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RELATÓRIO FINAL Projeto Agrisus No: 1622/15 Título da Pesquisa: Rendimento e atributos físicos e químicos do solo em sistema plantio direto e convencional da cebola em Ituporanga, SC. Interessado (Coordenador do Projeto): Arcângelo Loss Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina, Rod. Admar Gonzaga, 1346, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Engenharia Rural – Itacorubi – Florianópolis – SC, CEP: 88034-000. Fone: (48)916630-31 / 37215343. [email protected]; [email protected] Bolsista: Renan Tramontin Local da Pesquisa: Ituporanga, SC. Valor financiado pela Fundação Agrisus: 14.300,00 Vigência do Projeto: 01/07/15 a 31/12/16 Resumo O nível de agregação do solo e o tamanho dos agregados sofrem influência dos diferentes sistemas de plantio, manejo e práticas culturais. O uso de plantas de cobertura podem favorecer a agregação e a fertilidade do solo por meio da produção de massa seca, ação das raízes e liberação de exsudatos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes espécies de plantas de cobertura em sistema plantio direto (SPD) e sistema de preparo convencional (SPC) do solo com o cultivo de cebola sobre a agregação do solo e os atributos químicos dos agregados do solo em Ituporanga, SC. O experimento foi implantado em abril de 2007, e estabelecido oito tratamentos com sucessão e rotação de culturas para a cebola: T1- sucessão cebola milho em SPD; T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD; T3-milho/gramíneas de inverno e cebola bienal em SPD; T4- leguminosa no verão e cebola anual em SPD; T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual em SPD; T6-leguminosa 1

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RELATÓRIO FINAL

Projeto Agrisus No: 1622/15

Título da Pesquisa: Rendimento e atributos físicos e químicos do solo em sistema plantio

direto e convencional da cebola em Ituporanga, SC.

Interessado (Coordenador do Projeto): Arcângelo Loss

Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina, Rod. Admar Gonzaga, 1346, Centro de

Ciências Agrárias, Departamento de Engenharia Rural – Itacorubi – Florianópolis – SC, CEP:

88034-000. Fone: (48)916630-31 / 37215343. [email protected];

[email protected]

Bolsista: Renan Tramontin

Local da Pesquisa: Ituporanga, SC.

Valor financiado pela Fundação Agrisus: 14.300,00

Vigência do Projeto: 01/07/15 a 31/12/16

Resumo

O nível de agregação do solo e o tamanho dos agregados sofrem influência dos diferentes

sistemas de plantio, manejo e práticas culturais. O uso de plantas de cobertura podem

favorecer a agregação e a fertilidade do solo por meio da produção de massa seca, ação das

raízes e liberação de exsudatos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes

espécies de plantas de cobertura em sistema plantio direto (SPD) e sistema de preparo

convencional (SPC) do solo com o cultivo de cebola sobre a agregação do solo e os atributos

químicos dos agregados do solo em Ituporanga, SC. O experimento foi implantado em abril

de 2007, e estabelecido oito tratamentos com sucessão e rotação de culturas para a cebola: T1-

sucessão cebola milho em SPD; T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal

em SPD; T3-milho/gramíneas de inverno e cebola bienal em SPD; T4- leguminosa no verão e

cebola anual em SPD; T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual em SPD; T6-leguminosa

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verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD; T7- sucessão cebola milho, porém em SPC;

T8- coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD. Após sete anos da implantação

do experimento foram determinados os índices de agregação: diâmetro médio ponderado

(DMP), a distribuição de macro e microagregados, os teores de carbono orgânico total (COT),

nitrogênio total (NT), relação C/N, pH, Ca+2, Mg+2, Al+3, K+, H++Al+3, P, CO e N particulado

(COp / Np), CO e N associado aos minerais (COam / Nam), carbono da fração humina (C-

HUM), ácidos húmicos (C-FAH) e fúlvicos (C-FAF). Também se avaliou a produtividade da

cebola. O SPD de cebola em comparação ao SPC aumenta os teores de COT e NT na camada

de 0-5 cm e DMP na camada de 5-10 cm dos agregados do solo. O uso de leguminosas

(mucuna) como plantas de cobertura e cebola anual (T6) incrementa os teores de NT (0-5 e

10-20 cm) e diminui a relação C/N do solo (0-5 cm) e o DMP dos agregados (5-10 cm) em

comparação aos demais tratamentos. Porém, o tratamento com espécies vegetais gramíneas de

cobertura (centeio, milheto, aveia) e cebola anual (T5) aumenta os teores de COT (0-5 cm) e

NT (10-20 cm). Os tratamentos com maior diversidade vegetal, com plantas de coberturas em

rotação, solteiras e/ou consorciadas, favorecem o aumento da produtividade da cebola e da

fertilidade dos agregados do solo, com ênfase para os teores de Ca, Mg, K trocável, P

disponível, em comparação ao tratamento com sucessão de milho-cebola. O SPC desfavorece

a manutenção dos teores de COp, Np e C-HUM na camada superficial do solo em

comparação ao SPD da cebola.

Palavras-chave: Allium cepa L.; plantas de cobertura; fertilidade do solo; carbono e

nitrogênio particulados.

1. Introdução

O estado Santa Catarina (SC) destaca-se no setor agrícola como maior produtor

nacional de cebola (ACATE, 2015). A cadeia produtiva desta hortaliça movimenta por volta

de 350 milhões de reais por ano em SC e envolve cerca de 6.500 produtores (FOLTRAN,

2015). Todavia, para o seu cultivo, parte significativa da área de produção no estado utiliza o

sistema de preparo convencional do solo (SPC), o qual é caracterizado pelo revolvimento

(aração, subsolagem, escarificação ou enxada rotativa) numa profundidade de 20 cm do solo

antes do transplante das mudas de cebola, sendo no momento do transplante realizada uma

gradagem (EPAGRI, 2013).

O SPC no cultivo da cebola vem causando a degradação física do solo, fazendo com

que se buscasse como alternativa de manejo do solo o sistema plantio direto (SPD) (Luciano

et al., 2010). No SPD realiza-se o transplante das mudas de cebola através de abertura, com

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implementos adaptados, de pequenos sulcos (10 cm) na linha de transplante mantendo-se o

restante da área com matéria seca oriunda de plantas de cobertura (EPAGRI, 2013). Além do

SPD, outras práticas conservacionistas do solo são utilizadas, tais como: sistema cultivo

mínimo (SCM), rotação de culturas, consórcio de espécies vegetais, adubação verde e uso de

plantas de cobertura (Luciano et al., 2010; EPAGRI, 2013; Silva et al., 2014; Loss et al.,

2015). Todas estas práticas de manejo alteram positivamente as propriedades edáficas (Loss et

al., 2009; 2015; Souza et al., 2013), tal como o incremento dos teores de matéria orgânica do

solo (MOS). A MOS afeta a disponibilidade de nutrientes, a capacidade de troca catiônica

(CTC) do solo, a complexação de elementos tóxicos e micronutrientes, a agregação das

partículas, a infiltração e a retenção de água, a aeração e a atividade e biomassa microbiana do

solo (Pereira et al., 2013; Vezzani & Mielniczuk, 2009).

Estudos de longo prazo vêm abordando a utilização do SPD com diferentes espécies

vegetais, destacando-se as plantas de cobertura associadas em rotação e/ou sucessão de

culturas, com o intuito de demonstrar os benefícios desta prática de manejo do solo e destas

espécies nas propriedades físicas (Loss et al., 2009; 2015; Luciano et al., 2010), químicas

(Pinheiro et al., 2003; Silva et al., 2014; Souza et al., 2013;) e biológicas do solo (Silva et al.,

2014). As espécies de plantas de cobertura apresentam diferentes composições (relação

carbono nitrogênio – C/N, nutrientes) e estas características que determinam a dinâmica de

produção e decomposição do material vegetal e a cobertura do solo ao longo do tempo no

SPD (Ambrosano et al., 2005). As leguminosas produzem uma fitomassa rica em nitrogênio

(N) e com baixa relação C/N, o que favorece a rápida decomposição da matéria seca pelos

microrganismos do solo. Já as gramíneas, produzem uma fitomassa com alta relação C/N, fato

que retarda a decomposição da matéria seca pela microbiota do solo (Lima Filho et al., 2014).

O consórcio de gramíneas e leguminosas como plantas de cobertura em SPD pode

proporcionar uma relação C/N intermediária com maior persistência no solo possibilitando o

incremento dos teores de MOS e fornecendo gradativamente nutrientes, principalmente N, às

culturas de interesse (Giacomini et al., 2003; Calegari, 2008). As plantas de cobertura também

interferem nos atributos físicos do solo, com destaque para a agregação do solo, onde as

gramíneas, que apresentam sistema radicular extenso e renovado constantemente são mais

eficientes em aumentar e manter a estabilidade dos agregados em comparação às leguminosas,

que têm sistema radicular pivotante (Lima Filho et al., 2014).

Segundo Loss et al. (2015), em solos manejados sob SPC e SPD, ambos com o cultivo

de cebola, tem-se diferenças significativas na agregação do solo, com destaque para a classe

dos macroagregados (8,00 mm > Ø ≥ 2,0 mm), que é mais estável no SPD em comparação ao

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SPC. Sendo assim, devido à maior labilidade da matéria orgânica presente em

macroagregados, a estabilidade dos mesmos é dependente da presença de plantas e do aporte

constante de resíduos ao solo (SIX et al., 2000; BRAIDA et al., 2011). Diante desse aspecto, o

solo sob SPC apresenta perda de estabilidade e, consequentemente, quebra dos

macroagregados (TIVET et al., 2013; LOSS et al., 2015) e exposição da matéria orgânica à

decomposição pelos microrganismos (SIX et al. 2000).

Ainda são poucos os trabalhos que avaliaram os atributos edáficos em relação ao SPD

de cebola, sendo necessários mais estudos sobre as modificações que este sistema promove

aos atributos físicos e químicos do solo, assim como qual a melhor composição de plantas de

cobertura que favorece a cobertura do solo para o desenvolvimento desta cultura. O objetivo

geral deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes espécies de plantas de cobertura em

sistema plantio direto e sistema de preparo convencional do solo com o cultivo de cebola

sobre a agregação do solo e os atributos químicos dos agregados do solo em Ituporanga, SC.

2. Material e métodos

2.1 Localização, caracterização da área de estudo e planejamento do experimento

O experimento foi implantado em abril de 2007, no município de Ituporanga, SC, na

Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa

Catarina (EPAGRI) (S 27º 24' 52" e W 49º 36' 9", 475 m de altitude). O solo foi classificado

como Cambissolo Húmico Distrófico (Embrapa, 2013), apresentando na camada de 0-20 cm

410, 264 e 326 g kg-1 de areia, silte e argila, respectivamente. O clima da região é do tipo

mesotérmico úmido com verões quentes, Cfa, segundo a classificação de Köppen. O

delineamento experimental adotado foi em blocos ao acaso, com oito tratamentos e cinco

repetições. Cada unidade experimental possuía 8,7 m² cada e constituídas de sete fileiras com

30 plantas de cebola por fileira. Os tratamentos abrangeram sistemas de cultivo para a cultura

da cebola, baseados em diferentes coberturas do solo utilizadas para produção de matéria seca

no SPD, caracterizado pela abertura de sulco para o transplante das mudas de cebola.

Na implantação do experimento, em 2007, foi semeada, em toda a área, a cobertura de

aveia/ervilhaca/nabo e, posteriormente foram implantados os oito tratamentos (T1 a T8), com

as seguintes sequências de coberturas e culturas, conforme consta na Tabela 1.

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Tabela 1. Tratamentos implantados na rotação de culturas para cultivo de cebola sob manejo conservacionista do solo, de 2007 a 2010,Ituporanga, SC.

Trat.

2007 2008 2009 2010

Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão

T1 Aveia+ Ervilhaca+ Nabo Milho Pousio Cebola Milho Pousio Cebola Milho Pousio Cebola Milho

T2 Aveia+ Ervilhaca+ Nabo MilhoAveia+Nabo+Centeio

Cebola GirassolAveia+

Ervilhaca+ NaboFeijão

Centeio+Nabo

Cebola Milho

T3 Aveia+ Ervilhaca+ Nabo MilhoAveia+Nabo

CebolaMilho

SafrinhaErvilhaca Milho Centeio Cebola Milho

T4 Aveia+ Ervilhaca+ Nabo MilhoAveia+Nabo+Centeio

Cebola Mucuna Centeio Milho Nabo Cebola Mucuna

T5Aveia+

Ervilhaca+Nabo

Cebola Milheto Nabo Cebola MilhetoAveia+

Ervilhaca+ NaboMilho Cevada Cebola Milheto

T6Aveia+

Ervilhaca+Nabo

Cebola FeijãoPorco

Centeio Cebola Mucuna Cebola Mucuna Centeio Cebola Mucuna

T7Aveia+

Ervilhaca+Nabo

Cebola FeijãoPorco+Milheto

Aveia Cebola Crotalária Centeio Milho Aveia Cebola Crotalária

T8Aveia+

Ervilhaca+Nabo

Cebola GirassolAveia+Centeio

CebolaGirassol+Mucuna+Milheto

Ervilhaca MilhoCenteio+Aveia+Nabo

CebolaMilheto+Mucuna+Girassol

Espécies vegetais: aveia preta (Avena strigosa), cebola (Allium cepa L.), centeio (Secale cereale L.), crotalária (Crotalaria spectabilis) ervilhaca peluda (Vicia villosa), feijão(Phaseolus vulgaris L.), feijão de porco (Canavalia ensiformis L.), girassol (Helianthus annuus L.), milho (Zea mays L.), milheto (Pennisetum americanum L.), mucuna preta(Stizolobium aterrimum) e nabo forrageiro (Raphanus sativus L.). Trat=tratamentos

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Durante a condução do experimento (2007 a 2010) e das avaliações feitas, assim como

das visitas de produtores e professores ao experimento, surgiu o seguinte questionamento:

Porque não foi colocado um tratamento em SPC do solo para efeito de comparação com os

demais tratamentos em SPD? Dessa forma, a partir do ano de 2011, foi modificado o sistema

de rotação e a sequência de coberturas, sendo agora os tratamentos (T) redefinidos da seguinte

forma, conforme consta na Tabela 2:

T1 - milho, cebola, milho, cebola, milho, cebola (T1-sucessão cebola milho em SPD);

T2 - ervilhaca, milho, nabo-centeio, cebola, milho (T2-rotação comercial e cobertura de

inverno e cebola bienal em SPD); T3 - milho, centeio, cebola, milho, aveia, milho (T3-

milho/gramíneas de inverno e cebola bienal em SPD); T4 - mucuna, cebola, mucuna, cebola,

mucuna (T4- leguminosa no verão e cebola anual em SPD); T5 - milheto, centeio, cebola,

milheto, aveia, cebola, milheto (T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual em SPD); T6 -

mucuna, centeio, cebola, mucuna, centeio, cebola, mucuna, centeio, cebola, mucuna (T6-

leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD); T7 - milho, cebola, milho,

cebola, milho, cebola (T7- sucessão cebola milho, porém em SPC); T8 - milheto-mucuna-

girassol, cebola, milheto-mucuna-girassol, cebola, milheto-mucuna-girassol (T8- coquetel de

coberturas de verão e cebola anual em SPD).

A partir de 2014, repete-se a sequência de tratamentos conforme consta na Tabela 2

para os anos de 2011, 2012 e 2013. Assim, a sequência de rotação de 2011, 2012 e 2013 (três

anos) se repete para os anos seguintes, sendo 2014 igual a de 2011, 2015 igual a de 2012,

2016 será igual a de 2013; 2017 será igual a de 2014, 2018 será igual a de 2015, e assim por

diante, onde a cada três anos reinicia-se a sequência de rotação. O tratamento 7 (T7) passou a

ser manejado no SPC, com aração e gradagem do solo, para se ter um tratamento dentro da

rotação para comparação entre os sistemas SPD e SPC da cebola.

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Tabela 2. Tratamentos implantados na rotação de culturas para cultivo de cebola sob manejo conservacionista do solo, de 2011 a 2014,

Ituporanga, SC.

Trat. 2011 2012 2013Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão

T1 Pousio Cebola Milho Pousio Cebola Milho Pousio Cebola Milho

T2 Ervilhaca MilhoCenteio+

NaboCebola Milho

Nabo+Centeio

Feijão

T3 Centeio Cebola Milho Aveia Cebola Milho Centeio Cebola MilhoT4 Cebola Mucuna Cebola Mucuna Cebola MucunaT5 Centeio Cebola Milheto Aveia Cebola Centeio Centeio Cebola MilhetoT6 Centeio Cebola Mucuna Centeio Cebola Mucuna Centeio Cebola MucunaT7 Pousio Cebola Milho Pousio Cebola Milho Pousio Cebola Milho

T8 Pousio CebolaMilheto+Mucuna+Girassol

Pousio CebolaMilheto+Mucuna+Girassol

Pousio CebolaMilheto+Mucuna+Girassol

Espécies vegetais: aveia preta (Avena strigosa), cebola (Allium cepa L.), centeio (Secale cereale L.), crotalária (Crotalaria spectabilis) ervilhaca peluda (Vicia villosa), feijão(Phaseolus vulgaris L.), feijão de porco (Canavalia ensiformis L.), girassol (Helianthus annuus L.), milho (Zea mays L.), milheto (Pennisetum americanum L.), mucuna preta(Stizolobium aterrimum) e nabo forrageiro (Raphanus sativus L.). T1-sucessão cebola milho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD,T3-milho/gramíneas de inverno e cebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual em SPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessão cebola milho, porém a partir de 2011, em sistema de preparo convencional (SPC) e T8-coquetel decoberturas de verão e cebola anual em SPD. Trat=tratamentos.

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Para escolha das espécies (Tabelas 1 e 2) procurou-se usar plantas comerciais

frequentemente usadas na região, com boa adaptação, com facilidade de encontrar sementes no

mercado, de fácil manejo e com boa produção de matéria seca. Procurou-se conciliar a parte

comercial com a parte técnica, através da inserção de tratamentos que possibilitassem a adoção

pelos agricultores ao mesmo tempo em que pudessem elucidar as dúvidas relacionadas a aspectos

químicos na adoção do SPD para a cultura da cebola.

A área de implantação do experimento vem sendo cultivada em sistema de produção

conservacionista desde 1995, quando foi realizada a última correção do solo e elevou-se o pH para

6,0. Desde então, os cultivos manejados no local de instalação do experimento estão sob SPD, sem

intervenções de preparo. A única exceção é o T7, que a partir de 2011, passou a ser manejado na

forma de SPC, para se ter um comparativo com os demais tratamentos em SPD.

As adubações realizadas durante o período experimental ocorreram somente nos períodos de

cultivo de cebola e milho e foram feitas conforme as recomendações para essas culturas

(CQFSRS/SC, 2004). Para a cebola, a adubação foi de 120 kg ha-1 de P2O5, 60 kg ha-1 de K2O, e 75

kg ha-1 de N, do formulado 05-20-10, sendo a aplicação de P e K realizadas nos plantios de cebola e

a de N feita com 15 kg ha-1 no plantio e o restante em cobertura aos 45, 65 e 85 dias após o

transplante das mudas de cebola. Este sistema foi adotado todos os anos apenas nas safras com a

cultura da cebola. Com relação ao fósforo, como os teores estavam muito altos na safra 2010,

utilizou-se somente adubação com 50 kg ha-1 de P e nas safras seguintes 80 kg/ha. Para a cultura do

milho não foi realizada adubação com P e K devido aos valores altos destes nutrientes. Foram

realizadas adubações nitrogenadas em cobertura com 90 kg ha-1 de N (fonte ureia), quando o milho

tinha entre seis e oito folhas. Aplicou-se também após 45 dias do transplante das mudas, 30 kg ha-1

de enxofre (S) na forma de gesso agrícola (CaSO4.2H2O). Esta adubação foi realizada todos os anos

com a cultura da cebola.

Antes do plantio da cebola, as plantas de coberturas são dessecadas e, posteriormente, são

abertos os sulcos de semeadura com uma máquina adaptada para o plantio direto da cebola, sendo

transplantadas manualmente as mudas da cv. ‘Empasc 352’ - Bola Precoce. O espaçamento usado é

de 0,40 m entrelinhas e 0,10 m entre plantas, com sete linhas de cebola por parcela.

2.2 Coletas de solo e análises realizadas

Em agosto de 2014, sete anos após a implantação do experimento, foram coletadas amostras

indeformadas de solo nas profundidades de 0-5 cm, 5-10 cm e 10-20 cm, com quatro repetições por

tratamento. Foi aberta em cada parcela uma mini-trincheira de 40 x 40 x 40 cm nas entrelinhas da

cebola e coletaram-se as amostras indeformadas de solo com uma pá de corte. Em seguida, as

amostras foram acondicionadas em sacos plásticos e encaminhadas ao Laboratório de Manejo e

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Classificação de Solos da Universidade Federal de Santa Catarina. As amostras foram secas ao ar e,

posteriormente, destorroadas manualmente, para avaliar a estabilidade dos agregados e,

posteriormente, realizar a caracterização química dos agregados. A obtenção dos agregados do solo

foi feita seguindo fendas ou pontos de fraqueza e passadas em um conjunto de peneiras de malha

8,00 mm e 4,00 mm, conforme Embrapa (1997).

2.2.1 Análises Físicas

a) Estabilidade dos agregados

Dos agregados retidos na peneira de 4,00 mm, foram pesados 25 gramas e transferidos para

uma peneira de 2,00 mm, que compõe um conjunto de peneiras com diâmetro de malha decrescente,

a saber: 2,00; 1,00; 0,50; 0,25 e 0,105 mm, conforme EMBRAPA (1997). Os agregados

inicialmente colocados na peneira de 2,00 mm foram umedecidos com borrifador de água, e

posteriormente o conjunto de peneiras foi submetido à tamisação vertical via úmida por 15 minutos

no aparelho de Yoder (YODER, 1936). Transcorrido esse tempo, o material retido em cada peneira

foi retirado, separado com jato d'água, colocado em placas de pétri previamente pesadas e

identificadas, e levado à estufa até a obtenção de massa seca constante.

A partir da massa de agregados foram calculados o diâmetro médio ponderado (DMP) de

agregados, segundo EMBRAPA (1997) e com a massa dos agregados foi avaliada a sua distribuição

nas seguintes classes de diâmetro médio, conforme Costa Junior et al. (2012): Ø ≥ 2,0 mm

(macroagregados); e Ø < 0,25 mm (microagregados).

b) Análises químicas

Para a avaliação dos atributos químicos, o restante dos agregados retidos na peneira de 4,00

mm foi destorroado e passado por peneira de 2,00 mm de malha para obtenção da terra fina seca ao

ar (TFSA) dos agregados. Neste material determinaram-se as análises descritas abaixo.

- Fertilidade dos agregados do solo

Determinaram-se o pH em H2O e em SMP, teores trocáveis de Al+3, Ca+2 e Mg+2, além dos

teores disponíveis de K+ e P dos agregados do solo segundo Tedesco et al. (1995).

- Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio Total (NT) e relação C/N dos agregados do solo

Os teores de COT dos agregados do solo foram determinados segundo Yeomans e Bremner

(1988) e os teores de NT dos agregados do solo conforme metodologia descrita em Tedesco et al.

(1995). Após a obtenção do COT e do NT, calculou-se a relação C/N dos agregados.

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- Fracionamento granulométrico da Matéria Orgânica do Solo (MOS) nos agregados

Para o fracionamento granulométrico da MOS seguiu-se a metodologia descrita por

Cambardella & Elliott (1992), na qual foram utilizados 20 g de massa de agregados e 60 mL de

solução de hexametafosfato de sódio (5 g L-1), sendo as amostras agitadas durante 15 horas em

agitador. A seguir, a suspensão foi passada em peneira de 53 µm com auxílio de jato de água. O

material retido na peneira, que consiste no carbono e o nitrogênio orgânico particulado (COp/Np),

foi seco em estufa a 60ºC, quantificado em relação a sua massa, moído em gral de porcelana e

analisado em relação ao teor COT e NT segundo Yeomans e Bremner (1988) e Tedesco et al.

(1995), respectivamente. O material que passar pela peneira de 53 µm, que consiste no carbono e

nitrogênio orgânico associado aos minerais (COam/Nam) foi obtido por diferença entre o COT/NT

e COp/Np.

- Fracionamento quimico da Matéria Orgânica do Solo (MOS) nos agregados

Para a extração e quantificação dos teores de C das frações húmicas foi utilizada a técnica de

solubilidade diferencial em meio alcalino e ácido conforme metodologia preconizada pela

Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas - IHSS (Swift, 1996), com adaptação de Benites et

al.(2003). Neste caso, adicionou-se 1,0 grama de TFSA em tubos falcon de 50 ml juntamente com

20 ml de NaOH 0,1 mol L-1 e fez-se rápida agitação manual. Após 24 horas de repouso,

centrifugaram-se os tubos à 5000g por 20 minutos sob refrigeração (10ºC). Em seguida, o

sobrenadante (FAF+FAH) foi transferido para outro tubo falcon de 50 ml e, no tubo com o material

precipitado, novamente foi adicionado mais 20 ml de NaOH 0,1 mol L-1, que após homogeneização,

permaneceu por uma hora em repouso. Após esse tempo, o material foi novamente centrifugado a

5000g por 20 minutos a 10ºC. Ao final, o sobrenadante novamente foi depositado juntamente com o

primeiro. O precipitado obtido após a segunda centrifugação, que inclui a fração humina,

permaneceu no fundo do tubo e foi seco em estufa com circulação de ar forçada, à temperatura de

50°C por 24 horas. O conteúdo do sobrenadante (± 40 mL) teve seu pH ajustado entre 0.9 e 1.1 com

H2SO4 20%, com o propósito de precipitar a FAH. A suspensão ficou em repouso por 18 horas,

separando-se, então, a FAH da fração solúvel em qualquer valor de pH (FAF) por centrifugação

(2500g por 5 minutos). A fração solúvel foi transferida para outro tubo falcon de 50 ml,

completando-se o volume para 50 mL com água destilada. Ao precipitado (FAH) foi feita a

dissolução manual com 5 mL de NaOH 0,1 mol L-1, e completado o volume para 50 mL com água

destilada. Para a determinação do carbono contido nas SHs (humina, ácido húmico e ácido fúlvico)

utilizou-se o método da dicromatometria, com aquecimento externo, conforme Yeomans e Bremner

(1988).

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- Produtividade da cebola

Em relação à produtividade da cebola, 26 plantas de cada uma das três fileiras centrais de

cada parcela, nas safras de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016 foram avaliadas. Em novembro de cada

ano realiza-se manualmente a colheita da cebola, utilizando-se as três linhas centrais de cada

parcela. Os bulbos permanecem na superfície do solo por 10 dias para a cura (secagem e perda de

água das folhas). Posteriormente, os bulbos são pesados e, posteriormente, quantificada

produtividade, em kg ha-1.

2.3 Análises Estatísticas

Os resultados foram analisados quanto à normalidade e homogeneidade dos dados por meio

dos testes de Lilliefors e Cochran, respectivamente. Posteriormente, foi analisado como

delineamento em blocos casualizados, com oito tratamentos e quatro repetições cada. Os resultados

foram submetidos à análise de variância com aplicação do teste F e os valores médios, quando

significativos, comparados entre si pelo teste Skott-knott a 5%.

3. Resultados e Discussão

3.1 Agregação do solo

Quanto ao DMP dos agregados observaram-se diferenças entre os tratamentos apenas na

profundidade de 5-10 cm. Nesta profundidade, o T7 (SPC) apresentou o menor valor de DMP,

seguido pelo T6 (leguminosas de cobertura e cebola anual), enquanto os demais tratamentos

apresentaram os maiores valores (Tabela 3). Maiores valores de DMP dos agregados estão

relacionados à maior proporção de macroagregados presentes no solo (Calonego & Rosolem, 2008).

Os macroagregados são estruturas complexas e diversificadas (Vezzani & Mielniczuk, 2009),

contudo são menos estáveis e mais sensíveis a perturbações devidas ao manejo intensivo do solo do

que os microagregados, e, portanto, são mais suscetíveis a perda de nutrientes intra-agregados

(Burak et al., 2011).

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Tabela 3. Diâmetro médio ponderado DMP (mm) e distribuição dos macro e microagregados nas

profundidades de 0-5, 5-10 e 10-20 cm em sistema plantio direto e convencional de cebola sob

diferentes plantas de cobertura.Tratamento

s

0 – 5 cm 5 – 10 cm 10 – 20 cm

DMP Macro Micro DMP Macro Micro DMP Macro Micro

T1 4,81a 20,51b 0,24a 4,84a 21,35a 0,06c 4,54a 19,82a 0,11aT2 4,84a 21,60a 0,07b 4,70a 21,74a 0,06c 4,55a 20,40a 0,08aT3 4,87a 21,60a 0,09b 4,77a 21,14a 0,07c 4,33a 18,46a 0,16aT4 4,76a 20,78b 0,22a 4,71a 20,53a 0,15c 4,19a 18,20a 0,23aT5 4,73a 21,47a 0,17a 4,83a 21,29a 0,06c 4,48a 19,49a 0,18aT6 4,75a 21,17a 0,10b 4,51b 20,25a 0,27b 4,07a 17,30a 0,32aT7 4,63a 19,74b 0,26a 4,18c 17,09b 0,47a 4,28a 18,48a 0,19aT8 4,86a 21,62a 0,08b 4,83a 21,48a 0,05c 4,36a 18,43a 0,19a

CV(%) 3,27 3,16 3,17 4,53 4,25 43,19 7,82 8,96 46,35Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%. T1-sucessão cebolamilho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD, T3-milho/gramíneas de inverno ecebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual emSPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessão cebola milho, porém a partir de2011, em SPC e T8-coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD.

Resultados semelhantes foram relatados por Loss et al. (2015), ao avaliarem os teores de

COT e os índices de agregação do solo sob cultivo de cebola em SPD agroecológico e SPC do solo,

em Ituporanga, SC. Os autores encontraram menores valores de COT (0-5 cm) e DMP (0-5 cm, 5-

10 cm e 10-20 cm) dos agregados no tratamento em SPC. D’Andréa et al. (2002), Calonego &

Rosolem (2008), Sousa Neto et al. (2008), Loss et al. (2009; 2014) também observaram menores

valores de COT e DMP dos agregados do solo em tratamentos em SPC quando comparado à

sistemas de manejo conservacionista do solo, tais como o SPD e áreas de vegetação natural, como

pastagens e florestas nativas.

O menor valor de DMP na profundidade de 5-10 cm no T6 (leguminosas de cobertura e

cebola anual), assim como os maiores valores de microagregados (5-10 cm; Tabela 3), quando

comparado com tratamentos T1, T2, T3, T4, T5 e T8, podem ser explicados pelo uso de

leguminosas para cobertura do solo em relação aos demais tratamentos com plantas de cobertura

com gramíneas, solteiras ou consorciadas ou em rotação com plantas de cobertura. No T6 destaca-

se a presença da mucuna preta que é uma leguminosa com grande capacidade de fixação de

nitrogênio e de ciclagem de outros nutrientes (Lima Filho et al., 2014) favorecendo a atividade da

microbiota do solo e, por consequência, a decomposição da MOS, acarretando na menor proporção

de macroagregados estáveis em água, com menor valor de DMP neste tratamento. Estes fatos são

constatados pelos baixos valores de COT, relação C/N e alto valor de N encontrados no T6 na

profundidade de 5-10 cm do solo (Tabela 4). Nos tratamentos T1, T2, T3, T4, T5 e T8, o uso de

espécies de plantas de cobertura com gramíneas, que apresentam sistema radicular fasciculado e

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renovado constantemente, são mais eficientes em aumentar e manter a estabilidade de agregados em

comparação às leguminosas. Estas, por sua vez, têm sistema radicular pivotante e incrementam o

conteúdo de nitrogênio do solo (Nascimento et al., 2005; Coutinho et al., 2010; Comin et al., 2015).

A ausência de diferenças entre os tratamentos para o DMP dos agregados nas profundidades

de 0-5 cm e 10-20 cm pode ser explicada pelos diferentes arranjos de rotações, sucessões e/ou

consórcios com diferentes espécies vegetais, com predomínio de gramíneas e leguminosas (Tabela

3), os quais conferiram valores de DMP altos e semelhantes para a estabilidade dos agregados, uma

vez, que segundo o método utilizado para o DMP (Embrapa, 1997), o valor máximo encontrado é

de 5,00 mm. Segundo Vezzani e Mielniczuk (2009), os sistemas agrícolas que favorecem a

agregação do solo são aqueles que cultivam diferentes espécies vegetais sem o revolvimento do

solo. Sousa Neto et al. (2008) e Loss et al. (2015) ao avaliarem os efeitos de diferentes plantas de

cobertura (crotalária - Crotalaria juncea, milheto - Pennisetum americanum sin. tiphoydes, lab-lab -

Dolichus lablab, aveia - Avena strigosa Schreb., centeio - Secale cereale L., nabo-forrageiro -

Raphanus sativus L., cevada - Hordeum vulgare L.) sobre a estabilidade dos agregados, destacaram

a influência positiva destas espécies na estabilidade dos agregados em relação ao SPC, fato que

também foi observado no presente experimento na profundidade de 5-10 cm do solo.

Em relação à distribuição da massa dos agregados estáveis em água, os tratamentos 1, 4 e 7,

a 0-5 cm, e apenas o T7, a 5-10 cm, apresentaram os menores valores de macroagregados. Esses

resultados indicam que devido o T1 ser sucessão de milho-cebola e não usar plantas de cobertura,

tem-se menores aportes de biomassa no solo e menor exploração do solo via diferentes sistemas

radiculares, o que pode refletir em menores quantidades de matéria orgânica quando comparado

com os demais tratamentos. Dessa forma, no T1, principalmente no inverno, com o pousio, o solo

fica mais exposto às gotas de chuva, e com isso, os agregados podem ser rompidos mais facilmente

frente às condições ambientais. Quanto ao T 4 (milho-mucuna e cebola bienal), o uso da mucuna,

ainda que em se tratando de uma leguminosa que produz grande quantidade de matéria seca, não foi

eficiente para a formação e estabilidade de macroagregados na camada de 0-5 cm. Este fato pode

ser decorrente de sua baixa relação C/N (Sodré Filho et al., 2004), que implica em uma

decomposição dos resíduos vegetais mais acelerada, deixando o solo descoberto mais rapidamente,

expondo-o a fatores erosivos. Na camada de 5-10 cm, o menor valor para massa de macroagregados

foi encontrado no T7, devido ao uso do SPC, que, embora há apenas três anos, observa-se a menor

estabilidade de agregados ≥ 2,0 mm. Em contrapartida, os demais tratamentos não apresentaram

diferenças entre si, devido ao revolvimento mínimo do solo, evidenciando a capacidade do sistema

de manter e/ou aumentar a agregação do solo, principalmente nas camadas mais superficiais.

Os maiores valores de macroagregados na camada mais superficial (0-5 cm), sobretudo nos

tratamentos com plantas de cobertura, estão relacionados ao maior aporte de matéria orgânica nessa

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camada do que nas demais, adicionada principalmente pelas raízes das culturas, o que cria

condições mais propicias à formação e posterior estabilização de macroagregados. Os sistemas

agrícolas que favorecem a agregação do solo são aqueles que cultivam plantas intensamente, de

preferência de espécies diferentes, sem o revolvimento do solo (Vezzani e Mielniczuk, 2009). Os

maiores valores de massa de microagregados na camada de 0-5 cm foram encontrados nos

tratamentos 1, 4, 5 e 7. Na camada de 5-10 cm, os T7 e T6 apresentaram os maiores valores de

massa de microagregados, respectivamente, evidenciando que o SCM com leguminosas de

cobertura-cebola anual (T6) se assemelha ao SPC nessa profundidade para o atributo avaliado. A

estabilidade dos agregados do solo tende a aumentar mais em solos sob gramíneas do que em solos

sob leguminosas (Coutinho et al., 2010). Na camada de 10-20 cm não foram verificadas diferenças

entre os tratamentos para nenhum dos atributos avaliados, indicando que o efeito do sistema de

manejo empregado, assim como as espécies utilizadas e o arranjo temporal destas, se expressa mais

nas camadas superficiais

3.2 Carbono orgânico e nitrogênio totais nos agregados do solo

O maior e menor teor de COT na profundidade de 0-5 cm foram observados nos tratamentos

5 e 7, respectivamente. Para os teores de NT, o tratamento 6 apresentou o maior teor, seguido pelos

tratamentos 2, 3 e 5, sendo o menor teor de NT também verificado no tratamento 7. Para a relação

C/N, os maiores valores foram observados nos tratamentos 7 e 8, já os menores valores foram

verificados nos tratamentos dois e seis (Tabela 4).

Tabela 4. Valores médios de carbono orgânico total (COT, g kg-1), nitrogênio total (NT, g kg-1) e

relação C/N em agregados do solo em sistema plantio direto e convencional de cebola sob

diferentes plantas de cobertura.

Trat. COT NT C/N COT NT C/N COT NT C/N

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0-5 cm 5-10 cm 10-20 cmT1 55,89b 2,47c 22,71b 53,09c 1,77a 29,98a 50,30a 1,62a 31,09aT2 57,13b 2,77b 20,62c 53,57b 1,92a 27,88b 49,95a 1,50b 33,35aT3 56,44b 2,62b 21,58b 53,85b 1,87a 28,79b 51,30a 1,47b 34,92aT4 57,05b 2,55c 22,47b 56,19a 1,85a 30,40a 50,04a 1,37b 36,62aT5 59,55a 2,70b 22,09b 54,03b 1,95a 27,74b 50,91a 1,53a 33,46aT6 57,41b 3,07a 18,81c 51,54c 1,87a 27,52b 51,61a 1,60a 32,34aT7 53,17c 2,05d 25,98a 52,63c 1,92a 27,38b 50,87a 1,47b 34,51aT8 56,90b 2,40c 23,88a 51,62c 1,82a 28,34b 51,09a 1,40b 36,62aCV% 1,86 7,87 7,54 1,95 4,68 4,98 2,66 6,36 7,00

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%. T1-sucessão cebolamilho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD, T3-milho/gramíneas de inverno ecebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual emSPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessão cebola milho, porém a partir de2011, em SPC e T8-coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD. Trat=tratamentos.

Na profundidade de 5-10 cm, em relação ao COT, o tratamento 4 apresentou o maior valor,

seguido pelos tratamentos 2, 3 e 5 e nos tratamentos 1, 6, 7 e 8, verificaram-se os menores valores.

Para o NT não foram verificadas diferenças significativas entre os tratamentos. Já para a relação

C/N, os tratamentos 1 e 4 diferiram dos demais, apresentando os maiores valores. Na profundidade

de 10-20 cm, não foram verificadas diferenças para o COT e a relação C/N. Para o NT, os

tratamentos 1, 5 e 6 apresentaram os maiores valores em comparação aos demais (Tabela 4).

O maior valor de COT observado no tratamento 5 (gramíneas de cobertura e cebola anual),

na profundidade de 0-5 cm, pode ser explicado pela presença das gramíneas, milheto e centeio, que

se destacam por produzirem grandes quantidades de fitomassa, pela alta eficiência na ciclagem de

nutrientes e por terem sistemas radiculares fasciculados, densos e de rápido estabelecimento com

grande exploração do perfil do solo (Suzuki & Alves, 2006; Calegari, 2008; Torres et al., 2008;

Lima Filho et al., 2014). O maior valor de COT no tratamento 4 (milho-mucuna e cebola bienal), na

profundidade de 5-10 cm, pode ser explicado pela presença da mucuna, que é uma leguminosa

caracterizada pela alta taxa de fixação de N atmosférico (120 a 157 kg ha -1 ano-1 de N), pela alta

ciclagem de nutrientes e produção de matéria seca (Lima Filho et al., 2014; Loss et al., 2015).

Os menores valores de COT e NT na profundidade de 0-5 cm no tratamento 7 estão

associados ao SPC do solo, no qual se tem o rompimento dos agregados do solo e, também, a

fragmentação dos resíduos vegetais deixados na superfície do solo. Dessa forma, o COT e NT que

estavam protegidos no interior dos agregados são expostos ao ataque dos microrganismos,

acelerando a sua decomposição, com posterior decréscimo dos seus teores (Loss et al., 2014).

Resultados semelhantes foram encontrados por Silva et al. (2014) que, ao avaliarem num

Cambissolo Húmico os efeitos de diferentes sistemas de cultivo de cebola (sistema de cultivo

mínimo com diferentes plantas de cobertura em rotação ou sucessão de culturas e um SPC) sobre os

teores de COT e NT na profundidade de 0-10 cm, concluíram que os valores de COT e NT do SPC

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foram inferiores aos outros sistemas. Lovato et al. (2004) e Loss et al. (2014; 2015) também

relataram que o SPC reduziu os teores de COT do solo em relação ao SPD.

Nos demais tratamentos em SPD têm-se a manutenção constante dos resíduos vegetais na

superfície do solo, o que favorece a manutenção e o incremento dos teores de COT e,

consequentemente, interferem positivamente nos níveis de NT (Silva et al., 2014; Loss et al., 2009).

Os maiores valores de NT (0-5 cm e 10 -20 cm) e menores de relação C/N (0-5 cm e 5-10 cm) no

T6, rotação centeio-cebola-mucuna, são decorrentes do uso da mucuna, que por ser uma

leguminosa, realiza a fixação biológica do nitrogênio (FBN) e, por consequência, seus resíduos

vegetais apresentam altos teores de nitrogênio, acarretando em menor relação C/N.

A ausência de diferença nos teores de COT (10-20 cm) e NT (5-10 cm) entre os tratamentos

em SPD e SPC deve-se ao revolvimento do solo no SPC que faz uma inversão das camadas do solo,

incorporando assim os resíduos vegetais presentes na camada superficial, que apresenta maiores

teores de MOS, para as camadas mais profundas do solo (Loss et al., 2015). Com isso, se alteram os

teores de NT e COT no perfil do solo, que se assemelham aos encontrados nos tratamentos em SPD.

Na camada de 10-20 cm, além do T6, os maiores valores de NT do T1 e T5 podem ser devidos a

maior exploração do solo via sistema radicular fasciculado das gramíneas (milho e milheto),

incrementando os teores de NT no solo via rizodeposição.

3.3 Atributos químicos nos agregados do solo

Em relação ao pH e H+Al não foram observadas diferenças entre os tratamentos em todas as

profundidades avaliadas (0-5 cm, 5-10 cm e 10-20 cm). Em geral, todos os tratamentos, com

destaque para a profundidade de 0-5 cm, apresentaram pH muito ácido (abaixo de 5,5), com

exceção do tratamento 7 na profundidade de 10-20 cm que apresentou pH 5,65. Os tratamentos T1,

T2 e T7 apresentaram os menores valores de Al nas três profundidades, além do T4 para 5-10 cm,

em comparação aos demais tratamentos (Tabela 5).

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Sistemas que não revolvem o solo, tais como o SPD, tendem a acumular material orgânico

na superfície do solo, que ao ser decomposto pelos microrganismos, podem acidificar o solo

(Meurer, 2012), o que pode explicar os baixos valores de pH, assim como os altos valores de H+Al,

principalmente na camada superficial, observados nos tratamentos do presente experimento.

Segundo Lima Filho et al. (2014), em geral, a adição de material orgânico vegetal ao solo diminui a

acidez através da adsorção de íons H+ e Al3+, no entanto, a MOS tem caráter anfótero, ou seja,

favorece a acidificação em solos ácidos e a alcalinização em solos alcalinos, portanto, não há um

consenso em relação ao efeito dos resíduos vegetais sobre o pH do solo. CIOTTA et al. (2002), ao

Tabela 5. Valores médios de pH, H+Al, Al, Ca, Mg, em cmolc kg-1, K e P, em mg kg-1, emagregados do solo em sistema plantio direto e convencional de cebola sob diferentes plantas decobertura.

Trat.pH H+Al Al Ca K Mg P

0-5 cmT1 4,80a 9,51a 0,39b 4,74b 246,22b 2,89a 145,78aT2 4,99a 8,04a 0,17b 13,61a 188,67b 3,37a 131,71aT3 4,86a 9,20a 0,52a 9,67a 368,37a 2,45a 124,50bT4 4,84a 9,11a 0,47a 10,78a 189,73b 2,89a 134,95aT5 4,91a 8,96a 0,66a 8,11a 177,60b 3,09a 149,74aT6 4,84a 9,90a 0,53a 3,93b 290,44a 2,54a 159,71aT7 5,33a 7,53a 0,24b 8,56a 313,95a 2,71a 104,06bT8 4,79a 9,00a 0,81a 11,53a 287,04a 2,72a 102,93bCV% 5,48 17,30 44,66 30,01 21,98 14,14 12,75

5-10 cmT1 5,34a 7,16a 0,24b 7,44b 83,11b 2,41c 102,90aT2 5,30a 6,50a 0,20b 10,84a 183,12a 3,05b 115,89aT3 5,16a 6,88a 0,49a 7,36b 95,38b 2,08c 95,81aT4 5,19a 7,91a 0,39b 10,27a 115,20b 2,54c 60,96bT5 5,03a 9,18a 0,87a 9,21a 97,30b 2,56c 115,10aT6 4,97a 7,85a 0,56a 8,42b 142,85a 2,27c 101,28aT7 5,19a 6,06a 0,16b 12,21a 154,83a 3,69a 105,04aT8 4,97a 7,80a 0,64a 5,98b 148,91a 2,02c 92,77aCV% 5,48 22,80 56,44 25,51 30,02 12,13 18,30

10-20 cmT1 5,38a 7,21a 0,31b 7,15b 59,89b 2,58a 34,71bT2 5,45a 7,54a 0,16b 4,93c 103,96a 2,70a 49,46aT3 5,22a 8,39a 0,68a 8,59b 117,41a 2,08b 41,80aT4 5,27a 6,61a 0,49a 10,90a 47,32b 2,70a 17,96bT5 5,24a 7,76a 0,67a 1,80c 35,34b 2,44a 63,84aT6 5,14a 8,83a 0,49a 9,83a 94,49a 2,18b 56,00aT7 5,65a 5,33a 0,19b 10,86a 125,84a 2,99a 51,49aT8 5,17a 7,50a 0,91a 3,26c 128,95a 2,01b 30,46bCV% 4,93 19,47 49,04 24,87 27,06 17,01 28,61Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5 %. T1-sucessão cebolamilho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD, T3-milho/gramíneas deinverno e cebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneas verão/inverno ecebola anual em SPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessão cebola milho,porém a partir de 2011, em SPC e T8-coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD. Trat=tratamentos.

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avaliarem o efeito de um plantio direto (PD) em comparação ao preparo convencional (PC) nas

características químicas de um Latossolo, concluíram que no PD ocorreu acidificação do solo na

camada superficial em relação ao PC. De acordo com estes autores o baixo pH no PD deve-se à

aplicação de fertilizantes de reação ácida e ao longo período de cultivo sem calagem, fatos que

também podem explicar os resultados observados no presente experimento.

Para o Ca, os tratamentos T1 e T6 (0-5 cm); T1, T6, T3 e T8 (5-10 cm) e T1, T2, T3, T5 e

T8 (10-20 cm) apresentaram os menores valores em comparação aos demais tratamentos nas

profundidades citadas. Para o K, os tratamentos T1, T2, T4 e T5 (0-5 cm), T1, T3, T4 e T5 (5-10

cm) e T1, T4 e T5 (10-20 cm) apresentaram os menores valores em relação aos demais. Para o Mg,

os tratamentos T1, T3, T4, T5, T6 e T8 (5-10 cm) e T3, T6 e T8 (10-20 cm) apresentaram os

menores valores em relação aos demais. Para o P, os tratamentos T3, T7 e T8 (0-5 cm), T4 (5-10

cm) e T1, T4 e T8 (10-20 cm) apresentaram os menores valores em relação aos demais (Tabela 5).

O tratamento T1 (sucessão milho-cebola) teve em todas as profundidades os menores teores

de Ca e K, e para o Mg, em 5-10 cm, e para o P, em 10-20 cm. Não se observou um padrão

semelhante ao T1. Assim, pode-se inferir que a sucessão milho-cebola é menos eficiente em

aumentar os elementos Ca, Mg, K e P em comparação aos demais tratamentos. Os menores teores

dos nutrientes Ca, Mg, K e P no T1 são corroborados também pelos menores valores de NT (0-5

cm) e COT (5-10 cm) neste tratamento em comparação aos tratamentos T2, T3, T5 e T6 para NT e

T2, T3, T4 e T5 para o COT (Tabela 2). Estes resultados explicam as baixas produtividades dos

bulbos de cebola no T1 nos anos de 2008, 2009, 2011 e na média dos oito anos de experimento

(Tabela 3) em relação aos demais tratamentos. Essas diferenças são decorrentes da menor

diversidade vegetal que se tem no T1 (sucessão milho-cebola) em comparação aos demais

tratamentos (T2 a T8) com rotação e consorciação de culturas de coberturas. No T7, as práticas do

SPC incorporam os resíduos vegetais da rotação de coberturas, o que ocasiona os valores similares

encontrados entre os demais tratamentos. Porém, para o P, na profundidade de 0-5 cm, os

tratamentos T1, T2, T4, T5 e T6 são mais eficientes em aumentar os seus teores em comparação ao

T7, o que provavelmente está associado ao P orgânico liberado mais gradativamente dos resíduos

vegetais dos tratamentos em comparação ao T7, no qual os resíduos vegetais são fragmentados

pelas práticas de escarificação e rotativa. Além disso, o T7 apresentou menor produtividade dos

bulbos de cebola em 2014 e segunda menor média de produtividade nos oito anos de experimento

(Tabela 5) se comparado aos demais tratamentos.

De acordo com o manual de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina (CQFSRS/SC, 2004), os teores de Mg, em todos os tratamentos e profundidades,

estão altos (maiores que 1,0 cmolc/dm3). Para o P, em todos os tratamentos, os teores variaram de

alto (entre 12,0 e 24 mg/dm3) a muito alto (maiores que 24,0 mg/dm3) nas três profundidades. Em

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relação ao Ca, na profundidade de 0-5 cm, apenas o tratamento seis foi considerado médio (entre

2,1 e 4,0 cmolc/dm3), sendo nos demais encontrados altos valores (maiores que 4,0 cmolc/dm3), na

profundidade de 5-10 cm, todos os tratamentos obtiveram teores altos e para 10-20 cm, o tratamento

cinco obteve valor baixo (menor ou igual a 2,0 cmolc/dm3), o tratamento oito apresentou valor

médio e os demais tratamentos valores altos. Para o K, na profundidade de 0-5 cm, todos os

tratamentos apresentaram teores muito altos (maiores que 120,0 cmolc/dm3), em 5-10 cm, os teores

variaram de alto (entre 60,0 e 120,0 cmolc/dm3) a muito alto, para 10-20 cm, o tratamento cinco

apresentou valor baixo (entre 20,0 e 40,0 cmolc/dm3), e os tratamentos quatro e um, valores médios

(entre 40,0 e 60,0 cmolc/dm3), os tratamentos seis, dois e três apresentaram valores altos e os

tratamentos sete e oito, valores muito altos.

Os altos teores de P, K (com exceção do T5, T4 e T1 na profundidade de 10-20 cm) e Ca

(com exceção do T6 em 0-5 cm, T5 e T8 em 10-20 cm) e a ausência de diferenças destes nutrientes

nesses tratamentos, nas três profundidades, além das sequências de culturas e plantas de coberturas,

também podem ser explicados pelas adubações de P (P2O5), K (K2O) e de gesso agrícola

(CaSO4.2H2O) realizadas para a cebola. O gesso agrícola é utilizado como adubo fonte de enxofre

(S) para a cebola e além de apresentar S em sua composição, tem também o Ca (cerca de 16%)

(CQFSRS/SC, 2004).

Muetanene (2015), avaliando os atributos químicos em amostras deformadas de solo neste

mesmo experimento e nas mesmas profundidades, encontrou teores de Ca variando de 5,0 a 6,9

cmolc kg-1; Mg, de 1,9 a 2,7 cmolc kg-1; K, de 121 a 222 mg kg-1; P, de 24,4 a 90 mg kg-1; N, de 0,58

a 1,2 g kg-1 e COT, de 2,6 a 35,9 g kg-1. Estes resultados são inferiores aos encontrados nos

agregados do solo do presente trabalho. Percebe-se portanto, a importância dos agregados do solo

como estruturas de proteção física dos nutrientes e MOS, assim como são potencias indicadores de

reservas de nutrientes em relação ao solo (desagregado).

3.4 Carbono e nitrogênio particulado e associado aos minerais nos agregados do solo

Para as frações COp e COam, verificaram-se diferenças apenas para o COp na profundidade

d e0-5 cm, sendo o menor valor verificado no T7 (SPC) (Tabela 6).

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Tabela 6. Valores médios de carbono orgânico particulado (COp, g kg-1) e carbono orgânico

associado aos minerais (COam, g kg-1) em agregados do solo em em sistema plantio direto e

convencional de cebola sob diferentes plantas de cobertura.

Trat.COp COam COp COam COp COam

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm

T1 31,87a 24,35a 27,32a 26,15a 27,79a 22,51aT2 33,19a 23,94a 29,83a 23,74a 26,97a 22,98aT3 32,71a 23,72a 29,08a 25,32a 30,11a 21,19aT4 33,70a 23,07a 26,56a 28,61a 26,14a 23,94aT5 33,71a 24,86a 28,53a 26,38a 27,94a 22,97aT6 31,82a 25,83a 27,25a 24,22a 31,37a 20,23aT7 28,11b 26,02a 27,80a 25,32a 28,55a 22,31aT8 32,73a 23,72a 26,37a 25,50a 26,09a 25,26aCV% 6,56 9,37 7,60 14,03 8,46 12,04Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%. T1-sucessão cebolamilho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD, T3-milho/gramíneas de inverno ecebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual emSPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessão cebola milho, porém a partir de2011, em SPC e T8-coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD. Trat=tratamentos.

Os menores valores de COp no T7 corroboram os menores valores de DMP (5-10 cm)

verificados neste tratamento (SPC, Tabela 3) e menores de COT (0-5 cm, Tabela 4) em comparação

aos demais tratamentos cm, pois devido ao manejo adotado no T7, caracterizado pela utilização de

escarificação e enxada rotativa, tem-se a ruptura e posterior fragmentação dos agregados. Dessa

forma, diminui-se a proporção de macroagregados e aumenta-se a de microagregados, além de

expor a MOS que estava protegida no interior dos agregados à atividade microbiana e acelerando a

sua decomposição (Meurer, 2012). Isto acarreta na diminuição do COp, o que confirma que o

manejo no SPC do solo desfavorece a agregação do solo e aumenta a taxa de decomposição da

MOS.

Para os valores de Np e Nam, apenas para o Np foram verificadas diferenças entre os

tratamentos. Os tratamentos T7 e T8 apresentaram os menores valores de Np na profundidade de 0-

5 cm. Na profundidade de 5-10 cm, apenas o T7 diferiu, apresentando os maiores valores e par a10-

20 cm, T6, T7 e T8 apresentaram os maiores valores de Np (Tabela 7).

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Tabela 7. Valores médios de nitrogênio particulado (Np, g kg-1) e nitrogênio associado aos minerais

(Nam, g kg-1) em agregados do solo em sistema plantio direto e convencional de cebola sob

diferentes plantas de cobertura.

Trat.Np Nam Np Nam Np Nam

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm

T1 0,29a 2,18a 0,07b 1,70a 0,07b 1,43aT2 0,33a 2,44a 0,07b 1,83a 0,06b 1,39aT3 0,26a 2,36a 0,09b 1,78a 0,07b 1,40aT4 0,31a 2,23a 0,08b 1,76a 0,05b 1,40aT5 0,26a 2,43a 0,06b 1,88a 0,07b 1,45aT6 0,42a 2,65a 0,09b 1,78a 0,13a 1,44aT7 0,09b 1,95a 0,17a 1,78a 0,11a 1,38aT8 0,10b 2,29a 0,09b 1,73a 0,10a 1,32aCV% 29,97 9,53 35,79 6,49 29,00 11,09Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%. T1-sucessão cebolamilho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD, T3-milho/gramíneas de inverno ecebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual emSPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessão cebola milho, porém a partir de2011, em SPC e T8-coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD. Trat=tratamentos.

O menor valor de Np no T7 (SPC) para 0-5 cm é devido ao revolvimento do solo, assim

interferindo negativamente na manutenção dessa fração. Com a ruptura dos agregados do solo, a

MOS fica mais facilmente exposta ao ataque dos microrganismos, o que favorece a aceleração de

sua mineralização, resultando no rápido declínio do Np no solo sob SPC em comparação aos

tratamentos em SPD. Segundo Bayer et al. (2000), o N é um componente chave da MOS, sendo

assim, alterações que ocorrem nesta, afetam diretamente a dinâmica do N no solo.

Ainda, devido a fração particulada (COp e Np) possuir alta labilidade (Bayer et al., 2002), o

N, assim como o C, também sofrem alterações quando esta fração é afetada pelos sistemas de

manejo. Em termos gerais, o SPD tem menores impactos nos teores de COp e Np devido à proteção

física destas frações nos agregados. No SPD tem-se maior proteção do solo devido a cobertura

oferecida pelas plantas, assim permitindo maior proteção da MOS contra processos erosivos

(Hernani et al., 1999), além de favorecer o aumento na capacidade de troca catiônica (Bayer &

Mielniczuk, 1999), o que acarreta na retenção de NH4+, e por consequência, ocorre maior acúmulo

de N neste sistema em relação ao SPC.

Para a profundidade de 5-10 e 10-20 cm, os maiores valores de Np no SPC podem ser

devidos ao efeito do revolvimento do solo, no qual se faz a fragmentação e homogeneização dos

resíduos vegetais do milho da superfície para as profundidades subsequentes. Na ultima

profundidade, os maiores valores de Np T6 e T8 podem ser decorrentes da presença de

leguminosas, como a mucuna.

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3.5 Carbono das substancias húmicas (SHs)

Os menores valores de C-HUM foram observados no SPC (T7) nas profundidades de 0-5 e

5-10 cm. Entre os demais tratamentos não foram verificadas diferenças para o C-HUM. Na

profundidade de 10-20 cm também não foram verificadas diferenças entre os tratamentos (Tabela

8).

Tabela 8. Valores médios de carbono das substâncias humicas (g kg-1), humina (C-HUM), acido

húmicos (C-FAH) e acido fulvico (C-FAF), em agregados do solo em sistemas de uso do solo com

cultivo de cebola em Ituporanga, SC.

Trat.0-5 5-10 10-20 0-5 5-10 10-20 0-5 5-10 10-20

C-HUM C-FAH C-FAF

T1 19,36a 17,74a 14,67a 8,62b 6,20b 4,16b 7,50a 8,70a 8,79a

T2 21,78a 19,00a 12,41a 9,46a 6,06b 3,55c 9,44a 7,80a 7,47a

T3 20,65a 20,00a 16,66a 7,25b 8,72a 5,21b 11,20a 7,22a 8,04a

T4 20,22a 21,48a 15,08a 11,07a 8,3a 6,24b 11,19a 9,17a 8,80a

T5 19,62a 17,89a 12,46a 10,12a 9,79a 4,41b 10,24a 9,15a 8,57a

T6 21,31a 19,34a 17,42a 7,39b 6,31b 3,69c 10,40a 8,84a 7,93a

T7 16,92b 14,81b 15,86a 6,35b 6,20b 1,20d 8,73a 7,86a 8,24a

T8 22,91a 17,05a 13,03a 11,11a 9,46a 8,15a 8,76a 7,31a 8,41a

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%. T1-sucessão cebolamilho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD, T3-milho/gramíneas de inverno ecebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneas verão/inverno e cebola anual emSPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessão cebola milho, porém a partir de2011, em SPC e T8-coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD. Trat=tratamentos.

Para o C-FAH, os tratamentos T2, T4, T5 e T8 (0-5 cm), T3, T4, T5 e T8 (5-10 cm) e apenas

T8 apresentaram os maiores teores. Destaca-se o t7 (SPC, que na profundidade de 10-20 cm

apresentou o menor teor de C-FAH entre todos os tratamentos avaliados. Para o C-FAF não foram

encontradas diferenças entre os tratamentos em nenhuma das profundidades avaliadas (Tabela 8).

Dentre as SHs estudadas, em geral, observou-se o predomínio de C-HUM em todos os

tratamentos e profundidades avaliadas. Este padrão é explicado por essa fração ser considerada a de

maior reserva de carbono nos solos e de maior interação com a fração mineral (Stevenson, 1994;

Fontana et al., 2006; Dick et al., 2009), corroborando com outros trabalhos que também observaram

maiores teores de C-HUM nos agregados em diferentes sistemas de cultivo e manejo (Passos et al.,

2007; Fontana et al., 2010; Borges et al., 2015).

Os menores teores de C-HUM e C-FAH dos agregados do solo encontrados no SPC (T7) são

decorrentes das práticas de manejo adotadas neste sistema, pois a humina é a fração mais estável da

MOS, composta de matéria orgânica recalcitrante e fortemente estabilizada com a parte mineral

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(Stevenson, 1994; Fontana et al., 2010). O SPC desfavorece a formação e estabilidade dos

agregados do solo, principalmente na profundidade superficial, devido ao excessivo revolvimento

do solo e exposição da matéria orgânica. Mesmo com o aporte dos resíduos do milho no SPC

(Tabela 1), as práticas de aração, gradagem e escarificação por longo tempo no cultivo da cebola

favoreceram as perdas de COT (Tabela 4), causando as menores taxas de humificação da MOS e,

consequentemente, os menores teores de carbono ligados à fração humina ácidos humicos, quando

comparado aos demais sistemas avaliados nas profundidades de 0-10 cm (C-HUM) e 10-20 cm (C-

FAH) (Tabela 8).

No SPC, os teores iguais de C-FAH e C-FAF em comparação aos tratamentos no SPD, mesmo

com a ruptura dos agregados do solo e posterior exposição da MOS ao ataque dos microrganismos,

são devidos à adição anual de massa seca do milho por longo tempo. Esses resíduos vegetais

apresentam lenta decomposição (alta relação C/N), favorecendo o processo de humificação em

comparação ao processo de mineralização. Dessa forma, pode-se favorecer a proteção química das

SHs, decorrente de sua interação com a fração mineral do solo. Estes resultados são semelhantes

aos verificados por Passos et al. (2007), que quantificaram o carbono das SHs em agregados sob

áreas de milho em SPC por mais de 30 anos e uma área de vegetação nativa (Cerrado). Os autores

encontraram maiores valores de C-FAF e C-FAH na área de milho em SPC em detrimento do

Cerrado, atribuindo esse comportamento à adição anual dos resíduos de milho, decorrente a sua alta

relação C/N.

Os maiores teores de C-HUM e C-FAH no SPD em comparação ao SPC são devidos ao

revolvimento restrito do solo no SPD, que favorece a consolidação natural do solo e o acúmulo de

resíduos vegetais na superfície, os quais elevam o teor de matéria orgânica e a atividade biológica.

Neste ambiente, as plantas de cobertura favorecem a produção de substâncias orgânicas cimentantes

e, consequentemente, a formação e estabilização dos agregados protegendo a matéria orgânica em

seu interior. Resultados semelhantes foram encontrados por Santos (2017), avaliando o carbono da

SHs em SPD de cebola com diferentes plantas de coberturas em Ituporanga, SC.

3.6 Produtividade da cebola

Em relação à produção de cebola, verifica-se na Tabela 9 que na média das avaliações anuais

de 2012 a 2016, a área com o SPC (T7) apresentou um rendimento inferior aos demais tratamentos

de 0,30; 0,55; 3,00; 0,38; 3,02; 1,50 e 2,28 Mg ha-1, respectivamente, para os tratamentos T1, T2,

T3, T4, T5, T6 e T8.

Tabela 9. Produtividade (Mg ha-1) de bulbos de cebola sob manejo conservacionista do solo com

diferentes tratamentos envolvendo rotação de culturas, nas safras 2010 a 2016, em Ituporanga, SC.

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Trat.Safra 2012

Safra 2013

Safra2014

Safra2015

Safra 2016

Média

T1 35,8 24,7 32,4 18,4 29,2 28,10

T2 - 26,3 - - 30,4 28,35

T3 39,8 - 30,5 22,1 --- 30,80

T4 39,9 19,7 36,9 19,6 24,8 28,18

T5 42,0 24,9 34,4 22,5 30,3 30,82

T6 41,2 20,1 32,3 23,4 29,5 29,30

T7 37,8 23,6 34,7 16,5 26,4 27,80

T8 44,4 24,3 36,2 20,4 25,1 30,08

T1-sucessão cebola milho em SPD, T2-rotação comercial e cobertura de inverno e cebola bienal em SPD, T3-milho/gramíneas de inverno e cebola bienal em SPD, T4-leguminosa no verão e cebola anual em SPD, T5-gramíneasverão/inverno e cebola anual em SPD, T6-leguminosa verão/gramínea inverno e cebola anual em SPD, T7- sucessãocebola milho, porém a partir de 2011, em SPC e T8-coquetel de coberturas de verão e cebola anual em SPD .Trat=tratamentos.

Entre os tratamentos, verifica-se certa semelhança entre os valores de produtividade dos

tratamentos T1 e T7, pois ambos são sucessão cebola milho, sendo T1 em SPD e T7 em SPC. Os

demais tratamentos envolvem rotações e consórcios de culturas e plantas de coberturas, com

destaque para gramineas e leguminosas. Verifica-se que estes tratamentos acarretaram em melhores

produções, na média das safras, em comparação aos tratametnos com sucessão somente. Destacam-

se os tratamentos T3 e T5, com uso de gramineas no verão e inverno, os quais produziram mais de

3,00 Mg ha-1 de cebola em comparação ao T7 (SPC). Estes resultados indicam que o SPD com o

uso de plantas de cobertura da família das gramíneas para produção de palhada para o cultivo da

cebola é mais eficiente que somente a sucessão milho cebola em SPD. E todos os tratamentos em

SPD são mais eficientes que o SPC, o qual ainda é muito utilizado em SC.

4. Conclusões

O sistema plantio direto (SPD) de cebola em comparação ao sistema de preparo

convencional (SPC) aumenta os teores de COT e NT na camada de 0-5 cm e DMP na camada de 5-

10 cm dos agregados do solo.

O uso de leguminosas (mucuna) como plantas de cobertura e cebola anual (T6) incrementa

os teores de NT (0-5 e 10-20 cm) e diminui a relação C/N do solo (0-5 cm) e o DMP dos agregados

(5-10 cm) em comparação aos demais tratamentos. Porém, o tratamento com espécies vegetais

gramíneas de cobertura (centeio, milheto, aveia) e cebola anual (T5) aumenta os teores de COT (0-5

cm) e NT (10-20 cm).

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Os tratamentos com maior diversidade vegetal, com plantas de coberturas em rotação,

solteiras e/ou consorciadas, favorecem o aumento da produtividade da cebola e da fertilidade dos

agregados do solo, com ênfase para os teores de Ca, Mg, K trocável, P disponível, em comparação

ao tratamento com sucessão de milho-cebola.

O SPC desfavorece a manutenção dos teores de COp, Np e C-HUM na camada superficial

do solo em comparação ao SPD.

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6. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS.

Praticamente não houve grandes dificuldades para a realização do projeto. Apenas tivemos

dois acontecimentos, sendo um entrave no final do ano, que devido a um forte temporal que ocorreu

em Florianópolis no final de novembro e inicio de dezembro, quatro arvores caíram sobre o telhado

do nosso laboratório e ficamos duas semanas sem poder usar o laboratório. Com isso tivemos um

ligeiro atraso na finalização de uma das analises químicas. Porém, tudo foi feito e está no relatório,

conforme consta no projeto original. E uma outra dificuldade que tivemos foi a queima da estufa de

circulação de ar forçado. Porém, a mesma foi consertada rapidamente com recurso do projeto e as

análises foram feitas logo em seguida.

Em relação à produtividade da cebola, devido a muitas chuvas em novembro e dezembro,

houve uma demora para a colheita e cura da cebola. Por isso, o relatório foi enviando agora no final

de janeiro e não no inicio do mês.

7. RELATÓRIO PRÁTICO:

Em Santa Catarina tradicionalmente utiliza-se o sistema de preparo convencional (SPC) do

solo no cultivo da cebola, fato este que culminou com a degradação física desses solos, fazendo

com que se buscasse como alternativa de manejo do solo, o sistema de plantio direto (SPD). No

SPD de cebola que testamos procurou-se usar plantas comerciais frequentemente usadas na região,

com boa adaptação, com facilidade de encontrar sementes no mercado, de fácil manejo e com boa

produção de matéria seca. Procurou-se conciliar a parte comercial com a parte técnica, através da

inserção de tratamentos que possibilitassem a adoção pelos agricultores ao mesmo tempo em que

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pudessem elucidar as dúvidas relacionadas a aspectos químicos na adoção do SPD para a cultura da

cebola. Foram testados tratamentos com sucessão e rotação de culturas, consórcio de espécies

vegetais, adubação verde e plantas de cobertura.

Através desse projeto foi possível mostrar aos agricultores da região que o SPC realmente

desfavorece a qualidade física do solo, ocasionando uma perda da estabilidade dos agregados, assim

como perdas de fertilidade e matéria orgânica. Comportamento contrário ao SPC foi evidenciado

pelo SPD da cebola, pois o uso de plantas de cobertura na rotação e no consórcio com espécies

vegetais melhorou a qualidade física e química do solo, assim como refletiu em aumentos de

produtividade da cebola em comparação ao SPC.

Dentre os tratamentos testados, aqueles com maior diversidade vegetal, com plantas de

coberturas em rotação, solteiras e/ou consorciadas, a exemplo do trataemnto 5 - gramíneas

verão/inverno e cebola anual em SPD - favorecem o aumento da produtividade da cebola e da

fertilidade do solo em comparação aos tratamentos com sucessão de milho-cebola.

8. COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS:

Foi apresentado um resumo na XI Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo, que aconteceu

em Frederico Westphalen, RS, de 31/08 a 02/09/16. O titulo do resumo foi “Fertilidade em

agregados do solo sob sistema plantio direto e convencional da cebola com diferentes plantas de

cobertura, Ituporanga, SC”, sendo no resumo e no pôster colocado o apoio e a logo da Agrisus,

respectivamente. Deste projeto também será finalizado em 2018 uma Dissertação de Mestrado, na

qual também constará o apoio da Agrisus. Também será ainda publicado mais um resumo esse ano,

no congresso voltado para a área de Ciência do Solo, no qual será colocado o apoio e a logo da

Fundação Agrisus, como menção do PA 1522-15. E serão gerados dois artigos para publicação em

revistas de circulação nacional e internacional, nas quais constará o apoio da Agrisus via PA 1522-

15.

Do valor total aprovado neste projeto (PA 1522-15), houve um saldo de 3.238,48, conforme

item 9 abaixo. Isto ocorreu porque eu também tinha outro projeto aprovado pelo CNPq, no qual o

experimento também era com cebola em Ituporanga, porém com o enfoque do plantio direto

agroecológico. Então, quando a equipe ia para campo fazer a manutenção do experimento, coletas

de solo, plantio e colheitas, aproveita-se para realizar essas mesmas etapas em ambos os

experimento, pois ambos são na Epagri de Ituporanga. Com isso conseguiu-se economizar em

aluguel de carros, despesas com manutenção de equipamentos e para alguns reagentes.

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9. DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS

Nota Fiscal

Firma/Empresa ValorData do

pagamento/Reembolso

Tipo de Despesas Valor Total

19546 Metaquimica 96,00 16/11/2015 Material de consumo20512 Metaquimica 96,00 04/02/2016 Material de consumo257605 White Martins 551,50 04/02/2016 Material de consumo------ Combustivel 128,54 29/03/16 Despesas de transporte0497 A.J.Hornett 200,00 29/03/16 Despesas de manutenção4470 A.J.Hornett 136,00 29/03/16 Material de consumo257605 White Martins 551,50 25/04/2016 Material de consumo21800 Metaquimica 111,40 26/04/2016 Material de consumo22044 Metaquimica 83,36 03/05/16 Material de consumo

------- Combustivel 122,05 23/06/16 Despesas de transporte013 Everson Isaque Nascimento dDlferth 700,00 13/07/16 Desepsas de manutenção

Inscrição na XI Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo 300,00 20/07/16 Outros

11208 Rogerio Luiz Eitelvein 82,50 01/08/16 Material de consumo

3735 Alimentação 83,00 03/08/16 Despesas de alimentação

119071 Alimentação 49,25 03/08/16 Despesas de alimentação

------ Alimentação 54,70 03/08/16 Despesas de alimentação

----- Combustivel 137,27 03/08/16 Despesas de transporte

----- Combustivel 159,43 03/08/16 Despesas de transporte

14281 Milium 129,70 03/08/16 Material de consumo

24295 Metaquimica 253,08 01/09/16 Material de consumo

24296 Metaquimica 153,50 01/09/16 Material de consumo

43096 Alimentação 111,00 13/09/16 Despesas de alimentação

1854 Alimentação 28,00 13/09/16 Despesas de alimentação

607 Alimentação 75,00 13/09/16 Despesas de alimentação

10488 Maria Cristina Correa Garcia (Plotagem) 175,00 13/09/16 Material de consumo

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418 Logic Sevice: Cesar Augusto Giacomozzi 400,00 13/09/16 Despesas de manutenção

9844 Diprolab 46,80 15/09/16 Material de consumo

-------- Mix comercio 99,60 23/09/16 Material de consumo

63082 Solotest 800,00 30/09/16 Material de consumo

------- Combustivel 135,64 03/11/16 Despesas com transporte

3274 DIST 70,95 15/12/16 Material de consumo

------ Combustivel 140,75 19/12/16 Despesas com transporte

Total 6.261,52 6.261,52Bolsa deIniciaçãoCientífica

Aluno da UFSC envolvido Total Valor Valor Total

Renan Tramontin 12 bolsas 400,00 4.800,00 4.800,00

Valor total financiado pela Agrisus (PA 1522/16) 14.300,00Valor total gasto para o desenvolvimento do projeto 11.061,52Valor não gasto 3.238,48

Data: 16 de Janeiro de 2017

Coordenador do PA 1522/15

Arcângelo Loss