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RELATÓRIO SEMINÁRIO INTERNACIONAL POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES RURAIS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE 19 A 20 de março de 2013 Palácio do Itamaraty - Brasília/DF – Brasil Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 1 de 29

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RELATÓRIOSEMINÁRIO INTERNACIONAL POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES RURAIS NA

AMÉRICA LATINA E CARIBE

19 A 20 de março de 2013

Palácio do Itamaraty - Brasília/DF – Brasil

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 1 de 29

Apresentação

O Ministério do Desenvolvimento Agrário por meio da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais

e da Assessoria Internacional e de Promoção Comercial, juntamente com o Ministério das

Relações Exteriores, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Organização das

Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em parceria com a Comissão Econômica

para a América Latina e Caribe (CEPAL), realizaram o Seminário Internacional Políticas

Públicas para Mulheres Rurais na América Latina e Caribe entre os dias 19 e 20 de março de

2013, no Palácio do Itamaraty em Brasília, Brasil.

O Seminário teve o objetivo de estabelecer uma reflexão sobre as políticas existentes para

mulheres rurais na América Latina e Caribe, visando a proposição de uma agenda futura comum

para a região. Além disso, buscou-se construir um ambiente de diálogo tendo em vista a XII

Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe, que acontece na República

Dominicana em outubro de 2013, e o Ano Internacional da Agricultura Familiar em 2014.

Participantes

O encontro reuniu gestores/as de políticas públicas, representantes de movimentos sociais e

organizações de mulheres, acadêmicos/as, e representantes de organismos internacionais da

Organização das Nações Unidas (ONU), em especial a Organização para Alimentação e

Agricultura (FAO), e da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), de 14

países da América Latina e Caribe em dois dias de atividades com debates, conferência, painéis e

grupos de trabalho.

Participaram do ato de abertura do evento o Senhor Ministro de Estado do Desenvolvimento

Agrário do Brasil, Pepe Vargas, a Senhora Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas

para as Mulheres da Presidência da República do Brasil, Eleonora Menicucci, o Senhor

representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Milton Rondó, a Senhora

Presidenta da Frente Parlamentar Contra a Fome, da República Dominicana, Deputada

Guadalupe Valdez, e a Senhora Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação

Nacional dos Trabalhadores da Agricultura – Contag, Carmem Foro.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 2 de 29

Como representação da sociedade civil e do governo do Brasil, estiveram presentes:

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 3 de 29

P alácio d o Itamaraty – B ras ília – 19 e 20 d e março d e 2013Participantes Internacionais:

N O M E C AR G O /F U N Ç ÃO /S E T O R P AÍS E N D E R E Ç O E L E T R Ô N IC O

Coordenadora da Área de Gênero e Juventude do Minis tério da Agricultura – MINAGRIArg e n tin a [email protected]

P a m e la S tro u d e Consultora FAO B arb ad o s [email protected]

C la u d ia R a n a b o ld oEspecialis ta do Centro Latino-Americano para o Desenvolvimento Rural – RIMISPB o lív ia [email protected]

C h ile

[email protected]

M in a N a m d a r-Ira n i Especialis ta e Codiretora da Agroqualitas Consultores

A lic ia B a sso Especialis ta Fund. Lat. Social alic [email protected]

Ji m e n a A ria s F e i jo ó [email protected]

S o n ia M o n ta ñ o [email protected]

S o le d a d P a ra d a Consultora Regional de Gênero – FAO [email protected]

D u lc la ir S te rn a rd Consultora Projeto 173 – FAO duclair.s [email protected]

X im e n a V a ld é s Especialis ta e diretora – CEPAL [email protected]

E q u ad o r

G u ate mala

A n n a lisa M a u ro Presidenta Land Coalition Itá lia [email protected]

M é x ico

A lb a P a la c io s Presidenta do Congresso Nacional N icarág u a albitapalac [email protected]

Consultora FAO P arag u ai [email protected]

Zo ra id a A ra n ib a r P e ru zory [email protected]

G u a d a lu p e V a ld e z guavaldez@gmail

Especialis ta em Gênero E l S alv ad o rs/informação

Em i ly B a l d a ssa riU ru g u a i

[email protected]

M a rise l F a r ie l lo Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca – MGAP [email protected]

SEMIN ÁR IO INTER NACION AL – Políticas Públicas para M ulheres Rurais na América Latina e Caribe

M a ria V a le r ia Ec h e ve rry

A n to n e l la P e c c h e n in o L o b o s

Subdiretora Nac ional do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário- INDAP do Ministério da Agricultura

mina@agroqualitas .c l [email protected]

Diretora de Assuntos Sociais da Divisão de Assuntos de Gênero da Comissão Econômica para América Latina e Caribe – CEPAL

Diretora da Divisão de Assuntos de Gênero da Comissão Econômica para América Latina e Caribe – CEPAL

A z u c e n a D e l P i la r T a m a yo

Coordenadora de Padões Culturais da Comissão de Transição para o Conselho de Mulheres e Igualdade de Gênero – Governo Nacional da República do Equador

m larrea@comis iondetransic ion.gob.ec e [email protected]

A lb a L i ra P e re z A v e l la n e d a

Coordenadora de Informação Estratégica da Comissão de Transição para o Conselho de Mulheres e Igualdade de Gênero – Governo Nacional da República do Equador

aperez@comis iondetransic ion.gob.ec [email protected]

G e rm a n R a fa e l G o n z á le z D ía z

Diretor de P lanejamento, Monitoramento e Avaliação da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional – SESAN/Governo da Guatemala

[email protected] [email protected]

G e o rg in a T ru j i l lo Ze n te l la

Subsecretária de Políticas Setoriais da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Territorial e Urbano -SEDATU/Governo do México

[email protected] [email protected]

M a ria C e lsa B e n e v id e s

Unidade Regional Formuladora do Gabinete de Infraes trutura do Governo Regional de P iura Deputada Presidente da Frente Parlamentar pela Luta Contra a Fome do Congresso Nacional

R e p ú b lica D o min ican a

L u d m i la O r te g a P o n d e

Subdiretora da Unidade de Descentralização e Coordenação de Políticas com base em unidades departamentais do Minis tério da Pecuária, Agricultura e Pesca – MGAP

Movimento da Mulher Trabalhadora Rural doNordeste - MMTR-NE

Maria Verônica de Santana [email protected]

Federação Nacional dos Trabalhadores eTrabalhadoras na Agricultura Familiar – FETRAF

Maria Graça Amorim [email protected]

Confederação Nacional dos Trabalhadores naAgricultura – CONTAG Carmen Foro [email protected]

Movimento de Mulheres Camponesas – MMC Rosangela Piovizani Cordeiro [email protected]

Marcha Mundial das Mulheres – MMM Maysa Mourão Miguel [email protected]

Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA Ivanira Quevedo da Silva [email protected]

Setor Gênero CUT Rosane Silva s/informação

Movimento Interestadual das Quebradeiras de CocoBabaçu – MIQCB Eunice da Conceição Costa [email protected]

Confederação de Organizações de ProdutoresFamiliares do MERCOSUL Ampliado – COPROFAM

Alessandra Lunes s/informaçãoFundo de População das Nações Unidas -UNFPA/ONU Taís Santos

[email protected]

WFP/ONU Sharon de Freitas [email protected] Organização dos Estados Ibero-Americanos –OEI/Brasil Ivana de Siqueira

[email protected]

Organização dos Estados Ibero-Americanos –OEI/Brasil Claudia Baena

[email protected]

Ministério da Cultura Marcia Rollemberg [email protected]

Secretaria de Políticas para as Mulheres daPresidência da República do Brasil – SPM Raimunda Celestino

[email protected]

Secretaria de Políticas para as Mulheres daPresidência da República do Brasil – SPM

Glaucia [email protected]

Secretaria de Políticas para as Mulheres daPresidência da República do Brasil – SPM

Denise Feitosa Halfeld [email protected]

Secretaria de Políticas para as Mulheres daPresidência da República do Brasil – SPM

Fabiana [email protected]

Secretaria de Políticas para as Mulheres daPresidência da República do Brasil – SPM

Rosa de Lourdes Azevedo dos Santos

[email protected]

Secretaria de Políticas para as Mulheres daPresidência da República do Brasil – SPM

Rosa Maria [email protected]

Secretaria de Políticas para as Mulheres daPresidência da República do Brasil – SPM

Tatau [email protected]

Ministério da Pesca e Aquicultura- MPA Alexandra Rocha [email protected]

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária– INCRA

Rogério Antônio [email protected]

Secretaria de Reordenamento Agrário – SRA/MDA Elizabeth Ribeiro e Fonseca [email protected]

Secretaria de Agricultura Familiar – SAF/MDA Mônica Batista de Souza [email protected]

Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais – DPMR/MDA Caroline Molina

[email protected]

DPMR/MDA Liza [email protected]

DPMR/MDA Ana Carolina Biscaro Brutti [email protected]

DPMR/MDA Fabricio Franco Caixeta [email protected]

DPMR/MDA Flauzino Antunes Neto [email protected]

DPMR/MDA Jaqueline Puma [email protected]

DPMR/MDA Alexandra Filipak [email protected]

DPMR/MDATereza Cristina BarbosaArruda [email protected]

DPMR/MDA Layla Torres [email protected]

DPMR/MDA Karla Hora [email protected]

DPMR/MDA Renata Leite [email protected]

DPMR/MDA Isolda Dantas [email protected]ério do Desenvolvimento Agrário Edna Duarte Lima [email protected]

Ministério do Desenvolvimento Agrário Elisabete Oliveira CostaSantos [email protected]

SEMINÁRIO INTERNACIONAL – Políticas Públicas para Mulheres Rurais na América Latina e Caribe

Palácio do Itamaraty – Brasília – 19 e 20 de março de 2013

Participantes do Brasil:INSTITUIÇÃO PARTICIPANTE ENDEREÇO ELETRÔNICO

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 4 de 29

Programação

Terça-feira, 19 de março de 2013 Auditório do Instituto Rio Branco - Brasília/DF

10h00 Recepção e Credenciamento

11h00 Ato de Abertura: encontro de altas autoridades dois países convidados sobre políticas para mulheres rurais

Saudações: Sr. Pepe Vargas, Ministro do Desenvolvimento Agrário – BR; Sr. Milton Rondó representando o Sr. Ministro Antônio Patriota do Ministério das Relações Exteriores – BR; Sra. Eleonora Menicucci, Ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres – BR; Sra. Guadalupe Valdez pela Frente Parlamentar de luta contra a Fome da República Dominicana; Sra. Carmem Foro, representante da Secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

14h30 Conferência Magistral: Desenvolvimento Econômico e Gênero

Saudações: Alan Bojanic, Diretor da FAO no Brasil representando o Subdiretor da FAO e, Sonia Montaño, Diretora da Divisão de Assuntos de Gênero da CEPAL

Conferencista: Andrea Butto, Secretária de Desenvolvimento Territorial do MDA/Brasil

15h00 PAINÉIS: Autonomia Econômica e Acesso a Direitos 15h10 Painel 1: Autonomia Econômica das Mulheres

Coordenação: Sonia Montaño, Diretora da Divisão de Assuntos de Gênero da CEPAL

Painelistas: Carmem Foro, Secretária de Mulheres da CONTAG/Brasil: Mulheres Rurais na luta por Direitos e a luta por autonomia

Soledad Parada, Consultora Regional de Gênerio da FAO: Panorama das Mulheres Rurais na América Latina e Política da FAO para a autonomia econômica das mulheres

Tatau Godinho, Secretária de Avaliação de Políticas e Autonomia Econômica de Mulheres da SPM/Brasil: Plano Nacional de Políticas para Mulheres e Políticas de Autonomia para Mulheres Rurais

16h30 Painel 2: Acesso a Direitos das Mulheres Rurais: recursos naturais (terra e água), trabalho, proteção social, acesso a documentação civil e direito a alimentação

Coordenação: Emily Baldassari, Subdiretora da Unidade de Descentralização e Coordenação de Políticas com Base Departamental do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca/Uruguai

Painelistas:Annalisa Mauro, Presidenta da Land Coalition: Mulheres e o acesso a terra na América Latina e Caribe

Guadalupe Valdez, Deputada Presidenta da Frente Parlamentar Contra a Fome da República Dominicana: Direito a alimentação

Karla Hora, Diretora de Políticas para Mulheres Rurais - MDA/Brasil: Institucionalização de Políticas para Mulheres Rurais

18h00 Lançamento do Livro "A Louca de las Yagrumas e outras mulheres". Autora: Mavis Dora Alvarez Licea

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 5 de 29

Composição da mesa: Mavis Dora Alvarez Licea/Cuba, Karla Hora - DPMRQ/MDA/Brail e Roberto Nascimento - NEAD/MDA/Brasil

Coquetel de Confraternização

Quarta-feira, 20 de março de 2013Palácio do Itamaraty - Auditório Santiago Dantas - Brasília/DF

09h00 GRUPOS DE TRABALHO: Trocas de Experiências entre os países

Grupo 1. Acesso a Direitos: Terra e Recursos Naturais, Alimentação, Trabalho, Proteção Social e Documentação CivilCoordenação: Maria Celsa Benevides, Consultora FAO/Paraguai

Zoraida Aranibar (Governo Regional de Piúra, Peru): Mulheres rurais e agregação de valor em zonas de desertificação

Germán González (Governo da Guatemala): As mulheres e o direito a alimentação

Ludmila Ortega (El Salvador): El tiempo de las mujeres rurales

Georgina Trujillo Zentella (Governo do México): A experiência do México em relação ao acesso a terra para mulheres rurais

Grupo 2. Autonomia Econômica: Acesso ao Crédito e Assistência Técnica, Comercialização e Compras PúblicasCoordenação: Tatau Godinho, Secretária de Avaliação de Políticas e Autonomia Econômica de Mulheres da SPM/Brasil

Maria Valeria Echevery (Governo da Argentina): Uma experiência de crédito para mulheres

Antonella Pecchenino Lobos (Governo de Chile): O convênio INDAP-PRODEMU Chile

Ximena Valdés (CEDEM): Mulheres e Trabalho Assalariado na Agricultura

Deputada Alba Palacios (Nicaragua): Criação do Fundo de Terra para Mulheres Rurais na Nicaragua

Beatriz Praxedes (Embaixada do México): Experiência de autonomia econômica das mulheres

Grupo 3. Processo de Formulação de Políticas PúblicasCoordenação: Karla Emmanuela Hora, Diretora de Políticas para Mulheres Rurais - DPMR/MDA/Brasil

Alba Pérez (Comissão de Transição do Equador): As estatísticas e a fomulação de políticas públicas

Claudia Ranaboldo (Bolívia): Políticas para as Mulheres Rurais e Território

Emily Baldassay (Uruguai): Programa Regional de Institucionalização de Políticas de Gênero no Mercosul

Alessandra Lunes (COPROFAN): Movimentos Sociais e o AIAF

14h00 PLENÁRIA

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 6 de 29

Saudações: Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil, Secretaria de Políticas para Mulheres

Apresentação da síntese dos debates e de uma proposta de agenda futuraCoordenação: MDA - SPM - FAO - CEPAL

16h00 ENCERRAMENTO

Metodologia

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 7 de 29

O Seminário foi construído com o objetivo de constituir-se um espaço de reflexão e

articulação em torno das políticas implementadas na América Latina e Caribe para as mulheres

rurais.

Nesse sentido, as atividades foram propostas com o intuito de possibilitar um

entrosamento político entre os Governos participantes em prol da identificação dos elementos

comuns que norteiam as questões de gênero no meio rural da região e que subsidiam a

elaboração de ações e programas públicos de enfrentamento às desigualdades sociais e à

pobreza no campo.

Como resultado, espera-se que o debate fomentado em torno destas questões possa

traduzir-se na consolidação de uma agenda comum de proposições para o avanço das políticas

desenvolvidas na região.

Para alcançar seu objetivo, o seminário foi estruturado em três eixos.

Na abertura do evento foi organizado um encontro entre altas autoridades dos países

convidados com o intuito de promover um ato político com Ministras e Ministros de Estado sobre

políticas para mulheres rurais. Foram convidadas/os Ministras e Ministros das Mulheres, da

Agricultura e de Desenvolvimento Agrário de países da América Latina e Caribe com a

perspectiva de dar visibilidade e potencializar uma agenda política comum na região.

Em seguida, foi realizada uma conferência magistral a respeito do tema Desenvolvimento

Rural e Gênero com o propósito de apresentar uma contextualização do processo de emergência

e da importância alcançada das questões de gênero no debate sobre desenvolvimento rural na

América Latina e Caribe.

O segundo eixo contou com a disposição reflexiva de painéis temáticos sobre Autonomia Econômica e Acesso a Direitos. Houve a participação de especialistas convidadas/os para

ensejar uma reflexão sobre os temas propostos e estabelecer um diálogo a respeito das políticas

implementadas na região. Os painéis também tiveram o objetivo de organizar o debate que se

desenvolveu a seguir nos grupos de trabalho, com os seguintes temas: empoderamento

econômico e o acesso a direitos das mulheres rurais.

Foram abordados os seguintes temas em cada painel:

Primeiro painel: Autonomia econômica das mulheres: Crédito e assistência

técnica, Comercialização e compras públicas, e Políticas de combate à fome.

Segundo painel: Acesso a Direitos das Mulheres Rurais: Recursos naturais

(terra e água), trabalho, proteção social, acesso a documentação civil e direito a

alimentação.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 8 de 29

No terceiro eixo houve a organização de grupos de trabalho propostos como espaço para

trocas de experiências entre os países. Nessa perspectiva, houve a apresentação de experiências

de países que desenvolvem políticas para mulheres rurais com o objetivo de favorecer o debate e

a construção de recomendações sobre o tema e a proposição de uma agenda comum de trabalho

futuro.

Foram formados os seguintes grupos:

Grupo 1. Acesso a Direitos: Terra e Recursos Naturais; Alimentação; Trabalho; Proteção Social e Documentação Civil;

Grupo 2. Autonomia economica: Acesso ao Crédito e assistencia técncia; Comercialização e compras públicas; Políticas de combate a fome;

Grupo 3. Processo de Formulação de Políticas Públicas.

Para além dos debates, durante o coquetel de confraternização houve o lançamento do

livro "A Louca de las Yagrumas e outras mulheres", com a presença da autora Mavis Dora Alvarez

Licea.

Ao final dos trabalhos, foi constituída uma Plenária para a apresentação da síntese dos

debates e a elaboração de um documento final, pactuado entre os presentes, para a construção

de uma agenda futura de de políticas públicas para muheres rurais na América Latina e Caribe.

O ato de encerramento foi celebrado com as saudações das representações dos

Ministérios das Relações Exteriores, Sr. Milton Rondó, do Ministério do Desenvolvimento Agrário

do Brasil, a Diretora de Políticas para Mulheres Karla Hora, e da Secretaria de Políticas para

Mulheres do Brasil, a Assessora Especial Raimunda Mascena Celestino. Participaram da mesa a

Sra. Guadalupe Valdéz pela Frente Parlamentar de Luta contra a Fome da República

Dominicana, e Alessandra Lunes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

Finalizou-se com a apresentação do Documento Final.

Sistematização das Atividades

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 9 de 29

P rimeiro D ia

Abertura Oficial do Evento (ato político)

Principais pontos abordados: Na abertura do evento as autoridades presentes felicitaram a

iniciativa e indicaram a necessidade de momentos comuns de reflexões sobre a situação das

mulheres rurais na América Latina e Caribe.

Conferência Magistral

Saudação

Sonia Montaño (Diretora de Assuntos de Gênero da CEPAL)

Principais pontos abordados:

A invisibilidade da vida produtiva e reprodutiva das mulheres rurais oculta dados mais pro-

fundos de desigualdade nos distintos modelos de desenvolvimento.

O trabalho das mulheres na agricultura não é um tema que deve ser tratado apenas de for-

ma metodológica, mas que também tem suma importância para visibilizar o seu protago-

nismo na economia.

O trabalho das mulheres rurais traz uma contribuição econômica de grande relevância que

não está contabilizado nas estatísticas, e este é um grande desafio para o qual este Semi-

nário poderá trazer algumas alternativas.

Os dados fornecidos pelo Observatório de Gênero da CEPAL indicam que a proporção de

mulheres pobres aumenta de forma significativa em cada país, e esses dados trazem um

grande desafio para as políticas públicas para mulheres rurais.

É necessário refletir sobre a confusão que as economias remetem aos conceitos de traba-

lho e emprego com relação ao modelo de trabalho total que combina os trabalhos reprodu-

tivo e produtivo.

Os domicílios também são lugares produtivos, e é necessário repensar a sociedade a partir

de outras categorias, em que o trabalho não remunerado das mulheres seja contabilizado

na economia.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 10 de 29

Saudação

Alan Bojanic (Representante da FAO no Brasil)

Principais pontos abordados:

Parabeniza os esforços que vêm sendo empreendidos pela DPMR/MDAM, em parceria

com a SPM, pela política de documentação da trabalhadora rural, que consiste no primeiro

passo para garantir o acesso à terra, a assistência técnica, a regulamentação do mercado

e a inclusão produtiva de forma geral.

O Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural é uma política pública ins-

piradora e um exemplo a ser desenvolvido pelos outros países da região. Para efetivar as

políticas públicas e o cumprimento das leis no intuito de enfrentar as desigualdades na

América Latina, as políticas públicas de igualdade de gênero devem ser tratadas particu-

larmente sob o ponto de vista das mulheres.

A FAO não economizará esforços para promover o ano internacional da agricultura familiar

em 2014, oportunidade bastante significativa para promover a inclusão das mulheres rura-

is na pauta desse debate.

Conferência Magistral: Desenvolvimento Rural e Gênero

Conferencista: Andrea Butto (Secretária de Desenvolvimento Territorial do MDA)

Principais pontos abordados:

Os programas de combate à pobreza consideravam as mulheres rurais como público priori-

tário, mas reforçaram os papéis tradicionais de gênero buscando incluí-las como beneficiá-

rias das políticas públicas a partir desse olhar de subalternidade.

De fato, é com a segunda onda do feminismo que a agenda dos movimentos sociais bus-

cou incluir as mulheres nas estratégias do desenvolvimento, ancorada numa concepção li-

beral de igualdade de oportunidades, em que era necessário buscar visões alternativas às

estratégias das mulheres no desenvolvimento.

Mais recentemente, o feminismo trouxe um debate sobre dois conceitos importantes: em-

poderamento e autonomia, envolvendo a centralidade do tema do poder, da recuperação e

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 11 de 29

da transformação das relações de poder para promover a igualdade das mulheres e com

uma perspectiva mais emancipadora. O debate em torno do conceito de autonomia aborda

não apenas as relações entre homens e mulheres, mas o poder de barganha das mulheres

na comunidade, na sua família e na sociedade mais ampla.

O reconhecimento e a afirmação da unidade familiar como um lugar de conflito é muito im-

portante para se pensar no lugar das mulheres rurais e a trajetória do feminismo, e a sua

relação com o desenvolvimento. É necessário problematizar as diferenças e as desigual-

dades existentes no interior da família, sobretudo o trabalho dos cuidados. A prática da re-

ciprocidade deve ser levada para o campo das relações internas nas famílias.

É fundamental pensar as relações de produção não apenas a partir de uma relação de

consumo, mas do que se chama dos espaços de proximidade. As experiências associati-

vas, o trabalho comunitário são estratégias que devemos buscar apoiar e que são impor-

tantes para construir e firmar uma agenda em torno de uma plataforma feminista no mundo

rural.

As primeiras experiências associativas revelam que os grupos produtivos de mulheres vão

além de uma ação associativa e de geração de renda, e constituem em verdadeiros espa-

ços de emancipação individual e coletiva, ao mesmo tempo em que promovem uma eman-

cipação econômica.

Essas experiências promovem uma discussão importante sobre a superação da domina-

ção a partir da criação de espaços e reforços de laços coletivos, e visibilizam a necessida-

de de fazer uma articulação entre família, poder público e sociedade civil.

No campo da economia feminista e da política de redistribuição, é importante reafirmar que

a economia mercantil depende de uma economia que não é monetária. O cuidado deve

ser reconhecido com um valor publico não apenas pelos membros da família, mas também

pelo poder público e, para tanto, é necessário valorizar o protagonismo das mulheres para

buscar uma socialização dos trabalhos reprodutivos.

Embora estejamos vivendo um cenário global de crescimento de consumo de alimentos,

iniciativas de combate a fome, ainda temos uma região com permanência de insegurança

alimentar, com predomínio da pobreza em áreas rurais, e um processo de envelhecimento

da população rural, em alguns casos com processo de feminização, o que não é o caso do

Brasil.

Importante destacar o crescimento das famílias chefiadas por mulheres e o papel que elas

desempenham na soberania alimentar pelo lugar que elas ocupam nos serviços ambien-

tais e na promoção da proteção a sociobiodiversidade. E essa combinação dos trabalhos

reprodutivos tem sido importante para superar as crises econômicas que os países da regi-

ão experimentaram no último período.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 12 de 29

A experiência brasileira teve um peso muito importante de não sermos inclusas na condi-

ção de esposa e sim de mulheres titulares nas políticas publicas, como uma afirmação de

um sujeito econômico na agenda de desenvolvimento rural.

Importância de superar o condicionamento da condição civil do acesso das mulheres às

políticas públicas, superar o tratamento das mulheres a partir do enfoque da individualida-

de, alterar a divisão sexual do trabalho, promover ações afirmativas, a participação social.

É necessária uma abordagem territorial a partir de estratégias conjuntas entre o poder

publico e a sociedade civil, uma agenda de integração regional na ALC, afirmar o modelo

de economia que se quer, que seja um modelo de economia feminista e solidaria que inte-

gra o modelo de reprodução com produção.

Desafio de tornar as políticas par as mulheres estruturantes e não um debate secundário,

tendo centralidade na agenda de integração.

Painel 1 – Autonomia Econômica das Mulheres Rurais

Coordenação: Sonia Montaño (Diretora de Assuntos de Gênero da CEPAL)

Mulheres Rurais e a Luta por AutonomiaPainelista: Carmem Foro (Vice-Presidenta da Central Única dos Trabalhadores e Secretária

Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG)

A partir de um lugar de trabalhadoras rurais organizadas em um forte movimento de mulhe-

res rurais no Brasil - a Marcha das Margaridas, e ressaltando a importância de marcar a vi-

são própria das trabalhadoras rurais, é necessário questionar se estas desejam ou não ser

incluídas aos tipos de projetos e modelos de desenvolvimento apresentados.

No Brasil não se vive apenas um único modelo de agricultura, e queremos ser incluídas

como agricultoras familiares em políticas de governo que se assemelham ao nosso projeto

de desenvolvimento.

A plataforma da Marcha das Margaridas buscou dar visibilidade ao lugar que as mulheres

ocupam e vem questionando um modelo que não garante às trabalhadoras rurais o acesso

aos bens comuns, como terra e água. Temas como estes, a não utilização de agrotóxicos,

os direitos e acesso a equipamentos básicos são fundamentais para essa plataforma e a

nossa agenda política.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 13 de 29

Na nossa concepção, não é possível discutir autonomia econômica sem se fazer uma clara

conexão com outros aspectos da vida das trabalhadoras rurais, como a divisão sexual do

trabalho e a demanda por equipamentos e serviços públicos, como as creches.

As mulheres continuam com os afazeres domésticos sobre os seus ombros, e não é possí-

vel falar em autonomia econômica se não forem discutidas as questões culturais apresen-

tadas para nós, sendo necessário pensar em questões estruturantes a partir da perspecti-

va daquilo que as mulheres querem e priorizam.

Para a Marcha das Margaridas, a ampliação das políticas públicas e a ampliação dos re-

cursos para os programas criados nos últimos tempos é fundamental. É preciso que elas

tenham recursos e aportes que deem condições para se avançar ainda mais, e a supera-

ção da divisão sexual do trabalho é fundamental e estratégica para o fortalecimento das or-

ganizações de mulheres.

Ao conjunto de outras políticas que devem ser fortalecidas, também é necessário realizar

esforços para a valorização do salário mínimo e a integração das políticas públicas para o

campo, pois estas não funcionam de forma separada e devem ser institucionalizadas.

Apesar dos vários avanços ocorridos nos últimos anos no Brasil, é necessário que os pro-

gramas governamentais evoluam para se tornarem políticas de Estado, e isso é fundamen-

tal para enfrentarmos os desafios que se apresentam.

A experiência de debater as questões das trabalhadoras rurais para as políticas públicas é

muito importante, contudo, é necessário evoluir ainda mais, e o dialogo é um importante

mecanismo para avançarmos.

Da mesma forma, é necessário fortalecer a organização das mulheres rurais, tendo em vis-

ta que o que já conseguimos é resultante da luta que vem sendo protagonizada pelas tra-

balhadoras rurais e seus movimentos sociais.

Panorama da Situação das Mulheres Rurais na América Latina. Política da FAO e autonomia econômica das mulheres Painelista: Soledad Parada (FAO)

Principais pontos abordados:

Participação das mulheres na estrutura produtiva.

O trabalho invisível das mulheres rurais.

Informações sobre as mulheres rurais chefes de família.

As mulheres no acesso à terra, assistência técnica, crédito.

Trabalhadoras agrícolas assalariadas.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 14 de 29

Inserção das mulheres rurais em empregos agrícolas e não agrícolas.

O trabalho das mulheres fora dos sistemas de contas nacionais.

A política da FAO e a autonomia das mulheres.

Os governos na luta contra a fome.

Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e Autonomia Econômica das Mulheres RuraisTatau Godinho (Secretária de Avaliação de Políticas e Autonomia Econômica das Mulheres da

Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República do Brasil)

Principais pontos abordados:

O centro do debate da autonomia econômica das mulheres vem expresso partir da inter-

venção do Estado como indutor de uma política econômica que permita que as formas de

organização econômica das mulheres e da produção familiar sejam visibilizadas por meio

de mecanismos de articulação com o mercado.

Para as mulheres, o acesso à renda é fundamental para que o direito aos bens da vida co-

tidiana seja garantido em uma estrutura que ainda se sustenta a partir de relações de troca

comercial.

Importância de atribuir ao MDA o sentido de haver um Ministério no país que pensa a pro-

dução agrária não a partir da grande produção comercial e das grandes propriedades, mas

do que se caracteriza como agricultura família: a pequena unidade agrícola.

A agricultura familiar é a que mais emprega e dá oportunidades de trabalho e renda, permi-

tindo construir um modelo de produção que vincula a organização da vida da população no

campo com a participação de demais elementos no processo de organização social e polí-

tica das mulheres.

A conquista da autonomia econômica pressupõe um diálogo permanente entre a socieda-

de civil organizada e os distintos setores do governo de forma que a população do campo

e da floresta, e neste caso, as mulheres, possam construir condições de cidadania e igual-

dade nos mais diversos aspectos.

O apoio para ações integradas tem tido um foco extremamente importante de consolidação

das formas associativas e coletivas de trabalho e produção como uma forma não apenas

de valorizar o trabalho das mulheres, mas também de trazer à tona os padrões de desen-

volvimento que sejam capazes de criar tensões permanentes a partir da grande produção

e da produção individualizada.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 15 de 29

Esse cenário traz a demanda permanente de desenvolver políticas publicas para as mulhe-

res rurais políticas que permitem fortalecer as mulheres, como a política de documentação,

as compras públicas, crédito, assistência técnica e organização produtiva.

O campo das compras públicas é de extrema relevância, uma vez que a produção das mu-

lheres muitas vezes depende de políticas que permitam as mulheres a comercializar, e o

governo federal tem buscado garantir que em todas as políticas para a agricultura familiar

haja, de forma explícita, números e formas de acesso das mulheres a essas políticas.

O processo de organização formal em associações e cooperativas tem uma consequência

direta no acesso a direitos previdenciários a médio e longo prazo, e a garantia das ativida-

des de recreação infantil são formas fortalecer as mulheres nos processos de Ater e capa-

citação, permitindo que as mulheres participem de forma efetiva nesses processos.

É necessário construir políticas itinerantes que promovam condições para que as crianças

tenham acesso à vida cultural no campo, permitindo que as mulheres tenham acesso aos

equipamentos culturais e outros bens para que a vida no campo seja uma opção de traba-

lho e bem estar.

Principais questões apresentadas na plenária:

Os dados apresentados pela FAO impõe uma reflexão para se conhecer melhor quem são

as mulheres ocupadas nas atividades agrícolas e quais são as opções de trabalho para

elas, já que o emprego na atividade agropecuária pode ser, muitas vezes, uma opção pes-

soal das mulheres rurais. Essa abordagem traz, ainda, a questão da produção de alimen-

tos saudáveis protagonizada pelas mulheres no enfrentamento da fome e da pobreza.

Com relação à situação das mulheres da América Latina e Caribe, é importante destacar a

questão do trabalho das mulheres na produção de tabaco e as especificidades das mulhe-

res indígenas, que representam uma grande proporção de mulheres rurais no continente.

Na última reunião do Conselho Administrativo da OIT foi destacada a necessidade de res-

saltar as questões que afetam o trabalho rural e principalmente os temas centrais na agen-

da, como a igualdade de gênero e a igualdade étnico-racial. Apesar de a grande maioria

das normas da OIT não explicitar o trabalho rural, os princípios e os conceitos básicos que

estão nas principais convenções também abrangem o trabalho rural e não apenas o em-

prego assalariado ou exercido no meio urbano.

Ao se pensar as políticas para as mulheres rurais, é importante pensar que existe um arca-

bouço legal internacional de proteção às trabalhadoras rurais. A ratificação da Convenção

156 (Sobre a igualdade de oportunidades e tratamento de trabalhadores e trabalhadoras

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 16 de 29

com responsabilidades familiares) da OIT é bastante relevante para as trabalhadoras rura-

is no sentido de propor medidas e estratégias de socialização do trabalho de cuidados.

O enfrentamento da pobreza não deve ser feito apenas a partir da pobreza monetária, sen-

do necessário envolver os vários ministérios. Como exemplo, merece destaque o Plano

Brasil Sem Miséria, que integra as distintas políticas como PNAE, que integra o MEC, e o

PAA, que integra a ação conjunta entre CONAB, MDS e MDA.

É necessário redimensionar e repensar conceitos como assalariamento rural, trabalho e

para autoconsumo, uma vez que esses termos são pensados a partir da realidade das

grandes empresas.

Importância de haver dados e informações estatísticas e qualificadas sobre as mulheres

rurais, pois são elas que estão à frente da produção dos alimentos saudáveis, mas que, no

entanto, seguem invisíveis nos dados oficiais.

Painel 2: Acesso a Direitos das Mulheres Rurais: recursos naturais (terra e água), trabalho, proteção social, acesso à documentação civil e direito à alimentação

Coordenação: Emily Baldassari, Subdiretora da Unidade de Descentralização e Coordenação de Políticas com Base Departamental do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca/Uruguai

Direito à AlimentaçãoGuadalupe Valdez (Deputada Presidente da Frente Parlamentar Contra a Fome da República Dominicana)

Principais pontos abordados:

A institucionalização da luta contra a fome requer uma articulação entre diversos atores,

como as instâncias de governos, os movimentos de mulheres e outras organizações so-

ciais.

É fundamental pensar em como podemos nos inserir em um processo de mudança de uma

cultura política patriarcal para uma cultura política de construção da cidadania com o enfo-

que de direitos.

Como é possível gerar espaços de diálogos políticos e inclusivos com a garantia da partici-

pação das mulheres para alcançar consensos e processos de mobilização dos quais deve-

rão surgir propostas de Estado?

O desafio de garantir a sustentabilidade das políticas públicas e dos marcos normativos.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 17 de 29

Importância de gerar espaços de diálogos com o poder executivo e os ministérios para ela-

borar as políticas públicas que possam ser fiscalizadas por meio de uma sólida articulação.

O direito à alimentação não diz respeito apenas à produção de alimentos, mas também à

saúde, seguridade social, educação, trabalho, entre outros direitos. A reflexão sobre a so-

berania alimentar impõe o desafio de refletir sobre o modelo econômico e de desenvolvi-

mento dos países que queremos incluir nas políticas públicas para as mulheres da região.

É fundamental vincular esses temas às questões das mulheres, e os países devem realizar

um esforço para incluir as necessidades das mulheres nas ações parlamentares. Para tan-

to, é necessário haver um comprometimento político entre diferentes setores e atores no

nosso continente.

Mulheres e o acesso a terra na América Latina e CaribePainelista: Annalisa Mauro (Presidenta da Land Coalition)

Principais pontos abordados:

Embora a agricultura seja cada vez mais dependente do trabalho das mulheres, a falta de

acesso à terra limita severamente a sua influência nas decisões agrícolas.

As evidências revelam que na América Latina o mercado é o segundo canal de acesso à

terra pelas mulheres, depois da herança. Onde há processos de transferência por parte do

Estado ou das comunidades, os homens são predominantemente os beneficiários, sendo

necessário apostar na nova geração de políticas fundiárias.

As desigualdades atuais e os direitos humanos (Artigos 13 a 16 da CEDAW).

As diretrizes voluntárias sobre govenança responsável do acesso à terra, pesca, florestas

(Maio de 2012).

As experiências de alguns países na legislação e inovações nas políticas públicas de

acesso à terra.

No atual contexto de pressões comerciais sobre a terra, as mulheres são as mais vulnerá-

veis porque são afetadas de forma diferenciada com relação aos homens.

A International Land Coalition é uma aliança global de organizações não governamentais

nacionais e internacionais que trabalham para promover uma agenda de acesso à terra

para mulheres e homens do campo. O apoio às demandas das mulheres, o seu fortaleci-

mento nos movimentos pelo direito à terra e a manutenção de questões relacionadas com

a terra como uma prioridade nos programas das organizações internacionais mais

influentes de mulheres são áreas em que a International Land Coalition atua juntamente

com outras organizações desempenhando papel fundamental.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 18 de 29

Institucionalização de Políticas para Mulheres RuraisKarla Hora (Diretora de Políticas para Mulheres Rurais do MDA/Brasil)

Reforça a necessidade de repensarmos o momento atual que estamos pensando, planeja-

mento e executando políticas para mulheres, e o primeiro desafio que se impõe é como

entender as barreiras que estão colocadas que dificultam a efetivação dos direitos enun-

ciados nas plataformas políticas colocadas pelas mulheres, a fim de superar essas desi-

gualdades.

Nesse sentido, como operar e efetivar as políticas públicas de igualdade entre homens e

mulheres neste Estado de Direito?

O tema das mulheres rurais ganha visibilidade muito recentemente, com a CEDAW, que

menciona a importância de se definir estratégias de enfrentamento à discriminação viven-

ciada pelas mulheres rurais.

É importante destacar algumas mudanças ocorridas nos últimos anos, como o reconheci-

mento das mulheres rurais como sujeitos de direitos na construção de políticas de redistri-

buição e de afirmação.

As mulheres rurais colocaram na pauta as diferentes formas pelas quais esses direitos de-

vem ser reconhecidos, e a partir do diálogo social realizado com as mulheres rurais, é ne-

cessário questionar qual o projeto de desenvolvimento no qual as mulheres desejam ser

incluídas.

Esse questionamento foi trazido pelas mulheres rurais e passou a ser incluído nos debates

da ONU na década de 1970, a partir da Carta do Camponês, na Conferência Mundial de

Reforma Agrária realizada pela FAO, que incluiu a questão da documentação e do acesso

à terra.

Este debate ainda é extremamente atual, ao impor o desafio persistente de superar as de-

sigualdades entre homens e mulheres no acesso aos recursos naturais. Na década de

1990, os direitos à documentação e à terra foram não apenas reafirmados mas também re-

definidos pelo direito à assistência técnica, crédito e maior participação das mulheres na

comercialização.

Importante destacar na atualidade a participação dos movimentos de mulheres rurais na

reafirmação dos temas já apontados na direção da promoção da autonomia econômica

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 19 de 29

das mulheres rurais para serem incorporados pelos diferentes Estados, e sem suas dife-

rentes formas de relação com a sociedade civil.

Há, na nossa história, mudanças importantes em curso, que são recentes, mas que ainda

não encontraram raízes profundas para se fixarem. Contudo, essas mudanças têm encon-

trado um terreno fértil na Região da ALC, para que futuramente possam crescer e consoli-

dar-se.

No debate da institucionalização das políticas públicas para mulheres rurais, cabe mencio-

nar uma experiência exitosa no Brasil que é o Programa Nacional de Documentação da

Trabalhadora Rural (PNDTR), implementada pelo Estado desde 2004.

Essa política pública ocorreu a partir de uma clara demanda apontada pelos movimentos

de mulheres rurais para garantir e efetivar os direitos na década de 1980, sendo fruto de

um diálogo estabelecido entre Estado e os movimentos de mulheres. A efetivação dessa

política ocorre a partir da auto-organização de diferentes esferas de governos e atores so-

ciais, e uma série de instrumentos necessários para a garantia do direito à documentação.

Essa institucionalidade diz respeito não apenas de garantir o acesso simplesmente ao do-

cumento civil, mas de efetivar o acesso às políticas públicas de autonomia econômica das

mulheres rurais de produção.

O Estado vem reconhecendo a necessidade de efetivar as políticas públicas para mulheres

a partir de mudanças em seus instrumentos e normativos, sendo este um primeiro passo

para a construção de novos arranjos institucionais.

S egundo D ia

Troca de Experiências entre os Países – Grupos de Trabalhos

Argentina: Uma experiência de crédito para mulheresMaria Valeria Echevery (Coordenadora da Área de Gênero e Juventude do Ministério da

Agricultura - MINAGRI/Argentina)

A experiência de turismo rural iniciou com o apoio na melhoria de infraestrutura das casas

para receber os turistas. Houve um planejamento com a abordagem de gênero sobre o

que os impactos deste projeto poderiam significar para as mulheres. Elas comentaram que

as mudanças foram muito paulatinas.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 20 de 29

Experiências de intercâmbios com outras províncias na produção de vinho artesanal, tendo

as mulheres papel central para essa experiência.

Outra experiência foi o financiamento do Banco Mundial para melhoramento da infraestru-

tura, como freezer e geladeira.

Há muitos grupos de mulheres organizados em todo o país, e também uma secretaria da

mulher. Foi realizada uma Mesa Nacional de Mulheres Camponesas com a ideia de discu-

tir junto com as organizações de mulheres a orientação de políticas de igualdade de gêne-

ro, nos temas de saúde, ações de fortalecimento à comercialização da agricultura familiar,

demandas de estratégias de compras públicas, infraestrutura produtiva no planejamento,

financiamento direto para a produção.

A importância dos pequenos e pequenas agricultoras para o consumo nacional da produção caprina e de hortaliçasAntonella Pecchenino Lobos (Subdiretora Nacional do INDAP/Chile)

Importância dos pequenos e pequenas agricultoras para o consumo nacional da produção

caprina e de hortaliças, e incidem nos preços dos produtos.

47% das escolas públicas do país estão nas zonas rurais.

Experiências de assessoria técnica para a produção e crédito de maneira individualizada.

Demanda de mobilização

A experiência do México em relação à autonomia econômica das mulheres

Beatriz Praxedes (Embaixada do México): Experiência de autonomia econômica das mulheres

Experiência de financiamento para comercialização, sendo necessário identificar os nichos

essenciais para a resistência e para alcançar a autonomia econômica.

Importância do autoconsumo na agricultura familiar para a garantia da soberania alimentar

das famílias.

Experiência de financiamento para comunidades camponesas pobres, que utilizam os pe-

quenos animais como instrumento de troca, ao invés de crédito monetário.

Importância de fortalecer as estratégias sindicais.

Programa Regional de Institucionalização de Políticas de Gênero no MercosulEmily Baldassay (Uruguai)

Experiência do país no fortalecimento da institucionalização de políticas de desenvolvimen-

to rural com enfoque de gênero por meio da implementação de políticas de igualdade.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 21 de 29

Objetivos de gerar estudos para conhecer os fatores que dificultam e limitam o acesso das

mulheres ao crédito e financiamento rural, participação, tomada de decisões, acesso à ter-

ra e demais recursos produtivos.

Importância de fortalecer a organização das mulheres, por meio de intercâmbios, para co-

nhecer melhor as organizações de base.

Movimentos Sociais e o AIAFAlessandra Lunes (Confederación de Organizaciones de Productores Familiares del MERCOSUR

COPROFAN)

Importância do fortalecimento da democracia participativa para a tomada de decisões e a

formulação de políticas públicas para mulheres rurais

Escutar o que as mulheres trazem é um diferencial para as políticas públicas.

A COPROFAN está constituindo comitês nacionais de mulheres para estabelecer metas

concretas para 2014, instituído pela FAO como o ano internacional da agricultura familiar.

Criação do Fundo de Terra para Mulheres Rurais na NicaraguaDeputada Alba Palacios (Nicaragua): Criação do Fundo de Terra para Mulheres Rurais na

Nicaragua

Com o governo sandinista, tem-se alcançado uma reforma política nos municípios e esta-

dos, e também a equidade de participação política entre homens e mulheres por lei nos

cargos de eleição.

Destaca a Lei sobre Fundo de Terras, flexibilizada para garantir a efetivação da lei pelas

instituições, por meio de programas econômicos e educativos.

A soberania alimentar e o acesso à terra são uma grande prioridade do atual governo.

Experiência do Programa Produtivo Alimentar, destinado exclusivamente para mulheres

chefes de família, por meio da disponibilização de sementes, pequenos animais, materiais

de construção para os currais e mudas florestais. É um programa de financiamento no qual

a mulher restitui os recursos com animais. Também se oferece capacitação técnica e admi-

nistrativa para que elas organizem recursos com fundos rotativos e garanta sua sobrevi-

vência familiar

Experiência do Programa de Fomento de Comercio Curto: foi criada uma empresa para

promover financiamento para a produção, compra de produtos e acoplamento de recursos

para financiamento do mercado livre da produção, com vistas a manter o preço dos produ-

tos estável.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 22 de 29

Importância de destacar que todas essas políticas vêm acompanhadas da Aliança Boliva-

riana das Américas, que consiste num acordo firmado com a Venezuela a partir das petrolí-

feras, que criaram um fundo social para a população.

As mulheres e o direito a alimentação Germán González (Governo da Guatemala)

Experiência de Plano Nacional para acabar com a desnutrição em 4 anos, sendo a mulher

chefe de família protagonista das ações.

Objetivo de reduzir a desnutrição crônica e mudar estilos de vida

Desafio de efetivar as políticas públicas.

Foram realizadas entrevistas e consultas com as mulheres para melhor conhecer o público

beneficiário do Plano.

Mulheres rurais e agregação de valor em zonas de desertificaçãoZoraida Aranibar (Governo Regional de Piúra, Peru)

Nas 23 localidades da região, verifica-se que não é um trabalho exclusivamente para as

mulheres, mas elas têm uma participação de destaque.

Experiências de recuperação do bosque seco, degradação das terras, pois está se perden-

do a capacidade produtiva das terras.

Programa piloto para poder ver o tipo de soluções que podemos colocar para essas regi-

ões, e as ações referem-se a produção apícola, manejo de gados intensivo, e espécies na-

tivas.

Cabe destacar que as as mulheres se destacam na defesa e conservação dos bosques.

O que conseguimos com esse programa foi a capacitação e formação, e percebe-se que

houve melhoria na renda, a produção, recuperação de animais e a cobertura vegetal.

El tiempo de las mujeres ruralesLudmila Ortega (El Salvador)

Importância do apoio produtivo com ações de capacitação em administração e associativis-

mo.

É necessário gerar redes adequadas para educação juntamente com as politicas de cuida-

dos com as crianças e terceira idade.

As mulheres devem ser as protagonistas nas áreas de informação.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 23 de 29

É necessário levar em conta a simultaneidade das atividades realizadas pelas mulheres.

Importância de gerar um arcabouço jurídico para contabilizar o trabalho das mulheres.

Importância de indicadores de gênero nas estatísticas para a formulação de políticas públi-

cas e a tomada de decisões.

Necessidade de um sistema de informação para as políticas públicas, como o enfrenta-

mento à violência e o acesso à justiça.

Importância de pesquisas sobre uso do tempo.

É necessária uma institucionalização de produção de estatísticas com enfoque de gênero e

sistemas de estatísticas agropecuárias no tema da soberania alimentar.

ComentáriosMaria Celsa Benevides, Consultora FAO/Paraguai

Impactos do agronegócio em países e a feminização do trabalho na agricultura para expor-

tação: há uma massa de assalariadas informais na região, e os casos mais agudos estão

no cultivo de exportação tradicionais , como o tabaco e o café.

Há uma inter-relação entre a população indígena e as mulheres, e um acentuado trabalho

infantil.

Houve uma reprodução do conceito de trabalho não remunerado das mulheres, o que in-

duz a um questionamento de como a agricultura atual pode conviver com o sistema tradi-

cional de trabalho?

Importância de destacar a experiência do Brasil na construção de novos atores sociais.

Medidas necessárias: formalização do emprego e organização das mulheres.

Claudia Ranaboldo (Especialista do Centro Latino-Americano para o Desenvolvimento Rural /

Bolívia)

A experiência com Sistemas Territoriais de Gênero e suas conexões permite uma visão

mais sistêmica de quem são as mulheres rurais. As identidades dizem respeito aos territó-

rios em que as mulheres estão vinculadas em conjunto com diversos atores e instituições,

normas sociais e sistemas.Os ativos culturais e naturais estão relacionados e conectados.

Não se pode pensar em mulheres rurais sem as conectar com os processos migratórios e

os conhecimentos locais e externos que estão relacionados com outros territórios.

Há uma convergência entre enfoque territorial e enfoque de gênero.

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 24 de 29

Declaração Final

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 25 de 29

Aconteceu em 19 e 20 de março de 2013, em Brasília, capital do Brasil, o Seminário Internacional

de Políticas Públicas para Mulheres Rurais na América Latina e Caribe, que teve a participação de

órgãos governamentais, parlamentares, pesquisadores/as e organizações da sociedade civil de 17

países da América Latina e Caribe.

O seminário teve por objetivo estabelecer uma reflexão sobre as políticas para mulheres rurais

existentes nos países da região, visando a proposição de uma agenda futura comum. Além disso,

buscou-se construir um ambiente de diálogo tendo em vista a XII Conferencia Regional sobre a

Mulher da América Latina e Caribe, que acontecerá em outubro de 2013 na República Dominicana

e, o Ano Internacional da Agricultura Familiar em 2014.

O seminário apontou como diagnóstico os elementos a seguir:

As mulheres rurais ainda enfrentam diferentes limitações para: o acesso à terra, aos recursos

naturais, aos recursos públicos de apoio à produção (assistência de crédito, técnica e tecnologia)

e a educação. As mulheres assalariadas agrícolas trabalham em condição precária e muitas

delas, encontram-se na informalidade.

Verificou-se que alguns países têm realizado progressos na implementação de políticas para as

mulheres rurais reconhecendo seus direitos. No entanto, a maioria das políticas de

desenvolvimento rural e acesso a terra na América Latina e Caribe, ainda reconhecem pouco, as

mulheres como sujeitos de direitos.

Durante o debate destacou-se avanços e a preocupação com a situação das políticas públicas

voltadas para promoção da autonomia econômica e dos direitos para as mulheres, incluindo o

direito a alimentação e a terra, no contexto do atual modelo de desenvolvimento. Estabeleceu-se

a necessidade de ampliação do diálogo sobre um desenvolvimento rural que permita a efetivação

da igualdade entre homens e mulheres na região. Este modelo de desenvolvimento deve ser

baseado na solidariedade, na soberania alimentar, na redistribuição de recursos em favor das

mulheres rurais e num abordagem territorial.

Diante disso, esta declaração aponta elementos para uma agenda futura, a saber:

As políticas públicas para as mulheres rurais devem reconhecer os diferentes tipos de trabalho

(produtivo e reprodutivo), desenvolvendo ações que promovam a autonomia econômica e de

direitos para as mulheres rurais. Destaca-se a importância de investimentos em equipamentos e

Relatório Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na ALC 26 de 29

serviços de cuidado visando compartilhamento destas atividades na sociedade e estado

As políticas públicas devem garantir o acesso à terra e aos recursos naturais - através de

programas de acesso à terra e / ou reforma agrária; fomentar políticas de apoio a gestão,

produção, armazenamento e comercialização para as mulheres rurais; fortalecer o acesso aos

direitos básicos. Tais políticas devem considerar as mulheres como beneficiárias diretas,

independentemente do seu estado civil. Essas ações devem, também, fortalecer as várias formas

de auto-organização econômica das mulheres.

Para as mulheres assalariadas agrícolas, as políticas devem promover a formalização do emprego

e a garantia dos direitos trabalhistas além de reconhecer a importância da organização social e

sindical das mulheres.

Destaca-se a importância do permanente diálogo entre governos e organizações sociais de

mulheres nos processos de formulação e gestão de políticas públicas. Entende-se que a

ampliação e o fortalecimento do diálogo devem contribuir para o empoderamento das mulheres

rurais e suas organizações.

Aponta-se a necessidade de consolidação e estruturação dos processos de integração na região,

a exemplo da REAF, que considerem os espaços de diálogo entre governos e parlamentos,

pesquisadores/as, organizações e movimentos de mulheres rurais, com vista a promover políticas

de igualdade entre mulheres e homens.

Conjuntamente, alerta-se para a necessidade de ações cada vez mais amplas, integradas e

efetivas destinadas à prevenção e combate de todas as formas de discriminação e violência

contra as mulheres. Tais ações devem estar diretamente associadas a programas de promoção da

autonomia das mulheres rurais.

Diante isso, as/os participantes do Seminário Internacional propõe que esses temas sejam

debatidos nos marco da realização da XII Conferencia Regional sobre a Mulher a America Latina e

Caribe em 2013 e nas agendas previstas para o Ano Internacional da Agricultura Familiar em

2014, recomendando-se:

a) a realização de diálogos subregionais;

b) a produção de estudos sobre a realidade das mulheres rurais;

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c) produção e melhoramento de dados estatísticos que permitam o desenho e monitoramento de

evolução das políticas públicas para mulheres rurais;

d) disseminação do debate nos diferentes governos, parlamentos e nos espaços de consertação

social.

e) fortalecimento das organizações camponesas e as organizações de mulheres rurais.

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Mais Informações

http://www.mda.gov.br/portal/dpmr/

www.fao.org

Contatos: (55) xx 61 2020 0845

E-mail: [email protected]

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