relatÓrio tÉcnico - Área de engenharia de recursos ... · rios perenes volumosos, a agricultura...

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RELATÓRIO TÉCNICO – PROJETO CISA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Estudante: Romildo Toscano de Brito Neto (UFPB) Coordenador ICASALS: Prof. Aderbal C. Correa (TTU) Coordenador UFPB: Prof. Celso Augusto G. Santos (UFPB) Coordenador Geral do Projeto: Prof. Jaime Joaquim Pereira Cabral (UFPE) Março de 2011

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RELATÓRIO TÉCNICO – PROJETO CISA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Estudante: Romildo Toscano de Brito Neto (UFPB)

Coordenador ICASALS: Prof. Aderbal C. Correa (TTU)

Coordenador UFPB: Prof. Celso Augusto G. Santos (UFPB)

Coordenador Geral do Projeto: Prof. Jaime Joaquim Pereira Cabral (UFPE)

Março de 2011

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APRESENTAÇÃO

O presente relatório descreve as atividades realizadas pelo estudante de

Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal da Paraíba (UFPB),

Romildo Toscano de Brito Neto, entre 17 de janeiro de 2011 e 17 de março de 2011,

no Internacional Center for Arid and Semiarid Land Studies (ICASALS) e no Center

for Geospatial Technology (CGST) ambos na Texas Tech University (TTU) em

Lubbock, Texas.

Essas atividades farão parte do desenvolvimento da dissertação de mestrado do

aluno no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana e Ambiental

(PPGEUA) da UFPB, que terá início em abril de 2011. A pesquisa teve o

acompanhamento acadêmico do Prof. Dr. Kevin Mulligan, diretor do CGST, e Dr.

Aberbal C. Correa, diretor do ICASALS, da TTU. O acompanhamento foi realizado

através de reuniões semanais realizadas para avaliar o planejamento das atividades

e discussão dos resultados.

Esta ação está inserida no projeto intitulado “Cooperação Internacional do Semi-

Árido (CISA)”, na sua Meta 2 “Treinamento, capacitação e formação de recursos

humanos na gestão dos recursos hídricos de regiões semi-áridas” e na sua Meta 3

“Desenvolvimento e implementação de instrumentos da gestão dos recursos hídricos

de regiões semi-áridas”.

O projeto CISA, financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (instrumento

contratual FINEP nº 01.07.0049.00), é coordenado pelo Prof. Jaime Joaquim Pereira

Cabral, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de

Pernambuco.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4

2. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................... 5

2.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO TEXAS ......................................................... 5

3. COLETA DE DADOS ............................................................................................. 6

3.1 BASE DO AQUÍFERO ....................................................................................... 6

3.2 NIVEL DE ÁGUA DO AQUIFERO ..................................................................... 6

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 7

4.1 KRIGAGEM ....................................................................................................... 7

4.2 GERAÇÃO DE RESULTADOS ....................................................................... 11

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 12

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 19

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................................. 21

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Aquíferos no Texas .................................................................................... 5

Figura 2 - Transformações em histogramas ............................................................... 7

Figura 3 - Poligonos de Thiessen utilizados para localizar outliers ............................ 8

Figura 4 - Curvas de tendências globais .................................................................... 8

Figura 5 - Definindo direção e distância entre os pares de amostras ......................... 9

Figura 6 - Semivariograma ....................................................................................... 10

Figura 7 - Intervalo e orientação do raio de busca para a escolha da vizinhança .... 10

Figura 8 - Comparação entre Spline e Krigagem ..................................................... 12

Figura 9 - Passos para determinar a espessura da camada saturada do aquífero .. 13

Figura 10 - Filtragem da camada saturada do Aquífero ........................................... 14

Figura 11 - Variação da camada saturada do Aquífero em Parmer - TX .................. 14

Figura 12 - Variação anual do volume na camada saturada do Aquífero ................. 15

Figura 13 - Correlação entre Krigagem e Spline por condado.................................. 16

Figura 14 - Variação anual do volume da camada saturada em Hansford ............... 16

Figura 15 - Variação anual do volume da camada saturada em Lubbock ................ 17

Figura 16 - Superfícies que indicam volume da camada saturada em Lubbock ...... 17

Figura 17- Tempo de vida útil do aquífero a partir de 2008 ...................................... 18

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1. INTRODUÇÃO

Regiões semiáridas são castigadas pela insuficiência e irregularidade de

precipitações, e por ventos quentes e secos, estimuladores de evaporação,

apresentando condições favoráveis à decorrência do processo de desertificação.

Devido a esses fatores, a falta água passa a ser um entrave para o desenvolvimento

dessas regiões. Soluções que visam mitigar esse problema devem considerar a

variabilidade hidrológica tanto no curto quanto no longo prazo.

A região estudada, norte do Texas, possui problemas que diferem dos

encontrados na região semiárida do Nordeste brasileiro. Apesar de não existirem

rios perenes volumosos, a agricultura irrigada é uma prática comum, pois o aquífero

local (Ogallala) possui água suficiente e de qualidade para isto, sendo a principal

fonte hídrica da região.

As leis que regem o uso dos recursos hídricos do aquífero Ogallala diferem de

Estado para Estado. O uso da água subterrânea é, em geral, outorgado sem

restrições de vazão para o proprietário do terreno no qual a fonte hídrica se

encontra. Porém, esta política pode tornar o volume da explotação maior que o de

recarga, trazendo consequências danosas em longo prazo.

Diante dos pressupostos, esta pesquisa visa mensurar o volume do aquífero

através de sua camada saturada, além de projetar seu tempo de vida útil a partir de

operações matemáticas entre dados matriciais. Para isso, é necessário criar

superfícies que definam o nível de água e a base do aquífero.

Portanto, a proposta é criar superfícies que representem o nível de água no

aquífero a partir dos dados dos poços, utilizando a Krigagem Ordinária e gerar os

resultados supracitados. Posteriormente comparar com o método desenvolvido pelo

CGST, que interpolou os dados por Spline.

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2. ÁREA DE ESTUDO

2.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO TEXAS

O Estado do Texas possui aproximadamente 700 mil quilômetros quadrados,

que corresponde a uma área maior que a dos Estados de Pernambuco e Bahia

juntos. O Texas é o segundo maior Estado dos Estados Unidos da América e

também o mais populoso. Esse fato colabora para que o Texas tenha diferentes

características naturais em seu território. No extremo sul o clima é tropical, já no

noroeste o clima é árido.

O aquífero Ogallala (Figura 1 abaixo) possui cerca de 450 mil quilômetros

quadrados e está localizado em oito Estados norte americanos, entre eles o Texas.

A área do aquífero que intersecta o Texas foi escolhida como área de estudo por ser

objeto de estudo do CGST e, consequentemente, haver dados disponíveis e

resultados obtidos para comparação.

Figura 1 - Aquíferos no Texas

Fonte: http://www.twdb.state.tx.us

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3. COLETA DE DADOS

3.1 BASE DO AQUÍFERO

A base do aquífero foi modelada pela equipe do CGST e é considerado um

dado extremamente valioso, porém não existem relatórios disponíveis a comunidade

que descrevam a metodologia para a criação dessa superfície, tampouco existe a

disponibilização desse dado para uso fora do centro. Sabe-se apenas que ela foi

criada a partir de dados de poços e da digitalização de curvas de nível da base do

aquífero, ambos disponibilizados pelo Texas Water Development Board (TWDB).

3.2 NIVEL DE ÁGUA DO AQUÍFERO

Para criar superfícies que representem o nível de água do aquífero, foram

utilizados dados do nível dos poços locados no aquífero Ogallala. Eles são

registrados e monitorados pelos perfuradores e essas informações são enviadas ao

órgão gestor de águas do Texas, o TWBD, que disponibiliza os dados em sua

pagina na web.

Após o download dos dados do TWDB, houve uma filtragem para selecionar

apenas os dados contidos no aquífero dos meses sem bombeamento, separá-los

por ano e descartar os não permitidos para publicação. Para criar uma tabela com

as coordenadas espaciais e os dados de nível da água, foi feita uma junção tabular

a partir do código do poço. Desse modo, foram selecionados os poços contidos na

área em estudo e próximos ao seu contorno entre os anos de 1999 a 2008. Assim,

foi possível o uso do software de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para

realizar os procedimentos de interpolação e análise espacial.

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4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 KRIGAGEM

A técnica aplicada para interpolar os dados do aquífero foi a Krigagem

Ordinária. Este método geoestatístico é baseado no princípio da autocorrelação

espacial, ou seja, considera o grau de dependência entre vizinhos próximos e

distantes.

A vantagem de usar esta técnica é que suas superfícies tendem a ser mais

suaves que as criadas por métodos determinísticos, como o Spline. Uma

característica importante desse método é a possibilidade de analisar o erro entre a

superfície e os pontos que foram utilizados para gerá-la.

A análise exploratória dos dados é uma etapa fundamental antes de iniciar a

Krigagem. O primeiro passo é analisar o histograma dos dados em estudo e definir

uma transformação de modo que sua distribuição tenda a se normalizar. A figura 2

abaixo apresenta histogramas com e sem transformação.

Figura 2 - Transformações em histogramas

O segundo passo da análise exploratória é procurar discrepâncias (outliers)

globais ou locais. Para facilitar essa busca, utilizam-se polígonos de Thiessen

classificando as amostras de acordo com: valores brutos, média, mediana, entropia,

cluster, desvio padrão etc. A figura 3, a seguir, mostra exemplos de mapas com

estas diferentes classificações.

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Figura 3 - Poligonos de Thiessen utilizados para localizar outliers

Outra etapa da análise exploratória é identificar tendências globais. A partir de

uma análise gráfica dos dados, é possível projetá-los em dois planos e visualizar as

curvas de tendência. Em análises geoestatísticas, é necessária a remoção dessas

curvas através da utilização de uma função polinomial de certo grau, construída de

tal forma que miniminize os desvios quadráticos em relação aos valores observados.

Figura 4 - Curvas de tendências globais

De posse dos resultados da análise exploratória, pode-se inferi-los na

configuração da Krigagem. A definição do semivariograma e a escolha da vizinhança

são as etapas mais sensíveis e importantes em interpolações geoestatísticas.

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O semivariograma é uma ferramenta que verifica a autocorrelação espacial

dos dados, ou seja, ele é utilizado para investigar a correlação entre pares de

amostras de acordo com a direção e distância a serem arbitrados. O

semivariograma clássico é estimado pela seguinte equação:

Onde: γ(h) – Função semivariograma N(h) – Número de pares das amostras

Z(ti + h ), Z(ti) – Valores do por de amostras separados por um vetor h

Durante o ajuste dos semivariograma, são definidas as direções do vetor h e

a distância entre as amostras (Lag size, Number of lags), como podem ser vistos na

figura 5 a seguir

Figura 5 - Definindo direção e distância entre os pares de amostras

A influência da direção no ajuste do semivariograma também é conhecida por

anisotropia, em praticamente todas as superfícies interpoladas ela foi considerada.

O lag size e o número de lags também têm um papel importante no ajuste, por

exemplo, valores muito altos podem mascarar pequenas variações na

autocorrelação, enquanto que valores muito baixos podem causar picos

inapropriados na superfície ou uma distância insuficiente entre pares de amostras, o

que resulta em um semivariograma sem valores plotados.

Por fim, modelos teóricos (representados por uma curva, por exemplo: Gauss,

exponencial, circular, esférica etc) são ajustados de acordo com o semivariograma.

Também são utilizados outros fatores para ajustar estes modelos, como o efeito

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pepita (Nugget). A figura 6, a seguir, mostra um semivariograma ajustado e uma

curva esférica seguindo os pontos.

Figura 6 - Semivariograma

A última etapa de configuração da Krigagem é a escolha da vizinhança de um

ponto qualquer. O raio no qual os vizinhos serão procurados está diretamente

relacionado com o lag size e o número de lags, definidos anteriormente. Neste

momento, defini-se o intervalo e a orientação dos ângulos de busca (figura 7), além

dos limites de quantos vizinhos podem ser utilizados por intervalo.

Figura 7 - Intervalo e orientação do raio de busca para a escolha da vizinhança

A análise do resultado da Krigagem procede através da visualização de um

mapa temático que divide em classes a superfície criada e uma tabela com dados

estatísticos, validação cruzada. A tabela contém os dados calculados e observados,

erro, erro padrão etc. Caso a relação entre a superfície gerada e a validação

cruzada não atenda a perspectiva, devem-se repetir os procedimentos anteriores até

encontrar um ajuste satisfatório.

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4.2 GERAÇÃO DE RESULTADOS

Foram criadas dez superfícies (1999 até 2008) por Krigagem que

representam o nível da água do aquífero Ogallala. Estes dados, junto com a base do

aquífero modelada pela equipe do CGST, foram utilizados para gerar uma série de

informações, como a espessura da camada saturada do aquífero, o volume total e o

volume de água disponível. Estes resultados também foram separados por condado.

Além disso, foram criadas superfícies que representam a variação anual de cada

resultado citado acima e tabelas com os valores numéricos calculados. Foi realizada

separadamente uma filtragem da espessura da camada saturada para suavizar mais

as curvas, melhorando o aspecto visual dos mapas. O fluxograma a seguir resume o

que foi descrito acima.

Devido à imensa quantidade de procedimentos repetitivos a serem

processados, foram criadas rotinas em Visual Basic pela equipe do CGST para

acelerar o processamento dos dados. A fim de utilizar os dados de nível da água do

aquífero gerados pela Krigagem, foram feitas apenas algumas modificações nos

scripts originais.

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5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Como dito anteriormente, a Krigagem tende a suavizar as superfícies criadas.

Já as superfícies criadas por Spline têm a característica de tocar todos os pontos

utilizados na interpolação, o que tende a ser um resultado mais acurado na

vizinhança próxima aos poços, porém ela gera muitos picos e buracos devido aos

outliers. A figura 8 apresenta dois mapas temáticos que representam

respectivamente as superfícies criadas por Spline e Krigagem para o ano de 2001 e

seus respectivos perfis de terreno.

Figura 8 - Comparação entre Spline e Krigagem

Com posse de todos os resultados obtidos a partir da Krigagem, pode-se

avaliar a qualidade dos resultados através de uma auto-análise e da comparação

com os resultados obtidos a partir do Spline, realizados pela equipe do CGST.

A figura 9 ilustra a sequência de passos para determinar a espessura da

camada saturada do aquífero (Saturated Thickness), determinada a partir da

diferença entre a base do aquífero e o nível da água, definido por Spline e Krigagem.

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Figura 9 - Passos para determinar a espessura da camada saturada do aquífero

Fonte: Dados dos poços - Texas Water Development Board Base do Aquífero - Center for Geospatial Technology

Para melhorar a visualização das curvas de nível dos mapas que

representam a espessura da camada saturada do aquífero, foi realizada uma

filtragem com 14 iterações, que tende a suavizar a superfície de entrada e reduzir a

significância de células anômalas,

A figura 10 mostra superfícies com a espessura da camada saturada do

aquífero no Condado de Dallam em 2002. Nestas figuras, é possível ver resultado

da filtragem em relação aos dados de entrada provenientes da Krigagem e Spline.

A partir destas superfícies também podem ser criados mapas que indicam

a variação da espessura da camada saturada do aquífero para intervalos temporais

quaisquer, e.g., a figura 11 mostra a variação entre os anos de 1999 e 2008 no

Condado de Parmer a partir de superfícies provenientes de Krigagem e Spline.

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Figura 10 - Filtragem da camada saturada do Aquífero

Figura 11 - Variação da camada saturada do Aquífero em Parmer - TX

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O que se destaca na Figura 11 acima é o enorme buraco que se vê no layer

que representa a variação da camada saturada do aquífero por Spline. Esta

inconsistência ocorre porque o Spline não analisa a correlação espacial, ele

simplesmente traça uma superfície que toca todos os pontos, ou seja, quando existe

um ponto de coleta que não pertence a um dos anos interpolados, o Spline tende a

deixar plana a parte da superfície onde a amostra não está presente.

Outro resultado produzido foi o volume da camada saturada do aquífero. Ele

foi calculado ao multiplicar os valores de cada pixel pela resolução espacial da

imagem (528t × 528 ft), obtendo-se o resultado em pés cúbicos. Ao dividi-lo por

43,56 ft²/acre, obtém-se o resultado em Acre Feet. Por fim, somando-se os valores

dos pixels de uma área qualquer é determinado o volume da camada saturada.

O gráfico a seguir (Figura 12) representa a variação anual (1999–2008) do

volume da camada saturada da porção do Aquífero Ogallala contida no Texas, a

partir de níveis de água calculados por Krigagem e Spline. O volume total médio

calculado por Spline foi 0,12% maior que o calculado por Krigagem.

Figura 12 - Variação anual do volume na camada saturada do Aquífero

Na Figura 13, foi utilizado como dado de entrada o volume da camada

saturada do aquífero, que foi discretizado por condado entre os anos de 1999 e

2008. Os pontos plotados indicam a correlação entre a Krigagem (Eixo Y) e Spline

(Eixo X). Além disso, os pontos abaixo da linha de tendência indicam que os valores

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provenientes do Spline são maiores que os da Krigagem, confirmando o que foi

constatado de forma generalizada na Figura 12.

Figura 13 - Correlação entre Krigagem e Spline por condado

Na maioria dos condados os volumes calculados e as superfícies criadas

foram relativamente próximos. No Condado de Hansford, por exemplo, o gráfico da

Figura 14 indica que a variação anual do volume da camada saturada calculado por

Spline foi 0,84% maior que o calculado por Krigagem.

Figura 14 - Variação anual do volume da camada saturada em Hansford

17

O Condado Lubbock, entretanto, foi uma das exceções. O gráfico da variação

anual do volume da camada saturada (Figura 15) indicou valores bem mais altos

para a Krigagem. O volume total médio calculado por Krigagem foi 1,83% maior que

por Spline. Ao analisar as superfícies geradas pelas interpolações (Figura 16),

percebe-se que a Krigagem gerou valores mais elevados na parte central e nordeste

do condado.

Figura 15 - Variação anual do volume da camada saturada em Lubbock

Figura 16 - Superfícies que indicam volume da camada saturada em Lubbock

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Por fim, foi estimado o tempo de vida útil do aquífero a partir de 2008,

utilizando dados de Krigagem e Spline (Figura 17). O cálculo foi baseado na média

de cinco variações anuais distintas da espessura da camada saturada, criando-se

uma camada para representar a variação do nível do aquífero por ano. Assim foram

extrapolados os valores para anos futuros.

Figura 17- Tempo de vida útil do aquífero a partir de 2008

O que se percebe é uma pequena variação percentual entre as classes das

duas coberturas criadas. Apesar disso, em algumas áreas, como os extremos

superior e inferior das figuras, a distribuição das classes diverge bastante, o que

pode ser atribuído a má distribuição dos poços nestas áreas.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dois meses de pesquisa na TTU foram muito proveitosos, principalmente

no aspecto acadêmico. O plano de trabalho planejado para o intercâmbio foi

cumprido e novas idéias para pesquisas futuras surgiram e foram estudadas durante

a visita.

A pesquisa inicial visou aperfeiçoar a técnica da Krigagem, que foi

desenvolvida no Center for Geospatial Technology do campus da TTU. As principais

vantagens de utilizar os dados de poços do Texas foram (a) poder comparar os

resultados com os obtidos pelo CGST anteriormente e (b) absorver as tecnologias

desenvolvidas por eles para processar os dados.

De um modo geral, os resultados obtidos utilizando o Spline e Krigagem

foram relativamente próximos. Porém, o Spline apresentou algumas inconsistências

quando as amostras variavam a localização, o que não foi percebido pela Krigagem.

Por outro lado, a Krigagem depende muito da intervenção humana, o que pode gerar

resultados tendenciosos dependendo da configuração definida.

O processamento dos dados, desenvolvido pelo CGST, através de scripts em

Visual Basic, viabilizou a produção de um grande volume de informação em pouco

tempo. Em particular, o grande aprendizado foi como criar os scripts e definir a

metodologia adequada para processar os dados.

Entre 10 e 17 de janeiro de 2011 foi realizada uma visita técnica ao

departamento de recursos hídricos da Universidade do Texas em Austin, que visou

aprender a utilizar o Water Evaluation And Planning System (WEAP) para

modelagem hidrológica e geração de cenários. Durante a pesquisa em Lubbock,

surgiu a idéia de interligar o MODFLOW ao WEAP para gerar cenários futuros para

o aquífero Ogallala de acordo com a demanda de água da agricultura, como por

exemplo:

� Cenário atual: Prever o tempo que o aquífero suporta o consumo atual.

� Cenário sustentável: Estimar a redução do consumo d’água para que o

aquífero consiga manter um nível satisfatório.

Porém, devido à complexidade para utilizar os modelos e o pouco tempo

disponível, não foi possível alcançar grandes evoluções até o momento.

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No entanto, espera-se que o conhecimento adquirido durante a pesquisa na

TTU seja de grande contribuição no desenvolvimento da dissertação de Romildo

Toscano, que irá começar o mestrado em abril de 2011 no PPGEUA da UFPB,

tendo como área de estudo uma bacia inserida na região semiárida do Nordeste

brasileiro.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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