relatório final de atividades do programa prodocência/unb

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Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB Prodocência 2008/2010 Projeto Parceria Escola Licenciatura Título: Integração dos Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília. Edital 002/2008 I Dados da Instituição e do Projeto a) Instituição proponente: Universidade de Brasília b) Docente(s) responsável (eis) pelo projeto na IES: Profa. Dra. Maria Lidia Bueno Fernandes c) Curso(s) de licenciatura participante(s) do projeto: Artes Visuais e Artes Cênicas, Música, Geografia, Pedagogia e Ciências Naturais d) Título do Projeto: Integração dos Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília. e) Identificação da equipe executora responsável pelo projeto (professores/técnicos da IES e respectiva titulação) Profa. Dra. Maria Isabel Montandon (Coordenação da Integração das Licenciaturas); Profa. Dra. Maria Lidia Bueno Fernandes (Coordenadora Institucional do Prodocência. Profa. Msc. Rosana de Castro Coordenadora do Programa no Departamento de Artes Visuais no Instituto de Artes da UnB Prof. Dr. Belidson Dias Colaborador no Departamento de Artes Visuais no Instituto de Artes Profa. Dra. Felicia Johansson Carneiro - Coordenadora do Programa no Departamento de Artes Cênicas no Instituto de Artes da UnB; Profa. Msc. Flávia Narita - Professora Coordenadora do Programa no Departamento de Música no Instituto de Artes da UnB. Profa. Drª. Alice Melo Ribeiro Coordenadora do Programa na Faculdade UnB Planaltina Ciências Naturais; Profa. Drª Olgamir Amância Ferreira Colaboradora na Faculdade UnB Planaltina Ciências Naturais; Profa. Dra. Waleska Valença Manyari Coordenadora do Programa no Departamento de Geografia; Prof. Dr. Fernando Araújo Sobrinho Coordenador do Programa no Departamento de Geografia; Profa. Drª. Erika Zimmermann Coordenadora do Programa na Faculdade de Educação Pedagogia; Prof. Dr. Cristiano Alberto Muniz - Coordenador do Programa na Faculdade de Educação Pedagogia. f) Data do início do projeto. Novembro/2008 g) Data de conclusão do projeto. Dezembro/2010

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Page 1: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Prodocência – 2008/2010 – Projeto Parceria Escola Licenciatura

Título: Integração dos Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília.

Edital 002/2008

I – Dados da Instituição e do Projeto

a) Instituição proponente: Universidade de Brasília

b) Docente(s) responsável (eis) pelo projeto na IES: Profa. Dra. Maria Lidia Bueno

Fernandes

c) Curso(s) de licenciatura participante(s) do projeto: Artes Visuais e Artes Cênicas,

Música, Geografia, Pedagogia e Ciências Naturais

d) Título do Projeto: Integração dos Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília.

e) Identificação da equipe executora responsável pelo projeto (professores/técnicos da IES e

respectiva titulação)

Profa. Dra. Maria Isabel Montandon (Coordenação da Integração das Licenciaturas);

Profa. Dra. Maria Lidia Bueno Fernandes (Coordenadora Institucional do Prodocência.

Profa. Msc. Rosana de Castro – Coordenadora do Programa no Departamento de Artes

Visuais no Instituto de Artes da UnB

Prof. Dr. Belidson Dias – Colaborador no Departamento de Artes Visuais no Instituto de

Artes

Profa. Dra. Felicia Johansson Carneiro - Coordenadora do Programa no Departamento de

Artes Cênicas no Instituto de Artes da UnB;

Profa. Msc. Flávia Narita - Professora Coordenadora do Programa no Departamento de

Música no Instituto de Artes da UnB.

Profa. Drª. Alice Melo Ribeiro – Coordenadora do Programa na Faculdade UnB

Planaltina – Ciências Naturais;

Profa. Drª Olgamir Amância Ferreira – Colaboradora na Faculdade UnB Planaltina –

Ciências Naturais;

Profa. Dra. Waleska Valença Manyari – Coordenadora do Programa no Departamento de

Geografia;

Prof. Dr. Fernando Araújo Sobrinho – Coordenador do Programa no Departamento de

Geografia;

Profa. Drª. Erika Zimmermann – Coordenadora do Programa na Faculdade de Educação –

Pedagogia;

Prof. Dr. Cristiano Alberto Muniz - Coordenador do Programa na Faculdade de Educação

– Pedagogia.

f) Data do início do projeto. Novembro/2008

g) Data de conclusão do projeto. Dezembro/2010

Page 2: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

h) Valor financiado: R$ 145.000,00

II – Apresentação

O projeto do Prodocência/Parceria Escolas-Licenciaturas intitulado “Integração dos

Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília” desenvolveu-se entre outubro de 2008 e

dezembro de 2010. Em seus objetivos gerais propunha a integração dos diversos cursos de

licenciatura da universidade, bem como, estabelecer uma parceria escola universidade visando

a melhoria da formação inicial e continuada dos professores. Para esse fim, este projeto

desenvolveu ações a partir de seis Unidades Acadêmicas: Artes Cênicas, Visuais, Música,

Ciências Naturais - FUP, Geografia e Pedagogia com atuação em escolas de Educação

Básica da rede Pública. O objetivo principal era consolidar os laboratórios de licenciatura em

cada unidade acadêmica, promover aproximação dos estudantes com as escolas, desenvolver

práticas docentes de forma participativa, dialógica e criativa. Contribuir para integração

escola-universidade, desenvolver pesquisa na área educacional.

O PRODOCÊNCIA apresenta-se como incentivo e modelo de prática no qual o

licenciando tem contato com a escola e com a docência nas fases iniciais de seu curso em um

trabalho constante e direto com seu professor. Assim, consoante com os objetivos do projeto,

ocorre a inserção de alunos de Licenciatura no sistema de ensino logo nos primeiros semestres

dos seus cursos. Esse processo desenvolve-se de forma colaborativa entre professores

orientadores, alunos bolsistas, corpo docente e alunos de escolas públicas. Consideramos esse

caráter dialógico, participativo e de construção compartilhada como um dos aspectos

importantes do projeto.

Na UnB, o projeto integra atualmente seis cursos, dez professores e trinta e quatro

estudantes de licenciaturas, presentes em seis escolas da rede pública do Distrito Federal. Por

iniciativa do Decanato de Graduação, todos os alunos recebem bolsas. Cada subprojeto tem

seus próprios objetivos, metodologia, e intenções: desenvolver temáticas transversais nas

escolas como identidade, gênero e sexualidade por meio da cultura visual (Música, Artes

Cênicas e Artes Visuais), integrar conhecimento de diferentes áreas das ciências (Pedagogia e

Ciências Naturais), e conhecer o contexto espacial em que habita por meio da construção e

leitura de mapas (Geografia).

No entanto, todos têm como objetivo comum a inserção dos bolsistas nos espaços

escolares, a implementação de metodologias inovadoras de ensino, a construção de um

projeto participativo de parceria entre escola-universidade. Outro aspecto relevante do

Page 3: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Prodocência na UnB refere-se ao acompanhamento sistemático das atividades docentes

desenvolvidas pelos licenciandos. Cada unidade acadêmica realizou o acompanhamento

desses estudantes de uma forma específica, mas em todos os casos houve reuniões semanais

para analisar as propostas, metodologia e abordagens teóricas dos nossos licenciandos. Em

alguns casos, montaram-se grupos de estudo (Artes Visuais, Cênicas e Música), em outros os

estudantes tiveram uma formação específica relacionada ao conteúdo conceitual que

ensinariam (Geografia) em outros adentraram as escolas da pública de ensino e estabeleceram

relações intensas com os professores e alunos dessas (Pedagogia e Ciências Naturais).

Gostaríamos de salientar que a experiência do Prodocência neste primeiro edital,

embora considerada de extrema relevância pelos estudantes de Licenciatura envolvidos no

processo e para as unidades que aderiram ao programa, deu-se ainda em caráter experimental.

Entendemos que as experiências devam ser utilizadas como fonte de reflexão para o próximo

edital e, principalmente, na perspectiva de aprendizado e avanços institucionais.

Nesse sentido, entendemos que há lacunas a serem preenchidas tendo em vista que

houve uma dificuldade em transformar essas experiências em aprendizado coletivo no âmbito

do Prodocência. Ou seja, não desenvolvemos, a contento, procedimentos para apropriação dos

resultados obtidos nas experiências pontuais do Prodocência na UnB, na perspectiva de

elevação da qualidade dos cursos de formação de professores das demais licenciaturas da

instituição.

Ainda que tenhamos realizado seminários internos e externos, entendemos que o

ganho da experiência do Prodocência não atingiu as Unidades Acadêmicas como um todo e

não resultou em empoderamento das Licenciaturas da UnB de um modo geral. Essas questões

serão enfrentadas a partir do novo edital do Prodocência a partir de criação de Grupos de

Trabalho, de ampliação do número de seminários internos e abertos às demais licenciaturas da

UnB, de uma maior integração com o PIBID, enfim, a partir de uma atuação mais orgânica,

na qual, o compromisso com o fortalecimento das Licenciaturas permeie todos os programas e

tenha uma orientação comum e integradora.

Cabe, entretanto, ressaltar que para as unidades acadêmicas envolvidas no processo os

ganhos foram inúmeros seja pela instalação de laboratórios específicos para a área de ensino,

ou, pelo recebimento de equipamentos com recursos destinados aos cursos de licenciatura, o

que contribuiu para o reconhecimento desses cursos e dos professores envolvidos neles. Por

outro lado, a perspectiva de uma publicação específica para retratar as experiências do

Page 4: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Prodocência, a participação em eventos nacionais e internacionais, a participação em

seminários internos, contribuíram para atribuição de prestígio às atividades ligadas à

formação de professores. Outro fator relevante refere-se ao fato da UnB ter concedido bolsa

aos estudantes envolvidos no Prodocência, que, assegurou a presença desses estudantes nas

escolas e propiciou um maior envolvimento desses com a prática docente, resultando em

experiências de caráter teórico-metodológico, mas com fortes componentes emocionais e

afetivos, tão caros à prática docente. (Observar relatos nos anexos)

III – Objetivos, atividades e resultados alcançados

Entre os objetivos do Programa Prodocência na UnB estabelecemos a integração das

licenciaturas, nesse sentido, propusemos algumas atividades com forte caráter dialógico, na

perspectiva de que, a partir de possibilidades concretas de interação, pudéssemos aproximar

os cursos, os estudantes, trocar experiências e aprofundar reflexões sobre a prática docente.

Nesse sentido, realizamos algumas atividades visando atingir esses objetivos:

a) Diálogo e reflexão sobre a Prática Pedagógica: a experiência no Prodocência em foco

Data: 20/08/2010

Horário: 14:00 – 18:00 hs.

Local: Auditório nº 1 do Instituto de Ciências Biológicas

Participantes: Profa. Ms. Carmem Moreira de Castro Neves, Coordenadora Geral de

Desenvolvimento de Conteúdo Curricular e de Modelos Experimentais da CAPES; Profa.

Nina Laranjeira, Diretora da Diretoria de Acompanhamento e Integração Acadêmica (DAIA),

Maria Isabel Montandon, Coordenadora da Coordenação de Integração das Licenciaturas

(CIL) e Maria Lidia Bueno Fernandes, Coordenadora do Prodocência e Andreisa de Oliveira

Cardoso, Analista em C&T da CAPES. Professores das Unidades da UnB no âmbito do

Prodocência: Rosana Andreia de Castro, Felícia Johansson Carneiro, Fernando Luiz

Sobrinho, Waleska Valença Manyari, Flávia Motoyama Narita, Cristiano Alberto Muniz,

Alice Melo Ribeiro, Olgamir Amância Ferreira de Paiva.

Esse seminário foi concebido de forma a possibilitar a reflexão sobre o Prodocência

em nível institucional. Na abertura, uma importante contribuição acerca da complexidade do

mundo contemporâneo e o papel da educação nesse contexto. A profa. Carmem Moreira de

Castro Neves apresenta os desafios da formação de professores e a o tema educação como

prioritário no contexto de um mundo globalizado. Traz informações sobre a situação da

Escola Básica no Brasil a partir de dados do IDEB. Apresenta alguns teóricos da atualidade

Page 5: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

que abordam a discussão da educação e a complexidade do processo de ensino/aprendizagem.

Termina sua apresentação abordando as medidas de fomento aos cursos de licenciatura frente

a e a necessidade de qualificação da formação de professores.

Parte importante desse encontrou coube aos estudantes que, na ocasião foram

convidados a apresentar as reflexões acerca da sua prática nas escolas, a partir das seguintes

questões norteadoras: (os depoimentos estão anexados no final deste relatório)

1. O que aprenderam com a experiência do Prodocência?

2. O que acham que ensinaram aos alunos com os quais trabalharam?

3. Em que e como essa experiência os ajudou (ajudará) a se tornarem

melhores professores?

4. Há uma imagem que possa traduzir como se deu o processo de

ensino/aprendizagem no qual o estudante estava envolvido?

b) II Seminário PRODOCÊNCIA/PIBID

Data: 09/11/2010

Horário: 14:30 às 18:30 hs.

Local: Anfiteatro 12

Seguindo a perspectiva de aproximação das licenciaturas e de estabelecimento de

diálogo entre os cursos realizamos na Semana Universitária da UnB, atividade desenvolvida

pelo Decanato de Extensão da universidade e que envolve toda a instituição, o II Seminário

PRODOCÊNCIA/PIBID. Contamos com a presença de dois convidados externos: Profa. Msc.

Olinda Thomé Chamma - Coordenadora Institucional do Prodocência da Universidade

Estadual de Ponta Grossa/PR e Prof. Dr. Hélder Eterno da Silveira - Coordenador do PIBID

da Universidade Federal de Uberlândia.

Na ocasião contamos ainda com a presença da Profa. Dra. Márcia Abrahão Moura – Decana

de Ensino de Graduação da UnB e da Profa. Carmem Moreira de Castro Neves Coordenadora

Geral de Desenvolvimento de Conteúdo Curricular e de Modelos Experimentais da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.

Entre as contribuições deste seminário às reflexões acerca da Formação Docente

gostaríamos de salientar o alcance das apresentações dos professores oriundos da

Universidade Estadual de Ponta Grossa e da Universidade Federal de Uberlândia. Há uma

abordagem no que diz respeito à integração dos programas, à consolidação de disciplinas

comuns aos cursos de licenciatura, a cursos concebidos envolvendo professores de diferentes

Page 6: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

unidades acadêmicas. A presença de mais de cinqüenta participantes neste seminário e os

desdobramentos em termos de articulação e diálogo entre as licenciaturas presentes respaldam

nossa concepção de que esse tipo de atividade é de extrema relevância. Cabe ressaltar que os

estudantes ligados ao Prodocência e ao PIBID montaram para a segunda parte do Seminário

circuito com o material produzido no âmbito das atividades docentes, banners, vídeos e

material explicativo. Essa atividade demandou dos estudantes muito empenho na organização

e preparação do material para a apresentação. Novamente entendemos que essas atividades

organizam o aprendizado e reverberam em novas possibilidades de reflexão da prática

docente. (parte deste material encontra-se nos anexos)

Laboratórios

Investimos pesadamente na aquisição dos equipamentos para os laboratórios, nesse

sentido, foi inaugurado no dia 21/10/2010 às 10 horas na FUP Laboratório de Apoio e

Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC). Consolidado a partir do convênio

UnB/CAPES/DEB – Prodocência – Projeto Parceira Escola-Licenciaturas. A parceria

possibilitou a aquisição de reagentes químicos, vidrarias e dos manequins biológicos que

serão utilizados em projetos com os alunos das escolas públicas de Planaltina na perspectiva

de aperfeiçoamento dos cursos de licenciatura da FUP e de melhoria da qualidade de ensino

na região. Na ocasião contamos com a presença da Profa. Márcia Moura, Decana de Ensino

de Graduação, da profa. Nina Laranjeira, diretora da DAIA e da Coordenadora da CIL,

professora Maria Isabel Montandon e do Vice-diretor da Faculdade UnB Planaltina. Muito

nos honrou a participação de parceiros da CAPES e das escolas da região. A presença dos

estudantes de licenciatura foi maciça. O LIGO - Laboratório de Visualidades e Educação

Departamento de Artes Visuais - IdA, consolidou-se com os recursos do PRODOCÊNCIA e

é onde os licenciados e seus professores iniciaram pesquisas sobre materiais didáticos,

recursos de aprendizagem e metodologias para o ensino da arte/educação, oriundos do projeto

e de outras atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no LIGO. Os

equipamentos adquiridos para o Projeto da Geografia integram o Laboratório de Análises

Espaciais – Lisie. No que diz respeito à Licenciatura da Pedagogia os equipamentos

encontram-se na escola em que foram desenvolvidos os projetos e deverão integrar o

Laboratório de Ensino da Pedagogia no início do ano letivo.

Page 7: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Produção de livros:

Como resultado das experiências do Prodocência, dois livros estão em processo de

elaboração: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco,

em fase de finalização, organizado pela coordenação institucional do Prodocência na UnB e

Aprendendo a Lecionar Ciências no Ensino Fundamental: um trabalho colaborativo

escola-universidade, organizado pelos coordenadores do Projeto da Pedagogia.

IV – Considerações finais

O intenso diálogo estabelecido entre os atores envolvidos no Programa nos permite

afirmar que a experiência de inserção no universo escolar vivenciada pelos estudantes de

licenciatura, no âmbito do Prodocência, foi coberta de êxito. Não são raros depoimentos

emocionados sobre o alcance da experiência e os vínculos estabelecidos entre os estudantes,

professores e alunos.

Construímos uma proposta em que os professores coordenadores estavam sempre

muito próximos dos estudantes e das escolas. Pensamos as relações institucionais em uma

base de dialógica e participativa. Cabe ressaltar que, em um primeiro momento houve

dificuldades específicas tanto ligadas à organização interna das escolas, quanto à da própria

universidade. Outro fator foi o enfrentamento de uma situação de greve dos professores desta

instituição, que consumiu dois meses e que dificultou a continuidade dos trabalhos.

Os indicadores utilizados estão relacionados aos relatórios produzidos pelos

estudantes, o acompanhamento sistemático nas escolas, a participação nos seminários e os

depoimentos colhidos em ocasiões específicas. Parte desses depoimentos encontra-se anexo a

este relatório.

A relevância do Prodocência para a instituição é indiscutível. Avançou-se na

perspectiva de valorização das Licenciaturas por meio dos laboratórios, das publicações, dos

seminários internos, da participação em eventos externos. Outro aspecto relevante refere-se ao

envolvimento efetivo dos estudantes, pudemos acompanhar alguns deles oferecendo

atividades extracurriculares ao final do ano letivo, propondo oficinas, produzindo material e

trabalhando com muito engajamento ao longo do processo.

Page 8: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Gostaríamos de concluir esse relatório com um excerto do livro “Trajetórias das

Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco”, em fase de finalização, no

qual os professores da área de Artes Visuais, Cênicas e Música descrevem os resultados

alcançados:

Acreditamos que os nossos alunos, em suas práticas foram

capazes de:

responder as necessidades de um estudante contemporâneo

numa sociedade dominada por imagens;

por meio de sua poética e de seu envolvimento pedagógico,

permitir um enriquecimento de saberes e possibilidades

cognitivas, que inclui o lado emocional e racional do projeto;

promover uma visão extremamente crítica das imagens e

artefatos que operam em espaços culturais e das esferas públicas

do cotidiano, passando ainda a mediar e negociar mensagens

entre as pessoas;

promover um entendimento de valor, diversidade e

complexidade das expressões sociais culturais da visualidade

contemporânea;

ilustrar o poder da cultura visual na construção de

identidades e ambientes individuais e culturais;

educar cidadãos a participarem num processo ideológico e

democrático ao provocar a reflexão responsável com a

expectação e interação com a cultura visual.

Da nossa parte, como professores, ao adotarmos as

premissas pedagógicas da educação em Cultura Visual pudemos

perceber:

mudanças ao focar em conteúdos curriculares, conceituais,

interdisciplinares, transdisciplinares e socialmente relevantes

para a criação de imagens e artefatos como respostas visuais

dentro de um aspecto aparentemente sociocultural;

a importância de encorajar alunos a assumir individualmente

responsabilidades por sua educação ao se expor ao campo

ampliado da cultura visual;

possibilidades de expandir a conscientização e o uso de novos

meios de produção para criar uma variedade de formas de cultura

visual e novos campos para o ensino da arte/educação;

perspectivas de engajar-se com alunos de formações variadas

para criar uma variedade de formas de visualidades que ampliam

o universo imaginativo e desperta o espírito critico e pedagógico

desses alunos;

desenvolver o envolvimento dos alunos com a reflexão da

cultura visual na construção de identidades e da sustentabilidade

do ser humano e suas relações com a visualidade e tecnologia;

necessidade de desenvolver um período mais longo de avaliação

do aluno usando métodos reflexivos e critérios desenvolvidos e

refinado por um contínuo debate entre os professores envolvidos

ao longo do se curso, assim como as respostas e expectação

geradas por suas exposições aos outros alunos, professores e

comunidade em geral, para que possamos determinar a natureza

dos saberes adquiridos e aplicados nessa prática poética.

Page 9: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Anexos

Page 10: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

I: Descrição das Ações nas Unidades

1. Ciências Naturais – Faculdade UnB Planaltina

Projeto de Formação de Professores para o Ensino de Ciências Naturais

Objetivo: Aprimorar a educação em Ciências Naturais por meio de incentivo ao uso de

laboratórios, experiências e projetos diferenciados.

Escolas Centro de Ensino Fundamental 1, 3 e 4 em Planaltina.

Atividades desenvolvidas:

CineCiências;

Projeto Educação para saúde e educação para o meio ambiente – oficina

de alimentação

Escola ComCiência – Horta

Professoras Coordenadoras do Prodocência na Unidade:

Drª. Alice Melo Ribeiro

Drª Olgamir Amância Ferreira

Estudantes

Aline Bocki

André Ricardo Pinheiro Da Silva Júnior

Andrezza Romênia

Camila Ribeiro Frazão

Chaianne Carla Farias Barbosa

Felipe Campos

Joseane Freitas

Karine Ribeiro

Jessika Andrade

Loraine Borges

Luana Maria Oliveira

Lucas Almeida Alencar

Maynnã Amaral

Priscila Galdino Fontes

Raphael Silva

Roseane Freitas

Samara Dos Anjos Da Costa

Sarah Mendonça

Washington Augusto

Victor De Oliveira

Viviane Farias

Page 11: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Figura 1: Inauguração Laboratório de Apoio e Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC). Data

21/10/2010. Foto: Equipe Institucional do Prodocência.

Figura 2: Laboratório de Apoio e Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC), em evidência, modelo

adquirido com recursos do Prodocência. Data 21/10/2010. Foto: Equipe do Prodocência.

Page 12: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Figura 3 e Figura 4: Laboratório de Apoio e Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC), em evidência,

materiais adquiridos com recursos do Prodocência. Data 21/10/2010. Foto: Equipe do Prodocência

Page 13: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

2. Artes Visuais, Cênicas e Música – Instituto de Artes – Campus Darcy Ribeiro -

UnB

Projeto Arte/Fatos

Objetivo: debater questões referentes à construção da identidade por intermédio da Educação

da Cultura Visual.

Escola: Centro de Ensino Fundamental 2, em Brasília.

Atividades desenvolvidas: Em 2009 - auto retratos produzidos no software livre GIMP. O

resultado foi publicado no blog “ZóiPictures–ProjetoArte/Fatos”; em 2010, o artefato

produzido foi uma fotonovela também divulgada por intermédio de um blog além da sua

versão impressa.(anexa)

Professores Coordenadoras do Prodocência na Unidade:

Prof. Dr. Belidson Dias - VIS/IdA/UnB

Profa. Dra. Felicia Johansson Carneiro - CEN/IdA/UnB

Profa. Msc. Flávia Narita - MUS/IdA/UnB

Profa. Msc. Rosana de Castro - VIS/IdA/UnB

Estudantes:

Jordana Timotheo Machado

Karen Ferreira Monteiro

Maria Eugenia Lima Soares Trondoli Matricardi

Clara Braga De Oliveira E Silva

Tauana Macedo De Britto Pereira E Parreiras

Andressa Urtiga Moreira

Page 14: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Figura 5: Fotonovela desenvolvida pelos alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 sob orientação dos

Licenciandos de Artes Visuais e Cênicas no Projeto Arte/Fatos desenvolvido no âmbito do Prodocência.

Page 15: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Figura 6: Auto-retrato produzido pelos alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 sob orientação dos

Licenciandos de Artes Visuais, Cênicas e Musica no Projeto Arte/Fatos desenvolvido no âmbito do

Prodocência. Disponível em: http://movimentoartefatos.blogspot.com/; http://artefatos2010.blogspot.com

Page 16: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

3. Geografia – Instituto de Ciências Humanas - Campus Darcy Ribeiro - UnB

Projeto: Ensino da Cartografia através do Google Earth

Objetivo: Introduzir a ferramenta Google Earth para melhor compreender o lugar no qual a

escola está inserida.

Escola: Centro educacional Setor Leste.

Atividades desenvolvidas: Elaboração de roteiro para o uso da ferramenta para localização,

orientação e fotointerpretação em estudos ambientais (de 1ª. E 3ª. Séries do Ensino Médio)

Professores Coordenadores do Prodocência na Unidade:

Profa.Dra. Waleska Valença Manyari (coordenadora)

Prof. Dr. Fernando Araújo Sobrinho (coordenador)

Alunos bolsistas:

Raffael Almeida Dias Duarte

Igor Soares dos Santos

Figura 7 Figura 8: Laboratório de informática do Centro de Ensino Médio Setor Leste. . Data: 18/11/2010.

Foto: Equipe Prodocência.

Page 17: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Figura 9 Figura 10 Figura 11: Oficina de Novas Teconologias no Ensino de Geografia, realizada no Centro

de Ensino Médio Setor Leste, com utilização do Google maps como experiência pedagógica. Data:

18/11/2010. Foto: Equipe Prodocência.

Page 18: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Figura 12: Imagem de satélite da cidade de Brasília utilizada na oficina de novas Tecnologias no Ensino

de Geografia, realizada no Centro de Ensino Médio Setor Leste, com utilização do Google maps como

experiência pedagógica. Data: 18/11/2010. Foto: Equipe Prodocência

Figura 13: Externo do Centro De Ensino Médio Setor Leste. Data: 18/11/2010. Foto: Equipe Prodocência.

Page 19: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

4. Pedagogia – Faculdade de Educação - Campus Darcy Ribeiro - UnB

Projeto: Ensino de Ciências em Contextos Formais e Não-Formais - Ciência como Cultura

Escola: Escola Classe 304 Norte

Atividades desenvolvidas: Elaboração de ações que levem professores das escolas do DF e

estudantes do curso de Pedagogia, da UNB, por meio de pesquisa, a desenvolver

metodologias e materiais didáticos para o ensino de ciências dos anos iniciais do ensino

fundamental (2º ano ao 5º ano).

Professores Coordenadoras do Prodocência na Unidade:

Drª. Erika Zimmermann

Dr. Cristiano Alberto Muniz

Alunos Bolsistas

Elisabeth Vieira da Silva Lopes

Juliana Barbosa Dantas da Silva

Mariana Xavier Pereira

Nayara Nogueira

Tayane Dias Gomes Pessoa

Figura 14: Espaço Externo da Escola Classe 304 norte. Foto: Fabiano José Arcadio Sobreira, 2006.

Page 20: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

Figura 15: Crianças da 4ª série da Escola Classe 304 Norte, durante aula do projeto Ciência em Foco.

Foto: Tayane Pessoa, 2009.

Page 21: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

DEPOIMENTOS DOS ESTUDANTES INTEGRANTES DO PRODOCÊNCIA

Page 22: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

II: Depoimento dos estudantes de Licenciatura da UnB inseridos no Programa

Prodocência

A relevância do projeto na formação de professores1

A prática docente qualificada deve acontecer ainda na universidade. Quanto mais cedo xs

professorxs em formação entrarem em contato com o contexto escolar, mais efetiva se tornará a

experiência que aprimora o processo de desenvolvimento profissional.

Durante a nossa participação como bolsistas do Arte/Fatos, nos foi permitido agir e repensar

as nossas ações, num exercício claro de ação-reflexão-ação (Alarcão, 1998). Atuamos com mais

liberdade e autonomia, mantendo o foco nos temas transversais, os quais não fazem costumam fazer

parte do currículo de formação de professorxs. Com isso, ganhamos alguma experiência e novos

conhecimentos relacionados aos mesmos, além de maior atenção às relações de poder presentes em

sala de aula. Pudemos, também, pensar em possibilidades metodológicas e materiais didáticos que

abrangessem visualidades cotidianas e não-cotidianas relacionadas a tais temas.

O distanciamento entre universidade e escola, com as ações do projeto, foi encolhido. Isso

estimulou os bolsistas a refletirem sobre suas qualidades profissionais e como elas podem ser

aproveitadas futuramente no exercício de suas futuras profissões. Os universitários, quando entram em

contato direto com a escola, se libertam das cargas de mistificações que surgem pelo excesso de

suposições teóricas e a escassez de inserção em experiências. Outro fator relevante para o nosso

desempenho foi a proximidade da faixa etária entre os estudantes da escola e nós bolsistas. Isso nos

proporcionou maior acesso a eles, domínio e reconhecimento dos elementos culturais e visuais que os

cercam.

Em larga medida, analisando os resultados do Arte/Fatos para a nossa formação, podemos

dizer que ele cumpriu bem sua missão tanto no que diz respeito à qualificação de professorxs, quanto

ao processo educativo vivenciado em parceria com a escola pública e a universidade. Observamos que

em apenas dois anos de atividades, o projeto já conseguiu gerar frutos em forma “bagagem” adquirida

pelas trocas de experiências entre bolsistas, estudantes, professorxs e demais agentes da escola

parceira. Para xs licenciandxs, ele trouxe, também, mais segurança e reflexões sobre como atuar em

suas futuras realidades profissionais. Já para os alunos da escola, o Arte/Fatos pode acrescentar

descobertas que não se reduziram à simples manipulação eficaz de máquinas como computadores e

celulares, mas proporcionaram variadas discussões e a conscientização da utilização destes meios em

suas vidas; como relataram alguns deles nos últimos dias de aula da primeira edição do projeto em

2009.

O projeto abriu novos rumos para os cursos do IdA/UnB na medida em que alargou

fronteiras visando um ensino mais diversificado e que conscientizasse os sujeitos acerca de seus papéis

no mundo e suas variadas possibilidades de escolha. Assim, buscou uma educação para a vida e para a

satisfação pessoal e coletiva dxs envolvidxs – dentro de si mesmo, de sua casa, sua escola e da rua; de

tudo aquilo que é si e se estende para além de si. Freire (1987) afirmou inúmeras vezes que a educação

transforma e gera conscientização, e assim gera sentido para as pessoas. Buscar estes sentidos é o

grande e antigo desafio de toda e qualquer forma de educação.

1 Capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco, referente

ao relato das estudantes: Ana Carolina Lima; Andressa Urtiga Moreira; Clara Braga de Oliveira e Silva; Jordana

Timotheo Machado; Maria Eugênia Matricardi; Tauana Macedo de Britto Pereira e Parreiras, integrantes do

Programa Prodocência e do Projeto Arte/Fatos: narrativas da cultura visual na escola.

Page 23: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

“Clara, conta para Jordana como foi!? Espera que a Andressa também quer ouvir!”

O Arte/Fatos foi uma experiência enriquecedora tanto na questão de crescimento

profissional, quanto na questão de adquirir novos conhecimentos dentro da minha própria área de

estudo. No que diz respeito à formação profissional eu faço uma comparação com a matéria de

estágio supervisionado que comecei a cursar logo após a experiência no Arte/Fatos. Durante o

estágio, vi que o fato de já ter tido o primeiro contato prático no contexto escolar via projeto me

ajudou muito mais a me entender como professora do que as experiências proporcionadas pelo

estágio propriamente dito.

Já na questão de conhecimento a serem adquiridos, nós do projeto Arte/Fatos nos deparamos

com o desafio de trabalhar cultura visual e os temas transversais, que por serem assuntos muito

recentes exigiram uma pesquisa considerável da nossa parte. O mesmo aconteceu quanto à linguagem

da fotonovela, que apesar de bem antiga, atualmente é raro encontrar esse tipo de produção , motivo

que também exigiu da gente bastante pesquisa para que entendêssemos bem o que foram as

fotonovelas e conseguíssemos passar isso para alunos de sétima série da forma mais clara possível. A

partir do momento que entendemos a fotonovela, pensamos em formas de usar as tecnologias de

informação e comunicação para que os alunos pudessem produzir suas próprias fotonovelas.

Todos esses trabalhos foram facilitados por um fator que foi o trabalho em grupo. Como

tínhamos duas reuniões semanais na UnB para discutir os temas e formas de trabalhá-los em sala de

aula e uma reunião na escola junto com os alunos, onde colocávamos em prática o que tínhamos

decidido, estávamos constantemente discutindo esses conceitos, aprimorando as formas de trabalho e

aprendendo a nos organizar em sala sem que a nossa presença lá acabasse atrapalhando a discussão

e o pensamento dos alunos. E no final eu senti que esse trabalho em grupo me deu mais segurança,

com certeza se eu tivesse que desenvolver esse mesmo trabalho sozinha, ele não teria tido a mesma

qualidade que teve.

Outro grande aprendizado que eu tive e que com certeza fará toda diferença quando eu

assumir o papel de professora, foi sempre ter a presença de uma professora orientadora

supervisionando o que nós estávamos fazendo e ao final de cada aula ela sentava com a gente para

apontar os erros e acertos, os pontos positivos e negativos do que havíamos feito, sem contar o

próprio feedback das outras alunas que estavam dando a aula conosco e já conseguiam observar

alguns pontos importantes para todas nós.

Além desses feedbacks que nos fizeram ir melhorando a cada aula dada, tivemos que

enfrentar algumas dificuldades que acabaram por nos mostrar que nem sempre as aulas saem da

forma como estava no planejamento de aula, ou melhor, quase nunca. Os planos de aula tiveram que

ser refeitos várias vezes por diversos motivos. O primeiro motivo foi o fato de termos que trabalhar no

contra turno, para participar do projeto os alunos ficavam direto na escolai sem direito a almoço, e

como não tinham dinheiro para almoçar lá toda segunda começaram a desistir do projeto ou a não

ter uma boa freqüência, o que também acontecia pelo fato do projeto não ser obrigatório e não dar

nota.

Essa dificuldade com a freqüência nos causou uma outra dificuldade que foi a de dar

continuidade aos exercícios que haviam sido feitos na aula anterior, então aprendemos a nos

organizar melhor no tempo que tínhamos para que todos os exercícios fossem começados e concluídos

na mesma aula. E o outro fator que atrapalhou uma continuidade foram as várias aulas que perdemos

por conta de greve de ônibus, paralização de professores e principalmente jogos da Copa do Mundo.

Todos esses fatores que não são raros de acontecer e que com certeza não foi a última vez que

tivemos que lidar com isso.

Durante todo o percurso do projeto, esses empecilhos nos assustaram bastante e chegamos a

pensar que não conseguiríamos chegar a conclusão que tínhamos planejado, mas depois de refazer

várias vezes os planos e repensar as atividades, finalmente vimos o trabalho caminhar e chegar ao fim

Page 24: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

que foi a produção do artefato final, uma fotonovela sobre bullying, produzida pelas duas alunas que

ficaram no projeto até o fim, com fotos produzidas na própria escola e trabalhadas no GIMP

E você Tauana? Conta para gente como foi?

Nos quase dois anos que participei do projeto arte/fatos tive experiências diversas, repletas de

alegrias e frustações, todas componetes do meu aprendizado. Já tinha percebido que a motivação

para a prática docente é composta, principalmente, daquilo que ainda pode ser feito e de pequenas

preciosidades carinhosamente armazenadas. No decorrer do projeto comprovei novamente que os

sucessos devem ser guardados para dar força nos momentos de frustração e que, por mais que um

objetivo tenha sido alcançado apenas parcialmente, o que foi feito deve ser valorizado. Não só para

nós, na verdade menos para nós, e mais para xsii estudantes que precisam ver o próprio percurso para

valorizar seus esforços, para se perceberem capazes de dar sentido ao que é

produzido/discutido/questionado/alcançado.

O blog se mostrou uma ferramenta bastante interessante nesse sentido, podendo ser usado

como portfólio coletivo da turma e espaço de interação extra-escolar entre estudantes. Foi visível a

satisfação da turma ao ver o blog no ano de 2009, coisa que em 2010 não funcionou da mesma forma.

Isso porque os freqüentes problemas que tivemos em 2010 e quantidade de estudantes que

permaneceu no projeto fez com que não conseguíssemos trabalhar tudo o que queríamos e o blog

acabou sendo construído por nós, bolsistas. Isso demonstra como é importante que elxs se envolvam

nesse processo, participando ativamente, afinal costumamos valorizar mais aquilo que é feito com

nossas próprias mão, não é?

Durante o projeto também tive a oportunidade de me aproximar mais da proposição

pedagógica que mais tem me cativado nos últimos tempos: a Educação em Cultura Visual. O estudo

desta e possibilidade de utilização em sala abriu um universo de possibilidades pedagógicas para

mim além de ter me permitido exercitar algumas habilidades necessárias para a prática docente,

como, por exemplo, a forma de mediar uma discussão, de dividir a turma em grupos, de passar

instruções de uma atividade ou de priorizar as falas e contribuições do grupo ao invés de passar um

monte de informações que talvez não lhes diga muita coisa. O estudo teórico-prático da Educação em

Cultura Visual que o projeto proporcionou me levou ainda a prestar maior atenção em questões

identitárias, especialmente às ligadas à raça, gênero, sexualidade e classe, sob uma perspectiva

transdisciplinar e não-hegemônica. Em outras palavras, estou mais atenta às relações de poder na

sociedade e nas representações e tenho mais elementos para instigar análises críticas dxs estudantes

sobre artefatos culturais que nos cercam.

A fotografia de celular também foi um recurso interessante que, junto com a reflexão teórica,

trouxe a atenção para elementos cotidianos. Isso não quer dizer que trabalhos artísticos de outros

períodos sejam desprezados, apenas são vistos levando em conta o contexto da época em que foi feito

em relação ao mundo de hoje. Quem aprecia uma obra o faz no presente e não faz sentido tentar fugir

desse fato.

Outro aspecto interessante foi a interação entre pessoas de diferentes departamentos do

Instituto de Artes, o que possibilitou uma troca de conhecimentos que não haveria de outra forma,

apesar da maioria ser de um mesmo departamento. Essa interação contribuiu para uma percepção

mais abrangente da cultura visual e para possibilidades de trabalho sobre e em espaços não tão

determinados, em espaços entre.

Sei que estou ainda no início do meu eterno percurso docente, mesmo que esteja perto de me

formar, mas sem dúvida com o projeto pude avançar alguns passos que poderiam me custar muito

tempo para dar sozinha. As coordenadoras foram essenciais nesse processo e em grande parte

responsáveis pelo crescimento que nós bolsistas tivemos, apontando erros e acertos, indicando

Page 25: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

melhores opções, intervindo vez ou outra durante as aulas para que pudéssemos nos encontrar e

também deixando que agíssemos por conta própria no planejamento e execução das atividades.

Com a palavra a Maria Eugênia

A abordagem de temas de temas transversais em primeiro contato com a turma de estudantes

que participaram do Projeto Arte/Fatos: Narrativas Culturais na Escola edição 2010 foi por via de

imagens. Entendemos que elas exercem um poder de comunicação autônomo, possibilitando um

diálogo crítico-afetivo que aguça a subjetividade e desdobra maiores possibilidades de

interpretações. Portanto, a primeira atividade realizada foi de escolhas e análise de imagens.

Buscamos tocar em temas polêmicos que não costumam ser aprofundados dentro do ambiente escolar,

e não por acaso, levamos fotos de rituais religiosos de origens africanas do Pierre Verger; imagens

de gays, lesbianas e travestis para lidar com a diversidade das sexualidades; Sebastião Salgado com

a estética difícil que aborda a miséria; corpos que não costumam ser veiculados em meios

publicitários como possibilidades de beleza, negrxs e deficientes físicxs... Colocamos todas as

imagens no chão, a horizontalidade conceitual que a cultura visual pode propor, e assim, xs

estudantes foram provocadxs a escolherem uma imagem que gostava e outra que não, depois

argumentariam os motivos. Esta primeira aula nos permitiu conhecer um pouco do que poderia ser

de interesse discursivo, quais eram as dúvidas e possibilidades de intervenções.

Percebo a facilidade de acesso que estudantes universitárixs podem ter ao dialogar acerca de

temas tão difíceis com adolescentes. Saímos a poucos anos do ensino médio, ainda temos este aspecto

jovial, fala cotidiana e informal, estética muito próxima das roupas e dos cabelos esvoaçantes. Temos

uma aproximação de corpos que se identificam conosco. Há respeito, mas a autoridade parece pesar

menos.

Pesquisamos, planejamos aulas e propomos atividades que foram posteriormente

materializadas em meios digitais de divulgação como o blog. Nos acostumamos com a materialidade

do tempo que aprendemos a organizar cada vez de maneira mais eficaz, lidando de forma construtiva

a cada adversidade de calendário tumultuado por greves e copa do mundo. Sempre recebendo

sugestões perspicazes dos olhos treinados e da experiência das coordenadoras do projeto, que, com a

experiência de anos de docência puderam nos auxiliar em nossas falhas.

O teatro foi uma das ferramentas utilizadas para tecermos narrativas e construções de

personagens. Uma das oficinas utilizava a conhecida história dos Três Porquinhos para que xs

estudantes desenvolvessem expressão corporal e síntese da história transcrita em forma de imagens. A

primeira consciência do processo que possibilita a concretização de uma fotonovela. Mostramos

também edições antigas e impressas de fotonovelas explicando seu conceito, o que se aproxima um

pouco da linguagem das histórias em quadrinhos.Outra oficina teatral realizada foi para o

aprofundamento da criação de personagens. Objetos diversos foram espalhados pelo chão. Os

estudantes caminhavam e soltavam o corpo andando em círculo. Quando o jogo terminava, cada um

agarrava um objeto. Dentro desta perspectiva eles pensariam qual seria a história deste objeto, a que

tipo de pessoa ele pertence, e, assim, diriam qual a personalidade desta pessoa, como ela caminha,

fala, a qual lugar pertence. Tivemos extraordinárias surpresas com a criatividade que esta oficina

suscitou: Um mexicano, um velho bêbado de voz agastada que não sabia de onde vinha e um ex-

camelô dançarino de frevo que não tinha uma perna! Diálogos cotidianos, que revelam a

possibilidade de criação e a capacidade destes adolescentes assumirem máscaras sociais sem

preconceitos. Nos deparamos em momentos férteis como estes com a genialidade criativa e o

potencial humano que podem surgir com direcionamento artístico.

Depois destas oficinas teatrais partimos para a feitura da primeira fotonovela manufaturada

pelxs estudantes que recebeu o título de Aki Mudinho. A fotonovela foi baseada numa versão

ressignificada e contemporânea da fábula Chapeuzinho Vermelho (fig.3). Os estudantxs colocaram

Page 26: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

em prática as oficinas de fotografia, reconstruíram as personagens, formataram o layout da revista,

distribuíram tarefas, como editoras, arte finalistas, roteiristas, atrizes, atores, e até mesmo o setor

publicitário da revista. Imprimiram imagens para compor, designaram cada fala readaptando-as com

gírias e situações cotidianas. Podemos perceber já neste trabalho a abordagem de temas como

racismo e pedofilia. E dentro de todo este processo de maturação crítica escolheram o tema da

fotonovela final, discriminação.

Para a confecção da última revista denominada por elxs como Bullyng, xs estudantes

passaram por oficinas de produção de imagens com ferramentas digitais. Utilizamos primeiramente

um software livre disponível na internet, chamado Toondoo. Esta ferramenta possibilita a criação de

tiras de quadrinhos, escolha de cenário, personagens, anexo de fotos para serem editadas com balões

de falas que exprimem sentimentos diversos, criações narrativas. Outro software livre utilizado para

edição de imagens foi o Gimp.

Bullyng reuniu todas as atividades realizadas anteriormente. Interessante perceber como se

transformou em um material pedagógico, que trata de uma violência que ocorre dentro da instituição

escolar diariamente e está presente na vida cotidiana dest@s adolescentes. As piadas agressivas e a

violência física e simbólica foram colocadas de forma crítica, dando-nos a possibilidade de avaliar

como todos os trabalhos efetivados foram importantes no processo de construção de seres humanos

capazes de intervirem na própria realidade por via de debates políticos proporcionados pelo diálogo.

Preconceitos são passíveis de modificações, assim como todos os processos de significações sociais.

Tendo em vista o curto espaço de tempo em que estivemos realizando as atividades, não poderia fazer

uma avaliação pessimista de todo este percurso, independente dos obstáculos que tivemos de superar

durante todo o tempo transcorrido. Esta revista é um material sociológico importante, mostra os

anseios e demandas que aquele grupo social necessita para tecer políticas de combate a violências

sofridas e causadas. Chamamos de conscientes as pessoas que não apenas reconhecem as opressões

que existem, mas que produzem meios para que elas sejam modificadas. Entendo a função docente

como um papel transformador. Não como utopismo cego, mas como possibilidade micropolítica de

intervir na realidade e afetar as pessoas com as quais nós temos a oportunidade de conviver. E,

claramente, também permitir afetar-se, porque não há como transformarmos nada sem o mínimo de

autocrítica.

Andressa tem só mais uma “coisinha” a dizer, antes da gente encerrar!

A experiência no pró-docência foi fundamental para o aprimoramento da minha formação

como arte-educadora. Os aprendizados foram múltiplos, porém, ressalto estes:

Aprender a trabalhar melhor em equipe;

Ter contato com a realidade de uma escola pública do DF e atuar em sala de aula como

“bolsista-professora”;

Trabalhar com outras áreas do conhecimento com focos distintos dos das artes visuais - como

música e artes cênicas;

Aprender a trabalhar com – e não para - os estudantes;

Trabalhar os temas transversais (PCN’s) no contexto da arte/educação;

Utilizar diversos recursos físicos e materiais – muitas vezes negligenciados – a favor do

ensino, como celulares, internet, GIMP (software livre de manipulação de imagens), revistas, etc.;

Pesquisar temas de interesse particular (raça/etnia/cultura popular), podendo contar com o

apoio do grupo (e visse-versa) – elaborando textos (artigos/relatórios/discussões via Moodle e

emails) que propiciaram o amadurecimento das pesquisas individuais e coletivas.

Page 27: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

O que ficou2, segundo o aluno licenciando WASHINGTON AUGUSTO

3:

O enriquecimento que pude obter participando deste projeto é muito significativo para mim.

Assumi diante das adversidades um olhar mais critico e perspicaz, e pude me tornar mais ativo enquanto

pessoa e enquanto futuro educador.

Essa proposta é um meio para que nós, futuros professores, possamos, a partir da observação da

práxis escolar, conhecer a difícil relação entre teorias didáticas e a realidade dentro de sala de aula.

Isso se torna importante na medida em que conseguimos compreender as dificuldades do educador ao

qual acompanhamos, dos próprios alunos e de nós como interventores e agentes de ensino.

Foi uma oportunidade de crescimento muito valiosa que nos ofertou a chance de adquirirmos

conhecimentos pela própria prática, uma coisa eu diria decisiva no alcance de competências necessárias

para que ocorram mudanças realmente significativas na educação. Não se aprende a ser professor

somente com aulas teóricas e palestras.

Um ponto que eu gostaria de chamar atenção é o fato de que se trabalha de uma forma

continuada e dinâmica. Isso realmente dá um diferencial importantíssimo nos objetivos que se almeja

cumprir com o PRODOCÊNCIA.

Na experiência de implantação pudemos ver como o planejamento deve mudar conforme as

necessidades e como foi necessário tomar essa atitude dentro da escola Centrinho.

Nosso maior desafio foi tentar inovar e não repetir o que nós já constatamos como atitudes

inapropriadas para se efetuar um ensino de qualidade. Gostaríamos mesmo que tudo fosse realizado

da melhor forma, porém houve muitos desfalques até que se chegasse ao panorama de hoje.

Depoimento4 da aluna Loraine Borges Guimarães

5

Sou Loraine e atuo junto com Washington Augusto no Centro de Ensino 1 de Planaltina com o

projeto relacionado a SEXUALIDADE.

Participar do PRODOCÊNCIA complementa nossa formação de maneira significativa pelo fato

de estarmos indo à escola vendo realidade do cotidiano escolar, nos faz ter uma visão de como

realmente é ser professor, e a partir da realidade que estamos vivenciando podemos fazer uma

comparação com o que aprendemos nas aulas de didática no curso de licenciatura.

Durante as aulas no curso lemos muitos textos sobre metodologias de ensino e sobre a vida

escolar, mas estes textos nos apresentam uma visão superficial das escolas e que muitas vezes a

realidade é muito diferente, também temos as praticas de ensino, quando temos um breve contato com as

escolas e um período de regência obrigatório. Mas nada comparado a experiência que o

PRODOCÊNCIA nos proporciona, como se inserir no cotidiano escolar, conhecendo todas as

dificuldades, os planejamentos, a indisciplina dos alunos e o desgaste dos professores, mas também as

amizades e os professores que realmente se interessam pelo ensino.

Com o projeto conhecemos de verdade a realidade da profissão que estamos nos formando,

como professores conheceremos todas as dificuldades existentes e talvez seremos, melhores

profissionais, porque não estaremos iludidos com uma realidade que não existe apresentada nos textos.

Convivemos na escola como professores e ao mesmo tempo como alunos, somos alunos

aprendendo a ser bons professores s professores quando os alunos nos questionam, algo e quando

2 Excerto de capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco.

Capítulo redigido pela Profa. Alice Ribeiro com a colaboração das bolsistas do Prodocência sobre a experiência

dos estudantes de Planaltina no Programa. 3 Estudante de Licenciatura em Ciências Naturais – FUP, integrante do programa Prodocência.

4 Excerto de capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco.

Capítulo redigido pela Profa. Alice Ribeiro com a colaboração das bolsistas do Prodocência sobre a experiência

dos estudantes de Planaltina no Programa. 5 Estudante de Licenciatura em Ciências Naturais – FUP, integrante do programa Prodocência.

Page 28: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

assumimos a sala de aula para colocar o projeto em prática. E isso nos mostra que como professores

precisamos ser criativos e estar sempre se atualizando e principalmente dar atenção ao aluno, parar

para escutar o que ele quer dizer, mesmo que às vezes seja bobagem.

Quem participa do PRODOCÊNCIA possui uma bagagem de experiência diferente de quem só

tem as praticas da licenciatura, nos fazemos nosso tempo com o professor, temos uma interação com

escola que não seria possível num estagio obrigatório, passamos a conhecer os alunos e fazemos parte

do cotidiano deles. Muitas vezes somos os tios, ou os estagiários, mas também o professor, o que é muito

gratificante.

Mas não é só o convívio na escola, somos um grupo dividido em varias escolas, mas que se junta

para ser só um, o grupo PRODOCÊNCIA de Planaltina. Assim caminhamos com a vontade de fazer algo

de bom nas escolas, agimos com liberdade, respeito e amizade. E sempre estamos dispostos para a

escutar as experiências do colega, porque o PRODOCÊNCIA não acontece com o individual, mas com a

contribuição de todos, por isso faz a diferença na formação de quem participa.

Experiência6 da Nayara dos Santos Nogueira

7

Para Nayara a experiência na escola foi riquíssima, excelente oportunidade para se conhecer o

dia-a-dia de uma escola pública real (não a idealizada ensinada nas aulas teóricas dos cursos de

Pedagogia). A estagiária lembra que “claro que a escola é uma referência no Distrito Federal por ter

uma estrutura superior e isso facilitou o trabalho por lá. no entanto, foi bom pois se pode aprender um

trabalho como o feito pela escola é viável em qualquer escola, basta que a direção tenha vontade

pessoal e política”. Segundo Nayara “o bom dessa escola é que todas as professoras e os funcionários

estão acostumados a receber estudantes da universidade e o fazem de braços abertos. Ainda sobre essa

acolhida de estagiários pela escola, Nayara afirma que

Isso é um fator positivo, pois, assim, não há resistências em manter uma estudante dentro da sala de aula durante tanto tempo. Geralmente os professores de lá são informados sobre a presença de universitários e não colocam, na maioria dos casos, nenhum obstáculo em relação à nossa presença. Outro ponto positivo, obviamente é a recepção calorosa das crianças. TODAS gostam do estudante e nos tratam com carinho, tem vinculo mais estreito de amizade e confiança em nós do que nas próprias professores. No meu caso, as acompanhei mais individualmente, pude ouvir conversas mais “secretas”, brincadeiras e formas de estratégia que utilizavam com a professora e comigo.

A partir dessa experiência na escola, Nayara também é capaz de discernir que mesmo sendo

referencia, a escola tem suas limitações.

Percebi que muitas vezes as famílias das crianças, e as vezes até mesmo a direção da escola, não agem de forma a contribuir com o trabalho da professora. O que mais me deixou chateada foi perceber o quanto a família empurra a responsabilidade de educar para a escola e se abstém de fazer sua parte, de se comprometer com uma educação de qualidade para seus próprios filhos. Outro aspecto negativo foi perceber o quanto a universidade não dialoga com a prática escolar, parecendo, por vezes, que o que aprendemos na teoria, é demasiadamente utópico e nem sempre nos dá base adequada para atuarmos no espaço escolar.

Nayara, com essa experiência, conseguiu revisitar algumas das disciplinas que cursa (cursou)

na Pedagogia, principalmente as de “Ensino de”. Ela lembra que sabia que na universidade a disciplina

de Metodologia do Ensino de Ciências, assim como outras de “ensino de”, orientavam os alunos a

executar o trabalho em sala de aula. Ela menciona que essas disciplinas são, do seu ponto de vista, as

mais úteis para a formação do pedagogo que deseja atuar em sala de aula. Afirma que gostou de cursar

6 Excerto de capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco.

Capítulo redigido pelos Professores Erika Zimermann e Cristiano Muniz com a colaboração das bolsistas do

Prodocência sobre a experiência dos estudantes de Pedagogia no Programa. 7 Estudante de Pedagogia, integrante do programa Prodocência.

Page 29: Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB

a disciplina de Metodologia de Ensino de Ciências, pois foi uma das poucas em que teve a

oportunidade de elaborar um trabalho que a auxiliou a exercer a atividade docente, pois a obrigou a

pesquisar um tema de ciências, elaborar plano de aula, montar slides, fazer historinha, etc.

Na minha visão Ciências era uma disciplina muito repleta de conceitos formais, prontos, elaborados por pesquisadores experts no assunto. Sempre me vinham à cabeça grandes nomes de cientistas que mudaram a humanidade como Einstein, Newton, Pasteur, mas também pesquisadores como geneticistas, pessoas que viviam em laboratórios fazendo experimentos, descobrindo novos medicamentos, novas substâncias. Claro que atualmente esta é uma imagem que ainda faz parte da minha concepção de Ciências, mas acho que quando se trabalha com crianças, pelo menos na faixa etária com a qual passei a maior parte do tempo, é necessário fazer algo mais simples, mais voltado para as situações o cotidiano, falar do que está mais próximo para depois lidar com conceitos mais elaborados e complexos. No entanto, devo dizer que achei que a disciplina de Metodologia do Ensino de Ciências não seria útil, tinha receio de que, como tantas outras da Universidade, ficariamos teorizando sobre o papel do professor, fazendo críticas á escola, aos professores, à educação e não fornecesse base nenhuma para atuação em sala de aula. Mas felizmente não foi o que aconteceu. Creio que foi uma das poucas disciplinas na qual tivemos que elaborar plano de aula, algo que deveria ser mais frisado em um curso de pedagogia já que será um instrumento útil para minha organização enquanto professora.

Após a experiência do Pró-docência, Nayara se mostra mais madura, mais judiciosa. A gente sai das aulas na universidade cheia de sonhos, pensando que vai

mudar a educação. Claro que ter ideal é importante, mas na realidade não funciona assim. Eu achava que teria um desempenho superior ao que tive. Pensava em me soltar mais, em adquirir domínio de turma, a ter mais autonomia. Eu tinha espaço e credibilidade para isso, mas acho que não aproveitei quanto deveria, justamente por não ser a responsável pela turma. Gostaria de ter sido mais ativa, mais desenvolta e ter proposto coisas inovadoras, dinâmicas, divertidas que favorecessem a aprendizagem dos alunos e ao mesmo tempo ajudasse e agradasse a professora.

Finalmente vale ponderar que Nayara aprendeu bastante. Ela é capaz de reconhecer que nunca

parará de aprender quando diz que “a cada novo ano, nova turma você inevitavelmente aprende mais”.

Entende agora que o que funciona em um ano letivo, com uma turma, em uma determinada escola não

é o que necessariamente funcionará em outros anos e contextos. Para ela ser professor é um desafio,

pois, como afirma, não é fácil lidar com seres humanos, respeitando as diferenças de cada um, o meio

e a situação em que vivem e compreender que cada um aprende de um jeito e a seu tempo. Nayara

assevera que como professora é necessário fazer algo para todos, mas que leve em consideração a

individualidade. Ela entende que esse é maior desafio da profissão e que isso não se aprende dentro

das paredes da universidade, mas na escola real. Para ela, na universidade “fala-se muito sobre, mas

não temos esclarecimento do COMO se faz”.

Depoimento8 do estudante Rafael Duarte

9

Com relação ao desenvolvimento do projeto, as primeiras aproximações às salas de aula

foram, pela minha vivência e interpretação, amedrontadoras. Lidar com tamanha responsabilidade

que é a de ensinar, mesmo quando bem amparado e alheio a muitas outras pressões, me parecia

muito trabalhoso. Entrar em uma sala com mais de vinte adolescentes que ainda estão formando suas

filosofias de vida e fazê-los ir além da própria realidade deles e esperar que participem, critiquem e

indaguem mostrando interesse, o que muitas não ocorre, pode representar uma frustração. O

8 Excerto de artigo produzido para o livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência

em foco, em fase de finalização. 9 Estudante de Licenciatura em Geografia, integrante do Programa Prodocência.

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aprendizado tem valor quando gera confronto e novas descobertas, sendo um grande privilégio para

um docente alcançar a condição de motivador, indo além do que era necessário.

O fato de participar de um projeto que incentiva a docência e ser assistido em sala de aula

tanto pela presença de um já formado professor, quanto pela ajuda “extra-classe” que esse provia

fez-me mais atento as questões que implicam a docência. O envolvimento com os alunos, o medo do

julgamento, a atuação não só como mero veiculador de informações, mas de formador fizeram ver as

interfaces do ensinar de modo mais ameno. Digo que a possibilidade de experimentar, de treinar sem

ainda comprometido inteiramente, como é o caso dos professores em sala de aula, é não só

interessante, mas profundamente necessária.