relatÓrio de estÁgio -...

52
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO Diversidade de formigas no olival transmontano António Jorge Ribeiro Neto da Silva 7415 Orientador interno: Doutora Maria Isabel Patanita Orientador externo: Doutora Sónia Santos Curso de Biologia BEJA 2012

Upload: lyquynh

Post on 08-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Diversidade de formigas no olival transmontano

António Jorge Ribeiro Neto da Silva

7415

Orientador interno:

Doutora Maria Isabel Patanita

Orientador externo:

Doutora Sónia Santos

Curso de Biologia

BEJA

2012

Page 2: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | I

Índice Local de Realização .................................................................................................................. III

Resumo ....................................................................................................................................... IV

Abstract ........................................................................................................................................ V

Agradecimentos ......................................................................................................................... VI

1 - Introdução .............................................................................................................................. 1

1.1 - As formigas como bioindicadores e indicadores agroambientais .......................... 3

1.1.1 - Bioindicadores ........................................................................................................ 3

1.1.2 - Indicadores agroambientais ................................................................................. 4

1.2 - Diversidade agrícola e fatores relacionados ................................................................. 5

1.2.1 - Diversidade agrícola .................................................................................................. 5

1.2.2 - Mirmecofauna, paisagem e práticas culturais ....................................................... 5

1.2.3 - Mirmecofauna como indicadora do sistema de cultivo ........................................ 6

1.3 - Formigas da Península Ibérica ........................................................................................ 7

1.3.1- Diversidade de espécies ............................................................................................ 7

1.3.2 - Grupos Funcionais ................................................................................................... 10

1.3.3 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais ......... 11

2 - Objetivos .............................................................................................................................. 13

3 - Material e métodos ............................................................................................................. 14

3.1- Caracterização dos olivais .......................................................................................... 14

3.2 - Colheita e identificação de formicídeos ................................................................... 16

3.3 - Análise estatística ....................................................................................................... 16

4 - Resultados ........................................................................................................................... 18

4.1 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais ........ 18

4.2 - Composição, abundância e riqueza específica da comunidade de formigas 20

5 - Discussão ............................................................................................................................. 25

6 – Comentários e sugestões ................................................................................................. 27

7 - Conclusão ............................................................................................................................ 28

8 - Referências bibliográficas ................................................................................................. 30

ANEXOS .................................................................................................................................... 38

Page 3: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | II

Índice de Figuras

Figura 1 - Géneros da família Formicidae da Península Ibérica. ....................................... 9

Figura 2 - Grupos funcionais propostos por Roig e Espadaler para a Península Ibérica.

..................................................................................................................................................... 11

Figura 3 - Colocação de armadilhas de queda. ................................................................... 16

Figura 4 - Comparação da abundância das 5 espécies mais importantes por tipo de

gestão de solo. .......................................................................................................................... 21

Figura 5 - Riqueza específica por tipo de gestão de solo de solo. ................................... 22

Figura 6 - Indicadores do estado de perturbação de acordo com os grupos funcionais

..................................................................................................................................................... 23

Figura 7 - Índice de diversidade (1/D) ................................................................................... 24

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Traits das espécies identificadas em Trás-os-Montes e no Alentejo ............ 19

Tabela 2- Composição, abundância, grupos funcionais e riqueza específica ................ 20

Page 4: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | III

Local de Realização

Este estágio realizou-se na Escola Superior Agrária de Beja, mais concretamente no

Laboratório de Proteção de Plantas, pertencente ao Departamento de Biociências.

Decorreu entre os meses de Fevereiro e Junho de 2012.

Page 5: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | IV

Resumo

O olival é uma cultura muito característica da região mediterrânica, e em Portugal

trata-se de uma das principais fontes de rendimento para as regiões do Alentejo e Trás-os-

Montes. Em Trás-os-Montes grande parte da área agrícola é ocupada por olival para a

produção de azeite e os modos de produção agrícola em que se encontram são

principalmente a cultura tradicional e o modo semi-intensivo. Nos últimos anos, o progresso

das práticas agrícolas, nomeadamente para aumento na produção dos olivais, tem entrado

em conflito com a qualidade ambiental. Este problema surge através a utilização de

produtos químicos que perturbam e contaminam o ambiente. Assim surge a necessidade de

monitorizar os impactos destes progressos no ambiente, de forma sustentável. Uma das

formas mais modernas para a monitorização ambiental é a utilização de bioindicadores. Um

bioindicador é uma espécie ou grupo de espécies que reflete o estado biótico ou abiótico de

um meio ambiente, o impacto produzido sobre num ecossistema, ou também indicar a

biodiversidade de determinada região. As formigas (Família Formicidae) constituem um dos

grupos de insetos mais importantes no solo do olival, por serem extremamente abundantes.

Elas influenciam fortemente os ecossistemas, uma vez que são importantes na incorporação

de nutrientes ao solo, além de serem predadoras de outros organismos, regulando sua

diversidade no ambiente. Desta forma, as formigas podem ser excelentes bioindicadores,

devido, principalmente à sua abundância e riqueza de espécies.

Em Maio de 2011 amostraram-se as comunidades de formigas em nove olivais de

sequeiro, localizados na região de Mirandela, através da utilização de armadilhas de queda

(pitfall). Depois procedeu-se à contagem e à identificação dos espécimens. Foram

identificados 16093 formicídeos distribuídos por 14 géneros. Destes géneros as cinco

espécies mais abundantes em todos os olivais foram: Cataglyphis sp., Crematogaster

auberti, Messor barbarus, Tapinoma nigerrimum e Tetramorium forte. Os olivais com maior

riqueza específica foram os olivais cujo solo foi mobilizado. De acordo com o Índice de

Simpson os olivais com maior diversidade foram os de Paradela e Guribanes.

Palavras-chave: Oleae europea, Formicidae, biodiversidade, bioindicadores, monitorização

ambiental.

Page 6: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | V

Abstract

The olive is a very distinctive culture of the Mediterranean region, and in Portugal it is

a major source of income for the regions of Alentejo and Trás-os-Montes. In Trás-os-Montes

largely agricultural area is occupied by olive trees for oil production and the ways in which

they are farming are mainly traditional culture and a semi-intensive. In recent years, progress

in agricultural practices, in particular to increase the production of olive groves, has clashed

with environmental health. This problem arises through the use of chemicals which disrupt

and contaminate the environment. Thus arises the need to monitor the impacts of these

developments on the environment in a sustainable manner. One of the most modern forms

for the environmental monitoring is the use of bio-indicators. A bioindicator is a specie or

group of species that reflects the state of biotic and abiotic environment, the impact on an

ecosystem, and also indicates the biodiversity of a region. Ants (Family Formicidae) are one

of the most important groups of insects in the soil, to be very abundant. They strongly

influence the ecosystem as it is important to incorporate nutrients to the soil, and are

predators of other organisms, range in regulating the environment. Thus, the ants are

excellent bioindicators, mainly due to its abundance and species richness.

In May 2011 were sampled ant communities in nine dry land olive groves located in

the region of Mirandela using the technique of pitfall traps. Then proceeded to count and

identification of specimens. Were identified 16093 ants spread over 14 genera. Of the five

genera most abundant species in all groves were: Cataglyphis sp., Crematogaster auberti,

Messor barbarus, Tapinoma nigerrimum e Tetramorium forte.The olive groves with highest

species richness were the groves where the soil was mobilized. According to Simpson Index

olive groves with a greater diversity were the Paradela and Guribanes.

Keywords: Oleae europea, Formicidae, biodiversity, bioindicators, environmental

monitoring.

Page 7: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | VI

Agradecimentos

À Sara Costa e ao Álvaro Silva, por estarem sempre a meu lado;

A todo o pessoal do Centro de Meteorologia da Base Aérea Nº11, por facilitarem as

minhas presença neste estágio, através de todas as trocas possíveis e imagináveis;

À Doutora Isabel Patanita, pelo tema, pelo acompanhamento e por todo um mundo

em miniatura, que me mostrou e que desconhecia por completo;

À Doutora Sónia Santos pelos milhares de exemplares que forneceu para

identificação, à diversidade de espécies e por toda a ajuda;

À Verónica Sousa pela companhia;

À Andreína Silva, pela simpatia e todo o apoio;

À Cláudia Gonçalves, por tudo! Toda a gente tem de aprender com alguém, e tudo o

que hoje sei sobre formigas, aprendi contigo.

Obrigado.

Page 8: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 1

1 - Introdução

A oliveira (Oleae europaea L.) constitui um elemento característico da paisagem

Mediterrânica. A origem desta espécie não é clara, pensando-se que poderá ser oriunda de

qualquer parte da Bacia Mediterrânica Oriental ou da Ásia Menor (Fernández e Moreno,

1999). É considerada das plantas mais antigas a ser cultivada, remontando a sua

domesticação, na Bacia Mediterrânica Oriental, há cerca de 3000 a 4000 anos A.C. (Connor

e Fereres, 2005).

Na região Mediterrânica, a oliveira tem sido cultivada tradicionalmente em áreas

consideradas impróprias para culturas mais intensivas, por razões inerentes ao tipo de solo

(pouco profundos), à topografia (terrenos declivosos) e à falta de água para a rega (Connor

e Fereres, 2005). Estes olivais tradicionais (≤100 árvores por hectare) são constituídos por

árvores dispersas, com práticas de poda acentuadas de forma a reduzir o volume do

copado, e por conseguinte as necessidades hídricas, de forma a assegurar a sobrevivência

e a produção durante o longo período estival quente e seco (Connor, 2005). Contudo, nas

últimas duas décadas ocorreram uma série de fatores (ajudas comunitárias, aumento da

procura do azeite, etc.) que impulsionaram a olivicultura, conduzindo a alterações profundas

no sistema de cultivo. Assim, o olival tradicional foi substituído por novas plantações

intensivas (200-400 árvores por hectare), caracterizadas por práticas agrícolas de grande

eficácia produtiva, nomeadamente mobilizações, fertilizações, proteção fitossanitárias e rega

(Torres, 2007).

À semelhança do que aconteceu nos outros países do Mediterrâneo, também em

Portugal assiste-se na atualidade a um interesse pela intensificação desta cultura,

passando, entre outros fatores, pela adoção da rega. No entanto, Portugal, assim como

outras regiões do sul da Europa, apresenta-se vulnerável às alterações climáticas,

nomeadamente à seca e à desertificação (Santos et al., 2002).

Apesar dos cenários futuros para a precipitação em Portugal Continental serem mais

incertos, a maioria dos modelos preveem uma redução da sua quantidade e do número de

dias com chuva. Os modelos de previsão apontam para um incremento da precipitação no

Inverno, sobretudo devido à ocorrência de eventos de forte intensidade, e um forte

decréscimo nas outras estações (Santos et al., 2002). Estas alterações climáticas terão sem

dúvidas impactos na produtividade das culturas na região Mediterrânica, e em particular na

oliveira (Villalobos et al., 2004).

Na região de Trás-os-Montes, é na Terra Quente (ver Anexo 1) que o olival para

azeite é mais representativo, ocupando uma área de 41 281 ha (INE, RGA, 1999), ou seja,

57% da área total do olival da Região Agrária de Trás-os-Montes; o que equivale a cerca de

33% da Superfície Agrária Útil (SAU) da Terra Quente ocupada por olival para a produção

Page 9: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 2

de azeite. Os concelhos da Terra Quente onde a SAU ocupada por olival assume maior

representatividade são, por ordem decrescente de importância, Mirandela, Vila Flor e

Alfandega da Fé, este último com uma área de olival para azeite de 4 883 ha (39% da SAU).

As variedades predominantes nesta região olivícola são a “Verdeal Transmontana” (10-

40%), a “Madural” (10-22%) e a “Cobrançosa” (12-30%) (Monteiro, 1999). Atualmente, tem-

se verificado um aumento de plantações de olival com cultivar “Cobrançosa”, justificado pela

facilidade de propagação vegetativa, regularidade de produção, bom rendimento em azeite,

baixa resistência do fruto ao desprendimento (facilidade na colheita mecânica) e a produção

de azeite de ótima qualidade.

Em Trás-os-Montes destacam-se dois sistemas de produção do olival: o tradicional e

o semi-intensivo para a produção de azeite (Duarte et al., 2004). O olival tradicional

representa o sistema de produção olivícola mais comum na região, associado às plantações

mais antigas. Este sistema caracteriza essencialmente os muito pequenos e pequenos

agricultores, proporcionando um complemento de rendimento e contribuindo para o auto

consumo. Pelo contrário, os olivais semi-intensivos para azeite estão em geral associados a

médio/grandes produtores que vivem exclusivamente ou maioritariamente do rendimento

agrícola. Este sistema representa as áreas recentemente plantadas (principalmente depois

de 1986, quando Portugal passou a beneficiar da política estrutural comunitária) estando

geralmente associado a declives baixos ou médios, na medida em que a colheita mecânica

é frequente (Duarte et al., 2004).

O progresso das práticas agrícolas, nomeadamente para um aumento na produção

dos olivais tem entrado em conflito com a sanidade ambiental. A diversidade destes

ambientes está ameaçada, bem como o equilíbrio de toda a cadeia que deles dependem.

Para minimizar os impactos destes progressos das práticas agrícolas e dos avanços

tecnológicos refletidos na industrialização moderna, procuram-se cada vez mais, opções

mais sustentáveis Neste contexto, o equilíbrio ambiental dos solos pode ser medido pela

observação das características populacionais de grupos de organismos específicos,

considerados bioindicadores do grau de alteração ou fragmentação de um local.

Dada a natureza ubíqua e ao papel essencial dos invertebrados em muitos

ecossistemas terrestres, muitos gestores agrícolas manifestaram interesse na utilização de

invertebrados para a monitorização dos ecossistemas (Hölldobler e Wilson, 1990; Andersen

e Lonsdale, 1990; Wilson e Hölldobler, 2005).

As comunidades de invertebrados podem registar o impacto das práticas agrícolas, a

curto prazo, além de, a longo prazo poderem indicar mudanças nos ecossistemas

(Parmesan et al., 1999; Bisevac e Majer, 1999; York, 2000).

Page 10: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 3

No entanto, apesar do reconhecimento de que a monitorização dos invertebrados é

uma atividade importante, muito aceite por agências financiadoras nacionais e

internacionais, os esforços da monitorização, raramente, têm gerado retornos proporcionais

ao seu investimento.

Este estudo vai concentrar-se sobre a potencial utilização das formigas na

monitorização do estado de perturbação do olival. Em contraste com a colheita de formigas,

que representa a fauna de formigas num tempo específico, a monitorização refere-se a

amostragens repetidas ao longo do tempo para identificar padrões de população. Desses

padrões é possível retirar informação que possibilita responder a várias questões

específicas de gestão.

As formigas são consideradas particularmente úteis para a monitorização devido a

várias razões. Elas são abundantes e ubíquas tanto em habitats intactos como em áreas

que sofreram perturbações (Majer, 1983; Andersen, 1990; Hoffmann et al., 2000), a

amostragem é relativamente fácil, sem necessidade de conhecimentos especializados muito

profundos (Greenslade, 1984; Fisher, 1999; Agosti e Alonso, 2000) e as formigas provaram

ser sensíveis e respondem rapidamente a variações ambientais (Campbell e Tanton, 1981;

Majer, 1983; Andersen, 1990). Além disso, as formigas são importantes em diferentes níveis

tróficos (Alonso, 2000) e desempenham papéis ecológicos importantes no solo (Humphreys,

1981; Lobry de Bruyn e Conacher, 1994), no ciclo dos nutrientes (Levieux, 1983; Lal, 1988),

na proteção das plantas, na predação e dispersão de sementes (Ashton, 1979; Beattie,

1985; Christian, 2001). Juntas, estas qualidades atribuem mérito às formigas na

monitorização, por se tratar de um grupo ecológico e numericamente dominante.

1.1 - As formigas como bioindicadores e indicadores agroambientais

1.1.1 - Bioindicadores

A utilização de indicadores biológicos como ferramenta para avaliar o impacte de

práticas agrícolas está a ser cada vez mais utilizada. Em Portugal, o olival ocupa uma área

significativa e tem uma importância múltipla, em particular no que se refere a aspetos

económicos, sociais, culturais e paisagísticos. O Alentejo e Trás-os-Montes são as principais

regiões produtoras de azeite, no país, apresentando enormes áreas ocupadas por olival.

Assim, a olivicultura pode ser modelo para o uso sustentável da terra na zona Mediterrânica,

produzindo produtos de elevado valor e gerando benefícios ambientais, contribuindo

também para a manutenção das populações nas regiões interiores. Neste sentido, os

governos desenvolveram legislação para regular e manter a olivicultura sobre práticas

sustentáveis através da aplicação controlada de pesticidas e fertilizantes. Este facto criou a

necessidade de monitorizar de forma credível a sustentabilidade e qualidade dos

Page 11: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 4

ecossistemas agrícolas. Os bioindicadores de práticas agrícolas têm sido indicados como

sendo uma ferramenta adequada para fins políticos e de gestão dentro da paisagem

agrícola. Existe, no entanto uma falta considerável de espécies indicadoras para a avaliação

de sustentabilidade dos ecossistemas.

Os organismos bioindicadores são espécies vivas (animais ou vegetais) cujas

funções vitais estão estreitamente relacionadas com certos fatores ambientais e que reagem

de forma conhecida. Esta reação permite caracterizar a qualidade do meio ambiente, como

por exemplo a deteção da existência de substâncias contaminantes no meio natural e/ou

avaliar a gravidade da sua presença. O bioindicador está relacionado direta ou

indiretamente com um ou mais fatores, e a sua reação pode dever-se à sua sensibilidade ou

à sua tolerância (Paolletti e Bressan, 1996; Van Straalen, 1998 in Cotes, 2009).

O uso de índices biológicos é muito antigo, já que as plantas e os animais eram

utilizados para se perceber os fenómenos distintos, como a troca de estações, a chuva, etc.

No entanto, foi no começo do século XX que o uso da bioindicação passou a ser

considerado uma metodologia mais formal. Assim, os botânicos começaram a utilizar a

presença de diferentes tipos de plantas e associações para definir diferentes tipos de solo,

ainda que o conceito de espécies indicadoras fosse aplicado pela primeira vez em sistemas

aquáticos (Wihlm e Dorris, 1968 in Cotes, 2009), e posteriormente em sistemas terrestres

(McGeoch, 1998 in Cotes 2009), convertendo-se numa nova ferramenta para avaliar as

alterações ambientais, como contaminação, excessivo uso do solo, inapropriado uso da

água, etc. (Paoletti, 1999 in Cotes, 2009).

Existe um interesse considerável na identificação de bioindicadores para a utilização

na monitorização e em programas de avaliação do estado do ambiente (Noss, 1990;

Spellerberg, 1993; McKenzie et al., 1995), e recentemente tem aumentado a atenção focada

em invertebrados terrestres para este papel (Disney, 1986; Rosenberg et al., 1986; Kremen,

1992; Williams, 1993).

1.1.2 - Indicadores agroambientais

Segundo a comunicação da Comissão das Comunidades Europeias ao Concelho e

ao Parlamento Europeu (2006), a utilização e desenvolvimento de bioindicadores

agroambientais é fundamental para uma boa estratégia de desenvolvimento sustentável e

que deve ser integrada na CAP (Common Agricultural Policy- Política Agrícola comum).

A integração das preocupações ambientais na CAP é um processo dinâmico que

requer um acompanhamento regular. Os Indicadores agroambientais são ferramentas

essenciais neste exercício de monitorização. Eles podem servir para variados fins,

nomeadamente, para fornecer informações sobre o estado atual e as mudanças em curso

Page 12: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 5

na condição do meio agrícola; para acompanhar o impacto da agricultura sobre o meio

ambiente; para avaliar o impacto das políticas agrícolas e ambientais na gestão ambiental

das explorações agrícolas; para ilustrar relações agroambientais para o grande público.

Um sistema coerente de indicadores agroambientais deve ser capaz de detetar os

principais efeitos positivos e negativos da agricultura sobre o meio ambiente e refletir as

diferenças regionais nas estruturas económicas e nas condições naturais.

1.2 - Diversidade agrícola e fatores relacionados

1.2.1 - Diversidade agrícola

A diversidade agrícola é a diversidade de plantas e animais existentes numa

exploração ou numa região. Note-se ainda que a produção de cada variedade necessita de

estar associada a um conhecimento da planta ou do animal, das condições que necessita,

de técnicas associadas à sua produção e de usos que pode ter. Este conhecimento é

essencial para a preservação da agrobiodiversidade e por isso, por vezes, é incluído na

definição de agrobiodiversidade (Armando, 2002).

“A agrobiodiversidade é o resultado dos processos de seleção natural, da seleção

cuidada e dos desenvolvimentos inventivos de agricultores, criadores de gado e pescadores

ao longo de milénios. A agrobiodiversidade é um subgrupo vital da biodiversidade. A

biodiversidade agrícola resulta da interação entre o ambiente, recursos genéticos e os

sistemas de gestão e práticas utilizados pelas populações culturalmente diversas,

resultando então em diferentes formas de utilização da terra e água para a produção. Mais

ainda, a agrobiodiversidade engloba a variedade e diversidade de animais, plantas e

microrganismos que são necessários para sustentar as funções chave, as estruturas e os

processos do ecossistema agrícola e como apoio da produção e segurança alimentar” (FAO,

1999).

A agrobiodiversidade é um aspeto vital da biodiversidade global e inclui as

variedades cultivadas mas também insetos, microrganismos, espécies florestais e animais

de pasto, espécies que contribuem para o ecossistema agrícola. Inclui também a cultura e

os conhecimentos locais (FAO, 1999).

1.2.2 - Mirmecofauna, paisagem e práticas culturais

A maioria dos estudos realizados sobre a entomofauna do olival incide sobre

espécies fitófagas que constituem pragas, sendo muito reduzida a investigação sobre a

presença e importância ecológica de outros artrópodes. Em 1984, ainda pouco se sabia

sobre as condições ecológicas mais adequadas para o desenvolvimento dos insetos

Page 13: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 6

entomófagos presentes no olival (Jimenez, 1985 in Rei, 2006) e até 1999, surpreendia a

escassez de dados pormenorizados sobre o tema, numa cultura tão importante e extensa

para algumas regiões europeias (Guzmán, 1999 in Rei, 2006). Esta situação não é exclusiva

do olival, pois estima-se que apenas cerca de 5% das espécies de insetos estejam

identificadas, e que apenas exista informação relevante para menos de 1% destas espécies

(Raven, 1990; Hook, 1997 in Rei, 2006). Em geral, a maioria da informação existente sobre

insetos relaciona-se com espécies que são pragas agrícolas ou que são carismáticas em

determinada região, embora nenhuma delas seja representativa da diversidade biológica

dos insetos (Hook, 1997 in Rei, 2006). Esta situação pode estar relacionada com a extrema

diversidade dos artrópodes e com o seu tamanho maioritariamente pequeno, associando-se

ainda o desconhecimento dos seus habitats e das suas características ecológicas (Pik et al.,

1999 in Rei, 2006).

As formigas são uma das famílias mais numerosas de artrópodes associadas ao

olival, especialmente em Portugal, onde estão representadas mais de vinte espécies.

Embora o seu papel nesta cultura não esteja completamente esclarecido, é de esperar que

seja relevante, dada a sua abundância e hábitos alimentares. À semelhança do que sucede

em muitos outros ecossistemas agrários, esse papel devera ser duplo. Assim, enquanto

predadores, estes insetos podem contribuir para a limitação natural das pragas da cultura,

mas podem também interferir negativamente com a atuação de outros auxiliares. Acresce

que algumas espécies estabelecem relações de cooperação com hemípteros, alimentando-

se de meladas produzidas por estes insetos e protegendo-os dos seus inimigos naturais.

Por outro lado, certas espécies desempenham papel importante na melhoria das

propriedades físicas do solo e no ciclo de nutrientes (Pereira et al., 2006).

A paisagem está baseada em características naturais que são evolutivas e abióticas,

incluindo o clima, relevo, disponibilidade hídrica, fertilidade do solo, rocha-mãe, glaciações,

vulcanismo, assim como a intervenção humana mediante a agricultura, silvicultura, políticas

rurais, pressões económicas e outras influências culturais (Rei, 2006).

1.2.3 - Mirmecofauna como indicadora do sistema de cultivo

As formigas estão presentes em quase todos os ecossistemas terrestres. A sua

literatura é bastante extensa, mas a maior parte das publicações tratam da sua biologia,

fisiologia, comportamento ou ecologia em laboratório ou em ambientes não agrícolas.

Relativamente poucos trabalhos falam das formigas associadas a culturas. Contudo, estes

insetos podem desempenhar papel importante no êxito do sistema de produção (Haney,

1988).

Page 14: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 7

Numa análise recente de vários grupos de insetos como potenciais bioindicadores,

as formigas apresentaram-se como os insetos mais importantes (Brown, 1997). Na

Austrália, as formigas têm sido muito utilizadas como bioindicadores (Majer, 1983;

Greenslade e Greenslade, 1984; Andersen, 1997a) de perturbações, como é o caso de

incêndios, pastoreio ou de explorações florestais (Neumann, 1992; York, 1994;

Vanderwoude et al., 1997a). Em estudos efetuados chegou-se à conclusão que, alterações

nas comunidades de formigas causadas por perturbações refletiam-se em alterações de

muitos outros grupos de invertebrados (Majer, 1983; Andersen, 1997b).

O uso de invertebrados como bioindicadores é mais eficaz, quando se conhece,

antecipadamente, a reação da comunidade em relação ao stress ambiental causado pela

perturbação.

As formigas são consideradas excelentes bioindicadores agroambientais, em

primeiro lugar, porque são bem conhecidas a nível sistemático, pelo menos até ao género

(Bolton 1994, 1995; Bolton et al., 2007). Além disso, elas são altamente diversificadas e

dominantes (relativamente a abundância relativa e biomassa) em muitos habitats e seu

papel ecológico nos ecossistemas é reconhecido, assim como, a sua sensibilidade às

mudanças ambientais (Andersen 1997, 2000, Andersen e Majer, 2004). Devido aos seus

hábitos de nidificação permitem ser amostrados ao longo do tempo (Agosti et al., 2000).

Finalmente, a amostragem é geralmente fácil e de baixo custo em termos de tempo e

recursos (Agosti et al., 2000; Andersen et al., 2002).

1.3 - Formigas da Península Ibérica

1.3.1- Diversidade de espécies

O mundo das formigas ibéricas está atualmente a passar por um momento

interessante. Muitos especialistas têm investigado ao longo dos últimos 30 anos, a

taxonomia, a etologia e o conhecimento ecológico das formigas peninsulares aumentou

significativamente refletido em inúmeros artigos e dissertações.

Existem mais de 12000 espécies de formigas no mundo, das quais cerca de 270

foram confirmadas na Península Ibérica. Estas espécies são agrupadas em géneros

diferentes (mais de 40 na Península ibérica e mais de 200 em todo o mundo) e estes em

níveis taxonómicos diferentes, geralmente em tribos, sub-famílias e, finalmente, a família

Formicidae (Gómez e Espadaler, 2007).

A família Formicidae pertence à superfamília Vespoideada Ordem Hymenoptera.

Esta superfamília compreende outros insetos como vespas, abelhas, etc.

Page 15: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 8

Os insetos pertencentes à família Formicidae são caracterizados, genericamente, por

Bolton (2003):

- São insetos sociais que têm uma casta trabalhadora sem asas, vivendo

normalmente em colónias.

- As fêmeas (operárias e rainhas) têm a cabeça prognata (com as peças bucais

dirigidas para a frente).

- As antenas são divididas em escape (primeiro segmento antenal alongado) e

funículos (resto dos segmentos antenais). As antenas têm um total de 4 -12 segmentos nas

fêmeas e 9 -13 nos machos.

- O segundo segmento abdominal forma um pecíolo diferenciado do resto do

abdómen, embora em certas subfamílias é também distinguido um terceiro segmento

abdominal, formando um o chamado pós-pecíolo.

- As rainhas perdem as asas após o acasalamento.

- Asas posteriores com venação típica da superfamília Vespoidea, no entanto

perderam certas veias.

Taxonomia das formigas Ibéricas:

Reino: Animalia

Filo: Arthopoda

Classe: Insecta

Subclasse: Pterygota

Divisão: Endopterygota

Ordem: Hymenoptera

Família: Formicidae

Na Península Ibérica o maior número de espécies de formigas encontra-se

distribuído pelas sub-famílias: Mirmicinae; Ponerinae, Dolichoderinae e Formicinae.

Os principais géneros que se encontram na Península Ibérica são: Aphaenogaster,

Camponotus, Cataglyphis, Crematogaster, Formica, Goniomma, Lasius, Messor, Pheidole,

Plagiolepis, Proformica, Solenopsis, Tapinoma, Tetramorium (Roig e Espadaler, 2010).

Bolton (2003) desenvolveu uma árvore genealógica da família Formicidae (Figura 1)

ao nível do género para a Península Ibérica.

Page 16: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 9

Figura 1 - Géneros da família Formicidae da Península Ibérica.

Page 17: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 10

1.3.2 - Grupos Funcionais

As formigas são componentes importantes de muitos ecossistemas por causa de sua

biomassa e do seu papel ecológico, cumprindo os cinco requisitos para ser um bom

bioindicador: vasta distribuição, abundância e diversidade; importância funcional nos

ecossistemas; sensíveis a alterações ambientais; facilidade de classificação de

amostragem, e identificação; permitem, portanto, a interpretação das alterações observadas.

O papel importante destes insertos como bioindicadores foi consolidado nas ciências

ambientais. Para facilitar esta interpretação, nas últimas duas décadas tem sido proposta e

aplicada a sua classificação em grupos funcionais (Greenslade, 1978; Andersen, 1995). Os

australianos mirmecólogos abriram o caminho (especialmente Greenslade e Andersen), uma

vez que, iniciaram e desenvolveram o corpo teórico de grupos funcionais, tendo em conta,

nomeadamente relações de dominância da fauna de formigas australianas.

Os mesmos critérios foram aplicados noutras áreas, como América do Norte e do

Mediterrâneo.

Baseados nos trabalhos desenvolvidos por Greenslade (1978) e Andersen (1995),

Roig e Espadaler (2010) (Figura 2), propuseram uma distribuição dos taxa de formigas em

oito grupos funcionais para a Península Ibérica e Ilhas Baleares da seguinte forma

(Figura 2):

-Invasivas e/ou exóticas (IE);

- Generalistas e/ou oportunistas (GO);

- Parasitas sociais (P);

- Predadores especializados (SP);

- Especialistas de madeira morta (CWDS);

-Especialistas em climas frios e /ou habitats de sombra (CCS/HS);

- Especialistas em climas quentes e / ou ambientes abertos (HCS/OH);

- Crípticas (C).

De uma forma prática e a fim de proporcionar uma ferramenta de gestão para áreas

naturais, os grupos funcionais propostos foram agrupados e ponderados pela sua

importância relativa. Assim, para fornecer uma primeira análise, foram agrupados os oito

grupos funcionais em três indicadores globais:

-"Indicador global de perturbação", que inclui os grupos funcionais IE e GO;

-"Indicador global de estabilidade", que inclui os grupos funcionais P, SP, CWDS,

CCS/ HS e HCS/OH;

- Por último um indicador apenas com o grupo funcional de formigas designadas

como Crípticas, sobre as quais existe pouco conhecimento (C).

Page 18: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 11

Estes indicadores quando aplicados a inventários de diferentes mirmecofaunas,

permitem-nos avaliar a “saúde” ambiental do ecossistema.

Os grupos funcionais apresentados por Andersen (1995) simplificam a avaliação de

comunidades de formigas, bem como fornecem informações mais explícitas sobre as

diferenças ambientais do que informação sobre as características da comunidade, como é o

caso da riqueza específica (Andrew et al., 2000; Hoffman e Andersen, 2003). Isto porque os

grupos funcionais de Andersen (1995) separam as diferentes formigas, de acordo com

interações competitivas, resposta a perturbações no ecossistema ou requisitos de habitat.

Figura 2 - Grupos funcionais propostos por Roig e Espadaler para a Península Ibérica.

1.3.3 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais

O estudo de comunidades naturais pode ser realizado através de diferentes

abordagens. Por um lado, muitos autores reconhecem certas semelhanças

comportamentais e funcionais ao nível da comunidade que permitem estimar a sua estrutura

ou organização (Putman, 1994; Melville et al., 2006). Por outro lado, a busca por padrões

pode ser alcançada, concentrando-se também nas características da vida (traits) e

interações das espécies individualmente. Com essas informações, pode-se tentar construir

uma imagem da comunidade e do seu funcionamento. As espécies diferem umas das outras

em resposta às condições ambientais (adaptação), apresentando diferentes sensibilidades a

mudanças no ecossistema, e são diferentes de outras espécies, na forma como interagem

com os diferentes recursos (Wiens et al., 1986). Estas diferenças estão muitas vezes

relacionadas com os traits das espécies melhor adaptadas às condições bióticas e físicas de

determinado ecossistema (Chesson e Huntly, 1988). Estudos teóricos têm demonstrado que

os traits podem desempenhar um papel importante no estudo da ecologia e diversidade de

comunidades naturais (Chesson e Huntly, 1988; Sevenster e Van Alphen, 1993).

Page 19: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 12

Os traits das espécies, que incluem tanto características morfológicas e fisiológicas

que afetam, por exemplo a dieta, e características ecológicas e comportamentais que

determinam, por exemplo o habitat mais favorável (Futuyma e Moreno, 1988; Thygesen et

al., 2005), podem fornecer informação sobre os fatores que controlam a presença ou

ausência de determinadas espécies e, assim, fornecer informação sobre a composição das

comunidades. De todas as espécies que possuem a fisiologia mais adequada para lidar com

as condições ambientais prevalecentes de determinado ecossistema, apenas um pequeno

subconjunto é representativo da comunidade (Putman, 1994). A presença de certas

espécies e a sua abundância relativa depende das relações bióticas entre elas, e

principalmente das interações de competição (Pisarski e Vepsälainen, 1989; Putman, 1994;

Parr, 2008).

Page 20: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 13

2 - Objetivos

Com este estágio pretende-se aprofundar o conhecimento existente acerca das

espécies de formicídeos que existem no olival.

Pretende-se ainda calcular alguns índices de diversidade e tentar relacioná-los com o

sistema de cultivo do olival.

Finalmente pretende-se saber se alguma das espécies de formigas presentes poderá

ser utilizada como indicador biológico no olival.

Page 21: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 14

3 - Material e métodos

3.1- Caracterização dos olivais

Em maio de 2011, amostraram-se as comunidades de formigas em nove olivais de

sequeiro, localizados na região de Mirandela (ver Anexo 2), sujeitos a diferentes tipos de

gestão do solo: solo coberto por vegetação natural, solo coberto por leguminosas

semeadas, controlo da vegetação herbácea efetuado por aplicação de herbicidas na linha

de plantação e solo mobilizado.

Em cada olival, foram instaladas 16 armadilhas de queda contendo etilenoglicol,

colocadas a uma distância de 50 m umas das outras em quatro filas alternadas na linha de

plantação e na entrelinha.

Os olivais cujo solo se encontrava coberto por vegetação natural foram os olivais de

Guribanes e Cedães. O olival de Guribanes trata-se de um olival em modo de produção

biológico, principalmente com variedade Cobrançosa, situado a 258 m de altitude com uma

área de 2,1 ha. A sua topologia é inclinada e a precipitação média é de 520,1 mm. O modo

de produção biológico é utilizado neste olival há mais de cinco anos. No que respeita às

oliveiras, estas apresentam uma densidade de 124 árvores por hectare, com idades superior

a cem anos. O controlo de infestantes é realizado através do pastoreio feito pelo gado. O

olival de Cedães apresenta-se em modo produção integrado e está localizado a 342 m de

altitude com uma área de 8,9 ha. A sua topologia é inclinada e a precipitação média é de

520,1 mm. Este olival está, há mais de cinco anos, em sistema de produção integrada e é

constituído por árvores com 18 anos e uma densidade de 204 árvores por hectare. A

variedade mais representativa é a Cobrançosa e a gestão de infestantes é realizada apenas

por corte superficial.

Com o solo coberto por leguminosas semeadas foram selecionados os olivais de

Valbom e de S. Pedro BIO, ambos com a variedade Verdeal-transmontana como mais

representativa. O olival de Valbom está em modo de produção biológico, há mais de cinco

anos. Encontra-se a uma altitude de 372 m de altitude, com uma área de 4 ha. No que

respeita à sua topografia, trata-se de uma zona inclinada e a sua precipitação média é de

520,1 mm. Entre 2006 e 2008 a cobertura do solo era composta por vegetação natural e em

2008 foram semeadas leguminosas. A idade das árvores é superior a 70 anos e a sua

densidade é de 124 árvores por hectare. A gestão de infestantes é realizada por pastagem e

corte superficial. O outro olival, cujo solo se encontra coberto com leguminosas semeadas é

o olival de S. Pedro BIO, que se encontra em modo de produção biológico há mais de cinco

anos. Este está situado a 349 m de altitude, com uma área plana de 3,1 ha e precipitação

média de 520,1 mm. A densidade é de 124 árvores por hectare com idade superior a 100.

Page 22: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 15

Este olival foi semeado com leguminosas em Novembro de 2010, entre 2008 e 2010 a

vegetação natural era cortada e incorporada no solo. As infestantes atualmente são

controladas por corte superficial e depois são incorporadas no solo.

Foram selecionados para o estudo dois olivais cujo solo fosse regularmente

mobilizado e a esses correspondem os dois olivais de Avantos, um em modo de produção

biológico e o outro em produção integrada. O olival de Avantos (Avantos BIO) em modo de

produção biológico encontra-se neste regime agrícola há mais de cinco anos e a sua

variedade mais importante é a Verdeal-transmontana. Está localizado a uma altitude de 500

m, apresenta um solo plano com uma área de 1,5 ha e uma precipitação média de 520,1

mm. As suas oliveiras têm mais de 100 anos e a sua densidade é de 179 árvores por

hectare. As infestantes são controladas através de mobilização do solo. O outro olival de

Avantos (Avantos PRODI) encontra-se em modo de produção integrada há mais de cinco

anos e a variedade mais significativa é a Cobrançosa. Está localizado a 412 m de altitude,

quanto à sua topografia trata-se de um terreno inclinado, com uma área de 5,56 ha e

precipitação de 520,1 mm. As oliveiras que o constituem têm mais de 80 anos e a sua

densidade é de 100 árvores por hectare. A gestão de infestantes é realizada através de

mobilização de solo.

Por último, foram ainda, selecionados três olivais onde foi efetuado controlo da

vegetação herbácea por aplicação de herbicidas na linha de plantação, um em S. Pedro, um

em Suçães e outro em Paradela. O olival de S. Pedro PRODI encontra-se em modo de

produção integrada há mais de cinco anos e está localizado a 360 m de altitude, sendo

topograficamente plano, com uma área de 11,28 ha e com uma precipitação média de 520,1

mm. As suas árvores têm 10 anos e a sua densidade é de 204 árvores por hectare e a

variedade mais importante é a Cobrançosa. O controlo de infestantes é realizado através da

aplicação de glifosato na linha. O olival de Suçães também se encontra em modo de

produção integrada há mais de cinco anos e a sua variedade mais representativa é Verdeal-

transmontana. Encontra-se a uma altitude de 368 m, tem um terreno plano de 2,1 ha de

área e 520,1 mm de precipitação média anual. As suas oliveiras têm 75 anos e a sua

densidade é de 123,5 árvores por hectare O controlo de infestantes é realizado através da

aplicação de glifosato na linha. O olival de Paradela também se encontra no mesmo modo

agrícola que os últimos dois olivais à mais de cinco anos. Este olival localiza-se a 449 m de

altitude, é inclinado, tem uma área de 1,61 ha e a sua precipitação média é de 520,1 mm. As

oliveiras, principalmente das variedades Cobrançosa e Verdeal-transmontana, têm mais de

70 anos e densidade de 150 árvores por hectare. A vegetação natural é controlada com

glifosato nas linhas e entrelinhas.

Page 23: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 16

3.2 - Colheita e identificação de formicídeos

A colheita de formicídeos foi efetuada através da colocação em campo de armadilhas

de queda. Este tipo de armadilha, desenvolvida para recolher artrópodes, consiste na

colocação no solo de recipientes, os quais são preenchidos até metade da sua capacidade

com uma substância que mate e conserve os insetos.

Para a recolha dos formicídeos, em cada um dos olivais, foram colocadas 8

armadilhas de queda (Ø =115 mm, altura 130 mm) na linha e outras 8 na entrelinha em

quatro filas alternadas na linha de plantação e na entrelinha e distanciadas 45-50 m entre si.

Como líquido de captura foi utilizado etilenoglicol puro diluído a 50%. As armadilhas

permaneceram em campo durante sete noites e foram colocadas na linha debaixo da copa

da árvore a 50 cm da sapata na orientação sul e na entrelinha no centro de quatro árvores

(Figura 3).

Em laboratório, separaram-se os formicídeos dos outros artrópodes e depois foram

conservados em etanol a 70%, em tubos devidamente etiquetados. De seguida procedeu-se

à contagem e à identificação dos espécimens com recurso a uma lupa binocular e recorreu-

se principalmente a duas chaves taxonómicas. As chaves utilizadas foram a de Gómez e

Espadaler (2007) Collingwood e Prince (1998). Alguns espécimens foram confirmados por

Xavier Espadaler.

3.3 - Análise estatística

A abundância é um conceito estatístico muito utilizado na ecologia para determinar o

tamanho da população de uma espécie num determinado habitat e, neste caso, corresponde

ao número de indivíduos, por espécie recolhidos em cada olival.

Figura 3 - Colocação de armadilhas de queda.

Page 24: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 17

A riqueza específica também é um conceito estatístico muito utilizado na análise de

comunidades de formigas (Fleishman et al., 2000; Dunnet al., 2007) e corresponde ao

número de espécies de uma determinada região. A eficácia desta medida gera alguma

controvérsia, pois fornece relativamente pouca informação dentro das comunidades (York,

2000; Nakamura et al., 2007). No entanto, a riqueza específica é útil quando se estudam

várias comunidades, uma vez que existem muitos estudos que utilizam esta medição,

permitindo comparações entre diferentes bases de dados (York, 1994; Hoffman, 2000; Read

e Andersen, 2000; Cunningham et al., 2005).

O Índice de Simpson (D) é um índice de dominância e reflecte a probabilidade de

dois indivíduos escolhidos ao acaso na comunidade pertencerem à mesma espécie. Varia

de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a probabilidade de os indivíduos serem da mesma

espécie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade (Uramoto et al., 2005). É

calculado pela equação:

Em que:

S = Número total de espécies observadas na comunidade (riqueza);

pi = Frequência da espécie i na amostra;

Quanto maior for o valor de “D”, menor será a diversidade e maior será a dominância

de determinada espécie em relação às outras. No entanto, para facilitar a interpretação

deste índice, calculou-se o seu inverso (1/D). Assim é mais intuitivo, uma vez que, quanto

maior for o valor de “1/D”, compreendido entre 1 e “S”, maior é a diversidade de espécies e

menor a dominância.

Page 25: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 18

4 - Resultados

4.1 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais

Durante este estágio pretendeu-se recolher informação, maioritariamente através de

pesquisa bibliográfica, acerca dos traits das formigas encontradas nos olivais de Trás-os-

Montes e Alentejo. A seleção foi baseada nas características que são reconhecidas como

ecologicamente importantes nas formigas. Existe muita informação sobre traits de formigas,

no entanto, é escassa, relativamente a algumas das características selecionadas, como é o

caso do tipo de solo que lhe é mais favorável (textura, pH, cobertura).

Na Tabela 1 são apresentados os traits das espécies de formigas encontradas em

olivais do Alentejo e nos olivais de Trás-os-Montes, selecionadas para este trabalho.

Page 26: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 19

Tabela 1 - Traits das espécies identificadas em Trás-os-Montes e no Alentejo1

1: (a) Gómez e Espadaler (2007); (b) Alonso (2000); (c) Arnan et al. (2011); (d) Collingwood e Prince (1998); (e) Dados do projeto PAS; * pH do solo dos locais onde foram recolhidas ** Textura do solo dos locais onde foram recolhidas *** Cobertura do solo dos locais onde foram recolhidas.

Grupo Funcional Espécie Categoria Padrão de cor Pubescência Tolerância a pH* Textura de solo** Cobertura de solo*** Hábitos alimentares Interação com hemípteros Distribuição Vertical Armadihas onde foram apanhadas Bx Alentejo Trás os montes

Aphaenogaster gibbosa Polimórficas (a) Unicolor (a) Não (a) 4,4/4,7/5,1/7,6/7 (e) Franco/Franco-Arenosa (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Sementes, outros artropodos (inclusivé outras

formigas), pétalas. As larvas e raínha também são

alimentadas por ovos tróficos postos pelas obreiras.

Não (b) S/Info Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Solenopsis sp. S/Info Unicolor (d) S/Info 4,7/4,8/4,9/5,1/7,6/8,5/8,6 (e) Franco/Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e)Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado (e)

Agressivas com outras formigas e roubam alimento.

(d)Não (b)

Nidificam no chão, em montes de areia e em

matéria orgânica. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Aphaenogaster senilis Monomórficas (a) Unicolor (a) Não (a) 5,1/6,6/6,8/7/7,6/7,7/8,4/8,5 (e)Franco-Arenosa/Fanco-

Limosa/Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Leguminosas Semeadas; Solo

Mobilizado (e)

Sementes, outros artropodos (inclusivé outras

formigas), pétalas. As larvas e raínha também são

alimentadas por ovos tróficos postos pelas obreiras.

Não (b) Nidificam no chão, em montes de areia. (d) Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)

Cardiocondyla batesii S/Info Bicolor (d) Sim, muito pouca (a) 8,5 (e) Franco-Limosa (e) Vegetação Natural (e) S/Info S/Info Nidificam no chão. (d) Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Crematogaster auberti Monomórficas (c) Unicolor (a)Sim (muito pouca), poucas

quetas (a)

4,6/4,7/4,8/4,9/6,6/7/7,6/7,1/

8,4/8,5 (e)Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Exsudados de pulgões. (d) Sim (d)Arborícolas,nidificam em troncos ocos e galhos.

(b)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)

Crematogaster scutellaris Monomórficas (c) Bicolor (d) Sim, poucas quetas (a) 4,4/4,6/4,7/4,8/5,1/6,6/7,1/7,6/ 8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Exsudados de pulgões. (d) Sim (d)Arborícolas,nidificam em troncos ocos e galhos.

(b)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)

Crematogaster sordidula Monomórficas (c) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 7/8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e)Vegetação Natural com trevos semeados/Sem Vegetação

(e)Exsudados de pulgões. (d) Sim (d)

Arborícolas,nidificam em troncos ocos e galhos.

(b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Pheidole pallidula Polimórficas (a) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 6,8/7/7,6/7,7/8,4/8,5 (e)Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-Limosa/

Franco €

Vegetação Natural com leguminosas semeadas/Sem

Vegetação (e)

Insectos vivos ou mortos, desperdicios vegetais e

animais ou material açucarado. (d)Não (d) Nidificam no solo, algumas em madeira podre. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Plagiolepis pygmaea Monomórficas (c) Unicolor (a)Sim (muito pouca), poucas

quetas (a)

4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/7,1/7,

7/8,4/8,5 (e)

Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-

Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Predação de ácaros e outros artrópodes pequenos

aparentemente sem atacar outras formigas. (d)Não (d)

Vivem em madeira podre,entre matéria orgânica e

rochas, principalmente em áreas florestais. (d)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)

Plagiolepis schmitzi S/Info Unicolor (d)Sim (muito pouca), poucas

quetas (a)6,8/7/7,6/7,7 (e) Franco-Arenosa/Limosa (e)

Vegetação Natural com trevos semeados/Sem Vegetação

(e)

Predação de ácaros e outros artrópodes pequenos

aparentemente sem atacar outras formigas. (d)Não(d)

Vivem em madeira podre,entre matéria orgânica e

rochas, principalmente em áreas florestais. (d)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)

Tapinoma nigerrimum Polimórficas (d) Unicolor (a) Sim (a)4,4/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/

7,1/7,6/7,7/8,4/8,5 (e)

Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-

Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a)Nidificam numa variedade de locais, nas calçadas,

no chão, debaixo de pedras, árvores, etc. (a)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)

Tapinoma simrothi Monomórficas (d) Unicolor (a) Sim (a) 6,6/6,8/7/7,7/8,4/8,5 (e) Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-Limosa (e)Vegetação Natural com trevos semeados/Sem Vegetação

(e)Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a) S/Info Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)

Tapinoma madeirense S/Info Unicolor (a) Sim (a) 4,6/ 4,7/7,1/8,5 (e) Fanco-Limosa/ Franco arenosa (e)Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo c/ Aplicação de

Herbicidas (e)Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a) S/Info Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Tetramorium bikrense S/Info Unicolor (d) S/Info 7,7 (e) Limosa (e) Sem Vegetação (e) Forrageiras (b) Não (b)Nidificam em montículos de calhaus secos e em

muros virados a sul. (d)Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Tetramorium semilaeve Monomórficas (c) Unicolor (a) Não (a)4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/7,1/7,

6//7,7/8,4/8,5 (e)

Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-

Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Forrageiras (b) Não (b)Nidificam em montículos de calhaus secos e em

muros virados a sul. (d)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Tetramorium forte S/Info Unicolor (a) Não (a) 4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,8/7,1/ 7,6 (e) Franco-Arenosa/Franco/Franco Limoso (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Forrageiras (b) Não (b)Nidificam em montículos de calhaus secos e em

muros virados a sul. (d)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Camponotus piceus Polimórficas (a) Unicolor (d) Não (d) 4,7/5,1/7,6 (e) Franco/Franco-Arenoso (e) Solo Coberto c/ Leguminosas Semeadas; Solo

Mobilizado (e)Forrageiras (b) Não (b)

Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob

árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Camponotus micans Polimórficas (a) Unicolor (d) Sim, muito pouca (d) 8,5 (e) Fanco-Limosa (e) Vegetação Natural (e) Forrageiras (b) Não (b)Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob

árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Camponotus pilicornis Polimórficas (a) Bicolor (d) Não, poucas quetas (a) 4,4/4,7/4,8/6,8/7,6 (e) Franco-Arenosa/Franco (e) Solo Coberto c/ Leguminosas Semeadas; Solo

Mobilizado (e)Forrageiras (b) Não (b)

Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob

árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Camponotus sylvaticus Polimórficas (a) Bicolor (d) Sim (d) 6,6/6,8/7,6/ 8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e)Vegetação Natural com trevos semeados /Sem

Vegetação (e)Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a)

Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob

árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Cataglyphis iberica Polimórficas (c) Unicolor (d) Não (d) 6,6/6,8 (e) Franco-Arenosa (e) Vegetação Natural com trevos semeados (e) Cadáveres de insectos, ocasionalmente néctar. (d) Não (b) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Cataglyphis hispanica S/Info Unicolor (d) Não (d)4,4/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/ 7,6/8,4

(e)Limosa/Franco/Franco-Arenoso (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Cadáveres de insectos, ocasionalmente néctar. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Cataglyphis rosenhaueri Polimórficas (c) Bicolor (d) S/Info 6,8 (e) Franco-Arenosa (e) Vegetação Natural (e) S/Info S/Info Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Formica cunicularia S/Info Bicolor (d) Não, poucas quetas (a) 8,5 (e) Fanco-Limosa (e) Vegetação Natural (e)Predação de artrópodes e Exsudados de pulgões.

(d)Sim (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Formica subrufa Monomórficas (c) Unicolor (d)Sim (muito pouca), poucas

quetas (a)4,7/7/7,6/8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado (e)

Predação de artrópodes e Exsudados de pulgões.

(d)Sim (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)

Goniomma hispanica Monomórficas (d) Unicolor (d)Sim (muito pouca), muitas

quetas (a)4,4/ 4,7/4,9/7,1/7,6 (e) Franco-Arenosa/Franco/Franco Limosa (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam em solo nú. (d) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Messor barbarus Polimórficas (b) Bicolor (d) Não, muitas quetas (a)4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/7,1/7,

6/7,7/8,4/8,5 (e)

Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-

Limosa/Franco (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Messor capitatus Polimórficas (d) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 4,6/4,7/5,1/6,6/6,8 (e) Franco-Arenosa (e)Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas €Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Messor bouvieri Polimórficas (d) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 4,4/4,7/4,9/7,6 (e) Franco/Franco-Arenosa (e)

Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/

Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/

Aplicação de Herbicidas (e)

Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Proformica nasuta S/Info Unicolor (d) S/Info 4,7 (e) Franco-Arenosa (e) Solo Coberto c/ Vegetação Natural (e) S/Info S/Info S/Info Solo (pittfall) (e) Presente (e)

SP- Predadores

especializados Hypoponera eduardi S/Info Unicolor (d) Sim (a) 6,8 (e) Franco-Arenosa (e) Vegetação Natural (e) Forrageiras (b) Não (b) Nidificam no Solo, em matéria orgânica. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)

Lasius grandis S/Info Unicolor (d) Sim , muitas quetas (a) 4,6/ 4,7/4,8/6,8/8,5 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e) Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Mobilizado; Solo

c/ Aplicação de Herbicidas (e)

Predação de artrópodes (inclusivé pulgões) e

Exsudados de pulgões. (d)Sim (d)

Nidificam no solo,podem ser arborícolas e

subterrâneas. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)

Lasius lasioides S/Info Unicolor (d)Sim (muito pouca), poucas

quetas (a)7,7/8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Limosa (e) Sem Vegetação (e)

Predação de artrópodes (inclusivé pulgões) e

Exsudados de pulgões. (d)Sim (d)

Nidificam no solo,podem ser arborícolas e

subterrâneas. (b)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)

C - Crípticas

GO - Generalistas/

Oportunistas

HCS/OH - Especialistas

em climas quentes e/ou

ambientes abertos

CCS/CH - Especialistas

em climas frios e /ou

habitats de sombra

Page 27: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 20

4.2 - Composição, abundância e riqueza específica da comunidade de formigas

Na Tabela 2 é apresentada a composição, a abundância, grupos funcionais e a

riqueza específica dos formicídeos identificados durante este estudo. Dos oito grupos

funcionais apresentados por Roig e Espadaler (2010) apenas foram encontradas espécies

pertencentes aos seguintes grupos funcionais: Generalistas e / ou oportunista (GO),

Parasitas sociais (P), especialistas de climas frios e/ou habitats de sombra (CCS/SH),

especialistas em climas quentes e/ou habitats abertos (HCS /OH) e Crípticas (C).

Tabela 2- Composição, abundância, grupos funcionais e riqueza específica

Cedães Guribanes Valbom S.P.BIO Avantos BIO Avantos PROD S.P.PROD Suçães Paradela

Aphaenogaster gibbosa C 0 3 10 0 11 1 0 0 1

Aphaenogaster senilis GO 0 0 3 0 0 0 0 0 0

Camponotus piceus HCS/OH 0 0 3 0 11 5 0 0 0

Camponotus pilicornis HCS/OH 0 0 1 0 2 5 0 0 6

Camponotus fallax HCS/OH 0 0 0 0 1 0 0 0 0

Camponotus cruentatus HCS/OH 0 1 2 0 0 1 0 0 1

Camponotus aethiops HCS/OH 0 0 0 0 10 2 0 0 5

Camponotus lateralis CCS/SH 0 0 3 0 0 2 0 0 0

Cataglyphis hispanica HCS/OH 41 44 26 33 106 20 0 0 4

Cataglyphis sp. HCS/OH 464 124 87 60 253 26 77 0 19

Crematogaster auberti GO 78 19 57 0 311 16 105 1 19

Crematogaster scutellaris GO 0 0 4 15 3 24 11 2 24

Formica subrufa HCS/OH 0 8 1 0 0 64 0 0 0

Formica gerardi HCS/OH 0 0 0 0 0 2 0 0 0

Formica sp. HCS/OH 0 0 0 0 0 0 0 1 0

Goniomma hispanica HCS/OH 16 9 167 0 0 1 2 0 30

Lasius meridionalis P 0 0 0 0 0 0 0 1 0

Lasius grandis CCS/SH 0 7 0 0 2 0 0 2 0

Lasius bruneus CCS/SH 0 0 0 1 0 0 0 0 0

Messor barbarus HCS/OH 822 377 1450 736 152 87 407 147 15

Messor bouvieri HCS/OH 133 2 15 0 0 1 0 0 2

Messor capitatus HCS/OH 118 8 0 0 0 0 0 0 0

Pheidole pallidula GO 0 0 2 0 0 0 0 0 0

Plagiolepis pygmaea GO 100 4 6 3 17 0 5 1 5

Proformica nasuta HCS/OH 0 45 0 0 0 0 0 0 0

Solenopsis sp. C 6 0 1 1 1 1 0 0 0

Tapinoma madeirense GO 0 2 0 0 0 0 4 1 0

Tapinoma nigerrimum GO 2942 55 2314 2 817 1 982 0 40

Tapinoma erraticum GO 0 0 1 0 0 0 0 0 0

Tetramorium forte GO 553 89 1 103 111 218 126 394 39

Tetramorium semilaeve GO 68 22 15 1 2 0 20 16 5

Tetramorium sp. GO 0 0 0 0 0 2 0 0 0

Total por olival 5341 819 4169 955 1810 479 1739 566 215

Total por maneio

Riqueza específica 12 17 21 10 16 19 10 10 15

2289 2520

Solo c/ Aplicação de

HerbicidasSolo Mobilizado

Especies

Solo Coberto c/

Vegetação Natural

Solo Coberto c/

Leguminosas

SemeadasGrupos Funcionais

6160 5124

Page 28: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 21

Das 32 espécies identificadas selecionaram-se as cinco espécies mais abundantes

em todos os olivais: Cataglyphis sp., Crematogaster auberti, Messor barbarus, Tapinoma

nigerrimum e Tetramorium forte (Figura 4).

Em todos os olivais, de acordo com o tipo de gestão de solo (A, B, C e D), a espécie

Tapinoma nigerrimum surge com maior percentagem de abundância (49%, 45%, 36% e

41%, respetivamente). No conjunto de olivais com solo coberto por vegetação natural e por

leguminosas semeadas a espécie Messor barbarus é a menos abundante destas 5

espécies.

Das cinco espécies mais abundantes, três são bioindicadoras de perturbação

(Tapinoma nigerrimum, Crematogaster auberti e Tetramorium forte) e duas de estabilidade

(Messor barbaruse Cataglyphis sp.).

10

2

19

49

10

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50A

31

43

45

2

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50B

1214

10

36

14

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Cataglyphis sp. Crematogasterauberti

Messorbarbarus

Tapinomanigerrimum

Tetramoriumforte

C

45

23

41

22

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Cataglyphis sp. Crematogasterauberti

Messorbarbarus

Tapinomanigerrimum

Tetramoriumforte

D

% A

bu

nd

ân

cia

Figura 4 - Comparação da abundância das 5 espécies mais importantes por tipo de gestão de solo.

A - Solo coberto por vegetação natural; B - Solo coberto com leguminosas semeadas;

C - Solo mobilizado; D - Solo com aplicação de herbicidas.

Page 29: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 22

Para o estudo da riqueza específica juntaram-se os olivais novamente por tipo de

gestão do solo e contabilizou-se o número de espécies existente (Figura 5).

Figura 5 - Riqueza específica por tipo de gestão de solo de solo.

Na Figura 5 pode-se observar que os olivais com maior riqueza específica são os

olivais cujo solo foi mobilizado. Em contrapartida, os olivais com o solo coberto com

vegetação natural apresentam o valor de riqueza específica mais baixo.

18

2223

19

0

5

10

15

20

25

Solo Coberto c/Vegetação Natural

Solo Coberto c/Leguminosas

Semeadas

Solo Mobilizado Solo c/ Aplicação deHerbicidas

Riq

ue

za

Esp

ecífic

a

A - Solo coberto por vegetação natural; B - Solo coberto com leguminosas semeadas;

C - Solo mobilizado; D - Solo com aplicação de herbicidas.

Page 30: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 23

Para a determinação do grau de perturbação dos olivais, por tipo de gestão do solo,

aplicou-se a cada espécie encontrada, o grupo funcional correspondente. De seguida

contabilizaram-se quantas espécies diferentes existiam, de acordo com o seu grupo

funcional e por fim foram calculadas as percentagens de bioindicação (Figura 6).

Figura 6 - Indicadores do estado de perturbação de acordo com os grupos funcionais

Os olivais que apresentaram maior taxa de estabilidade foram os olivais com o solo

mobilizado (61%). No caso dos olivais com o solo coberto por leguminosas semeadas, a

taxa de estabilidade e a taxa de perturbação estão muito próximas (41% e 50%,

respetivamente).

33

56

11

0

10

20

30

40

50

60

70

80A

41

50

9

0

10

20

30

40

50

60

70

80

B

30

61

9

0

10

20

30

40

50

60

70

Perturbação Estabilidade Crípticas

C

39

56

6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Perturbação Estabilidade Crípticas

D

% B

ioin

dic

açã

o

A - Solo coberto por vegetação natural; B - Solo coberto com leguminosas semeadas;

C - Solo mobilizado; D - Solo com aplicação de herbicidas.

Page 31: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 24

O índice de Simpson (D) foi calculado para cada olival individualmente (Figura 7).

Para facilitar a interpretação deste índice, calculou-se o inverso (1/D) e representou-se

graficamente, uma vez que, desta forma a relação entre o inverso e a diversidade passa a

ser direta, ou seja, quanto maior for “1/D”, maior será a diversidade.

Figura 7 - Índice de diversidade (1/D)

Analisando o gráfico da Figura 7 pode-se constatar que os olivais que apresentam

valores de “1/D” mais elevados são os olivais de Paradela e de Guribanes (8,14 e 3,86,

respetivamente). Os olivais com menores valores são S. Pedro BIO e Suçães (1,64 e 1,81,

respetivamente).

2,88

3,86

2,32

1,64

3,74 3,75

2,60

1,81

8,14

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

Cedães Guribanes Valbom São PedroBIO

AvantosBIO

AvantosPRODI

São PedroPRODI

Suçães Paradela

índic

e d

e d

ivers

idade (

1/D

)

Page 32: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 25

5 - Discussão

Neste estudo foram recolhidas 16093 formigas distribuídas por 14 géneros. Nestes

géneros foram identificadas 29 espécies, surgiram, no entanto, espécimes que só foi

possível identificar até ao género (Cataglyphis sp., Formica sp. e Tetramorium sp.).

Do total de formicídeos, 6160 indivíduos foram capturados nos olivais com solo

coberto com vegetação natural, 5124 nos olivais com o colo coberto com leguminosas

semeadas, 2289 nos olivais com solo mobilizado e 2520 nos olivais com o solo com

aplicação de herbicida. Os olivais em que o solo foi mobilizado ou aplicado herbicida

apresentaram menor número de indivíduos, cerca de metade do número de indivíduos

capturados nos outros olivais (menos intervencionados). Este facto pode ser explicado

devido aos hábitos alimentares, uma vez que, a grande maioria das espécies encontradas

necessitam da vegetação, quer seja para a recolha de sementes, frutos ou outros produtos.

Muitas das espécies alimentam-se de exsudados de afídeos que também necessitam

obrigatoriamente da vegetação para se alimentarem (Collingwood e Prince, 1998).

Nos olivais com solo coberto por vegetação natural, no que diz respeito a

abundância, 49% corresponde a Tapinoma nigerrimum, 19% a Messor barbarus, 10% a

Cataglyphis sp., 10% a Tetramorium forte e 2% a Crematogaster auberti. Nos olivais com

solo semeado com leguminosas a abundância das Tapinoma nigerrimum e Messor barbarus

corresponde a 88% (45% e 43%, respetivamente). Nos olivais mobilizados, destaca-se

Tapinoma nigerrimum com 36%, no entanto a abundância das restantes espécies é muito

aproximada (Crematogaster auberti 14%, Tetramorium forte 14% Cataglyphis sp. 12% e

Messor barbarus 10%). Nos olivais com aplicação de herbicida 41% corresponde à

abundância da Tapinoma nigerrimum, seguido de Messor barbarus eTetramorium forte com

23% e 22% respetivamente, 4% Cataglyphis sp.e 5% Crematogaster auberti.

No que respeita à riqueza específica, os olivais com o solo coberto por vegetação

natural e os olivais com aplicação de herbicida apresentaram o menor número de espécies

(18 e 19, respetivamente). Nos olivais cujo solo se encontrava coberto por leguminosas

semeadas foram identificadas 22 espécies diferentes. E os olivais que apresentaram maior

valor de riqueza específica foram os olivais cujo solo foi mobilizado, onde apareceram 23

espécies diferentes.

Neste trabalho as espécies encontradas pertencem apenas a cinco grupos funcionais

(GO, HCS/OH, CCS/SH, P, C). De acordo com os grupos funcionais, todos os olivais

apresentam um elevado grau de estabilidade, isto devido ao grande número de espécies

indicadoras de estabilidade encontrado (Roig e Espadaler, 2010). No entanto, a

percentagem de bioindicação dos olivais com o solo coberto por leguminosas semeadas, a

diferença entre a percentagem de perturbação e a percentagem de estabilidade estão muito

Page 33: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 26

próximas (41% e 50%, respetivamente), uma vez que aqui surgiram mais espécies

indicadoras de perturbação. Os olivais onde a percentagem de estabilidade é claramente

mais elevada são os olivais com o solo mobilizado.

Depois de aplicado o inverso do índice de diversidade, a cada olival individualmente,

foi possível constatar que o olival de São Pedro BIO foi o que apresentou o menor índice

(1,64), o que significa que existem espécies que são dominantes neste olival, ou seja,

existem espécies com muito mais indivíduos que outras e por outro lado a sua riqueza é de

apenas 10 espécies. Observando a Tabela 1, na coluna de São Pedro BIO pode-se

constatar que o número de indivíduos de Messor barbarus (736 indivíduos) é muito mais

elevado que o número de indivíduos de qualquer uma das outras espécies ali encontradas.

A diferença entre a espécie mais numerosa (Messor barbarus) e a menos numerosa

(Tetramorium semilaeve) é na ordem de várias centenas. Por outro lado, o olival com maior

índice foi o olival de Paradela (8,14) apresentando maior diversidade e, consequentemente,

menor dominância, uma vez que, o número de indivíduos de cada espécie é muito

semelhante, havendo apenas uma diferença na ordem das dezenas.

Page 34: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 27

6 – Comentários e sugestões

A informação relativa às características dos organismos em resposta às condições

ambientais, mais concretamente, acerca das formigas da Península Ibérica, é muito

escassa. Essa falta de informação refletiu-se na dificuldade de obtenção de dados para a

elaboração da tabela relativa às características das espécies encontradas em Trás-

os-Montes e Alentejo. No entanto, os dados obtidos e organizados na Tabela 1, através da

revisão bibliográfica, será certamente útil para futuros estudos relacionados com traits em

Portugal.

Com o decorrer do presente trabalho constatou-se que existe ainda alguma

dificuldade na identificação das espécies de formigas, quer seja pela existência de

características morfológicas difíceis de observar, quer seja pela falta de clareza de alguns

pontos das chaves taxonómicas. Uma forma encontrada para o esclarecimento de dúvidas

relativas à identificação de espécies, foi através do contato com o professor Espadaler, que

respondeu, muitas vezes com imagens bastante esclarecedoras.

Para facilitar o uso da chave taxonómica de Collingwood e Prince (1998) traduziu-se

a parte referente às espécies principais encontradas em Portugal continental (ver Anexo 3).

Esta tradução revelou-se particularmente útil na identificação das espécies do género

Camponotus sp., que não existe na chave de Gómez e Espadaler (2007).

Page 35: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 28

7 - Conclusão

O olival para a produção de azeite ocupa uma área muito significativa na região de

Trás-os-Montes.

As práticas agrícolas têm sofrido, nos últimos anos, um progresso muito importante,

para o aumento de produção e muitas vezes este progresso é negativo para o ambiente.

Uma forma sustentável de monitorizar a perturbação de determinado modo de

produção agrícola é através da utilização de bioindicadores.

Devido à sua natureza ubíqua utilizam-se, frequentemente, invertebrados como

bioindicadores e destes, as formigas têm-se revelado muito úteis, na monitorização de

perturbações ambientais em determinados ecossistemas. As formigas são consideradas

excelentes bioindicadores, uma vez que, surgem praticamente em todos os locais, são muito

abundantes e diversificadas, têm grande importância funcional nos ecossistemas, são

sensíveis a alterações ambientais e a sua amostragem e identificação é bastante simples e

económica.

Na Península Ibérica estão confirmadas cerca de 270 espécies de formigas

distribuídas por mais de 40 géneros.

Uma forma que frequentemente se utiliza, para interpretar a possível informação que

se pode retirar das formigas como bioindicadores, é a atribuição de grupos funcionais às

diferentes espécies. Estes grupos funcionais são ainda agrupados em três indicadores

globais de perturbação que permitem verificar se determinado ecossistema se encontra

perturbado ou se está estável.

Uma forma de estudo da ecologia e diversidade de comunidades naturais, em busca

de padrões, pode ser o estudo de traits das espécies. Os traits podem fornecer informação

acerca de fatores que controlam a presença ou ausência de determinada espécie num

ecossistema.

Nos olivais em estudo foram recolhidas 16093 formicídeos, pertencentes a 32

espécies diferentes. O olival onde foi recolhido o maior número de exemplares foi o olival de

Cedães (5341 exemplares). Quando se agruparam os olivais por tipo de gestão de solo, foi

nos olivais com o solo coberto por vegetação natural que se capturaram o maior número de

exemplares.

O olival com maior riqueza específica foi o olival de Valbom onde se identificaram 21

espécies, seguido de Avantos PRODI com 19 espécies diferentes.

Por tipo de gestão de solo, os olivais com solo mobilizado foram os que

apresentaram maior riqueza específica (23 espécies diferentes), embora existam diferenças

consideráveis no número de espécies de cada olival (21 em Valbom e 10 em S. Pedro Bio).

Page 36: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 29

Os olivais com o solo coberto por vegetação natural, pelo contrário, apresentaram menor

riqueza específica (18 espécies diferentes no conjunto dos 2 olivais).

De acordo com o estado de perturbação dos olivais, por tipo de gestão de solo,

aplicando os grupos funcionais, conclui-se que todos os olivais se encontravam num estado

de estabilidade, sendo os olivais com o solo mobilizado que apresentaram maior taxa (61%).

Os olivais com o solo coberto por leguminosas semeadas apresentam a taxa de perturbação

muito próxima da taxa de estabilidade (50% e 61%, respetivamente).

Conclui-se, também, através do Índice de Simpson, que o olival de São Pedro BIO

apresenta a maior dominância de espécies e uma das menores riquezas específicas,

enquanto o olival de Paradela é o que apresenta maior riqueza específica e uma menor

dominância entre espécies.

Page 37: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 30

8 - Referências bibliográficas

Agosti, D., Alonso, L.E., 2000. The ALL protocol: a standard protocol for the collection of

ground-dwelling ants. In: Agosti, D., Majer, J.D., Alonso, L.E., Schultz, T.R. (Eds.), Ants.

Standard Methods for Measuring and Monitoring Biodiversity.Smithsonian Institution Press,

Washington, DC, USA, pp. 204–206.

Alonso, L.E., 2000. Ants as indicators of diversity. In: Agosti, D., Majer, J.D., Alonso, L.E.,

Schultz, T.R. (Eds.), Ants. Standard Methods for Measuring and Monitoring

Biodiversity.Smithsonian Institution Press, Washington, DC, USA, pp. 80–88.

Andersen, A.N., 1990. The use of ant communities to evaluate change in Australian

terrestrial ecosystems: a review and a recipe. Proceedings of the Ecological Society of

Australia 16: 347–357.

Andersen, A.N., 1995. A classification of Australian ant communities, based on functional

groups which parallel plant life-forms in relation to stress and disturbance. Journal of

Biogeography 20: 15-29.

Andersen A.N., 1997. Functional groups and patterns of organization in North American ant

communities: a comparison with Australia. Journal of Biogeography24:433–460.

Andersen, A.N., 1997a.Using ants as bioindicators: multi-scale issues in ant community

ecology. Conserv. Ecol. (on line) 1, 8.

Andersen A.N., 1997b. Ants as indicators of restoration success following mining: a

functional group approach. In Conservation Outside Nature Reserves (P. Hale and D. Lamb,

eds), pp. 319-25. Centre for Conservation Biology, University of Queensland, Queensland,

Australia.

Andersen A., 2000. Global ecology of rainforest ants: functional groups in relation to

environmental stress and disturbance. In: Agosti D, Majer J, Alonso L, Schultz T (eds) Ants:

standard methods for measuring and monitoring biodiversity. Smithsonian Institution Press,

Washington DC, pp. 25–34.

Andersen, A.N., Lonsdale, W.M., 1990. Herbivory by insects in Australian tropical savannas:

a review. Journal of Biogeography 17: 433–444.

Page 38: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 31

Andersen AN, Majer J. 2004. Ants show the way Down Under: invertebrates as bioindicators

in land management. Front Ecol Environ 2: 291–298.

Andrew N, Rodgerson L e York A., 2000. Frequent fuel-reductionburning: the role of logs and

associated leaf litter in the conservationof ant biodiversity. Austral Ecology 25: 99–107.

Armando, M. S., 2002. Agrodiversidade. Ferramenta para uma agricultura sustentável.

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Documento 75. Brasília.

Arnan, X., Cerdá, X. e Retana, J., 2011. Distinctive life traits and distribution along

environmental gradients of dominant and subordinate Mediterranean ant species.

Ashton, D.H., 1979. Seed harvesting by ants in forests Eucalyptusrengans F. Muell.in central

Victoria. Australian Journal of Ecology 4: 265–277.

Beattie, A.J., 1985. The Evolutionary Ecology of Ant–Plant Mutualisms.Cambridge University

Press, New York, USA.

Bisevac, L., Majer, J.D., 1999. Comparative study of ant communities of rehabilitated mineral

sand mines and heathland, Western Australia. Restoration Ecology 7: 117–126.

Bolton B., 1994.Identification guide to the ant genera of the world.Harvard University.Press,

Cambridge, Mass.

Bolton B., 1995.A new general catalogue of the ants of the world.Harvard University.Press,

Cambridge, Mass.

Bolton, B., 2003. Synopsis and classification of Formicidae. Memoirs of the American

Entomological Institute, 71:1-370.

Bolton B, Alpert G, Ward PS, Naskrecki P., 2007.Bolton’s catalogue of ants of the world

1758–2005.Harvard University Press, Cambridge, Mass.

Brown Jr, K.S., 1997.Diversity, disturbance, and sustainable use of Neotropical forests:

insects as indicators for conservation monitoring. J. Ins. Cons. 1: 25-42.

Campbell, A.J., Tanton, M.T., 1981. Effects of fire on the invertebrate fauna of soil and litter

of a eucalypt forest. In: Gill, A.M., Groves, R.H., Noble, I.R. (Eds.), Fire and the Australian

Biota. Australian Academy of Sciences, Canberra, Australia, pp. 215–241.

Page 39: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 32

Chesson, P. eHuntly, N., 1988.Community consequences of life-historytraits in a variable

environment. Ann ZoolFenn 25: 5–16.

Christian, C.E., 2001. Consequences of a biological invasion reveal the importance of

mutualism for plant communities. Nature 413: 635–639.

Collingwood, C. e Prince, A., 1998. A guide to antsof continental Portugal, suplemento nº5

do Boletim da Sociedade Portuguesa de Entomologia. Lisboa.

Connor, D.J., 2005. Adaptation of olive (Oleaeuropaea L.) to water-limited environments.

Australian Journal of Agricultural Research 56: 1181-1189.

Connor, D.J. e Fereres, E., 2005. The Physiology of Adaptation and Yiel Expression in

Olive. In: Horticultural Reviews, 31. Darnell, R., Ferguson, I.B. and Hokanson, S.C. (eds.),

John Wiley and Sons, New Jersey, pp. 155-229.

Cunningham S.A., Floyd R.B.e Weir T.A., 2005. Do Eucalyptus plantationshost an insect

community similar to remnant populations? AustralEcology 30: 103-117

Disney, R.H.L., 1986. Assessments using invertebrates: posing the problem. In: Wildlife

Conservation Evaluation (M.B. Usher, ed.) pp. 271-93. London: Chapman and Hall.

Duarte, F., Jones, N. e Lúcio, C., 2004. Tipologia e funções dos sistemas de produção

olivícola em Trás-os-Montes. IV Congresso Nacional de Economistas Agrícolas,

Universidade do Algarve, Faro, 25 e 26 de Novembro de 2004, pp. 1-23.

Dunn, R., Parker, C.R.e Sanders, N.J., 2007. Temporal patterns of diversity:assessing the

biotic and abiotic controls on ant assemblages. BiologicalJournal of the Linnean Society 91:

191-201.

FAO. 1999. Agricultural Biodiversity, Multifunctional Character of Agriculture and Land

Conference, Background Paper 1. Maastricht, Netherlands.

Fernández, J.E. e Moreno, F., 1999. Water Use by de olive tree. In: Water Use in Crop

Production. Kirkham, M.B. (ed.). Haworth Press, Binghamton, New York, pp. 101-162.

Fisher, B.L., 1999. Improving inventory efficiency: a case study ofleaf litter ant diversity in

Madagascar. Ecological Applications 9: 714-731.

Page 40: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 33

Fleishman, E. Fay, J.P.e Murphy, D.D., 2000. Upsides and downsides:contrasting

topographic gradients in species richness and associatedscenarios for climate change.

Journal of Biogeography 27: 1209-1219.

Futuyma, D.J. e Moreno, G., 1988. The evolution of ecological specialization.Annu Rev

EcolSyst 19: 207-233.

Gómez, K. e Espadaler, X. 2007. El mundo de las hormigas ibéricas. -

http://www.hormigas.org.

Greenslade, P.J.M. eGreenslade, P., 1978. The Physical and Biological Features of Kunoth

Paddock in Central Australia. Technical Paper Nº4.CSRIO Division of Land Resources,

Canberra. pp. 109-113.

Greenslade, P.J.M. eGreenslade, P., 1984 Invertebrates and environmental assessment.

Environ. Planning 3: 13-5.

Haney, P.B., 1988. Identification, ecology and control of the ants in citrus: a world survey. In:

Goren R, Mendel K (eds) Proceedings of the sixth International Citrus Congress, Tel Aviv,

Israel, pp. 1227-1251.

Hoffman, B.D., 2000. Changes in ant composition and community organizationalong grazing

gradients in semi-arid rangelands of the NorthernTerritory.Rangeland Journal 22: 171-189.

Hoffmann, B.D., Griffiths, A.D. e Andersen, A.N., 2000. Responses of ant communities to dry

sulfur deposition from mining emissions in semi-arid tropical Australia, with implications for

the use of functional groups.Austral Ecology 25: 653-663.

Hoffman, B.D.e Andersen A.N., 2003.Responses of ants to disturbance inAustralia, with

particular reference to functional groups.AustralEcology 28: 444-464.

Hölldobler, B. e Wilson, E.O., 1990. The Ants. Belknap Press, Cambridge, USA.

Humphreys, G.S., 1981. The rate of ant mounding and earthworm casting near

Sydney.N.S.W. Search 12: 129-131.

Instituto Nacional de Estatística - INE. 1999. Recenseamento Geral da Agricultura. Lisboa.

Page 41: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 34

Kremen, C., 1992.Assessing the indicator properties of species assemblages for natural

areas monitoring. Ecol. Applicat. 2: 203-217.

Lal, R., 1988. Effects of macrofauna on soil properties in tropical ecosystems.Agriculture,

Ecosystems, and Environment 24:101-116.

Levieux, J., 1983. The soil fauna of tropical savannas. IV. The ants. In: Bourliere, F. (Ed.),

Tropical Savannas. Elsevier, Amsterdam, Holland, pp. 525-540.

Lobry de Bruyn, L.A. e Conacher, A.J., 1994. The bioturbation activity of ants in agricultural

and naturally vegetated habitats in semi-arid environments.Australian Journal of Soil

Research 32: 555-570.

Majer, J.D., 1983. Ants: bio-indicators of minesite rehabilitation, land-use, and land

conservation. Environmental Management 7: 375-385.

McGeoch, M. A., 1998. The selection, testing and application of terrestrial

insectsbioindicators. Biological Reviews, 73: 18-201.

McKenzie, D.H., Hyatt, D.E. e McDonald, V.J., (1995) Ecological Indicators. London:

Chapman & Hall.

Melville J, Harmon LJ, Losos JB (2006) Intercontinental communityconvergence of ecology

and morphology in desert lizards.Proc R SocLond B 273: 557-563.

Monteiro, A., 1999. A Oliveira. Azevedo, J. (ed). Mirandela.

Nakamura, A., Catterall C.P., House, A.P.N., Kitching R.L.e Burwell C.J., 2007.The use of

ants and other soil and litter arthropods as bio-indicators ofthe impacts of rainforest clearing

and subsequent land use.Journal ofInsect Conservation 11: 177-186.

Neumann, F.G., 1992.Responses of foraging ant populations to high intensity wild®re,

salvage logging and natural regeneration processes in Eucalyptus regnans regrowth forest of

the Victorian central highlands. Aust. Forestry 55: 29-38.

Noss, R.N., 1990 Indicators for monitoring biodiverstiy: a hierarchical approach. Conserv.

Biol. 4: 355-64.

OECD, 2001.Environmental Indicators for agriculture.Methods and Results, Organization for

Economic Co-operation and Development. Paris. France.

Page 42: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 35

Paoletti, M.G., 1999. Using bioindicators based on biodiversity to assess landscape

sustainability. Agriculture, Ecosystems & Environment. 74:1-18.

Paoletti, M.G. e Bressan, M., 1996. Soil invertebrates as bioindicators of Human

Disturbance.Critical Reviews in Plant Sciences. 15:21-62.

Parmesan, C., Ryrholm, N., Stefanescu, C., Hill, J.K., Thomas, C.D., Descimon, H., Brian

Huntley, B., Kaila, L., Kullberg, J., Tammaru, T., Tennent, W.J., Thomas, J.A. e Warren, M.,

1999. Poleward shifts in geographical ranges of butterfly species associated with regional

warming.Nature 399: 579-583.

Parr, C.L., 2008. Dominant ants can control assemblages speciesrichness in a South African

savanna. J AnimEcol 33: 830-838.

Pereira, J.A. et al., 2006. Papel das formigas (Hymenoptera: Formicidae) no ecossistema

olival.Bragança. 41: 152.

Pisarski, B. e Vepsälainen, K., 1989.Competition hierarchies in ant communities

(Hymenoptera, Formicidae). Ann Zool 42: 321-329.

Putman RJ (1994) Community ecology.Chapman & Hall, London.

Raven, P.H., 1990. The politics of presenving biodiversity.BioScience 40(10): 769-774.

Read, J.L.e Andersen, A.N., 2000. The value of ants as early warningbioindicators:

responses to pulsed cattle grazing at an Australian aridzone locality.

JournalofAridEnvironments 45: 231-251.

Rei, F.M.C.T., 2006. A artropodofauna associada ao olival no âmbito da protecção da cultura

contra pragas. Tese de Doutoramento. Universidade de Évora. Portugal.

Roig, X. eEspadaler, X. 2010. Propuesta de grupos funcionales de hormigas para la

Península Ibérica y Baleares, e su uso como bioindicadores.

Rosenberg, D.M., Danks, H.V. e Lehmkuhl, D.M., 1986. Importance of insects in

environmental impact assessment.Environ. Manage. 10: 773-783.

Santos, F.D., Forbes, K. e Moita, R., 2002. Climate Changes in Portugal: Scenarios, Impacts

and Adaptations Measures (SIAM Project).Gravida Publicações Lda. Lisboa.

Page 43: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 36

Spellerberg, I.F., 1993. MonitoringEcologicalChange. Cambridge: Cambridge University

Press.

Sevenster J.G., Van Alphen, J.M., 1993.A life history trade-off inDrosophila species and

community structure in variable environments.J Anim Ecol 62: 720-736.

Thygesen, U.H., Farnsworth, K.D., Andersen, K.H. e Beyer, J.E., 2005.How optimal life

history changes with the community size-spectrum.Proc R SocLond B 272: 1323-1331.

Torres, L., 2007. A cultura da oliveira e a produção integrada. In: Manual de protecção

integrada do olival. Azevedo, J. (ed.). Tipografia Guerra, Viseu, pp. 23-29.

Uramoto,K.,Walder, J.M.M. eZucch, R.A., 2005. Análise Quantitativa e Distribuição de

Populações de Espécies de Anastrepha(Diptera: Tephritidae) no Campus Luiz de Queiroz,

Piracicaba, SP, pp. 34.

Vanderwoude, C., Andersen, A.N. e House, A.P.N., 1997a.Ant communities as bioindicators

in relation to fire management of spotted gum (Eucalyptus maculata Hook.) forests in south-

east Queensland.Mem. Mus. Vic. 56: 671-675.

Van Straalen, N.M., 1998. Evaluation of bioindicator systems devived from soil arthropod

communites.Applied Soil Ecology. 9:429-437.

Villalobos, F.J., Orgaz, F., Testi, L., Pastor, M. e Fereres, E., 2004. Olive productivity in

relation with water and carbon fluxes. II. Effects of water deficits. VIII Congress European

Society for Agronomy, Copenhagen, Denmark, 11-15 July 2004, pp. 193 -194.

Weiser, M.D. e Kaspari M., 2006. Ecological morphospace of New Worldants.Ecological

Entomology 31: 131-142.

Wiens, J.A., Addicott, J.F., Case, T.J. e Diamond, J., 1986. Overview: theimportance of

spatial and temporal scale in ecological investigations.In: Diamond J, Case TJ (eds)

Community ecology.Harper & Row, New York, pp. 145-153.

Wihlm, J. L. e Dorris, T. C., 1968. Biological parameters for quality criteria.

Bioscience, 8: 477-481.

Williams, K.S., 1993.Use of terrestrial arthropods to evaluate restored riparian woodlands.

Restoration Ecol. 1: 107-116.

Page 44: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 37

Wilson, E.O. e Hölldobler, B., 2005. The rise of the ants: a phylogenetic and ecological

explanation. Proceedings of the National Academy of Sciences 102: 7411-7414.

York, A., 1994.The long-term effects of fire on forest ant communities: management

implications for the conservation of biodiversity. Mem.Qd. Mus. 36: 231-239.

York, A., 2000. Long-term effects of frequent low-intensity burning on ant communities in

coastal blackbutt forests of southeastern Australia.Austral Ecology 25: 83-98.

Page 45: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 38

ANEXOS

Page 46: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 39

Anexo 1 – Concelhos constituintes da Terra Quente Transmontana.

Page 47: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 40

Anexo 2 – Localização dos Olivais

Olivais com solo coberto por vegetação natural:

Page 48: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 41

Olivais com solo coberto por leguminosas semeadas:

Olivais com solo mobilizado:

Page 49: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 42

Olivais com aplicação de herbicidas na linha de plantação:

Page 50: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 43

(continua)

(continuação)

Page 51: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 44

Page 52: RELATÓRIO DE ESTÁGIO - esa.ipb.ptesa.ipb.pt/blogs/bioolive/files/2013/04/RelatórioEstágio_António... · RELATÓRIO DE ESTÁGIO ... por razões inerentes ao tipo de solo (pouco

Página | 45

Anexo 3 - Adaptação e tradução do guia para a classificação de formigas de Portugal

Continental de CedricCollingwood& Anthony Prince: “A GUIDE TO ANTS OF

CONTINENTAL PORTUGAL (Hymenoptera;Formicidae)” ,parte do “Suplemento nº5

BOLETIM DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE ENTOMOLOGIA, LISBOA, 1998”.