relatorio custo qualidade go
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Ministério da Educação (MEC)
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Diretoria de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais (DTDIE)
Coordenação-Geral de Estatísticas Especiais (CGEE)
Universidade Federal de Goiás Faculdade de Educação
PESQUISA CUSTO-ALUNO QUALIDADE
Relatório Final
Vol. II
– Estado de Goiás –
– Agosto de 2004 –
2
Ministério da Educação (MEC) Tarso Genro Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Eliezer Moreira Pacheco Diretoria de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais (DTDIE) Oroslinda Maria Taranto Goulart Coordenação-Geral de Estatísticas Especiais (CGEE) Moisés Domingos Sobrinho Universidade Federal de Goiás Milca Severino Pereira Pró-Reitoria de Administração e Finanças Ilka Maria de Almeida Moreira Faculdade de Educação Marcos Corrêa da Silva Loureiro Responsável Técnico do Projeto
João Ferreira de Oliveira
3
SUMÁRIO
Apresentação ..................................................................................................................4
1. A pesquisa custo-aluno em escolas de qualidade...................................................6
2. Considerações metodológicas...................................................................................8
2.1 O Estado de Goiás e os municípios selecionados.................................................9
2.1.1 O Estado de Goiás ..................................................................................................9
2.1.2 O Município de Goiânia...........................................................................................12
2.1.3 O Município de Anápolis..........................................................................................13
2.1.4 O Município de Padre Bernardo...............................................................................15
2.2 Objeto de estudo, critérios, etapas e procedimentos de investigação................15
2.3 A preparação da equipe de pesquisa e o processo de coleta de dados nas escolas ...............................................................................................19
3. Os dados obtidos na pesquisa ..................................................................................20
4. O custo dos alunos .....................................................................................................21
5. Os outros custos escolares.........................................................................................24
6. A presença da qualidade..............................................................................................28
Referências Bibliográficas...............................................................................................32
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Apresentação
O presente relatório contém os resultados da pesquisa custo-aluno ano em
escolas de Educação Básica que oferecem condições para oferta de um ensino de
qualidade no Estado de Goiás, objeto do Plano de Trabalho e do Convênio n. 34/2003,
celebrado entre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Faculdade de Educação. O
estudo objetivou levantar e analisar, de forma detalhada, os principais componentes do
custo-aluno mediante procedimentos de investigação que compreenderam a aplicação de
questionário em uma amostra intencional de 12 escolas da educação básica (10 escolas
urbanas e duas escolas rurais) do Estado, bem como a realização de entrevistas e
sistematização de dados qualitativos nas escolas selecionadas, visando identificar as
principais características destas escolas no que se refere à sua organização,
funcionamento e gestão escolar.
Os resultados da investigação visam, ainda, contribuir com a definição de um
padrão mínimo de qualidade para as escolas públicas de educação básica, a partir de
realidades distintas e diferenciadas, considerando as possibilidades do estabelecimento
de um padrão básico de escola, em termos de custo-qualidade, capaz de subsidiar os
gestores dos sistemas de ensino no planejamento, na implantação, na manutenção e no
desenvolvimento das escolas. Além disso, a pesquisa poderá subsidiar o Governo
Federal no estabelecimento do custo-aluno ano nos programas do MEC.
O relatório que ora apresentamos tem, portanto, por um lado, a finalidade de
apresentar os dados que evidenciam o cumprimento do objeto contido no Plano de
Trabalho e no Convênio, prestando contas dos recursos que foram utilizados. Por outro
lado, esse relatório pretende contribuir com a problematização da questão da qualidade
em escolas públicas de educação básica, mediante análise das condições e dos
principais componentes do custo-aluno que se fazem presentes em escolas que foram
consideradas de qualidade.
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1. A pesquisa custo-aluno em escolas de qualidade
O presente estudo trata do custo-aluno ano em escolas de Educação Básica que
oferecem condições para oferta de um ensino de qualidade no Estado de Goiás. O estudo
integra um projeto mais amplo que nasceu de uma proposição inicial do Inep, por meio da
Diretoria de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais/Coordenação-
Geral de Estatísticas Especiais, a um conjunto de pesquisadores de diferentes Estados,
universidades, instituições e órgãos públicos, sobretudo da área de políticas educacionais
e financiamento da educação.
A equipe integrada de pesquisa, em colaboração com os pesquisadores do Inep,
aperfeiçoou o plano de trabalho, ou melhor, o projeto de pesquisa, incluindo o
redimensionamento e/ou a elaboração dos instrumentos de coleta de dados, tais como:
questionário sobre o custo-aluno qualidade, roteiro para realização de entrevistas com
participantes da gestão nas escolas da amostra (diretor, professor, funcionário, pais,
alunos), roteiro para fotografar as dependências das escolas, registro sistemático do
acolhimento e dos procedimentos de investigação nas escolas (diário de campo), dentre
outras definições e atividades.
A preocupação central do estudo foi a de “estimar o custo-aluno padrão de escolas
públicas vistas como de qualidade, exatamente porque dispõem de instalações,
equipamentos e demais insumos que as distinguem das demais”1 (INEP. Plano de
Trabalho, 2003, p.1). Por meio das condições objetivas das escolas, de diferentes
indicadores educacionais e de informantes/gestores dos sistemas de ensino, é possível
afirmar que há nos estados e municípios escolas públicas consideradas de qualidade, em
que pese os condicionantes estruturais presentes em cada localidade, sobretudo, no que
tange a carência de recursos financeiros e/ou materiais. A combinação de diferentes
fatores, no âmbito das escolas, e as especificidades constitutivas de cada uma, são
elementos que precisam ser analisados quando se quer compreender a oferta de ensino
de qualidade. Evidentemente, que há regularidades, similitudes e aspectos que são
comuns e que devem ser generalizados para a constituição de um padrão de qualidade
em escolas públicas de educação básica.
A questão do custo-aluno em escolas que oferecem condições de qualidade
vincula-se diretamente à temática do financiamento da educação no Brasil. Desde a
1 Cf. Plano de Trabalho (INEP, 2003).
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década de 1930, com algumas interrupções, o país “adota o princípio da vinculação
constitucional e um percentual mínimo de recursos da receita de impostos dos poderes
públicos para a manutenção e desenvolvimento do ensino”. Essa vinculação, prevista na
Constituição Federal de 1988 e na LDB (Lei n. 9.394/96), tem sido de fundamental
importância para assegurar um mínimo de estabilidade para a Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino (MDE).
No entanto, no início do século XXI, a questão da qualidade de ensino, ao lado da
expansão da educação infantil e da universalização e obrigatoriedade do ensino
fundamental e do ensino médio, aparece como um dos maiores desafios da educação
brasileira, como evidencia o baixo desempenho dos alunos obtidos nos testes nacionais e
internacionais, especialmente nas últimas décadas. Essa situação nos coloca um conjunto
de questões que precisam ser investigadas: Quais as razões desse baixo desempenho
dos alunos? Quais os parâmetros ou indicadores básicos para a instituição de um ensino
público de qualidade? Qual é o custo-aluno em uma escola pública que apresenta um
ensino de qualidade? Quais as variáveis que mais interferem em um ensino considerado
de qualidade em escolas com realidades diferenciadas? Como ampliar a qualidade de
ensino na educação básica? Que políticas devem ser implementadas para elevar a
qualidade do ensino no país?
A discussão sobre a qualidade de ensino tem merecido maior atenção do Poder
Público nos últimos anos, até porque há certo consenso em torno da necessidade de
elevação da qualificação da força de trabalho no país, tendo em vista que o Brasil precisa
adquirir maior competitividade em um cenário global onde a economia apresenta-se cada
vez mais integrada e competitiva. Além disso, é preciso considerar que educação/ensino
de qualidade, mais do que uma exigência de natureza econômica é um direito de todo
cidadão ao saber sistematizado historicamente produzido pelo conjunto da sociedade,
sendo indispensável à conquista e ao exercício de uma cidadania crítica, ética e solidária.
Apesar dos indicadores educacionais no Brasil não serem satisfatórios, verifica-se
certo esforço, na última década, sobretudo quando da elaboração de legislação
educacional, visando a melhoria da educação básica. É nesse contexto que surgiu o
princípio de que se deve assegurar um padrão mínimo de qualidade de ensino, sendo que
cabe a União assegurá-lo, de modo a garantir uma equalização das oportunidades
educacionais. Esse papel da União deve ser cumprido mediante assistência técnica e
financeira aos estados, DF e aos municípios. Visando cumprir essa diretriz, a LDB, dentro
de um regime de colaboração, reforçou o papel da União e ampliou as responsabilidades
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dos Estados, DF e municípios (art. 75), levando em conta a capacidade de atendimento e
o esforço fiscal, por eles, empreendido. Assim, a capacidade de atendimento de cada
nível de governo e a definição de um padrão mínimo de qualidade tem resultado dos
recursos vinculados ao ensino e do custo aluno, estabelecido anualmente pelo governo
federal, a partir da Lei do Fundef. De qualquer forma, “a introdução do princípio
constitucional de um padrão mínimo de qualidade de ensino pode ser um instrumento
adicional, aliado à vinculação mínima de recursos, para dotar o país de uma escola de
qualidade para todos os brasileiros”. (INEP. Plano de Trabalho, 2003)
O estudo sobre o custo-aluno ano em escolas de Educação Básica que oferecem
condições para oferta de um ensino de qualidade no Estado de Goiás, que ora
apresentamos, visa contribuir com a definição e com o conhecimento acerca do que seja
um padrão mínimo de qualidade de ensino nos diferentes níveis/modalidades de
ensino/educação. É preciso considerar, como afirma o Inep, que a expansão do ensino
médio e da educação infantil, “a redefinição dos sistemas estaduais e municipais no que
tange ao ensino fundamental e a diferenciação dos custos nas escolas rurais, quando
comparadas às urbanas, bem como o efeito do FUNDEF e de outros programas que
visam ampliar os recursos disponíveis na escola, mudaram bastante o perfil dos custos na
Educação Básica”. (INEP. Plano de Trabalho, 2003)
Faltam, no entanto, estimativas atualizadas de custo-aluno por nível e modalidade
de ensino/educação que possa balizar a distribuição dos recursos existentes e prever a
sua ampliação visando a constituição de uma escola de qualidade. Portanto, o custo-
aluno é “uma categoria importante para definir a necessidade de recursos educacionais e
o desenho de políticas que procuram dotar as escolas dos insumos tidos como
indispensáveis ao processo educacional” de modo a indicar “elementos analíticos que
permita aos gestores governamentais planejar e implementar de maneira mais eficiente
as políticas do setor educacional” (INEP. Plano de Trabalho, 2003)
2. Considerações metodológicas
O estudo realizado no Estado de Goiás adotou os procedimentos metodológicos e
demais indicações estabelecidas pelo Inep no Plano de Trabalho, como parte da amostra
nacional. A realização do projeto envolveu professores e alunos (de graduação e de pós-
graduação) da Faculdade de Educação da UFG, sobretudo da linha de pesquisa Estado e
Políticas Educacionais e do Núcleo de Estudos e Documentação, Educação Sociedade e
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Cultura (Nedesc), o que certamente contribuiu para o fortalecimento do Mestrado e do
Doutorado em Educação dessa Faculdade. A responsabilidade técnica do projeto ficou a
cargo do Prof. Dr. João Ferreira de Oliveira, que contou com a colaboração do Prof. Dr.
Nelson Cardoso Amaral na coordenação geral das atividades2.
O trabalho de coleta de dados teve início em outubro 2003 e o término previsto
para dezembro de 2003, devido à necessidade de execução orçamentária prevista no
convênio. Algumas informações complementares, no entanto, só foram obtidas no início
do ano letivo de 2004, em razão das dificuldades de obtenção de dados após o término
do ano letivo de 2003. O tratamento das informações, tendo por base os programas
produzidos pelo Inep, e a elaboração preliminar do relatório ocorreu nos meses de janeiro
e fevereiro de 2004.
As escolas da amostra de Goiás, conforme Índice de Escolha da Escola (IEE),
criado pelo Inep a partir de dados do Censo Escolar 2002, incluíam três municípios do
Estado: Goiânia, Anápolis e Padre Bernardo. Buscando uma maior compreensão das
escolas indicadas, a equipe levantou, inicialmente, algumas informações básicas que
pudessem caracterizar o Estado e os municípios envolvidos no sentido de subsidiar a
análise dos dados das escolas da amostra.
2.1 O Estado de Goiás e os municípios selecionados 2.1.1 O Estado de Goiás O Estado de Goiás, sétimo estado do Brasil em extensão territorial, localiza-se na
Região Centro-Oeste do País e ocupa uma área de 340.087 Km2. Possui 246 municípios
e limita-se ao norte com o Estado do Tocantins, ao sul com Minas Gerais e Mato Grosso
do Sul, a leste com a Bahia e Minas Gerais e a oeste com Mato Grosso.
A população residente no Estado é de 5.210.335 (2002), resultando em 15
hab/km2, sendo que a grande maioria, 86,4%, reside nos centros urbanos. Do total da
população, 9,6% encontram-se com idade entre 0 e 4 anos, 9,7%, com idade entre 5 e 9
anos, 9,9% entre 10 e 14 anos, 10,4 % entre 15 e 19 anos, 10,0% entre 20 e 24 anos,
9,0% entre 25 e 29 anos, 8,4 % entre 30 e 34 anos, 7,5% entre 35 e 39 anos, 6,2 % entre
2 A equipe de pesquisa foi composta ainda por: Catarina de Almeida Santos, Luciano Abrão Hizim, Luís Gustavo A. da Silva, Anderson B. Rodrigues, Déborah Leite Ferreira, Kaled Sulaiman Khidir, Aline Seabra Toschi, Mylena Seabra Toschi, Juliana Ferraz da Cruz, Lenildes Ribeiro da Silva, Rachel Benta Messias Bastos, Pedro Elias Weber de Deus Amaral, Fátima Aparecida de Melo, Eliezer de Oliveira Pinheiro e Cláudio Gonçalves de Oliveira. As atividades de cada membro da equipe foram definidas pela coordenação, sendo que a maioria participou do trabalho de coleta de dados nas escolas.
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40 e 44 anos, 4,9 % entre 45 e 49 anos e 14,1%, com idade maior do que 50 anos de
idade. Trata-se, portanto, de uma população que possui mais da metade de seus
componentes constituída de pessoas que necessita acessar a algum nível da escala
educacional3.
A economia do Estado se caracteriza por uma forte presença da agropecuária não
deixando, entretanto de existirem importantes atividades extrativistas, principalmente dos
seguintes minerais: amianto, calcário, fosfato, ouro, nióbio e níquel. Os principais produtos
agrícolas que o Estado produz são: algodão, arroz, café, feijão, milho, soja, sorgo, trigo,
abacaxi, alho, banana, cana de açúcar, laranja, mandioca, melancia e tomate. A produção
de grãos o coloca em 4º lugar dentre os estados brasileiros. O Estado é o 2º no ranking
brasileiro no número de cabeças de vacas ordenhadas e na produção de leite; é o 7º no
número de cabeças bovinas e no número de aves; o 10º no número de cabeças suínas e
o 7º em produção de ovos4.
O Produto Interno Bruto (PIB) goiano, valor correspondente a todos os bens e
serviços finais produzidos no Estado vem apresentando crescimento. O Estado de Goiás
passou a se destacar no cenário nacional por ser uma economia emergente, com grandes
potencialidades para investimentos. Em 2000, Goiás ganhou duas posições no ranking
nacional, passando da 12ª para 10ª posição.
No ano de 1995 o PIB goiano era de R$ 11,88 bilhões e apresentava a seguinte
composição setorial: agropecuária participava com 18,70%, a indústria com 26,07% e
serviços com 55,86%. No ano de 2000 com o PIB de R$ 21,67 bilhões, observa-se que a
indústria passa a participar com 32,49% do PIB, a agropecuária com 17,19% e serviços
com 50,32%. Não se pode deixar de destacar que o crescimento da indústria goiana foi
fortemente influenciado pela agroindústria que contou com a instalação de diversas
indústrias do setor alimentício.
A atividade industrial teve uma importante participação no crescimento da
economia de Goiás. Esses resultados positivos ocorreram devido à Indústria química
(pólo farmoquímico), metalúrgica básica, fabricação de produtos minerais não-metálicos,
confecção de artigos do vestuário e acessórios e a agroindústria, cujo segmento
alimentício representou aproximadamente 4% da indústria alimentícia nacional, segundo
dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE).
3 Dados obtidos em http://portalsepin.seplan.go.gov.br/goiasemdados2003. 4 Idem (nota de rodapé n.4).
10
No que se refere à situação da educação, o Estado de Goiás ainda convive com
um percentual elevado de analfabetismo, 11,7%, na população com 15 anos ou mais de
idade, que é um percentual muito próximo da média nacional, de 12,4%. (BRASIL.
MEC/Inep, 2003).
Na educação básica, o Estado apresenta 1.687.619 matrículas totais, sendo que
2.339 (0,1%) se efetivam no âmbito federal, 869.335 (51,5%) no estadual, 592.402
(35,1%) no municipal e 223.543 (13,2%) matriculas estão na rede privada. São 27.431
matrículas na educação infantil, 52.206 em classes de alfabetização, 1.099.223 no ensino
fundamental, sendo que 62.136 estão matriculados na zona rural, 269.851 no ensino
médio. O número de alunos portadores de necessidades educativas especiais é de 7.246,
a educação de jovens e adultos (Ensino Supletivo) possui 132,958 matrículas e a
educação profissional (Nível Técnico) matriculou 7.477 estudantes. (BRASIL. MEC/Inep,
2002a)
O número total de docentes exercendo atividades em sala de aula em toda a
educação básica é de 70.721, sendo que 419 atuam no âmbito federal, 31.173 no
estadual, 24.389 no municipal e 14.740 nas escolas privadas. Desses, 1.465 trabalham na
educação infantil, 2.352 nas classes de alfabetização, 48.877 no ensino fundamental,
1.115 na educação especial, 6.384 na educação de jovens e adultos e 603 na educação
profissional. (BRASIL. MEC/Inep, 2002a)
No ano de 2001, no ensino fundamental, houve uma taxa de aprovação de 92,1%
no sistema federal, 78,3% no sistema estadual, 79,1% no municipal e 96,2 % no
particular. As reprovações atingiram 7,9% no federal, 8,4% no estadual, 10,6% no
municipal e 2,7% no particular. Os abandonos atingiram 0% no federal, 13,3% no
estadual, 10,3% no municipal e 1,1% no particular. No ensino médio, houve uma taxa de
aprovação de 85,7% no sistema federal, 75,6% no sistema estadual, 83,3% no municipal
e 91,8% no particular. As reprovações atingiram 11,3% no federal, 5,7% no estadual,
5,3% no municipal e 5,1% no particular. Os abandonos atingiram 3% no federal, 18,7% no
estadual, 11,4% no municipal e 3,1% no particular. Verifica-se que essas taxas são
insistentemente maiores nas instituições públicas, indicando que pode existir uma relação
direta entre o perfil sócio-econômico da família do estudante e o grau de reprovação e
abandono.
O número de estabelecimentos que oferecem a educação básica é de 4.960,
sendo que oito são federais, 1.263 são estaduais, 2.613 são municipais e 1.076 são
privados.
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O ensino superior no Estado é exercido por 56 instituições, sendo que 13 estão
localizadas na capital e 43 no interior. Das 56 instituições, três são federais, uma é
estadual, seis são municipais, 41 são particulares e cinco são comunitárias, confessionais
ou filantrópicas. Atua nessas instituições um total de 7.513 professores e foram
matriculados 119.297 estudantes em 2002. (BRASIL. MEC/Inep, 2002b) 2.1.2 O Município de Goiânia
Goiânia foi construída em 1933 para abrigar a capital do Estado, o que
representou a abertura de uma porta de entrada para as frentes de expansão da marcha
para o oeste e para a intermediação e o comércio entre o Estado de Goiás e as demais
regiões brasileiras. Inaugurada oficialmente em 1944, Goiânia foi impulsionada nas
décadas seguintes por um acelerado processo de crescimento econômico e de
urbanização.
Planejada na década de 1930 para abrigar uma população de 50 mil habitantes,
Goiânia já contava com 150 mil habitantes em 1961 e, durante a década de 1960, foi uma
das cidades que mais cresceu no país. Hoje ela possui mais de um milhão de habitantes.
A transferência da capital federal para o Planalto Central, ocorrida no início da
década de 1960, repercutiu de forma intensa no Estado, especificamente na região do
aglomerado de Goiânia. O intenso fluxo migratório oriundo das pequenas cidades e da
zona rural determinou a superioridade numérica da população urbana. A economia
goiana, de base agrária, passou por intensas alterações. A modernização,
especificamente das grandes unidades produtoras, passou a ser a meta principal a ser
atingida na agropecuária, visando integrá-la ao setor exportador.
Impulsionada por esse crescimento, Goiânia teve suas funções urbanas
estruturadas de forma a requerer profissionais qualificados para atuar nas múltiplas
atividades econômicas. O crescimento do setor terciário (comércio, bancos, transportes,
comunicações, governo, aluguel e outros serviços), iniciado ao longo dos anos de 1960, é
responsável pela geração de importante percentual de empregos em Goiás. As profissões
liberais de maior prestígio social também se despontaram nesse quadro de estruturação
urbana, lado a lado com a mão-de-obra flutuante da construção civil e do setor informal da
economia. Contribuiu para a formação de profissionais em nível superior a criação das
universidades federal e católica de Goiás no início da década de 1960.
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Os estabelecimentos de ensino da rede municipal de Goiânia perfazem um total de
298, assim distribuídas: 142 escolas municipais; 41 centros municipais de educação
infantil; 20 instituições educacionais conveniadas totalmente – recursos humanos,
materiais e financeiros; 55 instituições conveniadas parcialmente – recursos humanos e
financeiros; 31 creches estaduais em processo de municipalização; 9 creches do
Ministério Terra Fértil, em processo de municipalização. (PREFEITURA DE GOIÂNIA.
SME/DAE, 18/02/2004)
O número de matrículas na educação básica oferecida pela rede municipal totaliza
110.272. Dessas, estão em classes de alfabetização sete estudantes; na educação
infantil, 4.095; no ensino fundamental, estruturado em ciclos, estudam 79.183 estudantes
e, na modalidade de educação de jovens e adultos, estão matriculados 26.987
estudantes.
A rede estadual possui em Goiânia um total de 160.269 estudantes na educação
básica, sendo que 3.162 se matricularam na educação infantil, 84.418 no ensino
fundamental, 56.884 no ensino médio, 1.708 na educação especial e 14.097 alunos
matriculados na educação de jovens e adultos. A rede federal possui um total de 1.394
estudantes na educação básica e a rede privada possui 93.732 alunos.
2.1.3 O Município de Anápolis
A cidade de Anápolis se originou no início do século XIX com a presença de
viajantes que percorriam o vale do Araguaia e o roteiro Pirenópolis/Corumbá de
Goiás/Bonfim/Silvânia fixaram-se em diversas regiões de Goiás, entre elas, a cabeceira
do Ribeirão das Antas, conhecido também por Campos Ricos, graças à excelência de seu
solo e à abundância e variedade de caças existentes no local. Em 1873 foi criada a
freguesia de Santana das Antas, mudado em 1884 para Santana dos Campos Ricos e
retornando ao nome anterior em 1886. Em 15 de dezembro de 1887 foi elevada à
categoria de Vila, mas só instalada em 10 de março de 1892. Em 31 de julho de 1907 foi
elevada à categoria de cidade com o nome de Anápolis.
Cortado pelas rodovias BR-060, BR-153, BR-414, GO-222 e GO-330, o Município
está a 57 Km de Goiânia, 160 de Brasília e 72 de Pirenópolis, numa posição estratégica
para implantação de indústrias, visto a proximidade das capitais federal e goiana.
As atividades econômicas do município se desenvolvem nas indústrias de
transformação e no comércio de mercadorias. Pratica-se no Município a pecuária
13
extensiva, com criação de gado de corte e leiteiro. A agricultura, que já foi a grande fonte
de riqueza no passado, hoje é praticada em caráter de subsistência com cultivo de arroz,
milho, feijão, café e mandioca, mas em função de sua localização privilegiada para o
comércio do Centro-Oeste, ainda é o principal centro de comercialização de grãos do
Estado.
O Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA), importante pólo industrial do Estado
de Goiás, possui instaladas 85 empresas atuando nas seguintes áreas: medicamentos,
produtos cirúrgicos e farmacêuticos; produtos metálicos; artefatos, dosagem de concreto;
serviços; tubos, conexões, materiais plástico; cerâmica, material de construção; bebidas;
produtos alimentícios; papel e embalagem; ração, subproduto animal; baterias,
acumuladores e transformadores; laticínios; formulários contínuos; lapidação; carrocerias,
tanques; condutores elétricos; confecções; artigos de borracha; isolantes térmicos;
produtos veterinários; beneficiamento de madeira, móveis; produtos agrícolas, sementes
e fertilizantes; produtos automotivos; envasamento de combustíveis; armazenamento.
Anápolis é uma cidade com baixo índice de analfabetismo, graças à sua estrutura
educacional que conta com 54 escolas municipais, 56 estaduais e 78 particulares.
No ensino superior, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) mantém os cursos de
Economia, Administração de Empresas, Engenharia Civil (Sanitária), Processamento de
Dados, Geografia, História, Biologia, Letras, Química, Pedagogia e Ciências Contábeis. A
Associação Educativa Evangélica (AEE) mantém, em Anápolis, três faculdades: Direito,
Filosofia e Odontologia.
As escolas municipais, em número de 54, estão em sua quase totalidade
instaladas na zona urbana, sendo que apenas duas funcionam na zona rural. As escolas
estaduais, em número de 56, estão todas instaladas na zona urbana. O número total de
estudantes dessas duas redes é de 80.399 (www.inep.gov.br, 19/02/2004).
Os estudantes de Anápolis que freqüentam as classes de alfabetização totalizam
3.909; educação infantil é oferecida para 650 alunos; 52.900 é o total de estudantes do
ensino fundamental. O ensino médio é freqüentado por 13.783 estudantes, enquanto a
educação especial é oferecida para 529 e a educação de jovens e adultos para 8.628
estudantes.
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2.1.4 O Município de Padre Bernardo
O município de Padre Bernardo foi fundado em 1963 e faz parte do entorno de
Brasília e sofre, portanto, as repercussões positivas e negativas dessa condição, tais
como: aumento do poder aquisitivo de parte da população, acesso aos bens de consumo
moderno de forma mais rápida, crescimento populacional acima da média goiana,
aumento da violência urbana etc. Trata-se, portanto, de um município jovem, que possui
21.495 habitantes – segundo dados do IBGE, de 2000 – ocupando uma área de 3.148
km2, o que resulta em 5,42 hab/km2. A população urbana é de 13.272 habitantes e a
população rural é de 8.223 habitantes.
O município possui 21 escolas municipais sendo que oito delas foram instaladas
na zona urbana e 13 na zona rural. As escolas urbanas possuem matriculados 330
estudantes na educação infantil, 1.644 alunos no ensino fundamental de 1a a 4a séries,
737 estudantes no ensino fundamental de 5a a 8a séries, 288 estudantes na educação de
jovens e adultos e 108 alunos em classes de alfabetização. As escolas instaladas na zona
rural possuem um total de 1.788 estudantes, sendo que 123 são alunos da educação
infantil, 964 do ensino fundamental de 1a a 4a séries e 701 do ensino fundamental de 5a a
8a séries.
Existe ainda instalada no município, na zona urbana, uma escola da rede estadual
que oferece o ensino fundamental de 5a a 8a séries e o ensino médio, perfazendo um total
de 1.607 estudantes. (www.dataescolabrasil.inep.gov.br).
2.2 Objeto de estudo, critérios, etapas e procedimentos de investigação
O Plano de Trabalho, acordado entre Inep/FE-UFG, definiu como atividade básica
o levantamento do custo-aluno ano em escolas da Educação Básica que oferecem
condições para oferta de um ensino de qualidade. O objeto de estudo consistiu, portanto,
no levantamento e análise de forma detalhada, dos principais componentes do custo-
aluno mediante o desenvolvimento de pesquisa compreendendo a aplicação de
questionário em uma amostra intencional de, pelo menos, 10 escolas do Estado de Goiás,
assim como das principais características destas escolas no que se refere à sua
organização, funcionamento e gestão escolar. Além dessas 10 escolas, foram incluídas
duas escolas de zona rural na amostra, em razão de solicitação do MEC.
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Foram definidos critérios, etapas e procedimentos básicos para o processo de
coleta e digitação dos dados. A coleta de informações acerca dos custos se deu por meio
de instrumento (questionário) que buscou registrar com fidedignidade os custos correntes,
contendo uma discriminação adequada dos gastos com pessoal e uma listagem ampla
dos materiais de consumo. Igualmente, foram registrados os valores de reposição do
prédio, instalações e equipamentos existentes nas escolas. Desta forma, obteve-se um
retrato tanto do custo de funcionamento, representado pelos custos correntes, como do
investimento feito na escola, expresso pelo valor dos bens de capital. O instrumento teve
duas formas de apresentação: papel, para o registro inicial dos dados, e CD ROM
contendo um programa para a digitação dos dados e cálculo dos componentes de custo,
além de um programa de críticas para verificar possíveis inconsistências nos dados. Este
instrumento, bem como o software e o programa de críticas foram desenvolvidos e
fornecidos pelo INEP, contando com a colaboração dos pesquisadores dos diferentes
Estados.
A coleta de dados sobre as características de organização e funcionamento das
escolas foi realizada a partir de cinco roteiros de entrevista elaborados pelo conjunto dos
pesquisadores e equipe técnica do Inep (CGEE/DTDIE). O objetivo foi levantar, de forma
qualitativa, a existência de insumos ou de características organizacionais e de gestão que
pudessem estar relacionados com a qualidade do ensino. As entrevistas foram feitas nas
12 escolas, conforme amostra definida para Goiás. Em cada escola foram entrevistadas
cinco pessoas integrantes da comunidade escolar que se caracterizavam como
informantes chaves (membros do Colegiado Escolar, do Grêmio, APM, etc). De um modo
geral, foram entrevistados: Diretor, professor, funcionário, pai ou mãe de aluno e aluno.
No processo de coleta de dados, a equipe elaborou também um relatório (diário de
campo) que integrou a base de dados da pesquisa, bem como fez fotos de aspectos
essenciais das escolas, destacando-se as instalações e equipamentos.
Para a realização do estudo, obtivemos autorização de cada uma das secretarias
de educação dos municípios envolvidos para a realização da pesquisa, bem como a
autorização do(a) diretor(a) de cada escola. Algumas escolas da amostra inicial tiveram
que ser alteradas ao longo do processo de coleta de dados, em razão da:
a) Indicação de que a escola era conveniada;
b) não concordância do(a) diretor(a);
c) escola estar sob intervenção;
16
d) afirmação de que a escola não tinha os dados organizados ou o tempo necessário
para responder a todos os questionários. Nesses casos, utilizamos os indicadores
iniciais de escolha da amostra para a substituir das escolas.
Os critérios de seleção das escolas foram os seguintes:
a) Indicação no Índice de Escolha da Escola (IEE), fornecido pelo Inep. O índice foi
criado a partir dos dados contidos no Censo Escolar 2002;
b) Indicação das escolas de qualidade, conforme listas fornecidas pela secretarias de
educação do Estado e dos municípios envolvidos, tendo por base critérios como:
infra-estrutura interna e externa, pessoal qualificado e formação continuada,
proposta pedagógica, alimentação, materiais pedagógicos, livros literários e
brinquedos, relação com a comunidade, prestígio da escola na comunidade, baixo
índice de evasão e de repetência, prêmios de gestão, existência de laboratórios
(ciências, línguas e outros), biblioteca, existência de PDE, desenvolvimento de
projetos especiais.
c) Indicação e/ou confirmação crítica de gestores e técnicos das secretarias de
educação do Estado e dos municípios envolvidos;
d) Indicação das escolas rurais por órgão competente do MEC.
Em Goiás, as escolas rurais indicadas foram as que constam do Quadro 1. Dessa
lista, foram escolhidas as escolas do Município de Padre Bernardo, uma vez que já havia
a indicação, pelo Índice (IEE) do Inep, de uma escola da rede estadual no mesmo
município, a saber: Colégio Estadual Professor José Monteiro Lima.
Quadro 1 – Goiás: Escolas rurais indicadas pelo MEC, em novembro de 2003.
Nº e Tipo de Iniciativa da amostra
Município Código da Escola
Nome da Escola
Sto ANTÔNIO DO DESCOBERTO
5205136652075400
EM CORUMBÁ VELHO EM CASA DO MEU PAI
PADRE BERNARDO 5204968052069281
EM ALCEU SARDEMBERG EM GALHOS
Escola Ativa
NOVO GAMA 5204849752048110
EM CORA CORALINA EM PALMAS
Escola nucleada urbana Escola convencional 1a a 4a
Nucleada urbana Convencional – 5a a 8a
Séries ou Ensino Fundamental completo
Fonte: MEC, 2003.
17
Além das duas escolas rurais escolhidas para a amostra de Goiás, foram
selecionadas mais 10 escolas da zona urbana dos municípios de Goiânia, Anápolis e
Padre Bernardo. Sempre que possível, buscou-se combinar ou confirmar os critérios de
seleção junto aos gestores e/ou técnicos das secretarias e pais de alunos das escolas,
visando identificar as escolas consideradas de qualidade. O Quadro 2 informa as escolas
da amostra, conforme critério de seleção adotado5.
Quadro 2 - Escolas selecionadas em Goiás, por critério de seleção.
Código Nome da Escola Município Critério de seleção
52021424 EM PROFESSOR TASSO BARROS VILELA ANAPOLIS
- Indicação da SME - Indicação de membros da comunidade
52020541 CE POLIVALENTE FREI JOÃO BATISTA ANAPOLIS
- IEE Inep - Indicação de Gestores da SME - Indicação de membros da comunidade
52021750 EM JOÃO AMÉLIO DA SILVA ANAPOLIS
- IEE Inep - Indicação de Gestores da SME - Indicação de membros da comunidade
52033279 CEPAE PROGRAD UFG GOIÂNIA - IEE Inep - Indicação de membros da comunidade
52037410 EM CENECISTA BALNEÁRIO MEIO PONTE GOIÂNIA - IEE Inep
- Indicação da SME
52049434 COL EST PROF JOSÉ MONTEIRO LIMA
PADRE BERNARDO
- IEE Inep - Indicação da SEE
52076253 EM RESIDENCIAL ITAIPU GOIÂNIA - Indicação SME (Escola Padrão da Prefeitura)
52076296 CMEI VILA BOA6 GOIÂNIA - IEE Inep - Indicação SME
52079902 CMEI CORA CORALINA GOIÂNIA - IEE Inep - Indicação SME
52069982 EM GERALDA DE AQUINO GOIÂNIA - IEE Inep - Indicação SME
52049680 EM ALCEU SARDEMBERG (Escola Ativa)∗
PADRE BERNARDO
- Indicação MEC
52069281 EM GALHOS (Escola Ativa)∗
PADRE BERNARDO
- Indicação MEC
∗ Escolas da Amostra fornecida pelo MEC, sob a responsabilidade da Profa Alvana Bof do MEC. 5 Esse quadro informa as escolas da amostra final de Goiás, tendo em vista que algumas foram substituídas ao longo da pesquisa quando ocorreram problemas como: a escola não era totalmente pública, ou seja, tinha algum tipo de convênio que não a caracterizava como totalmente pública; não houve concordância do(a) diretor(a) em participar da pesquisa; a escola estava sob intervenção e não havia como obter os dados com fidedignidade; a escola não tinha os dados organizados ou tempo necessário para responder a todos os questionários, bem como disponibilidade para ajudar a equipe no processo de coleta das informações. 6 O nome atual desta escola é: Centro Municipal de Educação Infantil Matheus Barcelos Barretos. Mantivemos o código e o nome da escola, conforme dados fornecidos pelo Inep a partir de informações obtidas por meio do Censo Escolar.
18
O Quadro 3 mostra o resultado final do processo de escolha das escolas que
compuseram a amostra final do Estado de Goiás. Ao todo foram três escolas em
Anápolis, sendo que uma delas possui duas extensões, três escolas em Padre Bernardo e
seis escolas em Goiânia. Desse total, uma escola é da rede federal, duas da rede
estadual e nove das redes municipais. As escolas escolhidas cobrem todos os
níveis/etapas da educação básica (educação infantil: creche e pré-escola, classes de
alfabetização, ensino fundamental e ensino médio), incluindo a educação inclusiva e a
educação de jovens e adultos.
Quadro 3 - Escolas da amostra final do Estado de Goiás.
Nº
Código Nome da Escola Dependência Localização Município
1 52021424 EM PROFESSOR TASSO BARROS VILELA Municipal Urbana ANAPOLIS
2 52020541 CE POLIVALENTE FREI JOÃO BATISTA Estadual Urbana ANAPOLIS
3 52021750 EM JOÃO AMÉLIO DA SILVA Municipal Urbana ANAPOLIS 4 52033279 CEPAE PROGRAD UFG Federal Urbana GOIÂNIA 5 52037410 EM CENECISTA BALNEÁRIO
MEIO PONTE Municipal Urbana GOIÂNIA
6 52049434 COL EST PROF JOSÉ MONTEIRO
LIMA Estadual Urbana PADRE BERNARDO
7 52076253 EM RESIDENCIAL ITAIPU Municipal Urbana GOIÂNIA 8 52076296 CMEI VILA BOA Municipal Urbana GOIÂNIA 9 52079902 CMEI CORA CORALINA Municipal Urbana GOIÂNIA
10 52069982 EM GERALDA DE AQUINO Municipal Urbana GOIÂNIA 11 52049680 EM ALCEU SARDEMBERG (Escola
Ativa) Municipal Rural PADRE BERNARDO
12 52069281 EM GALHOS (Escola Ativa) Municipal Rural PADRE BERNARDO
2.3 A preparação da equipe de pesquisa e o processo de coleta de dados nas escolas A preparação da equipe de pesquisa, visando a aplicação do questionário custo-
aluno, a realização das entrevistas e o registro de outras informações, por meio de diário
de campo e fotografias de dependências e ambientes significativos das escolas, ocorreu
tão logo os instrumentos e os procedimentos básicos de investigação tinham sido
definidos pela equipe de pesquisa e pela coordenação do projeto no Inep7. Os alunos de
7 Foi de fundamental importância a escolha de uma pessoa para secretariar todas as atividades e etapas previstas no Plano de Trabalho, o que ficou a cargo de Déborah Leite Ferreira, concluinte do curso de Pedagogia da FE, turma de 2003. As atividades que envolviam conhecimento especializado de informática,
19
graduação e de pós-graduação da FE/UFG, assim como outros integrantes, foram
selecionados pelo responsável técnico do projeto, Prof. Dr. João Ferreira de Oliveira,
tendo em vista o desempenho acadêmico, a experiência profissional e a disponibilidade
de cada um para participar de todas as etapas do projeto8.
O treinamento da equipe envolveu, inicialmente, a discussão da relevância do
estudo, da problemática envolvida, do objeto de estudo, das finalidades da pesquisa e dos
procedimentos metodológicos que haviam sido definidos no Plano de Trabalho. Em
seguida, fez-se a análise dos instrumentos de coleta de dados, considerando as
dificuldades na sua aplicação. Decidiu-se então pela realização de um pré-teste coletivo,
envolvendo toda a equipe, o que ocorreu em uma que consideramos escola piloto. A
escola escolhida para esse pré-teste foi a Escola Municipal Residencial Itaipu, da rede
municipal de ensino de Goiânia, que já compunha a amostra de Goiás. A autorização
prévia da Secretaria de Educação de Goiânia e o conhecimento da direção da escola, por
parte de membros da equipe, corroboraram para o êxito no treinamento que se fazia
necessário, em razão do volume de informações e da complexidade do questionário sobre
o custo-aluno.
O contato com as escolas foi precedido, em geral, de autorização das secretarias
de educação dos municípios selecionados. Por meio de ofícios, reuniões e conversas por
telefone, conseguimos o aceite das escolas para a realização da pesquisa. No entanto,
nem todas as escolas se dispuseram a participar da pesquisa, o que exigiu a substituição
de algumas delas, tendo por base os critérios de seleção previstos na metodologia do
projeto. O fato de informamos que a escola havia sido selecionada por ter sido
considerada uma escola de qualidade facilitou bastante o acolhimento dos pesquisadores
nas escolas e o acesso às informações. Muitos dados, no entanto, tiveram que ser
produzidos, com a ajuda de componentes das escolas, uma vez que não estavam
disponíveis ou não se encontram organizados.
Dentre os dados mais difíceis de serem coletados destacam-se:
visando à consolidação do banco de dados, ficou a cargo de Catarina de Almeida Santos e Luciano Abrão Hizim. 8 O acordo com os membros da equipe quanto aos valores de remuneração, teve por base as atividades que cada um teria que realizar no desenvolvimento do projeto. Esses valores foram acordados em reuniões da equipe, depois de conhecido os instrumentos de coleta, as escolas da amostra e as obrigações gerais para o cumprimento do objeto de trabalho. O parâmetro geral foi, também, o plano de aplicação financeira que havia sido estabelecido no Plano de Trabalho/Convênio.
20
a) a obtenção dos valores de remuneração (salário) dos professores, uma vez que os
pesquisadores tinham que voltar várias vezes às escolas e, mesmo assim, alguns
professores tinham receio de fornecer tais informações9;
b) o preço de alguns equipamentos permanentes que existem nas escolas e que já
não são mais encontrados com facilidade no comércio;
c) a clara identificação dos recursos financeiros recebidos, devido à diversidade de
fontes, atrasos no repasse de recursos e incerteza quanto ao seu recebimento10;
d) a definição do valor atual dos prédios escolares, conforme a área construída, uma
vez que não é, em geral, do conhecimento da direção das escolas11.
A produção dos programas para produção do banco de dados, a digitação das
informações do questionário custo-aluno, a identificação e resolução de inconsistência
nos dados digitalizados e a consolidação das tabelas de custo-aluno, de cada uma das
escolas, contou com a participação e orientação direta e permanente da equipe técnica do
Inep. Nesse sentido, podemos afirmar que a realização dessa pesquisa só foi possível
graças ao trabalho integrado e coletivo que ocorreu, haja vista o compromisso e o esforço
de toda a equipe envolvida nas duas instituições conveniadas.
3. Os dados obtidos na pesquisa O estudo apurou em cada uma das escolas os seguintes dados:
a) número de matrículas em cada nível/etapa da educação básica;
b) número de professores;
c) número de funções docentes;
d) número de turmas;
e) número de trabalhadores não docentes;
f) gastos com pessoal docente e não docente;
g) gastos com material de consumo, material permanente e com outros insumos e
manutenção.
A tabela 01 apresenta os dados obtidos para as escolas pesquisadas.
9 Em muitos casos foi preciso recorrer aos departamentos de pessoal das secretarias para checar dados ou mesmo para obtê-los com mais fidedignidade. 10 Vale lembrar que a coleta de dados ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2003, ou seja, próximo ao final do ano letivo, e que alguns recursos estavam previstos, mas ainda não haviam chegado nas escolas. 11 Foi necessário, muitas vezes, recorrer a outros órgãos públicos no município ou Estado, para obter dados que nos levassem aos valores dos prédios escolares.
21
Tabela 01 - Dados obtidos na pesquisa
Unidade Escolar Matrí-culas
Nº de prof.
Nº de fun. Doc.
Nº turmas
Nº de não doc.
Custo docentes
(R$)
Custo não docentes
(R$)
Custo mat. de
consumo (R$)
Custo mat. Permanente
(R$)
Custo outros insumos e
manutenção (R$)
CEPAE UFG 675 70 92 24 25 2.214.074 568.167 192.881 199.672 155.632
CE Polivalente Frei João Batista 2.216 67 87 55 37 715.944 280.227 44.781 45.574 39.467
CE Profº José Monteiro Lima 1.641 44 69 42 35 379.637 255.399 50.420 30.483 31.022
EM Cenecista B. Meia Ponte 1.258 54 60 38 41 799,401 306.897 54.837 16.710 9.536
EM Residencial Itaipu 1.069 46 47 35 35 789.250 240.358 124.023 14.732 9.420
EM Geralda de Aquino 586 32 35 20 23 490.397 179.322 56.899 16.059 8.094
EM João Amélio da Silva 312 13 13 13 16 102.917 143.719 33.066 3.926 3.388
EM Profº Tasso Barros Vilela 367 10 11 10 17 97.165 180.307 17.517 4.646 6.151
EM Alceu de Carvalho Sardemberg 9 1 1 1 0 7.182 0 3.325 1.474 14
EM Galhos 56 4 2 4 1 17.240 3.857 12.620 8.629 3.773CMEI Vila Boa 103 12 12 6 26 249.888 182.188 32.166 3.391 3.526
CMEI Cora Coralina 92 11 11 6 25 196.129 165.678 43.457 3.199 2.606
Fonte: MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade 4. O custo dos alunos O estudo calculou o custo do aluno em cada uma das escolas. A tabela 02
apresenta os resultados desse custo, considerando-se todos os gastos realizados na
unidade escolar e todos os alunos da escola, independentemente de qual nível e de qual
etapa estes se encontravam.
22
Tabela 02 - O custo do aluno
Unidade Escolar Custo Aluno (geral)
CEPAE UFG 4.933,96
CE Polivalente Frei João Batista 508,12
CE Profº José Monteiro Lima 455,19
EM Cenecista Balneario Meia Ponte 987,45
EM Residencial Itaipu 1.101,76
EM Geralda de Aquino 1.281,17
EM João Amélio da Silva 919,93
EM Profº Tasso Barros Vilela 833,20
EM Alceu de Carvalho Sardemberg 1.332,75
EM Galhos 823,56CMEI Vila Boa 4.574,36
CMEI Cora Coralina 4.468,15Fonte: MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Nota-se uma grande variação nos custos, provocada pela diversidade da amostra
de instituições que foi considerada: a) são instituições federais, estaduais e municipais,
cada uma delas com seu plano de cargos e salários; b) são instituições urbanas e rurais
que vivem realidades bem diferentes quando se trata de estrutura física e do trabalho
docente; c) são escolas que oferecem níveis e etapas do ensino básico em diversas
combinações. Pode-se, entretanto, encontrar uma certa correlação entre os custos
quando se efetiva uma análise por esfera administrativa, separa-se o conjunto de escolas
em urbanas e rurais; desse modo verifica-se uma mínima estratificação por nível/etapa. A
tabela 03 apresenta esse resultado.
23
Tabela 03 - O custo aluno por esfera administrativa e localização
Estabelecim. Ens. por esfera
admin.
Cidade/ Localização Unidade Escolar Nível/Etapa Custo aluno
(geral)
Federal Goiânia/ Urbana CEPAE UFG
pré-escola/ ens. fund. (1-4)/ ens. fund. (5-8)/ ens. Médio 4.933,96
Anapólis/ Urbana
CE Polivalente Frei João Batista
EAJA ens. fund. (1-8)/ ens. fund. (5-8)/ ens. Médio 508,12
Padre Bernardo/ Urbana
CE Profº José Monteiro Lima
EAJA ens. Fund. (1 a 8)/ ens. fund. (5-8)/ ens. Médio 455,19
Goiânia/ Urbana
EM Cenecista Balneario Meia Ponte
ens. fund. (1-4)/ ens. fund. (5-8)/ ens. Médio (ciclo I a III) 987,45
Goiânia/ Urbana EM Residencial Itaipu
ens. fund. (1-4)/ ens. fund. (5-8)/ ens. Médio (ciclo I e II) 1.101,76
Goiânia/ Urbana EM Geralda de Aquino
ens. fund. (1-4)/ ens. fund. (5-8)/ ens. Médio (ciclo I a III) 1.281,17
Anapólis/ Urbana EM João Amélio da Silva Alfabetização/ ens. fund. (1-4)/ 919,93Anapólis/ Urbana
EM Profº Tasso Barros Vilela Alfabetização/ ens. fund. (1-4)/ 833,20
Padre Bernardo/ Rural
EM Alceu de Carvalho Sardemberg ens. fund. (1-4)/ 1.332,75
Padre Bernardo/ Rural EM Galhos
ens. fund. (1-4)/ ens. fund. (5-8) 823,56
Goiânia/ Urbana CMEI Vila Boa creche ( 0 a 6 anos) 4.574,36Goiânia/ Urbana CMEI Cora Coralina creche ( 0 a 6 anos) 4.468,15
Estadual
Municipal
Fonte:MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade Nota-se que:
(1) O CEPAE, pertencente à esfera federal e oferece pré-escola, ensino
fundamental (1ª a 8ª Série) e o ensino médio, apresentou o maior custo por
aluno, que é de R$ 4.933,96;
(2) as escolas estaduais, uma situada em Anápolis e outra em Padre Bernardo
apresentam custos de R$ 508,12 e R$ 455,19, que são bastante
compatíveis um com o outro;
(3) com relação às escolas municipais, as separamos em três blocos: a)
aquelas que são urbanas e oferecem o ensino básico ou parte deste; b) as
rurais; c) as creches que atendem às crianças de 0 a 6 anos. As urbanas
que oferecem etapas do ensino básico se situam nos municípios de
24
Anápolis e Goiânia e possuem custos que variam de R$ 833,20 a R$
1.281,17. As escolas rurais, situadas no município de Padre Bernardo
apresentaram custos de R$ 823,56 e R$ 1.332,75. As creches situadas em
Goiânia, apresentaram custos muito próximos um do outro, R$ 4.574,36 no
CME Vila Boa e R$ 4.468,15 no CMEI Cora Coralina.
Podemos então, a partir dos resultados deste estudo, concluir que, por esfera
administrativa e por localização, os custos médios das escolas de ensino básico são os
da tabela 04.
Tabela 04 - Custos médios, por esfera administrativa e localização
Estabelecimento de ensino por esfera
administrativa
Localização Nível/Etapa Custo médio por aluno (geral)
Federal Urbana Ed. Básica 4.933,96
Estadual Urbana Ed. Básica 481,66
Municipal Urbana Ed. Básica 1,007,92
Municipal Rural Ens. Fundamental 1.078,16
Municipal Urbana Creche 4.521,26Fonte:MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
5. Os outros custos escolares Os valores encontrados para o custo com pessoal, com material de consumo, com
material permanente e outros insumos e manutenção foram aqueles da tabela 01. Na
tabela 05 vemos esses valores como percentuais do valor total gasto nas escolas.
25
Tabela 05 - Os custos, em percentuais
Unidade Escolar Custo com pessoal (%)
Custo com material de consumo
(% )
Custo com material
Permanente (%)
Custo com outros
insumos e manutenção
(%)
Total (%)
CEPAE UFG 83,54 5,79 6,00 4,67 100CE Polivalente Frei João Batista 88,47 3,98 4,05 3,51 100
CE Profº José Monteiro Lima 85,02 6,75 4,08 4,15 100
EM Cenecista Balneario Meia Ponte 93,17 4,83 1,43 0,83 100
EM Residencial Itaipu 87,42 10,53 1,25 0,80 100
EM Geralda de Aquino 89,20 7,58 2,14 1,08 100
EM João Amélio da Silva 85,93 11,52 1,37 1,18 100
EM Profº Tasso Barros Vilela 90,74 5,73 1,52 2,01 100EM Alceu de Carvalho Sardemberg 59,88 27,72 12,29 0,12 100
EM Galhos 45,74 27,36 18,71 8,18 100
CMEI Vila Boa 91,70 6,83 0,72 0,75 100
CMEI Cora Coralina 88,02 10,57 0,78 0,63 100Fonte: MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Se ordenarmos esta tabela em ordem crescente de gastos com pessoal, obtém-se
as informações da tabela 06.
26
Tabela 06 - Os custos, em percentuais, em ordem crescente dos gastos com pessoa
Unidade EscolarCusto com
pessoal (%)
Custo com material de consumo
(% )
Custo com material
Permanente (%)
Custo com outros
insumos e manutençã
o (%)
Total (%)
EM Galhos 45,74 27,36 18,71 8,18 100EM Alceu de C. Sardemberg 59,88 27,72 12,29 0,12 100
CEPAE UFG 83,54 5,79 6,00 4,67 100
CE Profº José M. Lima 85,02 6,75 4,08 4,15 100
EM João Amélio da Silva 85,93 11,52 1,37 1,18 100
EM Residencial Itaipu 87,42 10,53 1,25 0,80 100
CMEI Cora Coralina 88,02 10,57 0,78 0,63 100CE Polivalente Frei João Batista 88,47 3,98 4,05 3,51 100EM Geralda de Aquino 89,20 7,58 2,14 1,08 100
EM Prof. Tasso B. Vilela 90,74 5,73 1,52 2,01 100CMEI Vila Boa 91,70 6,83 0,72 0,75 100EM Cenecista B. Meia Ponte 93,17 4,83 1,43 0,83 100Fonte: MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Verifica-se da tabela 06 que as escolas rurais foram aquelas que apresentaram os
melhores percentuais no que se relaciona aos gastos com pessoal. Dos recursos da EM
Galhos apenas 45,74% dos gastos se dirigiram ao pagamento de pessoal e na EM Alceu
de C. Sardemberg, 59,88% se dirigiram a esse pagamento. São percentuais muito
inferiores àqueles das outras escolas, que variaram entre 83,54% no CEPAE e 93,11% na
EM Cenecista B. Meia Ponte. Deve-se ressaltar que as duas escolas rurais são duas
unidades escolares muito pequenas, com pouquíssimos professores e turmas de aula,
fatores fundamentais na definição do valor da folha de pagamento. A EM Alceu de C.
Sardemberg possui apenas um professor.
Pode-se concluir, então, que na amostra analisada, as escolas urbanas dedicam
um elevado percentual de seus gastos para o pagamento de pessoal docente e não-
docente. Esse era um resultado previsível, pois na área educacional a ministração das
aulas e o apoio técnico-administrativo são, quando se deseja um certo nível de qualidade,
os itens de maior custo.
27
Podemos obter, a partir dos resultados deste estudo, os percentuais médios
gastos com as diversas despesas, por esfera administrativa e por localização. Esses
percentuais estão na tabela 07.
Tabela 07 - Percentuais médios com os diversos gastos
Estabelecimento de ensino por
esfera administrativa
Localização Nível/EtapaGastos com
pessoal (%)
Gastos com
material de consumo
(%)
Gastos com material
permanente (%)
Gastos com outros
insumos e manutenção
(%)
Federal Urbana Ed. Básica 83,40 5,79 6,00 4,67
Estadual Urbana Ed. Básica 86,75 5,37 4,07 3,83
Municipal Urbana Ed. Básica 89,28 8,04 1,55 1,18
Municipal Rural Ens. Fundamental 52,81 27,54 15,50 4,15
Municipal Urbana Creche 89,86 8,70 0,75 0,69Fonte:MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Uma análise mais pormenorizada nos leva a inferir que:
(1) À exceção das escolas rurais que gastam 52,81% dos seus recursos para o
pagamento de pessoal, os percentuais das outras escolas é elevado e situa-se
entre 83,40%, na federal e 89,86% nas creches municipais;
(2) os gastos com consumo nas creches atingem 8,7%, sendo o maior percentual
entre todos os níveis/etapas; entretanto, é ali que se encontram os menores
percentuais dedicados aos gastos com material permanente e outros insumos e
manutenção;
(3) considerando-se apenas as escolas urbanas, os percentuais médios gastos com
pessoal, material de consumo, material permanente e outros insumos e
manutenção foram, respectivamente, 87,32%, 6,98%, 3,09% e 2,59%.
Pode-se ainda analisar a distribuição de gastos entre pessoal docente e não-
docente. A tabela 08 apresenta os valores percentuais para esses dois pagamentos.
28
Tabela 08 - Percentuais dos Gastos com pessoal docente e não docente
Estabel. Ens.por esfera
administrativa
Cidade/Localização Pessoal docente (%)
Pessoal não docente (%)
Total (%)
Federal Goiânia/Urbana 79,58 20,42 100
Anapólis/Urbana 71,87 28,13 100
Padre Bernardo/Urbana 59,77 40,23 100
Goiânia/Urbana 70,92 29,08 100
Goiânia/Urbana 76,65 23,35 100
Goiânia/Urbana 73,23 26,77 100
Anapólis/Urbana 41,73 58,27 100
Anapólis/Urbana 35,02 64,98 100
Padre Bernardo/Rural 100,00 0,00 100
Padre Bernardo/Rural 81,72 18,28 100Goiânia/Urbana 57,84 42,16 100
Goiânia/Urbana 54,2 45,8 100
Estadual
Municipal
Fonte:MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade Na escola federal pesquisada, nas escolas estaduais e nas escolas municipais de
Goiânia há uma similaridade na distribuição de recursos entre docentes e não docentes –
a maior parte se dirige ao pagamento dos professores. Nas escolas municipais de
Anápolis a folha de pagamento dos não docentes é maior do que a dos docentes, e nas
creches do município de Goiânia os percentuais de docentes e não docentes são muito
próximos. O valor médio dos percentuais gastos com pessoal docente na escola federal,
nas escolas estaduais e municipais de Goiânia é de 72%, esse valor médio nas escolas
municipais de Anápolis é de 38,38% e esse percentual médio nas creches de Goiânia é
de 56,02%. As escolas rurais possuem muitas particularidades e isso interfere também na
distribuição entre pagamento de docentes e não docentes. Por exemplo, a EM Alceu de
C. Sardemberg não possui trabalhadores não docentes.
6. A presença da qualidade Verifica-se nesse conjunto de escolas a presença de um corpo docente com ótima
qualificação. A tabela 09 mostra essa realidade.
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Tabela 09 - Grau de formação dos professores
Incompl. Completo Com magist.
Sem magist.
CEPAE UFG 25,7 20,0 41,4 12,9CE Polivalente Frei João Batista
CE Profº José Monteiro Lima 9,0 62,7 28,3
EM Cenecista B. Meia Ponte 31,8 2,3 52,3 13,6
EM Residencial Itaipu 8,7 47,8 43,5
EM Geralda de Aquino 50,0 47,0 3,0
EM João A. da Silva 23,1 23,1 53,9EM Profº Tasso Barros Vilela 63,6 36,4EM Alceu de C. Sardemberg 100,0
EM Galhos 100,0
CMEI Vila Boa 8,3 33,3 58,3
CMEI Cora Coralina 18,2 27,3 54,5
Esp. Ms. Dr.Unidade Escolar Grad.
Fonte: MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Ensino Fundamental Ensino Médio
A elevada qualificação docente foi fundamental para que essas escolas fossem
qualificadas como escolas de qualidade e esse fato se apresenta refletido nos custos dos
alunos.
Podemos analisar ainda duas relações que são importantes no contexto de uma
escola considerada de qualidade: a relação aluno/docente e o número de alunos em sala
de aula. A tabelas 10 apresenta a relação aluno/professor nas escolas pesquisadas.
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Tabela 10 - Relação aluno/professor
Unidade Escolar Aluno/Professor
CEPAE UFG 9,6
CE Polivalente Frei João Batista 33,1
CE Profº José Monteiro Lima 37,3
EM Cenecista Balneario Meia Ponte 23,3
EM Residencial Itaipu 23,2EM Geralda de Aquino 18,3
EM João Amélio da Silva 24,0
EM Profº Tasso Barros Vilela 36,7EM Alceu de Carvalho Sardemberg 9,0
EM Galhos 14,0CMEI Vila Boa 8,6CMEI Cora Coralina 8,4Fonte: MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Podemos, a partir dos resultados deste estudo, concluir que, por esfera
administrativa e por localização, as relações aluno/professor das escolas de educação
básica são as da tabela 11.
Tabela 11 - Relações médias aluno/professor
Estabelecimento de ensino por
esfera administrativa
Localização Nível/Etapa Aluno/Professor
Federal Urbana Ed. Básica 9,6
Estadual Urbana Ed. Básica 35,2
Municipal Urbana Ed. Básica 25,1
Municipal Rural Ens. Fundamental 11,5
Municipal Urbana Creche 8,5Fonte:MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Portanto, as médias extremadas encontradas foram as seguintes: nas creches, 8,5
alunos por professor e nas estaduais, 35,2 alunos por professor.
A tabela 12 apresenta a relação aluno/turma nas escolas da amostra em estudo.
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Tabela 12 - Relação aluno/turma
Unidade Escolar Aluno/Turma
CEPAE UFG 28,1
CE Polivalente Frei João Batista 40,3
CE Profº José Monteiro Lima 39,1
EM Cenecista Balneario Meia Ponte 33,1
EM Residencial Itaipu 30,5EM Geralda de Aquino 29,3
EM João Amélio da Silva 24,0
EM Profº Tasso Barros Vilela 36,7
EM Alceu de Carvalho Sardemberg 9,0EM Galhos 14,0CMEI Vila Boa 17,2CMEI Cora Coralina 15,3Fonte: MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
Podemos aqui também concluir que, por esfera administrativa e por localização, as
relações aluno/turma das escolas de educação básica são as da tabela 13.
Tabela 13 - Relações médias aluno/turma
Estabelecimento de ensino por
esfera administrativa
Localização Nível/Etapa Aluno/Turma
Federal Urbana Ed. Básica 28,1
Estadual Urbana Ed. Básica 39,7
Municipal Urbana Ed. Básica 30,7
Municipal Rural Ens. Fundamental 11,5
Municipal Urbana Creche 16,3Fonte:MEC/INEP/DTDIE/Pesquisa Custo Qualidade
São, portanto, 28,1 alunos por turma na escola federal, 39,7 nas estaduais, 30,7
nas municipais urbanas, 11,5 nas municipais rurais e 16,3 alunos por turma nas creches.
32
Dos instrumentos utilizados neste estudo (questionário para apuração do custo-
aluno, entrevistas e diários de campo) pode-se relacionar, ainda, algumas outras
condições que parecem consubstanciar uma escola com condições para oferta de ensino
de qualidade:
(1) Existência de carga horária docente disponível para o desenvolvimento de
atividades que não sejam de aula;
(2) dedicação dos professores a uma só escola;
(3) aumento de salário de acordo com a formação continuada e titulação, obedecendo
a um Plano de Carreira;
(4) um grande percentual dos professores pertencentes ao quadro efetivo da escola;
(5) dedicação dos não docentes a uma só escola;
(6) instalações bem conservadas;
(7) existência de biblioteca e laboratórios;
(8) motivação para o trabalho;
(9) diretor eleito e com experiência docente e de gestão;
(10) participação da comunidade escolar no dia a dia da escola;
(11) integração da escola com a comunidade local e existência de Conselho Escolar
(ou equivalente) atuante;
(12) cuidados com a segurança da comunidade escolar;
(13) desenvolvimento de projetos especiais em parceria com os governos das três
esferas, com a comunidade escolar e com outras organizações da sociedade.
De um modo geral os entrevistados na pesquisa entenderam que a amostra
escolhida realmente oferece um ensino com um certo padrão mínimo de qualidade.
Apesar da existência de problemas, os dados quantitativos e as informações
qualitativas nos levam a concluir que este estudo pode ser utilizado como base para a
definição de parâmetros que ajudam a classificar uma escola de educação básica como
sendo uma escola que oferece um padrão mínimo ou básico de qualidade, no contexto da
rede de ensino em que ela se insere. Referências Bibliográficas BRASIL. MEC/INEP. Censo Escolar: Sinopse Estatística da Educação Básica – 2002.
Brasília, 2003.
BRASIL. MEC/INEP. Data Escola Brasil. Disponível em: <http://www.
dataescolabrasil.inep.gov.br> . Acesso em: 18/02/2004.
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Brasil – 1990-2000. Brasília, 2003.
BRASIL. MEC/INEP. Sinopse Estatística da Educação Superior Graduação – 2002.
Brasília, 2003.
BRASIL. UFG/INEP. Convênio n. 34/2003 que entre si celebram o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais/Inep e a Universidade Federal de Goiás, para os fins
que especifica. Goiânia e Brasília, 2003.
BRASIL. UFG/INEP. Plano de Trabalho: Levantamento do custo-aluno ano em escolas da
Educação Básica que oferecem condições para oferta de um ensino de qualidade.
Goiânia e Brasília, 2003.
GOVERNO DE GOIÁS. Goiás em dados. Disponível em:
<http://www./portalsepin.seplan.go.gov.br/goiasemdados2003>. Acesso em: 17/02/2004.
PREFEITURA DE GOIÂNIA.SME. Relação das Instituições Educacionais da RME em
2003. Digitado. Goiânia, 2004.
PREFEITURA DE GOIÂNIA.SME. Rendimento Escolar-2003: Totalizações por forma de
organização. Digitado. Goiânia, 2004.