relatório dos poços de captação de Água cadastrados no município de caxias do sul rs
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Poços de captação Caxias do SulTRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS
INSTITUTO DE PESQUISAS HIDRÁULICAS – IPH
CURSO TÉCNICO EM HIDROLOGIA - CTH
JOÃO BATISTA BARCELOS DA SILVA, NEWTON MARTINS KRUCINSK
RELATÓRIO DOS POÇOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA CADASTRADOS NO
MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL - RS
PORTO ALEGRE
SETEMBRO DE 2015
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JOÃO BATISTA BARCELOS DA SILVA, NEWTON MARTINS KRUCINSK
RELATÓRIO DOS POÇOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA CADASTRADOS NO
MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL - RS
Relatório apresentado como requisito parcial para a disciplina de Hidrogeologia, do Curso Técnico em Hidrologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Professor: Pedro Antônio Roehe Reginato
PORTO ALEGRE
SETEMBRO DE 2015
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RESUMO
Este trabalho apresenta o levantamento dos poços de captação de água, instalados no município de Caxias do Sul – RS, cadastrados no Sistema de Informações de Águas subterrâneas - SIAGAS; especificando as suas características construtivas, geológicas, hidrogeológicas e químicas. Palavras chave: Poços de captação de água, Águas subterrâneas, SIAGAS.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................. 6
2.1 CICLO HIDROLÓGICO E ÁGUA SUBTERRÂNEA .................................................................... 6
2.2 AQUÍFEROS .................................................................................................................................... 7
2.3 ÁREAS DE ABASTECIMENTO E DESCARGA DE UM AQUÍFERO ........................................ 9
2.4 FUNÇÃO DE UM AQUÍFERO ..................................................................................................... 10
3 OBJETIVOS .................................................................................................................................... ..12
4 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA .................................................................... 13
4.1 CLIMA DA REGIÃO ..................................................................................................................... 13
4.2 FORMAÇÃO GEOLÓGICA .......................................................................................................... 15
5 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................... 17
5.1SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS SIAGAS ................................ 17
6 RESULTADOS .................................................................................................................................. 18
6.1 DETALHES CONSTRUTIVOS ..................................................................................................... 20
6.2PARÂMETROS ESTATÍSTICOS ................................................................................................. 23
7 CONCLUSÕES .................................................................................................................................. 25
8 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 26
1 INTRODUÇÃO
Dentre os recursos naturais explorados pelo homem, sem dúvida a água é o mais
importante, sendo indispensável à manutenção da vida na forma como conhecemos. Em
termos gerais o uso da água envolve as atividades humanas em seu todo, podendo ser
usada para consumo ou como insumo em algum processo produtivo. No entanto, a água
não é um recurso inesgotável, e caso seu uso não obedeça a uma forma racional, as
consequências serão catastróficas.
Pode-se considerar então que é de suma importância o gerenciamento deste
recurso, e para que seja possível fazê-lo é necessário conhecer todas as informações
pertinentes a ele, sejam elas quantitativas e qualitativas. Uma ferramenta muito útil para
o estudo da utilização das águas no Brasil é o Sistema de Informações de Águas
Subterrâneas (SIAGAS), um banco de dados dos poços de captação de águas
subterrâneas, cadastrados, constantemente atualizado, que é mantido pelo Serviço
Geológico do Brasil (SGB).
Através dos dados contidos no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas,
pode-se conhecer como ocorre a captação de águas subterrâneas em uma região de
interesse; conhecer detalhes da geologia da região em questão, localização dos poços
cadastrados, detalhes construtivos, valores de vazão e outros parâmetros.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A seguir são apresentados alguns conceitos fundamentais ao tema abordado
neste trabalho, visando dar o devido embasamento teórico.
2.1 Ciclo hidrológico e água subterrânea
Dá-se o nome de ciclo hidrológico, ao conjunto de transformações que a água
sofre constantemente na atmosfera terrestre, tendo o Sol como principal fonte de
energia, através de sua radiação, e o campo gravitacional terrestre como a principal
força atuante.
A radiação solar fornece energia para que a água na forma líquida passe a forma
gasosa, nos oceanos ocorre apenas evaporação já nos continentes temos a evaporação
das águas livres e a transpiração dos seres vivos, chamado de evapotranspiração. O
produto resultante destes dois últimos processos se acumula na atmosfera, formando as
nuvens, estas se movimentam distribuindo a água na atmosfera. Parte da água que
evaporou passa novamente ao estado líquido, precipitando-se através da chuva ou neve
sobre os continentes. Esse processo natural fornece o excesso de água aos continentes,
onde parte dela se infiltra no solo e outra parte escoa, promovendo o intemperismo de
rochas e a erosão, cujos materiais resultantes são transportados para os oceanos.
Segundo Aparício (1992, p. 17) como todo ciclo, o ciclo hidrológico não tem
início nem fim, e sua descrição pode se iniciar em qualquer ponto.
Figura 1 - Ciclo hidrológico
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O processo de evapotranspiração ocorre no topo da zona não saturada, ou seja,
na zona onde os espaços entre as partículas de solo contêm tanto ar como água. Já a
água que continua a infiltrar-se, atinge a zona saturada, entra na circulação subterrânea e
contribui para um aumento da água armazenada. O topo da zona saturada corresponde
ao nível freático. No entanto, a água subterrânea pode ressurgir à superfície (nascentes)
e alimentar as linhas de água ou ser descarregada diretamente no oceano.
A quantidade de água e a velocidade com que ela circula nas diferentes fases do
ciclo hidrológico são influenciadas por diversos fatores como, por exemplo, a cobertura
vegetal, altitude, topografia, temperatura, tipo de solo e geologia.
2.2 Aquíferos
Aquíferos são formações ou camadas geológicas que contêm a água no seu
interior (zona saturada) em quantidade suficiente para permitir o seu aproveitamento
econômico. Assim, uma unidade geológica será considerada um aquífero quando,
possuindo poros cheios de água, permitir que a água se escoe pelos espaços
intergranulares até poços ou fontes, com uma vazão de saída capaz de, por exemplo,
suprir o abastecimento de água de uma comunidade.
Em geral, os aquíferos podem ser classificados como freáticos e artesianos. Os
aquíferos freáticos originam-se das águas de chuva que se infiltram através das camadas
permeáveis do terreno até encontrar uma camada impermeável. Saturando as camadas
porosas logo acima, a água pode permanecer em repouso ou deslocar-se, de acordo com
a configuração geométrica do terreno. Nos aquíferos freáticos, também chamados
aquíferos livres, a água que enche os poros da formação geológica na região que se situa
no topo da parte saturada está submetida à pressão atmosférica (Figura 2). Assim, tudo
se passa como se a água estivesse ocupando um reservatório aberto. Pode ocorrer ainda,
a formação de um aquífero ou lençol suspenso, quando uma formação impermeável
aparece entre a zona saturada e a superfície do terreno, dando origem à retenção de
águas de infiltração acima desta formação.
Para qualquer camada que se considere dentro do aquífero freático, a carga
hidráulica na mesma será igual à profundidade medida a partir do nível estático (nível
freático). Assim, quando um poço é perfurado num aquífero freático, o nível d’água
dentro dele atingirá o nível estático do aquífero. O poço que retira a água do lençol
freático é dito poço freático
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Os poços freáticos são normalmente escavados. Em geral, são rasos e de grandes
diâmetros: as profundidades compreendidas entre 3 e 20 metros e os diâmetros entre 1 e
2 metros, possuindo pequena vazão e sendo utilizados apenas para o consumo humano
ou uso doméstico. Embora a água possa ser de boa qualidade, há inúmeros registros de
ocorrência de água salobra e, mesmo, contaminada.
Figura 2- Representação aquífero
Já o aquífero confinado ocorre quando se situa entre camadas impermeáveis. Em
consequência, os aquíferos confinados têm a água submetida à pressão superior à
atmosférica. Nestes, a água provém, geralmente, de infiltrações distantes, ocorridas em
regiões de cotas mais elevadas (brejos, lagos, rios, chuva ou neve nas serras, etc.).
Os poços que retiram água de um aquífero artesiano são chamados de poços
artesianos. Nestes, a água ascende até atingir o nível da linha piezométrica. Se a
piezométrica estiver acima do terreno, a água jorrará (poço jorrante). Caso contrário,
estando a piezométrica abaixo do nível do terreno, a água não jorrará. Para alguns, o
poço é considerado artesiano apenas quando ele jorra e, sendo não jorrante, ele seria
caracterizado como "semiartesiano”.
O lençol artesiano é alcançado por meio de poços tubulares, que têm pequeno
diâmetro (geralmente entre 6 e 10 polegadas), podendo estar a pequenas profundidades
(algumas dezenas de metros) ou a grandes profundidades (até centenas de metros). Ao
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se fazer uma perfuração, podem ser encontrados vários lençóis sobrepostos, com
distintas capacidades de armazenamento e diferentes qualidades da água. Quando se
atinge um rico lençol artesiano, a água normalmente é suficiente para o abastecimento
de bairros residenciais e/ou indústrias e, até mesmo, para uso na irrigação. Em geral
essa água é de boa qualidade, embora, nos casos de poços profundos, possa apresentar-
se como salobra.
Os poros que formam um aquífero, em seu conjunto, se comportam ora como
um reservatório, ora como um conduto que transporta a água entre dois pontos
submetidos a um gradiente hidráulico. A água contida num aquífero se desloca,
consequentemente, em condições de escoamento hidráulico semelhantes às de um
“reservatório em marcha”.
A eficiência de um aquífero como fonte de suprimento de água depende de
propriedades intimamente ligadas às duas funções que ele desempenha. As propriedades
relacionadas com a capacidade de reservação são a porosidade e a produção específica
(ou suprimento específico), enquanto as propriedades associadas à função de condução
da água são a condutividade hidráulica (ou permeabilidade) e a transmissividade. Em
condições de atmosfera padrão o peso específico da água é de 10000 N/m³. Como a
densidade é um valor referente a uma relação entre dois valores; ela é um valor
adimensional.
2.3 Áreas de reabastecimento e descarga de um aquífero
Um aquífero apresenta uma reserva permanente de água e uma reserva ativa ou
reguladora que são continuamente abastecidas através da infiltração da chuva e de
outras fontes subterrâneas. As reservas reguladoras ou ativas correspondem ao
escoamento de base dos rios. A área por onde ocorre o abastecimento do aquífero é
chamada zona de recarga, que pode ser direta ou indireta. O escoamento de parte da
água do aquífero ocorre na zona de descarga.
Zona de recarga direta: é aquela onde as águas da chuva se infiltram diretamente
no aquífero, através de suas áreas de afloramento e fissuras de rochas sobrejacentes.
Sendo assim, a recarga sempre é direta nos aquíferos livres, ocorrendo em toda a
superfície acima do lençol freático. Nos aquíferos confinados, o reabastecimento ocorre
preferencialmente nos locais onde a formação portadora de água aflora à superfície.
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Zona de recarga indireta: são aquelas onde o reabastecimento do aquífero se dá a
partir da drenagem (filtração vertical) superficial das águas e do fluxo subterrâneo
indireto, ao longo do pacote confinante sobrejacente, nas áreas onde a carga
potenciométrica favorece os fluxos descendentes.
Zona de descarga: é aquela por onde as águas emergem do sistema, alimentando
rios e jorrando com pressão por poços artesianos.
Sob condições naturais, apenas uma parcela dessas reservas reguladoras é
passível de exploração, constituindo o potencial ou reserva explorável. Em geral, esta
parcela é calculada entre 25% e 50% das reservas reguladoras, e esse volume de
exploração pode aumentar em função das condições de ocorrência e recarga, bem como
dos meios técnicos e financeiros disponíveis, considerando que a soma das extrações
com as descargas naturais do aquífero para rios e oceano, não pode ser superior à
recarga natural do aquífero.
2.4 Função de um aquífero
Além de suprir água suficiente para manter os cursos de águas superficiais
estáveis (função de produção), os aquíferos também ajudam a evitar seu
transbordamento, absorvendo o excesso da água da chuva intensa (função de
regularização).
Os aquíferos também proporcionam uma forma de armazenar água doce sem
muita perda pela evaporação, especialmente em regiões propensas à seca, onde essas
perdas podem ser extremamente altas. Os pântanos, habitats importantes para as aves,
peixes e outras formas de vida silvestre, nutrem-se, normalmente, de água subterrânea,
onde o lençol freático aflora à superfície em ritmo constante. Onde há muita exaustão de
água subterrânea, o resultado é, frequentemente, leitos secos de rios e pântanos
ressecados.
Portanto, podemos citar como funções de um aquífero:
� Função de produção: corresponde à sua função mais tradicional de produção de água
para o consumo humano, industrial ou irrigação.
� Função de estocagem e regularização: utilização do aquífero para estocar excedentes
de água que ocorrem durante as enchentes dos rios, correspondentes à capacidade
máxima das estações de tratamento durante os períodos de demanda baixa, ou
referentes ao reuso de efluentes domésticos e/ ou industriais.
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� Função de filtro: corresponde à utilização da capacidade filtrante e de depuração
bio-geoquímica do maciço natural permeável. Para isso, são implantados poços a
distâncias adequadas de rios perenes, lagoas, lagos ou reservatórios, para extrair
água naturalmente clarificada e purificada, reduzindo substancialmente os custos
dos processos convencionais de tratamento.
� Função ambiental: a hidrogeologia evoluiu de enfoque naturalista tradicional
(década de 40) para hidráulico quantitativo até a década de 60. A partir daí,
desenvolveu-se a hidroquímica, em razão da utilização intensa de insumos químicos
nas áreas urbanas, indústrias e nas atividades agrícolas. Na década de 80 surgiu a
necessidade de uma abordagem multidisciplinar integrada da geohidrologia
ambiental.
� Função transporte: o aquífero é utilizado como um sistema de transporte de água
entre zonas de recarga artificial ou natural e áreas de extração excessiva.
� Função estratégica: a água contida em um aquífero foi acumulada durante muitos
anos ou até séculos e é uma reserva estratégica para épocas de pouca ou nenhuma
chuva. O gerenciamento integrado das águas superficiais e subterrâneas de áreas
metropolitanas, inclusive mediante práticas de recarga artificial com excedentes da
capacidade das estações de tratamento, os quais ocorrem durante os períodos de
menor consumo, com infiltração de águas pluviais e esgotos tratados, originam
grandes volumes hídricos. Esses poderão ser bombeados para atender o consumo
essencial nos picos sazonais de demanda, nos períodos de escassez relativa e em
situações de emergência resultantes de acidentes naturais, como avalanches,
enchentes e outros tipos de acidentes que reduzem a capacidade do sistema básico
de água da metrópole em questão.
� Função energética: utilização de água subterrânea aquecida pelo gradiente geotermal
como fonte de energia elétrica ou termal.
� Função mantenedora: mantém o fluxo de base dos rios.
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3 OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento dos poços cadastrados no
Sistema de Informações de Águas Subterrâneas SIAGAS, localizados na região do
município de Caxias do Sul. Visando a elaboração de um relatório que aponte as
principais características dos poços lá construídos, representando a localização espacial
dos mesmos, fornecendo um perfil da geologia da região onde estão instalados, dos seus
detalhes construtivos e seus valores de vazão.
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4 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
A região abrangida pelo inventário relatado neste trabalho de pesquisa, é a
região do município de Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul. Localizado a
125km da capital Porto Alegre, Caxias do Sul está localizada a 782m de altitude sobre
as coordenadas geográficas 29°10’04” Sul e 51º10’46” Oeste.
Figura 3 - Localização
O município apresenta uma área territorial de 1.644,296 Km² e tem por
municípios vizinhos as cidades de Flores da Cunha, Farroupilha, São Marcos, Nova
Petrópolis, Gramado; Vale Real, Canela, Monte Alegre dos Campos e São Francisco de
Paula. Sua população é de 435.564, dos quais 419.406 (96,3%) ocupam a área urbana e
apenas 16.158 (3,7%) a área rural, segundo o Censo de 2010.
4.1 Clima da região
O clima de Caxias do Sul é temperado (Cfb/temperado úmido com verão
temperado), com verões amenos e invernos relativamente frios, com geadas frequentes,
muitas de forte intensidade, e nevadas ocasionais. Em quase todos os anos a neve se faz
presente, embora em quantidades geralmente muito pequenas. Porém, precipitações
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abundantes de neve, com acumulações consideráveis no solo, já foram vistas em várias
ocasiões.
A temperatura média anual do município é de 16,3°C. Os meses mais quentes
são janeiro e fevereiro com média de 21°C, enquanto os meses mais frios são junho e
julho, com média de 12°C. Quanto às precipitações, a média climatológica anual é de
1.915mm, estando o município na área mais chuvosa do estado do Rio Grande do Sul.
As precipitações são regularmente distribuídas durante o ano. O mês mais chuvoso é
março, com média de 205mm, e o mês menos chuvoso é o de maio, com média de
109mm.
Analisando o balanço hídrico provido pela Embrapa, com uma série de dados
que compreende os anos de 1961 a 1990, pode-se obter as médias mensais de
evapotranspirações, do excedente e do déficit hídrico, conforme apresentados na tabela
1 e no gráfico a seguir. Considerando estes dados nota-se que não ocorre déficit hídrico
na região.
Mês T (C°)
P (mm)
ETP ARM (mm)
ETR (mm)
DEF (mm)
EXC (mm)
Jan 20,6 146 103 100 103 0 43
Fev 20,7 152 94 100 94 0 58
Mar 19,2 205 87 100 87 0 118
Abr 16,3 132 59 100 59 0 73
Mai 13,9 109 44 100 44 0 65
Jun 12,1 153 32 100 32 0 121
Jul 12,4 154 34 100 34 0 120
Ago 12,7 178 37 100 37 0 141
Set 14,2 204 46 100 46 0 158
Out 15,9 173 62 100 62 0 111
Nov 18,0 140 78 100 78 0 62
Dez 19,6 169 97 100 97 0 72
TOTAIS 195,6 1.915 771 1.200 771 0 1.144
MÉDIAS 16,3 160 64 100 64 0 95
Tabela 1 – Dados climáticos Caxias do Sul 1961 – 1990 /Fonte: INMET
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Em anos recentes, as nevadas mais significativas em Caxias do Sul, ocorreram
em 1990, 1994, 1999, 2000, e 2006. No ano 2000, a temperatura mínima chegou a -
4,4ºC, sendo uma das mais baixas dos últimos anos. Entretanto, temperaturas ainda mais
baixas do que essa foram registradas diversas vezes no passado, sendo que em todos os
anos, a cidade, registra nos meses de outono e inverno, numerosas geadas e vários dias
com temperaturas mínimas negativas ou próximas de zero, e máximas que, muitas
vezes, podem ser menores que 10º C.
4.2 Formação Geológica
No município de Caxias do Sul, afloram rochas vulcânicas, ácidas e básicas
pertencentes à formação Serra Geral e arenitos da formação Botucatu, bem como
depósitos recentes de tálus e colúvios. Segundo Reginato (2003) a região é caracterizada
por uma sequência de rochas vulcânicas ácidas e básicas dispostas em nove derrames
principais. As rochas básicas são do tipo Gramado, representadas por basaltos e
constituem seis derrames de lavas principais (a estruturação primária consiste de zonas
maciças, de disjunção vertical e por zonas vesiculares a amigdalóides intercaladas por
brechas XIV Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas 4 vulcânicas). Já as rochas
ácidas são do tipo Palmas, caracterizadas pela presença de riodacitos, dacitos, riolitos e
vidros vulcânicos e formam três derrames principais (a estruturação primária é marcada
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por zonas basais, de disjunção horizontal, zonas vesiculares a amigdalóides e de brechas
vulcânicas).
Reginato (2003) também evidenciou a presença de um forte controle tectônico,
marcada pela atuação de dois campos tensionais principais (o primeiro campo tensional
tem direção de compressão σ1 horizontal de orientação 082º e uma direção de tração σ3
horizontal de orientação 352º; o segundo campo possui orientação de compressão σ1
igual a 174º e uma direção de tração igual a 264º), que foram responsáveis pela geração
das estruturas tectônicas existentes na área. As estruturas tectônicas passam a ser o
principal condicionante dos aquíferos fraturados, sendo que as estruturas primárias
apresentam um grau de importância mais reduzido, visto que as condições de circulação
e armazenamento de água são mais restritas.
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5 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho de pesquisa foi desenvolvido a partir das informações contidas no
banco de dados do Sistema de Informações de Águas Subterrâneas SIAGAS.
Especificada a região de interesse, selecionou-se os dados pertinentes a pesquisa e
gerou-se um relatório no formato .xls, pode-se determinar as médias obtidas e
estabelecer um perfil que melhor descreve-se a captação de água subterrânea na região.
Lembrando que este levantamento engloba apenas os poços tubulares cadastrados.
5.1 Sistema de informações de águas subterrâneas SIAGAS
O SIAGAS é um sistema de informações de águas subterrâneas desenvolvido
pelo Serviço Geológico do Brasil SGB, que é composto por uma base de dados de
poços, permanentemente atualizada, e de módulos capazes de realizar consultas,
pesquisas, extração e geração relatórios. O SIAGAS desenvolvido e mantido pelo SGB,
a partir do mapeamento e pesquisa hidrogeológica em todo o país, permite a gestão
adequada da informação hidrogeológica e a sua integração com outros sistemas.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH, através da Moção N. 038,
de 7 de dezembro de 2006, recomendou a adoção do SIAGAS, pelos órgãos gestores
estaduais, Secretarias dos Governos Estaduais, Agência Nacional de Águas - ANA e
Usuários dos Recursos Hídricos Subterrâneos, como base nacional compartilhada para
armazenagem, manuseio, intercâmbio e difusão de informações sobre águas
subterrâneas.
As informações contidas no SIAGAS estão disponíveis a todos os tipos de
usuários, sejam eles estudantes, pesquisadores, perfuradores de poços, gestores e
profissionais que lidem com recursos hídricos e meio ambiente.
O SIAGAS WEB foi concebido e executado em conformidade com as diretrizes
do e-GOV Brasil e com as recomendações e objetivos de interoperabilidade da
arquitetura e-PING, de modo a facilitar o intercâmbio de informações entre os sistemas
do governo federal, bem como com outros sistemas existentes em instituições nacionais
e internacionais. Por conseguinte, ele é totalmente constituído por softwares livres.
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6 RESULTADOS
A cidade de Caxias do Sul apresentou um total de 119 poços cadastrados no
sistema SIAGAS. São 119 poços tubulares distribuídos conforme mostra a figura
abaixo:
Figura 4 - Distribuição dos poços tubulares em Caxias do Sul
As informações referentes ao tipo de uso, e qualidade da água captada não foram
suficientes para uma análise mais aprofundada, assim como também não é especificado
quantos poços se localizam na zona urbana e na zona rural. Analisando os pontos no
mapa acima podemos concluir que a maioria dos poços está entre a zona urbana e seus
arredores.
A tabela a seguir mostra os dados referentes aos 25 poços que apresentam
maiores valores de vazão:
Ponto
Data Perfuração Diam. boca (mm)
Penetração Condição Captação Profundidade final
Bombeamento Nível dinâmico
Nível estático
Vazão especifica
Vazão estabilizada
4300022264 26/03/2005 Rotopneumatico 101,6 Total Confinado Simultânea 102 Bomba submersa 48,96 18,9 1,464 44
4300023175 09/04/1999 Rotopneumatico 152,4 Total Confinado Simultânea 82 Bomba submersa 53,7 1,7 0,692 36
4300023179 24/06/2000 Rotopneumatico 152,4 Total Confinado Simultânea 106 Bomba submersa 18,34 7,8 3,131 33
4300023385 17/09/2002 152,4 Total Confinado Simultânea 146 Bomba submersa 45,93 13,05 0,803 26,4
4300023390 20/09/2002 152,4 Total Confinado Simultânea 81 Bomba submersa 30,4 9,5 1,259 26,31
4300023133 03/04/2001 152,4 Total Confinado Simultânea 82 Bomba submersa 52 30 1,028 22,62
4300022474 23/12/1985 Percussao 152,4 Total Confinado Simultânea 93 Bomba submersa 69 23,93 0,479 21,6
4300023184 23/09/2001 152,4 Total Confinado Simultânea 96 Bomba submersa 53,98 50,72 6,135 20
4300023171 20/06/1998 Rotopneumatico 152,4 Total Confinado Simultânea 88 Bomba submersa 17,17 4,53 1,456 18,41
4300023168 15/06/1998 Rotopneumatico 152,4 Total Confinado Simultânea 100 Bomba submersa 54 5,64 0,372 18
4300022979 29/03/2000 Rotopneumatico 152,4 Total Confinado Simultânea 100 Bomba submersa 33,05 24 1,823 16,5
4300023169 19/06/1998 Roto-percussao 152,4 Total Confinado Simultânea 118 Bomba submersa 62,5 24,86 0,429 16,16
4300009424 19/12/1997 Percussao 254 Parcial Simultânea 150 Bomba submersa 50,44 47,42 5,099 15,4
4300021220 30/12/1993 Percussao 152,4 Parcial Confinado Única 120 Bomba submersa 33,9 26,1 1,718 13,4
4300016791 15/06/1992 152,4 Parcial Única 110 Bomba submersa 83,3 74,5 1,5 13,2
4300009462 30/07/2003 203,2 Parcial Confinado Única 105 Bomba submersa 36,31 3,2 0,399 13,2
4300023388 15/06/1997 165,1 136 Bomba submersa 23,29 6,94 0,801 13,091
4300023359 21/12/1988 Percussao 152,4 Total Confinado Simultânea 41 Bomba submersa 12,43 2,91 1,188 11,31
4300021222 07/08/1994 Percussao 203,2 Parcial Confinado Única 120 Bomba submersa 35,54 26,8 1,247 10,9
4300021226 30/03/1996 Percussao 203,2 Parcial Confinado Única 220 Bomba submersa 42,08 29,68 0,854 10,59
4300009398 21/01/2000 Percussao 203,2 Parcial Única 118 Bomba submersa 34 30 2,618 10,47
4300023134 03/06/1993 152,4 Parcial Livre Única 120 68,33 12,25 0,183 10,28
4300023363 18/04/1984 Percussao 152,4 Total Confinado Simultânea 78,8 Bomba submersa 19,91 3,33 0,605 10,025
4300022814 23/01/1993 Rotopneumatico 152,4 Total Confinado Simultânea 80 Bomba submersa 70,4 3,3 0,149 10
4300022981 05/09/2003 Rotopneumatico 152,4 Total Confinado Simultânea 130 Bomba submersa 36,07 22,92 0,722 9,5
Tabela 2 - Dados individuais dos 25 poços que apresentam maiores vazões
6.1 Detalhes construtivos
O método de perfuração mais usado segundo os dados fornecidos pelo SIAGAS,
foi o método rotopneumático. Método este sabidamente mais adequado a perfuração em
material rochoso, que é o caso na região em questão. Dentre as empresas perfuradoras
de poços destaca-se a empresa Hidrogeo, com mais de trinta poços perfurados, entre os
dados do SIAGAS; também aparecem as empresas Hidropel, Leão Poços Artesianos
LTDA e Brunetto; com menor número de poços.
Devido às características geológicas da região, a grande maioria dos poços não
utiliza pré-filtro nem filtro, por serem perfurados na rocha. Também utilizam pouco
revestimento, geralmente plástico geomecânico ou aço galvanizado. Nas figuras 5 e 6
representa-se os perfis construtivos de dois poços localizados na região de Caxias do
Sul. Abaixo segue alguns detalhes sobre ambos os poços:
Poço nº 4300012477 – Poço tubular instalado na localidade de Monte Berico,
propriedade de Irmãos Amalcaburio, utilizado para abastecimento industrial. Trata-se de
um poço instalado em uma indústria metalúrgica. No tocante aos aspectos construtivos,
é um exemplo que representa bem o que ocorre na região.
Possui um diâmetro de 10” de 0 a 4m de profundidade, apresentando
revestimento em plástico geomecânico, na mesma faixa de profundidade, a partir dos
4m de profundidade o seu diâmetro passa a ser de 6”, não possuindo revestimento nem
filtro. Sua profundidade máxima é de 180m perfurados na rocha basáltica, possui uma
vazão de 6,5m³/h.
Poço nº 4300022264 – Poço tubular instalado na localidade de Rio Branco,
propriedade de Ivan Dante Michelon, utilizado para abastecimento de um restaurante
instalado no local. No tocante aos aspectos construtivos, é uma exceção ao que ocorre
na região de Caxias.
Possui um diâmetro de 10” de 0 a 41m de profundidade, apresentando
revestimento em plástico geomecânico, na mesma faixa de profundidade, a partir dos 41
até os 102m (profundidade máxima do poço) de profundidade o seu diâmetro passa a
ser de 6”,e mesmo sendo um poço perfurado na rocha basáltica, com uma camada de
solo argiloso de 6m de profundidade, ele possui cimentação até os 41,70m e a partir
desta profundidade até o fundo possui pré-filtro. Como mostra a figura 6, este poço
possui cinco filtros montados nas profundidades 45,80 a 58,30m; 62,30 a 66,60m; 70,70
a 74,70m; 78,50 a 82,50m e 88,50 a 96,50m. As entradas de água se dão nas
profundidades 52; 56; e 96m.
Figura 5 - Poço 4300012477
22
Figura 6 - Poço 430002224
6.2 Parâmetros Estatísticos
Tabela 3 - Parâmetros estatísticos dos poços na área de estudo
A profundidade nos 119 poços varia de 28 a 270m, com uma diferença de 242m
entre o mais raso e o mais profundo. Apresenta um histograma de distribuição
percentual com valores mais frequentes entre 80 e 120m, representando mais de 40%
dos casos (Figura 7).
O valor de nível estático varia de 0 a 135m, com uma diferença de 135m entre o
mais raso e o mais profundo. Apresenta um histograma de distribuição percentual com
valores mais frequentes entre 0 e 20m, representando quase 50% dos casos (Figura 8).
O valor de nível dinâmico varia de 2,2 a 185,34m, com uma diferença de
183,14m entre o mais raso e o mais profundo. Apresenta um histograma com valores
mais frequentes entre 20 e 60m, representando quase 40% dos casos (Figura 9).
O valor de vazão varia de 0,2 a 44m³/h, com uma diferença de 43,8m entre o
maior e o menor valor. Apresenta um histograma de distribuição percentual com valores
mais frequentes entre 0,2 e 10m³/h, representando 60% dos casos (Figura 10).
Profundidade
(m)
Nível estático
(m)
Nível dinâmico
(m)
Vazão
(m³/h)
Média 127,795 23,630 65,696 8,662
Desvio padrão 49,381 24,574 41,046 8,074
Coef. Variação (%) 38,641 103,993 62,479 93,213
Máximo 270 135 185,34 44
Mínimo 28 0 2,2 0,2
Nº de dados 118 85 83 85
24
Figura 7
Figura 8
Figura 9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
40 80 120 160 200 240 280
Fre
qü
ên
cia
(%
)
Profundidade (m)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
20 40 60 80 100 120 140
Fre
qü
ên
cia
(%
)
Nível estático (m)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Fre
qü
ên
cia
(%
)
Nível dinâmico (m)
25
Figura 10
7 CONCLUSÕES
Considerando que o objetivo principal deste trabalho era a familiarização com a
ferramenta SIAGAS, pode-se concluir que os dados fornecidos por ele, são de grande
utilidade para a elaboração de um levantamento dos poços cadastradas em uma região
especifica, tanto como para o conhecimento dos seus detalhes construtivos e das
características geológicas do local onde estão instalados.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
10 20 30 40 50
Fre
qü
ên
cia
(%
)
Vazão (m³/h)
26
8 BIBLIOGRAFIA
Norma ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR10719 –
apresentação de relatórios técnicos-científicos. Rio de Janeiro, 2015. 11p
CPRM Serviço Geológico do Brasil, disponível em:
http://siagasweb.cprm.gov.br/layout/pesquisa_complexa.php
Fundamentos de Hidrologia de Superfície. Francisco Javier Aparicio Mijares.
México, D.F. 1992.