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R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O

P R O F I S S I O N A L I I

SARA MARGARIDA BRAZ CLARINHA PIRES

RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO EM FARMÁCIA

Junho/2013

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

1

R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O

P R O F I S S I O N A L I I

SARA MARGARIDA BRAZ CLARINHA PIRES

CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

4º ANO / 2º SEMESTRE

LOCAL DE ESTÁGIO:

FARMÁCIA ONDALUX, UNIPESSOAL LDA, ABRANTES

SUPERVISOR:

CARLA MARIA RODRIGUES LOPES DE PINA RIBEIRO

ORIENTADOR:

MARIA DE FÁTIMA DOS SANTOS MARQUES ROQUE

Junho/2013

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

2

SIGLAS

ANF - Associação Nacional das Farmácias

CEDIME – Centro de Informação do Medicamento

CFP – Cartão das Farmácias Portuguesas

CNP – Código de Barras Nacional

CNPEM - Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

DCI – Denominação Comum Internacional

DT – Diretora Técnica

FC – Farmácia Comunitária

FEFO – First-Expired-First-Out

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P.

IMC – Índice de Massa Corporal

IRS – Imposto sobre Rendimento das pessoas Singulares

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

LEF – Laboratório de Estudos Farmacêuticos

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

NARC – Núcleo de Acordos e Receituário e Codificação

OTC – over the counter

PIC – Preço de Inscrição na Caixa

PS – Profissional de Saúde

PVP5 – Preço de Venda ao Público dos 5 Medicamentos Mais Baratos

PVP – Preço de Venda ao Público

RN - Receita de Medicamentos

RE - Receita Especial

SNS - Serviço Nacional de Saúde

TAF – Técnicos Auxiliares de Farmácia

TF - Técnico de Farmácia

WWHAM – Who for? What symptoms? How long? Action taken already? Other indication

taken?

3

AGRADECIMENTOS

Sempre que nos deparamos com momentos que são cruciais e que nos conduzem a

uma nova etapa de vida, lembramo-nos de que não atingimos as nossas metas sozinhos. Ao

longo destes quatro meses de estágio na farmácia Ondalux, tive o privilégio de contar com a

colaboração, apoio, simpatia e dedicação de várias pessoas. Portanto, é com muita satisfação

que expresso aqui o mais profundo agradecimento a todos aqueles que tornaram a realização

deste estágio possível.

Quero desde já agradecer à docente Maria de Fátima dos Santos Marques Roque, da

Escola Superior de Saúde da Guarda, que superiormente me orientou, mostrando-se sempre

disponível, empenhada e dedicada no esclarecimento de dúvidas caso estas surgissem e,

ainda, por tudo o que me ensinou ao longo destes quatro anos de vida académica. Quero

também agradecer aos restantes docentes, que me acompanharam direta ou indiretamente ao

longo do meu percurso académico.

Agradeço, ainda, à doutora Carla Maria Rodrigues Lopes de Pina Ribeiro, na

qualidade de diretora técnica e proprietária da farmácia Ondalux, em Abrantes, pela

autorização concedida, pela sua gentileza com que me recebeu e partilhou conhecimentos

assim como a disponibilidade demonstrada à realização do estágio profissional II.

Em especial, quero também agradecer à equipa excecional de PS da farmácia Ondalux,

em Abrantes, nomeadamente a todos os técnicos de farmácia, farmacêuticos e técnicas

auxiliares de farmácia que demonstraram ser excelentes profissionais e excelentes pessoas,

todos muito simpáticos e atenciosos, fazendo-me sentir como parte daquela equipa. Queria,

ainda, agradecer a todos pela forma como me receberam, o apoio que me prestaram, a

compreensão e o carinho demonstrados, o incentivo para melhorar a minha prestação, a

capacidade de diálogo, os bons momentos passados e a simplicidade com que o conhecimento

me ia sendo transmitido, constituindo para mim motivos de exemplo a seguir.

Decididamente jamais esquecer-me-ei de tais ensinamentos, senti-me orgulhosa de,

durante quatro meses, ter pertencido à equipa da farmácia comunitária Ondalux, em Abrantes.

A todos, o meu mais sincero muito obrigado!

4

PENSAMENTO

“Aprenda com o ontem, viva o

hoje, tenha esperança no

amanhã. O importante é não

parar de questionar.”

ALBERT EINSTEIN

5

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Esquema das gavetas de armazenamento de MSRM e MNSRM. .......................... 28

Tabela 2 - Divisão de psicofármacos [6]. ................................................................................. 43

6

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da farmácia Ondalux via satélite (google maps). ................................ 12

Figura 2 - Farmácia Ondalux (espaço exterior). ....................................................................... 13

Figura 3 - Laboratório............................................................................................................... 14

Figura 4 - Balcões na área de atendimento ao público. ............................................................ 15

Figura 5 - Produtos OTC. ......................................................................................................... 15

Figura 6 - Entrada para a área de atendimento ao público. ...................................................... 15

Figura 7 - Gabinete de atendimento ao utente. ......................................................................... 16

Figura 8 - Gadget da Plural....................................................................................................... 17

Figura 9 - Quadro com papéis dos medicamentos guardados. ................................................. 21

Figura 10 - Armazém de medicamentos. .................................................................................. 23

Figura 11 - Sistema de armazenamento (gavetas deslizantes). ................................................ 27

Figura 12 - Frigorífico. ............................................................................................................. 30

Figura 13 - Área de dispensa de medicamentos. ...................................................................... 31

Figura 14 - Gaveta de MNSRM. .............................................................................................. 34

Figura 15 - Balcão de dispensa de medicamentos. ................................................................... 36

Figura 16 - Medicamentos genéricos........................................................................................ 42

Figura 17 - Artigos de puericultura e dietética infantil. ........................................................... 44

Figura 18 - Zona de atendimentos noturnos. ............................................................................ 44

Figura 19 - Atendimento noturno (espaço exterior da farmácia). ............................................ 44

Figura 20 - Pomada de vaselina salicilada a 2%. ..................................................................... 44

Figura 21 - Aparelho de medição da tensão arterial. ................................................................ 44

Figura 22 - VALORMED. ........................................................................................................ 44

Figura 23 - Transporte para entrega aos domicílios. ................................................................ 44

7

ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 9

1. FARMÁCIA ONDALUX, UNIPESSOAL, LDA, ABRANTES.................................. 12

1.1. HISTÓRIA..................................................................................................................... 12

1.2. GRUPO ONDALUX...................................................................................................... 12

2. ORGANIZAÇÃO FÍSICA E FUNCIONAL DA FARMÁCIA................................... 12

2.1. LOCALIZAÇÃO DA FARMÁCIA ONDALUX.......................................................... 12

2.2. RECURSOS HUMANOS.............................................................................................. 12

2.3. UTENTES...................................................................................................................... 12

2.4. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO............................................................................ 13

2.5. ESPAÇO EXTERIOR NA FARMÁCIA....................................................................... 13

2.6. ESPAÇO INTERIOR NA FARMÁCIA ....................................................................... 13

2.7. SISTEMA INFORMÁTICO.......................................................................................... 16

2.8. GESTÃO DE STOCKS.................................................................................................. 17

3. INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO CIENTIFICA........................................... 18

3.1. A BIBLIOTÉCIA BÁSICA DA FARMÁCIA............................................................... 18

3.2. FORMAÇÃO CONTÍNUA............................................................................................ 18

3.3. CENTROS DE INFORMAÇÃO.................................................................................... 19

4. APROVISIONAMENTO E ARMAZENAMENTO.................................................. 19

4.1. FORNECEDORES E RESPECTIVOS HORÁRIOS.................................................... 19

4.2. AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS FARMACÊUTICOS.............. 20

4.3. RECEÇÃO E CONFERÊNCIA DE ENCOMENDAS.................................................. 23

4.3.1. Receção de Psicotrópicos e estupefacientes............................................................. 26

4.3.2. Marcação de Preços................................................................................................... 26

4.4. CRITÉRIOS E CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO............................................ 27

4.5. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE............................................................. 29

4.6. DEVOLUÇÕES............................................................................................................. 30

4.7. CONTROLO DE TEMPERATURA E HUMIDADE NA FARMÁCIA….................. 30

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS…........................................................................ 30

5.1. DISPENSA DE MNSRM E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE…………………….. 31

5.1.1. Automedicação........................................................................................................... 34

5.1.2. Subcategoria de MNSRM – Dispensa Exclusiva em Farmácia............................. 35

5.2. DISPENSA DE MSRM.................................................................................................. 35

5.2.1. Receitas médicas........................................................................................................ 37

8

5.3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS GENÉRICOS...................................................... 42

5.4. DISPENSA DE PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES...................................... 43

5.5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS DE USO VETERINÁRIO.................................. 44

6. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS DE

SAÚDE..................................................................................................................................

45

6.1.DISPOSITIVOS MÉDICOS........................................................................................... 45

6.2.FITOTERAPIA E SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS................................................. 45

6.3. PRODUTOS DIETÉTICOS PARA ALIMENTAÇÃO ESPECIAL............................. 46

6.4. PRODUTOS DIETÉTICOS INFANTIS........................................................................ 46

6.5. PRODUTOS DE DERMOFARMÁCIA, COSMÉTICA E HIGIENE.......................... 46

7. DISPENSA DE MSRM OU MNSRM DURANTE OS SERVIÇOS NOTURNOS. 47

8. PREPARAÇÃO DE MANIPULADOS....................................................................... 48

9. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA...................... 51

9.1. AVALIAÇÃO DA TENSÃO ARTERIAL.................................................................... 51

9.2. GLICÉMIA..................................................................................................................... 51

9.3. COLESTEROL E TRIGLICERÍDEOS......................................................................... 52

9.4. IMC................................................................................................................................. 53

9.5. PROGRAMA VALORMED.......................................................................................... 53

10. FATURAÇÃO DA FARMÁCIA.................................................................................. 54

10.1.CONFERÊNCIA DO RECEITUÁRIO....................................................................... 55

10.2. CORREÇÃO DO RECEITUÁRIO.............................................................................. 55

10.3. SEPARAÇÃO DO RECEITUÁRIO............................................................................ 56

10.4. EMISSÃO DO VERBETE DE IDENTIFICAÇÃO DO LOTE................................... 56

10.5. SERVIÇO DE RECOLHA E ENTREGA DA FATURAÇÃO................................ 56

11. ENTREGAS AO DOMICÍLIO.................................................................................... 56

12. FARMACOVIGILÂNCIA........................................................................................... 57

CONCLUSÃO...................................................................................................................... 58

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................. 59

ANEXOS.............................................................................................................................. 62

9

INTRODUÇÃO

O estágio é uma vertente fulcral na formação de um Técnico de Farmácia (TF), dado

que é uma oportunidade para colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula,

de maneira a que se possa vivenciar no dia-a-dia a teoria, interiorizando melhor os

conhecimentos. Tem como objetivo primordial permitir ao estudante não só uma interação

com o utente em equipas multidisciplinares, mas também o contacto com as novas tecnologias

e novas realidades.

A farmácia comunitária (FC) (ou também conhecida como farmácia de oficina) é uma

profissão ao serviço da vida, um espaço de saúde que tem como finalidade a educação para a

saúde e prevenção da doença e consiste na dispensa de medicamentos, sujeitos a receita

médica ou não sujeitos a receita médica, acompanhada de aconselhamento aos utentes acerca

da forma mais correta de os utilizar. Segundo o manual de Boas Práticas Farmacêuticas em

Farmácia, a FC é “um espaço que se caracteriza pela prestação de cuidados de saúde de elevada

diferenciação técnico-científica, que tenta servir a comunidade sempre com a maior qualidade.” [1].

Considerada como uma das mais antigas e cativantes, a profissão farmacêutica está

transversalmente ativa em todo o cluster da saúde e tem vindo a ter uma crescente relevância

na economia nacional. Tem como principal missão assegurar a terapêutica necessária ao

tratamento dos doentes com qualidade, segurança e eficácia, monitorizando os resultados e a

satisfação dos doentes e dos profissionais envolvidos, tratando e melhorando, assim, a

qualidade de vida da população.

Segundo o Decreto-Lei nº 564/99, de 21 de dezembro, relativo ao estatuto legal da

carreira de técnicos de diagnóstico e terapêutica refere como conteúdo funcional do TF o

“desenvolvimento de atividades no circuito do medicamento, tais como análises e ensaios farmacológicos,

interpretação da prescrição terapêutica e de fórmulas farmacêuticas, sua separação, identificação e

distribuição, controlo da conservação, distribuição e stocks de medicamentos e outros produtos, informação e

aconselhamento sobre o uso de medicamentos.” [2].

A dispensa de medicamentos pode ser assegurada pelos TF, de acordo com a

prescrição terapêutica. Estes têm o dever de informar e aconselhar os utentes e outros

profissionais de saúde (PS) para uma correta utilização dos medicamentos, alertando-os e

fornecendo-lhes informações necessárias e úteis para o uso racional dos medicamentos,

evitando, desta forma, a sua utilização imprópria e abusiva.

O estágio profissional II é uma unidade curricular de carácter obrigatório, em que a

aprendizagem se desenvolveu em contexto real possibilitando-me adquirir e desenvolver

competências de acordo com os conhecimentos adquiridos, permitindo-me, ainda, alcançar

10

novos saberes e novas experiências. Desta forma, foi encarado como um estágio de integração

à vida profissional, no qual foi demonstrado as diferentes competências profissionais do TF

em áreas específicas de atuação. O estágio profissional II decorreu na farmácia Ondalux, em

Abrantes, entre o dia 4 de março de 2013 e 21 de junho de 2013, fazendo diariamente entre

sete a nove horas (consoante os turnos que me eram sugeridos semanalmente), perfazendo um

total de 500 horas durante quinze semanas, excetuando a interrupção para férias da Páscoa.

“O estágio define-se como uma atividade em que se vinculam aspetos teóricos e práticos, momento em

que a prática questiona a teoria e esta avança também com a busca de respostas aos problemas a ela

apresentados, é um meio privilegiado na formação do aluno, permitindo ao estagiário desenvolver a sua

identidade profissional, apreender o seu próprio modo de aprendizagem ou lançar as bases necessárias à

construção dos seus conhecimentos profissionais, de modo a facilitar a inserção profissional do futuro

licenciado no mercado de trabalho” [3].

Em virtude de encarar a carreira profissional e dar como concluída a licenciatura em

farmácia, o estágio profissional II é a última etapa que falta para colocar em prática todos os

conhecimentos até agora adquiridos e pressupõe a abordagem de um conjunto de objetivos

relacionados diretamente com a profissão.

Subentendendo uma avaliação que é contínua, apresento alguns objetivos gerais do

estágio:

Favorecer, em contexto real, a integração das aprendizagens que foram

desenvolvidas ao longo da licenciatura em farmácia, de modo que o perfil do

estudante vá ao encontro das competências necessárias no âmbito da sua formação;

Preparar o estudante para dar resposta às exigências da sociedade, promovendo a

socialização e integração profissional;

Desenvolver as atividades subjacentes à profissão de TF, no enquadramento das

várias áreas de intervenção profissional;

Aplicar os princípios éticos e deontológicos subjacentes à profissão;

Identificar, desenvolver e avaliar planos de intervenção adequadamente integrados

numa equipa multidisciplinar;

Responder aos desafios profissionais com inovação, criatividade e flexibilidade.

O presente relatório tem, assim, como finalidade expor, clara e sucintamente, todo um

processo de adaptação, aprendizagem e aperfeiçoamento resultante deste período de estágio,

nas diversas áreas do circuito do medicamento e de todos os procedimentos referentes a uma

FC.

Nesta perspetiva, realizei o estágio na FC com espírito de responsabilidade e com

perspetiva de ganhar mais conhecimentos e experiência que no futuro me poderão ser muito

11

úteis e tornarão capaz de intervir com mais segurança e eficiência no circuito do

medicamento, contribuindo, assim para a minha realização pessoal e prestígio da profissão.

O plano de atividades delineado pelo supervisor de estágio foi constituído pela

participação ativa no processo de aquisição, receção e armazenamento de medicamentos,

realização de devoluções, verificação de stocks e prazos de validade, iniciação da dispensa de

medicamentos para os domicílios, participação ativa na faturação da farmácia, participação no

design de montras, participação ativa na dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica

(MSRM), medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), psicotrópicos e

estupefacientes, dispensa de medicamentos de uso veterinário e de produtos farmacêuticos ao

utente, aconselhamento de produtos de saúde e de medicamentos (automedicação), prestação

de outros cuidados de saúde ao utente (avaliação da tensão arterial, glicémia, colesterolémia e

triglicerídémia, índice de massa corporal (IMC)), participação em serviços noturnos,

preparação, conservação e rotulagem de manipulados em farmacotecnia de acordo com o

manual de boas práticas de preparação de manipulados, realização de preparações

extemporâneas e participação em ações de formação.

A coordenação e orientação do presente estágio compete à docente orientadora de

estágio profissional II, Maria de Fátima Santos Roque, enquanto no local de estágio, a

orientação e supervisão compete à diretora técnica (DT) Carla Maria Rodrigues Lopes de Pina

Ribeiro com a colaboração dos restantes profissionais.

Espero, sinceramente, ter realizado um bom trabalho e ter alcançado todos os objetivos

pretendidos, tentando descrever todas as atividades realizadas, demonstrando o meu ponto de

vista perante a realidade da FC desta instituição.

12

1. FARMÁCIA ONDALUX, UNIPESSOAL LDA, ABRANTES

1.1. HISTÓRIA

Fundada no século XVIII; em 1945 abriu em Alvega (a cerca de 20 quilómetros de

Abrantes) com o nome de farmácia Mota. Posteriormente, em 2006, a DT comprou a farmácia

dando-lhe o nome de farmácia Ondalux e permaneceu aberta em Alvega durante 4 anos. A 2

de Novembro de 2010 abriu ao público as novas instalações em Abrantes, deixando em

Alvega, um local de venda de MNSRM.

1.2. GRUPO ONDALUX

O grupo Ondalux é constituído por uma ótica (Abrantes), uma farmácia (Abrantes) e

um local de venda de MSNRM (Alvega) sendo por isso que possui o nome Ondalux.

2. ORGANIZAÇÃO FÍSICA E FUNCIONAL DA FARMÁCIA

2.1. LOCALIZAÇÃO DA FARMÁCIA ONDALUX

Situa-se na Avenida da Europa, Lote 37b, r/c loja 2, sob a direção técnica de Carla M.

R. Lopes de Pina Ribeiro. Esta farmácia apresenta bastante

afluência de utentes uma vez que se encontra muito bem

situada pelo fato de ficar junto aos correios, clínicas médicas,

zona de restauração e companhia de seguros. Provavelmente a

principal razão de tanta afluência será pelo facto de possuir

um grande espaço de estacionamento livre, facilitando, assim,

o conforto dos utentes (Figura 1).

2.2. RECURSOS HUMANOS

O quadro de pessoal da Farmácia Ondalux é constituído por quatro farmacêuticos –

incluindo a DT, farmacêutica adjunta, farmacêutica substituta e farmacêutico a realizar

estágio profissional –, quatro TF, duas técnicas auxiliares de farmácia (TAF) e um funcionário

responsável pela entrega dos domicílios perfazendo um total de onze PS, que cooperam para o

bom funcionamento deste estabelecimento, dia após dia.

2.3. UTENTES

Devido à sua localização numa zona suburbana, a população que recorre à farmácia

Ondalux é muito heterogénea sob o ponto de vista cultural, económico e etário.

Figura 1 - Localização da

farmácia Ondalux via satélite

(google maps).

13

Relativamente aos utentes, ao longo do estágio foi-me possível dividi-los em alguns

grupos, sendo a maioria pertencente a um grupo de utentes habituais que já são fidelizados

com a farmácia, possuindo ficha de cliente e que depositam grande confiança em toda a

equipa técnica, o grupo de utentes ocasionais, provenientes de consultas de hospitais ou de

consultórios médicos que muitas vezes necessitam de um aconselhamento mais cuidado e por

fim, existe o grupo dos utentes que se automedicam, exigindo, por isso, uma atenção e

aconselhamento redobrado por parte de toda a equipa técnica.

2.4. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

A farmácia funciona de segunda-feira a sexta-feira das 8 horas e 30 minutos às 21

horas e aos sábados das 8 horas e 30 minutos até às 19 horas e 30

minutos. Dado que na cidade de Abrantes existem sete farmácias,

a farmácia Ondalux faz noite uma vez por semana e está de

serviço ao domingo de sete em sete semanas.

2.5. ESPAÇO EXTERIOR DA FARMÁCIA

Na fachada da farmácia Ondalux (Figura 2) encontra-se a

designação social da farmácia e uma cruz verde luminosa

colocada perpendicularmente à fachada do edifício. Esta cruz

apresenta uma luz intermitente o que significa que a farmácia está

de serviço. Na porta principal apresenta o horário de funcionamento e o mapa de turnos de

farmácias em serviço, consoante o número 1 do artigo 11º do Decreto-Lei nº 172/2012 de 1 de

agosto, do concelho de Abrantes e na parte lateral apresenta, ainda, uma campainha com uma

“gaveta” móvel para os serviços noturnos [4].

2.6. ESPAÇO INTERIOR DA FARMÁCIA

É de extrema importância que a farmácia disponha de instalações adequadas de forma

a garantir a segurança, conservação e preparação dos medicamentos, bem como a

acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes. A farmácia Ondalux está dividida

fisicamente por dois pisos distintos de áreas destinadas à execução de determinadas tarefas.

De acordo com o que é exigido no artigo 29º do Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de

agosto, as farmácias devem possuir determinadas instalações [5]. Na medida em que, no piso

0, encontra-se:

Área de atendimento ao público;

Figura 2 - Farmácia Ondalux

(espaço exterior).

14

Gabinete de atendimento ao utente (onde se encontra também a zona dos

atendimentos noturnos);

Zona de armazenamento de medicamentos;

Instalações sanitárias para deficientes.

Por outro lado, no piso 1 encontra-se:

Porta secundária por onde são entregues as encomendas dos diferentes

fornecedores;

Instalações sanitárias;

Laboratório;

Armazém;

Sala de convívio dos PS;

Gabinete da DT;

Sala da faturação.

Na área de atendimento ao público, a farmácia possui dois balcões principais com

quatro postos de atendimento informatizado (dois postos em cada balcão principal), o que

permite um serviço individual, personalizado, específico e coerente ao utente, dividindo,

assim, a farmácia em duas áreas, uma de acesso direto aos produtos, por parte do utente e

outra de acesso reservado aos profissionais da farmácia.

Relativamente à área de acesso direto aos produtos, esta encontra-se dividida em:

Artigos de produtos cosméticos e de higiene corporal ;

o Produtos para cuidados corporais;

o Produtos para cuidados específicos – antirrugas, tratamento da acne,

produtos para diferentes tipos de pele, entre outros;

o Perfumes;

o Produtos solares (artigo sazonal).

Artigos de puericultura e dietética infantil.

Na área de acesso reservado aos profissionais da farmácia, além da zona de

armazenamento de medicamentos, da escada de acesso ao piso 1 e das instalações sanitárias

para deficientes, existem diversos artigos por detrás do balcão, podendo ser denominados por

produtos over the counter (OTC), ou seja, MNSRM. Esta zona está dividida pelos dois

balcões principais sendo que no primeiro balcão principal, onde está o posto 1 e 2, encontram-

se:

Medicamentos/produtos veterinários;

Produtos ortopédicos;

Figura 3 - Laboratório.

15

Desodorizantes/antitranspirantes;

Artigos de manicura/pédicure;

Produtos capilares;

Batons do cieiro;

Artigos de higiene bucodentária.

No segundo balcão principal, onde está o posto 3 e 4 (Figura 4), encontram-se:

Produtos de nutrição e dietética;

Produtos de fitoterapia;

Complexos vitamínicos;

Dispositivos médicos;

Repelentes (artigo sazonal);

Anti-histamínicos NSRM (artigo sazonal);

Pillboxes;

Testes de gravidez;

Preservativos.

Atrás destes balcões existem estantes altas nas quais se tem o cuidado de expor de

forma muito equilibrada e apelativa produtos OTC procurados pelos utentes de acordo com a

sazonalidade (Figura 5). Estes são na maioria antigripais, produtos dietéticos, expetorantes e

antitússicos, antiácidos, pastilhas e rebuçados para a garganta, repelentes de insetos, entre

outros. Por baixo das estantes encontram-se diversas gavetas com produtos diversos estando

divididos por produtos veterinários, produtos para mãos/pés, géis de banho e produtos de

higiene íntima, produtos ortopédicos, pastas dentífricas, produtos de higiene bucodentária,

compressas e adesivos, desinfetantes, soros fisiológicos, luvas esterilizadas, seringas e

coletores de urina, entre outros (ANEXO A).

Em cima de cada balcão encontram-se permanentemente dois recipientes redondos

com batons do cieiro ou creme das mãos, produtos que são

vendidos durante todo o ano e ainda folhetos informativos

consoante a sazonalidade como no caso de produtos de

emagrecimento, produtos de veterinária, entre outros.

Na área de atendimento ao público, desde a entrada

principal (Figura 6) (onde se encontra uma máquina para retirar a

senha que indica a ordem do atendimento) até aos balcões de

atendimento, estão dispostos diferentes lineares, sobretudo com

artigos de produtos cosméticos e de higiene corporal. Existe,

Figura 4 - Balcões na área de atendimento

ao público.

Figura 5 - Produtos OTC.

Figura 6 - Entrada para a área

de atendimento ao público.

16

ainda, uma balança que indica o peso, a altura e o IMC e um expositor no meio da sala onde

possui produtos que estejam com algum tipo de promoção (produtos de produtos cosméticos e

de higiene corporal), possui uma mini-montra dividida em três cubos transparentes que varia

consoante as festividades (Dia da Mãe; São João), um banco para os utentes se poderem

sentar e esperar pela sua vez e ainda um expositor agregado a este onde se encontram

produtos originais para crianças, como é o caso da linha babycupcakes e aroma home. Existe,

ainda, uma balança eletrónica para a medição de peso/altura/IMC, a recolha de medicamentos

fora de prazo e embalagens usadas – VALORMED –, entregas ao domicílio, a preparação de

manipulados e preparações extemporâneas.

Relativamente ao gabinete de atendimento ao utente (Figura 7), é um espaço reservado

para avaliações e determinações de parâmetros bioquímicos, havendo um acompanhamento

ativo diário dos mesmos, como a glicémia, colesterolémia, triglicerídémia, avaliação da

pressão arterial, possuindo a singular característica de ser de acesso restrito para que haja uma

maior privacidade e confidencialidade no atendimento. Neste

espaço encontra-se uma estante que armazena todo o material

necessário à medição destes parâmetros bioquímicos (aparelhos

medidores, agulhas, canetas, lancetas, algodão, álcool etílico,

entre outros). Apresenta, ainda, uma mesa com duas cadeiras para

que o utente se possa sentar enquanto são analisados os diversos

parâmetros bioquímicos e ainda uma maca para o caso do utente

não se sentir bem durante a realização de algum teste. A

polivalência deste espaço reflete-se ainda pelas reuniões quer entre a

equipa de trabalho da farmácia, quer com delegados de informação médica.

2.7. SISTEMA INFORMÁTICO

A farmácia Ondalux está equipada com o programa “SIFARMA 2000”. Este software

de gestão da farmácia é fundamentado em novas tecnologias e oferece uma acessibilidade em

termos de informação disponibilizada ao utilizador; dirige-se à prestação individualizada e

personalizada de serviços e à intervenção profissional da farmácia, focada no aconselhamento

e na segurança da dispensa dos medicamentos. É um instrumento inovador na informação

sobre medicamentos ao serviço da prática farmacêutica que, cruzando as principais

características do medicamento com o perfil de cada utente, permite aconselhar e acompanhar

o utente em cada dispensa e, desta forma, assegurar o uso seguro e efetivo dos medicamentos.

A utilização deste programa permite a elaboração de um número significativo de tarefas,

destacando-se a facilidade na realização de uma venda, gestão de produtos, a lista de

Figura 7 - Gabinete de

atendimento ao utente.

17

movimentos de stock, o tratamento de várias receitas na mesma venda, consulta e anulação,

extrato de conta corrente do utente, entre outras. Além disso, possui outra vantagem, no

momento da dispensa de qualquer medicamento, o sistema possui um item com a ficha

científica do medicamento em questão, identificando contraindicações, reações adversas,

interações com outros medicamentos e a posologia.

A farmácia possui, ainda, o Gadget da Plural (Figura 8) que serve para verificar se o

produto está, ou não, disponível no fornecedor sendo que por vezes

poderá aparecer a informação “esgotado”, “descontinuado”,

“escasso”, entre outros. Para verificar tal informação, basta inserir o

código de barras nacional (CNP), do produto, manualmente ou com

um leitor ótico e pode-se consultar ainda o preço de venda ao

público (PVP), a bonificação e o descritivo do produto.

2.8. GESTÃO DE STOCKS

Entende-se por gestão de stocks o conjunto de todas as atividades que constituem o

sistema de suporte ao fornecimento e disponibilidade contínua de bens e serviços em

quantidades adequadas, da forma mais correta e eficaz e pelo menor custo total.

Com o recurso da automatização de medicamentos, torna-se possível otimizar a gestão

de stocks na FC. O objetivo consiste em saber quanto encomendar, quando encomendar e a

quantidade do stock de segurança que se deve manter de modo a responder às necessidades da

população. Uma boa gestão de stocks passa, essencialmente, por três passos: análise de

consumo, reposição de stocks e acondicionamento adequado do stock, acompanhado por um

controlo dos prazos de validade.

Deve existir um stock mínimo ou também denominado stock de segurança, referente à

quantidade mínima que a farmácia deve manter para cobrir possíveis atrasos nas entregas,

produtos danificados no transporte, fornecimentos divergentes do requisitado e aumento não

esperado na procura, de modo a garantir o funcionamento ininterrupto do processo de

cedência, sem risco de faltas.

Existe, ainda, um stock máximo mantido, que varia consoante cada medicamento bem

como ao grupo terapêutico a que pertence, fator que influência a maior ou menor procura por

parte dos utentes, quer através de prescrições médicas ou iniciativas de automedicação,

traduzindo-se consequentemente numa maior ou menor dispensa por parte da farmácia.

Em suma, é importante evitar as ruturas de stock bem como a acumulação dos

mesmos, de modo a garantir uma prestação de serviços ao utente de melhor qualidade,

evitando ainda prejuízos financeiros à farmácia. Para tal, é necessário realizar diariamente a

Figura 8 - Gadget da Plural.

18

encomenda de produtos, de modo a que se possa proceder à dispensa imediata das

especialidades farmacêuticas requisitadas. A gestão de stocks requer conhecimentos acerca do

movimento da farmácia, da incidência do receituário, do tipo de utentes e das incidências

sazonais.

3. INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA

3.1. A BIBLIOTECA DA FARMÁCIA

De acordo com o artigo 37.º do Decreto-Lei nº 171/2012 de 1 de agosto e com a

Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (INFARMED), os

documentos obrigatórios numa FC passam pela edição mais recente da Farmacopeia

Portuguesa e do Prontuário Terapêutico, o Formulário Galénico Nacional, o Código

deontológico da Ordem dos Farmacêuticos, o Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos e, ainda,

o Manual de Boas Práticas em Farmácia [5]. Além destas publicações obrigatórias, qualquer

farmácia deve possuir publicações fundamentais ao desempenho da profissão, permitindo

aceder e obter informação credível e exata. A farmácia Ondalux apresenta algumas dessas

publicações, entre as quais se destacam, o Índice Nacional Terapêutico, o Simpósio

Terapêutico, o Manual de medicamentos não prescritos, publicações periódicas de revistas

como a revista Farmácia Saúde e as circulares técnico-legislativas institucionais.

3.2. FORMAÇÃO CONTÍNUA

Existe, também, alguma informação que chega à farmácia por parte dos delegados de

informação médica, que ajuda a conhecer novos produtos e quais as suas funções. Muitos

laboratórios ou cooperativas organizam ações de formação para os PS com o intuito de os

manter atualizados em relação a novos produtos e/ou a novas terapêuticas.

A farmácia Ondalux aposta muito na formação contínua do PS sendo que durante os

quatro meses de estágio, tive a oportunidade de participar em algumas ações de formação:

Formação Keren da Nicepharma – linha anti queda capilar e nutricosméticos,

nomeadamente a ação do ácido hialurónico;

Formação da Zambom – ação do Monuril® e lançamento de Fluirespira

® em

monodoses;

Formação da Novartis – MNSRM para afeções cutâneas (Fenivir® 1%, Creme) e

respiratórias (Vibrocil® 0,25 miligramas/mililitro + 2,5 miligramas/mililitro gotas nasais),

analgésicos e anti-inflamatórios (Voltaren® 25 miligramas cápsulas) e produtos para

utilização em lavagens nasais (gama Rhinomer®);

19

Formação da Nestlé Health Science – acerca de nutrição oral, nomeadamente acerca

da gama Resource® e Meritene

®.

De um modo geral, considerei todas as ações de formação de extrema importância e

interesse, mas relativamente à formação da Nestlé Health Science, esta despertou-me um

interesse particular relativamente a alguns dos produtos de nutrição oral. Para se realizar uma

colonoscopia, é necessário estar 24 horas em jejum e para evitar que o organismo fique

descompensado ou para que o utente não sinta a sensação de fome, foi aberta uma discussão

onde se poderia utilizar o Resource Energy® dado não apresentar qualquer tipo de fibra

(solúvel ou insolúvel). Além dessa vantagem, uma vez que é apenas hipercalórico, também

poderia ser utilizado no caso de utentes que sofram de insuficiência renal.

No entanto, surgiu outra questão, no caso das pessoas que sejam diabéticas, estas não

poderiam usar o mesmo produto uma vez que é hipercalórico. Foi então que se chegou à

conclusão que existe um outro produto, o Meritene® que é um suplemento proteico vitamínico

e mineral sem sacarose. Neste caso, a única dúvida que não se conseguiu esclarecer foi se,

realmente possuía, ou não, fibras solúveis ou insolúveis na sua composição.

Estes assuntos ficaram em aberto para serem posteriormente discutidos com o

laboratório, no entanto considero uma alternativa excelente para evitar o desconforto causado

para o utente.

3.3. CENTROS DE INFORMAÇÃO

Na necessidade de obter informação adicional e fidedigna, caso surjam dúvidas acerca

de medicamentos, a farmácia pode recorrer a uma linha que está 24 horas disponível como é o

caso do Centro de Informação do Medicamento (CEDIME). Contudo, se existir dúvidas

relacionadas com entidades e/ou receitas e respetivas comparticipações, contata-se o Núcleo

de Acordos e Receituário e Codificação (NARC). No entanto, relativamente a dúvidas que

ocorram acerca da preparação de manipulados, pode-se recorrer ao Laboratório de Estudos

Farmacêuticos (LEF) dado que presta serviços às FC através de um apoio científico na área do

medicamento manipulado, sendo da sua responsabilidade a edição de monografias para o

Formulário Galénico Português.

4. APROVISIONAMENTO E ARMAZENAMENTO

4.1. FORNECEDORES E RESPETIVOS HORÁRIOS

A DT ou o farmacêutico responsável, tem como função escolher com qual

armazenista/fornecedor quer trabalhar e essa escolha está condicionada por diversos fatores

20

tais como a rapidez de entrega, o grau de eficácia, as bonificações de produtos, os descontos

financeiros, a qualidade das entregas, a facilidade de devolução, o profissionalismo prestado,

o número de entregas diárias, entre outros. Muitas das vezes, é através de cada fornecedor que

chega à farmácia, em conjunto com a encomenda, as mais diversas notificações de segurança

do INFARMED, como é o exemplo de circulares de informação por vezes com o retiro

obrigatório de medicamentos do mercado e/ou verificação de determinados lotes de

medicamentos.

Os principais fornecedores da farmácia Ondalux, por ordem preferencial, são:

Alliance Healthcare, S.A.

o Horário de entrega de encomendas:

Manhã: 8 horas e 30 minutos;

Tarde: entre as 14 horas e 30 minutos e as 15 horas e 30 minutos.

o Horário para efetuar encomendas:

Na parte da manhã até às 12 horas e 30 minutos enquanto à noite, só recebe

pedidos de encomendas até às 20 horas.

OCP Portugal

o Horário de entrega de encomendas:

Manhã: 8 horas e 30 minutos;

Tarde: entre as 14 horas e 30 minutos e as 15 horas e 30 minutos.

o Horário para efetuar encomendas:

De manhã, realizam-se os pedidos até às 13 horas e à tarde efetuam-se até às 19

horas e 30 minutos.

Cofanor

o Horário de entrega de encomendas:

Manhã: 8 horas e 30 minutos;

Tarde: 17 horas.

o Horário para efetuar encomendas:

Efetuam-se encomendas até às 12 horas e 45 minutos e são aceites encomendas

até às 21 horas da noite.

4.2. AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS FARMACÊUTICOS

A farmácia possui um stock definido de medicamentos e produtos de saúde, no

entanto, estão constantemente a ser lançados novos produtos para o mercado. Sempre que esta

situação ocorre, a farmácia estuda a necessidade e viabilidade de adquirir esse produto.

21

As encomendas são realizadas utilizando o sistema informático “SIFARMA 2000” e

através deste, verificam-se stocks de produtos, reforçam-se medicamentos/produtos que

apresentem maior rotatividade e faz-se toda a gestão de encomendas. As encomendas podem

ser classificadas em encomendas manuais, diárias e em encomendas que são efetuadas

diretamente à empresa/laboratório. Contudo, uma encomenda pode ser pedida recorrendo-se a

cinco formas distintas: pode ser efetuada manualmente, pode ser pedida diretamente ao

fornecedor via modem, após receção de encomenda, diretamente à empresa/laboratório ou,

ainda, através da plataforma B2B+.

É realizada uma encomenda manual quando o utente se dirige à farmácia e o

medicamento/produto que pretende não está disponível na mesma. Consequentemente

contacta-se o armazém dos diferentes distribuidores por via telefónica e procede-se à

confirmação da disponibilidade do medicamento/produto em falta e qual o tempo provável

para entrega do mesmo. O fornecedor que primeiro responder às necessidades da farmácia e

indicar que tem o produto pretendido, é-lhe pedido que envie a quantidade desejada para que

o utente disponha dele o mais depressa possível. Após efetuar o telefonema escreve-se na

folha dos produtos encomendados por telefone (ANEXO B) o nome do medicamento/produto,

a quantidade encomendada e em que fornecedor se conseguiu encomendar. No caso dos

medicamentos que se encontram esgotados ou caso o utente queira encomendar um

determinado produto que a farmácia não possui no momento, o utente pede para guardar esse

MSRM ou MNSRM, optando se quer ser posteriormente contatado, ou não, assim que chegue

à farmácia. Para isso, regista-se no papel dos produtos

guardados (ANEXO C) a data do pedido, o nome do

utente, o contacto e marcar se o utente quer ser avisado,

ou não, e escrever o nome e a quantidade do

produto/medicamento desejado (Figura 9). Assim que o

produto chegar à farmácia e quando se entrar em contato

com o utente, regista-se no papel anteriormente preenchido que já foi contatado.

Neste caso específico, existem diversos utentes que, apesar de se ter telefonado a

avisar, a maioria das vezes não comparecem na farmácia durante semanas e, para evitar que o

produto esteja parado na farmácia podendo ir para outro utente que necessite dele, no fim de

cada mês, efetua-se a verificação das datas em que os medicamentos/produtos ficaram

guardados, onde aqueles que apresentarem a data mais antiga deixam de ter efeito.

Posteriormente são armazenados sendo, depois, dispensados a quem os solicitar. Na minha

opinião, sinceramente faz sentido uma vez que esse medicamento/produto pode fazer falta a

Figura 9 - Quadro com papéis dos

medicamentos guardados.

22

um utente que se deslocou até à farmácia e não o pode levar dado que está guardado para

“alguém” que não compareceu quando foi solicitado.

Relativamente a efetuar uma encomenda diretamente ao fornecedor, diariamente,

quando se está a dispensar um determinado produto é dada a saída da quantidade dispensada

do stock atual. Todos os medicamentos/produtos possuem um stock mínimo e um stock

máximo para que assim que se atingir o valor que estiver definido para o stock mínimo o

sistema assume automaticamente que esse medicamento/produto está em falta. No final da

manhã ou no final do dia (tendo por base a proposta de encomenda sugerida pelo “SIFARMA

2000”) o sistema informático propõe encomendas no menu “gestão de encomendas”, que após

serem aprovadas, são enviadas aos fornecedores via modem, com a finalidade de reposição

dos produtos vendidos ao longo do dia, restabelecendo assim o stock máximo, permitindo que

não haja medicamentos e/ou produtos em falta. A diferença entre o stock máximo e mínimo

não pode ser muito grande, deve aproximar-se o quanto possível dos consumos reais e há que

ter em consideração as oscilações sazonais do produto. No entanto, pode ser necessário

aumentar a quantidade pretendida dado que é um produto que sai com bastante regularidade e

em grandes quantidades ou para poder usufruir de algum bónus ou então, pelo contrário,

diminuir ou mesmo anular um produto cujo stock mínimo tenha um número razoável para

garantir as necessidades da farmácia nesse momento.

Por outro lado, ao rececionar uma encomenda de um determinado fornecedor,

verificam-se os produtos que não foram enviados e após verificação, procede-se à

transferência destes para um outro fornecedor, para que não estejam em falta na farmácia.

A aquisição direta aos laboratórios é efetuada quase exclusivamente através dos

delegados de informação médica que frequentemente visitam a farmácia para divulgar e

aconselhar novos produtos. Neste caso, a compra é geralmente feita em maiores quantidades,

logo com maior benefício financeiro. Os laboratórios apresentam frequentemente propostas

atrativas, garantindo a oferta de amostras e a elaboração de montras e lineares, promovendo

campanhas sazonais e ações de formação. As encomendas que são efetuadas diretamente à

empresa/laboratório acontecem sobretudo nos medicamentos genéricos, artigos de ortopedia,

material de penso e artigos de produtos cosméticos e de higiene corporal (artigos em grande

quantidade). Durante estes quatro meses de estágio, tive a perceção de que este tipo de

aquisição de medicamentos possui uma desvantagem, uma vez que o tempo de entrega dos

produtos à farmácia costuma ser demorado.

No entanto, a farmácia encomenda diretamente ao laboratório sempre que determinado

medicamento se encontra esgotado em todos os fornecedores e existem utentes que têm

23

urgência em recebê-los. Para tal, existem notas de encomendas, consoante o laboratório em

questão (ANEXO D).

Relativamente à plataforma B2B+, este projeto surgiu de uma parceria entre a

Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Alliance Healthcare, durante o ano de 2008,

contudo a farmácia Ondalux apenas aderiu a este projeto no final de 2012. Acede-se à

plataforma através do site da Alliance Healthcare, onde se pode consultar informações dos

produtos (disponibiliza dados sobre o stock de determinado produto na Alliance Healthcare,

preços, entre outros), pode-se proceder à encomenda instantânea que, após confirmação da

existência do produto pretendido, permite à farmácia de forma rápida e simples, proceder à

sua encomenda e, também, a consulta do estado da encomenda. Todas as farmácias que sejam

clientes Alliance podem comprar via online medicamentos e/ou produtos farmacêuticos a

melhores preços pertencentes à bolsa dinâmica. No entanto, apenas os clientes platina fazem

parte de um grupo de compras sendo um pequeno conjunto de farmácias que se uniu para

poder comprar aos laboratórios com as melhores condições (preço, bonificações) e em

grandes quantidades.

4.3. RECEÇÃO E CONFERÊNCIA DE ENCOMENDAS

A receção é o ponto de partida do circuito de todos os medicamentos e produtos

farmacêuticos, que os levará a passar por vários sectores da farmácia (Figura 10), até

chegarem aos utentes aos quais estão destinados.

Porém, nem todos percorrem o mesmo caminho ou

estão sujeitos aos mesmos cuidados. A receção, como

o próprio nome indica, é o sector da farmácia onde são

realizadas as atividades de receção e conferência, onde

a receção implica uma série de procedimentos que

garantem a qualidade dos produtos recebidos, sendo

realizada pelos TAF. Através do programa informático “SIFARMA 2000”, dá-se entrada de

cada produto farmacêutico no computador através da leitura ótica dos códigos de barras de

cada embalagem, ou, quando isso não é possível, insere-se manualmente o CNP.

Sempre que surge um novo produto na farmácia é necessário introduzi-lo no sistema

para que, posteriormente se possa dar entrada do mesmo. Quando os produtos farmacêuticos

dão entrada na farmácia, devem fazer-se acompanhar por uma guia (documento emitido pelo

fornecedor que comprova a satisfação da encomenda e discrimina as características do

produto enviado) ou, pela fatura (documento que discrimina de forma concisa a dívida que a

Figura 10 - Armazém de medicamentos.

24

farmácia contraiu com a empresa fornecedora, bem como as informações relativas ao produto

enviado) (ANEXO E).

Na fatura deve constar informações necessárias ao correto registo e controlo dos

artigos:

Número da guia de remessa ou fatura;

Data;

Nome e morada do fornecedor;

Nome e morada da farmácia;

Listagem de todos os produtos pedidos, por ordem alfabética, com:

o Respetivo código;

o Quantidade pedida;

o Quantidade enviada;

o Indicação dos produtos em falta/esgotados;

o Preço unitário e total;

o A percentagem do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) a que o

produto está sujeito;

o PVP;

o Prazo de validade dos produtos;

Se a fatura não acompanhar a encomenda, é necessário contatar o fornecedor por via

telefónica e pedir o envio da mesma por fax. Após a verificação da fatura, acede-se à

aplicação do “SIFARMA 2000”, selecionando-se o item receção de encomenda e o

fornecedor pretendido, inserindo-se o número da encomenda que está indicado na fatura e é

iniciado, assim, a receção através da leitura ótica dos códigos de barra de cada produto.

Durante este processo é necessário verificar se os produtos recebidos coincidem com a

encomenda e com a guia/fatura que os acompanha, salientando os seguintes aspetos:

Designação comercial/Denominação Comum Internacional (DCI);

Dosagem;

Quantidade pedida;

Quantidade enviada;

Prazo de validade;

PVP/Preço de venda à farmácia (PVF);

Margem de comercialização;

Dimensão da embalagem.

25

Relativamente aos prazos de validade, se o prazo de validade do medicamento for

superior àquele que está no stock, não se modifica. Contudo, se for inferior e existir ainda

produtos em stock, não se insere a data de validade mais recente. Por outro lado, se no stock

não existir nenhum produto insere-se o prazo de validade do produto que estiver mais antigo

comparativamente aos outros rececionados. De igual modo, sempre que o PVP do produto

rececionado seja diferente dos restantes em stock, deve manter-se o preço antigo até que

existam produtos em stock a esse preço. Quando o stock chegar a zero, procede-se, então, à

alteração para o preço novo.

Por último, o TAF confronta os dados introduzidos com os que constam na fatura,

verificando se o valor final da fatura corresponde ao valor final da encomenda introduzida no

sistema informático. Posteriormente é impressa uma folha (ANEXO F) que vai ser agrafada à

versão original da fatura onde indica o número da encomenda, quais os produtos recebidos, o

custo total, entre outros. A fatura contempla um documento original e um duplicado, fazendo-

se normalmente anotações no duplicado, dado que o original segue para a contabilidade. Em

suma, os MSRM normalmente vêm pela Alliance Healthcare, os medicamentos genéricos,

nomeadamente da Ratiopharm® e da Generis

® são pedidos à OCP Portugal enquanto os

medicamentos que são de venda livre, esses normalmente são pedidos à Cofanor.

Quanto às encomendas feitas pelo telefone e pela plataforma B2B+, dá-se entrada no

sistema manualmente assim que os produtos chegam à farmácia. Para tal, em “Gestão de

Encomendas” seleciona-se “Manual” e seleciona-se o respetivo fornecedor, procede-se à

leitura ótica do produto, coloca-se a quantidade que foi recebida e teoricamente envia-se a

encomenda, no entanto, em vez de ir para o fornecedor escolhe-se em “Papel” para cair na

“Receção de Encomendas” sem enviar via modem. Caso contrário, estaríamos a pedir

novamente o envio do produto ao fornecedor. Posteriormente procede-se de igual forma como

na receção de encomendas diárias, no entanto em vez de ter que passar todos os produtos pelo

leitor ótico, dado que já foi verificado anteriormente todos os critérios a que se deve ter em

atenção quando a encomenda foi criada, basta fazer “Receção Automática” e os produtos

surgem com as quantidades corretas. Procede-se, assim, apenas à modificação dos preços e

das datas de validade, caso seja necessário.

Para saber distinguir as faturas das diferentes encomendas, a fatura de uma encomenda

diária é apresentado o número de encomenda (número externo) enquanto na fatura da

encomenda feita por telefone, este número não aparece (ANEXO G). No caso da fatura da

encomenda feita através da plataforma B2B+, esta distingue-se das outras uma vez que

apresenta o símbolo “#G” (onde a letra G significa grupo), junto à percentagem do IVA

(ANEXO H).

26

Como estagiária na farmácia Ondalux, esta foi a secção na qual iniciei o estágio

profissional II, permitindo que tivesse uma maior perceção de todos os medicamentos e

produtos farmacêuticos existentes na farmácia. Na minha opinião, é de grande importância

passar pela receção pois é nesta secção onde o circuito do medicamento se inicia, ajudando-

me a ter uma maior perceção de quais os medicamentos mais utilizados e quais os produtos

farmacêuticos mais solicitados por parte dos utentes. Além disso, ajudou-me a recordar e a

relacionar nomes comerciais com os respetivos princípios ativos sendo uma mais-valia

quando iniciasse o processo de dispensa de medicamentos ao público.

4.3.1. Receção de Psicotrópicos e Estupefacientes

Os psicotrópicos ou estupefacientes obedecem a um rigoroso controlo devida à

legislação que os regulamenta, dado o seu potencial de risco associado à sua utilização

sobretudo se usados de modo indiscriminado. O regime jurídico do tráfico e o consumo de

estupefacientes e psicotrópicos é definido no Decreto-Lei nº 15/93 de 22 de janeiro, que ao

longo dos últimos anos tem sofrido algumas alterações [6]. As condições que dizem respeito

às encomendas, armazenamento e dispensa deste tipo de medicamentos são igualmente

definidas pela lei, nomeadamente pelo Decreto Regulamentar nº 61/94 de 12 de outubro e

pela Portaria nº 1193/99 de 29 de setembro [7,8].

As benzodiazepinas (ANEXO I) vêm acompanhadas de uma requisição em duplicado

assim como no caso dos psicotrópicos (ANEXO J), específico para estes produtos. O

duplicado é carimbado, assinado pela DT, registado o seu número de inscrição na ordem dos

farmacêuticos, e devolvido ao fornecedor. O original, igualmente carimbado, assinado e

registado o número de inscrição na ordem dos farmacêuticos é arquivado na farmácia por um

período mínimo de três anos.

4.3.2. Marcação de Preços

O valor dos MSRM é estabelecido pela entidade reguladora, Decreto-Lei n.º

176/2006, de 30 de Agosto. Nos casos de receção de MSRM, deve-se ter sempre atenção para

o preço de inscrição na caixa (PIC) e verificar se este está de acordo com o PVP assumido

pelo “SIFARMA 2000”, não podendo o PVP ser maior que o PIC.

No entanto, quando os MNSRM e produtos NSRM dão entrada na farmácia, é

necessário o cálculo do seu PVP, de acordo com a fórmula: PVP = (PVF + margem de

comercialização) + IVA (atualmente 6% ou 23%) a que está sujeito o respetivo produto,

sendo apenas necessário inserir o PVF e a margem líquida pretendida. A farmácia tem

27

tabeladas margens e fatores multiplicativos a aplicar em cada caso, onde o valor final é

calculado automaticamente pelo sistema informático.

A marcação física das embalagens é realizada recorrendo a etiquetas autocolantes,

impressas em impressora própria. Em cada etiqueta consta: nome do produto; código de

barras; preço e taxa de IVA. As etiquetas são coladas nas embalagens, tendo o cuidado de

selecionar um local que não impossibilite a leitura de qualquer informação útil como o prazo

de validade e o lote.

4.4. CRITÉRIOS E CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO

Após receção informática dos medicamentos e produtos farmacêuticos, procede-se ao

seu armazenamento tendo em conta a ordem alfabética da denominação comercial, dosagem,

tamanho da embalagem, forma farmacêutica, por laboratório (no caso dos medicamentos

genéricos) e, ainda, segundo o método “First Expired, First Out” (FEFO), ou seja, os

medicamentos que sejam os primeiros a expirar (prazo de validade mais curto) têm que ser os

dispensados em primeiro lugar. Este método permite a rotação do stock para que os

medicamentos e produtos farmacêuticos que possuam um prazo de validade prestes a expirar,

sejam os primeiros a ser dispensados.

A variedade de princípios ativos e produtos

farmacêuticos é muito vasta, explicando a existência

de diferentes condições de armazenamento, com o

intuito de assegurar a sua estabilidade físico-

química, microbiológica, toxicológica, a sua

conservação e as suas características organoléticas,

de modo a que sejam utilizados de uma forma segura

e correta pelo utente.

Na farmácia Ondalux os MSRM são

separados dos MNSRM consoante a sua forma

farmacêutica (Figura 11), ou seja, separam-se

comprimidos de pomadas mesmo que ambos sejam

sujeitos a receita médica (Tabela 1), sendo armazenados em gavetas deslizantes.

Relativamente aos MNSRM, apesar de poderem estar expostos ao público, uma vez que não

são sujeitos a receita médica, não podem estar ao alcance do utente, estando localizados atrás

de uma barreira física e humana, sendo o caso do balcão e do PS.

Figura 11 - Sistema de armazenamento

(gavetas deslizantes).

28

As ampolas assim como os produtos do protocolo da diabetes mellitus, que estão em

gaveta própria separados dos restantes, existindo na gaveta dos produtos de protocolo a

separação entre tiras e lancetas das várias marcas.

Os medicamentos termolábeis (insulinas, vacinas, colírios, entre outros) devem ser

armazenados em câmaras frigoríficas (entre 2-8ºC) monitorizados por um termohigrómetro,

com sistemas de identificação dos produtos por ordem alfabética da denominação comercial,

devendo ser sempre os primeiros a serem armazenados de modo a não ficarem

comprometidos.

As matérias-primas estão separadas dos restantes medicamentos e produtos

farmacêuticos evitando qualquer confusão entre produtos e permitindo, assim, que a dispensa

se processe com facilidade, encontrando-se no laboratório uma vez que o local de

armazenamento deve ser sombrio, de modo que os produtos estejam o mais possível ao abrigo

da luz solar, a temperatura (não deve ultrapassar os 15º C) e humidade (inferior a 60%) devem

ser controladas e, ainda, possuir áreas bem delimitadas para produtos inflamáveis, produtos de

higiene e limpeza das instalações, material de embalagem e matérias-primas. As substâncias

devem ser armazenadas de modo a possibilitar saber a qualquer momento a quantidade

existente, devendo, também, manter atualizados os prazos de validade de todos os materiais

existentes.

Tabela 1 - Esquema das gavetas de armazenamento de MSRM e MNSRM.

Ampolas Xaropes Soluções

Orais

Comp.

gg

Comp.

MSRM Comp. MSRM Supositórios

Pomadas

MNSRM

Ampolas Xaropes Pós Comp.

MSRM

Comp.

MSRM Comp. MSRM Aerossóis

Pomadas

MNSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Gotas

auriculares/

Homeopáticos

Aerossóis Pomadas

MNSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM Colírios

Pomadas

MSRM

Comp.

MNSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM Xaropes

MNSRM

Xaropes

MNSRM

Pensos

Transdérmicos

Pomadas

MSRM

Comp.

MNSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM Protocolo

Pomadas

MSRM

Comp.

MNSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM

Comp.

MSRM Stock Stock

Soluções

cutâneas

Soluções

Injetáveis

Comp.

MNSRM

Stock Stock Stock Soluções

cutâneas

Soluções

Injetáveis Suplementos

29

Na minha opinião é fundamental ter a atenção redobrada durante o armazenamento das

embalagens, pois cada medicamento precisa de condições adequadas de modo a manter a sua

estabilidade. Alguns produtos e medicamentos sofrem o fenómeno “look-alike”, ou seja, são

fisicamente semelhantes, diferindo muitas vezes em pormenores quase impercetíveis; por este

motivo existe uma grande responsabilidade em armazenar os medicamentos que apresentem a

mesma quantidade, a mesma dosagem e a mesma forma farmacêutica para que, no momento

da dispensa, quando se vai buscar o medicamento à gaveta, não se dispense o produto

incorreto ao utente, o que poderia causar sérios danos à sua saúde.

Durante o período de estágio, ocorreu uma situação em que um utente foi à farmácia

comprar uma solução injetável, no entanto, no ato da dispensa, o PS verificou que a caixa do

medicamento estava molhada, constatando que uma ampola se encontrava partida.

Posteriormente procedeu-se à troca do medicamento, não causando qualquer tipo de

contratempo para o utente. Para que não ocorram situações deste género, podendo mesmo

causar alguma desconfiança por parte do utente, é necessário ter especial cuidado e atenção

durante o armazenamento.

4.5. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE

Uma das vertentes da gestão de stocks está relacionada com o controlo dos prazos de

validade dos produtos farmacêuticos. Define-se prazo de validade pelo “período de tempo durante

o qual um determinado medicamento pode considerar-se estável, existindo um controlo de qualidade (incluindo

controlo analítico e controlo ambiental) ” [9]. O controlo dos prazos de validade dos diferentes

produtos existentes na farmácia é essencial para garantir a qualidade e segurança dos mesmos,

mas também para uma correta gestão das existências, impedindo a desvalorização do produto

e respetivo prejuízo para a farmácia.

O controlo dos prazos de validade é um procedimento habitual de grande importância,

é feito em dois momentos, diariamente aquando da receção da encomenda e periodicamente

de mês a mês. O “SIFARMA 2000” emite uma listagem com os medicamentos e produtos

farmacêuticos (ANEXO K), cujo prazo de validade termina, no mês selecionado. Geralmente,

no início de cada mês, esta listagem é impressa após seleção dos produtos cuja validade

expira nos três meses seguintes. Caso o prazo de validade termine no mês indicado, ou

anteriores, o produto é retirado no entanto se apresentar um novo prazo de validade procede-

se à sua correção. A listagem emitida é posteriormente atualizada e os medicamentos com

prazo de validade a expirar ou expirados são devidamente separados e acondicionados, para

posterior devolução ao fornecedor (emitindo uma nota de crédito ou procedendo à troca do

produto).

30

4.6. DEVOLUÇÕES

Os produtos são devolvidos aos fornecedores por diversos motivos, entre os quais os

produtos farmacêuticos podem estar fora de prazo de validade, as embalagens podem estar

incompletas ou danificadas, podem existir produtos trocados ou, ainda, algum produto pode

ter sido faturado e não enviado. No caso de ser detetada alguma irregularidade ou alteração

em algum produto ou lote, o INFARMED, por ordem dos próprios laboratórios produtores,

enviam circulares de recolha de produto.

Quando estas situações ocorrem é emitida uma nota de devolução (ANEXO L), em

triplicado, onde dois exemplares são enviados ao fornecedor acompanhados da fatura e do

produto a devolver, onde se expõe o motivo da devolução enquanto o outro exemplar é

arquivado na farmácia para efeitos de contabilidade.

4.7. CONTROLO DA TEMPERATURA E HUMIDADE NA FARMÁCIA

O controlo da temperatura e da humidade é um dos fatores mais importantes a analisar

pois se as oscilações de temperatura e humidade não forem avaliadas, colocarão em risco a

estabilidade e a conservação de todos os produtos existentes na farmácia.

A farmácia Ondalux possui quatro sondas (duas no piso 1 e duas

no piso 0), estando situadas em locais onde existem medicamentos como é

o caso do armazém, do laboratório, da área de armazenamento e, por fim,

do frigorífico. As sondas são calibradas anualmente e os registos da

temperatura/humidade devem permanecer na farmácia durante o período

de três anos. A temperatura máxima é de 25ºC no armazém, laboratório e

área de armazenamento enquanto a temperatura máxima no frigorífico

deverá ser 8ºC. Por vezes, quando se efetua a dispensa de medicamentos

termolábeis, a constante abertura do frigorífico pode resultar numa variação da temperatura.

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS

A dispensa de medicamentos ao utente é uma tarefa de extrema responsabilidade

devido aos riscos associados, sendo a secção de maior dimensão dentro do circuito do

medicamento onde é determinante o esclarecimento, a educação e o aconselhamento do

utente. Define-se dispensa de medicamentos pela “cedência de medicamentos ou substâncias

medicamentosas aos doentes, na farmácia, mediante receita ou em regime de indicação farmacêutica, com o

respetivo aconselhamento e toda a informação indispensável à relação positiva de benefício/custo” [10].

Figura 12 - Frigorífico.

31

Uma vez que o PS atua como elo de ligação entre o utente e o medicamento, sendo o

último que contacta com o utente antes de administrar a medicação, deve-se estabelecer uma

relação de confiança, de modo a promover e garantir o uso correto dos medicamentos e

adesão à terapêutica.

É muito importante a atenção por parte do PS no momento do atendimento, de modo a

não causar nenhum transtorno nem dano à saúde do utente. Assim sendo, na minha opinião, é

necessário que os PS que trabalham numa farmácia tenham uma atitude crítica perante a

dispensa de medicamentos, de forma a despistar possíveis erros terapêuticos. Durante todo o

processo de dispensa de medicamentos (Figura 13), deve-se procurar fazer uma correta

interpretação e transmitir o máximo de informação relevante ao utente, adaptando a nossa

linguagem ao nível sociocultural deste, ou seja, devemos ter sempre o cuidado de utilizar uma

linguagem clara e de fácil compreensão, de modo a garantir a total compreensão do utente, o

que se irá refletir num correto seguimento e melhor eficácia da terapêutica. A comunicação é

um dos aspetos mais importantes no ato de dispensa uma vez que é a principal forma que o PS

tem para garantir que todas as informações e conselhos que pretende transmitir ao utente são

entendidos. É importante saber perguntar mas também saber ouvir, adotando uma atitude de

disponibilidade e interesse.

Contudo, nem todos os utentes apresentam o mesmo perfil nem são da mesma faixa

etária, nomeadamente alguns utentes idosos que já apresentam alguns lapsos de memória,

utentes polimedicados ou utentes que se encontram a fazer uma determinada medicação pela

primeira vez, sendo que, quando a informação verbal não é suficiente, a informação escrita

aparece como um complemento – a posologia e outras indicações escritas pelo médico na

receita, são escritas nas embalagens dispensadas. É fundamental assegurar que o utente não

permaneceu com nenhuma dúvida relativamente ao esquema posológico, devendo, ainda,

chamar-lhe especial atenção quanto à conservação do medicamento.

5.1. DISPENSA DE MNSRM E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

Os MNSRM são os indicados para o tratamento ou prevenção de determinadas

patologias e, como não requerem cuidados médicos, podem ser adquiridos sem receita

Figura 13 - Área de dispensa de medicamentos.

32

médica. Estes produtos são constituídos na sua maioria por substâncias cuja ação foi definida

como útil e inócua, mas que apesar disso, além de não deixarem de ser considerados

medicamentos, não dispensam de aconselhamento por parte do PS e por isso mesmo, devem

ser usados com precaução. No ato de dispensa, o PS deve avaliar não só as consequências que

advêm de uma terapêutica inadequada, mas também os riscos relativos ao consumo de

medicamentos [11].

Na minha opinião, é fundamental que o PS receba todas as informações necessárias

para que haja um correto aconselhamento. Ao dispensar-se MNSRM há que ter em conta três

situações possíveis que podem melhorar o aconselhamento e a prestação de informação ao

utente:

a) Se o utente solicita o MNSRM pelo nome comercial do próprio;

b) Se o utente solicita o MNSRM pelo nome comercial e ao mesmo tempo questiona

acerca da sua utilização;

c) Se o utente pede aconselhamento acerca do melhor tratamento para o seu

problema de saúde.

Na situação a) procede-se à dispensa do medicamento pedido, esclarecendo todas as

dúvidas existentes, enquanto na situação b) e c) procede-se a uma avaliação mais detalhada da

informação cedida pelo utente, através das questões WWHAM (Para quem?; Quais os

sintomas?; Há quanto tempo duram?; Conhece o modo como se toma?; Faz outra medicação

para além desta?) seguidas de outras informações tais como a história familiar, a existência de

alergias e outras doenças e os próprios hábitos de vida [12].

Na seleção do medicamento dever-se-á escolher os medicamentos de acordo com o

seu perfil farmacológico, equacionando as vantagens e desvantagens de determinado

medicamento assim como o seu custo e, ainda, consoante o utente/doente em causa, de forma

a compensar as suas carências, dando principal atenção a utentes com necessidades peculiares

como é no caso de grávidas, lactantes, crianças, idosos, diabéticos, insuficientes hepáticos,

cardíacos ou renais e, ainda, doentes polimedicados.

É essencial que o utente receba toda a informação necessária acerca do medicamento

e/ou produto farmacêutico em causa para que faça uma utilização correta e racional. O

aconselhamento sujeita-se à prevenção e ao tratamento de sintomas e afeções clínicas ligeiras,

auto limitadas e que requerem terapêutica de curta duração, nomeadamente estados febris,

constipações, micoses, entre outras situações passíveis de automedicação, regulamentadas no

despacho nº 17690 de 2007 de 23 de Julho [13].

Neste caso específico, de dispensa de MNSRM, uma vez que participei ativamente na

dispensa de medicamentos, deparei-me com situações diversas. Apareceram diversos utentes

33

com perfis completamente diferentes, com algumas dúvidas normalmente acerca do que

tomar para uma dor de cabeça forte, febre, dor de dentes, produtos de produtos cosméticos e

de higiene corporal, produtos sazonais (antialérgicos, repelentes, protetores solares) e, ainda,

acerca de produtos veterinários.

Existem ainda alguns erros na toma de medicação que embora pareçam óbvios, para

alguns utentes ainda surgem algumas dúvidas. Durante o período de estágio, uma utente foi à

farmácia pedir algo que “funcionasse” para tratar a infeção genital. Aquando desta situação,

questionou-se se já tinha ido a um ginecologista dado ser o especialista na área e a utente

afirmou que sim, indicou que o médico lhe tinha receitado Gino-Canesten em comprimidos

mas que não provocou nenhum efeito na utente e que pelo contrário, sentia que estava a

piorar. Perante esta situação, aconselhou-se a utente a repetir o tratamento dado que ainda só

tinha iniciado há dois dias, podendo ser prolongado por mais seis dias, aplicando um

comprimido dentro da vagina, preferencialmente à noite, uma vez que tem que ficar na

posição horizontal, deitada de costas e com as pernas fletidas. Caso não sentisse nenhuma

melhoria com o tratamento, aconselhou-se a utente a voltar ao ginecologista para nova

avaliação de terapêutica.

Após os conselhos dados, a utente mostrou-se confusa dizendo que realmente tomava

à noite mas que tomou os comprimidos via oral porque como era em comprimido, pensava

que era para tomar com um copo de água. Casos como este existem muitos, sendo por isso,

imprescindível o aconselhamento, pois existem utentes que, apesar dos medicamentos virem

com um folheto informativo a explicar como utilizar e da vasta informação existente hoje em

dia, podem não saber ler ou, simplesmente, tomam como garantido que é para tomar como

costumam fazer com os outros medicamentos (no caso dos comprimidos).

Enquanto estagiária, tive, ainda, a oportunidade de aprender novas técnicas de venda

nomeadamente a cross-selling – prática em que se oferece ao utente produtos complementares

àqueles que já foram ou estão a ser adquiridos – e, ainda, a técnica de up-selling – quando se

expõe o utente a produtos “premium” que são mais caros mas fornecendo-lhe em retorno um

melhor serviço/produto. Durante o período de estágio, aconteceu-me, algumas vezes, um

utente ir à farmácia apenas para se aconselhar acerca de um produto não sujeito a receita

médica de cosméticos e de higiene corporal e saiu da farmácia a comprar dois produtos dessa

mesma gama. Pode-se dizer que apliquei, neste caso, a técnica de cross-selling dado que a

utente comprou um outro produto de forma a complementar o produto que a utente procurava.

Claro que estas técnicas vão-se desenvolvendo com o tempo, com a experiência profissional e

pessoal e além disso, acho que depende da personalidade de cada pessoa; é necessário mostrar

e ser convincente e mostrar, ainda, segurança naquilo que se está a dispensar.

34

5.1.1. Automedicação

Segundo o despacho acima referido – Despacho n.º 17690/2007, de 23 de julho –, a

automedicação consiste na “utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e

tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de

um profissional de saúde” e é considerada uma prática integrante do sistema de saúde.” [13].

Os MNSRM, armazenados à parte dos MSRM (Figura 14), são aqueles que contêm

substâncias utilizadas no alívio, tratamento ou prevenção de

sintomas e síndromes menores, que demonstrem uma relação

risco/benefício claramente favorável à sua utilização e cujo

perfil de segurança se encontre bem estudado e seja aceitável

no contexto da automedicação. Em algumas situações, existem

medicamentos que passam de MSRM a MNSRM mas, por

definição, nenhuma substância ativa pode chegar pela primeira

vez ao mercado sob o estatuto de MNSRM, só passando a sê-lo

se estiver há, pelo menos, cinco anos no mercado.

No entanto, esta prática pode acarretar riscos de saúde

que devem ser minimizados, através de um aconselhamento, acompanhamento e avaliação por

parte do PS, de modo a garantir a segurança e a eficácia do medicamento. Este processo tem

em conta um conjunto de perguntas a fazer ao utente, de forma a avaliar os sintomas e por sua

vez, selecionar o medicamento adequado à situação descrita [14].

A automedicação é um fenómeno que é efetivamente uma realidade e, infelizmente,

não só com MNSRM. Uma das maiores preocupações causadas pela automedicação são os

antibióticos tomados regularmente por decisão do utente, sem qualquer tipo de supervisão

médica. Tomar antibióticos inadequadamente acarreta consequências, nomeadamente no uso

repetido por longos períodos, mesmo em pequenas doses, promovendo à proliferação de

bactérias resistentes deixando, assim, o medicamento sem eficiência.

Durante estes quatro meses de estágio, aconteceram muitos momentos em que o utente

chegava à farmácia a pedir um medicamento que tinha antibiótico na sua constituição a dizer

que já fazia esta terapêutica há algum tempo e que sentia que já não fazia “nada” mas no

entanto continuavam a tomar/colocar porque o médico prescreveu quando teve os mesmos

sintomas. É óbvio que nestes casos há que alertar a pessoa que o fato de ser uma terapêutica

de longo prazo originou bactérias resistentes ao antibiótico em causa, não sentindo o efeito

pretendido. Além do mais, aconselha-se o utente a falar com o médico para lhe prescrever

algo que seja eficaz.

Figura 14 - Gaveta de MNSRM.

35

5.1.2. Subcategoria de MNSRM – Dispensa Exclusiva em Farmácia

O Governo aprovou no dia 19 de junho de 2013 uma lista com dezassete

medicamentos que só poderão ser vendidos em farmácias, apesar de não serem de prescrição

médica obrigatória. Nesta subcategoria constam para já, os medicamentos correspondentes a

dezassete substâncias ativas, isoladamente e/ou em associação, entre os quais o ibuprofeno

(400 miligramas), o ácido salicílico + fluorouracilo, a aminofilina, a amorolfina, o gás

medicinal comprimido, o cetoprofeno, a cianocobalamina, a hidrocortisona, a lidocaína +

prilocaína, o paracetamol + codeína + buclizina e, ainda, a teofilina [15].

O diploma que foi aprovado cria, assim, uma "subcategoria” de MNSRM ou, também

denominada de “terceira lista” de MNSRM, que, atendendo ao seu perfil de segurança ou às

suas indicações, apenas podem ser dispensados em farmácias. Esta subcategoria de

medicamentos é justificada pela evolução do Sistema Europeu de Avaliação de

Medicamentos, que aconselha a introdução desta nova categoria.

Segundo a Ordem dos Farmacêuticos, “o conjunto de medicamentos disponíveis em Portugal

fora das farmácias tem vindo a alargar-se muito significativamente e, neste momento, inclui medicamentos de

uso prolongado ou que contêm substâncias ativas que, pela sua natureza, perfil de segurança ou pelas suas

indicações terapêuticas, exigem aconselhamento e acompanhamento farmacêutico, devendo apenas ser

dispensados nas farmácias”. Com a aprovação legal desta “terceira lista” de medicamentos,

Portugal passa, assim, a integrar o conjunto de países da União Europeia, entre os quais está o

Reino Unido e a Holanda, que adotaram esta mesma solução [15].

Na minha opinião, acho que é a decisão mais acertada e em benefício da saúde

pública, uma vez que muitas das vezes alguns locais de venda de MNSRM não possuem um

PS qualificado para aconselhar o utente, não havendo um controlo e acompanhamento da

terapêutica podendo ser utilizado incorretamente, acarretando sérios problemas para a saúde

do utente.

5.2. DISPENSA DE MSRM

Segundo o artigo 3º, alínea ee) do capítulo I do Estatuto do Medicamento,

medicamento é “ […] toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo

propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser

utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma

ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [16].

Neste grupo de medicamentos, podemos encontrar uma grande variedade de produtos

para uso humano cuja dispensa, independentemente de serem comparticipados ou não, exige

apresentação de receita emitida por profissionais devidamente habilitados a prescrever

medicamentos, que deverá respeitar as exigências impostas pelo Ministério da Saúde.

36

Desde o momento da entrega da receita pelo utente até à dispensa dos medicamentos,

decorrem uma série de verificações por parte do PS nomeadamente a autenticidade da receita

médica em termos de um preenchimento correto (ver ponto 5.2.1. relativo às alterações das

receitas médicas). Se o médico prescritor não tiver especificado a dosagem ou a dimensão da

embalagem do medicamento comparticipado, deve ser, então, dispensada a embalagem de

menor dosagem e dimensão disponível no mercado [17]. Numa receita podem ser prescritos

quatro embalagens no máximo e até duas embalagens por linha, caso estes pertençam aos

medicamentos referidos na Portaria nº 1471/2004 de 21 de dezembro, na tabela número 1 e na

tabela número 2 [18]. Por sua vez, caso se trate de medicamentos que se apresentam sob a

forma unitária o limite aumenta para quatro embalagens, exceção esta que também se aplica

aos medicamentos psicotrópicos descritos nas tabelas I e II do Decreto-Lei nº 15/93 de 22 de

janeiro [6].

Antes da dispensa de medicamentos ao utente, deve-se, ainda, verificar os aspetos de

conteúdo do receituário, nomeadamente:

Identificação dos medicamentos;

Forma farmacêutica;

Dosagem;

Tamanho da embalagem;

Número de embalagens a dispensar;

Posologia prescrita;

Duração do tratamento.

No momento da dispensa dos medicamentos na área de atendimento (Figura 15) deve-

se informar o utente de forma cuidadosa e com linguagem percetível e adequada, todo o

esquema posológico (duração do tratamento, contraindicações, precauções especiais na toma

e possíveis efeitos secundários). Esta fase é fundamental para uma correta adesão à

terapêutica por parte do utente. Durante a dispensa procede-se ainda à interpretação dos dados

relativos do utente, nomeadamente no que se refere à entidade de saúde a que pertence.

Inicia-se o processo informático da receita com a leitura ótica dos códigos de barras

dos produtos, identificando a entidade de saúde a que o utente pertence, para que o

computador determine a percentagem de comparticipação dos medicamentos. A listagem dos

códigos dos diferentes organismos é bastante extensa, pelo que sempre que surjam dúvidas

dever-se-á recorrer aos documentos onde é possível aceder a todos os organismos existentes

(ANEXO M). Após sair da dispensa, uma vez que a farmácia Ondalux é uma farmácia que

adquiriu a um cartão de fidelização, nomeadamente o cartão das farmácias portuguesas (CFP),

Figura 15 - Balcão de dispensa

de medicamentos.

37

surge uma janela a pedir o CFP e neste caso, normalmente pergunta-se ao utente se este

possui CFP.

No final da venda, a impressora que se encontra ao lado em todos balcões, pede que

seja impresso na parte de trás da receita, a identificação do(s) medicamento(s) (nome,

dosagem e unidades) com o respetivo código de barras, o nome da farmácia e direção técnica,

a data da dispensa, preço de venda, valor correspondente à comparticipação e ao montante

pago pelo utente, o número da venda e o código do operador que a efetuou, o organismo

responsável pela comparticipação, o lote a que pertence a receita e o número da receita.

Conclui-se o ato da dispensa com a entrega da fatura que após ser carimbada e rubricada é

entregue ao utente para efeitos dedutíveis sobre o imposto sobre o rendimento das pessoas

singulares (IRS).

5.2.1. Receitas médicas

Os MSRM podem ser prescritos em três tipos distintos de receita:

a) Receita médica não renovável: é válida por um prazo de trinta dias sucessivos à

data da prescrição;

b) Receita médica renovável: é constituída por três vias e é válida pelo prazo de seis

meses a partir da data de prescrição (destinam-se a determinadas doenças ou tratamentos

prolongados);

c) A receita médica especial: apresenta uma única via e são usadas para a prescrição

de medicamentos psicotrópicos ou estupefacientes, sendo válidas por trinta dias após a

prescrição.

Durante o estágio de quatro meses que realizei, deparei-me com diversas alterações ao

nível das receitas médicas e das respetivas entidades. Durante o meu primeiro mês de estágio,

ou seja, em março, estas eram as regras que os PS deviam respeitar relativamente às receitas:

Verificar se a data estava dentro do prazo (30 dias ou 6 meses para receitas

renováveis);

Verificar se o médico prescritor assinou;

Verificar a entidade responsável;

Verificar o nome do utente;

Verificação da identificação do local onde ocorreu a prescrição (nas receitas passadas

à mão é necessário o carimbo do local mas, no caso daas receitas informatizadas,

deve constar a localização em código de barras);

Verificar a dimensão das embalagens;

38

Verificação da identificação do médico prescritor (nas receitas passadas à mão deve

constar a vinheta azul, especialidade médica e assinatura enquanto nas receitas informatizadas

basta vir o código de barras e ao lado o nome do médico e a especialidade);

Apesar de algumas receitas ainda serem prescritas por nome comercial, verificar e

dispensar a receita médica por DCI;

Verificar o regime especial de comparticipação, se aplicável (para doentes

abrangidos por regime especial de comparticipação, isto é, quando a comparticipação dos

medicamentos destinados aquele utente apresentam condições especiais concedidas por

despacho, o respetivo diploma deverá ser inscrito pelo médico prescritor):

Despacho nº 1234/2007 (Doença Inflamatória Intestinal);

Despacho nº 13020/2011 (Doença Alzheimer);

Despacho nº 14123/2009 (Doença Artrite - Metotrexato);

Despacho nº 10280/2008 (Dor Crónica);

Despacho nº 10279/2008 (Dor Oncológica);

Despacho nº 21094/1999 (Carbonato de Lítio);

Despacho nº 10910/2009 Infertilidade;

Psoríase. Lei n.º 6/2010.

A partir do dia 1 de abril de 2013 a receita médica informatizada (ANEXO N) ou

manual (ANEXO O) passou a ser obrigatoriamente prescrita por DCI (segundo a Portaria n.º

137-A/2012, de 11 de maio) e pelo novo modelo de receita médica, sofrendo alterações

substanciais nomeadamente no design da parte da frente da receita (ANEXO P) e na

impressão do talão de faturação no verso da receita [19].

No entanto, veio um circular informativo da ANF relativamente ao prazo transitório

para a prescrição obrigatória por DCI e novo modelo de receita médica, onde foi determinado

que, por motivos operacionais e tecnológicos, a implementação dos novos sistemas de

prescrição e modelos de receita, puderam ocorrer até ao dia 31 de maio. Face ao exposto, os

PS tinham que ter em atenção que o modelo antigo (informatizada e manual), com data de

prescrição até 31 de maio de 2013, podiam ser dispensados até à data de término da respetiva

validade, devendo ser interpretados como uma prescrição por DCI, salvo nas exceções

previstas na lei.

No novo modelo de receita médica, os medicamentos são prescritos obrigatoriamente

por DCI, salvo na prescrição individualizada de medicamento de marca para o qual não exista

genérico e na prescrição individualizada de medicamento com justificação técnica. Além

disso, cada prescrição por DCI passou a ser representada por um novo código de barras criado

pelo INFARMED – o código nacional para a prescrição eletrónica de medicamentos

39

(CNPEM), que agrupa os medicamentos por princípio ativo, dosagem, forma farmacêutica e

número de unidades. A receita passou a ser identificada com uma das seguintes siglas,

consoante o tipo:

RN – receita de medicamentos;

RE – receita especial (psicotrópicos e estupefacientes);

MM – receitas de medicamentos manipulados;

MD – receitas de produtos dietéticos;

MDB – receitas de produtos para o autocontrolo da diabetes mellitus;

OUT – receita de outros produtos.

As receitas renováveis passam a ter numeração única, ou seja, o número da receita da

primeira via é diferente do número das restantes duas vias (ANEXO Q). No novo modelo de

receita, a identificação do local de prescrição figura no lado oposto ao da vinheta médica e

apresenta um local na frente da receita para o utente exercer o direito de opção, caso assim o

decida durante a consulta médica. Quanto à receita manual, esta apresenta um espaço pré-

impresso relativo ao regime excecional de prescrição manual, para preenchimento do

prescritor (falência informática; inadaptação do prescritor; prescrição no domicilio; até 40

receitas/mês) (ANEXO R).

No modelo antigo, o utente tinha que assinar duas vezes relativamente ao “direito de

opção” contudo, no novo modelo de receita médica, passa a existir apenas uma assinatura do

utente, assinando a receita apenas uma vez, independentemente de ter exercido, ou não, o

direito de opção, confirmando simultaneamente os medicamentos dispensados.

Adicionalmente, com esta modificação, se um ou mais medicamentos dispensados tiver um

PVP maior que o PVP5, ou seja, apresentar um preço superior ao preço de referência dos 5

medicamentos mais baratos, o “SIFARMA 2000” imprimirá a frase “exerci o direito de opção

para o medicamento com preço superior ao 5.º mais barato” contudo se todos os

medicamentos dispensados tiverem um PVP menor ou igual ao PVP5, o sistema informático

imprime a frase “não exerci direito de opção”, uma vez que o medicamento está incluído nos

5 medicamentos mais baratos.

No entanto, se uma receita conter apenas um medicamento prescrito e apresentar a

justificação exceção c) (continuidade de tratamento superior a 28 dias), existem três situações

que podem ocorrer:

a) O médico prescrever o medicamento A, que não faz parte do PVP5, e ser

dispensado esse mesmo medicamento A;

b) O médico prescrever o medicamento B, que está inserido no PVP5, e ser

dispensado um medicamento de igual ou menor preço que o B;

40

c) O médico prescrever o medicamento A, que não faz parte do PVP5, e ser

dispensado um medicamento B, que pertença ao PVP5.

Na situação a), uma vez que o médico prescreve um medicamento que não faz parte do

PVP5 e é dispensado o medicamento que dentro do grupo homogéneo, é o mais caro, não

fazendo parte do PVP5 nem sendo mais caro do que aquele que foi prescrito, é impresso na

parte de trás da receita a seguinte frase “exerci o direito de opção para o medicamento com

preço superior ao 5.º mais barato”, não sendo necessário ativar a exceção c) dentro do grupo

homogéneo do medicamento (ANEXO S).

Relativamente à situação b), dado que o médico prescreveu um medicamento que se

encontra entre os cinco mais baratos e foi dispensado o medicamento dentro do mesmo grupo

homogéneo e que possua um preço igual ou inferior ao que foi prescrito, o utente neste caso

não exerce o direito de opção, sendo por essa razão que é impresso “não exerci direito de

opção” no talão de faturação no verso da receita (ANEXO T). Neste caso, também não é

necessário ativar a exceção c) dentro do grupo homogéneo do medicamento.

Contudo, na situação c), quando o médico prescreve um medicamento que seja mais

caro, ou seja, que não faça parte do PVP5 e seja dispensado um medicamento que esteja

inserido no mesmo grupo homogéneo e que pertença ao PVP5, sendo, por isso, mais barato do

que aquele que foi prescrito, nesta situação única, durante a dispensa do medicamento, é

necessário ativar a exceção c) dentro do grupo homogéneo. Após ativação, seleciona-se o

medicamento que vai ser dispensado e quando for impresso o talão de faturação, no verso da

receita será impresso a frase “exerci o direito de opção por medicamento mais barato que o

prescrito para continuidade terapêutica de tratamento superior a 28 dias” (ANEXO U).

No entanto, se todos os medicamentos dispensados não possuírem grupo homogéneo

e, consequentemente, PVP5, mesmo que apresente a exceção c), o “SIFARMA 2000” não

imprime qualquer frase, relativa ao exercício de opção, em virtude do Despacho n.º

15700/2012, de 10 de dezembro, que aprova o novo modelo de receita, não determinar

qualquer menção por parte do utente neste grupo de medicamentos. Nestas circunstâncias

encontram-se os medicamentos para os quais não existem genéricos (ANEXO V), bem como

os medicamentos genéricos que ainda não possuem grupo homogéneo [20].

De acordo com o que foi exposto e após receção de um oficio circular da ANF

(ANEXO X), as prescrições com data a partir do dia 1 de junho, apenas podiam ser aceites se

fossem efetuadas nos novos modelos de receita médica (informatizada e manual) enquanto os

modelos antigos de receita, fosse informatizada ou manual, com data de prescrição até 31 de

maio de 2013, poderiam ser dispensados apenas até ao fim da data da respetiva validade,

devendo ser interpretados como uma prescrição por DCI.

41

No que concerne às entidades públicas, ao longo do ano de 2013 foram sofrendo

alterações, sendo que alguns subsistemas de saúde (ADSE, ADM, SAD-PSP, SAD-GNR)

migraram para o Sistema Nacional de Saúde (SNS), passando a ser faturados nos lotes do

SNS a partir do dia 01 de abril de 2013 (ANEXO Y). No seguimento de algumas dúvidas

relativas à migração das entidades públicas para o SNS, veio um ofício circular da ANF

(ANEXO Z), onde explica que as entidades públicas não pagam receituário que lhes seja

faturado a partir dessa mesma data, excetuando o receituário faturado até dia 31 de março de

2013, que possa vir devolvido.

Deste modo, a partir do dia 1 de Junho de 2013, as regras que o PS deve seguir,

relativas às receitas médicas, são as mesmas contudo a primeira coisa que deve fazer é

verificar, caso seja o modelo antigo de receita médica, a data de prescrição e no caso de ter

sido feita anterior ao dia 01 de junho de 2013, é válida caso esteja dentro do prazo de

validade, porém se tiver sido prescrita após o dia 01 de junho de 2013, inclusive, a receita não

pode ser aceite uma vez que o modelo anterior deixou de ter efeito. Relativamente às receitas

com novo modelo, o PS deve verificar se apresenta exceção a), exceção b) e exceção c);

relativamente à exceção a) (medicamento com margem ou índice terapêutico estreito) e à

exceção b) (reação adversa prévia), o utente não pode optar tendo que se dispensar o

medicamento de um determinado laboratório (no caso dos genéricos) ou de uma determinada

marca, que o médico prescreveu, não podendo trocar. O PS deve, ainda, questionar o utente se

é a primeira vez, ou não, que vai fazer a terapêutica indicada pelo médico e, após leitura ótica

do código nacional para a prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM), entre os

medicamentos existentes, qual costuma tomar ou se tem preferência em algum (marca ou

genérico).

Este novo modelo de receita médica, na minha opinião, trouxe vantagens e também

algumas desvantagens. As vantagens são que agora o utente não se sente tão condicionado

pelo que o médico prescreveu; apesar de ser por DCI, a receita vem acompanhada do código

CNPEM, o que facilita na dispensa de medicamentos uma vez que agrupa todos os

medicamentos que apresentem a molécula na sua constituição e que faça parte do mesmo

grupo homogéneo. Outra vantagem, e que veio facilitar bastante, foi o fato do utente ter que

assinar apenas uma vez na receita sem ter que escrever obrigatoriamente “direito de opção”

duas vezes, dado que vinha impresso na receita. Como é compreensível, alguns utentes têm

dificuldades a escrever, a ouvir, alguns são mais desconfiados para entenderem ou até mesmo

para pessoas que não sabem escrever, este novo modelo veio evitar situações em que o

próprio utente fica incomodado mas também o PS pela invasão da sua privacidade. Com esta

nova medida, mesmo para aqueles utentes que não saibam escrever, basta fazer uma simples

42

rubrica (“rabisco”, por assim dizer) sem ter que se expor e dizer que não sabe escrever

facilitando bastante o atendimento em si não só para o utente mas também para o PS

Contudo, com estas novas regras e com este novo modelo, uma das desvantagens é

que o médico ao prescrever por DCI vai deixar o utente um pouco desconfiado e confuso pois

estava habituado ao nome comercial. Aconteceu-me diversas vezes estar ao balcão e o utente

ter levado as caixas dos medicamentos que tomava, dizendo que o médico se tinha enganado a

prescrever os medicamentos porque não encontrava nenhum igual àquele que tomava. Nesta

situação, era necessário explicar ao utente que os medicamentos agora eram prescritos por

DCI sendo exatamente o que o utente tomava. Como nem todos os utentes apresentam o

mesmo perfil, ocorreram situações onde o utente se apresentava mais desconfiado e reticente

a este novo modelo de receita, tendo sido necessário apresentar as caixas dos medicamentos e

mostrar ao utente que o “nome” que se encontrava por baixo da designação comercial era

exatamente o que o médico tinha prescrito. Sucederam-se, também, situações em que o utente

chegava à farmácia com o modelo antigo depois do dia 01 de junho de 2013 e uma vez que

não era possível aceitar a receita, os utentes tinham que voltar ao médico para que este

prescrevesse no novo modelo de receita, causado algum transtorno por parte do utente.

5.3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS GENÉRICOS

Medicamentos genéricos (Figura 16), segundo o artigo 2º do Decreto-Lei nº 242/2000,

são, “[…] todos os medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas,

sob a mesma forma farmacêutica e para os quais, sempre que necessário, foi demonstrada bioequivalência com

o medicamento de referência, com base em estudos de biodisponibilidade apropriados.” [21].

A prescrição de medicamentos contendo substâncias para as quais existam

medicamentos genéricos autorizados é efetuada mediante as exceções previstas na lei, sendo

admitido a seguir a essa indicação o nome do laboratório seguido

sempre da dosagem, forma farmacêutica, número de embalagens e

dimensão da embalagem (quantitativa) e posologia. A posologia é

entendida no seu conceito mais lato, ou seja, sempre que possível deve

compreender a dosagem, o intervalo de administração bem como a

duração da terapêutica.

Caso exista discrepância entre a dimensão de embalagem

prescrita e as embalagens comercializadas, a farmácia deve adotar os seguintes princípios:

A dimensão da embalagem deve ser o mais próximo possível da embalagem prescrita;

Figura 16 - Medicamentos

genéricos.

43

Sempre que a receita não especificar a dosagem ou dimensão da embalagem, deverá

entender-se que se refere ao mínimo comercializado, tendo em conta se a prescrição se destina

a adultos, crianças ou lactentes;

Sempre que a embalagem de maior dimensão se encontre esgotada, poderá ser fornecida

quantidade equivalente, desde que seja expressamente justificado pelo farmacêutico;

Quando a prescrição se refere a embalagens grandes, a dimensão da embalagem não

poderá ser inferior à embalagem terapêutica.

Estes medicamentos constituem uma grande parte dos medicamentos dispensados nas

farmácias, sendo cada vez mais promovida a sua prescrição e dispensa com a intenção de

diminuir as despesas do utente.

Durante o período do estágio, durante a secção do atendimento ao público, pude

constatar que a população mais idosa tem ainda muita relutância, na substituição do habitual

medicamento de marca por um genérico, mesmo nos casos em que revelavam baixos

rendimentos.

5.4. DISPENSA DE PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes atuam a nível do sistema nervoso

central, apresentando função sedativa, narcótica e euforizante, podendo causar dependência e

toxicomania. Este tipo de medicamentos só pode ser vendido nas farmácias, mediante a

apresentação de uma receita médica especial não podendo ser dispensados a menores de idade

ou a quem padeça de doença mental manifesta. Os estupefacientes e psicotrópicos sofrem um

rigoroso controlo, já que as suas propriedades implicam procedimentos especiais. De forma a

facilitar a sua dispensa e controlar a movimentação deste tipo de produtos, houve a

necessidade de distribuir as diferentes substâncias por tabelas de acordo com a sua natureza e

atividade farmacológica criando regras de dispensa dos mesmos.

A lei vigente divide os psicofármacos em quatro tabelas e subdivisões,

resumidamente:

Tabela 2 - Divisão de psicofármacos [6].

Tabela I Tabela II Tabela III Tabela IV

A – Ópio e Opiáceos A – Alucinogénios

A – Opiáceos e

Afins que não

apresentam risco de

abuso

A – Barbitúricos de

ação lenta com

efeitos antiepiléticos

e ansiolíticos com

risco de abuso

B – Coca e Afins B – Anfetaminas

C – Cânhamo

C – Barbitúricos de

ação curta e

Hipnóticos

44

Consoante a tabela a que pertencem os estupefacientes e psicotrópicos exigem um tipo

de prescrição diferente. Todo e qualquer medicamento contendo na sua composição

substâncias mencionadas na tabela I, II-B e II-C, só pode ser dispensado mediante a

apresentação de uma receita médica especial. São receituários especiais, uma vez que os

medicamentos prescritos são de acesso limitado e implicam precaução na sua dispensa.

A prescrição de psicotrópicos e estupefacientes é feita através do novo modelo de

receita, sendo identificada não com a sigla RN mas sim com a sigla RE de receita especial.

Não se pode prescrever estupefacientes na mesma receita que os restantes medicamentos uma

vez que estes medicamentos requerem controlo especial, pelo que têm que ser prescritos

isoladamente. Contudo, a mesma receita pode conter vários medicamentos estupefacientes. O

número de embalagens por receita é igual ao dos restantes medicamentos.

No momento da leitura ótica, de um estupefaciente ou psicotrópico, o sistema

informático identifica-o de imediato implicando o preenchimento obrigatório de uma série de

dados relativos ao doente, adquirente e ao médico. Caso o preenchimento dos dados pedidos

não seja completo, o sistema informático não permite a finalização da venda. Após finalizar a

dispensa, é impresso o talão para dar ao utente e impressos dois documentos de psicotrópicos

para serem posteriormente agrafados às fotocópias da receita especial.

A receita original é faturada à entidade correspondente, sendo um dos duplicados

guardado na farmácia durante um período mínimo de três anos e relativamente as receitas

manuais, é enviado uma cópia ao INFARMED, no prazo máximo de 8 dias, após o termo de

cada mês (ANEXO AA). A farmácia envia trimestralmente ao INFARMED as listagens

informáticas referentes ao balanço das entradas e saídas de estupefacientes e psicotrópicos,

devidamente carimbadas e assinadas.

Quanto às benzodiazepinas, a farmácia retira o balanço anual de entradas e saídas de

benzodiazepinas e guarda-o em formato digital ou em papel, também durante um período de 3

anos.

5.5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS DE USO VETERINÁRIO

De acordo com a diretiva 2004/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 31 de

março de 2004, um medicamento veterinário é “toda a substância ou associação de substâncias que

possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas,

exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica ou a estabelecer um diagnóstico médico.”

[22].

A existência deste tipo de medicamentos está fortemente dependente da região onde a

farmácia está localizada. A partir do momento que a Legislação permitiu a venda direta às

45

empresas e cooperativas, as farmácias das regiões agrícolas perderam o monopólio de

dispensa destes medicamentos. Na farmácia Ondalux, os medicamentos existentes para uso

veterinário são suficientes para a exigência da população, nomeadamente, produtos de

higiene, antiparasitários internos ou externos (incluindo outros produtos de combate a

ectoparasitas), vacinas e antibióticos, suplementos vitamínicos e, ainda, anticoncecionais para

animais de pequeno porte ou de companhia. Os MSRM veterinários só podem ser dispensados

com a apresentação de receita médica, sempre com as devidas precauções e aconselhamento,

de forma a otimizar as condições de utilização dos mesmos. Todos os medicamentos deste

grupo são pagos na totalidade, mesmo que prescritos pelo médico veterinário, uma vez que

não são comparticipados.

Na farmácia Ondalux encontra-se em funcionamento um programa de solidariedade em

prol dos animais, denominado “CÃOprimido” onde a Associação de Defesa dos Animais do

Concelho de Abrantes está a contar com o apoio e adesão dos utentes para recolha de

produtos de veterinária ou oferecer o valor equivalente a uma embalagem de um dos produtos

que utilizam no tratamento dos animais (antiparasitários internos e externos).

6. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

6.1. DISPOSITIVOS MÉDICOS

Segundo o INFARMED, “[…] os dispositivos médicos são importantes instrumentos de saúde,

que englobam um vasto conjunto de produtos. São destinados, pelo seu fabricante, a serem utilizados para fins

comuns aos dos medicamentos, tais como prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana. Devem atingir

os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em ações farmacológicas, metabólicas ou

imunológicas, por isto se distinguindo dos medicamentos.” [23].

A dispensa destes produtos, durante o meu estágio, consistiu mais frequentemente em

testes de gravidez, coletores de urina, em meias de descanso, soro fisiológico, canadianas,

bengalas, joelheiras, pensos, ligaduras, gazes, seringas, sacos para ostomia, entre outros.

6.2. FITOTERÁPICOS E SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS

Os suplementos nutricionais surgiram da necessidade de colmatar determinadas

carências alimentares. Também já estão comprovados benefícios com a utilização adjuvante

da fitoterapia, nomeadamente através do consumo de chás obtidos das seguintes plantas: erva

de cidreira, flor de tília, cavalinha, camomila, dente-de-leão, barbas de milho, hipericão, entre

outros [26]. O aumento verificado nas últimas décadas relativamente ao uso dos produtos à

46

base de plantas deve-se, em parte, à procura constante de um estilo de vida mais saudável e

pelo retorno à natureza e aos valores essenciais

6.3. PRODUTOS DIETÉTICOS PARA ALIMENTAÇÃO

ESPECIAL

O recurso a uma alimentação especial pode advir de casos

em que a intervenção farmacêutica é fundamental, nomeadamente,

doentes convalescentes que necessitem de suplemento proteico ou

energético, idosos com má nutrição, grávidas e mulheres a

amamentar.

6.4. PRODUTOS DIETÉTICOS INFANTIS

Na alimentação infantil, deve ter-se em conta que o

aleitamento materno é a forma mais benéfica para garantir o

correto desenvolvimento dos lactentes. Contudo, existem na

farmácia leites, farinhas e boiões que podem ser dispensados

de acordo com a idade e necessidades nutritivas da criança

(Figura 17).

6.5. PRODUTOS DE DERMOFARMÁCIA, COSMÉTICA E HIGIENE CORPORAL

A dispensa destes produtos tem um grande impacto positivo na economia da FC e cabe

ao TF (pelos seus conhecimentos sobre fisiologia da pele, suas afeções e relação com alergias,

estado de saúde, entre outros) prestar um aconselhamento individualizado e adaptado a cada

utente. Cada vez mais exigente e preocupado com a sua imagem e bem-estar, o utente espera

obter uma ajuda por parte do PS, especialmente no que concerne ao binómio qualidade/preço,

pelo que o correto conhecimento sobre estes produtos torna-se imprescindível.

Estão disponíveis na farmácia diversas gamas de produtos de dermofarmácia,

cosmética e higiene corporal. Assim, consoante as potencialidades adjuvantes deste tipo de

produtos, e perante determinadas patologias e imperfeições estéticas, é possível informar o

utente sobre o melhor tratamento a seguir. É importante ter um conhecimento abrangente das

características das diferentes linhas comerciais, para adequar a cada utente o produto a

dispensar e o aconselhamento a prestar, evitando a influência dos interesses comerciais e

mantendo uma postura ética e profissional da atividade da prática da farmácia.

Figura 17 - Artigos de puericultura

e dietética infantil.

47

Na farmácia Ondalux, de mês a mês, consoante as marcações, desloca-se à farmácia

uma promotora dos produtos Pure Altitude e da Anne Semonin para aconselhar os utentes

realizando limpezas de pele, massagens, aromaterapia e, ainda, faz uma avaliação da pele

transmitindo a sua opinião quanto ao tipo e estado da pele, possibilitando um aconselhamento

individualizado e otimizado.

7. DISPENSA DE MSRM OU MNSRM DURANTE OS SERVIÇOS NOTURNOS

Durante o período de estágio, tive a oportunidade de acompanhar duas noites de

serviço na farmácia Ondalux. O PS fica na farmácia de serviço, em dias da semana, das 21

horas ou das 19 horas e 30 minutos (aos fins-de-semana) às 10 horas do dia seguinte. Como

estagiária, tive a oportunidade de acompanhar um serviço

noturno (Figura 18) durante a semana e num fim-de-semana,

contudo fiquei até às 5 horas dado que era apenas para ter uma

noção de como funciona os atendimentos noturnos e também

porque no outro dia ia trabalhar. Quando os PS fazem noite,

no dia seguinte não trabalham.

Assim que se inicia o horário do serviço noturno, a

farmácia encontra-se fechada ao público, contudo no lado de

fora encontra-se uma campainha com microfone incorporado

e uma “gaveta” móvel para a troca de informações entre o PS e

o utente (Figura 19). Nos atendimentos noturnos, o profissional apenas pode dispensar aquilo

que tem na altura em stock, a não ser que o utente peça para encomendar para a tarde do dia

seguinte, ficando guardado com o nome do utente no papel dos guardados. No interior da

farmácia, mais propriamente dentro do gabinete de atendimento aos utentes, encontra-se um

televisor com a imagem que a câmara da parte de fora da farmácia capta, para que se possa

visualizar o utente e um microfone para que o utente ouça o PS.

Nos atendimentos noturnos, a dispensa é efetuada do

mesmo modo que os outros, através do software “SIFARMA

2000” mas no caso da dispensa de MSRM o utente não assina a

receita, ficando à responsabilidade do PS para evitar alguns

problemas pois seria um pouco incómodo estar a pedir ao utente

para assinar a receita, dado o meio utilizado para a dispensa de

medicamentos. A partir das 22 horas é atribuída uma taxa de

2,50€, no entanto, a farmácia Ondalux não cobra nada pelos serviços noturnos. A maior

Figura 18 - Zona de atendimentos

noturnos.

Figura 19 - Atendimento noturno

(espaço exterior da farmácia).

48

afluência de utentes é normalmente depois das 20 horas até à meia-noite e entre a 1 hora e as

3 horas, que é quando muitos utentes saem das urgências do hospital de Abrantes. Durante os

“espaços mortos”, em que não aparece ninguém, os PS adiantam a faturação.

Numa das noites em que estive presente, houve um utente que vinha das urgências e

entregou uma receita com um medicamento que o médico tinha prescrito no entanto, este

tinha sido descontinuado. Neste caso, o TF que me acompanhou ligou para as urgências do

hospital e falou com a médica prescritora para mudar a terapêutica e a situação ficou

resolvida.

8. PREPARAÇÃO DE MANIPULADOS

A formulação de especialidades farmacêuticas só pode ser realizada caso não exista no

mercado nenhuma especialidade farmacêutica com igual dosagem ou forma farmacêutica

pretendida. Os medicamentos manipulados são preparados com vista a aplicação cutânea,

adequação de uma dose destinada a uso pediátrico e destinados a grupos de doentes em que as

condições de administração ou farmacocinéticas se encontrem alteradas. Apesar das

profundas mudanças verificadas nos últimos anos na preparação e produção industrial de

medicamentos, os manipulados continuam a ser uma parte fundamental da FC. A produção de

manipulados, tem como objetivo proporcionar em qualquer momento e com independência da

disponibilidade do mercado, formas de dosificação adequadas às necessidades específicas dos

doentes, mantendo um nível de qualidade apropriado.

É no laboratório onde estão armazenadas as matérias-primas, devidamente

acondicionadas e rotuladas, necessárias à preparação de manipulados. Este local possui uma

bancada (com um lavatório), sobre a qual residem duas balanças, uma pedra de pomadas e por

vezes algumas matérias-primas para serem verificados os boletins de análise para registar.

Nos armários encontram-se todos os instrumentos utilizados na preparação de manipulados,

sendo estes, espátulas, funis, papel de filtro, almofarizes, entre outros.

As matérias-primas vêm sempre acompanhadas pelo seu boletim de análise onde

constam as análises químicas do produto químico. No boletim de análise regista-se o

fornecedor de onde veio a matéria-prima, a data de receção, o número da fatura e o preço de

fatura + IVA. Também as matérias-primas possuem uma ficha de identificação onde consta o

nome, fornecedor, a origem da matéria-prima, o número da fatura, a data da receção, o lote, a

validade, a quantidade recebida, o número de contentores recebidos e a folha tem que estar

carimbada com o carimbo da farmácia e rubrica do farmacêutico responsável pelo registo.

49

O utente pode ainda comprar matérias-primas a granel, ou seja, o PS pesa a quantidade

necessária e regista a quantidade retirada no registo de movimentos de matérias-primas, no

entanto regista-se “a granel”.

A primeira tarefa a ser posta em prática na preparação dos

manipulados é a interpretação do receituário ou da fórmula apresentada.

No estágio, tive oportunidade de realizar dois manipulados:

Solução Alcoólica a 70º de Ácido Bórico à Saturação;

Pomada de Vaselina Salicilada a 2% (Figura 20).

Na preparação da solução alcoólica a 70º de ácido bórico à saturação e da pomada de

vaselina salicilada a 2%, depois de se interpretar a receita médica, disponibiliza-se os

materiais e matérias-primas necessários à realização dos diferentes manipulados. Para cada

manipulado preparado na farmácia Ondalux, é preenchida e assinada, pela farmacêutica

responsável, uma ficha de preparação que é posteriormente arquivada num dossier próprio

juntamente uma cópia da receita médica.

Após entrar no laboratório, deve-se verificar se estão disponíveis todas as matérias-

primas necessárias e se estão corretamente rotuladas e dentro do prazo de validade, calçar as

luvas esterilizadas, colocar máscaras e touca, limpar a bancada de trabalho e preparar todo o

material que seja necessário para o manipulado, verificar se estão disponíveis os materiais de

embalagem para acondicionamento do manipulado e se as balanças estão calibradas.

Relativamente à preparação da solução alcoólica a 70º de ácido bórico à saturação,

após verificar o estado de limpeza do material, colocou-se numa proveta rolhada cerca de 10

mL de álcool a 70% (v/v). Posteriormente, procedeu-se à pesagem de 1,5 gramas de ácido

bórico e adicionou-se, cuidadosamente e aos poucos, ao álcool a 70º (v/v), agitando-se

fortemente durante 20 segundos após cada adição. Após adição do ácido bórico na sua

totalidade, adicionou-se o álcool a 70º (v/v) até completar o volume restante perfazendo os 30

mililitros da solução e agitou-se. De seguida, deixou-se a proveta em repouso durante 1 hora,

repetindo sucessivas agitações de 20 segundos de 15 em 15 minutos. Por fim, procedeu-se à

filtração da solução para um frasco conta-gotas de vidro âmbar de 50 mililitros e, depois de

devidamente rotulado, colocou-se juntamente com os medicamentos guardados (uma vez que

não necessita de ser conservado no frigorífico) e lavou-se o material utilizado.

Quanto à pomada de vaselina salicilada a 2%, depois de ter limpo a placa da

espatulação com álcool a 70%, pesou-se a vaselina branca e posteriormente o ácido salicílico.

Após pesagem, incorporou-se por espatulação, aos poucos, o ácido salicílico na vaselina até

obter uma pomada com aspeto homogéneo. Acondicionou-se a pomada num recipiente de 50

gramas e rotulou-se, procedendo, por fim, à lavagem do material utilizado.

Figura 20 - Pomada de

vaselina salicilada a 2%.

50

Após a preparação dos manipulados, é necessário que o responsável pela preparação

preencha a ficha de preparação de manipulados (ANEXO AB). Esta ficha, é elaborada a nível

interno e de acordo com a legislação em vigor, onde constam todas as informações relativas

ao medicamento manipulado, ao utente, ao médico prescritor, teor em substâncias ativas,

forma farmacêutica, número de lote (código interno que permite a identificação do

medicamento manipulado), data de preparação, quantidade a preparar, assinatura do

responsável pela preparação e supervisão, identificação das matérias-primas, respetivos lotes

e quantidade utilizada, modo de preparação, aparelhagem usada, dados relativos à embalagem

utilizada, condições de conservação, prazo de utilização, rotulagem e por último, o cálculo do

preço de venda do medicamento manipulado. O cálculo do preço do manipulado é efetuado

segundo uma fórmula estipulada por lei, que se encontra nas respetivas fichas de preparação.

O PVP dos medicamentos manipulados é composto por três vertentes distintas: valor dos

honorários, valor das matérias-primas e valor das embalagens, segundo a portaria n.º

769/2004, de 1 de julho [24]. No rótulo devem estar presentes, para além do nome da

farmácia, o nome do preparado, data de preparação, dosagem e os cuidados a ter com este,

como por exemplo, “aplicação auricular”, “conservar à temperatura ambiente em fraco bem

fechado” ou “Agitar antes de usar” [25].

Além de medicamentos manipulados, são ainda reconstituídas, no laboratório,

preparações líquidas extemporâneas, mas somente na altura da dispensa ao utente. O caso

mais comum é o dos antibióticos que são preparados com adição lenta de água purificada,

seguida de agitação até se atingir o volume delimitado no próprio frasco ou consoante o seu

modo de preparação. Durante o estágio tive a oportunidade de reconstituir vários antibióticos,

contudo aquele que reconstituí mais frequentemente foi a amoxicilina + ácido clavulânico.

Inicia-se o procedimento pela agitação do frasco para que o pó se solte do recipiente,

posteriormente adiciona-se água purificada aos poucos até atingir o volume delimitado no

frasco e por fim, agitar até o pó com antibiótico se apresentar dissolvido na água purificada,

formando assim, uma suspensão. Este tipo de antibióticos é preparado no momento em que o

utente vem à farmácia e assim que for preparado, tem que se iniciar a administração pois o

antibiótico em água é pouco estável. Após reconstituição, a suspensão deve ser mantida no

frasco, bem rolhado, no frigorífico (2ºC-8ºC) e ser utilizada no prazo de até 7 dias (frascos de

60 mililitros, 75 mililitros e 100 mililitros) ou até 10 dias (frasco de 150 mililitros) [26].

51

9. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA

9.1. AVALIAÇÃO DA TENSÃO ARTERIAL

A tensão arterial é medida com um medidor de tensão arterial automático.

Existem dois tipos de utentes que pretendem medir a tensão arterial, sendo eles:

Utentes que apenas pretendem fazer uma medição pontual, por naquele dia ou nos

últimos dias não se sentirem nas melhores condições;

Utentes que fazem regularmente a monitorização da sua tensão arterial, seja para

avaliar a eficácia da terapêutica, seja por uma questão de segurança e/ou precaução;

Em ambos os casos deve fazer-se um aconselhamento adequado com vista à

implementação de uma dieta alimentar equilibrada, atividade física adequada, evitar situações

de stress e moderar o consumo de bebidas alcoólicas. Enquanto estive na farmácia Ondalux

tive a possibilidade de efetuar a medição da tensão arterial a diversos utentes. O procedimento

é bastante simples dado que esta máquina é automática e de fácil utilização estando mesmo

para venda a utentes que necessitem de medições mais frequentes. Todo este procedimento é

efetuado no gabinete de atendimento aos utentes. É, então, colocado o medidor no braço

esquerdo do utente e liga-se o aparelho de medição automática da tensão arterial (Figura 21).

Durante este processo, o utente não poderá falar para não

interferir com a leitura dos valores. Este dispositivo é um

método de medição oscilométrico, isto é, utiliza sensores

oscilométricos que medem a vibração da pressão arterial

por baixo da braçadeira. Assim que a medição for

terminada, são prontamente indicados, num mostrador de leitura fácil, os valores da pressão

sistólica, da pressão diastólica e as pulsações por minuto.

Consideram-se indivíduos hipertensos aqueles que apresentem valores de pressão

arterial sistólica iguais ou superiores a 140 mmHg e/ou valores de pressão arterial diastólica

com valores superiores a 90 mmHg. Sendo que, apenas um dos valores pode surgir alterado,

ou seja, quando os valores da “máxima” estão alterados, diz-se que o doente sofre de

hipertensão arterial sistólica e quando apenas os valores da “mínima” se encontram elevados,

o doente sofre de hipertensão arterial diastólica [27].

9.2.GLICÉMIA

A avaliação da glicemia na farmácia é efetuada, no gabinete de atendimento ao utente,

através da punção capilar, sendo aconselhável sempre que possível um jejum de pelo menos 8

horas. Os valores aceites para os níveis de glicose no sangue são, no caso de jejum, iguais ou

Figura 21 - Aparelho de medição da

tensão arterial.

52

inferiores a 109 mgdL e, ocasionalmente, iguais ou inferiores a 139 mgdL. Nos casos em que

os valores da glicemia em jejum encontram-se entre 110 e 125 mgdL e os valores ocasionais

entre 140 e 199 mgdL, pode dar-se o caso de haver uma anomalia da glicemia em jejum ou

uma situação de tolerância diminuída à glicose [28].

Contudo, caso os valores em jejum encontrem-se iguais ou superiores a 126 mgdL e os

valores ocasionais iguais ou superiores a 200 mgdL, constituem um forte indicador da

presença de uma situação de diabetes mellitus [28].

Relativamente a testes de glicémia, também tive a oportunidade de realizar alguns.

Para tal, procede-se à desinfeção de um dos dedos do utente com álcool etílico a 70% e, com

uma agulha, retira-se um pouco de sangue para uma tira que posteriormente é colocada num

aparelho para medir o nível de glicémia no sangue.

9.3.COLESTEROLÉMIA E TRIGLICERIDÉMIA

A medição do colesterol e triglicerídeos na farmácia é efetuada, assim como na

glucose, através da punção capilar. No caso do colesterol esta medição pode ser feita a

qualquer hora do dia, ao contrário dos triglicerídeos onde se aconselha um jejum de 12 horas.

Os valores ideais para o colesterol total devem ser inferiores a 190 mgdL, enquanto

para os triglicerídeos devem ser inferiores a 150 mgdL. Normalmente valores elevados de

lípidos no sangue não causam quaisquer sintomas, daí que seja importante efetuar um controle

destes valores, pois estes são os principais responsáveis pela ocorrência de doenças

cardiovasculares [29].

Durante o estágio profissional II tive a possibilidade de realizar testes de medição de

colesterol, onde o procedimento é idêntico ao da glicémia, no entanto, quando se extrai o

sangue, este não vai diretamente para uma tira mas sim para um tubo fino de plástico. Assim

que este tubo tenha “aspirado” o sangue suficiente para a realização do teste, coloca-se o tubo

num aparelho que vai servir para libertar o sangue à velocidade e a quantidade que for

desejada. Coloca-se, então, uma tira no aparelho medidor de colesterol e coloca-se no centro

desta o sangue coletado e espera-se que a máquina indique o resultado.

Na minha opinião, este procedimento é um pouco mais complicado uma vez que a

quantidade de sangue necessária para que os valores sejam fiáveis é muito superior ao da

glucose e, dependendo dos utentes, por vezes era difícil alcançar o sangue necessário para que

a máquina transmitisse valores corretos tendo mesmo que, por vezes, se proceder a outra

punção capilar.

Sempre que os valores obtidos estejam acima dos valores de referência são

aconselhadas ao utente medidas não farmacológicas que passam por uma alimentação

53

equilibrada e a prática de exercício físico, sendo que nos casos que se julgue pertinente os

utentes são aconselhados a procurar o médico.

9.4.IMC

O peso é determinado por um aparelho automático – balança analítica –, que

estabelece uma relação entre o peso corporal e a altura do indivíduo, permitindo deste modo

avaliar o seu IMC. O IMC estabelece uma relação entre o peso (kg) e a altura (m) e é utilizado

para classificar quantitativamente a obesidade.

Fórmula do IMC = Peso (kg) / Altura2

(m)

Nas situações em que os utentes da farmácia apresentavam um IMC superior ao

normal, entre 18,5 e 24,9, procurava-se incutir um estilo de vida saudável, que deve incluir

uma alimentação equilibrada e a prática de exercício físico [30].

9.5.PROGRAMA VALORMED

A VALORMED é uma sociedade gestora do sistema integrado de gestão de resíduos

de embalagens e de medicamentos fora de uso, após consumo, constituindo a solução para a

necessidade da existência de um sistema seguro que possa remover e tratar dos resíduos de

embalagens de medicamentos. As farmácias são o “rosto” da

VALORMED junto do público, assumindo um papel de primeira

linha na recolha das embalagens e dos medicamentos.

Deve-se aconselhar o utente a acondicionar corretamente

os seus medicamentos fora de uso, nomeadamente a colocar as

embalagens dentro das cartonagens, a fechar devidamente os

frascos, entre outros. Uma vez cheio, o contentor (Figura 22) é

fechado e recolhido pelo distribuidor aderente, o qual é

responsável pela armazenagem intermédia. Periodicamente os

contentores são transportados do distribuidor para a estação de triagem com vista à abertura

dos contentores e à separação dos resíduos recicláveis dos não recicláveis. Os resíduos

recicláveis são separados e enviados para centros de reciclagem específicos, os restantes

resíduos são encaminhados para uma estação incineradora onde ocorrerá a sua valorização

energética [31].

Os contentores de recolha VALORMED foram concebidos para suportarem uma carga

não superior a 20 quilogramas. Na tampa do contentor, está colocada uma bolsa com as

fichas, contentor (branca), farmácia (verde) e armazenista (azul). A ficha da farmácia contém

o nome e o número da farmácia aderente, o peso do contentor (em quilogramas), o número do

Figura 22 - VALORMED.

54

armazenista, a data de recolha e a rúbrica do responsável pelo fecho e a rubrica do

responsável pela recolha devendo-se arquivar a ficha farmácia durante um período de três

anos (ANEXO AC).

10. FATURAÇÃO DA FARMÁCIA

A faturação é um dos processos importantes e que sustenta o bom funcionamento de

uma farmácia. É por isso importante verificar e confirmar cada falha que possa ter ocorrido.

No ato da dispensa, após se proceder ao aconselhamento e explicação da posologia utilizada,

procede-se ao registo informático da venda, emitindo a fatura caso o utente assim pretenda. A

venda pode ser feita de quatro formas diferentes:

a) Normal – se o utente efetuar pagamento e respeitar todos os parâmetros normais;

b) Suspensa – a venda fica suspensa;

c) Crédito – realizada quando os utentes, que possuem ficha na farmácia, pretendem

levar medicamentos e pagar posteriormente, levando consigo um comprovativo da

venda a crédito;

d) Suspensa a crédito – se ambos os casos b) e c) acima referidos forem simultâneos.

Na venda a), o PS dispensa o(s) medicamento(s) pedido(s) e o utente efetua o

pagamento, saindo um talão tendo este que ser assinado e carimbado com o carimbo da

farmácia.

A venda b) efetua-se em algumas situações por exemplo quando o utente não tem

receita no momento mas depois vem trazer à farmácia para fazer a respetiva comparticipação,

no caso de o médico ter prescrito duas caixas de um determinado medicamento e o utente

optar por levar apenas uma caixa dado que possui ainda comprimidos que cheguem para

efetuar a terapêutica e quando necessitarem vêm buscar a caixa pendente ou nos casos em que

a farmácia não pode dispensar os medicamentos todos que estão prescritos na receita médica

por falta de stock e o utente necessitar de levar já uma embalagem. No primeiro caso, no fim

da dispensa sai um talão provisório com um código para que quando o utente vier trazer a

receita, o PS possa regularizar esta situação, onde será reembolsada a diferença entre o valor

pago na totalidade e o valor da comparticipação. No segundo e no terceiro caso, após a

dispensa, são emitidos dois talões provisórios onde um fica junto à receita e esta é guardada

numa pasta e o outro talão provisório, o utente guarda para posterior apresentação e

regularização da situação (ANEXO AD).

Como é o caso da opção de venda c), a venda d) é realizada aos utentes do domicílio

que pretendem levar medicamentos, mas trazer a receita médica e efetuar o pagamento,

55

posteriormente. Após verificados e cumpridos os condicionalismos referidos, cabe aos PS,

colocar a data, assinar cada receita e carimbar. O processo de faturação inicia-se no momento

da venda, quando é emitido o documento de faturação. Neste documento encontra-se inserido

o lote e número da receita, o organismo, os medicamentos vendidos (relativamente a estes

encontra-se também o preço de referência, o PVP e a comparticipação efetuada), o preço total

da venda, a identificação da farmácia, a data e o código de venda e o código do profissional

que efetuou a venda. O “SIFARMA 2000” atribui a cada receita um número de série de lote,

quando um mesmo organismo atinge um lote com trinta receitas, o próximo documento de

faturação será emitido no lote seguinte.

10.1. CONFERÊNCIA DO RECEITUÁRIO

A conferência do receituário é essencial; é nesta fase que se verifica minuciosamente

se a venda dos medicamentos foi efetuada corretamente, para que o receituário possa ser

enviado às entidades e a farmácia possa ser ressarcida. Após a conferência do receituário para

cada entidade as receitas são agrupadas em lotes de 30 prescrições.

Na farmácia Ondalux a verificação do receituário é efetuada diariamente pelo PS.

Relativamente à verificação técnica, ao balcão, as receitas só serão dispensadas se estiverem

corretas no que respeita a data, assinatura do médico e não existência de rasuras. Ainda ao

balcão, durante e logo após à dispensa, as receitas dispensadas são verificadas atentamente.

Diariamente, o receituário dispensado é ainda verificado se o número da receita coincide com

aquele que foi passado pelo leitor ótico, deve haver a verificação dos códigos de barras de

cada medicamento, as datas (receita/dispensa), o organismo (subsistema de saúde), verificar a

assinatura do médico e do utente. Por sua vez, os erros detetados devem ser assinalados e

colocados para serem justificados/corrigidos.

10.2. CORREÇÃO DO RECEITUÁRIO

Após os PS terem conferido o receituário, se se verificar alguma anomalia, a receita

tem que ser justificada (ANEXO AE).

Os diferentes tipos de justificações dadas nas receitas são quando:

Se procede à alteração da terapêutica por esgotamento no laboratório;

O produto foi substituído por equivalente;

A quantidade foi reajustada em função da necessidade terapêutica;

O produto está em falta e foi dispensado um produto do mesmo grupo homogéneo;

O documento foi mal impresso por falha no atendimento, falha na impressão, houve

troca de receita no momento da impressão ou, ainda, por erro de entidade.

56

10.3. SEPARAÇÃO DO RECEITUÁRIO

A separação do receituário é efetuada depois de recolher todas as receitas dispensadas

posteriormente vistas por pelo menos três PS, sendo estas separadas entre as várias entidades.

Para cada entidade diferente, as receitas são separadas por lote e em cada lote ordenam-se os

números da receita por ordem decrescente (do 30 para o número 1), facilitando assim o

trabalho de quem irá posteriormente efetuar a conferência do receituário.

10.4. EMISSÃO DO VERBETE DE IDENTIFICAÇÃO DO LOTE

A emissão de lotes é realizada logo após a organização das receitas em lotes de 30 do

mesmo organismo e consiste em emitir um verbete que possui: a entidade a que se refere o

verbete, o nome e código da farmácia, mês e ano a que respeita, número sequencial do lote

relativo ao total dos lotes entregues no mês, quantidade total de receitas, quantidade total de

etiquetas, PVP total do lote, importância total do lote paga pelo utente e a importância total de

comparticipação. Relativamente a cada receita, possui, ainda, o número de etiquetas, o PVP, a

quantidade paga pelo utente e a quantidade comparticipada pelo organismo. Após conferência

das 30 receitas da respetiva entidade, o verbete (ANEXO AF) é anexado ao respetivo lote de

receitas e é carimbado com o carimbo da farmácia.

10.5. SERVIÇO DE RECOLHA E ENTREGA DA FATURAÇÃO

No final de cada mês, a farmácia organiza a faturação do SNS e acondiciona-a até ao

dia 4 (inclusive) de cada mês. Na documentação deverá constar:

Fatura (duas vias – original e original duplicado);

Relação resumo de lotes;

Verbetes de identificação de lotes;

Receitas;

Notas de crédito/débito (duas vias – original e original duplicado).

A partir do dia 5, inclusive, até ao dia 9, a empresa de transporte responsável pela

entidade do SNS passará na farmácia para recolher a faturação do SNS.

11. ENTREGAS AO DOMICÍLIO

A farmácia Ondalux possui, ainda, um serviço de entregas ao domicílio (Figura 23) no

concelho de Abrantes. O utente contacta a farmácia via telefone, a solicitar a dispensa de

medicamentos ao domicílio indicando o seu nome, a morada e os medicamentos que necessita

referindo a quantidade (ANEXO AG), com apresentação obrigatória de receita médica para o

caso dos MSRM. A recolha das receitas é realizada pelo funcionário responsável pelo serviço

57

de entregas ao domicílio e se for efetuada de manhã, os medicamentos serão entregues de

tarde, contudo se a recolha se efetuar apenas da

parte da tarde, os medicamentos são entregues no

outro dia de manhã.

Assim que forem recolhidas as receitas,

procede-se à dispensa dos medicamentos na

farmácia, com a supervisão obrigatória de um

farmacêutico. É aqui que se realizam muitas vendas a crédito ou suspensas a crédito dada a

confiança dos utentes aderentes ao serviço de entrega ao domicílio. Assim que todas as

receitas tenham sido dispensadas, é impressa uma listagem do detalhe de vendas apenas dos

utentes que solicitaram o uso do serviço de entrega ao domicílio, indicando todos os

parâmetros da dispensa realizada (data e hora de dispensa, tipo de venda, nome do utente

pagador e os medicamentos dispensados com os respetivos preços), indicando na última

página o valor total que o funcionário responsável dos domicílios deve apresentar no fim do

dia (ANEXO AH).

Ao fim do dia, regista-se todas as entregas realizadas em suporte papel (registo de

entregas ao domicilio) indicando o mês, o dia e a identificação do medicamento assim como a

quantidade dispensada (ANEXO AI).

12. FARMACOVIGILÂNCIA

Farmacovigilância, segundo a Organização Mundial de Saúde, é o “[…]conjunto de

atividades de deteção, registo e avaliação das recções adversas, para determinar a incidência, gravidade e nexo

de causalidade, baseadas no estudo sistemático e multidisciplinar dos efeitos dos medicamentos. […] ” [32].

Durante o estágio na farmácia Ondalux, não foi detetada qualquer tipo de reação

adversa medicamentosa grave ou inesperada, daí não ter tido a oportunidade de realizar a

respetiva notificação espontânea. No entanto, considerei importante mencionar a

farmacovigilância no presente relatório, uma vez que considero que a vigilância pós-

comercialização, nomeadamente através do Sistema de Notificação Espontânea de Reações

Adversas Medicamentosas é essencial para a monitorização da segurança dos medicamentos,

devendo ser do conhecimento de todos os profissionais de farmácia. São três os critérios a

garantir, quando qualquer medicamento é comercializado: a qualidade, a segurança e a

eficácia. Assim, é importante que durante todo o período de utilização do medicamento a sua

segurança seja monitorizada. É portanto, função dos PS irem recolhendo e avaliando as

reações adversas ocorridas durante e/ou após a administração do medicamento.

Figura 23 - Transporte para entrega aos

domicílios.

58

CONCLUSÃO

Durante estes quatro meses de estágio na farmácia Ondalux é de salientar que fui

adquirindo, diariamente, diversos conhecimentos, descobertas, emoções e aprendizagem tanto

a nível profissional como pessoal.

Apesar de ser a mesma farmácia em que estagiei no estágio anterior, alguns

procedimentos mudaram assim como a própria equipa técnica o que me proporcionou

contactar com diferentes realidades, pelo que consegui progredir e adquirir novos

conhecimentos com esta experiência, tornando-se essencial para o meu crescimento como

uma futura PS. Os objetivos propostos que integram o estágio profissional II foram atingidos

na sua plenitude de forma clara e precisa, conseguindo entender o seu significado e a sua

dinâmica no circuito do medicamento, na vertente da FC.

O período de estágio na farmácia Ondalux revelou-se numa experiencia bastante

positiva e enriquecedora como elo de ligação entre a minha formação académica e a realidade

profissional. Constituiu sem dúvida, uma pedra basilar no curso de licenciatura em farmácia,

proporcionando-me como estagiária uma visão circunstanciada, sentida e vivida do panorama

quotidiano em que se movimenta o TF. Esta fase foi gratificante em muitos aspetos, tendo

constituído uma oportunidade de lidar com pessoas de todas as faixas etárias, de diferentes

níveis socioeconómicos, com os mais variados problemas de saúde e com as mais variadas

personalidades. À medida que o tempo foi passando, o contacto com os utentes tornou-se

mais próximo e esta realidade permitiu-me um desempenho mais ativo e participativo nas

minhas funções. Neste âmbito, os PS são muitas vezes ouvintes e conselheiros, o que

demonstra a cumplicidade entre o utente e o profissional. Todavia, é atrás do balcão, nos

“bastidores” da farmácia, que há mais atividade, onde o fator determinante é a organização e

cooperação entre os elementos que, todos juntos, caminham no mesmo sentido.

Refere-se que o professor só pode ensinar quando está disposto a aprender e,

aplicando-se no meu caso em concreto, estando finalizando uma etapa da minha vida

académica, para poder ser uma excelente PS no futuro, tenho que ser uma eterna estudante.

Como estagiária na farmácia Ondalux, apesar de todos os receios iniciais e de todas as

dificuldades, este estágio foi bastante benéfico e uma mais-valia no meu crescimento tanto a

nível profissional como pessoal, permitindo-me desenvolver a minha autonomia,

comunicação e confiança perante o utente, expandir a minha capacidade de interpretar casos

clínicos aconselhando da melhor forma e, ainda, conseguir transpor da teoria para a prática

muito dos conhecimentos que adquiri ao longo do curso, promovendo uma visão global e

progressiva do funcionamento da farmácia.

59

BIBLIOGRAFIA

[1] Ordem dos Farmacêuticos. (2009). Boas Praticas Farmacêuticas para a Farmácia

Comunitária, Conselho Nacional da Qualidade;

[2] Ministério da Saúde. (1999). Decreto-Lei nº 564/99, de 21 de dezembro. Diário da

República, 1.ªsérie, n.º295, 9084;

[3] Universidade Lusíada de Vila Nova Famalicão, Estágio Curricular. Acedido em: 2 de

março de 2013, em: http://www.fam.ulusiada.pt/downloads/regulamentos/Regulamento_

Estagio_CEE.pdf;

[4] Ministério da Saúde. (2012). Decreto-Lei nº 172/2012, de 1 de agosto. Diário da

República, 1.ªsérie, n.º148, 4045-4048;

[5] Ministério da Saúde. (2012). Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de agosto. Diário da

República, 1.ªsérie, n.º148, 4042;

[6] Infarmed. (1993). Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro. Regime jurídico do tráfico e

consumo de estupefacientes e psicotrópicos, Legislação Farmacêutica Compilada;

[7] Infarmed. (1994). Decreto Regulamentar nº 61/94 de 12 de Outubro. Regulamenta o

Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro, Legislação Farmacêutica Compilada;

[8] Infarmed. (1994). Portaria nº 1193/99 de 29 de Setembro. Alteração aos modelos de

receita especial, Legislação Farmacêutica Compilada;

[9] Infarmed, Estabilidade de medicamentos. Acedido em: 15 de abril de 2013, em: http://w

ww.infarmed.pt/pt/noticias_eventos/eventos/2005/impacto_qualidade/ESTABILIDADEI

NFARMED.pdf;

[10] Grupo das Boas Práticas de Farmácia. (2006). Indicação Farmacêutica, Ordem dos

Farmacêuticos;

[11] Revista Lusófona de Ciências e Tecnologias da Saúde. (2010). Medicamentos não

sujeitos a receita médica - razões mais frequentes de seu uso, Saúde e sociedade;

[12] Resource Pharm, Pharmacy Mnemonics. Acedido em: 25 de abril de 2013, em: http://ww

w.resourcepharm.com/pre-reg-pharmacist/pharmacy-mnemonics.html;

[13] Infarmed. (2007). Despacho n.º 17690/2007, de 23 de Julho. Lista das situações de

automedicação, Legislação Farmacêutica Compilada;

[14] O Portal dos Psicólogos. (2005). Automedicação, Universidade Fernando Pessoa

[15] Ordem dos Farmacêuticos. Artigo: Governo aprovou "terceira lista" de medicamentos.

Acedido em: 20 de junho de 2013, em: http://www.ordemfarmaceuticos.pt/scid/ofWebI

nst_09/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=1492&articleID=6968;

60

[16] Infarmed. (2006). Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto. Estatuto do Medicamento,

Legislação Farmacêutica Compilada;

[17] Ministério da Saúde. (2007). Portaria n.º 3-B/2007, de 2 de Janeiro. Diário da República,

1.ªsérie, n.º1, artigo 4ª, 8-(4);

[18] Infarmed. (2007). Portaria nº 1471/2004 de 21 de dezembro. Estabelece os princípios e

regras a que deve obedecer a dimensão das embalagens dos medicamentos suscetíveis de

comparticipação pelo Estado no respetivo preço, Legislação Farmacêutica Compilada;

[19] Ministério da Saúde. (2012). Portaria n.º 137-A/2012 de 11 de maio. Diário da

República, 1.ª série, n.º 92, 2478-(2);

[20] Ministério da Saúde. (2012). Despacho n.º 15700/2012, de 10 de dezembro. Diário da

República, 2.ª série, n.º 238 39247-39250;

[21] Ministério da Saúde. (2012). Decreto-Lei nº 242/2000 de 26 de Setembro. Diário da

República, I série-A, n.º223, 5152;

[22] Jornal Oficial da União Europeia, Diretiva 2004/28/CE do Parlamento Europeu e do

Conselho de 31 de março de 2004 que altera a Diretiva 2001/82/CE. Acedido em: 1 de

maio de 2013, em: http://ec.europa.eu/health/files/eudralex/vol-5/dir_2004_28/dir_20

04_28_pt.pdf;

[23] Infarmed, Dispositivos Médicos. Acedido em: 17 de maio de 2013, em: http://www.infa

rmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/DISPOSITIVOS_MEDICOS;

[24] Infarmed. (2004). Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho. Estabelece que o cálculo do preço

de venda ao público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias. 1-4;

[25] Infarmed, Medicamentos Manipulados. Acedido em: 28 de maio de 2013, em: http://ww

w.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/MEDICA

MENTOS_MANIPULADOS/manipulados.pdf;

[26] Infarmed, Folheto Informativo. Acedido em: 3 de junho de 2013, em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=1901&tipo_doc=fi;

[27] Associação Nacional das Farmácias. (2010). Hipertensão Arterial, Folheto Farmácias

Portuguesas iSaúde;

[28] Ministério da Saúde. Atualização dos Critérios de Classificação e Diagnóstico da

Diabetes Mellitus. Acedido em: 13 de junho de 2013, em: http://www.dgs.pt/upload/mem

bro.id/ficheiros/i005604.pdf;

[29] Bial. Hipercolesterolémia. Acedido em: 13 de junho de 2013, em: http://www.bial.co

m/pt/a_sua_saude.10/areas_terapeuticas_bial.13/doencas_cardiovasculares.21/colesterol.

36.html;

61

[30] Roche, Índice de Massa Corporal. Acedido em: 13 de junho de 2013, em: http://www.

deco.proteste.pt/alimentacao/emagrecer/simule-e-poupe/peso-tenho-quilos-a-mais-ou-a-

menos;

[31] Valormed. Enquadramento - Recolha e Tratamento de Embalagens de medicamentos

fora de uso. Acedido em: 25 de junho de 2013, em: http://www.valormed.pt/?op

tion=com_content&view=article&id=14&Itemid=15;

[32] Infarmed, Farmacovigilância. Acedido em: 26 de junho de 2013, em: http://www.infarme

d.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAIBA_MAIS_SO

BRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/Farmacovigil%E2ncia.pdf;

Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda – Guia de elaboração e

Apresentação de Trabalhos Escritos. Guarda, 2008.

62

ANEXOS

ANEXO A – Representação das gavetas de MNSRM na área de atendimento ao público;

ANEXO B – Folha dos produtos/medicamentos encomendados por telefone;

ANEXO C – Papel dos produtos/medicamentos guardados;

ANEXO D – Nota de encomenda de produtos farmacêuticos de diferentes laboratórios;

ANEXO E – Fatura;

ANEXO F – Folha posteriormente agrafada à versão original da fatura;

ANEXO G – Fatura da encomenda feita por telefone;

ANEXO H – Fatura da encomenda feita através da plataforma B2B;

ANEXO I – Fatura de receção de Benzodiazepinas;

ANEXO J – Fatura de receção de Psicotrópicos;

ANEXO K – Listagem de validades dos Produtos Farmacêuticos;

ANEXO L – Nota de Devolução;

ANEXO M – Listagem de Entidades;

ANEXO N – Modelo antigo de receita médica informatizada;

ANEXO O – Modelo antigo de receita médica manual;

ANEXO P – Design do novo modelo de receita médica informatizada;

ANEXO Q – Novo modelo de receita médica renovável;

ANEXO R – Novo modelo de receita médica manual;

ANEXO S – Exceção c) relativa à situação a);

ANEXO T – Exceção c) relativa à situação b);

ANEXO U – Exceção c) relativa à situação c);

ANEXO V – Exceção c) para medicamentos sem genérico;

ANEXO X – Ofício Circular da ANF;

ANEXO Y – Receita médica com alteração da entidade pública para o SNS;

ANEXO Z – Ofício Circular da ANF;

ANEXO AA – Documento de Psicotrópicos;

ANEXO AB – Ficha de Preparação dos Manipulados preparados;

ANEXO AC – Ficha de Contentor (VALORMED);

ANEXO AD – Documento de Venda Suspensa;

ANEXO AE – Receita médica justificada;

ANEXO AF – Verbete de Identificação do Lote;

63

ANEXO AG – Folha com informações acerca das Entregas ao Domicílio;

ANEXO AH – Listagem do Detalhe de Vendas do serviço de entrega ao domicílio;

ANEXO AI – Registo de Entregas ao Domicílio.

64

ANEXO A – Representação das gavetas de

MNSRM na área de atendimento ao

público

65

Produtos de

manicura/pédicure Produtos para mãos

Produtos

ortopédicos Pastas dentífricas

Produtos

veterinários Produtos para pés

Produtos

ortopédicos

Artigos de higiene

bucodentária

Produtos

veterinários

Produtos para

obstetrícia

Produtos

ortopédicos

Artigos de higiene

bucodentária

Co

mp

ressas

e ad

esivo

s

Co

mp

ressas

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esivo

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Co

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Coleto

res de u

rina

Coleto

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rina

Crem

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Hid

rata

ntes

66

ANEXO B – Folha dos

produtos/medicamentos encomendados

por telefone

67

68

ANEXO C – Papel dos

produtos/medicamentos guardados

69

70

ANEXO D – Nota de encomenda de

produtos farmacêuticos de diferentes

laboratórios

71

72

ANEXO E – Fatura

73

74

75

76

77

78

ANEXO F – Folha posteriormente agrafada

à versão original da fatura

79

80

ANEXO G – Fatura da encomenda feita por

telefone

81

82

ANEXO H – Fatura da encomenda feita

através da plataforma B2B

83

84

ANEXO I – Fatura de receção de

Benzodiazepinas

85

86

ANEXO J – Fatura de receção de

Psicotrópicos

87

88

ANEXO K – Listagem de validades dos

Produtos Farmacêuticos

89

90

ANEXO L – Nota de Devolução

91

92

ANEXO M – Listagem de Entidades

93

LISTAGEM DE ENTIDADES

Entidade

CGD

13 Caixa Ger. Deposit- não SNS/ADSE

R1 Caixa Ger Deposit-SNS

Entidade

ARS Lisboa e Vale

01 S.N.S.

48 S.N.S. – Pens.

49 S.N.S. – Pens. Diplomas

67 S.N.S. – Lupus/Hemof./Hemog.

DS S.N.S. – Diabetes

41 S.N.S. – Doenças Prof.

45 S.N.S. – Diplomas

46 S.N.S. – Trab. Migrantes

Entidade

IN

08 SSINC. Moeda – não SNS

Entidade

SAVID-S

AA SAVIDA MED. AP. SA – SNS

AC SAVIDA MED. AP. SA – SNS – Pens.

AB SAVIDA MED. AP. SA – SNS – Diplomas

Entidade

TRANQ

77 TRANQUILIDADE

Entidade

SBSI

BA S. Bancários Sul Ilhas

BV S. Bancários Sul Ilhas – SNS

Entidade

FIDEL-SIN

94

FM Fidelidade – Companhia de Seguros SA

Entidade

ADM

15 ADM/IASFA

SF ADM/IASFA – Especial P. 1034/2009 – SNS

SI ADM/IASFA – Especial P. 1034/2009 – SNS – P Dip

SH ADM/IASFA – Especial P. 1034/2009 – SNS - Pens

Entidade

PT/C/SNS

09 Portugal Telecom – ACS – Correios – SNS

Entidade

MC1/S

X1 Multicare – MC1 – SNS

XV Multicare – MC6 – SNS

Entidade

CICLO/S

PE CICLOCARE – SNS

PF CICLOCARE – SNS – Pens

PI Apoio Especial Novart – SNS – Pens – Diplomas

Entidade

ESO+/SNS

PS ESO+ – SNS

GU Programa SER+ – SNS

Entidade

SOLID/SNS

QA SOLIDARI – SNS

Entidade

PGREUM

GA PROGRAMA REUMON

GC Apoio Mais Bial – SNS Pens. Diplomas

Entidade

APLILY/SNS

LL Programa Apoio Lilly – SNS

95

ANEXO N – Modelo antigo de receita

médica informatizada

96

97

ANEXO O – Modelo antigo de receita

médica manual

98

99

ANEXO P – Design do novo modelo de

receita médica informatizada

100

101

ANEXO Q – Novo modelo de receita

médica renovável

102

103

104

105

ANEXO R – Novo modelo de receita

médica manual

106

107

ANEXO S – Exceção c) relativa à situação

a)

108

109

ANEXO T – Exceção c) relativa à situação

b)

110

111

ANEXO U – Exceção c) relativa à situação

c)

112

113

ANEXO V – Exceção c) para

medicamentos sem genérico

114

115

ANEXO X – Ofício Circular da ANF

116

117

118

119

ANEXO Y – Receita médica com alteração

da entidade pública para o SNS

120

121

ANEXO Z – Ofício Circular da ANF

122

123

ANEXO AA – Documento de

Psicotrópicos

124

125

ANEXO AB – Ficha de Preparação dos

Manipulados preparados

126

127

128

129

130

131

ANEXO AC – Ficha de Contentor

(VALORMED)

132

133

ANEXO AD – Documento de Venda

Suspensa

134

135

ANEXO AE – Receita médica justificada

136

137

ANEXO AF – Verbete de Identificação do

Lote

138

139

ANEXO AG – Folha com informações

acerca das Entregas ao Domicílio

140

141

ANEXO AH – Listagem do Detalhe de

Vendas do serviço de entrega ao domicílio

142

143

144

145

ANEXO AI – Registo de Entregas ao

Domicílio

146