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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E ZOOTECNIA Relatório FINAL Educação Ambiental e conservação da biodiversidade no entorno da RPPN Foz do Rio Aguapeí Profa. Dra. Elizete A. Checon de Freitas Lima - coordenação Profa. Dra. Carolina Buso Dornfeld – colaboradora Departamento: Biologia e Zootecnia Bruna Santos Cardozo – bolsista - graduando do Curso de Ciências Biológica Pedro Lacal da Cunha Minin – graduando do Curso de Ciências Biológica Ilha Solteira 2015 1

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E ZOOTECNIA

Relatório FINAL

Educação Ambiental e conservação da biodiversidade no entorno da RPPN Foz do RioAguapeí

Profa. Dra. Elizete A. Checon de Freitas Lima - coordenação

Profa. Dra. Carolina Buso Dornfeld – colaboradora

Departamento: Biologia e Zootecnia

Bruna Santos Cardozo – bolsista - graduando do Curso de Ciências Biológica

Pedro Lacal da Cunha Minin – graduando do Curso de Ciências Biológica

Ilha Solteira

2015

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1 Introdução

O presente projeto representa a continuidade das ações de educação ambiental, voltadas à

conservação da biodiversidade, realizadas nos municípios situados no entorno da RPPN Foz do Rio

Aguapeí.

Em 2012 realizou-se o primeiro projeto PROEX voltado para a conservação da biodiversidade

no entorno da reserva, concentrando suas atividades no Reassentamento Rural Fazenda Buritis,

localizado no Município de Paulicéia, SP (Freitas Lima et al, 2013). No ano de 2013, o projeto

realizou suas atividades na comunidade do Bairro Porto Independência (Castilho, SP) (Silva et al,

2013).

No ano de 2014 as ações educativas do projeto foram concentradas na capacitação de

docentes da educação básica no Município e Castilho (SP) (Matos e Freitas lima, 2014). Por

intermédio da formação dos professores buscou-se atingir os alunos e, consequentemente, um

número significativo da comunidade.

Atingir todas as escolas do entorno da reserva (três municípios), com o formato de vários

encontros formativos (cinco encontros) realizados numa mesma escola, conforme realizado em

Castilho, seria uma tarefa de amplitude maior que a capacidade operacional do projeto. Portanto,

no ano de 2015, o projeto foi organizado por meio da realização de encontros formativos com os

professores (um encontro por escola), e também por meio da produção de material educativo

destinado à atuação docente. Desse modo, uma parcela maior da comunidade escolar (incluindo

escolas situadas no entorno da reserva) seria atingida, podendo atuar como multiplicadora nas

ações de valorização e proteção da RPPN Foz do Rio Aguapeí.

O projeto foi ampliado no ano de 2015 para atingir também o entorno do Parque Estadual

Aguapeí, uma importante unidade de conservação, interligada à RPPN Foz do Rio Aguapeí. Juntos,

Reserva e Parque, formam um conjunto de 23 mil hectares que resguardam amostras dos

ecossistemas que existiam nas desembocaduras dos rios paulistas que desaguavam no Rio Paraná,

com sua exuberante vegetação e fauna, típicas de banhados e varjões. A região apresenta um

conjunto de características que lembram o Pantanal Mato-grossense, com fauna adaptada a

ambientes úmidos como anfíbios, répteis e aves paludícolas e aquáticas, sendo conhecida como

Pantanal Paulista (APOENA, 2011).

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A RPPN Foz do Rio Aguapeí, de propriedade da CESP (Companhia Energética de São Paulo),

foi criada por meio da Resolução SMA nº 117, de 09 de 12 de 2010. Apresenta uma área de 13953

hectares, abrangendo parte da área dos municípios de Castilho, São João do Pau D’ Alho e Paulicéia

(Figura 1).

A

B

Figura 1. Localização da RPPN Foz do Aguapeí (A) e do Parque Estadual do Aguapeí (B).

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O Parque Estadual do Aguapeí foi criado por meio do Decreto Estadual nº 43.269, de 02 de

julho de 1998 com uma área de 9.043,970 hectares e abrangendo os municípios de Castilho, São

João do Pau d’Alho, Nova Independência, Monte Castelo, Guaraçaí e Junqueirópolis (Figura 1) (São

Paulo, 2014).

No oeste paulista, a região da foz do Rio Aguapeí é considerada área prioritária para a

conservação da biodiversidade da Mata Atlântica, porém ainda é insuficientemente conhecida em

termos biológicos (Brasil, 2000). Essa região da Mata Atlântica possui uma variedade de paisagens,

manchas florestais de diversos tamanhos e formas, que assumem fundamental importância para a

perenidade desse domínio (Zaú, 1998). Todavia, seus ambientes naturais foram reduzidos em

decorrência da ocupação e uso de áreas para práticas agrícolas e pastoris, inclusive as baseadas na

drenagem das várzeas e inundação para aproveitamento energético dos rios (Piratelli e Blake,

2006).

2. Objetivos

o Realizar ações educativas no entorno da RPPN Foz do Rio Aguapeí e Parque Estadual

do Aguapeí.o Contribuir com a formação docente continuada, por meio da realização de encontros

e produção de material educativo, destinado aos professores do ensino fundamental

e médio de escolas, situadas nos municípios do entorno da RPPN Foz do Rio Aguapeí

e Parque Estadual do Aguapeí.

3. Procedimentos metodológicos

O projeto compreendeu as etapas de produção de material educativo destinado à formação

docente e realização de encontros formativos nas escolas.

Para a produção do material educativo foi efetuado um levantamento de informações

bibliográficas acerca do conteúdo “áreas naturais protegidas”, bem como sobre a RPPN Foz do Rio

Aguapeí e o Parque Estadual do Aguapeí.

Os materiais educativos incluíram um vídeo e uma cartilha, utilizando a abordagem da

educação ambiental por meio da educomunicação (Souza, 2013). A confecção das cartilhas foi

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efetuada com auxílio do programa PowerPoint. Para a confecção do filme foi utilizado o programa

Windows Movie Maker (Figura 2). O programa é dividido em três áreas principais: os painéis, o

storyboard/linha do tempo e o monitor de visualização.

A terceira etapa envolveu a identificação, contato e visita às escolas, com a realização de

encontros formativos e entrega do material educativo.

Figura 2: Editor de vídeo Windows Movie Maker.

4. Resultados e Discussão

O conteúdo selecionado para integrar a cartilha e o vídeo reúnem aspectos

fundamentais relativos ao tema “áreas naturais protegidas”, abordando em maior detalhe, as

unidades de conservação, Parque Estadual do Aguapeí e RPPN Foz do Rio Aguapeí. O formato de

cartilha (Figura 3) permite a apresentação do conteúdo de modo mais detalhado, apresentando,

inclusive, aspectos da legislação sobre unidades de conservação.

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Figura 3: Aspecto Geral da Cartilha Interativa.

O vídeo (Figura 4), com sua linguagem mais dinâmica, mostrou ser um material

muito adequado para apresentar as informações sobre a biota das unidades de

conservação. Nele foram incluídas imagens e filmagens da fauna presente, com a

descrição, nome popular, nome científico e nível de ameaça, de acordo com o Livro

vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, do Ministério do Meio Ambiente

(BRASIL, 2008); imagens da flora e dos corpos da água presentes. O vídeo pode ser

visualizado no seguinte endereço do YouTube: https://www.youtube.com/watch?

v=yKqbO_DhlgY.

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Figura 4: Produção do vídeo.

Dentre as escolas convidadas, duas escolas manifestaram a intenção de

participar do projeto: a Escola Municipal de Ensino Fundamental Casimira Nascimento

da Silva, localizada no Município de Monte Castelo e a Escola Municipal de Ensino

Fundamental Neuza Berbel Bernava, localizada no Município de São João do Pau

D’Alho.

Em São João do Pau D´Alho (SP), participaram da atividade 15 professoras da

educação infantil e ensino fundamental I, juntamente com a coordenadora

pedagógica (Figura 5). O encontro formativo teve início com a apresentação do

projeto, ressaltando a localização da escola num dos municípios abrangidos tanto pelo

PEA como pela RPPN Foz do Rio Aguapeí. Os materiais educativos foram entregues,

incluindo os que foram produzidos em etapas anteriores do projeto (ano de 2013) e,

na sequência iniciou-se uma discussão sobre as unidades de conservação e seu papel

frente à situação ambiental da região. Discutiu-se, ainda, como o tema poderia ser

abordado no contexto do ensino infantil e fundamental I, envolvendo, inclusive, a

adaptação do material educativo.

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Figura 5. Atividade desenvolvida em São João do Pau d´alho.

No Município de Monte Castelo (SP), foram realizados dois encontros, sendo

que o primeiro deles contou com a participação apenas da direção e coordenação

pedagógica da escola. Esse encontro foi mais informativo, utilizado como uma

primeira aproximação com a escola. O segundo encontro contou com a participação

de 14 professoras do ensino fundamental I.

O formato do encontro diferiu parcialmente daquele realizado na cidade de

São João do Pau D´Alho. A apresentação do projeto foi precedida pela aplicação de

um questionário, buscando investigar o conhecimento prévio dos professores sobre as

unidades de conservação da região e, também, sobre seu trabalho docente,

relacionado à temática do projeto. Após essa etapa, o encontro prosseguiu com as

demais ações, de modo similar àquele descrito anteriormente.

As informações obtidas com base na análise dos questionários indicam que o

Parque Estadual do Aguapeí é menos conhecido pelo grupo de professores do que o

Parque Estadual Morro do Diabo, localizado no Município de Teodoro Sampaio, bem

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mais distante de Monte Castelo. Quando questionados a respeito das unidades de

conservação que conheciam em sua região, em torno de 70% dos professores

mencionaram o Parque Estadual Morro do Diabo, lugar que alguns deles, teriam

visitado, juntamente com seus alunos. O PEA foi mencionado por cerca de 40% dos

respondentes e não foi visitado por nenhum deles.

A Figura 6 apresenta a Zona de Amortecimento, definida no Plano de Manejo

do Parque Estadual do Aguapeí (São Paulo, 2010), podendo-se observar a localização

do PEA e sua proximidade com a área urbana de Monte Castelo.

Figura 6. Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Aguapéi. A RPPN Foz do Rio

Aguapeí encontra-se também inserida na Zona de Amortecimento do PEA (São Paulo,

2010)

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Os professores relataram que o PEA não estava aberto à visitação pública, mas

que assim que estivesse, teriam interesse em visitá-lo (informação verbal, durante a

discussão), inclusive levando seus alunos. Durante a discussão, alguns professores

comentaram a importância do encontro formativo para eles, no sentido de levar

informações sobre uma unidade de conservação tão próxima da escola e que eles não

estavam utilizando como local de trabalho pedagógico com seus alunos.

5. Considerações finais

Os professores representam os agentes multiplicadores das ações conservacionistas

do projeto, atingindo assim a comunidade de fora da escola (por meio de seus alunos). Os

encontros formativos são momentos de intensa troca entre os professores e a equipe do

projeto. As contribuições resultantes dos encontros realizados em cada escola serão

incorporadas no processo contínuo de capacitação dos professores nas demais escolas, dando

continuidade às ações do projeto. O material educativo produzido representou o resultado da

demanda apresentada pelos professores, por meio da expressão direta, durante os encontros,

ou por meio da análise dos questionários, aplicados nesse ano e em anos anteriores.

No ano de 2016 pretende-se dar prosseguimento ao projeto, alcançando outros

municípios localizados no entorno do Parque Estadual do Aguapeí e da RPPN Foz do Rio

Aguapeí. Por meio da investigação da percepção dos professores sobre as unidades de

conservação e do trabalho docente com o conteúdo “áreas naturais protegidas”, pretende-se

enriquecer as ações educativas realizadas nas escolas, contribuindo para a formação de

multiplicadores capazes de disseminar na comunidade a necessidade de conservação da

biodiversidade.

6. Referências

APOENA (Associação em Defesa do rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar ). Unidades deConservação. http://www.apoena.org.br/corredor-da-biodiversidade-detalhe.php?cod=167. Acesso em 11 de agosto de 2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada deextinção. Editores: Machado, A.B.M.; Drummond, G.M.; Paglia, A.P. 1.ed. - Brasília, DF :MMA; 2008. Disponível em: < http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna -brasileira/lista de - especies/livro - vermelho >. Acesso em 10 jun 2015.

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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Avaliação e ações prioritárias para a conservação dabiodiversidade da Mata Atlântica e Campus Sulinos. Brasília, DF. 2000.

Freitas Lima, E. A. C.; Dornfeld, C. B.; Silva, A. C.; Gomes, M. A. B. Interação entre umacomunidade rural e uma unidade de conservação na Região Noroeste do Estadode São Paulo (Brasil). In: ESADR 2013 - Economia, Sociologia, Ambiente eDesenvolvimento Rural, 2013, Évora - Portugal. ESADR 2013 - Proceedings - P05 -Turismo em áreas protegidas e desenvolvimento local. Évora - Portugal: 2013.p.3077 - 3086. http://esadr2013.uevora.pt/dwld/atas/ESADR2013_P05.pdf.

Matos, J. P.; Freitas Lima, E. A. C. Percepção ambiental de um grupo de professoressobre a RPPN Foz do Rio Aguapeí. In: XXVI Congresso de Iniciação Científica daUNESP - 1ª Fase, 2014, Ilha Solteira. http://prope.unesp.br/cic_isbn/fase_1.php.2014.

SÃO PAULO. Secretaria Estadual de meio Ambiente. Plano de Manejo Parque Estadualdo Aguapeí. Disponível em http://fflorestal.sp.gov.br/planos-de-manejo/planos-de-manejo-planos-concluidos/. Acesso em 12 jan 2014.

Pirateli, A; Bake, J. G. Bird communities of the southeastern cerrado region, Brazil.Ornitologia Neotropical, v.17, p.213-225. 2006.

Silva, A. C. Freitas Lima, E. A. C.; Dornfeld, C. B. Oikawa, C. T. Percepção da populaçãodo Bairro Porto Independência (Castilho, SP) sobre a Reserva Particular doPatrimônio Natural Foz do Rio Aguapeí. In: XXV Congresso de Iniciação Científicada UNESP, 2013, Ilha Solteira. XXV Congresso de Iniciação Científica da UNESP, 2013.p. 1-1.

Souza, J. G. S.; Santos, R. L.; Chaves, L. C. C.; Almeida, E. A. A educomunicação comoinstrumento mediador da educação ambiental: Uma análise da expressividade datemática.2010.Disponívelem:http://www.sbpcnet.org.br/livro/62ra/resumos/resumos/4125.htm. Acesso em: 28 mar. 2013

Zaú, A.S. Fragmentação da Mata Atlântica: aspectos teóricos. Floresta e ambiente, v.5, n.1,p.160-170. 1998.

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Anexo 1: Materiais educativos elaborados no projeto no ano de 2103.

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