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ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO Parque Eólico da Serra dos Candeeiros
→ NOTA INTRODUTÓRIA
O presente documento faz parte integrante do Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico da Serra
dos Candeeiros, em fase de estudo prévio, tendo sido realizado com base na legislação específica,
nomeadamente no Decreto-Lei nº 69/2000, de 3 de Maio e na Portaria nº 330/2001, de 2 de Abril. Tal
como o seu nome indica, o Resumo Não Técnico visa sumariar e traduzir em linguagem acessível a
todos o conteúdo do Estudo de Impacte Ambiental, de forma a que a sua consulta possa ser suficiente
para um entendimento geral dos objectivos e das consequências do projecto em causa.
O Parque Eólico da Serra dos Candeeiros é proposto pela PESM – Parque Eólico da Serra das Meadas,
Lda., empresa integrada no grupo de empresas participadas da Enersis - Sociedade Gestora de
Participações Sociais, S.A.. A Enersis tem vindo a desenvolver desde 1988 o estudo, o projecto, a
construção e a exploração de instalações de sistemas de energia renovável sendo, entre as empresas
portuguesas, uma das pioneiras no desenvolvimento da energia eólica.
O projecto dos parques eólicos na Serra dos Candeeiros está a ser estudado pela PESM desde 1998,
pelo que o número de aerogeradores, e a sua potência unitária, tem vindo a ser ajustado em função de
restrições de ordem ambiental e também devido a evoluções tecnológicas, sendo a solução agora
proposta resultante de um estudo de alternativas, que teve em atenção os factores referidos. As
alternativas estudadas anteriormente previam um maior número de aerogeradores com uma maior área
associada, tendo sido manifestado pelas entidades envolvidas que se localizavam em zonas não
compatíveis com a preservação dos habitats classificados como prioritários. Para a definição dos locais
de implantação que agora se propõem foram novamente solicitados elementos a várias entidades com
jurisdição sobre a área e em matérias de interesse para o estudo, nomeadamente ao Parque Natural das
Serras de Aire e Candeeiros, tendo sido considerados em absoluto todos os pareceres manifestados.
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→ LOCALIZAÇÃO E OBJECTIVOS DO PROJECTO
O Parque Eólico da Serra dos Candeeiros localiza-se na cumeada Sul desta serra, nas freguesias de Rio
Maior e de Alcobertas, concelho de Rio Maior, distrito de Santarém, desenvolvendo-se ao longo da
estrada que percorre toda a área em estudo (Figuras 1 e 2).
Este projecto será constituído por 30 aerogeradores com uma potência nominal de 2MW, tendo como
objectivo a produção de electricidade a partir da força renovável do vento, fonte de energia não
poluente que permite substituir a produção de energia por outros meios, designadamente os que
recorrem à queima de combustíveis fósseis.
O presente empreendimento assume um papel importante no desenvolvimento e implementação da
política energética nacional, recordando-se o objectivo do desenvolvimento de cerca de 2.000 MW em
energia eólica até 2010, a fim de cumprir com os compromissos no quadro do Protocolo de Quioto. Os
compromissos aceites pelos 15 estados membros obrigam Portugal a não ultrapassar em mais de 27%
as suas emissões de gases responsáveis pelo efeito de estufa, tomando como base os valores que se
registaram em 1990. No entanto, as projecções disponíveis para o ano de 2010 apontam para que
Portugal tenha um aumento das emissões de gases com efeito de estufa (GEE’s) de cerca de 40%
relativamente a 1990.
O projecto SIAM (SANTOS et al, 2001) projecta alguns cenários sobre as consequências potenciais da
mudança climática em Portugal durante o século XXI, designadamente: aumento de temperatura de 4 a
7ºC; diminuição da precipitação anual da ordem de 100 mm, em particular na Primavera, e maior
concentração de precipitação no Inverno o que conduzirá a um maior risco de cheias; redução do
escoamento hídrico, em particular na bacias hidrográficas do Sado e do Guadiana, com impactes na
redução da qualidade e da disponibilidade de água; risco de perda de terreno em 67% das zonas
costeiras; aumento potencial de mortes relacionadas com o calor, de doenças transmitidas por vectores
e roedores, e de problemas relacionados com a poluição atmosférica; aumento de três a cinco vezes do
número de dias com risco muito elevado de incêndio florestal nas regiões do Norte e Centro e, por
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último, risco de extinção de espécies endémicas portuguesas, diminuição da produtividade primárias
das florestas pelo aumento da deficiência hídrica em todo o país, à excepção das zonas mais a Norte.
Neste quadro, Portugal necessita de desenvolver e implementar medidas de redução de GEE’s, não só
para cumprir os seus compromissos comunitários e internacionais mas também para evitar ou reduzir
os riscos descritos anteriormente. A potência eólica instalada no nosso país é ainda bastante reduzida
encontrando-se muito abaixo das suas possibilidades de desenvolvimento, apesar de a maior parte dos
Parques Eólicos existentes terem sido implantados nos últimos anos, demonstrando que esta tecnologia
já atingiu uma maturidade técnica e económica que permite a sua aplicação e desenvolvimento.
No quadro seguinte apresentam-se os quantitativos de poluentes atmosféricos que são evitados ao longo
do horizonte de vida útil do parque eólico em estudo, relativamente ao funcionamento de centrais
térmicas de potência equivalente.
Poluentes evitados através da exploração dum parque eólico de 60 MW, durante 20 anos
Emissões poluentes Carvão Gás Natural Fuelóleo
NOx (ton) 2700 76 210
SO2 (ton) 3240 6 270
COV (ton) 162 76 160
CO2 (ton) 980 000 526 000 700 000
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→ COMPOSIÇÃO DO PROJECTO
• Torres com aerogeradores e postos de transformação - serão constituídas por uma estrutura
metálica tubular cónica com 67 metros de altura, tendo na parte superior a cabine do grupo gerador e o
rotor constituído por três pás com 33 m de comprimento, apoiada em base móvel para lhe permitir a
orientação adequada à direcção do vento, através de um sistema de controlo de posição. No interior da
base da torre ficará o posto de transformação para ligação à rede de 20 kV do parque.
• Rede de cabos – os cabos de 20 kV farão a interligação das torres, através dos postos de
transformação e serão enterrados em vala tipo ao longo dos acessos, entre as torres.
• Edifícios de Comando e Subestações - os dois edifícios previstos serão de construção simples, de
um só piso, com uma sala de quadros e uma sala de contagem, dispondo também de uma área de
armazém. Junto de cada edifício ficará a subestação exterior, para ligação à rede, a 60 kV, incluindo o
transformador principal.
• Ligação à rede da EDP - será feita a um painel a construir na subestação de Rio Maior, a 60 kV,
partindo da Subestação Norte em linha simples até ao poste de ligação da Subestação Sul e,
posteriormente, em linha dupla até à Subestação de Rio Maior, na zona de Casal do Brejo, tendo sido
estudadas 3 alternativas (Figura 3):
- Solução Base (SB): Linha aérea desde a Subestação Norte, localizada entre os aerogeradores 9 e
10, até à Subestação de Rio Maior, com 15,2km de comprimento;
- Alternativa 1 (A1): Linha aérea desde a Subestação Norte, localizada entre os aerogeradores 2 e 3,
até à Subestação de Rio Maior, com 13,7km de comprimento;
- Alternativa 2 (A2): Em cabo enterrado desde a Subestação Norte, entre os aerogeradores 2 e 3, até
à Subestação Sul - com 6,2km de comprimento por 0,8m de largura e 1,0m de profundidade - e a partir
daí em linha aérea simples até à Subestação de Rio Maior, com 8km de comprimento.
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→ CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FASES DE CONSTRUÇÃO, DE
EXPLORAÇÃO E DE DESACTIVAÇÃO
Com base no conhecimento dos procedimentos utilizados no faseamento
destes empreendimentos admite-se que:
1. Em primeiro lugar, sejam executados os acessos principais a cada
uma das zonas das plataformas das torres a implantar;
2. Seguidamente se proceda às escavações nas zonas das valas para
enterramento dos cabos e das escavações para fundação das torres e
do edifício de comando;
3. Depois se executem as fundações, com a construção da armadura em
ferro e respectiva betonagem;
4. Seguidamente se realizem as construções do edifício de comando e
da subestação, geralmente recorrendo a equipamentos pré-fabricados;
5. Depois se proceda à montagem do sistema eléctrico na subestação e no edifício de comando;
6. Posteriormente se realize a montagem dos aerogeradores;
7. E por fim a recuperação paisagística de toda a área intervencionada e o início da fase de exploração.
O tempo médio de duração da fase de construção é de 4 a 6 meses,
dependendo essencialmente das condições atmosféricas, sendo a melhor
altura para o seu início os meses de Maio e Junho com o objectivo de se
evitar a época de maior pluviosidade. A montagem do sistema eléctrico e
dos aerogeradores é feito geralmente pela empresa fornecedora do
equipamento.
No início da fase de exploração grande parte do coberto vegetal da área
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intervencionada encontrar-se-á reconstituído, estando prevista a recuperação das restantes zonas de
forma a permitir tanto quanto possível a auto-regeneração natural da vegetação.
A exploração do parque eólico envolve a utilização de meios automáticos e de telecomando, não
exigindo a presença permanente de operadores. Durante o período de vida útil do parque, estimado em
cerca de 20 anos, os equipamentos serão sujeitos a intervenções periódicas de manutenção por parte de
pessoal especializado. Estas intervenções podem ser preventivas, destinando-se a assegurar a
lubrificação dos equipamentos e a substituição de peças de desgaste, ou curativas quando for necessário
reparar eventuais avarias que possam surgir. A periodicidade das intervenções preventivas de
manutenção irá depender das marcas e dos modelos dos equipamentos que vierem a ser adquiridos, não
havendo ainda esse conhecimento nesta fase de estudo prévio.
A operação do parque não origina emissões líquidas ou gasosas, sendo a energia cinética do vento
transformada em energia mecânica através das pás do rotor e, posteriormente, em energia eléctrica
através do gerador acoplado ao rotor, por meio de uma caixa de velocidades. Refere-se ainda que a
exploração do parque não obriga a condicionalismos ou incompatibilidades com outros usos do solo na
sua zona envolvente, como se tem verificado nos diversos parques eólicos já em exploração no nosso
país.
Após o período de vida útil do projecto, estimado em cerca de 20 anos, poderá proceder-se à
reabilitação das infra-estruturas com o objectivo de iniciar-se um novo período de exploração, ou então
efectuar-se o desmantelamento de todo o equipamento instalado, de forma a que o local de implantação
do Parque fique o mais próximo possível da situação de referência levantada no presente estudo.
A estimativa relativa à produção energética anual média é de 156 GWh, quantidade considerada como
suficiente para abastecer uma população aproximada de 231.500 habitantes ou 57.900 fogos.
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→ CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE EXISTENTE
Para o levantamento do ambiente afectado estudaram-se os seguintes aspectos: geologia e
geomorfologia, solos, clima, recursos hídricos, flora e vegetação, fauna e habitats, paisagem,
património, demografia e sócio-economia, qualidade do ar, ambiente sonoro e ordenamento do
território e condicionantes.
Em termos geológicos, a Serra dos Candeeiros é considerada como o conjunto calcário mais importante
de Portugal. As rochas calcárias têm tendência para formar fendas que permitem facilmente a infiltração
das águas das chuvas. Estas águas têm um alto poder de dissolução do calcário, originando, não só as
formações superficiais bem visíveis no local, mas também as famosas grutas e algares característicos desta
serra. Relativamente à tectónica e sismicidade não existem registos de epicentros na zona de obra, tendo
sido considerada uma distância média aos sismos mais intensos da ordem dos 50 km (ver Anexo II do
Aditamento).
Os solos são pobres e pouco desenvolvidos, próprios de um clima de precipitações reduzidas e elevada
pedregosidade, o que limita consideravelmente a existência de solos e vegetação.
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A área prevista para a localização do Parque Eólico insere-se numa região onde as características
climáticas são fortemente influenciadas pela sua proximidade ao Oceano Atlântico (menos de 20 km em
linha recta), pela sua altitude média, claramente acima dos relevos circundantes e pela sua orientação
NNE-SSW, mais ou menos coincidente com um dos regimes de ventos mais frequentes na área.
O sistema hidrográfico da Serra dos Candeeiros está condicionado pela escassez de cursos de água
superficiais, devido à elevada permeabilidade dos solos e à prolongada seca estival. A inexistência de
actividades agrícolas, pecuárias ou industriais na área em estudo, à excepção da actividade de extracção de
pedra, e o facto de tratar-se duma zona de cabeceira leva a que os cursos de água existentes mantenham
condições satisfatórias de qualidade.
A Serra dos Candeeiros sofreu uma grande transformação da sua flora e vegetação nos últimos anos, com
o desaparecimento das espécies características da região e o alargamento das áreas de incultos e de
eucaliptal. Esta conclusão decorreu da caracterização realizada para a zona que se baseou
essencialmente na confirmação ou não da presença das espécies referenciadas na bibliografia existente,
durante o reconhecimento de campo. Desta forma, a maioria das espécies confirmadas no terreno,
pertencem às unidades de vegetação rupícola, adequada aos afloramentos rochosos, e de vegetação
casmófita, típica das fendas calcárias.
O trabalho de campo para a caracterização da fauna, baseou-se fundamentalmente na caracterização
das espécies ocorrentes por habitat
dominante na área mais
directamente afecta às infra-
estruturas previstas, nomeadamente
no mato presente nas encostas, nas
antigas zonas de pastagem (agora
dominadas por mato disperso), nos
afloramentos rochosos do cume
das encostas escarpadas, nos
algares e cavidades naturais, no
repovoamento florestal e nas zonas
mais antropizadas.
Gralha-de-bico-vermelho
Morcego-de-ferradura-pequeno
Morcego-rato-grande
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Entre as espécies ocorrentes na área em estudo destaca-se a existência de uma representação
significativa de aves e de morcegos que habitam e nidificam nas fendas e algares existentes nesta serra.
A informação completa das espécies ocorrentes, obtida através de recolha bibliográfica e
complementada com levantamento de campo, é apresentada no Relatório do estudo.
A exploração do calcário é a actividade de maior importância da Serra dos Candeeiros, bem visível pelas
numerosas pedreiras existentes, com uma área de solo ocupada muito significativa, causando alterações
paisagísticas evidentes.
De acordo com a bibliografia específica complementada com o trabalho de campo e com os
levantamentos arqueológicos realizados, o património existente na área directamente afecta ao parque
eólico é nulo, existindo alguns parcos interesses na zona envolvente, de que são exemplo os muros de
desprega. Os relatórios dos levantamentos arqueológicos realizados encontram-se no Anexo V do
Estudo de Impacte Ambiental, salientando-se que o Instituto Português de Arqueologia quando
autorizou os trabalhos arqueológicos exigiu que fossem feitos relatórios distintos para as zonas em
estudo, tendo sido atribuída para o conjunto mais setentrional a denominação de “Parque Norte” e de
“Parque Sul” para o mais meridional. As alternativas analisadas para a linha de transporte de energia
que servirá o parque eólico também foram alvo de relatórios distintos, estando a sua localização na
Figura 13 do estudo.
A estratégia de intervenção seguiu a tradicional metodologia de recolha de documentação, seguida da
prospecção do terreno, onde foi considerada uma área superior à que deverá ser afectada, como medida
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preventiva. Nas duas zonas de implantação do parque eólico não foram detectados quaisquer vestígios
de interesse arqueológico, tendo-se constatado que os caminhos e as matas existentes são muitas vezes
utilizadas como depósitos de lixo doméstico e industrial. A linha eléctrica de ligação à rede foi alvo de
três traçados alternativos (Solução Base, Alternativa 1 e Alternativa 2) com os respectivos
levantamentos arqueológicos. No corredor da Solução base foram detectados vinte e um sítios e zonas
com interesse arqueológico, tendo o traçado da alternativa 2 tido o objectivo conseguido de evitar os
sítios com maior interesse, salientando-se para ambos os casos o facto de haver sempre a possibilidade
de se realizar um programa técnico de localização que permita evitar a perturbação desses mesmos
sítios. Por fim, a Alternativa 2 correspondente a parte do traçado em cabo enterrado, não apresentou
qualquer vestígio arqueológico.
Na zona Sul da cumeada existe uma fonte de perturbação de ruído quase constante, provocada pelo
intenso tráfego de camiões proveniente das várias pedreiras, tendo-se identificado também ruído
pontual originado pelas explosões por dinamite utilizadas nesta actividade. Na zona Norte de
implantação do projecto não se identificaram níveis de poluição sonora significativos, apesar da
presença da estrada e dos trabalhos de exploração das pedreiras. Este facto poderá dever-se à
intensidade do vento existente na Serra que terá um efeito de dispersão do ruído muito eficaz.
A caracterização da situação de referência do ambiente sonoro da zona envolvente ao parque em estudo
realizada pela ACUSTICONTROL (ver Anexo I do Aditamento) foi direccionada para os aglomerados
populacionais mais próximos, tendo-se concluído que dos 9 locais estudados, 8 encontram-se dentro
dos intervalos estabelecidos para “zonas sensíveis”, estando somente o local de Fonte da Bica integrado
no intervalo estabelecido para “zonas mistas”, devido à perturbação induzida pelo ruído do tráfego
rodoviário que circula na estrada de ligação entre as localidades de Marinha do Sal e Alto da Serra
A análise do estado de referência no âmbito do ordenamento do território baseou-se nos Planos
Directores Municipais (PDM´s) de Rio Maior e de Alcobaça, designadamente no Regulamento dos
Planos e nas cartas de ordenamento e de condicionantes, no Regulamento específico da Área Protegida,
a que pertence toda a área em estudo, e na Directiva Habitats. A área em estudo está integrada no
Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros - PNSAC, criado em Maio de 1979, e na Zona Especial
de Conservação das Serras de Aire e Candeeiros criada em Julho de 2000.
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→ EFEITOS POSSÍVEIS DA IMPLANTAÇÃO DO PROJECTO
Seguidamente faz-se um resumo dos efeitos positivos e negativos que poderão vir a ocorrer com a
implantação do projecto, sublinhando-se que a maior parte dos efeitos negativos deste tipo de projectos
ocorre durante a fase de construção.
• Fase de Construção
A maior parte dos impactes geomorfológicos identificados, foram classificados como pouco
significativos, já que o volume de escavação que será necessário movimentar para a implantação dos
aerogeradores e subestações é reduzido e pode ser utilizado nas terraplanagens e na recuperação
paisagística dos locais intervencionados.
Relativamente aos potenciais impactes sobre a geomorfologia resultantes da construção da linha de
ligação à rede pode-se referir que a alternativa 2, em cabo enterrado na cumeada da serra, acarreta
maiores alterações por necessitar duma movimentação de terra muito superior. No entanto, se tivermos
presente a situação existente em grande parte do percurso a fazer em cabo enterrado, com a ocupação e
crescimento desregrado das pedreiras de Cabeça Gorda, Cabeço de Chã e Provelos-Chãos, e
comparando com a situação existente na encosta por onde passaria o troço da linha aérea que ainda se
encontra num estado significativo de naturalidade torna-se prematuro concluir qual a solução que traria
menores impactes, podendo-se indicar a Solução Base como a pior alternativa, pelo facto de ser um
percurso mais longo com todas as implicações que daí advêm.
Os trabalhos de decapagem dos solos e de movimentação de terras não provocarão processos de erosão
significativos, dadas a reduzida espessura dos solos e as pequenas dimensões das áreas afectadas,
apesar de serem de maior intensidade se as obras se realizarem durante a época de maior pluviosidade.
Relativamente aos recursos hídricos, não se prevê que as escavações necessárias para a instalação das
várias estruturas provoquem alterações, pois estes trabalhos atingirão cotas pouco profundas.
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Os efeitos sobre a flora e vegetação durante esta fase serão, principalmente, resultantes das actividades
de movimentação de terra, decapagem de solo e desmatações. A quantificação destes impactes sobre as
formações vegetais afectadas deverá ser objecto de maior detalhe e aprofundamento em fase de
Projecto de Execução.
Dado tratar-se duma ocupação pontual poderá facilmente contornar-se eventuais manchas de vegetação
a preservar ou outros tipos de ocupação do solo que tenham um grau de sensibilidade que o justifique,
gerando impactes reduzidos, desde que exista um permanente cuidado de interferir o menos possível
com o relevo e a vegetação naturais.
Os principais impactes negativos sobre a fauna e habitats são de carácter temporário, associados à
movimentação de veículos, maquinaria e pessoal afecto à obra, prevendo-se que a utilização da área em
estudo por parte dos pequenos mamíferos não sofra grandes alterações. Relativamente às aves
existentes na zona, nomeadamente as aves de rapina, prevê-se que durante esta fase evitem utilizar a
zona em estudo. Os impactes mais significativos que podem ocorrer sobre as diversas espécies
existentes, incidem sobre as espécies de morcegos em consequência da destruição de grutas ou outras
cavidades naturais que lhes sirvam de abrigo.
A área que potencialmente será mais afectada corresponde à zona integrada na Serra dos Candeeiros
pela sua maior sensibilidade ecológica. No entanto, esta zona tem a estrada que com tem sido referido é
muito utilizada por pessoas e veículos, especialmente camiões das pedreiras existentes no local, pelo
que não haverá um grande acréscimo de perturbação relativamente à situação já existente.
Todas as operações terão impactes negativos sobre a paisagem, considerando-se contudo serem de
magnitude média pelo facto da paisagem da área em estudo já estar muito alterada com a presença das
pedreiras existentes junto da cumeada, sendo qualificados como pouco significativos.
A construção do Parque Eó1ico poderá implicar a criação de postos de trabalho, o que terá um efeito
positivo na sócio-economia a nível local, se a mão-de-obra for contratada na região, embora pouco
significativo, uma vez que se verificará apenas durante o período de construção (4 a 6 meses).
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Durante o período de construção do Parque prevê-se a emissão de poeiras em resultado dos trabalhos
de movimentação de terras, da circulação de veículos e máquinas e da operação do estaleiro da obra.
Contudo, é importante referir que se tem constatado que a granulometria destas poeiras é inferior à
fracção inalável, não suscitando particular preocupação ao nível da saúde pública, sendo classificado
como um impacte pouco significativo sobre a qualidade do ar, não esquecendo a situação de
referência actual, com a desregrada exploração das pedreiras e o intenso tráfego de veículos pesados de
transporte de brita que causam grandes levantamentos de poeiras que, principalmente na zona Sul junto
às pedreiras de Cabeça Gorda e Cabeço de Chã, chegam a alcançar grandes distâncias.
Durante a realização das obras é expectável a ocorrência de um aumento dos níveis sonoros em
resultado dos trabalhos de movimentação de terra, circulação de veículos pesados, utilização de
maquinaria e operação de estaleiros. A cerca de 250m do local de obras já não se deverão registar
níveis superiores a 65dB(A) em termos de Leq, valor considerado limiar de incomodidade. Tendo em
conta que as populações mais próximas distam cerca de 800m, prevê-se que durante a fase de
construção os impactes sobre o ambiente sonoro não sejam significativos, tendo um carácter
temporário e reversível.
Durante a fase de construção verificar-se-ão impactes com algum significado sobre o ordenamento do
território devido às acções de decapagem dos solos, movimentação de terras, abertura das fundações e
das valas para colocação dos cabos eléctricos. Estas acções não se enquadram nas limitações
específicas da REN, do PNSAC ou da ZEC, considerando-se existir impactes negativos certos,
temporários, de elevada magnitude, mas pouco significativos devido ao facto de actualmente já existir
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uma violação evidente destas figuras de protecção através das actividades relacionadas com a
exploração das pedreiras.
• Fase de Exploração
Durante a fase de exploração do Parque não se prevêem quaisquer impactes sobre a geomorfologia do
local, salientando-se o facto da recuperação paisagística a realizar no início da exploração do
empreendimento ter o objectivo de minimizar, o mais possível, as alterações ao relevo realizadas
durante a fase de construção.
O único impacte certo sobre os solos durante a fase de exploração resulta da sua ocupação pelo
empreendimento.
Na fase de exploração a maior parte da vegetação será recuperada, prevendo-se, que através da
adopção de medidas mitigadoras, se criem condições para que a médio longo prazo as manchas de
vegetação afectada se auto-regenere.
Os impactes decorrentes da permanência física do empreendimento sobre a fauna incidem
essencialmente sobre as espécies de aves e de morcegos, tendo a probabilidade de ocorrência destes
acidentes sido analisada através de diversos estudos de monitorização, desenvolvidos por países como a
Holanda, Estados Unidos, Alemanha e Espanha.
A previsão dos impactes decorrentes da implantação do Parque foi feita integrando as características
técnicas dos aerogeradores a instalar, as condições meteorológicas, as espécies existentes no local e as
suas características de vôo e comportamento.
Entre as características técnicas dos aerogeradores deve-se referir que estão propostas torres tubulares
cónicas de 67m. Tem sido demonstrado em diversos estudos que as torres tubulares têm um índice
menor de colisão de aves que as torres de treliça, nomeadamente nos estudos realizados na Estação
Biológica de Doñana onde se observou que as torres de treliça eram locais preferenciais de pouso e que
tinham uma visibilidade menor, registando um maior número de acidentes. A altura da rotação das pás
também é um factor importante pois tem sido observado que é inversamente proporcional ao risco de
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colisão, pois as zonas mais rasteiras tendem as ser mais utilizadas pela maior parte das espécies. As
condições climatéricas e mais concretamente o nevoeiro é um factor bastante importante, já que diminui a
visibilidade. Segundo os dados existentes, não são especialmente frequentes na zona os bancos de
nevoeiro, aspecto este que reduz o risco de colisão.
Entre as espécies de aves que mais directamente utilizam o local previsto para o parque eólico, a maior
parte apenas consegue alcançar os 20 - 25 metros de altura de voo, pelo que o risco de colisão resulta
mínimo.
Por outro lado, na zona de localização dos parques estão presentes, com maior ou menor frequência, várias
espécies de aves de rapina, designadamente: o francelho vulgar, a águia de Bonelli, a águia cobreira, o
tartaranhão cinzento, o açor, o falcão comum, a águia-de-asa-redonda, o gaivão, assim como as nocturnas
bufo real, coruja do mato, e coruja. Com base nos diversos estudos analisados os riscos de colisão são
muito reduzidos para todas as espécies.
Quanto ao risco destes acidentes ocorrerem em morcegos, a situação encontra-se muito menos estudada
que nas aves. No entanto, diversos estudos constataram que a maioria dos vôos realizam-se entre os 3 e
os 7 metros de altura, diminuindo significativamente os potenciais riscos, já que o equipamento
previsto no projecto tem as pás dos aerogeradores a circular entre os 34 e os 100 metros de altura.
Refere-se ainda o facto do promotor do empreendimento estar a desenvolver um estudo de
monitorização da avifauna, no Parque Eólico de Vila Lobos, constituído por 20 torres tubulares com
40m de altura, desde Setembro de 2000, não tendo sido, até à data, registado qualquer acidente.
Assim, com base nos estudos analisados, nas várias espécies ocorrentes e tendo em conta que a área em
estudo não está localizada em nenhum corredor migratório, pode considerar-se que os possíveis
impactes terão uma baixa probabilidade de ocorrência para as espécies de aves e de morcegos, sendo
qualificados globalmente como pouco significativos.
Os impactes decorrentes da exploração da linha sobre a fauna incidem essencialmente sobre as espécies
de aves e de quirópteros, apresentando dois tipos de riscos: a electrocussão e as colisões. A
probabilidade de ocorrência destes acidentes tem sido analisada através de diversos estudos de
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monitorização, desenvolvidos por países como a Holanda, Estados Unidos, Alemanha e Espanha. Estes
estudos apontam para a existência de uma relação directa entre a voltagem da linha e consequente
equipamento e o tipo de acidente causado.
As colisões com uma linha de transporte de energia são mais prováveis quando a linha tem uma tensão
superior a 66 kV, dado necessitar de um ou mais cabos de terra. Como estes cabos têm um diâmetro
menor que o dos cabos condutores, as aves têm tendência para elevar o vôo com o objectivo de evitar a
colisão, o que em condições de baixa visibilidade, causa a colisão com os cabos de terra. A linha em
estudo tem uma tensão de 60 kV, não tendo estes cabos de terra, sendo muito menos provável o
acidente por colisão.
Relativamente aos acidentes por electrocussão a situação já é diferente, dado existir maior
probabilidade nas linhas de menor tensão devido à menor dimensão do equipamento. Para existir
electrocussão a ave tem de estar simultaneamente em contacto com dois cabos ou em contacto com um
cabo condutor e com a passagem à terra, o que é menos provável em linhas de maior tensão com
grandes distâncias entre as referidas estruturas. Apesar da linha em estudo encontrar-se integrada na
tensão de maior risco (≤66kV), o equipamento a instalar, nomeadamente o tipo de estruturas e de
isoladores, é considerado por diversos estudos recentes como o mais seguro para todo o conjunto de
espécies estudadas. Quanto ao risco destes acidentes ocorrerem em espécies de morcegos, a situação
encontra-se muito menos estudada que nas aves. No entanto, diversos estudos constataram que a
maioria dos vôos realizam-se entre os 3 e os 7 metros de altura, diminuindo significativamente
quaisquer potenciais riscos, já que a distância mínima regulamentada, dos condutores ao solo é de 6,30
metros.
Relativamente à paisagem, entende-se que o empreendimento irá modificar significativamente a
paisagem da região em estudo, devido à grande visibilidade do local onde este será implantado,
relativamente à zona envolvente. Salienta-se que os aerogeradores têm associado um carácter muito
subjectivo, havendo vários paisagistas que lhes conferem um valor positivo, sendo considerados como
os moinhos de vento da época actual
Como foi anteriormente referido, a energia irá ser produzida por uma fonte renovável sem qualquer
emissão de poluentes para a atmosfera, estando assim a contribuir para uma melhor qualidade de vida
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das populações e integrando-se nos objectivos da política energética comunitária e nacional, sendo
considerado um impacte positivo de âmbito nacional e significativo quer directa quer indirectamente.
Da análise comparativa da energia eólica com as restantes formas de energia tradicional, como o
fuelóleo, o carvão ou o gás natural, conclui-se que esta forma de produção de energia evita a emissão
de vários gases com efeito de estufa para a atmosfera, considerando-se assim que a implantação do
empreendimento terá um impacte positivo significativo na qualidade do ar.
Face aos valores esperados do nível sonoro para os receptores existentes, nomeadamente para os
aglomerados populacionais localizados mais próximo do Parque, são cumpridos os requisitos legais
previstos no novo Regulamento Geral do Ruído, designadamente relativamente ao critério de
incomodidade, sendo considerado um impacte pouco significativo.
• Fase de Desactivação
Com base na experiência de outros países, e tal como foi referido anteriormente, poderá proceder-se à
reabilitação das infra-estruturas com o objectivo de iniciar-se um novo período de exploração, ou então
efectuar-se o desmantelamento de todo o equipamento instalado, de forma a repor a situação inicial.
Qualquer que seja a alternativa escolhida, não se prevêem impactes significativos sobre qualquer dos
descritores analisados anteriormente.
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→ MEDIDAS PRECONIZADAS PARA DIMINUIR OS EFEITOS NEGATIVOS
E VALORIZAR OS EFEITOS POSITIVOS PREVISTOS
As medidas propostas no presente capítulo visam evitar, minimizar ou compensar os impactes
negativos previstos e potenciar os impactes que se prevêem positivos. Estas medidas devem ser
observadas durante os períodos de construção, de exploração e de desactivação do empreendimento.
A eficácia das medidas apresentadas dependerá em grande parte dos procedimentos a adoptar na fase
de construção, o que passará certamente pela necessidade de informar os trabalhadores e encarregados
sobre os procedimentos ambientalmente mais adequados para as diversas actividades.
Assim, de acordo com a metodologia seguida, apresentam-se seguidamente as principais medidas
especificas que deverão ser aplicadas durante as diversas fases do empreendimento.
FASE DE CONSTRUÇÃO
1. No início da fase de construção é de extrema importância que o dono da obra providencie a
formação do pessoal afecto às diversas actividades, de forma a que tenham consciência dos
potenciais efeitos ambientais que poderão provocar e dos benefícios ambientais resultantes da
melhoria da sua actuação.
2. A exposição do solo a nu e as movimentações de terras deverão ser reduzidas durante os
períodos de maior pluviosidade, para minimizar a erosão de origem hídrica, salientando-se
aqui, novamente, que a melhor altura para o início dos trabalhos de construção são os meses de
Maio e Junho.
3. Os trabalhos de desmatação e decapagem de solos deverão ser limitados às áreas estritamente
necessárias à execução dos trabalhos, procedendo-se à reconstituição do coberto vegetal de
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cada zona de intervenção logo que as movimentações de terra tenham terminado, em particular
nos taludes de escavação e aterro.
4. Propõe-se a hipótese de um acordo com as explorações de calcário localizadas próximo das
áreas a intervencionar, com vista a uma simbiose que consistiria na entrega dos materiais
sobrantes das escavações para britagem nas pedreiras.
5. As operações de manuseamento de óleos durante a fase de construção devem ser conduzidas
com os necessários cuidados, de acordo com as normas previstas na legislação em vigor
(Decreto-Lei nº 88/91, Portaria nº 240/92 e Portaria nº 1 028/92), no sentido de limitar na
máxima extensão possível eventuais derrames susceptíveis de provocarem a contaminação dos
solos.
6. Propõe-se que as zonas de intervenção sejam limitadas por fitas coloridas, fixas em estacas, e
que seja proibido o trânsito e a deposição de materiais fora das áreas demarcadas, no sentido de
preservar na máxima extensão possível os seus solos e por forma a facilitar os necessários
processos de integração paisagística.
7. A terra vegetal proveniente da obra deverá ser armazenada em montes (não ultrapassando os 2m
de altura para evitar a perda das suas propriedades orgânicas) para ser utilizada na recuperação
das zonas intervencionadas.
8. Nas zonas de trabalho deverão haver recipientes próprios para deposição de óleos usados e de
produtos contaminantes, que depois devem ser enviados a entidades licenciadas para
efectuarem o seu tratamento adequado.
9. Do ponto de vista florístico, recomenda-se que na fase de construção sejam regularizadas as
superfícies de terreno exposto e recobertas com camadas de terra viva por forma a possibilitar o
rápido crescimento das espécies e a recolonização de toda a área afectada pela obra.
10.Nas áreas replantadas devem ser utilizadas espécies bem adaptadas às condições edafo-
climáticas da região, devendo ainda ser feita a selecção das espécies em função das
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características ecológicas, e atendendo às comunidades vegetais envolventes. Refere-se como
exemplo a utilização de espécies arbustivas e herbáceas da família das existentes e/ou
introdução de outras que façam parte das associações naturais pré-existentes.
11. Integração das estruturas na paisagem, de modo a que não se tornem demasiado contrastantes,
devendo todas as superfícies visíveis (cabina, torres e pás) ser pintadas de cores neutras e não
reflectantes, como o cinza claro opaco que tem demonstrado ser o que menos impactes causa.
12. Devem-se aproveitar ao máximo os acessos já existentes, devendo a sua correcção ser
cuidadosamente estudada de forma a evitar impactes nas linhas naturais do relevo do terreno.
13. Os edifícios das subestações devem aproveitar a orografia existente, utilizando um cromatismo
adequado, de forma a assemelhar-se o mais possível com as cores e as formas arquitectónicas
que ocorrem na envolvente.
14. As actividades de construção deverão ser limitadas ao período diurno (7h-22h), por forma a
não prejudicar o descanso dos habitantes residentes nos lugares próximos do local das obras.
15. A recuperação dos caminhos afectados pela passagem da maquinaria deverá ser feita
imediatamente após as obras.
16. Sempre que possível, deverá ser utilizada mão-de-obra local na construção do Parque Eó1ico, o
que terá efeitos benéficos para a economia da região, reduzindo temporariamente o
desemprego.
17. A população das localidades mais próximas dos locais das obras deverá ser informada acerca
das acções de construção, bem como da respectiva calendarização. Esta informação deverá ser
prestada em placas afixadas junto às obras e divulgada através de folhetos afixados nas juntas
de freguesia abrangidas (Rio Maior e Alcobertas) ou noutros locais públicos.
18. Durante a realização das obras deverão ser promovidas acções de informação e auscultação da
população sobre a evolução das obras. Estas acções permitirão um diálogo aberto com os
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habitantes possibilitando o acompanhamento das obras e eventualmente corrigindo
procedimentos que minimizem as afectações sentidas pelas populações.
19. A maquinaria a utilizar nesta fase deverá estar em bom estado de conservação, respeitando os
limites impostos pela Portaria nº 879/90, de 20 de Setembro, referente à potência sonora
máxima a emitir por esses equipamentos.
20. Para se poder evitar que a maquinaria atravesse ou intervencione as zonas de algares e
cavidades cársicas naturais, recomenda-se que seja efectuada a sinalização de todas as
cavidades, delimitando áreas de protecção de 15m em seu redor com faixas bem visíveis.
21. Durante a fase de construção é de extrema importância que se realizem regas periódicas, com a
frequência necessária para minimizar o levantamento de poeiras.
As medidas de compensação que se referem seguidamente são hipóteses avançadas pelo promotor:
22. Durante a fase da obra, em conjunto com técnicos especializados que serão contratados para
esse fim, poderá proceder-se à recuperação de um ou dois moinhos que estejam próximo das
áreas a intervencionar e que estejam em tal estado que mereçam essa recuperação.
23. Possibilidade de integração de uma estrutura de apoio ao visitante do PNSAC, na zona de
implantação de um dos Edifícios de Comando e Subestação. Esta estrutura poderia incluir:
- Sala de acolhimento e exposição;
- Pequeno auditório;
- Pequeno gabinete de trabalho;
- Instalações sanitárias;
- Parque de estacionamento;
- Pequeno parque de merendas.
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24. Pagamento de uma taxa mensal ao PNSAC durante a execução da obra que lhe permita custear
o salário de um fiscal para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos de construção.
FASE DE EXPLORAÇÃO
1. Imediatamente após a fase de construção do empreendimento deve proceder-se à
descompactação das áreas afectadas de forma a criar condições favoráveis à regeneração natural
do coberto vegetal.
2. Todas as acções de recuperação da vegetação nas áreas afectadas pela obra deverão ter em
conta as características edáficas e climáticas da região e respeitar as regras gerais de
ordenamento e os condicionalismos impostos pelas diversas figuras de ordenamento. Assim,
deverão ser consultas as entidades gestoras respectivas, nomeadamente a Direcção Regional do
Ambiente de Lisboa e Vale do Tejo e o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
3. Os óleos ou outros produtos poluentes a serem usados nas operações de manutenção periódica
dos equipamentos devem ser recolhidos e armazenados em recipientes adequados, sendo
posteriormente transportados e enviados para destino final apropriado.
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4. Sempre que possível, recorrer-se a mão de obra local para as actividades de operação e
manutenção, com o objectivo de criar emprego para a população e dinamizar os sectores dos
serviços e da indústria.
5. Para reduzir as emissões sonoras na fase de exploração, recomenda-se o recurso à melhor
tecnologia disponível na fase de selecção dos equipamentos a instalar e, se necessário, o recurso
à adopção de medidas de insonorização das cabines de forma a minimizar as emissões
produzidas pelas caixas de velocidades e restantes equipamentos mecânicos.
6. O proponente poderá realizar um protocolo com a autarquia de Rio Maior para, com a
periodicidade que achar conveniente, esta assegurar a recolha dos resíduos produzidos ao longo
da fase de exploração.
7. Possibilidade de se criar um protocolo entre o proponente e os bombeiros locais com o
objectivo de se efectuar uma vigilância para uma prevenção eficaz de incêndios para toda a área
de estudo.
8. Tal como referido para a fase de construção, deve existir formação do pessoal afecto à
manutenção e exploração do equipamento, para que apliquem as medidas preconizadas para
minimização dos potenciais impactes.
FASE DE DESACTIVAÇÃO
Nesta fase, considera-se que a medida mais pertinente para reduzir os impactes ambientais expectáveis
será não optar pelo desmantelamento do empreendimento após o seu período de vida útil, procedendo-
se sim à reabilitação das suas infra-estruturas com o objectivo de iniciar-se um novo período de
exploração. Desta forma evitavam-se os impactes ambientais, sociais e económicos que resultariam,
por um lado, do retorno à alternativa do uso dos combustíveis fósseis para a produção de energia
eléctrica e, por outro lado, da perda do investimento efectuado em infra-estruturas que têm
possibilidade de ser reabilitadas com custos de investimento inferiores aos que seriam necessários para
a construção de outro empreendimento noutro local.
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A reabilitação do empreendimento após o seu período de vida útil, aproximadamente no ano 2020 com
uma tecnologia que se antevê muito mais evoluída, permitirá níveis de rendimento superiores e ainda
menores impactes no ambiente, estando assim em harmonia com o tão desejado "desenvolvimento
sustentável".
→ PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO AMBIENTAL
Nos termos da legislação sobre o processo de Avaliação de Impacte Ambiental, o promotor do Parque
deve promover a elaboração de um Relatório Ambiental que acompanhe o Projecto de Execução, para
demonstrar a sua conformidade com a Declaração de Impacte Ambiental e a integração das medidas de
minimização propostas no presente EIA.
Estando o projecto em avaliação em fase de estudo prévio, as acções que se apresentam seguidamente
devem ser encaradas como directrizes para orientação do plano geral de monitorização a pormenorizar
no RECAPE – Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução. Os objectivos dessas
acções de monitorização visam nomeadamente:
- Controlar a adopção das medidas minimizadoras já identificadas no EIA e no Relatório Ambiental da
fase de Projecto de Execução, bem como responder a situações surgidas durante a própria obra;
- Verificar as previsões e análises de impactes efectuadas no Estudo de Impacte Ambiental;
- Estabelecer um registo contínuo de indicadores ambientais durante a fase de exploração do
empreendimento, em particular no que se refere ao risco de colisão da avifauna com os aerogeradores;
- Obter informação consistente sobre os potenciais impactes deste tipo de empreendimentos que será de
grande importância para o processo de melhoria da aferição dos impactes que tem vindo a ser baseada
em estudos realizados por outros países e, nalguns campos, empiricamente sustentada, devido à
escassez de informação efectiva.
Salienta-se que alguns dos aspectos das acções e programas propostos poderão ser objecto de análise
adicional, contando por exemplo com a participação de entidades regionais com competência nas
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matérias em causa, sublinhando aqui a importância do “know how” do PNSAC, de forma a melhorar as
estratégias e procedimentos preconizados.
PROGRAMAS DE MONITORIZAÇÃO
Fase de Construção
Durante esta fase, os programas agora previstos assentam fundamentalmente no controlo da
implementação efectiva das medidas de minimização previstas para a maior parte dos descritores,
sendo mais aprofundado para a fauna e habitats.
• Avifauna - Reveste-se de grande interesse que antes da fase de obra haja um registo actualizado
das aves nidificantes nas zonas envolventes dos aerogeradores, assim como um levantamento
dos ninhos existentes e das áreas exactas de alimentação e refúgio. Na posse destes dados, os
trabalhos previstos durante a obra seriam apenas os de controlar estes registos.
• Morcegos - À semelhança do ponto anterior, é importante que durante a fase de projecto de
execução se identifiquem todos os pontos com importância para a preservação destas espécies,
dos seus abrigos e habitats de alimentação. Tendo-se conhecimento que estes mamíferos
utilizam vários abrigos ao longo do ano, seria importante iniciar-se este controlo o mais cedo
possível. Os trabalhos de investigação que têm vindo a ser desenvolvidos pelo Instituto da
Conservação da Natureza apontam para a possibilidade de se criarem protecções para as
entradas das cavidades desses abrigos com uma taxa de sucesso significativa. Estas protecções
têm vindo a ser testadas nos últimos anos, tendo sido concluído que os gradeamentos sem
cobertura em torno das entradas dos abrigos são os que atingem melhor os objectivos.
Tendo-se conhecimento que o promotor está disponível para implementar todas as medidas que se
provem pertinentes para a preservação dos habitats existentes, a instalação destas estruturas com o
respectivo controlo a pormenorizar em fase de execução seria um aspecto muito importante.
• Flora e Vegetação - Dado a maior parte da área em estudo estar integrada na Rede Natura 2000
e no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, apesar de não terem sido encontradas, nos
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trabalhos de campo realizados no local, muitas das espécies definidas para estas áreas deverão
ser desenvolvidos estudos específicos de reconhecimento florístico, especialmente nas zonas de
afectação directa das estruturas que compõem o empreendimento.
Fase de Exploração
Nesta fase serão mantidas as actividades anteriormente previstas, de forma a comparar-se as situações,
sendo de salientar as acções a desenvolver no âmbito da monitorização da avifauna como consequência
do funcionamento dos aerogeradores.
De referir ainda o interesse em desenvolverem-se estudos de monitorização dos níveis do ruído
registados na zona de influência do Parque, com o objectivo de validar as estimativas realizadas no
presente Estudo de Impacte Ambiental
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