relatório da comissão parlamentar de inquérito destinada a investigar a ocupação de terras...

705
RELATÓRIO DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR A OCUPAÇÃO DE TERRAS PÚBLICAS NA REGIÃO AMAZÔNICA

Upload: candido-neto-da-cunha

Post on 02-Dec-2015

258 views

Category:

Documents


9 download

DESCRIPTION

Íntegra do Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a ocupação de terras públicas na região amazônica, também conhecida como “CPI da Grilagem”. A Comissão Parlamentar de Inquérito Destinada a Investigar a Ocupação de Terras Públicas na Região Amazônica foi criada por iniciativa do Deputado Sérgio Carvalho e outros, através do Requerimento nº 2/99, e foi criada por Ato da Presidência de 14 de março de 2000, composta por dezessete membros. Indicados estes, conforme elenco que segue, instalou-se a Comissão em 25 de abril de 2000 com o prazo inicial de 120 (cento e vinte) dias.

TRANSCRIPT

  • RELATRIO DA COMISSO PARLAMENTAR DEINQURITO DESTINADA A INVESTIGAR A OCUPAO DE

    TERRAS PBLICAS NA REGIO AMAZNICA

  • 2NDICE

    AGRADECIMENTOS

    PARTE INTRODUTRIA

    1. Consideraes Gerais ........................................................

    2. Do Ato de Criao da Comisso e de sua Composio .....

    3. Das Reunies Realizadas pela Comisso ..........................

    4. Documentao Expedida pela Comisso ...........................

    5. Documentao Recebida pela Comisso ...........................

    6. Investigaes Realizadas pela Comisso ...........................

    SITUAO NOS ESTADOS

    7. AMAZONAS ...............................................................................

    8. PAR .........................................................................................

    9. ACRE .........................................................................................

    10. AMAP E RORAIMA ..................................................................

    11. RONDNIA ................................................................................

    12. MATO GROSSO ........................................................................

    ANLISE GERAL

    13. INTRODUO ....................................................................

    14. HISTRICO DO COMBATE GRILAGEM NA AMAZNIA...................................................................................................................

    15. RAZES HISTRICAS DA GRILAGEM ..............................

    16. HISTRICO E ATUAO DO INCRA ................................

    17. GRILAGEM E TERRAS DEVOLUTAS ................................

    18. OS FINS DA GRILAGEM .....................................................

    19. COMO OCORRE A GRILAGEM: OS TIPOS DE FRAUDES....................................................................................................................

    20. CARTRIOS ENVOLVIDOS COM A GRILAGEM ...............

    21. REGIME JURDICO DOS REGISTROS PBLICOS ............

  • 322. AES JUDICIAIS USADAS NA GRILAGEM ......................

    23. A INFLUNCIA DO PODER JUDICIRIO .............................

    24. LEVANTAMENTOS TOPOGRFICOS ..................................

    25. REGULARIZAO FUNDIRIA .............................................

    26. OCUPAO ECONMICA DE BENS PBLICOS DOMINIAIS EDE USO ESPECIAL DESTINADOS A FINALIDADE ESPECFICA.......................................................................................................................

    27. ATUAO DO IBAMA .............................................................

    28. ATUAO DA FUNAI ..............................................................

    29. RETOMADA DE TERRA PBLICAS INDEVIDAMENTEOCUPADAS ...................................................................................................

    30. SISTEMA DE INFORMAES RURAIS ..................................

    CONCLUSES E ENCAMINHAMENTOS

    31. PROPOSIES ........................................................................

    32. ENCAMINHAMENTOS PENAIS ................................................

    33. ENCAMINHAMENTOS GERAIS ................................................

    34. SNTESE CONCLUSIVA ............................................................

    ANEXOS

  • 4AGRADECIMENTOS

    Primeiramente eu gostaria de fazer os agradecimentos necessrios atodos os Parlamentares, aos Sub-Relatores, aos rgos que auxiliaram estetrabalho de dezoito meses que est sendo apresentado hoje e que vai ser vo-tado. A motivao para a criao desta CPI surgiu da constatao de que ascontnuas denncias de irregularidades na ocupao e explorao da regioamaznica, com a expanso de grandes latifndios e grilagem desenfreada deterras, nunca havia merecido a apurao devida. Apesar de algumas iniciativastomadas pelos governos estaduais e de rgos federais, a situao continuavase agravando com o registro de atos ilegais em cartrios, ocupao e explora-o indiscriminada de terras indgenas e reservas ambientais. Era preciso tra-zer essa questo a um amplo debate pblico, fazer-se uma radiografia da regi-o. Como representante do Estado de Rondnia no pude ficar alheio a essasituao e, com o apoio de um grande nmero de Parlamentares desta Casa,conseguimos a instalao desta Comisso Parlamentar de Inqurito destinadaa investigar a ocupao de terras pblicas na regio amaznica. Hoje, ao nosaproximarmos da aprovao do relatrio final desta CPI, posso dizer: foi a mai-or presso que j sofri em toda a minha vida pblica. So reclamaes, amea-as de processos judiciais e at de violncia fsica. Imaginava que tais pres-ses viriam a acontecer, mas no imaginava que seriam to fortes. Afinal, aCPI investigou a legalidade da propriedade e da explorao de mais de 100milhes de hectares de terras, algo equivalente a trs vezes o Estado de SoPaulo. Devo confessar que em um determinado momento, quando as dennci-as e as complexidades das questes se avolumavam, cheguei a duvidar se te-ramos, nobres colegas, a capacidade de levar frente o trabalho a que nospropusemos. Mas a cada passo que dvamos, a cada denncia comprovada, acada possibilidade identificada de reverter para o patrimnio pblico algunsmilhares, s vezes milhes de hectares, nossa disposio e de nossa equipeera revigorada.Num pas onde milhes no tm terra alguma para produzir,onde se mata e se morre por cinco, dez, cinqenta hectares, no podemos fe-char os olhos para a existncia de centenas de milhares, milhes de hectaresem nome de uma s pessoa ou empresa, que s conseguiu registrar como su-as essas propriedades por meio de fraudes, grotescas por vezes, perpetradassob o manto da legalidade, fornecido por cartorrios inescrupulosos, pela omis-so e, pior, conivncia do Poder Pblico. Fui ingnuo ao imaginar uma pressomenor, porque no imaginava o tamanho e a extenso das fraudes que detec-tamos. Mas em momento algum me dispus a fazer um relatrio singelo. Sem-pre quis ir to a fundo quanto fosse humanamente possvel no espao de tem-po reservado ao funcionamento de uma CPI. E conseguimos. A presso querecebo reflexo de nosso sucesso. Nada, meus nobres colegas, que inclu emmeu relatrio, com inestimvel apoio dos Sub-Relatores, foi feito sem critrio. Otexto foi formulado com base em depoimentos de autoridades, de pessoas comconhecimento dos fatos, de escrituras pblicas, de processos judiciais. Os ind -cios que apuramos so consistentes. O Ministrio Pblico e os demais rgospblicos tero farto material para empreender as medidas civis, criminais eadministrativas para punir e coibir mais abusos contra o patrimnio pblico. As-sim, aps mais de dezesseis meses de funcionamento, de um intenso, comple-

  • 5xo e abrangente trabalho, onde foram ouvidas dezenas de pessoas, realizadasinmeras diligncias, coletadas milhares de informaes e analisados centenasde documentos, esta CPI chega ao seu final, e, como j disse, considero queteve xito naquilo a que se props. Ainda que estejamos apresentando um re-latrio volumoso, no temos a pretenso de apresentar neste trabalho soluespara todos os problemas da regio. Mas indubitavelmente muitas propostasque aqui surgiram no teriam ocorrido em outro frum. A CPI funcionou comouma mola propulsora e j se verifica uma mudana de postura na atuao dosrgos federais e estaduais dos Poderes Executivo e Judicirio. O processo degrilagem na regio sofreu um primeiro e forte combate. A impunidade nocampeia mais solta, estimulando mais e mais aventureiros a ocuparem e selocupletarem da ocupao e explorao ilegal, ilegtima, predatria de terraspblicas. Quero registrar os agradecimentos a todos os Deputados desta Co-misso e principalmente aos Sub-Relatores, Deputados Antonio Feijo, Bab,Josu Bengtson, Nilson Mouro, Srgio Barros, e Deputada Vanessa Grazzi-otin pela lisura com que conduziram os trabalhos at aqui. Quero agradecer adedicao aos servidores desta Comisso, da secretria Erles Gorini, dos con-sultores Jlio, Jos Maurcio, Maurcio Mercadante e Weder, e de nossos cola-boradores, Dr. Raul, Everaldo, Clio Coutinho. No podemos deixar de enfati-zar o apoio dado a nossa Comisso pelo Tribunal de Justia do Amazonas, napessoa da desembargadora Dra. Marinildes, pelo Tribunal de Justia do Par,pela Receita Federal, pelo INCRA, pela Polcia Federal e pelo Ministrio Pbli-co do Amazonas. Um agradecimento especial Dra. Telma, do INPE, pelo ex-celente trabalho realizado no mapeamento do desflorestamento em reas ind -genas e reservas ambientais. Sinto-me honrado com o trabalho efetuado. Pas-sei a conhecer mais e melhor minha regio e, certamente, estimulado a lutarainda mais para combater as mazelas relatadas neste relatrio e ver imple-mentadas as recomendaes e polticas necessrias para o desenvolvimentosustentado, a preservao da regio amaznica e a uma melhor condio devida para seus habitantes. A Amaznia do Brasil, no podemos nos esquecerdisso. No podemos abandonar nossas obrigaes para com as futuras gera-es. O Poder Legislativo Federal, com esta CPI, deu sua contribuio. Espe-ramos que seja o comeo de uma nova poltica para a regio. Eu gostaria aquide fazer um agradecimento especial ao nosso Presidente, Luciano Castro, equero dizer a V.Exa., Sr. Presidente, que, depois deste trabalho, eu passei aadmirar muito mais o senhor, pela sua dedicao, pela sua conduta ilibada eque tem realmente conduzido esta CPI da melhor forma possvel. Muito obriga-do. Se no fosse a posio do senhor aqui, pode ter certeza de que talvez estaCPI no estivesse hoje votando seu relatrio final. Muito obrigado a todos osParlamentares componentes desta CPI.

    Braslia, 29 de agosto de 2001.

    Deputado SRGIO CARVALHO

    RELATOR

  • 6PARTE INTRODUTRIA

    1. Consideraes Gerais

    Conforme dispe o texto constitucional, a Comisso Parlamentarde Inqurito criada para a apurao de fato determinado, por prazocerto. O Regimento Interno da Cmara dos Deputados dispe que fatodeterminado o acontecimento de relevante interesse para a vida pbli-ca e a ordem constitucional, legal, econmica e social do Pas.

    A divulgao pela imprensa brasileira de fatos relacionados efe-tiva ocupao econmica irregular e fraudulenta das terras pblicas naRegio Amaznica foi o que motivou o pedido de criao desta CPI, cujainiciativa contou com a assinatura de 196 parlamentares.

    2. Do Ato de Criao da Comisso e de sua Composio

    A Comisso Parlamentar de Inqurito Destinada a Investigar aOcupao de Terras Pblicas na Regio Amaznica foi criada por inicia-tiva do Deputado Srgio Carvalho e outros, atravs do Requerimento n2/99, e foi criada por Ato da Presidncia de 14 de maro de 2000, com-posta por dezessete membros. Indicados estes, conforme elenco quesegue, instalou-se a Comisso em 25 de abril de 2000 com o prazo ini-cial de 120 (cento e vinte) dias.

    Os membros, titulares e suplentes, indicados pelas respectivasbancadas, foram:

    TITULARES SUPLENTES

    Bloco PSDB,PTB

    ANTONIO FEIJO (Gab: 738 / 4) - AP BADU PICANO (Gab: 733 / 4) - AP

    JOSU BENGTSON (Gab: 584 / 3) PA BONIFCIO DE ANDRADA (Gab: 235 /4) - MG

    SRGIO BARROS (Gab: 801 / 4) - AC MAX ROSENMANN (Gab: 758 / 4) - PR

    SRGIO CARVALHO (Gab: 342 / 4) - RO NICIAS RIBEIRO (Gab: 278 / 3) - PA

    Bloco PMDB,PST,PTN

    ALCESTE ALMEIDA (Gab: 902 / 4) - RR MARCOS AFONSO (PT) (Gab: 366 / 3) -AC

    ASDRUBAL BENTES (Gab: 410 / 4) - PA OSVALDO REIS (Gab: 835 / 4) - TO

  • 7CONFCIO MOURA (Gab: 573 / 3) - RO 1 vaga(s)

    PFL

    AIRTON CASCAVEL (PPS) (Gab: 909 /4) RR EXPEDITO JNIOR (Gab: 240 / 4) - RO

    TILA LINS (Gab: 730 / 4) AM OSCAR ANDRADE (PL) (Gab: 337 / 4) -RO

    LUCIANO CASTRO (Gab: 401 / 4) RR SRGIO BARCELLOS (Gab: 301 / 4) -AP

    PT

    BAB (Gab: 480 / 3) PA 2 vaga(s)

    NILSON MOURO (Gab: 376 / 3) AC

    PPB

    ALMIR S (Gab: 238 / 4) RR JOO TOTA (Gab: 244 / 4) - AC

    LUIZ FERNANDO (Gab: 943 / 4) - AM SALOMO CRUZ (Gab: 739 / 4) - RR

    PDT

    GIOVANNI QUEIROZ (Gab: 534 / 4) PA EURPEDES MIRANDA (Gab: 252 / 4) -RO

    Bloco PSB,PC do B

    EVANDRO MILHOMEN (Gab: 571 / 3) AP

    VANESSA GRAZZIOTIN (Gab: 735 / 4) -AM

    Bloco PL,PSL

    ROBRIO ARAJO (Gab: 581 / 3) - RR JOS ALEKSANDRO (Gab: 262 / 4) - AC

    PHS

    RENILDO LEAL (PTB) (Gab: 629 / 4) PA

    FRANCISCO RODRIGUES (PFL) (Gab:304 / 4) - RR

    Foram eleitos:

    Presidente, o Deputado Luciano Castro (PFL); 1 Vice-Presidente,o Deputado Alceste Almeida (PMDB); 2 Vice-Presidente, o DeputadoNilson Mouro (PT); 3 Vice-Presidente, o Deputado Almir S (PPB); eRelator, o Deputado Srgio Carvalho (PSDB).

    O prazo da CPI foi ampliado pelas seguintes prorrogaes:

    1 - 12/9 a 10/11/2000 (aprovada em 23/8/2000);

  • 82 - 11/11 a 15/12/2000 (aprovada em 14/12/2000);

    3 - 15/2 a 15/4/2001 (aprovada em 14/12/2000);

    4 - 16/4 a 29/6/2001 (aprovada em 12/6/2001); e

    5 - 1 a 30/8/2001 (aprovada em 20/6/2001).

    3. Das Reunies Realizadas pela Comisso

    Segue-se a relao das reunies realizadas pela Comisso:

    REUNIO DATA PAUTA CONVIDADO/DEPOENTE/TESTEMUNHA

    1 25-04-00 Instalao da Co-misso e eleio doPresidente e dosVice-Presidentes.

    2 02-05-00 Discusso do Roteiroe planejamento dostrabalhos a ser pro-posto pelo Relator,Deputado SrgioCarvalho.

    3 09-05-00 Audincia Pblica eDeliberao de Re-querimentos.

    Convidados:

    - CNDIDO PARAGUASS LERES,Prof. de Direito Fundirio da UFPA; e

    - LCIO FLAVIO DE FARIA PINTO, Jorna-lista.

    Testemunha:

    - POLICARPO JNIOR, Jornalista (nocompareceu)

    4 11-05-00 Deliberao de Re-querimentos.

    5 16-05-00 Audincia Pblicapara tomada de de-poimento.

    Testemunha:

    - POLICARPO JNIOR, Jornalista do Cor-

  • 9reio Braziliense.

    6 18-05-00 Audincia Pblica eApreciao de Re-querimentos.

    Convidados:

    - SEBASTIO AZEVEDO, Procurador-Geral do INCRA;

    - EDUARDO HENRIQUE FREIRE, Diretorde Cadastro Rural do INCRA; e

    - MARCELO AFONSO SILVA, Diretor deRecursos Fundirios do INCRA.

    7 23-05-00 Audincia Pblica eDeliberao de Re-querimentos.

    Convidado:

    - Dr. KLESTER CAVALCANTI, Jornalista daRevista Veja.

    8 25-05-00 Audincia Pblica nacidade de Belm-PA.

    Convidados:

    - CNDIDO PARAGUASS DE LEMOSLERES, Professor da UFPA;

    - OTVIO MENDONA, Especialista emDireito Agrrio e Professor da UFPA;

    - CARLOS ALBERTO LAMAROCORREA, Procurador do Estado do Par;

    - FELCIO DE ARAJO PONTES JNIOR,Procurador da Repblica no Par;

    - LCIO FLVIO DE FARIA PINTO, Jorna-lista;

    - AIRTON FALEIROS, Presidente da Fede-rao dos Trabalhadores Rurais do Par;

    - RONALDO BARATA, ex-Presidente doITERPA;

    - UBIRATAN CAZETA, Procurador da Re-pblica no Par; e

    - JOO ALBERTO PAIVA, Relator do Pro-cesso da INCENXIL no TJ do Par (nocompareceu).

    9 26-05-00 Audincia Pblica nacidade de Belm-PA.

    Convidados:

    - DULCE DE NAZAR LEONCY, Presi-dente do Instituto de Terras do Par -

  • 10

    ITERPA;

    - MARIA DAS GRAAS MALHEIROSMONTEIRO, Delegada em Santarm/PA;

    - DARWIN BOERNER JUNIOR, Superin-tendente do INCRA no Estado do Par (odepoimento foi adiado);

    - EDUARDO MODESTO, ex-Vereador deAltamira;

    - MARIA DE NAZAR BRABO DE SOUZA,Desembargadora e Corregedora-Geral doTribunal de Justia do Par; e

    - CARLOS FERNANDES XAVIER, Presi-dente da Federao da Agricultura do Es-tado do Par.

    Testemunhas:

    - MARIA DO SOCORRO DE SOUZA, Ofici-ala do Cartrio de Registro de Imveis daComarca de So Flix do Xingu

    - ANTNIO MARIA SARMENTO PINTO,Oficial do Cartrio de Registro de Imveisda Comarca de Vizeu;

    - MARIA JOS DE OLIVEIRA MACHADO,Escrevente do Cartrio de Registro de Im-veis da Comarca de So Miguel do Guam;

    - RAIMUNDO CORREIA DE ALMEIDA, Es-crevente do Cartrio de Registro de Imveisda Comarca de Igarap-Mirim;

    - ODIR SIMEO MAIA JNIOR, Oficial doCartrio de Registro de Imveis da Comar-ca de Moj; e

    - KLESTER CAVALCANTE, Jornalista daRevista Veja.

    10 26-05-00 Reunio reservadapara tomada depoi-mento na cidade deBelm-PA

    Testemunhas:

    - PAULO CASTELO BRANCO, ex-Superintendente do IBAMA no Par; e

    - AKIHITO TANAKA, Engenheiro Civil.

  • 11

    11 30-05-00 Audincia Pblica eDeliberao de Re-querimentos.

    Convidados:

    - KENARD DA SILVA BALATA, Economistae Especialista em rea Fundiria e Cadas-tro Tcnico; e

    - LA EMLIA BRAUNE PORTUGAL, Pre-sidente dos Notrios e Registradores doBrasil.

    12 1-06-00 Audincia Pblica eApreciao dos Re-querimentos de ns71, 77, 81, 83, 84,85, 86, 87, 89, 90,91, 92, 93, 94, 95 e96.

    Convidada:

    - MARLIA MARRECO CERQUEIRA, Pre-sidente do IBAMA (justificou ausncia).

    13 06-06-00 Audincia Pblica eApreciao de Re-querimentos.

    Convidados:

    - MAURCIO BENEDITO BARREIRAVASCONCELOS, Superintendente da Su-perintendncia de Desenvolvimento daAmaznia SUDAM;

    - FLORA VALLADARES COELHO, Presi-dente do Banco da Amaznia S/A BASA;e

    - CONSTANTINO CRONEMBERGERMENDES, Gerente de Fundos Fiscais doFundo de Investimento da Amaznia FINAM.

    14 08-06-00 Apreciao de Re-querimentos.

    15 13-06-00 Audincia Pblica eApreciao de Re-querimentos.

    Testemunhas:

    - CECLIO DO REGO ALMEIDA, Empres-rio (justificou ausncia por meio de atestadomdico); e

    - CLAUDOMIRO GOMES DA SILVA, Pre-feito da cidade de Altamira/PA (justificouausncia).

    16 15-06-00 Audincia Pblica nacidade de Manaus-

    Convidados:

    - MRIO BRAULE PINTO DA SILVA, Pro-

  • 12

    AM. curador Regional do INCRA no Estado doAmazonas;

    - BENEDITO RANGEL DE MORAES, Ad-ministrador-Executivo Regional daFUNAI/AM (no compareceu);

    - JOO COELHO BRAGA, Superintendenteda SUHAB/AM;

    - HAMILTON NOBRE CASARA, Superin-tendente do IBAMA no Estado do Amazo-nas;

    - LUIZ VASCONCELOS DA SILVA, Mem-bro do Conselho Nacional dos Seringueiros(no compareceu);

    - FRANCISCO DE ASSIS AIRESARQELLES, Procurador de Justia daPromotoria do Meio Ambiente do Estado doAmazonas;

    - SEBASTIO CARLOS BAPTISTA, Chefede Diviso Fundiria da FUNAI;

    - CARLOS ALBERTO DE SALES, Assessordo Procurador-Geral do INCRA;

    - GEOVANNI ARAJO SILVA, represen-tante do Ministrio Pblico do Estado doAmazonas (em substituio ao Sr. GeorgeTasso Lucena Sampaio Calado, Superin-tendente do INCRA/AM); e

    - OSRIO BARBOSA, Procurador da Re-pblica (em substituio ao Dr. Srgio Lau-ria Ferreira).

    17 16-06-00 Audincia Pblica nacidade de Manaus-AM.

    Testemunhas:

    - DELMIA DA SILVA LEO, Oficiala doCartrio de Registro de Imveis da Comar-ca de Canutama (justificou ausncia pormeio de atestado mdico);

    - ANTNIO LUIZ MENDES DA SILVA, Ofi-cial do Cartrio de Registro de Imveis daComarca de Lbrea;

    - JOO GRAA SOUTO, Oficial do Cartrio

  • 13

    de Registro de Imveis da Comarca deBoca do Acre (justificou ausncia);

    - MILTON PEREIRA DA COSTA, Oficial doCartrio de Registro de Imveis da Comar-ca de Caruari;

    - ANTONINO RABELO, Oficial do Cartriode Registro de Imveis da Comarca deBorba;

    - VALDA MARIA COSTA DA SILVA, Ofi-ciala do Cartrio de Registro de Imveis daComarca de Barreirinha;

    - EDILBERTA FERREIRA DE MACEDO,Oficiala do Cartrio de Registro de Imveisda Comarca de Apu (justificou ausnciapor meio de atestado mdico);

    - RAIMAR DA SILVA AGUIAR, Presidentedo Sindicato das Indstrias de Madeiras doEstado do Amazonas; e

    - ERWIN ROMMEL GODINHORODRIGUES, Oficial do Cartrio de Regis-tro de Imveis da Comarca de Novo Ari-puan.

    18 19-06-00 Audincia Pblica nacidade de Boa Vista-RR.

    Depoentes:

    - HECTOR DANIEL GARIBOTTI, Fundadorda Associao Amaznia;

    - LUIZ ERON CASTRO RIBEIRO, Sub-tabelio do Cartrio do 2 Ofcio de Notasde Manaus-AM;

    - Prof. LUIZ ANTNIO NASCIMENTO DESOUZA, Presidente da AssociaoAmaznia;

    - LURENES CRUZ DO NASCIMENTO,Presidente da Cooperativa dos ProdutoresRurais da Regio da Apia;

    - PLNIO LEITE DA ENCARNAO, ex-Presidente da Associao Amaznia (nocompareceu);

    Convidados:

  • 14

    - JOS DE SOUZA IGUATEMI, Presidentedo Instituto de Terras de Roraima -ITERAIMA;

    - Frei ARTHUR AGOSTINI, Coordenadorda Comisso Pastoral da Terra - CPT;

    - ADEMIR JUNES DOS SANTOS, Super-intendente do IBAMA/RR;

    -MANOEL ANDRADE DE FREITAS, Su-perintendente do INCRA/RR (no compare-ceu);

    - RENATO LANG, Assessor Estadual daComisso Pastoral da Terra;

    - Dr. ALEIR GURSEN DE MIRANDA, Juizde Direito da Comarca de Boa Vista; e

    - MARIA DE FTIMA SILVA DOS REIS,Me de vtima em acidente em Cotingo.

    19 20-06-00 Audincia Pblica nacidade de Boa Vista-RR.

    Convidados:

    - ALMIR ALBUQUERQUE ANSELMO;

    - PAULO RODRIGUES;

    - CARLOS FERREIRA DA SILVA;

    - JOO SOARES GOMES;

    - MANOEL NASCIMENTO HORTA DASILVA (no compareceu);

    - Dr DALVA MARIA MACHADO, Procura-dora da Unio no Estado de Roraima;

    - WILSON JORDO MOTA BEZERRA, Ve-reador do Municpio de Uiramut-RR;

    - MANOEL ANDRADE DE FREITAS, Su-perintendente do INCRA/RR;

    - JOS FERNANDES DE OLIVEIRA, Vere-ador do Municpio de Mucaja-RR;

    - Dr. FELIPE BRETANHA SOUZA, Procu-rador Geral da Repblica em Roraima;

    - GILBERTO PEDROSA LIMA (ARIKON),

  • 15

    Cacique da Aldeia Tuxaua;

    - TERNCIO LUIZ DA SILVA, Cacique Ma-cuxi da Aldeia Ubaru (no compareceu);

    Depoentes:

    - LAURO BARBOSA, membro da Socieda-de de Defesa dos ndios Unidos do Nortede Roraima - SODIUR;

    - JERNIMO PEREIRA DA SILVA, Coor-denador Geral do Conselho Indgena deRoraima (no compareceu); e

    - MARTINHO ALVES DE ANDRADEJNIOR, Administrador Regional Substitutoda FUNAI/RR.

    20 27-06-00 Audincia Pblica eapreciao de reque-rimentos.

    Convidada:

    - MARLIA MARRECO CERQUEIRA, Pre-sidente do IBAMA.

    21 28-06-00 Audincia Pblica eapreciao de reque-rimentos.

    Convidado:

    - ALISON JOS COUTINHO, Interventor doIBAMA no Par.

    22 09-08-00 1. Debate do Crono-grama de Trabalhopara o segundo se-mestre; e

    2. Apreciao deRequerimentos.

    23 23-08-00 1. Apresentao doCronograma de Tra-balho para o segun-do semestre; e

    2. Apreciao deRequerimentos.

    24 12-09-00 1. Audincia Pblica;e

    2. Apreciao deRequerimentos.

    Convidados:

    - GILDO CORREA FERRAZ, ex-Subprocurador da Repblica; e

    - GERCINO JOS DA SILVA FILHO, Ouvi-

  • 16

    dor Agrrio Nacional (no compareceu -justificou ausncia).

    25 09-10-00 Audincia Pblica nacidade Cuiab-MT.

    Convidados:

    - APARECIDO ALVES DE OLIVEIRA, Su-perintendente do INTERMAT;

    - JOO BOSCO DE MORAES, Superinten-dente Interino do INCRA no Estado de MatoGrosso;

    - LUIZ FERNANDO CARDOZO DA CRUZ,Coordenador-Chefe da rea Tcnica daCoordenao de Interveno do IBAMA noEstado de Mato Grosso (em substituio aoSr. Reginaldo Anaissi Costa);

    - ARIOVALDO JOS DOS SANTOS, Admi-nistrador Regional da FUNAI no Estado deMato Grosso (no compareceu - ficou deapresentar atestado mdico);

    - CLVIS DE FIGUEIREDO CARDOSO,ex-Superintendente do INCRA (no compa-receu); e

    - JOARI CATARINO ARANTES, Procuradordo INCRA (Chefe da rea de cadastro).

    26 10-10-00 Audincia Pblica nacidade de Porto Ve-lho-RO.

    Convidados:

    - General OLIVEIRA SOUZA, Diretor dePatrimnio do Exrcito;

    - Cel. Av. FERNANDO ANTONIO TACCADE ANDRADE, Chefe do Estado-Maior do7 Comando Areo Regional;

    - Del. JOS IVAN GUIMARES LOBATO,Superintendente da Polcia Federal emRondnia;

    - NAILTON GREGRIO, Procurador Fede-ral (em substituio ao Sr. Orlando CastroSilveira); e

    - OSMAN RIBEIRO BRASIL, Tcnico daFUNAI (em substituio ao Sr. OrlandoCastro Silveira).

  • 17

    27 11-10-00 Audincia Pblica nacidade de Porto Ve-lho-RO.

    Convidados:

    - ANTNIO RENATO RODRIGUES, Su-perintendente Regional do INCRA em Ron-dnia;

    - ERISMAR MOREIRA DA SILVA, Repre-sentante do IBAMA em Rondnia;

    - ALZAK CINTA LARGA, Representante daAssociao Pamar do Povo Cinta Larga;

    - OITA MATINA, Representante da Associ-ao Pamar do Povo Cinta Larga;

    - ADILSON JOS JACOBOWSKI, ex-Funcionrio da FUNAI;

    - MARCELO SANTOS, Indigenista daFUNAI;

    - SIDNEY POSSUELO, Diretor do Depar-tamento de ndios Isolados da FUNAI;

    - OSNI FERREIRA, Indigenista;

    - ANTENOR DUARTE DO VALE, Indige-nista da FUNAI;

    - JAIR MELCHIOR BRUXEL, Represen-tante da Comisso Pastoral da Terra noEstado de Rondnia (em substituio ao Sr.Vitor Hugo);

    - HEITOR TINTI BATISTA, Prefeito de Vi-lhena (no compareceu); e

    - LUIZ CLUDIO FERNANDES, Topgrafo.

    28 13-10-00 Audincia Pblica ediligncias na cidadede Rio Branco-AC

    Convidados:

    - ANTNIO CARLOS CARBONE, Advoga-do e ex-Procurador do INCRA;

    - EVA EVANGELISTA, Corregedora do Tri-bunal de Justia do Estado do Acre;

    - RAIMUNDO ARAJO LIMA, ex-Superintendente do INCRA no Estado doAcre;

    - JOO DE DEUS RODRIGUES, Coorde-

  • 18

    nador da Federao dos Agricultores doEstado do Acre;

    - RAIMUNDO PEREIRA DA SILVA, Serin-gueiro de Novo Andir;

    - LUIZ VASCONCELOS DA SILVA, Secre-trio de Produo do Sindicato dos Serin-gueiros;

    - MARCUS VINICIUS, Procurador da Re-pblica no Estado do Acre;

    - ALDEMOR FERNANDES DE SOUSA,Superintendente do INCRA no Estado doAcre;

    - ALCIONE TORRES DE CARVALHO, ex-Procurador do INCRA no Estado do Acre(no compareceu - ausncia justificada);

    - OTHLIA BAPTISTA MELO DE SAMPAIO,Assessora Especial para Assuntos Jurd i-cos do Ministrio do Desenvolvimento Agr-rio, ex-Superintendncia do INCRA/AC (nocompareceu - ausncia justificada); e

    - ASSUERO DOCA VERONEZ, Presidenteda Federao da Agricultura do Estado doAcre (no compareceu).

    Testemunhas:

    - ELZO NASCIMENTO DE SOUZA, Oficialde Cartrio de Registro de Imveis da Co-marca de Senador Guiomar;

    - JOO DA GRAA SOUTO, Oficial deCartrio de Registro de Imveis da Comar-ca de Boca do Acre; e

    - CLAUDETE KERN PASCOAL.

    29 17-10-00 Audincia Pblica; e

    Deliberao de Re-querimentos.

    Testemunhas:

    - ADRIANO QUEIROZ SANTOS FILHO,Tabelio do Cartrio do 3 Ofcio de Notasde Belm;

    - MARIA SLVIA MONTEIRO DO AMARAL,Advogada; e

  • 19

    - GLUCIA ALENCAR MEIRELLESROCHA, Advogada.

    30 31-10-00 Deliberao de Re-querimentos.

    31 09-11-00 Audincia Pblica noEstado do Par.

    Convidados:

    - WANDA LUCZYNSKI, Procuradora deJustia (aposentada); e

    - LUIZ ERNANI FERREIRA RIBEIROMALATO, Juiz Titular da 3 Vara da Co-marca de Altamira (no compareceu);

    Testemunhas:

    - FLVIO AUGUSTO TITAN VIEGAS, ex-procurador do Sr. Carlos Medeiros;

    - JUVENAL DE OLIVEIRA BARROS, De-senhista Tcnico Cartogrfico (no compa-receu - justificou ausncia); e

    - EUGNIA SILVA DE FREITAS, ex-Oficialdo Cartrio de Registro de Imveis de Al-tamira (no compareceu - entrou com "ha-beas corpus")..

    32 10-11-00 Audincia Pblica noEstado do Par.

    Testemunhas:

    - MARIA AVELINA IMBIRIBA HESKETH,Presidente da OAB/PA;

    - LUS GASPAR VILELA MACHADO, Ofici-al de Cartrio da Comarca de So Migueldo Guam;

    - ISMAR JOS DA SILVA SOUZA, Oficialde Cartrio da Comarca de Senador JosPorfrio;

    - ODIR SIMEO MAIA SANTOS, Oficial deCartrio de Imveis da Comarca de Moj;

    - MARIA DO SOCORRO DE SOUZA, Ofici-al de Cartrio da Comarca de So Flix doXingu;

    - ELIELSON AYRES DE SOUZA, Procura-

  • 20

    dor do IBAMA/RJ;

    - NELSON FIGUEIREDO, ex-Presidente doBanco do Estado do Par;

    - MRIO RAMOS RIBEIRO, Presidente doBanco do Estado do Par;

    - ALUZIO AUGUSTO LOPES CHAVES,ex-Presidente do Banco do Estado do Par;

    - ROSA CRISTINA GIIA SANTOS, Advo-gada e procuradora do Sr. Carlos Medeiros;

    - MARINHO GOMES FIGUEIREDO, ex-procurador de Carlos Medeiros (no com-pareceu);

    - ROBERTO BELTRO DE ALMEIDA, pro-prietrio de terras em Altamira (no compa-receu); e

    - JOO ALBERTO PAIVA, Desembargadordo Tribunal de Justia do Estado do Par(no compareceu - entrou com "habeascorpus").

    33 13-11-00 Audincia Pblica nacidade de Macap-AP

    Testemunhas:

    - ALESSANDRO GALLAZZI, representanteda Pastoral da Terra do Estado do Amap;e

    - GERALDO EVANGELISTA, Titular doCartrio de Imveis do Municpio de Ama-pAP;

    Convidados:

    - ANTNIO CARLOS ALMEIDACAMPELO, Diretor-Presidente do Institutode Terras do Amap TERRAP;

    - ENAS DOS SANTOS RAIOL, Superin-tendente do INCRA no Estado do Amap;

    - ADALBERTO PLNIO DA SILVA, Gerente-Geral da Empresa Chamflora;

    - REGINALDO SRGIO LIBERATO, Ge-rente-Geral do Projeto Amapari, da Empre-

  • 21

    sa Anglogold-Itajobi;

    - SRGIO PAULO DE SOUZA JORGE,Engenheiro Agrrio do INCRA;

    - RUBENS DE ROCHA PORTAL, Assessordo IBAMA;

    - JOAQUIM GOMES DE OLIVEIRA, Procu-rador do IBAMA;

    - RUBENS FRANCISCO TOCCI, Diretor deRecursos Naturais e Assuntos Fundiriosdo JACEU;

    - JOS CLUDIO SARDINHA, Presidenteda JARCEL CELULOSE;

    - REGINALDO BRITO DE MIRANDA, Pre-feito eleito do Municpio de Laranjal do Jari(no compareceu);

    - LUIZ DE FRANA MAGALHES, Prefeitoeleito de Vitria do Jari;

    - EDELSON SANTIAGO LIMA, Prefeitoeleito do Municpio de Serra do Navio (nocompareceu);

    - MARIA DO SOCORRO PELAES, Prefeitaeleita do Municpio de Pedra Branca doAmapari; e

    - MURILO AUGUSTINHO PINHEIRO, re-presentante Regional do IBAMA.

    34 21-11-00 Audincia Pblicapara tomada de de-poimento

    Testemunha:

    - MARINHO GOMES FIGUEIREDO, ex-procurador do Senhor Carlos Medeiros.

    Convidado:

    - GERALDO JOS DE ARAJO, Superin-tendente da Polcia Federal do Estado doPar.

    35 24-11-00

    (09h30)

    Audincia Pblicapara tomada de de-poimento na cidadede Belm-PA.

    Depoente:

    - EUGNIA SILVA DE FREITAS, hospitali-zada na Clnica dos Acidentados na cidadede Belm-PA (tomada de depoimento efe-

  • 22

    tuada na prpria clnica).

    36 24-11-00

    (16h45)

    Audincia Pblica nacidade de Belm/PA

    Convidado:

    - LUZ ERNANE FERREIRA RIBEIROMALATO, Juiz de Direito da Comarca deAltamira.

    37 28-11-00 Audincia Pblicapara oitiva de teste-munha; e

    Deliberao de Re-querimentos.

    Testemunha:

    - NAIRA NUNAN RIBEIRO SOARES, Ad-vogada.

    38 29-11-00 Audincia Pblicapara oitiva de teste-munha; e

    Deliberao de Re-querimentos.

    Testemunha:

    - RAIMUNDO NOGUEIRA NETO, propriet-rio da empresa Alfa Engenharia Materiais eServios Ltda.

    39 05-12-00 Audincia Pblicapara oitiva de teste-munha.

    Testemunhas:

    - LUIZ DE AMORIM JAYME, Advogado; e

    - DENISE ABDALA NOGUEIRA, Scia daEmpresa Alfa Engenharia.

    40 12-12-00 Deliberao de Re-querimentos.

    41 20-02-01 Deliberao de Re-querimentos.

    42 07-03-01 Deliberao de Re-querimentos.

    43 15-03-01 1. Audincia Pblicana cidade de Ma-naus-AM; e

    2. Deliberao deRequerimentos.

    Convidados:

    - MARINILDES COSTEIRA DEMENDONA LIMA, Corregedora-Geral deJustia do Estado do Amazonas;

    - GERCINO JOS DA SILVA FILHO, De-sembargador e Ouvidor Agrrio do INCRA;

    - GIOVANI DE ARAJO SILVA, Superin-tendente do INCRA/AM;

  • 23

    - JOS MAIA, ex-Superintendente doINCRA/AM;

    - MRIO BRAULE PINTO, Procurador Re-gional do INCRA na Amaznia;

    - JACINTO BOTTINELY, ex-Procurador doINCRA;

    - JOO COELHO BRAGA, Diretor daSUHAB;

    - FRANCISCO LIMA CARIOCA;

    - JOS RIBAMAR FURTADO, ex-Chefe deCadastro do INCRA;

    - EDIRALDO SAMPAIO DE OLIVEIRA,Presidente da Associao MANAIRO;

    - RUBENS JORGE LIMA SANTIAGO, Exe-cutor da Unidade do INCRA em Manacapu-ru;

    - ARTHEMIO WAGNER DANTAS;

    - MARCO ANTNIO DE SOUZA, Gerenteda Agro-Industrial Manacapuru (no com-pareceu).

    44 16-03-01 1. Audincia Pblicana cidade de Ma-naus-AM; e

    2. Deliberao deRequerimentos.

    Testemunhas:

    - FALB SARAIVA DE FARIAS, Empresrio;

    - MUSTAF SAID, Comerciante;

    - FRANCISCO DAS CHAGAS SARAIVADE FARIAS;

    - DANIEL FERREIRA DA SILVA, Vice-Presidente do Tribunal de Justia do Ama-zonas;

    - LUIZ MANOEL HIDALGO BARROS;

    - CARLOS ALBERTO SALLES, Procuradordo INCRA/AM;

    - FERNANDO MIRANDA LISBOA, Diretorda Agro Florestal da Amaznia;

    - ALFREDO LOPES, Presidente Executivo

  • 24

    da ONG Amazonas - Forever Green;

    - HUGO FERNANDES LEVY FILHO, Juiz(no compareceu);

    - RAIMUNDO NONATO SPINDOLA DEARAJO, Diretor da MANASA (no compa-receu);

    - ALOYSIO SERWY, Proprietrio da Em-presa Agro-Industrial Manacapuru S/A (nocompareceu);

    Convidada:

    - FRANCISCA CRISTINA SARAIVA DEFARIAS.

    45 16-03-01 1. Audincia Pblicana cidade de Ma-naus-AM; e

    2. Deliberao deRequerimentos.

    Testemunha:

    - DANIEL FERREIRA DA SILVA, Desem-bargador (Tribunal de Justia do Estado doAmazonas).

    46 21-03-01 1. Audincia Pblica;e

    2. Apreciao deRequerimentos.

    Convidados:

    - Dr. RAUL JUNGMANN, Ministro do Des-envolvimento Agrrio; e

    - General ALBERTO CARDOSO, Ministro-Chefe do Gabinete de Segurana Instituci-onal da Presidncia da Repblica.

    47 22-03-01 Deliberao de Re-querimentos.

    48 28-03-01 1. Audincia Pblica;e

    2. Deliberao deRequerimentos.

    Testemunhas:

    - ADALBERTO CORDEIRO E SILVA; e

    - ABDALLA GEORGES SLEIMANN.

    49 17-04-01 1. Audincia Pblica;e

    2. Deliberao deRequerimentos.

    Depoentes:

    - ALOYSIO SERWY, Scio Majoritrio daAgroIndstria Manacapuru; e

    - ANDR SERWY, Procurador de AgroIn-dstria Manacapuru.

  • 25

    50 19-04-01 1. Audincia Pblica;e

    2. Deliberao deRequerimentos.

    Convidado:

    - NILO SRGIO GALIAO D'VILA, repre-sentante do Greenpeace;

    Testemunha:

    - ANTNIO LUIZ MENDES DA SILVA, ex-Cartorrio da Comarca de Lbrea/AM.

    51 24-04-01 Deliberao de Re-querimentos.

    52 19-06-01 Deliberao de Re-querimentos.

    53 26-06-01 Reunio Reservadapara tomada de de-poimento.

    Depoente:

    - RICARDO PERNE VIANA.

    4. Documentao Expedida pela Comisso

    Foram expedidos novecentos e trinta ofcios a autoridades do Executivoe Judicirio, mormente quelas que cuidam dos atos registrais, das terras p-blicas, dos processos e questes agrrias.

    5. Documentao Recebida pela Comisso

    A CPI recebeu 550 ofcios, encaminhando documentao de cartrios,de institutos de terra estaduais, do INCRA, IBAMA, FUNAI e Receita Federal,de juristas ligados ao Direito Agrrio e Registral.

  • 26

    6. Investigaes Realizadas pela Comisso

    A Comisso percorreu todas as capitais dos Estados da Amaznia Le-gal, exceo do Maranho e Tocantins.

    Suas investigaes voltaram-se, notadamente, para os cartrios de re-gistro de imveis, com jurisdio em reas com grande incidncia de grilagem.

    Farta documentao relativa propriedade imobiliria rural foi entreguee analisada pela CPI.

    Procurou-se cruzar as informaes prestadas pelos diferentes rgospblicos envolvidos com a gesto dos recursos fundirios, de forma a permitirque as investigaes caminhassem para esclarecer as brechas legais, operaci-onais e institucionais que permitem a ocupao desordenada de terras pblicasna Amaznia.

    Buscou-se, ainda, confrontar testemunhos de pessoas ligadas admi-nistrao das terras pblicas com os de seus ocupantes particulares, de formaa permitir o contraditrio enriquecedor dos debates.

    Foram quebrados os sigilos fiscal, bancrio e telefnico de cerca de qua-renta e quatro pessoas sobre as quais pesam fortes indcios de estarem liga-das a esquemas de grilagem.

    Os relatrios das investigaes so apresentados a seguir, por unidadeda federao.

    Ressalte-se que tais relatrios no apresentam homogeneidade no en-frentamento da questo, pois eles refletem o contexto regional das modalida-des de irregularidades dominiais das terras pblicas, que varia de Estado paraEstado.

    Foram aproveitados, praticamente na ntegra, os abrangentes e contun-dentes sub-relatrios apresentados pelos seguintes deputados:

    Deputada VANESSA GRAZZIOTIN AMAZONAS;

    Deputados BAB e JOSU BENGTSON PAR;

    Deputados NILSON MOURO e SRGIO BARROS ACRE;

    Deputado ANTNIO FEIJO RORAIMA E AMAP.

  • 27

    RELATRIO DO

    ESTADO DO AMAZONAS

  • 28

    SUMRIO

    I. INTRODUO

    II. CONSIDERAES GERAIS

    III. DESAPROPRIAO NO AMAZONAS

    3.1 RELAO DAS REAS DESAPROPRIADAS

    3.1.1 Vila Amaznia

    3.1.2 Aliana

    3.1.3 Seringais

    3.1.4 Uatum

    3.2 LOTEAMENTOS

    3.2.1 Processos Indenizatrios da Eletronorte

    3.2.2 Uatum

    3.3 Desapropriao de rea do Governo do Estado - Decretos n10.338 e 11.294

    IV. ATUAO DAS INSTITUIES PBLICAS NO AMAZONAS

    4.1 INCRA

    4.2 SUHAB

    V. GRILAGEM

    5.1 MUSTAF SAID

    5.1.1 Histrico

    5.1.2 Desapropriao

    5.1.3 Seringais So Pedro I e II

    5.1.4 Demais seringais

    5.1.5 Situao atual Novos contratos

    5.1.6 Anlise dos Imveis

    5.2 MIRTYL LEVY

    5.2.1 Histrico

    5.2.2 Situao Atual

    5.2.3 Concluso

    5.3 APLUB AGROFLORESTAL AMAZNIA S.A

    5.3.1 Histrico

  • 29

    5.3.2 Concluso

    5.4 FALB FARIAS

    5.5 MOSS

    5.5.1 Histrico

    5.5.2 Concluso

    5.6 AGROINDUSTRIAL MANACAPURU E CIA AMAZONENSE

    5.6.1 Sobre o incio das investigaes

    5.6.2 Sobre a propriedade dos imveis

    5.6.3 O projeto da Agroindustrial Manacapuru financiado pelaSUDAM

    5.6.4 O projeto da Cia Amazonense financiado pela SUDAM

    5.6.5 Concluso

    5.7 ESPLIO LEONEL JOS DE ARAJO

    5.8 FAZENDA PARAN

    5.9 IMVEL BATURIT

    5.10 OSCARINA LIBERATO DE CARVALHO

    5.11 BOA ESPERANA

    5.12 CASO ECOPEIXE / CONSTRUTORA EXATA

    VI. CARTRIOS

    6.1 SITUAO DAS TERRAS

    6.2 SITUAO ATUAL

    6.3 CONCLUSO

    VII. SERVIDORES PBLICOS

    7.1 DANIEL FERREIRA DA SILVA

    7.2 JACINTO BOTTINELLY

    VIII. ESTRANGEIROS

  • 30

    I. INTRODUO

    O presente relatrio oferece algumas informaes analisadas a partirdas documentaes recebidas de vrios rgos pblicos Municipais, Estaduaise Federais, do Poder Judicirio, de pessoas fsicas e de outras fontes, princi-palmente dos cartrios de ttulos e notas, das corregedorias dos Tribunais deJustia e do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA).

    Da anlise realizada, pode-se dizer que ao longo dos ltimos 30 anos, oprocesso de registros de terras rurais no Estado do Amazonas, certamentecomo em outros Estados da Amaznia, apresenta muitas falhas e irregularida-des, que podero ser observadas no decorrer do relatrio. Porm, faz-se ne-cessrio abordar alguns de seus aspectos.

    Primeiramente, a existncia de uma extensa, vasta e alarmante quanti-dade de terras pblicas matriculadas irregularmente e ilegalmente por particula-res, os quais foram favorecidos por atuaes de flagrante delito, executadaspor um grande nmero de Registradores Pblicos das Comarcas do interior doEstado, os quais em certos perodos contaram com a cobertura de integrantesdo prprio Poder Judicirio e dos Institutos de Terras estaduais e federais.

    Segundo, pela extenso do Estado e dada a falta de fiscalizao porparte da Justia, houve a falsificao e multiplicao de Registros de ImveisRurais com procedncia ilegal ou fictcia. Havia, e ainda h a possibilidade deduplicidade de registros e de proprietrios, como tambm o registro do imvelem um mesmo municpio ou em outro, ou ainda de um mesmo imvel em maisde um municpio.

    Terceiro, certides de terras foram outorgadas por autoridades estadu-ais, em desacordo com documentos legais e legtimos.

    Quarto, pela ausncia de regras de procedimentos correcionais noscartrios, emanadas de rgos superiores, havia, e h, a prtica de atos deRegistro Pblico sem a presena das partes envolvidas, o que facilita em muitoa fraude, acarretando registro de demarcatrias, aumentando em alguns casosem mais de 30.000% as reas originais.

    Quinto, a partir da fraude era possvel criar, por meio de Certides Vin-tenrias, de Inteiro Teor e outras, Cadeias Dominiais sem o devido lastro daorigem legal e autenticidade que as comprovassem.

    Por ltimo, apesar de ter ocorrido, ainda na dcada de 70, uma fiscaliza-o por parte do Ministrio Pblico Federal, o qual havia proposto o cancela-mento do registro de inmeras glebas, as sentenas da Justia Federal orde-nando o cancelamento de matrculas, abertas ou demarcadas indevidamenteno ocorreram efetivamente. E, ainda mais, quando admitidas, abriam-se no-vas matrculas do mesmo imvel em outros Livros do Cartrio, encobrindo,manipulando e desobedecendo as sentenas, tornando incua a ordem judicial.

    Observa-se que os ilcitos praticados, se estendem adulterao de fir-mas em procuraes e em formais de partilha, na compra de direitos heredit-rios e na montagem de Matriculas de Imveis, pela via da lavratura dolosa de

  • 31

    Escrituras de Compra e Venda. Aqui, vale ressaltar o desmembramento dasmesmas reas vrias vezes, o registro da mesma rea com denominao dife-rente, a emisso de Laudos de Avaliao por vultosos valores e as sentenasde partilha de bens e de adjudicao. Isso tudo com a presena freqente deinmeros proprietrios, acima dos 80 anos, assinando Escrituras de Compra eVenda, adquiridas h mais de 40 ou 50 anos.

    Nota-se que a Direo do INCRA, atravs da Procuradoria no Amazo-nas, em um determinado momento, principalmente a partir de 1998, tem feitolevantamentos em alguns cartrios do interior do Estado e requerido Corre-gedoria de Justia do Estado a apurao e regularizao dos atos incorretospraticados pelos serventurios dos cartrios. Infelizmente sem muito sucessonos anos de 1998/1999, em face dos sistemticos indeferimentos. S a partirdo incio da administrao da atual Corregedora, Desembargadora MarinildesCosteira de Mendona Lima, foi que a Corregedoria do Amazonas iniciou umamplo trabalho de correio nos cartrios do interior do Estado, com grandenfase a partir da instalao desta CPI. Em razo desses trabalhos, j foramcancelados registros imobilirios irregulares e fraudulentos no Estado do Ama-zonas correspondentes a mais de 20 milhes de hectares, que retornaram aopatrimnio da Unio.

    Alm dessa ao articulada entre esta CPI e a Corregedoria de Justiado Amazonas entendemos que o trabalho da CPI teve um mbito maior do quese pode concretizar na investigao, apurao e a proposio da prpria revi-so e atualizao das normas legais que regulam a matria.

    Este relatrio parcial do Amazonas, procura abordar as seguintes ques-tes:

    1. As desapropriaes (III);

    2. A situao e atuao das Instituies Pblicas ligadas asquestes fundirias no Estado;

    3. Alguns casos graves de grilagem;

    4. Os procedimentos dos Cartrios de Ttulos e notas;

    5. A conduta de alguns servidores pblicos;

    6. Alguns casos sobre a posse de terras por estrangeiros; e

    7. Concluses e Sugestes.

    II. CONSIDERAES GERAIS

    evidente a grande quantidade de casos tipificados como irregulares,detectados atravs dos trabalhos investigativos desta CPI, das correies reali-zadas pela Corregedoria do Tribunal de Justia do Amazonas e pelo INCRA,entretanto, pela exigidade de tempo, pela limitao de recursos humanos e

  • 32

    materiais, pelas muitas dificuldades que esta CPI encontrou em ter acesso ainformaes solicitadas aos rgos pblicos e aos cartrios, e ainda pela ex-tenso territorial do Estado do Amazonas, no conseguimos alcanar, do pontode vista investigativo, a totalidade dos casos e portanto no se formalizou aindaa regularizao dos Registros Imobilirios no territrio do Amazonas.

    Aps se completar o trabalho de levantamento da situao fundiria, oque deve continuar a ser feito, principalmente pela Corregedoria do TJA e pe-los Institutos de Terras, ser necessrio que a legislao fundiria seja cumpri-da risca pelos correspondentes serventurios da Justia e que no haja acomplacncia e falta de controle dos diferentes rgos envolvidos. Por quanto,os diplomas legais que regulam esta matria, ainda que fartos, no so contra-ditrios, nem incompletos, nem insuficientes, como forma de se deixar de ter emanter o sistema de Registro de Imveis em perfeita ordem.

    A situao da gesto dos Cartrios de Registro de Imveis e de Notasde muitas Comarcas do Estado do Amazonas, por dezenas de anos, tem sidonegligenciada, como se denota da reiterada e profusa produo de ttulos dedomnio de glebas, muitas existentes to somente na imaginao geogrficadas verdadeiras quadrilhas de grileiros que existem h vrios anos e vem selocupletando indevida e criminalmente, criando assim uma situao de desor-dem fundiria no Estado, extremamente grave.

    2. A INVESTIGAO REALIZADA PELA CPI

    A Comisso Parlamentar de Inqurito das Terras Pblicas daAmaznia, foi instalada em 25 de abril 2000, para investigar diversos aconteci-mentos envolvendo a apropriao indevida e ilegal de extensas reas de terraspertencentes ao patrimnio pblico que, sem ter o devido respaldo documental,passaram por mecanismos ilcitos a mos de particulares, pessoas fsicas e ju-rdicas, com grave leso para os Estados e Unio.

    Isto agravado pela falta de controle, a respeito do seu enquadra-mento nas diretrizes de desenvolvimento traada pelo Estado, direcionadas explorao sustentvel e no predatria, e de proteo ao acervo da flora efauna amaznica e seus correspondentes recursos naturais.

    Esta situao chegou ao seu clmax, com o conhecimento de rumorosose estrondosos casos, noticiados publicamente nos meios de comunicao,destacando os grandes latifundirios nos Estados do Amazonas, do Par eMato Grosso. Cujas propriedades alcanavam a milhes ou milhares de hecta-res, como o caso de Falb Saraiva de Farias, APLUB AGRO FLORESTALAMAZNIA S/A, Mustaf Said, Manasa e Mabral, Mirtyl Levi, Moss, entre outros,no Amazonas. Agravado com ofertas veiculadas na Internet e em jornais e re-

  • 33

    vistas dos estados Unidos, oferecendo extensas reas na regio, todas, " devi-damente legalizadas ".

    A primeira pergunta a se fazer, como algum poderia ter adquirido naregio amaznica tamanhas reas, se de conformidade aos dispositivos legais,quer de titulao, quer de registro, isto no seria possvel.

    Era preciso, adentrar no conhecimento do processo histrico dosacontecimentos nos sculos XVIII e XIX, e a legislao e o processo de ocupa-o que norteou a transferncia a particulares, da terras sob o domnio da Co-roa portuguesa que por direito prprio lhe passaram a pertencer ao Rei dePortugal, como objeto da conquista e posse do Brasil por Pedro Alvarez Cabral;assim como, da legislao que regulou a transferncia das terras pblicas aosEstados, com motivo da Constituio de 1891, e as Leis que estes ditaram paraadministrar o processo de transio que significou a regularizao das posses,concesses, sesmarias e ttulos legtimos, concedidos pelos Governos Geral eProvinciais da era pr-republicana ou monrquica. Como tambm, definir atra-vs do termo terras devolutas, quais eram as pblicas que por direito consti-tucional e histrico, passaram-lhe a pertencer.

    Foi necessrio, tambm, adentrar-se na compilao e conheci-mento da profcua e ampla legislao que versou sobre diversos aspectos daquesto das terras pblicas, da Unio e dos Estados e as diretrizes que nortea-ram a diviso da terra como um benefcio social. Este conhecimento, teve queser ampliado s decises dos altos Tribunais de Justia, motivado pelos inme-ros processos judiciais envolvendo a ao dos grileiros que foram analisados.

    Concomitantemente com conhecer o embasamento histrico do direitosobre as terras por parte do Estado e os mecanismos empregados para a suatransferncia ao domnio particular, foi necessrio conhecer a legislao sobreos Registros Pblicos que amparavam a cadeia sucessria das terras tituladasdesde o tempo do Imprio, e sua evoluo at o presente.

    O devido conhecimento destes dois conjuntos de dispositivos legais eadministrativos, junto com o conhecimento histrico e geogrfico da regio, fi-zeram que esta CPI pudesse detectar, no to somente os casos pontuais re-presentativos dos diferentes tipos de ilcitos acontecidos nos ltimos 100 anos,como tambm, chegar a decifrar os esquemas fraudulentos que verdadeirasquadrilhas organizaram para esbulhar o patrimnio pblico, e, em muitos casostambm, o particular. Infelizmente, com a participao e ou complacncia deesprios agentes do poder administrativo e judicial.

    Levar a cabo, e chegar a bom trmino, sem dvida seria uma ingente ta-refa. Tendo em vista a extenso territorial da regio amaznica, como a diver-sidade de rgos federais e estaduais envolvidos na questo fundiria.

    Porm, com o correr dos acontecimentos, a Comisso se deparou quetambm, demandaria um maior tempo daquele que inicialmente havia sido es-timado, para poder angariar e analisar milhares de documentos. Como tambmpara organizar audincias pblicas nas cidades de Manaus, com a oitiva detestemunhas e convidados, que se tornaram necessrias dada a gravidade doscasos denunciados, que inclusive resultou na priso em Manaus de um dosdepoentes, o maior grileiro do Pas, Sr. Falb Saraiva de Farias.

  • 34

    Era o povo, que inconformado com a situao de descalabro e impuni-dade de agentes pblicos que administravam as questes de terras, clamavapor justia. Da que esta CPI, compreendeu a grande responsabilidade que ti-nha nas suas mos, que tem servido de estmulo para concluir este ingentetrabalho, estimamos com xito, para assim no defraudar coletividade.

    A complexidade do assunto tambm era bem maior, daquilo que se ima-ginava. Tendo em vista, o alto grau de faltas corriqueiramente e despudorada-mente cometidas por inmeros serventurios de justia dos Cartrios de Re-gistro de Imveis, e que, os casos de irregularidades detectadas, vinham repe-tindo-se, sem maior restrio, h mais de 50 anos; apesar, em algumas pocaspassadas, da ao de diligentes agentes do executivo e do judicirio, que aoconhecer estes casos de verdadeiros desmandos administrativos, arbitraramoportunamente, as medidas saneadoras competentes, muitas das quais pauta-ram jurisprudncias, que, infelizmente com o passar do tempo, em alguns ca-sos no foram mais observadas, pelos aplicadores da Lei.

    O material compilado e o conhecimento dos fatos, adquiridos, foramproduto de uma ao permanente e determinada dos componentes desta CPI,formada por Deputados dos diferentes Estados envolvidos, promovendo a par-ticipao de particulares neste processo de arrecadao de informaes, quepossibilitou atingir um acervo documental extenso, completo e irrefutvel queradiografa de maneira perfeita e concludente os fatos delituosos cometidos,os mecanismos empregados, os feitores, encobridores e comparsas par-ticipantes, os objetivos planejados e os benefcios obtidos pelos pilantrasenvolvidos, e as falhas administrativas e legais encontradas. E, infeliz-mente, em muitos casos, a evidente omisso dos fiscalizadores do processo.

    Por outra parte, h de ser reconhecida a ampla e irrestrita cooperaorecebida de todos os rgos pblicos e seus representantes, traduzida naoportuna e diligente entrega de informaes e milhares de documentos, solici-tados pela CPI no desenvolvimento dos seus trabalhos. O que, data venia, te-mos a destacar, facilitou de maneira primordial as tarefas de anlise e estudoque deram como resultado, o presente Relatrio.

    Por tal razo, merecem especial destaque, a Corregedoria Geral da Jus-tia do Amazonas; como tambm, o Instituto de Terras do Amazonas; a Su-perintendncia Regional do INCRA no Estado; o CPRM que nos emprestou osuporte tcnico de geoprocessamento de importantes informaes; os titularesde inmeros Cartrios de Registro de Imveis; o Ministrio da Agricultura; aSecretaria de Segurana Estadual; entre outros tantos.

    Formando parte da metodologia de trabalho, a CPI concentrou a anliseem alguns casos que se noticiavam, como os mais representativos dos tipos defalhas do sistema de titulao e registro das terras no Estado, e pelo quantumque representavam nos diferentes Municpios onde estavam localizados. Comotambm, em alguns casos denunciados por pessoas de bem que se prontifica-ram a ajudar espontaneamente e sem qualquer interesse pessoal, neste pro-cesso.

    Para levar a efeito estes trabalhos:

  • 35

    Foram requisitados dos Cartrios os documentoscorrespondentes aos registros pblicos de imveis, sendo analisa-das as cadeias dominiais de mais de trs mil matrculas paradetectar se procediam, no seu primeiro registro, de ttulo vlido,que neste caso seria o expedido ou reconhecido pelo Estado ouUnio. Como tambm, os posteriores atos traslativos do domnio.

    Foram requisitadas informaes sobre o acervo fun-dirio rural administrado e/ou controlado pelos diferentes rgos eautarquias pblicos e Estados envolvidos, tais como INCRA,IBAMA; FUNAI, Exrcito, para servir de anlise composio, dis-tribuio, utilizao e venda das reas rurais na Amaznia.

    Foram requisitadas informaes ao INCRA e Insti-tutos de Terras dos Estados, a respeito do projetos de colonizaoe venda de terras pblicas sob sua jurisdio. Como tambm, oscasos de desapropriao de terras particulares na dcada dosanos 70 a 90, e seu grau de implantao e aproveitamento.

    Foram requisitadas informaes s diferentes Insti-tuies envolvidas, sobre processos em andamento relacionadoscom a ocupao ilegal de terras pblicas por particulares.

    Foram requisitados Secretria do Senado, anali-sadas e complementadas, as informaes relativas s Resoluesautorizando a alienao de terras pblicas maiores de 3.000 e2.500 hectares de conformidade ao disposto na Constituio de 67e 88, respectivamente.

    Foram compilados os textos legais que ho discipli-nado as atividades ligadas titulao dos imveis rurais e dosseus correspondentes registros cartoriais, desde 1850 a hoje,para poder subsidiar os trabalhos de anlise, tendo em conta asrespectivas pocas histricas em que os casos aconteceram, e quelhes deram origem influenciaram.

    O critrio na apresentao dos casos foi baseado no conceito de:

    (1) magnitude e grau e tipo de infrao, das normas le-gais correspondentes aos Registros Pblicos:

    (2) as falhas de controle, sobre o processo e procedi-mentos destes Registros;

    (3) a amplitude da rede de falsrios que tem atuado nodecorrer destes ltimos 40 anos, amparados, at hoje, na maiorimpunidade, facilitada pela conduta imoral de funcionrios revesti-dos de F Pblica que atuam nas Instituies encarregadas deregistrar as transaes dos imveis rurais e acautelar os interes-ses do Patrimnio Pblico.

  • 36

    Este trabalho podemos resumi-lo, em que no Estado do Amazonas, fo-ram identificadas por esta CPI, mais de 50 milhes de hectares com ttulosirregulares e ilegais, das quais, j foram cancelados seus registros de 37 mi-lhes, pela interveno da Corregedora-Geral de Justia, DesembargadoraMarinildes Costeira de Mendona Lima, fazendo que a investigao desta CPI,servisse de incentivo para que as medidas judiciais em andamento, algumasque j levam muitos anos, possam ser finalizadas em breve prazo.

    2.2 IRREGULARIDADES CONSTATADAS.

    As irregularidades e atos delituosos constatados por esta CPI foramtantos, de tal gravidade e revestidos de tal audcia e impunidade, que merece-ram a adoo de urgentes e decididas aes saneadoras, acatadas pelo PoderJudicirio Estadual, do qual destacamos as providncias adotadas pela Corre-gedoria Geral da Justia do Amazonas, conducentes realizao de correioextraordinria em oito Cartrios de Registro de Imveis desse Estado, que deucomo resultado preliminar o cancelamento de matrculas de mais de 37 mi-lhes de hectares.

    2.2.1 NOS SERVIOS CARTORIAIS.

    As principais irregularidades detectadas nos procedimentos de titulaoe registro de imveis rurais, de maneira geral, nos diferentes Estados foram asseguintes, ressaltando que os casos envolvidos nestas irregularidades maisdestacados e representativos da impunidade reinante at agora no Estado doAmazonas so: Falb Saraiva de Farias, APLUB AGRO FLORESTALAMAZNIA S/A, Mustaf Said, Moss, Mabral, Manasa, Mali Emaoula, AdalbertoCordeiro e Silva, Mirtyl Levy; entre outros.

    Sendo estes, de maneira importante motivados por aes de usucapioprolatadas por Juizes estaduais, registro de posses como ttulos definitivos,alargamento das reas mediante simples registros de levantamentos topogrfi-cos, entre outros tipos.

    Cabe destacar que a responsabilidade direta destas irregularidadescabe aos Oficiais Registradores, observado e concluindo, que grande partedestes despautrios e excessos cometidos, tambm so produto da ausnciaquase total de uma fiscalizao sistemtica e efetiva das Corregedorias Esta-duais de Justia, que se h mantido ausente nos ltimos dez ou vinte anos.

    Chegando ao cmulo dos casos de duas reas registradas no Cartriode Canutama, Amazonas, a Fazenda Eldorado e Santa Maria, com uma reade UM BILHO E QUINHENTOS MILHES DE HECTARES; e a outra, a Fa-zenda Boca do Pamafari, com uma rea de DOZE BILHES DE HECTARES.

  • 37

    Destacando, que o primeiro caso, corresponderia superfcie do Estadodo Amazonas, e, o segundo, seria maior que o territrio brasileiro.

    Felizmente, estes dois casos, tendo em vista o seu absurdo, foram anu-lados prontamente pela Douta Corregedora-Geral de Justia do Amazonas. Po-rm, ho de servir, como o mais notvel exemplo do estgio a que se chegouprovocado pela improbidade dos serventurios da justia e pela falta de umsistema adequado e moderno, de controle e de gesto dos atos relacionadoscom o patrimnio pblico, e particular, relativos propriedade rural no Brasil.

    Estes fatos, sem dvida, encerrados os trabalhos desta CPI, no pode-ro ficar no esquecimento, nem relegadas a um segundo plano as urgnciasparlamentares, em ordem a provocar uma ampla discusso em torno dasquestes agrrias da Nao, e as medidas corretivas, amparadas, nas cir-cunstncias que motivaram estes excessos, para munido dos recursos tecno-lgicos existentes, possam constituir um sistema confivel, onde a fraude e ailicitude no tenham cabida, nem guarida.

    Nota-se tambm, em muitos casos, a falta de preparo tcnico dos ser-venturios de justia no exerccio de suas funes, principalmente, no tocante atualizao costumeira da legislao. E a falta de um programa de recicla-gem ou treinamento.

    Estes atos incorretos, ao se materializar no cancelamento dos registrospor causa de sua ilegitimidade, certamente vo significar a inmeros compra-dores de boa f, ingentes perdas pecunirias, que pela esperteza dos grileirosdificilmente iro recuperar.

    v Irregularidades detectadas:

    (1) registro, sem o correspondente ttulo de domnio ou do registroanterior, de centenas de escrituras de compra e venda, legalizando as-sim o domnio sobre extensas reas, em muitos casos superiores a cemmil hectares e que chegaram a mais de um milho.

    (2) duplicidade de registro de matrcula de imveis, fazendo queas mesmas terras fossem multiplicadas, atravs do subterfgio do des-membramento ilegal em inmeras reas, as quais por sua vez recebiam,novas matrculas, ou pela abertura de matrcula da mesma gleba em Li-vros diferentes, ou em cartrios de Comarcas diferentes.

    (3) aceitao do registro de imveis constantes em sentenas departilha de bens, que no apresentavam as correspondentes provas dosttulos de domnio, e que no estavam matriculados no correspondenteCartrio. Sendo assim, legitimados, ttulos sem nenhum valor, ou sim-ples posses.

    (4) registro de averbaes ou abertura de novas matrculas, cor-respondentes a demarcatrias de glebas, sem autorizao judicial e doINCRA, alargando-as e/ou determinando novos confinantes, em dimen-ses exorbitantes.

  • 38

    (5) registro de escrituras de compra e venda, e outros pretensosttulos de domnio, emitidos com uma antigidade de 20 ou mais anospor Tabelies de Comarcas de Estados diferentes, que no esto ampa-rados por Ttulo de Domnio legtimo. Inclusive, alguns formando umacadeia dominial baseado em escrituras de mais de cem anos, cuja ori-gem estaria na emisso de Sesmaria.

    (6) registro de imveis, supostamente registrados em outra Co-marca, sem o respaldo da correspondente Certido do respectivo Cart-rio.

    (7) lavratura de escrituras de compra e venda e registro dasmesmas no Cartrio de Registro de Imveis, onde constam pessoas fsi-cas ou jurdicas estrangeiras como compradores em condio contraria legislao em vigor.

    (8) lavratura de Escrituras de Compra e Venda, pelos Tabelies,alm de apresentar os defeitos descritos no nmero anterior, tendocomo agravante que pelo menos uma das partes, no esteve presenteno ato, nem seus documentos e/ou antecedentes pessoais lhe corres-pondiam.

    (9) lavratura de escrituras de compra e venda, e registro destasno Cartrio de Registro de Imveis, tendo o transmitente, comprovada-mente, falecido h muitos anos.

    (10) emisso de laudos de avaliao de glebas, por Oficiais Re-gistradores.

    (11) matrcula de imveis, supostamente registrados em outraComarca, sem o respaldo da correspondente Certido do respectivoCartrio. Sendo a este respeito, o caso mais notvel, o registro no Cart-rio de Tapau no Amazonas, a nome do Sr. Falb Saraiva de Farias, semnenhum suporte legal, de sessenta e trs glebas perfazendo um totalde mais de 7,5 milhes de hectares. dizer, o equivalente a 87% doMunicpio.

    (12) lavratura de Escrituras de Compra e Venda, pelos Tabelies,com a transferncia de glebas sem indicao da matrcula de origem, esem preencher as condicionantes fixadas em Lei. Permitindo assim, queinidneos Oficiais Registradores de Cartrios de Registro de Imveis, le-vassem a registro tais imveis, sem sequer estarem matriculados. Sendoesta mais uma das formas de legalizar arbitrariamente o domnio deterras.

    Em relao ao acima exposto, serve como exemplo o caso daGleba Pajeu de Flores, existente somente no papel, desmembrada por FalbSaraiva de Farias em mais de 60 imveis dos quais 38 foram vendidos a em-presas de transporte localizadas nos Estados de Alagoas, Amazonas, Bahia,Distrito federal, Maranho, Minas Gerais, So Paulo, Mato Grosso, Paran, Riode Janeiro e Rondnia. Certamente, para servir para o pagamento de encargossociais ou tributrios.

  • 39

    2.2.3 DO INSTITUTO DE TERRA ESTADUAL - SUHAB.

    Os Institutos de Terras dos Estados, sob qualquer nome que existam,so os administradores do acervo fundirio estadual, representado pelos Re-gistros e Livros prprios para o assentamento dos Ttulos de Domnio concedi-dos, de conformidade com as Leis de Terras promulgadas por cada Estado apartir do advento do Artigo 64 da Constituio Federal de 1890, e as legitima-es e revalidaes dos Ttulos Legtimos, amparados no Decreto N 1.318, de30 de janeiro de 1854, que os Estados herdaram da administrao Imperial.

    Assim tambm, os Governos estaduais atravs destes Institutos, promo-veram em diferentes ocasies a venda de lotes de terras, com fins de ocupa-o e explorao, outorgando aos beneficirios o correspondente Ttulo Defini-tivo.

    H de se destacar a importante misso e responsabilidade que lhescabe a estes Institutos, para extremar os cuidados a respeito da proteo econservao fsica dos documentos deste centenrio acervo, tendo em vistaque a partir deste, que ho de ser solucionadas possveis controvrsiassurgidas da necessidade da verificao da veracidade ou autenticidade dos ci-tados Ttulos Definitivos, respeito das terras que so ou foram pblicas, do Es-tado, ou com anterioridade, da Coroa.

    O mapeamento e a demarcatria das glebas, tanto das pblicas - as de-nominadas devolutas, as demarcadas e as arrecadadas - pertencentes ao pa-trimnio Estadual e Unio e suas autarquias, como as particulares, tituladas,demarcadas ou no, deveriam a esta poca de avanada tecnologia de geo-processamento de informaes, estarem perfeitamente processadas e informa-tizadas.

    Porm, infelizmente, em quase todos os Estados, este assunto e provi-dncias, tem sido relegadas a segundo plano e nem sequer esto na lista dosprojetos a ser viabilizados a curto prazo. Como o caso do Estado do Amazo-nas, onde o seu acervo h passado pelo caminho da transformao do seuInstituto de Terras, durante os ltimos 20 anos, por cinco Instituies dife-rentes, estando hoje alojado em precrias condies que dificulta o seu aces-so, e o predispe a irrecuperveis sinistros, como segundo nos foi informado, jaconteceu no passado.

    Desta forma, este atraso tecnolgico, injustificvel, limita a produo deinformaes, que, concomitantemente com vir ajudar ao planejamento estrat-gico, atravs do conhecimento exato dos bens imveis, prprios e alheios, po-deria oferecer subsdios rpidos e consistentes a diversos interessados, princi-palmente, no tocante s disputas judiciais envolvendo a legitimidade da titulari-dade das terras rurais, em que em inmeras vezes, o prprio Estado parte.

    Sem dvida, esta precariedade estrutural, h favorecido os embates de-lituosos dos denominados grileiros, que tem demonstrado uma audcia e ca-pacidade imaginativa indiscutvel para surrupiar extensas reas de terras rurais

  • 40

    do patrimnio pblico estadual, nas prprias barbas, do verdadeiro dono, oEstado.

    Estamos convencidos, que se estes Institutos, estivessem amparadosnestes sistemas, mltiplas situaes relacionadas com a grilagem de terras naAmaznia, ou no existiriam, ou seriam rapidamente elucidadas e/ou evitadas.Porque, no caso dos Estados, quem o maior dono da terra deve cuidar e ze-lar por seu domnio. O que indefectivelmente, no tem acontecido nestes lti-mos 30 anos.

    O problema mais grave, que esta CPI detectou, foi, no caso do Estadodo Amazonas, da emisso indiscriminada e sem nenhuma base administrativo-legal, de certides declarando a autenticidade de Ttulos Definitivos, alargandos reas originais. Cujo efeito ficou representado pela matrcula irregular deuma gleba de 485.000 ha. pelo seu pseudo proprietrio Sr. Mustaf Said, noRegistro de Imveis, cujas matrculas, feitas em duplicidade em Cartrios deduas Comarcas, haviam sido cancelados, pelo extinto Tribunal de Recursos,por ter sua origem em sentenas de aes de Usucapio, prolatadas pelo cle-bre Juiz Dr. Ruy Morato em 1973, cujo caso forma parte deste Relatrio. Pro-duzindo assim, de maneira ilegal a transferncia de terras pblicas a um parti-cular tangenciando ou ludibriando a Lei.

    Em outros casos, a emisso de certides com textos difusos, certifica-vam que no existiam pendncias envolvendo tal ou qual gleba. Sem definirque as tais, nem sequer tinham Ttulo Definitivo, permitindo assim que o grilei-ro, em conluio com o Oficial Registrador de posse desta certido, fizesse amatrcula, de uma gleba inexistente.

    Outros casos, esto relacionados, com a obteno por terceiros interes-sados, de certides de ttulos definitivos outorgados a comeo do sculo XX, eque foram utilizados para montar de maneira irregular Escrituras de Compra eVenda, fazendo os mortos reviver para assina-las, como o caso que formaparte deste Relatrio, de 8 glebas, perfazendo 55.830 ha., localizadas no Mu-nicpio de Lbrea, AM, cujas escrituras de compra e venda foram lavradas nacidade de Rio Preto da Eva, AM, adquiridas por Oscarina Liberato de Carvalho.

    Estas certides, formam parte de um lote de 28 glebas solicitadas SUHAB/AM, pelo Sr. Joo Alfredo Moss, perfazendo um total de 237.244 ha.

    Ainda mais, registramos o caso da Certido contendo o desmembra-mento de uma gleba de 162.124 ha. e a sua transferncia a Ana Suely LacerdaMoss, no caso relatado que forma parte deste Relatrio, mediante a qual esta aregistrou no Cartrio ao seu nome, eliminando assim, os atos naturais de Es-critura de cesso de domnio, a certido do cadastro do INCRA, CCIR, e o que mais grave, a sonegao do ITBI - Imposto de Transmisso Inter-vivos.

    Estes so alguns casos que fazem refletir sobre as medidas que deve-ro ser adotadas, formando parte de um conjunto harmnico, que permitamcoibir, atravs de um sistema eficaz de controle, estes lamentveis excessoscometidos. Concatenando, o Registro Imobilirio, com a certificao do respec-tivo Ttulo de Domnio outorgado pelo Estado, formando assim um elo insepa-rvel e ininterrupto.

  • 41

    2.2.4 A ATUAO DO INCRA.

    O INCRA - Instituto de Colonizao e Reforma Agrria, por fora do De-creto N 72.106 de 18 de abril de 1973, que regulamentou a Lei N 5.868 de 12de setembro de 1972, adquiriu, entre outras, a responsabilidade de

    v Fazer o levantamento sistemtico dos arrendatrios e par-ceiros rurais, para conhecimento das reais condies de uso tempo-rrio da terra, vigentes nas vrias regies do Pais.

    v Fazer o levantamento sistemtico das terras pblicas fede-rais, estaduais e municipais, visando o conhecimento das disponibi-lidades de reas apropriadas aos programas de Reforma Agrria eColonizao e da situao dos posseiros e ocupantes em terras p-blicas.

    No seu Artigo 1, este Decreto estabelece o Sistema Nacional de Ca-dastro Rural, institudo com o objetivo de promover a integrao e sistematiza-o da coleta, pesquisa e tratamento de dados e informaes sobre o uso eposse da terra, compreendendo:

    Cadastro de Imveis Rurais;

    Cadastro de Proprietrios e Detentores de Imveis Rurais;

    Cadastro de Arrendatrios e Parceiros Rurais; Cadastro de TerrasPblicas

    A citada Lei conjuntamente com fixar os parmetros e condies para ocumprimento e arrecadao do ITR - Imposto Territorial Rural, estabelece aresponsabilidade da emisso anual por cada imvel cadastrado, o Certificadode Cadastramento de Imvel Rural, o qual, ser necessria apresentao,para a lavratura dos atos notariais, relativos a imveis, de conformidade ao dis-posto no Artigo 1 , III, letra b) deste Decreto 93.240 de 9 de setembro de 1986.

    Complementarmente, ao exposto, a Lei 4.947, de 6 de abril de 1966,estabeleceu no pargrafo 1 do artigo 22. que sem a apresentao do Certifi-cado de Cadastro, no podero os proprietrios, a partir da data a que se refe-re este artigo, sob pena de nulidade, desmembrar, arrendar, hipotecar, venderou prometer em venda imveis rurais.

    Fixando tambm, no seu artigo 19, pena de recluso de 2 a 6 anos,quem, utilizar, como prova de propriedade ou de direitos a ela relativos, docu-

  • 42

    mento expedido pelo IBRA, depois INCRA, para fins cadastrais ou tributrios,em prejuzo de outrem ou em proveito prprio ou alheio.

    E, no seu artigo 20, fixa a pena de deteno de 6 meses a 3 anos, paraquem, invadir, com inteno de ocupa-las, terras da Unio, dos Estados e dosMunicpios.

    No obstante isto, e at o ano 1998, simplesmente foi um mero receptore processador das informaes apresentadas anualmente pelos possuidoresde terras rurais, qualquer fosse a forma de domnio, dos seus Cadastros. Emi-tindo como contrapartida, o Certificado de Cadastro de Imvel Rural - CCIR.

    Sendo que em virtude destes Cadastros, os ocupantes ao cumpriremtambm com o pagamento do ITR -Imposto Territorial Rural, davam a transa-es de alienao aparente contedo legal sobre o domnio destas. Tudo,aceito de maneira complacente pelos Cartrios e Tabelies.

    Sendo o caso, mais notvel, os CCIR que apesar de serem canceladospelo INCRA/ Amazonas em 1998 e 1999, sobre a Gleba So Pedro de 485.000ha., foram utilizados pelo seu pseudo proprietrio Sr. Mustaf Said, inclusivepara tentar comprovar em Juzo a sua legitimidade do seu domnio, para avali-zar a venda que fez de dita propriedade a empresa estrangeira, em desacordocom a Lei. Mesmo diante de fato to grave, como relataremos a seguir, no foiinstaurado no INCRA/AM o devido processo administrativo.

    Infelizmente, nestes anos todos:

    inmeras posses foram cadastradas. E de possedos correspondentes CCIR e do pagamento do ITR, o pseudoproprietrio, obteve nos Cartrios de Registro de Imveis, o regis-tro como trata-se de Ttulo de Domnio. Subentendendo-se queseria o INCRA o saneador desta carncia.

    observamos, que de maneia geral, tanto os Tabeli-es, quanto os Oficiais Registradores dos Cartrios de Registrode Imveis, no cumpriram os dispositivos legais, expostos pre-cedentemente, aceitando para lavratura e registro centenas decasos de desmembramentos de reas, hipotecas e vendas deimveis rurais, sem a apresentao dos correspondentes CCIR eITR. Ou, em muitos casos, fazendo meno, sem indicar seuscorrespondentes nmeros.

    observamos tambm, que de maneira corriqueira,os Cartrios de Registro, no escrituravam de maneira precisa asinformaes sobre o pagamento do ITBI, de alada da Prefeituraonde se encontrava localizado o imvel, estimando-se que semdvida houve sonegao deste imposto com grave leso para osMunicpios afetados. A este respeito, chamaram a ateno os irri-srios valores dados s terras nestas transaes, chegando al-guns casos em que 100.000 ou mais hectares eram transaciona-dos pelo equivalente a dois ou pouco mais salrios mnimos. Noexistindo assim nenhuma fiscalizao, destes valores, cuja deter-minao faculdade exclusiva da respectiva Prefeitura.

  • 43

    Assim, apesar do tempo transcorrido na vigncia da responsabilidadelegal do INCRA, na administrao deste Cadastro, somente a partir de 1998, emesmo assim timidamente, que se nota um esforo no sentido de enfrentaresta situao, que de to descontrolada, considerando seus efeitos a respeitoda atuao de conhecidos grileiros como os senhores Falb Saraiva de Farias eCarlos Medeiros, entre outros, manobrando a alienao ilegal de terras pbli-cas, o desmembramento das glebas e o registro irregular nos Cartrios de Re-gistro de Imveis, inclusive acolhendo a compra de terras por estrangeiros, si-gnificou a apropriao indevida de mais de 50 milhes de hectares.

    Certamente, nota-se que a partir da instalao desta CPI e no decorrerde sua atuao houve em determinados segmentos institucionais dos Estadosque formam parte desta Investigao, um esforo para agir e resolver ou pelomenos minimizar este gravssimo problema que a regularizao das aesdelituosas envolvendo a transferncia ilegal de terras do Patrimnio Pblico aoparticular.

    Neste sentido, no poderamos deixar de reconhecer e destacar algu-mas iniciativas do Ministrio da Poltica Fundiria para poder adotar e levaradiante as medidas administrativas e judiciais que, anteriormente, no tinhamcausado o efeito e ressonncia desejados no sentido de enfrentar esta com-pleta desorganizao fundiria e nos prprios setores pblicos responsveispor ela.

    2.2.5 A ATUAAO DO JUDICIRIO.

    Os Tribunais Superiores de Justia nestes ltimos 50 anos tm atuadode maneira diligente, e em alguns perodos como foi na dcada dos anos 70,de maneira bastante rdua, avocados a dirimir as questes das prticas ilegaisde transferncia de terras pblicas, representadas por aes de usucapio,demarcatrias com o alargamento superlativo das reas e cancelamento do re-gistro indevido de ttulos de domnio sem procedncia legal.

    Como tambm, e por causa destes processos, na edio de Smulas eSentenas destinadas a firmar jurisprudncia sobre estes assuntos, como ne-cessrio complemento da Legislao em vigncia.

    Clebres so posies adotadas por alguns ilustres Magistrados a res-peito do domnio natural e centenrio do Estado sobre as terras no Brasil, quea maneira de exemplo, ora trazemos, mostrar que j h mais de 50 anos osabaixo citados tiveram que definir os conceitos sobre as denominadas terrasdevolutas, que so justamente as que ho sido de maneira permanenteobjeto da cobia de grileiros e maus brasileiros, e que esta CPI est demaneira obstinada e decidida, a combater.

    Ministro Aliomar Baleeiro, ao julgar o RE n 51.290.

  • 44

    " O Estado de Gois no precisa provar nada. A presuno de que aterra dele. O particular que tem que de provar, por uma cadeia sucessria,que as terras foram desmembradas do patrimnio pblico. No h nenhumadvida a respeito disso"

    Ministro Alckmin, ao julgar o RE n 72.020.

    " no cabe ao Estado provar que determinada gleba devoluta; cabe aquem a afirma do domnio particular o nus da prova. Terras devolutas se con-ceituam por excluso: so devolutas as terras que nunca entraram, legitima-mente, no domnio particular".

    Turma Cvel do Distrito Federal, ao julgar a APC n51.936/99 em processo envolvendo terras pblicas.

    " Quando as terras, objeto de litgio, pertencem ao poder pblico, no hque se falar de posse, e sim em mera deteno, situao ftica que ocorrequando a pessoa ocupa a coisa alheia por mera permisso ou tolerncia dopossuidor. A posse de natureza precria no gera direito de proteo posses-sria ".

    Ministro Mario Guimares, ao relatar o RE n26.341.

    " A palavra TTULO, para efeito de registro forense, tomada em sentido concreto, indicativo de prova materialdo domnio. Os Estados so senhores das TERRASDEVOLUTAS por fora de dispositivo constitucional. Nopossuem ttulo, em sentido material, que os habilite a re-querer aquele registro".

    Finalmente, e para no pairar nenhuma dvida, arespeito do domnio histrico do Estado sobre as terras noBrasil, nos remontamos ao texto do artigo 3 da Lei 601 de 18de setembro de 1850, que dispe sobre as terras devolutasdo Imprio.

    " So terras devolutas, as que no se acharem nodomnio particular por qualquer ttulo legtimo, nem forem

  • 45

    havidas por sesmarias e outras concesses do GovernoGeral ou Provincial, no incursas em comisso por falta documprimento das condies de medio, confirmao ecultura". (grifo nosso)

    No obstante, estas sbias decises e a completa e rigorosa legis-lao, smulas e jurisprudncias dos superiores Tribunais de Justia, aolongo do sculo passado, diversos Juizes de primeira instncia, no pas-sado recente, teimaram em dar interpretao prpria, contrria ao ensi-namentos dos seus mestres e superiores prpria Lei, em decises, to-das contestadas na esfera judicial superior.

    Situao esta, representada pelo Dr. Ruy Morato, MM Juiz da Comarcade Lbrea no Amazonas, na dcada dos anos 70 a 80, que teve o recorde deprolatar, pelo menos, 20 sentenas de usucapio e demarcatria, envolvendomais de dez milhes de hectares, com grave leso do Patrimnio Pblico. Deum total levantado por esta CPI que alcanou a mais de dezessete milhes dehectares em 39 aes, segundo o demonstrativo.

    2.2.5.1 DA CORREIO EXTRAORDINRIA NOSCARTRIOS.

    Como destacamos precedentemente, a atual Corregedora-Geral da Jus-tia, Desembargadora Marinildes Costeira de Mendona Lima, atuando no car-go desde julho de 2000, diante as graves denuncias recebidas desta CPI e doMinistrio do Desenvolvimento Agrrio, adotou medidas no sentido de intervirnos Cartrios dos Municpios de Lbrea, Canutama, Novo Aripuan, Tapau,Pauin, Borba, Manicor, Juru e Itamarat, decretando Correio Extraordin-ria.

    O resultado noticiado atravs de Relatrios precisos e circunstanciados,foi o cancelamento, de mais de trinta e sete milhes de hectares de terras,correspondentes a imveis indevidamente matriculados e centenas de glebasdesmembradas atravs do registro das correspondentes matrculas, em abertacontraveno aos dispositivos legais em vigor.

    Como tambm, na regularizao das averbaes de diversas decisesdo extinto Tribunal Superior de Recursos, mandando cancelar sentenas deusucapio e demarcatrias, prolatadas por Juizes de diversas comarcas doEstado na dcada dos anos 70, muitas das quais ainda permaneciam emaberto.

    Esta atuao da Corregedoria-Geral da Justia, tomou como base asinformaes apresentadas pelo INCRA, produto de um rduo trabalho realizadode levantamento em 1998 em diversos Cartrios de Registro de Imveis de di-

  • 46

    versas Comarcas do Estado , no obstante inmeras dificuldades. Entras es-tas, inclusive a sonegao de informaes e documentos por parte de algunsOficiais Registradores.

    Entretanto, de conformidade a anlise realizada por esta CPIda documentao que recebemos dos diversos Cartrios de Registro deImveis atravs da Corregedoria-Geral, verificamos que deixaram de sercanceladas inmeras matrculas de imveis.

    Isto, porque entendemos que certamente houve limitaes detempo. Como tambm, porque os trabalhos foram eminentemente direcionados base de dados levantados pelo INCRA. Tal como podemos verificar que ain-da que canceladas matrculas de imveis, algumas outras, que correspondiama averbao de desmembramentos, no foram consideradas. E em outros ca-sos, matrculas que estavam em duplicidade, com outras que foram cancela-das, tambm no foram detectadas.

    No obstante isto acreditamos que o trabalho realizado pela equi-pe da Corregedoria contando com a colaborao do INCRA, tem sido impor-tante e elucidativo a respeito dos problemas que j haviam sido detectados. Osquais, em carter similar, porm sem alcanar a dimenso atual, tambm havi-am sido objeto de correio em diversas oportunidades nos ltimos 30 anos,pelos Corregedores-Gerais.

    Esta CPI recomenda, entretanto, que seria oportuno que a ve-rificao feita, pudesse abranger a totalidade dos Registros, para assimter certeza que a depurao conseguida at agora, seja plenamente reali-zada. Para assim assegurar aos futuros compradores de imveis ruraislocalizados no Estado, a idoneidade dos registros assegurando plena-mente o domnio da propriedade.

    III. DESAPROPRIAO NO AMAZONAS

    Iniciamos o trabalho de anlise das desapropriaes solicitando ao Incraa relao das reas desapropriadas pelo rgo Federal no Estado e, de possede tal relao, requisitamos do prprio Incra e da Justia Federal os processosque tramitaram ou que tramitam em relao s mesmas, cuja anlise passa-mos a apresentar.

    Levantamos preliminarmente que este referido levantamento e estudodos dados relativos s desapropriaes foi feito ainda de forma muito superfici-al, devido a exigidade de tempo e a extrema dificuldade com que nos depa-ramos durante a coleta de dados, visto que a maioria dos processos aos quaistivemos acesso est incompleta, faltam pginas ou at mesmo partes inteiras.

    Mesmo com a precariedade dos dados relativos a vrios casos de desa-propriaes, classificamos como extremamente graves os fatores que nortea-ram as mesmas, visto a quantidade de fatos ilegais e irregulares que permea-ram a maior parte dos processos, conforme veremos a seguir.

  • 47

    H neste item, um indicativo que merece ser ressalvado, o fato de quea maioria das desapropriaes as quais contm muitas irregularidades ocorreram no perodo em que ocupava o posto de Ministro da Reforma Agrriao atual Presidente do Senado da Repblica, o Senador Jader Barbalho, contraquem pesa uma srie de denncias, devido as irregularidades ocorridas nasdesapropriaes e nas emisses de TDAs, durante a sua passagem no minis-trio.

    Precisamos destacar ainda o fato de que aproximadamente 75% dasemisses de TDAs ocorreram durante a gesto do atual Presidente do Senado,o que um dado extremamente significativo e que refora ainda mais a neces-sidade de uma profunda investigao, pelos rgos competentes, sobre os fa-tos, pois, como j afirmado, no se trata de um caso ou outro, onde, porventu-ra, tenha ocorrido alguma irregularidade, a qual pudesse Ter fugido ao conhe-cimento do Ministro e de seus assessores mais diretos, no, so quase que to-dos os casos marcados por profundas e graves irregularidades, e quase sem-pre as mesmas:

    1) terras suspeitas de terem sido griladas ou que tiveram seus registrosadulterados;

    2) desapropriao de reas imprprias para a reforma agrria;

    3) falta de amparo tcnico que justificasse as desapropriaes, visto quemuitos pareceres tcnicos do instituto fundirio eram contrrios a desapropria-o;

    4) valores das desapropriaes em desacordo com os pareceres tcni-cos (pagos quase sempre em quantias acima do estipulado nos pareceres);

    5) pagamentos feitos muitas vezes antes do prazo devido ou em temporecorde;

    6) agilidade e facilidade com que tramitavam os processos, na instnciasuperior , os quais eram decididos algumas vezes em poucos dias;

    Este item, Desapropriaes de Terras, como j destacado, merece umaprofunda investigao, a qual deve incluir o Exmo Senador Jader Barbalho,visto a freqncia com que seu nome (e de seus colaboradores diretos) apare-ce quando do relato de irregularidades e ilegalidades.

    3.1. PROJETOS DE REFORMA AGRRIA EM EXECUOCRIADOS AT 04/04/2001 NO AMAZONAS

    Segundo dados fornecidos pelo INCRA, existem 30 projetos dereforma agrria em execuo no Amazonas. Em nove desses projetos a reafoi adquirida atravs de desapropriao, nos outros casos as reas foram ad-quiridas pelo Instituto das seguintes formas:

  • 48

    14 por Arrecadao;

    02 por Incorporao;

    02 por Compra e Venda;

    01 por Reconhecimento;

    01 por Desafetao;

    01 no informado; e

    09 por desapropriao.

    REAS ADQUIRIDAS POR DESAPROPRIAO:

    DENOMINAO DOPROJETO FASE MUNICPIO REA(ha)

    CAPACIDADEDE FAMLIAS

    Aliana 02 Maus 2.348,4237 75Aquidaban 02 Manacapuru 2.214,8905 87Ipor 03 Rio Preto da Eva 27.809,7472 907Nova Residncia 04 Careiro 2.373,0559 28Panelo 02 Careiro 3.633,2505 280Uatum 03 Presidente Figueiredo 23.742,2858 374Vila Amaznia 03 Parintins 78.270,0000 2478Santo Antnio Mouro 02 Eirunep 21.525,0000 200Terrua 03 Pauin 139.235,9400 2000

    3.2 RELAO DAS REAS DESAPROPRIADAS

    3.2.1 Vila Amaznia

    Desapropriado: Antnio Cabral de Abreu e Luiz do Vale Miranda

    Ao Inicial: 02/02/1988

    Data ltimo Documento: 03/02/1988

    rea Proposta: Imvel Vila Amaznia, no Municpio de Parintins(Am), totali-zando 78.270ha.

    Em 19/11/1986, a Superintendncia Regional do Extremo Norte doINCRA, pelo Ofcio INCRA/SR (15)/N514/86, solicitou aos srs. Antnio Cabralde Abreu e Luiz do Vale Miranda a comprovao do domnio da rea denomi-nada Vila Amaznia, localizada no Municpio de Parintins (Am), com rea total

  • 49

    de 78.270 ha para fins de desapropriao da rea por interesse social paraexecuo de reforma agrria.

    Em 04/12/1986, uma comisso de Avaliao criada para vistoria e avali-ao do imvel apresentou relatrio favorvel desapropriao. Em05/12/1986 a executora do Projeto Fundirio Manaus do INCRA, por meio doOf.INCRA/PF-MAO/N004/86, indica Superintendncia do rgo a rea de-nominada Vila Amaznia como prioritria para Reforma Agrria, sugerindo asua desapropriao para futuro assentamento de 1.308 famlias e estabele-cendo o valor indenizatrio em CZ$7.543.426,45.

    Em 25/09/1987, o Decreto n. 94.969, considera como rea prioritriapara Reforma Agrria o imvel Vila Amaznia.

    O delegado regional, Jos Maia, informa ao secretrio da SEREF que foifeito o depsito de Cz$880.742,00 (referentes indenizao das benfeitorias).O advogado dos expropriados, Silvio Romero de Miranda Leo, prope ao Mi-nistro da Reforma Agrria a conciliao amigvel fazendo uma contra propostano valor de Cz$313.120.000,00. H documentos da Cmara Federal (ass.pelosDep. zio Ferreira-PFL/AM, Jos Dutra-PMDB/AM, Fco. Benjamim-PFL/BA,Jos Loureno-Lder do PFL, Amaral Netto-Lder do PDS e Bonifcio de An-drada-Vice Lder do PDS) e da Assemblia Legislativa do Amazonas (assinadopor 15 Deputados) solicitando celeridade consensual no processo expropriat-rio da Vila Amaznia.

    Em 22/12/1987, o Secretrio de Recursos Fundirios do INCRA, AntnioCsar Pinho Brasil, encaminha ao Ministro parecer favorvel proposta dosexpropriados. Parecer este ratificado em 28/01/1988.

    Em 19/01/1988, atravs da Portaria 045, o ento Ministro Jader Barba-lho, autoriza a celebrao de acordo de indenizao com os expropriados An-tnio Cabral de Abreu e herdeiros Luiz do Vale Miranda, no valor deCz$313.120.000,00, os TDAs referentes ao pagamento deveriam ser emitidosem janeiro e fevereiro do mesmo ano e o resgate em trs anos, sendo 50% no2.ano; 30% no 3ano; e 20% no 4ano. A portaria 045 foi retificada pela porta-ria 084 de 02/02/1988.

    Em 03/02/1988, o ento Ministro Jader Barbalho autorizou o Termo deAcordo, assinado posteriormente por todas as partes.

    A proposta dos expropriados foi integralmente aceita, inclusive osprazos para resgate dos TDAs. Isso remete a um processo anteriormente ana-lisado referente a uma representao contra Jader Barbalho, onde um dospontos colocados o fato do ento Ministro sempre pagar os TDAs antes doprazo mximo que a lei possibilita, 20 anos, facilitando sempre a situao dosexpropriados.

    Este caso, portanto mais uma evidncia de que procedimentos foramadotados para favorecer os interesses de particulares em detrimento dos inte-resses da Unio, visto que pelos indicadores do processo os TDAs foram res-

  • 50

    gatados em 4 (quatro) anos, enquanto poderiam ter sido num perodo de 20(vinte) anos.

    Ento foram detectadas por esta CPI graves irregularidades quanto aesta desapropriao. Uma delas foi o superfaturamento do valor inicial sugeridopelo INCRA. O valor autorizado pelo Ministro Jader Barbalho foi cerca de 50vezes maior que o original. Outra, na rea indenizada aos dois proprietrios, jexistiam mais de 800 proprietrios que possuam ttulo definitivo das proprieda-des. H aes de usucapio sobre 38 dos 78.000 ha, com parecer favorvel dojuiz de Parintins. Devido a esses problemas, o INCRA no chegou a assentarnem 1/3 da rea.

    Alm disso, esse mesmo imvel est registrado no Estado do Par, como mesmo, tendo uma rea equivalente a 293.000 ha. Essa irregularidade foidetectada em 1977, pelo Subprocurador Geral da Repblica, Gildo Corra Fer-raz, o qual levou ao conhecimento da Justia o registro ilegal dos ttulos defini-tivos.

    No julgamento feito poca pelo Ministro Cunha Peixoto no ficouafastada a possibilidade da avocatria referente Vila Amaznia. Nesse senti-do, foram feitos encaminhamentos ao ITERAM junto com os precedentes juris-prudenciais, que davam respaldo avocatria das aes demarcatrias, comopoder ser observado no item Cartrios deste relatrio.

    Cabe observar ainda que essas terras tornam-se ainda mais irregularesquando vrios outros prprios possuem ttulos definitivos sobre a mesma, ex-pedidos inclusive pelo Governo