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Relatório Das Audições ÁGUA Final

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  • Relatrio QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE DOS SERVIOS DE ABASTECIMENTO DE GUAS E SANEAMENTO

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    RELATRIO

    QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE DOS SERVIOS DE

    ABASTECIMENTO DE GUAS E SANEAMENTO

    RELATORES:

    Mrio Magalhes (PSD) Altino Bessa (CDS-PP)

    19-03-2012

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    NDICE

    REQUERIMENTO

    SINTESE CONCLUSIVA DAS AUDIES

    II.1 PONTO SITUAO DO SETOR

    II.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS

    II.3 PROPOSTAS DE AO DAS ENTIDADES OUVIDAS

    ANEXO A RELATRIOS INDIVIDUALIZADOS DAS AUDIES

    ANEXO B APRESENTAES

    ANEXO C ESTUDO COMPLEMENTAR1

    1 A apresentao de um estudo complementar relevante sobre as condies econmicas e de sustentabilidade do sector da gua em

    Portugal encomendado pela AEPSA, e tambm referido e utilizado por vrias das entidades ouvidas.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    REQUERIMENTO

    No dia 23 de Agosto de 2011, a Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local apreciou o

    seguinte requerimento apresentado pelo Grupo Parlamentar do PSD.

    A gua um dos bens mais essenciais vida humana.

    O seu abastecimento pblico e saneamento so exigncias bsicas e fundamentais em sociedades modernas.

    Contudo, em defesa da disponibilidade desse prprio recurso natural, da condio econmica e social dos

    respetivos consumidores e da viabilidade financeira do Estado e dos sistemas de prestadores dos servios,

    to fundamental assegurar a proviso do servio, quanto que essa proviso seja sustentvel do ponto de

    vista ambiental, econmico e social.

    Assim, as polticas pblicas devem procurar elevar os nveis de atendimento do abastecimento pblico de

    gua e do saneamento bsico, tanto quanto prosseguir a universalidade, continuidade, qualidade, eficincia

    e acessibilidade econmica desses servios.

    Ora, est em vigor em Portugal o PEAASAR II (Plano Estratgico de Abastecimento de gua e Saneamento de

    guas Residuais 2007-2013) que fixou metas ainda no cumpridas para o atendimento ao abastecimento

    pblico de gua e saneamento de guas residuais.

    Os atuais nveis de atendimento implicam que pelo menos 630 mil portugueses no tenham acesso a

    abastecimento de gua, 2 milhes e 100 mil no tenham acesso a drenagem de guas residuais e mais de 3

    milhes e 100 mil cujas guas residuais no so tratadas.

    Ora o prprio PEAASAR II identificou a necessidade de, para o cumprimento das respetivas metas de

    atendimento, serem investidos pelo menos 3.800 milhes de euros nas vertentes em alta e em baixa dos

    sistemas de abastecimento e saneamento.

    Contudo, este objetivo de reforo do atendimento dos servios de guas surge em confronto com as

    crescentes preocupaes com a falta de sustentabilidade econmico-financeira do sistema de abastecimento

    de guas e saneamento em Portugal. Preocupaes que se tornaram ainda mais dramticas perante as

    dificuldades econmico-financeiras de Portugal, os problemas de endividamento do Sector Pblico

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Empresarial e das autarquias locais e as obrigaes a que Portugal est sujeito quer ao abrigo do

    Memorando de Entendimento celebrado com a UE, BCE e FMI quer ao abrigo da Diretiva-Quadro da gua.

    Com efeito, nos ltimos meses tm surgido informaes particularmente preocupantes quanto situao do

    sistema de abastecimento e saneamento de gua e que, na legislatura anterior, foram objecto de especial

    ateno da Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e do Poder Local da Assembleia da Repblica.

    Desde logo tem sido registada uma enorme disparidade entre as tarifas de gua e saneamento pagas pelas

    populaes residentes em diversos pontos do Pas. H quem pague 5 e 6 vezes mais do que outros que

    pagam menos, ou nem sequer pagam por esses servios.

    As tarifas variam desde 0 ou abaixo de 0,20/m3 at mais de 1/m3.

    Estas discrepncia afeta mais intensamente as populaes do interior do Pas, j fustigadas por todos os

    demais custos da interioridade.

    Paralelamente tem sido reconhecido que Portugal continua a apresentar valores inadmissivelmente elevados

    de perdas de gua no sistema. Quando muitos pases europeus andam abaixo dos 15%, Portugal apresenta

    valores acima dos 32% e que ultrapassa os 50% em algumas regies.

    Esta indesejvel ineficincia aumenta os custos a suportar pelos consumidores, desperdia recursos naturais

    e gera sobredimensionamento da rede que aumenta as necessidades de investimento.

    Outra crtica frequente e que importa apreciar a de que, por motivos diversos, o sistema portugus de

    abastecimento e saneamento tem partes sobredimensionadas, com a construo de capacidade ociosa

    desnecessria e que implica um significativo aumento (intil) dos custos de construo e de explorao dos

    sistemas.

    Ou seja, num cenrio de recursos financeiros escassos no se est a gastar para servir populaes que

    efetivamente precisam, para gastar demasiado e desnecessariamente com servios que se bastavam com

    menos capacidade.

    Outras vozes tm vindo a tornar pblico, faltas de renovao, reparao e manuteno das redes j

    existentes. Se verdade que fundamental investir na expanso da rede e equipamentos para servir as

    populaes ainda no atendidas, por outro lado no se pode descurar o mnimo adequado de manuteno e

    renovao das redes e equipamentos que se vo deteriorando e que precisam de peridicas intervenes.

    Reclama-se que, no caso das redes mais antigas, a falta de intervenes registada est a tornar as redes

    obsoletas e, em breve, eventualmente inutilizveis.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Depois, e tambm na sequncia de tudo isto, a sustentabilidade financeira do sistema que parece estar em

    causa e ameaado.

    Entre as diversas solues institucionais que se foram desenvolvendo para a prestao destes servios, o

    Grupo guas de Portugal alcanou um papel absolutamente dominante na prestao dos servios, em ambas

    as vertentes da alta e da baixa.

    Note-se que o endividamento do Grupo guas de Portugal est a atingir valores alarmantes, lanando a

    dvida sobre a sua capacidade para obter o financiamento para os investimentos em falta, sobre a eventual

    repercusso nas tarifas pagas pelo consumidor, ou mesmo sobre a sobrevivncia do sistema ou de algumas

    das empresas pertencentes ao grupo guas de Portugal.

    Segundo as ltimas contas disponveis, o Grupo guas de Portugal, incluindo as 44 empresas participadas,

    tem um passivo de mais de 5.200 milhes de euros.

    A dvida bancria deste Grupo de 2.547 milhes de euros, que um valor que duplicou nos ltimos quatro

    anos disponveis (2005-2009).

    A situao torna-se particularmente preocupante notando que nesse mesmo perodo o investimento anual

    diminuiu e que a dvida bancria atual superior em mais de 10 vezes ao EBITDA/recursos libertos pelo

    Grupo guas de Portugal.

    So sinais preocupantes relativamente sade financeira do Grupo que com o reforo do endividamento

    bancrio, este represente j 48% da estrutura de capital do Grupo e seja j de praticamente 5 vezes o valor

    dos capitais prprios da empresa, ao mesmo tempo que se registam variaes negativas registadas nos

    indicadores Margem EBITA e Solvabilidade, o que representa uma reduo da capacidade da empresa de

    gerar dinheiro e, uma maior dificuldade que a empresa tem para transformar os seus activos em capital para

    fazer face s suas responsabilidades.

    Neste cenrio tm-se repetido as notcias de empresas e entidades gestoras de sistemas de abastecimento e

    saneamento por todo o Pas que, por si ou por outros, se afirmam como estando beira do colapso

    financeiro.

    Ora, tal situao financeira dramtica faz recear quer pela sobrevivncia de muitos dos sistemas e dos

    respetivos servios, quer pela capacidade que as entidades gestoras tm para financiarem os investimentos

    que ainda so necessrios para aumentar o atendimento s populaes ou simplesmente fazer a

    manuteno e atualizao das redes e equipamentos que se vo deteriorando.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    As dvidas agravam-se perante a falta de transparncia e reconhecimento contabilstico do dfice tarifrio

    que o sistema tem vindo a gerar.

    Veja-se o que sucedeu no sector da eletricidade, em que o mesmo tipo de comportamento levou criao de

    um dfice tarifrio gigantesco que veio a explodir em claro prejuzo para os consumidores.

    No caso do sector da gua o primeiro grande problema que o dfice tarifrio continua escondido, pelo

    que enquanto no for avaliado e reconhecido no poder ser atacado.

    Sobram, por isso, apenas estimativas feitas por instituies de investigao que j em 2007 apontavam para

    nmeros acima dos 500 milhes de euros. Passados quatro anos, com a falta de cobertura de custos a

    agravar-se, de temer que esse nmero possa ter aumento para valores astronmicos ou mesmo

    monstruosos.

    Ora, dada a importncia do bem gua, da condio de vida dos consumidores e dos recursos naturais e

    financeiros envolvidos, torna-se fundamental que o Parlamento possa esclarecer e debater os sinais

    preocupantes de insustentabilidade que vm surgindo no Sector da gua.

    Porque o PEAASAR II definiu no apenas metas de atendimento s populaes, mas tambm de

    sustentabilidade financeira e ambiental dos sistemas e de justia social nas condies tarifrias, torna-se

    essencial que a menos de 2 anos do final do perodo de execuo daquele Plano, o Parlamento avalie em que

    medida a situao atual do sistema e do sector permitir esperar o cumprimento das metas ou forar a

    tomada de medidas adicionais ou excecionais.

    Na legislatura passada a Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local aprovou a

    realizao de um conjunto de audies sobre estas matrias que foram interrompidas logo aps a realizao

    da primeira devido ao final antecipado da legislatura. Dado que o problema se mantm ou at se tem

    agravado, importa que o Parlamento no ignore o tema e realize efetivamente o debate pblico que se exige.

    Atendendo ao exposto, e no sentido de promover um debate profundo sobre a sustentabilidade econmica,

    social, ambiental e financeira do sistema de abastecimento e saneamento de gua, bem como os respectivos

    nveis de qualidade, eficincia, atendimento e sobrecapacidade, vm ao abrigo das disposies regimentais

    aplicveis os Deputados abaixo-assinados do Partido Social Democrata requerer a realizao de um conjunto

    de audies a realizar na Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local s seguintes

    entidades:

    - Conselho Directivo da Entidade Reguladora dos Servios de guas e de Resduos, I.P.;

    - Conselho de Administrao da AdP guas de Portugal, SGPS, S.A.;

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    - Conselho Directivo da Associao Nacional de Municpios;

    - Direco da Associao Portuguesa das Empresas para o Sector do Ambiente;

    - Conselho Directivo da Associao Portuguesa de Distribuio e Drenagem de gua;

    - Conselho Directivo da Associao Portuguesa para Estudos de Saneamento Bsico.

    O requerimento, apresentado pelo PSD, no sentido de Promover um debate profundo sobre a

    sustentabilidade econmica, social, ambiental e financeira do sistema de abastecimento e saneamento de

    gua, bem como os respetivos nveis de qualidade, eficincia e sobrecapacidade atravs da realizao de

    um conjunto de audies a realizar em sede de CAOTPL, foi aprovado, com os votos favorveis do PSD, CDS-

    PP, PCP e BE, absteno do PS e ausncia do PEV.

    Foi ainda aprovado que os vrios Grupos Parlamentares poderiam sugerir novas entidades/personalidades, e

    desta forma foram adicionadas lista inicial as seguintes:

    - Eng. Jos Veiga Frade - Diretor Adjunto e Chefe da Diviso de gua e Proteo do Ambiente do BEI

    (indicao GP/PS);

    - Dr. Catarina Albuquerque -Relatora Especial das Naes Unidas para o Direito Humano gua

    (indicao GP/PS);

    - Prof. Doutor Eng. Joaquim Poas Martins - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

    (indicao GP/PS);

    - Associao Portuguesa de Recursos Hdricos (indicao GP/PS);

    - Instituto da gua (indicao GP/PS e GP/CDS-PP);

    - Conselho Nacional da gua (indicao GP/PS e GP/CDS-PP);

    - Parceria Portuguesa para a gua (indicao GP/CDS-PP).

    Assim, durante os meses de Setembro a Novembro realizaram-se as referidas audies s entidades

    indicadas pelos diversos Grupos Parlamentares.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    SINTESE CONCLUSIVA DAS AUDIES

    II.1 PONTO SITUAO DO SETOR

    A) EVOLUO MUITO POSITIVA NA QUALIDADE DE SERVIO E TAXA DE ATENDIMENTO:

    A evoluo positiva do setor de abastecimento de gua e tratamento de guas residuais foi assinalvel nas

    duas ltimas dcadas.

    Registou-se uma sensvel melhoria das taxas de atendimento e da qualidade e fiabilidade do abastecimento,

    em particular nos grandes centros urbanos e, por este facto, uma larga percentagem da populao viu as

    suas condies de prestao de servio muito melhoradas tendo-se atingido nveis de atendimento do pas

    de 97% em gua e 81% em saneamento.

    De acordo com a informao disponvel no ltimo Relatrio Anual dos Servios de guas e Resduos em

    Portugal (RASARP 2010), o nvel de atendimento em abastecimento pblico de gua situava-se j em 2009

    nos 97%, permitindo assim concluir, que o objetivo estabelecido no PEAASAR II nesta vertente se encontra

    alcanado.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Relativamente ao nvel estimado de atendimento em drenagem de guas residuais e tratamento de guas

    residuais mantm os nveis alcanados em 2007, situando-se ainda bastante aqum do objetivo estabelecido

    no PEAASAR II.

    Os resultados verificados atravs do controlo da qualidade da gua destinada ao consumo humano de 2010

    permitem assinalar a evoluo verificada nesta vertente, e principalmente se tivermos em conta o seu ponto

    de partida em 1993, onde apenas cerca de 50% da gua era controlada e tinha boa qualidade.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    B) ELEVADO NMERO E HETEROGENEIDADE DE OPERADORES E FORMAS DE GESTO:

    O setor de abastecimento de gua e tratamento de guas residuais em Portugal continua a caracterizar-se

    por um elevado nmero e uma grande heterogeneidade de operadores. Coexistem mltiplos intervenientes

    de diferente natureza - estatais, municipais e privados - e mltiplas formas de gesto - sistemas

    multimunicipais, gesto municipal direta e gesto concessionada. Existem vrias centenas de operadores

    espalhados por regies com caractersticas totalmente diferentes em termos de concentrao de populao,

    de caractersticas geogrficas e de acessibilidade econmica.

    Esta situao, e tambm uma atuao diferenciada na aplicao de investimentos e polticas pblicas nas

    diversas regies do Pas, conduziram a que, quer na qualidade quer no preo dos servios de abastecimento

    e tratamento, se verifiquem situaes totalmente dspares e por vezes socialmente contraditrias.

    Esta pulverizao e heterogeneidade do sector impedem a universalidade de solues e condies dos

    servios de guas. Apesar dos enormes investimentos das ltimas dcadas (milhares de milhes de euros)

    coexistem ainda regies onde as taxas de atendimento em termos de abastecimento de gua e de

    saneamento, assim como a qualidade de servio, so excelentes, ombreando com os melhores padres

    europeus, com regies onde, em particular na rea de saneamento, as taxas de atendimento so

    extremamente baixas ou mesmo inexistentes.

    Com efeito, podemos verificar o nmero e heterogeneidade dos operadores e formas de gesto dos servios

    pelo universo das entidades reguladas actualmente pela entidade reguladora (com a publicao da Lei

    Orgnica, atravs do Decreto-Lei n. 277/2009, de 2 de Outubro, a ERSAR passou em 21 de Agosto de 2011 a

    regular um universo de 498 entidades gestoras):

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    O antigo IRAR, hoje ERSAR, desde a sua criao, tem vindo a sofrer alteraes e evoludo na atividade

    regulatria neste sector. Com cerca de meia centena de entidades concessionrias em 2000, e em 2004

    assumindo responsabilidades de autoridade competente para a qualidade da gua para consumo humano

    para um universo de mais de 400 entidades gestoras, a partir de 2009, com a redenominao para ERSAR,

    que so realmente reforados os seus poderes e alargadas as atribuies de regulao, ao nvel estrutural e

    comportamental, a todo o universo de, cerca de 500 entidades gestoras.

    Assim, no atual contexto de reestruturao do sector com vista sustentabilidade econmico-financeira do

    sector, assim como reavaliao das estruturas de tarifas das empresas pblicas, como constante no

    programa do Governo e no MOU da Troika, respetivamente, faz todo o sentido que neste momento a

    ERSAR, veja os seus estatutos jurdicos revistos evoluindo para uma autoridade reguladora independente, do

    poder poltico, com mais poder de interveno, portanto, uma nova gerao de regulao, com mais

    autonomia para interferir de forma efetiva no sector.

    Esta nova configurao da ERSAR, permitir e ajudar na melhoria das condies do sector: mais eficincia e

    equilbrio; aumentar o grau de recuperao de custos dos sistemas; dotar a formulao das tarifas de

    critrios econmico-financeiros, em detrimento de critrios polticos e preparar a entrada de privados na

    gesto dos servios.

    Sobre o novo estatuto, a ERSAR na qualidade de entidade reguladora independente, do poder poltico,

    dever ter um papel relevante no acompanhamento do processo de reestruturao do sector, assim na

    recuperao de custos pelas entidades gestoras, na definio de regras na harmonizao das tarifas, tendo

    por base o princpio do utilizador-pagador assim como dos pressupostos de base dos modelos econmicos

    atravs dos quais so calculadas as tarifas.

    Em suma um maior reforo de interveno e de exigncia junto de todas das entidades gestoras do sector

    das guas e resduos ao nvel de custos, eficincia, qualidade de servios e modelo de reporting, assim como

    no acompanhamento e controlo das concesses a privados.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    C) DISPARIDADES ENTRE OS TARIFRIOS:

    Nos tarifrios dos servios de guas que so aplicados verificam-se igualmente enormes diferenas, com

    tarifas que variam desde 1 para 3 nos sistemas multimunicipais em alta, a 1 para 34 nos sistemas municipais

    em baixa. Os sistemas multimunicipais apresentam as tarifas mais elevadas nos sistemas do interior, onde os

    rendimentos familiares so inferiores mdia nacional e, de uma forma geral, nestas mesmas regies que

    as autarquias aplicam os preos mais baixos ao consumidor final.

    Os servios prestados pelo setor esto altamente subsidiados, pois grande parte das entidades gestoras no

    recupera os custos dos servios prestados. Seis dos 18 sistemas multimunicipais aplicam tarifas inferiores s

    necessrias, e, nos sistemas municipais, o dfice de recuperao de custos generalizado, verificando-se

    casos extremos em que as autarquias apenas faturam uma pequena parte do custo real do servio em alta,

    havendo mesmo situaes em que o servio no sequer cobrado.

    Se para o abastecimento de gua a situao j deficitria, com o crescimento das infraestruturas de

    saneamento o dfice combinado tender a agravar-se, uma vez que, as tarifas em alta praticadas para o

    saneamento so em regra superiores s tarifas da gua, enquanto, na sua generalidade os preos

    apresentados ao cliente final pelas entidades gestoras so para o saneamento mais baixos do que os preos

    praticados para a gua.

    A manter-se esta situao a sustentabilidade do setor como um todo est comprometida, pois cerca de 700

    milhes de euros por ano no esto a ser recuperados pelas autarquias sendo suportados pelos oramentos

    municipais e, no grupo guas de Portugal, o dfice tarifrio acumulado atinge j 300 milhes de euros.

    Existe, portanto, um elevado nvel de subsidiao pago aos consumidores dos servios de guas, pelos

    contribuintes (por via dos oramentos municipais e eventualmente do Oramento de Estado caso este venha

    a ter que aportar capitais para cobrir dfices).

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    D) SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS DE PRIMEIRA GERAO:

    Com os Decretos-Lei n 372/93 e n 379/93, possibilitou-se, por um lado, a participao de capitais privados,

    embora sob a forma de concesso, a empresas intervenientes nestes sectores, e no segundo caso, a

    distino entre sistemas multimunicipais e municipais, considerando os primeiros como os sistemas em

    alta (a montante da distribuio de gua ou a jusante da coleta de esgotos e sistemas de tratamento de

    resduos slidos), de importncia estratgica, que abranjam a rea de pelo menos dois municpios e exijam

    um investimento predominante do Estado, e os segundos todos os restantes, independentemente de a sua

    gesto poder ser municipal ou intermunicipal

    Os Sistemas Multimunicipais de primeira gerao no integraram a baixa e concentraram-se

    fundamentalmente no litoral abrangendo um reduzido nmero de atores (5 Sistemas Multimunicipais e 50

    Cmaras Municipais), atingindo uma grande percentagem da populao mas apenas uma pequena parte do

    territrio.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Objeto de avultados apoios comunitrios no 1 e 2 Quadro Comunitrio de Apoio, os Sistemas

    Multimunicipais de 1995 tinham solues tcnicas adequadas assim como dimenso e economia de escala

    que permitiram aumentar as taxas de atendimento, melhorar a qualidade de servio e passar a assegurar a

    fiabilidade e a continuidade do abastecimento.

    As trajetrias tarifrias inicialmente negociadas foram cumpridas e os sistemas de 1995 atingiram os seus

    objetivos permitindo em alguns casos, suprir carncias estruturais de abastecimento que provocavam

    recorrentes faltas de gua.

    Contudo, a poltica ento seguida de atuao prioritria nos grandes centros urbanos do litoral e com

    modelos contratuais relativamente fechados, se bem que compreensvel face s carncias ento existentes,

    viria a condicionar o desenho dos posteriores Sistemas Multimunicipais dificultando economias de escala e

    prejudicando as tarifas.

    E) SISTEMAS MULTIMUNICIPAIS DE SEGUNDA GERAO:

    Impulsionado pelo sucesso dos primeiros Sistemas Multimunicipais, pelo acentuar das debilidades do

    interior e no intuito de percusso das metas estabelecidas pelo PEAASAR, de atendimento com sistemas

    pblicos de 95% para a gua e de 90% para o saneamento, o Governo criou atravs do Grupo AdP, entre

    2000 e 2003, os chamados Sistemas Multimunicipais de segunda gerao que replicaram, de um modo geral,

    em Trs-os-Montes, Beira Interior e Alentejo os modelos e as solues implementados no litoral.

    Contudo, ao avanar-se com estes novos sistemas para regies de baixa densidade, populao e

    aglomerados dispersos, no foi devidamente ponderado que, mesmo sendo a soluo tcnica implementada

    a mais adequada, o custo do servio seria obrigatoriamente muito superior ao praticado no litoral; no

    foram tambm devidamente acauteladas as repercusses sociais e de sustentabilidade dos sistemas que

    esta situao 1 Pas 2 nveis tarifrios iria provocar.

    Acresce que algumas situaes de planeamento inadequado e projees de populaes, caudais e receitas

    (que afinal no se vieram a verificar), acentuaram o fosso tarifrio entre o litoral/interior nos Sistemas

    Municipais.

    Este fator hoje reconhecido como um dos mais srios problemas que se verifica no setor.

    De um modo geral, nas regies interiores onde os Sistemas Multimunicipais praticam tarifas de alta mais

    elevadas, que se localizam as populaes de menor rendimento e as cmaras municipais financeiramente

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    mais dbeis. tambm aqui que os sistemas de baixa predominantemente em gesto direta ou

    municipalizada esto mais degradados, tm gesto tcnica menos qualificada e apresentam maior nmero

    de perdas e afluncias indevidas.

    Assim, alm do efeito da elevada tarifa de alta, a taxa de perdas na rede de gua e de afluncias indevidas

    rede de saneamento agrava muito o custo real do servio da alta.

    Se este custo real fosse integralmente repercutido no consumidor final, a tarifa cobrada ascenderia a valores

    incomportveis que os municpios tm grandes dificuldades em impor; como tal, vem-se agravando

    continuamente o dfice de recuperao de custos atrs mencionado.

    F) GRUPO GUAS DE PORTUGAL

    A estrutura de participaes sociais da AdP guas de Portugal, SGPS, S.A. apresentava de acordo com o

    Relatrio e Contas de 31 de Dezembro de 2010, a seguinte composio:

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    A Estrutura de Financiamento da empresa de acordo com os objetivos traados nos planos estratgicos

    sectoriais para os sectores da gua e resduos tem conduzido a um reforo do endividamento bancrio,

    representando este 49% da estrutura de capital do Grupo AdP (Relatrio e Contas de Junho/2011).

    A componente de financiamento de mdio e longo prazo passou de 70% em 2008 para 79% em 2009 e

    situava-se nos 86%, em Junho de 2011, do total do endividamento bancrio do Grupo.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Quanto aos emprstimos bancrios por maturidade a situao a seguinte:

    A situao , portanto, de uma elevada divida bancria, cujo montante tem evoludo em continuo aumento

    a mdio e longo prazo, por contraposio a uma diminuio registada na divida a curto prazo. Na prtica

    pode tratar-se de uma transferncia das exigncias a curto prazo para mdio e longo. Globalmente, porm,

    existe um significativo aumento da divida total.

    Tambm no que respeita ao Desvio Tarifrio registou-se um agravamento nos primeiros 6 meses do ano de

    2011.

    Registo tambm para as dvidas dos municpios ao Grupo AdP que em Junho de 2011 se situavam nos 325

    M, o que representa um agravamento de 70 M em apenas 6 meses.

    De acordo com as informaes transmitidas pelo ltimo Presidente do Grupo (Eng Pedro Serra) durante a

    audio parlamentar em meados de Outubro, esse valor teria j ento aumentado, situando-se prximo dos

    400 M .

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    O Grupo guas de Portugal, veculo estatal para as polticas de gua e saneamento sofre neste momento

    o impacto dos sistemas de segunda gerao que absorveram mais recursos que os previstos e geraram

    menos receitas que o esperado. Seis dos dezoito sistemas multimunicipais apresentam situao

    financeira preocupante.

    So necessrias medidas imediatas que invertam o crculo vicioso que est a arrastar o grupo para a

    insustentabilidade.

    As dvidas das autarquias ao Grupo AdP, prximas dos 400M, resultam numa situao insustentvel e

    injustificada na medida em que o servio continua a ser prestado e faturado ao consumidor.

    Problemas

    S.M.M. de alta

    Repercusso

    autarquias e consumidor

    final

    Desacordo sobre modelo,

    tarifas e

    faturao

    Dvidas das

    autarquias.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    A compatibilizao dos dfices tarifrios como proveitos, que se tem vindo a agravar e que representa j

    5,1% do volume de negcios do Grupo, tambm uma situao preocupante porque no evidente a

    forma como ser efetuada a sua total recuperao.

    G) SITUAO NOS SISTEMAS DE BAIXA

    A falta de integrao Alta e Baixa um dos fatores responsveis pela deficincia e ineficincia do

    sistema. O facto de a gesto da alta e baixa estarem entregues a entidades gestoras diferentes tem

    dificultado a coordenao entre os dois segmentos.

    Na rea de coordenao alta/baixa o insucesso foi enorme. Em vrios casos as projees de evoluo

    populacional e dos consumos que fundamentaram os sistemas de alta, vieram a mostrar-se desajustadas

    da realidade, conduzindo por vezes ao sobredimensionamento do sistema. Acresce que em muitas

    situaes os investimentos previstos para a construo da rede de baixa pelas autarquias no se vieram a

    verificar agravando assim a subutilizao destes sistemas de alta

    Tambm na baixa vrios sistemas ocorreram fenmenos que implicaram um sobredimensionamento ou

    desajustamento (por excesso) estimativas de consumo: nvel de ligaes inferior ao previsto, receitas que

    no se vieram a verificar, renitncia na adeso ao servio nas zonas do interior face a existncia de

    solues individualizadas.

    Este fenmeno ocorreu tambm em sistemas em baixa concessionados a privados. Veja-se, por exemplo,

    que nas 29 concesses privadas existentes em 2010 j se tinham verificado 16 renegociaes dos

    contratos de concesso, motivados pela necessidade de melhorar as condies financeiras e de

    explorao das mesmas.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Com a exceo da ADRA, o desenho dos sistemas de baixa o mesmo de h 20 anos, ou seja, persistem

    inmeras entidades gestoras que no so, nem nunca sero viveis, se no forem integradas e geridas

    num sistema de maior dimenso. A falta de dimenso e escala dos sistemas causa perdas de eficincia,

    que se verificam designadamente ao nvel da gesto operacional, e dos enormes nveis de perdas e

    afluncias indevidas registados.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    II.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS

    Ao longo das audies os intervenientes apontaram diversos problemas que constituem oportunidades

    de melhoria dos servios de gua em Portugal. possvel sintetizar e agrupar os seguintes problemas

    principais:

    A) INCUMPRIMENTO DAS METAS PARA O ATENDIMENTO DE SANEAMENTO DAS GUAS RESIDUAIS

    A taxa de atendimento dos servios de saneamento de guas residuais significativamente inferior s

    metas previstas no PEASAAR: o desvio nos servios de saneamento geral de 9%, e no servio com

    tratamento o desvio de 19% relativamente s metas definidas para 2012.

    Ora, dado o ponto de situao da execuo dos investimentos em curso e a reduzida capacidade

    financeira para investimento disponvel no Pas, est claramente em causa a possibilidade de

    cumprimento das metas estabelecidas no PEASAAR. Por outro lado, muito discutvel que do ponto de

    vista do custo/benefcio fizesse sentido realizar os investimentos necessrios ao atingimento das metas

    previstas no PEASAAR para o saneamento de guas residuais.

    B) AUSNCIA DE DIMENSO E DE ESCALA

    A profuso e pulverizao de entidades gestoras, quer em alta quer em baixa, criam um panorama

    caracterizado pela insuficiente dimenso dos sistemas e pelo desperdcio de potenciais economias de

    escala, gama e processo. A consequncia um significativo desperdcio de recursos e de ganhos de

    eficincia.

    C) DISPARIDADE TARIFRIA LITORAL/INTERIOR

    A disparidade tarifria verificada sobretudo entre os sistemas do litoral e do interior um problema de

    coeso territorial e de justia social.

    A diferena tarifria paga pelos consumidores dos servios de gua resulta quer de diferenas nos custos

    dos servios, quer na diferena das opes tarifrias das entidades gestoras.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assim, a imposio de uma cobertura integral de custos implicar s por si grandes diferenas tarifrias,

    visto que os custos de prestao dos servios de gua so significativamente maior no interior do pas do

    que no litoral. Assim sucede quer pelo custo do servio que agravado pela extenso territorial e pelas

    caractersticas geo-morfolgicas, quer pela muito menor densidade populacional.

    Mas, as disparidades tarifrias resultam muitas vezes de opes das entidades gestoras, sobretudo

    quando optam por subsidiar total ou parcialmente os servios de guas.

    Qualquer que seja a causa, a disparidade tarifria muito preocupante da perspectiva da coeso

    territorial e da justia social.

    que esta disparidade afecta sobretudo os sistemas do interior e assim, aumentando ainda mais os

    custos relativos de viver e trabalhar no interior do pas, e afectando populaes e empresas que registam

    nveis de rendimento e capacidade econmica historicamente mais baixos.

    D) AUSNCIA DE RECUPERAO INTEGRAL DE CUSTOS PELAS TARIFAS

    Uma expressiva maioria de entidades gestoras, em particular as entidades municipais responsveis por

    redes de baixa, no recuperam atravs das tarifas a totalidades dos custos incorridos na prestao dos

    servios.

    A no recuperao integral dos custos obriga subsidiao dos servios pelos contribuintes, induzindo

    irracionalidade no sistema. Por outro lado, a recuperao integral de custos atravs das tarifas uma

    orientao da Diretiva-Quadro da gua.

    Num cenrio de ajustamento em baixa dos oramentos de Estado e municipais, esta situao vai levar

    sustentabilidade dos sistemas. Tal fenmeno tem j ocorrido com muitas autarquias, que perante as

    redues das transferncias do Oramento de Estado e a imposio da diminuio do seu endividamento

    tm deixado de pagar as tarifas da alta.

    Outra consequncia preocupante desta situao a indisponibilidade de fundos para aplicar na

    manuteno e renovao das redes mais antigas. A falta de atempada manuteno e renovao grave

    na medida em que, no curto prazo amplia as perdas de gua e desperdcios e, no longo prazo, aumenta

    os custos de reparao e as necessidades de novos investimentos de raiz.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    E) INEFICINCIAS E PERDAS NA OPERAO DOS SISTEMAS

    Foram identificadas situaes relevantes de ineficincia e perdas nos sistemas que decorrem de factores

    como: sobredimensionamento de redes, desarticulao entre sistemas de alta e de baixa, elevados nveis

    de perdas de gua em vrios sistemas e desaproveitamento dos potenciais ganhos com eficincia

    energtica.

    Em particular no que se refere ao controlo de perdas a situao tem evoludo positivamente, de acordo

    com os dados do INSAAR para o ano 2009, as perdas nos sistemas de abastecimento (entre captao e

    distribuio) situa-se nos 25%.

    F) AUMENTO DO RISCO E DA DEGRADAO DA SITUAO FINANCEIRA DO GRUPO GUAS DE PORTUGAL

    A situao financeira do Grupo guas de Portugal apresenta quatro problemas essenciais:

    1) O nvel de endividamento do Grupo guas de Portugal muito elevado e tem crescido

    significativamente. Os rcios de solvabilidade tambm tm tido uma evoluo negativa. Esta situao

    particularmente preocupante devido ao risco de aumento dos juros e situao econmico-

    financeira do Pas;

    2) A situao econmico-financeira muito grave em que se encontram algumas das sociedades do

    Grupo AdP. Em situao de falncia tcnica encontram-se j as guas de Trs-os-Montes e Alto

    Douro, guas do Norte Alentejano e a SimLis. A caminho dessa situao esto as gua do Centro

    Alentejo e as guas do Zzere e Ca, apesar de neste ultimo caso, a empresa j sido alvo de

    recapitalizao;

    3) Agravamento crescente das dvidas dos municpios ao Grupo AdP, em Junho de 2011 situavam-se

    nos 325 M, o que confirma a tendncia de agravamento neste particular, mesmo tendo em conta

    que o valor das Injunes colocadas em tribunal ascende a 58 milhes de euros, importar encontrar

    uma soluo conjunta, que por um lado permita s autarquias honrar os seus compromissos e por

    outro garanta a Agravemento crescente da dvida dos municpios s sociedades do Grupo guas de

    Portugal. As dvidas dos municpios ao Grupo AdP, em Junho de 2011 situavam-se nos 325 M, o que

    confirma a tendncia de agravamento neste particular, mesmo tendo em conta que o valor das

    Injunes colocadas em tribunal ascende a 58 milhes de euros. Esta situao particularmente

    grave na medida em que os municpios so os principais clientes do Grupo AdP. Por outro lado, este

    risco adensa-se perante as perspectivas financeiras dificeis dos municpios, em particular devido s

    obrigaes de ajustamento financeiro a que esto sujeitos;

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    4) Incapacidade financeira para realizar significativos investimentos. Apesar de as metas de

    atendimento assumidas exigirem ainda a realizao de avultados investimentos, o Grupo AdP parece

    ter poucas possibilidades de na situao actual assumir tal execuo. Com efeito, o acesso a

    financiamento bancrio adicional no dever ser significativo, a disponibilidade de capitais prprios

    escassa para a dimenso do desafio.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    II.3 PROPOSTAS DE AO DAS ENTIDADES OUVIDAS

    O conjunto de audies realizadas demonstrou a necessidade de introduzir profundas melhorias e

    alteraes em matria de servios de guas. As diversas entidades apontaram diferentes solues, vrias

    delas coincidentes.

    Elencam-se abaixo as principais propostas de ao indicadas pelas entidades intervenientes nas audies,

    com referncia autoria de cada uma:

    REORGANIZAO DO SISTEMA

    I. Racionalizao por via de consolidao horizontal dos sistemas, em conjuntos de maior

    dimenso, eventualmente integrando:

    a) Na alta, agrupar os sistemas das regies do litoral e do interior;

    b) Na baixa, agrupar sistemas contguos;

    c) Agrupar os servios de gua e saneamento.

    (ERSAR, CNA, APAD, APESB, AEPSA e ANMP);

    II. Verticalizao da alta e da baixa dos sistemas.

    (AEPSA, PPA, Eng Veiga Frade);

    III. Relativamente titularidade e gesto dos servios e do Grupo AdP:

    1. A maioria das entidades afirmou-se neutral relativamente privatizao de ambos; o

    CNA admitiu uma possvel privatizao dos servios em 2 eixos: a explorao, com

    pequenas extenses de investimento e as componentes acessrias da AdP;

    2. Foi admitida a concesso a privados da gesto de servios (AEPSA);

    3. O ciclo urbano da gua dever ficar sob a responsabilidade da mesma entidade: AA, AR,

    guas Pluviais (Prof. Doutor Eng. Joaquim Poas Martins).

    IV. Reviso dos prazos de concesso de alguns contratos de concesso. (PPA e ANMP).

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    PLANEAMENTO DE INVESTIMENTOS

    V. Reviso das metas do PEAASAR II em termos de taxas de atendimento, em particular quanto ao

    saneamento, tendo em conta os atuais nveis de atendimento j atingidos. (INAG, APESB e AdP);

    VI. Nos espaos rurais e de montanha devem ser ponderadas solues individuais descentralizadas,

    sem ligao ao conjunto da rede. (APAD, APESB).

    TARIFAS E SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA DOS SERVIOS

    VII. Assegurar a recuperao integral dos custos dos servios (ERSAR, APAD, AdP, INAG e APRH);

    VIII. Dfice tarifrio crescente no setor. (Prof. Doutor Eng. Joaquim Poas Martins e PPA);

    IX. Relativamente harmonizao tarifria:

    a) As entidades recusaram uniformidade nacional;

    b) Vrias entidades defenderam a harmonizao tarifria por via da consolidao entre

    sistemas do litoral e interior (APDA, APESB ANMP e AEPSA);

    c) Fundo de equilbrio tarifrio como mecanismo de perequao entre tarifas de vrios

    sistemas distintos. (ANMP);

    X. Introduo de mecanismos de garantia de acessibilidade econmica (ERSAR); que apoiem os

    indivduos mais vulnerveis e no os sistemas. (Eng. Jos Veiga Frade e APRH);

    XI. Outras solues para a sustentabilidade dos sistemas: otimizao dos custos; procura da

    dimenso tima dos sistemas e equipamentos; eficincia dos sistemas, designadamente pelo

    controlo nveis de perdas; aposta na eficincia energtica e na eficincia do consumo (importncia

    do Plano Nacional do uso eficiente da gua). (INAG, CNA e Eng. Jos Veiga Frade).

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    ANEXO A RELATRIOS INDIVIDUALIZADOS DAS AUDIES

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Audies em Comisso

    Assunto: Sobre a qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e de

    saneamento

    N. Data Entidade

    1 27-09-2011 ERSAR - Entidade Reguladora dos Servios de guas e Resduos

    2 12-10-2011 APDA - Associao Portuguesa de Distribuio e Drenagem de gua

    3 12-10-2011 APESB - Associao Portuguesa para Estudos de Saneamento Bsico

    4 18-10-2011 AdP - guas de Portugal, SA

    5 25-10-2011 INAG - Instituto da gua

    6 25-10-2011 CNA - Conselho Nacional da gua

    7 02-11-2011 Eng Jos Veiga Frade

    8 02-11-2011 ANMP - Associao Nacional de Municpios Portugueses

    9 02-11-2011 Prof. Dr. Eng Joaquim Poas Martins

    10 08-11-2011 Dra. Catarina Albuquerque

    11 08-11-2011 AEPSA - Associao das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente

    12 15-11-2011 APRH - Associao Portuguesa dos Recursos Hdricos

    13 15-11-2011 PPA - Parceria Portuguesa para a gua

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Data: 27 de setembro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: ERSAR, Entidade Reguladora dos Servios de gua e Resduos, I.P.

    Eng. Jaime Melo Baptista, Presidente do Conselho Diretivo, e os Vogais, Dra.

    Maria Fernanda Mas e o Eng. Carlos Lopes Pereira.

    Recebida por: Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Sustentabilidade dos Servios de abastecimento da gua e saneamento em

    Portugal A perspetiva da ERSAR

    Interveno

    Inicial: O Sr. Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques, Presidiu a

    audio, e comeou por dar as boas-vindas aos representantes da entidade

    presente. Deu conta do objetivo da audio.

    De seguida, deu a palavra a palavra aos convidados para uma interveno.

    Sntese:

    O Sr. Eng. Jaime Melo Baptista fez uma apresentao sobre o ttulo

    Sustentabilidade dos Servios de abastecimento da gua e saneamento em

    Portugal A perspetiva da ERSAR, que foi disponibilizada por via eletrnica aos

    senhores Deputados e atravs da qual fundamentou em particular os seguinte

    pontos:

    Setor muito complexo com cerca de 500 entidades estatais, municipais e privadas,

    com diferentes modelos de governo sobre as quais atravs da recente lei

    277/2009 a ERSAR tem poderes regulatrios. Matriz altamente complexa em

    termos de heterogeneidade, dimenses e modelo de gesto.

    Em termos de sustentabilidade social cerca de 97% da populao tem acesso a

    abastecimento de gua sendo que, 97% da gua controlada de boa qualidade e

    cumpre os padres exigidos. No que se refere ao saneamento a taxa de cobertura

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    do servio com tratamento de guas residuais de 81%, inferior ao objetivo

    previsto no PEASAR.

    O indicador de acessibilidade econmica do servio de 0,5% que compara com

    as recomendaes da OCDE e dos Estados Unidos que sugerem respetivamente

    valores inferiores a 3% e a 2,5%. A situao pois bastante confortvel mas com

    presso de subida.

    Em termos de sustentabilidade tcnica h claramente uma evoluo no bom

    sentido para as entidades que atualmente so objeto de regulao, verificando-se

    contudo situaes de sobre utilizao e subutilizao de infraestruturas.

    No que se refere sustentabilidade ambiental, para as entidades atualmente

    reguladas, concesses, a situao tem evoludo positivamente no que se refere

    taxa de perdas, eficincia energtica, anlises de guas residuais e comprimento

    dos parmetros de descarga. A situao poder contudo apresentar-se muito

    diferente nas novas entidades que entram este ano no ciclo regulatrio.

    No que concerne sustentabilidade econmica e financeira os sistemas estatais os

    sistemas do interior apresentam sinais preocupantes sendo que 5 precisam com

    urgncia de reforo de capital.

    Em alguns destes sistemas multimunicipais tem vindo a ser aprovadas tarifas

    abaixo das necessrias quer para a gua quer para o saneamento. Deve pois

    ponderar-se se este diferencial deve ser corrigido apenas pelo aumento de tarifa

    ou reduzindo custos atravs de economias de escala, gama e processo e aumento

    da eficincia das entidades gestoras.

    Nos sistemas municipais a disperso tarifria enorme, verificando-se ainda um

    baixo grau de recuperao de custos e uma elevada subsidiao municipal. Face

    aos problemas atrs expostos a ERSAR recomenda a aplicao de medidas para:

    A. A concluso da racionalizao dos servios de titularidade estatal;

    B. A racionalizao dos servios de titularidade municipal (agora sujeitos a

    regulao);

    C. Introduo de mecanismos de garantia de acessibilidade econmica;

    D. O reforo da eficincia e da eficcia do sector.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    O detalhe destas medidas foi exposto pelo interveniente e consta da apresentao

    distribuda.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Mrio Magalhes (PSD), colocou diversas questes

    relativamente a assimetrias Regionais; sustentabilidade econmica e financeira do

    sistema em alta e baixa; disparidade dos tarifrios em alta e baixa (maior);

    aproveitamento dos fundos comunitrios.

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS) colocou diversas questes

    relativamente a medidas para a harmonizao de tarifrios; reviso do PEAASAR II;

    ERSAR est em condies, em termos de meios, ao alargamento das suas

    competncias.

    O Senhor Deputado Altino Bessa (CDS-PP) colocou diversas questes

    relativamente a reduo ou no do nmero de entidades gestoras do sistema;

    O Senhor Deputado Paulo S (PCP) colocou diversas questes relativamente

    privatizao do Grupo AdP.

    O Sr. Eng. Jaime Melo Baptista usou da palavra para responder as diversas entidades, atravs dos

    respetivos representantes, usaram da palavra para responder s diversas questes colocadas pelos

    Senhores Deputados presentes.

    O Senhor Vice-Presidente Deputado Fernando Marques, encerrou posteriormente os trabalhos,

    agradecendo as informaes, documentao entregue e esclarecimentos prestados pelos convidados,

    bem como as questes colocadas pelos senhores Deputados Presentes.

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20110927

    (Arquivo/comisses/Comisso de Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local/20110927)

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Data: 12 de outubro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: Associao Portuguesa de Distribuio e Drenagem de gua (APDA)

    Eng. Rui Godinho, Presidente, estando tambm presentes: Eng. Nelson Geada,

    Vice-presidente do Conselho Diretivo e Dr. Srgio Hora Lopes, Presidente do

    Conselho Fiscal.

    Recebida por: Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e de

    saneamento

    Interveno

    Inicial: O Sr. Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques, presidiu a

    audio, e comeou por dar as boas-vindas aos membros da entidade presente, e

    deu conta do objetivo da audio.

    Depois, deu a palavra ao Deputado Mrio Magalhes (PSD) que apresentou o

    requerimento que serviu de base as audies.

    De seguida, o Sr. Vice-Presidente deu a palavra entidade convidada, para uma

    interveno.

    Sntese:

    O Sr. Eng. Rui Godinho entregou aos senhores Deputados um livro sobre gua e

    Saneamento em Portugal - O mercado e os preos elaborado pela APDA, em

    2010.

    Seguidamente, o Sr. Eng. Rui Godinho fez uma apresentao sobre esta temtica,

    que foi disponibilizada por via eletrnica aos senhores Deputados e atravs da

    qual fundamentou a sua interveno:

    No sector coexistem entidades gestoras (EG): prsperas e financeiramente

    desequilibradas; bem e mal dimensionadas; eficientes e ineficientes; com custos

    muito diferentes para servios idnticos; com prticas de recuperao de custos e

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    outras dependentes da subsidiao; com preos no consumidor acessveis e outras

    com valores desproporcionados.

    Os fatores que contriburam para este panorama foram: os vultuosos

    investimentos realizados em poucos anos para superar atrasos; o esforo de

    investimento em regies com condies adversas (com economias de escala mais

    difceis e custos maiores), decorrendo da os custos operacionais mais elevados e

    menores capacidades de gesto.

    Isso implicou que alguns erros tivessem sido cometidos, como sejam:

    - Planeamento inadequado;

    - Sobredimensionamento de sistemas;

    - Seleo de solues pouco eficientes e criao de EG do mesmo tipo para

    realidades demogrficas e socioeconmicas diferentes.

    A complexa situao financeira do setor afeta operadores pblicos e privados,

    modelos de gesto de administrao direta ou indireta, entidades municipais ou

    multimunicipais.

    Verifica-se uma grande quantidade de EG, onde um tero das mesmas tem menos

    de 5.000 clientes e apenas 7% tem mais de 50.000 clientes.

    Um dos aspetos aludidos de falta de sustentabilidade de algumas EG um

    problema de escala.

    Relativamente aos preos da gua temos que as EG que servem menos utentes

    so as que tm preos mais baixos e as que servem mais utentes so as que tm

    os preos mais altos.

    O preo mdio da gua de 0,741 /m3 para um consumo de 120m3 e de 0,853

    /m3 para um consumo de 200m3. Os preos de saneamento so mais baixos que

    os da gua: s vezes metade ou menos de metade do preo da gua.

    A disperso de tarifrios constitui uma forte distoro na sua racionalidade,

    equidade e sustentabilidade. necessrio evoluir para uma harmonizao

    tarifria.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    As propostas para melhorar o sector so:

    - a reorganizao, particularmente na baixa, atravs da integrao

    horizontal e aglomerao de vrios municpios;

    - prever solues especiais para os espaos rurais e de montanha que tm

    de ser ponderadas e diferentes das dos espaos urbanos.

    A grande diferena de preos que deveriam ser praticados, para recuperar os

    custos, nos sistemas do litoral e nos do interior, revela que as populaes do

    interior devem ser compensadas porque no podem pagar as tarifas que cubram

    os custos. Sugere-se, assim, a criao de um Fundo de Equilbrio Tarifrio.

    Em alternativa, no havendo esse Fundo, prope-se a fuso de operadores do

    litoral e do interior, fazendo-se a perequao dentro de cada sistema e no ao

    nvel nacional.

    necessrio: racionalizar tarifas; reforar a dependncia e meios de

    funcionamento do regulador;

    O detalhe interveno efetuada consta da apresentao distribuda.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS), colocou diversas questes

    relativamente a: cobertura dos custos; contributos da APDA; reviso do PEAASAR

    II; reutilizao das guas residuais; Plano Nacional para o uso eficiente da gua;

    peso da ERSAR; privatizao da Empresa Aguas de Portugal.

    O Senhor Deputado Maurcio Marques (PSD) colocou diversas questes

    relativamente a: solues para os investimentos realizados em alta; importncia

    da escala; disparidade de tarifrios; soluo para as perdas; custos das entidades

    concessionadas.

    O Senhor Deputado Artur Rego (CDS-PP) colocou diversas questes relativamente

    a: nmero de entidades gestoras; tarifas sociais; diferenciao de consumos;

    criao de empresas de gesto, absorvendo os pequenos municpios.

    O Senhor Deputado Paulo S (PCP) colocou diversas questes relativamente a:

    suficincia dos fundos comunitrios para aumentar atuais taxas de cobertura;

    existncia de um fundo de equilbrio tarifrio; tarifas sociais; adequao da

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    legislao atual; privatizao da AdP.

    O Sr. Eng. Rui Godinho usou da palavra para responder s diversas questes colocadas pelos Senhores

    Deputados presentes.

    O Sr. Vice-Presidente da Comisso, encerrou posteriormente os trabalhos, agradecendo as informaes,

    documentao entregue e esclarecimentos prestados pelos convidados, bem como as questes

    colocadas pelos senhores Deputados Presentes.

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20111012

    (Arquivo/comisses/Comisso de Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local/20111012)

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Data: 12 de outubro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: APESB - Associao Portuguesa de Engenharia Sanitria e Ambiental (anteriormente

    designada Associao Portuguesa para Estudos de Saneamento Bsico)

    Prof. Antnio Jorge Monteiro, Presidente APESB, Prof. Antnio Carvalho Albuquerque,

    Vice-Presidente, e o Prof. Jos Saldanha Marques, Presidente Conselho fiscal.

    Recebida por:

    Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e de

    saneamento

    Interveno

    Inicial:

    O Sr. Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques (PSD), presidiu a

    audio, e comeou por dar as boas-vindas entidade presente. Deu conta do

    mandato do objetivo da audio.

    Depois, deu a palavra ao Deputado Maurcio Marques (PSD) que apresentou o

    requerimento que serviu de base as audies.

    De seguida, deu a palavra a palavra s entidades convidadas para uma interveno.

    Sntese:

    O Sr. Prof. Antnio Jorge Monteiro realizou a sua interveno, apoiando-se numa

    apresentao designada Qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento

    de gua e de saneamento, que foi disponibilizada por via eletrnica aos Senhores

    Deputados e atravs da qual fundamentou em particular os seguinte pontos:

    No que respeita aos objetivos estipulados no PEAASAR 2007-2013, e de acordo com os

    dados mais recentes (ERSAR), em termos de abastecimento de gua j se ultrapassou a

    meta de 95% fixada em termos de cobertura do pas com sistemas pblicos de AA. Em

    termos de guas residuais, a meta de 90% no ser alcanada; eventualmente poder

    ser possvel chegar aos 80%.

    Nos sistemas de saneamento, em particular nas zonas rurais, muitas vezes as solues

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    mais indicadas so descentralizadas (solues individuais). Relativamente aos sistemas

    existentes, s valer a pena substitu-los por sistemas de maior dimenso se

    efetivamente estes constiturem um problema ambientais ou de sade pblica.

    Verificou-se nos ltimos anos uma sensvel melhoria na qualidade da gua mas, fora

    das reas concessionadas, os nveis de perdas e afluncias indevidas so ainda muito

    elevadas.

    Necessrio reduzir a disparidade de tarifrios nos vrios pontos do Pas de forma a

    permitir preos adequados no interior. O preo do servio em zonas dispersas do

    interior mesmo assente em projetos tecnicamente adequados pode ser vrias vezes

    superior ao preo do litoral sendo necessrio encontrar solues para atenuar esta

    disparidade.

    O redesenho dos S.M.M pode trazer vantagens de economia de escala, gama e

    processo e facilitar uma tarifa mais adequada no interior sem penalizar o litoral.

    O fundo de equilbrio tarifrio como no obriga a economias de escala pode perpetuar

    ineficincia.

    Com os atuais nveis de atendimento em AA e AR j alcanados a prioridade deve ser

    agora dar ao cumprimento da legislao dos planos de Bacia Hidrogrfica.

    Necessrio melhorar a gesto de ativos, conseguindo em particular maior eficincia na

    reduo de perdas e afluncias indevidas assim uma maior eficincia energtica.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS), colocou diversas questes relativamente a

    coberturas dos custos do servio; reviso do PEAASAR II; reutilizao das guas

    residuais; o plano nacional para o uso eficiente da gua; a privatizao da AdP;

    O Senhor Deputado Maurcio Marques (PSD) colocou diversas questes relativamente

    a investimentos em alta realizados nos ltimos anos; disparidade dos tarifrios; soluo

    para o nvel de perdas; custos das entidades concessionadas; existncia de municpios

    com dois sistemas;

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    O Senhor Deputado Artur Rego (CDS-PP) colocou diversas questes relativamente a

    nmero de entidades gestoras do sistema; tarifas sociais; diferenciao de consumos; a

    criao ou no de empresas de gesto, absorvendo os municpios de menor dimenso;

    sobredimensionamento no Algarve dos sistemas em funo da poca de vero;

    O Senhor Deputado Paulo S (PCP) colocou diversas questes relativamente a fundos

    comunitrios; existncia de um Fundo de Equilbrio Tarifrio (FETA); tarifas sociais;

    alteraes a atual legislao; privatizao do Grupo guas de Portugal;

    O Sr. Prof. Antnio Jorge Monteiro usou da palavra para responder as diversas questes colocadas pelos

    Senhores Deputados presentes.

    O Senhor Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques, encerrou posteriormente os

    trabalhos, agradecendo as informaes, documentao entregue e esclarecimentos prestados pelos

    convidados, bem como as questes colocadas pelos senhores Deputados.

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20111012

    (Arquivo/comisses/Comisso de Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local/20111012)

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Data: 18 de outubro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: guas de Portugal, S.A.

    Eng. Pedro Serra, Presidente do C.A. das AdP e o Dr. Justino Carlos, Vogal do C.A.

    Recebida por: Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e de

    saneamento

    Interveno

    Inicial:

    O Sr. Presidente da Comisso Deputado Ramos Preto (PS) comeou por dar as boas-

    vindas aos elementos da entidade presente. Deu conta do objetivo da audio.

    De seguida, deu a palavra ao Deputado Antnio Leito Amaro (PSD) que apresentou o

    requerimento que serviu de base as audies,

    Depois deu a palavra a palavra entidade convidada para uma interveno.

    Sntese:

    O Sr. Eng. Pedro Serra realizou a sua interveno, apoiando-se numa apresentao,

    que foi disponibilizada por via eletrnica aos Senhores Deputados e atravs da qual

    fundamentou em particular os seguinte pontos:

    O setor de abastecimento de gua e tratamento de guas residuais um monoplio

    natural que dificilmente pode ser abandonado. Estamos num setor de capital intensivo

    onde s o grupo guas de Portugal investiu nos ltimos 15 anos cerca de 6.500 milhes

    de euros.

    A guas de Portugal so um grupo da maior relevncia a nvel nacional, tem cerca de

    7.000 milhes de euros de ativos, e cuja sustentabilidade deve ser atribuda a maior

    importncia pelas autoridades nacionais e todo o setor poltico.

    As entidades gestoras neste setor so predominantemente pblicas, seja atravs do

    grupo AdP nos sistemas multimunicipais seja atravs das autarquias locais na gesto

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    das redes de baixas.

    O setor debate-se com 3 problemas fundamentais:

    Falta de eficincia - existncia de inmeros operadores que devido falta de

    escala em nenhuma circunstncia podero vir a ser eficientes;

    Falta de sustentabilidade muitos operadores no recuperam os custos atravs

    das receitas;

    Falta de financiamento falta de disponibilidade para investimentos de grande

    dimenso que por vezes no garantem o retorno, agravados pelo atual contexto

    financeiro.

    A reforma de 1993 alterou de facto o panorama do abastecimento de gua e

    tratamento de guas residuais. Verificou-se uma abertura ao setor privado e uma

    empresarializao atravs de concesses e conduziu tambm separao da alta e da

    baixa com vantagens e inconvenientes. Assentou contudo investimentos muito pesados

    que hoje comprometem por vezes a sustentabilidade de alguns sistemas

    multimunicipais.

    Em matria de tarifas verificamos que nas autarquias com FEF per capita mais

    elevado que a recuperao de custos menor obrigando a grande subsidiao. Na

    situao atual temos por um lado autarquias muito populosas do litoral, que em 1993

    j tinham rede de baixa e recuperavam os custos, e que com esta reforma viram as suas

    condies de servio substancialmente melhoradas pelos sistemas multimunicipais que

    foram criados. Temos por outro lado um vasto conjunto de municpios do interior, de

    populao rural e dispersa, onde a rede em baixa no tem suficiente extenso e se

    apresenta na maioria dos casos degradada, em que no existe capacidade tcnica

    suficiente e tambm no podem ter recurso privatizao pois as tarifas resultantes

    seriam completamente desproporcionadas.

    Existe pois um enorme problema de sustentabilidade no setor onde se verifica um

    dfice anual de recuperao de custos de cerca de 700 milhes de euros/ano. Nos

    sistemas municipais a tarifa mdia de cerca de 1,5, a tarifa necessria seria na ordem

    de 3 a 4 por m3. Cerca de 700 milhes de euros que no so pois cobrados e so

    suportados pelos oramentos municipais, hoje com srios problemas de financiamento.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Registam-se situaes absurdas de municpios em que o preo de fornecimento pelo

    sistema multimunicipal corrigido pelo efeito das perdas poderia atingir cerca de 1 e

    que cobram cerca de 0,30cts ao consumidor final.

    No grupo guas de Portugal a situao tambm muito diferenciada desde empresas

    que prestam servio a mais de 2 milhes de habitantes e outras a cerca de 130.000. A

    extenso pelo Estado dos sistemas multimunicipais ao interior foi perfeitamente

    justificvel pelo tratamento equitativo que deve ser prestado a todos os cidados e

    porque o pas tem que cumprir os compromissos assumidos com a comunidade

    europeia, para os quais recebe importantes montantes de fundos.

    Verifica-se efetivamente algum sobredimensionamento mas devido fundamentalmente

    ao facto de as autarquias no terem investido na rede em baixa e utilizarem portanto

    apenas uma parte da capacidade que foi instalada. Os sistemas de alta tm tambm

    que produzir para suprir as perdas das redes de baixa e esto dimensionados para esse

    efeito.

    No grupo guas de Portugal regista-se uma importante dvida das autarquias, cerca de

    400 milhes de euros. O gripo regista igualmente um dfice tarifrio de cerca de 310

    milhes de euros. Verifica-se tambm uma diferena de tarifas significativas no grupo

    com 0.34cts nas guas do Douro e Paiva, 0.65cts na guas de Trs os Montes para o

    setor da gua enquanto para o setor do saneamento temos 0.27cts na Sanest e 0.64cts

    na guas de Trs os Montes e Alto Douro.

    Seis dos sistemas multimunicipais num conjunto de trinta e dois apresentam problemas

    de sustentabilidade (Zzere e Ca, guas de Trs os Montes e Alto Douro, Norte

    Alentejano, guas do Centro, Centro Alentejo e Simlis). O grupo pois sustentvel

    sendo no entanto necessrio adotar solues como a fuso de empresas, extenso dos

    contratos de concesso e mesmo a reformulao dos modelos de negcio atualmente

    aplicados. No entanto a recuperao dos sistemas multimunicipais apenas ter sucesso

    se a jusante se garantir que existe uma recuperao de custos nos sistemas em baixa.

    O elevado montante de dvidas das autarquias pode por em causa a sustentabilidade do

    grupo. A dvida do grupo importante mas sobretudo a mdio e longo prazo (cerca

    de 2.300 milhes de euros a mdio e longo prazo). O grupo AdP tem vivido equilibrado

    no tendo at data recebido qualquer indemnizao compensatria ou transferncia

    do oramento geral do estado. Em 2008 apresentou 63 milhes de resultados positivos,

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    em 2009 65 milhes positivos e em 2010 cerca de 79,5 milhes. No primeiro trimestre

    deste ano regista 49 milhes de euros e portanto o grupo deve ser considerado como

    sustentvel.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS) colocou diversas questes

    relativamente a metas do PEASAR II; sustentabilidade da AdP: dvidas das

    Autarquias, dfice e disparidade de tarifas, solues locais; privatizao da AdP:

    ganhos e salvaguardas do interesse pblico; garantia da EPAL a emprstimos

    contrados pela AdP.

    O Senhor Deputado Joo Gonalves Pereira (CDS-PP), colocou diversas questes

    relativamente a reorganizao da AdP; empresas do grupo AdP em falncia

    tcnica; dvidas das Autarquias: medidas tomadas pela AdP; papel da ERSAR.

    O Senhor Deputado Paulo S (PCP), colocou diversas questes relativamente a

    privatizao da AdP: necessidade para a sustentabilidade do setor da gua.

    O Senhor Deputado Antnio Leito Amaro (PSD) colocou diversas questes

    relativamente a recursos hdricos: propriedade do Estado; fuses de sistemas do

    Litoral com o Interior; vantagens e desvantagens do sistema pblico ou privado de

    guas; demisso do C.A. da AdP.

    O Sr. Eng. Pedro Serra usou da palavra para responder as diversas entidades, atravs dos respetivos

    representantes, para responder s diversas questes colocadas pelos Senhores Deputados presentes.

    O Presidente da Comisso, Deputado Ramos Preto (PS) encerrou posteriormente os trabalhos,

    agradecendo as informaes, documentao entregue e esclarecimentos prestados pelos convidados,

    bem como as questes colocadas pelos senhores Deputados Presentes.

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20111018

    (Arquivo/comisses/Comisso de Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local/20111018)

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Data: 25 de outubro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: Instituto da gua (INAG)

    Eng. Orlando Borges, Presidente

    Recebida por: Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e de

    saneamento

    Interveno

    Inicial: O Sr. Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques (PSD), presidiu a

    audio e comeou por dar as boas-vindas ao residente da entidade presente. Deu

    conta do objetivo da audio.

    Depois, deu a palavra ao Deputado Mrio Magalhes (PSD) que apresentou o

    requerimento que serviu de base as audies. Entreviu tambm o Deputado Altino

    Bessa (CDS-PP),

    De seguida, deu a palavra a palavra ao Presidente da entidade convidada para uma

    interveno.

    Sntese:

    O Sr. Eng. Orlando Borges fez uma apresentao que foi disponibilizada aos

    senhores Deputados e atravs da qual fundamentou a sua interveno.

    Aps informar os Srs. Deputados das competncias do INAG, apresentou o

    panorama atual dos nveis de cobertura dos sistemas pblicos em Portugal:

    - na gua atingem 97% da populao supera a meta de 95% do PEAASAR

    II;

    - no saneamento: 81% da populao com sistemas de drenagem

    distante da meta de 90% do PEAASAR II.

    Mas existem valores, ao nvel regional e concelhio, que esto claramente abaixo da

    mdia nacional e das metas estabelecidas no PEAASAR II. Pelo que, os novos

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    investimentos vo ter que ser dirigidos para corrigir estas discrepncias, em

    detrimento de investimentos globais que at podem ultrapassar as metas

    estabelecidas.

    O interveniente chamou a ateno que considera ser economicamente vantajoso,

    nem sempre ter sistemas pblicos ligados porque a anlise custo benefcio

    desses sistemas so altos e, em alguns casos, vale a pena apostar em solues

    individuais.

    As perdas em Portugal tiveram uma evoluo francamente positiva, tendo

    ocorrido uma evoluo de 40% para 25% em 2009. Os motivos que levaram a esta

    evoluo foram: a introduo do valor econmico da gua e um maior

    profissionalismo na gesto.

    Portugal tem de cumprir, tambm, as diretivas comunitrias e obrigaes ao nvel

    comunitrio, o que obriga a fazer investimentos.

    Sendo o INAG o organismo intermdio no mbito do POVT/QREN tem feito

    exigncias aos promotores de ordem vria, como seja a ligao alta/baixa.

    Acresce que grande parte dos investimentos aprovados so para o tratamento de

    guas residuais.

    Verifica-se, a nvel nacional, que o proveito inferior ao custo de servio.

    Relativamente ao nvel de recuperao dos custos, h a recuperao de 2/3 dos

    custos atravs do pagamento direto dos utilizadores. Para recuperar os custos

    faltam 510 milhes de euros por ano. Verifica-se, ainda, uma disparidade tarifria

    grande.

    Como concluses, o interveniente aponta:

    a reviso do PEAASAR II;

    redirecionar os investimentos no mbito do cumprimento das diretivas

    comunitrias;

    independentemente do modelo de gesto, no recomendvel, ao nvel

    nacional, a uniformidade do ponto de vista tarifrio. Devemos caminhar para

    uma harmonizao;

    a sustentabilidade dos sistemas, no se deve s concentrar mas tarifas,

    mas sim:

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    - na otimizao dos custos;

    - na procura da dimenso tima dos sistemas, face s economias de escala;

    - no modelo financeiro;

    - no conhecimento das necessidades reais das populaes.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS) colocou diversas questes

    relativamente a: reviso do PEAASAR II; preo e custo da gua; Plano para o uso

    eficiente da gua; privatizao da AdP.

    O Senhor Deputado Renato Sampaio (PS), colocou diversas questes relativamente

    a: perdas; pagamento versus taxa de disponibilidade de contadores.

    O Senhor Deputado Maurcio Marques (PSD) colocou diversas questes

    relativamente a: eficcia do setor; cumprimento das diretivas europeias; custos;

    redimensionamento dos sistemas; administrao e regulao da gua; segurana

    de barragens.

    O Senhor Deputado Altino Bessa (CDS-PP) colocou diversas questes relativamente

    a: medidas para a sustentabilidade; disparidade de tarifas; sobredimensionamento

    de sistemas; decide tarifrio; dvidas das autarquias.

    O Senhor Deputado Paulo S (PCP) colocou diversas questes relativamente a:

    reestruturao do MAMAOT; acessibilidade gua versus sustentabilidade;

    privatizao da AdP.

    O Sr. Eng. Orlando Borges usou da palavra para responder s diversas questes colocadas pelos

    Senhores Deputados presentes.

    O Senhor Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques (PSD), encerrou posteriormente os

    trabalhos, agradecendo as informaes, documentao entregue e esclarecimentos prestados pelos

    convidados, bem como as questes colocadas pelos senhores Deputados Presentes.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20111025

    (Arquivo/comisses/Comisso de Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local/20111025)

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Data: 25 de outubro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: Conselho Nacional da gua (CNA)

    Eng. Antnio Leito, secretrio-geral, e Eng. Francisco Godinho adjunto do

    secretrio-geral

    Recebida por: Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Sobre a qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e

    de saneamento

    Interveno

    Inicial: O Sr. Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques (PSD), presidiu a

    audio e comeou por dar as boas-vindas ao residente da entidade presente,

    dando de seguida informao do objetivo da audio.

    Depois, deu a palavra ao Deputado Maurcio Marques (PSD) que apresentou o

    requerimento que serviu de base as audies.

    Entreviu ainda o deputado Pedro Farmhouse (PS) e o deputado Altino Bessa (CDS-

    PP).

    De seguida, o Sr. Presidente, deu a palavra a palavra ao representante de entidade

    convidada para uma interveno

    Sntese:

    O Sr. Eng. Antnio Leito efetuou a sua interveno dividida em 3 partes

    distintas.

    Na primeira apresentou uma breve introduo sobre o que o CNA, sendo que o

    mesmo se trata de um rgo independente de consulta do Governo Portugus no

    domnio do planeamento e gesto sustentvel da gua. Criado em 1994, nele

    esto representadas a Administrao Pblica e as organizaes profissionais e

    econmicas de mbito mais representativas do sector.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Na segunda parte efetuou uma breve referncia interferncia que o CNA teve na

    matria desta audincia. Em 2000, o CNA fez recomendaes relativamente ao

    PEAASAR I (2000-2006), mas o mesmo no foi objeto de uma avaliao formal

    nem consequente parecer. Em 2006, o CNA debruou-se sobre o PEAASAR II

    (2007-2013) e fez uma reavaliao do primeiro PEASSAR. Em Junho do mesmo

    ano, foi realizada uma apreciao pelo grupo de trabalho do CNA que deu origem

    a um parecer do CNA sobre o PEAASAR II. Numa terceira e ltima vez, o CNA, com

    base num relatrio de acompanhamento do Plano, realizou uma reunio plenria

    onde foram apresentadas diversas avaliaes intercalares, relativamente

    execuo do PEAASAR II, efetuadas pela ERSAR, pelo grupo guas de Portugal e

    pela AEPSA. Nessa mesma reunio, foi, ainda, efetuada uma interveno em nome

    da Associao Nacional dos Municpios Portugueses. Depois de 2010, o CNA voltou

    a abordar a questo do PEAASAR II, no mbito de reunies restritas que agora

    foram efetuadas depois de terem sido convocados para esta audincia.

    Por ltimo, o representante do CNA apresentou sete questes, que o CNA

    considera principais, sobre o assunto em audincia:

    Manuteno e a melhoria da qualidade de servio, sobretudo nos sistemas

    em baixa;

    A questo do procedimento do PEAASAR II, para complemento e

    otimizao dos sistemas;

    Necessidade de atualizao e harmonizao tarifria;

    A racionalizao quer dos sistemas de titularidade estatal em alta, quer

    dos sistemas de titularidade municipal em baixa;

    A questo da sustentabilidade econmica e financeira dos sistemas e dos

    servios;

    O necessrio aumento de eficincia dos sistemas e dos servios e

    Uma possvel privatizao dos servios.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS), colocou diversas questes

    relativamente reviso do PEAASAR II; harmonizao tarifria; privatizao do

    sector; reestruturao dos servios do MAMAOT.

    O Senhor Deputado Mrio Magalhes (PSD) colocou diversas questes

    relativamente ao PEAASAR II; atualizao/harmonizao tarifria;

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    reorganizao dos servios; sustentabilidade.

    A Senhora Deputada Margarida Neto (CDS-PP) colocou diversas questes

    relativamente ao dfice tarifrio; recuperao da sustentabilidade; ao modelo

    de reestruturao do sector; reorganizao dos servios do MAMAOT; riscos de

    cheias.

    O Senhor Deputado Paulo S (PCP) colocou diversas questes relativamente s

    tarifas e acessibilidade dos cidados gua; sustentabilidade do sistema;

    privatizao da AdP; reestruturao do MAMAOT.

    O Sr. Eng. Antnio Leito usou da palavra para responder s diversas questes colocadas pelos

    Senhores Deputados presentes.

    O Sr. Vice-Presidente da Comisso, Deputado Fernando Marques (PSD),encerrou posteriormente os

    trabalhos, agradecendo as informaes, documentao entregue e esclarecimentos prestados pelos

    convidados, bem como as questes colocadas pelos senhores Deputados Presentes.

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20111025

    (Arquivo/comisses/Comisso de Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local/20111025)

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Data: 2 de Novembro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: Eng. Jos Veiga Frade, Diretor Adjunto e chefe da Diviso de gua e Proteo

    do Ambiente do BEI.

    Recebida por: Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e de

    saneamento

    Interveno

    Inicial: O Sr. Presidente da Comisso Deputado Ramos Preto (PS) comeou por dar as

    boas-vindas ao convidado Eng. Jos Veiga Frade. Deu conta do objetivo da

    audio no seguimento de requerimento do PSD. Depois deu a palavra ao

    convidado para uma interveno

    Sntese:

    O Sr. Eng. Jos Veiga Frade iniciou a sua interveno sob o aspeto da

    sustentabilidade econmica, social, ambiental e financeira do setor, realando

    que necessrio assegurar todas essas vertentes: assegurar s uma delas leva a

    que um investimento deixe, na totalidade, de ser sustentvel. Realou, tambm,

    que estas vertentes esto em conflito e necessrio concili-las para garantir um

    equilbrio.

    Relativamente ao atendimento, frisou que h uma populao em Portugal que,

    ainda, no est servida com uma rede pblica como deveria estar, mas preciso

    investir. Esse investimento cada vez mais caro (zonas remotas e densidade

    escassa) e o problema da sustentabilidade econmico-financeiro

    determinante.

    O interveniente abordou a teoria dos 3 Ts (Taxas/impostos,

    Transferncias/fundos europeus e Tarifas) que compem as receitas. Transmitiu

    que Portugal foi muito eficaz na absoro de fundos comunitrios, de onde

    vieram 2/3 do capital investido. O restante 1/3 foi, grande parte, composto por

    emprstimos ao Banco Europeu de Investimento (BEI). Ou seja, o Pas foi muito

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    eficiente em absorver recursos financeiros baratos ou a custo zero, para

    desenvolver o setor. Tratando-se de um setor que foi altamente subsidiado, o

    recurso tarifa no devia ser difcil.

    Note-se que 2 Ts esto esgotados: no se consegue ir buscar mais impostos para

    este setor, que concorre com a sade, educao, etc. Em termos de

    transferncias o Pas est em concorrncia com outros, por exemplo: os pases

    de leste. Pelo que s restam as tarifas.

    A acessibilidade s tarifas muito importante: realou que a maioria da

    populao portuguesa tem capacidade para pagar maiores tarifas, sendo que o

    problema em pagar s ocorre para uma minoria. Problema esse que tem de ser

    resolvido. Ou seja, no pode deixar de existir soluo por causa de uma minoria.

    Referiu-se variao tarifria a nvel nacional, tendo por base um estudo da

    APDA.

    Como a gua um bem social/econmico/poltico e, muitas vezes, refm de

    uma interpretao errada da sustentabilidade econmica, faz com que as tarifas,

    a nvel mundial, estejam abaixo do necessrio.

    A fragmentao do setor um problema para a capacidade de realizao e

    operao, porque impede economias de escala.

    Os problemas que existem no setor, so:

    - Sobredimensionamento de algumas infraestruturas;

    - Implementao a 2 tempos: alta e depois baixa;

    - Mobilizao dos contratos de concesso;

    - Preo de venda ao utente inferior aos concessionados;

    - Papel incipiente do setor privado na competitividade do setor.

    Como questes mais importantes, realou:

    1) Eficincia: institucional (fundir empresas/verticalizao); de gesto (o

    monoplio das infraestruturas um incentivo ineficincia); dos sistemas

    (controlo de perdas) e do consumo (importncia do Plano Nacional do uso

    eficiente da gua);

    2) Tarifrio: para resolver o problema do dfice e da dvida;

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    3) Risco do setor: existncia de regulador; quadro legal; risco poltico.

    Concluiu, transmitindo que no h reforma vivel sem compromisso e consenso

    poltico, a nvel do poder central e local.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS), colocou diversas questes

    relativamente a: privatizao da AdP; harmonizao tarifria; financiamento dos

    sistemas de gua.

    O Senhor Deputado Maurcio Marques (PSD) colocou diversas questes

    relativamente a: eficincia do setor; diversidade do tarifrio; situao financeira

    da AdP.

    A Senhora Deputada Margarida Neto (CDS-PP) colocou diversas questes

    relativamente a: necessidades de investimento do setor.

    O Senhor Deputado Artur Rego (CDS-PP) colocou diversas questes

    relativamente a: dfice e diversidade do tarifrio; implicaes da gesto privada.

    O Senhor Deputado Paulo Santos (PCP) colocou diversas questes relativamente

    a: gua: bem pblico/bem social; tarifrio: tarifa social; privatizao dos servios:

    critrios do BEI para financiamento.

    O Sr. Eng. Jos Veiga Frade usou da palavra para responder s diversas questes colocadas pelos

    Senhores Deputados presentes.

    O Sr. Presidente da Comisso Deputado Ramos Preto (PS) encerrou posteriormente os trabalhos,

    agradecendo as informaes, documentao entregue e esclarecimentos prestados pelo convidado, bem

    como as questes colocadas pelos senhores Deputados Presentes.

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20111102

    (Arquivo/comisses/Comisso de Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local/20111102)

  • Data: 2 de Novembro de 2011

    Relatrio de Audio

    Entidade: Associao Nacional de Municpios (ANMP)

    Eng. Fernando Campos, Vice-presidente do Conselho Diretivo

    Recebida por: Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    Assunto: Qualidade e sustentabilidade dos servios de abastecimento de guas e de

    saneamento

    Interveno

    Inicial: O Sr. Presidente da Comisso Deputado Ramos Preto (PS) comeou por dar as

    boas-vindas s diversas entidades presentes. Deu conta e o objetivo da audio.

    De seguida, deu a palavra a palavra ao representante da entidade convidada para

    uma interveno.

    Sntese:

    O Presidente da Associao Nacional de Municpios, Sr. Eng. Fernando Campos,

    efetuou uma apresentao atravs da qual fundamentou as seguintes ideias:

    A Associao Nacional de Municpios participou ativamente na elaborao do

    PEASAR II, documento que subscreve. Os objetivos do PEASAR II so os objetivos

    da ANM. Contudo ainda necessrio efetuar investimentos muito elevados no

    setor.

    tambm necessrio proceder restruturao do setor da gua e do saneamento

    na medida em que h demasiados intervenientes, temos 269 operadores na alta e

    cerca de 400 na baixa. Esta situao no pode continuar assim. Houve

    investimentos muito fortes no interior que esto a penalizar as tarifas.

    necessrio uma soluo que passe pela fuso de sistemas e remontagem e

    redesenho dos mesmos.

    Apresentou como exemplo o caso da ATMAD em que o sistema foi dimensionado

    para 800.00 pessoas e tem apenas 400.00 utentes. Torna-se um ciclo vicioso,

    preos muito altos pelas empresas de alta originam dvidas das autarquias.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    A Associao Nacional de Municpios no favorvel privatizao do grupo

    guas de Portugal. Esta a posio oficial da associao no entanto, apoia a

    entrada de privados para o setor.

    Fundamental alterar a poltica tarifria. O anterior governo j tinha feito um

    enorme trabalho para a criao de um fundo tarifrio, necessrio um mecanismo

    deste tipo para efetuar uma perequao, no entanto, segundo a ANM

    imprescindvel que este fundo seja estendido baixa. A soluo pode ser tambm

    prolongar os contratos de concesso das empresas do litoral e fundir com as do

    interior.

    Temos a noo que a restruturao do Grupo guas de Portugal, (que deve manter

    a maioria do capital pblico), no ser um processo fcil, mesmo a prpria fuso

    dos sistemas municipais no fcil na medida em que as empresas se encontram

    em estados muito diferentes umas pagam dividendos outras esto em falncia

    tcnica, umas j terminaram todos os investimentos do sistema multimunicipal

    enquanto outras esto no seu incio.

    A ANMP defende igualmente uma abertura gradual ao setor privado de forma

    controlada sem transferncia de infraestruturas e sem competncia dos

    municpios nestas reas.

    Intervenes:

    O Senhor Deputado Maurcio Marques (PSD) colocou diversas questes

    relativamente a: dvidas das autarquias; disparidade de tarifas; segmentao do

    setor.

    O Senhor Deputado Pedro Farmhouse (PS), colocou diversas questes

    relativamente a: dfice tarifrio/dvidas dos municpios; metas PEAASAR;

    sustentabilidade dos sistemas.

    O Senhor Deputado Artur Rego (CDS-PP) colocou diversas questes relativamente

    a: correes de erros; dfice e harmonizao do tarifrio; dvidas dos municpios.

    O Sr. Eng. Fernando Campos usou da palavra para responder s diversas questes colocadas pelos

    Senhores Deputados presentes.

  • Comisso do Ambiente, Ordenamento do Territrio e Poder Local

    O Sr. Presidente da Comisso Deputado Ramos Preto (PS) encerrou posteriormente os trabalhos,

    agradecendo as informaes, documentao entregue e esclarecimentos prestados pelos convidados,

    bem como as questes colocadas pelos senhores Deputados Presentes.

    A audio foi gravada, constituindo a gravao parte integrante deste relatrio.

    Link: 20111102

    (Arquiv