relatÓrio final parte i – introdução e enquadramento 1

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Page 1: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1
Page 2: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana

Relatório Final – Glossário de Siglas (Rev. 00 – 2001-05-11)

1/3

GLOSSÁRIO DE SIGLAS

ARH Administrações de Recursos Hídricos ou de Regiões Hidrográficas

BHG Bacia Hidrográfica do Guadiana

CBG Conselho de Bacia do Guadiana

CBO Carência Bioquímica de Oxigénio

CCR Comissão de Coordenação Regional

CEDEX Centro de Estudios Y Experamentación de Obras Públicas

CLAGRHAA Comissão para o Levantamento e Acompanhamento da Gestão os

Recursos Hídricos do Alentejo e Algarve

CNAP Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano

DGA Direcção Geral do Ambiente

DGF Direcção Geral das Florestas

DGP Direcção Geral de Portos

DGPA Direcção Geral das Pescas e Aquicultura

DL Decreto Lei

DRAOT Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território

EDIA Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, S.A

EIA Estudo de Impacte Ambiental

EPPNA Equipa de Projecto do Plano Nacional da Água

ERHSA Estudos dos Recursos Hídricos Subterrâneos do Alentejo

ETA Estação de Tratamento de Água

GRI Gabinete de Relações Internacionais

IAA Indústrias Agro-Alimentares

ICN Instituto de Conservação da Natureza

IGA Inspecção-Geral do Ambiente

IHERA Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente

INAG Instituto da Água

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PBH do Rio Guadiana

Relatório Final – Glossário de Siglas (Rev. 00 – 2001-05-11)

2/3

IPS Instituto Portuário do Sul

LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil

MAOT Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território

OD Oxigénio Dissolvido

OMC Organização Mundial do Comércio

PAC Política Agrícola Comun (Comunidade Europeia)

PBH Plano de Bacia Hidrográfica

PDM Plano Director Municipal

PDR Plano Desenvolvimento Regional

PEAASAR Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de

Águas Residuais

PECO Países da Europa Central e Oriental

PEDIZA Programa Específico de Desenvolvimento Integrado da Zona do

Alqueva

PIB Produto Interno Bruto

PNPA Plano Nacional de Política do Ambiente

POA Plano de Ordenamento das Albufeiras

POOC Planos de Ordenamento da Orla Costeira

PROT Plano Regional de Ordenamento do Território

PROTAL Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve

PROZEA Plano Regional de Ordenamento da Zona Envolvente do Alqueva

PROZOM Plano Regional de Ordenamento da Zona dos Mármores

QCA Quadro Comunitário de Apoio

RAN Reserva Agrícola Nacional

REN Reserva Ecológica Nacional

SAU Superfície Agrícola Útil

SIC Sítios com Interesse Comunitário

SNIRH Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

TCAM Taxa de Crescimento Anual Médio

UE União Europeia

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PBH do Rio Guadiana

Relatório Final – Glossário de Siglas (Rev. 00 – 2001-05-11)

3/3

UHP Unidade Homogénea de Planeamento

USLE Equação Universal de Perda de Solo

VAB Valor Anual Bruto

VBP Valor Bruto de Produção

VMA Valor Máximo Admissível

VMR Valor Máximo Recomendável

VQPRD Vinhos de Qualidade Produzidos em Região Demarcada

ZPE Zonas de Protecção Especial

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

I/VIII

Índice de Texto

Parte I – Introdução e Enquadramento

1 Introdução................................................................................................................................ 1

1.1 Âmbito ............................................................................................................................ 1

1.2 Conteúdo do Plano de Bacia Hidrográfica ..................................................................... 7

1.3 Estrutura do Relatório................................................................................................... 10

2 Enquadramento...................................................................................................................... 11

2.1 Unidades Homogéneas de Planeamento....................................................................... 11

2.2 Planeamento de Recursos Hídricos na Bacia................................................................ 12

2.2.1 Antecedentes de Planeamento de Recursos Hídricos na Bacia ............................. 12

2.2.2 Ordenamento do Território .................................................................................... 16

2.2.3 Domínio Hídrico e Reserva Ecológica Nacional................................................... 19

2.2.4 Planos Sectoriais com Incidência nos Recursos Hídricos ..................................... 20

2.3 Quadro Legal Nacional................................................................................................. 21

2.3.1 Decreto-Lei n.º 45/94, de 22 de Fevereiro............................................................. 21

2.3.2 Dec. Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro ................................................................ 24

2.3.3 Outra Legislação Nacional Relevante ................................................................... 27

2.4 Quadro Comunitário e Internacional ............................................................................ 30

2.4.1 Directiva – Quadro e outras Directivas sobre Recursos Hídricos ......................... 30

2.4.2 Convenção Luso–Espanhola.................................................................................. 32

2.4.3 Outras Convenções Internacionais ........................................................................ 33

2.5 Quadro Institucional ..................................................................................................... 34

2.5.1 Administração dos Recursos Hídricos................................................................... 34

2.5.2 Administração do Território .................................................................................. 39

Parte II - Caracterização e Análise da Situação de referência

3 Situação de Referência – Caracterização e Análise .............................................................. 48

3.1 Introdução ..................................................................................................................... 48

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

II/VIII

3.2 Caracterização Biofísica ............................................................................................... 49

3.2.1 Caracterização Geral da Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana ............................. 49

3.2.2 Geologia e Hidrogeologia...................................................................................... 51

3.2.3 Hidrografia............................................................................................................. 55

3.2.4 Climatologia .......................................................................................................... 57

3.2.5 Ocupação do Solo.................................................................................................. 62

3.2.6 Fauna, Flora e Vegetação ...................................................................................... 64

3.3 Caracterização Sócio Económica ................................................................................. 67

3.3.1 Demografia ............................................................................................................ 67

3.3.2 Actividades económicas ........................................................................................ 75

3.4 Necessidades de Água, Utilizações e Ocupações do Domínio Hídrico........................ 83

3.4.1 Utilizações Consumptivas ..................................................................................... 83

3.4.2 Utilizações não Consumptivas............................................................................... 96

3.4.3 Outras Actividades Lúdicas................................................................................. 103

3.5 Avaliação das Disponibilidades e Balanço de Recursos Hídricos.............................. 104

3.5.1 Redes de Monitorização e Informação de Base................................................... 104

3.5.2 Recursos Hídricos Superficiais – Disponibilidade .............................................. 107

3.5.3 Recursos Hídricos Subterrâneos – Disponibilidades........................................... 108

3.5.4 Necessidades de Água ......................................................................................... 109

3.5.5 Balanço Necessidades/Disponibilidades ............................................................. 109

3.6 Qualidade dos Meios Hídricos.................................................................................... 110

3.6.1 Identificação e Caracterização das Fontes de Poluição ....................................... 110

3.6.2 Redes de monitorização de qualidade da água .................................................... 114

3.6.3 Classificação da Qualidade da Água ................................................................... 118

3.6.4 Zonas sensíveis e vulneráveis.............................................................................. 136

3.7 Conservação da Natureza ........................................................................................... 137

3.7.1 Áreas com Interesse Conservacionista ................................................................ 137

3.7.2 Elementos de Interesse Conservacionista............................................................ 139

3.7.3 Estuário e Zona Costeira...................................................................................... 142

3.7.4 Zonas Húmidas .................................................................................................... 146

3.7.5 Ecossistemas Aquáticos – Estado de Conservação ............................................. 147

3.7.6 Ecossistemas Ribeirinhos e Terrestres Associados – Estado de Conservação.... 149

3.7.7 Caudais Ambientais e Ecológicos ....................................................................... 151

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

III/VIII

3.8 Infra estruturas hidráulicas e de saneamento básico................................................... 153

3.8.1 Sistemas de abastecimento de água ..................................................................... 153

3.8.2 Sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais urbanas ......................... 155

3.8.3 Barragens ............................................................................................................. 156

3.8.4 Aproveitamentos Hidroagrícolas......................................................................... 161

3.8.5 Outras Infra estruturas Hidráulicas...................................................................... 162

3.8.6 Património ........................................................................................................... 163

3.9 Níveis de Atendimento ............................................................................................... 166

3.9.1 Sistemas Públicos de Abastecimento de Água – População Servida .................. 166

3.9.2 Redes de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais – População Servida .... 167

3.9.3 Tratamento de Efluentes – Indústria.................................................................... 170

3.10 Situações hidrológicas extremas e de risco ................................................................ 171

3.10.1 Análise de Secas .................................................................................................. 171

3.10.2 Análise das Cheias............................................................................................... 172

3.10.3 Riscos de Erosão.................................................................................................. 177

3.10.4 Riscos de Acidentes de Poluição ......................................................................... 181

3.10.5 Riscos de Poluição Difusa ................................................................................... 184

3.10.6 Riscos de Rotura de Barragens e Inundações Associadas ................................... 185

3.10.7 Minas Abandonadas ............................................................................................ 185

3.11 Sistema Económico e Financeiro................................................................................ 186

3.11.1 Análise Económica das Utilizações da Água ...................................................... 186

3.11.2 Aplicação do Princípio do Utilizador – Pagador ................................................. 193

3.11.3 Aplicação do Princípio do Poluidor – Pagador ................................................... 194

3.12 Análise do Quadro Normativo e Institucional ............................................................ 194

3.12.1 Análise do Quadro Normativo............................................................................. 194

3.12.2 Análise do Quadro Institucional .......................................................................... 198

3.12.3 Análise da Aplicação da Legislação Nacional e Comunitária............................. 203

Parte III - Diagnóstico da Situação de Referência

4 Diagnóstico.......................................................................................................................... 211

4.1 Introdução ................................................................................................................... 211

4.2 Necessidades/Disponibilidades de Água .................................................................... 212

4.3 Níveis de Atendimento das Populações...................................................................... 216

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

IV/VIII

4.3.1 Sistemas Públicos de Abastecimento de Água .................................................... 216

4.3.2 Redes de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais ...................................... 218

4.4 Eficiência da Utilização da Água ............................................................................... 219

4.5 Qualidade da Água ..................................................................................................... 220

4.5.1 Qualidade das águas superficiais ......................................................................... 220

4.5.2 Qualidade das águas subterrâneas ....................................................................... 221

4.6 Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados....................................................... 222

4.7 Ordenamento do Domínio Hídrico ............................................................................. 224

4.8 Situações Hidrológicas Extremas e de Risco.............................................................. 225

4.8.1 Análise das Secas................................................................................................. 225

4.8.2 Análise das Cheias............................................................................................... 226

4.8.3 Riscos de Erosão.................................................................................................. 227

4.8.4 Riscos de Acidentes de Poluição ......................................................................... 228

4.8.5 Riscos de Rotura de Barragens e Inundações Associadas ................................... 229

4.8.6 Minas Abandonadas ............................................................................................ 230

4.9 Informação e Conhecimento dos Recursos Hídricos.................................................. 230

4.9.1 Climatologia ........................................................................................................ 230

4.9.2 Qualidade da Água Superficial............................................................................ 231

4.9.3 Qualidade da Água Subterrânea .......................................................................... 232

4.9.4 Qualidade Ecológica............................................................................................ 233

4.10 Quadro Normativo e Institucional .............................................................................. 235

4.11 Cumprimento da Legislação Nacional e Comunitária Aplicável ............................... 236

4.11.1 Enquadramento Geral dos Problemas.................................................................. 236

4.11.2 Decreto-Lei nº 46/94 de 22 de Fevereiro, licenciamento das utilizações de

água e do domínio hídrico e Decreto-Lei nº 47/94 de 22 de Fevereiro,

regime económico e financeiro das utilizações do domínio hídrico ................... 237

4.11.3 Decreto-Lei 236/98, 1 de Agosto, normas de qualidade da água ........................ 238

4.11.4 Decreto-Lei nº 152/97 de 19 de Junho, protecção contra águas residuais

urbanas................................................................................................................. 238

4.11.5 Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu, de 23 de Outubro de 2000

(Directiva das Águas) e Directiva dos Habitats................................................... 238

4.11.6 Planos Directores Municipais .............................................................................. 238

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

1/367

RELATÓRIO FINAL

Parte I – Introdução e Enquadramento

1 Introdução

1.1 Âmbito

O Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana, doravante designado por PBH Guadiana,

integra a área de território nacional, do continente, delimitada pelas linhas de festo topográfico

da bacia drenante de águas superficiais, a oeste, e a fronteira com Espanha, ou o rio Guadiana, no

troço fronteiro a Olivença, a leste (Figura 1.1-1).

Esta área, de cerca de 11 700 km2, estende-se, no sentido de Norte a Sul, ao longo de 242 km

desde Portalegre, na falda sul da serra de São Mamede, e o banco do Obril, na foz do Guadiana,

em Vila Real de Santo António; no sentido Este-Oeste, ao longo de 89 km, no seu paralelo de

maior largura, que vai de Barrancos a Cuba (Figura 1.1-2).

Toda a parte norte, da bacia, até à parte centro-sul, está inserida em terras do Alentejo, só se

destacando a parte extrema meridional, a sul do rio Vascão, já integrada na província do

Algarve. A primeira região, em termos de administração dos recursos hídricos, é abrangida pela

Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT) do Alentejo; a região

sul é por sua vez abrangida pela Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território

(DRAOT) do Algarve.

No referido âmbito geográfico está também incluído o estuário, para o qual se aguarda a

conclusão do estudo presentemente em curso por parte do LNEC/CEDEX por forma a definir as

metodologias de tratamento a aplicar no quadro da Convenção sobre Cooperação para a

Protecção e o Aproveitamento Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso-

Espanholas, assinada em Albufeira em Novembro de 1999.

Para além desta Convenção, foi também considerada no presente PBH a incidência da

Directiva do Conselho que estabelece um Quadro de Acção Comunitária no Domínio da Política

da Água, aprovada em Junho de 2000.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

2/367

Nos estuários, como áreas de transição hidráulica e ambiental revelam-se de grande

importância quer a caracterização da sua hidrodinâmica quer o estudo das condições essenciais

de protecção e conservação da Natureza. A caracterização hidrodinâmica acha-se especialmente

bem identificada no presente PBH. Todavia, por determinação do ponto 2.8, das Cláusulas

Técnicas, do Caderno de Encargos, do Processo de Concurso Público Internacional, e

relativamente à conservação da Natureza, "exclui-se do âmbito destes estudos a avaliação

detalhada da situação do estuário do rio Guadiana, uma vez que serão lançados em breve estudos

com este objectivo, de iniciativa luso-espanhola...".

O âmbito temático do PBH é necessariamente o planeamento de recursos hídricos tendo em

conta os princípios fundamentais a que deve obedecer a política de ambiente e gestão dos

recursos hídricos, designadamente:

• Precaução;

• Prevenção;

• Elevado nível de protecção ambiental;

• Integração;

• Uso das melhorias tecnológicas;

• Utilizador-pagador e poluidor-pagador;

• Eficiência económica;

• Subsidariedade;

• Cooperação internacional;

• Equidade intra e intergeracional;

• Solidariedade e visão nacional;

• Transparência e participação;

• Flexibilidade;

• Implementabilidade.

Atendendo aos princípios fundamentais enunciados, particularmente aos de carácter

integrador e abrangente, o planeamento dos recursos hídricos traduz-se na análise dos seguintes

sub-sistemas que se podem considerar parte do sistema de recursos hídricos:

• Subsistema hidrológico, que compreende as várias componentes do ciclo hidrológico,

natural e modificado pelas intervenções humanas, no seus aspectos quantitativos e qualitativos:

precipitação, evapotranspiração, escoamento superficial, infiltração e escoamento subterrâneo.

Este subsistema é condicionado pela ocupação dos leitos e zonas marginais dos rios e linhas de

água das zonas adjacentes, bem como pela ocupação e usos do solo da bacia hidrográfica;

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

3/367

• Subsistema das infra-estruturas hidráulicas e de saneamento básico, que compreende

as infra-estruturas de armazenamento, captação, transporte, distribuição, tratamento de água,

drenagem, tratamento de águas residuais e controlo e protecção contra cheias;

• Subsistema ambiental, que compreende os factores ambientais, em particular os

ecossistemas e os valores patrimoniais (naturais e construídos) e paisagísticos, que dependem,

directa ou indirectamente, dos recursos hídricos, o subsistema ambiental engloba o próprio

subsistema hidrológico referido e o subsistema biofísico que abrange a bacia hidrográfica,

incluindo a rede hidrográfica, cujo comportamento é determinado pela erosão hídrica dos solos,

pela erosão dos leitos e margens e pelos processos de transporte e deposição de sedimentos;

• Subsistema sócio-económico, que compreende os utilizadores e consumidores (grupos e

agentes económicos) de água e os grupos sociais expostos a situações potenciais de risco (cheias,

secas e poluição);

• Subsistema normativo, que compreende a legislação e regulamentação nacional,

comunitária e internacional, relativa aos recursos hídricos e aos aspectos relacionados com estes

recursos, incluindo os Planos Municipais e Regionais e os Planos Especiais de Ordenamento do

Território eficazes, bem como os contratos e outros acordos voluntários celebrados para a

concessão, utilização e protecção dos recursos;

• Subsistema institucional, que compreende os órgãos da administração central, regional e

local com competências para a intervenção nos vários sub-sistemas referidos;

• Subsistema financeiro e fiscal, que compreende os instrumentos de financiamento das

infra-estruturas hidráulicas e as taxas e coimas pelas utilizações da água e do domínio hídrico.

Ressalvando a discriminação de conteúdo do PBH que se apresenta em maior pormenor no

sub-capítulo 1.3, referencia-se que no presente caso do rio Guadiana assumiram particular

destaque e desenvolvimento as análises referentes a qualquer dos sete subsistemas indicados,

com especial destaque para os subsistemas hidrológico, das infra-estruturas hidráulicas e de

saneamento básico, ambiental e sócio-económico.

A análise geral levada a cabo no PBH teve em conta uma linha estruturada de acção que

conduzisse desde o levantamento e diagnóstico dos problemas, à pesquisa de medidas e acções

tendentes a solucioná-los e à proposição de normas e regulamentos necessários ao respectivo

enquadramento técnico, jurídico, administrativo e logístico. Assim, o PBH foi desenvolvido em

seis fases consecutivas e interligadas:

• Fase 1: Análise e Diagnóstico da Situação de Referência;

• Fase 2: Definição de Objectivos;

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

4/367

• Fase 3: Proposta de Estratégias, Medidas e Acções;

• Fase 4: Prognóstico para os Cenários de Desenvolvimento;

• Fase 5: Programação Física e Financeira;

• Fase 6: Normas e Regulamentos.

Convém salientar, que a Fase de caracterização e diagnóstico se refere a 1997-1998, com

maior incidência em 1997, no que respeita à inventariação de dados sobre recursos hídricos e

actividades socio económicas relacionadas com os recursos hídricos e domínio hídrico.

Por último, salienta-se que o PBH tem obrigatoriamente que respeitar o conteúdo previsto no

DL nº 45/94, tal como explicitado no nº 2 do Artº 6º e o que se comprova pela tabela seguinte:

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Dec. Lei Nº 45/94 – Artº 6º Índice e Relatórios dos Planos

Diagnóstico que inclui obrigatoriamente Análise e Diagnóstico da Situação de Referência Inventário das disponibilidades de recursos hídricos superficiais Anexo 3 – Recursos hídricos superficiais

Inventário das disponibilidades de recursos hídricos subterrâneos Anexo 4 – Recursos hídricos subterrâneos

Caracterização quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos Anexo 3 – Recursos hídricos superficiais

Anexo 4 – Recursos hídricos subterrâneos

Caudal sólido Anexo 12 – Situações de risco

Anexo 9 – Conservação da natureza

Inventário e análise dos usos dos recursos hídricos actuais e futuros – Caracterização

Quantitativa e Qualitativa

Anexo 6 – Utilizações e necessidade de água

Anexo 8 – Usos e ocupações do domínio hídrico

Caudal sólido Anexo 6 – Utilizações e necessidades de água

Anexo 10 – Qualidade dos meios hídricos

Inventário e análise dos usos dos recursos hídricos actuais e futuros – Caracterização

Quantitativa e Qualitativa

Anexo 9 – Conservação da natureza

Inventário dos ecossistemas aquáticos Anexo 9 – Conservação da natureza

Inventário das zonas húmidas relevantes Anexo 9 – Conservação da natureza

Inventário das infra-estruturas hidráulicas e de saneamento básico existentes e projectas Anexo 7 – Infra-estruturas hidráulicas e de saneamento básico

Inventário dos sítios de interesse patrimonial e arqueológico Anexo 8 – Usos e ocupações do domínio hídrico

Balanço das necessidades e disponibilidades actuais e futuras Anexo 6 - Utilizações e necessidades de água – Balanço necessidades/disponibilidades

Identificação das zonas e situações de risco – cheias, erosão e contaminação Anexo 11 – Situações hidrológicas extremas

Anexo 12 – Situações de risco

Avaliação das situações de cheia Anexo 11 – Situações hidrológicas extremas

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

6/367

Dec. Lei Nº 45/94 – Artº 6º Índice e Relatórios dos Planos

Proposta de Medidas e Acções Fase 3 e 5 dos Planos – Programa de Medidas Classificação das linhas de água em função dos usos P1 – Recuperação e prevenção da qualidade da água

Classificação dos cursos de água em navegáveis ou flutuáveis P6 – Ordenamento e gestão do domínio hídrico

Protecção e valorização da rede hidrográfica P1 – Recuperação e prevenção da qualidade da água

P3 – Protecção dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados

P5 – Valorização dos recursos hídricos

Protecção e valorização das águas subterrâneas P1 – Recuperação e prevenção da qualidade da água

Previsão dos rios ou troços onde se aplica a taxa de regularização P8 – Regime económico – financeiro

Definição das zonas a sujeitar a ordenamento específico P6 – Ordenamento e gestão do domínio hídrico

Proposta de classificação de zonas de protecção (aquíferos, massas de água, REN) P3 – Protecção dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados

Dec. Lei Nº 45/94 – Artº 6º Índice e Relatórios dos Planos

Diagnóstico que inclui obrigatoriamente: Fase 3 e 5 dos Planos – Programa de Medidas Proposta de classificação de zonas de protecção (aquíferos, massas de água, REN) P3 – Protecção dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados

Identificação e selecção de projectos multimunicipais a executar P2 – Abastecimento de água às populações e actividades económicas

Acções de regularização e controlo de cheias P4 – Prevenção e minimização dos efeitos das cheias, secas e acidentes de poluição

Balanços sedimentológicos P5 – Valorização dos recursos hídricos

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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1.2 Conteúdo do Plano de Bacia Hidrográfica

O conteúdo do PBH encontra-se organizado, como atrás foi referido, em seis Fases,

abrangendo os subsistemas hidrológicos, das infra-estruturas hidráulicas e do saneamento básico,

ambiental e sócio-económico, normativo, institucional e financeiro e fiscal.

Este conteúdo está claramente explicitado no índice dos volumes, partes e anexos

componentes, de cada uma, das referidas seis Fases. Assim, as Fases 1 a 6 são constituídas pelos

seguintes Volumes:

a) Fase 1: Análise e Diagnóstico da Situação de Referência

Volume I: Síntese da Análise e Diagnóstico da Situação Actual

Volume II: Enquadramento

II.1: Identificação dos Objectivos de Planeamento dos Recursos Hídricos na Bacia

Hidrográfica

II.2: Contexto do Plano de Bacia Hidrográfica

Volume III: Análise

III.1: Caracterização Geral da Bacia Hidrográfica

III.2: Análise Sistémica

Parte 1 – Subsistema Hidrológico

Parte 2 – Subsistema Infra-estruturas

Parte 3 – Subsistema Ambiental

Parte 4 – Subsistema Sócio-Económico

Parte 5 – Subsistema Normativo

Parte 6 – Subsistema Institucional

Parte 7 – Subsistema Económico, Financeiro e Fiscal

Volume IV: Diagnóstico

Anexo Temático 1: Análise Biofísica

Parte 1 – Análise Geomorfológica

Parte 2 – Análise Geológica e Hidrogeológica

Parte 3 – Caracterização Climática

Parte 4 – Análise dos Solos

Parte 5 – Análise da Fauna, Flora e Vegetação

Page 16: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Anexo Temático 2: Análise Sócio-Económica

Parte 1 – Demografia

Parte 2 – Sócio-Economia

Anexo Temático 3: Recursos Hídricos de Superfície

Anexo Temático 4: Recursos Hídricos Subterrâneos

Anexo Temático 5: Análise da Ocupação do Solo e Ordenamento do Território

Parte 1 – Análise da Ocupação do Solo

Parte 2 – Planos de Ordenamento e Planos Sectoriais

Anexo Temático 6: Utilizações e Necessidades de Água - Balanço de Necessida-

des / Disponibilidades

Parte 1 – Inventário das Necessidades e Utilizações de Água

Tomo I – Necessidades de Água para o Abastecimen-to

Doméstico e de Rega

Tomo II – Necessidades de Água para a Indústria

Parte 2 – Qualidade da Água

Parte 3 – Inventário de Rejeição de Efluentes

Tomo I – Poluição Pontual de Origem Industrial e Poluição

Difusa. Memória Descritiva

Tomo II – Poluição Pontual de Origem Industrial e Poluição

Difusa. Figuras e Quadros

Tomo III – Poluição Pontual de Origem Urbana e In-dustrial

Parte 4 – Análise de Balanço entre Necessidades e Disponibili-dades de

Água

Anexo Temático 7 – Infra-estruturas Hidráulicas e de Saneamento Básico

Anexo Temático 8 – Usos e Ocupações do Domínio Hídrico

Parte 1 – Inventário das Ocupações do Domínio Hídrico

Parte 2 – Inventário de Outras Utilizações do Domínio Hídrico

Parte 3 – Análise dos Valores Patrimoniais

Anexo Temático 9 – Conservação da Natureza

Parte 1 – Inventário e Caracterização dos Ecossistemas e das Biocenoses

Parte 2 – Caudais Ecológicos

Parte 3 – Identificação de Problemas Ambientais

Parte 4 – Erosão, Assoreamento e Desertificação

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Parte 5 – Análise da Hidrodinâmica do Estuário

Anexo Temático 10 – Qualidade dos Meios Hídricos

Parte 1 – Qualidade das Águas Superficiais

Parte 2 – Qualidade das Águas Subterrâneas

Parte 3 – Qualidade Ecológica dos Cursos de Água

Parte 4 – Avaliação do Estado de Conservação das Galerias Ripícolas

Anexo Temático 11 – Situações Hidrológicas Extremas

Parte 1 – Análise de Secas

Parte 2 – Análise de Cheias

Anexo Temático 12 – Situações de Risco

Anexo Temático 13 – Análise Económica das Utilizações de Água

Anexo Temático 14 – Quadro Normativo

Anexo Temático 15 – Enquadramento Institucional

Anexo Temático 16 – Projectos de Dimensão Nacional

b) Fase 2: Definição de Objectivos

Volume I: Sumário Executivo

Volume II: Análise Prospectiva do Desenvolvimento Sócio-Económico e Principais Linhas

Estratégicas

Volume III: Definição e Avaliação de Objectivos

c) Fase 3: Proposta de Estratégia, Medidas e Acções

Volume: Proposta de Estratégia, Medidas e Acções

d) Fase 4: Prognóstico para os Cenários de Desenvolvimento

Volume: Prognóstico para os Cenários de Desenvolvimento

e) Fase 5: Programação Física e Financeira

Volume: Programação Física e Financeira

Anexo: Fichas de Projecto

f) Fase 6: Normas e Regulamento

Volume: Regulamento

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1.3 Estrutura do Relatório

O presente Relatório Final é constituído por três volumes:

Volume I: Análise e Diagnóstico da Situação de Referência

O Volume I, encontra-se subdividido nas seguintes Partes:

• Parte I - Introdução e enquadramento

• Parte II - Caracterização e Análise da Situação de Referência

• Parte III - Diagnóstico da Situação de Referência

Volume II: Objectivos, Medidas e Acções

O Volume II, encontra-se subdividido nas seguintes Partes:

• Parte I: Introdução

• Parte II: Objectivos

• Parte III: Medidas e Acções

• Parte IV: Resultados Esperados da Implementação do Plano

Volume III: Anexo Cartográfico

No Volume I, a Parte I é constituída pelo Capítulo 1, Introdução, onde se caracteriza o âmbito

e conteúdo do PBH e a Estrutura do presente Relatório Final, e pelo Capítulo 2, Enquadramento,

em que se apontam os factores essenciais do planeamento de recursos hídricos na bacia, do

quadro legal nacional, do quadro comunitário e internacional e do quadro institucional. A Parte

II é constituída pelo Capítulo 3, Situação de Referência, integrando a caracterização biofísica da

bacia, a caracterização sócio-económica, as necessidade de água, as utilizações e ocupações do

domínio hídrico, a avaliação das disponibilidades e o balanço de recursos hídricos, a qualidade

dos meios hídricos, a conservação da natureza, as infra-estruturas hidráulicas e de saneamento

básico, os níveis de atendimento, assim como as situações hidrológicas extremas (cheias e secas)

e de risco, o sistema económico e financeiro e a análise do quadro normativo e institucional. A

Parte III é constituída pelo Capítulo 4, Diagnóstico, que se prende com os aspectos de

planeamento e gestão de recursos mais relevantes, nomeadamente, as necessidades e

disponibilidades de água, os níveis de atendimento, a eficiência da utilização da água, a

qualidade da água, os ecossistemas aquáticos e terrestres associados, o ordenamento do domínio

hídrico, as situações hidrológicas extremas e de risco, a informação e conhecimento sobre os

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recursos hídricos, o quadro normativo e institucional e o cumprimento da legislação nacional e

comunitária aplicável.

No Volume II, a Parte I é constituída pelo Capítulo 1, Introdução, referente ao âmbito do

Volume. A Parte II é constituída pelo Capítulo 2, Cenários de Desenvolvimento, onde se refere a

cenarização escolhida do desenvolvimento sócio-económico de 2000 a 2020 e pelo Capítulo 3,

Objectivos, onde se descrevem os principais objectivos estratégicos e operacionais adoptados

para a bacia. A Parte III é constituída pelo Capítulo 4, Medidas e Acções, onde se listam os

Projectos que consubstanciam as referidas medidas e acções e a sua organização em Programas e

Sub-Programas, e pelo Capítulo 5, Programação Física e Financeira, onde se apresenta a síntese

dos resultados obtidos.

2 Enquadramento

2.1 Unidades Homogéneas de Planeamento

Para dar satisfação à necessidade de definir objectivos e implementar actuações diferenciadas

em função das diversas sub-regiões da bacia hidrográfica, a área do Plano acha-se subdividida

em Unidades Homogéneas de Planeamento que, para efeitos de planeamento e gestão de

recursos hídricos, possam ser consideradas homogéneas, em termos hidrológicos, socio-

económicos e ambientais.

Foram consideradas as seguintes 11 Unidades Homogéneas de Planeamento, agregando, total

ou parcialmente, as seguintes regiões:

UHP Designação Descrição

UHP 1 Caia Corresponde à bacia nacional do rio Caia

UHP 2 Elvas-Lucefecit Compreende as bacias dos pequenos afluentes nacionais pela margem direita do

Guadiana entre o Caia e o Lucefecit (inclusive).

UHP 3 Degebe Compreende a bacia do Degebe, o maior afluente nacional, bem como os pequenos

afluentes pela margem Direita entre o Lucefecit e a Foz do Degebe.

UHP 4 Margem esquerda

de Alqueva

Abrange a parte nacional das bacias dos afluentes do Guadiana na margem esquerda

entre o Cuncos e a secção de Alqueva, nomeadamente o Alcarrache. Os principais

afluentes têm as cabeceira em Espanha pelo que os seus caudais e, principalmente, a

qualidade da água, dependem de usos em Espanha.

UHP 5 Ardila Coincide com a bacia nacional do rio Ardila, afluente à albufeira de Pedrógão. A

selecção desta UHP foi feita tendo em conta a sua importância como origem de água

superficial , bem como os efeitos potenciais dos usos em Espanha.

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UHP 6 Pedrógão nacional Abrange os pequenos afluentes integralmente nacionais à albufeira de Pedrógão,

correspondentes à margens direita e esquerda do Guadiana.

UHP 7 Pulo do Lobo Compreende todos os afluentes nacionais, pelas margens direita e esquerda, entre

Pedrógão e o Pulo-do-Lobo, incluindo as ribeiras de Limas e o rio Cobres a jusante.

UHP 8 Pomarão Compreende os afluentes nacionais entre o Pulo do Lobo e a foz do Chança,

incluindo nomeadamente as ribeiras de Oeiras e de Carreiras.

UHP 9 Chança Compreende toda a bacia nacional do rio Chança, um grande número de pequenos

afluentes.

UHP 10 Algarve Compreende os afluentes pela margem direita entre a Foz do Chança e a Foz do

Guadiana, com excepção dos pequenos afluentes junto à foz. Inclui os afluentes

principais com origem na serra algarvia, nomeadamente Vascão, Foupana, Odeleite e

Beliche. Esta UHP juntamente com a UHP11 coincide quase integralmente com a

DRAAlgarve, exceptuando-se apenas a margem esquerda do Vascão.

UHP 11 Estuário Compreende os pequenos afluentes junto à foz, bem como a faixa do Guadiana até

Pomarão, ou seja o sapal de Castro Marim, bem como o trecho internacional de rio

sujeito á influência da maré.

As Unidades Homogéneas de Planeamento, definidas estão delimitadas na Figura 2.1-1.

2.2 Planeamento de Recursos Hídricos na Bacia

2.2.1 Antecedentes de Planeamento de Recursos Hídricos na Bacia

2.2.1.1 Introdução

Portugal tem uma longa tradição de planeamento hidráulico. Na região do Alentejo, onde se

localiza a bacia hidrográfica do Guadiana, o planeamento hidráulico teve a ver

fundamentalmente, com a construção de aproveitamentos hidroagrícolas, face à existência de

zonas planas e de solos com boa aptidão para o regadio. Na parte algarvia da bacia, a utilização

dos recursos hídricos teve fundamentalmente a ver com o fornecimento de água à região litoral

do Sotavento Algarvio, fora da área de intervenção do Plano. Estas utilizações são,

predominantemente, para o abastecimento doméstico e público, mas também para rega.

Foi com o Plano de Rega do Alentejo em 1958, que visava o regadio e a valorização de

170 000 ha de terras alentejanas, que pela primeira se encarou a utilização dos recursos hídricos

do Guadiana, em regime de fins múltiplos, como origem de água para rega e para a produção de

energia. No Algarve foram desenvolvidos no inicio da década de 70, diversos estudos e planos

de aproveitamento dos recursos hídricos.

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Na década de 80 foram relançados os estudos para a inventariação dos recursos hídricos no

País e preparação de planos gerais, tendo em vista a criação de Administrações de Recursos

Hídricos ou de Regiões Hidrográficas (ARH), onde se previa gerir os recursos hídricos por

bacias hidrográficas ou agrupamentos de bacias. Na região Sul, este estudo foi realizado pela

CLAGRHAA (Comissão para o Levantamento e Acompanhamento da Gestão os Recursos

Hídricos do Alentejo e Algarve), envolvendo diversos técnicos da administração pública e

consultores individuais.

2.2.1.2 Plano de Rega do Alentejo

Concebido pela primeira vez como Plano Geral em 1958, o Plano de Rega do Alentejo prevê

o desenvolvimento de um conjunto de aproveitamentos hidráulicos em várias bacias do Alentejo,

funcionando como um esquema interligado, com transferências inter-bacias, assente na

utilização dos recursos hidráulicos do Guadiana em regime de fins múltiplos (rega e energia).

Este sistema previa regar cerca de 170 000 ha, não tendo sido encontrado uma solução

satisfatória para satisfazer estas necessidades, dentro dos limites do território nacional, pois a

utilização de outras origens de água Tejo e Ardila, tinha custos muito elevados.

Neste sentido decidiu-se procurar um acordo com Espanha, que facultasse a construção, no

troço internacional, de uma albufeira de regularização, dimensionada de acordo com as

potencialidades do Guadiana. Esse acordo concretizou-se no Convénio de Maio de 1968, onde

foi possível reestruturar o esquema hidráulico do Plano de Rega do Alentejo de uma forma

integrada, tendo por base, essencialmente, os recursos hídricos do Guadiana e concentrando as

diversas infra-estruturas de armazenamento, adução e distribuição de maneira a reduzir os custos

de investimento, aumentar a garantia de abastecimento e flexibilizar a exploração. É pois, a partir

da aprovação do Convénio que o empreendimento de Alqueva ganha importância estratégica no

planeamento dos recursos hídricos da bacia do Guadiana.

No fim da década de 70, previa-se que o empreendimento de Alqueva fosse constituído por

dois escalões, um em Alqueva e outro na Rocha da Galé.

Estudos recentes fixaram a área máxima regável em cerca de 110 000 ha em vez de

170 000 ha previstos no Plano de Rega do Alentejo. Relativamente à arquitectura, suprimiu-se o

escalão da Rocha da Galé pelo contra embalse de Pedrógão, e definiram-se, como seguidamente

se apresenta, três sistemas independentes: Alqueva, com origem na Albufeira de Alqueva;

Pedrógão e Ardila, com origem na Albufeira de Pedrógão.

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BBrreevvee ccaarraacctteerriizzaaççããoo ddoo eemmpprreeeennddiimmeennttoo ddee ffiinnss mmúúllttiippllooss ddee AAllqquueevvaa

O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva constitui uma obra de grande envergadura,

destinada ao abastecimento de água para rega, consumo urbano e industrial, produção de energia

eléctrica e a outras utilizações complementares, das quais se destaca a regularização dos caudais

do rio Guadiana.

O sistema global de rega tem como origens de água as albufeiras de Alqueva e Pedrogão e

distribui-se pelos subsistemas de Alqueva , do Pedrogão e do Ardila. A actual concepção admite

a rega de 112 240 hectares, constituída por três grandes blocos, nomeadamente o Bloco de Baixo

Alentejo (93 280 ha), o Bloco do Alto Alentejo (8 130 ha) e o Bloco do Ardila (10 830 ha).

Sistema Alqueva

O sistema Alqueva permitirá a rega de 71 380 ha, dos quais 63 250 ha pertencem ao grande

bloco do Baixo Alentejo e 8 130 ha, correspondem ao bloco de Évora.

Na sua área de implantação já foram executadas algumas obras hidráulicas do Plano de Rega

do Alentejo, dimensionadas a contar com a adução proveniente de Alqueva, nomeadamente a

barragem de Alvito, situada nas cabeceiras da ribeira de Odivelas, a barragem de Odivelas

construída também nesta linha de água, perto da povoação de Odivelas, e na extremidade sul da

área de influência do Sistema, a barragem do Roxo nas cabeceiras da ribeira do mesmo nome.

Em termos muito sumários, o esquema de adução é composto por um adutor principal que

tem origem num dos braços da albufeira de Alqueva, e que se desenvolve até à albufeira do

Roxo. Ao longo do seu percurso o adutor divide-se em vários ramos que interligam a outras

albufeiras e directamente a perímetros de rega.

Toda a água é bombeada na estação elevatória de Alqueva, origem do Sistema, seguindo para

Alvito, via barragens de Álamo e de Loureiro. Desta última, parte um canal em direcção a Norte,

para alimentar o bloco de Évora, ligando o Loureiro à já existente albufeira do Monte Novo, no

rio Degebe.

Os caudais aduzidos à albufeira vão servir para alimentar: o canal de adução de água para a

albufeira de Barras que, por sua vez, alimentará Vale de Gaio, no rio Xarrama, e o Canal Adutor

Geral que se encaminha para Sul, até à barragem do Pisão. Ao longo do percurso Alvito-Pisão, o

canal ramifica-se em dois importantes braços: um para reforço ao Aproveitamento Hidroagrícola

de Odivelas; outro composto pela barragem de Alfundão, a construir nas cabeceiras da ribeira de

Tramagueira.

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Da barragem do Pisão o Canal Adutor Geral segue para o Sul, terminando na albufeira do

Roxo. A albufeira do Roxo é reforçada com caudais para alimentar a 2ª Fase do Roxo, para o

reforço do próprio Aproveitamento do Roxo, actualmente em exploração e com graves

dificuldades quanto a disponibilidades de água para rega, e também, para reforçar os

aproveitamentos do Sado-Superior e o Pólo Industrial de Sines.

Sistema Pedrógão

Neste Sistema a área beneficiada é da ordem dos 30 000 ha distribuídos pelas zonas da

Vidigueira (a Sul), Cuba e Beja (até Quintos), sendo a água necessária à rega elevada por uma

grande estação de bombagem a partir do regolfo, criado pelo açude do Pedrógão.

Sistema do Ardila Para o Sistema do Ardila, situado na margem esquerda do Guadiana, a área beneficiada é da

ordem dos 11 000 ha.

2.2.1.3 Abastecimento de Água ao Sotavento Algarvio

Na década de 80 foi efectuado um Plano Director para o Sistema de Abastecimento de Água

ao Sotavento Algarvio, que visava a cobertura das necessidades de água das populações e

indústrias e a rega de 35 000 ha da sub-região do Sotavento Algarvio. As origens de água

estariam localizadas nas ribeiras de Beliche, Odeleite e Foupana na bacia do Guadiana,

completadas com os recursos das ribeiras de Almargem e Alportel, localizadas já nas bacias das

ribeiras do Algarve.

No âmbito da elaboração do Plano Director, foi realizado o Estudo de Impacte Ambiental das

soluções alternativas propostas para o sistema de abastecimento de água.

Como consequência destes estudos, foram construídas as barragens de Odeleite e Beliche, as

adutoras de transporte de água, a estação de tratamento de água de Tavira e a rede de rega,

enxugo e caminhos agrícolas de 7800 ha de área beneficiada.

2.2.1.4 Os recursos hídricos no Sul de Portugal

No âmbito da restruturação institucional da gestão dos recursos hídricos em Portugal foi

elaborado em 1987, sob directiva da Secretaria de Estado do Ambiente e dos Recursos Naturais,

um primeiro diagnóstico da situação dos recursos hídricos no Sul de Portugal, abrangendo as

bacias das ribeiras do Algarve e as bacias dos rios Guadiana, Sado e Mira. Este estudo foi

realizado pela CLAGRHAA (Comissão para o Levantamento e Acompanhamento da Gestão os

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Recursos Hídricos do Alentejo e Algarve), tendo envolvido diversos técnicos da administração

pública e consultores internacionais.

Este estudo tinha por área de intervenção toda a região Sul, tendo em vista a criação de uma

única entidade de gestão dos recursos hídricos de modo a manter a integridade da bacia do

Guadiana, que actualmente está dividida pelas DRAOT do Alentejo e do Algarve.

Neste estudo é feita a caracterização e identificação das problemáticas da região, com a

análise do sistema institucional, a definição de objectivos e acções prioritárias a efectuar. É feito

o enquadramento da gestão dos recursos hídricos, segundo uma nova abordagem do assunto, em

complemento, foi realizada a recolha exaustiva da bibliografia relativa à região Sul.

2.2.2 Ordenamento do Território

2.2.2.1 Considerações gerais

No âmbito da consideração de objectivos de protecção, valorização e utilização racional dos

recursos hídricos em planos ou estudos de ordenamento territorial, destaca-se a delimitação,

promovida pela CCR-Alentejo na década de 80, da Reserva Ecológica Nacional (REN) nos

concelhos da Região do Alentejo, anteriormente à conclusão dos respectivos Planos Directores

Municipais. A CCR-Alentejo desenvolveu igualmente um importante trabalho pioneiro de

investigação sobre as metodologias e critérios de delimitação da REN, prestando também apoio

técnico a outras CCR's do País.

Destaca-se ainda a realização, no início da década de 90, de Planos Integrados de

Desenvolvimento para alguns dos distritos abrangidos pela bacia hidrográfica do rio Guadiana

(nomeadamente Beja e Évora), onde é igualmente contemplada a preservação e utilização

(urbana, industrial e agrícola) dos recursos hídricos.

A integração dos concelhos no PBH do Guadiana é não só diferenciada em termos de área

pretinente como inclusivamente, nalguns casos, embora essa área já seja significativa, em termos

de população ou de actividade sócio económica, que por vezes apresentam uma escala diminuta.

Por isso, e consoante a relevância relativa das áreas temáticas em causa o conjunto de concelhos

observados é varíável, de acordo com a área em estudo, referindo-se por vezes 33 concelhos ou

menos.

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2.2.2.2 Planos Municipais de Ordenamento do Território

A bacia hidrográfica do rio Guadiana abrange total ou parcialmente 33 concelhos,

pertencentes aos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Faro. Apenas o concelho de Ourique não

possui Plano Director Municipal (PDM) ratificado (Figura 2.2-1).

De facto a área geográfica da bacia é ocupada na totalidade por 33 concelhos, embora os

concelhos de de Aljustrel, Arraiolos, Estremoz, Loulé, Marvão, Monforte, Ourique, S. Brás de

Alportel e Tavira tenham uma expressão territirial e demográfica muito reduzida. Assim,

consoante o tema em análise o número de concelhos observados pode ser inferior a 33, facto que

não retira nenhuma generalidade às análises realizadas no PBH.

No âmbito da análise dos objectivos dos PDM e da afectação territorial da ocupação urbana,

industrial e turística, existente e prevista, estabelecida nas respectivas Plantas de Ordenamento,

não foram considerados os concelhos de Aljustrel, Arraiolos, Estremoz, Loulé, Marvão,

Monforte, Ourique, S. Brás de Alportel e Tavira, devido às reduzidas áreas desses concelhos que

estão integradas na bacia do Guadiana e/ou à fraca expressão urbana, industrial ou turística que

as áreas abrangidas apresentam. Por inexistência de ficheiros digitais com a delimitação das

áreas urbanas, industriais e turísticas dos PDM de Alcoutim e Vila Real de Stº António, a

referenciação cartográfica e o cálculo da afectação do solo para os usos referidos não foi

igualmente realizada para estes dois concelhos.

Da análise dos conteúdos dos 24 Planos Directores Municipais analisados, importa reter que o

tema do uso e salvaguarda dos recursos hídricos não é abordado em todos os planos. De facto,

cerca de 65% dos PDM referem, como objectivo, a necessidade de um desenvolvimento

equilibrado do concelho através de uma utilização racional dos recursos naturais (onde se

incluem os recursos hídricos), mas apenas 3 concelhos referem objectivos específicos no

domínio dos recursos hídricos.

Quanto às disposições relativas à protecção dos recursos hídricos, constata-se o seguinte:

• de um modo geral, os recursos integrados na REN são abordados detalhadamente;

• os recursos hídricos subterrâneos são referidos em pouco mais de 50% dos PDM,

nomeadamente no respeitante à protecção a furos de captação de água;

• a protecção dos recursos hídricos de superfície é apenas abordada em 25% dos planos (no

entanto, nos concelhos que possuem albufeiras, refere-se geralmente a protecção dessas áreas);

• em dois PDM é referida a importância das áreas de floresta de protecção como factor de

protecção dos recursos hídricos (redução da erosão, aumento da capacidade de infiltração na

água no solo);

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• apenas 6 planos referem a necessidade de controlo da qualidade da água e dos efluentes

lançados no meio receptor;

• Domínio Público Hídrico não é referido na maioria dos planos e, quando é, não é abordado

com detalhe.

Do cruzamento de informação produzida no âmbito das diversas caracterizações sectoriais,

elaboradas na 1ª Fase do Plano de Bacia, com a referenciação espacial dos usos do solo com

características urbanas (áreas urbanizáveis, industriais, turísticas e de equipamentos) previstos na

Planta de Ordenamento dos PDM dos 22 concelhos para os quais se obteve informação digital,

ressaltam as seguintes conclusões ao nível de potenciais situações de conflitos ou

incompatibilidades que resultem em prejuízos para a correcta gestão dos recursos hídricos:

• em quase todos os concelhos, com excepção dos localizados na zona mais a sul na bacia

hidrográfica do Guadiana (Castro Verde, Almodôvar, Castro Marim), estão previstos espaços

urbanizáveis localizados em áreas delimitadas no Plano de Bacia como possuindo riscos de

erosão;

• nos concelhos de Campo Maior, Elvas, Borba, Alandroal, Redondo, Reguengos de

Monsaraz, Mourão, Moura e Serpa estão previstos espaços urbanizáveis localizados em áreas

delimitadas no Plano de Bacia como sendo de infiltração máxima;

• nos concelhos de Vila Viçosa e Vidigueira estão previstos espaços industriais localizados

em áreas delimitadas no Plano de Bacia como possuindo riscos de erosão;

• no concelho de Évora está previsto um espaço turístico localizado a menos de 500 m da

albufeira da Vigia, em área delimitada no Plano de Bacia como possuindo riscos de erosão;

• no concelho de Reguengos de Monsaraz está previsto um espaço turístico localizado na

proximidade da futura albufeira do Alqueva, em área delimitada no Plano de Bacia como

possuindo riscos de erosão;

• no concelho de Mértola está previsto um espaço urbanizável localizado a menos de 500 m

da albufeira da Tapada Grande, em área delimitada no Plano de Bacia como possuindo riscos de

erosão.

2.2.2.3 Planos Especiais de Ordenamento do Território

Das 23 albufeiras de águas públicas existentes na bacia do Guadiana, apenas duas - Vigia e

Caia - possuem POA (Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas) aprovado,

estando em curso a elaboração dos POA das albufeiras de Monte Novo, Enxoé e Alqueva.

Relativamente às 6 barragens previstas ou em fase de projecto/construção integradas nesta bacia

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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hidrográfica, importa referir que se encontram em elaboração os POA da albufeira do Alqueva e

do açude do Pedrógão (Figura 2.2-2).

A bacia hidrográfica do Guadiana integra total ou parcialmente 3 áreas protegidas

(Figura 2.2-3). Apenas a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Stº António

possui o respectivo POAP aprovado (Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas), encontrando-

se em elaboração os POAP do Parque Natural da Serra de S. Mamede e do Parque Natural do

Vale do Guadiana.

De notar que a área do Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana não é abrangida pelo Plano

de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) entre Vilamoura e Vila Real de Stº António, uma vez

que este não integra as áreas sob jurisdição portuária (estuário do Guadiana).

2.2.2.4 Planos Regionais de Ordenamento do Território

A área do Plano de Bacia do Guadiana é parcialmente abrangida pelos seguintes planos de

âmbito territorial regional (Figura 2.2-4):

PROTAL (Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve): aprovado pelo

Decreto Regulamentar nº 11/99 de 21 de Março;

PROZOM (Plano Regional de Ordenamento da Zona dos Mármores): concluído em Junho de

1988, mas aguardando aprovação;

PROZEA (Plano Regional de Ordenamento da Zona Envolvente do Alqueva): em

elaboração.

2.2.3 Domínio Hídrico e Reserva Ecológica Nacional

O Domínio Público Hídrico é uma das servidões de utilidade pública, elaborada pela Direcção

Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, da competência do INAG.

O Decreto-Lei nº 70/90, de 2 de Março, define o regime de bens do domínio público hídrico

do estado, incluíndo a respectiva administração e utilização. O domínio público hídrico é

constituído pelo domínio público marítimo e fluvial.

O condicionamento inerente aos terrenos do domínio público hídrico é automático nas

margens das águas do mar (50 m contados a partir da linha que delimita o leito) e nas margens

das águas interiores navegáveis ou flutuáveis (50 ou 30 m, consoante se faça ou não sentir a

influência das marés nas águas), ou não navegáveis ou não flutáveis (10 m).

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Não existe, actualmente, um cadastro minimamente completo das áreas integradas no

Domínio Público Hídrico na bacia hidrográfica do Guadiana.

A par da realização de alguns dos instrumentos mais importantes do ordenamento e

planeamento do território, os PDM e os PROT, foi surgindo legislação específica relevante à

protecção e salvaguarda do território, como é o caso do Decreto-Lei que criou a Reserva

Ecológica Nacional, com a finalidade de possibilitar a exploração dos recursos e a utilização do

território com a salvaguarda de determinadas funções e potencialidades dando-se grande enfâse

às zonas costeiras e ribeirinhas, dada a sua maior sensibilidade e fragilidade, sujeitas por diversas

razões a maiores pressões.

De acordo com a legislação, integram a REN as seguintes áreas: zonas costeiras e ribeirinhas,

águas interiores, áreas de infiltração máxima ou de apanhament e zonas declivosas. Destas têm

particular relevo para os recursos hídricos as referentes às zonas ribeirinhas.

Relativamente à Reserva Ecológica Nacional (REN), a sua delimitação à escala 1:25.000

encontra-se aprovada em todos os concelhos abrangidos pelo Plano de Bacia. No entanto, não

existe cartografia digitalizada para a generalidade do território em causa.

2.2.4 Planos Sectoriais com Incidência nos Recursos Hídricos

O Plano de Desenvolvimento Integrado do Alentejo (Pro-Alentejo), programa de

desenvolvimento integrado, abrange 20 concelhos do Alentejo total ou parcialmente interessados

pelo Aproveitamento do Alqueva, propõe-se dinamizar a estrutura económica regional e criar

empregos; gerar investimento e diversificar a base económica; melhorar os rendimentos das

populações rurais, através do desenvolvimento do regadio e da reconversão agrícola; aumentar a

qualificação dos recursos humanos, implantar e reabilitar equipamentos colectivos e infra-

estruturas básicas. Tudo isto articulando investimentos já em curso – em Alqueva e no Norte

Alentejano, por exemplo – com programas de financiamento nacional e comunitário, de acordo

com uma estratégia global e intersectorial.

Para atingir estes objectivos, o ProaAlentejo desdobra-se em oito áreas, ou “eixos”.

Dos eixos principais de intervenção do Pro-Alentejo assumem particular importância para o

Plano de Bacia do Guadiana os seguintes:

• Programa Específico de Desenvolvimento Integrado da Zona do Alqueva (PEDIZA):

dirigido essencialmente para a construção das infra-estruturas do Empreendimento de Fins

Múltiplos do Alqueva e para a minimização dos impactes negativos e maximização das

potencialidades decorrentes da sua construção;

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• Ambiente e Património Natural: Preconiza a Necessidade de Preservação e Valorização do

Património Natural e Paisagístico, Através da Melhoria das Condições Ambientais Existentes, da

Preservação das Espécies Vegetais e Animais em Risco de Extinção e da Minimização dos

Perigos de Degradação Paisagística, Decorrentes do Desenvolvimento Económico.

2.3 Quadro Legal Nacional

2.3.1 Decreto-Lei n.º 45/94, de 22 de Fevereiro

O Decreto-Lei n.º 45/94, de 22 de Fevereiro, regulamenta o planeamento de recursos hídricos

em Portugal e estabelece os principais objectivos para esse planeamento, conforme é referido no

Artigo 2º:

"O planeamento de recursos hídricos tem por objectivos gerais a valorização, a protecção

e a gestão equilibrada dos recursos hídricos nacionais, assegurando a sua harmonização

com o desenvolvimento regional e sectorial através da economia do seu emprego e

racionalização dos seus usos".

Ainda segundo este Decreto-Lei, o planeamento de recursos hídricos deve ser orientado pelos

seguintes princípios:

"Globalidade, baseando-se numa abordagem conjunta e interligada dos aspectos técnicos,

económicos, ambientais e institucionais;

Racionalidade, visando a optimização da exploração das várias origens de água e a

satisfação das várias necessidades, articulando a procura e a oferta e salvaguardando a

preservação quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos, bem como uma aplicação

económica dos recursos financeiros;

Integração, em articulação com o planeamento dos sectores de utilização, com o

planeamento regional, com o ordenamento do território e com a conservação e

protecção do ambiente;

Participação, envolvendo agentes económicos e as populações directamente interessadas

e visando o alargamento de consensos;

Estratégia, dando respostas imediatas face à informação".

De acordo com o referido Decreto-Lei n.º 45/94, a concretização do planeamento dos recursos

hídricos é efectuada através de planos de recursos hídricos, que têm por unidade territorial bacias

hidrográficas ou agrupamentos de bacias hidrográficas. Após a elaboração dos planos de bacia

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hidrográfica, será elaborado o Plano Nacional de Água (PNA), que englobando todo o território

do Continente, terá por objectivo a definição de estratégias de gestão dos recursos hídricos a

nível nacional, incluindo a articulação com Espanha, na gestão dos recursos hídricos comuns.

Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 45/94 os planos de bacia hidrográfica são constituídos por peças

escritas e gráficas e incluem necessariamente:

• diagnóstico, incluindo os inventários de recursos e de necessidades e as análises da

situação actual;

• a definição de objectivos ambientais de curto, médio e longo prazos;

• a proposta de medidas e acções , com a análise de cenários alternativos e com a definição

de prioridades;

• a programação física, financeira e institucional da implementação das medidas e acções

seleccionadas.

Especificamente, o Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana foi estruturado em seis

fases de trabalho, correspondendo genericamente aos produtos especificados pelo Decreto-Lei

n.º 45/94, atrás citados, designadamente:

FFaassee 11 –– AAnnáálliissee ee DDiiaaggnnóóssttiiccoo ddaa SSiittuuaaççããoo AAccttuuaall;;

FFaassee 22 –– DDeeffiinniiççããoo ddee OObbjjeeccttiivvooss;;

FFaassee 33 –– PPrrooppoossttaass ddee EEssttrraattééggiiaass,, MMeeddiiddaass ee AAccççõõeess;;

FFaassee 44 –– PPrrooggnnóóssttiiccoo ppaarraa ooss CCeennáárriiooss ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo;;

FFaassee 55 –– PPrrooggrraammaaççããoo FFííssiiccaa ee FFiinnaanncceeiirraa;;

FFaassee 66 –– NNoorrmmaass ee RReegguullaammeennttooss.

O Decreto-Lei em questão estabelece que os planos de bacia hidrográfica têm a duração

máxima de oito anos, devendo ser revistos no prazo máximo de seis anos. No entanto, os planos

são desenvolvidos para um horizonte da ordem dos vinte anos, uma vez que não poderão ser

estabelecidos planos, programas e projectos de recursos hídricos para o médio prazo fixado na

lei, sem uma visão estratégica com um prazo mais dilatado, pela natureza própria desses mesmos

planos, programas e projectos e pelos prazos de realização envolvidos, salvaguardando sempre a

necessidade de revisão dos planos nos respectivos prazos de validade.

A elaboração de planos de recursos hídricos por bacias hidrográficas é estabelecida também

na Directiva-Quadro, que fixa o prazo de 9 anos para a elaboração destes planos. O conteúdo dos

planos de bacia hidrográfica definido na directiva é compatível, na generalidade, com o que é

estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 45/94.

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É também referido no Decreto-Lei n.º 45/94 que os planos de recursos hídricos são

hierarquicamente superiores aos planos regionais e municipais de ordenamento do território, pelo

que as acções e medidas definidas naqueles planos devem ser vertidas para todos os instrumentos

de planeamento que definam ou determinem a ocupação física do solo, designadamente os

Planos Regionais de Ordenamento do Território e os Planos Directores Municipais. Desta forma,

é imprescindível articular a formulação dos planos de recursos hídricos com os planos de

ordenamento do território em vigor, a fim de minimizar possíveis incompatibilidades e

inconsistências entre os diversos instrumentos de planeamento.

O Decreto-Lei n.º 45/94 apresenta a estratégia de realização dos planos de bacia hidrográfica,

concretizando as regras gerais estabelecidas na Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87) e

desenvolvidas no Plano Nacional de Política doAmbiente (PNPA) de 1995.

O enquadramento da maioria das normas do direito interno no sector da água e ambiente é

feito através do normativo comunitário. No entanto, a Proposta de Directiva - Quadro estabelece

e enquadra um novo quadro de acção comunitária no domínio da política da água, que o INAG

considera determinante para a elaboração dos planos de bacia hidrográfica e tem correspondido a

constantes reformulações e adaptações ao conteúdo inicial destes planos, apresentando-se, no

entanto, compatível com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 45/94.

No Artigo 5º deste Decreto-Lei, a elaboração do Plano Nacional da Água e dos planos das

bacias hidrográficas compartilhadas com a Espanha, onde se inclui a bacia do Guadiana, são da

responsabilidade do Instituto da Água (INAG).

Para acompanhar e coordenar superiormente os trabalhos de elaboração dos planos de bacia

hidrográfica e do PNA foi constituída a Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano

(CNAP), incluindo dirigentes do INAG, os Directores Regionais do Ambiente e os Presidentes

do IHERA e do ICN.

Para elaborar o PNA e apoiar o acompanhamento técnico e a coordenação dos planos de bacia

hidrográfica, foi constituída no INAG a Equipa de Projecto do Plano Nacional da Água

(EPPNA).

Para acompanhar e coordenar a elaboração de cada plano de bacia hidrográfica foram

constituídas Unidades de Planeamento (UP), envolvendo técnicos do INAG, das DRAOT, do

ICN e do Ministério de Agricultura e Pescas, que poderão constituir os embriões das unidades de

coordenação da execução e do controlo da implementação dos programas de medidas dos planos

de bacia hidrográfica. As UP funcionarão em articulação directa com a Unidade de Planeamento

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Central. Para o caso presente do Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana foi criada no

INAG a Unidade de Planeamento do Guadiana (UPG).

No processo de planeamento dos recursos hídricos, para além da intervenção das referidas

estruturas executivas e de acordo com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 45/94, intervêm como

órgãos consultivos na análise da elaboração dos Planos: O Conselho Nacional da Água (CNA) e

os Conselhos de Bacia Hidrográfica (CBH).

Estes órgãos são constituídos por representantes dos órgãos da Administração Central com

competências nas áreas dos recursos hídricos, do ambiente, do desenvolvimento regional, do

ordenamento do território, da energia, da indústria, da agricultura, das florestas, da saúde, do

turismo, da defesa nacional e do mar, bem como representantes da Associação Nacional de

Municípios Portugueses, de organismos não governamentais da área do ambiente e de entidades

científicas e de investigação.

O Conselho de Bacia Hidrográfica do Guadiana integra representantes dos vários sectores,

nomeadamente da Administração Central, dos Municípios, de associações ligadas às actividades

sócio-económicas, das associações de defesa do Ambiente e de especialistas no domínio da água,

e tem como objectivo informar e dar parecer ao longo das várias fases de elaboração do Plano de

Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana.

2.3.2 Dec. Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro

O Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro desenvolve as bases da política de ordenamento

do território e de urbanismo, definindo, conforme referido no Artigo 1º:

"o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional e municipal do sistema de

gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de elaboração, aprovação,

execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial".

A política de ordenamento do território e de urbanismo assenta no sistema de gestão

territorial, que se organiza, em três âmbitos, tal como se cita do Artigo 2º deste diploma em

questão:

" a) O âmbito nacional;

b) O âmbito regional;

c) O âmbito municipal.

O âmbito nacional é concretizado através dos seguintes instrumentos:

• O programa nacional da política de ordenamento do território;

• Os planos sectoriais com incidência territorial;

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• Os planos especiais de ordenamento do território, compreendendo os planos de

ordenamento de áreas protegidas, os planos de ordenamento de albufeiras de águas

públicas e os planos de ordenamento da orla costeira:

- O âmbito regional é concretizado através dos planos regionais de ordenamento do

território.

- O âmbito municipal é concretizado através dos seguintes instrumentos:

- Os planos intermunicipais de ordenamento do território;

- Os planos municipais de ordenamento do território, compreendendo os planos direc-

tores municipais, os planos de urbanização e os planos de pormenor.".

Os instrumentos de gestão territorial identificam os interesses públicos e asseguram a

harmonização destes interesses com expressão espacial, tendo em conta as estratégias de

desenvolvimento económico e social, aspectos abarcados pelos Artigos 8º a 19º deste Decreto-

Lei nº 380/99.

Os Artigos 20º a 22º identificam as entidades responsáveis pela coordenação das intervenções

em matéria de gestão territorial, quer a nível do Estado, quer a nível das autarquias.

Os instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional, são abrangidos pelos Artigos 26º a

50º, onde se identificam os respectivos objectivos, conteúdo material e documental,

responsabilidade de elaboração, entre outros aspectos.

O programa nacional da política de ordenamento do território (Artigos 26º a 34º) "estabelece

as grandes opções com relevância para a organização do território nacional, consubstancia o

quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão territorial e

constitui um instrumento de cooperação com os demais Estados membros para a organização do

território da União Europeia.", conforme citado do Artigo 26º.

O diploma em questão considera que os planos sectoriais são, segundo o Artigo 35º:

"a) Os cenários de desenvolvimento respeitantes aos diversos sectores da administração

central, nomeadamente nos domínios dos transportes, das comunicações, da energia e dos

recursos geológicos, da educação e da formação, da cultura, da saúde, da habitação, do turismo,

da agricultura, do comércio, da indústria, das florestas e do ambiente;

b) Os planos de ordenamento sectorial e os regimes territoriais definidos ao abrigo de lei

especial;

c) As decisões sobre a localização e a realização de grandes empreendimentos públicos com

iniciativa territorial".

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O Decreto-Lei nº380/99 estabelece que a elaboração dos planos sectoriais compete às

entidades públicas que integram a administração estadual directa ou indirecta.

É no âmbito destes planos sectoriais de ordenamento que se enquadram os planos de bacia

hidrográfica.

Por último, nos instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional, têm-se os planos

especiais de ordenamento do território (Artigos 42º a 50º). Segundo o Artigo 42º, os planos

especiais de ordenamento são elaborados pela administração central e são os planos de

ordenamento de áreas protegidas, os planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas e os

planos de ordenamento da orla costeira. O Decreto-Lei nº 380/99 ainda estipula que a decisão de

elaboração destes planos compete ao Governo.

Os instrumentos de gestão territorial de âmbito regional, são abrangidos pelos Artigos 51º a

59º, onde se identificam os respectivos objectivos, conteúdo material e documental,

responsabilidade de elaboração, entre outros aspectos.

Segundo o ponto 1 do Artigo 51º do diploma em análise, "os planos regionais de ordenamento

do território definem a estratégia regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções

estabelecidas a nível nacional e considerando as estratégias municipais de desenvolvimento

local, constituindo o quadro de referência para a elaboração dos planos municipais de

ordenamento do território".

Ainda segundo o diploma em consideração, a elaboração dos planos regionais de

ordenamento do território compete à Comissão de Coordenação Regional (CCR).

Os instrumentos de gestão territorial de âmbito municipal, são abrangidos pelos Artigos 60º a

92º, onde se identificam os respectivos objectivos, conteúdo material e documental,

responsabilidade de elaboração, entre outros aspectos.

Conforme já mencionado, incluem planos intermunicipais de ordenamento do território (que

asseguram a articulação entre o plano regional e os planos municipais de ordenamento do

território e a sua elaboração é da responsabilidade dos municípios associados para o efeito ou às

associações de municípios) e planos municipais de ordenamento do território (que estabelecem o

regime de uso do solo, definindo modelos de evolução previsível da ocupação humana e da

organização de redes e sistemas urbanos e a sua elaboração é da responsabilidade da câmara

municipal). Estes últimos, compreendem os planos directores municipais, os planos de

urbanização e os planos de pormenor.

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2.3.3 Outra Legislação Nacional Relevante

Os planos de bacia hidrográfica dão ainda resposta a outros requisitos legais em matéria de

elaboração de programas de medidas de protecção das águas e de realização de infra-estruturas,

assim como cria as bases para a aplicação de outros diplomas.

Assim, reveste-se de particular relevância a publicação de diversos diplomas legais que

definem a política de gestão dos recursos hídricos, destacando-se entre eles:

• Decreto-Lei nº 47/94, de 22 de Fevereiro, que estabelece o regime económico e financeiro

da utilização do domínio público hídrico, sob jurisdição do INAG.

Diz-se aí "que os beneficiários de obras de regularização de águas superficiais ou

subterrâneas realizadas total ou parcialmente pelo Estado estão sujeitas ao pagamento de uma

taxa, denominada "taxa de regularização", destinada a compensar o seu investimento e os

gastos de exploração e conservação de tais obras". O diploma esclarece depois que "a taxa de

regularização tem por objecto as melhorias produzidas pela regularização dos caudais de água

sobre os regadios, abastecimento às populações, aproveitamentos industriais e utilizações de

qualquer tipo que utilizem os caudais beneficiados ou melhorados pelas obras hidráulicas de

regularização, realizadas total ou parcialmente pelo Estado" e que "os planos de recursos

hídricos devem prever os rios onde se aplica a taxa de regularização, cabendo aos respectivos

Conselhos de Bacia estabelecer o montante da mesma tendo em conta os dados fornecidos pelo

INAG, relativamente aos investimentos realizados pelo Estado...". Os planos de bacia

hidrográfica identificam os rios, e nestes os seus troços, que beneficiam da regularização

daquelas obras, assim como os montantes investidos pelo Estado, de modo a permitir a

subsequente fixação da taxa pelos Conselhos de Bacia;

• o Decreto-Lei nº 236//98, de 1 de Agosto, que transpõe para o direito nacional um conjunto

numeroso de directivas comunitárias sobre qualidade das águas e redução da poluição, ditas da

primeira geração, revogando o Decreto-Lei nº 74/90 de 7 de Março.

É o caso das directivas sobre a qualidade das águas superficiais destinadas à produção de água

potável, das águas piscícolas, das águas conquícolas e das águas balneares, e é o caso das duas

directivas sobre a protecção das águas, superficiais e subterrâneas, contra a poluição por

substâncias perigosas. Para além destas normas dispõe ainda sobre a qualidade das águas

subterrâneas destinadas à produção de água para consumo humano e sobre a qualidade das águas

destinadas à rega. Os planos de bacia hidrográfica propõem a classificação dos distintos meios

em função das suas utilizações, quando esta ainda não se encontrava feita, e estabelecem para

todos os meios hídricos aqueles programas de medidas.

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Ainda no que concerne a este diploma é de relevar a importância que têm os planos de bacia

hidrográfica para efeitos da aplicação do seu Artigo 64º no que respeita à definição dos

objectivos ambientais para os diferentes meios hídricos a considerar no licenciamento das

descargas de águas residuais;

• Decreto-Lei n.º 46/94 de 22 de Fevereiro, que estabelece o regime de licenciamento da

utilização do domínio hídrico, sob jurisdição do INAG;

• Decreto-Lei n.º 372/93 de 29 de Outubro que alterou a Lei n.º 46/77 (lei de delimitação de

sectores), dando origem à publicação dos Decretos-Leis n.ºs 372/93 de 29 de Outubro e 147/95

de 21 de Junho (hoje parcialmente revogado pelo Decreto-Lei n.º362/98 de 18 de Novembro)

que permitiram o acesso de capitais privados às actividades de captação, tratamento e

distribuição de água para consumo público, de recolha, tratamento e rejeição de efluentes e de

recolha e tratamento de resíduos sólidos, estabelecendo o regime legal da gestão e exploração

dos sistemas multimunicipais e municipais relativos a tais actividades;

• o Decreto-Lei n.º 319/94 de 24 de Dezembro, que estabelece o regime jurídico da

construção, exploração e gestão dos sistemas multimunicipais de captação e tratamento de água;

• o Decreto-Lei n.º 162/96 de 4 de Setembro, que estabelece o regime jurídico da construção,

exploração e gestão dos sistemas multimunicipais de recolha, tratamento e rejeição de efluentes;

• o Decreto-Lei n.º 152/97 de 19 de Junho, que transpõe para o direito nacional a directiva

91/271/CEE relativa ao tratamento das águas residuais urbanas, no qual se fixam prazos para a

execução de sistemas de recolha e tratamento destas águas residuais e se estabelecem os níveis

de tratamento exigidos em função do estado trófico das águas do meio receptor (derroga as

normas do Decreto-Lei n.º 74/90 de 7 de Março). O programa oportunamente elaborado pelos

serviços do INAG em colaboração com as DRAOT para cumprimento das obrigações de

planeamento das acções previstas na directiva, foi considerado na elaboração dos programas de

medidas dos planos de bacia hidrográfica e foram estimados os investimentos exigidos para lhes

dar cumprimento. Subsidiariamente nestes planos faz-se ainda a revisão da classificação dos

meios hídricos, no que respeita ao seu estado trófico, e a delimitação das bacias drenantes das

zonas sensíveis identificadas;

• o Decreto-Lei nº235/97, de 3 de Setembro, relativo à protecção das águas subterrâneas

contra a poluição por nitratos de origem agrícola, que transpõe a directiva 91/676/CEE. Nos

planos de bacia hidrográfica é feita a revisão da classificação das zonas vulneráveis e são

identificadas algumas águas subterrâneas em risco para as quais se propõem medidas de

despoluição;

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No que concerne às substâncias perigosas, pela sua especificidade foram sendo publicados

recentemente diplomas autónomos e os programas de medidas de redução ou eliminação da

poluição neles previstos. Para um melhor enquadramento refere-se a legislação já existente que

de algum modo proíbe ou limita a utilização de certas substâncias. São os seguintes esses

diplomas:

• Decreto-Lei nº 52/99, de 20 de Fevereiro, relativo aos valores limite de emissão e aos

objectivos de qualidade para a descarga de mercúrio de sectores que não o da electrólise dos

cloretos alcalinos, e Portaria 744-A/99, de 25 de Agosto, que aprova os programas de acção

específicos para evitar ou eliminar a poluição proveniente de fontes múltiplas de mercúrio;

Decreto-Lei nº 53/99, de 20 de Fevereiro, relativo aos valores limite de emissão e aos objectivos

de qualidade para a descarga de cádmio;

• Decreto-Lei nº 54/99, de 20 de Fevereiro, relativo aos valores limite de emissão e aos

objectivos de qualidade para a descarga de hexaclorociclo-hexano;

• Decreto-Lei nº 56/99, de 26 de Fevereiro, relativo aos valores limite de emissão e aos

objectivos de qualidade para a descarga de certas substâncias perigosas (tetracloreto de carbono,

DDT, pentaclorofenol, aldrina, dialdrina, endrina, isodrina, hexaclorobenzeno,

hexaclorobutadieno e clorofórmio) com a alteração que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 390/99,

de 30 de Setembro (1,2-dicloroetano, tricloroetileno, percloroetileno e triclorobenzeno), e

Portaria nº 91/2000, de 19 de Fevereiro, que aprova os programas de acção destinados a evitar ou

eliminar a poluição por clorofórmio;

• Decreto-Lei nº 431/99, de 22 de Outubro, relativo aos valores limite de emissão e aos

objectivos de qualidade para a descarga de mercúrio de sectores da electrólise dos cloretos

alcalinos.

São abrangidas por um conjunto vasto de diplomas que estabelecem limitações à sua

comercialização e utilização, ou que visam orientar os sectores utilizadores para outros produtos

de substituição.

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2.4 Quadro Comunitário e Internacional

2.4.1 Directiva – Quadro e outras Directivas sobre Recursos Hídricos

No passado a Comunidade Europeia deu prioridade à protecção da qualidade da água potável,

das águas balneares e da água utilizada na produção piscícola, bem como no controlo de alguns

dos principais poluentes:

Qualidade das águas balneares (Directiva do Conselho 76/160/CEE)

Descarga de certas substâncias perigosas no meio aquático (Directiva do Conselho

76/464/CEE)

Dióxido de titânio (Directivas do Conselho 78/176/CEE e 82/883/CEE)

Mercúrio (Directivas do Conselho 82/176/CEE e 84/156/CEE)

Cádmio (Directiva do Conselho 83/513/CEE)

Hexaclorociclohexano (Directiva do Conselho 84/491/CEE)

Substâncias incluídas na lista I do Anexo da Directiva 76/464/CEE (Directivas do Conselho

86/280/CEE e Rectificações, 88/347/CEE e Rectificação, 90/415/CEE)

Amianto (Directiva do Conselho 87/217/CEE), transposta para o direito interno pela Portaria

nº 1049/93, de 18 de Outubro

Qualidade das águas doces que necessitam de ser protegidas ou melhoradas a fim de

estarem aptas para a vida dos peixes (Directiva do Conselho 78/659/CEE)

Qualidade exigida das águas conquícolas (Directiva do Conselho 79/923/CEE)

Actualmente, a política dos recursos hídricos da Comunidade Europeia assenta numa visão

mais alargada, procurando integrar a protecção da qualidade da água na gestão dos recursos e do

abastecimento de água doce:

• Águas destinadas ao consumo humano

Qualidade (Directiva do Conselho 98/83/CE)

• Tratamento de águas residuais urbanas

Directiva 86/278/CEE do Conselho de 12 de Junho de 1986, transposta para o direito

interno pelo Decreto-Lei nº 446/91, de 22 de Novembro, relativa à protecção do ambiente, em

especial dos solos, na utilização agrícola de lamas de depuração;

Directiva do Conselho 91/271/CEE, transposta para o direito interno pelo Decreto-Lei nº

152/97 de 19 de Junho, Decisão da Comissão 93/481/CEE e Directiva da Comissão 98/15/CEE,

transposta para o direito interno pelo Decreto-Lei nº 348/98 de 9 de Novembro;

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Concessão de contribuições de instrumento financeiro de coesão para estudos ou projectos

relativos a:

• Avaliação da vulnerabilidade da capacidade de recepção das águas e zonas costeiras em

Portugal (Decisão da Comissão 93/646/CEE e Rectificação);

• Despoluição da bacia do Alviela, em Portugal (Decisão da Comissão 93/647/CEE e

Rectificação);

• Estudo de instrumento de apoio a uma política de desenvolvimento sustentado em

saneamento básico em Portugal (Decisão da Comissão 93/648/CEE e Rectificação);

• Prevenção e controlo integrados da poluição - IPPC (Directiva do Conselho

96/61/CEE);

• Directiva 92/43/CEE do Conselho de 21 de Maio de 1992, relativa à preservação dos

habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, transposta para o direito interno pelo Decreto-

Lei nº 226/97, de 27 de Agosto.

• Directiva 97/11/CEE do Conselho de 3 de Março de 1997, que altera a Directiva

85/337/CEE relativa à avaliação dos efeitos de determinados projectos públicos e privados no

ambiente.

No seio da regulamentação comunitária e pelo alcance e estrutura jurídica unitária que propõe

assume ainda particular importância a Directiva Comunitária (em projecto) que estabelece um

Quadro de Acção Comunitária no Domínio da Política da Água (Directiva - Quadro da Água).

As directivas comunitárias em vigor para o sector da água estão praticamente todas

transpostas neste momento para o direito nacional. É excepção a directiva 98/83/CE que vem

substituir a directiva 80/778/CEE relativa à qualidade da água para consumo humano e que está a

ser transposta para o direito português. As principais directivas e os respectivos diplomas de

transposição foram já referidos e foi evidenciado que as matérias que tratam relacionadas com o

aproveitamento e a protecção das águas e dos ecossistemas foram contempladas nos planos de

bacia hidrográfica (portanto também no Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana). Foi

ainda sublinhada a importância atribuída aos planos para o esclarecimento e a operacionalização

da chamada abordagem combinada que foi introduzida no direito comunitário pela directiva

IPPC (96/61/CEE).

Em paralelo com a elaboração destes planos decorreu a negociação da directiva-quadro. Os

planos de bacia hidrográfica que estão a ser elaborados contemplam um grande número de

questões que irão ser suscitadas futuramente pela aplicação desta directiva entretanto aprovada

(mas que não se encontra ainda em vigor).

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Os planos de bacia hidrográfica foram orientados por forma a que, numa sua próxima revisão,

seja possível a sua adequação plena às exigências da directiva-quadro. Isto foi feito através da

inclusão de algumas das orientações da directiva-quadro, nomeadamente no que se refere à

caracterização hidromorfológica, fisico-química e biológica dos ecossistemas aquáticos, tendo

em vista a definição de tipos de meios hídricos, e desenvolvimento de critérios de caracterização

das condições de referência e dos diferentes estados de qualidade ecológica. Procurou-se, na

elaboração dos planos de bacia hidrográfica, sistematizar a informação existente relativa à

definição da qualidade biológica dos meios hídricos por forma a avaliar o grau dos

conhecimentos e a sua pertinência para o tipo de análise proposto pela directiva-quadro.

2.4.2 Convenção Luso–Espanhola

Em 30 de Novembro de 1998, foi assinado em Albufeira, por representantes dos governos de

Portugal e Espanha, a denominada “Convenção Sobre a Cooperação Para a Protecção e o

Aproveitamento Sustentável das Bacias Hidrográficas Luso-Espanholas” que visa regular a

acção de ambas as partes relativamente ao meio hídrico das bacias hidrológicas dos rios Minho,

Lima, Douro, Tejo e Guadiana.

De acordo com o seu preâmbulo, a Convenção é celebrada com base na busca de um

equilíbrio entre a protecção do Ambiente e o aproveitamento dos recursos hídricos necessários

para o desenvolvimento sustentável de ambos os Países, pretendendo prevenir em comum os

riscos que podem afectar as águas das bacias hidrográficas Luso-espanholas ou resultar destas,

visando a protecção dos ecossistemas aquáticos e terrestres dele dependentes, e tendo em conta a

necessidade de coordenação de esforços para o melhor conhecimento e a gestão das águas das

bacias hidrográficos Luso-espanholas.

A estrutura da Convenção é a seguinte:

Preâmbulo

Parte I – Disposições Gerais

Parte II – Cooperação entre as Partes

Parte III – Protecção e Aproveitamento Sustentável

Parte IV – Situações Excepcionais

Parte V – Disposições Institucionais

Parte VI – Disposições Finais

Protocolo Adicional – Regime de caudais

Anexo ao Protocolo Adicional-base do Regime de Caudais

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Anexo I – Permuta de Informação

Anexo II – Impacte Transfronteiriço

De acordo com o artigo 32º a vigência da Convenção é de sete anos, prorrogável

automaticamente por períodos de três anos. Podendo qualquer das Partes denunciar a Convenção

nos termos do artigo 33º da Convenção. O texto da Convenção ainda não foi ratificado.

Particularmente, em relação ao rio Guadiana, e no respectivo Protocolo Adicional relativo ao

regime de caudais, são fixados os seguintes critérios de salvaguarda dos caudais provenientes de

Espanha:

• Valores mínimos de caudal integral anual na secção do açude de Badajoz, em função dos

volumes armazenados nas albufeiras de referência (em Espanha) e da precipitação de referência

acumulada desde 1 de Outubro a 1 de Março;

• Valor mínimo de caudal médio diário nas secções do açude de Badajoz e de Pomarão de

2 m3/s.

2.4.3 Outras Convenções Internacionais

Já desde o início do século passado (séc. XX) diversos países se uniram para envidar esforços

no sentido de criar acordos visando a protecção do meio ambiente, e do meio hídrico em

particular. A seguinte lista é evidência disso mesmo:

1902 – Tratado de Paris (protecção das aves);

1968 – Organizações Internacionais;

1972 – Declaração de Estocolmo (direito de consulta, informação);

1976 – Convenção para a Protecção do Mar Mediterrâneo Contra a Poluição (também

conhecida por Convenção de Barcelona, cidade onde foi assinada);

1992 – Convenção de Helsínquia sobre a Protecção e a Utilização dos Cursos de Água

Transfronteiriços e dos Lagos Internacionais (Decisão do Concelho 95/308/CEE - Convenção de

Helsínquia 1992);

1992 – Convenção para a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste (OSPAR,

assinada em Paris).

Destas convenções internacionais, as mais relevantes para efeito da elaboração dos planos de

bacia e que transcendem o quadro peninsular são: a Convenção de Helsínquia, a Convenção para

a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste e a sua equivalente para o Mediterrâneo, a

Convenção para a Protecção do Mar Mediterrâneo Contra a Poluição.

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A Convenção de Helsínquia não cria obrigações adicionais ao Estado português. Quanto à

Convenção OSPAR, não foi possível no âmbito dos planos de bacia ir tão longe como seria

desejável por falta de informação sistemática sobre a qualidade das águas do litoral nos

parâmetros relevantes e por insuficiência da informação sobre as descargas de águas residuais.

Ficam no entretanto lançadas as bases para o trabalho que terá de ser levado futuramente a cabo

já no âmbito da aplicação da directiva-quadro.

2.5 Quadro Institucional

2.5.1 Administração dos Recursos Hídricos

2.5.1.1 Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT)

De acordo com o Decreto-Lei nº120/2000, de 4 de Julho, o MAOT, "é o departamento do

Governo ao qual incumbe a definição, coordenação e execução da política do ambiente e do

ordenamento do território", tendo como atribuições em matéria de gestão do domínio hídrico,

designadamente, a de "gerir de forma global e integrada os recursos hídricos nacionais,

permitindo adequar os perfis temporais de disponibilidade e procura, nomeadamente através da

definição de níveis apropriados para os serviços de abastecimento de água e de drenagem de

águas residuais, da utilização criteriosa da água para outras finalidades, do controlo da poluição e

da salvaguarda dos meios hídricos" (cfr. nº 1 e alínea c), do nº 2 do artigo 1º, respectivamente).

Na Figura 2.5-1 apresenta-se a divisão administrativa da bacia hidrográfica do Guadiana.

2.5.1.2 Instituto da Água (INAG)

Pelo Decreto-Lei nº191/93, de 24 de Maio, o INAG "é a entidade encarregada de prosseguir

as políticas nos domínios dos recursos hídricos e do saneamento", sendo portanto a entidade

autónoma do MAOT a quem são atribuídas maiores competências e atribuições em matéria de

recursos hídricos, como sejam as de "desenvolver sistemas de informação sobre as

disponibilidades e as necessidades de recursos hídricos a nível nacional; promover em

articulação com entidades relevantes, o planeamento integrado por bacia hidrográfica...; propor

os objectivos e estratégias para uma política de gestão integrada dos recursos hídricos

nacionais...; estudar e propor as medidas técnicas, económicas e legislativas necessárias à

optimização da gestão dos recursos hídricos nacionais; promover a conservação dos recursos

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hídricos nacionais do ponto de vista da quantidade e da qualidade, nos seus aspectos físicos e

ecológicos; promover novas infra-estruturas hidráulicas de âmbito nacional ou regional com

elevado interesse sócio-económico e ambiental; assegurar, em cooperação com as entidades

competentes, o acompanhamento das questões relacionadas com recursos hídricos a nível

comunitário e internacional" (cfr. artº 14º do DL 120/2000 e artº 2º do DL 191/93).

Pelo relevo que o INAG tem nesta matéria, importa ainda referir os serviços deste Instituto a

quem incumbe desenvolver as políticas nos domínios dos recursos hídricos e do saneamento, a

saber:

• Direcção de Serviços de Planeamento;

• Direcção de Serviços de Recursos Hídricos;

• Direcção de Serviços de Utilização do Domínio Hídrico;

• Direcção de Serviços de Projectos e Obras.

2.5.1.3 Inspecção-Geral do Ambiente (IGA)

O Decreto-Lei nº549/99, de 14 de Dezembro, estabelece que a IGA "é o serviço central de

inspecção, controlo ambiental e apoio técnico do MAOT, cuja actuação visa garantir o

cumprimento das normas jurídicas com incidência ambiental e assegurar a legalidade

administrativa no âmbito dos serviços dependentes deste Ministério", a quem incumbe

designadamente, "instaurar, instruir e decidir os processos relativos aos ilícitos de mera

ordenação social; sem prejuízo das competências de outras entidades, exercer funções próprias

de órgão de polícia criminal relativamente aos crimes previstos nos artigos 278º, 279º e 280º do

Código Penal" (cfr. nº 1 e alíneas b) e c) do nº 2 do artigo 7º do DL 120/2000).

2.5.1.4 Direcção Geral do Ambiente (DGA)

Pelo Decreto-Lei nº189/93, de 24 de Maio, a DGA "é o serviço central operacional de estudo,

concepção, coordenação, planeamento e apoio técnico e normativo na área da gestão da

qualidade do ambiente" (cfr. artº 9º do DL 120/2000). No que se refere às suas competências e

atribuições importa especialmente referir as que lhe estão agora atribuídas, em resultado da

transposição da directiva sobre prevenção e controlo integrados da poluição (vulgo directiva

\PPC), efectuada pelo Decreto-Lei nº 194/2000, de 21 de Agosto. Reconhece-se pois neste

diploma a consagração do primado controlo integrado da poluição através de um equilíbrio entre

componentes ambientais, naturais ou humanos, por forma a evitar as consequências que qualquer

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destas possa ter sobre as restantes. Assim, compete á DGA "coordenar as medidas de prevenção

e controlo integrado da poluição, nomeadamente em sede de licenciamento ambiental, bem como

as acções de avaliação e prevenção de acidentes industriais ou de armazenagem de alto risco;

coordenar as estratégias nacionais na área das questões ambientais de natureza global,

nomeadamente quanto às alterações climáticas, à protecção da camada do ozono e a

biossegurança" (cfr. alíneas b) e g) do artº 9º).

2.5.1.5 Gabinete de Relações Internacionais (GRI)

O GRI "é o serviço central de concepção, coordenação e apoio técnico no âmbito das relações

internacionais do MAOT", a quem incumbe designadamente "coordenar, executar, apoiar e

desenvolver as actividades do MAOT que se estabeleçam com Estados e organizações

internacionais, designadamente no quadro da União Europeia" (cfr. nº 1 e alínea a) do nº 2 do

artigo 11º do DL 120/2000).

2.5.1.6 Direcções Regionais do Ambiente e do Ordenamento do Território (DRAOT)

De acordo com o Decreto-Lei nº190/93, de 24 de Maio, as DRAOT "são serviços

desconcentrados do MAOT, dotados de autonomia administrativa que, no âmbito das respectivas

áreas geográficas de actuação, visam assegurar a execução da política e objectivos do MAOT,

em coordenação com os serviços centrais", sendo portanto serviços desconcentrados do MAOT

às quais são atribuídas competências e atribuições executivas em matéria de recursos hídricos,

como sejam as de "promover a execução a nível regional da política do ambiente...; promover,

colaborar e acompanhar, aos diversos níveis, a elaboração e execução dos diferentes

instrumentos de gestão territorial em estreita articulação com as autarquias locais e com outros

serviços do Estado no respeito por uma adequada ponderação dos interesses públicos e privados;

executar as medidas resultantes da política do ambiente... no exercício dos poderes que lhe estão

conferidos por lei, nomeadamente no âmbito do licenciamento e da fiscalização" (cfr. nº 1 e

alíneas a), c) e e) do nº 2 do artigo 12º DL 120/2000). Aguarda-se para breve a revisão da

respectiva lei orgânica.

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2.5.1.7 Autarquias Locais

Em conformidade com a Lei nº169/99, de 18 de Setembro, e no âmbito do quadro

institucional relevante nesta matéria importa fazer referência às autarquias locais, de um modo

geral, e aos municípios, em particular. Assim, de acordo com a recente Lei nº 159/99, de 14 de

Setembro, que estabelece o quadro de transferências de atribuições e competências para as

autarquias locais, os municípios dispõem de atribuições nos domínios do ambiente e do

saneamento básico, ou seja, de planeamento, de gestão de equipamentos e da realização de

investimentos em termos de sistemas municipais de abastecimento de água e de drenagem e

tratamento de águas residuais, competindo-lhes igualmente "licenciar e fiscalizar a pesquisa e

captação de águas subterrâneas não localizadas em terrenos integrados no domínio público

hídrico; participar na gestão dos recursos hídricos; assegurar a gestão e garantir a limpeza e a boa

manutenção das praias e das zonas balneares" (cfr. alíneas i), j) e l), do nº 2 do artigo 26º).

Diversos outros organismos, nomeadamente organismos dos Ministérios da Agricultura,

Desenvolvimento Rural e Pescas, Ministério da Economia, Ministério do Equipamento Social e

Ministério Saúde, cooperam com os organismos do MAOT em diversos actos relativos à gestão

dos recursos hídricos.

2.5.1.8 Capitanias

As capitanias têm por atribuição a fiscalização relativa à navegação e ao Domínio Público

Marítimo.

2.5.1.9 Direcção Geral das Pescas e Aquicultura (DGPA)

À DGPA, criada ao abrigo da alínea h) do nº2 do artº40 do DL nº 74/196, de 18 de Junho,

incumbe apoiar a execução da política da pesca, da aquacultura, da indústria tranformadora e

outras com elas conexas ou situadas no mesmo sector de actividade económica.

Tem por atribuições assegurar, através de métodos responsáveis de gestão e ordenamento, a adequada exploração dos recursos vivos marinhos disponíveis nas áreas sob jurisdição nacional e dos espaços hídricos propícios ao desenvolvimento da aquicultura; realizar, promover e difundir estudos sobre organização e exercício da pesca e da produção aquícola e sua racionalização, autorizar e licenciar, tendo em conta as características de cada local ou área e do respectivo potencial biogénico, as estruturas e actividades produtivas dos domínios da pesca marítima, aquicultura, salicultura e apanhas marinhas, bem como, sempre que essa competência lhe seja

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atribuída, nas áreas da indústria transformadora e de acondicionamento de produtos de pesca e assegurar o planeamento sectorial e apoiar tecnicamente o planeamento a nível regional no domínio das pescas;

2.5.1.10 Direcção Geral das Florestas (DGF)

De acordo com a Lei nº 2097, de 6 de Junho de 1959, é da competência da Direcção Geral dos

Serviços Florestais e Aquícolas o fomento piscícola das águas dos domínios público e particular

e a fiscalização ou exercício de pesca despotiva e profissional nas água interiores, fora dos

limites da jurisdição marítima.

2.5.1.11 Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente (IHERA)

Ao Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente compete promover o

desenvolvimento da área regada, uma gestão racional do regadio existente e operações de

redimensionamento das explorações agrícolas, garantindo a conservação do solo e da água e a

adopção de boas práticas agrícolas, no quadro de uma agricultura sustentável.

2.5.1.12 Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA)

A EDIA é uma sociedade anónima de capitais públicos criada pelo Governo para gerir o

Empreendimento de Fins Múltipolos de Alqueva.

Além da concepção, execução, construção e exploração deste Empreendimento que se

desenvolverá a partir da barragem de Alqueva, instalada no rio Guadiana, à EDIA cabe ainda

promover as condições indispensáveis para a gestão racional da água tendo em vista um

desenvolvimento sustentável da região.

Para atingir os seus objectivos a EDIA tem vindo a promover um conjunto de parcerias com

diversas instituições nas áreas da investigação, experimentação e organismos da administração

pública.

2.5.1.13 Instituto Portuário do Sul (IPS)

O IPS tem por jurisdição as zonas portuárias, onde se inclui o Porto de Vila Real de Sto

António.

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2.5.2 Administração do Território

2.5.2.1 Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT), Direcção

Geral do Ambiente (DGA), Direcções Regionais do Ambiente e do Ordenamento do

Território (DRAOT) e Instituto da Água (INAG)

No âmbito dos recursos hídricos há a considerar os Decretos-Lei nos 189/93, 190/93 e 191/93,

todos de 24 de Maio, 142/96, de 23 de Agosto, 230/97, de 30 de Agosto e 226/98, de 17 de Julho

e, mais recentemente, o Decreto-Lei nº120/2000, de 4 de Julho.

De acordo com o Art.º 2.º do Decreto-Lei n.º 230/97 e tendo a ver com os recursos hídricos,

directa ou indirectamente, mas de forma inequívoca, são atribuições do MAOT:

• criar as condições que permitam a promoção de um desenvolvimento sustentável que

respeite o ambiente como seu suporte básico, mormente através da aplicação adequada de

instrumentos regulamentadores da actividade económica e de instrumentos económicos

incentivadores de comportamentos favoráveis à protecção e gestão racional dos recursos

ambientais;

• conceber uma estratégia nacional de protecção do ambiente, baseada na observação

permanente do estado do ambiente e orientada para objectivos a alcançar, mediante a elaboração

e actualização do Plano Nacional de Política do Ambiente e de programas e planos de gestão das

áreas específicas de protecção ambiental: água, ar, solo, ruído e protecção da natureza;

• avaliar e prevenir as incidências e os impactes das actividades humana e económica sobre

o ambiente, mediante um enquadramento legislativo adequado e o controlo das actividades

potenciadoras de danos ambientais graves;

(...)

• definir e executar a política nacional para a água nos seus aspectos de disponibilização do

recurso, em termos de qualidade e quantidade e de controlo da poluição, tendo em atenção o

quadro institucional vigente e os instrumentos adequados para a sua gestão integrada e

sustentável;

(...)

• garantir a efectiva aplicação das leis e de outros instrumentos de política ambiental através

da inspecção e da fiscalização;

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• coordenar a transposição da legislação comunitária para o direito interno e a integração da

política de ambiente da Comissão Europeia, nomeadamente os Programas de Acção para Um

Desenvolvimento Sustentável, na política nacional de ambiente;

• promover a participação dos cidadãos e das instituições na protecção do ambiente,

contribuindo para a sensibilização e consciencialização dos agentes económicos e dos grupos

sociais para os problemas ecológicos;

• promover a concertação estratégica ambiental e social entre a Administração Pública e os

diferentes parceiros através de processos de contratualização ambiental e pactos intergeracionais,

baseada na responsabilidade ambiental;

• participar, em estreita ligação com os departamentos governamentais competentes, nas

acções de cooperação com outros Estados ou organizações internacionais procurando soluções

concertadas de defesa do ambiente global e de gestão racional e equitativa dos recursos

partilhados;

• apoiar a investigação científica e tecnológica na área do ambiente e dos recursos naturais.

Também de acordo com o Decreto-Lei n.º 230/97, Art.º 3.º a Art.º 8.º o actual MAOT

compreende serviços centrais de coordenação, de apoio, operacionais e de inspecção, serviços

regionais, organismos sob tutela e órgãos de consulta.

Os serviços centrais de coordenação, de apoio e operacionais do MAOT são:

• Secretaria-Geral;

• Direcção-Geral do Ambiente;

• Gabinete de Relações Internacionais;

• Gabinete Jurídico.

É criada a Inspecção-Geral do Ambiente, IGA, (em regime de instalação até à publicação da

sua lei orgânica (nº 3 do artº 33º do Decreto-Lei nº 230/97) que é o serviço de inspecção do

MAOT.

Constituem serviços desconcentrados a nível regional:

a) Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território - Norte;

b) Direcção Regional do Ambiente do Ordenamento do Território - Centro;

c) Direcção Regional do Ambiente do Ordenamento do Território - Lisboa e Vale do Tejo;

d) Direcção Regional do Ambiente do Ordenamento do Território - Alentejo;

e) Direcção Regional do Ambiente do Ordenamento do Território - Algarve.

Funcionam sob tutela do Ministro do Ambiente os seguintes organismos:

a) Instituto da Água;

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b) Instituto de Meteorologia;

c) Instituto da Conservação da Natureza;

d) Instituto de Promoção Ambiental;

e) Instituto do Consumidor (Esta tutela deixou de existir);

f) Instituto dos Resíduos.

Também sob a tutela do MAOP funciona o Instituto Regulador de Águas e Resíduos e os

seguintes órgãos de consulta:

a) Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável;

b) Conselho Nacional da Água;

c) Conselho Nacional do Consumo.

2.5.2.2 Instituto da Água (INAG)

O INAG é a entidade, autónoma do MAOT, a quem compete prosseguir as políticas nos

domínios dos recursos hídricos e do saneamento, do ordenamento do Domínio Hídrico, em

particular, através da realização dos Planos de Bacia (PBH), do Plano Nacional da Água (PNA),

dos Planos de Ordenamento das Albufeiras (POA) e dos Planos de Ordenamento da Orla

Costeira (POOC).

2.5.2.3 Instituto da Conservação da Natureza (ICN)

Há a salientar as atribuições do Instituto da Conservação da Natureza (ICN) estabelecidas

pelo Decreto-Lei n.º 193/93, de 24 de Maio. Face a esta Lei o ICN é responsável pelas

actividades nacionais nos domínios da conservação da natureza e da gestão das áreas protegidas.

São suas atribuições:

• Promover a estratégia, planos e programas no âmbito da conservação da natureza;

• Estudar e inventariar os factores e sistemas ecológicos quanto à sua composição, estrutura,

funcionamento e produtividade, em colaboração com os serviços interessados;

• Elaborar estudos e propor medidas visando a preservação do património genético, a gestão

racional da flora e fauna selvagens e a protecção das espécies;

• Propor a criação de áreas protegidas e assegurar a sua implementação e gestão, através da

rede nacional de áreas protegidas;

• Promover e elaborar os planos de ordenamento das áreas protegidas de âmbito nacional;

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• Promover e elaborar estudos relacionados com a dinâmica do litoral e com a

microclimatologia dos ecossistemas e biótopos;

• Colaborar com instituições públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, ou autarquias

locais no âmbito das suas atribuições;

• Ser autoridade administrativa e científica da Convenção sobre o Comércio Internacional

das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (WASHINGTON);

• Apoiar técnica e financeiramente entidades públicas e privadas legalmente constituídas

cujas finalidades se incluam no âmbito das atribuições do ICN.

Refira-se, ainda, que para a prossecução das suas atribuições o ICN pode, precedendo

autorização do Ministro do Ambiente, participar como membro em instituições, associações e

fundações que tenham por objecto a preservação e conservação da natureza.

Deste modo, assumem excepcional importância todas as áreas classificadas, zonas húmidas e

demais áreas de interesse conservacionista, que a seguir se descrevem.

Áreas classificadas, zonas húmidas e outras áreas de interesse conservacionista

Na bacia hidrográfica do Guadiana localizam-se as seguintes áreas classificadas:

Área classificada Área

(ha)

Enquadramento legal

Áreas da Rede Nacional de Áreas Protegidas

Parque Natural da Serra de São Mamede*

Parque Natural do Vale do Guadiana

Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Sto. António

16621

69773

2089

D.L.19/93 de 23 Jan.

D.L. 121/89 de 14 de Abr.

D.R. 28/95 de 18 de Nov.

Dec. 162/75 de 27 Mar.

Sítios de Importância Comunitária

(Directiva Habitats)

São Mamede*

Caia

Rio Guadiana/Juromenha

Guadiana

Ria Formosa/Castro Marim

48847

31115

2501

39257

2698

D.L. 140/99 de 24 de Ago.

Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Zonas de Protecção Especial

(Directiva das Aves)

Sapais de Castro Marim

2147

D.L.75/91 de 14 de Fev.

-

Sítios Ramsar

Sapais de Castro Marim

2235

D.L.101/80 de 9 de Out.

-

* Acs só parcialmente incluídas na bacia hidrográfica do Guadiana

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Os actos e actividades interditos ou condicionados nas áreas protegidas, nos sítios, nas zonas

especiais de conservação (ZEC) e nas zonas de protecção especial (ZPE) são definidos:

• No Decreto-Lei 19/93, de 23 de Junho, e nos respectivos diplomas de criação e de

reclassificação, quanto às áreas protegidas;

• No Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, e nos respectivos diplomas de criação quanto

aos sítios, às ZEC e às ZEP.

As áreas classificadas ficam sujeitas às normas de gestão dos respectivos Planos de

Ordenamento das Áreas Protegidas e Planos de Gestão dos Sítios Natura e ZPEs.

Articulação com a Reserva Ecológica Nacional

Às áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional (REN), aprovadas por Conselho de

Ministros, nos termos do n.º 1 do Artigo 3º do Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de Março, com a

redacção do Decreto-Lei n.º 79/95, de 20 de Abril, localizadas na bacia hidrográfica do

Guadiana, aplica-se o regime estabelecido no Artigo 4º daquele diploma, com a redacção do

Decreto-Lei n.º 213/92, de 12 de Outubro.

As condicionantes, critérios e objectivos decorrentes do Plano, relativos aos ecossistemas da

REN, directamente relacionados com os meios hídricos, devem ser integrados nos Planos e

Programas sectoriais e de Ordenamento do Território.

Estuários

No estuário do Guadiana estão consagradas as seguintes áreas com estatuto de Protecção:

Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Sto. António (Decreto-Lei 162/75

de 27 de Março);

Sapais de Castro Marim (Decreto-Lei 75/91 de 14 de Fevereiro);

Guadiana e Ria Formosa/Castro Marim (Resolução Conselho de Ministros 142/97 de 28 de

Agosto);

Constitui princípio fundamental de gestão e salvaguarda dos meios aquáticos com interesse

ecológico ambiental e paisagístico a recuperação e protecção do estuário.

Compete à Entidade Gestora da Bacia hidrográfica a implementação das medidas

preconizadas no Plano, no que respeita aos meios aquáticos com interesse ecológico, ambiental e

paisagístico.

As medidas preconizadas deverão ser articuladas com as autoridades portuárias e seus planos

de intervenção.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Na Figura 2.2-3 encontram-se representadas as diversas áreas protegidas que interferem na

bacia hidrográfica do rio Guadiana.

2.5.2.4 Autarquias Locais – Municípios

A área de intervenção do PBH do Guadiana abrange áreas compreendidas nas sub-regiões

(NUTIII) do Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo e Algarve, incluindo os concelhos e

respectivas áreas que se apresentam na tabela seguinte.

Os limites físicos para delimitação das bacias hidrográficas não são geralmente coincidentes

com os limites administrativos, verificando-se mesmo diversos casos em que os limites das

bacias cruzam aglomerados urbanos importantes, como é o caso das áreas urbanas de Évora,

Beja e Portalegre, que foram divididas pelos limites das bacias hidrográficas do Sado e do

Guadiana. No entanto, considerando os limites dos concelhos e das freguesias, a situação é ainda

mais significativa, sendo o concelho de Évora, dividido pelas bacias do Tejo, Sado e Guadiana.

Como se pode observar 33 concelhos estão total ou parcialmente integrados na bacia do

Guadiana, no entanto apenas 10 estão integrados totalmente na bacia. Os concelhos de Marvão e

Aljustrel tem menos de 1% da sua área na bacia e não foram considerados na maioria dos

estudos realizados. Os concelhos de Arraiolos e Ourique tem menos de 5% da sua área na bacia e

apenas o concelho de Ourique tem alguma população residente na bacia (0,6% da sua população

total), pelo que apenas em alguns estudos foram considerados.

Na Figura 2.5-2 apresenta-se a bacia hidrográfica do rio Guadiana e a sua relação com os

limites administrativos (Concelhos). Os concelhos são classificados em quatro classes, de acordo

com o grau de integração na bacia do Guadiana.

Concelho Sub-região

(NUTIII) Área Total

Na Bacia

(km2) (km2) (%) Alandroal Alentejo Central 544,7 544,7 100,0 Alcoutim Algarve 577,0 577,0 100,0 Aljustrel Baixo Alentejo 458,2 2,6 0,6 Almodôvar Baixo Alentejo 777,7 442,4 56,9 Arraiolos Alentejo Central 682,7 33,1 4,8 Arronches Alto Alentejo 315,5 306,1 97,0 Barrancos Baixo Alentejo 168,5 168,5 100,0 Beja Baixo Alentejo 1146,7 829,6 72,3 Borba Alentejo Central 144,7 88,7 61,3 Campo Maior Alto Alentejo 247,2 247,2 100,0 Castro Marim Algarve 299,5 291,0 97,2 Castro Verde Baixo Alentejo 569,6 511,3 89,8

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Cuba Baixo Alentejo 172,9 46,3 26,8 Elvas Alto Alentejo 631,3 563,0 89,2 Estremoz Alentejo Central 514,1 53,0 10,3 Évora Alentejo Central 1304,4 684,7 52,5 Loulé Algarve 764,0 214,1 28,0 Marvão Alto Alentejo 154,8 0,3 0,2 Mértola Baixo Alentejo 1293,3 1293,3 100,0 Monforte Alto Alentejo 420,2 40,0 9,5 Moura Baixo Alentejo 958,8 958,8 100,0 Mourão Alentejo Central 278,0 278,0 100,0 Ourique Baixo Alentejo 664,2 20,1 3,0 Alandroal Alentejo Central 544,7 544,7 100,0 Portalegre Alto Alentejo 448,0 189,0 42,2 Portel Alentejo Central 600,4 431,4 71,8 Redondo Alentejo Central 368,7 364,7 98,9 Reguengos de Monsaraz Alentejo Central 465,1 465,1 100,0 Serpa Baixo Alentejo 1106,7 1106,7 100,0 S. Brás de Alportel Algarve 149,9 57,7 38,5 Tavira Algarve 607,2 259,8 42,8 Vidigueira Baixo Alentejo 316,0 315,7 99,9 Vila Real Santo António Algarve 60,7 26,3 43,3 Vila Viçosa Alentejo Central 194,6 194,6 100,0 TOTAL 17 950 12 150 68,0

Dos concelhos com área integrada na bacia do Guadiana, 29 têm uma integração superior a

5% e apenas 10 concelhos estão totalmente integrados na área de intervenção do Plano. Para os

concelhos parcialmente integrados apresentam-se na tabela seguinte as freguesias que estão

parcialmente ou totalmente integradas na área de intervenção do Plano. Existem 68 freguesias

nesta situação, das quais 33 freguesias com mais de 50% da sua área na bacia do Guadiana.

Concelho Freguesia Área

Total Na Bacia

(km2) (km2) (%) Aljustrel Aljustrel 193,46 2,61 1,3 Aldeia dos Fernandes 20,26 1,05 5,2 Almodôvar 221,79 203,81 91,9 Rosário 60,79 60,79 100,0 Santa Clara-a-Nova 108,36 5,77 5,3 Santa Cruz 123,70 123,70 100,0 São Barnabé 142,00 12,67 8,9 Senhora da Graça de Padrões 34,62 34,62 100,0 Arraiolos Igrejinha 79,91 33,01 41,3 Santa Justa 46,48 0,09 0,2 Arronches Assunção 205,64 196,23 95,4 Esperança 57,56 57,56 100,0 Mosteiros 52,27 52,27 100,0

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Concelho Freguesia Área Total

Na Bacia

(km2) (km2) (%)

Beja Albernoa 109,95 72,74 66,2 Baleizão 141,04 141,04 100,0 Beja (Salvador) 6,62 6,62 100,0 Beja (Santa Maria da Feira) 15,79 15,78 99,9 Beja (Santiago Maior) 42,82 10,85 25,3 Beja (São João Baptista) 7,94 6,25 78,7 Cabeça Gorda 79,32 79,32 100,0 Nossa Senhora das Neves 51,08 51,08 100,0 Quintos 139,30 139,30 100,0 Salvada 60,00 60,00 100,0 Santa Clara de Louredo 72,51 47,58 65,6 Santa Vitória 110,99 0,01 0,0 São Brissos 51,11 28,98 56,7 São Matias 71,20 71,03 99,8 Trindade 99,96 99,07 99,1 Borba Borba (Matriz) 41,29 35,21 85,3 Borba (São Bartolomeu) 0,11 0,11 100,0 Orada 50,19 6,07 12,1 Rio de Moinhos 53,06 47,24 89,0 Castro Marim Altura 10,91 4,21 38,6 Azinhal 63,15 63,15 100,0 Castro Marim 79,38 77,63 97,8 Odeleite 146,35 146,35 100,0 Castro Verde Castro Verde 288,99 264,71 91,6 Entradas 75,83 75,83 100,0 Santa Bárbara de Padrões 66,71 66,71 100,0 São Marco da Ataboeira 104,08 104,08 100,0 Cuba Cuba 70,06 41,40 59,1 Faro do Alentejo 44,72 4,87 10,9 Elvas Ajuda Salvador e Sto. Ildefonso 91,95 91,95 100,0 Alcáçova 9,84 9,84 100,0 Assunção 7,62 7,62 100,0 Barbacena 29,81 23,10 77,5 Caia e São Pedro 92,32 92,32 100,0 Santa Eulália 99,54 99,54 100,0 São Brás e São Lourenço 47,96 47,90 99,9 São Vicente e Ventosa 102,51 101,49 99,9 Terrugem 72,82 63,00 86,5 Vila Boim 25,48 25,28 99,2 Vila Fernando 51,46 0,95 1,8 Estremoz Arcos 24,76 2,25 9,1 Évora Monte (Santa Maria) 98,55 50,56 51,3 Glória 73,86 0,20 0,3

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Concelho Freguesia Área Total

Na Bacia

(km2) (km2) (%)

Évora Canaviais 15,54 6,77 43,6 Horta das Figueiras 46,07 9,91 21,5 Nossa Sra. da Graça do Divor 84,31 7,00 8,3 Nossa Sra. de Machede 186,15 185,91 99,9 São Bento do Mato 67,12 60,34 89,9 São Manços 108,99 108,99 100,0 São Miguel de Machede 80,21 80,21 100,0 São Vicente do Pigeiro 84,85 84,85 100,0 Senhora da Saúde 36,66 29,09 79,3 Torre de Coelheiros 222,82 111,58 50,1 Loulé Ameixial 121,17 121,17 100,0 Querença 37,11 4,31 11,6 Salir 185,03 89,79 48,5 Marvão Santo António das Areias 51,22 0,06 0,1 São Salvador da Aramenha 49,75 0,28 0,6 Monforte Assumar 63,30 0,02 0,0 Monforte 215,84 39,99 18,5 Santo Aleixo 58,26 0,05 0,1 Ourique Ourique 250,00 20,10 8,0 Portalegre Alegrete 87,60 87,60 100,0 Reguengo 28,55 26,04 91,2 Ribeira de Nisa 17,82 0,07 0,4 São Julião 42,23 37,52 88,8 Sé 10,79 0,19 1,8 Portel Urra 130,69 37,57 28,7 Alqueva 75,74 75,74 100,0 Amieira 93,25 93,25 100,0 Monte do Trigo 105,19 101,35 96,4 Portel 166,71 117,42 70,4 Santana 40,95 0,15 0,4 Vera Cruz 43,58 43,45 99,7 Redondo Montoito 62,29 62,29 100,0 Redondo 306,38 302,40 98,7 São Brás de Alportel São Brás de Alportel 149,95 57,72 38,5 Tavira Cachopo 197,56 197,56 100,0 Conceição 61,18 11,13 18,2 Sta. Catarina da Fonte do Bispo 118,98 15,42 13,0 Tavira (Santa Maria) 135,09 35,67 26,4 Vidigueira Pedrógão 124,54 124,54 100,0 Selmes 136,65 136,65 100,0 Vidigueira 29,29 29,05 99,2 Vila de Frades 25,52 16,76 65,7 V. Real de Sto. António Monte Gordo 4,38 2,19 50,0 Vila Nova da Cacela 46,06 15,69 34,1 Vila Real de Santo António 10,34 8,51 82,3

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2.5.2.5 Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas

Pela sua relevância, quer na utilização dos recursos hídricos quer em toda a actividade

agrícola, mencionam-se os principais organismos do Ministro da Agricultura, do

Desenvolvimento Rural e das Pescas que, directa ou indirectamente, interferem na bacia do rio

Guadiana são os seguintes:

• Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural;

• Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente;

• Direcção-Geral das Florestas;

• Instituto da Vinha e do Vinho;

• Direcção Regional de Agricultura do Alentejo;

• Direcção Regional de Agricultura do Algarve.

Dos organismos citados salienta-se o IHERA – Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e

Ambiente, a quem compete promover o desenvolvimento da área regada, uma gestão racional do

regadio existente e operações de redimensionamento das explorações agrícolas, garantindo a

conservação do solo e da água e a adopção de boas práticas agrícolas, no quadro de uma

agricultura sustentável e a DGF – Direcção Geral das Florestas a quem incumbe "Promover o

desenvolvimento sustentado dos recursos florestais, cinegéticos e aquícolas e dos espaços a eles

associados, tendo sempre presente o Homem e o espaço envolvente e contribuir, em colaboração

com os diversos agentes, para a definição e execução de uma política florestal nacional que

assegure os equilíbrios intersectoriais".

Parte II – Caracterização e Análise da Situação de Referência

3 Situação de Referência – Caracterização e Análise

3.1 Introdução

Os objectivos específicos de planeamento dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio

Guadiana, passam antes de mais pela caracterização de diversos aspectos relacionados directa ou

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indirectamente com os recursos hídricos com vista à elaboração do diagnóstico da situação de

referência.

No Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana foi efectuada a caracterização da situação

de referência, tendo sido caracterizados de forma extensiva os seguintes aspectos particulares:

• aspectos biofísicos;

• aspectos sócio-económicos;

• recursos hídricos superficiais e subterrâneos;

• ocupação do solo e ordenamento do território;

• necessidades, usos e utilizações de água e aspectos principais condicionantes existentes;

• qualidade dos meios hídricos, superficiais e subterrâneos;

• infra-estruturas hidráulicas e de saneamento básico;

• situações hidrológicas extremas e de risco, com destaque para as cheias e as secas;

• estado de conservação da Natureza;

• análise do quadro normativo e institucional.

Neste capítulo apresentar-se-á uma breve caracterização e análise da situação de referência,

abrangendo os aspectos acima mencionados. Esta caracterização será apoiada por quadros e

figuras retirados dos Anexos Temáticos que integraram a 1ª Fase do Plano de Bacia Hidrográfica

do Rio Guadiana.

3.2 Caracterização Biofísica

3.2.1 Caracterização Geral da Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana

A bacia hidrográfica do rio Guadiana abrange uma superfície total de 66 800 km2, dos quais

55 220 (83%) em Espanha e 11 580 (17 %) em Portugal. É a quarta maior bacia hidrográfica da

Península Ibérica, depois das bacias do Douro, Ebro e Tejo.

A população total residente no interior da bacia ascende actualmente a 1900 mil habitantes,

dos quais 230 mil (12%) em Portugal, a que corresponde uma densidade populacional média de

28 hab/km2 para a totalidade da bacia e de 20 hab/km2 para a parte portuguesa, bastante inferior

à média no Continente (110 hab/km2).

A bacia do Guadiana pode-se caracterizar, genericamente, por um fraco dinamismo e

potencial demográfico, traduzido numa perda generalizada e progressiva de população ao longo

dos últimos decénios.

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O rio Guadiana nasce nas lagoas de Ruidera em Espanha, a 1700 m de altitude,

desenvolvendo-se ao longo de 810 km até à foz, no oceano Atlântico, junto a V. Real de Sto

António. Em Portugal, o rio tem um desenvolvimento total de 260 km, dos quais 110 km

delimitam a fronteira. O perfil longitudinal do rio apresenta-se, de um modo geral, muito regular,

existindo contudo alguns acidentes importantes, sendo o mais notável a larga planície aluvial

onde o rio se espraia, entre Mérida e Badajoz.

A bacia do guadiana apresenta uma forma comprida e estreita , de direcção geral E-W em

Espanha e direcção N-S em Portugal. A bacia nacional do Guadiana encontra-se delimitada a

Norte pela bacia do rio Tejo, a Sul pelo Oceano Atlântico, a Este pela fronteira e a Oeste pelas

bacias dos rios Tejo, Sado, Mira e Arade, estendendo-se pelas unidades morfoestruturais

correspondentes ao Maciço Antigo e à Orla Meridional Algarvia.

A rede hidrográfica pode classificar-se como muito densa, apresentando, regra geral, as

vertentes dos cursos de água formas rectilínea ou complexa e os vales encaixados. O rio

Guadiana é o colector principal dos cursos de água do Alentejo Oriental, do território espanhol

contíguo e dos cursos de água da vertente NE da Serra do Caldeirão.

Sob o ponto de vista morfológico a bacia pode dividir-se em três zonas distintas: Alto, Médio

e Baixo Guadiana.

O Alto Guadiana estende-se entre as cabeceiras e a confluência com o rio Valdehornos,

abrangendo a zona de Castilla-la-Mancha, um vasto planalto entre as cotas 800 e 600, limitada a

norte e sul por cadeias montanhosas de mediana altitude. Geologicamente, o planalto é formado

por depósitos recentes, de facies calcáreo, muito permeáveis, constituindo importantes aquíferos

que interagem significativamente com o escoamento superficial.

O Médio Guadiana, entre o rio Valdehornos e a fronteira portuguesa e abrangendo também a

bacia do Ardila, corresponde ao bordo sudoeste do soco hercínico da Meseta Ibérica, sendo

constituído por formações metamórficas muito antigas. Esta zona apresenta uma morfologia

bastante acidentada, apenas quebrada na faixa central pelas extensas veigas do Guadiana,

formadas por depósitos sedimentares quaternários. As cadeias montanhosas a Norte (os montes

de Toledo) morrem à entrada de Portugal, na Serra de S. Mamede. A faixa sul (Serra Morena)

prolonga-se em Portugal pelas serras do Caldeirão e Espinhaço de Cão que separam o Alentejo

do Algarve.

O Baixo Guadiana corresponde essencialmente à parte portuguesa do rio, entre a cota 200 e a

foz, incluindo ainda a bacia espanhola do Chança.

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Sob o ponto de vista climático a bacia é globalmente bastante homogénea, de características

mediterrânicas secas, com verões quentes, alta insolação e evapotranspiração elevada. Os

invernos, relativamente rigorosos na zona alta, suavizam-se consideravelmente para jusante.

A temperatura média anual é em quase toda a bacia próximo dos 16ºC. Nos meses mais

quentes (Julho/Agosto), a temperatura média do ar varia entre 24ºC junto ao mar, 26ºC na zona

fronteiriça e 28ºC em Ciudad Real. No mês mais frio (Janeiro), a temperatura média do ar ronda

9ºC na bacia, verificando-se junto do mar 11ºC e 8,5ºC na zona de Portalegre e Elvas.

A precipitação média anual ponderada sobre a bacia é de 550 mm (561 mm em Portugal e 540

mm em Espanha), variando entre um mínimo de 450 mm na zona de Mértola e Moura e um

máximo ligeiramente superior a 1000 mm nas cabeceiras do Ardila, de Odeleite e do Caia. Em

termos globais, no entanto, a distribuição da precipitação annual média é bastante uniforme,

estando normalmente compreendida entre 500 e 600 mm.

No que se refere à distruibuição mensal da precipitação, toda a bacia é afectada por um

período estival com quase total carência de chuva. Em média mais de 80% do total anual da

precipitação ocorre no período Outono-Abril.

3.2.2 Geologia e Hidrogeologia

a) Geomorfologia e Geologia

No conjunto da bacia hidrográfica do Guadiana, predominam as rochas metamórficas,

sedimentares e eruptivas, com idades compreendidas entre o Precâmbrico e o final do

Paleozóico.

Os xistos, datados do Silúrico ao Carbónico, ocupam cerca de dois terços da superfície da

bacia, sendo assim a rocha melhor representada, sobretudo, na peneplanície Sul Alentejana, onde

se estende desde o limite sul da bacia até à linha de fractura situada a S de Beja-Serpa-Safara.

As rochas eruptivas estão representadas por algumas manchas de extensão apreciável,

nomeadamente, a S. de Arronches, a W e SW de Redondo, e em Reguengos de Monsaraz. A

maior superfície correspondente a este tipo de rochas localiza-se, grosso modo, entre a

Vidigueira e Serpa, sendo que, a N de Beja as mesmas são na sua maioria do tipo ácido e a S do

tipo básico (diorites e gabros). Junto à fronteira, a S. de Moura e N de Mértola, podem encontrar-

se quartzitos e mármores.

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As rochas carbonatadas (mármores e calcários), as rochas detríticas (arenitos de grão mais ou

menos grosseiro e de grão fino), assim como as rochas filoneanas (essencialmente constituídas

por doleritos), apresentam-se sumariamente representadas na bacia.

Em termos geomorfológicos, na superfície correspondente à bacia do Guadiana, predominam,

sobretudo na área de peneplanície, os declives mais suaves compreendidos entre os 0 e os 5%.

Os declives entre os 5 e os 30%, podem ser individualizados nas áreas de maior altitude, como

sejam: a maioria das vertentes das Serras do Caldeirão, Alcaria Ruiva, Ficalho, Barrancos,

Portel, Ossa e S. Mamede.

Os declives superiores a 30% encontram-se pouco representados na Bacia, e correspondem às

vertentes das cristas quartzíticas das Serras de S. Mamede e Alcaria Ruiva, a algumas vertentes

da Serra do Caldeirão, ao encaixe do Guadiana (entre o Pomarão e a confluência com o Terges,

com realce para a área de Pulo do Lobo) e dos seus afluentes, nomeadamente, em alguns troços

do Chança e do Terges.

Em termos tectónicos, na Bacia encontram-se representadas três zonas tectónicas e

paleográficas: Zona Centro, Zona de Ossa-Morena e Zona Sul-Portuguesa. As falhas e os

cavalgamentos existem em número significativo, assumindo uma grande importância no

modelado do relevo e no estabelecimento da rede hidrográfica da Bacia do Guadiana.

O curso do Guadiana, assim como de alguns dos seus afluentes, revelam a existência de áreas

de fraqueza (falhas e fracturas), sendo frequentes os troços rectilíneos e os "cotovelos" em

ângulos rectos pouco "vivos". É contudo de salientar, que o rio corre perpendicularmente (N-S)

ao traçado das falhas, à excepção do troço a W de Moura onde o seu curso, no sentido W-E, é

sensivelmente paralelo à falha da Vidigueira. Os afluentes e subafluentes do Guadiana, de uma

forma geral, e contrariamente ao rio principal, acompanham as linhas de fraqueza.

b) Hidrogeologia

A maior parte da área da Bacia Hidrográfica do Guadiana é ocupada por rochas

metassedimentares e eruptivas com escassa aptidão aquífera, susceptíveis apenas de assegurar

alguns abastecimentos domésticos, pequenos regadios e, eventualmente, o abastecimento a

pequenos aglomerados populacionais. Estas rochas dão origem a aquíferos, em geral livres,

descontínuos, de produtividade baixa.

Apesar destas condições relativamente desfavoráveis, a quase totalidade dos concelhos

existentes na Bacia recebe alguma contribuição de origem subterrânea para assegurar os

abastecimentos. De facto, com excepção do concelho de Barrancos, todos os concelhos

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asseguram os abastecimentos à custa de água subterrâneas ou de origem mista. Além disso, as

águas subterrâneas concorrem com uma importante parcela para os regadios.

A fraca aptidão aquífera da maior parte das formações que ocorrem na bacia, aliado aos

baixos valores de precipitação que a caracteriza fazem com que os recursos hídricos subterrâneos

sejam insuficientes para garantir o abastecimento adequado a todos os concelhos. De facto,

exceptuando alguns concelhos abastecidos por captações localizadas em sistemas relacionadas

com formações carbonatadas ou em rochas básicas, os recursos poderão oscilar, segundo

cálculos tanto quanto possível realistas, entre pouco mais do que 0,5 l/s.km2 e 3,5 l/s.km2,

dominando os valores mais próximos do limite inferior. Isto significa que em tais casos se terá

que estabelecer uma adequada política de exploração integrada de recursos hídricos

superficiais/subterrâneos.

A análise estatística das produtividades das captações implantadas nos diversos grupos de

litologias permitiu efectuar uma seriação em termos de aptidão. Assim, verifica-se que os xistos

e grauvaques alternantes (fácies flysch) são os menos produtivos, seguindo-se os xistos, rochas

eruptivas ácidas, rochas eruptivas básicas e calcários. Estes dois últimos grupos são já capazes de

assegurar caudais com importância suficiente para permitir o abastecimento a agregados de

maiores dimensões. Das rochas carbonatadas, destaca-se o Anticlinório de Estremoz, que se

estende pelas Bacias do Tejo e do Guadiana, o qual constitui a maior origem de água subterrânea

do Alentejo pois contribui para o abastecimento aos concelhos de Sousel, Estremoz, Borba, Vila

Viçosa e Alandroal. As formações aquíferas desta unidade são, fundamentalmente, calcários e

mármores paleozóicos.

Na região de Moura ocorre um outro sistema aquífero notável, constituído por formações

carbonatadas terciárias em conexão hidráulica com calcários paleozóicos, dispondo de recursos

importantes e onde se conhecem algumas captações com caudais excepcionalmente elevados.

Embora menos importantes que as unidades acabadas de referir, são dignos de nota outras

áreas carbonatadas com sejam a mancha de Elvas-Vila Boim e de Serpa.

Os Gabros de Beja, constituída por gabros, dioritos e outras rochas básicas, destaca-se de

outras manchas de rochas eruptivas dado que a produtividade das captações nela implantadas

constitui um caso excepcional em rochas deste tipo. Esta unidade tem sido usada para

abastecimento aos concelhos de Beja, Cuba, Ferreira do Alentejo e Serpa.

No decorrer dos trabalhos de campo ao abrigo do Projecto de Estudos dos Recursos Hídricos

Subterrâneos (ERHSA) do Alentejo, actualmente em curso, têm sido reconhecidas algumas

áreas, cobertas por rochas eruptivas e metamórficas, onde são conhecidas captações com

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produtividades notáveis. No entanto, o estado de conhecimentos ainda não permite definir com

rigor os limites e as características dessas áreas pelo que, de momento, não são individualizados

como novos sistemas autónomos. Assim, para além daqueles que foram considerados no trabalho

"Definição, Caracterização e Cartografia dos Sistemas Aquíferos de Portugal Continental"

apenas se propõem dois novos sistemas: Sistema Aquífero Transfronteiriço Campo-Maior-

Badajoz e Sistema Aquífero Carbonatado de Serpa.

As águas que ocorrem nas rochas eruptivas básicas e nos xistos e grauvaques apresentam

frequentemente uma qualidade deficiente, com elevados conteúdos em nitratos, sulfatos, cloretos

e dureza elevada. Nas rochas básicas verificam-se, por vezes, problemas de incrustação com

carbonatos.

As águas dos aquíferos carbonatados possuem, em geral, uma qualidade mais aceitável,

embora se possam já assinalar algumas áreas afectadas por excesso de nitratos e outros iões,

relacionados com as práticas agrícolas.

Cartografia de Aptidão Hidrogeológica

Para uma melhor leitura das características hidrogeológicas das diferentes formações,

elaborou-se o Esboço de Carta de Aptidão Hidrogeológica (Figura 3.2-1).

Na elaboração deste esboço de carta, teve-se em conta as características

geológicas/litológicas, os parâmetros hidráulicos dos sistemas aquíferos e a produtividade das

captações (mediana).

Consideraram-se, assim, três grandes divisões simbolizadas pelas cores azul, verde e

castanha.

A cor azul é atribuída às formações com circulação predominantemente granular; a cor verde

atribuída às formações carsificadas, a cor castanha é atribuída às formações constituídas por

rochas compactas fissuradas.

À tonalidade da cor está associada a produtividade das formações, correspondendo deste

modo, as tonalidades mais escuras às formações mais produtivas. Às formações de baixa

produtividade atribui-se a cor castanha clara independentemente do tipo litológico.

Consideram-se, assim, as seguintes classes de produtividade dos aquíferos:

PRODUTIVIDADE MEIO POROSO MEIO CÁRSICO MEIO FISSURADO Elevada (mediana > 6 l/s) Azul escuro Verde escuro Castanho escuro Media (mediana > 1 e < 6 l/s) Azul claro Verde claro Castanho médio Baixa (mediana < 1 l/s) Castanho claro Castanho claro Castanho claro

Classes de Produtividade dos Aquíferos

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De acordo com os resultados estatísticos obtiveram-se as seguintes classes:

Grupo Produtividade –

mediana (l/s) Meio Classe de

Produtividade S.A Estremoz 8,5 Cársico Elevada S.A Moura 8,2 Cársico Elevada S.A. S. Bartolomeu 8,2 Cársico Elevada S.A. Serpa 6,3 Cársico Elevada S.A. Elvas 1,6 Cársico Média S.A. Beja 3,2 Fissurado Média S. A. Transfronteiriço de Campo Maior – Badajoz 5,0 Poroso Média Rochas ácidas 2,0 Fissurado Média Rochas básicas 4,0 Fissurado Média Flysch 0,8 Fissurado Baixa Xistos 1,0 Fissurado Baixa

Produtividades dos Grupos Considerados

3.2.3 Hidrografia

A rede hidrográfica pode classifica-se como muito densa, apresentando, regra geral, as

vertentes dos cursos de água formas rectilínea ou complexa (rectilínea/convexa ou

convexa/côncava) e os vales encaixados. O rio Guadiana é o colector principal dos cursos de

água do Alentejo Oriental, do território espanhol contíguo e dos cursos de água da vertente NE

da Serra do Caldeirão.

O perfil longitudinal do rio apresenta-se, de um modo geral, muito regular, existindo contudo

alguns acidentes importantes, sendo os mais notáveis a larga planície aluvial onde o rio se

espraia, entre Mérida e Badajoz.

Os vales dos principais cursos de água apresentam, de um modo geral, uma forma encaixada,

sendo, por este motivo, muito escassos e de pequenas dimensões os fundos aluviais, registando-

se a sua presença apenas na foz do Guadiana e na parte terminal de alguns cursos de água (rios

Xévora, Caia e ribeiras da Foupana, Odeleite e Beliche).

O encaixe dos vales situa-se maioritariamente entre os 50-100 m, mas em alguns troços o

mesmo pode ser superior aos 100 m. O vale do rio Guadiana apresenta-se geralmente encaixado

entre os 50-100 m, sendo de destacar os troços onde o encaixe é superior aos 100 m,

nomeadamente, ao atravessar a Serra de Portel e no troço compreendido entre Serpa e Mértola,

no lugar de Pulo do Lobo, onde existem pequenos rápidos/quedas de água. Na Figura 3.2-2

apresentam-se os principais cursos de água da bacia nacional.

O INAG, face às limitações da classificação da rede hidrográfica actualmente em uso ("Índice

Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água de Portugal", 1981), optou também

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pela elaboração de uma nova classificação designada por Classificação Pfafstetter, em que o

sistema de codificação das bacias hidrográficas e linhas de água seguiu o método proposto em

Verdin 1997. Neste método, para uma determinada área geográfica ou bacia hidrográfica,

identificam-se as quatro maiores bacias drenantes, codificando-as, da foz para nascente, com os

números 2, 4, 6 e 8. As bacias intermédias, também designadas por interbacias, são codificadas

com os números 1, 3, 5, 7 e 9. O número 9 é sempre atribuído à interbacia correspondente às

cabeceiras do rio principal. O código 0 é reservado para as bacias que não drenam para o mar

(bacias endorreicas).

O sistema é aplicado subdividindo sucessivamente as bacias e interbacias. Cada ciclo de

subdivisão corresponde à entrada no código, de um novo dígito, sendo a regra de divisão

equivalente à da ordem superior.

Com o início do trabalho o INAG forneceu a codificação das bacias hidrográficas para

Portugal Continental, correspondendo o código 8 à bacia do Guadiana. Posteriormente foram

igualmente fornecidas pelo INAG, as áreas referentes ao segundo nível de divisão da bacia do

Guadiana, que são:

Código 81 – Interbacia do Guadiana a jusante da confluência do Ardila;

Código 82 – Bacia do Ardila;

Código 83 – Interbacia do Guadiana entre a confluência do rio Ardila a jusante e a

confluência do rio Matachel, a montante.

É de referir que as restantes áreas com dois dígitos localizam-se em território Espanhol.

Com base nas três bacias e interbacias estabelecidas, procedeu-se a sucessivas subdivisões de

cada uma delas, até que fossem atingidas bacias com áreas até 4 km2, dimensão que foi

considerada, como área mínima identificável, tendo em vista a informação de base utilizada

(cartografia topográfica à escala 1:25 000 e modelo de terreno com uma "grid" de 25 m).

As subdivisões efectuadas atingiram em alguns casos o nível 6, a que corresponde um código

com 6 dígitos. Na tabela seguinte, apresentam-se as médias das áreas das bacias e interbacias

associadas aos 6 níveis de subdivisões. Os valores apresentados referem-se apenas à bacia do

Guadiana em território nacional.

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Código Áreas médias para os diversos níveis de sub-divisão

1 2 3 4 5 6 1 6110,1 149,4 71,8 20,0 55,6 2 908,6 838,1 91,0 62,1 8,5 3 4563,6 420,4 42,9 34,6 8,7 4 249,4 110,6 43,2 13,2 5 991,1 52,8 34,0 0,3 6 647,0 127,8 51,2 12,3 7 469,9 72,9 19,1 1,3 8 11582,0 725,8 190,4 35,6 56,5 9 1457,4 71,4 48,4 44,7

Média 11582,0 3860,8 660,9 92,4 38,7 22,3

Como se pode observar para uma área total do Guadiana de aproximadamente 11 600 km2, a

bacia do Ardila corresponde apenas a 9% e as interbacias 81 e 83, respectivamente a 41% e 50%.

As subdivisões de nível 3, 4, 5 e 6 apresentam áreas médias respectivamente de 660, 92, 39 e 22

km2. É de referir que os valores médios da áreas obtidas na subdivisão de nível 6, não são muito

representativos, pois apenas a bacia da Asseca, foi dividida até este nível.

Na Figura 3.2-3 apresentam-se os limites das bacias e interbacias para o nível mais alto de

subdivisão efectuada, que é variável de bacia para bacia (com valores entre 3 e 6). Nesta figura,

as bacias dos principais afluentes do rio Guadiana, apresentam-se com cores de fundo diferentes,

permitindo identificar as bacias do Caia, Lucefecit, Degebe, Ardila, Odearça, Cobres, Oeiras,

Carreiras, Vascão e Odeleite. A interbacia do rio Guadiana é identificada a branco.

3.2.4 Climatologia

Variáveis climáticas

A caracterização do clima foi realizada a partir das séries mensais e anuais das variáveis

climáticas nas estações climatológicas e ponderadas na bacia, sempre que possível para o

período de referência (1941 a 1991). Foram consideradas as seguintes variáveis climáticas.

• Precipitação;

• Temperatura do ar (ºC), média, mínima e máxima;

• Insolação (ha);

• Humidade relativa do ar às 9 UTC (%);

• Velocidade média do vento (km/h);

• Evapotranspiração de referência (método de Penman-Monteith) (mm);

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• Número de dias com temperatura máxima do ar superior a 25º C, mínima do ar superior a

20º C e mínima do ar inferior a 0º C;

• Número de dias com geada, orvalho e nevoeiro;

• Número de dias com nebulosidade inferior ou igual a 2/10 e superior ou igual a 8/10;

• Número de dias com velocidade média do vento superior ou igual a 36 km/h e a 55 km/h;

• Número de dias com precipitação superior ou igual a 0,1 mm, a 1,0 mm e a 10 mm.

As séries mensais de observações das variáveis climáticas nas diversas estações

climatológicas foram completadas para a totalidade do período em análise, recorrendo à

correlação com dados de estações próximas.

Precipitação

Na Figura 3.2-4 constam as isolinhas da precipitação média anual na bacia.

A aplicação da metodologia desenvolvida com base na constituição de uma grelha sobre toda

a bacia, fornece para o período de 1941/42 a 1990/91 uma precipitação média anual ponderada

de 561 mm, sobre a parte portuguesa da bacia.

A distribuição interanual da precipitação é bastante irregular, descendo a 386 e a 422 mm em

anos secos (10 a 20% de probabilidade ) e subindo a 722 e 766 mm em anos húmidos (80 a 90%

de probabilidade).

O ano mais húmido ocorreu em 1989/90 com um valor ponderado de 886 mm e o ano mais

seco ocorreu em 1944/45 com 233 mm.

No que repeita aos valores mensais tem-se que em média os 3 meses mais chuvosos são

Dezembro, Novembro e Janeiro, com valores médios mensais ponderados na bacia,

respectivamente de 82, 75 e 72 mm, correspondendo o semestre húmido de Outubro a Março a

76% da precipitação média anual ponderada na bacia. Nos meses de Julho e Agosto a

precipitação é praticamente nula.

As zonas mais chuvosas estão circunscritas a pequenas áreas do relevo mais acentuado, a

serra de S. Mamede, no extremo norte da bacia, e a serra do Caldeirão, no extremo sul, onde a

precipitação atinge valores máximos de 1100 mm; as zonas menos chuvosas correspondem

sensivelmente ao vale do rio Guadiana, nomeadamente à zona de Moura e à zona entre Serpa e

Alcoutim, onde se observam valores da precipitação média anual inferiores a 500 mm.

Relativamente às precipitações máximas diárias anuais, dividiu-se a bacia em duas zonas, A e

B, que se encontram assinaladas na Figura 3.2-5.

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Temperatura do ar

A temperatura do ar na bacia hidrográfica do rio Guadiana é principalmente condicionada

pela latitude, pelo seu afastamento do mar e pelo relevo e regime e exposição aos ventos. Na

parte portuguesa da bacia do rio Guadiana, verifica-se que a temperatura média anual do ar

aumenta, de forma geral, de Norte para Sul, embora não significativamente, detectando-se a

influência da orografia na diminuição da temperatura apenas nas zonas de relevo mais

acentuado, como as serras de S. Mamede, a Norte, e do Caldeirão, a Sul. A temperatura do ar

média anual é, em quase toda a parte portuguesa da bacia , próxima dos 16º C, com excepção de

uma faixa ao longo do rio Guadiana situada entre Moura - Mina de S. Domingos - Vila Real de

Sto. António, em que a temperatura atinge valores superiores a 17º C (Figura 3.2-6).

As temperaturas médias do ar são máximas em Julho e Agosto, com valores médios que

variam entre cerca de 23º C, nas zonas de Évora e Castro Verde, e cerca de 26º C na zona de

Moura e Mina de S. Domingos, e mínimos em Janeiro, variando entre cerca de 8º C em Vila

Fernando, Elvas e Campo Maior, zona norte da bacia, 10º C em Moura e Mina de S. Domingos e

11º C em Vila Real de Sto António; a amplitude da variação térmica anual entre aqueles valores

máximos e mínimos em toda a bacia é moderada (10º <T<20º), variando entre um mínimo na

parte Sul, litoral, da ordem de 13º C e máximos da ordem de 16º C, na zona junto à fronteira a

leste do eixo Campo Maior-Moura.

Se tomarmos por referência o valor médio anual da temperatura do ar nas estações

climatológicas, pode-se repartir o ano por dois períodos de 6 meses: período mais quente de

Maio a Outubro e período mais frio de Novembro a Abril.

No período em análise, o valor médio da série da temperatura média anual ponderada na bacia

é de 16,4º C, sendo o mês de Julho o mais quente, com 24,5º C, e o mês Janeiro o mais frio, com

9,3º C. O valor médio da série da temperatura máxima anual ponderada na bacia é de 22,4º C,

com valor máximo em Julho, de 32,8º C, e valor mínimo em Janeiro, de 13,7º C. O valor médio

da série da temperatura mínima anual ponderada na bacia é de 10,4º C, com valor máximo em

Julho, de 16,2º C, e valor mínimo em Janeiro, de 4,9 º C.

Relativamente a valores máximos absolutos da temperatura do ar na bacia, os máximos

ocorrem em Junho, Julho e Agosto, variando para as estações em funcionamento, entre 41 º C

em Évora, em Junho e 44ºC em Viana do Alentejo; os mínimos absolutos são mínimos em

Dezembro, Janeiro e Fevereiro (mês de maior ocorrência) e têm valores que variam, para as

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estações em funcionamento, entre -8,3 ºC em Mértola e -5,0º C em Portalegre, Vila Fernando,

Évora, Contenda e Vila Real de Sto António.

Insolação

Os valores anuais da insolação na bacia variam entre 2750 e 2900 h, correspondendo a cerca

de 63 a 66% do total máximo possível de horas de sol (Figura 3.2-7). Os valores são máximos

em Campo Maior, Vila Fernando, Elvas e Alandroal (acima de 2880 horas) e mínimos em Neves

Corvo e Portalegre (cerca de 2750 h). O mês de maior insolação é, para todas as estações

climatológicas, o mês de Julho com valores que variam entre 360 h em Portalegre e 390 h em

Elvas, atingindo valores entre 80% e 85% do valor máximo de horas de sol. O mês de menor

insolação é, regra geral, o mês de Dezembro com valores que variam entre 136 h em Neves

Corvo e 150 h na zona oeste da bacia entre Évora e Beja. A maior nebulosidade que ocorre de

Novembro a Março faz diminuir a insolação para valores relativos da ordem de 50%.

A insolação anual ponderada na bacia é de 2829 h, sendo o mês de Julho o de maior

insolação, com 370 h, e o mês de Dezembro o de menor insolação, com 147 h. O ano de maior

insolação na bacia ocorreu em 1944, com 3154 h, e o ano de menor insolação ocorreu em 1977,

com 2455 h de insolação, sendo o coeficiente de variação da série anual da insolação ponderada

na bacia de 0,06.

Humidade relativa do ar

Ao longo do ano a humidade relativa do ar apresenta uma variação importante. Os meses em

que se verificam os valores mais baixos da humidade relativa do ar às 9 UTC são os de Julho e

Agosto, variando, de forma geral, entre 50 e 65%, com valores mínimos em Elvas, Campo Maior

e Ameixial (da ordem de 50%) e máximos na zona de Moura, Mértola e Mina de S. Domingos

(da ordem de 65%); os valores mais elevados registam-se em Janeiro e Dezembro, variando entre

80 e 90% com o máximo em Amareleja (93%). Em termos médios anuais, a humidade relativa

do ar às 9 UTC é pouco variável em toda a bacia (Figura 3.2-8), sendo mínima na zona de Elvas

(69,1%) e Campo Maior (69,6%) e máxima em Moura (78,3%) e Mértola/Vale Formoso

(77,3%).

A variação ao longo do dia da humidade relativa do ar depende fortemente da temperatura,

atingindo-se os valores mínimos durante a tarde quando a temperatura do ar é mais elevada,

sendo essa diminuição mais importante nos meses de verão.

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A humidade relativa do ar anual ponderada na bacia é de 74,5%, sendo o mês de Janeiro o

mais húmido, com 88%, e o mês Julho o menos húmido, com 59%. O ano mais húmido na bacia

ocorreu em 1977, com 78,2%, e o ano menos húmido em 1953, com 71,6%, sendo o coeficiente

de variação da série anual da humidade relativa do ar média ponderada na bacia de 0,02.

Vento

Os valores anuais da velocidade do vento a 2 m acima do solo variam entre 5,2 e 11,5 km,

verificando-se valores máximos em Castro Verde (11,5) e Beja (11,4) e mínimos em Campo

Maior (5,2) e de forma geral na zona a leste do rio Guadiana (Figura 3.2-9).

De forma geral, nas estações climatológicas, os meses de Março a Agosto apresentam valores

mais elevados da velocidade média do vento. No entanto, verifica-se que em cada estação

climatológica a amplitude de variação da velocidade do vento é relativamente pequena.

A velocidade média anual ponderada na bacia é de 8,7 km/h, sendo o mês de Março o mais

ventoso, com 9,3 km/h, e o mês de Novembro o menos ventoso, com 7,9 km/h. O ano mais

ventoso ocorreu na bacia em 1958, com 10,8 km/h, e o ano menos ventoso ocorreu em 1944,

com 6,3 km/h, sendo o coeficiente de variação da série anual da velocidade média do vento

ponderada na bacia de 0,09.

Os ventos dominantes são, para a generalidade das estações, do quadrante NW,

intensificando-se a ocorrência de ventos com este rumo nos meses de verão. Os ventos, neste

quadrante, estão muitas vezes associados à depressão térmica que se instala sobre a Península

Ibérica durante o verão e que compreendem massas de ar seco de origem continental.

Evapotranspiração de referência

Na ausência de valores medidos, a evapotranspiração de referência (Etr) foi estimada a partir

de vários métodos, recorrendo a dados climatológicos disponíveis na rede de observações, tendo-

se utilizado o método de Penman-Monteith.

Os valores médios anuais da evapotranspiração potencial (de referêcia), apresentados na

Figura 3.2-10, calculados pelo método de Penman-Monteith são máximos na zona Ameixial

(1330 mm), Castro Verde (1330 mm) e Beja (1301 mm), seguindo-se, a zona de Évora/Currais,

Évora, Alandroal, Elvas e Mina de S. Domingos, com valores anuais variando entre 1290 e

1240 mm; os valores mínimos na bacia verificam-se em Contenda (1193 mm) e Vila Real de Sto.

António (1181 m).

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A evapotranspiração dada pelo método de Penman-Monteith é mínima em Dezembro, com

valores variando entre 24 mm, e máxima em Julho, com valores variando entre 187 e 227 mm.

A evapotranspiração de referência média anual ponderada na bacia é de 1227 mm, sendo

Julho o mês onde se observam valores mais elevados, de 204 mm, e Dezembro, o mês com

valores mais baixos, de 29 mm. O ano de mais elevada evapotranspiração ocorreu na bacia em

1958, com 1340 mm, e o ano de menor evapotranspiração ocorreu em 1976, com 1130 mm,

sendo o coeficiente de variação da série anual da evapotranspiração de referência ponderada na

bacia de 0,04.

Na Figura 3.2-11 apresentam-se os valores médios anuais da evapotranspiração real.

Classificação climática

Segundo a classificação de Köppen o clima na bacia hidrográfica do rio Guadiana é do tipo

Csa, ou seja, clima temperado (mesotérmico) com inverno chuvoso e verão seco (Cs), sendo o

verão, segundo Köppen, considerado quente pois a temperatura média do ar no mês mais quente

é superior a 22º C em todas as estações climatológicas (a). Por outro lado, o Inverno pode

classificar-se como temperado dada a média dos mínimos do mês mais frio ser superior a 3º C.

De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima em toda a parte portuguesa da bacia

do rio Guadiana é Mesotérmico (B'3 e B'2), sendo, de acordo com os valores do índice hídrico,

Mesotérmico (pouco) Húmido (B1), com índice hídrico entre 20 e 40, na zona elevada a norte da

bacia, junto a Portalegre; Mesotérmico Sub-húmido Sub-húmido Seco (C1), com índice hídrico

entre 0 e -20 em toda a bacia, com excepção das zonas de Moura, Ameixial e Vila Real de Sto.

António, onde o clima é Semi-árido (D), com índice hídrico entre -20 e -40.

Na Figura 3.2-12 apresenta-se a carta hipsométrica da bacia

3.2.5 Ocupação do Solo

A caracterização da ocupação do solo na área abrangida pela bacia hidrográfica do rio

Guadiana, de modo a permitir o fornecimento de dados, é fundamental para outras actividades

inerentes a este Plano, nomeadamente, comportamento hidrológico das bacias hidrográficas,

avaliação das necessidades de água, distribuição de áreas impermeabilizadas e permeáveis em

função do revestimento vegetal e da conservação do solo.

Nesta caracterização, considerou-se a ocupação do solo dividida genericamente em vários

agrupamentos, nomeadamente:

• espaços urbanos e industriais;

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• espaços agrícolas;

• espaços florestais e agro-florestais;

• espaços com matos e incultos;

• espaços naturais e/ou de protecção.

A análise da ocupação do solo, no âmbito dos espaços urbanos e industriais, centrou-se na

avaliação dos Planos Directores Municipais (PDM), uma vez que estes planos constituem a

síntese das expectativas e dos compromissos de ocupação e transformação do uso do solo que de

forma sistemática reflectem o quadro actual e a evolução possível do sistema urbano e da

localização das actividades.

A cobertura da bacia hidrográfica do Guadiana com este tipo de planos, em termos de

realização, é total, se bem que o PDM de Ourique não se encontre ainda aprovado.

De uma maneira geral, e em termos globais, a análise dos PDM dos concelhos integrados,

parcial ou totalmente, na bacia, revela que o sistema urbano tem vindo a decrescer desde 1940.

Não obstante, a transformação do sistema urbano apresenta alguma dinâmica verificando-se

crescimento nas principais cidades da área da bacia e um esvaziamento dos núcleos de menor

dimensão.

Ao nível da análise dos espaços agrícolas, segundo a carta Corine Land Cover, a Superfície

Agrícola Utilizada (SAU) representa 75,8% da área total, subdividindo-se em áreas de uso

exclusivamente agrícola (55,8%) e áreas de uso agro-florestal (utilização agrícola sub-coberto

florestal - 20%).

Nas áreas regadas predomina o milho (22%), as culturas forrageiras (15%) e as "outras

culturas regadas" (25% - incluem outros cereais e hortícolas). Nas culturas perenes predominam

os citrinos e os pomares (11% e 9%, respectivamente). Apesar de se ter verificado um aumento

nas áreas regadas, o regadio continua a ter uma pequena expressão em termos de área (3,6% da

SAU).

Nas áreas de agricultura de sequeiro é de salientar a elevada representatividade dos pousios

(ocupam cerca de 33% da SAU de sequeiro), característicos das rotações de arvenses de sequeiro

alentejanos.

Nas culturas temporárias de sequeiro há a destacar os "prados e forragens" e o girassol. Nas

culturas permanentes de sequeiro destacam-se os olivais.

Actualmente, dada a crescente preocupação com o meio e devido às funções que o

ecossistema florestal desempenha no equilíbrio ambiental, a preservação destes espaços tem

vindo a assumir particular importância.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Segundo o Corine Land Cover, o uso florestal ocupa apenas 12,2% da área total da bacia

hidrográfica do rio Guadiana, ou seja, 142 675 ha. No entanto, convém referir que este cenário,

embora se aproxime da realidade, não inclui informação relativa ao inventário florestal com a

distribuição dos povoamentos florestais dominantes por freguesia e por concelho e as

correspondentes áreas ardidas nos últimos 10 anos.

A área com ocupação agro-florestal na bacia do Guadiana, a seguir à área com ocupação

agrícola, é o grupo com maior representatividade, nomeadamente 20% da área da bacia e os

espaços com matos e incultos, segundo a mesma fonte (Corine Land Cover), abrangem cerca de

10,6% da área total.

No âmbito dos espaços naturais e /ou protecção integrados na área abrangida pelo Plano, de

uma forma muito resumida podem destacar-se diversos ecossistemas presentes na bacia do

Guadiana como os de maior representatividade e valor conservacionista: as comunidades

aquáticas (com especial relevo para a ictiofauna), ribeirinhas e ripícolas dos vales do rio

principal e de alguns dos seus afluentes; os povoamentos de sobro e azinho; a estepe cerealífera e

arbórea (montado) e os sapais. Na bacia do Guadiana destacam-se três áreas protegidas,

nomeadamente, o Parque Natural da Serra de S. Mamede (317 km2), o Parque Natural do Vale

do Guadiana (696 km2) e a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Stº

António (20,89 km2), situados nos extremos Norte e Sul da bacia e que ocupam 7,6 % da área

respectiva. Há ainda a referir a área classificada da Zona de Protecção Especial para a Avifauna

do Sapal de Castro Marim e os Sítios de Interesse Comunitário (SIC), nomeadamente, S.

Mamede, Caia, Guadiana/Juromenha, Guadiana e Ria Formosa/Castro Marim, criados ao abrigo

da Directiva Habitats.

Nas Figuras 3.2-13 a 3.2-17 apresentam-se as cartas de Ocupação do Solo, das Áreas com

Ocupação Agrícola, das Áreas com Ocupação Florestal, das Áreas com Matos e Incultos e os

Espaços Naturais e os de Prtecção, respectivamente.

3.2.6 Fauna, Flora e Vegetação

O património natural identificado na bacia do Guadiana pode ser considerado muito rico e

com um elevado valor conservacionista, tanto ao nível dos habitats, como ao nível das espécies

da flora e da fauna presentes.

Cerca de um quarto das mais de 550 plantas identificadas nesta bacia, são consideradas como

espécies com interesse para a conservação, quer por possuírem estatuto de protecção legal a nível

comunitário e nacional (legislação decorrente da directiva europeias relativas à protecção dos

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habitats, da flora, da fauna selvagens e da convenção de Bona), quer por serem consideradas

espécies RELAPE (denominação para as espécies Raras, Endémicas, Localizadas, Ameaçadas ou

em Perigo de Extinção em território nacional).

As áreas de maior valor para a conservação da flora e, por isso, consideradas como mais

sensíveis, encontram-se no vale do rio Guadiana e em troços de alguns dos seus afluentes, como

sejam, as ribeiras de Álamo, do Enxoé, da Cardeira, de Cobres, de Oeiras, de Carreiras e do

Vascão, derivando o seu valor conservacionista da presença de espécies tipicamente associadas

às linhas de água.

A vegetação ribeirinha das margens do rio Guadiana e seus afluentes encontra-se por vezes

muito degradada, mas também se encontram exemplos de troços em bom estado de conservação.

A vegetação ribeirinha mais interessante e rica do ponto de vista faunístico localiza-se nos

troços correspondentes aos vales de rios estreitos e fundos, como nas ribeiras da Asseca, do

Maruto, do Lucefecit, do Azevel, de Alcarrache, de Odeleite, de Foupana e do Beliche, dos rios

Degebe e Ardila e do próprio Guadiana, nomeadamente, entre o Pomarão e a foz da ribeira de

Odeleite. Salienta-se, ainda, o troço do Guadiana, Moinho da Abóboda/Moinho dos Bispos e

ribeiras adjacentes, com numerosas ilhas, onde existe uma importante colónia de garças de

diversas espécies, tendo por isso sido considerada zona húmida de importância internacional.

Ao nível da fauna foram inventariadas na bacia do Guadiana 345 espécies de vertebrados, o

que corresponde a cerca de três quartos do total de espécies de vertebrados que ocorrem

regularmente em Portugal Continental.

As Aves são o grupo mais representado, com 227 espécies (isto é, 75% do total nacional),

predominando, entre estas, as aves ligadas à vegetação ribeirinha, aos sobreirais e às áreas de

produção de cereal. Destacam-se as aves que habitam nas fragas existentes nas margens de vales

estreitos do Guadiana, como a águia-imperial-ibérica, considerada “Em Perigo de Extinção” e o

abutre-preto, também ameaçado em relação às culturas cerealíferas, a sua importância deve-se a

serem habitat do sisão e da abetarda, ambas espécies ameaçadas. No extremo Sul da bacia, o

sapal de Castro Marim tem um importante papel na alimentação, reprodução e repouso de aves

migradoras.

Os mamíferos encontram-se igualmente bem representados nesta bacia, com 49 espécies, o

que representa, tal como no grupo anterior, 75% do total nacional. Entre estas incluem-se quatro

espécies com elevado estatuto de ameaça a nível mundial, nomeadamente, o lince-ibérico, o

morcego-rato-grande, o lobo e a lontra. A água tem uma importância primordial para a

conservação destas espécies pois os morcegos, são um grupo geralmente associado a cursos de

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água ou zonas húmidas, enquanto que o lince e a lontra frequentam as margens dos ribeiros e

rios, quando estas são recobertas com vegetação densa.

Foram, também, recenseadas na bacia do Guadiana 15 espécies de Anfíbios e 23 espécies de

Répteis, o que corresponde, respectivamente, a 85% e 88% do total de espécies presentes no

continente de cada um destes grupos. Entre os répteis, as duas espécies de cágados e o lagarto-

de-água são aquelas que dependem mais fortemente do meio aquático, enquanto que todos os

anfíbios dependem em maior ou menor grau destes meios.

É a fauna piscícola da bacia que é mais representativa para a conservação. Observam-se desde

as espécies mais comuns, como a boga e o barbo, até algumas virtualmente desconhecidas do

grande público, cuja distribuição se restringe à Península Ibérica. É o caso do saramugo, um

pequeno peixe que apenas existe na bacia do Guadiana, em Portugal e Espanha, e que está em

perigo de extinção. As espécies migradoras como o esturjão, a lampreia, o sável e a savelha

apresentam-se igualmente ameaçados. Do esturjão, migrador que até há relativamente pouco

tempo ainda se encontrava no troço inferior da bacia do Guadiana, onde se reproduzia, não tem

havido quaisquer registos de capturas na última década, pelo que lhe foi recentemente atribuído,

a nível internacional, o estatuto de “Criticamente em Perigo”. Entre os factores que contribuem

para a rarefacção das espécies, salientam-se as barragens, que representam uma barreira

intransponível para os peixes, impedindo as espécies migradoras de chegar ao seu destino (os

locais de desova). Outra consequência das barragens é tornar menos disponível a água nos rios

abaixo das albufeiras, com efeitos negativos para os peixes, especialmente em situações de seca.

Estas implicações negativas podem ser contornadas, com a construção de “escadas para peixes”

e através da descarga de água suficiente para as necessidades da vida piscícola a jusante das

barragens.

Os cursos de água e albufeiras são essenciais para dois terços das espécies de vertebrados

inventariadas na área abrangida pelos limites do Plano de Bacia do Guadiana. Este valor dá de

imediato uma boa ideia da enorme importância das zonas húmidas como suporte para da fauna,

sobretudo nesta região onde a água, escasseia.

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3.3 Caracterização Sócio Económica

3.3.1 Demografia

3.3.1.1 Situação actual e dinâmica recente

A população total residente no interior da bacia total do rio Guadiana ascende actualmente a

cerca de 1 900 000 habitantes, dos quais aproximadamente 230 000 (12%) em Portugal

(Figura 3.3-1). A este efectivo populacional corresponde uma densidade populacional média de

28 habitantes/km2 para a parte portuguesa, bastante inferior à média no continente português

(110 habitantes/km2).

A bacia do Guadiana abrange áreas compreendidas nas NUT III do Alto Alentejo, Alentejo

Central, Baixo Alentejo e Algarve.

Do Alto Alentejo são abrangidos pela bacia do Guadiana os concelhos de Arronches, Campo

Maior, Elvas e Portalegre, todos eles pertencentes ao Distrito de Portalegre.

O Alto Alentejo, tal como o restante território alentejano, caracteriza-se, em termos

demográficos, por uma fraca ocupação populacional e uma dinâmica recessiva, a qual não

mostra tendências a inverter-se. A par de um efectivo decréscimo de efectivos, devido quer a um

movimento natural negativo, com taxas de mortalidade superiores às de natalidade, quer a um

saldo migratório igualmente negativo, tem-se assistido ao envelhecimento da população

residente.

Os pólos mais dinâmicos são as sedes de concelho, que se constituem como os centros

urbanos mais importantes.

O Alentejo Central é constituído maioritariamente por concelhos integrados na bacia do

Guadiana - Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Évora, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos

de Monsaraz e Vila Viçosa.

Em termos demográficos caracteriza-se também por uma perda continuada de população

residente, devido a um crescimento natural negativo, com uma taxa de mortalidade muito

superior à de natalidade.

O Alentejo Central caracteriza-se por um povoamento concentrado e fortemente polarizado

por Évora. Destacam-se, neste conjunto, o grupo dos concelhos integrantes da Zona dos

Mármores - Vila Viçosa, Estremoz e Borba.

Nesta região, a população em lugares com menos de 500 habitantes representa, ainda hoje,

cerca de 20% do total, embora tendo vindo a registar um progressivo decréscimo, resultante do

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abandono dos montes, concomitante com o fenómeno intenso de êxodo rural, registado a partir

dos finais da década de 50.

O Baixo Alentejo corresponde grosseiramente ao distrito de Beja e engloba os concelhos de

Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Mértola, Moura, Ourique, Serpa e Vidigueira,

integrantes da bacia do Guadiana. Desta região, apenas dois concelhos não são abrangidos por

esta bacia hidrográfica - Alvito e Ferreira do Alentejo - ambos localizados no extremo Noroeste

desta região. Quanto ao concelho de Aljustrel, embora parte da sua área territorial seja ainda

abrangida pela bacia do Guadiana, não apresenta qualquer povoação nesta área.

Nesta região a regressão demográfica faz-se sentir ainda mais fortemente que nas outras áreas

alentejanas. Esta recessão traduz-se por uma perda de efectivos e pelo envelhecimento dos

restantes, devido a um movimento natural caracterizado por uma taxa de mortalidade cerca de

cinco pontos superior à taxa de natalidade e um saldo migratório acentuadamente negativo.

Verifica-se um acentuado êxodo rural, sendo que a atracção exercida por Beja, único centro

urbano com alguma dimensão, não é suficiente para fixar a gente da região. Nesta rede

sobressaem os centros de Castro Verde, devido à indústria mineira, e de Mértola, pelo

dinamismo que soube imprimir à actividade turística, baseada na vertente patrimonial.

A quarta região abrangida pela bacia do Guadiana é o Algarve. Contudo, apenas uma pequena

parcela é efectivamente abrangida pela área em estudo - o concelho de Alcoutim, na totalidade, e

parte dos concelhos de Castro Marim, Loulé, São Brás de Alportel, Tavira e Vila Real de Santo

António - todos eles localizados no extremo leste do Sotavento Algarvio, naquilo a que alguns

autores chamam de Algarve Oriental. Acresce, porém, que, destes concelhos, a maior parte

apenas é abrangida parcialmente pela bacia do Guadiana, que entra marginalmente nos

respectivos territórios.

Considerando uma orientação Norte-Sul tem-se que a área em questão se desenvolve pelas

três zonas características da geografia física do Algarve: a Serra, o Barrocal e o Litoral, embora

maioritariamente pelas duas primeiras.

O dinamismo demográfico desta região é fraco, sobretudo se o compararmos com a restante

região algarvia.

Os principais pólos urbanos desta área são Tavira e Vila Real de Santo António, sendo que

apenas este último está incluído na bacia do Guadiana.

O comportamento demográfico da região abrangida pela bacia do Guadiana caracteriza-se

por, no período em análise (1960/1991), apresentar uma tendência generalizadamente recessiva.

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Efectivamente, a dinâmica demográfica dos concelhos cujo território pertence, no todo ou em

parte, à bacia do Guadiana, tem sido generalizadamente negativa.

Do conjunto dos concelhos em análise apenas dois - Évora e Loulé, marginais à bacia -

registaram evolução positiva no período em causa. Dos restantes salientam-se, como mais

depressivos, os concelhos do Baixo Alentejo e Norte Algarvio - Ourique, Almodôvar, Alcoutim,

Mértola e Serpa -, Vidigueira, Barrancos e Mourão e dois concelhos do Norte Alentejano -

Arronches e Monforte.

Na última década alguns concelhos inverteram esta tendência, registando uma dinâmica

demográfica positiva. Estão neste caso alguns Concelhos do Algarve - Loulé, Tavira e S. Brás de

Alportel - Vila Viçosa e Castro Verde, concelhos pertencentes aos raros pólos economicamente

dinâmicos da Região do Alentejo devido, respectivamente, à indústria dos mármores e à

indústria mineira.

Ordem Concelhos 1960 Var% 1970 Var% 1981 Var% 1991 Var% 1997* Var%

1 Alandroal 12089 -3,3% 9480 -21,6% 8124 -14,3% 7347 -9,6% 7105 -3,3 2 Alcoutim 9288 -14,1% 6727 -27,6% 5262 -21,8% 4571 -13,1% 4237 -7,3% 3 Aljustrel 18181 -0,2% 13473 -25,9% 12870 -4,5% 11990 -6,8% 11735 -2,2% 4 Almodôvar 16028 -9,5% 12264 -23,5% 10637 -13,3% 8999 -15,4% 8592 -4,5% 5 Arraiolos 12786 -1,7% 10050 -21,4% 8883 -11,6% 8207 -7,6% 7997 -2,6% 6 Arronches 6818 -6,3% 5195 -23,8% 4307 -17,1% 3677 -14,6% 3429 -6,7% 7 Barrancos 3429 -5,4% 2695 -21,4% 2157 -20,0% 2052 -4,9% 1981 -3,5% 8 Beja 43119 1,0% 36384 -15,6% 38246 5,1% 35827 -6,3% 35001 -2,3% 7 Borba 10431 5,6% 9286 -11,0% 8813 -5,1% 8254 -6,3% 8095 -1,9% 8 Campo Maior 9887 -1,8% 8390 -15,1% 8549 1,9% 8535 -0,2% 8468 -0,8% 9 Castro Marim 9992 1,9% 7462 -25,3% 7297 -2,2% 6803 -6,8% 6564 -3,5% 10 Castro Verde 11637 -6,4% 9004 -22,6% 7472 -17,0% 7762 3,9% 7482 -3,6% 11 Cuba 7554 -8,7% 6048 -19,9% 5740 -5,1% 5494 -4,3% 5213 -5,1% 12 Elvas 28562 -4,7% 22566 -21,0% 24981 10,7% 24474 -2,0% 24237 -1,0% 13 Estremoz 23201 -5,3% 19222 -17,2% 18073 -6,0% 15461 -14,5% 14968 -3,2% 14 Évora 50095 5,7% 47244 -5,7% 51572 9,2% 53754 4,2% 53632 -0,2% 15 Loulé 45126 -11,4% 35679 -20,9% 44051 23,5% 46585 5,8% 46145 -0,9% 16 Mértola 26026 -11,3% 14310 -45,0% 11693 -18,3% 9805 -16,1% 9253 -5,6% 17 Monforte 7245 -12,7% 4795 -33,8% 4281 -10,7% 3759 -12,2% 3759 -12,2% 18 Moura 29106 -4,8% 21342 -26,7% 19772 -7,4% 17549 -11,2% 17014 -3,0% 19 Mourão 5815 1,7% 4039 -30,5% 3487 -13,7% 3273 -6,1% 3209 -2,0% 20 Ourique 15002 -10,1% 9514 -36,6% 7969 -16,2% 6597 -17,2% 6254 -5,2% 21 Portalegre 28384 1,1% 25458 -10,3% 27313 7,3% 26111 -4,4% 25657 -1,7% 22 Portel 11627 -5,1% 8880 -23,6% 8306 -6,5% 7525 -9,4% 7346 -2,4% 23 Redondo 11967 -4,6% 9131 -23,7% 8444 -7,5% 7948 -5,9% 7762 -2,3% 24 Reguengos de Monsaraz 15090 0,3 11727 -22,3% 11642 -0,7% 11401 -2,1% 11173 -2,0% 25 S. Brás Alportel 9058 -5,6% 7540 -16,8% 7506 -0,5% 7526 0,3% 7281 -3,3% 26 Serpa 32476 -7,2% 23872 -26,5% 20784 -12,9% 17915 -13,8% 17256 -3,7% 27 Tavira 27798 -9,3% 22900 -17,6% 24615 7,5% 24857 1,0% 24107 -3,0% 28 Vidigueira 10594 -5,8% 8243 -22,2% 7405 -10,2% 6305 -14,9% 6137 -2,7% 29 Vila Real de Santo

António 14999 4,3% 13738 -8,4% 16347 19,0% 14400 -11,9% 14348 -0,4%

30 Vila Viçosa 9974 -0,7% 9208 -7,7% 8546 -7,2% 9068 6,1% 8969 -1,1% TOTAL 573384 -3,3% 455866 -20,5% 455144 -0,2% 433831 -4,7% 408912 -2,2%

NOTA: Os dados de 1970 correspondem aos dados definitivos, extraídos das publicações do INE - "População e Alojamentos por lugares. 1970". Os dados utilizados na estrutura etária e outros são os constantes das estimativas a 20%.

*Estimativa com base no movimento natural registado entre 1991 e 1996

Evolução da população nos concelhos abrangidos pela Bacia do Guadiana

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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O comportamento demográfico da área em estudo tem sido sobretudo condicionado pelos

movimentos migratórios, que se têm normalmente sobreposto ao movimento natural.

Na década de 80, seja nos casos em que o crescimento é positivo - como se verifica nos

concelhos de Ourique, Vila Viçosa, Loulé, Évora, Castro Verde, Tavira e S. Brás de Alportel -,

seja nos casos em que se verifica um decréscimo populacional, tal deve-se à importância do

factor migrações (imigração, nos casos de acréscimo populacional e emigração, nos casos de

decréscimo do número de habitantes).

Numa análise mais detalhada da área em estudo, considerando apenas a população abrangida

pela bacia do Guadiana, verifica-se que o comportamento é semelhante ao dos Concelhos, se não

mesmo mais grave.

A população da bacia do Guadiana era, em 1991, de 221 519 habitantes. Este volume

populacional é significativamente inferior ao registado, para a mesma área, em 1960, num total

de cerca de 331 000 habitantes.

O maior decréscimo verificou-se no período 1960-70, com um valor de cerca de -23%. Na

década seguinte, a diminuição foi sensivelmente menos acentuada, da ordem dos 4%, valor que

aumentou, entre 1981 e 1991, para valores da ordem dos 7%.

O decréscimo registado na população considerada, da ordem dos - 33% entre 1960 e 1991, foi

superior ao verificado nas freguesias a que pertencem, onde esse valor é de apenas - 25%.

Tal significa que a área abrangida pela bacia se caracteriza por um comportamento

demográfico ainda mais recessivo que o conjunto das freguesias em que se insere, o que se

compreende se se tiver em conta que, em muitas das freguesias, a área dentro da bacia é marginal

aos centros populacionais mais importantes, como seja o caso de Évora, Portalegre e dos

concelhos do Algarve, à excepção de Alcoutim.

Na área da bacia, os únicos concelhos em que as freguesias abrangidas pela bacia do

Guadiana registaram acréscimo populacional foram Évora e Loulé.

Por seu lado, as únicas freguesias com comportamento positivo, no período considerado

(1960/1991), foram Salvador, Santiago Maior e S. João Baptista (freguesias que englobam a

cidade de Beja), Matriz (correspondente ao centro urbano de Borba), Assunção e Caia e S.

Pedro, duas das freguesias que abrangem o centro urbano de Elvas, e Conceição, freguesia

urbana de Vila Viçosa. Verifica-se, mais uma vez, que o crescimento populacional apenas é

positivo nos centros urbanos mais importantes, nomeadamente as sedes de concelho.

Em contrapartida, as zonas mais depressivas, em termos demográficos, são constituídas pelos

concelhos de Mértola e Alcoutim, com decréscimos populacionais superiores a 50%.

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Da análise comparativa entre o comportamento demográfico dos lugares englobados pela

bacia e das freguesias em que se inserem, no caso em que a totalidade da freguesia não é

abrangida pela bacia, verifica-se que as zonas em que se verifica um desvio positivo, para a área

da bacia, são as seguintes: Almodôvar (inclui a sede do concelho), Assunção (inclui também a

sede do concelho - Arronches), Albernôa, Santa Clara de Louredo, Santiago Maior e S. João

Baptista (estas duas últimas também englobando a cidade de Beja), Matriz, Orada e Rio de

Moinhos, em Borba, Castro Verde (correspondendo à sede do concelho), Cuba e Faro do

Alentejo, no concelho de Cuba, Barbacena e Terrugem, em Elvas, Evoramonte, em Estremoz, S.

Bento do Mato, S. Manços e Torre de Coelheiros, em Évora, Monte Trigo e Portel, em Portel,

Redondo e Vila de Frades, na Vidigueira. Confirma-se, deste modo, que sempre que os

principais centros urbanos estão fora da bacia, a evolução nesta é mais recessiva que no conjunto

da respectiva freguesia.

A população residente na área da bacia - tem também vindo a perder importância relativa no

conjunto dos concelhos em que se insere. Assim, em 1991, representava 53% do total dos

concelhos, contra 55% em 1981 e 60% em 1960.

Tal facto traduz, mais uma vez, a circunstância de, em certos concelhos, as localidades mais

dinâmicas se situarem fora da área da bacia, como sucede nos concelhos algarvios - Loulé, S.

Brás de Alportel, Castro Marim, Tavira e Vila Real de Santo António - e em Évora e Portalegre,

concelhos em que a sede também não está abrangida pela bacia.

Do que acima ficou dito, pode-se concluir que a bacia do Guadiana se caracteriza por uma

zona demograficamente recessiva, embora com alguns pólos, muito pontuais, de potencial

atracção e crescimento.

3.3.1.2 População Flutuante

A estimativa da população flutuante (em habitantes equivalente/ano) baseou-se no

levantamento das residências de uso sazonal e com ocupação ausente (caso dos emigrantes) e na

ocupação turística, reportados ao ano de 1991. O valor assim estimado para a população

flutuante na bacia do Guadiana é de 6 639 habitantes equivalente/ano. Este valor é bastante

modesto, o que já era de esperar dadas as características geográficas e sócio-económicas da

bacia.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

72/367

Concelho População Flutuante

Estimada para 1997 (hab.)

Alandroal 106 Alcoutim 126 Almodôvar 46 Arronches 24 Barrancos 78 Beja 406 Borba 58 Campo Maior 183 Castro Marim 687 Castro Verde 98 Cuba 42 Elvas 404 Estremoz 0 Évora 94 Loulé 378 Mértola 288 Moura 401 Mourão 60 Ourique 1 Portalegre 37 Portel 69 Redondo 73 Reguengos de Monsaraz 124 São Brás de Alportel 13 Serpa 378 Tavira 113 Vidigueira 76 Vila Real de Santo António 2154 Vila Viçosa 122 TOTAL 6639

Os concelhos integrados na bacia e situados na zona Algarvia mais próximos da costa - Castro

Marim e Vila Real de Stº António - são, naturalmente, os que apresentam maiores efectivos de

população flutuante. Seguem-se os concelhos que têm um maior número de população residente

na bacia: Beja, Elvas, Moura e Serpa.

3.3.1.3 Distribuição Espacial

O tipo de povoamento desta área varia sensivelmente de zona para zona, havendo partes em

que o povoamento é do tipo concentrado e outras em que existe um apreciável grau de dispersão.

Page 81: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

73/367

Para uma mais correcta avaliação do grau de dispersão do povoamento calcularam-se os Índices de Dispersão de Demangeon para os diversos concelhos com território dentro da bacia do Guadiana.

População Residente Nº Lugares Índice Concelho

Total Na Sede Fora da Sede sem ser Sede Dispersão Barrancos 2052 1998 54 1 0,0 Campo Maior 8535 7135 1400 6 1,0 Mourão 3273 1877 1396 3 1,3 Cuba 5494 3326 2168 4 1,6 Vidigueira 6305 2723 3582 5 2,8 Vila Viçosa 9068 5048 4020 9 4,0 Portel 7525 2683 4842 7 4,5 Moura 17549 8279 9270 9 4,8 Arronches 3677 1899 1778 12 5,8 Redondo 7948 3656 4292 12 6,5 Serpa 17915 4832 13083 10 7,3 Vila Real de Santo António 14400 8151 6249 17 7,4 Borba 8254 4104 4150 17 8,5 Arraiolos 8207 2336 5871 12 8,6 Portalegre 26111 15383 10728 21 8,6 Reguengos de Monsaraz 11401 5214 6187 18 9,8 Castro Verde 7762 3423 4339 21 11,7 Alandroal 7347 1373 5974 17 13,8 Ourique 6597 1360 5237 20 15,9 Elvas 24474 13190 11284 35 16,1 Beja 35827 19212 16615 35 16,2 Évora 53754 38005 15749 58 17,0 Estremoz 15461 6746 8715 42 23,7 S. Brás de Alportel 7526 2763 4763 40 25,3 Almodôvar 8999 2641 6358 51 36,0 Castro Marim 6803 1398 5405 55 43,7 Alcoutim 4571 405 4166 66 60,2 Tavira 24857 8892 15965 109 70,0 Mértola 9805 1225 8580 104 91,0 Loulé 46585 9105 37480 228 183,4

Índice de Dispersão de Demangeon (1991)

Como se pode verificar, a concentração populacional é sobretudo acentuada nos concelhos do

Alentejo Central e Norte Alentejano.

Por seu lado, os únicos lugares com mais de 5 000 habitantes são Beja, Campo Maior, Elvas,

Moura, Reguengos de Monsaraz, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa. Refira-se que Serpa,

que em 1960 tinha mais de 5 000 habitantes, desceu para valores inferiores a esse limiar em

1991.

Page 82: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

74/367

Em contrapartida, as zonas com maior grau de dispersão populacional localizam-se no interior

do Baixo Alentejo - Almodôvar e Mértola - e no Sotavento Algarvio - Castro Marim, Alcoutim,

Tavira e Loulé.

Contudo, é visível uma generalizada tendência para um aumento progressivo do grau de

concentração nos centros urbanos de maior dimensão.

Efectivamente, no período 1960/1991, assistiu-se a uma alteração significativa do padrão de

distribuição espacial da população, que se traduziu no abandono dos aglomerados de menores

dimensões em favor dos centros mais dinâmicos.

A variação do número de lugares com mais de 50 habitantes, entre 1960 e 1991, reflecte

claramente esta tendência. Assim, este valor passou de 539, em 1960, para 318, em 1991. Em

contrapartida, o número de habitantes a residir em lugares de mais de 50 habitantes aumentou de

82,6% para 89,5%, respectivamente em 1960 e 1991:

1960 1991

Lugares com mais de 50 habitantes 539 318

População a residir em lugares de mais de 50 habitantes 82,6% 89,5%

% de população residente

Dimensão dos lugares 1960 1991

Menos de 100 habitantes 21,3% 14,6%

100 a 500 habitantes 14,3% 12,8%

500 a 1000 habitantes 7,2% 11,0%

1000 a 5000 habitantes 38,5% 31,7%

> 5000 habitantes 18,6% 30,3%

Por seu lado, a distribuição da população pelos lugares, em função da sua dimensão, reforça

esta ideia.

Da análise da tabela anterior, é possível concluir-se pelo acentuado movimento de

concentração populacional nos centros com 500 e mais habitantes e, sobretudo, nos de mais de

5000 habitantes.

Refira-se que os 30% de habitantes que residiam, em 1991, em centros urbanos com dimensão

superior a 5 000 habitantes se distribuíam por, unicamente, 7 localidades - Beja, Campo Maior,

Elvas, Moura, Reguengos de Monsaraz, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa. Estas

localidades, à excepção de Vila Viçosa, eram igualmente as únicas que, em 1960, concentravam

mais de 5000 habitantes. Nessa data, Serpa também estava incluída nesse grupo, tendo,

Page 83: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

75/367

posteriormente, perdido população.

3.3.2 Actividades económicas

3.3.2.1 Análise sectorial

Sector Primário

Cerca de 25% do número total de empresas na bacia do Guadiana pertencem ao sector

primário e, por sua vez, destas, cerca de 96% pertencem ao sector A (Agricultura, Caça,

Silvicultura, Pecuária, Floresta), Figura 3.3-2.

Também cerca de 70% do pessoal ao serviço no sector primário está neste sector. A zona do

Alentejo representa, por sua vez, quase 70% dos efectivos totais do sector A na bacia.

Já a variável "Vendas" nos dá informação bem distinta das duas variáveis anteriores. O

primeiro sector da bacia do Guadiana - com mais de 70% do total - é a "Indústria Extractiva",

que se localiza maioritariamente na zona do Alentejo.

São os sectores 11 (Agricultura) e 13 (Actividades Associadas à Agricultura e Produção

Animal) os que assinalam maior especialização produtiva regional. Face ao conjunto do País, a

bacia do Guadiana assinala especialização em todos os sectores do Primário, à excepção dos

sectores 12 (Produção Animal) e 20 (Silvicultura e Exploração Florestal).

As pescas (Sector B) têm destaque nos concelhos algarvios, em especial nos concelhos de

Castro Marim e Vila Real de Santo António, naturalmente, uma vez que são os que se situam

mais próximo da costa.

A Indústria Extractiva (Sector C) é o principal sector da bacia em termos de vendas,

exportação e especialização. Assinala-se a concentração produtiva nos concelhos de Castro

Verde (cobre e estanho) e Vila Viçosa (mármores).

Sector Secundário

O número de empresas, o emprego e as vendas do sector secundário na bacia do Guadiana

têm valores baixos, confirmando a sua fraca vocação industrial, Figura 3.3-2,

O principal sub-sector é, sem dúvida, o das "Indústrias Alimentares e de Bebidas" (cerca de

40% do número total de empresas, 50% dos activos e 65% das vendas).

De destacar na região algarvia o peso das empresas de construção (cerca de 10% do total),

indiciando ligação à actividade turística.

Page 84: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

76/367

Também aqui temos uma estrutura empresarial onde predominam as PME, à excepção do

sub-sector de "Pasta para Papel e Cartão", onde temos uma única unidade fabril de grandes

dimensões, localizada no concelho de Mourão.

No sector secundário o sector das "Indústrias de Alimentação e Bebidas" é dominante.

Sector Terciário

O Comércio é a actividade dominante em termos de número de empresas (cerca de 32% do

total), de pessoal ao serviço (22%) e de vendas (42%), Figura 3.3-2.

Também aqui estamos no domínio das PME, embora sectores como as "Actividades

Financeiras" (54 trabalhadores/empresa) ou os "Transportes e Armazenagem" (20

trabalhadores/empresa) apresentem dimensões razoáveis.

Com destaque na região do Algarve tem-se o sector de "Alojamento e Restauração" (21% das

empresas). Em compensação, não se localizam aqui nenhumas "empresas" de "Administração

Pública/Defesa" (Sector L).

A maior especialização relativa da bacia do Guadiana dá-se precisamente no sector de

"Administração Pública/Defesa" relativamente aos indicadores número de empresas, emprego e

vendas.

Destaca-se o concelho de Portel no sector de "Transportes e Armazenagem" e de nas

"Actividades Imobiliárias e de Aluguer".

Distribuição da População Activa e Volume de Vendas

Na Bacia do Guadiana o pessoal de serviço representa menos do que 1,5% do pessoal de

serviço do Continente, o que traduz a situação menos favorável em termos relativos da inserção

da população numa economia menos pujante. O volume de vendas na bacia representa 0,7% do

volume de vendas no Continente.

Por outro lado, em qualquer dos casos os sectores primário e secundário representam

praticamente 50% dos totias na bacia, demonstrando serem os sectores mais relevantes em

termos económicos.

Em termos sub-regionais a UHP7, que integra o triângulo Vidigueira-Serpa-Castro Verde,

centrado em Beja, destaca-se claramente das restantes 10 UHP’s da bacia, com valores da ordem

dos 30% do total dos factores indicados para abacia.

Nas tabelas seguintes apresenta-se a distribuição por UHP, tanto de pessoal ao serviço como

do volume de vendas.

Page 85: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Vendas por Empresa (Sectores A-Q) Valores em contos - Dados de 1996

Sector Económico

Primário Secundário Terciário

CAE Rev.2 A B C D E F G H I J K L M N O Q TOTAL

Uni

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Saúd

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Soc

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Outro

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Orga

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Inter

nacio

nais

UHP 01 1.656 0 0 23.713 0 907 33.869 1.598 703 608 398 0 42 367 143 0 64.004

UHP 02 2.515 0 5.433 8.922 0 528 8.508 672 179 416 215 0 147 273 54 0 27.862

UHP 03 4.765 0 22 7.397 0 1.316 11.035 777 142 393 301 17 155 377 275 0 26.972

UHP 04 255 0 3 4.407 0 71 343 16 1 36 6 0 1 25 3 0 5.167

UHP 05 647 0 40 4.225 0 259 3.305 225 59 483 82 0 11 18 37 0 9.391

UHP 06 391 0 0 507 0 60 1.338 94 13 765 29 14 3 22 2 0 3.238

UHP 07 4.731 0 28.858 6.704 0 1.828 38.653 1.638 239 3.045 951 70 185 779 279 0 87.960

UHP 08 240 0 0 320 0 50 966 79 3 467 18 0 1 5 0 0 2.149

UHP 09 518 0 6.769 476 0 134 2.182 127 43 0 67 0 5 21 8 0 10.350

UHP 10 1.035 6 7 567 6 608 3.110 980 90 175 486 0 24 54 176 0 7.324

UHP 11 57 168 0 3.997 0 1.332 4.713 1.978 253 243 568 0 3 68 41 0 13.421

TOTAL Bacia

Guadiana

16.810 174 41.132 61.235 6 7.093 108.022 8.184 1.725 6.631 3.121 101 577 2.009 1.018 0 257.838

TOTAL Continente

278.484 28.893 163.192 8.719.968 1.075.248 1.979.442 10.278.325 5.833.880 1.502.384 3.664.730 1.021.516 1.591 102.791 183.279 250.861 0 35.084.584

Page 86: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

78/367

Pessoal ao Serviço (Sectores A-Q)

Sector Económico

Primário Secundário Terciário

CAE Rev.2 A B C D E F G H I J K L M N O Q TOTAL

Uni

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nacio

nais

UHP 01 665 1 62 1.290 34 443 1.461 542 129 189 124 0 101 322 149 0 5.512

UHP 02 649 0 1.240 1.193 18 256 689 221 43 109 59 0 41 231 88 0 4.837

UHP 03 1.637 0 19 873 24 259 685 224 147 133 180 29 45 178 73 0 4.506

UHP 04 142 0 1 239 2 18 27 6 5 16 5 2 1 33 1 0 498

UHP 05 278 0 9 271 23 110 315 79 30 64 20 9 8 62 14 0 1.292

UHP 06 183 0 1 47 2 31 85 24 7 13 4 6 3 23 1 0 430

UHP 07 1.218 0 683 848 144 604 2.612 625 385 319 354 42 172 613 153 0 8.772

UHP 08 145 0 1 34 2 29 68 24 4 10 3 0 2 26 0 0 348

UHP 09 158 0 158 77 5 88 139 60 11 21 12 0 8 65 3 0 805

UHP 10 234 5 6 132 8 117 200 192 25 36 74 0 12 75 29 0 1.145

UHP 11 36 92 14 363 17 162 390 525 110 80 55 0 4 100 94 0 2.042

TOTAL Bacia

Guadiana

5.345 98 2.194 5.367 279 2.117 6.671 2.522 896 990 890 88 397 1.728 605 0 30.187

TOTAL Continente

40.060 4.492 11.578 796.601 17.378 207.099 439.589 137.163 127.785 83.760 133.520 2.541 37.697 63.584 48.062 19 2.150.928

Page 87: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

79/367

3.3.2.2 Agricultura – Regadio

Na bacia do Guadiana predomina a agricultura de sequeiro, de carácter extensivo, ocupando

cerca de 98% dos espaços agrícolas, enquanto na zona sujeita a regadio, cerca de 2% dos espaços

agrícolas, pratica-se uma agricultura do tipo intensivo, sendo as principais culturas praticadas o

milho, arroz, trigo, pomares e girassol.

A área equipada para rega na bacia do Guadiana ascende a cerca de 30 000 ha, dos quais

pouco mais de 10 000 ha respeitam a regadios públicos e os remanescentes 20 000 ha são de

natureza privada. Sublinhe-se que da área equipada nos regadios públicos a área efectivamente

regada é na ordem dos 7 100 ha.

Das necessidades da água identificadas em Portugal e Espanha uma percentagem muito

significativa (superior a 90%) está ligada à actividade agrícola: basta este dado para que o sector

primário, em geral e a actividade agrícola, em particular, ganhe importância primordial nesta

caracterização económica. Acresce que a bacia do rio Guadiana tem a agricultura como

actividade económica principal.

Nestes termos e numa perspectiva de gestão da água na bacia do rio Guadiana, os dados da

região do Alentejo e, muito em particular, os dados relativos ao seu sector A (Agricultura, Caça,

Silvicultura, Exploração Florestal e Sectores Afins), representam o essencial da questão.

O sub-sector 11 (Agricultura) representa cerca de 50% do número total de empresas da bacia

do Guadiana, sendo assim, sem sombra para dúvida, o mais importante dentro das actividades

primárias. Cerca de 94% das empresas agrícolas localiza-se na região do Alentejo. Este sub-

sector representa cerca de 50% do emprego primário total da bacia do Guadiana, confirmando o

seu peso decisivo na área em estudo. Quase 95% dos empregos na agricultura estão no Alentejo.

De referir ainda que este sub-sector representa cerca de 45% das vendas totais do sector primário

na bacia, confirmando o seu peso decisivo na área em estudo. Mais de 90% das vendas agrícolas

tem origem no Alentejo.

O sub-sector 13 (Actividades Associadas à Agricultura e Produção Animal) é o segundo sub-

sector mais representado na bacia, com quase 40% do número total de empresas, as quais se

localizam na quase totalidade no Alentejo (401 empresas em 403). É o segundo sub-sector mais

representado na bacia, com 40% do emprego total alentejano quase a 100%. Este sub-sector é

também o segundo sub-sector mais representado na bacia, com quase 40% das vendas,

alentejanas em mais de 80%.

É pois nos sectores 11 e 13 que, no conjunto dos concelhos - na parte abrangida pela bacia -

se verifica uma maior concentração em termos do sector A.

Page 88: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

80/367

A bacia do rio Guadiana é uma das regiões menos habitadas do país e tem a actividade

agrícola como principal consumidora de recursos hídricos na actualidade, perspectivando-se a

sua intensificação a curto e médio prazo.

De entre as actividades do sector A, a Agricultura, as Actividades Associadas à Agricultura e

Produção Animal são as que indiciam maior capacidade de crescimento na área da bacia do

Guadiana. Uma gestão eficiente do consumo de água deverá, obviamente, estar atenta a estas

conclusões.

3.3.2.3 Indústria Transformadora – Sectores Relevantes para os Recursos Hídricos

Os concelhos da bacia do Guadiana com especialização relativa face ao País, em termos de

indústria transformadora, são os seguintes: Mourão, Portalegre, Campo Maior, Redondo, São

Brás de Alportel, Vila Viçosa e Vila Real de Stº António.

O número de empresas da Indústria Transformadora tem reduzida expressão na área da bacia

do rio Guadiana, confirmando a sua fraca vocação industrial. Do conjunto do Continente, apenas

1.2% das empresas da Indústria Transformadora se localizam no Alentejo e 0.1% no Algarve.

Destacam-se as Indústrias Alimentares e de Bebidas (sector 15) – em relação ao total de

empresas da Indústria Transformadora da bacia, 38.7% são empresas pertencentes a este sector.

De salientar ainda a "Fabricação de Produtos Metalúrgicos, Máquinas e Equipamentos"

(sector 28), com 18.2% do total de empresas na bacia e a "Fabricação de Produtos Mineiros"

(sector 26), com 17.5%.

Em termos de concelhos, destacam-se Beja, Vila Viçosa e Reguengos de Monsaraz,

respectivamente com 58, 46 e 39 empresas do sector de Indústria Transformadora na bacia,

sobretudo Indústrias Alimentares e de Bebidas (sector 15).

Considerando apenas a Indústria Transformadora, o sector que apresenta empresas de maior

dimensão é o da "Fabricação de Pasta para Papel e Cartão" (sector 21). Este facto deve-se

exclusivamente à existência de uma empresa de "grande dimensão" no Concelho de Mourão, que

distorce a análise. A "Fabricação de Produtos Químicos" (sector 24), com uma dimensão média

de 24 trabalhadores por empresas, constitui uma outra excepção à regra de "micro-empresas" na

bacia. Os concelhos de Alandroal e Mourão são aqueles que assinalam menor número de

empresas industriais e nos quais é maior a dimensão média das empresas.

Do conjunto de pessoal ao serviço na bacia, 17.8% trabalham na Indústria Transformadora

(sector D), com destaque para as Indústrias Alimentares e de Bebidas (sector 15), com 48.24%

do total de pessoal ao serviço na Indústria Transformadora.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Na bacia do Guadiana, 24.9% das vendas totais registaram-se na Indústria Transformadora,

destacando-se a Indústria Alimentar e de Bebidas com 64.2% do total de vendas. O concelho de

Campo Maior sobressai com 28.6% do total de vendas da Indústria Transformadora da bacia. As

Indústrias Alimentares e de Bebidas registaram 44.2% do volume de vendas da Indústria

Transformadora do concelho.

3.3.2.4 Indústria – Energia Hidroeléctrica

Para toda a bacia do Guadiana, apenas na barragem do Caia existe uma central hidroeléctrica,

que funciona em complemento às restantes utilizações de água (abastecimento de água para rega

e para fins domésticos - concelhos de Campo Maior e Elvas), Figura 3.3 –3.

No Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, obra de grande envergadura de fins

múltiplos, para além do abastecimento de água, a componente hidroeléctrica terá importância

significativa e será constituída por uma central a equipar com dois grupos turbina-bomba de

2X120 MVA, e por uma barragem de contra-embalse a jusante, localizada no Pedrogão que

permitirá, também, a produção hidroeléctrica por turbinamento dos caudais ambientais e caudais

garantidos, necessários a jusante (Figura 3.3 –3).

3.3.2.5 Turismo, Recreio e Lazer

Algumas actividades relacionadas com o turismo, tais como a hotelaria e a gastronomia

começam actualmente a destacar-se no âmbito da especialização regional.

O sub-sector da restauração (que além de hoteis e pousadas, inclui restaurantes, cafés e

tabernas, estas últimas representando em muitas localidades quase o único comércio

representativo) é muito diversificado, incluindo unidades de qualidade e de procura

extremamente diversificada.

A hotelaria concentra-se sobretudo em Évora, onde encontramos unidades de maior

dimensão, bem como em Beja e Portalegre (ainda que em menor grau). Por outro lado, assiste-se

à proliferação de pequenas unidades turísticas, de qualidade, orientadas para segmentos de

mercado de elevado poder de compra (caça, equinocultura, enoturismo, história regional).

Mas o turismo da bacia do Guadiana não é apenas turismo rural: há que não esquecer o litoral

algarvio que apresenta potencialidades para o turismo balnear. Neste caso, a aposta deverá ser no

sentido de uma maior qualidade do serviço prestado e na diferenciação do "tipo" de produto

turístico vendido.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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O turismo manter-se-á a vocação regional algarvia, vindo apenas a desenvolver-se de forma

subsidiária algumas actividades de serviços.

Só muito recentemente se têm vindo a manifestar preocupações com o ordenamento do

território, o ambiente e o turismo de qualidade. Tal evolução vem, curiosamente, beneficiar o

Sotavento Algarvio que, por não ter sido, até agora, uma área preferencial de localização turística

mantém níveis de qualidade ambiental e de preservação da natureza elevados. Assim, para o tipo

de turismo adequado ao desenvolvimento sustentável que se pretende para o futuro, o Sotavento

perfila-se com excelentes potencialidades.

Em virtude da importante actividade turística no Algarve, o sector "Alojamento e

Restauração" (sector H) detém 21.3% das empresas totais existentes na região algarvia da bacia,

valor que na zona alentejana da bacia é de apenas 10.7 valores percentuais. O número de

empresas turísticas é de 480 (11.8% na bacia do Guadiana).

Verifica-se que as Câmaras Municipais dos concelhos integrantes da bacia do Guadiana

afectam uma pequena parte dos seus recursos em actividades sócio-culturais (média de 8.4% das

despesas totais). Nos concelhos de Alandroal, Borba e Loulé, as despesas totais neste tipo de

actividades foram bastante reduzidas em 1996: respectivamente, 0.7%, 1.9% e 1.8% das

despesas totais do Município.

De referir o caso de Loulé, que, como mencionado, é um dos concelhos com maior número de

publicações de Imprensa, de estações emissoras de radiodifusão sonora, de espectáculos

públicos, bibliotecas e museus. Todavia, as despesas locais em actividades sócio-culturais são

diminutas neste concelho.

Os concelhos que dispendem de maiores recursos financeiros neste tipo de actividades são:

Portalegre (17.5% das despesas locais), Évora (15.6%), Castro Verde (13.3%) e São Brás de

Alportel (13.2%).

Interessa referir que os Jogos e Desportos, as Artes Cénicas e a Música absorvem o grosso das

despesas locais em actividades sócio-culturais. Se bem que estas actividades tenham expressão

variável entre os concelhos da bacia e quase sempre com expressão pouco significativa, na

actualidade, as mesmas são importantes factores de atracção turística com grandes

potencialidades em termos futuros, dada a sua representatividade a respeito da identidade e dos

valores culturais das populações locais.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

83/367

3.4 Necessidades de Água, Utilizações e Ocupações do Domínio Hídrico

3.4.1 Utilizações Consumptivas

3.4.1.1 Necessidades para Abastecimento Urbano

As necessidades totais para abastecimento urbano na bacia do Guadiana em 1997 (ano de

referência) foram estimadas em 15,2 hm3, dos quais 9,2 hm3 correspondem a consumos. Face às

necessidades totais da bacia para abastecimento urbano, industrial e para a agricultura, a parcela

relativa ao abastecimento urbano é pouco significativa – cerca de 9%.

Às necessidades totais de água corresponde o volume de água captado na origem para

abastecer a população servida com rede domiciliária e com fontanário e o volume de água

estimado para satisfazer as necessidades da população isolada.

No cálculo das necessidades totais de água considerou-se a população residente na área do

Plano, quer esta seja servida a partir de origens próprias da bacia ou de fora desta. No caso da

população isolada (não servida por sistemas de abastecimento público) admitiu-se uma capitação

(consumida) de 50 l/hab.dia e 20% de perdas.

Verificou-se que cerca de 18% das necessidades (de água captada) - 2,67 hm3 - da população

residente na bacia do Guadiana são supridas a partir de recursos hídricos com origem na bacia do

Sado: 16% - 2,35 hm3 - que são alimentadas a partir da albufeira do Roxo (que assegura o

abastecimento a cerca de 90% da população do concelho de Beja na bacia - cerca de 27 000

habitantes) e perto de 2% - 0,32 hm3 - asseguradas através da albufeira de Monte da Rocha (que

assegura o abastecimento de 55% da população do concelho de Castro Verde na bacia - cerca de

4 000 habitantes).

Numa situação inversa, tem-se grande parte da população, dos concelhos de Évora (43 000

habitantes) e Portalegre (19 000 habitantes), situada fora da bacia do Guadiana e a ser abastecida

com recursos hídricos próprios desta bacia.

Presentemente (ano 2001) encontram-se igualmente nesta situação grande parte dos concelhos

de Loulé, S. Brás de Alportel e Tavira, cujas áreas fora dos limites da bacia estão a ser

abastecidas pelo Sistema do Sotavento Algarvio (as origens deste sistema de abastecimento são

as albufeiras de Odeleite e Beliche localizadas no concelho de Castro Marim). Os concelhos de

Faro e Olhão, integralmente fora da bacia, estão também a ser, na sua maior parte, abastecidos

pelo Sistema do Sotavento Algarvio.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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O Sistema do Sotavento Algarvio foi dimensionado para beneficiar uma população de cerca

de 486 000 habitantes (185 000 residentes e 301 000 da população flutuante), o que corresponde

a um volume de água captado na bacia do Guadiana de aproximadamente 29,2 hm3/ano. Destes,

uma pequena percentagem é para abastecer população residente na bacia, uma vez que parte dos

concelhos de Castro Marim e de Vila Real de Stº António também são beneficiados pelo Sistema

do Sotavento Algarvio.

Actualmente (ano 2001), a população da bacia já é abastecida maioritariamente por águas de

origem superficial. As principais origens superficiais são as albufeiras de:

• Alvito, na bacia do Sado (serve os concelhos de Cuba, Portel e Vidigueira - desde 1999);

• Ardila (açude, onde se capta água para abastecer parte do concelho de Moura);

• Boavista e Montes Clérigos (servem a povoação de Almodôvar);

• Bufo (serve o concelho de Barrancos);

• Caia (serve parte dos concelhos de Campo Maior e Elvas);

• Enxoé (serve parte dos concelhos de Serpa e Mértola, desde 1999);

• Monte Novo (serve parte do concelho de Évora);

• Monte da Rocha, na bacia do Sado (serve parte do concelho de Castro Verde);

• Odeleite-Beliche (Sistema do Sotavento Algarvio, serve desde 1999 parte dos concelhos de

Castro Marim e Vila Real de Stº António);

• Santa Clara, na bacia do Mira (abastece algumas localidades dos concelhos de Almodôvar

e Castro Verde a partir da conduta de abastecimento à SOMINCOR);

• Vigia (abastece parte dos concelhos de Redondo e Reguengos de Monsaraz);

• Roxo, na bacia do Sado (serve parte do concelho de Beja).

O volume captado em albufeiras para consumo na bacia é estimado em 8,5 hm3

(representando cerca de 55% do volume total captado para abastecimento doméstico), dos quais

cerca de 3 hm3 são captados na bacia do Sado através nas albufeiras do Alvito, Monte da Rocha

e Roxo.

O domínio das origens superficiais para abastecimento doméstico será ainda mais consolidado

com a entrada em funcionamento de novos sistemas projectados no âmbito do Plano Estratégico

de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR) com origem em:

• albufeira da Apartadura, localizada na bacia do Tejo, e que funcionará como origem de

reforço ao concelho de Portalegre;

• albufeira de Alcoutim, que abastecerá a povoação de Alcoutim,

com o funcionamento em pleno de sistemas recentes:

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• albufeira do Enxoé, que abastecerá os concelhos de Mértola (70%) e Serpa (100%),

e com o reforço a sistemas existentes a partir de:

• albufeira de Alqueva de onde será derivada água para a albufeira do Roxo, na bacia do

Sado.

Actualmente, e nos casos das albufeiras de fins múltiplos, os volumes de água superficial

regularizados não permitem satisfazer, por falta de gestão orientada e preventiva de situações de

conflito ou por excessivas perdas de água, as necessidades de água dos diversos utilizadores com

níveis de garantia adequados. Aliás, a satisfação de necessidades de água para abastecimento a

partir das albufeiras existentes gera situações de conflito com outros usos, em particular a

agricultura (as associações de agricultores são actualmente as entidades gestoras dos

aproveitamentos hidroagrícolas existentes na bacia que fornecem água para abastecimento

urbano - os principais são o do Caia e o da Vigia).

A globalidade dos sistemas de abastecimento na bacia apresentam uma média de 40% de

perdas (em relação aos volumes captados). De acordo com a informação recolhida, os valores

médios mínimos registaram-se nos concelhos de Arronches e Campo Maior, com 12% de perdas,

enquanto os concelhos de Alandroal, Moura, Castro Marim, Reguengos de Monsaraz e são Brás

de Alportel apresentam os valores médios mais altos, variando entre 51% e 60%.

A capitação média na bacia é de 124 l/hab.dia, ocorrendo os valores mais baixos nos

concelhos de Almodôvar, Évora, Mértola, Portel e Serpa (com valores aproximadamente entre

90 l/hab.dia e 100 l/hab.dia) e os mais altos nos concelhos de Alcoutim, Arronches, Beja, Borba,

Castro Marim, Tavira e Vila Viçosa (cerca de 150 l/hab.dia). Note-se que as capitações médias

foram calculadas tendo por base o consumo total dividido pela população residente, e, portanto,

reflectem necessariamente a existência de população flutuante.

Não se pode deixar de colocar sérias reservas ao rigor dos valores dos consumos, pelo facto

de os critérios de avaliação dos consumos variarem de município para município: uma parte da

água consumida não é facturada (não sendo portanto cobrada); por outro lado, as perdas na

adução e distribuição, de forma geral, são apenas arbitradas, visto que raramente é contado o

caudal captado e aduzido. Refere-se ainda o facto de o nível de confiança dos contadores ser, em

geral, baixo.

3.4.1.2 Necessidades para Abastecimento Industrial

As necessidades totais de água correspondem à soma dos volumes consumidos ou a partir da

rede pública de distribuição, ou captados directamente em albufeiras e rios (água de origem

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superficial) ou em furos ou poços (água de origem subterrânea) ou estimados (estes últimos

correspondem às indústrias para as quais os dados reais de consumos não foram

disponibilizados).

As necessidades totais avaliadas para o consumo industrial na bacia são de cerca de 3,4 hm3,

valor inferior em cerca de cinco vezes às necessidades totais para abastecimento doméstico. No

conjunto das necessidades totais da bacia para abastecimento doméstico, industrial e para a

agricultura, a parcela relativa à indústria é pouco significativa - cerca de 2%.

Verificou-se que a parcela relativa ao volume de água captado directamente em albufeiras

(1,8 hm3) constituindo cerca de 50% dos consumos industriais totais da bacia no ano de 1997

corresponde unicamente à indústria extractiva de minérios metálicos sediada no concelho de

Castro Verde. De notar, porém, que este volume de água é transferido da bacia do Mira

(barragem de Santa Clara). O volume de água captado directamente em rios (0,6 hm3) representa

aproximadamente 20% dos consumos industriais totais e corresponde também a uma única

unidade industrial: a fábrica de papel reciclado localizada no concelho de Mourão, que capta

água directamente do rio Guadiana. Assim, ao todo, as origens superficiais respondem a 70% dos

consumos médios totais estimadas para o ano de 1997.

Apresentam-se na tabela seguinte os consumos médios de água por tipo de indústria e por

origem de água.

Código Tipo de Indústria

Con

sum

o m

édio

es

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o de

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3 /ano

)

Con

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o m

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água

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poço

(m

3 /ano

)

Con

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édio

tota

l (m

3 /ano

)

2 Lagares 23 561 13 022 0 0 24 408 16 622 77612,23

3 Suinicultura 217 655 0 0 0 0 3 000 220655

4 Bovinicultura 35 179 0 0 0 0 3 000 38179

5 Aviário 621 5 475 0 0 8 655 72 14823

6 Adega; Produção de Vinhos

Comuns Licorosos

446 2 407 0 0 120 151 160 154132

7 Agro-alimentares 394 562 5 319 0 0 1 571 86 118 487570

8 Indústrias extractivas 0 0 0 1 804 000 0 0 1804000

9 Confecção de Artigos de

Vestuário e Couro

0 1 860 0 0 2 305 825 4990

10 Papel; Fabricação de Papel e

Cartão Canelados (incl.)

0 0 600 000 0 0 0 600000

TOTAL 672 024 2 808 600 000 1 804 000 3 705 260 797 34019

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O consumo anual de água pelas indústrias da bacia do Guadiana é de 3.4 hm3, dos quais 53%

(valores de 1997) correspondem ao consumo da SOMINCOR (indústria mineira), no concelho de

Castro Verde, e cuja origem se situa fora da bacia do Guadiana, designadamente na bacia do

Mira (albufeira de Santa Clara).

Por sua vez, a dupla de empresas formada pela referida SOMINCOR e pela fábrica da

RECICLA da PORTUCEL, em Mourão, consome 71% (valores de 1997) do total da bacia do

Guadiana no âmbito industrial. Tratam-se de facto das duas maiores unidades industriais da

bacia, e que se revestem duma dimensão regional.

Na tabela que se segue indicam-se os consumos médios de água por concelho e por origem.

Concelho

Con

sum

o m

édio

es

timad

o de

águ

a (m

3 /ano

)

Con

sum

o m

édio

de

ág

ua r

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públ

ica

(m3 /a

no)

Con

suno

méd

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e ág

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rf.-r

io

(m3 /a

no

Con

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Con

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bter

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(m3 /a

no)

Con

sum

o m

édio

to

tal

(m3 /a

no)

Alandroal 45612 2550 0 608 7000 55770 Alcoutim 7031 0 0 0 0 7031 Almodôvar 3131 0 0 0 0 3131 Arraiolos 407 0 0 0 0 407 Arronches 4758 435 0 0 0 5193 Barrandos 2282 0 0 0 450 2732 Beja 74429 5655 0 6315 60 86459 Borba 48141 6250 0 11736 152072 218199 Campo maior 25182 192 0 60 5400 30834 Castro Marim 37068 0 0 0 0 37068 Castro Verde 2697 0 1804000 0 0 1806697 Cuba 29945 0 0 0 0 29945 Elvas 19135 0 0 6755 4121 30010 Évora 34374 1040 0 342 0 35756 Loulé 1245 0 0 0 0 1245 Mértola 90020 0 0 0 30 90050 Moura 118296 59 0 140 150 118645 Mourão 3448 500 60000 0 0 0 603948 Portalegre 1533 253 0 434 1518 3738 Portel 6163 1300 0 870 0 8333 Redondo 42429 4860 0 4480 1625 53394 Reguengos de Monsaraz 31605 594 0 144 1000 33343 São Brás de Alportel 257 0 0 0 0 257 Serpa 22199 76 0 3794 157 26226 Vidigueira 4469 3470 0 710 1000 9649 Vila Real de Santo António 2141 219 0 371 85914 88645 Vila Viçosa 14026 630 0 300 300 15256 TOTAL 672024 28083 60000 1804000 37059 260797 3401962

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Os consumos industriais ainda têm algum significado, por ordem decrescente, nas seguintes

zonas:

• zona dos mármores (concelhos de Borba, Vila Viçosa e Alandroal), com perto de 0.29

hm3/ano;

• zona abrangendo os concelhos de Castro Marim e Vila Real de Stº António, com 0.13

hm3/ano;

• concelho de Moura, com aproximadamente 0.12 hm3/ano;

• concelho de Beja, com 0.09 hm3/ano;

• zona abrangendo os concelhos de Évora e Redondo, com cerca de 0.09 hm3/ano;

• concelho de Mértola, com pouco mais de 0.09 hm3/ano.

As indústrias não consideradas abrangem diversos tipos, destacando-se a indústria da

extracção dos mármores, a indústria do azeite e os matadouros por representarem consumos com

algum significado face à reduzida expressão das restantes no âmbito da bacia. Por extrapolação

dos valores conhecidos, considera-se que o consumo referente à indústria do azeite (Produção e

Refinação) e aos matadouros poderá atingir valores entre 0.3 a 0.5 hm3/ano. Esta estimativa

parcelar é superior a 10% do consumo total de água na bacia para as indústrias com dados

disponíveis, pelo que no futuro deverá ser efectuado o seu levantamento mais preciso.

Por outro lado, não foi possível obter os dados de consumos das indústrias extractivas,

excluindo a SOMINCOR no concelho de Castro Verde, e sendo esta mesma abastecida a partir

da bacia do Mira, como já foi referido.

3.4.1.3 Necessidades para fins agrícolas e pecuários

Necessidades de Água para a Agricultura

As necessidades de água para a agricultura correspondem aos volumes de água necessários

para rega e para a produção pecuária. As necessidades de água para a agricultura foram

estimadas para um ano de referência que foi o de 1997.

Consideraram-se dois tipos de regadios: os regadios colectivos de iniciativa pública

(aproveitamentos hidroagrícolas) e os regadios individuais de iniciativa privada.

Para o primeiro tipo de regadios existe alguma informação disponível sobre o tipo de culturas

praticado, as suas áreas e os consumos de água e que foi disponibilizado pelas Associações de

Beneficiários.

Para os regadios individuais de iniciativa privada, não existe informação sobre os volumes de

água actualmente utilizados na rega. Deste modo, as necessidades de água tiveram de ser

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estimadas com base em dados estatísticos sobre as áreas das culturas regadas e no cálculo das

dotações de rega. Para este efeito utilizou-se a metodologia preconizada pela FAO.

A superfície ocupada pelos regadios individuais de iniciativa privada, no território nacional da

Bacia do rio Guadiana, corresponde aproximadamente a cerca de 19 915 ha, segundo os dados

relativos a 1997 e cuja distribuição se indica na tabela seguinte.

Concelho Área regada

(ha) Alandroal 490,4 Alcoutim 46,2 Aljustrel 5,1 Almodôvar 6,4 Arraiolos 345,7 Arronches 470,3 Barrancos 4,0 Beja 4122,3 Borba 440,3 Campo Maior 332,7 Castro Marim 513,7 Castro Verde 210,8 Cuba 300,0 Elvas 2071,1 Estremoz 29,5 Évora 3299,5 Loulé 131,3 Marvão 1,1 Mértola 100,0 Monforte 126,6 Moura 551,2 Mourão 214,5 Ourique 0,4 Portalegre 312,2 Portel 1337,3 Redondo 197,2 Reguengos de Monsaraz 978,5 S. Brás de Alportel 74,8 Serpa 1867,2 Tavira 203,9 Vidigueira 653,5 Vila Real de Santo António 136,7 Vila Viçosa 340,6 TOTAL (ha) 19915,0

Áreas Regadas nos Regadios Individuais

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Verifica-se que actualmente cerca de 63,8% das áreas dos regadios individuais se concentram

nos Concelhos de Beja, Évora, Elvas, Serpa e Portel.

Os concelhos onde existem maiores áreas regadas são os de Beja e Évora respectivamente

com 20,7% e 16,6% da área total.

Os resultados dos estudos efectuados também permitem concluir que, 69% da área total

regada se encontra ocupada com cereais (trigo), girassol e linho não têxtil. Tratam-se de culturas

cujo principal rendimento vem do subsídio e para as quais se aplicam reduzidas dotações anuais.

As áreas regadas nos diversos regadios colectivos de iniciativa pública (aproveitamentos

hidroagrícolas) actualmente existentes na Bacia do Guadiana no ano de 1997, apresentam-se na

tabela seguinte.

Concelho Aproveitamento Área Regada

(ha) Total (ha)

Elvas Campo Maior

Caia Caia

3063,9 2051,1

- 5115

Alandroal Lucefecit 869 869 Évora Redondo

Vigia Vigia

357,4 795,6

1153

TOTAL - - 7137

Áreas Regadas nos Aproveitamentos Hidroagrícolas em 1997

A área regada em 1997 na totalidade dos Aproveitamentos Hidroagrícolas foi de 7137 ha, dos

quais cerca de 71,7% pertencem ao Caia, integrado nos Concelhos de Elvas e Campo Maior.

As dotações anuais de água para rega representam o volume anual de água que uma

determinada cultura necessita por unidade de superfície, por forma a satisfazer a

evapotranspiração sem ocorrer decréscimo da produção.

Para os regadios individuais de iniciativa privada, foram determinadas as dotações úteis de

água para rega para os diversos tipos de agrupamentos culturais, tendo-se ponderado aqueles

valores por Unidade Homogénea de Planeamento. Os valores obtidos, para o ano médio

apresentam-se na tabela seguinte:

Page 99: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

91/367

Concelho Arroz Cereais de Inverno (Trigo)

Culturas Forrageiras

Oleaginosas (Girassol)

Linho não Têxtil

Milho-grão Hortícolas (Batata)

Prados Temp.

Pomares Citrinos

Citrinos Vinha Olival

Alandroal 1276,7 1673,0 9410,8 7178,5 Alcoutim 6683,0 7505,3 9672,3 7728,5 4999,0 6348,8 Aljustrel 1097,2 6362,8 1763,2 7252,8 5690,2 5119,0 Almodôvar 5833,0 6683,0 7505,3 5874,8 9672,3 7728,5 Arraiolos 8012,5 1114,3 5951,8 1652,2 6370,7 6781,8 7364,4 9190,7 7112,0 5839,6 Arronches 1446,7 5243,6 1614,1 6013,6 4726,0 7986,5 6165,0 5116,0 Barrancos 5808,5 Beja 1086,2 1742,1 6380,8 7111,7 7668,4 9300,9 7028,5 5708,8 Borba 1825,5 5011,6 1481,6 5851,6 6439,5 4382,5 7984,2 7028,5 4642,0 Campo Maior 1435,8 5263,5 1303,9 6202,5 4085,0 5122,0 Castro Marim 1126,4 4782,3 5562,3 5960,0 5140,2 8590,8 6688,5 4439,0 Castro Verde 1097,2 6362,8 1763,2 5721,6 7859,7 9882,3 7645,0 6322,0 Cuba 1086,2 6191,7 1742,1 6380,8 7111,7 9300,9 7028,5 Elvas 7212,2 1337,5 5603,2 1503,5 5922,3 5080,2 6501,5 4321,0 5405,2 Estremoz 1567,2 4932,8 1503,0 5592,8 6129,7 4390,2 7397,2 5591,5 4605,2 Évora 1114,3 5951,8 1652,2 6370,7 6781,8 9190,7 7112,0 5839,6 Loulé 1079,3 1723,9 6683,0 7505,3 9672,3 7728,5 4999,0 6348,8 Marvão 1896,6 5291,8 6061,8 6373,0 4041,6 7282,0 4229,6 Mértola 5512,2 5284,8 9139,1 7028,5 Monforte 1567,2 4932,8 1503,0 5592,8 6129,7 4390,2 7397,2 4605,2 Moura 1016,8 5552,7 1673,5 6040,9 6322,7 9245,7 7098,5 5838,8 Mourão 1276,7 5792,4 1673,0 6632,4 9410,8 7178,5 6018,8 Ourique 7252,8 7859,7 Portalegre 1896,6 5291,8 6061,8 6373,0 4041,6 7282,0 5362,0 4229,6 Portel 993,6 5556,2 1667,1 6073,8 6326,2 5305,2 9321,8 7219,0 5871,2 Redondo 1114,3 1652,2 6370,7 9190,7 7112,0 5839,6 Reguengos de Monsaraz 1357,4 5784,1 1684,6 6192,6 6614,1 7229,0 9492,5 7275,0 6056,0 S. Brás de Alportel 6683,0 7505,3 9672,3 7728,5 4999,0 6348,8 Serpa 1325,9 5541,9 1582,3 6311,9 6887,8 7494,2 6428,5 4409,0 5438,8 Tavira 5833,0 6683,0 7505,3 9672,3 7728,5 4999,0 6348,8 Vidigueira 1130,6 2004,3 6652,7 7133,8 9300,9 7055,5 4727,0 5730,4 Vila Real de Santo António 5562,3 5960,0 8590,8 6688,5 4439,0 Vila Viçosa 1567,2 4932,8 1503,0 5592,8 6129,7 4390,2 7397,2 5591,5 4605,2

Dotações Úteis de Rega (m3/ha) em Ano Médio (50%)

Page 100: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

92/367

Tendo em consideração as áreas totais regadas, os métodos de rega utilizados, e as suas

eficiências, determinaram-se as dotações e as necessidades totais de água para rega.

Para os regadios de iniciativa privada, e pública, determinaram-se as necessidades totais de

águas para os diversos concelhos, valores que se apresentam na tabela seguinte.

Concelho Regadios

Individuais Regadios

Colectivos Total (%)

Alandroal 3,3 3,3 6,6 4,1 Alcoutim 0,6 0,6 0,4 Aljustrel 0 0 0,0 Almodôvar 0,1 0,1 0,1 Arraiolos 3,2 3,2 2,0 Arronches 2,2 2,2 1,4 Barrancos 0 0 0,0 Beja 14,8 14,8 9,1 Borba 3,5 3,5 2,2 Campo Maior 1,3 23 24,3 15,0 Castro Marim 5,4 5,4 3,3 Castro Verde 1 1 0,6 Cuba 1,2 1,2 0,7 Elvas 6,8 34,3 41,1 25,4 Estremoz 0,2 0,2 0,1 Évora 13,7 1,2 14,9 9,2 Loulé 1,4 1,4 0,9 Marvão 0 0 0,0 Mértola 1,3 1,3 0,8 Monforte 0,5 0,5 0,3 Moura 3,1 3,1 1,9 Mourão 1,3 1,3 0,8 Ourique 0 0 0,0 Portalegre 2,8 2,8 1,7 Portel 5,3 5,3 3,3 Redondo 0,6 2,8 3,4 2,1 Reguengos de Monsaraz 5,1 5,1 3,1 S. Brás de Alportel 0,9 0,9 0,6 Serpa 8,2 8,2 5,1 Tavira 2,4 2,4 1,5 Vidigueira 4 4 2,5 Vila Real de Santo António

1,4 1,4 0,9

Vila Viçosa 1,9 1,9 1,2

Necessidades Totais de Água para Rega em Ano Médio (hm3)

As necessidades totais de água para rega, em ano médio, foram estimadas em cerca de

215,8 hm3, dos quais 162,1 hm3 (75,2%), são as necessidades de água da própria Bacia e

53,6 hm3 (24,8%) são necessidades de água das Bacias do Algarve.

Page 101: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

93/367

As necessidades de água dos regadios individuais na Bacia do rio Guadiana representam cerca

de 60,2% das necessidades globais. Os concelhos com maiores necessidades são os concelhos de

Beja e Elvas, respectivamente com 15,2% e 7,0% das necessidades totais da Bacia.

No que se refere aos regadios colectivos de iniciativa pública as necessidades concentram-se

essencialmente nos concelhos de Elvas e Campo Maior (aproveitamento hidroagrícola do Caia)

com cerca de 88,7% das necessidades globais desse tipo de regadios.

Necessidades de Água para a Pecuária

As necessidades totais de água para os efectivos pecuários estimam-se em 3,51 hm3. Nos

concelhos do Redondo, Serpa, Mértola e Elvas concentra-se cerca de 40,0% das necessidades

globais. O concelho do Redondo é aquele que apresenta maiores necessidades com cerca de 0,42

hm3, isto é, cerca de 12,0% das necessidades globais.

Para estimar as necessidades de água para os efectivos pecuários admitiram-se os consumos

específicos médios indicados na tabela seguinte.

Consumos Específicos

Médios Espécie

l/dia m3/ano

Bovinos

Suínos

Ovinos

Caprinos

Equídeos

40

15

7

7

20

14,6

5,5

2,6

2,6

7,3

Total 89 32,6

Na tabela seguinte apresenta-se o total de efectivos existente por concelho.

Page 102: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

94/367

CONCELHO BOVINOS OVINOS CAPRINOS SUINOS EQUIDEOS TOTAL

SÃO BRAS DE ALPORTEL

CASTRO MARIM

TAVIRA

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

ALCOUTIM

PORTALEGRE

CAMPO MAIOR

ELVAS

VILA VIÇOSA

REGUENGOS DE MONSARAZ

ARRONCHES

MONFORTE

ARRAIOLOS

ÉVORA

PORTEL

BORBA

ESTREMOZ

ALANDROAL

REDONDO

BEJA

CUBA

MÉRTOLA

VIDIGUEIRA

ALJUSTREL

ALMODOVAR

OURIQUE

BARRANCOS

SERPA

77

1213

1083

141

435

3039

2064

11814

2972

4075

4665

822

258

6563

2975

1295

204

5691

14185

3130

330

2333

769

0

1899

212

3438

5024

353

3013

4994

161

14467

7882

9623

22662

16464

25606

19077

2738

2452

31950

16920

13489

4405

26914

54615

45140

2197

101881

20523

0

33431

1868

3599

86261

295

4050

2598

167

4670

5066

1121

568

1275

3791

1329

50

4

801

4948

389

541

4962

7119

5212

16

10201

2008

0

2645

105

1084

4684

289

2900

2660

90

1488

1418

1355

8627

1028

9721

1282

17

140

8367

8675

9489

338

4637

8892

4104

1005

4143

610

0

2119

146

1726

7014

92

872

1413

59

1147

325

201

623

131

295

217

33

5

187

64

82

8

331

643

281

26

523

169

0

240

13

251

822

1106

12048

12748

618

22207

17730

14364

44294

21870

43488

26570

3660

2859

47868

33582

24744

5496

42535

85454

57867

3574

119081

24079

0

40334

2344

10098

103805

TOTAIS 80706 572685 69699 92280 9053 824423

Efectivos Pecuários

Em resultado, as necessidades de água, por concelho, utilizadas na produção animal,

apresentam-se na tabela que se segue.

Page 103: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

95/367

CONCELHO BOVINOS OVINOS CAPRINOS SUINOS EQUIDEOS TOTAL

SÃO BRAS DE ALPORTEL

CASTRO MARIM

TAVIRA

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

ALCOUTIM

PORTALEGRE

CAMPO MAIOR

ELVAS

VILA VIÇOSA

REGUENGOS DE MONSARAZ

ARRONCHES

MONFORTE

ARRAIOLOS

ÉVORA

PORTEL

BORBA

ESTREMOZ

ALANDROAL

REDONDO

BEJA

CUBA

MÉRTOLA

VIDIGUEIRA

ALJUSTREL

ALMODOVAR

OURIQUE

BARRANCOS

SERPA

0.001

0.018

0.016

0.002

0.006

0.044

0.030

0.172

0.043

0.059

0.068

0.012

0.004

0.096

0.043

0.019

0.003

0.083

0.207

0.046

0.005

0.034

0.011

0.000

0.028

0.003

0.050

0.073

0.001

0.008

0.013

0.000

0.037

0.020

0.025

0.058

0.042

0.065

0.049

0.007

0.006

0.082

0.043

0.034

0.011

0.069

0.140

0.115

0.006

0.260

0.052

0.000

0.085

0.005

0.009

0.220

0.001

0.010

0.007

0.000

0.012

0.013

0.003

0.001

0.003

0.010

0.003

0.000

0.000

0.002

0.013

0.001

0.001

0.013

0.018

0.013

0.000

0.026

0.005

0.000

0.007

0.000

0.003

0.012

0.002

0.016

0.015

0.000

0.008

0.008

0.007

0.047

0.006

0.053

0.007

0.000

0.001

0.046

0.047

0.052

0.002

0.025

0.049

0.022

0.006

0.023

0.003

0.000

0.012

0.001

0.009

0.038

0.001

0.006

0.010

0.000

0.008

0.002

0.001

0.005

0.001

0.002

0.002

0.000

0.000

0.001

0.000

0.001

0.000

0.002

0.005

0.002

0.000

0.004

0.001

0.000

0.002

0.000

0.002

0.006

0.005

0.058

0.060

0.004

0.072

0.088

0.066

0.284

0.095

0.190

0.129

0.019

0.011

0.227

0.147

0.107

0.018

0.192

0.418

0.199

0.016

0.347

0.073

0.000

0.133

0.009

0.073

0.350

TOTAIS 1.178 1.463 0.178 0.505 0.066 3.391

Necessidades de Água para os Efectivos Pecuários

Conclui-se assim, que as necessidades totais de água utilizadas na produção animal são de

3,4 hm3, o que representa cerca de apenas 1,6% das necessidades totais da agricultura. Nos

concelhos do Redondo, Serpa, Mértola e Elvas concentram-se cerca de 40,0% das necessidades

globais. O concelho do Redondo é aquele que apresenta maiores necessidades com cerca de 0,42

hm3, isto é, cerca de 12,0% das necessidades globais.

Page 104: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

96/367

3.4.2 Utilizações não Consumptivas

3.4.2.1 Praias Fluviais

Existem actualmente unicamente duas zonas balneares que se encontram oficialmente

reconhecidas como tal:

• A praia do Pego Fundo, na ribeira de Cadavais, no concelho de Alcoutim. Para a

implantação desta praia foi necessário construir um açude/ponte e os respectivos balneários e

bar;

• A praia de Arronches, junto da confluência da ribeira de Arronches com o rio Caia, no

local onde a estrada para Arronches atravessa o rio Caia. Na margem esquerda, junto ao local

onde já se encontram instaladas umas piscinas e instalações balneares, prevê-se construir um

açude por forma a melhorar o espelho de água da praia fluvial.

Contudo, foram ainda apresentados pedidos para a implantação de praias fluviais, ao abrigo

do Programa de Valorização de Praias Fluviais do INAG, nos seguintes locais:

• no Rio Xévora junto à confluência com o Abrilongo, junto à povoação de Ouguela, no

local da Nossa Senhora da Enxára, Concelho de Campo Maior;

• no Guadiana, junto ao cais de Alcoutim.

Os Planos de Ordenamento existentes prevêem o estabelecimento de praias nas albufeiras do

Caia (em dois locais) e do Lucefecit e no Pomarão.

Nas margens do Guadiana, os principais pontos que são utilizados como “locais tradicionais

de recreio e lazer” são:

• a Praia da Carraça, na zona de Ponte de Mourão;

• a zona da Luz de Mourão;

• a zona dos Moinhos do Meirinho, na Foz do Alcarrache;

• na margem esquerda, a jusante da confluência com o Ardila;

• na margem direita, junto a Pedrógão;

• na margem direita, na ponte de Serpa, junto à travessia do caminho de ferro;

• na margem direita, junto à Azenha dos Machados;

• na margem direita, junto ao Vau da Isabel;

• na margem direita, junto às Azenhas e cais de Mértola;

• no Pomarão (ambas as margens).

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Destas, a única que possui algumas instalações fixas é a Praia da Carraça, que aproveita o

espelho de água formado pelo Açude de Mourão (recentemente recuperado), situado

imediatamente a montante da Ponte de Mourão. Junto a este local, nos meses de Verão, verifica-

se em geral a instalação de um número significativo de campistas.

No rio Ardila existem também dois locais, junto à captação de S. Amador, em Vale da Parra,

que são tradicionalmente utilizados pelas pessoas da região para fins balneares.

Na ribeira de Oeiras existem igualmente dois locais, junto a Água Santa da Herdade e a Água

Santa da Morena, que são utilizados para fins balneares.

Nas albufeiras tem-se as seguintes situações:

• Caia - verifica-se, por vezes, a utilização da sua margem direita para fins balneares e apoio

de actividades desportivo – recreativas, nomeadamente de vela e canoagem;

• Vigia - no braço da albufeira que é atravessado pela estrada Montoito - Redondo onde, de

acordo com o Plano de Ordenamento aprovado, se prevê a construção de uma zona de recreio e

lazer e de pesca desportiva;

• Lucefecit – na margem direita, a sul do paredão, existe um local de recreio e lazer onde,

por vezes, se encontram inclusive barcos a remos (zona muito frequentada);

• Monte Novo - junto ao paredão, existe um local de recreio e lazer, onde por vezes se

encontra um bar móvel;

• Tapada Pequena - verifica-se a utilização da sua margem direita para fins balneares (zona

muito frequentada).

Na Figura 3.4-1 apresenta-se a localização dos locais de recreio e lazer considerando o

contacto directo.

Verifica-se que as albufeiras e os troços de rio mais próximos de zonas de maior densidade

populacional (nomeadamente o troço do rio Guadiana entre Mourão e Serpa) são os mais

frequentemente procurados para actividades de recreio e lazer com contacto directo e que os

planos de ordenamento existentes atribuem a maior importância a estas massas de água, como

elementos de valorização da qualidade de vida local e do potencial turístico da região.

De referir que, um número significativo de locais actualmente utilizados vão ficar abrangidos

pelo regolfo das albufeiras de Alqueva e de Pedrógão.

Considera-se que as barragens a criar no âmbito do Sistema Adutor de Alqueva (por exemplo

as barragens de Álamos, Loureiro, …) e as linhas de água a elas afluentes poderão constituir

locais de interesse para o estabelecimento de recreio com contacto.

Page 106: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Considera-se, ainda, a falta de praias fluviais para satisfazer as necessidades locais e, que,

parte das carências neste âmbito respeitam à inexistência de instalações e apoios adequados, de

delimitação dos locais e acessos e parqueamentos adequados. Convém, também, salientar que em

grande parte dos locais a qualidade da água não correspondeu aos mínimos exigidos para o uso

balnear, em 1996 e 1997, embora se tenha notado uma pequena melhoria de um ano para o outro.

3.4.2.2 Desportos Náuticos

A navegação à vela, barco a remos e o "windsurf" são praticados em todas as albufeiras

públicas, embora sem grande intensidade e de uma forma sazonal. As albufeiras do Caia, do

Lucefecit e da Tapada Grande, são talvez as mais procuradas para este tipo de actividade.

A actual classificação da utilização das albufeiras públicas impõe fortes restrições à existência

de navegação a motor – à excepção da albufeira de Lucefecit, onde por vezes se verifica este tipo

de actividade.

No troço de jusante do Guadiana, essencialmente a jusante de Pomarão é corrente, no período

estival, a presença de barcos à vela e a motor (ver o parágrafo correspondente a navegação).

Ao longo do curso do Guadiana, em virtude do elevado interesse ecológico e paisagístico que

este apresenta, desenvolvem-se esporadicamente actividades de canoagem (estas actividades de

descida do leito do rio são bastante dificultadas pelos inúmeros açudes e moinhos existentes, que

na maior parte das vezes não são possíveis de passar sem que as embarcações sejam retiradas da

água).

Esta situação é passível de sofrer uma alteração significativa com a implantação da Albufeira

do Alqueva e das restantes albufeiras previstas no respectivo Sistema.

3.4.2.3 Pesca

Em virtude do regime torrencial das linhas de água desta bacia hidrográfica, que faz com que

os afluentes fiquem, em média, mais de 30 dias por ano reduzidos a charcas ou a caudais

incipientes, é essencialmente no Guadiana e nas albufeiras que se pratica pesca durante todo o

ano. Porém, os afluentes possuem igualmente boas potencialidades para a pesca recreativa,

essencialmente, quando dispõem de escoamento.

Assim, pratica-se pesca desportiva e recreativa em toda a rede hidrográfica, mas esta é

particularmente significativa nas albufeiras e principalmente ao longo do Guadiana.

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A pesca profissional só ocorre no Guadiana e a jusante de Pulo do Lobo. Junto a Mértola,

encontra-se o núcleo de pescadores profissionais mais a montante no Guadiana - embora grande

parte deles com uma ocupação profissional múltipla.

No estuário, ocasionalmente, verifica-se a presença de barcos de pesca nacionais e espanhóis

que exploram cardumes que aí se encontram.

De acordo com as informações obtidas, a população piscícola que é possível captar na Bacia

do Guadiana divide-se em quatro áreas de influência, a saber:

• Zona 1 – Da embocadura até ao Norte de Castro Marim – Zona povoada por peixes

típicos de água salgada e salobra que fazem pequenas/grandes incursões no rio; são exemplo

deste tipo a bica, a ferreira e a solha. Nesta zona, durante alguns períodos do ano, encontram-se

ainda os seguintes migradores anfibióticos: a enguia, a saboga, o sável, a savelha e a lampreia

(espécie bastante rara neste rio).

• Zona 2 – A Zona entre Castro Marim e as Azenhas de Mértola – Nesta zona intertidal

aparecem taínhas associadas com migradores referidos para a Zona 1 e, em algumas épocas do

ano, espécies exclusivas de água doce, que ocorrem essencialmente nas ribeiras afluentes mas

descem o rio durante a época de caudais altos - barbos, bogas, escalo/bordalo e pardilha.

• Zona 3 – A Zona que termina no Pulo do Lobo (acidente natural que funciona como

barreira à deslocação dos migradores) – Esta Zona é já dominada por espécies de água doce

aparecendo essencialmente o achegã, o chanchito, a carpa, a gambuzia e o pimpão.

• Zona 4 - Zona a montante do Pulo do Lobo – Esta zona é dominada essencialmente pelo

barbo aparecendo contudo a boga, a pardelha, a carpa e o pimpão. O Pulo do Lobo, tal como já

referido, é uma barreira importante às migrações embora seja ultrapassado pelas enguias, a

perca, o achegã e o escalo.

Face às características do regime de caudais nesta bacia hidrográfica, os açudes existentes,

que são numerosos quer no leito do Guadiana, quer nos seus afluentes mais importantes, são da

maior importância pois permitem garantir a existência de condições de refúgio estival para os

peixes.

O valor económico e as quantidades de pescado obtidas nesta actividade são relativamente

pequenos (e têm vindo a diminuir) e não têm expressão económica significativa, mesmo ao nível

da região em que se encontram implantadas, nomeadamente pelo desaparecimento das espécies

de maior valor gastronómico.

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Unicamente a título de identificação das grandezas em jogo, verifica-se que em Vila Real de

Santo António as descargas anuais de pescado embora com composições bastante distintas

apenas atingiram duas vezes o nível de 6000 toneladas, no período pós 1970.

Assim, considera-se que 6000 toneladas por ano é um valor razoável para a previsão do

movimento máximo de pescado em Vila Real de Santo António e que a sua composição deve ser

sensivelmente a seguinte:

Pescado Tonelagem Percentagem

Crustáceos 2500 42

Moluscos 300 5

Sardinhas 1000 17

Outros Peixes 2200 36

A frota pesqueira a prever para a realização deste movimento será aproximadamente igual à

actualmente existente, embora com substituição de algumas das embarcações de maior idade por

outras equivalentes.

Embora a pesca que actualmente se pratica e as potencialidades existentes neste âmbito não

tenham um volume relevante a nível nacional ou mesmo regional, a nível local a sua importância

é significativa. Essa importância deriva não tanto do valor económico das capturas que são

efectuadas, mas essencialmente do valor "patrimonial" que representam e da actividade

desportiva e recreativa que proporcionam.

Unicamente no troço de jusante, Mértola - Vila Real de Santo António, as capturas praticadas

são susceptíveis de constituir uma actividade economicamente viável. Porém para serem uma

actividade sustentável terão de ter uma intensidade limitada.

Com excepção das infra-estruturas existentes em Vila Real de Santo António, nos restantes

locais não se constatou a existência de infra-estruturas significativas de apoio a esta actividade,

na área de influência directa do rio.

3.4.2.4 Aquacultura

Nesta bacia hidrográfica existe uma empresa de aquacultura sediada entre Castro Marim e

Vila Real de Santo António (Etimar) (Figura 3.4.-2).

Esta entidade, que tem outras áreas de aquacultura, explora aqui uma área de cerca de 36 ha,

onde produz douradas e robalos em regímen semi-intensivo.

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Assim, aquacultura em zona de estuário só parece viável na área da Reserva Natural de Castro

Marim, utilizando áreas anteriormente ocupadas por salinas, e no sapal da Ribeira de Beliche.

Porém, de acordo com informações recolhidas junto da Reserva Natural de Castro Marim, na

sua área de influência só é permitida a existência de pisciculturas extensivas ou semi-intensivas e

mesmo a instalação destas actividades é relativamente limitada face ao impacto que produz.

Em relação às restantes áreas (nomeadamente utilizando albufeiras ou reservatórios artificiais

de água doce) existem unicamente estudos teóricos, desenvolvidos na década de 80, que avaliam

os potenciais decorrentes desta actividade. Segundo estes, existem potencialidades na bacia para

o desenvolvimento desta actividade. Não existem contudo experiências comerciais deste tipo de

actividade.

3.4.2.5 Salinas

Nesta bacia apenas se detecta a actividade de salicultura, junto à zona terminal do estuário, na

zona de Castro Marim/Vila Real de Santo António (Figura 3.4-3). Esta é aqui uma actividade

muito antiga e os respectivos armazéns de sal distribuem-se pela área das salinas artesanais,

numa faixa a Oeste de Castro Marim até ao rio Guadiana.

Nesta área existe uma única instalação semi-industrializada com cerca de 300 ha. Esta

instalação tem cerca de 30 ha de cristalizadores.

Mais a Norte existe uma área de cerca de 10 ha de salinas cujos proprietários semi-

mecanizaram a exploração.

As restantes explorações têm carácter artesanal e a localização/área por elas ocupada varia

significativamente de ano para ano.

Verifica-se que, parte significativa da área de salinas encontra-se inactiva e, ainda, a sua

reconversão para outros fins.

O sal produzido nesta zona é aqui lavado, mas as restantes operações de preparação do

produto são feitas no exterior da área em estudo.

Por ser uma actividade económica não poluente, proporcionar vastas zonas de alimentação e

reprodução para as aves aquáticas e ser a "melhor alternativa para a exploração dos terrenos na

zona da Reserva Natural", esta entidade tem um projecto de revitalização das salinas artesanais.

As salinas ocupam cerca de 30% da zona húmida da Reserva Natural, ocupando uma área

superior a 600 ha.

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Apesar das dificuldades económicas que o sector atravessa esta é actualmente a mais

importante actividade económica local, detendo uma das mais importantes produções de sal do

país.

3.4.2.6 Explorações de Inertes

Em virtude da relativa debilidade da actividade económica desta zona, a pressão do consumo

na exploração deste tipo de materiais é relativamente pequena e a actividade que se desenvolve é

bastante irregular e condicionada essencialmente pelas necessidades das obras de construção

civil que aí ocorrem.

De acordo com a informação recolhida as principais explorações de inertes nos leitos das

linhas de água destas bacias trabalham quer com areias, quer com burgau, e encontram-se

localizadas no leito do Guadiana, do Degebe, do Ardila e da Foupana. Na Figura 3.4-4.

apresenta-se a localização das explorações de inertes licenciadas (referência ano de 1997).

Verificou-se não existirem "grandes" instalações fixas.

Estima-se que pelas autoridades portuguesas foi licenciada na bacia a extracção de cerca de

120 000 m3 de inertes em 1997.

3.4.2.7 Navegação

Hoje, à maré, é possível navegar com barcos de calado médio até Mértola, identificados na

Figura 3.4-5 (este município possui uma embarcação característica do "barco de transporte" da

região que, embora não regularmente, efectua navegação neste troço do rio para efeitos turístico-

recreativos).

Como actividades sistemáticas unicamente se detectou a existência de serviços de travessia do

rio em: Pomarão, Alcoutim e Vila Real de Santo António.

O tráfego fronteiriço que nas últimas décadas tinha vindo a crescer de forma assinalável

(nomeadamente por Ferry entre Vila Real de Santo António e Ayamonte) sofreu uma redução

assinalável após a abertura da ponte sobre o Guadiana.

Porém a localização deste troço do rio e o enquadramento do porto de Vila Real de Santo

António numa região em que a indústria do turismo é dominante podem potenciar oportunidades

no subsector das actividades náuticas desportivas e de recreio associadas à utilização da zona

estuarina do Guadiana. Exemplo deste é a marina já existente em Vila Real de Santo António, o

Cais de Alcoutim e o cais flutuante da Foz do Vascão.

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A criação da albufeira de Alqueva (e mesmo a de Pedrógão) dará origem a grandes áreas

susceptíveis de serem interessantes para a prática da navegação de recreio. Porém a necessidade

de preservar a qualidade da água aí retida (ambas as albufeiras já se encontram classificadas) e a

relativamente fraca ocupação das suas margens em termos turísticos, não indicia a existência de

uma muito forte pressão nesse sentido.

Em Vila Real de Santo António existem estaleiros navais que continuam a ter um papel

importante no apoio à manutenção e reparação da frota de pesca e de recreio.

Em Mértola, Pomarão e Alcoutim existem cais acostáveis e portos fluviais com rampas onde

é possível fazer entrar e sair barcos da água. Na Foz do Vascão foi recentemente licenciada a

construção de um cais flutuante. Junto a Castro Marim existe um pequeno cais que serve

ocasionalmente muito pequenas embarcações.

Tal como já atrás referido a navegação fluvial, na sua vertente de recreio e turismo, tem já

algum significado regional no troço Mértola - Vila Real Santo António.

De acordo com os estudos existentes prevê-se que esta vertente tenha um incremento

significativo a curto prazo, justificado nomeadamente pela construção de mais uma ou mais

marinas de vocação turística neste troço.

No entanto, face às excelentes condições de recreio e turismo e mesmo da pesca fluvial,

poderá justificar-se a reabilitação parcial do Cais do Pomarão, a melhoria dos Cais de Mértola e

Alcoutim (essencialmente para permitir a acostagem de barcos de recreio) e a construção de um

novo cais na Foz de Odeleite.

3.4.3 Outras Actividades Lúdicas

Em virtude das boas características ambientais e paisagísticas das respectivas margens, o vale

do Guadiana e alguns dos seus afluentes têm vindo a atrair actividades de recreio baseadas na

fruição do local, nomeadamente através de safaris fotográficos, passeio e observação da

natureza.

De entre estes locais, o Pulo do Lobo pelas suas características particulares, é um dos locais

mais visitados.

Assim, e face ao tipo de actividade observada neste âmbito, considera-se que os locais onde

estas actividades são mais significativas são os troços das linhas de água e margens que estão

anexos às albufeiras (actuais e planeadas), praias fluviais e áreas protegidas. Estas últimas pela

sua riqueza e em virtude de serem objecto de atenção particular são as mais solicitadas.

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As albufeiras são locais classificados para actividades de lazer, tendo sido classificadas,

quanto às actividades aí permitidas, de acordo com a tabela seguinte.

Actividades

Albufeira Pesca Natação e

Banhos

Navegação a

Remo e Vela

Navegação a

Motor

Competições

Desportivas

Competições

Desportivas a Motor

Classificação

Caia 1 1 1 0 0 0 A

Monte Novo 1 1 1 0 0 0 A

Vigia 1 1 1 0 0 0 A

Lucefecit 2 2 2 1 1 0 C

Alqueva (b) 1 1 1 0 0 0 A

Pedrógão (b) 1 1 1 0 0 0 A

Enxoé (a) 1 1 1 0 0 0 A

Tapada Grande 1 0 0 0 0 0 A

Odeleite

+Beliche

1 1 1 0 0 0 A

0 – Actividade não permitida

1 – Actividade permitida com restrições

2 – Actividade permitida sem restrições

Classificação das Albufeiras para as Diversas Actividades

Os Planos de Ordenamento de Albufeiras já aprovados (Albufeiras da Vigia e do Caia)

prevêem o estabelecimento, no regolfo destas zonas, de áreas de recreio balnear e zonas com

concessão para pesca desportiva e ainda a construção, na sua área de influência, de zonas de

equipamento colectivo, que compreendem instalações desportivas, recreativas, centro náutico,

hoteis, etc..

3.5 Avaliação das Disponibilidades e Balanço de Recursos Hídricos

3.5.1 Redes de Monitorização e Informação de Base

3.5.1.1 Rede climatológica

Na Figura 3.5-1 pode ser visualizada a ocupação climatológica e pluviométrica no interior e

nas imediações da parte portuguesa da bacia hidrográfica do rio Guadiana.

A bacia do Guadiana está coberta por uma modesta rede de postos pluviométricos com

registos desde 1900/01 e por algumas estações climatológicas também com registos longos para

a maior parte das variáveis climatológicas.

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Das 18 estações climatológicas consideradas na caracterização climática da bacia, apenas 6

delas são interiores à bacia. Da totalidade das estações utilizadas, dois terços estão actualmente

em funcionamento, sendo 6 delas interiores à bacia, designadamente as estações de Amareleja,

Contenda, Elvas, Évora/Currais, Mértola/Vale Formoso e Neves Corvo e, as outras 6 próximas

do limite da bacia, nomeadamente, Portalegre e Vila Fernando a Norte, na bacia Tejo/Sorraia;

Évora a Noroeste, na bacia do Sado/Xarrama; Viana do Alentejo e Beja a Oeste, na bacia do

Sado e Vila Real de Stº. António a Sul, ainda na bacia do Guadiana. Uma vez que o número de

estações climatológicas na bacia é reduzido, a informação do clima no interior da bacia foi

complementada com os registos de algumas estações extintas na década de 60, designadamente

as estações de Alandroal, Ameixial, Campo Maior, Castro Verde, Mina de S. Domingos e

Moura.

Com base nos dados existentes foi possível efectuar a caracterização dos elementos climáticos

principais, nomeadamente, temperatura do ar máxima, média e mínima, insolação, humidade

relativa do ar e velocidade média do vento, referentes ao período de 1941 a 1991.

Dados Pluviométricos

Dos postos pluviométricos existentes no interior da bacia hidrográfica, foram utilizados 91

para a sua caracterização pluviométrica. Houve ainda necessidade de recorrer a 44 postos

localizados nas proximidades dos limites da bacia. Deste conjunto de 135 postos pluviométricos,

117 (87%) estão actualmente em funcionamento e 18 (13%) foram extintos.

Os dados utilizados referem-se ao período de anos hidrológicos entre 1900/01 e 1996/97 e

foram obtidos no SNIRH.

Existem registos de precipitações máximas diárias anuais relativos a 114 postos

pluviométricos. No entanto, em alguns deles, as séries de dados são relativamente curtas, pelo

que na caracterização climática da bacia se optou por considerar apenas as séries dos postos com

pelo menos 20 anos de registos. Portanto, foram considerados naquela caracterização apenas 76

postos pluviométricos, dos quais, apenas o de Aldeia Nova de S. Bento se encontra extinto. Dos

postos considerados, 48 situam-se no interior da bacia hidrográfica do rio Guadiana, e os

restantes 28 próximos do seu limite.

Os dados de base disponíveis foram obtidos através do SNIRH, referindo-se estes ao período

de anos hidrológicos de 1900/01 a 1996/97.

No que respeita às precipitações máximas anuais para as durações de 30 min, 1 h, 2 h, 6 h,

12 h e 24 h os dados de base utilizados foram fornecidos pelo IM. Estes dados de base

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referem-se apenas a sete estações, nomeadamente, Portalegre, Elvas, Évora, Beja, Contenda,

Mértola e Vila Real de Santo António.

Na Figura 3.5-1 pode ser visualizada a ocupação de estações climatológicas e pluviométricas

no interior e nas imediações da parte portuguesa da bacia hidrográfica do rio Guadiana.

3.5.1.2 Rede hidrométrica

No que respeita aos recursos hídricos superficiais, os dados disponíveis na bacia são em

reduzida quantidade e com uma distribuição espacial muito desigual, tornando pouco

interessante a sua utilização directa para caracterização dos escoamentos na bacia.

Na bacia do Guadiana dispõe-se de registos de escoamento diário em 23 estações

hidrométricas, das quais 7 extintas e 16 em actividade. A localização destas estações está

indicada na Figura 3.5-2.

Das séries de registos hidrométricos disponíveis, apenas seis poderão ser utilizadas

directamente na estimativa de escoamentos e das suas características de distribuição. Com efeito,

um número significativo das estações hidrométricas com registos longos (nomeadamente todas

as estações no rio Guadiana e a estação do Ardila) apresentam boa parte das suas bacias em

Espanha; tendo-se verificado nos últimos anos, um acentuado aumento dos consumos neste país,

resulta daqui uma considerável redução dos escoamentos bem como uma alteração da sua

distribuição em termos inter e intra-anuais, pelo que se torna necessário recorrer a uma

reconstituição dos escoamentos de modo a estimar as suas características médias.

Das 12 estações cujas bacias estão integralmente contidas em território nacional, apenas 5

dispõem de registos com mais de 30 anos de extensão: são elas Amieira, no rio Degebe

(46 anos), Albernoa, no rio Terges, Monte da Ponte, no rio Cobres, Vascão, no rio Vascão e

Monte dos Fortes, na ribeira de Odeleite, todos eles com 38 anos de registos. As 7 estações

restantes possuem registos mais curtos variáveis entre 19 anos (Entradas, no rio Terges e

Odeleite-Ponte na ribeira de Odeleite), 8 anos (Vendinha, no rio Degebe, e Limas, na ribeira de

Limas) e 4 ou 5 anos (Pt Algale, na ribeira de Algale, Beliche e Atalisca, na ribeira de Beliche).

As estações com séries mais extensas de registos concentram-se na zona centro e sul da bacia.

Verifica-se que, na rede actual, além da baixa densidade e da má distribuição face à rede

hidrográfica, existem problemas de fiabilidade da extrapolação para os caudais mais elevados,

dada a limitação geral das curvas de vazão calibradoras, assim como ocorrem problemas de

garantia de informação apresentando as séries de registos bastantes falhas, com especial relevo a

partir de 1989. Nestas condições, revela-se urgente o replaneamento da rede hidrométrica

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existente, com o estabelecimento de novas estações, implantadas segundo critérios de

distribuição (em termos de espaciais, de área e de variabilidade topológica) definidos

globalmente, dando particular ênfase à qualidade dos locais em termos hidráulicos (estabilidade

e regularidade da secção) sem dar tanta importância à questão das acessibilidades. Com a

implantação da nova rede de estações, poderão ser extintas algumas da existentes que não

apresentam características mínimas de adequação aos fins para que foram criadas. É evidente

que a simples criação de novas estações não trará nenhum progresso à situação actual se não for

acompanhada de uma política coerente de trabalhos de calibração e manutenção das estações e

equipamentos e de tratamento e publicação dos dados, de preferência centralizada e

uniformizada em todo o país, de modo a retirar o melhor partido de uma infra-estrutura sem

dúvida dispendiosa, mas essencial à exploração correcta de um recurso tão importante como é a

água.

Relativamente à informação de base sobre os recursos hídricos subterrâneos, esta é também

bastante escassa. Na realidade, apenas se encontram mais ou menos bem identificadas as

captações existentes para abastecimento público, e mesmo nestes casos, raramente são

conhecidos, de forma rigorosa, os volumes de água captados. No caso das captações privadas,

utilizadas essencialmente na rega de regadios individuais, as dificuldades associadas ao

levantamento da informação, limitam significativamente o conhecimento da situação real.

3.5.2 Recursos Hídricos Superficiais – Disponibilidade

O escoamento médio anual em regime natural gerado na totalidade da bacia do Guadiana

ronda 6 700 hm3, dos quais 1820 hm3 são provenientes da parte nacional (157 mm) e 4 900 hm3

(89 mm) da parte espanhola.

Na bacia nacional apenas uma pequena parte destes recursos potenciais, estimada em

173 hm3/ano, está a ser explorada actualmente, o que corresponde a menos de 10% dos recursos

actuais.

Os usos em Espanha e Portugal reduziram esses valores. Estima-se que a contribuição actual

da parte espanhola da bacia seja de 2 680 hm3/ano, prevendo-se que no ano 2012 se reduza a

valores da ordem de 2 100 hm3/ano.

À entrada do troço internacional de montante o escoamento médio passou de 3 852 hm3/ano

em regime natural para de 1 903 hm/ano actualmente, prevendo-se que desça para

1 477 hm3/ano, no ano 2012. Na secção da barragem de Alqueva, estima-se um escoamento

médio em regime natural de 4 733 hm3/ano e actualmente de 2 636 hm3/ano.

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Como é tradicional em Portugal, os escoamentos estão distribuídos de forma assimétrica ao

longo do ano, com cerca de 80% do escoamento anual ocorrendo no semestre húmido e apenas

20% no semestre seco, verificando-se frequentemente períodos de vários meses com caudais

nulos.

Na bacia hidrográfica do rio Guadiana existem cerca de 1260 albufeiras. As albufeiras dos

grandes empreendimentos públicos, nomeadamente Caia, Odeleite, Beliche, Vigia, Enxoé,

Monte Novo e Lucefecit, são as que possuem maior capacidade útil de armazenamento,

totalizando cerca de 400 hm3, destacando-se entre elas as duas primeiras com mais de 100 hm3

cada. Para além destas, existem mais 25 albufeiras com capacidade útil superior a 0,5 hm3, tendo

as restantes capacidade inferior.

O volume regularizado anualmente nas grandes albufeiras dos aproveitamentos públicos é da

ordem de 180 hm3, enquanto que nas albufeiras privadas a capacidade de regularização é de

cerca de 35 hm3/ano.

Em conclusão, as águas superficiais disponíveis na bacia hidrográfica do rio Guadiana

totalizam actualmente 215 hm3/ano.

3.5.3 Recursos Hídricos Subterrâneos – Disponibilidades

O inventário das captações subterrâneas, mostra a existência de 1767 infra-estruturas deste

tipo na bacia hidrográfica do rio Guadiana. Destas captações, 521 são exploradas pelas câmaras

municipais, e portanto reservadas ao abastecimento público e as restantes 1246 são utilizadas na

rega de regadios individuais.

Atendendo às dificuldades associadas ao levantamento da informação relativa às captações

privadas, considerarou-se o dobro do volume correspondente às captações indicadas para rega,

obtendo-se então um valor que se aproximará mais das disponibilidades reais.

Assim, os recursos hídricos subterrâneos disponíveis na bacia hidrográfica do rio Guadiana

são actualmente da ordem de 59 hm3/ano. Mais de metade destas disponibilidades localizam-se

nos concelhos de Elvas (11,4 hm3), Serpa (6,8 hm3), Beja (5,6 hm3), Évora (4.1 hm3) e Mértola

(3.9 hm3). Nos restantes concelhos as águas subterrâneas disponíveis não excedem os 3 hm3,

Figura 3.5-3.

Por sector utilizador, 40 hm3/ano destinam-se à rega de regadios individuais e 19 hm3/ano ao

abastecimento público, ou seja 67 e 33 % dos recursos hídricos subterrâneos disponíveis.

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3.5.4 Necessidades de Água

As necessidades de água globais na bacia hidrográfica do rio Guadiana avaliam-se em cerca

de 188 hm3/ano, dos quais 165 hm3/ano correspondem ao sector agrícola (88 % do total das

necessidades), 20 hm3/ano ao abastecimento público (10,5 %) e cerca de 3 hm3/ano (1,5% ) aos

consumos industriais.

Relativamente às necessidades para abastecimento público, estas concentram-se nos

concelhos de Évora (apenas se contabilizam as necessidades das freguesias incluídas na bacia do

Guadiana - 4 hm3/ano), Beja (2,6 hm3/ano), Elvas (1,9 hm3/ano), Moura (1,8 hm3/ano) e

Reguengos de Monsaraz (1,2 hm3/ano). Nos restantes concelhos as necessidades de água para

abastecimento público são, em cada um deles, inferiores a 1 hm3/ano.

No que respeita às necessidades para o sector agrícola, 98 hm3 (59 %) referem-se aos regadios

individuais e, os restantes, 68 hm3 (41 %) aos regadios colectivos.

Nos regadios individuais, os concelhos de Beja (15 hm3/ano), Évora (14 hm3/ano ), Serpa

(8,2 hm3/ano), Elvas (6,8 hm3/ano), Castro Marim, Portel e Reguengos de Monsaraz (cerca de

5 hm3/ano em cada), são os que apresentam necessidades mais significativas.

Relativamente aos regadios colectivos, as necessidades concentram-se, como é obvio, nos

concelhos onde se situam os perímetros de rega dos grandes aproveitamentos hidroagrícolas

existentes na bacia, nomeadamente em Elvas (34,6 hm3) e Campo Maior (23,1 hm3), ambos

associados aos aproveitamentos do Caia, Alandroal (3,5 hm3) e Redondo (3,2 hm3), associados

aos aproveitamentos de Lucefecit e Vigia, respectivamente e em Évora (1,4 hm3), que contém o

perímetro de rega do aproveitamento do Monte Novo e parte do da Vigia.

3.5.5 Balanço Necessidades/Disponibilidades

Para realização do balanço necessidades/disponibilidades de água foram contabilizadas as

transferências de água inter bacias, nomeadamente as entradas a partir das albufeiras do Roxo e

de Monte da Rocha, e as saídas das albufeiras de Odeleite e Beliche para o sotavento algarvio.

Refira-se ainda que, o abastecimento de água às populações realiza-se quase exclusivamente a

partir de águas subterrâneas, excepto nalguns concelhos onde existe abastecimento

complementar a partir de águas superficiais, nomeadamente Serpa, que utiliza a albufeira do

Enxoé, Évora que é abastecido pela albufeira de Monte Novo, Redondo e Reguengos de

Monsaraz, que utilizam a albufeira da Vigia, Beja e Castro Verde com abastecimento,

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respectivamente, a partir das albufeiras do Roxo e de Monte da Rocha, ambas localizadas na

bacia hidrográfica do rio Sado, e Elvas e Campo Maior que utilizam a albufeira do Caia.

Do balanço efectuado verifica-se que, relativamente ao abastecimento de água às populações,

ao nível global da bacia, os recursos disponíveis excedem as necessidades existentes em 13 hm3.

Ao nível do concelho verificam-se apenas ligeiros défices de água em Portalegre (0,8 hm³) e

Portel (0,3 hm³), valores que poderão corresponder a transferências dentro do concelho, da bacia

do Tejo para a do Guadiana, ou indicar falta de informação de origens de água.

O balanço de água para rega ao nível da bacia, é positivo para os regadios colectivos (28 hm3)

e apresenta-se negativo para os regadios individuais (23 hm3). Nos regadios colectivos, apesar do

balanço global positivo, verifica-se, para alguns concelhos, a existência de pequenos défices de

abastecimento (< 0,3 hm3). Nos regadios individuais, ao nível da bacia, os recursos disponíveis

são claramente insuficientes para fazer face às necessidades existentes, o que indica que não

existe folga no sistema e que em anos secos haverá défices importantes. Assim, nos regadios

individuais, ocorre um balanço negativo em 13 concelhos, sendo o défice em 5 deles superior a

2 hm3, nomeadamente em Arraiolos, Castro Marim, Portalegre, Portel e Évora, atingindo neste

último caso 9.4 hm3.

Em termos médios, o balanço hídrico actual na bacia hidrográfica do rio Guadiana está

praticamente equilibrado, excedendo, no entanto, os volumes de água disponíveis em cerca de

15 hm3 as necessidades de água. Por outro lado, constata-se que os sistemas funcionam sem

folgas, em particular os que exploram recursos hídricos subterrâneos para rega e os relativos às

pequenas albufeiras existentes, o que conduzirá em anos secos à ocorrência de défices mais

elevados.

3.6 Qualidade dos Meios Hídricos

3.6.1 Identificação e Caracterização das Fontes de Poluição

3.6.1.1 Poluição Tópica e Industrial

Os elementos obtidos, permitiram constatar que na bacia do Guadiana em território nacional

existem 2 498 entidades potencialmente “poluidoras”, das quais 554 têm características de fonte

urbana, 821 têm características de fonte agro-industrial e 1 123 têm características de fonte

industrial, com a seguinte distribuição sectorial:

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Tipo Número ETAR 44 Futura ETAR 33 Pontos de descarga 163 EE águas residuais 2 Fossas sépticas colectivas 76 Sistemas de águas residuais (SAR) 185 Futuros SAR 10 Sistemas de resíduos sólidos urbanos (RSU) 41 Total – fontes urbanas 554

Fontes de Poluição Urbanas

Descarregando em: Fontes Industriais

Sistemas de águas residuais (SAR) *

Linha de Água

Fonte industrial ligada a actividade agrícola e pecuária: - Lagares de azeite 27 108 - Suiniculturas 2 251 - Boviniculturas 1 64 - Aviários 1 9 - Adegas e destilarias 3 25 - Abate de animais/conservas de carne 0 36 - Transformadora da pesca e aquacultura 0 3 - Conservação de frutos e hortículas 1 19 - Lacticínios 2 33 - Transformação de cereais e leguminosas 9 2 - Alimentos compostos para animais 0 13 - Águas minerais e refrigerantes 0 2 - Fabrico de outros produtos alimentares 169 41

Sub-total 215 606 Fonte industrial - Extractivas 0 250 - Indústrias de curtumes 6 15 - Outras indústrias 769 83

Sub-total 775 348 * Considerou-se que a poluição gerada por unidades industriais ligadas a SAR´s está incluída na poluição

pontual de origem urbana Fontes de poluição industriais

A. Estimativa da Poluição na Bacia

A1. Sistemas Urbanos de Águas Residuais

A carga rejeitada em termos de CBO5 é no total de 3 785.103 kg/ano, dos quais 3 112.103

provenientes de sistemas de drenagem e 673.103 de habitações não ligadas a sistemas. A referida

carga tem carácter pontual. A esta poluição, acresce-se ainda 515.103 kg/ano de poluição difusa

de origem humana.

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Refere-se o seguinte conjunto de características do serviço público de águas residuais da bacia

do Guadiana:

• o nível de atendimento com rede é aceitavel em termos médios, na bacia, 79%;

• o nível de atendimento com rede sem tratamento, pelo contrário, é ainda elevado, 22%;

• o nível de atendimento com rede com tratamento superior a fossa séptica comum (FSC) é

muito baixo, 21%;

• merecem destaque as situações particulares dos Concelhos, ou partes integradas na bacia,

de Beja (maior população concelhia dentro da bacia; baixo nível de atendimento com rede com

tratamento superior a FSC), de Cuba (elevado nível de atendimento com rede com tratamento

superior a FSC), de Elvas (2ª maior população concelhia na bacia; nulo nível de atendimento

com rede com tratamento superior a FSC), de Moura e Mourão (ambos com elevado nível de

atendimento com rede com tratamento superior a FSC) e de Portel (nulo nível de atendimento

com rede com tratamento superior a FSC).

A2. Agricultura

A agricultura gera principalmente poluição difusa nos solos pela acção dos adubos e

pesticidas. A poluição devida aos adubos é significativa na bacia do Guadiana e traduz-se em

elevadas concentrações nas águas subterrâneas de azoto, principalmente na forma de nitratos e

de fósforo. A carga poluente de azoto é em termos de CBO5 de 268.000.103 kg/ano.

A3. Poluição animal e produção animal e agrícola associada

A carga poluente total de origem difusa rejeitada no meio ambiente é, em termos de CBO5 de

975.103 kg/ano.

A4. Silvicultura e exploração florestal

Este sector produz uma poluição de carácter difuso avaliada em termos de CBO5 em 19

542.103 kg/ano. Note-se, no entanto, que estamos perante cargas poluentes que deverão

considerar-se, em especial no que se refere à floresta de protecção, como naturais dadas as suas

próprias características, pelo que não têm a mesma incidência que as restantes cargas referidas

no presente ponto.

A5. Indústrias extractivas

A carga poluente nas unidades em exploração é pouco conhecida com excepção da mina da

SOMINCOR, em Castro Verde, sendo a carga de CBO5 de 5.103 kg/ano.

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A6. Indústrias transformadoras

A carga poluente é de 5 603.103 kg/ano e tem carácter pontual, distribuindo-se do seguinte

modo:

• indústrias alimentares e de bebidas: 5 341.103 kg/ano;

• curtumes: 2.103 kg/ano;

• outras indústrias: 260.103 kg/ano (dados referentes exclusivamente à fábrica da

SOPORCEL, em Mourão).

3.6.1.2 Poluição difusa

Atendendo às dificuldades quer de identificação/selecção das principais fontes de poluição, e

para estimar a poluição de origem difusa, foram analisadas as seguintes fontes:

A) ORIGEM RURAL

- escoamento de águas de irrigação (de práticas fitossanitárias e de adubação de culturas

de regadio);

- escorrências de zonas de floresta, florestas e pastagem (associadas à erosão do solo);

- escorrências de actividades pecuária (provenientes quer do terreno em que se efectua o

espalhamento dos produtos sobrantes quer das lagoas em que os armazenam);

B) ORIGEM URBANA/INDUSTRIAL

- escorrências de zonas residenciais e industriais;

- escorrências de escombreiras de minas abandonadas;

B. Estimativa da Poluição na Bacia

B1. Origem Rural

No que respeita a riscos de exportação de fósforo, constata-se que as maiores cargas são

provenientes da rega, representando cerca de 71% da carga média de fósforo estimada para as

zonas rurais, isto é cerca de 10 300.103 kg/ano de carga poluente média anual, apesar de em

várias sub-bacias o maior problema provir da restante área rural. Em termos de riscos de

exportação de azoto, as maiores cargas são igualmente provenientes das escorrências dos

perímetros de rega, representando cerca de 98% da carga média estimada, ou seja, cerca de

268 000.103 kg/ano.

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B2. Origem Urbana

Em termos de riscos de exportação de poluentes (t/ha.ano), as sub-bacias que apresentam

maiores problemas são as cabeceiras do Vascão e Odeleite e a zona do Guadiana na confluência

com a ribeira de Lucefécit. Por outro lado, verifica-se, também, que as maiores cargas anuais

registam-se na sub-bacia do rio Caia montante da albufeira e na foz do rio Guadiana.

Relativamente à poluição difusa proveniente das escorrências de escombreiras de minas

abandonadas, e das sete minas identificadas (Tinoca, Zambujeira, Bugalho, Granja, Vale Covo,

Chança e São Domingos), essencialmente minas de pirite e/ou de pirite cuprífera, consideram-se

como responsáveis por degradações ambientais mais graves as minas de Tinoca e de São

Domingos.

Os principais problemas verificados e oriundos destas minas referem-se, essencialmente, à

diminuição significativa do pH e ao aumento substancial da condutividade e dos teores de Mg,

Ca, SO4, Cu, Zn, Mn e Al nos recursos hídricos a jusante. Verifica-se, ainda, a existência de

grandes reservatórios de águas ácidas, contaminando quer as águas superficiais, quer os recursos

hídricos subterrâneos.

B3. Conclusões

De modo genérico, verifica-se que os riscos de poluição de origem rural são bastante

superiores aos de origem urbana, representando as cargas poluentes de origem urbana cerca de

0.3% a 2.7% das de origem rural (0.3%, 0.5% e 2.7% para fósforo, azoto e carência bioquímica

de oxigénio, respectivamente). Por outro lado, verifica-se, também, que os maiores problemas

associados a poluição difusa se localizam nas sub-bacias de montante, com destaque para o rio

Caia e cabeceiras do rio Degebe. As sub-bacias em que os potenciais riscos de poluição difusa

são menores incluem as cabeceiras do rio Cobres e da ribeira de Oeiras.

3.6.2 Redes de monitorização de qualidade da água

3.6.2.1 Superficial

Na situação actual na bacia do rio Guadiana a rede de qualidade de água superficial é

constituída por 22 estações do tipo convencional em que se realizam amostragens periódicas,

localizando-se 12 em albufeiras e as restantes em linhas de água (Figura 3.6-1).

De acordo com a rede apresentada na Proposta de Implementação da Rede de Monitorização

de Recursos Hídricos nas bacias hidrográficas a Sul do Rio Tejo (INAG, Junho 2000) o número

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de estações nesta bacia passará para 38, sendo 14 em albufeiras e as restantes em linhas de água,

conduzindo a uma densidade com cerca de 3,3 estações /1000 km2. Destas estações 22

continuam convencionais, 9 são estações automáticas, em que alguns parâmetros são amostrados

de forma contínua, outros periodicamente e 7 terão também capacidade de teletransmissão, em

que alguns parâmetros são amostrados de forma contínua, com telemetria e envio de alarme

sempre que limites estabelecidos sejam ultrapassados e, outros periodicamente.

3.6.2.2 Subterrânea

Uma das lacunas maiores para o estudo das águas subterrâneas é a existência de dados

credíveis, distribuídos de forma a possibilitar a extrapolação das suas análises espacial e

temporalmente. Se esta lacuna é evidente na quantificação dos recursos subterrâneos é

perfeitamente limitativa quando se tenta abordar a sua qualidade.

Não se dispõe de inventários nem de informação sistemática neste contexto. Salvo eventuais

excepções de carácter pontual, as águas subterrâneas são objecto de monitorização apenas

quando se destinam a captação para consumo humano. Nos casos em que as águas subterrâneas

são usadas directamente para consumo humano, sem qualquer tratamento, o seu controlo

analítico cabe às entidades gestoras dos sistemas de abastecimento de água – em geral, as

Câmaras Municipais.

As colheitas e os ensaios analíticos para controlo de qualidade dessas águas são efectuados

por laboratórios próprios, no caso de municípios com maior dimensão e/ou estrutura

organizativa. Na maior parte dos casos, no entanto, o controle de qualidade das águas exploradas

é efectuado pelos serviços do Ministério da Saúde – Sub-Regiões Distritais de Saúde, a nível

distrital, ou Centros de Saúde, a nível concelhio – a quem compete também a vigilância sanitária

dessas águas.

A frequência de amostragem, quer para efeitos de controlo quer para efeitos de vigilância

sanitária dessas águas, é função não só do tipo de parâmetros, mas sobretudo da população

servida (Anexos VIII e IX do DL 236/98, de 1 de Agosto), estando também definidos por via

legal os parâmetros a controlar e os níveis de conformidade exigidos para cada parâmetro.

Desta forma os dados sobre a qualidade da água subterrânea estão concentrados em zonas

restritas, onde existem captações para o abastecimento público ou onde se detectaram problemas

de qualidade. Por exemplo, se em 10% de um sistema aquífero foi detectada contaminação por

nitratos, intensifica-se a amostragem e as análises nessa zona. Posteriormente, na análise de todo

o sistema, tomam-se, de forma “cega” os resultados disponíveis e, sem georeferenciar os pontos

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analisados, generaliza-se dizendo que “mais de metade das análises efectuadas nesse sistema

ultrapassam os valores de VMA para os nitratos”, omitindo que 70% do total das análises

realizadas dizem respeito a 10% do sistema.

Um outro problema detectado relaciona-se com a utilização de análises realizadas durante um

período de tempo relativamente longo. A comparação dos resultados neste caso, especialmente

aqueles que se referem a elementos que se apresentam em muito baixas concentrações (por

exemplo, metais pesados) sem atender ao método de análise referem frequentemente o limite de

detecção do método de análise utilizado, que para algumas técnicas laboratoriais é superior aos

valores limite.

No que respeita ao plano de monitorização da qualidade das águas subterrâneas preconizou-se

a partir de 2000 o registo sistemático de captações improdutivas e a instituição de um modelo

único de registo de pontos de água e actualização permanente no cadastro de pontos. Até 2003

será implementada a rede para as águas subterrâneas, prioritariamente nos aquíferos de maior

importância, nomeadamente no aquífero de Elvas - Vila Boim, Estremoz - Cano, Moura -

Ficalho, Serpa, Gabros de Beja, Transfronteiriço de Campo Maior - Badajoz, Monte Gordo e S.

Bartolomeu e até 2006 serão elaborados os relatórios das captações de águas subterrâneas.

3.6.2.3 Qualidade Ecológica

Com o intuito de avaliar a Qualidade Ecológica dos cursos de água, uma nova forma de

qualificação dos cursos de água que foi introduzida pela Directiva Europeia da Água e que diz

respeito à riqueza e valor intrínseco das comunidades de fauna e flora aquáticas, foi estabelecida

uma rede de amostragem (colheita de amostras de organismos aquáticos e outros parâmetros

relevantes) a nível experimental.

A rede de amostragem, delineada em 1998, tinha um número total de 45 estações de

amostragem, que foram escolhidas tendo em conta factores como a geologia dominante à volta

do local, a dimensão da área de drenagem (i.e. do curso de água a montante do ponto e de todos

os afluentes nesse troço) que cada local representa, e a altitude média de cada estação. Este

conjunto de factores serviu para determinar zonas diferenciadas ao longo da bacia do Guadiana,

como por exemplo zonas calcáreas vs zonas siliciosas, zonas acima dos 200 m vs zonas abaixos

dos 200, bacias grandes vs bacias pequenas. Da combinação destes factores estabeleceram-se

ecótipos diferentes, ou seja zonas-tipo com características ambientais diferentes. Este trabalho

baseou-se na assumpção de que estas características geográficas e geológicas do local

influenciam a fauna e flora desse local. Em cada um dos ecótipos assim definidos, foram

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escolhidas estações situadas em locais não perturbados por actividades humanas (particularmente

por actividades poluentes, provenientes dos efluentes urbanos ou industriais) e em locais

progressivamente mais poluidos. As primeiras são designadas por estações de referência e

destinam-se a servirem de termo de comparação relativamente às comunidades das outras

estações.

A amostragem permitiu recolher amostras de vários grupos de organismos, como de plâncton

vegetal (fitoplâncton), plâncton animal (zooplâncton), plantas e algas aquáticas (macrófitos),

invertebrados aquáticos (macrozoobentos) e peixes (ictiofauna) em cursos de água e albufeiras

ao longo da bacia do Guadiana. As conclusões deste estudo são preliminares e apresentam-se no

capítulo 3.6.3.4.

Independentemente dos resultados já obtidos, prevê-se a necessidade de montar uma rede de

amostragem de dados biológicos na bacia do Guadiana, para uma avaliação da Qualidade

Ecológica na bacia do Guadiana, a uma escala temporal e espacial, para cumprir as

especificações da Directiva da Água.

A rede de Qualidade Ecológica será definida em várias Etapas:

1. classificação das linhas de água de acordo com os parâmetros da Directiva-Quadro e

definição dos ecótipos, utilizando mais parâmetros;

2. estabelecimento das condições de referência para cada grupo biológico em todos os

ecótipos;

3. selecção dos indicadores biológicos para avaliação da qualidade biológica, assim como dos

parâmetros que serão usados para exprimir o estado de saúde dessas populações.

4. implementação de uma rede de recolha de dados biológicos.

A definição desta rede terá em consideração a estações de amostragem que foram

consideradas válidas como estações de referência, mas procurar-se-á extender o número de

estações, assim como aprofundar o conhecimentos sobre a fauna e flora de cada local. Deste, de

modo, conseguir-se-á obter representatividade das comunidades faunísticas e florísticas ao longo

de um ciclo anual e determinar quais os factores ambientais naturais ou artificiais que mais

influenciam as plantas e animais aquáticos.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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3.6.3 Classificação da Qualidade da Água

3.6.3.1 Qualidade para Usos Múltiplos

A. Superficial

A evolução da qualidade da água entre Out. 88 – Dez. 97 nos locais amostrados, pode

resumir-se da seguinte forma:

Rio Guadiana – Estações de montante para jusante

Monte da Vinha – Tratata-se da estação que apresenta os piores indicadores da qualidade da

água da bacia do Guadiana. Este facto é particularmente significativo pois ela corresponde à

qualidade da água quando esta “entra em Portugal”. A evolução, em termos de CBO5, azoto

amoniacal e concentração de nitratos aponta para uma progressiva degradação da qualidade da

água entre 88/89 e 94/95 (período seco), seguida de um período de franca recuperação até 96/97

(período húmido). É, ainda, possível constatar uma ligeira tendência para a diminuição do CQO

e uma subida do teor de nitratos.

Azenha dos Cereeiros – Nesta estação, que se encontra a jusante do troço norte em que o rio

serve de fronteira e de uma fonte de poluição tópica importante (Portucel Recicla), constata-se

uma subida da temperatura mínima da água, uma ligeira diminuição do CQO, embora os picos

máximos tenham sido atingidos em Agosto e Novembro de 1995, uma ténue tendência para a

subida das concentrações em nitratos e uma tendência nítida de subida do valor médio anual do

pH da água de amostragem. Em termos de poluição em matéria orgânica e CQO, o pior ano foi

94/95.

Rocha da Galé – Nesta estação, que se encontra a jusante do troço “fluvial” do rio, a

evolução das variáveis temperatura mínima, CQO e nitratos registam um andamento idêntico à

de Azenha dos Cereeiros. É também possível visualizar uma tendência para a diminuição dos

valores médios anuais de CBO5 e CQO, tendo ocorrido em 92/93 os piores indicadores de

matéria orgânica.

Rocha da Nora – Também em Rocha da Nora, que se encontra a jusante e serve de fronteira

para o troço de características nitidamente estuarinas, é possível identificar, no que respeita a

temperatura mínima da água de amostragem e CQO, a mesma evolução já registada em Azenha

dos Cereeiros e Rocha da Galé, tendo ocorrido em 94/95 os piores indicadores de matéria

orgânica. Observa-se também que as concentrações em fosfatos apresentam uma tendência

decrescente.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Cais de Alcoutim - Nesta estação, que já se encontra no troço estuarino do rio (e que por

consequência já não é representativa do estado do rio), apesar de se verificar uma subida da

temperatura mínima de água de amostragem, é nela que se assinala uma tendência crescente para

o CQO; em termos de poluição orgânica e CQO, o pior ano foi 94/95.

Principais albufeiras e captações (na bacia nacional)

Albufeira do Caia – Tal como já identificado nas estações de Azenha dos Cerieiros, Rocha da

Nora e Rocha da Galé, também na albufeira do Caia se detecta uma tendência de melhoria em

relação a CQO; as temperaturas mínimas da água de amostragem e as concentrações em fosfatos

apresentam uma tendência crescente e em termos de poluição orgânica, o pior ano foi 92/93.

Albufeira de Lucefecit – Não se identificam tendências evolutivas nos principais indicadores

de qualidade da albufeira do Lucefecit, sendo apenas de realçar uma melhoria da variável CQO,

a partir de 90/91.

Albufeira da Vigia – Evolução idêntica à da qualidade da água da albufeira do Lucefecit,

sendo, no entanto, a recuperação em termos de CQO registada mais tarde, a partir de 92/93.

Albufeira de Monte Novo (superfície) - Nesta albufeira há a registar uma melhoria do

parâmetro CQO a partir de 92/93 e maiores concentrações de nitratos nos últimos anos.

Açude do Bufo – Dispõe-se apenas de parâmetros de qualidade da água para o ano de 1996.

Apesar de não ser possível qualquer análise da evolução temporal, pode-se afirmar que nesta

estação, e comparativamente com o registado na captação do Ardila (na mesma bacia mas mais a

jusante), a qualidade da água, em valores médios para o ano de 1996, é pior em OD e melhor

em concentrações de nitratos.

Captação do Ardila – Nesta estação, e tal como já verificado em várias estações da bacia do

Guadiana, é visível um aumento da temperatura mínima da água de amostragem; pode-se

igualmente visualizar uma ténue tendência para a diminuição do CQO.

Enxoé – Dispõe-se apenas de parâmetros de qualidade da água no Enxoé para os meses de

Janeiro a Julho de 1996. Assim, não é possível tecer quaisquer considerações sobre a evolução

temporal do estado de qualidade neste local. No entanto, comparando com os registos de Ardila e

Tapada Grande (afluentes da margem esquerda, respectivamente, a montante e a jusante da

ribeira do Enxoé) no mesmo período, verifica-se, de um modo geral, uma pior qualidade da água

no que respeita a OD, CQO e coliformes fecais e menores concentrações de fosfatos e nitratos.

Oeiras – Para esta estação, implantada junto à SOMINCOR, na ribeira de Oeiras (afluente da

margem direita do Guadiana e confluindo próximo da povoação de Mértola) dispõe-se de

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indicadores de qualidade para o ano hidrológico de 95/96. Assim, não é possível analisar a

evolução temporal, tendo-se no entanto comparado, em termos espaciais, com os registos de

outros afluentes das proximidades, nomeadamente a albufeira da Tapada Grande (na margem

oposta a jusante) e concluído que apresenta valores semelhantes aos desta.

Tapada Grande – Nesta albufeira, e em conformidade com o detectado em várias estações da

bacia do Guadiana, é visível um aumento da temperatura mínima da água de amostragem a partir

de 93/94, podendo-se igualmente constatar uma ligeira tendência de subida de CQO até 94/95

(um pouco em contradição com as tendências registadas nas outras estações) e que os valores das

concentrações de nitratos nos últimos anos, 92/93 a 94/95, são inferiores aos de 88/89 e do início

da década de 90.

Odeleite – Nesta estação existem registos de parâmetros de qualidade da água a partir de

Outubro de 1995 (com lacunas de Junho a Dezembro de 1996). Apesar de não ser possível

analisar a evolução temporal dos indicadores de qualidade (amostra muito curta), verifica-se que,

no período de amostragem comum, a qualidade da água é muito semelhante à da albufeira de

Beliche (igualmente implantada num afluente da margem direita, mas um pouco a jusante).

Beliche (superfície) – Nesta estação também se detecta um aumento da temperatura mínima

da água de amostragem a partir de 93/94 e uma ligeira tendência de subida de CQO;

relativamente a OD, e apesar de apresentar valores aproximadamente uniformes entre 90/91 e

94/95, apresenta degradação progressiva nos últimos 3 anos; em termos de coliformes fecais,

regista-se também uma crescente contaminação a partir de 92/93.

Em conclusão, no que respeita à evolução espacial da qualidade da água no Guadiana,

verifica-se que a concentração ao longo do rio, para os parâmetros CBO5, CQO, OD, nitratos e

da poluição de origem urbana diminui.

Para os restantes parâmetros da qualidade da água não se pode inferir, que haja, em todas as

situações, uma melhoria progressiva para jusante.

No que respeita à evolução espacial da qualidade da água nos afluentes do Guadiana

verifica-se que:

• no que respeita a teores de nitratos, azoto amoniacal e coliformes fecais há valores mais

elevados nas estações da margem direita e a montante (Caia, Lucefecit, Vigia e Monte Novo)

comparativamente com as implantadas na margem esquerda (Ardila e Tapada Grande) e a

jusante (albufeira de Beliche-superficie);

Page 129: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

121/367

• a poluição em carga orgânica é também superior nas estações de montante, margem direita,

alargando-se também à captação do Ardila. Assim, os melhores valores registam-se na Tapada

Grande e Beliche;

• para os restantes parâmetros analisados não se detectam tendências de comportamentos

distintos em termos espaciais;

• em relação a valores médios anuais de cargas orgânicas, os melhores valores registam-se

nas albufeiras da Tapada Grande e Beliche;

• em relação a valores médios anuais de cargas orgânicas, os melhores valores registam-se

nas albufeiras da Tapada Grande e Beliche;

• verificam-se os maiores índices de poluição em termos de nitratos, azoto amoniacal e

coliformes fecais na zona de montante (rio Caia, Lucefecit e Degebe).

Estado trófico do rio Guadiana

No que respeita à situação de eutrofização, os troços do rio Guadiana encontram-se em geral

numa situação Meso/Eutrófico. Os seus troços mais afectados pelos problemas de eutrofização

são a zona da confluência da ribeira do Caia com o rio Guadiana e a zona do “rolhão” junto a

Mértola.

O troço intermédio, bastante extenso, caracteriza-se pela existência de açudes/rápidos onde a

elevada velocidade do escoamento e as temperaturas mais baixas, promovem, respectivamente,

um maior rearejamento e o aumento da solubilidade do oxigénio, favorecendo os processos de

autodepuração do rio.

3.6.3.2 Aptidão para utilizações qualitativamente exigentes

De acordo com o Decreto Lei 236/98, Anexo II, as águas superficiais para produção de água

para consumo humano são classificadas em três classes A1, A2 e A3, com qualidade

decrescente, a que correspondem diferentes esquemas tipo de tratamento com vista a torná-las

potáveis:

Classe A1 – tratamento físico e desinfecção;

Classe A2 – tratamento físico, químico e desinfecção;

Classe A3 – tratamento físico, químico de afinação e desinfecção.

Nas tabelas seguintes encontra-se um resumo da avaliação da aptidão dos meios hídricos

superficiais para usos qualitativamente exigentes nos anos de 1994/95, de 1995/96 e de 1996/97.

Page 130: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

122/367

Estações 1996/97 1995/96 1994/95 1996 Monte da Vinha > A3 > A3 > A3 - Azenha dos Cereeiros > A3 A2 > A3 - Rocha da Nora A3 A3 > A3 A3 Alb. Caia > A3 A3 > A3 > A3 Alb. Vigia A2 A2 A3 A3 Alb. Monte Novo > A3 A3 > A3 A3 Ardila- captação > A3 A2 > A3 > A3 Alb. Tapada Grande A3 A3 A3 A2 Alb. de Beliche

>A3 - qualidade inferor à classe A3

Água destinada à produção para consumo humano

Nas Figuras 3.6-2 e 3.6-3 apresenta-se a classificação da qualidade da água para consumo

humano.

Segundo o Decreto Lei 236/98 designa-se não conforme por NC e confome por C quando

respectivamente não são cumpridos os valores limites dos parâmetros de referência estabelecidos

por lei.

Estações 1996/97 1995/96 1994/95

Monte da Vinha NC NC NC Azenha dos Cerieiros NC NC NC Rocha da Nora C NC NC Alb. Caia C NC NC Alb. Vigia NC NC C Alb. Monte Novo NC NC C Ardila- captação C NC NC Alb. Tapada Grande C C C Alb. de Beliche C C C

Água para suporte da vida aquícola – águas piscícolas (ciprinídeos)

Nas Figura 3.6-4 apresenta-se a classificação da qualidade da água para suporte da vida

piscícola.

Estações 1996/97 1995/96 1994/95

Monte da Vinha NC NC NC Azenha dos Cerieiros NC NC NC Rocha da Nora NC NC NC Alb. Caia NC NC NC Alb. Vigia NC NC C Alb. Monte Novo NC NC C Ardila- captação NC NC NC Alb. Tapada Grande C C C Alb. de Beliche C C C

Água para utilização balnear

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

123/367

A apreciação da situação actual da qualidade nos últimos anos mostra, se exceptuarmos a

qualidade da água para rega, a quase geral inadequação da qualidade presente na bacia

hidrográfica aos diversos usos actuais ou pretendidos. A excepção a esta situação corresponde à

zona jusante e margem direita do Guadiana (barragem de Beliche), em que a qualidade da água

está, em geral, adaptada ao pretendido. Um análise mais detalhada, sugere as seguintes

considerações adicionais (Figura 3.6-5).

Água Destinada à Produção de Água para Consumo Humano

Das nove estações seleccionadas para a presente análise, sete são actualmente captações,

sendo o tratamento praticado em todas adequado a águas da classe A2, exceptuando o da

albufeira de Monte Novo e Beliche (tratamento tipo A3) tal como se verifica na tabela seguinte:

Captação Classe (96/97)

Tipo de tratamento

Rocha da Nora A3 A2 Alb. Caia > A3 A2 Alb. Vigia A2 A2 Alb. Monte Novo > A3 A3 Ardila- captação > A3 A2 Alb. Tapada Grande A3 A2 Alb. de Beliche A2 A3

Conflitos de uso na água para abastecimento humano

Assim, apenas nas captações das Albufeiras da Vigia e de Beliche está presente água de classe

de qualidade compatível com o tipo de tratamento efectuado.

Há, pois, de uma forma quase generalizada uma inadequação do grau de tratamento às

efectivas necessidades, e, como tal, a presença de um problema actual ou potencial que pode

conduzir à distribuição, às populações servidas, de água para consumo sem a qualidade adequada

(Figuras 3.6-2 e 3.6-3).

Água para Suporte da Vida Aquícola – Águas Piscícolas (Águas de Ciprinídeos)

O Guadiana e as albufeiras em estudo são habitats de populações piscícolas/ciprinídeos,

requerendo qualidade de água conforme às normas legais respectivas, ocorrendo conflito de

utilização em cerca de 50% da área em análise, ou seja, não conformidade em todo o rio

Guadiana até às proximidades de Pulo do Lobo e nas albufeiras de Monte Novo e Vigia, embora

conforme nas albufeiras do Caia, do Beliche e da Tapada Grande, nas proximidades da captação

do Ardila e no Guadiana na zona de Mértola (Figura 3.6-4).

Page 132: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

124/367

Dando cumprimento à legislação nacional e comunitária no âmbito da Directiva 78/659/CEE,

relativa à qualidade das águas doces que necessitam de ser protegidas ou melhoradas a fim de

estarem aptas para a vida dos peixes, foram designados em Março de 2000, pela DGF em

colaboração com o INAG e DRAs, os troços salmonídeos e ciprinídeos , cuja listagem se

apresenta na tabela seguinte.

Bacia Curso de Água Classificação Limites Extensão DRA Guadiana Rib. Odeleite C Todo o curso de água 102 Algarve Guadiana Degebe C Todo o curso de água 79 Alentejo Guadiana Rib. Vascão C Todo o curso de água 102 Alentejo Guadiana Rib. Oeiras C Todo o curso de água 93 Alentejo Guadiana Rio Cobres ou Rib.

Terge C Todo o curso de água 98.5 Alentejo

Guadiana Rib. Lucefecit C Todo o curso de água 52 Alentejo

Água para Utilização Balnear

Apenas as albufeiras da Tapada Grande e de Beliche apresentam qualidade de água adequada

ao uso balnear.

Embora exista, actualmente, na área em estudo, apenas um local classificado como praia

fluvial (a montante da albufeira do Caia e em relação ao qual não se dispõe de informação sobre

a respectiva qualidade da água), são diversos os pontos já identificados como destinados a tal

tipo de utilização, por exemplo, em Nossa Senhora da Enxará, na Albufeira de Lucefecit, no

Pomarão e em Alcoutim (Figura 3.6-5).

3.6.3.3 Subterrânea

Os Sistemas Aquíferos de Elevada Produtividade existentes na bacia do Guadiana são os

seguintes:

• Sistema Aquífero “Estremoz-Cano”;

• Sistema Aquífero “Moura-Ficalho”;

• Sistema Aquífero “Monte-Gordo”;

• Sistema Aquífero “S. Bartolomeu”;

• Sistema Aquífero “Serpa”;

• Sistema Aquífero “Elvas-Vila Boim”;

• Sistema Aquífero “Gabros de Beja”;

• Sistema Aquífero Transfronteiriço “Campo Maior-Badajoz”.

Page 133: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

125/367

Nas Figuras 3.6-7 e 3.6-8 pode visualizar-se a vulnerabilidade dos aquíferos mencionados,

segundo duas classificações.

Um dos aspectos de grande importância para uma correcta avaliação do estado dos meios

hídricos subterrâneos e para uma exploração racional dos mesmos prende-se com a qualidade da

informação, a qual é deficiente nesta data, não existindo uma rede de monitorização da qualidade

da água subterrânea, mas informação dispersa por várias entidades.

Uma das lacunas maiores para o estudo das águas subterrâneas é a existência de dados

credíveis, distribuídos de forma a possibilitar a extrapolação das suas análises espacial e

temporalmente. Se esta lacuna é evidente na quantificação dos recursos subterrâneos é

perfeitamente limitativa quando se tenta abordar a sua qualidade.

Não se dispõe de inventários nem de informação sistemática neste contexto. Salvo eventuais

excepções de carácter pontual, as águas subterrâneas são objecto de monitorização apenas

quando se destinam a captação para consumo humano. Nos casos em que as águas subterrâneas

são usadas directamente para consumo humano, sem qualquer tratamento, o seu controlo

analítico cabe às entidades gestoras dos sistemas de abastecimento de água – em geral, as

Câmaras Municipais.

Um outro problema detectado relaciona-se com a utilização de análises realizadas durante um

período de tempo relativamente longo. A comparação dos resultados neste caso, especialmente

aqueles que se referem a elementos que se apresentam em muito baixas concentrações (por

exemplo, metais pesados) sem atender ao método de análise referem frequentemente o limite de

detecção do método de análise utilizado, que para algumas técnicas laboratoriais é superior aos

valores limite.

Neste subcapítulo é também analisada a vulnerabilidade dos aquíferos à poluição. Optou-se

por apresentar as cartas de vulnerabilidade obtidas em função da litologia das formações

aquíferas e das suas relações hidráulicas com os cursos de água, o que permite homogeneizar o

critério de análise e não ficar dependente da inexistência de dados de qualidade relativamente a

certos parâmetros de referência.

A aproximação mais simples consiste em atribuir a cada formação litológica/hidrogeológica

uma classe de vulnerabilidade, da seguinte forma:

V1 – Aquíferos em rochas carbonatadas de elevada carsificação

Alto

V2 – Aquíferos em rochas carbonatadas de carsificação média a alta

Médio a Alto

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

126/367

V3 – Aquíferos em sedimentos não consolidados com ligação hidráulica com a água

superficial

Alto

V4 – Aquíferos em sedimentos não consolidados sem ligação hidráulica com a água

superficial

Médio

V5 – Aquíferos em outras rochas carbonatadas

Médio a Baixo

V6 – Aquíferos em rochas fissuradas

Baixo e Variável

V7 – Aquíferos em sedimentos consolidados

Baixo

V8 – Inexistência de aquíferos

Muito Baixo

Análise da qualidade da água

Os dados analíticos da qualidade da água foram recolhidos junto das diversas autarquias, nas

diversas divisões das DRAOT Alentejo e Algarve, na Faculdade de Ciências da Universidade de

Lisboa e dados referentes a análises executadas no âmbito do Estudo dos Recursos Hídricos

Subterrâneos do Alentejo (ERHSA) . Em alguns casos a caracterização foi complementada com

dados de outras origens (teses de doutoramento, de mestrado, estágios e outros estudos).

A análise efectuada teve como objectivo fundamental a caracterização da água segundo 4

pontos distintos:

• Caracterização geral, baseada nos elementos maiores;

• Caracterização da qualidade da água subterrânea para consumo humano, segundo o Anexo

VI do Decreto-Lei n. 236/98 - "Qualidade para consumo humano";

• Caracterização da aptidão como origem de água para produção de água para consumo

humano, onde foi tomada como base a classificação feita no Artigo 14 da Secção II do Decreto-

Lei n. 236/98 - "Águas subterrâneas destinadas à produção de água para consumo humano", no

qual se consideram aptas para serem utilizadas como origem de água para consumo humano, as

águas subterrâneas que apresentem qualidade superior ou igual à da categoria A1 das águas

doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano;

Page 135: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

127/367

• Caracterização da qualidade da água para uso agrícola, onde tomou por base a classificação

da USSLS (U. S. Salinity Laboratory Staff).

Foi efectuada a caracterização geral da qualidade da água dos diversos sistemas aquíferos,

com base no tratamento estatístico dos dados disponíveis em pontos de água de cada aquífero. A

escassez de dados de qualidade sob o ponto de vista microbiológico, dispondo-se somente de

dados da DGA relativos ao ano de 1996, permitiu apenas realizar uma análise qualitativa.

Água Destinada ao Consumo Humano

Na Tabela seguinte sintetizam-se, para os aquíferos considerados no presente estudo, as

percentagens de violações dos diversos parâmetros analisados aos respectivos VMR e VMA

relativamente à qualidade para consumo humano. Excluiu-se desta Tabela o Sistema Aquífero de

Serpa e o Sistema Aquífero Transfronteiriço de Campo Maior - Badajoz, por não ter sido

possível obter dados suficientes para a sua caracterização.

Est

rem

oz

Mou

ra

M. G

ordo

S. B

arto

l.

Elv

as

G. B

eja

Xis

tos

Bás

icas

R. Á

cida

s

Flys

ch

Condut. % < VMR

% > VMR

0

100

2,4

97,6

0

100

0

100

0

100

0

100

18,2

81,8

3,1

96,9

18,6

81,4

0

100

Ca % < VMR

% > VMR

92,2

7,8

17,1

82,9

87,5

12,5

48

52

64,7

35,3

93,9

6,1

93

7

77

23

77,8

22,2

92,2

7,8

Na % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

70,3

29,7

0

5

95

0

0

70

30

0

78,6

21,4

80,4

6

0

13,6

86,4

0

17,1

58,5

24,4

4

80,6

0

7

80,3

0

70,3

29,7

0

K % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

95,3

1,6

3,1

100

0

0

60

30

10

100

0

0

98

0

2

100

0

0

99,2

0

0,8

100

0

0

96,7

0

3,3

95,3

1,6

3,1

Mg % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

23,4

73,4

3,1

29,3

65,9

4,9

75

12,5

12,5

0

28

72

31,4

68,6

0

9,1

60,6

30,3

48,4

23,4

28,1

27,6

62,1

10,3

57,3

29,3

13,4

23,4

73,4

3,1

SO4 % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

64,1

35,9

0

36,6

63,4

0

40,9

59,1

0

2,3

88,4

9,3

33,3

64,7

2

0

100

0

36

58,1

5,9

11,3

88,8

0

34,1

64,6

1,2

64,1

35,9

0

Fe % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

90,2

7,8

2

57,3

30,7

12

41,5

48,8

9,8

39,7

44,4

15,9

D.T. % < VMA

% > VMA

100

0

100

0

52,6

47,4

100

0

100

0

NO3 % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

28,1

51,6

20,3

2

61,5

2

72,2

27,8

0

20

40

40

29,4

43,1

27,5

9,1

31,8

59,1

59,2

20

20,8

21,4

22,6

56

39,2

21,5

39,2

28,1

51,6

20,3

NO2 % < VMA

% > VMA

100

0

94,1

5,9

97

3

93,9

6,1

96

4

100

0

Page 136: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

128/367

N Amoniacal % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

79,4

20,6

0

85,7

7,1

7,1

79,4

20,6

0

Cl % < VMR

% > VMR

56,3

43,7

4,9

95,1

0

100

0

100

60,8

39,2

36,4

63,6

16,1

83,9

29,2

70,8

26,1

73,9

56,3

43,7

Fosfato % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

51

49

0

Al % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

94,1

3,9

2

73,2

12,2

14,6

71,1

18,4

10,5

Zn % < VMR

% > VMR

13,7

86,3

Cu % < VMR

% > VMR

93,8

6,2

Mn % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

89,7

3,4

6,9

38,1

52,4

9,5

Qualidade das águas para Consumo Humano dos diferentes aquíferos (percentagens de violação dos VMR

e dos VMA)

Segundo o Decreto Lei 236/98, entende-se por Valor Máximo Recomendavel (VMR) o valor

de norma de qualidade que, de preferência, deve ser respeitado e não excedido e por Valor

Máximo Admissível (VMA) o valor de norma de qualidade que não deve ser ultrapassado.

No que respeita à aptidão das águas para produção para consumo humano, ela é condicionada

sobretudo pelas elevadas concentrações em nitratos, sulfatos, cloretos e pelas elevadas

condutividades eléctricas. Na Tabela seguinte sintetizam-se os resultados das percentagens de

violações aos respectivos VMR e VMA.

Est

rem

oz

Mou

ra

M. G

ordo

S. B

arto

l.

Elv

as

G. B

eja

Xis

tos

Bás

icas

R. Á

cida

s

Flys

ch

Condut. % < VMR

% > VMR

95,3

4,7

50

50

16,7

83,3

4,9

95,1

96,1

3,9

89,4

10,6

67,6

32,4

90,6

9,4

83,1

16,9

51

49

SO4 % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

100

0

0

100

0

0

81,8

18,2

0

65,1

25,6

9,3

98

0

2

100

0

0

90,4

3,7

5,9

98,7

1,3

0

98,8

0

1,2

95,3

4,7

0

Fe % < VMR

% VMR-VMA

% > VMA

96,1

2

2

NO3 % < VMR

% > VMR e < VMA

% > VMA

28,1

51,6

20,3

2

61,5

2

72,2

27,8

0

20

40

40

29,4

43,1

27,5

9,1

31,8

59,1

59,2

20

20,8

21,4

22,6

56

39,2

21,5

39,2

28,1

51,6

20,3

Page 137: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

129/367

N Amoniacal % < VMR

% > VMR

79,4

20,6

85,7

14,3

91,3

8,7

Cl % < VMR

% > VMR

100

0

95,1

4,9

75

25

47,1

52,9

100

0

100

0

73

27

97,7

2,3

96,6

3,4

66,7

33,3

Fosfato % < VMR

% > VMR

100

0

100

0

Zn % < VMR

% > VMR e < VMA

% > VMA

100

0

0

Cu % < VMR

% > VMR e < VMA

% > VMA

100

0

0

Mn % < VMR

% > VMR

93,1

6,9

90,5

9,5

F % < VMR

% > VMR e < VMA

% > VMA

100

0

0

Cr % < VMA

% > VMA

100

0

Aptidão da água dos aquíferos da Bacia do Guadiana para produção para consumo humano

(percentagens de violação dos VMR e dos VMA)

Na Figura 3.6-6 apresenta-se com base nos dados disponíveis em pontos de água de cada

aquífero a situação da qualidade de água para consumo humano relativamente ao teor em

nitratos.

Em termos gerais verifica-se que a qualidade da água subterrânea da bacia para consumo

humano é muito deficiente, sobretudo na metade sul. Os parâmetros em relação aos quais se

verifica maior frequência de violações dos VMA, relativamente à qualidade da água para

consumo humano, são o magnésio, sódio e nitrato.

No que respeita ao magnésio e aos nitratos do conjunto de aquíferos analisado, apenas o

Sistema Aquífero de Elvas Vila Boim e o Sistema Aquífero de Monte Gordo não revelaram

violações ao VMA, respectivamente em relação ao magnésio e ao nitrato. Quanto ao sódio, as

violações a este parâmetro fazem-se sobretudo na parte sul da bacia, nomeadamente nos

aquíferos de Monte Gordo e S. Bartolomeu e nos xistos.

Em grande parte dos parâmetros, os respectivos VMR são ultrapassados em mais de 50% dos

casos, devido em parte a processos naturais, relacionados com interacção água/rocha e com

lexiviação de sais inclusos nos sedimentos. As práticas agrícolas são responsáveis pelo aumento

da concentração de nitratos, sulfatos e outros iões, devido à utilização de fertilizantes e ao

regadio, o qual provoca um aumento generalizado dos sais devido à sua reciclagem ao nível do

Page 138: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

130/367

solo. A vulnerabilidade dos aquíferos à poluição é representada nas Figuras 3.6-7 e 3.6-8. Os

processos de interacção água/rocha são responsáveis por durezas elevadas nos aquíferos

carbonatados e em rochas básicas.

No que respeita à aptidão das águas para produção para consumo humano, as águas são

condicionadas sobretudo pelas elevadas concentrações em nitratos, sulfatos, cloretos e pelas

elevadas condutividades eléctricas.

Com base nos elementos analisados e de uma forma expedita, as águas dos aquíferos

considerados podem classificar-se da seguinte forma:

Aquífero/Formação Qualidade da Água

Estremoz-Cano Deficiente

Moura-Ficalho Deficiente

Monte Gordo Deficiente

S. Bartolomeu Má

Elvas – Vila Boim Deficiente

G. Beja Má

Xistos Deficiente

R. Básicas Má

R. Ácidas Deficiente

Flysch Deficiente

Qualidade da Água nos Aquíferos da Bacia

Chama-se, todavia, a atenção que esta classificação não poderá ser encarada de forma rígida

para todo o aquífero, visto que os parâmetros analisados apresentam grandes dispersões dos seus

valores espacialmente. Este facto deve-se à grande heterogeneidade espacial das fontes

poluidoras e às diferenças de condições dos sistemas, litológicas, estruturais, entre outras. Como

foi já referido, à luz dos valores obtidos na análise estatística efectuada, a água de alguns dos

sistemas foi considerada no seu conjunto deficiente. Todavia, e porque o tratamento foi

efectuado a um "sistema espacial" e não a cada ponto de água isoladamente, poderão ocorrer

para os diferentes aquíferos zonas onde a água é de boa qualidade.

Relativamente à qualidade da água para rega, a maioria das águas analisadas apresentam taxas

de adsorção de sódio baixas, situando-se na classe S1 da classificação do USSLS (U.S Salinity

Laboratort Staff), pelo que oferecem um baixo perigo de alcalinização do solo. No entanto, em

relação à condutividade, a grande maioria integra-se nas classes C2 e C3 representando assim um

perigo de salinização do solo médio a alto.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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3.6.3.4 Estado trófico das albufeiras

Embora exista deficiência de dados de base, as ocorrências frequentes de blomms

fitoplânctónicos em várias zonas (que incluem em maior ou menor proporção cianobactérias) e

do desenvolvimento anómalo de infestantes aquáticas, podem ser resultantes da relação N/P que

se verifica.

Acresce que, a tendência que o azoto e o fósforo têm para aumentar em paralelo, torna difícil

determinar a relativa importância dos dois factores no processo de eutrofização, pois o

enriquecimento em cada um destes nutrientes processa-se em proporções diferentes, devido ao

facto de as fontes de input de cada uma das substâncias ser diferente.

Para alguns sistemas, no entanto, a limitação da produção primária pode não estar dependente

da disponibilidade de nutrientes mas ser controlada pela penetração de luz. Uma definitiva

conclusão sobre os factores limitativos da produção primária passa pela componente biológica e

quando se dispõe apenas dos valores de azoto e fósforo podem, apenas, retirar-se algumas

ilações.

Assim, julga poder afirmar-se que os troços do rio Guadiana encontram-se em geral numa

situação Meso/Eutrófico. Os seus troços mais afectados pelos problemas de eutrofização são a

zona de confluência da ribeira do Caia com o rio Guadiana e a zona do “rolhão” junto a Mértola.

O troço intermédio, bastante extenso, caracteriza-se pela existência de açudes/rápidos onde a

elevada velocidade do escoamento e as temperaturas baixas, promovem, respectivamente, um

maior rearejamento e o aumento da solubilidade do oxigénio, favorecendo os processos de

autodepuração do rio.

As albufeiras, em geral, encontram-se num estado Mesotrófico ou Meso/Eutrófico, sendo as

piores as do Caia,devido à presença de bastantes lagares de azeite e algumas boviniculturas, do

Lucefecit, devido essencialmente à presença de bastantes suiniculturas, e da Vigia, pela presença

de suiniculturas e algumas adegas. As melhores albufeiras são as de Beliche e Odeleite, além de

serem recentes as bacias apresentam reduzida ocupação humana e industrial, as quais ainda se

encontram numa situação de Oligotrófico.

3.6.3.5 Qualidade Ecológica

O Bom Estado Ecológico das águas dos rios, ribeiros e albufeiras, como definido na

Directiva-Quadro da Água (Directiva 2000/60/CE do Parlamento do Concelho de 22 de Outubro

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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de 2000), corresponde a uma situação em que, embora sejam detectáveis os impactes causados

pelas actividades humanas, estes são pouco significativos. Na realidade, a bacia do Guadiana

sofre uma grande influência da ocupação humana, pelo que praticamente não se encontram

locais completamente selvagens. A qualidade ecológica de um local num curso de água mede-se

através da fauna e flora existentes no local, do ambiente físico-químico (que determina

características como por exemplo se a água é potável ou não e a sua dureza) e de outras

características, como a corrente, o tamanho da bacia, a geologia, a largura do rio, as suas

margens, o caudal, etc.

Embora haja pontos comuns a todos os rios, como o facto de terem caudal, leito, serem

habitados por plâncton animal e vegetal, algas e animais vertebrados e invertebrados, as

características de cada um destes aspectos varia de rio para rio e dentro do mesmo rio. O clima

de uma região, a sua situação geográfica, a altitude, o tamanho da bacia e a geologia são factores

que influenciam muito todas estas características.

A Directiva 2000/60/CE do Parlamento e do Concelho de 22 de Outubro de 2000, estabelece

um quadro de acção comunitária no domínio da política da água, que é conhecida como

Directiva-Quadro da Água, tem por fim a promoção do uso sustentável da água, a protecção e

melhoria do estado ecológico da água e a prevenção da sua degradação.

No âmbito desta Directiva, procurou-se classificar dentro da bacia do Guadiana, locais

representativos da boa qualidade ecológica da água através da colheita de amostras de fauna e

flora. O objectivo é determinar quais são as condições ideais para a existência da fauna e flora

naturalmente ocorrentes num rio ou ribeiro, ou seja, como são os rios sem perturbação humana.

Desta forma, podem mais tarde comparar-se outros cursos de água ou locais com as condições

naturais e avaliar o seu grau de perturbação.

Para os cursos de água correntes, a Directiva determina que alguns grupos de animais e

plantas devem servir como grupos-indicadores, isto é, servem para indicar se as condições do

meio aquático são boas ou más para os organismos aquáticos. São estes:

• macroinvertebrados (insectos, conchas, anelídeos e outros) – vivem no fundo dos rios e

ocorrem com maior abundância e diversidade em cursos de águas limpas;

• macrófitos – algas e plantas superiores aquáticas – crescem no fundo ou à tona da água e

servem para avaliar o grau de poluição das águas;

• peixes – são o único grupo de vertebrados que vive durante todo o seu ciclo de vida no

meio aquático, sendo algumas espécies apreciadas como alimento e até terem importância

comercial.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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As albufeiras das barragens, como são executadas pelo Homem, são consideradas como meios

semi-naturais. Para estes meios, considerou-se que o grupo indicador deveria ser o fitoplâncton,

organismos vegetais microscópicos, que são fundamentais na cadeia alimentar aquática, mas que

sob determinadas condições de poluição, podem sofrer explosões populacionais e causar vários

problemas de inquinação das águas.

Para se identificarem locais o menos perturbados possível, que se pudesse dizer que têm boa

qualidade ecológica e que servem como referência para outros, têm que se delimitar primeiro

regiões semelhantes em termos fisiográficos, geológicos e geográficos, para que as condições

biológicas possam ser comparáveis. Neste sentido a Directiva da Água estabelece uma série de

factores ambientais, que devem ser usados para definir sub-bacias uniformes no que respeita às

condições ambientais, e que são a ecorregião, a altitude, a área de drenagem (ou seja a área que

alimenta o curso de água e todos os seus afluentes) e a geologia do terreno. Na bacia do

Guadiana, do cruzamento destas três características, denominadas como Sistema A pela

Directiva, obtiveram-se 10 tipos diferentes, denominados ecótipos (tabela seguinte)ou seja, tipos

ecológicos com alguma unidade em relação a estas características e presumivelmente em relação

aos seres aquáticos.

Geologia Siliciosas Calcárias Orgânicas

Altitude (m) <200 >200 e

<800

>800 <200 >200 e

<800

>800 <200 >200 e

<800

>800

Área de drenagem (km2)

Pequena (10-100) A.1 B.1 - D.1 E.1 - - - -

Média (100-1000) A.2 B.2 - D.2 - - - - -

Grande (1000-10000) A.3 B.3 - - - - - - -

Muito grande (>10000) A.4 - - - - - - - -

Ecótipos de rios que são discriminados na província Luso-extremaduriense da bacia hidrográfic

do rio Guadiana pelo Sistema A (- ecótipo ausente)

No que respeita à Ecorregião, pode observar-se que a Península Ibérica se insere na

Ecorregião A – região Ibérico-Macaronésica. A Directiva prevê, no entanto, que dentro de cada

país haja a necessidade de mais divisões para além destas, baseadas nos factores climáticos e na

biologia. Ainda assim a bacia do Guadiana insere-se quase totalmente numa única região – a

Província Luso-Estremadurense, sendo a única excepção o extremo Sul da bacia, na região de

Castro Marim. Deste modo, o presente trabalho considerou a existência de apenas uma

ecorregião para a bacia do Guadiana (Figura 3.6-9).

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Adicionalmente a Directiva apresenta um sistema B, onde se indicam outros factores

ambientais que influenciam a fauna e flora aquáticas, mas cuja utilização é opcional, pois são

factores mais difíceis de conseguir caracterizar, no estado actual dos conhecimentos.

Em relação às albufeiras, uma vez que são sistemas semi-naturais, procedeu-se à sua

classificação de acordo com a altitude, geologia (características idênticas às utilizadas para os

cursos de água correntes), profundidade média e área total do plano de água, quando a albufeira

está cheia. Obtiveram-se, assim, 9 ecótipos para a bacia do Guadiana.

Foram identificados locais dentro de cada ecótipo, que se situam fora da área de influência

das fontes poluidoras, ou seja a montante da sua localização. Estes locais tem condições para não

sofrerem perturbação humana e apresentarem a melhor qualidade em termos naturais. São assim

assumidas como estações de Referência, porque vão servir como ponto de comparação para

todos os outros locais.

Pelo contrário, escolheram-se também alguns locais a jusante e próximo das fontes

poluidoras, com o propósito de se avaliar o seu grau de perturbação.

Note-se que nem todos os ecótipos puderam ter definidas estações de referência, porque não

se encontraram locais sem perturbação humana nesses ecótipos.

RESULTADOS

De acordo com os dados da fauna e flora, nomeadamente para os peixes, algas e plantas

aquáticas, confirmam-se muitas das estações de referência determinadas de acordo com o

sistema A da Directiva, na zona sul da Bacia (rio Vascão, ribeira da Foupana, ribeira de Odeleite

e ribeira de Oeiras) onde a perturbação humana é menor. Na zona norte e centro da bacia, pelo

contrário, houve menos estações de referência e menos concordância com as que haviam sido

previamente definidas.

No caso do Guadiana a qualidade físico-química da água deve obedecer aos critérios

determinados para a vida de peixes ciprinídeos. Os critérios de qualidade da água para estes

peixes (ex. barbos, bogas, escalos, bordalo etc.) são um pouco menos exigentes do que para os

cursos de água de águas salmonícolas (adequados à vida de peixes salmonídeos, como a truta),

pois os peixes ciprinídeos são típicos de rios de menor corrente e mais largos, onde as águas são

menos oxigenadas e contêm mais matéria orgânica.

A qualidade da água recente na bacia do Guadiana tem evoluído e é patente a influência dos

factores climatéricos, nomeadamente da chuva, nos resultados das análises efectuadas. Os

estudos que têm vindo a ser efectuados no Guadiana baseiam-se num número de estações de

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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amostragem entre 21 e 14. Actualmente a rede de amostragem dos parâmetros de qualidade

físico-química e microbiológica do Guadiana possui 20 estações, estando em vias de ser

ampliada para 36 estações de amostragem, das quais 12 se destinam à avaliação da qualidade da

água piscícola ou Ciprinícola.

De um modo geral, descreve-se a qualidade da água do Guadiana nestes últimos anos.

No período anterior a 1988, os dados disponíveis indicam um rio com boa qualidade da água,

tendo como regiões preocupantes as zonas directamente afectadas pelas águas residuais da

Portucel (Mourão) e pelas águas comunitárias de Badajoz-Elvas. Identificaram-se também

problemas localizados de eutrofização na confluência do rio Caia e entre Serpa e Mértola.

No início da década de 90 verifica-se uma diferença nítida entre as estações de montante e as

de jusante, com uma evolução positiva da qualidade da água entre as estações de Monte da

Vinha e a de Cais de Alcoutim (estação mais a jusante do Guadiana, já em zona estuarina).

A primeira metade da década coincide com um período de seca, sendo visível o seu efeito:

degradação da qualidade da água, atingindo o ponto crítico no Verão de 1995, com parâmetros

muito elevados de Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5), Carência Química de Oxigénio

(CQO) e baixos níveis de Oxigénio Dissolvido (OD). Em finais de 1995 começa a verificar-se

uma recuperação. As estações mais directamente afectadas pelos efluentes, Monte da Vinha

(repositário dos efluentes urbanos de Badajoz) e Azenha dos Cereeiros (a jusante da Fábrica da

Portucel Recicla), foram as mais seriamente afectadas pela seca, pois com caudais mínimos

dominui consideravelmente o efeito diluidor. A tabela seguinte, apresenta a classificação da água

para suporte da vida aquícola – águas piscícolas (Ciprinídeos) ao longo de 3 anos consecutivos.

Classificação de águas Ciprinícolas Nome Localização 1996/97 1995/96 1994/95 Monte da Vinha rio Guadiana

(fronteira) NC NC NC

Azenha dos Cerieiros rio Guadiana NC NC NC Rocha da Nora rio Guadiana C NC NC Albufeira do Caia rio Caia C NC NC Albufeira da Vigia rio Degebe NC NC C Albufeira de Monte Novo rio Degebe NC NC C Ardila – captação rio Ardila C NC NC Albufeira da Tapada Grande rio Chança C C C Albufeira de Beliche rib.ª Beliche C C C Obs: NC - Não Conforme com as normas de qualidade; C – Conforme com as normas de qualidade

Classificação da qualidade da água para suporte da vida aquícola – águas piscícolas (Ciprinídeos) nas estações estudadas

Verifica-se que a água está Não Conforme em todo o rio Guadiana até às proximidades do

Pulo do Lobo e nas albufeiras de Monte Novo e da Vigia. A água está Conforme nas albufeiras

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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do Caia, do Beliche e da Tapada Grande, nas proximidades da captação no Ardila e na zona de

Mértola. A evolução, ao longos das três épocas estudadas reflecte as condições climatéricas, em

particular as da precipitação. A classificação de qualidade não conforme é causada, na maior

parte dos casos, da presença de grandes quantidades de matéria orgânica (denunciada pelos

parâmetros CBO5 e CQO), que podem ser detritos provenientes de águas residuais comunitárias

ou algas de pequena dimensão.

3.6.4 Zonas sensíveis e vulneráveis

Na área deste Plano de Bacia Hidrográfica estão classificadas como “zonas sensíveis” as

seguintes albufeiras (cf. Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho – Figura 3.6-10):

• Vigia; • Monte Novo; • Caia,

bem como o “Troço do rio Guadiana desde a confluência com o rio Caia até à confluência

com o rio Chança”, a Ribeira da Múrtega e o Sapal de Castro Marim.

Analisando a rede hidrográfica do Guadiana, julga-se que a esta lista poderá, eventualmente e

no caso de se considerar a implementação do empreendimento de Alqueva, adicionar-se a ribeira

de Oeiras. Com efeito, trata-se de um curso de água destinado à captação de água potável e em

que as concentrações de nitratos poderão exceder os valores limite estipulados (25 a 50 mg/l

NO3).

Não estão classificadas quaisquer zonas vulneráveis à poluição por nitratos nesta bacia

hidrográfica (cf. Decreto-Lei n.º 235/97, de 3 de Setembro e Portaria n.º 1037/99 de 1 de

Outubro).

Analisando os dados de qualidade da água de que se dispõe, constata-se que unicamente em

três locais são atingidos valores semelhantes aos enunciados na Directiva, ver tabela seguinte:

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Estação Período de amostragem

Valor Máximo (mg/l NO3)

Incumprimento da Directiva 91/271/CEE

(>25 mg/l NO3) Alcoutim Out 90 – Dez 97 20,7 (Jan 93) Ardila Jan 95 – Dez 97 21,6 (Fev 96) Arronches Out 95 – Set 96 122,0 (Jul 96) 122,0 (Jul 96)

26,8 (Ago 96) 39,6 (Set 96)

Azenha dos Cerieiros Out 88 – Dez 97 18,7 (Fev 96) Beliche (superf) Out 90 – Dez 97 4,7 (Dez 95) Bufo Jan 96 – Dez 96 9,8 (Fev 96) Caia Out 88 – Dez 97 16,3 (Abr 96) Enxoé Jan 98 – Jul 98 9,0 (Jan 98) Lucefecit Out 88 – Dez 95 11,1 (Nov 93) Monte dos Fortes Out 94 – Dez 97 3,3 (Dez 95) Monte Novo Mar 94 – Dez 97 15,4 (Dez 95) Monte da Vinha Out 88 – Dez 97 32,4 (Nov 94) 32,4 (Nov 94) Odeleite Out 95 – Dez 97 2,4 (Dez 95) Oeiras Out 94 – Set 95 92,8 (Jan 95) 92,8 (Jan 95) Rocha da Galé Out 88 – Dez 96 26,6 (Fev 96) Rocha da Nora Nov 92 – Dez 97 23,7 (Fev 96) Tapada Grande Out 88 – Dez 95 4,5 (Dez 88) Vigia Out 88 – Dez 97 6,9 (Fev 96)

Valores Registados que poderão Indicar Locais a serem designados de Zonas Vulneráveis

No caso de Monte da Vinha o valor em excesso é nitidamente um valor “anormal”, pelo que

não parece razoável tê-lo em consideração.

Nos dois restantes locais os elementos podem ser indicativos de uma situação de “poluição” já

significativa, contudo unicamente com base nestes elementos (um ano de dados e já com algum

“tempo”) não se pode diagnosticar qual a situação real actualmente.

3.7 Conservação da Natureza

3.7.1 Áreas com Interesse Conservacionista

Existem muitas áreas, na bacia do Guadiana que, pela sua importância paisagística e

ecológica, foram classificadas a nível nacional ou internacional. Referem-se resumidamente as

categorias e protecção nas quais estas áreas se qualificam.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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3.7.1.1 Áreas com Estatuto de Protecção

As áreas com estatuto de Protecção, isto é, que se encontram definidas e protegidas pela

legislação, denominam-se globalmente como Áreas Classificadas (AC), podendo ser definidas

por legislação Nacional, Europeia ou Internacional.

• áreas determinadas por iniciativa nacional são os Parques e Reservas Naturais,

genericamente referidos como Áreas, que deve estar dotados de um regulamento próprio,

estando sujeitas à elaboração de um Plano de Ordenamento;

• áreas determinadas no âmbito da União Europeia, como 1) Zonas de Protecção Especial

(ZPE) para as Aves Selvagens, da Directiva Europeia relativa à Conservação das Aves

(79/409/CEE), 2) Sítios propostos pelo Estado Português para serem Sítios de Importância

Comunitária (SIC), da Directiva Europeia relativa à Conservação dos Habitats e da Flora e Fauna

Selvagens (92/43/CEE); as APs, as ZPEs e os SICs vão fazer parte da futura Rede Natura 2000,

uma rede de áreas a nível europeu destinada à conservação da natureza;

• Áreas Classificadas como Sítios Ramsar (SR), assim denominados devido à Convenção de

Ramsar para a Conservação das Zonas Húmidas, que são destinadas à salvaguarda de zonas

húmidas de importância nacional e internacional (incluem açudes, albufeiras, sapais, etc.).

Existem catorze Áreas Classificadas nesta bacia (ver Tabela seguinte e Fig. 2.2-3) que

ocupam cerca de 28 % da sua área total. Em Portugal as áreas classificadas ocupam cerca de

20% da área do país.

Área classificada Enquadramento legal

Áreas da Rede Nacional de Áreas

Protegidas

D.-L. 19/93 de 23 de Jan.

Parque Natural da Serra de São Mamede* D.-L. 121/89 de 14 Abr.

Parque Natural do Vale do Guadiana D.- R. 28/95 de 18 Nov.

Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e

Vila Real de Santo António

Dec. 162/75 de 27 Mar.

Sítios de Importância Comunitária

(Directiva Habitats)

D.-L.140/99 de 24 de Abril

São Mamede* Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Caia Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Rio Guadiana/Juromenha Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Guadiana Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

Ria Formosa/Castro Marim* Resol. Cons. Min. 142/97 de 28 de Ago.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Zonas de Protecção Especial

(Directiva das Aves)

D.-L.140/99 de 24 de Abril

Campo Maior D.-L. n.º 384-B/99 de 23 de Setembro

Moura/Mourão/Barrancos D.-L. n.º 384-B/99 de 23 de Setembro

Castro Verde D.-L. n.º 384-B/99 de 23 de Setembro

Vale do Guadiana D.-L. n.º 384-B/99 de 23 de Setembro

Sapais de Castro Marim D.-L. n.º 384-B/99 de 23 de Setembro

Sítios Ramsar D.-L. 101/80 de 9 de Outubro

Sapais de Castro Marim - * ACs só parcialmente incluídas na bacia hidrográfica do Guadiana

Lista das Áreas Classificadas da bacia hidrográfica do Guadiana, com indicação da respectiva dimensão e

enquadramento legal

3.7.1.2 Outras Áreas com Interesse para a Conservação

Destacam-se outras áreas na bacia, que merecem também protecção, em face dos valores de

fauna, de flora, ou de ambos, que apresentam. Algumas destas áreas já se encontram

identificadas e cartografadas, enquanto outras, embora já se disponha da informação de base para

as delimitar, ainda não estão cartografadas. Apresentam-se as seguintes áreas, em função do

grupo biológico que se pretende proteger:

• Troços ou linhas de água importantes para a conservação dos peixes - indicam-se os mais

importantes: Rio Guadiana desde Mértola até à foz; Rio Vascão e afluentes; Rio Caia e afluentes;

Rio Xévora e afluentes; Rio Ardila e afluentes; ribeira de Odeleite e afluentes; Ribeira da

Foupana e afluentes;

• Troços ou linhas de água que apresentem vegetação ribeirinha com elevado valor

ecológico ou florístico;

• Troços ou linhas de água em que existam efectivos de espécies protegidas ou ameaçadas.

3.7.2 Elementos de Interesse Conservacionista

Portugal assinou nas últimas décadas diversas convenções internacionais, cujo objectivo é a

protecção de espécies ameaçadas internacionalmente, sendo maioritariamente contempladas

espécies de animais. As mais importantes, que foram transpostas para o direito interno, são:

• Convenção de Bona (D.-L. 103/80) – relativa à protecção dos animais migradores;

• Convenção de Berna (D.-L. 316/89);

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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• Convenção de Washington (D.-L. 114/90) – relativa ao comércio internacional de espécies

selvagens.

No decorrer dos últimos anos foram também publicados vários diplomas comunitários,

especialmente a Directiva Aves (79/409/CEE) e a Directiva Habitats (92/43/CEE), que se

referem à protecção de espécies florísticas e faunísticas, bem como de habitats naturais,

ameaçados a nível comunitário. Ambas as directivas foram originalmente transpostas para direito

interno, no D.-L.75/91 e no D.-L. 226/97, e recentemente reunidas no D.-L. 140/99, aquando da

sua revisão.

Como base de referência para a atribuição do estatuto de ameaça das espécies de Vertebrados,

é de adoptar o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, para o estatuto de ameaça a nível

nacional, e a listagem do UICN1, para o estatuto de ameaça a nível internacional.

Para a flora portuguesa espera-se para breve um trabalho do Instituto da Conservação da

Natureza, que reúna a informação existente e atribua um estatuto de conservação a cada espécie

de planta que permita a atribuição de um estatuto de ameaça a nível nacional. Como alternativa

possível surge apenas o conceito de espécies RELAPE, (sigla para espécies Raras, Endémicas,

Localizadas, Ameaçadas e em Perigo de Extinção), definidas para cada local de intervenção de

acordo com a informação disponível.

3.7.2.1 Habitats Naturais

Todas as áreas classificadas pelo seu interesse natural, existentes na bacia hidrográfica do

Guadiana, incluem áreas importantes para a conservação dos ecossistemas aquáticos e

ribeirinhos.

Observam-se numerosos habitats naturais associados às zonas húmidas com grande

importância para a conservação da natureza, dentre os quais, dezoito estão classificados no

Anexo I da Directiva Europeia relativa à Conservação dos Habitats, da Fauna e da Flora

Selvagens (tabela seguinte). Estes Habitats são exemplificados tanto por galerias de vegetação

ribeirinha típica desta região que aparece ao longo dos cursos de água, como pelas fragas

existentes nos rios de vales estreitos e fundos, como também por zonas inundadas, em que se

formam pequenos charcos temporários e onde cresce vegetação específica.

1 Baille, J. & B. Grombridge (1996): IUCN Red List of Threatened Animals. IUCN, Suiça.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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1130 - Estuários 1140 - LODAÇAIS E AREIAS A DESCOBERTO NA MARÉ BAIXA 1310 - Vegetação anual pioneira de Salicornia e outras dos lodaçais e zonas arenosas 1320 - Prados de Spartina (Spartinion maritimae) 1410 - Prados salgados mediterrânicos (Juncetalia maritimi) 1420 - Matos halófitos mediterrânicos e termoatlânticos (Salicornietea fruticosae) 3120 - Águas oligotróficas muito pouco mineralizadas das planícies arenosas do oeste

mediterrânico com Isoetes 3150 - Lagos eutróficos naturais com vegetação do tipo Magnopotamium ou Hydrocharition3170 - Charcos temporários mediterrânicos 3260 - Vegetação flutuante de ranúnculos dos cursos de água submontanhosos e de planície3270 - Chenopodietum rubri dos cursos de água submontanhosos 3280 - Cursos de água mediterrânicos permanentes: Paspalo-Agrostidion e margens

arborizadas de Salix e Populus alba 3290 - Cursos de água mediterrânicos intermitentes 4020 - Charnecas húmidas atlânticas meridionais de Erica ciliaris e E. tetralix 6431 - Comunidades pioneiras de ervas altas de orlas de cursos de água em planície 91E0 - Florestas aluviais residuais (Alnion glutinoso-incanae) 92A0 - Floresta-galeria com Salix alba e Populus alba 92D0 - Galerias ribeirinhas termomediterrânicas (Nerion-Tamaricetea) e do Sudoeste da

Península Ibérica (Securinegion tinctoriae)

Habitats Naturais classificados no Anexo I da Directiva relativa à Conservação ds habitats e fora e fauna selvagens (Dir. 92/43/CEE) nas zonas húmidas da bacia do Guadiana (Anexo B-1 do Dec.-Lei nº 140/99 de 24

de Abril)

3.7.2.2 Espécies de Fauna e Flora

A fauna e flora associadas às linhas de água e restantes zonas húmidas presentes nas áreas

classificadas incluem, de modo geral, numerosas espécies rigorosamente protegidas. Realçam-se

as espécies que são endémicas, isto é, as que só existem numa zona geográfica restrita, que tanto

pode ser a Península Ibérica (como para vários Répteis e Anfíbios), como a bacia do Guadiana,

como para algumas espécies de peixes. As galerias ripícolas, ou seja vegetação das margens das

linhas de água, oferecem locais de abrigo, alimentação e nidificação a muitas espécies de aves,

sendo utilizados como zonas de refúgio por mamíferos carnívoros protegidos, como é o caso da

lontra, do lince-ibérico e do gato selvagem.

Na vegetação marginal das linhas de água destacam-se espécies da flora prioritárias da

Directiva Habitats, nomeadamente Linaria ricardoi, Narcissus humilis e o Thymus lotocephalus

e, ainda, a existência de outras espécies incluídas no Anexo II da Directiva Habitats, embora não

consideradas prioritárias, tais como: Lindernia procumbens, Marsilea batardea, Narcissus

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fernandesii, Picris willkommi, Pseudarrhenatherum palens, Salix salvifolia ssp. australis;

Spiranthes aestivalis e Thymus carnosus.

3.7.3 Estuário e Zona Costeira

3.7.3.1 Hidrodinâmica do Estuário

Estuário

O troço estuarino do Guadiana estende-se da foz até cerca de 7 km a montante de Mértola, em

Moinho dos Canais, numa extensão de 79 km. A sua forma é regular, quase unifilar. A largura

das secções transversais no nível médio, varia quase uniformemente entre 600 m em Vila Real

de Sto. António e 200 m em Mértola. Até ao Pomarão, a cerca de 50 km da foz, a profundidade

média sobre o talvegue é cerca de 6 m, diminuindo depois para montante. O perfil de equilíbrio

tem declive reduzido.

A jusante do Pomarão o vale torna-se mais largo, embora sempre dominado por vertentes

altas. Segue nestas condições até cerca de 5 km a montante de Vila Real. Todo o trecho é

constituído por uma sequência monótona e relativamente uniforme de xistos argilosos e de

grauvaques cinzentos escuros, adquirindo por alteração cor castanha avermelhada.

A cerca de 5 km da foz o rio abandona o maciço antigo, aproximadamente a partir de Castro

Marim e Ayamonte, e passa a correr na planície aluvial que começa a desenhar-se a jusante de

Monte Francisco. À excepção das elevações de Ayamonte as margens são baixas estendendo-se

por extensos sapais ocupados por salinas, nomeadamente na margem direita (esteiros do rio

Seco, esteiro da Carrasqueira).

No trecho final o vale invadido pelo mar é muito largo e as vertentes esbatidas, mas o rio

mantém-se encaixado. O vale é assimétrico, com a margem esquerda rochosa e a margem direita

constituindo extensa planície aluvial cortada por esteiros e canais de maré, onde emergem alguns

cabeços rochosos.

Vascão, Foupana, Odeleite e Beliche constituem os afluentes mais importantes.

Embocadura

A embocadura do rio Guadiana apresenta características típicas de um delta, desenvolvendo-

se em terrenos baixos de aluviões que constituem ilhas e zonas de sapal, entrecortadas por

numerosos canais. Estas ilhas e sapais estendem-se para nascente do canal principal do estuário,

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à excepção da zona de sapal de Castro Marim e dos esteiros do mesmo nome e da Carrasqueira,

que se desenvolvem na margem direita do rio.

A barra do Guadiana está parcialmente fixada por molhes desde a década de 70. Actualmente

a profundidade de equilíbrio do "passe" da barra é de cerca de 2,0 (ZH), o que tem implicado a

necessidade de dragagens anuais para manter as condições de navegabilidade.

A reorientação do eixo da barra e as condições de escoamento que resultaram da construção

dos molhes na década de 1970 conduziram a alterações da hidrografia na zona adjacente. Os

aspectos mais visíveis das alterações consistiram na fixação da barra junto ao molhe Oeste,

interrompendo o ciclo da sua migração para nascente, a partir de um canal a poente que se

estabelecia para altura de cheias e no enchimento da praia a barlamar do Molhe Oeste, o qual

ocorreu quase na totalidade acima do Zero Hidrográfico (ZH).

As praias situadas a poente da embocadura do Guadiana são constituídas por areias médias e

finas com diâmetros médios entre 0,25 mm e 0,50 mm.

3.7.3.2 Situação com a Barragem do Alqueva

A redução dos valores médios do regime de caudais fluviais no Guadiana que resulta da

implantação da Barragem do Alqueva vai alterar as condições de propagação da maré no troço

estuarino. Em caso de permanência de condições extremas de retenção de água, como as que

podem ocorrer, por exemplo, durante a construção e o enchimento, as alterações são

significativas entre Alcoutim e Mértola e na embocadura, traduzindo-se em:

• Acréscimo progressivo da amplitude da maré, de jusante para montante, a partir de

Alcoutim, até atingir 1,0 m em Mértola;

• Abaixamento progressivo dos níveis de meia-maré no mesmo trecho, de 0,5 até 1,3 m;

• Acréscimo da salinidade média, vindo a ocorrer salinização permanente no Pomarão;

• Acréscimo do prisma de maré, com manutenção do prisma de vazante. Como consequência

ocorrerá acréscimo do volume de material sólido capturado pela embocadura ao trânsito

aluvionar litoral, que se traduzirá em assoreamento do trecho final do estuário.

A diminuição dos caudais de ponta de cheia que, em princípio, está também associada à

implantação da Barragem implicará:

• Tendência inicial para assoreamento a montante da foz da Ribeira de Odeleite. Em alguns

troços do estuário a nova situação de equilíbrio estará associada à diminuição das profundidades

actuais, que pode atingir alguns metros num intervalo de tempo inferior a uma década;

• Tendência inicial para assoreamento da embocadura.

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3.7.3.3 Situação com Açudes no Troço Estuarino e com a Barragem do Alqueva

A construção de açudes no trecho estuarino, no contexto da situação criada pela implantação

da Barragem do Alqueva, conduz a:

• Decréscimo do prisma de maré e do prisma de vazante, para açudes situados a distâncias à

foz inferiores a cerca de 47 km da barra. Para um açude situado nas proximidades da foz da

Ribeira de Odeleite a tendência para a redução da profundidade de equilíbrio do passe da barra

conduz à sua fixação em valores próximos do Zero Hidrográfico;

• Limitação da penetração da intrusão salina no estuário.

3.7.3.4 Caracterização Ambiental do Estuário

O estuário do rio Guadiana é um dos maiores de Portugal, desenvolvendo-se desde a sua Foz,

frente a Vila Real de Sto António, até cerca de 70 km a montante, nas proximidades de Mértola.

O estuário do Guadiana sofre actualmente pressões antrópicas, sendo o meio receptor de

cargas de poluição difusa provenientes das escorrências dos coutos mineiros de Neves Corvo e

São Domingos e da actividade agrícola, e de cargas pontuais, provenientes das águas urbanas,

apenas parcialmente tratadas.

O interesse ecológico do estuário do Guadiana advém da existência, a montante de Vila Real

de Sto António, do Sapal de Castro Marim, zona húmida com estatuto de Área Protegida, e da

importante actividade piscatória de marisco e de peixe com intereese económico para Portugal e

Espanha.

No Estudo das Condições Ambientais no Estuário do Rio Guadiana e Zonas Adjacentes

(LNEC, 1999) a análise dos dados de maré mostrou que os níveis no estuário dependem,

fortemente, dos caudais fluviais e das condições meteorológicas, mesmo ma sua parte de jusante

(Vila Real de Sto António). O estuário apresenta-se, em geral, parcialmente misturado, podendo

ser bem misturado para caudais de estiagem e estratificado para caudais elevados. Os efeitos de

densidade influenciam fortemente as correntes, levando a avelocidades residuais dirigidas para

montante junto ao fundo, e para jusante à superfície.

De acordo com o referido estudo a análise da qualidade ambiental do estuário do Guadiana

apenas pode ser abordada de forma genérica pois a base de dados disponível é muito incompleta.

A cobertura espacial do estuário, em termos de parâmetros de qualidade, em particular, de

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oxigénio dissolvido, nutrientes e poluentes metálicos ou orgânicos de síntese é escassa ou

mesmo inexistente.

Os valores de oxigénio situam-se numa faixa entre 80 e 120% de saturação, ocorrendo alguns

valores de sobre-saturação que, porém, não revelam por si indícios de eutrofização.Os valores de

nitrato e amónia situam-se, em geral, abaixo do valor objectivo de qualidade, observando-se os

picos de nitrato em épocas de inverno, como é característico dos estuários, correspondendo a

situações de muito baixo consumo pelos produtores primários. O não cumprimento do objectivo

de qualidade, nestas circunstâncias, não significa, por si só, início de eutrofização.

Alguns valores de amónia mais elevados correspondem a ocasiões de salinidade elevada que

corresponde a pequenos caudais. Parece, assim, serem reveladas fontes de amónia

provavelmente de águas residuais que se tornam relevantes em época seca.

Os diagramas de diluição do nitrato e do fosfato mostram uma grande variabilidade dos

valores correspondentes às baixas salinidades, o que indica que a água de montante tem uma

qualidade muito variável.

A razão Azoto/Fosforo é em geral alta, o que indica que, embora esta zona seja ainda estuário,

a limitação da produção primária, se existir, será pelo o fósforo, como é característico das águas

doces, e não por azoto, o que seria de esperar em águas de estuário ou costeiras.

Dos parâmetros analisados os que sistematicamente se afastam do objectivo de qualidade

proposto são os coliformes totais e fecais. Deverá, assim, estar-se em presença de fontes de

contaminação, provavelmente por águas residuais comunitárias, que serão responsáveis por esta

ocorrência.

O estuário e as zonas adjacentes actuam como suporte de numerosas populações de aves

aquáticas, sedentárias ou migradoras, utilizados como lugar de alimentação, nidificação ou

descanso. Estas zonas têm um papel relevante como lugar de alimentação e refúgio de

numerosos organismos marinhos que constituem os recursos piscícolas e marisqueiros da faixa

litoral.

A existência de vegetação no sapal é considerada como um importante factor de

descontaminação do ecossistema marinho.

Verificam-se flutuações sazonais nas densidades planctónicas. Para o alto estuário (condições

de água doce), registam-se os valores mais elevados para o fitoplancton, dominando a

comunidade de clorofíceas; no médio estuário (condições de água salobra) predominam os pico-

nanoflagelados e as criptofíceas e no baixo estuário (condições de água salgada) predominam as

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diatomáceas e os pico-nanoflagelados. Já para as comunidades zooplantónoicas é no baixo

estuário que se registam as densidades mais elevadas.

3.7.4 Zonas Húmidas

No que se refere às zonas húmidas de importância nacional e internacional, cujo inventário foi

realizado pelo Instituto de Conservação da Natureza, no âmbito do projecto MEDWET2, estão

presentes nesta bacia hidrográfica cinco zonas:

• Albufeira do Caia – Concelhos de Arronches, Elvas, Campo Maior;

• Moinho das Fazendas – Concelho de Alandroal;

• Moinho da Abóboda – Concelhos de Beja, Serpa, Vidigueira;

• Troço do Guadiana entre a Foz do Vascão e Mértola – Concelhos de Mértola e Alcoutim;

• Castro Marim - Concelhos de Castro Marim e de Vila Real de Santo António.

A albufeira do Caia é uma das maiores do Alentejo e encontra-se parcialmente incluída nas

áreas classificadas de S. Mamede e do Caia. É frequentada por grupos numerosos de patos e

galeirões de várias espécies, que tendo hábitos migradores, encontram aqui quer um local de

refúgio e alimentação no Inverno, quer um local de reprodução, na Primavera. Encontram-se

aqui espécies ameaçadas em Portugal, como a frisada e a piadeira, e espécies classificadas a

nível europeu, como o perna-longa, a perdiz-do-mar, a tarambola-dourada, o tartaranhão-azulado

e a águia-pesqueira. A nível de peixes regista-se a presença da boga-de-boca-arqueada e da boga

do Guadiana, espécies ameaçadas e endémicas. Também a lontra, o cágado e a rã-de-focinho-

pontiagudo, podem ser observadas, sendo espécies rigorosamente protegidas a nível europeu.

A zona húmida do Moinho da Abóboda corresponde a um troço fronteiriço do Guadiana de

cerca de 4,5 km, em que existem pequenas ilhotas e abundante vegetação ribeirinha, com freixos

e salgueiros. Constitui uma zona húmida de importância internacional, com importância para a

reprodução de espécies ameaçadas na Europa, como é o caso da garça-branca-pequena e do

goraz e que detém uma parcela significativa, a nível europeu, da população reprodutora de garça-

boieira. Encontram-se, ainda, outras espécies de relevo, como a lontra, o cágado e o lagarto-de-

água, bem como uma variada fauna piscícola, que inclui várias espécies de barbos, endémicos da

Península Ibérica, e o saramugo, um pequeno peixe em Perigo de Extinção. Esta zona húmida

2 Farinha, J. C. & A. Trindade (1994). Contribuição para o Inventário de Zonas Húmidas em Portugal Continental. Publicação MedWet/Instituto da Conservação da Natureza. 211pp.

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está inserida na futura área da albufeira do Alqueva, pelo que se prevê para breve o seu

desaparecimento.

A zona húmida do Moinho das Fazendas abrange um troço do Guadiana, próximo da ribeira

de Odearça, com uma densa vegetação ribeirinha constituída por árvores e arbustos, embora de

menor extensão. Aqui existia até 1991 uma colónia de garças de importância internacional, que

foi abandonada após terem sido iniciadas dragagens no leito do rio, a escassas dezenas de metros

da mesma.

As restantes duas zonas húmidas, o troço do Guadiana, entre Mértola e a confluência com o

Vascão, e Castro Marim, encontram-se totalmente incluídas em Áreas Classificadas, como o

Parque Natural do Vale do Guadiana e a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim.

3.7.5 Ecossistemas Aquáticos – Estado de Conservação

Através da análise da comunidade piscícola da bacia do Guadiana, verificou-se a existência de

vários troços ou mesmo sub-bacias (a bacia de drenagem correspondente apenas a um afluente)

em bom estado de conservação, enquanto outros apresentam um estado variável de degradação.

As populações piscícolas da bacia são um importante indicador do estado de conservação dos

outros recursos aquáticos: a par com o seu valor biológico, que na bacia do Guadiana é muito

elevado, são um grupo que necessita de boas condições ambientais para estar presente e manter

com determinadas características, como sejam a composição e a abundância. Assim, consideram-

se em bom estado de conservação, e devendo ser preservados os cursos de água seguintes:

• o trecho jusante do rio Guadiana desde Mértola até à foz;

• sub-bacia do rio Vascão;

• sub-bacia do rio Caia, a montante da albufeira do Caia, incluindo o rio Xévora;

• sub-bacia do rio Ardila, que faz fronteira com Espanha;

• sub-bacia do rio Chança a montante da albufeira do Chança cuja exploração é Espanhola,

de acordo com um convénio Ibérico (Decreto-lei nº 48661 de 5 de Novembro de 1968);

• sub-bacia da ribeira de Odeleite, a montante da albufeira de Odeleite;

• sub-bacia da ribeira da Foupana, um afluente da ribeira de Odeleite, que desagua quase

junto à foz desta.

Nestes cursos de água têm grande importância os peixes endémicos (i.e com distribuição

restrita à bacia do Guadiana ou ao Sul da Península Ibérica) na bacia do Guadiana, como o

Saramugo, a Boga-de-boca-arqueada, a Boga do Guadiana, o Barbo de Steindachner, o Barbo do

Sul e o Barbo-de-cabeça-pequena.

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Outros cursos de água apresentam sinais de degradação, mas como têm bom potencial para a

vida das espécies piscícola endémicas devem ser recuperados:

• rio Guadiana desde que entra em Portugal até ao fim da futura albufeira do Alqueva;

• rio Lucefecit e afluentes (a montante da albufeira de Lucefecit);

• ribeira do Álamo e afluentes (até ao fim a albufeira do Alqueva)

• a maior parte do rio Degebe e respectivos afluentes;

• ribeira de Marmelar e respectivos afluentes;

• rio Cobres/ribeira de Terges e respectivos afluentes;

• ribeira de Oeiras e respectivos afluentes;

• ribeira das Carreiras.

Os principais factores de ameaça à fauna e flora aquáticas da bacia do Guadiana são a

poluição das linhas de água, e a construção de barragens, que são numerosas e se encontram

espalhadas por toda a bacia. A poluição das linhas de água pode ser pontual ou difusa, isto é, ter

um ponto de descarga identificado para a linha de água, ou ter várias origens não identificadas e

atingir as águas através de escorrências provenientes dos terrenos circundantes. Como principais

responsáveis pela poluição pontual, surgem as fontes industriais, em particular a Portucel e as

Minas Neves Corvo. A poluição difusa apresenta origens muito diversas, de carácter

predominantemente industrial e agrícola.

Estes impactes assumem particular gravidade dado que, durante o Verão é comum algumas as

linhas de água secarem, sendo neste caso, o efluente a única fonte de água. A fauna e flora

naturais são, já de si, sujeitas a pressões ambientais extremas, devido à enorme variação da

disponibilidade de água. Deste modo, as actividades humanas que conduzam a um agravamento

as condições naturais, como a extracção de água ou a descarga de efluentes, particularmente

durante o Verão podem gerar níveis ambientais críticos para a persistência das comunidades

aquáticas ali existentes. A título de exemplo, em pontos em que se verifica uma extracção

significativa de água para rega, o período de seca estival pode ser prolongado até 8 meses.

Regularmente são observadas em diferentes pontos da bacia explosões populacionais

(“blooms”) de algas microscópicas, que causam a libertação de substâncias tóxicas com

capacidade para inquinar a água, podendo até originar a morte massiva de peixes, como já foi

observado. Este fenómeno surge quando se conjugam as condições naturais de pouco caudal e

temperaturas elevadas com descargas de efluentes ricos em matéria orgânica ou elevadas cargas

de azoto, como no caso dos adubos. São mais frequentes a águas paradas, como é o caso das

albufeiras. O desenvolvimento massivo de Azolla sp., um pequeno feto aquático, que tornou as

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águas numa pasta verde em alguns pontos da bacia, em 1993, tem por base as mesmas causas,

embora não provoque o envenenamento da água.

Tem-se verificado um aumento das populações da perca-sol e do lagostim vermelho

americano, espécies de outros países que foram introduzidas por mão do Homem, e que se

suspeita estarem ligados à diminuição da diversidade dos peixes, verificado nas últimas décadas.

Um dos factores que estão na origem deste aumento tem a ver com o acréscimo de locais com

águas paradas, ao invés de terem água corrente como é natural nos rios, o que favorece estas

espécies cujo habitat natural são os lagos. A extracção de água directamente dos rios ou o seu

represamento, sem que haja a preocupação de manter um caudal de água suficiente a jusante das

barragens e açudes, contribui para a seca dos rios e a consequente existência de troços de rios

onde, durante um tempo considerável, apenas subsistem os pêgos, pequenos charcos de águas

paradas.

3.7.6 Ecossistemas Ribeirinhos e Terrestres Associados – Estado de Conservação

Os habitats associados aos cursos de água são representados pelas margens ribeirinhas ou

inundáveis, e que de um modo geral, se encontram dentro dos limites do Domínio Público

Hídrico das linhas de águas e das albufeiras.

Em toda a zona terrestre influenciada directamente pelos cursos de água, coexiste actualmente

vegetação típica das zonas húmidas e vegetação terrestre sem qualquer influência da

proximidade da água, o mesmo acontecendo com a fauna. A vegetação tipicamente ribeirinha

constitui um habitat para a maior parte das espécies de fauna selvagem que se encontram nestes

locais: desde os pequenos pássaros, que beneficiam das árvores frondosas para fazerem ninho,

passando pelos anfíbios, aves aquáticas (patos, garças e galinholas que encontram refúgio na

vegetação herbácea como os juncos, etc.), a lontra até o lince, que não sendo um animal

aquático, utiliza as margens dos cursos de água com vegetação densa para percorrer grandes

áreas do seu território.

A manutenção das galerias de vegetação ripícola (i.e. características das zonas húmidas de

águas doces) arbóreo-arbustiva ao longo das linhas e água é, deste modo, fundamental para a

conservação da fauna selvagem, onde se contam muitas espécies protegidas.

Outras funções, não menos úteis, da vegetação marginal dos rios e ribeiros, é a protecção

contra a erosão das margens pois as raízes contribuem para a estabilização das partículas de solo

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e, em caso de cheias, tem o efeito de atenuar a força das águas. Pelo contrário, em tempo de seca,

a vegetação ajuda a manter a humidade das zonas ribeirinhas.

A vegetação das zonas húmidas tem a vantagem, em relação à vegetação estritamente

terrestre, de suportar solos temporariamente encharcados ou mesmo inundados, estando adaptada

em relação às variações naturais do caudal do rios.

Na bacia do Guadiana a vegetação ribeirinha é constituída, no seu máximo desenvolvimento

por árvores como os choupos (Populus nigra e Populus alba), os salgueiros (Salix alba, Salix

atrocinerea), os amieiros (Alnus glutinosa), os ulmeiros (Ulmus sp.) ou os freixos (Fraxinus

excelsior), arbustos como o pilriteiro (Crataegus monogyna) e a tamargueira (Tamarix africana),

além de inúmeras espécies herbáceas, como o junco (Juncus sp.), o bunho (Scirpus lacustris), a

tabúa, etc.

Uma galeria bem desenvolvida apresenta árvores, arbustos e vegetação hébacea bastante

densa. A degradação da vegetação ribeirinha começa com o desaparecimento das árvores,

estando os arbustos como a tamargueira ou o pilriteiro. A destruição destes arbustos conduz a

uma substituição por outras de menor valor ecológico, como por ex. as canas (Arundo donax).

No máximo grau de degradação, deixa de existir vegetação riberinha nas margens.

Na maior parte dos casos esta degradação é levada a cabo pelo Homem. Em alguns casos a

inexistência de árvores nas margens pode ser causada por condições naturalmente pobres: isso

acontece nas cabeceiras dos rios, onde as características e dimensão dos ribeiros não são

suficientes para suportar vegetação de grande porte, ou em determinados pontos da bacia do

Guadiana onde são frequentes as secas extremas.

Para a avaliação extensa do grau de conservação das galerias ripícolas adoptou-se uma escala

de classificação com 5 classes de qualidade crescente:

• nível 0 – ausência de galeria em ambas as margens

• nível 1 – presença de galeria apenas numa margem

• nível 2 – presença de galeria bem desenvolvida (árboreo-arbustiva) apenas numa margem

• nível 3 – presença de galeria em ambas as margens

• nível 4 – presença de galeria bem desenvolvida (árboreo-arbustiva) em ambas as margens

A classe 4, corresponde ao estádio mais bem conservado e os números inferiores a estádios

sucessivamente mais degradados, culminando com o nível 1 – ausência de vegetação ripícola.

A avaliação das galerias ripícolas do curso principal e dos principais afluentes do Guadiana,

foi realizada com o apoio de fotografia aérea e de trabalho de campo.

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Constata-se que, num total de 1500 km de rios e ribeiras estudados, 15% não têm vegetação

ripícola (Classe 1), 12% apresenta vegetação apenas numa margem (Classe 2), 11% presença de

vegetação com árvores apenas numa margem, 34% apresenta vegetação ripícola nas duas

margens (Classe 3) e 26% vegetação com árvores, bem desenvolvida nas duas margens.

Daqui se conclui que 61% das galerias, estão bem conservadas. Destes encontram-se alguns

troços em muito bom estado de conservação que merecem ser mencionados:

• troço que vai desde a barragem do rio Caia para jusante até quase ao fim da futura

albufeira do Alqueva, encontra-se um troço contínuo com galerias ripícolas de nível 4, com 3 km

de extensão;

• O 2º troço mais importante, também de nível 4, tem 23 km e corresponde a um troço

internacional do rio Guadiana, que está em vias de desaparecer com a desmatação e o

enchimento da albufeira do Alqueva;

• Outros troços bem conservados e com grande extensão encontram-se nas ribeira de Asseca

e de Lucefecit e num troço jusante do rio Guadiana, que também serão consideravelmente

afectados pelo projecto de Alqueva-Pedrogão. Aliás o projecto de Alqueva-Pedrogão, ocupando

menos de 20% de extensão dos cursos de água estudados, representa 30% da galeria ripícola de

nível 4, no conjunto da bacia portuguesa do Guadiana;

• Salienta-se também a boa qualidade do troço jusante do rio Xévora e de troços no rio

Degebe. Estes cursos de água constituem áreas a preservar ou a recuperar para a fauna piscícola.

3.7.7 Caudais Ambientais e Ecológicos

A questão dos caudais ambientais e ecológicos tornou-se um problema fulcral na bacia do

Guadiana, após se ter constatado que os cursos de água da Bacia do Guadiana, sofrem

naturalmente variações drásticas de disponibilidade de água derivadas da existência de secas

mais ou menos prolongadas, e que são consideravelmente agravadas pela existência de

barragens, quando estas não libertam para jusante um caudal suficiente para manter as

populações naturais de peixes nos cursos de água. Para contornar este problema vai-se actuar sob

dois aspectos:

• o apetrechamento de orgãos de descarga de pequenos caudais a muitas barragens que não

dispõem dessa possibilidade e o controlo efectivo dos caudais descarregados para jusante,

definidos de acordo com as orientações do INAG;

• o cálculo de caudais ecológicos adequados para cada caso, a aplicar de futuro às barragens

equipadas para descarregar e regular um caudal a jusante.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Em relação à segunda acção, e na impossibilidade técnica e financeira de calcular

individualmente os caudais para cada uma das mais de 400 barragens da bacia do Guadiana (a

contar apenas as de dimensão razoável) prevê-se a actuação segundo duas vias: as barragens de

grande dimensão (são cerca de 14 albufeiras com capacidade útil maior que 1 milhão de m3 de

capacidade) deverão contar com estudos específicos para cálculo do seu caudal ecológico, e nas

barragens de menor capacidade opta-se por fazer um cálculo geral para as condições hidrológicas

e biológicas específicas de cada sub-bacia, sendo a aplicação a cada caso feita por extrapolação.

Há muitos métodos de cálculo dos caudais ecológicos. Para a bacia do Guadiana aconselhou-se a

seguir dois métodos (Método do Perímetro Molhado e Metodologia Incremental-IFIM), que têm

em comum, não só a utilização de dados hidrológicos, como também de dados biológicos dos

cursos de água em que as barragens se encontram: estes incluem estudos sobre o habitat dos

peixes, zonas de desova, zonas de refúgio de Verão e de Inverno e as migração dos peixes.

Procura-se que o caudal ecológico, se bem que artificial, mimetize tanto quanto possível as

condições hidrológicas naturais dos rios, às quais as espécies endógenas dos rios se encontram

adaptadas.

Outro dos aspectos importantes na gestão ambiental das barragens é a construção de

passagens para peixes migradores. De facto, um dos maiores impactes que as barragens têm

sobre as populações piscícolas é a interrupção da continuidade do rio, que impede a migração

dos peixes para as suas zonas de desova. isto não afecta só as espécies que vivem (como a

lampreia, o sável, o quase extinto esturjão e a savelha) ou se reproduzem no mar (enguia), mas

também muitas espécies de água doce que efectuam longas migrações dentro dos rios para se

reproduzirem a montante. Este é um aspecto mais difícil de implementar nas barragens pré-

existentes, pois a adaptação destes equipamentos, na fase pós-construção, requer um esforço

financeiro desmesurado. Opta-se, assim, por apetrechar com passagens para peixes todas as

novas barragens.

De acordo com o INAG (Síntese dos Planos das Bacias Hidrográhficas dos Rios Luso-

Espanhóis, 2000) o regime de caudais ecológicos no rio Guadiana foi calculado para a secção de

Puentes Palmas (Badajoz), considerando o escoamento em regime natural para o período dos

anos hidrológicos de 1941/42 a 1990/91, segundo a Metodologia para a Avaliação de Caudais

Ecológicos em cursos de Água de Regime Torrencial Mediterrâneo (Tabela seguinte):

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Escoamento médio mensal

Ano médio

Ano muito seco

Ano seco

Ano muito

húmido

(hm3) (m3/s)

Red

ução

do

esco

amen

to, s

egun

do

Mét

odo

do C

auda

l

(hm3) (m3/s) (hm3) (m3/s) (hm3) (m3/s) (hm3) (m3/s)

Out 112 42 0,24 27,0 10,1 0,0 0,0 2,9 1,1 134,3 50,1

Nov 230 89 0,26 60,0 23,1 2,1 0,8 6,0 2,3 215,5 83,1

Dez 587 219 0,48 279,0 104,2 4,3 1,6 15,2 5,7 1020,9 381,2

Jan 627 234 0,44 279,0 104,2 8,5 3,2 24,5 9,1 929,6 347,1

Fev 760 314 0,33 252,0 104,2 2,0 0,8 19,6 8,1 887,3 366,8

Mar 687 256 0,41 279,0 104,2 1,6 0,6 17,9 6,7 827,7 309,0

Abr 372 144 0,73 270,0 104,2 6,5 2,5 47,2 18,2 688,1 265,5

Mai 264 99 0,68 179,0 66,8 0,0 0,0 19,0 7,1 503,1 187,8

Jun 108 42 0,38 41,0 15,8 0,0 0,0 4,6 1,8 117,7 45,4

Jul 50 19 0,86 43,0 16,1 0,0 0,0 0,0 0,0 122,1 45,6

Ago 28 10 0,96 27,0 10,1 0,0 0,0 0,0 0,0 76,2 28,4

Set 27 10 0,96 26,0 10,0 0,0 0,0 3,9 1,5 61,6 23,8

Ano 3852 122 0,46 1766,0 56,0 162,3 5,1 408,0 12,9 4140,4 131,3

Regime de caudal ecológico

3.8 Infra estruturas hidráulicas e de saneamento básico

3.8.1 Sistemas de abastecimento de água

Os sistemas de abastecimento de água são compostos usualmente pelos seguintes tipos de

infra-estruturas:

• origem de água;

• captação;

• estação elevatória;

• estação de tratamento de água/posto de cloragem;

• reservatório;

• rede de distribuição.

À semelhança do que se verifica no País, na bacia do Guadiana predominam os sistemas de

abastecimento de pequena dimensão. Com efeito, existem na bacia cerca de 140 sistemas

públicos de abastecimento de água ao domicílio, sendo que a maior parte ((80%) serve menos de

1 000 habitantes e apenas cerca de 6% serve mais de 5 000 habitantes. Se contabilizarmos os

sistemas de abastecimento por fontanários, então existem na bacia 219 sistemas de

abastecimento, distribuídos pelos concelhos da bacia da forma apresentada na tabela seguinte.

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Concelho Nº de Sistemas de

Abastecimento de Água Alandroal 1 Alcoutim 5 Almodôvar 38 Arronches 5 Barrancos 1 Beja 6 Borba 1 Campo Maior 3 Castro Marim 2 Castro Verde 13 Cuba 1 Elvas 3 Estremoz 1 Évora 6 Loulé 1 Mértola 94 Moura 4 Mourão 3 Ourique 0 Portalegre 5 Portel 5 Redondo 1 Reguengos de Monsaraz 3 Serpa 6 S. Brás de Alportel 5 Tavira 1 Vidigueira 2 Vila Real de Santo António 1 Vila Viçosa 2 TOTAl 219

Estes sistemas de abastecimento estão localizados na Figura 3.8-1. Da sua observação

conclui-se que a dispersão territorial dos aglomerados populacionais e a não existência de

origens de água com disponibilidade adequada, leva à existência de muitos pequenos sistemas,

com destaque para o concelho de Mértola, onde existem 94 pequenos sistemas.

Esta situação leva a dificuldades de gestão dos sistemas, baixa fiabilidade no abastecimento

de água e no controlo da sua qualidade.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Os sistemas que servem mais população são os que têm como origem albufeiras, destacando-

se os sistemas de abastecimento suportados pelas albufeiras do Caia, Monte Novo, Roxo (na

Bacia do Sado) , Odeleite-Beliche e Vigia que servem, respectivamente, o concelho de Elvas, as

sedes de distrito Évora e Beja, os concelhos de Castro Marim e Vila Real de Santo António e os

concelhos do Redondo e de Reguengos de Monsaraz. Como já foi referido, o grande sistema de

abastecimento do Sotavento Algarvio serve sobretudo concelhos situados fora da bacia.

No que se refere às infra-estruturas integradas nos sistemas de abastecimento de água, foram

inventariadas 386 captações de água, 41 estações elevatórias, 17 ETA, 105 postos de cloragem,

195 reservatórios e 267 redes de distribuição de água.

3.8.2 Sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais urbanas

Os sistemas de águas residuais, cuja localização se apresenta na Figura 3.8-2, são compostos

usualmente pelos seguintes tipos de infra-estruturas:

• Rede de drenagem;

• Estação elevatória;

• Estação de tratamento de águas residuais/Fossa séptica;

• Ponto de descarga.

Na bacia do Guadiana foram inventariadas 178 sistemas de águas residuais, com uma

distribuição pelos concelhos conforme Tabela apresentado na página anterior.

No que se refere às infra-estruturas integradas nos sistemas de águas residuais, existem 182

redes de drenagem, 7 estações elevatórias, 64 ETAR (Figura 3.8-3), 74 fossas sépticas

(Figura 3.8-3) e 196 pontos de descarga.

A Tabela referida passa a ser a seguinte:

Page 164: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

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Concelho Nº de Sistemas de Águas

Residuais Alandroal 12 Alcoutim 6 Almodôvar 6 Arronches 6 Barrancos 2 Beja 19 Borba 4 Campo Maior 3 Castro Marim 6 Castro Verde 15 Cuba 2 Elvas 10 Estremoz 1 Évora 8 Loulé 1 Mértola 5 Moura 12 Mourão 3 Ourique 0 Portalegre 6 Portel 5 Redondo 11 Reguengos de Monsaraz 11 Serpa 13 S. Brás de Alportel 0 Tavira 1 Vidigueira 8 Vila Real de Santo António 2 Vila Viçosa 4 TOTAL 4

3.8.3 Barragens

Na bacia hidrográfica do Guadiana foram inventariadas 1824 barragens e açudes, cuja

localização se apresenta na Figura 3.8-4, sendo as barragens representadas de acordo com os

respectivos valores da capacidade de armazenamento.

O número de barragens existentes em cada classe de capacidade de armazenamento é o

seguinte:

• 555 barragens não possuem dados sobre a capacidade de armazenamento;

• 917 barragens têm capacidades inferiores a 10 000 m3;

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• 249 barragens têm capacidades de 10 000 m3 até 100 000 m3;

• 80 barragens têm capacidades de 0.1 hm3 até 1 hm3;

• 11 barragens têm capacidades de 1 hm3 até 10 hm3;

• 12 barragens têm capacidades superiores a 10 hm3.

Estas barragens foram inventariadas a partir dos planos de água registados na informação

cartográfica existente e dos pedidos de licenciamento registados nas DRAOT do Alentejo e

Algarve. As barragens inventariadas admitiram-se como barragens construídas, no entanto, não

foi efectuada qualquer confirmação local. Das barragens em Projecto ou construção, apenas

foram incluídas as barragens de Alqueva e Abrilongo e o Açude de Pedrógão.

Face ao elevado número das barragens existentes e à grande variedade das suas dimensões,

decidiu-se analisar as barragens existentes no Guadiana e as respectivas albufeiras, de acordo

com a sua classificação em Grandes Barragens e Pequenas Barragens.

Grandes barragens

É comum considerar Grandes Barragens em Portugal, como as barragens sujeitas à aplicação

do Regulamento de Segurança de Barragens, ou seja as barragens com capacidade de

armazenamento superior a 100 000 m3 ou altura acima da fundação superior a 15 m. De acordo

com estes parâmetros, foram inventariadas na bacia do Guadiana, 105 barragens.

Segundo o especificado pelo ICOLD, Grandes Barragens, são as barragens com volume de

armazenamento superior a 1 000 000 m3 e altura acima da fundação superior a 15 m. Com estas

características, existem na bacia do Guadiana 38 barragens, cuja localização se apresenta na

Figura 3.8-5. Destas barragens, apenas 23 barragens têm volumes de armazenamento superior a

1 hm3 e 12 barragens volumes superiores a 10 hm3.

As barragens com volumes de armazenamento superior a 10 hm3, correspondem

genericamente no Guadiana a barragens construídas pelo Estado, para satisfazer

maioritariamente as necessidades de água para rega. Recentemente estas barragens começaram a

serem utilizadas para outras finalidades, em particular para satisfazer as necessidades das redes

públicas municipais.

As barragens privadas são geralmente barragens de menor dimensão (com excepção da

barragem de rejeitados de Cerro do Lobo), com capacidades de armazenamento inferiores a 5

hm3. As principais características das barragens de maior dimensão (capacidade de

armazenamento superior a 10 hm3 apresentam-se na tabela seguinte.

Page 166: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

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Nome Local Coroamento Altura NPA Capacidade Finalidade

Comprimento

(m)

Cota

(m)

Máxima

(m)

(m)

Total

(hm3)

Abrilongo

Alqueva

Beliche

Caia

Cerro do Lobo

Chança

Enxoé

Lucefecit

Monte Novo

Odeleite

Pedrógrão

Vigia

Monte Custódio

Alqueva

Beliche

Monte Eira/Campo Maior

Junto à mina da Somincor

El Granado (Huelva)

Lagares de Alpendres

Alandroal/Évora

Herdade do Monte Novo

Odeleite

23 km jusante de Alqueva

Redondo

1063

458

527

949

2446

338

415

285

160

347,5

472

300

254,7

154,0

54,0

235,5

252,0

66,0

179,0

185,0

199,0

55,0

84,8

226,2

30,0

96,0

54,0

52,0

36,0

85,0

27,3

23,0

30,0

65,0

39,0

30,0

252,0

152,0

52,0

233,5

250,5

61,0

175,0

182,0

196,0

52,0

85,0

224,0

19,9

4150

48

203

15,5

386

10,4

10,23

15,3

130

65

16,73

FM

FM

FM

FM

Rejeitados

FM

A

FM

FM

FM

(1)

FM

Legenda:

(1) - Contra - embalse da Barragem do Alqueva

A - Abastecimento

FM - Fins Múltiplos

A barragem do Chança localizada no troço fronteiriço do rio Chança, foi construída e é

explorada por entidades espanholas. As barragens de Alqueva e Abrilongo estão, actualmente, a

serem construídas e o Açude de Pedrógão em fase de Projecto. A barragem de Enxoé,

recentemente construída, tem como principal finalidade, o abastecimento de água aos concelhos

de Serpa e Mértola.

A barragem de Monte Novo e o Empreendimento Hidráulico do Sotavento Algarvio,

incluindo as barragens de Beliche e Odeleite, para além de fornecer água para rega, tem como

principal finalidade o abastecimento de água às redes públicas municipais, respectivamente ao

concelho de Évora e à Empresa de Água do Sotavento Algarvio.

As restantes barragens têm como principal finalidade fornecer água para rega e

secundariamente para a rede pública de abastecimento de água, como são os casos das barragens

do Caia, Lucefecit e Vigia.

Para as barragens mais recentes ou por construir (Abrilongo, Alqueva, Açude de Pedrógão,

Enxoé e Odeleite) e para a barragem espanhola do Chança não existem dados de exploração,

pelo que a análise da evolução do volumes de água nas diversas albufeiras ao longo dos anos foi

feita apenas para as barragens do Caia, Lucefecit, Vigia, Monte Novo e Beliche, podendo-se

concluir que nestas albufeiras, a existência de um ou dois anos de seca, provoca, face aos

consumos existentes, a imediata descida dos níveis de água para valores próximos do volume

Page 167: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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morto, como aconteceu em 1992/1993 nestas albufeiras, implicando consequentes restrições ao

fornecimento de água.

A barragem de Cerro do Lobo foi construída tendo como única finalidade, a deposição dos

rejeitados do Empreendimento Mineiro de Neves Corvo, da SOMINCOR, S.A., apresentando

portanto características bem diferentes das restantes barragens construídas para armazenamento

de água e regularização dos caudais.

Pequenas barragens

Na bacia do Guadiana existem 1719 barragens de pequena dimensão (capacidade de

armazenamento inferior a 100 000 m3 e altura máxima inferior a 15 m), que se distribuem ao

longo de toda a bacia e com maior concentração no Distrito de Beja.

Estas barragens, em número bastante significativo, apresentam no entanto, uma reduzida

capacidade de armazenamento total (cerca de 11 hm3), que é inferior a uma única albufeira de

média dimensão, como é caso da albufeira de Enxoé ou da albufeira de Lucefecit. No total das

pequenas barragens inventariadas, estão incluídas 555 barragens que não possuem dados sobre as

respectivas capacidades de armazenamento.

Distribuição da capacidade de armazenamento instalada

Conforme se referiu no ponto 2.2.1, das 1824 barragens inventariadas na bacia do Guadiana,

555 barragens não possuem dados sobre capacidades de armazenamento. As restantes albufeiras

têm uma distribuição por capacidade de armazenamento, que se apresenta na tabela seguinte.

Número de Barragens Volume de

Armazenamento Volume Total

(hm3) 917 249 80 11 12

< 10 000 m3 10 000 m3 > 100 000 m3

0,1 hm3 > 1 hm3 1 hm3 > 10 hm3

> 10 hm3

4,1 7,1

26,9 24,6 5066

As 1164 pequenas barragens inventariadas (barragens com volume inferior a 100 000 m3 e

altura inferior a 15 m), apresentam uma capacidade de armazenamento total de 11,2 hm3, cuja

distribuição por cada uma das unidades fisiográficas é a que se apresenta na Tabela seguinte,

bem como a respectiva densidade de capacidade de armazenamento instalada (capacidade de

armazenamento por unidade de área em mm).

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Para a totalidade das barragens inventariada (com excepção das barragens de Alqueva,

Abrilongo, Pedrógão, Chança e do Cerro do Lobo), temos uma capacidade total instalada de

493,4 hm3, cuja distribuição da densidade de capacidade por unidade fisiográfica se apresenta na

Figura 3.8-6.

Em resumo pode-se referir que o volume total de armazenamento das barragens inventariadas

na bacia do Guadiana é de 5130 hm3. No entanto, retirando as barragens em construção e em

projecto (Alqueva, Abrilongo e Pedrógão) e a barragem espanhola do Chança (explorada e

utilizada por Espanha), teremos uma capacidade total instalada na bacia portuguesa do Guadiana

de apenas 513 hm3. A capacidade de armazenamento da barragem de Alqueva é de 4150 hm3.

Considerando todas as barragens de média e grande dimensão existentes na totalidade da

bacia hidrográfica do rio Guadiana teremos um volume total de armazenamento de cerca de

9 500 hm3. A barragem de Alqueva com uma capacidade de armazenamento de 4150 hm3,

passará a ser a barragem com maior capacidade de armazenamento na bacia do Guadiana,

seguida pela barragem de Serena com 3230 hm3.

Unidade Fisiográfica Barragem Pequena Barragem (com excepção das 12 maiores) Designação Área

Número Capacidade Armazenamento Densidade

de Armaz. Número Capacidade de Armaz. Densidade de

Armaz. Sub-bacia

(km2) Total

(1000 m3) Por barragem

(1000 m3)

(mm) Total

(1000 m3) Por barragem

(1000 m3)

(mm) A01 56,7 4 9,9 2,5 0,17 4 9,9 2,5 0,17 A02 242,4 26 414,0 15,9 1,71 28 1034,9 37,0 4,27 A03 229,4 67 377,4 5,6 1,65 69 640,8 9,3 2,79 A04 348,0 33 695,8 21,1 2,00 35 1326,8 37,9 3,81 A05 268,9 7 139,0 19,9 0,52 8 339,0 42,4 1,26 A06 231,0 12 202,0 16,8 0,87 16 1249,5 78,1 5,41 A07 298,1 33 268,5 8,1 0,90 35 635,8 18,2 2,13 A08 252,4 13 91,0 7,0 0,36 15 711,8 47,5 2,82 A09 175,0 24 296,6 12,4 1,70 25 458,6 18,3 2,62 B01 258,1 13 229,5 17,7 0,89 14 1229,5 87,8 4,76 B02 315,6 25 226,7 9,1 0,72 26 754,9 29,0 2,39 B03 125,0 2 54,5 27,3 0,44 3 1054,5 351,5 8,43 B04 298,8 9 235,0 26,1 0,79 10 3061,0 306,1 10,24 B05 185,0 5 95,0 19,0 0,51 5 95,0 19,0 0,51 B06 130,4 4 11,3 2,8 0,09 4 11,3 2,8 0,09 B07 233,5 33 261,3 7,9 1,12 34 761,3 22,4 3,26 B08 294,7 25 169,6 6,8 0,58 27 5422,6 200,8 18,40 B09 105,1 8 38,9 4,9 0,37 9 171,6 19,1 1,63 B10 277,4 37 419,2 11,3 1,51 40 2810,3 70,3 10,13 B11 100,9 8 46,3 5,8 0,46 8 46,3 5,8 0,46 B12 134,1 10 200,5 20,0 1,49 10 200,5 20,0 1,49 B13 323,6 15 97,7 6,5 0,30 17 584,5 34,4 1,81 B14 107,4 1 9,3 9,3 0,09 1 9,3 9,3 0,09 B15 234,4 10 76,7 7,7 0,33 10 76,7 7,7 0,33 B16 252,0 26 205,0 7,9 0,81 26 205,0 7,9 0,81 C01 384,5 12 291,8 24,3 0,76 17 2340,5 137,7 6,09 C02 208,4 9 105,8 11,8 0,51 11 967,1 87,9 4,64 C03 290,5 6 111,1 18,5 0,38 8 1884,6 235,6 6,49 C04 274,0 33 468,5 14,2 1,71 40 4253,6 106,3 15,53 C05 232,8 16 401,3 25,1 1,72 19 1517,3 79,9 6,52

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C06 60,5 1 7,0 7,0 0,12 2 136,0 68,0 2,25 C07 335,9 53 255,1 4,8 0,76 55 1806,2 32,8 5,38 C08 255,9 17 149,3 8,8 0,58 20 2799,5 140,0 10,94 C09 84,1 10 146,5 14,7 1,74 14 2454,9 175,3 29,19 C10 449,7 98 709,9 7,2 1,58 102 2939,1 28,8 6,54 C11 130,2 17 258,6 15,2 1,99 17 258,6 15,2 1,99 C12 271,1 38 376,0 9,9 1,39 39 782,0 20,1 2,88 C13 48,7 5 99,0 19,8 2,03 5 99,0 19,8 2,03 C14 173,3 23 259,4 11,3 1,50 24 621,4 25,9 3,59 D01 365,3 85 607,4 7,1 1,66 87 1072,1 12,3 2,94 D02 283,3 79 488,8 6,2 1,73 82 1263,2 15,4 4,46 D03 148,6 32 330,3 10,3 2,22 34 7606,9 223,7 51,19 D04 113,9 24 208,9 8,7 1,83 24 208,9 8,7 1,83 D05 345,5 76 649,5 8,5 1,88 77 2509,5 32,6 7,26 D06 192,7 16 66,0 4,1 0,34 17 197,4 11,6 1,02 D07 246,3 11 51,6 4,7 0,21 11 51,6 4,7 0,21 D08 411,6 13 27,5 2,1 0,07 16 662,3 41,4 1,61 D09 191,9 15 190,1 12,7 0,99 16 1098,3 68,6 5,72 D010 290,2 13 104,5 8,0 0,36 13 104,5 8,0 0,36 D011 56,2 2 4,0 2,0 0,07 3 224,0 74,7 3,99 D012 99,0 3 20,8 6,9 0,21 3 20,8 6,9 0,21 D013 160,4 7 67,3 9,6 0,42 9 449,2 49,9 2,80 TOTAL 11582 1164 11327 9,7 0,98 1244 61230 49,2 5,29

Distribuição da capacidade de armazenamento instalada na bacia do Guadiana

3.8.4 Aproveitamentos Hidroagrícolas

Os regadios colectivos, perímetros de rega cujas obras foram executadas por iniciativa do

estado, são geridos por Associações de Beneficiários ou Juntas de Agricultores. Na bacia do

Guadiana destacam-se os Aproveitamentos Hidroagrícolas, cuja localização é indicada na

Figura 3.8-7:

Aproveitamento Hidroagrícola do Caia

Aproveitamento Hidroagrícola da Vigia

Aproveitamento Hidroagrícola do Lucefecit

Aproveitamento Hidroagrícola do Alqueva

O Aproveitamento Hidroagrícola do Caia, entrou em funcionamento em 1963, situa-se nas

margens do rio Caia e ainda nas margens do Guadiana. As áreas beneficiadas localizam-se nos

concelhosde Campo Maior (2900 ha) e de Elvas (4337 ha)

O Aproveitamento Hidroagrícola da Vigia, entrou em funcionamento em 1985 e as áreas

beneficiadas localizam-se nos concelhos de Évora (466 ha) e do Redondo (1039 ha).

O Aproveitamento Hidroagrícola do Lucefecit, entrou em funcionamento em 1988, localiza-

se no concelho do Alandroal e a área equipada do perímetro é de 1179 ha.

O sistema Alqueva permitirá a rega de 71 380 ha, dos quais 63 250 ha pertencem ao grande

bloco do Baixo Alentejo e 8 130 ha, correspondem ao bloco de Évora.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Das restantes infra-estruturas hidráulicas inventariadas é de referir a existência de quatro

redes de rega e uma rede de enxugo na bacia do Guadiana. Estas redes estão integradas em

sistemas de regadio colectivas, designadamente, os Empreendimento do Caia, Lucefecit, Caia e

Vigia. É de referir que existem inúmeros sistemas privados de rega, normalmente associadas às

pequenas barragens existentes, sendo a rega efectuada por pivots.

3.8.5 Outras Infra estruturas Hidráulicas

Controle de cheias

Na bacia do Guadiana foram inventariadas seis obras de regularização fluvial, bem como

algumas edificações associadas a unidades industriais, que localizadas junto a linhas de água,

poderão afectar o escoamento dos caudais de cheia. Estas infra-estruturas localizam-se na

Figura 3.8-8, apresentando-se as suas principais características na tabela abaixo apresentada. Das

unidades industriais isoladas localizadas no domínio hídrico, são de destacar a fábrica da

Portucel em Mourão e de Pisões-Moura no Concelho de Moura, o Empreendimento Mineiro de

Neves Corvo e a zona de exploração de mármores de Alandroal, Vila Viçosa e Borba.

Navegação fluvial

A navegação fluvial no rio Guadiana existe apenas a jusante de Mértola, sem atingir no

entanto, um volume significativo de tráfego, que com excepção do estuário na zona de Vila Real

de Santo António é basicamente para actividade turística. Existem quatro cais acostáveis

localizados em Mértola, Pomarão, Alcoutim e em Vila Real de Santo António. Este último tem

uma dimensão completamente diferente dos restantes, devido ao grande desenvolvimento do

sector das pescas, do transporte de mercadorias e do turismo.

Na foz do Vascão, foi recentemente licenciado um cais flutuante e junto a Castro Marim,

existe um cais artesanal, que serve apenas pequenas embarcações.

Centrais hidroeléctricas

Para toda a bacia do Guadiana, apenas na barragem do Caia existe uma central hidroeléctrica,

que funciona em complemento às restantes utilizações de água (abastecimento de água para rega

e aos municípios de Campo Maior e Elvas).

No Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, obra de grande envergadura de fins

múltiplos, para além do abastecimento de água, a componente hidroeléctrica terá importância

significativa e será constituída por uma central a equipar com dois grupos turbina-bomba de

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2X120 MVA, e por uma barragem de contra-embalse a jusante, localizada no Pedrogão que

permitirá, também, a produção hidroeléctrica por turbinamento dos caudais ambientais e caudais

garantidos necessários a jusante.

3.8.6 Património

Na bacia em estudo os elementos patrimoniais inventariados foram classificados segundo seis

categorias principais, nomeadamente:

• Instalações hidráulicas

• Construções militares

• Património arqueológico

• Técnicas tradicionais

• Vias de comunicação

• Outros (com destaque para Igreja e similares)

Destas catergorias destaca-se a de instalações hidráulicas que se referem a património no

Domínio Hídrico. Esta categoria abrange moinhos de rodízio ou de maré com maior incidência

no rio Guadiana, função do maior caudal deste rio, com diferenciação Norte/Sul quanto às suas

características arquitectónicas, ou seja de planta quadrada e telhado de duas águas, a norte e de

planta quadrada/rectangular com telhado de abóboda, a sul.

Quanto à atribuição de valor, a densidade de elementos identificados em determinadas bacias,

bem como a tipologia de ocupação e a intensa actividade que denunciam, claramente ligado a

modos de vida específicos, permitem atribuir, por exemplo ao rio Caia e Rib. de Arronches,

elevado valor e consequente interesse de protecção.

A Sul, destacam-se, em essencial pelo o número de ocorrências, o rio Vascão e um afluente

do rio Odeleite.

As construções militares, nas quais dominam as Atalaias ou unidades cujo principal objectivo

consistia na defesa do território, posicionam-se ao longo das principais vias de comunicação ou

eixos fluviais que asseguravam a penetração do território.

A sua ocorrência está muito associada a zonas de maiores conflitos de fronteira, dominando,

na parte Sul da bacia do Guadiana as atalaias mediavais islâmicas e, a Norte, as atalaias

modernas associadas ao período da Restauração, construídas com objectivos de observação e

defesa, localizando-se preferencialmente nas embocaduras dos rios. As Atalaias encontram-se

muito associadas aos castelos que se localizam ao longo de toda a fronteira do Guadiana.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Quanto ao património arqueológico, dominam Antas e Menires, e vestígios diversos com

grande densidade de registos relacionados com os períodos Romano e Neo/Calcolítico. As

maiores concentrações de sítios situam-se nas bacias dos rios afluentes directos do Guadiana: a

ribeira do Álamo, a ribeira do Lucefecit, o rio Degebe, a ribeira de Alcarrache, a ribeira de

Azevel, o rio Caia, a ribeira de Oeiras, a ribeira do Vascão e a ribeira da Foupana.

Na tipologia de Tecnologias Tradicionais tornou-se difícil classificar os diversos elementos,

dado que a maioria dos sítios apresentavam diversas tipologias, acabando por ser classificados

como Património Arqueológico. Assim, foram considerados nesta categoria apenas os sítios

como sejam minas e instalações industriais.

A distribuição espacial dos elementos permitiu evidenciar que as ocupações industriais,

sobretudo aquelas relacionadas com a exploração de minas, estão estrategicamente situadas em

locais onde existe a possibilidade de exploração desses recursos, as quais inclusivamente se

mantém enquanto tal até á actualidade, nomeadmente: zona de Almodôvar/Castro Verde,

associada às ribeiras de Oeiras e de Cobres, zona de Alandroal/Borba, abarcando as bacias

hidrográficas de Lucefecit, Pardais e Guadiana, zona de Ardilae, por último, destaca-se a zona da

ribeira da Foupana.

Quanto às vias de Comunicação destacam-se, pela sua importância, as vias de comunicação

de época romana, medievais ou modernas, passagens a vau e marcos miliários.

A engenharia das soluções romanas permitiu ainda a substência de importantes estruturas,

sobretudo pontes (ex: ponte sobre o rio Cobres na vila de Almodôvar, classificada como Imóvel

de Interesse Público) constituindo importante património a preservar.

Na bacia do Guadiana encontram-se diversos vestígios de vias romanas, naturalmente associados

aos principais núcleos de ocupação romana, com maior concentração junto ao Guadiana, nas

bacias de Ardila, Alcarrache e Azevel, bem como no Degebe e Caia.

Por último, destaca-se a tipologia onde se integraram diversos elementos de reconhecida

relevância patrimonial, como sejam, igrejas, capelas, santuários, ermidas, entre outros, na sua

maioria do período medieval cristão ou de cronologia moderna. Registam-se sobretudo duas

zonas de concentração de sítios desta natureza, na zona de Portel/Reguengos de Monsaraz,

abrangendo as bacias hidrográficas de Degebe, Álamo e Guadiana e na zona de Borba/Vila

Viçosa/Alandroal, confinante a Norte com a anterior e abrangendo as bacias de Asseca,

Lucefecit, Azevel, Pardais e Guadiana.

Refere-se ainda, pela importância que lhes está legalmente reconhecida, o Património

classificado, tendo inventariado, em toda a área estudada, 35 Monumentos Nacionais, 7 dos

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quais apresentam Zona Especial de Protecção e 26 Imóveis de Interesse Público, indicados na

tabela seguinte.

Concelho Monumento Nacional Imóvel de Interesse Público

Alandroal (1) Castelo Velho _

Alcoutim (4) Castelo de Alcoutim Igreja de Martim Longo

Cerro do castelo de Santa Justa

Barragem Romana do Álamo

Almodôvar (3) _ Ponte Romana do rio Cobres

2 Igrejas

Barrancos (1) Castelo de Noudar _

Beja (5) Vila Romana de Suratesta

Castelo de Beja (com ZEP)

Arco Romano (com ZEP)

Igreja de Santiago Maior

Vila Romana de Pisões

Campo Maior (1) _ Castelo de Ouguela

Castro Marim (1) Castelo de Castro Marim (com

ZEP)

_

Elvas (16) Catelo de Elvas

15 Antas

_

Évora (3) 2 Antas Torre de Coelheiros

Mértola (3) Castelo de Mértola (com ZEP)

Igreja Matriz (com ZEP)

Torre do Rio (com ZEP)

_

Moura (39 _ Ponte Romana do rio Brenhas

2 Antas

Mourão (2) Castelo da Lousa

Povoado da Cidade dos Cuncos

_

Portel (1) Castelo de Portel _

Reguengos de Monsaraz (12) Fortaleza de Monsaraz e Anta (1) Castelo Velho de Degebe

4 Menires

Torres

Solar Medieval

3 Igrejas

Serpa (2) Castelo de Serpa Barragem Romana do Muro dos

Mouros

Ermida de Santa Luzia

Vidigueira (1) Antas de Corte Serrão

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A nível do Património identificado destaca-se no Domínio Hídrico a Barragem Romana do

Álamo, no concelho de Alcoutim, a Ponte Romana do rio Cobres no concelho de Almodôvar, a

Ponte Romana do rio Brenhas, no concelho de Moura e a Barragem Romana do Muro dos

Mouros, no concelho de Serpa.

3.9 Níveis de Atendimento

3.9.1 Sistemas Públicos de Abastecimento de Água – População Servida

Nos sistemas públicos de abastecimento de água os níveis de atendimento por concelho

apresentam-se na tabela seguinte.

Concelho Nível de Atendimento com Sistemas

Públicos Domiciliários de Abastecimento de Água (%)

Alandroal 89 Alcoutim 37 Almodôvar 47 Arronches 85 Barrancos 94 Beja 98 Borba 92 Campo Maior 101 Castro Marim 57 Castro Verde 103 Cuba 98 Elvas 92 Estremoz 84 Évora 100 Loulé 11 Mértola 66 Moura 95 Mourão 94 Ourique 0 Portalegre 60 Portel 96 Redondo 87 Reguengos de Monsaraz 95 Serpa 94 S. Brás de Alportel 95 Tavira 15 Vidigueira 94 Vila Real de Santo António 79 Vila Viçosa 94 Bacia 90

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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O nível de atendimento da população total (residente mais flutuante) com rede domiciliária de

distribuição de água atinge na bacia a média de 90%, valor bastante elevado relativamente à

média do país. De notar, no entanto, que existem alguns concelhos que apresentam valores muito

distantes desta média. É o caso da maioria dos concelhos situados na zona Sul da bacia,

Alcoutim, Almodôvar, Castro Marim, Loulé, Mértola e Tavira, que apresentam os níveis de

atendimento com sistemas de abastecimento mais baixos em toda a Bacia - 37%, 44%, 57%,

11%, 66% e 15%. Nos casos de Loulé e Tavira a área destes concelhos, envolvida na bacia,

abrange zonas de serra de características rurais. O concelho de Portalegre, localizado na zona

Norte da bacia, apresenta também um valor baixo do nível de atendimento – 60%.

Estes baixos níveis de atendimento justificam-se em alguns casos pelo elevado número de

população isolada residente na área desses concelhos incluída na bacia hidrográfica do Guadiana.

Nos concelhos de Alcoutim, Almodôvar e Mértola esta situação é ainda cumulativa com a

elevada percentagem da população concelhia abastecida a partir de fontanários, a qual é superior

a 25%.

Os casos de níveis de atendimento superiores a 100% não são surpreendentes, uma vez que os

dados de população servida fornecidos pelas autarquias por vezes correspondem a estimativas

por excesso, podendo mesmo corresponder a previsões optimistas de crescimento urbano.

A população atendida por sistemas públicos de abastecimento de água quando comparada

com a população residente em lugares (91% da população da bacia), conduz a um nível de

atendimento com este serviço de praticamente 100%.

A tabela, do Anexo I, apresenta os níveis de atendimento e o diagnóstico geral dos diversos

Sistemas de Abastecimento de Água existentes na Bacia do Rio Guadiana.

3.9.2 Redes de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais – População Servida

Constata-se actualmente uma menor cobertura com saneamento do que com abastecimento de

água, e a existência corrente de sistemas de abastecimento abrangendo vários sistemas de

saneamento. É evidente em toda a bacia a predominância de sistemas de saneamento de pequena

dimensão, quase sempre a nível de aglomerado populacional.

Apresentam-se na tabela seguinte diversos indicadores que caracterizam o serviço de

drenagem e tratamento das água residuais urbanas, nos concelhos integrados na bacia, quanto ao

índice de atendimento: nível de atendimento com rede de drenagem de águas residuais; nível de

atendimento com tratamento; nível de atendimento com tratamento superior a fossa séptica.

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Concelho Nível de Atendimento (%)

Com Rede de Drenagem

Com Rede de Drenagem e sem

Tratamento

Com Rede de Drenagem e com

Tratamento

Com Rede de Drenagem e com

Tratamento Superior e Fossa Séptica

Alandroal 79 20 58 19 Alcoutim 48 0 48 0 Almodôvar 66 8 58 46 Arronches 84 0 84 0 Barrancos 94 0 94 47 Beja 80 0 80 21 Borba 88 84 4 2 Campo Maior 36 8 28 28 Castro Marim 57 0 57 15 Castro Verde 86 0 86 59 Cuba 98 0 98 98 Elvas 86 0 85 0 Estremoz 75 19 56 37 Évora 100 100 0 0 Loulé 11 0 11 11 Mértola 22 0 22 17 Moura 95 15 80 79 Mourão 94 0 94 82 Ourique 0 0 0 0 Portalegre 50 0 50 16 Portel 96 96 0 0 Redondo 87 42 45 16 Reguengos de Monsaraz 88 87 1 0 Serpa 0 0 0 0 S. Brás de Alportel 85 48 37 0 Tavira 15 0 15 0 Vidigueira 94 0 94 63 Vila Real de Santo António 91 86 4 4 Vila Viçosa 94 32 62 0 Bacia 78 23 55 25

Na globalidade da bacia, verifica-se que 78% da população total é servida com rede de

recolha de águas residuais. Por outro lado, apenas 55% da população total beneficia da existência

de instalações de tratamento das suas águas residuais, sendo que apenas 25% da população total

é atendida com sistema de tratamento superior a fossa séptica. Sobretudo estes dois últimos

valores indiciam situações de carência na bacia relacionadas com a existência de muitos sistemas

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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de recolha de águas residuais urbanas com descarga directa dos efluentes não tratados no meio

ambiente e ainda a baixa percentagem de instalações de tratamento com nível de tratamento

superior ao primário.

Em particular, há a destacar as seguintes situações:

• os concelhos que registam o menor nível médio de atendimento com rede de drenagem de

águas residuais urbanas em toda a bacia, são: Campo Maior (36%), Loulé (11%), Mértola (22%)

e Tavira (15%), o que neste último concelho se justifica pelo facto da população ocupar zonas de

serra, com ocupação dispersa. De notar que os três últimos concelhos caracterizam-se igualmente

por baixos níveis de atendimento com rede de distribuição de água domiciliária (nestes

concelhos existe uma percentagem significativa da população servida apenas com fontanários);

• este índice atinge valores superiores a 90% nos concelhos de Barrancos, Cuba, Moura,

Mourão, Portel, Vidigueira, Vila Real de Stº António e Vila Viçosa;

• a situação agrava-se quando se trata do nível de atendimento com infra-estruturas de

tratamento de águas residuais, de facto, 15 dos 29 concelhos apresentam valores médios deste

índice inferiores ou iguais a 50%, atingindo-se mesmo valores inferiores ou iguais a 20% em 9

concelhos (Borba, Estremoz, Loulé, Ourique, Portel, Reguengos de Monsaraz, São Brás de

Alportel, Vidigueira e Vila Real de Stº António). Os valores mais elevados, superiores a 90%,

verificam-se nos concelhos de Barrancos, Cuba e Vidigueira;

• o índice de atendimento com tratamento superior a fossa séptica ou outros tipos de

tratamento primário, como decantação primária e gradagem, é bastante baixo na quase totalidade

dos concelhos, apenas os concelhos de Cuba, Moura, Mourão e Vidigueira constituem uma

excepção por apresentarem valores para este indicador superiores a 60%: respectivamente 98%,

79%, 82% e 63%. Nos concelhos de Alandroal, Castro Marim, Loulé, Mértola, Portalegre,

Redondo e Vila Real de Stº António, este índice é inferior a 20%, sendo mesmo nulo nos

concelhos de Alcoutim, Arronches, Elvas, Estremoz, Ourique, Portel, Reguengos de Monsaraz,

São Brás de Alportel, Serpa, Tavira e Vila Viçosa. Nos concelhos de Loulé e de Tavira os

índices de atendimento a nível dos concelhos apresentam valores bastante baixos, o que se deve

ao facto da população se distribuir nas zonas de serra de forma dispersa.

A tabela, do Anexo II, apresenta os níveis de atendimento dos diversos Sistemas de Águas

Residuais existentes na Bacia do Rio Guadiana.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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3.9.3 Tratamento de Efluentes – Indústria

O tratamento das águas residuais industriais é primordialmente efectivado na rede própria de

cada empresa.

O inventário das indústrias permitiu auferir que mais de 90% das cargas poluentes de origem

industrial rejeitadas no meio ambiente provêm de indústrias não ligadas a redes públicas de

águas residuais não dispondo muitas delas de qualquer tratamento, especialmente as indústrias

mais poluentes onde se encontram os lagares de azeite, as suiniculturas, os curtumes e as

indústrias alimentares.

Nas tabelas seguintes, apresentam-se para toda a bacia do Guadiana e por tipo de indústria, os

principais parâmetros caracterizadores das cargas poluentes dos efluentes de indústrias com e

sem tratamento de águas residuais, ligadas a sistemas públicos de drenagem de águas residuais.

Tipo de Indústria

02–L

agar

es/R

efin

ação

de

azei

te

03–S

uini

cultu

ras

04–B

ovin

icul

tura

s

05 –

Avi

ário

s

06–A

dega

s/D

estil

aria

s

07-1

58–O

utra

s ind

ústr

ias

(alim

enta

res)

Sst (kg/ano) 300 531,60 302,40 29 407,56 262 080,00 70,46 40 719,12

Sst poluente (kg/ano) 136 900,80 60,48 11 763,02 104 832,00 28,18 14 696,16

CBO5 (kg/ano) 249 677,60 201,60 8 823,36 32 760,00 529,36 37 202,88

CBO5 poluente (kg/ano) 70 526,24 50,40 2 205,84 22 932,00 370,55 7 365,19

CQO (kg/ano) 356 185,60 504,00 44 105,88 882,18 55 517,28

CQO poluente (kg/ano) 101 885,44 126,00 11 026,47 617,53 11 929,91

Azoto total (kg/ano) 27,72 1,64 19 656,00

Azoto total poluente (kg/ano) 20,79 1,23 17 690,40

Fósforo total (kg/ano) 8,40 0,08 2 912,00

Fósforo total poluente (kg/ano) 7,56 0,00 2 475,20

Coliformes totais (106 NMP/ano) 6,38E+11

Coliformes totais poluentes (106 NMP/ano) 6,38E+10

Coliformes fecais (106 NMP/ano) 1,43E+11

Coliformes fecais poluente (106 NMP/ano) 1,43E+10

Matéria orgânica (kg/ano) 776,88

Matéria orgânica poluente (kg/ano) 349,60

Gorduras (kg/ano) 2 743,42

Gorduras poluente (kg/ano) 2 539,37

Cargas de Efluentes de Indústrias Ligadas a Sistemas de Águas Residuais com Tratamento

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Tipo de Indústria

02–L

agar

es/R

efin

ação

de

azei

te

03–S

uini

cultu

ras

06–A

dega

s/D

estil

aria

s

07-1

53-C

onse

rvaç

ão d

e

frut

os e

pro

duto

s hor

tícol

as

07-1

55-L

actic

ínio

s

07-1

58–O

utra

s ind

ústr

ias

(alim

enta

res)

Sst (kg/ano) 216 686,88 4 434,75 3 178,76 3 697,80 405,60 7 020,00

CBO5 (kg/ano) 176 559,68 2 956,50 45 130,28 16 429,20 2 652,00 39 904,80

CQO (kg/ano) 256 814,08 7 391,25 91 958,36 4 409,60 11 484,72

Azoto total (kg/ano) 405,41

Fósforo total (kg/ano) 122,85

Coliformes totais (106 NMP/ano) 9,34E+12

Coliformes fecais (106 NMP/ano) 2,09E+12

Matéria orgânica (kg/ano) 60 711,82

Gorduras (kg/ano) 23 952,24

Cargas de Efluentes de Indústrias Ligadas a Sistemas de Águas Residuais sem Tratamento

3.10 Situações hidrológicas extremas e de risco

3.10.1 Análise de Secas

A bacia do Guadiana é frequente e severamente atingida por situações de seca que são

responsáveis por largos prejuízos, em particular, na agricultura que constitui a principal

actividade económica da bacia.

Na situação actual, a produção agrícola da bacia corresponde fundamentalmente a culturas em

regime de sequeiro, pelo que a seca foi avaliada a partir do efeito que a carência da humidade do

solo tem na quebra de rendimento do trigo de sequeiro, considerada uma cultura típica da bacia.

Verifica-se a ocorrência de uma situação de seca num dado ano e local quando a percentagem da

produção agrícola relativamente à produção máxima teórica é igual ou inferior ao quantil 33%.

Com base neste indicador constata-se que no período de anos hidrológicos de 1941/42 a 1991/92,

os concelhos de Serpa, Moura (pontualmente), Castro Verde, Mértola, Alcoutim, Castro Marim e

Vila Real de Santo António foram os mais frequentemente, 1 vez em cada 3 anos, e severamente

atingidos pela seca.

Para uma situação de agricultura de regadio, com utilização de água a partir de

infra-estruturas de armazenamento, os locais de menor escoamento serão os de maior risco de

seca. Estão nestas condições áreas extensas pertencentes aos concelhos de Campo Maior, Elvas

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

172/367

(parte Sul), Barrancos (Nordeste), Moura, Cuba, Beja, Serpa (parte Oeste), Mértola e Alcoutim,

com ocorrência de 1 vez em cada 3 anos de escoamento anual inferior a 55 mm, limiar de seca,

obtido a partir do quantil 20% da série de escoamentos anuais ponderados na bacia no período de

anos de análise.

Verifica-se que a capacidade de armazenamento das albufeiras existentes é insuficiente para

fazer face a anos consecutivos de seca, situação que leva a que se esgotem rapidamente as

reservas existentes, não sendo possível evitar a ocorrência de défice de água para as culturas de

regadio

Nas Figuras 3.10-1 e 3.10-2 apresentam-se as cartas de risco de seca de sequeiro e de

escoamento, respectivamente.

3.10.2 Análise das Cheias

3.10.2.1 Cheias na Bacia do Guadiana

As cheias não assumem uma importância predominante na bacia do Guadiana, quando

comparadas com cheias noutras bacias hidrográficas portuguesas ou com outros eventos socio-

hidrometeorológicos que ocorrem na bacia, como são as secas, a erosão e a desertificação.

No entanto, como se verificou no ocorrido na cheia de Novembro de 1997, as cheias podem

provocar prejuízos elevados, com a inundação e destruição de habitações e infra-estruturas

urbanas, rodoviárias e hidráulicas e o arrastamento e perda de parte do solo arável. Para atenuar

os seus efeitos, as cheias devem ser bem caracterizadas, de modo a estabelecer um conjunto de

medidas e acções que permitam o seu controlo.

De acordo com os caudais de cheia registados, com as marcas de cheias existentes e com

principais características das cheias históricas, as cheias na bacia do Guadiana podem dividir-se

em dois tipos:

• Cheias no rio Guadiana, provocadas por precipitações intensas abrangendo grandes áreas

da bacia hidrográfica e afectando em particular o vale do rio Guadiana;

• Cheias pontuais atingindo pequenas bacias hidrográficas, que são provocadas por

precipitações de grande intensidade, curta duração e localização pontual.

Cheias no rio Guadiana

Das cheias registadas no rio Guadiana, a cheia com caudal de ponta mais elevado ocorreu em

Março de 1947, com caudal de ponta em Ponte Mourão de 10 290 m3/s e 8130 m3/s em Pulo do

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Lobo. A cheia de Novembro de 1997 teve caudais máximos em Ponte Mourão e Pulo do Lobo

respectivamente de 3500 e 7240 m3/s. Nestes casos podem-se verificar as características bem

diferentes das cheias ocorridas, a primeira gerada em Espanha, com um regime de caudais de

cheia próximo do regime natural, devido às poucas infra-estruturas de armazenamento

construídas a montante, a segunda provocada por precipitação concentrada em território

nacional, que provocou graves prejuízos em pequenas bacias hidrográficas do Guadiana e

contribuindo para o elevado incremento do caudal entre Ponte Mourão e Pulo do Lobo.

Para além das cheias registadas é de referir que a maior cheia histórica de que há notícia,

ocorreu em 1876 e é testemunhada por diversas marcas de cheia existentes nas principais vilas

ribeirinhas, designadamente em Mértola, Alcoutim e Vila Real de Santo António.

Dos registos de cheias, das notícias da imprensa nacional e regional, do testemunho de várias

pessoas que viveram esses acontecimentos e das características morfológicas da bacia do

Guadiana, identificaram-se diversas localidades que sofreram o efeito das cheias, que

genericamente se localizam nas zonas baixas do Guadiana, designadamente em Mértola,

Pomarão, Laranjeiros, Guerreiros do Rio e Foz de Odeleite, Alcoutim, Castro Marim e Vila Real

de Santo António. A montante de Mértola apenas alguns montes e casas isoladas poderão ser

identificadas como áreas de risco. É de referir igualmente os diversos problemas ocorridos no

troço navegável do rio, com a perda e destruição de embarcações que estavam ancoradas no rio.

Para determinar os caudais de cheia previstos no rio Guadiana, para determinadas

probabilidades de ocorrência, foi realizada a análise da distribuição de frequência de caudais

instantâneos máximos anuais para as estações localizadas no rio Guadiana. Esta análise permitiu

verificar, que face à intensa construção de barragens na bacia do Guadiana em Espanha, se

deveriam dividir as séries completas de caudais, em duas sub-séries, respectivamente para

caudais ocorridos até 1964/65 e a partir de 1965/66.

Neste contexto foram obtidos os caudais máximos anuais para os períodos de retorno de 10,

50, 100, 500 e 1000 anos, correspondendo a uma situação próxima da situação natural e para a

situação actual no rio Guadiana (Ponte Mourão e Pulo do Lobo) e que se apresentam na tabela

seguinte.

Previsão de caudais para períodos de retorno Série de Registos Área Bacia

(km2)

Média

(m3/s) 10

(m3/s) 50

(m3/s) 100

(m3/s) 500

(m3/s) 1000 (m3/s)

Guadiana em Ponte Mourão (antes de 1965) 51922 2440 5592 8704 10019 13059 14366

Guadiana em Pulo do Lobo (antes de 1965) 60883 3206 6391 9535 10865 13936 15257

Guadiana em Ponte Mourão (após 1965) 51992 1485 3538 5564 6421 8400 9251

Guadiana em Pulo do Lobo (após 1965) 60883 2249 4905 7527 8636 11197 12298

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

174/367

Nas Figuras 3.10-3 e 3.10-4 apresentam-se graficamente as previsões de caudais para os

períodos de retorno de 10, 100 e 1000 anos e os valores registados em cheias históricas para as

situação antes de 1965 e após 1965.

Os resultados obtidos permitem concluir, que para a situação próxima da natural, teríamos em

média, caudais máximos anuais em Ponte Mourão e em Pulo do Lobo, respectivamente de 2440

m3/s e 3200 m3/s e que para o período de retorno de 100 anos, de 10 000 m3/s e 10 800 m3/s

respectivamente.

Para a situação presente, as médias dos caudais máximos anuais em Ponte Mourão e em Pulo

do Lobo, são respectivamente de 1485 m3/s e 2250 m3/s e para o período de retorno de 100 anos,

de 6 400 m3/s e 8 600 m3/s respectivamente.

Após a construção da barragem de Alqueva, os caudais de cheia serão ainda mais controlados,

sendo bastante menor a probabilidade de ocorrência de cheias nas zonas marginais do Guadiana.

Cheias em pequenas bacias

Tendo em conta as recentes cheias de Dezembro de 1989 e Novembro de 1997, que

provocaram a inundação e destruição de habitações e de outras infra-estruturas e o arrastamento

e perda de parte do solo arável em diversas sub-bacias do rio Guadiana, foram identificadas as

seguintes principais localidades que sofreram efeito das cheias: Odeleite, Beliche e Azinhal no

nordeste algarvio e Albernoa, Sobral da Adiça, Quintos, Cabeça Gorda, Baleizão, Pisões no

interior do Alentejo.

Para permitir avaliar os caudais de cheias que possam ocorrer com determinadas

probabilidades nas sub-bacias do rio Guadiana, foi efectuada a análise da distribuição de

frequência de caudais instantâneos máximos anuais, para as estações localizadas nos afluentes do

rio Guadiana. Esta análise permitiu verificar que existe uma certa homogeneidade nos caudais

obtidos nas diversas estações hidrométricas, face à área de drenagem de cada uma, com

excepção da estação de Monte dos Fortes em Odeleite.

Na tabela seguinte apresentam-se as médias das séries de caudais instantâneos máximos

anuais e as previsões para os períodos de retorno de 10, 50, 100, 500 e 1000 anos para cada uma

das estações existentes nos afluentes do rio Guadiana.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Série de Registos Área Média Previsão de caudais para períodos de retorno

(km2)

(m3/s)

10 (m3/s)

50 (m3/s)

100 (m3/s)

500 (m3/s)

1000 (m3/s)

Ribeira de Terges em Entradas 52 30 63 100 117 458 177

Ribeira de Terges em Albernoa 177 74 164 276 330 470 538

Rib. de Cobres em Monte da Ponte 707 254 484 711 807 1029 1124

Rio Ardila em Ardila 1 3634 635 1333 2020 2309 2977 3263

Rio Vascão em Vascão 1 428 203 389 537 592 706 749

Rib. Odeleite em Monte dos Fortes 288 236 471 783 937 1358 1570

Para procurar apoiar a compreensão da geração de caudais de cheia nas sub-bacias do

Guadiana, relacionaram-se as áreas com os caudais de cheia estimados, áreas com caudais

específicos por unidade de área. Na tabela seguinte, apresentam-se os caudais específicos por

unidade de área, obtidos para as várias estações hidrométricas.

Série de Registos Área Média Previsão de caudais para períodos de retorno

(km2)

(m3/s.km2)

10 (m3/s.km2)

50 (m3/s.km2)

100 (m3/s.km2)

500 (m3/s.km2)

1000 (m3/s.km2)

Ribeira de Terges em Entradas 52 0,575 1,212 1,923 2,250 3,038 3,404

Ribeira de Terges em Albernoa 177 0,419 0,927 1,559 1,864 2,655 3,040

Rib. de Cobres em Monte da Ponte 707 0,359 0,685 1,006 1,141 1,455 1,590

Rio Ardila em Ardila 1 3634 0,175 0,367 0,556 0,635 0,819 0,898

Rio Vascão em Vascão 1 428 0,475 0,909 1,255 1,383 1,650 1,750

Rib. Odeleite em Monte dos Fortes 288 0,820 1,635 2,719 3,253 4,715 5,451

Estes resultados permitem concluir que existe uma relação quase linear entre caudais e áreas,

com excepção na região da serra Algarvia (Estação de Monte dos Fortes), que apresentam

caudais muitos mais elevados, o que é justificado pelo regime de precipitação de maior

intensidade e variabilidade nesta região da serra algarvia.

3.10.2.2 Riscos de Inundação devidos a Cheias Naturais

Não se dispõe nesta data de estudos que possibilitem uma adequada fundamentação para

definição de riscos de inundação, nomeadamente trabalhos de pormenor que passam pela

aplicação de modelos tendo como base elementos topográficos a escalas adequadas.

Apesar desta limitação, considerou-se, no entanto, adequado apresentar as áreas associadas a

locais ou localidades que foram sujeitas a inundações históricas, segundo os registos obtidos nas

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

176/367

autarquias ou entidades associadas à protecção civil e em notícias da imprensa nacional, regional

ou local.

Na Figura 3.10-5 apresentam-se os locais ou localidades que, em resultado de terem sofrido a

acção das cheias, constituirão, em primeira aproximação, zonas com risco de inundação.

Esta abordagem é necessariamente bastante simplificada dado que não se dispõe de

informação suficiente, nem a escala adoptada o permitiria, para caracterizar com pormenor as

áreas potencialmente inundáveis. Não se dispõe igualmente de informação sobre se após a

ocorrência das situações meteorológicas que deram origem às cheias que afectaram esse locais

ou localidades foram introduzidas quaisquer medidas correctivas de ordenamento ou estruturais

que tivessem alterado a situação.

Perante a compilação da informação recolhida, pode concluir-se que ao longo do rio Guadiana

as principais áreas com risco de inundação se situam entre Mértola e a foz.

Nesse trecho, as áreas edificadas com risco de inundação correspondem às zonas baixa de

Mértola, Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António. Outras povoações com menos

importância, em termos populacionais, são igualmente afectadas, como é o caso de Odeleite.

A montante de Mértola apenas alguns montes e casas isoladas poderão ser identificados como

áreas de risco.

Refira-se, no entanto, que a construção das barragens de Alqueva e do Pedrógão vai contribuir

para reduzir a dimensão das áreas ao longo do rio que neste momento constituem risco de

inundação associadas a cheias naturais.

Nas sub-bacias do Guadiana, com base na análise dos efeitos das inundações ocorridas nas

recentes cheias de Dezembro de 1989 e de 1997, pode concluir-se que muitas das áreas afectadas

resultaram da existência de obras nas linhas de água com capacidade de vazão insuficiente ou de

inadequada ocupação das zonas potencialmente inundáveis.

Nestas cheias as principais localidades que sofreram efeito das cheias são as seguintes:

Odeleite, Beliche e Azinhal no nordeste algarvio e Albernoa, Sobral da Adiça, Quintos, Cabeça

Gorda, Baleizão e Pisões no interior do Alentejo.

Controlo de Cheias

No âmbito do estudo de cheias foram inventariadas algumas áreas urbanas que sofreram os

efeitos de inundações provocadas pela Cheia de Novembro de 1997, com destaque para as vilas

de Sobral da Adiça, Salvada, Cabeça Gorda, Baleizão, Quintos, Albernoa, provocadas pela

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

177/367

canalização de ribeiras no interior destas vilas.

Nome Freguesia Área

(km3)

Caudal Ponta

(m3/s)

Extensão da Margem Esquerda

(m)

Extensão da Margem Direita

(m)

Canal/Vala

(m)

Venda Santiago Maior

A-do-Pinto Aldeia Nova de São Bento 0,9 70,8 70,8 70,8

Moura (S. João Baptista) 2,33 19,2 595 595 595

Cabeça de Carneiro Santiago Maior 0,26 3,8 370 370 370

Venda Santiago Maior 1,88 19,5

Sobra da Adiça

3.10.3 Riscos de Erosão

A degradação ambiental, particularmente, a erosão e assoreamento e a desertificação,

problemas relacionados com o planeamento numa perspectiva de gestão integradora do espaço,

têm sido alvo de preocupação crescente. No âmbito da Gestão Ambiental, a erosão hídrica do

solo, é, sem dúvida, uma questão relevante uma vez que provoca a degradação e perda de um

recurso natural fundamental para o suporte de vida.

O fenómeno de erosão hídrica, conjunto de mecanismos interligados e bastante complexos,

inclui os processos de destacamento das partículas do corpo solo e subsequente transporte

(sólido) e deposição (assoreamento) dos sedimentos. Os modelos de erosão de solos, descrição

matemática da erosão, têm funções críticas na conservação do solo e da água, nomeadamente, o

inventário e a avaliação da erosão, o que permite a concepção e o planeamento de medidas de

conservação.

A principal cauda da erosão é a acção da chuva sobre o solo e o modelo de referência para a

estimativa do seu valor é a Equação Universal de Perda de Solo (USLE), desenvolvida por

Wischmeier e Smith em 1965, modelo empírico que estima a perda de solo a partir da

erosividade da chuva, da erodibilidade dos solos, do declive e comprimento de encostas, dos

usos e ocupação do território e das práticas agrícolas.

Da análise dos valores mais elevados de erosão na bacia do rio Guadiana e das respectivas

áreas de incidência, resultou a definição de classes e os valores limites indicados na tabela

seguinte.

Page 186: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Classe Limites de Classe E (t.ha-1.ano-1)

Valor de Classe E (t.ha-1.ano-1)

Frequência de Classe (%)

1 < 2 1,0 13,5 2 2-5 3,8 23,2 3 5-10 8,0 24,1 4 10-15 13,0 13,0 5 15-25 20,0 14,0 6 > 25 35,0 12,2

Conforme se pode observar na Figura 3.10-6 relativa à carta de erosão, os níveis de erosão

variam entre 0 e mais de 25 t.ha-1.ano-1. Cerca de 12% da área atinge valores de erosão

superiores a 25 t.ha-1.ano-1, dos quais menos de 2% corresponde a valores estimados entre 50 e

100 t.ha-1.ano-1. Estes últimos valores não deverão já corresponder à realidade, pois só

excepcionalmente se poderão encontrar no terreno condições que levem a níveis de erosão

média, superiores a 50 t.ha-1.ano-1.

Uma vez obtidas as estimativas de perda de solo e não se dispondo de elementos que

permitam identificar os níveis máximos de erosão toleráveis optou-se por estabelecer a carta de

riscos em função dos valores da perda de solos e da percentagem de área atingida.

Da análise dos valores mais elevados de erosão e das respectivas áreas de incidência, resultou

a definição de classes e os valores limites das classes de risco indicados na tabela seguinte.

Classe Definição de Risco Limites de Classe

(t.ha-1.ano-1) Frequência de Classe

(%) 1 Diminuto < 8 53,7 2 Baixo 8-15 18,6 3 Moderado 15-30 20,4 4 Elevado 30-45 4,6 5 Muito elevado > 45 2,6

Cerca de 7% da área da bacia está sujeita a níveis de erosão superiores a cerca de

30 t.ha-1.ano-1, dos quais 2,5% com níveis superiores a 45 t.ha-1.ano-1. A maior parte destas áreas

corresponde a vertentes de vales encaixados e associados a sistemas geológicos de relevo

acentuado, devido a fortes enrugamentos orogénicos.

Da análise dos resultados conclui-se que a margem esquerda do Guadiana tem importantes

áreas com riscos classificados de moderados a muito elevados, estando concentrados estes

últimos nas proximidades de Barrancos. Ao longo do curso do rio Guadiana situam-se áreas de

riscos moderados a muito elevados centradas em Mourão, Moura, Serpa e Mértola. Outras zonas

com áreas significativas de riscos moderados e elevados localizam-se entre Moura e Portel, ao

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

179/367

longo do vale do rio Degebe, entre Serpa e Vidigueira, a Noroeste de Mértola e no planalto de

Martin Longo.

Salientam-se ainda as áreas com risco de moderado a muito elevado localizadas entre Elvas e

Campo Maior, nas cabeceiras do rio Caia e nos afluentes do Guadiana, nomeadamente, Degebe,

Odearça, Terges e Beliche.

Para se efectuar uma avaliação mais precisa dos riscos será, no entanto, necessário efectuar

estudos mais aprofundados relativamente aos factores e indicadores a considerar,

nomeadamente: o efeito simultâneo de factores de degradação do solo; a agressividade climática,

incluindo a frequência e persistência de secas; a resiliência natural do sistema, como seja o

período de recuperação da vegetação; as pressões de uso do solo; os efeitos das actividades

socio-económicas.

Com base nos valores de coeficientes de produção de sedimentos, estimou-se o valor dos

sedimentos afluentes às albufeiras e pequenos açudes existentes na bacia do rio Guadiana. O

valor médio do coeficiente de produção de sedimentos estimado para as bacias dominadas é de

aproximadamente 0,4, o que implica um valor médio da taxa de assoreamento das albufeiras de

cerca de 4,0 a 5,0 t.ha-1.ano-1.

Embora na bacia hidrográfica do rio Guadiana ainda não tenham sido realizados estudos

suficientes que permitam relacionar a produção de sedimentos com a erosão específica, destaca-

se, além do estudo realizado no âmbito do presente Plano, o Estudo Integrado de Impacte

Ambiental do Empreendimento de Alqueva (SEIA, 1995), o qual contém estimativas dos valores

da produção média anual de sedimentos na bacia do rio Guadiana.

No referido estudo, atendendo aos fenómenos de sedimentologia fluvial e às obras previstas, a

bacia do rio Guadiana foi dividida em quatro zonas apresentadas na figura seguinte.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Rio Guadiana

Espanha e OlivençaPortugal

ZONA 1

Barragem de Alqueva

Rio ArdilaZONA 2

Barragem de Pedrogão

ZONA 3

Pulo do Lobo

Rio Chança

Rio VascãoAçude do Guadiana

Rib. Foupana

Rib. Odeleite Estuário ZONA 4

Rib. Beliche

Localização das Zonas de Estudo

(extraído de Estudo Integrado de Impacte Ambiental do Empreendimento de Alqueva , SEIA 1995)

Na tabela seguinte apresentam-se os valores da produção média anual de sedimentos nas

zonas identificadas na figura anterior para duas situações: situação actual, referente a 1994; e

situação futura, após a construção do empreendimento de Alqueva.

Zona Secção 1994

(106 t.ano-1) com Alqueva (106t.ano-1)

Assoreamento em 100 anos

1 B. Alqueva

1,3-2,6 0 3 a 6% do volume da albufeira

2 B. Pedrógão

0,1-0,2 0,02-0,1 9 a 30% do volume da albufeira

3 A. Guadiana

0,5-1,0 0,5-1,0 quase nulo

4 Foz 02-0,4 0,2-0,4

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

181/367

Na tabela seguinte apresentam-se os valores do transporte médio anual de sedimentos que

passa para jusante de cada uma das zonas, considerando as duas situações, com e sem Alqueva.

Zona Secção 1994

(106 t.ano-1) com Alqueva (106t.ano-1)

Redução %

1 B. Alqueva

1,3-2,6 0 100

2 B. Pedrógão

1,4-2,8 0,02-0,1 99-96

3 A. Guadiana

1,9-3,8 0,52-1,1 73-71

4 Foz 2,1-4,2 0,72-1,5 66-64

Na futura albufeira de Alqueva estima-se que, em percentagem, o volume de assoreamento ao

fim de 100 anos corresponda apenas a 6% da capacidade total da albufeira que é de cerca de 4

150 hm3.

Na albufeira de Pedrógão a acumulação dos sedimentos poderá corresponder a um volume

total de 16 hm3 ao fim de 100 anos, isto é, a cerca de 30% do volume útil da albufeira.

Com a construção do empreendimento de Alqueva o assoreamento nas albufeiras de Alqueva

e Pedrógão implicará um decréscimo na disponibilidade de sedimentos para jusante das

respectivas barragens.

3.10.4 Riscos de Acidentes de Poluição

3.10.4.1 Acidentes

Tendo em conta a ocupação da bacia, os maiores riscos por acidente que possam afectar a

rede hidrográfica estão associados a:

• tráfego de camiões transportando substâncias perigosas;

• rotura de zonas de depósito dos estéreis de minas, em exploração ou abandonadas.

Em relação a acidentes do primeiro tipo, tendo em conta a rede viária que atravessa a bacia

portuguesa do rio Guadiana, constata-se o trecho onde o tráfego de camiões é mais intenso e,

onde, consequentemente, é maior a probalidade de ocorrência de um acidente com derrame de

substâncias perigosas, é o correspondente ao IP7 no troço até Badajoz (Figura 3.10-7).

Nesse troço, à excepção da zona entre Elvas e Badajoz, que atravessa o rio Caia, não há linhas

de água de grande expressão.

Nas restantes estradas da rede viária, o tráfego além de menos intenso não é associado a

transportes de grandes cargas e onde, consequentemente, o risco é menor.

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Em relação a acidentes resultantes da rotura de obras que se destinam a reter os rejeitados do

processo extractivo associado à exploração mineira, destacam-se, pela sua importância, as

seguintes explorações, em actividade ou desactivadas:

• barragem de Cerro do Lobo para retenção dos rejeitados da mina da SOMINCOR;

• barragens A e B das minas de São Domingos em cujo reservatório são lançadas águas

relativamente poluídas provenientes deste conjunto mineiro e onde se encontram armazenados

sedimentos que, se colocados em suspensão, podem confinar a poluição da água a jusante e a

albufeira da barragem do Chança.

Na Figura 3.10-8 apresenta-se a localização destas obras e das zonas que poderão ser

afectadas no caso de acidente por rotura.

3.10.4.2 Descargas Localizadas

As rejeições de efluentes urbanos, agrícolas e industriais que se constatou existirem na bacia

hidrográfica do Guadiana, no geral, não apresentam características que as permitam classificar

como agentes capazes de produzir riscos importantes, não expectáveis ou não programados, de

descargas poluentes ou tóxicas.

Os principais "riscos" associados às fontes de poluição pontual estão relacionados com as

instalações industriais de maior dimensão e com aquelas que têm grandes armazenamentos de

produtos tóxicos para a sua normal laboração ou que utilizam a lagunagem/armazenamento de

águas residuais como processo de tratamento destas.

Estes problemas, tendo em consideração os seus prováveis efeitos na rede hidrográfica e

respectivos ecossistemas, podem dividir-se em duas ordens de grandezas:

• os riscos de "âmbito local", se afectam de forma significativa "unicamente" a linha de água

onde os produtos são descarregados;

• os riscos de "âmbito regional", se é previsível que os efeitos da descarga afectem grande

parte das linhas de água a jusante do local de descarga.

Riscos de âmbito local

Estes riscos derivam, essencialmente, da descarga directa de águas residuais altamente

poluídas resultantes de actividades não contínuas/pontuais ou dos produtos de lavagens ou ainda

da ruptura/descarga não prevista de produtos armazenados altamente poluentes (os quais podem

ser as respectivas águas residuais ou mesmo produtos que utilizam na sua laboração normal), se

estes volumes são de média dimensão.

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São exemplos destas ocorrências a descarga directa na linha de água dos produtos das

lavagens de cubas ou dos lagares de uma adega ou da descarga do conteúdo de uma "lagoa" de

tratamento das águas residuais de uma pecuária e, com menor probalidade, a ocorrência de

avaria nas ETAR.

Estes acontecimentos, que não são possíveis de quantificar nem de prever, são susceptíveis de

causar efeitos visíveis na linha de água respectiva (originando certamente a morte de parte

significativa da fauna aquática aí presente).

Apresenta-se na Figura 3.10-9 e na Figura 3.10-10 um mapa com a localização das entidades

capazes de produzir este tipo de acontecimentos.

Pela sua análise verifica-se que é nos afluentes de montante da margem direita que se localiza

o maior número destas entidades.

Estas figuras permitem ainda identificar, no caso da ocorrência de um acidente, a fonte ou

fontes poluidoras, a natureza da carga poluente que pode ocorrer, e daí estabelecerem-se as

medidas mais convenientes com vista ao combate às consequências do acidente.

Pela sua especificidade deu-se especial atenção aos efluentes provenientes de:

• indústrias cujos efluentes se localizam próximo de albufeiras;

• indústrias com elevada carga de poluição de origem orgânica (CBO5 e CQO);

• ETAR localizadas próximo de captações/tomadas de água para consumo urbano e, em

particular, a montante da albufeira.

No estabelecimento deste critério teve-se em conta a possibilidade de ocorrência de acidentes

nos sistemas de tratamento resultantes ou de avarias nos seus elementos do processo ou de falhas

na alimentação de energia.

Na Figura 3.10-11 apresentam-se as principais sub-bacias onde se localizam os efluentes com

maior risco de constituírem uma fonte de poluição.

Entre as actividades com elevadas cargas de poluição de origem orgânica existentes no troço

português da bacia hidrográfica do rio Guadiana, destacam-se:

• A PORTUCEL RECICLA com 2% da carga anual em CBO5;

• Os lagares de azeite e, em particular, os localizados na cabeceira do Caia;

• As suiniculturas e, em especial, as existentes nas bacias hidrográficas do Lucefecit e do

Odearça.

Quanto a possível contaminação por radioactividade, na bacia hidrográfica do rio Guadiana

não existem centrais térmicas nucleares, nem foram identificadas actividades ou indústrias

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extractivas passíveis de induzir riscos associados a níveis de radioactividade que ponham em

causa a rede hidrográfica.

Riscos de âmbito regional

As actividades fortuitas ou não programadas susceptíveis de ter impacto a nível regional,

tendo em consideração as características das instalações existentes na bacia, só poderão ser

causadas pela "ruptura" dos sistemas de armazenamento de produtos utilizados na sua actividade

fabril ou pela rotura ou galgamento das lagoas/barragens de armazenamento das águas residuais

de instalações industriais de dimensão significativa.

As entidades com volumes de substâncias armazenadas capazes de provocar este tipo de

incidentes são relativamente poucas e de acordo com os dados actualmente disponíveis são:

Somincor – armazenamento de produtos e lagoas de rejeitados e Portucel Recicla -

armazenamento de produtos e lagoas de tratamento de esgotos, embora nesta última fábrica com

alteração de localização para a margem da albufeira de Alqueva e consequente melhoria no tipo

de tratamento fabril continua a existir poluição da água; Minas de S. Domingos - ruptura das

barragens A e B, onde é lançada a água relativamente poluída proveniente deste conjunto

mineiro e onde há um conjunto de sedimentos depositados que, se colocados em suspensão, são

capazes de poluir as linhas de água a jusante e a albufeira do Chança.. Na Figura 3.10-12

apresenta-se a sua localização.

Os "blooms" algares que ocorreram no Guadiana têm sido motivados em grande parte pelas

Cianofíceas produtoras de neurotóxinas e hepatotoxinas capazes de provocar bloqueios

respiratórios, colapsos cardiovasculares, hemorragias internas em peixes e mamíferos.

Estas Cianofíceas, para além de produzirem uma acentuada desoxigenação em profundidade e

elevados níveis de amónia no rio, produzem ainda compostos com uma geosmina que provocam

cheiros e gosto desagradáveis na água, tornando-os não potáveis (Figura 3.10-13).

3.10.5 Riscos de Poluição Difusa

Na área da bacia do Guadiana em virtude da própria matriz sócio económica, a poluição

difusa está fortemente ligada com a prática agricola (regadio e outras) e ainnda com os processos

de tratamento de pecuárias (espalhamento no solo ou armazenamento em lagoas).

Como principais conclusões da análise da poluição difusa é de destacar:

• Os riscos de poluição de origem rural são bastantes superiores aos de origem urbana,

representando praticamente 99% da poluição difusa total;

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• Para a poluição de origem rural, e em termos de riscos de exportação de azoto, a principal

poluidora são as escorrências de rega; no que respeita a riscos de exportação de fosforo, embora

a maior fonte seja originária das zonas de regadio, regista-se que em várias sub-bacias o maior

problema provém da restante área rural.

Na Figura 3.10-13, apresenta-se a classificação com cinco zonas de risco diferenciadas das

sub-bacias em termos de carga de azoto.

Assim, e de modo genérico, verifica-se que os maiores problemas associados à poluição

difusa se localizão nas sub-bacias de montante, com destaque para o rio Caia, zona dos

mármores e zona de Beja.

3.10.6 Riscos de Rotura de Barragens e Inundações Associadas

A definição das áreas com risco de inundação resultantes das ondas de cheia provocadas por

rotura das barragens pressupõe o conhecimento dos estudos que o Regulamento de Segurança

impõe.

Sob a forma digital só se teve acesso ao estudo das condições de inundação associadas à

rotura da barragem de Alqueva, apresentando-se na Figura 3.10-14 os resultados desse estudo.

Da sua análise ressalta que as povoações com maior risco são as de Mértola, Alcoutim e

Castro Marim (com inundações das zonas baixas) e Vila Real de Santo António.

Embora não representadas na carta as povoações de Odeleite e Beliche serão igualmente

afectadas.

Considerando as barragens de Odeleite e de Beliche pode inferir-se, pela análise das cartas

disponíveis, mas não digitalizadas, que as povoações de Odeleite e Beliche, serão fortemente

afectadas em caso de acidente, o mesmo acontecendo aos trechos das redes viárias marginais ao

rio Guadiana, designadamente o localizado entre Odeleite e Alcoutim.

Embora não se disponha de informação sob a forma de carta de inundação refere-se

igualmente o risco associado à barragem do Chança cuja localização conduz a especiais

preocupações em relação às povoações marginais próximas e, em particular, a Pomarão e

Alcoutim.

3.10.7 Minas Abandonadas

As escorrências superficiais das escombreiras de minas abandonadas podem provocar graves

problemas de contaminação da água, sedimentos e biota.

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Na bacia do rio Guadiana foram identificadas sete minas antigas onde existe

produção/drenagem de águas ácidas, tratando-se essencialmente de minas de pirite e ou de pirite

cuprífera (Fonte – “Impacte Ambiental de Antigas Minas de Sulfuretos Localizadas no

Alentejo”, André Matoso, IV Simpósio Internacional de Sulfuretos Polimetálicos da Faixa

Piritosa Ibérica, Jan. 1998):

Concelho Minas

Campo Maior Tinoca (Cu)

Alandroal Zambujeira (Cu)

Bugalho (Cu)

Granja (Cu)

Mértola Vale Covo (Py)

Chança (Py)

S. Domingos (Py)

3.11 Sistema Económico e Financeiro

3.11.1 Análise Económica das Utilizações da Água

3.11.1.1 Aspectos gerais

O planeamento dos recursos hídricos torna necessária a determinação do valor da água, por

forma a fazer reflectir nos vários utilizadores, em termos equitativos, os custos da água.

De entre as diversas utilizações da água, tem particular relevância, quer pelo grau de

utilização de recursos, quer pela importância económica dos mesmos, o abastecimento público

de água (doméstico e para rega) e o tratamento de águas residuais.

O abastecimento público de água potável e a recolha e tratamento de águas residuais, são

serviços fornecidos pelos municípios, tendo-se verificado nos últimos anos um aumento

significativo dos níveis de atendimento das populações, devido essencialmente à

disponibilização de fundos da União Europeia permitindo a construção de novas infraestruturas.

As águas residuais descarregadas nos sistemas municipais de drenagem, provenientes do

consumo doméstico, comércio e a indústria que lhe está ligada, são uma das fontes de poluição

directa, das linhas de água e das albufeiras da área em estudo.

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De acordo com o Decreto-Lei nº 47/94, a utilização do domínio hídrico, qualquer que seja a

natureza e personalidade jurídica do utilizador, está sujeita ao pagamento de uma “taxa de

utilização”, destinada à protecção e melhoria daquele domínio, nomeadamente:

• Taxa de utilização de captação de água (função do volume de água);

• Taxa de utilização de extracção de inertes (função do volume de materiais inertes);

• Taxa de utilização de ocupação de terrenos ou planos de água (função da área do terreno

ou plano de água);

• Taxa de utilização de rejeição de águas residuais (função da quantidade anual rejeitada do

parâmetro poluente).

Ainda segundo este mesmo Decreto, os beneficiários de obras de regularização de águas

superficiais ou subterrâneas realizadas total ou parcialmente pelo Estado, estão sujeitos ao

pagamento de uma “taxa de regularização”, destinada a compensar o seu investimento e os

gastos de exploração e conservação de tais obras.

No entanto, e de forma geral, na perspectiva do adequado enquadramento da política das taxas

atrás definidas com os custos e receitas inerentes à exploração sustentável dos sistemas, os

municípios não possuem sistemas contabilísticos organizados que permitam determinar os custos

dos serviços de abastecimento de água ou de águas residuais. A fonte de receitas para o sector é

proveniente das taxas municipais directas aplicadas à venda de água e que aparentemente não

cobrem, na generalidade, os custos de operação, manutenção e conservação. A maioria dos

municípios não aplica taxas específicas para o tratamento das águas residuais. Assim, os

tarifários aprovados não estão relacionados com os custos reais de produção dos serviços de

abastecimento de água e de águas residuais.

A tendência recente para o aumento da dimensão e complexidade dos sistemas municipais

resulta num aparente desequilíbrio e incapacidade de realização de investimento bem como para

assegurar a operação e manutenção dos sistemas de acordo com padrões de qualidade aceitáveis.

Em termos de agricultura a água utilizada para rega, corresponde ao maior consumo

generalizado da bacia, acima de 90%, do consumo total. Na bacia do Guadiana, a rega efectua-se

ou em perímetros colectivos de rega ou em parcelas individuais. Para o presente estudo, foram

definidas as características mais significativas em ambos os casos, mas apenas foram analisados

em pormenor os três principais perímetros colectivos de rega: Caia, Vigia e Lucefecit. Estes

sistemas estão baseados em captações superficiais em barragens que servem sistemas colectivos

de abastecimento, construídos pelo IHERA e explorados pelas respectivas associações de

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beneficiários. Este sector é o principal responsável pela poluição difusa das águas registada na

bacia hidrográfica.

Da análise efectuada aos relatórios e contas das associações de beneficiários e ao seu

funcionamento, resulta um aparente desequilíbrio financeiro e incapacidade de realização de

investimentos de manutenção e conservação e modernização, sem recurso a ajuda exterior. Este

facto deve-se em parte ao baixo preço praticado de venda da água, à aleatoriedade das

disponibilidades hídricas e às eventuais flutuações dos mercados dos produtos agrícolas.

A produção de energia hidroeléctrica é realizada apenas na Barragem do Caia, sob a

responsabilidade da associação de regantes, sendo a produção eléctrica absorvida em grande

parte por consumos próprios do perímetro de rega.

Os restantes sectores económicos todos eles relacionados com a indústria não ligada a

sistemas urbanos têm pouca relevância em termos de consumo de água, na prática, abaixo de 2%

dos consumos totais.

A gestão ambiental da bacia hidrográfica é actualmente da responsabilidade do Ministério do

Ambiente através do INAG, DGA e da DRAOT Alentejo e DRAOT Algarve. Como instrumento

de gestão, o INAG criou um sistema responsável pela recolha e integração de informação de

várias proveniências para auxiliar a gestão dos recursos hídricos e do ambiente, o designado

SNIRH (Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos). No quadro da actual análise

económica das utilizações da água, revelar-se-ia da maior importância a inclusão no SNIRH de

dados económico-financeiros anuais relativos aos sistemas de abastecimento de água

domiciliário, aos sistemas de abastecimento de água para rega e aos sistemas de tratamento de

águas residuais.

Neste contexto, há que referir que em termos ambientais, a situação actual da bacia do

Guadiana evidencia a necessidade de se realizarem investimentos de diversos tipos que

possibilitem uma significativa melhoria da qualidade da água.

Também, por outro lado, o licenciamento das captações de água, controlado pela Direcção

Regional do Ambiente, sob a alçada do Ministério do Ambiente, constitui-se como um elemento

vital para a gestão efectiva dos recursos hídricos da bacia hidrográfica. Esta prática só

recentemente foi introduzida em Portugal. Sem o licenciamento das captações, acompanhados de

dados de inventários fiáveis e ambientalmente ratificados os mecanismos de controlo dos caudais

captados e respectiva cobrança são dificilmente implementáveis. No entanto, em termos práticos,

não existem actualmente meios capazes de garantir um controlo efectivo, em termos qualitativos

e quantitativos, dos volumes de água consumidos pelos vários utilizadores.

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Quanto à expressão, na bacia hidrográfica de outras utilizações, verifica-se que a mesma é

insignificante, tal como acontece com as infraestruturas de protecção contra cheias, que

correspondem a uma extensão total de mil metros, devido ao facto de, nas secções onde as cheias

podem ter importância, a bacia ser praticamente despovoada.

3.11.1.2 Abastecimento de água e saneamento de águas residuais

O cálculo dos custos dos serviços de utilização da água na situação actual deveria, numa

situação ideal, ser efectuado directamente a partir da posse de todos os dados relevantes. Como

tal não foi possível e na sequência das limitações existentes, o apuramento dos custos actuais

destes serviços foi efectuado com recurso a dois modelos.

O primeiro (Modelo 1), aplicado a seis municípios, baseia-se em custos reais fornecidos pelos

municípios para operação, manutenção e conservação, complementados com uma avaliação, com

recurso a fórmulas paramétricas de determinação de custos para preenchimento dos valores em

falta, nomeadamente quanto às infra-estruturas físicas dos sistemas.

O segundo modelo (Modelo 2), aplicado a vinte e oito municípios, baseou-se exclusivamente

na atribuição de custos a partir de fórmulas paramétricas a três sistemas tipo, para abastecimento

de água e três sistemas tipo para águas residuais, gerados apenas de acordo com a dimensão das

populações abastecidas.

Ambos os modelos utilizados para calcular o custo dos serviços de utilização da água

baseiam-se num conjunto de dados de base muito incompletos, pelo que os resultados obtidos

têm de ser lidos tendo, este facto em atenção.

No abastecimento de água domiciliário o custo médio anual por habitante para o Modelo 1 é

de 9.277 Esc, variando entre um mínimo de 3.838 Esc (Évora) e um máximo de 29.666 Esc

(Almodôvar). O custo médio anual por habitante para o Modelo 2 é de 18.891 Esc, variando

entre um mínimo de 11.568 esc (Évora) e um máximo de 63.228 Esc (Beja). No entanto, se

considerarmos apenas os 6 municípios para os quais foi aplicado o Modelo 1, o custo médio por

habitante obtido para o modelo 2 desce para 15.935 Esc/hab.

Considerando que os valores obtidos pelo Modelo 1 para seis municípios são representativos,

verifica-se que o Modelo 2 fornece resultados que são grosso modo duas vezes superiores aos do

Modelo 1.

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3.11.1.3 Rega

No caso da rega em perímetros colectivos, os custos foram basicamente determinados com

base nos relatórios e contas das associações de regantes disponibilizados para o período de 1994

a 1997.

Para a produção de energia hidroeléctrica considerou-se que esta actividade não constituía um

consumo de água, apenas uma utilização, pelo que se admite que os seus proveitos são um

contra-custo para todos os beneficiários da barragem.

Devido à complexidade intrínseca e à falta de informação disponível, para o cálculo dos

custos de escassez e custos ambientais não se consideraram metodologias específicas, tendo

somente sido tecidas algumas considerações a ter em linha de conta para abordagens futuras,

dependentes de maior disponibilidade e fiabilidade de dados e do tipo de propostas de

desenvolvimento a considerar.

Em teoria, e numa perspectiva integrada, terão, assim, de se determinar os custos provocados por

um determinado empreendimento (custos de investimento, de operação, manutenção,

conservação, gestão dos sistemas, administrativos, ambientais, entre outros) e os benefícios da

sua realização, associados directa ou indirectamente à valorização dos diversos factores que

interagem na bacia hidrográfica.

Relativamente aos custos apurados para os serviços de abastecimento de água e recolha e

tratamento de águas residuais nos sistemas municipais, em que se reflectiu, no volume de água

abastecida, o custo da recolha e tratamento das águas residuais, verificou-se uma tendência para

os custos unitários serem substancialmente superiores às tarifas praticadas.

Além da avaliação dos custos estimaram-se as receitas, ou proveitos, com vista a determinar

o equilíbrio actual entre os custos e proveitos obtidos pelas diferentes entidades responsáveis

pelos sistemas.

Os proveitos para os municípios foram estimados com base numa repartição fixa entre os

diversos tipos de consumidores (Domésticos, Industriais, Estado, etc) em consumos médios fixos

por tipo de consumidor e nos tarifários praticados, por escalão, por cada município.

Relativamente ao Modelo 1 os municípios que apresentam quocientes custos/proveitos

menores que a unidade, são Castro Verde, Évora e Moura, com respectivamente 0,6, 0,6 e 0,9. O

maior valor corresponde ao município de Barrancos com 9,6, seguido de Portel com 5,7 e de

Almodôvar com 4,5. Relativamente ao Modelo 2, verifica-se que todos os quocientes

custos/proveitos são superiores à unidade excepto para Castro Verde, com 0,7. O valor máximo

corresponde a Alcoutim, com 10,3. Recorda-se que, no entanto, os resultados do Modelo 2

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deverão ser divididos por 2 para uma melhor equiparação com o Modelo 1, resultante da

utilização de dados concretos sobre custos concelhios.

Com excepção dos municípios de Castro Verde, Arronches e Estremoz, todos os outros

apresentam valores de custo superiores aos proveitos obtidos. Verifica-se, ainda, uma tendência

geral para a água ser vendida a custos inferiores ao custo da sua produção.

Na tabela seguinte apresenta-se o resumo dos resultados obtidos, no apuramento dos custos e

proveitos unitários, para os municípios em questão.

Custos Municípios

Modelo 2 ($/m3)

Modelo 2 ($/m3)

Proveitos ($/m3)

Quociente Custos

Modelo1 / Proveito

Quociente Custos

Modelo1 / Proveito

Alandroal 352 83 4.2 Alcoutim 620 60 10.3

Almodôvar 489 659 146 4.5 3.3 Arronches 458 Barrancos 335 718 75 9.6 4.5

Beja 1210 156 7.8 Borba 425 101 4.2

Campo Maior 436 60 7.3 Castro Marim 253 60 4.2 Castro Verde 499 450 715 0.6 0.7

Cuba 376 67 5.6 Elvas 347 37 9.4

Estremoz 476 Évora 216 53 86 0.6 2.5 Loulé 670 80 8.4

Mértola 367 60 6.1 Moura 365 243 285 0.9 1.3 Mourão 399 77 5.2

Portalegre 483 105 4.6 Portel 473 340 60 5.7 7.9

Redondo 325 60 5.4 Reguengos de

Monsaraz 448 110 4.1

S. Brás de Alportel 357 90 4.0 Serpa 392 64 6.1 Tavira 670 130 5.2

Vidigueira 408 83 4.9 Vila Real de St.

António 291 60 4.9

Vila Viçosa 379 44 8.6

Para os perímetros de rega colectivos considerados apuraram-se os benefícios obtidos

directamente a partir dos relatórios anuais de contas das associações de beneficiários, tendo-se

verificado que todos apresentam um balanço negativo com a venda de água.

Na Tabela seguinte apresenta-se a comparação entre custos e proveitos para os perímetros de

rega colectivos do Caia, do Lucefécit e da Vigia.

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Perímetro de rega Custos unitários

(Esc./m3) (1) Proveitos unitários

(Esc./m3) (2) Quociente

(1)/(2) Caia 9 3 3.0 Lucefécit 17 4 4.5 Vigia 19 8 2.4

Comparação entre Custos e Proveitos unitários da utilização de água nos perímetros colectivos de rega

É importante referir que a fiabilidade dos resultados obtidos será reduzida devido às

limitações de vária ordem existentes, mas fundamentalmente relacionada com a inexistência de

contabilidade organizada na perspectivas destes serviços nos municípios.

3.11.1.4 Práticas tarifárias

Os tarifários mais comuns apresentados pelos municípios da área em estudo para

abastecimento de água são tarifas binomiais constituídas por uma componente fixa (referente ao

aluguer mensal do contador) e por uma componente variável progressiva, por escalões, função

do tipo de sector utilizador (doméstico, industrial, comercial, entre outros) e do volume de água

consumida. Relativamente à recolha e tratamento de águas residuais a maioria dos municípios

não contemplam taxas separadas para este serviço, e nos que o fazem, estas dependem dos

volumes de água abastecida pelo sistema público (é o caso de Almodôvar, Barrancos, Beja,

Borba, Castro Verde, Elvas, Estremoz, Évora, Loulé, Mértola, Monforte, Reguengos de

Monsaraz e Tavira). Nos concelhos que contemplam taxas relativamente à recolha e tratamento

de águas residuais, há ainda os que cobram uma taxa fixa mensal, independente do volume de

água consumida, nomeadamente em Aljustrel, Cuba, Moura, Mourão, Serpa, Vidigueira e Vila

Viçosa.

No sector agrícola, as tarifas são aplicadas pelas associações de regantes responsáveis pela

gestão dos perímetros colectivos de rega e incluem, regra geral, uma taxa com uma componente

fixa (quota da associação) e uma componente variável em função do volume de água consumida.

No Anexo III podem-se observar os tarifários praticados pelos municípios da bacia do

Guadiana, no que se refere ao abastecimento de água domiciliária e ao saneamento de águas

residuais. Na sequência da análise efectuada refere-se que muito provavelmente os tarifários em

vigor não permitem a recuperação dos custos incorridos nas várias vertentes dos serviços de

utilização da água, o que pode colocar em questão a capacidade das entidades responsáveis pelos

serviços para garantirem que a operação, a manutenção e a conservação dos sistemas, bem como

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a qualidade dos serviços fornecidos, sejam realizados a níveis aceitáveis, não recorrendo a

subsídios ou financiamentos de entidades externas.

Em termos de desenvolvimento de Sistemas Tarifários, considera-se que o sistema conhecido

pela designação de custo marginal, será o mais adaptável à gestão dos recursos hídricos, como

instrumento importante de acção susceptível de melhorar a eficiência económica e ambiental da

utilização dos recursos hídricos. Para serem eficazes e realistas, as políticas tarifárias devem

também responder a alguns critérios e estar associadas a um conjunto complementar de medidas

de gestão, nomeadamente, a questões como a equidade, a aceitabilidade pelos consumidores a

considerações ambientais e relativas à recuperação de custos de gestão ambiental e conservação

dos recursos naturais.

A análise individualizada dos diferentes sistemas com informação disponível permitiu

evidenciar os seguintes problemas:

• As tarifas praticadas pelos municípios e pelas associações de regantes, de um modo geral,

não cobrem os custos de operação e manutenção e conservação dos sistemas e não consideram os

custos de capital das infraestruturas;

• As tarifas praticadas não reflectem de modo nenhum os custos reais de fornecimento do

serviço de utilização da água. Os municípios não possuem contabilidade organizada na

perspectiva necessária a serviços de abastecimento de água e de águas residuais, excepto nos

casos em que existem SMAS.

Os sistemas municipais de saneamento cresceram muito rapidamente nos últimos anos, em

termos de dimensão e complexidade, devido à disponibilização de fundos comunitários, pelo

que, dado o actual desequilíbrio entre despesas e receitas e as débeis estruturas técnicas

existentes, se receia que estas não sejam capazes de garantir a operação, manutenção e

conservação (incluindo a realização de investimentos de reabilitação e modernização) das

infraestruturas dos sistemas em termos de padrões de qualidade mínimos aceitáveis, sem o

recurso continuado ou a subvenção especiais ou a transferência de verbas de outras rúbricas

camarárias.

3.11.2 Aplicação do Princípio do Utilizador – Pagador

Conforme referido anteriormente, as tarifas praticadas, tanto nos sistemas de abastecimento de

água e de recolha e tratamento de águas residuais, como nos sistemas colectivos de rega, são

regra geral inferiores aos seus custos unitários de exploração. Assim, não só não é aplicado o

princípio do utilizador-pagador, visto que os tarifários não contemplam qualquer parcela

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referente à utilização do recurso, como estes não são suficientes para fazer face as despesas de

exploração dos serviços.

Relativamente às explorações privadas, nomeadamente os regadios individuais, também não é

aplicado o principio do utilizador-pagador. Na realidade, sem o licenciamento das captações

devidamente acompanhado de informação fiável e actualizada, os mecanismos de controlo dos

caudais captados e respectiva cobrança são dificilmente implementáveis. Para além disso, não

existem actualmente meios capazes de garantir um controlo efectivo, especialmente em termos

quantitativos, dos volumes de água consumidos pelos vários utilizadores.

3.11.3 Aplicação do Princípio do Poluidor – Pagador

Tal como em relação ao princípio do utilizador-pagador, o princípio do poluidor-pagador

também não aplicado na bacia do Guadiana.

Na realidade, no que respeita à recolha e tratamento de águas residuais, a maioria dos

municípios não contemplam taxas separadas para este serviço, e nos casos em que tal acontece,

estas dependem dos volumes de água abastecida, embora sendo esta insuficiente para fazer face

aos custos unitários de funcionamento do sistema. Mesmo nestes casos, o valor da taxa aplicada

não inclui uma parcela referente à poluição do meio hídrico resultante das descargas efectuadas.

3.12 Análise do Quadro Normativo e Institucional

3.12.1 Análise do Quadro Normativo

3.12.1.1 Enquadramento Geral dos Problemas

Na aplicação, em concreto, das normas legais e regulamentares relativas à gestão dos

recursos hídricos e ao ordenamento do território, no território abrangido pelo Plano de Bacia

Hidrográfica do Rio Guadiana, têm surgido dificuldades resultantes de deficiências de

fiscalização, bem como situações mais ou menos graves de incumprimento.

Assim, quanto ao licenciamento das utilizações da água e do domínio hídrico, verifica-se que

a competência para tal efeito se encontra descentralizada pelas divisões subregionais da Direcção

Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT) do Alentejo. Tal descentralização

não foi acompanhada da necessária dotação de pessoal especializado, verificando-se

consequentes dificuldades na emissão dos necessários pareceres técnicos.

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Por outro lado, a Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT) do

Alentejo desconhece, em concreto, o número e natureza das licenças concedidas, em virtude de

não existir um inventário actualizado e completo sobre tal matéria, na área da respectiva

competência territorial.

Verifica-se que a entidade licenciadora não pode exercer, convenientemente, as funções de

fiscalização que legalmente lhe competem, por falta de meios operacionais (viaturas, técnicos,

laboratórios, etc.), quer no que respeita à detecção de factos que constituem contra-ordenação,

quer no acompanhamento e controlo das actividades licenciadas.

Verificam-se, ainda, conflitos positivos de competência, entre a DRAOT do Alentejo e o

Instituto da Conservação da Natureza.

Outros conflitos de competências existem relativamente à Direcção Regional de Agricultura

do Alentejo, quando, designadamente, esta, sem consulta à DRAOT do Alentejo, autoriza a

destruição de áreas florestais para utilização dos solos em culturas de regadio, o que permite aos

agricultores a obtenção de subsídios.

Em matéria de normas de qualidade da água, a publicação do Decreto-Lei nº 236/98 de 1/8,

veio alargar a competência da DRA agravando as dificuldades já sentidas resultantes da falta de

meios operacionais e seus exíguos recursos financeiros. Existindo, no Alentejo, 380 captações

públicas de água, é, na prática, extraordinariamente difícil fiscalizar a qualidade da água captada

e distribuída em todos os concelhos abrangidos pelo perímetro do Plano de Bacia Hidrográfica

do Rio Guadiana.

3.12.1.2 Decreto-Lei nº 46/94 de 22 de Fevereiro, Licenciamento das Utilizações de Água e

do Domínio Hídrico e Decreto-Lei nº 47/94 de 22 de Fevereiro, Regime Económico e

Financeiro das Utilizações do Domínio Hídrico

a) Licenciamento

O Decreto-Lei nº 46/94 estabelece o regime de licenciamento de utilização do domínio

hídrico sobre jurisdição do Instituto da Água. A utilização do domínio hídrico passou a estar

sujeita à obtenção de licenciamento ou concessão, ficando ainda obrigada ao pagamento de taxas

nos termos do Decreto-Lei nº 46/94 quando esse domínio for público. Os pedidos de utilização

do domínio hídrico são dirigidos à DRA respectiva.

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A estas entidades cabe a fixação dos valores base da taxa de ocupação de terrenos e planos de

água e de extracção de inertes, cabendo aos concelhos da bacia a fixação da taxa de

regularização.

Uma das deficiências muito correntes nos processos de licenciamento resulta do facto de a

informação neles incluída se reportar a dados prévios do projecto ou proposta base em lugar dos

dados da obra executada, destinados muitas vezes à obtenção de créditos para a sua realização.

Também, muitas vezes, a designação da obra se encontra incorrecta ou imprecisamente

caracterizada. Também o facto de muitas destas obras potenciais não se concretizarem, em

conjunto com as anteriores deficiências apontadas, acarreta inconsistências e faltas de

fidedignidade dos inventários de licenciamento.

b) Fiscalização ou acompanhamento pelas entidades licenciadas

Após a atribuição de licença, a entidade licenciadora perde a capacidade de controlo integral

do processo pela falta de meios operacionais (viaturas, técnicos, laboratórios, etc.) para actuar

quer a nível de cumprimento quer a nível de fiscalização.

A fiscalização possível é feita, em muitos casos, por antigos guarda rios ou por outros

técnicos que não têm possibilidade de acesso à carreira de guarda rios ou vigilante da natureza.

c) Regime económico

Neste âmbito é de referir que as receitas a que se refere o Decreto-Lei 47/94 não abrangem

todas as utilizações, com exclusão da ocupação dos terrenos marítimos. Nas restantes utilizações,

e exceptuando os casos referidos em 3.11.1 existem condicionalismos específicos que dificultam

a clara e directa aplicação da lei, em termos concretos e efectivos quer em função do

condicionalismo legal que estabelece uma taxa provisória equivalente a zero e, também, de

condicionalismos tecnico-administrativos ligados ao licenciamento e à insuficiência, ou

indefinição, de informação inscrita nos licenciamentos.

3.12.1.3 Decreto-Lei 236/98, 1 de Agosto, Normas de Qualidade da Água

A prática corrente será de instaurar processos ou, pelo menos, levantar auto de notícias.

Todavia, na grande maioria dos casos, a informação não chega às entidades competentes,

situação esta algo perniciosa, já que os autos de notícia são uma fonte de informação muito

importante.

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Um dos aspectos importantes previstos no Decreto Lei nº 236/98 é o da protecção das águas

pela poluição causada pela descarga de águas residuais quanto a determinadas substâncias

perigosas em águas superficiais ou subterrâneas.

Os procedimentos de controlo analítico implicam a existência de um cadastro suficientemente

preciso, isto é, sistemático e rigoroso, em conjunto com métodos consumamente aceites para

cálculo das percentagens de redução das cargas poluentes.

O procedimento de controlo analítico, representa, pela respectiva omissão, uma lacuna quase

total em termos de possível caracterização do incumprimento da legislação, embora em dois

casos, em Elvas e Beja, se tenha registado já a aplicação de coimas.

3.12.1.4 Decreto-Lei nº 152/97 de 19 de Junho, Protecção contra Águas Residuais Urbanas

O Decreto-Lei nº 152/97 prevê a identificação de zonas sensíveis e menos sensíveis e o

tratamento para descarga de águas residuais nas mesmas.

3.12.1.5 Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu, de 23 de Outubro de 2000

(Directiva das Águas) e Directiva dos Habitats

Os principais problemas no relacionamento com a agricultura, podem ocorrer principalmente

quando esta tender a promover a destruição de montados com eventual fundamento material no

regadio, e este muitas vezes relacionado com a política de subsídios.

3.12.1.6 Planos Directores Municipais

As Câmaras Municipais no âmbito dos PDM têm uma intervenção com repercussões

particulares a nível rural, pois normalmente é previligiada a acção de licenciar a construção de

habitações sem acção equivalente no que diz respeito às plantações, pecuária, desflorestação,

etc..

Outras dificuldades das Câmaras Municipais, que elaboraram esta primeira geração de planos

municipais e que têm de os pôr em prática, traduzem-se pelo cálculo excessivo nos PDM das

áreas urbanizáveis face à verificada tendência da população para diminuir. Este problema pode

tornar um plano director municipal desadequado e levar à alteração do mesmo a curto-médio

prazo. Também a pretensão, ocorrente nalguns casos, em limitar ou condicionar a construção

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dispersa na paisagem rural, gera por vezes conflitos na área de competência de outros

organismos oficiais.

Quanto à REN, a situação actual traduz um certo conflito com o meio rural dado o carácter

limitativo e exigente da área abrangida.

No caso da RAN, no entanto, existe uma maior margem de manobra no que diz respeito à

desafectação de terrenos, edificação e benfeitorias agrícolas.

Nas áreas urbanas, ocorrem por vezes situações contraditórias com a desocupação e ocupação

de leitos de cheia, cujo ordenamento se integra preliminarmente nos PDM.

3.12.2 Análise do Quadro Institucional

3.12.2.1 Avaliação das Capacidades dos Meios Humanos de Serviços e Organismos do

Ministério do Ambiente Relativamente às suas Atribuições e Competências

Os serviços e organismos do Ministério do Ambiente que importa destacar, para efeitos da

análise do quadro institucional, no contexto da elaboração dos planos de bacias hidrográficas

são, por um lado, as Direcções Regionais do Ambiente e Ordenamento do Território e, por outro,

o Instituto da Água (INAG).

A análise efectuada ao quadro de pessoal da Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento

do Território (DRAOT) do Alentejo permite tirar as seguintes conclusões:

• os efectivos existentes representam apenas cerca de 54% dos lugares previstos;

• nos grupos de pessoal designados por "técnico superior", "informática" e "técnico" é

também apenas de 53% o número de lugares previstos que se encontram preenchidos;

• são do grupo de pessoal "auxiliar" cerca de 50% dos lugares existentes fora do quadro

(obviamente remunerados a recibo verde);

• o grupo de pessoal "administrativo" é aquele que tem maior número de efectivos existentes

dos lugares previstos (cerca de 2/3) e o grupo de pessoal "técnico" o que tem menor (cerca de

1/4);

• dos efectivos existentes, apenas cerca de 1/5 tem habilitações literárias correspondentes a

bacharelato ou licenciatura, 30% não tem mais do que a 4ª classe e dos restantes 1 em cada 2 não

tem mais do que o 9º ano. Se se levar em consideração o objectivo que os últimos Governos do

País têm fixado relativamente à escolaridade mínima obrigatória (9º ano) como exigência para

provimento de um qualquer dos lugares dos quadros de pessoal da Administração Pública, então,

de facto, a Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT) do Alentejo

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tem apenas, nessas condições, 105 efectivos, ou seja, cerca de 1/3 dos lugares previstos no seu

quadro de pessoal.

Em conclusão: se, ao que fica referido, se acrescentarem dados sobre as idades do pessoal e,

acima de tudo, sobre as mais diversas formas de actualização de conhecimentos de que tenham

sido objecto e dos estatutos remuneratórios que usufruem - fica patente que as capacidades da

Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT do Alentejo medidas

pelas potencialidades dos seus efectivos de pessoal se situarão abaixo dos 30% dos lugares

previstos, a que se chegou quando simplesmente não se consideram os que não possuiam a

escolaridade mínima obrigatória.

3.12.2.2 Apreciação Crítica do Quadro Institucional

A apreciação crítica do quadro institucional é feita, nos pontos seguintes, relativamente, por

um lado, aos efeitos ou sintomas, do quadro institucional tal como existe e, por outro, ao modo

como ele se encontra concebido.

a) Efeitos do Quadro Institucional

Quanto aos efeitos, ou sintomas, passam-se em revista, sucessivamente, matérias pertinentes:

• às descargas de águas residuais e à qualidade da água;

• à poluição por nitratos de origem agrícola;

• à natureza;

• aos impactes ambientais;

• ao planeamento dos recursos hídricos, à utilização dos recursos hídricos e ao

correspondente - regime económico e financeiro;

• ao planeamento do território.

E assim:

• com a provável excepção da Lei nº 11/87, de 7 de Abril (Lei de Bases do Ambiente), a

sucessiva produção de diplomas relativos a objectivos de qualidade e a normas de emissão tem

vindo a ser mais condicionada pela preocupação formalista de se transpor para a ordem jurídica

interna as pertinentes directivas e de, com isso, se evitarem contenciosos e comunitários do que,

pela formulação de uma política consequente relativa àqueles objectivos e àquelas normas,

levando-se embora em conta as mesmas directivas;

• o grau de incumprimento das disposições que os sucessivos diplomas contemplam,

relativamente a medidas subsequentes a serem tomadas pelo Ministério do Ambiente, é tal que

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leva a configurar como preponderante o formalismo subjacente à produção legislativa a que atrás

se fez referência;

• não existe, associado a cada diploma que se vai publicando, nem um documento da

respectiva fundamentação e justificação, no qual ficassem clarificadas as interligações com

outros diplomas e com uma visão política de conjunto, nem um outro, de avaliação dos meios

humanos e materiais minimamente necessários nas várias instâncias do Ministério do Ambiente

para ficar garantida a entrada em vigor plena de cada diploma;

• os procedimentos de licenciamento têm vindo a ser assegurados pelas DRAOT

fundamentalmente em relação a novas unidades industriais e posteriormente à publicação do

Decreto-Lei nº 45/94, de 22 de Fevereiro, não se encontrando regularizadas as situações pré-

existentes, concorrendo, todavia, para uma tentativa de regularização mais abrangente a

celebração dos Acordos Voluntários Sectoriais e, mais recentemente, dos Contratos de

Adaptação Ambiental, restritos, no entanto, apenas a parte dos sectores industriais contemplados

pelas Portarias em questão e, mesmo assim, incidindo somente sobre as unidades industriais

aderentes a tais acordos e, ou contratos;

• os procedimentos de autocontrolo não estão em curso de forma generalizada, pelo que os

respectivos relatórios não estão sendo enviados às DRAOT nem os seus resultados comunicados

ao INAG;

• quanto ao inventário, ao relatório anual circunstanciado e ao relatório súmula a nível

nacional previstos na Portaria nº 895/94, de 3 de Outubro, o inventário nunca foi feito e os

relatórios não têm vindo a ser feitos;

• a rede nacional de monitorização da qualidade da água a que fazem referência os Decretos-

Lei nos 52/99, 53/99 e 54/99 já existe, embora esteja formulada uma proposta para a sua

ampliação contendo 50 pontos de amostragem;

• o primeiro programa de controlo de concentração de nitratos nas águas doces que deveria

ter sido feito pelas DRAOT, foi substituído por uma recolha de dados existentes e na posse de

várias entidades da administração pública, mas a avaliação do estado de eutrofização está por

fazer;

• o facto dos "(...) serviços competentes do Ministério do Ambiente (...)" referidos, mas não

expressamente identificados, no nº 2 do artº 6º do Decreto Regulamentar nº 38/90, de 27 de

Novembro, poderem ser o ICN, o INAG, a DGA, as DRA, etc., mas não pertencer a iniciativa

do acompanhamento e controlo em questão a nenhuma dessas entidades, tem suscitado dúvidas

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e, naturalmente, menor eficiência de actuação por parte do Ministério do Ambiente no que

respeita aos impactes ambientais;

• os procedimentos previstos no Decreto-Lei nº 46/94, de 22 de Fevereiro, relativos à

atribuição de títulos de utilização têm vindo a ser concretizados no que respeita à atribuição de

licenças pelas DRA no que concerne as novas utilizações do domínio hídrico das 13

consideradas na lista do nº 1 do artº 3º. No que respeita às utilizações pré-existentes à data de

publicação do Decreto-Lei nº 46/94 (22 de Fevereiro de 1994) estão por licenciar a grande

maioria das utilizações, em particular as que respeitam a captação de águas e a rejeição de águas

residuais, por manifesta falta de meios das DRA para procederem ao levantamento de todas as

situações consideradas no diploma em questão, e serem atribuídas, quando satisfeitas as

exigências legais, as respectivas licenças;

• aliás, na prática, as entidades, quaisquer que elas sejam, só tomam a iniciativa de contactar

as DRA para efeitos de licenciamentos numa das três situações típicas seguintes: (1) existiu uma

intervenção do IGA; (2) há queixas (repetidas) de quem se possa sentir lesado por qualquer

utilização do domínio hídrico que considere ilegal; (3) é necessário obter-se um título de

utilização para se ter acesso a um qualquer fundo comunitário;

• as únicas portarias publicadas entre as que se encontram previstas no Decreto-Lei nº 47/94,

de 22 de Fevereiro,(1) foram as seguintes: Portaria nº 133/95, de 29 de Abril, dos livros de

registos (nº 3 do artº 12º) relativos à ocupação de terrenos e planos de água, à captação de água, à

extracção de inertes e à rejeição de águas residuais; Portaria nº 134/95, da mesma data, fixando

em "(...) zero escudos para o ano de 1995 (...)" o valor de C0 (nº 2 do Anexo); Portaria nº 940/95,

de 26 de Julho, do modelo oficial das declarações dos utilizadores do domínio público hídrico (nº

3 do artº 11º) relativas a ocupação de terrenos e planos de água, a captação de água, a rejeição de

águas residuais e a extracção de inertes; Portaria nº 77/97, de 26 de Fevereiro, do modelo dos

impressos de pagamento da taxa de utilização (nº 3 do artº 14º);

• dos PROT há apenas 1 aprovado, de um conjunto identificado de 3;

• dos POAAP estão aprovados apenas 4 das 23 albufeiras existentes na bacia;

• dos POAP encontram-se aprovados 2, de um conjunto de cerca de 25 da Rede Nacional de

Águas Protegidas.

O que fica referido revela o grau de incumprimento de legislação em vigor por parte de

serviços e organismos do Ministério do Ambiente e, em alguns casos, das suas próprias

instâncias políticas, mas não reflecte, necessariamente, toda a extensão e agudeza do problema.

b) Modo de concepção do Quadro Institucional

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Quanto ao modo como se encontra concebido o quadro institucional importa aqui retomar as

falhas e conflitos evidenciados no "relatório vertical" de Portugal integrado no Projecto

Eurowater:

• as instituições que existiam e que tinham por objecto a gestão das bacias hidrográficas,

apesar das fracas capacidades de intervenção, foram desmanteladas e integradas em entidades de

mais largo espectro de intervenção que não estarão capazes de assegurar as acções próprias de

gestão antes de decorrido um apreciável lapso de tempo;

• não existe, ainda, uma clara definição de como preparar os planos de bacia hidrográfica e

de como os implementar no contexto das direcções-regionais (DRA) quando se concluir a sua

elaboração, já que a pertinente legislação (Decreto-Lei nº 45/94) é vaga quanto aos respectivos

conteúdos e opções básicas, com poucas referências ao acompanhamento (monitorização) dos

planos e à gestão diária;

• existem inúmeras sobreposições de responsabilidades das instâncias de nível central e

regional que têm a seu cargo o planeamento e a gestão dos recursos hídricos, o que podendo ser

aceitável num período de transição se arrisca a permanecer por longo tempo já que não se detecta

qualquer esforço no sentido da descentralização;

• a aplicação prática da actual legislação é bastante difícil e exigente em termos da

administração pública, o que se revela particularmente preocupante pela fraqueza estrutural da

administração pública em Portugal, principalmente nas áreas do ambiente, já que os novos

sistemas de licenciamento, de colecta de taxas e de implementação dos Conselhos de Bacia e de

preparação dos planos de bacia hidrográfica são algo pesados e complexos nos mesmos termos

da administração pública;

• a gradual intervenção do sector privado nos serviços de abastecimento de água e de

drenagem e de tratamento de águas residuais exige a preparação de normas de regulação e de

operação dos sistemas respectivos que não estão ainda preparadas e para as quais não se detecta

que exista uma clara consciência da sua necessidade, com óbvios impactos negativos no

processo da referida intervenção, quer pelo seu arraste no tempo, quer pela criação de um

mercado da água desregulado com efeitos negativos nos utentes;

• a preparação dos planos de bacia hidrográfica, a implementação do princípio do poluidor-

pagador e do utilizador-pagador, a criação de conselhos de bacia e a necessidade crescente de

gestão das bacias hidrográficas poderão levar a ajustamentos no futuro;

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• sendo desde sempre parte integrante das actividades do sector público, ainda não está

suficientemente claro como, nesses domínios, se poderão harmonizar os interesses público e

privado;

• há fragilidades nas estruturas existentes e até certas funções-chave como, por exemplo, a

colecta de dados hidrológicos têm vindo a sofrer, nos anos mais recentes, de assinaláveis

deteriorações;

• em particular as DRAOT e o INAG carecem de meios humanos, muito especialmente

aquelas, com os quadros respectivos preenchidos parcialmente, com número considerável de

efectivos com habilitações literárias inferiores ao 9º ano de escolaridade, com número

significativo de efectivos com habilitações literárias superiores sem a necessária actualização de

conhecimentos - situação esta que conduz, salvo excepções, a situações de desprestígio da

Administração Pública;

• a DGA, tendo em vista as competências exigidas e funções que lhe foram atribuídas no

quadro da nova legislação, deveria ser preparada e serem lhe conferidos mais meios,

nomeadamente materiais;

• a gestão dos recursos hídricos deve ter como quadro de referência as próprias bacias

hidrográficas.

3.12.3 Análise da Aplicação da Legislação Nacional e Comunitária

Os instrumentos da legislação nacional e comunitária mais relevantes em termos de

prescrições e condicionantes de carácter técnico e operacional são os seguintes tendo em conta as

áreas alvos em questão, essencialmente relacionadas com a qualidade da água:

Área Alvo Legislação Nacional Directivas Comunitárias

Normas, critérios e objectivos de qualidade de: Águas para consumo humano Águas para suporte da vida aquícola Águas balneares Águas de rega

DL236/98 Nº 75/440/CEE Nº 78/659/CEE Nº 79/923/CEE Nº 76/160/CEE Nº 86/464/CEE Nº 80/68/CEE

Águas Residuais Industriais DL236/98 Nº 76/464/CEE Nº 80/68/CEE Nº 96/61/CE

Recolha, Tratamento e Descarga de Águas Residuais Urbanas

Nº 91/271/CEE Nº 86/278/CEE Nº 96/61/CE

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Zonas sensíveis à eutrofização ou de águas doces de superfície com concentração de nitratos acima da permitida pelo DL236/98 para produção de água potável

DL152/97 Nº 71/440/CEE Nº 91/676/CEE

Zonas vulneráveis à poluição causada por nitratos de origem agrícola

DL235/97 Nº 91/676/CEE

Licenciamento das utilizações do domínio hídrico DL40/94

As áreas atrás indicadas podem ser congregadas em cinco novas áreas, de carácter mais

pragmático, nomeadamente:

• Sistemas de Abastecimento da Água;

• Adequabilidade de tratamento;

• Monitorização das origens;

• Controlo analítico;

• Sistemas de Águas Residuais;

• Praias;

• Troços das linhas de água para ciprinídeos;

• Licenciamento.

Nas alíneas seguintes, vai-se tentar caracterizar a situação relativa a incumprimento das

normas legais nas oito áreas indicadas.

Sistemas de Abastecimento de Água

O diagnóstico global pretende, por um lado, caracterizar avaliações globais quer da qualidade de

serviço na situação actual, quer da expansão futura, e por outro, construir um critério de

apreciação global do sistema.

Quanto à avaliação global da qualidade de serviço dos sistemas na situação actual,

consideram-se os seguintes quatro níveis de avaliação:

• Bom (valores do critério global no quantil entre 67 e 100%);

• Regular/Bom (valores do critério global no quantil entre 50 e 67%);

• Regular/Mau (valores do critério global no quantil entre 33 e 50%);

• Mau (valores do critério global no quantil entre 0 e 33%).

Integrando o critério global o conjunto de critérios referentes a níveis de perdas, falhas de

pressão, falhas de abastecimento, conflitos no tratamento, susceptibilidade à seca e

potencialidades de expansão futura.

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Desta forma, e com base em valores anteriores a 1998, é possível referir as seguintes

conclusões, quanto aos conflitos de qualidade:

O serviço é classificado como Bom no seguinte concelho:

• Barrancos;

Como Regular/Bom, nos concelhos de:

• Almodôvar;

• Arronches;

• Beja;

• Borba;

• Campo Maior;

• Cuba;

• Estremoz;

• Loulé;

• Mourão;

• S. Brás de Alportel;

• Vila Real de Santo António;

• Vila Viçosa.

Como Regular/Mau, nos concelhos de (entre parêntesis indicam-se os critérios individuais

com classificação "Mau"):

• Castro Verde (falhas de abastecimento e conflitos de qualidade);

• Elvas (perdas, falhas de abastecimento e susceptibilidade à seca);

• Évora (perdas e conflitos de qualidade e susceptibilidade à seca);

• Moura (perdas e conflitos de qualidade e susceptibilidade à seca);

• Portel (falhas de abastecimento e conflitos de qualidade e susceptibilidade à seca);

• Redondo (conflitos de qualidade e susceptibilidade à seca);

• Tavira (atendimento e conflitos de qualidade e susceptibilidade à seca);

• Vidigueira (falhas de abastecimento e conflitos de qualidade).

Como Mau, nos concelhos de:

• Alandroal (perdas, falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade);

• Alcoutim (atendimento, falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade

e susceptibilidade à seca);

• Castro Marim (perdas, atendimento, falhas de pressão e de abastecimento);

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• Mértola (falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade e

susceptibilidade à seca);

• Portalegre (atendimento, falhas de pressão e de abastecimento e conflitos qualidade);

• Reguengos de Monsaraz (perdas, falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de

qualidade e susceptibilidade à seca);

• Serpa (falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade).

As capitações são na generalidade extremamente elevadas, atingindo em vários casos valores

superiores a 150 l/hab/dia (excedendo as capitações de consumo doméstico na zona da grande

Lisboa, cujo máximo é dado por Cascais com 137 l/hab/dia); as capitações mais baixas

verificam-se em Almodôvar (99), Évora (91,6), Mértola (98,0), Portel (83,3) e Serpa (96,8),

ocorrendo em todos os restantes concelhos capitações acima dos 100 l/hab/dia.

O aspecto mais negativo liga-se com a potabilidade da água fornecida, que apresenta

problemas em todos os concelhos, com excepção do sistema Odeleite-Beliche que serve a

Sotavento Algarvio (em particular, Castro Marim e Vila Real de Santo António), do sistema da

albufeira do Caia (Elvas), do sistema da barragem da Vigia (Redondo) e do sistema da albufeira

do Bufo (Barrancos), todos eles de origem superficial, o que reflecte fundamentalmente a

contaminação dos aquíferos subterrâneos pelos nitratos, em particular; a situação descrita

implica o reforço do grau de tratamento dos sistemas de tratamento de água, onde não há boa

potabilidade; segundo os dados da DGA, referentes a 1997, a situação relativamente aos VMA's

só é boa a regular nos concelhos de Évora e Redondo, apresentando nos restantes concelhos

violações dos parâmetros definidos em lei.

A susceptibilidade à seca, factor de relevo na região, é geralmente média a alta, sendo baixa

somente em Almodôvar, Arronches, Portalegre, Portel e S. Brás de Alportel, contudo, é de

salientar que este critério apenas define uma possível eventualidade e não caracteriza uma

situação concreta.

Os níveis de atendimento são significativos englobando quase toda a população residente em

lugares; as excepções com baixos níveis de atendimento ocorrem em Alcoutim, Castro Marim,

Loulé, Portalegre (embora de forma mais atenuada) e Tavira.

Quanto aos níveis de atendimento, a sua discriminação por concelho é a seguinte:

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Níveis de atendimento por sistema de abastecimento de água

Concelho Nível de atendimento (%)

População residente em lugares (%)2

Alandroal Alcoutim Almodôvar Arronches Barrancos Beja Borba Campo Maior Castro Marim Castro Verde Cuba Elvas Évora Estremoz Loulé Mértola Moura Mourão Ourique Portalegre Portel Redondo Reguengos de Monsaraz S. Brás de Alportel Serpa Tavira Vidigueira Vila Real de Santo António Vila Viçosa

89 37 92 85 94 98 92

100 57

100 98 92 84

100 11 87 95 94 0

60 96 87 95 96 94 15 94 79 94

89 92 90 87 97 91 93 93 92 93 95 90 80 9

100 90 95 95 0

64 94 90 94

100 88 94 94

100 91

Bacia do Guadiana 90 91

Os níveis de atendimento por sistemas públicos de abastecimento de água para usos

domésticos são geralmente elevados nos concelhos, ou suas partes, abrangidos pela bacia do

Guadiana. O valor médio atinge os 90% servindo quase toda a população residente em lugares.

Os atendimentos mais baixos verificam-se em Alcoutim, Castro Marim, Loulé e Tavira, nas

zonas da serra algarvia.

Sistemas de Águas Residuais

A situação relativamente aos sistemas de águas residuais é a seguinte, por concelho:

Page 216: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Concelho Atendimento (%) População

c/Rede c/Rede, s/Tratamento

c/Rede, c/Tratamento

c/Rede, c/Tratamento >FSC

em Lugares (%)

Alandroal Alcoutim Álmodôvar Arronches Barrancos Beja Borba Campo Maior Castro Marim Castro Verde Cuba Elvas Évora Estremoz Loulé Mértola Moura Mourão Ourique Portalegre Portel Redondo Reguengos de Monsaraz S. Brás de Alportel Serpa Tavira Vidigueira Vila Real de Santo António Vila Viçosa

79 48 66 93 38 80 97 36 57 91 98 86 0

87 11 22 99 94 0

57 0

88 98 0

85 15 94 91 96

20 0 8 0 0 0

93 8 0 0 0 0 0

19 0 0 9 0 0 0

96 87 36 0

48 0 0

86 34

58 48 58 93 38 80 4

28 57 91 98 86 0

69 11 22 90 94 0

57 96 1

61 0

37 15 94 4

62

19 0 0 0

19 18 2

28 15 61 98 0 0

37 11 17 83 82 0

16 0 0

16 0 0 0

63 0 0

89 92 90 87 97 91 93 93 92 93 95 90 80 9

100 90 95 95 0

64 94 90 94

100 88 94 94

100 91

Bacia do Guadiana 79 22 57 21 91

O nível de atendimento do serviço público de colecta, drenagem e tratamento das águas

residuais é aceitável, em termos médios, na bacia, atingindo 79% da população, no atendimento

com rede; pelo contrário, é ainda elevado o atendimento com rede sem tratamento (22%) e baixo

o atendimento com tratamento superior a fossa séptica comum, âmbito onde, por exemplo Elvas,

sendo a 2ª maior concentração populacional, não dispõe de qualquer tratamento superior a fossa

séptica comum.

Por fim, cabe uma referência ao sector do tratamento de águas residuais industriais, a ser

primordialmente efectivado na rede própria de cada empresa. Neste âmbito, o inventário das

indústrias permite aferir que mais de 90% das cargas poluentes rejeitadas no meio ambiente com

origem industrial provêm de indústrias não ligadas a redes públicas de águas residuais não

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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dispondo muitas delas de qualquer tratamento, especialmente as indústrias mais poluentes onde

se encontram os lagares de azeite, as suiniculturas, os curtumes e as indústrias alimentares.

Praias

Os usos recreativos da água que se constatou existirem actualmente são bastante esporádicos

e ainda relativamente incipientes, variando nas linhas de água essencialmente consoante as

disponibilidades de caudal/proximidade a centros populacionais ou vias de comunicação

importantes e nas albufeiras de acordo com os potenciais e fins a que estas se destinam.

Contudo, as principais actividades recreativas detectadas desenvolvem-se nas albufeiras

públicas existentes (e de entre estas destaca-se a albufeira do Caia) e no leito do Guadiana.

Existem actualmente unicamente duas praias que se encontram reconhecidas oficialmente

como tal:

• A praia do Pego Fundo, na ribeira de Cadavais, no Concelho de Alcoutim. Para a

implantação desta praia foi necessário construir um açude/ponte e os respectivos balneários e

bar;

• A praia de Arronches, junto da confluência da ribeira de Arronches com o rio Caia, no

local onde a estrada para Arronches atravessa o rio Caia. Na margem esquerda, junto ao local

onde já se encontram instaladas umas piscinas e instalações balneares, prevê-se construir um

açude por forma a melhorar o espelho de água da praia fluvial.

Contudo, foram ainda apresentados pedidos para a implantação de praias fluviais, nos

seguintes locais:

• no Rio Xévora/confluência com o Abrilongo, junto à povoação de Ouguela, no local da

Nossa Senhora da Enxára, Concelho de Campo Maior;

• no Guadiana, junto ao cais de Alcoutim.

Os Planos de Ordenamento existentes prevêem o estabelecimento de praias nas albufeiras do

Caia (em dois locais) e do Lucefecit e no Pomarão.

Ciprinídeos

Dos 8 locais observados, 3 no rio Guadiana, 1 nos rio Ardila e os restantes 4 em albufeiras, a

situação observada em 1997 era assim sintetizada.

Em conformidade com as normas de qualidade, achavam-se os locais referentes a Rocha da

Galé (rio Guadiana), rio Ardila, albufeira do Caia e a albufeira da Tapada Grande.

Page 218: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

210/367

Em incumprimento das normas, achavam-se os locais referentes a Monte da Vinha e Azenha

de Cereeiros (ambos no rio Guadiana) e as albufeiras da Vigia e de Monte Novo.

Ocupação do solo com efeitos negativos no meio hídrico

Na bacia do Guadiana predomina a agricultura de sequeiro, de carácter extensivo, ocupando

cerca de 98% dos espaços agrícolas. Neste tipo de agricultura são utilizados agro-químicos mas

em quantidades relativamente reduzidas. No entanto, como se tem verificado uma persistência de

prática de monocultura a poluição difusa terá algum significado, dado que esta prática agrícola

tende a simplificar as sequências dos ciclos naturais, o que implica que todos os anos fiquem

quantidades residuais de adubos no solo, originando consequentemente impactes negativos.

Relativamente à zona sujeita ao regadio, cerca de 2% dos espaços agrícolas da bacia, em que

se pratica uma agricultura do tipo intensivo, por se tratarem de culturas de rendimento, a

utilização de adubos e pesticidas é elevada sendo a carga de nutrientes gerada nessas zonas

considerável.

O arroz , os pomares e o milho são as culturas que, devido à sua representatividade nas áreas

de regadio e à intensidade de uso de agro-químicos, induzem efeitos negativos mais marcantes

no meio hídrico.

Os maiores riscos potenciais de exportação de fósforo registam-se nas sub-bacias dos rios

Xévora e Caia e ainda na bacia da margem direita do Guadiana, entre a entrada na fronteira

portuguesa e a secção a jusante da confluência com a ribeira de Mures. As zonas de menor risco

abrangem as cabeceiras do rio Cobres e ainda as bacias das ribeiras de Oeiras, Carreiras, Vascão

e Odeleite.

Relativamente às cargas em azoto produzidas em zonas regadas, as sub-bacias que geram

maior volume deste nutriente são as do rio Caia e da margem direita do rio Guadiana, entre as

confluências da ribeira de Odearça e do rio Cobres.

As zonas em que os riscos potenciais de exportação de poluentes resultante das actividades

pecuárias são maiores incluem a sub-bacia do rio Guadiana a montante da confluência com o rio

Lucefecit, as cabeceiras deste último curso de água e ainda a sub-bacia do rio Caia,

imediatamente a montante da barragem do Caia.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

211/367

Licenciamento das utilizações do Domínio Hídrico

É do reconhecimento geral que o licenciamento, como instrumento essencial para o

planeamento e gestão dos recursos e do domínio hídrico, não vem cumprindo os objectivos

pretendidos com o DL nº 46/94.

As razões principais prendem-se com o seguinte:

• Universo completo das utilizações da ordem de várias dezenas de milhar, congregando

dados técnicos para além das centenas de milhar;

• Imprecisão e falta de actualização do conteúdo dos títulos de utilização;

• Utilizações ocorrentes sem título de utilização;

• Informatização quase inexistente do registo oficial dos títulos de utilização;

• Acções quase inexistentes de fiscalização e controlo do licenciamento.

O licenciamento para além dum instrumento de carácter administrativo tem de se apresentar

como um instrumento válido na gestão técnica e operacional dos recursos hídricos.

Parte III – Diagnóstico da Situação de Referência

4 Diagnóstico

4.1 Introdução

Após a caracterização resumida da situação de referência que constitui a Parte II deste

Relatório, apresenta-se nos pontos seguintes o diagnóstico efectuado com base na análise dessa

caracterização, para cada uma das áreas temáticas abordadas.

O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva constitui uma obra de grande envergadura,

destinada ao abastecimento de água para rega, consumo urbano e industrial, produção de energia

eléctrica e a outras utilizações complementares, das quais se destaca a regularização dos caudais

do rio Guadiana.

O sistema global de rega tem como origens de água as albufeiras de Alqueva e Pedrogão e

distribui-se pelos subsistemas de Alqueva, do Pedrogão e do Ardila. A actual concepção admite

a rega de 112 240 hectares, constituída por três grandes blocos, nomeadamente o Bloco do Baixo

Alentejo (93 280 ha), o Bloco do Alto Alentejo (8 130 ha) e o Bloco do Ardila (10 830 ha).

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Com a entrada em funcionamento do empreendimento de Alqueva grande parte das afluências

geradas na bacia do Guadiana serão transferidas para a bacia do Sado, para reforçar os

aproveitamentos do Sado-Superior e o Pólo Industrial de Sines.

O diagnóstico englobará a identificação dos problemas detectados, suas causas e efeitos

constatados ou previsíveis. Este diagnóstico foi elaborado na perspectiva de fundamentar os

objectivos e programas de medidas estabelecidos neste plano de bacia.

4.2 Necessidades/Disponibilidades de Água

a) Análise quantitativa

As necessidades de água globais na bacia hidrográfica do rio Guadiana avaliam-se

actualmente em cerca de 185 hm3/ano. A agricultura é de longe o principal sector utilizador,

correspondendo-lhe cerca de 88 % do valor total, ou seja 165 hm3/ano. Ao abastecimento

público corresponde 8 % do valor global, ou seja aproximadamente 15 hm3/ano, referindo-se o

restante, cerca de 3 hm3/ano (1,9 % das necessidades da bacia), a consumos industriais.

Os recursos hídricos actualmente disponíveis totalizam 232 hm3/ano, estimando-se os

recursos subterrâneos em cerca de 59 hm3/ano e os recursos superficiais em 173 hm3/ano. Com

as transferências de caudais entre bacias, resulta um volume saído da bacia do Guadiana de 53

hm3/ano (essencialmente para fornecimento de água para rega e abastecimento público dos

municípios do Sotavento Algarvio). Deste modo, os recursos disponíveis para utilização na bacia

totalizam 179 hm3/ano.

O balanço entre as necessidades e as disponibilidades actuais mostra a existência de um défice

de 9 hm3/ano. A análise das disponibilidades e confronto com as necessidades permitiu também

constatar que os simstemas estão dimensionados sem folgas, em particular os que exploram

recursos hídricos subterrâneos para rega e os relativos às pequenas albufeiras existentes, o que

conduzirá em anos secos à ocorrência de défices elevados.

A análise dos recursos mobilizáveis mostra que, ao nível dos recursos superficiais, se poderão

aumentar substancialmente os volumes de água disponíveis. Com efeito, a entrada em serviço da

barragem de Alqueva, permitirá uma regularização adicional de 1340 m3, elevando o total

regularizado na bacia em cerca de 1500 hm3/ano. A entrada ao serviço da barragem de Pedrógão,

permitirá regularizar adicionalmente 330 hm3/ano, elevando o total disponível na bacia a 1830

hm3/ano. Tendo em conta os previsíveis aumentos dos consumos em Espanha, este volume

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

213/367

decrescerá ligeiramente com o tempo, reduzindo-se cerca de 150 hm3/ano, passando-se a dispor

na bacia de uma capacidade de regularização de 1680 hm3 que, deduzidas as dotações para

caudais ambientais, permitirá mobilizar até 1500 hm3/ano.

Num cenário de desenvolvimento médio, com realização de aproveitamentos nos principais

afluentes nacionais e no rio Ardila, com um volume afluente médio de 4 500 hm3 e uma

capacidade total de armazenamento de 1350 hm3, para regularização de 30% dos recursos

potenciais, atendendo ao regime hidrológico da região, período húmido no Inverno e período

seco no Verão, e da sua sucessão ao longo dos anos (regime inter-anual), poderão ser

disponibilizados com uma garantia de 80%, um volume total de 680 hm3/ano em ano médio,

valor que será naturalmente superior ao volume afluente de 80% (5 600 hm3), dada a

mobilização resultante do próprio armazenamento.

A construção destes aproveitamentos reduzirá a capacidade regularização do sistema

Alqueva-Pedrógão em cerca de 260 hm3, pelo que se verificará nesta situação uma de

regularização total de 2090 hm3/ano, que deduzindo a parcela para caudais ambientais, permitirá

disponibilizar um volume total de 1880 hm3/ano.

Relativamente aos recursos subterrâneos, estimam-se recursos totais mobilizáveis de 90

hm3/ano, pelo que estando a ser extraídos 60 hm3/ano, resulta que o potencial de expansão dos

recursos subterrâneos é limitado, não excedendo 30 hm3/ano. A sua utilização estará indicada em

situações de pequenos consumos, nomeadamente para abastecimento de pequenas localidades.

Em termos de recursos hídricos superficiais globais e, considerando apenas o sistema

Alqueva-Pedrógão, virá a dispor-se na bacia de volumes de água significativos (1500 hm3/ano),

suficientes para cobrir as necessidades futuras da bacia. No entanto, dado que a distribuição

destes recursos está concentrada, não se exclui a necessidade de construção de pequenos

aproveitamentos de interesse local e/ou açudes de derivação no rio Guadiana alimentados por

descargas a partir de Pedrógão.

b) Análise qualitativa

Conforme se referiu, os consumos de água na bacia do Guadiana são bastante modestos. Esta

modéstia pode ser atribuída, pelo menos parcialmente, a uma reduzida população e a um fraco

grau de actividade económica, embora seja por vezes argumentado que a reduzida actividade

económica é causada exactamente pelas limitadas disponibilidades de água. Na realidade, as

disponibilidades de água não podem de facto ser consideradas como um factor limitante, embora,

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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com a construção do empreendimento de Alqueva, se pretenda transformá-la num factor de

desenvolvimento.

De facto, os recursos hídricos superficiais brutos da bacia nacional do Guadiana (os únicos

actualmente explorados em Portugal), ascendem a cerca de 1800 hm3/ano, atingindo no entanto

mais de 4000 hm3/ano se se incluírem os escoamentos provenientes de Espanha (situação actual).

Tendo por base cenários razoáveis de exploração destes recursos (sob os pontos de vista

económico e ambiental), poderá estimar-se a disponibilização potencial de quase 2000 hm3/ano,

com fornecimento garantido em 85% dos anos (incluindo os recursos provenientes de Espanha).

Os recursos hídricos subterrâneos são bastante mais modestos, da ordem de 400 hm3/ano, dos

quais apenas 90 hm3/ano serão efectivamente utilizáveis.

Se observarmos a situação actual, verificaremos portanto que os recursos subterrâneos são

explorados a mais de 60% do máximo efectivo enquanto que menos 10% dos recursos

superficiais mobilizáveis são efectivamente utilizáveis. Esta situação de exploração preferencial

dos recursos subterrâneos é típica de uma fase preliminar de desenvolvimento, condicionada por

uma baixa densidade de ocupação e por uma forte dispersão dos centros consumidores de água, a

qual se deve aos seguintes factores:

• Quer ao nível do povoamento humano, quer ao nível da distribuição de solos com boa

aptidão para o regadio, a bacia do Guadiana caracteriza-se por uma pequena densidade e forte

dispersão (pequenos aglomerados populacionais dispersos ao longo da maior parte da bacia e

solos agrícolas com aptidão para o regadio muito dispersos em manchas pouco extensas);

• Estas características influenciaram a estrutura fundiária dominante, caracterizada por

propriedades de grande dimensão, em que a componente de exploração agrícola intensiva

apresenta pouco interesse face aos rendimentos possíveis com a exploração extensiva (pecuária e

exploração florestal);

• As baixas necessidades de mão de obra resultantes da exploração extensiva dos recursos

naturais e a falta de alternativas noutras áreas de actividade, conduziram a fluxos migratórios

para outras zonas mais atractivas, reduzindo deste modo a pressão demográfica sobre o território.

A utilização de origens subterrâneas apresenta vantagens, ao nível de custos de instalação,

para satisfação de pequenos consumos em zonas dispersas (minimização dos sistemas de

armazenamento e distribuição necessários), embora apresente geralmente custos de exploração

elevados. Pelo contrário, a utilização dos recursos superficiais implica necessariamente (dada a

variabilidade do regime de escoamentos), a construção de estruturas de armazenamento de

grande dimensão relativa bem como a implementação de estruturas de adução e distribuição (e

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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de tratamento, no caso do abastecimento público), conduzindo a grandes investimentos iniciais,

embora sejam geralmente de exploração mais económica em termos de custos por m3 fornecido.

Nestas condições não será de admirar que a maior parte dos sistemas existentes recorra à

exploração de águas subterrâneas e que apenas os maiores núcleos urbanos recorram à

exploração de águas superficiais, utilizando para tal obras financiadas pelo Estado. Convirá notar

que a tendência para a exploração de águas subterrâneas até um certo nível sócio-económico é

genérica, sendo extensiva a todo o país e mesmo ao mundo inteiro. Tomando o caso nacional,

note-se que para o abastecimento de Lisboa se recorria exclusivamente, até aos anos 40, às

nascentes do Alviela; só nessa altura foram iniciadas as captações no Tejo (Valada) e, nos anos

80, no Zêzere (Castelo do Bode). De igual modo, o Algarve recorreu quase exclusivamente até

ao final dos anos 90, a recursos subterrâneos; só recentemente, com a entrada em serviço dos

sistemas Odeleite-Beliche (no Guadiana) e Odelouca-Funcho, se pretende efectuar a

transferência do abastecimento público para origens predominantemente superficiais. O mesmo

se poderia referir relativamente ao Grande Porto (novos sistemas do Douro-Paiva e Cávado) e à

zona de Aveiro (sistema do Carvoeiro-Ribeiradio).

A transferência da exploração dos recursos subterrâneos para superficiais foi historicamente

condicionada por razões quantitativas: quando as necessidades de abastecimento excedem as

disponibilidades em águas subterrâneas torna-se necessário recorrer à exploração de origens

superficiais para abastecimento. Actualmente a transferência deve-se essencialmente a razões

económicas e/ou de qualidade. De facto, conforme já se referiu, para o abastecimento de grandes

centros urbanos resulta geralmente mais económica a exploração de sistemas superficiais (mais

concentrados e mais fáceis de gerir); por outro lado é mais fácil controlar a qualidade de poucas

origens superficiais que de uma multitude de pequenas origens subterrâneas.

No que se refere à rega, verifica-se na Bacia do Guadiana que a esmagadora maioria das

barragens e perímetros de rega associados são de iniciativa pública (Caia, Lucefecit, Monte

Novo, Vigia, Abrilongo e Alqueva). As razões para este facto são a incompatibilidade dos

elevados investimentos necessários com os rendimentos agrícolas directos. Os baixos

rendimentos são o resultado de uma multiplicidade de factores que passam pela medíocre

qualidade dos solos, pela utilização de técnicas pouco evoluídas e pela inexistência de

capacidade de comercialização adequada.

Deste modo não se pode concluir que o desenvolvimento da bacia esteja condicionado pela

falta de água (que, conforme se viu, existe em relativa abundância), podendo antes identificarem-

se condicionantes fisiográficas e sócio-económicas que limitam a capacidade da utilização dos

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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recursos hídricos existentes – e mesmo o total aproveitamento daqueles que já estão

disponibilizados, como o prova o facto de a quase totalidade dos perímetros de rega já

implantados estar a ser explorada longe do seu máximo potencial.

Deste modo, a simples implementação de novas infra-estruturas de rega (nomeadamente o

aproveitamento de Alqueva), embora disponibilizando enormes quantidades de água, terá apenas

um efeito marginal na alteração do quadro de desenvolvimento da região se não for

acompanhada de investimentos proporcionais destinados a levantar os outros factores limitantes

que têm vindo a condicionar de modo efectivo o progresso sócio-económico da região.

4.3 Níveis de Atendimento das Populações

4.3.1 Sistemas Públicos de Abastecimento de Água

O sector do abastecimento de água para usos domésticos na bacia do Guadiana pode ser

classificado como:

• Pouco representativo em termos de consumos totais (menos de 10%);

• Altamente disperso;

• Com elevado número de sistemas de abastecimento (219);

• Com sistemas de pequenas dimensões (o maior, que serve Beja, abastece menos de 30 000

habitantes).

A análise individualizada dos sistemas de abastecimento operantes, feita com base em seis

indicadores de caracterização da qualidade de serviço (perdas de águas, níveis de atendimento,

falhas, problemas de potabilidade, susceptibilidade à seca e expansão futura previsível) permite o

diagnóstico, quer analítico quer global dos mesmos, onde se evidenciam as seguintes qualidades

e problemas relativamente à situação observada em 1997:

a) Qualidades

i) Significativos níveis de atendimento, atingindo quase toda a população residente em

lugares, com excepção (nas zonas integradas na bacia hidrográfica) dos concelhos de Alcoutim,

Castro Marim, Loulé, Portalegre e Tavira, Almodôvar e Mértola. Os baixos níveis de

atendimento que se verificam nos concelhos de Loulé e Tavira devem-se ao facto de a área

destes concelhos dentro da bacia hidrográfica do rio Guadiana se localizar em zonas de serra, em

que os aglomerados populacionais são muito pequenos ou isolados;

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

217/367

ii) Aceitáveis capitações por habitante, atingindo em vários casos valores acima de 150

l/hab/dia, com excepção dos concelhos de Évora, Portel e Serpa, onde as capitações andam à

volta de 90 l/hab/dia;

iii) Qualidade de serviço global (com base no conjunto dos seis indicadores atrás referidos)

avaliada como boa em Barrancos, e como regular a boa em Almodôvar, Arronches, Beja, Borba,

Campo Maior, Cuba, Estremoz, Loulé, Mourão, São Brás de Alportel, Vila Real de Santo

António e Vila Viçosa.

b) Problemas

i) O aspecto mais negativo liga-se com a potabilidade de água fornecida, que se apresenta

problemática em todos os concelhos, com excepção dos sistemas ligados a origens superficiais

das albufeiras de Odeleite-Beliche, Caia, Vigia e Bufo, o que reflecte a contaminação dos

aquíferos pelos nitratos, em particular, a situação descrita implica o reforço dos sistemas de

tratamento de água, onde não há boa potabilidade; neste contexto, é de referir que os dados por

concelho publicados pela DGA, referentes a 1997, denunciam violações da qualidade em todos

os concelhos com excepção de Évora e Redondo;

ii) A susceptibilidade à seca é geralmente média a lata, com excepção dos concelhos de

Almodôvar, Arronches, Portalegre, Portel e S. Brás de Alportel, onde se apresenta baixa;

iii) Nenhum dos sistemas estará preparado para uma eventual expansão futura (até 2006).

A qualidade de serviço é avaliada como má em Alandroal (perdas, falhas de pressão e de

abastecimento e conflitos de qualidade), Alcoutim (atendimento, falhas de pressão e de

abastecimento e conflitos de qualidade), Castro Marim (perdas, atendimento, falhas de pressão e

de abastecimento), Mértola (falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade),

Portalegre (atendimento, falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade),

Reguengos de Monsaraz (perdas, falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade)

e Serpa (falhas de pressão e de abastecimento e conflitos de qualidade) e como regular a má em

Castro Verde (falhas de abastecimento e conflitos de qualidade), Elvas (perdas e falhas de

abastecimento), Évora (perdas e conflitos de qualidade), Moura (perdas e conflitos de qualidade),

Portel (falhas de abastecimento e conflitos de qualidade), Redondo (conflitos de qualidade),

Tavira (atendimento e conflitos de qualidade) e Vidigueira (falas de abastecimento e conflitos de

qualidade).

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Todos os dados utilizados (com pequenas excepções) tiveram por origem os inventários de

cadastro realizados no âmbito do presente plano de bacia, contando com a informação preciosa

obtida principalmente junto das entidades camarárias.

Todavia, face à extensão e pormenor dos dados solicitados revela-se natural a existência de

lacunas e imprecisões que não houve possibilidade de colmatar, junto dos presumíveis detentores

da informação, dado por vezes o seu desconhecimento.

Assim, o diagnóstico efectuado é, naturalmente, condicionado pela qualidade da informação

fornecida.

4.3.2 Redes de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais

Existem na bacia do Guadiana 182 sistemas de águas residuais, parte dos quais não dispõem

de qualquer tratamento. A população isolada dispõe de sistemas próprios individuais (fossas

sépticas ou descargas directas).

A análise da situação de referência permitiu efectuar o seguinte diagnóstico:

• na globalidade da bacia, verifica-se que 78% da população total é servida com rede de

recolha de águas residuais, valor bastante razoável mas aquém dos objectivos fixados pelo

Ministério do Ambiente;

• apenas 55% da população total beneficia da existência de instalações de tratamento das

suas águas residuais;

• apenas 25% da população total é atendida com sistema de tratamento superior a fossa

séptica.

Sobretudo estes dois últimos valores indiciam situações de carência na bacia relacionadas

com a existência de muitos sistemas de recolha de águas residuais urbanas com descarga directa

dos efluentes não tratados no meio ambiente e ainda a baixa percentagem de instalações de

tratamento com nível de tratamento superior ao primário.

A análise individualizada dos sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais urbanas,

feita com base nos indicadores referidos no parágrafo anterior permitiu efectuar um diagnóstico

onde se evidenciam os seguintes aspectos particulares:

• os concelhos que registam o menor nível médio de atendimento com rede de drenagem de

águas residuais urbanas em toda a bacia, são: Campo Maior (36%), Loulé (11%), Mértola (22%)

e Tavira (15%);

• 15 dos 29 concelhos apresentam valores médios do índice de atendimento com infra-

estruturas de tratamento de águas residuais inferiores ou iguais a 50%, atingindo-se mesmo

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valores inferiores ou iguais a 20% em 9 concelhos (Borba, Estremoz, Loulé, Ourique, Portel,

Reguengos de Monsaraz, São Brás de Alportel, Vidigueira e Vila Real de Stº António);

• o índice de atendimento com tratamento superior a fossa séptica ou outros tipos de

tratamento primário, como decantação primária e gradagem, é bastante baixo na quase totalidade

dos concelhos, verificando-se que nos concelhos de Alandroal, Castro Marim, Loulé, Mértola,

Portalegre, Redondo e Vila Real de Stº António é inferior a 20%, sendo mesmo nulo nos

concelhos de Alcoutim, Arronches, Elvas, Estremoz, Ourique, Portel, Reguengos de Monsaraz,

São Brás de Alportel, Serpa, Tavira e Vila Viçosa.

Um problema também detectado é o funcionamento deficiente de muitas instalações de

tratamento, o que se deve quer a problemas técnicos quer ao sub-dimensionamento das mesmas.

Destaca-se ainda que muitas das soluções de tratamento existentes se revelam inadequadas

face aos objectivos de qualidade do meio receptor.

Também aqui cabe referir as limitações que o diagnóstico no âmbito do atendimento da

drenagem e tratamento das águas residuais urbanas sofreu em virtude da qualidade da

informação fornecida.

4.4 Eficiência da Utilização da Água

A globalidade dos sistemas públicos de abastecimento urbano na bacia apresentam uma média

de 40% de perdas (em relação aos volumes captados), valor bastante elevado. De acordo com a

informação recolhida, os concelhos de Alandroal, Moura, Castro Marim, Reguengos de

Monsaraz e são Brás de Alportel apresentam os valores médios mais altos, variando entre 51% e

60%, chegando mesmo a ser atingido o valor exorbitante de 70% de perdas.

Não se pode deixar de colocar sérias reservas ao rigor dos valores fornecidos para as perdas.

Na verdade, este aspecto já foi relevado na 1ª Fase do Plano de Bacia Hidrográfica do rio

Guadiana, onde se alertou para o facto de os critérios de avaliação dos consumos variarem de

município para município: uma parte da água consumida não é facturada (não sendo portanto

cobrada); por outro lado, as perdas na adução e distribuição, de forma geral, são apenas

arbitradas, visto que raramente é contado o caudal captado e aduzido.

Também no âmbito dos aproveitamentos hidroagrícolas foram detectadas algumas situações

que contribuem para uma baixa eficiência de utilização da água:

• comando das redes de rega por montante contribui para elevadas perdas operacionais de

água, além do que se encontra antiquado e desajustado à distribuição de água a pedido;

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• as perdas nos sistemas de adução e distribuição de água para rega é muito elevada,

conduzindo a uma eficiência muito baixa (no caso concreto do Aproveitamento Hidroagrícola do

Caia foi avaliada, em média, num valor de apenas cerca de 62%).

4.5 Qualidade da Água

De uma maneira geral poderá dizer-se que na bacia do Guadiana a potabilidade da água

fornecida não é das melhores em todos os concelhos, com excepção dos sistemas ligados a

origens superficiais das albufeiras de Odeleite-Beliche, Caia, Vigia e Bufo, o que reflecte a

contaminação dos aquíferos pelos nitratos, em particular.

4.5.1 Qualidade das águas superficiais

A apreciação da situação actual e da evolução da qualidade da água nos últimos anos mostra,

se exceptuarmos a utilização da água para rega, a quase geral inadequação da qualidade da água

presente nesta bacia hidrográfica aos diversos usos actuais ou pretendidos, se usados os critérios

estabelecidos pela legislação em vigor.

Relativamente à qualidade da água destinada ao consumo humano, constata-se, de uma forma

quase generalizada, uma inadequação do grau de tratamento às efectivas necessidades, que

conduz ou pode conduzir à distribuição às populações servidas de água para consumo sem

qualidade adequada.

Quanto à utilização da água para suporte da vida aquícola, verifica-se uma não conformidade,

relativamente às normas legais, em todo o rio Guadiana até às proximidades do Pulo do Lobo e

nas albufeiras de Monte Novo e Vigia, apresentando-se conforme nas albufeiras do Caia, Beliche

e da Tapada Grande, nas proximidades da captação do Ardila e na zona de Mértola.

Por outro lado, apenas as albufeiras da Tapada Grande e de Beliche apresentam qualidade de

água adequada ao uso balnear. Deste modo, e embora actualmente, na área em estudo, apenas

haja um local classificado como praia fluvial (a montante da albufeira do Caia) e em relação ao

qual não se dispõe de informação sobre a respectiva qualidade da água, são diversos os pontos já

identificados como destinados a tal tipo de utilização.

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4.5.2 Qualidade das águas subterrâneas

Em termos gerais, verifica-se que a qualidade da água subterrânea da bacia para consumo

humano é muito deficiente, sobretudo na metade sul, sendo, na sua globalidade, o magnésio, o

sódio e o nitrato os parâmetros em relação aos quais se verifica uma maior frequência de

violações dos VMA.

No que respeita ao magnésio e aos nitratos, do conjunto de aquíferos apresentado (do qual se

excluíram os Sistemas Aquíferos de Serpa e o Transfronteiriço de Campo Maior-Badajoz, por

não ter sido possível obter dados suficientes para a sua caracterização), apenas o Sistema

Aquífero de Elvas - Vila Boim e o Sistema de Monte Gordo não revelaram violações ao VMA.

Quanto ao sódio, as violações a este parâmetro fazem-se sobretudo na parte Sul da bacia,

nomeadamente nos aquíferos de Monte Gordo e S. Bartolomeu e nos xistos.

Em grande parte dos parâmetros, os VMR são ultrapassados em mais de 50% dos casos,

devido em parte a processos naturais, relacionados com a interacção água/rocha e com lixiviação

de sais inclusos nos sedimentos. As práticas agrícolas são responsáveis pelo aumento da

concentração de nitratos, sulfatos e outros iões, devido à utilização de fertilizantes e ao regadio,

o qual provoca um aumento generalizado de sais, devido à sua reciclagem ao nível do solo. Os

processos de interacção água/rocha são responsáveis por durezas elevadas nos aquíferos

carbonatados e em rochas básicas.

No que respeita à aptidão das águas para produção para consumo humano, as águas são

condicionadas sobretudo pelas elevadas concentrações em nitratos, sulfatos, cloretos e pelas

elevadas condutividades eléctricas.

De forma expedita, e com base nos elementos analisados, as águas dos aquíferos considerados

podem-se classificar da seguinte forma:

Sistema Aquífero Qualidade da água subterrânea Estremoz – Cano Deficiente Moura – Ficalho Deficiente Monte Gordo Deficiente S. Bartolomeu Má Elvas – Vila Boim Deficiente G. Beja Má Xistos Deficiente R. Básicas Má R. Ácidas Deficiente Flysch Deficiente

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Chama-se, todavia, a atenção para esta classificação que não poderá ser encarada de forma

rígida para todo o aquífero, visto que os parâmetros analisados apresentam grandes dispersões

dos seus valores espacialmente, devido à grande heterogeneidade espacial das fontes poluidoras,

às diferenças litológicas dos sistemas.

Relativamente à qualidade da água para rega, a maioria das águas analisadas apresenta taxas

de adsorção de sódio baixas, situando-se na classe S1 da classificação do USSLS (U.S. Salinity

Laboratort Staff), pelo que oferecem um baixo perigo de alcanilização do solo. No entanto, em

relação à condutividade, a grande maioria integra-se nas classes C2 e C3 representando assim um

perigo de salinização do solo médio a alto.

4.6 Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados

A caracterização dos sistemas aquáticos e terrestres associados levantou determinadas

questões e necessidades, que terão de ser resolvidas de futuro.

Ecossistemas aquáticos

Puderam ser definidos com bastante precisão os cursos de água prioritários, para a fauna

piscícola, que devem ser alvo de medidas especiais de conservação. O plano de gestão do

saramugo, uma espécie exclusiva do Guadiana e ameaçada de extinção, já se encontra elaborado,

por uma equipa especializada, faltando somente pô-lo em prática.

Foram também indicados os cursos de água que apresentam boas potencialidades para a

existência das populações piscícolas endémicas, os quais devem ser recuperados. Esta

recuperação passa por medidas como o controlo e redução de efluentes químicos e orgânicos, a

adopção de códigos de boas práticas agrícolas, para reduzir as cargas de azoto nos rios derivadas

da excessiva adubagem de terrenos, o controlo e manutenção de caudais ecológicos a jusante das

barragens e a construção de passagens para peixes nas barragens e açudes.

Seguidamente indicam-se os ecossistemas a preservar:

a) Trechos de linhas de água nacionais correspondentes a áreas de maior valor para

conservação dos migradores e dos endemismos piscícolas ameaçados, nomeadamente do

Saramugo (Anaecypris hispanica):

i. rio Guadiana - de Mértola até à foz

ii. sub-bacia do Vascão (toda a bacia),

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iii. sub-bacia do Caia (toda a bacia a montante da albufeira do Caia),

iv. sub-bacia do Xévora (secção jusante da bacia do território português),

v. sub-bacia do Ardila (toda a bacia em território português);

vi. sub-bacia do Odeleite (toda a bacia a montante da barragem do Odeleite),

vii. sub-bacia da Foupana (toda a bacia a montante do Moinho do Pego Salto),

b) Trechos de linhas de água em trechos fronteiriços ou em território Espanhol

correspondentes a áreas de maior valor para conservação dos endemismos piscícolas ameaçados,

e que necessitam da cooperação com este País:

i. sub-bacia do rio Xévora (secção a jusante do território português),

ii. sub-bacia do Ardila (área a definir em território espanhol);

iii. sub-bacia do Alcarrache (área a definir em território espanhol);

iv. sub-bacia do Chança (toda a bacia a montante da albufeira do Chança);

Seguidamente indicam-se os ecossistemas a recuperar:

a) Trechos de linhas de água correspondentes a áreas de distribuição natural dos endemismos

piscícolas ameaçados, nomeadamente do Saramugo (Anaecypris hispanica), que necessitam de

medidas de intervenção para recuperação dos seus habitats degradados por intervenções

antropogénicas:

i. rio Guadiana (troço internacional superior até à zona de regolfo da albufeira do

Alqueva),

ii. sub-bacia do Lucefecit (toda a bacia a montante da albufeira do Lucefecit),

iii. sub-bacia do Álamo (toda a bacia até à zona de regolfo da albufeira do Alqueva),

iv. sub-bacia do Degebe (sub-bacia da ribeira do Pardiela e toda a bacia do rio Degebe a

jusante da confluência desta ribeira até à zona de regolfo da albufeira do Alqueva),

v. sub-bacia de Marmelar (toda a bacia),

vi. sub-bacia de Terges e Cobres (toda a bacia),

vii. sub-bacia de Oeiras (toda a bacia),

viii. sub-bacia de Carreiras (toda a bacia),

b) Zonas pontuais de intervenção, de menor prioridade, correspondentes a áreas de menor

valor para os endemismos piscícolas ameaçados, que necessitam de medidas de recuperação, a

implementar no âmbito de medidas de minimização ou compensação de acções com impacte

negativo no habitat ou nas populações:

• a restante bacia do Guadiana em território português.

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Ecossistemas terrestres associados

A manutenção da diversidade da fauna e flora das margens dos cursos de água tem como

principal vector a preservação da vegetação ribeirinhas que não só serve de habitat para muitas

espécies terrestres, como também melhora as condições para a existência da fauna aquática.

Assim, elaborou-se uma carta da qualidade da vegetação ribeirinha para o rio Guadiana e os

afluentes mais importantes. Verificou-se que o projecto das albufeiras de Alqueva e Pedrogão

constitui um impacte significativo nestas galerias, pois vai ocupar alguns dos melhores troços

existentes na bacia.

A recuperação da qualidade das galerias ripícolas na bacia do Guadiana, em geral, foi prevista

pelo PBH, consistindo na plantação intensiva de espécimes arbóreos típicos das zonas ribeirinhas

desta bacia ao longo dos cursos de água, onde elas existiriam naturalmente e na protecção das já

existentes. Esta acção, é responsável por uma parte considerável do orçamento total dos

projectos respeitantes à conservação dos ecossistemas no Guadiana. Deverá ser implementada

prioritariamente nos cursos de água das áreas protegidas, como os Parques naturais e Sítios

classificados, e nos cursos de água prioritários para os peixes, nomeadamente nos rios Xévora e

Caia, nas ribeiras da Pardiela e da Pecena na bacia do Degebe, na ribeira da Murtega na bacia do

Ardila, nos rios Chança e Vascão, nas ribeiras da Foupana e de Odeleite na bacia de Odeleite e

no Guadiana na confluência do Caia até à Sra da Ajuda e no Barranco das Amoreiras até Mértola.

A implementação de todas estas medidas deverá ser feita de forma gradual, de modo a serem

atingidos os objectivos de conservação a um médio-longo prazo.

4.7 Ordenamento do Domínio Hídrico

O Ordenamento do Domínio Hídrico é um grande contributo para o Ordenamento do

Território pelo o que no âmbito do Ordenamento devem condicionar-se os usos do solo definidos

em Plano Municipais que estejam directamente ligados ao Domínio Hídrico, por forma a não

comprometer a satisfação da procura, a qualidade dos meios e a conservação da natureza,

promover a gestão do Domínio Hídrico em função dos valores naturais e das necessidades de

água.

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4.8 Situações Hidrológicas Extremas e de Risco

4.8.1 Análise das Secas

A análise de riscos de secas na bacia do Guadiana é realizada para duas situações: risco de

seca para a agricultura de sequeiro e risco de seca com base no escoamento anual.

Nas cartas de risco de seca elaboradas para a bacia do rio Guadiana foram consideradas 3

classes de risco: baixo, médio e elevado, correspondentes, respectivamente, aos seguintes

intervalos de anos de seca: inferior ou igual a 7 anos de seca, maior que 7 e inferior ou igual a 14

e maior que 14 anos de seca, determinado em cada elemento de área para o período de 50 anos

em análise.

Nas Figuras 3.10-1 e 3.10-2 apresentam-se, respectivamente, a carta de risco de seca de

sequeiro e a carta de risco de seca de escoamento.

A carta de risco de seca de sequeiro, mostra que no período em análise o risco de seca

elevado, com ocorrência de seca pelo menos 1 vez em cada 3 anos, verifica-se nos concelhos de

Serpa e Moura (pontualmente), Castro Verde, Mértola, Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de

Sto António; o risco de seca médio, com ocorrência de seca 1 vez em cada 4 a 6 anos, observa-se

em Campo Maior, Redondo, Vidigueira, Cuba, Alandroal, Beja, Moura, Almodôvar e parte dos

concelhos de Arronches (parte central), Elvas (parte leste) e Évora (parte sul); risco de seca

baixo, com ocorrência de seca 1 vez em cada 7 anos ou mais, observa-se em Portalegre, restante

parte de Arronches, Elvas e Évora, Borba, Vila Viçosa, Reguengos de Monsaraz, Mourão,

Portel, Barrancos, Loulé e Tavira.

A carta de risco de seca do escoamento mostra genericamente os locais com mais ou menos

água na bacia. O risco de seca elevado, com ocorrência de seca pelo menos 1 vez em cada 3

anos, verifica-se nos concelhos de Campo Maior e Elvas (parte), Reguengos de Monsaraz (parte

norte), Évora (parte sul), Barrancos (parte nordeste), Moura, Cuba, Beja, Serpa (parte oeste),

Mértola e Alcoutim (parte norte); o risco de seca médio, com ocorrência de seca 1 vez em cada 4

a 6 anos, observa-se em Arronches, restante parte de Campo Maior e Elvas, Redondo, Alandroal,

Évora (parte norte), Portel, Reguengos de Monsaraz (parte sul), Vidigueira, Serpa (parte leste),

Alcoutim (parte sul) e Castro Verde; risco de seca baixo, com ocorrência de seca 1 vez em cada

7 anos ou mais, observa-se em Portalegre, Borba, Vila Viçosa, zona de limite entre os concelhos

de Redondo e Alandroal, pontualmente em Portel, Almodôvar, Loulé, Tavira, Castro Marim e

Vila Real de Sto António.

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Comparando as duas cartas de risco de seca, verifica-se que existem zonas críticas comuns,

com elevado risco de seca, em Moura, Serpa, Mértola e Alcoutim.

No que respeita à tendência climática a análise dos dados de precipitação disponíveis não

permitiu evidenciar qualquer tendência de evolução da precipitação com o tempo, quer ao nível

dos valores anuais quer da sua distribuição, quer ainda das características dos episódios

individuais de precipitação. Pode portanto afirmar-se não ser detectável qualquer alteração

sensível no regime pluviométrico prevalecente sobre a bacia do Guadiana.

Conforme referido anteriormente, as albufeiras existentes não têm capacidade de

armazenamento suficiente para efectuar regularização interanual. Deste modo, a resolução das

secas de regadio só será conseguida criando novas albufeiras com capacidades de

armazenamento elevadas que permitam transferir a água dos anos mais húmidos para os anos

mais secos.

4.8.2 Análise das Cheias

4.8.2.1 Cheias

As cheias, como já referido anteriormente, não assumem uma importância predominante na

bacia do Guadiana, quando comparadas com as cheias que ocorrem noutras bacias hidrográficas

portuguesas ou com outros eventos socio-hidrometeorológicos que ocorrem na bacia, como são

as secas, a erosão e a desertificação.

• Segundo os caudais de cheia registados, as marcas de cheias existentes e as características

da génese das cheias históricas e afectando em particular o vale do rio Guadiana;

• Cheias nas sub-bacias do Guadiana, cheias pontuais afectando pequenas bacias

hidrográficas, que são provocadas por precipitações de grande intensidade e curta duração.

Os valores dos caudais máximos anuais para diversos períodos de retorno foram apresentados

anteriormente para estes dois tipos de cheias.

Os locais em risco de inundação, foram identificados, com base nos registos históricos dos

locais afectados por cheias e inundações. Entre estes locais, são de referir as áreas de inundação

no vale do Guadiana, a jusante de Mértola, designadamente em Mértola, Pomarão, Laranjeiros,

Guerreiros do Rio e Foz de Odeleite. Existem igualmente algumas pequenas áreas edificadas em

Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António. A montante de Mértola apenas alguns

montes e casas isoladas poderão ser identificadas como áreas de risco. É de referir que após a

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construção da barragem de Alqueva, o vale do rio Guadiana deverá ser ainda menos afectado por

inundações.

Nas sub-bacias hidrográficas do Guadiana inventariaram-se diversas áreas urbanas como

áreas de risco de inundação por cheias, tendo em conta, o ocorrido nas recentes cheias de

Novembro de 1997. Muitas destas inundações foram provocadas pela realização de obras de

canalização das ribeiras inadequadas ao regime torrencial dessas linhas de água, entre as quais se

destacam Odeleite, Beliche e Azinhal no nordeste algarvio e Albernoa, Sobral da Adiça, Quintos,

Cabeça Gorda, Baleizão, Pisões no interior do Alentejo.

4.8.3 Riscos de Erosão

Conforme se pode observar na Figura 3.10-6 relativa à carta de erosão os níveis de erosão

variam entre 0 e mais de 25 t.ha-1.ano-1. Cerca de 12% da área atinge valores de erosão

superiores a 25 t.ha-1.ano-1, dos quais menos de 2% corresponde a valores estimados entre 50 e

100 t.ha-1.ano-1. Estes últimos valores não deverão já corresponder à realidade, pois só

excepcionalmente se poderão encontrar no terreno condições que levem a níveis de erosão

média, superiores a 50 t.ha-1.ano-1.

Da análise da Figura 3.10-6 cerca de 7% da área da bacia está sujeita a níveis de erosão

superiores a cerca de 30 t.ha-1.ano-1, dos quais 2,5% com níveis superiores a 45 t.ha-1.ano-1. A

maior parte destas áreas corresponde a vertentes de vales encaixados e associados a sistemas

geológicos de relevo acentuado, devido a fortes enrugamentos orogénicos.

Da análise dos resultados conclui-se que a margem esquerda do Guadiana tem importantes

áreas com riscos classificados de moderados a muito elevados, estando concentrados estes

últimos nas proximidades de Barrancos. Ao longo do curso do rio Guadiana situam-se áreas de

riscos moderados a muito elevados centradas em Mourão, Moura, Serpa e Mértola. Outras zonas

com áreas significativas de riscos moderados e elevados localizam-se entre Moura e Portel, ao

longo do vale do rio Degebe, entre Serpa e Vidigueira, a noroeste de Mértola e no planalto de

Martin Longo.

Salientam-se ainda as áreas com risco de moderado a muito elevado localizadas entre Elvas e

Campo Maior, nas cabeceiras do rio Caia e nos afluentes do Guadiana, nomeadamente, Degebe,

Odearça, Terges e Beliche.

Relativamente à produção de sedimentos, traduzida em assoreamentos de açudes ou

barragens, ou na alimentação de sedimentos à rede de drenagem principal e por último ao leito

do rio Guadiana, os valores não deverão ultrapassar em 4,0 a 5,0 t.ha-1.ano-1.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Na futura albufeira de Alqueva estima-se que, em percentagem, o volume de assoreamento ao

fim de 100 anos corresponda apenas a 6% da capacidade total da albufeira que é de cerca de 4

150 hm3.

Na albufeira de Pedrógão a acumulação dos sedimentos poderá corresponder a um volume

total de 16 hm3 ao fim de 100 anos, isto é a cerca de 30% do volume útil da albufeira.

Com a construção do empreendimento de Alqueva o assoreamento nas albufeiras de Alqueva

e Pedrógão implicará um decréscimo na disponibilidade de sedimentos para jusante das

respectivas barragens.

4.8.4 Riscos de Acidentes de Poluição

Tendo em conta a ocupação da bacia, os maiores riscos de acidente que possam afectar a rede

hidrográfica estão associadas a:

• Tráfego de camiões transportando substâncias perigosas, com eventualidade de maior

incidência no IP7, no troço até Badajoz. Neste troço, à excepção da zona entre Elvas e Badajoz,

que atravessa o rio Caia, não há linhas de água de grande expressão;

• Rotura de zonas de depósito de rejeitados e dos estéreis das minas, em exploração ou

abandonadas, situação a ter em conta na barragem de Cerro do Lobo, da mina da SOMINCOR,

nas barragens das minas de São Domingos (podendo afectar essencialmente as albufeiras da

Tapada Grande, da Tapada Pequena e ainda a albufeira da Chança, sendo esta última de domínio

espanhol) e no armazenamento de produtos e nas lagoas de tratamento de esgotos da

PORTUCEL, em Mourão, que futuramente poderá contaminar a albufeira do Alqueva.

As empresas industriais tratando substâncias perigosas podem ser um risco importante nas de

âmbito meramente local, dada a sua reduzida dimensão fabril específica, na área geográfica da

bacia; das 7 dezenas de indústrias referenciadas, a quase totalidade distribui-se regularmente

desde Portalegre a Beja e Serpa.

Também as próprias descargas de águas residuais urbanas ou industriais são um factor de

risco face à possibilidade de ocorrência de acidentes nos sistemas de tratamento por avaria no

processo ou por falha na alimentação de energia; neste âmbito, assumem particular relevância a

fábrica da PORTUCEL, em Mourão, os lagares de azeite (especialmente os das cabeceiras do

Caia) e as suiniculturas (especialmente as de Lucefecit e de Odearça).

Relativamente às grandes origens de água para abastecimento domiciliário e para rega,

formalmente constituídas pelas grandes albufeiras da bacia, os riscos de acidente de poluição têm

expressão mais marcada na área centro-norte da bacia, para montante do Pedrogão, como o

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229/367

demonstra a tabela seguinte:

Riscos de Acidente de Poluição Grandes Origens de

Água Tráfego rodoviário Empresas com

substâncias perigosas

Empresas agro-

industriais

Albufeira de

b il- 1 5

Albufeira do Caia - 8 24

Albufeira de Lucefécit - 5 27

Albufeira da Vigia - - 12

Albufeira de Monte - 6 32

Albufeira do Alqueva - 42 493 + Espanha

Albufeira de

d- 48 386 + Espanha

Albufeira do Enxoé - - 3

Albufeira de Odeleite EN 122 - 4

Albufeira de Beliche - - -

Riscos de Acidente de Poluição

4.8.5 Riscos de Rotura de Barragens e Inundações Associadas

A definição das áreas com risco de inundação resultantes das ondas de cheia provocadas por

rotura das barragens pressupõe o conhecimento dos estudos que o Regulamento de Segurança

impõe.

Sob a forma digital só se teve acesso ao estudo das condições de inundação associadas à

rotura da barragem de Alqueva. Da sua análise ressalta que as povoações com maior risco são as

de Mértola, Alcoutim e Castro Marim (com inundações das zonas baixas) e Vila Real de Santo

António. Embora não representadas na carta as povoações de Odeleite e Beliche serão

igualmente afectadas.

Considerando as barragens de Odeleite e de Beliche pode inferir-se, pela análise das cartas

disponíveis, mas não digitalizadas, que as povoações de Odeleite e Beliche, serão fortemente

afectadas em caso de acidente, o mesmo acontecendo aos trechos das redes viárias marginais ao

rio Guadiana, designadamente o localizado entre Odeleite e Alcoutim.

Embora não se disponha de informação sob a forma de carta de inundação refere-se

igualmente o risco associado à barragem do Chança cuja localização conduz a especiais

preocupações em relação às povoações marginais próximas e, em particular, a Pomarão e

Alcoutim.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

230/367

O aspecto que sobressai é a necessidade de elaboração dos estudos conducentes à elaboração

das cartas de inundação resultantes da rotura de barragens, como impõe o Regulamento de

Segurança de Barragens.

4.8.6 Minas Abandonadas

Com base em observações de campo e relativamente às sete minas antigas identificadas na

bacia do Guadiana, consideram-se como responsáveis por degradações ambientais mais graves

as minas da Tinoca e de S. Domingos.

O efeito poluente provocado pelas escorrências das escombreiras da mina da Tinoca é forte,

acarretando uma diminuição significativa do pH e um aumento substancial da condutividade e

dos teores de Mg, Ca, SO4, Cu, Zn, Mn e Al nos recursos hídricos a jusante.

A drenagem ácida é originada a partir de escombreiras, antigas bacias de cementação e poços

mineiros, sendo notados os efeitos da acidez no ecossistema fluvial numa extensão de cerca de 3

km.

Relativamente às minas de S. Domingos, e como resultado da cessação das actividades de

exploração sem preocupações ambientais, os principais problemas actuais são:

• existência de um grande reservatório de águas ácidas, junto à povoação da Mina de S.

Domingos, formado pela acumulação de água na antiga zona da mina a céu aberto;

• drenagem ácida produzida a partir de várias escombreiras metalíferas afectando a

qualidade das águas superficiais (ao longo de vários quilómetros até atingir a ribeira do

Mosteirão, afluente do rio Chança, onde se encontra a albufeira do Chança) e dos solos

envolventes. Valores determinados em Abril de 1997 na ribeira do Mosteirão apontam para um

pH de 3,55 e 2182 µS/cm de condutividade.

• Permanência de antigas bacias de retenção de águas ácidas (com cerca de 97 ha de área

superficial), favorecendo a contaminação dos recursos subterrâneos.

4.9 Informação e Conhecimento dos Recursos Hídricos

4.9.1 Climatologia

A informação dispersa, pouco consistente, de difícil manuseamento e frequentemente escassa,

constitui uma dificuldade importante na elaboração de estudos de recursos hídricos.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

231/367

Nomeadamente, a informação climatológica constitui um dado de base fundamental em estudos

de recursos hídricos.

A insuficiência de dados climatológicos com séries de registos suficientemente longos e de

uma rede com uma boa cobertura da bacia conduziu à desconsideração de algumas estações

climatológicas localizadas no interior da bacia em favor de outras exteriores à bacia do

Guadiana.

A informação climatológica de base existente na bacia do Guadiana apesar de ser de relativa

qualidade, é reduzida. A rede climatológica constituída pelas 18 estações localizadas no interior

da bacia e em bacias vizinhas, forma uma malha bastante larga. Para além disso, apenas as

principais estações dispõem de séries longas de registos das variáveis climáticas, o que torna

bastante difícil a caracterização destas grandezas na bacia.

Por sua vez, a rede pluviométrica da bacia do Guadiana apresenta um elevado número de

postos, com boa distribuição espacial. A qualidade dos registos existentes é boa, permitindo

caracterizar bem o regime pluviométrico na bacia.

4.9.2 Qualidade da Água Superficial

O carácter irregular das linhas de água afluentes ao rio Guadiana associado às condições de

altas temperaturas e de descargas significativas de poluentes, têm dado origem frequentemente a

surtos de poluição grave e morte de fauna aquática.

Este aspecto é particularmente acentuado no início da época das chuvas, cujas escorrências

com a lixiviação dos terrenos marginais e o arrastamento dos sedimentos acumulados,

adicionados às águas agro-industriais, provocam o rápido aparecimento de quantidades

apreciáveis de poluentes.

Deste modo, e após a apreciação da situação actual da qualidade destas águas e da sua

evolução nos últimos anos, verifica-se uma quase geral inadequação das águas superficiais aos

diversos usos comuns, actuais ou pretendidos, tendo em consideração os critérios e parâmetros

estabelecidos pela legislação em vigor.

Esta qualidade da água inadequada aos usos mais comuns, decorre, na maior parte dos casos,

da presença de elevadas carências de oxigénio (bioquímica – CBO ou química – CQO),

indicadoras da presença de matéria orgânica ou de outras substâncias oxidáveis (por exemplo

algas de pequena dimensão). A matéria orgânica responsável pela elevada CBO pode ser:

• devida às cargas de poluição lançadas nas linhas de água, em particular de águas residuais

comunitárias;

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

232/367

• autóctone decorrente da elevada produtividade primária do sistema;

• devida à abundância de nutrientes (compostos de azoto e fósforo);

• também, de forma indirecta, causada pelas emissões poluentes antrópicas, pontuais ou

difusas.

A situação das albufeiras, com excepção das de Odeleite e Beliche (a jusante e na margem

direita do Guadiana), é também preocupante pelo facto destas já apresentarem uma relativa má

qualidade de água, terem tempos de retenção elevados e a temperatura da água ser relativamente

alta, o que, acrescido da geralmente elevada relação entre área superficial do espelho de água

com a profundidade, as torna particularmente vulneráveis aos fenómenos indesejáveis associados

aos processos de eutrofização.

Este fenómeno é tanto mais relevante quanto maior for a relação entre as cargas de origem

difusa e pontual, pelo facto de as primeiras serem de muito maior dificuldade de redução.

Por outro lado, verifica-se, também, que os valores dos parâmetros caracterizadores da

qualidade da água no rio Guadiana apresentam grande variabilidade espacial (valores bastantes

diferentes ao longo da linha de água) e uma distribuição temporal muito irregular.

A forte variabilidade do estado da qualidade da água deve-se, assim, a uma conjunção de

vários factores, dos quais se destaca, pela sua importância, a elevada irregularidade da

distribuição temporal dos volumes de água circulantes e das cargas de poluição afluentes.

Refira-se, porém, que a informação disponível para a presente análise da qualidade da água

superficial pode conduzir a uma apreciação da situação que pode não corresponder à realidade.

Como já referido, a cobertura temporal das observações é muito pouco frequente para a análise

de fenómenos cuja escala de tempo pode ser de poucos dias.

Por outro lado, e no que se refere ao troço do rio Guadiana em estudo, as duas estações mais a

montante situam-se nas proximidades de fontes de poluição conhecidas (Monte da Vinha é

influenciada pela zona urbana de Badajoz-Elvas e Azenha dos Cerieiros é influenciada pela

fábrica da Portucel Recicla de Mourão).

Entre elas há um troço extenso que não está coberto por nenhuma estação, o que resulta na

impossibilidade de ajuizar da verdadeira capacidade de autodepuração do rio.

4.9.3 Qualidade da Água Subterrânea

No que respeita à aptidão das águas para produção para consumo humano, ela é condicionada

sobretudo pelas elevadas concentrações em nitratos, sulfatos, cloretos e pelas elevadas

condutividades eléctricas.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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Em termos gerais verifica-se que a qualidade da água subterrânea da bacia para consumo

humano é muito deficiente, sobretudo na metade Sul. Os parâmetros em relação aos quais se

verifica maior frequência de violações dos VMA, relativamente à água para consumo humano,

são o magnésio, sódio e nitrato.

Relativamente à qualidade da água para rega, a maioria das águas analisadas apresentam taxas

de adsorção de sódio baixas, pelo que oferecem um baixo perigo de alcalinização do solo. No

entanto, em relação à condutividade, a grande maioria das águas representam um perigo de

salinização do solo médio a alto.

Um dos aspectos de grande importância para uma correcta avaliação do estado dos meios

hídricos subterrâneos e para uma exploração racional dos mesmos prende-se com a qualidade da

informação, a qual é deficiente nesta data, não existindo uma rede de monitorização da qualidade

da água subterrânea, mas informação dispersa por várias entidades.

Uma outra questão prende-se com o facto de raramente haver indicações sobre captações

improdutivas. Esta lacuna compromete seriamente a análise quantitativa dos recursos hídricos

subterrâneos, nomeadamente no que se refere às produtividades das captações e às taxas de

insucesso.

Constata-se da observação e análise dos relatórios de captações de água subterrânea

produzidos por algumas empresas da especialidade, uma nítida falta de qualidade dos mesmos.

Verifica-se frequentemente a existência de mais de um código de registo para o mesmo ponto

de água subterrânea em organismos distintos. A resolução deste problema passa pela instituição,

para todos os organismos, de único código de identificação de cada ponto de água, o qual deverá

ser atribuído com a licença de exploração.

Outro problema prende-se com a ausência de um cadastro de pontos de água completo e

actualizado. A actualização permanente do cadastro é fundamental.

A obtenção destes elementos é indispensável para o conhecimento aprofundado dos aquíferos

e da sua exploração.

4.9.4 Qualidade Ecológica

A avaliação da qualidade ecológica, no âmbito do PBH, baseou-se na análise de alguns do

principais componentes da fauna e flora aquática: peixes, invertebrados aquáticos

(macrozoobentos), plantas aquáticas e algas (macrófitos) e plâncton vegetal. Conseguiu-se, com

relativamente pouco trabalho de campo, identificar algumas das estações de referência na bacia

do Guadiana, identificar focos de perturbação e sugerir quais factores ambientais naturais que

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influenciam cada um destes grupos biológicos, para além dos previstos no sistema de

classificação de unidades ecológicas (ecótipos) dos cursos de água.

A Directiva Europeia da Água (Dir. 60/00/CE de 23 de Outubro), prevê que sejam atingidos o

bom estado de qualidade ecológica num prazo máximo de 15 anos, para os cursos de água.

Saliente-se ainda que a bacia do Guadiana é, no que dis respeito à ictiofauna, uma das mais

ricas da Península Ibérica, em termos do número e do carácter das espécies que compõem as suas

comunidades, quer pelos seus estatutos deconservação quer pelos seus estatutos de endemiciddae

(SNPRCN, 1991). Nnão obstante, são inúmeras as fontes de pressão de carácter antrópico que

afectamesta bacia, como extracção de água e inertes, introdução de es+pécies exóticas,

construção de barragens, regularização do leito, etc (Doadrio et al., 1991; Collares-Pereira et al.,

1997; Cowx & Collares-Pereira, 2000). Estas pressões são extremamente difíceis de resolver na

medida em que se relacionam com aspectos sócio-económicos delicados, como a necessidade de

água para consumo humano ou para a agricultura. Neste sentido, é necessário que os esforços

empreendidos na tentativa de preservar est abacia e os habitats únicos que a caracterizam, no

âmbito do Plano de Bacia, sejam levados a cabo o mais eficientemente possível.

A nível da comunidade dos macrófitos serão considerados, troços nas linhas de água, como

locais de referência: Varche, Degebe, Torto, Amoreiras, Ardila, Cobres, Oeiras, vascão,

Foupana, Odeleite.

Relativamente às comunidades fitoplântónica e zooplântónica das albufeiras e da comunidade

de macroinvertebrados bentónicos haverá necessidade de proceder a mais amostragens, para

posteriores conclusões.

Quanto ao estado físico químico das linhas e massas de água

Pode em síntese fazer-se o seguinte diagnóstico:

• Qualidade de água para produção para consumo humano:

• A grande maioria da rede hidrográfica e massas de água exibe qualidade nas classes A2 e

A3, vom algumas linhas de água integradas na classe A1, ocorrentes com maior expressão no

Algarve e em pequenas linhas de água.

• Qualidade de água de ciprinídeos:

• Genericamente as linhas de água e massas de água apresentam qualidade não conforme

(NC). O conjunto de linhas de água conforme concentra-se com maior relevo na zona do

Algarve.

• Qualidade de água para uso balneário:

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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• A grande maioria das linhas de água e massas de água apresentam qualidade não

conforme. As conforme aparecem em linhas de água de pequena dimensão e de pequena pressão

antrópica, na zona central da bacia (Cuba, Moura, Barrancos) e no Algarve.

• Qualidade de água para rega:

• A grande maioria das linhas de água apresentam qualidade conforme, mais concentrada na

zona central da bacia e na albufeira do Caia.

4.10 Quadro Normativo e Institucional

De uma forma muito resumida, os principais problemas detectados neste âmbito, e sobre os

quais é urgente actuar, são os seguintes:

• pouca eficiência na actuação por parte das entidades gestoras dos recursos hídricos;

• pouca eficiência na gestão integrada das regiões hidrográficas;

• pouca eficiência na relação com o público e os sectores económicos;

• má qualidade e lentidão de resposta dos serviços públicos;

• pouca eficiência na aplicação do regime de utilização do domínio hídrico, no cumprimento

da legislação e na fundamentação do seu suporte técnico e financeiro e no estabelecimento de

preços de água bruta;

• deficiente coordenação inter-sectorial e institucional, na gestão de empreendimentos de

fins múltiplos;

• regulamentação imprecisa e pouco clara sobre a descarga de águas residuais no meio

ambiente e sobre a descarga de águas residuais industriais nos sistemas públicos de drenagem de

águas residuais;

• actuação algo deficiente do INAG e das DRAOT relativamente aos recursos hídricos;

• desactualização do regime económico e financeiro das utilizações do domínio hídrico;

• a actual legislação sobre águas residuais, qualidade de água conforme os usos e

identificação de zonas vulneráveis e zonas sensíveis necessita de ser revista por forma a conferir

instrumentos legais mais actualizados e fundamentados para o planeamento e a gestão dos

recursos hídricos.

A ausência e os conflitos de competências, os vazios legais, os incumprimentos da legislação

e as próprias ilegalidades presumem, de facto, para serem resolvidos e combatidos, uma

corajosa, e consequente, vontade política para a reformulação do quadro institucional existente.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

236/367

No mínimo para que o ambiente deixe de ser apenas um "sinal de modernidade" em qualquer

Governo que se queira moderno.

4.11 Cumprimento da Legislação Nacional e Comunitária Aplicável

4.11.1 Enquadramento Geral dos Problemas

Na aplicação, em concreto, das normas legais e regulamentares relativas à gestão dos recursos

hídricos e ao ordenamento do território, no território abrangido pelo PBH do Guadiana, têm

surgido dificuldades resultantes de deficiências de fiscalização, bem como situações mais ou

menos graves de incumprimento.

Assim, quanto ao licenciamento das utilizações da água e do domínio hídrico, verifica-se que

a competência para tal efeito se encontra descentralizada pelas divisões subregionais da Direcção

Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT) do Alentejo. Tal descentralização

não foi acompanhada da necessária dotação de pessoal especializado, verificando-se

consequentes dificuldades na emissão dos necessários pareceres técnicos.

Por outro lado, a DRA do Alentejo desconhece, em concreto, o número e natureza das

licenças concedidas, em virtude de não existir um inventário actualizado e completo sobre tal

matéria, na área da respectiva competência territorial.

Verifica-se que a entidade licenciadora não pode exercer, convenientemente, as funções de

fiscalização que legalmente lhe competem, por falta de meios operacionais (viaturas, técnicos,

laboratórios, etc.), quer no que respeita à detecção de factos que constituem contra-ordenação,

quer no acompanhamento e controlo das actividades licenciadas.

Verificam-se, ainda, conflitos positivos de competência, entre a DRA do Alentejo e o Instituto

da Conservação da Natureza.

Em matéria de normas de qualidade da água, a publicação do Decreto-Lei nº 236/98 de 1/8,

veio alargar a competência da DRA agravando as dificuldades já sentidas resultantes da falta de

meios operacionais e seus exíguos recursos financeiros. Existindo, no Alentejo, 554 captações

públicas de água, é, na prática, impossível fiscalizar a qualidade da água captada e distribuída em

todos os concelhos abrangidos pelo perímetro do PBH do Guadiana.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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4.11.2 Decreto-Lei nº 46/94 de 22 de Fevereiro, licenciamento das utilizações de água e do domínio hídrico e Decreto-Lei nº 47/94 de 22 de Fevereiro, regime económico e financeiro das utilizações do domínio hídrico

4.11.2.1 Licenciamento

O Decreto-Lei nº 46/94 estabelece o regime de licenciamento de utilização do domínio

hídrico sobre jurisdição do Instituto da Água. A utilização do domínio hídrico passou a estar

sujeita à obtenção de licenciamento ou concessão, ficando ainda obrigado ao pagamento de taxas

nos termos do Decreto-Lei nº 46/94 quando esse domínio for público. Os pedidos de utilização

do domínio hídrico são dirigidos à DRA respectiva.

A estas entidades cabe a fixação dos valores base da taxa de ocupação de terrenos e planos de

água e de extracção de inertes, cabendo aos concelhos da Bacia a fixação da taxa de

regularização.

Uma das deficiências muito correntes nos processos de licenciamento resulta do facto de a

informação neles incluída se reportar a dados prévios do projecto ou proposta base em lugar dos

dados da obra executada, destinados muitas vezes à obtenção de créditos para a sua realização.

Também, muitas vezes, a designação da obra se encontra incorrecta ou imprecisamente

caracterizada. Também o facto de muitas destas obras potenciais não se concretizarem, em

conjunto com as anteriores deficiências apontadas, acarreta inconsistências e faltas de

fidedignidade dos inventários de licenciamento.

4.11.2.2 Fiscalização ou acompanhamento pelas entidades licenciadas

Após a atribuição de licença, a entidade licenciadora perde a capacidade de controlo integral

do processo pela falta de meios operacionais (viaturas, técnicos, laboratórios, etc.) para actuar

quer a nível de cumprimento quer a nível de fiscalização.

A fiscalização possível é feita, em muitos casos, por antigos guarda rios ou por outros

técnicos que não têm possibilidade de acesso à carreira de guarda rios ou vigilante da natureza.

4.11.2.3 Regime económico

Neste âmbito é de referir que as receitas a que se refere o Decreto-Lei 47/94 não abrangem

todas as utilizações, com exclusão da ocupação dos terrenos marítimos. Nas restantes utilizações,

e exceptuando os casos referidos em 3.11.1 existem condicionalismos específicos que dificultam

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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a clara e directa aplicação da lei, em termos concretos e efectivos quer em função do

condicionalismo legal que estabelece uma taxa provisória equivalente a zero e, também, de

condicionalismos tecnico-administrativos ligados ao licenciamento e à insuficiência, ou

indefinição, de informação inscrita nos licenciamentos.

4.11.3 Decreto-Lei 236/98, 1 de Agosto, normas de qualidade da água

Um dos aspectos importantes previstos no Decreto Lei nº 236/98 é o da protecção das águas

pela poluição causada pela descarga de águas residuais quanto a determinadas substâncias

perigosas em águas superficiais ou subterrâneas.

Os procedimentos de controlo analítico implicam a existência de um cadastro suficientemente

preciso, isto é, sistemático e rigoroso, em conjunto com métodos consumamente aceites para

cálculo das percentagens de redução das cargas poluentes.

O procedimento de controlo analítico, representa pela respectiva omissão quase total uma

lacuna em termos de possível caracterização do incumprimento da legislação, embora em dois

casos, em Elvas e Beja, se tenha registado já a aplicação de coimas.

4.11.4 Decreto-Lei nº 152/97 de 19 de Junho, protecção contra águas residuais urbanas

O Decreto-Lei nº 152/97 prevê a identificação de zonas sensíveis e menos sensíveis e o

tratamento para descarga de águas residuais nas mesmas.

4.11.5 Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu, de 23 de Outubro de 2000 (Directiva das Águas) e Directiva dos Habitats

Os principais problemas no relacionamento com a agricultura, podem ocorrer principalmente

quando esta tender a promover a destruição de montados com eventual fundamento material no

regadio, com este muitas vezes relacionado com a política de subsídios.

4.11.6 Planos Directores Municipais

As Câmaras Municipais no âmbito dos PDM têm uma intervenção com repercussões

particulares a nível rural, pois normalmente é previligiada a acção de licenciar a construção de

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes I, II e III (Rev. 00 – 2001-05-10)

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habitações sem acção equivalente no que diz respeito às plantações, pecuária, desflorestação,

etc..

Outras dificuldades das Câmaras Municipais, que elaboraram esta primeira geração de planos

municipais e que têm de os pôr em prática, traduzem-se pelo cálculo excessivo nos PDM das

áreas urbanizáveis face à verificada tendência da população para diminuir. Este problema pode

tornar um plano director municipal desadequado e levar à alteração do mesmo a curto-médio

prazo. Também a pretensão, ocorrente nalguns casos, em limitar ou condicionar a construção

dispersa na paisagem rural, gera por vezes conflitos na área de competência de outros

organismos oficiais.

Quanto à REN, a situação actual traduz uma situação de certo conflito com o meio rural dado

o carácter limitativo e exigente da área abrangida.

No caso da RAN, no entanto, existe uma maior margem de manobra no que diz respeito à

desafectação de terrenos, edificação e benfeitorias agrícolas.

Nas áreas urbanas, ocorrem por vezes situações contraditórias com a desocupação e ocupação

de leitos de cheia, cujo ordenamento se integra preliminarmente nos PDM.

Page 248: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

ANEXOS I

DIAGNÓSTICO DOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE

ÁGUAS MUNICIPAIS

Page 249: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo I - Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento de Água Municipais (Rev.00 - 2001-04-30)

Pop. %Cap

(l/hab/diaAtendimento %

Pop lugares

%

Global %

PerdasAtendiment

oFalhas pressão

Falhas abastecimento

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à seca

ALANDROALALANDROAL (N.S. DA

CONCEIÇÃO)8063336 Alandroal 6406 7211 615566 256576 58% 109,7 89% 52 Sim 90 Sim

Avaria equipamento

Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média CM 100,0 109,7 89 89,1 110 mau regular mau mau mau regular

ALCOUTIM 8063700 alcoutim 383 1224 28416 22165 22% 158,6 31% 66 Sim 30 Sim 20Escassez água

origemSim Captação Não Subterrâneas Não sim alta regular mau mau mau mau mau

GIÕES 8063704 Giões 181 394 13429 10475 22% 158,6 46% 85 Sim Sim 7Escassez água

origemSim Captação Não Subterrâneas Não sim alta regular mau bom mau mau mau

MARTIM LONGO 8063701 Martimlongo 595 1617 44145 34433 22% 158,5 37% 84 Sim 7 Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular mau mau bom mau mau

PEREIRO 8063703 Pereiro 366 377 27155 21181 22% 158,6 97% 1986 Sim 30 Sim 5 Desconhecida Sim Captação Não Subterrâneas Não sim média regular bom mau mau mau regular

VAQUEIROS 8063702 Vaqueiros 102 751 7568 5903 22% 158,6 14% 1987 Sim 7 Não Sim Captação Não Subterrâneas Não sim alta regular mau mau bom mau mau

ALCOUTIM 1627 4363 120713 94156 22% 158,6 37% CM 101,9 158,6 37 91,9 253 regular mau mau mau mau mau

8040000 Monte dos Mestres 153 152 7852 6124 22% 109,7 101% 1990 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau regular

8040828 Monte Charrua 26 26 1334 1040 22% 109,6 100% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040832 Guedelhas 21 21 1078 841 22% 109,7 100% sim média regular bom bom bom mau regular

8040839 Monte das Mestras 112 111 5748 4483 22% 109,7 101% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040850 Corvatos 64 63 3284 2562 22% 109,7 102% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040858 Monte Vale Lama 24 24 1232 961 22% 109,7 100% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040870 Cidadãos 20 20 1026 801 22% 109,7 100% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040874 Vale Estacas 14 14 718 560 22% 109,6 100% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040878 Fontes Ferrenhas de Cima 69 68 3541 2762 22% 109,7 101% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040882 Amendoeira 12 12 616 480 22% 109,6 100% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040893 Fonte Ferrenha de Baixo 69 68 3541 2762 22% 109,7 101% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040909 Barranco de Baixo 14 14 718 560 22% 109,6 100% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040972 Almodôvar Velho 20 20 1026 801 22% 109,7 100% sim média regular bom bom bom mau regular

8040973 Monte dos Porteirinhos 75 74 3849 3002 22% 109,7 101% sim média regular bom bom bom mau regular

8040974 Monte das Viúvas 172 170 8827 6885 22% 109,7 101% sim média regular bom bom bom mau regular

8040976 Monte dos Gorazes 51 51 2617 2041 22% 109,6 100% sim média regular bom bom bom mau regular

8063205 Almodovar 2682 2656 137635 107355 22% 109,7 101% 56 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Ambas Não sim média regular bom bom bom mau regular

ROSÁRIO 8063206 Rosário-Aldeia das Neves 592 623 22046 17196 22% 79,6 95% 93 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau regular

SANTA CLARA-A-NOVA 8040854 Monte Loiçana 10 10 513 400 22% 109,6 100% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040836 Monte João Dias 15 24 118 92 22% 16,8 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040844 Monte do Gueno 160 254 1225 979 20% 16,8 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040862 Barranco Belchior Dias 16 25 126 98 22% 16,8 64% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040866 Azinhal 59 94 463 361 22% 16,8 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040886 Monte Xerez 14 22 110 86 22% 16,8 64% sim média regular mau bom bom mau regular

8040890 Monte de A-dos-Grandes 19 30 149 116 22% 16,7 63% sim média regular mau bom bom mau regular

8040897 Cumeadas 48 76 377 294 22% 16,8 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040905 Monte da Ribeira 16 25 126 98 22% 16,8 64% sim média regular mau bom bom mau regular

8040913 Monte de São Silvestre 20 32 157 122 22% 16,7 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040917 Corte Figueira 94 149 738 575 22% 16,8 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040921 Ameijoafra 18 29 141 110 22% 16,7 62% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040925 Atalaia 15 24 118 92 22% 16,8 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8040929 Corte Pinheiro 47 75 369 288 22% 16,8 63% sim baixa regular mau bom bom mau bom

8063204 Santa Cruz 144 228 1130 881 22% 16,8 63% 94 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular mau bom bom mau regular

8040933 Moimentos 22 20 2294 1789 22% 222,8 110% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040937 Cravais de Baixo 12 10 1251 976 22% 222,8 120% sim baixa regular bom bom bom mau bom

8040941 Corte Fidalgo 11 10 1147 895 22% 222,9 110% sim baixa regular bom bom bom mau bom

SENHORA DA GRAÇA DE PADRÕES

8063207 Graça Padrões-Semblana 418 465 18019 14055 22% 92,1 90% 86 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau regular

Pop. Total 1997

Servidos captada (m3/ano)

Servidos facturada (m3/ano)

ALMODÔVAR

ALCOUTIM

Pop. Servida

SANTA CRUZ

ALMODÔVAR

SÃO BARNABÉ

Diagnóstico AnaliticoExpansão futura 1996-2006***CONCELHO Freguesia

Código SA

NomeServidos perdas

Servidos capitação

(l/s)

Nível de atendimen

to

Ano inicio exploração

Pressão insuficien

te na rede

Análise água

tratada

Nº dias falhas

abastecimento

Origem falhas abastecimento

Análise água bruta

Local análise

água bruta

Gestão especifica

Origem água analisada

Distribuição em

alta

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à

seca

local análise água tratada

Nº dias falhas

pressão

Falhas abastecimento

1/5

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PBH do Rio GuadianaAnexo I - Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento de Água Municipais (Rev.00 - 2001-04-30)

Pop. %Cap

(l/hab/diaAtendimento %

Pop lugares

%

Global %

PerdasAtendiment

oFalhas pressão

Falhas abastecimento

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à seca

Pop. Total 1997

Servidos captada (m3/ano)

Servidos facturada (m3/ano)

Pop. Servida

Diagnóstico AnaliticoExpansão futura 1996-2006***CONCELHO Freguesia

Código SA

NomeServidos perdas

Servidos capitação

(l/s)

Nível de atendimen

to

Ano inicio exploração

Pressão insuficien

te na rede

Análise água

tratada

Nº dias falhas

abastecimento

Origem falhas abastecimento

Análise água bruta

Local análise

água bruta

Gestão especifica

Origem água analisada

Distribuição em

alta

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à

seca

local análise água tratada

Nº dias falhas

pressão

Falhas abastecimento

ALMODÔVAR 5348 5789 235287 183524 22% 94,0 92% CM 98,7 94,0 92 90,2 126 regular bom bom bom mau regular

8063048 Arronches 1943 2058 124828 109650 12% 154,6 94% 50 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa bom bom bom bom mau bom

8063050 Esperança 302 534 19402 17042 12% 154,6 57% 55 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa bom mau bom bom mau bom

8063051 Hortas de Baixo 133 235 8545 7506 12% 154,6 57% 85 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa bom mau bom bom mau bom

8063052 Barulho 495 498 31801 27934 12% 154,6 99% 65 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Sim sim baixa bom bom bom bom mau bom

MOSTEIROS 8063049 Nave Fria 63 111 4047 3555 12% 154,6 57% 86 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Sim sim baixa bom mau bom bom mau bom

ARRONCHES 2936 3436 188623 165688 12% 154,6 85% CM 100,7 154,6 85 87,1 103 bom regular bom bom mau bom

BARRANCOS BARRANCOS 8063252 Albufeira do Bufo 1930 2059 141726 77599 45% 110,2 94% 1981 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Superficiais Sim não alta CM 100,0 110,2 94 97,4 113 mau bom bom bom bom mau

Roxo (Barragem) 26893 27247 2355272 1537672 35% 156,7 99% alta regular bom bom bom mau mau

CABEÇA GORDA 8063320 Salvada/Cabeça Gorda 2812 2951 130554 111845 14% 109,0 95% sim média bom bom bom bom mau regular

BEJA (SANTA MARIA DA FEIRA)

8063323 Coitos 20 20 991 938 5% 128,5 100% 88 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média bom bom bom bom mau regular

QUINTOS 8063324 Quintos/Pizões 258 410 11446 10400 9% 110,4 63% 86 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média bom mau bom bom mau regular

SALVADA 8063326 Vale de Russins 53 56 2411 1935 20% 100,0 40% 88 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta bom bom bom bom mau mau

SÃO MATIAS 8063321 S. Matias 621 734 25985 21588 17% 95,2 % 83 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média bom regular bom bom mau regular

BEJA 30657 31418 2526659 1684378 33% 150,5 98% SM 102,7 150,6 98 90,6 103 regular bom bom bom mau mau

BORBA BORBA (MATRIZ) 8002989 Borba 6617 7210 470000 367219 22% 152,0 92% 1960 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa CM 105,3 152,0 92 92,8 106 regular bom bom bom mau bom

N. Sª DA EXPECTAÇÃO 8063155 Campo Maior 7883 3487 415840 368457 11% 128,1 226% 57 Não Não Não Ambas Não sim média bom bom bom bom mau regular

N. Sª DA GRAÇA DOS DEGOLADOS

8063170Nª Sra. Graça dos Degolados

669 683 35118 28094 20% 115,1 98% 63 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa regular bom bom bom mau bom

SÃO JOÃO BAPTISTA 8063156 Ouguela 147 4480 5454 4363 20% 81,3 3% 65 Não Não Não Ambas Sim sim média regular mau bom bom mau regular

CAMPO MAIOR 8699 8650 456412 400914 12% 126,3 101% CM 101,0 126,3 101 92,8 108 bom bom bom bom mau regular

CASTRO MARIM 8063706 Castro Marim 2864 4084 335560 164121 51% 157,0 70% 50 Não Não Sim Origem Sim Saída ETA Superficiais Sim não média mau regular bom bom bom regular

ODELEITE 8063705 Odeleite 169 1200 19801 9685 51% 157,0 14% 93 Sim 5 SimEscassez água

origemSim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta mau mau mau mau mau mau

CASTRO MARIM 3033 5284 355361 173806 51% 157,0 57% sim CM 115,6 127,0 57 91,6 197 mau mau mau mau regular regular

3997 3962 316041 218069 31% 149,5 101% regular bom bom bom mau regular

8063191 Namorados 129 128 4600 3174 31% 67,4 101% 92 Não Sim Falta de energia Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular bom bom mau mau mau

8063192 Piçarras 111 110 2823 1948 31% 48,1 101% 62 Não Sim Falta de energia Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom bom mau mau regular

8063193 Geraldos 155 154 7888 5443 31% 96,2 101% 88 Não Sim Falta de energia Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular bom bom mau mau mau

ENTRADAS 8063194 Entradas 784 833 36548 25218 31% 88,1 94% 77 Não SimEscassez água

origemSim Origem Sim Rede Distribuição Superficiais Não sim alta regular bom bom mau mau mau

8063195 Viseus 91 57 2728 1882 31% 56,7 160% 84 Não Sim Falta de energia Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular bom bom mau mau mau

8063196 Bárbara dos Padrões 1409 1186 33724 23270 31% 45,2 119% 86 Não Sim Roturas Sim Origem Sim Saída ETA Subterrâneas Sim sim alta regular bom bom mau mau mau

8040775 Monte Salto 61 69 1141 787 31% 35,3 88% 1996 Subterrâneas sim alta regular regular bom bom mau mau

8040780 Monte Guerreiro 50 57 2099 1448 31% 79,3 88% 1996 Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040785 Figueirinha 33 38 873 602 31% 50,0 87% 1996 Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040790 Rolão 58 37 1774 1224 31% 57,8 157% 1996 Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063197 São Marcos da Ataboeira 274 309 18283 12615 31% 126,1 89% 84 Não Sim Roturas Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular regular bom mau mau mau

CASTRO VERDE 7152 6940 428522 295680 31% 113,3 103% CM 110,6 113,3 103 93,2 117 regular bom bom mau mau regular

CUBA CUBA 8063316CUBA/FARO DO ALENTEJO

3902 3987 260448 146458 44% 102,8 98% 61 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Sim sim média CM 110,6 102,8 98 94,7 129 mau bom bom bom mau regular

SANTA EULÁLIA 8063171Campo Maior - Elvas (B. Caia)

19758 21602 1810316 1002087 45% 139,0 91% 82 Não Não Sim Origem Sim Saída ETA Ambas Não não alta mau bom bom bom bom mau

SÃO BRÁS E SÃO LOURENÇO

8063172 S. Brás e S. Lourenço 1772 1802 78339 50000 36% 77,3 98% 92 Não Sim 70Escassez água

origemSim Origem Sim Saída ETA Subterrâneas Não sim* baixa regular bom bom mau mau bom

SÃO VICENTE E VENTOSA 8063173 S. Vicente e Ventosa 855 869 78339 43364 45% 139,0 98% 84 Não SimEscassez água

origemSim Origem Sim Saída ETA Subterrâneas Não sim baixa mau bom bom mau mau bom

ELVAS 22385 24273 1966994 1095451 44% 134,1 92% CM 100,3 134,1 92 90,1 101 mau bom bom mau regular mau

ESTREMOZÉVORA MONTE (SANTA

MARIA)8003041 Évoramonte 647 28 39994 31246 22% 132,3 100% 1965 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média CM 108,5 131,9 100 9,4 111 regular bom bom bom mau regular

ÉVORA (SÉ) 8062990 Monte Novo 2233 2575 136564 91966 33% 112,8 87% 1951 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Ambas Sim sim alta regular regular bom bom mau mau

NOSSA SENHORA DE MACHEDE

8062992 São Vicente do Valongo 96 97 5695 3260 43% 93,0 99% 1992 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau bom bom bom mau regular

SÃO BENTO DO MATO 8062994 Azaruja 985 1327 3998 2364 41% 6,6 74% 64 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau regular bom bom mau regular

SÃO MANÇOS 8062997 São Manços 946 1075 87602 50634 42% 146,6 88% 66 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau regular bom bom mau regular

SÃO VICENTE DO PIGEIRO 8062991 Vendinha 421 427 40457 16101 60% 104,8 99% 83 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau bom bom bom mau regular

TORRE DE COELHEIROS 8062993 Torre de Coelheiros 795 980 32749 19091 42% 65,8 81% 81 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau regular bom bom mau regular

ESPERANÇA

CASTRO VERDE

SANTA BÁRBARA DE PADRÕES

SÃO MARCOS DA ATABOEIRA

CASTRO VERDE

ELVAS

ÉVORA

ARRONCHES

BEJA

CAMPO MAIOR

CASTRO MARIM

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PBH do Rio GuadianaAnexo I - Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento de Água Municipais (Rev.00 - 2001-04-30)

Pop. %Cap

(l/hab/diaAtendimento %

Pop lugares

%

Global %

PerdasAtendiment

oFalhas pressão

Falhas abastecimento

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à seca

Pop. Total 1997

Servidos captada (m3/ano)

Servidos facturada (m3/ano)

Pop. Servida

Diagnóstico AnaliticoExpansão futura 1996-2006***CONCELHO Freguesia

Código SA

NomeServidos perdas

Servidos capitação

(l/s)

Nível de atendimen

to

Ano inicio exploração

Pressão insuficien

te na rede

Análise água

tratada

Nº dias falhas

abastecimento

Origem falhas abastecimento

Análise água bruta

Local análise

água bruta

Gestão especifica

Origem água analisada

Distribuição em

alta

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à

seca

local análise água tratada

Nº dias falhas

pressão

Falhas abastecimento

LOULÉ 8040016 AMEIXIAL 215 1976 16294 11406 30% 145,3 11% 1976 Sim Não Sim Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa CM 106,7 145,3 11 99,7 998 regular mau bom bom mau bom

8040126 Vale de Camelos 17 23 577 406 30% 65,4 74% 1988 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040128 Vale Açor de Cima 76 103 2579 1817 30% 65,5 74% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040797 Corte de Cobres 29 39 984 693 30% 65,5 74% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063253 João Serra 103 139 3496 2462 30% 65,5 74% 1986 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063254 Alcaria Ruiva 131 177 4446 3131 30% 65,5 74% 1997 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau regular

8063255 Monte da Grade 12 16 407 287 29% 65,5 75% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

ALCARIA RUIVA 8063256 Monte das Figueiras 33 45 1120 789 30% 65,5 73% 1988 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063257 Monte Viegas 55 74 1867 1315 30% 65,5 74% 1986 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063258 Vale Açor de Baixo 94 127 3190 2247 30% 65,5 74% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063259 Amendoeira do campo 73 98 2478 1745 30% 65,5 74% 1988 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063260 Aipo 20 27 679 478 30% 65,5 74% 1986 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063261 Algodor 171 231 5804 4087 30% 65,5 74% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau regular

8063262 Corte Pequena 29 39 984 693 30% 65,5 74% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063268Roncão do Meio/Roncanito

40 37 1271 895 30% 61,3 108% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063303 Corte Pinto 313 354 16994 11967 30% 104,7 88% 1993 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau regular

8063312 Mina de S. Domingos 756 855 41046 28906 30% 104,8 88% 1985 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau regular

8040137 Roncão de Baixo 6 6 191 134 30% 61,2 100% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040139 Moinhos de Vento 44 41 1399 985 30% 61,3 107% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040140 Bicada 66 61 2098 1477 30% 61,3 108% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040153 Zambujal 7 6 223 157 30% 61,4 117% 1990 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040154 Besteiros 64 59 2034 1433 30% 61,3 108% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040155 Alcaria dos Javazes 39 36 1240 873 30% 61,3 108% 1988 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040156 Roncão de Cima 10 9 318 224 30% 61,4 111% 1988 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063263 Sedas 27 25 858 604 30% 61,3 108% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063264 Espírito Santo 71 66 2257 1589 30% 61,3 108% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063265 Álamo 60 56 1907 1343 30% 61,3 107% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063266 Mesquita 31 29 985 694 30% 61,3 107% 1982 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063267 Vicentes 63 58 2003 1410 30% 61,3 109% 1990 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040129 Amendoeira da Serra 100 110 7205 5074 30% 139,0 91% 1996 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau regular

8040130 Mosteiro 54 60 3891 2740 30% 139,0 90% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau regular

8040134 Quintão 28 31 2017 1421 30% 139,0 90% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040135 Corte Pequena 18 20 1297 913 30% 139,0 90% 1994 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040138 Lombardos 69 76 4971 3501 30% 139,0 91% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063279 Morena 9 10 648 457 29% 139,1 90% 1988 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063280 Sapos 73 81 5259 3704 30% 139,0 90% 1995 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063281 Brites Gomes 44 49 3170 2232 30% 139,0 90% 1190 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063282 Monte Corvos 116 128 8358 5886 30% 139,0 91% 1992 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063283 Namorados 67 74 4827 3399 30% 139,0 91% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8063284 Corte da Velha 168 185 12104 8524 30% 139,0 91% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau mau

8063285 Corte Gafo de Baixo 114 126 8213 5784 30% 139,0 90% 1994 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau mau

8063286 Corte de Sines 267 295 19237 13547 30% 139,0 91% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau mau

8063287 Tamejoso 26 29 1873 1319 30% 139,0 90% 1990 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063288 Fernandes/Montes Altos 384 424 27666 19483 30% 139,0 91% 1983 Sim 270 Sim 270Escassez água

origemSim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom mau mau mau mau

8063302 Mértola 1220 1347 87898 61900 30% 139,0 91% 1954 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não não alta regular bom bom bom bom bom

8063305 Corte Gafo de cima 187 206 13473 9488 30% 139,0 91% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau mau

MÉRTOLA

CORTE DO PINTO

ESPÍRITO SANTOMÉRTOLA

3/5

Page 252: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo I - Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento de Água Municipais (Rev.00 - 2001-04-30)

Pop. %Cap

(l/hab/diaAtendimento %

Pop lugares

%

Global %

PerdasAtendiment

oFalhas pressão

Falhas abastecimento

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à seca

Pop. Total 1997

Servidos captada (m3/ano)

Servidos facturada (m3/ano)

Pop. Servida

Diagnóstico AnaliticoExpansão futura 1996-2006***CONCELHO Freguesia

Código SA

NomeServidos perdas

Servidos capitação

(l/s)

Nível de atendimen

to

Ano inicio exploração

Pressão insuficien

te na rede

Análise água

tratada

Nº dias falhas

abastecimento

Origem falhas abastecimento

Análise água bruta

Local análise

água bruta

Gestão especifica

Origem água analisada

Distribuição em

alta

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à

seca

local análise água tratada

Nº dias falhas

pressão

Falhas abastecimento

8040136 Sapos 16 20 721 508 30% 87,0 80% 1990 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040146 Montes Altos 10 12 451 317 30% 86,8 83% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau mau

8040151 Formoa 10 12 451 317 30% 86,8 83% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063289 Alves 71 89 3201 2254 30% 87,0 80% 1991 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063290 Salgueiro 28 35 1262 889 30% 87,0 80% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063291 Vale do Poço 11 14 496 349 30% 86,9 79% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau mau

8063292 Santana de Cambas 167 208 7528 5302 30% 87,0 80% 1990 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063306 Picoitos 113 141 5094 3587 30% 87,0 80% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063307 Pomarão 36 45 1623 1143 30% 87,0 80% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063308 Bens 78 97 3516 2476 30% 87,0 80% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063309 Moreanes 252 314 11360 8000 30% 87,0 80% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040131 Álvares 45 53 1992 1403 30% 85,4 85% 1986 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040132 Simões 39 46 1727 1216 30% 85,4 85% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063272 Corte Pão e Água 23 27 1018 717 30% 85,4 85% 1986 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063273 Vasco Rodrigues 41 48 1815 1278 30% 85,4 85% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

SÃO JOÃO DOS CALDEIREIROS

8063274 Tacões 92 108 4073 2868 30% 85,4 85% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063275 Monte Ledo 82 96 3630 2556 30% 85,4 85% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063276 Penilhos 88 103 3896 2743 30% 85,4 85% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063277 Martinhanes 98 115 4338 3055 30% 85,4 85% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063278 São João dos Caldeireiros 118 138 5224 3679 30% 85,4 86% 1987 Não Não Sim Origem Não se sabe Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063304 Romeiras 17 20 753 530 30% 85,4 85% 1991 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040133 Espragosa 46 53 1427 1005 30% 59,9 87% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040143 Murteira 16 18 496 350 29% 59,9 89% 1994 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040145 Castanhos 19 22 589 415 30% 59,8 86% 1991 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040157 Monte da Corcha 39 45 1210 852 30% 59,9 87% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040158 Monte Santana 15 17 465 328 29% 59,9 88% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063293 Roncão 52 59 1613 1136 30% 59,9 88% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063294 São Miguel Pinheiro 106 121 3288 2316 30% 59,9 88% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063295 Corredoura 21 24 651 459 29% 59,9 88% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063296 Diogo Martins 47 54 1458 1027 30% 59,9 87% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063297 Alcaria Longa 88 101 2730 1922 30% 59,8 87% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063298 Monte do Gato 74 85 2296 1617 30% 59,9 87% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063299 Manuel Galo 67 77 2078 1464 30% 59,9 87% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063300 Serranos 18 21 558 393 30% 59,8 86% 1989 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063301 Penedos 155 177 4808 3386 30% 59,8 88% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063310 Góis 85 97 2637 1857 30% 59,9 88% 1984 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040142 Gatão 17 19 290 205 29% 33,0 89% 1988 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040144 Casas Velhas 19 21 325 229 30% 33,0 90% 1993 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040147 Monte Fialho 70 79 1196 842 30% 33,0 89% 1983 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040148 Monte Negas 31 35 530 373 30% 33,0 89% 1998 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040149 Barranco 11 12 188 132 30% 32,9 92% 1995 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040150 Castelejos 11 12 188 132 30% 32,9 92% 1994 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular bom bom bom mau mau

8040163 Quintã 25 28 427 301 30% 33,0 89% 1987 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063311 São Pedro de Solis 122 137 2085 1468 30% 33,0 89% 1982 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040141 Boisões 31 44 895 630 30% 55,7 70% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8040152 Carros 10 14 289 203 30% 55,6 71% 1997 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063269 Sebastião dos Carros 58 83 1674 1179 30% 55,7 70% 1982 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular mau bom bom mau mau

8063270 Vargens 31 44 895 630 30% 55,7 70% 1985 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

8063271 São Bartolomeu Via Glória

152 217 4386 3089 30% 55,7 70% 1983 Não Não Sim Origem Não Subterrâneas Não sim alta regular regular bom bom mau mau

SANTANA DE CAMBAS

SÃO MIGUEL DO PINHEIRO

SÃO PEDRO DE SOLIS

SÃO SEBASTIÃO DOS CARROS

MÉRTOLA

4/5

Page 253: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo I - Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento de Água Municipais (Rev.00 - 2001-04-30)

Pop. %Cap

(l/hab/diaAtendimento %

Pop lugares

%

Global %

PerdasAtendiment

oFalhas pressão

Falhas abastecimento

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à seca

Pop. Total 1997

Servidos captada (m3/ano)

Servidos facturada (m3/ano)

Pop. Servida

Diagnóstico AnaliticoExpansão futura 1996-2006***CONCELHO Freguesia

Código SA

NomeServidos perdas

Servidos capitação

(l/s)

Nível de atendimen

to

Ano inicio exploração

Pressão insuficien

te na rede

Análise água

tratada

Nº dias falhas

abastecimento

Origem falhas abastecimento

Análise água bruta

Local análise

água bruta

Gestão especifica

Origem água analisada

Distribuição em

alta

Conflitos qualidade

Susceptibilidade à

seca

local análise água tratada

Nº dias falhas

pressão

Falhas abastecimento

MOURA (SANTO AGOSTINHO)

8063245 Fonte da Telha 8614 8817 1276415 387469 70% 123,2 98% 52 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau bom bom bom mau regular

8063242 Ardila 6761 7180 347639 204415 41% 82,8 94% 87 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Superficiais Sim sim alta mau bom bom bom mau mau

8063244 Póvoa de São Miguel 115 128 6501 4711 28% 112,2 90% 91 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular regular bom bom mau regular

SOBRAL DA ADIÇA 8063243 Gargalão 1126 1290 146661 50554 66% 123,0 87% 58 Não Não Não Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau regular bom bom mau regular

MOURA 16616 17415 1777216 647149 64% 106,7 95% CM 107,0 106,7 95 95,1 120 mau bom bom bom mau mau

GRANJA 8063038 Granja 756 807 47537 33276 30% 120,6 94% 78 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Sim sim média regular bom bom bom mau regular

LUZ 8063039 Luz 400 407 25152 17606 30% 120,6 98% 1983 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Sim sim média regular bom bom bom mau regular

MOURÃO 8063037 Mourão 1916 2055 120477 84334 30% 120,6 93% 47 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau regular

MOURÃO 3072 3269 193166 135216 30% 120,6 94% CM 101,7 120,6 94 95,2 115 regular bom bom bom mau regular

OURIQUE 51 CM mau

8063073 Alegrete 609 1265 48841 36448 25% 164,0 48% 61 Sim 15 Sim 7 Desconhecida Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa regular mau mau mau mau bom

8063074 Vale de Cavalos/Besteiros 287 596 23017 17176 25% 164,0 48% 71 Não se sabe Não sabe Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa regular mau bom bom mau bom

8063075 S. Julião 235 311 2052 1532 25% 17,9 76% 90 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa regular regular bom bom mau bom

8063076 Montinho 109 144 952 710 25% 17,8 76% 93 Sim 60 Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa regular regular mau bom mau bom

REGUENGO 8003072 Portalegre 1030 1489 67024 50018 25% 133,0 69% sim baixa regular mau bom bom mau bom

PORTALEGRE 2270 3805 141886 105885 25% 127,8 60% SM 102,1 127,8 60 64,4 116 regular mau mau mau mau bom

AMIEIRA 8063020 Amieira 463 469 16842 14767 12% 87,4 99% 89 Não Sim 10Escassez água

origemSim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa bom bom bom mau mau bom

MONTE DO TRIGO 8063021 Monte do Trigo 1230 1336 54175 46448 14% 103,5 92% 78 Não Sim 10Escassez água

origemNão se sabe Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média bom bom bom mau mau regular

PORTEL PORTEL 8063019 Alqueva 410 458 14464 12531 13% 83,7 90% 90 Não Sim 5Escassez água

origemSim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média bom regular bom mau mau regular

8063023 Taipinhas 2829 2861 144619 77344 47% 74,9 99% 57 Não Sim 5Escassez água

origemSim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa mau bom bom mau mau bom

VERA CRUZ 8040164 Vera Cruz 345 375 17637 9432 47% 74,9 92% Não SimEscassez água

origemSim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa mau bom bom mau mau bom

PORTEL 5277 5499 247737 160522 35% 83,3 96% CM 108,5 83,3 96 94,1 156 regular bom bom mau mau regular

REDONDO REDONDO 8063055 Redondo 6413 7384 427466 319795 25% 136,6 87% 1900 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Ambas Sim sim** alta CM 100,8 136,6 87 89,6 114 regular regular bom bom mau mau

CORVAL 8063027 Velez 471 522 42708 17389 59% 101,1 90% 80 Sim 10 Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau bom mau bom mau regular

MONSARAZ 8063028 Motrinos 1004 1107 68795 44538 35% 121,5 91% 81 Sim 20 Sim 5 Falta de energia Sim Origem Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom mau mau mau regular

REGUENGOS DE MONSARAZ

8063054 Reguengos de Monsaraz 1010 1118 115945 37288 68% 101,1 90% 85 Não Não Sim Origem Sim Rede Distribuição Ambas Sim simmédia/baix

amau bom bom bom mau regular

REDONDO REDONDO 8063055 Redondo (B. Vigia) 8237 8550 945582 375413 60% 124,9 96% Superficiais não alta mau bom bom bom bom mau

REGUENGOS DE MONSARAZ

10722 11297 1173030 474627 60% 121,3 95% CM 100,7 121,3 95 93,8 112 mau bom mau mau mau mau

8040747 Várzea do Velho 55 58 9592 3919 59% 195,2 95% Não Subterrâneas Não baixa mau bom bom bom mau bom

8040748 Cabeça do Velho 55 58 9592 3919 59% 195,2 95% 1993 Não Não baixa mau bom bom bom mau bom

8040749 Cerro da Ursa 55 58 9592 3919 59% 195,2 95% 1983 Não Não média mau bom bom bom mau regular

8040750 Javali 55 58 9592 3919 59% 195,2 95% 1982 Não Não baixa mau bom bom bom mau bom

8040751 Parizes 55 58 9592 3919 59% 195,2 95% Não Não média mau bom bom bom mau regular

SÃO BRÁS DE ALPORTEL

277 290 47960 19596 59% 193,8 96% CM 102,9 193,8 96 99,5 107 mau bom bom bom mau regular

BRINCHES 8063247 Brinches 1244 1343 61981 43387 30% 95,6 93% 81 Não Sim 40Escassez água

origemNão Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom bom mau mau regular

PIAS 8063248 V.N.S.B./V.V./A-do-P/P 6930 8027 325787 228051 30% 90,2 86% 81 Sim 30 Sim 15Avaria

equipamentoNão Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim baixa regular regular mau mau mau bom

8063246 Santa Iria 374 382 12597 8818 30% 64,6 98% 85 Não Sim 30Escassez água

origemNão Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular bom bom mau mau mau

8063249 Vales Mortos 363 371 11041 7729 30% 58,3 98% 84 Não Sim 90Escassez água

origemNão Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom bom mau mau regular

8063251 Serpa 6172 5757 341239 238868 30% 106,0 107% 47 Não Sim 20Escassez água

origemNão Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim alta regular bom bom mau mau mau

VILA VERDE DE FICALHO 8063250 Vila Verde de Ficalho 1463 1754 82204 57543 30% 107,8 83% 72 Não Sim 30Escassez água

origemNão Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular regular bom mau mau regular

SERPA 16546 17634 834851 584396 30% 96,8 94% CM 105,2 96,8 94 87,6 130 regular bom mau mau mau regular

TAVIRA CACHOPO 8063693 cachopo 215 1436 16930 11851 30% 151,0 15% 84 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não média CM 103,8 151,0 15 94 650 regular mau bom bom mau regular

PEDRÓGÃO 8063314 Pedrógão/Marmelar 1014 1084 84491 49925 41% 134,9 94% 75 Não Sim 90Escassez água

origemSim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média mau bom bom mau mau regular

VILA DE FRADES 8063315Vidigueira/Selmes/Alcaria/Vila de Frades

4837 5124 268803 208092 23% 117,9 94% 56 Não SimEscassez água

origemNão Sim Rede Distribuição Subterrâneas Sim sim média regular bom bom mau mau regular

VIDIGUEIRA 5851 6209 353294 258017 27% 120,8 94% sim CM 129,5 120,8 94 94,2 145 regular bom bom mau mau regular

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

8063707Vila Real de STO. António

8257 10481 391795 301381 23% 100,0 79% 0 sim média Ag. Sotav. 106,5 100,0 79 100 162 regular regular bom bom mau regular

PARDAIS 8062988 Pardais 318 584 36606 31644 14% 272,6 54% 94 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média bom mau bom bom mau regular

VILA VIÇOSA (CONCEIÇÃO)

8063053 Vila Viçosa 8219 8506 614823 452818 26% 150,9 97% 43 Não Não Sim Captação Sim Rede Distribuição Subterrâneas Não sim média regular bom bom bom mau regular

VILA VIÇOSA 8537 9090 651429 484462 26% 155,5 94% CM 104,4 155,5 94 91,1 104 regular bom bom bom mau regular

199338 222507 14805807 8965754 39% 123,2 90%

SÃO JULIÃO

SÃO BRÁS DE ALPORTEL

SERPA (SALVADOR)

PÓVOA DE SÃO MIGUEL

ALEGRETE

SÃO BRÁS DE ALPORTEL

SERPA

VIDIGUEIRA

MOURA

MOURÃO

PORTALEGRE

VILA VIÇOSA

REGUENGOS MONSARAZ

5/5

Page 254: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

ANEXOS II

SISTEMAS DE ÁGUAS RESIDUAIS

NÍVEIS DE ATENDIMENTO

Page 255: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo II - Sistemas de Águas Residuais. Níveis de Atendimento (Rev. 00 - 2001-04-30)

CONCELHO FreguesiaCódigo

SARCódigp

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199

1

Cod

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TratamentoDestino da Fase

LiquidaDestino da Fase

SólidaCBO5 (ep)

8030901 8040610 Alandroal 1389 1389 8032762 Leitos Percoladores Linha de Água Agricultura 34988030902 8040608 Rosário 268 8040661 Fossa Séptica Linha de Água 285

CAPELINS (SANTO ANTÓNIO) 8030910 8040603 Ferreira 872 8040663 Fossa Séptica Linha de Água 872

JUROMENHA (N. Sra DO LORETO) 8030911 8040652 Juromenha 128 8040656 Fossa Séptica Linha de Água 166

8040612 Mina do Bugalho 211 8040657 Fossa Séptica Linha de Água 4848040665 Mina do Bugalho 210 (1) Linha de Água 210

8030905 8040651 Cabeça de Carneiro 338 8040666 Fossa Séptica Linha de Água 3388030907 8034183 Pias 301 8032764 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 3918030908 8034184 Marmelos 183 8032765 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 261

TERENA (S. PEDRO) 8030904 8034182 Hortinhas 302 (1) Linha de Água Agricultura 302ALANDROAL 7211 4202 58% 1470 20% 5672 79% 1389 19% 89,1 6807

8031655 8034389 Alcoutim Norte 135 8032973 Fossa Séptica Solo/Agricultura Desconhecida 135

8031656 8034390 Alcoutim Sul 252 8032974 Fossa Séptica Linha de Água 327

GIÕES 8031658 8034392 Giões 1818032976/8

032703Decantação primária Linha de Água 181

8034388 Martinlongo 530 (1) Linha de Água Desconhecida 5308034450 Martinlongo 530 (1) Desconhecido Desconhecida 530

PEREIRO 8031657 8034391 Pereiro 366 8032975 Fossa Séptica Linha de Água 475VAQUEIROS 8031659 8034393 Vaqueiros 102 8032977 Decantação primária Linha de Água 132

ALCOUTIM 4363 2096 48% 0 0% 2096 48% 0 0% 91,9

ALMODÔVAR 8030765 8034069 Almodôvar 2682 8032648 Lagoas de Estabilização Linha de Água Agricultura/Solo 9580

ROSÁRIO 8030767 8034070 Aldeia do Neves 123 8032649 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 123

8030768 8034071 Santa Graça Padrões 74 8032650 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 74

8030769 8034072 Semblana 341 8032651 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 341

Sta CRUZ 8030764 8034068 Santa Cruz 144 8032647 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 144

ALMODÔVAR 5789 3364 58% 469 8% 3833 66% 0 0% 90,2 10262ASSUNÇÃO 8030579 8033822 Arronches 1790 (1) Linha de Água Agricultura 1839

8040287 Esperança 1 316 (1) Linha de Água Agricultura 3168040288 Esperança 2 316 (1) Linha de Água Agricultura 316

8030581 8040290 Hortas de Cima 151 (1) Linha de Água Agricultura 1518030582 8040292 Hortas de Baixo 133 (1) Linha de Água Agricultura 133

MOSTEIROS 8030583 8040294 Mosteiros 495 (1) Linha de Água Agricultura 495ARRONCHES 3436 3201 93% 0 0% 3201 93% 0 0% 87,1 3250

8030837 8034118 Barrancos(Um) - (SDAR) 965 965 8032698 Discos Biológicos Linha de Água Agricultura 17428030838 8034119 Barrancos(Dois) - (SDAR) 965 (1) Linha de Água Agricultura 1930

8030912

ALCOUTIM

MARTIM LONGO

S. BRÁS DOS MATOS (MINA DOBUGALHO)

8031654

SANTIAGO MAIOR

ALMODÔVARSENHORA DA GRAÇA DEPADRÕES

ALCOUTIM

ALANDROAL

ALANDROAL (N. Sra DACONCEIÇÃO)

ARRONCHES ESPERANÇA8030580

BARRANCOS BARRANCOS

1/6

Page 256: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo II - Sistemas de Águas Residuais. Níveis de Atendimento (Rev. 00 - 2001-04-30)

CONCELHO FreguesiaCódigo

SARCódigp

PDNome

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1

Cod

. ET

AR

TratamentoDestino da Fase

LiquidaDestino da Fase

SólidaCBO5 (ep)

BARRANCOS 5059 1930 38% 0 0% 1930 38% 965 19% 97,4 3672BEJA ALBERNOA 8030859 8034140 Albernoa 860 8032721 Decantação primária Linha de Água Agricultura 860

BALEIZÃO 8030872 8034153 Baleizão 960 960 8032733Lagoas maturação, Lagoasfacultativas

Linha de Água Agricultura/Solo 1824

BEJA (SALVADOR) 8030867 8034148 Beja - Bacia do Guadiana 17000 (1) Linha de Água Agricultura 17029

8030885 8034166 Bairro das Saibreiras 123 8032746 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 1659

BEJA (Sta MARIA DA FEIRA) 8030878 8034159 Coitos 35 8032739 Fossa Séptica Solo/Agricultura Agricultura/Solo 45

8030873 8034154 Cabeça Gorda- Bacia A 1024 1024 8032734Lagoas maturação, Lagoasfacultativas, Lagoasanaeróbias

Linha de Água Agricultura/Solo 1996

8030874 8034155 Cabeça Gorda- Bacia B 473 473 8032735Lagoas maturação, Lagoasfacultativas

Linha de Água Agricultura/Solo 473

8030868 8034149 Monte Padrão 63 8032729 Fossa Séptica Solo/Agricultura Agricultura 63

8030869 8034150 N. Sra. das Neves 1035 1035 8032730Lagoas maturação, Lagoasfacultativas

Linha de Água Agricultura 2031

8030870 8034151 Vila Azeda 192 8032731 Decantação primária Linha de Água Agricultura/Solo 192

8030871 8034152 Porto de Peles 88 88 8032732 Leitos Percoladores Linha de Água Agricultura/Solo 88

8030879 8034160 Quintos 241 8032740 Fossa Séptica Linha de Água Desconhecida 241

8030880 8034161 Pisões 17 8032741 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 27

S. BRISSOS 8030881 8034162 S.Brissos 128 8032742 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 166

S. MATIAS 8030876 8034157 S.Matias 621 621 8032737Lagoas maturação, Lagoasfacultativas

Linha de Água Agricultura/Solo 1198

8030875 8034156 Salvada 1286 1286 8032736Lagoas maturação, Lagoasfacultativas, Lagoasanaeróbias

Linha de Água Agricultura/Solo 2507

8030884 8034165 Vale de Russins 53 8032745 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura/Solo 53

Sta CLARA DE LOUREDO 8030865 8034146 Sta. Clara do Louredo 830 8032728 Tanque IMHOFF Linha de Água Agricultura 1079TRINDADE 8030860 8034141 Trindade 262 262 8032726 Lagoas de Estabilização Linha de Água Agricultura 497

BEJA 31418 25291 80% 0 0% 25291 80% 5749 18% 90,6 32028

8030473 8033779 Barro Branco 152 (1) Linha de Água Agricultura/Solo 304

8030475 8033777 Nora 152 152 8032433 Lagoas de Estabilização Linha de Água Desconhecida 578

CABEÇA GORDA

N. Sra DAS NEVES

QUINTOS

SALVADA

BORBA RIO DE MOINHOS

2/6

Page 257: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo II - Sistemas de Águas Residuais. Níveis de Atendimento (Rev. 00 - 2001-04-30)

CONCELHO FreguesiaCódigo

SARCódigp

PDNome

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Cod

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TratamentoDestino da Fase

LiquidaDestino da Fase

SólidaCBO5 (ep)

BORBA 7210 304 4% 6682 93% 6986 97% 152 2% 92,8 8828030710 8040109 Cabeço do Cubo (PONTO A) 1207 1207 8040107 Lagoas de Estabilização Linha de Água 735568030710 8040110 Ribeira das Lajes 1206 1206 8040108 Lagoas de Estabilização Linha de Água 1206

N. Srª DA GRAÇA DOSDEGOLADOS

8030712 8040122 Nª Sra. Degolados 386 386 (1) 733

CAMPO MAIOR 8650 2413 28% 669 8% 3082 36% 2413 28% 92,8 75495

AZINHAL 8031666 8034400 Azinhal 274 8032984 Decantação primária Linha de Água Agricultura/Solo 356

8031661 8034395 Junqueira 365 8032979 Decantação primária Linha de Água Agricultura 474

8031662 8034396 Castro Marim 1421 (1) Estuário - Directo Desconhecida 1444

8031664 8034398 S.Bartolomeu 400 400 8032982 Lagoas de Estabilização Estuário - Directo Desconhecida 765

8031665 8034399 M.Francisco 409 409 8032983 Lagoas de Estabilização Estuário - Directo Desconhecida 409

ODELEITE 8031663 8034397 Odeleite 169 (1) Linha de Água 169

CASTRO MARIM 5284 3038 57% 0 0% 3038 57% 809 15% 91,6 3617

8030737 8034049 Castro Verde 3393 33938032628/8

040448Lagoas de Estabilização Linha de Água Agricultura 6465

8030738 8034050 Almeirim 142 142 8040449 Leitos Percoladores Linha de Água 1428030741 8034052 Namorados 129 129 8032631 Leitos Percoladores Linha de Água 1298030742 8040985 Piçarras 111 8040984 Fossa Séptica Linha de Água Linha de Água 1118030743 8034053 Geraldos 155 8032633 Decantação primária Linha de Água 1558030743 8034054 Geraldos 155 8032632 Decantação primária Linha de Água 155

ENTRADAS 8030744 8034055 Entradas 784 8032634 Decantação primária Linha de Água 1019S. MARCOS DA ATABOEIRA 8030752 8040774 São Marcos da Ataboeira 274 274 8040450 Lagoas de Estabilização Linha de Água 274

8030745 8034056 Viseus 91 8032635 Decantação primária Linha de Água 918030746 8034057 Neves 91 8032636 Decantação primária Linha de Água 918030747 8034058 Corvo 135 8032637 Decantação primária Linha de Água 1358030748 8034059 Barbara Padrões - (SDAR) 232 8032638 Decantação primária Linha de Água 2328030749 8034060 Lombador 189 8032639 Decantação primária Linha de Água 2458030750 8034061 Beringelinho 122 8032640 Decantação primária Linha de Água 1228030751 8034062 Sete 317 317 8032641 Lagoas de Estabilização Linha de Água 317

CASTRO VERDE 6940 6320 91% 0 0% 6320 91% 4255 61% 93,2 9683

CUBA 8030854 8034135 Cuba 3301 3301 8032715 Discos Biológicos Linha de Água Agricultura 5941FARO DO ALENTEJO 8030855 8034136 Faro do Alentejo 601 601 8032720 Lagoas de Estabilização Linha de Água Agricultura 1160

CAMPO MAIORN. Sra DA EXPECTAÇÃO

CASTRO MARIMCASTRO MARIM

CASTRO VERDE

CASTRO VERDE

Sta BÁRBARA DE PADRÕES

CUBA

3/6

Page 258: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo II - Sistemas de Águas Residuais. Níveis de Atendimento (Rev. 00 - 2001-04-30)

CONCELHO FreguesiaCódigo

SARCódigp

PDNome

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Cod

. ET

AR

TratamentoDestino da Fase

LiquidaDestino da Fase

SólidaCBO5 (ep)

BARBACENA 8030714 8040653 Barbacena 792 (1) Linha de Água Linha de Água 856CAIA E S. PEDRO 8030713 8033951 Elvas 14509 8032568 Gradagem, Desarenação Linha de Água Agricultura 16684

8030718 8040654 Calçadinha 239 (1) Linha de Água Linha de Água 2398030719 8040715 Traço de Gravato 75 (1) Linha de Água Linha de Água 75

8040572 Varche 96 (1) 968040712 Varche 96 (1) Linha de Água 968040743 Varche 96 (1) Desconhecido Linha de Água 968040744 Varche 95 (1) Linha de Água 958040745 Varche 96 (1) Linha de Água 479

S. VICENTE E VENTOSA 8030721 8040713 São Vicente e Ventosa 855 (1) Linha de Água Linha de Água 855Sta EULÁLIA 8030715 8033952 Sta. Eulália 1411 (1) Linha de Água Desconhecida 1411TERRUGEM 8030722 8040714 Terrugem 1251 (1) Linha de Água Linha de Água 1261VILA BOIM 8030723 8040655 Vila Boim 1241 8040658 Fossa Séptica Linha de Água Linha de Água 32413

ELVAS 24273 20852 86% 41 0% 20893 86% 0 0% 90,1 54656ÉVORA (SÉ) 8030491 8033788 Bairro do Degebe 220 8032443 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 286

8030478 8033783 N. Sra. de Machede 828 828 8032436 Lamas Activadas Linha de Água 95708030488 8033789 S.Vicente do Valongo 96 (1) Linha de Água Agricultura 96

S. BENTO DO MATO 8030482 8033787 Azaruja 985 985 8032440 Lagoas de Estabilização Linha de Água Agricultura 1871S. MANÇOS 8030484 8040495 São Manços 943 8040499 Gradagem Linha de Água Agricultura 975

S. MIGUEL DE MACHEDE 8030477 8033782 S.Miguel de Machede 576 576 8032435 Leitos Percoladores Linha de Água Agricultura/Solo 1013

TORRE DE COELHEIROS 8030486 8040496 Torre de Coelheiros 795 Gradagem 812ÉVORA 6481 4443 69% 1216 19% 5659 87% 2389 37% 79,5 14623

EXTREMOZ 28 0% 0% 0% 8,4

LOULÉ AMEIXIAL 8031638 8034372 Ameixial 1976 215 11% 0% 215 11% 215 11% 99,7 8032699 Lagoas de Estabilização Solo/Agricultura Agricultura 413

CORTE DO PINTO 8030843 8034124 Corte Pinto - (SDAR) 313 (1) Linha de Água Agricultura/Solo 313

8030839 8034120 Mértola C14910(Um) - (SDAR) 1220 1220 8032700 Discos Biológicos Linha de Água Agricultura/Solo 2219

8030842 8034123 Além Rio - (SDAR) 150 (1) Linha de Água Agricultura/Solo 150

8040094 Montes Altos 100 100 8040092 Discos Biológicos Linha de Água Agricultura/Solo 100

8040301 Fernandes 300 300 8040365 Discos Biológicos Linha de Água Agricultura/Solo 300

ELVASS. BRÁS E S. LOURENÇO

8030720

8040087

ÉVORA

N. Sra DE MACHEDE

MÉRTOLAMÉRTOLA

4/6

Page 259: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo II - Sistemas de Águas Residuais. Níveis de Atendimento (Rev. 00 - 2001-04-30)

CONCELHO FreguesiaCódigo

SARCódigp

PDNome

Pop.

Tot

al 1

997

Pop.

serv

. C/T

rat

Nív

el d

e A

tend

imen

to c

/trat

Pop.

serv

. S/T

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Pop.

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Pop.

C/tr

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peri

or a

FS

Nív

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tend

imen

to c

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su

peri

or a

FS

Pop.

Lug

ares

199

1

Cod

. ET

AR

TratamentoDestino da Fase

LiquidaDestino da Fase

SólidaCBO5 (ep)

MÉRTOLA 9542 2083 22% 0 0% 2083 22% 1620 17% 90,4 3082AMARELEJA 8030813 8040541 Amareleja 1 3155 3155 8040544 Leitos Percoladores Linha de Água 5545MOURA (S. JOÃO BAPTISTA) 8030823 8034113 Moura - (SDAR) 8614 8614 8032693 Leitos Percoladores Linha de Água Agricultura 21694

8030818 8034109 Povoa de S.Miguel - (SDAR) 903 903 8032688 Leitos Percoladores Linha de Água Agricultura 15908030819 8034108 Estrela (Um) - (SDAR) 29 8032689 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 298030820 8034110 Estrela (Dois) - (SDAR) 29 8032690 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 298030821 8034111 Estrela (Três) - (SDAR) 29 8032691 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 298030822 8034112 Estrela (Quatro) - (SDAR) 29 8032692 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 298030811 8034107 Safara/Nascente - (SDAR) 570 570 8032687 Lamas Activadas Linha de Água Agricultura 10838030812 8040556 Safara Poente 569 569 8040560 Leitos Percoladores Linha de Água Agricultura 569

SANTO AMADOR 8030816 8040497 Santo Amador 597 597 Leitos Percoladores 1044SOBRAL DA ADIÇA 8030817 8040498 Sobral da Adiça 1126 (1) 1126

MOURA 17415 15650 90% 1639 9% 17289 99% 14408 83% 95,1 32767GRANJA 8030561 8040538 Granja 756 756 8040539 Discos Biológicos Linha de Água 1360LUZ 8030562 8040537 Luz 400 8040575 Fossa Séptica Linha de Água 400MOURÃO 8030560 8033814 Mourão 1916 1916 8032467 Discos Biológicos Linha de Água 3448

MOURÃO 3269 3072 94% 0 0% 3072 94% 2672 82% 95,2 5208OURIQUE 51 0% 0% 0%

8030611 8033846 Alegrete 609 609 8032508 Lagoas de Estabilização Linha de Água Desconhecida 11758030612 8033847 Vale de Cavalos 223 (1) Linha de Água Desconhecida 1194

REGUENGO 8030616 8033855 Reguengo 294 8032515 Decantação primária Linha de Água Desconhecida 3828033859 Urra 322 (1) Linha de Água Desconhecida 3228033860 Urra 3 322 (1) Linha de Água 322

8030621 8033861 Caia - Urra 414 (1) Linha de Água 414PORTALEGRE 3805 2184 57% 0 0% 2184 57% 609 16% 64,6 3809

PORTEL 5499 5277 96% 5277 96% 0% 94,1MONTOITO 8030533 8033809 Falcoeiras 167 8032462 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 167

8030528 8033806 Aldeia da Serra 100 8032459 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 1008030529 8033807 Freixo 248 8032460 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 2488030530 8033808 Sª Suzana 408 8032461 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 530

8040764 Redondo 1204 8040988 Decantação primária Linha de Água 13318040769 Redondo 2 1205 Gradagem 37608040770 Redondo 3 1205 1205 8040189 Lagoas de Estabilização Linha de Água 1205

REDONDO 7384 4537 61% 2694 36% 7231 98% 1205 16% 89,6 7341REGUENGOS MONSARAZ

CAMPO 8030537 8033810 Cumeada 11297 121 1% 9864 87% 9985 88% 0% 93,8 8032463 Fossa Séptica Linha de Água 121

S. BRÁS DE ALPORTEL

290 0% 0 0% 0% 99,5

8030829 8034115 Santa Iria - (SDAR) 374 8032695 Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 3748030833 8034116 Vales dos Mortos - (SDAR) 213 (1) Linha de Água Agricultura 2138030836 8034117 Serpa - (SDAR) 4770 (1) Linha de Água Agricultura 8851

VALE DE VARGO 8030825 8034114 Vale Vargo - (SDAR) 1100 (1) Linha de Água Agricultura 1100

REDONDO

SERPASERPA (SALVADOR)

REDONDO

8030531

URRA8030620

MOURAPÓVOA DE S. MIGUEL

SAFARA

MOURÃO

PORTALEGRE

ALEGRETE

5/6

Page 260: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio GuadianaAnexo II - Sistemas de Águas Residuais. Níveis de Atendimento (Rev. 00 - 2001-04-30)

CONCELHO FreguesiaCódigo

SARCódigp

PDNome

Pop.

Tot

al 1

997

Pop.

serv

. C/T

rat

Nív

el d

e A

tend

imen

to c

/trat

Pop.

serv

. S/T

rat

Nív

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Pop.

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Pop.

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peri

or a

FS

Nív

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imen

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su

peri

or a

FS

Pop.

Lug

ares

199

1

Cod

. ET

AR

TratamentoDestino da Fase

LiquidaDestino da Fase

SólidaCBO5 (ep)

SERPA 17634 6457 37% 8537 48% 14994 85% 0 0% 87,6 10538

TAVIRA CACHOPO 8031632 8034367 Cachopo 1436 215 15% 0 0% 215 15% 0% 94 8032954 Decantação primária Linha de Água Desconhecida 215

8030852 8034133 Marmelar 2178032518/8

032713Decantação primária Linha de Água Agricultura 300

8034134 Pedrogão 2668032521/8

032714Decantação primária Linha de Água Agricultura 1036

8040826 Pedrogão 266 (1) Linha de Água Agricultura 7978040827 Pedrogão 266 (1) Linha de Água Agricultura 797

8030847 8034128 Alcaria-Bacia 1 158 158 8032708 Discos Biológicos Linha de Água Agricultura 1588030848 8034129 Alcaria-Bacia 2 158 (1) Linha de Água Agricultura 158

8030849 8034130 Selmes-Bacia 1 2538032710/8

032480Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 328

8030850 8034131 Selmes-Bacia 2 2538032711/8

032481Fossa Séptica Linha de Água Agricultura 253

8030851 8034132 Selmes-Bacia 3 2538032509/8

032712Decantação primária Linha de Água Agricultura 253

VIDIGUEIRA 8030846 8034127 Vidigueira/Vila de Frades 3762 3762 8032707 Lagoas de Estabilização Linha de Água Agricultura 7204VIDIGUEIRA 6209 5852 94% 0 0% 5852 94% 3920 63% 94,2 11284

MONTE GORDO 8031668 8040086 Monte Gordo 147 8040125 8139V. REAL Stº ANTÓNIO 8031667 8040085 V. R. Stº António 313 8032704 3079

V. REAL Stº ANTÓNIO 10481 460 4% 9058 86% 9518 91% 0 0% 100 11218

VILA VIÇOSA VILA VIÇOSA (CONCEIÇÃO) 8030573 8040732 Vila Viçosa 9091 5623 62% 3087 34% 8710 96% 0% 91 (1) Linha de Água Linha de Água 13737

225508 127825 57% 50703 22% 178528 79% 46672 21% 91,2 3218091 - Tipo de tratamento desconhecido

V. REAL Stº ANTÓNIO

VIDIGUEIRA

PEDRÓGÃO

8030853

SELMES

6/6

Page 261: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

ANEXOS III

TARIFÁRIOS PRATICADOS PELOS SISTEMAS MUNICIPAIS DE

SANEAMENTO BÁSICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO GUADIANA

Page 262: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

Anexo III Tarifários Praticados pelos Sistemas Municipais

de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Guadiana

Tarifários de Abastecimento de Água e Águas Residuais para os diferentes tipos de Utilizadores

Concelhos Águas de Abastecimento Águas Residuais

Diametro contador (mm)

Aluguer do contador

(Esc.)

Escalões de

Consumo

Doméstico

(m3)

Preço Doméstico (Esc.)

Escalões de Consumo Industrial

(m3)

Preço Industrial

(Esc.)

Escalões de Consumo Comércio Turismo

(m3)

Preço Comércio Turismo

(Esc.)

Escalões Consumo

Instituições (m3)

Preço Instituições

($/m3)

Escalões Consum

o Estado

(m3)

Preço Estado ($/m3)

Preço Doméstico

($/m3)

Preço Comércio

($/m3)

Preço Indústria ($/m3)

Alandroal

15 200,00 Esc. 0 a 5 35,00 Esc. 0 a 10 50,00 Esc.

0 a 10 50,00 Esc. >1 30,00 Esc.

0 a 50 60,0 Esc. Não é cobrada qualquer tarifa

20 300,00 Esc. >6 50$00+(n-6)*4$50 >10 50$00+(n-10)*2$50

>10 50$00+(n-10)*2$50

51 a 100 70,0 Esc.

25 450,00 Esc. >100 80,0 Esc. 30 850,00 Esc. 40 1.000,00 Esc. 50 1.400,00 Esc. 80 1.800,00 Esc. 100 2.100,00 Esc.

Alcoutim

15 15,00 Esc. 0 a 4 50,00 Esc. Não é cobrada qualquer tarifa

20 20,00 Esc. 5 a 6 75,00 Esc. 25 20,00 Esc. 7 a 10 150,00 Esc. 30 20,00 Esc. 11 a 15 262,00 Esc. 40 20,00 Esc. >15 262$00+

(n-16)*20$00

>50 30,00 Esc. Aljustrel

20 200,00 Esc. <5 45,00 Esc. <30 110,00 Esc. <30 110,00 Esc. 0 a 20 50,00 Esc. <30 110,0 Esc. Taxa fixa mensal 100 Esc

25 300,00 Esc. 6 a 12 70,00 Esc. >30 150,00 Esc. >30 150,00 Esc. >20 80,00 Esc. >30 150,00 Esc. 50 420,00 Esc. 13 a 20 120,00 Esc. >50 800,00 Esc. >20 150,00 Esc.

Almodovar

0 a 2 35,00 Esc. Taxa fixa 400 Esc +50Esc/m3

Taxa fixa 800 Esc+ 50Esc/m3

Taxa fixa 1500 Esc +50Esc/m3

3 a 5 55,00 Esc. 6 a 8 80,00 Esc. 9 a 12 120,00 Esc. 13 a 19 160,00 Esc. 20 a 30 200,00 Esc. 0 a 40 220,00 Esc. 0 a 50 300,00 Esc. 0 a >50 350,00 Esc.

Page 263: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

Concelhos Águas de Abastecimento Águas Residuais

Diametro contador (mm)

Aluguer do contador

(Esc.)

Escalões de

Consumo

Doméstico

(m3)

Preço Doméstico (Esc.)

Escalões de Consumo Industrial

(m3)

Preço Industrial

(Esc.)

Escalões de Consumo Comércio Turismo

(m3)

Preço Comércio Turismo

(Esc.)

Escalões Consumo

Instituições (m3)

Preço Instituições

($/m3)

Escalões Consum

o Estado

(m3)

Preço Estado ($/m3)

Preço Doméstico

($/m3)

Preço Comércio

($/m3)

Preço Indústria ($/m3)

Arraiolos

15 199,00 Esc. 0 a 5 51,48 Esc. >1 117,00 Esc. >1 117,00 Esc. >1 87,75 Esc. >1 87,75 Esc. Não é cobrada qualquer tarifa

20 234,00 Esc. 0 a 10 64,35 Esc. 25 269,00 Esc. 0 a 15 98,28 Esc. 30 386,00

Esc. 0 a 20 140,40 Esc.

40 468,00 Esc.

0 a 30 245,70 Esc.

50 550,00 Esc. 0 a 50 339,30 Esc. >50 432,90 Esc. Barrancos

15 95,00 Esc. 0 a 5 0 a 50 100,00 Esc. 0 a 15 65,00 Esc. Igual Estado 0 a 20 120,00 Esc. 25% do Valor da água consumida

20 145,00 Esc. 6 a 10 >50 150,00 Esc. >15 110,00 Esc. >20 150,00 Esc. 25 180,00 Esc. 11 a 15 30 300,00 Esc. 16 a 20 >30 1.000,00

Esc. >20

Beja Único 460,00 Esc. <5 45,00 Esc. >1 265,00 Esc. Igual Indústria >1 132,00 Esc. >1 265,00 Esc. 25% do Valor da água consumida

0 a 15 72,50 Esc. 16 a 25 175,00 Esc. >25 278,00 Esc. Simples 0 a 5 49,00 Esc. 0 a 50 164,00 Esc. Igual Indústria >1 57,00 Esc. 0 a 50 164,00 Esc. 15 286,00 Esc. 6 a 15 67,00 Esc. 50 a 500 180,00 Esc. 50 a 500 180,00 Esc. 20 390,00

Esc. 16 a 20 122,00

Esc. >500 234,00

Esc. >500 234,00

Esc.

25 940,00 Esc. 21 a 25 164,00 Esc. 40 1.916,00 Esc. >25 376,00 Esc. 50 3.870,00 Esc. 80 2.843,00 Esc. 100 4.966,00 Esc. Composto 50 20.381,00 Esc. 80 26.480,00 Esc. Borba

0 a 5 37,00 Esc. 0 a 30 61,00 Esc. >1 48,00 Esc. 0 a 30 148,00 Esc. Nã se cobra 30 Esc/m3 Não se cobra

6 41,00 Esc. 31 a 50 98,00 Esc. >30 221,00 Esc. 7 43,00 Esc. 51 a 100 148,00 Esc. 8 45,00 Esc. >100 184,00 Esc. 9 49,00 Esc. 10 52,00 Esc. 11 58,00 Esc. 12 60,00 Esc.

Page 264: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

Concelhos Águas de Abastecimento Águas Residuais

Diametro contador (mm)

Aluguer do contador

(Esc.)

Escalões de

Consumo

Doméstico

(m3)

Preço Doméstico (Esc.)

Escalões de Consumo Industrial

(m3)

Preço Industrial

(Esc.)

Escalões de Consumo Comércio Turismo

(m3)

Preço Comércio Turismo

(Esc.)

Escalões Consumo

Instituições (m3)

Preço Instituições

($/m3)

Escalões Consum

o Estado

(m3)

Preço Estado ($/m3)

Preço Doméstico

($/m3)

Preço Comércio

($/m3)

Preço Indústria ($/m3)

13 67,00 Esc. 14 73,00 Esc. 15 80,00 Esc. 16 84,00 Esc. 17 92,00 Esc. 18 97,00 Esc. 19 103,00 Esc. 20 109,00 Esc. 21 120,00 Esc. 22 127,00 Esc. 23 137,00 Esc. 24 147,00 Esc. 25 157,00 Esc. 26 166,00 Esc. 27 175,00 Esc. 28 184,00 Esc. 29 196,00 Esc. 30 204,00 Esc. >30 216,00 Esc. Campo Maior

13-15 75,00 Esc. 0-4 20,00 Esc. 0 a 20 75,00 Esc. Tarifa única 30,00 Esc. Tarifa única

120,00 Esc. Não é cobrada qualquer tarifa

15 150,00 Esc. 5 a 8 45,00 Esc. 21 a 50 100,00 Esc. 20 350,00 Esc. 9 a 15 80,00 Esc. >50 180,00 Esc. 25 450,00 Esc. 16 a 25 250,00 Esc. 30 650,00 Esc. >25 400,00 Esc. 50 1.700,00 Esc. 60 2.400,00 Esc. Castro Marim

15 150,00 Esc. 0 a 5 30,00 Esc. >1 60,00 Esc. >1 60,00 Esc. >1 30,00 Esc. >1 60,00 Esc. Não é cobrada qualquer tarifa

20 230,00 Esc. 6 a 15 60,00 Esc. 25 300,00 Esc. 16 a 30 120,00 Esc. 30 680,00 Esc. >30 200,00 Esc. 40 900,00 Esc. 50 1.350,00 Esc. 75 1.500,00 Esc. 80 1.800,00 Esc. 100 2.100,00 Esc. 125 2.400,00 Esc. 150 3.000,00 Esc. 200 4.200,00 Esc. 250 7.500,00 Esc. 300 10.500,00 Esc.

Page 265: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

Concelhos Águas de Abastecimento Águas Residuais

Diametro contador (mm)

Aluguer do contador

(Esc.)

Escalões de

Consumo

Doméstico

(m3)

Preço Doméstico (Esc.)

Escalões de Consumo Industrial

(m3)

Preço Industrial

(Esc.)

Escalões de Consumo Comércio Turismo

(m3)

Preço Comércio Turismo

(Esc.)

Escalões Consumo

Instituições (m3)

Preço Instituições

($/m3)

Escalões Consum

o Estado

(m3)

Preço Estado ($/m3)

Preço Doméstico

($/m3)

Preço Comércio

($/m3)

Preço Indústria ($/m3)

Castro Verde 15 200,00 Esc. 0 a 6 50,00 Esc. 0 a 25 140,00 Esc. Igual Indústria 0 a 25 80,00 Esc. 0 a 25 140,00 Esc. Taxa fixa 250 Esc +12Esc/m3

Taxa fixa 570 Esc+ 12Esc/m3

Taxa fixa 1280 Esc +12Esc/m3

20 300,00 Esc. 0 a 12 50$00+(n-6)*5$00 0 a >25 175,00 Esc. 0 a >25 100,00 Esc. 0 a >25 175,00 Esc. 25 400,00 Esc. 0 a 20 80$00+(n-12)*5$00 50 700,00 Esc. 0 a 30 120$00+(n-20)*8$00 >50 1.400,00 Esc. 0 a >30 225,00 Esc. Cuba 15 100,00 Esc. 0 a 5 40,00 Esc. 0 a 25 90,00 Esc. 0 a 25 90,00 Esc. 0 a 25 65,00 Esc. 0 a 25 90,00 Esc. Taxa fixa

100 Esc

Taxa fixa 200 Esc

Taxa fixa 300 Esc

20 120,00 Esc. 6 a 12 50,00 Esc. >25 120,00 Esc. >25 120,00 Esc. >25 120,00 Esc. >25 120,00 Esc. 25 210,00 Esc. 13 a 20 120,00 Esc. 50 350,00 Esc. 21 a 30 200,00 Esc. >50 500,00 Esc. >30 300,00 Esc. Elvas 1 a 3 47,00 Esc. 1 a 50 150,00 Esc. Igual Indústria 20% do Valor da água consumida 4 a 8 71,00 Esc. >50 208,00 Esc. 9 a 15 122,00 Esc. 16 a 30 156,00 Esc. >30 243,00 Esc. Estremoz 15 154,00 Esc. 0 a 5 51,00 Esc. 0 a 100 97,00 Esc. Igual Indústria >1 58,00 Esc. >1 - Esc. Taxa fixa

56 Esc +26Esc/m3

Taxa fixa 56 Esc +26Esc/m3

Taxa fixa 56 Esc +26Esc/m3

20 174,00 Esc. 6 a 15 102,00 Esc. >100 123,00 Esc. 25 225,00 Esc. 16 a 25 164,00 Esc. 30 399,00 Esc. 26 a 35 241,00 Esc. 40 492,00 Esc. >35 338,00 Esc. 50 584,00 Esc. 80 688,00 Esc. 100 758,00 Esc. 150 855,00 Esc. Évora 0 a 5 55,00 Esc. VM até 4800000$ - 600$+0.1*VM;

VM>4800000$ - 3000$+0.05*VM*P P=1 Doméstico e estado P=1.5 Comércio e Serviços e Indústria P= 0.5 Estado e Instituições

6 a 8 3,00 Esc. 9 a 11 99,00 Esc. 12 a 14 139,00 Esc. 15 a 17 180,00 Esc. 18 a 20 199,00 Esc. 21 a 23 208,00 Esc. >23 220,00 Esc.

Page 266: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

Concelhos Águas de Abastecimento Águas Residuais

Diametro contador (mm)

Aluguer do contador

(Esc.)

Escalões de

Consumo

Doméstico

(m3)

Preço Doméstico (Esc.)

Escalões de Consumo Industrial

(m3)

Preço Industrial

(Esc.)

Escalões de Consumo Comércio Turismo

(m3)

Preço Comércio Turismo

(Esc.)

Escalões Consumo

Instituições (m3)

Preço Instituições

($/m3)

Escalões Consum

o Estado

(m3)

Preço Estado ($/m3)

Preço Doméstico

($/m3)

Preço Comércio

($/m3)

Preço Indústria ($/m3)

Loulé 13 250,00 Esc. 1 a 15 25,00 Esc. >1 65,00 Esc. Igual Indústria >1 65,00 Esc. 20,00 Esc. 20$/m3 20 400,00 Esc. 15 a 40 50,00 Esc. 25 600,00 Esc. 40 a 60 150,00 Esc. 30 800,00 Esc. >60 220,00 Esc. 40 1.200,00 Esc. 50 2.000,00 Esc. 65 4.000,00 Esc. 80 5.000,00 Esc. 100 8.000,00 Esc. 125 10.000,00 Esc. 150 15.000,00 Esc. 200 20.000,00 Esc. 300 30.000,00 Esc. Marvão 0 a 5 35,00 Esc. >1 50,00 Esc. Igual Indústria >1 25,00 Esc. Não é cobrada qualquer tarifa 6 a 15 60,00 Esc. 16 a 30 90,00 Esc. >30 200,00 Esc. Mértola 0 a 5 29,00 Esc. >1 99,00 Esc. >1 76,00 Esc. >1 30,00 Esc. >1 99,00 Esc. 14$m3 6 a 10 44,00 Esc. 11 a 20 53,00 Esc. 21 a 30 110,00 Esc. 31 a 40 166,00 Esc. >40 254,00 Esc. Monforte

13 200,00 Esc.

0 a 5 50,00 Esc. 0 a 5 70,00 Esc. 0 a 5 70,00 Esc. >1 50,00 Esc. Taxa fixa 15% água consumida

Taxa fixa 15% água consumida

Taxa fixa 20% água consumida

20 350,00 Esc. 6 a 15 100,00 Esc. 6 a 15 120,00 Esc. 6 a 15 120,00 Esc. >20 650,00 Esc. 16 a 25 130,00 Esc. 16 a 25 160,00 Esc. 16 a 25 160,00 Esc. 26 a 40 180,00 Esc. >26 270,00 Esc. >26 270,00 Esc. >40 600,00 Esc. Moura 15 140,00 Esc. 0 a 6 40,00 Esc. >1 250,00 Esc. >1 250,00 Esc. <25 60,00 Esc. >1 12,00 Esc. 200 Esc. 300,00 Esc 20 150,00 Esc. 7 a 12 90,00 Esc. >25 140,00 Esc. 25 180,00 Esc. 13 a 20 180,00 Esc. 30 310,00 Esc. 21 a 30 250,00 Esc. 40 450,00 Esc. >30 500,00 Esc. 50 700,00 Esc. 100 900,00 Esc. Comb.(50*20) 3.000,00Esc. Mourão

1 a 2 35,00 Esc. <10 50,00 Esc. <10 50,00 Esc. <10 - Esc. Taxa fixa 110$

Taxa fixa 200$

Taxa fixa 300$

Page 267: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

Concelhos Águas de Abastecimento Águas Residuais

Diametro contador (mm)

Aluguer do contador

(Esc.)

Escalões de

Consumo

Doméstico

(m3)

Preço Doméstico (Esc.)

Escalões de Consumo Industrial

(m3)

Preço Industrial

(Esc.)

Escalões de Consumo Comércio Turismo

(m3)

Preço Comércio Turismo

(Esc.)

Escalões Consumo

Instituições (m3)

Preço Instituições

($/m3)

Escalões Consum

o Estado

(m3)

Preço Estado ($/m3)

Preço Doméstico

($/m3)

Preço Comércio

($/m3)

Preço Indústria ($/m3)

2 a 20 35$00+(n-2)*5$00 10 a 50 50$00+(n-11)*50$00

10 a 50 50$00+(n-11)*50$00

>10 25,00 Esc.

>20 130,00 Esc. >50 300,00 Esc. >50 300,00 Esc. Portalegre 15 286,00 Esc. 0 a 5 49,00 Esc. 0 a 50 164,00 Esc. 0 a 50 164,00 Esc. >1 57,00 Esc. 0 a 50 164,00 Esc. 2/1000VM; mínimo 300$ pago 2* ano 20 390,00 Esc. 6 a 15 67,00 Esc. 50 a 500 180,00 Esc. 50 a 500 180,00 Esc. 50 a 500 180,00 Esc. 25 940,00 Esc. 16 a 20 122,00 Esc. >500 234,00 Esc. >500 234,00 Esc. >500 234,00 Esc. 40 1.916,00 Esc. 21 a 25 164,00 Esc. 50 3.870,00 Esc. >25 376,00 Esc. 80 2.843,00 Esc. 100 4.966,00 Esc. Compostos 50 20.381,00 Esc. 80 26.480,00

Esc.

Redondo

15 300,00 Esc. 0 a 5 50,00 Esc. 0 a 30 150,00 Esc. Igual Indústria >1 100,00 Esc. 0 a 30 150,00 Esc. Não é cobrada qualquer tarifa

20 520,00 Esc. 6 a 10 50$00+(n-5)*8$00 31 a 60 165,00 Esc. 31 a 60 195,00 Esc. 25 830,00 Esc. 11 a 20 90$00+(n5)*11$00 61 a 100 200,00 Esc. 61a 100 240,00 Esc. 30 1.850,00 Esc. >20 225,00 Esc. >100 240,00 Esc. >100 290,00 Esc. 40 2.400,00 Esc. 50 3.050,00 Esc. 80 4.000,00 Esc. 100 4.600,00 Esc. 0 a 5 72,50 Esc. 0 a 100 170,00 Esc. 0 a 100 170,00 Esc. >1 72,50 Esc. >1 190,00 Esc. Aplicada taxa de 20% sobre água

consumida Reguengos de Monsaraz 6 a 12 74$00+(n-5)*6$00 >100 190,00 Esc. >100 190,00 Esc.

13 a 20 119$50+(n-12)*8$50

>20 195,00 Esc.

Serpa

0 a 4 63,00 Esc. >1 191,00 Esc. >1 191,00 Esc. >1 191,00 Esc. >1 191,00 Esc. Taxa fixa 140$

Taxa fixa 140$

Taxa fixa 140$

5 a 10 100,00 Esc. 11 a 15 175,00 Esc. 16 a 20 250,00 Esc. 21 a 30 500,00 Esc. >30 750,00 Esc. Tavira

15 280,00 Esc. 0 a 5 70,00 Esc. >1 100,00 Esc. >1 100,00 Esc. >1 70,00 Esc. >1 120,00 Esc. 70$00/m3

20 400,00 Esc. 6 a 10 120,00 Esc. 25 550,00 Esc. 11 a 30 150,00 Esc. 30 1.210,00 Esc. >30 300,00 Esc. 40 1.650,00 Esc.

Page 268: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

Concelhos Águas de Abastecimento Águas Residuais

Diametro contador (mm)

Aluguer do contador

(Esc.)

Escalões de

Consumo

Doméstico

(m3)

Preço Doméstico (Esc.)

Escalões de Consumo Industrial

(m3)

Preço Industrial

(Esc.)

Escalões de Consumo Comércio Turismo

(m3)

Preço Comércio Turismo

(Esc.)

Escalões Consumo

Instituições (m3)

Preço Instituições

($/m3)

Escalões Consum

o Estado

(m3)

Preço Estado ($/m3)

Preço Doméstico

($/m3)

Preço Comércio

($/m3)

Preço Indústria ($/m3)

50 2.200,00 Esc. 75 2.420,00 Esc. 80 2.860,00 Esc. 100 3.300,00 Esc. 125 4.020,00 Esc. 150 5.400,00 Esc. 200 6.950,00 Esc. 250 13.300,00 Esc. 300 19.900,00 Esc. Vidigueira 0 a 7 20,00 Esc. 0 a 7 20,00 Esc. Igual Indústria >1 150,00 Esc. >1 150,00 Esc. Taxa fixa 100$ 7 a 12 80,00 Esc. 7 a 12 80,00 Esc. 12 a 20 150,00 Esc. 12 a 20 150,00 Esc. 20 a 30 300,00 Esc. 20 a 30 300,00 Esc. >30 500,00 Esc. >30 500,00 Esc. Vila Real S. António

15 350,00 Esc. 0 a 5 30,00 Esc. >1 60,00 Esc. >1 60,00 Esc. >1 30,00 Esc. >1 60,00 Esc. Não é aplicada qualquer tarifa

20 450,00 Esc. 6 a 15 60,00 Esc.

25 750,00 Esc. 16 a 30 120,00 Esc.

30 900,00 Esc. >30 200,00 Esc.

40 1.250,00 Esc.

50WP 1.950,00 Esc.

50WS 1.950,00 Esc.

80WP 2.200,00 Esc. 80WS 2.200,00 Esc.

100WP 2.450,00 Esc.

100WS 2.450,00 Esc.

80mm - 50WSV 6.500,00 Esc.

50mm - 30WSV 6.500,00 Esc.

Vila Viçosa

1 a 3 20,00 Esc. 1 a 50 40,00 Esc. Igual Indústria 1 a 5 -Esc.

Taxa fixa de 80$

4 a 10 45,00 Esc. 51 a 100 60,00 Esc. 6 a 20 25,00 Esc. 11 a 15 60,00 Esc. >100 100,00 Esc. >20 50,00 Esc. 16 a 20 75,00 Esc. 21 a 25 110,00 Esc. 26 a 30 190,00 Esc. >30 250,00 Esc.

Page 269: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

240/367

Parte IV – Definição e Avaliação de Objectivos

5 Análise Prospectiva do Desenvolvimento Sócio económico

5.1 Considerações Gerais

A análise prospectiva de médio e longo prazo sobre o desenvolvimento demográfico e

económico do território da Bacia Hidrográfica do Guadiana constitui um instrumento

fundamental no desenvolvimento do respectivo Plano.

A economia do território da bacia do Guadiana depende, em primeira análise, das formas de

organização empresarial e social existentes, bem como das características endógenas e recursos

da região.

Similarmente, dada a importância da economia no desenvolvimento das sociedades, não é

possível separar os fenómenos demográficos da evolução dos modelos de organização

económica, pelo que este aspecto tem necessariamente de ser considerado nas projecções

demográficas.

A longo do estudo é analisado um conjunto de questões fundamentais face aos objectivos

propostos - constituir um documento referencial e providenciar um suporte aos estudos de

engenharia a jusante.

No âmbito da definição e avaliação de objectivos, definiram-se onze Unidades Homogéneas

de Planeamento (UHP), com vista ao estabelecimento dos objectivos e das medidas aplicáveis a

cada uma delas, constantes da Figura 2.1-1, e descritas no Quadro seguinte:

Page 270: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

241/367

UHP Designação Descrição

UHP 1 Caia Corresponde à bacia nacional do rio Caia

UHP 2 Elvas-Lucefecit Compreende as bacias dos pequenos afluentes nacionais pela margem direita do

Guadiana entre o Caia e o Lucefecit (inclusive).

UHP 3 Degebe Compreende a bacia do Degebe, o maior afluente nacional, bem como os pequenos

afluentes pela margem Direita entre o Lucefecit e a Foz do Degebe.

UHP 4 Margem esquerda

de Alqueva

Abrange a parte nacional das bacias dos afluentes do Guadiana na margem esquerda

entre o Cuncos e a secção de Alqueva, nomeadamente o Alcarrache. Os principais

afluentes têm as cabeceira em Espanha pelo que os seus caudais e, principalmente, a

qualidade da água, dependem de usos em Espanha.

UHP 5 Ardila Coincide com a bacia nacional do rio Ardila, afluente à albufeira de Pedrógão. A

selecção desta UHP foi feita tendo em conta a sua importância como origem de água

superficial , bem como os efeitos potenciais dos usos em Espanha.

UHP 6 Pedrógão nacional Abrange os pequenos afluentes integralmente nacionais à albufeira de Pedrógão,

correspondentes à margens direita e esquerda do Guadiana.

UHP 7 Pulo do Lobo Compreende todos os afluentes nacionais, pelas margens direita e esquerda, entre

Pedrógão e o Pulo-do-Lobo, incluindo as ribeiras de Limas e o rio Cobres a jusante.

UHP 8 Pomarão Compreende os afluentes nacionais entre o Pulo do Lobo e a foz do Chança, incluindo

nomeadamente as ribeiras de Oeiras e de Carreiras.

UHP 9 Chança Compreende toda a bacia nacional do rio Chança, um grande número de pequenos

afluentes.

UHP 10 Algarve Compreende os afluentes pela margem direita entre a Foz do Chança e a Foz do

Guadiana, com excepção dos pequenos afluentes junto à foz. Inclui os afluentes

principais com origem na serra algarvia, nomeadamente Vascão, Foupana, Odeleite e

Beliche. Esta UHP juntamente com a UHP11 coincide quase integralmente com a

DRAAlgarve, exceptuando-se apenas a margem esquerda do Vascão.

UHP 11 Estuário Compreende os pequenos afluentes junto à foz, bem como a faixa do Guadiana até

Pomarão, ou seja o sapal de Castro Marim, bem como o trecho internacional de rio

sujeito á influência da maré.

As Unidades Homogéneas de Planeamento, em número de onze, são importantes para o

estabelecimento dos objectivos e medidas no âmbito dos respectivos territórios. Representando

tanto quanto possível a perspectiva da homogeneidade espacial dos diferentes factores que

condicionam os recursos hídricos, traduzem ainda o equilíbrio entre a consideração dos factores

relevantes de caracterização e a escala territorial o mais alargada possível por forma a permitir a

eficácia e eficiência da respectiva gestão.

Page 271: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

242/367

Foram considerados como factores de homogeneidade os aspectos relativos à caracterização

socio-económica, à integração de áreas naturais classificadas e à continuidade com as bacias

espanholas limítrofes.

Em resumo, os valores finais da análise prospectiva de desenvolvimento são o resultados dos

seguintes estádios:

• Recolha e tratamento de dados

− Documentos de Planeamento económico de médio e longo prazo;

− Documentos da 1ª Fase do Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana;

− Outras fontes.

• Obtenção de indicadores macro-económicos para Portugal até 2020

− Estabelecimento de um modelo macro-económico clássico;

− Determinação das variáveis macro-económicas através de um sistema de equações.

• Obtenção dos indicadores económicos para a região da BHG até 2020

− Construção do modelo genérico com valores conhecidos e incógnitas;

− Transferência de resultados dos indicadores agregados;

− Inventariação das tendências sectoriais mais relevantes;

− Determinação das incógnitas através de um modelo de optimização.

5.2 Enquadramento Macro Económico

A sócio-economia da Bacia do Guadiana é influenciada decisivamente pelo ambiente

competitivo onde se insere Portugal, por um lado como economia de mercado signatária de

acordos de comércio multilaterais e bilaterais, e por outro como membro da União Europeia,

onde circulam livremente mercadorias, serviços, capitais e cidadãos (mão-de-obra).

O processo de globalização, caracterizado pela generalização da economia de mercado e das

possibilidades à escala mundial nos mercados financeiros e produtivos (nomeadamente através

de sistemas de produção e comercialização internacional integrados), tem possibilitado a

interligação entre as diversas economias para além dos tradicionais grandes blocos geográfico-

económicos (Europa, América do Norte e Ásia-Pacífico). Este processo é acompanhado por uma

crescente liberalização e desregulamentação das actividades económicas, apoiada no

desenvolvimento dos transportes e logística, bem como das tecnologias de informação.

Page 272: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

243/367

Esta organização dos países mais prósperos não pode ignorar o vector das possibilidades e

problemas colocados pelos países em vias de desenvolvimento, não só em termos de peso

demográfico, crescimento e distribuição da riqueza, mas por um potencial para um crescimento

demográfico ainda mais acentuado, que podem fazer alterar o equilíbrio mundial em múltiplas

vertentes (energia, alimentação, etc.). Inversamente, a taxa de fecundidade dos países

industrializados tem diminuído, levando a um envelhecimento das populações (colocando

pressão nos sistemas de segurança social).

A situação da economia portuguesa no ranking mundial e a sua integração europeia, leva a

que o tipo de análise a realizar tenha como referencial as economias dos países desenvolvidos.

Ao nível das tecnologias e estruturas produtivas, os países desenvolvidos continuam a tender

para a terciarização, com destaque para a produção e difusão de conhecimento, pelo que se torna

importante a educação a níveis superiores, a investigação e desenvolvimento e a formação

contínua.

Cada vez mais a produção é virada para a satisfação das necessidades do consumidor,

existentes ou latentes, suportada pelo marketing. Cada vez mais a informatização é decisiva, não

só na produção e nas comunicações como nos mercados (comércio electrónico). Mesmo na

indústria assiste-se ao aumento do peso interno das componentes de investigação, concepção e

design, tornando difícil separar estes sectores. Estes desenvolvimentos são suportados pelas

infra-estruturas estratégicas, energéticas, de transporte e comunicações, e imobiliárias.

O futuro das economias mundiais passará certamente pelo crescimento sustentado mas lento

dos países industrializados e pelo crescimento mais acentuado dos países em desenvolvimento.

A Europa dispõe de um aparelho produtivo competitivo, vocacionado para o fornecimento

dos países em desenvolvimento. Nota-se no entanto algum atraso em áreas chave como as

tecnologias de ponta. Esse atraso pode ser compensado pela adopção das tecnologias

desenvolvidas pelos EUA e Japão. A Europa, face à estagnação da procura interna, terá todo o

interesse em aumentar as trocas externas. As questões que influenciarão o continente no futuro

passam pela integração de novos países na U.E. (e o grau de coesão social, política e económica

entre os estados-membro) e pela evolução estratégico-política dos países do antigo bloco

socialista de leste.

A Europa apresenta as melhores posições competitivas em sectores de procura estabilizada

(sectores maduros), como as indústrias de base, bens de equipamento e consumo duradouro, e

bens de consumo corrente. Apesar de progredir para a terciarização e apresentar uma forte

Page 273: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

244/367

procura nas novas tecnologias, está menos presente na definição dessas mesmas tecnologias,

revelando alguns atrasos na integração acelerada das suas diversas facetas.

Em particular, a União Europeia apresenta características sociais e culturais muito próprias

que influenciam o funcionamento da sua economia. Como organização de estados, apresenta-se

com uma consistência que talvez tenha surpreendido os seus parceiros tradicionais, nas suas

vertentes de união económica (livre circulação), monetária (EURO), social (fundos

comunitários) e político (instituições e eleições europeias). Tem como valores essenciais o bem

estar das populações (nível elevado de transferências para as famílias, gratuitidade da educação,

saúde, etc.) e a economia de mercado, embora com algum peso do sector público (economia

mista).

As perspectivas de evolução do comércio mundial de produtos agrícolas recentemente

avançadas pelas mais importantes organizações internacionais apontam de forma unânime para a

manutenção da tendência de crescimento das trocas internacionais de produtos agrícolas e para a

continuação dum nível de preços relativamente alto, no decurso da primeira década do século

XXI.

As dificuldades sentidas nos finais da década de 80 e início da década de 90, essencialmente

caracterizadas por um excesso de oferta, acumulação de stocks e queda dos preços para a maior

parte dos produtos agrícolas comercializados no mercado mundial atenuaram-se na segunda

metade dos anos 90.

A opinião generalizada da maioria dos analistas é, portanto, de que estamos perante uma nova

era de crescimento de longo prazo para o comércio internacional de produtos agrícolas, não só

para os cereais mas também para a maior parte dos produtos agrícolas transaccionados no

mercado mundial. As perspectivas de crescimento do consumo alimentar nos países em

desenvolvimento, acompanhado de limitações nas suas possibilidades de aumentar a produção

interna, conduziram a uma onda de optimismo na maior parte dos países exportadores.

No entanto, os últimos dados relativos às campanhas de comercialização de 1998 e 1999

vieram obrigar a uma ligeira revisão em baixa destas projecções, moderando-lhes algum excesso

de optimismo: nestas duas campanhas os preços mundiais dos produtos agrícolas ficaram aquém

das previsões devido aos efeitos acumulados de um excesso de oferta em resposta à alta dos

preços dos últimos anos, combinado com uma depreciação das condições económicas em muitos

países em desenvolvimento (nomeadamente em termos de rendimentos e de desvalorização

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

245/367

cambial). As perspectivas actuais apontam para uma recuperação da tendência de subida no

médio prazo, embora a um ritmo mais moderado do que o inicialmente previsto.

Em grande medida, o optimismo anteriormente referido em relação às perspectivas de

evolução dos mercados mundiais baseia-se no pressuposto de que as duas grandes "forças",

oferta e procura, se manterão no decorrer da próxima década.

Deverá, contudo, ter-se em atenção que estas projecções claramente favoráveis para o

desenvolvimento nos mercados agrícolas internacionais são particularmente sensíveis a

alterações nalguns dos pressupostos admitidos para a evolução da conjuntura económica em

geral, incluindo as previsões relativas ao crescimento da procura e oferta de produtos agrícolas,

assim como em relação à evolução do quadro político do sector, sobre os quais recaem muitas

incertezas.

Segundo os relatórios da Comissão Europeia, incluem-se aqui três tipos principais de

incertezas: a) as perspectivas de desenvolvimento de muitas das economias emergentes, tanto em

termos do crescimento do rendimento per capita como da paridade cambial das suas moedas; b)

as previsões relativas ao crescimento da produção interna em muitos países importadores, as

quais não deverão acompanhar o crescimento da procura pois, se por um lado existe uma

limitação física no que se refere à disponibilidade de terras aráveis, por outro lado não são bem

conhecidas as possibilidades no que se refere aos ganhos de produtividade; c) as reformas

políticas e comerciais tanto na UE como nos principais países ou regiões produtoras, bem como

os resultados a atingir com a nova ronda negocial no âmbito dos acordos do comércio

internacional, donde poderão advir importantes implicações para o futuro do mercado mundial

de produtos agrícolas.

As projecções avançadas para o futuro dos mercados agrícolas no contexto da UE 15 têm por

base o pressuposto de que a evolução da política agrícola comunitária se fará de acordo com as

propostas da Agenda 2000, bem como com o respeito pelo cumprimento integral de todos os

compromissos assumidos no âmbito dos Acordos do Uruguai.

Por outro lado, dadas as expectativas do alargamento da UE aos Países da Europa Central e

Oriental1 (PECO), a análise da evolução do mercado comunitário de produtos agrícolas deverá

ter em conta as actuais perspectivas de evolução da situação interna dos mercados agrícolas

nesses países.

1 Bulgária, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, República Eslovaca e

Roménia.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

246/367

Por fim, importa relembrar que estas projecções se encontram em grande medida dependentes

dos resultados que serão atingidos com a nova ronda negocial que decorre actualmente no

âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

No que concerne às questões agrícolas, estão essencialmente em confronto as posições do

bloco económico liderado pelos Estados Unidos da América, que defende uma maior

liberalização do comércio de produtos agrícolas e a redução dos subsídios europeus e, do outro

lado, as da UE que defende uma estratégia que passa pela introdução de temas mais sensíveis

como o desenvolvimento sustentado, a qualidade e inocuidade dos produtos alimentares, as

modificações genéticas, a luta contra a poluição e o bem-estar animal, o emprego, a protecção da

saúde pública, a melhoria das condições de trabalho, a protecção social dos trabalhadores e a

"multifuncionalidade" da agricultura.

Ainda neste campo importa estar atento às posições defendidas pelos países em

desenvolvimento que, na Conferência inaugural desta nova ronda de negociações decorrida em

Seattle no final de 1999, representavam quase um terço das nações presentes, assim como da

China que pela primeira vez participa nestas negociações.

5.3 Cenarização da Economia Portuguesa

Foram desenvolvidos quatro cenários de desenvolvimento prospectivo para Portugal e para a

Bacia do Guadiana. Os cenários nacionais constituem um desenvolvimento a partir dos cenários

estabelecidos nos diversos documentos de planeamento. Os cenários para a bacia constituem um

ajustamento das tendências sectoriais e espaciais previsíveis aos valores agregados objectivo

para a bacia.

Os quatro cenários prospectivos de desenvolvimento sócio económico considerados

correspondem aos definidos para o Plano Nacional da Água e tiveram como base as previsões

publicadas em “Cenários da Evolução Estrutural da Economia Portuguesa 1995-2015” do D.P.P.

/ M.P.A.T e “Energia 1995-2015” do G.E.P.I.E. / M.I.E..

Enquanto que o primeiro estabelece três cenários baseados nas tendências de crescimento na

U.E. e na evolução da estrutura produtiva nacional (1-Cenário tendencial, com desenvolvimento

dos sectores menos expostos à concorrência internacional; 2–Cenário de diversificação das

exportações industriais em sectores maduros; 3–Cenário de diversificação para actividades de

serviços internacionais), o segundo estabelece dois cenários de comportamento da Indústria

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(essencial para a previsão dos consumos finais), com indicação dos sub-sectores que mais

ganham ou perdem peso na estrutura do VAB até 2015.

Os quatro cenários base considerados para a economia nacional, regional da Bacia do

Guadiana, e local por U.H.P., são os seguintes:

Cenário Descrição

1 Central

Tendencial

Corresponde a um cenário tendencial que assume a manutenção da

tendência histórica das variáveis explicativas, num contexto de

crescimento da economia da U.E. correspondente à estimativa central

das projecções disponíveis.

2 Optimista

Com crescimento europeu;

Com convergência real.

Corresponde a um cenário de maior crescimento, onde por um lado a

economia nacional progride para a convergência real, e por outro o

crescimento da economia da U.E. se aproxima do limite máximo das

projecções disponíveis.

3 Intermédio

Crescimento europeu limitado;

Com convergência real.

Corresponde a um cenário onde o crescimento da U.E. é limitado

(regressivo face aos blocos americano e asiático), mas onde apesar de

tudo se assiste a um crescimento da economia portuguesa que

permite uma convergência real.

4 Pessimista

Crescimento europeu limitado;

Sem convergência real.

Corresponde ao pior cenário possível, em que o crescimento da

economia europeia e nacional se aproxima do limite mínimo das

projecções disponíveis, não se registando qualquer aproximação

significativa face ao nível médio de desenvolvimento da U.E.

De notar que as designações “optimista” e “pessimista” dizem respeito ao nível de

crescimento económico, provocando até o efeito inverso na pressão sobre os recurso hídricos.

Em termos de desagregação sectorial, e da evolução da importância relativa de cada sector até

2020, foram elaborados mais 3 cenários, que podem ser analisados como variantes face a cada

um dos cenários base, totalizando doze cenários possíveis.

Os três cenários variantes considerados são os seguintes:

Cenário Variante Descrição

I Central

Corresponde a um cenário tendencial, não consubstanciando

alterações significativas na estrutura produtiva, antes consolida a

tendência histórica.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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II Aposta Turística Corresponde a um cenário de forte afirmação do turismo residencial e

histórico-cultural, dirigido ao mercado de reformados europeus

(desenvolvimento dos serviços de lazer e saúde). Impõe necessidade

de investimentos na oferta turística e o crescimento da Construção.

Este cenário implica igualmente profundas alterações na estrutura

produtiva dos restantes sectores, com perda de importância das

actividades industriais tradicionais.

III Aposta Agrícola Corresponde a um cenário onde a agricultura cresce à mesma taxa

que a economia, mantendo o seu peso no PIB, com aumento da

produtividade agrícola acima dos restantes sectores. Tem como

consequência o crescimento induzido da indústria agro-alimentar.

Cenário mais exigente em termos de pressão nos recursos hídricos.

Para o estabelecimento e desenvolvimento deste conjunto de cenários foi consultado um

conjunto de documentos de planeamento e estudos emitidos por entidades públicas e

universitárias, que seguidamente se apresentam.

Título Descrição Data

Portugal 2000-2006

Plano de Desenvolvimento

Regional

M.P.

Base de negociação para a obtenção de fundos

comunitários para a redução de assimetrias internas,

reflecte sobre a qualificação dos recursos humanos e do

reforço dos factores de competitividade da economia.

Define objectivos e eixos estratégicos, bem como áreas

e instrumentos de actuação na operacionalização das

intervenções prioritárias. Descreve o quadro

institucional de gestão, acompanhamento e controlo

das intervenções planeadas, bem como o cenário

macroeconómico actual em termos de convergência

real e nominal.

Dezembro

1999

Plano Nacional de

Desenvolvimento Económico e

Social 2000-2006

M.E.P.A.T.

Documento base para a negociação na obtenção de

fundos comunitários, analisa as oportunidades e

ameaças para Portugal no horizonte de 2006. Estuda o

enquadramento internacional do nosso país, as

tendências demográficas e macro-económicas, a

dinâmica das actividades económicas, a valorização

dos recursos humanos, e a coesão económica e social.

Dezembro

1998

Energia 1995-2015 Descrição da estratégia energética nacional e detalhe Dezembro

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Estratégia para o Sector Energético

M.I.E.

das políticas sectoriais para cada objectivo geral ou

instrumental do PEN. Evolução dos consumos de

energia por sistema electroprodutor e prospectiva da

evolução do mercado energético nacional e das

questões ambientais e tecnológicas.

1995

Portugal 2010

Posição no Espaço Europeu

D.P.P.

Enquadrador dos exercícios de cenarização, descreve a

Economia mundial, a globalização, e as grandes

questões europeias. Realiza um exercício prospectivo

com base em 3 cenários (central, aposta industrial,

aposta na terciarização e internacionalização).

Julho

1995

População, Economia e Território:

Cenários de Desenvolvimento

Plano Nacional da Água

Dividido entre demografia e economia, apresenta

projecções demográficas e a evolução esperada para os

principais indicadores a nível nacional e da Bacia do

Guadiana (de forma agregada). Estabelece 4 cenários

base de desenvolvimento até 2020, com a introdução

de variantes de aposta agrícola e turística.

Dezembro

1997

Cenários Macroeconómicos de

Crescimento 1997-2020

Plano Nacional da Água

Faculdade Economia da U.N.L.

Documento resumo das projecções económicas gerais

até 2020 incorporadas no PNA. Descreve

formalizadamente o modelo teórico

macroeconométrico aplicado, dividido em 3 blocos:

procura agregada, oferta agregada, e sector público.

Setembro

1997

A Competitividade de Portugal

Monitor Company

Estudo encomendado por 43 empresas e 6 entidades

públicas ao Prof. Michael Porter sobre as vantagens

competitivas de Portugal, com base no seu estudo

genérico da competitividade das nações com base em

“clusters” regionais.

Julho

1993

Plano Regional de Ordenamento da

Zona dos Mármores

C.C.R.A.

Estudo sectorial de ordenamento da extracção de

mármores no Alentejo, fundamentalmente no triângulo

Borba, Estremoz e Vila Viçosa. Após os estudos de

caracterização propõe um regulamento e estabelece um

plano de intervenções, substanciado em medidas por

área estratégica.

Dezembro

1998

Intervenção Operacional da Região

do Alentejo 2000-2006

C.C.R.A.

Trata-se de um documento de proposta de Plano de

Desenvolvimento Regional sobre o Alentejo, tendo por

sub-título “Um Território, Uma Estratégia, Uma

Proposta”. Partindo de uma leitura diagnóstica sobre a

situação actual, define uma visão estratégica para o sec.

XXI. Propõe uma estrutura de programa regional

Maio

1999

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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integrado. Aponta acções de apoio a investimentos com

interesse municipal e intermunicipal e acções

integradas de base territorial intra-regional e supra-

regional.

Programa de Desenvolvimento

Económico e Social do Alentejo

2000-2006

C.C.R.A.

Começando por caracterizar a integração da região do

Alentejo no espaço nacional e europeu, trata-se

fundamentalmente de um diagnóstico prospectivo até

2006 sobre as áreas da organização territorial,

economia e estrutura empresarial, e condições de vida

das populações.

Junho

1998

Alentejo 2010

Universidade de Évora

Estudo elaborado pelo Dr. Marcos Olímpio no âmbito

da tese de doutoramento, traça o cenário mais provável

para o Alentejo em 2010, no que se refere às questões

do desenvolvimento, dinâmica demográfica,

ordenamento, ambiente e qualidade de vida.

1997

Documentos Estratégicos para o

Planeamento em Portugal

Plano Nacional da Água

No âmbito do planeamento estratégico, apresenta

sucintamente os documentos de âmbito nacional e

regional - globais ou sectoriais – os instrumentos de

planeamento e ordenamento territorial, os planos e

programas com incidência no ordenamento do

território, e projectos estruturantes.

Junho

1999

Plano Regional de Emprego para o

Alentejo

I.E.F.P.

Caracterização da situação do emprego e da

produtividade no continente e nas macro-regiões do

país, com destaque para o Alentejo. Descrição dos

objectivos do plano nacional de emprego à luz da

estratégia de desenvolvimento regional.

Julho

1999

Outra Documentação Estatísticas publicadas pelo I.N.E.

Estudos da 1ª Fase.

Indicadores macroeconómicos 1994-1998 do D.P.P.

Documentação sobre a Política Agrícola Comum.

Plano de Desenvolvimento Humano do D.P.P.

Alguns indicadores da região do Alentejo da C.C.R.A.

Estudos realizados pelas empresas do consórcio sobre a

mesma temática e/ou região.

Informação diversa disponibilizada na Internet.

Diversas

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

251/367

5.4 Análise das Implicações dos Cenários na Bacia

Em termos de análise da Bacia do Guadiana por cenário, os dados disponíveis são escassos,

consistindo no valor regional agregado do PIB (e taxa anual equivalente) e no peso regional de

cada sector no total do país (População Activa, Emprego e VAB) para os anos de 1995 e 2020.

Na escolha dos dois cenários mais extremos, em termos de pressão exercida sobre os recursos

hídricos, decorrente do peso actual e esperado de cada tipo de consumo (agrícola, industrial e

doméstico), e da própria definição dos cenários, tornou-se evidente que o pior cenário possível

seria aquele em que a economia portuguesa tivesse o maior crescimento absoluto e a agricultura

tivesse uma expansão máxima. Por outro lado, o melhor cenário, nesta perspectiva, seria aquele

em que a economia nacional não se desenvolvesse como seria desejável, que a agricultura tivesse

um peso relativo diminuído (algo incoerente com o projecto de Alqueva), e que houvesse um

crescimento do turismo (de forma a trocar algum crescimento populacional pela redução da

produção industrial).

Assim, os cenários finais considerados são os seguintes:

Cenário na Óptica dos Recursos

Hídricos

Cenário na Óptica Sócio-

Económica

Descrição

A Pessimista

Cenário 2 – Optimista

Variante III – Aposta Agrícola

Cenário tipo “worst case” de maior pressão

sobre os recursos hídricos.

B Central Cenário 1 – Central

Variante I – Central

Cenário central de pressão sobre os

recursos hídricos (maior probabilidade).

C Optimista Cenário 4 – Pessimista

Variante II – Aposta Turística

Cenário mais favorável e de menor pressão

sobre os recursos hídricos (embora

economicamente indesejável).

Os valores do PIB por sector económico, por cenário considerado para os anos de 2000, 2006,

2012 e 2020, e as taxas sectoriais reais de crescimento entre 2000-2020 são os seguintes:

2000 2006 2012 2020 Crescimento

2000 - 2020

Agricultura, Pecuária, Floresta e Afins 33 084 216 37 276 216 42 545 094 60 505 760 163.6%

Pesca 342 407 385 792 440 322 297 186 25.1%

Indústria Extractiva 61 095 034 66 456 570 72 288 619 78 632 474 40.0%

Indústria Transformadora 120 515 392 135 785 529 154 978 397 201 587 901 141.1%

Prod. e Distr. Electricidade, Gás e Água 11 722 13 207 15 074 18 537 127.9%

Construção 13 961 497 15 730 516 17 953 976 22 225 664 129.4%

Page 281: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Comércio por Grosso 212 600 855 239 538 860 273 396 943 369 202 441 150.3%

Alojamento e Restauração 16 103 469 18 143 890 20 708 474 22 548 422 101.8%

Transp., Armazenagem, Distribuição 3 395 089 3 825 270 4 365 960 5 377 529 128.3%

Actividades Financeiras 13 048 604 14 701 953 16 780 029 20 763 375 129.3%

Actividades Imobiliárias e de Aluguer 6 140 045 6 918 032 7 895 874 9 738 083 128.6%

Administração Pública e Defesa 199 887 225 214 257 047 316 120 127.9%

Educação 1 132 438 1 275 926 1 456 274 1 791 742 128.0%

Saúde e Acção Social 3 954 038 4 455 042 5 084 749 6 264 533 128.3%

Outros Serviços 2 002 853 2 256 628 2 575 596 3 170 233 128.1%

Organismos Internacionais 0 0 0 0 0.0%

TOTAL da B.H.G. 487 587 547 546 988 646 620 742 429 802 440 000 127.9%

PIB da Bacia do Guadiana por Sector Económico (contos a preços de 2000) Cenário Central na Óptica dos Recursos Hídricos (Cenário B)

2000 2006 2012 2020 Crescimento

2000 - 2020

Agricultura, Pecuária, Floresta e Afins 34 404 551 40 310 846 47 844 787 75 388 105 228.4%

Pesca 356 071 417 199 495 172 311 460 31.1%

Indústria Extractiva 61 095 034 66 456 570 72 288 619 78 632 474 40.0%

Indústria Transformadora 125 324 956 146 839 731 174 283 511 242 136 117 189.6%

12 190 14 283 16 952 21 830 168.4%

Construção 14 518 677 17 011 126 20 190 440 26 237 775 170.9%

Comércio por Grosso 221 085 394 259 039 546 307 453 039 443 798 982 200.9%

Alojamento e Restauração 16 746 131 19 620 971 23 288 055 22 548 422 101.8%

Transp., Armazenagem, Distribuição 3 530 581 4 136 682 4 909 812 6 336 648 169.0%

Actividades Financeiras 13 569 352 15 898 828 18 870 258 24 507 660 170.7%

Actividades Imobiliárias e de Aluguer 6 385 084 7 481 224 8 879 436 11 480 422 169.5%

Administração Pública e Defesa 207 864 243 549 289 067 372 294 168.4%

Educação 1 177 632 1 379 798 1 637 677 2 110 478 168.6%

Saúde e Acção Social 4 111 837 4 817 724 5 718 138 7 382 575 169.1%

Outros Serviços 2 082 783 2 440 339 2 896 429 3 734 758 168.8%

Organismos Internacionais 0 0 0 0 0.0%

TOTAL da B.H.G. 504 608 139 586 108 414 689 061 392 945 000 000 168.4%

PIB da Bacia do Guadiana por Sector Económico (contos a preços de 2000) Cenário Pessimista na Óptica dos Recursos Hídricos (Cenário A)

2000 2006 2012 2020 Crescimento

2000 - 2020

Agricultura, Pecuária, Floresta e 30 462 363 31 602 198 33 210 675 44 762 000 95.0%

Pesca 315 272 327 068 343 715 319 771 34.6%

Indústria Extractiva 60 497 111 65 162 145 70 186 908 75 599 138 34.6%

Indústria Transformadora 110 964 805 115 116 868 120 976 044 127 868 261 52.9%

Prod. e Distr. Electricidade, Gás e

Á

10 793 11 197 11 767 8 536 5.0%

Page 282: RELATÓRIO FINAL Parte I – Introdução e Enquadramento 1

PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

253/367

Construção 13 278 160 18 200 770 24 948 340 30 910 015 219.1%

Comércio por Grosso 195 752 693 203 077 335 213 413 490 279 650 509 89.6%

Alojamento e Restauração 15 315 294 20 993 131 28 775 912 39 444 002 253.0%

Transp., Armazenagem, Distribuição 3 126 035 3 243 005 3 408 066 2 503 972 6.3%

Actividades Financeiras 12 014 530 12 464 088 13 098 480 9 971 621 10.1%

Actividades Imobiliárias e de Aluguer 5 653 460 5 865 000 6 163 515 14 316 613 236.1%

Administração Pública e Defesa 184 046 190 933 200 651 145 658 5.0%

Educação 1 042 695 1 081 710 1 136 767 828 128 5.4%

Saúde e Acção Social 3 640 689 3 776 916 3 969 152 2 922 318 6.5%

Outros Serviços 1 844 131 1 913 135 2 010 509 1 469 458 5.7%

Organismos Internacionais 0 0 0 0 0.0%

TOTAL da B.H.G. 454 102 078 483 025 500 521 853 990 630 720 000 79.1%

PIB da Bacia do Guadiana por Sector Económico (contos a preços de 2000) Cenário Optimista na Óptica dos Recursos Hídricos (Cenário C)

Relativamente aos cenários agrícolas de evolução do VBP, considerou-se que o mais extremo

em termos de recursos hídricos (crescimento do VBP = 286%), dados os pressupostos que

estiveram na sua origem, constitui um limite teórico de ocupação, com probabilidade de

acontecimento praticamente nulo. Assim, foi considerado que o cenário pessimista na óptica dos

recursos hídricos deveria referir-se ao cenário agrícola central (crescimento do VBP = 228%),

que o cenário central na óptica dos recursos hídricos deveria referir-se ao cenário agrícola menos

exigente (crescimento do VBP = 164%), e que o cenário optimista na óptica dos recursos

hídricos não deveria ser sujeito a restrições de variação agrícola.

A distribuição do PIB sectorial por U.H.P. foi realizada genericamente com base no peso das

Vendas; no caso das actividades económicas da secção A (Agricultura) aqueles valores foram

ponderados pelas áreas previstas de regadio, sequeiro e SAU. Os factores de imputação do

Produto pelas U.H.P., para o cenário central, para 2020 são os seguintes:

Primário Secundário Terciário

UHP 1 4.3% 36.1% 29.0%

UHP 2 12.6% 13.9% 8.0%

UHP 3 10.4% 12.7% 10.3%

UHP 4 1.3% 6.6% 0.3%

UHP 5 2.6% 6.6% 3.2%

UHP 6 1.5% 0.8% 1.7%

UHP 7 50.7% 12.4% 35.1%

UHP 8 1.3% 0.5% 1.2%

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

254/367

UHP 9 12.4% 0.9% 1.9%

UHP 10 2.6% 1.7% 3.7%

UHP 11 0.4% 7.7% 5.7%

TOTAL da B.H.G. 100.0% 100.0% 100.0%

Matriz de Distribuição Geográfica do PIB na Bacia do Guadiana Cenário Central na Óptica dos Recursos Hídricos (Cenário B) - Ano 2020

Os valores do PIB da Bacia do Guadiana pelos sectores primário, secundário e terciário, por

U.H.P., para os anos de 2000 e 2020, para o cenário central, são os seguintes:

Primário Secundário Terciário Total

UHP 1 3 361 187 48 453 013 74 251 100 126 065 300

UHP 2 12 052 670 18 599 355 20 594 243 51 246 268

UHP 3 8 070 827 17 148 570 26 511 537 51 730 934

UHP 4 956 970 8 813 112 848 448 10 618 530

UHP 5 1 957 254 8 824 999 8 305 185 19 087 438

UHP 6 1 096 982 1 115 753 4 486 452 6 699 187

UHP 7 51 278 373 16 792 330 90 215 590 158 286 293

UHP 8 973 633 727 705 3 030 618 4 731 956

UHP 9 12 287 951 1 200 771 4 826 579 18 315 301

UHP 10 1 990 194 2 325 911 10 025 963 14 342 068

UHP 11 474 890 10 487 091 15 481 564 26 443 546

TOTAL da B.H.G. 94 500 932 134 488 611 258 577 279 487 566 822

PIB da Bacia Guadiana por U.H.P. e Sector Económico (contos a preços de 2000)

Ano 2000

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Primário Secundário Terciário Total

UHP 1 5 975 408 80 903 926 127 217 694 214 097 029

UHP 2 17 574 359 31 027 446 34 939 951 83 541 756

UHP 3 14 520 302 28 475 375 45 033 264 88 028 941

UHP 4 1 758 835 14 730 462 1 441 446 17 930 744

UHP 5 3 640 803 14 720 600 14 073 964 32 435 368

UHP 6 2 032 683 1 856 747 7 485 201 11 374 631

UHP 7 70 629 153 27 798 112 153 963 791 252 391 056

UHP 8 1 865 695 1 209 267 5 068 935 8 143 898

UHP 9 17 222 194 1 987 204 8 255 093 27 464 491

UHP 10 3 614 419 3 792 764 16 464 822 23 872 006

UHP 11 560 778 17 330 198 25 228 315 43 119 291

TOTAL da B.H.G. 139 394 632 223 832 102 439 172 477 802 399 212

PIB da Bacia Guadiana por U.H.P. e Sector Económico (contos a preços de 2000) Ano 2020

Dos valores apresentados conclui-se que de 2000 a 2020 ocorrerá uma pequena redução do

peso do sector primário no total da bacia, acompanhada de um pequeno aumento do peso do

sector terciário, mantendo-se praticamente o peso do sector secundário.

Estas mesmas conclusões são expressas pelas taxas de crescimento real correspondentes

dadas pela tabela seguinte:

Primário Secundário Terciário Total

UHP 1 177.8% 167.0% 171.3% 169.8%

UHP 2 145.8% 166.8% 169.7% 163.0%

UHP 3 179.9% 166.1% 169.9% 170.2%

UHP 4 183.8% 167.1% 169.9% 168.9%

UHP 5 186.0% 166.8% 169.5% 169.9%

UHP 6 185.3% 166.4% 166.8% 169.8%

UHP 7 137.7% 165.5% 170.7% 159.5%

UHP 8 191.6% 166.2% 167.3% 172.1%

UHP 9 140.2% 165.5% 171.0% 150.0%

UHP 10 181.6% 163.1% 164.2% 166.4%

UHP 11 118.1% 165.3% 163.0% 163.1%

TOTAL da B.H.G. 147.5% 166.4% 169.8% 164.6%

Taxas de Crescimento Real do PIB na Bacia do Guadiana entre 2000 e 2020

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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De modo a calcular a população total por método económico indirecto, tal como aconteceu

para os cenários nacionais foi utilizada, para além do PIB, a Produtividade esperada

(PIB/Emprego). Seguidamente apresentam-se os valores da produtividade para a Bacia do

Guadiana (cenário central) e para o território nacional.

1981 1991 2020

Agricultura, Silvicultura, etc. 1 757 3 349 6 921

Electricidade, Gás, etc. 1 901 8 511 12 191

Construção 1 078 1 495 2 945

Indústria Transformadora 2 222 2 386 4 675

Serviços 3 474 3 486 6 838

TOTAL 2 438 3 383 6 679

Produtividade da Bacia do Guadiana (em contos, a preços constantes de 2000)

1981 1991 2020

Agricultura, Silvicultura, etc. 1 215 1 774 3 665

Electricidade, Gás, etc. 3 910 15 815 22 655

Construção 772 845 4 219

Indústria Transformadora 7 078 8 007 6 191

Serviços 3 685 3 658 7 056

TOTAL 2 842 3 266 6 446

Produtividade Nacional por Sector (em contos, a preços constantes de 2000)

Pelos valores indicados, ressalta o enorme incremento da produtividade em todos os sectores

relativamente à Agricultura e Silvicultura, especialmente marcantes no caso da Electricidade e

Gás e, em menor grau, no caso dos Serviços.

De forma similar à análise nacional, apresenta-se uma tabela resumo de comparação entre o

método económico (cenário central) e métodos demográficos. Foi realizada uma correcção no

valor de partida com os dados populacionais utilizados para efeitos deste Plano.

2000 2006 2012 2020

Demografia

Modelo D2T (1) 229 880 222 062 215 380 208 232

Modelo D4 91 (1) 223 974 212 074 201 844 191 761

Com correcção (D2T) 215 007 207 693 200 211 191 321

Economia

População Activa / 48 % 218 545 210 601 202 946 193 169

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População Activa / 50 % 215 885 206 346 197 229 185 695

Com Correcção (População Activa/48%) 213 908 208 631 203 483 196 816

(1) ver 5.5.1 População Total da Bacia do Guadiana

A principal ilação a retirar traduz-se pela regressão da população da bacia em todos os

modelos utilizados, o que parece demonstrar uma certa dificuldade em contrariar a desertificação

sentida nos últimos decénios.

5.5 Diagnóstico Prospectivo para a Bacia Hidrográfica

5.5.1 Evolução Demográfica

O estudo da evolução demográfica na Bacia Hidrográfica do Guadiana teve como objectivo

essencial aferir as previsões populacionais para as áreas das sub-bacias ou Unidades

Homogéneas de Planeamento, tendo em conta os cenários adoptados pela equipa do Plano.

Nesse sentido, começou por se subdividir a população residente na área da Bacia do

Guadiana, recenseada em 1991, pelas 11 Unidades Homogéneas de Planeamento (UHP). Esta

repartição baseou-se primeiramente na identificação das freguesias incluídas em cada uma das

UHP, afectando-lhe a respectiva população. No caso de freguesias pertencentes simultaneamente

a mais do que uma UHP, foi calculada a área pertencente a cada UHP (através da sobreposição

cartográfica das UHP e das freguesias, com recurso ao programa Arcview), sendo a população

dessas freguesias repartida de acordo com a percentagem de área englobada em cada UHP. As

sedes dos concelhos mereceram um tratamento mais cuidado, dado que é nelas que se concentra

a maioria da população dos concelhos, e a sua distribuição foi rigorosa, baseando-se na análise

exacta da sua localização espacial.

De seguida, elaboraram-se previsões de evolução populacional tendencial para cada uma das

UHP, com base na extrapolação linear das tendências demográficas passadas. Assim, com base

em dados anteriores ao ano 2000, nomeadamente os relativos à população residente e flutuante

em cada UHP, fez-se a sua extrapolação até ao ano 2020. Esta previsão foi elaborada com o

objectivo de servir de aferição aos cálculos desenvolvidos subsequentemente.

Depois, e afim de permitir efectuar previsões de população baseadas em variáveis

económicas, recorreu-se aos cenários seleccionados pela equipa económica. Dado que o valor de

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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base obtido para a população da Bacia Hidrográfica do Guadiana, pela equipa do Plano Nacional

da Água, para 1991, era diferente do calculado por nós na primeira fase do Plano, partiu-se dos

valores previstos nos referidos cenários para os anos horizonte e apurou-se a Taxa de

Crescimento Anual Médio (TCAM) a partir dos valores base por eles adoptados. Então, aplicou-

se essa mesma TCAM aos quantitativos populacionais de 1991, atribuídos à Bacia e a cada uma

das UHP.

Obtiveram-se, deste modo, projecções populacionais para cada um dos modelos demográficos

e dos cenários macro-económicos considerados e para cada uma das UHP.

A estes valores previstos adicionou-se, então, a população flutuante, estimada para cada UHP

a partir da estimativa efectuada na primeira fase do estudo.

Os modelos e cenários adoptados foram os seguintes:

• Modelos demográficos D2 T, menos regressivo com taxa anual de crescimento de –0.007,

e D4 91, mais regressivo com taxa anual de –0.010, do Plano Nacional da Água;

• Modelos de População dos Cenários Macroeconómicos A1, B3 e D2,do Plano Nacional da

Água, correspondentes respectivamente aos cenários central, pessimista e optimista na óptica dos

recursos hídricos.

Da análise dos resultados obtidos conclui-se que não existe um acentuado desfasamento entre

os valores associados aos diversos modelos / cenários.

Efectivamente, os valores obtidos para a totalidade da Bacia, para 2021, variam entre um

mínimo de 174.078 (Modelo demográfico D4 91) e 202.572 (Cenário macroeconómico com taxa

de actividade de 48% - B3).

Refira-se, ainda, que este valor é aquele que mais se aproxima do obtido por recurso à

projecção por extrapolação linear que, para 2021, é de 209.052 habitantes.

Para os cálculos do Plano no âmbito da evolução demográfica, decidiu-se optar no caso do

cenário de crescimento macroeconómico optimista pelo modelo de maior evolução demográfica,

atrás indicado (modelo demográfico B3 com taxa de actividade de 48%). Por sua vez, para o

cenário pessimista optou-se, não pelo modelo de projecção demográfica mínima, mas por um

modelo intermédio D2 (taxa anual de crescimento igual a –0.00845) associada à taxa de

actividade de 50%.

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5.5.2 Evolução dos Sectores Primário, Secundário e Terciário da Actividade

Económica

A agricultura na Bacia do Guadiana tem um grande enraizamento na paisagem e no modo de

vida das populações. As características culturais do Alentejo coincidem quase que perfeitamente

com as da Bacia do Guadiana, devido ao grande peso da sub-bacia do Alentejo.

A região do Alentejo é a maior região agrária do país, com cerca de 46% da superfície

agrícola útil nacional e apenas cerca de 8% do número total de explorações agrícolas. A

dimensão média da exploração é, portanto, significativamente superior à media nacional: 39,2 ha

no Alentejo, contra 6,7 ha na média do país. No entanto, o nível de mecanização, medido em

tractores/ha é relativamente baixo.

Uma grande parte da superfície da região é também ocupada por floresta (cerca de 1.127

milhares de hectares), onde predominam os montados de sobreiros e de azinheiras que

representam mais de 75% da área florestal.

De entre os sistemas de produção destacam-se os sistemas cerealíferos de sequeiro e os

sistemas agro-silvo-pastoris nos quais se pratica a exploração de bovinos, ovinos ou caprinos em

regimes extensivos, fazendo o aproveitamento de pastagens naturais ou melhoradas, sob-coberto

de montados de sobro ou azinho.

A olivicultura e a viticultura são também actividades que apresentam uma forte tradição em

muitas regiões do Alentejo, tendo recentemente sofrido um forte impulso dinamizador

incentivado essencialmente pelo mercado emergente dos produtos tradicionais de qualidade.

A aptidão olivícola está patente nos 40% de área total ocupada e 42% de produção global

nacional, providenciando uma rentabilidade de 0.90 ton/ha olival, face às 0.85 ton/ha do

Continente. A vinha tem conhecido um desenvolvimento digno de registo, detendo 5.2% da

superfície ocupada e 6.0% da produção a nível nacional, com uma produtividade superior à

nacional (20.7 hl/ha vs. 18.2 hl/ha). A excelência dos vinhos alentejanos permitiu o

reconhecimento do Alentejo como região vitivinícola, com áreas demarcadas de produção de

vinhos regionais de qualidade VQPRD.

Também neste âmbito, assistiu-se recentemente ao ressurgir de actividades tradicionais como

seja a exploração do porco alentejano em regimes extensivos fazendo o aproveitamento da bolota

da azinheira, actividade que durante muitos anos esteve proibida por motivos sanitários. Entre os

produtos tradicionais figuram também os queijos alentejanos, de reconhecida qualidade, embora

o sector leiteiro não tenha grande tradição na região.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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No decurso dos anos 90, a agricultura alentejana sofreu um processo de ajustamento

provocado pela alteração do quadro político de apoio ao sector, cuja expressão mais significativa

ficou marcada pela reforma da PAC de 1992.

Em consequência desta transformação as empresas agrícolas tiveram de se adaptar passando a

orientar as suas opções de produção com base nos altos níveis de apoio de que passaram a

beneficiar algumas culturas, nas quais se inclui o girassol, a beterraba sacarina, o tomate para a

indústria, ou mesmo culturas para as quais não havia tradição na região, como o linho não têxtil

ou a colza.

Ao mesmo tempo, os apoios financeiros ao investimento nas explorações agrícolas levaram

também à restruturação de um grande número de explorações agrícolas alentejanas, do que é

exemplo o aumento significativo de explorações com pequenos regadios particulares.

Como consequência, a região do Alentejo é hoje a principal região agrária na captação de

subsídios agrícolas, cabendo-lhe perto de 27% do total dos apoios destinados ao sector (ou 36%

considerando apenas as ajudas ao rendimento). O Alentejo consegue ser simultaneamente a

região agrária que recebe o mais baixo nível de ajudas por hectare de superfície agrícola útil e a

região onde é mais alto o montante de ajudas recebidas por exploração (a região que, nesta

escala, vem em segundo lugar — Ribatejo e Oeste — recebe uma ajuda total por exploração que

é inferior a um terço do que recebem as explorações alentejanas).

Apesar de todas estas transformações, a agricultura alentejana, enfrenta hoje grandes desafios

ao seu desenvolvimento e ao reforço da sua competitividade, onde se destaca a persistência de

um processo de desertificação populacional que não apresenta ainda sinais de recuperação, o

elevado grau de dependência que a viabilidade económica duma maioria das suas explorações

agrícolas apresenta em relação às políticas de apoios ao rendimento, ou o desafio que representa

a implementação do projecto de Alqueva que irá levar à reconversão do sequeiro em regadio

numa grande extensão da superfície agrícola alentejana, obrigando a um esforço de

modernização tecnológica e a uma maior integração no funcionamento dos mercados, com o

inerente aumento do risco e reforço da capacidade empresarial.

Ainda englobado no sector primário surge o sector da indústria extractiva, um dos sectores

com maior especialização produtiva regional. Destaca-se a extracção de rochas ornamentais –

mármores (na conhecida Zona dos Mármores que abrange sobretudo os concelhos de Borba,

Estremoz e Vila Viçosa) e granitos (com destaque para o concelho de Arronches) - e a extracção

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de minérios metálicos, com destaque para as minas de cobre e estanho de Neves-Corvo (no

concelho de Castro Verde).

O sector A (Agricultura, pecuária, floresta e afins) concentra-se fundamentalmente nas UHP

3, 10, 6 e 8; O sector B (Pesca) concentra-se fundamentalmente na UHP 11; Finalmente, o sector

C (Indústria extractiva) concentra-se fundamentalmente nas UHP 9, 7 e 2.

O sector secundário engloba, para além da Indústria Transformadora, os sectores da Produção

e Distribuição de Electricidade e Gás, e da Construção. O número de empresas da Indústria

Transformadora e da Construção é quase irrisório, confirmando a sua fraca vocação industrial. da

área da Bacia do Guadiana.

A Indústria Transformadora é o sector onde se concentra o maior número de empresas (cerca

de 63%), praticamente o dobro do sector da Construção (cerca de 37%). De referir a inexistência

de empresas de Produção Energética.

As empresas da Indústria Transformadora concentram-se na sua quase totalidade (cerca de

80%) nas Unidades Homogéneas de Planeamento 7, 2, 3 e 1 (zonas Centro-Sul e Norte da

Bacia), destacando-se as Indústrias Alimentares e de Bebidas, a Fabricação de Produtos

Metalúrgicos, Máquinas e Equipamentos e a Fabricação de Produtos Mineiros. De igual forma, é

também aqui que se localizam o maior número de empresas do sector da Construção, que têm

também alguma representatividade nas unidades da sub-bacia do Alentejo.

Assiste-se a uma menor concentração de empresas industriais na maioria das zonas da

margem esquerda do Guadiana (UHP 4, 6 e 8). A dimensão média das empresas da Indústria

Transformadora na área da Bacia varia aproximadamente entre 5 e 20 trabalhadores por empresa,

enquanto no sector da Construção a dimensão média é de cerca de 8 trabalhadores. Com efeito,

apesar de algumas excepções, as empresas industriais na área da Bacia são de pequena dimensão.

O maior valor médio verifica-se na UHP 1 – devido à existência de uma unidade de Fabricação

de Produtos Químicos com 80 trabalhadores – e na UHP 4 – em parte devido à existência de uma

indústria de Fabricação de Pasta de Papel e Cartão com 154 trabalhadores no concelho de

Mourão. Esta unidade produtora será brevemente substituída por outra, com utilização de

tecnologias mais avançadas, localizada no mesmo concelho e empregando aproximadamente o

mesmo número de trabalhadores, embora possa vir a apresentar um maior volume de vendas,

valor acrescentado e produtividade.

O volume de vendas da região da Bacia do Guadiana em 1996 foi reduzido face ao volume de

vendas nacional. Cerca de 25% das vendas totais registaram-se no sector da Indústria

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Transformadora, com destaque para as Indústrias Alimentares e de Bebidas. Dentro deste sector,

as unidades que reúnem o maior volume de vendas na Bacia são as UHP 1 e 2 (com 40% e 15%

do total da Bacia), enquanto que na outra extremidade tem-se as UHP 6, 8, 9 e 10 (com volumes

de vendas inferiores a 1%).

Face à importância do sector primário – em termos de área utilizada e dimensão social - e do

sector terciário – em termos dos indicadores económicos Vendas, Nº Empresas e Nº Activos -

facilmente se constata a debilidade do tecido industrial regional.

De entre os sub-sectores do Terciário, o Comércio por Grosso é a actividade dominante em

termos de número de empresas na área da Bacia (60%), seguida pelas actividades de Alojamento

e Restauração (20%), estas com potencialidades de crescimento em cenários de desenvolvimento

de aposta turística. De referir que nas UHP da Bacia do Algarve o peso do Alojamento e

Restauração é superior a 50%, facto justificável pela importância do Turismo no Algarve.

Repare-se que os indicadores relativos à Indústria da Construção nas UHP 10 e 11 apresentam

valores elevados, sugerindo uma relação com a capacidade de oferta turística.

Verifica-se um reduzido número de empresas ligadas à Educação (cerca de 1%), indício do

envelhecimento da população residente.

À semelhança do sector secundário, a dimensão média das empresas assume uma maior

frequência de valores entre os 5 e os 20 trabalhadores, vincando assim o domínio das pequenas

empresas. Acima deste valor encontra-se a dimensão média das Actividades Financeiras (Bacia

Guadiana = 54 trabalhadores / Bacia Algarve = 38 trabalhadores) e do sector de Transportes e

Armazenagem (Bacia Guadiana = 20 trabalhadores / Bacia Algarve = 15 trabalhadores).

Em termos de volume de vendas, verifica-se que o terciário é responsável por cerca de 50%

das vendas totais na área da Bacia, com destaque para o Comércio por Grosso, com quase

metade do volume de vendas do terciário. Ao Alojamento e Restauração corresponde o segundo

maior volume de vendas, ficando muito aquém do valor das actividades de Comércio por

Grosso, com excepção na Bacia do Algarve.

Para os sectores que pertencem maioritariamente ao sector público, dado não actuarem com

uma lógica empresarial de maximização do lucro, têm de ser analisados na óptica da despesa

realizada, tendo sido utilizado o valor das remunerações pelo peso relativo nos custos totais. Em

especial, a Saúde a Acção Social tem alguma representatividade, fruto da dinâmica social,

política e demográfica das últimas décadas. Dado o âmbito desde estudo, opta-se por

secundarizar estes sectores face às actividades produtivas em geral.

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O sector G (Comércio), embora não estando concentrado, apresenta mais dinamismo na UHP

01; O sector H (Alojamento e restauração) e K concentram-se fundamentalmente nas UHP 10 e

11 (influência do turismo algarvio na bacia); O sector I (Transportes, armazenagem e

comunicações) concentra-se fundamentalmente nas UHP 11, 10 e 1; Finalmente, o sector J

(Actividades financeiras) concentra-se fundamentalmente nas UHP 6, 8 e 5.

5.5.3 Evolução da Agricultura – Regadio

As projecções de evolução dos mercados agrícolas comunitários e mundial descritas nos

pontos anteriores irão exercer a sua influência na evolução do sector agrícola na área da bacia

hidrográfica do Guadiana, na medida em que esta se encontra integrada no espaço político-

económico da UE.

A actividade agrícola nesta região será, portanto, significativamente influenciada pelas

orientações da política agrícola comum europeia, nomeadamente para aquelas culturas e

actividades que beneficiem de maior protecção ou sujeitas a medidas de controlo da oferta.

A recente revisão da PAC para o período 2000 - 2006 definiu as principais orientações do

sector para este período, tendo ficado caracterizada, no essencial, por uma linha de continuidade

relativamente à reforma de 1992. A sua importância para a análise que se pretende desenvolver

justifica que se destaquem aqui as principais alterações agora introduzidas, assinalando os

impactos que daí poderão advir no apoio ou no desincentivo a determinadas actividades agrícolas

ou pecuárias.

Começando por analisar o caso das culturas arvenses, destacam-se desta nova reforma da

PAC essencialmente três alterações, tendo em conta as suas implicações na evolução das áreas

ocupadas pelas culturas arvenses de regadio nesta região:

1) Uma redução de 20% do preço de intervenção dos cereais numa só etapa, ocorrida no ano

2000, sendo compensado em 50% por um reforço das ajudas directas.

2) A superfície de base nacional para as culturas arvenses de regadio foi aumentada em

60.000 ha, passando a totalizar cerca de 350.000 ha. Este aumento, no entanto, é feito à custa da

superfície de referência do sequeiro, pelo que a superfície de base nacional para o conjunto das

culturas arvenses não se altera, mantendo-se próxima dos 1.030 mil hectares. Refira-se,

entretanto, que antes deste aumento, a área de base para as culturas arvenses de regadio já tinha

sido ultrapassada, pelo que se pode perspectivar que estes novos 60.000 ha agora

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disponibilizados serão rapidamente esgotados. Como é sabido, o sistema de co-responsabilização

em vigor obriga a que, em caso de ultrapassagem das áreas de base atribuídas a cada

Estado-Membro, seja activado o regime de penalizações sobre os montantes das ajudas ao

rendimento, com efeitos sobre a totalidade dos produtores nacionais.

Redução da ajuda directa às oleaginosas, às proteaginosas e ao linho não têxtil, passando para

o nível da ajuda atribuída aos cereais (no caso das proteaginosas mantém-se um prémio especial,

para além do pagamento compensatório).

3) Com base nestas alterações pode esperar-se que a área total de culturas arvenses na área do

Plano não deverá sofrer alteração significativa, sendo previsível algum crescimento da área de

culturas arvenses de regadio cuja extensão resultará da capacidade dos produtores locais para

captar parte dos novos 60.000 ha que foram atribuídos.

Por outro lado, é também de esperar uma redução da área de oleaginosas (onde o girassol é,

de longe, a cultura mais importante) e de linho não têxtil, em resultado da descida da ajuda

directa, levando à transferência dessas áreas principalmente para os cereais, tanto no sequeiro

como no regadio.

Para além destas alterações, que vêm na sequência directa das propostas que foram

apresentadas pela Comissão em 1998 no documento Agenda 2000, justifica-se ainda uma análise

da evolução da legislação que regulamenta as Organizações Comuns de Mercado (OCM) das

culturas mediterrâneas, não contempladas nesta reforma da PAC, e cujo interesse resulta de se

tratarem de culturas com potencial de aproveitamento em regadio e com reconhecida aptidão

para a região em estudo.

Estão neste caso o tomate para a indústria, a beterraba sacarina, o olival e a vinha. No caso

desta última cultura, embora a vinha para vinho, por regra, não possa ser regada, ela tem vindo a

ser progressivamente equipada com sistemas localizados que permitem a aplicação de regas

estivais em períodos críticos, sempre que tal prática seja autorizada pelas entidades vitivinícolas

regionais.

A cultura da beterraba sacarina é relativamente recente em Portugal continental, tendo surgido

como cultura industrial em meados da década de 90, no âmbito dum projecto de implantação da

cultura em Portugal que incluiu a construção de uma fábrica de refinação de açúcar, instalada em

Coruche. A quota atribuída a Portugal para esta cultura foi de 70.000 t/ano de açúcar

(equivalente, sensivelmente, a 12.000 ha de cultura), valor que a empresa responsável pela

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exploração da fábrica previu atingir no ano 2000. As hipótese de expansão da área desta cultura

encontram-se, portanto, muito limitadas.

No caso do tomate para a indústria, verifica-se uma situação semelhante, em que a quota

nacional para a campanha de 1999/2000 foi de perto de 885 mil toneladas, encontrando-se

também praticamente preenchida.

Em relação ao olival, a expansão da superfície nacional desta cultura encontra-se igualmente

sujeita a regras específicas. Um dos objectivos previstos pela Política Agrícola Nacional,

recentemente apresentadas, para um horizonte até 2006, refere-se à plantação de 30.000 ha de

novos olivais. Comparando com as propostas de plantação de mais de 83.000 ha de olival até ao

ano de 2015 que foram apresentadas em 1997 no Plano (nacional) de Dinamização da Fileira

Oleícola e que deveriam elevar a produção nacional de azeite para cerca de 120.000 t, conclui-se

que houve uma redução substancial relativamente às perspectivas de expansão do olival

inicialmente esperadas.

No caso da vinha, a regulamentação da OCM vitivinícola foi também objecto de algumas

alterações recentemente introduzidas pelo Regulamento (CE) n.º 1493/99 que logo no seu Artigo

n.º 1 estabelece que "é proibida, até 31 de Julho de 2010, a plantação de novas vinhas de castas

classificadas como castas de uva para vinho, excepto quando a plantação for efectuada no

exercício de um novo direito de plantação, de um direito de replantação ou de um direito de

plantação proveniente de uma reserva". No Artigo n.º 6 do mesmo regulamento foram atribuídos

novos direitos de plantação aos Estados-Membros, resultando daí a possibilidade de Portugal

aumentar em 3041 hectares a sua área de vinha2.

No sector da pecuária, a reforma da PAC de 1999 introduziu também algumas alterações na

OCM da carne de bovino, destacando-se uma redução de 20% no preço de intervenção que será

parcialmente compensado pelo reforço das ajudas directas: aumento de cerca de 23% do valor do

prémio às vacas aleitantes e de cerca de 30% do prémio especial aos animais machos, os quais se

processarão de forma gradual até 2002; manutenção do prémio à extensificação e introdução

2 A atribuição de novos direitos de plantação de vinha aos Estados-Membros contemplada no Artigo n.º 6 do

Regulamento (CE) n.º 1493/99, fixou um aumento equivalente a 1,5% da superfície de vinha existente, o que, para

Portugal, resultava num total de 3760 ha. A estas áreas, no entanto, houve que deduzir as áreas de novas plantações

já atribuídas pelo Conselho de Ministros da Agricultura, em 1998, que no caso de Portugal foram 719 ha, restando

assim 3041 ha de novos direitos de plantação.

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dum novo prémio ao abate. Este novo prémio poderá ainda contar com um suplemento nacional,

atribuído com base em "envelopes financeiros" a conceder anualmente aos Estados-Membros.

O sector do leite foi também recentemente objecto de nova regulamentação3 que veio definir

as regras da OCM do leite e dos produtos lácteos. A reforma do sector, entretanto, foi adiada

para 2005/06. As principais alterações que foram introduzidas pelos novos regulamentos incluem

uma redução dos preços e a manutenção do regime de quotas até 2007/08, embora tivessem sido

previstos aumentos das quotas atribuídas a cada Estado-Membro que, no caso de Portugal,

ficaram fixados em 28.100 t a implementar num período de oito anos. As reduções dos preços da

manteiga e do leite em pó desnatado corresponderão a uma descida real do preço do leite pago

aos produtores.

A compensação dos rendimentos das explorações será feita através da instituição de um

sistemas de ajudas que revestirão a forma de um prémio por vaca leiteira que será acrescido de

um pagamento adicional decorrente de um pacote financeiro nacional.

Em conclusão, pode dizer-se que a evolução do sector agrícola na Comunidade, e por

conseguinte também na bacia hidrográfica do Guadiana, se encontra fortemente limitada pelas

imposições da actual política agrícola da UE que, tal como se encontra formulada, assenta nos

seguintes grandes eixos de orientação:

• Limitação da oferta agrícola, quer através de quotas, QMG (quantidades máximas

garantidas), sistemas de co-responsabilização dos produtores, entre outros;

• Redução dos preços agrícolas, face à necessidade de maior abertura do mercado europeu

ao exterior imposta pelos acordos multilaterais do comércio internacional;

Manutenção do nível de rendimentos dos agricultores através da atribuição de ajudas directas,

calculadas com base em níveis históricos de produção (portanto, não incentivando os aumentos

das produtividades das culturas).

Com base nas perspectivas descritas anteriormente, relativas à evolução do quadro político-

económico que influenciará o futuro da agricultura na área da bacia hidrográfica do Guadiana,

procede-se neste ponto à definição do cenário de evolução previsível relativo à

representatividade que as diversas culturas ou actividades agrícolas poderão vir a assumir no

futuro, em resposta às alterações nos níveis de preços e ajudas de que beneficiam na situação

actual.

3 Regulamentos (CE) n.os 1255/99 e 1256/99.

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Como se viu anteriormente, o cenário actual da PAC não deixa grande margem para a

expansão do regadio, nomeadamente para aquelas culturas que representam a maior parte da área

de regadio (excluindo, apenas, as culturas hortícolas e os pomares). Tendo em conta os

objectivos do presente trabalho, esta questão não irá ser considerada, admitindo-se que uma

solução de âmbito político ou económico venha a ser encontrada para este problema, a qual

poderá passar, por exemplo, por uma alteração mais ou menos profunda da actual PAC, em que a

atribuição de ajudas deixe de estar relacionada com o tipo de cultura praticada, o que constitui

aliás, um cenário admitido já para 2006.

Um vez que um dos principais objectivos a atingir com esta análise se prende com a avaliação

das necessidades de água que deverão satisfazer as exigências dos sistemas de produção agrícola

que venham a ser praticados futuramente nesta região, a análise incidirá essencialmente nas

culturas de regadio e nas actividades pecuárias.

Como pressuposto de base, assume-se que a tendência de evolução das áreas regadas se dará

no sentido da introdução de sistemas mais intensivos, com maiores margens de rendibilidade,

respeitando as restrições de solos e de água de rega condicionantes, sendo acompanhada de um

desinvestimento nas superfícies de menores aptidões agrícolas que serão orientadas para sistemas

de produção extensivos, assentes na silvo-pastorícia ou em cereais de sequeiro praticados numa

perspectiva de aproveitamento das ajudas directas ao rendimento ou veiculadas através das

medidas agro-ambientais, face à tendência para um reforço nos níveis destas ajudas.

Assume-se, portanto, que o crescimento das áreas de regadio se dará à custa das áreas

actualmente ocupadas com culturas de sequeiro. Por outro lado, admite-se ainda que a área de

sequeiro venha também a reduzir-se por via da transferência de terras para a floresta,

nomeadamente das áreas classificadas como tendo maiores riscos de erosão (com riscos elevados

e muito elevados).

Procedeu-se também a uma análise de diferentes cenários de evolução da área agrícola de

regadio na bacia hidrográfica do Guadiana, com vista a uma posterior avaliação do crescimento

dos consumos de água para rega face a diferentes cenários de expansão do regadio.

Nesta linha, considerou-se que esta análise deveria ser feita tendo por base dois cenários

extremos de expansão do regadio que possam representar, respectivamente, uma situação de

máximo crescimento da área de rega e uma situação de mínimo crescimento. Desta forma, estes

dois cenários podem ser vistos como estabelecendo os limites superior e inferior relativamente à

evolução do regadio e, consequentemente, dos consumos de água para rega.

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Para além destes dois cenários foi ainda considerado um cenário intermédio, o qual pretende

representar a situação considerada mais provável do ponto de vista das projecções relativas à

evolução do sector agrícola na região.

Para definir o potencial de expansão do regadio na área da bacia, foram fixados os seguintes

critérios:

1) Áreas com uso actual agrícola;

2) Solos com aptidão para o regadio;

3) Áreas com declive inferior a 5%.

Como se conclui, nesta fase não se entrou ainda com as restrições relativas às

disponibilidades hídricas para o regadio, as quais poderão vir, numa análise posterior, a reduzir

bastante o potencial de expansão do regadio que aqui é admitido.

Para estimar o ritmo de expansão do regadio que pode ser esperado em cada uma das UHP

num horizonte de médio e longo prazo, recorreu-se à análise da evolução histórica observada ao

longo da década de 90 para calcular a Taxa de Crescimento Médio Anual (TCMA) do regadio

registada no período compreendido entre 1989 e 1997 em cada UHP.

Os valores assim obtidos foram considerados como indicadores do "dinamismo empresarial"

dos agricultores locais para a adesão ao regadio em cada UHP, uma vez que no período

considerado não surgiu nenhum novo perímetro público na área da bacia (os três perímetros

públicos existentes na área da bacia - Vigia, Caia e Lucefecit - são anteriores a 1989), podendo

concluir-se que todo o crescimento do regadio se ficou a dever à iniciativa privada dos

agricultores.

Na tabela seguinte resume-se muita da informação resultante desta análise, tanto para o nível

global da bacia como para cada UHP.

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AR 89(1) AR 97(2) Evolução APR(4) UHP

Ha Ha ha % TCMA(3) ha

1 5.898 7.480 1.582 26,8% 3,0% 21.033

2 3.580 4.649 1.070 29,9% 3,3% 7.963

3 3.917 7.337 3.420 87,3% 8,2% 37.791

4 225 304 80 35,6% 3,9% 5.512

5 296 440 144 48,6% 5,1% 11.640

6 314 920 606 193,0% 14,4% 15.000

7 2.280 6.100 3.819 167,5% 13,1% 59.529

8 116 503 387 334,8% 20,2% 1.192

9 152 145 -7 -4,4% -0,6% 297

10 2.082 832 -1.250 -60,0% -10,8% 0

11 672 282 -390 -58,1% -10,3% 395

TOTAL 19.531 28.992 9.461 --- --- 160.351(1) Área regada em 1989 (2) Área regada em 1997 (3) Taxa de crescimento médio anual (4) Área total com potencial para regadio na bacia hidrográfica do Guadiana (inclui as áreas já actualmente regadas)

Evolução das Áreas de Regadio e Área Total com Potencial para Regadio em cada UHP

Como se conclui, a aplicação dos critérios que foram considerados para estabelecer o

potencial máximo de expansão do regadio na bacia conduziram a um valor total de 160.351 ha.

Da observação dos valores da TCMA do regadio em cada UHP na última década verifica-se

que algumas UHP tiveram uma taxa de evolução da área de rega semelhante, o que permite

agrupar as 11 UHP em 3 grupos distintos: um primeiro grupo correspondente às UHP 1 a 5 que

registaram uma taxa próxima dos 5%; um segundo grupo que inclui as UHP 6 a 8 com taxas

próximas dos 15%; e um terceiro grupo que integra as UHP 9 a 11, nas quais se verificou um

decréscimo da área de regadio.

Esta distribuição leva a distinguir uma diferenciação regional da área da bacia, de Norte para

Sul, em que os valores mais elevados da TCMA do regadio se encontram nas UHP localizadas

no centro (UHP 6 a 8), os mais baixos nas UHP do Sul (UHP 9 a 11) e valores intermédios nas

UHP do Norte (UHP 1 a 5). Note-se, no entanto, que os maiores crescimentos absolutos se

verificaram nas UHP 3 e 7, com um aumentos superiores a 3.000 ha, e também as UHP 1 e 2

onde a área regada registou um acréscimo superior a 1.000 ha.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Tendo por base estes resultados, a construção dos três cenários de evolução da área de regadio

na bacia partiu do estabelecimento de taxas de crescimento diferenciadas para cada um dos 3

grupos de UHP acima indicados. Assim, partiu-se do cenário de crescimento "intermédio", no

qual se considerou que a evolução da área de regadio nos próximos 6 anos (até 2006) se iria

manter em ritmos próximos aos verificados no período analisado (1989 - 1997), o que aliás está

em concordância com a linha de continuidade que foi estabelecida pelas medidas de política

agrícola recentemente introduzidas no âmbito do novo Quadro Comunitário de Apoio que

vigorará até 2006.

Para os períodos seguintes (2007-12 e 2013-2020) admitiu-se a possibilidade de uma redução

das TCMA que deverá ser mais importante nas UHP 6 a 8 (que actualmente registam os maiores

crescimentos). Exceptuam-se deste pressuposto as UHP 9 a 11 que nos últimos anos registaram

uma redução das áreas regadas, tendo-se admitido que nestas UHP a área de rega se manteria no

futuro em níveis próximos dos verificados em 1997. De qualquer modo, estas três UHP que aqui

se incluem não têm quase expressão no conjunto da área de regadio actual na bacia, não

chegando a representar 5% do total.

Para a construção do cenário de maior crescimento do regadio admitiu-se que no ano 2020 a

área de rega ocuparia a totalidade da área potencialmente irrigável, ou seja, os 160.351 ha

anteriormente indicados, tendo-se ajustado as taxas de crescimento definidas no cenário central

de forma a atingir este valor em 2020. Para o cenário de menor crescimento do regadio partiu-se

do pressuposto de que a expansão do regadio se daria a um ritmo que seria metade do

estabelecido no cenário intermédio.

Os valores das taxas de crescimento que foram admitidas para cada cenário foram as que se

apresentam na tabela seguinte, destacando-se a diferenciação que foi assumida para cada um dos

agrupamentos de UHP.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Períodos

Cenários UHP 2000-06 2007-12 2013-2020

1 a 5 9,4% 5,2% 3,5%

6 a 8 23,3% 12,1% 5,5% Máxima expansão

do regadio 9 a 11 4,1% 1,1% 0,5%

1 a 5 5,0% 4,0% 3,0%

6 a 8 15,0% 10,0% 5,0% Crescimento

intermédio 9 a 11 0,0% 0,0% 0,0%

1 a 5 2,5% 2,0% 1,5%

6 a 8 8,0% 5,0% 2,5% Menor expansão

do regadio 9 a 11 0,0% 0,0% 0,0%

Taxas de Crescimento Médio Anual admitidas para Projectar a Evolução das Áreas de Regadio

em cada um dos Cenários, segundo as UHP

Para além destas considerações, houve ainda que atender à evolução das áreas regadas

associadas à implementação dos novos perímetros públicos previstos para a bacia, não só no que

se refere ao perímetro de Alqueva mas também aos novos aproveitamentos do Xévora, Ribeira

da Estação, Ribeira do Freixo, Monte Novo e Foz do Guadiana. A implementação destes novos

aproveitamentos não está sujeita à iniciativa individual dos agricultores, obedecendo a uma

programação que foi definida a nível oficial e que estabelece as datas previsíveis para a sua

execução e entrada em funcionamento.

É, no entanto, possível admitir que a taxa de adesão ao regadio por parte dos agricultores

abrangidos por estes perímetros possa não acompanhar o ritmo de execução das infra-estruturas.

Foi este, aliás, o pressuposto que se considerou para o caso do cenário de menor expansão do

regadio, tendo-se admitido que, neste cenário, a fraca adesão ao regadio permitiria que apenas

metade da área equipada fosse efectivamente regada no último ano do período em causa, isto é,

em 2020. Para os cenários intermédio e de máximo crescimento do regadio já se considerou que

toda a área equipada por perímetros públicos estaria em funcionamento em 2020.

Foi, portanto, com base em todos estes pressupostos que se estimou a evolução das áreas de

regadio, tendo em conta a distinção entre os perímetros privados e públicos, apresentando-se os

resultados assim obtidos nas tabelas das páginas seguintes.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Expansão dos perímetros privados Cenários UHP

Área actual dos perímetros privados 2000-06 2007-12 2013-20

Área total regada por perímetros privados em

2020 1 1.708 1.213 1.644 2.165 3.874 2 1.842 1.308 1.773 2.335 4.177 3 5.832 4.142 5.612 7.393 13.225 4 304 216 293 386 690 5 440 312 423 558 998 6 920 2.309 4.583 7.041 7.961 7 6.100 15.313 30.387 46.684 52.783 8 503 1.262 2.504 3.847 4.349 9 145 40 43 45 190

10 832 230 246 256 1.088 11 282 78 83 87 368

Máxima expansão do

regadio

Total 18.908 26.423 47.592 70.795 89.703 1 1.708 581 735 931 2.640 2 1.842 627 793 1.004 2.847 3 5.832 1.984 2.510 3.179 9.012 4 304 104 131 166 470 5 440 150 189 240 680 6 920 1.208 2.140 3.162 4.081 7 6.100 8.009 14.188 20.963 27.062 8 503 660 1.169 1.727 2.230 9 145 0 0 0 145

10 832 0 0 0 832 11 282 0 0 0 282

Crescimento intermédio

Total 18.908 13.321 21.856 31.372 50.280 1 1.708 273 307 346 2.054 2 1.842 294 331 373 2.216 3 5.832 931 1.049 1.182 7.014 4 304 49 55 62 366 5 440 70 79 89 529 6 920 540 723 881 1.801 7 6.100 3.580 4.797 5.845 11.944 8 503 295 395 482 984 9 145 0 0 0 145

10 832 0 0 0 832 11 282 0 0 0 282

Menor expansão do

regadio

Total 18.908 6.032 7.737 9.260 28.168

Evolução das Áreas de Regadio nos Perímetros de Iniciativa Privada

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Expansão dos Perímetros públicos Cenários UHP

Área actual dos perímetros

públicos 2000-06 2007-12 2013-20

Área total regada por perímetros públicos em

2020 1 5.772 767 1.535 2.325 8.097 2 2.807 0 0 0 2.807 3 1.505 3.078 6.156 9.327 10.832 4 0 0 0 0 0 5 0 1.132 1.534 2.020 2.020 6 0 3.331 6.609 10.154 10.154 7 0 12.051 23.917 36.738 36.738 8 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0

10 0 0 0 0 0 11 0 0 0 0 0

Máxima expansão do

regadio

Total 10.084 20.359 39.750 60.564 70.648 1 5.772 767 1.535 2.325 8.097 2 2.807 0 0 0 2.807 3 1.505 3.078 6.156 9.327 10.832 4 0 0 0 0 0 5 0 1.260 1.595 2.020 2.020 6 0 3.879 6.873 10.154 10.154 7 0 14.018 24.860 36.738 36.738 8 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0

10 0 0 0 0 0 11 0 0 0 0 0

Crescimento intermédio

Total 10.084 23.003 41.018 60.564 70.648 1 5.772 581 814 1.163 6.935 2 2.807 0 0 0 2.807 3 1.505 2.332 3.264 4.663 6.168 4 0 0 0 0 0 5 0 796 897 1.010 1.010 6 0 3.109 4.167 5.077 5.077 7 0 11.231 15.055 18.369 18.369 8 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0

10 0 0 0 0 0 11 0 0 0 0 0

Menor expansão do

regadio

Total 10.084 18.049 24.197 30.282 40.366

Evolução das Áreas de Regadio nos Perímetros Públicos

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Perímetros privados Perímetros públicos Área total de regadio

Cenários UHP 2000 2006 2012 2020 2000 2006 2012 2020 2000 2006 2012 2020

1 1.708 2.921 3.352 3.874 5.772 6.539 7.307 8.097 7.480 9.461 10.659 11.9712 1.842 3.150 3.615 4.177 2.807 2.807 2.807 2.807 4.649 5.957 6.422 6.9843 5.832 9.974 11.445 13.225 1.505 4.583 7.661 10.832 7.337 14.557 19.105 24.0574 304 521 597 690 0 0 0 0 304 521 597 6905 440 752 863 998 0 1.132 1.534 2.020 440 1.884 2.397 3.0186 920 3.229 5.503 7.961 0 3.331 6.609 10.154 920 6.560 12.112 18.1157 6.100 21.412 36.487 52.783 0 12.051 23.917 36.738 6.100 33.464 60.404 89.5228 503 1.764 3.006 4.349 0 0 0 0 503 1.764 3.006 4.3499 145 185 188 190 0 0 0 0 145 185 188 190

10 832 1.061 1.078 1.088 0 0 0 0 832 1.061 1.078 1.08811 282 359 365 368 0 0 0 0 282 359 365 368

Máxima expansão

do regadio

Total 18.908 45.331 66.500 89.703 10.084 30.443 49.834 70.648 28.992 75.774 116.334 160.3511 1.708 2.289 2.443 2.640 5.772 6.539 7.307 8.097 7.480 8.829 9.750 10.7372 1.842 2.469 2.635 2.847 2.807 2.807 2.807 2.807 4.649 5.276 5.442 5.6543 5.832 7.816 8.342 9.012 1.505 4.583 7.661 10.832 7.337 12.399 16.003 19.8444 304 408 436 470 0 0 0 0 304 408 436 4705 440 590 629 680 0 1.260 1.595 2.020 440 1.850 2.224 2.7006 920 2.128 3.060 4.081 0 3.879 6.873 10.154 920 6.007 9.932 14.2357 6.100 14.109 20.288 27.062 0 14.018 24.860 36.738 6.100 28.127 45.148 63.8018 503 1.163 1.672 2.230 0 0 0 0 503 1.163 1.672 2.2309 145 145 145 145 0 0 0 0 145 145 145 145

10 832 832 832 832 0 0 0 0 832 832 832 83211 282 282 282 282 0 0 0 0 282 282 282 282

Crescimen- to

intermédio

Total 18.908 32.229 40.764 50.280 10.084 33.087 51.102 70.648 28.992 65.316 91.865 120.9291 1.708 1.981 2.016 2.054 5.772 6.353 6.586 6.935 7.480 8.334 8.601 8.9892 1.842 2.136 2.174 2.216 2.807 2.807 2.807 2.807 4.649 4.943 4.981 5.0233 5.832 6.764 6.881 7.014 1.505 3.837 4.769 6.168 7.337 10.600 11.651 13.1824 304 353 359 366 0 0 0 0 304 353 359 3665 440 510 519 529 0 796 897 1.010 440 1.306 1.416 1.5396 920 1.460 1.643 1.801 0 3.109 4.167 5.077 920 4.569 5.810 6.8787 6.100 9.679 10.897 11.944 0 11.231 15.055 18.369 6.100 20.910 25.952 30.3138 503 798 898 984 0 0 0 0 503 798 898 9849 145 145 145 145 0 0 0 0 145 145 145 145

10 832 832 832 832 0 0 0 0 832 832 832 83211 282 282 282 282 0 0 0 0 282 282 282 282

Menor

expansão do regadio

Total 18.908 24.940 26.645 28.168 10.084 28.133 34.281 40.366 28.992 53.073 60.926 68.534

Evolução da Área de Rega em Perímetros Privados e Públicos e da Área Total de Regadio

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Refira-se que no Plano se utilizaram igualmente nas análises de projecção macroeconómica

futura tanto o cenário de máxima como de mínima expansão, por representarem as previsíveis

situações futuras extremas, embora dando particular atenção ao cenário de máxima expansão do

regadio.

A definição dos cenários de evolução do Produto gerado pelo sector agrícola na área da bacia

foi desenvolvida com base nas projecções de evolução da área de regadio. De acordo com o

crescimento previsto em cada um desses cenários, é de esperar que o sector agrícola possa

registar uma evolução diferencial, em que o seu peso no PIBpm global da bacia dependerá, entre

outros factores, do maior ou menor crescimento das áreas de regadio.

De facto, entre as actividades de produção agrícola, o regadio é aquela que conduz aos mais

elevados valores de rendibilidade unitária por hectare, o que explica o forte impacto que as

perspectivas de crescimento do regadio têm na evolução da estrutura do PIBpm total da

economia regional na área da bacia.

Assim, com base na informação disponível, procedeu-se ao cálculo do Valor Bruto da

Produção4 (VBP) para o conjunto das actividades pertencentes a cada um dos quatro sub-sectores

acima referidos, considerando-se que a contribuição relativa de cada um desses sub-sectores para

o VBP global do sector agrícola representaria uma boa aproximação da estrutura do PIBpm neste

sector.

O cálculo do VBP das actividades mais representativas do sequeiro, regadio, pecuária e da

floresta foi realizado da forma que se apresenta na tabela da página seguinte.

4 O Valor Bruto da Produção (VBP) obtém-se pela multiplicação simples das quantidades produzidas (q) pelo

seu preço de mercado (p): VBP = p.q

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SEQUEIRO Culturas kg/ha esc./kg Áreas (ha) VBP

Cereais 1300 28 359.141 13.072.728Girassol 800 43 25.487 876.767Pomares 9000 40 9.268 3.336.535Olival 900 60 71.828 3.878.722Vinha 5000 100 8.496 4.247.903Total 25.412.655REGADIO

Culturas kg/ha esc./kg Área (ha) VBP Arroz 5000 60 309 92.640Cevada 2700 27 307 22.380Colza/Nabita 2000 37 198 14.645Girassol 2000 44 3.614 318.023Linho não têxtil 1700 44 956 71.479Milho regadio 9000 26 6.730 1.574.890Trigo duro 3000 40 1.218 146.124Trigo mole 3200 28 9.911 887.990Triticale 3700 25 158 14.624Batata 15000 35 358 187.740Pomares 17000 40 1.360 924.460Citrinos 14000 55 1.660 1.278.277Vinha 7000 112 142 111.563Olival 3500 65 877 199.495Total 5.844.330PECUÁRIA

Espécies Efectivos cts/UP VBP Bovinos intensivo 10.084 275 2.773.100Bovinos extensivo 87.246 150 13.086.900Ovinos 642.993 15 9.644.900Caprinos 80.397 12 964.768Suínos intensivo 210.406 120 25.248.720Suínos extensivo 52.601 110 5.786.110Aves 500.000 1 500.000Equídeos 10.171 40 406.853Total 58.411.347FLORESTA

Espécies Área Produção Unidades cts./unid. VBP Sobreiro 40.377 7 arrob./ha 3.000 847.918Sb + Az 10.273 2,5 arrob./ha 3.000 77.045Eucalipto 16.836 8 m3/ha 4.000 538.741Pinheiro bravo 428 4 m3/ha 2.500 4.280Total 1.467.983

Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) para as Culturas e Actividades Praticadas na Área da Bacia Hidrográfica do Guadiana, na Situação Actual

(valores monetários expressos em contos a preços de 1996)

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Partindo dos três cenários de expansão do regadio anteriormente estabelecidos no ponto

relativo à expansão da área de rega, estimou-se a evolução da estrutura do VBP em cada um

desses cenários para os horizontes temporais de 2006, 2012 e 2020.

Também no caso do sequeiro, e tal como já foi anteriormente referido, foi considerada uma

transferência de áreas para a floresta, correspondentes às zonas classificadas como apresentando

riscos elevados e muito elevados de erosão. Os valores que aqui foram considerados são os que

se mostram na tabela seguinte. Para estimar o ritmo de transferência destas áreas para a floresta,

considerou-se que esta se processaria de forma linear até 2020.

UHP Total

1 9.387

2 6.854

3 15.442

4 1.804

5 1.425

6 1.455

7 9.355

8 79

9 236

10 3.035

11 0

Total 49.074

Área Agrícola com Riscos de Erosão, em Hectares, por UHP

Na construção dos cenários, para além da evolução da área de rega, considerou-se ainda, uma

evolução diferenciada da rendibilidade unitária das várias actividades, relacionada quer com

aumentos de produtividade das culturas quer com ganhos de eficiência na utilização dos recursos

aplicados na produção.

Desta forma, para o cenário designado de crescimento "intermédio" do regadio na área da

bacia, admitiu-se que o aumento médio da rendibilidade do conjunto de actividades pertencentes

ao sector agrícola corresponderia a um acréscimo de 50%, ao longo dos 20 anos considerados no

horizonte do Plano, relativamente aos valores verificados na situação actual, apresentados

anteriormente em tabela. Para o cenário de maior crescimento do regadio o aumento de

rendibilidade considerado foi de 70% e para o de menor crescimento foi de apenas 25%, ou seja,

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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metade do considerado no cenário intermédio, de acordo com os mesmos princípios admitidos na

construção dos cenários de expansão do regadio.

Os resultados obtidos apresentam-se nas tabelas seguintes referentes, respectivamente, à

evolução do VBP por sub-sectores da agricultura e à estrutura do PIBpm, por aproximação à

estrutura do VBP.

Cenário de máxima expansão do regadio

2000 2006 2012 2020

Sequeiro 25.412.655 26.902.791 28.047.209 33.117.014

Regadio 5.844.330 35.470.883 61.373.290 110.489.194

Pecuária 58.411.347 72.356.546 87.120.830 113.927.239

Floresta 1.467.983 1.862.379 2.302.219 3.353.943

Total 91.136.315 136.592.599 178.843.548 260.887.390

Cenário de crescimento médio do regadio

2000 2006 2012 2020

Sequeiro 25.412.655 26.111.624 26.855.852 31.166.571

Regadio 5.844.330 29.245.893 44.736.479 73.522.473

Pecuária 58.411.347 69.210.609 80.419.228 100.524.035

Floresta 1.467.983 1.781.406 2.125.125 2.959.361

Total 91.136.315 126.349.533 154.136.685 208.172.440

Cenário de menor crescimento do regadio

2000 2006 2012 2020

Sequeiro 25.412.655 25.347.709 25.737.656 28.127.097

Regadio 5.844.330 22.683.778 27.197.335 34.722.723

Pecuária 58.411.347 66.064.673 73.717.626 83.770.029

Floresta 1.467.983 1.700.433 1.948.031 2.466.134

Total 91.136.315 115.796.592 128.600.648 149.085.983

Evolução do Valor Bruto da Produção do Sector Agro-florestal na Área da Bacia Hidrográfica do

Guadiana, entre 2000 e 2020

(Valores em contos a preços constantes de 1996)

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Cenário de máxima expansão do regadio

2000 2006 2012 2020 Sequeiro 27,9% 19,7% 15,7% 12,7% Regadio 6,4% 26,0% 34,3% 42,4% Pecuária 64,1% 53,0% 48,7% 43,7% Floresta 1,6% 1,4% 1,3% 1,3% Total 100% 100% 100% 100% Cenário de crescimento médio do regadio

2000 2006 2012 2020 Sequeiro 27,9% 20,7% 17,4% 15,0% Regadio 6,4% 23,1% 29,0% 35,3% Pecuária 64,1% 54,8% 52,2% 48,3% Floresta 1,6% 1,4% 1,4% 1,4% Total 100% 100% 100% 100% Cenário de menor crescimento do regadio

2000 2006 2012 2020 Sequeiro 27,9% 21,9% 20,0% 18,9% Regadio 6,4% 19,6% 21,1% 23,3% Pecuária 64,1% 57,1% 57,3% 56,2% Floresta 1,6% 1,5% 1,5% 1,7% Total 100% 100% 100% 100%

Evolução da Estrutura do Valor Bruto da Produção do Sector Agro-florestal na Área da Bacia Hidrográfica

do Guadiana, entre 2000 e 2020

Comparando os valores, apresentados na tabela anteriormente referida, relativos à evolução

do VBP desde 2000 até 2020, em cada cenário, conclui-se que o crescimento esperado do

Produto do sector agrícola da área da bacia deverá registar um crescimento que será de 164% no

cenário de menor crescimento do regadio e de 286% no cenário de maior crescimento. No

cenário intermédio esse aumento deverá atingir os 228%. Os valores assim obtidos constituirão

os limites a introduzir nas restrições relativas ao sector agrícola, no modelo de optimização

matemática que, adiante, será utilizado para estimar a evolução da estrutura do PIBpm global da

bacia com base em diferentes cenários de crescimento e de especialização da economia regional.

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5.5.4 Evolução da Indústria Transformadora e Energia

A análise da evolução do sector das indústrias agro-alimentares (IAA) tem o seu interesse, no

âmbito do presente Plano, no sentido em que se tratam de indústrias frequentemente associadas a

elevados consumos de água por unidade de produto laborado. Na tabela seguinte apresenta-se o

número de unidades da IAA existentes em cada UHP, desagregadas segundo o ramo de

actividade.

UHP

Actividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Total

Lagar de azeite 36 18 20 5 13 1 30 2 3 5 2 135

Vinificação 2 4 10 2 2 0 6 0 0 2 0 28

Transformação de carnes 4 6 7 0 4 2 10 0 1 2 0 36

Conservas peixe 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3

Conservas hortofrutícolas 4 5 0 0 3 0 2 0 0 2 4 20

Laticínios 0 7 7 0 2 1 6 0 4 6 2 35

Moagem de cereais 0 4 1 0 0 0 5 0 1 0 0 11

Rações 1 4 2 0 2 0 3 0 1 0 0 13

Panificação 30 27 34 2 13 5 57 5 17 13 7 210

Refrigerantes 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2

TOTAL 95 150 238 18 55 19 173 9 30 34 21 842

Número de Unidades da Indústria Agro-alimentar Existentes na Situação Actual nas UHP e na Área Total da Bacia

Face à falta de informação de base que permita fundamentar a construção de cenários de

evolução para o sector das indústrias agro-alimentares na área da bacia, foram considerados um

conjunto de pressupostos relativos a cada uma das actividades das IAA que permitiram

estabelecer as tendências de evolução mais significativas que afectarão os diferentes ramos.

Embora conscientes do elevado grau de incerteza e subjectividade que estará por detrás dos

valores considerados, admitiu-se que seria preferível apoiar a construção dos cenários em

pressupostos que fossem relativamente consensuais, em alternativa à hipótese de admitir a

estagnação do sector ou o seu crescimento não sustentado.

O pressuposto de base que foi, então, admitido apoiou-se na ideia de que o crescimento de

cada uma das actividades do sector das IAA deverá acompanhar a evolução da actividade

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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primária que lhe está a montante. A dinamização do sector agrícola introduzida pela expansão do

regadio deverá levar a efeitos multiplicadores nos sectores e actividades que lhe estão mais

directamente relacionados.

Assim, para o caso dos lagares de azeite, das conservas de hortofrutícolas e das unidades

ligadas à vinificação admitiu-se que o volume laborado deveria registar um acréscimo de cerca

de 300% até 2020, correspondendo ao aumento da área dedicada ao olival, à vinha, aos pomares

e às culturas hortícolas previsto no cenário de crescimento intermédio do regadio. Este

acréscimo, no entanto, poderá variar entre cerca de 130% no cenário de menor expansão do

regadio e de 440% no cenário de maior crescimento.

Note-se que no caso dos lagares de azeite se poderá esperar uma redução do número de

unidades, devido à imposição do cumprimento de normas ambientais, embora a capacidade de

laboração global possa aumentar.

Para as actividades relacionadas com a produção pecuária, designadamente transformação de

carnes e rações, admitiu-se um crescimento de 50% ao longo dos próximos 20 anos na situação

prevista no cenário central, o qual poderá oscilar entre 70% e 25% respectivamente nos cenários

de maior e menor crescimento das áreas regadas.

Também para a moagem de cereais e para as rações se estimou um crescimento de 10% no

mesmo período, baseado sobretudo num aumento da procura. No caso das bebidas e refrigerantes

assumiu-se que o aumento poderia chegar aos 20%, admitindo uma alteração dos hábitos de

consumo que tenderá a favorecer a procura por este tipo de bebidas, não considerando as

projecções de evolução demográfica na bacia.

5.5.5 Evolução do Turismo

A evolução do turismo na Bacia Hidrográfica do Guadiana, de 2000 a 2020, foi estabelecida

no enquadramento geográfico definido pelas Unidades Homogéneas de Planeamento (UHP).

Para o efeito foram adoptados os seguintes modelos:

• Extrapolação linear das tendências demográficas passadas;

• Modelos demográficos D2 T e D4 91, do Plano Nacional da Água;

• Modelos de População dos Cenários Macroeconómicos para as Taxas de Actividade de 48

e 50%.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Todos os métodos apontam para um crescimento tendencial do turismo, que se revela

equivalente, estimando-se um aumento, relativamente ao ano de 2000, de cerca de 75 e 60% para

os anos 2010 e 2020, respectivamente. Por outro lado, e tendo em consideração a distribuição do

turismo pelas diferentes UHP, constata-se que são nas UHP mais a sul da bacia, isto é nas UHP

pertencentes à DRAOT do Algarve (UHP 10 e 11), que o turismo se concentra maioritariamente,

o que se compreende pela sua forte importância nestas regiões. Prevê-se, ainda, que a

representatividade do turismo nestas duas UHP face à totalidade da bacia, que é actualmente

equivalente a aproximadamente 53%, acompanhe o crescimento tendencial previsto, esperando-

se, deste modo, um aumento para cerca de 59 e 61%, nos anos 2010 e 2020, respectivamente.

Em conclusão do exposto, apresenta-se na Tabela seguinte a evolução tendencial da

população flutuante, relacionada com o turismo, de 2000 a 2020, para o modelo da evolução

tendencial:

Ano UHP

1

UHP

2

UHP

3

UHP

4

UHP

5

UHP

6

UHP

7

UHP

8

UHP

9

UHP

10

UHP

11 Bacia

2000 375 525 395 103 469 141 840 282 86 996 2 663 6 873

2006 410 591 427 109 525 149 934 301 90 1 209 3 319 8 062

2012 436 641 449 113 568 155 1 004 315 92 1 386 3 882 9 041

2020 504 758 513 124 666 168 1 172 348 99 1 773 5 073 11 198

Evolução tendencial da população flutuante de 2000 a 2020

Refira-se que, considerada a ocupação média por turista, da ordem de 10 dias por ano, a

evolução do turismo calculada representa um movimento anual de cerca de 0,5x106 turistas em

2020.

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6 Definição de Objectivos

6.1 Considerações Gerais

Sendo a definição de objectivos a acção estruturante e enquadrante dos Programas, projectos e

acções de intervenção futura, resulta da mesma uma relação unívoca e clara com esta intervenção

que fica assim e desde já pré-estabelecida nas suas linhas de orientação.

Esta definição acha-se assim dividida em onze conjuntos, referentes cada um deles às áreas

temáticas abordadas:

• Gestão da Procura;

• Protecção das Águas e Controlo da Poluição;

• Protecção da Natureza;

• Protecção contra Situações Hidrológicas Extremas;

• Valorização Social e Económica dos Recursos Hídricos;

• Articulação com o Ordenamento do Território e o Ordenamento dos Recursos Hídricos;

• Quadro Normativo e Institucional;

• Regime Económico e Financeiro;

• Informação e Participação das Populações;

• Aprofundamento do Conhecimento sobre Recursos Hídricos:

• Avaliação Sistemática do Plano.

6.2 Objectivos Fundamentais de Políticas de Gestão de Recursos Hídricos

6.2.1 Gestão da Procura

6.2.1.1 Objectivos Estratégicos

Assegurar uma gestão racional da procura de água, em função dos recursos disponíveis e das

perspectivas socio-económicas, de forma a:

• Assegurar a gestão sustentável e integrada das origens subterrâneas e superficiais;

• Assegurar a quantidade de água necessária na origem, visando o adequado nível de

atendimento no abastecimento às populações e o desenvolvimento das actividades económicas;

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• Promover a conservação dos recursos hídricos, nomeadamente através da redução das

perdas nos sistemas ou da reutilização da água;

• Promover o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas

Residuais (PEAASAR), do Ministério do Ambiente.

6.2.1.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

Verifica-se a extrema escassez de recursos hídricos em períodos de seca, com prejuízo da

sustentabilidade dos sectores económicos, em particular a pecuária, quando se prevê forte

procura na situação futura da actividade agrícola.

A ocorrência de anos de seca tem revelado sérias dificuldades na satisfação das necessidades

de água mínimas, quer na rega quer na pecuária, sublinhando-se que a não satisfação dessas

necessidades mínimas poderá conduzir à perda total, com graves prejuízos, quer das culturas

permanentes quer dos efectivos pecuários.

Perante a assimetria da distribuição da precipitação anual e interanual verificou-se a

necessidade de regularização das disponibilidades através do aumento da capacidade de

armazenamento, prevendo-se que o sistema Alqueva/Pedrógão poderá satisfazer a maior parte

das necessidades estimadas para a bacia, podendo não dar resposta a uma pequena parte por

razões de distância ou qualidade da água.

O nível médio de atendimento com rede domiciliária é de 88%, sendo os valores mais baixos

verificados nos concelhos de Alcoutim, Almodôvar e Mértola em que cerca de 25% da

população é servida com fontanários. Saliente-se que há seis concelhos total ou parcialmente

fora da bacia, mas que são abastecidos a partir dos recursos da bacia do Guadiana.

A média das perdas nos sistemas de abastecimento é de 40% verificando-se perdas

significativas nos concelhos de Alandroal (59%), Alcoutim (59%), Castro Marim (51%), Moura

(65%) e Reguengos (60%), sendo de sublinhar que os regadios colectivos mais antigos revelam

perdas acentuadas nas respectivas infra-estruturas hidráulicas.

Verifica-se a ocorrência de conflitos entre as diversas utilizações dos aproveitamentos de fins

múltiplos, sujeitas a critério de base legal não apoiado em meios organizados de gestão real,

resultando na prevalência casuística da utilização de gestão directa, com prejuízos para as

utilizações não priorizadas.

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Principais Objectivos

• Promover o cumprimento dos objectivos de Alqueva, designadamente, a satisfação com

garantia adequada das necessidades das populações, da agricultura e da indústria na região,

conjugado com a reposição de caudais ambientais no troço fluvial a jusante da barragem e no

estuário;

• Assegurar a quantidade e qualidade de água necessária na origem de modo a garantir, no

abastecimento às populações, de acordo com o objectivo do PDR, a satisfação de 95% das

necessidades, com rede pública de abastecimento domiciliário, ou de todos os aglomerados com

mais de 20 habitantes (com prioridade na área de influência dos sistemas públicos e para os

lugares actualmente abastecidos com fontanário);

• Assegurar 80% das necessidades no abastecimento para rega, garantindo sempre o volume

anual correspondente às necessidades de água para a rega das culturas permanentes, e ainda 95%

das necessidades estimadas para abastecimento dos efectivos pecuários, assegurando em anos de

falha pelo menos um volume de água igual a 80% do volume total necessário;

• Assegurar a gestão sustentável das origens de água com o aproveitamento integrado das

origens subterrâneas e superficiais e definição de prioridades e solução dos conflitos na

utilização para fins múltiplos, bem como a redução do número de origens (designadamente as

subterrâneas, mantendo-as como reserva estratégica nomeadamente em situações de escassez e

de grave poluição acidental de origens superficiais);

• Promover a redução progressiva das perdas nos sistemas de abastecimento com os

seguintes critérios de evolução: no caso de perdas actuais superiores a 50%, uma evolução para

35% em 2006 e para 30% até 2012; no caso de perdas actuais entre 30% e 50%, uma evolução

para 30% até 2006, com um limite máximo a atingir de 15% de fugas;

• Promover a melhoria das eficiências globais na agricultura e fomentar a poupança da água,

designadamente nos sistemas de rega, através da melhoria das tecnologias, equipamentos e infra-

estruturas utilizados actualmente no sentido de promover a rega por aspersão ou gota-a-gota ou

cabo de rega no caso de rega por gravidade e limitando dotações máximas;

• Promover ao máximo a adopção na industria de novas tecnologias menos exigentes em

consumos de água e a reutilização de água nos processos industriais;

• Promoção da coordenação intersectorial dos aproveitamentos de fins múltiplos, através da

criação e reforço das regras de operação e gestão combinada;

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• Aumentar a eficácia das acções de licenciamento e do conhecimento das condições de

descarga no meio hídrico.

6.2.2 Protecção das Águas e Controle da Poluição

6.2.2.1 Objectivos Estratégicos

Garantir a qualidade do meio hídrico em função dos usos, procurando:

• Garantir a qualidade da água nas origens para os diferentes usos, designadamente para

consumo humano;

• Assegurar o nível de atendimento nos sistemas de drenagem e tratamento dos efluentes,

nomeadamente os domésticos, com soluções técnica e ambientalmente adequadas;

• Promover a recuperação e controle da qualidade dos meios hídricos superficiais e

subterrâneos, no cumprimento da legislação nacional e comunitária, nomeadamente através do

tratamento e da redução das cargas poluentes tópicas e da poluição difusa;

• Promover o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas

Residuais (PEAASAR), do Ministério do Ambiente.

6.2.2.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

O índice médio de atendimento da população em redes de drenagem é de cerca de 80% (os

valores mais baixos são por concelho em Campo Maior e Mértola 36% e 22%, respectivamente)

e cerca de 55% da população dispõe de sistema de tratamento (os valores mais baixos são nos

concelhos de Campo Maior 28%, Mértola 22%, Serpa 37%, Reguengos 1% e nulo em Portel) e

apenas 25% da população tem sistema de tratamento superior à fossa séptica.

Verifica-se uma percentagem elevada de descargas pontuais não tratadas, em especial das

industrias e ainda a incidência da poluição difusa, com origem na agricultura e na pecuária, sem

qualquer tratamento e com carga superior à poluição pontual. Verifica-se ainda a existência de

cargas poluentes elevadas provenientes de Espanha com eventuais repercussões negativas na

qualidade de água do Alqueva.

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Constata-se a ocorrência de azoto amoniacal, ferro e fenóis, nas origens de água para

produção de água para consumo humano do Caia, da Vigia, do Monte Novo e do Enxoé devidos

a descargas não controladas de águas residuais domésticas e de lagares de azeite, sendo de

sublinhar que os lagares de azeite, suiniculturas e boviniculturas produzem cerca de 80% da

poluição pontual total. Os efluentes das minas de Neves Corvo representam cerca de 90% da

carga diária de azoto da bacia, e as suiniculturas cerca de 64% da produção de fósforo, sendo as

principais responsáveis pela produção de coliformes totais e fecais.

Nas origens subterrâneas a qualidade é muito deficiente, com violação nomeadamente no que

respeita aos compostos azotados, cloretos, sulfatos e condutividade. As escombreiras de minas

abandonadas não estão em geral controladas constituindo um risco de contaminação,

nomeadamente, das Minas da Tinoca e de S. Domingos.

Principais Objectivos

• Garantir a qualidade do meio hídrico em função dos usos, nomeadamente a qualidade da

água nas origens para consumo humano de modo a que as que servem mais de 10.000 habitantes

subam pelo menos uma classe até 2006 nomeadamente, nas albufeiras do Caia, Vigia, Enxoé e

Beliche;

• Assegurar o nível de atendimento de 90% da população até 2006 (com prioridade na área

de influência dos sistemas), ou todos os aglomerados com mais de 50 habitantes, dotando os

sistemas com soluções de drenagem e tratamento dos efluentes domésticos;

• Promover a redução das cargas poluentes em 2006 de 50%, e em 2020 de 67%, em relação

à carga pontual avaliada para 1997;

• Assegurar o cumprimento da legislação relativas à recolha, tratamento e descarga de

efluentes domésticos e industriais, que não possuem tratamento de efluentes ou onde este é

manifestamente insuficiente, com soluções adequadas aos objectivos de protecção do meio

receptor (de acordo com a legislação em vigor e as directivas comunitárias aplicáveis;

• Promover a elaboração e aplicação de planos de recuperação de escombreiras de antigas

minas ou pedreiras, nomeadamente das minas de sulfuretos, bem como de controle da

degradação dos recursos, com recuperação das pedreiras susceptíveis de poluir as água;

• Assegurar a definição de áreas de protecção das captações (DL 382/99), áreas de recarga

do sistema aquífero e implementação do código de boas práticas agrícolas, nomeadamente na

área de recarga dos aquíferos de Elvas, de Moura-Ficalho, de Estremoz, de Beja e de Serpa;

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• Promover no seio da Comissão Luso-Espanhola acções que visem um comportamento

recíproco no que se refere aos problemas existentes de poluição em território espanhol e que a

não serem resolvidos condicionarão os objectivos nacionais.

6.2.3 Protecção da Natureza

6.2.3.1 Objectivos Estratégicos

Assegurar a protecção dos meios aquáticos e ribeirinhos com interesse ecológico, a

recuperação de habitats e manutenção das espécies nos meios hídricos e no estuário, tendo em

vista:

• Promover a salvaguarda da qualidade ecológica dos sistemas hídricos e dos ecossistemas,

assegurando o bom estado físico e químico e a qualidade biológica, nomeadamente através da

integração da componente biótica nos critérios de gestão da qualidade da água;

• Promover a definição de caudais ambientais e evitar a excessiva artificialização do regime

hidrológico visando garantir a manutenção dos sistemas aquáticos, fluviais, estuarinos e

costeiros;

• Promover a preservação e a recuperação de troços de especial interesse ambiental e

paisagístico, das espécies e habitats protegidos pela legislação nacional e comunitária, e

nomeadamente das áreas classificadas, das galerias ripícolas e do estuário.

6.2.3.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

Na área da bacia hidrográfica do Guadiana existem áreas classificadas da rede nacional de

áreas protegidas (Parques Naturais e Reservas Naturais), Sítios da Rede Natura (Directiva

Habitats - 92/43/CEE) e Zonas de Protecção Especial criadas ao abrigo da Directiva 79/409/CEE

(Directiva Aves).

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Constata-se a degradação grave ou destruição de partes da galeria ripícola bem como

captações e rejeições não respeitando as necessidades ambientais.

Verifica-se que o rio Guadiana revela produtividades elevadas de fitoplâncton mesmo fora da

época estival (durante o ano de 1993 apresentou a classificação de hipertrófica entre Monte da

Vinha e Senhora da Ajuda e no Moínho dos Cordeiro e mais recentemente no troço entre Pulo do

Lobo e Mértola).

A diminuição do caudal médio e a alteração do regime hidrológico, com diminuição da

amplitude sazonal de caudais tem implicações na estrutura e funcionamento dos ecossistemas,

devido à interrupção do regime lótico, conduzindo ao desaparecimento de espécies piscícolas

migradoras e à fragmentação de populações, nomeadamente devido à construção de

represamentos (foram inventariadas 1.824 barragens e açudes na bacia).

Foram identificadas áreas e locais com significativo valor ambiental e paisagístico que

convém preservar no sentido da biodiversidade e do equilíbrio sustentável do domínio hídrico e

dos ecossistemas terrestres associados.

Nas situações de escassez, em que a linha de água fica reduzida aos pegos, a bombagem de

água ou o abeberamento do gado facilitam a degradação da qualidade pondo em risco a

população piscícola que lhe está confinada.

A definição de caudais ambientais (caudais ecológicos) nas diferentes linhas de água sendo

fundamental para assegurar uma boa gestão dos recursos hídricos e constituindo, em particular,

um indicador da maior importância para uma adequada aplicação e cumprimento da Convenção

de Albufeira, implica um processo complexo e moroso não compatível com a necessidade da sua

aplicação imediata à luz dos princípios da precaução e da mais elevada protecção que deve

nortear a gestão dos recursos hídricos.

Os caudais ambientais dos rios com bacias compartilhadas são matéria enquadrada pela

Convenção de Albufeira, a serem estabelecidos em sede da Comissão Luso-Espanhola.

Principais Objectivos

• Assegurar a protecção dos meios aquáticos e ribeirinhos com interesse ecológico, a

protecção e recuperação de habitats e condições de suporte das espécies nas linhas de água e no

estuário;

• Integração da componente biótica nos critérios de gestão da qualidade da água, como única

forma de salvaguardar eficazmente a qualidade ecológica dos sistemas hídricos e suporte dos

ecossistemas, assegurando o bom estado químico e a qualidade biológica;

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• Evitar a excessiva artificialização do regime hidrológico e promover a definição de caudais

ambientais para manutenção dos sistemas aquáticos, fluviais, estuarinos e costeiros, situados a

jusante de troços sujeitos a captação ou derivação de caudais;

• Assegurar ou elevar a adequabilidade da qualidade de água (no âmbito da Directiva

78/659/CEE) de modo a manter a população de ciprinídeos nos troços designados;

• Limitar o uso de água para rega na situação em que as linhas de água se encontram

reduzidas à formação de pegos, essencialmente na bacia do Ardila e em sub-bacias afluentes do

Guadiana a jusante daquela bacia;

• Promover a protecção de bandas ripícolas de alguns troços das ribeiras da bacia (Asseca,

Lucefecit, Azevel, Alcarrache, Odeleite, Foupana e Beliche, dos rios Degebe e Ardila, e do

Guadiana, entre Pomarão e na foz da ribeira de Odeleite) ou a reabilitação e renaturalização, de

uma forma mais geral, das galerias ripárias dos troços mais degradados, onde se revele maior

potencial ecológico;

• Preservação de troços de especial interesse ambiental e paisagístico e em especial das 14

áreas classificadas e recuperação de troços degradados com estabelecimento de condicionantes

ao uso e utilizações dos recursos hídricos que afectem as características dessas áreas;

• Promover o plano de gestão integrada do estuário, no contexto da gestão ambiental

obtendo um conhecimento aprofundado da estrutura e funcionamento do sistema natural e

gerando soluções alternativas tendo particularmente em conta o estudo em curso sobre o estuário

do Guadiana;

• Definir os caudais ecológicos nos diferentes cursos de água da bacia do Guadiana com

base em estudos aprofundados e monitorização adequada e promover a adequação das infra-

estruturas existentes às exigências da gestão dos caudais ambientais;

• Adoptar transitoriamente um regime de caudais ambientais, até que os mesmos venham a

ser, com carácter definitivo, estabelecidos no âmbito do Plano Nacional da Água e da Comissão

Luso-Espanhola;

• Avaliar as conclusões do estudo sobre os impactes gerados na foz e Estuário do Guadiana,

pela artificialização na sua bacia hidrográfica.

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6.2.4 Protecção contra as Situações de Risco

6.2.4.1 Objectivos Estratégicos

Promover a minimização dos efeitos económicos e sociais das secas e das cheias, e dos riscos

de acidentes de poluição, de forma a:

• Promover a adequação das medidas de gestão em função das disponibilidades de água,

impondo restrições ao fornecimento quando as reservas disponíveis atinjam um nível

excessivamente baixo e promovendo a racionalização dos consumos apontando para consumos

unitários mínimos;

• Promover o ordenamento das áreas ribeirinhas sujeitas a inundações e o estabelecimento de

cartas de risco de inundação e promover a definição de critérios de gestão, a regularização fluvial

e a conservação da rede hidrográfica, visando a minimização dos prejuízos;

• Promover o estabelecimento de soluções de contingência em situação de poluição

acidental, visando a minimização dos efeitos.

6.2.4.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

Foram identificados diversos locais com riscos graves de inundação, quer situações

efectivamente verificadas quer riscos potenciais, por ocupação dos leitos de cheia das bacias de

cabeceira, pela existência de obras causadoras de estrangulamentos das linhas de água e

inadequação do ordenamento das áreas ribeirinhas ou sujeitas a inundação pelas cheias.

Sendo esta região frequentemente atingida por situações de seca tem-se verificado

interrupções e rotura no abastecimento às populações, com uma forte incidência mesmo em anos

moderadamente secos, com consequências sociológicas e económicas, dado que a não satisfação

das necessidades mínimas poderá conduzir a graves prejuízos, designadamente com perda das

culturas permanentes e efectivos pecuários.

A escassez de recursos potência significativamente os riscos da poluição acidental,

diminuindo as condições de diluição dos efluentes descarregados acidentalmente.

Principais Objectivos

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• Promover a racionalização dos consumos apontando para consumos unitários mínimos e

reduzir as necessidades pela eficiência de aplicação ou das necessidades propriamente ditas

através da diminuição dos consumos domésticos e a nível agrícola com a generalização de

sistemas de rega com menores perdas ou com culturas mais adaptadas ao clima e menos

exigentes em água;

• Elaborar planos de contingência que compreendam a adequação das medidas de gestão

fornecendo água em função das disponibilidades, impondo restrições ao fornecimento apenas

quando as reservas disponíveis atinjam um nível excessivamente baixo, pondo em risco a

continuidade do abastecimento, indicando as origens de água alternativas e a hierarquização dos

usos face à severidade das secas;

• Elaborar cartas de risco de inundação para as localidades identificadas como área de risco

de inundação, promovendo a delimitação dos leitos de cheia e a definição das zonas de protecção

e zonas adjacentes previstas no Decreto Lei 89/87.

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6.2.5 Valorização Económica e Social dos Recursos Hídricos

6.2.5.1 Objectivos Estratégicos

Potenciar a valorização social e económica da utilização dos recursos procurando:

• Promover a classificação das massas de água em função dos respectivos usos,

nomeadamente as correspondentes às principais origens de água para produção de água potável

existentes ou planeadas;

• Promover a identificação dos locais para uso balnear ou prática de actividades de recreio,

para a pesca ou navegação, para extracção de inertes e outras actividades, desde que não

provoquem a degradação das condições ambientais;

• Promover a valorização económica dos recursos hídricos, privilegiando os

empreendimentos de fins múltiplos.

6.2.5.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

Constata-se que as diversas utilizações, consumptivas ou não, se realizam na óptica da

exploração individual isolada, sem efectivos condicionamentos hidrológicos e ambientais, sendo

necessária uma gestão global integrada que permita um incremento das utilizações numa base

sustentada e sustentável.

Destaca-se a existência de pretensões, apoiadas em estudos recentes, de assegurar a

navegação comercial do troço principal do Guadiana desde a foz até ao Pomarão podendo

estender-se com restrições até Mértola.

A degradação da qualidade dos meios hídricos da bacia, com consequências na vida piscícola,

tem contribuído para a redução da actividade piscatória tanto desportiva como profissional.

Igualmente o decréscimo da actividade da salinicultura tem levado ao abandono e reconversão

das áreas de salinas na Zona de Protecção Especial de Castro Marim.

Verifica-se que a utilização das albufeiras e cursos de água para a prática de desportos

náuticos não tem sido acompanhada de um quadro regulamentador e de acompanhamento

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adequado no sentido de assegurar que a prática de actividades lúdicas não afecte os recursos

ambientais em geral.

O licenciamento de extracção de inertes na área da bacia tem-se verificado em locais

dispersos no leito do Guadiana, do Degebe, do Ardila e da ribeira de Foupana, sem que essas

actividades se enquadrem num programa de locais pré definidos em função do assoreamento.

Principais Objectivos

• Em primeiro lugar, potenciar a valorização social e económica dos recursos hídricos, como

objectivo estratégico, através da implementação e desenvolvimento dos seguintes objectivos

operacionais:

i) Reduzir as cargas poluentes produzidas pelas fontes de poluição, controlar os usos

secundários a estabelecer, nomeadamente o uso balnear, a navegação e os desportos náuticos, de

forma a assegurar a qualidade das origens de água para a produção de água potável e ainda

instalar uma rede de monitorização para avaliação e controlo da qualidade da água;

ii) Promover a instalação de estruturas de apoio à praia e de equipamentos para benefício

dos seus utilizadores, sempre que a água para uso balnear se mostrar de boa qualidade,

nomeadamente em época estival;

iii) Promover a prática de desportos náuticos, que não envolvam contacto directo

(incluindo-se nesta categoria o remo e a canoagem), nos troços definidos como flutuáveis e nos

regolfos das albufeiras públicas;

iv) Implementar a pesca artesanal com cariz profissional/económico no leito do Guadiana

a jusante de Mértola e implementar a pesca desportiva nas albufeiras e nos restantes troços de

linha de água de acordo com os condicionamentos especiais de ordem ecológica ou

conservacionista (e sempre que as linhas de água assumam o carácter de pegos) e com proibição

nos troços e bacias cuja prioridade é a conservação da ictiofauna;

v) Promover a manutenção e o melhoramento da área do Sapal de Castro Marim para a

salicultura, estendendo-a, eventualmente, às áreas com características de sapal;

vi) Prever nas salinas de Castro Marim a existência da aquacultura, embora atendendo a

que esta actividade é exigente em termos de recursos hídricos e potencialmente poluidora;

vii) Circunscrever, preferencialmente, a emissão de licenças de extracção de inertes aos

locais a montante das albufeiras de Alqueva e Pedrógão, e suas zonas de regolfo, no troço inter-

fluvial dos seus tributários e troços a montante de outras grandes barragens, tendo em conta o seu

papel importante na retenção de material sólido afluente;

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viii) Valorizar a rede hidrográfica para navegação com carácter lúdico/turístico através

da implementação e fixação de troços flutuáveis (o Rio Guadiana a montante da ponte de

Mértola, os troços dos seus afluentes com drenagem superior a 100km2 e os regolfos das

albufeiras privadas) e de troços navegáveis (os regolfos das albufeiras públicas e o troço do

Guadiana a jusante da ponte de Mértola);

ix) Reabilitar antigas infra-estruturas de apoio à navegação e construir outras novas,

especialmente no troço referente ao Estuário do Guadiana e seus afluentes, de forma a valorizar a

rede hidrográfica e potencializar esta utilização.

• Em segundo lugar, desenvolver como objectivo estratégico as medidas técnico-ambientais

de gestão e ordenamento territorial e normativo relacionadas com a valorização dos recursos

hídricos, através da implementação dos seguintes objectivos operacionais:

i) Promover a classificação/afectação das massas de água, que constituem as principais

origens de água para produção de água potável existentes ou planeadas na área em estudo, bem

como os 500 m das linhas de água afluentes (nomeadamente as albufeiras do Caia, de Lucefecit,

da Vigia, de Monte Novo, de Alqueva, de Pedrógão, de Ardila, de Bufo, de Enxoé, da Tapada

Grande, do Monte Clérigo, da Boavista, de Odeleite, de Beliche e de Cadavais);

ii) Condicionar o uso balnear das albufeiras públicas a zonas delimitadas e desde que

não promovam a degradação da qualidade da água para produção de água potável;

iii) Limitar o uso de água para rega nas linhas de água sempre que se encontrem

reduzidas à formação de pegos, dada a degradação da qualidade da água que se lhe encontra

associada e zona restrita a que a população piscícola fica assim confinada;

iv) Permitir a utilização das margens das albufeiras para o desenvolvimento da

aquacultura, em articulação com os Planos de Ordenamento das Albufeiras e desde que

garantida a não degradação da qualidade das águas;

v) Licenciar a exploração de inertes unicamente nos locais onde se verifique excesso de

deposição destes materiais e promover, ainda, a elaboração de levantamentos batimétricos nas

albufeiras do Caia, Odeleite e Alqueva assim como a reactivação da rede sedimentológica da

bacia do Guadiana para controle e medição dos volumes transportados e depositados.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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6.2.6 Articulação do Domínio Hídrico com o Ordenamento do Território

6.2.6.1 Objectivos Estratégicos

Preservar as áreas do Domínio Hídrico a fim de:

• Promover o estabelecimento de condicionamentos aos usos do solo, às actividades nas

albufeiras e nos troços em que o uso não seja compatível com os objectivos de protecção e

valorização ambiental dos recursos;

• Promover a definição de directrizes de ordenamento, visando a protecção do domínio

hídrico, a reabilitação e renaturalização dos leitos e margens e, de uma forma mais geral, das

galerias ripárias, dos troços mais degradados e do estuário;

• Assegurar a elaboração dos Planos de Ordenamento das Albufeiras (POA) existentes e

previstas e a adequação quer destes quer dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC),

tendo em conta as orientações decorrentes dos Planos de Bacia e da Directiva Quadro.

6.2.6.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

Constata-se ser deficiente a articulação da ocupação do solo com as faixas do domínio

hídrico, pela reduzida observância da delimitação do domínio hídrico, acrescendo que é reduzido

o condicionamento do uso do solo ou das suas alterações, em particular nas áreas com influência

nos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.

Verificaram-se situações na bacia hidrográfica em que as propostas do uso do solo incluídas

nos Planos Directores Municipais perspectivam uma maior pressão urbanística nas zonas

envolventes das albufeiras e põem em causa, em geral, a preservação dos recursos hídricos.

Principais Objectivos

• Estabelecer condicionamentos aos usos do solo, às actividades nas albufeiras e nos troços

em que o uso não seja compatível com os objectivos de protecção e valorização ambiental dos

recursos superficiais e subterrâneos, a incorporar nos Planos Municipais e Especiais de

Ordenamento do Território e nos planos sectoriais com incidência nos recursos hídricos;

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• Interditar a destruição da vegetação marginal, nos leitos e margens dos cursos de água,

excepto quando se destine a garantir a limpeza e desobstrução destes ou a valorizar a sua galeria

ripícola;

• Estabelecer condicionamentos específicos aos usos do solo e actividades nas Áreas de

Risco de Erosão e nas Áreas de Infiltração Máxima, a ter em conta na revisão dos Planos

Municipais de Ordenamento do Território, e promover a instalação de sistemas agro-florestais

que contribuam para a protecção dos solos com maior risco de erosão;

• Promover a elaboração dos Planos de Ordenamento das Albufeiras (POA) existentes e

previstas (priorizando os POA de Alqueva, Monte Novo, Tapada Grande e Enxoé) e actualização

dos POA já aprovados (Vigia e Caia) nas componentes consideradas relevantes para o

cumprimento dos objectivos do Plano de Bacia.

6.2.7 Adequação dos Quadros Normativo e Institucional

6.2.7.1 Objectivos Estratégicos

Racionalizar e optimizar o quadro normativo e institucional vigente tendo em vista:

• Adequar a Administração para um desempenho mais eficaz, nomeadamente nas áreas de

obtenção de dados, licenciamento e fiscalização;

• Promover a melhoria da coordenação intersectorial e institucional, nomeadamente nos

empreendimentos de fins múltiplos;

• Assegurar a simplificação e racionalização dos processos de gestão da água;

• Promover a gestão integrada dos estuários, visando a sua valorização social, económica e

ambiental;

• Assegurar a implementação da Convenção Luso-Espanhola e da Directiva-Quadro;

• Promover a sustentabilidade económica e financeira dos sistemas e a utilização racional

dos recursos e do meio hídrico;

• Promover a regulamentação jurídica dos princípios utilizador/pagador e poluidor/pagador.

6.2.7.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

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O quadro normativo e institucional directamente relacionado com a gestão dos recursos

hídricos foi caracterizado por se verificarem diversas disfunções, umas de carácter

marcadamente processual, outras de carácter marcadamente orgânico.

Constata-se a dispersão legislativa e inadequação dos novos procedimentos às estruturas

existentes, bem como procedimentos administrativos demasiado complexos.

Dispõe-se dum quadro institucional incapaz de albergar e articular todas as entidades

envolvidas em procedimentos pluri-participados.

As dificuldades estruturais das Direcções Regionais do Ambiente e do Ordenamento do

Território (DRAOT) não permitem dar a resposta adequada à tramitação processual em vigor.

Principais Objectivos

• Adequar o quadro normativo e institucional tendo em vista a racionalização e simplificação

dos procedimentos administrativos, facilitando desse modo a sua apreensão e plena aplicação

pelas instituições envolvidas;

• Optimizar as estruturas das DRAOT, capacitando-as para o pleno exercício das suas

competências;

• Articular as competências das DRAOT com as de outros organismos da Administração de

base territorial, de modo a evitar duplicação e dispersão de competências;

• Criar condições para a efectiva aplicação da Convenção Luso-Espanhola.

6.2.8 Aplicação do Regime Económico e Financeiro

6.2.8.1 Objectivos Estratégicos

Promover a sustentabilidade económica e financeira dos sistemas e a utilização racional dos

recursos e do meio hídrico de forma a:

• Promover a aplicação dos princípios utilizador-pagador e poluidor-pagador.

6.2.8.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

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Apesar de o DL 47/94 de 22 de Fevereiro, estabelecer o enquadramento do regime financeiro

aplicável à utilização do Domínio Público Hídrico, o mesmo não tem sido regulamentado e

aplicado, nos exactos moldes ali previstos o que tem como consequência a redução dos recursos

financeiros à disposição da Administração e não tem contribuído para a utilização racional dos

recursos hídricos.

Principais Objectivos

• Promover a aplicação de taxas de utilização às licenças e concessões do domínio público

hídrico e a revisão dos valores das coimas para valores que sejam considerados dissuasores;

• Promover a aplicação universal dos princípios do utilizador-pagador e do poluidor-

pagador, precedida de estudo fundamentado sobre os valores a praticar e que equacione a

viabilidade de adopção de um regime transitório até à concretização das propostas desse estudo;

• Rever os sistemas de informação de gestão, visando uniformizar os dados por utilizações e

sistemas.

6.2.9 Melhoria do Conhecimento dos Recursos Hídricos e Participação da

População

6.2.9.1 Objectivos Estratégicos

Aprofundar o conhecimento dos recursos hídricos de forma a:

• Promover a monitorização do estado quantitativo e qualitativo das massas de água

superficiais e subterrâneas;

• Promover a obtenção contínua de informação sistemática actualizada relativa a

identificação do meio receptor e promover a estruturação e calibração do modelo geral de

qualidade de água da bacia portuguesa, integrando a poluição pontual e difusa assim como toda a

rede hidrográfica principal, os aquíferos e as albufeiras;

• Promover o estudo e investigação aplicada, visando o planeamento e a gestão sustentável

dos recursos hídricos;

• Promover a participação das populações através da informação e sensibilização para a

necessidades de proteger os recursos e o meio hídrico.

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6.2.9.2 Objectivos Operacionais

Principais Problemas Identificados

Não existe ou é insuficiente a monitorização da qualidade da água em locais onde se praticam

usos qualitativamente exigentes, nomeadamente captações de água superficiais e subterrâneas

destinadas à produção de água para consumo humano. Não existe monitorização biológica da

qualidade de água, em particular em zonas de especial interesse para a Conservação da Natureza.

A monitorização de caudais tem vindo a ser feita com dificuldades crescentes e a monitorização

do transporte sólido foi abandonada.

Existe um deficiente conhecimento da situação actual quanto à presença de substâncias

perigosas nas águas subterrâneas, e nas descargas de águas residuais industriais no meio hídrico.

Foram identificadas situações em que persiste a falta de informação devidamente compilada e

disponível sobre as características de alguns sistemas de saneamento básico e das respectivas

descargas e de informação que permita conhecer a situação real da poluição de origem urbana e

industrial.

Foi ainda considerada como insuficiente a avaliação do estado das zonas estuarinas, bem

como o conhecimento sobre os reais problemas da poluição difusa de origem agrícola.

Principais Objectivos

• Executar um programa de reestruturação da rede de monitorização da qualidade das águas

superficiais e subterrâneas que permita classificar as águas de acordo com os usos

qualitativamente exigentes e a verificar a conformidade com as normas previamente

estabelecidas;

• Aprofundar o conhecimento sobre o funcionamento hidráulico para melhorar a gestão nos

aquíferos e melhorar o conhecimento das águas subterrâneas para controlo dos problemas de

contaminação;

• Criar e manter uma base de dados de captações de águas subterrâneas incluindo dados

geológicos, hidrodinâmicos e hidroquímicos de qualidade;

• Elaborar um estudo específico, suportado por programas de análises a águas e efluentes,

sobre o nível de concentração de substâncias perigosas nas águas subterrâneas, nas descargas de

águas residuais pertinentes, bem como relativamente à poluição difusa associada a produtos fito-

farmacêuticos.

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• Melhorar o conhecimento das zonas estuarinas que permita a elaboração de planos de

acção com as medidas adequadas à promoção da melhoria da sua qualidade;

• Criar, actualizar ou completar o cadastro de infra-estruturas de saneamento básico, das

respectivas descargas nos meios hídricos e da verificação da sua conformidade com a legislação

nacional e comunitária aplicável;

• Promover a elaboração de um sistema de informação dos recursos hídricos da bacia

hidrográfica, com recolha automática de dados, para as redes existentes ou a criar, congregando

com coerência dados de diferentes proveniências, devendo sempre abranger as redes

hidrometeorológicas e de informação ambiental, assim como os dados dos inventários das

utilizações.

6.3 Avaliação dos Objectivos

6.3.1 Gestão da Procura

6.3.1.1 Abastecimento de Água Doméstico

A concretização dos objectivos estabelecidos no âmbito do abastecimento de água doméstico

não apresenta condicionantes técnicas nem ambientais significativas. Aliás, um dos objectivos

definidos foi reduzir as perdas a um nível máximo aceitável, o que contribui de forma muito

positiva para um aproveitamento mais racional dos recursos hídricos disponíveis, que por vezes

são tão escassos. Por outro lado, os objectivos propostos visam uma melhor qualidade de vida da

população.

A materialização de cada um dos objectivos propostos corresponde à concretização de

medidas, ao que estão associados custos, nem sempre fáceis de estimar. Assim, de uma forma

muito expedita, avaliam-se esses custos em 4x106 contos.

A elaboração de cadastros bem como as medidas que se prendem com a redução e controlo

das perdas de água nos sistemas de distribuição consistem sobretudo em acções e actividades que

devem ser implementadas e suportadas pelas autarquias, estimando-se os encargos respectivos

em 0,2x106 contos.

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6.3.1.2 Abastecimento de Água à Indústria

A concretização dos objectivos estabelecidos no âmbito do abastecimento de água à indústria

contribuirá de uma forma positiva para uma gestão eficiente dos recursos hídricos, trazendo mais

valias em termos ambientais e de qualidade de vida da população.

As medidas a concretizar para se alcançarem os objectivos propostos terão que ser

desenvolvidas quer pelas próprias indústrias, quer por entidades administrativas com jurisdição

neste foro, implicando um enorme esforço de sensibilização.

6.3.1.3 Necessidades de Água para Agricultura

A concretização dos objectivos estabelecidos no âmbito do Plano de Bacia não apresentam

quaisquer condicionantes específicas. Com efeito, os objectivos estratégicos e gerais a atingir

pressupõem a satisfação das necessidades de água com a adequada economia o que contribuirá

para um aproveitamento mais racional dos recursos hídricos disponíveis.

A materialização de cada um dos objectivos propostos obriga à concretização de algumas

medidas às quais estarão, necessariamente, associados custos de investimento, que se estimam

em 20x106 contos em relação aos regadios colectivos já existentes (Aproveitamentos

Hidroagrícolas do Caia, Lucefecit e Vigia) e em 106 contos para os regadios individuais de

iniciativa privada.

6.3.1.4 Balanço entre Necessidades e Disponibilidades de Água

Do balanço efectuado para os cenários futuros, considerando o horizonte de 2020, verifica-se

que grande parte da procura futura será satisfeita pelo sistema Alqueva-Pedrógão, embora seja de

prever eventualmente o seu reforço por forma a disponibilizar a oferta de águas em zonas mais

afastadas daqueles empreendimentos. Considera-se assim, em princípio, possível promover a

execução de 3 grandes barragens nos afluentes do Guadiana, de média capacidade (até

20x106m3).

Em primeira análise, as linhas de água com maiores potencialidades de aproveitamento

situam-se na metade sul da bacia hidrográfica e são representadas pelo rio Ardila e pelas ribeiras

de Cobres, Oeiras, Carreiras e Foupana. Como condicionantes ambientais é de referir a afectação

de áreas de protecção em vales muito encaixados e de características morfológicas específicas.

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Do ponto de vista sócio-económico, a sua realização é benéfica por poder representar um motor

de desenvolvimento local. Os custos económico-financeiros envolvidos são estimados na ordem

dos 3x106 contos.

6.3.2 Protecção das Águas e Controle da Poluição

6.3.2.1 Protecção da Água Superficial

Os objectivos previstos, dado o incremento da qualidade da água a eles ligados, são

extremamente benéficos e valorizantes quer para as utilizações sócio-económicas em geral, quer

para o próprio meio ambiente. Os maiores inconvenientes relacionados com estes objectivos

prendem-se quer principalmente com os custos de eliminação/redução, das cargas poluentes

rejeitadas, nas origens, quer também com o reforço da monitorização da qualidade da água,

abrangendo um maior número de pontos a diferentes profundidades nas diversas albufeiras. Os

custos de redução das cargas poluentes estão estimados nas secções seguintes, referentes à

rejeição de efluentes urbanos e industriais. Os custos referentes ao reforço da monitorização são

por si só pouco significativos não se estimando que ultrapassem os 30 000 contos/ano.

Os objectivos relacionados com as águas balneares e com águas piscícolas – ciprinídeos –

estão também largamente abrangidos pelos objectivos relacionados com as rejeições urbanas e

industriais, sendo atingidos se estes os forem igualmente. No caso da água para rega, se bem que

os valores paramétricos sejam menos exigentes, e logo igualmente obteníveis em conjunto com

os anteriores, a respectiva obrigatoriedade para bacias de 30 km2 de área pode impor em alguns

casos o reforço do tratamento das águas rejeitadas, dados os fracos caudais circulantes nestes

casos. Estes casos são no entanto, no presente, de difícil quantificação de custos.

6.3.2.2 Sistemas de Águas Residuais Urbanas

A concretização dos objectivos estabelecidos no âmbito do saneamento urbano não apresenta

condicionantes técnicas. Numa perspectiva ambiental, conduzirá a melhorias significativas da

qualidade dos efluentes urbanos rejeitados para o meio ambiente, promovendo a qualidade dos

recursos hídricos, subterrâneos e superficiais, compatível com os seus usos. A preservação do

meio ambiente traduzir-se-á também em aspectos positivos de carácter social, como seja a

melhoria da qualidade de vida da população.

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A materialização de cada um dos objectivos propostos corresponde à concretização de

medidas, ao que estão associados custos, nem sempre fáceis de estimar. Assim, de uma forma

muito expedita e tendo em conta a experiência do consórcio na execução de obras do tipo das

propostas, foram orçamentadas as intervenções previstas em 10,5x106contos.

6.3.2.3 Águas Residuais Industriais

A concretização dos objectivos estabelecidos no âmbito das águas residuais industriais poderá

apresentar algumas condicionantes técnicas relacionadas com a disponibilização de informação

caracterizadora dos efluentes industriais e dos respectivos processos de tratamento. Numa

perspectiva ambiental, conduzirá a melhorias significativas da qualidade dos efluentes industriais

rejeitados para o meio ambiente, promovendo a qualidade dos recursos hídricos, subterrâneos e

superficiais, compatível com os seus usos. A preservação do meio ambiente traduzir-se-á

também em aspectos positivos de carácter social, como seja a melhoria da qualidade de vida da

população.

As medidas a concretizar para se alcançarem os objectivos propostos terão que ser

desenvolvidas quer pelas próprias indústrias, quer por entidades administrativas com jurisdição

neste foro, implicando um enorme esforço de sensibilização por parte das indústrias e de

acompanhamento e fiscalização eficazes por parte daquelas entidades.

Em termos económico-financeiros, as acções a realizar atingirão, de forma mais ou menos

profunda um universo de 603 unidades industriais (levantamento de 1997). Considerando que

cerca de 500 dessas unidades vão necessitar de qualquer tipo de intervenção, estimou-se em

25x106 contos a verba a aplicar nas mesmas para implementação ou reforço do respectivo pré-

tratamento, e do tratamento final para as unidades não ligadas a Sistemas de Águas Residuais,

em conformidade com o DL nº 152/97.

6.3.2.4 Protecção das Águas Subterrâneas

Os objectivos propostos são essenciais para a protecção e gestão da qualidade de água dos

aquíferos, para o próprio inventário das disponibilidades de água e para o conhecimento e

prevenção de situações de sobre-exploração.

Os únicos condicionamentos previstos derivam dos custos da respectiva implementação ,

embora se possam considerar de média ordem de grandeza e, em particular, da resistência dos

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proprietários rurais à selagem de captações abandonadas, face aos custos, e à implementação dos

perímetros de protecção e à necessidade duma monitorização rigorosa da dinâmica de fluxos

hidrogeológicos, quantitativos e qualitativos, dentro dos mesmos. Os custos económico-

financeiros envolvidos são estimados em 3,6x106 contos.

6.3.3 Protecção da Natureza

Quer no seu conjunto, quer individualmente, os objectivos de protecção da Natureza,

revertendo na requalificação, recuperação e conservação dos valores ambientais, são fortemente

benéficos para os ecossistemas aquáticos e ribeirinhos, em particular, e para o usufruto das

populações, para a disponibilização de água de qualidade para abastecimento humano e para a

valorização social e económica dos recursos hídricos. Representam também uma salvaguarda

dos recursos em geral para as gerações seguintes e uma correcta valorização do ambiente como

suporte indispensável ao desenvolvimento sustentado. Têm como maiores inconvenientes os

custos associados à sua implementação, que podem suscitar reacções negativas dos sectores

económicos envolvidos, assim como a dificuldade de adesão dos utilizadores dos recursos e

domínio hídrico a novas práticas mais consentâneas com o meio ambiente, como é, por exemplo,

o caso do Código das Boas Práticas Agrícolas. Em relação aos custos económicos envolvidos,

considera-se que grande parte deste estão já representados nos objectivos relacionados com a

redução das cargas poluentes das rejeições urbanas e industriais. Os restantes custos, em grande

medida relacionados com o reforço do conhecimento sobre o meio ambiente aquático e

ribeirinho e a sua reabilitação, são, na presente fase, de difícil quantificação, apontando-se para

valores da ordem dos 0,2x106 contos/ano. Por fim, o cumprimento das descargas de caudais

ecológicos são avaliadas de forma muito aproximada em 3,5x106 contos/ano (equivalentes a 250

hm3/ano).

6.3.4 Protecção Contra as Situações de Risco

6.3.4.1 Secas

Os objectivos de prevenção e minimização dos efeitos das secas traduzem orientações de

baixo custo de implementação quando comparados com os largos benefícios que vão permitir

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obter . Promoverão uma enorme melhoria da gestão dos sectores económicos fortemente ligados

à utilização da água, eliminarão em larga escala situações de stress social e propiciarão a

economia da água. Envolvem de forma muito marcada medidas não estruturais ligadas ao estudo

e definição de regras de gestão e à caracterização e avaliação detalhada do efeito das secas nas

diversas actividades. O seu custo conjunto é estimado em cerca de 0,5x106 contos, valor pouco

significativo no conjunto dos objectivos do PBH:

6.3.4.2 Cheias

A protecção contra cheias e inundações na bacia do Guadiana passa inicialmente pela

elaboração de estudos e obras. Os estudos e projectos a elaborar irão permitir conhecer em maior

detalhe as cheias na bacia do Guadiana e contribuir para a execução de obras de controle de

cheias e a instalação de sistemas de avisos de cheia. Para a elaboração de estudos são previstos

custos na ordem de 800 000 contos e custos de cerca de 5 milhões para obras estruturais de

protecção contra cheias. É de referir que a execução de algumas obras de protecção de cheias em

zonas urbanas, bem como os condicionantes à utilização das áreas de risco de inundação poderão

entrar em conflito com os interesses das populações ribeirinhas e condicionar a implementação

das medidas previstas.

Para cumprir o objectivo de previsão, prevenção e aviso de cheias, foram estimados, para

montar sistemas de previsão e aviso de cheias em todas as grandes barragens e no rio Guadiana,

custos na ordem de 1,3 milhões de contos e avaliados em cerca de 500 000 contos os custos para

as restantes medidas e acções previstas.

6.3.5 Valorização Económica e Social dos Recursos Hídricos

Os objectivos de valorização social e económica visam permitir a mais larga disponibilização,

devidamente fundamentada, ordenada e adequadamente protegida, dos recursos hídricos,

representando uma salvaguarda para a respectiva utilização num quadro de equidade social,

compreendida por todos os potenciais utilizadores. A orientação dada, no sentido do

ordenamento aberto ou simplesmente condicionado ou totalmente fechado, a cada tipo de

utilização pretende promover de forma alargada essas utilizações, no primeiro caso, definindo

clara e criteriosamente as situações condicionadas nos restantes casos.

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São objectivos que em certa medida chocarão com alguns hábitos adquiridos e que limitarão

algumas utilizações hoje em dia correntes.

Imporão custos, com a sinalização, sinóptica ou total dos locais, a balizagem e a criação de

infra-estruturas de apoio assim como com a realização de estudos de suporte, que se avaliam no

seu conjunto em 106 contos.

6.3.6 Articulação do Domínio Hídrico com o Ordenamento do Território

6.3.6.1 Definição e Delimitação do Domínio Hídrico

Objectivo fundamental para possibilitar a correcta gestão das áreas sobre as quais o Estado

tem competência directa de intervenção.

Prevê-se que será um processo bastante lento, devido sobretudo à grande dificuldade em

delimitar cartograficamente o Domínio Hídrico, uma vez que não se podem por em causa

direitos já adquiridos por particulares ou os critérios de delimitação que têm vindo a ser

assumidos pelas DRA’s relativamente ao licenciamento dos usos do solo e actividades nestas

áreas.

Não é possível apresentar, nesta fase, uma estimativa de custos para a concretização deste

objectivo/programa.

6.3.6.2 Definição das Condições de Ocupação e Utilização do Domínio Hídrico

Constitui um importante complemento da legislação vigente em matéria de licenciamento ou

imposição de condicionamentos aos usos do solo e actividades no Domínio Hídrico.

A concretização deste objectivo passa por uma maior fiscalização das áreas do Domínio

Hídrico e pela consciencialização dos particulares para a necessidade de protecção e valorização

dos recursos hídricos.

Não é possível apresentar, nesta fase, uma estimativa de custos para a concretização deste

objectivo/programa, embora se possa considerar que será relativamente baixo.

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6.3.6.3 Disponibilização de Informação Técnica e de Incentivos para Apoio ao Ordenamento

do Território

A gestão dos recursos hídricos tem de se apoiar, necessariamente, em maior e melhor

informação técnica de base, de modo a acabar-se progressivamente com as indefinições ou

disparidades de critérios que existem actualmente, nomeadamente ao nível da REN. É

igualmente necessário estudar e desenvolver inovações técnicas que permitam uma maior

protecção dos recursos hídricos e a melhoria da sua qualidade. Por outro lado, a par do

estabelecimento de interdições ou condicionamentos ao uso do solo, é imprescindível a

disponibilização de incentivos económicos para a reconversão dos usos ou actividades que

origem impactes negativos nos recursos hídricos.

Os incentivos económicos a criar e a grande quantidade de estudos a desenvolver implicam

elevados investimentos monetários e alguma lentidão na concretização da totalidade deste

objectivo/programa.

Importa ainda salientar que este Programa constitui um complemento a objectivos definidos

em outras áreas temáticas, podendo vir a ser compatibilizado ou integrado nessas áreas em fases

posteriores do Plano de Bacia.

6.3.6.4 Recomendações para os Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT)

É necessário estabelecer regras uniformizadas, no âmbito da protecção e valorização dos

recursos hídricos, para todo o território, independentemente da entidade com autoridade para

determinar os usos e actividades que nele têm lugar.

Prevê-se alguma relutância por parte dos municípios abrangidos pelo Plano de Bacia em

assumir as recomendações preconizadas, nomeadamente quando estas ponham em causa

intenções ou compromissos já assumidos por estes.

Os investimentos/custos necessários a concretização deste objectivo/programa são bastante

baixos, uma vez que se trata, sobretudo, de processos de negociação.

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6.3.6.5 Recomendações para os Planos de Ordenamento das Albufeiras de Águas Públicas

(POA)

Os POA constituem um dos instrumentos de ordenamento essenciais para o desenvolvimento

e pormenorização no terreno dos objectivos definidos no âmbito do Plano de Bacia do Guadiana.

Tem particular importância o POA do Alqueva, atendendo às grandes expectativas de alteração

dos usos do solo e eventuais pressões urbanísticas e turísticas induzidas por este aproveitamento

hídrico.

Não se prevêem dificuldades na concretização deste objectivo/programa, uma vez que a

elaboração dos POA é da responsabilidade directa do Estado.

Não é possível apresentar, nesta fase, uma estimativa de custos para o cumprimento deste

objectivo/programa.

6.3.6.6 Resolução de Situações Críticas de Risco de Degradação da Qualidade das Águas

Considerou-se prioritário prevenir as situações diagnosticadas no âmbito do Plano de Bacia

do Guadiana que possam pôr em risco a qualidade dos recursos hídricos, nomeadamente porque

poderão originar impactes negativos com custos de recuperação muito elevados ou que

comprometem irreversivelmente a utilização da água para determinados fins.

O cumprimento deste objectivo/programa está, sobretudo, dependente da criação de melhores

condições de fiscalização e de monitorização do tratamento e descarga das águas residuais

domésticos e industriais. Trata-se, portanto, de um programa complementar de objectivos

definidos em outras áreas temáticas, podendo vir a ser compatibilizado ou integrado nessas áreas

em fases posteriores do Plano de Bacia.

6.3.7 Adequação dos Quadros Normativo e Institucional

6.3.7.1 Implementação da Convenção Luso-Espanhola

Trata-se dum objectivo fundamental para a gestão das águas transfronteiriças com evidentes

repercussões nos usos e na valorização dos recursos hídricos, na bacia portuguesa, a ser

acompanhada pela parametrização do regime quantitativo dos escoamentos provenientes de

Espanha. Implica a articulação e consenso com as autoridades vizinhas podendo apresentar

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condicionantes no controlo a montante (tanto em Portugal como em Espanha) das origens de

poluição, quer decorrentes da sustentabilidade económica das actividades a estas ligadas quer

pelos próprios montantes envolvidos que poderão ser muito significativos, quer ainda pelo

âmbito alargado da capacidade técnico-empresarial exigida com esse fim.

6.3.7.2 Simplificação e Racionalização dos Processos de Gestão

Melhoria nas eficiências da actuação das entidades gestoras dos recursos hídricos, de gestão

integrada das regiões hidrográficas, na relação com o público e os sectores económicos, na

eficiência em qualidade e prontidão da resposta dos serviços públicos, na aplicação do regime de

utilização do domínio hídrico, no cumprimento da legislação e na fundamentação do seu suporte

técnico e financeiro e no estabelecimento de preços de água bruta.

Podem existir condicionantes de natureza orgânico-administrativa que deverão ser colmatadas

através da execução delegada em serviços privados mediante concurso.

6.3.7.3 Melhoria da Coordenação Inter-sectorial e Institucional, na Gestão de

Empreendimentos de Fins Múltiplos

Fundamentação dos preços de água bruta tendente à clarificação, à equidade e

responsabilização na utilização do domínio hídrico associada à captação de águas e à rejeição de

águas residuais e, com carácter decisivo, estabelecimento de competências inequívocas nas áreas

geográficas de intervenção representadas pelas bacias hidrográficas.

Possíveis implicações negativas relacionadas com a menor aceitação dos sectores económicos

aos preços da água bruta e da taxa de poluição e com necessidade de rigorosos estudos técnico-

económicos que tenham em conta os usos prioritários, o incremento de valorização dos recursos

hídricos e o objectivo de reforço do mercado da água.

6.3.7.4 Fomento e Consolidação do Mercado da Água

Regulamentação precisa e inequívoca da descarga de águas residuais industriais nos sistemas

públicos de drenagem de águas residuais, com forte redução da carga poluente, com melhoria do

funcionamento dos sistemas de tratamento de águas residuais e do controlo da poluição das

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águas superficiais; economia no uso das águas através da reutilização e subsequente formulação

de níveis de qualidade mínima para essa reutilização.

As condicionantes previstas relacionam-se especificamente com a implementação da

legislação e não com a sua criação; em relação às descargas industriais convirá, com excepção

dos casos justificados, impor a obrigatoriedade da ligação às redes públicas por forma a não se

incentivar a descarga livre para o meio ambiente.

6.3.7.5 Enquadramento e Simplificação Administrativa

Melhoria da actuação do INAG e das DRA relativamente aos recursos hídricos, revisão

fundamentada do regime económico e financeiro das utilizações do domínio hídrico, unificação

do código da água (lei-quadro) e revisão da legislação sobre águas residuais, qualidade de água

conforme os usos e identificação de zonas vulneráveis e zonas sensíveis, conferindo

instrumentos legais mais actualizados e fundamentados para o planeamento e a gestão dos

recursos hídricos.

Condicionantes prováveis na implementação da legislação revista, obrigando a programas

próprios com esse objectivo tanto em termos de entidades competentes, como de custos e prazos

de execução e das medidas a prever em cada sector utilizador.

Parte V – Estratégias, Medidas e Programação

7 Estratégias

7.1 Considerações Gerais

Na linha do consenso consagrado em conferências e convenções internacionais, o princípio

fundamental subjacente ao planeamento e gestão dos recursos hídricos de que informam os

planos das bacias hidrográficas dos rios é o da gestão sustentável (ambiental e economicamente)

equitativa e eficiente dos recursos hídricos.

Deste princípio fundamental decorre um conjunto de princípios observados na elaboração dos

planos de bacia e que se reflectem nas respectivas linhas de orientação estratégica:

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• Princípios Sociais: O abastecimento de água, em condições suficientes e alargadas à

totalidade da população, assim como os meios de saneamento adequados constituem

necessidades humanas básicas a que todos devem ter acesso;

• Princípios Institucionais e de Gestão: O papel e as áreas de responsabilidade dos órgãos da

administração devem ser claramente definidos, a gestão deve ser transparente e assente em

sistemas de informação apropriados, sendo fundamental o envolvimento das organizações de

utilizadores;

• Princípios Económicos e Financeiros: A água tem um valor económico e deve ser

reconhecida como um bem económico. O preço da água é uma componente fundamental de

qualquer estratégia de sustentabilidade;

• Princípios Ambientais: As actividades relacionadas com a água devem ter como objectivo

melhorar, ou pelo menos, causar o mínimo de efeitos negativos no ambiente natural;

• Princípios de Informação: É necessária uma informação sólida e fundamentada para a

tomada de decisões no domínio das actividades relacionadas com a água;

• Princípios Tecnológicos: A escolha da tecnologia deve ser ditada por considerações

relativas à sua eficiência.

Tomando por base os princípios descritos, formularam-se no PBH do Guadiana um conjunto

de linhas estratégicas fundamentais e instrumentais para cumprimento dos objectivos

estabelecidos no Plano.

O Plano da Bacia do Guadiana preconiza um conjunto muito diversificado de objectivos,

estruturados por: Gestão da Procura; Protecção da Natureza; Protecção Contra as Situações de

Risco; Valorização Económica e Social dos Recursos Hídricos; Articulação do Domínio Hídrico

com o Ordenamento do Território; Adequação dos Quadros Normativo e Institucional; Aplicação

do Regime Económico e Financeiro e Melhoria do Conhecimento dos Recursos Hídricos e

Participação da População.

Por forma a dar uma coerência acrescida a uma visão, mais global e menos condicionada

temporal e financeiramente que a desse conjunto, apresentam-se seguidamente, as linhas de

orientação estratégica, consideradas relevantes neste contexto, para as quais concorrem os

referidos objectivos e actuações. Para a sua materialização e implementação deverão contribuir

todos os agentes relacionados com a execução das medidas preconizadas, de entre os quais

sobressaem, para além do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT), os

Ministérios sectoriais, os agentes económicos e os cidadãos em geral. Estas linhas de orientação

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estratégica têm, portanto, uma abrangência muito mais lata que o âmbito de todas as medidas

preconizadas no Plano, as quais se concentram maioritariamente nas áreas de maior

responsabilidade do MAOT.

São as linhas de orientação estratégica consideradas mais relevantes no contexto dos Planos,

sendo as cinco primeiras, designadas Linhas Estratégicas Fundamentais (F.1 a F5), condições

fundamentais para a prossecução de uma política de desenvolvimento sustentável dos recursos

hídricos e as restantes, designadas Linhas Estratégicas Instrumentais (I.1 a I.6), orientações

instrumentais essenciais para uma concretização racional das primeiras.

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7.2 Estratégias Fundamentais

São consideradas 5 estratégias fundamentais:

F.1 – Redução das cargas poluentes emitidas para o meio hídrico, através de uma estratégia

específica para as actividades económicas que constituem fontes de poluição hídrica, baseada em

Planos de Acção que visem a eliminação dos incumprimentos legais e que tenham em conta,

para cada trecho da rede hidrográfica, a classificação de qualidade da água em função das

utilizações.

F.2 – Níveis de atendimento das populações com superação das carências básicas de infra-

estruturas, através da construção de novas, reabilitação das existentes e integração do ciclo

urbano do abastecimento/rejeição de água.

F.3 – Melhoria da garantia da disponibilidade de recursos hídricos utilizáveis por forma a

dar satisfação às necessidades das populações e actividades económicas, através da melhoria da

eficiência da utilização da água e da regularização de caudais, tendo em conta como

condicionantes a definição de um regime de caudais ambientais e a gestão hídrica na parte

espanhola das bacias.

F.4 – Acréscimo da segurança de pessoas e bens, relacionada com o meio hídrico, através da

prevenção e da mitigação de situações de risco do tipo hidrológicas extremas ou acidentais de

poluição.

F.5 – Preservação e valorização ambiental do meio hídrico e dos ecossistemas (e da

paisagem associada), através do condicionamento da utilização de recursos ou de zonas a

preservar e da definição de uma estratégia específica para a recuperação de ecossistemas.

7.3 Estratégias Instrumentais

Em articulação com as estratégias fundamentais, são ainda consideradas 6 estratégias

instrumentais:

I.1 – Reforço integrado dos mecanismos que controlam a gestão dos recursos hídricos, que

implique um acréscimo da sua eficiência e eficácia, através do reforço e articulação dos

mecanismos relativos aos regimes de planeamento, ordenamento hídrico, licenciamento e

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económico – financeiro, utilizando abordagens espacialmente integradas e o recurso aos

mecanismos do mercado.

I.2 – Reforço da capacidade e da qualidade da intervenção por parte da Administração, a

nível regulador, arbitral e fiscalizador, em matéria de recursos hídricos, através da qualificação

dos seus recursos humanos nestas áreas e da transferência, para instituições e agentes privados

(sociedade civil), das tarefas para as quais esta se encontra mais vocacionada, tendo como

unidade de planeamento e gestão a bacia hidrográfica.

I.3 – Aumento do conhecimento sobre o sistema recursos hídricos, através da criação e

manutenção de um sistema integrado de monitorização do meio hídrico, associado a um sistema

de informação de recursos hídricos, e da realização de estudos aplicados e de investigação nas

matérias relacionadas com este sistema onde detectem mais lacunas informativas ou de

informativas ou de conhecimento sistémico, nomeadamente na área da qualidade biológica dos

meios hídricos.

I.4 – Reforço da sensibilização e participação da sociedade civil, em matéria de recursos

hídricos, através do lançamento de iniciativas de educação, formação e informação.

I.5 – Melhoria do Quadro Normativo, através da sua harmonização e sistematização num

corpo coerente.

I.6 – Avaliação sistemática do Plano, através da análise do grau de realização do mesmo e da

incidência desta no estado dos recursos hídricos e do meio hídrico da bacia hidrográfica.

7.4 Estratégia Espacial

7.4.1 Considerações Gerais

Com a estratégia espacial pretende-se relevar as principais Unidades Homogéneas de

Planeamento (UHP), dentro de cada Sub-Programa, sobre as quais se efectuarão os

investimentos mais importantes, tendo em consideração as medidas e acções mais relevantes e

necessárias implementar.

Para a bacia hidrográfica do Guadiana estão, assim, previstos os seguintes Sub-Programas e

respectivos custos de investimento:

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Tipo Designação dos Sub-Programas Custo (contos)

Programa de Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água (01)

01.B1 Prevenção da qualidade das águas superficiais para produção de água potável 4 433 000

01.B2 Prevenção da qualidade das águas superficiais para rega 446 440

01.B3 Prevenção da qualidade das águas superficiais para suporte da vida aquícola 419 240

01.B4 Prevenção da qualidade das águas subterrâneas 7 600 000

01.B5 Colecta e tratamento de águas residuais urbanas 8 400 000

01.B6 Saneamento de águas residuais industriais 750 000

01.C1 Protecção e valorização dos recursos hídricos 600 000

01.C2 Prevenção complementar da qualidade das águas superficiais para rega 226 440

01.C3 Prevenção da qualidade das águas balneares 724 000

01.C4 Controle e fiscalização de utilizações indevidas no âmbito agrícola 1 600 000

01.C5 Prevenção complementar da qualidade das águas superficiais para produção de 20 000

01.C6 Medidas de apoio à redução de cargas poluentes 40 000

Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades Económicas (02)

02.B1 Abastecimento de água às populações 6 840 000

02.B2 Utilização dos recursos hídricos pela indústria 200 000

02.B3 Aplicação do regulamento de segurança de barragens 5 000 000

02.B4 Novos regadios colectivos 171 862 000

02.B5 Reabilitação e modernização dos perímetros regados 20 300 000

02.B6 Abastecimento de água às populações e actividades económicas – águas 200 000

02.C1 Construção de barragens para abastecimento de água 2 100 000

Programa de Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados (03)

03.B1 Definição de um regime de caudais ambientais 979 440

03.B2 Desenvolvimento de uma base de dados sobre espécies piscícolas e factores 31 500

03.B3 Recuperação da vegetação ribeirinha 275 050

03.B4 Sistema de controlo e gestão da qualidade ecológica da água 120 100

03.B5 Monitorização sobre qualidade ecológica 24 200

03.C1 Conservação da fauna não aquática dependente dos sistemas hídricos 4 500

03.C2 Operacionalização das medidas e acções no estuário 25 000

Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e Acidentes de Poluição (04)

04.B1 Minimização do efeito das secas 50 000

04.B2 Sistema de gestão dos recursos de superfície 150 000

04.C1 Minimização do efeito da poluição ambiental 40 000

04.E1 Protecção contra cheias e inundações 6 850 000

04.E2 Prevenção de cheias 750 000

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Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05)

05.C1 Valorização das albufeiras com a utilização balnear adequada 1 002 420

05.C2 Utilização adequada da rede hidrográfica na navegação/definição da rede de 244 000

05.C3 Utilização adequada da rede hidrográfica de extracção de inertes 109 500

05.C4 Protecção e melhoramento da área de salina no Sapal de Castro Marim, 51 000

05.C5 Implementação da rede de pesca profissional e desportiva 1 508 000

Programa de Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico (06)

06.B1 Ordenamento das albufeiras de águas públicas e áreas envolventes 225 000

06.B2 Gestão das áreas de protecção aos recursos hídricos não abrangidas pelo domínio 35 000

06.C1 Ordenamento das áreas do domínio hídrico 260 000

06.C2 Gestão das áreas do domínio hídrico 250 000

06.C3 Ordenamento das áreas de protecção aos recursos hídricos não abrangidos pelo 430 000

06.C4 Reflorestação de áreas com risco de erosão elevado na bacia hidrográfica do rio 200 270 000

Programa do Quadro Normativo e Institucional (07)

07.B1 Implementação da convenção Luso Espanhola 1 910 000

07.B2 Implementação do regime de utilização do domínio hídrico 61 000

07.B3 Regime económico-financeiro 57 500

07.C1 Fomento e consolidação do mercado da água 258 500

07.C2 Melhoria da gestão de empreendimentos de fins múltiplos 180 000

07.C3 Enquadramento e simplificação legislativa 24 000

07.C4 Implementação da Directiva Quadro 26 000

07.C5 Reforma do quadro institucional do sector da água 18 500

Programa do Regime Económico e Financeiro (08)

08.B1 Taxas e tarifas 100 000

Programa de Informação e Participação das Populações (09)

09.C1 Reforço da informação e participação das populações 30 000

Programa de Aprofundamento do Conhecimento Sobre os Recursos Hídricos (10)

10.B1 Utilização dos recursos hídricos pela indústria 200 000

10.B2 Implementação de redes de monitorização e cadastro 1 300 000

10.B3 Estudos sobre fenómenos hidrológicos extremos 350 000

10.B4 Inventariação e caracterização dos regadios 400 000

10.B5 Monitorização sobre qualidade ecológica 24 200

Programa de Avaliação Sistemática do Plano (11)

11.B1 Avaliação sistemática do Plano 526 680

Nos pontos que se seguem apresentam-se, para cada Programa e respectivos Sub-Programas,

as UHP sobre as quais se prevêem realizar os investimentos mais relevantes.

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7.4.2 Programa de Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água (01)

Dentro dos Sub-Programas Básicos constata-se que, à excepção do B4 – Prevenção da

qualidade das águas subterrâneas, do B5 – Colecta e tratamento de águas residuais urbanas e

do B6 – Saneamento de águas residuais industriais, cuja distribuição dos respectivos orçamentos

se efectua na sua generalidade pelas 11 UHP, todos os restantes se concentram

fundamentalmente numa ou duas UHP.

Apesar da relativa abrangência da distribuição do orçamento dos Sub-Programas B4, B5 e B6

pelas 11 UHP, deverão, de certa forma, concentrar-se as intervenções, no primeiro caso e quanto

à selagem de captações abandonadas, nos sistemas aquíferos cársicos de Elvas e Estremoz (UHP

2), de Moura (UHP 5) e São Bartolomeu (UHP 11), e nos outros dois, na redução das cargas

poluentes pontuais (urbanas e industriais) nas UHP 7, 3, 2 e 1, em particular, nas indústrias de

lagares de azeite, suiniculturas e boviniculturas.

Quanto aos Sub-Programas com intervenção territorial específica, os Sub-Programas B1 –

Prevenção da qualidade das águas superficiais para produção de água potável e B2–Prevenção

da qualidade das águas superficiais para rega, concentram-se ambos essencialmente nas UHP 3

e 4 devido, no caso do Sub-Programa B1, nele se concentrarem as intervenções referentes à

protecção da qualidade da água na envolvência das barragens do Alqueva, Vigia e Monte Novo.

Prevê-se, assim, que cerca de metade do investimento do primeiro Sub-Programa de destine a

essas UHP, distribuindo-se depois a outra metade pelas restantes 9 UHP. Para o Sub-Programa

B2, referente à monitorização das áreas de regadio, prevê-se um investimento, nas UHP 3 e 4, na

ordem de grandeza dos 80% relativamente ao total previsto, repartindo-se a restante parte pelas

UHP 2, 1 e 6 e, no seu conjunto, na correspondência directa das áreas de rega do Caia, Lucefécit,

Alqueva e Vigia.

No Sub-Programa B3 – Prevenção da qualidade das águas superficiais para suporte da vida

aquícola, destaca-se a UHP 7 onde se prevê investir cerca de 50% do valor total previsto para o

Sub-Programa e que se justifica pelo facto de nesta UHP se prever a construção de um maior

número de infra-estruturas de tratamento de efluentes de lagares de azeite e suiniculturas, dada a

maior dimensão da própria UHP.

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Relativamente aos Sub-Programas Complementares são 6 os que se pretendem desenvolver

na bacia do Guadiana, dos quais apenas 2 (C2 e C3) apresentam uma distribuição menos

uniforme pelas UHP.

No Sub-Programa C2 – Prevenção complementar da qualidade das águas superficiais para

rega, referente à monitorização das origens de água de rega, actuais e potenciais, destacam-se

ligeiramente as UHP 3 e 10 onde se prevê investir, em cada uma delas, cerca de 20% do valor

total do Sub-Programa mas atribuindo-se às UHP 1, 2, 7 e 9 investimentos entre 18 e 12%, em

face da própria distribuição geográfica das linhas de água de maior significado na bacia com

potencial aproveitamento para rega.

O Sub-Programa C3 – Prevenção da qualidade das águas balneares concentra-se nas 3 UHP

situadas mais a sul da bacia, ou seja nas UHP 9, 10 e 11 com especial incidência sobre a UHP 9

na qual se prevê investir cerca de 35% do valor total previsto para o Sub-Programa e que se

explica pela importância do turismo nestas regiões.

Por último os restantes Sub-Programas Complementares (C1 – Protecção e valorização dos

recursos hídricos; C4 – Controle e fiscalização de utilizações indevidas no âmbito agrícola; C5

– Prevenção complementar da qualidade das águas superficiais para produção de água potável

e C6 – Medidas de apoio à redução de cargas poluentes) distribuem-se praticamente de forma

homogénea pelas 11 UHP, pela sua própria natureza.

7.4.3 Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas (02)

Para este Programa estão previstos 7 Sub-Programas, dentro dos quais somente um é

Complementar (C1 – Construção de barragens para abastecimento de água). Para este e para os

Sub-Programas B2 – Utilização dos recursos hídricos pela indústria, B3 – Aplicação do

regulamento de segurança de barragens e B6–Abastecimento de água às populações e

actividades económicas prevê-se uma distribuição praticamente homogénea por todas as UHP,

uma vez que contemplam Projectos que abrangem, em princípio, toda a bacia do Guadiana.

O Sub-Programa B1 – Abastecimento de água às populações, pela sua própria natureza,

desenvolver-se-á por todas as UHP, destacando-se, no entanto, o grupo constituído pelas UHP 7,

9 e 10, com investimentos um pouco superiores aos das restantes e que se justifica pela

deficiência do abastecimento domiciliário, nas redes e estações de tratamento, nestas UHP.

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Apesar do Alentejo ser a maior região agrária do país, apresenta um nível de mecanização

relativamente baixo, pelo que se prevê investir com valores relativamente elevados no Sub-

Programa B4 – Novos regadios colectivos, nas UHP 3, 4, 5, 6 e 7 na envolvência do

aproveitamento do Alqueva e no Sub-Programa B5 – Reabilitação e modernização dos

perímetros regados, sobre as UHP 1, 2 e 3 onde se localizam os perímetros de rega colectivos

actuais.

7.4.4 Programa de Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres

Associados (03)

Para este Programa está previsto o desenvolvimento de 7 Sub-Programas dos quais seis (B1 -

Definição de um regime de caudais ambientais; B2 – Desenvolvimento de uma base de dados

sobre espécies piscícolas e factores ambientais; B3 – Recuperação da vegetação ribeirinha; B4 -

Sistema de controlo e gestão da qualidade ecológica da água; B5 – Monitorização sobre

qualidade ecológica e C1 – Conservação da fauna não aquática dependente dos sistemas

hídricos) se distribuem um pouco por todas as UHP de forma relativamente homogénea, pela sua

própria natureza e objectivo relacionado com a conservação da natureza/ecossistemas aquáticos.

Em contrapartida, o Sub-Programa Complementar C2 – Operacionalização das medidas e acções

no estuário, concentra-se na sua totalidade na UHP 11, uma vez que, tal como a sua própria

designação indica, pretende desenvolver instrumentos de operacionalização das medidas e

acções no estuário do Guadiana.

7.4.5 Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e

Acidentes de Poluição (04)

Este Programa é constituído por 5 Sub-Programas, dos quais 2 são Básicos (B1 –

Minimização do efeito das secas e B2 – Sistema de gestão dos recursos de superfície), 1

Complementar (C1 – Minimização do efeito da poluição ambiental) e os restantes Específicos

(E1 – Protecção contra cheias e inundações e E2 – Prevenção de cheias).

Prevê-se que todos eles sejam implementados e desenvolvidos, em princípio, em todas as

UHP com uma distribuição relativamente homogénea dos respectivos orçamentos. No entanto, e

por se tratar basicamente da execução de medidas estruturais, nomeadamente no sentido de se

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promover a reformulação das obras de regularização existentes e dos aquedutos e pontes

subdimensionados e, ainda, no sentido de se promover a elaboração de novas obras de

protecção contra cheias, calcula-se investir, no Sub-Programa E1, cerca de 77% do valor do

investimento previsto para este Programa 04.

7.4.6 Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05)

Neste Programa prevê-se apenas desenvolver Sub-Programas Complementares. Para os Sub-

Programas C2 – Utilização da rede hidrográfica na navegação; C3 – Utilização adequada da

rede hidrográfica de extracção de inertes e C5 – Implementação da rede de pesca profissional e

desportiva calcula-se que sejam efectuados investimentos em todas as UHP de forma

relativamente homogénea, dada a natureza dos mesmos. Prevê-se, no entanto, que o Sub-

Programa C2 actue principalmente a jusante da ponte de Mértola (UHP 9 e 10), nas albufeiras de

Lucefécit (UHP 2), da Vigia (UHP 3), de Monte Novo (UHP 3), de Alqueva (UHP 3 e 4), do

Açude de Pedrógão (UHP 6), de Enxoé (UHP 7), de Monte Clérigo (UHP 7) e da Boavista (UHP

7). Por sua vez, o Sub-Programa C3 deverá incidir, preferencialmente, nos locais do leito do

Guadiana a montante dos empreendimentos do Alqueva e Pedrógão, nas zonas de regolfo destes

empreendimentos bem como no troço inter-fluvial dos seus tributários e nos troços das linhas de

água a montante de outras grandes barragens.

Para o Sub-Programa C1 – Valorização das albufeiras com a utilização balnear adequada o

seu investimento recai com certo significado nas UHP 3 e 10, uma vez que são estas as UHP que

compreendem as albufeiras de Alqueva, Odeleite e Beliche.

Por último, sendo o Sub-Programa C4 – Protecção e melhoramento da área de salina no

Sapal de Castro Marim muito específico em termos de actuação, a sua implementação e

desenvolvimento incide somente na UHP 11.

7.4.7 Programa de Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico (06)

Para este Programa estão previstos 6 Sub-Programas, dos quais 2 são Básicos e os restantes

Complementares. Com excepção do Sub-Programa C4 – Reflorestação de áreas com risco de

erosão elevado para o qual está previsto o maior investimento dentro deste programa, todos os

outros, por contemplarem quer áreas abrangidas quer não abrangidas pelo domínio hídrico, têm

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um investimento que se distribui, de uma maneira geral, por todas as UHP de forma praticamente

uniforme.

Em contrapartida, o Sub-Programa C4 é constituído por dois grandes grupos de investimento,

nos quais em ambos se pretende promover a plantação de espécies florestais de protecção. O

primeiro grupo, de maior investimento, incidirá maioritariamente nas UHP 3, 5, 7, 8 e 9

nomeadamente na margem esquerda do Guadiana nas proximidades de Barrancos, na envolvente

de Mourão, Moura, Serpa e Mértola, entre Moura e Portel, ao longo do vale do rio Degebe, entre

Serpa e Vidigueira, a noroeste de Mértola e no planalto de Martin Longo, onde o risco de erosão

é bastante elevado.

O segundo grupo de investimento deverá incidir nas áreas de risco de moderado a muito

elevado, localizadas de uma maneira geral nas UHP 1, 4 e 10, mais especificamente entre Elvas

e Campo Maior, nas cabeceiras do rio Caia e nos afluentes do Guadiana, nomeadamente,

Degebe, Odearça, Terges e Beliche.

7.4.8 Programa do Quadro Normativo e Institucional (07)

Este Programa é constituído por 8 Sub-Programas, dos quais 3 são Básicos (B1 –

Implementação da convenção Luso Espanhola; B2 – Implementação do regime de utilização do

domínio hídrico e B3 – Regime económico-financeiro) e os restantes Complementares (C1 –

Fomento e consolidação do mercado da água; C2 – Melhoria da gestão de empreendimentos de

fins múltiplos; C3 – Enquadramento e simplificação legislativa; C4 – Implementação da

Directiva Quadro e C5 – Reforma do quadro institucional do sector da água), que pela sua

natureza deverão todos ser implementados e desenvolvidos nas 11 UHP.

No entanto, e por se destinar à melhoria da gestão de empreendimentos de fins múltiplos, o

Sub-Programa C2 incidirá, essencialmente, nas UHP 9, 10 e 11, por se localizar nestas UHP o

grande empreendimento de fins múltiplos de Odeleite-Beliche e por se englobar ainda nestas

UHP o trecho navegável do Guadiana, de Mértola à foz, que carece de atenções especiais face à

sua importância.

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7.4.9 Programa do Regime Económico e Financeiro (08)

Este Programa é constituído apenas pelo Sub-Programa Básico B1 – Taxas e tarifas, com o

qual se pretende, de forma objectiva, definir os custos envolvidos com os serviços de

abastecimento de água, de tratamento de águas residuais e de distribuição de água para rega bem

como as formas de financiamento mais adequadas (pelos utilizadores), de forma transparente e

racional, pelo que, por estes mesmos motivos, calcula-se que, de uma maneira geral, em todas as

UHP sejam efectuados investimentos.

7.4.10 Programa de Informação e Participação das Populações (09)

Para este Programa prevê-se a implementação de um só Sub-Programa, Complementar, C1-

Reforço da informação e participação das populações que, pela sua natureza e objectivo

estratégico de promover o reforço da informação e participação das populações com vista à sua

adesão crítica às acções do Plano, deverá incidir, em princípio, sobre todas as UHP.

7.4.11 Programa de Aprofundamento do Conhecimento Sobre os Recursos

Hídricos (10)

Dentro deste Programa prevê-se que sejam desenvolvidos apenas Sub-Programas Básicos,

sendo 5 na sua totalidade (B1 – Utilização dos recursos hídricos pela indústria; B2 -

Implementação de redes de monitorização e cadastro; B3-Estudos sobre fenómenos hidrológicos

extremos; B4 – Inventariação e caracterização dos regadios e B5 – Monitorização sobre

qualidade ecológica). Todos estes Sub-Programas, pelo seu carácter e natureza, deverão

apresentar os seus orçamentos distribuídos, na sua generalidade, por todas as UHP, no entanto, é

de relevar a importância do Sub-Programa B2 que compreende duas grandes acções ao nível da

bacia, nomeadamente a monitorização e o cadastro, prevendo-se, desta forma, que o maior

investimento se efectue neste Sub-Programa.

7.4.12 Programa de Avaliação Sistemática do Plano (11)

Este Programa é constituído apenas por um Sub-Programa Básico que apresenta a designação

do Programa, e que, por pretender essencialmente assegurar a avaliação do Plano principalmente

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através da ponderação da eficiência das medidas propostas, deverá ser implementado, em

princípio, em todas as UHP.

8 Programas de Medidas

8.1 Considerações Gerais

Os objectivos, que resultaram em larguíssima medida do levantamento de problemas e do

diagnóstico, abrangem as diversas áreas temáticas do Plano as quais foram agrupadas por

imperativos de organização do planeamento em 11 Programas de medidas e acções,

estabelecidos pelo INAG. Na Tabela seguinte podem-se observar, de forma resumida, os

principais objectivos que caracterizam cada Programa:

Programa Objectivo

N.º Designação

Protecção das águas e controle da Poluição P01 Recuperação e prevenção da qualidade da água

Gestão da Procura P02 Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas

Protecção da Natureza P03 Protecção dos Ecossistema Aquáticos e Terrestres

Associados

Protecção contra as Situações Hidrológicas

Extremas

P04 Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e

Acidentes de Poluição

Valorização dos Recursos Hídricos P05 Valorização Económica e Social dos Recursos Hídricos

Articulação do Ordenamento do Território com o

Ordenamento do Domínio Hídrico

P06 Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico

Normativo e Institucional P07 Quadro Normativo e Institucional

Regime Económico–Financeiro P08 Sistema Económico e Financeiro

Conhecimento dos Recursos Hídricos P09 Aprofundamento do Conhecimento sobre Recursos

Hídricos

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P10 Informação e participação das Populações

Acompanhamento da execução do Plano de bacia P11 Avaliação sistemática do Plano

Entende-se por Programa o conjunto dos Sub-Programas, Projecto e Acções afins

convergentes para atingir um objectivo estratégico estabelecido no Plano bacia. Os Sub-

Programas encontram-se identificados de forma convencionada pelas letras B dos Sub-Programa

Base, correspondentes às medidas relativas ao cumprimento do normativo legal ou ao

saneamento básico destinados a resolver as situações de carência, constituindo, desta forma, os

requisitos mínimos da bacia em termos de recursos hídricos. À letra C correspondem os Sub-

Programas Complementar, visando as medidas propostas para complementar as dos Sub-

Programas Base ou que ultrapassem os imperativos do normativo legal. Por último, encontram-

se os Sub-Programas da letra E, Sub-Programas Específicos, que integram os projectos e acções

orientados para atingir objectivos específicos e relativos a determinados sectores ou locais, que

pela sua natureza se consideram relevantes em termos de utilização, quantidade ou qualidade da

água.

Os Sub-Programas são ainda constituídos pelo conjunto de Projectos afins, estes ainda sub-

divididos em Acções, as quais correspondem a intervenções particularizadas, na perspectiva

sectorial, geográfica ou estratégica desses mesmos Projectos.

Os Projectos constituem a unidade fundamental de Planeamento que estruturam o conjunto de

medidas orientadas para promover os objectivos definidos para a BH do Guadiana. Cada um

deles enquadra as diversas medidas, dentro do mesmo objectivo genérico, correspondentes à

estratégia de consecução desse mesmo objectivo e integra uma bem definida linha de

financiamento geral dos respectivos encargos.

Tratam-se, na essência, dos Planos de acção estruturados e coerentes decorrentes do Plano de

Bacia com vista às actuações/correcções na situação multívoca e multisistémica, emergente

principalmente a curto e médio prazo mas tendo em atenção também a evolução prospectiva a

longo prazo (até 2020).

A codificação de Projectos tem por objectivo estabelecer uma sistemática que permita

análises comparativas entre Planos de Gestão das diversas Bacias Hidrográficas ao nível dos

Projectos, Sub-Programas por Objectivo, Unidade Espacial, Domínios de Intervenção e

Entidades Responsáveis pela promoção e implementação dos projectos a considerar numa Base

de Dados adequada para o efeito.

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O código de cada projecto é constituído por 17 dígitos, compostos por algarismos e letras,

ordenados de acordo com o seguinte exemplo: 01.B3.01.Gd.030.2.2100.2.

O significado de cada dígito encontra-se resumido na Tabela seguinte, apresentando-se

seguidamente a sua descrição mais detalhada:

Programa Sub-Programa Projecto Bacia Hidrográfica UHP Linha de Água Domínio Entidade

01 B3 01 Gd 030 2 2100 2

8.2 Programas de Medidas

8.2.1 Programa de Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água (01)

Os Sub-Programas base definidos ao nível da Recuperação e Prevenção da Qualidade da

Água consistem fundamentalmente na designação das águas em função dos usos, na construção,

ampliação e reabilitação dos sistemas públicos de drenagem e tratamento de águas residuais

domésticas e industriais e na avaliação e controlo das fontes de poluição tópica e difusa.

No sentido de estabelecer objectivos de qualidade para os corpos de água por forma a

potenciar a gestão da qualidade dos recursos hídricos e, consequentemente, a determinação da

sua capacidade de carga, as águas que ainda o não tenham sido serão classificadas para os fins

em vista, ficando-lhes assim associado um padrão de qualidade conforme estabelecido no

Decreto-Lei n.º. 236/98, de 1 de Agosto.

Os projectos iniciam-se geralmente pela identificação das utilizações actuais dos meios

hídricos, procedendo-se de seguida à avaliação da adequabilidade da qualidade da água desses

meios em função dos padrões de qualidade exigidos na legislação. São depois apresentados os

programas de medidas destinados a proteger e melhorar o estado de qualidade dessas águas de

modo a assegurar a sua aptidão para os usos actuais e projectados, assim como a vida das

espécies que delas dependem. Quando não foi possível proceder à apresentação destes programas

foi identificada a sua necessidade.

Quanto à drenagem e tratamento de águas residuais domésticas e industriais, a legislação em

vigor, Decretos-Lei nº 152/97, 236/98 e outros diplomas específicos identificados no Capítulo 2,

determina níveis de tratamento e prazos para a realização e funcionamento de sistemas de

recolha e tratamento de águas residuais urbanas em função da dimensão dos sistemas e do estado

trófico do meio receptor. Cada um dos PBH contempla um conjunto de projectos neste domínio.

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No que respeita às fontes de poluição, pretende-se que seja actualizado o levantamento das

fontes de poluição tópica, por forma a que se possa avaliar e caracterizar a respectiva carga

poluente e verificar o cumprimento das normas de descarga.

No que respeita às fontes de poluição difusa, o principal problema prende-se com a falta da

sua caracterização e dos dados necessários à sua avaliação. Propõe-se que seja feito um trabalho

sistemático com vista à caracterização desta problemática e tomada de medidas para o combate à

poluição difusa.

Estes Sub-Programas contemplam pois, sistematicamente, projectos de identificação e

avaliação e controlo de descargas poluentes, que incluem a actualização do levantamento das

fontes de poluição tópica, nomeadamente unidades industriais, aquaculturas, ETAR e projectos

de avaliação e combate à poluição difusa.

Para além destes Sub-Programas, comuns a todos os planos ainda que com designações

diversas, propõem-se ainda, em alguns casos, Sub-Programas complementares que dizem

respeito ao controlo dos lixiviados, nomeadamente, no que diz respeito às lamas provenientes

das estações de tratamento e às minas abandonadas.

Entre os Sub-Programas para esta bacia destaca-se o relativo à Prevenção da Qualidade das

Águas Superficiais para Produção de Água Potável e dentro deste o projecto de Protecção e

Recuperação da Qualidade das Águas das Albufeiras do Caia, Lucefécit, Vigia, e Monte Novo

para a produção de água potável.

Ainda neste Sub-Programa há que assinalar, pela sua importância, o projecto Protecção da

Qualidade da Água da Albufeira de Alqueva para Produção de Água Potável. Com este projecto

pretende-se adequar a qualidade da água na albufeira de Alqueva, origem prevista para produção

de água potável que servirá mais de 10000 habitantes, (classe A1) até 2012. Entre as medidas e

acções incluem-se as seguintes: desenvolver, nos primeiros dois anos contados a partir do

enchimento da albufeira, estudos de pormenor que permitam a definição do comprimento de

segurança dos troços das linhas de água directamente afluentes à albufeira de Alqueva;

monitorizar, a partir do primeiro ano de enchimento da albufeira de Alqueva, a qualidade da

água desta albufeira para produção de água potável; tratar os efluentes das suiniculturas e de

todos os lagares de azeite, aviários, adegas e destilarias existentes a montante da albufeira, bem

como os efluentes da Cooperativa Agrícola do Caia (fábrica de conserva de azeitona), da SET –

Sociedade Elvense de Tomate e da Portucel.

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Um outro Sub-Programa importante nesta bacia é o relativo à Prevenção da Qualidade das

Águas Superficiais para Rega de que o projecto mais importante é o que respeita à Protecção

da Qualidade da Água na Área do Regadio Público de Alqueva com garantia de satisfação das

exigências de qualidade das águas de rega em 2006.

Por último refere-se o Sub-Programa Colecta e Tratamento de Águas Residuais Urbanas

cujo objectivo estratégico é servir com rede de colectores e com tratamento de águas residuais

pelo menos 90% da população total. Adequar as infra-estruturas de tratamento de águas residuais

aos objectivos de qualidade do meio receptor, de acordo com o estabelecido no Decreto-Lei nº

152/97 de 19 de Junho.

8.2.2 Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas (02)

Os Sub-Programas base definidos ao nível do abastecimento de água às populações e

actividades económicas consistem fundamentalmente na construção, ampliação e reabilitação

dos sistemas públicos de abastecimento de água e de rega, incluindo a garantia de água nas

origens, de acordo com a estratégia apontada no "Plano Estratégico de Abastecimento de Água e

de Saneamento de Águas Residuais (2000-2006)", e na protecção das origens para produção de

água para consumo humano de acordo com a legislação nacional e comunitária em vigor.

Para além dos Sub-Programas referidos propõe-se ainda um Sub-Programa complementar que

diz respeito à redução e controlo de perdas nos sistemas municipais de abastecimento de água e

dos sistemas de rega dos regadios colectivos tradicionais comum às várias bacias.

Nesta bacia, e dentro deste Programa destacam-se os projectos que integram o Sub-Programa

Abastecimento de Água às Populações, cujo objectivo estratégico é servir com rede pública de

abastecimento domiciliário pelo menos 95% da população total, garantindo a quantidade de água

que as populações necessitam com a qualidade adequada. Ainda dentro deste Sub-Programa

estão previstos projectos destinados à redução progressiva das perdas.

Também importantes, como seria expectável, são os projectos que integram o Sub-Programa,

Novos Regadios Colectivos, no qual está prevista a execução de infra-estruturas de

armazenamento, de captação, de elevação, de adução e distribuição, de regularização fluvial e de

construção de caminhos rurais.

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Complementarmente foi previsto um Sub-Programa Reabilitação e Modernização dos

Perímetros Regados, no qual estão incluídos programas de reforço das capacidades das actuais

albufeiras e seu ordenamento e de reabilitação e modernização das infra-estruturas hidráulicas

com introdução de sistemas de controlo em tempo real.

8.2.3 Programa de Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres

Associados (03)

Merece aqui particular referência o Sub-Programa dedicado à avaliação dos caudais

ambientais, incluindo os caudais ecológicos que é comum a todas as bacias, tema que tem sido

muito debatido e para o qual se verificou haver necessidade de estudos complementares.

É ainda de referir que a intervenção em matéria dos ecossistemas não se esgota no projecto

proposto no âmbito deste Programa, uma vez que a estratégia para este sector abrange a

integração das preocupações com a melhoria ou conservação dos ecossistemas em todas as áreas

de intervenção.

Entre os Sub-Programas considerados destaca-se o relativo à Definição de um Regime de

Caudais Ambientais, para as principais linhas de água, cujo objectivo estratégico é

proporcionar as condições para a manutenção da ictiofauna ao longo do seu ciclo de vida. Para a

manutenção de um caudal compatível com a conservação dos biótopos aquáticos em cursos de

água semi-naturais, como aqueles onde há barragens, serão seleccionados os grupo-alvo e dentro

deste grupo algumas espécies prioritárias.

Um outro Sub-Programa com interesse refere-se ao Desenvolvimento de uma Base de

Dados sobre Espécies Piscícolas e Factores Ambientais cujo objectivo é a conservação da

ictiofauna. O estudo dirige-se para as espécies sob estatuto e ameaça a nível nacional.

Há ainda a referir o Sub-Programa Sistema de Controlo e Gestão da Qualidade Ecológica da

Água cujo objectivo é a prevenção da degradação da boa qualidade ou do bom potencial ecológico

e recuperação destas qualidades em zonas ecologicamente degradadas.

Por último refere-se ainda o Sub-Programa Operacionalização das Medidas e Acções no

Estuário que visa o conhecimento aprofundado da estrutura e funcionamento do sistema natural

no seguimento dos estudos que estão em curso.

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8.2.4 Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e

dos Acidentes de Poluição (04)

Os Sub-Programas base definidos ao nível da prevenção e minimização dos efeitos das cheias,

secas e dos acidentes de poluição consistem fundamentalmente na avaliação dos riscos potenciais

de cada uma das situações e na elaboração de planos de emergência e de contingência que serão

accionados em caso de acidente efectivo. No que diz respeito às situações de inundação e carência

prevê-se o desenvolvimento de um plano integrado de exploração de albufeiras.

Para esta bacia assume particular importância os projectos que se destinam à Minimização do

Efeito das Secas o seu objectivo estratégico é a caracterização das secas. Pretende-se melhorar o

conhecimento do problema e dos seus efeitos nas actividades económicas, a definição de índices

de impacte e a preparação de programas que visem a sua mitigação.

Na bacia tem ainda importância os projectos relativos à Minimização do Efeito da Poluição

Acidental. Com eles pretende-se prevenir a poluição acidental pelo enquadramento técnico,

normativo e institucional das acções preventivas das respectivas causas e das acções

minimizadoras dos respectivos efeitos.

8.2.5 Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05)

A componente valorização dos recursos hídricos, na óptica dos planos de bacia, destina-se

essencialmente a abranger as utilizações não consumptivas dos recursos hídricos,

nomeadamente, as utilizações para recreio e lazer, a navegação comercial e a exploração de

inertes.

Tendo em conta os benefícios que podem ser esperados da utilização das albufeiras existentes na

região para fins turísticos, foi previsto um Sub-Programa Valorização de Albufeiras para Fins

Balneares Adequados. Foram consideradas para este efeito as albufeiras de águas públicas

existentes na região, como sejam Caia, Monte Novo, Odeleite-Beliche, Vigia e Lucefécit, e ainda as

albufeiras de Alqueva e Pedrógão.

O objectivo destes projectos é garantir que a actividade balnear não degrada a qualidade da água

para o fim principal de produção de água potável. Deverá garantir-se que a actividade balnear que se

estabelecer nestes locais seja circunscrita às zonas delimitadas nos Planos de Ordenamento e tenha as

infra-estruturas de suporte adequadas.

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Um outro projecto que pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da região é o

que respeita ao estabelecimento de troços navegáveis no Guadiana a jusante da ponte de Mértola e os

regolfos das albufeiras públicas de Lucefécit, da Vigia, de Monte Novo, de Alqueva, do Açude de

Pedrógão, do Enxoé, de Monte Clérigo e da Boavista. Estes projectos foram organizados no Sub-

Programa Utilização Adequada da Rede Hidrográfica na Navegação/Definição da Rede de

Troços Navegáveis da Bacia do Guadiana. A navegação nestas albufeiras será condicionada às

áreas delimitadas nos seus Planos de Ordenamento para a navegação que deverão ser balizadas.

Por último refere-se o Sub-Programa Protecção e Melhoramento da Área de Salinas no Sapal

de Castro Marim, Compatibilização da Actividade Aquícola já existente nesta Área com a

Salicultura e Extensão da Aquacultura a Novas Áreas, cujo objectivo é a preservação das áreas

de salinas existentes na bacia do Guadiana.

8.2.6 Programa de Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico (06)

Para a bacia do Guadiana, e à semelhança do que acontece para as restantes bacias

hidrográficas, foram identificados Sub-Programas e os respectivos projectos, que respeitam ao

Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico.

Entre os projectos adequados sob esta designação genérica estão os que respeitam à

elaboração de Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas, ao Ordenamento das

Áreas do Domínio Hídrico e à Gestão das Áreas de Protecção dos Recursos Hídricos não

Abrangidos pelo Domínio Hídrico.

8.2.7 Programa do Quadro Normativo e Institucional (07)

Com as excepções que adiante se referem os projectos que integram este Programa para as

várias bacias hidrográficas respeitam ao reforço institucional da administração para a execução

dos planos de bacia, às medidas de monitorização e outras necessárias para a aplicação da

Convenção Luso-Espanhola, à adequação do quadro normativo da gestão dos recursos hídricos e

às necessidade que foram identificadas nos estudos que ora se apresentam.

No que toca ao projecto de monitorização da aplicação da Convenção Luso-Espanhola,

propõe-se, como medida pôr em prática, a criação de um serviço específico no âmbito da

reestruturação do INAG. Deverá tal serviço estar incumbido de apoiar tecnicamente a Comissão

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instituída pela Convenção. Esse serviço deverá ser dotado de todos os meios necessários ao

exercício das suas competências.

Merecem também referência os projectos relativos ao Licenciamento integrados num Sub-

Programa com esta designação. Entre estes destacam-se os seguintes:

• Sistema Integrado de Licenciamento de Utilizações e do Respectivo Cadastro. Este

projecto destina-se à optimização do procedimento de licenciamento, dando seguimento às

imposições do Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro. Pretende-se identificar todos os

intervenientes no procedimento, a informação necessária a solicitar ao requerente, assim como

todos os potenciais utilizadores desses mesmos dados.

Este projecto contribuirá para a modernização da Administração Pública e uma maior

agilidade e transparência na sua actuação. O desenvolvimento de um cadastro das utilizações

será a base para uma gestão integrada dos recursos hídricos e para a aplicação do princípio do

utilizador-pagador.

• Estabelecimento de Normas de Descarga em Função dos Objectivos de Qualidade.

Conhecida a capacidade de carga do meio receptor, e as descargas que nele estão a ser

efectuadas, serão desenvolvidas normas de descarga para cada tipo de utilizador e para cada

corpo de água, enquanto meio receptor. As normas de descarga terão em vista o cumprimento

dos objectivos de qualidade para os corpos de água e serão em função dos caudais verificados.

Foi identificado um Sub-Programa visando a Melhoria da Gestão de Empreendimentos de

Fins Múltiplos. Trata-se de uma questão altamente relevante face aos inúmeros conflitos que já

hoje existem na região entre os diversos utilizadores de cada empreendimento. Pretende-se a

melhoria da coordenação intersectorial e institucional na gestão de empreendimentos de fins

múltiplos.

8.2.8 Programa do Regime Económico e Financeiro (08)

O regime económico e financeiro constitui um dos mais poderosos instrumentos para a gestão

dos recursos hídricos. A não aplicação, até ao momento, do regime económico e financeiro

estabelecido no Decreto-Lei n.º 47/94, de 22 de Fevereiro tem constituído, na opinião da

generalidade dos especialistas, a principal causa de insucesso na gestão dos recursos hídricos em

Portugal, muito em particular na sua componente de qualidade.

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Tudo o que esteja relacionado com utilização racional da água e tratamento adequado das

águas residuais e, consequentemente, a melhoria da qualidade nos meios receptores, passa

indiscutivelmente pela efectiva aplicação dos princípios do utilizador-pagador e do poluidor-

pagador, aliás forma única de proteger os ecossistemas, valorizar economicamente os recursos

hídricos e induzir a parcimónia do uso. Tal pressuposto está ainda subjacente à própria Directiva

Quadro da Água. Por outro lado, é ainda imperativo que tal aproximação seja aplicada dentro de

cada espaço económico, sob risco de promover assimetrias de custos e problemas de

concorrência desequilibrada nos sectores das actividades económicas e seus utilizadores.

Foram estes os pressupostos que justificaram a proposição generalizada de um projecto,

integrado num Sub-Programa base, destinado à aplicação dos princípios do utilizador-pagador e

do poluidor-pagador.

Nesta matéria foram seguidas de perto as orientações do Decreto-Lei n.º 47/94, o qual

preconiza a aplicação de uma taxa para compensar a sociedade pela utilização privada de bens

públicos, neste caso, os recursos integrantes no domínio público hídrico.

Com a entrada do sector privado nos domínios do abastecimento de água e da drenagem e

tratamento de águas residuais, importa ainda avaliar os custos reais de manutenção e exploração

dos sistemas como base para a fixação das tarifas pelas concessionárias, sempre numa óptica de

salvaguarda dos interesses dos utilizadores, da protecção e conservação dos recursos e dos

ecossistemas e ainda, naturalmente, da viabilidade financeira dos mesmos.

8.2.9 Programa de Informação e Participação das Populações (09)

O envolvimento das populações na gestão dos recursos hídricos integra-se nas actuais

orientações estratégias de responsabilidade partilhada e de aplicação do princípio da

subsidiariedade, preconizados pelo actual programa de acção comunitário em matéria de

ambiente.

O recurso aos utilizadores, e aos cidadãos em geral, como catalizadores para a execução das

políticas de gestão de recursos hídricos, é a base de aplicação dos designados instrumentos

sociais, os quais, em pé de igualdade com os jurídicos, os económico-financeiros e o

planeamento, constituem os principais factores de “enforcement” de aplicação dessas políticas.

Neste contexto foi desenvolvido, generalizadamente, um Sub-Programa específico orientado

para a formação e sensibilização dos utilizadores e foram estruturados projectos, que procuram

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atingir esse objectivo, e que abrangem campanhas de sensibilização, publicações e sistemas de

informação permanente aos utilizadores.

8.2.10 Programa de Aprofundamento do Conhecimento sobre os Recursos

Hídricos (10)

Não poderia um plano de bacia hidrográfica deixar de equacionar e propor o desenvolvimento

de um conjunto de estudos tendentes a contribuir para a melhoria do conhecimento sobre os

recursos hídricos e a suas utilizações. Não se trata de um Programa de investigação científica,

linha de actuação que se deixou às universidades e centros de investigação no âmbito da

cooperação interinstitucional, mas da procura de respostas concretas às dúvidas e lacunas de

informação detectadas na fase de diagnóstico.

É assim proposto, generalizadamente, no âmbito deste Programa, um Sub-Programa base

dedicado ao Desenvolvimento de Estudos, a realizar em cooperação com os centros de

investigação aplicada e com equipas técnicas constituídas para o efeito.

De acordo com o diagnóstico realizado foram detectadas lacunas de informação sobre dois

grandes temas. O primeiro deles diz respeito aos recursos hídricos propriamente ditos,

nomeadamente, ao nível da hidrologia e hidrogeologia, da qualidade ecológica, do transporte e

degradação de cargas poluentes, quer nos escoamentos superficiais quer nas águas subterrâneas,

e ainda relativamente à erosão e assoreamento. Uma outra vertente é a do conhecimento real das

utilizações e das necessidades de água para os diversos utilizadores, nomeadamente, para as

actividades económicas, associadas à utilização das novas tecnologias e respectivas melhorias de

eficiência de usos. Esta componente constitui uma premissa de base para uma coerente e

fundamentada intervenção ao nível da gestão da procura.

Complementarmente a este grande Sub-Programa base dedicado ao desenvolvimento de

estudos, são propostos dois Programas complementares, destinados a complementar e, em alguns

casos, possibilitar a realização dos referidos estudos.

Pela sua importância estratégica, salienta-se o Sub-Programa dedicado à Monitorização, no

qual se pretende, de uma forma integrada, melhorar, ampliar ou criar, as redes de monitorização

necessárias à caracterização e acompanhamento da evolução das características dos recursos

hídricos, nomeadamente, no que diz respeito à qualidade e quantidade das águas superficiais e

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subterrâneas, ao caudal sólido e ainda dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados,

incluindo qualidade química e qualidade ecológica, quando aplicável.

No Sub-Programa da monitorização, como não poderia deixar de ser, é proposto um projecto

destinado a promover a articulação das redes de monitorização da parte portuguesa da bacia

hidrográfica com as da parte espanhola, isto já numa óptica de gestão integrada de bacias

internacionais, conforme preconizado na Directiva Quadro da Água.

Um outro projecto que se propõe desenvolver é o da ampliação e melhoria do sistema de

informação de recursos hídricos designado por Sistema Nacional de Informação de Recursos

Hídricos.

Dispor de um sistema de informação coerente e integrado, sob suporte SIG, onde se possam

armazenar, estruturar e disponibilizar todos os dados e informações relativos aos recursos e ás

suas utilizações constituindo, nos dias de hoje, uma ferramenta imprescindível para uma gestão

optimizada e sustentável dos recursos hídricos.

8.2.11 Programa de Avaliação sistemática dos Planos (11)

O planeamento de recursos hídricos, nos termos do Decreto-Lei n.º 45/94, de 22 de Fevereiro,

é estruturado com base em planos de bacia hidrográfica, com a validade máxima de 8 anos, e

revisão obrigatória num prazo máximo de 6 anos. Por outro lado apresentam três horizontes

temporais - curto, médio e longo prazo, correspondendo respectivamente a 2006, 2012 e 2020.

Por outro lado, o planeamento de recursos hídricos, terá de ser um exercício dinâmico, ligado

à realidade da variabilidade dos recursos e à evolução das necessidades dos utilizadores,

exigindo uma aferição periódica das estratégias adoptadas.

Assim, foi neste contexto que, em cada caso, se estruturou um Sub-Programa complementar

dedicado à avaliação da execução dos PBH. A avaliação poderá ser feita através de auditorias a

realizar por empresas da especialidade, com uma periodicidade trianual, o que corresponderá à

realização de uma auditoria intercalar (2004) e outra na fase de revisão do Plano (2007).

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9 Programação Física, Financeira e Institucional

9.1 Considerações Gerais

Sendo os Programas constituídos por diversos Projectos e integrando estes, por sua vez, várias

Acções, a programação estabelecida teve por base o desenvolvimento no tempo de cada Acção,

dentro do enquadramento determinado pela estratégia escolhida para o objectivo estratégico

enquadrante de cada Projecto. A pormenorização da programação referente a cada Projecto e

suas Acções integrantes é apresentada nas Fichas do Projecto. Salienta-se que no conjunto dos 11

Programas, estão integrados 131 Projectos.

9.2 Programação Física

9.2.1 Considerações Gerais

De acordo com o enquadramento específico dos Planos de Bacia dos Rios internacionais, a

programação temporal dos diversos Programas de Medidas e Acções estende-se pelo prazo de 20

anos, ou seja, até ao ano 2020.

No entanto, uma percentagem significativa dos âmbitos de intervenção ocorrerá até 2006, ano

final da aplicação do III Quadro Comunitário de Apoio, porque se pretende implementar logo na

1ª fase de execução do Plano as acções de carácter estratégico ou estruturante do processo geral

dos recursos hídricos e da problemática da água e porque é o ano que corresponde à data limite

para a revisão obrigatória do Plano de acordo com o Decreto-Lei nº.45/94. Nesta 1ª fase, o ano

de 2003 representa uma data intermédia de grande importância para a avaliação dos

desenvolvimento e graus de execução e de obtenção de objectivos desta mesma fase.

Após 2006, também as datas de 2009 e 2012 se revelam de grande importância. A primeira

pela proximidade com a data legal de cessação de validade do Plano e a segunda por

corresponder à data estabelecida pelas autoridades de Espanha para a revisão dos seus Planos

Hidrológicos.

Na Tabela seguinte podem-se observar resumidamente os investimentos a efectuar por

Programa e de acordo com os três períodos considerados: CUSTO PARCIAL

PROGRAMA 2000-2006 2007-2012 2013-2020

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Designação (esc x 103) (%) (esc x 103) (%) (esc x 103) (%)

Programa 01: Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água 18 912 300 19,4 3 269 200 5,0 3 077 600 3,5

Programa 02: Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas

63 891 300 65,6 60 309 300 91,9 82 301 400 93,9

Programa 03: Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres

Associados

1 354 800 1,4 52 200 0,1 52 800 0,1

Programa 04: Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias,

Secas e Poluição Acidental

7 840 000 8,0 0 0,0 0 0,0

Programa 05: Valorização dos Recursos Hídricos 1 055 200 1,1 1 091 300 1,7 768 400 0,9

Programa 06: Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico 984 500 1,0 35 500 0,1 230 000 0,3

Programa 07: Quadro Normativo e Institucional 1 135 500 1,2 600 000 0,9 800 000 0,9

Programa 08: Regime Económico e Financeiro 100 000 0,1 0 0,0 0 0,0

Programa 09: Informação e Participação das Populações 16 000 0,0 6 000 0,0 8 000 0,0

Programa 10: Aprofundamento do Conhecimento sobre Recursos

Hídricos

1 998 000 2,1 116 500 0,2 159 700 0,2

Programa 11: Avaliação Sistemática do Plano 160 500 0,2 157 000 0,2 209 200 0,2

TOTAIS PARCIAIS 97 448 100 65 637 000 87 607 100

TOTAL GLOBAL 250 692 200

Nos pontos que se seguem apresentam-se os principais Sub-Programas e Projectos que

constituem cada Programa, os respectivos investimentos a efectuar e as datas previstas para a sua

implementação no terreno.

9.2.2 Programa de Recuperação e prevenção da qualidade da água (01)

Entre os Sub-Programas para esta bacia destaca-se o relativo à Prevenção da Qualidade das

Águas Superficiais para Produção de Água Potável e dentro deste os Projectos de Protecção e

Recuperação da Qualidade das Águas das Albufeiras do Caia, Lucefécit, Vigia, e Monte Novo

para a produção de água potável, que se encontram orçamentados, até ao ano de 2006, em cerca

de 1,0 milhões de contos correspondendo assim a 99% do investimento a efectuar nestes

Projectos até ao ano de 2020. Por outro lado, e com excepção do Projecto relativo à albufeira de

Lucefecit, prevê-se que até o final do ano 2006 os Projectos se encontrem implementados.

Ainda neste Sub-Programa há que assinalar, pela sua importância, o Projecto de Protecção da

Qualidade da Água da Albufeira de Alqueva para Produção de Água Potável. Com este Projecto

prevê-se um investimento de cerca de 2,1 milhões de contos até finais de 2006, o que equivale a

dizer que cerca de 99% do total do investimento a efectuar no mesmo deverá realizar-se até

finais de 2006. Prevê-se, no entanto, que em 2020 o Projecto tenha sido na sua totalidade

executado.

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Existem ainda os Projectos de Experimentação e Divulgação de Novas Tecnologias de Rega e

de Práticas Agronómicas, Protecção da Qualidade das Águas a Jusante de Pomarão para Uso

Balnear, Plano de Controle e Fiscalização de Utilizações Indevidas para Rega e Abeberamento

e o Plano de Prevenção e Reabilitação da Qualidade das Águas Subterrâneas para os quais se

prevê, respectivamente, um investimento até ao ano de 2006 de cerca de 100%, 77%, 30% e 49%

dos seus investimentos totais (calculados em 0,60, 0,72, 1,60 e 7,60 milhões de contos,

respectivamente). Note-se que se prevê que a implementação no terreno se realize ainda antes de

2006 somente no primeiro Projecto, prevendo-se que os restantes sejam dados por concluídos até

2020.

Relativamente aos Projectos referentes à Protecção dos Troços Ciprinídeos do Rio Degebe e

das Ribeiras de Odeleite, Lucefecit, Terges, Oeiras e Vascão prevê-se que deverão estar

totalmente implementados em 2020 apesar de se investir na sua totalidade cerca de 0,21 milhões

de contos até o ano de 2006, isto é, cerca de metade do investimento previsto até 2020.

Por último refere-se o Sub-Programa, e respectivo Projecto, Colecta e Tratamento de Águas

Residuais Urbanas para o qual está previsto um investimento na ordem dos 8,12 milhões de

contos até 2006, correspondendo a cerca de 97% do respectivo valor total de investimento a

efectuar até finais de 2020, data para a qual se prevê a sua total implementação.

9.2.3 Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas (02)

Nesta bacia, e dentro deste Programa destaca-se o Projecto relativo ao Empreendimento de

Fins Múltiplos do Alqueva para o qual se prevê a sua integral conclusão em 2020. Até 2006

deverá ter-se investido cerca de 77,5 milhões de contos, valor este que corresponde a cerca de

46% do valor total do investimento determinado até à data da conclusão do empreendimento.

Projecto também relevante é o da Racionalização da Utilização da Água nos Regadios

Colectivos que deverá ser implementado até 2020, prevendo-se, no entanto, que cerca de metade

do seu investimento total (estimado em 20,3 milhões de contos) seja realizado até o final de

2006.

Destacam-se, ainda, os seguintes Projectos:

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• Abastecimento de Água ao Domicílio – para o qual está previsto o investimento de cerca de

99% até ao ano de 2006 (a que corresponde o valor aproximado de 6,49 milhões de contos),

apesar de estar programada a sua conclusão para o ano de 2020;

• Implementação do Regulamento de Segurança de Barragens – para este Projecto prevê-se

que a sua implementação se realize até 2020, no entanto calcula-se que até 2006 já se tenha

investido cerca de 1,75 milhões de contos, quer isto dizer, cerca de 35% do valor total do

investimento do mesmo;

• Satisfação das Necessidades de Água dos Novos Regadios Colectivos – este Projecto

deverá estar concluído em 2005, prevendo-se que seja necessário investir cerca de 1,86 milhões

de contos;

• Programa para Construção de Novas Albufeiras para Satisfação das Necessidades de

Água para Abastecimento Público – é um Projecto que deverá estar concluído em 2009 e para o

qual se prevê um investimento na ordem de 1,3 milhões de contos (cerca de 62% do valor total

do investimento) até o ano de 2006.

9.2.4 Programa de Protecção dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados

(03)

Dentro deste Programa são quatro os Projectos que se destacam. Dentro deles somente um

tem uma duração que se estende para além de 2006, até 2020, que é o referente à Recuperação

da Galeria Ripícola nos Troços Considerados Prioritários para a Conservação da Ictiofauna e

Áreas Protegidas. Ainda para este Projecto se prevê um investimento de cerca de 0,18 milhões

de contos até 2006, isto é, cerca de 68% do valor total do investimento até à data da sua total

implementação.

Os restantes três Projectos já deverão estar totalmente implementados, no ano 2006. São eles

o Estudos de Base para Aplicação do Método do Perímetro Molhado/IFIM. Modificado a

Grandes Barragens, Estudos Técnicos e Adaptação dos Órgãos Hidráulicos de Algumas

Grandes Barragens para a Derivação, Regulação e Controlo do Caudal Ecológico e Estudos

Técnicos e Adaptação dos Órgãos Hidráulicos de Algumas Pequenas Barragens para a

Derivação, Regulação e Controlo do Caudal Ecológico. Para estes Projectos estão calculados,

respectivamente, os investimentos de 0,50, 0,12 e 0,29 milhões de contos.

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9.2.5 Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e

dos Acidentes de Poluição (04)

Nesta bacia, e dentro deste Programa destaca-se o Projecto relativo à Execução de Medidas

Estruturais de Protecção Contra Inundações para o qual se prevê que esteja concluído em 2006,

sendo o valor do investimento necessário da ordem dos 6,0 milhões de contos.

Projectos igualmente relevantes são o da Elaboração de Estudos e Projectos Específicos

sobre Cheias e Inundações e o da Previsão, Prevenção e Aviso de Cheias, que deverão estar

concluídos até 2006. Relativamente aos investimentos a efectuar, prevê-se que serão necessários

cerca de 0,75 milhões de contos para cada um deles.

Apesar de menor custo, são igualmente relevantes o Projecto de Estabelecimento de uma

Metodologia para Caracterização da Intensidade e Área de Influência dos Episódios de Secas e

o Projecto do Plano de Prevenção da Poluição Ambiental. Para os mesmos, e respectivamente,

prevêem-se gastar 0,05 e 0,04 milhões de contos até finais dos anos 2002 e 2003, que são as

datas previstas para a completa implementação destes Projectos.

9.2.6 Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05)

Dentro deste Programa e em termos de investimentos a efectuar destaca-se o Projecto relativo

à Implementação da Rede de Pesca Profissional e Desportiva. Prevê-se que até 2006 sejam

investidos cerca de 0,46 milhões de contos, valor este que corresponde a cerca de 30% do valor

total do investimento a realizar até à data da sua conclusão, isto é até 2020.

Projecto igualmente importante é o relativo aos Estudos das Áreas Navegáveis e de Impacte

da Navegação na Qualidade da Água das Albufeiras Públicas e sobre os Ecossistemas Presentes

nos Locais a Delimitar, para o qual se prevê que esteja concluído em 2009 apesar de se investir

cerca de 0,19 milhões de contos até finais do ano 2006 (isto é, cerca de 80% do investimento

total previsto até 2009).

Temos ainda o Projecto referente ao Plano de Ordenamento de Extracção de Inertes na Bacia

do Guadiana no qual deverão ser investidos cerca de 0,06 milhões de contos até finais de 2006,

correspondentes a cerca de 55% do investimento total do Projecto, apesar de se prever a

conclusão do mesmo em 2020.

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9.2.7 Programa de Ordenamento e gestão do domínio hídrico (06)

Neste Programa destacam-se essencialmente dois Projectos cujo prazo de implementação está

previsto até finais de 2020.

O Projecto referente ao Plano de Florestação, no valor total de 200,27 milhões de contos,

embora sendo de importância relevante na gestão física dos recursos hídricos e situações

extremas (secas e cheias), é todavia de competência directa do Ministério da Agricultura, através

da Direcção Geral das Florestas. Prevê-se que para o mesmo e até o ano de 2006 já se tenham

investido cerca de 200 milhões de contos, ou seja, cerca de 99% do investimento total previsto.

Relativamente ao Projecto de Disponibilização de Informação Técnica e de Incentivos para

Apoio ao Ordenamento do Território no Âmbito da Protecção e Valorização dos Recursos

Hídricos prevê-se que até 2006 sejam investidos cerca de 53% do valor total do investimento

programado até 2020 (igual a 0,4 milhões de contos).

9.2.8 Programa do Quadro Normativo e Institucional (07)

Dentro deste Programa merece ser referenciado o Projecto relativo à Monitorização das

Águas Transfronteiriças no Quadro da Convenção Luso-Espanhola para o qual se prevê a sua

completa implementação até o ano de 2020. No entanto, e até finais de 2006 prevê-se que

estejam já investidos cerca de 0,51 milhões de contos, a que corresponde a cerca de 27% do

investimento total previsto até à data final da sua completa implementação.

Neste Programa é ainda importante fazer referência aos Projectos de Criação dos Sistemas

Plurimunicipais do Monte Alentejano, Centro Alentejo e Litoral-Baixo Alentejo e de Criação de

Instituições de Coordenação Inter-Sectorial e Institucional, cujos prazos da implementação vão

até o final de 2002. Por outro lado, prevêem-se investir nestes Projectos e até à data mencionada

os valores de 0,18 e 0,12 milhões de contos, respectivamente.

9.2.9 Programa do Regime Económico e Financeiro (08)

Neste Programa existem apenas dois Projectos, cujo investimento a efectuar em cada um

deles até o final do ano 2002, data prevista para a sua completa implementação, será de 0,05

milhões de contos. São eles o Projecto para Definição do Regime Económico e Financeiro a

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Aplicar aos Sistemas da Abastecimento de Água e o Projecto para Definição do Regime

Económico e Financeiro a Aplicar aos Sistemas Públicos de Rega.

9.2.10 Programa de Informação e Participação das Populações (09)

Dentro deste Programa existe um único Projecto com a mesma designação do Programa. Pela

sua natureza corresponde a uma acção para ser executada de forma permanente e continuada ao

longo dos anos pelo que, embora prevendo-se a sua implementação até 2020, haverá que

considerar a sua continuidade futura. Por outro lado, calcula-se que em 2006 se tenha gasto cerca

de 0,016 milhões de contos na sua implementação, ou seja, cerca de metade do investimento a

efectuar para a totalidade do Projecto, de forma a ter em conta a criação inicial do sistema de

informação pública.

9.2.11 Programa de Aprofundamento do Conhecimento sobre os Recursos

Hídricos (10)

Neste Programa destaca-se essencialmente o Projecto relativo ao Plano de Monitorização e

Cadastro que dura até 2020, dada a permanência da sua execução anual, prevendo-se igualmente

investir cerca de 79% até ao ano de 2006, especialmente na implementação das redes, o que

corresponde a dizer que até esta data se deverá gastar cerca de 1,03 milhões de contos.

Apesar de menor importância, há ainda a destacar o Projecto referente ao Inventário da

Utilização de Recursos Hídricos pela Indústria, para o qual se prevê a sua total implementação

até o ano de 2002 com um custo de 0,20 milhões de contos.

9.2.12 Programa de Avaliação Sistemática do Plano (11)

Relativamente a este Programa apenas existe um Projecto com designação idêntica à do

Programa, tendo-se programado a sua completa execução até o final de 2020 numa forma

continuada. Até finais de 2006, prevê-se que se tenha investido no Projecto cerca de 0,16

milhões de contos, o que corresponde a cerca de 31% do investimento total previsto para o

mesmo.

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9.3 Programação, Investimentos e Financiamento

9.3.1 Critérios de Orçamentação

Os Projectos foram objecto de programação física e financeira desagregada a nível anual.

Seguidamente apresentam-se, embora de forma mais ou menos genérica, as regras ou critérios

seguidos para estimativa dos orçamentos por tipo de projecto dentro de cada programa.

Os valores apresentados no orçamento, de cada Projecto, foram arredondados para a dezena

ou centena de milhar de escudos imediatamente superior.

9.3.1.1 Programa de Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água (01)

Na recuperação e protecção da qualidade da água das albufeiras que servem como origem de

água superficial para abastecimento doméstico, nos troços ciprinídeos, na área dos regadios

públicos e nas áreas de RAN e no que respeita à monitorização sistemática da qualidade da água

das albufeiras no âmbito da exploração da RQA, os critérios para orçamentação são, de acordo

com o que está definido na legislação para produção de água potável, o nº de locais a

monitorizar, o nº de anos em que vai incidir a amostragem e o nº de estabelecimentos

inventariados nessas condições.

Admitiram-se os seguintes valores: 180 contos por local para monitorização das águas de

rega, 520 contos por local para monitorização das águas para ciprínideos e 720 contos por local

para monitorização das águas balneares.

Relativamente às obras, considerou-se o nº e o tipo de infra-estruturas a construir,

nomeadamente para tratamento dos efluentes dos lagares de azeite, das suiniculturas, das

boviniculturas, dos aviários e das adegas/destilarias (que não descarregam em SAR’s) existentes

a montante das albufeiras, que drenam para as áreas dos perímetros de rega públicos e para as

áreas de RAN e que não foram consideradas nos projectos de protecção da qualidade da água das

albufeiras ou de protecção dos troços ciprinídeos. Considerou-se um custo médio de 10 000

contos por infra-estrutura de tratamento de efluentes.

A nível dos inventário das entidades agro-pecuárias, existentes na bacia dominada pelas

albufeiras, o orçamento teve por base o nº de agro-pecuárias a inventariar, o tipo de questionário

a preencher, a periodicidade de realização, o nº de indivíduos intervenientes e o tratamento de

dados.

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Na orçamentação das acções de experimentação, divulgação e fiscalização, os critérios foram

a área de acção, duração, periodicidade, nº e tipo de técnico interveniente. Os técnicos de

formação superior foram valorizados entre 2000 contos/mês e 1200 contos/mês e os técnicos de

formação média entre 1000 contos/mês e 600 contos/mês, consoante a respectiva qualificação.

Os critérios de orçamentação do único projecto no âmbito do saneamento urbano, para as

diversas acções que o integram, foram os seguintes:

• estudos e projectos: nº e tipo de projectos a desenvolver;

• obras de manutenção e construção de redes de colectores: nº de habitantes a servir

(considerou-se em média, respectivamente, 3 000$00/habitante e 100 000$00/habitante);

• remodelação e construção de ETAR: nº, tipo e dimensão das infra-estruturas.

Os custos unitários adoptados para as obras de remodelação, manutenção e construção de

infra-estruturas (redes de colectores e instalações de tratamento) tiveram por base os custos

estimados em "Abastecimento de Água e Saneamento ao Litoral-Baixo Alentejo. IPE - Águas de

Portugal S:S:P:S:, S.A., 2000", estudo desenvolvido no âmbito do Plano de Desenvolvimento

Regional (PDR) 2000-2006), os quais foram considerados razoáveis por comparação com o

vasto conhecimento adquirido pela HIDROPROJECTO no projecto deste tipo de obras.

Relativamente aos projectos enquadrados no âmbito do saneamento industrial, os critérios de

orçamentação adoptados para estimar os respectivos custos, foram o nº e tipo de técnicos a

afectar para desenvolver as diversas actividades e a duração das mesmas.

9.3.1.2 Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades Económicas (02)

No que respeita às actividades de cadastro, o critério de orçamentação teve por base o nº de

técnicos a envolver nessas actividades e a sua duração.

Para os estudos e projectos de infra-estruturas para abastecimento doméstico (incluindo redes

de abastecimento em alta e em baixa, englobando reservatórios e estações elevatórias) os

critérios para estimativa de custo foram os seguintes: nº e tipo de estudos e projectos.

Relativamente ao custo das obras para abastecimento doméstico (captação, adução e

distribuição, em alta e em baixa) adoptaram-se os seguintes critérios de orçamentação:

• obras de manutenção de sistemas de distribuição, ampliação e construção de redes

domiciliárias: nº de habitantes a servir (considerou-se em média, respectivamente,

40 000$00/habitante, 25 000$00/habitan-te e 2 500$00/habitante);

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• constituição de novos sistemas multimuinicipais (construção de adutoras, reservatórios e

estações elevatórias – sistemas em alta): nº, tipo e dimensão das infra-estruturas;

• remodelação e construção de ETA: nº, tipo e dimensão das infra-estruturas.

Os custos unitários adoptados para as obras de remodelação, manutenção e construção de

infra-estruturas (redes de distribuição em alta e em baixa, e instalações de tratamento) tiveram

por base os custos estimados em "Abastecimento de Água e Saneamento ao Litoral-Baixo

Alentejo. IPE - Águas de Portugal S:S:P:S:, S.A., 2000", estudo desenvolvido no âmbito do

Plano de Desenvolvimento Regional (PDR) 2000-2006), os quais foram considerados razoáveis

por comparação com o vasto conhecimento adquirido pela HIDROPROJECTO no projecto deste

tipo de obras.

Quanto às acções relativas ao controlo de perdas e fugas nos sistemas de abastecimento,

admitiram-se como critérios de orçamentação o nº de técnicos a afectar para o desenvolvimento

de actividades de monitorização e de controlo e fiscalização de consumos/perdas, e a quantidade

de obras de reparação necessárias em função da % de perdas estimada e da dimensão dos

sistemas onde estas ocorrem.

O custo das obras respeitantes à reabilitação e modernização de regadios depende da área de

intervenção, foi estabelecido na base de 1000 contos/ha.

Relativamente à construção de novas Barragens os critérios são o nº, tipo, área inundada,

altura da barragem, volume de aterro, correspondendo ao valor médio de 2500 contos/ha.

Particularmente em relação ao Projecto do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva,

considerou-se em termos de obras, o encargo médio de 3000 contos/ha.

9.3.1.3 Programa de Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados (03)

Os estudos indicados a nível deste programa englobam trabalhos de campo, inventário,

tratamento de dados, formação e educação ambiental, tendo sido o nº de técnicos, o tipo de

técnicos, o nº de especialistas, a duração do estudo, a área de intervenção e a especificidade do

estudo os principais critérios que serviram para estimar os respectivos custos.

Relativamente às obras, o custo da adaptação de equipamentos existentes, depende do nº de

equipamentos sujeitos a intervenção e o tipo de alteração.

No que respeita à limpeza e desobstrução de linhas de água o custo foi estimado por área de

intervenção, estimado em 1000 contos/km.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

346/367

A estimativa de custo para fiscalização foi feita tendo em conta a área, o nº e tipo de técnico

necessário, a periodicidade e duração da acção.

9.3.1.4 Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e Acidentes de

Poluição (04)

Nos estudos e projectos, os critérios para estimativa de custo foram os seguintes: nº de

estudos, duração dos trabalhos, área de intervenção, nº de projectos, nº e tipo de técnicos

intervenientes.

Para estimativa do custo dos sistemas de prevenção, aviso e alerta de cheias, os critérios

foram a área a proteger e o período de retorno a considerar, com valores médios entre 10 000 e

20 000 contos por sistema.

Nas obras de protecção contra cheias e inundações, o custo depende da extensão das

intervenções, nomeadamente regularizações, e o nº e tipo de infra-estruturas a reformulação e ou

construir, consideraram-se valores médios de 100 000 a 150 000 contos por intervenção.

No âmbito dos acidentes de poluição, o custo dos projectos foi estimado tendo por base a

identificação das unidades que utilizam a lagunagem/armazenamento de águas residuais como

processo de tratamento das mesmas e das unidades industriais que armazenam grandes

quantidades de produtos tóxicos na sua laboração normal, o nº de infra-estruturas a construir

adequadas, para a lagunagem para as instalações que utilizam esta como processo de tratamento

das suas águas residuais, e o nº de instalações a construir adequadas para o armazenamento de

tóxicos, nas instalações que no seu processo de laboração armazenam grandes volumes de

tóxicos.

9.3.1.5 Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05)

Nos estudos e planos de ordenamento os critérios para estimativa de custo foram os seguintes:

nº de estudos e de POA a elaborar, duração dos trabalhos, área de intervenção, nº e tipo de

técnicos intervenientes, especificidade dos estudos, periodicidade, tipo de parâmetros a analisar,

por exemplo nos estudos de impacte ambiental da actividade balnear e na avaliação dos impactes

da utilização na navegação das albufeiras.

O custo da elaboração do Regulamento de Pesca no rio Guadiana, feito dependente do nº e

tipo de técnicos intervenientes, foi estimado em 5000 contos.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Na actualização da informação constante dos avisos aos utilizadores sobre a conformidade da

qualidade da água das zonas balneares das albufeiras para o uso balnear, o orçamento foi feito

tendo por base o nº de albufeiras, o nº de análises, a frequência das amostragens e o tipo de

parâmetros a recolher, com um valor médio de 10 contos por parâmetro analisado.

A nível das obras os custos foram estimados de acordo com o nº e tipo de infra-estruturas a

construir, nomeadamente de apoio à actividade balnear nas albufeiras, de apoio à navegação nas

albufeiras e no troço do Guadiana a jusante da ponte de Mértola e de tratamento dos efluentes

das instalações aquícolas na área do Sapal de Castro Marim.

No campo da utilização da rede hidrográfica na extracção de inertes, os custos foram

estimados tendo como critério o levantamento sistemático da batimetria da albufeira de Alqueva

e do troço inter-fluvial dos seus tributários; e a medição dos caudais sólidos no leito do Guadiana

a montante da albufeira de Alqueva.

O custo da monitorização da qualidade da água das albufeiras para o uso balnear nas zonas

balneares e da qualidade da água para produção de água potável depende dos critérios definidos

no DL 236/98, da frequência das amostragens, da periodicidade, do nº de técnicos e do

tratamento dos dados.

Na orçamentação das acções de fiscalização os critérios foram a área de acção, duração,

periodicidade, nº e tipo de técnicos intervenientes.

9.3.1.6 Programa de Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico (06)

Relativamente aos POA consideraram-se, para estimativa do orçamento os aspectos seguintes:

percentagem de albufeiras de águas públicas com POA aprovado, percentagem de albufeiras de

águas públicas com POA em elaboração, percentagem de albufeiras de águas públicas com POA

em revisão, percentagem de albufeiras de águas públicas sem POA. Consideram-se custos

médios de 7000 contos por POA.

No âmbito do cadastro do Domínio Hídrico para a estimativa de custo, no que respeita à

definição e delimitação do Domínio Hídrico, contabilizou-se a área do Domínio Hídrico sem

cartografia digital, tendo-se utilizado um valor médio de 20 contos/km2.

Relativamente à fiscalização, os critérios para a orçamentação foram a extensão da área de

intervenção, o nº e tipo de técnicos, a duração e frequência das deslocações.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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No orçamento do plano de gestão da vegetação ripícola, os critérios utilizados na estimativa

dos custos foram a extensão e nº de troços dos cursos de água onde o plano será implementado, a

duração do plano, o nº e especialidade dos técnicos intervenientes.

Para orçamentação do Plano de Florestação, os critérios foram os seguintes: reflorestar a área

do plano de bacia com níveis de erosão superiores a 15 t.ha-1.ano-1 com plantação de cerca de

100 espécies de Quercus sp.. por hectare (700 contos/ha).

9.3.1.7 Programa do Quadro Normativo e Institucional (07)

Nos estudos e elaboração de legislação, os critérios para estimativa de custo foram os

seguintes: nº de estudos, duração dos trabalhos, área de intervenção, nº e tipo de técnicos

interveniente.

A orçamentação da monitorização das águas fronteiriças foi estimada tendo por base a medida

apresentada na Convenção Luso-Espanhola, o inventário, avaliação e classificação das águas em

função seu estado de qualidade.

Na orçamentação da criação e operacionalização dos sistemas multimunicipais, da entidade

gestora do sistema Odeleite-Beliche e de um organismo para a gestão do troço navegável do

Guadiana a jusante de Mértola, os critérios foram a área de intervenção, o nº e especificidade dos

técnicos.

9.3.1.8 Programa do Regime Económico e Financeiro (08)

Na orçamentação dos programas para definição dos custos da água ao consumidor e para rega,

os critérios foram o nº, a especialidades dos técnicos e a duração do estudo, para a análise das

capacidades de pagamento e das mais valias e definição de tarifas.

9.3.1.9 Programa de Informação e Participação das Populações (09)

Os critérios para estimativa do custo deste programa foram o nº de técnicos envolvidos, na

equipa para informação e sensibilização do público à utilização racional da água, elaboração de

folhetos.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

349/367

9.3.1.10 Programa de Aprofundamento do Conhecimento sobre Recursos Hídricos (10)

No orçamento dos estudos sobre cheias, considerou-se a recolha e tratamento de dados, os

locais de estudo, a área análise de acordo com o período de retorno, o nº de técnicos

intervenientes.

O custo de realização dos inventários dos recursos hídricos utilizados pelas indústrias foi

estimado tendo em conta o nº de indústrias, o tipo de elementos a recolher, o nº de técnicos a

afectar e o tratamento dos dados.

As redes de monitorização, nomeadamente a instalação de estações meteorológicas,

hidrométricas e de qualidade das águas superficiais são genericamente as apresentadas na

Proposta de Implementação da Rede de Monitorização de Recursos Hídricos nas bacias

hidrográficas a Sul do rio Tejo (INAG, Junho 2000), complementada por estações indicadas na

respectiva ficha de projecto. Na estimativa de custo, os critérios foram o tipo de estação, tipo de

parâmetros a medir, nº de observações e periodicidade, custos de manutenção, operação e de

tratamento dos dados.

A recolha de parâmetros biológicos depende do nº de locais para amostragem, do nº de

recolhas por local, nº de parâmetros; periodicidade.

Relativamente à qualidade, de acordo com a legislação (DL 236/98), considerou-se a

frequências das amostragens, o nº de parâmetros, o nº de técnicos, o custo da colheita e das

análises, o do tratamento de dados e elaboração dos relatórios..

No orçamento do Cadastro das Infra-estruturas Hidráulicas e de Saneamento Básico, com

base nos inventários existentes no PBH, estimou-se o número de obras, o nº e especificidade dos

elementos a recolher, o tempo de realização, o nº de Homem/mês, montante inicial para apoio na

preparação das fichas e custos de tratamento e actualização dos dados. No que respeita às

indústrias a estimativa foi semelhante.

A nível dos Regadios de iniciativa privada, os critérios para estimativa do orçamento

apresentado foram a área regada, o nº de inquéritos aos agricultores e o nº de infra-estruturas de

rega a inventariar.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

350/367

9.3.1.11 Programa de Avaliação Sistemática do Plano (11)

Para orçamentação da avaliação sistemática do plano os critérios foram o nº e especialidades

dos técnicos participantes na Comissão de Avaliação, periodicidade das reuniões de

acompanhamento, nº de relatórios de acompanhamento a elaborar.

Para o Sistema de Incentivo às auditorias ambientais, considerou-se o valor de 1000 contos

por auditoria.

9.3.2 Faseamento dos Investimentos

9.3.2.1 Do Total dos Projectos

Quanto ao avanço no tempo, em função das datas fundamentais para desenvolvimento e

implementação do Plano, verifica-se a seguinte situação:

PLANO ORÇAMENTAÇÃO

2000 – 2003

(contos)

ORÇAMENTAÇÃO

2000 – 2006

(contos)

ORÇAMENTAÇÃO

2000 – 2012

(contos)

ORÇAMENTAÇÃO

2000 - 2020

(contos)

TOTAL DO PLANO 175 881 880 297 248 685 363 304 126 450 912 210

PERCENTAGEM

(%) 39 66 80 100

9.3.2.2 Dos Projectos Directamente Dependentes do Plano de Bacia

Na presente situação, o Projecto referente ao Plano de Florestação (referência 109), do

Programa 06, Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico, Sub-Programa Complementar, no

valor de 200,27.106 contos, embora sendo de importância relevante na gestão física dos recursos

hídricos e situações extremas (secas e cheias), é todavia de competência directa do Ministério da

Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, através da Direcção Geral das Florestas.

Nestas condições, verifica-se a seguinte situação:

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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PLANO ORÇAMENTAÇÃO

2000 – 2003

(contos)

ORÇAMENTAÇÃO

2000 – 2006

(contos)

ORÇAMENTAÇÃO

2000 – 2012

(contos)

ORÇAMENTAÇÃO

2000 - 2020

(contos)

TOTAL DO PLANO 45 881 880 97 248 685 163 104 126 250 642 210

PERCENTAGEM (%) 18 39 65 100

A distribuição dos valores de investimento pelos diferentes períodos mostra que para períodos

até 2006 (pós III QCA) os investimentos são preponderantes, reflectindo de forma significativa a

programação do investimento previsto no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva ao

longo do horizonte do Plano de Bacia.

9.3.3 Investimentos por Programa e Sub-Programa

9.3.3.1 Do Total dos Projectos

O custo global da implementação das intervenções preconizadas no Plano de Bacia do

Guadiana, para o horizonte de 2001 a 2020, inclusive, e consubstanciadas nos 11 Programas e

131 Projectos de medidas e acções, importa em 450 milhões de contos, ou mais precisamente

em:

• Custo global de implementação do PBH = 450 912 210 contos

com a subdivisão por Programas que se apresenta na seguinte Tabela:

CUSTO PARCIAL

PROGRAMA Contos %

Programa 01: Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água 25 259 120 5,6

Programa 02: Abastecimento de Água às Populações e Actividades Económicas 206 502 000 45,8

Programa 03: Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados 1 459 790 0,3

Programa 04: Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e Poluição Acidental 7 840 000 1,7

Programa 05: Valorização dos Recursos Hídricos 2 914 920 0,6

Programa 06: Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico 201 470 000 44,7

Programa 07: Quadro Normativo e Institucional 2 535 500 0,6

Programa 08: Regime Económico e Financeiro 100 000 0,02

Programa 09: Informação e Participação das Populações 30 000 0,01

Programa 10: Aprofundamento do Conhecimento sobre Recursos Hídricos 2 274 200 0,5

Programa 11: Avaliação Sistemática do Plano 526 680 0,1

TOTAL GLOBAL 450 912 210 100

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

352/367

Por sua vez, atendendo à natureza dos Sub-Programas Básico, Complementar e Específico,

observa-se que a situação prevista é a seguinte:

ORÇAMENTAÇÃO

PLANO SUBPROGRAMAS

BÁSICOS

(contos)

SUBPROGRAMAS

COMPLEMENTARES

(contos)

SUBPROGRAMAS

ESPECÍFICOS

(contos)

TOTAL DO PLANO 233 337 910 209 974 300 7 600 000

PERCENTAGEM (%) 52 47 2

9.3.3.2 Dos Projectos Directamente Dependentes do Plano de Bacia

Perante estas condições, o custo de implementação do Plano de Bacia importa em 250 642

210 contos, com a seguinte subdivisão por Programas:

CUSTO PARCIAL

PROGRAMA Contos %

Programa 01: Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água 25 259 120 10,08

Programa 02: Abastecimento de Água às Populações e Actividades Económicas 206 502 000 82,39

Programa 03: Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados 1 459 790 0,58

Programa 04: Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e Poluição Acidental 7 840 000 3,13

Programa 05: Valorização dos Recursos Hídricos 2 914 920 1,16

Programa 06: Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico 1 200 000 0,48

Programa 07: Quadro Normativo e Institucional 2 535 500 1,01

Programa 08: Regime Económico e Financeiro 100 000 0,04

Programa 09: Informação e Participação das Populações 30 000 0,01

Programa 10: Aprofundamento do Conhecimento sobre Recursos Hídricos 2 274 200 0,91

Programa 11: Avaliação Sistemática do Plano 526 680 0,21

TOTAL GLOBAL 250 642 210 100

Por sua vez, atendendo à natureza dos Sub-Programas, Básico, Complementar e Específico,

observa-se a seguinte situação:

ORÇAMENTAÇÃO

PLANO SUBPROGRAMAS

BÁSICOS (contos)

SUBPROGRAMAS

COMPLEMENTARES

(contos)

SUBPROGRAMAS

ESPECÍFICOS (contos)

TOTAL DO PLANO 233 337 910 9 704 300 7 600 000

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

353/367

PERCENTAGEM (%) 93 4 3

9.3.4 Investimentos Sectoriais

Relativamente às Fontes de Financiamento dos Programas de Medidas e Acções, teve-se em

conta, por um lado, a identificação das entidades angariadoras do financiamento e, por outro, a

tipologia de investimento. A respectiva pormenorização faz parte das Fichas de Projecto em

Anexo ao relatório da Fase 5.

Quanto às entidades angariadoras, destacam-se claramente duas, ou seja, o Ministério do

Ambiente e Ordenamento do Território, por ser a entidade da tutela da administração dos

recursos hídricos, o Sector Empresarial de Natureza Pública, particularmente a EDIA, dado o

enorme peso financeiro do Aproveitamento do Alqueva, e as futuras empresas plurimunicipais.

Por sua vez, quanto à tipologia de investimento, há a realçar três áreas com maior expressão,

referentes nomeadamente às Infra-estruturas Hidráulicas para Saneamento, às Infra-estruturas

Hidráulicas para Rega e à Protecção e Conservação da Natureza. Os casos das duas primeiras

áreas assumem protagonismo expressivo pelas razões atrás invocadas para a EDIA e para as

empresas plurimunicipais (abastecimento urbano de água e sistemas de águas residuais).

Relativamente à Protecção e Conservação da Natureza, a sua relevância resulta da própria

importância da intervenção preconizada na defesa do meio ambiente e na recuperação da

qualidade ecológica dos habitats (água e galerias ripícolas).

9.3.5 Fontes de Financiamento

Relativamente às fontes de financiamento, verifica-se, em virtude da tipologia de cada

financiamento, que poderão coexistir várias, todavia dentro dum lote não muito extenso e

principalmente constituído pelas seguintes fontes:

• Fundo de Coesão;

• FEDER;

• FEOGA;

• Financiamento do Estado;

• Auto-Financiamento.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

354/367

Pela análise dos Projectos propostos no Plano e de acordo com as tipologias de financiamento

definidas para cada um deles verifica-se uma enorme preponderância dos Projectos com

comparticipação do Fundo de Coesão, aliado ao FEDER, e do FEOGA.

Quanto ao Fundo de Coesão em associação com o FEDER, só 4 dos Projectos propostos,

donde se destaca o relativo ao Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, cobrem quase

42% do orçamento global do Plano.

Por sua vez, no caso do FEOGA, 3 dos Projectos propostos, em que se releva o referente ao

Plano de Florestação, cobrem quase 50% do orçamento global do Plano.

Observa-se, pelos exemplos indicados, que em conjunto o Fundo de Coesão, o FEDER e o

FEOGA comparticipação mais de 92% do orçamento global do Plano.

Parte VI – Avaliação e Acompanhamento do Plano

10 Monitorização Sistemática do Plano

10.1 Considerações Gerais

Sendo extremamente importante a fase de elaboração dos planos de bacia, ela no entanto

destina-se e tem a sua aplicação e concretização na implementação concreta das medidas e

acções previstas no Plano. Quer isto dizer que à fase de planeamento se segue como objectivo

real a fase de execução do Plano tendo em vista eliminar as disfunções existentes e contribuir

para a protecção e valorização socio-económica do meio hídrico. Sendo assim, o que se revela

verdadeiramente importante em termos pragmáticos é a própria implementação e execução do

Plano. Ora, quer para avaliar a bondade dessa implementação quer para assimilar as necessárias

reorientações da mesma, decorrentes da prática da sua realização, será necessário proceder com

método, tendo em consideração os objectivos perseguidos. Em termos gerais, esse método

implica as seguintes duas avaliações:

a) Grau de realização física, orçamental e temporal dos projectos de medidas e acções

previstos no Plano, através de indicadores de acompanhamento;

b) Avaliação dos indicadores de estado, que traduzem o efeito maior ou menor das medidas e

acções empreendidas e que se destinam a evidenciar a avaliação das situações reais, quer física,

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

355/367

no terreno em relação a todas as vertentes relacionadas com o meio hídrico, quer de tradução

orgânica e normativa dos meios de administração e gestão dos recursos hídricos.

A título indicativo e tomando como exemplo o Projecto de Abastecimento de Água ao

Domicílio do Programa 02 – Abastecimento de Água às Populações e Actividades Económicas,

os indicadores de acompanhamento respeitantes à realização interna das acções do Projecto, são

as seguintes:

• Cadastro actualizado;

• Estudos e Projectos;

• Ampliação dos sistemas;

• Remodelação de ETAs,

previstos como indicadores não temáticos no próprio Projecto e objectivados, cada um, em três

níveis de avaliação traduzidos, respectivamente, pela eficácia ou grau de realização, pela

eficiência financeira e pela oportunidade de implementação em termos de prazos reais e

previstos.

Quanto aos indicadores de estado, cuja avaliação tem de estar obrigatoriamente interligada

com a dos indicadores de acompanhamento dos respectivos projectos de acção, o seu tipo pode

ser exemplificado através dos seis tipos previstos no âmbito do abastecimento doméstico:

• Nível de atendimento da população com rede domiciliária;

• Nível de perdas em cada sistema de abastecimento;

• Frequência das falhas de pressão na rede de distribuição;

• Frequência das falhas no abastecimento;

• Adequação do tipo de tratamento de água bruta face às suas características físico-químicas

e bacteriológicas;

• Índices de conhecimento e incumprimento da DGA.

São igualmente referidos com maior pormenor, nos pontos subsequentes, a implementação do

Plano e o necessário acompanhamento institucional.

10.2 Implementação, Avaliação e Acompanhamento Institucional do Plano

A implementação do Plano é traduzida por um lado pela realização dos projectos de medidas

e acções nele desenvolvidos e, por outro lado, pela acção corrente, que se acha expressa nas

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

356/367

Normas Regulamentares do Plano, dos interventores no meio hídrico, institucionais ou privados,

quer na gestão quer na utilização dos recursos hídricos, respectivamente.

Para a conveniente actuação na gestão, controle e fiscalização das anteriores linhas de acção

deve ser instituída uma entidade à administração pública que assegure, dinamize e promova a

implementação e controle de execução do Plano. Esta entidade, por agora com a designação

genérica de Entidade Gestora da Bacia, deverá assumir competências sobre toda a área

geográfica da bacia portuguesa da área do Guadiana e dispor dos necessários meios humanos,

materiais, financeiros e normativos com vista à maior eficácia da sua actuação dentro de graus de

eficiência elevados e tendo presente a maior articulação quer com as restantes entidades públicas

(especialmente as relacionadas com o Ambiente, Agricultura, Energia, Saúde, Turismo, Pescas,

Construção Civil, Transportes, ) quer com as entidades privadas.

A avaliação periódica está implicitamente prescrita no DL 45/94 para ser feita com a revisão

periódica a realizar no prazo máximo de 6 anos, o qual coincide com 2006.

Considera-se que esta avaliação periódica deverá atender a datas chaves quer no

desenvolvimento no processo de planeamento dos recursos hídricos, quer no desenvolvimento

sócio-económico. Neste último caso toma especial relevância o ano de 2006, ano em que deverá

ocorrer a revisão dos PBH e em que culmina o período de vigência do Terceiro Quadro

Comunitário de Apoio (QCA III – 2000/2006). O ano de 2012 corresponde a um horizonte de

maturação das medidas e acções implementadas no âmbito dos PBH e, portanto, permitirá

averiguar do grau de sucesso conseguido com os PBH. Por outro lado, corresponde também ao

período na vizinhança da vigência e revisão legal estabelecido pelas autoridades de Espanha para

os homólogos dos PBH portugueses. O ano de 2020 corresponde ao ano de horizonte de

planeamento dos recursos hídricos estabelecidos pelo DL 47/94.

É evidente que para além desta avaliação periódica descontínua, será necessário promover

uma avaliação periódica sistemática tal como referenciada em 1.1. através dos indicadores de

acompanhamento, seguidamente descritos, e dos indicadores de estado.

Existindo um Plano e uma Entidade Gestora da sua implementação, há que atender, a um

nível superior, à necessidade de acompanhamento institucional do Plano, o qual se acha

consagrada através do DL 45/94, quer proximamente através do Conselho de Bacia quer a nível

superior através do Conselho Nacional da Água.

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

357/367

10.3 Indicadores e Instrumentos de Acompanhamento

Os Indicadores de Acompanhamento do Plano de Bacia foram estabelecidos de forma

estreitamente relacionada com os resultados objectivados para cada um dos 131 Projectos de

medidas e acções, sendo ainda, para cada um daqueles resultados, expressos em três âmbitos

diferentes e complementares de avaliação, que traduzem os seguintes conceitos:

• Eficácia (pelo grau de realização física);

• Eficiência (pelo grau de realização financeira);

• Oportunidade (pela comparação da duração do processo real com a duração estimada).

Ocorrendo uma média de 3 a 4 resultados por projecto, verifica-se que no presente Plano de

Bacia são estipulados quase meio milhar de resultados com conteúdo material, estes por sua vez

triplicados para formar o conjunto completo dos Indicadores de Acompanhamento propostos.

As áreas em que os Indicadores assumem maior expressão numérica são naturalmente aquelas

com maior número de projectos e, portanto, de resultados objectivados, ou seja:

• Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água, com 40% do total dos Indicadores de

Acompanhamento;

• Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados, com 15% do total;

• Valorização dos Recursos Hídricos, também com 15% do total;

• Quadro normativo e Institucional, com 9% do total.

Dado que o acompanhamento do Plano exige, também, o conhecimento do efeito ou reflexo

no terreno das medidas e acções do Plano para uma avaliação completa das intervenções

empreendidas, há que considerar complementarmente os indicadores de estado com os

indicadores de acompanhamento a um segundo nível, sem os quais não é possível conhecer em

toda a sua amplitude os resultados nos sistemas ambiental, de recursos hídricos, infra-estrutural,

económico, normativo e legal que traduzem a gestão efectiva de garantia e salvaguarda da

sustentabilidade ambiental e da promoção do bem estar social.

A caracterização dos instrumentos de acompanhamento refere explicitamente um conjunto de

conceitos e paradigmas de actuação instrumental que devem estar presentes na formulação de

qualquer estratégia de intervenção, de forma a enquadrar o respectivo acompanhamento no

sentido do cumprimento legal imperativo e da coerência e da eficácia da acção institucional de

monitorização sistemática do Plano.

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Os instrumentos de acompanhamento, de acordo com o preconizado no “Plano Nacional da

Política de Ambiente” (Ministério do Ambiente e Recursos Naturais, Portugal 1995), são de

carácter financeiro, legislativo e organizativo.

Destacam-se como principais instrumentos de acompanhamento os seguintes:

• os instrumentos institucionais;

• os jurídicos;

• os económicos e financeiros;

• o planeamento e desenvolvimento tecnológico e demonstração;

• a avaliação de impactes ambientais e sócio-económicos;

• as auditorias, a persuasão, a negociação e contratualização e a sensibilização e

participação.

Os instrumentos institucionais compreendem o conjunto de mecanismos organizativos ou

processuais que permitem ao Estado organizar-se para desempenhar as atribuições e exercer as

competências que lhe estão cometidas, tendo no entanto sempre presente os objectivos que se

pretendem visar, sem esquecer a necessidade ou não de se adaptar ou reformular as estruturas e

procedimentos actualmente existentes. O Conselho Nacional da Água e os Conselhos de Bacia

Hidrográfica são exemplos de estruturas participadas que contribuem para a definição de

políticas e sua avaliação à posteriori.

Os instrumentos jurídicos englobam toda a regulamentação e legislação a ter em

consideração, essencialmente pelos responsáveis e pela generalidade dos quadros técnicos, de

forma a traduzirem as necessidades de planeamento e gestão dos recursos hídricos, a efectiva

garantia e salvaguarda da sustentabilidade ambiental e da promoção do bem estar social.

Quanto à utilização de instrumentos económicos e financeiros, devem-se ter em conta alguns

aspectos práticos, económicos e políticos. No que respeita aos aspectos práticos, é fundamental

prestar atenção às técnicas de cálculo, às disposições legais e institucionais, à aplicabilidade a

diferentes domínios e aos diversos tipos de fontes poluidoras. No que diz respeito aos aspectos

económicos, não pode ser esquecida a função de penalização ou incentivo, o efeito

redistributivo, a conformidade com os princípios do utilizador-pagador e do poluidor-pagador, e

o custo da sua aplicação. Finalmente, relativamente aos aspectos políticos, é fundamental a sua

aceitabilidade, o consenso social e a avaliação da sua eficácia ao serviço das políticas de

ambiente, quer preventivas quer antecipativas.

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O planeamento e desenvolvimento tecnológico e demonstração são instrumentos essenciais

para a orientação política e metodológica das intervenções previstas preconizando os objectivos

e meios de actuação, sem os quais não é possível um correcto acompanhamento. Nesta asserção,

o Plano de Bacia Hidrográfica representa o instrumento de maior valia para esse fim.

A avaliação de impactes ambientais e sócio-económicos é uma componente fundamental dos

processos de decisão sobre o desenvolvimento de actividades humanas com impacte significativo

na qualidade do ambiente ou na utilização dos recursos naturais. Esta avaliação deverá efectuar-

se através do desenvolvimento de estudos de impacte ambiental (EIA) e sócio-económico que

têm como principais objectivos identificar, prever, prevenir e divulgar os efeitos significativos

dos projectos e das suas alternativas.

Por último, as auditorias, a persuasão, a negociação e contratualização e a sensibilização e

participação das populações e entidades privadas, são instrumentos de acompanhamento

indispensáveis no Estado democrático de direito, sem a adesão dos quais a aplicabilidade das

intenções preconizadas pela administração pública perde eficácia e principalmente sentido.

Parte VII – Resultados Esperados

11 Resultados Esperados da Implementação do Plano

11.1 Introdução

Apresentam-se no presente capítulo os resultados esperados com a Implementação do Plano,

em particular, as alterações que se prevêem vir a ocorrer entre 2000 e 2020, ano final de vigência

do Plano.

As áreas especialmente observadas no presente capítulo são as seguintes:

• Abastecimento de Água Domiciliário;

• Colecta e Tratamento das Águas Residuais Urbanas;

• Tratamento de Águas Residuais Industriais;

• Áreas de Rega;

• Qualidade da Água.

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11.2 Abastecimento de Água Domiciliário

Os resultados esperados em 2020, comparativamente a 2000, no âmbito do abastecimento de

água, por rede pública com distribuição domiciliária, são globalmente para a totalidade da bacia

relativamente pouco superiores em termos de nível de atendimento das populações, dado o actual

nível apresentar já em 2000 o elevado valor de 90%.

Em 2020, o valor esperado para o nível de atendimento é em todos os concelhos de 95%, ou

superior, já que este valor é dado como objectivo para 2006. Todavia, dado que a população

residente da bacia, concentrada em povoações é actualmente de 91%, o crescimento do nível de

atendimento acompanhará o da população concentrada.

Em termos concelhios, para as partes respectivas implantadas na área da bacia, verificar-se-ão

nalguns casos, incrementos do nível de atendimento mais elevados, nomeadamente, nos

concelhos de Loulé (nível de atendimento actual de 11%), Tavira (idem, 15%), Almodôvar

(idem, 47%), Alcoutim (idem, 37%) e Mértola (idem, 66%).

Na Tabela seguinte apresentam-se os níveis de atendimento estimado em 2000 e o nível

esperado em 2020 para todos os concelhos dentro da bacia do Guadiana.

Nível de Atendimento com Sistemas Públicos Domiciliários de Abastecimento

de Água (%) Concelho

2000 2020

Alandroal 89 > 95

Alcoutim 37 > 95

Almodôvar 47 > 95

Arronches 85 > 95

Barrancos 94 > 95

Beja 98 > 95

Borba 92 > 95

Campo Maior 101 > 95

Castro Marim 57 > 95

Castro Verde 103 > 95

Cuba 98 > 95

Elvas 92 > 95

Estremoz 84 > 95

Évora 100 > 95

Loulé 11 > 95

Mértola 66 > 95

Moura 95 > 95

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Mourão 94 > 95

Ourique 0 > 95

Portalegre 60 > 95

Portel 96 > 95

Redondo 87 > 95

Reguengos de Monsaraz 95 > 95

Serpa 94 > 95

S. Brás de Alportel 95 > 95

Tavira 15 > 95

Vidigueira 94 > 95

Vila Real de Santo António 79 > 95

Vila Viçosa 94 > 95

Bacia 90 > 95

Níveis de atendimento no abastecimento de água domiciliário, para 2000 e 2020

11.3 Colecta e Tratamento de Águas Residuais Urbanas

Os resultados esperados em 2020, comparativamente a 2000, no âmbito da drenagem e

tratamento de águas residuais urbanas, são globalmente para o conjunto da bacia relativamente

expressivos dado o objectivo de se servir até 2006, com rede urbana e tratamento adequado, 90%

da população da bacia. Nesta circunstância, é ainda de esperar níveis de atendimento em 2020

superiores a 90%. Assim, em termos de redes de drenagem assistir-se-á ao aumento do nível de

atendimento de no mínimo 10% (valor actual de 80%) e em relação ao tratamento ao aumento de

33% (valor actual de 57%, com particular relevo neste último caso para o nível de atendimento

com tratamento superior ao nível primário (fossa séptica) cujo valor actual é somente de 25%).

Os concelhos que maior benefício receberão com a implementação do Plano serão, quanto às

redes de drenagem, Campo Maior, Portalegre, Serpa, Alcoutim e Almodôvar; quanto ao

tratamento, as melhorias mais significativas ocorrerão em Vila Real de Santo António,

Almodôvar, Serpa, Reguengos de Monsaraz, Portel, Alandroal e Borba.

Em termos de cargas poluentes, espera-se em 2020, tomando por referência o parâmetro do

CBO5, uma redução para 45% da carga produzida em 2000. A comparação entre 2000 e 2020 é

apresentada na Tabela seguinte:

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Nível de Atendimento (%)

2000 2020

Concelho Com Rede

de

Drenagem

Com Rede de

Drenagem e

sem

Tratamento

Com Rede de

Drenagem e

com

Tratamento

Com Rede de

Drenagem e

Tratamento Superior e

Fossa Séptica

Com Rede de

Drenagem e

Tratamento

Adequado

Alandroal 79 20 58 19 > 90

Alcoutim 48 0 48 0 > 90

Almodôvar 66 8 58 46 > 90

Arronches 84 0 84 0 > 90

Barrancos 94 0 94 47 > 90

Beja 80 0 80 21 > 90

Borba 88 84 4 2 > 90

Campo Maior 36 8 28 28 > 90

Castro Marim 57 0 57 15 > 90

Castro Verde 86 0 86 59 > 90

Cuba 98 0 98 98 > 90

Elvas 86 0 85 0 > 90

Estremoz 75 19 56 37 > 90

Évora 100 100 0 0 > 90

Loulé 11 0 11 11 > 90

Mértola 22 0 22 17 > 90

Moura 95 15 80 79 > 90

Mourão 94 0 94 82 > 90

Ourique 0 0 0 0 > 90

Portalegre 50 0 50 16 > 90

Portel 96 96 0 0 > 90

Redondo 87 42 45 16 > 90

Reguengos de Monsaraz 88 87 1 0 > 90

Serpa 0 0 0 0 > 90

S. Brás de Alportel 85 48 37 0 > 90

Tavira 15 0 15 0 > 90

Vidigueira 94 0 94 63 > 90

Vila Real de Santo António 91 86 4 4 > 90

Vila Viçosa 94 32 62 0 > 90

Bacia 78 23 55 25 > 90

Níveis de atendimento na colecta e tratamento de águas residuais, para 2000 e 2020

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11.4 Tratamento de Águas Residuais Industriais

O tratamento de águas residuais industriais será dos sectores com melhorias mais

significativas na bacia, até 2020. Assim, para o cenário de crescimento económico intermédio,

espera-se em 2020, tomando por referência o parâmetro do CBO5, uma redução de 50% de carga

(líquida) poluente produzida em 2000. Como o crescimento no período de 2000 a 2020 será da

ordem dos 60%, na hipótese referida, a redução nas cargas produzidas, em termos absolutos

equiparados, será de 70%.

Este resultado apoia-se na evolução estimada para dois factores de evolução determinantes no

sector do tratamento de águas residuais industriais:

• avanço tecnológico dos processo industriais;

• avanço tecnológico dos processos de tratamento de efluentes industriais,

quantificados pelo Plano para cada tipo de indústria.

Dada, entretanto, a diferente repartição das unidades industriais dentro da bacia, a redução das

cargas produzidas será variável de sub-região para sub-região. Tomando por referência destas

sub-regiões as 11 Unidades Homogéneas de Planeamento (UHP), a referida redução (razão entre

o valor de 2020 e o valor de 2000) é dada na tabela seguinte:

UHP

1

UHP

2

UHP

3

UHP

4

UHP

5

UHP

6

UHP

7

UHP

8

UHP

9

UHP

10

UHP

11 Bacia

46% 47% 100% 28% 41% 20% 45% 51% 56% 26% 20% 50%

Redução das cargas poluentes industriais de CBO5 entre 2000 e 2020

11.5 Áreas de Rega

A evolução esperada das áreas de regadio na bacia, entre 2000 e 2020, é de 240%. Dada a

dependência das áreas de regadio da existência de solos com aptidão agrícola e da

disponibilidade de água para rega, ou seja, neste último caso, da maior ou menor proximidade a

grandes infra-estruturas para aproveitamento hidroagrícola, caso do Aproveitamento do Alqueva,

a evolução das áreas de regadio é variável entre as sub-regiões da Bacia.

Tomando, por referência, destas sub-regiões as 11 Unidades Homogéneas de Planeamento

(UHP) a evolução esperada acha-se documentada na tabela seguinte:

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Ano UHP

1

UHP

2

UHP

3

UHP

4

UHP

5

UHP

6

UHP

7

UHP

8

UHP

9

UHP

10

UHP

11

Bacia

2000 7480 4649 7337 304 440 920 6100 503 145 832 282 28992

2020 8989 5023 13182 366 1539 6878 30313 984 145 832 282 68534

Evolução da área agrícola (em ha)

As maiores evoluções ocorrem nas UHP 3, 5, 6 e 7, abrangidas pelo Aproveitamento do

Alqueva, que no seu conjunto equivalem a 75% da área agrícola prevista em 2020.

11.5.1 Qualidade da Água

É esperada uma melhoria muito significativa na qualidade da água da bacia, nomeadamente

em relação às águas superficiais.

De acordo com o Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto, estas águas são classificadas no

âmbito das suas utilizações específicas. Tomando os parâmetros do CBO5 e do oxigénio

dissolvido (OD) têm-se os seguintes valores de referência.

• Águas para produção de água

para consumo humano CBO5 (mg/l O2) OD (%)

Classe A1 3 70

• Águas balneares <3 (estimado) 80-120

• Águas de ciprinídeos 6 50

• Objectivos ambientais de qualidade mínima 5 50

Verifica-se assim que as duas primeiras utilizações formam um mesmo grupo com

equivalência em relação ao CBO5, formando as duas últimas qualificações, por sua vez, um outro

grupo com equivalência em relação ao CBO5. No entanto, o primeiro grupo é o mais exigente em

termos de qualidade, pelo que se se incidir a atenção nele, através das duas tabelas seguintes,

relativas a 2000 e a 2020, respectivamente, quanto ao indicador de carga poluente nas diversas

sub-bacias do Guadiana, verifica-se que, duma situação com cargas excessivas em relação às

capacidades de carga dos meios hídricos, ocorrente em 2000, em quase toda a bacia, se passa

para uma situação em que, praticamente, a capacidade de carga só é excedida no semestre seco,

em 2020. Sublinhe-se que, dado o regime hidrológico sazonal da bacia, com caudais nulos ou

praticamente nulos no referido semestre, este último resultado não é de estranhar, pelo que há

que relevar a melhoria esperada na qualidade da água.

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Sublinha-se, pela sua importância, que as cargas poluentes utilizadas no cálculo dos

indicadores de carga das duas tabelas referidas obedecem aos seguintes critérios gerais:

• Utilização das cargas geradas pelas quase 2500 fontes poluidoras existentes na bacia;

• Exclusão das cargas difusas;

• Exclusão das cargas das suiniculturas (após tratamento são espalhadas pelo solo);

• Consideração dum decaimento de 20% no CBO5.

Por outro lado, e em relação às águas de ciprinídeos e aos objectivos ambientais de qualidade

mínima, a situação em 2020 ainda será mais favorável de que a referida para as anteriores

utilizações, dado tratarem-se de situações menos exigentes. Duma forma expedita, pode nesses

casos avaliar-se a situação em 2020 multiplicando os valores das duas tabelas referidas por 0,60.

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Qualidade das águas superficiais para produção para consumo humano e das águas balneares

em 2000

UHP Sub-bacias Jan. Fev. M ar. Abr. M ai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. DezA01 0.45 0.44 0.47 0.47 0.53 0.77 2.26 1.72 0.65 0.74 0.89 0.43A02 1.44 1.40 1.54 1.56 1.83 2.96 9.97 7.43 2.40 1.75 1.80 1.36A03 0.93 0.90 1.02 1.04 1.30 2.35 8.87 6.51 1.82 9.55 14.35 0.85A04 1.12 1.09 1.20 1.21 1.42 2.29 7.64 5.70 1.85 6.25 9.09 1.06A05 1.40 1.37 1.48 1.49 1.71 2.58 8.01 6.05 2.14 5.76 8.14 1.34A05 1.40 1.37 1.48 1.49 1.71 2.58 8.01 6.05 2.14 5.76 8.14 1.34A06 1.65 1.60 1.79 1.82 2.21 3.79 13.62 10.06 2.99 2.26 2.43 1.53A07 1.53 1.46 1.77 1.81 2.45 5.05 21.19 15.35 3.74 2.43 2.65 1.35A08 1.82 1.71 2.16 2.22 3.13 6.83 29.85 21.52 4.98 3.36 3.80 1.56A09 1.45 1.37 1.69 1.74 2.40 5.09 21.82 15.77 3.74 2.61 2.97 1.26B01 1.90 1.87 1.99 2.01 2.26 3.28 9.64 7.34 2.77 2.16 2.18 1.82B02 1.50 1.48 1.57 1.58 1.76 2.50 7.11 5.44 2.13 1.78 1.85 1.45B03 1.88 1.77 2.20 2.26 3.14 6.73 29.02 20.95 4.93 2.99 3.21 1.62B04 1.49 1.47 1.54 1.55 1.71 2.33 6.19 4.79 2.02 1.64 1.66 1.44B05 1.86 1.82 2.00 2.02 2.39 3.89 13.20 9.83 3.14 2.33 2.42 1.76B06 2.73 2.60 3.12 3.18 4.23 8.48 34.87 25.32 6.34 4.34 4.76 2.43B07 1.34 1.29 1.51 1.54 1.98 3.76 14.88 10.86 2.87 1.80 1.85 1.22B08 1.81 1.76 1.93 1.96 2.30 3.72 12.49 9.32 3.01 2.39 2.56 1.71B09 0.92 0.89 1.00 1.02 1.24 2.15 7.83 5.78 1.70 1.15 1.17 0.85B10 1.24 1.22 1.30 1.31 1.47 2.12 6.16 4.70 1.79 1.84 2.10 1.19B11 1.83 1.79 1.95 1.97 2.30 3.64 11.95 8.94 2.96 2.38 2.55 1.73B07 1.34 1.29 1.51 1.54 1.98 3.76 14.88 10.86 2.87 1.80 1.85 1.22B10 1.24 1.22 1.30 1.31 1.47 2.12 6.16 4.70 1.79 1.84 2.10 1.19B12 1.54 1.53 1.58 1.58 1.69 2.12 4.78 3.82 1.90 1.64 1.66 1.51B14 1.18 1.17 1.23 1.24 1.37 1.90 5.18 3.99 1.63 1.55 1.70 1.15B13 0.82 0.81 0.85 0.86 0.93 1.25 3.19 2.49 1.09 0.97 1.02 0.80B14 1.18 1.17 1.23 1.24 1.37 1.90 5.18 3.99 1.63 1.55 1.70 1.15B15 0.97 0.96 1.00 1.00 1.07 1.37 3.23 2.56 1.22 1.15 1.21 0.95B16 0.67 0.66 0.70 0.71 0.80 1.15 3.38 2.57 0.97 0.85 0.92 0.64C02 1.68 1.68 1.69 1.69 1.71 1.77 2.18 2.03 1.74 1.73 1.74 1.68C03 2.00 1.96 2.12 2.14 2.47 3.80 12.11 9.10 3.13 2.73 3.00 1.90B11 1.83 1.79 1.95 1.97 2.30 3.64 11.95 8.94 2.96 2.38 2.55 1.73C01 2.49 2.40 2.76 2.81 3.55 6.54 25.17 18.43 5.04 4.03 4.56 2.27C03 2.00 1.96 2.12 2.14 2.47 3.80 12.11 9.10 3.13 2.73 3.00 1.90C04 3.66 3.47 4.24 4.34 5.92 12.31 52.09 37.70 9.10 5.45 5.72 3.20C05 1.99 1.96 2.10 2.12 2.42 3.62 11.10 8.39 3.02 3.22 3.78 1.91C06 1.88 1.86 1.94 1.95 2.13 2.85 7.33 5.71 2.49 3.26 3.97 1.83C08 4.99 4.57 6.31 6.54 10.12 24.64 114.87 82.22 17.35 8.88 9.40 3.96C09 1.30 1.27 1.39 1.41 1.67 2.71 9.21 6.86 2.19 2.72 3.42 1.22C10 1.13 1.11 1.20 1.21 1.39 2.13 6.71 5.05 1.76 1.60 1.78 1.08C11 1.28 1.24 1.41 1.44 1.79 3.24 12.25 8.99 2.52 1.65 1.69 1.18C12 0.91 0.90 0.96 0.97 1.09 1.59 4.68 3.56 1.34 1.09 1.14 0.88C13 1.98 1.85 2.38 2.45 3.53 7.90 35.11 25.27 5.71 3.09 3.21 1.67C14 0.69 0.67 0.75 0.76 0.92 1.57 5.60 4.14 1.24 0.97 1.05 0.64C07 0.66 0.66 0.67 0.67 0.69 0.78 1.30 1.11 0.73 0.78 0.84 0.65D03 0.75 0.74 0.81 0.81 0.95 1.51 4.96 3.71 1.23 0.89 0.91 0.72D01 0.44 0.44 0.46 0.46 0.51 0.69 1.84 1.42 0.60 0.49 0.49 0.43D02 1.22 1.19 1.29 1.31 1.51 2.35 7.52 5.65 1.93 1.43 1.45 1.16D04 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20D05 0.45 0.45 0.47 0.48 0.53 0.72 1.96 1.51 0.62 0.52 0.54 0.44D09 0.47 0.46 0.50 0.50 0.59 0.92 2.97 2.23 0.75 0.82 0.98 0.44D06 0.36 0.35 0.39 0.40 0.48 0.82 2.91 2.15 0.65 0.45 0.46 0.34D07 0.28 0.27 0.31 0.31 0.39 0.69 2.55 1.88 0.54 0.36 0.37 0.26D08 0.35 0.35 0.37 0.37 0.41 0.56 1.50 1.16 0.48 0.42 0.44 0.34D09 0.47 0.46 0.50 0.50 0.59 0.92 2.97 2.23 0.75 0.82 0.98 0.44D10 0.34 0.34 0.34 0.34 0.35 0.37 0.49 0.44 0.36 0.35 0.35 0.34D11 0.38 0.38 0.39 0.39 0.41 0.50 1.05 0.85 0.45 0.40 0.40 0.37D12 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16 1.16D13 1.22 1.18 1.35 1.37 1.70 3.06 11.52 8.46 2.38 1.69 1.80 1.12

UHP 11 D13 1.22 1.18 1.35 1.37 1.70 3.06 11.52 8.46 2.38 1.69 1.80 1.12

IC = Indicador de Carga = Carga Poluente TotalCapacidade de Carga

IC =< 0.75 Folgado

0.75<IC=<1.25 Regular

IC>1.25 Excessivo

UHP 1

UHP2

UHP3

UHP4

UHP 9

UHP 10

UHP5

UHP6

UHP 7

UHP 8

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

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Qualidade das águas superficiais para produção para consumo humano e das águas balneares

em 2020

UHP Sub-bacias Jan. Fev. Mar. Abr. M ai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. DezA01 0.21 0.20 0.22 0.22 0.24 0.35 1.04 0.79 0.30 0.34 0.41 0.20A02 0.66 0.65 0.71 0.72 0.84 1.36 4.59 3.42 1.10 0.81 0.83 0.62A03 0.43 0.41 0.47 0.48 0.60 1.08 4.08 3.00 0.84 4.39 6.60 0.39A04 0.51 0.50 0.55 0.56 0.65 1.05 3.51 2.62 0.85 2.88 4.18 0.49A05 0.64 0.63 0.68 0.69 0.79 1.19 3.69 2.78 0.99 2.65 3.75 0.61A05 0.71 0.70 0.75 0.76 0.87 1.32 4.09 3.08 1.09 2.94 4.15 0.68A06 0.84 0.82 0.91 0.93 1.13 1.93 6.95 5.13 1.53 1.15 1.24 0.78A07 0.78 0.74 0.90 0.92 1.25 2.57 10.81 7.83 1.91 1.24 1.35 0.69A08 0.93 0.87 1.10 1.13 1.60 3.49 15.22 10.98 2.54 1.71 1.94 0.79A09 0.74 0.70 0.86 0.89 1.22 2.60 11.13 8.04 1.91 1.33 1.51 0.64B01 1.50 1.48 1.57 1.59 1.78 2.59 7.61 5.80 2.19 1.70 1.73 1.44B02 1.19 1.17 1.24 1.25 1.39 1.98 5.62 4.30 1.69 1.40 1.46 1.15B03 1.48 1.40 1.74 1.78 2.48 5.32 22.92 16.55 3.89 2.37 2.54 1.28B04 1.17 1.16 1.22 1.23 1.35 1.84 4.89 3.79 1.59 1.30 1.31 1.14B05 1.47 1.44 1.58 1.60 1.89 3.07 10.42 7.76 2.48 1.84 1.91 1.39B06 2.16 2.06 2.46 2.51 3.34 6.70 27.55 20.00 5.01 3.42 3.76 1.92B07 1.06 1.02 1.19 1.21 1.56 2.97 11.75 8.58 2.26 1.42 1.46 0.96B08 1.43 1.39 1.53 1.55 1.82 2.94 9.87 7.36 2.38 1.89 2.03 1.35B09 0.73 0.70 0.79 0.80 0.98 1.70 6.19 4.56 1.34 0.91 0.93 0.67B10 0.98 0.97 1.03 1.04 1.16 1.67 4.87 3.71 1.42 1.45 1.66 0.94B11 1.44 1.41 1.54 1.55 1.82 2.87 9.44 7.06 2.34 1.88 2.01 1.37B07 0.42 0.40 0.47 0.48 0.61 1.17 4.61 3.37 0.89 0.56 0.57 0.38B10 0.38 0.38 0.40 0.41 0.46 0.66 1.91 1.46 0.56 0.57 0.65 0.37B12 0.48 0.47 0.49 0.49 0.52 0.66 1.48 1.18 0.59 0.51 0.51 0.47B14 0.37 0.36 0.38 0.38 0.42 0.59 1.61 1.24 0.51 0.48 0.53 0.36B13 0.37 0.37 0.38 0.39 0.42 0.56 1.43 1.12 0.49 0.44 0.46 0.36B14 0.53 0.53 0.55 0.56 0.62 0.85 2.33 1.80 0.74 0.70 0.77 0.52B15 0.44 0.43 0.45 0.45 0.48 0.62 1.45 1.15 0.55 0.52 0.55 0.43B16 0.30 0.30 0.32 0.32 0.36 0.52 1.52 1.16 0.44 0.38 0.41 0.29C02 0.76 0.76 0.76 0.76 0.77 0.80 0.98 0.91 0.78 0.78 0.78 0.76C03 0.90 0.88 0.95 0.96 1.11 1.71 5.45 4.10 1.41 1.23 1.35 0.85B11 0.82 0.80 0.88 0.89 1.03 1.64 5.38 4.02 1.33 1.07 1.15 0.78C01 1.49 1.44 1.66 1.68 2.13 3.93 15.10 11.06 3.02 2.42 2.74 1.36C03 1.20 1.17 1.27 1.28 1.48 2.28 7.26 5.46 1.88 1.64 1.80 1.14C04 2.19 2.08 2.54 2.60 3.55 7.39 31.25 22.62 5.46 3.27 3.43 1.92C05 1.20 1.17 1.26 1.27 1.45 2.17 6.66 5.04 1.81 1.93 2.27 1.14C06 1.13 1.11 1.17 1.17 1.28 1.71 4.40 3.43 1.49 1.96 2.38 1.10C08 3.00 2.74 3.79 3.93 6.07 14.78 68.92 49.33 10.41 5.33 5.64 2.38C09 0.78 0.76 0.83 0.84 1.00 1.63 5.53 4.12 1.31 1.63 2.05 0.73C10 0.68 0.67 0.72 0.73 0.84 1.28 4.03 3.03 1.06 0.96 1.07 0.65C11 0.77 0.74 0.85 0.86 1.08 1.95 7.35 5.39 1.51 0.99 1.01 0.71C12 0.55 0.54 0.57 0.58 0.65 0.95 2.81 2.14 0.80 0.66 0.68 0.53C13 1.19 1.11 1.43 1.47 2.12 4.74 21.07 15.16 3.42 1.85 1.92 1.00C14 0.41 0.40 0.45 0.45 0.55 0.94 3.36 2.48 0.74 0.58 0.63 0.38C07 0.31 0.31 0.31 0.31 0.32 0.36 0.61 0.52 0.34 0.37 0.39 0.31D03 0.35 0.35 0.38 0.38 0.45 0.71 2.33 1.74 0.58 0.42 0.43 0.34D01 0.23 0.23 0.24 0.24 0.27 0.37 0.97 0.75 0.32 0.26 0.26 0.23D02 0.65 0.63 0.69 0.69 0.80 1.24 3.98 2.99 1.02 0.76 0.77 0.61D04 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11D05 0.24 0.24 0.25 0.25 0.28 0.38 1.04 0.80 0.33 0.28 0.29 0.23D09 0.25 0.24 0.26 0.27 0.31 0.49 1.58 1.18 0.40 0.43 0.52 0.24D06 0.15 0.15 0.16 0.17 0.20 0.34 1.22 0.90 0.27 0.19 0.19 0.14D07 0.12 0.11 0.13 0.13 0.16 0.29 1.07 0.79 0.23 0.15 0.16 0.11D08 0.15 0.15 0.15 0.16 0.17 0.23 0.63 0.49 0.20 0.18 0.18 0.14D09 0.20 0.19 0.21 0.21 0.25 0.38 1.25 0.94 0.32 0.34 0.41 0.19D10 0.14 0.14 0.14 0.14 0.15 0.15 0.20 0.19 0.15 0.15 0.15 0.14D11 0.16 0.16 0.16 0.16 0.17 0.21 0.44 0.36 0.19 0.17 0.17 0.16D12 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49 0.49D13 0.51 0.50 0.56 0.57 0.71 1.29 4.84 3.55 1.00 0.71 0.76 0.47

UHP 11 D13 0.65 0.63 0.71 0.72 0.90 1.62 6.11 4.48 1.26 0.90 0.95 0.60

IC = Indicador de Carga = Carga Poluente TotalCapacidade de Carga

IC =< 0.75 Folgado

0.75<IC=<1.25 Regular

IC>1.25 Excessivo

UHP 1

UHP2

UHP3

UHP4

UHP 9

UHP 10

UHP5

UHP6

UHP 7

UHP 8

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V/VIII

Parte IV – Definição e Avaliação de Objectivos

5 Análise Prospectiva do Desenvolvimento Sócio económico ............................................ 240

5.1 Considerações Gerais ................................................................................................. 240

5.2 Enquadramento Macro Económico ............................................................................ 242

5.3 Cenarização da Economia Portuguesa........................................................................ 246

5.4 Análise das Implicações dos Cenários na Bacia......................................................... 251

5.5 Diagnóstico Prospectivo para a Bacia Hidrográfica................................................... 257

5.5.1 Evolução Demográfica ................................................................................... 257

5.5.2 Evolução dos Sectores Primário, Secundário e Terciário da Actividade

Económica ...................................................................................................... 259

5.5.3 Evolução da Agricultura – Regadio................................................................ 263

5.5.4 Evolução da Indústria Transformadora e Energia .......................................... 280

5.5.5 Evolução do Turismo...................................................................................... 281

6 Definição de Objectivos .................................................................................................... 283

6.1 Considerações Gerais ................................................................................................. 283

6.2 Objectivos Fundamentais de Políticas de Gestão de Recursos Hídricos.................... 283

6.2.1 Gestão da Procura........................................................................................... 283

6.2.2 Protecção das Águas e Controle da Poluição ................................................. 286

6.2.3 Protecção da Natureza .................................................................................... 288

6.2.4 Protecção contra as Situações de Risco.......................................................... 291

6.2.5 Valorização Económica e Social dos Recursos Hídricos ............................... 293

6.2.6 Articulação do Domínio Hídrico com o Ordenamento do Território ............. 296

6.2.7 Adequação dos Quadros Normativo e Institucional ....................................... 297

6.2.8 Aplicação do Regime Económico e Financeiro ............................................. 298

6.2.9 Melhoria do Conhecimento dos Recursos Hídricos e Participação da

População........................................................................................................ 299

6.3 Avaliação dos Objectivos ........................................................................................... 301

6.3.1 Gestão da Procura........................................................................................... 301

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

VI/VIII

6.3.2 Protecção das Águas e Controle da Poluição ................................................. 303

6.3.3 Protecção da Natureza .................................................................................... 305

6.3.4 Protecção Contra as Situações de Risco ......................................................... 305

6.3.5 Valorização Económica e Social dos Recursos Hídricos ............................... 306

6.3.6 Articulação do Domínio Hídrico com o Ordenamento do Território ............. 307

6.3.7 Adequação dos Quadros Normativo e Institucional ....................................... 309

Parte V – Estratégias, Medidas e Programação

7 Estratégias.......................................................................................................................... 311

7.1 Considerações Gerais ................................................................................................. 311

7.2 Estratégias Fundamentais ........................................................................................... 314

7.3 Estratégias Instrumentais............................................................................................ 314

7.4 Estratégia Espacial...................................................................................................... 315

7.4.1 Considerações Gerais ..................................................................................... 315

7.4.2 Programa de Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água (01) ............. 318

7.4.3 Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas (02) ............................................................................................. 319

7.4.4 Programa de Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados

(03).................................................................................................................. 320

7.4.5 Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e

Acidentes de Poluição (04)............................................................................. 320

7.4.6 Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05) ................................... 321

7.4.7 Programa de Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico (06) ..................... 321

7.4.8 Programa do Quadro Normativo e Institucional (07) ..................................... 322

7.4.9 Programa do Regime Económico e Financeiro (08) ...................................... 323

7.4.10 Programa de Informação e Participação das Populações (09)........................ 323

7.4.11 Programa de Aprofundamento do Conhecimento Sobre os Recursos

Hídricos (10)................................................................................................... 323

7.4.12 Programa de Avaliação Sistemática do Plano (11) ........................................ 323

8 Programas de Medidas ...................................................................................................... 324

8.1 Considerações Gerais ................................................................................................. 324

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

VII/VIII

8.2 Programas de Medidas ............................................................................................... 326

8.2.1 Programa de Recuperação e Prevenção da Qualidade da Água (01) ............. 326

8.2.2 Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas (02) ............................................................................................. 328

8.2.3 Programa de Protecção dos Ecossistemas Aquáticos e Terrestres Associados

(03).................................................................................................................. 329

8.2.4 Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e dos

Acidentes de Poluição (04)............................................................................. 330

8.2.5 Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05) ................................... 330

8.2.6 Programa de Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico (06) ..................... 331

8.2.7 Programa do Quadro Normativo e Institucional (07) ..................................... 331

8.2.8 Programa do Regime Económico e Financeiro (08) ...................................... 332

8.2.9 Programa de Informação e Participação das Populações (09)........................ 333

8.2.10 Programa de Aprofundamento do Conhecimento sobre os Recursos Hídricos

(10).................................................................................................................. 334

8.2.11 Programa de Avaliação sistemática dos Planos (11) ...................................... 335

9 Programação Física, Financeira e Institucional................................................................. 336

9.1 Considerações Gerais ................................................................................................. 336

9.2 Programação Física .................................................................................................... 336

9.2.1 Considerações Gerais ..................................................................................... 336

9.2.2 Programa de Recuperação e prevenção da qualidade da água (01)................ 337

9.2.3 Programa de Abastecimento de Água às Populações e Actividades

Económicas (02) ............................................................................................. 338

9.2.4 Programa de Protecção dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados

(03).................................................................................................................. 339

9.2.5 Programa de Prevenção e Minimização dos Efeitos das Cheias, Secas e dos

Acidentes de Poluição (04)............................................................................. 340

9.2.6 Programa de Valorização dos Recursos Hídricos (05) ................................... 340

9.2.7 Programa de Ordenamento e gestão do domínio hídrico (06)........................ 341

9.2.8 Programa do Quadro Normativo e Institucional (07) ..................................... 341

9.2.9 Programa do Regime Económico e Financeiro (08) ...................................... 341

9.2.10 Programa de Informação e Participação das Populações (09)........................ 342

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PBH do Rio Guadiana Relatório Final – Partes IV, V, VI e VII (Rev. 00 – 01-04-30)

VIII/VIII

9.2.11 Programa de Aprofundamento do Conhecimento sobre os Recursos Hídricos

(10).................................................................................................................. 342

9.2.12 Programa de Avaliação Sistemática do Plano (11) ........................................ 342

9.3 Programação, Investimentos e Financiamento ........................................................... 343

9.3.1 Critérios de Orçamentação ............................................................................. 343

9.3.2 Faseamento dos Investimentos ....................................................................... 350

9.3.3 Investimentos por Programa e Sub-Programa ................................................ 351

9.3.4 Investimentos Sectoriais ................................................................................. 353

9.3.5 Fontes de Financiamento ................................................................................ 353

Parte VI – Avaliação e Acompanhamento do Plano

10 Monitorização Sistemática do Plano ................................................................................. 354

10.1 Considerações Gerais ............................................................................................... 354

10.2 Implementação, Avaliação e Acompanhamento Institucional do Plano.................. 355

10.3 Indicadores e Instrumentos de Acompanhamento ................................................... 357

Parte VII – Resultados Esperados

11 Resultados Esperados da Implementação do Plano........................................................... 359

11.1 Introdução ................................................................................................................ 359

11.2 Abastecimento de Água Domiciliário...................................................................... 360

11.3 Colecta e Tratamento de Águas Residuais Urbanas ................................................ 361

11.4 Tratamento de Águas Residuais Industriais............................................................. 363

11.5 Áreas de Rega .......................................................................................................... 363

11.5.1 Qualidade da Água ......................................................................................... 364

Glossário de Siglas

Anexo I – Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento de Água Municipais

Anexo II – Sistemas de Águas Residuais. Níveis de Atendimento

Anexo III – Tarifários Praticados pelos Sistemas Municipais de Saneamento Básico da

Bacia Hidrográfica do Guadiana