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1 SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DO PROJETO PENSANDO O DIREITO: AVALIAÇÃO DA NOVA LEI DE FALÊNCIAS (LEI 11.101/2005) Maio de 2010.

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SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS DO M INISTÉRIO DA JUSTIÇA

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DO PROJETO PENSANDO O DIREITO:

AVALIAÇÃO DA NOVA LEI DE FALÊNCIAS (LEI 11.101/2005)

Maio de 2010.

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Sumário

Sumário ................................................................................................................... 2

Capítulo I. Principais mudanças verificadas e suas contribuições para o

aperfeiçoamento do sistema.............................................................................................. 8

Edital de Pesquisa ............................................................................................... 8

Questionamento feito pelo edital .................................................................... 8

Projeto apresentado ......................................................................................... 8

A. Delimitação do tema................................................................................... 9

B. Problema pesquisado ................................................................................ 11

Problema geral .............................................................................................. 11

Problemas específicos ................................................................................... 12

C. Análise de percepção acerca dos impactos da Lei 11.101/05................... 12

Delimitação da amostra da pesquisa de percepção ....................................... 12

Método da coleta de dados............................................................................ 13

Análise estatística dos dados coletados......................................................... 13

Escalas de valoração das respostas ............................................................... 16

Média de percepção dos entrevistados sobre cada uma das perguntas ......... 16

Teste de magnitude de melhora..................................................................... 17

Resumo dos resultados por questão .............................................................. 19

Análise estatística das questões numéricas ................................................... 20

Resultado do teste para a questão 5 .............................................................. 21

Resultado do teste para a questão 6 .............................................................. 21

Resultado do teste para a questão 13 ............................................................ 22

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Resultado do teste para a questão 15 ............................................................ 22

Síntese da análise das questões 5, 6, 13 e 15 ................................................ 23

Análise de heterogeneidade das respostas por características dos

respondentes ........................................................................................................... 23

D. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o volume de processos concursais ...... 27

Delimitação da amostra pesquisada .............................................................. 28

Análise estatística dos dados......................................................................... 28

Análise estatística do volume de falências requeridas e decretadas ............. 29

Análise estatística do volume de concordatas/recuperações judiciais

requeridas e concedidas .......................................................................................... 33

Análise estatística dos impactos da Lei 11.101/05 sobre a eficiência dos

procedimentos concursais........................................................................................... 35

Delimitação da amostra pesquisada .............................................................. 35

Coleta de dados ............................................................................................. 36

Método de análise da duração do processo................................................... 37

Análise dos dados obtidos no Estado de São Paulo ...................................... 37

Análise dos dados obtidos no Estado de Santa Catarina............................... 39

Análise dos dados obtidos no Estado de Pernambuco .................................. 40

Resumo dos Resultados ................................................................................ 42

E. Características específicas da recuperação judicial .................................. 44

Delimitação da amostra pesquisada .............................................................. 44

Descrição dos dados coletados...................................................................... 44

Análise do procedimento de recuperação judicial ........................................ 45

Análise do perfil das empresas em recuperação ........................................... 48

Síntese conclusiva ......................................................................................... 51

F. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o crédito............................................... 52

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4

Marco teórico ................................................................................................ 52

Análise da correlação entre taxa de juros x Lei 11.101/05 ........................... 55

G. Conclusão ................................................................................................. 59

Conclusão Geral ............................................................................................ 59

Conclusões específicas.................................................................................. 59

Capítulo II. Impacto do art. 49, § 5º, da Lei 11.101/2005, no sistema de

recuperação de empresas ................................................................................................ 64

Edital de Pesquisa ............................................................................................. 64

Questionamento feito pelo edital .................................................................. 64

Projeto apresentado ....................................................................................... 64

Delimitação do tema ......................................................................................... 64

Problema pesquisado......................................................................................... 65

Problema Geral de Pesquisa.......................................................................... 65

Problemas Específicos .................................................................................. 65

Delimitação da amostra pesquisada .................................................................. 66

Resultado da coleta de dados ............................................................................ 67

Descrição dos resultados ............................................................................... 67

Análise descritiva dos dados coletados............................................................. 73

Dispersão geográfica dos acórdãos (por Região).......................................... 73

Dispersão por Estados ................................................................................... 74

Dispersão na Região Sudeste ........................................................................ 75

Dispersão nas demais Regiões ...................................................................... 76

Dispersão por Comarca de origem................................................................ 76

Grau de dispersão dos julgados por Câmaras julgadoras.............................. 77

Distribuição dos acórdãos por Relator .......................................................... 78

Quórum de deliberação ................................................................................. 79

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Distribuição cronológica dos acórdãos lavrados........................................... 80

Análise dos acórdãos por partes recorrentes e recorridas ............................. 81

Análise dos acórdãos por recuperação judicial ............................................. 82

Espécie recursal............................................................................................. 82

Espécie de financiamento.............................................................................. 82

Valor dos contratos ....................................................................................... 84

Análise da argumentação empregada nos acórdãos .......................................... 85

Orientação da decisão recorrida .................................................................... 85

Orientação da decisão do Tribunal................................................................ 87

Análise das decisões que liberaram a trava bancária .................................... 88

Análise das decisões que mantém ou impõem a trava bancária.................... 91

Análise da pesquisa de percepção................................................................. 93

Conclusão.......................................................................................................... 95

Conclusão geral............................................................................................. 96

Conclusões específicas.................................................................................. 96

Item 2.2.3 – Anexo I – Tabela de Acórdãos ..................................................... 99

Item 2.2.3 – Anexo II – Comarca de Origem.................................................. 105

Item 2.2.3 – Anexo III – Instituições financeiras envolvidas ......................... 106

Item 2.2.3 – Anexo IV – Empresas cujas recuperações originaram acórdãos 107

Item 2.2.3 – Anexo V – Precedentes mais citados.......................................... 108

Item 2.2.3 – Anexo VI - Autores mais citados................................................ 109

Capítulo III. A obrigatoriedade da apresentação de CND para concessão da

recuperação judicial 112

Questionamento feito pelo Edital.................................................................... 112

Projeto apresentado ......................................................................................... 112

Delimitação do tema ....................................................................................... 112

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Problema pesquisado....................................................................................... 117

Problemas Gerais de Pesquisa..................................................................... 117

Problemas Específicos de Pesquisa............................................................. 117

Delimitação da amostra pesquisada ................................................................ 117

Resultado da coleta de dados .......................................................................... 118

Análise descritiva dos dados coletados........................................................... 122

Análise da argumentação empregada nos acórdãos ........................................ 126

Item 2.2.5 – Anexo I – Tabelas de Acórdãos.................................................. 129

Item 2.2.5 – Anexo I – Tabela quanto à orientação dos julgados ................... 130

Capítulo IV. Limites impostos pelo artigo 2.º da Lei....................................... 132

Questionamento feito pelo Edital.................................................................... 132

Projeto apresentado ......................................................................................... 132

Delimitação do tema ....................................................................................... 132

Empresa pública e Sociedades de economia mista ..................................... 133

Instituição financeira pública ou privada e cooperativa de crédito............. 134

Consórcio .................................................................................................... 136

Entidades de previdência complementar..................................................... 136

Sociedades operadoras de planos de assistência à saúde ............................ 137

Sociedades seguradoras e de capitalização ................................................. 138

Empresas de transporte aéreo...................................................................... 139

Opinião do grupo ........................................................................................ 140

Item 2.2.6 – Anexo I – Minuta de anteprojeto de lei complementar .............. 141

Capítulo V. Como os tribunais superiores vêm decidindo em relação às

constrições realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à

suspensão das execuções? ............................................................................................ 177

Edital de Pesquisa ........................................................................................... 177

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Questionamento feito pelo edital ................................................................ 177

Projeto apresentado ..................................................................................... 177

Marco teórico para análise do tema ................................................................ 177

Problema pesquisado....................................................................................... 182

Problema Geral de Pesquisa........................................................................ 182

Problemas Específicos ................................................................................ 182

Delimitação da amostra pesquisada ................................................................ 182

Análise dos acórdãos coletados....................................................................... 183

Comprovação do conflito positivo.............................................................. 183

A suspensão só atinge as ações trabalhistas cujos créditos já tenham sido

apurados................................................................................................................ 184

Legitimidade para suscitar conflito de competência................................... 198

Cautelar Necessidade de Fumus boni iuris ................................................. 199

Item 2.2.4 - Anexo I - Tabela de Acórdãos..................................................... 199

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Capítulo I. PRINCIPAIS MUDANÇAS VERIFICADAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O

APERFEIÇOAMENTO DO SISTEMA

Edital de Pesquisa

Questionamento feito pelo edital

No item 2.2.1 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos

questionou:

“No tocante ao procedimento, quais foram as principais mudanças verificadas e

quais delas mais contribuíram para o aperfeiçoamento do sistema?”

Projeto apresentado

Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:

- “A análise e valoração das contribuições procedimentais da Lei 11.101/05 para o

aperfeiçoamento do sistema pressupõem que sejam estabelecidos critérios de

comparação e análise. O primeiro deles consiste em subdividir os procedimentos

concursais em procedimento de recuperação de empresas e procedimento falimentar. No

procedimento de recuperação de empresas, será realizada uma comparação entre a

concordata preventiva e o atual procedimento de recuperação judicial de empresas. No

procedimento falimentar, será realizada uma comparação entre o processo falimentar

disciplinado pelo Decreto-lei 7.661/45 e o processo falimentar disciplinado pela Lei

11.101/05.

Os critérios de comparação consistem em:

a) tempo médio de duração dos processos, em conformidade com a diretriz

obrigatória 2.1.1, acima. Tendo em vista que a Lei 11.101/05 é muito

recente e que não há ainda um grande volume de processos extintos

para realizar-se comparação do tempo total de duração dos

procedimentos, o presente critério levará em conta momentos

relevantes do procedimento que já possam ter ocorrido na vigência da

atual Lei, observados os limites orçamentários do presente projeto.

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b) a comparação entre casos de grandeza semelhante, ou seja, a escolha de

um conjunto de casos que envolvam pequenas, médias e grandes

empresas, dentro de limites possíveis, em conformidade com os dados

concretos a serem levantados nos cartórios judiciais, dentro dos limites

orçamentários do presente projeto.

O método para realizar-se a comparação será o seguinte:

a) levantamento, sistematização e análise de decisões judiciais.

b) levantamento da percepção de aplicadores do direito mediante

questionário a ser apresentado a escrivães, juízes e advogados,

observados os limites orçamentários do presente projeto.

c) cotejo dos resultados obtidos nos itens a e b, acima. Com isso, serão

medidos objetivamente e subjetivamente dois objetivos gerais do

projeto: celeridade e segurança jurídica.”

A. Delimitação do tema

Em razão da amplitude do tema questionado no item 2.2.1, que perguntou “quais

foram as principais mudanças verificadas” e “quais delas mais contribuíram para o

aperfeiçoamento do sistema”, buscou-se delimitar o tema mediante a formulação de

questionário que indagasse aos operadores do direito a sua percepção acerca das

modificações e dos impactos da Lei 11.101/05, a partir de três eixos distintos. O

primeiro eixo foi relacionado a aspectos da legislação que fossem pertinentes ao direito

concursal como um todo, referentes tanto à falência como à recuperação de empresas. O

segundo eixo relacionou-se apenas ao processo de falência. E o terceiro eixo cuidou

apenas de temas relacionados à recuperação de empresas.

Com isso, pretendeu-se, em primeiro lugar, verificar quais foram as principais

modificações verificadas, e, em segundo lugar, verificar quais as possíveis correlações

ou eventualmente até causalidades entre estas principais modificações e o

aperfeiçoamento do sistema.

Os questionamentos foram formulados de modo a dar conta dos principais atos ou

etapas dos procedimentos concursais, com o propósito de analisar se foram ou não

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positivas as modificações legislativas ocorridas nestes atos ou etapas dos

procedimentos. Além disso, buscou-se verificar também qual a percepção dos

operadores do direito acerca do grau de satisfação dos credores nos distintos processos

concursais.

Para tanto, foi organizado questionário para obter as seguintes informações:

1 – informações relativas à qualificação dos respondentes (nome; e-mail; principal

atividade profissional; idade; tempo em que exerce o cargo ou função descrito como

principal atividade; tempo de atuação na área de direito falimentar; Estado e Cidade em

que trabalha)

2 – informações relativas ao processo falimentar:

a) Se as modificações do processo falimentar contribuíram para torná-lo mais

célere ou menos célere;

b) Se as modificações no procedimento de arrecadação de ativos foram positivas

ou não;

c) Se as modificações no procedimento de liquidação de ativos foram positivas ou

não;

d) Se as modificações no procedimento de verificação de créditos foram positivas

ou não;

e) Qual o percentual esperado de satisfação dos credores inscritos no Quadro

Geral de Credores na falência;

f) Qual o percentual esperado de satisfação dos credores trabalhistas na falência;

g) Se o limite de 40 salários mínimos para legitimar o pedido de falência é

adequado ou não;

h) Se o tratamento dispensado às micro e pequenas empresas é positivo ou não;

3 – Informações relativas à recuperação de empresas:

a) Se a divisão dos credores em classes, para fins de recuperação, é relevante ou

não;

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b) Se a ausência de sucessão no passivo trabalhista, tributário e civil nos casos de

alienação de empresa ou de unidades produtivas isoladas é positivo ou não;

c) Se a não sujeição à recuperação de empresas dos créditos alienados

fiduciariamente é positivo ou não;

d) Se o procedimento de recuperação judicial de empresas é célere ou não;

e) Qual o percentual de satisfação de credores esperado na recuperação judicial;

4 – Questões gerais aos procedimentos concursais:

a) Se a remuneração do administrador judicial é adequada ou não;

b) Se a nova Lei possibilita a preservação dos postos de trabalho;

c) Se o tratamento dispensado às micro e pequenas empresas quanto à recuperação

de empresas é positivo ou não;

d) Se a nova legislação incentiva credores e devedores a renegociar dívidas, de

modo a reduzir custos;

e) Se a nova Lei possibilita uma atuação adequada ou não no Ministério Público;

f) Se os mecanismos de apuração de fraudes ou crimes são eficientes ou não;

g) Se a utilização do instituto da recuperação extrajudicial tem sido positiva ou

não.

Além destas questões, deixou-se espaço para que os entrevistados registrassem

outras impressões, críticas e sugestões acerca da nova Lei. Este espaço deixado para

livre manifestação dos entrevistados teve como propósito auxiliar a compreender as

respostas apresentadas aos questionamentos objetivos, mas também possibilitar que

temas eventualmente não abrangidos pelos questionamentos pudessem surgir, de modo

a qualificar a pesquisa.

B. Problema pesquisado

Problema geral

- No tocante ao procedimento, quais foram as principais mudanças verificadas e

quais delas mais contribuíram para o aperfeiçoamento do sistema?

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Problemas específicos

- Quais as principais modificações no sistema de direito falimentar?

- Quais as principais mudanças no processo de falência?

- Quais as principais mudanças nos processos de recuperação de empresas?

- Quais foram os aperfeiçoamentos do sistema?

- Quais as correlações e causalidades existentes entre as modificações no sistema

e o seu aperfeiçoamento?

C. Análise de percepção acerca dos impactos da Lei 11.101/05

Delimitação da amostra da pesquisa de percepção

Para a coleta de dados foi aplicado o questionário para 423 pessoas que atuam

como operadores do direito na aplicação da Lei de Falências e exercem as seguintes

profissões: magistrados especializados, advogados, promotores de justiça

especializados, professores, administradores judiciais de empresas e serventuários da

justiça.

A escolha dos magistrados obedeceu ao seguinte critério: integrar o conjunto dos

magistrados que atuam em Varas de primeiro grau ou Câmaras de segundo grau

especializadas na matéria nas comarcas do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A

escolha dos advogados foi realizada mediante procura na internet por indicação nos sites

de escritórios de advocacia dos sócios ou associados responsáveis pela área de falência.

Buscou-se também em associações de especialistas em falência e recuperação de

empresas. Os professores foram escolhidos mediante procura nos sites de instituições de

ensino do país que pudessem fornecer dados de para envio do questionário. Os

promotores foram escolhidos pela atuação como curadores de varas especializadas

pesquisadas; bem como também o foram os administradores judiciais e o serventuários

da justiça.

Solicitou-se aos que responderam o questionário que indicassem outros possíveis

respondentes para ser aplicado o questionário.

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Método da coleta de dados

Os questionários foram aplicados mediante a entrega de formulário em papel ou

via internet. Via internet, inicialmente criou-se uma página com a ferramenta de

pesquisa LimeSurvey, que é o software livre, para armazenar o questionário. Entretanto,

ante dificuldade técnica em manejar o LimeSurvey, foram enviados questionários

diretamente via e-mail, como anexo, e, posteriormente, pôde-se formalizar o

questionário via ferramenta disponibilizada pelo Google Docs1.

Análise estatística dos dados coletados

Dos 423 questionários enviados, foram respondidos 49, assim distribuídos quanto

à principal atividade profissional dos entrevistados: 7 juízes, 16 advogados, 12

professores, 6 promotores, 5 administradores judiciais e 3 serventuários da justiça.

O questionário foi elaborado contemplando vinte questões objetivas referentes à

percepção dos entrevistados em relação às mudanças relativas à nova Lei. As respostam

qualitativas variam de -2 a 2 onde 2 seria o melhor resultado, -2 o pior resultado e o

zero representaria a neutralidade, isto é, a mudança não trouxe qualquer mudança nem

para pior nem para melhor. Já as questões que representam valores (ex: de 0% a 20%,...,

de 80% a 100%) têm respostas que variam de 0 (o menor valor) a 4 (o maior valor). De

forma resumida, dentre as perguntas feitas, temos:2

1. De acordo com sua percepção, as modificações no processo falimentar o

tornaram: 2 – muito mais célere; -2 – muito mais lento;

2. De acordo com sua percepção, as modificações no procedimento de

arrecadação de ativos são: 2 – altamente positiva; -2 – altamente negativa;

3. De acordo com sua percepção, as modificações no procedimento de

liquidacão dos ativos do falido são: 2 – altamente positiva; -2 – altamente

negativa;

1 O endereço onde está armazenado o questionário para respostas é: https://spreadsheets.google.com/viewform?hl=pt_BR&formkey=dEFlX2d6MWRVUDlaVXN0WjdmRXhpT2c6MA 2 Ver Apêndice A para mais detalhes.

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4. De acordo com sua percepção as modificações no procedimento e

verificação de créditos são: 2 – altamente positiva; -2 – altamente

negativa;

5. De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos

créditos inscritos no quadro geral de credores (em geral, incluindo os com

e sem garantia) no processo falimentar é: 4 – Entre 80% e 100%, 0 – Entre

0% e 20%;

6. De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos

créditos trabalhistas no processo falimentar é: 4 – Entre 80% e 100%, 0 –

Entre 0% e 20%;

7. De acordo com a sua opinião, o limite mínimo de 40 (quarenta) salários

mínimos para justificar o pedido de falência é: 2 – Altamente adequado, -2

– Altamente inadequado

8. De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova

legislação falimentar para as micro, pequenas e médias empresas é: 2 –

altamente positivo -2 – altamente negativo;

9. De acordo com sua opinião, a divisão dos credores em classes, para fins de

recuperação de empresas, é: 2 – Altamente relevante, -2 – Altamente

irrelevante;

10. De acordo com sua percepção, a não aplicação da regra de sucessão de

obrigações civis, tributárias e trabalhistas no caso de o plano de

recuperação prever a alienação de unidades produtivas isoladas, é: 2 –

altamente positiva; -2 – altamente negativa;

11. De acordo com sua percepção, o fato de os créditos alienados

fiduciariamente não se submeterem à recuperação de empresas é: 2 –

altamente positiva; -2 – altamente negativa;

12. De acordo com sua opinião, o procedimento de recuperação judicial de

empresas previsto na lei é: 2 – Muito célere, -2 – Muito lento;

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13. De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos

credores no procedimento de recuperação judicial de empresas é: 4 – Entre

80% e 100%, 0 – Entre 0% e 20%;

14. Na sua opinião, a remuneração do administrador na falência e na

recuperação de empresas é: 2 – Altamente adequado, -2 – Altamente

inadequado;

15. De acordo com sua opinião, a nova legislação tem possibilitado a

preservação dos postos de trabalho de empresas em crise: 4 – Entre 80% e

100%, 0 – Entre 0% e 20%;

16. De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova

legislação para a recuperação judicial de micro, pequenas e médias

empresas é: 2 – altamente positivo; -2 – altamente negativo;

17. Indique sua percepção a respeito da seguinte afirmação: “A criação das

novas figuras legais da recuperação judicial e da recuperação extrajudicial

foram uma sinalização importante para incentivar as negociações de

dívidas entre credores e devedores, com conseqüente redução de custos”. 2

– Concordo plenamente, -2 – Discordo Plenamente;

18. De acordo com sua percepção, a nova Lei possibilita uma atuação do

Ministério Público: 2 – muito eficiente; -2 – muito ineficiente;

19. De acordo com sua percepção, os mecanismos de apuração de fraudes ou

crimes previstos na nova legislação são: 2 – muito eficientes; -2 – muito

ineficientes;

20. De acordo com sua percepção, a utilização da recuperação extrajudicial

tem sido: 2 – altamente positiva; -2 – altamente negativa.

Além de informações sobre a percepção, o questionário também traz informações

sobre as características dos respondentes, como: cargo, área de atuação, tempo no cargo,

tempo de atuação na área, cidade e estado em que trabalha, gênero e idade.

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Escalas de valoração das respostas

A partir das informações contidas nos questionários, é possível formar uma base

de dados em cross-section sobre a percepção dos agentes sobre as mudanças na Lei de

Falências e inferir se para os entrevistados as mudanças foram significativas e, também,

se positivas ou não.

Média de percepção dos entrevistados sobre cada uma das perguntas

A tabela 1 apresenta a percepção média dos entrevistados sobre cada pergunta do

questionário. Todas as questões, exceto as 5, 6, 13 e 15, estão numa escala de -2 a 2, e

as restantes de 0 a 4. Para as questões com escala de -2 a 2, o zero representa o efeito

nulo e quanto maior o valor, mais bem avaliada é a mudança. Para as questões com

escala de 0 a 4, quanto maior o valor melhor o efeito da Lei.

A primeira coluna reporta a questão que está sendo avaliada, a segunda e a

terceira reportam a média e a mediana, a quarta, quinta e sexta reportam o desvio

padrão, o valor mínimo e o máximo obtido em cada resposta, respectivamente. Observe

que para todas as questões, exceto a questão 11 (Q11), os valores da média e da

mediana são positivos, indicando uma possível melhora trazida pela mudança na lei.

Tabela 1: Estatística Descritiva da Pesquisa de opinião

Variáveis Média Mediana Desvio Padrão Mínimo MáximoQ1 0.625 1 0.575 0 2

Q2 0.916 1 0.653 0 2

Q3 1.217 1 0.599 0 2

Q4 0.833 1 0.916 -1 2

Q5 1 1 0.84 0 3

Q6 2.473 3 1.073 0 4

Q7 0.72 1 1.173 -2 2

Q8 0.521 1 0.73 -1 2

Q9 1.04 1 0.454 0 2

Q10 1.567 2 0.662 0 2

Q11 -0.174 0 1.23 -2 2

Q12 0.56 1 0.96 -1 2

Q13 2.611 3 1.036 1 4Q14 0.416 1 0.928 -2 1

Q15 2.19 2 1.209 0 4

Q16 0.13 0 1.057 -2 1

Q17 1.48 2 0.822 -1 2

Q18 0.2 0 1.192 -2 2

Q19 0 0 0.953 -2 2

Q20 0.272 0 0.702 -1 2

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Teste de magnitude de melhora

O próximo passo é avaliar se essa melhora é estatisticamente significativa, e tentar

inferir a magnitude de tal melhora para cada item do questionário. Para isso, será feito o

teste-t para médias.

Primeiramente, será analisado se a lei trouxe alguma mudança positiva em cada

um dos itens do questionário (exceto 5, 6, 13 e 15). Com isso, a hipótese a ser testada é:

H0: média ≤ 0

H1: média > 0.

Se a hipótese nula for rejeitada, temos um indício de que a mudança trazida pela

Lei na pergunta em questão teve pelo menos algum impacto positivo. A tabela 2

apresenta os resultados para todas as questões qualitativas que vão de -2 a 2 (zero é

neutralidade da mudança).

Tabela 2: Teste de neutralidade da mudança

Variáveis Teste-t p-valor Q > 0Q1 5.31 0.000 efeito positivo

Q2 6.86 0.000 efeito positivo

Q3 9.73 0.000 efeito positivo

Q4 4.45 0.000 efeito positivo

Q7 3.06 0.002 efeito positivo

Q8 3.42 0.001 efeito positivo

Q9 11.43 0.000 efeito positivo

Q10 11.33 0.000 efeito positivo

Q11 -0.67 0.745 neutro

Q12 2.91 0.004 efeito positivo

Q14 2.2 0.020 efeito positivo

Q16 0.59 0.280 neutro

Q17 8.99 0.000 efeito positivo

Q18 0.84 0.200 neutro

Q19 0 0.500 neutro

Q20 1.82 0.040 efeito positivo

Observe que, exceto para as questões 11, 16, 18 e 19, todos os demais pontos

avaliados foram percebidos como tendo mudanças positivas. Note que nenhuma foi

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percebida na média como negativa. Para exemplificar, observe a questão 1 (Q1) do

questionário: de acordo com sua percepção, as modificações no processo falimentar o

tornaram: 2 – muito mais célere, 1 – mais célere, 0 – neutras, -1 – mais lento, -2 – muito

mais lento. Nesse caso, o teste de hipótese indica que, na média, os entrevistados acham

que a nova Lei de Falências tornou o processo mais célere. Note que esse aspecto

positivo de mudança é percebido para quase todos os itens do questionário.

Indo um pouco além, é possível testar se o impacto foi apenas positivo ou se foi

muito positivo. Para isso faremos o mesmo teste-t para médias, a única mudança é sobre

a hipótese a ser testada. A nova hipótese pode ser descrita por:

H0: média ≤ 1

H1: média > 1.

Se a hipótese nula for rejeitada, temos um indicativo de que a mudança trazida

pela Lei na pergunta em questão teve um impacto percebido como altamente positivo

(acima de 1 que é positivo). A tabela 3 apresenta os resultados para todas as questões

qualitativas que vão de -2 a 2 (zero é neutralidade da mudança).

Tabela 3: Teste de magnitude da mudança

Variáveis Teste-t p-valor Q > 1

Q1 -3.19 0.990 efeito positivoQ2 -0.62 0.730 efeito positivoQ3 1.73 0.040 efeito altamente positivo

Q4 -0.89 -0.810 efeito positivoQ7 -1.19 -0.887 efeito positivoQ8 -3.13 0.997 efeito positivoQ9 0.44 0.332 efeito positivoQ10 4.09 0.000 efeito altamente positivoQ11 -4.47 0.999 neutroQ12 -2.28 0.984 efeito positivoQ14 -3.07 0.997 efeito positivoQ16 -3.94 0.999 neutroQ17 2.91 0.003 efeito altamente positivoQ18 -3.36 0.998 neutroQ19 -5.02 0.999 neutroQ20 -4.85 0.999 efeito positivo

Note que somente as questões 3, 10 e 17 foram avaliadas como sendo altamente

positivas, as demais são apenas positivas ou neutras.

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Resumo dos resultados por questão

Os testes indicam os seguintes resultados:

Q1: De acordo com sua percepção, as modificações no processo falimentar o

tornaram: mais célere;

Q2: De acordo com sua percepção, as modificações no procedimento de

arrecadação de ativos são: positivas;

Q3: De acordo com sua percepção, as modificacões no procedimento de

liquidação dos ativos do falido são: altamente positivas;

Q4: De acordo com sua percepção, as modificaco�es no procedimento de

verificação de créditos são: positivas;

Q7: De acordo com a sua opinião, o limite mínimo de 40 (quarenta) salários

mínimos para justificar o pedido de falência é: adequado;

Q8: De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova

legislação falimentar para as micro, pequenas e médias empresas é: positivo;

Q9: De acordo com sua opinião, a divisão dos credores em classes, para fins de

recuperacão de empresas, é: relevante;

Q10: De acordo com sua percepção, a não aplicação da regra de sucessão de

obrigações civis, tributárias e trabalhistas no caso de o plano de recuperacão prever a

alienacão de unidades produtivas isoladas, é: altamente positiva;

Q11: De acordo com sua percepção, o fato de os créditos alienados

fiduciariamente não se submeterem à recuperacão de empresas é: neutro;

Q12: De acordo com sua opinião, o procedimento de recuperação judicial de

empresas previsto na lei é: mais célere;

Q14: Na sua opinião, a remuneração do administrador na falência e na

recuperação de empresas é: adequada;

Q16: De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova

legislação para a recuperação judicial de micro, pequenas e médias empresas é: neutro;

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Q17: Indique sua percepção a respeito da seguinte afirmação: “A criação das

novas figuras legais da recuperação judicial e da recuperação extrajudicial foram uma

sinalização importante para incentivar as negociações de dívidas entre credores e

devedores, com conseqüente redução de custos”: concordo plenamente;

Q18: De acordo com sua percepção, a nova Lei possibilita uma atuação do

Ministério Público: neutro;

Q19: De acordo com sua percepção, os mecanismos de apuração de fraudes ou

crimes previstos na legislação são: neutro;

Q20: De acordo com sua percepção, a utilização da recuperação extrajudicial tem

sido: positiva.

Análise estatística das questões numéricas

Agora serão analisados os itens do questionário que apresentam perguntas

numéricas (questões 5, 6, 13 e 15). Para essas perguntas a escala foi de 0 a 4, onde 0

representa mudança mínima e 4 representa mudança máxima.

O procedimento agora é fazer testes de hipóteses em sequência para cada

pergunta. O teste será iniciado a partir da hipótese sobre o pior resultado (valor zero). Se

a hipótese nula for rejeitada passa-se para o valor seguinte e assim sucessivamente. Com

isso, o procedimento de mensuração da percepção proposto pode ser descrito da

seguinte forma:

Primeiro,

H0: média = 0;

H1: média > 0.

Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o segundo teste; caso contrário a

variável tem valor zero:

H0: média ≤ 1;

H1: média > 1.

Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o terceiro teste; caso contrário a

variável tem valor um:

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H0: média ≤ 2;

H1: média > 2.

Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o quarto teste; caso contrário a

variável tem valor dois:

H0: média ≤ 3;

H1: média > 3.

Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o quinto e último teste; caso

contrário a variável tem valor três:

H0: média < 4;

H1: média = 4.

Se a hipótese nula for rejeitada o valor da média é igual a quatro; caso contrário a

variável tem valor menor que 4.

Resultado do teste para a questão 5

A tabela 4 exibe o resultado dos testes para a questão número 5. Note que a

primeira hipótese, a de que o efeito é igual a zero, foi rejeitada. Logo, o efeito percebido

foi pelo menos positivo. Passando à hipótese seguinte, a de que o efeito é menor ou

igual a 1, esta não foi rejeitada. Logo, podemos concluir que:

Q5: De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos créditos

inscritos no quadro geral de credores (em geral, incluindo os com e sem garantia) no

processo falimentar é: entre 20% e 40%.

Tabela 4: Teste de magnitude da mudança para Q5

Variáveis Teste-t p-valor Resultado

Q5 > 0 5.05 0.000 maior que 0

Q5 > 1 0 0.500 não é maior que 1

Resultado do teste para a questão 6

A tabela 5 exibe o resultado dos testes para a questão número 6. Note que as três

primeiras hipóteses foram rejeitadas. Logo, o efeito percebido foi pelo menos maior que

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2. Passando à hipótese seguinte, a de que o efeito é menor ou igual a 3, esta não foi

rejeitada. Logo, podemos concluir que:

Q6: De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos créditos

trabalhistas no processo falimentar é: entre 60% e 80%.

Tabela 5: Teste de magnitude da mudança para Q6

Variáveis Teste-t p-valor Resultado

Q6 > 0 10.04 0.000 maior que 0Q6 > 1 5.98 0.000 maior que 1Q6 > 2 1.92 0.035 maior que 2Q6 > 3 -2.13 0.970 não é maior que 3

Resultado do teste para a questão 13

A tabela 6 exibe o resultado dos testes para a questão número 13. Note que,

semelhante ao resultado obtido para a questão 6, as três primeiras hipóteses foram

rejeitadas. Logo, o efeito percebido foi pelo menos maior que 2. Passando à hipótese

seguinte, a de que o efeito é menor ou igual a 3, esta não foi rejeitada. Logo, podemos

sintetizar o resultado da seguinte forma:

Q13: De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos credores

no procedimento de recuperação judicial de empresas é: entre 60% e 80%.

Tabela 6: Teste de magnitude da mudança para Q13

Variáveis Teste-t p-valor Resultado

Q13 > 0 10.68 0.000 maior que 0Q13 > 1 6.59 0.000 maior que 1Q13 > 2 2.5 0.011 maior que 2Q13 > 3 -1.59 0.930 não é maior que 3

Resultado do teste para a questão 15

A tabela 7 exibe o resultado dos testes para a questão número 15. Note que as

duas primeiras hipóteses foram rejeitadas. Logo, o efeito foi pelo menos maior que 1.

Passando à hipótese seguinte, a de que o efeito é menor ou igual a 2, esta não foi

rejeitada. Logo, podemos sintetizar o resultado como:

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Q15: De acordo com sua opinião, a nova legislação tem possibilitado a

preservação dos postos de trabalho de empresas em crise: entre 40% e 60%.

Tabela 7: Teste de magnitude da mudança para Q15

Variáveis Teste-t p-valor Resultado

Q15 > 0 8.3 0.000 maior que 0Q15 > 1 4.51 0.001 maior que 1Q15 > 2 0.72 0.239 não é maior que 2

Síntese da análise das questões 5, 6, 13 e 15

Em todas as quatro questões estudadas, a percepção é a de que a lei trouxe um

efeito positivo, em especial no que diz respeito a créditos trabalhistas, satisfação de

credores no processo de recuperação e preservação de postos de trabalho em períodos

de crise.

Análise de heterogeneidade das respostas por características dos respondentes

A partir de informações específicas de cada respondente, é possível mapear como

a percepção pode variar de acordo suas as características, tentando responder se existe

uma heterogeneidade em relação à opinião sobre a reforma da Lei e seus pontos

consensuais.

Dessa forma queremos estudar a seguinte função:

,...),,,,( gênerocidadeestadoidadefyi =

onde a variável dependente y representa cada item respondido do questionário.

Do ponto de vista econométrico, estamos interessados em estimar o seguinte

modelo:

∑ ++++++=i

iii Estadotempoocgeneroidadey εδββββα 4321 arg ,

em que os coeficientes β nos dizem se a característica pessoal tem influência na

opinião e δ diz se a característica geografia influi nas respostas. Devido ao fato de nossa

amostra ser reduzida, não é aconselhável estimar muitas variáveis no modelo. Assim, ao

invés de colocarmos uma dummy para cada cargo, será introduzida uma dummy para

capturar as características de ambos administrador judicial e serventuário de justiça,

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uma para advogado e promotor, uma específica para magistrado e uma específica para

professor. Com relação ao tempo no cargo, dividimos em três grupos: menos que cinco

anos, de cinco a quinze e mais de quinze anos. Não controlaremos por características

regionais, logo a cidade do respondente não será especificada no modelo.

Dessa forma, o modelo simplificado pode ser descrito por:

i

i

anosDanosaDanosD

omAdvofessorMagistradoemidadey

εββββββββα

++++++++++=

151555

PrPrhom

444

54321

A regressão especificada acima foi conduzida para todas as perguntas do

questionário. Serão reportadas apenas as questões que apresentaram heterogeneidade

nas respostas. Portanto, segue que as omitidas não apresentam heterogeneidade na

resposta. Para checar a validade do modelo, isto é, se de fato alguma característica afeta

de forma significativa o tipo de resposta, primeiramente vamos analisar a estatística F

de cada regressão. Se o p-valor estiver abaixo de 15%, indica que pelo menos alguma

característica afeta a resposta, e então reportaremos os resultados de cada coeficiente da

regressão.3 A tabela 8 exibe os resultados da estatística F da regressão. Note que apenas

as respostas das perguntas 6, 8 e 10 apresentam algum tipo de heterogeneidade, as

demais não apresentam um padrão que seja dependente das características dos

respondentes.

3 Normalmente o p-valor da estatística F usado para corte é 1%, 5% ou 10%. Porém como temos poucas observações, apenas vinte e duas, decidimos por adotar um limite de corte maior.

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Tabela 8: Estatística F de cada regressão

Variável Independente Estatística F prob > F

Q1 0.76 0.63Q2 1.19 0.37Q3 1.02 0.46Q4 0.31 0.93Q5 0.41 0.87Q6 4.29 0.02Q7 0.5 0.81Q8 2.03 0.12Q9 0.16 0.99Q10 3.21 0.03Q11 1.43 0.26Q12 1.07 0.42Q13 0.38 0.89Q14 1.31 0.31Q15 0.67 0.69Q16 1.51 0.24Q17 1.51 0.24Q18 1.34 0.29Q19 1.13 0.41Q20 -0.36 0.91

Agora que sabemos quais questões apresentam heterogeneidade na resposta,

vamos procurar saber a fonte dessa diferença. As tabelas AA, BB e CC apresentam os

resultados das regressões para as questões 6, 8 e 10 respectivamente.

A tabela 9 apresenta o tipo de resposta da questão 6 em função das

características dos entrevistados. Note que, a depender da idade, do cargo e do tempo na

função, a resposta pode variar, dado que os coeficientes são todos estatisticamente

significativos quando atingirem pelo menos 10%.

Variável Independente Coeficientes P-Valor

Constante 5.45 0.001idade -0.12 0.003homem 0.01 0.982Adv_Promotor 0.41 0.40Magistrado 1.57 0.021Professor 1.09 0.027D_5a15 0.88 0.094D_15 2.57 0.002

Observações 22R-quadrado 0.75

Tabela 9: Regressão em Cross-Section: Q6*

*Erros-padrão homocedásticos (confirmado pelo teste de Breusch-Pagan)

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Dessa forma, para a afirmação “De acordo com sua opinião, o percentual esperado

de satisfação dos créditos trabalhistas no processo falimentar é: entre 0% e 20%,..., entre

80% e 100%”, profissionais mais velhos crêem que o resultado é pior que a média,

magistrados e professores crêem que o resultado é melhor que a média, e quanto mais

tempo no cargo melhor é a percepção do entrevistado em relação a essa pergunta.

A tabela 10 apresenta o tipo de resposta da questão 8 em função das

características dos entrevistados. Note que dependendo da idade, do gênero e do tempo

na função, a resposta pode variar, dado que os coeficientes são todos estatisticamente

significativos quanto atingirem pelo menos 10%.

Variável Independente Coeficientes P-Valor

Constante -1.33 0.22idade 0.06 0.09homem 0.82 0.05Adv_Promotor -0.41 0.38Magistrado -0.25 0.67Professor -0.09 0.84D_5a15 0.003 0.99D_15 -1.71 0.02

Observações 22R-quadrado 0.5*Erros-padrão homocedásticos (confirmado pelo teste de Breusch-Pagan)

Tabela 10: Regressão em Cross-Section: Q8*

Dessa forma, para a afirmação “De acordo com sua opinião, o tratamento

específico adotado na nova legislação falimentar para as micro, pequenas e médias

empresas é: altamente positivo, positivo, neutro, negativo, altamente negativo”,

profissionais mais velhos crêem que o resultado é melhor que a média, homens tendem

a avaliar de forma mais positiva a legislação falimentar para micro, pequena e médias

empresas, e quanto mais tempo no cargo pior é a percepção do entrevistado em relação

a essa pergunta.

A tabela 11 apresenta o tipo de resposta da questão 10 em função das

características dos entrevistados. Note a resposta para essa questão depende da idade e

do tempo na função, dado que os coeficientes são estatisticamente significativos quando

atingirem pelo menos 5%.

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Variável Independente Coeficientes P-Valor

Constante 2.84 0.00idade -0.05 0.02homem 0.18 0.45Adv_Promotor 0.21 0.49Magistrado 0.35 0.36Professor -0.34 0.40D_5a15 0.95 0.00D_15 1.01 0.05

Observações 22R-quadrado 0.49

Tabela 11: Regressão em Cross-Section: Q10*

*Erros-padrão robustos à heterocedasticos (confirmado pelo teste de Breusch-Pagan)

Assim, para a afirmação “De acordo com sua percepção, a não aplicação da regra

de sucessão de obrigações civis, tributárias e trabalhistas no caso de o plano de

recuperação prever a alienação de unidades produtivas isoladas, é: altamente positivo,

positivo, neutro, negativo, altamente negativo”, profissionais mais velhos crêem que o

resultado é pior que a média e quanto mais tempo no cargo melhor é a percepção do

entrevistado em relação a essa questão.

Em resumo, a Lei foi avaliada, em geral, como positiva na grande maioria dos

aspectos, e neutra em poucos deles. Um ponto a ser observado é que na média, nenhuma

questão que foi abordada foi vista como um resultado negativo da nova Lei.

Adicionalmente, a maioria dos pontos é consensual, isto é, em sua maioria não existe

muita heterogeneidade em relação as respostas e características dos respondentes.

D. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o volume de processos concursais

Nesta seção serão discutidas as consequências da Lei 11.101/05 em: (a) número

de falências requeridas e decretadas; e (b) número de concordatas/recuperações judiciais

requeridas e concedidas.

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Delimitação da amostra pesquisada

A amostra de dados pesquisados abrange o total nacional de pedidos de falência e

de decretações de falência e o total nacional de requerimentos de

concordata/recuperação judicial e de concessão de concordata/recuperação judicial.

Os dados utilizados têm como fonte a base de dados tornada disponível pelo

SERASA4 e abrange a totalidade de processos das espécies pesquisadas, no período de

janeiro de 1991 à outubro de 2009, contemplando assim 226 observações. Conforme

resposta que nos foi fornecida após questionamento formalizado ao SERASA, a

metodologia utilizada para a coleta de informações processuais consiste em pesquisa

diária nos Diários da Justiça e Oficiais de informações de processos de Falência,

Recuperação Judicial e extrajudicial, em formato impresso e eletrônico. Ainda conforme

indicado pelo SERASA, as informações coletadas (recorte/imagem) são inseridas em

um sistema interno, que consolida as informações em base de dados. Pelo fato de estas

informações integrarem produtos comercializados pelo SERASA, não nos foi

franqueado acesso a dados que não constam do arquivo público da empresa, contidos no

site de internet indicado.

A escolha desta base de dados para analisar o impacto da Lei 11.101/05 sobre o

volume de processos decorre do fato de que a base de dados que foi organizada

mediante a solicitação de informações aos Tribunais por ofício não alcança a

integralidade dos processos existentes em território nacional.

Análise estatística dos dados

Para mensurar o impacto da Nova Lei de Falências estimamos uma regressão

linear (equação (1)) em que a variável dependente é cada uma das variáveis acima

citadas e a principal variável independente é uma dummy (dlei) que tem valores zero

para o período antes da reforma da lei e 1 para o período após a reforma da lei, de modo

a capturar o impacto da mudança.

ttt dleiXy εγα ++Γ+=

4 http://internet/release/indicadores/falencias_concordatas.htm.

(

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Os controles utilizados, representados na equação por Xt , são: componentes

autoregressivos (AR(p)), a variação do PIB dessazonalizado e suas defasagens, taxa de

juros (SELIC), variação da taxa de câmbio e suas defasagens e um índice de inflação

(utilizaremos o IGP-M por estarmos trabalhando com firmas)5.

Utilizamos o componente autoregressivo devido ao potencial problema de

autocorrelação serial; a variação percentual do PIB e suas defasagens para controlar os

efeitos gerados pelos ciclos econômicos. Da mesma forma, foi utilizada a variação

percentual do câmbio e suas defasagens para controlar problemas gerados pela variação

da moeda, como por exemplo o aumento dos custos de produção em alguns setores

devido à valorização cambial, ou até mesmo à queda na receita dos exportadores por

conta de uma forte desvalorização do cambio.6 O uso da taxa SELIC na regressão é

justificada a fim controlar o efeito da evolução do custo da dívida das firmas no volume

agregado de falências e concordatas. Finalmente, os índices de inflação estão sendo

considerados de forma a eliminar o efeito da variação geral de preços sobre nossa

variável de interesse.

Desta forma, a estimativa do parâmetro γ nos dá um indicativo do efeito da

reforma da Lei de Falências, considerando a influência de todos os fatores citados acima

como controles.

Análise estatística do volume de falências requeridas e decretadas

A figura 1 ilustra a evolução do número de falências decretadas (dessazonalizado)

no Brasil. Note que o patamar do número de quebras antes da vigência nova Lei de

Falências era alto e persistente, apesar de instável. Com o advento da nova Lei, uma

tendência de queda foi verificada, passando-se de uma média de 266 quebras no período

5Fonte: www.ipeadata.gov.br. 6Consideramos a variação do PIB e do câmbio uma vez que estas são variáveis não estacionárias.

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dos 12 meses anteriores à entrada em vigor da nova Lei para uma média de 185, o que

implica em uma redução de aproximadamente 30%.

Figura 1: Número de Falências Decretadas

Passando aos dados sobre falências requeridas, a figura 2 ilustra sua evolução no

país desde janeiro de 2000 a outubro de 2009. Assim como o número de quebras, o

patamar do número de pedidos antes da implementação da nova Lei de Falências era

alto e persistente. Com a nova Lei, uma tendência de queda foi verificada, passando-se

de uma média de 1030 pedidos no período dos 12 meses anteriores à entrada em vigor

da nova Lei para uma média de 452, o que significa uma redução de aproximadamente

56%.

Figura 2: Número de Falências Requeridas

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31

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Falências Decretadas

Para estimar o impacto da nova Lei de Falências sobre o número de falências

requeridas e decretadas, utilizamos a forma reduzida representada pela equação 1, em

que a variável dependente é o número dessazonalizado de falências decretadas e

requeridas no país.

A tabela 12 exibe o efeito médio da Lei sobre falências decretadas (Coluna 1) e

falências requeridas (Coluna 2).7 O resultado – significativo ao nível de 1% – indica que

a nova Lei proporcionou uma queda de aproximadamente 87 falências por mês, o que

significa uma redução média de aproximadamente 33% em relação ao período de junho

de 2004 até junho de 2005.

O resultado para falências requeridas indica uma redução de 561 pedidos de

falências no Brasil originada pela entrada em vigor da nova Lei. Estes números

representam uma redução média de 54% no número de pedidos de falências em relação

ao período de junho de 2004 a junho de 2005.

7Testes de especificação foram feitos para ambas as regressões. Os resíduos apresentaram heterocedascidade. Para a correção desse problema foi utilizada a matriz de variância-covariância de Newey-West, que é robusta à heterocedascidade e autocorrelação serial.

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32

Variável Independente Coeficientes P-Valor Coeficiente P-Valor

Constante 331,82 0,005 1573,89 0,003d_Lei -87,39 0,000 -561,62 0,000

AR(1) 0,29 0,003 0,778 0,000

AR(2) 0,31 0,010 0,184 0,050

AR(3) 0,17 0,026

AR(6) 0,17 0,024

varPIB 99,72 0,190 708,76 0,027

Taxa de juros (SELIC) 0,007 0,740 0,003 0,667

Inflação (IGP-M) 1,50 0,279 7,77 0,165

Cambio 0,76 0,455 -4,38 0,168

Observações 226 226Estatistica Durbin-Watson 2.03 1,989

R-quadrado 0.86 0,93

Tabela 12: Regressão de Mínimos Quadrados: Falências Decretadas e RequeridasDecretadas Requeridas

Porém, conforme se pode observar na figura 2, houve um aumento visível no

número de requerimentos de falência no mês exato da entrada em vigor desta. Uma

explicação possível para tal fato é a de que agentes teriam reagido estrategicamente às

novas mudanças e, portanto, nos dias que antecederam o início da validade da nova Lei,

devedores anteciparam pedidos que seriam feitos em meses posteriores. Um exemplo de

incentivo à antecipação no pedido de falências é a nova exigência legal para a quebra do

devedor que não pagar obrigações que ultrapassem 40 salários-mínimos na data do

pedido. Essa novidade possivelmente estimulou muitos credores − com valores a

receber abaixo do determinado − a requererem a falência de seus devedores e isso de

certa forma influi no resultado empírico. Para testar se tal ação estratégica teve um

efeito realmente significativo, fez-se um teste de placebo, que nada mais é do que a re-

estimação da equação (reg1) adicionando a variável dlei(-1), isto é, a variável que

representa a implementação da nova Lei defasada de um período. A nova equação a ser

estimada é então:

.)1(21 ttt dleidleiXy εγγα +−++Γ+=

(2)

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33

O resultado exibido pela tabela 13 indica a existência de ações estratégicas no

pedido de falência. Assim, o teste de placebo indica o efeito total da lei mensurado na

tabela 12 estava sendo viesado para cima devido a uma ação estratégica das firmas.8

Variável Independente Coeficiente P-Valor

Constante 1490,38 0,014d_Lei -608,88 0,000

d_Lei(-1) 293,55 0,001

AR(1) 0,78 0,000

AR(2) 0,184 0,050

varPIB 733,23 0,025

Taxa de juros (SELIC) 0,003 0,667

Inflação (IGP-M) 7,94 0,153

Cambio -4,42 0,162

Observações 226Estatistica Durbin-Watson 1,989

R-quadrado 0,93

Tabela 13: Regressão de Mínimos Quadrados: Teste Placebo para Falências RequeridasRequeridas

Análise estatística do volume de concordatas/recuperações judiciais requeridas e

concedidas

Os dados ilustrados pelas figuras 3 e 4 indicam a evolução do total de

concordatas/recuperações judiciais requeridas e concedidas de janeiro de 2000 a outubro

de 2009. Note que o número de pedidos formulados imediatamente após a

implementação da nova Lei de Falências não foi visivelmente alterado, tanto para

pedidos quanto para concessões. A média mensal de pedidos no período dos 12 meses

anteriores à vigência da nova Lei era de 15, passando para 19 no período posterior,

enquanto que o número de concessões passou de 9 para 13 aproximadamente.

8Os resíduos apresentaram heterocedascidade e autocorrelação serial. Para a correção desse problema foi utilizada a matriz de variância-covariância de Newey-West, que é robusta à heterocedascidade e autocorrelação serial.

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34

Figura 3: Número de Recuperações Judiciais Concedidas

Fonte: SERASA

Figura 4: Número de Recuperações Judiciais Requeridas

Concord/Recup Requeridas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

2000

M01

2000

M07

2001

M01

2001

M07

2002

M01

2002

M07

2003

M01

2003

M07

2004

M01

2004

M07

2005

M01

2005

M07

2006

M01

2006

M07

2007

M01

2007

M07

2008

M01

2008

M07

2009

M01

2009

M07

Fonte: SERASA

Estimando o impacto da nova Lei de Falências sobre o número de

concordatas/recuperações judiciais concedidas e requeridas, observou-se que o efeito foi

significativo – ao nível de 5% – apenas para pedidos de recuperação, indicando uma

redução média de 7 pedidos de recuperação por mês no Brasil, enquanto que o efeito no

número de concessões não foi estatisticamente significativo. Isso indica que a nova Lei

contribuiu com uma redução média de aproximadamente 50% no número de

requerimentos de recuperação judicial em todo Brasil se compararmos com a média

mensal do ano anterior à vigência da nova Lei.

Concord/Recup decretadas

0

10

20

30

40

50

60

2000

M01

2000

M07

2001

M01

2001

M07

2002

M01

2002

M07

2003

M01

2003

M07

2004

M01

2004

M07

2005

M01

2005

M07

2006

M01

2006

M07

2007

M01

2007

M07

2008

M01

2008

M07

2009

M01

2009

M07

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35

Variável Independente Coeficientes P-Valor Coeficiente P-Valor

Constante 32,90 0,001 45,91 0,026d_Lei -4,05 0,351 -7,03 0,028

AR(1) 0,59 0,000 0,94 0,000

AR(2) 0,42 0,000AR(6) 0,15 0,012

varPIB 2,60 0,847 12,34 0,330

Taxa de juros (SELIC) 0,0003 0,766 0,0001 0,783

Inflação (IGP-M) 0,42 0,397 0,16 0,748

Cambio -0,09 0,160 -0,012 0,873

Observações 226 226Estatistica Durbin-Watson 2,07 1,76

R-quadrado 0,86 0,89

Tabela 14: Regressão de Mínimos Quadrados: Concordatas/Recup. Decretadas e RequeridasDecretadas Requeridas

Análise estatística dos impactos da Lei 11.101/05 sobre a eficiência dos

procedimentos concursais

Delimitação da amostra pesquisada

Com o propósito de se obter amostragem mais ampla possível sobre os processos

concursais analisados, enviou-se aos 27 Tribunais de Justiça do Brasil ofício pelo qual

se solicitava extrato simplificado de informações processuais das ações distribuídas

entre 2000 e 2009 e que indicasse o número do processo, o nome das partes e a comarca

em que tramita, referentes aos processos de falência, concordatas, recuperação judiciais,

recuperação judicial de pequenas empresas e homologação de recuperações

extrajudiciais.

Estas informações, uma vez obtidas, permitiram que se organizasse rotina de

computação para extrair dos sites dos Tribunais diversas outras informações pertinentes

aos processos pesquisados. No que especificamente concerne aos impactos da Lei

11.101/05 sobre a celeridade dos processos, os dados coletados deveriam informar a

data de início, a data de cada uma das informações processuais registradas e a data do

final do processo. Com isso, podemos calcular os impactos da Lei 11.101/05 na duração

total dos processos, mas também na duração de fases dos processos pesquisados.

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Coleta de dados

Os sites de Tribunais em que se realizou a coleta foram os dos Estados de São

Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro.

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro a fornecer as

informações solicitadas, franqueando total acesso dos pesquisadores à integralidade da

base de dados informatizada do Tribunal. Com base nas informações obtidas, foi

executada rotina de computação para extrair e organizar os dados processuais obtidos.

Quando da fase de organização dos dados coletados, verificou-se que havia diversidade

de indexadores para classificar uma mesma espécie de processo. Desse modo, um

processo de recuperação judicial poderia estar classificado em relação ao “Assunto”,

“Classe” ou “Ação” como, por exemplo, “Recuperação Judicial”, “Recuperação Judicial

e Falência” e “Recuperação Extrajudicial”. Esta diversidade de classificação

impossibilita que se obtenha informação precisa sobre os processos existentes no Estado

do Rio de Janeiro e ocorreu quando da transição da base de dados pré-existente para os

critérios estabelecidos pelo Sistema de Tabelas Processuais Unificadas, do Conselho

Nacional de Justiça. Esta característica dos dados pertinentes aos processos do Estado

do Rio de Janeiro impossibilita sua tomada como base segura para realização de

análises. Por conta deste fato, foram utilizadas em substituição as bases de dados dos

Tribunais de Santa Catarina e Pernambuco. Os dados processuais dos Estados do Rio

Grande do Sul e do Espírito Santo não foram extraídos via rotina de computação por

conta de dificuldade técnica em se fazer a extração de modo automatizado, em razão,

por exemplo, de solicitação de digitação de número de validação para acesso à página

de registro da informação processual. No site do Tribunal de Justiça do Estado de

Pernambuco, embora haja esta solicitação, no código de programação da página em que

se solicita a inserção do dígito de validação é possível encontrar o valor deste dígito, de

modo que foi possível realizar a extração automatizada dos dados.

Com base na disponibilidade destas informações foram analisados os Estados de

SP, SC e PE. As informações processuais que foram extraídas consistem nas seguintes:

data de início; data da última movimentação; data de término; se a empresa

requerente/requerida é sociedade limitada ou não.

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Método de análise da duração do processo

Uma das medidas da eficiência de um procedimento de falência é determinada

pelo tempo gasto para a conclusão do processo (ver Djankov et al (2008)9). Com base

nesse indicador, realizou-se análise dos processos catalogados para comparar a duração

dos processos antes e após a entrada em vigor da Lei 11.101/05. Para tanto, realizou-se

primeiramente um teste de média, para comparar se o tempo médio sofreu alguma

modificação com a implementação da nova Lei. Posteriormente, utilizando o método de

Mínimos Quadrados Ordinários, analisou-se a magnitude dessa mudança.

Uma vez que nossa base é composta por processos iniciados e concluídos entre

2000 e 2009, era possível que os processos iniciados antes da nova lei tivessem duração

máxima de 9 anos enquanto que os que iniciaram depois da nova lei tivessem duração

máxima de 4 anos e meio. Isso poderia ser gerador de um viés positivo para o tempo

médio dos processos anteriores à nova lei, em relação aos processos posteriores. Para

eliminarmos esse problema introduzimos uma restrição, levando em consideração

processos com duração máxima de 4 anos e meio, o mesmo tempo de duração máxima

dos processos pós-nova lei. Com isso, eliminamos uma tendência de sobreestimar o

impacto da nova lei.

Análise dos dados obtidos no Estado de São Paulo

A tabela 15 compara a média de tempo dos processos começados antes da

implementação da nova Lei com a média de tempo dos processos começados depois da

nova Lei de Falências, para o Estado de São Paulo. A média de tempo de conclusão dos

processos pré-nova Lei é de 618 dias, enquanto que dos processos pós-nova Lei é de

210 dias. Esta mudança aparenta ser significativa. Entretanto, para determinar se essa

redução é estatisticamente significativa, realizou-se o teste-t de diferença de médias com

as seguintes hipóteses:

H0: tempo médio pós-nova Lei ≥ tempo médio pré-nova Lei

H1: tempo médio pós-nova Lei < tempo médio pré-nova Lei.

9 Djankov, S., Hart, O., McLiesh, C. and Shleifer, A.: “Debt Enforcement Around the World”, Journal of Political Economy, 116 (6), 2008.

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38

Variável Media Desvio Padrão P-Valor

Tempo pós 210 14.32 0,000

Tempo pré 459 45.88

Observações 889

Tabela 15: Médias e teste-t de diferença de médias

O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova Lei é maior ou

igual ao tempo médio pré-nova Lei, confirmando os indícios de que houve redução do

tempo do processo e, portanto, uma melhora em sua eficiência.

A determinação da magnitude dessa redução de tempo se obtém mediante a

regressão da variável tempo do processo de falência contra uma dummy que indica se o

processo é pós-nova Lei (i.e., a variável é igual a 1 se o processo começou depois da

nova Lei e zero caso contrário) e controlando pelas características do

requerente/requerido. A equação que representa essa relação é descrita por:

,_Re_Re 111 iiii dleiLtdaqueridoLtdaquerentey εγββα ++++=

em que a estimativa do parâmetro γ fornece uma idéia do impacto médio gerado

pela nova Lei sobre o tempo do processo em número de dias, e os parâmetros β’s

mensuram a diferença no tempo caso requerente/requerida seja Ltda ao invés de S.A.

Variável Independente Coeficientes P-Valor

Constante 482 0,000

d_Lei -252 0,000

Requerida_Ltda 20 0,883

Requerente_Ltda -52 0,039

Observações 851 F-Stat: 9,52

R-quadrado 0,02

Tabela 16: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência em SP*

*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade

A tabela 16 apresenta o impacto médio no tempo do processo trazido pela nova

Lei de Falências. Note que os processos iniciados pós-nova Lei são em média 397 dias

mais rápidos que os processos sob a antiga Lei, apontando um ganho em termos de

agilidade e eficiência.

Assim, se, por exemplo, tivermos uma taxa de depreciação anual dos ativos de

empresas em falência em torno de 25%, firmas com ativos de R$ 10.000.000 teriam um

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valor de liquidação de aproximadamente R$ 6.700.000 antes da nova lei, contra R$

8.420.000 pela nova lei de falências. Isso permite uma maior recuperação dos recursos

emprestados por parte dos credores e, portanto, tenderia a fazer com que os credores

reduzissem o custo do empréstimo.

Análise dos dados obtidos no Estado de Santa Catarina

A tabela 17 compara a média de tempo dos processos em Santa Catarina

começados antes da implementação da nova Lei com processos pós-nova Lei de

Falências. Observe que, assim como em São Paulo, a média de tempo de conclusão dos

processos pré-nova Lei é maior do que a média pós-nova Lei: são 1328 dias de duração

no período anterior e 608 dias após a entrada em vigor da Lei 11.101/05. Embora o

nível médio de tempo seja bastante superior a São Paulo, pode-se afirmar que a nova

Lei acarretou uma grande redução no tempo gasto para concluir os processos em

tramitação no Estado de Santa Catarina.

Novamente, para determinar se a mudança observada é estatisticamente

significativa, realizou-se o teste-t de diferença de médias com as seguintes hipóteses:

H0: tempo médio pós-nova Lei ≥ tempo médio pré-nova Lei

H1: tempo médio pós-nova Lei < tempo médio pré-nova Lei.

Variável Media Desvio Padrão P-Valor

Tempo pós 608 392 0,000

Tempo pré 1328 902

Observações 1360

Tabela 17: Médias e teste-t de diferença de médias

O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova Lei é maior ou

igual ao tempo médio pré-nova Lei e, portanto, confirma os indícios de que houve

redução do tempo do processo e uma melhora em sua eficiência.

Para estimar a magnitude dessa redução de tempo, regrediu-se por Mínimos

Quadrados Ordinários a variável tempo do processo de falência contra uma dummy que

indica se o processo é pós-nova Lei (i.e., a variável é igual a 1 se o processo começou

depois da nova Lei e zero caso contrário):

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40

,1 ii dleiy εγα ++=

em que o parâmetro γ fornece o impacto médio gerado pela nova Lei no tempo do

processo em número de dias.

Variável Independente Coeficientes P-Valor

Constante 725 0,000

d_Lei -125 0,000

Observações 895 F-Stat: 9,96

R-quadrado 0,01

Tabela 18: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência em SC*

*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade

A tabela 18 apresenta o impacto médio no tempo do processo trazido pela nova

Lei de Falências e indica que os processos iniciados pós-nova Lei são, em média, 720

dias mais rápidos que os processos sob a antiga Lei, apontando um ganho em termos de

agilidade e eficiência, assim como em São Paulo.

Utilizando o mesmo exemplo da seção anterior, para uma taxa de depreciação

anual dos ativos de empresas em falência em torno de 25%, firmas com ativos de R$

10.000.000 teriam um valor de liquidação de aproximadamente R$ 5.027.000 antes da

nova lei, contra R$ 5.900.000 pela nova lei de falências. Isto permitiria um maior valor

recuperado por parte dos credores e, portanto, tenderia a fazer com que os credores

reduzissem o custo do empréstimo.

Análise dos dados obtidos no Estado de Pernambuco

A tabela 19 compara a média de tempo dos processos começados antes da

implementação da nova Lei com a média de tempo dos processos pós-nova Lei de

Falências para o estado de Pernambuco. Assim como em São Paulo e Santa Catarina, a

média de tempo de conclusão dos processos pré-nova Lei é maior do que a média pós-

nova Lei: 1865 dias, contra 462, respectivamente.

Novamente, para saber se a mudança observada é estatisticamente significativa,

realizou-se o teste-t de diferença de médias com as seguintes hipóteses:

H0: tempo médio pós-nova Lei ≥ tempo médio pré-nova Lei

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41

H1: tempo médio pós-nova Lei < tempo médio pré-nova Lei.

Variável Media P-Valor

Tempo pós 461 0,001

Tempo pré 689

Observações 348

Tabela 19: Médias e teste-t de diferença de médias

O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova Lei é maior ou

igual ao tempo médio pré-nova Lei, e portanto confirma os indícios de que houve de

fato uma redução do tempo do processo e conseqüentemente uma melhora em sua

eficiência.

Para estimar a magnitude dessa redução de tempo, regredimos a variável tempo

do processo de falência em Pernambuco contra uma dummy indicando se o processo é

pós-nova Lei (i.é., a variável é igual a 1 se o processo começou depois da nova Lei e

zero caso contrário):

,1 ii dleiy εγα ++=

onde parâmetro γ fornece o impacto médio gerado pela nova Lei em no tempo do

processo em número de dias.

Variável Independente Coeficientes P-Valor

Constante 689 0,000

d_Lei -228 0,000

Observações 593 F-Stat: 15,75

R-quadrado 0,04

Tabela 20: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência em PE*

*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade

A tabela 20 indica que os processos iniciados pós-nova Lei de Falências são em

média 1403 dias mais céleres do que os processos regidos pela antiga Lei, apontando

um ganho em termos de agilidade e eficiência, assim como em São Paulo e Santa

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Catarina. Ademais, Pernambuco é o Estado em que houve, proporcionalmente, o maior

ganho, reduzindo o tempo de duração do processo em quase quatro anos.

Voltando ao exemplo das seções anteriores, para uma taxa de depreciação anual

dos ativos de empresas em falência em torno de 25%, firmas com ativos de R$

10.000.000 teriam um valor de liquidação de aproximadamente R$ 5.280.000 antes da

nova lei, contra R$ 6.842.000 pela nova lei de falências. Note que a implementação da

nova lei aponta um ganho maior de eficiência para o estado de Pernambuco se

comparado com Santa Catarina.

Resumo dos Resultados

A presente seção procurou evidenciar, separadamente, os ganhos de eficiência

dos processos de falência para os estados de São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco.

Qualitativamente o resultado foi similar para os três estados, observando-se uma

redução no tempo do processo de falência. Porém para os estados de São Paulo e

Pernambuco, esta redução foi mais acentuada.

O que podemos dizer em relação ao Brasil como um todo? Utilizando os dados

agregados dos três estados como proxy para representar o efeito médio brasileiro, a

média de tempo de conclusão dos processos pré-nova lei é maior do que a média pós-

nova lei, 600 dias contra 508 respectivamente.

Novamente, para sabermos se a mudança observada é estatisticamente

significativa, foi feito o teste-t de diferença de médias com as seguintes hipóteses:

H0: tempo médio pós-nova lei ≥ tempo médio pré-nova lei

H1: tempo médio pós-nova lei < tempo médio pré-nova lei.

Variável Média P-Valor

Tempo pós 508 0,002210Tempo pré 600

Observações 2135

Tabela 21: Médias e teste-t de diferença de médias

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O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova lei é maior ou

igual ao tempo médio pré-nova lei, e portanto confirma os indícios de que houve de fato

uma redução do tempo do processo e portanto uma melhora em sua eficiência.

Para estimar a magnitude dessa redução de tempo, regredimos por Mínimos

Quadrados Ordinários a variável tempo do processo de falência contra uma dummy que

indica se o processo é pós-nova lei (i.e., a variável é igual a 1 se o processo começou

depois da nova lei e zero caso contrário):

,1 ii dleiy εγα ++=

em que parâmetro γ fornece o impacto médio gerado pela nova lei em no tempo

do processo em número de dias.

Tabela 22: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência*

Variável Independente Coeficientes P-Valor

Constante 678 0,000

d_Lei -168 0,000

São Paulo -224 0,000

Santa Catarina 49 0.088

Efeito Fixo SimObservações 2131 F-Stat: 63,30

R-quadrado 0,08*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade

A tabela 22, que apresenta o impacto da nova lei de falências sobre o tempo de

duração do processo para os dados agregados de Pernambuco, São Paulo e Santa

Catarina, indica que os processos iniciados pós-nova lei são em média 168 dias mais

rápidos que os processos sob a antiga lei, apontando um ganho em termos de agilidade e

eficiência em média para o Brasil10.

10 Ressalte-se que pode haver um pequeno viés nos resultados obtidos, em virtude de a nova lei apresentar requisitos mais restritivos que a antiga lei para o requerente da falência. O não atendimento a esses requisitos pode ser a causa da extinção de alguns dos processos da amostra, o que age para diminuir o tempo médio. No entanto, como o número de falências requeridas e decretadas também caiu, o efeito da

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E. Características específicas da recuperação judicial

Nessa seção, o objetivo é analisar as potenciais inovações trazidas pela nova Lei

de Falências nas características especificas do procedimento de recuperação judicial.

Delimitação da amostra pesquisada

Para realizar análise da eficiência do procedimento de recuperação judicial de

empresas conduziu-se coleta de campo nas varas de direito empresarial da Comarca do

Rio de Janeiro e na 1ª Vara de Falência de São Paulo. Embora o projeto apresentado

previsse apenas a coleta de campo no Rio de Janeiro, Capital, fez-se necessária a coleta

de dados em São Paulo, ante o volume de processos concursais lá existentes.

Os processos cujas informações foram coletadas foram selecionados

aleatoriamente, de modo a assegurar que a amostragem não fosse viesada.

Descrição dos dados coletados

Ao todo foram utilizadas as informações referentes a 17 processos de recuperação

judicial, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por possuírem a integralidade das

informações que se pretendia obter. Alguns processos, em razão de se encontrarem em

estágio inicial ou de estarem alguns de seus volumes de autos em carga com o

administrador judicial, por exemplo, foram copiados mas sem que se obtivesse reunir a

integralidade das informações pretendidas.

Além de informações referentes ao processo de recuperação judicial (localidade:

Estado, Comarca e Vara; valor da ação; data da ação; data da citação; data das decisões)

foram obtidas informações contábeis das empresas (balanços patrimoniais dos 3 anos

anteriores ao pedido de recuperação). A partir dessas informações dos processos de

recuperação judicial, foram analisadas a dinâmica procedimental do processo de

recuperação e as características das empresas em situação de crise.

extinção desses processos sobre o tempo médio de duração é provavelmente reduzido e não invalida os de resultados encontrados.

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45

Análise do procedimento de recuperação judicial

Primeiramente será analisada a dinâmica procedimental, isto é, quanto tempo

leva-se em média para cumprir as etapas do processo de recuperação, principalmente no

que diz respeito ao tempo que há entre a data da propositura da ação e o deferimento do

processamento da recuperação, e o tempo que há entre esta decisão e a apresentação do

plano de recuperação.

Economicamente, o tempo utilizado para cumprir essas etapas é extremamente

importante para a empresa e para a economia como um todo. Primeiro, pelo fato de

reduzir a incerteza perante o funcionamento e sobrevivência da empresa o quanto antes

pela apresentação do plano de recuperação. Isso permite com que a firma tenha um

menor custo de renegociar contratos com novos fornecedores, ou outros parceiros

comerciais. Segundo, por reduzir a depreciação dos ativos da empresa, uma vez que

quanto mais lento o processo, maior será o efeito do tempo sobre o valor dos ativos da

empresa, impactando o valor da empresa como um todo. Com isso, um processo mais

ágil traz benefícios para as empresa tanto no que diz respeito à sua chance de

sobrevivência como ao seu valor em si.

A tabela 23 apresenta três medidas de tempo no processo de recuperação: tempo

entre a propositura da ação e o deferimento do processamento da recuperação, tempo

entre o deferimento do processamento e a apresentação do plano de recuperação, e o

tempo total ocorrido entre a propositura da ação e a apresentação do plano de

recuperação.

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46

Tabela 23: Tempo do processo até a apresentação do plano de recuperação

Tempo entre a propositura da ação e sua sentença

Processo 1 8

Processo 2

Processo 3 3

Processo 4 3

Processo 5 4.5

Processo 6 3.5

Processo 7 3

Processo 8

Processo 9

Processo 10

Processo 11 3

Processo 12

Processo 13

Processo 14 3

Processo 15

Processo 16 3.5

Processo 17

Média 3.8

3 meses e 24 dias

Tempo entre a sentençae a apresentação do plano

4

2

1

1

1.5

1

1

1.5

2

2

2

1.5

1

1

1

1

2

2

2.6

2 meses e 18 dias

Tempo total

1.4

1 mês 12 dias

6

2

2

3

2.5

A duração média do tempo total entre a propositura da ação e a apresentação do

plano de recuperação é de 3 meses e 24 dias. Note que a maior parte desse tempo é

devido à elaboração do plano de recuperação, pois a duração média entre a sentença de

deferimento do processamento da recuperação e a apresentação do plano é de 2 meses e

18 dias, enquanto que o tempo gasto pela justiça desde a propositura da ação e o

deferimento do processamento é de pouco mais de 1 mês.

As figuras 14, 15 e 16 apresentam a distribuição de freqüência – em termos

percentuais – dos meses necessários para cada etapa até a apresentação do plano.

Figura 14: Histograma do tempo entre a propositura da ação e o deferimento do processamento

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47

Histograma: Tempo da propositura à sentença

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

1 2 3 4 Mais

Meses

Fre

qüên

cia

(%)

A figura 14 indica que a maioria dos processos (aproximadamente 60%) dura até

um mês para a decisão que defere o processamento da recuperação, e em pouco mais de

90% esse processo leva até dois meses. Por outro lado, a figura 15 aponta que o tempo

entre o deferimento da recuperação e a apresentação do plano demora, na maioria dos

casos, entre um e dois meses. Em 90% dos casos a duração é de até 3 meses.

Figura 15: Histograma do tempo entre o deferimento do processamento da recuperação e a apresentação do plano

Histograma: Tempo da sentença à apresentação do plano

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

1 2 3 4 Mais

Meses

Fre

qüên

cia

(%)

Figura 16: Histograma do tempo entre a propositura da ação e a apresentação do plano

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48

Histograma: Tempo da propositura à apresentação do plano

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

2 3 4 5 Mais

Meses

Fre

qüên

cia

(%)

Com relação à duração total desde a propositura da ação até a apresentação do

plano de recuperação, pode-se observar pela figura 16 que, na maioria dos casos

estudados, o tempo requerido foi de dois a três meses (55% dos casos). Em quase todos

os casos (89%), esse período é inferior ou igual a 5 meses.

Em termos de eficiência da Lei, o resultado obtido em nossa amostra indica

rapidez no processo de recuperação judicial até a apresentação do plano de

reorganização da firma. Isso reduz diversos custos para as firmas em dificuldades,

permitindo-lhe negociar com menos incerteza com novos credores, aumentando a

chance de reabilitação.

Análise do perfil das empresas em recuperação

Em relação às características das firmas em recuperação, foram utilizados quatro

indicadores contábeis para se caracterizar o seu perfil. São eles: (a) capacidade de

pagamento dos passivos declarados na petição; (b) capacidade de pagamento do passivo

total; (c) alavancagem (se o patrimônio líquido for positivo) e (d) liquidez. Cada

indicador é construído da seguinte forma:

1. Capacidade de pagamento dos passivos declarados na petição: passivos

declarados / faturamento;

2. Capacidade de pagamento do passivo total: passivo / faturamento

3. Liquidez: ativo circulante / passivo circulante;

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4. Alavancagem: passivo / patrimônio líquido.

Os dois primeiros indicadores procuram mostrar quantos anos de faturamento são

necessários para pagar os passivos (declarado e total); liquidez representa a capacidade

de pagamento de curto prazo das empresas; e, finalmente, alavancagem representa o

tamanho do endividamento relativo ao capital próprio da empresa.

Tabela 24: Indicadores contábeis das firmas em recuperaçãoCapacidade de pagamentodo passivo declarado

Processo 1 0.634 13.88

Processo 2 0.927 PL negativo

Processo 3 0.304 PL negativo

Processo 4 0.249 PL negativo

Processo 5 0.959 18.47

Processo 6 0.831 PL negativo

Processo 7 0.749 PL negativo

Processo 8 0.016 2.69

Processo 9 0.258 PL negativo

Processo 10 0.746 34076.82

Processo 11 0.671 PL negativo

Processo 12 0.000 PL negativo

Processo 13 0.609 PL negativo

Processo 14 0.294 PL negativo

Processo 15 0.794 PL negativo

Processo 16 0.290 3.17

Processo 17 0.955 23.88

Mediana 0.749

0.32

63.90

5.65

0.83

0.24

3.95

50.40

0.22

1.04

0.79

1.11

0.46

0.39

0.81

0.64

0.41

0.68

0.90

Capacidade de pagamentoAlavancagem

do passivo totalLiquidez

A tabela 24 reporta os indicadores contábeis de cada firma em processo de

recuperação. Note que a mediana indica que pelo menos na metade dos casos as

empresas precisariam de menos de um ano para quitar seus passivos (razão

passivo/faturamento menor que um), justificando o pedido de recuperação dada sua

viabilidade econômica. Porém, os indicadores de liquidez e de endividamento apontam

dificuldades financeiras de curto prazo e com credores. Na maior parte dos casos as

firmas estão com obrigações (passivo) que excedem seus recursos (ativo), deixando-as

com Patrimônio Liquido negativo.

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50

A figura 17 apresenta a distribuição de freqüência da capacidade de pagamento do

passivo declarado. Observe que na maioria dos casos (aproximadamente 60%) as

empresas em recuperação precisariam de no máximo um ano de faturamento para pagar

seus passivos declarados, apontando uma boa viabilidade das empresas para gerar caixa

e arcar com seus compromissos. Pode-se observar o mesmo em relação à capacidade de

pagamento do passivo total (ver figura 18).

Figura 17: Histograma da capacidade de pagamento do passivo declarado

Histograma: Capacidade de Pagamento do Passivo Declarado

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1 2 3 Mais

Fre

qüên

cia

(%)

Figura 18: Histograma da capacidade de pagamento do passivo total

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51

Histograma: Capacidade de Pagamento do Passivo Total

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1 2 3 Mais

Fre

qüên

cia

(%)

Figura 19: Histograma da Liquidez das empresas em recuperação

Histograma: Liquidez

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.5 1 1.5 Mais

Fre

qüên

cia

(%)

Em relação à liquidez, a figura 19 mostra que a maioria das firmas tinham

problemas sérios de caixa, o que justifica o pedido de recuperação.

Síntese conclusiva

Em resumo, há indícios de que o processo de recuperação está sendo utilizado por

empresas com problemas financeiros (financial distress), mas que possuem viabilidade

econômica, o que coincide com o objetivo da recuperação: tentar salvar empresas em

dificuldades, mas que sejam viáveis economicamente.

Um dos principais problemas do processo de recuperação em todo mundo é o que

se denomina Erro Tipo I (firmas economicamente viáveis com problemas financeiros

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são liquidadas ao invés irem para a recuperação), e Erro Tipo II (firmas

economicamente inviáveis com problemas financeiros vão a recuperação quando

deveriam ser liquidadas). Observe que em nossa amostra, aproximadamente 70% dos

casos, as firmas precisam de 2 anos ou menos de faturamento para pagar todos seus

passivos, indicando sua viabilidade econômica, ou seja, menos de 30% dos casos podem

ser apontados como Erro Tipo II.

F. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o crédito

Marco teórico

A importância de uma boa legislação falimentar não está presente apenas quando

a empresa tem sua falência decretada; ela também exerce forte influência na taxa de

juros, na oferta de crédito às empresas e, consequentemente, em seus investimentos. A

relação entre as características do sistema falimentar e seus efeitos sobre as condições

de crédito podem ser explorados através de um simples modelo, a seguir descrito.

Suponha que:

H1- A firma devedora é dirigida pelo gerente/dono.

H2 - Mercado de capitais competitivo.

H3 - Credores podem prever a média de seus retornos em caso de bancarrota.

H4 - Credores e firmas são neutros ao risco.

A hipótese um (H1) é feita porque o assunto que se pretende tratar não se refere

aos problemas de governança corporativa. A hipótese dois (H2) é realista. A hipótese

três (H3) quer dizer que credores profissionais têm considerável experiência com

bancarrota, e a hipótese quatro (H4) é mais precisa quando aplicada a bancos e firmas

do que a indivíduos.

Suponha uma firma que possui um projeto que requer um investimento I e pode

ser obtido externamente. A firma se compromete a pagar aos credores a quantia F . O

projeto retorna para a firma um valor v no futuro, onde se Fv ≥ a firma estará

solvente, caso contrário, Fv < a firma estará insolvente. Como apenas esses dois

resultados interessam para a análise, supôs-se dois estados da natureza possíveis no

futuro: solvência e insolvência.

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53

Os estados de solvência e de insolvência retornam para a firma os valores solvv e

insv respectivamente -- onde inssolv vFv >≥ -- com probabilidades solvp e )1( solvp− .

Isso implica que o valor esperado do projeto é inssolvsolvsolv vpvpvE )1()( −+= , o retorno

esperado condicional ao estado de solvência é solvsolv vvE =)( e o retorno esperado

condicional ao estado de insolvência é .)( insins vvE =

O custo do processo de insolvência é c . O sistema falimentar pode então

distribuir aos credores de uma firma insolvente no máximo a soma cvins − . Portanto, o

pagamento aos credores é de F se a firma está solvente e cvins − se estiver falida.

Uma vez que o mercado de crédito é competitivo, F é a maior soma que os

credores podem demandar a fim de financiar o projeto. Supõe-se que a taxa de juros

livre de risco é igual a zero (a fim de simplificar-se o problema). Logo, a taxa de juros

para a firma tomadora de empréstimo é função do risco do projeto e das propriedades do

procedimento falimentar que está em vigor.

Credores que emprestam I , deveriam esperar receber I de retorno. Essa

expectativa pode ser escrita como:

);)(1( cvpFpI inssolvsolv −−+=

solv

inssolv

p

cvpIF

))(1( −−−=

Se o valor esperado que os credores recebem condicional ao estado de insolvência

aumenta (i. é, )( cvins − aumenta) , F diminui, reduzindo a taxa de juros cobrada pelos

credores. Intuitivamente, quanto mais os credores esperam receber no estado de

insolvência, menos os credores irão cobrar da firma nos estados de solvência. A taxa de

juros da firma é 1)/( −= IFr , sendo crescente em F , que é o valor que é cobrado da

firma em caso de solvência.

Dados recentemente publicados pelo Doing Business do Banco Mundial11

apontam uma melhora significativa em indicadores de eficiência da Lei de Falências

brasileira. Esses dados vão ao encontro dos resultados em termos de maior rapidez do

11 http://www.doingbusiness.org/

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processo, conforme apontado acima. Um efeito imediato trazido pela redução do tempo

no procedimento de falência foi o aumento significativo da taxa de recuperação dos

credores, aumentando em aproximadamente 60 vezes o valor recuperado de uma firma

insolvente, saindo de 0,2 centavos recuperados por dólar para 17 centavos por dólar.12

Com essas informações, é possível prever através do modelo teórico que tal

aumento na taxa de recuperação dos credores no estados de falência – no modelo

determinado por )( cvins − – se traduzirá numa queda nas taxas de juros cobradas das

firmas.

Observe que a nova Lei também tende a ter um efeito positivo sobre o volume de

crédito destinado às pessoas jurídicas, uma vez que uma redução na taxa de juros

aumenta o conjunto de opções de projetos financiáveis. Para analisar tal fato, denote-se

por W o bem-estar social. Logo, uma firma deveria empreender um projeto que cria

valor, isto é:

. 0)()1()(

and 0))(1(

≥−−−+=

≥−−−+=

IcvEpvEpW

IcvpvpW

inssolvsolvsolv

inssolvsolvsolv

Sempre existe um valor esperado condicional mínimo para o retorno )(vEsolv que

faça 0=W . Então

,)()1(

)(solv

inssolvsolv p

cvEpIvE

−−−=

lembrando que solvinssolv pcvEpIF /)]()1([ −−−= é idêntico ao lado direito de

)(vEsolv . Como (1) resolve para o mínimo pagamento que a firma deve fazer para obter

financiamento, e (2) para retorno esperado condicional mínimo socialmente aceito,

então seria socialmente eficiente que as firmas realizassem todos os projetos criadores

12Ver Araujo e Funchal (2006) para mais detalhes do efeito potencial da eficiência do processo de falência na taxa de recuperação dos credores.

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de valor ( 0≥W ) que os credores desejassem financiar. Com a redução dos juros – e,

conseqüentemente, de F – o retorno esperado condicional mínimo socialmente aceito se

reduz, ampliando o conjunto de projetos a serem financiados. Assim, o aumento do

volume de crédito às pessoas jurídicas é também uma consequência natural dos

benefícios da nova Lei.

Análise da correlação entre taxa de juros x Lei 11.101/05

Os dados referentes ao crédito para pessoa jurídica são tornados disponíveis pelo

Banco Central do Brasil.13 Serão utilizadas duas variáveis distintas para a análise da

influência da nova Lei sobre o crédito: a razão entre o crédito para pessoa jurídica e o

PIB, que está segregado em quatro grupos (comércio, indústria, serviços e rural); e taxas

médias mensais (consolidadas: prefixadas, pósfixadas e flutuantes) de juros a pessoas

jurídicas.14

A figura 20 ilustra a evolução da razão crédito a pessoas jurídicas/PIB no Brasil

para o período de janeiro de 2004 a novembro de 2006. Note que de janeiro de 2004 a

maio de 2005 a razão pouco variou, não passando de 19%. Com a entrada em vigor da

nova Lei, em dezembro de 2006, o volume de crédito às pessoas jurídicas atingiu o

patamar recorde de 22,4% do PIB, passando de uma média de 18,55% do PIB no

período dos 12 meses anteriores à vigência da nova Lei para uma média de 20,5% do

PIB, o que significa um aumento de aproximadamente 10,5%.

É importante ressaltar que não é normal se observar uma mudança muito brusca

dessa variável se comparado com o número de falências. Isso porque apenas parte do

estoque de crédito foi renovado nesse período, sendo que muitos deles foram obtidos

antes da vigência da nova Lei, sem levar em consideração a adaptação dos agentes à

nova Lei.

PIBjurídicas/ pessoas para Crédito razão da Evolução :20 Figura

13 www.bcb.gov.br. 14Operações de crédito do sistema financeiro privado. Dados referentes à razão Credito/PIB e taxa de juros vão desde janeiro de 1995 à novembro de 2006 e de junho de 2000 à novembro de 2006 respectivamente.

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56

18

19

20

21

22

jan

/04

mar

/04

mai

/04

jul/0

4

set/0

4

nov

/04

jan

/05

mar

/05

mai

/05

jul/0

5

set/0

5

nov

/05

jan

/06

mar

/06

mai

/06

jul/0

6

set/0

6

nov

/06

New Bankruptcy Law

Brasil do Central Bano :Fonte

Para estimar o impacto da Nova Lei de Falências sobre o crédito às pessoas

jurídicas, continuar-se-á a utilizar o método de Mínimos Quadrados Ordinários. Para

mensurar o impacto da Nova Lei de Falências, estimou-se a regressão linear expressa

pela equação:

ttt dleiXy εγα ++Γ+=

em que a variável dependente será cada uma das variáveis acima citadas e a principal

variável independente será uma dummy (dlei) que tem valores zero para o período antes

da alteração legislativa e 1 para o período posterior, de modo a capturar o efeito de tal

mudança. Os controles utilizados que estão representados na equação por Xt são: a

variável dependente defasada em um período, a variação do PIB dessazonalizado e suas

defasagens, taxa de juros (SELIC), variação da taxa de câmbio e suas defasagens e um

índice de inflação (será utilizado o IGP-M, dado que são firmas o objeto de análise)15.

Utilizou-se a variação percentual do PIB e suas defasagens para controlar os

efeitos gerados pelos ciclos econômicos. Da mesma forma, foi utilizada a variação

percentual do câmbio e suas defasagens para controlar problemas gerados pela variação

15 Fonte: www.ipeadata.gov.br.

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57

da moeda, como por exemplo o aumento dos custos de produção em alguns setores

devido à valorização cambial, ou até mesmo à queda na receita dos exportadores devido

a uma forte desvalorização do câmbio.16 O uso da taxa SELIC na regressão é justificada

a fim controlar o efeito da evolução do custo da dívida das firmas no volume agregado

de falências e concordatas. O índice de Herfindahl (HHI) para o setor bancário é

importante para controlar-se o efeito de aumento (ou redução) de concorrência no setor

bancário sobre o crédito.17 Finalmente, os índices de inflação estão sendo considerados

de forma a eliminar o efeito da variação geral de preços sobre a variável de interesse.

Desta forma, a estimação do parâmetro γ dá uma noção do efeito da reforma da

Lei de Falências, considerando a influência de todos os fatores citados acima como

controles.

A tabela 25 exibe o resultado para a razão crédito a pessoas jurídicas/PIB. O

resultado – significativo ao nível de 5% – indica que a nova Lei proporcionou um

aumento na razão crédito a pessoas jurídicas/PIB em termos absolutos para todas os

setores (comercial, serviços e rural), exceto o industrial. A tabela 26, que exibe o

resultado para taxas de juros às pessoas jurídicas, indica que a nova Lei não teve um

impacto estatisticamente significativo nas taxas de juros médias cobradas das pessoas

jurídicas. Porém, esse resultado pode ser explicado pela entrada de novas firmas no

mercado de crédito. Tais firmas, antes restritas ao crédito, se endividam a taxas maiores

do que a média, o que elimina o efeito de uma redução na taxa das firmas que já

estavam inseridas no mercado.18

16 Consideramos a variação do PIB e do câmbio uma vez que estas são variáveis não estacionárias. 17 O índice de Herfindahl do setor bancá rio foi extraí do de Nakane(2004) e Santos (2005). 18 Tanto para o estudo do crédito à pessoas jurídicas/PIB e taxa de juros, os resíduos apresentaram tanto heterocedascidade quanto autocorrelação serial. Para a correção desse problema foi utilizada a matriz de variância-covariância de Newey-West, que é robusta à heterocedascidade e autocorrelação serial.

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58

Tabela 25: Regressão de Mínimos Quadrados Ordinários: crédito à pessoas jurídicas Comércio Indústria Serviços Rural

Variável Independente Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes

Constante 0.12a

0.65a 0.79b 0.18a

(0.04) (0.138) (0.3) (0.057)d_Lei 0.04

b -0.02 0.12b

0.06b

(0.02) (0.023) (0.05) (0.025)Credito(-1) 0.96

a0.90

a0.84

a0.92

a

(0.02) (0.023) (0.06) (0.02)varPIB -0.02 -0.84 -0.15 0.33

(0.25) (0.54) (0.4) (0.46)varPIB(-1) -0.09 0.048 -0.86

c 0.23

(0.2) (0.52) (0.44) (0.28)Taxa de juros (SELIC) 0.02 0.001 0.03

c 0.012

(0.013) (0.019) (0.017) (0.014)Inflação (IGP-M) -0.01

c-0.046

a-0.04

a-0.016

c

(0.007) (0.013) (0.014) (0.01)varcambio 0.18

a1.58

a -0.27 -0.032

(0.05) (0.19) (0.46) (0.13)varcambio(-1) -0.11 0.19 0.05 -0.223

a

(0.06) (0.22) (0.15) (0.07)HHI -0.47

b 0.12 -2.34b -0.117

(0.24) (0.36) (1.11) (0.34)Observações 143 143 143 143R-quadrado 0.98 0.95 0.91 0.96Nota: a=significativo à 1%; b= significativo à 5%; c= significativo à 10%.Erros padrões entre parênteses.

Tabela 26: Regressão de MQO: Taxa média mensal de juros à pessoas jurídicas

Variável Independente Coeficientes

Constante 5.69b

(2.53)

d_Lei 0.001(0.21)

Taxa Média mensal de juros à Pessoas Juridicas(-1) 0.76a

(0.06)varPIB -0.45

(9.46)

varPIB(-1) -10.11c

(6.00)

Taxa de juros (SELIC) 2.63a

(0.86)Inflação (IGP-M) 0.18

(0.19)varcambio -9.63

a

(3.21)varcambio(-1) -8.82

a

(2.51)HHI 27.54

(21.25)

Observações 143R-quadrado 0.91Nota: a=significativo à 1%; b= significativo à 5%; c= significativo à 10%.

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59

G. Conclusão

Conclusão Geral

Pode-se afirmar que, em linhas gerais, a Lei 11.101/05 aperfeiçoou o sistema de

direito concursal brasileiro.

Do ponto de vista da diretriz obrigatória 2.1.1 (Análise de julgados com vistas a

quantificar o impacto da lei falimentar sobre o tempo médio dos processos falimentares

e de recuperação judicial), houve significativo aperfeiçoamento do sistema em razão da

diminuição do tema de duração dos procedimentos concursais. Esta conclusão está em

conformidade com a percepção dos entrevistados, que entendem que as modificações no

processo falimentar o tornaram mais célere; e, também, está em conformidade com a

percepção dos entrevistados o procedimento de recuperação judicial de empresas

previsto na lei é mais célere, se comparado com o procedimento da concordata.

Do ponto de vista da diretriz obrigatória 2.1.2 (Exame da capacidade de

recuperação empresarial sob o regime falimentar antigo em contraste com o obtido pela

Lei 11.101/2005, quantificando e analisando precedentes relevantes), pode-se concluir

que o simples fato de ter ocorrido diminuição no tempo de duração dos processos

concursais já é, per se, suficiente para embasar a conclusão de que houve aumento da

capacidade de recuperação empresarial, seja por propiciar uma mais eficiente

recuperação de empresas viáveis que recorrem ao processo de recuperação judicial, seja

por realizar uma liquidação falimentar mais eficiente, de modo a promover-se o

princípio da maximização do valor dos ativos do falido. Além disso, ainda sob o ponto

de vista da diretriz obrigatória 2.1.2, as empresas que estão recorrendo ao processo de

recuperação judicial de empresas são, de regra, economicamente viáveis, o que vai ao

encontro do princípio de que empresas economicamente viáveis devem submeter-se ao

procedimento de recuperação judicial, ao passo que empresas economicamente

inviáveis devem ser liquidadas pelo procedimento falimentar.

Conclusões específicas

Contribuiu para aumentar a eficiência do sistema a limitação da hipótese

caracterizadora da falência por impontualidade prevista no art. 94, I, da Lei 11.101/05,

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pois em razão desta limitação houve substancial diminuição do volume de

requerimentos de falência e de falências decretadas. Este fato, per se, já é causa de

aperfeiçoamento do sistema, à medida que um menor volume de pedidos de falência e

um menor número de falências decretadas torna mais eficiente a proporção processos

por magistrado e por serventuário da justiça. Ademais, em conformidade com a

pesquisa de percepção dos agentes envolvidos na aplicação da Lei, esta modificação

teve efeitos positivos no processo falimentar, pois o limite mínimo de 40 (quarenta)

salários mínimos para justificar o pedido de falência parece adequado.

Quanto ao volume de pedidos de recuperação judicial, a nova Lei contribuiu com

uma redução média de aproximadamente 50% no número de requerimentos de

recuperação judicial em todo Brasil, quando comparado com a média mensal do ano

anterior à entrada em vigência da nova Lei.

Em conformidade com a percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei

11.101/05, há indicativos de terem sido altamente positivas:

- as modificacões no procedimento de liquidação dos ativos do falido.

Em conformidade com a percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei

11.101/05, há indicativos de terem sido positivas:

- as modificaco�es no procedimento de verificação de créditos.

- as modificações no procedimento de arrecadação de ativos.

Estas mudanças que promoveram o aperfeiçoamento do sistema, identificadas

como positivas ou altamente positivas pela pesquisa de percepção, é corroborada pelo

fato de que, ainda de acordo com a pesquisa de percepção, o percentual esperado de

satisfação dos créditos trabalhistas no processo falimentar é entre 60% e 80%.

Entretanto, o percentual esperado de satisfação dos créditos inscritos no quadro geral de

credores (em geral, incluindo os com e sem garantia) no processo falimentar é entre

20% e 40%. Em ambos os resultados percentuais apontados, houve a ressalva por parte

dos entrevistados de que o índice de satisfação dos créditos (trabalhistas e em geral) no

processo falimentar depende muito das próprias características da empresa falida, sendo,

portanto, esta variável mais relevante do que o próprio procedimento previsto

legislativamente. Esta assertiva não invalida o fato de que, para os entrevistados, o

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processo falimentar teve substanciais melhoras quanto à liquidação dos ativos, a

verificação de créditos e a arrecadação de ativos, de modo a possibilitar um alto índice

de satisfação dos créditos trabalhistas e um médio para baixo índice de satisfação da

totalidade dos credores inscritos no quadro geral de credores.

Ao concluir-se que o percentual esperado de satisfação dos créditos trabalhistas

no processo falimentar é entre 60% e 80% se está a indicar que a limitação da

preferência do crédito trabalhista a 150 salários mínimos (art. 83, I) por credor não

possui forte impacto na satisfação desta classe de créditos. Ainda mais se considerado o

fato de que, conforme destacado pelos entrevistados, o índice de satisfação dos credores

é altamente dependente das características específicas da empresa falida.

Quanto ao processo de recuperação judicial de empresas, de acordo com a

pesquisa de percepção realizada, o percentual esperado de satisfação dos credores no

procedimento de recuperação judicial de empresas é entre 60% e 80%. Esta conclusão

quanto à percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei é corroborada pelo

perfil patrimonial das empresas que postulam recuperação judicial, que são

caracterizadas, de regra, como empresas economicamente viáveis. Ademais, por serem,

de regra, empresas economicamente viáveis que postulam recuperação judicial, esta

característica reforça a resposta obtida na pesquisa de percepção segundo a qual a nova

legislação tem possibilitado a preservação dos postos de trabalho de empresas em crise

entre 40% e 60%.

O alto índice esperado de satisfação de credores, bem como o relevante índice de

manutenção dos postos de trabalho, são relevantes indicadores sobre a eficiência do

procedimento de recuperação judicial de empresas. Ademais, esta conclusão acerca da

eficiência do procedimento da recuperação judicial de empresas é corroborada pela

percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei, que consideram ser altamente

positiva a não aplicação da regra de sucessão de obrigações civis, tributárias e

trabalhistas no caso de o plano de recuperacão prever a alienacão de unidades

produtivas isoladas. Significado semelhante pode-se atribuir ao fato de que é neutro o

fato de os créditos alienados fiduciariamente não se submeterem à recuperacão de

empresas. Ou seja, mesmo ante a previsão legislativa do mecanismo denominado “trava

bancária”, conserva-se alto percentual de satisfação dos credores no processo de

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recuperação judicial, bem como conserva-se relevante percentual de manutenção dos

postos de trabalho da empresa em crise.

Embora de acordo com a pesquisa de percepção se tenha indicado que é positivo o

tratamento específico adotado na nova legislação falimentar para as micro, pequenas e

médias empresas, os entrevistados entenderam ser neutro o tratamento específico

adotado na nova legislação para a recuperação judicial de micro, pequenas e médias

empresas. Isto provavelmente porque, de um lado, ao limitar-se o valor do crédito

impago a 40 salários mínimos para legitimação do pedido de falência, acaba-se

diminuindo as hipóteses de requerimento de falência de empresas de menor porte, que

possuem dívidas igualmente de menor porte, conforme ressaltou um dos entrevistados.

Entretanto, quando se está a tratar especificamente do tratamento conferido às micro,

pequenas e médias empresas no processo de recuperação judicial, a percepção dos

entrevistados foi de que este procedimento é pouco utilizado por ser inadequado à

recuperação de pequenas empresas, de modo que é neste sentido que se deve interpretar

o fato de ser neutra a percepção dos entrevistados sobre este ponto.

De acordo com a pesquisa de percepção, a divisão dos credores em classes, para

fins de recuperacão de empresas, é relevante. Esta conclusão é corroborada pelo fato de

que há igualmente a percepção de alto percentual de satisfação dos créditos na

recuperação judicial de empresas (entre 60% e 80%), o que denota que a apreciação e a

negociação do plano de recuperação por classes permitem uma adequada apreciação e

conformação do plano de recuperação de acordo com as necessidades e pretensões de

cada classe de credores.

Ademais, os entrevistados concordam plenamente com a afirmação segundo a

qual “a criação das novas figuras legais da recuperação judicial e da recuperação

extrajudicial foram uma sinalização importante para incentivar as negociações de

dívidas entre credores e devedores, com conseqüente redução de custos”. Corrobora esta

conclusão o fato de que a utilização da recuperação extrajudicial tem sido positiva,

conforme a percepção dos entrevistados. Por recuperação extrajudicial, entretanto, quer-

se significar não apenas a submissão de plano extrajudicial à homologação judicial,

mas, sobretudo, ao fato de se ter incentivado o desenvolvimento de cultura tendente à

solução extrajudicial de conflitos, por meio de negociação, com o propósito de superar

crise da empresa.

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Quanto à remuneração do administrador na falência e na recuperação de

empresas, entendeu-se que ela é adequada.

Quanto à atuação do Ministério Público, a percepção dos entrevistados foi de que

a nova Lei possibilita uma atuação do Ministério Público neutra. Esta conclusão deve

ser analisada em conjunto com o fato de que, de acordo com percepção dos

entrevistados, os mecanismos de apuração de fraudes ou crimes previstos na legislação

são igualmente neutros.

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Capítulo II. IMPACTO DO ART. 49, § 5º, DA LEI 11.101/2005, NO SISTEMA DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS

Edital de Pesquisa

Questionamento feito pelo edital

No item 2.2.3 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos

questionou:

- “Certas formas de crédito bancário vêm sendo sistematicamente afastadas do

processo de recuperação empresarial (como contratos com alienação fiduciária de

recebíveis), por conta do art. 49, § 5º da Lei 11.101/2005. Qual o impacto desse

dispositivo no sistema de recuperação de empresas?”

Projeto apresentado

Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:

- “A análise jurídica desse tema específico pode ser realizada mediante a análise

do volume de decisões judiciais que envolvam a tutela deste tipo de crédito. Ou seja,

pode se estabelecer uma relação preliminar que adote a seguinte razão: quanto maior for

o número de decisões judiciais envolvendo a tutela dos créditos referidos no § 5.º do art.

49, maior tende a ser, ao menos em princípio, a relevância deste dispositivo no sistema

de recuperação de empresas. Evidentemente, há a necessidade de aferição de outras

medidas, notadamente econômicas, para que se possa obter resposta mais aprimorada e

segura, o que, no entanto, escapa aos limites orçamentários do presente projeto.”

Delimitação do tema

O questionado no item 2.2.3 do Edital cuida do tema comumente referido por

“trava bancária”. Diz-se trava bancária porque, enquanto submetem-se aos efeitos da

recuperação judicial todos os credores do devedor existentes ao tempo do pedido (art.

49, caput), o § 5º do art. 49 da Lei 11.101/05 estabelece exceção à regra do caput ao

dispor: “Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos

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creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou

renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e,

enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento

das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que

trata o § 4º do art. 6º desta Lei.” Ou seja, os credores da empresa devedora que se

enquadrem na espécie do § 5º, conquanto sujeitem-se aos efeitos da recuperação,

somente sofrerão os efeitos da recuperação caso o plano de recuperação judicial

aprovado disponha sobre eles. Por esta razão, as garantias constituídas em favor destes

credores (penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou

valores mobiliários) que se vencerem durante o período de suspensão das ações e

execuções de que trata o § 4º art. 6º da Lei 11.101/05 não deverão ser pagas à empresa

em recuperação, tampouco ao credor garantido. O pagamento deverá ser realizado em

conta vinculada, até que se conceda a recuperação ou que se ultrapasse o período de

suspensão de ações e execuções. Com efeito, há uma “trava de domicílio bancário” a

impor que o pagamento não reverta à empresa em recuperação, nem ao credor

garantido. A expressão foi abreviada para “trava bancária” e passou a ser utilizada,

também, para designar os créditos garantidos por alienação fiduciária de créditos, que

não se submetem aos efeitos da recuperação judicial, nos termos do § 3º do art. 49.

Problema pesquisado

Problema Geral de Pesquisa

- Qual o impacto do mecanismo da trava de domicílio bancário no sistema de

recuperação de empresas?

Problemas Específicos

- É quantitativamente significativo o número de decisões judiciais referentes à

matéria da trava bancária em relação ao número total de processos de recuperação

judicial de empresas?

- Qual o grau de controvérsia judicial em torno do tema?

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Delimitação da amostra pesquisada

Ante a impossibilidade de se verificar a totalidade dos processos de recuperação

judicial existentes no país para se determinar em quantos houve alguma controvérsia

sobre o tema da trava bancária, optou-se pelo levantamento do volume de decisões nos

Tribunais Estaduais. Assumiu-se que seria altamente significativo o número de casos

em que uma das partes interessadas na inclusão ou exclusão de crédito dos efeitos da

recuperação judicial fosse interpor recurso endereçado a Tribunal Estadual.

O tema foi pesquisado na jurisprudência dos 27 Tribunais de Justiça Estaduais,

mediante acesso aos respectivos sites de internet, sendo utilizados 13 termos específicos

de pesquisa, consistentes nos seguintes: trava bancária, “trava bancária”, cessão

fiduciária de recebíveis, “cessão fiduciária de recebíveis”, alienação fiduciária de

recebíveis, “alienação fiduciária de recebíveis”, cessão fiduciária de crédito(s), cessão

fiduciária de direitos creditórios, cessão fiduciária de títulos de créditos, alienação

fiduciária de crédito(s), alienação fiduciária de direitos creditórios, alienação

fiduciária de títulos de créditos e penhor de títulos de crédito.

Os termos de pesquisa escolhidos consistem em termos que são utilizados para

referir-se ao conjunto de fenômenos relacionado ao tema da trava bancária. Entretanto,

estes termos não necessariamente esgotam o universo de termos utilizados para fazer-se

a indexação dos acórdãos sobre trava bancária nos Tribunais.

A coleta foi realizada mediante o registro do número total de acórdãos resultantes

da inserção de um termo em campo de pesquisa jurisprudencial, seguido de análise

individual da ementas apresentadas para determinar-se quais acórdãos seriam copiados

na íntegra por serem pertinentes ao tema pesquisado.

Ademais, computou-se apenas uma ocorrência quando um mesmo acórdão era

indexado mediante a utilização de mais de um dos termos de pesquisa.

Nos casos em que os acórdãos copiados na íntegra indicaram precedente referente

ao tema não encontrado na pesquisa inicial, inclui-se na lista de acórdãos pertinentes ao

tema o precedente assim encontrado.

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Resultado da coleta de dados

Descrição dos resultados

Nos Tribunais de Justiça dos Estados do Amapá, Amazonas, Rondônia,

Roraima, Piauí, Tocantins, Paraíba e no Supremo Tribunal Federal, a pesquisa não

encontrou nenhum documento como resposta aos termos utilizados.

No Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba foram encontrados erros nos

respectivos sites, sendo inviabilizada a pesquisa de todos os termos.

No Tribunal de Justiça do Estado do Acre, foram encontrados alguns resultados

com os termos pesquisados, mas nenhum dos resultados continha acórdãos pertinentes

ao tema pesquisado. Mais precisamente, o termo trava bancária apresentou 1

acórdão; o termo cessão fiduciária de crédito(s), 6 acórdãos; o termo cessão fiduciária

de direitos creditórios, 2 acórdãos; o termo cessão fiduciária de títulos de créditos, 5

acórdãos; o termo alienação fiduciária de crédito(s), 35 acórdãos; o termo alienação

fiduciária de direitos creditórios, 2 acórdãos; o termo alienação fiduciária de títulos de

créditos, 2 acórdãos; o termo “trava bancária”, 1 acórdão, o termo penhor de títulos de

crédito, 3 acórdãos; os termos “cessão fiduciária de recebíveis” e “alienação fiduciária

de recebíveis” não resultaram em nenhum acórdão.

No Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, o único termo que apresentou

resultado de pesquisa foi penhor de títulos de crédito, com 2 acórdãos, não pertinentes

ao tema pesquisado. Os demais termos não resultaram em nenhum acórdão.

No Tribunal de Justiça do Estado da Bahia foram encontrados alguns resultados

com os termos pesquisados, mas nenhuns dos resultados continha acórdãos pertinentes

ao tema pesquisado. Mais precisamente, o termo trava bancária apresentou 37

acórdãos; cessão fiduciária de recebíveis, 170 acórdãos; alienação fiduciária de

recebíveis, 541 acórdãos; cessão fiduciária de crédito(s), 684 acórdãos; cessão

fiduciária de direitos creditórios, 684 acórdãos; cessão fiduciária de títulos de créditos,

710 acórdãos; alienação fiduciária de crédito(s), 1056 acórdãos; alienação fiduciária

de direitos creditórios, 793 acórdãos; alienação fiduciária de títulos de créditos, 675

acórdãos; o termo penhor de títulos de crédito, 731 acórdãos; os termos “trava

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bancária”, “cessão fiduciária de recebíveis” e “alienação fiduciária de

recebíveis” não apresentaram nenhum documento.

No Tribunal de Justiça do Estado de Ceará somente os termos cessão fiduciária

de crédito(s) e cessão fiduciária de direitos creditórios apresentaram resultado: 1 e 2

acórdãos, respectivamente. Porém, somente 1 acórdão era pertinente ao tema. Alguns

termos da pesquisa não puderam ser pesquisados devido ao fato de conterem número de

caracteres superior ao número aceitos como termos de pesquisa no site.

No Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, quando pesquisado os

termos trava bancária, cessão fiduciária de direitos creditórios, cessão fiduciária de

títulos de créditos, “trava bancária”, “cessão fiduciária de recebíveis”, “alienação

fiduciária de recebíveis” e penhor de títulos de crédito não foi encontrado nenhum

documento. No entanto foram encontrados 46 documentos quando utilizados os

termos cessão fiduciária de recebíveis; 4.168 documentos quando utilizada a expressão

alienação fiduciária de recebíveis; 14 documentos quando utilizada a expressão cessão

fiduciária de crédito(s); 399 acórdãos quando utilizada a expressão alienação fiduciária

de crédito(s); 1 acórdão quando utilizada a expressão alienação fiduciária de direitos

creditórios, e 10 acórdãos quando utilizada a expressão alienação fiduciária de títulos

de créditos. Entretanto, os acórdãos encontrados não eram pertinentes ao tema

pesquisado.

Na pesquisa do tema no Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, quando

utilizada a expressão penhor de títulos de crédito, foram encontrados 3 acórdãos, todos

pertinentes ao tema pesquisado. Quando pesquisada a expressão alienação fiduciária de

crédito(s), foram encontrados 3 acórdãos, sendo nenhum relevante para a pesquisa. Os

demais termos de pesquisa não resultaram em nenhum documento encontrado.

No Tribunal de Justiça do Estado de Goiás foram encontrados 34 acórdãos quando

pesquisada a expressão trava bancária; 26 acórdãos quando pesquisada a expressão

cessão fiduciária de crédito(s); 1 acórdão quando pesquisada a expressão cessão

fiduciária de direitos creditórios; 3 acórdãos quando pesquisada a expressão cessão

fiduciária de títulos de créditos; 313 acórdãos quando pesquisada a expressão alienação

fiduciária de crédito(s), e 12 acórdãos quando pesquisada a expressão alienação

fiduciária de títulos de créditos. Contudo, nenhum dos documentos era relacionado com

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o assunto pesquisado. Os outros termos de pesquisa não apresentaram nenhum

resultado.

No Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, a expressão trava bancária

resultou em 10 documentos, sendo um pertinente à pesquisa; a expressão cessão

fiduciária de recebíveis, 2 documento, sendo 1 pertinente à pesquisa; a expressão

alienação fiduciária de recebíveis, 3 documentos, dos quais nenhum era pertinente à

pesquisa; a expressão cessão fiduciária de crédito(s), 47 acórdãos, dos quais 5 eram

pertinentes à pesquisa; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 9 acórdãos,

dos quais 4 eram pertinentes à pesquisa; a expressão cessão fiduciária de títulos de

créditos, 1 acórdão, que era pertinente à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de

crédito(s), 1 acórdão, não pertinente à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de

direitos creditórios, resultou em mais de 405 acórdãos, nenhum pertinente à pesquisa; a

expressão alienação fiduciária de títulos de créditos resultou em mais de 405 acórdãos,

nenhum pertinente à pesquisa; a expressão “trava bancária” , 1 acórdãos, que era

pertinente à pesquisa; a expressão “cessão fiduciária de recebíveis” não resultou em

nenhum acórdão; a expressão penhor de títulos de crédito, 4 acórdãos, dos quais

nenhum era pertinente à pesquisa; e a expressão “alienação fiduciária de recebíveis”,

nenhum acórdão. Em razão da indexação de mesmos acórdãos por mais de um termo

pesquisado, a pesquisa resultou em um total de 5 acórdãos pertinentes ao tema

pesquisado.

No Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, a expressão trava

bancária resultou em 1 documento, não pertinente à pesquisa; a expressão cessão

fiduciária de recebíveis não resultou em nenhum documento; a expressão alienação

fiduciária de recebíveis, 1 documento, não pertinente à pesquisa; a expressão cessão

fiduciária de crédito(s), 40 acórdãos, nenhum dos quais era pertinente à pesquisa; a

expressão cessão fiduciária de direitos creditórios não resultou em nenhum acórdão; a

expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 5 acórdãos, não pertinentes à

pesquisa; a expressão alienação fiduciária de crédito(s), 5197 acórdãos, não

pertinentes à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de direitos creditórios resultou

em 7 acórdãos, nenhum pertinente à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de

títulos de créditos resultou em 285 acórdãos, nenhum pertinente à pesquisa; a expressão

“trava bancária” não resultou em nenhum acórdão; a expressão “cessão fiduciária de

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recebíveis” não resultou em nenhum acórdão; a expressão penhor de títulos de crédito,

145 acórdãos, dos quais nenhum era pertinente à pesquisa; e a expressão “alienação

fiduciária de recebíveis”, nenhum acórdão. Neste Tribunal não foram encontrados

acórdãos pertinentes ao tema pesquisado.

No Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão foram encontrados acórdãos

utilizando os termos cessão fiduciária de crédito (s), cessão fiduciária de títulos de

créditos e alienação fiduciária de crédito (s) e penhor de títulos de crédito. Entretanto,

nenhum era pertinente ao tema pesquisado.

Na pesquisa de jurisprudência no site do Tribunal de Justiça do Estado de Minas

Gerais foram encontrados 123 documentos usando o termo trava bancária; 1

documento utilizando o termo cessão fiduciária de recebíveis; 2 documentos utilizando

o termo alienação fiduciária de recebíveis; 233 documentos utilizando o termo cessão

fiduciária de crédito(s); 21 documentos utilizando o termo cessão fiduciária de direitos

creditórios; 62 documentos utilizando o termo cessão fiduciária de títulos de créditos;

nenhum documento utilizando o termo alienação fiduciária de crédito(s); 83

documentos utilizando o termo alienação fiduciária de direitos creditórios; 223

documentos utilizando o termo alienação fiduciária de títulos de créditos; 2

documentos utilizando o termo “trava bancária” e nenhum documento com a utilização

dos termos “cessão fiduciária de recebíveis” e “alienação fiduciária de recebíveis”. A

expressão penhor de títulos de crédito resultou em 630 acórdãos. No entanto, somente 4

documentos foram utilizados, por serem pertinentes ao tema pesquisado. Um dos

acórdãos encontrados estava duplamente indexado, de modo que no Tribunal do Estado

de Minas Gerais foram encontrados 3 acórdãos pertinentes ao tema específico

pesquisado.

Na pesquisa de jurisprudência no Tribunal de Justiça do Estado do Pará foram

encontrados 1 acórdão mediate a inserção do termo trava bancária, 14 acórdãos

mediante a utilização do termo alienação fiduciária de crédito(s), 5 acórdãos com o

termo alienação fiduciária de títulos de créditos, e 42 acórdãos com o termo penhor de

títulos de crédito. Nenhum dos acórdãos encontrados eram pertinentes à pesquisa.

No Tribunal de Justiça do Estado do Paraná a expressão trava bancária resultou

em 1 acórdão; a expressão cessão fiduciária de recebíveis resultou em nenhum acórdão;

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a expressão alienação fiduciária de recebíveis resultou em nenhum acórdão; a

expressão cessão fiduciária de crédito(s) resultou em 22 acórdãos; a expressão cessão

fiduciária de direitos creditórios resultou em 7 acórdãos; a expressão cessão fiduciária

de títulos de créditos resultou em 1 acórdão; a expressão alienação fiduciária de

crédito(s) resultou em 300 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de direitos

creditórios resultou em 16 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de títulos de

créditos resultou em 9 acórdãos; a expressão “trava bancária” resultou em nenhum

acórdão; a expressão “cessão fiduciária de recebíveis” resultou em nenhum acórdão; a

expressão “alienação fiduciária de recebíveis” resultou em nenhum acórdão; a

expressão penhor de títulos de crédito resultou em 15 decisões, das quais 1 era

pertinente ao tema. Ao todo, somente 9 eram alusivos ao tema da trava bancário. Destes

9 acórdãos, 3 estavam duplicados, por terem sido indexados com mais de uma das

expressões utilizadas para a presente pesquisa. Assim, no Tribunal de Justiça do Estado

do Paraná, foram encontrados 6 acórdãos pertinentes ao tema específico pesquisado.

No Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco foram encontrados 2 acórdãos

pertinentes à pesquisa, obtidos mediante a inserção do termo penhor de títulos de

crédito. Também foram encontrados 2 acórdãos com a utilização do termo alienação

fiduciária de crédito(s), que entretanto não eram pertinentes à pesquisa.

A pesquisa no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro apresentou

resultado em todos os termos, excetuadas as expressões “cessão fiduciária de

recebíveis” e “alienação fiduciária de recebíveis”. A expressão trava bancária resultou

em 193 documentos; a expressão cessão fiduciária de recebíveis resultou em 3

documentos; a expressão alienação fiduciária de recebíveis resultou em 2 documentos;

a expressão cessão fiduciária de crédito(s) resultou em 16 documentos; a expressão

cessão fiduciária de direitos creditórios resultou em 5 acórdãos; a expressão cessão

fiduciária de títulos de créditos resultou em 4 acórdãos; a expressão alienação

fiduciária de crédito(s) resultou em 300 acórdãos, a expressão alienação fiduciária de

direitos creditórios resultou em 1 acórdão; a expressão alienação fiduciária de títulos

de créditos resultou em 73 acórdãos; a expressão “alienação fiduciária de recebíveis”

resultou em 2 documentos; e a expressão penhor de títulos de crédito resultou em 12

acórdãos, dos quais 3 eram pertinentes ao tema. Apesar do grande número de

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documentos encontrados, apenas 7 acórdão foram utilizados, por serem pertinentes à

pesquisa.

No Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte foram encontrados 19

documentos mediante a utilização do termo alienação fiduciária de crédito(s) e 1

documento com a utilização do termo alienação fiduciária de títulos de

créditos. Nenhum era alusivo ao assunto pesquisado.

No Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul foram encontrados 2

acordãos com a utilização da expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 11

acórdãos com o termo alienação fiduciária de crédito(s) e 1 acórdão com a expressão

penhor de títulos de crédito. No entanto, somente 4 acórdãos eram referentes ao tema.

No Tribunal de Justiça de Santa Catarina, as expressões trava bancária, “cessão

fiduciária de recebíveis”, “alienação fiduciária de recebíveis”, alienação fiduciária de

direitos creditórios, alienação fiduciária de títulos de créditos,“trava bancária”,

“cessão fiduciária de recebíveis”, “alienação fiduciária de recebíveis” não resultaram

em nenhum documento. A expressão cessão fiduciária de crédito(s) resultou em 300

acórdãos; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 23 acórdãos; a

expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 129 acórdãos; a expressão alienação

fiduciária de crédito(s), 300 acórdãos; e a expressão penhor de títulos de crédito, 300

acórdãos. Nenhum dos acórdãos pesquisados era pertinente ao tema.

No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo encontrou-se o maior número de

acórdãos referente ao tema. Assim, a expressão trava bancária resultou em

547 documentos; a expressão cessão fiduciária de recebíveis, 1 documento; a expressão

alienação fiduciária de recebíveis, 28 documentos; a expressão cessão fiduciária de

crédito(s), 869 acórdãos; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 212

acórdãos; a expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 129 acórdãos; a expressão

alienação fiduciária de crédito(s), 1919 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de

direitos creditórios, 263 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de títulos de

créditos não resultou em nenhum acórdão; a expressão “trava bancária” , 12 acórdãos;

a expressão “cessão fiduciária de recebíveis”, 6 acórdãos; a expressão penhor de títulos

de crédito, 1731 acórdãos; e a expressão “alienação fiduciária de recebíveis”, nenhum

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acórdão. De todos os documentos pesquisados, somente 56 eram pertinentes ao tema

pesquisado.

No Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, a expressão trava bancária resultou

em 59 documentos; as expressões cessão fiduciária de recebíveis e alienação fiduciária

de recebíveis resultaram em nenhum documento; a expressão cessão fiduciária de

crédito(s), 20 acórdãos; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 1 acórdão;

a expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 12 acórdãos; a expressão alienação

fiduciária de crédito(s), 100 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de direitos

creditórios, 11 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de títulos de créditos, 876

acórdãos; as expressões “trava bancária”, “cessão fiduciária de recebíveis”,

“alienação fiduciária de recebíveis” e penhor de títulos de crédito resultaram em

nenhum acórdão. De todos os documentos pesquisados, nenhum era pertinente ao tema

pesquisado.

No Superior Tribunal de Justiça, o termo trava bancária resultou em 1 acórdão, e

o termo alienação fiduciária de crédito(s) resultou em 7 acórdãos. Entretanto, nenhum

destes acórdãos era pertinente ao tema específico pesquisado.

No Supremo Tribunal Federal não foram encontrados acórdãos mediante a

utilização dos termos de pesquisa indicados.

A partir da análise realizada, pode-se concluir que somente os Tribunais de Justiça

dos Estados do Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de

Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo continham acórdãos referentes ao tema trava

bancária indexados pelos termos utilizados na pesquisa.

Análise descritiva dos dados coletados

Ao todo, foram encontrados 90 acórdãos pertinentes ao tema pesquisado. A

Tabela de Acórdãos encontra-se no Anexo I do item 2.2.3, abaixo.

Dispersão geográfica dos acórdãos (por Região)

Estes acórdãos possuem a seguinte dispersão por Região do País: 3 acórdãos

foram lavrados por Tribunais da Região Nordeste (NE), 5 acórdãos foram lavrados por

Tribunais da Região Centro-Oeste (CO), 10 acórdãos foram lavrados por Tribunais da

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Região Sul (S) e 72 acórdãos foram lavrados por Tribunais da Região Sudeste (SE).

Não foi encontrado nenhum acórdão lavrado em Estado da Região Norte do País.

A dispersão dos acórdãos por Região, em termos percentuais, é: 3% dos acórdãos

foram lavrados por Tribunais da Região Nordeste (NE), 6% dos acórdãos foram

lavrados por Tribunais da Região Centro-Oeste (CO), 11% do acórdãos foram lavrados

por Tribunais da Região Sul (S) e 80% dos acórdãos foram lavrados por Tribunais da

Região Sudeste (SE), conforme ilustra o gráfico abaixo.

Dispersão por Estados

Em apenas 9 Tribunais de Justiça de Estados da Federação foram encontrados

acórdãos pertinentes ao tema pesquisado.

A dispersão dos acórdãos por Estado consiste na seguinte: 1 acórdão lavrado pelo

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), 2 acórdãos lavrados pelo Tribunal de

Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE), 3 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça

do Estado de Minas Gerais (TJMG), 4 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do

Estado de Espírito Santo (TJES), 4 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do

Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), 5 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do

Estado do Mato Grosso (TJMT), 6 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado

do Paraná (TJPR), 9 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de

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Janeiro (TJRJ) e 56 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

(TJSP).

Em termos percentuais, a dispersão dos acórdãos por Estado consiste na seguinte:

1,12% dos acórdãos foi lavrado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE),

2,22% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco

(TJPE), 3,33% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de

Minas Gerais (TJMG), 4,44% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do

Estado de Espírito Santo (TJES), 4,44% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de

Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), 5,56% dos acórdãos foram lavrados

pelo Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso (TJMT), 6,67% dos acórdãos foram

lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), 10% dos acórdãos foram

lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e 62,22% dos

acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP),

conforme ilustra o gráfico abaixo.

Em conjunto, os quatro Estados que possuem o maior número de acórdãos

lavrados, consistentes nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso,

respondem por 84,45% do total de acórdãos lavrados.

Dispersão na Região Sudeste

Somente na Região Sudeste foram encontrados acórdãos em todos os Estados

integrantes. Esta Região, que responde por 80% dos acórdãos pertinentes ao tema

lavrados no país, se analisada isoladamente, apresenta a seguinte distribuição de

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acórdãos: 78% dos acórdãos lavrados na Região Sudeste são de lavra do TJSP, 12% dos

acórdãos são lavrados pelo TJRJ, 6% dos acórdãos são lavrados pelo TJES e 4% dos

acórdãos são lavrados pelo TJMG.

Dispersão nas demais Regiões

Nas demais Regiões, quando analisadas isoladamente, obtém-se o seguinte

resultado. Na Região Sul, 40% dos acórdãos são de lavra do TJRS e 60%, do TJPR. Na

Região Norteste, 33,33% dos acórdãos são de lavra do TJCE e 66,67%, do TJPE.

Dispersão por Comarca de origem

Do total de acórdãos coletados, 85 cuidavam de recursos interpostos contra

decisões lavradas por juízes de 37 Varas distintas, localizadas em 30 Comarcas

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distintas; 5 eram acórdãos lavrados em recursos interpostos contra decisões do próprio

Tribunal de Justiça. Em síntese, foram encontrados acórdãos cuja origem encontrava-se

em 37 Varas judicias de 30 Comarcas situadas em 9 Estados de 4 Regiões do País,

conforme pode verificar-se na tabela encontrada no Anexo II, abaixo.

Grau de dispersão dos julgados por Câmaras julgadoras

Os acórdãos coletados foram lavrados por 19 Câmaras distintas. Abaixo, há

tabela indicativa das Câmaras que julgaram recursos pertinentes ao tema pesquisado,

distribuídas por Tribunal. Indica-se o número total de acórdãos julgados por Câmara, o

percentual que este número representa em relação aos julgados do mesmo Tribunal, e o

percentual que este número representa em relação ao total de julgados coletados.

Tribunal Órgão julgador Total de acórdãos

Percentual dos acórdãos julgados no Tribunal

Percentual do Total Nacional

TJCE 1ª Câmara Cível 1 100,00% 1,11% TJCE Total 1 100,00% 1,11% TJES 1ª Câmara Cível 3 75,00% 3,33% 3ª Câmara Cível 1 25,00% 1,11% TJES Total 4 100,00% 4,44% TJMG 2ª Câmara Cível 2 66,67% 2,22% 6ª Câmara Cível 1 33,00% 1,11% TJMG Total 3 100,00% 3,33% TJMT 1ª Câmara Cível 2 40,00% 2,22% 2ª Câmara Cível 1 20,00% 1,11% 5ª Câmara Cível 1 20,00% 1,11% 6ª Câmara Cível 1 20,00% 1,11% TJMT Total 5 100,00% 5,56% TJPE 4ª Câmara Cível 2 100,00% 2,22% TJPE Total 2 100,00% 2,22% TJPR 17ª Câmara Cível 4 66,67% 4,44% 18ª Câmara Cível 2 33,33% 2,22% TJPR Total 6 100,00% 6,67% TJRJ 17ª Câmara Cível 2 22,22% 2,22% 20ª Câmara Cível 5 55,56% 5,56% 2ª Câmara Cível 2 22,22% 2,22% TJRJ Total 9 100,00% 10% TJRS 5ª Câmara Cível 3 75,00% 3,33% 6ª Câmara Cível 1 25,00% 1,11% TJRS Total 4 100,00% 4,44%

TJSP 15ª Câmara de Direito Privado

3 5,35% 3,33%

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Câmara Reservada à Falência e Recuperação

53 94,65% 58,89%

TJSP Total 56 100,00% 62,22% Total geral 90 100,00% 100%

À exceção da Câmara Reservada à Falência e Recuperação do TJSP, que julgou

58,89% do total de casos julgados no País, as demais Câmaras julgaram de 1% a 5%

dos casos. Se calculado o percentual representado pelos julgados das Câmaras em

relação ao número de acórdãos lavrados em seu Tribunal, verifica-se uma distribuição

muito homogênea de decisões por Câmara, sobretudo por conta do pequeno número

total de julgados por Tribunal. No TJSP encontra-se o desvio da Câmara Reservada à

Falência e Recuperação que, por ser especializada, julgou 94,65% dos casos

apresentados àquela Corte.

Distribuição dos acórdãos por Relator

Os acórdãos encontrados foram relatados por 27 Desembargadores Relatores,

conforme exposto na tabela abaixo.

Tribunal Relator Total de acórdãos julgados

Percentual em relação aos julgados do mesmo Tribunal

Percentual em relação ao total nacional de julgados

TJCE Des. Ernani Barreira Porto 1 100,00% 1,11% TJCE Total 1 100,00% 1,11% TJES Des. Fábio Clem de Oliveira 3 75,00% 3,33% Des. Jorge Góes Coutinho 1 25,00% 1,11% TJES Total 4 100,00% 4,44% TJMG Des. Carreira Machado 2 66,67% 2,22% Des. Maurício Barros 1 33,33% 1,11% TJMG Total 3 100,00% 3,33% TJMT Des. Marilsen Andrade Addario 2 40,00% 2,22% Des. Juracy Persiani 1 20,00% 1,11% Des. Carlos Alberto Alves da Rocha 1 20,00% 1,11% Des. Cirio Miotto 1 20,00% 1,11% TJMT Total 5 100,00% 5,56%

TJPE Des. Francisco Manoel Tenorio dos Santos

2 100,00% 2,22%

TJPE Total 2 100,00% 2,22% TJPR Des. Ruy Muggiati 2 33,33% 2,22% Des. Fernando Vidal de Oliveira 2 33,33% 2,22%

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Des. Vicente Del Prete Misurelli 1 16,67% 1,11% Des. Lauri Caetano da Silva 1 16,67% 1,11% TJPR Total 6 100,00% 6,66% TJRJ Des. Jacqueline Lima Montenegro 5 55,56% 5,56% Des. Luisa Cristina Bottrel Souza 2 22,22% 2,22% Des. Alexandre Freitas Câmara 2 22,22% 2,22% TJRJ Total 9 100,00% 10,00% TJRS Des. Gelson Rolim Stocker 3 75,00% 3,33%

Des. Antônio Corrêa Palmeiro da Fontoura

1 25,00% 1,11%

TJRS Total 4 100,00% 4,44% TJSP Des. Elliot Akel 17 30,35% 18,89% Des. Romeu Ricupero 14 25,00% 15,55% Des. Manoel Pereira Calças 7 12,50% 7,77% Des. José Roberto Lino Machado 6 10,71% 6,66% Des. Boris Kauffmann 5 8,92% 5,56% Des. José Araldo da Costa Telles 4 7,14% 4,44% Des. Edgard Jorge Lauand 2 3,57% 2,22% Des. Cyro Bonilha 1 1,78% 1,11% TJSP Total 56 100,00% 62,22% Total geral 90 100,00% 100,00%

Quórum de deliberação

Quanto ao quórum deliberativo, 5 decisões coletadas (5,56% do total) eram

decisões monocráticas, 5 (5,56% do total) foram tomadas por maioria de votos e 80

(88,88% do total) foram tomadas por votação unânime (v.u.), conforme ilustra a tabela

abaixo.

Quórum da decisão (v.u. ou por maioria)

Total Percentual

decisão monocrática 5 5,56% por maioria 5 5,56% v.u. 80 88,88% Total geral 90 100,00%

Se excluídas as 5 decisões monocráticas, em que não há a possibilidade de se

decidir por maioria ou por unanimidade, restam 5 decisões por maioria e 80 decisões

por unanimidade. A proporção, neste caso, se altera substancialmente: 94% das decisões

coletadas foram tomadas por unanimidade de votos, contra apenas 6% de decisões

tomadas por maioria, conforme ilustra o gráfico abaixo.

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80

Os acórdãos julgados por maioria foram os seguintes:

Tribunal Espécie Recursal N. do Recurso Órgão Julgador Relator

Data de julgamento

TJMT Agravo de Instrumento 31659/2009 2ª Câmara Cível Des. Cirio Miotto

2/9/2009

TJPR Agravo de Instrumento

481.595-0 17ª Câmara Cível

Des. Fernando Vidal de Oliveira

17/9/2008

TJRJ Agravo de Instrumento 200900209750 17ª Câmara Cível

Des. Luisa Cristina Bottrel Souza 24/6/2009

TJRJ Agravo de Instrumento 200900234272 17ª Câmara Cível

Des. Luisa Cristina Bottrel Souza 21/1/2010

TJSP Agravo de Instrumento 637.664.4/4-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Romeu Ricupero

27/10/2009

Distribuição cronológica dos acórdãos lavrados

Os dois primeiros acórdãos pertinentes ao tema são de junho de 2006. Os dois

próximos acórdãos somente foram lavrados quase um ano após, em maio e julho de

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2007. Os próximos acórdãos foram lavrados a partir de março de 2008, a uma razão

aproximada de 1 acórdão por mês até agosto deste ano, em que foram lavrados 7

acórdãos. Após, foram lavrados acórdãos a uma razão aproximada de um por mês, até o

mês de junho de 2009, quando foram lavrados 18 acórdãos pertinentes ao tema. Nos

meses de outubro, novembro e dezembro de 2009, foram lavrados, respectivamente, 10,

7 e 10 acórdãos.

No ano de 2006, o tema chegou aos Tribunais em apenas 2 oportunidades, em 2

meses distintos. No ano de 2007, igualmente apenas 2 acórdãos lavrados em 2 meses

distintos. No ano de 2008, foram lavrados 21 acórdãos, cujos julgamentos ocorreram em

8 dos meses do ano. O ano de 2009 foi o primeiro ano em que houve julgamentos (60 ao

todo) pertinentes ao tema em todos os meses do ano. Até o momento, em 2010, houve 3

julgamentos relativos ao tema em todos os meses do ano.

A distribuição cronológica dos acórdãos encontrados é ilustrada pelo gráfico

abaixo.

Análise dos acórdãos por partes recorrentes e recorridas

Em 58 casos, o recorrente era instituição financeira. Em 25 casos o recorrido era

instituição financeira. Ao todo, foram encontradas 37 instituições financeiras como

parte recorrente ou recorrida, conforme pode verificar-se no Anexo III, abaixo.

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Análise dos acórdãos por recuperação judicial

Pela análise das partes recorrentes e recorridas, verificou-se que são ao todo 48

processos de recuperação judicial que originaram os recursos analisados, conforme pode

verificar-se na tabela encontrada no Anexo IV, abaixo.

Espécie recursal

Dos 90 acórdãos encontrados, 80 foram lavrados em Agravo de Instrumento, 8 em

Embargo de Declaração, e 2 em Agravo Interno. Em termos percentuais, 89% dos

acórdãos foram lavrados em Agravo de Instrumento, 9% em Embargos de Declaração e

2% em Agravo Interno, conforme ilustra o gráfico abaixo.

Espécie de financiamento

Em 42 acórdãos (46,67% do total), houve a expressa indicação da modalidade de

financiamento a que se referia o caso. Destes 42 acórdãos, 23 (54,76% do total)

referiam-se a Cédula de crédito bancário com contrato de constituição de alienação

fiduciária em garantia (cessão fiduciária de direitos de crédito); 3 (7,15%) tratavam de

Garantia de contrato de empréstimo mediante constituição de penhor de títulos de

crédito; 3 (7,15%), de Cessão fiduciária de duplicatas; 2 (4,76%), de Garantia de

contrato de empréstimo mediante cessão fiduciária de direitos creditórios; 2 (4,76%),

de Contrato de Capital de Giro garantido por cessão fiduciária de títulos de crédito; e os

9 restantes cuidavam de outras modalidades de financiamento, indicadas na tabela

abaixo.

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Modalidade de Financiamento Total Percentual

Cédula de crédito bancário com contrato de constituição de alienação fiduciária em garantia (cessão fiduciária de direitos de crédito)

23 54,76%

Garantia de contrato de empréstimo mediante constituição de penhor de títulos de crédito

3 7,15%

Cessão fiduciária de duplicatas 3 7,15% Garantia de contrato de empréstimo mediante cessão fiduciária de direitos creditórios

2 4,76%

Contrato de Capital de Giro garantido por cessão fiduciária de títulos de crédito

2 4,76%

Cédula de crédito comercial 1 2,38%

Contrato de financiamento de exportação garantido pelo endosso de três Certificados de Depósito Agropecuário/Warrant Agropecuário, representativos de soja

1 2,38%

Contrato de mútuo com garantia real sobre direitos de crédito 1 2,38% Cédula de crédito bancário com garantia de caução de títulos 1 2,38% Contrato de pré-financiamento à exportação, garantido por penhor de títulos de crédito

1 2,38%

Cédula de crédito à exportação com garantia real 1 2,38% Cédula de Produto Rural endossada pela empresa recuperanda para instituição financeira

1 2,38%

Contrato de pré-financiamento à exportação, garantido por contrato de cessão fiduciária de certificado de depósito bancário

1 2,38%

Certificados de Direitos Creditórios de Agronegócio - CDCA, lastreados em Cédulas de Produto Rural - CPRs, alienadas fiduciariamente

1 2,38%

Total 42 100,00%

Cronologicamente, dos 23 acórdãos envolvendo Cédulas de crédito bancário com

contrato de constituição de cessão fiduciária de direitos de crédito, apenas 2 acórdãos

foram lavrados nos anos de 2006 e 2007, 4 foram lavrados no ano de 2008, e os

restantes 17 foram lavrados após 2009, conforme indicado na tabela abaixo.

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Dos 19 acórdãos envolvendo as demais espécies de financiamento, 13 (68,42%)

foram lavrados após 2009, enquanto que 5 (26,31%) foram lavrados no ano de 2008, e

apenas 1 (5,26%) foi lavrado no ano de 2007, conforme ilustrado no gráfico abaixo.

Valor dos contratos

Em 19 acórdãos (21,11% do total) foi indicado o valor do crédito garantido por

mecanismo de trava bancária. Destes 19 acórdãos, em 8 o valor do crédito era de até R$

999.000,00; em 8 acórdãos o valor do crédito variava de R$ 1.000.000,00 até R$

15.000.000,00; e em 2 acórdãos o valor do crédito era de US$ 100.000.000,00 e de US$

125.000.000,00, conforme indicado na tabela abaixo.

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R$ 73.000,00 R$ 202.023,21 R$ 210.000,00 R$ 313.000,00 R$ 406.000,00 R$ 561.035,55 R$ 795.000,00 R$ 997.092,40 R$ 1.000.000,00 R$ 1.012.342,57 US$ 1.500.000,00 R$ 2.000.000,00 R$ 2.500.000,00 R$ 3.500.000,00 R$ 4.000.000,00 R$ 7.105.996,39 R$ 15.100.000,00 US$ 100.000.000,00 US$ 125.000.000,00

Análise da argumentação empregada nos acórdãos

A amostra de acórdãos coletados pode ser reunida em um mesmo conjunto de

acórdãos acerca do tema geral da trava bancária. Entretanto, quando analisados e

sistematizados individualmente, estes acórdãos apresentam peculiaridades que permitem

sejam eles reunidos em sub-conjuntos, conforme a matéria devolvida ao Tribunal pelo

recurso interposto e as próprias peculiaridades de cada caso. É, aliás, no âmbito de cada

um destes sub-conjuntos de acórdãos que se poderá verificar qual o padrão

argumentativo utilizado para resolver casos pertencentes àquele determinado sub-

conjunto, de modo a verificar se este padrão argumentativo é ou não variável, de modo

a conferir segurança e previsibilidade aos jurisdicionados. Por este motivo, a análise

aqui levada a efeito é preponderantemente qualitativa. Entretanto, a análise dos sub-

conjuntos de acórdãos permite, também, uma análise quantitativa da argumentação

empregada, no sentido de verificar quais temas são mais recorrentes no universo

pesquisado, bem como qual o grau de divergência existente em julgados que cuidam de

casos análogos.

Orientação da decisão recorrida

Os acórdãos coletados são referentes a recursos interpostos de decisões de

primeiro grau de jurisdição, tomadas em processos de recuperação judicial (seja na

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decisão que defere o processamento da recuperação, em incidentes relativos à

verificação de créditos ou em pedidos incidentais de tutela cautelar).

Da análise destes acórdãos, pode-se classificar as decisões do primeiro grau de

jurisdição (decisões do juízo a quo) quanto à orientação adotada. Vale dizer, em nível

mais geral, pode-se classificar as decisões conforme imponham a observância da trava

bancária ou liberem a trava bancária. Ainda em consonância com este critério de análise

das decisões do juízo a quo, as decisões que liberam a trava bancária são mais

favoráveis à empresa em recuperação, à medida que amplia o universo de credores

sujeitos aos efeitos da recuperação ou que permite à empresa em recuperação

administrar os valores referentes às garantias liquidadas ou vencidas durante o stay

period. De modo inverso, decisões que impõem a observância da trava bancária são

mais favoráveis ao credor da empresa em recuperação cujo crédito é garantido por uma

das modalidades previstas nos parágrafos 3º e 5º do art. 49 da Lei 11.101/05.

Desse modo, em conformidade com o critério aqui analisado, dos 90 acórdãos

coletados, em 48 dos casos pesquisados, o juiz de primeiro grau liberou a trava

bancária; e em 24 dos casos analisados o juiz impôs a observância da trava bancária. Os

restantes 18 acórdãos analisados não eram passíveis de serem classificados conforme a

orientação da decisão do juízo a quo. Desse modo, do universo de 72 decisões a quo,

67% liberaram a trava bancária e 33% impuseram a observância da trava bancária,

conforme ilustra o gráfico abaixo.

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Orientação da decisão do Tribunal

Quando utilizado o mesmo critério quanto à orientação da decisão para verificar a

orientação das decisões do Tribunal, obteve-se o seguinte resultado: 53 decisões

lavradas em grau recursal (juízo ad quem) foram no sentido de manter ou impor a trava

bancária, ao passo que em apenas 13 decisões o Tribunal decidiu liberar a trava

bancária. Em termos percentuais, das 66 decisões dos Tribunais que puderam ser

classificadas em consonância com o critério proposto, em 20% o Tribunal decidiu

liberar a trava bancária e em 80% o Tribunal decidiu manter ou impor a trava bancária,

conforme ilustra o gráfico abaixo.

Das 53 decisões do juízo ad quem no sentido de impor ou manter a trava bancária,

2 (3,77%) são decisões monocráticas, 2 (3,77%) são por maioria de votos e 49 (92,45%)

são por votação unânime. Se desconsideradas as decisões monocráticas, em que não há

a possibilidade de se decidir alternativamente por maioria ou por unanimidade, obtém-

se o resultado de que 96,07% das decisões são por votação unânime e apenas 3,93% são

tomadas por maioria.

As 13 decisões do juízo ad quem orientadas no sentido de liberar a trava bancária

são as indicadas na tabela abaixo.

Tribunal Órgão julgador n. do recurso Relator data de julgamento

Quórum da decisão (v.u. ou por maioria)

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TJCE 1ª Câmara Cível 29276-93.2007.8.06.0000/0

Des. Ernani Barreira Porto

02/07/2007 v.u.

TJES 3ª Câmara Cível 30089000142 Des. Jorge Góes Coutinho

24/06/2008 v.u.

TJMG 2ª Câmara Cível 1.0079.09.946838-5/003(1)

Des. Carreira Machado

26/01/2010 v.u.

TJMG 2ª Câmara Cível 1.0079.09.946838-5/002(1)

Des. Carreira Machado 02/02/2010 v.u.

TJMG 6ª Câmara Cível 1.0109.08.012108-9/001(1)

Des. Maurício Barros

09/06/2009 v.u.

TJMT 2ª Câmara Cível 31659/2009 Des. Cirio Miotto 02/09/2009 por maioria

TJPR 17ª Câmara Cível 481.595-0 Des. Fernando Vidal de Oliveira

17/09/2008 por maioria

TJRJ 20ª Câmara Cível 200900221386 Des. Jacqueline Lima Montenegro

02/09/2009 v.u.

TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação

654.950.4/4-00 Des. Manoel Pereira Calças

15/12/2009 v.u.

TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação 653.329.4/3-00

Des. Manoel Pereira Calças 15/12/2009 v.u.

TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação

653.245-4/0-00 Des. Manoel Pereira Calças

15/12/2009 v.u.

TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação

527.909.4/6 Des. José Roberto Lino Machado

26/03/2008 v.u.

TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação

524.879.4/6 Des. José Roberto Lino Machado

28/05/2008 v.u.

Das decisões do juízo ad quem que liberaram a trava bancária, apenas 15,38%

foram tomadas por maioria de votos, ao passo que 84,61% foram tomadas por

unanimidade.

Análise das decisões que liberaram a trava bancária

Em todas as 13 decisões que liberaram a trava bancária foi objeto de análise pelo

juízo ad quem o disposto no § 5º do art. 49 da Lei 11.101/05. Em apenas 6 destas

decisões estava também sob análise o disposto no § 3º do art. 49.

Nos acórdãos nº 1.0079.09.946838-5/003(1), de 26/01/2010, e nº

1.0079.09.946838-5/002(1), de 02/02/2010, ambos da 2ª Câmara Cível do TJMG,

relatados pelo Des. Carreira Machado, e decididos por unanimidade, houve liberação da

trava bancária pois a matéria não foi apreciada pelo Tribunal, com base no argumento

de que a interpretação do alcance da expressão “bens móveis e imóveis” contida no

parágrafo 3º do art. 49 da Lei 11.101/05, deve ser realizada antes em primeiro grau

jurisdicional, para somente após ser analisada em grau recursal. Com isso, manteve-se a

decisão do juízo a quo.

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A Câmara Reservada à Falência e Recuperação do TJSP, ao julgar os Agravos de

Instrumento nºs 654.950.4/4-00, 653.329.4/3-00, 653.245-4/0-00, em 15/12/2009,

relatados pelo Des. Manoel Pereira Calças, decididos por unanimidade, e os Agravos de

Instrumento nºs 527.909.4/6, de 26/03/2008, e 524.879.4/6, de 28/05/2008, relatados

pelo Des. José Roberto Lino Machado, decididos por unanimidade, não foi reconhecida

a alienação fiduciária de créditos por falta de registro do título no Registro de Títulos e

Documentos antes do pedido de recuperação judicial. Com efeito, liberou-se a trava

bancária por não estarem presentes todos os requisitos para a caracterização da

alienação fiduciária de créditos, conforme disposto no art. 1.361, § 1º, do Código Civil.

O acórdão lavrado sob o nº 653.245-4/0-00 citou os seguintes precedentes: TJSP

AI 524.878.4/6; TJSP AI 524.879.4/6 - A alienação fiduciária deve ser registrada antes

da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a recuperanda e os

demais credores; TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 610.461.4/0 - A alienação fiduciária

deve ser registrada antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida

perante a recuperanda e os demais credores; TJSP AI 630.062.4/6-00 - Admite-se

cessão de recebíveis futuros; TJSP AI 633.332-4/0 - A alienação fiduciária deve ser

registrada antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a

recuperanda e os demais credores.

O acórdão lavrado sob o nº 653.329.4/3-00 citou os seguintes precedentes: TJSP

AI 524.879.4/6 - A alienação fiduciária deve ser registrada antes da distribuição do

pedido de recuperação para ser arguida perante a recuperanda e os demais credores;

TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 610.461.4/0 - A alienação fiduciária deve ser

registrada antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a

recuperanda e os demais credores; TJSP AI 630.062.4/6-00 - Admite-se cessão de

recebíveis futuros; TJSP AI 633.332-4/0 - A alienação fiduciária deve ser registrada

antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a recuperanda e

os demais credores.

O acórdão lavrado sob o nº 654.950.4/4-00 citou como precedente TJSP AI

585.273.4/7-00.

Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 31659/2009, a 2.ª Câmara Cível do TJMT,

por seu relator Des. Cirio Miotto, em 02/09/2009, por maioria, liberou trava bancária

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sob os seguintes fundamentos. Em primeiro lugar, títulos de crédito não são

considerados bens móveis para fins de aplicação do disposto no § 3º do art. 49 da Lei

11.101/05, ante a ausência de expressa menção aos títulos de crédito neste parágrafo; e,

em segundo lugar, os créditos cedidos fiduciariamente submetem-se aos efeitos da

recuperação para que se possa atingir o fim do instituto da recuperação judicial,

consistente na superação da crise da empresa. Como precedentes, foram citados: TJMG

AI 1.0153.08.071892-4/001; TJES AI 30089000142; TJPR AI 481.595-0; TJSP AI

548.032.4/7-00; TJMT AI 91370/2008.

Ao julgar o Agravo de Instrumento 481.595-0, a 17ª Câmara Cível do TJPR, por

seu relator, Des. Fernando Vidal de Oliveira, em 17/09/2008, por maioria, decidiu que

não se deve reconhecer cessão fiduciária de cédula de produto rural por ausência de

requisito formal no contrato de cessão fiduciária, previsto no art. 18, II, da Lei 9.514/97,

bem como pelo fato de que o endosso de cédula de produtor rural não transmite a

propriedade da safra à instituição financeira endossatária.

Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 29276-93.2007.8.06.0000/0, a 1ª Câmara

Cível do TJCE, por seu relator, Des. Ernani Barreira Porto, em 02/07/2007, v.u., decidiu

que a sujeição de crédito alienado fiduciariamente é matéria afeita ao plano de

recuperação. Ademais, argumentou que se a instituição financeira cujo crédito é

garantido por cessão fiduciária de outro crédito participar da assembléia geral de

credores, ela estará a aceitar submeter-se à recuperação judicial.

Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 1.0079.09.946838-5/002(1), a 2ª Câmara

Cível do TJMG, por seu relator, Des. Carreira Machado, em 02/02/2010, v.u., decidiu

que os direitos creditícios não são bens móveis e que portanto não podem ser objeto de

alienação fiduciária, bem como, para aplicar-se o § 3º do art. 49 da Lei 11.101/05, o

credor que pretende excluir seu crédito dos efeitos da recuperação deve provar a

existência da alienação fiduciária.

Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 30089000142, a 3ª Câmara Cível do TJES,

por seu relator, Des. Jorge Góes Coutinho, em 24/06/2008, v.u., decidiu que títulos de

crédito não são considerados bens móveis para fins de aplicação do disposto no § 3º do

art. 49 da Lei 11.101/05, ante a ausência de expressa menção aos títulos de crédito neste

parágrafo.

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Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 2009.00221386, a 20ª Câmara Cível do

TJRJ, por sua relatora, Des. Jacqueline Lima Montenegro, em 02/09/2009, v.u., decidiu

que “não pode o Agravante, instituição bancária, impedir que à Recuperanda o direito

de administrar os rendimentos oriundos de duplicatas e CDB’s vencidos dados como

garantia de empréstimos, que serão indispensáveis à sua estratégia de recuperação da

higidez econômico-financeira."

Análise das decisões que mantém ou impõem a trava bancária

Acerca do § 5º do art. 49, encontrou-se 19 decisões que estabeleceram que o valor

da garantia liquidada deve ser mantido em conta vinculada durante o stay period (art. 6º,

§ 4º)19. Entretanto, em 2 decisões entendeu-se que não há ilegalidade na decisão a quo

em condicionar o exame do pedido de liberação dos valores correspondentes aos dos

títulos cedidos, à prévia concordância das instituições financeiras credoras20.

Em 1 acórdão, decidiu-se que a conta vinculada onde serão mantidos os depósitos

não necessita ser conta judicial21. Esta decisão foi citada como precedente em outras 3

decisões, o que reforça sua relevância. Entretanto, foram encontrados 3 acórdãos que

entenderam que a conta vinculada onde serão mantidos os depósitos deve ser conta

judicial22.

Em 3 decisões, entendeu-se que após o decurso do prazo do art. 6º, § 4º, as

quantias depositadas em conta vinculada serão levantadas pelo credor ou reverterão em

favor da empresa recuperanda, conforme o plano de recuperação23. Entretanto, houve 1

acórdão que entendeu que "Na dicção do art. 49, § 5º da Lei nº 11.101, de 2005, os

direitos creditórios garantidos pela cessão fiduciária não se submetem aos efeitos da

recuperação."24

19 TJES AI 30090000149; TJRS AI 70033336611; TJSP AI 655.134-4/8-00; TJSP AI 639.362.4/0-00; TJSP AI 634.368.4/1-00; TJSP AI 630.478-4/4; TJSP AI 628.519-4/2; TJSP AI 622.432-4/1; TJSP AI 622.431-4/7; TJSP AI 622.430-4/2; TJSP AI 622.429-4/8; TJSP AI 622.428-4/3; TJSP AI 622.427-4/9-00; TJSP AI 622.426-4/4; TJSP AI 600.656-4/2; TJSP AI 583.421.4/9-00; TJSP AI 571.784-4/1; TJSP AI 540.384-4/4-00; TJSP AI 531.703.4/0-00. 20 TJRS AI 70033336611; TJRS AI 70032032047. 21 TJSP AI 540.384-4/4-00. 22 TJRJ Embargos de Declaração 200900221764;TJRS AI 70033336611; TJSP AI 547.888-4/5-00. 23 TJES AI 30090000149; TJES AI 30090000131; TJES AI 30089000993. 24 TJPR AI 471.823-6.

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Quanto à aplicação do § 3º do art. 49, em 14 decisões, entendeu-se que direitos

creditícios são bens móveis (CC, art. 83, III) e podem ser objeto de alienação fiduciária

e se incluem no § 3º do art. 49 da Lei 11.101/0525. Em 35 acórdãos, tratou-se de

alienação fiduciária de créditos existentes26, e, cumulativamente ou não, em 12

acórdãos, tratou-se de alienação fiduciária de créditos futuros27.

Em 11 acórdãos, decidiu-se que crédito garantido por alienação fiduciária em

garantia não se submete aos efeitos da recuperação judicial28. E não se submetem aos

efeitos da recuperação judicial o crédito garantido por alienação fiduciária de bens do

devedor ou de bens de terceiros29. Desse modo, a execução de crédito alienado

fiduciariamente não se suspende em razão da recuperação judicial30. Por estas razões, o

titular do crédito garantido por alienação fiduciária não tem o direito de votar na

Assembléia Geral de Credores31.

Entretanto, houve 1 acórdão no qual decidiu-se que a “sujeição de crédito alienado

fiduciariamente é matéria afeita ao plano de recuperação”32. Nesta decisão, entendeu-se

25 TJMT AI 91370/2008; TJRJ AI 200900234272; TJRJ AI 200900209750; TJSP AI 680.360.4/7-00; TJSP AI 655.134-4/8-00; TJSP AI 654.950.4/4-00; TJSP AI 653.329.4/3-00; TJSP AI 653.245-4/0-00; TJSP AI 650.545.4/7-00; TJSP AI 633.785.4/7-00; TJSP AI 632.813.4/9-00; TJSP AI 627.659.4/3-00; TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 527.909.4/6. 26 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0; TJMG AI 1.0109.08.012108-9/001(1); TJMT AI 10146/2009; TJPR AI 493.027-8; TJPR AI 472.508-8; TJPR AI 472.495-6; TJPR AI 471.823-6; TJRJ AI 200900234272; TJRS AI 70033336611; TJRS AI 70032032047; TJSP AI 994.09.286885-4; TJSP AI 7.222.504-8; TJSP AI 680.360.4/7-00; TJSP AI 655.134-4/8-00; TJSP AI 654.950.4/4-00; TJSP AI 653.329.4/3-00; TJSP AI 653.245-4/0-00; TJSP AI 639.362.4/0-00; TJSP AI 634.368.4/1-00; TJSP AI 633.785.4/7-00; TJSP AI 632.813.4/9-00; TJSP AI 630.478-4/4; TJSP AI 622.432-4/1; TJSP AI 622.431-4/7; TJSP AI 622.428-4/3; TJSP AI 622.427-4/9-00; TJSP AI 622.426-4/4; TJSP AI 600.656-4/2; TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 557.256.4/0-00; TJSP AI 541.816-4/4-00; TJSP AI 540.384-4/4-00; TJSP AI 531.703.4/0-00; TJSP AI 527.909.4/6; TJSP AI 524.879.4/6. 27 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0; TJMG AI 1.0079.09.946838-5/003(1); TJMG AI 1.0079.09.946838-5/002(1); TJMT AI 10146/2009; TJPR AI 472.495-6; TJPR AI 471.823-6; TJRJ AI 200900234272;TJRJ AI 200900209750; TJSP AI 994.09.286885-4; TJSP AI 653.245-4/0-00; TJSP AI 630.062.4/6-00; TJSP AI 627.659.4/3-00. 28 TJRS AI 70030491278; TJSP AI 7.328.969-5; TJSP AI 7.328.922-2; TJSP AI 7.222.504-8; TJSP AI 680.360.4/7-00; TJSP AI 627.659.4/3-00; TJSP AI 622.432-4/1; TJSP AI 557.256.4/0-00; TJSP AI 548.032.4/7-00; TJSP AI 498.230.4/2; TJSP AI 445.750.4/2. 29 TJSP AI 498.230.4/2. 30 TJSP AI 7.222.504-8. 31 TJSP AI 428.701.4/5-00. 32 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0.

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que se o banco credor participa da assembléia geral de credores, aceita submeter-se à

recuperação judicial33.

Ademais, em 2 acórdãos, decidiu-se que a regra do § 4º do art. 6º não incide

quando a hipótese é de cessão fiduciária de créditos, pois os créditos não são bens

essenciais ao exercício da atividade34. Isto porque, conforme decidiu-se em 2 acórdãos,

os recebíveis não são bens de capital para fins de aplicação da parte final do § 3º do art.

4935. Há, entretanto, 1 acórdão no qual decidiu-se que a regra do § 4º do art. 6º incide

pois os créditos são bens essenciais ao exercício da atividade36.

Por fim, há 1 acórdão que decidiu que Titular de Certificados de Direitos

Creditórios de Agronegócio - CDCA, lastreados em Cédulas de Produto Rural - CPRs, é

legitimado na qualidade de terceiro interessado a interpor agravo que libera ou substitui

as garantias de operação de crédito37. Neste acórdão, decidiu-se que abrigações

assumidas em câmaras de compensação ou liquidação financeira não se submetem aos

efeitos da recuperação judicial38.

Análise da pesquisa de percepção

Pela questão 11 da pesquisa de percepção realizada, indagou-se aos entrevistados

acerca de sua posição sobre “o fato de os créditos alienados fiduciariamente não se

submeterem à recuperacão de empresas”. As respostas se distribuíram quase que

igualmente entre as alternativas positivas e as alternativas negativas, conforme ilustra o

gráfico abaixo.

33 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0 34 TJPR AI 472.508-8; TJSP AI 557.256.4/0-00. 35 TJPR AI 472.508-8; TJSP AI 655.134-4/8-00. 36 TJMT AI 10146/2009. 37 TJMT AI 74498/2008. 38 TJMT AI 74498/2008.

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Se somadas as respostas “Altamente positivo” e “Positivo”, e as respostas

“Altamente negativo” e “Negativo”, encontra-se a distribuição indicada no gráfico

abaixo.

Deve-se observar, entretanto, que ao responderem os entrevistados a questão 13

(“De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos credores no

procedimento de recuperação judicial de empresas é”), o resultado da análise estatística

foi “entre 60% e 80%”, o que indica que, independentemente da opinião que se tenha

acerca da trava bancária, reconhece-se que há um alto índice de satisfação dos credores

no procedimento de recuperação judicial.

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Entretanto, quando analisadas estatisticamente as respostas à questão 15 (“De

acordo com sua opinião, a nova legislação tem possibilitado a preservação dos postos de

trabalho de empresas em crise”) independentemente da opinião que se tenha acerca da

trava bancária, o resultado foi entre 40% e 60%.

Na parte da pesquisa de percepção reservada às contribuições por extenso dos

entrevistados, obteve-se as seguintes contribuições. Os entrevistados que apontaram ser

positiva a trava bancária sustentaram que deve ser mantida a atual redação dos § 3º e 5º

do art. 49 da Lei 11.101/05, sob pena de aumentar-se o Risco Brasil, destacando-se que

a tutela destes contratos facilitam a concessão de crédito no país, e também pela

necessidade de respeito dos direitos de propriedade no país. A manutenção deste

comando deveria ficar subordinada à demonstração da prática de juros mais baratos nas

linhas de crédito protegidas por este instrumento.

Dentre os que se posicionaram pela neutralidade, fundamentou-se que o tema era

uma questão política, e que a trava bancária deveria ter conduzido a um barateamento

do crédito, destacando-se que a opção pela resposta positiva ou negativa dependeria de

qual o ponto de vista que se adotasse, se da preseravação da empresa em crise ou do

barateamento do crédito no mercado.

Aqueles que fundamentaram a opção pelo aspecto negativo da trava bancária,

ressaltaram o impacto que a trava bancária tem no capital de giro da empresa, o que

pode inviabilizar a recuperação. Apontou-se também que os credores garantidos por

mecanismos de trava bancária deviam ter um tratamento igual aos demais credores, sob

pena de inviabilizar o instituto da recuperação judicial. Mesmo entre aqueles que

julgavam ser negativa a trava, sustentou-se que a trava bancária é uma tentativa de

baratear a oferta de crédito.

Conclusão

A partir da análise dos dados coletados, pode-se concluir que:

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Conclusão geral

- É pequeno impacto dos mecanismos previstos nos §§ 3º e 5º do art. 49 da Lei

11.101, designados pela expressão “trava bancária”, no sistema de recuperação judicial

de empresas.

Conclusões específicas

- É quantitativamente pouco significativo o número de decisões judiciais

referentes à trava bancária em relação ao número total de processos de recuperação

judicial.

- É baixo o grau de controvérsia judicial em torno do tema.

Os dados coletados são suficientemente representativos para fundamentar estas

conclusões, pois: - Os dados coletados são referentes a 37 varas judiciais distintas; - Os

dados coletados são referentes a 48 processos de recuperação judicial de empresas.

- Nacionalmente, foram encontrados acórdãos em apenas 9 Estados, o que indica a

baixa recorrência deste tema em grau recursal. Por ter-se assumido que a parte

interessada interporá recurso sempre que houver decisão sobre o tema em primeiro grau

de jurisdição, pode-se concluir que é baixa a incidência do tema nos processos de

recuperação judicial. Entretanto, há tendência a aumentar a recorrência deste tema nos

processos de recuperação judicial.

- Os Estados em que o tema possui maior relevância nos seus respectivos

Tribunais, por ordem decrescente do número de acórdãos encontrados sobre o tema,

quantidade de manifestações, são: TJSP; TJRJ; TJPR; TJMT; TJES; TJRS; TJMG;

TJPE e TJCE.

- Geograficamente, o tema possui maior relevância na Região Sudeste.

- O Estado de São Paulo é o que apresenta maior recorrência de decisões sobre o

tema, seja no total de decisões do país ou no total de decisões da Região Sudeste.

- A análise dos acórdãos por Câmara julgadora ou por Relator permite a conclusão

de que a dispersão dos acórdãos é grande, de modo a abranger significativamente os

órgãos julgadores dos Tribunais em que foram encontrados acórdãos.

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- O valor dos financiamentos garantidos por trava bancária apresenta grande

magnitude, sendo portanto representativo de recuperações judiciais de empresas de

vários portes.

- Os juízes de primeiro grau apresentam tendência a deferir pedidos de liberação

da trava bancária formulados pela empresa em recuperação.

- Na maioria dos casos, o recorrente é instituição financeira.

- A espécie recursal utilizada na maior parte dos casos para devolver a matéria ao

órgão ad quem é o agravo de instrumento.

- Os órgãos julgadores recursais apresentam forte tendência a manter ou impor a

trava bancária, pois a larga maioria das decisões é no sentido de impor a observância à

trava bancária.

- A adoção da garantia de financiamento com base alienação fiduciária de créditos

é recente, tendo em vista que há poucas decisões lavradas nos três primeiros anos de

vigência da Lei 11.101/05.

- A previsibilidade das decisões está orientando os agentes econômicos a adotar

mecanismos de finaciamento bancário garantidos por trava bancária, tendo o aumento

do número de decisões sobre o tema nos dois últimos anos.

- Dos 13 acórdãos classificados por orientação como sendo no sentido de liberar a

trava bancária, 6 liberaram a trava com base em argumentação fundada na ausência de

pressupostos formais para a caracterização da trava bancária; 2 acórdãos não apreciaram

a matéria com base em argumento de ordem processual; e os restantes 5 acórdãos

liberaram a trava bancária com base em argumentação é expressamente contrária à

caracterização do mecanismo.

- Mesmo tendo havido grande dispersão dos julgados, seja por Câmara julgadora

ou por Relator, a imensa maioria das decisões foi tomada por unanimidade, o que

permite a conclusão de que há pouca controvérsia nos Tribunais sobre os temas

relacionados à trava bancária.

- A percepção dos operadores do direito acerca da trava bancária é distribuída

quase que igualmente entre os favoráveis e os desfavoráveis à trava bancária.

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98

- Essa divisão na percepção dos operadores acerca da trava, que gera debate

político sobre o tema, não reflete nas decisões dos Tribunais no que respeita à

interpretação dos comandos legislativos.

- Quanto à previsibilidade da argumentação empregada pelos Tribunais, há alto

grau de harmonização e coerência argumentativa entre as decisões favoráveis à

manutenção ou imposição da trava bancária, pois: - Os precedentes favoráveis à

manutenção ou imposição da trava bancária são largamente os mais citados pelas

decisões; - As decisões favoráveis à manutenção ou imposição da trava bancária são as

que citam precedentes com maior frequência e maior volume; - As decisões favoráveis à

manutenção ou imposição da trava bancária são as que citam doutrina com maior

frequência e maior volume.

- Quanto à norma do § 5º do art. 49, pode-se concluir que a jurisprudência

majoritária entende que:

(a) os créditos garantidos pela modalidade prevista no § 5º do art. 49 submetem-se

aos efeitos da recuperação judicial;

(b) o valor da garantia liquidada deve ser mantido em conta vinculada durante o

stay period;

(c) é lícita a decisão de primeiro grau que condiciona exame do pedido de

liberação dos valores correspondentes aos dos títulos cedidos, à prévia concordância das

instituições financeiras credoras;

(d) após o stay period, os valores referentes às garantias liquidadas revertem em

favor do titular do crédito garantido ou da empresa em recuperação, conforme tenha

sido objeto de previsão no plano de recuperação.

- Entretanto, ainda quanto à norma do § 5º do art. 49:

(a) há divergência sobre se deve ser judicial ou não a conta em que devem ser

mantidas os valores das garantias liquidadas;

- Quanto à norma do § 3º do art. 49, pode-se concluir que a jurisprudência

majoritária entende que:

(a) direitos creditícios são bens móveis (CC, art. 83, III) e podem ser objeto de

alienação fiduciária e se incluem no § 3º do art. 49 da Lei 11.101/05;

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99

(b) é lícita a alienação fiduciária tanto de créditos existentes quanto de créditos

futuros;

(c) o crédito alienado fiduciariamente não se submete aos efeitos da recuperação;

(d) o deferimento do processamento da recuperação judicial não suspende a

execução de crédito alienado fiduciariamente;

(e) não se aplica às execuções de crédito garantido por alienação fiduciária de

créditos a limitação prevista na parte final do § 3º do art. 49 da Lei 11.101/05, pois

recebíveis não são considerados bens de capital;

(f) titular do crédito garantido por alienação fiduciária não tem o direito de votar

na Assembléia Geral de Credores;

(g) terceiro titular de derivativo lastreado em crédito cedido fiduciariamente tem

legitimação para a prática de atos processuais no processo de recuperação judicial

relacionado à tutela da trava bancária dos créditos dados em garantia.

Item 2.2.3 – Anexo I – Tabela de Acórdãos

Região Tribunal Espécie de recurso n. do recurso Órgão julgador Relator

data de julgamento

Quórum da decisão (v.u. ou por maioria)

NE

TJCE Agravo de Instrumento

29276-93.2007.8.06.0000/0

1ª Câmara Cível

Des. Ernani Barreira Porto

02/07/2007 v.u.

SE TJES

Agravo de Instrumento 30090000149

1ª Câmara Cível

Des. Fábio Clem de Oliveira

03/11/2009 v.u.

SE TJES

Agravo de Instrumento 30090000131

1ª Câmara Cível

Des. Fábio Clem de Oliveira

03/11/2009 v.u.

SE TJES

Agravo de Instrumento 30089000993

1ª Câmara Cível

Des. Fábio Clem de Oliveira

03/11/2009 v.u.

SE TJES

Agravo de Instrumento

30089000142 3ª Câmara Cível

Des. Jorge Góes Coutinho

24/06/2008 v.u.

SE TJMG

Agravo de Instrumento

1.0109.08.012108-9/001(1)

6ª Câmara Cível Des. Maurício Barros

09/06/2009 v.u.

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100

SE TJMG

Agravo de Instrumento

1.0079.09.946838-5/003(1)

2ª Câmara Cível

Des. Carreira Machado

26/01/2010 v.u.

SE TJMG

Agravo de Instrumento

1.0079.09.946838-5/002(1)

2ª Câmara Cível

Des. Carreira Machado

02/02/2010 v.u.

CO TJMT

Agravo de Instrumento 95699/2009

1ª Câmara Cível

Des. Marilsen Andrade Addario

09/11/2009 v.u.

CO TJMT

Agravo de Instrumento 91370/2008

6ª Câmara Cível Des. Juracy Persiani

11/03/2009 v.u.

CO TJMT

Agravo de Instrumento 31659/2009

2ª Câmara Cível Des. Cirio Miotto

02/09/2009

por maioria

CO TJMT

Agravo de Instrumento 74498/2008

1ª Câmara Cível

Des. Marilsen Andrade Addario

19/10/2009 v.u.

CO TJMT

Agravo de Instrumento 10146/2009

5ª Câmara Cível

Des. Carlos Alberto Alves da Rocha

05/08/2009

v.u.

NE TJPE

Embargos de Declaração

165269-9/01 4ª Câmara Cível

Des. Francisco Manoel Tenorio dos Santos

02/04/2009

v.u.

NE TJPE

Agravo de Instrumento

165269-9 4ª Câmara Cível

Des. Francisco Manoel Tenorio dos Santos

08/01/2009

v.u.

S TJPR

Agravo de Instrumento 493.027-8

18ª Câmara Cível Des. Ruy Muggiati

27/08/2008 v.u.

S TJPR

Agravo de Instrumento

481.595-0 17ª Câmara Cível

Des. Fernando Vidal de Oliveira

17/09/2008

por maioria

S TJPR

Agravo de Instrumento

477.251-4 17ª Câmara Cível Des. Fernando Vidal

de Oliveira

15/09/2008

decisão monocrática

S TJPR

Agravo de Instrumento 472.508-8

18ª Câmara Cível Des. Ruy Muggiati

27/08/2008 v.u.

S TJPR

Agravo de Instrumento 472.495-6

17ª Câmara Cível

Des. Vicente Del Prete Misurelli

16/07/2008 v.u.

S TJPR

Agravo de Instrumento 471.823-6

17ª Câmara Cível

Des. Lauri Caetano da Silva

27/05/2009 v.u.

SE TJRJ

Agravo de Instrumento 200900234272

17ª Câmara Cível

Des. Luisa Cristina Bottrel Souza

21/01/2010

por maioria

SE TJRJ

Embargos de Declaração 200900221927

20ª Câmara Cível

Des. Jacqueline Lima Montenegro

18/11/2009 v.u.

SE TJRJ

Agravo Interno

200.900.221.764 20ª Câmara Cível

Des. Jacqueline Lima Montenegro

24/06/2009

decisão monocrática

SE TJRJ

Agravo de Instrumento

200.900.221.386 20ª Câmara Cível

Des. Jacqueline Lima Montenegro

02/09/2009

v.u.

SE TJRJ

Embargos de Declaração

200.900.221.386 20ª Câmara Cível

Des. Jacqueline Lima Montenegro

21/10/2009

decisão monocrática

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101

SE TJRJ

Agravo de Instrumento 200900209750

17ª Câmara Cível

Des. Luisa Cristina Bottrel Souza

24/06/2009

por maioria

SE TJRJ

Embargos de Declaração 200900202081

2ª Câmara Cível

Des. Alexandre Freitas Câmara

08/04/2009 v.u.

SE TJRJ

Agravo de Instrumento

200.900.201.890 2ª Câmara Cível

Des. Alexandre Freitas Câmara

18/02/2009 v.u.

SE TJRJ

Embargos de Declaração

200.900.221.764 20ª Câmara Cível

Des. Jacqueline Lima Montenegro

09/12/2009

v.u.

S TJRS

Agravo Interno

70033336611 5ª Câmara Cível

Des. Gelson Rolim Stocker

16/12/2009 v.u.

S TJRS

Agravo de Instrumento 70033336611

5ª Câmara Cível

Des. Gelson Rolim Stocker

16/12/2009 v.u.

S TJRS

Agravo de Instrumento 70032032047

5ª Câmara Cível

Des. Gelson Rolim Stocker

08/09/2009

decisão monocrática

S TJRS

Agravo de Instrumento

70030491278 6ª Câmara Cível

Des. Antônio Corrêa Palmeiro da Fontoura

01/03/2010

decisão monocrática

SE

TJSP Agravo de Instrumento 994.09.286885-4

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Roberto Lino Machado

26/01/2010

v.u.

SE TJSP

Agravo de Instrumento 7.328.969-5

15ª Câmara de Direito Privado

Des. Edgard Jorge Lauand

17/03/2009 v.u.

SE TJSP

Agravo de Instrumento 7.328.922-2

15ª Câmara de Direito Privado

Des. Edgard Jorge Lauand

07/04/2009 v.u.

SE TJSP

Agravo de Instrumento 7.222.504-8

15ª Câmara de Direito Privado Des. Cyro Bonilha

19/02/2008 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 680.360.4/7-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Manoel Pereira Calças

15/12/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 669.718-4/06

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

15/12/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 655.134-4/8-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Manoel Pereira Calças

15/12/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 654.950.4/4-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Manoel Pereira Calças

15/12/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 653.329.4/3-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Manoel Pereira Calças

15/12/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 653.245-4/0-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Manoel Pereira Calças

15/12/2009 v.u.

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SE

TJSP Agravo de Instrumento 650.545.4/7-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

27/10/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 649.264-4/1

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

17/11/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 649.263-4/7

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

17/11/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 639.362.4/0-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

27/10/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 637.664.4/4-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

27/10/2009 por

maioria

SE

TJSP Agravo de Instrumento 634.368.4/1-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

09/06/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 633.785.4/7-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

28/07/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 633.768.4/0-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

28/07/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 633.332-4-0/00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Roberto Lino Machado

30/06/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 632.813.4/9-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

09/06/2009 v.u.

SE

TJSP Embargos de Declaração 632.813.4/0-01

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

27/10/2009

v.u.

SE

TJSP Embargos de Declaração 632.813.4/0-01

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

27/10/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 632.743.4/9-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

30/06/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 630.478-4/4

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

06/10/2009

v.u.

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103

SE

TJSP Agravo de Instrumento 630.475-4/0

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 630.062.4/6-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Araldo da Costa Telles

15/12/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 628.519-4/2

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009

v.u.

SE

TJSP Embargos de Declaração 627.659.4/5-01

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

27/10/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 627.659.4/3-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

28/07/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.664.4/0-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Roberto Lino Machado

30/06/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.432-4/1

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

06/10/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.431-4/7

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.430-4/2

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.429-4/8

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.428-4/3

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.427-4/9-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 622.426-4/4

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 610.461.4/0

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Roberto Lino Machado

30/06/2009

v.u.

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SE

TJSP Agravo de Instrumento 600.656-4/2

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

09/06/2009

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 585.273.4/7-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

19/11/2008 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 583.421.4/9-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

19/11/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 571.784-4/1

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

27/08/2008 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 557.256.4/0-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero

30/07/2008 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento

548.557.4/2-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann

27/08/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento

548.032.4/7-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann

27/08/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 547.893.4/8-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann

27/08/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento

547.888-4/5-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann

27/08/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 542.697-4/7-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Araldo da Costa Telles

19/11/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 541.816-4/4-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Araldo da Costa Telles

07/05/2008 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 540.384-4/4-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Araldo da Costa Telles

07/05/2008 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 531.703.4/0-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Manoel Pereira Calças

24/09/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 527.909.4/6

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Roberto Lino Machado

26/03/2008

v.u.

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SE

TJSP Agravo de Instrumento 524.879.4/6

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. José Roberto Lino Machado

28/05/2008

v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 498.230.4/2

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann

30/05/2007 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 445.750.4/2

Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel

28/06/2006 v.u.

SE

TJSP Agravo de Instrumento 428.701.4/5-00

Câmara Reservada à Falência e Recuperação

Des. Manoel Pereira Calças

12/06/2006 v.u.

Item 2.2.3 – Anexo II – Comarca de Origem

Comarca de origem

Total de recursos originados nesta Comarca

1 São Paulo - 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais 13 2 Barueri 11 3 Sertãozinho 5 4 Recurso interposto contra decisão do Tribunal 5 5 Itapetininga 5 6 Linhares - 2ª Vara Cível e Comercial 4 7 São Paulo - 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais 4 8 Curitiba - 2ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas 3 9 Porto Alegre 3

10 Botucatu 2 11 Olímpia, 3ª Vara Cível 2 12 Lucas do Rio Verde 2 13 Cuiabá 2 14 4ª Vara de Direito Empresarial da Comarca da Capital 2 15 Diadema 2 16 Estrela D'oeste 2

17 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Contagem

2

18 Foro Regional de Araucária da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba 1

19 Presidente Prudente - 3ª Vara Cível 1 20 Canarana 1 21 6ª Vara Empresarial da Comarca da Capital 1 22 Rio de Janeiro - 1ª Vara Empresarial 1 23 Sertãozinho - 3ª Vara Cível 1 24 Mogi Guaçu - 3ª Vara Cível 1

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106

25 Valinhos - 3ª Vara Cível 1 26 Canoas 1 27 Cabo de Sto. Agostinho 1 28 Ribeirão Preto, 4ª Vara Cível 1 29 Limeira - 2ª Vara Cível 1 30 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital 1 31 Campanha 1 32 Fortaleza - 1ª Vara de Falência e Concordata 1 33 Curitiba - 3ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas 1 34 Urânia - Vara Única 1 35 Jandira/Barueri - 1ª Vara Cível 1 36 Araucária 1 37 Jundiaí 1 38 Jundiaí -1ª Vara Cível do Foro Distrital de Cajamar 1 Total geral 90

Item 2.2.3 – Anexo III – Instituições financeiras envolvidas

Nº de acórdãos em que é parte

Nome da Instituição Financeira

1 Banco ABC Brasil S.A. 2 Banco ABN AMRO REAL S.A. 3 Banco BBM S.A. 4 Banco BGN S.A. 5 Banco BMC S.A. 6 Banco Bradesco S.A. 7 Banco BVA S.A. 8 Banco Citibank S.A. 9 Banco CR2 S.A. 1 Banco Cruzeiro do Sul S.A. 1 Banco Daycoval S.A. 1 Banco Fibra S.A. 1 Banco Guanabara S.A. 1 Banco Industrial do Brasil S.A. 1 Banco Industrial e Comercial S.A. 1 Banco Indusval S.A. 1 Banco Itaú S.A. 1 Banco Máxima S.A. 1 Banco Mercantil do Brasil S.A. 2 Banco Modal S.A. 2 Banco Paulista S.A. 2 Banco Pine S.A. 2 Banco Prosper S.A. 2 Banco Rendimento S/A 2 Banco Rural S.A. 2 Banco Safra S.A. 2 Banco Santander Banespa S.A. 2 Banco Santander S.A.

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2 Banco Triângulo S.A. 3 Banco Votorantim S.A. 3 Baneste S.A. 3 Bankboston Banco Múltiplo S.A.

Item 2.2.3 – Anexo IV – Empresas cujas recuperações originaram acórdãos

1 Accentum Manutenção e Serviços Ltda. (em Recuperação Judicial) 2 Agrenco do Brasil S.A. (em Recuperação Judicial) e outras 3 Agropecuária Malp Administração e Participações Ltda. E outros 4 Antítese Ltda. EPP e outro 5 Asa Serviços de Limpeza Ltda. (em Recuperação Judicial) 6 Botucatu Textil S.A. (em Recuperação Judicial) 7 BPN Brasil Banco Múltiplo S.A. 8 Bretagne Safra S.A. 9 Cerâmica Lanzi Ltda. (em Recuperação Judicial) 10 Comercial Garção Derivados de Petróleo Ltda.

11 Companhia Albertina Mercantil e Industrial; Ventura Energética Ltda.; Santuário Participações Ltda.; Luzeiro Agroindustrial Ltda. (em Recuperação Judicial)

12 Depósito de Metais Praia de Espinho Ltda. 13 DF Deutsche Forfait S.R.O e Global Securities Capital Partners Advisors 14 Distribuidora Zangirolami Ltda. (em Recuperação Judicial) 15 Economia Comércio e Indústria de Alimentos Ltda. 16 Epcom Eletrônica Com. Import. Export. Informática Ltda. 17 Expandra Estamparia e Molas S.A. 18 Expandra Estamparia e Molas S.A. 19 Faster Brasex Transportes e Logística Ltda. 20 Fer Corr Embalagens Ltda. (em Recuperação Judicial) 21 Fresal Embalagens Ltda. 22 Frigoestrela S.A. (em Recuperação Judicial) 23 GMLOG Transportes Ltda. 24 Guimarães Agrícola Ltda. e outros 25 Indústria de Alimentos Nilza S.A. (em Recuperação Judicial) 26 Indústria de Móveis Movelar Ltda. 27 Inkafarma Comércio Farmacêutico S.A. - Drogamed 28 Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos - Postalis

29 Macromed Comércio de Material Médico e Hospitalar Ltda. (em Recuperação Judicial)

30 MCA Distribuidora do Brasil S.A.

31 Mercadinho Santos Pereira Ltda.; Mercadinho Ki Barato Ltda. (ambas em Recuperação Judicial)

32 Modern Sound Música e Equipamentos Ltda. 33 Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos (em Recuperação Judicial) 34 Quatro Marcos Ltda. (em Recuperação Judicial)

35 Reiplas Indústria e Comércio de Materil Elétrico Ltda. (em Recuperação Judicial)

36 Rio Recibrás Comércio de Metais Recicláveis Ltda.; Depósito de Metais Praia de Espinha Ltda. e outros

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37 Solo Vivo Indústria e Comércio de Fertilizantes Ltda. 38 Stampafare Embalagens Ltda. (em Recuperação Judicial) 39 Suape Têxtil S.A.

40 Sul Americana de Cadernos Indústria e Comércio Ltda. (em Recuperação Judicial)

41 Supermercado Econômico Da Gente Ltda.; Da Gente Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.

42 Supermercado Gimenes S.A. (em Recuperação Judicial) 43 Tia Comércio de Lingerie Ltda. e outros 44 Togil Lanches Ltda. EPP e outro 45 Van Moorsel Andrade & Cia. Ltda. (em Recuperação Judicial) 46 Virmont Produtos Alimentícios S.A. (em Recuperação Judicial) 47 Whirpool S.A.

48 Zelepel Indústria e Comércio de Artefatos de Papel Ltda. (em Recuperação Judicial)

49 Zen Comércio de Medicamentos Ltda. - EPP

Item 2.2.3 – Anexo V – Precedentes mais citados

Precedente Total

TJSP AI 585.273.4/7-00 10

TJSP AI 571.784/4 9

TJSP AI 541.816-4/4-00 6

TJSP AI 557.256.4/0-00 6

TJSP AI 548.032.4/7-00 5

TJMG AI 1.0153.08.071892-4/001 3

TJSP AI 428.701.4/5 3

TJSP AI 445.750.4/2-00 3

TJPR AI 472.495-6 3

TJSP AI 498.230.4/2 3

TJSP AI 524.879.4/6 3

TJSP AI 540.384-4/4-00 3

TJSP AI 610.461.4/0 3

TJSP AI 633.332-4/0 3

TJSP AI 73032872 3

TJMT AI 91370/2008 3

TJSP AI 527.909.4/6-00 2

TJSP AI 630.062.4/6-00 2

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109

TJMT AI 96177/2007 2

TJRJ AI 200900211750 1

TJES AI 30089000142 1

TJSP AI 446.455.4/3-00 1

TJSP AI 462.790.4/9 1

TJPR AI 472508-8 1

TJPR AI 481595-0 1

TJSP AI 496.224.4/0 1

TJSP AI 512.522.4/5-00 1

TJSP AI 512.585.4/1-00 1

TJSP AI 524.878.4/6 1

TJSP AI 543.927.4/5 1

TJSP 547.888-4/5-00 1

TJSP AI 549.832.4/5-00 1

TJSP AI 586.555-4/1-00 1

TJSP AI 590.400-4/1-00 1

TJSP AI 604.312-4/2-00 1

TJRS AI 70029680253 1

TJMT AI 7470/2008 1

TJRJ AI 2009.002.9750 1

TJPR AC 9608 1

Item 2.2.3 – Anexo VI - Autores mais citados

Dados Total

Soma de Manoel Justino Bezerra Filho, Lei de Recuperação de Empresas e Falências Comentada,

RT 15

Soma de Fábio Ulhoa Coelho, Curso de Direito Comercial, v. III, Saraiva 15

Soma de Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, v I, Forense 11

Soma de Eduardo Ribeiro Oliveira, Comentários ao Novo Código Civil, v. II, Forense 10

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110

Soma de Clóvis Beviláqua, Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, v. I, Editora Rio 10

Soma de Paulo Restiffe Neto, Garantia Fiduciária, RT 10

Soma de Francisco Eduardo Loureiro, Código Civil Comentado, Manole 10

Soma de Guilherme Guimarães Feliciano, Tratado de Alienação Fiduciária em Garantia, LTr 9

Soma de Melhim Nemem Chalub, Negócio Fiduciário, Renovar 9

Soma de Orlando Gomes, Alienação Fiduciária em Garantia, RT 9

Soma de João Roberto Parizatto, Alienação Fiduciária, Edipa 9

Soma de César Fiuza, Alienação Fiduciária em Garantia de acordo com a Lei 9.514/97, AIDE 9

Soma de Fábio Ulhoa Coelho, Comentários à nova Lei de Falências de de Recuperação de

Empresas, Saraiva 7

Soma de Nestor Duarte, Código Civil Comentado, Manole 6

Soma de Sérgio Campinho, Falência e Recuperação de Empresa, Renovar 5

Soma de Rachel Sztajn, Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência (coord.

Francisco Satiro de Souza Júnior e Antônio Sérgio A. de Morais Pitombo) 3

Soma de Elias Katudjian, A nova Lei de Falências e de recuperação de empresas, Dos créditos

excluídos da recuperação, Revista do Advogado 2

Soma de Paulo Salles Toledo e Carlos Henrique Abrão, Comentários à Lei de Recuperação de

Empresas e Falência, Saraiva 2

Soma de Waldo Fazzio Júnior, Nova Lei de Falência e Recuperação de Empresas, Atlas 1

Soma de Ronaldo Vasconcelos, Direito Processual Falimentar, Quartier Latin 1

Soma de Paulo Sérgio Restiffe, Recuperação de Empresas, Manole 1

Soma de Marcos Paulo de Almeida Salles, Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e

Falência (coord. Francisco Satiro de Souza Júnior e Antônio Sérgio A. de Morais Pitombo) 1

Soma de Fran Martins, Títulos de Crédito, Rio de Janeiro 1

Soma de Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, Saraiva 1

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111

Soma de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, Direitos Reais, Lumen Juris 1

Soma de Marco Aurélio Bezerra de Melo, Direito das Coisas, Lumen Juris 1

Soma de Lidia Valério Marzagão, in Rubens Approbato Machado (coord.) Comentários à nova Lei

de Falências e Recuperação de Empresas, Quartier Latin 1

Soma de Gladston Mamede, Direito Empresarial Brasileiro: Falência e Recuperação de Empresas,

Atlas 1

Soma de Celso Marcelo Oliveira, Comentários à nova Lei de Falências, IOB Thomson 1

Soma de Ricardo negrão, Aspectos objetivos da Lei de Recuperação de Empresas e Falências,

Saraiva 1

Soma de José da Silva Pacheco, Processo de recuperação judicial, extrajudicial e falência, Forense 1

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112

Capítulo III. A OBRIGATORIEDADE DA APRESENTAÇÃO DE CND PARA CONCESSÃO DA

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Questionamento feito pelo Edital

No item 2.2.5 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos

questionou:

- “A obrigatoriedade da apresentação - para fins de concessão da recuperação

judicial - das certidões negativas de débito com as Fazendas dos entes federativos tem

gerado efeito negativo para a viabilidade da recuperação da empresa? Como o Poder

Judiciário vem tratando o tema?”

Projeto apresentado

Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:

- “A análise a ser realizada consiste em:

a) Identificação do tratamento dispensado pelo Poder Judiciário quanto à

exigência de apresentação de Certidão Negativa de Débito como

requisito à concessão de recuperação judicial de empresas.

O método para realizar-se a comparação consiste em:

a) Levantamento e sistematização de julgados nas bases de dados

informatizadas.

b) Sistematização das situações em que houve a dispensa da apresentação

de Certidão Negativa de Débito e das situações em que, ante a ausência

de dispensa, inviabilizou-se a recuperação.”

Delimitação do tema

Dispõe o art. 57 da Lei 11.101/05 que, após a juntada aos autos do plano aprovado

em assembléia geral de credores ou após decorrido o prazo previsto no art. 55 sem que

tenha sido oposta objeção ao plano, o devedor apresentará em cinco dias as certidões

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negativas de débito tributário, nos termos dos arts. 151, 205 e 206 do Código Tributário

Nacional.

Esta exigência coaduna-se, no sistema de recuperação judicial de empresas, com o

fato de que, por um lado, a recuperação judicial não interfere no crédito tributário, no

sentido de que (a) o deferimento do processamento da recuperação judicial não

suspende o curso das execuções fiscais (art. 6º, § 7º, da Lei 11.101/05), e de que (b) o

plano de recuperação não poderá dispor acerca do tratamento a ser conferido ao crédito

tributário (art. 187 do CTN, que excepciona a regra contida no art. 49 da Lei

11.101/05); por outro lado, o crédito tributário não interfere no processo de recuperação

judicial, pois (a) a decisão que defere o processamento da recuperação judicial dispensa

o devedor de apresentar certidões negativas para o exercício da sua atividade

econômica, exceto no que respeita à contratação com o poder público (art. 52, II, da Lei

11.101/05), (b) o credor tributário não participa da assembléia geral de credores (art. 41

da Lei 11.101/05), que cuidará de aprovar, modificar ou rejeitar o plano de recuperação

judicial de empresas.

Entretanto, é certo que a recuperação judicial de empresas, ao cuidar de uma

diversidade de mecanismos relacionados à superação da crise econômico-financeira da

empresa, – relacionados, portanto, à atividade desenvolvida pela empresa – acaba por

interferir na conformação patrimonial da empresa e, ao menos indiretamente, no

interesse do Fisco. Assim, por exemplo, caso o plano de recuperação judicial preveja a

alienação de unidades produtivas isoladas e seja aprovado pelos credores reunidos em

assembléia geral de credores, ter-se-á situação em que o patrimônio da empresa sofrerá

modificação, à medida em que será transferido onerosamente a terceiros

estabelecimento empresarial cujos bens integram o acervo patrimonial da empresa

devedora de tributos. Em outras palavras: tendo em vista que o devedor responde com

todos os seus bens, presentes e futuros, pela satisfação do crédito exequendo (CPC, art.

591), atos de alienação de bens do devedor alteram a própria garantia patrimonial do

crédito tributário.

Por evidente, certos atos de disposição patrimonial, quando praticados fora do

processo de recuperação judicial, podem ser considerados nulos ou ineficazes em

relação ao credor fiscal. No entanto, quando praticados estes atos como cumprimento de

plano de recuperação judicial aprovado pelos credores e homologado judicialmente,

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estes atos de disposição serão válidos e eficazes em relação ao credor tributário. É o

quanto ocorre, por exemplo, quando da alienação de unidades produtivas isoladas em

cumprimento a plano de recuperação judicial aprovado e judicialmente homologado.

De regra, a alienação de estabelecimento empresarial acarreta a sucessão do

adquirente no passivo tributário correspondente ao estabelecimento alienado, consoante

dispõe a regra prevista no art. 133 do CTN, de seguinte redação: “A pessoa natural ou

jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio

ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva

exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual,

responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à

data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria

ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou

iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou

em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.”

Entretanto, caso a alienação de estabelecimento ocorra em processo de

recuperação judicial de empresas, a regra de sucessão não será aplicada, consoante

excepciona o § 1º do mesmo art. 133 do CTN. Vale dizer, será alienado ativo integrante

do patrimônio da empresa devedora, pelas condições estabelecidas no plano, sem que

possa o credor tributário interferir ou participar do controle acerca da deliberação da

alienação, das condições da alienação, ou sem que conte com a garantia da sucessão do

passivo tributário por trespasse.

Por esta razão, impôs o art. 57 da Lei 11.101/05 a exigência de o devedor em

processo de recuperação judicial de empresas, após a aprovação do plano em assembléia

de credores ou após o decurso do prazo do art. 55 sem que tenham sido opostas

objeções ao plano apresentado, juntar aos autos do processo de recuperação judicial

certidão negativa de débito tributário – CND, como ato anterior à homologação judicial

do plano de recuperação. Com isto, assegura-se que todos os atos de disposição

patrimonial praticados em cumprimento ao plano de recuperação judicial não interfiram

na satisfação do crédito tributário, pois este, conforme dá conta a própria CND, foi

satisfeito. Deste modo, como requisito de concessão da recuperação judicial de

empresas, dispõe o art. 191-A do CTN, incluído pela Lei Complementar 118/2008, que:

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“A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de

todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei.”

Pode ocorrer, e é o que sói ocorrer, que as empresas em situação de crise

econômico-financeira possuam passivo tributário cujo valor a empresa não tenha

condições de arcar de pronto, de modo a obter a certidão negativa de débito. Por conta

disso é que o próprio art. 68 da Lei 11.101/05 prevê que as “Fazendas Públicas e o

Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos termos da legislação

específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação judicial, de acordo

com os parâmetros estabelecidos na Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código

Tributário Nacional.” Com o parcelamento, suspende-se a exigibilidade do crédito

tributário (art. 151, VI, do CTN), ao mesmo tempo em que se estabelecem os termos e

as garantias de seu cumprimento, conforme estabelecido em lei específica (art. 155-A,

caput, do CTN).

Tendo em vista que o nóvel instituto da recuperação judicial de empresas “tem

por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do

devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos

trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da

empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica” (Lei 11.101/05, art. 47),

entendeu o legislador que, por vezes, até mesmo o parcelamento do débito tributário nos

termos de lei específica poderia inviabilizar que o plano de recuperação judicial

aprovado atingisse seu objetivo. Por isto, na data em que foi promulgada a Lei

11.101/05, foi igualmente promulgada a Lei Complementar 118, também de 9 de

fevereiro de 2005, que modificou normas contidas no Código Tributário Nacional,

incluindo, no que pertine ao tema analisado, o § 3º no art. 155-A do CTN a prever que

“Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do

devedor em recuperação judicial.”

Com efeito, diversas foram as iniciativas legislativas tendentes a dispor acerca das

condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial,

de que são exemplos os seguintes: (a) PL 6447/2005, de 15/12/2005, de autoria do

Deputado Jorge Boeira, que dispõe “sobre parcelamento para empresas em recuperação

judicial de débitos com a Secretaria da Receita Federal, a Procuradoria-Geral da

Fazenda Nacional e o Instituto Nacional do Seguro Social e dá outras providências”; (b)

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PL 246/2003, 27/02/2003, de autoria do Deputado Paes Landim, que dispõe sobre

“parcelamento e pagamento de débitos de tributos, contribuições fiscais e

previdenciárias.” Estes Projetos de Lei foram apensados ao (c) PL 5250/2005,

apresentado em 17/05/2005, pelo Senador Fernando Bezerra, que dispõe “sobre o

parcelamento de débitos de devedores em recuperação judicial, perante a União, suas

autarquias, fundações públicas e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e altera os

arts. 57 e 73 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005.”

Ao par dos Projetos de Lei que tinham por objeto dispor sobre as condições de

parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial, também

foram apresentados Projetos de Lei que tinham por objeto revogar a exigência contida

no art. 57 da Lei 11.101/05, de que são exemplos o (a) PL 6028/2005, de 6/10/2005, de

autoria do Deputado Jorge Boeira, que “Revoga o art. 57 da Lei nº 11.101, de 9 de

fevereiro de 2005, que ‘Regula a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do

empresário e da sociedade empresária’, para dispensar a exigência de apresentação de

certidões negativas de débitos tributários na instrução do requerimento de recuperação

judicial” e o (b) PL 7363/2006, de 7/12/2006, de autoria do Deputado Luiz Piauhylino,

que “Revoga o art. 57 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, para eliminar a

exigência de apresentação prévia de certidão negativa no processo de recuperação

judicial”. Este PL 7363/2006 foi apensado, em 15/12/2006, ao PL 6028/2005. Este, por

sua vez, foi apensado, em 20/10/2005, ao PL 5250/2005.

O PL 5250/2005 ainda encontra-se em tramitação, e sua última ação constante do

site da Câmara dos Deputados foi em 10/3/2008, quando se criou comissão especial

para apreciá-lo39.

Por conta do fato de ainda não ter sido promulgada legislação específica acerca do

parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial, apresentou-se

perante as Cortes brasileiras situação na qual empresas que estão em situação de crise

econômico-financeira obtêm aprovar plano de recuperação judicial perante os seus

credores sujeitos à recuperação judicial de empresas, sem que obtenham parcelar o

crédito tributário em conformidade com o parcelamento especial para empresas em

39 Ver informação em http://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=285814

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recuperação judicial. Quando há parcelamentos tributários que podem ser solicitados

pela empresa em recuperação, as suas características por vezes são tais que se dificulta

sobremaneira ou até mesmo se inviabiliza o cumprimento do plano de recuperação

aprovado e a consequente superação da crise econômico-financeira da empresa.

Por conta deste fato, conclui-se que o crédito tributário, conquanto não devesse

sofrer interferência do plano de recuperação judicial, bem como não deveria interferir

no cumprimento do plano judicial, acaba por interferir. Por esta razão, as empresas cujo

plano de recuperação foi aprovado postulam judicialmente seja afastada a exigência de

apresentação da certidão negativa de débito tributário como requisito para a concessão

da recuperação judicial. É acerca do conteúdo destas decisões que cuida a presente

pesquisa.

Problema pesquisado

Problemas Gerais de Pesquisa

- A obrigatoriedade da apresentação – para fins de concessão da recuperação

judicial – das certidões negativas de débito com as Fazendas dos entes federativos tem

gerado efeito negativo para a viabilidade da recuperação da empresa?

- Como o Poder Judiciário vem tratando o tema?

Problemas Específicos de Pesquisa

- É quantitativamente significativo o número de decisões judiciais referentes à

matéria em relação ao número total de processos de recuperação judicial de empresas?

- Qual o grau de controvérsia judicial em torno do tema?

Delimitação da amostra pesquisada

Foram acessados todos os sites de Tribunais estaduais e do Superior Tribunal de

Justiça e, por meio da ferramenta de busca de jurisprudência, pesquisados diversos

termos e combinações distintas para se chegar às decisões existentes.

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Todos os resultados encontrados foram analisados, exceto quando se descreve que

‘foram encontrados mais de x decisões’, o que indica que, dado o grande número, foi

feita uma amostragem.

Para a realização da pesquisa referente à certidão negativa de débito, foram

utilizados três termos principais: “dispensa de certidão negativa de débito”, “ dispensa

da certidão negativa de débito” e “certidão positiva com efeito de negativa”, todas com

mais três variantes delas decorrentes, obtidas mediante acréscimo da expressão

“ recuperação judicial”. Procurou-se, com isso, mapear em todos os Tribunais de Justiça

do país, decisões que contivessem questões referentes à dispensa da certidão negativa de

débito como requisito à concessão da recuperação judicial.

Resultado da coleta de dados

No Tribunal de Justiça do Acre40 não foram encontrados documentos com os

termos mencionados. Tampouco o foram nos Tribunais dos Estados de Alagoas41,

Amapá42, Amazonas43, Maranhão44, Mato Grosso do Sul45, da Paraíba46, de Tocantins47,

do Piauí48, de Pernambuco49, de Sergipe50, ou do Pará51.

Quanto ao Tribunal do Estado da Bahia52, não foi possível a concretização da

busca, pois o site estava fora do ar durante todo o processo de pesquisa até o último dia

do prazo para entrega do relatório final. A mensagem recorrente era “Erro de conexão

com o banco de dados (jurisprudência)”.

No site do Tribunal do Estado do Ceará53, foi encontrado um documento

utilizando-se o termo de busca “dispensa da certidão negativa de débito”54, que, porém,

40 (http://websajju.tjac.jus.br/cjosg/index.jsp) 41 (http://www.jurisprudencia.tj.al.gov.br/busca.aspx) 42 (http://www.tjap.jus.br/component/option,com_tjap_consultas/Itemid,176/) 43 (http://consultasaj.tjam.jus.br:8080/cjosg/index.jsp) 44 (http://www.tj.ma.gov.br/site/cons/jurisp.php) 45 (http://www.tjms.jus.br/cjosg/index.jsp) 46 (http://www.tjpb.jus.br/portal/page/portal/tj/home) 47 (http://www.tj.to.gov.br/jurisprudencia_busca_geral_total_novo.asp) 48 (http://www.tjpi.jus.br/e-tjpi/home/jurisprudencia) 49 (http://www.tjpe.jus.br/jurisprudencia/index.asp) 50 (http://www.tjse.jus.br/tjnet/jurisprudencia/avancado.wsp) 51 (http://www.tj.pa.gov.br/consultasProcessuais/jurisprudencia/) 52 (http://www.tjba.jus.br/servicos/jurisprudencia/index.htm) 53 (http://www4.tjce.jus.br/sproc2/paginas/Acordao.htm)

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119

não era pertinente. Acrescenta-se que foi utilizado mais um termo de busca, qual seja,

“certidão negativa de débito”, com o qual foram encontrados 12 registros, nenhum

pertinente. Com os demais termos, i.e., “certidão positiva com efeito de negativa” e

“dispensa de certidão negativa de débito + recuperação judicial de empresas”, não se

encontrou nenhum documento.

Quanto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios55, foram

encontrados 45 documentos não pertinentes, utilizando-se do termo “certidão positiva

com efeito de negativa”. Com o termo “dispensa da certidão negativa de débito”,

encontrou-se um documento também não pertinente.

Na busca eletrônica no site do Tribunal do Espírito Santo56, foram encontrados

38 acórdãos e 87 decisões monocráticas, quando utilizado o termo “certidão positiva

com efeito de negativa”, mas nenhuma decisão trata de recuperação judicial de

empresas.

No site do Tribunal de Justiça de Goiás57, foram encontrados 8 documentos na

busca do termo “dispensa da certidão negativa de débito” e 29 documentos na busca do

termo “certidão positiva com efeito de negativa”. Nenhum documento encontrado era,

entretanto, pertinente.

No Tribunal do Estado do Rio de Janeiro58 também não se pode verificar

documentos. Foi encontrado apenas um julgado na busca do termo “dispensa certidão

negativa de débito”, e este não era pertinente. Neste caso, foram feitas, ainda, buscas

mais amplas neste tribunal (por exemplo, apenas com o termo “CND”). Foram

encontrados 38 acórdãos, nenhum deles tratava de recuperação judicial. Quando

combinados os termos “CND” e “recuperação judicial”, nenhum acórdão é encontrado.

Enviamos, ainda, um e-mail ao setor de pesquisa de jurisprudência daquele Tribunal

([email protected]), que nos respondeu afirmando que não havia decisões que

tratassem do tema.

54 (637821-47.2000.8.06.0001/1 - APELAÇÃO CÍVEL) 55 (http://www.tjdft.jus.br/juris/juris.asp) 56 (http://www.tjes.jus.br/cfmx/portal/Novo/cons_jurisp.cfm) 57 (http://www.tjgo.jus.br/jurisprudencia/juris.php?acao=next) 58(http://www.tjrj.jus.br/scripts/weblink.mgw?MGWLPN=DIGITAL1A&LAB=XJRPxWEB&PGM=WEBJRP101&PORTAL=1)

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120

No site de pesquisa de jurisprudência do Tribunal do Rio Grande do Norte59 não

foram encontradas decisões com os termos “certidão negativa de débito recuperação

judicial”, “ dispensa certidão negativa de débito”, “ dispensa de certidão negativa de

debito recuperação judicial” ou “certidão positiva com efeito de negativa recuperação

judicial”. Com a expressão de busca “certidão positiva de debito com efeito de

negativa” foram encontrados 3 (três) acórdãos, porém nenhum deles tratava de

recuperação judicial.

Nos sites dos Tribunais dos Estados de Rondônia60 e Roraima61, os resultados

foram os mesmos quanto aos primeiros quatro parâmetros listados acima. Foi

encontrado apenas um documento com a última expressão em cada um dos Tribunais

(Cautelar Inominada nº 200.001.2008.024804-6 - TJ-RO; Agravo de Instrumento nº

0010.08.009929-3 – TJ-RR), ambos não pertinentes ao tema ora pesquisado.

No Tribunal de Justiça de Minas Gerais62, foram encontrados 25 documentos a

partir do termo “Certidão Negativa de Débito Recuperação Judicial”, 207 com

“Dispensa de Certidão Negativa de Débito”, 7 com “Dispensa de Certidão Negativa de

Débito Recuperação Judicial”. De todos esses, apenas 3 (três) acórdãos eram

pertinentes. Não foram encontrados documentos a partir do termo “Certidão Positiva de

Débito com Efeito de Negativa recuperação judicial”

No site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul63, foram encontrados 7

(sete) julgados a partir da expressão “certidão positiva de debito com efeito de

negativa”, nenhum era pertinente. Não foi encontrado qualquer outro acórdão sobre o

tema com base nos demais parâmetros pesquisados.

No Tribunal de Justiça do Paraná64 foram encontrados 12 (doze) acórdãos com

base nas buscas pelos termos “Certidão Negativa de Débito Recuperação Judicial”. No

59 (http://www2.tjrn.jus.br/cjosg/index.jsp) 60 (http://www.tj.ro.gov.br/cj/faces/jsp/consulta.jsp) 61 (http://www.tjrr.jus.br/page/web/tjrr/jurisprudencia) 62(http://www.tjmg.jus.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?tipoTribunal=1&comrCodigo=79&ano=6&txt_processo=288873&complemento=1&sequencial=0&palavrasConsulta=Certid%E3o%20Negativa%20de%20D%E9bito%20Recupera%E7%E3o%20Judicial&todas=&expressao=&qualquer&sem=&radical=) 63 (http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris) 64 (http://www.tjpr.jus.br/portal/jurisprudencia/)

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121

entanto, nenhuma das decisões colhidas era pertinente ao tema. Não foram encontrados

acórdãos a partir da utilização dos outros parâmetros.

No Tribunal de Justiça de Santa Catarina65 foram encontrados 38 acórdãos a

partir dos termos “certidão negativa de débito recuperação judicial”; 187 com

“dispensa certidão negativa de débito”; 300 com “certidão positiva com efeito de

negativa”; 15 com “certidão positiva de debito com efeito de negativa recuperação

judicial”. Nenhuma das decisões tratava especificamente do tema, porque não reuniam

todos os parâmetros. Quando as expressões eram colocadas entre aspas, nenhum

documento era encontrado.

No Tribunal de Mato Grosso66 foram encontradas mais de 100 decisões judiciais

a partir da busca pelos termos “Certidão Negativa de Débito Recuperação Judicial”,

dos quais três acórdãos são pertinentes. Para os demais termos pesquisados (“Dispensa

de Certidão Negativa de Débito”, “ Dispensa de Certidão Negativa de Débito

Recuperação Judicial” ou “Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa

recuperação judicial”), não foram encontrados quaisquer documentos.

Na busca feita no site do Tribunal de São Paulo67 foram encontrados 57 julgados

a partir de “certidão negativa de débito recuperação judicial”; “dispensa certidão

negativa de débito” com 579 julgados; “dispensa de certidão negativa de débito

recuperação judicial”, com 13; “certidão positiva de debito com efeito de negativa”,

1.138; “certidão positiva com efeito de negativa recuperação judicial”, 10. Dentre

todos esses, 8 eram pertinentes.

Foi realizada, ainda, pesquisa no Superior Tribunal de Justiça. Com os termos

“Dispensa certidão negativa de débito” foram encontrados 3 documentos. Com

“certidão positiva de debito com efeito de negativa”, foram encontrados 217

documentos e, acrescendo-se “recuperação judicial”, nenhum arquivo é encontrado.

Nenhum dos arquivos encontrados é pertinente.

Ao todo, foram encontrados 14 acórdãos pertinentes ao tema pesquisado.

65 (http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/index.action) 66 (http://www.tjmt.jus.br/jurisprudenciapdf/) 67 (http://esaj.tj.sp.gov.br/cjsg/resultadoCompleta.do)

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122

Análise descritiva dos dados coletados

Os acórdãos encontrados são de lavra dos Tribunais de Justiça dos Estados de São

Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. O Estado de São Paulo responde por 58% dos

acórdãos coletados, ao passo que os Estados de Minas Gerais e Mato Grosso

respondem, cada um, por 21% dos acórdãos coletados, conforme ilustra o gráfico

abaixo.

Distribuição dos acórdãos por Tribunais

58%

21%

21%

TJSP

TJMG

TJMT

Assim, há uma concentração de decisões sobre o tema na Região Sudeste, que

abarca, somando-se os dois percentuais, 79% das decisões sobre a necessidade de

apresentação das certidões negativas de débito.

As decisões encontradas são provenientes de recursos interpostos contra decisões

lavradas em 7 varas de origem no Estado de São Paulo, 3 varas de origem no Estado do

Mato Grosso e 2 varas de origem no Estado de Minas Gerais, conforme apontado no

gráfico abaixo:

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123

Distribuição dos processos nos juízos de 1o e 2o graus

0

0.5

1

1.5

2

2.5

Com

arca

de

Con

tage

m

Com

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Gov

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Gua

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Jund

iaí -

2a

Var

a C

ível

de

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1a

Var

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San

tos

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San

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São

Pau

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1a

Var

a de

Fal

ênci

as e

Rec

uper

ação

Jud

icia

l

TJMG TJMT TJSP

Contar de Comarca de origem

Tribunal Comarca de origem

A verificação da dispersão dos dados coletados possibilita que se analise a difusão

de certo tipo de interpretação jurídica sobre o tema nos juízos mais distintos dentro de

cada Estado. A pouca concentração nas comarcas apontadas sugere que as análises das

decisões possibilitam confiabilidade quanto à difusão de determinados entendimentos

judiciais compartilhados.

No juízo de 2º grau, analisou-se a distribuição dos julgados em relação aos

Estados, Órgão Julgador e Relator. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

concentra um maior número de processos julgados por relator. Tal concentração pode

ser explicada devido à existência de uma Câmara especializada para julgar recursos da

área de Falência e Recuperação Judicial. Nos demais Estados do país, a matéria é

apreciada por Câmaras Cíveis que, por existirem em maior número, possibilitam uma

maior dispersão dos julgados quanto ao órgão julgador. O gráfico abaixo indica a

dispersão dos acórdãos por Tribunal, Órgão Julgador e Relator.

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124

Distribuição dos votos por Tribunal, Câmara e Desembargador

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

DorivalGuimarães

Pereira

Maurício Barros Heloisa Combat Astúrio Ferreirada Silva Filho

Sebastião deMoraes Filho

Marcelo Souzade Barros

José RobertoLino Machado

Manoel deQueiroz Pereira

Calças

RomeuRicupero

5ª Câmara CívelTJMG

6a CâmaraCível TJMG

7ª Câmara CívelTJMG

4ª Câmara CívelTJMT

5ª Câmara CívelTJMT

6ª Câmara CívelTJMT

CEFRJ - TJSP

TJMG TJMT TJSP

Contar de Comarca de origem

Tribunal Órgão julgador Relator

As decisões de primeiro grau levadas à apreciação dos Tribunais por meio de

recurso (todos na forma de Agravo de Instrumento) concretizavam, de maneira

preponderante orientação no sentido de dispensar a exigência de apresentação da CND.

Essa preponderância é medida na ordem de 71%.

As decisões de primeiro grau que privilegiavam a exigência da CND como

requisito à concessão de recuperação judicial de empresas responderam por 21% do

total coletado:

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Quanto à exigência de apresentação da CND no Juízo de primeiro grau

29%

71%

Juiz de primeiro grau exigiu a apresentação de CND

Juiz de primeiro grau dispensou a apresentação deCND

A orientação dos julgados nos Tribunais, entretanto, apresentou resultado não

apenas uniforme, mas unânime: a totalidade das decisões levadas a recurso para análise

em segunda instância resultou em acórdãos que consolidavam o entendimento de que

se deveria afastar a exigência do art. 57 da Lei 11.105/05.

Quanto à exigência de apresentação da CND no JUÍZO DE 2o GRAU

0%

100%

Tribunal EXIGIU a apresentação de CND

Tribunal DISPENSOU a apresentação deCND

Ademais, além de serem todas as decisões coletadas orientadas no sentido da

dispensabilidade da exigência da CND como requisito da concessão de recuperação

judicial, verificou-se que a integralidade das decisões coletadas foi tomada por

unanimidade (v.u.), a indicar consenso dos Desembargadores acerca da matéria.

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126

Consenso nas decisões de 2o grau - CND

0

2

4

6

8

10

12

14

16

DECISÃO UNÂNIME DECISÃO POR MAIORIA

Análise da argumentação empregada nos acórdãos

Como todos os acórdãos de todos os Tribunais de Justiça pesquisados decidem

pela dispensa de apresentação da CND, cumpre analisá-los, ainda que minimamente,

quanto ao seu conteúdo, com objetivo de identificar eventuais influências de

precedentes, doutrina ou argumentos recorrentes.

Em todos os acórdãos, há dois argumentos que sempre estão presentes:

a. Não se deve exigir a CND quando inexiste de lei disciplinadora dos créditos

tributários (100% das decisões).

b. Que, do cotejo entre o art. 57 com o art. 47 da Lei 11.101/05, o princípio da

manutenção da unidade produtiva deve prevalecer (100% das decisões).

A respeito da pergunta proposta, acerca do efeito da exigência de apresentação das

Certidões Negativas de Débito, pode-se afirmar que:

1) Há redundância argumentativa, em todos os julgados, no sentido que:

A exigência da CND é contemporizada com princípios do direito empresarial e

outras de suas normas. Dessa forma, não houve, em nenhum dos exemplos pesquisados,

qualquer empresa que teve sua falência decretada em virtude de não ter apresentado a

CND.

Page 127: RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DO PROJETO PENSANDO O DIREITO ... · 1 secretaria de assuntos legislativos do ministÉrio da justiÇa fundaÇÃo getulio vargas relatÓrio final de pesquisa

127

Destacamos algumas decisões de dois casos (Parmalat e Varig) que encontram

ressonância nos julgados a respeito da CND, seja pela menção ao caso, ao argumento,

ou mesmo à passagem expressamente:

- Caso Parmalat:

Voto do relator, Des. Pereira Calças:

“A aplicação literal do artigo 57 coloca-se em frontal antinomia com o estabelecido

pelo artigo 47, já que, o indeferimento da recuperação judicial pela falta da

apresentação das certidões negativas fiscais, fatalmente, inviabilizará a preservação da

empresa e dos empregos dos trabalhadores.”

Parecer de Alberto Camiña Moreira, representante do Ministério Público do

Estado de São Paulo:

"Em relação à exigência do art. 57 da Lei 11.101 e artigo do CTN: a) trata-se de

sanção política, profligada pela jurisprudência dos tribunais; b) fere o princípio da

proporcionalidade, e, por isso, são insubsistentes; c) o descumprimento não acarreta a

falência, conseqüência não desejada pela lei; d) a jurisprudência de nossos tribunais,

historicamente, desprezou exigências fiscais de empresas em crise econômica, sem que

isso represente proibição de cobrança de tributos pelas vias próprias.

Diz-se, costumeiramente, que a falência é um conjunto de rios, o principal e os

afluentes menores. A Fazenda Pública insere-se em rio próprio, não tributário do rio

da falência. Corre em separado. Não se mistura às águas concursais. São rios que não

se comunicam.

E o que afirma o artigo 187 do Código Tributário Nacional, na redação que lhe deu a

Lei Complementar 118/05: ‘A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a

concurso de credores, ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata,

inventário ou arrolamento’.

Deve, então, a Fazenda Pública seguir seu rumo, na importante defesa do crédito

público'' (fls. 92/93).

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128

O juiz Alexandre Alves Lazzarini, ao acompanhar o parecer de Alberto Camiña

Moreira, representante do Ministério Público de São Paulo, acerca da exigência do

artigo 57, da Lei n° 11.101/2005 e do artigo 191- A, do CTN:

"a) trata-se de sanção política, profagada pela jurisprudência dos tribunais, b) fere o

princípio da proporcionalidade e, por isso, são insubsistentes, c) o descumprimento não

acarreta a falência, conseqüência não desejada pela lei, d) a jurisprudência de nossos

tribunais, historicamente, desprezou exigências fiscais de empresas em crise

econômica, sem que isso represente proibição de cobrança dos tributos pelas vias

próprias, sendo, por isso, arbitrária que justifica a incidência do princípio maior da

proporcionalidade, inserido na Constituição Federal e, invocando doutrina sobre o

tema, afastou a exigência da apresentação das certidões negativas dos débitos

tributários" (decisão reproduzida às fls 50/52).

- Caso Varig: Decisão do Juiz do caso, Luiz Ayoub: "A ausência de lei especial disciplinadora do parcelamento de créditos tributários de

quem esteja em processo de recuperação, exige tratamento que for mais benéfico ao

contribuinte, sendo inaplicável a norma do art. 191-A do CTN, enquanto não se dê

cumprimento ao disposto no § 3o, do art. 155-A, daquele diploma legal.

Acrescente-se que tais fundamentos geram direito subjetivo às requerentes de obter as

referidas certidões, não sendo razoável que a burocracia seja capaz de impedir a

ultimação do processo de recuperação e maltratar, consequentemente, o princípio

cardeal que inspira a lei, que, reprise-se, objetiva a manutenção da unidade produtiva"

(fls. 70).

Cabe apontar, dentro da perspectiva da recorrência argumentativa, que se pôde

identificar, ainda, uma obra de doutrina citada em 50% dos julgados: Eduardo Secchi

Muñoz, "Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência", coord. Francisco

Sátiro de Souza Jr e Antonio Sérgio A. de Moraes Pitombo, São Paulo, 2005.

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2) A partir da análise dos dados, o resultado é, portanto, unânime: todos os

julgados, em segunda instância, afastaram a exigência do art. 57 da Lei 11.105/05, em

todos os Estados.

3) Observando-se, no entanto, as decisões de primeiro grau, pode-se notar que,

embora majoritário, tal entendimento não é uníssono. Há uma parcela dos juízes que

entende ser necessária a apresentação da CND, conforme consagrado no dispositivo

legal.

A exigência é, de forma recorrente, contemporizada com os princípios da

proporcionalidade e razoabilidade, além de princípios do próprio direito empresarial

(preservação da empresa) e, ainda, com a ausência de norma disciplinadora do

parcelamento tributário. Destacamos, dessa forma, não houve, em nenhum dos

exemplos pesquisados, qualquer empresa que teve sua falência decretara em virtude de

não ter apresentado a CND.

Ressalte-se que esta leitura é fruto da atividade jurisprudencial, que tem entendido

uniforme e unissonamente neste mesmo sentido no momento da realização da pesquisa.

Item 2.2.5 – Anexo I – Tabelas de Acórdãos

Tribunal Espécie de recurso N. do recurso Órgão

julgador Relator Data de julgamento

Comarca de origem Recorrente Recorrido

TJSP Agravo de

Instrumento 507.990.4/8-00 CEFRJ - TJSP*

Romeu Ricupero 08/01/07 Guarulhos

Editora Parma LTDA (em recuperação judicial) O juízo

TJSP Agravo de

Instrumento 510.802.4/9-00 CEFRJ - TJSP

Romeu Ricupero 31/10/07

Lorena - 1a Vara Cível de Lorena União Federal

Ana Abrantes da Silva - ME

TJSP Agravo de

Instrumento 456.393.4/8-00 CEFRJ - TJSP

Romeu Ricupero 08/11/06

Ferraz de Vasconcelos - Comarca de Ferraz de Vasconcelos / POÁ

Hikari Indústria e Comércio LTDA (em recuperação judicial) O juízo

TJSP Agravo de

Instrumento 605.147-4/6-00 CEFRJ - TJSP

José Roberto Lino Machado 05/05/09

Santos - 5a Vara Cível de Santos

Paulista Containers Marítmos Ltda. O juízo

TJSP Agravo de

Instrumento 501.786-4/3-00 CEFRJ - TJSP

José Roberto Lino Machado

30/01/08 Matão - Comarca de Matão União Federal

Agri Tillage do Brasil Indústria e Comércio de Máquinas Agrícolas Ltda

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TJSP Agravo de

Instrumento 516.982.4/0-00 CEFRJ - TJSP

Manoel de Queiroz Pereira Calças 30/01/08

Jundiaí - 2a Vara Cível de Jundiaí INSS

Indústria Brasileira de Artefatos e Cerâmicas - IBAC Ltda (em recuperação judicial)

TJSP Agravo de

Instrumento 470.132-4/0-00 CEFRJ - TJSP

Manoel de Queiroz Pereira Calças 30/05/07

São Paulo - 1a Vara de Falências e Recuperação Judicial União Federal

Viação Aérea São Paulo S.A. - VASP (em recuperação judicial)

TJSP Agravo de

Instrumento 439.602-4/9-00 CEFRJ - TJSP

Manoel de Queiroz Pereira Calças 17/01/07

São Paulo - 1a Vara de Falências e Recuperação Judicial União Federal

Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos (em Recuperação Judicial)

TJMG Agravo de

Instrumento

1.0079.07.371306-1/001

7ª Câmara Cível TJMG

Heloisa Combat

29/09/09 Comarca de Contagem

IPAFAC Factoring Fomento ComercialLTDA

Banco Bradesco S.A., Pétalas Cosméticos IND COM LTDA

TJMG Agravo de

Instrumento 1.0079.06.288873-4/001(1)

5ª Câmara Cível TJMG

Dorival Guimarães Pereira

29/05/08 Comarca de Contagem

Banco Itaú S.A.

EMBEL – Empresa de Bebidas LTDA

TJMG Agravo de

Instrumento 1.0105.06.181310-8/001(1)

6a Câmara Cível TJMG

Maurício Barros

06/10/08 Comarca de Governador Valadares

Estado de Minas Gerais Laticínios Araken

LTDA

TJMT Agravo de

Instrumento 69832/2009

5ª Câmara Cível TJMT

Sebastião de Moraes Filho

12/02/09 Comarca de Primavera do Leste

Banco do Brasil S.A.

Viana Trading Importação e Exportação de Cereais LTDA.

TJMT Agravo de

Instrumento 12.30378486

6ª Câmara Cível TJMT

Marcelo Souza de Barros

09/10/08 Comarca de Várzea Grande

Banco Itaú S.A. e Cia Itaú Leasing de Arrendamento Mercantil

PETROLUZ DISTRIBUIDORA LTDA. E OUTRO(s)

TJMT Agravo de

Instrumento 7808/2009

4ª Câmara Cível TJMT

Astúrio Ferreira da Silva Filho

22/06/09 Comarca da Capital - Cuiabá Banco Itaú S.A.

União de Cursos de Cuiabá LTDA. ME e Outro(s)

*Câmara Especial de Falências e Recuperações Judiciais de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Item 2.2.5 – Anexo I – Tabela quanto à orientação dos julgados

Tribunal

N. do recurso

Órgão julgador Relator

Data de julgamento

Quórum da

decisão (v.u. ou

por maioria)

Juiz de primeiro grau

exigiu a apresentação

de CND

Juiz de primeiro grau dispensou a

apresentação de CND

Tribunal exigiu a

apresentação de CND

Tribunal dispensou a

apresentação de CND

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TJSP 507.990.4/8-00

CEFRJ - TJSP*

Romeu Ricupero

08/01/07

v.u.

1 0 0 1

TJSP 510.802.4/9-00

CEFRJ - TJSP

Romeu Ricupero

31/10/07 v.u.

0 1 0 1

TJSP 456.393.4/8-00

CEFRJ - TJSP

Romeu Ricupero

08/11/06 v.u.

1 0 0 1

TJSP 605.147-4/6-00

CEFRJ - TJSP

José Roberto Lino Machado

05/05/09

v.u.

1 0 0 1

TJSP 501.786-4/3-00

CEFRJ - TJSP

José Roberto Lino Machado

30/01/08

v.u.

0 1 0 1

TJSP 516.982.4/0-00

CEFRJ - TJSP

Manoel de Queiroz Pereira Calças

30/01/08

v.u.

0 1 0 1

TJSP 470.132-4/0-00

CEFRJ - TJSP

Manoel de Queiroz Pereira Calças

30/05/07

v.u.

0 1 0 1

TJSP 439.602-4/9-00

CEFRJ - TJSP

Manoel de Queiroz Pereira Calças

17/01/07

v.u.

0 1 0 1

TJMG

1.0079.07.371306-1/001

7ª Câmara Cível TJMG

Heloisa Combat

29/09/09

v.u.

1 0 0 1

TJMG

1.0079.06.288873-4/001(1)

5ª Câmara Cível TJMG

Dorival Guimarães Pereira

29/05/08

v.u.

0 1 0 1

TJMG

1.0105.06.181310-8/001(1)

6a Câmara Cível TJMG

Maurício Barros

06/10/08

v.u.

0 1 0 1

TJMT 69832/2009

5ª Câmara Cível TJMT

Sebastião de Moraes Filho

12/02/09

v.u.

0 1 0 1

TJMT 12.30378486

6ª Câmara Cível TJMT

Marcelo Souza de Barros

09/10/08

v.u.

0 1 0 1

TJMT 7808/2009

4ª Câmara Cível TJMT

Astúrio Ferreira da Silva Filho

22/06/09

v.u.

0 1 0 1

Total 4 10 0 14

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132

Capítulo IV. LIMITES IMPOSTOS PELO ARTIGO 2.º DA LEI

Questionamento feito pelo Edital

No item 2.2.6 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos

questionou:

“Os limites impostos pelo artigo 2.º da Lei de Falências devem ser revistos?”

Projeto apresentado

Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:

- “Este tema será abordado mediante a apresentação dos sistemas concursais

existentes para as diversas espécies de atividades referidas no art. 2.º da Lei, de modo a

verificar-se a necessidade de regulação específica de determinados setores.”

Delimitação do tema

A Lei 11.101/05 estabelece em seu art. 2º quais entidades que, conquanto

consideradas empresárias, não se submetem aos regimes de falência, recuperação

judicial e extrajudicial. Com efeito, lê-se no art. 2º que: “Esta Lei não se aplica a: I –

empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou

privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar,

sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade

de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.”

Assim, estão excluídos dos regimes concursais previstos na Lei 11.101/05:

1. empresa pública e sociedade de economia mista;

2. instituição financeira pública ou privada;

3. cooperativa de crédito;

4. consórcio;

5. entidade de previdência complementar;

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133

6. sociedade operadora de plano de assistência à saúde;

7. sociedade seguradora;

8. sociedade de capitalização;

9. outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Ademais, estão igualmente proibidos de requerer recuperação judicial ou

extrajudicial aqueles devedores que eram proibidos de requerer concordata nos termos

da legislação específica em vigor na data da publicação da Lei 11.101/05, conforme

dispõe o seu art. 198. Não se aplica esta proibição, nos termos do art. 199, às empresas

que tenham por objeto a exploração de serviços aéreos de qualquer natureza ou de infra-

estrutura aeronáutica.

Na anterior Lei de Falências (Decreto-lei 7.661/45), não havia hipótese normativa

equivalente à contida no art. 2º da atual Lei 11.101/05, que exclui determinadas espécies

de atividade empresária da sujeição aos procedimentos de falência, recuperação judicial

e extrajudicial.

Empresa pública e Sociedades de economia mista

Nos termos do art. 5º, incs. II e III, do Decreto-Lei 200/67, considera-se empresa

pública “a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio

próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade

econômica que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou de

conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em

direito” (inc. II) e considera-se sociedade de economia mista “a entidade dotada de

personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade

econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto

pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.” (inc. III)

O art. 242 da Lei 6.404/76 dispunha que “As companhias de economia mista não

estão sujeitas a falência mas os seus bens são penhoráveis e executáveis, e a pessoa

jurídica que a controla responde, subsidiariamente, pelas suas obrigações.” Este

dispositivo, entretanto, foi revogado pelo art. 10 da Lei 10.303/2001. Com isso, restou

vazio legislativo acerca da determinação da sujeição ou não, das sociedades de

economia mista à falência.

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134

Ao dispor acerca da não aplicação da Lei às empresas públicas e as sociedades de

economia mista, a Lei 11.101/05 supre a lacuna que havia sido deixada com a

revogação do art. 242 da Lei 6.404/76.

Em âmbito doutrinário, registre-se que há doutrina68 que sustenta ser

inconstitucional o disposto no inc. I do art. 2º da Lei 11.101/05, por violar o disposto no

art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal, que dispõe sobre a sujeição da empresa

pública ao regime das empresas privadas.

Instituição financeira pública ou privada e cooperativa de crédito

As instituições financeiras instituições financeiras privadas e públicas não federais

e as cooperativas de crédito69 submetem-se ao procedimento de intervenção e liquidação

extrajudicial a ser conduzido pelo Banco Central do Brasil. Esta sujeição, que decorre

do comando contido no art. 1º da Lei 6.024/74, não afasta a possibilidade de se liquidar

a instituição financeira por iniciativa dos acionistas, bem como não exclui a

possibilidade de se decretar a falência de instituição financeira, conforme

expressamente dispõe a parte final do referido art. 1º.

Com efeito, há uma sujeição das instituições financeiras a três diferentes tipos de

procedimentos concursais: (a) a intervenção extrajudicial; (b) a liquidação extrajudicial;

e (c) a falência. Cada um destes procedimentos possui requisitos específicos para ser

instaurado. Cumpre, portanto, identificar quais as hipóteses caracterizadoras de cada

uma das situações.

Quanto à intervenção extrajudicial, lê-se no art. 2º da Lei 6.024/74 que ela deverá

ser realizada quando “se verificarem as seguintes anormalidades nos negócios sociais da

instituição: I - a entidade sofrer prejuízo, decorrente da má administração, que sujeite a

riscos os seus credores; II - forem verificadas reiteradas infrações a dispositivos da

legislação bancária não regularizadas após as determinações do Banco Central do

Brasil, no uso das suas atribuições de fiscalização; III - na hipótese de ocorrer qualquer

68 Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa , in Direito Falimentar e a Nova Lei de Falências e Recuperação de Empresas, coord. Luiz Fernando Valente de Paiva, São Paulo: Quartie Latin, p. 102-103. 69 Ressalte-se que apenas a Lei 6.024/74 cuida apenas das cooperativas de crédito, referidas aliás no inc. II do art. 2º da Lei 11.101/05. As cooperativas em geral não se submetem ao processo falimentar, nem aos procedimentos da Lei 6.024/74 por conta do disposto no art. 4º da Lei 5.764/1971.

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135

dos fatos mencionados nos artigos 1º e 2º, do Decreto-lei nº 7.661, de 21 de junho de

1945 (lei de falências), houver possibilidade de evitar-se, a liquidação extrajudicial.”

Uma das hipóteses previstas para a cessação da intervenção consiste na decretação

da liquidação extrajudicial ou da falência da instituição financeira, conforme dispõe o

art 7º, ‘c’, da Lei 6.024/74. A decretação da liquidação extrajudicial ou da falência da

instituição financeira sob intervenção extrajudicial, por sua vez, pode ser determinada

ou autorizada pelo Banco Central do Brasil, após análise do relatório ou proposta do

interventor, conforme dispõe o art. 12, nas suas alíneas ‘c’ e ‘d’, respectivamente, da

Lei 6.024/74. Na alínea ‘d’ encontra-se a hipótese pela qual pode o Banco Central do

Brasil “autorizar o interventor a requerer a falência da entidade, quando o seu ativo não

for suficiente para cobrir sequer metade do valor dos créditos quirografários, ou quando

julgada inconveniente a liquidação extrajudicial, ou quando a complexidade dos

negócios da instituição ou, a gravidade dos fatos apurados aconselharem a medida.”

As hipóteses caracterizadoras da liquidação extrajudicial são as enumeradas no

art. 15 da Lei 6.024/74, e, como uma das hipóteses de cessão da liquidação extrajudicial

consiste na decretação da falência da instituição financeira, consoante dispõe o art. 19,

‘d’, da Lei 6.024/74. A falência da instituição financeira poderá ser requerida pelo

liquidante se, à luz do seu relatório ou proposta, entender o Banco Central do Brasil que

“o seu ativo não for suficiente para cobrir pelo menos a metade do valor dos créditos

quirografários”, ou que há “fundados indícios de crimes falimentares”, conforme lê-se

no art. 21, ‘b’, da Lei 6.024/74.

Em síntese, de acordo com o disposto na Lei 6.024/74 é possível de se decrete

falência de instituição financeira que se encontra em regime de (a) intervenção

extrajudicial, se caracterizada a hipótese contida no art. 12, ‘d’, e (b) em regime de

liquidação extrajudicial, se caracterizada uma das hipóteses contidas nos arts. 19, ‘d’,

art. 21, ‘b’, da Lei 6.024/74.

Entretanto, a Lei 6.024/74 é anterior à Lei 11.101/05, que em seu art. 2º, inc. II,

estabelece que “Esta Lei não se aplica a: II - instituição financeira pública ou privada,

cooperativa de crédito (...)”.

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Consórcio

O art. 2º, II, da Lei 11.101/05 também dispõe que a Lei não se aplica a consórcio.

A expressão consórcio comporta diversos significados, pois pode ser entendida como “a

reunião de pessoas naturais ou jurídicas” disciplinada no art. 2º70 da Lei 11.795/08,

como “grupo de consórcio”, disciplinado no art. 3º71 da Lei 11.795/08, ou como

“administradora de consórcio”, disciplinado no art. 5º72 da Lei 11.795/08.

Em especial, no que se refere à administradora de consórcio, dispõe o art. 7º, inc.

VII, da Lei 11.795/08 que compete ao Banco Central do Brasil “intervir nas

administradoras de consórcio e decretar sua liquidação extrajudicial na forma e

condições previstas na legislação especial aplicável às instituições financeiras”, e o art.

39 da mesma Lei dispõe que a “administração especial e a liquidação extrajudicial de

administradora de consórcio são regidas pela Lei no 6.024, de 13 de março de 1974,

pelo Decreto-Lei no 2.321, de 25 de fevereiro de 1987, pelaLei no 9.447, de 14 de

março de 1997, e por legislação superveniente aplicável às instituições financeiras,

observado o disposto nesta Lei.”

Entidades de previdência complementar

As entidades de previdência complementar, referidas pelo inc. II do art. 2º da Lei

11.101/05, são disciplinadas pela Lei Complementar 109/2001 e são fiscalizadas pela

Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), autarquia a quem

compete “decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas de

previdência complementar, bem como nomear interventor ou liquidante, nos termos da

lei”, conforme lê-se no art. 2º, VI, da Lei 12.154/09.

70 Lê-se no art. 2o : “Consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídicas em grupo, com prazo de duração e número de cotas previamente determinados, promovida por administradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços, por meio de autofinanciamento.” 71 Lê-se no art. 3o : “Grupo de consórcio é uma sociedade não personificada constituída por consorciados para os fins estabelecidos no art. 2o.” 72 Lê-se no art. 5o: “A administradora de consórcios é a pessoa jurídica prestadora de serviços com objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio, constituída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima, nos termos do art. 7o, inciso I.”

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As entidades fechadas de previdência complementar privada, por serem

constituídas sob a forma de fundação ou sociedade não-empresária73, não estão sujeitas

à falência, nem poderão requerer concordata, pois se submetem apenas à liquidação

extrajudicial (LC 109/01, art. 47).

Com isso, quanto às entidades fechadas de previdência complementar, além de

haver expressa disposição acerca da não aplicação dos processos de falência e

recuperação judicial a elas (Lei 11.101/05, art. 2º, II), são elas sociedades que, na data

de promulgação da Lei 11.101/05, eram proibidas de requerer concordata, com o que

incide à espécie o disposto no art. 198 da Lei 11.101/05, que dispõe: “Os devedores

proibidos de requerer concordata nos termos da legislação específica em vigor na data

da publicação desta Lei ficam proibidos de requerer recuperação judicial ou

extrajudicial nos termos desta Lei.”

Já as entidades abertas de previdência complementar são constituídas sob a forma

de sociedade anônima (LC 109/01, art. 36) e serão reguladas também, no que couber,

pela legislação aplicável às sociedades seguradoras (LC 109/01, art. 73).

Sociedades operadoras de planos de assistência à saúde

Nos termos do art. 1º, II, da Lei 9.656/1998, Operadora de Plano de Assistência à

Saúde é a “pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou

comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou

contrato de que trata o inciso I deste artigo”, isto é, que opere produto, serviço ou

contrato de Plano Privado de Assistência à Saúde.

As Operadoras de Plano de Assistência à Saúde subordinam-se às normas e à

fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar, conforme dispõe o § 1º do art.

1º da Lei Lei 9.656/1998. Compete à Agência Nacional de Saúde Suplementar, nos

termos do art. 4º, inc. XXXIV, da Lei 9.961/200, “proceder à liquidação extrajudicial e

73 Conforme dispõe o art. 31, § 1º, da Lei Complementar 109/2001, que utiliza a expressão “sociedade civil”, que deve ser lida atualmente como sociedade não-empresária, em razão da promulgação do Código Civil de 2002, que modificou a terminologia empregada para designar sociedades mercantis e civis, por sociedades empresárias e não-empresárias, também referidas pelo Código Civil de sociedades simples, nos termos de seu art. 982.

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autorizar o liquidante a requerer a falência ou insolvência civil das operadores de planos

privados de assistência à saúde”.

Assim, conquanto operadoras de planos privados de assistência à saúde não

possam, de regra, “requerer concordata e não estão sujeitas a falência ou insolvência

civil, mas tão-somente ao regime de liquidação extrajudicial” (Lei 9.656/98, art. 23,

caput), se sujeitarão elas à falência ou insolvência civil quando, nos termos do § 1º do

art. 23, “no curso da liquidação extrajudicial, forem verificadas uma das seguintes

hipóteses: I - o ativo da massa liquidanda não for suficiente para o pagamento de pelo

menos a metade dos créditos quirografários; II - o ativo realizável da massa liquidanda

não for suficiente, sequer, para o pagamento das despesas administrativas e operacionais

inerentes ao regular processamento da liquidação extrajudicial; ou III - nas hipóteses de

fundados indícios de condutas previstas nos arts. 186 a 189 do Decreto-Lei no 7.661, de

21 de junho de 1945.” A verificação da ocorrência de uma das hipóteses acima

apontadas permite à ANS autorizar o liquidante extrajudicial a requerer a falência ou

insolvência civil da operadora, conforme dispõe o § 3º do art. 23 da Lei 9.656/98.

Com efeito, para que se determine se a operadora está sujeita à falência ou à

insolvência civil, é necessário verificar se ela é considerada empresária ou não-

empresária, conforme previsto no art. 1º da Lei 11.101/05 c/c art. 982 e parágrafo único

do Código Civil.

Sociedades seguradoras e de capitalização

As sociedades seguradoras são regidas pelo disposto no Decreto-Lei 73/1966, que

disciplina o Sistema Nacional de Seguros Privados. Conforme se lê no art. 26 do

Decreto-Lei 73/1966, com a redação que lhe emprestou a Lei 10.190/01: “As

Sociedades Seguradoras não poderão requerer concordata e não estão sujeitas à falência,

salvo, neste último caso, se decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não for

suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou

quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.”

O procedimento de liquidação voluntária ou compulsória das Sociedades

Seguradoras será processada pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP

(Decreto-Lei 73/66, art. 97) e, nos casos omissos quanto a estes procedimentos, são

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aplicáveis as disposições da legislação de falências, desde que não contrariem as

disposições do Decreto-Lei 73/66, nos termos de seu art. 107.

Com efeito, conquanto não possam, em regra, requerer falência e não se sujeitam

à falência (Lei 11.101/05, art. 2º, II, c/c Decreto-Lei 73/66, art. 26), há uma hipótese em

que se submetem à falência: se, decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não for

suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou

quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.

As sociedades resseguradoras locais (ou seja, resseguradores sediados no país,

constituídos sob a forma de sociedade anônima, tendo por objeto exclusivo a realização

de operações de resseguro e retrocessão) equiparam-se às sociedades seguradoras (Lei

Complementar 126/2007, art. 5º, I e II).

As sociedades de capitalização, reguladas pelo Decreto-Lei 261/67, são as que,

nos termos do art. 1º, parágrafo único, do referido Decreto-Lei, “tiverem por objetivo

fornecer ao público de acôrdo com planos aprovados pelo Govêrno Federal, a

constituição de um capital mínimo perfeitamente determinado em cada plano e pago

moeda corrente em um prazo máximo indicado no mesmo plano, a pessoa que possuir

um título, segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas no próprio título.”

Sujeitam-se as sociedades de capitalização “a disposições idênticas às estabelecidas nos

seguintes artigos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966 e, quando for o

caso, seus incisos, alíneas e parágrafos: 7º, 25 a 31, 74 a 77, 84, 87 a 111, 113, 114, 116

a 121”, conforme prevê o art. 4º do Decreto-Lei 261/67. Portanto, aplica-se às

sociedades de capitalização o disposto no art. 26 do Decreto-Lei 73/66, que prevê

hipótese de sujeição à falência quando, “decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não

for suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou

quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.”

Empresas de transporte aéreo

Embora não sejam expressamente referidas no art. 2º da Lei 11.101/05, as

empresas de transporte aéreo ou de infra-estrutura aeronáutica estavam proibidas de

requerer concordata, nos termos do art. 187, da 7.565/86, ao tempo da promulgação da

Lei 11.101/05. Entretanto, a elas não se aplica a regra contida no art. 198 da Lei

11.101/05, por conta do art. 199, onde se lê: “ Não se aplica o disposto no art. 198 desta

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Lei às sociedades a que se refere o art. 187 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de

1986.” Vale dizer, podem elas requerer recuperação judicial e se submeter à falência.

Opinião do grupo

Em resposta à pergunta apresentada, o grupo entende que seria inapropriada uma

extensão pura e simples dos limites do artigo 2º da Lei 11.101/2005. Isso não significa,

no entanto, que não se possa utilizar o espírito da Nova Lei de Falências, que consagra a

maior prevalência da possibilidade da negociação entre as partes sob a supervisão do

judiciário, por meio de seus juízes. Ao contrário, entende o grupo que é altamente

recomendável que sejam editadas leis específicas para determinados segmentos,

inspiradas na Nova Lei de Falências.

Entendemos, portanto, que tal iniciativa e tais princípios merecem ser seguidos,

ressaltando-se, todavia, que a mera ampliação dos limites do art. 2º não seria adequada:

para cada setor deve haver uma análise cuidadosa de necessidades e peculiaridades, que

envolve considerações de ordem política, que escapam aos limites do presente relatório.

A exemplo do que ora se opina podem ser destacados os seguintes projetos de lei

existentes:

Quanto às instituições financeiras, que não se submetem ao regime da Lei

11.101/05, há atualmente duas iniciativas de regimes jurídicos específicos para regular

seus processos concursais: primeiro, há anteprojeto de lei de iniciativa do Banco Central

(vide íntegra do anteprojeto em anexo), em fase de consulta pública. Entendemos que

este é um bom exemplo de norma que segue o mote da Nova Lei de Falências e cuida,

de maneira detida, das especificidades do segmento do qual trata. Por meio de tal

projeto, a Lei 6.024/74, que cuida da liquidação extrajudicial, não seria mais aplicável

para instituições financeiras. Isso não significa, todavia, que esteja inteiramente

revogada: a referida lei poderá ser aplicada nos casos que envolvam sociedade

operadora de plano de assistência à saúde e seguradoras, cujas liquidações ficariam sob

a responsabilidade da SUSEP e da ANS, respectivamente.

Em segundo lugar, há o anteprojeto de lei complementar n.º 47/91, mais amplo,

que tem por um de seus objetivos disciplinar o art. 192 da Constituição Federal. Este, de

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iniciativa do poder legislativo, é da lavra do Senador Francisco Dornelles e também

cuida da matéria, na trilha da Nova Lei de Falências.

Item 2.2.6 – Anexo I – Minuta de anteprojeto de lei complementar

EDITAL DE CONSULTA PÚBLICA Nº

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil decidiu colocar em Consulta

Pública minuta de proposta de anteprojeto de lei complementar destinada a disciplinar

matérias atualmente tratadas nas Leis nºs 6.024,74 de 13 de março de 1974, e 9.44775, de

14 de março de 1997, bem com no Decreto-Lei nº 2.32176, de 25 de fevereiro de 1987.

2. A proposta de anteprojeto está estruturada em quatro conjuntos

principais de medidas que buscam valorizar a atuação deste Banco Central na prevenção

de situações passíveis de configurar ameaça à estabilidades do sistema financeiro e

assegurar eficácia e eficiência das ações voltadas para o saneamento desse sistema. Tais

medidas incorporam as melhores práticas internacionais sobre a matéria, bem como as

74 Dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financeiras, e dá outras providências. 75 Dispõe sobre a responsabilidade solidária de controladores de instituições submetidas aos regimes de que tratam a Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974, e o Decreto-Lei nº 2.321, de 25 de fevereiro de 1987; sobre a indisponibilidade de seus bens; sobre a responsabilização das empresas de auditoria contábil ou dos auditores contábeis independentes; sobre privatização de instituições cujas ações sejam desapropriadas, na forma do Decreto-Lei nº 2.321, de 1987, e dá outras providências. 76 Institui, em defesa das finanças públicas, regime de administração especial temporária, nas instituições financeiras privadas e públicas não federais, e dá outras providências.

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mudanças institucionais promovidas na legislação pátria nos últimos anos, em especial,

a nova lei de falências, conforme especificadas a seguir:

I - medidas preventivas: disciplinam as ações a serem adotadas pelas instituições

financeiras por determinação deste Banco Central, visando afastar riscos de insolvência

ou iliquidez. Entre tais medidas incluem-se limites operacionais compatíveis com a

exposição ao risco e a elaboração, pelos gestores da entidade supervisionada, de plano

de ajuste a ser submetido à aprovação desta autarquia, indicando os meios para a

correção de um problema identificado;

II - medidas saneadoras: disciplinam as ações a serem adotadas por este Banco

Central com vistas a promover a saída organizada do sistema financeiro de instituições

ilíquidas, insolventes, ou que não atendam aos requisitos mínimos exigidos pela

legislação e regulamentação vigentes, minimizando os prejuízos causados aos

depositantes e à sociedade. A proposta de anteprojeto prevê que a liquidação passe a ser

conduzida no âmbito do Poder Judiciário, sob regime de falência com base na Lei

11.101, de 2005. A intervenção deste Banco Central tem como propósito preparar a

instituição para a falência, mediante a prática dos atos de gestão estritamente

necessários à manutenção da integridade de seu acervo, com a instituição fechada, e se

encerra com o proferimento da decisão do Juiz concernente ao pedido de falência

apresentado pelo interventor;

III - medidas sistêmicas: disciplinam as ações e providências que devem ser

adotadas por este Banco Central, respaldadas em deliberação do Conselho Monetário

Nacional, visando debelar ou prevenir crises sistêmicas ou que ensejem grave ameaça à

estabilidade do Sistema Financeiro Nacional ou ao normal funcionamento do Sistema

de Pagamentos Brasileiro. Tais medidas incluem a previsão do Regime de

Administração Especial e a concessão de empréstimos excepcionais do Banco Central a

instituições financeiras, entre elas, prestadores de serviços de compensação e liquidação

e a entidade administradora do fundo de proteção a depositantes; e

IV – medidas de proteção a depositantes: disciplinam o funcionamento de

entidade especialmente constituída, que terá status de instituição financeira, com a

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finalidade de administrar fundo destinado a proteger depositantes de prejuízos

resultantes da insolvência das instituições detentoras dos seus ativos. O objetivo dessas

medidas é valorizar a instituição administradora de fundo de proteção a depositantes

para que possa ter participação mais ativa na execução de medidas preventivas e

saneadoras, atuando em consonância com as prerrogativas e competências institucionais

deste Banco Central. Para a sua consecução, a proposta de anteprojeto estabelece regras

gerais de governança e de administração dos ativos do fundo, além da possibilidade

jurídica de a atual entidade garantidora de crédito se adequar às normas legais

propostas.

3. No tocante à abrangência, a proposta de anteprojeto prevê que suas

disposições aplicar-se-ão a todas as instituições sob a supervisão deste Banco Central,

inclusive às administradoras de consórcios e cooperativas de crédito, em especial no que

se refere às regras concernentes a medidas preventivas.

4. Os interessados poderão encaminhar sugestões e comentários até

o dia de de 2009, por meio:

I - do link o edital publicado no endereço eletrônico do Banco Central do Brasil;

II - do e-mail [email protected]; ou

III - de correspondência dirigida ao Banco Central do Brasil, Gerência de

Estudos Especiais (GEESP), situada no endereço SBS, Quadra 3, Bloco "B", 20º andar,

Edifício Sede, Brasília (DF), CEP 70074-900.

4. Os comentários e sugestões enviados ficarão à disposição do público em

geral na página do Banco Central do Brasil na internet. Os participantes que não

quiserem ter seus comentários e sugestões divulgados devem indicar expressamente tal

fato no texto encaminhado.

Brasília, de de 2009.

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Mário Magalhães Carvalho Mesquita

Diretor

LEI COMPLEMENTAR Nº , DE DE 2009

Dispõe sobre as medidas destinadas a assegurar a solvência e a estabilidade do

Sistema Financeiro Nacional e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta

e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei Complementar dispõe sobre as medidas destinadas a assegurar a

solvência e a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional.

Parágrafo único. As disposições desta Lei Complementar se aplicam às

instituições financeiras, inclusive cooperativas de crédito, às demais instituições

autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e às administradoras de

consórcios.

CAPÍTULO II

DO DEVER DE INFORMAR

Art. 2º Constitui dever dos controladores, dos administradores e dos membros dos

demais órgãos societários das instituições sujeitas a esta Lei Complementar informar ao

Banco Central do Brasil situação, de seu conhecimento, que configure ou possa

configurar:

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I - não-observância dos padrões mínimos de patrimônio líquido ou de patrimônio

exigido em função do nível de risco das exposições da instituição;

II - insuficiência de liquidez; ou

III - insolvência.

§ 1º O dever de informar se estende às pessoas naturais e jurídicas que prestam

serviços de auditoria independente, quando no desempenho de atividades de auditoria

nas instituições de que trata o caput.

§ 2º A violação do dever de informar constitui infração punível pelo Banco

Central do Brasil:

I - na forma do art. 44 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, quando se

tratar dos controladores, dos administradores e dos demais membros dos órgãos

societários das instituições de que trata o caput;

II - na forma do art. 11 da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, quando se

tratar das pessoas naturais ou jurídicas prestadoras de serviços de auditoria

independente de que trata o § 1º.

CAPÍTULO III

DAS MEDIDAS PREVENTIVAS

Art. 3º O Banco Central do Brasil considerará, dentre outras, as seguintes

hipóteses como passíveis de aplicação das medidas preventivas de que tratam os arts. 4º,

5º e 6º:

I - não-observância dos padrões mínimos de capital realizado, de patrimônio

líquido ou de patrimônio exigido em função do nível de risco das exposições da

instituição;

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II - exposição a risco incompatível com a natureza, as atividades ou a estrutura da

instituição;

III - não-pagamento de dívida líquida, certa e exigível;

IV - inadimplência da qual resulte o acionamento dos mecanismos e das

salvaguardas das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e liquidação,

na forma da legislação específica do Sistema de Pagamentos Brasileiro;

V - deterioração da situação econômica ou financeira da instituição.

Parágrafo único: Independente das hipóteses previstas como passíveis de

aplicação das medidas preventivas de que tratam os arts. 4º, 5º e 6º, o Banco Central do

Brasil poderá exigir das instituições financeiras a elaboração e manutenção de plano de

contingência que contemple a realização de ativos.

Art. 4º Verificada a ocorrência de qualquer das hipóteses previstas no art. 3º, a

instituição poderá ser convocada a submeter à apreciação e ao acompanhamento do

Banco Central do Brasil plano de ajuste aprovado pelo competente órgão societário

contendo:

I - exposição das causas do problema e das medidas propostas para solucioná-lo;

II - demonstração da viabilidade do plano, com indicação das metas quantitativas

e qualitativas a serem atingidas; e

III - cronograma de execução.

§ 1º O Banco Central do Brasil poderá determinar que o plano de ajuste seja

apresentado com a manifestação da instituição administradora do fundo de que trata o

art. 49.

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§ 2º A execução das medidas propostas no plano de ajuste não poderá exceder o

prazo de seis meses, admitida sua prorrogação por até duas vezes.

§ 3º No curso da execução:

I - o Banco Central do Brasil poderá determinar que a instituição reveja o plano de

ajuste, caso haja razões que o justifiquem, observado o prazo de que trata o § 2º;

II - a instituição poderá, com prévia autorização do Banco Central do Brasil,

adequar o plano de ajuste a situações não previstas.

Art. 5º Sem prejuízo da convocação para a apresentação de plano de ajuste, o

Banco Central do Brasil poderá impor à instituição outras medidas preventivas, em

especial as seguintes:

I - aporte de recursos para fazer face aos riscos a que a instituição esteja exposta;

II - redução de exposição a riscos;

III - adoção de controles adicionais para mitigar riscos;

IV - adoção de limites operacionais mais restritivos;

V - fechamento ou proibição de abertura de dependências;

VI - proibição ou redução de determinadas operações ou modalidades

operacionais;

VII - recomposição dos níveis de liquidez adequados ao perfil da instituição;

VIII - substituição de pessoa natural ou jurídica prestadora de serviços de

auditoria independente;

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IX - suspensão da distribuição de resultados, a qualquer título, em montante

superior aos limites mínimos previstos em lei, nos estatutos ou no contrato social, nas

situações que ameacem o cumprimento dos padrões mínimos de capital realizado, de

patrimônio líquido ou de patrimônio exigido em função do nível de risco das exposições

da instituição;

X - suspensão da distribuição de sobras a associados de cooperativas de créditos;

XI - suspensão do pagamento de juros sobre capital próprio;

XII - vedação à prática de atos que impliquem aumento da remuneração dos

administradores ou dos demais membros de órgãos societários;

XIII - vedação à aquisição de participação, de forma direta ou indireta, no capital

de outras sociedades, inclusive instituições financeiras;

XIV - vedação à exploração de nova linha de negócios, salvo se integrar plano de

ajuste;

XV - restrição de investimentos em bens do ativo permanente;

XVI - alienação de ativos;

XVII - vedação à realização, com sociedades ligadas, de transações não

relacionadas com as atividades previstas em seus estatutos ou no contrato social, sem

prejuízo da observância da legislação em vigor;

XVIII - suspensão da prática de qualquer transação relevante que não se situe no

âmbito de seus negócios usuais ou que não seja consistente com as medidas previstas no

plano de ajuste aprovado pelo Banco Central do Brasil;

XIX - proibição de constituição de novos grupos de consórcios.

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Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, em

suas esferas de competência, regulamentarão a aplicação das medidas preventivas de

que trata este artigo.

Art. 6º Considerada a gravidade dos fatos previstos no art. 3º, ou caso as medidas

preventivas não resultem na recuperação da instituição, no prazo estabelecido, o Banco

Central do Brasil, quando couber, poderá determinar:

I - a substituição de administradores ou de membros de outros órgãos societários;

II - a transferência do controle societário da instituição;

III - transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de reorganização

societária legalmente admitida.

Art. 7º O Banco Central do Brasil, por iniciativa própria ou a requerimento

fundamentado da instituição, poderá, a qualquer tempo, declarar cumprido o plano de

ajuste, bem como atingidos os objetivos que ensejaram a aplicação das medidas

preventivas de que tratam os arts. 5º e 6º.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÃO COMUM À INTERVENÇÃO, AO REGIME DE

ADMINISTRAÇÃO ESPECIAL E À FALÊNCIA

Art. 8º A intervenção, o regime de administração especial e a falência não se

aplicam às instituições financeiras públicas federais.

CAPÍTULO V

DA INTERVENÇÃO E SEU PROCESSO

Seção I

Da Intervenção

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Art. 9º O Banco Central do Brasil poderá decretar intervenção:

I - ex officio:

a) quando não for apresentado ou for rejeitado, por duas vezes, o plano de ajuste

de que trata o art. 4º;

b) quando não forem atingidos os objetivos que ensejaram a adoção das medidas

de que tratam os arts. 4º a 6º; ou

c) quando forem considerados graves, a qualquer tempo, os fatos previstos no art.

3º.

II - por solicitação dos controladores ou administradores da instituição, nos limites

dos poderes conferidos pelos estatutos ou pelo contrato social, com a indicação das

causas do pedido, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal em que estes

incorrerem pela indicação falsa ou dolosa.

Art. 10. A intervenção será executada por interventor nomeado pelo Banco

Central do Brasil.

§ 1º. A remuneração do interventor e dos auxiliares por ele contratados será fixada

pelo Banco Central do Brasil e paga pela instituição submetida à intervenção.

§ 2º A intervenção também poderá ser executada por pessoa jurídica especializada

ou pela instituição administradora do fundo de que trata o art. 49.

Art. 11. Compete ao interventor especialmente:

I - providenciar o encerramento das atividades normais da instituição;

II - adotar as medidas necessárias à liquidação das operações pendentes no âmbito

do Sistema de Pagamentos Brasileiro;

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III - zelar pela integridade dos ativos e pelo recebimento dos créditos da

instituição;

IV - manter o Banco Central do Brasil informado do andamento da intervenção e

da situação econômica e financeira da instituição;

V - outorgar e cassar mandatos

VI - comunicar ao Ministério Público e aos competentes órgãos ou entidades da

Administração Pública a existência de indícios de atos ilícitos que possam implicar

responsabilidade criminal e administrativa de controladores, administradores, membros

de outros órgãos societários, gerentes, mandatários e prepostos da instituição, além das

pessoas naturais e jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente por ela

contratadas;

VII - convocar e presidir assembléias gerais;

VIII - requerer a falência da instituição.

§ 1º Dependem de prévia e expressa autorização do Banco Central do Brasil os

atos que resultarem em disposição ou oneração do patrimônio da instituição.

§ 2º Além do disposto neste artigo, ao interventor se aplica, no que couber, o

disposto na Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, relativamente aos direitos, deveres

e atribuições do administrador judicial.

Art. 12. A intervenção produzirá, desde sua decretação, os seguintes efeitos:

I - cancelamento da autorização para o funcionamento da instituição ou para a

constituição de grupos de consórcios;

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II - perda dos mandatos dos administradores e dos demais membros de órgãos

societários;

III - proibição de emitir novas ordens de registro, pagamento, saque, resgate,

transferência, remessa ou liquidação financeira relativa a bens ou direitos da instituição

ou desta para com terceiros;

IV - suspensão das exigibilidades da instituição, inclusive dos créditos por

depósitos e aplicações existentes no período da intervenção;

V - suspensão das ações e execuções sobre bens, direitos e interesses relativos à

instituição, com exceção das causas trabalhistas e fiscais, além daquelas em que a

instituição figurar como autora ou litisconsorte ativa;

VI - suspensão da prescrição relativa às obrigações de responsabilidade da

instituição;

VII - suspensão da fluência do prazo das obrigações contraídas anteriormente à

decretação da intervenção.

§ 1º Decretada a intervenção, os créditos que contam com cobertura a cargo do

fundo de proteção a depositantes de que trata o art. 49 serão pagos na forma do art. 51.

§ 2º Os efeitos previstos nos incisos III e IV do caput deste artigo não se aplicam

às ordens e exigibilidades sujeitas à legislação específica do Sistema de Pagamentos

Brasileiro.

Art. 13. Com o objetivo de preservar os interesses dos credores e a integridade do

acervo das instituições sob intervenção, o Banco Central do Brasil poderá estabelecer

idêntico regime para as pessoas jurídicas que com elas mantenham integração de

atividade ou vínculo de interesse, ficando seus controladores, administradores e demais

membros de órgãos societários igualmente sujeitos às disposições desta Lei

Complementar.

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§ 1º Caracteriza-se o vínculo de interesse ou a integração de atividade quando as

pessoas jurídicas referidas neste artigo incorrerem em quaisquer das seguintes situações:

I - tiverem entre seus sócios ou acionistas pessoas com participação, no capital da

instituição, superior a 10% (dez por cento);

II - tiverem entre seus sócios ou acionistas pessoas que sejam cônjuges ou

parentes, até o 2.° (segundo) grau, dos controladores, dos administradores ou dos

demais membros de órgãos societários da instituição;

III - utilizarem recursos humanos ou materiais da instituição, inclusive sistemas

administrativos e tecnológicos, de maneira que não se possa identificar, com segurança,

a situação patrimonial de cada uma delas;

IV - tiverem sido constituídas para a prática de operações complementares às

atividades da instituição submetida à intervenção;

V - serem proprietárias de bens ou ativos utilizados por elas, bem como por seus

controladores, administradores e demais membros de órgãos societários para desviar

recursos, bens ou receitas da instituição submetida à intervenção.

§ 2º A extensão do regime de intervenção de que trata este artigo não resultará,

necessariamente, no pedido de falência das pessoas jurídicas que mantenham integração

de atividade ou vínculo de interesse com a instituição.

Seção II

Do Processo de Intervenção

Art. 14. Independentemente da publicação do ato de sua nomeação, o interventor

será investido, de imediato, em suas funções, mediante termo de posse de que conste o

ato de decretação da medida e de sua nomeação.

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Art. 15. Ao assumir suas funções, o interventor:

I - arrecadará, mediante termo, todos os livros contábeis e os documentos

comerciais e fiscais da instituição;

II - levantará o balancete para a data da intervenção e o inventário de todos os

livros, documentos, dinheiro e demais bens da instituição, ainda que em poder de

terceiros, a qualquer título; e

III - comunicará aos juízos competentes a decretação da intervenção, com vistas à

suspensão das ações e execuções de que trata o inciso IV do art. 12.

Parágrafo único. O termo de arrecadação, o balancete e o inventário deverão ser

assinados também pelos administradores em exercício no dia anterior ao da posse do

interventor, os quais poderão apresentar, em separado, as declarações e observações que

julgarem necessárias.

Art. 16. Os administradores e demais membros de órgãos societários da

instituição deverão entregar ao interventor, no prazo de cinco dias contados de sua

posse, declaração individual ou conjunta, neste último caso assinada por todos eles, da

qual constarão:

I - nome, nacionalidade, estado civil e endereço daqueles que estiveram em

exercício nos últimos doze meses anteriores à decretação da intervenção;

II - mandatos que tenham outorgado em nome da instituição, indicando seu

objeto, além do nome e do endereço dos mandatários;

III - contratos que tenham celebrado em nome da instituição ou cujos efeitos

tenham, de forma direta ou indireta, repercussão sobre seus bens e direitos;

IV - relação dos bens imóveis de propriedade da instituição;

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V - relação dos bens móveis que não se encontrem nas dependências da

instituição e a sua localização;

VI - participação em outras sociedades, com a indicação de valores e percentuais

do capital.

Art. 17. No prazo de trinta dias, contados da data da decretação da intervenção,

admitida prorrogação uma única vez por igual período, o interventor requererá a

falência da instituição.

Art. 18. A intervenção cessará:

I - com a liquidação ordinária da instituição;

II - com a mudança de objeto social;

III - com o deferimento do pedido de resolução, na forma do art. 44;

IV - com a decretação da falência.

Art. 19. A intervenção também cessará com o trânsito em julgado da sentença de

improcedência do pedido de falência, devendo a instituição proceder, na forma da lei, à

sua liquidação ordinária.

Art. 20. O interventor apresentará, em até trinta dias após a cessação da

intervenção, ou a qualquer tempo, sempre que solicitado, relatório de prestação de

contas ao Banco Central do Brasil, sob pena de responsabilidade civil e criminal.

CAPÍTULO VI

DO REGIME DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIAL

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Art. 21. O Banco Central do Brasil, com prévia autorização do Conselho

Monetário Nacional, poderá decretar regime de administração especial quando se

verificarem cumulativamente:

I - a ocorrência de qualquer das hipóteses de que trata o art. 9º;

II - risco à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional.

Parágrafo único. A duração do regime de administração especial não excederá 90

(noventa) dias, podendo ser prorrogada até igual período com prévia autorização do

Conselho Monetário Nacional.

Art. 22. A proposta de decretação do regime de administração especial, a ser

submetida ao Conselho Monetário Nacional pelo Banco Central do Brasil, deverá

conter, no mínimo:

I - a descrição da situação econômico-financeira da instituição;

II - a caracterização do risco à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional;

III - o plano de ação a ser executado pelo conselho diretor, demonstrando:

a) o tratamento a ser dado à instituição a ser submetida ao regime de

administração especial;

b) os resultados que se pretende alcançar;

c) o cronograma de execução.

§ 1º O plano de ação conterá medidas destinadas à redução do risco de que trata o

inciso II do art. 21, as quais poderão incluir, dentre outras:

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I - operações de empréstimo, inclusive com recursos do fundo de que trata o art.

49;

II - alienação ou cessão, para outras sociedades, de bens, direitos e obrigações da

instituição ou de seus estabelecimentos;

III - assunção de obrigações da instituição por outra sociedade;

IV - constituição ou reorganização de sociedades para as quais sejam transferidos,

no todo ou em parte, bens, direitos e obrigações da instituição, com vistas à continuação

geral ou parcial de seu negócio ou atividade;

V - transferência de controle societário;

VI - aumento de capital, sendo vedada a subscrição de ações ou de quotas pelos

controladores;

VII - transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de reorganização

societária legalmente admitida.

§ 2º A adoção das medidas previstas no § 1º não poderá ocorrer em prejuízo dos

credores de que tratam os arts. 83, I, II e III, 84, 85 e 86 da Lei nº 11.101, de 2005.

§ 3º Decretado o regime de administração especial, o Banco Central do Brasil

poderá determinar que os recursos do fundo de que trata o art. 49 sejam utilizados para

promover a equalização de ativos e passivos em operações que incluam a transferência,

para outra instituição, dos depósitos e demais modalidades operacionais objeto de

garantia, observado, como limite, o montante correspondente à aplicação do disposto no

§ 1º do art. 51.

Art. 23. A decretação do regime de administração especial não afetará o curso dos

negócios nem o funcionamento da instituição e produzirá, de imediato, a perda do

mandato dos administradores e dos demais membros dos órgãos societários.

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Art. 24. O regime de administração especial será executado por um conselho

diretor com plenos poderes de gestão, nomeado pelo Banco Central do Brasil,

constituído de tantos membros quantos julgados necessários para a condução dos

negócios sociais.

§ 1º. A remuneração dos membros do conselho diretor será fixada pelo Banco

Central do Brasil e paga pela instituição sob regime de administração especial.

§ 2º Os atos praticados pelo conselho diretor de que resultarem disposição ou

oneração do patrimônio da instituição dependerão de prévia e expressa autorização do

Banco Central do Brasil, ressalvados os previstos no plano de ação de que trata o inciso

III do caput do art. 22.

§ 3º O regime de administração especial também poderá ser executado por pessoa

jurídica especializada.

Art. 25. Independentemente da publicação do ato de sua nomeação, o conselho

diretor será investido, de imediato, em suas funções, mediante termo de posse de que

conste o ato de decretação da medida e de sua nomeação.

Art. 26. Compete ao conselho diretor especialmente:

I - executar o plano de ação;

II - zelar pelo curso dos negócios e pelo funcionamento da instituição;

III - exercer as funções de administrador, inclusive as atribuídas ao conselho de

administração da instituição;

IV - manter o Banco Central do Brasil informado sobre a execução do plano de

ação e a evolução da situação econômico-financeira da instituição;

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V - comunicar ao Ministério Público e aos competentes órgãos ou entidades da

Administração Pública a existência de indícios de atos ilícitos que possam implicar

responsabilidade criminal e administrativa de controladores, administradores, membros

de outros órgãos societários, gerentes, mandatários e prepostos da instituição, além das

pessoas naturais e jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente por elas

contratadas;

VI - convocar e presidir assembléias gerais.

Parágrafo único. Ao assumir suas funções, o conselho diretor deverá:

I - eleger, dentre os seus membros, o presidente;

II - definir as atribuições de cada um dos seus membros;

III - levantar as demonstrações financeiras tendo como referência a data da

decretação do regime de administração especial;

IV - zelar pelo cumprimento do disposto no art. 16.

Art. 27. Das decisões do conselho diretor caberá recurso no prazo de 10 (dez)

dias, sem efeito suspensivo, ao Banco Central do Brasil, em única instância.

Art. 28. O regime de administração especial cessará:

I - pela mudança de objeto social;

II - pela transferência do controle societário da instituição;

III - pela transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de

reorganização societária legalmente admitida;

IV - pela decretação da intervenção.

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Parágrafo único. Decretada a intervenção, tomar-se-á, como data-base para a

apuração da responsabilidade dos administradores e dos membros dos demais órgãos

societários da instituição, a data de decretação do regime de administração especial.

Art. 29. O conselho diretor apresentará, no prazo de 30 (trinta) dias da cessação do

regime de administração especial, ou a qualquer tempo, sempre que solicitado, relatório

de prestação de contas ao Banco Central do Brasil, sob pena de responsabilidade civil e

criminal.

CAPÍTULO VII

DOS CONTROLADORES, ADMINISTRADORES E DEMAIS MEMBROS DE

ÓRGÃOS SOCIETÁRIOS

Seção I

Da Responsabilidade

Art. 30. Os administradores e demais membros dos órgãos societários da

instituição sob intervenção ou em regime de administração especial responderão, a

qualquer tempo, salvo prescrição, pelos atos que tiverem praticado ou omissões em que

houverem incorrido.

Parágrafo único. O disposto neste artigo também se aplica às pessoas naturais e

jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente às instituições submetidas à

intervenção ou ao regime de administração especial.

Art. 31. Os administradores e demais membros dos órgãos societários da

instituição sob intervenção ou em regime de administração especial responderão

solidariamente pelas obrigações por elas assumidas durante sua gestão, até que se

cumpram.

Parágrafo único. A responsabilidade solidária se circunscreverá ao montante dos

prejuízos causados.

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Art. 32. As pessoas naturais ou jurídicas que mantenham vínculo de controle,

direto ou indireto, com a instituição sob intervenção ou em regime de administração

especial responderão solidariamente com os administradores pelas obrigações por esta

assumidas, independentemente da demonstração de culpa ou dolo.

Parágrafo único. A responsabilidade solidária decorrente do vínculo de controle se

circunscreverá ao montante do passivo a descoberto da instituição, apurado com data-

base no dia da decretação da intervenção ou do regime de administração especial.

Art. 33. Com vistas à completa apuração da responsabilidade dos controladores,

administradores e demais membros dos órgãos societários da instituição, bem como das

pessoas naturais e jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente por ela

contratadas, o Banco Central do Brasil encaminhará ao Poder Judiciário os documentos

que instruíram o ato de decretação da intervenção ou do regime de administração

especial.

§ 1º A distribuição dos autos ao juízo competente torna-lo-á prevento para o

pedido de decretação de falência da instituição, se for o caso.

§ 2º Os autos serão encaminhados ao Ministério Público, que, em 8 (oito) dias,

requererá o arresto dos bens dos controladores, administradores e demais membros dos

órgãos societários da instituição não atingidos pela indisponibilidade de que trata o art.

39.

§ 3º Ordenado o arresto, os bens serão depositados em mãos do interventor, do

conselho diretor ou do administrador judicial, conforme o caso, cumprindo ao

depositário administrá-los, receber-lhes os rendimentos e realizar, ao final, a necessária

prestação de contas.

§ 4º Concluindo o Ministério Público que houve culpa ou dolo na atuação das

pessoas naturais ou jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente à

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162

instituição submetida à intervenção ou ao regime de administração especial, seus bens

também poderão ser objeto do arresto de que trata este artigo.

Art. 34. A responsabilidade será apurada pelo Ministério Público em ação própria,

proposta no juízo da falência ou no que for para ela competente, no prazo de 30 (trinta

dias) contados do arresto, sob pena de preclusão, observado o disposto no art. 82 da Lei

nº 11.101, de 2005.

§ 1º Findo o prazo sem que tenha havido a propositura da ação de que trata o

caput, qualquer credor ficará legitimado a fazê-lo nos 15 (quinze) dias seguintes.

§ 2º Se a ação não for proposta em nenhum dos prazos indicados neste artigo,

levantar-se-ão o arresto e a indisponibilidade, apensando os autos aos da falência, se for

o caso.

Art. 35. Se, ordenado o arresto ou proposta a ação de responsabilidade, sobrevier

a falência da instituição, competirá ao administrador judicial, daí por diante, a adoção

das providências necessárias ao efetivo cumprimento desta Lei Complementar,

cabendo-lhe promover a devida substituição processual no prazo de 30 (trinta) dias

contados da data de seu compromisso.

Art. 36. Independentemente da realização do arresto, o Ministério Público ou

qualquer credor, nos prazos previstos, poderão propor a ação de responsabilidade de que

trata o art. 34.

Art. 37. Passada em julgado a sentença que declarar a responsabilidade, o arresto

e a indisponibilidade de bens se convolarão em penhora, seguindo-se a execução.

§ 1º Apurados os bens penhorados e pagas as custas judiciais, o líquido será

entregue ao interventor, ao conselho diretor ou ao administrador judicial, conforme o

caso, para rateio entre os credores da instituição.

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§ 2º Se, no curso da ação ou da execução, encerrar-se a intervenção ou o regime

de administração especial, o interventor ou o conselho diretor dará conhecimento da

ocorrência ao juiz, solicitando sua substituição como depositário dos bens arrestados ou

penhorados, fornecendo a relação nominal e os respectivos saldos dos credores a serem

diretamente contemplados com o rateio previsto no § 1º.

Art. 38. A cessação, por qualquer forma, da intervenção ou do regime de

administração especial, não prejudicará a legitimidade do Ministério Público para

prosseguir ou propor as ações previstas nos arts. 33 e 34.

Seção II

Da Indisponibilidade de Bens

Art. 39. Os administradores e demais membros dos órgãos societários da

instituição, bem assim as pessoas naturais e jurídicas que mantenham vínculo de

controle direto ou indireto com a instituição, ficarão com todos os seus bens

indisponíveis, não podendo, por qualquer forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-

los, até a completa apuração das responsabilidades de que tratam os arts. 30, 31 e 32.

§ 1º A indisponibilidade resulta do ato que decretar a intervenção ou o regime de

administração especial e atinge todos aqueles que tenham estado no exercício das

funções nos doze meses anteriores ou tenham exercido o controle direto ou indireto da

instituição no mesmo período.

§ 2º A indisponibilidade poderá ser estendida pelo Banco Central do Brasil:

I - aos bens de gerentes e aos de todos aqueles que, até o limite da

responsabilidade estimada de cada um, tenham concorrido, nos últimos doze meses,

para a decretação da intervenção ou do regime de administração especial;

II - aos bens que, nos últimos doze meses, tenham sido adquiridos, a qualquer

título, das pessoas indicadas no caput deste artigo e no inciso I deste parágrafo, desde

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164

que apurados seguros elementos de convicção de que se trata de transferência

promovida com o fim de evitar os efeitos desta Lei Complementar.

§ 3º Com vistas a assegurar a normalidade da atividade econômica e os interesses

dos credores, o Banco Central do Brasil poderá excluir da indisponibilidade os bens das

pessoas jurídicas titulares do controle direto ou indireto da instituição sob intervenção

ou regime de administração especial.

§ 4º A indisponibilidade de que trata este artigo não se aplica aos bens

considerados inalienáveis ou impenhoráveis, na forma da legislação em vigor.

§ 5º Não são igualmente atingidos pela indisponibilidade os bens objeto de

contrato de alienação, de promessa de compra e venda e de cessão de direito, desde que

os respectivos instrumentos tenham sido levados ao competente registro público

anteriormente à data da decretação da intervenção ou do regime de administração

especial.

§ 6º A indisponibilidade não impede a transferência de controle societário, a

cisão, a fusão ou a incorporação da instituição sob intervenção ou em regime de

administração especial.

Art. 40. Decretada a intervenção ou o regime de administração especial, o

interventor ou o conselho diretor comunicará aos registros públicos, às bolsas de

valores, às bolsas de mercadorias e futuros, bem como às câmaras e aos prestadores de

serviços de compensação e de liquidação os nomes e a qualificação das pessoas cujos

bens forem alcançados pela indisponibilidade de que trata o art. 39.

Parágrafo único. Recebida a comunicação, as entidades de que trata o caput

ficarão, relativamente aos bens alcançados pela indisponibilidade, impedidas de:

I - fazer transcrições, inscrições ou averbações de documentos públicos ou

particulares;

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II - arquivar atos ou contratos que importem transferência de quotas sociais, ações

e partes beneficiárias;

III - realizar ou registrar operações e títulos de qualquer natureza;

IV - processar a transferência de propriedade de veículos automotores, de

aeronaves e de embarcações.

CAPÍTULO VIII

DA FALÊNCIA

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 41. Aplicam-se às instituições de que trata o parágrafo único do art. 1. º as

disposições sobre a falência do empresário e da sociedade empresária, previstas na Lei

nº 11.101, de 2005, observado que:

I - constituem causas de falência as hipóteses de decretação de intervenção de

que trata o art. 9º;

II - somente o interventor poderá requerer a falência da instituição, cujo processo,

juntamente com seus incidentes, terá preferência a todos os outros na ordem dos feitos,

em qualquer instância;

III - o Banco Central do Brasil, após a contestação ou o deferimento do

processamento da resolução, será intimado para, querendo, oferecer, no prazo de quinze

dias, parecer com vistas a subsidiar o juízo na apreciação do pedido de falência;

IV - a sentença que decretar a falência fixará o termo legal sem poder retrotrai-lo

por mais de 180 (cento e oitenta) dias contados da data de decretação da intervenção ou,

se for o caso, do regime de administração especial;

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V - serão considerados créditos extraconcursais a remuneração devida ao

interventor, aos membros do conselho diretor e a seus auxiliares, bem como os

adiantamentos realizados pelo Banco Central do Brasil para o pagamento de despesas e

de obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a intervenção ou o

regime de administração especial, respeitada a ordem estabelecida no art. 84 da Lei nº

11.101, de 2005;

VI - o administrador judicial, desde que autorizado pela assembléia de credores,

poderá conceder abatimentos na cobrança de créditos de difícil realização, assim como

aceitar, em dação em pagamento, a preço de mercado, bens destinados a posterior

alienação;

VII - o edital para a venda em bloco de ativos que constituírem uma instituição

financeira deverá prever a habilitação prévia dos interessados pelo Banco Central do

Brasil;

VIII - os bens admitidos à cotação em bolsa poderão ser leiloados na própria

bolsa.

Parágrafo único. Não se aplicam às instituições de que trata o caput a

recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e os arts. 94, 95, 96 e 97 da Lei nº

11.101, de 2005.

Seção II

Do Plano de Resolução

Art. 42. No prazo de contestação, os sócios ou acionistas poderão submeter à

apreciação do juiz pedido de resolução das obrigações da instituição, que deverá ser

instruído na forma do art. 51 da Lei nº 11.101, de 2005.

Art. 43. Constituem meios de resolução, observada a legislação pertinente a cada

caso, dentre outros:

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I - concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações

vencidas ou vincendas;

II - dação em pagamento ou novação de dívidas, com ou sem constituição de

garantia própria ou de terceiro;

III - alienação de bens e direitos;

IV - constituição de sociedade de credores;

V - constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em

pagamento dos créditos, os ativos do devedor; e

VI - transformação, incorporação, fusão ou cisão da instituição, constituição de

subsidiária integral, bem como cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos

sócios, nos termos da legislação vigente.

§ 1º Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão ou substituição da

garantia somente será admitida mediante aprovação expressa do credor titular da

respectiva garantia.

§ 2º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como

parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o

credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de

resolução.

§ 3º A adoção de qualquer dos meios de resolução previstos neste artigo não

poderá ocorrer em prejuízo dos credores de que tratam os arts. 83, I, II e III, 84, 85 e 86

da Lei nº 11.101, de 2005.

Art. 44. O juiz deferirá o processamento da resolução na forma do art. 52 da Lei

nº 11.101, de 2005.

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Art. 45. O plano de resolução será apresentado em juízo no prazo improrrogável

de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da

resolução, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:

I - a descrição pormenorizada dos meios de resolução a serem empregados,

conforme o art. 43;

II - laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e direitos do devedor,

subscrito por profissional legalmente habilitado ou pessoa jurídica especializada;

II - a demonstração da origem dos recursos necessários ao cumprimento do plano.

Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos

credores sobre o recebimento do plano de resolução e fixando o prazo para a

manifestação de eventuais objeções, observado o disposto no art. 47.

Art. 46. O plano de resolução não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para

pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes

de trabalho vencidos até a data do pedido de resolução.

Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta)

dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos

créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao

pedido de resolução.

Art. 47. O procedimento da resolução deverá observar o disposto nos arts. 55, 56,

57, 59, 60, 61, 62 e 63 da Lei nº 11.101, de 2005.

Parágrafo único. O plano de resolução somente será considerado aprovado pela

assembléia de credores quando receber os votos favoráveis dos credores que

representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia e,

cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.

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Art. 48. Durante a resolução o juiz decretará a falência da instituição:

I - por deliberação da assembléia-geral de credores;

II - pela não apresentação do plano de resolução no prazo de que trata o art. 45;

III - quando houver sido rejeitado o plano de resolução pela assembléia-geral de

credores;

IV - por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de

resolução.

Parágrafo único. Na convolação da resolução em falência, os atos de

administração, endividamento, oneração ou alienação praticados durante a resolução

presumem-se válidos, desde que realizados na forma da Lei nº 11.101, de 2005.

CAPÍTULO IX

DO FUNDO DE PROTEÇÃO A DEPOSITANTES

Art. 49. A proteção da economia popular contra os riscos de prejuízos resultantes

da insolvência das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar

pelo Banco Central do Brasil será assegurada por fundo de proteção a depositantes, nos

termos desta Lei Complementar.

Art. 50. Serão contribuintes obrigatórios do fundo as instituições financeiras e

demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil que captam

recursos mediante:

I - depósitos à vista, a prazo, em contas de poupança e em conta corrente para

investimento;

II - letras de câmbio, letras imobiliárias, letras hipotecárias e letras de crédito

imobiliário;

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III - outras modalidades definidas pelo Conselho Monetário Nacional.

§ 1º O fundo será composto, dentre outros, de recursos oriundos de:

I - contribuições ordinárias e extraordinárias;

II - taxas de serviços decorrentes da emissão de cheques sem provisão de fundos

de clientes das instituições contribuintes;

III - recuperações de direitos creditórios nos quais o fundo houver se sub-rogado,

em virtude do pagamento direto a credores cobertos pela garantia de que trata o art. 51;

IV - rendimentos de aplicação de seus recursos.

§ 2º O Conselho Monetário Nacional fixará:

I - o valor e a periodicidade das contribuições ordinárias, inclusive sob a forma de

adiantamento, bem como as hipóteses e os limites para a exigência das contribuições

extraordinárias;

II - as hipóteses de suspensão ou redução temporária das contribuições.

§ 3º As instituições de que trata o caput poderão contribuir para fundos de caráter

complementar.

§ 4º O disposto neste artigo não se aplica às cooperativas de crédito, que deverão

contribuir para fundos específicos, na forma de regulamentação do Conselho Monetário

Nacional.

Art. 51. O fundo tem por objeto prestar garantia aos titulares de créditos contra as

instituições contribuintes, nas hipóteses de:

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I - decretação de intervenção; e

II - reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil, do estado de insolvência de

instituição que, nos termos da legislação em vigor, não se enquadre no inciso I.

§ 1º O Conselho Monetário Nacional fixará o valor máximo da garantia do fundo

por titular de créditos contra a mesma instituição ou contra todas as instituições do

mesmo conglomerado financeiro.

§ 2º Efetuado o pagamento aos titulares de créditos, o fundo tem o direito de

reembolsar-se nos termos do art. 346, III, da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -

Código Civil.

Art. 52. Os recursos do fundo também poderão ser utilizados em outras operações

destinadas a prevenir a insolvência das instituições contribuintes e a promover a

estabilidade do Sistema Financeiro Nacional, em especial as de:

I - saneamento de instituições sujeitas ao plano de ajuste de que trata o art. 4º;

II - transferência de controle societário de instituições financeiras;

III - transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de reorganização

societária legalmente admitida.

Art. 53. O fundo será administrado por pessoa jurídica de direito privado

constituída sob a forma de associação, com natureza jurídica de instituição financeira,

sendo vedada a participação, em sua gestão, dos controladores, administradores e

demais membros dos órgãos societários das instituições contribuintes.

§ 1º A instituição administradora de que trata o caput não exerce função pública,

inclusive por delegação, sendo-lhe vedado o acesso a recursos públicos, salvo na

hipótese de que trata o art. 55.

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§ 2º. Os recursos disponíveis do fundo deverão ser aplicados pela instituição

administradora em ativos financeiros seguros e de alta liquidez.

§ 3º Os gestores da instituição administradora não poderão, no prazo de quatro

meses contados do encerramento de seus mandatos, participar de órgão societário das

instituições contribuintes nem estabelecer com elas vínculo de caráter profissional,

inclusive o que resulte em prestação de serviços de consultoria.

§ 4º O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto neste artigo,

estabelecendo, inclusive, normas sobre os requisitos e procedimentos para a concessão e

o cancelamento da autorização para o exercício da atividade de administração do fundo.

Art. 54. O fundo constituirá patrimônio especial da instituição administradora e

não poderá ser utilizado para outra finalidade que não a de garantir os titulares dos

créditos contra as instituições contribuintes, bem como a de realizar as operações de que

tratam o § 3º do art. 22 e o art. 53.

§ 1º Os bens e direitos integrantes do patrimônio especial de que trata o caput,

bem como seus frutos e rendimentos:

I - não se comunicarão com o patrimônio geral ou com outros patrimônios

especiais constituídos pela instituição administradora;

II - não serão suscetíveis de penhora, arresto, seqüestro, busca e apreensão ou

outro ato de constrição judicial por qualquer dívida da instituição administradora, exceto

as que tenham relação com a finalidade de que trata o caput deste artigo.

§ 2º Os atos de constituição do patrimônio especial, com a respectiva destinação,

serão objeto de registro ou averbação, na forma da lei.

CAPÍTULO X

DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS DE ASSISTÊNCIA FINANCEIRA

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Art. 55. Nas hipóteses que configurem crise sistêmica ou grave ameaça à

estabilidade do Sistema Financeiro Nacional, o Banco Central do Brasil poderá realizar

operações especiais de assistência financeira com instituições financeiras, aí

compreendidas:

I - as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação que

atuem como contraparte central e se enquadrem no disposto no art. 4º da Lei nº 10.214,

de 27 de março de 2001;

II - a instituição administradora do fundo de proteção a depositantes de que trata o

art. 49.

Parágrafo único. As operações de que trata o caput:

I - independem de lei específica e não se sujeitam ao prazo de que trata o § 2º do

art. 28 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;

II - serão regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional, que definirá as

condições de acesso, a forma de pagamento, o prazo, as garantias e os encargos

financeiros, não inferiores às taxas de juros interbancárias ou à taxa média dos ativos

que lastreiam a operação.

Art. 56. A realização das operações especiais de assistência financeira depende de

prévia autorização do Conselho Monetário Nacional.

Parágrafo único. O pedido de autorização de que trata o caput deverá ser instruído

pelo Banco Central do Brasil com relatório fundamentado que evidencie a existência de

crise sistêmica ou de grave ameaça à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional.

Art. 57. O Banco Central do Brasil deverá:

I - submeter à apreciação do Conselho Monetário Nacional relatórios analíticos

que assegurem ampla transparência às operações especiais de assistência financeira

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realizadas, estimem seu custo fiscal e indiquem a redução das vulnerabilidades

decorrentes da verificação das hipóteses de que trata o art. 55;

II - apresentar ao Congresso Nacional, juntamente com a avaliação de que trata o

§ 5º do art. 9º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, relatório contendo a

exposição das causas e o cumprimento dos objetivos que ensejaram a realização de

operações especiais de assistência financeira.

CAPÍTULO XI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 58. Em todos os atos, documentos e publicações de interesse da instituição

sob intervenção, em regime de administração especial, em resolução ou em falência será

utilizada obrigatoriamente a denominação social seguida da expressão "Sob

Intervenção”, “Em Regime de Administração Especial”, “Em Resolução” ou “Em

Falência”.

Art. 59. A representação judicial dos interventores e dos membros de conselhos

diretores, nas causas em que forem demandados por atos praticados no exercício de suas

funções, será assegurada na forma da lei.

Parágrafo único. O disposto no caput se aplica aos servidores do Banco Central do

Brasil, inclusive aos que exercem atribuições de supervisão.

Art. 60. O art. 17 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, passa a vigorar

com a seguinte redação:

“Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em

vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou

acessória:

I - a coleta, intermediação ou aplicação de recursos próprios ou de terceiros, em

moeda nacional ou estrangeira;

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II - a custódia de valor de propriedade de terceiros;

III - a prestação de serviços de compensação e de liquidação de obrigações no

âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro;

IV - a administração de fundos de proteção a depositantes.

Parágrafo único.......................................................................................” (NR)

Art. 61. O inciso II do art. 2º da Lei nº 11.101, de 2005, passa a vigorar com a

seguinte redação:

“Art. 2º....................................................................................................................

I - .............................................................................................................................

II - instituição financeira pública federal, entidade de previdência complementar,

sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade

de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.” (NR)

Art. 62. As disposições desta Lei Complementar não se aplicam às intervenções

e liquidações extrajudiciais em curso anteriormente ao início de sua vigência, que serão

concluídas nos termos da Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974.

Parágrafo único. As liquidações extrajudiciais de que trata o caput deverão ser

encerradas no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias contados da entrada em

vigor desta Lei Complementar, findo o qual o liquidante deverá requerer a falência da

instituição.

Art. 63. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC), pessoa jurídica de direito

privado com estatutos aprovados pela Resolução n.° 2.211, de 16 de novembro de 1995,

do Conselho Monetário Nacional, deverá adaptar-se ao disposto nesta Lei

Complementar no prazo de 1 (um) ano contado da data de sua entrada em vigor.

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Art. 64. Ficam revogadas a Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974, o Decreto-Lei

nº 2321, de 25 de fevereiro de 1987, os artigos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da Lei nº

9.447, de 14 de março de 1997

Art. 65. Esta Lei Complementar entra em vigor decorridos 120 (cento e vinte)

dias, a partir da data de sua publicação.

Brasília, de de 2009; 188º da Independência e 121º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Henrique de Campos Meirelles

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177

Capítulo V. COMO OS TRIBUNAIS SUPERIORES VÊM DECIDINDO EM RELAÇÃO ÀS CONSTRIÇÕES

REALIZADAS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO DIANTE DO COMANDO LEGAL RELATIVO

À SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES?

Edital de Pesquisa

Questionamento feito pelo edital

No item 2.2.4 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos

questionou:

- “Como os tribunais superiores vêm decidindo em relação às constrições

realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das

execuções?”

Projeto apresentado

Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:

- “A análise a ser realizada consiste em:

a) Identificação do tratamento dispensado pelos Tribunais Superiores

quanto à suspensão das execuções trabalhistas (art. 6.º da Lei

11.101/05) em relação às constrições determinadas pela Justiça do

Trabalho.

O método para realizar-se a comparação consiste em:

b) Levantamento e sistematização de julgados nas bases de dados

informatizadas.

c) Comparação sistemática dos resultados.”

Marco teórico para análise do tema

Lê-se no art. 6º da Lei 11.101/05 que:

“Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do

processamento da recuperação judicial suspende o curso da

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prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor,

inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se

processando a ação que demandar quantia ilíquida.

§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial,

habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação

de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as

impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas

perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito,

que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado

em sentença.

§ 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e

2o deste artigo poderá determinar a reserva da importância que

estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez

reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe

própria.

§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata

o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo

improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento

do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso

do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e

execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação

judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste

artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas

poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja

inscrito no quadro-geral de credores.

§ 6o Independentemente da verificação periódica perante os

cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra

o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da

recuperação judicial:

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179

I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição

inicial;

II – pelo devedor, imediatamente após a citação.

§ 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo

deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de

parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da

legislação ordinária específica.

§ 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação

judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de

recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor.”

Dispõe o art. 6º, caput, da Lei 11.101/05 que o deferimento do processamento da

recuperação judicial de empresas ou a decretação da falência suspendem o curso de

todas as ações e execuções em face do devedor. Este comando relaciona-se ao fato de

que nos processos concursais, há a necessidade de se reunirem os credores em um único

juízo, de modo a conduzir-se o concurso de credores em conformidade com a par

conditio creditorum. Daí porque, uma vez suspensas as ações e execuções contra o

devedor, devam os seus credores habilitar o seu crédito no processo de falência ou de

recuperação judicial.

Ademais, com a decretação da falência estabelece-se o juízo universal da falência,

a atrair para si as ações “sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as

causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar

como autor ou litisconsorte ativo” (Lei 11.101/05, art. 76).

Na falência, o fundamento da força atrativa do juízo falimentar relaciona-se

diretamente a par conditio creditorum: tendo em vista que o processo falimentar tem

por objetivo preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos

produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa (Lei 11.101/05, art. 75), para

maximizar o valor dos ativos do falido, ou seja, para realizá-lo pelo maior valor

possível, com o objetivo de se utilizar as importâncias obtidas em razão da realização do

ativo para o pagamento dos credores, “atendendo à classificação prevista no art. 83

desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que

determinam reserva de importâncias.”(Lei 11.101/05, art. 149).

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No processo de recuperação judicial, forma-se igualmente um concurso de

credores, não com o propósito de arrecadar e liquidar os ativos do devedor, mas com o

propósito de se negociar com o devedor plano de recuperação judicial que, a um tempo

e na melhor medida possível, permita ao devedor superar a crise econômico-financeira,

preservando a empresa, e aos credores permita que obtenham a satisfação de seus

interesses na máxima medida. Entretanto, para que isto ocorra, há a necessidade de que

se reúnam devedor e credores, no juízo da recuperação judicial, de modo a que aquele

apresente o plano de recuperação à apreciação destes. Em verdade, devem apreciar o

plano de recuperação judicial aqueles credores que se submetem aos efeitos da

recuperação judicial, ou seja, todos os credores do devedor ao tempo do pedido,

incluídos, neste rol, os credores trabalhistas.

São convocados, assim, os credores para que negociem conjuntamente com o

devedor o melhor plano de satisfação de seus interesses. Por conta disto, há suspender-

se as execuções individuais que buscam a satisfação de créditos pela constrição judicial

de bens do devedor, pois, a um, a forma de satisfação do crédito será a negociada no

plano de recuperação, e, a dois, se os credores continuassem as suas execuções

singulares, se inviabilizaria a negociação e execução de um plano de recuperação da

empresa.

Como na recuperação judicial o devedor submete à apreciação de seus credores

um plano de recuperação, deve ele ter um período de trégua para apresentar e negociar

o seu plano, daí porque o art. 6º, § 4º, da Lei 11.101/05 estabelece o stay period de 180

dias de suspensão das execuções contra o devedor, a contar da data do deferimento do

processamento da recuperação. Entretanto, nos termos da parte final do § 4º do art. 6º,

“restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou

continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.”

Conquanto se sujeite o crédito laboral tanto ao processo de falência bem como ao

processo de recuperação judicial, esta sujeição relaciona-se apenas à execução deste

crédito, e não à sua constituição. É que, para julgar conflitos oriundos de relações do

trabalho, é constitucionalmente competente a Justiça do Trabalho, nos termos do art.

114 da Constituição Federal. Por esta razão, o art. 76 da Lei 11.101/05, ao fixar a vis

attractiva do juízo da falência, excetua expressamente o crédito laboral, que deverá ser

apurado e liquidado perante o juízo do trabalho. A este dispositivo acresce-se, tanto no

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que respeita à falência como à recuperação judicial, o estabelecido no art. 6º, § 2º, da

Lei 11.101/05, onde lê-se que: é “permitido pleitear, perante o administrador judicial,

habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas

as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta

Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo

crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em

sentença.” Vale dizer, a apuração do respectivo crédito trabalhista compete à Justiça

do Trabalho. Somente após apurado e quantificado o crédito laboral é que deverá ele ser

habilitado na falência ou na recuperação judicial, onde deverá ser pago em

conformidade com as normas que disciplinam a par conditio creditorum.

Na falência, estabelece-se a ordem de classificação dos créditos, que deverá ser

observada para o pagamento dos credores (Lei 11.101/05, art. 149). No caso do crédito

trabalhista, dispõe o art. 83, I e VI, ‘c’, da Lei 11.101/05 que os créditos derivados da

legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor,

e os decorrentes de acidentes de trabalho, figurarão em primeiro lugar na classificação

dos créditos; aquilo que exceder a quantia de 150 salários-mínimos por credor, será

pago juntamente com os créditos quirografários, em sexto lugar na classificação.

Na recuperação judicial, o plano de recuperação judicial deverá prever o

pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou de acidente de trabalho

vencidos na data da recuperação no prazo máximo de até um ano (Lei 11.101/05, art.

54), e, quanto às parcelas saláriais vencidas nos três meses anteriores ao pedido de

recuperação, deverá prever o pagamento em até 30 dias, observado o limite de 5 salários

por trabalhador (Lei 11.101/05, art. 54, § único).

Se o crédito trabalhista ainda estiver a ser apurado perante a Justiça do Trabalho,

poderá o juiz do trabalho, nos termos do § 3º do art. 6º da Lei 11.101/05, “determinar a

reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e,

uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.” Com

isso, assegura-se que o crédito apurado participará dos pagamentos realizados no

concurso de credores.

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Problema pesquisado

Problema Geral de Pesquisa

- Como os tribunais superiores vêm decidindo em relação às constrições

realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das

execuções?

Problemas Específicos

- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições

realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das

execuções contra a empresa falida?

- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições

realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das

execuções contra a empresa que obteve o deferimento do processamento da recuperação

judicial?

- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições

realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das

execuções contra a empresa que obteve o deferimento do processamento da recuperação

judicial após o decurso do prazo de 180 dias, sem que tenha sido aprovado o plano de

recuperação judicial?

- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições

realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das

execuções contra a empresa que obteve aprovação do plano de recuperação judicial?

Delimitação da amostra pesquisada

Caso se estabeleça entre a Justiça do Trabalho e a Justiça Estadual conflito de

competência quanto a apuração, liquidação e pagamento de crédito laboral, será

competente o Superior Tribunal de Justiça para dirimir o conflito, nos termos do art.

105, I, d, da Constituição Federal. Em razão da possibilidade de análise à luz da

Constituição, poderá o Supremo Tribunal Federal apreciar a matéria. Por esta razão, o

tema foi pesquisado na jurisprudência do STF e do STJ, mediante a adoção dos

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seguintes critérios. No Supremo Tribunal Federal, pesquisou-se mediante a indicação da

expressão “LF-2005”, que é indicada no próprio site para indexar as decisões que

envolvem a Lei 11.101/2005. Como resultado, foram encontrados 6 acórdãos, dos quais

2 eram pertinentes ao tema pesquisado, e 1 acórdão em repercussão geral, pertinente ao

tema pesquisado.

Já no site do Superior Tribunal de Justiça, pesquisou-se mediante a indicação da

expressão “LEI DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL E DE

FALÊNCIA (LF-05)”, que é indicada no próprio site para indexar as decisões que

envolvem a Lei 11.101/2005, apresentando como resultado foram encontrados 76

acórdãos. Utilizou-se também a expressão recuperação judicial conflito de

competência, que resultou em 61 acórdãos, e a expressão falência conflito de

competência, que resultou em 285 acórdãos.

Ao todo, foram encontrados 79 acórdãos pertinentes no STJ e 2 acórdãos

pertinentes no STF.

Análise dos acórdãos coletados

“A configuração de conflito de competência pressupõe que duas ou mais

autoridades judiciárias, de esferas diversas, declarem-se competentes ou incompetentes

para apreciar e julgar determinado feito (art. 115 do CPC), ou para praticar atos

processuais na mesma causa, o que não se verifica no caso dos autos.”77

Comprovação do conflito positivo

Simples alegação genérica de que “todas as instâncias da Justiça do Trabalho têm

decidido desfavoravelmente contra a suscitante, adespeito do processamento da

77 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.700-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 57.565-GO, rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, j. em 8/3/2009, v.u., assim ementado: “JUÍZOS SUSCITADOS QUE JULGAM AÇÕES COM OBJETOS DIVERSOS. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. EVENTUAIS ATOS DE CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL QUE SE SOBREPONHAM. RESOLUÇÃO PELAS VIAS ORDINÁRIAS ADEQUADAS. 1. Não se conhece de conflito de competência quando os juízos suscitados julgam ações com objetos diversos. 2. Os atos constritivos determinados pelos juízos suscitados, que no dizer das suscitantes tumultuam o processo de recuperação judicial, devem ser atacados pelas vias ordinárias adequadas.”

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recuperação judicial, não se mostra suficiente para a configuração de conflito entre os

Juízos suscitados.”78 No voto do relator, lê-se que “a suscitante não demonstrou que o

seu patrimônio esteja sendo objeto de constrição nos autos da execução em curso

perante a Justiça Trabalhista.” No voto do relator, lê-se que “Em se tratando de empresa

em processo de recuperação judicial, com a edição da Lei n. 11.101⁄05, é competente o

respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de

ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos

judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do

devedor (CC 90.160⁄RJ, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Seção, DJE

05⁄06⁄2009).”79 “Denotada a falta de documentos hábeis à demonstração do alegado

na inicial, não se conhece do conflito de competência, notadamente pela inviabilidade

do pedido, dada a constatação de ter sido desconsiderada a pessoa jurídica e incluída no

pólo passivo da execução trabalhista os sócios, tudo a fazer concluir pela ausência de

conflito com o Juízo da recuperação judicial. Precedentes da Segunda Seção nesse

sentido, tratando do mesmo caso.”80

A suspensão só atinge as ações trabalhistas cujos créditos já tenham sido apurados

“As ações de conhecimento em trâmite na Justiça do Trabalho devem prosseguir

até a apuração dos respectivos créditos. Em seguida, serão processadas no

juízo universal da recuperação judicial as respectivas habilitações.”81 “Só há falar em

juízo universal na recuperação para os créditos, líquidos e certos”82

78 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.700-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. 79 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.700-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. 80 STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.653-RJ, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 9/9/2009, v.u. 81 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.025-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 14/10/2009, v.u. 82 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 107.395-PB, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 11/11/2009, v.u., assim ementado: “O juízo da recuperação judicial não é competente para a ação ordinária em que se postula quantia ilíquida contra a empresa recuperanda. 2 - Só há falar em juízo universal na recuperação para os créditos, líquidos e certos (leia-se classe de credores), devidamente habilitados no plano recuperatório e por ela abrangidos. 3 - Na recuperação não há quebra e extinção da empresa, pois continua ela existindo e executando todas as suas atividades, não fazendo sentido canalizar toda e qualquer ação da recuperanda ou contra ela para o juízo da recuperação. 4 - Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 4ª de Campina Grande SJ⁄PB, suscitante.”

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No que respeita à suspensão das execuções trabalhistas, decidiu o STJ que a após

a aprovação do plano de recuperação judicial, ou após a decretação da falência, “terão

seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens

no Juízo Trabalhista.”83 Por conta da competência do juízo falimentar é que haverá a

nulidade do ato judicial que deferir adjudicação do bem penhorado84. Por esta razão, na

falência, os atos de execução do crédito trabalhistas são realizados pelo juízo

falimentar.85 Ademais, se decidido “em conflito de competência que os atos de

execução de crédito trabalhista far-se-ão no juízo universal da falência, atenta contra a

autoridade desta Corte, determinação de Juízo do Trabalho no sentido de realizar praça

de um imóvel integrante da massa falida.”86 Nessa mesma linha, compete ao Juízo

Falimentar “decidir sobre o destino dos depósitos recursais feitos no curso de

reclamação trabalhista movida contra a falida, ainda que anteriores à decretação da

falência.”87

Entretanto, se os bens penhorados foram adjudicados em momento anterior ao

deferimento do processamento da recuperação judicial, compete à Justiça do Trabalho

dar seguimento aos atos relativos à adjudicação.88 Em caso de falência, decidiu a 2ª

83 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 100.922-SP, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 10/6/2009, v.u. No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 99.145-SP, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS FALIMENTAR E DO TRABALHO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. - Decretada a quebra, as execuções singulares pendentes devem prosseguir no Juízo Universal, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. Agravo improvido.” 84 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 100.922-SP, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 10/6/2009, v.u. 85 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 94.780-GO, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u., assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO DE CRÉDITO TRABALHISTA - DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA - PERMANÊNCIA DESTA NO PÓLO PASSIVO DA EXECUÇÃO - FORMAÇÃO DO CONCURSO UNIVERSAL DE CREDORES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA FALÊNCIA - AGRAVO IMPROVIDO.” 86 STJ-2ª Seção, RECLAMAÇÂO 1.270-PA, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 12/9/2007, v.u. O caso envolvia a empresa ENCOL e, portanto, trata de interpretação baseada na anterior Lei. Entretatanto, entendeu-se relevante a sua menção no presente relatório. 87 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 87.194-SP, rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, j. em 26/9/2007, v.u. 88 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u., assim ementado: “Na hipótese dos bens terem sido adjudicados em data anterior ao deferimento do processamento da recuperação judicial, a Justiça do Trabalho deve prosseguir no julgamento dos demais atos referentes à adjudicação. 2. Ultrapassado o prazo de 180

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Seção do STJ ao julgar o AgRg no Conflito de Competência que “a Justiça do Trabalho

é competente para definir o crédito trabalhista, que será, então, habilitado no juízo

universal e atrativo da falência; excepcionalmente, porém, se os bens já estiverem em

praça, a arrematação terá curso, mas o produto será transferido para o juízo falimentar.

Precedentes. 2. Eventual pedido de não repetição dos valores levantados na

execução trabalhista deve ser formulado perante o juízo competente, na espécie, o juízo

falimentar. 3. Agravo regimental desprovido.”89

A suspensão das execuções contra a empresa em recuperação relaciona-se,

também, ao princípio da preservação da empresa, motivo “pelo qual, sempre que

possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial em processos

individuais.”90 Mas não apenas: o “destino do patrimônio da empresa-ré em processo de

recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso

dias previsto no artigo 6º, §4º, da Lei nº 11.101⁄2005, deve ser restabelecido o direito dos credores de continuar suas execuções contra o devedor, se não houver plano de recuperação judicial aprovado.” 89 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 95.001-BA, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 22/4/2009, v.u. Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 95.639-GO, rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. em 10/2/2010, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. PROCESSO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. LEI N. 11.101/05. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DO STJ. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Admitem-se como agravo regimental embargos de declaração opostos a decisão monocrática proferida pelo relator, em nome dos princípios da economia processual e da fungibilidade. 2. Com a edição da Lei n. 11.101/05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 3. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 4. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 88.620-MG, rel. Min. NANCY ANDRIGHI, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “JUÍZO FALIMENTAR E JUSTIÇA DO TRABALHO. FALÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ARREMATAÇÃO ULTIMADA NA JUSTIÇA ESPECIALIZADA. REMESSA DO PRODUTO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. - Os atos de execução trabalhista devem ser praticados no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. - Em respeito aos princípios da economia e da celeridade processual, devem ser aproveitados os atos de arrematação praticados na execução singular, com a remessa do seu produto ao Juízo Falimentar, devendo o reclamante-exeqüente providenciar sua habilitação frente à massa falida. Decisão agravada reconsiderada, para o fim de conhecer do conflito de competência e declarar competente o Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Concordatas de Belo Horizonte – MG.” 90 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.552-AL, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 23/9/2009, v.u.

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daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento,

comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação”.91

Entretanto, diversamente do que ocorre na falência, na recuperação judicial não se

afirma propriamente um juízo universal, de modo que as ações que demandarem quantia

ilíquida prosseguirão a tramitar perante o juízo cuja competência é determinada pelo

Código de Processo Civil.92

O fundamento pelo qual se deve evitar a realização de constrição de bens da

empresa recuperanda em processos individuais relaciona-se ao princípio da preservação

da empresa, insculpido no art. 47 da Lei 11.101/05. Por esta razão, é reiterada a

jurisprudência do STJ no sentido de que, uma vez aprovado o plano de recuperação

judicial, ou decretada a falência, as execuções trabalhistas, isto é, o pagamento do

crédito laboral, deverá ocorrer no Juízo Falimentar, mesmo que já tenha sido realizada a

penhora na execução trabalhista.93

91 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.552-AL, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 23/9/2009, v.u. 92 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 53.549-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 27/2/2008, v.u., assim ementado: “AÇÃO DE COBRANÇA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. INEXISTÊNCIA. DIVERSOS ESTABELECIMENTOS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ONDE CONTRAÍDA A OBRIGAÇÃO. 1. Extinta a concordata e deferida a recuperação judicial, não há se falar em juízo universal que, ademais, é instituto próprio da falência. 2. Possuindo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados (art. 75 do CC) podendo a demanda ser proposta no foro do lugar onde se localiza a agência ou sucursal que tiver contraído a obrigação (art. 100, IV, 'b" do CPC). 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do Juizado Especial Cível de Campina das Missões - SC, suscitado.” 93 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 108.457-SP, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 10/2/2010, v.u., assim ementado: “EXECUÇÃO TRABALHISTA - EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - JUÍZO UNIVERSAL - PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS CONTRA A EMPRESA RECUPERANDA - INTERPRETAÇÃO DO ART. 3º e 6ª DA LEI 11.101/05 - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO - CONFLITO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - O princípio da preservação da empresa, insculpido no art 47 da Lei de Recuperação e Falências, preconiza que ‘A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica’. Motivo pelo qual, sempre que possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial em processos individuais. 2 - É reiterada a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que ‘após a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa ou da decretação da quebra, as ações e execuções trabalhistas em curso, terão seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista’ (STJ. CC 100922/SP - Rel. Ministro SIDNEI BENETI - 2ª Seção - 26/09/2009). 3 - Conflito de Competência conhecido e parcialmente provido para declarar a competência do Juízo da recuperação judicial para prosseguir nas execuções direcionadas contra a empresa recuperanda.”

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Ademais, a interpretação do disposto no no art. 6º, § 4º, da Lei 11.101/05, que fixa

prazo de 180 dias de suspensão das ações e execuções, deve ser realizada “de modo

sistemático com os seus demais preceitos, especialmente à luz do princípio da

preservação da empresa”, de modo que “o destino do patrimônio da empresa-ré em

processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo

diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do

estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação, ainda que

ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art. 6º, da Lei nº 11.101⁄05,

sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa”, de modo que “o destino do

patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por

decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o

funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de

recuperação, ainda que ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art.

6º, da Lei nº 11.101⁄05, sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa.”94

Se o plano de recuperação judicial não for aprovado pelos credores no prazo de

180 dias referido no art. 6º, § 4º, da Lei 11.101/05, restabelece-se o “direito dos

94 STJ-1ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 79.170-SP, rel. Min. CASTRO MEIRA, j. em 10/9/2008, v.u., assim ementado: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. PRAZO DE CENTO E OITENTA DIAS. USO DAS ÁREAS OBJETO DA REINTEGRAÇÃO PARA O ÊXITO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO. 1. O caput do art. 6º, da Lei 11.101⁄05 dispõe que "a decretação da falência ou deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário". Por seu turno, o § 4º desse dispositivo estabelece que essa suspensão "em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento eoitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação". 2. Deve-se interpretar o art. 6º desse diploma legal de modo sistemático com seus demais preceitos, especialmente à luz do princípio da preservação da empresa, insculpido no artigo 47, que preconiza: "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". 3. No caso, o destino do patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação, ainda que ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art. 6º, da Lei nº 11.101⁄05, sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa. 4. Precedentes: CC 90.075⁄SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 04.08.08; CC 88661⁄SP, Rel. Min, Fernando Gonçalves, DJ 03.06.08. 5. Conflito positivo de competência conhecido para declarar o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo competente para decidir acerca das medidas que venham a atingir o patrimônio ou negócios jurídicos da Viação Aérea São Paulo – VASP.”

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credores de continuar suas execuções contra o devedor”.95 Com efeito, não há conflito

de competência entre a Justiça Estadual e a Justiça do Trabalho na hipótese de o Juízo

do Trabalho determinar o prosseguimento do processo de execução após o decurso do

prazo de 180 dias sem que tenha havido aprovação do plano de recuperação. No AgrRg

no Conflito de Competência 105.345-DF, ao prolatar seu voto, o relator Min. Fernando

Gonçalves deteve-se na interpretação do direito dos credores de continuar

suas execuções contra o devedor, prevista nos §§ 4º e 5º do art. 6º da Lei 11.101/05, e

destacou que a “redação do dispositivo parece extremamente clara, preservando o

direito dos credores em prosseguirem com seus pleitos individuais passado o prazo de

180 dias da data em que deferido o processamento da recuperação judicial. A aplicação

desses preceitos, porém, se mostra de difícil conciliação a implementação do plano

de recuperação ao mesmo tempo em que o patrimônio da empresa recuperanda vai

sendo chamado a responder pelas execuções individuais.”96 Entretanto, ao prosseguir

em seu voto, asseverou que: “consoante se extrai das informações dos autos, o plano de

recuperação judicial ainda não foi aprovado (fls. 632) e, portanto, não se pode concluir

pela novação dos créditos anteriores ao pedido. Desta forma, ultrapassado o prazo de

180 dias previsto no artigo 6º, §4º, da Lei nº 11.101⁄2005, deve ser restabelecido o

direito dos credores de continuar suas execuções contra a devedora. Assim, em face das

informações trazidas aos autos, reconsidero a decisão de fls 213-214 e dou provimento

aos agravos regimentais para não conhecer do conflito de competência.”97

Entretanto, se aprovado o plano pelos credores e homologado pelo juiz, não se

pode retomar as execuções individuais pelo simples fato de ter decorrido o stay

period.98 É que há incompatibilidade entre o cumprimento do plano aprovado e

95 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u. 96 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u. 97 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u. 98 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 73.380-SP, rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, j. em 28/11/2007, por maioria. No voto do relator, lê-se que “uma vez aprovado e homologado o plano, contudo, não se faz plausível a retomada das execuções individuais após o mero decurso do prazo legal de 180 dias; a conseqüência previsível e natural do restabelecimento das execuções, com penhoras sobre o faturamento e sobre os bens móveis e imóveis da empresa em recuperação implica em não cumprimento do plano, seguido de inevitável decretação da falência que, uma vez operada, resultará novamente na atração de todos os créditos e na suspensão das execuções individuais, sem benefício algum para quem quer que seja.”

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homologado e a manutenção das execuções individuais, razão pela qual, em conflito de

competência havido entre a Justiça do Trabalho e a Justiça Estadual onde tramita a

recuperação judicial, os créditos trabalhistas devem ser executados em conformidade

com o plano de recuperação homologado na Justiça Estadual.99

99 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.648-MT, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. Em sentido análogo, destacando a incompatibilidade entre o cumprimento do plano aprovado e o prosseguimento das execuções individuais, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 106.768-RJ, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. "A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas." (CC 98.264⁄SP, Rel. Ministro Massami Uyeda). 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro⁄RJ.” Igualmente a destacar o risco ao cumprimento do plano aprovado caso retomassem seu curso as execuções trabalhisas, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.648-MT, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. No voto do relator, lê-se que: “assinala-se que a egrégia 2ª Seção desta Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, segundo interpretação dos §§ 4º e 5º do art. 6º da Lei n. 11.101⁄05, no ponto em que trata da suspensão das ações e execuções após deferido o processamento da recuperação judicial do devedor, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas, tendo em vista o consenso de que, tanto a retomada das execuções individuais, que podem inviabilizar o cumprimento dos termos fixados no plano, bem como o descumprimento por si só de seus termos pela empresa em recuperação, ensejam a decretação da falência, que terá como consectário, novamente, a suspensão das execuções individuais.” E, prosseguindo o relator em seu voto, “considerando-se que o plano de recuperação judicial tem por escopo a continuidade da empresa, com a quitação de seus débitos perante seus credores, o prosseguimento dos execuções individuais na Justiça Trabalhista tem o condão de frustrar a quitação dos débitos, em sede de execução individual ou concursal.” Ao apreciar conflito de competência relacionado à aplicação do art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei 11.101/05, assim se posicionou o Min. Fernando Gonçalves: “A redação do dispositivo, a par das críticas relativas ao excesso de remissões, parece extremamente clara, preservando o direito dos credores em prosseguirem com seus pleitos individuais passado o prazo de 180 dias da data em que deferido o processamento da recuperação judicial. A aplicação desses preceitos, porém, tem causado perplexidade, pois se mostra de difícil conciliação a implementação do plano de recuperação ao mesmo tempo em que o patrimônio da empresa recuperanda vai sendo chamado a responder pelas execuções individuais.” Por esta razão, o Min. Fernando Gonçalves optou “pela confiabilidade no novel instituto da recuperação, que amadurece em seu bojo o interesse social na manutenção da atividade empresária.” STJ, Decisão Monocrática no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 90.075-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 1/7/2008. Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 108.141-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. 10/2/2010, v.u., assim ementado: “Deferida a recuperação judicial de empresa, com homologação do plano de pagamentos, onde incluídos os créditos de natureza trabalhista, incide a universalidade, apta a impedir o prosseguimento de execuções individuais nos juízos do trabalho, sob pena de frustração do procedimento, destinado, em última ratio, à própria preservação da empresa, consoante a dicção do art. 47 da Lei nº 11.101/2005. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo – SP.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 98.264-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA - ARRESTO DOS

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Nos casos em que não havia ainda determinação acerca do juízo competente para

prática de atos de execução de créditos trabalhistas em caso de sucessão no passivo por

conta de alienação de unidades produtivas100, não se apresentava razoável a retomada

das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que

trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05.101

BENS DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IMPOSSIBILIDADE - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS - NECESSIDADE. - PRECEDENTES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas; II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO DISTRITAL DE CAIEIRAS/SP.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 72.661-SP, rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, j. em 12/3/2008, por maioria, assim ementada: “EXECUÇÃO TRABALHISTA VERSUS RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Há conflito positivo de competência quando dois ou mais juízes entendem que o destino de determinado bem está subordinado às suas decisões; se o bem constrito na execução trabalhista dá suporte ao plano da recuperação judicial, prevalece o Juízo desta. Conflito conhecido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 88.661-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/5/2008, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S.A - VASP. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. NECESSIDADE. 1. O conflito de competência não pode ser estendido de modo a alcançar juízos perante os quais este não foi instaurado. 2. Aprovado o plano de recuperação judicial, os créditos serão satisfeitos de acordo com as condições ali estipuladas. Nesse contexto, mostra-se incabível o prosseguimento das execuções individuais. Precedente. 3. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo – SP.” 100 STJ-2ª Seção, AgRg na RECLAMAÇÃO 2.327-RJ, rel. Min. ARI PARGENDLER, j. em 28/2/2007, v.u., assim ementada: “Antes da definição de quem seja competente para decidir acerca da sucessão trabalhista no caso de aquisição de ativo de empresa em processo de recuperação judicial, deve-se preservar o objeto deste, evitando que, em concreto, possa ser prejudicado por decisões de jurisdição diversa; medida liminar mantida.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 73.076-RJ, rel. Min. ARI PARGENDLER, j. em 28/2/2007, v.u., assim ementada: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A exigência de que o processo de recuperação judicial processado na Justiça Estadual subsista até a definição de quem seja o juiz competente para decidir a respeito da sucessão das obrigações trabalhistas impõe, salvo melhor entendimento a manutenção da medida liminar para sustar execuções aparelhadas na Justiça do Trabalho; medida liminar mantida. Agravo regimental desprovido.” 101 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 110.287-SP, rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. em 24/3/2010, v.u., assim ementado: “JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 6º, § 4º, DA LEI N. 11.101/05. RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Com a edição da Lei n. 11.101, de 2005, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 2. Se, de um lado, há de se respeitar a exclusiva competência da Justiça laboral para solucionar questões atinentes à

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Ou seja, as condições de pagamento do crédito trabalhista são as definidas no

plano de recuperação.102 Não submeter-se o crédito trabalhista individual à recuperação

judicial acarreta risco de “frustração do plano aprovado pela assembléia de credores”103

Conforme consignou a 2ª Seção do STJ, ao julgar o Conflito de Competência 61.272-RJ

por seu relator Min. Ari Pargendler, a “Lei nº 11.101, de 2005, não teria

operacionalidade alguma se sua aplicação pudesse ser partilhada por juízes de direito e

juízes do trabalho”104

relação do trabalho (art. 114 da CF); por outro, não se pode perder de vista que, após a apuração do montante devido ao reclamante, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, ex vi dos princípios e normas legais que regem o plano de reorganização da empresa recuperanda. 3. A Segunda Seção do STJ tem entendimento jurisprudencial firmado no sentido de que, no estágio de recuperação judicial, não é razoável a retomada das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05. 4. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 5. Agravo regimental desprovido.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, RECLAMAÇÂO 2.699-SP, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 26/11/2008, v.u., assim ementada: “RECLAMAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. COMERCIAL. LEI Nº 11.101⁄05. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. DECISÃO DO JUÍZO MONOCRÁTICO QUE DETERMINOU O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS. DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA PROFERIDA NOS AUTOS DA MEDIDA CAUTELAR Nº 12.327⁄SP. LIMINAR CONCEDIDA PARA SUSPENDER A DECISÃO DO JUÍZO LABORAL. IMPOSSIBILIDADE DE RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS, APÓS O MERO DECURSO DO PRAZO LEGAL DE 180 DIAS PREVISTO NA LEI Nº 11.101⁄05. DESCUMPRIMENTO. PROCEDÊNCIA DA RECLAMAÇÃO. - AFRONTA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, PROFERIDA NO EXERCÍCIO DE SUA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL, AQUELA QUE, EM SEDE DE EXECUÇÃO TRABALHISTA SUSPENSA POR FORÇA DE LIMINAR CONCEDIDA EM MEDIDA CAUTELAR, DETERMINA O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS.” 102 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.648-MT, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. 103 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.025-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 14/10/2009, v.u. 104 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 61.272-RJ, rel. Min. ARI PARGENDLER, j. em 25/4/2007, por maioria, assim ementado: “A regra mais elementar em matéria de competência recursal é a de que as decisões de um juiz de 1º grau só podem ser reformadas pelo tribunal a que está vinculado; o conflito de competência não pode ser provocado com a finalidade de produzir, per saltum, o efeito que só o recurso próprio alcançaria, porque a jurisdição sobre o mérito é prestada por instâncias (ordinárias: juiz e tribunal; extraordinárias: Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal). 2. LEI DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (Lei nº 11.101, de 2005). A Lei nº 11.101, de 2005, não teria operacionalidade alguma se sua aplicação pudesse ser partilhada por juízes de direito e juízes do trabalho; competência constitucional (CF, art. 114, incs. I a VIII) e competência legal (CF, art. 114, inc. IX) da Justiça do Trabalho. Conflito conhecido e provido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 90.504-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. DEMANDAS TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo – SP.”

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Entretanto, a suspensação das execuções trabalhistas aproveita apenas à empresa

devedor que obtiver o deferimento do processamento de recuperação judicial ou tiver

sua falência decretada. Por este motivo, inexiste conflito de competência se a Justiça do

Trabalho determinar o prosseguimento da execução contra sócio da sociedade

recuperanda ou falida, mediante a aplicação da teoria da desconsideração da

personalidade jurídica.105 É que, no caso, não “caracteriza conflito positivo de

Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 73.380-SP, rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, j. em 28/11/2007, por maioria, assim ementado: “EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO APROVADO E HOMOLOGADO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. SUSPENSÃO POR 180 DIAS. ART. 6º, CAPUT E PARÁGRAFOS DA LEI 11.101⁄05. MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA. INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DE EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. PRECEDENTE DO CASO VARIG - CC 61.272⁄RJ. CONFLITO PARCIALMENTE CONHECIDO. 1. A execução individual trabalhista e a recuperação judicial apresentam nítida incompatibilidade concreta, porque uma não pode ser executada sem prejuízo da outra. 2. A novel legislação busca a preservação da sociedade empresária e a manutenção da atividade econômica, em benefício da função social da empresa. 3. A aparente clareza do art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei 11.101⁄05 esconde uma questão de ordem prática: a incompatibilidade entre as várias execuções individuais e o cumprimento do plano de recuperação. 4. "A Lei nº 11.101, de 2005, não terá operacionalidade alguma se sua aplicação puder ser partilhada por juízes de direito e por juízes do trabalho." (CC 61.272⁄RJ, Segunda Seção, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 25.06.07). 5. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.” 105 Neste sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 100.365-MT, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 26/11/2008, v.u., assim ementado: “Não comporta o deferimento de liminar o conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica em recuperação judicial, quando constrito bem de sócio pela aplicação, na Justiça Especializada, da desconsideração da personalidade jurídica, decisão inatacada em tempo próprio. Precedentes.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 67.435-RJ, rel. Min. PAULO FURTADO, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SÓCIO. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PELA DÍVIDA. QUESTÃO DECIDIDA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. PROCESSO SOBRESTADO. QUESTÃO DIRIMIDA NO CC 58196 - RJ. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - A co-responsabilização do ora suscitante pelas dívidas oriundas da SEG - Serviços Especiais de Segurança e Transporte de Valores S⁄A se deu em razão do reconhecimento, pelo juízo trabalhista, de sua condição de sócio da empresa reclamada e pela desconsideração da pessoa jurídica. II- Não tem o decreto de falência da Empresa reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. Questão dirimida no Conflito de Competência 58196 - RJ. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, sobre a ausência de responsabilidade do sócio e a desconsideração da pessoa jurídica, quando seus requisitos foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria em julgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Conflito de competência não conhecido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 94.439-MT, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 28/5/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. NÃO-CONHECIMENTO. LIMINAR. REVOGAÇÃO. I. Não se configura conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Circunstância omitida na inicial do

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competência a constrição de bens dos sócios da falida em sede de execução trabalhista,

porquanto não há dois juízes - o da falência e o trabalhista - decidindo acerca do destino

de um mesmo patrimônio.”106 A suspensão das execuções não aproveita terceiros, que

incidente, culminando com o deferimento da paralisação do feito executivo, que ora fica revogada. III. Conflito de competência não conhecido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 99.583-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 24/6/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DA MESMA PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. NÃO-CONHECIMENTO. I. Não configura conflito de competência a constrição de bens dos sócios da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Tal regra comporta exceção somente quando o Juízo universal estender sobre os mesmos os efeitos da recuperação, quando cabível. III. Agravo regimental improvido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 109.256-SP, rel. Min. NANCY ANDRIGHI, j. em 14/4/2010, v.u., assim ementado: “EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. CONSTRIÇÃO. BENS DOS SÓCIOS. CONFLITO POSITIVO. INEXISTÊNCIA. - Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. - Considerando que os recursos a serem utilizados para satisfação do crédito trabalhista não desfalcarão o patrimônio da massa falida, não há de se falar em burla à ordem de pagamento dos credores na falência. Agravo a que se nega provimento.” 106 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.437-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 23/9/2009, v.u. No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.453-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 26/8/2009, v.u., assim ementado: “Não se configura conflito de competência quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica ou o reconhecimento de grupo econômico. Precedentes.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.653-RJ, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 9/9/2009, v.u. No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 55.644-ES, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 28/10/2009, v.u., assim ementado: “PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DESCABIMENTO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DE PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. O incidente de uniformização de jurisprudência deve ser suscitado quando do oferecimento das razões do recurso, sendo inviável em sede de agravo regimental. Ademais, "a suscitação do incidente de uniformização de jurisprudência em nosso sistema constitui faculdade, não vinculando o juiz, sem embargo do estímulo e do prestígio que se deve dar a esse louvável e belo instituto." (REsp 3.835⁄PR, Quarta Turma, Rel. Min. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ de 29⁄10⁄1990.) 2. Se a execução trabalhista promovida contra sociedade falida foi redirecionada para atingir bens dos sócios, não há conflito de competência entre a Justiça especializada e o juízo falimentar, não se justificando o envio dos autos ao Juízo universal, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. 3. Agravo regimental improvido com aplicação de multa.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 57.649-SP, rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. 13/8/2008, v.u., assim ementado: “FALÊNCIA. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. CONSTRIÇÃO DIRIGIDA AOS SÓCIOS DA EMPRESA FALIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. 1.É inviável o recurso que não apresenta argumentação capaz de desconstituir a decisão agravada que, encerrando adequados e suficientes fundamentos, firma-se em diretriz jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. 2."Se a

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não sejam a sociedade recuperanda ou falida.107 Igualmente inexiste conflito de

competência quanto a Justiça do Trabalho determina o prosseguimento da prática de

atos de execução não contra a empresa recuperanda, mas contra devedor solidário

integrante do mesmo grupo econômico.108

execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar – eis que o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição" (CC n. 61.274-SP, Segunda Seção, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, DJ de 8.3.2007). 3.Agravo regimental desprovido.” 107 STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 67.995-SP, rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA, j. em 24/6/2009, v.u., assim ementado: “FALÊNCIA DA EMPRESA RECLAMADA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO TRABALHISTA. BENS DE TERCEIROS. PATRIMÔNIO DA FALIDA. LIVRE DE CONSTRIÇÃO. 1. Redirecionada a execução trabalhista de modo a atingir bens de terceiros, restando, desta maneira, livre de constrição o patrimônio da empresa falida, não há conflito de competência entre a Justiça Trabalhista e o Juízo Universal da Falência. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” 108 STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.666-RJ, rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA, j. em 14/10/2009, v.u., assim ementado: “Tendo sido redirecionada a execução trabalhista, de modo a atingir o patrimônio de empresa integrante do mesmo grupo econômico, restando, desta forma, livres de constrição os bens da empresa em recuperação judicial, não há que se falar em conflito de competência.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 65.405-RJ, rel. min. PAULO FURTADO, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SOCIEDADE EMPRESARIAL DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE DIRETA PELA DÍVIDA.QUESTÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - Em razão do manifesto caráter infringente dos embargos declaratórios, recebo-os como agravo regimental, aplicando-se-lhes os princípios dafungibilidade recursal e da celeridade processual. II - Impõe-se responsabilidade plena às distintas empresas componentes de um grupo econômico, assim reconhecidas em decisão transitada em julgado proferida pela Justiça do Trabalho, por força do art. 2º, § 2º da CLT, não tendo o decreto de falência da sociedade reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, a inexistência de grupo econômico entre as empresas distintas, quando os requisitos que o compõe foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria emjulgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Agravo regimental a que se nega provimento.” STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 90.477-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “PENHORA DO FATURAMENTO DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA RECUPERANDA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Conflito de competência não conhecido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 86.594-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA CONTROLADORA. PENHORA DE BENS DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial da controladora, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o

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soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Agravo regimental desprovido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.478-RJ, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 11/11/2009, v.u., assim ementado: “RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE UMA DAS EMPRESAS, COM O SOBRESTAMENTO DA EXECUÇÃO EM RELAÇÃO A ELA. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA AS DEMAIS EMPRESAS NO JUÍZO TRABALHISTA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DECISÕES CONFLITANTES. ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA SEGUNDA SEÇÃO DESTA CORTE.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.709-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDASEÇÃO DESTA A. CORTE - TAL ORIENTAÇÃO SE ESTENDE TAMBÉM PARA AS HIPÓTESES DE FALÊNCIA, UMA VEZ QUE ÉVIÁVEL A EXECUÇÃO CONTRA EVENTUAIS DEVEDORES SOLIDÁRIOS NÃO FALIDOS FORA DO JUÍZO UNIVERSAL DAFALÊNCIA - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal desta Relatoria.” Da mesma maneira, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.495-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃOINTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELO E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.507-RJ, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 28/10/2009, v.u., assim ementado: “A matéria questionada em sede de agravo regimental, envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”.” Idem, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.711-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 10/6/2009, por maioria, assim ementado: “Se os bens da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do Juízo onde se processa a recuperação para decidir acerca de sua destinação, afigurando-se possível o prosseguimento da execução trabalhista em curso, inclusive com a realização de atos expropriatórios, tendo em vista a sua condição de devedora solidária. Conflito de Competência não conhecido.” Idem, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.713-RJ, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 10/6/2009, por maioria, assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ALEGAÇÃO DE QUE A SUSCITANTE NÃO PERTENCERIA AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA EMPRESA CUJA

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Ao julgar o AgRg no Conflito de Competência 99.583-RJ, o relator, Min. Aldir

Passarinho Júnior, consignou em seu voto que a determinação da penhora, pela Justiça

do Trabalho, de bens de sócio, “somente não subsiste quando o Juízo universal da

recuperação também tenha decretado a despersonalização relativamente aos mesmos

bens e pessoas, ainda que posteriormente, única exceção capaz de limitar a aplicação

da disregard doctrine aos sócios de empresas integrantes de conglomerados

econômicos pela Justiça Trabalhista, porquanto bastaria a protocolização de pedido de

recuperação por qualquer delas para que todas tivessem as ações judiciais contra si

RECUPERAÇÃO JUDICIAL FOI DEFERIDA. QUESTÃO DE MÉRITO. A alegação de inexistência de relação empresarial entre a suscitante e a executada cuja recuperação judicial foi deferida, visando comprovar não serem elas integrantes de um mesmo conglomerado econômico, está vinculada à própria solução do Conflito de Competência, e só deverá ser objeto de pronunciamento desta C. Segunda Seção por ocasião do seu julgamento.” Idem, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.725-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 24/6/2009, v.u., assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA OU INCLUSÃO EM GRUPO ECONÔMICO. DECISÃO LIMINAR. SUBSISTÊNCIA. INDEVIDOADIANTAMENTO DO MÉRITO DA CONTROVÉRSIA. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento da liminar, não divisada claramente a presença do fumus boni iuris, não devem ser antecipadamente trazidas à discussão questões relativas ao mérito da controvérsia, que versa sobre a desconsideração da personalidade jurídica de empresa em processo de recuperação judicial ou a inclusão da agravante em execução trabalhista pela participação em grupo econômico. II. Agravo improvido.” Idem, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.755-RJ, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 26/8/2009, v.u., assim ementado: “A matéria questionada em sede de embargos de declaração envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”.” Idem, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.830-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal desta Relatoria.”

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paralisadas, o que também não é o objetivo da Lei n. 11.101⁄2005.”109 Em sentido

oposto, a sustentar que compete ao juízo da recuperação judicial decidir sobre a

extensão dos efeitos e responsabilidades aos sócios, encontrou-se o Conflito de

Competência 68.173-SP.110

Da mesma fora que ocorre na recuperação judicial, cederá a Justiça do Trabalho a

competência ao Juízo da Falência se também no processo falimentar for desconsiderada

a personalidade jurídica para estender os efeitos da falência aos sócios.111

É competente para determinar a reserva de valores a que se refere o § 3º do art. 6º

da Lei 11.101/05 o Juízo do Trabalho onde tramita a ação trabalhista não suspensa pelo

deferimento do processamento da recuperação.112

Legitimidade para suscitar conflito de competência

Não é legítimo para suscitar conflito de competência entre Juízo do Trabalho e o

Juízo Falimentar quem não é parte na execução trabalhista ou no processo de

recuperação judicial.113

109 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 99.583-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 24/6/2009, v.u. 110 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 68.173-SP, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 26/11/2008, v.u. 111 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 98.498-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 16/2/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. FALÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. MEDIDA ADOTADA POR AMBOS OSÓRGÃOS JUDICIAIS. PREVALÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. PROVIMENTO. I. Havendo decretação da desconsideração da personalidade jurídica da falida⁄executada tanto pela Justiça do Trabalho como pelo Juízo falimentar, com a consequente arrecadação dos bens dos sócios, deve a execução ser processada perante o Juízo universal. II. Estendidos os efeitos da quebra também a estes, a penhora anterior realizada na Justiça Especializada cede em face da falência superveniente. III. Agravo regimental provido, para declarar a competência do Juízo falimentar, o suscitado.” 112 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 95.627-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 26/11/2008, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PEDIDO DE RESERVA DE VALORES. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, § 3º, DA LEI 11.101/05. FALÊNCIA POSTERIOR. 1. A competência para determinar a reserva de valores na recuperação judicial é do juízo perante o qual tramita a reclamação trabalhista não suspensa, a teor do que dispõe o art. 6º, § 3º, da Lei 11.101/05. 2. O fato de ter sido posteriormente decretada a falência da empresa não altera a conclusão anterior. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo trabalhista.” 113 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 104.772-MT, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 27/5/2009, v.u., assim ementado: “Nos termos do art. 116 do CPC, a instituição financeira que não é parte na execução trabalhista nem na recuperação judicial não detém

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Cautelar Necessidade de Fumus boni iuris

Não cabe pedido cautelar de extensão dos efeitos da liminar a todos os juízos

trabalhistas onde tramitam ações contra a empresa recuperanda, sem que se demonstre

ao menos o risco de constrição de patrimônio, a título de fumus boni iuris.114

Item 2.2.4 - Anexo I - Tabela de Acórdãos

Espécie de recurso nº do recurso

Relator data do julgamento

quórum

Caso Ementa

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

61.272 - RJ

ARI PARGENDLER

14/6/2006 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÕES TRABALHISTAS. Decisões proferidas na jurisdição trabalhista comprometendo ativos adquiridos em leilão de empresa sujeita ao processo de recuperação judicial. Medida liminar sustando as antecipações de tutela até que se defina o juiz competente para decidir sobre a alegada sucessão das obrigações trabalhistas. Agravo regimental desprovido.

AgRg na 2.327 - RJ ARI 28/2/2007 v.u. VRG LINHAS CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO

legitimidade ativa para propor conflito de competência, unicamente por ser credora do devedor proprietário de imóveis constritos pela Justiça do Trabalho.” Neste mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.760-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 26/8/2009, v.u., em que se decidiu que “a sociedade que não é parte na recuperação judicial não detém legitimidade ativa para propor conflito de competência, embora executada, juntamente com a recuperanda, na Justiça do Trabalho.” 114 STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 106.463-SP, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. EXTENSÃO DOS EFEITOS ERGA OMNES. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de extensão dos efeitos da liminar a todos os juízos trabalhistas onde tramitam ações, reclamações ou execuções contra a empresa, seja porque tem o intuito de incluir pessoas que não são parte na recuperação judicial, seja porque as importâncias constritas não correm risco de levantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. II. Agravo improvido.” No voto do relator, lê-se que: “a providência requerida, contrariamente ao alegado, atentaria contra a celeridade processual, porquanto a extensão a todos os juízos trabalhistas aos quais foram distribuídas "ações, reclamações e execuções" contra a recorrente demandaria a expedição de ofício a cada um para informações, sem que se soubesse previamente se sequer o juízo de fato preside ação contra a recuperanda, tumultuando a tramitação deste conflito.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 107.928-SP, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 24/3/2010, v.u.,assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. 1. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de desbloqueio, pois as importâncias constritas não correm risco delevantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. 2. Agravo regimental improvido.” No relatório, lê-se que a embargante “Sustenta existir omissão quanto à liberação dos ativos financeiros constritos pelos Juízos Trabalhistas” na decisão que determinou a suspensão das execuções trabalhistas. Entendeu o relator que, como “as execuções trabalhistas foram provisoriamente paralisadas, portanto não existe risco delevantamento das importâncias.”

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200

RECLAMAÇÃO PARGENDLER

AÉREAS S⁄A E OUTROS

JUDICIAL. Antes da definição de quem seja competente para decidir acerca da sucessão trabalhista no caso de aquisição de ativo de empresa em processo de recuperação judicial, deve-se preservar o objeto deste, evitando que, em concreto, possa ser prejudicado por decisões de jurisdição diversa; medida liminar mantida. Agravo regimental desprovido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

73.076 - RJ

ARI PARGENDLER

28/2/2007 v.u. VRG LINHAS AÉREAS S⁄A E OUTROS

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A exigência de que o processo de recuperação judicial processado na Justiça Estadual subsista até a definição de quem seja o juiz competente para decidir a respeito da sucessão das obrigações trabalhistas impõe, salvo melhor entendimento a manutenção da medida liminar para sustar execuções aparelhadas na Justiça doTrabalho; medida liminar mantida. Agravo regimental desprovido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

61.272 - RJ

ARI PARGENDLER

25/4/2007 por maioria

VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. 1. CONFLITO E RECURSO. A regra mais elementar em matéria de competência recursal é a de que as decisões de um juiz de 1º grau só podem ser reformadas pelo tribunal a que está vinculado; o conflito de competência não pode ser provocado com a finalidade de produzir, per saltum, o efeito que só o recurso próprio alcançaria, porque a jurisdição sobre o mérito é prestada por instâncias (ordinárias: juiz e tribunal; extraordinárias: Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal). 2. LEI DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (Lei nº 11.101, de 2005). A Lei nº 11.101, de 2005, não teria operacionalidade alguma se sua aplicação pudesse ser partilhada por juízes de direito e juízes do trabalho; competência constitucional (CF, art. 114, incs. I a VIII) e competência legal (CF, art. 114, inc. IX) da Justiça do Trabalho. Conflito conhecido e provido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

81.922 - RJ

ARI PARGENDLER

9/5/2007 por maioria

VEPLAN HOTÉIS E TURISMO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO FISCAL. Processado o pedido de recuperação judicial, suspendem-se automaticamente os atos de alienação na execução fiscal, até que o devedor possa aproveitar o benefício previsto na ressalva constante da parte final do § 7º do art. 6º da Lei nº 11.101, de 2005 (“ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica”). Agravo regimental provido em parte.

RECLAMAÇÂO 1.270 - PA

FERNANDO GONÇALVES

12/9/2007 v.u.

ENCOL S⁄A ENGENHARIA COMÉRCIO E INDÚSTRIA - MASSA FALIDA

RECLAMAÇÃO. DECISÃO. STJ. AUTORIDADE. PRESERVAÇÃO. 1 - Decidido em conflito de competência que os atos de execução de crédito trabalhista far-se-ão no juízo universal da falência, atenta contra a autoridade desta Corte, determinação de Juízo do Trabalho no sentido de realizar praça de um imóvel integrante da massa falida. 2 - Reclamação procedente.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

87.194 - SP

HUMBERTO GOMES DE BARROS

26/9/2007 v.u.

BANFORT - BANCO FORTALEZA S⁄A - MASSA FALIDA

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. DEPÓSITOS RECURSAIS ANTERIORES À QUEBRA. - É do juízo falimentar a competência para decidir sobre o destino dos depósitos recursais feitos no curso de reclamação trabalhista movida contra a falida, ainda que anteriores à decretação da falência.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

77.396 - RJ

ARI PARGENDLER

14/11/2007 v.u. VRG LINHAS AÉREAS S⁄A E OUTROS

PROCESSO CIVIL. ACÓRDÃO. MOTIVAÇÃO. A decisão de relator que se reporta a precedente do Superior Tribunal de Justiça, evidentemente, toma como fundamento a motivação daquele julgado. Agravo regimental desprovido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

73.380 - SP

HÉLIO QUAGLIA BARBOSA

28/11/2007 por maioria

VASP - VIAÇAO AÉREA SÃO PAULO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. VASP. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO APROVADO E HOMOLOGADO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. SUSPENSÃO POR 180 DIAS. ART. 6º, CAPUT E PARÁGRAFOS DA LEI 11.101⁄05. MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE

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201

ECONÔMICA. FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA. INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DE EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. PRECEDENTE DO CASO VARIG - CC 61.272⁄RJ. CONFLITO PARCIALMENTE CONHECIDO. 1. A execução individual trabalhista e a recuperação judicial apresentam nítida incompatibilidade concreta, porque uma não pode ser executada sem prejuízo da outra. 2. A novel legislação busca a preservação da sociedade empresária e a manutenção da atividade econômica, em benefício da função social da empresa. 3. A aparente clareza do art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei 11.101⁄05 esconde uma questão de ordem prática: a incompatibilidade entre as várias execuções individuais e o cumprimento do plano de recuperação. 4. "A Lei nº 11.101, de 2005, não terá operacionalidade alguma se sua aplicação puder ser partilhada por juízes de direito e por juízes do trabalho." (CC 61.272⁄RJ, Segunda Seção, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 25.06.07). 5. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

53.549 - SP

FERNANDO GONÇALVES

27/2/2008 v.u.

PARMALAT BRASIL S⁄A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE COBRANÇA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. INEXISTÊNCIA. DIVERSOS ESTABELECIMENTOS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ONDE CONTRAÍDA A OBRIGAÇÃO. 1. Extinta a concordata e deferida a recuperação judicial, não há se falar em juízo universal que, ademais, é instituto próprio da falência. 2. Possuindo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados (art. 75 do CC) podendo a demanda ser proposta no foro do lugar onde se localiza a agência ou sucursal que tiver contraído a obrigação (art. 100, IV, 'b" do CPC). 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do Juizado Especial Cível de Campina das Missões - SC, suscitado.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

87.263 - RJ

ARI PARGENDLER

27/2/2008 v.u. RIO SUL LINHAS AÉREAS S⁄A

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMPRESA QUE ADQUIRIU ATIVOS DE OUTRA EM REGIME DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL. Não está na alçada do juiz da execução fiscalredirecioná-la contra empresa que, tutelada por decisão judicial, adquiriu ativos de empresa em regime de recuperação judicial com a garantia de que não responderia por obrigações desta. Agravo regimental não provido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

72.661 - SP

HUMBERTO GOMES DE BARROS

12/3/2008 por maioria

PARMALAT BRASIL S⁄A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA VERSUS RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Há conflito positivo de competência quando dois ou mais juízes entendem que o destino de determinado bem está subordinado às suas decisões; se o bem constrito na execução trabalhista dá suporte ao plano da recuperação judicial, prevalece o Juízo desta. Conflito conhecido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

92.417 - DF

FERNANDO GONÇALVES

26/3/2008 v.u.

ENCOL S⁄A ENGENHARIA COMÉRCIO E INDÚSTRIA - MASSA FALIDA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALÊNCIA. AÇÃO DE APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. MASSA FALIDA AUTORA. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DO JUÍZO FALIMENTAR. 1. O fato de a massa falida ser autora da ação somente determina a excepcionalidade do juízo universal nas ações não reguladas pela Lei Falimentar. 2. O princípio da universalidade tem como objetivo não só evitar a dispersão do patrimônio da massa falida, como também permitir que as situações relevantes da falência sejam submetidas a juízo único, conhecedor da realidade do processo. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 11ª Vara Cível de Goiânia - GO.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

88.661 - SP

FERNANDO GONÇALVES

28/5/2008 v.u. VASP - VIAÇAO AÉREA SÃO

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S.A - VASP. EMPRESA EM

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PAULO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. NECESSIDADE. 1. O conflito de competência não pode ser estendido de modo a alcançar juízos perante os quais este não foi instaurado. 2. Aprovado o plano de recuperação judicial, os créditos serão satisfeitos de acordo com as condições ali estipuladas. Nesse contexto, mostra-se incabível o prosseguimento das execuções individuais. Precedente. 3. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo - SP.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

86.594 - SP

FERNANDO GONÇALVES

25/6/2008 v.u.

VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA CONTROLADORA. PENHORA DE BENS DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial da controladora, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Agravo regimental desprovido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

87.214 - RJ

ARI PARGENDLER

25/6/2008 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMPRESA QUE ADQUIRIU ATIVOS DE OUTRA EM REGIME DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL. Não está na alçada do juiz da execução fiscal redirecioná-la contra empresa que, tutelada por decisão judicial, adquiriu ativos de empresa em regime de recuperação judicial com a garantia de que não responderia por obrigações desta.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

88.620 - MG

NANCY ANDRIGHI

25/6/2008 v.u.

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FALIMENTAR E JUSTIÇA DO TRABALHO. FALÊNCIA. EXECUÇÃOTRABALHISTA. ARREMATAÇÃO ULTIMADA NA JUSTIÇA ESPECIALIZADA. REMESSA DO PRODUTO AO JUÍZO UNIVERSAL DAFALÊNCIA. - Os atos de execução trabalhista devem ser praticados no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. - Em respeito aos princípios da economia e da celeridade processual, devem ser aproveitados os atos de arrematação praticados na execução singular, com a remessa do seu produto ao Juízo Falimentar, devendo o reclamante-exeqüente providenciar sua habilitação frente à massa falida. Decisão agravada reconsiderada, para o fim de conhecer do conflito de competência e declarar competente o Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Concordatas de Belo Horizonte – MG.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

90.477 - SP

FERNANDO GONÇALVES

25/6/2008 v.u.

VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PENHORA DO FATURAMENTO DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA RECUPERANDA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Conflito de competência não conhecido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

90.504 - SP

FERNANDO GONÇALVES

25/6/2008 v.u.

ESTRELA AZUL SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA SEGURANÇA

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. DEMANDAS TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano

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E TRANSPORTE DE VALORES LTDA

aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo - SP.

AgRg no AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

57.649 - SP

JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

13/8/2008 v.u.

CONSTRUMEC CONSTRUCÕES MECANICAS LTDA - MASSA FALIDA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALÊNCIA. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. CONSTRIÇÃO DIRIGIDA AOS SÓCIOS DA EMPRESA FALIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. 1.É inviável o recurso que não apresenta argumentação capaz de desconstituir a decisão agravada que, encerrando adequados e suficientes fundamentos, firma-se em diretriz jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. 2."Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar – eis que o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição" (CC n. 61.274-SP, Segunda Seção, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, DJ de 8.3.2007). 3.Agravo regimental desprovido.

AgRg no AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

57.649 - SP

JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

13/8/2008 v.u.

CONSTRUMEC CONSTRUCÕES MECANICAS LTDA - MASSA FALIDA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALÊNCIA. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. CONSTRIÇÃO DIRIGIDA AOS SÓCIOS DA EMPRESA FALIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. 1.É inviável o recurso que não apresenta argumentação capaz de desconstituir a decisão agravada que, encerrando adequados e suficientes fundamentos, firma-se em diretriz jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. 2."Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar – eis que o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição" (CC n. 61.274-SP, Segunda Seção, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, DJ de 8.3.2007). 3.Agravo regimental desprovido.

RECURSO ESPECIAL

1.051.347 - RS

FRANCISCO FALCÃO

21/8/2008 v.u.

PROCESSO FALIMENTAR. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO FISCAL APENAS QUANTO AO SÓCIO RESPONSABILIZADO. IMPOSSIBILIDADE. I - Conforme consignado no acórdão, a responsabilidade do sócio, nos termos do art. 135 do CTN, já foi apreciada em embargos à execução e o recorrente não obteve êxito ao tentar desconstituí-la, ocorrendo o trânsito em julgado em 31.07.2003. II - Nesse panorama, com a decretação da responsabilidade do sócio, esse é considerado como executado e contra ele também corre a execução, visto que se torna pessoalmente responsável pelos créditos tributários, consoante a inteligência do art. 135 do CTN. III - De acordo com o art. 6º, § 7º, da Lei 11.101⁄05, as execuções fiscais não são suspensas pelo processo falimentar, não havendo no dispositivo qualquer ressalva que possibilite a suspensão da execução apenas quanto ao sócio responsabilizado. IV - Recurso especial improvido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

79.170 - SP

CASTRO MEIRA

10/9/2008 v.u.

VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. PRAZO DE CENTO E OITENTA DIAS. USO DAS ÁREAS OBJETO DA REINTEGRAÇÃO PARA O ÊXITO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO. 1. O caput do art. 6º, da Lei 11.101⁄05 dispõe que "a decretação da falência ou deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário". Por seu turno, o § 4º desse dispositivo estabelece que essa suspensão "em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento eoitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação". 2. Deve-se interpretar o art. 6º desse diploma legal de modo sistemático com seus demais preceitos, especialmente à luz do princípio da preservação da empresa, insculpido no artigo 47, que

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preconiza: "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". 3. No caso, o destino do patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação, ainda que ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art. 6º, da Lei nº 11.101⁄05, sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa. 4. Precedentes: CC 90.075⁄SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 04.08.08; CC 88661⁄SP, Rel. Min, Fernando Gonçalves, DJ 03.06.08. 5. Conflito positivo de competência conhecido para declarar o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo competente para decidir acerca das medidas que venham a atingir o patrimônio ou negócios jurídicos da Viação Aérea São Paulo - VASP.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

92.282 - SP

FERNANDO GONÇALVES

12/11/2008 v.u.

SOBAR S⁄A AGROPECUÁRIA - MASSA FALIDA

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. FALÊNCIA. INDEFERIMENTO. COMPETÊNCIA. EXCLUSIVA. JUÍZO FALIMENTAR. 1 - O indeferimento de habilitação de crédito, em falência, é de competência exclusiva do Juízo Falimentar e interessa somente ao credor, que deve buscar os meios processuais cabíveis para se insurgir. 2 - Manifestação do Juízo do Trabalho, contra o indeferimento da habilitação, porque se trata de crédito oriundo de acordo em reclamação trabalhista, não tem força para fazer supor a existência de conflito negativo de competência. 3 - A espécie não se enquadra na previsão legal, pois não existente o seu pressuposto lógico, ou seja, dois juízos se dizendo não competentes para o mesmo processo. 4 - Conflito de competência não conhecido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

100.365 - MT

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

26/11/2008 v.u.

ROSCH ADMINISTRADORA DE SERVICOS E INFORMATICA LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. LIMINAR. INDEFERIMENTO. FUNDAMENTO INATACADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 182-STJ, POR ANALOGIA. I. Não comporta o deferimento de liminar o conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica em recuperação judicial, quando constrito bem de sócio pela aplicação, na Justiça Especializada, da desconsideração da personalidade jurídica, decisão inatacada em tempo próprio. Precedentes. II. A assertiva de que a agravante não é parte legítima para a defesa do interesse da pessoa física dos sócios não foi objeto do recurso, atraindo o óbice da Súmula n. 182-STJ, aplicada por analogia. II. Agravo regimental improvido.

RECLAMAÇÂO 2.699 - SP

LUIS FELIPE SALOMÃO

26/11/2008 v.u.

AGRI TILLAGE DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

RECLAMAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. COMERCIAL. LEI Nº 11.101⁄05. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA.DECISÃO DO JUÍZO MONOCRÁTICO QUE DETERMINOU O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS. DECISÃO DOSUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA PROFERIDA NOS AUTOS DA MEDIDA CAUTELAR Nº 12.327⁄SP. LIMINAR CONCEDIDA PARASUSPENDER A DECISÃO DO JUÍZO LABORAL. IMPOSSIBILIDADE DE RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS, APÓS O MERODECURSO DO PRAZO LEGAL DE 180 DIAS PREVISTO NA LEI Nº 11.101⁄05. DESCUMPRIMENTO. PROCEDÊNCIA DA RECLAMAÇÃO. - AFRONTA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, PROFERIDA NO EXERCÍCIO DE SUA COMPETÊNCIACONSTITUCIONAL, AQUELA QUE, EM SEDE DE EXECUÇÃO TRABALHISTA SUSPENSA POR FORÇA DE LIMINAR CONCEDIDA EM

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MEDIDA CAUTELAR, DETERMINA O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

68.173 - SP

LUIS FELIPE SALOMÃO

26/11/2008 v.u.

AGRI TILLAGE DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. COMERCIAL. LEI 11.101⁄05. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROCESSAMENTO DEFERIDO. 1. A DECISÃO LIMINAR DA JUSTIÇA TRABALHISTA QUE DETERMINOU A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, ASSIM TAMBÉM DOS SEUS SÓCIOS, NÃO PODE PREVALECER, SOB PENA DE SE QUEBRAR O PRINCÍPIO NUCLEAR DA RECUPERAÇÃO, QUE É A POSSIBILIDADE DE SOERGUIMENTO DA EMPRESA, FERINDO TAMBÉM O PRINCÍPIO DA "PAR CONDITIO CREDITORUM". 2. É COMPETENTE O JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PARA DECIDIR ACERCA DO PATRIMÔNIO DA EMPRESARECUPERANDA, TAMBÉM DA EVENTUAL EXTENSÃO DOS EFEITOS E RESPONSABILIDADES AOS SÓCIOS, ESPECIALMENTE APÓS APROVADO O PLANO DE RECUPERAÇÃO. 3. OS CRÉDITOS APURADOS DEVERÃO SER SATISFEITOS NA FORMA ESTABELECIDA PELO PLANO, APROVADO DECONFORMIDADE COM O ART. 45 DA LEI 11.101⁄2005. 4. NÃO SE MOSTRA PLAUSÍVEL A RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS APÓS O MERO DECURSO DO PRAZO LEGAL DE 180 DIAS. CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 3ª VARA DE MATÃO⁄SP.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

95.627 - SP

FERNANDO GONÇALVES

26/11/2008 v.u.

VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PEDIDO DE RESERVA DE VALORES. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, § 3º, DA LEI 11.101/05. FALÊNCIA POSTERIOR. 1. A competência para determinar a reserva de valores na recuperação judicial é do juízo perante o qual tramita a reclamação trabalhista não suspensa, a teor do que dispõe o art. 6º, § 3º, da Lei 11.101/05. 2. O fato de ter sido posteriormente decretada a falência da empresa não altera a conclusão anterior. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo trabalhista.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

98.498 - RJ

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

16/2/2009 v.u.

MASSA FALIDA DE FRIGO 1000 COMESTÍVEIS LTDA

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. FALÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. MEDIDA ADOTADA POR AMBOS OSÓRGÃOS JUDICIAIS. PREVALÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. PROVIMENTO. I. Havendo decretação da desconsideração da personalidade jurídica da falida⁄executada tanto pela Justiça do Trabalho como pelo Juízo falimentar, com a consequente arrecadação dos bens dos sócios, deve a execução ser processada perante o Juízo universal. II. Estendidos os efeitos da quebra também a estes, a penhora anterior realizada na Justiça Especializada cede em face da falência superveniente. III. Agravo regimental provido, para declarar a competência do Juízo falimentar, o suscitado.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

57.565 - GO

HUMBERTO GOMES DE BARROS

8/3/2009 v.u.

AVESTRUZ MASTER AGRO COMERCIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA E OUTROS

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS SUSCITADOS QUE JULGAM AÇÕES COM OBJETOS DIVERSOS. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO.EVENTUAIS ATOS DE CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL QUE SE SOBREPONHAM. RESOLUÇÃO PELAS VIAS ORDINÁRIAS ADEQUADAS. 1. Não se conhece de conflito de competência quando os juízos suscitados julgam ações com objetos diversos. 2. Os atos constritivos determinados pelos juízos suscitados, que no dizer das suscitantes tumultuam o processo de recuperação judicial, devem ser atacados pelas vias ordinárias adequadas.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

61.601 - RJ

PAULO FURTADO

25/3/2009 v.u. SERVIÇOS ESPECIAIS DE SEGURANÇA

PROCESSO CIVIL. JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. SUCESSÃO

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E TRANSPORTE DE VALORES S⁄A

DE EMPREGADORES. RESPONSABILIDADE PELA DÍVIDA. QUESTÃO DECIDIDA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I- A co-responsabilização do ora suscitante pelas dívidas oriundas da SEG - Serviços Especiais de Segurança e Transporte de Valores S⁄A se deu em razão do reconhecimento, pelo juízo trabalhista, da sucessão de empregadores. II- Não tem o decreto de falência da Empresa reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. Questão dirimida no Conflito de Competência 58196 - RJ. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, sobre a ausência de responsabilidade do sucessor, quando seus requisitos foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria em julgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Agravo provido. Conflito de competência não conhecido.

EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

65.405 - RJ

PAULO FURTADO

25/3/2009 v.u.

BANCO VEGA S⁄A - EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL

PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SOCIEDADE EMPRESARIAL DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE DIRETA PELA DÍVIDA.QUESTÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - Em razão do manifesto caráter infringente dos embargos declaratórios, recebo-os como agravo regimental, aplicando-se-lhes os princípios dafungibilidade recursal e da celeridade processual. II - Impõe-se responsabilidade plena às distintas empresas componentes de um grupo econômico, assim reconhecidas em decisão transitada em julgado proferida pela Justiça do Trabalho, por força do art. 2º, § 2º da CLT, não tendo o decreto de falência da sociedade reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, a inexistência de grupo econômico entre as empresas distintas, quando os requisitos que o compõe foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria emjulgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Agravo regimental a que se nega provimento.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

67.435 - RJ

PAULO FURTADO

25/3/2009 v.u.

SERVIÇOS ESPECIAIS DE SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES S⁄A - MASSA FALIDA

PROCESSO CIVIL. JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SÓCIO. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PELA DÍVIDA. QUESTÃO DECIDIDA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. PROCESSO SOBRESTADO. QUESTÃO DIRIMIDA NO CC 58196 - RJ.INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - A co-responsabilização do ora suscitante pelas dívidas oriundas da SEG - Serviços Especiais de Segurança e Transporte de Valores S⁄A se deu em razão do reconhecimento, pelo juízo trabalhista, de sua condição de sócio da empresa reclamada e pela desconsideração da pessoa jurídica. II- Não tem o decreto de falência da Empresa reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. Questão dirimida no Conflito de Competência 58196 - RJ. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, sobre a ausência de responsabilidade do sócio e a desconsideração da pessoa jurídica, quando seus requisitos foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria em julgar novamente a causa,

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sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Conflito de competência não conhecido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

98.264 - SP

MASSAMI UYEDA

25/3/2009 v.u.

ELLEN METALÚRGICA E CROMEAÇÃO LTDA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - ARRESTO DOS BENS DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IMPOSSIBILIDADE - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS - NECESSIDADE. - PRECEDENTES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas; II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO DISTRITAL DE CAIEIRAS/SP.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

99.145 - SP

SIDNEI BENETI

25/3/2009 v.u.

VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - MASSA FALIDA

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS FALIMENTAR E DO TRABALHO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. - Decretada a quebra, as execuções singulares pendentes devem prosseguir no Juízo Universal, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. Agravo improvido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

95.001 - BA

FERNANDO GONÇALVES

22/4/2009 v.u.

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FALIMENTAR E JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ARREMATAÇÃO. REMESSA DO PRODUTO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. 1. Decretada a quebra, a Justiça do Trabalho é competente para definir o crédito trabalhista, que será, então, habilitado no juízo universal e atrativo da falência; excepcionalmente, porém, se os bens já estiverem em praça, a arrematação terá curso, mas o produto será transferido para o juízo falimentar. Precedentes. 2. Eventual pedido de não repetição dos valores levantados na execução trabalhista deve ser formulado perante o juízo competente, na espécie, o juízo falimentar. 3. Agravo regimental desprovido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

104.772 - MT

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

27/5/2009 v.u.

ALCOPAN ALCOOL DO PANTANAL LTDA E OUTROS

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. IMÓVEIS CONSTRITOS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEVEDOR EM PROCESSO DERECUPERAÇÃO JUDICIAL. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CRÉDITO HIPOTECÁRIO. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA.ILEGITIMIDADE ATIVA. I. Nos termos do art. 116 do CPC, a instituição financeira que não é parte na execução trabalhista nem na recuperação judicial não detém legitimidade ativa para propor conflito de competência, unicamente por ser credora do devedor proprietário de imóveis constritos pela Justiça do Trabalho. II. Agravo improvido. Indeferimento da inicial mantido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

90.160 - RJ

JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

27/5/2009 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DE DIREITO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI N. 11.101⁄05). AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. VALOR DA CONDENAÇÃO. CRÉDITO APURADO. HABILITAÇÃO. ALIENAÇÃO DE ATIVOS E PAGAMENTOS DE CREDORES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. Com a edição da Lei n. 11.101⁄05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 2. Após a apuração do

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montante devido, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, sob pena de violação dos princípios da indivisibilidade e da universalidade, além de desobediência ao comando prescrito no art. 47 da Lei n. 11.101⁄05. 3. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro (RJ).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

94.439 - MT

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

28/5/2009 v.u.

ROSCH ADMINISTRADORA DE SERVICOS E INFORMATICA LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. NÃO-CONHECIMENTO. LIMINAR. REVOGAÇÃO. I. Não se configura conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Circunstância omitida na inicial do incidente, culminando com o deferimento da paralisação do feito executivo, que ora fica revogada. III. Conflito de competência não conhecido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

100.922 - SP

SIDNEI BENETI

10/6/2009 v.u.

VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - MASSA FALIDA

FALÊNCIA. ADJUDICAÇÃO EM EXECUÇÃO TRABALHISTA APÓS DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO OU DECRETAÇÃO DA QUEBRA. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS FALIMENTAR E DO TRABALHO. AÇÕES E EXECUÇÕES TRABALHISTAS EM CURSO. FALÊNCIA DA EXECUTADA. PENHORA DE BENS JÁ REALIZADA NO JUÍZO TRABALHISTA. AGRAVO REGIMENTAL PREJUDICADO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FALIMENTAR. PRECEDENTES. NULIDADE DO ATO QUE DEFERIU A ADJUDICAÇÃO. 1.- Tanto após a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa, quanto após a decretação da quebra, as ações e execuções trabalhistas em curso, terão seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. 2.- Conflito de Competência conhecido declarando-se a competência do Juízo Falimentar, com a consequente nulidade do ato que deferiu a adjudicação. 3.- Agravo Regimental e Conflito de Competência nº 100.267⁄SP prejudicados.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.711 - RJ

MASSAMI UYEDA

10/6/2009 por maioria

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA RECUPERANDA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. Se os bens da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do Juízo onde se processa a recuperação para decidir acerca de sua destinação, afigurando-se possível o prosseguimento da execução trabalhista em curso, inclusive com a realização de atos expropriatórios, tendo em vista a sua condição de devedora solidária. Conflito de Competência não conhecido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.713 - RJ

SIDNEI BENETI

10/6/2009 por maioria

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ALEGAÇÃO DE QUE A SUSCITANTE NÃO PERTENCERIA AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA EMPRESA CUJA RECUPERAÇÃO JUDICIAL FOI DEFERIDA. QUESTÃO DE MÉRITO. A alegação de inexistência de relação empresarial entre a suscitante e a executada cuja recuperação judicial foi deferida, visando comprovar não serem elas integrantes de um mesmo conglomerado econômico, está vinculada à própria solução do Conflito de Competência, e só deverá ser objeto de pronunciamento desta C. Segunda Seção por ocasião do seu julgamento. Agravo improvido.

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AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.725 - RJ

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

24/6/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA OU INCLUSÃO EM GRUPO ECONÔMICO. DECISÃO LIMINAR. SUBSISTÊNCIA. INDEVIDOADIANTAMENTO DO MÉRITO DA CONTROVÉRSIA. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento da liminar, não divisada claramente a presença do fumus boni iuris, não devem ser antecipadamente trazidas à discussão questões relativas ao mérito da controvérsia, que versa sobre a desconsideração da personalidade jurídica de empresa em processo de recuperação judicial ou a inclusão da agravante em execução trabalhista pela participação em grupo econômico. II. Agravo improvido.

EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

67.995 - SP

VASCO DELLA GIUSTINA

24/6/2009 v.u.

TRANSBRASIL S⁄A LINHAS AÉREAS - MASSA FALIDA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. FALÊNCIA DA EMPRESA RECLAMADA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO TRABALHISTA. BENS DE TERCEIROS. PATRIMÔNIO DA FALIDA. LIVRE DE CONSTRIÇÃO. 1. Redirecionada a execução trabalhista de modo a atingir bens de terceiros, restando, desta maneira, livre de constrição o patrimônio da empresa falida, não há conflito de competência entre a Justiça Trabalhista e o Juízo Universal da Falência. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

99.583 - RJ

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

24/6/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DA MESMA PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. NÃO-CONHECIMENTO. I. Não configura conflito de competência a constrição de bens dos sócios da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Tal regra comporta exceção somente quando o Juízo universal estender sobre os mesmos os efeitos da recuperação, quando cabível. III. Agravo regimental improvido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.453 - RJ

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

26/8/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. INTERPOSIÇÃO DE DOIS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA DECISÃO DO RELATOR. PRECLUSÃO CONSUMATIVA DO SEGUNDO RECURSO. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE OU SINGULARIDADE DOS RECURSOS INOBSERVADO. DESPROVIMENTO. PRIMEIROS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA OU INCLUSÃO EM GRUPO ECONÔMICO. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. TEMA PACIFICADO. I. É incabível a interposição de dois embargos de declaração contra decisão do relator, pois desafiam mais de um pronunciamento judicial contra a mesma decisão. Inobservância do princípio da unirrecorribilidade ou singularidade dos recursos. Preclusão consumativa operada em relação ao segundo recurso,que ademais é intempestivo. II. Não se configura conflito de competência quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica ou o reconhecimento de grupo econômico. Precedentes. III. Primeiros embargos de declaração recebidos como agravo regimental e improvido e não conhecidos os segundos.

EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.755 - RJ

HONILDO AMARAL DE MELLO

26/8/2009 v.u. COMPANHIA DE FIAÇÃO E TECELAGEM BA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CARÁTER INFRINGENTE. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL.

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CASTRO RBACENENSE E OUTROS

FUNGIBILIDADE RECURSAL. POSSIBILIDADE. SUSCITANTE. ILEGITIMIDADE. 1. Em homenagem aos princípios da fungibilidade recursal e da economia processual, esta Corte vem admitindo o recebimento dos embargos de declaração em que se pretende emprestar efeitos infringentes, como agravo regimental, desde que comprovada a interposição tempestiva da irresignação e verificada a inexistência de erro grosseiro ou má-fé do recorrente (AgRg no REsp903760⁄RS, 4ª Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJ de 16.4.2007; EDcl no Ag 760718⁄RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 16.10.2006). 2. A matéria questionada em sede de embargos de declaração envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental e ao qual se nega provimento.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

105.760 - RJ

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

26/8/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. GRUPO ECONÔMICO. SOCIEDADE ESTRANHA À RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I. Nos termos do art. 116 do CPC, a sociedade que não é parte na recuperação judicial não detém legitimidade ativa para propor conflito de competência, embora executada, juntamente com a recuperanda, na Justiça do Trabalho. II. Agravo improvido.

EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

105.653 - RJ

FERNANDO GONÇALVES

9/9/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. 1 - Denotada a falta de documentos hábeis à demonstração do alegado na inicial, não se conhece do conflito de competência, notadamente pela inviabilidade do pedido, dada a constatação de ter sido desconsiderada a pessoa jurídica e incluída no pólo passivo da execução trabalhista os sócios, tudo a fazer concluir pela ausência de conflito com o Juízo da recuperação judicial. Precedentes da Segunda Seção nesse sentido, tratando do mesmo caso. 2 - Embargos de declaração conhecidos como agravo regimental. 3 - Provimento negado.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

101.552 - AL

HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO

23/9/2009 v.u.

LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES CONTRA O DEVEDOR - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO - PRINCIPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - CONFLITO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - A competência para processar e julgar as ações e execuções suspensas por força do art. 6º, caput, da Lei 11.101⁄05 é do juízo da recuperação judicial, ainda que iniciadas antes do deferimento daquele pedido, ressalvadas as hipóteses legais, que não se verificam no caso concreto. 2 - O princípio da preservação da empresa, insculpido no art 47 da Lei de Recuperação e Falências, preconiza que "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de

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crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir amanutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". Motivo pelo qual, sempre que possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial em processos individuais. 3 - O destino do patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação. 4. A questão jurídica aventada no Agravo Regimental assemelha-se ao mérito do Conflito de Competência, razão porque o julgamento deste, implica na prejudicialidade daquele. 5. Precedentes: CC 90.075⁄SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 04.08.08; CC 88661⁄SP, Rel. Min, Fernando Gonçalves, DJ 03.06.08. (STJ - CC 79170 ⁄ SP - Rel. Ministro CASTRO MEIRA - DJe 19⁄09⁄2008). 6. Conflito de Competência conhecido e parcialmente provido. Agravo Regimental Prejudicado.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.437 - SP

FERNANDO GONÇALVES

23/9/2009 v.u. LINO PIZZO - ESPÓLIO

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA. CONSTRIÇÃO. BENS DOS SÓCIOS. 1. Não caracteriza conflito positivo de competência a constrição de bens dos sócios da falida em sede de execução trabalhista, porquanto não há dois juízes - o da falência e o trabalhista - decidindo acerca do destino de um mesmo patrimônio. Precedentes. 2. Conflito de competência não conhecido.

EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.495 - RJ

MASSAMI UYEDA

23/9/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - CARÁTER INFRINGENTE - RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL - FUNGIBILIDADE RECURSAL - POSSIBILIDADE - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃOINTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELO E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL PARA NEGAR PROVIMENTO A ESTE.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

105.830 - RJ

MASSAMI UYEDA

23/9/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal destaRelatoria - RECURSO IMPROVIDO.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

106.463 - SP

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

23/9/2009 v.u.

REIPLAS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MATERIAL ELÉTRICO LTDA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. EXTENSÃO DOS EFEITOS ERGA OMNES. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de extensão dos efeitos da liminar a todos os juízos trabalhistas onde tramitam ações, reclamações ou execuções contra a empresa, seja porque tem o intuito de incluir pessoas que não são parte na recuperação judicial, seja porque as importâncias constritas não correm risco de

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levantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. II. Agravo improvido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

106.768 - RJ

LUIS FELIPE SALOMÃO

23/9/2009 v.u.

SATA SERVICOS AUXILIARES DE TRANSPORTE AEREO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO FEDERAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. "A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas." (CC 98.264⁄SP, Rel. Ministro Massami Uyeda). 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro⁄RJ.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

107.213 - SP

NANCY ANDRIGHI

23/9/2009 v.u.

INDÚSTRIA DE DOCES MIRASSOL LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO DE CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. POSSIBILIDADE. - Nos termos do art. 6º, § 7º, da Lei nº 11.101⁄05, as execuções de natureza fiscal não serão suspensas pelo deferimento da recuperação judicial. Assim, tendo as contribuições previdenciárias inegável natureza fiscal, sua execução não é alcançada pela vis attractiva da recuperação judicial. - O fato da execução fiscal se processar frente à Justiça do Trabalho não altera a natureza jurídica da contribuição previdenciária. Trata-se apenas de competência material extraordinária, conferida à Justiça Laboral pelo art. 114, VIII, da CF, para executar às contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que ela própria proferir. Conflito não conhecido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

93.336 - RJ

MASSAMI UYEDA

23/9/2009 v.u. VRG LINHAS AÉREAS S⁄A E OUTROS

AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IN CASU, COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO - AGRAVO IMPROVIDO.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

101.700 - SP

MASSAMI UYEDA

14/10/2009 v.u.

INDÚSTRIA DE DOCES MIRASSOL LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - INEXISTÊNCIA - HIPÓTESES DO ART. 115 DO CPC NÃO CARACTERIZADAS - RECURSO IMPROVIDO. 1 - A configuração de conflito de competência pressupõe que duas ou mais autoridades judiciárias, de esferas diversas, declarem-secompetentes ou incompetentes para apreciar e julgar determinado feito (art. 115 do CPC), ou para praticar atos processuais na mesma causa, o que não se verifica no caso dos autos. 2 - A alegação genérica de que todas as instâncias da Justiça do Trabalho têm decidido desfavoravelmente contra a suscitante, adespeito do processamento da recuperação judicial, não se mostra suficiente para a configuração de conflito entre os Juízos suscitados. 3 - Agravo regimental improvido.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.025 - SP

FERNANDO GONÇALVES

14/10/2009 v.u.

ACCENTUM MANUTENCAO E SERVICOS LTDA

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÕES TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. AÇÕES DE CONHECIMENTO PROPOSTAS PERANTE A JUSTIÇA DO TRABALHO. PROSSEGUIMENTO ATÉ A APURAÇÃO DO CRÉDITO. 1. Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista. 2. "Com a edição da Lei n. 11.101⁄05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação

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judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor" (CC 90.160⁄RJ, DJ de 05.06.2009). 3. As ações de conhecimento em trâmite na Justiça do Trabalho devem prosseguir até a apuração dos respectivos créditos. Em seguida, serão processadas no juízo universal da recuperação judicial as respectivas habilitações. 4. Conflito de competência conhecido para declarar - com as devidas ressalvas concernentes às ações de conhecimento trabalhistas - a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo - SP.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

105.648 - MT

MASSAMI UYEDA

14/10/2009 v.u.

GARZELLA & GARZELLA LTDA - EMPRESA DE PEQUENO PORTE E OUTROS

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL HOMOLOGADO - EXECUÇÃO TRABALHISTA EM TRÂMITE - INTERPRETAÇÃO DO ART. 6º, §§ 4º E 5º, DA LEI 11.101⁄2005 - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES POR 180 DIAS - INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DE EXECUÇÕES INDIVIDUAIS - PRECEDENTE - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperaçãojudicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperaçãojudicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas; II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. Juízo em que se processa o plano derecuperação judicial.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

105.666 - RJ

VASCO DELLA GIUSTINA

14/10/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXECUÇÃO TRABALHISTAREDIRECIONADA. EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. PEDIDO LIMINAR INDEFERIDO. 1. Tendo sido redirecionada a execução trabalhista, de modo a atingir o patrimônio de empresa integrante do mesmo grupo econômico, restando, desta forma, livres de constrição os bens da empresa em recuperação judicial, não há que se falar em conflito de competência. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

105.709 - RJ

MASSAMI UYEDA

14/10/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDASEÇÃO DESTA A. CORTE - TAL ORIENTAÇÃO SE ESTENDE TAMBÉM PARA AS HIPÓTESES DE FALÊNCIA, UMA VEZ QUE ÉVIÁVEL A EXECUÇÃO CONTRA EVENTUAIS DEVEDORES SOLIDÁRIOS NÃO FALIDOS FORA DO JUÍZO UNIVERSAL DAFALÊNCIA - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal desta Relatoria -RECURSO IMPROVIDO.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

93.778 - RJ

MASSAMI UYEDA

14/10/2009 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA - RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - SUCESSÃO DOS ÔNUS E OBRIGAÇÕES NA ALIENAÇÃO DE UNIDADES PRODUTIVAS - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IN CASU, COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO - AGRAVO

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IMPROVIDO.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

94.780 - GO

MASSAMI UYEDA

14/10/2009 v.u.

FRINORTE FRIGORÍFICO NORTE LTDA - MASSA FALIDA

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO DE CRÉDITO TRABALHISTA - DECRETAÇÃO DAFALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA - PERMANÊNCIA DESTA NO PÓLO PASSIVO DA EXECUÇÃO - FORMAÇÃO DO CONCURSO UNIVERSAL DE CREDORES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA FALÊNCIA - AGRAVO IMPROVIDO.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.507 - RJ

HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO

28/10/2009 v.u.

COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

AGRAVO REGIMENTAL. CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. SUSCITANTE. ILEGITIMIDADE. 1. A matéria questionada em sede de agravo regimental, envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”. 2. Agravo Regimental improvido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

105.345 - DF

FERNANDO GONÇALVES

28/10/2009 v.u.

VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ADJUDICAÇÃO ANTERIOR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.EXECUÇÃO. SUSPENSÃO. PRAZO. PLANO DE RECUPERAÇÃO NÃO APROVADO. 1. Na hipótese dos bens terem sido adjudicados em data anterior ao deferimento do processamento da recuperação judicial, a Justiça do Trabalho deve prosseguir no julgamento dos demais atos referentes à adjudicação. 2. Ultrapassado o prazo de 180 dias previsto no artigo 6º, §4º, da Lei nº 11.101⁄2005, deve ser restabelecido o direito dos credores de continuar suas execuções contra o devedor, se não houver plano de recuperação judicial aprovado. 3. Agravos regimentais providos para não conhecer do conflito de competência.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

55.644 - ES

LUIS FELIPE SALOMÃO

28/10/2009 v.u.

GEMAS COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA - MASSA FALIDA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DESCABIMENTO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DE PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. O incidente de uniformização de jurisprudência deve ser suscitado quando do oferecimento das razões do recurso, sendo inviável em sede de agravo regimental. Ademais, "a suscitação do incidente de uniformização de jurisprudência em nosso sistema constitui faculdade, não vinculando o juiz, sem embargo do estímulo e do prestígio que se deve dar a esse louvável e belo instituto." (REsp 3.835⁄PR, Quarta Turma, Rel. Min. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ de 29⁄10⁄1990.) 2. Se a execução trabalhista promovida contra

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sociedade falida foi redirecionada para atingir bens dos sócios, não há conflito de competência entre a Justiça especializada e o juízo falimentar, não se justificando o envio dos autos ao Juízo universal, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. 3. Agravo regimental improvido com aplicação de multa.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

103.478 - RJ

LUIS FELIPE SALOMÃO

11/11/2009 v.u.

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇADO TRABALHO. RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEFERIMENTO DARECUPERAÇÃO JUDICIAL DE UMA DAS EMPRESAS, COM O SOBRESTAMENTO DA EXECUÇÃO EM RELAÇÃO A ELA.PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA AS DEMAIS EMPRESAS NO JUÍZO TRABALHISTA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DECISÕES CONFLITANTES. ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA SEGUNDA SEÇÃO DESTA CORTE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. PREQUESTIONAMENTO. DESCABIMENTO. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 557, § 2º, DO CPC. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

107.395 - PB

FERNANDO GONÇALVES

11/11/2009 v.u. BRA TRANSPORTES AÉREOS LTDA

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO CONTRA A RECUPERANDA. QUANTIA ILÍQUIDA. PROSSEGUIMENTO. JUÍZO COMPETENTE. 1 - O juízo da recuperação judicial não é competente para a ação ordinária em que se postula quantia ilíquida contra a empresa recuperanda. 2 - Só há falar em juízo universal na recuperação para os créditos, líquidos e certos (leia-se classe de credores), devidamente habilitados no plano recuperatório e por ela abrangidos. 3 - Na recuperação não há quebra e extinção da empresa, pois continua ela existindo e executando todas as suas atividades, não fazendo sentido canalizar toda e qualquer ação da recuperanda ou contra ela para o juízo da recuperação. 4 - Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 4ª de Campina Grande SJ⁄PB, suscitante.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

108.141 - SP

FERNANDO GONÇALVES

10/2/2010 v.u.

PANTANAL LINHAS AÉREAS S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. DEMANDAS TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Deferida a recuperação judicial de empresa, com homologação do plano de pagamentos, onde incluídos os créditos de natureza trabalhista, incide a universalidade, apta a impedir o prosseguimento de execuções individuais nos juízos do trabalho, sob pena de frustração do procedimento, destinado, em última ratio, à própria preservação da empresa, consoante a dicção do art. 47 da Lei nº 11.101/2005. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo - SP.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA

108.457 - SP

HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO

10/2/2010 v.u.

FRIGOESTRELA S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO TRABALHISTA - EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - JUÍZO UNIVERSAL - PRINCIPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS CONTRA A EMPRESA RECUPERANDA - INTERPRETAÇÃO DO ART. 3º e 6ª DA LEI 11.101/05 - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO - CONFLITO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - O princípio da preservação da empresa, insculpido no art 47 da Lei de Recuperação e Falências, preconiza que "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". Motivo pelo qual, sempre que possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial

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em processos individuais. 2 - É reiterada a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que "após a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa ou da decretação da quebra, as ações e execuções trabalhistas em curso, terão seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista" (STJ. CC 100922/SP - Rel. Ministro SIDNEI BENETI - 2ª Seção - 26/09/2009). 3 - Conflito de Competência conhecido e parcialmente provido para declarar a competência do Juízo da recuperação judicial para prosseguir nas execuções direcionadas contra a empresa recuperanda.

EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

95.639 - GO

JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

10/2/2010 v.u.

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. PROCESSO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. LEI N. 11.101/05. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DO STJ. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Admitem-se como agravo regimental embargos de declaração opostos a decisão monocrática proferida pelo relator, em nome dos princípios da economia processual e da fungibilidade. 2. Com a edição da Lei n. 11.101/05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 3. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 4. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

109.196 - SP

SIDNEI BENETI

10/3/2010 v.u.

RURAL LEASING S⁄A - ARRENDAMENTO MERCANTIL

AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA - JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR - LIMINAR INDEFERIDA - INEXISTÊNCIA DA VIS ATTRACTIVA - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO. I. A decretação da falência da empresa sucedida, em nada pode alterar os efeitos da decisão que reconhece a responsabilidade direta da sucessora pelos débitos trabalhistas em fase de execução. II. Assim sendo, o caso presente nos autos não se amoldaria aos julgados da 2ª Seção desta Corte que reconhecem ser o Juízo Universal competente para julgar as causas em que estejam envolvidos interesses e bens da empresa falida, a justificar o deslocamento da competência. III. O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. Agravo Regimental improvido.

AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

107.928 - SP

LUIS FELIPE SALOMÃO

24/3/2010 v.u.

SAÚDE ABC SERVIÇOS MÉDICO HOSPITALARES LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. 1. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de desbloqueio, pois as importâncias constritas não correm risco delevantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. 2. Agravo regimental improvido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

110.287 - SP

JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

24/3/2010 v.u.

ALLPAC LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 6º, § 4º, DA LEI N. 11.101/05. RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. DECISÃO

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AGRAVADA MANTIDA. 1. Com a edição da Lei n. 11.101, de 2005, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 2. Se, de um lado, há de se respeitar a exclusiva competência da Justiça laboral para solucionar questões atinentes à relação do trabalho (art. 114 da CF); por outro, não se pode perder de vista que, após a apuração do montante devido ao reclamante, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, ex vi dos princípios e normas legais que regem o plano de reorganização da empresa recuperanda. 3. A Segunda Seção do STJ tem entendimento jurisprudencial firmado no sentido de que, no estágio de recuperação judicial, não é razoável a retomada das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05. 4. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 5. Agravo regimental desprovido.

AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA

109.256 - SP

NANCY ANDRIGHI

14/4/2010 v.u.

PIRES SERVIÇOS DE SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. CONSTRIÇÃO. BENS DOS SÓCIOS. CONFLITO POSITIVO. INEXISTÊNCIA. - Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. - Considerando que os recursos a serem utilizados para satisfação do crédito trabalhista não desfalcarão o patrimônio da massa falida, não há de se falar em burla à ordem de pagamento dos credores na falência. Agravo a que se nega provimento.