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i Farmácia Martins Gonçalo Valongueiro Esteves

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i

Farmácia Martins

Gonçalo Valongueiro Esteves

ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Martins

dezembro de 2017 a fevereiro de 2018

Gonçalo Valongueiro Esteves

Orientadora: Dra. Liliana Araújo

_______________________________________________________________

Tutora FFUP: Prof. Doutora Irene Jesus

____________________________________________________________________

março de 2018

iii

Declaração de integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição.

As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente

indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas

de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio

constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ___ de março de 2018

_______________________________________________________________

iv

Agradecimentos

Antes demais queria agradecer a todos aqueles que contribuíram para o

meu processo de aprendizagem e crescimento durante o meu percurso

académico.

Em primeiro lugar, gostaria de prestar a minha gratidão a toda a equipa

da Farmácia Martins, nomeadamente à Ildix pelas gargalhas e encomendas

atribuladas, ao Paulinho pela boa disposição, à Maria José pelas conversas em

espanhol, à Lena pelos ensinamentos e ao Pedro. Um agradecimento especial

à Dra. Liliana Araújo pela oportunidade e orientação durante os meses de

estágio e ao Dr. Afonso Castro pela simpatia. A todos um obrigado pelo seu

apoio e disponibilidade oferecidos durante o estágio, que em muito

contribuíram para o meu processo de aprendizagem.

À minha tutora de estágio, a professora Dra. Irene Jesus, pelo

esclarecimento de dúvidas que contribuíram para a boa realização deste

relatório.

Aos meus pais e sobretudo à minha irmã Ritinha pelo apoio

incondicional em todos os momentos, pela transmissão de valores, pelo

incentivo, por me ajudarem a lutar por todos os objetivos aos quais me

proponho, pela sua paciência, por me fazerem sempre acreditar que lutar pelo

que está certo vale sempre a pena, pela sua perseverança e por todo o seu

carinho. Ainda gostaria de agradecer ao meu padrinho e aos meus avós por me

fazerem sentir especial, pelo apoio emocional e por sempre acreditarem em

mim.

Aos meus colegas de faculdade, que também foram um grande

elemento de apoio durante o meu percurso académico, e no qual pude

construir amizades que ficaram para toda a minha vida.

v

Resumo

O estágio curricular numa farmácia comunitária resulta na aplicação

prática dos conhecimentos adquiridos ao longo do mestrado integrado em

ciências farmacêuticas.

Este relatório pretende fazer uma descrição da Farmácia Martins, na

qual foi realizado o meu estágio, e das funções que exerci, e ainda das

competências que adquiri nela. Para além disto, também se explica o seu

funcionamento e se sintetizam as atividades realizadas por mim durante os três

meses na referida farmácia.

Numa segunda parte estão representados os casos de estudo

desenvolvidos por mim.

O primeiro projeto foca-se na promoção do uso racional dos antibióticos.

No decorrer deste, realizou-se um inquérito aos utentes da farmácia, assim

como um folheto informativo de forma a elucidá-los acerca do mau uso dos

antibióticos pela sociedade, desmistificado o seu uso incorreto no caso das

gripes e das constipações e alertando também para o fenómeno das

resistências das bactérias aos antibióticos que constitui um problema atual e de

importante relevância na comunidade.

O segundo projeto incide na promoção dos hábitos de sono nos

utentes. Neste seguimento, realizou-se outro inquérito aos utentes e um folheto

informativo, de maneira não só a fomentar os bons hábitos de sono neles,

como também a advertir os mesmos acerca dos efeitos do uso prolongado e

crónico das benzodiazepinas.

vi

Índice de abreviaturas

ANF - Associação Nacional de Farmácias

ARS - Administração Regional de Saúde

BZD – Benzodiazepina

DL – Decreto-Lei

DT - Diretora Técnica

FM - Farmácia Martins

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P.

IMC - Índice de Massa Corporal

ITRS - Infeções do Trato Respiratório Superior

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

OMS - Organização Mundial de Saúde

PVF - Preço de Venda à Farmácia

PVP - Preço de Venda ao Público

RAM - Reações Adversas Medicamentosas

SNS - Serviço Nacional de Saúde

vii

Índice de tabelas

Tabela 1 - Principais diferenças entre uma gripe e uma constipação ..............31

Tabela 2 - Conversão das benzodiazepinas para diazepam 5 mg....................43

Tabela 3 - Descontinuação simples de lorazepam 2,5mg diários.....................44

viii

Índice

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE .......................................................................... III

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... IV

RESUMO ......................................................................................................................... V

ÍNDICE DE ABREVIATURAS .................................................................................... VI

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ VII

PARTE I .......................................................................................................................... 1

1. Introdução .................................................................................................................................. 1

2. Organização da farmácia ......................................................................................................... 2 2.1. Localização e horário de funcionamento ........................................................................ 2 2.2. Perfil dos utentes ................................................................................................................... 2 2.3. Descrição do espaço físico exterior e interior ............................................................... 3

2.3.1. Espaço físico exterior .................................................................................................. 3 2.3.2. Espaço físico interior ................................................................................................... 3

2.3.2.1. Área de atendimento ao público ........................................................................... 4 2.3.2.2. Área de apoio ao atendimento .............................................................................. 4 2.3.2.3. Laboratório ................................................................................................................. 5 2.3.2.4. Zona de receção de encomendas ......................................................................... 5 2.3.2.5. Instalações sanitárias .............................................................................................. 5 2.3.2.6. Gabinete de atendimento personalizado ............................................................ 5 2.3.2.7. Gabinete de direção técnica .................................................................................. 5 2.3.2.8. Área de armazenamento ......................................................................................... 6 2.3.2.9. Biblioteca .................................................................................................................... 6

2.4. Recursos Humanos ............................................................................................................... 6

3. Fontes de informação ............................................................................................................... 7 3.1. Sistemas informáticos .......................................................................................................... 7

4. Dispensa e medicamentos ...................................................................................................... 8 4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) ......................................................... 8 4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) .............................................. 8 4.3. Prescrição médica ................................................................................................................. 9 4.4. Validação da prescrição médica ...................................................................................... 10 4.5. Comparticipação de Medicamentos ................................................................................ 11 4.6. Medicamentos genéricos ................................................................................................... 11 4.7. Preparações Oficiais e Fórmulas Magistrais ................................................................ 11

5. Dispensa de outros produtos farmacêuticos ..................................................................... 13 5.1. Medicamentos homeopáticos ........................................................................................... 13 5.2. Produtos dietéticos e para alimentação especial ........................................................ 13 5.3. Produtos fitoterapêuticos .................................................................................................. 13

ix

5.4. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos .............................................................. 14 5.5. Produtos e medicamentos de uso veterinário ............................................................. 14 5.6. Dispositivos médicos ......................................................................................................... 15

6. Encomendas e Aprovisionamento ....................................................................................... 15 6.1. Gestão de stocks ................................................................................................................. 15 6.2. Fornecedores e realização de encomendas ................................................................. 16 6.3. Receção e conferência de encomendas ........................................................................ 16 6.4. Armazenamento ................................................................................................................... 16 6.5. Sistema de reservas ............................................................................................................ 17 6.6. Marcação de preços ............................................................................................................ 17 6.7. Devoluções ............................................................................................................................ 18 6.8. Irregularidades e reclamações ......................................................................................... 18 6.9. Encomendas diárias ............................................................................................................ 19 6.10. Encomendas instantâneas ............................................................................................ 19 6.11. Encomendas via verde ................................................................................................... 19

7. Legislação especial ................................................................................................................ 20 7.1. Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus ....................... 20 7.2. Estupefacientes e psicotrópicos ..................................................................................... 20

8. Processamento de receituário e faturação ......................................................................... 21

9. Serviços de saúde prestados ao utente .............................................................................. 22 9.1. Determinação de parâmetros bioquímicos ................................................................... 22 9.2. Determinação de peso e altura ......................................................................................... 22 9.3. Avaliação da pressão arterial ........................................................................................... 22 9.4. Teste de gravidez ................................................................................................................. 23 9.5. Aconselhamento farmacêutico......................................................................................... 23 9.6. Administração de injetáveis .............................................................................................. 23 9.7. Farmacovigilância ................................................................................................................ 24 9.8. ValorMed® ............................................................................................................................. 24

PARTE II ....................................................................................................................... 25

a. Caso de estudo 1: Uso racional de antibióticos ................................................................ 25 1. Introdução .................................................................................................................................. 25 2. Constipação e gripe ................................................................................................................. 26

2.1. Constipação ...................................................................................................................... 26 2.1.1. Agentes causadores .............................................................................................. 26 2.1.2. Manifestações clínicas .......................................................................................... 26 2.1.3. Tratamento ................................................................................................................ 26

2.2. Gripe .................................................................................................................................... 28 2.2.1. Agentes causadores .............................................................................................. 28 2.2.2. Manifestações clínicas .......................................................................................... 29 2.2.3. Tratamento ................................................................................................................ 29

2.3. Constipação vs Gripe ..................................................................................................... 31 2.3.1. Complicações associadas à gripe e constipação .......................................... 31 2.3.2. Epidemiologia .......................................................................................................... 32

3. Enquadramento ........................................................................................................................ 33 4. Resultados ................................................................................................................................. 33 5. Discussão e Conclusão .......................................................................................................... 34

x

b. Caso de estudo 2: Hábitos de sono ..................................................................................... 36 1. Introdução e enquadramento ................................................................................................ 36 2. Hábitos de Sono ....................................................................................................................... 37 3. Patologias caracterizadas por distúrbios do sono .......................................................... 39 4. Benzodiazepinas - Mecanismo de ação ............................................................................. 39

4.1. Propriedades farmacológicas das Benzodiazepinas ............................................. 40 4.2. Consumo de Benzodiazepinas ..................................................................................... 40 4.3. Descontinuação das Benzodiazepinas ...................................................................... 41

5. Resultados ................................................................................................................................. 45 6. Discussão e principais conclusões ..................................................................................... 46

CONCLUSÕES FINAIS .............................................................................................. 48

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 49

ANEXOS ....................................................................................................................... 54

A.1. Localização exterior e interior da farmácia......................................................................... 54

A.2. Uso racional dos antibióticos ............................................................................................... 56 A.2.1. Inquérito: Uso racional dos antibióticos ......................................................................... 56 A.2.2. Resultados do inquérito: Uso racional de antibióticos ............................................... 57 A.2.3. Folheto informativo: Uso racional de antibióticos ....................................................... 59

A.3. Hábitos de sono ....................................................................................................................... 60 A.3.1. Inquérito: Hábitos de sono ................................................................................................ 60 A.3.2. Resultados do inquérito: Hábitos de sono .................................................................... 61 A.3.3. Folheto informativo: Hábitos de sono ............................................................................. 63

1

Parte I

1. Introdução

A farmácia comunitária concerne uma parte importante para a formação

de um farmacêutico, pois permite aplicar os conhecimentos teóricos

desenvolvidos ao longo do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e

constitui o maior número de farmacêuticos empregados em Portugal.

A missão de um farmacêutico é muito vasta, é ser vendedor, prestador

de serviços, gestor, conselheiro, amigo e muito mais.

Durante o estágio desempenham-se inúmeras funções, entre as quais o

atendimento ao público, a realização, a receção, a conferência e o

armazenamento de encomendas e a prestação de serviços farmacêuticos

como a medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos, muito importantes

na formação de um farmacêutico. Neste, pretende-se realizar dois casos de

estudo, um sobre o uso racional dos antibióticos e outro sobre os hábitos de

sono dos utentes.

Este relatório está dividido em duas partes. Na primeira destaca-se uma

descrição da Farmácia Martins e do seu funcionamento. A segunda parte está

direcionada para os casos de estudo desenvolvidos ao longo do estágio na

farmácia: o uso racional dos antibióticos e os hábitos de sono. Na sequência

destes, pretende analisar-se a realidade instituída nos utentes da farmácia,

através de inquéritos realizados aos mesmos, extrair as principais conclusões

acerca da informação que os mesmos possuem, e posteriormente disponibilizar

os folhetos informativos para os dotar de mais informação com vias de

melhorar a sua postura perante estas temáticas.

2

2. Organização da farmácia

2.1. Localização e horário de funcionamento

A FM (Farmácia Martins) encontra-se na rua Portas do Anjo, em pleno

centro da cidade de Chaves, o que me permitiu contactar com um variado

número de utentes.

O horário de funcionamento é das 9:00h às 19:00h de segunda-feira a

sexta-feira e das 9:00h às 13:00h aos sábados, encontrando-se encerrada aos

domingos. No entanto permanece aberta 24h por dia de onze em onze dias,

segundo o regime de rotatividade dos dias de serviço estabelecida pela

Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte.

2.2. Perfil dos utentes

Visto que se trata de uma farmácia localizada numa pequena cidade do

interior do país, a maioria dos utentes são adultos/idosos e tendem a ser

habituais procurando maioritariamente uma medicação contínua, o que se

torna necessário estabelecer um aconselhamento mais cuidadoso e

personalizado, no entanto não deixa de ser frequentada por outras faixas

etárias e por outro tipo de utentes que procuram respostas a tratamentos

menores. Para além destes, também me fui apercebendo que alguns utentes

de nacionalidades diferentes, que falavam essencialmente inglês e espanhol

frequentavam a farmácia, devido à cidade de Chaves ser uma cidade histórica,

termal, turística e encontrar-se perto da fronteira com Espanha. Nesta origem,

dei-me conta que havia uma certa dificuldade por parte dos mesmos em

comunicar-se com a equipa da farmácia Martins e mesmo com outras

farmácias da cidade de Chaves. Como eu tenho vindo a desenvolver

competências idiomáticas essencialmente na aprendizagem destes dois

idiomas, tomei a liberdade de colocar na porta principal da farmácia dois

cartazes com as bandeiras do Reino Unido e de Espanha (ilustrados na figura

1 do ANEXO A.1.), para sinalizar que estes dois idiomas eram falados na

farmácia e assim esses utentes tomarem tal conhecimento, e dentro da mesma

3

serem indicados a falar comigo, podendo assim conferir a estes um

atendimento mais esclarecedor.

2.3. Descrição do espaço físico exterior e interior

2.3.1. Espaço físico exterior

O edifício onde se encontra a farmácia é constituído por três andares,

dos quais apenas dois pertencem a esta. A farmácia é de fácil identificação,

pois observando a fachada do edifício pode ler-se um letreiro que tem inscrito

“Farmácia Martins”, ver-se uma “cruz verde” luminosa que passa informação

rotativa nomeadamente das horas e da temperatura no exterior e cinco janelas

iluminadas onde se expõem alguns produtos que são renovados de acordo

com a época sazonal e informações relativas a algumas promoções. Pode-se

entrar na farmácia através de duas portas: a principal, que possui três degraus

e pode ler-se o horário de funcionamento, a farmácia que se encontra de

serviço; e a secundária que se encontra ao nível térreo e possui um corrimão, o

que facilita o acesso a pessoas com mobilidade restrita como idosos,

deficientes motores e crianças. Ainda no exterior da farmácia existe uma

máquina de venda automática de preservativos e uma placa em que está

inscrito o nome, o nome da direção técnica, o número de telefone, o fax e o e-

mail da farmácia. Apenas a alguns metros da porta principal, podem encontrar-

se alguns lugares de estacionamento para os utentes que desejem deslocar-se

de carro para a mesma.

2.3.2. Espaço físico interior

O espaço interior do edifício é composto por dois andares. O rés-do-

chão possui uma área de atendimento ao público, uma área de apoio ao

atendimento, um laboratório, uma zona de receção de encomendas, as

instalações sanitárias e um gabinete de atendimento personalizado, enquanto

que no primeiro andar encontra-se o gabinete de direção técnica, uma área de

armazenamento e uma biblioteca. Todas estas áreas estão devidamente

4

asseadas, organizadas, iluminadas e climatizadas, sendo o edifício equipado

de um sistema de videovigilância.

No ANEXO A.1. podem observar-se fotografias dos espaços referidos

anteriormente.

2.3.2.1. Área de atendimento ao público

Na área de atendimento ao público encontram-se cinco balcões de

atendimento informatizados, onde cada um deles contém um computador, um

sensor de leitura ótica, uma caixa registadora, uma impressora e algumas

gavetas. Possui ainda, alguns lineares onde estão expostos alguns

medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) como são os de

higiene, os produtos de cosmética e dermocosmética, os protetores solares, os

dietéticos, os de alimentação infantil como papas e leites, os preservativos, os

testes de gravidez, algum calçado ortopédico, bengalas e óculos graduados de

leitura. Para além disso, também podemos encontrar um medidor de pressão

arterial e uma balança digital que permite medir a altura, o peso, o índice de

massa corporal e a massa corporal gorda.

2.3.2.2. Área de apoio ao atendimento

A área de apoio ao atendimento possui armários de grandes dimensões

com gavetas deslizantes organizadas por ordem alfabética e crescente de

dosagem onde de um lado estão os medicamentos de marca, como os

comprimidos, os inaladores pressurizados e em pó seco, os cremes, as

pomadas, as cápsulas, as ampolas, os medicamentos para uso retal e vaginal,

os fitoterapêuticos, as gotas nasais, entre outros. De outro lado estão os

xaropes, os estupefacientes, os psicotrópicos, os colírios e os contracetivos

orais. Ainda, noutra prateleira estão os medicamentos genéricos. Os produtos

homeopáticos encontram-se noutro armário bem como os produtos

veterinários. Ainda podemos encontrar alguns expositores com produtos de

venda livre como cosméticos, produtos dietéticos, colutórios, entre outros.

5

2.3.2.3. Laboratório

O laboratório é constituído por uma banca amplamente limpa, uma pia e

todo o material necessário devidamente arrumado para preparar medicamentos

manipulados e preparações extemporâneas.

2.3.2.4. Zona de receção de encomendas

A zona de receção de encomendas permite confirmar o número de

produtos encomendados, verificar os prazos de validade e os respetivos preços

antes de serem colocados nas gavetas para garantir que não houve qualquer

erro. Esta área possui ainda um frigorífico para armazenar os produtos

termolábeis, onde podemos encontrar insulinas, vacinas, medicamentos de uso

veterinário, produtos de uso vaginal e de uso oftalmológico.

2.3.2.5. Instalações sanitárias

As instalações sanitárias contêm um lavatório, uma sanita e um

chuveiro.

2.3.2.6. Gabinete de atendimento personalizado

O gabinete de atendimento personalizado é dirigido para os utentes que

pretendam uma comunicação de carácter mais confidencial e é onde se

prestam alguns serviços, nomeadamente a medição de parâmetros fisiológicos

e bioquímicos como o colesterol, a glicémia, os triglicerídeos, os testes de

gravidez, a medição da pressão arterial manual e onde se administram

injetáveis.

2.3.2.7. Gabinete de direção técnica

O gabinete de direção técnica é dedicado essencialmente a funções de

gestão pela diretora técnica e é onde se realizam algumas das reuniões com

delegados de propaganda médica e vendedores.

6

2.3.2.8. Área de armazenamento

A área de armazenamento possui os produtos em excesso de stock.

2.3.2.9. Biblioteca

Na biblioteca encontram-se vários livros que contem informação

essencial acerca da legislação existente e de alguns medicamentos para poder

ser consultada por todos os elementos da farmácia quando assim o desejarem.

2.4. Recursos Humanos

A FM possui uma equipa dinâmica, organizada, empenhada e dedicada

de sete elementos.

Ao quadro farmacêutico pertence a diretora técnica, a Dra. Liliana Araújo

e a farmacêutica adjunta, a Dra. Catarina Teixeira, ambas licenciadas em

ciências farmacêuticas, conforme o Decreto-Lei (DL) nº 307/2007 de 31 de

agosto [1].

Ao quadro não farmacêutico pertencem os técnicos de farmácia Helena

Morais, Ilda Santos e Paulo Chaves e ainda os técnicos auxiliares João Pedro

Gomes e Maria José Loureiro.

Toda a equipa usa uma bata branca e possui um cartão com o seu nome

e título profissional.

7

3. Fontes de informação

A FM dispõe de diversas fontes de informação que podem ser

consultadas pelos funcionários da farmácia, de maneira a esclarecer algumas

dúvidas pontuais que possam surgir. Em papel pode ler-se o Índice Nacional

Terapêutico, o Prontuário Terapêutico e a Farmacopeia Portuguesa e ainda

com acesso por via wireless à internet, o Resumo das Características do

Medicamento.

3.1. Sistemas informáticos

O sistema informático utilizado na FM é o sistema operativo

Sifarma2000, desenvolvido pela empresa Glintt e gerido pela Associação

Nacional de Farmácias (ANF). Este permite concretizar várias operações,

constituindo um pilar essencial na gestão da farmácia, permitindo a realização

de diferentes funções por diferentes utilizadores em simultâneo.

Diariamente este sistema é utilizado para a receção e envio de

encomendas, para a faturação de receituários e para o atendimento ao público.

Com este sistema também é possível fazer a gestão dos stocks mínimo e

máximo definidos pela farmácia, controlar os prazos de validade, realizar as

devoluções e regularizar as notas de crédito, efetuando as encomendas

automaticamente com a saída dos produtos da farmácia, para posterior

aprovação aquando da sua realização.

A FM possui sete terminais informáticos equipados com este software

sendo que cinco destinam-se ao atendimento ao público, um ao envio e

receção das encomendas e o outro à utilização no gabinete de direção técnica.

Cada operador possui o seu código e respetiva palavra passe de modo a que o

sistema controle todas as operações realizadas por cada operador, além de ser

uma forma de garantir a segurança e eficácia de todas as operações. Na hora

de dispensa dos produtos ao público, este sistema possibilita ainda a consulta

de informação científica, indicações terapêuticas, posologia, contraindicações,

interações com outros produtos e reações adversas [2].

8

4. Dispensa e medicamentos

Ao farmacêutico concerne a dispensa de medicamentos aos utentes

conforme prescrição médica, regime de automedicação e ainda indicação por

parte dos mesmos. Sendo o último interveniente no circuito do medicamento

até chegar aos utentes, a sua principal função é assegurar que estes contêm a

informação indispensável para a toma dos medicamentos de maneira correta e

conforme as suas necessidades, alertando-os para possíveis contraindicações,

interações medicamentosas e efeitos secundários [3]. Para tal é necessário

que haja uma comunicação clara e adequada entre o farmacêutico e os

utentes, que muitas vezes pode não ser fácil.

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM)

Os MSRM como o próprio nome indica só podem ser dispensados se

providos de prescrição médica. No Estatuto do Medicamento, segundo o DL nº

176/2006 de 30 de agosto, referem-se os pontos que o categorizam de dita

forma. São classificados assim por apresentarem riscos para a saúde do

doente direta ou indiretamente, mesmo quando administrados para o fim que

se destinam, sendo, portanto, necessário tomar atenção às quantidades

administradas [4].

Dentro dos MSRM distinguem-se: os medicamentos de receita médica

renovável, com validade até seis meses e até três vias; os medicamentos de

receita médica especial como a dispensa de substâncias estupefacientes ou

psicotrópicos; e os medicamentos de receita restrita, cujo uso é reservado a

certos meios especializados, como o hospitalar.

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)

Os MNSRM são também designados de produtos de venda livre,

normalmente usados para o tratamento de situações não perigosas e para o

alívio de sintomas menos graves, que não contemplam os pontos referidos no

9

DL nº176/2006 de 30 de agosto para ser necessária a apresentação de receita

médica [8].

No DL nº 238/2007, de 19 de junho decretou-se que os MNSRM

abandonariam a exclusividade de venda nas farmácias, podendo a sua

dispensa ser feita noutros locais, sendo que alguns apresentam Preço de

Venda ao Público (PVP) de regime livre e outros com PVP de regime fixado,

como se verifica nas farmácias [9].

Mais recentemente, em 2013, institui-se uma nova subclassificação de

MNSRM, denominados de medicamentos não sujeitos a receita médica de

dispensa exclusiva na farmácia, ao abrigo do DL nº 128/2013 de 5 de setembro

[10]. Estes são mencionados numa lista atualizada e revista pela Autoridade

Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED), sendo que estas

substâncias apresentam PVP fixado pelas farmácias.

4.3. Prescrição médica

Para todos os MSRM é necessário a apresentação de prescrição

médica, na qual também se incluem medicamentos manipulados,

estupefacientes e psicotrópicos, dispositivos médicos para osmotizados e

dispositivos médicos de autocontrolo da diabetes mellitus.

Também, podem vir na prescrição os MNSRM ou outros produtos

farmacêuticos que o médico prescritor assim entenda, de forma a fornecer um

melhor aconselhamento ao utente.

Os medicamentos de prescrição obrigatória devem ser descritos na

receita médica, com as seguintes informações: Denominação Comum

Internacional (DCI) da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica e

posologia. Isto permite ao utente optar por um medicamento genérico

(geralmente mais barato), a não ser que esta opção seja bloqueada pelo

médico prescritor, ao abrigo das exceções presentes no DL nº11/2012 de 8 de

março:

a) medicamento com margem ou índice terapêutico estreito;

10

b) casos de suspeita reportada ao INFARMED, intolerância ou reação

adversa a um medicamento com a mesma substância ativa com outra

denominação comercial;

c) medicamentos destinados a assegurar a continuidade de um

tratamento com duração superior a vinte e oito dias, limitando o utente a

medicamentos com PVP igual ou inferior ao prescrito [5].

Na atualidade existem apenas três tipos de receitas médicas aceites nas

farmácias portuguesas: as manuais, as eletrónicas e as eletrónicas sem papel,

sendo que estas últimas passaram a ser obrigatórias a 1 de abril de 2016 para

todas as entidades do Sistema Nacional de Saúde (SNS). As receitas manuais

são aceites mediante justificação, onde se incluem os casos de falência de

sistema informático, prescrição ao domicílio e outras situações devidamente

justificadas até um máximo de quarenta receitas por mês por médico prescritor.

4.4. Validação da prescrição médica

De forma a proceder à validação da receita eletrónica é essencial que se

cumpram os seguintes requisitos: número de receita, local de prescrição,

identificação do médico prescritor, nome e número do utente ou de beneficiário

de subsistema, entidade financeira responsável, data de prescrição e se

aplicável, identificação do despacho que estabelece o regime especial de

comparticipação de medicamentos. Todos estes pontos encontram-se descritos

no artigo 9º da portaria nº 137A/2012 de 11 de maio [6].

Em relação às receitas manuais, estas não só são obrigadas a cumprir

os requisitos mencionados no parágrafo anterior como também requerem uma

vinheta do local de prescrição identificativa do médico prescritor e identificação

da especialidade médica [6]. Devem também ser escritas no mesmo tom de

caneta em toda a receita e não podem ser escritas a lápis nem conter qualquer

tipo de rasura. Quando o número de unidades do medicamento não é

especificado na receita, deve ser dispensada a embalagem de menor

dimensão disponível no mercado e/ou a de menor dosagem.

11

4.5. Comparticipação de Medicamentos

De maneira a que toda a população tenha acesso aos medicamentos,

particularmente as pessoas mais necessitadas, o SNS criou um sistema de

comparticipação no qual o utente paga parte do PVP e a restante parte é paga

à farmácia após o fecho mensal de receituário. Esta comparticipação é

diferenciada e mencionada no DL nº106 - A/2010, sendo que no Regime Geral

divide-se em quatro escalões (A-90%, B-69%, C-37% e D-15%), conforme a

patologia e local do corpo afetado. No Regime Especial a comparticipação é

superior às anteriores, sendo abrangidos geralmente os pensionistas, através

da menção da letra R na prescrição médica [7]. Existem ainda outras

comparticipações especiais com indicação do despacho ou portaria no caso de

patologias crónicas (lúpus, alzheimer, psoríase ou diabetes mellitus).

Existem também vários subsistemas de saúde, independentes do SNS

como a Caixa Geral de Depósitos, Medis®, Multicare®, SAMS e

SAMS/Quadros, entre outros.

4.6. Medicamentos genéricos

De acordo com o DL nº 176/2006 de 30 de agosto, um medicamento

genérico define-se como um medicamento com a mesma composição

qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e

cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada

por estudos de biodisponibilidade apropriados [11]. A introdução dos

medicamentos genéricos veio permitir o acesso aos medicamentos a um preço

mais acessível. É obrigatório a farmácia possuir três dos seis mais baratos, de

modo que o utente tenha uma maior oferta.

4.7. Preparações Oficiais e Fórmulas Magistrais

O DL nº 176/2006, de 30 de Agosto, define Preparações Oficinais como

“qualquer medicamento preparado segundo as indicações de uma farmacopeia

ou de um formulário oficial, numa farmácia de oficina ou em serviços

farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado diretamente aos

12

doentes assistidos por essa farmácia ou serviço” [11] e Fórmula Magistral

como, “qualquer medicamento preparado numa farmácia de oficina ou serviço

farmacêutico hospitalar, segundo uma receita médica e destinado a um doente

determinado” [11].

De acordo com o DL nº 769/2004, de 1 de julho, o cálculo do PVP dos

medicamentos manipulados por parte das farmácias é efetuado com base no

valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor

dos materiais de embalagem [12].

Na FM a preparação de manipulados é feita esporadicamente e rege-se

pelas Boas Práticas no que diz respeito à ficha de preparação dos

manipulados, instalações e equipamentos, documentação, matérias-primas,

matérias de embalagem, controlo de qualidade e rotulagem [13]. Quando

chega alguma prescrição para realizar um manipulado à FM que não seja

possível efetuar, esta responsabiliza-se pelo pedido a outra farmácia, a qual

executa o pedido e envia-o através da OCP Portugal. Seguidamente a FM

encarrega-se de realizar a dispensa do medicamento ao utente. Ainda assim, a

FM prepara alguns medicamentos manipulados que tive a oportunidade de

preparar durante o meu estágio, como: a Vaselina Salicilada e o Xarope de

Trimetoprim.

13

5. Dispensa de outros produtos farmacêuticos

5.1. Medicamentos homeopáticos

De acordo com o DL nº 94/1995, de 9 de maio, entende-se por

medicamento homeopático qualquer produto homeopático que possua

propriedades curativas ou preventivas das doenças do homem e dos seus

sintomas, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar,

corrigir ou modificar as suas funções orgânicas [14].

No decorrer do meu estágio tive a oportunidade de contactar com eles,

acompanhando a diretora técnica (DT) no seu aconselhamento

maioritariamente a grávidas, crianças e utentes polimedicados.

5.2. Produtos dietéticos e para alimentação especial

A dispensa dos produtos dietéticos e para alimentação especial no

mercado destina-se a satisfazer as necessidades nutricionais específicas. Em

situações em que as pessoas não consigam obter os nutrientes necessários

através da dieta normal, estes produtos vão tentar suprimir essas carências. Os

produtos alimentícios específicos para lactentes ou crianças de um aos três

anos, de acordo com o DL nº 227/1999 de 22 de junho, são também inseridos

nesta categoria [15]. A segurança destes produtos está ainda regulamentada

pelo DL nº136/2003, de 28 de junho [16]. Neste ponto podemos ainda

mencionar suplementos alimentares para os mais diversos fins, nomeadamente

para emagrecer, reforço vitamínico, memória e concentração, regulamentados

no DL nº 296/2007, de 22 de agosto [17].

Durante o estágio tive a oportunidade de vender alguns destes produtos,

assim como receber uma explicação detalhada por parte da DT acerca deles.

5.3. Produtos fitoterapêuticos

Segundo o DL 176/2006 de 30 de agosto, um “Medicamento à base de

plantas” é qualquer medicamento que tenha exclusivamente como substâncias

ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais

14

preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de

plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas [8].

Estes produtos não tem grande aderência por parte dos utentes na FM,

porém a DT alertou-me do seu uso e dos fins terapêuticos aos quais se

destinam.

5.4. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos

Estes produtos estão inseridos e regulados pelos DL nº 115/2009, de 18

de maio e DL nº63/2012 de 15 de março, garantindo as condições de

segurança dos mesmos. São produtos de grande relevância na farmácia e

implicam um bom domínio do farmacêutico, para que este possa aconselhar

adequadamente os utentes [18,19].

Os produtos cosméticos e dermofarmacêuticos constituem um

importante valor nas vendas da FM, onde se vendem essencialmente champôs

anti queda. Assisti a vários atendimentos realizados pela DT de modo a

aprender a aconselhar os utentes de forma consciente no futuro.

5.5. Produtos e medicamentos de uso veterinário

O DL nº 184/97, de 26 de julho, define “medicamento de uso veterinário”,

todo o medicamento destinado aos animais e estabelece o regime jurídico dos

medicamentos de uso veterinário farmacológicos [20], com a exceção da

definição de medicamento veterinário homeopático que se encontra inscrita no

DL nº 146/97, de 11 de junho [21].

A dispensa destes produtos e medicamentos era bastante comum,

nomeadamente antiparasitários, antibióticos, inibidores do cio, vacinas,

champôs e até mesmo antidepressivos. Deste modo, aprendi muito sobre este

assunto, algo que desconhecia bastante até então.

15

5.6. Dispositivos médicos

Segundo o INFARMED, os dispositivos médicos são destinados pelo seu

fabricante a serem utilizados para fins comuns aos dos medicamentos, tais

como prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana. Devem atingir os

seus fins através de mecanismos que não se traduzem em ações

farmacológicas, metabólicas ou imunológicas, distinguindo-se assim dos

medicamentos [22].

Neste grupo, inclui-se: material ortopédico, ótico, acústico, pediátrico e

higiénico; artigos de penso, sutura e drenagem; sistemas para aplicação

parentérica; material para ostomizados e urostomizados.

Acerca destes dispositivos pude aprender muito com a DT, pois muitos

deles eram-me desconhecidos, e ainda tive a oportunidade de vender alguns

deles.

6. Encomendas e Aprovisionamento

6.1. Gestão de stocks

Para uma gestão de stocks eficiente é necessário encomendar uma

quantidade de medicamentos que permita satisfazer as necessidades dos

utentes, tomando atenção que não deve ser feita em demasia para que os

medicamentos não vençam a validade de maneira a que não haja perdas e

assim maximizar a rentabilidade da farmácia.

Para cumprir este objetivo deve ter-se em conta o perfil dos utentes, a

época do ano, o volume de vendas dos períodos anteriores, os preços dos

produtos, a capacidade financeira da farmácia, o espaço disponível em

armazém, as bonificações dos grossistas e promoções dos laboratórios.

16

6.2. Fornecedores e realização de encomendas

Os principais fornecedores das farmácias são os distribuidores

grossistas, nomeadamente a OCP Portugal, a Alliance HealthCare, a Cooprofar

e os laboratórios. Com o auxílio do sistema informático Sifarma2000 torna-se

mais fácil saber quais os produtos em falta, de maneira a fazer encomendas,

indicando a previsão da hora de chegada e o custo. Também são feitas várias

encomendas manualmente ligando diretamente para os fornecedores em dois

momentos do dia, ao final da manhã e aquando do fecho da farmácia, ao final

da tarde. Muitas destas encomendas eram sugeridas por mim à DT, que me

ensinou todos os procedimentos.

6.3. Receção e conferência de encomendas

As encomendas são recebidas em contentores de plástico devidamente

identificados, juntamente com uma guia de remessa e as faturas de modo a

proceder à conferência de todos os produtos. Após a verificação de todas as

faturas, quantidades encomendadas, preços, prazos de validade e descontos

procede-se à inserção dos dados no sistema Sifarma2000. Os produtos são

organizados de maneira a que aqueles que possuem menor validade sejam

escoados em primeiro lugar.

Os produtos termolábeis são recebidos em contentores de plástico

revestidos de esferovite e devidamente acondicionados com acumuladores de

frio, sendo os primeiros a ser verificados e arrumados, de maneira a manter as

suas propriedades.

Estas tarefas foram as primeiras que realizei durante o meu estágio,

dando-me conta da relevância que têm no processo da gestão da farmácia.

6.4. Armazenamento

Depois da encomenda ser devidamente rececionada, procede-se ao

armazenamento dos produtos e medicamentos, tendo prioridade os produtos

termolábeis, sendo acondicionados no frigorífico a uma temperatura entre os 2-

17

8ºC. De seguida, são armazenados os estupefacientes e os psicotrópicos em

local próprio. Por fim, são arrumados os restantes medicamentos em duas

estantes, uma direcionada para os medicamentos de marca e outra para os

medicamentos genéricos por ordem alfabética e prazos de validade. Os

restantes produtos, assim como os mencionados anteriormente são

armazenados convenientemente com condições de temperatura, humidade,

luminosidade e ventilação adequadas. Os produtos de venda livre e cosmética

são colocados em expositores situados junto à área de atendimento de modo a

ficarem visíveis aos utentes e com acesso facilitado ao farmacêutico.

6.5. Sistema de reservas

O sistema de reservas é utilizado quando o produto pretendido pelo

utente não se encontra na farmácia. Nesta altura o farmacêutico que está a

atender o utente telefona para os armazenistas de forma a saber se estes

possuem em stock o produto pretendido. Se existir em stock, o farmacêutico

informa a hora e o dia em que o utente poderá levantar o produto. Se o utente

assim o desejar pode proceder à faturação da reserva e é emitido um vale da

farmácia para que este proceda ao levantamento do produto aquando da sua

chegada.

Esta situação era frequente na FM à qual eu tive a oportunidade de

telefonar aos armazenistas diversas vezes de modo a satisfazer as

necessidades dos utentes.

6.6. Marcação de preços

Os MSRM possuem um PVP previamente estabelecido e já impresso na

cartonagem, não sendo este da responsabilidade da farmácia. Nos restantes

produtos o PVP é determinado pela farmácia. A FM possui uma tabela própria

com as percentagens sobre o Preço de Venda à Farmácia (PVF) com as

margens de lucro para cada tipo de produto. Durante a receção deste tipo de

produtos são conferidas as margens e impressas etiquetas que depois se

inserem nos mesmos para serem armazenados.

18

6.7. Devoluções

Para que se possa proceder à devolução de um produto ao fornecedor é

necessário que o mesmo esteja enquadrado numa destas situações: tenha o

prazo de validade a expirar; esteja danificado; tenha sido pedido ou enviado

por engano; esteja a ser recolhido pelo INFARMED; ou quando este não veio

acondicionado de maneira conveniente aquando do seu transporte.

As devoluções relacionadas com as encomendas diárias devem ser

realizadas num período de 24h, enquanto que as relacionadas com a

aproximação dos prazos de validade fazem-se no mês antecedente ao mês de

expiração do mesmo. A devolução de produtos de uso veterinário devem

realizar-se três meses antes da expiração. Os reagentes e matérias-primas não

se podem devolver, por isso são enviados diretamente para as quebras.

Qualquer devolução é acompanhada pela emissão de uma nota de

devolução feita automaticamente pelo Sifarma2000. Esta é enviada juntamente

com o produto e o seu duplicado, ambos devidamente carimbados e

rubricados. O triplicado da nota de devolução é carimbado pelo distribuidor

grossista e armazenado numa pasta na farmácia.

Caso os produtos sejam aceites é emitida uma nota de crédito que é

descontada na fatura seguinte ou pode recorrer-se à troca por outros produtos.

Caso os produtos não sejam aceites serão devolvidos novamente à farmácia

de maneira a serem incluídos nas quebras.

6.8. Irregularidades e reclamações

Ocasionalmente, no processo de receção da encomenda ocorrem

algumas irregularidades por parte do fornecedor que é necessário reportar. As

irregularidades mais frequentes são: trocas de produtos por outros, engano no

envio dos mesmos, produtos em falta que foram faturados, entre outros. Estes

casos são então reportados ao fornecedor por meio de uma reclamação de

modo a solucionar estas irregularidades. A reclamação é posteriormente

registada e arquivada na farmácia.

19

6.9. Encomendas diárias

As encomendas diárias realizam-se de segunda a sexta-feira duas vezes

por dia. As encomendas são realizadas à OCP Portugal e à COOPROFAR e

por vezes à Alliance Healthcare. A primeira encomenda tem de ser realizada

até às 13:00 horas para depois ser recebida na farmácia por volta das 15:00

horas e a segunda encomenda tem de ser realizada até as 19:00 horas para

ser recebida na farmácia no dia seguinte por volta das 9:00 horas (horário de

abertura da farmácia). O Sifarma2000 possui um sistema de stock mínimo e

máximo dos produtos que permite gerar automaticamente a encomenda de

maneira a que o valor de stock mínimo seja sempre cumprido. No entanto esta

encomenda automática tem de ser validada por um operador de modo a

verificar se há incumprimento, irregularidade ou necessidade de reforço de

unidades em algum dos produtos. Posteriormente, a encomenda é enviada ao

fornecedor e geralmente recebida no horário previsto.

6.10. Encomendas instantâneas

As encomendas instantâneas são realizadas ao fornecedor quer pelo

telefone, quer a partir da ficha do produto no Sifarma2000. Esta via de

encomenda destina-se a produtos que não existam em stock no momento de

atendimento com o utente. Quando realizada a encomenda é possível

visualizar em tempo real a disponibilidade do produto no fornecedor e o tempo

que este demora a chegar, permitindo disponibilizar esta informação ao utente

ao longo do atendimento, assim como o custo para a farmácia.

6.11. Encomendas via verde

As encomendas via verde vieram melhorar o acesso rápido a

medicamentos essenciais aos utentes (medicamentos com receita médica)

num período nunca superior a 12 horas. Este novo projeto teve início em

fevereiro de 2016 e veio melhorar o acesso a medicamentos pertencentes à

lista de medicamentos cuja exportação/disportação intracomunitária é sujeita a

20

notificação prévia ao INFARMED através da circular informativa nº

019/CD/100.20.20. [23].

7. Legislação especial

7.1. Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes

Mellitus

Este programa existe em Portugal desde a década de setenta e tem

vindo a sofrer atualizações e restruturações ao longo dos anos, permitindo

melhorar a qualidade prestada aos utentes, assim como uma maior

abrangência da população, pois segundo a portaria 364/2010, de 23 de junho,

no âmbito deste programa, vários acordos e protocolos foram assinados entre

a ANF, as Ordens dos Farmacêuticos e dos Médicas e o Ministério da Saúde

de forma a beneficiar o utente, uma vez que o SNS comparticipa uma grande

parte do material que os diabéticos necessitam, como sendo as tiras-teste

(destinadas à determinação da glicemia, cetonúria e cetonemia), as agulhas, as

seringas e as lancetas, sendo esta comparticipação feita da seguinte forma

[24]:

Tiras-teste: O SNS comparticipa 85% e o utente paga 15%;

Agulhas, seringas, lancetas: o SNS comparticipa a 100%.

7.2. Estupefacientes e psicotrópicos

Devido ao seu potencial de abuso, os estupefacientes e psicotrópicos

são altamente regulados e controlados, como indicado no DL nº15/93 de 22 de

janeiro e na portaria nº 981/98 de 8 de junho [25,26].

Na entrada das encomendas são atribuídos a este tipo de medicamentos

um código de registo de entrada, para depois serem enviados mensalmente ao

INFARMED.

21

Na dispensa aos utentes é necessário o preenchimento de um formulário

no Sifarma2000 com o nome completo do usuário, nome completo de quem

levanta a medicação, número e validade do cartão de cidadão, morada, data de

nascimento e nome do médico prescritor. No final da venda são impressos dois

talões referentes a essa dispensa que devem ser arquivados na farmácia por

um período de três anos.

8. Processamento de receituário e faturação

É de acordo com o processamento de receituário que se procede ao

reembolso monetário relativo às comparticipações dadas aos diferentes

organismos.

O sistema Sifarma2000 permite numerar e separar lotes para cada

organismo responsável pela comparticipação. Cada lote é composto por trinta

receitas, nas quais são colocadas um carimbo da farmácia no canto inferior

esquerdo e a data e a rúbrica no canto inferior direito, após conferir que não há

erros nas receitas. Quando cada lote termina procede-se à faturação, e

posteriormente à impressão do "Verbete de Identificação do Lote" no qual

consta a identificação da farmácia, o número do lote, o organismo responsável

pela comparticipação, o número e listagem das receitas, o número de

medicamentos comparticipados, o PVP, o valor pago pelo utente e o valor pago

pela entidade responsável pela comparticipação.

No final de cada mês procede-se ao "Fecho de lotes", iniciando-se no

dia seguinte uma nova sequência. O "Fecho de lotes" consiste em enviar a

documentação à ARS, caso o organismo responsável pela comparticipação for

o SNS, e em caso contrário enviar a mesma para a ANF.

Tive oportunidade de realizar todas as tarefas descritas .

22

9. Serviços de saúde prestados ao utente

9.1. Determinação de parâmetros bioquímicos

Na FM procede-se à medição dos seguintes parâmetros bioquímicos: a

glicémia, o colesterol total e os triglicerídeos. Este medição é feita através de

uma pequena colheita de sangue realizada após punção capilar com tiras-teste

contendo o agente adequado para cada analito a determinar. No caso da

determinação da glicemia e dos triglicerídeos convinha ser realizada em jejum

para um resultado mais fiável.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar a medição destes

parâmetros a diversos utentes, assim como fazer o aconselhamento de uma

alimentação saudável e promover a prática de exercício físico. Nos casos de

resultados alterados aconselhava-os a uma visita ao médico.

9.2. Determinação de peso e altura

À entrada da FM encontra-se uma máquina destinada à determinação

do peso e da altura, mediante custo. Esta máquina era utilizada por diversos

utentes que me questionavam muitas vezes para saber acerca do peso que

deveriam ter consoante a sua estatura. No final da determinação saía um talão

com a altura, o peso e o IMC (Índice de Massa Corporal). Posteriormente, fazia

o aconselhamento, quando solicitado.

9.3. Avaliação da pressão arterial

Na FM a medição da pressão arterial (PA) é realizada com recurso a um

tensiómetro digital de forma gratuita. A medição é realizada no gabinete de

atendimento personalizado com o utente em repouso para um registo da

pressão arterial sistólica (PAS) e da pressão arterial diastólica (PAD) de

maneira a obter um resultado mais preciso e fiável. A FM disponibiliza também

um boletim para o registo assíduo das medições de modo a fazer o

acompanhamento do utente.

23

No decorrer do meu estágio tive oportunidade de realizar várias

medições a diferentes utentes e ter um acompanhamento assíduo de alguns

deles. Consoante os valores, estes eram aconselhados por mim a ter uma

alimentação correta e a diminuir o consumo de sal. Se os resultados fossem

preocupantes, aconselhava a visita ao médico.

9.4. Teste de gravidez

Na FM existe uma panóplia muito variada de testes de gravidez para

comercialização, alguns até com indicação da semana de gestação. O teste

depois de adquirido poderia ser realizado quer em casa, quer na farmácia.

Durante o atendimento era privilegiada uma boa explicação do seu uso e

manuseio assim como, a leitura do seu resultado.

Durante o período no qual realizei o estágio tive oportunidade de vender

muitos destes testes e também explicar ao utente a maneira de proceder à sua

utilização, no princípio sempre com o supervisionamento da DT.

9.5. Aconselhamento farmacêutico

Segundo o escritor brasileiro Monteiro Lobato " O lema do Farmacêutico

é o mesmo do soldado: servir". Não poderia estar mais de acordo com esta

frase, pois um bom aconselhamento é vital.

A meu ver, o aconselhamento é um dos maiores desafios do

farmacêutico e aquele que requere mais bom senso e ponderação. Este ato faz

toda a diferença na vida do utente e na sua adesão à terapêutica. É nossa

obrigação que o utente ganhe confiança em nós e que abandone sempre a

farmácia o mais satisfeito possível.

9.6. Administração de injetáveis

São administrados injetáveis de uma forma gratuita ao utente que

procedeu a sua aquisição na FM. Esta prática é uma mais-valia prestada aos

utentes, pois deste modo não têm de se deslocar ao centro de saúde ou ao

24

hospital para serem administrados, constituindo uma forma de evitar longas

filas de espera nesses locais. Na FM procede-se à administração

maioritariamente de anti-inflamatórios. Não se administra antibióticos sob esta

forma devido ao surgimento de reações adversas que possam por em causa a

saúde do utente.

9.7. Farmacovigilância

A farmácia tem um papel extremamente importante na farmacovigilância

dos medicamentos. Como a farmácia é o local primordial da dispensa dos

medicamentos é necessário alertar sobre os riscos associados ao uso dos

medicamentos, assim como reportar sempre todas as Reações Adversas

Medicamentosas (RAM) que algum utente reporte na farmácia. A farmácia tem

a obrigação moral de reportar essas RAM através do preenchimento de um

formulário que depois é enviado às autoridades de saúde de maneira a que se

possa no futuro proceder à dispensa de medicamentos de uma forma mais

segura e controlada.

9.8. ValorMed®

A recolha de medicamentos fora de uso são feitos através do serviço

ValorMed®, uma sociedade sem fins lucrativos que permite gerir esses

resíduos de forma a que estes recebam um tratamento seguro e ecológico.

Deste modo, os farmacêuticos incitam os utentes a recolher todos os

medicamentos, que já não usam, a entregá-los na farmácia para serem

colocados no contentor ValorMed®, que depois irá ser recolhido pelos

distribuidores de medicamentos.

Como estagiário tinha sempre a preocupação de alertar os utentes para

este hábito valioso de saúde publica. É o dever do farmacêutico contribuir para

uma consciencialização deste recurso disponível em todas as farmácias por

todo o país. Não são aceites agulhas, produtos químicos, aparelhos corrosivos

e produtos de higiene, entre outros.

25

Parte II

a. Caso de estudo 1: Uso racional de antibióticos

1. Introdução

Como o meu estágio teve início no mês de dezembro e se prolongou

até ao final do mês de fevereiro tive a oportunidade de acompanhar o pico de

gripes e constipações nos utentes da farmácia, assim como reparar no modo

como os utentes lidavam contra elas e também o desconhecimento da

terapêutica correta para as combater ou aliviar os sintomas.

Muitos utentes na farmácia com sintomas de gripe ou constipação

solicitavam a dispensa de antibióticos, pois acreditavam que só com o uso

destes é que iriam melhorar. Deparava-me com as seguintes afirmações: “Aí

Sr. Dr., esta gripe só lá vai com um antibiótico”, “Estou com uma constipação

tão forte, pode dar-me a caixinha dos três comprimidos?”.

Este constituiu o principal motivo para realizar este estudo de maneira a

saber se os utentes tinham conhecimento sobre este tipo de fármacos e

informá-los acerca dos mesmos. Da minha parte tentava sempre colocar outras

alternativas de MNSRM para o alívio de sintomas, porém alguns mostravam-se

reticentes e abandonavam a farmácia descontentes.

26

2. Constipação e gripe

2.1. Constipação

2.1.1. Agentes causadores

A constipação é uma infeção do trato respiratório superior (ITRS)

essencialmente de origem vírica. Foram identificados mais de duzentos vírus

causadores desta infeção, sendo os principais: o Rinovírus e o Coronavírus

[27,28]. Estima-se que o Rinovírus seja o responsável de pelo menos 25% das

constipações e por 34% das doenças respiratórias [29,30]. Enquanto o

Coronavírus é responsável por mais de 10% das constipações [29]. Existem

ainda outros vírus, como: Adenovírus, Parainfluenza, Influenza, Vírus Sincicial

Respiratório (VSR) com uma menor percentagem de incidência e que é

bastante variável de acordo com a época do ano [29].

2.1.2. Manifestações clínicas

O início dos sintomas da constipação ocorre um a três dias após a

exposição ao agente infecioso. As manifestações iniciais são: congestão e

corrimento nasal, espirros, tosse, dor de garganta, podendo evoluir para prurido

e vermelhidão no nariz, diminuição ou perda do olfato e paladar, olhos

lacrimejantes, dores de cabeça, aumento do corrimento nasal e eventualmente

febre baixa (geralmente não ultrapassando os 38ºC). A maioria das

constipações resolvem-se por si só no espaço de dez dias, pois trata-se de

uma infeção autolimitante, podendo prolongar-se por mais tempo em indivíduos

imunodeprimidos ou idosos [31].

2.1.3. Tratamento

O tratamento contra a constipação passa pelo alívio de sintomas

decorrentes da multiplicação do vírus e dos efeitos que ele nos provoca.

Assim, existem diversos grupos de fármacos que permitem o seu alívio

sintomático [28,34].

27

2.1.3.1. Analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios não esteroides

Neste grupo estão incluídos fármacos como o paracetamol que é usado

como antipirético e no alívio da dor leve e moderada. Este possui fraca

atividade anti-inflamatória e está contraindicado em indivíduos com

insuficiência hepática, mas de modo geral mostra-se ser um fármaco seguro

com poucos efeitos secundários.

Já no grupo dos anti-inflamatórios não esteroides temos como exemplo

o ibuprofeno, o diclofenac, a nimesulida e o ácido acetilsalicílico, sendo

que este último não pode ser administrado em crianças [33]. Eles promovem a

diminuição da inflamação e o alívio das dores. Estes fármacos estão

contraindicados para quem tem problemas de estômago nomeadamente

úlceras, pois inibem a produção de prostaglandinas essenciais para a sua

proteção. Estes fármacos devem, por este motivo, ser administrados após as

refeições [31,34].

2.1.3.2. Descongestionantes nasais

A congestão e o corrimento nasal são sintomas bastante incomodativos

e frequentes na constipação e como tal existem no mercado fármacos em

forma de spray, gotas ou comprimidos que ajudam no alívio da congestão

nasal. Sob a forma de gotas e spray nasal temos a oximetazolina, a

ximetazolina e o cloreto de benzalcónio que proporcionam um alívio rápido

da congestão nasal. Por outro lado, sob a forma de comprimidos, temos a

pseudoefedrina que proporciona um alívio mais duradouro da congestão

nasal. Como estes fármacos apresentam atividade simpaticomimética, através

do seu efeito alfa-adrenérgico que leva a uma vasoconstrição, estão

contraindicados em crianças, idosos e indivíduos com doenças cardíacas.

Não devemos também esquecer o uso de água do mar e soro fisiológico

para limpeza das fossas nasais e alívio da congestão nasal [31,34].

28

2.1.3.3. Anti-histamínicos

Os anti-histamínicos são um bom aliado no alívio dos sintomas de

prurido, lacrimejamento dos olhos, espirros e rinorreia. Devemos escolher os

anti-histamínicos H1 de segunda geração, pois tem a vantagem de não causar

efeito sedativo, como é o caso da ebastina, cetirizina, desloratadina e

loratadina. São geralmente fármacos sem efeitos secundários e bem tolerados

[32,33,34].

2.1.3.4. Antitússicos, expetorantes e mucolíticos

No caso de a tosse ser produtiva, são utilizados agentes expetorantes e

mucolíticos.

Os agentes expetorantes e os mucolíticos como o ambroxol, a

carbocisteína e a acetilcisteína vão romper quimicamente o muco, tornando-

o mais líquido diminuindo assim a sua viscosidade, de modo a favorecer a

saída das secreções mucosas do aparelho respiratório.

No caso de uma tosse irritativa e não produtiva são utilizados

antitússicos de ação central como a codeína e o dextrometorfano [31,34].

2.2. Gripe

2.2.1. Agentes causadores

A gripe é uma doença respiratória transmitida pelo ar causada por um

vírus de RNA que infecta as células do epitélio do trato respiratório superior.

Esse vírus denomina-se de Influenza.

Existem três tipos do vírus da gripe classificados como A, B e C. As

infeções causadas pelo tipo C são geralmente leves e não se crê que possam

levar a epidemias, além de que não parece ocorrer grande variação antigénica

neste tipo. Os vírus do tipo A e B apresentam maior variação antigénica,

29

estando o tipo A associado a epidemias e pandemias devido a essa variação.

[35,37].

Os vírus da Influenza do tipo A dividem-se em subtipos segundo as

proteínas da superfície do vírus: a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N).

São conhecidos dezoito subtipos diferentes de hemaglutinina e onze subtipos

diferentes de neuraminidase. (H1 até H18 e N1 até N11, respetivamente). Os

subtipos atuais responsáveis por infetar humanos são: H1N1, H2N2 e H3N2

[36,37].

2.2.2. Manifestações clínicas

A gripe, ao contrário da constipação em que os sintomas se

desenvolvem mais lentamente, tende a aparecer mais repentinamente e os

sintomas são mais agudos do que na constipação. As manifestações passam

por febres altas acima dos 38ºC, músculos doridos e mau estar geral, calafrios

e suores, dores de cabeça, tosse seca e persistente, fadiga e fraqueza,

congestão nasal e dor de garganta [38,39].

2.2.3. Tratamento

O tratamento da gripe é feito com recurso aos mesmos fármacos

apresentados anteriormente relativos à constipação, servindo apenas para o

tratamento sintomático, porém em casos mais graves, e quando o médico

assim o entender, estão também disponíveis fármacos antivíricos para o

tratamento da doença em si.

2.2.3.1. Inibidores da replicação do vírus: Adamantanos

A amantadina e a ramantadina são dois fármacos antivíricos ativos

apenas contra o vírus Influenza do tipo A. Podem inibir a replicação do vírus

por duas vias. Em baixas concentrações inibem a replicação pelo bloqueio do

canal iónico de protões M2 da partícula vírica.

30

Numa segunda via, durante o processo de replicação, o pH do

endossoma formado na célula hospedeira diminui, para que se dê uma

mudança conformacional da Hemaglutinina (HA) necessária para que se possa

prosseguir com a replicação do vírus. Estes fármacos, em elevadas

concentrações, vão impedir que se dê esta diminuição do pH, inibindo assim a

replicação do vírus [35,36].

A ramantadina é quatro a cinco vezes mais ativa do que a amantadina in

vitro. Em Portugal, apenas se encontra disponível a amantadina.

2.2.3.2. Inibidores da Neuraminidase

As neuraminidases (proteínas da superfície do vírus) são responsáveis

pela replicação do vírus em dois momentos distintos: na clivagem do ácido

siálico, que facilita a entrada do vírus na célula hospedeira e na fase final da

replicação do vírus, na qual as neuraminidases tem um papel importante na

saída da partícula vírica da célula hospedeira (Budding), pois hidrolisam

qualquer interação entre as hemaglutininas e os conjugados de ácido siálico na

membrana da célula hospedeira. Como tal, foram criados dois análogos do

ácido siálico, o oseltamivir e o zanamivir, que vão ter mais afinidade para as

neuraminidases, o que resulta na inibição das mesmas. Ao contrário da

amantadina e da rimantadina, o oseltamivir e o zanamivir apresentam atividade

contra ambos os vírus Influenza A e Influenza B. A administração precoce

destes fármacos é crucial, visto que a replicação do vírus Influenza atinge um

pico de 24 a 72 horas após o início da doença [35,36].

2.2.3.3. Profilaxia

A vacinação anual contra a gripe é a melhor forma de prevenir a doença

e reduzir o impacto das epidemias.

Composição da vacina

De acordo com a recomendação da Organização Mundial de Saúde

(OMS) as vacinas trivalentes contra a gripe na época 2017-2018, no Hemisfério

Norte, incluem [40]:

31

- Uma estirpe viral A(H1N1) pdm09 idêntica a A/Michigan/45/2015

- Uma estirpe viral A(H3N2) idêntica a A/Hong Kong/4801/2014

- Uma estirpe viral B (linhagem Victoria) idêntica a B/Brisbane/60/2008

2.3. Constipação vs Gripe

Tabela 1: Principais diferenças entre uma gripe e uma constipação [41]

Sintomas Gripe Constipação

Febre Alta >38ºC Baixa ou ausente

Dores de cabeça Frequente Moderada ou ausente

Dores musculares Frequente Moderada ou ausente

Tosse Produtiva Seca e irritativa

Congestão nasal Por vezes Sim

Dor de garganta Por vezes Frequente

Fadiga e fraqueza Frequente Ausente

Espirros Ausente Frequente

Calafrios e suores Frequente Ausente

Manifestação Súbita (horas) Lenta (dias)

2.3.1. Complicações associadas à gripe e constipação

A gripe e a constipação podem vir acompanhadas de outras

complicações no trato respiratório superior como: amigdalites, rinites, faringites,

bronquites, sinusites, laringites, otites e até mesmo evoluir para pneumonias

[33,43,44]. Acredita-se que estas ITRS's sejam autolimitantes e causadas

maioritariamente por vírus em mais de 80% dos casos [30,42].

32

Essas infeções podem também ser causadas por bactérias, embora

numa ínfima percentagem. As bactérias maioritariamente associadas a essas

infeções são: Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes,

Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus,

Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae [30,33,45].

2.3.2. Epidemiologia

As ITRS's, onde se incluem as constipações e as gripes, são infeções

bastantes comuns quer nas crianças, quer nos adultos, observados em

cuidados de saúde primários, quer pelos médicos de família, quer pelos

farmacêuticos no dia-a-dia.

Vários estudos demostram que nos casos das ITRS's, os antibióticos

são prescritos de forma excessiva e desnecessária. A maioria destas infeções

é causada por vírus [43,46,47,49].

Num estudo realizado, nos Estados Unidos, numa unidade de cuidados

primários de saúde, foram prescritos antibióticos a 44% dos utentes com uma

constipação comum, a 46% dos utentes com ITRS e ainda a 75% dos utentes

com bronquite aguda - normalmente causada por um vírus [46].

Noutro estudo realizado na Austrália, no ano de 2014, 47% dos

indivíduos diagnosticadas com uma ITRS foi-lhes prescrito antibiótico. Este

estudo reporta ainda que as ITRS representam um terço de todos os

antibióticos dispensados anualmente naquele país [47].

Ainda outro estudo realizado no Reino Unido, em 2010, revelou que 33%

das consultas relacionadas com as ITRS resultaram na prescrição de

antibióticos [50].

33

3. Enquadramento

Posto isto, elucidado do uso indevido de antibióticos, principalmente nas

ITRS (na qual se inclui a gripe e a constipação), um pouco por todo o mundo e

por experiência própria no decorrer do estágio, decidi realizar um inquérito

(ANEXO A.2.1) a cinquenta utentes da farmácia de maneira a saber o quão

informados se encontravam, de modo a saber quais os pontos que deviam ser

focalizados na apresentação de folhetos informativos (ANEXO A.2.3) que

posteriormente se distribuíram na farmácia para sensibilizar e informar os

utentes.

4. Resultados

O inquérito foi realizado a cinquenta utentes da farmácia, dos quais onze

são do sexo masculino e a trinta e nove do sexo feminino. Destes, seis

pertencem à faixa etária de menos de trinta e cinco anos, trinta e três tem a

idade compreendida entre trinta e cinco e sessenta e cinco anos e ainda onze

tem mais de sessenta e cinco anos.

Verifica-se que a maioria dos utentes sabem que os antibióticos são

eficazes no tratamento de infeções bacterianas (78%), no entanto ao

questionar-lhes acerca da eficácia do uso de estes para outro tipo de

tratamentos é preocupante, ao verificar que 56% dos utentes afirmam que

estes são eficazes no tratamento de gripes e constipações, 50% no tratamento

de infeções víricas/viroses e ainda 28% no tratamento de infeções fúngicas.

Quando questionados acerca da utilização pessoal dos ditos fármacos

para tratar uma gripe ou constipação, 56% afirma tê-lo feito, sendo que 24%

declara fazê-lo várias vezes.

Metade dos utentes afirmam tomar antibióticos sem acompanhamento

médico, o que é bastante preocupante. No entanto, 84% dos utentes afirmam

seguir as recomendações dadas pelo médico ou farmacêutico, contudo apenas

68% diz tomar os antibióticos até ao final da caixa.

Quando referida a expressão “resistência a antibióticos”, apenas 48% diz

saber do que se trata e evita tomar estes fármacos.

34

Pode encontrar-se uma informação mais detalhada com recurso a

gráficos nos ANEXOS A.1.1. e A.1.2.

5. Discussão e Conclusão

Após a realização do inquérito pude aperceber-me da falta de

informação por parte dos utentes sobre os antibióticos, considerando a maioria

destes que os antibióticos devem ser administrados para outros tratamentos

para além das infeções bacterianas, como as infeções víricas, as infeções

fúngicas e as gripes e constipações.

Grande parte deles (44%) afirma ter administrado estes fármacos para

tratar gripes e constipações, o que é bastante alarmante.

A maioria dos utentes (84%) afirmam seguir as recomendações dadas

pelo médico ou farmacêutico, no entanto estas declarações são contraditórias

quando observamos que a maioria dos utentes tomam antibióticos para o

tratamento de gripes e constipações e quando afirmam não tomar a caixa até

ao fim.

Considero também que o facto de a maioria dos utentes tomarem

antibióticos sem acompanhamento médico em muito contribui para o facto de

uma administração indevida de antibióticos.

Em Portugal, no ano de 2013, foi publicado no Jornal Público uma

notícia em que se pode ler: "Maioria dos portugueses ainda acredita que

antibióticos devem ser usados em gripes e constipações: Novo Eurobarómetro

mostra que campanhas não estão a ser suficientes para contrariar o mau uso

destes medicamentos: 69% dos portugueses inquiridos continuam a acreditar

que os antibióticos servem para matar vírus e 61% acham que são indicados

para constipações e gripes" [52].

Esta notícia vai exatamente de encontro à problemática com que me

deparei com os utentes da farmácia no decorrer do meu estágio. Com isto,

realizei o folheto que já havia planeado com informação acerca do uso racional

dos antibióticos, do que se tratavam, para que eram usados, alertando do seu

mau uso nos casos de gripe e constipação e outras ITRS, e também para o

35

caso da resistência das bactérias aos antibióticos que muitos utentes

desconheciam.

Disponibilizei os folhetos no balcão da farmácia acessível a qualquer

utente e nos casos dos utentes que achava mais conveniente alertar,

entregava o folheto em mão e tentava com que ficassem informados o melhor

possível.

Voltando também à questão da prescrição excessiva e desnecessária

dos antibióticos nos casos de ITRS, vários estudos apontam a realização do

teste da proteína C-reativa (CRP) e do teste de antigénio Streptococcus (Strep-

A) como uma forma de reduzir o consumo de antibióticos e ainda prescrever de

uma maneira mais eficaz para casos onde eles são necessários [43,44].

Outros estudos demonstram que retardar a prescrição de antibióticos

nestes casos mostrou-se bastante benéfica, pois a maioria destas infeções são

autolimitantes, causadas por vírus e o consumo de antibiótico não iria ter

benefício nenhum, pois apresentam vários efeitos secundários indesejados

[49,50]. Além de que as prescrições destes fármacos são feitas de modo

indevido, nestes casos, leva a resistências das bactérias e eventualmente à

morte de milhões de pessoas todos os anos, devido às resistências criadas.

[46,47].

Com toda esta informação apresentada leva-me a inferir que o

farmacêutico tem um papel fundamental em agir devidamente nos cuidados de

saúde primários relacionados com estas infeções aconselhando MNSRM para

o alívio de sintomas, pois a grande maioria deste tipo de infeções é de origem

vírica e autolimitante, aconselhando os utentes a ir ao médico quando não se

observar melhorias no espaço de alguns dias e promover o uso racional dos

antibióticos.

36

b. Caso de estudo 2: Hábitos de sono

1. Introdução e enquadramento

Desde o começo do meu estágio, fui-me apercebendo de várias queixas

bastante frequentes dos utentes da FM. Uma das que mais me chamou a

atenção foi o facto de que muitos se queixavam que dormiam muito mal à

noite, chegavam ao final do dia cansados, mas depois não conseguiam

adormecer e tinham de trabalhar no dia seguinte. Aliado a este facto, também

me chamou a atenção o grande consumo de benzodiazepinas (BZD's) nos

utentes da FM e na maioria das vezes de forma crónica. Relativamente a esta

situação um tanto quanto alarmante a meu ver, decidi pesquisar mais acerca

dos hábitos de sono dos portugueses e eis que encontro esta notícia de

fevereiro de 2017 no Jornal Público com a seguinte título: "Portugueses

dormem pouco, mal e nada fazem para o contrariar" [53]. Descobri também

uma outra noticia na qual refere que: "A utilização das benzodiazepinas tem-se

mantido em Portugal superior à de outros países, com um consumo diário por

1.000 de 114 em 2015" [54].

Assim sendo, decidi elaborar um inquérito (ANEXO A.3.1) a cinquenta

utentes da farmácia, de modo a saber mais informações sobre os hábitos de

sono e consumo de "medicamentos para dormir" para depois ser mais fácil

elaborar um folheto informativo (ANEXO A.3.3) de maneira a ajudar os utentes

a praticarem bons hábitos de sono e chamar a atenção do uso crónico dos

"medicamentos para dormir", nomeadamente as BZD's.

37

2. Hábitos de Sono

Os hábitos de sono estão diretamente ligados com a prática de uma boa

higiene do sono que pode ser definida como um conjunto de comportamentos e

atitudes que ajudam a promover/manter um sono de qualidade.

Um estudo realizado pela Fundação Nacional do Sono (National Sleep

Foundation) estabeleceu que o número de horas que devemos dormir por noite

seria de 14-17 horas para recém-nascidos, crianças em idade pé- escolar entre

10-13 horas, 9-11 horas em idade escolar, 8-10 horas em adolescentes, 7-9

horas para adultos entre os 26 e os 64 anos de idade, 7-8 horas para adultos

com idade igual ou superior a 65 anos [55]. Contudo uma duração de sono

inferior a 6 horas, mostra-se insuficiente segundo este estudo em qualquer um

dos casos [56].

Foi realizado um estudo que correlaciona o número de horas de sono

com a dieta. Indivíduos com défice de horas de sono tem uma maior tendência

a ingerir uma dieta mais rica em gorduras e baixa em proteínas, frutas e

vegetais. [57].

Outro estudo relaciona o baixo número de horas de sono diário com o

aumento de concentrações de ácidos gordos não esterificados (NEFA) no

sangue que por sua vez vai levar a um aumento da resistência à insulina,

acrescendo o risco de aparecimento da diabetes tipo 2 e doenças metabólicas

[58].

Um outro estudo associa tanto a privação como o excesso de horas de

sono a estados pro-inflamatórios levando a alteração da concentração no

organismo de moléculas de coagulação, moléculas de adesão celular, TNF-α,

IL-1, IL-6, IL-17, CRP e visfatina que estão relacionadas com o aumento do

risco de doenças cardiovasculares e doenças metabólicas [59].

A Associação Americana do Sono (American Sleep Association) refere

comportamentos e dicas valiosas do ponto de vista não farmacológico para a

prática de bons hábitos de sono [55].

38

Manter uma rotina de sono regular - deitar e levantar à mesma hora

todos os dias, de modo a habituar o nosso organismo a uma rotina de

descanso.

Evitar dormir sestas - quando dormimos sestas a meio do dia,

fragmentamos a duração do nosso sono, que pode ter implicações à noite na

hora de adormecer e manter o sono.

Não ficar acordado na cama por mais de 5 ou 10 minutos - se na

hora de ir dormir, o nosso estado de vigília está aumentado ou alguma coisa

nos preocupa devemos levantar-nos e fazer alguma coisa relaxante e em

seguida voltar para a cama.

Não ver televisão no quarto, nem mexer em aparelhos eletrónicos

até 20 minutos antes de deitar.

Ter em atenção a bebidas com cafeína - o efeito da cafeína prolongar-

se no nosso organismo por várias horas, pois é responsável pelo aumento da

vigília. Bebidas como coca-cola, café ou mesmo alguns chás devem ser

evitados para quem tem estes problemas.

Evitar outras substâncias que interfiram com o sono - o tabaco,

bebidas alcoólicas e alguns medicamentos estão associados a causar

perturbações no sono.

Praticar regularmente exercício físico - a prática de exercício físico de

uma forma regular é extremamente importante, pois promove um sono

contínuo principalmente se for praticado de manhã.

Ter um ambiente confortável e tranquilo no quarto - para uma boa

noite de sono a temperatura do quarto deve ser adequada, assim como um

ambiente escuro e um colchão confortável.

Técnicas de relaxamento antes de dormir - por vezes um banho

quente ou a prática de meditação antes de dormir ajudam a manter uma boa

higiene do sono.

39

3. Patologias caracterizadas por distúrbios do sono

Existem diversas patologias associadas a distúrbios do sono, como:

insónia, apneia do sono, narcolepsia, terrores noturnos, sonambulismo,

síndrome das pernas inquietas, entre muitas outras. Porém as três primeiras

são as que apresentam uma maior relevância [60].

Insónia - é um distúrbio do sono caracterizado pela dificuldade em

adormecer ou manter-se adormecido durante o tempo desejado. Pode ocorrer

de uma forma independente ou ter origem num grande número de causas.

Apneia do sono - existem vários tipos de apneia do sono, mas de uma

forma geral caracteriza-se pela interrupção da respiração durante o sono. Estas

interrupções designam-se por apneias que podem ter duração e frequência

variáveis. Isto acontece porque o tecido mole de trás da garganta entre a boca

e os pulmões colapsa por alguns momentos o que pode levar a falta de

oxigénio quer no cérebro, quer no organismo o que se traduz num problema

grave para a pessoa.

Narcolepsia - é uma perturbação neurológica caracterizada por uma

sonolência excessiva durante o dia e por frequentes "ataques" de sono, ou

seja, a pessoa pode adormecer em situações inusitadas: no meio de uma

conversa, numa aula, a conduzir, mesmo quando a pessoa tem um sono de

qualidade e põe em prática os bons hábitos de sono.

4. Benzodiazepinas - Mecanismo de ação

As benzodiazepinas atuam como depressores do Sistema Nervoso

Central (SNC). Apesar do mecanismo de ação das benzodiazepinas não estar

completamente definido, verificou-se que as benzodiazepinas influenciam o

processo de neurotransmissão mediado pelo ácido gama-aminobutírico

(GABA). Estes fármacos ligam-se a componentes moleculares do recetor da

isoforma GABAA - ionotrópico, constituído por cinco subunidades

transmembranares que envolvem o canal de ião cloro (Cl-). Acredita-se que o

local de ligação das benzodiazepinas se situe entre a subunidade α1 e a

subunidade ɣ2. Existe assim, um aumento de afinidade do GABA para o

40

recetor GABA A, que se verifica pelo aumento da permeabilidade do canal

iónico ao cloro, levando a uma hiperpolarização da membrana pós-sináptica e,

por conseguinte, a uma redução da excitabilidade [36].

4.1. Propriedades farmacológicas das Benzodiazepinas

As benzodiazepinas são fármacos amplamente prescritos em todo o

mundo devido às suas propriedades hipnóticas, sedativas e ansiolíticas. Existe

um número muito vasto de benzodiazepinas disponíveis no mercado.

Dependendo da sua duração de ação, umas podem considerar-se mais

eficazes como ansiolíticas e outras como sedativas e hipnóticas. Geralmente

as benzodiazepinas de curta-duração de ação tem propriedades mais

hipnóticas e sedativas, sendo geralmente indicadas para casos de insónia e

distúrbios do sono. As benzodiazepinas de duração de ação mais longa são

geralmente prescritas no tratamento da ansiedade. As benzodiazepinas

também apresentam propriedades anticonvulsivantes e mio-relaxantes.

Também ocorre um certo grau de amnésia anterógrada com todas as

benzodiazepinas usadas como hipnóticas. Algumas benzodiazepinas de

duração de ação muito curta, como o caso do Midazolam apresentam também

propriedades anestésicas, estando associadas a maiores níveis de

dependência [36].

4.2. Consumo de Benzodiazepinas

Como havia referido anteriormente, esta classe de fármacos é bastante

consumida em Portugal, com uma média de consumo bastante superior ao dos

outros países da União Europeia. As guidelines referem que a terapêutica com

este tipo de fármacos, dependendo da patologia, deve ser só de algumas

semanas, não mais do que duas ou quatro semanas e/ou tão curta quanto

possível [61].

O consumo de benzodiazepinas, particularmente o consumo a longo-

prazo condiciona a um maior número de riscos para a saúde do que benefícios.

O seu consumo de uma forma continuada está associado a interferências nos

41

processos cognitivos, diminuição da coordenação motora, diminuição da

concentração, diminuição da velocidade de reação e de processamento da

informação, assim como alterações na memória e aprendizagem [62].

Consumidores crónicos destes fármacos experimentam também sintomas de

agorafobia, perda de desejo sexual, fobia social, aumento da ansiedade e

depressão [63]. Os altos níveis de dependência e tolerância, assim como os

sintomas de abstinência que surgem com a retirada destes fármacos

constituem os maiores problemas da utilização crónica destes fármacos. Se por

um lado as benzodiazepinas de longa duração de ação estão contraindicadas

nos idosos devido ao acúmulo dos seus metabólitos no sangue, a um maior

risco de fraturas e acidentes provocados por uma maior sonolência ao longo do

dia; as benzodiazepinas de curta duração de ação estão associados a uma

maior dependência, a sintomas de abstinência, rebound da insónia e amnésia

anterógrada mais severos [64].

Estudos mais recentes demonstraram também que o uso crónico destes

fármacos está associado a um aumento do risco de aparecimento de demência

incluindo a doença de Alzheimer, particularmente nas que apresentam longa

duração de ação [65]. Outro estudo sugere que a exposição cumulativa por

mais de três meses pode aumentar o risco de demência [66].

4.3. Descontinuação das Benzodiazepinas

Para se fazer a descontinuação das benzodiazepinas é necessário muita

ponderação e cautela por parte do médico. Esta desabituação deve ser muito

bem equacionada, pois haverá patologias em que pela sua gravidade e ou

especificidade, a cessação de benzodiazepinas poderá não estar indicada.

Porém, nos casos em que os benefícios da retirada do fármaco forem

superiores aos malefícios, existem várias estratégias para a descontinuação

gradual das benzodiazepinas [67].

Em primeiro lugar será necessário avaliar o nível de dependência da

pessoa, que depende do tempo de consumo, da dose, da duração de ação e

da potência da benzodiazepina assim como, as características da pessoa em

questão [69].

42

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo publicou

um anexo I ao Boletim Terapêutico Nº 1 /2017 intitulado de “Utilização de

Benzodiazepinas: Um grave problema de saúde pública” que se destina a

auxiliar os médicos no tratamento de doentes que cessam o uso de

benzodiazepinas [67].

As recomendações para a descontinuação das benzodiazepinas de

modo a que os sintomas de abstinência sejam minimizados, passa por ir

substituindo a benzodiazepina atual pela sua dose equivalente de diazepam de

maneira a [67]:

Iniciar a conversão, substituindo uma dose da benzodiazepina atual para

a equivalente a 5 mg de diazepam de cada vez.

A dose da benzodiazepina atual será progressivamente reduzida até

zero, por substituição pelo equivalente de diazepam.

Quando o esquema conter apenas diazepam, iniciar a sua redução em 5

mg a cada 2 semanas, até atingir a dose equivalente de 30 mg de

diazepam.

A partir da dose equivalente de 30 mg de diazepam, efetuar reduções de

2.5 mg a cada 2 semanas.

Quando se atingir os 10 mg de diazepam pode considerar fazer só dose

noturna; esta opção passa a regra a partir da dose total diária de 5 mg

de diazepam.

Quando for atingida a dose de 2.5 mg, reduzir para metade durante 4

semanas e então parar.

Se houver sintomas de abstinência, alargar o prazo de redução de 2

para 4 semanas ou, eventualmente, períodos superiores se necessário,

de acordo com o grau de dependência, mas não aumentar a dose.

43

Tabela 2 - Conversão das benzodiazepinas para diazepam 5 mg [67]

Adicionalmente, o uso da carbamazepina no processo de

descontinuação das benzodiazepinas, revelou permitir uma melhor tolerância

aos sintomas de abstinência quando administrada uma dose de 300 a 400 mg

por dia [68].

O triazolam pode ser suspenso sem recurso à substituição pelo

diazepam, pois apresenta uma duração de ação tão curta (a sua eliminação

ocorre em cerca de 2 horas) que se considera que todos os dias é

descontinuado após a dose da noite anterior [67].

Também não há necessidade de conversão para diazepam se a

benzodiazepina for de longa duração de ação como por exemplo o

Clordiazepóxido. Visto que o diazepam também apresenta uma duração de

ação longa, não há necessidade de se proceder à conversão [67].

44

Tabela 3 - Descontinuação simples de lorazepam 2,5mg diários (considerou-se

que 2,5mg lorazepam é aproximadamente equivalente a 12,5mg diazepam)

[67]

Durante o processo de descontinuação, se surgirem sintomas de

abstinência, deve-se manter o doente na dose em que se encontra até que os

sintomas cessem, e não reverter para doses superiores, mesmo que a

sintomatologia seja mais acentuada. Deve-se também, ao longo de todo este

processo de descontinuação por em prática todos os comportamentos e dicas

valiosas dos bons hábitos de sono, referidas anteriormente, para que a

descontinuação seja feita com maior êxito [67].

45

5. Resultados

Na realização do inquérito sobre hábitos de sono foram inquiridos

cinquenta utentes da farmácia, dos quais quarenta e três do sexo feminino e

sete do sexo masculino. Destes cinquenta utentes, seis tinham menos de trinta

e cinco anos, onze tinham idades compreendidas entre trinta e cinco e

sessenta e cinco anos e trinta e três tinham idade superior a sessenta e cinco

anos.

Aproximadamente dois terços dos inquiridos afirmam ter dificuldade em

dormir. Destes, aproximadamente metade diz ter dificuldade em dormir várias

vezes e a outra metade algumas vezes.

Ao questionar os inquiridos sobre a sua opinião acerca do número de

horas que dormem, 62% consideram dormir o número de horas suficientes e

38% consideram que não dormem o suficiente.

Quando questionados os inquiridos de uma maneira mais concreta

acerca dos seus hábitos de sono, 40% afirma deitar-se e acordar à mesma

hora todos os dias, 28% afirma deitar-se e acordar à mesma hora três a cinco

dias por semana e 32% afirma fazê-lo raramente.

O facto de não dormir o número de horas suficientes interfere nas

funções diárias muitas vezes em aproximadamente um terço dos inquiridos,

algumas vezes em outra terça parte e poucas vezes em outro terço.

Quanto às técnicas utilizadas pelos inquiridos quando dormem mal, 34%

afirma tomar medicamentos, 12% afirma utilizar produtos naturais (chás,

bebidas alcoólicas, …), 24% afirma recorrer a técnicas de relaxamento (ler,

meditar, ouvir música, ...), no entanto metade dos inquiridos afirma ainda

utilizar outros métodos.

Dos 34% que afirmam tomar “medicamentos para dormir”, 59% afirma

tomar medicamentos diariamente, 6% uma a duas vezes por semana e 36%

uma vez por mês.

Desses mesmos 34% que afirmam tomar “medicamentos para dormir”,

35% afirma tomá-los com receita médica e 65% afirma tomá-los sem receita

médica.

46

Pode encontrar-se uma informação mais detalhada com recurso a

gráficos nos ANEXOS A.2.1. e A.2.2.

6. Discussão e principais conclusões

Depois de analisados todos os dados dos inquéritos, fiquei bastante

mais esclarecido das minhas suspeitas em relação a este tema. Os utentes da

FM, de um modo geral apresentavam dificuldades em dormir, pois dois terços

dos utentes o afirmaram. Também me chamou a atenção o número de utentes

que admitiu tomar "medicamentos para dormir" sujeitos a receita médica

diariamente, estando muitos deles associados a um longo prazo de tratamento

com estes fármacos, nomeadamente as BDZ's, pois em muitas destas

situações os riscos da sua toma são superiores aos benefícios. Constatei ainda

que muitos utentes não apresentam hábitos de sono regulares pois só 40%

afirma deitar-se e acordar à mesma hora diariamente.

Com a elaboração do folheto informativo pude aconselhar os utentes a

praticar os bons hábitos de sono de modo a praticarem uma boa higiene do

mesmo. Os utentes que se queixavam destes distúrbios receberam uma

explicação personalizada da minha parte acerca destes hábitos, assim como o

aconselhamento de MNSRM indicados para este fim que continham

substâncias ativas como: o extrato de raiz de Valeriana (Valeriana officinalis

L.), lúpulo (Humulus lupulus) e Passiflora (Passiflora incarnata). Estudos

comprovam evidência clínica destas substâncias no tratamento da insónia

primária e na ansiedade, aliado a vantagens de possuírem baixo potencial de

dependência e sintomas de abstinência [70].

A melatonina é uma hormona endógena segregada pela glândula pineal

que está envolvida na regulação do ciclo do sono e do ritmo circadiano. Com a

idade a secreção de melatonina vai diminuindo, o que pode levar a distúrbios

do sono. Ensaios clínicos demonstraram que a toma de melatonina exógena

ajuda a manter a qualidade e o número de horas de sono, pois atua nos

mesmos recetores e vias da melatonina endógena. A melatonina está indicada

para o tratamento da insónia primária em indivíduos com mais de 55 anos e

47

ainda a indivíduos que fazem terapêutica com Beta-bloqueadores, pois estes

fazem diminuir a produção endógena de melatonina [71].

Encontram-se também disponíveis anti-histamínicos H1 de primeira

geração com efeitos sedativos, como a doxilamina, igualmente de venda livre.

Nos utentes com histórico de consumo prolongado de benzodiazepinas

alertei para os seus riscos a longo prazo e nos interessados em proceder à

descontinuação das mesmas, aconselhei a falar com o médico. Também alertei

a equipa da farmácia para as estratégias de descontinuação das BZD's, que

expus em cima, pois é uma mais-valia para a equipa estar ciente disto, de

forma a estarem preparados para responder ao surgimento de qualquer dúvida

que possa surgir por parte de utentes inseridos nestes programas.

48

Conclusões finais

O estágio na FM foi crucial para a consolidação dos conhecimentos

adquiridos ao longo do meu curso académico e onde aprendi a exercer funções

essenciais que são uma mais-valia para exercer a profissão de farmacêutico.

Aprendi tudo o que concerne ao ambiente na farmácia comunitária, como lidar

e aconselhar devidamente os utentes da farmácia, o sentido de

responsabilidade e ética que incumbe, a importância do trabalho de equipa e

gestão da farmácia, lidando com todos os processos para o bom

funcionamento da farmácia que foram sendo descritos ao longo deste relatório.

Os temas que desenvolvi permitiram-me ter conhecimento da falta de

informação dos utentes acerca deles e a importância da proximidade entre o

farmacêutico e os utentes, de forma a evitar que se cometam erros e a

desmistificar ideias pré-concebidas, de forma a elucidá-los para um uso

racional dos medicamentos e a seguir as terapêuticas de uma forma segura.

49

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54

Anexos

A.1. Localização exterior e interior da farmácia

Fig. 1 – Porta principal Fig. 2 – Porta secundária

Fig. 3 – Área de atendimento ao público Fig. 4 – Área de apoio ao atendimento

55

Fig. 5 – Laboratório Fig. 6 – Zona de receção de encomendas

Fig. 7 – Gabinete de atendimento personalizado Fig. 8 – Gabinete de direção técnica

Fig. 9 – Área de armazenamento Fig. 10 – Biblioteca

56

A.2. Uso racional dos antibióticos

A.2.1. Inquérito: Uso racional dos antibióticos

57

22%

78%

Sexo

Masculino Feminino

12%

66%

22%

Idade

<35 anos 35-65 anos >65 anos

A.2.2. Resultados do inquérito: Uso racional de antibióticos

O uso de antibióticos é eficaz no tratamento de:

78%

12%

10%

Infeções bacterianas

Sim Não Não sei

50%

32%

18%

Infeções víricas/viroses

Sim Não Não sei

28%

58%

14%

Infeções fúngicas

Sim Não Não sei

56% 36%

8%

Gripes e constipações

Sim Não Não sei

58

6%

20% 24%

50%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Várias vezes Algumas vezes Poucas vezes Nunca

Já tomou antibióticos sem acompanhamento médico?

24%

32%

44%

Já tomou antibióticos para tratar uma gripe/constipação?

Várias vezes Algumas vezes Nunca

84%

16%

Na toma de antibióticos segue as recomendações dadas pelo

médico ou farmacéutico?

Sempre Nem sempre

68%

32%

Quando toma um antibiótico, toma-o:

Até ao fim da caixa Até sentir-se melhor

26%

16%

10%

48%

A expressão "resistência a antibióticos" diz-lhe alguma coisa?

Não, nunca ouvi falar

Sim, mas nem sei do que se trata

Sim, sei do que se trata, mas não me preocupa

Sim, sei do que se trata e evito tomar antibióticos

59

A.2.3. Folheto informativo: Uso racional de antibióticos

60

A.3. Hábitos de sono

A.3.1. Inquérito: Hábitos de sono

61

A.3.2. Resultados do inquérito: Hábitos de sono

14%

86%

Sexo

Masculino Feminino

12%

66%

22%

Idade

<35 anos 35-65 anos >65 anos

32%

32%

36%

Tem dificuldade em dormir?

Várias vezes Algumas vezes Nunca

62%

38%

Acha que dorme o número de horas suficiente?

Sim Não

40%

28%

32%

Costuma deitar-se e acordar à mesma hora?

Todos os dias

3-5 dias por semana

Raramente

34%

34%

32%

Quando não dorme o suficiente, isso interfere nas suas funções diárias (humor, concentração, memória)?

Muitas vezes Algumas vezes Poucas vezes

62

34%

12%

24%

48%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Medicamentos Produtos naturais (chás, bebidas alcoólicas, …)

Técnicas de relaxamento (ler,

meditar, ouvir música, …)

Outros

Quando dorme mal, recorre a:

20%

2%

12%

66%

Costuma tomar "medicamentos para dormir"?

Diariamente 1-3 vezes por semana

1 vez por mês Nunca

22%

12%

66%

Toma "medicamentos para dormir" sujeitos a receita médica

sem receita médica?

Sim Não Não tomo

63

A.3.3. Folheto informativo: Hábitos de sono

64

Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

Gonçalo Valongueiro Esteves

Training Report in Hospital Pharmacy - Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Training Report in Hospital Pharmacy

Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

September 2017 – November 2017

Gonçalo Valongueiro Esteves (201107206)

Mentor: Dr. Norbert Marxer

____________________________________

March 2018

Training Report in Hospital Pharmacy - Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

iii

Declaração de Integridade

Eu, Gonçalo Valongueiro Esteves abaixo assinado, nº 201106207, aluno do

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento. Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em

plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de

um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as

frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram

referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a

citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de

__________________ de ______

Assinatura: ______________________________________

Training Report in Hospital Pharmacy - Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

iv

Acknowledgements

The internship opportunity I had with Klinikum Ludwigshafen am Rhein was a great chance for learning and professional development. Therefore, I consider myself as a very lucky individual as I was provided with an opportunity to be a part of it. I am also grateful for having a chance to meet so many wonderful people and professionals who led me through this training period.

Bearing in mind previous I am using this opportunity to express my deepest gratitude and special thanks to Dr. Norbert Marxer who gave me this opportunity to know another environment, contact to another language and to always made me feel comfortable and as part of his team.

I also wanted to thank all the other team members for all the patience they had with me in explaining everything.

I perceive as this opportunity as a big milestone in my career development. I will strive to use gained skills and knowledge in the best possible way, and I will continue to work on their improvement, in order to attain desired career objectives.

Training Report in Hospital Pharmacy - Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

v

Abstract

The report presented here depicts the 3-month ERASMUS + training I

held at the Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein hospital pharmacy in

Germany. I have worked an average of 8 hours a day from 8:00 to 16:00,

preferring 40 hours a week. I will present all the work I have developed, the

experiences I have acquired and the many departments I have been through.

This report is divided into two parts and in the first part is described the

departments of the pharmacy where I worked and spent my time during my

training, the description of what I learned in each of them, human resources and

an explanation about of what kind of employers a German hospital pharmacy

may have. Secondly I present the work that I developed outside the hospital

pharmacy that was the visits in some wards of the hospital.

This training report, reports on my personal and professional

development as a trainee pharmacist in the pharmacy of a Central German

Hospital.

Training Report in Hospital Pharmacy - Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

vi

Index

Introduction........................................................................................................1

1. Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein...............................................2

1.1. Location and clinics............................................................................2

2. Hospital Pharmacy.........................................................................................3

2.1. Human Resources..............................................................................3

2.1.1. Hospital Pharmacists............................................................4

2.1.2. PTA's....................................................................................5

2.1.3. PKA's....................................................................................5

2.2. Arzneimittelliste and pharmacy informatics system............................6

3. Developed activities inside the pharmacy...................................................7

3.1. Lab.....................................................................................................7

3.1.1. Sterillabor - Compounding of sterile medicines....................7

3.1.2. Labor - Compounding of non-sterile medicines....................8

3.2. Dispensary Department....................................................................10

3.2.1. Distribution system to the wards.........................................10

3.2.2. Stock replacement..............................................................11

3.3. Pharmacist Department....................................................................12

3.3.1. Btm-Raum...........................................................................12

3.4. Cytostatic Department......................................................................13

4. Developed Activities outside the pharmacy..............................................14

4.1 Visit to the wards...............................................................................14

5. Conclusion...................................................................................................15

6. References....................................................................................................16

7. Attachments.................................................................................................17

1

Introduction

In Germany there are three types of hospitals: public, religious and

private. There are also university hospitals that are research centers too. My

training took place in a central public hospital with almost all clinics as well as

institutes that complement the range of services offered by the hospital which

includes the pharmacy that it is defined as the health care service responsible

for choosing, compounding, storing and dispensing medicines and medical

devices in a hospital environment, providing patients with medicines, daily

supplies to the wards, and control of drug stocks at the wards. In addition, the

pharmacy supplies the hospital with home-production medicines.

To ensure that its role and mission are well performed and accomplished,

a hospital pharmacist should have the essential and needed training. Therefore,

it is very important for pharmacy students to have a good training in Hospital

Pharmacy. It allows them to start connecting with this branch and wide their

knowledge on the role and tasks of a pharmacist. After the proper years of

studies, pharmacy students may put into practice the acquired theoretical

knowledge. At the same time, they will obtain new competences and knowledge

that will help them become a qualified health professional. Therefore, I decided

to embrace the opportunity to perform my Training in Hospital Pharmacy in this

hospital. During three months, I had the opportunity to observe and perform

several tasks in each department of the hospital pharmacy. Connecting with a

different reality of hospital pharmacy and health system was without a doubt an

incredible experience. This report describes and acknowledges this experience

and all the competences that I acquired during the training.

Training Report in Hospital Pharmacy - Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

2

1. Klinikum der Stadt Ludwigshafen

1.1. Location and clinics

Ludwigshafen am Rhein is a city in Rhineland-Palatinate, Germany, on

the Rhine river. Known primarily as an industrial city, Ludwigshafen is the home

of chemical giant BASF, as well as other companies. It is also the birthplace of

the former German chancellor Helmut Kohl who served as chancellor from 1982

to 1998.

The Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein is a maximum care

hospital . It has 16 clinics and 5 institutes of almost all medical specialties. The

clinics operate numerous special outpatient clinics . There are a number

of competence centers for this purpose. Two nursing homes are also part of the

hospital. In May 2009, Klinikum Ludwigshafen became the first municipal

hospital in Germany to be certified according to the latest KTQversion.

The Klinikum Ludwigshafen operates 16 clinics:

Eye clinic

Surgical Clinic A

Surgical Clinic B - Vascular surgery

Maternity Unit

Ear, nose and throat clinic

Gynecology Clinic

Dermatology Clinic

Anesthesiology and Surgical Intensive Care Clinic

Oral and Maxillofacial Plastic Surgery

Cardiac Surgery Clinic

Radiotherapy Clinic

Medical Clinic A - Rheumatology, Nephrology

Medical Clinic B

Medical Clinic C - Gastroenterology

Neurology Clinic

Urology Clinic

The following 5 institutes complement the range of services offered by

the hospital. They support the clinics with diagnostics and service provision.

Institute for Laboratory Medicine

Pathology Institute

Institute for Physical and Rehabilitation Medicine

Diagnostic and Interventional Radiology

Pharmacy

Training Report in Hospital Pharmacy - Klinikum der Stadt Ludwigshafen am Rhein

3

2. Hospital Pharmacy

2.1. Human Resources

There are approximately 25 employees working every week in the

hospital to ensure the quality of the service provided to the hospital and its

patients. This team works under the leadership of Dr. Norbert Marxer, Chief

pharmacist of the pharmacy, and is composed by several pharmacists,

pharmaceutical technical assistants (PTAs), pharmaceutical-commercial

assistants (PKA's) and other qualified workers. These last two categories PTA

and PKA do not exist in Portugal, so below I am going to explain in more detail

what their work consists. Each person has the necessary knowledge and

training to correctly perform its specific tasks. This characteristics coupled with

the constant update of knowledge of the pharmacy team highly contributes to its

multidisciplinary and success. Also, the good and healthy environment provided

in the pharmacy encourages teamwork, which is truly necessary to accomplish

all tasks. All of the pharmacy employees are well informed about the necessary

procedures to ensure the correct handling of medicines and patient’s safety.

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2.1.1. Hospital Pharmacists

Hospital pharmacists are responsible for validating and dispensation of

psychotropic/narcotic drugs and cytostatics. They carry out internal controls,

prepare orders for the pharmacy, and approve medicines produced internally at

the pharmacy, as well as their quality control and quality assurance. They are

also responsible for the management of clinical trials.

At the same time, they are in constant contact with medical and nursing

staff, making themselves available to clarify any questions that arise about the

medication or to facilitate the sending of extra medication to the normal

distribution.

In Germany there is, however, the ADKA - The German Society of Hospital

Pharmacist, whose main objectives are the maintenance and development of

hospital pharmacy at a high scientific and practical level and to promote the

professional interests of hospital pharmacists. These objectives are set out in

ADKA paper targets. In order to achieve the technical objectives, committees

and project groups of ADKA dedicated to doing next scientific projects,

especially the development of guidelines in the area of hospital pharmacy care.

Hospital pharmacies can negotiate better prices directly with the pharmaceutical

industries. Community pharmacies cannot negotiate directly with the

pharmaceutical industries, only with wholesalers. This makes hospital

pharmacies have access to cheaper medicines than the community pharmacies

because they do not need any intermediate (wholesalers) to do business.

ADKA represents over 2,060 hospital pharmacists working in almost 400

hospital pharmacies across Germany.

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2.1.2. PTA's

PTA is a health care provider who performs pharmacy-related functions,

generally working under the direct supervision of a pharmacist. Pharmacy

technicians work in a variety of locations (usually in community, retail,

and hospital pharmacies). In the hospital pharmacy, they do not have direct

contact with the customers/patients but in community pharmacies they do.

They are responsible for the compounding of the medicines, such as

sterile medicines in Sterillabor as well as syrups, ointments, creams and eye

drops. They also play a key role in the production of cytostatics. They are

responsible, with help of the pharmacist, for supervising their production as well

as maintaining an environment in the lab always clean and free of

microorganisms. They are also responsible for ensuring that the entire

production process is carried out successfully by performing verification tests

such as pH measurements, chemical solvent testing, thin-layer

chromatography, and melting point measurements. When a new compound

arrives at the pharmacy they are responsible for checking their identity by

resorting to various tests as well as cross-markers of melting point. They are

also responsible for keeping the labs clean and organized and also keeping all

the equipment used calibrated.

2.1.3. PKA's

The PKA is the professional title for a commercial-oriented training

occupation in the pharmacy.

PKA's take care of billing for services, update stocks at the pharmacy,

and handle all billing for orders. They are also responsible for inventory of drug

stocks, execute the orders, checking the goods receipt, storage, pricing and

sorting of goods, bottling and packaging of medicines and dealing with

commercial work. Usually at the hospital pharmacy they are in the office,

dispensary department and in the delivery of the orders. They play a vital role in

the pharmacy because they ensure a good stock maintenance, making sure

there is never a failure in the distribution of the medication to the wards.

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2.2. Arzneimittelliste and pharmacy informatics system

The Arzneimittelliste is a small book that the pharmacy updates every

year. This book is divided into 4 parts. It can be available on physical or digital

support. The first day I started the training it was immediately given to me a

copy for consultation and any doubts that might arise. It contains all the

telephone numbers of the departments as well as the schedule of the

pharmacy. It also contains all the medicines available in the pharmacy, the

dosages available and the prices distributed by the different categories of

medicines and alphabetical order. It provides information about the

conservation of medicines as well as the dosage forms available (syrup, tablets,

ampoules, etc.). It provides the expiration dates of the medicines that when

opened can only be used for a few months or days. It also contains information

about a form related to a project organized by the pharmacy regarding the use

of the antibiotic Linezolid. As it is known, Linezolid is a super antibiotic effective

against all clinically important Gram-positive bacteria, but unfortunately it is the

last resort of treatment. Its use must be very considered. Resistance to

antibiotics is a growing problem in the world, so measures need to be taken. A

few years ago the pharmacy acknowledged that this antibiotic was used too

much, so an exclusive form was made to prescribe this antibiotic and thus to

regulate its better use.

All hospital pharmacies in Germany must have this book available for use

by the pharmacy team. It's imperative!

The informatics system existent in the pharmacy is also constantly used,

mainly by pharmacists. They need to know what medications are currently

available at the pharmacy. So this system is more accurate and used.

Pharmacists can find out what medications are available on the stock at that

moment, as well as more information about medications such as side effects,

contraindications, price and available dosage forms. Also it has information

about tablets, in case you can or cannot take 1/2,1/3 or 1/4 of the tablet to

regulate the dose to the patient. This is very important because in some cases

the tablets cannot be split to regulate doses and administered to patients.

Pharmacists have a lot of responsibility in regulating these situations. For some

patients when they are admitted to the hospital, the pharmacy is obliged to

provide the medicines that the patient takes at home or in a chronic way, so

pharmacists are very careful to provide the same medicines and the same

dosages. Sometimes the pharmacy does not have all medicines available in the

market of the same drug class therefore the informatics system also has

conversion tables of medicines of the same drug class and respective dosages.

For example, in the case of ACE inhibitors for the treatment of hypertension, the

pharmacy only has some available, so with the table we can replace the

medication without any problem just consult the table and adjust the dosage.

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3. Developed Activities inside the pharmacy

3.1. Lab

In the pharmacy there are two labs for the compounding of medicines:

one for the compounding of sterilized medicines such as injections and eye

drops and the other for non-sterilized ones, such as syrups, creams, ointments

and solutions, etc.

3.1.1 Sterillabor - Compounding of sterile medicines

The medicines compounded in this lab are:

Adrenaline 1:10 and Adrenaline 1:100;

Noradrenaline 1:10 and Noradrenaline 1:100;

Sufentanil + Ropivacaine;

Morphine - infusion;

Piritramide - infusion;

Hydromorphone - infusion.

This type of compounding is very controlled and regulated, both in terms

of space and method of work, and in the staff who work here who are in most

cases PTA's. Everything must be absolutely sterile, and with as less particles as

possible in the laminar flow chamber where these medicines are made to avoid

contamination.

In order to certify that, the hygiene measures are taken and the

medicines produced by the pharmacy are safe, a periodic monitoring is carried

out in the lab. The following parameters are then monitored: counting the

number of particles / m³ inside and outside the laminar flow chamber; colony

count in the air (agar sedimentation test); surface control (agar plates in contact

with parts of the surface).

All operators in the lab must wear special sterile clothing such as mask

on the face, lab coat, cap and a pair of gloves. The lab has two antechamber

rooms where people can dress for being able to go to the chamber sterile room.

In each compounding, control tests are integrated into the guarantee system of

quality. In the specific case of Adrenaline and Noradrenaline, at the end of the

preparation these medicines are stored in syringes. When all syringes are

properly sealed, they are then labeled as well as stored in properly labeled bags

to be sent to the wards. Then a sample of each batch is sent to a specialized

lab in the hospital that will perform the necessary microbiological tests, which

takes about 2 weeks.

If everything has been within the recommended values, the medicines

can be released to the wards.

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A sample of each batch should be stored in the pharmacy for a minimum

of 6 months and some tests such as pH and chemical solvents were carried out.

The pH of these medicines must be less than 5.5 and in the presence of glacial

acetic acid and sodium nitrite the resulting color it will have to be red /orange for

Adrenalin 1: 10, light orange for Adrenaline 1:100, yellow for Noradrenaline

1:10 and light yellow for Noradrenaline 1:100. Visual tests are also performed

for the detection of particles.

I had the opportunity to work and learn in all areas that involves the

production and testing of the sterile medicines.

3.1.2. Labor - Compounding of non-sterile medicines

This lab is where non-sterile drugs are produced. Syrups, ointments,

creams, chemical solvents in many concentrations are produced here.

This laboratory includes: hygiene in the production, hygiene monitoring,

tests on active substances used in hospital pharmacy production and the

stability tests for the medicaments prepared here.

The lab is divided into two compartments, one where there is a fume

hood, pH meter, thin layer chromatography material, UV lamp and many

chemical solvents. Quality in production must begin with active substances, so

when the pharmacy receives an active substance it must be tested. For these

tests of authenticity and purity of the substance pH, refractive index and other

chemical solvent tests are carried out. Thin layer chromatography and melting

point measurement are also frequently used.

In the second compartment is where the medicines are produced. The

lab is well equipped with several analytical and semi-analytical balances, as

well as all the necessary equipment for the production of syrups, solutions,

creams, ointments, tinctures, suspensions, pastes and mouthwash gels.

Some formulations produced here are:

Benzydamine-Lidocaine mouthwash gel;

Betamethasone 0,1% cream;

PUVA cream;

Dithranol (cignolin) (1/2%; 1/4%; 1/8%) Salicyl vaseline;

Hydrocortisone 1% cream;

SOD Paste;

Erythromycin cream 1%;

Messerklinger ointment;

Naloxon syrup 0,5 mg/ml;

Opium-tincture 20g;

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Hydrochloric acid, Nitric acid in many concentrations;

Lactose Monohydrate;

Vancomycin syrup;

Ethanol 96%; 90%; 70%;

Triamcinolone acetonide 0,1% cream;

Lidocaine solution with dexpanthenol.

Before producing any medicine, it is always necessary to put on gloves,

lab coat and disinfect the whole material and the workbench with 2-propanol.

Only after this procedure, we begin to produce the medicaments mentioned

above. After their production they are stored in the proper containers, such as

tubes, bottles, etc.

A small amount of each product (retain sample), goes for analysis and is

then stored on the lab shelf.

The medicines are then labeled and stored in appropriate places. The

protocol is completed and attached to the produced medicines. When the

pharmacist checks everything and signs the protocol also, it is ready to be sent

to the wards.

I had the opportunity to participate in the production, labeling and

packaging of all medicines, as well as to do some authenticity tests of active

substances and other medicines produced in the lab.

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3.2. Dispensary department

This department ensures the efficient and correct supply of medicines to

the wards, thus being responsible for the selection and procurement of

medicines.

PKAs work more frequently here. The department consists of 3 very

large shelves. In the first shelf are mainly the ampoules, in the second shelf the

tablets and in the third, creams, ointments, tests and suppositories among other

medicaments. There is also a corridor where the refrigerators are. Here are

insulin's and other medicines that need refrigeration. Also in the main hall of the

pharmacy there are many medicines on the shelves that are part of the

dispensary department, namely antibiotics, anesthetics and medicines prepared

at the pharmacy. There is also a room where all the disinfectants are stored.

3.2.1. Distribution system to the wards

Every Monday, Wednesday and Friday, the wards send to the informatics

system of the pharmacy the stock medicines they need. This information

automatically goes to the small scanning machines and it is, at this moment, the

staff of this department begins to scan the medicines that are distributed in a

suitable boxes through the batch flow system. Medications that require

refrigeration must be labeled with a special label to identify that this kind of

medicines need refrigeration. When the round is finished, the boxes are closed

and sent to the wards.

In this department the validation by pharmacists is absent. In Germany

pharmacists do not have access to the clinical process of the patient and the

therapeutic regimen that corresponds to them in this department.

All types of drugs including disinfectants and anesthetics (except

cytostatics and opioid /narcotic analgesics) are sent to the wards in this

distribution system process.

I worked several days of the week, during my training, in this distribution

system and acquired almost all the knowledge needed to master this area of the

pharmacy.

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3.2.2. Stock replacement

Whenever any order for medicines arrives at the pharmacy, it must go

through a delivery process. This process is performed in the pharmacy

basement. Here all orders are opened and their contents checked. After this

verification process and if everything is in order, the medicines are sent to the

dispensary department to be packaged in an orderly and organized manner on

the shelves.

Medications are distributed on 3 shelves in alphabetical order and

dosage form. Medicines requiring refrigeration should first be placed in a

refrigerator and subsequently in refrigerators as needed. Sometimes there is

not enough space to put all the medicines on the shelves and sometimes we

have to place them in other areas of the pharmacy so the pharmacy had

created a very meticulous system of to make everything organized. It consists

of placing a small yellow point in the place where a medication is inserted with

information where we can find the remaining units that did not fit in there.

When we notice that certain medications are ending, just write the name

in a notebook that is in this department and someone from the office (PKA) will

make a new order and everything works in balance and harmony so that

patients are never missing any medication.

I had the opportunity to check and know in detail how this department

works by helping and interacting with the staff in charge of this department.

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3.3. Pharmacist department

3.3.1. Btm-Raum

Psychotropic and narcotics drugs are highly controlled drugs and must

obey with their own legislation, which is the "Gesetz über den Verkehr mit

Betäubungsmitteln" in Germany.

It is in this room that these drugs/medicines are stored. Only the

pharmacists have access to this room and only they have a card and a code

that gives them access to this room.

Prescription of these drugs is performed separately from other

medication groups. A separate form shall be drawn up stating the name of the

drug product, the quantity by number and number of the service and the doctor

responsible for the application and its signature. The form is composed of two

sheets: the first is filed at the pharmacy for a period of 3 years, for legal

reasons, and the second is used at the pharmacy for billing for the service.

There is also a control manual which includes all the psychotropic and narcotic

drugs in the hospital pharmacy, and whenever there is a dispensation, it is

necessary to register the ward for which the medication is intended, the

prescribing physician, the quantity which is dispensed and the quantity

remaining in stock.

Every month a responsible pharmacist checks the quantities in stock with

the records in this manual because these values cannot be wrong.

It is not necessary to send these records to any responsible entity. The

records must be kept in the pharmacy for 3 years and can be inspected when

the responsible entity desires.

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3.4. Cytostatic department

This department is responsible for the preparation of cytostatic drugs.

This department consists of three compartments: a normal office, an

antechamber and the sterile chamber. The antechamber and the sterile

chamber resemble the ones from the sterile department, already mentioned in

this report. The big difference lies in the pressure of the sterile room. In this

case, the antechamber room has a negative pressure when compared with the

sterile chamber room. This avoids flow of hazardous substances from the sterile

room to the outside environment and consequent contamination of employees

and patients.

Due to the several dangers associated with handling of hazardous

substances, all of the employees should be well informed of the safety protocols

and preparation procedures. Also, pregnant and breastfeeding women cannot

prepare this kind of drugs.

First of all the prescription for a patient always comes via fax. A

pharmacist controls the dosage, which is often calculated for cytostatics with the

body surface of the patient. The plausibility check is also carried out by a

pharmacist. Meanwhile, in practice, the blood levels of the patient are

controlled. Only, if this is everything right, the pharmacist gives the order for the

production. The PTA then makes the solution as directed. In addition to the

producing PTA sits in the Sterile chamber in this department always another

PTA, who supports the PTA who is producing the cytostatics and controls every

steps. When the preparation is done, it is passed through a lock to the

pharmacist that checks if the preparation is according to the protocol, the

dosage, checks if the infusion set is correct and everything is really tightly

sealed. Finally packs the preparation in a special bag with all the warnings and

puts in another lock to the nurse take to the respective patients.

During my training, I had the opportunity to observe the preparation of

some of these drugs and offer assistance in the preparation.

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4. Developed activities outside pharmacy

4.1. Visit to the wards

In the course of my training I also had the opportunity to accompany and

help the PTA's several times during their visit to the wards. The PTA's have the

task, a few times a year, to visit the wards: to check the expiration dates of the

medicines, check the stocks of the medicines, check if the medicines are

conserved in the proper way, check everything is normal between the pharmacy

and the ward and if the drugs are being delivered on time. They also speak with

the ward manager in order to improve the service between pharmacy and the

ward.

All medications that are expired or need to be collected, PTA's have this

task of taking them from the wards.

During the validation process, the PTA fills a specific validation sheet

indicating if the wards comply with all the parameters or not. This sheet will then

be sent to a pharmacist of the pharmacy and filed in a specific dossier.

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5. Conclusion

My training in the hospital pharmacy allowed me to understand the

pivotal work that the pharmacist has in the hospital environment.

I had the opportunity to put into practice the technical and scientific

knowledge acquired throughout my academic career, contacting with new

challenges and experiencing many situations in which the pharmacist can

intervene. I believe this time I spent here was extremely enriching personally

and professionally.

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6. References

[1] Klinikum Ludwigshafen. Retrieved November 4, 2017, from:

https://www.klilu.de/content/index_ger.html

[2] PTA- Der Beruf. Retrieved November 6, 2017, from:

https://www.ptaheute.de/beratung-service/pta-der-beruf/arbeitsbereiche/pta-

zytostatika/

[3] ADKA: The German Society of Hospital Pharmacists. Retrieved November 7, from: https://www.adka.de/

[4] BV pta: Retrieved November 8, from: https://www.bvpta.de/bvpta/berufsbild/krankenhaus/

[5] ADEXA Die Apothekengewerkschaft. Retrieved November 6, 2017, from: https://www.adexa-online.de/

[6] Ausbildung zur Pharmazeutisch-Technische Assistentin. Retried November 8, 2017, from: https://www.ulmato.de/ausbildung/pta-pharmazeutisch-technischer-assistent/

[7] Praktikumsbericht. Retried November 9, 2017, from: https://e-hausaufgaben.de/Hausaufgaben/D1984-Praktikum-Praktikumsbericht-Muster.php

[8] BERICHT ÜBER MEINE ZEIT ALS PHARMAZEUTIN IM PRAKTIKUM IN DER MEDICON APOTHEKE. Retried November 10, 2017, from: http://www.medicon-apotheke.de/fileadmin/12_PDF/medicon-praktikumsbericht-alter.pdf

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9. Attachments

Figure 1 - Lab Figure 2 - Dispensary department

Figure 3 - Pharmacist department Figure 4 - Cytostatic department

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Figure 5 - Sterillabor

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