relatÓrio tÉcnico final

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LIFE03 NAT/P/000018 RELATÓRIO CNICO FINAL Abarcando as actividades do Projecto de 01.10.2003 até 31.03.2008 Data da Conclusão de Redacção do Relatório 08.08.2008 redigido por: Ana Santos, Ana Simão, Cândida Martins, Filipa Pais, Maria João Matos, José Mendes, Paulo Neves, Jorge Viana e Hortênsia Menino

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Page 1: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

LIFE03 NAT/P/000018

RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Abarcando as actividades do Projecto de 01.10.2003 até 31.03.2008

Data da Conclusão de Redacção do Relatório

08.08.2008

redigido por:

Ana Santos, Ana Simão, Cândida Martins, Filipa Pais, Maria João Matos,

José Mendes, Paulo Neves, Jorge Viana e Hortênsia Menino

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado – Relatório Técnico-Financeiro Intercalar - 1 -

Dados do Projecto

Localização do projecto: Montemor-o-Novo, Alentejo, Portugal

Data início do projecto: 01.10.2003

Data fim do projecto: 31.03.2008

Duração total do projecto: 54 meses

Custo total: € 3.576.676

Contribuição da UE: € 1.788.338

(%) do total das despesas: 50

Dados do Beneficiário

Nome do Beneficiário: Câmara Municipal de Montemor-o-Novo

Pessoa de contacto: Dra. Hortênsia Menino

Endereço completo: Largo dos Paços do Concelho, P, 7050-127 Montemor-o-Novo

Endereço do projecto: Largo dos Paços do Concelho, P, 7050-127 Montemor-o-Novo

Telefone: 351-266899347

Fax: 351-266898190

E-mail: [email protected]

Website: www.cm-montemornovo.pt

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 2 -

ÍNDICE

LISTA DE PALAVRAS-CHAVE E ABREVIATURAS........................................................................... 3

1. RESUMO .............................................................................................................................. 4

2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6

3. ENQUADRAMENTO DO PROJECTO ...................................................................................... 8

4. DESENVOLVIMENTO TÉCNICO .......................................................................................... 12 5.1. Acções Preparatórias ........................................................................................................................................................................ 12 5.2. Compra/arrendamento de Terrenos e/ou Direitos .......................................................................................................................... 33 5.3. Trabalhos ùnicos de Gestão do Biótopo.......................................................................................................................................... 34 5.4. Trabalhos de Gestão Sazonal do Biótopo ....................................................................................................................................... 43 5.5. Sensibilização do Público e Divulgação dos Resultados .................................................................................................................. 54 5.6. Funcionamento Geral do Projecto ................................................................................................................................................... 66

5. AVALIAÇÃO DO PROJECTO E CONCLUSÕES ..................................................................... 70

6. COMENTÁRIOS AO RELATÓRIO FINANCEIRO .................................................................... 72

7. ANEXOS ............................................................................................................................ 73 Anexo I – Mapa financeiro global do projecto ...................................................................................................................................... 73 Anexo II – Certidões de enquadramento em sede de IVA ...................................................................................................................... 73 Anexo III – Relatório de Auditoria Externa às despesas do projecto..................................................................................................... 73 Anexo IV – CD com produtos identificáveis, em formato digital ........................................................................................................... 73

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 3 -

LISTA DE PALAVRAS-CHAVE E ABREVIATURAS

ACARAC – Associação de Caçadores da Regadia e Carrascal, parceiro

APSM – Associação de Proprietários do Sítio de Monfurado, parceiro desistente

CEBV-FCUL – Centro de Ecologia e Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências de Lisboa, parceiro

CCDRA – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo

CMMN – Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, beneficiário

CME – Câmara Municipal de Évora, parceiro

COMENDA – Simão José Nunes Gomes Comenda, parceiro

COTEC – COTEC Portugal, Associação Empresarial para a Inovação

ERENA – ERENA, Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais, Lda, parceiro

DRAOTA – Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território do Alentejo, actual Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo

DTCA – Disposições – Tipo de Carácter Administrativo LIFE/PT (14/05/2002)

FALVES – Francisco Manuel Cidade Alves, parceiro

FIGUEIREDO – Maria Paula Machado de Sousa Figueiredo, parceiro

GONZALEZ – Sociedade Agrícola Luis Gonzalez, SA, parceiro

IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional

ICN – Instituto de Conservação da Natureza

ICNB - Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade

ISA – Instituto Superior de Agronomia

LINCE – António Maria de Almeida Lince, parceiro

LPMA – Liga dos Pequenos e Médios Agricultores de Montemor-o-Novo, parceiro

MONFURADO – Monfurado – Sociedade Agro-Pecuária Lda, parceiro

NIA – Núcleo de Interpretação Ambiental

PADEIRA NUNES – Miguel José de Sousa Carvalho Padeira Nunes, parceiro

PIER – Plano de Intervenção em Espaço Rural

PIOGF – Plano Integrado de Ordenamento e Gestão Florestal

PROF – Plano Regional de Ordenamento Florestal

PSRN2000 – Plano Sectorial da Rede Natura 2000

SGMELLO – Suzana Ganho de Mello, Lda.

SIG – Sistema de Informação Geográfica

SOBRALCAÇA – SOBRALCAÇA, Lda, parceiro desistente

SOUSA – Gertrudes Maria Peixeiro Micaelo Sousa, parceiro

VACAS – Ana Isabel Novais Ataíde Falcão Trigoso Vacas de Carvalho, parceiro

UE – Universidade de Évora, parceiro

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 4 -

1. RESUMO

O Projecto GAPS – Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado, teve por objectivo a conservação dos valores

naturais do Sítio de Monfurado, com especial destaque para os habitats do Anexo I da Directiva Habitats e espécies do

Anexo II da mesma Directiva. Simultaneamente, o projecto procurou contribuir para a conservação de espécies

referenciadas no Anexo IV da Directiva e, também de forma indirecta, para a avifauna protegida pela Directiva Aves.

Para atingir tais objectivos, e tendo por base o conhecimento prévio então disponível acerca das principais ameaças que

se verificavam no Sítio à conservação das espécies e habitats que eram conhecidas à data da candidatura, o Projecto

incluiu um conjunto de medidas de gestão com vista a minimizar essas ameaças. Ao mesmo tempo, assegurou a

realização de um conjunto de estudos preparatórios que se reconheceu serem necessários com vista a adquirir um maior

conhecimento sobre espécies, habitats, ameaças e/ou medidas de gestão que se entendeu serem particularmente

relevantes para atingir os objectivos de conservação a que alude o artigo 6º da Directiva Habitats.

No seguimento da desistência de dois dos parceiros inicialmente envolvidos - Comissão Instaladora da Associação de

Proprietários do Sítio de Monfurado (APSM) e SOBRALCAÇA - e tendo por objectivo garantir a execução dos trabalhos

cuja responsabilidade seria dos parceiros desistentes, o Projecto foi objecto de uma reformulação substancial e

apresentação do correspondente Pedido de Alteração, processo que se iniciou em Outubro de 2004 a pedido da Câmara

Municipal de Montemor-o-Novo (CMMN) e culminou em Novembro de 2005, com a aprovação desse pedido por parte da

Comissão. Tendo em conta os resultados das acções preparatórias do Projecto, que evidenciavam a descoberta no Sítio

de Monfurado de novas espécies de fauna e flora com interesse para conservação a nível comunitário (Anexo II da

Directiva Habitats), e à situação de seca extrema vivida, com implicações para os trabalhos em curso, o Pedido de

Alteração então apresentado contemplou igualmente a realização de novos trabalhos e a reprogramação de outros, de

forma a fazer face a estas necessidades.

Decorrendo da aprovação do Pedido de Alteração pela Comissão Europeia / Unidade LIFE-Natureza, em Novembro de

2005, resultou a inclusão no projecto de novos parceiros privados a título individual e associados da Liga dos Pequenos e

Médios Agricultores de Montemor-o-Novo (LPMA), representando um total de cerca de 2696 hectares de propriedade

privada na área do Sítio. Estes novos parceiros promoveram, desde então, um conjunto de trabalhos análogos aos

previstos pela APSM no âmbito da prevenção e combate a incêndios florestais, acções de gestão e conservação em

pastagens e montados e recuperação e valorização de habitats ripícolas. Paralelamente foram ampliados pelas Câmaras

Municipais de Montemor-o-Novo e de Évora os trabalhos de gestão e controlo de acessibilidades e recuperação e

valorização de habitats ripícolas previstos na candidatura inicial.

No que diz respeito às novas espécies do Anexo II, descobertas na área do Projecto durante a sua execução,

desenvolveram-se trabalhos dirigidos para Microtus cabrerae, Discoglossus galganoi e Halimium verticillatum, que

envolveram inventários adicionais e também o ensaio de medidas de gestão para conservação destas espécies.

Das acções preparatórias realizadas, são de destacar os trabalhos relativos aos quirópteros e ictiofauna do Sítio de

Monfurado, que envolveram a definição de medidas de gestão concretas e aplicadas, algumas das quais já promovidas e

ensaiadas sem custos adicionais e de forma sinérgica com outros trabalhos previstos no projecto, nos quais se integraram

as necessidades inerentes à conservação daquelas espécies.

No que diz respeito à aquisição de duas parcelas de terreno, uma destinada à instalação de uma parcela demonstrativa de

carvalhal (inicialmente pensada para o prédio “Fazenda do Calção”) e outra destinada a assegurar a conservação de

núcleos residuais de flora protegida (no prédio “Calcanhar do Mundo”), a CMMN deparou-se com a impossibilidade de as

adquirir. No caso da primeira parcela, a questão foi obviada, tendo-se instalado a parcela num outro local, com resultados

quantitativos e qualitativos análogos aos previstos.

Regra geral, os trabalhos técnicos executados foram ao encontro dos objectivos previstos, apesar das muitas

adversidades que impossibilitaram o desejável reporte dos mesmos, de forma adequada e célere, e conforme

calendarizado, à Comissão

Por último, e considerando o objectivo primordial da candidatura anteriormente apresentada, encontra-se ainda por

decorrer, face a constrangimentos impossíveis de ultrapassar, a quinta fase do Plano de Intervenção em Espaço Rural que

se espera ver definido para o Sítio de Monfurado.

Page 6: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 5 -

Nos pontos seguintes apresenta-se um enquadramento geral do projecto e dos seus objectivos, bem como uma síntese

dos trabalhos desenvolvidos, resultados obtidos para cada uma das acções e respectivas conclusões. Na elaboração do

presente relatório teve-se em conta a estrutura sugerida pela Comissão Europeia.

De forma a permitir uma melhor análise e conhecimento dos trabalhos em causa, poderão ser consultados os relatórios

Técnicos Finais das diferentes Tarefas, onde os mesmos são descritos com maior pormenor. Estes Relatórios Técnicos,

bem como os demais produtos/documentos previstos na candidatura do projecto são apresentados, em formato digital, no

CD em anexo.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 6 -

2. INTRODUÇÃO

O Projecto GAPS – Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado, teve por objectivo a conservação dos valores

naturais do Sítio de Monfurado, com especial destaque para os habitats do Anexo I da Directiva Habitats e espécies do

Anexo II da mesma Directiva. Simultaneamente, o projecto procurou contribuir para a conservação de espécies

referenciadas no Anexo IV da Directiva e, de forma indirecta, para a avifauna protegida pela Directiva Aves.

O Sítio de Monfurado, com uma área total de 23.946 hectares, abrange os concelhos de Montemor-o-Novo e Évora,

estendendo-se entre altitudes de cerca 150 metros até aos 420 metros, numa região tipicamente mediterrânica. Trata-se

de uma área dominada por importantes montados de sobro e azinho, bastante bem conservados, cuja importância é

realçada pela sua situação geográfica à escala nacional, bem como pelas diversas influências climáticas que esta zona

sofre. Aqui ocorrem ainda resquícios de carvalhais de carvalho-cerquinho (Quercus faginea) e carvalho-negral (Quercus

pyrenaica), naquele que é o limite Sul da sua distribuição em Portugal continental. É aqui que ocorrem também as

melhores comunidades nacionais de espinhais de Calicotome villosa, espécie exclusiva da região de Évora em território

nacional.

Ao nível de habitats, destacam-se as Sub-estepes de gramíneas e anuais da TheroBrachypodietea (habitat 6220*) cuja

área de distribuição no Sítio é significativa face à área de distribuição nacional, e que apresentam aqui uma

representatividade excelente, só comparável às existentes na Beira Interior (vg. Toulões), facto que levou a que o Sítio

fosse referido, nos inventários que precederam a proposta da Lista nacional de Sítios, como tendo um grande valor para a

conservação deste habitat a nível nacional. Tratando-se de um habitat associado ao montado (habitat 6310), a

conservação do habitat 6220*, prioritário, passa, no Sítio, por intervenções integradas sobre ambos os sistemas.

A raridade e escasso conhecimento acerca dos Charcos Temporários Mediterrânicos (habitat 3170*) a nível nacional, e a

sua ocorrência confirmada pelas equipas que procederam aos inventários prévios à designação da Lista Nacional de

Sítios, atribuía ao Sítio uma relevância importante para a conservação deste tipo de sistemas em Portugal. Os trabalhos

efectuados no âmbito do projecto evidenciaram a dinâmica e extrema vulnerabilidade deste habitat, com a consequente

não confirmação da maior parte dos charcos anteriormente cartografados como habitat 3170*, por ausência da totalidade

das espécies que lhe são características.

O Sítio assume ainda particular importância para a conservação de florestas aluviais de Alnus glutinosa (habitat 91E0*),

habitats prioritários que aqui apresentam um óptimo estado de conservação e representam casos únicos de amiais com

estruturas tão bem conservadas na região Sul de Portugal. De forma análoga, existem no Sítio condições excelentes para

a valorização e conservação de florestas-galeria com Salix alba e Populus alba (habitat 92A0), que apresentam uma

representatividade excelente e razoável estado de conservação.

Em termos de flora, salienta-se a presença de núcleos que anteriormente ao projecto se estimavam de pequena

distribuição da endémica Hyacinthoides vicentina, sendo que, face ao conhecimento resultante dos inventários promovidos

no projecto, a espécie aparenta possuir na zona Oeste do Sítio populações bastante mais significativas do que inicialmente

esperado. Em 2005, no decurso de outros trabalhos do projecto, foi adicionalmente identificada a presença de populações

de Halimium verticillatum, espécie com importância a nível comunitário, bem como um conjunto alargado de outras

espécies que não constam do Anexo II mas são consideradas raras a nível nacional, com especial destaque para

orquídeas e briófitos. Os trabalhos do projecto não permitiram confirmar, a existência de populações de Narcissus

fernandesii e Festuca duriotagana, espécies anteriormente referidas para a área provavelmente devido a erros de

classificação, dado que, de acordo com as identificações realizadas, as espécies em causa tratavam de Narcissus

jonquilla e Festuca ampla.

Ao nível comunitário e nacional, e no que respeita à fauna, destaca-se a existência não só de importantes populações e

diversidade de quirópteros, como também de espécies do Anexo II como o Microtus cabrerae (rato-de-Cabrera) e

Discoglossus galganoi (rã-de-focinho-pontiagudo), cuja presença no Sítio foi confirmada no decorrer do Projecto.

No que diz respeito aos quirópteros, de destacar que, no Sítio, sempre considerado uma zona de grande importância para

a conservação de diversas espécies - não só em termos de reprodução mas também de hibernação- se evidenciou com os

trabalhos do Projecto a presença de um elenco bastante mais alargado de espécies do Anexo I e Anexo II. Em cavidades

resultantes da antiga extracção de minério (Minas dos Monges e Minas da Nogueirinha), eram conhecidos abrigos muito

importantes para a conservação de espécies como o morcego-rato-grande (Myotis myotis) e o morcego-de-peluche

(Miniopterus schreibersii), que constituiam também apoio a outras espécies importantes do ponto de vista conservacionista

como o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus

ferrumequinum), morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros) e morcego-de-ferradura-mourisco

(Rhinolophus mehelyi). Decorrendo dos trabalhos do Projecto, também confrimada a presença no Sítio de um conjunto de

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 7 -

novas espécies com elevado valor de conservação, algumas das quais não eram esperadas nesta zona geográfica:

Morcego-de-franja (Myotis nattereri), Morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri), Morcego-negro (Barbastella

barbastellus), Morcego-de-Bechstein (Myotis bechsteinii) e Morcego-de-água (Myotis daubentonii).

Sendo a maior parte da área do Sítio propriedade privada, os trabalhos associados à proposta da Lista Nacional de Sítios

destacavam desde logo, como elementos de vulnerabilidade aos objectivos de conservação, actividades de origem

humana como a intensificação da agro-pecuária, a alteração de práticas tradicionais agro-silvo-pastoris de gestão do

montado de sobro e azinho, a existência de acções diversas com incidência sobre as espécies/habitats ripícolas, bem

como, a utilização desregrada do espaço rural para actividades de lazer e recreio. O deficiente ordenamento e gestão

florestal e cinegética, aliado à ocorrência de fogos florestais e à ausência de instrumentos e meios específicos para a

conservação do Sítio, traduziam-se igualmente em ameaças para os valores naturais a conservar, especialmente

atendendo ao fraco conhecimento existente acerca de algumas espécies e habitats.

Para atingir os objectivos de conservação dos valores naturais existentes e tendo por base a informação sobre as

principais ameaças que se verificavam no Sítio à conservação das respectivas espécies e habitats, a CMMN encetou

esforços no sentido de apresentar uma candidatura Programa LIFE-Natureza, em parceria com outras entidades públicas

e privadas e um conjunto de proprietários, fórmula que se entendeu adequada à elaboração de futuros instrumentos de

gestão, bem como ao estabelecimento de relações mútuas de confiança e ao desenvolvimento de esforços individuais em

torno de objectivos comuns.

Deste modo, e apesar de vicissitudes diversas relacionadas com o arranque do projecto decorrentes da saída de alguns

dos parceiros iniciais, o pedido de alteração apresentado em Outubro de 2005 permitiu assegurar que o projecto

mantivesse os seus objectivos e metas inicialmente apresentadas à Comissão, designadamente ao nível de um conjunto

de medidas de gestão que visavam minimizar problemas já conhecidos.

Paralelamente, os trabalhos do projecto asseguraram ainda a realização de um conjunto de estudos preparatórios que se

consideraram necessários para adquirir um maior conhecimento sobre espécies, habitats, ameaças e/ou medidas de

gestão que se entenderam relevantes para atingir os objectivos de conservação a que alude o artigo 6º da Directiva

Habitats, trabalhos esses que foram também adaptados no âmbito do Pedido de Alteração de forma a assegurar o estudo

de novas espécies, entretanto referenciadas para o Sítio.

No conjunto de medidas de gestão propostas, salientam-se as acções únicas de gestão, destinadas a recuperar ou

valorizar habitats que se sabia serem alvo de ameaças com origem humana, como as atrás referidas. A participação como

parceiros no Projecto de proprietários privados (a título individual e colectivo), permitiu assegurar o envolvimento de cerca

de 3600 hectares de propriedades privadas, no interior dos quais se beneficiaram cerca de 2700 hectares com o apoio do

projecto. Pretendendo assegurar a continuidade de tais medidas em período pós-projecto, o investimento proposto foi,

sempre que possível, direccionado para a aquisição de equipamentos e/ou recrutamento de pessoal, em detrimento de

serviços de assistência externa. Com esta perspectiva, procurou-se assegurar meios e conhecimentos necessários à

prossecução de uma gestão activa em período pós-Projecto, designadamente através de acções de manutenção dos

resultados decorrentes das acções únicas de intervenção no biótopo e da realização, numa base regular, de acções de

gestão sazonal.

A informação proveniente das acções preparatórias, a que resultou de estudos promovidos por outras entidades e o

conhecimento adquirido com as medidas e ensaios de gestão implementados e respectivos resultados (essencialmente

direccionados para promover a conservação ou recuperação de habitats prioritários – 3170*, 6220* e 91E0* - e espécies

do Anexo II particularmente sensíveis), foram utilizados como input a um processo actualmente ainda a decorrer e que se

espera culmine om o desnevolvimento e discussão pública do Plano de Intrevenção em Espaço Rural para o Sítio de

Monfurado (PIER).

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 8 -

3. ENQUADRAMENTO DO PROJECTO

O Projecto GAPS resultou de parcerias estabelecidas entre entidades públicas e privadas que tiveram por objectivo

comum o desenvolvimento de trabalhos relacionados com a conservação das espécies e/ou habitats identificados no Sítio

de Monfurado.

O Beneficiário do Projecto e responsável pela sua coordenação, foi a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo (CMMN).

Como Parceiros do Projecto, e directamente responsáveis por um conjunto de trabalhos executados, individual ou

conjuntamente, estiveram a Câmara Municipal de Évora (CME) o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

(ICNB) o Centro de Ecologia e Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CEBV-FCUL), a

Universidade de Évora (UE), a ERENA – Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais Lda, a Associação de Caçadores

da Regadia e Carrascal (ACARAC) e Francisco Manuel Cidade Alves (FALVES; parceiro desistente), na qualidade de

gestores cinegéticos, bem como a Liga dos Pequenos e Médios Agricultores de Montemor-o-Novo (LPMA) e um conjunto

de proprietários privados (adiante referidos pelas siglas COMENDA, FIGUEIREDO, GONZALEZ, LINCE, MONFURADO,

PADEIRA-NUNES, SOUSA, VACAS, MC.LPMA, RM.LPMA, OPR.LPMA, ADM.LPMA, MLA.LPMA, JFM.LPMA, JVC.LPMA,

MCC.LPMA, FLR.LPMA e MSC.LPMA), que no total representaram uma intervenção em cerca de 2696 hectares de

propriedades privadas na área do Sítio.

Em termos de parcerias, o Projecto foi objecto de uma reformulação substancial e apresentação do primeiro pedido de

alteração. A necessidade do mesmo surgiu em virtude da desistência de dois dos parceiros inicialmente envolvidos –

Comissão Instaladora da Associação de Proprietários do Sítio de Monfurado (APSM) e SOBRALCAÇA - e tendo por

objectivo garantir a execução de trabalhos análogos aos previstos inicialmente e cuja responsabilidade de execução era

dos parceiros desistentes. Este processo teve inicio em Outubro de 2004 e culminou em Novembro de 2005, com a

aprovação do pedido por parte da Comissão. Tendo em conta os resultados das acções preparatórias do projecto, que

evidenciaram a descoberta no Sítio de Monfurado de novas espécies de fauna e flora com interesse para conservação a

nível comunitário (Anexo II da Directiva Habitats), e a situação de seca extrema vivida, com implicações para os trabalhos

em curso, o pedido de alteração contemplou igualmente a realização de novos trabalhos de caracterização, e a

reprogramação de outros.

Já em Fevereiro deste ano, e por forma a contornar um obstáculo relacionado com a imputação das despesas da LPMA ao

projecto, foi apresentado um segundo pedido de alteração. Aproveitando uma opurtunidade única concedida pela

Comissão, foi posível apresnetar os asscoiados da LPMA que já faziam parte do projecto através da associação como

novos parceiros a título individual, passando assim a ser possível a apresnetação de despesas por eles realizadas.

No que diz respeito à estrutura e organização do Projecto, esta encontra-se sintetizada no diagrama abaixo. Os trabalhos

previstos, a desenvolver por diferentes parceiros, dividem-se, de acordo com o LIFE-Natureza, num total de 29 acções:

Trabalhos Preparatórios, Elaboração de Planos de Gestão e/ou Planos de Acção (9 acções);

Compra / Arrendamento de Terrenos e/ou Direitos (1 acção, interligada com necessidades previstas para os

trabalhos de gestão);

Trabalhos Únicos de Gestão do Biótopo (4 Acções);

Gestão Sazonal do Biótopo (7 Acções);

Sensibilização do Público e Divulgação dos Resultados (6 Acções);

Funcionamento Geral do projecto (3 Acções, referentes à gestão pelo Beneficiário e pela LPMA e Auditoria

Externa).

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado – Relatório Técnico-Financeiro Intercalar - 9 -

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado – Relatório Técnico-Financeiro Intercalar - 10 -

No que diz respeito às funções dos parceiros, as equipas científicas (CEBV-FCUL, UE, ERENA) eram responsáveis pela

maioria dos trabalhos preparatórios do projecto, que envolveram estudos de caracterização, inventariação e monitorização

biológica. No seguimento destes, as mesmas equipas estavam associadas ao desenvolvimento de acções no terreno,

como ensaios de gestão e sua monitorização, com as quais se visou a proposta de medidas de gestão para os habitats e

espécies alvo.

O ICNB apoiou tecnicamente um trabalho preparatório relacionado com a inventariação de morcegos e monitorização da

respectiva actividade alimentar em relação com a utilização agro-silvo-pastoril do solo. Para além disso, desempenhou

ainda funções importantes ao nível do acompanhamento do desenvolvimento do PIER, através da proposta e

aconselhamento ao nível das medidas de gestão a adoptar.

No conjunto de trabalhos de gestão previstos, destacam-se as intervenções dos parceiros privados (individuais,

associativos e gestores de caça), responsáveis pela implementação no terreno da maioria das acções de gestão que

decorreram no período do projecto, com especial ênfase para as acções únicas de gestão (envolvendo a prevenção e

combate a fogos florestais, trabalhos em prados permanentes e montados, intervenções para recuperação e valorização

de linhas de água) assim como ao nível das medidas de fomento de habitat para a fauna silvestre (acções de gestão

sazonal do biótopo).

Na realização de trabalhos de gestão, e a par com as dos parceiros privados, salientam-se também as intervenções

públicas, orientadas e coordenadas pela CMMN e CME, responsáveis por trabalhos relativos a controlo e gestão de

acessibilidades e intervenções em linhas de água. Numa perspectiva pós-projecto, e tendo em conta as responsabilidades

atribuídas às autarquias, a nível nacional, em matéria da Rede Natura 2000, estas duas entidades foram igualmente

responsáveis pelo desenvolvimento dos instrumentos de ordenamento e gestão do Sítio, que em candidatura se

equacionou serem diferenciados (Plano Integrado de Ordenamento e Gestão Florestal para a vertente de

ordenamento/gestão florestal; e Plano de Gestão do Sítio para a vertente de conservação da natureza/desenvolvimento

rural). Face à possibilidade de integração num único instrumento - o Projecto de Intervenção em Espaço Rural - destas

duas vertentes, as duas autarquias acordaram, logo em Maio de 2007, a adopção deste modelo de Plano - previsto desde

a publicação da Lei de Bases de Ordenamento do Território mas só regulamentado através da Portaria 389/2005- como

instrumento a adoptar para cumprimento dos objectivos inicialmente dispersos pelas acções A6 e A7, indo aliás de

encontro a dúvidas colocadas pelos representantes da Comissão na primeira visita efectuada ao projecto quanto ao

interesse daquela dispersão/dissociação dos instrumentos de gestão.

A CMMN, sendo Beneficiária do projecto, não esgotou os trabalhos acima descritos a sua acção (em parte também devido

a funções assumidas na sequência da desistência da APSM), estendendo-a igualmente a acções de apoio a privados e

equipas científicas, trabalhos de caracterização biológica desenvolvidos com recursos internos e/ou contratação externa,

fiscalização regular do Sítio de Monfurado, propagação de espécies florestais e ripícolas necessárias a trabalhos de

gestão, desenvolvimento de parcelas não experimentais para ensaios de gestão com carvalhais, prevenção, detecção e

combate a fogos florestais e promoção do envolvimento, sensibilização e divulgação ao público (escolar e geral) para os

valores naturais existentes e desenvolvimentos do Projecto.

No que respeita à gestão e administração do projecto, e tendo em conta o elevado número de parceiros resultantes da

desistência da APSM, procurou-se adaptar o esquema de funcionamento, anteriormente equacionado nos formulários de

candidatura, de forma a assegurar uma correcta coordenação, sem colocar em causa a necessária eficácia e liberdade

que cada parceiro deveria possuir, de forma a melhor desempenhar os seus trabalhos. Para o efeito, foram alteradas a

estrutura e frequência de reuniões do órgão de gestão do projecto.

Conforme facilmente se pode perceber, a CMMN foi responsável pela coordenação e gestão do projecto, para além da

dinamização dos Conselhos de Gestão e Consultivo. Estes órgãos, iniciaram formalmente as suas funções, muito embora

a regularidade prevista para as reuniões tivesse que ser alterada.

O esquema seguinte, pretene traduzir o esquema de gestão e funcionamento do projecto.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 11 -

Coordenação e Gestão do Projecto Contactos com a Comissão, ou elementos por ela designados, no âmbito das actividades de gestão Estabelecimento de protocolos com parceiros e transferência das verbas aplicáveis Transmissão de orientações a parceiros Transmissão de solicitações de parceiros à Comissão Elaboração dos Relatórios Técnicos e Financeiros do Projecto Contratação de Auditoria Externa e Fornecimento de toda a informação solicitada

Coordenadores: Vereadora Hortênsia Menino

Apoio Técnico

Elementos: Chefe Div. Ambiente; Chefe Divisão Obras; Técnicos Ambiente; Técnico SIG

Apoio Administrativo / Financeiro

Elementos: Técnica Economia; Técnico Admin. Local; Chefe Secção Contabilidade; Chefe Secção Aprovisionamento

Conselho de Gestão

Funciona em estreita ligação com as acções A6 e A7

Tem por missão acompanhar, dar pareceres e propor alterações aos trabalhos em curso no âmbito do Projecto e à proposta de Plano de

Gestão. Reune semestralmente.

Elementos:

1 representante de cada parceiro público e privado

Conselho Consultivo

Tem por missão dar pareceres não vinculativos e propor alterações às propostas do Plano de Gestão e acções de gestão, com vista à

sua melhor adequação a necessidades específicas. Reunirá semestralmente , de forma intercalada com o Conselho de Gestão.

Elementos: Representantes de outras entidades, públicas ou privadas, que sejam propostos por qualquer dos membros do Conselho de Gestão. Serão convidados pelo Conselho de Gestão a integrar este orgão, podendo tal suceder a título pontual (para se pronunciarem apenas sobre determinadas matérias) ou contínuo (para acompanhamento ao longo de todo o projecto). Actualmente são membros deste órgão: Presidentes das Juntas de Freguesia (Nossa Senhora da Vila; Santiago do Escoural; São Cristóvão; São Sebastião da Giesteira; Boa Fé; Guadalupe); Representantes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, Direcção Regional da Agricultura do Alentejo; Direcção Regional do Alentejo do Ministério da Economia, Grupo de Amigos de Montemor-o-Novo, CEAI – Centro de Estudos da Avifauna Ibérica, APORMOR – Associação de Produtores de Bovinos, Ovinos e Caprinos da Região de Montemor-o-Novo, Associação de Agricultores do Distrito de Évora, FLORASUL – Associação de Produtores da Floresta Alentejana, SUBERÉVORA – Associação dos Produtores Florestais de Évora.

Auditora Independente

Tem por missão dar pareceres e elaborar o Relatório de Auditoria

Financeira Independente ao Projecto, nos termos

previstos no Regulamento LIFE

Elementos: Maria do Rosário Carvalho

Page 13: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado – 2º Relatório de Progresso - 12 -

4. DESENVOLVIMENTO TÉCNICO

Considerando a estrutura de Relatório Final proposto pela Comisão, a presente secção descreve, com o detalhe e relevo entendidos adequados, as principais actividades desenvolvidas e problemas encontrados no âmbito do Projecto.

Para informação adicional sobre algumas das acções poderão igualmente consultar-se os documentos fornecidos no CD que se anexa, que contem relatórios os relatórios finais elaborados pelas diversas equipas, cartografia produzida, fotografias e outros derivables ainda não entregues à Comissão.

5.1. Acções Preparatórias

Os trabalhos de Caracterização da Distribuição Actual e Potencial das Espécies da Flora do Anexo II, integrados na Acção

A1, foram iniciados no primeiro trimestre do Projecto, tal como previsto na candidatura. No caso de Narcissus fernandesii e

Hyacinthoides vicentina, a equipa do CEBV-FCUL efectuou a prospecção pedestre de cerca de 48 km de linhas de água,

durante o período de floração de ambas as espécies (Março a Maio de 2004). Em paralelo, os trabalhos de prospecção

envolveram a caracterização qualitativa das linhas de água em causa com identificação dos troços de habitat potencial,

bem como a realização de inquéritos à população com vista à localização de outras populações de Narcissus fernandesii.

Para a espécie Hyacinthoides vicentina não foram realizados inquéritos, uma vez que esta espécie poderia ser facilmente

confundida com as espécies do género Scilla.

Foi inicialmente confirmada a presença de alguns dos núcleos de Narcissus fernandesii identificados por outros

investigadores na proximidade do Sítio de Monfurado, mas não dos núcleos anteriormente descritos para o seu interior.

Foram efectuadas várias deslocações aos locais onde a presença da espécie se encontrava descrita – Sítio de Cabrela,

Ribeira das Alcáçovas/Ponte da Pedra e Ribeira de S. Cristóvão/Calcanhar do Mundo.

Durante as deslocações efectuadas ao Sítio de Cabrela, surgiram dúvidas relativas à posição taxonómica de alguns

exemplares de Narcissus (Narcissus fernandesii ou Narcissus jonquilla). Face às dúvidas existentes, foi feita a

caracterização morfométrica in situ de flores de Narcissus nos dois locais acima referidos e em dois locais adicionais –

Ribeira da Peramanca, 7 Km a montante da Ribeira das Alcáçovas, e bacia do Guadiana, área de distribuição de

Narcissus jonquilla (total de 40 flores). Este procedimento, e os contactos estabelecidos com botânicos de outras

instituições (ISA, UE e Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural) não foram suficientes para esclarecer a

posição taxonómica dos exemplares do Sítio de Cabrela (Calcanhar do Mundo). Uma vez que se previa usá-los como fonte

de propágulos para as acções D1 e D2, optou-se por solicitar a um taxonomista com vasta experiência no género

Narcissus a identificação desses exemplares: Alfredo Barra, do CSIC e Real Jardin Botanico de Madrid. Foi concluído por

este investigador que os exemplares provenientes dos locais onde havia sido anteriormente referida a existência de

Narcissus fernandesii, se tratavam de Narcissus jonquilla (espécie não elencada na Directiva Habitats). Deste modo, e

apesar de prospecções posteriores realizadas no âmbito das acções de monitorização, não foi confirmada a existência de

Narcissus fernandesii no interior do Sítio de Monfurado ou na sua envolvente. As sementes recolhidas no primeiro ano dos

núcleos atrás referidos – que se tratam afinal de Narcissus jonquilla – deram entretanto origem a um conjunto de plantas

que foram objecto de utilização no âmbito de trabalhos de valorização/recuperação de habitats ripícolas (acção C4) e de

educação ambiental (acção E1).

Figura 1 – Exemplares de Narcissus jonquilla plantados nas margens do rio Almansor

No caso de Festuca duriotagana, a equipa procedeu à prospecção de 27 Km adicionais de linhas de água para o

levantamento da distribuição da espécie. Paralelamente, e à semelhança do realizado para as restantes espécies,

procedeu também a uma caracterização qualitativa das linhas de água e à identificação dos troços potenciais para

ocorrência desta espécie. Estes trabalhos foram desenvolvidos durante o período de floração, quando a espécie pode ser

facilmente observada, em percurso pedestre (Maio a Julho de 2004). Durante a prospecção, a equipa recolheu exemplares

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 13 -

de Festuca spp., (60 exemplares) para identificação em laboratório, uma vez que existiam outras espécies afins, do género

Festuca, nas áreas prospectadas.

Com vista ao esclarecimento de algumas dúvidas taxonómicas, a equipa procedeu à observação de exemplares de

Festuca duriotagana em Herbário, bem como a reuniões com investigadores de outras universidades (ISA e UE).

Mantendo-se as dúvidas, e à semelhança do que tinha acontecido para a espécie Narcissus fernandesii, a equipa recorreu

novamente aos trabalhos de investigadores, por forma a obter uma confirmação mais rigorosa do taxa em causa. Tendo

consultado diversas entidades e investigadores para identificação de 12 especímenes de Festuca sp. (nove recolhidos no

Sítio de Monfurado e 3 no Sítio de Cabrela), apenas dois aceitaram fazer a identificação. A grande variabilidade

morfológica do taxa dificulta a identificação, pelo que a maioria dos investigadores considerou não reunir experiência e

conhecimentos para assegurar o rigor exigido na identificação.

Em Setembro de 2004, a equipa do CEBV-FCUl viu confirmado para 10 dos 12 exemplares enviados, o taxon Festuca

duriotagana, tendo optado por solicitar novamente (as dúvidas mantinham-se), ainda que mais tarde, a confirmação de

cinco desses especímenes e de outros cinco adicionais. Os resultados, comunicados por e-mail em finais de 2005,

indicaram que os exemplares não pertenciam a Festuca duriotagana mas sim a Festuca ampla. Face aos resultados

obtidos, e apesar de todo o trabalho realizado na prospecção da espécie, a equipa do CEBV-FCUL cessou em 2006 todas

as actividades relacionadas com Festuca duriotagana. Nesta tomada de decisão, pesou o facto de o ICNB ter questionado

a criação do taxon no Plano Sectorial da Rede Natura 2000, uma vez que a espécie não apresentava estatuto de

conservação na Directiva Habitats.

Face à não confirmação de duas das três espécies contempladas nesta acção, nomeadamente, Narcissus fernandesii e

Festuca duriotagana, foi necessário rever o desenvolvimento da mesma. Deste modo, a equipa canalizou todos os

esforços num único sentido, procurando localizar, na área do Sítio de Monfurado e/ou áreas envolventes, outras

populações de Hyacinthoides vicentina.

Figura 2 – Área total prospectada para caracterização da distribuição de Narcissus fernandesii, Hyacinthoides vicentina e Festuca

duriotagana no Sítio de Monfurado (2004-2007). A prospecção efectuada em 2006 e 2007 refere-se apenas a H. vicentina.

No que diz respeito a Hyacinthoides vicentina, muito embora inicialmente não tenham sido detectados indícios de

presença da espécie dentro dos actuais limites do Sítio de Monfurado, foi identificada, já após a redacção do Pedido de

Alteração, e apesar de terem sido inicialmente prospectadas áreas adjacentes e com habitat semelhante, uma população

localizada no interior do Sítio de Monfurado. A população em questão localiza-se na Herdade do Carvalhal dos Arezes e

distribui-se por uma área de cerca de 10 ha, ocorrendo em prados inseridos num montado esparso, comportando cerca de

um milhar de plantas.

Page 15: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 14 -

Figura 4 – Habitat da primeira população de Hyacinthoides vicentina identificada no interior do Sítio de Monfurado (A); pormenor da

espécie Hyacinthoides vicentina (B) (© CEBV-FCUL)

Posteriormente, e decorrendo dos trabalhos de prospecção de charcos temporários – acção A4 – foi identificada pela

equipa do ISA outra população localizada no interior do Sítio, que se insere num eucaliptal gerido de forma menos

intensiva, onde ocorre igualmente um conjunto de espécies características do habitat charcos temporários mediterrânicos

(3170*). Esta área foi visitada no âmbito da inspecção ao Projecto promovida pela Comissão e a respectiva população foi

objecto de caracterização, pela equipa do CEBV-FCUL, na Primavera de 2007. Também nesta estação, a equipa da

CMMN identificou, no âmbito dos trabalhos da Via Verde que se encontra a ser implementada, um conjunto de populações

que, após deslocação da equipa do CEBV-FCUL ao local, se confirmou serem de Hyacinthoides vicentina e foram

igualmente caracterizadas por aquela equipa. Outras referências para plantas com as características florísticas de

Hyacinthoides vicentina (que facilmente se confundem com espécies do género Scilla, com ampla distribuição no Sítio)

comunicadas por alguns dos novos parceiros do Projecto, foram objecto de visita e não confirmação, muito embora os

resultados obtidos pela equipa do CEBV-FCUL apontem para efectivos bastante superiores aos inicialmente esperados.

Com uma distribuição confinada ao sector Oeste do Sítio, nomeadamente, às áreas de Gouveia, Corta-Rabos e

Monfurado/Gamela, a equipa verificou que a primeira região apresenta uma maior abundância máxima e maior

proximidade entre os núcleos. Para além disso, observou ainda que o contacto entre as populações existentes na região

de Gouveia e Corta-Rabos se faz aparentemente ao longo de uma faixa relativamente estreita, não tendo sido identificada

nenhuma zona de contacto entre as populações de Monfurado/Gamela.

Durante os trabalhos de prospecção, a equipa verificou também que a maioria dos núcleos identificados apresentava

indícios de pastoreio, muito embora não aparentassem ter origem recente. Foram identificados dois modelos de pastoreio

compatíveis com a conservação da espécie, que se mantêm há cerca de 10 anos.

No que respeita a medidas de gestão, estas só foram definidas para Hyacinthoides vicentina, devido ao facto das outras

duas espécies não terem sido confirmadas para o Sítio de Monfurado. A equipa, com vista à conservação das populações

de jacinto-selvagem (nome vulgar para Hyacinthoides vicentina), definiu seis medidas de gestão, nomeadamente, adequar

a mobilização do solo à conservação da espécie; adequar a pastorícia através da promoção de um encabeçamento

reduzido, aliado à redução da permanência do gado; condicionar as práticas agrícolas intensivas nas áreas de ocorrência

de Hyacinthoides vicentina; manter de clareiras em formações de mato e explorações florestais sem pastoreio; condicionar

a drenagem e alteração da fisiografia de linhas de água secundária; e dar continuidade à monitorização da espécie.

Em termos de produtos identificáveis, para além das medidas de gestão propostas pela equipa e acima elencadas,

desde 2004, altura em que foi concluída, que a equipa tem vindo a actualizar a cartografia da distribuição actual e

potencial das espécies de Flora de Interesse Comunitário, sendo que, como já foi referido, das três espécies inicialmente

consideradas, no final, apenas uma foi confirmada. O relatório final, bem como todos os produtos produzidos pela equipa

no âmbito da acção, seguem, em formato digital, com o presente relatório final do Projecto.

A Acção A2, direccionada para a Avaliação do estado de conservação dos povoamentos de Quercus spp., especialmente

Quercus pyrenaica e Quercus faginea, esteve, à semelhança da acção anterior, a cargo da equipa do CEBV-FCUL. Esta

acção, que teve por objectivos actualizar a informação cartográfica existente sobre a ocorrência e distribuição de Quercus

pyrenaica (carvalho-negral) e Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e avaliar o estado de conservação dos habitats em

que ocorrem, através da vegetação epífitica bioindicadora (líquenes e briófitos) dos povoamentos de Quercus spp. do

Sítio, decorreu de acordo com o previsto na candidatura, não tendo sido necessárias mudanças significativas da proposta

inicial.

A B

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 15 -

No que respeita a trabalhos desenvolvidos, no Outono de 2003, a equipa procedeu à prospecção da distribuição de

Quercus pyrenaica e Quercus faginea no Sítio de Monfurado, de modo a actualizar, completar e/ou corrigir a informação

cartográfica disponível antes do Projecto. Face aos resultados obtidos, a distribuição de carvalhos ou núcleos de carvalhal

no Sítio revelou-se algo diferente da indicada na pré-cartografia existente, que sintetizava os trabalhos disponíveis

anteriormente ao projecto, provenientes de diversos estudos e autores.

Novas ocorrências foram registadas, especialmente de carvalho-cerquinho (e.g. quadrante SE do Sítio), mas em certos

locais não se confirmou a presença de carvalhos. Os povoamentos são pequenos e fragmentados, ocorrendo Quercus

pyrenaica essencialmente na zona central e Quercus faginea na sua periferia. A co-ocorrência das duas espécies no Sítio

é rara. Independentemente da espécie, os carvalhos encontram-se sobretudo confinados a sebes ou restos de sebes,

sendo poucos os núcleos, seja em bosquetes ou em linhas de água. Para auxiliar a gestão futura do Sítio, e

adicionalmente ao previsto nos objectivos da acção, a cartografia de distribuição produzida inclui também a

classificação das ocorrências segundo quatro categorias: exemplar isolado, grupos de árvores em sebe, em linhas de água

ou em bosquete (não associado a sebe ou a linha de água).

Figura 5 – Exemplares de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea) cartografados durante os

trabalhos de prospecção (© CEBV-FCUL)

Nas saídas de campo foram amostradas 50 parcelas (2000m2 cada) para caracterização dos povoamentos de Quercus

spp. Estas parcelas incluíram 15 parcelas com carvalhos (pelo menos uma das espécies, Quercus faginea ou Quercus

pyrenaica), 17 com montado misto de sobreiro (Quercus suber) e de azinheira (Quercus ilex) e 18 com apenas uma destas

duas últimas espécies. Para cada local foi efectuada uma caracterização qualitativa e quantitativa com recurso à

observação directa e a medições que foram registadas nas fichas de campo, sendo igualmente recolhidos dados relativos

à regeneração natural, percentagem de danos nas árvores e causa desses danos, e dados complementares como a

diversidade de espécies arbustivas presentes. Estes trabalhos encontram-se concluídos.

Ao nível da avaliação da biodiversidade da vegetação epífitica, procedeu-se à localização e identificação de bosques de

Quercus ilex, Quercus faginea e Quercus pyrenaica, como potenciais áreas a serem estudadas, tendo-se testado quer a

ficha de campo, desenvolvida especialmente para esta acção, quer a metodologia adoptada para a inventariação das

espécies criptogâmicas epifíticas. Nas saídas de campo foram efectuados estudos florísticos em 23 locais de amostragem

localizados na zona norte e centro do Sítio. Procedeu-se à identificação e classificação das amostras de briófitos e

líquenes recolhidas, através de equipamento adequado e bibliografia específica e actualizada. Foram identificadas 22

espécies de briófitos (hepáticas e musgos) e 103 espécies de líquenes, nenhuma das quais elencada pela Directiva

Habitats. Tal como previsto na candidatura, o material colhido e identificado constituirá um herbário de referência, a

depositar em LISU (Herbário do Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural).

Figura 6 – Trabalhos desenvolvidos relativamente aos epífitos (líquenes e briófitos) indicadores (© CEBV-FCUL)

Page 17: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 16 -

Para além do tratamento e classificação das amostras recolhidas (solos, líquenes e briófitos), foram também

desenvolvidos trabalhos de introdução dos dados, em suporte informático e respectiva integração e análise. Estes

trabalhos, permitiram obter a cartografia do estado de conservação dos povoamentos de carvalho-negral (Quercus

pyrenaica) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea), bem como a cartografia de distribuição dos epífitos indicadores.

Figura 7 – Cartografia do estado de conservação dos povoamentos de Quercus spp.

No que respeita ao contributo da acção para as medidas de gestão, a equipa concluiu que os povoamentos de Quercus

faginea e Quercus pyrenaica estão representados no Sítio por indivíduos isolados ou em pequenos núcleos

(principalmente sebes), com distribuição fragmentada. Ambas as espécies apresentam um bom nível de vitalidade, mas o

grau de regeneração natural é muito baixo, o que acontece com o Q. faginea, ou praticamente limitado à rebentação por

toiça, no caso do Q. pyrenaica. Para contrariar o isolamento dos núcleos de carvalho-cerquinho e favorecer a

permanência/expansão de ambas as espécies, a equipa propõe medidas para a gestão dos montados do Sítio. Entre as

medidas propostas, encontram-se a restrição espacial e/ou da intensidade e tipo de pastoreio, a limpeza selectiva dos

matos e sebes em galerias ripícolas, a plantação, quando em ausência da regeneração natural, a promoção do mosaico

paisagístico e o melhoramento do estado sanitário e estrutura etária do sobreiro e azinheira.

No que respeita a produtos identificáveis, o relatório final da acção foi concluído em Junho de 2007, enviando-se em

anexo, em formato digital. Conjuntamente com este relatório, foi produzida cartografia diversa, entre a qual cartografia do

estado de conservação dos povoamentos de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea),

e a cartografia de distribuição dos epífitos indicadores.

Tal como transmitido anteriormente, quando do envio do relatório intercalar em Maio de 2007,os trabalhos da Acção A3,

relativos à Inventariação da Ictiofauna do Sítio de Monfurado e Proposta de Programa para a sua Gestão, foram

concluídos em Setembro de 2006.

Tendo-se iniciados os trabalhos em Outubro de 2003 de acordo com o cronograma inicialmente definido, estes trabalhos

foram diferenciados consoante os seus objectivos:

a caracterização da ictiofauna presente nas linhas de água, com definição de 40 pontos de amostragem em linhas

de água, o que possibilitou a construção de mapas de distribuição para cada espécie capturada;

o levantamento de obstáculos à continuidade longitudinal, que possibilitou a identificação, localização e

caracterização dos mesmos, sendo estes definidos como estradas (passagens para gado, pessoas e veículos),

estruturas transversais (açudes, paredões de albufeiras e passagens) e vedações. Mais tarde, a equipa atribuiu

ainda uma classificação qualitativa às estruturas, de acordo com o grau de dificuldade da sua transposição para a

ictiofauna (fáceis, intermédios e difíceis ou intransponíveis).

a caracterização da ictiofauna em albufeira, que permitiu determinar abundâncias para cada espécie capturada,

estabelecendo-se três classes: pouco comum, comum e muito comum.

Page 18: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 17 -

a caracterização da actividade da pesca desportiva, através da execução inquéritos junto de Associações de

Pesca Desportiva cujos associados se sabia poderem, eventualmente, frequentar o Sítio de Monfurado.

Figura 8 – Exemplos dos trabalhos desenvolvidos pela UE: mapa de distribuição de espécie (neste caso, diz respeito à distribuição da

boga-portuguesa) e levantamento e caracterização dos obstáculos à progressão da ictiofauna

No que respeita a resultados, foi confirmada a presença, em linhas de água, de seis espécies autóctones (Anguilla

anguilla, Cobitis paludica, Barbus bocagei, Chondrostoma lusitanicum, Chondrostoma polylepis e Squalius pyrenaicus),

das quais três integram o Anexo II da Directiva Habitats (Chondrostoma lusitanicum, Chondrostoma polylepis e Squalius

pyrenaicus) e três espécies exóticas (Lepomis gibbosus, Micropterus salmoides, Gambusia holbrooki).

Característica geral da comunidade ictiofaunistica do Sítio, é a sua reduzida riqueza específica de espécies autóctones.

Esta conclusão, retirada pela equipa, resultou do reduzido número de capturas, sendo que em cerca de 50 % dos 40

pontos amostrados, não foi capturada qualquer espécie. Um aspecto negativo revelado por estas amostragens refere-se

ao facto de a distribuição das espécies exóticas ser mais ampla que a das autóctones. Praticamente todos os locais onde

existem autóctones estão também povoados por exóticas, havendo nalguns destes locais dominância destas últimas.

Devido à natureza temporária das Ribeiras de Monfurado, o número de indivíduos capturados sofre uma redução

significativa durante o Verão, fruto da ausência de água na maioria dos cursos de água neste período.

Figura 9 – Trabalhos de captura (pesca eléctrica) realizados pela equipa da UE

No que respeita à gestão destas áreas, e com base nos mapas de distribuição de cada espécie, a equipa propôs medidas

como o controle da qualidade das águas, a preservação da galeria ripícola, a preservação da estrutura das comunidades

ícticas autóctones, o condicionamento de acesso a pegos em período estival, o controle (eliminação física) da perca-sol, a

minimização ou eliminação de obstáculos à progressão longitudinal e a manutenção de caudais ecológicos. Não

contemplado na primeira versão do relatório final, a equipa, após solicitação por parte da CMMN, hierarquizou estas

medidas, através de uma escala: prioridade baixa, moderada e elevada.

Page 19: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 18 -

Em relação aos obstáculos à continuidade longitudinal, as estradas constituem a maior parte dos obstáculos inventariados;

contudo, as estruturas transversais relacionadas com a utilização de água para fins agrícolas, de forma geral, são as mais

difíceis de transpor. A presença de vedações, para impedimento da passagem de gado, potencia a acumulação de detritos

de grandes dimensões, dificultando ou interrompendo o fluxo normal da água , originando assim, igualmente barreiras à

passagem.

Figura 10 – Exemplos de obstáculos à passagem da ictiofauna

Ao nível das albufeiras, os trabalhos realizados evidenciaram um claro domínio de espécies exóticas em detrimento das

espécies de origem autóctone, sendo que, no total, o número de espécies aqui detectadas foi inferior ao registado nos

cursos de água. Este resultado é entendido como devendo-se ao facto de a maioria das espécies existentes nas linhas de

água não encontrar condições de sobrevivência nas albufeiras, devido à ausência de habitats adequados,

designadamente, zonas de baixa profundidade, com vegetação aquática e outros locais de abrigo, zonas lóticas,

abundância de detritos animais e vegetais, fitobentos, perifíton e macroinvertebrados de que se alimentam.

Figura 11 – Mapa das albufeiras amostradas pela equipa da UE

No que respeita a pesca desportiva, das 13 albufeiras analisadas, apenas uma, a albufeira da Gouveia, apresentou uma

boa adequabilidade para a pesca desportiva. No extremo oposto, a albufeira da Defesa, é a única albufeira considerada

como de má qualidade para esse fim. Todas as restantes apresentam média adequabilidade. De forma a caracterizar este

desporto, a equipa da UE realizou ainda inquéritos junto dos pescadores. Verificou que o interesse pelas albufeiras tinha

vindo a diminuir, consequência da diminuição das populações ícticas, em particular da achigã. Na opinião dos inquiridos,

as principais ameaças à ictiofauna são a pesca excessiva, por vezes com recurso a métodos ilegais, a diminuição do nível

da água e a poluição. Por estes motivos, são favoráveis à criação e atribuição de concessões de pesca, medida que,

segundo os mesmos, permitiria um melhoramento das condições de pesca nas albufeiras, rios e ribeiras, bem como a sua

participação efectiva na gestão dos recursos, assunto para o qual parecem motivados.

Em relação a medidas de gestão, a equipa propõe o melhoramento de acessibilidades a algumas albufeiras, aumento da

abundância de espécies com interesse para a pesca desportiva (com destaque para Micropterus salmoides, Barbus

bocagei, Cyprinus carpio e Chondrostoma polylepis) em algumas albufeiras, criação de zonas de abrigo para preservação

da riqueza específica, ensaios de controlo da perca-sol (com recurso a captura e esterilização química dos machos),

controle da qualidade da água e instalação de uma rede de cinco postos de conveniência, disseminados pelo Sítio,

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 19 -

destinados a apoiar logisticamente a actividade da pesca desportiva e simultaneamente, a orientá-la e regrá-la. Para além

destas medidas, a equipa propôs ainda melhoria dos espaços envolventes às albufeiras, através da instalação de zonas

ensombradas, recolha de lixo, instalação de painéis informativos e parqueamento. A prioridade de aplicação destas

medidas a cada albufeira foi igualmente definida.

Figura 12 – Mapa com localização dos postos de conveniência propostos pela equipa responsável pela Acção

Em termos globais, a acção A3 decorreu conforme previsto, dela tendo resultado não só um conhecimento mais

vasto acerca do elenco ictiofaunístico existente no Sítio, mas também das actividades tradicionais associadas à

sua utilização, bem como a identificação das principais ameaças à sua conservação. Decorrendo dos trabalhos

realizados, a equipa apresentou ainda uma proposta de medidas de gestão concretas, tais como a eliminação de

obstáculos à conservação e/ou melhoramento de condições de habitat para espécies autóctones e o melhoramento das

acessibilidades.

No que respeita a produtos identificáveis, a equipa produziu cartografia com a distribuição das espécies ícticas (linhas

de água e albufeiras) e principais obstáculos à progressão longitudinal. Muito embora estes produtos já tenham sido

enviados com o relatório intercalar em Maio de 2007, optou-se por enviar novamente em anexo estes produtos, bem como

o relatório final da acção elaborado pela equipa da UE.

A Acção A4, referente à Caracterização do Habitat “Charcos Temporários Mediterrânicos” e Proposta de Programa para a

sua Gestão, teve como objectivo a monitorização dos charcos temporários identificados para o Sítio de Monfurado e a

respectiva confirmação da idoneidade ecológica dos mesmos. Apesar de ter arranque previsto para Outubro de 2003, o

início desta acção foi protelado para 2004, para que a equipa responsável pelo seu desenvolvimento pudesse utilizar como

base da sua execução a cartografia integrada de habitats do Sítio (resultante da integração de trabalhos anteriormente

promovidos pelo ISA, UE e ex-DRAOTA), produzida ao longo desse ano pelo extinto ICN, agora ICNB.

Deste modo, e considerando que o adiamento temporal do início dos trabalhos não colidia nem invalidava a realização de

acções que dele dependiam, a CMMN entendeu conveniente, tal como sugerido pelo ex-ICN, aguardar pelo fornecimento

desta cartografia – o que veio a verificar-se em Outubro de 2004 – para depois proceder à adjudicação dos trabalhos.

Estes foram adjudicados, de acordo com o inicialmente previsto em candidatura à equipa do Instituto Superior de

Agronomia (ISA). Esta equipa, coordenada pela Dra. Dalila Espírito-Santo, apresenta uma vasta experiência nacional na

identificação deste tipo de habitats, tendo participado nos Estudos Preparatórios que envolveram a caracterização

fitossociológica dos Sítios de Cabrela e Monfurado e permitiram a sua proposta para integração da Rede Natura 2000.

Na sequência de uma visita preparatória à área do Sítio promovida pela CMMN em Janeiro de 2005, e face a condições

climatéricas que impossibilitaram o início dos trabalhos na Primavera (ausência de precipitação), os procedimentos de

consulta só tiveram lugar entre Maio e Agosto de 2005, tendo a adjudicação dos trabalhos sido efectiva em Novembro

desse ano. Paralelamente, foram dinamizadas reuniões preparatórias com a equipa que envolveram, por parte do

acompanhamento da CMMN, a recolha e síntese de informação cartográfica que se afigurou úti l aos trabalhos de

prospecção, designadamente ao nível de solos, relevo, fotografia aérea e elementos anteriores acerca da distribuição do

habitat.

Page 21: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 20 -

O início dos trabalhos de campo só pode ser assegurado com as primeiras precipitações de Outono/Inverno em Dezembro

de 2005 – de acordo com o cronograma aprovado no primeiro Pedido de Alteração. Orientados localmente pela Dra. Carla

Cruz, os trabalhos envolveram:

Fase 1: Prospecção das áreas de distribuição do habitat “Charcos temporários Mediterrânicos”

Fase 2: Actualização da cartografia de distribuição dos habitats “Charcos Temporários Mediterrânicos”

Fase 3: Realização de amostragens sazonais e identificação de ameaças à conservação do habitat “Charcos

Temporários Mediterrânicos”

Fase 4: Elaboração de Relatório Final e Proposta de Programa de Gestão para o habitat “Charcos

Temporários Mediterrânicos”.

Concluídos todos os trabalhos, a equipa apresentou em Novembro de 2007, o Relatório Final onde incluiu a Proposta de

Programa para gestão do habitat “Charcos Temporários Mediterrânicos”. No que respeita às três primeiras fases, os

trabalhos desenvolvidos foram no sentido de confirmar a ocorrência do habitat prioritário 3170* - Charcos Temporários

Mediterrânicos, nos locais identificados na cartografia inicial fornecida pelo ex-ICN. Com o auxílio desta cartografia, a

equipa visitou os 16 pontos identificados como charcos temporários, tendo efectuado em cada local, inventários

fitossociológicos das comunidades florísticas locais. Adicionalmente, e por sugestão da equipa técnica da CMMN, a equipa

do ISA visitou ainda outros locais que, devido às suas características pedológicas e geomorfológicas apresentavam

potencial para a ocorrência/distribuição deste tipo de comunidades. Daqui resultou a identificação de três novos pontos,

sendo que em dois deles, a equipa registou apenas a presença de uma das espécies indicadoras ( Isoetes histrix) ,

enquanto que no terceiro local, que corresponde a um eucaliptal em São Cristóvão, foi logo classificado como habitat

3170*. Este último ponto, foi identificado quando a equipa do ISA, por solicitação da equipa técnica da CMMN, se deslocou

ao eucaliptal para confirmação taxonómica da espécie Halimium verticillatum. Chegada ao local, para além da confirmação

da espécie, a equipa identificou ainda, em clareira provavelmente originada pela excessiva humidade do solo, a presença

de um prado húmido com as três comunidades definidas da Isoeto-Nanojuncetea (habitat 3170*).

Face a todos os trabalhos desenvolvidos, dos 16 locais inicialmente cartografados como “Charcos Temporários

Mediterrânicos“, apenas cinco eram considerados, no Outono de 2006 como potenciais charcos temporários. Na Primavera

de 2007, e após confirmação, a equipa concluiu que a classificação de “Charco Temporário Mediterrânico” era apenas

confirmada para dois dos pontos cartografados como habitat 3170*. Segundo a equipa, a caracterização assentou, em

ambos os pontos, em vários critérios: (1) variação temporal ao longo do ano num mesmo biótopo, ou seja, uma sucessão

de comunidades num mesmo espaço físico, à medida que a toalha freática regride com a entrada em estio; (2)

microgeosigmeta constituídos por um número variável de comunidades (≥ 2) pertencentes a mais do que uma aliança da

ordem Isoetetalia (classe Isoeto-Nanojuncetea): (3) coexistência de duas espécies de Isoetes no mesmo charco,

sucedendo-se catenalmente da maior para a menor profundidade de água (gradiente de humidade e temperatura): Isoetes

setaceum (Isoetion) – Isoetes histrix (Cicendion).

Figura 13 – Charco temporário identificado pela equipa do ISA

Apesar de descontínua e fragmentada a distribuição do habitat concentra-se numa única área aplanada, correspondendo

ao sector oeste do Sítio. Localizados os dois pontos identificados como se tratando de habitat 3170* em propriedades

diferentes, a equipa refere, no Relatório Final da Acção, a necessidade de comungarem de uma gestão comum, podendo

as valas de drenagem existentes conduzir ao seu desaparecimento.

Decorrendo de alterações metodológicas que, tal como transmitido no primeiro Pedido de Alteração, se entendeu irem de

encontro aos objectivos inicias da acção e do Projecto, e que visavam assegurar resultados que, do ponto de vista da

futura gestão do Sítio, se revelavam particularmente mais eficazes, a equipa integrou também no Relatório Final da Acção,

propostas de medidas de gestão para espécies com elevado valor conservacionista, como é o caso do Halimium

verticillatum (contemplado no anexo II da Directiva Habitats) e do Ulex australis ssp. Welwitschianus, entre outras, bem

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 21 -

como para os prados da Poetea bulbosae, muitos dos quais classificados como pertencendo ao habitat “Charcos

Temporários Mediterrânicos”.

No que respeita aos produtos identificáveis, a equipa entregou em Novembro de 2007 o Relatório Final da Acção,

conjuntamente com a cartografia produzida, que se enviam conjuntamente com o presente Relatório.

A Acção A5, relativa à Monitorização de impactos de actividades agro-silvo pastoris sobre as populações de quirópteros

do Sítio de Monfurado com vista à elaboração de Planos de Gestão, teve como objectivos a (1) monitorização da

actividade alimentar dos morcegos em relação com a utilização agro-silvopastoril e (2) a localização de abrigos de

espécies cavernícolas e arborícolas e monitorização dos mesmos. Decorrendo de acordo com o cronograma inicialmente

definido, o trabalho de campo foi concluído em Fevereiro de 2006, tendo a primeira versão do relatório final sido entregue

em Maio do mesmo ano. Tendo a equipa técnica da CMMN solicitado junto da equipa responsável pela acção, uma

revisão/pormenorização das medidas de gestão propostas, o relatório final alterado foi então entregue em Novembro de

2007.

Os trabalhos foram objecto de calendarização e definição por parte do ICN e CMMN logo após o início do projecto, tendo-

se procedido, com a celeridade viável, à contratação dos serviços e equipamentos necessários. Os trabalhos de campo

foram adjudicados em Janeiro e iniciaram-se em Maio de 2004.

Para monitorização da actividade alimentar dos morcegos e seu relacionamento com a utilização agro-silvo-pastoril do

solo, estabeleceram-se 40 estações de amostragem distribuídas pelo Sitio de Monfurado. As estações abrangeram seis

categorias de habitat consideradas pela equipa científica como as mais importantes para os quirópteros na área de estudo:

montado; ribeira; urbano; regadio; vinha; e olival. Os trabalhos basearam-se na amostragem mensal da actividade dos

morcegos em cada estação, por períodos de 15 minutos, a partir de mês de Maio 2004 e ao longo de dois anos, com apoio

de detector de ultra-sons. Durante esses períodos, todos os encontros com morcegos foram contabilizados, recolhendo-se

amostras das passagens para posterior análise com o programa de computador BatSound Pro.

Do conjunto de trabalhos de inventariação e monitorização resultou a confirmação de existência de cinco novas espécies

de morcegos no Sítio de Monfurado: Myotis nattereri (Morcego-de-franja), Nyctalus leisleri (Morcego-arborícola-pequeno),

Barbastella barbastellus (Morcego-negro), Myotis bechsteinii (Morcego-de-Bechstein) e Myotis daubentonii (Morcego-de-

água). Em confirmação encontra-se a possível presença do Pipistrellus pipistrellus (morcego-anão) cujos pulsos de

ecolocação são semelhantes aos do morcego-pigmeu (Pipistrellus pygmaeus). Deste elenco, é de salientar a existência de

2 espécies listadas no Anexo II, bem como no Anexo IV da Directiva Habitats. Ao nível nacional Barbastella barbastellus,

Myotis bechsteinii são espécies muito raras, ambas de hábitos florestais. A importância das capturas de Barbastella

barbastellus é particularmente significativa dado que foram identificados indivíduos adultos de ambos os sexos e também

um juvenil, o que permite concluir pela existência de uma população reprodutora desta espécie em Monfurado. Estes

desenvolvimentos evidenciam, uma vez mais, a importância do Sítio de Monfurado para a conservação de diversas

espécies de morcegos, com destaque para algumas que apresentam aqui o seu limite Sul em Portugal e estatutos de

conservação menos favoráveis (Myotis bechsteinii – em perigo; Myotis nattereri – vulnerável).

Em termos gerais, as estações de amostragem de ultra-sons em que foram detectadas simultaneamente maior actividade

e riqueza de morcegos localizam-se na parte central e sudeste do Sítio. São na sua maioria ribeiras com galeria ripícola

arbórea ou montados com sub-coberto desenvolvido. Estes habitats bem conservados e com vários estratos de vegetação

proporcionam mais nichos ecológicos para as diferentes espécies de morcegos. As ribeiras concentram bastantes insectos

devido à disponibilidade de água. A vegetação ripícola arbórea, presente em vários troços da área de estudo, cria também

zonas abrigadas do vento onde existem mais insectos. As áreas de montado são também dos habitats onde se verificou

maior actividade de morcegos em ambos os anos de amostragens. As áreas florestadas suportam uma grande diversidade

de insectos e providenciam um elevado grau de cobertura para os morcegos. Dentro destas, são favorecidas aquelas onde

as actividades agro-silvo-pastoris desenvolvidas são predominantemente extensivas e com reduzida utilização de

pesticidas.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 22 -

Figura 14 – Riqueza específica de morcegos em 2004 (a) e 2005 (b). Valores de riqueza específica nas estações prospectadas nos

meses de Maio e Setembro e interpolação para a área do Sítio de Monfurado

Contrariamente, os habitats com um uso mais intensivo, regadio e vinha, foram os que registaram menor actividade de

morcegos, o que se poderá dever à intensificação agrícola, que apresenta impacto negativo para as populações de

morcegos.

No que diz respeito à relação entre a actividade alimentar dos morcegos e a utilização agro-silvo-pastoril do solo, os

resultados obtidos mostram que estas actividades, nas áreas de montado, podem ter influência na actividade dos

morcegos. A área de limpeza de matos em cada parcela está relacionada com a diminuição da actividade dos morcegos. A

presença de mais estratos de vegetação é benéfica para as populações de insectos-presa e compreende maior número de

nichos ecológicos para as espécies de morcegos.

Figura 15 – Actividade alimentar de morcegos detectada nas estações amostradas em 2004 (a) e 2005 (b). Número de tentativas de

captura de presas nas estações prospectadas nos meses entre Maio e Setembro e interpolação para a área do Sítio de Monfurado

A localização e monitorização de abrigos, envolveu trabalhos que incluíram, para o caso das espécies cavernícolas, a

recolha de informação junto da população local e a visita a locais com potencial para serem abrigos. Numa das antigas

minas foi localizado um abrigo de importância nacional, com uma colónia de reprodução de Myotis myotis, o que aumenta

para dois o número de abrigos de importância nacional para a conservação desta espécie existentes em Monfurado. Em

três outras galerias foram detectados alguns morcegos isolados das espécies Rhinolophus hipposiderus e Rhinolophus

ferrumequinum. Localizados em habitações e antigos moinhos foram detectados três abrigos, um com indivíduos de

Eptesicus serotinus e os restantes indivíduos de Rhinolophus hipposiderus (espécie com estatuto de Vulnerável). Estes

dois últimos localizam-se fora do Sítio mas a cerca de 500 metros do seu limite, sendo muito provável que utilizem áreas

do Sítio de Monfurado para alimentação.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 23 -

Figura 16 – Localização de morcegos cavernícolas (Moinho do Ananil)

A localização de abrigos de espécies arborícolas exigiu uma técnica diferente, que incluiu a captura de indivíduos e a sua

marcação com rádio-emissores, com posterior seguimento durante o dia para identificação dos respectivos locais de

abrigo. No total, foi possível seguir quatro Nyctalus leisleri, dois Barbastella barbastellus e um Myotis bechsteinii. Através

do recurso a rádio-receptor e antena direccional foram identificadas nove árvores utilizadas como abrigo por Nyctalus

leisleri, que são os primeiros abrigos conhecidos para esta espécie em Portugal. Para as outras duas espécies, não foi

possível identificar os respectivos abrigos devido a dificuldades associadas à topografia da área de prospecção, que

impossibilitou a adequada identificação do sinal rádio proveniente dos emissores. Os abrigos identificados são cavidades

em árvores que têm origem em práticas comuns de gestão do montado - poda e descortiçamento – e que revelam uma

relação directa entre a actividade humana e a conservação desta espécie no Sítio.

Figura 17 – Trabalhos de localização de abrigos de morcegos arborícolas

Relativamente às medidas de gestão, a equipa propôs um conjunto de oito medidas, nomeadamente, (1) a preservação da

área e densidade dos montados; (2) a preservação do mosaico de sub-coberto; (3) a preservação e recuperação da

galeria ripícola; (4) a manutenção do uso ganadeiro extensivo; (5) controlo da alteração da paisagem do Sítio, (6) controlo

da intensificação da agricultura; (7) restrição da utilização de arame farpado em vedações; (8) manutenção das condições

de utilização dos abrigos pelos morcegos. Estas medidas, vão todas no sentido de manter e preservar os usos e costumes

praticados em Monfurado.

No respeita aos produtos identificáveis da acção, acompanha o presente relatório o relatório final da acção (com

redacção alterada em Novembro de 2007), o qual inclui as medidas de gestão propostas pela equipa, bem como a

cartografia de abrigos de quirópteros cavernícolas e arborícolas e zonas de alimentação preferencial.

Relativamente à Acção A6, Plano Integrado de Ordenamento e Gestão Florestal e Acção A7, Plano de Gestão e Sistema

de Informação Geográfica para o Sítio de Monfurado, tal como anteriormente transmitido à Comissão e Equipa Externa,

foram trabalhadas em conjunto, como se de uma única acção se tratasse, devido à complementaridade e interligação dos

trabalhos previstos para cada uma delas.

No que respeita à elaboração dos Planos de Gestão e Ordenamento, e após análise dos instrumentos previstos na Lei de

Bases de Ordenamento do Território, considerou-se que a figura de Plano de Intervenção em Espaço Rural (PIER) seria a

Page 25: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 24 -

mais adequada. Esta figura permite aglutinar num só instrumento os planos de gestão e ordenamento previstos, permitindo

uma menor burocracia e maior eficácia na sua implementação. Assim, e como referido no Relatório Intercalar, a partir de

Maio de 2007 os trabalhos das duas Acções decorreram em conjunto, no sentido de elaborar um PIER para o Sítio. Como

já existiam atrasos significativos (fundamentados no Relatório Intercalar), foi dada total prioridade à preparação do caderno

de encargos (concluído em Julho de 2007) e procedimentos necessários ao concurso para adjudicação dos trabalhos

(iniciados em Setembro de 2007), pelos técnicos da CMMN e da CME.

Os trabalhos foram adjudicados à empresa Biodesign Lda., no final de Novembro de 2007, por um valor de 57.700 euros e

tiveram início em Dezembro de 2007. Estes seguiram as fases previstas no caderno de encargos, tendo sido

acompanhados por uma equipa da CMMN e da CME.

Em Março de 2008 estava concluída a proposta de PIER, a qual integrou as preocupações das duas autarquias, as

sugestões propostas na primeira sessão pública do PIER, nas reuniões realizadas com o ICNB e com o Conselho

Consultivo do Projecto. No entanto, não foi possível proceder de imediato à sua discussão pública, visto que previamente,

e de acordo com a legislação aplicável (artigo 75.ºC do DL380/99 de 22 de Set. e respectivas alterações), foi necessário

submeter a proposta a uma conferência de serviços coordenada pela CCDRA, a qual decorreu entre 04.04.08 e 07.05.08.

Na sequência desta conferência, que inclui oito entidades (algumas não pertencentes ao Conselho Consultivo do

Projecto), foi emitido um parecer que referia a necessidade de proceder a alterações e realizar nova conferência. Embora

este parecer não fosse vinculativo, as duas autarquias entenderam respeitar o mesmo, sob pena de reduzir a eficácia

futura do PIER.

Figura 18 – 1º Workshop de Apresentação Pública do PIER, realizada em Santiago do Escoural (concelho de Montemor-o-Novo) e São

Sebastião da Giesteira (concelho de Évora)

Nesse sentido, entre Maio e Julho, foram realizadas reuniões e contactos informais com todas as entidades, das quais

resultou um documento que integra as questões abordadas e que serviu de base à revisão do PIER, acreditando-se que a

versão actual responde a todas as preocupações levantadas. Estes documentos ainda não foram enviados para nova

conferência de serviços, pois a recente publicação do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), no passado dia

21 de Julho, exigiu uma verificação da total conformidade com o mesmo. Esta verificação está a ser efectuada, prevendo-

se o envio para nova conferência de serviços logo que possível. Posteriormente, será realizado o período de discussão

pública, bem como a segunda sessão pública do PIER, aprovação final pelas autarquias e assembleias municipais e, por

último, a publicação em Diário da República. Tendo em conta os prazos legais previstos na lei para estes procedimentos,

prevê-se que, contrariamente ao desejado, o PIER entre em vigor, apenas, no início de 2009.

A versão actual do PIER é composta por um Regulamento, Planta de Implantação e Planta de Condicionantes, que

apresentam um carácter vinculativo e entram em vigor após a sua publicação em Diário da República. Foram produzidas

duas versões destes documentos: uma para a área do Sítio que fica no concelho de Montemor-o-Novo e outra para a área

do Sítio que pertence ao concelho de Évora. Estas versões são em tudo muito semelhantes, apresentando ligeiras

diferenças ao nível das regras de edificação e algumas condicionantes, resultantes dos respectivos Planos Directores

Municipais. Estes, à semelhança dos demais instrumentos municipais de ordenamento do território, devem ser respeitados

na elaboração do PIER. Esta situação não coloca em causa a definição de uma estratégia conjunta para a totalidade do

Sítio, visto que as versões acima referidas foram elaboradas em simultâneo, considerando o Sítio na sua globalidade.

Para além dos documentos atrás referidos, o PIER é complementado e fundamentado pelos seguintes elementos: a)

Relatório da Situação de Referência (síntese da informação disponível após tratamento e uniformização); b) Relatório da

Proposta de Ordenamento (integra uma análise das oportunidades e ameaças, identificando as necessidades, objectivos,

estratégia de gestão e categorias de espaço para a área do Sítio); c) cartografia diversa (integra 18 plantas que constituem

uma base cartográfica comum subdividida em vários temas); d) Programa de Gestão para os Valores Naturais (é um

documento orientador que contém as acções, medidas e boas práticas de gestão de aplicação facultativa, necessárias

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 25 -

para atingir os objectivos previstos); e) Programa de Execução/Financiamento (contém propostas concretas de intervenção

a curto, médio e longo prazo, de acordo com quatro Eixos de Acção principais).

Estes documentos, que complementam e fundamentam o PIER, apresentam elevada importância para a sua efectiva

implementação, na medida em que identificam medidas, acções e propostas de intervenção necessárias à conservação do

Sítio, apoiando e promovendo a implementação do PIER, de uma forma voluntária, por todos os interessados, durante o

período de vigência do Plano.

Actualmente, embora a componente regulamentar não esteja em vigor, os demais elementos podem desde já ser

aplicados, promovendo uma gestão activa e participada do Sítio, de acordo com uma estratégia global que faz uso das

várias sinergias existentes. Nesse sentido, serão desenvolvidos todos os esforços para que, pelo menos ao nível do

Programa de Execução/Financiamento, se iniciem algumas das acções previstas pelas CMMN e CME, nomeadamente no

que respeita ao Eixo de Acção 1 (Promover Trabalhos de Gestão Activa e Conservação de Espécies/Habitats) e Eixo de

Acção 4 (Dotar o Sítio de Mecanismos de Gestão, Fiscalização e Monitorização).

Prevêem-se, no entanto, algumas dificuldades na implementação da estratégia definida, porque actualmente ainda existem

algumas dúvidas referentes aos mecanismos nacionais que poderão financiar acções de gestão em áreas de Rede Natura

2000. A este respeito, destaca-se a interacção, durante a elaboração do PIER, com a equipa que, a nível nacional, se

encontra a elaborar uma proposta para a constituição de uma Intervenção Territorial Integrada (ITI) que inclui o Sítio de

Monfurado. A criação da mesma seria uma mais-valia para a implementação do PIER, no sentido em que viria possibilitar

eventuais financiamentos, através do Programa de Desenvolvimento Regional (PRODER), para algumas das acções

previstas no Programa de Gestão dos Valores Naturais e no Programa de Execução que acompanham o PIER.

Na tabela seguinte apresenta-se um resumo do faseamento dos trabalhos realizados e a concluir após o envio do presente

relatório. Verifica-se que a 5.ª fase dos trabalhos adjudicados por assistência externa ainda não foi iniciada, embora as

restantes fases já se encontrem concluídas. Assim, os custos inerentes aos trabalhos da empresa BIODESIGN foram

afectos, apenas, até à 4.ª fase.

PERÍODO DE EXECUÇÃO FASES DE ELABORAÇÃO

Maio / Julho 2007

Compilação da informação disponível e elaboração do caderno de encargos, por parte da

CMMN e CME, incluindo a informação produzida no projecto e outro estudos, bibliografia e

legislação aplicável

Julho / Novembro 2007 Lançamento do concurso e adjudicação dos trabalhos, por parte da CMMN e CME

Dezembro 2007 Arranque dos trabalhos e constituição de Grupo de Trabalho (1ª FASE do trabalho da

BIODESIGN)

19 Janeiro 2008 1º Workshop de Apresentação Pública (2ª FASE do trabalho da BIODESIGN)

Janeiro / Fevereiro 2008 Caracterização da Situação de Referência e Pré-Proposta de PIER (3ª FASE do trabalho da

BIODESIGN)

Março / Julho 2008 Proposta de PIER (4ª FASE do trabalho da BIODESIGN) e revisão após conferência de

serviços prevista na lei

Julho 2008 / Janeiro 2009 Discussão Pública, 2º workshop de Participação Pública e aprovação final (5ª FASE do

trabalho da BIODESIGN PIER)

Os atrasos inerentes à elaboração do PIER estiveram associados a vários aspectos, que a equipa da CMMN e da CME

não conseguiram ultrapassar, apesar de todos os esforços desenvolvidos, os quais se sintetizam de seguida:

1. Atrasos relacionados com a compilação da informação necessária, elaboração do caderno de encargos e lançamento

do concurso:

a) Necessidade de dar prioridade a outras acções do projecto no seu início (elaboração do pedido de alteração,

contactos no sentido de definir novas parcerias, elaboração de cartografia para operacionalizar a brigada móvel

prevista na Acção C2, acompanhamento dos trabalhos dos parceiros privados, etc.);

b) Atrasos na publicação do Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alentejo Central (PROFAC), que só foi

aprovado no início de 2007. Este foi posteriormente considerado na elaboração do caderno de encargos, de

forma a assegurar o cumprimento das suas orientações;

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 26 -

c) Tendo em conta o carácter inovador do instrumento previsto na Acção A7, houve necessidade de estudar as

várias figuras previstas na Lei de Bases do Ordenamento do Território. Entretanto, já durante o projecto, surgiu a

possibilidade de se efectuar um PIER. Este permitiu responder às Acções A6 e A7, assegurando, através da

elaboração de um só instrumento, uma análise integrada do Sítio, das várias actividades e valores presentes,

maior eficácia futura e menor burocracia. No entanto, implicou alguns atrasos na conclusão do caderno de

encargos, que necessitou de nova revisão;

d) O processo de lançamento do concurso e adjudicação dos trabalhos foi muito moroso (4 meses), devido à

necessidade de cumprir procedimentos e prazos legais, que não são possíveis de ultrapassar.

2. Atrasos relacionados com a conclusão da proposta PIER:

a) A 1.ª Sessão Participativa deveria ter decorrido no primeiro mês dos trabalhos (Dezembro 2007). No entanto, foi

realizada a meados de Janeiro, por se considerar que em Dezembro a participação da população e dos parceiros

seria, em princípio, menor. Esta nova data permitiu no entanto a realização de duas sessões no mesmo dia em

locais diferentes, permitindo assim recolher mais informação;

b) Surgiram algumas dificuldades na conclusão da 3.ª fase, pois houve necessidade de uniformizar e actualizar

ainda alguma informação, contrariamente ao previsto;

c) Apesar da interacção entre as duas autarquias ter sido muito positiva durante todo o processo, a necessidade de

concertação entre as mesmas implicou um processo mais moroso do que o previsto. No entanto, os resultados

actuais são bastante mais positivos, sendo que todos os documentos do PIER são iguais, com excepção do

Regulamento e plantas associadas, que apesar de apresentarem ligeiras diferenças, são muito semelhantes. Esta

situação implicou também trabalho acrescido por parte da empresa responsável, que atrasou as 3.ª e 4.ª fase;

d) A 4.ª fase sofreu ainda atrasos resultantes da necessidade de rever os documentos, após a conferência de

serviços onde participaram entidades que não faziam parte do Conselho Consultivo do projecto e que, talvez por

isso, apresentaram mais dúvidas. A maioria das questões foi considerada na revisão do PIER, após várias

reuniões e contactos com todas as entidades envolvidas. Este período de concertação, embora não previsto

inicialmente, considerou-se fundamental para o futuro sucesso do PIER e sua real eficácia na fase de

implementação;

e) A recente publicação do PSRN2000 (Resolução do Conselho de Ministros n.º115-A/2008, de 21 de Julho de

2008) implicou a revisão da proposta de PIER no sentido de confirmar a sua total compatibilidade, antes da sua

conclusão e disponibilização ao público em geral.

Apesar dos atrasos verificados, considera-se que em termos globais, a acção (conjunta) permitiu cumprir os objectivos,

visto que actualmente se encontra definida uma estratégia de gestão integrada para o Sítio que visa salvaguardar os

valores naturais, compatibilizar a sua protecção com as actividades desenvolvidas, promover a participação da população

e contribuir para a melhoria da qualidade. Esta estratégia foi já discutida com várias entidades, e inclui uma componente

regulamentar/vinculativa e uma componente facultativa, que visa apoiar e promover a implementação de medidas/acções

consideradas mais relevantes. Desta forma, espera-se que as alterações que ainda possam resultar da nova conferência

de serviços e do período da discussão pública estejam essencialmente relacionadas com o aperfeiçoamento das

propostas e com a promoção de um maior envolvimento das entidades públicas e privadas com actividades na área do

Sítio.

Para uma maior compreensão da estratégia definida poderão ser consultados os vários produtos identificáveis destas

Acções, destacando-se a proposta de PIER e o relatório não técnico do PIER. Estes produtos constam do Anexo A6-A7 e

integram: Caderno de Encargos e Outros Elementos do Concurso (PASTA1); Reuniões/Sessões Participativas (PASTA2);

Proposta de PIER (PASTA3).

Ainda no âmbito da acção A7, e consequência da aprovação do pedido de alteração apresentado nos finais de 2005,

estavam previstos estudos/ensaios de gestão para as novas espécies do Anexo II da Directiva Habitats, entretanto

detectadas para a área do Sítio, no decorrer de alguns dos trabalhos então já em curso. Estes trabalhos, que decorreram,

regra geral, de acordo com o programado, visaram as espécies Microtus cabrerae (rato de Cabrera), Discoglossus

galganoi (rã-de-focinho-pontiagudo) e Halimium verticillatum.

Relativamente aos trabalhos visando Halimium verticillatum, coordenados pela CMMN, estes decorreram com

normalidade, de acordo com o cronograma previsto no Pedido de Alteração. Obtida a confirmação da classificação

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 27 -

taxonómica da espécie com apoio científico da equipa responsável pelos trabalhos da Acção A4, a CMMN submeteu ao

extinto ICN, agora ICNB, o pedido de licença de recolha de sementes e indivíduos de Halimium verticillatum.

Obtida a licença, os trabalhos de recolha de semente decorreram entre Junho e Julho de 2006, enquanto que os trabalhos

de recolha de indivíduos (100), decorreram no Inverno de 2006/07. A propagação por semente, realizada por alguns dos

jardineiros imputados ao projecto, também decorreu no Inverno de 2006/07, tendo-se efectuado a sementeira em viveiro

da quase totalidade das sementes recolhidas.

Figura 19 – Propagação de Halimium verticillatum, no viveiro municipal

Dos indivíduos recolhidos, 12 foram replantados logo após remoção na Ecopista, sendo os restantes encaminhados para o

viveiro, onde foram objecto de poda radicular e redução de “copa” e de seguida envasados. Na época de plantação

seguinte, verificou-se que 75 indivíduos, dos 88 plantados tinham sobrevivido, e que da sementeira efectuada tinham

sobrevivido 383 indivíduos, apesar de terem germinado em maior número. Estes exemplares, foram aplicados nas

seguintes situações:

5 indivíduos para enriquecimento e re-plantação dos 3 ensaios de gestão que tinham sido instalado no ano

anterior, na ecopista;

183 indivíduos para instalação de 61 novos ensaios de gestão, na ecopista;

10 indivíduos para instalação de 1 ensaio de gestão, na propriedade da Associação Casa João Cidade;

260 indivíduos ficaram, em manutenção, no viveiro, para recolha de semente e reforço, na próxima época de

plantação dos ensaios instalados.

No que respeita a resultados obtidos, concluiu-se que a espécie apresenta boas taxas, quer de propagação (por semente),

quer de sobrevivência dos indivíduos propagados, desde que lhe sejam proporcionadas as condições necessárias.

Relativamente aos objectivos inicialmente propostos, é possível afirmar que foram atingidos, nomeadamente no que se

refere a:

aumento do conhecimento sobre a espécie, nomeadamente exigências e ameaças. Entre outros factores que

ponham em causa a sobrevivência da espécie:

aumento do número de efectivos existentes, através da instalação de ensaios de gestão, o que permitiu também

uma maior dispersão espacial da espécie;

criação de um sotck de indivíduos que permita dar continuidade no pós-projecto aos trabalhos iniciados no

período do projecto;

partilha de know-how adquirido, no sentido de dar a conhecer a espécie e o seu valor, bem como as suas

ameaças, certos de assim se favorecer a sua perpetuidade.

No que respeita à divulgação, foram objectivos do projecto dar a conhecer a importância e estatuto de protecção desta

espécie elencada na Directiva Habitats, com vista à sua conservação e utilização numa perspectiva sustentada, de modo a

aumentar a identificação da população local e os visitantes com os valores naturais do Sítio. Paralelamente, a

disseminação de resultados foi também outro dos objectivos do projecto.

Por forma a atingi-los, o Halimium verticillatum foi um dos temas centrais trabalhados no âmbito das acções E. Como

exemplo, temos a professora do conto infantil “Felizberto, o jacinto aventureiro” que integra o kit pedagógico, a realização

de um campo de trabalho que contemplava trabalhos de prospecção da espécie e várias notícias contempladas nas

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 28 -

newsletters do projecto. Para além disso, e notando-se uma vez mais a importância da espécie, o símbolo eleito para

representação do Sítio de Monfurado, tem associado o Halimium verticillatum.

Figura 20 – Divulgação da espécie Halimium verticillatum, efectuada através de diferentes formas

No que respeita a produtos identificáveis para esta tarefa, e tal como previsto no Pedido de Alteração, foi elaborada uma

ficha de boas práticas de propagação. Esta, segue em digital no CD-Rom anexo ao presente relatório, bem como o

relatório final da acção e a cartografia produzida.

Por parte da Universidade de Évora, e no que respeita ao rato de Cabrera (Microtus cabrera) foram desde logo efectuadas

as contratações de pessoal necessárias aos trabalhos que a equipa se propôs efectuar no âmbito do Pedido de Alteração.

No Verão de 2004, no âmbito de uma tese de mestrado em Biologia da Conservação, procedeu-se à prospecção de poisos

e ninhos de coruja das torres e à recolha das suas regurgitações. Efectuada a análise ao material regurgitado, foi possível

determinar a presença de rato de Cabrera (Microtus cabrerare) na área do Sítio de Monfurado.

Tendo a equipa limitado a área de prospecções a efectuar à zona oeste do Sítio, a prospecção efectuada entre Março e

Junho de 2006 revelou a presença de 16 colónias da espécie, sendo que oito se encontravam em bermas de estradas e as

restantes em zonas húmidas, com predomínio de gramíneas (Poaceae) e juncos (Cyperaceae e Juncaceae). Decorrendo

das prospecções realizadas entre Dezembro de 2007 e Janeiro de 2007, a equipa identificou um total de 37 colónias,

sofrendo este número um aumento substancial, para 56 colónias, em virtude das novas prospecções efectuadas entre

Fevereiro e Setembro de 2007. Destas, a equipa da UE verificou que 27 se localizavam em bermas de estradas e as

restantes 29 em zonas húmidas, com domínio de gramíneas e juncos.

Uma das razões apontadas para o aumento significativo das colónias, está, segundo a equipa responsável, relacionada

com as condições climatéricas que se fizeram sentir durante o ano de 2007, caracterizado por chuvas abundantes e

temperaturas máximas mais baixas, o que permitiu uma maior dispersão da espécie.

No que respeita a monitorizações, na primeira efectuada em Junho de 2006, a equipa verificou que grande parte das

colónias tinha sofrido alterações, devido à construção de aceiros, limpeza de bermas de estrada, corte de vegetação,

limpeza de matos, gradagem, pastoreio, e outras actividades humanas. Das oito colónias de berma de estrada apenas se

detectaram indícios frescos de presença em duas, tendo os trabalhos sido dificultados pelo facto de a vegetação e solo se

encontrarem secos. No que respeita às monitorizações de Setembro de 2006 e de Dezembro de 2006/Janeiro de 2007,

verificou-se que na monitorização de Setembro sete colónias não apresentavam indícios de rato de Cabrera,

apresentando-se a vegetação totalmente seca. No entanto, e já durante a monitorização realizada no final do ano, a

equipa verificou que em duas das sete colónias sem actividade registadas na prospecção anterior, existiam indícios de

presença recentes, sendo que as restantes cinco colónias, tinham ficado alagadas face às grandes chuvadas sentidas

durante o Inverno.

Durante o ano de 2007, e no que respeita a monitorizações, efectuadas em Março, Junho e Setembro, a equipa verificou

que: na primeira prospecção efectuada, 27 colónias se encontravam activas (13 em bermas de estradas e 14 em zonas

húmidas); na prospecção de Junho, 32 colónias estavam activas (16 colónias em bermas de estradas e 16 em zonas

húmidas); na prospecção de Setembro, 52 das 56 colónias identificadas em 2006, estavam activas (27 em bermas de

estradas e 29 em zonas húmidas).

Page 30: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 29 -

Figura 21 – Colónias identificadas pela equipa responsável pelos trabalhos (© UE)

No que respeita aos ensaios de gestão igualmente previstos, eles tiveram também início em finais de Março de 2006 e

incidiram sobre três colónias, uma na Herdade da Torre (Gadanha) e duas na Herdade de Olheiros (Olheiros 1 e Olheiros

2), propriedade de um dos parceiros do projecto. Procedeu-se à vedação de duas das áreas de ensaio, de forma a

assegurar o controlo do acesso do gado ovino e bovino existente na envolvente; na outra área não foi necessário

condicionar o acesso, dada a inexistência de gado.

Relativamente aos ensaios de gestão, estes foram diferenciados por colónias, envolvendo medidas de gestão relacionadas

com o corte de matos e outras práticas agrícolas, a gadanha e gradagem do estrato herbáceo (numa das áreas) e o ensaio

de diferentes intensidades de pastoreio (nas restantes duas). No que respeita a ensaios de pastoreio, estes foram

realizados em 2006 e 2007, primeiro com gado ovino e mais tarde com gado bovino. Muito embora estes ensaios tenham

sido difíceis de implementar, por motivos relacionados não só com o próprio gado, que manifestou algum nervosismo

devido ao facto do rebanho/manada ser separado, mas também devido à dificuldade do gestor da Herdade em

compreender a necessidade de tais ensaios por causa de um “rato” que, segundo ele, nunca tinha visto, foi possível obter,

após ultrapassados todos os obstáculos, alguns resultados. No que respeita aos resultados, relativamente ao gado ovino,

verificou-se que o impacto do pisoteio por ele provocado, não era significativo. No entanto, os resultados obtidos para o

gado bovino, evidenciaram uma diminuição do número de latrinas encontradas, nos túneis de vegetação e na altura da

vegetação.

Figura 22 – Trabalhos de campo realizados pela equipa da UE (© UE)

Relativamente às medidas de gestão, a equipa propôs medidas para colónias existentes em bermas de estradas e

colónias localizadas em prados húmidos. No que respeita às estradas, e muito embora para a grande maioria das

espécies, contribuam para a fragmentação do habitat, no caso do rato de Cabrera, as bermas das estradas podem

desempenhar um importante papel na sua conservação/preservação. Deste modo, a equipa propôs medidas como a

manutenção de faixas longitudinais não cortadas, localizadas preferencialmente o mais afastadas do asfalto possível, e a

manutenção de pequenos tufos de juncos e silvas, que servem muitas das vezes de refúgio à espécie.

No caso das zonas húmidas, a equipa propôs medidas que visam, regra geral, manter/diminuir a intensidade do pastoreio

e a intensificação agrícola, dois dos factores que estão na base da fragmentação do habitat deste pequeno roedor. Para

isso, são referidas medidas como a manutenção de um pastoreio compatível com o estrato herbáceo desenvolvido, e a

não destruição das silvas durante as limpezas de terreno, uma vez que estas representam, muitas das vezes, locais de

refúgio, quando da ocorrência de intenso pisoteio. Concomitantemente a estas medidas, foram ainda propostas medidas

de gestão para a conservação da espécie relacionadas com o habitat “charcos temporários mediterrânicos”, identificando a

equipa da UE algumas medidas já preconizadas pela equipa do ISA, responsável pelos trabalhos da acção A4.

Page 31: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 30 -

Relativamente a produtos identificáveis, segue no CD-Rom em anexo o relatório final da acção, bem como a cartografia

produzida. Seguem ainda fotografias das colónias e medidas de gestão empreendidas pela equipa.

No que respeita à rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), contemplada no Pedido de Alteração, os trabalhos

foram também desenvolvidos pela equipa da UE. Esta tarefa, contemplada na acção A7, teve como objectivo principal a

apresentação de dados relativos à monitorização da mortalidade rodoviária desta espécie no troço São Brissos-Escoural,

Face à escassez de resultados, a equipa optou por incluir no relatório final os resultados de um outro estudo, realizado

num troço da EN370, com cerca de 14,4 km, que liga a EN114 ao Escoural, passando por São Sebastião da Giesteira.

Este troço tem a particularidade de cruzar o troço sob estudo e atravessar a zona central do Sítio de Monfurado.

Figura 23 – Localização do Troço S.Brissos-Escoural e do Troço Escoural-S. Sebastião da Giesteira no Sítio Monfurado proposto para a

rede Natura 2000.

Com início em Novembro de 2005 e conclusão em Janeiro de 2008, a equipa realizou 12 transectos no troço S. Brissos-

Escoural e 17 transectos no troço S. Sebastião da Giesteira – Escoural, estes últimos entre Novembro de 2004 e

Novembro de 2006. Realizados durante noites húmidas e com temperatura amena, estes transectos permitiram avistar

anfíbios, mortos ou vivos, sendo que no primeiro caso, as carcaças foram retiradas da estrada para as valas das bermas

ou recolhidas para outros estudos, enquanto que no segundo caso, os indivíduos foram identificados até à espécie.

Durante a realização dos 12 transectos (troço S. Brissos-Escoural), a equipa registou a presença de 138 indivíduos, sendo

que 72 foram encontrados vivos e 66 mortos. Dos anfíbios observados, 52 indivíduos correspondiam à espécie sapo-

corredor (Bufo calamita) 27 pertenciam à espécie sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes) e 26 à espécie salamandra-de-

pintas-amarelas (Salamandra salamandra).

No troço S. Sebastião da Giesteira-Escoural, no qual foram realizados 17 transectos, a equipa registou durante as saídas

nocturnas 1123 anfíbios, dos quais 292 vivos e 831 mortos. Dos anfíbios observados, o sapo-de-unha-negra (Pelobates

cultripes) foi a a espécie mais comum, com 205 indivíduos, seguido da salamandra-de-costas-calientes (Pleurodeles waltl)

com 187 presenças e a salamandra-de-pintas amarelas (Salamandra salamandra) com 153 indivíduos.

No que respeita à rã-de-de-focinho pontiagudo (Discoglossus galganoi), espécie central desta tarefa, no troço S. Brissos-

Escoural, foi uma das espécies com menor número de registos, apresentando no entanto a maior taxa de mortalidade (6

cadáveres; 100% de mortalidade). Segundo refere a equipa no relatório, o facto desta espécie ser mais ágil, com um

comportamento reactivo à aproximação dos veículos, favorece o seu atropelamento e/ou colisão. No troço S. Sebastião da

Giesteira-Escoural, pelo contrário, foi registado um elevado número de indivíduos (118), sendo que, 90 foram encontrados

mortos e 28 vivos.

Page 32: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 31 -

Figura 24 – Aspecto geral da rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi)

No que respeita a medidas mitigadoras, a equipa aponta como mais eficazes os túneis, as passagens aéreas e

subterrâneas, a redução da velocidade do tráfego e encerramento temporal das estradas que passem junto de pontos

negros, especialmente em dias favoráveis à migração de anfíbios. Face ao trabalho desenvolvido, a equipa propõe que

estas medidas incidam maioritariamente nos pontos negros detectados, reflectindo estas áreas próximas de corpos de

água permanente e zonas abertas e planas onde a humidade do solo é elevada durante grande parte do ano, com baixo

declive, o que representa uma menor barreira à deslocação dos anfíbios.

Com o objectivo de bloquear o acesso dos anfíbios à estrada prevenindo fatalidades e fornecer rotas de migração seguras

para o atravessamento das estradas durante as migrações entre os locais de reprodução e de invernada, a equipa definiu

pontos para os quais propõe a implementação destas medidas.

Figura 25 - Locais de colocação de passagens hidráulicas e pontes para anfíbios no troço S. Brissos-Escoural, propostos pela equipa da

UE

Tendo por base o tema dos anfíbios, foram realizados durante os cerca de cinco anos de duração do projecto, diversos

passeios integrados na iniciativa “Dias Tranquilos” (Acção E2). Face ao sucesso destes passeios, foi também organizado

um campo de trabalho que permitiu aos participantes construir uma barreira para anfíbios na estrada S.Brissos-Escoural,

possibilitando assim verificar a eficiência deste tipo de infra-estrutura no direccionamento dos anfíbios para locais de

passagem segura.

©UCB 2008

Page 33: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 32 -

Figura 26 – Campo de trabalho realizado para colocação de barreiras para anfíbios

No que respeita a produtos identificáveis, segue em anexo o relatório final desta espécie elaborado pela equipa da

Universidade de Évora.

Por último, no que respeita aos trabalhos da Acção A8, Alargamento das valências do Viveiro Municipal de Montemor-o-

Novo, desenvolvidos pela CMMN, tal como já transmitido à Comissão nas visitas efectuadas e em anteriores relatórios,

será de referir que os mesmos foram realizados de acordo com o previsto. O seu início e término foram inclusivamente

antecipados face ao cronograma apresentado.

Os trabalhos de construção do Viveiro decorreram entre Outubro de 2003 e Março de 2004.O Viveiro foi instalado em

terrenos que a CMMN possui na Herdade da Adua e anexos ao local onde, com recurso ao projecto PIGS

(LIFE00/ENV/P/00829) se tinha anteriormente instalado uma Unidade Piloto de Compostagem. Desta forma, assegurou-se

a produção contínua da terra vegetal necessária ao Viveiro, optimizando-se o seu funcionamento relativamente a este

aspecto.

Desde a sua instalação, o Viveiro tem vindo a ser utilizado para os fins previstos, tendo-se aproveitado desde logo a

Primavera de 2004 para proceder aos primeiros ensaios de propagação de espécies a utilizar no Projecto. Com o apoio

técnico previsto, foi possível assegurar, com sucesso, a produção de um conjunto de espécies autóctones, a partir de

sementes e/ou estacas recolhidos no Sítio de Monfurado, e simultaneamente a aquisição de um know how nesta área que

se revelou extremamente importante para o sucesso dos trabalhos de gestão de habitat do Projecto e para os que se

espera vir a continuar a desenvolver em período pós-Projecto.

Após o período de instalação, e tal como previsto, o Viveiro Municipal possuía uma área de cerca 1000 m2, incluindo áreas

de seminário, estacaria, plantório e vasário, e assegurava uma capacidade de produção que satisfazia as necessidades

inicialmente apresentadas à Comissão em matéria de espécies arbóreas e arbustivas.

Contudo e decorrendo das necessidades extra e alterações técnicas propostas no âmbito do Pedido de Alteração, foi

concretizado o alargamento da área de produção de árvores e arbustos autóctones para aproximadamente 2.000 m2, o

que possibilitou assegurar os objectivos de produção, que se revelaram cerca do dobro dos iniciais, bem como a

instalação de sistemas semi-automáticos de rega, os quais possibilitaram uma maior autonomia.

Figura 27 – Planta geral das áreas do Viveiro Municipal instalado no âmbito do projecto GAPS; funcionamento geral do Viveiro Municipal

dreno

seminário

coberto

plataforma de compostagem

vasário

coberto

vasário

coberto

vasário

coberto

vasário

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vasário

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vasário

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vasário

descoberto

vasário

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rio

vasário

descoberto

Page 34: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 33 -

No que respeita a objectivos de produção, estes foram não só assegurados como excedidos, verificando-se apenas uma

execução inferior à prevista no que respeita às espécies arbustivas florestais. Este facto, deve-se ao facto dos ensaios

com o Halimium verticillatum apenas se terem iniciado na primeira época de plantação após a aprovação do Pedido de

Alteração.

No que respeita a produtos identificáveis, não estavam previstos para esta acção. No entanto, conjuntamente com a

acção D5, relativa ao funcionamento geral do Viveiro, foram redigidos dois relatórios de progresso e um relatório final. No

que respeita aos relatórios de progresso, estes foram entregues à Comissão e Equipa Externa quando das suas visitas ao

Projecto, em Fevereiro de 2005 e Maio de 2006 (versão draft). Tal como transmitido anteriormente, a

redacção/actualização destes relatórios foi, desde Fevereiro de 2007, relegada para um segundo plano pelo facto de não

ter sido possível a renovação de contrato com a jardineira que desempenhou funções no Viveiro desde o início do seu

funcionamento, o que se traduziu em alterações ao funcionamento e procedimentos de registo inerentes ao Viveiro.

Contudo, segue no CD-ROM anexo a este relatório final do projecto, o relatório final da Acção D5 que, como acima

referido, foi elaborado tendo em conta a presente acção.

5.2. Compra/arrendamento de Terrenos e/ou Direitos

Tal como transmitido no relatório intercalar à Comissão e Equipa Externa, não foi possível empreender quaisquer trabalhos

no âmbito da acção B1, relativa à Aquisição/Arrendamento de Terrenos e/ou Direitos.

No que respeita às aquisições de terreno por parte da autarquia, nomeadamente os prédios “Calcanhar do Mundo” e

“Fazenda do Calção”, e apesar dos contactos estabelecidos com os proprietários não foi possível adquirir nenhuma das

parcelas. No primeiro caso, o facto que esteve na base da não aquisição, foi motivado por questões de herança,

verificando-se a existência de um extenso número de co-proprietários. Muito embora se tenham contactados todos os

proprietários, por escrito, no sentido de manifestar o interesse na sua aquisição por parte da CMMN, no espaço de tempo

decorrido entre o suspender das negociações e sua retoma por parte do novo Executivo, o mesmo foi objecto de

contratualização de venda. Posteriores contactos com o actual proprietário não revelaram qualquer interesse da venda do

prédio à CMMN.

Figura 28 – Aspecto geral do troço da Ribeira de São Cristóvão, que passa no prédio Calcanhar do Mundo

No que diz respeito à parcela “Fazenda do Calção”, verificou-se igualmente a impossibilidade da sua aquisição, mas neste

caso por condicionalismos legais. Esta situação, igualmente inesperada, deveu-se a motivos relacionados com a

impossibilidade de desanexação da referida parcela, em virtude da mesma não possuir a área mínima de cultura, o que

inviabilizou a divisão da propriedade em questão. Por forma contornar esta questão, a CMMN procurou soluções

alternativas. Tendo sido proposto inicialmente para esta área a criação de parcelas demonstrativas da expansão do

carvalhal de Quercus faginea (habitat 9240) e das respectivas espécies arbustivas associadas, a solução encontrada

passou pela utilização de uma área de características semelhantes, propriedade da Junta de Freguesia de Nossa Senhora

da Vila. Acertados todos os pormenores inerentes a uma instalação desta natureza, a CMMN procedeu então à

implantação da parcela demonstrativa numa área com cerca de 1.000 m2,

junto ao cemitério de São Mateus. Estes

trabalhos, encontram-se detalhados na acção D3.

Page 35: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 34 -

Figura 29 – Parcela demonstrativa da expansão de Quercus faginea (habitat 9240) instalada junto ao cemitério de São Mateus

No que respeita à acção D6 – Medidas de Fomento de Habitat para Fauna em Zonas Abrangidas pelo Regime Cinegético, estava contemplada a necessidade de ressarcir proprietários/arrendatários relativamente a perdas de rendimento decorrentes da instalação de culturas para a fauna e/ou implementação de medidas de gestão de habitat entretanto propostas pelas equipas responsáveis pelos trabalhos. Tendo os trabalhos sido realizados exclusivamente na Herdade da Defesa, propriedade do parceiro MONFURADO, não houve necessidade de ressarcir o proprietário, pelo que não foi necessário utilizar a verba prevista para esta acção.

5.3. Trabalhos ùnicos de Gestão do Biótopo

A Acção C1, relativa à definição e implementação de um Programa de Gestão e Controlo de Acessibilidades foi

parcialmente reformulada, no que respeita a objectivos propostos, quando da apresentação do primeiro pedido de

alteração, em Outubro de 2005. Face à desistência da APSM e ao desinteresse manifestado pelos novos parceiros no que

respeita à realização dos trabalhos previstos para esta acção, a CMMN e a CME sentiram necessidade de reforçar os

trabalhos a que inicialmente se tinham proposto.

Por forma a cumprir os novos objectivos que, na pratica, resultaram num aprofundamento do inicialmente preconizado, as

autarquias promoveram trabalhos de levantamento, no terreno, dos principais caminhos e estradas, intensidade de

utilização e estado de conservação. Paralelamente, efectuaram também o levantamento dos elementos de património

cultural susceptíveis de maior interesse por parte do público em geral e principais caminhos de acessos a esses

elementos.

Estabeleceram-se contactos com as Juntas de Freguesia que ocorrem na área do Sítio de Monfurado, com a preocupação

de saber quais as vias rurais preferencialmente utilizadas pela população local, problemas resultantes da circulação de

visitantes, e para apoio à identificação de zonas com corte de caminhos, a necessitar de limpeza de margens com

problemas ao nível do aumento do risco de incêndios.

Relativamente à beneficiação de caminhos rurais, estavam previstos cerca de 60 km, 40 dos quais na área do Sítio

abrangida pelo concelho de Montemor-o-Novo, e os restantes, na área do Sítio abrangida pelo concelho de Évora.

Concluído o levantamento dos caminhos a beneficiar em Outubro de 2006, apenas foi possível lançar a concurso os

arranjos dos caminhos em Novembro de 2007. Face ao volume de trabalho sentido na antiga Divisão de Obras e

Saneamento, denominada agora, face à reestruturação de serviços, Divisão de Obras, Água e Saneamento, o técnico que

acompanhava os respectivos trabalhos, deixou de o poder fazer, pelo que a CMMN necessitou contratar um Eng. Civil, não

previsto inicialmente no projecto. Tendo a contratação ocorrido em Agosto de 2007, apenas foi possível lançar a concurso

os arranjos/beneficiações de caminhos em Novembro do mesmo ano. Estes trabalhos, foram concluídos em Março de

2008. No que respeita aos quilómetros que se previam beneficiar (40 km), ficaram por fazer, por parte da CMMN, 4,5 km.

Os motivos que estiveram na origem da não execução a 100% deste objectivo, estão relacionados com o facto de dois dos

sete concursos terem ficado desertos, não tendo sido apresentada qualquer proposta.

A par da beneficiação dos caminhos rurais, estava ainda prevista a construção de canadianas e manilhas/pontões. Dos

sete concursos de beneficiação de caminhos, um dizia respeito apenas à construção de 34 canadianas, sendo que as

restantes seis estavam inseridas nos outros concursos. Sendo o preço apresentado pela única empresa concorrente muito

superior ao preço base, face às restrições orçamentais, a autarquia optou por não adjudicar o concurso. Resumindo, das

40 canadianas inicialmente propostas, actualmente encontram-se executadas seis. Relativamente aos pontões/manilhas, e

à semelhança do que aconteceu com as canadianas, também foi aberto concurso para a sua execução. Face à

especificidade da construção do ponto, o concurso ficou deserto, não tendo sido apresentado qualquer proposta por parte

Page 36: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 35 -

das empresas concorrentes. Deste modo, ficou por realizar não só o pontão/manilha, mas também por beneficiar o

caminho ao longo do qual se localizava o mesmo.

No que respeita à CME, e tendo os trabalhos de auscultação de necessidades/prioridades de arranjo de caminhos sido

semelhantes aos desenvolvidos pela CMMN, foram realizados trabalhos de regularização do pavimento com uma máquina

motoniveladora, rega do pavimento e cilindragem para compactação. A extensão de caminho beneficiada foi de 5 km (6 m

de largura), apesar dos 20 km inicialmente previstos. Tendo em conta o estado razoável dos caminhos, o tipo de

utilizadores a que se destinam e os interesses dos proprietários (a maioria dos caminhos a beneficiar eram de natureza

privada, alegando os proprietários que o seu arranjo iria incentivar o acesso automóvel), a CME optou por beneficiar

apenas os 5 km de estrada térrea que constituem o único acesso automóvel utilizado pelo público em geral ao Menir e

Cromeleque dos Almendres, garantindo assim, indirectamente, a conservação de valores naturais com interesse

conservacionista.

Figura 30 – Trabalhos desenvolvidos na beneficiação de caminhos: levantamento do estado de conservação dos caminhos a beneficiar (A); estradão térreo beneficiado (B))

No que respeita à instalação de sinalização direccional e informativa, decorreu durante o Verão de 2005, o inventário das

necessidades. Tendo-se articulado os trabalhos entre a CMMN e a CME, com vista à ligação da rede de caminhos

existentes nos dois concelhos (caminhos pedestres/BTT na área do Sítio de Monfurado), foi concluído o caderno de

encargos referente à instalação de sinalização direccional em madeira, contemplando a instalação de setas direccionais e

a aquisição de um conjunto de placas destinadas a assinalar locais objecto de reabilitação e limpeza realizados no âmbito

do projecto. Face aos valores obtidos, a CME optou entretanto por executar por administração directa a sinalética e o

conteúdo gráfico dos sinais, adjudicando apenas ao exterior a execução e instalação dos suportes em madeira para

painéis informativos e direccionais. A CMMN, optou no entanto por adjudicar externamente (finais de 2006) todos os

serviços, tendo presente experiências passadas: o material fornecido é de qualidade superior, com tratamento adequado

às exigentes condições climatéricas, apresentando uma durabilidade de 5/8 anos.

Decorrendo de necessidades sentidas na sinalização dos percursos, tais como, desorientação/confusão em alguns

percursos, setas e postes entretanto extraviados/roubados, a CMMN optou por realizar nova consulta ao mercado,

adjudicando novamente externamente o fornecimento e colocação de nova sinalização (direccional e informativa). Estes

trabalhos, foram concluídos em Março do corrente ano.

Figura 31 – Sinalização informativa e direccional colocada no âmbito do projecto GAPS

Relativamente à sinalização das entradas asfaltadas do Sítio, prevista no pedido de alteração apresentado em 2005 à

Comissão e Equipa Externa, apesar de todos os esforços desenvolvidos, não foi possível a sua implementação. Tal como

A B

Page 37: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 36 -

transmitido anteriormente, foi necessário submeter a licenciamento por parte da entidade competente (Estradas de

Portugal S.A.) a sinalização que, quer a CMMN quer a CME, pretendiam colocar por forma a assinalar a entrada no Sitio

de Interesse Comunitário Monfurado.

Face ao desconhecimento dos responsáveis da direcção regional da EP acerca da importância do Sítio de Monfurado e à

falta de enquadramento legal no quadro nacional, no que respeita à tipologia de sinalização pretendida pelas autarquias (o

que leva a que cada direcção regional possa decidir pela sua autorização), a direcção regional da EP de Évora, decidiu

não autorizar a colocação da sinalética. No ofício enviado pela EP foi no entanto referida a possibilidade de colocação de

um sinal, desde que o mesmo cumprisse com o estipulado no Decreto-Regulamentar n.º 22-A/98 de 1 de Outubro.

Contactada a Comissão no sentido de verificar sobre e elegibilidade da sinalética possível de instalar, a mesma informou

que, a sinalização não correspondia ao inicialmente proposto, pelo que não poderia ser imputada ao projecto. Face a esta

situação, a CMMN e a CME optaram pela não instalação da sinalização de entrada no Sítio.

Figura 32 – Modelo de sinal proposto para licenciamento pela direcção regional da EP (A-frente; B-verso); modelo autorizado pela

direcção regional da EP (c)

Por ambas as autarquias, foram também desencadeados os trabalhos de instalação de equipamentos de apoio à estadia e

lazer, localizados em espaços contíguos aos caminhos objecto de sinalização direccional. A CMMN entendeu mais

adequado concentrar a sua instalação em locais que foram igualmente objecto de outras intervenções no âmbito do

projecto (locais de instalação de ensaio de gestão de carvalhal de carvalho-cerquinho e margens de ribeiras objecto de

valorização da galeria ripícola). A CME, não tendo a possibilidade/disponibilidade de tais terrenos, optou por dispersar a

instalação deste tipo de equipamentos ao longo dos caminhos sinalizados, na sua maioria próximo de estadas e/ou à

entrada de povoações rurais. Em ambos os casos, tal como previsto na candidatura, utilizaram-se equipamentos em

madeira (mesas, bancos, cadeiras, papeleiras e pequenos parqueamentos de bicicletas), destinados a apoiar o descanso

e lazer, que se enquadram no meio envolvente, e visam, tal como previsto, incentivar o usufruto e deslocação não

motorizada no espaço rural.

Figura 33 – Novas áreas de estadia criadas com apoio do projecto LIFE-Natureza (Montemor-o-Novo e Évora)

Ao nível de produtos identificáveis, seguem no CD-ROM anexo, os relatórios finais da acção, um relativo aos trabalhos

desenvolvidos pela CMMN e outro compilando os trabalhos realizados pela CME, bem como alguns anexos considerados

importantes.

A B C

Page 38: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 37 -

Os trabalhos da Acção C2, referentes à Implementação de um Sistema Integrado de Monitorização, Detecção e Combate

a Fogos Florestais, viram o seu início adiado em consequência da desistência da APSM. Aprovado o primeiro pedido de

alteração (Novembro de 2005), tiveram início os trabalhos previstos na acção.

No que respeita à aquisição de meios de prevenção de incêndios florestais, foram adquiridos os dois roça-matos previstos,

um por parte da CMMN, cujo objectivo era intervir ao longo da rede de caminhos públicos existentes na área do Sítio, e

outro por parte do parceiro FIGUEIREDO, destinando-se este a intervir directamente nas propriedades do parceiro e,

indirectamente, em propriedades limítrofes, o que veio a acontecer. Durante o período de duração do projecto, e por forma

a minimizar os riscos de incêndio durante o Verão, o parceiro FIGUEIREDO limpou cerca de 12 km de orlas de caminhos

(2006/2008); no que respeita à CMMN, foram limpos cerca de 175 km de caminhos, tendo-se seleccionado a partir da

cartografia de risco de incêndio os caminhos prioritários a intervir.

Figura 34 – Trabalhos de limpeza de orlas de caminhos públicas e privados

A aquisição e operação de meios de primeira intervenção e combate, estava previsto pelos parceiros GONZALEZ,

MONFURADO, pelos associados da LPMA que fazem parte do projecto e também pela CMMN. O parceiro GONZALEZ,

assim como a maioria dos parceiros associados da LPMA, procederam à aquisição de três kit’s de primeira intervenção:

um, sob a total responsabilidade do parceiro GONZALEZ e dois para os parceiros LPMA. Neste último caso, e obtido

consenso entre todos os agricultores, à excepção do parceiro MLA.LPMA que optou por comprar dois extintores de

grandes dimensões (25 kg), os dois kit’s foram colocados em duas propriedades consideradas estratégicas, sendo que os

mesmos seriam accionados sempre que fosse necessário. No que respeita ao pagamento dos referidos kit’s, ficou

acordado entre os parceiros LPMA que a cada um caberia uma percentagem igual à da propriedade que possuíam. É

ainda de referir que, a LPMA organizou, conjuntamente com os BVMN sessões de esclarecimento e manuseamento

destes equipamentos.

Figura 35 – Kit’s de primeira intervenção e combate a incêndios adquiridos por alguns dos parceiros do projecto; sessão de formação

realizada pelos BVMN

O parceiro MONFURADO, apesar de inicialmente também estar prevista a aquisição de um kit, questionou a CMMN sobre

a possibilidade de adquirir um reboque cisterna acoplável a um tractor. Não havendo qualquer impedimento por parte da

Comissão, o parceiro avançou a compra do equipamento.

Por parte da CMMN, e com o objectivo de operacionalizar a Brigada Móvel prevista no pedido de alteração, foi também

adquirido uma carrinha todo-o-terreno e um kit de primeira intervenção e combate a incêndios.

Page 39: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 38 -

Face aos resultados positivos obtidos, desde 2006, que a CMMN tem vindo a apresentar candidaturas ao Programa

“Voluntariado Jovem para as Florestas” promovido pelo Instituto Português da Juventude. Ao todo, durante o período de

tempo em que decorreu o projecto, foram percorridos cerca de 31100 km, tendo sido detectados, em 2007, oito incêndios

e 10 colunas de fumo. Paralelamente, foram ainda realizadas acções de sensibilização através da distribuição de folhetos

alusivos à época de fogos e newsletters sobre o projecto e os seus resultados.

Actualmente, e apesar da organização e acompanhamento das brigadas, bem como todo o processo inerente ao seu

funcionamento estar sob a alçada do Gabinete de Protecção Civil e Segurança da Câmara Municipal, encontram-se em

funcionamento duas brigadas: uma móvel, que circula na carrinha adquirida com apoio do projecto, equipada com o kit de

primeira intervenção, e uma fixa, com posto localizado no castelo. Este posto, tem-se revelado de extrema importância,

permitindo observar a quase totalidade da área do concelho e a totalidade da área do Sítio de Monfurado. Apresentada

como exemplo de bom funcionamento e resultados pelas várias entidades envolvidas, espera-se para breve (Agosto de

2008) a visita do Ministro de Administração Interna à iniciativa que decorre em Montemor-o-Novo.

No que respeita à construção de charcas, a equipa técnica da CMMN executou os projectos previstos para os parceiros

SOUSA (2006) e PADEIRA (2007). Muito embora o parceiro SOUSA tenha procedido à construção da charca conforme

projecto, o parceiro PADEIRA, apesar de ter obtido licença para a sua construção junto da entidade competente, optou,

face a constrangimentos pessoais de natureza financeira, por não a executar. No entanto, o parceiro assegurou que,

quando lhe fosse possível, procederia à execução da charca, assumindo então a totalidade dos custos.

Figura 36 – Charca construída pelo parceiro SOUSA no âmbito da acção C2

No que diz respeita aos trabalhos relativos à concepção e operação de um sistema de informação integrado para alocação

eficaz dos meios de combate existentes, tal como transmitido à Comissão e Equipa Externa no relatório intercalar, o seu

início, previsto para Março de 2006, ocorreu apenas em Julho do mesmo ano, como forma de apoio aos trabalhos da

Brigada Móvel de Vigilância e ainda numa versão experimental. No entanto, e apesar de prevista para 2007, a versão final

do sistema começou a ser trabalhada em Novembro de 2006, tendo sido executada externamente. Estes trabalhos, foram

concluídos em Março de 2008, compilando-se assim um enorme volume de informação que se prevê venha a estar

disponível na página internet do projecto.

Este sistema, denominado Sistema de Informação Geográfica para Apoio ao Combate a Incêndios Florestais no Sítio de

Monfurado, possibilita às entidades de protecção civil, com área de actuação geográfica no Sítio, o acesso e consulta de

mapas temáticos, bem como informação relevante em caso de incêndio florestal de forma rápida, simples e intuitiva. Os

trabalhos preparatórios contemplaram levantamentos no terreno, e possibilitaram não só a disponibilização de informação

já existente mas também a actualização e inventariação de pontos de água, de viaturas e equipamentos mobilizáveis e de

edificações. Paralelamente, destaca-se ainda a disponibilização do mapa de risco de incêndio florestal, do mapa de

ocupação do solo, do mapa de declives, da carta militar e do ortofotomapa.

No sentido de se elaborar uma aplicação correspondente às expectativas dos agentes de Protecção – utilizadores finais do

Sistema – a CMMN teve presente a necessidade de os envolver no processo de elaboração (BVMN e GNR). Ainda no que

respeita à colaboração com as entidades de Protecção Civil, para além do já referido e da disponibilização do Sistema,

prevê-se, num futuro pós-projecto e a curto prazo, a realização de acções de formação dirigidas aos seus operacionais.

Page 40: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 39 -

Figura 37 – Aspecto geral do Sistema de Informação Geográfica para Apoio ao Combate a Incêndios Florestais no Sítio de Monfurado

(ambiente SIG)

No que diz respeito aos produtos identificáveis da acção, seguem no CD-Rom anexo, o Sistema, a memória descritiva

elaborada para licenciamento da charca do parceiro PADEIRA, o material produzido para o Voluntariado Jovem para as

Florestas e várias fotos que traduzem os trabalhos empreendidos no âmbito desta acção, ao longo de tempo de duração

do projecto.

A Acção C3, relativa a Acções de Gestão em Pseudo-Estepes de Gramíneas e Anuais, contou com a participação da

totalidade os parceiros privados, incluindo os parceiros associados da LPMA, aqui tratados como se de um único parceiro

se tratasse, sendo designado por LPMA.

Os trabalhos previstos, semelhantes dentro da mesma tipologia mas diferenciados consoante a parcela em causa para

cada parceiro, consistiram na instalação /re-instalação de prados permanentes, através de trabalhos de sementeira, com

recurso a misturas de gramíneas e leguminosas nas quais se incluiu o trevo subterrâneo, e a realização de adubações de

fundo para fomento do sucesso das plantações.

Muito embora os trabalhos empreendidos pelos parceiros tenham tido algumas contrariedades, principalmente no que

respeita a condições climatéricas, nomeadamente a fraca taxa de germinação que se verificou em 2006, consequência das

elevadas precipitações ocorridas logo após as sementeiras, o facto é que no final, todos eles apresentaram resultados

extremamente satisfatórios, ficando também eles bastante satisfeitos pela sua adesão ao projecto. O quadro abaixo

resume as áreas de intervenção previstas para cada parceiro, bem com as respectivas taxas de execução obtidas.

Quadro 1 – Resumo das áreas a intervencionar e intervencionadas no âmbito da acção C3

Parceiro Pastagens Regeneração Natural do Montado

Previsto (ha) Executado (ha) Execução (%) Previsto (ha) Executado (ha) Execução (%)

LPMA 337 205,5 61

COMENDA 40 40 100

FIGUEIREDO 30,6 30,6 100 15,6 15,6 100

GONZALEZ 70 70 100 60 60 100

LINCE 75 75 100 120 120 100

MONFURADO 57 57 100 112 112 100

PADEIRA 20 20 100

SOUSA 100 100 100

VACAS 71 71 100

TOTAL 800,60 669,10 83,57% 307,60 307,60 100

Page 41: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 40 -

Face ao exposto, pode concluir-se que a grande maioria dos parceiros cumpriu na integra os objectivos a que se tinha

proposto. No caso dos parceiros LPMA, ficaram por intervencionar cerca de 130 hectares, sendo que o motivo que esteve

na origem da não execução de alguns dos trabalhos (apenas nos previstos para a época agrícola 2007/08) esteve

relacionado com questões financeiras.

No que respeita à tipologia dos trabalhos desenvolvidos, a conservação e manutenção dos prados envolveu a aplicação de

adubos fosfatados de libertação, sendo que alguns dos parceiros, nomeadamente, os parceiros VACAS e COMENDA,

procederam à aquisição de um distribuidor de adubo/semente para realização dos trabalhos necessários. Para além

destes trabalhos, os parceiros realizaram ainda as sementeiras com recurso a misturas de sementes com misturas de

leguminosas, com predomínio de trevo subterrâneo que possa persistir graças ao próprio pisoteio. Como forma de garantir

o stock de sementes no solo, foi prática comum dos parceiros não colocar o gado nas parcelas intervencionadas, de forma

a que as pastagens pudessem florir e frutificar, libertando as sementes no solo.

Figura 38 – Trabalhos de instalação/re-instalação realizados pelos parceiros privados

No âmbito da protecção à regeneração natural do montado (de sobro ou azinho), previstos para quatro dos parceiros

privados, os trabalhos previstos foram todos concluídos, contabilizando-se uma área de cerca de 310 hectares (quadro 1).

Nos casos em que a regeneração natural se mostrou insuficiente para a promoção e renovação da conservação do

habitat, foi realizada sementeira directa de bolotas, efectuada pelo parceiro GONZALEZ ou, a sua propagação em

pequeno viveiro local, o que se verificou no caso do parceiro FIGUEIREDO. A experiência adquirida com este viveiro

durante o Outono/Inverno de 2006, levou ao continuar dos trabalhos nos anos seguinte, assegurando o parceiro continuar

no período pós-projecto.

Figura 39 – Trabalhos de protecção à regeneração natural do montado; aspecto do viveiro promovido pelo parceiro

FIGUEIREDO

Por forma a sinalizar as áreas intervencionadas pelos parceiros privados, a CMMN adquiriu estruturas em madeira.

Paralelamente, a equipa técnica produziu conteúdos e maquetes, de forma a uniformizar a sinalização adoptada. Foi

iniciada a colocação destes sinais em 2006, quando do início das intervenções pelos parceiros, tendo-se continuado

durante o ano de 2007, identificando-se assim as novas áreas intervencionadas.

Os trabalhos da Acção C4, referentes à Recuperação e Valorização de Habitats Ripícolas incluíram, após as alterações

decorrentes do pedido de alteração, trabalhos de limpeza de linhas de água, realização de plantações e sementeiras,

Page 42: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 41 -

controlo de infestantes e instalações de vedação para protecção do gado e sinalização das áreas intervencionadas. Os

parceiros envolvidos nesta acção foram a CMMN, a CME, a LPMA (embora não a totalidade dos seus associados

parceiros do projecto), o FIGUEIREDO, o GONZALEZ e o PADEIRA.

Tendo os trabalhos decorrido de acordo com a calendarização inicialmente prevista, foi necessário licenciar junto dos

serviços da CCDRA em Portalegre, as intervenções preconizadas, tendo os parceiros GONZALEZ e PADEIRA contado

com o apoio técnico da CMMN, e realizado por iniciativa própria o licenciamento a LPMA, a CME e a CMMN. O parceiro

FIGUEIREDO, apesar da disponibilização do apoio da CMMN, usufruiu dos trabalhos decorrentes de um estágio de final

de curso na altura em execução na CCDRA para elaboração de projectos de intervenção de natureza semelhante, bem

como o apoio financeiro da CCDRA (via FEDER) para execução de trabalhos adicionais, que complementaram os

previstos no GAPS. Neste âmbito, foram realizados levantamentos topográficos pormenorizados das três áreas de

intervenção previstas pelo parceiro, elaborados os correspondentes projectos de intervenção, e iniciados os trabalhos, os

quais foram concluídos em Outubro de 2007. Apesar de positiva em termos de pormenorização, a planificação e realização

desta intervenção sofreu atrasos que estão sobretudo associados à participação de mais uma entidade, a CCDRA, cujas

competências e estrutura funcional foram continuamente alteradas devido às reestruturações sentidas ao nível da

administração central. Este facto obrigou a equipa técnica da CMMN a dinamizar um conjunto de reuniões não esperadas,

entre o parceiro, CCDRA e CMMN, de forma a assegurar o cumprimento de prazos previstos.

Figura 40 – Intervenções em linhas de água (parceiros: FIGUEIREDO, PADEIRA e GONZALEZ)

Por parte da LPMA foram desenvolvidos os projectos de intervenção para todos os troços de linhas de água previstos no

Pedido de Alteração, os quais foram apresentados junto da CCDRA para licenciamento, tendo a respectiva licença sido

emitida em Abril de 2006. Os trabalhos de limpeza e instalação de vedações foram iniciados durante o mês de Maio de

2006 e encontram-se actualmente todos concluídos. Relativamente ao troço previsto na Herdade da Castra (1200 metros),

propriedade do parceiro MLA.LPMA, por motivos pessoais, não foi possível intervencionar toda a extensão inicialmente

preconizada. Por forma a cumprir com os objectivos a que se tinha proposto em termos de conservação da natureza, e

após o parceiro e seu associado OPR.LPMA ter manifestado interesse em intervencionar um troço, de características

semelhantes ao localizado na Herdade de Crasta, a LPMA solicitou junto da CMMN autorização para proceder a esta

alteração. Analisada a situação, e verificada a salvaguarda dos objectivos específicos de conservação de

habitats/espécies, a CMMN autorizou o parceiro OPR.LPMA a realizar a intervenção.

No que diz respeito às intervenções públicas em matéria de valorização de habitats ripícolas a CMNN empreendeu, ao

longo de 2005, a elaboração do projecto, obtenção das autorizações junto de proprietários e licenciamento junto da

CCDRA para as intervenções de requalificação e valorização de parte da Ribeira do Gandum. Os respectivos trabalhos

foram iniciados em Novembro de 2005. Sendo na sua maioria apoiados pelo projecto RIPIDURABLE – Gestão Sustentável

de Galerias Ripícolas, financiado pelo Programa INTERREG IIIC, a parte desta intervenção que não é financiada por

aquele projecto estava previsto ser suportada pelo GAPS, nomeadamente os trabalhos que se referem à trituração e

recolha do material vegetal e lixo retirados, fornecimento de material vegetal, instalação de protectores individuais,

instalação de vedações, e posterior manutenção das áreas intervencionadas, tem vindo a ser executada de acordo com o

programado, quer ao nível das requisições necessárias quer ao nível da execução dos trabalhos no terreno.

No decorrer de 2007, foram efectuados, no âmbito do projecto RIPIDURABLE, trabalhos de corte e aplicação de herbicidas

nas infestantes (canas), bem como retiradas as protecções dos exemplares arbóreos que não sobreviveram. Durante o

Outono de 2007, a equipa de jardineiros da CMMN procedeu novamente à replantação de novos exemplares em

substituição dos que haviam morrido, bem como ao reforço das plantações iniciais, nos locais onde pontualmente se

verificou ser necessário.

Page 43: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 42 -

Figura 41 – Trabalhos de trituração, aplicação de herbicida e reforço de plantações efectuados ao longo da Ribeira do Gandum, no âmbito

dos projectos GAPS e RIPIDURABLE

Por parte da CME foram concluídos os trabalhos de limpeza e valorização da Ribeira de Cabaços, em N.ª Sr.ª de

Guadalupe, que se estenderam até à Ribeira de Valverde. Consistiram na limpeza de lixos e entulhos das margens,

limpeza de vegetação arbustiva e arbórea excessiva ou vergada pelo peso das copas, no leito e taludes da ribeira, e

plantação de árvores com vista à reabilitação da galeria ripícola. A margem esquerda da ribeira, cujo terreno é propriedade

da autarquia, era ocupada por hortas, capoeiras e canis clandestinos, e alguns depósitos de entulhos. Os trabalhos de

limpeza, efectuados numa largura que foi para além dos objectivos iniciais (cerca de 80m) incidiram ao longo de cerca de

750 m da linha de água, deles resultando a remoção de algumas toneladas de lixos e entulhos. Foram posteriormente

efectuadas reuniões com a Junta de Freguesia e os hortelãos interessados, no sentido de possibilitar a existência regrada

de hortas, sendo que a sua localização e das estruturas associadas foram definidos no projecto de intervenção tendo em

conta a previsão da evolução da galeria ripícola. Após a limpeza da vegetação arbustiva e arbórea existente, foram

plantados 35 exemplares de Fraxinus angustifolia, cujas estacas tinham sido recolhidas no local e mantidas no viveiro

municipal da CME.

Figura 42 – Intervenções levadas a cabo pela CME na Ribeira de Cabaços (antes e depois da intervenção)

No global, os trabalhos desta tipologia previstos na acção decorreram de acordo com o previsto e vão, nalguns casos, em

termos qualitativos e quantitativos além dos objectivos estabelecidos. Muito embora as limpezas tenham sido efectuadas

de forma manual e com recursos a meios simples (gadanheiras, moto-serras e roçadoras), o que semeou alguma

desconfiança no que respeita a resultados obtidos, por parte de alguns proprietários e vizinhos, veio mais tarde a revelar -

se como a prática mais adequada, tendo os mesmos percebido os benefícios de utilização de tal prática, há muito não

verificada localmente. Face ao sucesso das intervenções, para além do caso do parceiro OPR.LPMA que solicitou a

limpeza de um troço de uma linha de água no interior da sua propriedade, é de salientar que a CMMN tem vindo a ser

contactada por outros proprietários e Juntas de Freguesia no sentido de obter informações sobre os custos, meios de

financiamento e formas de concretização deste tipo de intervenções, com vista à sua realização noutros troços de habitats

ripícolas, no interior e exterior do Sítio de Monfurado.

Para além destes, os trabalhos da acção C4 envolveram igualmente, e tal como previsto na candidatura inicialmente

apresentada, a definição e implementação de um sistema público de recolha de resíduos não urbanos (entulhos e resíduos

volumosos) incidindo nas áreas rurais existentes no Sítio, o qual se encontra operacional desde Abril de 2006.

No sentido de se promover a recolha eficiente destes resíduos e assim evitar a sua deposição ilegal ao longo do espaço

rural (incluindo em diversos habitats ripícolas com importância de conservação, alguns dos quais prioritários), previu-se a

Page 44: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 43 -

distribuição, pelas sedes de freguesia e outros aglomerados rurais, de conjuntos de contentores destinados à deposição

diferenciada de pequenas quantidades de entulhos, resíduos volumosos de madeira e resíduos volumosos de metal.

No sentido de se definir os locais destinados à colocação dos contentores, foram efectuadas reuniões com os Presidentes

das quatro Juntas de Freguesia abrangidas pelo Sítio de Monfurado (Escoural, São Cristóvão, Nossa Senhora da Vila e

Nossa Senhora do Bispo), entidades que ficaram co-responsáveis pela gestão dos locais de deposição/transferência bem

como pela sensibilização e acompanhamento da deposição.

Após a definição do sistema e aquisição dos equipamentos necessários (que se concretizou em Outubro de 2005), a sua

operação teve início em Abril de 2006. Previamente, e em ligação com o Projecto REAGIR (LIFE03/ENV/P/000506), que

terminou em Julho de 2007, que visou o alargamento do sistema a todo o município e a valorização dos entulhos pelo

mesmo recolhidos, foi efectuada uma campanha de sensibilização dos munícipes que envolveu a concepção/produção de

desdobráveis com informação sobre procedimentos a adoptar. No caso específico do Sítio de Monfurado, foram também

desencadeadas sessões abertas ao público com os mesmos fins, as quais tiveram por parceiros as Juntas de Freguesia

de São Cristóvão e do Escoural e envolveram sessões realizadas no final de Junho de 2006.

Figura 43 – Sistema de recolha de resíduos não urbanos e arções de sensibilização realizadas no âmbito da acção C4

No que respeita aos meios humanos e materiais adquiridos ou contratualizados para operação do sistema, os mesmos

foram utilizados para limpeza pontual de alguns depósitos ilegais pré-existentes. Estes trabalhos, que constituíram

trabalhos a mais face aos programados, possibilitaram assegurar a limpeza e valorização de um conjunto de habitats,

principalmente habitats ripícolas, sendo ainda frequente depositar entulhos de pequenas obras e monstros domésticos nas

suas margens e leito. Em articulação com a brigada de fiscalização prevista na acção D7, estes depósitos foram

identificados e notificados os proprietários dos terrenos onde se encontravam, com vista à sua remoção. Nos casos em

que a remoção dos depósitos não se verificou, a CMMN a custos próprios, desencadeou as acções de limpeza

necessárias, sinalizando os locais intervencionados com placas de sensibilização para a conservação local, já

referenciadas no âmbito da acção C1.

Muito embora se pretendesse utilizar os entulhos recolhidos no âmbito destas limpezas, após valorização na Unidade

Piloto de Reciclagem de Entulhos, na beneficiação dos caminhos rurais previstos na acção C1, tal não veio a verificar-se,

uma vez que o material disponível na Unidade Piloto, na altura não chegava para cobrir as necessidades inerentes à

beneficiação dos caminhos rurais.

Os restantes resíduos, foram encaminhados para Aterro Sanitário Municipal.

5.4. Trabalhos de Gestão Sazonal do Biótopo

Os trabalhos da Acção D1, referente a Ensaios de gestão para a expansão das populações da Flora de Interesse

Comunitário, decorreram em estreita ligação com a Acção A1.

Sendo os resultados obtidos na Acção A1 de extrema importância para o desenvolvimento desta acção, a não confirmação

da posição taxonómica das espécies Narcissus fernandessi e Festuca duriotagana, afectou o desempenho das tarefas

previstas. O facto da confirmação da Festuca duriotagana só ter acontecido em período pós apresentação do pedido de

alteração, o que não aconteceu com Narcissus fernandessii, em que a sua não confirmação levou ao redefinir da

estratégia então apresentada no referido pedido, levou a que a equipa, numa primeira fase, até confirmação da ausência

da espécie, realizasse trabalhos de germinação com a “suposta” Festuca duriotagna, confirmada então como Festuca

ampla.

Page 45: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 44 -

Relativamente aos trabalhos de germinação realizados com a única das três espécies-alvo confirmada para o Sítio, a

Hyacinthoides vicentina, estes foram realizados em condições controladas (6) e em viveiro (2), sendo que no primeiro caso

se pretendeu avaliar os efeitos na população, da temperatura de incubação e duração da pré-exposição ao frio na

germinação das sementes e, no segundo caso, se testaram os efeitos da época de plantação, substrato, população e

métodos de cultivo na produção de plantas. Os bolbos e sementes utilizados foram recolhidos em populações dadoras

previamente seleccionadas, tendo a equipa preferido, sempre que possível, a recolha de sementes.

Figura 44 – Trabalhos de germinação em situações diferenciadas: atmosfera controlada e em viveiro

Com base na distribuição das populações e na informação recolhida durante as prospecções de campo, fo i feita a

selecção dos locais potenciais para a instalação de parcelas-piloto para expansão das populações. Estes locais incluem

áreas onde as espécies se encontram presentes e áreas classificadas como apresentando habitat potencial. Esta selecção

foi efectuada em 2004 e reavaliada em 2005, com base na informação recolhida durante a Primavera desse ano. Entre

Janeiro e Abril de 2005 foram efectuados contactos com proprietários no sentido de obter autorização para a instalação

das parcelas-piloto, tendo apenas sido obtida autorização para o efeito em quatro locais: Monte da Gamela, Herdade da

Chaminé, Monte dos Abreus e São Brissos.

Foram instaladas no campo 236 plantas (produzidas em viveiro) protegidas com vedações e protectores individuais

concebidos para o efeito. Foi realizado um ensaio de sementeira in situ com 274 sementes de Hyacinthoides. vicentina.

Foi feita a monitorização da sobrevivência e crescimento das plantas durante o período de crescimento. Registaram-se

várias perdas durante os ensaios devido às condições meteorológicas registadas em 2005 e 2006. No final da primavera

de 2007 a sobrevivência das plantas variou entre 0 e 33%.

Na impossibilidade de instalar vedações nas populações naturais para testar efeitos da intensidade e frequência do

pastoreio, a equipa decidiu avaliar, ainda que indirectamente, os efeitos nos ensaios de reforço populacional. Face aos

objectivos (avaliar os efeitos do pastoreio com gado ovino e bovino no estabelecimento das plantas), foram plantadas 200

pés de Hyacinthoides vicentina em parcelas com e sem protectores metálicos.

No que respeita à sobrevivência das plantas no período pós plantação, a equipa verificou que a mesma tinha sido elevada,

sendo as condições climatéricas o único factor de mortalidade (cheias elevadas no Outono/Inverno de 2006).

Figura 45 – Estado dos trabalhos após as intensas chuvadas ocorridas em 2006

Nos ensaios de germinação in situ registaram-se igualmente perdas devido às condições climatéricas, verificando-se, face

às intensas chuvadas, a deposição de uma espessa camada de sedimentos.

A exclusão total do pastoreio nos ensaios de reforço populacional, ainda que durante um pequeno período, conduziu ao

crescimento excessivo da vegetação herbácea, provavelmente devido às condições climáticas excepcionais verificadas na

Primavera de 2006. Este efeito poderá ter afectado o desenvolvimento das plantas de H. vicentina, com folhas maiores e

menor sucesso reprodutor relativamente às plantas das populações naturais (acção D2).

Page 46: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 45 -

No ensaio destinado a testar os efeitos do pastoreio no estabelecimento das plantas de H. vicentina registou-se

sobrevivência e crescimento menores e maior percentagem de herbivoria nas parcelas com pastoreio do que nas parcelas

com exclusão de pastoreio. A sobrevivência foi inferior nas parcelas com pastoreio de gado bovino (Gamela), enquanto os

sinais de herbivoria nas plantas sobreviventes foram superiores nas parcelas com pastoreio de gado ovino (Monfurado).

Embora o tempo de permanência do gado não tenha sido considerado neste ensaio, os resultados indicam que o tipo de

herbívoro pode influenciar o estabelecimento de novas plantas na população.

Face aos resultados obtidos, a equipa apresentou um pacote de seis medidas de gestão para a conservação da

Hyacinthoides vicentina, nomeadamente a adequação da mobilização do solo à conservação da espécie, a adequação da

pastorícia a conservação da espécie, o condicionamento de práticas agrícolas intensivas, a manutenção de clareiras em

formações de matos e explorações florestais sem pastoreio, o condicionamento da drenagem e alteração de linhas de

água secundárias e a continuação da monitorização das populações.

No que diz respeito aos produtos identificáveis da acção, segue em anexo o relatório final da acção, as medidas de

gestão propostas, a cartografia produzida e fotografias representativas dos trabalhos realizados.

A Acção D2, referente ao Programa de Monitorização das populações da Flora de Interesse Comunitário, surge em

estreita ligação com a acção A1 e D1. Deste modo, e face aos resultados da Acção A1, relativamente a Narcissus

fernandesii e Festuca duriotagana (não confirmação da posição taxonómica), a equipa do CEBV-FCUl procedeu ao

delineamento de um programa de monitorização apenas para Hyacinthoides vicentina, a única das três espécies-alvo da

acção, confirmada para o Sítio de Monfurado. Este programa contemplou a monitorização das populações naturais e

ensaios de gestão entretanto promovidos para expansão das populações no âmbito da acção A1.

O programa de monitorização definido pela equipa, permitiu avaliar o estado das populações naturais e a sua evolução a

curto e/ou médio prazo, bem como a eficácia das medidas de gestão aplicadas na acção D1, visando o reforço das

populações e a eliminação das ameaças. A selecção de populações em diferente estado de conservação ou em diferentes

graus de ameaça permitiu ainda avaliar as alterações no efectivo populacional, bem como as possíveis causas intrínsecas

e extrínsecas e a eficácia das medidas de gestão aplicadas.

Foram monitorizadas três populações de Hyacinthoides vicentina, uma em Monfurado (2005-2007), outra em Corta-Rabos

(2007) e outra no Calcanhar do Mundo (2005-2007), sendo que esta última já não se encontra no Sítio de Monfurado, mas

no Sítio de Cabrela.

No que respeita aos parâmetros monitorizados, a equipa verificou que a densidade das populações variou durante os três

anos de estudo, com aumentos significativos em 2007 nas populações de Monfurado e calcanhar do Mundo.

Relativamente ao desenvolvimento das plantas, verificou-se que metade do efectivo populacional eram plantas não

reprodutoras, no que respeita às populações de Monfurado e Corta-Rabos. As características morfológicas das plantas

também diferiram entre as populações: as plantas da população do Calcanhar apresentaram folhas e escapos florais

maiores que as restantes populações, o que, segundo a equipa, poderá dever-se ao facto de existir disponibilidade hídrica

durante todo o ano.

Em termos de fenologia, para a qual se destaca a curta duração do período de floração (cerca de um mês, finais de

Março/início de Abril), verificou-se que a maturação dos frutos apresenta um pico em meados de Maio, quando se inicia a

senescência da parte aérea.

A população de Monfurado foi a que apresentou menores resultados, sendo o pastoreio o principal factor responsável pela

destruição as estruturas reprodutoras. O número médio de flores e frutos por planta variou entre 6 e 7, e 3 e 5,

respectivamente. As populações estudadas não diferiram no número de flores, verificando-se no entanto diferenças no

número de frutos produzidos por planta, sendo os valores mais elevados os registados na população do Calcanhar e os

mais baixos na população de Corta-Rabos. O número médio de sementes por fruto variou entre seis (Corta-Rabos, 2007) e

14 (Monfurado, 2006).

Page 47: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 46 -

Figura 46 – Técnica utilizada para determinação da produção de flor e fruto

Devido aos atrasos na selecção das populações, a série temporal de dados recolhidos foi mais reduzida do que

inicialmente previsto. Este facto, associado à ausência de controlo sobre os factores ambientais que variaram durante o

período de recolha de dados (mobilização do solo, intensidade de pastoreio) não permitiram simular a tendência da

população a curto ou a médio prazo. Contudo, nenhuma das populações evidenciou limitações intrínsecas ao crescimento

- a percentagem de plantas jovens, a produção de semente e a percentagem de germinação foram elevadas.

Foram monitorizados o crescimento e os parâmetros reprodutores das plantas em quatro ensaios de reforço populacional,

com exclusão de pastoreio, instalados no âmbito da acção D1. De modo geral, as plantas de Hyacinthoides vicentina

apresentaram dimensões das folhas e do escapo floral superiores às das plantas da população natural de Monfurado. A

percentagem de plantas em flor e o número de flores produzidas por planta no primeiro ano após o transplante foram

próximas dos valores registados na população natural de Monfurado (embora a amostragem nas parcelas-piloto fosse

bastante reduzida quando comparada com a população natural). Contudo, a percentagem de plantas com produção de

fruto e o número de frutos produzidos foram reduzidos.

Embora não tenha sido possível estabelecer um desenho experimental apropriado para testar os efeitos da intensidade e

frequência do pastoreio, os resultados obtidos na população de Monfurado demonstraram que o aumento da intensidade

de pastoreio durante a época de reprodução pode afectar significativamente a produção de semente. O pastoreio

condiciona ainda a sobrevivência e o crescimento plantas jovens (v. acção D1). Apesar disso, o pastoreio é essencial à

conservação da espécie, uma vez que mantém a vegetação herbácea com porte baixo, reduzindo a competição e

aumentando a quantidade e qualidade de luz incidente. Assim, a conservação da espécie passa pela prevenção do

sobrepastoreio, com a gestão adequada do encabeçamento e do número de dias que o gado permanece no local,

especialmente durante a época de floração e de produção de semente.

No que diz respeito a produtos identificáveis, o relatório final da acção (suporte digital) é enviado conjuntamente com o

presente relatório.

A Acção D3, contemplou o desenvolvimento de Ensaios de Gestão para a expansão das populações de Quercus

pyrenaica e Quercus faginea. De acordo com o programado, os trabalhos desta acção foram iniciados conjuntamente com

os da Acção A2, e incluíram, avaliação da produção de semente, avaliação da germinação e sobrevivência em viveiro e

avaliação da germinação e sobrevivência em campo.

Para avaliação da produção de semente, a equipa responsável pelos trabalhos, que se iniciaram logo em 2003, procedeu

à selecção dos locais para instalação dos colectores e respectiva montagem, tendo posteriormente realizados trabalhos de

monitorização das bolotas nos colectores e manutenção dos mesmos. No que respeita a resultados obtidos, a equipa

confirmou as tendências normalmente referidas para o género Quercus: grande variabilidade e imprevisibilidade da

produção anual de semente, e variabilidade intra-populacional.

No geral, o sobreiro (Quercus suber) foi a espécie com maior produção, seguindo-se a azinheira (Quercus ilex) e carvalho-

cerquinho (Quercus faginea).

Page 48: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 47 -

Figura 47 – Colocação de colectores para avaliação da produção de semente

Para avaliação da potencialidade de germinação em viveiro, foram recolhidas bolotas, tendo-se procedido ao seu

armazenamento (a frio) para posterior sementeira e monitorização da respectiva sobrevivência. Em termos de resultados,

a equipa do CEBV-FCUl não registou um efeito significativo da proveniência das sementes na respectiva germinação. A

produção de plantas em viveiro não revelou quaisquer problemas específicos no que respeita aos carvalhos estudados,

pelo que a equipa aponta este processo como forma de sustentar eventuais programas de plantação. No entanto, é

salientada a necessidade de um controlo cuidadoso dos processos de colheita e conservação das sementes, bem como

da sua qualidade, sendo estes aspectos decisivos no sucesso da germinação das quatro espécies analisadas.

Figura 48 – Germinação em viveiro das sementes de carvalhos recolhidas

Para avaliação da potencialidade de sobrevivência das plântulas em campo, a equipa seleccionou e preparou os locais

definidos como parcelas-piloto, procedendo então à plantação e sementeira e posterior monitorização.

O primeiro contratempo verificado quando da realização de sementeira directa, esteve relacionado com a presença de

javalis. Não tendo sido equacionadas numa primeira fase a colocação de vedações, a primeira sementeira revelou-se um

fiasco, tendo os javalis desenterrado a comido a grande maioria das bolotas semeadas.

Ultrapassados este e outros constrangimentos verificados durante a execução desta tarefa, e face aos resultados obtidos,

a equipa do CEBV-FCUL concluiu que a taxa de sobrevivência foi relativamente elevada até à primeira Primavera após a

plantação, diminuindo depois ao longo da Primavera e Verão, verificando uma tendência para a estabilização.

No que respeita a diferenças de germinação entre as quatro espécies estudadas, não se verificou ocorrerem grandes

diferenças. No entanto, as taxas de sobrevivência entre as parcelas foram muito distintas, sendo que a parcela de Arezes

apresentou os valores mais elevados e a da Gamela os valores mais baixos. Um dos factores para a baixa taxa de

sobrevivência nesta parcela, poderá estar relacionada, de acordo com a equipa, pelas condições ambientais,

apresentando a parcela um solo mais seco que as restantes duas parcelas. No entanto, o factor que contribuiu

decisivamente para os fracos resultados obtidos na parcela, foi a presença de gado bovino, que derrubou os protectores

instalados e consumiu e pisoteou as plantas existentes.

No que respeita à parcela instalado no Carvalhal, a equipa atribuiu os menores resultados face à parcela dos Arezes como

sendo uma consequência da maior vulnerabilidade desta parcela à fauna selvagem.

Por parte da CMMN, e como forma de assegurar os compromissos da acção previstos no pedido de alteração, foi instalada

em São Mateus a parcela que visava a expansão do habitat 9240 (carvalhal de Quercus faginea), em substituição do local

anteriormente previsto para a Fazenda do Calção que, como referido na acção B1, não foi possível adquirir como

inicialmente considerado.

Page 49: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 48 -

A referida parcela, não-experimental, foi instalada na Primavera de 2006, tendo sido produzidas no viveiro municipal as

plantas (espécies arbóreas e arbustivas associadas ao habitat) necessárias à respectiva implementação, a partir de

recolhas efectuadas em povoamentos existentes no interior do Sítio (Carvalhal, envolvente ao Rio Almansor e Paião),

recorrendo-se a um total de cerca de 180 exemplares produzidos no Viveiro, bem como a arbustivas florestais produzidas

desde o primeiro ano (sobretudo Pistacia lentiscus, Myrtus communis, Rosa canina, Prunus spinosa e Pyrus bourgaeana).

As plantações efectuadas em São Mateus visaram não só promover o carvalhal de Quercus faginea, como também

eliminar, a médio prazo, as árvores exóticas existentes nesta parcela, no que constitui um aspecto particularmente

interessante em termos de divulgação.

Figura 49 – Parcela não-experimental de carvalhal de Quercus faginea (habitat 9240) instalada junto a São Mateus

Durante o Verão, quer de 2006, quer de 2007 e ainda em 2008, as plantações efectuadas na parcela foram e são objecto

de rega pontual com apoio do equipamento adquirido para esse fim no âmbito do Projecto. Em finais de 2006, o estado

das plantações foi objecto de reavaliação, tendo-se procedido a novas plantações sempre que se verificou a ocorrência de

árvores e arbustos mortos. Paralelamente, e dado que na área se procedeu à instalação de alguns dos equipamentos de

apoio e direccionamento de visitantes instalados no âmbito da acção C1, foi feito um reforço das plantações de arbustivas,

com instalação de novos núcleos, de forma a melhor ilustrar e demonstrar as espécies características do habitat. Estes

trabalhos encontram-se concluídos e serão replicados sempre que necessário, de forma a assegurar a existência futura,

no local, do habitat 9240, que em associação com a componente de estadia igualmente instalada, permitirá assegurar

objectivos de demonstração particularmente eficazes.

No que respeita à instalação de uma parcela de carvalhal de Quercus pyrenaica (habitat 9230), a CMMN procedeu, no

início de 2007, e após várias conversações, à instalação numa área de cerca de 1000 m2 de 200 exemplares de Quercus

pyrenaica e alguns exemplares de Fraxinus angustifolia e Alnus glutinosa, junto a um freixial já ali existente. À semelhança

da parcela de São Mateus, todas as espécies plantadas na parcela João Cidade provieram do viveiro municipal,

garantindo-se a sua origem, uma vez que as recolhas das sementes foram efectuadas localmente.

Em termos de manutenção, e como vem já sendo prática comum, a equipa de jardineiros da CMMN tem vindo a assegurar

também a rega desta parcela, prevendo-se que, após entrada em funcionamento da Casa João Cidade (destinada a

pessoas com alguma deficiência), a rega seja transferida para aquela entidade.

Figura 50 – Trabalhos empreendidos para instalação da parcela João Cidade (parcela não-experimental de carvalhal de Quercus

pyrenaica)

Ao nível dos produtos identificáveis da acção, para além das parcelas experimentais instaladas pelo CEBV-FCUL e não-

experimentais instaladas pela CMMN, envia-se em anexo o relatório final da acção, fornecido pela equipa em Setembro de

2007.

Page 50: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 49 -

Os trabalhos da Acção D4, referentes à Monitorização Aquática com Sistema de Bio-Indicadores / Musgos Aquáticos,

decorreram de acordo o previsto.

No que respeita a trabalhos desenvolvidos, a equipa efectuou um levantamento sobre a existência de musgos in situ no

Sítio de Monfurado, a selecção de locais alternativos de recolha de musgos para transplantar, a caracterização do local de

recolha de musgos, a selecção do tipo de transplante e posicionamento na linha de água mais adequados para as

condições locais, a definição da duração do tempo de permanência do transplante, e, de uma forma geral, o planeamento

das amostragens no espaço. Concluído este levantamento, e após a realização de ensaios preparatórios, foram definidos

40 pontos de amostragem, com base na informação obtida no campo relativa à existência de água e nos resultados das

análises de poluentes concentrados nos musgos recolhidos nos ensaios preparatórios.

Obtida a necessária licença pelo ICN, foram promovidas três campanhas de campo, em que os transplantes de musgos do

local controlo (Serra de São Mamede) foram colocados nos pontos de amostragem nas linhas de água do Sítio de

Monfurado. Esses transplantes foram retirados após 3 meses de exposição tendo sido transportados para o laboratório e

preparados para análises químicas.

Figura 51 – Colocação de transplante nas ribeiras de Monfurado; aspecto do transplante de musgo colocado.

A vitalidade dos musgos aquáticos foi directamente medida através da fluorescência da clorofila, uma técnica amplamente

utilizada dado que permite de forma simples avaliar os efeitos dos poluentes na realização da fotossíntese pelos musgos.

Foram igualmente melhoradas as metodologias analíticas de tratamento dos musgos e determinação de concentração de

poluentes nos seus tecidos.

Face aos resultados obtidos, a equipa verificou que o parâmetro da vitalidade utilizado se revelou muito integrador das

perturbações a que os musgos estiveram sujeitos durante os três meses de permanência nos locais de amostragem, o que

permitiu uma visão integradora ao longo do tempo destes factores. Outro dos resultados obtidos, permitiu à equipa concluir

pela existência de uma continuidade espacial nas manchas de maior impacte, o que sugere que os usos do solo e a

poluição difusa são factores muito importantes para determinação destes impactes nas ribeiras.

No que respeita a problemas com a qualidade da água das ribeiras de Monfurado, e muito embora os resultados não

causassem estranheza, a equipa concluiu que ocorrem, de forma generalizada, nos períodos em que ocorrem baixos

valores de precipitação. Verificou ainda que as ribeiras do Sítio não são uma importante fonte de metais pesados, como o

níquel e o chumbo, ao mesmo tempo que concluiu que as ribeiras com maior quantidade de sedimentos apresentam maior

concentração de ferro, manganês e zinco, o que pode estar relacionado, em alguns casos, com os usos do solo como a

agricultura permanente, as zonas de pastoreio, com o número de vacas e com a existência de fossas sépticas ou

descargas de efluentes domésticos directas. A equipa identificou como zonas de maior risco de qualidade da água as

zonas do Escoural e Montemor-o-Novo.

No que respeita a medidas de gestão, foi proposto a monitorização regular do estado ecológico das ribeiras, a

implementação de um processo participativo com os proprietários confinantes com as ribeiras em pior estado de

manutenção, no sentido da adopção de boas práticas e uma maior atenção à qualidade os efluentes das principais

estações de tratamento, bem como à qualidade dos mesmos no que respeita às explorações suinícolas existentes.

No que diz respeito à sensibilização do público e divulgação de resultados - e indo para além do preconizado em

candidatura e sem custos adicionais para o projecto - foram desenvolvidas diversas actividades, que incluíram: a

elaboração e disponibilização on-line de um artigo no portal Naturlink

(http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=15834&iLingua=1); a apresentação de poster num congresso ibérico; a

realização de uma acção no âmbito do programa Ciência Viva que envolveu um passeio pelas Ribeiras de Monfurado. Foi

ainda feita uma apresentação oral no I Fórum Oeiras Ambiente (realizado em Março de 2006) e elaboradas propostas de

© CEBV-FCUL © CEBV-FCUL

Page 51: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 50 -

actividades para as escolas, em ligação com a acção E1, bem como apoiados alguns dos passeios da iniciativa “Dias

Tranquilos” previstos na acção E2.

Ao nível dos restantes produtos identificáveis da acção, segue em anexo o relatório final da acção, bem como a

cartografia produzida.

Os trabalhos no âmbito da Acção D5, referente à Operação regular das novas valências do Viveiro Municipal no período

do Projecto – Propagação de Espécies Florestais e Ripícolas, decorreram de acordo com o previsto, incluindo as

alterações propostas no pedido de alteração.

Aproveitando a primavera de 2004, foram iniciados os primeiros ensaios de propagação de espécies a utilizar no projecto.

Com o apoio técnico previsto, foi possível assegurar, com sucesso, a produção de um vasto conjunto de espécies

autóctones, a partir de sementes e /ou estacas recolhidas na área do sítio de Monfurado. Estes trabalhos, foram

continuados ao longo de todo o tempo em que durou o projecto, prevendo-se a sua continuação no período pós-projecto.

No que respeita às técnicas de propagação aplicadas às espécies seleccionadas, estas revelaram-se, de um modo geral,

adequadas, tendo-se produzido, quer em termos numéricos, quer em termos de diversidade de espécies, exemplares que

excederam as necessidades previstas para as acções de gestão.

Figura 52 – Propagação de espécies autóctones no viveiro municipal

Muito embora os resultados obtidos tenham sido francamente positivos e reveladores de um bom trabalho, convém referir

que em termos de pessoal, foi necessária uma boa articulação entre a equipa de jardineiros da CMMN. Apesar de

contemplado no pedido de alteração o reforço do pessoal afecto a esta acção, através da contratação adicional de um

jardineiro para apoio ao funcionamento regular do viveiro, face às restrições impostas pelo Orçamento de Estado de 2006,

o concurso que na altura se encontrava a decorrer, foi suspenso.

De forma a não comprometer os trabalhos previstos para aqueles funcionários, foram então alocados, para assegurar

essas funções, outros jardineiros do Quadro de Pessoal. Também problemático, mas também ultrapassado, foi o processo

de contratação da responsável técnica pelo Viveiro. Por motivos administrativos associados aos procedimentos da sua

contratação, a técnica em questão ficou sem vínculo para com a CMMN entre Novembro de 2006 e Janeiro de 2007, o que

comprometeu algumas tarefas de orientação em matéria de recolha de material vegetal para propagação na Primavera de

2007. Esta situação foi ultrapassada em termos administrativos com a celebração de um contrato a termo, que garantiu a

continuidade das suas funções até ao final do Projecto, enquanto que a nível técnico, culminou na realização de um

conjunto de esforços adicionais mas, como já referido, com resultados extremamente positivos.

No que diz respeito aos produtos identificáveis, e para além do Viveiro e material vegetal nele produzido, foi elaborado o

relatório final da acção, que segue no CD-ROM anexo.

A Acção D6, coordenada pela UE e ERENA e referente a Medidas de Fomento de Habitat para Fauna em Zonas

Abrangidas pelo Regime Cinegético, teve o seu início após a aprovação do Projecto com a realização de uma reunião

promovida pela CMMN que envolveu a participação dos demais parceiros, com vista à definição e programação das

actividades de campo. A execução dos trabalhos inicialmente previstos na Zona de Caça Turística do parceiro

SOBRALCAÇA foi inviabilizada pela sua desistência, o que envolveu, desde logo, o desencadear de medidas com vista à

resolução do problema.

Foram novamente encetados contactos com os gestores das restantes zonas de caça abrangidas pelo Sítio de Monfurado,

e considerou-se a integração, no Pedido de Alteração, de todos aqueles que nisso mostraram interesse e que tinham

capacidade para desenvolver acções de gestão de habitat nos terrenos por si geridos, o que se verificou apenas ser uma

Page 52: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 51 -

realidade para o parceiro MONFURADO (apesar de mais duas zonas de caça terem mostrado inicialmente interesse em

ser parceiras do Projecto).

No que diz respeito aos inventários de campo, coordenados pela UE e ERENA, estes foram realizados conforme

programado. Inicialmente realizaram-se nas zonas de caça de FALVES e ACARAC, tendo-se posteriormente alargado à

zona de caça do parceiro MONFURADO. Envolveram a caracterização das áreas de estudo incluindo a avaliação das

populações de lagomorfos e a avaliação das populações de perdiz-vermelha, bem como de predadores, nas áreas de

estudo. A avaliação das populações de coelho foi efectuada com base na realização de transectos com registo de indícios

de presença e de faroladas nocturnas para contagem de animais. As contagens de perdiz-vermelha foram realizadas ao

longo de uma rede de transectos linear, percorrida em veículo de todo-o-terreno, com registo das distâncias de detecção

das perdizes avistadas. Os resultados obtidos evidenciaram que, em ambas as zonas de caça, as abundâncias de coelho

e lebre são escassas, o que demonstrou a pertinência da acção e a necessidade de implementação de medidas de gestão

com vista à recuperação destas populações.

Após a avaliação da situação de referência foram definidas medidas de gestão de habitat, diferenciadas para cada zona de

caça, e que visavam genericamente intervenções em matéria de aumento de coberto, alimentação e disponibilidades

hídricas.

No que diz respeito à zona de caça gerida pelo parceiro ACARAC, e como forma de melhorar a disponibilidade hídrica

para a fauna, foram colocados bebedouros artificiais no interior da Herdade do Carrascal, para que os pontos de água não

distassem entre si mais de 500 metros, promovendo a existência de água em permanência. Para melhorar as

disponibilidades de alimento e coberto vegetal, esteve prevista a execução de sementeiras de trigo, aveia e sorgo, a que

se associava a protecção dessas áreas do gado, para permitir o desenvolvimento do coberto vegetal, proporcionando

abrigo aos animais. Pretendia-se utilizar, para estes fins, cantos de cercados e pequenos parques com rede em redor das

zonas de alimentação. As sementeiras encontram-se, relativamente à implementação das outras medidas, com algum

atraso, decorrente sobretudo de imprevistos de ordem meteorológica, que inviabilizaram por diversas vezes a sua

concretização. Já só no ano de 2006 foi possível realizar parte das sementeiras previstas desde 2005, de forma a proceder

à instalação de culturas para a fauna. Pelos mesmos motivos, e de forma a assegurar um reforço alternativo das

disponibilidades alimentares, foi necessário proceder à distribuição de alimentação em grão, em comedouros distribuídos

por toda a Zona de Caça, no ano de 2005. De salientar que não foi inicialmente possível implementar algumas das culturas

para a fauna previstas pela dificuldade de obtenção de autorização por parte do proprietário da Herdade da Regadia.

Relativamente ao reforço da população de coelhos bravos, foi efectuado um primeiro ensaio, tendo por base um cercado

construído com apoio do Projecto na Herdade do Carrascal. Capturados durante a madrugada do dia 14 de Julho numa

exploração cinegética no Redondo, foram aí libertados nove coelhos, dos quais três machos, duas fêmeas e quatro juvenis

cujo sexo não pode ser identificado com segurança. Como forma de garantir abrigo para os animais, foram construídos

abrigos artificiais com pedras, ramos de árvores e terra. Relativamente à alimentação, foram disponibilizados um

comedouro e um bebedouro, para garantir a existência de alimento e água em permanência, uma vez que o cercado se

encontrava inicialmente fechado, impossibilitando os coelhos de sair.

Figura 53 – Ensaio de reforço populacional de coelhos na Herdade do Carrascal

Durante uma semana, a equipa monitorizou o cercado, até confirmação do desaparecimento dos indivíduos. Na primeira

visita foi detectado um buraco na rede do cercado, o que pressupôs a entrada de um carnívoro. Nos dias seguintes, a

monitorização levada a cabo pela equipa não identificou nenhum indício de predação, constatando no entanto uma

diminuição da actividade dos lagomorfos, o que sugeriu um menor número indivíduos no interior do cercado devido a fuga

ou predação.

Decorrido o ensaio, e face aos resultados obtidos, era intenção das equipas ampliar os reforços de população com esta

espécie, recorrendo para o efeito ao apoio de outro cercado instalado na Zona de Caça e zonas de alimentação anexas.

Page 53: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 52 -

No entanto, este objectivo não foi atingido, por não se conseguir assegurar o fornecimento dos animais necessários, em

boas condições fitossanitárias.

Na sequência deste contra-tempo, e por motivos alheios à CMMN, relacionados com o próprio funcionamento da

associação, não foi dada continuidade à implementação de outras medidas de gestão preconizadas pela equipa da UE.

No que diz respeito à Zona de Caça Turística da Gamela e Anexas, da qual o parceiro FALVES é gestor, e muito embora

se tenha procedido a trabalhos de caracterização da zona de caça, com identificação da necessidade de realização de

trabalhos para aumento do coberto e alimentação, bem como aumento das disponibilidades hídricas, o parceiro optou por

cessar, em Abril deste ano, e numa fase em que se iniciava a redacção do relatório final, a sua parceria no projecto. Para

tal, fez chegar à CMMN um ofício no qual apresentava a desistência, bem como um cheque, de forma a devolver o

montante transferido até então pela CMMN.

Durante o tempo em que o parceiro integrou o quadro de parcerias do projecto, e apesar das inúmeras solicitações, quer

por parte das equipas responsáveis pelos trabalhos no terreno, quer por parte da CMMN, no que respeita não só à

execução dos mesmos, mas também à sua participação nos Concelhos de Gestão e Consultivo, o facto é que nunca

houve resposta positiva. Face ao fraco, ou mesmo nulo contributo do parceiro para o desenvolver das acções propostas, a

CMMN aceitou o pedido de intenção de desistência do parceiro.

No que diz respeito à Zona de Caça Turística da Herdade da Defesa e Anexas, e tendo em conta que a avaliação da

situação de referência teve o seu arranque ainda no período em que decorria a discussão do Pedido de Alteração, foi

possível calendarizar com o seu gestor, o parceiro MONFURADO, logo após a aprovação daquele pedido, os trabalhos em

matéria de gestão de habitat, os quais seguiram as orientações da equipa da Universidade de Évora e ERENA.

Os trabalhos incidiram na protecção de parcelas com colocação de cerca com rede ovelheira, comedouro e instalação de

culturas para a fauna, assim como na distribuição de alimento para a fauna (directamente no chão de outras áreas da zona

de caça). Foram construídas e semeadas sete cercas e vedados ao gado dois locais extra; em todas as cercas foram

colocados comedouros e bebedouros.

Em termos de disponibilidades hídricas, foi concretizado o incremento dos pontos de água, através da colocação adicional

de bebedouros artificiais, a deslocação/ajuste da localização de bebedouros já existentes e adaptação dos bebedouros de

gado existentes de forma a facilitar o acesso à água por parte da fauna silvestre (através da colocação de rampas de

acesso e medidas análogas). O parceiro, assegurou sempre a manutenção e reforço destas medidas, com resultados

positivos, mas pouco significativos ao nível das espécies cinegéticas e outras espécies silvestres, que se verificou também

recorrerem a este tipo de estruturas de apoio para a sua alimentação e refúgio.

Figura 54 – Aumento das disponibilidades hídricas e de alimento efectuadas na Herdade da Defesa, propriedade do parceiro

MONFURADO

No que respeita a cercados, o parceiro construiu nove dos cercados propostos, criando um outro numa localização

alternativa. Em cada um deles, e como forma de aumentar os pontos de água e alimento, uma das medidas de gestão

referidas anteriormente, foi instalado um comedouro e efectuadas sementeiras de trigo e/ou tremocilha. Decorrendo de

visitas levadas a cabo pela equipa responsável, foi possível perceber que as medidas de gestão estavam, na medida do

possível, a ser cumpridas, uma vez que oito dos nove cercados estavam na altura lavrados para instalação de nova

sementeira para a fauna. Demonstrando uma vez mais o interesse e empenho do gestor, proprietário da Herdade, a

equipa verificou que em quatro dos cercados então intervencionados, tinham sido deixados tufos de erva alta, mantendo

assim potenciais locais de abrigo para as espécies.

Em termos gerais, esta acção revelou algumas dificuldades, na grande maioria motivadas pela exclusão de algumas das

zonas de caça previstas inicialmente e, principalmente, pela fraca implementação das medidas de gestão propostas pelas

Page 54: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 53 -

equipas da UE e da ERENA. No entanto, é opinião da equipa técnica da CMMN, corroborada com a opinião do parceiro

MONFURADO, que os trabalhos da acção permitiram demonstrar a utilidade e implementação das medidas de gestão

adoptadas.

Em termos de produtos identificáveis, são enviados os relatórios finais da acção elaborados pelas duas equipas

responsáveis, nomeadamente UE e ERENA. Para além disso, seguem ainda fotografias que registam alguns dos trabalhos

realizados.

A Acção A7, referente à Monitorização e Fiscalização Regular no Sítio de Monfurado, permitiu criar uma brigada de

fiscalização constituída por 2 fiscais, contratados para o efeito, a qual entrou em funções em Agosto de 2004 e esteve em

funcionamento com resultados positivos até ao final do projecto. Para garantir o seu funcionamento, foram adquiridos os

equipamentos previstos no projecto.

Figura 55 – Carrinha todo-o-terreno e GPS adquiridos no âmbito do programa LIFE, afectos à brigada de fiscalização

As actividades de fiscalização incluíram o atendimento prioritário de reclamações, visitas regulares a locais específicos,

colaboração com outras entidades e outros trabalhos de apoio ao projecto. Estes trabalhos foram desenvolvidos não só na

área do Sítio mas também numa envolvente de cerca 1000 metros. No total foram percorridos 70000 km (cerca de 375

km/semana) e realizadas 2700 inspecção/visitas (cerca de 15 visitas/semana).

As acções realizadas apresentaram, tal como previsto, uma:

Componente pedagógica e de sensibilização

Este tipo de actuação consistiu na sensibilização do responsável, numa perspectiva pedagógica que se

considerou indispensável, pois na maioria das situações não havia conhecimento de que o acto era ilegal. Esta

sensibilização foi aplicada em situações de menor gravidade, que pela sua dimensão ou tipologia não colocavam

imediatamente em causa os valores naturais, sendo à partida susceptíveis de resolução célere. A adopção deste

procedimento não invalidou que, quando a situação não foi corrigida dentro dos prazos estipulados, se

elaborassem as correspondentes Participações, solicitando a abertura do respectivo processo de contra-

ordenação.

Estas situações corresponderam a cerca de 70% das infracções detectadas e envolveram diversas propriedades

e tipologias de acções, nomeadamente: alteração de uso do solo sem previa licença municipal prevista na lei;

deposição ilegal de diversos resíduos; pequenas obras de construção civil em edifícios pré-existentes; reactivação

de exploração suinícola sem licença; etc.

Componente punitiva

Esta actuação consistiu na elaboração de Participações após a detecção da situação, não inviabilizando uma

acção complementar, pedagógica e de sensibilização. Este procedimento foi aplicado nos casos entendidos mais

graves ou reincidentes, nos quais se incluíram todas as situações que de alguma forma comprometessem a

conservação de habitats ou espécies listados na Directiva Habitats.

Estas situações resultaram essencialmente de: descargas não licenciadas de efluentes agro-pecuários,

escorrência de efluente proveniente de fissuras nos taludes das lagoas, construção não licenciada de infra-

estruturas hidráulicas e limpezas não licenciadas de linha de água com elevado valor conservacionista.

As acções e resultados obtidos podem ser consultados em pormenor no relatório final da acção, destacando-se desde já

os seguintes:

A brigada de fiscalização garantiu uma resposta positiva e célere às 24 reclamações apresentadas durante o

projecto, incentivando uma participação mais activa na fiscalização por parte dos próprios munícipes;

Page 55: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 54 -

Foram identificadas 71 infracções com diferentes níveis de gravidade. A maioria foi referente a depósitos ilegais

de resíduos e descarga de efluentes sem licença, constituindo principalmente situações de média/reduzida

gravidade (70%).

Salvo raras excepções, existiu uma resposta positiva por parte dos responsáveis pelas infracções detectadas. No

total foram corrigidas 46 infracções (65 % das infracções detectadas), relacionadas maioritariamente com

depósito ilegal de resíduos descarga de efluentes, florestações, movimentação de terras, obras ilegais, etc.

Nas situações não resolvidas foram iniciados 15 processos de contra-ordenação pelos serviços jurídicos da

CMMN (9 encontram-se em fase de conclusão). Adicionalmente foram comunicadas 4 participações a outras

entidades (casos em que a CMMN não tinha competências de contra-ordenação);

Foi garantida uma acção de sensibilização e prevenção que permitiu actuar sobre situações problemáticas antes

que as mesmas se tornem mais graves;

Foi garantido um maior controlo no terreno no que respeita ao cumprimento das condições impostas nos

pareceres previamente emitidos pela CMMN e pelo ICN, relativamente à execução dessas acções na área do

Sítio;

A brigada de fiscalização apoiou a elaboração e a recolha de informação necessária ao desenvolvimento de

outras acções do projecto e que permitiram uma actualização e melhor conhecimento dos dados disponíveis

sobre o Sítio (Acção C1, C2, C4, A6 e A7);

As acções realizadas promoveram a trocar informação e interacção com outras entidades com competências de

fiscalização na área do sítio;

Foi possível monitorizar o estado de conservação e a evolução dos habitats e espécies considerados com maior

interesse de protecção.

Face ao acima referido, concluiu-se que as acções de fiscalização foram muito importantes não só ao nível da correcção

de situações e punição dos responsáveis, mas também ao nível da sensibilização e informação dos interessados.

Reconhecendo a importância desta brigada de fiscalização enquanto instrumento de gestão e conservação do Sítio, a

CMMN manteve a brigada de fiscalização em funcionamento até ao momento, mesmo sem o apoio financeiro da

Comissão Europeia. Tendo em conta os resultados e os conhecimentos e meios já adquiridos no projecto, a CMMN esta a

analisar a hipótese de assegurar a sua continuidade a longo prazo.

Desta forma, o programa de execução que compõe o PIER (previsto na acção A7) integrou desde já acções que visam a

definição de um “Programa de monitorização/fiscalização para o Sítio”, bem como a “Operação da Brigada de Fiscalização

para o Sítio de Monfurado”, que deverá assegurar a execução do referido programa de monitorização/fiscalização em

conjunto com outros técnicos da autarquia. No entanto, a continuação desta brigada poderá estar dependente de co-

financiamentos futuros.

No que respeita a produtos identificáveis, seguem em anexo o relatório final da acção.

5.5. Sensibilização do Público e Divulgação dos Resultados

A Acção E1, A Escola Conserva o Sítio de Monfurado teve o seu início durante o Outono de 2004, cumprindo assim um

dos marcos do projecto. Esta acção sofreu grandes alterações ao longo do tempo em que decorreu, mantendo-se no

entanto os seus objectivos. Estas alterações, foram consequência de um trabalho conjunto desenvolvido durante cerca de

quatro anos (2004 a 2008).

No primeiro ano de trabalho, que correspondeu ao ano lectivo 2004/05, e que contou com o empenho das equipas

técnicas da CMMN e CEBV-FCUL, foram envolvidas as escolas básicas e jardins-de-infância de São Mateus, Escoural e

Casa Branca. Os temas trabalhados, que na altura foram complementados por um manual de apoio ao professor

elaborado pelas equipas envolvidas, incidiram sobre a temática “Vamos conhecer…os Carvalhos de Monfurado” e “Vamos

conhecer…os Narcisos de Monfurado”.

Page 56: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 55 -

Muito embora as actividades tenham decorrido de acordo com a planificação estabelecida, verificou-se que o calendário

escolar que os docentes, no caso das escolas básicas, eram obrigados a cumprir era demasiado extenso e intenso, não

deixando grandes espaços para a realização de actividades do género.

Face a estes constrangimentos, e antecipando o novo ano lectivo (2005/06), a equipa da CMMN contactou o Agrupamento

de Escolas, no sentido de este fazer chegar com a celeridade possível, a informação aos docentes potencialmente

interessados. No entanto, quando a equipa da CMMN contactou directamente os docentes (o que veio a ocorrer em

Dezembro de 2005, pois até lá aguardava-se uma resposta do Agrupamento), verificou que os mesmos desconheciam o

programa, bem como as actividades propostas. Feita a exposição das mesmas, os professores lamentaram não ser

possível participar, alegando novamente motivos de calendário escolar. A única excepção, foi o Jardim-de-Infância do

Escoural que, por não possuir um calendário tão rigoroso e na sequência da “Noite Europeia dos Morcegos”, que decorreu

em Setembro de 2005, manifestou vontade de participar nas actividades, desde que as mesmas se relacionassem com os

morcegos. Aceite o desafio pela equipa da CMMN, foram preparadas uma série de actividades, que tiveram o seu ponto

alto com o desfile de Carnaval, uma vez que todos os meninos se fantasiaram de morcegos.

Figura 56 – Desfile de Carnaval realizado em 2006 no Escoural, pelo jardim-de-infância, sob o tema “Vamos conhecer…os morcegos de

Monfurado”

Para continuação das actividades já desenvolvidas com os carvalhos, contactaram-se a Escola Básica e Jardim-de-

infância de São Cristóvão, cujas professoras manifestaram interesse em participar, mas que, posteriormente, por razões

internas - que se prendem com a existência de uma professora substituta que estava a chegar ao término do seu contrato -

optaram por não o fazer.

Apesar de no ano lectivo 2005/6 as escolas existentes no interior do Sítio de Monfurado não terem manifestado interesse

em participar nas actividades, a CMMN foi contactada pela Escola Básica Conde Ferreira, de Montemor-o-Novo, no

sentido de as desenvolver, ao longo do ano lectivo, todas as segundas-feiras, durante aproximadamente duas horas.

Assim, foram aqui realizadas as actividades anteriormente definidas para os carvalhos, bem como, numa segunda fase, as

actividades relacionadas com os morcegos.

No final do ano lectivo foram feitos novos inquéritos a alunos e professores, no sentido de obter as impressões destes

acerca das actividades desenvolvidas e poder melhorar o programa do ano seguinte. De acordo com o questionário

realizado junto dos professores, para além de questões como as acima referidas, foi ainda mencionada a necessidade de

alargar o tema das actividades para além dos carvalhos, como forma de captar mais a atenção dos alunos que, ao longo

do tempo, poderiam vir a ficar desmotivados. Outro aspecto focado foi a realização de mais saídas de campo, para

recolher materiais e observar mais de perto a natureza.

Decorrendo das propostas anteriores, no ano lectivo 2007/08, acrescentou-se um novo programa aos três já existentes,

desta vez sob o tema “Vamos conhecer…o rato de Cabrera de Monfurado”. Neste ano, e tendo-se antecipado o contacto

directo com os professores, foi possível trabalhar com três turmas do jardim-de-infância (Escoural, São Mateus e São

Cristóvão) e três turmas de duas escolas básicas (São Mateus e São Cristóvão). Entre outras actividades, os meninos

tiveram a oportunidade de ver in situ um túnel construído por este pequeno roedor, bem como identificar dejectos frescos.

Ao mesmo tempo, e decorrendo de um trabalho de doutoramento que decorria na UE sob a espécie, os meninos puderam

observar ao vivo o rato de Cabrera. Para esta saída de campo, contou-se com a colaboração da equipa responsável pela

acção A7.

Page 57: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 56 -

Figura 57 - Saída de campo para observação de túneis e latrinas e visita ao terrário

No presente ano lectivo (2007/08), muito embora o projecto terminasse em Março deste ano, foi apresentada junto das

escolas e jardins-de-infância que ocorrem na área do Sítio, os quatro programas. As actividades desenvolvidas, muito

próximas às actividades finais constantes do kit pedagógico, constituíram um sucesso junto dos alunos. Face à diversidade

de programas propostos pela equipa da CMMN, cada turma/professor pode escolher o tema a trabalhar, recaindo a

escolha, em mais do que um caso, em dois dos temas apresentados, sendo os mais apreciados, os morcegos e o rato de

Cabrera.

No que respeita ao kit pedagógico, e muito embora estivesse previsto para o início das actividades desta acção, só foi

possível concluí-lo já em 2008. Os motivos que estiveram na origem deste atraso, estão relacionados com os

constrangimentos verificados no decorrer da acção. O facto de se ter dispendido recursos, tempo e energia, inicialmente

não programados, em reuniões com as várias escolas existentes na área do Sítio, por forma a obviar questões como o

excessivo peso do calendário escolar, a rotatividade dos professores e necessidade de se apresentar, todos os anos, um

novo tema para trabalhar (inicialmente estava previsto apenas um único tema), levaram a que os esforços da equipa

técnica responsável fossem canalizados no sentido de responder às solicitações dos alunos/professores. Associado a

estas questões, a reestruturação de serviços e o facto da técnica responsável pela elaboração do caderno de encargos

necessário ao lançamento do concurso do kit, ter interrompido o trabalho por cerca de três meses, em virtude da não

renovação do contrato, levou a que a saída do concurso ocorresse mais tarde. Face à sua especificidade e reduzido

número de exemplares pretendidos (50), das várias empresas convidadas, apenas uma apresentou proposta pelo que,

apesar de superar em muito o valor disponível para a sua execução, a CMMN optou por adjudicar os trabalhos.

No que respeita a conteúdos, o kit pedagógico é constituído por:

5 capas temáticas, subordinadas as temas “Vamos conhecer…o Sítio de Monfurado” (informação para o

docente), “Vamos conhecer…os carvalhos do Sítio de Monfurado”, “Vamos conhecer…as jacintos do Sítio de

Monfurado”, “vamos conhecer…os morcegos do Sítio de Monfurado” e “vamos conhecer…o rato de Cabrera do

Sítio de Monfurado”; cada capa contém fichas teóricas e fichas com actividades práticas (individuais e em grupo),

susceptíveis de serem fotocopiadas;

1 CD-Rom (contém toda a informação constante nas fichas, desenhos para colorir e goddies)

1 jogo (tipo trivial) com 25 cartões de pergunta-resposta sobre os valores naturais abordados no kit pedagógico

(incluiu ainda 1 dado, quatro peões e os respectivos “queijos”);

4 blocos A5, com identificação do tema, para registo de informação;

4 canetas;

4 canetas de acetato;

4 caixas de lápis-de-cor;

4 prensas (para herbário);

4 lupas;

4 pinças;

8 caixas de Petri;

8 copos para recolha de amostras;

20 sacos para recolha de amostras;

1 conjunto de jardinagem (constituído por pá, ancinho e sacho);

Page 58: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 57 -

1 caixa (para guardar todos os elementos do kit).

Figura 58 – Kit pedagógico elaborado no âmbito da acção E1

No que respeita à sua distribuição por todas as escolas do concelho, e tendo sido contactado o Agrupamento de Escolas

de forma a definir uma melhor estratégia para a respectiva entrega, foi solicitado pelo mesmo que a entrega do kit

ocorresse apenas no início do novo ano lectivo, previsto para 10 de Setembro. O facto do kit só estar concluído e

produzido em Março deste ano, altura em que se aproxima a passou largos o final do ano, tendo os professores que

garantir a totalidade do programa escolar foram os motivos avançados pelo Agrupamento. Muito embora a CMMN t ivesse

previsto a sua entrega para o Dia do Ambiente (5 de Junho), optou-se no entanto por esperar pelo novo ano escolar,

aproveitando-se a oportunidade para explicar, junto das restantes escolas que não as do Sítio, os objectivos e

funcionamento do mesmo.

No que respeita a produtos identificáveis, segue em o CD-Rom que acompanha o kit pedagógico, bem como algumas

fotografias do mesmo. Muito embora estivesse prevista, embora não fosse obrigatório, a entrega de um relatório final da

acção, não foi possível concluir a sua redacção em tempo útil. Com a aproximação do final do ano lectivo, a entrada de

baixa por maternidade de uma das técnicas envolvidas na sua redacção, e o volume de trabalho inerente ao concluir de

um projecto desta natureza, levou a que se optasse por reunir esforços no sentido da conclusão do relatório final do

projecto, em detrimento do relatório final da acção.

A Acção E2, referente à Dinamização do Núcleo de Interpretação Ambiental do Sítio de Monfurado e outras Infra-

estruturas de Apoio, decorreu, desde a aprovação do projecto, sob coordenação da CMMN. Dando cumprimento a um dos

marcos do projecto, o Núcleo iniciou o seu funcionamento em Outubro de 2003, fazendo-o de forma regular, com abertura

ao público de segunda a domingo, das 9h às 16h, ininterruptamente. No entanto, desde Junho (período já não abrangido

pelo projecto), face à baixa por licença de maternidade de uma das técnicas afectas ao equipamento e à impossibilidade

de contratar outra pessoa para a substituir, o Núcleo passou a funcionar, até regresso da mesma, de terça a sábado,

mantendo no entanto o mesmo horário (9h-16h).

No que respeita a ao funcionamento regular, verificou-se que o número de visitantes, incluindo visitantes ocasionais e

participantes em actividades pré-programadas, previamente solicitadas e organizadas pelo Núcleo, aumentou ao longo dos

cerca de cinco anos de duração do projecto. Em termos absolutos, durante o ano de 2003 o equipamento foi visitado por

479 visitantes, em 2004 por 728, em 2005 por visitantes 825 e em 2006 por 952 pessoas. Em 2007, verificou-se no entanto

uma diminuição do número de visitantes face ao ano anterior (754 visitantes), sendo que até Março deste ano, o Núcleo já

teve a visita deb1137 pessoas, o que corresponde a um aumento de 1023 no que respeita a igual período de 2007

(Janeiro-Março). Este aumento significativo de visitantes, tem por base o facto de se ter comemorado no Núcleo, e com

toda as escolas do concelho, o Dia Mundial da Árvore.

No que respeita às estações do ano, é durante os meses de Primavera (Março até finais de Junho) e no Outono (Setembro

até princípios de Novembro) que o Núcleo é mais procurado. Uma das razões que se pensa poderá estar relacionada com

estes picos de procura, tem a ver com o facto de nestas alturas, se verificarem condições climatéricas mais amenas, pelo

que mais agradáveis para realizar actividades ao ar livre, percursos pedestres e de BTT, actividades disponibilizadas pelo

Núcleo.

Page 59: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 58 -

Relativamente à iniciativa “Dias Tranquilos”, incluída nesta acção, desde o seu início que se revelou um sucesso. Esta

iniciativa, englobou dois passeios pedestres, de frequência quinzenal, com temáticas entre a divulgação da fauna e flora

do Sítio, acções de conservação focadas pelo projecto, promoção das actividades tradicionais e património cultural

associado. Ao longo dos passeios, foi sempre efectuada, pelo orador convidado ou pelo pessoal do projecto, uma pequena

apresentação sobre o tema do passeio, cujo intuito era conduzir a uma discussão saudável, promovendo a troca de ideias

e diferentes pontos de vista, ao mesmo tempo que funcionava como um facilitador de convívio entre os participantes. Este

modelo implicou, dada a disponibilidade sempre manifestada pelos oradores, não o pagamento das remunerações que

inicialmente se previam em assistência externa, mas apenas o ressarcimento, na maior parte dos casos, de despesas com

viagem e estadia dos mesmos até Montemor-o-Novo.

Como forma de divulgar a iniciativa, a CMMN produziu internamente e distribuiu, por diversas entidades e ao público em

geral, os desdobráveis elaborados especificamente para cada uma das edições da iniciativa “Dias Tranquilos”. Estes

desdobráveis, continham uma breve descrição dos passeios, bem como uma calendarização antecipada dos mesmos,

permitindo assim ao público aderente, alargar as suas escolhas.

Figura 59 – Divulgação dos “Dias Tranquilos” (Fevereiro a Junho de 2008)

A iniciativa “Dias Tranquilos” contabilizou, no âmbito do projecto nove edições, sendo que a nona edição, decorreu na

maioria já após a conclusão técnica do projecto. Desde o seu início, em Fevereiro de 2004, até ao final da 9ª edição, já em

Junho de 2008, foram realizados 83 passeios, envolvendo um total de 1341 participantes, numa média de 16 pessoas por

passeio.

Os passeios realizados distribuíram-se pelas seguintes temáticas:

aspectos de fauna, flora e paisagísticos de Monfurado (Nas asas de uma borboleta; Charcos e Anfíbios; As

lontras em Monfurado; À descoberta das paisagens do Rio Almansor; À noite, com as rãs, salamandras e outros

anfíbios; Um aniversário com uma caminhada; Borboletas, libelinhas e escaravelhos da Serra de Monfurado;

Fauna e vias rodoviárias: uma coexistência possível?; No Rasto das Lontras de Monfurado; Rapinas de

Monfurado; Ribeiras de Monfurado; Formigas de Monfurado; À Descoberta dos Mamíferos de Monfurado; Répteis

de Monfurado; Habitats da Serra de Monfurado; Observação de aves; Os sons nocturnos da Serra de Monfurado;

Cogumelos e os seus mistérios; Trilhos e pegadas; Observar as aves em Cabrela; Plantas tóxicas; Cheiros e

sabores silvestres; Amoras de Montemor; Abelhas de Montemor; A Brama dos Veados; Cogumelos comestíveis e

cogumelos venenosos; Um dia em Cabrela; Percurso de Orientação na Serra de Monfurado; Nos trilhos da água;

À descoberta das Lontras; Plantas Aromáticas no campo e na horta).

acções do projecto (Flora Protegida de Monfurado; Ribeiras e Musgos Aquáticos; Caça e Conservação da

Natureza; O rato de Cabrera e as aves de rapina; Os morcegos de Monfurado; Pesca eléctrica em

albufeiras/inventário da ictiofauna (peixes) em Monfurado; Espécies prioritárias da flora de Monfurado; Musgos

aquáticos e poluição nas ribeiras de Monfurado; Caça e Conservação da Natureza, na Serra de Monfurado;

Morcegos; Carvalhais de Monfurado; Morcegos de Monfurado e os seus abrigos; Florestas ribeirinhas e a sua

fauna; Conhecer os carvalhos de Monfurado; Anfíbios de Monfurado).

aspectos relacionados com o património cultural local e actividades tradicionais (Do Cereal ao Pão; Chás, Ervas e Mezinhas; As antigas Canadas – Caminhos de Transumância de gado; Monumentos Megalíticos em Montemor-o-Novo; Moinhos de Montemor; Espaços de memória de São João de Deus; Montemor no século XIV; Pedras de Armas; Roteiro das aldrabas de Montemor; Uma manhã a cavalo; Roteiro “Fontes de Montemor-o-Novo”; O Manuelino em Montemor-o-Novo; Na rota das ermidas; Lagar de Azeite; Roteiro do Megalitismo; Tirada da Cortiça; Solar da Giesteira; Herdade do Freixo ; Cataventos: um olhar atento para os telhados; O ferreiro e a aldraba; Agricultura Biológica; Minas de Monfurado; Moinhos de Montemor; Ao longo da estrada real; Pedras, minerais e rochas: serão todos iguais?; ; Fornos de Cal; Antas e menires; Da uva ao vinho; Escavações arqueológicas no Castelo de Montemor; Passeio pedestre – Megalitismo; Antigo ramal ferroviário de Montemor-o-Novo; Aldeia do Ciborro; Rota do Manuelino).

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 59 -

Figura 60 – Passeios realizados no âmbito dos “dias Tranquilos”

Para controlo da sua execução e do impacto da iniciativa no público-alvo, foi elaborado um inquérito cujo preenchimento

foi sempre solicitado aos participantes. Este questionário englobava questões relacionadas com o grau de satisfação,

sugestão de melhorias e temas, sustentabilidade da organização de actividades similares em período pós-projecto (e

designadamente, a disponibilidade para “pagar” por estas iniciativas), entre outros aspectos. Dos inquéritos realizados

ressaltou a satisfação manifestada, em que a quase totalidade dos inquiridos se demonstrou estar satisfeito ou

plenamente satisfeito, e o facto de a totalidade dos inquiridos recomendar a actividade a outros, bem como estar

disponível para “pagar” este tipo de serviço, o que aponta para a sua sustentabilidade pós-projecto. Neste sentido, alguns

dos passeios previstos na 8ª e 9ª edição dos “Dias Tranquilos” foram programados como passeios pagos, tendo por custos

adicionais o fornecimento de lanches ou refeições leves, suportados pelas receitas geradas com a inscrição. Por este

motivo, a acção gerou alguns custos não esperados inicialmente mas que, conforme se poderá verificar, foram suportados

por receitas de inscrições igualmente não previstas e não pelo LIFE-Natureza.

Como forma de contrariar a quebra sentida no último semestre de 2006, no que respeita a visitantes, teve inicio, em

Outubro de 2006, a iniciativa “Domingos a Brincar”. Esta iniciativa que, para além do referido, pretendia também dar

resposta a uma série de solicitações efectuadas anteriormente junto do Núcleo, teve como objectivo a realização de

actividades destinadas a crianças e jovens, permitindo assim o envolvimento de toda a família.

Durante o ano lectivo 2006/07, a iniciativa, realizada quinzenalmente, em consonância com os “Dias Tranquilos”, contou

com a participação de 42 crianças e jovens, numa média de cinco participantes por actividade, neste primeiro ano foram

realizadas as seguintes: Vamos conhecer os carvalhos de Monfurado; As árvores e as florestas; O misterioso mundo dos

cogumelos; Hortinha Biológica; Pedras, Rochas e Minerais, serão todos iguais? Geodetective; Moinhos; Do cereal ao pão.

Em 2007, e muito embora a iniciativa no ano anterior se tivesse revelado um sucesso, verificou-se um decréscimo no

número de participantes, representando o Núcleo muitas das vezes um espaço para “depósito” de crianças, voltando os

pais no final do dia para as recolher. Alertados os pais e responsáveis para a situação, foram ainda programadas várias

actividades, como forma de recuperar os objectivos iniciais a que se propunha a iniciativa, tentando contornar a situação.

No entanto, verificou-se que, das cinco actividades programadas entre Junho de 2007 e Março de 2008 (na época de

Verão o Núcleo promove ATL de Verão, pelo que não decorrem “Domingos a Brincar”), apenas duas se realizaram,

nomeadamente, Um puzzle e a vida de uma abelha e Animais selvagens e domésticos.

Tendo em conta a fraca adesão do público jovem para a iniciativa, e representando esta um esforço adicional, não só em

termos financeiros, mas também em termos de pessoal, e a par da perspectiva da entrada em baixa por licença de

maternidade de uma das técnicas responsáveis, a CMMN optou por, temporariamente, até se restabelecer a normalidade

do funcionamento do Núcleo, suspender a iniciativa “Domingos a Brincar”.

Figura 61 – Folheto de divulgação elaborado para a iniciativa “Domingos a Brincar” (2007-2008)

Page 61: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 60 -

Ainda no que respeita ao funcionamento regular do Núcleo, e paralelamente às iniciativas “Dias Tranquilos” e “Domingos a

Brincar”, o Núcleo dinamizou acções pontuais de Educação/Sensibilização Ambiental. Estas actividades, inicialmente não

previstas em candidatura, visaram dar resposta às solicitações dirigidas à CMMN por parte de estabelecimentos de ensino,

especialmente os de ensino pré-escolar e 1º ciclo de ensino básico, mas também do 2º e 3º ciclo, bem como as escolas

secundárias, principalmente de outros concelhos. Como exemplo destas acções, destacam-se as realizadas no período

compreendido entre Junho de 2007 até ao final do projecto:

17.07.2007, visita da Oficina da Criança ao Núcleo de Interpretação Ambiental, no âmbito das actividades

previstas no “Programa de Actividades de Verão” com o objectivo de realizar o passeio pedestre “Baldios –

Ribeira de São Martinho”. Esta iniciativa contou com a participação de 50 meninos;

01.08.2007 a 31.08.2007, realização de Actividades de Verão, com actividades variadas e direccionadas para a

natureza. Esta iniciativa teve a participação de uma média de 10 crianças por acção/ dia.

01.10.2007 a 29.02.2008, acolhimento e apoio de estagiário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,

com o objectivo de criação e realização de novos percursos de BTT dentro do concelho por parte do mesmo.

14.10.2007, comemoração do 5º aniversário do Núcleo de Interpretação dos Sítios de Cabrela e Monfurado. Para

assinalar a data, foi organizado um passeio de BTT que contou com a participação de 30 pessoas;

29.10.2007 a 01.11.2007, apresentação de exposição sobre fauna existente no Sítio de Monfurado e realização

de ateliers relacionados com o tema da exposição, no âmbito da comemoração da Semana do Cinema de

Animação, em colaboração com o Centro Juvenil. Esta iniciativa contou com a participação de todas as escolas

do concelho.

08.11.2007, elaboração de sabão natural com alunos do 12ºAno da Escola Secundária de Montemor-o-Novo

(participação de 10 alunos).

16.11.2007, acompanhamento e orientação de percurso pedestre “Serra de Monfurado”, com alunos do 8º Ano da

Escola EB2/3 de Lagoa, com a participação de 47 alunos.

10.03.2008 a 14.03.2008, comemoração do Dia Mundial da Árvore e da Floresta, no Núcleo de Interpretação

Ambiental dos Sítios de Cabrela e Monfurado, com Escolas Básicas e Jardins-de-infância do concelho. A iniciativa

envolveu actividades como: orientação pela natureza, reciclagem de papel, jogos e visita à exposição permanente

do NIA.

Figura 62 – Comemoração do Dia Mundial da Árvore e da Floresta no Núcleo de Interpretação Ambiental

Pelos meios envolvidos, público abrangido e diversidade de actividades desenvolvidas, é de salientar neste âmbito a

organização e comemoração da “Noite Europeia dos Morcegos”, que decorreu em Montemor-o-Novo em Setembro de

2005. A CMMN organizou neste contexto um programa de uma semana de iniciativas, satisfazendo não só os objectivos

de sensibilização da população, como também de divulgação dos trabalhos de inventariação que decorreram no âmbito da

acção A5 em parceria com o ICN. O evento contou com a participação de um leque diversificado de participantes, tendo

sido desenvolvidas actividades orientadas para o público escolar de todo o concelho durante a semana, e para a

população em geral durante o fim-de-semana, incluindo a apresentação de exposições e a possibilidade de participação

Page 62: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 61 -

em vários ateliês de expressão plástica, sessões de filmes de animação e documentários, leitura animada de um conto

infantil e ainda saídas nocturnas (em zona rural e urbana) para auscultação de ultra-sons.

No que diz respeito à dinamização/apoio a acções de formação em Conservação da Natureza, o Núcleo o promoveu três

workshops e um atelier:

Workshop de Observação de Aves - em Novembro de 2005. Orientado pelo biólogo Rui Lourenço, o workshop

decorreu no Núcleo, e incluiu saídas de campo no Sítio de Monfurado. A temática da observação de aves,

evidenciando as suas características morfológicas, os diferentes cantos, entre outras particularidades, foram o

seu objectivo principal;

Workshop de Fotografia da Natureza – em Maio de 2006. Sob orientação do biólogo e fotógrafo Joaquim Pedro

Ferreira, dividiu-se em aulas teóricas (14 horas), aulas práticas (12 horas) e teórico-práticas (4 horas). Os temas

abordados foram diversificados, abordando aspectos como a ética do fotógrafo, como fazer uma exposição

correcta, a utilização da luz de flash e da luz natural, a montagem de um abrigo para fotografia de Natureza,

entre outros.

Workshop sobre Construção de Formigueiros – em Novembro de 2006. Com duração de um dia, e sob

orientação do biólogo Eugénio Sequeira, inclui informação genérica sobre as formigas presentes em Monfurado e

suas principais características, bem como a construção de formigueiros de pequenas dimensões, pelos

participantes, que também auxiliaram na construção de um formigueiro maior que irá integrar a exposição

permanente do Núcleo de Interpretação. Contou com 10 participantes.

Ateliê sobre plantas medicinais intitulado “As plantas medicinais no jardim e na horta” – em Março de 2008.

Orientado por Fernanda Botelho, o ateliê envolveu 16 participantes, sendo constituído por uma sessão teórica,

realizada no Núcleo e uma saída de campo para recolha de plantas. Depois da saída, as mesmas foram

analisadas e preparadas pelos participantes, para fins medicinais.

O Núcleo tem também organizado e dinamizado campos de trabalho, tendo logo em 2006 atingido os objectivos

quantitativos propostos em pedido de alteração. Tendo por objectivo sensibilizar os participantes para a necessidade de

preservar e conservar os valores naturais existentes no Sítio, o Núcleo dinamizou quatro campos de trabalho, a saber:

De 18.10.2005 a 25.10.2005, foi realizado um campo orientado por Ícaro Fróis (geólogo), Marta Mattioli (bióloga)

e João Bastos, no qual foram desenvolvidos trabalhos de apoio à inventariação das espécies Halimium

verticillatum e Discoglossus galganoi, recolha e sementeira de bolotas de Quercus pyrenaica e de sementes de

Crataegus monogyna, ensaios de plantação de Quercus faginea ao longo de caminhos rurais, prospecção de

charcos temporários e recolha de amostras geológicas em locais de relevância. Os participantes, num total de

15, ficaram alojados no Núcleo em regime de acampamento.

De 20.05.2006 a 30.05.2006, realizou-se um campo de trabalho sobre telemetria, intitulado “Vamos

conhecer…os morcegos de Monfurado”, dirigido ao público universitário. Sob orientação do biólogo Tiago

Marques, responsável pelo trabalho de campo da acção A5 do Projecto, pretendeu-se promover o interesse pela

investigação e conservação destes mamíferos através de trabalhos de campo de captura e localização dos seus

abrigos. Muito embora se tenha registado inicialmente um número de inscrições superior ao limite mínimo, o

campo de trabalho contou apenas com a participação de quatro residentes fixos, provenientes das

Universidades de Évora (1), Lisboa (2) e Aveiro (1). As actividades nocturnas foram um sucesso e envolveram,

entre outras acções, a captura de morcegos arborícolas com redes (ex. Nyctalus leisleri), o seu seguimento e a

localização de novos abrigos da espécie. A estas actividades associaram-se, em média, cerca de mais cinco

pessoas, na sua maioria alunos da Universidade de Évora, que assim contactaram com as técnicas e trabalhos

de telemetria. Durante o dia, promoveram-se actividades diversas relacionadas com a conservação da espécie

no Sítio, incluindo a execução de trabalhos simples de gestão relacionados com a desmatação da entrada de

abrigos (minas e galerias), construção de caixas-abrigo, e plantação de cortinas arbóreas com Quercus faginea.

De 16.03.2007 a 18.03.2007, realizou-se um campo de trabalho sobre anfíbios, intitulado “Estradas e Fauna:

medidas de conservação”, dirigido a alunos de ciências e biologia. Sob orientação de Fernando Ascensão, o

campo de trabalho contou com a participação de 18 participantes, que puderam, ao longo de três dias, realizar

saídas nocturnas para observar anfíbios, bem como, ao longo da estrada municipal 370, que liga São Brissos a

Escoural, colocar barreiras de protecção, de forma a encaminhá-los para passagens seguras. Este campo de

trabalho possibilitou o contacto com as tarefas desenvolvidas na acção A7, no que respeita à rã-de-focinho-

pontiagudo (Discoglossus galganoi).

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 62 -

Figura 63 – Barreiras para anfíbios implementadas na EM370 (Escoural-São Brissos)

Para além dos campos organizados, foram ainda dinamizados outros dois, um previsto para as férias da Páscoa de 2006,

onde eram propostas actividades de realização de inventariação de espécies e património geológico, e um outro para

Outubro/Novembro do mesmo ano, sob a temática das estradas e fauna. No entanto, e face ao reduzido número de

inscrições, optou-se pela não realização dos campos de trabalho, sendo preteridos, no que respeita ao campo de trabalho

relacionado com as estradas, para mais tarde.

Como forma de apresentar e divulgar os resultados das várias acções do Projecto, tanto a CMMN como parceiros (ex.

CEBV-FCUL) têm participado em alguns eventos e seminários para apresentações orais, de posters ou artigos técnicos e

científicos. Ao nível da divulgação em seminários relativos às áreas do turismo de natureza e educação ambiental, são de

destacar a participação no seminário “Qualidade dos Equipamentos de Educação Ambiental em Portugal: Qualidade e

Inovação” promovido pelo Instituto de Ambiente e CCMAR; XIII Jornadas Pedagógicas da ASPEA, sobre “Educação

Ambiental e Comunidades Educativas”, e “I Encontro Ibérico de Educação Ambiental”, realizado em Coimbra de 23 a 25 de

Maio de 2007.

De 30 de Abril a 4 de Maio do mesmo ano, e no âmbito do internacional de doutoramento vocacionado para a

investigação-acção, organizado pelo Centro de Ecologia e Ambiente da Universidade de Évora, e que decorreu em Évora,

sob o título “Learning in Action for Democratic Change in Human-Nature Relationships:Methodological course on

Participatory Action Research in relation with Planning and Rural Development”, foi solicitado junto da CMMN, por parte da

organização, apoio logístico e técnico. Sendo um dos principais objectivos da visita, acompanhada também pelo Professor

António Mira (responsável por algumas das acções do Projecto), apresentar e debater algumas iniciativas do Projecto LIFE

na altura em curso na autarquia, em particular as medidas de gestão desenvolvidas na Herdade de Olheiros para

conservação do rato de Cabrera, foi possível aos técnicos da DASU participar, na saída de campo, a qual se revelou muito

positiva, face às experiências trocadas.

Por último, e ainda no que respeita ao funcionamento regular do Núcleo, foi possível actualizar e reestruturar os conteúdos

da exposição. Esta actualização, efectuada no âmbito do projecto, teve como grande objectivo divulgar os resultados

obtidos nas diferentes acções, enfatizando a importância da realização de um projecto desta natureza, numa área como o

Sítio de Monfurado. Paralelamente, esta nova exposição permitiu salientar a importância de algumas espécies descobertas

no desenrolar das acções do projecto, como sejam o caso de algumas espécies de morcegos e do pequeno rato de

Cabrera.

Evitando cair em erros passados, a exposição foi pensada por forma a que os conteúdos pudessem ser facilmente

substituíveis, o que, até à data, não podia acontecer, em virtude do material utilizado. Tendo-se optado por estruturas mais

leves, não só no próprio sentido da palavra, mas também do ponto de vista estético e visual, com a nova exposição torna-

se agora possível uma actualização mais regular de conteúdos, bem como a realização de exposição subordinada a uma

temática específica.

O feedback obtido por parte dos visitantes, alguns deles já profundos conhecedores da exposição anterior, torna claro que

a opção escolhida foi a solução certa.

Ao nível da Acção E3, referente à Divulgação regular de valores naturais do Sítio e resultados do projecto junto da

população, foram elaboradas sete das oito newsletters previstas. Muito embora tenham sido empreendidos todos os

esforços no sentido de executar a 100% esta acção, face aos inúmeros constrangimentos a que esteve sujeita,

nomeadamente as expectativas colocadas no pedido de alteração, que conduziram ao primeiro atraso significativo, por

altura da edição da quarta newsletter; a saída da técnica, em Agosto de 2006, responsável por esta componente, a que se

seguiu uma baixa prolongada do técnico que deveria retomar estas funções, o que veio a acontecer em Janeiro de 2007;

Page 64: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 63 -

os esforços realizados no que respeita à concretização de trabalhos no terreno, em detrimento da produção de materiais

escritos, relegados para segundo plano; a saída do técnico responsável pelo projecto, em Agosto de 2007 e a sua

substituição, por uma técnica que, em Outubro de 2007 entrou em baixa por licença de maternidade, tendo retomado os

trabalhos em Janeiro de 2008, foram factores que contribuíram decisivamente para a execução da acção. No entanto, e

face a todos estes constrangimentos, a equipa técnica da CMMN conseguiu produzir sete das oito newsletters previstas,

sendo que as últimas duas newsletters, elaboradas em Janeiro e Março, respectivamente, foram já distribuídas com a nova

publicação da CMMN, a Mormagazine, com distribuição bimestral.

Figura 64 – Duas das newsletters produzidas no âmbito do projecto: newsletter com apresentação dos parceiros privados e trabalhos por

eles desenvolvidos (6) e newsletter final (7)

Para além da edição das newsletters, os trabalhos desta acção abrangeram também outras formas de divulgação, não

previstas inicialmente, sem encargos adicionais para o projecto. Entre estas formas de divulgação, conta-se o envio

regular de informação para a imprensa local e regional, para revistas na área do ambiente e ainda, via internet, para uma

mailing list que inclui algumas centenas de contactos, a qual foi também utilizada para divulgação da iniciativa “Dias

Tranquilos” da Acção E2.

Paralelamente, e tal como transmitido à Comissão e Equipa Externa, foi estabelecida uma parceria com um jornal local, a

“Folha de Montemor”. Esta parceria, possibilitou, desde Novembro de 2004, a divulgação das acções e resultados do

projecto, complementando assim os objectivos da newsletter.

Figura 65 – Recortes de jornal com divulgação de resultados do projecto

No que respeita a produtos identificáveis, segue no CD-ROm anexo o pdf relativo a cada uma das neswletters

produzidas. Seguem ainda no CD-Rom, algumas notícias recolhidas pela equipa da DASU.

No âmbito dos trabalhos da Acção E4, relativa à Organização de Workshops para divulgação dos resultados do projecto,

foram realizados dois workshops/seminários para divulgação dos resultados do projecto. Muito embora, se tenha previsto a

realização do primeiro workshop em simultâneo com a Feira da Luz/Expomor, face à redução de pessoal (saída de um

técnico e baixa prolongada de outro, ambos responsáveis na altura pelo funcionamento do projecto) não foi possível a sua

realização.

Tal como transmitido à Comissão e Equipa Externa, o primeiro workshop decorreu em Novembro de 2007. Aberto à

população, o workshop teve como objectivo fazer um ponto da situação dos trabalhos executados pelos vários

intervenientes bem, como, à data, fazer o ponto dos trabalhos ainda por desenvolver. Para isso, integrou uma

apresentação sobre o Sítio de Monfurado (realizada pelo extinto ICN, agora ICNB), seguida de uma explicação do projecto

seus objectivos. Posteriormente, foram apresentados, pelos vários parceiros, exemplos de boas práticas implementadas

no terreno, relacionadas com a caça, gestão de prados, limpeza e conservação de linhas de água, controlo de

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 64 -

acessibilidades e prevenção e controlo de incêndios. Foram ainda apresentados, durante a tarde, os resultados dos

estudos e trabalhos de campo realizados para algumas das espécies e habitats presentes no Sítio.

Figura 66 – Convite elaborado para divulgação do primeiro workshop do projecto, realizado em Novembro de 2007.

O segundo workshop teve lugar em Março de 2008, e correspondeu ao Seminário Final do projecto. Realizado no Auditório

da Junta de Freguesia da Vila, o evento representou o culminar de todo um esforço e trabalho, levados a cabo não só pela

autarquia, mas também por todos os parceiros do projecto. Dividido em três painéis, foi possível durante a manhã,

apresentar alguns dos resultados obtidos nos cerca de cinco anos de duração do GAPS. Para isso, contou-se com a

colaboração de alguns dos técnicos da autarquia directamente envolvidos no Projecto, mas também com os contributos da

Liga dos Pequenos e Médios Agricultores, bem como de um parceiro privado. A tarde, foi dividida em dois painéis; durante

o primeiro, foi dado espaço aos três projectos LIFE convidados pela autarquia a participar no Seminário. Esta participação,

que em tudo permitiu o enriquecimento do Seminário, através da troca de conhecimentos e partilha de experiências,

contou com a participação das comunicações Sistema de Gestão Ambiental e de Sustentabilidade na Agricultura Extensiva

do Instituto Superior Técnico, do projecto Gestão e Conservação dos Sítios de São Mamede e Nisa/Laje da Prata

promovido pela Associação de Municípios do Norte Alentejano e do projecto Serra da Estrela – Gestão e Conservação dos

Habitats Prioritários, promovido pela Associação de Produtores Florestais do Paul; no segundo painel da tarde, foi dado

espaço à apresentação de fontes de financiamento para as áreas da Rede Natura 2000. Esta apresentação, a cargo do

Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, permitiu aos presentes, esclarecer muitas das dúvidas

relacionadas com o futuro da gestão destas áreas, nomeadamente do Sítio de Monfurado, também ele pertencente à Rede

Natura 2000.

A fechar com chave de ouro o Seminário, o Prof. António Mira, teve sob sua responsabilidade a apresentação do livro

“Monfurado: o Homem e a Natureza”, editado recentemente pela autarquia. Profundo conhecedor do Sítio, não só por ser

um “filho da terra”, mas também por coordenar algumas das acções previstas na parceria estabelecida no âmbito do

Projecto GAPS com a Universidade de Évora, coube ao professor, também ele convidado para escrever o prefácio, ilustrar

através de palavras, um livro que pretende contar, através da fotografia, os costumes das gentes que habitam e habitaram

a Serra, bem como toda uma enorme riqueza e biodiversidade que a compõem.

Figura 67 – Divulgação do Seminário Final do projecto; apresentação do livro “Monfurado: o Homem e a Serra”

Em anexo digital, seguem os convites elaborados para convidar a população a participar nos workshops, bem como

algumas fotografias dos eventos.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 65 -

No que diz respeito à Acção E5, Edição de Materiais para Educação Ambiental e Sensibilização de Produtores, e

decorrendo da desistência da APSM, parceiro inicialmente responsável pela sua execução, os seus conteúdos sofreram

um reajuste com o Pedido de Alteração, tendo os trabalhos passado a ser da responsabilidade da CMMN e com uma

concretização ligeiramente distinta da inicialmente prevista.

Elaboradas com base nos resultados das acções e medidas propostas por cada uma das equipas parceiras do projecto, a

CMMN editou, em Março deste ano, um conjunto de Fichas de Boas Práticas de Gestão. Composto por 12 Fichas, que

surgem sob a forma de fichas coleccionáveis, os temas abordados foram: anfíbios, carvalhos, charcos temporários

mediterrânicos, Halimium verticillatum, fogos florestais, jacintos, morcegos, peixes e rato de Cabrera. Para além destes

temas, todos eles relacionados com os trabalhos desenvolvidos no projecto, foi ainda editada uma outra ficha, com a

apresentação do Sítio de Monfurado.

A opção, por parte da CMMN, por este formato, teve por base o facto de este ser um modelo flexível, susceptível de uma

actualização regular dos conteúdos, possibilitando ao produtor (principal utilizador), caso a caso e consoante o interesse

em questão, consultar e trazer consigo a informação mais relevante.

Figura 68 – Fichas de Boas Práticas de Gestão editadas pela CMMN

Muito embora estivesse previsto o envio das fichas por correio para a totalidade das propriedades existentes no Sítio, face

às restrições orçamentais, a CMMN optou por não enviá-las. Para colmatar este facto, na última newsletter do projecto, na

notícia relativa à edição das fichas, foi disponibilizado um contacto telefónico, bem como um email para que, os

interessados pudessem solicitar o pacote junto da CMMN. Concomitantemente, e apesar do Voluntariado Jovem para as

Florestas já não estar sob a alçada da Divisão de Ambiente, os jovens voluntários têm procedido à sua divulgação e

entrega. No CD-ROM anexo, segue a maquete das 12 Fichas editadas pela CMMN no âmbito da acção.

A Acção E6, referente à Página Internet do Projecto e Relatório Não Técnico dos Resultados do Projecto, não se encontra

concluía na sua totalidade. Muito embora a página já esteja operacional desde o terceiro semestre, e de ter já sofrido, no

final de 2007, uma actualização, encontra-se agora novamente em fase de reestruturação e revisão de conteúdos, de

forma a integrar toda a informação gerada no âmbito do projecto. Face ao volume desta informação, e ao volume de

trabalho associado ao terminus de um projecto desta natureza, não foi possível, em tempo útil, concluir a actualização da

mesma. No entanto, espera-se a sua colocação on-line, no espaço de três semanas após a entrega do relatório final do

projecto, continuando, até lá, a ser possível consultar a página reestruturada em finais de 2007 (http://www.cm-

montemornovo.pt/wwwGAPS/).

Figura 69 – Página Internet do projecto

Page 67: RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 66 -

5.6. Funcionamento Geral do Projecto

A Acção F1, referente à Administração Geral e Gestão do Projecto por parte da CMMN, englobou um conjunto de

actividades diversas, que incluíram o pôr em prática todos os mecanismos necessários à formalização das parcerias e

transferência de verbas entre parceiros, a gestão administrativa e financeira com os demais parceiros e, face à desistência

dos parceiros APSM e SOBRALCAÇA, logo no início do projecto, a um conjunto de trabalhos extra, significativamente

consumidores de tempo e energias.

No que respeita às principais acções desenvolvidas no âmbito do funcionamento do projecto, é possível destacar quatro

momentos distintos:

o primeiro ano de projecto (e período preparatório), com destaque para a desistência dos parceiros APSM e

SOBRALCAÇA e mecanismos desencadeados de forma a dar resposta a esta questão. De referir que os

mecanismos desencadeados no primeiro ano do projecto foram alvo de apresentação exaustiva no 1.º relatório de

progresso e no Pedido de Alteração aprovado.

o segundo ano do projecto, nomeadamente no período de Outubro de 2004 a Outubro de 2005, abarcando um

conjunto de actividades que possibilitaram dar continuidade às intenções de parceria manifestadas pelos novos

parceiros privados e assim consolidar a elaboração do Pedido de Alteração apresentado à Comissão e aprovado

em Novembro.

o período que decorreu desde a aprovação do Pedido de Alteração (Novembro de 2005) até à entrega do

Relatório Intercalar do projecto, em Maio de 2007. Durante este período foi possível consolidar o Conselho de

Gestão e constituir o Conselho Consultivo, órgão consultivo do projecto.

o quinto ano de Projecto, em Fevereiro de 2008, período no qual foi possível elaborar e apresentar, junto da

Comissão e Equipa Externa o segundo pedido de alteração, aproveitando uma oportunidade única cedida para

regularização da situação da LPMA, no que respeita à apresentação de despesas realizadas no âmbito do

projecto.

No que respeita às alterações não substanciais solicitadas por alguns parceiros, a grande maioria foi já alvo de

comunicação à Comissão e Equipa Externa, quando do envio do relatório intercalar do projecto. De forma a não tornar

exaustiva a leitura das mesmas, apresentam-se apenas aquelas que de ocorreram em período pós relatório intercalar.

Assim, são de salientar:

a não confirmação da posição taxonómica de Festuca duriotagana pela equipa do CEBV-FCUL. Muito embora a

identificação da espécie, por especialista, tivesse tido início no período que antecedeu o pedido de alteração, à

data do seu envio ainda não eram conhecidos os resultados, pelo que a equipa continuou com os trabalhos

previsto para a espécie. Após confirmação da espécie se tratar não de Festuca duriotagna, mas sim de Festuca

ampla, e face à posição do ex-ICN, no que respeita à sua inclusão no PSRN2000, a equipa optou por abandonar

os trabalhos desenvolvidos até à data para a espécie, concentrando esforços na única das três espécies-alvo

inicialmente previstas, a Hyacinthoides vicentina. Este facto só foi comunicado à CMMN quando da entrega do

relatório final da acção.

as alterações solicitadas pelo parceiro UE, relativas a alterações de prazos nas conclusões dos trabalhos da

Acção A7, sem alteração do orçamento. O parceiro solicitou a extensão dos prazos, no que respeita aos trabalhos

relacionados com o rato de Cabrera (Microtus cabrerae) e a rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi),

tendo em vista a realização de monitorizações extra. Assegurando o parceiro a entrega das propostas de medidas

de gestão para as duas espécies em tempo considerado útil para integração nos trabalhos do PIER, bem como

um não aumento dos custos da acção, a CMMN decidiu pela sua aprovação;

alteração das áreas de conservação/recuperação e expansão de malhadais (habitat 6220), previstas para o

parceiro LPMA e seus associados, parceiros do projecto. Considerando a redução da área intervencionada, na

terceira época agrícola, por parte de dois dos associados, e havendo interesse de um outro associado em

expandir a sua área de intervenção, no que respeita a pastagens, a LPMA solicitou junto da CMMN autorização

para a “troca”, Assegurando a autarquia o cumprimento dos objectivos de conservação/manutenção/expansão do

habitat, bem como a elevada semelhança da nova zona a intervencionar, o que permitia cumprir os objectivos em

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 67 -

termos de conservação, e não implicando custos adicionais para o projecto, a CMMN decidiu-se pela sua

aprovação;

alteração da área de valorização ripícola, prevista pelo parceiro LPMA. À semelhança da alteração não

substancial anterior, a LPMA solicitou, em nome de dois dos seus associados parceiros no projecto, a alteração

da área proposta para limpeza e valorização de linha de água, no âmbito da acção C4. Garantidos os objectivos

da acção, e verificando-se a continuação dos objectivos de conservação, a CMMN aprovou a alteração. Esta

alteração não representou custos adicionais para o projecto;

não execução da charca, por parte do parceiro PADEIRA, prevista na acção C2. Alegando motivos financeiros, o

parceiro comunicou à CMMN que não poderia fazer a charca como inicialmente previsto. No entanto, e tendo o

parceiro procedido ao licenciamento dos trabalhos inerentes à sua construção, o mesmo reafirmou a sua intenção

de, quando tal fosse possível, construir a reserva de água;

desistência do parceiro FALVES, em Abril de 2008, da parceria. Através de ofício, o parceiro comunicou à CMMN

a sua intenção de desistência da parceria, aproveitando a ocasião para devolver o dinheiro à data transferido.

Contactado o parceiro no sentido de perceber os motivos da desistência, o mesmo invocou a não execução dos

trabalhos propostos, bem como o pouco interesse manifestado durante todo o tempo de duração do projecto,

visível pela não participação em qualquer dos eventos agendados, incluindo os obrigatórios, nomeadamente, os

Conselhos de Gestão e Consultivo. Confirmados os factos, a CMMN aceitou a desistência do parceiro.

No que respeita a reuniões do Conselho de Gestão e Conselho Consultivo do projecto, foi inicialmente considerado que

teriam carácter semestral, realizando-se alternadamente. Este facto, correspondia na prática à realização de uma reunião

de três em meses, o que se veio a verificar de todo impraticável, não só por parte dos parceiros, alegando pouca

disponibilidade de tempo, mas também por parte da equipa técnica da CMMN responsável pelos projecto que, como é do

conhecimento da Comissão e Equipa Externa, sofreu várias alterações ao longo do projecto.

De modo a contornar esta questão, a CMMN optou por realizar, no mesmo dia, e na grande maioria das vezes, as duas

reuniões, aproveitando assim a presença dos parceiros na reunião do Conselho de Gestão (realizada geralmente durante

a manhã), acabando estes por ficar para a reunião do Conselho Consultivo, realizada geralmente de tarde.

No total, foram realizadas seis reuniões, quatro referentes ao Concelho de Gestão e duas relativas ao Conselho

Consultivo. Este número, muito aquém das reuniões inicialmente previstas, permitiu no entanto um acompanhamento de

todos os trabalhos, uma vez que eram estabelecidos, frequentemente, contactos com todos os intervenientes, tanto as

equipas científicas, com o objectivo de aferir trabalhos e fazer pontos da situação, como com os parceiros privados, de

modo a preparar as várias épocas agrícolas e os respectivos trabalhos.

Muito embora fosse um dos objectivos da CMMN o cumprimento do calendário no que respeita às reuniões, como já

referido anteriormente, foi de todo impossível, uma vez que a equipa técnica do projecto sofreu grandes alterações: a

saída de uma das técnicas em Agosto de 2006, contratada em Novembro de 2005 para substituição do técnico então

responsável pelos trabalhos, a entrada em baixa prolongada deste técnico de Agosto a Dezembro de 2006, a saída

definitiva do mesmo em Agosto de 2007, e a sua substituição por uma técnica que, em Outubro de 2007, ficou de baixa

por licença de maternidade, retomando os trabalhos apenas em Janeiro de 2008, foram alguns dos constrangimentos que

não permitiram o cumprimento do cronograma previsto.

Como forma de colmatar esta lacuna, a CMMN convidou sempre todos os parceiros a participar nas várias acções de

divulgação realizadas, bem como nas sessões participativas desenvolvidas no âmbito do PIER.

No que respeita às actividades de gestão corrente do projecto, que incluem toda a componente de gestão técnica,

administrativa e financeira, são de salientar, para além das referidas no relatório intercalar:

o desencadear de procedimentos que permitissem a contratação de um técnico, que viria assegurar os trabalhos

de coordenação e gestão do projecto, durante o período de baixa por licença de maternidade da técnica então

responsável;

a elaboração do segundo pedido de alteração, apresentado em Fevereiro deste ano. A elaboração deste pedido,

aproveitando uma oportunidade única concedida pela Comissão, foi essencial para regularizar uma situação não

prevista quando do estabelecimento da parceria com o parceiro LPMA. As despesas apresentadas pelo parceiro

LPMA em nome dos seus associados não puderam ser afectas ao projecto, porquanto os seus associados não

eram formalmente os parceiros do projecto. Deste modo, foi necessário apresentar os associados da LPMA como

novos parceiros, o que viabilizou a sua parceria.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 68 -

Por último, e igualmente com implicações transversais a todo o projecto, a CMMN sofreu dificuldades não esperadas de

tesouraria, decorrentes dos Orçamentos de Estado de 2006, 2007 e 2008 (e respectivas transferências), o que dificultou a

libertação dos valores não-cofinanciados pelo LIFE-Natureza e necessários à liquidação das despesas efectuadas

No sentido de garantir que estas dificuldades não iriam afectar a execução dos trabalhos dos parceiros, foi dada prioridade

à transferência, para os mesmos, das verbas respectivas, em detrimento do pagamento de despesas incorridas pela

própria CMMN no âmbito do projecto. Tal trouxe como consequência uma execução financeira, em Março de 2006,

insuficiente para apresentação do Relatório Intercalar e do respectivo pedido de pagamento, pelo que a redacção do

mesmo foi sujeita a re-calendarização, sendo apresentado só em Maio de 2007.

Face aos problemas verificados com as despesas do parceiro LPMA na altura do envio do relatório intercalar, ainda como

parceiro representativo dos seus associados parceiros do projecto, a Comissão comunicou à CMMN que não iria aceitar as

despesas apresentadas pelo parceiro, o que representava uma execução inferior a 30% e significou a não transferência da

verba prevista.

Este constrangimento, a par das dificuldades de tesouraria sentidas, levou a que a CMMN realizasse um esforço enorme

no sentido de, mais uma vez, proceder às transferências necessárias, de forma a não inviabilizar os trabalhos dos

parceiros, principalmente dos privados.

No que respeita à Acção F2, Administração e Gestão do Projecto por parte da LPMA, esta teve início após a aprovação do

primeiro pedido de alteração, no final de 2005, decorrendo com normalidade até final do projecto.

De modo a não comprometer os trabalhos, a CMMN procedeu sempre, à priori, à transferência de verbas. Estas

transferências estiveram sempre sujeitas à apresentação de uma ficha de acção mediante a qual os parceiros

apresentavam os trabalhos que se propunham realizar para cada uma das épocas agrícolas em causa. Com base no

orçamento apresentado nas fichas de acção, a CMMN executava a transferência do montante global para a LPMA,

estando depois a cargo desta a transferência do respectivo montante para cada um dos parceiros. Como forma de acerto

de contas, os parceiros eram depois obrigados a apresentar a ficha de execução da acção bem como os documentos

comprovativos das despesas realizadas com as acções do projecto.

Do ponto de vista do Beneficiário, os trabalhos de coordenação da LPMA decorreram de forma muito positiva, constituindo

a LPMA um bom elo ligação entre a CMMN e os parceiros seus associados, o que possibilitou assegurar não só a

execução física dos trabalhos previstos, mas também a execução financeira.

Como é do conhecimento da Comissão e Equipa Externa, e como referido na acção anterior, no início da parceria

estabelecida com a LPMA no âmbito do projecto, o único parceiro era a Associação. Tendo-se levantado algumas

questões quanto à elegibilidade de algumas das despesas apresentadas pelo parceiro LPMA, na altura o único que

representava os seus associados, porquanto as mesmas vinham em nome de associados da LPMA e não da LPMA, foi

necessário, após muitas reuniões e após colocação da questão à Comissão, elaborar novo pedido de alteração. Este

pedido de alteração, apresentado em Fevereiro deste ano, possibilitou a clarificação e rectificação de uma situação não

contemplada no início da parceria, tendo-se apresentado no novo pedido, como novos parceiros do projecto, os

associados da LPMA que desenvolviam trabalhos no âmbito do GAPS.

No que respeita aos trabalhos previstos na acção, os parceiros LPMA e seus associados, cumpriram com a quase

totalidade do previsto. Excepção feita ao parceiro MLA.LPMA que, por motivos pessoais, comunicou à LPMA a intenção de

não proceder à limpeza de um troço de linha de água, conforme previsto. De forma a cumprir objectivos, a LPMA

equacionou desde logo alternativas, o que possibilitou ao parceiro OPR.LPMA a limpeza de um troço de ribeira existente

na sua propriedade, inicialmente não previsto.

Face aos resultados positivos por parte dos restantes parceiros, o parceiro MLA.LPMA, optou por abdicar da intenção de

desistência, acabando por limpar, não o troço todo que tinha previsto, mas a parte que se encontrava em pior estado de

conservação.

A Acção F3 é relativa à Auditoria Independente. Face à experiência obtida com outros projectos LIFE, a CMMN optou pela

contratação de serviços de auditoria externa às despesas do projecto, o que se veio a revelar um procedimento muito útil,

na medida em que auxiliou os diversos parceiros a melhor enquadrar as suas despesas nas rubricas de despesa do LIFE,

bem como a esclarecer dúvidas que tinham quanto à elegibilidade e/ou enquadramento de alguns documentos face às

DTCA.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 69 -

Com o presente relatório final do projecto, seguem no CD-ROM em anexo os mapas financeiros finais para cada um dos

parceiros, bem como o mapa final global do projecto, sendo que este último segue também em suporte papel, bem como o

relatório final de auditoria contabilística externa.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 70 -

5. AVALIAÇÃO DO PROJECTO E CONCLUSÕES

Decorridos cerca de cinco anos desde o início do projecto, é possível realizar um balanço do mesmo.

No que respeita à gestão do projecto, de forma a viabilizar os trabalhos, foram desde logo colocados em prática todos os

mecanismos necessários à formalização as parcerias e trasnferência de verbas entre parceiros. Contudo,

inesperadamnete, e face à desistência de um parceiro nuclear no projecto, a APSM e também à intenção de desistência

de parceria por parte da SOBRALCAÇA, foi necessário desenvovler um conjunto de tarbalhos significativamente

concumidores de tempo e energia por forma a dar solução ao problema então colocado. A agregação dos novos parceiros

do projecto e dos trabalhos a realizar pelos mesmos, constituíram o resultado de um processo participado e alargado a um

conjunto muito maior de actores. Estes esforços culminaram na elaboração e reformulação do Pedido de Alteração e, com

a sua aprovação, na integração efectiva de novos parceiros no projecto e no início dos trabalhos a desenvolver por estes.

No que respeita às novas parcerias, as garantias inicialmente dadas, aquando da redacção do pedido de alteração, para a

execução dos trabalhos e o empenho desde logo manifestado (comprovado com a excelente resposta, celeridade na

pormenorização e disponibilidade para o estabelecimento dos Protocolos de Colaboração) revelaram uma atitude

completamente distinta, para com todas as equipas e para com o Beneficiário, da que foi a experiência anteriormente

obtida com a SOBRALCAÇA e APSM. Exemplo disso foram as autorizações dadas às equipas científicas para

implementação de ensaios de gestão nas respectivas propriedades sem que quaisquer benefícios financeiros fossem

disponibilizados - e em alguns casos, mesmo originando problemas de gestão nas respectivas explorações - que,

prontamente os parceiros se disponibilizaram a solucionar. Esta atitude pró-activa, manteve-se, na grande maioria dos

casos, até final do projecto.

O envio de um segundo pedido de alteração, já em Fevereiro deste ano, não teve por base razões análogas às que

originaram o envio do primeiro pedido de alteração. Decorrendo da natureza jurídica do parceiro LPMA, e das clausulas

constantes do protocolo assinado no inicio da parceria, o parceiro não poderia apresentar, no seu mapa de despesas,

despesas que não fossem em seu nome. Não havendo forma de contornar a situação, a Comissão possibilitou, a título

excepcional, a entrega do referido pedido, desbloqueando assim uma situação que em muito, poderia comprometer o

sucesso das intervenções já levadas a cabo nas propriedades dos parceiros, bem como o bom nome do projecto.

Relativamente aos trabalhos previstos, é possível dizer-se que, salvo raras execpções, foram bastante positivos. Muito

embora tenham, desde o início ocorrido alguns contratempos, a CMMN, bem como os restantes parcerios, procuraram

desde logo soluções alternativas. Como um bom exemplo destas soluções, apresentam-se as duas parcelas não-

experimentais de carvalhos criadas por forma a colmatar lacunas deixadas pela não aquisição das duas parcelas de

terreno inicialmnete previstas.

Em relação aos custos-benefícios das acções, regra geral, todas elas apresentaram custos-benefícios positivos. Face ao

carácter inovador e à natureza dos trabalhos propostos e realizados, os resultados obtidos permitiram recolher uma vasta

informação que se traduziu num melhor conhecimento da espécie em causa, o que permitiu e permitirá futuramente, a

tomada de decisões fundamentadas e respeitadoras dos objectivos de conservação da natureza.

Em termos de benefícios ambientais, e após cerca de 54 meses de duração do projecto, é possível afirmar que estes

superaram, em muito, os inicialmente previstos. Consequência da longa duração do projecto e do bom trabalho

desenvolvido, foi possível ao longo do tempo e à medida que a população ia tomando contacto com os trabalhos

realizados, sensibilizá-la para as questões da conservação de natureza, fazendo-lhe entender a importância dos valores

naturais existentes em Monfurado. Paralelamente, permitiu ainda alertar para as boas práticas a manter e/ou a

empreender, no sentido de manter os habitats e as espécies de interesse conservacionista, como sejam algumas espécies

de morcegos, algumas das quais identificadas para o Sítio no âmbito dos trabalhos realizados, peixes, anfíbios, habitats

ripícolas, espécies de flora prioritária, entre muitas outras.

No que respeita aos aspectos inovadores do projecto, as acções propostas constituíram e constituem ainda hoje, um bom

exemplo a nível nacional, do que é e de como se faz conservação da natureza. O Sistema Geográfica de Apoio ao

Combate a Incêndios, o sistema de Informação Geográfica para o Sítio de Monfurado, as Fichas de Boas Práticas de

Gestão, entre muitos outros exemplos, mas essencialmente, o PIER, actualmente quase a entrar em fase de discussão

pública, constituem bons exemplos do caractér inovador do projecto, especialmente se se atender a que este último é um

documento elaborado por duas autarquias diferentes, mas com um objectivo comum - o da conservação da natureza.

No que respeita a benefícios sócio-económicos e criação de emprego, o projecto foi, sem dúvida, um exemplo a seguir. A

nível local, permitiu a criação de vários postos de trabalho, de que são exemplo, o jardineiro contratado para trabalhar no

viveiro municipal, a brigada de fiscalização que, numa fase inicial, visou a criação de dois postos de trabalho, assim como

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 71 -

a integração de técnicos com diferentes valências (Eng. Civil, Eng. Ambiente, Eng. Biofísica, Biólogos, etc.) que

permitiram, numa equipa multidisciplinar, o finalizar das diferentes acções com elevada taxa de sucesso.

Relativamente à sustentabilidade e potencial de replicação dos resultados, a cobertura dada pela imprensa ao projecto

(saíram vários artigos e reportagens em jornais de tiragem nacional e local) e a elevada procura por parte de alguns

proprietários locais, no sentido de saberem mais sobre o projecto e sobre algumas acções em espcífico (caso da acções

C4), constituem bons indicadores do interesse e sustenabilidade e potencial de replicação das acções do projecto.

Paralelamente, e na sequência do convite feito a outros projectos LIFE, para apresentação dos resultados, foi já

manifestado interesse, por parte de dois dos projectos convidados, no cruzamento de informação obtida no âmbtio do

projecto. Ainda no que respeita à replicação de resultados, e face a todos os constrangimentos, poderá afirmar-se que, o

Sítio de Cabrela, face ao know-how adquirido, poderá vir a constituir um local potencial para replicação dos resultados.

Em relação aos trabalhos a desenvovler no futuro pós-projecto, estes visam divulgar os resultados obtidos no projecto de

forma estruturada, promover a protecção dos valores naturais presentes, promover a divulgação turística do Sítio e garantir

o envolvimento futuro da população. Para isso, são propostas acções como a actualização da página internet do projecto,

a organização de seminários bienais sobre “Gestão da Rede Natura 2000”, a organização de uma feira bienal para

divulgação do Sítio de Monfurado, a participação em eventos nacionais e intrenacionais, a dinamização do NIA, a

organização de sessões temáticas intituladas “Conversas à volta do Sítio de Monfurado”, organização de sessões

participativas de apoio à decisão e edição de materiais de divulgação/sensibilização.

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 72 -

6. COMENTÁRIOS AO RELATÓRIO FINANCEIRO

Na tabela abaixo apresentam-se as despesas previstas e executados pela CMMN e parceiros durante o periodo em que

decorreu o projecto (01/10/2003 a 31/03/2008), bem como a respectiva percentagem de execução financeira.

Obsrevando a tabela, pode concluir-se que o projecto apresentou uma execução financeira final de 81,20 %, pelo que

abaixo dos 10% permitidos pela Comissão.

No que respeita à execução da rubrica “pessoal”, verifica-se que esta se encontra muito perto da margem de 10% permita.

Os motivos que levaram à obtenção de tal taxa de execução, estão relacioandos com o facto das opções tomadas irem

sempre de encontro ao assegurar de um quadro técnico que pudesse manter os trabalhos desenvolvidos em período pós

projecto, em detrimento de contratações ao exterior. Se atendermos a este aspecto, facilmente se percebe a taxa de

execução obtida para a rubrica “Assistência Externa”, com um valor de 59,10%. Pouco acima da linha dos 50%, para além

da explicação apresentada anteriormente, e face às dificuldades de tesouraria não esperadas por parte da CMMN, foi

opção desta, sempre que possível, executar internamente os trabalhos, inicialmente previstos para contratação no exterior.

Exemplo destas não adjuficações ao exterior, estão a execução do Sistema de Informação Geográfica para Apoio ao

Combate a incêndios, o Sistema de Informação Geográfica para o Sítio de Monfurado e a página internet do projecto.

Outro factor que contribuiu para a taxa de 59%, está relacionado com o PIER. O facto de ainda não estar concluída a

quinta e última fase do PIER (fase de Discussão Pública), levou a que os custos associados ao seu desenvolvimento não

possam ser imputados ao projecto.

No que respeita à rubrica “Bens Duradouros”, foi obtida uma taxa de execução de 97,51%. A justificação para a não

obtenção da taxa de 100%, está relacioanda com o facto de se ter contabilizado, no pedido de alteração, a elegibilidade do

equipamento para os parceiros privados a 100%, sendo que na realiadade, esta taxa é de 50%. Para além disso, e face as

alterações decorrentes da apresentação do segundo pedido de alteração, as despesas com equipamentos realizadas

pelos associados da LPMA, deixaram de ser também contabilizadas a 100% (visto a LPMA ser uma associação sem fins

lucrativos), passaando a ser asseguradas em 50 % pelos então “novos” parceiros privados.

Relativamente às aquisições de terreno, que apresentam uma taxa de execução nula, o que muito contribuiu para a taxa

de execução final do projecto, encontra explicação nos motivos apresentados nas secções anteriores e que se prendem

com a não aquisição das duas parcelas previstas, uma por motivos de ordem legal, outra por não existir intenção d evenda

do novo proprietário.

Em relação às outras rubricas, nomeadamente, “Viagens”, “Consumiveis”, “Outros Custos” e “Despesas Gerais”,

apresentam taxas de execução entre os 72,75% e os 91,10%, o que traduz o enorme esforço realizado e esforço

empreendido, não só pelo Beneficiário, mas também pelos parceiros, no sentido da (melhor) execução das acções e

obtenção de resultados.

Tabela 1 – Custos Aprovados e Despesas Executadas no período do projecto (valores em € ).

Categoria de Custos

Despesas Totais

Aprovadas

(euros)

Despesas em Mapas Financeiros

Anexos

(euros / %)

Pessoal 1.033.913 1.140.013,16 110,26

Viagens 137.917 100.330,36 72,75

Assistência Externa 1.326.809 783.494,73 59,10

Bens Duradouros 451.420 Real Elegível

97,51 440.214,76 421.730,28

Compra / Arrendamento de Terrenos

105.767 0 0

Consumíveis 436.951 365.406,08 83,63

Outros Custos 10.335 7.775,98 75,24

Despesas Gerais 73.564 67.011,68 91,10

TOTAL 3.576.676 2.904246,75 2.885762,27 81,20

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Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado

Relatório Final do Projecto - 73 -

7. ANEXOS

Anexo I – Mapa financeiro global do projecto

Anexo II – Certidões de enquadramento em sede de IVA

Anexo III – Relatório de Auditoria Externa às despesas do projecto

Anexo IV – CD com produtos identificáveis, em formato digital

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Anexo I

Mapa Financeiro Global do Projecto

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Anexo II

Certidões de enquadramento em sede de IVA

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Anexo III

Relatório de Auditoria Externa às despesas do Projecto

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Anexo IV

CD com produtos identificáveis (formato digital)

(ver CD’s colocados no interior da capa do dossier)