relatÓrio final de pesquisa do projeto pensando o direito ... · 1 secretaria de assuntos...
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SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS DO M INISTÉRIO DA JUSTIÇA
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DO PROJETO PENSANDO O DIREITO:
AVALIAÇÃO DA NOVA LEI DE FALÊNCIAS (LEI 11.101/2005)
Maio de 2010.
2
Sumário
Sumário ................................................................................................................... 2
Capítulo I. Principais mudanças verificadas e suas contribuições para o
aperfeiçoamento do sistema.............................................................................................. 8
Edital de Pesquisa ............................................................................................... 8
Questionamento feito pelo edital .................................................................... 8
Projeto apresentado ......................................................................................... 8
A. Delimitação do tema................................................................................... 9
B. Problema pesquisado ................................................................................ 11
Problema geral .............................................................................................. 11
Problemas específicos ................................................................................... 12
C. Análise de percepção acerca dos impactos da Lei 11.101/05................... 12
Delimitação da amostra da pesquisa de percepção ....................................... 12
Método da coleta de dados............................................................................ 13
Análise estatística dos dados coletados......................................................... 13
Escalas de valoração das respostas ............................................................... 16
Média de percepção dos entrevistados sobre cada uma das perguntas ......... 16
Teste de magnitude de melhora..................................................................... 17
Resumo dos resultados por questão .............................................................. 19
Análise estatística das questões numéricas ................................................... 20
Resultado do teste para a questão 5 .............................................................. 21
Resultado do teste para a questão 6 .............................................................. 21
Resultado do teste para a questão 13 ............................................................ 22
3
Resultado do teste para a questão 15 ............................................................ 22
Síntese da análise das questões 5, 6, 13 e 15 ................................................ 23
Análise de heterogeneidade das respostas por características dos
respondentes ........................................................................................................... 23
D. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o volume de processos concursais ...... 27
Delimitação da amostra pesquisada .............................................................. 28
Análise estatística dos dados......................................................................... 28
Análise estatística do volume de falências requeridas e decretadas ............. 29
Análise estatística do volume de concordatas/recuperações judiciais
requeridas e concedidas .......................................................................................... 33
Análise estatística dos impactos da Lei 11.101/05 sobre a eficiência dos
procedimentos concursais........................................................................................... 35
Delimitação da amostra pesquisada .............................................................. 35
Coleta de dados ............................................................................................. 36
Método de análise da duração do processo................................................... 37
Análise dos dados obtidos no Estado de São Paulo ...................................... 37
Análise dos dados obtidos no Estado de Santa Catarina............................... 39
Análise dos dados obtidos no Estado de Pernambuco .................................. 40
Resumo dos Resultados ................................................................................ 42
E. Características específicas da recuperação judicial .................................. 44
Delimitação da amostra pesquisada .............................................................. 44
Descrição dos dados coletados...................................................................... 44
Análise do procedimento de recuperação judicial ........................................ 45
Análise do perfil das empresas em recuperação ........................................... 48
Síntese conclusiva ......................................................................................... 51
F. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o crédito............................................... 52
4
Marco teórico ................................................................................................ 52
Análise da correlação entre taxa de juros x Lei 11.101/05 ........................... 55
G. Conclusão ................................................................................................. 59
Conclusão Geral ............................................................................................ 59
Conclusões específicas.................................................................................. 59
Capítulo II. Impacto do art. 49, § 5º, da Lei 11.101/2005, no sistema de
recuperação de empresas ................................................................................................ 64
Edital de Pesquisa ............................................................................................. 64
Questionamento feito pelo edital .................................................................. 64
Projeto apresentado ....................................................................................... 64
Delimitação do tema ......................................................................................... 64
Problema pesquisado......................................................................................... 65
Problema Geral de Pesquisa.......................................................................... 65
Problemas Específicos .................................................................................. 65
Delimitação da amostra pesquisada .................................................................. 66
Resultado da coleta de dados ............................................................................ 67
Descrição dos resultados ............................................................................... 67
Análise descritiva dos dados coletados............................................................. 73
Dispersão geográfica dos acórdãos (por Região).......................................... 73
Dispersão por Estados ................................................................................... 74
Dispersão na Região Sudeste ........................................................................ 75
Dispersão nas demais Regiões ...................................................................... 76
Dispersão por Comarca de origem................................................................ 76
Grau de dispersão dos julgados por Câmaras julgadoras.............................. 77
Distribuição dos acórdãos por Relator .......................................................... 78
Quórum de deliberação ................................................................................. 79
5
Distribuição cronológica dos acórdãos lavrados........................................... 80
Análise dos acórdãos por partes recorrentes e recorridas ............................. 81
Análise dos acórdãos por recuperação judicial ............................................. 82
Espécie recursal............................................................................................. 82
Espécie de financiamento.............................................................................. 82
Valor dos contratos ....................................................................................... 84
Análise da argumentação empregada nos acórdãos .......................................... 85
Orientação da decisão recorrida .................................................................... 85
Orientação da decisão do Tribunal................................................................ 87
Análise das decisões que liberaram a trava bancária .................................... 88
Análise das decisões que mantém ou impõem a trava bancária.................... 91
Análise da pesquisa de percepção................................................................. 93
Conclusão.......................................................................................................... 95
Conclusão geral............................................................................................. 96
Conclusões específicas.................................................................................. 96
Item 2.2.3 – Anexo I – Tabela de Acórdãos ..................................................... 99
Item 2.2.3 – Anexo II – Comarca de Origem.................................................. 105
Item 2.2.3 – Anexo III – Instituições financeiras envolvidas ......................... 106
Item 2.2.3 – Anexo IV – Empresas cujas recuperações originaram acórdãos 107
Item 2.2.3 – Anexo V – Precedentes mais citados.......................................... 108
Item 2.2.3 – Anexo VI - Autores mais citados................................................ 109
Capítulo III. A obrigatoriedade da apresentação de CND para concessão da
recuperação judicial 112
Questionamento feito pelo Edital.................................................................... 112
Projeto apresentado ......................................................................................... 112
Delimitação do tema ....................................................................................... 112
6
Problema pesquisado....................................................................................... 117
Problemas Gerais de Pesquisa..................................................................... 117
Problemas Específicos de Pesquisa............................................................. 117
Delimitação da amostra pesquisada ................................................................ 117
Resultado da coleta de dados .......................................................................... 118
Análise descritiva dos dados coletados........................................................... 122
Análise da argumentação empregada nos acórdãos ........................................ 126
Item 2.2.5 – Anexo I – Tabelas de Acórdãos.................................................. 129
Item 2.2.5 – Anexo I – Tabela quanto à orientação dos julgados ................... 130
Capítulo IV. Limites impostos pelo artigo 2.º da Lei....................................... 132
Questionamento feito pelo Edital.................................................................... 132
Projeto apresentado ......................................................................................... 132
Delimitação do tema ....................................................................................... 132
Empresa pública e Sociedades de economia mista ..................................... 133
Instituição financeira pública ou privada e cooperativa de crédito............. 134
Consórcio .................................................................................................... 136
Entidades de previdência complementar..................................................... 136
Sociedades operadoras de planos de assistência à saúde ............................ 137
Sociedades seguradoras e de capitalização ................................................. 138
Empresas de transporte aéreo...................................................................... 139
Opinião do grupo ........................................................................................ 140
Item 2.2.6 – Anexo I – Minuta de anteprojeto de lei complementar .............. 141
Capítulo V. Como os tribunais superiores vêm decidindo em relação às
constrições realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à
suspensão das execuções? ............................................................................................ 177
Edital de Pesquisa ........................................................................................... 177
7
Questionamento feito pelo edital ................................................................ 177
Projeto apresentado ..................................................................................... 177
Marco teórico para análise do tema ................................................................ 177
Problema pesquisado....................................................................................... 182
Problema Geral de Pesquisa........................................................................ 182
Problemas Específicos ................................................................................ 182
Delimitação da amostra pesquisada ................................................................ 182
Análise dos acórdãos coletados....................................................................... 183
Comprovação do conflito positivo.............................................................. 183
A suspensão só atinge as ações trabalhistas cujos créditos já tenham sido
apurados................................................................................................................ 184
Legitimidade para suscitar conflito de competência................................... 198
Cautelar Necessidade de Fumus boni iuris ................................................. 199
Item 2.2.4 - Anexo I - Tabela de Acórdãos..................................................... 199
8
Capítulo I. PRINCIPAIS MUDANÇAS VERIFICADAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O
APERFEIÇOAMENTO DO SISTEMA
Edital de Pesquisa
Questionamento feito pelo edital
No item 2.2.1 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos
questionou:
“No tocante ao procedimento, quais foram as principais mudanças verificadas e
quais delas mais contribuíram para o aperfeiçoamento do sistema?”
Projeto apresentado
Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:
- “A análise e valoração das contribuições procedimentais da Lei 11.101/05 para o
aperfeiçoamento do sistema pressupõem que sejam estabelecidos critérios de
comparação e análise. O primeiro deles consiste em subdividir os procedimentos
concursais em procedimento de recuperação de empresas e procedimento falimentar. No
procedimento de recuperação de empresas, será realizada uma comparação entre a
concordata preventiva e o atual procedimento de recuperação judicial de empresas. No
procedimento falimentar, será realizada uma comparação entre o processo falimentar
disciplinado pelo Decreto-lei 7.661/45 e o processo falimentar disciplinado pela Lei
11.101/05.
Os critérios de comparação consistem em:
a) tempo médio de duração dos processos, em conformidade com a diretriz
obrigatória 2.1.1, acima. Tendo em vista que a Lei 11.101/05 é muito
recente e que não há ainda um grande volume de processos extintos
para realizar-se comparação do tempo total de duração dos
procedimentos, o presente critério levará em conta momentos
relevantes do procedimento que já possam ter ocorrido na vigência da
atual Lei, observados os limites orçamentários do presente projeto.
9
b) a comparação entre casos de grandeza semelhante, ou seja, a escolha de
um conjunto de casos que envolvam pequenas, médias e grandes
empresas, dentro de limites possíveis, em conformidade com os dados
concretos a serem levantados nos cartórios judiciais, dentro dos limites
orçamentários do presente projeto.
O método para realizar-se a comparação será o seguinte:
a) levantamento, sistematização e análise de decisões judiciais.
b) levantamento da percepção de aplicadores do direito mediante
questionário a ser apresentado a escrivães, juízes e advogados,
observados os limites orçamentários do presente projeto.
c) cotejo dos resultados obtidos nos itens a e b, acima. Com isso, serão
medidos objetivamente e subjetivamente dois objetivos gerais do
projeto: celeridade e segurança jurídica.”
A. Delimitação do tema
Em razão da amplitude do tema questionado no item 2.2.1, que perguntou “quais
foram as principais mudanças verificadas” e “quais delas mais contribuíram para o
aperfeiçoamento do sistema”, buscou-se delimitar o tema mediante a formulação de
questionário que indagasse aos operadores do direito a sua percepção acerca das
modificações e dos impactos da Lei 11.101/05, a partir de três eixos distintos. O
primeiro eixo foi relacionado a aspectos da legislação que fossem pertinentes ao direito
concursal como um todo, referentes tanto à falência como à recuperação de empresas. O
segundo eixo relacionou-se apenas ao processo de falência. E o terceiro eixo cuidou
apenas de temas relacionados à recuperação de empresas.
Com isso, pretendeu-se, em primeiro lugar, verificar quais foram as principais
modificações verificadas, e, em segundo lugar, verificar quais as possíveis correlações
ou eventualmente até causalidades entre estas principais modificações e o
aperfeiçoamento do sistema.
Os questionamentos foram formulados de modo a dar conta dos principais atos ou
etapas dos procedimentos concursais, com o propósito de analisar se foram ou não
10
positivas as modificações legislativas ocorridas nestes atos ou etapas dos
procedimentos. Além disso, buscou-se verificar também qual a percepção dos
operadores do direito acerca do grau de satisfação dos credores nos distintos processos
concursais.
Para tanto, foi organizado questionário para obter as seguintes informações:
1 – informações relativas à qualificação dos respondentes (nome; e-mail; principal
atividade profissional; idade; tempo em que exerce o cargo ou função descrito como
principal atividade; tempo de atuação na área de direito falimentar; Estado e Cidade em
que trabalha)
2 – informações relativas ao processo falimentar:
a) Se as modificações do processo falimentar contribuíram para torná-lo mais
célere ou menos célere;
b) Se as modificações no procedimento de arrecadação de ativos foram positivas
ou não;
c) Se as modificações no procedimento de liquidação de ativos foram positivas ou
não;
d) Se as modificações no procedimento de verificação de créditos foram positivas
ou não;
e) Qual o percentual esperado de satisfação dos credores inscritos no Quadro
Geral de Credores na falência;
f) Qual o percentual esperado de satisfação dos credores trabalhistas na falência;
g) Se o limite de 40 salários mínimos para legitimar o pedido de falência é
adequado ou não;
h) Se o tratamento dispensado às micro e pequenas empresas é positivo ou não;
3 – Informações relativas à recuperação de empresas:
a) Se a divisão dos credores em classes, para fins de recuperação, é relevante ou
não;
11
b) Se a ausência de sucessão no passivo trabalhista, tributário e civil nos casos de
alienação de empresa ou de unidades produtivas isoladas é positivo ou não;
c) Se a não sujeição à recuperação de empresas dos créditos alienados
fiduciariamente é positivo ou não;
d) Se o procedimento de recuperação judicial de empresas é célere ou não;
e) Qual o percentual de satisfação de credores esperado na recuperação judicial;
4 – Questões gerais aos procedimentos concursais:
a) Se a remuneração do administrador judicial é adequada ou não;
b) Se a nova Lei possibilita a preservação dos postos de trabalho;
c) Se o tratamento dispensado às micro e pequenas empresas quanto à recuperação
de empresas é positivo ou não;
d) Se a nova legislação incentiva credores e devedores a renegociar dívidas, de
modo a reduzir custos;
e) Se a nova Lei possibilita uma atuação adequada ou não no Ministério Público;
f) Se os mecanismos de apuração de fraudes ou crimes são eficientes ou não;
g) Se a utilização do instituto da recuperação extrajudicial tem sido positiva ou
não.
Além destas questões, deixou-se espaço para que os entrevistados registrassem
outras impressões, críticas e sugestões acerca da nova Lei. Este espaço deixado para
livre manifestação dos entrevistados teve como propósito auxiliar a compreender as
respostas apresentadas aos questionamentos objetivos, mas também possibilitar que
temas eventualmente não abrangidos pelos questionamentos pudessem surgir, de modo
a qualificar a pesquisa.
B. Problema pesquisado
Problema geral
- No tocante ao procedimento, quais foram as principais mudanças verificadas e
quais delas mais contribuíram para o aperfeiçoamento do sistema?
12
Problemas específicos
- Quais as principais modificações no sistema de direito falimentar?
- Quais as principais mudanças no processo de falência?
- Quais as principais mudanças nos processos de recuperação de empresas?
- Quais foram os aperfeiçoamentos do sistema?
- Quais as correlações e causalidades existentes entre as modificações no sistema
e o seu aperfeiçoamento?
C. Análise de percepção acerca dos impactos da Lei 11.101/05
Delimitação da amostra da pesquisa de percepção
Para a coleta de dados foi aplicado o questionário para 423 pessoas que atuam
como operadores do direito na aplicação da Lei de Falências e exercem as seguintes
profissões: magistrados especializados, advogados, promotores de justiça
especializados, professores, administradores judiciais de empresas e serventuários da
justiça.
A escolha dos magistrados obedeceu ao seguinte critério: integrar o conjunto dos
magistrados que atuam em Varas de primeiro grau ou Câmaras de segundo grau
especializadas na matéria nas comarcas do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A
escolha dos advogados foi realizada mediante procura na internet por indicação nos sites
de escritórios de advocacia dos sócios ou associados responsáveis pela área de falência.
Buscou-se também em associações de especialistas em falência e recuperação de
empresas. Os professores foram escolhidos mediante procura nos sites de instituições de
ensino do país que pudessem fornecer dados de para envio do questionário. Os
promotores foram escolhidos pela atuação como curadores de varas especializadas
pesquisadas; bem como também o foram os administradores judiciais e o serventuários
da justiça.
Solicitou-se aos que responderam o questionário que indicassem outros possíveis
respondentes para ser aplicado o questionário.
13
Método da coleta de dados
Os questionários foram aplicados mediante a entrega de formulário em papel ou
via internet. Via internet, inicialmente criou-se uma página com a ferramenta de
pesquisa LimeSurvey, que é o software livre, para armazenar o questionário. Entretanto,
ante dificuldade técnica em manejar o LimeSurvey, foram enviados questionários
diretamente via e-mail, como anexo, e, posteriormente, pôde-se formalizar o
questionário via ferramenta disponibilizada pelo Google Docs1.
Análise estatística dos dados coletados
Dos 423 questionários enviados, foram respondidos 49, assim distribuídos quanto
à principal atividade profissional dos entrevistados: 7 juízes, 16 advogados, 12
professores, 6 promotores, 5 administradores judiciais e 3 serventuários da justiça.
O questionário foi elaborado contemplando vinte questões objetivas referentes à
percepção dos entrevistados em relação às mudanças relativas à nova Lei. As respostam
qualitativas variam de -2 a 2 onde 2 seria o melhor resultado, -2 o pior resultado e o
zero representaria a neutralidade, isto é, a mudança não trouxe qualquer mudança nem
para pior nem para melhor. Já as questões que representam valores (ex: de 0% a 20%,...,
de 80% a 100%) têm respostas que variam de 0 (o menor valor) a 4 (o maior valor). De
forma resumida, dentre as perguntas feitas, temos:2
1. De acordo com sua percepção, as modificações no processo falimentar o
tornaram: 2 – muito mais célere; -2 – muito mais lento;
2. De acordo com sua percepção, as modificações no procedimento de
arrecadação de ativos são: 2 – altamente positiva; -2 – altamente negativa;
3. De acordo com sua percepção, as modificações no procedimento de
liquidacão dos ativos do falido são: 2 – altamente positiva; -2 – altamente
negativa;
1 O endereço onde está armazenado o questionário para respostas é: https://spreadsheets.google.com/viewform?hl=pt_BR&formkey=dEFlX2d6MWRVUDlaVXN0WjdmRXhpT2c6MA 2 Ver Apêndice A para mais detalhes.
14
4. De acordo com sua percepção as modificações no procedimento e
verificação de créditos são: 2 – altamente positiva; -2 – altamente
negativa;
5. De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos
créditos inscritos no quadro geral de credores (em geral, incluindo os com
e sem garantia) no processo falimentar é: 4 – Entre 80% e 100%, 0 – Entre
0% e 20%;
6. De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos
créditos trabalhistas no processo falimentar é: 4 – Entre 80% e 100%, 0 –
Entre 0% e 20%;
7. De acordo com a sua opinião, o limite mínimo de 40 (quarenta) salários
mínimos para justificar o pedido de falência é: 2 – Altamente adequado, -2
– Altamente inadequado
8. De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova
legislação falimentar para as micro, pequenas e médias empresas é: 2 –
altamente positivo -2 – altamente negativo;
9. De acordo com sua opinião, a divisão dos credores em classes, para fins de
recuperação de empresas, é: 2 – Altamente relevante, -2 – Altamente
irrelevante;
10. De acordo com sua percepção, a não aplicação da regra de sucessão de
obrigações civis, tributárias e trabalhistas no caso de o plano de
recuperação prever a alienação de unidades produtivas isoladas, é: 2 –
altamente positiva; -2 – altamente negativa;
11. De acordo com sua percepção, o fato de os créditos alienados
fiduciariamente não se submeterem à recuperação de empresas é: 2 –
altamente positiva; -2 – altamente negativa;
12. De acordo com sua opinião, o procedimento de recuperação judicial de
empresas previsto na lei é: 2 – Muito célere, -2 – Muito lento;
15
13. De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos
credores no procedimento de recuperação judicial de empresas é: 4 – Entre
80% e 100%, 0 – Entre 0% e 20%;
14. Na sua opinião, a remuneração do administrador na falência e na
recuperação de empresas é: 2 – Altamente adequado, -2 – Altamente
inadequado;
15. De acordo com sua opinião, a nova legislação tem possibilitado a
preservação dos postos de trabalho de empresas em crise: 4 – Entre 80% e
100%, 0 – Entre 0% e 20%;
16. De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova
legislação para a recuperação judicial de micro, pequenas e médias
empresas é: 2 – altamente positivo; -2 – altamente negativo;
17. Indique sua percepção a respeito da seguinte afirmação: “A criação das
novas figuras legais da recuperação judicial e da recuperação extrajudicial
foram uma sinalização importante para incentivar as negociações de
dívidas entre credores e devedores, com conseqüente redução de custos”. 2
– Concordo plenamente, -2 – Discordo Plenamente;
18. De acordo com sua percepção, a nova Lei possibilita uma atuação do
Ministério Público: 2 – muito eficiente; -2 – muito ineficiente;
19. De acordo com sua percepção, os mecanismos de apuração de fraudes ou
crimes previstos na nova legislação são: 2 – muito eficientes; -2 – muito
ineficientes;
20. De acordo com sua percepção, a utilização da recuperação extrajudicial
tem sido: 2 – altamente positiva; -2 – altamente negativa.
Além de informações sobre a percepção, o questionário também traz informações
sobre as características dos respondentes, como: cargo, área de atuação, tempo no cargo,
tempo de atuação na área, cidade e estado em que trabalha, gênero e idade.
16
Escalas de valoração das respostas
A partir das informações contidas nos questionários, é possível formar uma base
de dados em cross-section sobre a percepção dos agentes sobre as mudanças na Lei de
Falências e inferir se para os entrevistados as mudanças foram significativas e, também,
se positivas ou não.
Média de percepção dos entrevistados sobre cada uma das perguntas
A tabela 1 apresenta a percepção média dos entrevistados sobre cada pergunta do
questionário. Todas as questões, exceto as 5, 6, 13 e 15, estão numa escala de -2 a 2, e
as restantes de 0 a 4. Para as questões com escala de -2 a 2, o zero representa o efeito
nulo e quanto maior o valor, mais bem avaliada é a mudança. Para as questões com
escala de 0 a 4, quanto maior o valor melhor o efeito da Lei.
A primeira coluna reporta a questão que está sendo avaliada, a segunda e a
terceira reportam a média e a mediana, a quarta, quinta e sexta reportam o desvio
padrão, o valor mínimo e o máximo obtido em cada resposta, respectivamente. Observe
que para todas as questões, exceto a questão 11 (Q11), os valores da média e da
mediana são positivos, indicando uma possível melhora trazida pela mudança na lei.
Tabela 1: Estatística Descritiva da Pesquisa de opinião
Variáveis Média Mediana Desvio Padrão Mínimo MáximoQ1 0.625 1 0.575 0 2
Q2 0.916 1 0.653 0 2
Q3 1.217 1 0.599 0 2
Q4 0.833 1 0.916 -1 2
Q5 1 1 0.84 0 3
Q6 2.473 3 1.073 0 4
Q7 0.72 1 1.173 -2 2
Q8 0.521 1 0.73 -1 2
Q9 1.04 1 0.454 0 2
Q10 1.567 2 0.662 0 2
Q11 -0.174 0 1.23 -2 2
Q12 0.56 1 0.96 -1 2
Q13 2.611 3 1.036 1 4Q14 0.416 1 0.928 -2 1
Q15 2.19 2 1.209 0 4
Q16 0.13 0 1.057 -2 1
Q17 1.48 2 0.822 -1 2
Q18 0.2 0 1.192 -2 2
Q19 0 0 0.953 -2 2
Q20 0.272 0 0.702 -1 2
17
Teste de magnitude de melhora
O próximo passo é avaliar se essa melhora é estatisticamente significativa, e tentar
inferir a magnitude de tal melhora para cada item do questionário. Para isso, será feito o
teste-t para médias.
Primeiramente, será analisado se a lei trouxe alguma mudança positiva em cada
um dos itens do questionário (exceto 5, 6, 13 e 15). Com isso, a hipótese a ser testada é:
H0: média ≤ 0
H1: média > 0.
Se a hipótese nula for rejeitada, temos um indício de que a mudança trazida pela
Lei na pergunta em questão teve pelo menos algum impacto positivo. A tabela 2
apresenta os resultados para todas as questões qualitativas que vão de -2 a 2 (zero é
neutralidade da mudança).
Tabela 2: Teste de neutralidade da mudança
Variáveis Teste-t p-valor Q > 0Q1 5.31 0.000 efeito positivo
Q2 6.86 0.000 efeito positivo
Q3 9.73 0.000 efeito positivo
Q4 4.45 0.000 efeito positivo
Q7 3.06 0.002 efeito positivo
Q8 3.42 0.001 efeito positivo
Q9 11.43 0.000 efeito positivo
Q10 11.33 0.000 efeito positivo
Q11 -0.67 0.745 neutro
Q12 2.91 0.004 efeito positivo
Q14 2.2 0.020 efeito positivo
Q16 0.59 0.280 neutro
Q17 8.99 0.000 efeito positivo
Q18 0.84 0.200 neutro
Q19 0 0.500 neutro
Q20 1.82 0.040 efeito positivo
Observe que, exceto para as questões 11, 16, 18 e 19, todos os demais pontos
avaliados foram percebidos como tendo mudanças positivas. Note que nenhuma foi
18
percebida na média como negativa. Para exemplificar, observe a questão 1 (Q1) do
questionário: de acordo com sua percepção, as modificações no processo falimentar o
tornaram: 2 – muito mais célere, 1 – mais célere, 0 – neutras, -1 – mais lento, -2 – muito
mais lento. Nesse caso, o teste de hipótese indica que, na média, os entrevistados acham
que a nova Lei de Falências tornou o processo mais célere. Note que esse aspecto
positivo de mudança é percebido para quase todos os itens do questionário.
Indo um pouco além, é possível testar se o impacto foi apenas positivo ou se foi
muito positivo. Para isso faremos o mesmo teste-t para médias, a única mudança é sobre
a hipótese a ser testada. A nova hipótese pode ser descrita por:
H0: média ≤ 1
H1: média > 1.
Se a hipótese nula for rejeitada, temos um indicativo de que a mudança trazida
pela Lei na pergunta em questão teve um impacto percebido como altamente positivo
(acima de 1 que é positivo). A tabela 3 apresenta os resultados para todas as questões
qualitativas que vão de -2 a 2 (zero é neutralidade da mudança).
Tabela 3: Teste de magnitude da mudança
Variáveis Teste-t p-valor Q > 1
Q1 -3.19 0.990 efeito positivoQ2 -0.62 0.730 efeito positivoQ3 1.73 0.040 efeito altamente positivo
Q4 -0.89 -0.810 efeito positivoQ7 -1.19 -0.887 efeito positivoQ8 -3.13 0.997 efeito positivoQ9 0.44 0.332 efeito positivoQ10 4.09 0.000 efeito altamente positivoQ11 -4.47 0.999 neutroQ12 -2.28 0.984 efeito positivoQ14 -3.07 0.997 efeito positivoQ16 -3.94 0.999 neutroQ17 2.91 0.003 efeito altamente positivoQ18 -3.36 0.998 neutroQ19 -5.02 0.999 neutroQ20 -4.85 0.999 efeito positivo
Note que somente as questões 3, 10 e 17 foram avaliadas como sendo altamente
positivas, as demais são apenas positivas ou neutras.
19
Resumo dos resultados por questão
Os testes indicam os seguintes resultados:
Q1: De acordo com sua percepção, as modificações no processo falimentar o
tornaram: mais célere;
Q2: De acordo com sua percepção, as modificações no procedimento de
arrecadação de ativos são: positivas;
Q3: De acordo com sua percepção, as modificacões no procedimento de
liquidação dos ativos do falido são: altamente positivas;
Q4: De acordo com sua percepção, as modificaco�es no procedimento de
verificação de créditos são: positivas;
Q7: De acordo com a sua opinião, o limite mínimo de 40 (quarenta) salários
mínimos para justificar o pedido de falência é: adequado;
Q8: De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova
legislação falimentar para as micro, pequenas e médias empresas é: positivo;
Q9: De acordo com sua opinião, a divisão dos credores em classes, para fins de
recuperacão de empresas, é: relevante;
Q10: De acordo com sua percepção, a não aplicação da regra de sucessão de
obrigações civis, tributárias e trabalhistas no caso de o plano de recuperacão prever a
alienacão de unidades produtivas isoladas, é: altamente positiva;
Q11: De acordo com sua percepção, o fato de os créditos alienados
fiduciariamente não se submeterem à recuperacão de empresas é: neutro;
Q12: De acordo com sua opinião, o procedimento de recuperação judicial de
empresas previsto na lei é: mais célere;
Q14: Na sua opinião, a remuneração do administrador na falência e na
recuperação de empresas é: adequada;
Q16: De acordo com sua opinião, o tratamento específico adotado na nova
legislação para a recuperação judicial de micro, pequenas e médias empresas é: neutro;
20
Q17: Indique sua percepção a respeito da seguinte afirmação: “A criação das
novas figuras legais da recuperação judicial e da recuperação extrajudicial foram uma
sinalização importante para incentivar as negociações de dívidas entre credores e
devedores, com conseqüente redução de custos”: concordo plenamente;
Q18: De acordo com sua percepção, a nova Lei possibilita uma atuação do
Ministério Público: neutro;
Q19: De acordo com sua percepção, os mecanismos de apuração de fraudes ou
crimes previstos na legislação são: neutro;
Q20: De acordo com sua percepção, a utilização da recuperação extrajudicial tem
sido: positiva.
Análise estatística das questões numéricas
Agora serão analisados os itens do questionário que apresentam perguntas
numéricas (questões 5, 6, 13 e 15). Para essas perguntas a escala foi de 0 a 4, onde 0
representa mudança mínima e 4 representa mudança máxima.
O procedimento agora é fazer testes de hipóteses em sequência para cada
pergunta. O teste será iniciado a partir da hipótese sobre o pior resultado (valor zero). Se
a hipótese nula for rejeitada passa-se para o valor seguinte e assim sucessivamente. Com
isso, o procedimento de mensuração da percepção proposto pode ser descrito da
seguinte forma:
Primeiro,
H0: média = 0;
H1: média > 0.
Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o segundo teste; caso contrário a
variável tem valor zero:
H0: média ≤ 1;
H1: média > 1.
Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o terceiro teste; caso contrário a
variável tem valor um:
21
H0: média ≤ 2;
H1: média > 2.
Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o quarto teste; caso contrário a
variável tem valor dois:
H0: média ≤ 3;
H1: média > 3.
Se a hipótese nula for rejeitada, passa-se para o quinto e último teste; caso
contrário a variável tem valor três:
H0: média < 4;
H1: média = 4.
Se a hipótese nula for rejeitada o valor da média é igual a quatro; caso contrário a
variável tem valor menor que 4.
Resultado do teste para a questão 5
A tabela 4 exibe o resultado dos testes para a questão número 5. Note que a
primeira hipótese, a de que o efeito é igual a zero, foi rejeitada. Logo, o efeito percebido
foi pelo menos positivo. Passando à hipótese seguinte, a de que o efeito é menor ou
igual a 1, esta não foi rejeitada. Logo, podemos concluir que:
Q5: De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos créditos
inscritos no quadro geral de credores (em geral, incluindo os com e sem garantia) no
processo falimentar é: entre 20% e 40%.
Tabela 4: Teste de magnitude da mudança para Q5
Variáveis Teste-t p-valor Resultado
Q5 > 0 5.05 0.000 maior que 0
Q5 > 1 0 0.500 não é maior que 1
Resultado do teste para a questão 6
A tabela 5 exibe o resultado dos testes para a questão número 6. Note que as três
primeiras hipóteses foram rejeitadas. Logo, o efeito percebido foi pelo menos maior que
22
2. Passando à hipótese seguinte, a de que o efeito é menor ou igual a 3, esta não foi
rejeitada. Logo, podemos concluir que:
Q6: De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos créditos
trabalhistas no processo falimentar é: entre 60% e 80%.
Tabela 5: Teste de magnitude da mudança para Q6
Variáveis Teste-t p-valor Resultado
Q6 > 0 10.04 0.000 maior que 0Q6 > 1 5.98 0.000 maior que 1Q6 > 2 1.92 0.035 maior que 2Q6 > 3 -2.13 0.970 não é maior que 3
Resultado do teste para a questão 13
A tabela 6 exibe o resultado dos testes para a questão número 13. Note que,
semelhante ao resultado obtido para a questão 6, as três primeiras hipóteses foram
rejeitadas. Logo, o efeito percebido foi pelo menos maior que 2. Passando à hipótese
seguinte, a de que o efeito é menor ou igual a 3, esta não foi rejeitada. Logo, podemos
sintetizar o resultado da seguinte forma:
Q13: De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos credores
no procedimento de recuperação judicial de empresas é: entre 60% e 80%.
Tabela 6: Teste de magnitude da mudança para Q13
Variáveis Teste-t p-valor Resultado
Q13 > 0 10.68 0.000 maior que 0Q13 > 1 6.59 0.000 maior que 1Q13 > 2 2.5 0.011 maior que 2Q13 > 3 -1.59 0.930 não é maior que 3
Resultado do teste para a questão 15
A tabela 7 exibe o resultado dos testes para a questão número 15. Note que as
duas primeiras hipóteses foram rejeitadas. Logo, o efeito foi pelo menos maior que 1.
Passando à hipótese seguinte, a de que o efeito é menor ou igual a 2, esta não foi
rejeitada. Logo, podemos sintetizar o resultado como:
23
Q15: De acordo com sua opinião, a nova legislação tem possibilitado a
preservação dos postos de trabalho de empresas em crise: entre 40% e 60%.
Tabela 7: Teste de magnitude da mudança para Q15
Variáveis Teste-t p-valor Resultado
Q15 > 0 8.3 0.000 maior que 0Q15 > 1 4.51 0.001 maior que 1Q15 > 2 0.72 0.239 não é maior que 2
Síntese da análise das questões 5, 6, 13 e 15
Em todas as quatro questões estudadas, a percepção é a de que a lei trouxe um
efeito positivo, em especial no que diz respeito a créditos trabalhistas, satisfação de
credores no processo de recuperação e preservação de postos de trabalho em períodos
de crise.
Análise de heterogeneidade das respostas por características dos respondentes
A partir de informações específicas de cada respondente, é possível mapear como
a percepção pode variar de acordo suas as características, tentando responder se existe
uma heterogeneidade em relação à opinião sobre a reforma da Lei e seus pontos
consensuais.
Dessa forma queremos estudar a seguinte função:
,...),,,,( gênerocidadeestadoidadefyi =
onde a variável dependente y representa cada item respondido do questionário.
Do ponto de vista econométrico, estamos interessados em estimar o seguinte
modelo:
∑ ++++++=i
iii Estadotempoocgeneroidadey εδββββα 4321 arg ,
em que os coeficientes β nos dizem se a característica pessoal tem influência na
opinião e δ diz se a característica geografia influi nas respostas. Devido ao fato de nossa
amostra ser reduzida, não é aconselhável estimar muitas variáveis no modelo. Assim, ao
invés de colocarmos uma dummy para cada cargo, será introduzida uma dummy para
capturar as características de ambos administrador judicial e serventuário de justiça,
24
uma para advogado e promotor, uma específica para magistrado e uma específica para
professor. Com relação ao tempo no cargo, dividimos em três grupos: menos que cinco
anos, de cinco a quinze e mais de quinze anos. Não controlaremos por características
regionais, logo a cidade do respondente não será especificada no modelo.
Dessa forma, o modelo simplificado pode ser descrito por:
i
i
anosDanosaDanosD
omAdvofessorMagistradoemidadey
εββββββββα
++++++++++=
151555
PrPrhom
444
54321
A regressão especificada acima foi conduzida para todas as perguntas do
questionário. Serão reportadas apenas as questões que apresentaram heterogeneidade
nas respostas. Portanto, segue que as omitidas não apresentam heterogeneidade na
resposta. Para checar a validade do modelo, isto é, se de fato alguma característica afeta
de forma significativa o tipo de resposta, primeiramente vamos analisar a estatística F
de cada regressão. Se o p-valor estiver abaixo de 15%, indica que pelo menos alguma
característica afeta a resposta, e então reportaremos os resultados de cada coeficiente da
regressão.3 A tabela 8 exibe os resultados da estatística F da regressão. Note que apenas
as respostas das perguntas 6, 8 e 10 apresentam algum tipo de heterogeneidade, as
demais não apresentam um padrão que seja dependente das características dos
respondentes.
3 Normalmente o p-valor da estatística F usado para corte é 1%, 5% ou 10%. Porém como temos poucas observações, apenas vinte e duas, decidimos por adotar um limite de corte maior.
25
Tabela 8: Estatística F de cada regressão
Variável Independente Estatística F prob > F
Q1 0.76 0.63Q2 1.19 0.37Q3 1.02 0.46Q4 0.31 0.93Q5 0.41 0.87Q6 4.29 0.02Q7 0.5 0.81Q8 2.03 0.12Q9 0.16 0.99Q10 3.21 0.03Q11 1.43 0.26Q12 1.07 0.42Q13 0.38 0.89Q14 1.31 0.31Q15 0.67 0.69Q16 1.51 0.24Q17 1.51 0.24Q18 1.34 0.29Q19 1.13 0.41Q20 -0.36 0.91
Agora que sabemos quais questões apresentam heterogeneidade na resposta,
vamos procurar saber a fonte dessa diferença. As tabelas AA, BB e CC apresentam os
resultados das regressões para as questões 6, 8 e 10 respectivamente.
A tabela 9 apresenta o tipo de resposta da questão 6 em função das
características dos entrevistados. Note que, a depender da idade, do cargo e do tempo na
função, a resposta pode variar, dado que os coeficientes são todos estatisticamente
significativos quando atingirem pelo menos 10%.
Variável Independente Coeficientes P-Valor
Constante 5.45 0.001idade -0.12 0.003homem 0.01 0.982Adv_Promotor 0.41 0.40Magistrado 1.57 0.021Professor 1.09 0.027D_5a15 0.88 0.094D_15 2.57 0.002
Observações 22R-quadrado 0.75
Tabela 9: Regressão em Cross-Section: Q6*
*Erros-padrão homocedásticos (confirmado pelo teste de Breusch-Pagan)
26
Dessa forma, para a afirmação “De acordo com sua opinião, o percentual esperado
de satisfação dos créditos trabalhistas no processo falimentar é: entre 0% e 20%,..., entre
80% e 100%”, profissionais mais velhos crêem que o resultado é pior que a média,
magistrados e professores crêem que o resultado é melhor que a média, e quanto mais
tempo no cargo melhor é a percepção do entrevistado em relação a essa pergunta.
A tabela 10 apresenta o tipo de resposta da questão 8 em função das
características dos entrevistados. Note que dependendo da idade, do gênero e do tempo
na função, a resposta pode variar, dado que os coeficientes são todos estatisticamente
significativos quanto atingirem pelo menos 10%.
Variável Independente Coeficientes P-Valor
Constante -1.33 0.22idade 0.06 0.09homem 0.82 0.05Adv_Promotor -0.41 0.38Magistrado -0.25 0.67Professor -0.09 0.84D_5a15 0.003 0.99D_15 -1.71 0.02
Observações 22R-quadrado 0.5*Erros-padrão homocedásticos (confirmado pelo teste de Breusch-Pagan)
Tabela 10: Regressão em Cross-Section: Q8*
Dessa forma, para a afirmação “De acordo com sua opinião, o tratamento
específico adotado na nova legislação falimentar para as micro, pequenas e médias
empresas é: altamente positivo, positivo, neutro, negativo, altamente negativo”,
profissionais mais velhos crêem que o resultado é melhor que a média, homens tendem
a avaliar de forma mais positiva a legislação falimentar para micro, pequena e médias
empresas, e quanto mais tempo no cargo pior é a percepção do entrevistado em relação
a essa pergunta.
A tabela 11 apresenta o tipo de resposta da questão 10 em função das
características dos entrevistados. Note a resposta para essa questão depende da idade e
do tempo na função, dado que os coeficientes são estatisticamente significativos quando
atingirem pelo menos 5%.
27
Variável Independente Coeficientes P-Valor
Constante 2.84 0.00idade -0.05 0.02homem 0.18 0.45Adv_Promotor 0.21 0.49Magistrado 0.35 0.36Professor -0.34 0.40D_5a15 0.95 0.00D_15 1.01 0.05
Observações 22R-quadrado 0.49
Tabela 11: Regressão em Cross-Section: Q10*
*Erros-padrão robustos à heterocedasticos (confirmado pelo teste de Breusch-Pagan)
Assim, para a afirmação “De acordo com sua percepção, a não aplicação da regra
de sucessão de obrigações civis, tributárias e trabalhistas no caso de o plano de
recuperação prever a alienação de unidades produtivas isoladas, é: altamente positivo,
positivo, neutro, negativo, altamente negativo”, profissionais mais velhos crêem que o
resultado é pior que a média e quanto mais tempo no cargo melhor é a percepção do
entrevistado em relação a essa questão.
Em resumo, a Lei foi avaliada, em geral, como positiva na grande maioria dos
aspectos, e neutra em poucos deles. Um ponto a ser observado é que na média, nenhuma
questão que foi abordada foi vista como um resultado negativo da nova Lei.
Adicionalmente, a maioria dos pontos é consensual, isto é, em sua maioria não existe
muita heterogeneidade em relação as respostas e características dos respondentes.
D. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o volume de processos concursais
Nesta seção serão discutidas as consequências da Lei 11.101/05 em: (a) número
de falências requeridas e decretadas; e (b) número de concordatas/recuperações judiciais
requeridas e concedidas.
28
Delimitação da amostra pesquisada
A amostra de dados pesquisados abrange o total nacional de pedidos de falência e
de decretações de falência e o total nacional de requerimentos de
concordata/recuperação judicial e de concessão de concordata/recuperação judicial.
Os dados utilizados têm como fonte a base de dados tornada disponível pelo
SERASA4 e abrange a totalidade de processos das espécies pesquisadas, no período de
janeiro de 1991 à outubro de 2009, contemplando assim 226 observações. Conforme
resposta que nos foi fornecida após questionamento formalizado ao SERASA, a
metodologia utilizada para a coleta de informações processuais consiste em pesquisa
diária nos Diários da Justiça e Oficiais de informações de processos de Falência,
Recuperação Judicial e extrajudicial, em formato impresso e eletrônico. Ainda conforme
indicado pelo SERASA, as informações coletadas (recorte/imagem) são inseridas em
um sistema interno, que consolida as informações em base de dados. Pelo fato de estas
informações integrarem produtos comercializados pelo SERASA, não nos foi
franqueado acesso a dados que não constam do arquivo público da empresa, contidos no
site de internet indicado.
A escolha desta base de dados para analisar o impacto da Lei 11.101/05 sobre o
volume de processos decorre do fato de que a base de dados que foi organizada
mediante a solicitação de informações aos Tribunais por ofício não alcança a
integralidade dos processos existentes em território nacional.
Análise estatística dos dados
Para mensurar o impacto da Nova Lei de Falências estimamos uma regressão
linear (equação (1)) em que a variável dependente é cada uma das variáveis acima
citadas e a principal variável independente é uma dummy (dlei) que tem valores zero
para o período antes da reforma da lei e 1 para o período após a reforma da lei, de modo
a capturar o impacto da mudança.
ttt dleiXy εγα ++Γ+=
4 http://internet/release/indicadores/falencias_concordatas.htm.
(
29
Os controles utilizados, representados na equação por Xt , são: componentes
autoregressivos (AR(p)), a variação do PIB dessazonalizado e suas defasagens, taxa de
juros (SELIC), variação da taxa de câmbio e suas defasagens e um índice de inflação
(utilizaremos o IGP-M por estarmos trabalhando com firmas)5.
Utilizamos o componente autoregressivo devido ao potencial problema de
autocorrelação serial; a variação percentual do PIB e suas defasagens para controlar os
efeitos gerados pelos ciclos econômicos. Da mesma forma, foi utilizada a variação
percentual do câmbio e suas defasagens para controlar problemas gerados pela variação
da moeda, como por exemplo o aumento dos custos de produção em alguns setores
devido à valorização cambial, ou até mesmo à queda na receita dos exportadores por
conta de uma forte desvalorização do cambio.6 O uso da taxa SELIC na regressão é
justificada a fim controlar o efeito da evolução do custo da dívida das firmas no volume
agregado de falências e concordatas. Finalmente, os índices de inflação estão sendo
considerados de forma a eliminar o efeito da variação geral de preços sobre nossa
variável de interesse.
Desta forma, a estimativa do parâmetro γ nos dá um indicativo do efeito da
reforma da Lei de Falências, considerando a influência de todos os fatores citados acima
como controles.
Análise estatística do volume de falências requeridas e decretadas
A figura 1 ilustra a evolução do número de falências decretadas (dessazonalizado)
no Brasil. Note que o patamar do número de quebras antes da vigência nova Lei de
Falências era alto e persistente, apesar de instável. Com o advento da nova Lei, uma
tendência de queda foi verificada, passando-se de uma média de 266 quebras no período
5Fonte: www.ipeadata.gov.br. 6Consideramos a variação do PIB e do câmbio uma vez que estas são variáveis não estacionárias.
30
dos 12 meses anteriores à entrada em vigor da nova Lei para uma média de 185, o que
implica em uma redução de aproximadamente 30%.
Figura 1: Número de Falências Decretadas
Passando aos dados sobre falências requeridas, a figura 2 ilustra sua evolução no
país desde janeiro de 2000 a outubro de 2009. Assim como o número de quebras, o
patamar do número de pedidos antes da implementação da nova Lei de Falências era
alto e persistente. Com a nova Lei, uma tendência de queda foi verificada, passando-se
de uma média de 1030 pedidos no período dos 12 meses anteriores à entrada em vigor
da nova Lei para uma média de 452, o que significa uma redução de aproximadamente
56%.
Figura 2: Número de Falências Requeridas
31
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Falências Decretadas
Para estimar o impacto da nova Lei de Falências sobre o número de falências
requeridas e decretadas, utilizamos a forma reduzida representada pela equação 1, em
que a variável dependente é o número dessazonalizado de falências decretadas e
requeridas no país.
A tabela 12 exibe o efeito médio da Lei sobre falências decretadas (Coluna 1) e
falências requeridas (Coluna 2).7 O resultado – significativo ao nível de 1% – indica que
a nova Lei proporcionou uma queda de aproximadamente 87 falências por mês, o que
significa uma redução média de aproximadamente 33% em relação ao período de junho
de 2004 até junho de 2005.
O resultado para falências requeridas indica uma redução de 561 pedidos de
falências no Brasil originada pela entrada em vigor da nova Lei. Estes números
representam uma redução média de 54% no número de pedidos de falências em relação
ao período de junho de 2004 a junho de 2005.
7Testes de especificação foram feitos para ambas as regressões. Os resíduos apresentaram heterocedascidade. Para a correção desse problema foi utilizada a matriz de variância-covariância de Newey-West, que é robusta à heterocedascidade e autocorrelação serial.
32
Variável Independente Coeficientes P-Valor Coeficiente P-Valor
Constante 331,82 0,005 1573,89 0,003d_Lei -87,39 0,000 -561,62 0,000
AR(1) 0,29 0,003 0,778 0,000
AR(2) 0,31 0,010 0,184 0,050
AR(3) 0,17 0,026
AR(6) 0,17 0,024
varPIB 99,72 0,190 708,76 0,027
Taxa de juros (SELIC) 0,007 0,740 0,003 0,667
Inflação (IGP-M) 1,50 0,279 7,77 0,165
Cambio 0,76 0,455 -4,38 0,168
Observações 226 226Estatistica Durbin-Watson 2.03 1,989
R-quadrado 0.86 0,93
Tabela 12: Regressão de Mínimos Quadrados: Falências Decretadas e RequeridasDecretadas Requeridas
Porém, conforme se pode observar na figura 2, houve um aumento visível no
número de requerimentos de falência no mês exato da entrada em vigor desta. Uma
explicação possível para tal fato é a de que agentes teriam reagido estrategicamente às
novas mudanças e, portanto, nos dias que antecederam o início da validade da nova Lei,
devedores anteciparam pedidos que seriam feitos em meses posteriores. Um exemplo de
incentivo à antecipação no pedido de falências é a nova exigência legal para a quebra do
devedor que não pagar obrigações que ultrapassem 40 salários-mínimos na data do
pedido. Essa novidade possivelmente estimulou muitos credores − com valores a
receber abaixo do determinado − a requererem a falência de seus devedores e isso de
certa forma influi no resultado empírico. Para testar se tal ação estratégica teve um
efeito realmente significativo, fez-se um teste de placebo, que nada mais é do que a re-
estimação da equação (reg1) adicionando a variável dlei(-1), isto é, a variável que
representa a implementação da nova Lei defasada de um período. A nova equação a ser
estimada é então:
.)1(21 ttt dleidleiXy εγγα +−++Γ+=
(2)
33
O resultado exibido pela tabela 13 indica a existência de ações estratégicas no
pedido de falência. Assim, o teste de placebo indica o efeito total da lei mensurado na
tabela 12 estava sendo viesado para cima devido a uma ação estratégica das firmas.8
Variável Independente Coeficiente P-Valor
Constante 1490,38 0,014d_Lei -608,88 0,000
d_Lei(-1) 293,55 0,001
AR(1) 0,78 0,000
AR(2) 0,184 0,050
varPIB 733,23 0,025
Taxa de juros (SELIC) 0,003 0,667
Inflação (IGP-M) 7,94 0,153
Cambio -4,42 0,162
Observações 226Estatistica Durbin-Watson 1,989
R-quadrado 0,93
Tabela 13: Regressão de Mínimos Quadrados: Teste Placebo para Falências RequeridasRequeridas
Análise estatística do volume de concordatas/recuperações judiciais requeridas e
concedidas
Os dados ilustrados pelas figuras 3 e 4 indicam a evolução do total de
concordatas/recuperações judiciais requeridas e concedidas de janeiro de 2000 a outubro
de 2009. Note que o número de pedidos formulados imediatamente após a
implementação da nova Lei de Falências não foi visivelmente alterado, tanto para
pedidos quanto para concessões. A média mensal de pedidos no período dos 12 meses
anteriores à vigência da nova Lei era de 15, passando para 19 no período posterior,
enquanto que o número de concessões passou de 9 para 13 aproximadamente.
8Os resíduos apresentaram heterocedascidade e autocorrelação serial. Para a correção desse problema foi utilizada a matriz de variância-covariância de Newey-West, que é robusta à heterocedascidade e autocorrelação serial.
34
Figura 3: Número de Recuperações Judiciais Concedidas
Fonte: SERASA
Figura 4: Número de Recuperações Judiciais Requeridas
Concord/Recup Requeridas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2000
M01
2000
M07
2001
M01
2001
M07
2002
M01
2002
M07
2003
M01
2003
M07
2004
M01
2004
M07
2005
M01
2005
M07
2006
M01
2006
M07
2007
M01
2007
M07
2008
M01
2008
M07
2009
M01
2009
M07
Fonte: SERASA
Estimando o impacto da nova Lei de Falências sobre o número de
concordatas/recuperações judiciais concedidas e requeridas, observou-se que o efeito foi
significativo – ao nível de 5% – apenas para pedidos de recuperação, indicando uma
redução média de 7 pedidos de recuperação por mês no Brasil, enquanto que o efeito no
número de concessões não foi estatisticamente significativo. Isso indica que a nova Lei
contribuiu com uma redução média de aproximadamente 50% no número de
requerimentos de recuperação judicial em todo Brasil se compararmos com a média
mensal do ano anterior à vigência da nova Lei.
Concord/Recup decretadas
0
10
20
30
40
50
60
2000
M01
2000
M07
2001
M01
2001
M07
2002
M01
2002
M07
2003
M01
2003
M07
2004
M01
2004
M07
2005
M01
2005
M07
2006
M01
2006
M07
2007
M01
2007
M07
2008
M01
2008
M07
2009
M01
2009
M07
35
Variável Independente Coeficientes P-Valor Coeficiente P-Valor
Constante 32,90 0,001 45,91 0,026d_Lei -4,05 0,351 -7,03 0,028
AR(1) 0,59 0,000 0,94 0,000
AR(2) 0,42 0,000AR(6) 0,15 0,012
varPIB 2,60 0,847 12,34 0,330
Taxa de juros (SELIC) 0,0003 0,766 0,0001 0,783
Inflação (IGP-M) 0,42 0,397 0,16 0,748
Cambio -0,09 0,160 -0,012 0,873
Observações 226 226Estatistica Durbin-Watson 2,07 1,76
R-quadrado 0,86 0,89
Tabela 14: Regressão de Mínimos Quadrados: Concordatas/Recup. Decretadas e RequeridasDecretadas Requeridas
Análise estatística dos impactos da Lei 11.101/05 sobre a eficiência dos
procedimentos concursais
Delimitação da amostra pesquisada
Com o propósito de se obter amostragem mais ampla possível sobre os processos
concursais analisados, enviou-se aos 27 Tribunais de Justiça do Brasil ofício pelo qual
se solicitava extrato simplificado de informações processuais das ações distribuídas
entre 2000 e 2009 e que indicasse o número do processo, o nome das partes e a comarca
em que tramita, referentes aos processos de falência, concordatas, recuperação judiciais,
recuperação judicial de pequenas empresas e homologação de recuperações
extrajudiciais.
Estas informações, uma vez obtidas, permitiram que se organizasse rotina de
computação para extrair dos sites dos Tribunais diversas outras informações pertinentes
aos processos pesquisados. No que especificamente concerne aos impactos da Lei
11.101/05 sobre a celeridade dos processos, os dados coletados deveriam informar a
data de início, a data de cada uma das informações processuais registradas e a data do
final do processo. Com isso, podemos calcular os impactos da Lei 11.101/05 na duração
total dos processos, mas também na duração de fases dos processos pesquisados.
36
Coleta de dados
Os sites de Tribunais em que se realizou a coleta foram os dos Estados de São
Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro.
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro a fornecer as
informações solicitadas, franqueando total acesso dos pesquisadores à integralidade da
base de dados informatizada do Tribunal. Com base nas informações obtidas, foi
executada rotina de computação para extrair e organizar os dados processuais obtidos.
Quando da fase de organização dos dados coletados, verificou-se que havia diversidade
de indexadores para classificar uma mesma espécie de processo. Desse modo, um
processo de recuperação judicial poderia estar classificado em relação ao “Assunto”,
“Classe” ou “Ação” como, por exemplo, “Recuperação Judicial”, “Recuperação Judicial
e Falência” e “Recuperação Extrajudicial”. Esta diversidade de classificação
impossibilita que se obtenha informação precisa sobre os processos existentes no Estado
do Rio de Janeiro e ocorreu quando da transição da base de dados pré-existente para os
critérios estabelecidos pelo Sistema de Tabelas Processuais Unificadas, do Conselho
Nacional de Justiça. Esta característica dos dados pertinentes aos processos do Estado
do Rio de Janeiro impossibilita sua tomada como base segura para realização de
análises. Por conta deste fato, foram utilizadas em substituição as bases de dados dos
Tribunais de Santa Catarina e Pernambuco. Os dados processuais dos Estados do Rio
Grande do Sul e do Espírito Santo não foram extraídos via rotina de computação por
conta de dificuldade técnica em se fazer a extração de modo automatizado, em razão,
por exemplo, de solicitação de digitação de número de validação para acesso à página
de registro da informação processual. No site do Tribunal de Justiça do Estado de
Pernambuco, embora haja esta solicitação, no código de programação da página em que
se solicita a inserção do dígito de validação é possível encontrar o valor deste dígito, de
modo que foi possível realizar a extração automatizada dos dados.
Com base na disponibilidade destas informações foram analisados os Estados de
SP, SC e PE. As informações processuais que foram extraídas consistem nas seguintes:
data de início; data da última movimentação; data de término; se a empresa
requerente/requerida é sociedade limitada ou não.
37
Método de análise da duração do processo
Uma das medidas da eficiência de um procedimento de falência é determinada
pelo tempo gasto para a conclusão do processo (ver Djankov et al (2008)9). Com base
nesse indicador, realizou-se análise dos processos catalogados para comparar a duração
dos processos antes e após a entrada em vigor da Lei 11.101/05. Para tanto, realizou-se
primeiramente um teste de média, para comparar se o tempo médio sofreu alguma
modificação com a implementação da nova Lei. Posteriormente, utilizando o método de
Mínimos Quadrados Ordinários, analisou-se a magnitude dessa mudança.
Uma vez que nossa base é composta por processos iniciados e concluídos entre
2000 e 2009, era possível que os processos iniciados antes da nova lei tivessem duração
máxima de 9 anos enquanto que os que iniciaram depois da nova lei tivessem duração
máxima de 4 anos e meio. Isso poderia ser gerador de um viés positivo para o tempo
médio dos processos anteriores à nova lei, em relação aos processos posteriores. Para
eliminarmos esse problema introduzimos uma restrição, levando em consideração
processos com duração máxima de 4 anos e meio, o mesmo tempo de duração máxima
dos processos pós-nova lei. Com isso, eliminamos uma tendência de sobreestimar o
impacto da nova lei.
Análise dos dados obtidos no Estado de São Paulo
A tabela 15 compara a média de tempo dos processos começados antes da
implementação da nova Lei com a média de tempo dos processos começados depois da
nova Lei de Falências, para o Estado de São Paulo. A média de tempo de conclusão dos
processos pré-nova Lei é de 618 dias, enquanto que dos processos pós-nova Lei é de
210 dias. Esta mudança aparenta ser significativa. Entretanto, para determinar se essa
redução é estatisticamente significativa, realizou-se o teste-t de diferença de médias com
as seguintes hipóteses:
H0: tempo médio pós-nova Lei ≥ tempo médio pré-nova Lei
H1: tempo médio pós-nova Lei < tempo médio pré-nova Lei.
9 Djankov, S., Hart, O., McLiesh, C. and Shleifer, A.: “Debt Enforcement Around the World”, Journal of Political Economy, 116 (6), 2008.
38
Variável Media Desvio Padrão P-Valor
Tempo pós 210 14.32 0,000
Tempo pré 459 45.88
Observações 889
Tabela 15: Médias e teste-t de diferença de médias
O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova Lei é maior ou
igual ao tempo médio pré-nova Lei, confirmando os indícios de que houve redução do
tempo do processo e, portanto, uma melhora em sua eficiência.
A determinação da magnitude dessa redução de tempo se obtém mediante a
regressão da variável tempo do processo de falência contra uma dummy que indica se o
processo é pós-nova Lei (i.e., a variável é igual a 1 se o processo começou depois da
nova Lei e zero caso contrário) e controlando pelas características do
requerente/requerido. A equação que representa essa relação é descrita por:
,_Re_Re 111 iiii dleiLtdaqueridoLtdaquerentey εγββα ++++=
em que a estimativa do parâmetro γ fornece uma idéia do impacto médio gerado
pela nova Lei sobre o tempo do processo em número de dias, e os parâmetros β’s
mensuram a diferença no tempo caso requerente/requerida seja Ltda ao invés de S.A.
Variável Independente Coeficientes P-Valor
Constante 482 0,000
d_Lei -252 0,000
Requerida_Ltda 20 0,883
Requerente_Ltda -52 0,039
Observações 851 F-Stat: 9,52
R-quadrado 0,02
Tabela 16: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência em SP*
*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade
A tabela 16 apresenta o impacto médio no tempo do processo trazido pela nova
Lei de Falências. Note que os processos iniciados pós-nova Lei são em média 397 dias
mais rápidos que os processos sob a antiga Lei, apontando um ganho em termos de
agilidade e eficiência.
Assim, se, por exemplo, tivermos uma taxa de depreciação anual dos ativos de
empresas em falência em torno de 25%, firmas com ativos de R$ 10.000.000 teriam um
39
valor de liquidação de aproximadamente R$ 6.700.000 antes da nova lei, contra R$
8.420.000 pela nova lei de falências. Isso permite uma maior recuperação dos recursos
emprestados por parte dos credores e, portanto, tenderia a fazer com que os credores
reduzissem o custo do empréstimo.
Análise dos dados obtidos no Estado de Santa Catarina
A tabela 17 compara a média de tempo dos processos em Santa Catarina
começados antes da implementação da nova Lei com processos pós-nova Lei de
Falências. Observe que, assim como em São Paulo, a média de tempo de conclusão dos
processos pré-nova Lei é maior do que a média pós-nova Lei: são 1328 dias de duração
no período anterior e 608 dias após a entrada em vigor da Lei 11.101/05. Embora o
nível médio de tempo seja bastante superior a São Paulo, pode-se afirmar que a nova
Lei acarretou uma grande redução no tempo gasto para concluir os processos em
tramitação no Estado de Santa Catarina.
Novamente, para determinar se a mudança observada é estatisticamente
significativa, realizou-se o teste-t de diferença de médias com as seguintes hipóteses:
H0: tempo médio pós-nova Lei ≥ tempo médio pré-nova Lei
H1: tempo médio pós-nova Lei < tempo médio pré-nova Lei.
Variável Media Desvio Padrão P-Valor
Tempo pós 608 392 0,000
Tempo pré 1328 902
Observações 1360
Tabela 17: Médias e teste-t de diferença de médias
O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova Lei é maior ou
igual ao tempo médio pré-nova Lei e, portanto, confirma os indícios de que houve
redução do tempo do processo e uma melhora em sua eficiência.
Para estimar a magnitude dessa redução de tempo, regrediu-se por Mínimos
Quadrados Ordinários a variável tempo do processo de falência contra uma dummy que
indica se o processo é pós-nova Lei (i.e., a variável é igual a 1 se o processo começou
depois da nova Lei e zero caso contrário):
40
,1 ii dleiy εγα ++=
em que o parâmetro γ fornece o impacto médio gerado pela nova Lei no tempo do
processo em número de dias.
Variável Independente Coeficientes P-Valor
Constante 725 0,000
d_Lei -125 0,000
Observações 895 F-Stat: 9,96
R-quadrado 0,01
Tabela 18: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência em SC*
*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade
A tabela 18 apresenta o impacto médio no tempo do processo trazido pela nova
Lei de Falências e indica que os processos iniciados pós-nova Lei são, em média, 720
dias mais rápidos que os processos sob a antiga Lei, apontando um ganho em termos de
agilidade e eficiência, assim como em São Paulo.
Utilizando o mesmo exemplo da seção anterior, para uma taxa de depreciação
anual dos ativos de empresas em falência em torno de 25%, firmas com ativos de R$
10.000.000 teriam um valor de liquidação de aproximadamente R$ 5.027.000 antes da
nova lei, contra R$ 5.900.000 pela nova lei de falências. Isto permitiria um maior valor
recuperado por parte dos credores e, portanto, tenderia a fazer com que os credores
reduzissem o custo do empréstimo.
Análise dos dados obtidos no Estado de Pernambuco
A tabela 19 compara a média de tempo dos processos começados antes da
implementação da nova Lei com a média de tempo dos processos pós-nova Lei de
Falências para o estado de Pernambuco. Assim como em São Paulo e Santa Catarina, a
média de tempo de conclusão dos processos pré-nova Lei é maior do que a média pós-
nova Lei: 1865 dias, contra 462, respectivamente.
Novamente, para saber se a mudança observada é estatisticamente significativa,
realizou-se o teste-t de diferença de médias com as seguintes hipóteses:
H0: tempo médio pós-nova Lei ≥ tempo médio pré-nova Lei
41
H1: tempo médio pós-nova Lei < tempo médio pré-nova Lei.
Variável Media P-Valor
Tempo pós 461 0,001
Tempo pré 689
Observações 348
Tabela 19: Médias e teste-t de diferença de médias
O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova Lei é maior ou
igual ao tempo médio pré-nova Lei, e portanto confirma os indícios de que houve de
fato uma redução do tempo do processo e conseqüentemente uma melhora em sua
eficiência.
Para estimar a magnitude dessa redução de tempo, regredimos a variável tempo
do processo de falência em Pernambuco contra uma dummy indicando se o processo é
pós-nova Lei (i.é., a variável é igual a 1 se o processo começou depois da nova Lei e
zero caso contrário):
,1 ii dleiy εγα ++=
onde parâmetro γ fornece o impacto médio gerado pela nova Lei em no tempo do
processo em número de dias.
Variável Independente Coeficientes P-Valor
Constante 689 0,000
d_Lei -228 0,000
Observações 593 F-Stat: 15,75
R-quadrado 0,04
Tabela 20: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência em PE*
*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade
A tabela 20 indica que os processos iniciados pós-nova Lei de Falências são em
média 1403 dias mais céleres do que os processos regidos pela antiga Lei, apontando
um ganho em termos de agilidade e eficiência, assim como em São Paulo e Santa
42
Catarina. Ademais, Pernambuco é o Estado em que houve, proporcionalmente, o maior
ganho, reduzindo o tempo de duração do processo em quase quatro anos.
Voltando ao exemplo das seções anteriores, para uma taxa de depreciação anual
dos ativos de empresas em falência em torno de 25%, firmas com ativos de R$
10.000.000 teriam um valor de liquidação de aproximadamente R$ 5.280.000 antes da
nova lei, contra R$ 6.842.000 pela nova lei de falências. Note que a implementação da
nova lei aponta um ganho maior de eficiência para o estado de Pernambuco se
comparado com Santa Catarina.
Resumo dos Resultados
A presente seção procurou evidenciar, separadamente, os ganhos de eficiência
dos processos de falência para os estados de São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco.
Qualitativamente o resultado foi similar para os três estados, observando-se uma
redução no tempo do processo de falência. Porém para os estados de São Paulo e
Pernambuco, esta redução foi mais acentuada.
O que podemos dizer em relação ao Brasil como um todo? Utilizando os dados
agregados dos três estados como proxy para representar o efeito médio brasileiro, a
média de tempo de conclusão dos processos pré-nova lei é maior do que a média pós-
nova lei, 600 dias contra 508 respectivamente.
Novamente, para sabermos se a mudança observada é estatisticamente
significativa, foi feito o teste-t de diferença de médias com as seguintes hipóteses:
H0: tempo médio pós-nova lei ≥ tempo médio pré-nova lei
H1: tempo médio pós-nova lei < tempo médio pré-nova lei.
Variável Média P-Valor
Tempo pós 508 0,002210Tempo pré 600
Observações 2135
Tabela 21: Médias e teste-t de diferença de médias
43
O teste-t rejeita a hipótese nula de que o tempo médio pós-nova lei é maior ou
igual ao tempo médio pré-nova lei, e portanto confirma os indícios de que houve de fato
uma redução do tempo do processo e portanto uma melhora em sua eficiência.
Para estimar a magnitude dessa redução de tempo, regredimos por Mínimos
Quadrados Ordinários a variável tempo do processo de falência contra uma dummy que
indica se o processo é pós-nova lei (i.e., a variável é igual a 1 se o processo começou
depois da nova lei e zero caso contrário):
,1 ii dleiy εγα ++=
em que parâmetro γ fornece o impacto médio gerado pela nova lei em no tempo
do processo em número de dias.
Tabela 22: Regressão de MQO: Tempo do processo de falência*
Variável Independente Coeficientes P-Valor
Constante 678 0,000
d_Lei -168 0,000
São Paulo -224 0,000
Santa Catarina 49 0.088
Efeito Fixo SimObservações 2131 F-Stat: 63,30
R-quadrado 0,08*Erros-padrão robustos a heterocedasticidade
A tabela 22, que apresenta o impacto da nova lei de falências sobre o tempo de
duração do processo para os dados agregados de Pernambuco, São Paulo e Santa
Catarina, indica que os processos iniciados pós-nova lei são em média 168 dias mais
rápidos que os processos sob a antiga lei, apontando um ganho em termos de agilidade e
eficiência em média para o Brasil10.
10 Ressalte-se que pode haver um pequeno viés nos resultados obtidos, em virtude de a nova lei apresentar requisitos mais restritivos que a antiga lei para o requerente da falência. O não atendimento a esses requisitos pode ser a causa da extinção de alguns dos processos da amostra, o que age para diminuir o tempo médio. No entanto, como o número de falências requeridas e decretadas também caiu, o efeito da
44
E. Características específicas da recuperação judicial
Nessa seção, o objetivo é analisar as potenciais inovações trazidas pela nova Lei
de Falências nas características especificas do procedimento de recuperação judicial.
Delimitação da amostra pesquisada
Para realizar análise da eficiência do procedimento de recuperação judicial de
empresas conduziu-se coleta de campo nas varas de direito empresarial da Comarca do
Rio de Janeiro e na 1ª Vara de Falência de São Paulo. Embora o projeto apresentado
previsse apenas a coleta de campo no Rio de Janeiro, Capital, fez-se necessária a coleta
de dados em São Paulo, ante o volume de processos concursais lá existentes.
Os processos cujas informações foram coletadas foram selecionados
aleatoriamente, de modo a assegurar que a amostragem não fosse viesada.
Descrição dos dados coletados
Ao todo foram utilizadas as informações referentes a 17 processos de recuperação
judicial, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por possuírem a integralidade das
informações que se pretendia obter. Alguns processos, em razão de se encontrarem em
estágio inicial ou de estarem alguns de seus volumes de autos em carga com o
administrador judicial, por exemplo, foram copiados mas sem que se obtivesse reunir a
integralidade das informações pretendidas.
Além de informações referentes ao processo de recuperação judicial (localidade:
Estado, Comarca e Vara; valor da ação; data da ação; data da citação; data das decisões)
foram obtidas informações contábeis das empresas (balanços patrimoniais dos 3 anos
anteriores ao pedido de recuperação). A partir dessas informações dos processos de
recuperação judicial, foram analisadas a dinâmica procedimental do processo de
recuperação e as características das empresas em situação de crise.
extinção desses processos sobre o tempo médio de duração é provavelmente reduzido e não invalida os de resultados encontrados.
45
Análise do procedimento de recuperação judicial
Primeiramente será analisada a dinâmica procedimental, isto é, quanto tempo
leva-se em média para cumprir as etapas do processo de recuperação, principalmente no
que diz respeito ao tempo que há entre a data da propositura da ação e o deferimento do
processamento da recuperação, e o tempo que há entre esta decisão e a apresentação do
plano de recuperação.
Economicamente, o tempo utilizado para cumprir essas etapas é extremamente
importante para a empresa e para a economia como um todo. Primeiro, pelo fato de
reduzir a incerteza perante o funcionamento e sobrevivência da empresa o quanto antes
pela apresentação do plano de recuperação. Isso permite com que a firma tenha um
menor custo de renegociar contratos com novos fornecedores, ou outros parceiros
comerciais. Segundo, por reduzir a depreciação dos ativos da empresa, uma vez que
quanto mais lento o processo, maior será o efeito do tempo sobre o valor dos ativos da
empresa, impactando o valor da empresa como um todo. Com isso, um processo mais
ágil traz benefícios para as empresa tanto no que diz respeito à sua chance de
sobrevivência como ao seu valor em si.
A tabela 23 apresenta três medidas de tempo no processo de recuperação: tempo
entre a propositura da ação e o deferimento do processamento da recuperação, tempo
entre o deferimento do processamento e a apresentação do plano de recuperação, e o
tempo total ocorrido entre a propositura da ação e a apresentação do plano de
recuperação.
46
Tabela 23: Tempo do processo até a apresentação do plano de recuperação
Tempo entre a propositura da ação e sua sentença
Processo 1 8
Processo 2
Processo 3 3
Processo 4 3
Processo 5 4.5
Processo 6 3.5
Processo 7 3
Processo 8
Processo 9
Processo 10
Processo 11 3
Processo 12
Processo 13
Processo 14 3
Processo 15
Processo 16 3.5
Processo 17
Média 3.8
3 meses e 24 dias
Tempo entre a sentençae a apresentação do plano
4
2
1
1
1.5
1
1
1.5
2
2
2
1.5
1
1
1
1
2
2
2.6
2 meses e 18 dias
Tempo total
1.4
1 mês 12 dias
6
2
2
3
2.5
A duração média do tempo total entre a propositura da ação e a apresentação do
plano de recuperação é de 3 meses e 24 dias. Note que a maior parte desse tempo é
devido à elaboração do plano de recuperação, pois a duração média entre a sentença de
deferimento do processamento da recuperação e a apresentação do plano é de 2 meses e
18 dias, enquanto que o tempo gasto pela justiça desde a propositura da ação e o
deferimento do processamento é de pouco mais de 1 mês.
As figuras 14, 15 e 16 apresentam a distribuição de freqüência – em termos
percentuais – dos meses necessários para cada etapa até a apresentação do plano.
Figura 14: Histograma do tempo entre a propositura da ação e o deferimento do processamento
47
Histograma: Tempo da propositura à sentença
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
1 2 3 4 Mais
Meses
Fre
qüên
cia
(%)
A figura 14 indica que a maioria dos processos (aproximadamente 60%) dura até
um mês para a decisão que defere o processamento da recuperação, e em pouco mais de
90% esse processo leva até dois meses. Por outro lado, a figura 15 aponta que o tempo
entre o deferimento da recuperação e a apresentação do plano demora, na maioria dos
casos, entre um e dois meses. Em 90% dos casos a duração é de até 3 meses.
Figura 15: Histograma do tempo entre o deferimento do processamento da recuperação e a apresentação do plano
Histograma: Tempo da sentença à apresentação do plano
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
1 2 3 4 Mais
Meses
Fre
qüên
cia
(%)
Figura 16: Histograma do tempo entre a propositura da ação e a apresentação do plano
48
Histograma: Tempo da propositura à apresentação do plano
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
2 3 4 5 Mais
Meses
Fre
qüên
cia
(%)
Com relação à duração total desde a propositura da ação até a apresentação do
plano de recuperação, pode-se observar pela figura 16 que, na maioria dos casos
estudados, o tempo requerido foi de dois a três meses (55% dos casos). Em quase todos
os casos (89%), esse período é inferior ou igual a 5 meses.
Em termos de eficiência da Lei, o resultado obtido em nossa amostra indica
rapidez no processo de recuperação judicial até a apresentação do plano de
reorganização da firma. Isso reduz diversos custos para as firmas em dificuldades,
permitindo-lhe negociar com menos incerteza com novos credores, aumentando a
chance de reabilitação.
Análise do perfil das empresas em recuperação
Em relação às características das firmas em recuperação, foram utilizados quatro
indicadores contábeis para se caracterizar o seu perfil. São eles: (a) capacidade de
pagamento dos passivos declarados na petição; (b) capacidade de pagamento do passivo
total; (c) alavancagem (se o patrimônio líquido for positivo) e (d) liquidez. Cada
indicador é construído da seguinte forma:
1. Capacidade de pagamento dos passivos declarados na petição: passivos
declarados / faturamento;
2. Capacidade de pagamento do passivo total: passivo / faturamento
3. Liquidez: ativo circulante / passivo circulante;
49
4. Alavancagem: passivo / patrimônio líquido.
Os dois primeiros indicadores procuram mostrar quantos anos de faturamento são
necessários para pagar os passivos (declarado e total); liquidez representa a capacidade
de pagamento de curto prazo das empresas; e, finalmente, alavancagem representa o
tamanho do endividamento relativo ao capital próprio da empresa.
Tabela 24: Indicadores contábeis das firmas em recuperaçãoCapacidade de pagamentodo passivo declarado
Processo 1 0.634 13.88
Processo 2 0.927 PL negativo
Processo 3 0.304 PL negativo
Processo 4 0.249 PL negativo
Processo 5 0.959 18.47
Processo 6 0.831 PL negativo
Processo 7 0.749 PL negativo
Processo 8 0.016 2.69
Processo 9 0.258 PL negativo
Processo 10 0.746 34076.82
Processo 11 0.671 PL negativo
Processo 12 0.000 PL negativo
Processo 13 0.609 PL negativo
Processo 14 0.294 PL negativo
Processo 15 0.794 PL negativo
Processo 16 0.290 3.17
Processo 17 0.955 23.88
Mediana 0.749
0.32
63.90
5.65
0.83
0.24
3.95
50.40
0.22
1.04
0.79
1.11
0.46
0.39
0.81
0.64
0.41
0.68
0.90
Capacidade de pagamentoAlavancagem
do passivo totalLiquidez
A tabela 24 reporta os indicadores contábeis de cada firma em processo de
recuperação. Note que a mediana indica que pelo menos na metade dos casos as
empresas precisariam de menos de um ano para quitar seus passivos (razão
passivo/faturamento menor que um), justificando o pedido de recuperação dada sua
viabilidade econômica. Porém, os indicadores de liquidez e de endividamento apontam
dificuldades financeiras de curto prazo e com credores. Na maior parte dos casos as
firmas estão com obrigações (passivo) que excedem seus recursos (ativo), deixando-as
com Patrimônio Liquido negativo.
50
A figura 17 apresenta a distribuição de freqüência da capacidade de pagamento do
passivo declarado. Observe que na maioria dos casos (aproximadamente 60%) as
empresas em recuperação precisariam de no máximo um ano de faturamento para pagar
seus passivos declarados, apontando uma boa viabilidade das empresas para gerar caixa
e arcar com seus compromissos. Pode-se observar o mesmo em relação à capacidade de
pagamento do passivo total (ver figura 18).
Figura 17: Histograma da capacidade de pagamento do passivo declarado
Histograma: Capacidade de Pagamento do Passivo Declarado
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
1 2 3 Mais
Fre
qüên
cia
(%)
Figura 18: Histograma da capacidade de pagamento do passivo total
51
Histograma: Capacidade de Pagamento do Passivo Total
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
1 2 3 Mais
Fre
qüên
cia
(%)
Figura 19: Histograma da Liquidez das empresas em recuperação
Histograma: Liquidez
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.5 1 1.5 Mais
Fre
qüên
cia
(%)
Em relação à liquidez, a figura 19 mostra que a maioria das firmas tinham
problemas sérios de caixa, o que justifica o pedido de recuperação.
Síntese conclusiva
Em resumo, há indícios de que o processo de recuperação está sendo utilizado por
empresas com problemas financeiros (financial distress), mas que possuem viabilidade
econômica, o que coincide com o objetivo da recuperação: tentar salvar empresas em
dificuldades, mas que sejam viáveis economicamente.
Um dos principais problemas do processo de recuperação em todo mundo é o que
se denomina Erro Tipo I (firmas economicamente viáveis com problemas financeiros
52
são liquidadas ao invés irem para a recuperação), e Erro Tipo II (firmas
economicamente inviáveis com problemas financeiros vão a recuperação quando
deveriam ser liquidadas). Observe que em nossa amostra, aproximadamente 70% dos
casos, as firmas precisam de 2 anos ou menos de faturamento para pagar todos seus
passivos, indicando sua viabilidade econômica, ou seja, menos de 30% dos casos podem
ser apontados como Erro Tipo II.
F. Impactos da Lei 11.101/05 sobre o crédito
Marco teórico
A importância de uma boa legislação falimentar não está presente apenas quando
a empresa tem sua falência decretada; ela também exerce forte influência na taxa de
juros, na oferta de crédito às empresas e, consequentemente, em seus investimentos. A
relação entre as características do sistema falimentar e seus efeitos sobre as condições
de crédito podem ser explorados através de um simples modelo, a seguir descrito.
Suponha que:
H1- A firma devedora é dirigida pelo gerente/dono.
H2 - Mercado de capitais competitivo.
H3 - Credores podem prever a média de seus retornos em caso de bancarrota.
H4 - Credores e firmas são neutros ao risco.
A hipótese um (H1) é feita porque o assunto que se pretende tratar não se refere
aos problemas de governança corporativa. A hipótese dois (H2) é realista. A hipótese
três (H3) quer dizer que credores profissionais têm considerável experiência com
bancarrota, e a hipótese quatro (H4) é mais precisa quando aplicada a bancos e firmas
do que a indivíduos.
Suponha uma firma que possui um projeto que requer um investimento I e pode
ser obtido externamente. A firma se compromete a pagar aos credores a quantia F . O
projeto retorna para a firma um valor v no futuro, onde se Fv ≥ a firma estará
solvente, caso contrário, Fv < a firma estará insolvente. Como apenas esses dois
resultados interessam para a análise, supôs-se dois estados da natureza possíveis no
futuro: solvência e insolvência.
53
Os estados de solvência e de insolvência retornam para a firma os valores solvv e
insv respectivamente -- onde inssolv vFv >≥ -- com probabilidades solvp e )1( solvp− .
Isso implica que o valor esperado do projeto é inssolvsolvsolv vpvpvE )1()( −+= , o retorno
esperado condicional ao estado de solvência é solvsolv vvE =)( e o retorno esperado
condicional ao estado de insolvência é .)( insins vvE =
O custo do processo de insolvência é c . O sistema falimentar pode então
distribuir aos credores de uma firma insolvente no máximo a soma cvins − . Portanto, o
pagamento aos credores é de F se a firma está solvente e cvins − se estiver falida.
Uma vez que o mercado de crédito é competitivo, F é a maior soma que os
credores podem demandar a fim de financiar o projeto. Supõe-se que a taxa de juros
livre de risco é igual a zero (a fim de simplificar-se o problema). Logo, a taxa de juros
para a firma tomadora de empréstimo é função do risco do projeto e das propriedades do
procedimento falimentar que está em vigor.
Credores que emprestam I , deveriam esperar receber I de retorno. Essa
expectativa pode ser escrita como:
);)(1( cvpFpI inssolvsolv −−+=
solv
inssolv
p
cvpIF
))(1( −−−=
Se o valor esperado que os credores recebem condicional ao estado de insolvência
aumenta (i. é, )( cvins − aumenta) , F diminui, reduzindo a taxa de juros cobrada pelos
credores. Intuitivamente, quanto mais os credores esperam receber no estado de
insolvência, menos os credores irão cobrar da firma nos estados de solvência. A taxa de
juros da firma é 1)/( −= IFr , sendo crescente em F , que é o valor que é cobrado da
firma em caso de solvência.
Dados recentemente publicados pelo Doing Business do Banco Mundial11
apontam uma melhora significativa em indicadores de eficiência da Lei de Falências
brasileira. Esses dados vão ao encontro dos resultados em termos de maior rapidez do
11 http://www.doingbusiness.org/
54
processo, conforme apontado acima. Um efeito imediato trazido pela redução do tempo
no procedimento de falência foi o aumento significativo da taxa de recuperação dos
credores, aumentando em aproximadamente 60 vezes o valor recuperado de uma firma
insolvente, saindo de 0,2 centavos recuperados por dólar para 17 centavos por dólar.12
Com essas informações, é possível prever através do modelo teórico que tal
aumento na taxa de recuperação dos credores no estados de falência – no modelo
determinado por )( cvins − – se traduzirá numa queda nas taxas de juros cobradas das
firmas.
Observe que a nova Lei também tende a ter um efeito positivo sobre o volume de
crédito destinado às pessoas jurídicas, uma vez que uma redução na taxa de juros
aumenta o conjunto de opções de projetos financiáveis. Para analisar tal fato, denote-se
por W o bem-estar social. Logo, uma firma deveria empreender um projeto que cria
valor, isto é:
. 0)()1()(
and 0))(1(
≥−−−+=
≥−−−+=
IcvEpvEpW
IcvpvpW
inssolvsolvsolv
inssolvsolvsolv
Sempre existe um valor esperado condicional mínimo para o retorno )(vEsolv que
faça 0=W . Então
,)()1(
)(solv
inssolvsolv p
cvEpIvE
−−−=
lembrando que solvinssolv pcvEpIF /)]()1([ −−−= é idêntico ao lado direito de
)(vEsolv . Como (1) resolve para o mínimo pagamento que a firma deve fazer para obter
financiamento, e (2) para retorno esperado condicional mínimo socialmente aceito,
então seria socialmente eficiente que as firmas realizassem todos os projetos criadores
12Ver Araujo e Funchal (2006) para mais detalhes do efeito potencial da eficiência do processo de falência na taxa de recuperação dos credores.
55
de valor ( 0≥W ) que os credores desejassem financiar. Com a redução dos juros – e,
conseqüentemente, de F – o retorno esperado condicional mínimo socialmente aceito se
reduz, ampliando o conjunto de projetos a serem financiados. Assim, o aumento do
volume de crédito às pessoas jurídicas é também uma consequência natural dos
benefícios da nova Lei.
Análise da correlação entre taxa de juros x Lei 11.101/05
Os dados referentes ao crédito para pessoa jurídica são tornados disponíveis pelo
Banco Central do Brasil.13 Serão utilizadas duas variáveis distintas para a análise da
influência da nova Lei sobre o crédito: a razão entre o crédito para pessoa jurídica e o
PIB, que está segregado em quatro grupos (comércio, indústria, serviços e rural); e taxas
médias mensais (consolidadas: prefixadas, pósfixadas e flutuantes) de juros a pessoas
jurídicas.14
A figura 20 ilustra a evolução da razão crédito a pessoas jurídicas/PIB no Brasil
para o período de janeiro de 2004 a novembro de 2006. Note que de janeiro de 2004 a
maio de 2005 a razão pouco variou, não passando de 19%. Com a entrada em vigor da
nova Lei, em dezembro de 2006, o volume de crédito às pessoas jurídicas atingiu o
patamar recorde de 22,4% do PIB, passando de uma média de 18,55% do PIB no
período dos 12 meses anteriores à vigência da nova Lei para uma média de 20,5% do
PIB, o que significa um aumento de aproximadamente 10,5%.
É importante ressaltar que não é normal se observar uma mudança muito brusca
dessa variável se comparado com o número de falências. Isso porque apenas parte do
estoque de crédito foi renovado nesse período, sendo que muitos deles foram obtidos
antes da vigência da nova Lei, sem levar em consideração a adaptação dos agentes à
nova Lei.
PIBjurídicas/ pessoas para Crédito razão da Evolução :20 Figura
13 www.bcb.gov.br. 14Operações de crédito do sistema financeiro privado. Dados referentes à razão Credito/PIB e taxa de juros vão desde janeiro de 1995 à novembro de 2006 e de junho de 2000 à novembro de 2006 respectivamente.
56
18
19
20
21
22
jan
/04
mar
/04
mai
/04
jul/0
4
set/0
4
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/04
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/05
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5
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5
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/05
jan
/06
mar
/06
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/06
jul/0
6
set/0
6
nov
/06
New Bankruptcy Law
Brasil do Central Bano :Fonte
Para estimar o impacto da Nova Lei de Falências sobre o crédito às pessoas
jurídicas, continuar-se-á a utilizar o método de Mínimos Quadrados Ordinários. Para
mensurar o impacto da Nova Lei de Falências, estimou-se a regressão linear expressa
pela equação:
ttt dleiXy εγα ++Γ+=
em que a variável dependente será cada uma das variáveis acima citadas e a principal
variável independente será uma dummy (dlei) que tem valores zero para o período antes
da alteração legislativa e 1 para o período posterior, de modo a capturar o efeito de tal
mudança. Os controles utilizados que estão representados na equação por Xt são: a
variável dependente defasada em um período, a variação do PIB dessazonalizado e suas
defasagens, taxa de juros (SELIC), variação da taxa de câmbio e suas defasagens e um
índice de inflação (será utilizado o IGP-M, dado que são firmas o objeto de análise)15.
Utilizou-se a variação percentual do PIB e suas defasagens para controlar os
efeitos gerados pelos ciclos econômicos. Da mesma forma, foi utilizada a variação
percentual do câmbio e suas defasagens para controlar problemas gerados pela variação
15 Fonte: www.ipeadata.gov.br.
57
da moeda, como por exemplo o aumento dos custos de produção em alguns setores
devido à valorização cambial, ou até mesmo à queda na receita dos exportadores devido
a uma forte desvalorização do câmbio.16 O uso da taxa SELIC na regressão é justificada
a fim controlar o efeito da evolução do custo da dívida das firmas no volume agregado
de falências e concordatas. O índice de Herfindahl (HHI) para o setor bancário é
importante para controlar-se o efeito de aumento (ou redução) de concorrência no setor
bancário sobre o crédito.17 Finalmente, os índices de inflação estão sendo considerados
de forma a eliminar o efeito da variação geral de preços sobre a variável de interesse.
Desta forma, a estimação do parâmetro γ dá uma noção do efeito da reforma da
Lei de Falências, considerando a influência de todos os fatores citados acima como
controles.
A tabela 25 exibe o resultado para a razão crédito a pessoas jurídicas/PIB. O
resultado – significativo ao nível de 5% – indica que a nova Lei proporcionou um
aumento na razão crédito a pessoas jurídicas/PIB em termos absolutos para todas os
setores (comercial, serviços e rural), exceto o industrial. A tabela 26, que exibe o
resultado para taxas de juros às pessoas jurídicas, indica que a nova Lei não teve um
impacto estatisticamente significativo nas taxas de juros médias cobradas das pessoas
jurídicas. Porém, esse resultado pode ser explicado pela entrada de novas firmas no
mercado de crédito. Tais firmas, antes restritas ao crédito, se endividam a taxas maiores
do que a média, o que elimina o efeito de uma redução na taxa das firmas que já
estavam inseridas no mercado.18
16 Consideramos a variação do PIB e do câmbio uma vez que estas são variáveis não estacionárias. 17 O índice de Herfindahl do setor bancá rio foi extraí do de Nakane(2004) e Santos (2005). 18 Tanto para o estudo do crédito à pessoas jurídicas/PIB e taxa de juros, os resíduos apresentaram tanto heterocedascidade quanto autocorrelação serial. Para a correção desse problema foi utilizada a matriz de variância-covariância de Newey-West, que é robusta à heterocedascidade e autocorrelação serial.
58
Tabela 25: Regressão de Mínimos Quadrados Ordinários: crédito à pessoas jurídicas Comércio Indústria Serviços Rural
Variável Independente Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes
Constante 0.12a
0.65a 0.79b 0.18a
(0.04) (0.138) (0.3) (0.057)d_Lei 0.04
b -0.02 0.12b
0.06b
(0.02) (0.023) (0.05) (0.025)Credito(-1) 0.96
a0.90
a0.84
a0.92
a
(0.02) (0.023) (0.06) (0.02)varPIB -0.02 -0.84 -0.15 0.33
(0.25) (0.54) (0.4) (0.46)varPIB(-1) -0.09 0.048 -0.86
c 0.23
(0.2) (0.52) (0.44) (0.28)Taxa de juros (SELIC) 0.02 0.001 0.03
c 0.012
(0.013) (0.019) (0.017) (0.014)Inflação (IGP-M) -0.01
c-0.046
a-0.04
a-0.016
c
(0.007) (0.013) (0.014) (0.01)varcambio 0.18
a1.58
a -0.27 -0.032
(0.05) (0.19) (0.46) (0.13)varcambio(-1) -0.11 0.19 0.05 -0.223
a
(0.06) (0.22) (0.15) (0.07)HHI -0.47
b 0.12 -2.34b -0.117
(0.24) (0.36) (1.11) (0.34)Observações 143 143 143 143R-quadrado 0.98 0.95 0.91 0.96Nota: a=significativo à 1%; b= significativo à 5%; c= significativo à 10%.Erros padrões entre parênteses.
Tabela 26: Regressão de MQO: Taxa média mensal de juros à pessoas jurídicas
Variável Independente Coeficientes
Constante 5.69b
(2.53)
d_Lei 0.001(0.21)
Taxa Média mensal de juros à Pessoas Juridicas(-1) 0.76a
(0.06)varPIB -0.45
(9.46)
varPIB(-1) -10.11c
(6.00)
Taxa de juros (SELIC) 2.63a
(0.86)Inflação (IGP-M) 0.18
(0.19)varcambio -9.63
a
(3.21)varcambio(-1) -8.82
a
(2.51)HHI 27.54
(21.25)
Observações 143R-quadrado 0.91Nota: a=significativo à 1%; b= significativo à 5%; c= significativo à 10%.
59
G. Conclusão
Conclusão Geral
Pode-se afirmar que, em linhas gerais, a Lei 11.101/05 aperfeiçoou o sistema de
direito concursal brasileiro.
Do ponto de vista da diretriz obrigatória 2.1.1 (Análise de julgados com vistas a
quantificar o impacto da lei falimentar sobre o tempo médio dos processos falimentares
e de recuperação judicial), houve significativo aperfeiçoamento do sistema em razão da
diminuição do tema de duração dos procedimentos concursais. Esta conclusão está em
conformidade com a percepção dos entrevistados, que entendem que as modificações no
processo falimentar o tornaram mais célere; e, também, está em conformidade com a
percepção dos entrevistados o procedimento de recuperação judicial de empresas
previsto na lei é mais célere, se comparado com o procedimento da concordata.
Do ponto de vista da diretriz obrigatória 2.1.2 (Exame da capacidade de
recuperação empresarial sob o regime falimentar antigo em contraste com o obtido pela
Lei 11.101/2005, quantificando e analisando precedentes relevantes), pode-se concluir
que o simples fato de ter ocorrido diminuição no tempo de duração dos processos
concursais já é, per se, suficiente para embasar a conclusão de que houve aumento da
capacidade de recuperação empresarial, seja por propiciar uma mais eficiente
recuperação de empresas viáveis que recorrem ao processo de recuperação judicial, seja
por realizar uma liquidação falimentar mais eficiente, de modo a promover-se o
princípio da maximização do valor dos ativos do falido. Além disso, ainda sob o ponto
de vista da diretriz obrigatória 2.1.2, as empresas que estão recorrendo ao processo de
recuperação judicial de empresas são, de regra, economicamente viáveis, o que vai ao
encontro do princípio de que empresas economicamente viáveis devem submeter-se ao
procedimento de recuperação judicial, ao passo que empresas economicamente
inviáveis devem ser liquidadas pelo procedimento falimentar.
Conclusões específicas
Contribuiu para aumentar a eficiência do sistema a limitação da hipótese
caracterizadora da falência por impontualidade prevista no art. 94, I, da Lei 11.101/05,
60
pois em razão desta limitação houve substancial diminuição do volume de
requerimentos de falência e de falências decretadas. Este fato, per se, já é causa de
aperfeiçoamento do sistema, à medida que um menor volume de pedidos de falência e
um menor número de falências decretadas torna mais eficiente a proporção processos
por magistrado e por serventuário da justiça. Ademais, em conformidade com a
pesquisa de percepção dos agentes envolvidos na aplicação da Lei, esta modificação
teve efeitos positivos no processo falimentar, pois o limite mínimo de 40 (quarenta)
salários mínimos para justificar o pedido de falência parece adequado.
Quanto ao volume de pedidos de recuperação judicial, a nova Lei contribuiu com
uma redução média de aproximadamente 50% no número de requerimentos de
recuperação judicial em todo Brasil, quando comparado com a média mensal do ano
anterior à entrada em vigência da nova Lei.
Em conformidade com a percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei
11.101/05, há indicativos de terem sido altamente positivas:
- as modificacões no procedimento de liquidação dos ativos do falido.
Em conformidade com a percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei
11.101/05, há indicativos de terem sido positivas:
- as modificaco�es no procedimento de verificação de créditos.
- as modificações no procedimento de arrecadação de ativos.
Estas mudanças que promoveram o aperfeiçoamento do sistema, identificadas
como positivas ou altamente positivas pela pesquisa de percepção, é corroborada pelo
fato de que, ainda de acordo com a pesquisa de percepção, o percentual esperado de
satisfação dos créditos trabalhistas no processo falimentar é entre 60% e 80%.
Entretanto, o percentual esperado de satisfação dos créditos inscritos no quadro geral de
credores (em geral, incluindo os com e sem garantia) no processo falimentar é entre
20% e 40%. Em ambos os resultados percentuais apontados, houve a ressalva por parte
dos entrevistados de que o índice de satisfação dos créditos (trabalhistas e em geral) no
processo falimentar depende muito das próprias características da empresa falida, sendo,
portanto, esta variável mais relevante do que o próprio procedimento previsto
legislativamente. Esta assertiva não invalida o fato de que, para os entrevistados, o
61
processo falimentar teve substanciais melhoras quanto à liquidação dos ativos, a
verificação de créditos e a arrecadação de ativos, de modo a possibilitar um alto índice
de satisfação dos créditos trabalhistas e um médio para baixo índice de satisfação da
totalidade dos credores inscritos no quadro geral de credores.
Ao concluir-se que o percentual esperado de satisfação dos créditos trabalhistas
no processo falimentar é entre 60% e 80% se está a indicar que a limitação da
preferência do crédito trabalhista a 150 salários mínimos (art. 83, I) por credor não
possui forte impacto na satisfação desta classe de créditos. Ainda mais se considerado o
fato de que, conforme destacado pelos entrevistados, o índice de satisfação dos credores
é altamente dependente das características específicas da empresa falida.
Quanto ao processo de recuperação judicial de empresas, de acordo com a
pesquisa de percepção realizada, o percentual esperado de satisfação dos credores no
procedimento de recuperação judicial de empresas é entre 60% e 80%. Esta conclusão
quanto à percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei é corroborada pelo
perfil patrimonial das empresas que postulam recuperação judicial, que são
caracterizadas, de regra, como empresas economicamente viáveis. Ademais, por serem,
de regra, empresas economicamente viáveis que postulam recuperação judicial, esta
característica reforça a resposta obtida na pesquisa de percepção segundo a qual a nova
legislação tem possibilitado a preservação dos postos de trabalho de empresas em crise
entre 40% e 60%.
O alto índice esperado de satisfação de credores, bem como o relevante índice de
manutenção dos postos de trabalho, são relevantes indicadores sobre a eficiência do
procedimento de recuperação judicial de empresas. Ademais, esta conclusão acerca da
eficiência do procedimento da recuperação judicial de empresas é corroborada pela
percepção dos operadores envolvidos na aplicação da Lei, que consideram ser altamente
positiva a não aplicação da regra de sucessão de obrigações civis, tributárias e
trabalhistas no caso de o plano de recuperacão prever a alienacão de unidades
produtivas isoladas. Significado semelhante pode-se atribuir ao fato de que é neutro o
fato de os créditos alienados fiduciariamente não se submeterem à recuperacão de
empresas. Ou seja, mesmo ante a previsão legislativa do mecanismo denominado “trava
bancária”, conserva-se alto percentual de satisfação dos credores no processo de
62
recuperação judicial, bem como conserva-se relevante percentual de manutenção dos
postos de trabalho da empresa em crise.
Embora de acordo com a pesquisa de percepção se tenha indicado que é positivo o
tratamento específico adotado na nova legislação falimentar para as micro, pequenas e
médias empresas, os entrevistados entenderam ser neutro o tratamento específico
adotado na nova legislação para a recuperação judicial de micro, pequenas e médias
empresas. Isto provavelmente porque, de um lado, ao limitar-se o valor do crédito
impago a 40 salários mínimos para legitimação do pedido de falência, acaba-se
diminuindo as hipóteses de requerimento de falência de empresas de menor porte, que
possuem dívidas igualmente de menor porte, conforme ressaltou um dos entrevistados.
Entretanto, quando se está a tratar especificamente do tratamento conferido às micro,
pequenas e médias empresas no processo de recuperação judicial, a percepção dos
entrevistados foi de que este procedimento é pouco utilizado por ser inadequado à
recuperação de pequenas empresas, de modo que é neste sentido que se deve interpretar
o fato de ser neutra a percepção dos entrevistados sobre este ponto.
De acordo com a pesquisa de percepção, a divisão dos credores em classes, para
fins de recuperacão de empresas, é relevante. Esta conclusão é corroborada pelo fato de
que há igualmente a percepção de alto percentual de satisfação dos créditos na
recuperação judicial de empresas (entre 60% e 80%), o que denota que a apreciação e a
negociação do plano de recuperação por classes permitem uma adequada apreciação e
conformação do plano de recuperação de acordo com as necessidades e pretensões de
cada classe de credores.
Ademais, os entrevistados concordam plenamente com a afirmação segundo a
qual “a criação das novas figuras legais da recuperação judicial e da recuperação
extrajudicial foram uma sinalização importante para incentivar as negociações de
dívidas entre credores e devedores, com conseqüente redução de custos”. Corrobora esta
conclusão o fato de que a utilização da recuperação extrajudicial tem sido positiva,
conforme a percepção dos entrevistados. Por recuperação extrajudicial, entretanto, quer-
se significar não apenas a submissão de plano extrajudicial à homologação judicial,
mas, sobretudo, ao fato de se ter incentivado o desenvolvimento de cultura tendente à
solução extrajudicial de conflitos, por meio de negociação, com o propósito de superar
crise da empresa.
63
Quanto à remuneração do administrador na falência e na recuperação de
empresas, entendeu-se que ela é adequada.
Quanto à atuação do Ministério Público, a percepção dos entrevistados foi de que
a nova Lei possibilita uma atuação do Ministério Público neutra. Esta conclusão deve
ser analisada em conjunto com o fato de que, de acordo com percepção dos
entrevistados, os mecanismos de apuração de fraudes ou crimes previstos na legislação
são igualmente neutros.
64
Capítulo II. IMPACTO DO ART. 49, § 5º, DA LEI 11.101/2005, NO SISTEMA DE RECUPERAÇÃO DE
EMPRESAS
Edital de Pesquisa
Questionamento feito pelo edital
No item 2.2.3 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos
questionou:
- “Certas formas de crédito bancário vêm sendo sistematicamente afastadas do
processo de recuperação empresarial (como contratos com alienação fiduciária de
recebíveis), por conta do art. 49, § 5º da Lei 11.101/2005. Qual o impacto desse
dispositivo no sistema de recuperação de empresas?”
Projeto apresentado
Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:
- “A análise jurídica desse tema específico pode ser realizada mediante a análise
do volume de decisões judiciais que envolvam a tutela deste tipo de crédito. Ou seja,
pode se estabelecer uma relação preliminar que adote a seguinte razão: quanto maior for
o número de decisões judiciais envolvendo a tutela dos créditos referidos no § 5.º do art.
49, maior tende a ser, ao menos em princípio, a relevância deste dispositivo no sistema
de recuperação de empresas. Evidentemente, há a necessidade de aferição de outras
medidas, notadamente econômicas, para que se possa obter resposta mais aprimorada e
segura, o que, no entanto, escapa aos limites orçamentários do presente projeto.”
Delimitação do tema
O questionado no item 2.2.3 do Edital cuida do tema comumente referido por
“trava bancária”. Diz-se trava bancária porque, enquanto submetem-se aos efeitos da
recuperação judicial todos os credores do devedor existentes ao tempo do pedido (art.
49, caput), o § 5º do art. 49 da Lei 11.101/05 estabelece exceção à regra do caput ao
dispor: “Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos
65
creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou
renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e,
enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento
das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que
trata o § 4º do art. 6º desta Lei.” Ou seja, os credores da empresa devedora que se
enquadrem na espécie do § 5º, conquanto sujeitem-se aos efeitos da recuperação,
somente sofrerão os efeitos da recuperação caso o plano de recuperação judicial
aprovado disponha sobre eles. Por esta razão, as garantias constituídas em favor destes
credores (penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou
valores mobiliários) que se vencerem durante o período de suspensão das ações e
execuções de que trata o § 4º art. 6º da Lei 11.101/05 não deverão ser pagas à empresa
em recuperação, tampouco ao credor garantido. O pagamento deverá ser realizado em
conta vinculada, até que se conceda a recuperação ou que se ultrapasse o período de
suspensão de ações e execuções. Com efeito, há uma “trava de domicílio bancário” a
impor que o pagamento não reverta à empresa em recuperação, nem ao credor
garantido. A expressão foi abreviada para “trava bancária” e passou a ser utilizada,
também, para designar os créditos garantidos por alienação fiduciária de créditos, que
não se submetem aos efeitos da recuperação judicial, nos termos do § 3º do art. 49.
Problema pesquisado
Problema Geral de Pesquisa
- Qual o impacto do mecanismo da trava de domicílio bancário no sistema de
recuperação de empresas?
Problemas Específicos
- É quantitativamente significativo o número de decisões judiciais referentes à
matéria da trava bancária em relação ao número total de processos de recuperação
judicial de empresas?
- Qual o grau de controvérsia judicial em torno do tema?
66
Delimitação da amostra pesquisada
Ante a impossibilidade de se verificar a totalidade dos processos de recuperação
judicial existentes no país para se determinar em quantos houve alguma controvérsia
sobre o tema da trava bancária, optou-se pelo levantamento do volume de decisões nos
Tribunais Estaduais. Assumiu-se que seria altamente significativo o número de casos
em que uma das partes interessadas na inclusão ou exclusão de crédito dos efeitos da
recuperação judicial fosse interpor recurso endereçado a Tribunal Estadual.
O tema foi pesquisado na jurisprudência dos 27 Tribunais de Justiça Estaduais,
mediante acesso aos respectivos sites de internet, sendo utilizados 13 termos específicos
de pesquisa, consistentes nos seguintes: trava bancária, “trava bancária”, cessão
fiduciária de recebíveis, “cessão fiduciária de recebíveis”, alienação fiduciária de
recebíveis, “alienação fiduciária de recebíveis”, cessão fiduciária de crédito(s), cessão
fiduciária de direitos creditórios, cessão fiduciária de títulos de créditos, alienação
fiduciária de crédito(s), alienação fiduciária de direitos creditórios, alienação
fiduciária de títulos de créditos e penhor de títulos de crédito.
Os termos de pesquisa escolhidos consistem em termos que são utilizados para
referir-se ao conjunto de fenômenos relacionado ao tema da trava bancária. Entretanto,
estes termos não necessariamente esgotam o universo de termos utilizados para fazer-se
a indexação dos acórdãos sobre trava bancária nos Tribunais.
A coleta foi realizada mediante o registro do número total de acórdãos resultantes
da inserção de um termo em campo de pesquisa jurisprudencial, seguido de análise
individual da ementas apresentadas para determinar-se quais acórdãos seriam copiados
na íntegra por serem pertinentes ao tema pesquisado.
Ademais, computou-se apenas uma ocorrência quando um mesmo acórdão era
indexado mediante a utilização de mais de um dos termos de pesquisa.
Nos casos em que os acórdãos copiados na íntegra indicaram precedente referente
ao tema não encontrado na pesquisa inicial, inclui-se na lista de acórdãos pertinentes ao
tema o precedente assim encontrado.
67
Resultado da coleta de dados
Descrição dos resultados
Nos Tribunais de Justiça dos Estados do Amapá, Amazonas, Rondônia,
Roraima, Piauí, Tocantins, Paraíba e no Supremo Tribunal Federal, a pesquisa não
encontrou nenhum documento como resposta aos termos utilizados.
No Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba foram encontrados erros nos
respectivos sites, sendo inviabilizada a pesquisa de todos os termos.
No Tribunal de Justiça do Estado do Acre, foram encontrados alguns resultados
com os termos pesquisados, mas nenhum dos resultados continha acórdãos pertinentes
ao tema pesquisado. Mais precisamente, o termo trava bancária apresentou 1
acórdão; o termo cessão fiduciária de crédito(s), 6 acórdãos; o termo cessão fiduciária
de direitos creditórios, 2 acórdãos; o termo cessão fiduciária de títulos de créditos, 5
acórdãos; o termo alienação fiduciária de crédito(s), 35 acórdãos; o termo alienação
fiduciária de direitos creditórios, 2 acórdãos; o termo alienação fiduciária de títulos de
créditos, 2 acórdãos; o termo “trava bancária”, 1 acórdão, o termo penhor de títulos de
crédito, 3 acórdãos; os termos “cessão fiduciária de recebíveis” e “alienação fiduciária
de recebíveis” não resultaram em nenhum acórdão.
No Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, o único termo que apresentou
resultado de pesquisa foi penhor de títulos de crédito, com 2 acórdãos, não pertinentes
ao tema pesquisado. Os demais termos não resultaram em nenhum acórdão.
No Tribunal de Justiça do Estado da Bahia foram encontrados alguns resultados
com os termos pesquisados, mas nenhuns dos resultados continha acórdãos pertinentes
ao tema pesquisado. Mais precisamente, o termo trava bancária apresentou 37
acórdãos; cessão fiduciária de recebíveis, 170 acórdãos; alienação fiduciária de
recebíveis, 541 acórdãos; cessão fiduciária de crédito(s), 684 acórdãos; cessão
fiduciária de direitos creditórios, 684 acórdãos; cessão fiduciária de títulos de créditos,
710 acórdãos; alienação fiduciária de crédito(s), 1056 acórdãos; alienação fiduciária
de direitos creditórios, 793 acórdãos; alienação fiduciária de títulos de créditos, 675
acórdãos; o termo penhor de títulos de crédito, 731 acórdãos; os termos “trava
68
bancária”, “cessão fiduciária de recebíveis” e “alienação fiduciária de
recebíveis” não apresentaram nenhum documento.
No Tribunal de Justiça do Estado de Ceará somente os termos cessão fiduciária
de crédito(s) e cessão fiduciária de direitos creditórios apresentaram resultado: 1 e 2
acórdãos, respectivamente. Porém, somente 1 acórdão era pertinente ao tema. Alguns
termos da pesquisa não puderam ser pesquisados devido ao fato de conterem número de
caracteres superior ao número aceitos como termos de pesquisa no site.
No Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, quando pesquisado os
termos trava bancária, cessão fiduciária de direitos creditórios, cessão fiduciária de
títulos de créditos, “trava bancária”, “cessão fiduciária de recebíveis”, “alienação
fiduciária de recebíveis” e penhor de títulos de crédito não foi encontrado nenhum
documento. No entanto foram encontrados 46 documentos quando utilizados os
termos cessão fiduciária de recebíveis; 4.168 documentos quando utilizada a expressão
alienação fiduciária de recebíveis; 14 documentos quando utilizada a expressão cessão
fiduciária de crédito(s); 399 acórdãos quando utilizada a expressão alienação fiduciária
de crédito(s); 1 acórdão quando utilizada a expressão alienação fiduciária de direitos
creditórios, e 10 acórdãos quando utilizada a expressão alienação fiduciária de títulos
de créditos. Entretanto, os acórdãos encontrados não eram pertinentes ao tema
pesquisado.
Na pesquisa do tema no Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, quando
utilizada a expressão penhor de títulos de crédito, foram encontrados 3 acórdãos, todos
pertinentes ao tema pesquisado. Quando pesquisada a expressão alienação fiduciária de
crédito(s), foram encontrados 3 acórdãos, sendo nenhum relevante para a pesquisa. Os
demais termos de pesquisa não resultaram em nenhum documento encontrado.
No Tribunal de Justiça do Estado de Goiás foram encontrados 34 acórdãos quando
pesquisada a expressão trava bancária; 26 acórdãos quando pesquisada a expressão
cessão fiduciária de crédito(s); 1 acórdão quando pesquisada a expressão cessão
fiduciária de direitos creditórios; 3 acórdãos quando pesquisada a expressão cessão
fiduciária de títulos de créditos; 313 acórdãos quando pesquisada a expressão alienação
fiduciária de crédito(s), e 12 acórdãos quando pesquisada a expressão alienação
fiduciária de títulos de créditos. Contudo, nenhum dos documentos era relacionado com
69
o assunto pesquisado. Os outros termos de pesquisa não apresentaram nenhum
resultado.
No Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, a expressão trava bancária
resultou em 10 documentos, sendo um pertinente à pesquisa; a expressão cessão
fiduciária de recebíveis, 2 documento, sendo 1 pertinente à pesquisa; a expressão
alienação fiduciária de recebíveis, 3 documentos, dos quais nenhum era pertinente à
pesquisa; a expressão cessão fiduciária de crédito(s), 47 acórdãos, dos quais 5 eram
pertinentes à pesquisa; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 9 acórdãos,
dos quais 4 eram pertinentes à pesquisa; a expressão cessão fiduciária de títulos de
créditos, 1 acórdão, que era pertinente à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de
crédito(s), 1 acórdão, não pertinente à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de
direitos creditórios, resultou em mais de 405 acórdãos, nenhum pertinente à pesquisa; a
expressão alienação fiduciária de títulos de créditos resultou em mais de 405 acórdãos,
nenhum pertinente à pesquisa; a expressão “trava bancária” , 1 acórdãos, que era
pertinente à pesquisa; a expressão “cessão fiduciária de recebíveis” não resultou em
nenhum acórdão; a expressão penhor de títulos de crédito, 4 acórdãos, dos quais
nenhum era pertinente à pesquisa; e a expressão “alienação fiduciária de recebíveis”,
nenhum acórdão. Em razão da indexação de mesmos acórdãos por mais de um termo
pesquisado, a pesquisa resultou em um total de 5 acórdãos pertinentes ao tema
pesquisado.
No Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, a expressão trava
bancária resultou em 1 documento, não pertinente à pesquisa; a expressão cessão
fiduciária de recebíveis não resultou em nenhum documento; a expressão alienação
fiduciária de recebíveis, 1 documento, não pertinente à pesquisa; a expressão cessão
fiduciária de crédito(s), 40 acórdãos, nenhum dos quais era pertinente à pesquisa; a
expressão cessão fiduciária de direitos creditórios não resultou em nenhum acórdão; a
expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 5 acórdãos, não pertinentes à
pesquisa; a expressão alienação fiduciária de crédito(s), 5197 acórdãos, não
pertinentes à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de direitos creditórios resultou
em 7 acórdãos, nenhum pertinente à pesquisa; a expressão alienação fiduciária de
títulos de créditos resultou em 285 acórdãos, nenhum pertinente à pesquisa; a expressão
“trava bancária” não resultou em nenhum acórdão; a expressão “cessão fiduciária de
70
recebíveis” não resultou em nenhum acórdão; a expressão penhor de títulos de crédito,
145 acórdãos, dos quais nenhum era pertinente à pesquisa; e a expressão “alienação
fiduciária de recebíveis”, nenhum acórdão. Neste Tribunal não foram encontrados
acórdãos pertinentes ao tema pesquisado.
No Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão foram encontrados acórdãos
utilizando os termos cessão fiduciária de crédito (s), cessão fiduciária de títulos de
créditos e alienação fiduciária de crédito (s) e penhor de títulos de crédito. Entretanto,
nenhum era pertinente ao tema pesquisado.
Na pesquisa de jurisprudência no site do Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais foram encontrados 123 documentos usando o termo trava bancária; 1
documento utilizando o termo cessão fiduciária de recebíveis; 2 documentos utilizando
o termo alienação fiduciária de recebíveis; 233 documentos utilizando o termo cessão
fiduciária de crédito(s); 21 documentos utilizando o termo cessão fiduciária de direitos
creditórios; 62 documentos utilizando o termo cessão fiduciária de títulos de créditos;
nenhum documento utilizando o termo alienação fiduciária de crédito(s); 83
documentos utilizando o termo alienação fiduciária de direitos creditórios; 223
documentos utilizando o termo alienação fiduciária de títulos de créditos; 2
documentos utilizando o termo “trava bancária” e nenhum documento com a utilização
dos termos “cessão fiduciária de recebíveis” e “alienação fiduciária de recebíveis”. A
expressão penhor de títulos de crédito resultou em 630 acórdãos. No entanto, somente 4
documentos foram utilizados, por serem pertinentes ao tema pesquisado. Um dos
acórdãos encontrados estava duplamente indexado, de modo que no Tribunal do Estado
de Minas Gerais foram encontrados 3 acórdãos pertinentes ao tema específico
pesquisado.
Na pesquisa de jurisprudência no Tribunal de Justiça do Estado do Pará foram
encontrados 1 acórdão mediate a inserção do termo trava bancária, 14 acórdãos
mediante a utilização do termo alienação fiduciária de crédito(s), 5 acórdãos com o
termo alienação fiduciária de títulos de créditos, e 42 acórdãos com o termo penhor de
títulos de crédito. Nenhum dos acórdãos encontrados eram pertinentes à pesquisa.
No Tribunal de Justiça do Estado do Paraná a expressão trava bancária resultou
em 1 acórdão; a expressão cessão fiduciária de recebíveis resultou em nenhum acórdão;
71
a expressão alienação fiduciária de recebíveis resultou em nenhum acórdão; a
expressão cessão fiduciária de crédito(s) resultou em 22 acórdãos; a expressão cessão
fiduciária de direitos creditórios resultou em 7 acórdãos; a expressão cessão fiduciária
de títulos de créditos resultou em 1 acórdão; a expressão alienação fiduciária de
crédito(s) resultou em 300 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de direitos
creditórios resultou em 16 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de títulos de
créditos resultou em 9 acórdãos; a expressão “trava bancária” resultou em nenhum
acórdão; a expressão “cessão fiduciária de recebíveis” resultou em nenhum acórdão; a
expressão “alienação fiduciária de recebíveis” resultou em nenhum acórdão; a
expressão penhor de títulos de crédito resultou em 15 decisões, das quais 1 era
pertinente ao tema. Ao todo, somente 9 eram alusivos ao tema da trava bancário. Destes
9 acórdãos, 3 estavam duplicados, por terem sido indexados com mais de uma das
expressões utilizadas para a presente pesquisa. Assim, no Tribunal de Justiça do Estado
do Paraná, foram encontrados 6 acórdãos pertinentes ao tema específico pesquisado.
No Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco foram encontrados 2 acórdãos
pertinentes à pesquisa, obtidos mediante a inserção do termo penhor de títulos de
crédito. Também foram encontrados 2 acórdãos com a utilização do termo alienação
fiduciária de crédito(s), que entretanto não eram pertinentes à pesquisa.
A pesquisa no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro apresentou
resultado em todos os termos, excetuadas as expressões “cessão fiduciária de
recebíveis” e “alienação fiduciária de recebíveis”. A expressão trava bancária resultou
em 193 documentos; a expressão cessão fiduciária de recebíveis resultou em 3
documentos; a expressão alienação fiduciária de recebíveis resultou em 2 documentos;
a expressão cessão fiduciária de crédito(s) resultou em 16 documentos; a expressão
cessão fiduciária de direitos creditórios resultou em 5 acórdãos; a expressão cessão
fiduciária de títulos de créditos resultou em 4 acórdãos; a expressão alienação
fiduciária de crédito(s) resultou em 300 acórdãos, a expressão alienação fiduciária de
direitos creditórios resultou em 1 acórdão; a expressão alienação fiduciária de títulos
de créditos resultou em 73 acórdãos; a expressão “alienação fiduciária de recebíveis”
resultou em 2 documentos; e a expressão penhor de títulos de crédito resultou em 12
acórdãos, dos quais 3 eram pertinentes ao tema. Apesar do grande número de
72
documentos encontrados, apenas 7 acórdão foram utilizados, por serem pertinentes à
pesquisa.
No Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte foram encontrados 19
documentos mediante a utilização do termo alienação fiduciária de crédito(s) e 1
documento com a utilização do termo alienação fiduciária de títulos de
créditos. Nenhum era alusivo ao assunto pesquisado.
No Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul foram encontrados 2
acordãos com a utilização da expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 11
acórdãos com o termo alienação fiduciária de crédito(s) e 1 acórdão com a expressão
penhor de títulos de crédito. No entanto, somente 4 acórdãos eram referentes ao tema.
No Tribunal de Justiça de Santa Catarina, as expressões trava bancária, “cessão
fiduciária de recebíveis”, “alienação fiduciária de recebíveis”, alienação fiduciária de
direitos creditórios, alienação fiduciária de títulos de créditos,“trava bancária”,
“cessão fiduciária de recebíveis”, “alienação fiduciária de recebíveis” não resultaram
em nenhum documento. A expressão cessão fiduciária de crédito(s) resultou em 300
acórdãos; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 23 acórdãos; a
expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 129 acórdãos; a expressão alienação
fiduciária de crédito(s), 300 acórdãos; e a expressão penhor de títulos de crédito, 300
acórdãos. Nenhum dos acórdãos pesquisados era pertinente ao tema.
No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo encontrou-se o maior número de
acórdãos referente ao tema. Assim, a expressão trava bancária resultou em
547 documentos; a expressão cessão fiduciária de recebíveis, 1 documento; a expressão
alienação fiduciária de recebíveis, 28 documentos; a expressão cessão fiduciária de
crédito(s), 869 acórdãos; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 212
acórdãos; a expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 129 acórdãos; a expressão
alienação fiduciária de crédito(s), 1919 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de
direitos creditórios, 263 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de títulos de
créditos não resultou em nenhum acórdão; a expressão “trava bancária” , 12 acórdãos;
a expressão “cessão fiduciária de recebíveis”, 6 acórdãos; a expressão penhor de títulos
de crédito, 1731 acórdãos; e a expressão “alienação fiduciária de recebíveis”, nenhum
73
acórdão. De todos os documentos pesquisados, somente 56 eram pertinentes ao tema
pesquisado.
No Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, a expressão trava bancária resultou
em 59 documentos; as expressões cessão fiduciária de recebíveis e alienação fiduciária
de recebíveis resultaram em nenhum documento; a expressão cessão fiduciária de
crédito(s), 20 acórdãos; a expressão cessão fiduciária de direitos creditórios, 1 acórdão;
a expressão cessão fiduciária de títulos de créditos, 12 acórdãos; a expressão alienação
fiduciária de crédito(s), 100 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de direitos
creditórios, 11 acórdãos; a expressão alienação fiduciária de títulos de créditos, 876
acórdãos; as expressões “trava bancária”, “cessão fiduciária de recebíveis”,
“alienação fiduciária de recebíveis” e penhor de títulos de crédito resultaram em
nenhum acórdão. De todos os documentos pesquisados, nenhum era pertinente ao tema
pesquisado.
No Superior Tribunal de Justiça, o termo trava bancária resultou em 1 acórdão, e
o termo alienação fiduciária de crédito(s) resultou em 7 acórdãos. Entretanto, nenhum
destes acórdãos era pertinente ao tema específico pesquisado.
No Supremo Tribunal Federal não foram encontrados acórdãos mediante a
utilização dos termos de pesquisa indicados.
A partir da análise realizada, pode-se concluir que somente os Tribunais de Justiça
dos Estados do Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo continham acórdãos referentes ao tema trava
bancária indexados pelos termos utilizados na pesquisa.
Análise descritiva dos dados coletados
Ao todo, foram encontrados 90 acórdãos pertinentes ao tema pesquisado. A
Tabela de Acórdãos encontra-se no Anexo I do item 2.2.3, abaixo.
Dispersão geográfica dos acórdãos (por Região)
Estes acórdãos possuem a seguinte dispersão por Região do País: 3 acórdãos
foram lavrados por Tribunais da Região Nordeste (NE), 5 acórdãos foram lavrados por
Tribunais da Região Centro-Oeste (CO), 10 acórdãos foram lavrados por Tribunais da
74
Região Sul (S) e 72 acórdãos foram lavrados por Tribunais da Região Sudeste (SE).
Não foi encontrado nenhum acórdão lavrado em Estado da Região Norte do País.
A dispersão dos acórdãos por Região, em termos percentuais, é: 3% dos acórdãos
foram lavrados por Tribunais da Região Nordeste (NE), 6% dos acórdãos foram
lavrados por Tribunais da Região Centro-Oeste (CO), 11% do acórdãos foram lavrados
por Tribunais da Região Sul (S) e 80% dos acórdãos foram lavrados por Tribunais da
Região Sudeste (SE), conforme ilustra o gráfico abaixo.
Dispersão por Estados
Em apenas 9 Tribunais de Justiça de Estados da Federação foram encontrados
acórdãos pertinentes ao tema pesquisado.
A dispersão dos acórdãos por Estado consiste na seguinte: 1 acórdão lavrado pelo
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), 2 acórdãos lavrados pelo Tribunal de
Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE), 3 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais (TJMG), 4 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do
Estado de Espírito Santo (TJES), 4 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), 5 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do
Estado do Mato Grosso (TJMT), 6 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado
do Paraná (TJPR), 9 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
75
Janeiro (TJRJ) e 56 acórdãos lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
(TJSP).
Em termos percentuais, a dispersão dos acórdãos por Estado consiste na seguinte:
1,12% dos acórdãos foi lavrado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE),
2,22% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco
(TJPE), 3,33% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais (TJMG), 4,44% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do
Estado de Espírito Santo (TJES), 4,44% dos acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), 5,56% dos acórdãos foram lavrados
pelo Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso (TJMT), 6,67% dos acórdãos foram
lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), 10% dos acórdãos foram
lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e 62,22% dos
acórdãos foram lavrados pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP),
conforme ilustra o gráfico abaixo.
Em conjunto, os quatro Estados que possuem o maior número de acórdãos
lavrados, consistentes nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso,
respondem por 84,45% do total de acórdãos lavrados.
Dispersão na Região Sudeste
Somente na Região Sudeste foram encontrados acórdãos em todos os Estados
integrantes. Esta Região, que responde por 80% dos acórdãos pertinentes ao tema
lavrados no país, se analisada isoladamente, apresenta a seguinte distribuição de
76
acórdãos: 78% dos acórdãos lavrados na Região Sudeste são de lavra do TJSP, 12% dos
acórdãos são lavrados pelo TJRJ, 6% dos acórdãos são lavrados pelo TJES e 4% dos
acórdãos são lavrados pelo TJMG.
Dispersão nas demais Regiões
Nas demais Regiões, quando analisadas isoladamente, obtém-se o seguinte
resultado. Na Região Sul, 40% dos acórdãos são de lavra do TJRS e 60%, do TJPR. Na
Região Norteste, 33,33% dos acórdãos são de lavra do TJCE e 66,67%, do TJPE.
Dispersão por Comarca de origem
Do total de acórdãos coletados, 85 cuidavam de recursos interpostos contra
decisões lavradas por juízes de 37 Varas distintas, localizadas em 30 Comarcas
77
distintas; 5 eram acórdãos lavrados em recursos interpostos contra decisões do próprio
Tribunal de Justiça. Em síntese, foram encontrados acórdãos cuja origem encontrava-se
em 37 Varas judicias de 30 Comarcas situadas em 9 Estados de 4 Regiões do País,
conforme pode verificar-se na tabela encontrada no Anexo II, abaixo.
Grau de dispersão dos julgados por Câmaras julgadoras
Os acórdãos coletados foram lavrados por 19 Câmaras distintas. Abaixo, há
tabela indicativa das Câmaras que julgaram recursos pertinentes ao tema pesquisado,
distribuídas por Tribunal. Indica-se o número total de acórdãos julgados por Câmara, o
percentual que este número representa em relação aos julgados do mesmo Tribunal, e o
percentual que este número representa em relação ao total de julgados coletados.
Tribunal Órgão julgador Total de acórdãos
Percentual dos acórdãos julgados no Tribunal
Percentual do Total Nacional
TJCE 1ª Câmara Cível 1 100,00% 1,11% TJCE Total 1 100,00% 1,11% TJES 1ª Câmara Cível 3 75,00% 3,33% 3ª Câmara Cível 1 25,00% 1,11% TJES Total 4 100,00% 4,44% TJMG 2ª Câmara Cível 2 66,67% 2,22% 6ª Câmara Cível 1 33,00% 1,11% TJMG Total 3 100,00% 3,33% TJMT 1ª Câmara Cível 2 40,00% 2,22% 2ª Câmara Cível 1 20,00% 1,11% 5ª Câmara Cível 1 20,00% 1,11% 6ª Câmara Cível 1 20,00% 1,11% TJMT Total 5 100,00% 5,56% TJPE 4ª Câmara Cível 2 100,00% 2,22% TJPE Total 2 100,00% 2,22% TJPR 17ª Câmara Cível 4 66,67% 4,44% 18ª Câmara Cível 2 33,33% 2,22% TJPR Total 6 100,00% 6,67% TJRJ 17ª Câmara Cível 2 22,22% 2,22% 20ª Câmara Cível 5 55,56% 5,56% 2ª Câmara Cível 2 22,22% 2,22% TJRJ Total 9 100,00% 10% TJRS 5ª Câmara Cível 3 75,00% 3,33% 6ª Câmara Cível 1 25,00% 1,11% TJRS Total 4 100,00% 4,44%
TJSP 15ª Câmara de Direito Privado
3 5,35% 3,33%
78
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
53 94,65% 58,89%
TJSP Total 56 100,00% 62,22% Total geral 90 100,00% 100%
À exceção da Câmara Reservada à Falência e Recuperação do TJSP, que julgou
58,89% do total de casos julgados no País, as demais Câmaras julgaram de 1% a 5%
dos casos. Se calculado o percentual representado pelos julgados das Câmaras em
relação ao número de acórdãos lavrados em seu Tribunal, verifica-se uma distribuição
muito homogênea de decisões por Câmara, sobretudo por conta do pequeno número
total de julgados por Tribunal. No TJSP encontra-se o desvio da Câmara Reservada à
Falência e Recuperação que, por ser especializada, julgou 94,65% dos casos
apresentados àquela Corte.
Distribuição dos acórdãos por Relator
Os acórdãos encontrados foram relatados por 27 Desembargadores Relatores,
conforme exposto na tabela abaixo.
Tribunal Relator Total de acórdãos julgados
Percentual em relação aos julgados do mesmo Tribunal
Percentual em relação ao total nacional de julgados
TJCE Des. Ernani Barreira Porto 1 100,00% 1,11% TJCE Total 1 100,00% 1,11% TJES Des. Fábio Clem de Oliveira 3 75,00% 3,33% Des. Jorge Góes Coutinho 1 25,00% 1,11% TJES Total 4 100,00% 4,44% TJMG Des. Carreira Machado 2 66,67% 2,22% Des. Maurício Barros 1 33,33% 1,11% TJMG Total 3 100,00% 3,33% TJMT Des. Marilsen Andrade Addario 2 40,00% 2,22% Des. Juracy Persiani 1 20,00% 1,11% Des. Carlos Alberto Alves da Rocha 1 20,00% 1,11% Des. Cirio Miotto 1 20,00% 1,11% TJMT Total 5 100,00% 5,56%
TJPE Des. Francisco Manoel Tenorio dos Santos
2 100,00% 2,22%
TJPE Total 2 100,00% 2,22% TJPR Des. Ruy Muggiati 2 33,33% 2,22% Des. Fernando Vidal de Oliveira 2 33,33% 2,22%
79
Des. Vicente Del Prete Misurelli 1 16,67% 1,11% Des. Lauri Caetano da Silva 1 16,67% 1,11% TJPR Total 6 100,00% 6,66% TJRJ Des. Jacqueline Lima Montenegro 5 55,56% 5,56% Des. Luisa Cristina Bottrel Souza 2 22,22% 2,22% Des. Alexandre Freitas Câmara 2 22,22% 2,22% TJRJ Total 9 100,00% 10,00% TJRS Des. Gelson Rolim Stocker 3 75,00% 3,33%
Des. Antônio Corrêa Palmeiro da Fontoura
1 25,00% 1,11%
TJRS Total 4 100,00% 4,44% TJSP Des. Elliot Akel 17 30,35% 18,89% Des. Romeu Ricupero 14 25,00% 15,55% Des. Manoel Pereira Calças 7 12,50% 7,77% Des. José Roberto Lino Machado 6 10,71% 6,66% Des. Boris Kauffmann 5 8,92% 5,56% Des. José Araldo da Costa Telles 4 7,14% 4,44% Des. Edgard Jorge Lauand 2 3,57% 2,22% Des. Cyro Bonilha 1 1,78% 1,11% TJSP Total 56 100,00% 62,22% Total geral 90 100,00% 100,00%
Quórum de deliberação
Quanto ao quórum deliberativo, 5 decisões coletadas (5,56% do total) eram
decisões monocráticas, 5 (5,56% do total) foram tomadas por maioria de votos e 80
(88,88% do total) foram tomadas por votação unânime (v.u.), conforme ilustra a tabela
abaixo.
Quórum da decisão (v.u. ou por maioria)
Total Percentual
decisão monocrática 5 5,56% por maioria 5 5,56% v.u. 80 88,88% Total geral 90 100,00%
Se excluídas as 5 decisões monocráticas, em que não há a possibilidade de se
decidir por maioria ou por unanimidade, restam 5 decisões por maioria e 80 decisões
por unanimidade. A proporção, neste caso, se altera substancialmente: 94% das decisões
coletadas foram tomadas por unanimidade de votos, contra apenas 6% de decisões
tomadas por maioria, conforme ilustra o gráfico abaixo.
80
Os acórdãos julgados por maioria foram os seguintes:
Tribunal Espécie Recursal N. do Recurso Órgão Julgador Relator
Data de julgamento
TJMT Agravo de Instrumento 31659/2009 2ª Câmara Cível Des. Cirio Miotto
2/9/2009
TJPR Agravo de Instrumento
481.595-0 17ª Câmara Cível
Des. Fernando Vidal de Oliveira
17/9/2008
TJRJ Agravo de Instrumento 200900209750 17ª Câmara Cível
Des. Luisa Cristina Bottrel Souza 24/6/2009
TJRJ Agravo de Instrumento 200900234272 17ª Câmara Cível
Des. Luisa Cristina Bottrel Souza 21/1/2010
TJSP Agravo de Instrumento 637.664.4/4-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Romeu Ricupero
27/10/2009
Distribuição cronológica dos acórdãos lavrados
Os dois primeiros acórdãos pertinentes ao tema são de junho de 2006. Os dois
próximos acórdãos somente foram lavrados quase um ano após, em maio e julho de
81
2007. Os próximos acórdãos foram lavrados a partir de março de 2008, a uma razão
aproximada de 1 acórdão por mês até agosto deste ano, em que foram lavrados 7
acórdãos. Após, foram lavrados acórdãos a uma razão aproximada de um por mês, até o
mês de junho de 2009, quando foram lavrados 18 acórdãos pertinentes ao tema. Nos
meses de outubro, novembro e dezembro de 2009, foram lavrados, respectivamente, 10,
7 e 10 acórdãos.
No ano de 2006, o tema chegou aos Tribunais em apenas 2 oportunidades, em 2
meses distintos. No ano de 2007, igualmente apenas 2 acórdãos lavrados em 2 meses
distintos. No ano de 2008, foram lavrados 21 acórdãos, cujos julgamentos ocorreram em
8 dos meses do ano. O ano de 2009 foi o primeiro ano em que houve julgamentos (60 ao
todo) pertinentes ao tema em todos os meses do ano. Até o momento, em 2010, houve 3
julgamentos relativos ao tema em todos os meses do ano.
A distribuição cronológica dos acórdãos encontrados é ilustrada pelo gráfico
abaixo.
Análise dos acórdãos por partes recorrentes e recorridas
Em 58 casos, o recorrente era instituição financeira. Em 25 casos o recorrido era
instituição financeira. Ao todo, foram encontradas 37 instituições financeiras como
parte recorrente ou recorrida, conforme pode verificar-se no Anexo III, abaixo.
82
Análise dos acórdãos por recuperação judicial
Pela análise das partes recorrentes e recorridas, verificou-se que são ao todo 48
processos de recuperação judicial que originaram os recursos analisados, conforme pode
verificar-se na tabela encontrada no Anexo IV, abaixo.
Espécie recursal
Dos 90 acórdãos encontrados, 80 foram lavrados em Agravo de Instrumento, 8 em
Embargo de Declaração, e 2 em Agravo Interno. Em termos percentuais, 89% dos
acórdãos foram lavrados em Agravo de Instrumento, 9% em Embargos de Declaração e
2% em Agravo Interno, conforme ilustra o gráfico abaixo.
Espécie de financiamento
Em 42 acórdãos (46,67% do total), houve a expressa indicação da modalidade de
financiamento a que se referia o caso. Destes 42 acórdãos, 23 (54,76% do total)
referiam-se a Cédula de crédito bancário com contrato de constituição de alienação
fiduciária em garantia (cessão fiduciária de direitos de crédito); 3 (7,15%) tratavam de
Garantia de contrato de empréstimo mediante constituição de penhor de títulos de
crédito; 3 (7,15%), de Cessão fiduciária de duplicatas; 2 (4,76%), de Garantia de
contrato de empréstimo mediante cessão fiduciária de direitos creditórios; 2 (4,76%),
de Contrato de Capital de Giro garantido por cessão fiduciária de títulos de crédito; e os
9 restantes cuidavam de outras modalidades de financiamento, indicadas na tabela
abaixo.
83
Modalidade de Financiamento Total Percentual
Cédula de crédito bancário com contrato de constituição de alienação fiduciária em garantia (cessão fiduciária de direitos de crédito)
23 54,76%
Garantia de contrato de empréstimo mediante constituição de penhor de títulos de crédito
3 7,15%
Cessão fiduciária de duplicatas 3 7,15% Garantia de contrato de empréstimo mediante cessão fiduciária de direitos creditórios
2 4,76%
Contrato de Capital de Giro garantido por cessão fiduciária de títulos de crédito
2 4,76%
Cédula de crédito comercial 1 2,38%
Contrato de financiamento de exportação garantido pelo endosso de três Certificados de Depósito Agropecuário/Warrant Agropecuário, representativos de soja
1 2,38%
Contrato de mútuo com garantia real sobre direitos de crédito 1 2,38% Cédula de crédito bancário com garantia de caução de títulos 1 2,38% Contrato de pré-financiamento à exportação, garantido por penhor de títulos de crédito
1 2,38%
Cédula de crédito à exportação com garantia real 1 2,38% Cédula de Produto Rural endossada pela empresa recuperanda para instituição financeira
1 2,38%
Contrato de pré-financiamento à exportação, garantido por contrato de cessão fiduciária de certificado de depósito bancário
1 2,38%
Certificados de Direitos Creditórios de Agronegócio - CDCA, lastreados em Cédulas de Produto Rural - CPRs, alienadas fiduciariamente
1 2,38%
Total 42 100,00%
Cronologicamente, dos 23 acórdãos envolvendo Cédulas de crédito bancário com
contrato de constituição de cessão fiduciária de direitos de crédito, apenas 2 acórdãos
foram lavrados nos anos de 2006 e 2007, 4 foram lavrados no ano de 2008, e os
restantes 17 foram lavrados após 2009, conforme indicado na tabela abaixo.
84
Dos 19 acórdãos envolvendo as demais espécies de financiamento, 13 (68,42%)
foram lavrados após 2009, enquanto que 5 (26,31%) foram lavrados no ano de 2008, e
apenas 1 (5,26%) foi lavrado no ano de 2007, conforme ilustrado no gráfico abaixo.
Valor dos contratos
Em 19 acórdãos (21,11% do total) foi indicado o valor do crédito garantido por
mecanismo de trava bancária. Destes 19 acórdãos, em 8 o valor do crédito era de até R$
999.000,00; em 8 acórdãos o valor do crédito variava de R$ 1.000.000,00 até R$
15.000.000,00; e em 2 acórdãos o valor do crédito era de US$ 100.000.000,00 e de US$
125.000.000,00, conforme indicado na tabela abaixo.
85
R$ 73.000,00 R$ 202.023,21 R$ 210.000,00 R$ 313.000,00 R$ 406.000,00 R$ 561.035,55 R$ 795.000,00 R$ 997.092,40 R$ 1.000.000,00 R$ 1.012.342,57 US$ 1.500.000,00 R$ 2.000.000,00 R$ 2.500.000,00 R$ 3.500.000,00 R$ 4.000.000,00 R$ 7.105.996,39 R$ 15.100.000,00 US$ 100.000.000,00 US$ 125.000.000,00
Análise da argumentação empregada nos acórdãos
A amostra de acórdãos coletados pode ser reunida em um mesmo conjunto de
acórdãos acerca do tema geral da trava bancária. Entretanto, quando analisados e
sistematizados individualmente, estes acórdãos apresentam peculiaridades que permitem
sejam eles reunidos em sub-conjuntos, conforme a matéria devolvida ao Tribunal pelo
recurso interposto e as próprias peculiaridades de cada caso. É, aliás, no âmbito de cada
um destes sub-conjuntos de acórdãos que se poderá verificar qual o padrão
argumentativo utilizado para resolver casos pertencentes àquele determinado sub-
conjunto, de modo a verificar se este padrão argumentativo é ou não variável, de modo
a conferir segurança e previsibilidade aos jurisdicionados. Por este motivo, a análise
aqui levada a efeito é preponderantemente qualitativa. Entretanto, a análise dos sub-
conjuntos de acórdãos permite, também, uma análise quantitativa da argumentação
empregada, no sentido de verificar quais temas são mais recorrentes no universo
pesquisado, bem como qual o grau de divergência existente em julgados que cuidam de
casos análogos.
Orientação da decisão recorrida
Os acórdãos coletados são referentes a recursos interpostos de decisões de
primeiro grau de jurisdição, tomadas em processos de recuperação judicial (seja na
86
decisão que defere o processamento da recuperação, em incidentes relativos à
verificação de créditos ou em pedidos incidentais de tutela cautelar).
Da análise destes acórdãos, pode-se classificar as decisões do primeiro grau de
jurisdição (decisões do juízo a quo) quanto à orientação adotada. Vale dizer, em nível
mais geral, pode-se classificar as decisões conforme imponham a observância da trava
bancária ou liberem a trava bancária. Ainda em consonância com este critério de análise
das decisões do juízo a quo, as decisões que liberam a trava bancária são mais
favoráveis à empresa em recuperação, à medida que amplia o universo de credores
sujeitos aos efeitos da recuperação ou que permite à empresa em recuperação
administrar os valores referentes às garantias liquidadas ou vencidas durante o stay
period. De modo inverso, decisões que impõem a observância da trava bancária são
mais favoráveis ao credor da empresa em recuperação cujo crédito é garantido por uma
das modalidades previstas nos parágrafos 3º e 5º do art. 49 da Lei 11.101/05.
Desse modo, em conformidade com o critério aqui analisado, dos 90 acórdãos
coletados, em 48 dos casos pesquisados, o juiz de primeiro grau liberou a trava
bancária; e em 24 dos casos analisados o juiz impôs a observância da trava bancária. Os
restantes 18 acórdãos analisados não eram passíveis de serem classificados conforme a
orientação da decisão do juízo a quo. Desse modo, do universo de 72 decisões a quo,
67% liberaram a trava bancária e 33% impuseram a observância da trava bancária,
conforme ilustra o gráfico abaixo.
87
Orientação da decisão do Tribunal
Quando utilizado o mesmo critério quanto à orientação da decisão para verificar a
orientação das decisões do Tribunal, obteve-se o seguinte resultado: 53 decisões
lavradas em grau recursal (juízo ad quem) foram no sentido de manter ou impor a trava
bancária, ao passo que em apenas 13 decisões o Tribunal decidiu liberar a trava
bancária. Em termos percentuais, das 66 decisões dos Tribunais que puderam ser
classificadas em consonância com o critério proposto, em 20% o Tribunal decidiu
liberar a trava bancária e em 80% o Tribunal decidiu manter ou impor a trava bancária,
conforme ilustra o gráfico abaixo.
Das 53 decisões do juízo ad quem no sentido de impor ou manter a trava bancária,
2 (3,77%) são decisões monocráticas, 2 (3,77%) são por maioria de votos e 49 (92,45%)
são por votação unânime. Se desconsideradas as decisões monocráticas, em que não há
a possibilidade de se decidir alternativamente por maioria ou por unanimidade, obtém-
se o resultado de que 96,07% das decisões são por votação unânime e apenas 3,93% são
tomadas por maioria.
As 13 decisões do juízo ad quem orientadas no sentido de liberar a trava bancária
são as indicadas na tabela abaixo.
Tribunal Órgão julgador n. do recurso Relator data de julgamento
Quórum da decisão (v.u. ou por maioria)
88
TJCE 1ª Câmara Cível 29276-93.2007.8.06.0000/0
Des. Ernani Barreira Porto
02/07/2007 v.u.
TJES 3ª Câmara Cível 30089000142 Des. Jorge Góes Coutinho
24/06/2008 v.u.
TJMG 2ª Câmara Cível 1.0079.09.946838-5/003(1)
Des. Carreira Machado
26/01/2010 v.u.
TJMG 2ª Câmara Cível 1.0079.09.946838-5/002(1)
Des. Carreira Machado 02/02/2010 v.u.
TJMG 6ª Câmara Cível 1.0109.08.012108-9/001(1)
Des. Maurício Barros
09/06/2009 v.u.
TJMT 2ª Câmara Cível 31659/2009 Des. Cirio Miotto 02/09/2009 por maioria
TJPR 17ª Câmara Cível 481.595-0 Des. Fernando Vidal de Oliveira
17/09/2008 por maioria
TJRJ 20ª Câmara Cível 200900221386 Des. Jacqueline Lima Montenegro
02/09/2009 v.u.
TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação
654.950.4/4-00 Des. Manoel Pereira Calças
15/12/2009 v.u.
TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação 653.329.4/3-00
Des. Manoel Pereira Calças 15/12/2009 v.u.
TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação
653.245-4/0-00 Des. Manoel Pereira Calças
15/12/2009 v.u.
TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação
527.909.4/6 Des. José Roberto Lino Machado
26/03/2008 v.u.
TJSP Câmara Reservada à Falência e Recuperação
524.879.4/6 Des. José Roberto Lino Machado
28/05/2008 v.u.
Das decisões do juízo ad quem que liberaram a trava bancária, apenas 15,38%
foram tomadas por maioria de votos, ao passo que 84,61% foram tomadas por
unanimidade.
Análise das decisões que liberaram a trava bancária
Em todas as 13 decisões que liberaram a trava bancária foi objeto de análise pelo
juízo ad quem o disposto no § 5º do art. 49 da Lei 11.101/05. Em apenas 6 destas
decisões estava também sob análise o disposto no § 3º do art. 49.
Nos acórdãos nº 1.0079.09.946838-5/003(1), de 26/01/2010, e nº
1.0079.09.946838-5/002(1), de 02/02/2010, ambos da 2ª Câmara Cível do TJMG,
relatados pelo Des. Carreira Machado, e decididos por unanimidade, houve liberação da
trava bancária pois a matéria não foi apreciada pelo Tribunal, com base no argumento
de que a interpretação do alcance da expressão “bens móveis e imóveis” contida no
parágrafo 3º do art. 49 da Lei 11.101/05, deve ser realizada antes em primeiro grau
jurisdicional, para somente após ser analisada em grau recursal. Com isso, manteve-se a
decisão do juízo a quo.
89
A Câmara Reservada à Falência e Recuperação do TJSP, ao julgar os Agravos de
Instrumento nºs 654.950.4/4-00, 653.329.4/3-00, 653.245-4/0-00, em 15/12/2009,
relatados pelo Des. Manoel Pereira Calças, decididos por unanimidade, e os Agravos de
Instrumento nºs 527.909.4/6, de 26/03/2008, e 524.879.4/6, de 28/05/2008, relatados
pelo Des. José Roberto Lino Machado, decididos por unanimidade, não foi reconhecida
a alienação fiduciária de créditos por falta de registro do título no Registro de Títulos e
Documentos antes do pedido de recuperação judicial. Com efeito, liberou-se a trava
bancária por não estarem presentes todos os requisitos para a caracterização da
alienação fiduciária de créditos, conforme disposto no art. 1.361, § 1º, do Código Civil.
O acórdão lavrado sob o nº 653.245-4/0-00 citou os seguintes precedentes: TJSP
AI 524.878.4/6; TJSP AI 524.879.4/6 - A alienação fiduciária deve ser registrada antes
da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a recuperanda e os
demais credores; TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 610.461.4/0 - A alienação fiduciária
deve ser registrada antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida
perante a recuperanda e os demais credores; TJSP AI 630.062.4/6-00 - Admite-se
cessão de recebíveis futuros; TJSP AI 633.332-4/0 - A alienação fiduciária deve ser
registrada antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a
recuperanda e os demais credores.
O acórdão lavrado sob o nº 653.329.4/3-00 citou os seguintes precedentes: TJSP
AI 524.879.4/6 - A alienação fiduciária deve ser registrada antes da distribuição do
pedido de recuperação para ser arguida perante a recuperanda e os demais credores;
TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 610.461.4/0 - A alienação fiduciária deve ser
registrada antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a
recuperanda e os demais credores; TJSP AI 630.062.4/6-00 - Admite-se cessão de
recebíveis futuros; TJSP AI 633.332-4/0 - A alienação fiduciária deve ser registrada
antes da distribuição do pedido de recuperação para ser arguida perante a recuperanda e
os demais credores.
O acórdão lavrado sob o nº 654.950.4/4-00 citou como precedente TJSP AI
585.273.4/7-00.
Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 31659/2009, a 2.ª Câmara Cível do TJMT,
por seu relator Des. Cirio Miotto, em 02/09/2009, por maioria, liberou trava bancária
90
sob os seguintes fundamentos. Em primeiro lugar, títulos de crédito não são
considerados bens móveis para fins de aplicação do disposto no § 3º do art. 49 da Lei
11.101/05, ante a ausência de expressa menção aos títulos de crédito neste parágrafo; e,
em segundo lugar, os créditos cedidos fiduciariamente submetem-se aos efeitos da
recuperação para que se possa atingir o fim do instituto da recuperação judicial,
consistente na superação da crise da empresa. Como precedentes, foram citados: TJMG
AI 1.0153.08.071892-4/001; TJES AI 30089000142; TJPR AI 481.595-0; TJSP AI
548.032.4/7-00; TJMT AI 91370/2008.
Ao julgar o Agravo de Instrumento 481.595-0, a 17ª Câmara Cível do TJPR, por
seu relator, Des. Fernando Vidal de Oliveira, em 17/09/2008, por maioria, decidiu que
não se deve reconhecer cessão fiduciária de cédula de produto rural por ausência de
requisito formal no contrato de cessão fiduciária, previsto no art. 18, II, da Lei 9.514/97,
bem como pelo fato de que o endosso de cédula de produtor rural não transmite a
propriedade da safra à instituição financeira endossatária.
Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 29276-93.2007.8.06.0000/0, a 1ª Câmara
Cível do TJCE, por seu relator, Des. Ernani Barreira Porto, em 02/07/2007, v.u., decidiu
que a sujeição de crédito alienado fiduciariamente é matéria afeita ao plano de
recuperação. Ademais, argumentou que se a instituição financeira cujo crédito é
garantido por cessão fiduciária de outro crédito participar da assembléia geral de
credores, ela estará a aceitar submeter-se à recuperação judicial.
Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 1.0079.09.946838-5/002(1), a 2ª Câmara
Cível do TJMG, por seu relator, Des. Carreira Machado, em 02/02/2010, v.u., decidiu
que os direitos creditícios não são bens móveis e que portanto não podem ser objeto de
alienação fiduciária, bem como, para aplicar-se o § 3º do art. 49 da Lei 11.101/05, o
credor que pretende excluir seu crédito dos efeitos da recuperação deve provar a
existência da alienação fiduciária.
Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 30089000142, a 3ª Câmara Cível do TJES,
por seu relator, Des. Jorge Góes Coutinho, em 24/06/2008, v.u., decidiu que títulos de
crédito não são considerados bens móveis para fins de aplicação do disposto no § 3º do
art. 49 da Lei 11.101/05, ante a ausência de expressa menção aos títulos de crédito neste
parágrafo.
91
Ao julgar o Agravo de Instrumento nº 2009.00221386, a 20ª Câmara Cível do
TJRJ, por sua relatora, Des. Jacqueline Lima Montenegro, em 02/09/2009, v.u., decidiu
que “não pode o Agravante, instituição bancária, impedir que à Recuperanda o direito
de administrar os rendimentos oriundos de duplicatas e CDB’s vencidos dados como
garantia de empréstimos, que serão indispensáveis à sua estratégia de recuperação da
higidez econômico-financeira."
Análise das decisões que mantém ou impõem a trava bancária
Acerca do § 5º do art. 49, encontrou-se 19 decisões que estabeleceram que o valor
da garantia liquidada deve ser mantido em conta vinculada durante o stay period (art. 6º,
§ 4º)19. Entretanto, em 2 decisões entendeu-se que não há ilegalidade na decisão a quo
em condicionar o exame do pedido de liberação dos valores correspondentes aos dos
títulos cedidos, à prévia concordância das instituições financeiras credoras20.
Em 1 acórdão, decidiu-se que a conta vinculada onde serão mantidos os depósitos
não necessita ser conta judicial21. Esta decisão foi citada como precedente em outras 3
decisões, o que reforça sua relevância. Entretanto, foram encontrados 3 acórdãos que
entenderam que a conta vinculada onde serão mantidos os depósitos deve ser conta
judicial22.
Em 3 decisões, entendeu-se que após o decurso do prazo do art. 6º, § 4º, as
quantias depositadas em conta vinculada serão levantadas pelo credor ou reverterão em
favor da empresa recuperanda, conforme o plano de recuperação23. Entretanto, houve 1
acórdão que entendeu que "Na dicção do art. 49, § 5º da Lei nº 11.101, de 2005, os
direitos creditórios garantidos pela cessão fiduciária não se submetem aos efeitos da
recuperação."24
19 TJES AI 30090000149; TJRS AI 70033336611; TJSP AI 655.134-4/8-00; TJSP AI 639.362.4/0-00; TJSP AI 634.368.4/1-00; TJSP AI 630.478-4/4; TJSP AI 628.519-4/2; TJSP AI 622.432-4/1; TJSP AI 622.431-4/7; TJSP AI 622.430-4/2; TJSP AI 622.429-4/8; TJSP AI 622.428-4/3; TJSP AI 622.427-4/9-00; TJSP AI 622.426-4/4; TJSP AI 600.656-4/2; TJSP AI 583.421.4/9-00; TJSP AI 571.784-4/1; TJSP AI 540.384-4/4-00; TJSP AI 531.703.4/0-00. 20 TJRS AI 70033336611; TJRS AI 70032032047. 21 TJSP AI 540.384-4/4-00. 22 TJRJ Embargos de Declaração 200900221764;TJRS AI 70033336611; TJSP AI 547.888-4/5-00. 23 TJES AI 30090000149; TJES AI 30090000131; TJES AI 30089000993. 24 TJPR AI 471.823-6.
92
Quanto à aplicação do § 3º do art. 49, em 14 decisões, entendeu-se que direitos
creditícios são bens móveis (CC, art. 83, III) e podem ser objeto de alienação fiduciária
e se incluem no § 3º do art. 49 da Lei 11.101/0525. Em 35 acórdãos, tratou-se de
alienação fiduciária de créditos existentes26, e, cumulativamente ou não, em 12
acórdãos, tratou-se de alienação fiduciária de créditos futuros27.
Em 11 acórdãos, decidiu-se que crédito garantido por alienação fiduciária em
garantia não se submete aos efeitos da recuperação judicial28. E não se submetem aos
efeitos da recuperação judicial o crédito garantido por alienação fiduciária de bens do
devedor ou de bens de terceiros29. Desse modo, a execução de crédito alienado
fiduciariamente não se suspende em razão da recuperação judicial30. Por estas razões, o
titular do crédito garantido por alienação fiduciária não tem o direito de votar na
Assembléia Geral de Credores31.
Entretanto, houve 1 acórdão no qual decidiu-se que a “sujeição de crédito alienado
fiduciariamente é matéria afeita ao plano de recuperação”32. Nesta decisão, entendeu-se
25 TJMT AI 91370/2008; TJRJ AI 200900234272; TJRJ AI 200900209750; TJSP AI 680.360.4/7-00; TJSP AI 655.134-4/8-00; TJSP AI 654.950.4/4-00; TJSP AI 653.329.4/3-00; TJSP AI 653.245-4/0-00; TJSP AI 650.545.4/7-00; TJSP AI 633.785.4/7-00; TJSP AI 632.813.4/9-00; TJSP AI 627.659.4/3-00; TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 527.909.4/6. 26 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0; TJMG AI 1.0109.08.012108-9/001(1); TJMT AI 10146/2009; TJPR AI 493.027-8; TJPR AI 472.508-8; TJPR AI 472.495-6; TJPR AI 471.823-6; TJRJ AI 200900234272; TJRS AI 70033336611; TJRS AI 70032032047; TJSP AI 994.09.286885-4; TJSP AI 7.222.504-8; TJSP AI 680.360.4/7-00; TJSP AI 655.134-4/8-00; TJSP AI 654.950.4/4-00; TJSP AI 653.329.4/3-00; TJSP AI 653.245-4/0-00; TJSP AI 639.362.4/0-00; TJSP AI 634.368.4/1-00; TJSP AI 633.785.4/7-00; TJSP AI 632.813.4/9-00; TJSP AI 630.478-4/4; TJSP AI 622.432-4/1; TJSP AI 622.431-4/7; TJSP AI 622.428-4/3; TJSP AI 622.427-4/9-00; TJSP AI 622.426-4/4; TJSP AI 600.656-4/2; TJSP AI 585.273.4/7-00; TJSP AI 557.256.4/0-00; TJSP AI 541.816-4/4-00; TJSP AI 540.384-4/4-00; TJSP AI 531.703.4/0-00; TJSP AI 527.909.4/6; TJSP AI 524.879.4/6. 27 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0; TJMG AI 1.0079.09.946838-5/003(1); TJMG AI 1.0079.09.946838-5/002(1); TJMT AI 10146/2009; TJPR AI 472.495-6; TJPR AI 471.823-6; TJRJ AI 200900234272;TJRJ AI 200900209750; TJSP AI 994.09.286885-4; TJSP AI 653.245-4/0-00; TJSP AI 630.062.4/6-00; TJSP AI 627.659.4/3-00. 28 TJRS AI 70030491278; TJSP AI 7.328.969-5; TJSP AI 7.328.922-2; TJSP AI 7.222.504-8; TJSP AI 680.360.4/7-00; TJSP AI 627.659.4/3-00; TJSP AI 622.432-4/1; TJSP AI 557.256.4/0-00; TJSP AI 548.032.4/7-00; TJSP AI 498.230.4/2; TJSP AI 445.750.4/2. 29 TJSP AI 498.230.4/2. 30 TJSP AI 7.222.504-8. 31 TJSP AI 428.701.4/5-00. 32 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0.
93
que se o banco credor participa da assembléia geral de credores, aceita submeter-se à
recuperação judicial33.
Ademais, em 2 acórdãos, decidiu-se que a regra do § 4º do art. 6º não incide
quando a hipótese é de cessão fiduciária de créditos, pois os créditos não são bens
essenciais ao exercício da atividade34. Isto porque, conforme decidiu-se em 2 acórdãos,
os recebíveis não são bens de capital para fins de aplicação da parte final do § 3º do art.
4935. Há, entretanto, 1 acórdão no qual decidiu-se que a regra do § 4º do art. 6º incide
pois os créditos são bens essenciais ao exercício da atividade36.
Por fim, há 1 acórdão que decidiu que Titular de Certificados de Direitos
Creditórios de Agronegócio - CDCA, lastreados em Cédulas de Produto Rural - CPRs, é
legitimado na qualidade de terceiro interessado a interpor agravo que libera ou substitui
as garantias de operação de crédito37. Neste acórdão, decidiu-se que abrigações
assumidas em câmaras de compensação ou liquidação financeira não se submetem aos
efeitos da recuperação judicial38.
Análise da pesquisa de percepção
Pela questão 11 da pesquisa de percepção realizada, indagou-se aos entrevistados
acerca de sua posição sobre “o fato de os créditos alienados fiduciariamente não se
submeterem à recuperacão de empresas”. As respostas se distribuíram quase que
igualmente entre as alternativas positivas e as alternativas negativas, conforme ilustra o
gráfico abaixo.
33 TJCE AI 29276-93.2007.8.06.0000/0 34 TJPR AI 472.508-8; TJSP AI 557.256.4/0-00. 35 TJPR AI 472.508-8; TJSP AI 655.134-4/8-00. 36 TJMT AI 10146/2009. 37 TJMT AI 74498/2008. 38 TJMT AI 74498/2008.
94
Se somadas as respostas “Altamente positivo” e “Positivo”, e as respostas
“Altamente negativo” e “Negativo”, encontra-se a distribuição indicada no gráfico
abaixo.
Deve-se observar, entretanto, que ao responderem os entrevistados a questão 13
(“De acordo com sua opinião, o percentual esperado de satisfação dos credores no
procedimento de recuperação judicial de empresas é”), o resultado da análise estatística
foi “entre 60% e 80%”, o que indica que, independentemente da opinião que se tenha
acerca da trava bancária, reconhece-se que há um alto índice de satisfação dos credores
no procedimento de recuperação judicial.
95
Entretanto, quando analisadas estatisticamente as respostas à questão 15 (“De
acordo com sua opinião, a nova legislação tem possibilitado a preservação dos postos de
trabalho de empresas em crise”) independentemente da opinião que se tenha acerca da
trava bancária, o resultado foi entre 40% e 60%.
Na parte da pesquisa de percepção reservada às contribuições por extenso dos
entrevistados, obteve-se as seguintes contribuições. Os entrevistados que apontaram ser
positiva a trava bancária sustentaram que deve ser mantida a atual redação dos § 3º e 5º
do art. 49 da Lei 11.101/05, sob pena de aumentar-se o Risco Brasil, destacando-se que
a tutela destes contratos facilitam a concessão de crédito no país, e também pela
necessidade de respeito dos direitos de propriedade no país. A manutenção deste
comando deveria ficar subordinada à demonstração da prática de juros mais baratos nas
linhas de crédito protegidas por este instrumento.
Dentre os que se posicionaram pela neutralidade, fundamentou-se que o tema era
uma questão política, e que a trava bancária deveria ter conduzido a um barateamento
do crédito, destacando-se que a opção pela resposta positiva ou negativa dependeria de
qual o ponto de vista que se adotasse, se da preseravação da empresa em crise ou do
barateamento do crédito no mercado.
Aqueles que fundamentaram a opção pelo aspecto negativo da trava bancária,
ressaltaram o impacto que a trava bancária tem no capital de giro da empresa, o que
pode inviabilizar a recuperação. Apontou-se também que os credores garantidos por
mecanismos de trava bancária deviam ter um tratamento igual aos demais credores, sob
pena de inviabilizar o instituto da recuperação judicial. Mesmo entre aqueles que
julgavam ser negativa a trava, sustentou-se que a trava bancária é uma tentativa de
baratear a oferta de crédito.
Conclusão
A partir da análise dos dados coletados, pode-se concluir que:
96
Conclusão geral
- É pequeno impacto dos mecanismos previstos nos §§ 3º e 5º do art. 49 da Lei
11.101, designados pela expressão “trava bancária”, no sistema de recuperação judicial
de empresas.
Conclusões específicas
- É quantitativamente pouco significativo o número de decisões judiciais
referentes à trava bancária em relação ao número total de processos de recuperação
judicial.
- É baixo o grau de controvérsia judicial em torno do tema.
Os dados coletados são suficientemente representativos para fundamentar estas
conclusões, pois: - Os dados coletados são referentes a 37 varas judiciais distintas; - Os
dados coletados são referentes a 48 processos de recuperação judicial de empresas.
- Nacionalmente, foram encontrados acórdãos em apenas 9 Estados, o que indica a
baixa recorrência deste tema em grau recursal. Por ter-se assumido que a parte
interessada interporá recurso sempre que houver decisão sobre o tema em primeiro grau
de jurisdição, pode-se concluir que é baixa a incidência do tema nos processos de
recuperação judicial. Entretanto, há tendência a aumentar a recorrência deste tema nos
processos de recuperação judicial.
- Os Estados em que o tema possui maior relevância nos seus respectivos
Tribunais, por ordem decrescente do número de acórdãos encontrados sobre o tema,
quantidade de manifestações, são: TJSP; TJRJ; TJPR; TJMT; TJES; TJRS; TJMG;
TJPE e TJCE.
- Geograficamente, o tema possui maior relevância na Região Sudeste.
- O Estado de São Paulo é o que apresenta maior recorrência de decisões sobre o
tema, seja no total de decisões do país ou no total de decisões da Região Sudeste.
- A análise dos acórdãos por Câmara julgadora ou por Relator permite a conclusão
de que a dispersão dos acórdãos é grande, de modo a abranger significativamente os
órgãos julgadores dos Tribunais em que foram encontrados acórdãos.
97
- O valor dos financiamentos garantidos por trava bancária apresenta grande
magnitude, sendo portanto representativo de recuperações judiciais de empresas de
vários portes.
- Os juízes de primeiro grau apresentam tendência a deferir pedidos de liberação
da trava bancária formulados pela empresa em recuperação.
- Na maioria dos casos, o recorrente é instituição financeira.
- A espécie recursal utilizada na maior parte dos casos para devolver a matéria ao
órgão ad quem é o agravo de instrumento.
- Os órgãos julgadores recursais apresentam forte tendência a manter ou impor a
trava bancária, pois a larga maioria das decisões é no sentido de impor a observância à
trava bancária.
- A adoção da garantia de financiamento com base alienação fiduciária de créditos
é recente, tendo em vista que há poucas decisões lavradas nos três primeiros anos de
vigência da Lei 11.101/05.
- A previsibilidade das decisões está orientando os agentes econômicos a adotar
mecanismos de finaciamento bancário garantidos por trava bancária, tendo o aumento
do número de decisões sobre o tema nos dois últimos anos.
- Dos 13 acórdãos classificados por orientação como sendo no sentido de liberar a
trava bancária, 6 liberaram a trava com base em argumentação fundada na ausência de
pressupostos formais para a caracterização da trava bancária; 2 acórdãos não apreciaram
a matéria com base em argumento de ordem processual; e os restantes 5 acórdãos
liberaram a trava bancária com base em argumentação é expressamente contrária à
caracterização do mecanismo.
- Mesmo tendo havido grande dispersão dos julgados, seja por Câmara julgadora
ou por Relator, a imensa maioria das decisões foi tomada por unanimidade, o que
permite a conclusão de que há pouca controvérsia nos Tribunais sobre os temas
relacionados à trava bancária.
- A percepção dos operadores do direito acerca da trava bancária é distribuída
quase que igualmente entre os favoráveis e os desfavoráveis à trava bancária.
98
- Essa divisão na percepção dos operadores acerca da trava, que gera debate
político sobre o tema, não reflete nas decisões dos Tribunais no que respeita à
interpretação dos comandos legislativos.
- Quanto à previsibilidade da argumentação empregada pelos Tribunais, há alto
grau de harmonização e coerência argumentativa entre as decisões favoráveis à
manutenção ou imposição da trava bancária, pois: - Os precedentes favoráveis à
manutenção ou imposição da trava bancária são largamente os mais citados pelas
decisões; - As decisões favoráveis à manutenção ou imposição da trava bancária são as
que citam precedentes com maior frequência e maior volume; - As decisões favoráveis à
manutenção ou imposição da trava bancária são as que citam doutrina com maior
frequência e maior volume.
- Quanto à norma do § 5º do art. 49, pode-se concluir que a jurisprudência
majoritária entende que:
(a) os créditos garantidos pela modalidade prevista no § 5º do art. 49 submetem-se
aos efeitos da recuperação judicial;
(b) o valor da garantia liquidada deve ser mantido em conta vinculada durante o
stay period;
(c) é lícita a decisão de primeiro grau que condiciona exame do pedido de
liberação dos valores correspondentes aos dos títulos cedidos, à prévia concordância das
instituições financeiras credoras;
(d) após o stay period, os valores referentes às garantias liquidadas revertem em
favor do titular do crédito garantido ou da empresa em recuperação, conforme tenha
sido objeto de previsão no plano de recuperação.
- Entretanto, ainda quanto à norma do § 5º do art. 49:
(a) há divergência sobre se deve ser judicial ou não a conta em que devem ser
mantidas os valores das garantias liquidadas;
- Quanto à norma do § 3º do art. 49, pode-se concluir que a jurisprudência
majoritária entende que:
(a) direitos creditícios são bens móveis (CC, art. 83, III) e podem ser objeto de
alienação fiduciária e se incluem no § 3º do art. 49 da Lei 11.101/05;
99
(b) é lícita a alienação fiduciária tanto de créditos existentes quanto de créditos
futuros;
(c) o crédito alienado fiduciariamente não se submete aos efeitos da recuperação;
(d) o deferimento do processamento da recuperação judicial não suspende a
execução de crédito alienado fiduciariamente;
(e) não se aplica às execuções de crédito garantido por alienação fiduciária de
créditos a limitação prevista na parte final do § 3º do art. 49 da Lei 11.101/05, pois
recebíveis não são considerados bens de capital;
(f) titular do crédito garantido por alienação fiduciária não tem o direito de votar
na Assembléia Geral de Credores;
(g) terceiro titular de derivativo lastreado em crédito cedido fiduciariamente tem
legitimação para a prática de atos processuais no processo de recuperação judicial
relacionado à tutela da trava bancária dos créditos dados em garantia.
Item 2.2.3 – Anexo I – Tabela de Acórdãos
Região Tribunal Espécie de recurso n. do recurso Órgão julgador Relator
data de julgamento
Quórum da decisão (v.u. ou por maioria)
NE
TJCE Agravo de Instrumento
29276-93.2007.8.06.0000/0
1ª Câmara Cível
Des. Ernani Barreira Porto
02/07/2007 v.u.
SE TJES
Agravo de Instrumento 30090000149
1ª Câmara Cível
Des. Fábio Clem de Oliveira
03/11/2009 v.u.
SE TJES
Agravo de Instrumento 30090000131
1ª Câmara Cível
Des. Fábio Clem de Oliveira
03/11/2009 v.u.
SE TJES
Agravo de Instrumento 30089000993
1ª Câmara Cível
Des. Fábio Clem de Oliveira
03/11/2009 v.u.
SE TJES
Agravo de Instrumento
30089000142 3ª Câmara Cível
Des. Jorge Góes Coutinho
24/06/2008 v.u.
SE TJMG
Agravo de Instrumento
1.0109.08.012108-9/001(1)
6ª Câmara Cível Des. Maurício Barros
09/06/2009 v.u.
100
SE TJMG
Agravo de Instrumento
1.0079.09.946838-5/003(1)
2ª Câmara Cível
Des. Carreira Machado
26/01/2010 v.u.
SE TJMG
Agravo de Instrumento
1.0079.09.946838-5/002(1)
2ª Câmara Cível
Des. Carreira Machado
02/02/2010 v.u.
CO TJMT
Agravo de Instrumento 95699/2009
1ª Câmara Cível
Des. Marilsen Andrade Addario
09/11/2009 v.u.
CO TJMT
Agravo de Instrumento 91370/2008
6ª Câmara Cível Des. Juracy Persiani
11/03/2009 v.u.
CO TJMT
Agravo de Instrumento 31659/2009
2ª Câmara Cível Des. Cirio Miotto
02/09/2009
por maioria
CO TJMT
Agravo de Instrumento 74498/2008
1ª Câmara Cível
Des. Marilsen Andrade Addario
19/10/2009 v.u.
CO TJMT
Agravo de Instrumento 10146/2009
5ª Câmara Cível
Des. Carlos Alberto Alves da Rocha
05/08/2009
v.u.
NE TJPE
Embargos de Declaração
165269-9/01 4ª Câmara Cível
Des. Francisco Manoel Tenorio dos Santos
02/04/2009
v.u.
NE TJPE
Agravo de Instrumento
165269-9 4ª Câmara Cível
Des. Francisco Manoel Tenorio dos Santos
08/01/2009
v.u.
S TJPR
Agravo de Instrumento 493.027-8
18ª Câmara Cível Des. Ruy Muggiati
27/08/2008 v.u.
S TJPR
Agravo de Instrumento
481.595-0 17ª Câmara Cível
Des. Fernando Vidal de Oliveira
17/09/2008
por maioria
S TJPR
Agravo de Instrumento
477.251-4 17ª Câmara Cível Des. Fernando Vidal
de Oliveira
15/09/2008
decisão monocrática
S TJPR
Agravo de Instrumento 472.508-8
18ª Câmara Cível Des. Ruy Muggiati
27/08/2008 v.u.
S TJPR
Agravo de Instrumento 472.495-6
17ª Câmara Cível
Des. Vicente Del Prete Misurelli
16/07/2008 v.u.
S TJPR
Agravo de Instrumento 471.823-6
17ª Câmara Cível
Des. Lauri Caetano da Silva
27/05/2009 v.u.
SE TJRJ
Agravo de Instrumento 200900234272
17ª Câmara Cível
Des. Luisa Cristina Bottrel Souza
21/01/2010
por maioria
SE TJRJ
Embargos de Declaração 200900221927
20ª Câmara Cível
Des. Jacqueline Lima Montenegro
18/11/2009 v.u.
SE TJRJ
Agravo Interno
200.900.221.764 20ª Câmara Cível
Des. Jacqueline Lima Montenegro
24/06/2009
decisão monocrática
SE TJRJ
Agravo de Instrumento
200.900.221.386 20ª Câmara Cível
Des. Jacqueline Lima Montenegro
02/09/2009
v.u.
SE TJRJ
Embargos de Declaração
200.900.221.386 20ª Câmara Cível
Des. Jacqueline Lima Montenegro
21/10/2009
decisão monocrática
101
SE TJRJ
Agravo de Instrumento 200900209750
17ª Câmara Cível
Des. Luisa Cristina Bottrel Souza
24/06/2009
por maioria
SE TJRJ
Embargos de Declaração 200900202081
2ª Câmara Cível
Des. Alexandre Freitas Câmara
08/04/2009 v.u.
SE TJRJ
Agravo de Instrumento
200.900.201.890 2ª Câmara Cível
Des. Alexandre Freitas Câmara
18/02/2009 v.u.
SE TJRJ
Embargos de Declaração
200.900.221.764 20ª Câmara Cível
Des. Jacqueline Lima Montenegro
09/12/2009
v.u.
S TJRS
Agravo Interno
70033336611 5ª Câmara Cível
Des. Gelson Rolim Stocker
16/12/2009 v.u.
S TJRS
Agravo de Instrumento 70033336611
5ª Câmara Cível
Des. Gelson Rolim Stocker
16/12/2009 v.u.
S TJRS
Agravo de Instrumento 70032032047
5ª Câmara Cível
Des. Gelson Rolim Stocker
08/09/2009
decisão monocrática
S TJRS
Agravo de Instrumento
70030491278 6ª Câmara Cível
Des. Antônio Corrêa Palmeiro da Fontoura
01/03/2010
decisão monocrática
SE
TJSP Agravo de Instrumento 994.09.286885-4
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Roberto Lino Machado
26/01/2010
v.u.
SE TJSP
Agravo de Instrumento 7.328.969-5
15ª Câmara de Direito Privado
Des. Edgard Jorge Lauand
17/03/2009 v.u.
SE TJSP
Agravo de Instrumento 7.328.922-2
15ª Câmara de Direito Privado
Des. Edgard Jorge Lauand
07/04/2009 v.u.
SE TJSP
Agravo de Instrumento 7.222.504-8
15ª Câmara de Direito Privado Des. Cyro Bonilha
19/02/2008 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 680.360.4/7-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Manoel Pereira Calças
15/12/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 669.718-4/06
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
15/12/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 655.134-4/8-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Manoel Pereira Calças
15/12/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 654.950.4/4-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Manoel Pereira Calças
15/12/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 653.329.4/3-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Manoel Pereira Calças
15/12/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 653.245-4/0-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Manoel Pereira Calças
15/12/2009 v.u.
102
SE
TJSP Agravo de Instrumento 650.545.4/7-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
27/10/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 649.264-4/1
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
17/11/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 649.263-4/7
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
17/11/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 639.362.4/0-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
27/10/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 637.664.4/4-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
27/10/2009 por
maioria
SE
TJSP Agravo de Instrumento 634.368.4/1-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
09/06/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 633.785.4/7-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
28/07/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 633.768.4/0-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
28/07/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 633.332-4-0/00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Roberto Lino Machado
30/06/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 632.813.4/9-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
09/06/2009 v.u.
SE
TJSP Embargos de Declaração 632.813.4/0-01
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
27/10/2009
v.u.
SE
TJSP Embargos de Declaração 632.813.4/0-01
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
27/10/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 632.743.4/9-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
30/06/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 630.478-4/4
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
06/10/2009
v.u.
103
SE
TJSP Agravo de Instrumento 630.475-4/0
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 630.062.4/6-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Araldo da Costa Telles
15/12/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 628.519-4/2
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009
v.u.
SE
TJSP Embargos de Declaração 627.659.4/5-01
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
27/10/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 627.659.4/3-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
28/07/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.664.4/0-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Roberto Lino Machado
30/06/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.432-4/1
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
06/10/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.431-4/7
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.430-4/2
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.429-4/8
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.428-4/3
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.427-4/9-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 622.426-4/4
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 610.461.4/0
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Roberto Lino Machado
30/06/2009
v.u.
104
SE
TJSP Agravo de Instrumento 600.656-4/2
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
09/06/2009
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 585.273.4/7-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
19/11/2008 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 583.421.4/9-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
19/11/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 571.784-4/1
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
27/08/2008 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 557.256.4/0-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Romeu Ricupero
30/07/2008 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento
548.557.4/2-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann
27/08/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento
548.032.4/7-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann
27/08/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 547.893.4/8-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann
27/08/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento
547.888-4/5-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann
27/08/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 542.697-4/7-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Araldo da Costa Telles
19/11/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 541.816-4/4-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Araldo da Costa Telles
07/05/2008 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 540.384-4/4-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Araldo da Costa Telles
07/05/2008 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 531.703.4/0-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Manoel Pereira Calças
24/09/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 527.909.4/6
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Roberto Lino Machado
26/03/2008
v.u.
105
SE
TJSP Agravo de Instrumento 524.879.4/6
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. José Roberto Lino Machado
28/05/2008
v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 498.230.4/2
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Boris Kauffmann
30/05/2007 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 445.750.4/2
Câmara Reservada à Falência e Recuperação Des. Elliot Akel
28/06/2006 v.u.
SE
TJSP Agravo de Instrumento 428.701.4/5-00
Câmara Reservada à Falência e Recuperação
Des. Manoel Pereira Calças
12/06/2006 v.u.
Item 2.2.3 – Anexo II – Comarca de Origem
Comarca de origem
Total de recursos originados nesta Comarca
1 São Paulo - 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais 13 2 Barueri 11 3 Sertãozinho 5 4 Recurso interposto contra decisão do Tribunal 5 5 Itapetininga 5 6 Linhares - 2ª Vara Cível e Comercial 4 7 São Paulo - 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais 4 8 Curitiba - 2ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas 3 9 Porto Alegre 3
10 Botucatu 2 11 Olímpia, 3ª Vara Cível 2 12 Lucas do Rio Verde 2 13 Cuiabá 2 14 4ª Vara de Direito Empresarial da Comarca da Capital 2 15 Diadema 2 16 Estrela D'oeste 2
17 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Contagem
2
18 Foro Regional de Araucária da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba 1
19 Presidente Prudente - 3ª Vara Cível 1 20 Canarana 1 21 6ª Vara Empresarial da Comarca da Capital 1 22 Rio de Janeiro - 1ª Vara Empresarial 1 23 Sertãozinho - 3ª Vara Cível 1 24 Mogi Guaçu - 3ª Vara Cível 1
106
25 Valinhos - 3ª Vara Cível 1 26 Canoas 1 27 Cabo de Sto. Agostinho 1 28 Ribeirão Preto, 4ª Vara Cível 1 29 Limeira - 2ª Vara Cível 1 30 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital 1 31 Campanha 1 32 Fortaleza - 1ª Vara de Falência e Concordata 1 33 Curitiba - 3ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas 1 34 Urânia - Vara Única 1 35 Jandira/Barueri - 1ª Vara Cível 1 36 Araucária 1 37 Jundiaí 1 38 Jundiaí -1ª Vara Cível do Foro Distrital de Cajamar 1 Total geral 90
Item 2.2.3 – Anexo III – Instituições financeiras envolvidas
Nº de acórdãos em que é parte
Nome da Instituição Financeira
1 Banco ABC Brasil S.A. 2 Banco ABN AMRO REAL S.A. 3 Banco BBM S.A. 4 Banco BGN S.A. 5 Banco BMC S.A. 6 Banco Bradesco S.A. 7 Banco BVA S.A. 8 Banco Citibank S.A. 9 Banco CR2 S.A. 1 Banco Cruzeiro do Sul S.A. 1 Banco Daycoval S.A. 1 Banco Fibra S.A. 1 Banco Guanabara S.A. 1 Banco Industrial do Brasil S.A. 1 Banco Industrial e Comercial S.A. 1 Banco Indusval S.A. 1 Banco Itaú S.A. 1 Banco Máxima S.A. 1 Banco Mercantil do Brasil S.A. 2 Banco Modal S.A. 2 Banco Paulista S.A. 2 Banco Pine S.A. 2 Banco Prosper S.A. 2 Banco Rendimento S/A 2 Banco Rural S.A. 2 Banco Safra S.A. 2 Banco Santander Banespa S.A. 2 Banco Santander S.A.
107
2 Banco Triângulo S.A. 3 Banco Votorantim S.A. 3 Baneste S.A. 3 Bankboston Banco Múltiplo S.A.
Item 2.2.3 – Anexo IV – Empresas cujas recuperações originaram acórdãos
1 Accentum Manutenção e Serviços Ltda. (em Recuperação Judicial) 2 Agrenco do Brasil S.A. (em Recuperação Judicial) e outras 3 Agropecuária Malp Administração e Participações Ltda. E outros 4 Antítese Ltda. EPP e outro 5 Asa Serviços de Limpeza Ltda. (em Recuperação Judicial) 6 Botucatu Textil S.A. (em Recuperação Judicial) 7 BPN Brasil Banco Múltiplo S.A. 8 Bretagne Safra S.A. 9 Cerâmica Lanzi Ltda. (em Recuperação Judicial) 10 Comercial Garção Derivados de Petróleo Ltda.
11 Companhia Albertina Mercantil e Industrial; Ventura Energética Ltda.; Santuário Participações Ltda.; Luzeiro Agroindustrial Ltda. (em Recuperação Judicial)
12 Depósito de Metais Praia de Espinho Ltda. 13 DF Deutsche Forfait S.R.O e Global Securities Capital Partners Advisors 14 Distribuidora Zangirolami Ltda. (em Recuperação Judicial) 15 Economia Comércio e Indústria de Alimentos Ltda. 16 Epcom Eletrônica Com. Import. Export. Informática Ltda. 17 Expandra Estamparia e Molas S.A. 18 Expandra Estamparia e Molas S.A. 19 Faster Brasex Transportes e Logística Ltda. 20 Fer Corr Embalagens Ltda. (em Recuperação Judicial) 21 Fresal Embalagens Ltda. 22 Frigoestrela S.A. (em Recuperação Judicial) 23 GMLOG Transportes Ltda. 24 Guimarães Agrícola Ltda. e outros 25 Indústria de Alimentos Nilza S.A. (em Recuperação Judicial) 26 Indústria de Móveis Movelar Ltda. 27 Inkafarma Comércio Farmacêutico S.A. - Drogamed 28 Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos - Postalis
29 Macromed Comércio de Material Médico e Hospitalar Ltda. (em Recuperação Judicial)
30 MCA Distribuidora do Brasil S.A.
31 Mercadinho Santos Pereira Ltda.; Mercadinho Ki Barato Ltda. (ambas em Recuperação Judicial)
32 Modern Sound Música e Equipamentos Ltda. 33 Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos (em Recuperação Judicial) 34 Quatro Marcos Ltda. (em Recuperação Judicial)
35 Reiplas Indústria e Comércio de Materil Elétrico Ltda. (em Recuperação Judicial)
36 Rio Recibrás Comércio de Metais Recicláveis Ltda.; Depósito de Metais Praia de Espinha Ltda. e outros
108
37 Solo Vivo Indústria e Comércio de Fertilizantes Ltda. 38 Stampafare Embalagens Ltda. (em Recuperação Judicial) 39 Suape Têxtil S.A.
40 Sul Americana de Cadernos Indústria e Comércio Ltda. (em Recuperação Judicial)
41 Supermercado Econômico Da Gente Ltda.; Da Gente Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.
42 Supermercado Gimenes S.A. (em Recuperação Judicial) 43 Tia Comércio de Lingerie Ltda. e outros 44 Togil Lanches Ltda. EPP e outro 45 Van Moorsel Andrade & Cia. Ltda. (em Recuperação Judicial) 46 Virmont Produtos Alimentícios S.A. (em Recuperação Judicial) 47 Whirpool S.A.
48 Zelepel Indústria e Comércio de Artefatos de Papel Ltda. (em Recuperação Judicial)
49 Zen Comércio de Medicamentos Ltda. - EPP
Item 2.2.3 – Anexo V – Precedentes mais citados
Precedente Total
TJSP AI 585.273.4/7-00 10
TJSP AI 571.784/4 9
TJSP AI 541.816-4/4-00 6
TJSP AI 557.256.4/0-00 6
TJSP AI 548.032.4/7-00 5
TJMG AI 1.0153.08.071892-4/001 3
TJSP AI 428.701.4/5 3
TJSP AI 445.750.4/2-00 3
TJPR AI 472.495-6 3
TJSP AI 498.230.4/2 3
TJSP AI 524.879.4/6 3
TJSP AI 540.384-4/4-00 3
TJSP AI 610.461.4/0 3
TJSP AI 633.332-4/0 3
TJSP AI 73032872 3
TJMT AI 91370/2008 3
TJSP AI 527.909.4/6-00 2
TJSP AI 630.062.4/6-00 2
109
TJMT AI 96177/2007 2
TJRJ AI 200900211750 1
TJES AI 30089000142 1
TJSP AI 446.455.4/3-00 1
TJSP AI 462.790.4/9 1
TJPR AI 472508-8 1
TJPR AI 481595-0 1
TJSP AI 496.224.4/0 1
TJSP AI 512.522.4/5-00 1
TJSP AI 512.585.4/1-00 1
TJSP AI 524.878.4/6 1
TJSP AI 543.927.4/5 1
TJSP 547.888-4/5-00 1
TJSP AI 549.832.4/5-00 1
TJSP AI 586.555-4/1-00 1
TJSP AI 590.400-4/1-00 1
TJSP AI 604.312-4/2-00 1
TJRS AI 70029680253 1
TJMT AI 7470/2008 1
TJRJ AI 2009.002.9750 1
TJPR AC 9608 1
Item 2.2.3 – Anexo VI - Autores mais citados
Dados Total
Soma de Manoel Justino Bezerra Filho, Lei de Recuperação de Empresas e Falências Comentada,
RT 15
Soma de Fábio Ulhoa Coelho, Curso de Direito Comercial, v. III, Saraiva 15
Soma de Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, v I, Forense 11
Soma de Eduardo Ribeiro Oliveira, Comentários ao Novo Código Civil, v. II, Forense 10
110
Soma de Clóvis Beviláqua, Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, v. I, Editora Rio 10
Soma de Paulo Restiffe Neto, Garantia Fiduciária, RT 10
Soma de Francisco Eduardo Loureiro, Código Civil Comentado, Manole 10
Soma de Guilherme Guimarães Feliciano, Tratado de Alienação Fiduciária em Garantia, LTr 9
Soma de Melhim Nemem Chalub, Negócio Fiduciário, Renovar 9
Soma de Orlando Gomes, Alienação Fiduciária em Garantia, RT 9
Soma de João Roberto Parizatto, Alienação Fiduciária, Edipa 9
Soma de César Fiuza, Alienação Fiduciária em Garantia de acordo com a Lei 9.514/97, AIDE 9
Soma de Fábio Ulhoa Coelho, Comentários à nova Lei de Falências de de Recuperação de
Empresas, Saraiva 7
Soma de Nestor Duarte, Código Civil Comentado, Manole 6
Soma de Sérgio Campinho, Falência e Recuperação de Empresa, Renovar 5
Soma de Rachel Sztajn, Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência (coord.
Francisco Satiro de Souza Júnior e Antônio Sérgio A. de Morais Pitombo) 3
Soma de Elias Katudjian, A nova Lei de Falências e de recuperação de empresas, Dos créditos
excluídos da recuperação, Revista do Advogado 2
Soma de Paulo Salles Toledo e Carlos Henrique Abrão, Comentários à Lei de Recuperação de
Empresas e Falência, Saraiva 2
Soma de Waldo Fazzio Júnior, Nova Lei de Falência e Recuperação de Empresas, Atlas 1
Soma de Ronaldo Vasconcelos, Direito Processual Falimentar, Quartier Latin 1
Soma de Paulo Sérgio Restiffe, Recuperação de Empresas, Manole 1
Soma de Marcos Paulo de Almeida Salles, Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e
Falência (coord. Francisco Satiro de Souza Júnior e Antônio Sérgio A. de Morais Pitombo) 1
Soma de Fran Martins, Títulos de Crédito, Rio de Janeiro 1
Soma de Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, Saraiva 1
111
Soma de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, Direitos Reais, Lumen Juris 1
Soma de Marco Aurélio Bezerra de Melo, Direito das Coisas, Lumen Juris 1
Soma de Lidia Valério Marzagão, in Rubens Approbato Machado (coord.) Comentários à nova Lei
de Falências e Recuperação de Empresas, Quartier Latin 1
Soma de Gladston Mamede, Direito Empresarial Brasileiro: Falência e Recuperação de Empresas,
Atlas 1
Soma de Celso Marcelo Oliveira, Comentários à nova Lei de Falências, IOB Thomson 1
Soma de Ricardo negrão, Aspectos objetivos da Lei de Recuperação de Empresas e Falências,
Saraiva 1
Soma de José da Silva Pacheco, Processo de recuperação judicial, extrajudicial e falência, Forense 1
112
Capítulo III. A OBRIGATORIEDADE DA APRESENTAÇÃO DE CND PARA CONCESSÃO DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Questionamento feito pelo Edital
No item 2.2.5 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos
questionou:
- “A obrigatoriedade da apresentação - para fins de concessão da recuperação
judicial - das certidões negativas de débito com as Fazendas dos entes federativos tem
gerado efeito negativo para a viabilidade da recuperação da empresa? Como o Poder
Judiciário vem tratando o tema?”
Projeto apresentado
Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:
- “A análise a ser realizada consiste em:
a) Identificação do tratamento dispensado pelo Poder Judiciário quanto à
exigência de apresentação de Certidão Negativa de Débito como
requisito à concessão de recuperação judicial de empresas.
O método para realizar-se a comparação consiste em:
a) Levantamento e sistematização de julgados nas bases de dados
informatizadas.
b) Sistematização das situações em que houve a dispensa da apresentação
de Certidão Negativa de Débito e das situações em que, ante a ausência
de dispensa, inviabilizou-se a recuperação.”
Delimitação do tema
Dispõe o art. 57 da Lei 11.101/05 que, após a juntada aos autos do plano aprovado
em assembléia geral de credores ou após decorrido o prazo previsto no art. 55 sem que
tenha sido oposta objeção ao plano, o devedor apresentará em cinco dias as certidões
113
negativas de débito tributário, nos termos dos arts. 151, 205 e 206 do Código Tributário
Nacional.
Esta exigência coaduna-se, no sistema de recuperação judicial de empresas, com o
fato de que, por um lado, a recuperação judicial não interfere no crédito tributário, no
sentido de que (a) o deferimento do processamento da recuperação judicial não
suspende o curso das execuções fiscais (art. 6º, § 7º, da Lei 11.101/05), e de que (b) o
plano de recuperação não poderá dispor acerca do tratamento a ser conferido ao crédito
tributário (art. 187 do CTN, que excepciona a regra contida no art. 49 da Lei
11.101/05); por outro lado, o crédito tributário não interfere no processo de recuperação
judicial, pois (a) a decisão que defere o processamento da recuperação judicial dispensa
o devedor de apresentar certidões negativas para o exercício da sua atividade
econômica, exceto no que respeita à contratação com o poder público (art. 52, II, da Lei
11.101/05), (b) o credor tributário não participa da assembléia geral de credores (art. 41
da Lei 11.101/05), que cuidará de aprovar, modificar ou rejeitar o plano de recuperação
judicial de empresas.
Entretanto, é certo que a recuperação judicial de empresas, ao cuidar de uma
diversidade de mecanismos relacionados à superação da crise econômico-financeira da
empresa, – relacionados, portanto, à atividade desenvolvida pela empresa – acaba por
interferir na conformação patrimonial da empresa e, ao menos indiretamente, no
interesse do Fisco. Assim, por exemplo, caso o plano de recuperação judicial preveja a
alienação de unidades produtivas isoladas e seja aprovado pelos credores reunidos em
assembléia geral de credores, ter-se-á situação em que o patrimônio da empresa sofrerá
modificação, à medida em que será transferido onerosamente a terceiros
estabelecimento empresarial cujos bens integram o acervo patrimonial da empresa
devedora de tributos. Em outras palavras: tendo em vista que o devedor responde com
todos os seus bens, presentes e futuros, pela satisfação do crédito exequendo (CPC, art.
591), atos de alienação de bens do devedor alteram a própria garantia patrimonial do
crédito tributário.
Por evidente, certos atos de disposição patrimonial, quando praticados fora do
processo de recuperação judicial, podem ser considerados nulos ou ineficazes em
relação ao credor fiscal. No entanto, quando praticados estes atos como cumprimento de
plano de recuperação judicial aprovado pelos credores e homologado judicialmente,
114
estes atos de disposição serão válidos e eficazes em relação ao credor tributário. É o
quanto ocorre, por exemplo, quando da alienação de unidades produtivas isoladas em
cumprimento a plano de recuperação judicial aprovado e judicialmente homologado.
De regra, a alienação de estabelecimento empresarial acarreta a sucessão do
adquirente no passivo tributário correspondente ao estabelecimento alienado, consoante
dispõe a regra prevista no art. 133 do CTN, de seguinte redação: “A pessoa natural ou
jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio
ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual,
responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à
data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria
ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou
iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou
em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.”
Entretanto, caso a alienação de estabelecimento ocorra em processo de
recuperação judicial de empresas, a regra de sucessão não será aplicada, consoante
excepciona o § 1º do mesmo art. 133 do CTN. Vale dizer, será alienado ativo integrante
do patrimônio da empresa devedora, pelas condições estabelecidas no plano, sem que
possa o credor tributário interferir ou participar do controle acerca da deliberação da
alienação, das condições da alienação, ou sem que conte com a garantia da sucessão do
passivo tributário por trespasse.
Por esta razão, impôs o art. 57 da Lei 11.101/05 a exigência de o devedor em
processo de recuperação judicial de empresas, após a aprovação do plano em assembléia
de credores ou após o decurso do prazo do art. 55 sem que tenham sido opostas
objeções ao plano apresentado, juntar aos autos do processo de recuperação judicial
certidão negativa de débito tributário – CND, como ato anterior à homologação judicial
do plano de recuperação. Com isto, assegura-se que todos os atos de disposição
patrimonial praticados em cumprimento ao plano de recuperação judicial não interfiram
na satisfação do crédito tributário, pois este, conforme dá conta a própria CND, foi
satisfeito. Deste modo, como requisito de concessão da recuperação judicial de
empresas, dispõe o art. 191-A do CTN, incluído pela Lei Complementar 118/2008, que:
115
“A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de
todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei.”
Pode ocorrer, e é o que sói ocorrer, que as empresas em situação de crise
econômico-financeira possuam passivo tributário cujo valor a empresa não tenha
condições de arcar de pronto, de modo a obter a certidão negativa de débito. Por conta
disso é que o próprio art. 68 da Lei 11.101/05 prevê que as “Fazendas Públicas e o
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos termos da legislação
específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação judicial, de acordo
com os parâmetros estabelecidos na Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código
Tributário Nacional.” Com o parcelamento, suspende-se a exigibilidade do crédito
tributário (art. 151, VI, do CTN), ao mesmo tempo em que se estabelecem os termos e
as garantias de seu cumprimento, conforme estabelecido em lei específica (art. 155-A,
caput, do CTN).
Tendo em vista que o nóvel instituto da recuperação judicial de empresas “tem
por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do
devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica” (Lei 11.101/05, art. 47),
entendeu o legislador que, por vezes, até mesmo o parcelamento do débito tributário nos
termos de lei específica poderia inviabilizar que o plano de recuperação judicial
aprovado atingisse seu objetivo. Por isto, na data em que foi promulgada a Lei
11.101/05, foi igualmente promulgada a Lei Complementar 118, também de 9 de
fevereiro de 2005, que modificou normas contidas no Código Tributário Nacional,
incluindo, no que pertine ao tema analisado, o § 3º no art. 155-A do CTN a prever que
“Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do
devedor em recuperação judicial.”
Com efeito, diversas foram as iniciativas legislativas tendentes a dispor acerca das
condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial,
de que são exemplos os seguintes: (a) PL 6447/2005, de 15/12/2005, de autoria do
Deputado Jorge Boeira, que dispõe “sobre parcelamento para empresas em recuperação
judicial de débitos com a Secretaria da Receita Federal, a Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional e o Instituto Nacional do Seguro Social e dá outras providências”; (b)
116
PL 246/2003, 27/02/2003, de autoria do Deputado Paes Landim, que dispõe sobre
“parcelamento e pagamento de débitos de tributos, contribuições fiscais e
previdenciárias.” Estes Projetos de Lei foram apensados ao (c) PL 5250/2005,
apresentado em 17/05/2005, pelo Senador Fernando Bezerra, que dispõe “sobre o
parcelamento de débitos de devedores em recuperação judicial, perante a União, suas
autarquias, fundações públicas e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e altera os
arts. 57 e 73 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005.”
Ao par dos Projetos de Lei que tinham por objeto dispor sobre as condições de
parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial, também
foram apresentados Projetos de Lei que tinham por objeto revogar a exigência contida
no art. 57 da Lei 11.101/05, de que são exemplos o (a) PL 6028/2005, de 6/10/2005, de
autoria do Deputado Jorge Boeira, que “Revoga o art. 57 da Lei nº 11.101, de 9 de
fevereiro de 2005, que ‘Regula a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária’, para dispensar a exigência de apresentação de
certidões negativas de débitos tributários na instrução do requerimento de recuperação
judicial” e o (b) PL 7363/2006, de 7/12/2006, de autoria do Deputado Luiz Piauhylino,
que “Revoga o art. 57 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, para eliminar a
exigência de apresentação prévia de certidão negativa no processo de recuperação
judicial”. Este PL 7363/2006 foi apensado, em 15/12/2006, ao PL 6028/2005. Este, por
sua vez, foi apensado, em 20/10/2005, ao PL 5250/2005.
O PL 5250/2005 ainda encontra-se em tramitação, e sua última ação constante do
site da Câmara dos Deputados foi em 10/3/2008, quando se criou comissão especial
para apreciá-lo39.
Por conta do fato de ainda não ter sido promulgada legislação específica acerca do
parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial, apresentou-se
perante as Cortes brasileiras situação na qual empresas que estão em situação de crise
econômico-financeira obtêm aprovar plano de recuperação judicial perante os seus
credores sujeitos à recuperação judicial de empresas, sem que obtenham parcelar o
crédito tributário em conformidade com o parcelamento especial para empresas em
39 Ver informação em http://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=285814
117
recuperação judicial. Quando há parcelamentos tributários que podem ser solicitados
pela empresa em recuperação, as suas características por vezes são tais que se dificulta
sobremaneira ou até mesmo se inviabiliza o cumprimento do plano de recuperação
aprovado e a consequente superação da crise econômico-financeira da empresa.
Por conta deste fato, conclui-se que o crédito tributário, conquanto não devesse
sofrer interferência do plano de recuperação judicial, bem como não deveria interferir
no cumprimento do plano judicial, acaba por interferir. Por esta razão, as empresas cujo
plano de recuperação foi aprovado postulam judicialmente seja afastada a exigência de
apresentação da certidão negativa de débito tributário como requisito para a concessão
da recuperação judicial. É acerca do conteúdo destas decisões que cuida a presente
pesquisa.
Problema pesquisado
Problemas Gerais de Pesquisa
- A obrigatoriedade da apresentação – para fins de concessão da recuperação
judicial – das certidões negativas de débito com as Fazendas dos entes federativos tem
gerado efeito negativo para a viabilidade da recuperação da empresa?
- Como o Poder Judiciário vem tratando o tema?
Problemas Específicos de Pesquisa
- É quantitativamente significativo o número de decisões judiciais referentes à
matéria em relação ao número total de processos de recuperação judicial de empresas?
- Qual o grau de controvérsia judicial em torno do tema?
Delimitação da amostra pesquisada
Foram acessados todos os sites de Tribunais estaduais e do Superior Tribunal de
Justiça e, por meio da ferramenta de busca de jurisprudência, pesquisados diversos
termos e combinações distintas para se chegar às decisões existentes.
118
Todos os resultados encontrados foram analisados, exceto quando se descreve que
‘foram encontrados mais de x decisões’, o que indica que, dado o grande número, foi
feita uma amostragem.
Para a realização da pesquisa referente à certidão negativa de débito, foram
utilizados três termos principais: “dispensa de certidão negativa de débito”, “ dispensa
da certidão negativa de débito” e “certidão positiva com efeito de negativa”, todas com
mais três variantes delas decorrentes, obtidas mediante acréscimo da expressão
“ recuperação judicial”. Procurou-se, com isso, mapear em todos os Tribunais de Justiça
do país, decisões que contivessem questões referentes à dispensa da certidão negativa de
débito como requisito à concessão da recuperação judicial.
Resultado da coleta de dados
No Tribunal de Justiça do Acre40 não foram encontrados documentos com os
termos mencionados. Tampouco o foram nos Tribunais dos Estados de Alagoas41,
Amapá42, Amazonas43, Maranhão44, Mato Grosso do Sul45, da Paraíba46, de Tocantins47,
do Piauí48, de Pernambuco49, de Sergipe50, ou do Pará51.
Quanto ao Tribunal do Estado da Bahia52, não foi possível a concretização da
busca, pois o site estava fora do ar durante todo o processo de pesquisa até o último dia
do prazo para entrega do relatório final. A mensagem recorrente era “Erro de conexão
com o banco de dados (jurisprudência)”.
No site do Tribunal do Estado do Ceará53, foi encontrado um documento
utilizando-se o termo de busca “dispensa da certidão negativa de débito”54, que, porém,
40 (http://websajju.tjac.jus.br/cjosg/index.jsp) 41 (http://www.jurisprudencia.tj.al.gov.br/busca.aspx) 42 (http://www.tjap.jus.br/component/option,com_tjap_consultas/Itemid,176/) 43 (http://consultasaj.tjam.jus.br:8080/cjosg/index.jsp) 44 (http://www.tj.ma.gov.br/site/cons/jurisp.php) 45 (http://www.tjms.jus.br/cjosg/index.jsp) 46 (http://www.tjpb.jus.br/portal/page/portal/tj/home) 47 (http://www.tj.to.gov.br/jurisprudencia_busca_geral_total_novo.asp) 48 (http://www.tjpi.jus.br/e-tjpi/home/jurisprudencia) 49 (http://www.tjpe.jus.br/jurisprudencia/index.asp) 50 (http://www.tjse.jus.br/tjnet/jurisprudencia/avancado.wsp) 51 (http://www.tj.pa.gov.br/consultasProcessuais/jurisprudencia/) 52 (http://www.tjba.jus.br/servicos/jurisprudencia/index.htm) 53 (http://www4.tjce.jus.br/sproc2/paginas/Acordao.htm)
119
não era pertinente. Acrescenta-se que foi utilizado mais um termo de busca, qual seja,
“certidão negativa de débito”, com o qual foram encontrados 12 registros, nenhum
pertinente. Com os demais termos, i.e., “certidão positiva com efeito de negativa” e
“dispensa de certidão negativa de débito + recuperação judicial de empresas”, não se
encontrou nenhum documento.
Quanto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios55, foram
encontrados 45 documentos não pertinentes, utilizando-se do termo “certidão positiva
com efeito de negativa”. Com o termo “dispensa da certidão negativa de débito”,
encontrou-se um documento também não pertinente.
Na busca eletrônica no site do Tribunal do Espírito Santo56, foram encontrados
38 acórdãos e 87 decisões monocráticas, quando utilizado o termo “certidão positiva
com efeito de negativa”, mas nenhuma decisão trata de recuperação judicial de
empresas.
No site do Tribunal de Justiça de Goiás57, foram encontrados 8 documentos na
busca do termo “dispensa da certidão negativa de débito” e 29 documentos na busca do
termo “certidão positiva com efeito de negativa”. Nenhum documento encontrado era,
entretanto, pertinente.
No Tribunal do Estado do Rio de Janeiro58 também não se pode verificar
documentos. Foi encontrado apenas um julgado na busca do termo “dispensa certidão
negativa de débito”, e este não era pertinente. Neste caso, foram feitas, ainda, buscas
mais amplas neste tribunal (por exemplo, apenas com o termo “CND”). Foram
encontrados 38 acórdãos, nenhum deles tratava de recuperação judicial. Quando
combinados os termos “CND” e “recuperação judicial”, nenhum acórdão é encontrado.
Enviamos, ainda, um e-mail ao setor de pesquisa de jurisprudência daquele Tribunal
([email protected]), que nos respondeu afirmando que não havia decisões que
tratassem do tema.
54 (637821-47.2000.8.06.0001/1 - APELAÇÃO CÍVEL) 55 (http://www.tjdft.jus.br/juris/juris.asp) 56 (http://www.tjes.jus.br/cfmx/portal/Novo/cons_jurisp.cfm) 57 (http://www.tjgo.jus.br/jurisprudencia/juris.php?acao=next) 58(http://www.tjrj.jus.br/scripts/weblink.mgw?MGWLPN=DIGITAL1A&LAB=XJRPxWEB&PGM=WEBJRP101&PORTAL=1)
120
No site de pesquisa de jurisprudência do Tribunal do Rio Grande do Norte59 não
foram encontradas decisões com os termos “certidão negativa de débito recuperação
judicial”, “ dispensa certidão negativa de débito”, “ dispensa de certidão negativa de
debito recuperação judicial” ou “certidão positiva com efeito de negativa recuperação
judicial”. Com a expressão de busca “certidão positiva de debito com efeito de
negativa” foram encontrados 3 (três) acórdãos, porém nenhum deles tratava de
recuperação judicial.
Nos sites dos Tribunais dos Estados de Rondônia60 e Roraima61, os resultados
foram os mesmos quanto aos primeiros quatro parâmetros listados acima. Foi
encontrado apenas um documento com a última expressão em cada um dos Tribunais
(Cautelar Inominada nº 200.001.2008.024804-6 - TJ-RO; Agravo de Instrumento nº
0010.08.009929-3 – TJ-RR), ambos não pertinentes ao tema ora pesquisado.
No Tribunal de Justiça de Minas Gerais62, foram encontrados 25 documentos a
partir do termo “Certidão Negativa de Débito Recuperação Judicial”, 207 com
“Dispensa de Certidão Negativa de Débito”, 7 com “Dispensa de Certidão Negativa de
Débito Recuperação Judicial”. De todos esses, apenas 3 (três) acórdãos eram
pertinentes. Não foram encontrados documentos a partir do termo “Certidão Positiva de
Débito com Efeito de Negativa recuperação judicial”
No site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul63, foram encontrados 7
(sete) julgados a partir da expressão “certidão positiva de debito com efeito de
negativa”, nenhum era pertinente. Não foi encontrado qualquer outro acórdão sobre o
tema com base nos demais parâmetros pesquisados.
No Tribunal de Justiça do Paraná64 foram encontrados 12 (doze) acórdãos com
base nas buscas pelos termos “Certidão Negativa de Débito Recuperação Judicial”. No
59 (http://www2.tjrn.jus.br/cjosg/index.jsp) 60 (http://www.tj.ro.gov.br/cj/faces/jsp/consulta.jsp) 61 (http://www.tjrr.jus.br/page/web/tjrr/jurisprudencia) 62(http://www.tjmg.jus.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?tipoTribunal=1&comrCodigo=79&ano=6&txt_processo=288873&complemento=1&sequencial=0&palavrasConsulta=Certid%E3o%20Negativa%20de%20D%E9bito%20Recupera%E7%E3o%20Judicial&todas=&expressao=&qualquer&sem=&radical=) 63 (http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris) 64 (http://www.tjpr.jus.br/portal/jurisprudencia/)
121
entanto, nenhuma das decisões colhidas era pertinente ao tema. Não foram encontrados
acórdãos a partir da utilização dos outros parâmetros.
No Tribunal de Justiça de Santa Catarina65 foram encontrados 38 acórdãos a
partir dos termos “certidão negativa de débito recuperação judicial”; 187 com
“dispensa certidão negativa de débito”; 300 com “certidão positiva com efeito de
negativa”; 15 com “certidão positiva de debito com efeito de negativa recuperação
judicial”. Nenhuma das decisões tratava especificamente do tema, porque não reuniam
todos os parâmetros. Quando as expressões eram colocadas entre aspas, nenhum
documento era encontrado.
No Tribunal de Mato Grosso66 foram encontradas mais de 100 decisões judiciais
a partir da busca pelos termos “Certidão Negativa de Débito Recuperação Judicial”,
dos quais três acórdãos são pertinentes. Para os demais termos pesquisados (“Dispensa
de Certidão Negativa de Débito”, “ Dispensa de Certidão Negativa de Débito
Recuperação Judicial” ou “Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa
recuperação judicial”), não foram encontrados quaisquer documentos.
Na busca feita no site do Tribunal de São Paulo67 foram encontrados 57 julgados
a partir de “certidão negativa de débito recuperação judicial”; “dispensa certidão
negativa de débito” com 579 julgados; “dispensa de certidão negativa de débito
recuperação judicial”, com 13; “certidão positiva de debito com efeito de negativa”,
1.138; “certidão positiva com efeito de negativa recuperação judicial”, 10. Dentre
todos esses, 8 eram pertinentes.
Foi realizada, ainda, pesquisa no Superior Tribunal de Justiça. Com os termos
“Dispensa certidão negativa de débito” foram encontrados 3 documentos. Com
“certidão positiva de debito com efeito de negativa”, foram encontrados 217
documentos e, acrescendo-se “recuperação judicial”, nenhum arquivo é encontrado.
Nenhum dos arquivos encontrados é pertinente.
Ao todo, foram encontrados 14 acórdãos pertinentes ao tema pesquisado.
65 (http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/index.action) 66 (http://www.tjmt.jus.br/jurisprudenciapdf/) 67 (http://esaj.tj.sp.gov.br/cjsg/resultadoCompleta.do)
122
Análise descritiva dos dados coletados
Os acórdãos encontrados são de lavra dos Tribunais de Justiça dos Estados de São
Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. O Estado de São Paulo responde por 58% dos
acórdãos coletados, ao passo que os Estados de Minas Gerais e Mato Grosso
respondem, cada um, por 21% dos acórdãos coletados, conforme ilustra o gráfico
abaixo.
Distribuição dos acórdãos por Tribunais
58%
21%
21%
TJSP
TJMG
TJMT
Assim, há uma concentração de decisões sobre o tema na Região Sudeste, que
abarca, somando-se os dois percentuais, 79% das decisões sobre a necessidade de
apresentação das certidões negativas de débito.
As decisões encontradas são provenientes de recursos interpostos contra decisões
lavradas em 7 varas de origem no Estado de São Paulo, 3 varas de origem no Estado do
Mato Grosso e 2 varas de origem no Estado de Minas Gerais, conforme apontado no
gráfico abaixo:
123
Distribuição dos processos nos juízos de 1o e 2o graus
0
0.5
1
1.5
2
2.5
Com
arca
de
Con
tage
m
Com
arca
de
Gov
erna
dor
Val
adar
es
Com
arca
da
Cap
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Var
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São
Pau
lo -
1a
Var
a de
Fal
ênci
as e
Rec
uper
ação
Jud
icia
l
TJMG TJMT TJSP
Contar de Comarca de origem
Tribunal Comarca de origem
A verificação da dispersão dos dados coletados possibilita que se analise a difusão
de certo tipo de interpretação jurídica sobre o tema nos juízos mais distintos dentro de
cada Estado. A pouca concentração nas comarcas apontadas sugere que as análises das
decisões possibilitam confiabilidade quanto à difusão de determinados entendimentos
judiciais compartilhados.
No juízo de 2º grau, analisou-se a distribuição dos julgados em relação aos
Estados, Órgão Julgador e Relator. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
concentra um maior número de processos julgados por relator. Tal concentração pode
ser explicada devido à existência de uma Câmara especializada para julgar recursos da
área de Falência e Recuperação Judicial. Nos demais Estados do país, a matéria é
apreciada por Câmaras Cíveis que, por existirem em maior número, possibilitam uma
maior dispersão dos julgados quanto ao órgão julgador. O gráfico abaixo indica a
dispersão dos acórdãos por Tribunal, Órgão Julgador e Relator.
124
Distribuição dos votos por Tribunal, Câmara e Desembargador
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
DorivalGuimarães
Pereira
Maurício Barros Heloisa Combat Astúrio Ferreirada Silva Filho
Sebastião deMoraes Filho
Marcelo Souzade Barros
José RobertoLino Machado
Manoel deQueiroz Pereira
Calças
RomeuRicupero
5ª Câmara CívelTJMG
6a CâmaraCível TJMG
7ª Câmara CívelTJMG
4ª Câmara CívelTJMT
5ª Câmara CívelTJMT
6ª Câmara CívelTJMT
CEFRJ - TJSP
TJMG TJMT TJSP
Contar de Comarca de origem
Tribunal Órgão julgador Relator
As decisões de primeiro grau levadas à apreciação dos Tribunais por meio de
recurso (todos na forma de Agravo de Instrumento) concretizavam, de maneira
preponderante orientação no sentido de dispensar a exigência de apresentação da CND.
Essa preponderância é medida na ordem de 71%.
As decisões de primeiro grau que privilegiavam a exigência da CND como
requisito à concessão de recuperação judicial de empresas responderam por 21% do
total coletado:
125
Quanto à exigência de apresentação da CND no Juízo de primeiro grau
29%
71%
Juiz de primeiro grau exigiu a apresentação de CND
Juiz de primeiro grau dispensou a apresentação deCND
A orientação dos julgados nos Tribunais, entretanto, apresentou resultado não
apenas uniforme, mas unânime: a totalidade das decisões levadas a recurso para análise
em segunda instância resultou em acórdãos que consolidavam o entendimento de que
se deveria afastar a exigência do art. 57 da Lei 11.105/05.
Quanto à exigência de apresentação da CND no JUÍZO DE 2o GRAU
0%
100%
Tribunal EXIGIU a apresentação de CND
Tribunal DISPENSOU a apresentação deCND
Ademais, além de serem todas as decisões coletadas orientadas no sentido da
dispensabilidade da exigência da CND como requisito da concessão de recuperação
judicial, verificou-se que a integralidade das decisões coletadas foi tomada por
unanimidade (v.u.), a indicar consenso dos Desembargadores acerca da matéria.
126
Consenso nas decisões de 2o grau - CND
0
2
4
6
8
10
12
14
16
DECISÃO UNÂNIME DECISÃO POR MAIORIA
Análise da argumentação empregada nos acórdãos
Como todos os acórdãos de todos os Tribunais de Justiça pesquisados decidem
pela dispensa de apresentação da CND, cumpre analisá-los, ainda que minimamente,
quanto ao seu conteúdo, com objetivo de identificar eventuais influências de
precedentes, doutrina ou argumentos recorrentes.
Em todos os acórdãos, há dois argumentos que sempre estão presentes:
a. Não se deve exigir a CND quando inexiste de lei disciplinadora dos créditos
tributários (100% das decisões).
b. Que, do cotejo entre o art. 57 com o art. 47 da Lei 11.101/05, o princípio da
manutenção da unidade produtiva deve prevalecer (100% das decisões).
A respeito da pergunta proposta, acerca do efeito da exigência de apresentação das
Certidões Negativas de Débito, pode-se afirmar que:
1) Há redundância argumentativa, em todos os julgados, no sentido que:
A exigência da CND é contemporizada com princípios do direito empresarial e
outras de suas normas. Dessa forma, não houve, em nenhum dos exemplos pesquisados,
qualquer empresa que teve sua falência decretada em virtude de não ter apresentado a
CND.
127
Destacamos algumas decisões de dois casos (Parmalat e Varig) que encontram
ressonância nos julgados a respeito da CND, seja pela menção ao caso, ao argumento,
ou mesmo à passagem expressamente:
- Caso Parmalat:
Voto do relator, Des. Pereira Calças:
“A aplicação literal do artigo 57 coloca-se em frontal antinomia com o estabelecido
pelo artigo 47, já que, o indeferimento da recuperação judicial pela falta da
apresentação das certidões negativas fiscais, fatalmente, inviabilizará a preservação da
empresa e dos empregos dos trabalhadores.”
Parecer de Alberto Camiña Moreira, representante do Ministério Público do
Estado de São Paulo:
"Em relação à exigência do art. 57 da Lei 11.101 e artigo do CTN: a) trata-se de
sanção política, profligada pela jurisprudência dos tribunais; b) fere o princípio da
proporcionalidade, e, por isso, são insubsistentes; c) o descumprimento não acarreta a
falência, conseqüência não desejada pela lei; d) a jurisprudência de nossos tribunais,
historicamente, desprezou exigências fiscais de empresas em crise econômica, sem que
isso represente proibição de cobrança de tributos pelas vias próprias.
Diz-se, costumeiramente, que a falência é um conjunto de rios, o principal e os
afluentes menores. A Fazenda Pública insere-se em rio próprio, não tributário do rio
da falência. Corre em separado. Não se mistura às águas concursais. São rios que não
se comunicam.
E o que afirma o artigo 187 do Código Tributário Nacional, na redação que lhe deu a
Lei Complementar 118/05: ‘A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a
concurso de credores, ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata,
inventário ou arrolamento’.
Deve, então, a Fazenda Pública seguir seu rumo, na importante defesa do crédito
público'' (fls. 92/93).
128
O juiz Alexandre Alves Lazzarini, ao acompanhar o parecer de Alberto Camiña
Moreira, representante do Ministério Público de São Paulo, acerca da exigência do
artigo 57, da Lei n° 11.101/2005 e do artigo 191- A, do CTN:
"a) trata-se de sanção política, profagada pela jurisprudência dos tribunais, b) fere o
princípio da proporcionalidade e, por isso, são insubsistentes, c) o descumprimento não
acarreta a falência, conseqüência não desejada pela lei, d) a jurisprudência de nossos
tribunais, historicamente, desprezou exigências fiscais de empresas em crise
econômica, sem que isso represente proibição de cobrança dos tributos pelas vias
próprias, sendo, por isso, arbitrária que justifica a incidência do princípio maior da
proporcionalidade, inserido na Constituição Federal e, invocando doutrina sobre o
tema, afastou a exigência da apresentação das certidões negativas dos débitos
tributários" (decisão reproduzida às fls 50/52).
- Caso Varig: Decisão do Juiz do caso, Luiz Ayoub: "A ausência de lei especial disciplinadora do parcelamento de créditos tributários de
quem esteja em processo de recuperação, exige tratamento que for mais benéfico ao
contribuinte, sendo inaplicável a norma do art. 191-A do CTN, enquanto não se dê
cumprimento ao disposto no § 3o, do art. 155-A, daquele diploma legal.
Acrescente-se que tais fundamentos geram direito subjetivo às requerentes de obter as
referidas certidões, não sendo razoável que a burocracia seja capaz de impedir a
ultimação do processo de recuperação e maltratar, consequentemente, o princípio
cardeal que inspira a lei, que, reprise-se, objetiva a manutenção da unidade produtiva"
(fls. 70).
Cabe apontar, dentro da perspectiva da recorrência argumentativa, que se pôde
identificar, ainda, uma obra de doutrina citada em 50% dos julgados: Eduardo Secchi
Muñoz, "Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência", coord. Francisco
Sátiro de Souza Jr e Antonio Sérgio A. de Moraes Pitombo, São Paulo, 2005.
129
2) A partir da análise dos dados, o resultado é, portanto, unânime: todos os
julgados, em segunda instância, afastaram a exigência do art. 57 da Lei 11.105/05, em
todos os Estados.
3) Observando-se, no entanto, as decisões de primeiro grau, pode-se notar que,
embora majoritário, tal entendimento não é uníssono. Há uma parcela dos juízes que
entende ser necessária a apresentação da CND, conforme consagrado no dispositivo
legal.
A exigência é, de forma recorrente, contemporizada com os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, além de princípios do próprio direito empresarial
(preservação da empresa) e, ainda, com a ausência de norma disciplinadora do
parcelamento tributário. Destacamos, dessa forma, não houve, em nenhum dos
exemplos pesquisados, qualquer empresa que teve sua falência decretara em virtude de
não ter apresentado a CND.
Ressalte-se que esta leitura é fruto da atividade jurisprudencial, que tem entendido
uniforme e unissonamente neste mesmo sentido no momento da realização da pesquisa.
Item 2.2.5 – Anexo I – Tabelas de Acórdãos
Tribunal Espécie de recurso N. do recurso Órgão
julgador Relator Data de julgamento
Comarca de origem Recorrente Recorrido
TJSP Agravo de
Instrumento 507.990.4/8-00 CEFRJ - TJSP*
Romeu Ricupero 08/01/07 Guarulhos
Editora Parma LTDA (em recuperação judicial) O juízo
TJSP Agravo de
Instrumento 510.802.4/9-00 CEFRJ - TJSP
Romeu Ricupero 31/10/07
Lorena - 1a Vara Cível de Lorena União Federal
Ana Abrantes da Silva - ME
TJSP Agravo de
Instrumento 456.393.4/8-00 CEFRJ - TJSP
Romeu Ricupero 08/11/06
Ferraz de Vasconcelos - Comarca de Ferraz de Vasconcelos / POÁ
Hikari Indústria e Comércio LTDA (em recuperação judicial) O juízo
TJSP Agravo de
Instrumento 605.147-4/6-00 CEFRJ - TJSP
José Roberto Lino Machado 05/05/09
Santos - 5a Vara Cível de Santos
Paulista Containers Marítmos Ltda. O juízo
TJSP Agravo de
Instrumento 501.786-4/3-00 CEFRJ - TJSP
José Roberto Lino Machado
30/01/08 Matão - Comarca de Matão União Federal
Agri Tillage do Brasil Indústria e Comércio de Máquinas Agrícolas Ltda
130
TJSP Agravo de
Instrumento 516.982.4/0-00 CEFRJ - TJSP
Manoel de Queiroz Pereira Calças 30/01/08
Jundiaí - 2a Vara Cível de Jundiaí INSS
Indústria Brasileira de Artefatos e Cerâmicas - IBAC Ltda (em recuperação judicial)
TJSP Agravo de
Instrumento 470.132-4/0-00 CEFRJ - TJSP
Manoel de Queiroz Pereira Calças 30/05/07
São Paulo - 1a Vara de Falências e Recuperação Judicial União Federal
Viação Aérea São Paulo S.A. - VASP (em recuperação judicial)
TJSP Agravo de
Instrumento 439.602-4/9-00 CEFRJ - TJSP
Manoel de Queiroz Pereira Calças 17/01/07
São Paulo - 1a Vara de Falências e Recuperação Judicial União Federal
Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos (em Recuperação Judicial)
TJMG Agravo de
Instrumento
1.0079.07.371306-1/001
7ª Câmara Cível TJMG
Heloisa Combat
29/09/09 Comarca de Contagem
IPAFAC Factoring Fomento ComercialLTDA
Banco Bradesco S.A., Pétalas Cosméticos IND COM LTDA
TJMG Agravo de
Instrumento 1.0079.06.288873-4/001(1)
5ª Câmara Cível TJMG
Dorival Guimarães Pereira
29/05/08 Comarca de Contagem
Banco Itaú S.A.
EMBEL – Empresa de Bebidas LTDA
TJMG Agravo de
Instrumento 1.0105.06.181310-8/001(1)
6a Câmara Cível TJMG
Maurício Barros
06/10/08 Comarca de Governador Valadares
Estado de Minas Gerais Laticínios Araken
LTDA
TJMT Agravo de
Instrumento 69832/2009
5ª Câmara Cível TJMT
Sebastião de Moraes Filho
12/02/09 Comarca de Primavera do Leste
Banco do Brasil S.A.
Viana Trading Importação e Exportação de Cereais LTDA.
TJMT Agravo de
Instrumento 12.30378486
6ª Câmara Cível TJMT
Marcelo Souza de Barros
09/10/08 Comarca de Várzea Grande
Banco Itaú S.A. e Cia Itaú Leasing de Arrendamento Mercantil
PETROLUZ DISTRIBUIDORA LTDA. E OUTRO(s)
TJMT Agravo de
Instrumento 7808/2009
4ª Câmara Cível TJMT
Astúrio Ferreira da Silva Filho
22/06/09 Comarca da Capital - Cuiabá Banco Itaú S.A.
União de Cursos de Cuiabá LTDA. ME e Outro(s)
*Câmara Especial de Falências e Recuperações Judiciais de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Item 2.2.5 – Anexo I – Tabela quanto à orientação dos julgados
Tribunal
N. do recurso
Órgão julgador Relator
Data de julgamento
Quórum da
decisão (v.u. ou
por maioria)
Juiz de primeiro grau
exigiu a apresentação
de CND
Juiz de primeiro grau dispensou a
apresentação de CND
Tribunal exigiu a
apresentação de CND
Tribunal dispensou a
apresentação de CND
131
TJSP 507.990.4/8-00
CEFRJ - TJSP*
Romeu Ricupero
08/01/07
v.u.
1 0 0 1
TJSP 510.802.4/9-00
CEFRJ - TJSP
Romeu Ricupero
31/10/07 v.u.
0 1 0 1
TJSP 456.393.4/8-00
CEFRJ - TJSP
Romeu Ricupero
08/11/06 v.u.
1 0 0 1
TJSP 605.147-4/6-00
CEFRJ - TJSP
José Roberto Lino Machado
05/05/09
v.u.
1 0 0 1
TJSP 501.786-4/3-00
CEFRJ - TJSP
José Roberto Lino Machado
30/01/08
v.u.
0 1 0 1
TJSP 516.982.4/0-00
CEFRJ - TJSP
Manoel de Queiroz Pereira Calças
30/01/08
v.u.
0 1 0 1
TJSP 470.132-4/0-00
CEFRJ - TJSP
Manoel de Queiroz Pereira Calças
30/05/07
v.u.
0 1 0 1
TJSP 439.602-4/9-00
CEFRJ - TJSP
Manoel de Queiroz Pereira Calças
17/01/07
v.u.
0 1 0 1
TJMG
1.0079.07.371306-1/001
7ª Câmara Cível TJMG
Heloisa Combat
29/09/09
v.u.
1 0 0 1
TJMG
1.0079.06.288873-4/001(1)
5ª Câmara Cível TJMG
Dorival Guimarães Pereira
29/05/08
v.u.
0 1 0 1
TJMG
1.0105.06.181310-8/001(1)
6a Câmara Cível TJMG
Maurício Barros
06/10/08
v.u.
0 1 0 1
TJMT 69832/2009
5ª Câmara Cível TJMT
Sebastião de Moraes Filho
12/02/09
v.u.
0 1 0 1
TJMT 12.30378486
6ª Câmara Cível TJMT
Marcelo Souza de Barros
09/10/08
v.u.
0 1 0 1
TJMT 7808/2009
4ª Câmara Cível TJMT
Astúrio Ferreira da Silva Filho
22/06/09
v.u.
0 1 0 1
Total 4 10 0 14
132
Capítulo IV. LIMITES IMPOSTOS PELO ARTIGO 2.º DA LEI
Questionamento feito pelo Edital
No item 2.2.6 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos
questionou:
“Os limites impostos pelo artigo 2.º da Lei de Falências devem ser revistos?”
Projeto apresentado
Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:
- “Este tema será abordado mediante a apresentação dos sistemas concursais
existentes para as diversas espécies de atividades referidas no art. 2.º da Lei, de modo a
verificar-se a necessidade de regulação específica de determinados setores.”
Delimitação do tema
A Lei 11.101/05 estabelece em seu art. 2º quais entidades que, conquanto
consideradas empresárias, não se submetem aos regimes de falência, recuperação
judicial e extrajudicial. Com efeito, lê-se no art. 2º que: “Esta Lei não se aplica a: I –
empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou
privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar,
sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade
de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.”
Assim, estão excluídos dos regimes concursais previstos na Lei 11.101/05:
1. empresa pública e sociedade de economia mista;
2. instituição financeira pública ou privada;
3. cooperativa de crédito;
4. consórcio;
5. entidade de previdência complementar;
133
6. sociedade operadora de plano de assistência à saúde;
7. sociedade seguradora;
8. sociedade de capitalização;
9. outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Ademais, estão igualmente proibidos de requerer recuperação judicial ou
extrajudicial aqueles devedores que eram proibidos de requerer concordata nos termos
da legislação específica em vigor na data da publicação da Lei 11.101/05, conforme
dispõe o seu art. 198. Não se aplica esta proibição, nos termos do art. 199, às empresas
que tenham por objeto a exploração de serviços aéreos de qualquer natureza ou de infra-
estrutura aeronáutica.
Na anterior Lei de Falências (Decreto-lei 7.661/45), não havia hipótese normativa
equivalente à contida no art. 2º da atual Lei 11.101/05, que exclui determinadas espécies
de atividade empresária da sujeição aos procedimentos de falência, recuperação judicial
e extrajudicial.
Empresa pública e Sociedades de economia mista
Nos termos do art. 5º, incs. II e III, do Decreto-Lei 200/67, considera-se empresa
pública “a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou de
conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em
direito” (inc. II) e considera-se sociedade de economia mista “a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade
econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto
pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.” (inc. III)
O art. 242 da Lei 6.404/76 dispunha que “As companhias de economia mista não
estão sujeitas a falência mas os seus bens são penhoráveis e executáveis, e a pessoa
jurídica que a controla responde, subsidiariamente, pelas suas obrigações.” Este
dispositivo, entretanto, foi revogado pelo art. 10 da Lei 10.303/2001. Com isso, restou
vazio legislativo acerca da determinação da sujeição ou não, das sociedades de
economia mista à falência.
134
Ao dispor acerca da não aplicação da Lei às empresas públicas e as sociedades de
economia mista, a Lei 11.101/05 supre a lacuna que havia sido deixada com a
revogação do art. 242 da Lei 6.404/76.
Em âmbito doutrinário, registre-se que há doutrina68 que sustenta ser
inconstitucional o disposto no inc. I do art. 2º da Lei 11.101/05, por violar o disposto no
art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal, que dispõe sobre a sujeição da empresa
pública ao regime das empresas privadas.
Instituição financeira pública ou privada e cooperativa de crédito
As instituições financeiras instituições financeiras privadas e públicas não federais
e as cooperativas de crédito69 submetem-se ao procedimento de intervenção e liquidação
extrajudicial a ser conduzido pelo Banco Central do Brasil. Esta sujeição, que decorre
do comando contido no art. 1º da Lei 6.024/74, não afasta a possibilidade de se liquidar
a instituição financeira por iniciativa dos acionistas, bem como não exclui a
possibilidade de se decretar a falência de instituição financeira, conforme
expressamente dispõe a parte final do referido art. 1º.
Com efeito, há uma sujeição das instituições financeiras a três diferentes tipos de
procedimentos concursais: (a) a intervenção extrajudicial; (b) a liquidação extrajudicial;
e (c) a falência. Cada um destes procedimentos possui requisitos específicos para ser
instaurado. Cumpre, portanto, identificar quais as hipóteses caracterizadoras de cada
uma das situações.
Quanto à intervenção extrajudicial, lê-se no art. 2º da Lei 6.024/74 que ela deverá
ser realizada quando “se verificarem as seguintes anormalidades nos negócios sociais da
instituição: I - a entidade sofrer prejuízo, decorrente da má administração, que sujeite a
riscos os seus credores; II - forem verificadas reiteradas infrações a dispositivos da
legislação bancária não regularizadas após as determinações do Banco Central do
Brasil, no uso das suas atribuições de fiscalização; III - na hipótese de ocorrer qualquer
68 Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa , in Direito Falimentar e a Nova Lei de Falências e Recuperação de Empresas, coord. Luiz Fernando Valente de Paiva, São Paulo: Quartie Latin, p. 102-103. 69 Ressalte-se que apenas a Lei 6.024/74 cuida apenas das cooperativas de crédito, referidas aliás no inc. II do art. 2º da Lei 11.101/05. As cooperativas em geral não se submetem ao processo falimentar, nem aos procedimentos da Lei 6.024/74 por conta do disposto no art. 4º da Lei 5.764/1971.
135
dos fatos mencionados nos artigos 1º e 2º, do Decreto-lei nº 7.661, de 21 de junho de
1945 (lei de falências), houver possibilidade de evitar-se, a liquidação extrajudicial.”
Uma das hipóteses previstas para a cessação da intervenção consiste na decretação
da liquidação extrajudicial ou da falência da instituição financeira, conforme dispõe o
art 7º, ‘c’, da Lei 6.024/74. A decretação da liquidação extrajudicial ou da falência da
instituição financeira sob intervenção extrajudicial, por sua vez, pode ser determinada
ou autorizada pelo Banco Central do Brasil, após análise do relatório ou proposta do
interventor, conforme dispõe o art. 12, nas suas alíneas ‘c’ e ‘d’, respectivamente, da
Lei 6.024/74. Na alínea ‘d’ encontra-se a hipótese pela qual pode o Banco Central do
Brasil “autorizar o interventor a requerer a falência da entidade, quando o seu ativo não
for suficiente para cobrir sequer metade do valor dos créditos quirografários, ou quando
julgada inconveniente a liquidação extrajudicial, ou quando a complexidade dos
negócios da instituição ou, a gravidade dos fatos apurados aconselharem a medida.”
As hipóteses caracterizadoras da liquidação extrajudicial são as enumeradas no
art. 15 da Lei 6.024/74, e, como uma das hipóteses de cessão da liquidação extrajudicial
consiste na decretação da falência da instituição financeira, consoante dispõe o art. 19,
‘d’, da Lei 6.024/74. A falência da instituição financeira poderá ser requerida pelo
liquidante se, à luz do seu relatório ou proposta, entender o Banco Central do Brasil que
“o seu ativo não for suficiente para cobrir pelo menos a metade do valor dos créditos
quirografários”, ou que há “fundados indícios de crimes falimentares”, conforme lê-se
no art. 21, ‘b’, da Lei 6.024/74.
Em síntese, de acordo com o disposto na Lei 6.024/74 é possível de se decrete
falência de instituição financeira que se encontra em regime de (a) intervenção
extrajudicial, se caracterizada a hipótese contida no art. 12, ‘d’, e (b) em regime de
liquidação extrajudicial, se caracterizada uma das hipóteses contidas nos arts. 19, ‘d’,
art. 21, ‘b’, da Lei 6.024/74.
Entretanto, a Lei 6.024/74 é anterior à Lei 11.101/05, que em seu art. 2º, inc. II,
estabelece que “Esta Lei não se aplica a: II - instituição financeira pública ou privada,
cooperativa de crédito (...)”.
136
Consórcio
O art. 2º, II, da Lei 11.101/05 também dispõe que a Lei não se aplica a consórcio.
A expressão consórcio comporta diversos significados, pois pode ser entendida como “a
reunião de pessoas naturais ou jurídicas” disciplinada no art. 2º70 da Lei 11.795/08,
como “grupo de consórcio”, disciplinado no art. 3º71 da Lei 11.795/08, ou como
“administradora de consórcio”, disciplinado no art. 5º72 da Lei 11.795/08.
Em especial, no que se refere à administradora de consórcio, dispõe o art. 7º, inc.
VII, da Lei 11.795/08 que compete ao Banco Central do Brasil “intervir nas
administradoras de consórcio e decretar sua liquidação extrajudicial na forma e
condições previstas na legislação especial aplicável às instituições financeiras”, e o art.
39 da mesma Lei dispõe que a “administração especial e a liquidação extrajudicial de
administradora de consórcio são regidas pela Lei no 6.024, de 13 de março de 1974,
pelo Decreto-Lei no 2.321, de 25 de fevereiro de 1987, pelaLei no 9.447, de 14 de
março de 1997, e por legislação superveniente aplicável às instituições financeiras,
observado o disposto nesta Lei.”
Entidades de previdência complementar
As entidades de previdência complementar, referidas pelo inc. II do art. 2º da Lei
11.101/05, são disciplinadas pela Lei Complementar 109/2001 e são fiscalizadas pela
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), autarquia a quem
compete “decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas de
previdência complementar, bem como nomear interventor ou liquidante, nos termos da
lei”, conforme lê-se no art. 2º, VI, da Lei 12.154/09.
70 Lê-se no art. 2o : “Consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídicas em grupo, com prazo de duração e número de cotas previamente determinados, promovida por administradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços, por meio de autofinanciamento.” 71 Lê-se no art. 3o : “Grupo de consórcio é uma sociedade não personificada constituída por consorciados para os fins estabelecidos no art. 2o.” 72 Lê-se no art. 5o: “A administradora de consórcios é a pessoa jurídica prestadora de serviços com objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio, constituída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima, nos termos do art. 7o, inciso I.”
137
As entidades fechadas de previdência complementar privada, por serem
constituídas sob a forma de fundação ou sociedade não-empresária73, não estão sujeitas
à falência, nem poderão requerer concordata, pois se submetem apenas à liquidação
extrajudicial (LC 109/01, art. 47).
Com isso, quanto às entidades fechadas de previdência complementar, além de
haver expressa disposição acerca da não aplicação dos processos de falência e
recuperação judicial a elas (Lei 11.101/05, art. 2º, II), são elas sociedades que, na data
de promulgação da Lei 11.101/05, eram proibidas de requerer concordata, com o que
incide à espécie o disposto no art. 198 da Lei 11.101/05, que dispõe: “Os devedores
proibidos de requerer concordata nos termos da legislação específica em vigor na data
da publicação desta Lei ficam proibidos de requerer recuperação judicial ou
extrajudicial nos termos desta Lei.”
Já as entidades abertas de previdência complementar são constituídas sob a forma
de sociedade anônima (LC 109/01, art. 36) e serão reguladas também, no que couber,
pela legislação aplicável às sociedades seguradoras (LC 109/01, art. 73).
Sociedades operadoras de planos de assistência à saúde
Nos termos do art. 1º, II, da Lei 9.656/1998, Operadora de Plano de Assistência à
Saúde é a “pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou
comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou
contrato de que trata o inciso I deste artigo”, isto é, que opere produto, serviço ou
contrato de Plano Privado de Assistência à Saúde.
As Operadoras de Plano de Assistência à Saúde subordinam-se às normas e à
fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar, conforme dispõe o § 1º do art.
1º da Lei Lei 9.656/1998. Compete à Agência Nacional de Saúde Suplementar, nos
termos do art. 4º, inc. XXXIV, da Lei 9.961/200, “proceder à liquidação extrajudicial e
73 Conforme dispõe o art. 31, § 1º, da Lei Complementar 109/2001, que utiliza a expressão “sociedade civil”, que deve ser lida atualmente como sociedade não-empresária, em razão da promulgação do Código Civil de 2002, que modificou a terminologia empregada para designar sociedades mercantis e civis, por sociedades empresárias e não-empresárias, também referidas pelo Código Civil de sociedades simples, nos termos de seu art. 982.
138
autorizar o liquidante a requerer a falência ou insolvência civil das operadores de planos
privados de assistência à saúde”.
Assim, conquanto operadoras de planos privados de assistência à saúde não
possam, de regra, “requerer concordata e não estão sujeitas a falência ou insolvência
civil, mas tão-somente ao regime de liquidação extrajudicial” (Lei 9.656/98, art. 23,
caput), se sujeitarão elas à falência ou insolvência civil quando, nos termos do § 1º do
art. 23, “no curso da liquidação extrajudicial, forem verificadas uma das seguintes
hipóteses: I - o ativo da massa liquidanda não for suficiente para o pagamento de pelo
menos a metade dos créditos quirografários; II - o ativo realizável da massa liquidanda
não for suficiente, sequer, para o pagamento das despesas administrativas e operacionais
inerentes ao regular processamento da liquidação extrajudicial; ou III - nas hipóteses de
fundados indícios de condutas previstas nos arts. 186 a 189 do Decreto-Lei no 7.661, de
21 de junho de 1945.” A verificação da ocorrência de uma das hipóteses acima
apontadas permite à ANS autorizar o liquidante extrajudicial a requerer a falência ou
insolvência civil da operadora, conforme dispõe o § 3º do art. 23 da Lei 9.656/98.
Com efeito, para que se determine se a operadora está sujeita à falência ou à
insolvência civil, é necessário verificar se ela é considerada empresária ou não-
empresária, conforme previsto no art. 1º da Lei 11.101/05 c/c art. 982 e parágrafo único
do Código Civil.
Sociedades seguradoras e de capitalização
As sociedades seguradoras são regidas pelo disposto no Decreto-Lei 73/1966, que
disciplina o Sistema Nacional de Seguros Privados. Conforme se lê no art. 26 do
Decreto-Lei 73/1966, com a redação que lhe emprestou a Lei 10.190/01: “As
Sociedades Seguradoras não poderão requerer concordata e não estão sujeitas à falência,
salvo, neste último caso, se decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não for
suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou
quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.”
O procedimento de liquidação voluntária ou compulsória das Sociedades
Seguradoras será processada pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP
(Decreto-Lei 73/66, art. 97) e, nos casos omissos quanto a estes procedimentos, são
139
aplicáveis as disposições da legislação de falências, desde que não contrariem as
disposições do Decreto-Lei 73/66, nos termos de seu art. 107.
Com efeito, conquanto não possam, em regra, requerer falência e não se sujeitam
à falência (Lei 11.101/05, art. 2º, II, c/c Decreto-Lei 73/66, art. 26), há uma hipótese em
que se submetem à falência: se, decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não for
suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou
quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.
As sociedades resseguradoras locais (ou seja, resseguradores sediados no país,
constituídos sob a forma de sociedade anônima, tendo por objeto exclusivo a realização
de operações de resseguro e retrocessão) equiparam-se às sociedades seguradoras (Lei
Complementar 126/2007, art. 5º, I e II).
As sociedades de capitalização, reguladas pelo Decreto-Lei 261/67, são as que,
nos termos do art. 1º, parágrafo único, do referido Decreto-Lei, “tiverem por objetivo
fornecer ao público de acôrdo com planos aprovados pelo Govêrno Federal, a
constituição de um capital mínimo perfeitamente determinado em cada plano e pago
moeda corrente em um prazo máximo indicado no mesmo plano, a pessoa que possuir
um título, segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas no próprio título.”
Sujeitam-se as sociedades de capitalização “a disposições idênticas às estabelecidas nos
seguintes artigos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966 e, quando for o
caso, seus incisos, alíneas e parágrafos: 7º, 25 a 31, 74 a 77, 84, 87 a 111, 113, 114, 116
a 121”, conforme prevê o art. 4º do Decreto-Lei 261/67. Portanto, aplica-se às
sociedades de capitalização o disposto no art. 26 do Decreto-Lei 73/66, que prevê
hipótese de sujeição à falência quando, “decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não
for suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou
quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.”
Empresas de transporte aéreo
Embora não sejam expressamente referidas no art. 2º da Lei 11.101/05, as
empresas de transporte aéreo ou de infra-estrutura aeronáutica estavam proibidas de
requerer concordata, nos termos do art. 187, da 7.565/86, ao tempo da promulgação da
Lei 11.101/05. Entretanto, a elas não se aplica a regra contida no art. 198 da Lei
11.101/05, por conta do art. 199, onde se lê: “ Não se aplica o disposto no art. 198 desta
140
Lei às sociedades a que se refere o art. 187 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de
1986.” Vale dizer, podem elas requerer recuperação judicial e se submeter à falência.
Opinião do grupo
Em resposta à pergunta apresentada, o grupo entende que seria inapropriada uma
extensão pura e simples dos limites do artigo 2º da Lei 11.101/2005. Isso não significa,
no entanto, que não se possa utilizar o espírito da Nova Lei de Falências, que consagra a
maior prevalência da possibilidade da negociação entre as partes sob a supervisão do
judiciário, por meio de seus juízes. Ao contrário, entende o grupo que é altamente
recomendável que sejam editadas leis específicas para determinados segmentos,
inspiradas na Nova Lei de Falências.
Entendemos, portanto, que tal iniciativa e tais princípios merecem ser seguidos,
ressaltando-se, todavia, que a mera ampliação dos limites do art. 2º não seria adequada:
para cada setor deve haver uma análise cuidadosa de necessidades e peculiaridades, que
envolve considerações de ordem política, que escapam aos limites do presente relatório.
A exemplo do que ora se opina podem ser destacados os seguintes projetos de lei
existentes:
Quanto às instituições financeiras, que não se submetem ao regime da Lei
11.101/05, há atualmente duas iniciativas de regimes jurídicos específicos para regular
seus processos concursais: primeiro, há anteprojeto de lei de iniciativa do Banco Central
(vide íntegra do anteprojeto em anexo), em fase de consulta pública. Entendemos que
este é um bom exemplo de norma que segue o mote da Nova Lei de Falências e cuida,
de maneira detida, das especificidades do segmento do qual trata. Por meio de tal
projeto, a Lei 6.024/74, que cuida da liquidação extrajudicial, não seria mais aplicável
para instituições financeiras. Isso não significa, todavia, que esteja inteiramente
revogada: a referida lei poderá ser aplicada nos casos que envolvam sociedade
operadora de plano de assistência à saúde e seguradoras, cujas liquidações ficariam sob
a responsabilidade da SUSEP e da ANS, respectivamente.
Em segundo lugar, há o anteprojeto de lei complementar n.º 47/91, mais amplo,
que tem por um de seus objetivos disciplinar o art. 192 da Constituição Federal. Este, de
141
iniciativa do poder legislativo, é da lavra do Senador Francisco Dornelles e também
cuida da matéria, na trilha da Nova Lei de Falências.
Item 2.2.6 – Anexo I – Minuta de anteprojeto de lei complementar
EDITAL DE CONSULTA PÚBLICA Nº
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil decidiu colocar em Consulta
Pública minuta de proposta de anteprojeto de lei complementar destinada a disciplinar
matérias atualmente tratadas nas Leis nºs 6.024,74 de 13 de março de 1974, e 9.44775, de
14 de março de 1997, bem com no Decreto-Lei nº 2.32176, de 25 de fevereiro de 1987.
2. A proposta de anteprojeto está estruturada em quatro conjuntos
principais de medidas que buscam valorizar a atuação deste Banco Central na prevenção
de situações passíveis de configurar ameaça à estabilidades do sistema financeiro e
assegurar eficácia e eficiência das ações voltadas para o saneamento desse sistema. Tais
medidas incorporam as melhores práticas internacionais sobre a matéria, bem como as
74 Dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financeiras, e dá outras providências. 75 Dispõe sobre a responsabilidade solidária de controladores de instituições submetidas aos regimes de que tratam a Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974, e o Decreto-Lei nº 2.321, de 25 de fevereiro de 1987; sobre a indisponibilidade de seus bens; sobre a responsabilização das empresas de auditoria contábil ou dos auditores contábeis independentes; sobre privatização de instituições cujas ações sejam desapropriadas, na forma do Decreto-Lei nº 2.321, de 1987, e dá outras providências. 76 Institui, em defesa das finanças públicas, regime de administração especial temporária, nas instituições financeiras privadas e públicas não federais, e dá outras providências.
142
mudanças institucionais promovidas na legislação pátria nos últimos anos, em especial,
a nova lei de falências, conforme especificadas a seguir:
I - medidas preventivas: disciplinam as ações a serem adotadas pelas instituições
financeiras por determinação deste Banco Central, visando afastar riscos de insolvência
ou iliquidez. Entre tais medidas incluem-se limites operacionais compatíveis com a
exposição ao risco e a elaboração, pelos gestores da entidade supervisionada, de plano
de ajuste a ser submetido à aprovação desta autarquia, indicando os meios para a
correção de um problema identificado;
II - medidas saneadoras: disciplinam as ações a serem adotadas por este Banco
Central com vistas a promover a saída organizada do sistema financeiro de instituições
ilíquidas, insolventes, ou que não atendam aos requisitos mínimos exigidos pela
legislação e regulamentação vigentes, minimizando os prejuízos causados aos
depositantes e à sociedade. A proposta de anteprojeto prevê que a liquidação passe a ser
conduzida no âmbito do Poder Judiciário, sob regime de falência com base na Lei
11.101, de 2005. A intervenção deste Banco Central tem como propósito preparar a
instituição para a falência, mediante a prática dos atos de gestão estritamente
necessários à manutenção da integridade de seu acervo, com a instituição fechada, e se
encerra com o proferimento da decisão do Juiz concernente ao pedido de falência
apresentado pelo interventor;
III - medidas sistêmicas: disciplinam as ações e providências que devem ser
adotadas por este Banco Central, respaldadas em deliberação do Conselho Monetário
Nacional, visando debelar ou prevenir crises sistêmicas ou que ensejem grave ameaça à
estabilidade do Sistema Financeiro Nacional ou ao normal funcionamento do Sistema
de Pagamentos Brasileiro. Tais medidas incluem a previsão do Regime de
Administração Especial e a concessão de empréstimos excepcionais do Banco Central a
instituições financeiras, entre elas, prestadores de serviços de compensação e liquidação
e a entidade administradora do fundo de proteção a depositantes; e
IV – medidas de proteção a depositantes: disciplinam o funcionamento de
entidade especialmente constituída, que terá status de instituição financeira, com a
143
finalidade de administrar fundo destinado a proteger depositantes de prejuízos
resultantes da insolvência das instituições detentoras dos seus ativos. O objetivo dessas
medidas é valorizar a instituição administradora de fundo de proteção a depositantes
para que possa ter participação mais ativa na execução de medidas preventivas e
saneadoras, atuando em consonância com as prerrogativas e competências institucionais
deste Banco Central. Para a sua consecução, a proposta de anteprojeto estabelece regras
gerais de governança e de administração dos ativos do fundo, além da possibilidade
jurídica de a atual entidade garantidora de crédito se adequar às normas legais
propostas.
3. No tocante à abrangência, a proposta de anteprojeto prevê que suas
disposições aplicar-se-ão a todas as instituições sob a supervisão deste Banco Central,
inclusive às administradoras de consórcios e cooperativas de crédito, em especial no que
se refere às regras concernentes a medidas preventivas.
4. Os interessados poderão encaminhar sugestões e comentários até
o dia de de 2009, por meio:
I - do link o edital publicado no endereço eletrônico do Banco Central do Brasil;
II - do e-mail [email protected]; ou
III - de correspondência dirigida ao Banco Central do Brasil, Gerência de
Estudos Especiais (GEESP), situada no endereço SBS, Quadra 3, Bloco "B", 20º andar,
Edifício Sede, Brasília (DF), CEP 70074-900.
4. Os comentários e sugestões enviados ficarão à disposição do público em
geral na página do Banco Central do Brasil na internet. Os participantes que não
quiserem ter seus comentários e sugestões divulgados devem indicar expressamente tal
fato no texto encaminhado.
Brasília, de de 2009.
144
Mário Magalhães Carvalho Mesquita
Diretor
LEI COMPLEMENTAR Nº , DE DE 2009
Dispõe sobre as medidas destinadas a assegurar a solvência e a estabilidade do
Sistema Financeiro Nacional e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Lei Complementar dispõe sobre as medidas destinadas a assegurar a
solvência e a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional.
Parágrafo único. As disposições desta Lei Complementar se aplicam às
instituições financeiras, inclusive cooperativas de crédito, às demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e às administradoras de
consórcios.
CAPÍTULO II
DO DEVER DE INFORMAR
Art. 2º Constitui dever dos controladores, dos administradores e dos membros dos
demais órgãos societários das instituições sujeitas a esta Lei Complementar informar ao
Banco Central do Brasil situação, de seu conhecimento, que configure ou possa
configurar:
145
I - não-observância dos padrões mínimos de patrimônio líquido ou de patrimônio
exigido em função do nível de risco das exposições da instituição;
II - insuficiência de liquidez; ou
III - insolvência.
§ 1º O dever de informar se estende às pessoas naturais e jurídicas que prestam
serviços de auditoria independente, quando no desempenho de atividades de auditoria
nas instituições de que trata o caput.
§ 2º A violação do dever de informar constitui infração punível pelo Banco
Central do Brasil:
I - na forma do art. 44 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, quando se
tratar dos controladores, dos administradores e dos demais membros dos órgãos
societários das instituições de que trata o caput;
II - na forma do art. 11 da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, quando se
tratar das pessoas naturais ou jurídicas prestadoras de serviços de auditoria
independente de que trata o § 1º.
CAPÍTULO III
DAS MEDIDAS PREVENTIVAS
Art. 3º O Banco Central do Brasil considerará, dentre outras, as seguintes
hipóteses como passíveis de aplicação das medidas preventivas de que tratam os arts. 4º,
5º e 6º:
I - não-observância dos padrões mínimos de capital realizado, de patrimônio
líquido ou de patrimônio exigido em função do nível de risco das exposições da
instituição;
146
II - exposição a risco incompatível com a natureza, as atividades ou a estrutura da
instituição;
III - não-pagamento de dívida líquida, certa e exigível;
IV - inadimplência da qual resulte o acionamento dos mecanismos e das
salvaguardas das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e liquidação,
na forma da legislação específica do Sistema de Pagamentos Brasileiro;
V - deterioração da situação econômica ou financeira da instituição.
Parágrafo único: Independente das hipóteses previstas como passíveis de
aplicação das medidas preventivas de que tratam os arts. 4º, 5º e 6º, o Banco Central do
Brasil poderá exigir das instituições financeiras a elaboração e manutenção de plano de
contingência que contemple a realização de ativos.
Art. 4º Verificada a ocorrência de qualquer das hipóteses previstas no art. 3º, a
instituição poderá ser convocada a submeter à apreciação e ao acompanhamento do
Banco Central do Brasil plano de ajuste aprovado pelo competente órgão societário
contendo:
I - exposição das causas do problema e das medidas propostas para solucioná-lo;
II - demonstração da viabilidade do plano, com indicação das metas quantitativas
e qualitativas a serem atingidas; e
III - cronograma de execução.
§ 1º O Banco Central do Brasil poderá determinar que o plano de ajuste seja
apresentado com a manifestação da instituição administradora do fundo de que trata o
art. 49.
147
§ 2º A execução das medidas propostas no plano de ajuste não poderá exceder o
prazo de seis meses, admitida sua prorrogação por até duas vezes.
§ 3º No curso da execução:
I - o Banco Central do Brasil poderá determinar que a instituição reveja o plano de
ajuste, caso haja razões que o justifiquem, observado o prazo de que trata o § 2º;
II - a instituição poderá, com prévia autorização do Banco Central do Brasil,
adequar o plano de ajuste a situações não previstas.
Art. 5º Sem prejuízo da convocação para a apresentação de plano de ajuste, o
Banco Central do Brasil poderá impor à instituição outras medidas preventivas, em
especial as seguintes:
I - aporte de recursos para fazer face aos riscos a que a instituição esteja exposta;
II - redução de exposição a riscos;
III - adoção de controles adicionais para mitigar riscos;
IV - adoção de limites operacionais mais restritivos;
V - fechamento ou proibição de abertura de dependências;
VI - proibição ou redução de determinadas operações ou modalidades
operacionais;
VII - recomposição dos níveis de liquidez adequados ao perfil da instituição;
VIII - substituição de pessoa natural ou jurídica prestadora de serviços de
auditoria independente;
148
IX - suspensão da distribuição de resultados, a qualquer título, em montante
superior aos limites mínimos previstos em lei, nos estatutos ou no contrato social, nas
situações que ameacem o cumprimento dos padrões mínimos de capital realizado, de
patrimônio líquido ou de patrimônio exigido em função do nível de risco das exposições
da instituição;
X - suspensão da distribuição de sobras a associados de cooperativas de créditos;
XI - suspensão do pagamento de juros sobre capital próprio;
XII - vedação à prática de atos que impliquem aumento da remuneração dos
administradores ou dos demais membros de órgãos societários;
XIII - vedação à aquisição de participação, de forma direta ou indireta, no capital
de outras sociedades, inclusive instituições financeiras;
XIV - vedação à exploração de nova linha de negócios, salvo se integrar plano de
ajuste;
XV - restrição de investimentos em bens do ativo permanente;
XVI - alienação de ativos;
XVII - vedação à realização, com sociedades ligadas, de transações não
relacionadas com as atividades previstas em seus estatutos ou no contrato social, sem
prejuízo da observância da legislação em vigor;
XVIII - suspensão da prática de qualquer transação relevante que não se situe no
âmbito de seus negócios usuais ou que não seja consistente com as medidas previstas no
plano de ajuste aprovado pelo Banco Central do Brasil;
XIX - proibição de constituição de novos grupos de consórcios.
149
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, em
suas esferas de competência, regulamentarão a aplicação das medidas preventivas de
que trata este artigo.
Art. 6º Considerada a gravidade dos fatos previstos no art. 3º, ou caso as medidas
preventivas não resultem na recuperação da instituição, no prazo estabelecido, o Banco
Central do Brasil, quando couber, poderá determinar:
I - a substituição de administradores ou de membros de outros órgãos societários;
II - a transferência do controle societário da instituição;
III - transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de reorganização
societária legalmente admitida.
Art. 7º O Banco Central do Brasil, por iniciativa própria ou a requerimento
fundamentado da instituição, poderá, a qualquer tempo, declarar cumprido o plano de
ajuste, bem como atingidos os objetivos que ensejaram a aplicação das medidas
preventivas de que tratam os arts. 5º e 6º.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÃO COMUM À INTERVENÇÃO, AO REGIME DE
ADMINISTRAÇÃO ESPECIAL E À FALÊNCIA
Art. 8º A intervenção, o regime de administração especial e a falência não se
aplicam às instituições financeiras públicas federais.
CAPÍTULO V
DA INTERVENÇÃO E SEU PROCESSO
Seção I
Da Intervenção
150
Art. 9º O Banco Central do Brasil poderá decretar intervenção:
I - ex officio:
a) quando não for apresentado ou for rejeitado, por duas vezes, o plano de ajuste
de que trata o art. 4º;
b) quando não forem atingidos os objetivos que ensejaram a adoção das medidas
de que tratam os arts. 4º a 6º; ou
c) quando forem considerados graves, a qualquer tempo, os fatos previstos no art.
3º.
II - por solicitação dos controladores ou administradores da instituição, nos limites
dos poderes conferidos pelos estatutos ou pelo contrato social, com a indicação das
causas do pedido, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal em que estes
incorrerem pela indicação falsa ou dolosa.
Art. 10. A intervenção será executada por interventor nomeado pelo Banco
Central do Brasil.
§ 1º. A remuneração do interventor e dos auxiliares por ele contratados será fixada
pelo Banco Central do Brasil e paga pela instituição submetida à intervenção.
§ 2º A intervenção também poderá ser executada por pessoa jurídica especializada
ou pela instituição administradora do fundo de que trata o art. 49.
Art. 11. Compete ao interventor especialmente:
I - providenciar o encerramento das atividades normais da instituição;
II - adotar as medidas necessárias à liquidação das operações pendentes no âmbito
do Sistema de Pagamentos Brasileiro;
151
III - zelar pela integridade dos ativos e pelo recebimento dos créditos da
instituição;
IV - manter o Banco Central do Brasil informado do andamento da intervenção e
da situação econômica e financeira da instituição;
V - outorgar e cassar mandatos
VI - comunicar ao Ministério Público e aos competentes órgãos ou entidades da
Administração Pública a existência de indícios de atos ilícitos que possam implicar
responsabilidade criminal e administrativa de controladores, administradores, membros
de outros órgãos societários, gerentes, mandatários e prepostos da instituição, além das
pessoas naturais e jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente por ela
contratadas;
VII - convocar e presidir assembléias gerais;
VIII - requerer a falência da instituição.
§ 1º Dependem de prévia e expressa autorização do Banco Central do Brasil os
atos que resultarem em disposição ou oneração do patrimônio da instituição.
§ 2º Além do disposto neste artigo, ao interventor se aplica, no que couber, o
disposto na Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, relativamente aos direitos, deveres
e atribuições do administrador judicial.
Art. 12. A intervenção produzirá, desde sua decretação, os seguintes efeitos:
I - cancelamento da autorização para o funcionamento da instituição ou para a
constituição de grupos de consórcios;
152
II - perda dos mandatos dos administradores e dos demais membros de órgãos
societários;
III - proibição de emitir novas ordens de registro, pagamento, saque, resgate,
transferência, remessa ou liquidação financeira relativa a bens ou direitos da instituição
ou desta para com terceiros;
IV - suspensão das exigibilidades da instituição, inclusive dos créditos por
depósitos e aplicações existentes no período da intervenção;
V - suspensão das ações e execuções sobre bens, direitos e interesses relativos à
instituição, com exceção das causas trabalhistas e fiscais, além daquelas em que a
instituição figurar como autora ou litisconsorte ativa;
VI - suspensão da prescrição relativa às obrigações de responsabilidade da
instituição;
VII - suspensão da fluência do prazo das obrigações contraídas anteriormente à
decretação da intervenção.
§ 1º Decretada a intervenção, os créditos que contam com cobertura a cargo do
fundo de proteção a depositantes de que trata o art. 49 serão pagos na forma do art. 51.
§ 2º Os efeitos previstos nos incisos III e IV do caput deste artigo não se aplicam
às ordens e exigibilidades sujeitas à legislação específica do Sistema de Pagamentos
Brasileiro.
Art. 13. Com o objetivo de preservar os interesses dos credores e a integridade do
acervo das instituições sob intervenção, o Banco Central do Brasil poderá estabelecer
idêntico regime para as pessoas jurídicas que com elas mantenham integração de
atividade ou vínculo de interesse, ficando seus controladores, administradores e demais
membros de órgãos societários igualmente sujeitos às disposições desta Lei
Complementar.
153
§ 1º Caracteriza-se o vínculo de interesse ou a integração de atividade quando as
pessoas jurídicas referidas neste artigo incorrerem em quaisquer das seguintes situações:
I - tiverem entre seus sócios ou acionistas pessoas com participação, no capital da
instituição, superior a 10% (dez por cento);
II - tiverem entre seus sócios ou acionistas pessoas que sejam cônjuges ou
parentes, até o 2.° (segundo) grau, dos controladores, dos administradores ou dos
demais membros de órgãos societários da instituição;
III - utilizarem recursos humanos ou materiais da instituição, inclusive sistemas
administrativos e tecnológicos, de maneira que não se possa identificar, com segurança,
a situação patrimonial de cada uma delas;
IV - tiverem sido constituídas para a prática de operações complementares às
atividades da instituição submetida à intervenção;
V - serem proprietárias de bens ou ativos utilizados por elas, bem como por seus
controladores, administradores e demais membros de órgãos societários para desviar
recursos, bens ou receitas da instituição submetida à intervenção.
§ 2º A extensão do regime de intervenção de que trata este artigo não resultará,
necessariamente, no pedido de falência das pessoas jurídicas que mantenham integração
de atividade ou vínculo de interesse com a instituição.
Seção II
Do Processo de Intervenção
Art. 14. Independentemente da publicação do ato de sua nomeação, o interventor
será investido, de imediato, em suas funções, mediante termo de posse de que conste o
ato de decretação da medida e de sua nomeação.
154
Art. 15. Ao assumir suas funções, o interventor:
I - arrecadará, mediante termo, todos os livros contábeis e os documentos
comerciais e fiscais da instituição;
II - levantará o balancete para a data da intervenção e o inventário de todos os
livros, documentos, dinheiro e demais bens da instituição, ainda que em poder de
terceiros, a qualquer título; e
III - comunicará aos juízos competentes a decretação da intervenção, com vistas à
suspensão das ações e execuções de que trata o inciso IV do art. 12.
Parágrafo único. O termo de arrecadação, o balancete e o inventário deverão ser
assinados também pelos administradores em exercício no dia anterior ao da posse do
interventor, os quais poderão apresentar, em separado, as declarações e observações que
julgarem necessárias.
Art. 16. Os administradores e demais membros de órgãos societários da
instituição deverão entregar ao interventor, no prazo de cinco dias contados de sua
posse, declaração individual ou conjunta, neste último caso assinada por todos eles, da
qual constarão:
I - nome, nacionalidade, estado civil e endereço daqueles que estiveram em
exercício nos últimos doze meses anteriores à decretação da intervenção;
II - mandatos que tenham outorgado em nome da instituição, indicando seu
objeto, além do nome e do endereço dos mandatários;
III - contratos que tenham celebrado em nome da instituição ou cujos efeitos
tenham, de forma direta ou indireta, repercussão sobre seus bens e direitos;
IV - relação dos bens imóveis de propriedade da instituição;
155
V - relação dos bens móveis que não se encontrem nas dependências da
instituição e a sua localização;
VI - participação em outras sociedades, com a indicação de valores e percentuais
do capital.
Art. 17. No prazo de trinta dias, contados da data da decretação da intervenção,
admitida prorrogação uma única vez por igual período, o interventor requererá a
falência da instituição.
Art. 18. A intervenção cessará:
I - com a liquidação ordinária da instituição;
II - com a mudança de objeto social;
III - com o deferimento do pedido de resolução, na forma do art. 44;
IV - com a decretação da falência.
Art. 19. A intervenção também cessará com o trânsito em julgado da sentença de
improcedência do pedido de falência, devendo a instituição proceder, na forma da lei, à
sua liquidação ordinária.
Art. 20. O interventor apresentará, em até trinta dias após a cessação da
intervenção, ou a qualquer tempo, sempre que solicitado, relatório de prestação de
contas ao Banco Central do Brasil, sob pena de responsabilidade civil e criminal.
CAPÍTULO VI
DO REGIME DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIAL
156
Art. 21. O Banco Central do Brasil, com prévia autorização do Conselho
Monetário Nacional, poderá decretar regime de administração especial quando se
verificarem cumulativamente:
I - a ocorrência de qualquer das hipóteses de que trata o art. 9º;
II - risco à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional.
Parágrafo único. A duração do regime de administração especial não excederá 90
(noventa) dias, podendo ser prorrogada até igual período com prévia autorização do
Conselho Monetário Nacional.
Art. 22. A proposta de decretação do regime de administração especial, a ser
submetida ao Conselho Monetário Nacional pelo Banco Central do Brasil, deverá
conter, no mínimo:
I - a descrição da situação econômico-financeira da instituição;
II - a caracterização do risco à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional;
III - o plano de ação a ser executado pelo conselho diretor, demonstrando:
a) o tratamento a ser dado à instituição a ser submetida ao regime de
administração especial;
b) os resultados que se pretende alcançar;
c) o cronograma de execução.
§ 1º O plano de ação conterá medidas destinadas à redução do risco de que trata o
inciso II do art. 21, as quais poderão incluir, dentre outras:
157
I - operações de empréstimo, inclusive com recursos do fundo de que trata o art.
49;
II - alienação ou cessão, para outras sociedades, de bens, direitos e obrigações da
instituição ou de seus estabelecimentos;
III - assunção de obrigações da instituição por outra sociedade;
IV - constituição ou reorganização de sociedades para as quais sejam transferidos,
no todo ou em parte, bens, direitos e obrigações da instituição, com vistas à continuação
geral ou parcial de seu negócio ou atividade;
V - transferência de controle societário;
VI - aumento de capital, sendo vedada a subscrição de ações ou de quotas pelos
controladores;
VII - transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de reorganização
societária legalmente admitida.
§ 2º A adoção das medidas previstas no § 1º não poderá ocorrer em prejuízo dos
credores de que tratam os arts. 83, I, II e III, 84, 85 e 86 da Lei nº 11.101, de 2005.
§ 3º Decretado o regime de administração especial, o Banco Central do Brasil
poderá determinar que os recursos do fundo de que trata o art. 49 sejam utilizados para
promover a equalização de ativos e passivos em operações que incluam a transferência,
para outra instituição, dos depósitos e demais modalidades operacionais objeto de
garantia, observado, como limite, o montante correspondente à aplicação do disposto no
§ 1º do art. 51.
Art. 23. A decretação do regime de administração especial não afetará o curso dos
negócios nem o funcionamento da instituição e produzirá, de imediato, a perda do
mandato dos administradores e dos demais membros dos órgãos societários.
158
Art. 24. O regime de administração especial será executado por um conselho
diretor com plenos poderes de gestão, nomeado pelo Banco Central do Brasil,
constituído de tantos membros quantos julgados necessários para a condução dos
negócios sociais.
§ 1º. A remuneração dos membros do conselho diretor será fixada pelo Banco
Central do Brasil e paga pela instituição sob regime de administração especial.
§ 2º Os atos praticados pelo conselho diretor de que resultarem disposição ou
oneração do patrimônio da instituição dependerão de prévia e expressa autorização do
Banco Central do Brasil, ressalvados os previstos no plano de ação de que trata o inciso
III do caput do art. 22.
§ 3º O regime de administração especial também poderá ser executado por pessoa
jurídica especializada.
Art. 25. Independentemente da publicação do ato de sua nomeação, o conselho
diretor será investido, de imediato, em suas funções, mediante termo de posse de que
conste o ato de decretação da medida e de sua nomeação.
Art. 26. Compete ao conselho diretor especialmente:
I - executar o plano de ação;
II - zelar pelo curso dos negócios e pelo funcionamento da instituição;
III - exercer as funções de administrador, inclusive as atribuídas ao conselho de
administração da instituição;
IV - manter o Banco Central do Brasil informado sobre a execução do plano de
ação e a evolução da situação econômico-financeira da instituição;
159
V - comunicar ao Ministério Público e aos competentes órgãos ou entidades da
Administração Pública a existência de indícios de atos ilícitos que possam implicar
responsabilidade criminal e administrativa de controladores, administradores, membros
de outros órgãos societários, gerentes, mandatários e prepostos da instituição, além das
pessoas naturais e jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente por elas
contratadas;
VI - convocar e presidir assembléias gerais.
Parágrafo único. Ao assumir suas funções, o conselho diretor deverá:
I - eleger, dentre os seus membros, o presidente;
II - definir as atribuições de cada um dos seus membros;
III - levantar as demonstrações financeiras tendo como referência a data da
decretação do regime de administração especial;
IV - zelar pelo cumprimento do disposto no art. 16.
Art. 27. Das decisões do conselho diretor caberá recurso no prazo de 10 (dez)
dias, sem efeito suspensivo, ao Banco Central do Brasil, em única instância.
Art. 28. O regime de administração especial cessará:
I - pela mudança de objeto social;
II - pela transferência do controle societário da instituição;
III - pela transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de
reorganização societária legalmente admitida;
IV - pela decretação da intervenção.
160
Parágrafo único. Decretada a intervenção, tomar-se-á, como data-base para a
apuração da responsabilidade dos administradores e dos membros dos demais órgãos
societários da instituição, a data de decretação do regime de administração especial.
Art. 29. O conselho diretor apresentará, no prazo de 30 (trinta) dias da cessação do
regime de administração especial, ou a qualquer tempo, sempre que solicitado, relatório
de prestação de contas ao Banco Central do Brasil, sob pena de responsabilidade civil e
criminal.
CAPÍTULO VII
DOS CONTROLADORES, ADMINISTRADORES E DEMAIS MEMBROS DE
ÓRGÃOS SOCIETÁRIOS
Seção I
Da Responsabilidade
Art. 30. Os administradores e demais membros dos órgãos societários da
instituição sob intervenção ou em regime de administração especial responderão, a
qualquer tempo, salvo prescrição, pelos atos que tiverem praticado ou omissões em que
houverem incorrido.
Parágrafo único. O disposto neste artigo também se aplica às pessoas naturais e
jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente às instituições submetidas à
intervenção ou ao regime de administração especial.
Art. 31. Os administradores e demais membros dos órgãos societários da
instituição sob intervenção ou em regime de administração especial responderão
solidariamente pelas obrigações por elas assumidas durante sua gestão, até que se
cumpram.
Parágrafo único. A responsabilidade solidária se circunscreverá ao montante dos
prejuízos causados.
161
Art. 32. As pessoas naturais ou jurídicas que mantenham vínculo de controle,
direto ou indireto, com a instituição sob intervenção ou em regime de administração
especial responderão solidariamente com os administradores pelas obrigações por esta
assumidas, independentemente da demonstração de culpa ou dolo.
Parágrafo único. A responsabilidade solidária decorrente do vínculo de controle se
circunscreverá ao montante do passivo a descoberto da instituição, apurado com data-
base no dia da decretação da intervenção ou do regime de administração especial.
Art. 33. Com vistas à completa apuração da responsabilidade dos controladores,
administradores e demais membros dos órgãos societários da instituição, bem como das
pessoas naturais e jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente por ela
contratadas, o Banco Central do Brasil encaminhará ao Poder Judiciário os documentos
que instruíram o ato de decretação da intervenção ou do regime de administração
especial.
§ 1º A distribuição dos autos ao juízo competente torna-lo-á prevento para o
pedido de decretação de falência da instituição, se for o caso.
§ 2º Os autos serão encaminhados ao Ministério Público, que, em 8 (oito) dias,
requererá o arresto dos bens dos controladores, administradores e demais membros dos
órgãos societários da instituição não atingidos pela indisponibilidade de que trata o art.
39.
§ 3º Ordenado o arresto, os bens serão depositados em mãos do interventor, do
conselho diretor ou do administrador judicial, conforme o caso, cumprindo ao
depositário administrá-los, receber-lhes os rendimentos e realizar, ao final, a necessária
prestação de contas.
§ 4º Concluindo o Ministério Público que houve culpa ou dolo na atuação das
pessoas naturais ou jurídicas prestadoras de serviços de auditoria independente à
162
instituição submetida à intervenção ou ao regime de administração especial, seus bens
também poderão ser objeto do arresto de que trata este artigo.
Art. 34. A responsabilidade será apurada pelo Ministério Público em ação própria,
proposta no juízo da falência ou no que for para ela competente, no prazo de 30 (trinta
dias) contados do arresto, sob pena de preclusão, observado o disposto no art. 82 da Lei
nº 11.101, de 2005.
§ 1º Findo o prazo sem que tenha havido a propositura da ação de que trata o
caput, qualquer credor ficará legitimado a fazê-lo nos 15 (quinze) dias seguintes.
§ 2º Se a ação não for proposta em nenhum dos prazos indicados neste artigo,
levantar-se-ão o arresto e a indisponibilidade, apensando os autos aos da falência, se for
o caso.
Art. 35. Se, ordenado o arresto ou proposta a ação de responsabilidade, sobrevier
a falência da instituição, competirá ao administrador judicial, daí por diante, a adoção
das providências necessárias ao efetivo cumprimento desta Lei Complementar,
cabendo-lhe promover a devida substituição processual no prazo de 30 (trinta) dias
contados da data de seu compromisso.
Art. 36. Independentemente da realização do arresto, o Ministério Público ou
qualquer credor, nos prazos previstos, poderão propor a ação de responsabilidade de que
trata o art. 34.
Art. 37. Passada em julgado a sentença que declarar a responsabilidade, o arresto
e a indisponibilidade de bens se convolarão em penhora, seguindo-se a execução.
§ 1º Apurados os bens penhorados e pagas as custas judiciais, o líquido será
entregue ao interventor, ao conselho diretor ou ao administrador judicial, conforme o
caso, para rateio entre os credores da instituição.
163
§ 2º Se, no curso da ação ou da execução, encerrar-se a intervenção ou o regime
de administração especial, o interventor ou o conselho diretor dará conhecimento da
ocorrência ao juiz, solicitando sua substituição como depositário dos bens arrestados ou
penhorados, fornecendo a relação nominal e os respectivos saldos dos credores a serem
diretamente contemplados com o rateio previsto no § 1º.
Art. 38. A cessação, por qualquer forma, da intervenção ou do regime de
administração especial, não prejudicará a legitimidade do Ministério Público para
prosseguir ou propor as ações previstas nos arts. 33 e 34.
Seção II
Da Indisponibilidade de Bens
Art. 39. Os administradores e demais membros dos órgãos societários da
instituição, bem assim as pessoas naturais e jurídicas que mantenham vínculo de
controle direto ou indireto com a instituição, ficarão com todos os seus bens
indisponíveis, não podendo, por qualquer forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-
los, até a completa apuração das responsabilidades de que tratam os arts. 30, 31 e 32.
§ 1º A indisponibilidade resulta do ato que decretar a intervenção ou o regime de
administração especial e atinge todos aqueles que tenham estado no exercício das
funções nos doze meses anteriores ou tenham exercido o controle direto ou indireto da
instituição no mesmo período.
§ 2º A indisponibilidade poderá ser estendida pelo Banco Central do Brasil:
I - aos bens de gerentes e aos de todos aqueles que, até o limite da
responsabilidade estimada de cada um, tenham concorrido, nos últimos doze meses,
para a decretação da intervenção ou do regime de administração especial;
II - aos bens que, nos últimos doze meses, tenham sido adquiridos, a qualquer
título, das pessoas indicadas no caput deste artigo e no inciso I deste parágrafo, desde
164
que apurados seguros elementos de convicção de que se trata de transferência
promovida com o fim de evitar os efeitos desta Lei Complementar.
§ 3º Com vistas a assegurar a normalidade da atividade econômica e os interesses
dos credores, o Banco Central do Brasil poderá excluir da indisponibilidade os bens das
pessoas jurídicas titulares do controle direto ou indireto da instituição sob intervenção
ou regime de administração especial.
§ 4º A indisponibilidade de que trata este artigo não se aplica aos bens
considerados inalienáveis ou impenhoráveis, na forma da legislação em vigor.
§ 5º Não são igualmente atingidos pela indisponibilidade os bens objeto de
contrato de alienação, de promessa de compra e venda e de cessão de direito, desde que
os respectivos instrumentos tenham sido levados ao competente registro público
anteriormente à data da decretação da intervenção ou do regime de administração
especial.
§ 6º A indisponibilidade não impede a transferência de controle societário, a
cisão, a fusão ou a incorporação da instituição sob intervenção ou em regime de
administração especial.
Art. 40. Decretada a intervenção ou o regime de administração especial, o
interventor ou o conselho diretor comunicará aos registros públicos, às bolsas de
valores, às bolsas de mercadorias e futuros, bem como às câmaras e aos prestadores de
serviços de compensação e de liquidação os nomes e a qualificação das pessoas cujos
bens forem alcançados pela indisponibilidade de que trata o art. 39.
Parágrafo único. Recebida a comunicação, as entidades de que trata o caput
ficarão, relativamente aos bens alcançados pela indisponibilidade, impedidas de:
I - fazer transcrições, inscrições ou averbações de documentos públicos ou
particulares;
165
II - arquivar atos ou contratos que importem transferência de quotas sociais, ações
e partes beneficiárias;
III - realizar ou registrar operações e títulos de qualquer natureza;
IV - processar a transferência de propriedade de veículos automotores, de
aeronaves e de embarcações.
CAPÍTULO VIII
DA FALÊNCIA
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 41. Aplicam-se às instituições de que trata o parágrafo único do art. 1. º as
disposições sobre a falência do empresário e da sociedade empresária, previstas na Lei
nº 11.101, de 2005, observado que:
I - constituem causas de falência as hipóteses de decretação de intervenção de
que trata o art. 9º;
II - somente o interventor poderá requerer a falência da instituição, cujo processo,
juntamente com seus incidentes, terá preferência a todos os outros na ordem dos feitos,
em qualquer instância;
III - o Banco Central do Brasil, após a contestação ou o deferimento do
processamento da resolução, será intimado para, querendo, oferecer, no prazo de quinze
dias, parecer com vistas a subsidiar o juízo na apreciação do pedido de falência;
IV - a sentença que decretar a falência fixará o termo legal sem poder retrotrai-lo
por mais de 180 (cento e oitenta) dias contados da data de decretação da intervenção ou,
se for o caso, do regime de administração especial;
166
V - serão considerados créditos extraconcursais a remuneração devida ao
interventor, aos membros do conselho diretor e a seus auxiliares, bem como os
adiantamentos realizados pelo Banco Central do Brasil para o pagamento de despesas e
de obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a intervenção ou o
regime de administração especial, respeitada a ordem estabelecida no art. 84 da Lei nº
11.101, de 2005;
VI - o administrador judicial, desde que autorizado pela assembléia de credores,
poderá conceder abatimentos na cobrança de créditos de difícil realização, assim como
aceitar, em dação em pagamento, a preço de mercado, bens destinados a posterior
alienação;
VII - o edital para a venda em bloco de ativos que constituírem uma instituição
financeira deverá prever a habilitação prévia dos interessados pelo Banco Central do
Brasil;
VIII - os bens admitidos à cotação em bolsa poderão ser leiloados na própria
bolsa.
Parágrafo único. Não se aplicam às instituições de que trata o caput a
recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e os arts. 94, 95, 96 e 97 da Lei nº
11.101, de 2005.
Seção II
Do Plano de Resolução
Art. 42. No prazo de contestação, os sócios ou acionistas poderão submeter à
apreciação do juiz pedido de resolução das obrigações da instituição, que deverá ser
instruído na forma do art. 51 da Lei nº 11.101, de 2005.
Art. 43. Constituem meios de resolução, observada a legislação pertinente a cada
caso, dentre outros:
167
I - concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações
vencidas ou vincendas;
II - dação em pagamento ou novação de dívidas, com ou sem constituição de
garantia própria ou de terceiro;
III - alienação de bens e direitos;
IV - constituição de sociedade de credores;
V - constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em
pagamento dos créditos, os ativos do devedor; e
VI - transformação, incorporação, fusão ou cisão da instituição, constituição de
subsidiária integral, bem como cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos
sócios, nos termos da legislação vigente.
§ 1º Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão ou substituição da
garantia somente será admitida mediante aprovação expressa do credor titular da
respectiva garantia.
§ 2º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como
parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o
credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de
resolução.
§ 3º A adoção de qualquer dos meios de resolução previstos neste artigo não
poderá ocorrer em prejuízo dos credores de que tratam os arts. 83, I, II e III, 84, 85 e 86
da Lei nº 11.101, de 2005.
Art. 44. O juiz deferirá o processamento da resolução na forma do art. 52 da Lei
nº 11.101, de 2005.
168
Art. 45. O plano de resolução será apresentado em juízo no prazo improrrogável
de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da
resolução, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:
I - a descrição pormenorizada dos meios de resolução a serem empregados,
conforme o art. 43;
II - laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e direitos do devedor,
subscrito por profissional legalmente habilitado ou pessoa jurídica especializada;
II - a demonstração da origem dos recursos necessários ao cumprimento do plano.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos
credores sobre o recebimento do plano de resolução e fixando o prazo para a
manifestação de eventuais objeções, observado o disposto no art. 47.
Art. 46. O plano de resolução não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para
pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes
de trabalho vencidos até a data do pedido de resolução.
Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta)
dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos
créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao
pedido de resolução.
Art. 47. O procedimento da resolução deverá observar o disposto nos arts. 55, 56,
57, 59, 60, 61, 62 e 63 da Lei nº 11.101, de 2005.
Parágrafo único. O plano de resolução somente será considerado aprovado pela
assembléia de credores quando receber os votos favoráveis dos credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia e,
cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.
169
Art. 48. Durante a resolução o juiz decretará a falência da instituição:
I - por deliberação da assembléia-geral de credores;
II - pela não apresentação do plano de resolução no prazo de que trata o art. 45;
III - quando houver sido rejeitado o plano de resolução pela assembléia-geral de
credores;
IV - por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de
resolução.
Parágrafo único. Na convolação da resolução em falência, os atos de
administração, endividamento, oneração ou alienação praticados durante a resolução
presumem-se válidos, desde que realizados na forma da Lei nº 11.101, de 2005.
CAPÍTULO IX
DO FUNDO DE PROTEÇÃO A DEPOSITANTES
Art. 49. A proteção da economia popular contra os riscos de prejuízos resultantes
da insolvência das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar
pelo Banco Central do Brasil será assegurada por fundo de proteção a depositantes, nos
termos desta Lei Complementar.
Art. 50. Serão contribuintes obrigatórios do fundo as instituições financeiras e
demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil que captam
recursos mediante:
I - depósitos à vista, a prazo, em contas de poupança e em conta corrente para
investimento;
II - letras de câmbio, letras imobiliárias, letras hipotecárias e letras de crédito
imobiliário;
170
III - outras modalidades definidas pelo Conselho Monetário Nacional.
§ 1º O fundo será composto, dentre outros, de recursos oriundos de:
I - contribuições ordinárias e extraordinárias;
II - taxas de serviços decorrentes da emissão de cheques sem provisão de fundos
de clientes das instituições contribuintes;
III - recuperações de direitos creditórios nos quais o fundo houver se sub-rogado,
em virtude do pagamento direto a credores cobertos pela garantia de que trata o art. 51;
IV - rendimentos de aplicação de seus recursos.
§ 2º O Conselho Monetário Nacional fixará:
I - o valor e a periodicidade das contribuições ordinárias, inclusive sob a forma de
adiantamento, bem como as hipóteses e os limites para a exigência das contribuições
extraordinárias;
II - as hipóteses de suspensão ou redução temporária das contribuições.
§ 3º As instituições de que trata o caput poderão contribuir para fundos de caráter
complementar.
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica às cooperativas de crédito, que deverão
contribuir para fundos específicos, na forma de regulamentação do Conselho Monetário
Nacional.
Art. 51. O fundo tem por objeto prestar garantia aos titulares de créditos contra as
instituições contribuintes, nas hipóteses de:
171
I - decretação de intervenção; e
II - reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil, do estado de insolvência de
instituição que, nos termos da legislação em vigor, não se enquadre no inciso I.
§ 1º O Conselho Monetário Nacional fixará o valor máximo da garantia do fundo
por titular de créditos contra a mesma instituição ou contra todas as instituições do
mesmo conglomerado financeiro.
§ 2º Efetuado o pagamento aos titulares de créditos, o fundo tem o direito de
reembolsar-se nos termos do art. 346, III, da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Código Civil.
Art. 52. Os recursos do fundo também poderão ser utilizados em outras operações
destinadas a prevenir a insolvência das instituições contribuintes e a promover a
estabilidade do Sistema Financeiro Nacional, em especial as de:
I - saneamento de instituições sujeitas ao plano de ajuste de que trata o art. 4º;
II - transferência de controle societário de instituições financeiras;
III - transformação, incorporação, fusão, cisão ou outra forma de reorganização
societária legalmente admitida.
Art. 53. O fundo será administrado por pessoa jurídica de direito privado
constituída sob a forma de associação, com natureza jurídica de instituição financeira,
sendo vedada a participação, em sua gestão, dos controladores, administradores e
demais membros dos órgãos societários das instituições contribuintes.
§ 1º A instituição administradora de que trata o caput não exerce função pública,
inclusive por delegação, sendo-lhe vedado o acesso a recursos públicos, salvo na
hipótese de que trata o art. 55.
172
§ 2º. Os recursos disponíveis do fundo deverão ser aplicados pela instituição
administradora em ativos financeiros seguros e de alta liquidez.
§ 3º Os gestores da instituição administradora não poderão, no prazo de quatro
meses contados do encerramento de seus mandatos, participar de órgão societário das
instituições contribuintes nem estabelecer com elas vínculo de caráter profissional,
inclusive o que resulte em prestação de serviços de consultoria.
§ 4º O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto neste artigo,
estabelecendo, inclusive, normas sobre os requisitos e procedimentos para a concessão e
o cancelamento da autorização para o exercício da atividade de administração do fundo.
Art. 54. O fundo constituirá patrimônio especial da instituição administradora e
não poderá ser utilizado para outra finalidade que não a de garantir os titulares dos
créditos contra as instituições contribuintes, bem como a de realizar as operações de que
tratam o § 3º do art. 22 e o art. 53.
§ 1º Os bens e direitos integrantes do patrimônio especial de que trata o caput,
bem como seus frutos e rendimentos:
I - não se comunicarão com o patrimônio geral ou com outros patrimônios
especiais constituídos pela instituição administradora;
II - não serão suscetíveis de penhora, arresto, seqüestro, busca e apreensão ou
outro ato de constrição judicial por qualquer dívida da instituição administradora, exceto
as que tenham relação com a finalidade de que trata o caput deste artigo.
§ 2º Os atos de constituição do patrimônio especial, com a respectiva destinação,
serão objeto de registro ou averbação, na forma da lei.
CAPÍTULO X
DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS DE ASSISTÊNCIA FINANCEIRA
173
Art. 55. Nas hipóteses que configurem crise sistêmica ou grave ameaça à
estabilidade do Sistema Financeiro Nacional, o Banco Central do Brasil poderá realizar
operações especiais de assistência financeira com instituições financeiras, aí
compreendidas:
I - as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação que
atuem como contraparte central e se enquadrem no disposto no art. 4º da Lei nº 10.214,
de 27 de março de 2001;
II - a instituição administradora do fundo de proteção a depositantes de que trata o
art. 49.
Parágrafo único. As operações de que trata o caput:
I - independem de lei específica e não se sujeitam ao prazo de que trata o § 2º do
art. 28 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
II - serão regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional, que definirá as
condições de acesso, a forma de pagamento, o prazo, as garantias e os encargos
financeiros, não inferiores às taxas de juros interbancárias ou à taxa média dos ativos
que lastreiam a operação.
Art. 56. A realização das operações especiais de assistência financeira depende de
prévia autorização do Conselho Monetário Nacional.
Parágrafo único. O pedido de autorização de que trata o caput deverá ser instruído
pelo Banco Central do Brasil com relatório fundamentado que evidencie a existência de
crise sistêmica ou de grave ameaça à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional.
Art. 57. O Banco Central do Brasil deverá:
I - submeter à apreciação do Conselho Monetário Nacional relatórios analíticos
que assegurem ampla transparência às operações especiais de assistência financeira
174
realizadas, estimem seu custo fiscal e indiquem a redução das vulnerabilidades
decorrentes da verificação das hipóteses de que trata o art. 55;
II - apresentar ao Congresso Nacional, juntamente com a avaliação de que trata o
§ 5º do art. 9º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, relatório contendo a
exposição das causas e o cumprimento dos objetivos que ensejaram a realização de
operações especiais de assistência financeira.
CAPÍTULO XI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 58. Em todos os atos, documentos e publicações de interesse da instituição
sob intervenção, em regime de administração especial, em resolução ou em falência será
utilizada obrigatoriamente a denominação social seguida da expressão "Sob
Intervenção”, “Em Regime de Administração Especial”, “Em Resolução” ou “Em
Falência”.
Art. 59. A representação judicial dos interventores e dos membros de conselhos
diretores, nas causas em que forem demandados por atos praticados no exercício de suas
funções, será assegurada na forma da lei.
Parágrafo único. O disposto no caput se aplica aos servidores do Banco Central do
Brasil, inclusive aos que exercem atribuições de supervisão.
Art. 60. O art. 17 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, passa a vigorar
com a seguinte redação:
“Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em
vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou
acessória:
I - a coleta, intermediação ou aplicação de recursos próprios ou de terceiros, em
moeda nacional ou estrangeira;
175
II - a custódia de valor de propriedade de terceiros;
III - a prestação de serviços de compensação e de liquidação de obrigações no
âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro;
IV - a administração de fundos de proteção a depositantes.
Parágrafo único.......................................................................................” (NR)
Art. 61. O inciso II do art. 2º da Lei nº 11.101, de 2005, passa a vigorar com a
seguinte redação:
“Art. 2º....................................................................................................................
I - .............................................................................................................................
II - instituição financeira pública federal, entidade de previdência complementar,
sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade
de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.” (NR)
Art. 62. As disposições desta Lei Complementar não se aplicam às intervenções
e liquidações extrajudiciais em curso anteriormente ao início de sua vigência, que serão
concluídas nos termos da Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974.
Parágrafo único. As liquidações extrajudiciais de que trata o caput deverão ser
encerradas no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias contados da entrada em
vigor desta Lei Complementar, findo o qual o liquidante deverá requerer a falência da
instituição.
Art. 63. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC), pessoa jurídica de direito
privado com estatutos aprovados pela Resolução n.° 2.211, de 16 de novembro de 1995,
do Conselho Monetário Nacional, deverá adaptar-se ao disposto nesta Lei
Complementar no prazo de 1 (um) ano contado da data de sua entrada em vigor.
176
Art. 64. Ficam revogadas a Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974, o Decreto-Lei
nº 2321, de 25 de fevereiro de 1987, os artigos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da Lei nº
9.447, de 14 de março de 1997
Art. 65. Esta Lei Complementar entra em vigor decorridos 120 (cento e vinte)
dias, a partir da data de sua publicação.
Brasília, de de 2009; 188º da Independência e 121º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Henrique de Campos Meirelles
177
Capítulo V. COMO OS TRIBUNAIS SUPERIORES VÊM DECIDINDO EM RELAÇÃO ÀS CONSTRIÇÕES
REALIZADAS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO DIANTE DO COMANDO LEGAL RELATIVO
À SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES?
Edital de Pesquisa
Questionamento feito pelo edital
No item 2.2.4 do Edital de Pesquisa, a Secretaria de Assuntos Legislativos
questionou:
- “Como os tribunais superiores vêm decidindo em relação às constrições
realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das
execuções?”
Projeto apresentado
Quanto a este item específico, propôs o Projeto de Pesquisa apresentado:
- “A análise a ser realizada consiste em:
a) Identificação do tratamento dispensado pelos Tribunais Superiores
quanto à suspensão das execuções trabalhistas (art. 6.º da Lei
11.101/05) em relação às constrições determinadas pela Justiça do
Trabalho.
O método para realizar-se a comparação consiste em:
b) Levantamento e sistematização de julgados nas bases de dados
informatizadas.
c) Comparação sistemática dos resultados.”
Marco teórico para análise do tema
Lê-se no art. 6º da Lei 11.101/05 que:
“Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do
processamento da recuperação judicial suspende o curso da
178
prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor,
inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.
§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se
processando a ação que demandar quantia ilíquida.
§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial,
habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação
de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as
impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas
perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito,
que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado
em sentença.
§ 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e
2o deste artigo poderá determinar a reserva da importância que
estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez
reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe
própria.
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata
o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo
improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento
do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso
do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e
execuções, independentemente de pronunciamento judicial.
§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação
judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste
artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas
poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja
inscrito no quadro-geral de credores.
§ 6o Independentemente da verificação periódica perante os
cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra
o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da
recuperação judicial:
179
I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição
inicial;
II – pelo devedor, imediatamente após a citação.
§ 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo
deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de
parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da
legislação ordinária específica.
§ 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação
judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de
recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor.”
Dispõe o art. 6º, caput, da Lei 11.101/05 que o deferimento do processamento da
recuperação judicial de empresas ou a decretação da falência suspendem o curso de
todas as ações e execuções em face do devedor. Este comando relaciona-se ao fato de
que nos processos concursais, há a necessidade de se reunirem os credores em um único
juízo, de modo a conduzir-se o concurso de credores em conformidade com a par
conditio creditorum. Daí porque, uma vez suspensas as ações e execuções contra o
devedor, devam os seus credores habilitar o seu crédito no processo de falência ou de
recuperação judicial.
Ademais, com a decretação da falência estabelece-se o juízo universal da falência,
a atrair para si as ações “sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as
causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar
como autor ou litisconsorte ativo” (Lei 11.101/05, art. 76).
Na falência, o fundamento da força atrativa do juízo falimentar relaciona-se
diretamente a par conditio creditorum: tendo em vista que o processo falimentar tem
por objetivo preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos
produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa (Lei 11.101/05, art. 75), para
maximizar o valor dos ativos do falido, ou seja, para realizá-lo pelo maior valor
possível, com o objetivo de se utilizar as importâncias obtidas em razão da realização do
ativo para o pagamento dos credores, “atendendo à classificação prevista no art. 83
desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que
determinam reserva de importâncias.”(Lei 11.101/05, art. 149).
180
No processo de recuperação judicial, forma-se igualmente um concurso de
credores, não com o propósito de arrecadar e liquidar os ativos do devedor, mas com o
propósito de se negociar com o devedor plano de recuperação judicial que, a um tempo
e na melhor medida possível, permita ao devedor superar a crise econômico-financeira,
preservando a empresa, e aos credores permita que obtenham a satisfação de seus
interesses na máxima medida. Entretanto, para que isto ocorra, há a necessidade de que
se reúnam devedor e credores, no juízo da recuperação judicial, de modo a que aquele
apresente o plano de recuperação à apreciação destes. Em verdade, devem apreciar o
plano de recuperação judicial aqueles credores que se submetem aos efeitos da
recuperação judicial, ou seja, todos os credores do devedor ao tempo do pedido,
incluídos, neste rol, os credores trabalhistas.
São convocados, assim, os credores para que negociem conjuntamente com o
devedor o melhor plano de satisfação de seus interesses. Por conta disto, há suspender-
se as execuções individuais que buscam a satisfação de créditos pela constrição judicial
de bens do devedor, pois, a um, a forma de satisfação do crédito será a negociada no
plano de recuperação, e, a dois, se os credores continuassem as suas execuções
singulares, se inviabilizaria a negociação e execução de um plano de recuperação da
empresa.
Como na recuperação judicial o devedor submete à apreciação de seus credores
um plano de recuperação, deve ele ter um período de trégua para apresentar e negociar
o seu plano, daí porque o art. 6º, § 4º, da Lei 11.101/05 estabelece o stay period de 180
dias de suspensão das execuções contra o devedor, a contar da data do deferimento do
processamento da recuperação. Entretanto, nos termos da parte final do § 4º do art. 6º,
“restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou
continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.”
Conquanto se sujeite o crédito laboral tanto ao processo de falência bem como ao
processo de recuperação judicial, esta sujeição relaciona-se apenas à execução deste
crédito, e não à sua constituição. É que, para julgar conflitos oriundos de relações do
trabalho, é constitucionalmente competente a Justiça do Trabalho, nos termos do art.
114 da Constituição Federal. Por esta razão, o art. 76 da Lei 11.101/05, ao fixar a vis
attractiva do juízo da falência, excetua expressamente o crédito laboral, que deverá ser
apurado e liquidado perante o juízo do trabalho. A este dispositivo acresce-se, tanto no
181
que respeita à falência como à recuperação judicial, o estabelecido no art. 6º, § 2º, da
Lei 11.101/05, onde lê-se que: é “permitido pleitear, perante o administrador judicial,
habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas
as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta
Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo
crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em
sentença.” Vale dizer, a apuração do respectivo crédito trabalhista compete à Justiça
do Trabalho. Somente após apurado e quantificado o crédito laboral é que deverá ele ser
habilitado na falência ou na recuperação judicial, onde deverá ser pago em
conformidade com as normas que disciplinam a par conditio creditorum.
Na falência, estabelece-se a ordem de classificação dos créditos, que deverá ser
observada para o pagamento dos credores (Lei 11.101/05, art. 149). No caso do crédito
trabalhista, dispõe o art. 83, I e VI, ‘c’, da Lei 11.101/05 que os créditos derivados da
legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor,
e os decorrentes de acidentes de trabalho, figurarão em primeiro lugar na classificação
dos créditos; aquilo que exceder a quantia de 150 salários-mínimos por credor, será
pago juntamente com os créditos quirografários, em sexto lugar na classificação.
Na recuperação judicial, o plano de recuperação judicial deverá prever o
pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou de acidente de trabalho
vencidos na data da recuperação no prazo máximo de até um ano (Lei 11.101/05, art.
54), e, quanto às parcelas saláriais vencidas nos três meses anteriores ao pedido de
recuperação, deverá prever o pagamento em até 30 dias, observado o limite de 5 salários
por trabalhador (Lei 11.101/05, art. 54, § único).
Se o crédito trabalhista ainda estiver a ser apurado perante a Justiça do Trabalho,
poderá o juiz do trabalho, nos termos do § 3º do art. 6º da Lei 11.101/05, “determinar a
reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e,
uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.” Com
isso, assegura-se que o crédito apurado participará dos pagamentos realizados no
concurso de credores.
182
Problema pesquisado
Problema Geral de Pesquisa
- Como os tribunais superiores vêm decidindo em relação às constrições
realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das
execuções?
Problemas Específicos
- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições
realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das
execuções contra a empresa falida?
- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições
realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das
execuções contra a empresa que obteve o deferimento do processamento da recuperação
judicial?
- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições
realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das
execuções contra a empresa que obteve o deferimento do processamento da recuperação
judicial após o decurso do prazo de 180 dias, sem que tenha sido aprovado o plano de
recuperação judicial?
- Como o Superior Tribunal de Justiça vêm decidindo em relação às constrições
realizadas pela Justiça do Trabalho diante do comando legal relativo à suspensão das
execuções contra a empresa que obteve aprovação do plano de recuperação judicial?
Delimitação da amostra pesquisada
Caso se estabeleça entre a Justiça do Trabalho e a Justiça Estadual conflito de
competência quanto a apuração, liquidação e pagamento de crédito laboral, será
competente o Superior Tribunal de Justiça para dirimir o conflito, nos termos do art.
105, I, d, da Constituição Federal. Em razão da possibilidade de análise à luz da
Constituição, poderá o Supremo Tribunal Federal apreciar a matéria. Por esta razão, o
tema foi pesquisado na jurisprudência do STF e do STJ, mediante a adoção dos
183
seguintes critérios. No Supremo Tribunal Federal, pesquisou-se mediante a indicação da
expressão “LF-2005”, que é indicada no próprio site para indexar as decisões que
envolvem a Lei 11.101/2005. Como resultado, foram encontrados 6 acórdãos, dos quais
2 eram pertinentes ao tema pesquisado, e 1 acórdão em repercussão geral, pertinente ao
tema pesquisado.
Já no site do Superior Tribunal de Justiça, pesquisou-se mediante a indicação da
expressão “LEI DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL E DE
FALÊNCIA (LF-05)”, que é indicada no próprio site para indexar as decisões que
envolvem a Lei 11.101/2005, apresentando como resultado foram encontrados 76
acórdãos. Utilizou-se também a expressão recuperação judicial conflito de
competência, que resultou em 61 acórdãos, e a expressão falência conflito de
competência, que resultou em 285 acórdãos.
Ao todo, foram encontrados 79 acórdãos pertinentes no STJ e 2 acórdãos
pertinentes no STF.
Análise dos acórdãos coletados
“A configuração de conflito de competência pressupõe que duas ou mais
autoridades judiciárias, de esferas diversas, declarem-se competentes ou incompetentes
para apreciar e julgar determinado feito (art. 115 do CPC), ou para praticar atos
processuais na mesma causa, o que não se verifica no caso dos autos.”77
Comprovação do conflito positivo
Simples alegação genérica de que “todas as instâncias da Justiça do Trabalho têm
decidido desfavoravelmente contra a suscitante, adespeito do processamento da
77 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.700-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 57.565-GO, rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, j. em 8/3/2009, v.u., assim ementado: “JUÍZOS SUSCITADOS QUE JULGAM AÇÕES COM OBJETOS DIVERSOS. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. EVENTUAIS ATOS DE CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL QUE SE SOBREPONHAM. RESOLUÇÃO PELAS VIAS ORDINÁRIAS ADEQUADAS. 1. Não se conhece de conflito de competência quando os juízos suscitados julgam ações com objetos diversos. 2. Os atos constritivos determinados pelos juízos suscitados, que no dizer das suscitantes tumultuam o processo de recuperação judicial, devem ser atacados pelas vias ordinárias adequadas.”
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recuperação judicial, não se mostra suficiente para a configuração de conflito entre os
Juízos suscitados.”78 No voto do relator, lê-se que “a suscitante não demonstrou que o
seu patrimônio esteja sendo objeto de constrição nos autos da execução em curso
perante a Justiça Trabalhista.” No voto do relator, lê-se que “Em se tratando de empresa
em processo de recuperação judicial, com a edição da Lei n. 11.101⁄05, é competente o
respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de
ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos
judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do
devedor (CC 90.160⁄RJ, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Seção, DJE
05⁄06⁄2009).”79 “Denotada a falta de documentos hábeis à demonstração do alegado
na inicial, não se conhece do conflito de competência, notadamente pela inviabilidade
do pedido, dada a constatação de ter sido desconsiderada a pessoa jurídica e incluída no
pólo passivo da execução trabalhista os sócios, tudo a fazer concluir pela ausência de
conflito com o Juízo da recuperação judicial. Precedentes da Segunda Seção nesse
sentido, tratando do mesmo caso.”80
A suspensão só atinge as ações trabalhistas cujos créditos já tenham sido apurados
“As ações de conhecimento em trâmite na Justiça do Trabalho devem prosseguir
até a apuração dos respectivos créditos. Em seguida, serão processadas no
juízo universal da recuperação judicial as respectivas habilitações.”81 “Só há falar em
juízo universal na recuperação para os créditos, líquidos e certos”82
78 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.700-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. 79 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.700-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. 80 STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.653-RJ, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 9/9/2009, v.u. 81 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.025-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 14/10/2009, v.u. 82 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 107.395-PB, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 11/11/2009, v.u., assim ementado: “O juízo da recuperação judicial não é competente para a ação ordinária em que se postula quantia ilíquida contra a empresa recuperanda. 2 - Só há falar em juízo universal na recuperação para os créditos, líquidos e certos (leia-se classe de credores), devidamente habilitados no plano recuperatório e por ela abrangidos. 3 - Na recuperação não há quebra e extinção da empresa, pois continua ela existindo e executando todas as suas atividades, não fazendo sentido canalizar toda e qualquer ação da recuperanda ou contra ela para o juízo da recuperação. 4 - Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 4ª de Campina Grande SJ⁄PB, suscitante.”
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No que respeita à suspensão das execuções trabalhistas, decidiu o STJ que a após
a aprovação do plano de recuperação judicial, ou após a decretação da falência, “terão
seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens
no Juízo Trabalhista.”83 Por conta da competência do juízo falimentar é que haverá a
nulidade do ato judicial que deferir adjudicação do bem penhorado84. Por esta razão, na
falência, os atos de execução do crédito trabalhistas são realizados pelo juízo
falimentar.85 Ademais, se decidido “em conflito de competência que os atos de
execução de crédito trabalhista far-se-ão no juízo universal da falência, atenta contra a
autoridade desta Corte, determinação de Juízo do Trabalho no sentido de realizar praça
de um imóvel integrante da massa falida.”86 Nessa mesma linha, compete ao Juízo
Falimentar “decidir sobre o destino dos depósitos recursais feitos no curso de
reclamação trabalhista movida contra a falida, ainda que anteriores à decretação da
falência.”87
Entretanto, se os bens penhorados foram adjudicados em momento anterior ao
deferimento do processamento da recuperação judicial, compete à Justiça do Trabalho
dar seguimento aos atos relativos à adjudicação.88 Em caso de falência, decidiu a 2ª
83 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 100.922-SP, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 10/6/2009, v.u. No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 99.145-SP, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS FALIMENTAR E DO TRABALHO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. - Decretada a quebra, as execuções singulares pendentes devem prosseguir no Juízo Universal, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. Agravo improvido.” 84 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 100.922-SP, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 10/6/2009, v.u. 85 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 94.780-GO, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u., assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO DE CRÉDITO TRABALHISTA - DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA - PERMANÊNCIA DESTA NO PÓLO PASSIVO DA EXECUÇÃO - FORMAÇÃO DO CONCURSO UNIVERSAL DE CREDORES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA FALÊNCIA - AGRAVO IMPROVIDO.” 86 STJ-2ª Seção, RECLAMAÇÂO 1.270-PA, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 12/9/2007, v.u. O caso envolvia a empresa ENCOL e, portanto, trata de interpretação baseada na anterior Lei. Entretatanto, entendeu-se relevante a sua menção no presente relatório. 87 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 87.194-SP, rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, j. em 26/9/2007, v.u. 88 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u., assim ementado: “Na hipótese dos bens terem sido adjudicados em data anterior ao deferimento do processamento da recuperação judicial, a Justiça do Trabalho deve prosseguir no julgamento dos demais atos referentes à adjudicação. 2. Ultrapassado o prazo de 180
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Seção do STJ ao julgar o AgRg no Conflito de Competência que “a Justiça do Trabalho
é competente para definir o crédito trabalhista, que será, então, habilitado no juízo
universal e atrativo da falência; excepcionalmente, porém, se os bens já estiverem em
praça, a arrematação terá curso, mas o produto será transferido para o juízo falimentar.
Precedentes. 2. Eventual pedido de não repetição dos valores levantados na
execução trabalhista deve ser formulado perante o juízo competente, na espécie, o juízo
falimentar. 3. Agravo regimental desprovido.”89
A suspensão das execuções contra a empresa em recuperação relaciona-se,
também, ao princípio da preservação da empresa, motivo “pelo qual, sempre que
possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial em processos
individuais.”90 Mas não apenas: o “destino do patrimônio da empresa-ré em processo de
recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso
dias previsto no artigo 6º, §4º, da Lei nº 11.101⁄2005, deve ser restabelecido o direito dos credores de continuar suas execuções contra o devedor, se não houver plano de recuperação judicial aprovado.” 89 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 95.001-BA, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 22/4/2009, v.u. Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 95.639-GO, rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. em 10/2/2010, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. PROCESSO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. LEI N. 11.101/05. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DO STJ. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Admitem-se como agravo regimental embargos de declaração opostos a decisão monocrática proferida pelo relator, em nome dos princípios da economia processual e da fungibilidade. 2. Com a edição da Lei n. 11.101/05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 3. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 4. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 88.620-MG, rel. Min. NANCY ANDRIGHI, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “JUÍZO FALIMENTAR E JUSTIÇA DO TRABALHO. FALÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ARREMATAÇÃO ULTIMADA NA JUSTIÇA ESPECIALIZADA. REMESSA DO PRODUTO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. - Os atos de execução trabalhista devem ser praticados no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. - Em respeito aos princípios da economia e da celeridade processual, devem ser aproveitados os atos de arrematação praticados na execução singular, com a remessa do seu produto ao Juízo Falimentar, devendo o reclamante-exeqüente providenciar sua habilitação frente à massa falida. Decisão agravada reconsiderada, para o fim de conhecer do conflito de competência e declarar competente o Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Concordatas de Belo Horizonte – MG.” 90 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.552-AL, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 23/9/2009, v.u.
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daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento,
comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação”.91
Entretanto, diversamente do que ocorre na falência, na recuperação judicial não se
afirma propriamente um juízo universal, de modo que as ações que demandarem quantia
ilíquida prosseguirão a tramitar perante o juízo cuja competência é determinada pelo
Código de Processo Civil.92
O fundamento pelo qual se deve evitar a realização de constrição de bens da
empresa recuperanda em processos individuais relaciona-se ao princípio da preservação
da empresa, insculpido no art. 47 da Lei 11.101/05. Por esta razão, é reiterada a
jurisprudência do STJ no sentido de que, uma vez aprovado o plano de recuperação
judicial, ou decretada a falência, as execuções trabalhistas, isto é, o pagamento do
crédito laboral, deverá ocorrer no Juízo Falimentar, mesmo que já tenha sido realizada a
penhora na execução trabalhista.93
91 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 101.552-AL, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 23/9/2009, v.u. 92 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 53.549-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 27/2/2008, v.u., assim ementado: “AÇÃO DE COBRANÇA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. INEXISTÊNCIA. DIVERSOS ESTABELECIMENTOS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ONDE CONTRAÍDA A OBRIGAÇÃO. 1. Extinta a concordata e deferida a recuperação judicial, não há se falar em juízo universal que, ademais, é instituto próprio da falência. 2. Possuindo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados (art. 75 do CC) podendo a demanda ser proposta no foro do lugar onde se localiza a agência ou sucursal que tiver contraído a obrigação (art. 100, IV, 'b" do CPC). 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do Juizado Especial Cível de Campina das Missões - SC, suscitado.” 93 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 108.457-SP, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 10/2/2010, v.u., assim ementado: “EXECUÇÃO TRABALHISTA - EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - JUÍZO UNIVERSAL - PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS CONTRA A EMPRESA RECUPERANDA - INTERPRETAÇÃO DO ART. 3º e 6ª DA LEI 11.101/05 - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO - CONFLITO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - O princípio da preservação da empresa, insculpido no art 47 da Lei de Recuperação e Falências, preconiza que ‘A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica’. Motivo pelo qual, sempre que possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial em processos individuais. 2 - É reiterada a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que ‘após a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa ou da decretação da quebra, as ações e execuções trabalhistas em curso, terão seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista’ (STJ. CC 100922/SP - Rel. Ministro SIDNEI BENETI - 2ª Seção - 26/09/2009). 3 - Conflito de Competência conhecido e parcialmente provido para declarar a competência do Juízo da recuperação judicial para prosseguir nas execuções direcionadas contra a empresa recuperanda.”
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Ademais, a interpretação do disposto no no art. 6º, § 4º, da Lei 11.101/05, que fixa
prazo de 180 dias de suspensão das ações e execuções, deve ser realizada “de modo
sistemático com os seus demais preceitos, especialmente à luz do princípio da
preservação da empresa”, de modo que “o destino do patrimônio da empresa-ré em
processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo
diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do
estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação, ainda que
ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art. 6º, da Lei nº 11.101⁄05,
sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa”, de modo que “o destino do
patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por
decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o
funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de
recuperação, ainda que ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art.
6º, da Lei nº 11.101⁄05, sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa.”94
Se o plano de recuperação judicial não for aprovado pelos credores no prazo de
180 dias referido no art. 6º, § 4º, da Lei 11.101/05, restabelece-se o “direito dos
94 STJ-1ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 79.170-SP, rel. Min. CASTRO MEIRA, j. em 10/9/2008, v.u., assim ementado: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. PRAZO DE CENTO E OITENTA DIAS. USO DAS ÁREAS OBJETO DA REINTEGRAÇÃO PARA O ÊXITO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO. 1. O caput do art. 6º, da Lei 11.101⁄05 dispõe que "a decretação da falência ou deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário". Por seu turno, o § 4º desse dispositivo estabelece que essa suspensão "em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento eoitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação". 2. Deve-se interpretar o art. 6º desse diploma legal de modo sistemático com seus demais preceitos, especialmente à luz do princípio da preservação da empresa, insculpido no artigo 47, que preconiza: "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". 3. No caso, o destino do patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação, ainda que ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art. 6º, da Lei nº 11.101⁄05, sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa. 4. Precedentes: CC 90.075⁄SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 04.08.08; CC 88661⁄SP, Rel. Min, Fernando Gonçalves, DJ 03.06.08. 5. Conflito positivo de competência conhecido para declarar o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo competente para decidir acerca das medidas que venham a atingir o patrimônio ou negócios jurídicos da Viação Aérea São Paulo – VASP.”
189
credores de continuar suas execuções contra o devedor”.95 Com efeito, não há conflito
de competência entre a Justiça Estadual e a Justiça do Trabalho na hipótese de o Juízo
do Trabalho determinar o prosseguimento do processo de execução após o decurso do
prazo de 180 dias sem que tenha havido aprovação do plano de recuperação. No AgrRg
no Conflito de Competência 105.345-DF, ao prolatar seu voto, o relator Min. Fernando
Gonçalves deteve-se na interpretação do direito dos credores de continuar
suas execuções contra o devedor, prevista nos §§ 4º e 5º do art. 6º da Lei 11.101/05, e
destacou que a “redação do dispositivo parece extremamente clara, preservando o
direito dos credores em prosseguirem com seus pleitos individuais passado o prazo de
180 dias da data em que deferido o processamento da recuperação judicial. A aplicação
desses preceitos, porém, se mostra de difícil conciliação a implementação do plano
de recuperação ao mesmo tempo em que o patrimônio da empresa recuperanda vai
sendo chamado a responder pelas execuções individuais.”96 Entretanto, ao prosseguir
em seu voto, asseverou que: “consoante se extrai das informações dos autos, o plano de
recuperação judicial ainda não foi aprovado (fls. 632) e, portanto, não se pode concluir
pela novação dos créditos anteriores ao pedido. Desta forma, ultrapassado o prazo de
180 dias previsto no artigo 6º, §4º, da Lei nº 11.101⁄2005, deve ser restabelecido o
direito dos credores de continuar suas execuções contra a devedora. Assim, em face das
informações trazidas aos autos, reconsidero a decisão de fls 213-214 e dou provimento
aos agravos regimentais para não conhecer do conflito de competência.”97
Entretanto, se aprovado o plano pelos credores e homologado pelo juiz, não se
pode retomar as execuções individuais pelo simples fato de ter decorrido o stay
period.98 É que há incompatibilidade entre o cumprimento do plano aprovado e
95 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u. 96 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u. 97 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.345-DF, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/10/2009, v.u. 98 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 73.380-SP, rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, j. em 28/11/2007, por maioria. No voto do relator, lê-se que “uma vez aprovado e homologado o plano, contudo, não se faz plausível a retomada das execuções individuais após o mero decurso do prazo legal de 180 dias; a conseqüência previsível e natural do restabelecimento das execuções, com penhoras sobre o faturamento e sobre os bens móveis e imóveis da empresa em recuperação implica em não cumprimento do plano, seguido de inevitável decretação da falência que, uma vez operada, resultará novamente na atração de todos os créditos e na suspensão das execuções individuais, sem benefício algum para quem quer que seja.”
190
homologado e a manutenção das execuções individuais, razão pela qual, em conflito de
competência havido entre a Justiça do Trabalho e a Justiça Estadual onde tramita a
recuperação judicial, os créditos trabalhistas devem ser executados em conformidade
com o plano de recuperação homologado na Justiça Estadual.99
99 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.648-MT, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. Em sentido análogo, destacando a incompatibilidade entre o cumprimento do plano aprovado e o prosseguimento das execuções individuais, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 106.768-RJ, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. "A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas." (CC 98.264⁄SP, Rel. Ministro Massami Uyeda). 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro⁄RJ.” Igualmente a destacar o risco ao cumprimento do plano aprovado caso retomassem seu curso as execuções trabalhisas, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.648-MT, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. No voto do relator, lê-se que: “assinala-se que a egrégia 2ª Seção desta Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, segundo interpretação dos §§ 4º e 5º do art. 6º da Lei n. 11.101⁄05, no ponto em que trata da suspensão das ações e execuções após deferido o processamento da recuperação judicial do devedor, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas, tendo em vista o consenso de que, tanto a retomada das execuções individuais, que podem inviabilizar o cumprimento dos termos fixados no plano, bem como o descumprimento por si só de seus termos pela empresa em recuperação, ensejam a decretação da falência, que terá como consectário, novamente, a suspensão das execuções individuais.” E, prosseguindo o relator em seu voto, “considerando-se que o plano de recuperação judicial tem por escopo a continuidade da empresa, com a quitação de seus débitos perante seus credores, o prosseguimento dos execuções individuais na Justiça Trabalhista tem o condão de frustrar a quitação dos débitos, em sede de execução individual ou concursal.” Ao apreciar conflito de competência relacionado à aplicação do art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei 11.101/05, assim se posicionou o Min. Fernando Gonçalves: “A redação do dispositivo, a par das críticas relativas ao excesso de remissões, parece extremamente clara, preservando o direito dos credores em prosseguirem com seus pleitos individuais passado o prazo de 180 dias da data em que deferido o processamento da recuperação judicial. A aplicação desses preceitos, porém, tem causado perplexidade, pois se mostra de difícil conciliação a implementação do plano de recuperação ao mesmo tempo em que o patrimônio da empresa recuperanda vai sendo chamado a responder pelas execuções individuais.” Por esta razão, o Min. Fernando Gonçalves optou “pela confiabilidade no novel instituto da recuperação, que amadurece em seu bojo o interesse social na manutenção da atividade empresária.” STJ, Decisão Monocrática no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 90.075-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 1/7/2008. Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 108.141-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. 10/2/2010, v.u., assim ementado: “Deferida a recuperação judicial de empresa, com homologação do plano de pagamentos, onde incluídos os créditos de natureza trabalhista, incide a universalidade, apta a impedir o prosseguimento de execuções individuais nos juízos do trabalho, sob pena de frustração do procedimento, destinado, em última ratio, à própria preservação da empresa, consoante a dicção do art. 47 da Lei nº 11.101/2005. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo – SP.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 98.264-SP, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA - ARRESTO DOS
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Nos casos em que não havia ainda determinação acerca do juízo competente para
prática de atos de execução de créditos trabalhistas em caso de sucessão no passivo por
conta de alienação de unidades produtivas100, não se apresentava razoável a retomada
das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que
trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05.101
BENS DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IMPOSSIBILIDADE - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS - NECESSIDADE. - PRECEDENTES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas; II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO DISTRITAL DE CAIEIRAS/SP.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 72.661-SP, rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, j. em 12/3/2008, por maioria, assim ementada: “EXECUÇÃO TRABALHISTA VERSUS RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Há conflito positivo de competência quando dois ou mais juízes entendem que o destino de determinado bem está subordinado às suas decisões; se o bem constrito na execução trabalhista dá suporte ao plano da recuperação judicial, prevalece o Juízo desta. Conflito conhecido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 88.661-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 28/5/2008, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S.A - VASP. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. NECESSIDADE. 1. O conflito de competência não pode ser estendido de modo a alcançar juízos perante os quais este não foi instaurado. 2. Aprovado o plano de recuperação judicial, os créditos serão satisfeitos de acordo com as condições ali estipuladas. Nesse contexto, mostra-se incabível o prosseguimento das execuções individuais. Precedente. 3. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo – SP.” 100 STJ-2ª Seção, AgRg na RECLAMAÇÃO 2.327-RJ, rel. Min. ARI PARGENDLER, j. em 28/2/2007, v.u., assim ementada: “Antes da definição de quem seja competente para decidir acerca da sucessão trabalhista no caso de aquisição de ativo de empresa em processo de recuperação judicial, deve-se preservar o objeto deste, evitando que, em concreto, possa ser prejudicado por decisões de jurisdição diversa; medida liminar mantida.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 73.076-RJ, rel. Min. ARI PARGENDLER, j. em 28/2/2007, v.u., assim ementada: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A exigência de que o processo de recuperação judicial processado na Justiça Estadual subsista até a definição de quem seja o juiz competente para decidir a respeito da sucessão das obrigações trabalhistas impõe, salvo melhor entendimento a manutenção da medida liminar para sustar execuções aparelhadas na Justiça do Trabalho; medida liminar mantida. Agravo regimental desprovido.” 101 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 110.287-SP, rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. em 24/3/2010, v.u., assim ementado: “JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 6º, § 4º, DA LEI N. 11.101/05. RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Com a edição da Lei n. 11.101, de 2005, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 2. Se, de um lado, há de se respeitar a exclusiva competência da Justiça laboral para solucionar questões atinentes à
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Ou seja, as condições de pagamento do crédito trabalhista são as definidas no
plano de recuperação.102 Não submeter-se o crédito trabalhista individual à recuperação
judicial acarreta risco de “frustração do plano aprovado pela assembléia de credores”103
Conforme consignou a 2ª Seção do STJ, ao julgar o Conflito de Competência 61.272-RJ
por seu relator Min. Ari Pargendler, a “Lei nº 11.101, de 2005, não teria
operacionalidade alguma se sua aplicação pudesse ser partilhada por juízes de direito e
juízes do trabalho”104
relação do trabalho (art. 114 da CF); por outro, não se pode perder de vista que, após a apuração do montante devido ao reclamante, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, ex vi dos princípios e normas legais que regem o plano de reorganização da empresa recuperanda. 3. A Segunda Seção do STJ tem entendimento jurisprudencial firmado no sentido de que, no estágio de recuperação judicial, não é razoável a retomada das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05. 4. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 5. Agravo regimental desprovido.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, RECLAMAÇÂO 2.699-SP, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 26/11/2008, v.u., assim ementada: “RECLAMAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. COMERCIAL. LEI Nº 11.101⁄05. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. DECISÃO DO JUÍZO MONOCRÁTICO QUE DETERMINOU O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS. DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA PROFERIDA NOS AUTOS DA MEDIDA CAUTELAR Nº 12.327⁄SP. LIMINAR CONCEDIDA PARA SUSPENDER A DECISÃO DO JUÍZO LABORAL. IMPOSSIBILIDADE DE RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS, APÓS O MERO DECURSO DO PRAZO LEGAL DE 180 DIAS PREVISTO NA LEI Nº 11.101⁄05. DESCUMPRIMENTO. PROCEDÊNCIA DA RECLAMAÇÃO. - AFRONTA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, PROFERIDA NO EXERCÍCIO DE SUA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL, AQUELA QUE, EM SEDE DE EXECUÇÃO TRABALHISTA SUSPENSA POR FORÇA DE LIMINAR CONCEDIDA EM MEDIDA CAUTELAR, DETERMINA O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS.” 102 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.648-MT, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u. 103 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.025-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 14/10/2009, v.u. 104 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 61.272-RJ, rel. Min. ARI PARGENDLER, j. em 25/4/2007, por maioria, assim ementado: “A regra mais elementar em matéria de competência recursal é a de que as decisões de um juiz de 1º grau só podem ser reformadas pelo tribunal a que está vinculado; o conflito de competência não pode ser provocado com a finalidade de produzir, per saltum, o efeito que só o recurso próprio alcançaria, porque a jurisdição sobre o mérito é prestada por instâncias (ordinárias: juiz e tribunal; extraordinárias: Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal). 2. LEI DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (Lei nº 11.101, de 2005). A Lei nº 11.101, de 2005, não teria operacionalidade alguma se sua aplicação pudesse ser partilhada por juízes de direito e juízes do trabalho; competência constitucional (CF, art. 114, incs. I a VIII) e competência legal (CF, art. 114, inc. IX) da Justiça do Trabalho. Conflito conhecido e provido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 90.504-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. DEMANDAS TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo – SP.”
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Entretanto, a suspensação das execuções trabalhistas aproveita apenas à empresa
devedor que obtiver o deferimento do processamento de recuperação judicial ou tiver
sua falência decretada. Por este motivo, inexiste conflito de competência se a Justiça do
Trabalho determinar o prosseguimento da execução contra sócio da sociedade
recuperanda ou falida, mediante a aplicação da teoria da desconsideração da
personalidade jurídica.105 É que, no caso, não “caracteriza conflito positivo de
Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 73.380-SP, rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, j. em 28/11/2007, por maioria, assim ementado: “EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO APROVADO E HOMOLOGADO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. SUSPENSÃO POR 180 DIAS. ART. 6º, CAPUT E PARÁGRAFOS DA LEI 11.101⁄05. MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA. INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DE EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. PRECEDENTE DO CASO VARIG - CC 61.272⁄RJ. CONFLITO PARCIALMENTE CONHECIDO. 1. A execução individual trabalhista e a recuperação judicial apresentam nítida incompatibilidade concreta, porque uma não pode ser executada sem prejuízo da outra. 2. A novel legislação busca a preservação da sociedade empresária e a manutenção da atividade econômica, em benefício da função social da empresa. 3. A aparente clareza do art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei 11.101⁄05 esconde uma questão de ordem prática: a incompatibilidade entre as várias execuções individuais e o cumprimento do plano de recuperação. 4. "A Lei nº 11.101, de 2005, não terá operacionalidade alguma se sua aplicação puder ser partilhada por juízes de direito e por juízes do trabalho." (CC 61.272⁄RJ, Segunda Seção, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 25.06.07). 5. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.” 105 Neste sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 100.365-MT, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 26/11/2008, v.u., assim ementado: “Não comporta o deferimento de liminar o conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica em recuperação judicial, quando constrito bem de sócio pela aplicação, na Justiça Especializada, da desconsideração da personalidade jurídica, decisão inatacada em tempo próprio. Precedentes.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 67.435-RJ, rel. Min. PAULO FURTADO, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SÓCIO. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PELA DÍVIDA. QUESTÃO DECIDIDA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. PROCESSO SOBRESTADO. QUESTÃO DIRIMIDA NO CC 58196 - RJ. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - A co-responsabilização do ora suscitante pelas dívidas oriundas da SEG - Serviços Especiais de Segurança e Transporte de Valores S⁄A se deu em razão do reconhecimento, pelo juízo trabalhista, de sua condição de sócio da empresa reclamada e pela desconsideração da pessoa jurídica. II- Não tem o decreto de falência da Empresa reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. Questão dirimida no Conflito de Competência 58196 - RJ. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, sobre a ausência de responsabilidade do sócio e a desconsideração da pessoa jurídica, quando seus requisitos foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria em julgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Conflito de competência não conhecido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 94.439-MT, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 28/5/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. NÃO-CONHECIMENTO. LIMINAR. REVOGAÇÃO. I. Não se configura conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Circunstância omitida na inicial do
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competência a constrição de bens dos sócios da falida em sede de execução trabalhista,
porquanto não há dois juízes - o da falência e o trabalhista - decidindo acerca do destino
de um mesmo patrimônio.”106 A suspensão das execuções não aproveita terceiros, que
incidente, culminando com o deferimento da paralisação do feito executivo, que ora fica revogada. III. Conflito de competência não conhecido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 99.583-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 24/6/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DA MESMA PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. NÃO-CONHECIMENTO. I. Não configura conflito de competência a constrição de bens dos sócios da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Tal regra comporta exceção somente quando o Juízo universal estender sobre os mesmos os efeitos da recuperação, quando cabível. III. Agravo regimental improvido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 109.256-SP, rel. Min. NANCY ANDRIGHI, j. em 14/4/2010, v.u., assim ementado: “EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. CONSTRIÇÃO. BENS DOS SÓCIOS. CONFLITO POSITIVO. INEXISTÊNCIA. - Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. - Considerando que os recursos a serem utilizados para satisfação do crédito trabalhista não desfalcarão o patrimônio da massa falida, não há de se falar em burla à ordem de pagamento dos credores na falência. Agravo a que se nega provimento.” 106 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.437-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 23/9/2009, v.u. No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.453-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 26/8/2009, v.u., assim ementado: “Não se configura conflito de competência quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica ou o reconhecimento de grupo econômico. Precedentes.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.653-RJ, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 9/9/2009, v.u. No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 55.644-ES, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 28/10/2009, v.u., assim ementado: “PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DESCABIMENTO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DE PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. O incidente de uniformização de jurisprudência deve ser suscitado quando do oferecimento das razões do recurso, sendo inviável em sede de agravo regimental. Ademais, "a suscitação do incidente de uniformização de jurisprudência em nosso sistema constitui faculdade, não vinculando o juiz, sem embargo do estímulo e do prestígio que se deve dar a esse louvável e belo instituto." (REsp 3.835⁄PR, Quarta Turma, Rel. Min. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ de 29⁄10⁄1990.) 2. Se a execução trabalhista promovida contra sociedade falida foi redirecionada para atingir bens dos sócios, não há conflito de competência entre a Justiça especializada e o juízo falimentar, não se justificando o envio dos autos ao Juízo universal, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. 3. Agravo regimental improvido com aplicação de multa.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 57.649-SP, rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. 13/8/2008, v.u., assim ementado: “FALÊNCIA. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. CONSTRIÇÃO DIRIGIDA AOS SÓCIOS DA EMPRESA FALIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. 1.É inviável o recurso que não apresenta argumentação capaz de desconstituir a decisão agravada que, encerrando adequados e suficientes fundamentos, firma-se em diretriz jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. 2."Se a
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não sejam a sociedade recuperanda ou falida.107 Igualmente inexiste conflito de
competência quanto a Justiça do Trabalho determina o prosseguimento da prática de
atos de execução não contra a empresa recuperanda, mas contra devedor solidário
integrante do mesmo grupo econômico.108
execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar – eis que o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição" (CC n. 61.274-SP, Segunda Seção, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, DJ de 8.3.2007). 3.Agravo regimental desprovido.” 107 STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 67.995-SP, rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA, j. em 24/6/2009, v.u., assim ementado: “FALÊNCIA DA EMPRESA RECLAMADA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO TRABALHISTA. BENS DE TERCEIROS. PATRIMÔNIO DA FALIDA. LIVRE DE CONSTRIÇÃO. 1. Redirecionada a execução trabalhista de modo a atingir bens de terceiros, restando, desta maneira, livre de constrição o patrimônio da empresa falida, não há conflito de competência entre a Justiça Trabalhista e o Juízo Universal da Falência. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” 108 STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.666-RJ, rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA, j. em 14/10/2009, v.u., assim ementado: “Tendo sido redirecionada a execução trabalhista, de modo a atingir o patrimônio de empresa integrante do mesmo grupo econômico, restando, desta forma, livres de constrição os bens da empresa em recuperação judicial, não há que se falar em conflito de competência.” No mesmo sentido, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 65.405-RJ, rel. min. PAULO FURTADO, j. em 25/3/2009, v.u., assim ementado: “JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SOCIEDADE EMPRESARIAL DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE DIRETA PELA DÍVIDA.QUESTÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - Em razão do manifesto caráter infringente dos embargos declaratórios, recebo-os como agravo regimental, aplicando-se-lhes os princípios dafungibilidade recursal e da celeridade processual. II - Impõe-se responsabilidade plena às distintas empresas componentes de um grupo econômico, assim reconhecidas em decisão transitada em julgado proferida pela Justiça do Trabalho, por força do art. 2º, § 2º da CLT, não tendo o decreto de falência da sociedade reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, a inexistência de grupo econômico entre as empresas distintas, quando os requisitos que o compõe foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria emjulgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Agravo regimental a que se nega provimento.” STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 90.477-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “PENHORA DO FATURAMENTO DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA RECUPERANDA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Conflito de competência não conhecido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 86.594-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 25/6/2008, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA CONTROLADORA. PENHORA DE BENS DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial da controladora, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o
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soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Agravo regimental desprovido.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.478-RJ, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 11/11/2009, v.u., assim ementado: “RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE UMA DAS EMPRESAS, COM O SOBRESTAMENTO DA EXECUÇÃO EM RELAÇÃO A ELA. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA AS DEMAIS EMPRESAS NO JUÍZO TRABALHISTA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DECISÕES CONFLITANTES. ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA SEGUNDA SEÇÃO DESTA CORTE.” Em sentido análogo, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.709-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 14/10/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDASEÇÃO DESTA A. CORTE - TAL ORIENTAÇÃO SE ESTENDE TAMBÉM PARA AS HIPÓTESES DE FALÊNCIA, UMA VEZ QUE ÉVIÁVEL A EXECUÇÃO CONTRA EVENTUAIS DEVEDORES SOLIDÁRIOS NÃO FALIDOS FORA DO JUÍZO UNIVERSAL DAFALÊNCIA - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal desta Relatoria.” Da mesma maneira, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.495-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃOINTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELO E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.507-RJ, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 28/10/2009, v.u., assim ementado: “A matéria questionada em sede de agravo regimental, envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”.” Idem, STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.711-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 10/6/2009, por maioria, assim ementado: “Se os bens da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do Juízo onde se processa a recuperação para decidir acerca de sua destinação, afigurando-se possível o prosseguimento da execução trabalhista em curso, inclusive com a realização de atos expropriatórios, tendo em vista a sua condição de devedora solidária. Conflito de Competência não conhecido.” Idem, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.713-RJ, rel. Min. SIDNEI BENETI, j. em 10/6/2009, por maioria, assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ALEGAÇÃO DE QUE A SUSCITANTE NÃO PERTENCERIA AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA EMPRESA CUJA
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Ao julgar o AgRg no Conflito de Competência 99.583-RJ, o relator, Min. Aldir
Passarinho Júnior, consignou em seu voto que a determinação da penhora, pela Justiça
do Trabalho, de bens de sócio, “somente não subsiste quando o Juízo universal da
recuperação também tenha decretado a despersonalização relativamente aos mesmos
bens e pessoas, ainda que posteriormente, única exceção capaz de limitar a aplicação
da disregard doctrine aos sócios de empresas integrantes de conglomerados
econômicos pela Justiça Trabalhista, porquanto bastaria a protocolização de pedido de
recuperação por qualquer delas para que todas tivessem as ações judiciais contra si
RECUPERAÇÃO JUDICIAL FOI DEFERIDA. QUESTÃO DE MÉRITO. A alegação de inexistência de relação empresarial entre a suscitante e a executada cuja recuperação judicial foi deferida, visando comprovar não serem elas integrantes de um mesmo conglomerado econômico, está vinculada à própria solução do Conflito de Competência, e só deverá ser objeto de pronunciamento desta C. Segunda Seção por ocasião do seu julgamento.” Idem, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.725-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 24/6/2009, v.u., assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA OU INCLUSÃO EM GRUPO ECONÔMICO. DECISÃO LIMINAR. SUBSISTÊNCIA. INDEVIDOADIANTAMENTO DO MÉRITO DA CONTROVÉRSIA. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento da liminar, não divisada claramente a presença do fumus boni iuris, não devem ser antecipadamente trazidas à discussão questões relativas ao mérito da controvérsia, que versa sobre a desconsideração da personalidade jurídica de empresa em processo de recuperação judicial ou a inclusão da agravante em execução trabalhista pela participação em grupo econômico. II. Agravo improvido.” Idem, STJ-2ª Seção, EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 103.755-RJ, rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, j. em 26/8/2009, v.u., assim ementado: “A matéria questionada em sede de embargos de declaração envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”.” Idem, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.830-RJ, rel. Min. MASSAMI UYEDA, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal desta Relatoria.”
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paralisadas, o que também não é o objetivo da Lei n. 11.101⁄2005.”109 Em sentido
oposto, a sustentar que compete ao juízo da recuperação judicial decidir sobre a
extensão dos efeitos e responsabilidades aos sócios, encontrou-se o Conflito de
Competência 68.173-SP.110
Da mesma fora que ocorre na recuperação judicial, cederá a Justiça do Trabalho a
competência ao Juízo da Falência se também no processo falimentar for desconsiderada
a personalidade jurídica para estender os efeitos da falência aos sócios.111
É competente para determinar a reserva de valores a que se refere o § 3º do art. 6º
da Lei 11.101/05 o Juízo do Trabalho onde tramita a ação trabalhista não suspensa pelo
deferimento do processamento da recuperação.112
Legitimidade para suscitar conflito de competência
Não é legítimo para suscitar conflito de competência entre Juízo do Trabalho e o
Juízo Falimentar quem não é parte na execução trabalhista ou no processo de
recuperação judicial.113
109 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 99.583-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 24/6/2009, v.u. 110 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 68.173-SP, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 26/11/2008, v.u. 111 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 98.498-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 16/2/2009, v.u., assim ementado: “CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. FALÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. MEDIDA ADOTADA POR AMBOS OSÓRGÃOS JUDICIAIS. PREVALÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. PROVIMENTO. I. Havendo decretação da desconsideração da personalidade jurídica da falida⁄executada tanto pela Justiça do Trabalho como pelo Juízo falimentar, com a consequente arrecadação dos bens dos sócios, deve a execução ser processada perante o Juízo universal. II. Estendidos os efeitos da quebra também a estes, a penhora anterior realizada na Justiça Especializada cede em face da falência superveniente. III. Agravo regimental provido, para declarar a competência do Juízo falimentar, o suscitado.” 112 STJ-2ª Seção, CONFLITO DE COMPETÊNCIA 95.627-SP, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, j. em 26/11/2008, v.u., assim ementado: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PEDIDO DE RESERVA DE VALORES. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, § 3º, DA LEI 11.101/05. FALÊNCIA POSTERIOR. 1. A competência para determinar a reserva de valores na recuperação judicial é do juízo perante o qual tramita a reclamação trabalhista não suspensa, a teor do que dispõe o art. 6º, § 3º, da Lei 11.101/05. 2. O fato de ter sido posteriormente decretada a falência da empresa não altera a conclusão anterior. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo trabalhista.” 113 STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 104.772-MT, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 27/5/2009, v.u., assim ementado: “Nos termos do art. 116 do CPC, a instituição financeira que não é parte na execução trabalhista nem na recuperação judicial não detém
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Cautelar Necessidade de Fumus boni iuris
Não cabe pedido cautelar de extensão dos efeitos da liminar a todos os juízos
trabalhistas onde tramitam ações contra a empresa recuperanda, sem que se demonstre
ao menos o risco de constrição de patrimônio, a título de fumus boni iuris.114
Item 2.2.4 - Anexo I - Tabela de Acórdãos
Espécie de recurso nº do recurso
Relator data do julgamento
quórum
Caso Ementa
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
61.272 - RJ
ARI PARGENDLER
14/6/2006 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÕES TRABALHISTAS. Decisões proferidas na jurisdição trabalhista comprometendo ativos adquiridos em leilão de empresa sujeita ao processo de recuperação judicial. Medida liminar sustando as antecipações de tutela até que se defina o juiz competente para decidir sobre a alegada sucessão das obrigações trabalhistas. Agravo regimental desprovido.
AgRg na 2.327 - RJ ARI 28/2/2007 v.u. VRG LINHAS CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO
legitimidade ativa para propor conflito de competência, unicamente por ser credora do devedor proprietário de imóveis constritos pela Justiça do Trabalho.” Neste mesmo sentido, STJ-2ª Seção, AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 105.760-RJ, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 26/8/2009, v.u., em que se decidiu que “a sociedade que não é parte na recuperação judicial não detém legitimidade ativa para propor conflito de competência, embora executada, juntamente com a recuperanda, na Justiça do Trabalho.” 114 STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 106.463-SP, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, j. em 23/9/2009, v.u., assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. EXTENSÃO DOS EFEITOS ERGA OMNES. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de extensão dos efeitos da liminar a todos os juízos trabalhistas onde tramitam ações, reclamações ou execuções contra a empresa, seja porque tem o intuito de incluir pessoas que não são parte na recuperação judicial, seja porque as importâncias constritas não correm risco de levantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. II. Agravo improvido.” No voto do relator, lê-se que: “a providência requerida, contrariamente ao alegado, atentaria contra a celeridade processual, porquanto a extensão a todos os juízos trabalhistas aos quais foram distribuídas "ações, reclamações e execuções" contra a recorrente demandaria a expedição de ofício a cada um para informações, sem que se soubesse previamente se sequer o juízo de fato preside ação contra a recuperanda, tumultuando a tramitação deste conflito.” Em igual sentido, STJ-2ª Seção, AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA 107.928-SP, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. em 24/3/2010, v.u.,assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. 1. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de desbloqueio, pois as importâncias constritas não correm risco delevantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. 2. Agravo regimental improvido.” No relatório, lê-se que a embargante “Sustenta existir omissão quanto à liberação dos ativos financeiros constritos pelos Juízos Trabalhistas” na decisão que determinou a suspensão das execuções trabalhistas. Entendeu o relator que, como “as execuções trabalhistas foram provisoriamente paralisadas, portanto não existe risco delevantamento das importâncias.”
200
RECLAMAÇÃO PARGENDLER
AÉREAS S⁄A E OUTROS
JUDICIAL. Antes da definição de quem seja competente para decidir acerca da sucessão trabalhista no caso de aquisição de ativo de empresa em processo de recuperação judicial, deve-se preservar o objeto deste, evitando que, em concreto, possa ser prejudicado por decisões de jurisdição diversa; medida liminar mantida. Agravo regimental desprovido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
73.076 - RJ
ARI PARGENDLER
28/2/2007 v.u. VRG LINHAS AÉREAS S⁄A E OUTROS
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A exigência de que o processo de recuperação judicial processado na Justiça Estadual subsista até a definição de quem seja o juiz competente para decidir a respeito da sucessão das obrigações trabalhistas impõe, salvo melhor entendimento a manutenção da medida liminar para sustar execuções aparelhadas na Justiça doTrabalho; medida liminar mantida. Agravo regimental desprovido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
61.272 - RJ
ARI PARGENDLER
25/4/2007 por maioria
VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. 1. CONFLITO E RECURSO. A regra mais elementar em matéria de competência recursal é a de que as decisões de um juiz de 1º grau só podem ser reformadas pelo tribunal a que está vinculado; o conflito de competência não pode ser provocado com a finalidade de produzir, per saltum, o efeito que só o recurso próprio alcançaria, porque a jurisdição sobre o mérito é prestada por instâncias (ordinárias: juiz e tribunal; extraordinárias: Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal). 2. LEI DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (Lei nº 11.101, de 2005). A Lei nº 11.101, de 2005, não teria operacionalidade alguma se sua aplicação pudesse ser partilhada por juízes de direito e juízes do trabalho; competência constitucional (CF, art. 114, incs. I a VIII) e competência legal (CF, art. 114, inc. IX) da Justiça do Trabalho. Conflito conhecido e provido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
81.922 - RJ
ARI PARGENDLER
9/5/2007 por maioria
VEPLAN HOTÉIS E TURISMO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO FISCAL. Processado o pedido de recuperação judicial, suspendem-se automaticamente os atos de alienação na execução fiscal, até que o devedor possa aproveitar o benefício previsto na ressalva constante da parte final do § 7º do art. 6º da Lei nº 11.101, de 2005 (“ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica”). Agravo regimental provido em parte.
RECLAMAÇÂO 1.270 - PA
FERNANDO GONÇALVES
12/9/2007 v.u.
ENCOL S⁄A ENGENHARIA COMÉRCIO E INDÚSTRIA - MASSA FALIDA
RECLAMAÇÃO. DECISÃO. STJ. AUTORIDADE. PRESERVAÇÃO. 1 - Decidido em conflito de competência que os atos de execução de crédito trabalhista far-se-ão no juízo universal da falência, atenta contra a autoridade desta Corte, determinação de Juízo do Trabalho no sentido de realizar praça de um imóvel integrante da massa falida. 2 - Reclamação procedente.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
87.194 - SP
HUMBERTO GOMES DE BARROS
26/9/2007 v.u.
BANFORT - BANCO FORTALEZA S⁄A - MASSA FALIDA
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. DEPÓSITOS RECURSAIS ANTERIORES À QUEBRA. - É do juízo falimentar a competência para decidir sobre o destino dos depósitos recursais feitos no curso de reclamação trabalhista movida contra a falida, ainda que anteriores à decretação da falência.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
77.396 - RJ
ARI PARGENDLER
14/11/2007 v.u. VRG LINHAS AÉREAS S⁄A E OUTROS
PROCESSO CIVIL. ACÓRDÃO. MOTIVAÇÃO. A decisão de relator que se reporta a precedente do Superior Tribunal de Justiça, evidentemente, toma como fundamento a motivação daquele julgado. Agravo regimental desprovido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
73.380 - SP
HÉLIO QUAGLIA BARBOSA
28/11/2007 por maioria
VASP - VIAÇAO AÉREA SÃO PAULO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. VASP. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO APROVADO E HOMOLOGADO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. SUSPENSÃO POR 180 DIAS. ART. 6º, CAPUT E PARÁGRAFOS DA LEI 11.101⁄05. MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE
201
ECONÔMICA. FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA. INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DE EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. PRECEDENTE DO CASO VARIG - CC 61.272⁄RJ. CONFLITO PARCIALMENTE CONHECIDO. 1. A execução individual trabalhista e a recuperação judicial apresentam nítida incompatibilidade concreta, porque uma não pode ser executada sem prejuízo da outra. 2. A novel legislação busca a preservação da sociedade empresária e a manutenção da atividade econômica, em benefício da função social da empresa. 3. A aparente clareza do art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei 11.101⁄05 esconde uma questão de ordem prática: a incompatibilidade entre as várias execuções individuais e o cumprimento do plano de recuperação. 4. "A Lei nº 11.101, de 2005, não terá operacionalidade alguma se sua aplicação puder ser partilhada por juízes de direito e por juízes do trabalho." (CC 61.272⁄RJ, Segunda Seção, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 25.06.07). 5. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
53.549 - SP
FERNANDO GONÇALVES
27/2/2008 v.u.
PARMALAT BRASIL S⁄A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE COBRANÇA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. INEXISTÊNCIA. DIVERSOS ESTABELECIMENTOS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ONDE CONTRAÍDA A OBRIGAÇÃO. 1. Extinta a concordata e deferida a recuperação judicial, não há se falar em juízo universal que, ademais, é instituto próprio da falência. 2. Possuindo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados (art. 75 do CC) podendo a demanda ser proposta no foro do lugar onde se localiza a agência ou sucursal que tiver contraído a obrigação (art. 100, IV, 'b" do CPC). 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do Juizado Especial Cível de Campina das Missões - SC, suscitado.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
87.263 - RJ
ARI PARGENDLER
27/2/2008 v.u. RIO SUL LINHAS AÉREAS S⁄A
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMPRESA QUE ADQUIRIU ATIVOS DE OUTRA EM REGIME DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL. Não está na alçada do juiz da execução fiscalredirecioná-la contra empresa que, tutelada por decisão judicial, adquiriu ativos de empresa em regime de recuperação judicial com a garantia de que não responderia por obrigações desta. Agravo regimental não provido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
72.661 - SP
HUMBERTO GOMES DE BARROS
12/3/2008 por maioria
PARMALAT BRASIL S⁄A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA VERSUS RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Há conflito positivo de competência quando dois ou mais juízes entendem que o destino de determinado bem está subordinado às suas decisões; se o bem constrito na execução trabalhista dá suporte ao plano da recuperação judicial, prevalece o Juízo desta. Conflito conhecido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
92.417 - DF
FERNANDO GONÇALVES
26/3/2008 v.u.
ENCOL S⁄A ENGENHARIA COMÉRCIO E INDÚSTRIA - MASSA FALIDA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALÊNCIA. AÇÃO DE APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. MASSA FALIDA AUTORA. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DO JUÍZO FALIMENTAR. 1. O fato de a massa falida ser autora da ação somente determina a excepcionalidade do juízo universal nas ações não reguladas pela Lei Falimentar. 2. O princípio da universalidade tem como objetivo não só evitar a dispersão do patrimônio da massa falida, como também permitir que as situações relevantes da falência sejam submetidas a juízo único, conhecedor da realidade do processo. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 11ª Vara Cível de Goiânia - GO.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
88.661 - SP
FERNANDO GONÇALVES
28/5/2008 v.u. VASP - VIAÇAO AÉREA SÃO
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S.A - VASP. EMPRESA EM
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PAULO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. NECESSIDADE. 1. O conflito de competência não pode ser estendido de modo a alcançar juízos perante os quais este não foi instaurado. 2. Aprovado o plano de recuperação judicial, os créditos serão satisfeitos de acordo com as condições ali estipuladas. Nesse contexto, mostra-se incabível o prosseguimento das execuções individuais. Precedente. 3. Conflito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo - SP.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
86.594 - SP
FERNANDO GONÇALVES
25/6/2008 v.u.
VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA CONTROLADORA. PENHORA DE BENS DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial da controladora, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Agravo regimental desprovido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
87.214 - RJ
ARI PARGENDLER
25/6/2008 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMPRESA QUE ADQUIRIU ATIVOS DE OUTRA EM REGIME DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL. Não está na alçada do juiz da execução fiscal redirecioná-la contra empresa que, tutelada por decisão judicial, adquiriu ativos de empresa em regime de recuperação judicial com a garantia de que não responderia por obrigações desta.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
88.620 - MG
NANCY ANDRIGHI
25/6/2008 v.u.
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FALIMENTAR E JUSTIÇA DO TRABALHO. FALÊNCIA. EXECUÇÃOTRABALHISTA. ARREMATAÇÃO ULTIMADA NA JUSTIÇA ESPECIALIZADA. REMESSA DO PRODUTO AO JUÍZO UNIVERSAL DAFALÊNCIA. - Os atos de execução trabalhista devem ser praticados no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. - Em respeito aos princípios da economia e da celeridade processual, devem ser aproveitados os atos de arrematação praticados na execução singular, com a remessa do seu produto ao Juízo Falimentar, devendo o reclamante-exeqüente providenciar sua habilitação frente à massa falida. Decisão agravada reconsiderada, para o fim de conhecer do conflito de competência e declarar competente o Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Concordatas de Belo Horizonte – MG.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
90.477 - SP
FERNANDO GONÇALVES
25/6/2008 v.u.
VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PENHORA DO FATURAMENTO DE EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA RECUPERANDA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Se os ativos da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do juízo da recuperação para decidir acerca de sua destinação. 2. A recuperação judicial tem como finalidade precípua o soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores. 3. Conflito de competência não conhecido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
90.504 - SP
FERNANDO GONÇALVES
25/6/2008 v.u.
ESTRELA AZUL SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA SEGURANÇA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. DEMANDAS TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano
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E TRANSPORTE DE VALORES LTDA
aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo - SP.
AgRg no AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
57.649 - SP
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
13/8/2008 v.u.
CONSTRUMEC CONSTRUCÕES MECANICAS LTDA - MASSA FALIDA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALÊNCIA. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. CONSTRIÇÃO DIRIGIDA AOS SÓCIOS DA EMPRESA FALIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. 1.É inviável o recurso que não apresenta argumentação capaz de desconstituir a decisão agravada que, encerrando adequados e suficientes fundamentos, firma-se em diretriz jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. 2."Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar – eis que o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição" (CC n. 61.274-SP, Segunda Seção, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, DJ de 8.3.2007). 3.Agravo regimental desprovido.
AgRg no AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
57.649 - SP
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
13/8/2008 v.u.
CONSTRUMEC CONSTRUCÕES MECANICAS LTDA - MASSA FALIDA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALÊNCIA. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. CONSTRIÇÃO DIRIGIDA AOS SÓCIOS DA EMPRESA FALIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. 1.É inviável o recurso que não apresenta argumentação capaz de desconstituir a decisão agravada que, encerrando adequados e suficientes fundamentos, firma-se em diretriz jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. 2."Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar – eis que o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição" (CC n. 61.274-SP, Segunda Seção, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, DJ de 8.3.2007). 3.Agravo regimental desprovido.
RECURSO ESPECIAL
1.051.347 - RS
FRANCISCO FALCÃO
21/8/2008 v.u.
PROCESSO FALIMENTAR. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO FISCAL APENAS QUANTO AO SÓCIO RESPONSABILIZADO. IMPOSSIBILIDADE. I - Conforme consignado no acórdão, a responsabilidade do sócio, nos termos do art. 135 do CTN, já foi apreciada em embargos à execução e o recorrente não obteve êxito ao tentar desconstituí-la, ocorrendo o trânsito em julgado em 31.07.2003. II - Nesse panorama, com a decretação da responsabilidade do sócio, esse é considerado como executado e contra ele também corre a execução, visto que se torna pessoalmente responsável pelos créditos tributários, consoante a inteligência do art. 135 do CTN. III - De acordo com o art. 6º, § 7º, da Lei 11.101⁄05, as execuções fiscais não são suspensas pelo processo falimentar, não havendo no dispositivo qualquer ressalva que possibilite a suspensão da execução apenas quanto ao sócio responsabilizado. IV - Recurso especial improvido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
79.170 - SP
CASTRO MEIRA
10/9/2008 v.u.
VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. PRAZO DE CENTO E OITENTA DIAS. USO DAS ÁREAS OBJETO DA REINTEGRAÇÃO PARA O ÊXITO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO. 1. O caput do art. 6º, da Lei 11.101⁄05 dispõe que "a decretação da falência ou deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário". Por seu turno, o § 4º desse dispositivo estabelece que essa suspensão "em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento eoitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação". 2. Deve-se interpretar o art. 6º desse diploma legal de modo sistemático com seus demais preceitos, especialmente à luz do princípio da preservação da empresa, insculpido no artigo 47, que
204
preconiza: "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". 3. No caso, o destino do patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação, ainda que ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art. 6º, da Lei nº 11.101⁄05, sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa. 4. Precedentes: CC 90.075⁄SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 04.08.08; CC 88661⁄SP, Rel. Min, Fernando Gonçalves, DJ 03.06.08. 5. Conflito positivo de competência conhecido para declarar o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo competente para decidir acerca das medidas que venham a atingir o patrimônio ou negócios jurídicos da Viação Aérea São Paulo - VASP.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
92.282 - SP
FERNANDO GONÇALVES
12/11/2008 v.u.
SOBAR S⁄A AGROPECUÁRIA - MASSA FALIDA
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. FALÊNCIA. INDEFERIMENTO. COMPETÊNCIA. EXCLUSIVA. JUÍZO FALIMENTAR. 1 - O indeferimento de habilitação de crédito, em falência, é de competência exclusiva do Juízo Falimentar e interessa somente ao credor, que deve buscar os meios processuais cabíveis para se insurgir. 2 - Manifestação do Juízo do Trabalho, contra o indeferimento da habilitação, porque se trata de crédito oriundo de acordo em reclamação trabalhista, não tem força para fazer supor a existência de conflito negativo de competência. 3 - A espécie não se enquadra na previsão legal, pois não existente o seu pressuposto lógico, ou seja, dois juízos se dizendo não competentes para o mesmo processo. 4 - Conflito de competência não conhecido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
100.365 - MT
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
26/11/2008 v.u.
ROSCH ADMINISTRADORA DE SERVICOS E INFORMATICA LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. LIMINAR. INDEFERIMENTO. FUNDAMENTO INATACADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 182-STJ, POR ANALOGIA. I. Não comporta o deferimento de liminar o conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica em recuperação judicial, quando constrito bem de sócio pela aplicação, na Justiça Especializada, da desconsideração da personalidade jurídica, decisão inatacada em tempo próprio. Precedentes. II. A assertiva de que a agravante não é parte legítima para a defesa do interesse da pessoa física dos sócios não foi objeto do recurso, atraindo o óbice da Súmula n. 182-STJ, aplicada por analogia. II. Agravo regimental improvido.
RECLAMAÇÂO 2.699 - SP
LUIS FELIPE SALOMÃO
26/11/2008 v.u.
AGRI TILLAGE DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
RECLAMAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. COMERCIAL. LEI Nº 11.101⁄05. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA.DECISÃO DO JUÍZO MONOCRÁTICO QUE DETERMINOU O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS. DECISÃO DOSUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA PROFERIDA NOS AUTOS DA MEDIDA CAUTELAR Nº 12.327⁄SP. LIMINAR CONCEDIDA PARASUSPENDER A DECISÃO DO JUÍZO LABORAL. IMPOSSIBILIDADE DE RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS, APÓS O MERODECURSO DO PRAZO LEGAL DE 180 DIAS PREVISTO NA LEI Nº 11.101⁄05. DESCUMPRIMENTO. PROCEDÊNCIA DA RECLAMAÇÃO. - AFRONTA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, PROFERIDA NO EXERCÍCIO DE SUA COMPETÊNCIACONSTITUCIONAL, AQUELA QUE, EM SEDE DE EXECUÇÃO TRABALHISTA SUSPENSA POR FORÇA DE LIMINAR CONCEDIDA EM
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MEDIDA CAUTELAR, DETERMINA O BLOQUEIO ON LINE DE ATIVOS FINANCEIROS.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
68.173 - SP
LUIS FELIPE SALOMÃO
26/11/2008 v.u.
AGRI TILLAGE DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. COMERCIAL. LEI 11.101⁄05. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROCESSAMENTO DEFERIDO. 1. A DECISÃO LIMINAR DA JUSTIÇA TRABALHISTA QUE DETERMINOU A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, ASSIM TAMBÉM DOS SEUS SÓCIOS, NÃO PODE PREVALECER, SOB PENA DE SE QUEBRAR O PRINCÍPIO NUCLEAR DA RECUPERAÇÃO, QUE É A POSSIBILIDADE DE SOERGUIMENTO DA EMPRESA, FERINDO TAMBÉM O PRINCÍPIO DA "PAR CONDITIO CREDITORUM". 2. É COMPETENTE O JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PARA DECIDIR ACERCA DO PATRIMÔNIO DA EMPRESARECUPERANDA, TAMBÉM DA EVENTUAL EXTENSÃO DOS EFEITOS E RESPONSABILIDADES AOS SÓCIOS, ESPECIALMENTE APÓS APROVADO O PLANO DE RECUPERAÇÃO. 3. OS CRÉDITOS APURADOS DEVERÃO SER SATISFEITOS NA FORMA ESTABELECIDA PELO PLANO, APROVADO DECONFORMIDADE COM O ART. 45 DA LEI 11.101⁄2005. 4. NÃO SE MOSTRA PLAUSÍVEL A RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS APÓS O MERO DECURSO DO PRAZO LEGAL DE 180 DIAS. CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 3ª VARA DE MATÃO⁄SP.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
95.627 - SP
FERNANDO GONÇALVES
26/11/2008 v.u.
VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PEDIDO DE RESERVA DE VALORES. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, § 3º, DA LEI 11.101/05. FALÊNCIA POSTERIOR. 1. A competência para determinar a reserva de valores na recuperação judicial é do juízo perante o qual tramita a reclamação trabalhista não suspensa, a teor do que dispõe o art. 6º, § 3º, da Lei 11.101/05. 2. O fato de ter sido posteriormente decretada a falência da empresa não altera a conclusão anterior. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo trabalhista.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
98.498 - RJ
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
16/2/2009 v.u.
MASSA FALIDA DE FRIGO 1000 COMESTÍVEIS LTDA
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. FALÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. MEDIDA ADOTADA POR AMBOS OSÓRGÃOS JUDICIAIS. PREVALÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. PROVIMENTO. I. Havendo decretação da desconsideração da personalidade jurídica da falida⁄executada tanto pela Justiça do Trabalho como pelo Juízo falimentar, com a consequente arrecadação dos bens dos sócios, deve a execução ser processada perante o Juízo universal. II. Estendidos os efeitos da quebra também a estes, a penhora anterior realizada na Justiça Especializada cede em face da falência superveniente. III. Agravo regimental provido, para declarar a competência do Juízo falimentar, o suscitado.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
57.565 - GO
HUMBERTO GOMES DE BARROS
8/3/2009 v.u.
AVESTRUZ MASTER AGRO COMERCIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA E OUTROS
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS SUSCITADOS QUE JULGAM AÇÕES COM OBJETOS DIVERSOS. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO.EVENTUAIS ATOS DE CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL QUE SE SOBREPONHAM. RESOLUÇÃO PELAS VIAS ORDINÁRIAS ADEQUADAS. 1. Não se conhece de conflito de competência quando os juízos suscitados julgam ações com objetos diversos. 2. Os atos constritivos determinados pelos juízos suscitados, que no dizer das suscitantes tumultuam o processo de recuperação judicial, devem ser atacados pelas vias ordinárias adequadas.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
61.601 - RJ
PAULO FURTADO
25/3/2009 v.u. SERVIÇOS ESPECIAIS DE SEGURANÇA
PROCESSO CIVIL. JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. SUCESSÃO
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E TRANSPORTE DE VALORES S⁄A
DE EMPREGADORES. RESPONSABILIDADE PELA DÍVIDA. QUESTÃO DECIDIDA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I- A co-responsabilização do ora suscitante pelas dívidas oriundas da SEG - Serviços Especiais de Segurança e Transporte de Valores S⁄A se deu em razão do reconhecimento, pelo juízo trabalhista, da sucessão de empregadores. II- Não tem o decreto de falência da Empresa reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. Questão dirimida no Conflito de Competência 58196 - RJ. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, sobre a ausência de responsabilidade do sucessor, quando seus requisitos foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria em julgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Agravo provido. Conflito de competência não conhecido.
EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
65.405 - RJ
PAULO FURTADO
25/3/2009 v.u.
BANCO VEGA S⁄A - EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL
PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SOCIEDADE EMPRESARIAL DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE DIRETA PELA DÍVIDA.QUESTÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - Em razão do manifesto caráter infringente dos embargos declaratórios, recebo-os como agravo regimental, aplicando-se-lhes os princípios dafungibilidade recursal e da celeridade processual. II - Impõe-se responsabilidade plena às distintas empresas componentes de um grupo econômico, assim reconhecidas em decisão transitada em julgado proferida pela Justiça do Trabalho, por força do art. 2º, § 2º da CLT, não tendo o decreto de falência da sociedade reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, a inexistência de grupo econômico entre as empresas distintas, quando os requisitos que o compõe foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria emjulgar novamente a causa, sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Agravo regimental a que se nega provimento.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
67.435 - RJ
PAULO FURTADO
25/3/2009 v.u.
SERVIÇOS ESPECIAIS DE SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES S⁄A - MASSA FALIDA
PROCESSO CIVIL. JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA. EXECUÇÃO. PENHORA INCIDENTE SOBRE PATRIMÔNIO DE SÓCIO. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PELA DÍVIDA. QUESTÃO DECIDIDA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA TRABALHISTA. PROCESSO SOBRESTADO. QUESTÃO DIRIMIDA NO CC 58196 - RJ.INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE OS JUÍZOS SUSCITADOS. I - A co-responsabilização do ora suscitante pelas dívidas oriundas da SEG - Serviços Especiais de Segurança e Transporte de Valores S⁄A se deu em razão do reconhecimento, pelo juízo trabalhista, de sua condição de sócio da empresa reclamada e pela desconsideração da pessoa jurídica. II- Não tem o decreto de falência da Empresa reclamada o condão de alterar a responsabilização da suscitante. Questão dirimida no Conflito de Competência 58196 - RJ. III - Entender de modo diverso, ou seja, afirmar-se, em sede de conflito negativo de competência, sobre a ausência de responsabilidade do sócio e a desconsideração da pessoa jurídica, quando seus requisitos foram analisados e decididos propriamente pela Justiça Especializada, resultaria em julgar novamente a causa,
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sob alegação de se definir o juízo compete para processá-la. IV- Conflito de competência não conhecido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
98.264 - SP
MASSAMI UYEDA
25/3/2009 v.u.
ELLEN METALÚRGICA E CROMEAÇÃO LTDA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - ARRESTO DOS BENS DA EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IMPOSSIBILIDADE - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS - NECESSIDADE. - PRECEDENTES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas; II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO DISTRITAL DE CAIEIRAS/SP.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
99.145 - SP
SIDNEI BENETI
25/3/2009 v.u.
VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - MASSA FALIDA
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS FALIMENTAR E DO TRABALHO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. - Decretada a quebra, as execuções singulares pendentes devem prosseguir no Juízo Universal, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. Agravo improvido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
95.001 - BA
FERNANDO GONÇALVES
22/4/2009 v.u.
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FALIMENTAR E JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ARREMATAÇÃO. REMESSA DO PRODUTO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. 1. Decretada a quebra, a Justiça do Trabalho é competente para definir o crédito trabalhista, que será, então, habilitado no juízo universal e atrativo da falência; excepcionalmente, porém, se os bens já estiverem em praça, a arrematação terá curso, mas o produto será transferido para o juízo falimentar. Precedentes. 2. Eventual pedido de não repetição dos valores levantados na execução trabalhista deve ser formulado perante o juízo competente, na espécie, o juízo falimentar. 3. Agravo regimental desprovido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
104.772 - MT
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
27/5/2009 v.u.
ALCOPAN ALCOOL DO PANTANAL LTDA E OUTROS
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. IMÓVEIS CONSTRITOS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEVEDOR EM PROCESSO DERECUPERAÇÃO JUDICIAL. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CRÉDITO HIPOTECÁRIO. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA.ILEGITIMIDADE ATIVA. I. Nos termos do art. 116 do CPC, a instituição financeira que não é parte na execução trabalhista nem na recuperação judicial não detém legitimidade ativa para propor conflito de competência, unicamente por ser credora do devedor proprietário de imóveis constritos pela Justiça do Trabalho. II. Agravo improvido. Indeferimento da inicial mantido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
90.160 - RJ
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
27/5/2009 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DE DIREITO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI N. 11.101⁄05). AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. VALOR DA CONDENAÇÃO. CRÉDITO APURADO. HABILITAÇÃO. ALIENAÇÃO DE ATIVOS E PAGAMENTOS DE CREDORES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. Com a edição da Lei n. 11.101⁄05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 2. Após a apuração do
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montante devido, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, sob pena de violação dos princípios da indivisibilidade e da universalidade, além de desobediência ao comando prescrito no art. 47 da Lei n. 11.101⁄05. 3. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro (RJ).
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
94.439 - MT
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
28/5/2009 v.u.
ROSCH ADMINISTRADORA DE SERVICOS E INFORMATICA LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. NÃO-CONHECIMENTO. LIMINAR. REVOGAÇÃO. I. Não se configura conflito de competência suscitado pela pessoa jurídica quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Circunstância omitida na inicial do incidente, culminando com o deferimento da paralisação do feito executivo, que ora fica revogada. III. Conflito de competência não conhecido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
100.922 - SP
SIDNEI BENETI
10/6/2009 v.u.
VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - MASSA FALIDA
FALÊNCIA. ADJUDICAÇÃO EM EXECUÇÃO TRABALHISTA APÓS DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO OU DECRETAÇÃO DA QUEBRA. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS FALIMENTAR E DO TRABALHO. AÇÕES E EXECUÇÕES TRABALHISTAS EM CURSO. FALÊNCIA DA EXECUTADA. PENHORA DE BENS JÁ REALIZADA NO JUÍZO TRABALHISTA. AGRAVO REGIMENTAL PREJUDICADO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FALIMENTAR. PRECEDENTES. NULIDADE DO ATO QUE DEFERIU A ADJUDICAÇÃO. 1.- Tanto após a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa, quanto após a decretação da quebra, as ações e execuções trabalhistas em curso, terão seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista. Precedentes. 2.- Conflito de Competência conhecido declarando-se a competência do Juízo Falimentar, com a consequente nulidade do ato que deferiu a adjudicação. 3.- Agravo Regimental e Conflito de Competência nº 100.267⁄SP prejudicados.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.711 - RJ
MASSAMI UYEDA
10/6/2009 por maioria
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA RECUPERANDA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. Se os bens da empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da recuperanda não estão abrangidos pelo plano de recuperação judicial, não há como concluir pela competência do Juízo onde se processa a recuperação para decidir acerca de sua destinação, afigurando-se possível o prosseguimento da execução trabalhista em curso, inclusive com a realização de atos expropriatórios, tendo em vista a sua condição de devedora solidária. Conflito de Competência não conhecido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.713 - RJ
SIDNEI BENETI
10/6/2009 por maioria
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. ALEGAÇÃO DE QUE A SUSCITANTE NÃO PERTENCERIA AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA EMPRESA CUJA RECUPERAÇÃO JUDICIAL FOI DEFERIDA. QUESTÃO DE MÉRITO. A alegação de inexistência de relação empresarial entre a suscitante e a executada cuja recuperação judicial foi deferida, visando comprovar não serem elas integrantes de um mesmo conglomerado econômico, está vinculada à própria solução do Conflito de Competência, e só deverá ser objeto de pronunciamento desta C. Segunda Seção por ocasião do seu julgamento. Agravo improvido.
209
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.725 - RJ
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
24/6/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA OU INCLUSÃO EM GRUPO ECONÔMICO. DECISÃO LIMINAR. SUBSISTÊNCIA. INDEVIDOADIANTAMENTO DO MÉRITO DA CONTROVÉRSIA. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento da liminar, não divisada claramente a presença do fumus boni iuris, não devem ser antecipadamente trazidas à discussão questões relativas ao mérito da controvérsia, que versa sobre a desconsideração da personalidade jurídica de empresa em processo de recuperação judicial ou a inclusão da agravante em execução trabalhista pela participação em grupo econômico. II. Agravo improvido.
EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
67.995 - SP
VASCO DELLA GIUSTINA
24/6/2009 v.u.
TRANSBRASIL S⁄A LINHAS AÉREAS - MASSA FALIDA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. FALÊNCIA DA EMPRESA RECLAMADA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO TRABALHISTA. BENS DE TERCEIROS. PATRIMÔNIO DA FALIDA. LIVRE DE CONSTRIÇÃO. 1. Redirecionada a execução trabalhista de modo a atingir bens de terceiros, restando, desta maneira, livre de constrição o patrimônio da empresa falida, não há conflito de competência entre a Justiça Trabalhista e o Juízo Universal da Falência. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
99.583 - RJ
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
24/6/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO. AGRAVO REGIMENTAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DA MESMA PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. NÃO-CONHECIMENTO. I. Não configura conflito de competência a constrição de bens dos sócios da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. II. Tal regra comporta exceção somente quando o Juízo universal estender sobre os mesmos os efeitos da recuperação, quando cabível. III. Agravo regimental improvido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.453 - RJ
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
26/8/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. INTERPOSIÇÃO DE DOIS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA DECISÃO DO RELATOR. PRECLUSÃO CONSUMATIVA DO SEGUNDO RECURSO. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE OU SINGULARIDADE DOS RECURSOS INOBSERVADO. DESPROVIMENTO. PRIMEIROS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA OU INCLUSÃO EM GRUPO ECONÔMICO. CONSTRIÇÃO DE BEM DE SÓCIO. TEMA PACIFICADO. I. É incabível a interposição de dois embargos de declaração contra decisão do relator, pois desafiam mais de um pronunciamento judicial contra a mesma decisão. Inobservância do princípio da unirrecorribilidade ou singularidade dos recursos. Preclusão consumativa operada em relação ao segundo recurso,que ademais é intempestivo. II. Não se configura conflito de competência quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual foi aplicada, na Justiça Especializada, a desconsideração da personalidade jurídica ou o reconhecimento de grupo econômico. Precedentes. III. Primeiros embargos de declaração recebidos como agravo regimental e improvido e não conhecidos os segundos.
EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.755 - RJ
HONILDO AMARAL DE MELLO
26/8/2009 v.u. COMPANHIA DE FIAÇÃO E TECELAGEM BA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CARÁTER INFRINGENTE. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL.
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CASTRO RBACENENSE E OUTROS
FUNGIBILIDADE RECURSAL. POSSIBILIDADE. SUSCITANTE. ILEGITIMIDADE. 1. Em homenagem aos princípios da fungibilidade recursal e da economia processual, esta Corte vem admitindo o recebimento dos embargos de declaração em que se pretende emprestar efeitos infringentes, como agravo regimental, desde que comprovada a interposição tempestiva da irresignação e verificada a inexistência de erro grosseiro ou má-fé do recorrente (AgRg no REsp903760⁄RS, 4ª Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJ de 16.4.2007; EDcl no Ag 760718⁄RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 16.10.2006). 2. A matéria questionada em sede de embargos de declaração envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental e ao qual se nega provimento.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
105.760 - RJ
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
26/8/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. GRUPO ECONÔMICO. SOCIEDADE ESTRANHA À RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I. Nos termos do art. 116 do CPC, a sociedade que não é parte na recuperação judicial não detém legitimidade ativa para propor conflito de competência, embora executada, juntamente com a recuperanda, na Justiça do Trabalho. II. Agravo improvido.
EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
105.653 - RJ
FERNANDO GONÇALVES
9/9/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. 1 - Denotada a falta de documentos hábeis à demonstração do alegado na inicial, não se conhece do conflito de competência, notadamente pela inviabilidade do pedido, dada a constatação de ter sido desconsiderada a pessoa jurídica e incluída no pólo passivo da execução trabalhista os sócios, tudo a fazer concluir pela ausência de conflito com o Juízo da recuperação judicial. Precedentes da Segunda Seção nesse sentido, tratando do mesmo caso. 2 - Embargos de declaração conhecidos como agravo regimental. 3 - Provimento negado.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
101.552 - AL
HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO
23/9/2009 v.u.
LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES CONTRA O DEVEDOR - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO - PRINCIPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - CONFLITO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - A competência para processar e julgar as ações e execuções suspensas por força do art. 6º, caput, da Lei 11.101⁄05 é do juízo da recuperação judicial, ainda que iniciadas antes do deferimento daquele pedido, ressalvadas as hipóteses legais, que não se verificam no caso concreto. 2 - O princípio da preservação da empresa, insculpido no art 47 da Lei de Recuperação e Falências, preconiza que "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de
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crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir amanutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". Motivo pelo qual, sempre que possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial em processos individuais. 3 - O destino do patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação. 4. A questão jurídica aventada no Agravo Regimental assemelha-se ao mérito do Conflito de Competência, razão porque o julgamento deste, implica na prejudicialidade daquele. 5. Precedentes: CC 90.075⁄SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 04.08.08; CC 88661⁄SP, Rel. Min, Fernando Gonçalves, DJ 03.06.08. (STJ - CC 79170 ⁄ SP - Rel. Ministro CASTRO MEIRA - DJe 19⁄09⁄2008). 6. Conflito de Competência conhecido e parcialmente provido. Agravo Regimental Prejudicado.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.437 - SP
FERNANDO GONÇALVES
23/9/2009 v.u. LINO PIZZO - ESPÓLIO
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA. CONSTRIÇÃO. BENS DOS SÓCIOS. 1. Não caracteriza conflito positivo de competência a constrição de bens dos sócios da falida em sede de execução trabalhista, porquanto não há dois juízes - o da falência e o trabalhista - decidindo acerca do destino de um mesmo patrimônio. Precedentes. 2. Conflito de competência não conhecido.
EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.495 - RJ
MASSAMI UYEDA
23/9/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - CARÁTER INFRINGENTE - RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL - FUNGIBILIDADE RECURSAL - POSSIBILIDADE - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃOINTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELO E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL PARA NEGAR PROVIMENTO A ESTE.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
105.830 - RJ
MASSAMI UYEDA
23/9/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDA SEÇÃO DESTA A. CORTE - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal destaRelatoria - RECURSO IMPROVIDO.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
106.463 - SP
ALDIR PASSARINHO JUNIOR
23/9/2009 v.u.
REIPLAS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MATERIAL ELÉTRICO LTDA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. EXTENSÃO DOS EFEITOS ERGA OMNES. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. I. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de extensão dos efeitos da liminar a todos os juízos trabalhistas onde tramitam ações, reclamações ou execuções contra a empresa, seja porque tem o intuito de incluir pessoas que não são parte na recuperação judicial, seja porque as importâncias constritas não correm risco de
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levantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. II. Agravo improvido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
106.768 - RJ
LUIS FELIPE SALOMÃO
23/9/2009 v.u.
SATA SERVICOS AUXILIARES DE TRANSPORTE AEREO S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO FEDERAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. "A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas." (CC 98.264⁄SP, Rel. Ministro Massami Uyeda). 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro⁄RJ.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
107.213 - SP
NANCY ANDRIGHI
23/9/2009 v.u.
INDÚSTRIA DE DOCES MIRASSOL LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO DE CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. POSSIBILIDADE. - Nos termos do art. 6º, § 7º, da Lei nº 11.101⁄05, as execuções de natureza fiscal não serão suspensas pelo deferimento da recuperação judicial. Assim, tendo as contribuições previdenciárias inegável natureza fiscal, sua execução não é alcançada pela vis attractiva da recuperação judicial. - O fato da execução fiscal se processar frente à Justiça do Trabalho não altera a natureza jurídica da contribuição previdenciária. Trata-se apenas de competência material extraordinária, conferida à Justiça Laboral pelo art. 114, VIII, da CF, para executar às contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que ela própria proferir. Conflito não conhecido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
93.336 - RJ
MASSAMI UYEDA
23/9/2009 v.u. VRG LINHAS AÉREAS S⁄A E OUTROS
AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IN CASU, COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO - AGRAVO IMPROVIDO.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
101.700 - SP
MASSAMI UYEDA
14/10/2009 v.u.
INDÚSTRIA DE DOCES MIRASSOL LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - INEXISTÊNCIA - HIPÓTESES DO ART. 115 DO CPC NÃO CARACTERIZADAS - RECURSO IMPROVIDO. 1 - A configuração de conflito de competência pressupõe que duas ou mais autoridades judiciárias, de esferas diversas, declarem-secompetentes ou incompetentes para apreciar e julgar determinado feito (art. 115 do CPC), ou para praticar atos processuais na mesma causa, o que não se verifica no caso dos autos. 2 - A alegação genérica de que todas as instâncias da Justiça do Trabalho têm decidido desfavoravelmente contra a suscitante, adespeito do processamento da recuperação judicial, não se mostra suficiente para a configuração de conflito entre os Juízos suscitados. 3 - Agravo regimental improvido.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.025 - SP
FERNANDO GONÇALVES
14/10/2009 v.u.
ACCENTUM MANUTENCAO E SERVICOS LTDA
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. EXECUÇÕES TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. AÇÕES DE CONHECIMENTO PROPOSTAS PERANTE A JUSTIÇA DO TRABALHO. PROSSEGUIMENTO ATÉ A APURAÇÃO DO CRÉDITO. 1. Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista. 2. "Com a edição da Lei n. 11.101⁄05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação
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judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor" (CC 90.160⁄RJ, DJ de 05.06.2009). 3. As ações de conhecimento em trâmite na Justiça do Trabalho devem prosseguir até a apuração dos respectivos créditos. Em seguida, serão processadas no juízo universal da recuperação judicial as respectivas habilitações. 4. Conflito de competência conhecido para declarar - com as devidas ressalvas concernentes às ações de conhecimento trabalhistas - a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo - SP.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
105.648 - MT
MASSAMI UYEDA
14/10/2009 v.u.
GARZELLA & GARZELLA LTDA - EMPRESA DE PEQUENO PORTE E OUTROS
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL HOMOLOGADO - EXECUÇÃO TRABALHISTA EM TRÂMITE - INTERPRETAÇÃO DO ART. 6º, §§ 4º E 5º, DA LEI 11.101⁄2005 - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES POR 180 DIAS - INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DE EXECUÇÕES INDIVIDUAIS - PRECEDENTE - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperaçãojudicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperaçãojudicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas; II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. Juízo em que se processa o plano derecuperação judicial.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
105.666 - RJ
VASCO DELLA GIUSTINA
14/10/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXECUÇÃO TRABALHISTAREDIRECIONADA. EMPRESA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. PEDIDO LIMINAR INDEFERIDO. 1. Tendo sido redirecionada a execução trabalhista, de modo a atingir o patrimônio de empresa integrante do mesmo grupo econômico, restando, desta forma, livres de constrição os bens da empresa em recuperação judicial, não há que se falar em conflito de competência. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
105.709 - RJ
MASSAMI UYEDA
14/10/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO - PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA CONTRA DEVEDORA SOLIDÁRIA (EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA TRABALHISTA), CUJOS ATIVOS NÃO INTEGRAM O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA, PRIMEIRA EXECUTADA - ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA E. SEGUNDASEÇÃO DESTA A. CORTE - TAL ORIENTAÇÃO SE ESTENDE TAMBÉM PARA AS HIPÓTESES DE FALÊNCIA, UMA VEZ QUE ÉVIÁVEL A EXECUÇÃO CONTRA EVENTUAIS DEVEDORES SOLIDÁRIOS NÃO FALIDOS FORA DO JUÍZO UNIVERSAL DAFALÊNCIA - CONFLITO DE COMPETÊNCIA NÃO CONHECIDO, com ressalva do posicionamento pessoal desta Relatoria -RECURSO IMPROVIDO.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
93.778 - RJ
MASSAMI UYEDA
14/10/2009 v.u. VARIG S⁄A VIAÇÃO AÉREA RIOGRANDENSE
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA - RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - SUCESSÃO DOS ÔNUS E OBRIGAÇÕES NA ALIENAÇÃO DE UNIDADES PRODUTIVAS - COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE SE PROCESSA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL - IN CASU, COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO - AGRAVO
214
IMPROVIDO.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
94.780 - GO
MASSAMI UYEDA
14/10/2009 v.u.
FRINORTE FRIGORÍFICO NORTE LTDA - MASSA FALIDA
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO DE CRÉDITO TRABALHISTA - DECRETAÇÃO DAFALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA - PERMANÊNCIA DESTA NO PÓLO PASSIVO DA EXECUÇÃO - FORMAÇÃO DO CONCURSO UNIVERSAL DE CREDORES - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA FALÊNCIA - AGRAVO IMPROVIDO.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.507 - RJ
HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO
28/10/2009 v.u.
COMPANHIA TEXTIL FERREIRA GUIMARAES - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
AGRAVO REGIMENTAL. CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. SUSCITANTE. ILEGITIMIDADE. 1. A matéria questionada em sede de agravo regimental, envolvendo as mesmas partes, está pacificada na 2ª Seção, como se verifica do v. acórdão do CC 105.830, j. em 30-06-09, rel. Min. MASSAMI UYEDA: "Na espécie, em razão do reconhecimento da existência de grupo econômico pela Justiça Trabalhista, a execução trabalhista restou direcionada aos demais devedores solidários (solidariedade, no caso, legal, nos termos do artigo 2º, § 2º, CLT), dentre eles, a ora suscitante GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, cujos ativos não integram o plano derecuperação judicial da empresa em recuperação, COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES. Nos termos do entendimento da e. Segunda Seção desta a. Corte, ratificado por ocasião do julgamento do CC n. 103.711⁄RJ" (Relator originário: esta Relatoria, Relator p⁄ acórdão: Min.Sidnei Beneti, julgado em 10.6.2009. Inexiste conflito de competência positivo porquanto os ativos da empresa suscitante, GUIMTEX PARTICIPAÇÕES S⁄A, pertencente ao mesmo grupo econômico, segundo a Justiça Trabalhista, não abrangidos pelo plano de recuperação judicial da COMPANHIA TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, em princípio não serão convocados para responder perante o concurso de credores da empresa em recuperação”. 2. Agravo Regimental improvido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
105.345 - DF
FERNANDO GONÇALVES
28/10/2009 v.u.
VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S⁄A VASP - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ADJUDICAÇÃO ANTERIOR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.EXECUÇÃO. SUSPENSÃO. PRAZO. PLANO DE RECUPERAÇÃO NÃO APROVADO. 1. Na hipótese dos bens terem sido adjudicados em data anterior ao deferimento do processamento da recuperação judicial, a Justiça do Trabalho deve prosseguir no julgamento dos demais atos referentes à adjudicação. 2. Ultrapassado o prazo de 180 dias previsto no artigo 6º, §4º, da Lei nº 11.101⁄2005, deve ser restabelecido o direito dos credores de continuar suas execuções contra o devedor, se não houver plano de recuperação judicial aprovado. 3. Agravos regimentais providos para não conhecer do conflito de competência.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
55.644 - ES
LUIS FELIPE SALOMÃO
28/10/2009 v.u.
GEMAS COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA - MASSA FALIDA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DESCABIMENTO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. INEXISTÊNCIA DE PROVIDÊNCIA PELO JUÍZO UNIVERSAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. O incidente de uniformização de jurisprudência deve ser suscitado quando do oferecimento das razões do recurso, sendo inviável em sede de agravo regimental. Ademais, "a suscitação do incidente de uniformização de jurisprudência em nosso sistema constitui faculdade, não vinculando o juiz, sem embargo do estímulo e do prestígio que se deve dar a esse louvável e belo instituto." (REsp 3.835⁄PR, Quarta Turma, Rel. Min. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ de 29⁄10⁄1990.) 2. Se a execução trabalhista promovida contra
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sociedade falida foi redirecionada para atingir bens dos sócios, não há conflito de competência entre a Justiça especializada e o juízo falimentar, não se justificando o envio dos autos ao Juízo universal, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. 3. Agravo regimental improvido com aplicação de multa.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
103.478 - RJ
LUIS FELIPE SALOMÃO
11/11/2009 v.u.
AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇADO TRABALHO. RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEFERIMENTO DARECUPERAÇÃO JUDICIAL DE UMA DAS EMPRESAS, COM O SOBRESTAMENTO DA EXECUÇÃO EM RELAÇÃO A ELA.PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA AS DEMAIS EMPRESAS NO JUÍZO TRABALHISTA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DECISÕES CONFLITANTES. ENTENDIMENTO RATIFICADO PELA SEGUNDA SEÇÃO DESTA CORTE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. PREQUESTIONAMENTO. DESCABIMENTO. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 557, § 2º, DO CPC. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
107.395 - PB
FERNANDO GONÇALVES
11/11/2009 v.u. BRA TRANSPORTES AÉREOS LTDA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO CONTRA A RECUPERANDA. QUANTIA ILÍQUIDA. PROSSEGUIMENTO. JUÍZO COMPETENTE. 1 - O juízo da recuperação judicial não é competente para a ação ordinária em que se postula quantia ilíquida contra a empresa recuperanda. 2 - Só há falar em juízo universal na recuperação para os créditos, líquidos e certos (leia-se classe de credores), devidamente habilitados no plano recuperatório e por ela abrangidos. 3 - Na recuperação não há quebra e extinção da empresa, pois continua ela existindo e executando todas as suas atividades, não fazendo sentido canalizar toda e qualquer ação da recuperanda ou contra ela para o juízo da recuperação. 4 - Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 4ª de Campina Grande SJ⁄PB, suscitante.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
108.141 - SP
FERNANDO GONÇALVES
10/2/2010 v.u.
PANTANAL LINHAS AÉREAS S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL. DEMANDAS TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Deferida a recuperação judicial de empresa, com homologação do plano de pagamentos, onde incluídos os créditos de natureza trabalhista, incide a universalidade, apta a impedir o prosseguimento de execuções individuais nos juízos do trabalho, sob pena de frustração do procedimento, destinado, em última ratio, à própria preservação da empresa, consoante a dicção do art. 47 da Lei nº 11.101/2005. 2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo - SP.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
108.457 - SP
HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO
10/2/2010 v.u.
FRIGOESTRELA S⁄A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO TRABALHISTA - EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - JUÍZO UNIVERSAL - PRINCIPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS CONTRA A EMPRESA RECUPERANDA - INTERPRETAÇÃO DO ART. 3º e 6ª DA LEI 11.101/05 - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO - CONFLITO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - O princípio da preservação da empresa, insculpido no art 47 da Lei de Recuperação e Falências, preconiza que "A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica". Motivo pelo qual, sempre que possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição judicial
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em processos individuais. 2 - É reiterada a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que "após a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa ou da decretação da quebra, as ações e execuções trabalhistas em curso, terão seu prosseguimento no Juízo Falimentar, mesmo que já realizada a penhora de bens no Juízo Trabalhista" (STJ. CC 100922/SP - Rel. Ministro SIDNEI BENETI - 2ª Seção - 26/09/2009). 3 - Conflito de Competência conhecido e parcialmente provido para declarar a competência do Juízo da recuperação judicial para prosseguir nas execuções direcionadas contra a empresa recuperanda.
EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
95.639 - GO
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
10/2/2010 v.u.
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. PROCESSO FALIMENTAR. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. LEI N. 11.101/05. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DO STJ. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Admitem-se como agravo regimental embargos de declaração opostos a decisão monocrática proferida pelo relator, em nome dos princípios da economia processual e da fungibilidade. 2. Com a edição da Lei n. 11.101/05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 3. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 4. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
109.196 - SP
SIDNEI BENETI
10/3/2010 v.u.
RURAL LEASING S⁄A - ARRENDAMENTO MERCANTIL
AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA - JUÍZO TRABALHISTA E JUÍZO FALIMENTAR - LIMINAR INDEFERIDA - INEXISTÊNCIA DA VIS ATTRACTIVA - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO. I. A decretação da falência da empresa sucedida, em nada pode alterar os efeitos da decisão que reconhece a responsabilidade direta da sucessora pelos débitos trabalhistas em fase de execução. II. Assim sendo, o caso presente nos autos não se amoldaria aos julgados da 2ª Seção desta Corte que reconhecem ser o Juízo Universal competente para julgar as causas em que estejam envolvidos interesses e bens da empresa falida, a justificar o deslocamento da competência. III. O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. Agravo Regimental improvido.
AgRg nos EDcl no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
107.928 - SP
LUIS FELIPE SALOMÃO
24/3/2010 v.u.
SAÚDE ABC SERVIÇOS MÉDICO HOSPITALARES LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. DESBLOQUEIO DOS VALORES CONSTRITOS. DESCABIMENTO. 1. Hígidos os motivos que justificaram o indeferimento do pedido de desbloqueio, pois as importâncias constritas não correm risco delevantamento diante da suspensão provisória das execuções trabalhistas. Ausência do requisito do fumus boni iuris. 2. Agravo regimental improvido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
110.287 - SP
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
24/3/2010 v.u.
ALLPAC LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO TRABALHO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO. SUJEIÇÃO AO JUÍZO RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 6º, § 4º, DA LEI N. 11.101/05. RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. DECISÃO
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AGRAVADA MANTIDA. 1. Com a edição da Lei n. 11.101, de 2005, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor. 2. Se, de um lado, há de se respeitar a exclusiva competência da Justiça laboral para solucionar questões atinentes à relação do trabalho (art. 114 da CF); por outro, não se pode perder de vista que, após a apuração do montante devido ao reclamante, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, ex vi dos princípios e normas legais que regem o plano de reorganização da empresa recuperanda. 3. A Segunda Seção do STJ tem entendimento jurisprudencial firmado no sentido de que, no estágio de recuperação judicial, não é razoável a retomada das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05. 4. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 5. Agravo regimental desprovido.
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA
109.256 - SP
NANCY ANDRIGHI
14/4/2010 v.u.
PIRES SERVIÇOS DE SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. FALÊNCIA DA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. CONSTRIÇÃO. BENS DOS SÓCIOS. CONFLITO POSITIVO. INEXISTÊNCIA. - Se a execução promovida contra pessoa jurídica foi direcionada para atingir um dos sócios, não mais se justifica a remessa dos autos ao juízo falimentar, pois o patrimônio da falida quedou-se livre de constrição. Precedentes. - Considerando que os recursos a serem utilizados para satisfação do crédito trabalhista não desfalcarão o patrimônio da massa falida, não há de se falar em burla à ordem de pagamento dos credores na falência. Agravo a que se nega provimento.