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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PRODOUTOR, PIBIT E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : 08/2014 a 04/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Prevalência e fatores de risco para aquisição das Hepatites Virais B, C, e E em população ribeirinha da Amazônia brasileira. Nome do Orientador: Luisa Caricio Martins Titulação do Orientador: Doutora Faculdade : Nutrição Instituto/Núcleo: Núcleo de Medicina Tropical Laboratório: Patologia Clínica das Doenças Tropicais. Título do Plano de Trabalho :Prevalência e fatores de risco para aquisição da Hepatite Viral E em população ribeirinha da Amazônia brasileira. Nome do Bolsista: Maria Inês Caricchio da Silva Tipo de Bolsa : ( x ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq AF ( ) PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( ) PIBIC/PRODOUTOR ( ) PIBIC/PE-INTERDISCIPLINAR ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/PIBIT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA,

UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PRODOUTOR, PIBIT E FAPESPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : 08/2014 a 04/2015 ( ) PARCIAL

( x ) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Prevalência e fatores de risco para aquisição das Hepatites Virais B, C, e E em população ribeirinha da Amazônia brasileira. Nome do Orientador: Luisa Caricio Martins Titulação do Orientador: Doutora Faculdade : Nutrição

Instituto/Núcleo: Núcleo de Medicina Tropical Laboratório: Patologia Clínica das Doenças Tropicais. Título do Plano de Trabalho :Prevalência e fatores de risco para aquisição da Hepatite Viral E em população ribeirinha da Amazônia brasileira. Nome do Bolsista: Maria Inês Caricchio da Silva

Tipo de Bolsa : ( x ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF

( ) PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA

( ) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( ) PIBIC/PRODOUTOR ( ) PIBIC/PE-INTERDISCIPLINAR

( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/PIBIT

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RESUMO

As hepatites virais constituem um dos maiores problemas de saúde pública do continente

americano. O vírus da hepatite E (HEV) foi o vírus causador da hepatite mais recentemente identificado,

de transmissão fecal-oral, registrando na região Norte do Brasil o dobro de casos das demais regiões. No

Pará, as grandes distâncias entre os municípios e os hábitos da população facilitam o contágio e

dificultam o tratamento. Deste modo o objetivo do presente trabalho é estudar a Hepatite viral HEV nas

famílias ribeirinhas residentes na Ilha do Maracujá, Município do Acará, na Amazônia Oriental, traçando

seu perfil sócio epidemiológico, prevalência e os principais fatores de risco para aquisição da infecção

pelo vírus HEV. Participaram desse estudo 180 moradores da comunidade de ambos os sexos e idade

entre doze e setenta e oito anos, que assinaram o termo de participação livre e esclarecido. Deste modo foi

realizado o cadastro das famílias, com preenchimento dos questionários epidemiológicos, coleta de 10 mL

de sangue periférico através de punção venosa para diagnóstico sorológico, sendo testados anticorpos

sistêmicos para a detecção do HEV, utilizando o kit recomwell- Mikrogen. Na análise sócio

epidemiológico houve predominância de indivíduos com idade entre 35 e 44 anos (26,11%) em sua

maioria composta composta pelo sexo feminino (74,44%) em relação ao masculino ( 25,55%). Com

relação ao estado civil a maior frequência foi de indivíduos casados e em união estável 74,44% (134/180).

Entre as ocupações da população a maioria é composta por pescadores 39,44% (71/180) e lavradores 35%

(63/180), tendo a maior parcela ensino fundamental imcompleto 89,44% (161/180). Em relação aos

marcadores sorológicos, foi observado que 2.77% (5 de 180) foram reagentes ao Anti- HEV, em relação

aos 97,22% ( 175/180) que não reagiram. Entre os principais fatores de risco para aquisição da infecção,

29,44% (53/180) possuiam casos de hepatite na familía e apenas 4,44% (8/180) realizaram transfusão

sanguínea. Em relação ao tipo de abastecimento de água, o tipo de fossa e o saneamento básico da

população em estudo 79,44% (143/180) possuiam fossa negra, sendo a água utilizada atráves de rios,

poços e lagos. Deste modo conclui-se que é necessário um acompanhamento de saúde mais eficaz na

população ribeirinha com melhores condições de saneamento básico e controle do poder público no

desenvolvimento de politicas de saúde e educação para a diminuição da infecção pelo vírus HEV.

Palavras-Chaves: HEV, população ribeirinha, Furo do Maracujá.

3

INTRODUÇÃO

As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo

pelo tecido hepático. Agrupadas, muitas vezes, como doença única, em razão da similaridade de suas

manifestações clínicas, elas compreendem entidades distintas. Existem cinco tipos de hepatites virais de

importância médica: vírus da hepatite A (HAV), hepatite B (HBV), hepatite C (HCV), hepatite D (HDV)

e hepatite E (HEV),(1, 2, 4). Podem ser divididas, considerando-se as vias de transmissão, sexual e

parenteral e a via entérica. São bem conhecidas nesse último grupo as hepatites por vírus A (VHA) e por

vírus E (VHE).(3)

O vírus da hepatite E (HEV) foi o vírus causador de hepatite mais recentemente identificado, de

transmissão fecal-oral, sendo o segundo vírus de transmissão fecal-oral com hepatotropismo comprovado.

Este distribui-se irregurlarmente pelo mundo, sendo sua via de transmissão um fator que favorece a

disseminação da infecção nos países em desenvolvimento, onde este pode ocorrer de forma esporádica

nos países de regiões tropicais e subtropicais em desenvolvimento, ou em forma de epidemias como as do

México e Índia(12).

Na América Latina e no Brasil houve poucos estudos nacionais em grupos específicos particulares,

como garimpeiros, pacientes de hemodiálise e casos de hepatite aguda, em que se verificaram prevalência

variando de 3% a 6% (4 8 9) Um único estudo de base populacional, com amostra aleatória, demonstrou

presença de anticorpos IgG (anti-VHE) em 3,3% da população estudada15.A taxa de letalidade é similar à

da hepatite A , de 0,1 a 1%, sendo a doença autolimitada, onde a contaminação dos reservatórios de água

perpetua a doença, porém em grávidas, a doença pode apresentar formas clínicas graves (4, 5). Sua taxa

pode alcançar 20% entre aquelas infectadas durante o terceiro trimestre de gravidez. São conhecidos

casos esporádicos e surtos pelo HEV.

Apesar do crescente reconhecimento da importância da Amazônia como fonte de recursos

naturais renováveis e de biodiversidade, o caboclo continua sendo esquecido e poucas pesquisas

acadêmicas, principalmente no Brasil, focam o assunto. A saúde é a maior reivindicação e a questão mais

urgente das comunidades amazônicas. O sistema público de saúde local é mal aparelhado e funciona com

sua capacidade esgotada, com pouco alcance na área rural em função de grandes distâncias, dificuldades

de comunicação e transporte.

A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 5 milhões de brasileiros são portadores de

hepatites e que, se não tiverem acesso efetivo ao tratamento, poderão evoluir a estágios finais da doença.

A dimensão do problema torna-se maior quando sabemos que a disseminação tem aumentado

significativamente em todas as classes sociais e que a maioria dos pacientes não sabe que está

contaminada.

4

Sobre o HEV

O vírus da hepatite E (VHE) trata-se de um vírus RNA que se assemelha aos vírus da família

Caliciviridae. A partícula viral mede entre 27 e 32 nm de diâmetro. O vírion apresenta forma esférica e

não possui envelope como os baculovírus, outro vírus da família Caliciviridae. Na microscopica

eletrônica, usando-se o método rotacional das partículas de VHE, observam-se imagens que demonstram

a simetria icosaedral do vírus (Figura 1) (7)

Figura 1 - O vírus da hepatite E visto à microscopia eletrônica.

As grandes epidemias de hepatite da década de 50 e 60 em Bombaim e em Calcutá mostrou que o

VHE foi o principal agente etiológico envolvido. Observaram-se ainda outros surtos de infecção na África

Central, América Latina, Oriente Médio, Tunísia, Marrocos e Repúblicas independentes da ex-União

Soviética (Figura 3). Dentre as diversas regiões onde se estudou o VHE, o sudeste asiático revelou

elevada endemicidade. Identificou-se o VHE em porcos, ratos e galinhas, sugerindo que este vírus

mantém-se como zoonose, com amplas possibilidades de disseminação ambiental (8).

Ocorrendo em ambas as formas epidêmica e esporádica, principalmente em países ou áreas com

saneamento básico inadequado,seu modo de transmissão ocorre principalmente por água contaminada e

pessoa-a-pessoa, por via fecal-oral. Seu período de incubação pode variar de 15 a 64 dias, com uma

média de 26 a 42 dias em epidemias. A doença geralmente é leve e se cura em 2 semanas, não deixando

seqüelas. Entre seus sintomas incluem indisposição, anorexia, dor abdominal, artralgia e febre(6).

5

I

Figura 2 - Distribuição da hepatite E no mundo.

De forma semelhante ao vírus da hepatite A, baixas condições de higiene e o consumo de frutos

do mar crus parecem importantes na transmissão da doença, havendo também evidências de transmissão

do VHE por via parenteral, entretanto, esta deve ser considerada mais rara devido ao curto período de

viremia4.Os primeiros casos de hepatite aguda pelo vírus E na Amazônia Brasileira foram relatados em

1997, durante investigação de surto de hepatite em uma vila da região (9).

JUSTIFICATIVA:

As hepatites virais constituem um dos maiores problemas de saúde pública do continente

americano. A distribuição das hepatites virais é universal, sendo que a magnitude dos diferentes tipos

varia de região para região. No Brasil, há cerca de quatro milhões de brasileiros estão contaminados por

hepatites virais, tipo B ou C, segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). E também há

grande variação regional na prevalência de cada um dos agentes etiológicos (9).

Os contextos geográfico e social não permitem para a Amazônia Brasileira definições concisas e

abrangentes sobre o padrão epidemiológico das hepatites virais, quer em relação aos diferentes tipos de

hepatites, quer em relação ao seu território pelos seguintes motivos (10):

1. Ocorrência de todos os tipos de hepatites na região, com padrões epidemiológicos diversos

dependendo da área;

2. Dificuldade do diagnóstico etiológico, motivada pelas grandes distâncias, nas quais

predominam florestas e rios extensos e tortuosos;

3. Ocorrência na região de síndromes ictéricas de outras etiologias entre as quais se destacam a

febre amarela, malária, leptospirose, hepatite alcoólica, dentre outras;

6

4. Necessidade de apoio laboratorial para o diagnóstico etiológico que, dependendo da

complexidade tecnológica, está restrito às capitais dos Estados.

Em consequência dos motivos apontados, os dados epidemiológicos sobre hepatites virais na

Amazônia Brasileira ainda são limitados e não permitem definir com precisão o verdadeiro alcance do

problema em toda a região.

A região Norte registra o dobro de casos das demais regiões. No Pará, as grandes distâncias entre

os municípios e os hábitos da população facilitam o contágio e dificultam o tratamento. E devido a essas

dificuldades existem poucos estudos nessa área, principalmente avaliando populações ribeirinhas. O baixo

nível de instrução, o estilo de vida e as dificuldades de acesso a essas comunidades ribeirinhas podem

acabar por expor ainda mais essa população a infecções e suas consequências, sendo importante

caracterizar a soroprevalência do vírus, os genótipos circulantes e as possíveis vias de transmissão (10,

11).

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL Estudar a Hepatite viral HEV nas famílias ribeirinhas residentes na Ilha do

Maracujá, Município do Acará, na Amazônia Oriental.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Traçar o perfil sócio epidemiológico das famílias residentes na Ilha do Maracujá participantes do

estudo.

Determinar a prevalência da hepatite viral E na comunidade ribeirinha

• Descrever os principais fatores de risco para aquisição da infecção pelo vírus HEV a que a população

está exposta descrevendo as possíveis rotas.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Casuística: Participaram desse estudo 180 moradores da comunidade ribeirinha do Furo do Maracujá, no

município do Acará, cerca de 50 minutos de Belém (Figura 3). As comunidades da ilha foram informadas

sobre a pesquisa e os dias que o grupo de pesquisadores iriam a ilha. Inicialmente, foi explicado o estudo

á comunidade e aqueles que quissesem participar, assinaram o Termo de participação livre e esclarecido.

A partir de então, foi realizado o cadastro das famílias, com preenchimento dos questionários

epidemiológicos. Depois foi coletado amostras de sangue periférico dos ribeirinhos que moram na Ilha.

7

Figura 3 – Comunidade do Furo do maracujá, Acará, Pará.

Aspectos éticos: foi aprovado pelo Comitê de Ética (CEP) do Núcleo de Medicina Tropical.

Caracterização da amostra: A amostra foi constituída de indivíduos de ambos os sexos e todas as

idades, que aceitaram participar e que fossem pertencentes a comunidades ribeirinhas.

Obtenção dos dados epidemiológicos: Foi empregado um questionário para obtenção das informações.

Obtenção do material biológico: Foi coletados 10 mL de sangue periférico através de punção venosa.

As amostras foram refrigeradas e transportadas até o laboratório para serem centrifugadas, separadas e

acondicionados em freezer -80ºC até sua utilização.

Diagnóstico sorológico da infecção pelo HEV: Em todos as amostras sorológicas foi realizado testes

imunoenzimáticos, sendo testados anticorpos sistêmicos para a detecção do HEV, utilizando o kit

recomwell- Mikrogen (USA)

RESULTADOS

Os dados obtidos são referentes ao estudo realizado na comunidade ribeirinha do Furo do

Maracujá, onde participaram deste estudo 180 moradores da ilha de ambos os sexos e idade entre doze e

setenta e oito anos, tendo sido realizado o cadastro dos mesmos durantes as duas expedições ocorridas e

obtido seus dados epidemiológicos e sorológicos através do questionário, colheita, processamento e

armazenamento do material sanguíneo.

ANÁLISE SÓCIO EPIDEMIOLÓGICA DA COMUNIDADE RIBEIRINHA DO FURO DO

MARACUJÁ

8

Avaliando a faixa etária, houve predominância de indivíduos com idade entre 35 e 44 anos, que ob-

teve um percentual de 26,11% (47/180), sendo observada uma maior frequência de indivíduos do sexo

feminino 74,44% em relação ao masculino ( 25,55%), como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1. Frequência da população estudada segundo faixa etária e gênero.

Gênero

FAIXA DE

IDADE

FEMININO MASCULINO TOTAL

Frequência % Frequência % Frequência %

12-24 23 12,77% 5 2,77% 28 15,55%

25-34 31 17,22% 6 3,33% 37 20,55%

35-44 37 20,55% 10 5,55% 47 26,11%

45-54 25 13,88% 14 7,77% 39 21,66%

55-64 11 6,11% 9 4,99% 20 11,11%

≥ 65 7 3,88% 2 1,11% 9 5%

TOTAL 134 74,44% 46 25,55% 180 100%

Com relação ao estado civil da população em estudo, foi possível observar uma maior frequência

de indivíduos casados e em união estável, que juntos representavam 74,44% (134/180), seguido por

22,22% de solteiros e 3,33% de viúvos conforme demonstrado na figura 4.

Figura 4- Frequência dos indivíduos em relação ao seu estado civil

0

20

40

60

80

100

120

140

Casado/União estável

Solteiro

Viúvo

9

Em relação á ocupação dos participantes, foi observado que a maioria é composta por pescadores

39,44% (71/180) e lavradores 35% ( 63/180). As demais ocupações estão listadas na tabela 2.

Tabela 2- Frequência da população em estudo segundo a ocupação.

Ocupação Frequência (%)

Aposentado 5 2,77%

Agente Comunitário 1 0,55%

Carpinteiro 1 0,55%

Dona de Casa 29 16,11%

Estudante 9 5%

Lavrador 63 35%

Pescador 71 39,44%

Professor 1 0,55%

Total 180 100%

Quanto a escolaridade foi observado uma maior parcela de indivíduos com ensino fundamental

imcompleto (89,44%), sendo portanto tal porcentagem correspondente á 161 participantes dentre um total

de 180, um dado bastante elevado e compondo mais da metade da população analisada. Não houve cadas-

tro de nenhum indivíduo com ensino superior, além de uma frequência baixa de pessoas com ensino mé-

dio completo dentre a população em estudo, como pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3- Frequência da população estudada segundo nível de escolaridade.

Escolaridade Frequência (%)

Analfabeto/ Semianalfabeto 3 1,66%

Ensino fundamental completo 5 2,77%

Ensino fundamental imcompleto 161 89,44%

Ensino médio completo 2 1,11%

Ensino médio imcompleto 9 5%

Superior completo 0 0%

Superior imcompleto 0 0%

Total 180 100%

10

Na tabela 4 pode ser constatado a frequência da renda familiar da população estudada, onde se

observa a maior frequência de indivíduos com renda mensal < 1 salário mínimo, não havendo sido consta-

tado salários superiores á 2 salários mínimos.

Tabela 4- Distribuição da renda familiar entre as famílias estudadas na comunidade do Furo do maracujá

Renda Familiar Frequência (%)

< 1 Salário 72 40%

1 Salário 71 39,44%

2 Salários 37 20,55%

> 2 Salários 0 0%

Total 180 100%

PREVALÊNCIA DO MARCADOR SOROLÓGICO PARA HEPATITE E

De acordo com os marcadores da infecção HEV pode-se visualizar uma prevalência de 2.77% (5

de 180) de indivíduos reagentes ao Anti- HEV, em relação aos 97,22% ( 175/180) que não reagiram. As

amostras obtidas na comunidade (180) foram testadas por sorologia e os resultados estão expressos na

figura 5.

Figura 5 – Prevalência dos marcadores da infecção HEV

Sorologia Anti - HEV

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Reagente

Não Reagente

11

ANÁLISE DOS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA AQUISIÇÃO DA INFECÇÃO PELO VÍRUS HEV NA

COMUNIDADE RIBEIRINHA DO FURO DO MARACUJÁ

A transmissão do HEV é fecal-oral e tem seu mecanismo de transmissão ligado a condições de sane-

amento básico, higiene pessoal, qualidade da água e dos alimentos possibilitando a transmissão intrafami-

liar. A transmissão percutânea ou parenteral (transfusão) do HEV é muito rara, devido ao curto período de

viremia do mesmo, porém a possibilidade existe. As análises desses fatores de risco estão expressas na

tabela 5.

Tabela 5. Frequência dos fatores de risco na população ribeirinha estudada.

Fatores de risco N (%)

Hepatite na família

Sim 53 29,44%

Não 127 70,55%

Transfusão

Sim 8 4,44%

Não 172 95,55%

Analisando os dados referentes ao tipo de abastecimento de água, o tipo de fossa e o saneamento

básico da população em estudo, fatores determinantes para a infecção de HEV, foi observado que a popu-

lação utiliza-se da água do poço, rios e lagos, sendo a frequência de pessoas que possuem fossa negra

79,44% (143/180), conforme ilustrado na Figura 6, resultando desta forma em um saneamentebásico ina-

dequado, refletindo desta forma para a maior incidência de infecções com transmissão fecal-oral e ali-

mentar, tornando-as foco de tais infecções.

Figura 6- Prevalência do tipo de fossa na população ribeirinha do Furo do Maracujá

Fossa Negra

Fossa Sanitária

12

CONCLUSÃO

Deve-se concluir que,

Houve predominância de indivíduos com idade entre 35 e 44 anos, que obteve um percentual de 26,11%

(47/180), sendo o sexo feminino predominante ( 74,44%) em relação ao masculino ( 25,55%)

Com relação ao estado civil da população em estudo, foi possível observar uma maior frequência de

indivíduos casados e em união estável, que juntos representavam 74,44% (134/180).

Em relação à ocupação dos participantes, foi observado que a maioria é composta por pescadores 39,44

(71/180) e lavradores 35% ( 63/180).

Quanto à escolaridade foi observado maior frequência de indivíduos com ensino fundamental imcompleto

(89,44%), sendo portanto tal porcentagem correspondente á 161 participantes dentre um total de 180

A maior frequência da renda familiar da população estudada, foi de indivíduos com renda mensal < 1

salário mínimo, não havendo sido constatado salários superiores á 2 salários mínimos.

A prevalência de indivíduos reagentes ao Anti- HEV entre a população da comunidade do Furo do

Maracujá foi de 2.77% (5 de 180) entre indivíduos adultos.

Entre os fatores de riscos assoacidos á situação diagnósticada, houve prevalência de (70,55%) de pessoas

com casos de hepatite na família, e apenas 4,44% de indivíduos que realizaram transfusão.

Quanto ao fator de risco ( saneamento básico, abastecimento de água e tipo de fossa) na população geral,

79,44% destes possuiam fossa negra, sendo seu abastecimento de água atráves de rios, lagos e poços,

resultando em sua maioria em saneamento ruim.

Sendo assim, torna-se necessário um acompanhamento de saúde mais eficaz que possa controlar ao

máximo a distribuição das infecções por HEV na população ribeirinha como um todo que padece, de

melhores condições de saneamento básico.

É importante também ressaltar a necessidade de controle do poder público no desenvolvimento de

políticas de sáude, educação, informativos e palestras sobre o manual de boas práticas e cuidados com o

alimento e água utilizada no abastecimento doméstico.

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