribuições do cargo.

A participação ativa dos discentes no desenvolvimento do projeto permitiu que tanto os bolsistas como os voluntários pudessem vislumbrar e vivenciar as rotinas formais de planejamento, organização, execução e verificação da atividade extensionista. Considerando que os alunos integrantes do projeto cursam ensino médio integrado aos cursos técnicos em Administração ou Computação Gráfica, no desenrolar de todas essas atividades puderam aplicar os conhecimentos construídos ao longo das respectivas unidades curriculares, cumprindo assim com os objetivos dos Planos Pedagógicos dos Cursos e do Projeto Político Pedagógico da instituição. Foram eles que planejaram

Page 169: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

168

atividades; elaboraram layouts do slogan do evento, banner e/ou cartazes; criaram página de divulgação na internet; realizaram pesquisa de opinião; calcularam investimentos; formaram laços com parceiros; se posicionaram frente ao público e trabalharam em equipe.

Carpim, Behrens e Torres (2014) mencionam que é primordial aos alunos criar sentido para os saberes desenvolvidos e que possam ser aplicados em diferentes contextos, especialmente porque o mundo do trabalho vem se alterando drasticamente e exigindo novas competências. O próprio Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, já propunha a adoção de tais mudanças, indicando os quatro pilares que deverão nortear a educação: aprendizagem do ser, do conviver, do saber fazer e do saber conhecer (aprender) (DELORS, 1996).

A atual conjuntura da vida em sociedade e do mundo do trabalho tem exigido dos indivíduos o saber ser e conviver. Assim, a vivência permitida aos discentes na organização e logística de um evento científico, como o aqui proposto, propicia o desenvolvimento das habilidades de comunicar, trabalhar em equipe, comprometer-se, resolver conflitos e estabelecer relações estáveis e relevantes.

Os participantes do evento puderam ter contato com diferentes temáticas abordadas sob distintas formas: palestras, oficina teórico-prática, peça teatral e mesa-redonda. Dentre os temas abor-dados citam-se: suplementação nutricional no exercício físico; psicologia, hipnose e saúde mental; tecnologias em prol da saúde, os benefícios do riso e sexualidade. É importante frisar aqui que a adoção dessas distintas modalidades de atividades, incluindo espetáculo teatral, aula de zumba, hipnose coletiva, competições de just dance, não só propiciaram a integração de diferentes áreas, mas também puderam demonstrar ao público participante (grande parte adolescentes na fase escolar do ensino médio), que o tema bem-estar, saúde e qualidade de vida permeia inúmeros aspectos e momentos da vida cotidiana.

Para Mesquita e Bento (2014), a busca e implementação de estratégias de atuação e ensino variadas e que valorizem o discente

Page 170: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

169

como sujeito central da prática, e não apenas um objeto de atuação, tem sido reconhecidas como fundamentais no sentido educativo. Tenreiro-Vieira e Vieira (2013) mencionam ainda que a adoção de diferentes estratégias de ensino, especialmente as que promovem capacidades de pensamento crítico, algo muito exigido na atualidade e na educação em ciências, apresentam sim diferenças significativas, quando comparadas àquelas não orientadas nesse sentido.

As figuras de 1 e 2 são registros de tais atividades diversificadas que foram desenvolvidas durante o evento.Figura 1 – Atividade desenvolvida durante o evento extensionista “Seminário Integrado em Bem-estar, Saúde e Qualidade de Vida”, realizado no IFTM Campus Uberlândia Centro.

Fonte: Arquivo do autor

Figura 2 – Atividade de Zumba durante o evento extensionista “Seminário Integrado em Bem-estar, Saúde e Qualidade de Vida”, realizado no IFTM Campus Uberlândia Centro.

Fonte: Arquivo do autor

Page 171: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

170

Foi observado um amplo envolvimento e interesse de todos os discentes inscritos no evento em relação às atividades propostas e isso, possivelmente, esteja correlacionado não somente com a pes-quisa de opinião prévia, feita pela equipe executora do projeto, visando delimitar as temáticas de maior interesse do público, mas também pelo rol de atividades dinâmicas apresentadas. Tais características foram também observadas por Leão et al. (2014) ao planejar e propor uma atividade dinâmica na forma de práticas musicais no ensino de química direcionado à educação de jovens e adultos. Segundo os autores, a adoção de práticas didático-pedagógicas diferenciadas, que proporcionem um ambiente mais envolvente e dinâmico, desenvolve habilidades cognitivas e permite construir aprendizados mais significativos.

Outro ponto contribuinte a tal efetividade relaciona-se à abordagem e à linguagem utilizadas pelos conferencistas em suas atividades. Um dos pontos que mais preocuparam a equipe executora do projeto é que independentemente da formação acadêmica dos conferencistas, todos pudessem tratar de suas temáticas utilizando-se de uma linguagem mais simples, não tão academicista e direcionada ao público-alvo principal do projeto: os adolescentes. Para isso, informações e orientações sobre o público-alvo foram repassadas aos conferencistas, no momento do contato com os mesmos.

A busca por parcerias foi muito positiva, pois possibilitou aos discentes envolvidos na organização se depararem com as for-malidades, enfrentamentos e negativas inerentes a esse processo, permitindo construir estratégias e alternativas para que pudessem cumprir com as tarefas que lhes foram delegadas, no tempo proposto e com os recursos financeiros disponibilizados. Para a instituição, o processo de firmar parcerias externas, durante o desenvolvimento do projeto propiciou a abertura de laços com diferentes instituições atuantes no mercado, divulgando tanto o nome como as atividades desenvolvidas e direcionadas à comunidade. As instituições externas que firmaram as parcerias tiveram ampla divulgação de suas marcas

Page 172: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

171

e produtos e ainda puderam conjuntamente colaborar com a questão da responsabilidade social.

5 CONCLUSÃO

De forma geral, apesar de não ter tido uma ampla participação da comunidade externa, consideramos tal fato consequente de uma divulgação muito próxima a data do evento, o projeto cumpriu com os objetivos primordiais de promover, conscientizar e alertar os participantes quanto aos cuidados com a saúde, bem-estar e qualidade de vida, além de oportunizar a vivência aos discentes extensionistas sobre rotinas formais de planejamento, organização, execução e verificação.

6 NOTAS1Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas e Mestre em Engenharia e Ciência de Alimentos. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Campus Uberlândia Centro. e-mail: [email protected]

7 REFERÊNCIAS

BARRAGÁN, T. O. et al. papel da extensão universitária para a formação acadêmica sobre as atividades circenses. Pensar a Prática, Goiânia, v. 19, n. 1, jan./mar. 2016.

BISCARDE, D. G. S.; PEREIRA-SANTOS, M.; SILVA, L. B. Formação em saúde, extensão universitária e Sistema Único de Saúde (SUS): conexões necessárias entre conhecimento e intervenção centradas na realidade e repercussões no processo formativo. Interface -Comunicação Saúde e Educação, Botucatu, v. 18, n. 48, p. 177-186, 2014.

BRASIL. Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília-DF: Câmara dos Deputados, 1990.

Page 173: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

172

CARPIM, L.; BEHRENS, M. A.; TORRES, P. L. Paradigma da complexidade na prática pedagógica do professor de educação profissional no século XXI. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro, v. 40, n. 1, p. 90-107, jan./abr. 2014.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.

FORUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVER-SIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS. Extensão Universitária: organização e sistematização. Coordenação Nacional FORPROEX, Belo Horizonte: Coopmed, 2007.

GUIMARÃES, G.; AERTS, D.; CÂMARA, S. G. A escola como promotora da saúde e o desenvolvimento de habilidades sociais. Diaphora, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p. 88-95, ago./dez. 2012.

HOGA, L. A. K.; ABE, C. T. Relato de experiência sobre o processo educativo para a promoção da saúde de adolescentes. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 34, n. 4, p. 401-406, dez. 2000.

JAGER, M. E. et al. O adolescente no contexto da saúde pública brasileira: reflexões sobre o PROSAD. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 19, n. 2, p. 211-221, abr./jun. 2014.

LEÃO, M. F. et al. O desenvolvimento de práticas musicais no ensino da química para a educação de jovens e adultos. Revista Educação, Cultura e Sociedade, Sinop, v. 4, n. 1, p. 75-85, jan./jun. 2014.

MESQUITA, I.; BENTO, J. Professor de educação física: fundar e dignificar a profissão. Porto: Universidade do Porto, 2014.

Page 174: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

173

MORAES, M. C. Ecologia dos saberes: complexidade, transdiscipli-naridade e educação -novos fundamentos para iluminar novas práticas educacionais. São Paulo: Antakarana - Willis Harman House, 2008.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE - OPAS. Escolas promotoras da saúde. Fortalecimento da iniciativa regional. Estratégias e linhas de ação 2003-2012. Washington: OPS/OMS, 2003. Disponível em: http://www.cepis.ops-oms.org/bvsdeescuelas/fulltext/EPSportu.pdf. Acesso em: 15 de dez de 2016.

SILVA, R. M.; ARAÚJO, M. A. L. Promoção da saúde no contexto interdisciplinar. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 20, n. 3, p. 141-142, 2007.

TENREIRO-VIEIRA, C.; VIEIRA, R. M. Estratégias de ensino e aprendizagem e a promoção de capacidades de pensamento crítico. Enseñanza de las Ciencias: Revista de Investigación y Experiencias Didácticas, Valência, no Extra, p. 3691-36-65, 2013. Trabalho apresentado no IX Congrés d’Investigació en Didàctica de les Ciències, Girona, 2013.

Page 175: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

174

TECNOLOGIAS ASSISTIVASDISPONÍVEIS AOS ALUNOS COM

DEFICIÊNCIA E SEUS EDUCADORES

Rutiléia Maria de Lima Portes1

Daniela Resende Silva Orbolato2

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo relatar as experiências vivenciadas pelos integrantes do projeto “Tecnologias assistivas disponíveis aos alunos com deficiência e seus educadores”, cujas atividades aconteceram no período de abril a novembro de 2016. O projeto ocorreu em conti-nuidade ao projeto “biblioteca de tecnologias assistivas do IFTM” que se finalizou no ano de 2015. O objetivo principal foi a cata-logação e composição de um acervo constituído por tecnologias assistivas destinadas às pessoas com deficiência nos dias atuais. Tendo em vista as várias modalidades de tecnologia assistiva, buscou-se apenas pelas novas tecnologias, ou seja, aquelas que envolvem a informática com o intuito de possibilitar ou facilitar o acesso à informação da pessoa com deficiência e ao conhecimento, bem como à interação nos meios/ambientes sociais comuns a todos. O projeto abrange tecnologias assistivas na sua variedade de instrumentos e procedimentos auxiliares e muitas vezes determinantes na vida de quem possui algum de necessidade especial (física, sensorial e intelectual), transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Ao fim da catalogação, foi oferecido um curso de formação a 16 educadores da Escola Uberaba e do Instituto dos Cegos do Brasil Central – ICBC – sobre como baixar, instalar e utilizar as ferramen-tas assistivas catalogadas. Tal experiência foi de grande relevância e aprendizado tanto para os alunos bolsistas que ministraram as aulas como para as professoras que participaram do curso. Vários tutoriais

Page 176: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

175

de tecnologias assistivas foram construídos e já postados numa plata-forma virtual que esperamos aperfeiçoá-la e disponibilizar no próximo ano a partir da continuidade deste projeto em sua terceira versão.

Palavras-chave: Tecnologia assistiva. Formação de professores. Pessoas com deficiência.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos 20 anos, as políticas públicas vêm traçando diretrizes para a inclusão de alunos com deficiências nas escolas de ensino regular, a começar pela Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) (BRASIL, 1996). Entretanto, ainda hoje se observa que a inclusão prevalece como um dos grandes desafios da educação nos dias atuais.

Foram criados inúmeros mecanismos para que as redes de ensino públicas e privadas acolham a todos, independentemente do grau da deficiência ou de quaisquer singularidades e necessidades específicas. O Atendimento Educacional Especializado (AEE) foi criado para minimizar as dificuldades enfrentadas, constituindo-se como um espaço em que os alunos recebem complementação curricular e pedagógica em horário extraturno com professores especializados que fazem uso de tecnologias assistivas destinadas às diferentes modalidades de necessidades especiais.

O avanço exponencial da tecnologia (TA) nos últimos anos tornou-se um grande aliado desses processos inclusivos facilitando as intervenções dos especialistas, professores, pais e, sobretudo, na vida cotidiana e escolar dos alunos com deficiência. Pela via de uma TA vemos hoje um aluno com deficiência visual desempenhar com total autonomia suas atividades escolares valendo-se de um computador com leitor de tela, ou um aluno surdo se comunicando com alguém que nem sabe libras. Infelizmente, ainda são poucos os alunos com deficiência que têm acesso a tais ferramentas, por inúmeros fatores,

Page 177: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

176

dentre eles a desinformação ou a dificuldade de acessá-las de modo fácil e sem muitos custos financeiros.

As tecnologias assistivas, compõem o conjunto das Tecnologias de informação e comunicação (TICS). A Lei Brasileira da Inclusão – LBI 13146 –, aprovada recentemente em julho de 2015, esclarece no art. 3, inciso III que:

tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão educacional. (BRASIL, 2015).

Ressalta-se que, apesar do termo “tecnologia” - amplamente citado nas políticas públicas atuais, se refira muitas vezes ao sentido mais genérico da palavra, nós o utilizaremos para nos referirmos principalmente às novas tecnologias, ou seja, àquelas que envolvem a informática e as redes digitais. Enfatizaremos a função comunicacional dessas tecnologias, pois o nosso objetivo é compreender como elas contribuem para os processos educacio-nais de pessoas com deficiências, analisando suas potencialidades interacionais e comunicacionais tão importantes desde os anos iniciais da educação.

De acordo com Raiça (2008), o próprio conceito de tecnologia nos possibilita inferir sua aplicabilidade e contribuição para os processos inclusivos de pessoas com deficiência. A autora explica que a palavra possui etimologia grega, que significa ‘a ciência da técnica’, proveniente da junção entre téchne, que significa arte e destreza, e logo, estudo e ciência. Nessa perspectiva, pode-se pensar que tecnologia envolve a aplicação dos conhecimentos científicos na solução de problemas, ou seja, é o estudo das técnicas que auxiliam a humanidade a viver com melhor qualidade (RAIÇA, 2008). Então, se a função da tecnologia assistiva é de auxiliar uma vida melhor para as pessoas com algum tipo de limitação, o seu conceito está

Page 178: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

177

atrelado ao conceito genérico de tecnologia, ambos se adéquam perfeitamente para a melhoria da vida de todas as pessoas.

Infelizmente, ainda são poucas as pessoas com deficiência que conhecem o potencial das tecnologias assistivas, no que se refere às facilidades de acesso à informação e ao conhecimento, sobretudo nos ambientes educacionais. Elas podem inclusive minimizar as distâncias e diferenças comuns entre aluno com ou sem deficiência, pois através de um mesmo recurso, como, por exemplo, um computador e um celular interagem com o conhecimento de maneira livre e independente. Entretanto, é preciso que seus professores sejam os estimuladores dessas práticas, conheçam e saibam como utilizar uma tecnologia assistiva adequada às situações de aprendizagem. Em geral, são os professores do AEE que apoiam e orientam os professores regentes quanto às práticas inclusivas e eficazes durante a educação do aluno.

Entretanto, os especialistas atuantes no AEE das escolas regulares desconhecem, em sua maioria, as tecnologias assistivas disponíveis, e quando as conhecem, não sabem como utilizá-las. Foi o que comprovamos durante as atividades extensionistas ao visitarmos as escolas que possuem salas de recursos com várias tecnologias assistivas. Muitas dessas ferramentas nunca foram utilizadas porque os professores nunca receberam treinamento adequado e não sabem onde buscá-lo.

É preciso destacar ainda a abrangência do uso de uma tecnologia assistiva que extrapola os ambientes educacionais, considerando-se a necessidade cada vez mais crescente de permanente atualização de conhecimentos e informações para ingresso e permanência no mercado de trabalho. As tecnologias assistivas podem ser determinantes para o livre acesso aos ambientes/espaços laborais, comunicação e interação social das pessoas com deficiência. Tais tecnologias estão disponíveis em diversos sites na internet, mas buscá-las e utilizá-las nem sempre é simples e imediato. Não há um catálogo unificado das mesmas e nem todas possuem um roteiro claro de instalação e

Page 179: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

178

de utilização, assim a catalogação e a documentação desses recursos demandam algum conhecimento em informática. O IFTM possui vários cursos voltados à informática e, desse modo, foi propício os alunos desses cursos realizarem essa atividade, para que, posteriormente, possamos divulgá-las ao público interno e externo.

Desse modo, o projeto veio ao encontro das necessidades reais dos professores atuantes no AEE ao oferecer um curso básico que lhes ensinasse a baixar, instalar e utilizar alguns softwares e aplicativos gratuitos úteis ao dia a dia com os alunos com deficiências diversas. Paralelamente, foi dada continuidade à construção de um site que disponibiliza algumas tecnologias assistivas com possível aplicação em educação juntamente com roteiros de instalação e utilização das mesmas.

Foi possível também, através desse projeto, oferecer aos alunos da área de informática do IFTM Campus UPT, oportunida-de para conhecer os recursos tecnológicos que possibilitam às pessoas com deficiência terem o mesmo acesso à informação, ao conhecimento, comunicação e interação social comum a todos.

Embora no IFTM, e também a rede municipal e estadual da cidade de Uberaba, haja certo preparo para acolher os alunos com deficiências, ainda há espaço para a melhoria no que se refere ao uso de tecnologias assistivas. A eficiência das propos-tas inclusivas que as Tecnologias Assistivas oferecem está direta-mente relacionada aos fatores contextuais presentes no universo habitual dentro do campo de atuação dos agentes sociais como: o dia a dia, rotinas educacionais, rotinas de trabalho e entreteni-mento. Portanto, esforços na direção do horizonte – progressão de todos com aprendizagem estão direcionados para a construção coletiva do ambiente favorável à vivência de uma inclusão social com ênfase na aprendizagem, significativa, contextualizada e interdisciplinar.

Page 180: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

179

2 DESENVOLVIMENTO

Ainda que a proposta do projeto não abrangesse uma discussão conceptual acerca da inclusão educacional das pessoas com deficiência, acreditamos que qualquer projeto que se empreenda nesse sentido exige sensibilidade e percepção de seus participantes. Isso porque qualquer intervenção ou ajuda técnica que busque minimizar as limitações de uma pessoa com deficiência possui um significado para além de suas aplicações práticas e objetivas na vida diária.

Por isso, a coordenadora deste projeto, logo no primeiro encontro com os bolsistas, relatou suas próprias experiências enquanto pessoa com deficiência visual, falando de sua trajetória educacional, suas frustrações e dificuldades enfrentadas sem qual-quer apoio de especialistas ou de tecnologias assistivas. Demonstrou como hoje o computador com leitor de tela é até mesmo determinante para o desempenho de suas atividades profissionais e pessoais.

Nesta segunda versão do projeto, apenas um aluno bolsista participante do ano anterior continuou no ano de 2016, sendo necessário retomar, com os alunos ingressantes, alguns conceitos básicos referentes ao desenvolvimento do projeto. Fez-se necessário então a realização de pesquisas para que os alunos se inteirassem acerca do tema, buscando informações como: o conceito de tecnologia assistiva, tipos, classificação, TICs assistivas, importância social e educacional dessas tecnologias na vida das pessoas com deficiência, suas relações com o ambiente computacional e, por fim, os tipos de deficiências para as quais tais tecnologias são arquitetadas.

A partir dessa pesquisa inicial, foi desenvolvida uma discussão aberta em que todos puderam falar de suas experiências de leitura, suas percepções e perspectivas a respeito do tema. O envolvimento e interesse dos alunos foi perceptível desde esses primeiros momentos, pois desfrutavam da oportunidade de construção de conhecimentos novos e diferentes, não estudados nos cursos técnicos e superiores do IFTM. Para que os alunos também pudessem ter uma boa noção

Page 181: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

180

sobre as particularidades de cada categoria de deficiência, cada um passou a pesquisar sobre uma modalidade, conduzindo-os, na sequência, à pesquisa por tecnologias assistivas relacionadas à deficiência já estudada.

Como algumas tecnologias já tinham sido catalogadas no ano anterior, os alunos foram orientados a estudá-las e buscar por outras, desde que fossem gratuitas. Aperfeiçoaram também os tutoriais já elaborados e construíram novos referentes às tecnologias catalogadas recentemente.

Em junho de 2016, por ocasião do simpósio de educação inclusiva que aconteceu em Uberaba em parceria com o IFTM, pudemos apresentar os resultados do projeto obtidos até então. Foi apresentada a proposta do curso de formação em tecnologia assistiva, sendo esse um dos grandes objetivos do projeto. Alguns professores da rede municipal de ensino de Uberaba e também profissionais do Instituto dos cegos nos procuraram para demonstrar seu interesse em tal formação. Pusemo-nos então a planejar e organizar o curso que seria a primeira experiência nesse sentido na cidade de Uberaba.

Tanto a coordenação do departamento de Inclusão do município de Uberaba quanto a direção do Instituto dos Cegos nos apoiaram desde o início em nossa proposta, principalmente após conhecerem o conteúdo a ser ministrado.

Devido ao fato de ser uma experiência única em que não tínhamos nenhuma referência para a realização de tal curso, decidimos que o ideal para aquele momento era trabalharmos com uma turma pequena, avaliando assim o desempenho dos alunos que ministrariam o curso como também das professoras cursistas. O Instituto dos cegos disponibilizou um laboratório de informática para 16 pessoas selecionadas entre os profissionais atuantes.

O curso iniciou no dia 10 de setembro e finalizou em 21 de novembro, com duas horas diárias de aula. A inscrição foi realizada através de um formulário no Google Docs, no qual as professoras responderam também a um questionário que nos possibilitou coletar

Page 182: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

181

dados acerca de sua atuação profissional, interesse por tecnologia assistiva e habilidades com a informática. As professoras foram orientadas também a levar seus dispositivos móveis para a instalação dos aplicativos que faziam parte do curso. Quatro alunos bolsistas ministraram as aulas, mantendo-se em duplas para melhor aproveitamento e acompanhamento das alunas cursistas.

A seguir, será apresentada como foi a realização do curso: a primeira aula foi o momento para que os professores da comunidade se inteirassem das atividades propostas, e também para que os estudantes bolsistas conhecessem o perfil das professoras-cursistas. Os estudantes bolsistas se apresentaram e falaram de suas expectativas e envolvimento com o curso. Nas aulas seguintes, as atividades se desenvolveram a partir de dois bolsistas em cada aula, em que um apresentava o software ou aplicativo e o outro auxiliava as professoras a baixar e a instalar. Os bolsistas descreviam através de apresentação em slides as características gerais dos programas, tais como: sua função social e educacional, público-alvo, sugestões de atividades e os requisitos básicos para instalação.

As alunas utilizavam os computadores do laboratório e também um dispositivo móvel particular, conforme tinham sido orientadas a trazer. Desse modo, os bolsistas auxiliavam as alunas desde os requisitos básicos para a instalação até a utilização da tecnologia assistiva proposta em cada aula.

Ao fim do curso, os bolsistas fizeram uma avaliação escrita com as cursistas para que elas falassem do aprendizado obtido, de suas pers-pectivas profissionais através do uso de tecnologia assistiva e também do que elas sugeriam de melhorias para os próximos cursos.

Como se pode perceber, os bolsistas foram responsáveis por todo o curso, da concepção do conteúdo, da preparação do material, da apresentação nas aulas, da avaliação final do curso, bem como os aspectos práticos de reservas de sala e preparação dos computadores para as aulas. As orientadoras fizeram, tão somente, o papel de guiá-los em todas as etapas.

Page 183: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

182

Os softwares e aplicativos cujos tutoriais de uso e instalação constituíram o conteúdo do curso foram:

• Software Participar 2: é uma ferramenta pedagógica gratuita de apoio a professores atuantes no processo de alfabetização de jovens e adultos com deficiência intelectual. Seu objetivo é estimular a interação social entre os jovens. Sua instalação é possível em máquinas com sistema operacional Windows.

• MeaVox: tem como objetivo auxiliar a comunicação alternati-va de pessoas com dificuldades (permanentes ou temporárias) de verbalização. É possível instalá-lo em dispositivos (fabricantes): Samsung, LG, Motorola com sistema operacional Android (Versões acima da 3.2). Possui um mês gratuito para experi-mentação do usuário (meaVox4Free), após isso a pessoa pode adquiri-lo por R$ 49,90 no PlayStore (meaVox/ mvConfig).

• TALKBACK: o TalkBack é um aplicativo para sistema An-droid (ativado nas configurações de acessibilidade do aparelho) que permite que deficientes visuais interajam com o dispositivo móvel, transformando em voz e em vibração cada atividade re-alizada. Ou seja, sempre que o usuário selecionar um aplicativo ou uma opção, o aparelho irá emitir o som alertando sobre o que está sendo selecionado.

• NVDA - NONVISUAL DESKTOP ACCESS: o NVDA, ou Desktop de Acesso Não-Visual é um programa gratuito de lei-tura de tela para Windows destinado à inclusão de pessoas com deficiência visual. O objetivo desse software é fazer a leitura de textos para usuários com deficiência visual, possibilitando que controlem o que é lido, movendo o cursor para a área relevante do texto com um mouse ou comandos do teclado.

• Hand Talk: esse aplicativo é capaz de traduzir qualquer texto digitado para a Língua de sinais. Possui um assistente virtual (avatar Hugo) que sinaliza de forma fiel a Libras. Esse aplicati-vo possibilita que o professor se comunique de forma simples com o aluno surdo mesmo não dominando a Língua.

Page 184: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

183

• ProDeaf: é um aplicativo para celular e tablet que faz a tradução das palavras e frases para a língua de sinais. Diferencia-se do Hand Talk no fato de que possui um pequeno dicionário de palavras pré-instalado no aplicativo, assim, caso o usuário tenha alguma dúvida de palavras simples, poderá consultar o aplicativo que traduzirá sem ter conexão com a internet.

Essas ferramentas estão disponíveis em um site (design e criação pelos alunos), provisoriamente em http://kelwin-hike.wix.com/test1, com informações pertinentes à tecnologia, como e onde obtê-la, os requisitos para sua instalação, o descritivo das funcionalidades, da forma de instalação e de uso. O formato de disponibilização dessas informações na web foi constantemente analisado pela equipe exe-cutora e extencionistas tendo em vista as normas de acessibilidades para os ambientes virtuais. Esse processo de construção inicial, per-mitiu avaliações, por parte da equipe executora, do formato e dos dados disponibilizados, retroalimentado a construção do site para as tecnologias já listadas e para as próximas.

No próximo ano, pretendemos dar continuidade ao projeto e ao curso de formação, aprimorando o site, pois inúmeros interessados não puderam participar no ano de 2016 devido à quantidade de vagas disponíveis. Inclusive a Secretaria regional de ensino de Uberaba nos procurou para realizar esse treinamento com cerca de 100 professores atuantes no AEE das escolas estaduais, atendidas pela SRE.

Consideramos, entretanto, que a concretização dos objetivos deste projeto significa apenas uma pequena parcela de um objetivo maior e mais abrangente. Trata-se da utilização dessas tecnologias digitais assistivas no dia a dia da escola, entre educadores e alunos com deficiências. Esse é um desafio que perpassa não somente a educação inclusiva, pois a utilização de tecnologias digitais em ambiente escolar tem produzido inúmeros debates entre estudiosos. Entretanto, independente dos defensores e críticos, o fato é que essas tecnologias integram o dia a dia dos alunos e não é mais possível pensar em

Page 185: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

184

políticas públicas educacionais, em didática e metodologia docente sem a contemplação dessas.

A análise em torno das políticas públicas, tanto referentes à educação geral como à educação especial e inclusiva, demonstra que no âmbito prescritivo, estão acompanhando as tendências sociais e culturais da era digital. São claras quanto à necessidade de inserção das TICs nos currículos escolares e nos planos docentes, dando abertura para a adequação da escola aos tempos do mundo virtual e informatizado. Fala-se da necessidade de adequação curricular e pedagógica, da formação dos professores e provimento de recursos tecnológicos na escola. Contudo, não há uma orientação específica de como os professores devem inserir essas tecnologias no cotidiano da sala de aula e quais as estratégias que realmente causariam estas mudanças.

Por meio do Decreto nº 6.571/2008, o MEC amplia o apoio aos sistemas de ensino para a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva nas escolas, alcançando significativos avanços na efetivação do direito de todos à educação (INTERVOX site, 2002).

Emer (2011), ao investigar a percepção dos professores da rede municipal de ensino das cidades de Caxias do Sul e Farroupi-lha, referente ao processo de inclusão escolar de alunos com defici-ência concluiu que uma das questões mais evidenciadas na pesquisa foi concernente à falta de formação do professor, ou seja, a grande maioria dos professores precisa conhecer as potencialidades das tec-nologias assistivas e se informarem acerca do seu baixo e alto custo para mediar o processo de desenvolvimento do aluno com defici-ência. Seguem outras conclusões de sua pesquisa: falta formação de professores para o uso de TICs seja de baixa ou de alta tecnologia; não existe tempo de planejamento entre os professores da sala de recurso multifuncional e da sala comum; não existe tempo de estudo referente aos recursos de tecnologia assistiva; muitas falas relataram a falta de conhecimento do que é tecnologia assistiva; a atividade mais desenvolvida na sala de recurso são os jogos pedagógicos; a

Page 186: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

185

maioria dos professores não percebe uma relação entre a sala de recurso multifuncional, a tecnologia assistiva e a sala de aula comum (EMER, 2011). E, por fim, concluiu a autora, que as tecnologias assistivas não estão inseridas no contexto escolar.

O mais preocupante é que essa realidade figura o quadro da maioria das escolas brasileiras, fato constatado por pesquisas semelhantes aplicadas em outras regiões, afirmação da própria autora dessa pesquisa.

Existem muitos projetos de inclusão digital nas escolas, tanto no âmbito da educação inclusiva como no ensino convencional, mas se tratam de iniciativas isoladas que não abrangem todo o corpo escolar, fa-zendo que se desenvolvam apenas por meio de interesses de alguns gestores ou professores cientes da importância da inclusão digital. Para uma maior abrangência, o ministério da educação precisa traçar diretrizes específicas sobre como inserir as tecnologias no currículo escolar e na didática geral dos professores, independente de seus interesses particulares com as novas tecnologias. O professor só será capaz de atuar na perspectiva da inclusão digital, seja com pessoas com deficiências, seja com os demais alunos, se tiver orientações claras sobre como trabalhar seus conteúdos disciplinares usando as novas tecnologias, assim como dominar a utilização do livro didático em suas aulas.

3 CONCLUSÃO

A conclusão do presente projeto e a divulgação de seus resultados é de grande importância para a disseminação de ideias, concepções e práticas em torno do uso das tecnologias assistivas em ambiente educacional.

A partir dos relatos das professoras cursistas foi possível perceber a necessidade que se tem hoje de incrementar as práticas pedagógicas com ferramentas que despertem o interesse dos alunos e, ao mesmo tempo, em que proporciona aprendizado. A satisfação das

Page 187: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

186

professoras durante as aulas foi evidente, especialmente por se tratar de um curso com um conteúdo e metodologia totalmente inovador e interativo, sendo a prova clara de que a educação precisa de uma inovação tecnológica, valorizando as ferramentas digitais disponíveis e de fácil acesso e usabilidade nos dias atuais.

Acreditamos que tal iniciativa pode representar o despertar de outras propostas nesta direção através de parcerias entre o IFTM, rede municipal de ensino de Uberaba, Superintendência Regional de Ensino de Uberaba, UFTM e outras instituições governamentais e não governamentais que primam pela inclusão educacional das pessoas com deficiência.

Enfrentamos, assim, de modo consciente, o desafio de oferecer nossa contribuição à garantia dos direitos de todos à vida social e à educacional de forma plena, independentemente de suas condições físicas, sensoriais e intelectuais.

Vimos que qualquer projeto empreendido nesse sentido passa pelo conhecimento do perfil dos usuários, aliado à suas expectativas de sucesso. São, na sua grande maioria, indivíduos oriundos de núcleo familiar com pouca instrução acerca das possibilidades de melhoria para suas vidas como um todo. Nesse contexto, acreditamos que as Tecnologias Assistivas favore-cem grandemente, ampliando as possibilidades de inclusão social e educacional pela via digital.

4 NOTAS1Mestre em educação, pedagoga, presidente do NAPNE do Campus Uberaba. e-mail: [email protected] em ciência da computação, professora EBTT, coordenadora do curso de Engenharia de Computação. e-mail: [email protected]

5 Referências

BRASIL. Lei n. 9. 394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso maio 2016.

Page 188: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

187

_______. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).. 2015 . Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm > Acesso maio 2016.

EMER, S. de O. Inclusão escolar: Formação docente para o uso das TICS aplicada como tecnologia assistiva na sala de recurso multifuncional e sala de aula. 2011. 149 p. Dissertação (Mestrado) programa de pós-Graduação da Faculdade de Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

INTERVOX. O MECDAISY . 2002. Disponível em: http://intervox.nce.ufrj.br/mecdaisy/daisy.htm. Acesso em maio de 2016.

RAIÇA, Darcy (Org.). Tecnologia para Educação Inclusiva. São Paulo: Avercamp, 2008.

Page 189: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS 2016 - IFTM · Roberto Gil Rodrigues Almeida Vice-Reitor José Antônio Bessa Pró-Reitor de Extensão Tecnológica Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira