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PT ECB EZB EKT BCE EKP RELATÓRIO ANUAL 2000 BANCO CENTRAL EUROPEU BANCO CENTRAL EUROPEU RELATÓRIO ANUAL 2000

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R E L AT Ó R I OA N UA L

2000

B A N C O C E N T R A L E U R O P E U

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© Banco Central Europeu, 2001

Morada Kaiserstrasse 29

D-60311 Frankfurt am Main

Alemanha

Endereço postal Postfach 16 03 19

D-60066 Frankfurt am Main

Alemanha

Telefone +49 69 1344 0

Internet http://www.ecb.int

Fax +49 69 1344 6000

Telex 411 144 ecb d

Este Relatório Anual foi preparado sob a responsabilidade do BCE.

As traduções são elaboradas e publicadas pelos bancos centrais nacionais.

Todos os direitos reservados.

A reprodução para fins pedagógicos e não comerciais é permitida desde que a fonte esteja identificada.

A data limite dos dados incluídos neste Relatório foi 13 de Março de 2001.

ISSN 1561-4549

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IIIBCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Prefácio 2

Capítulo I

Evolução económica e política monetária

1 Análise geral: decisões de política monetária em 2000 12

2 Evolução monetária e financeira 182.1 Evolução monetária 182.2 Mercados financeiros 22

3 Evolução dos preços 34

4 Evolução do produto, da procura e do mercado de trabalho 41

5 Evolução orçamental 51

6 Enquadramento macroeconómico mundial, taxas de câmbio e balança de pagamentos 55

Capítulo II

Operações dos bancos centrais

1 Execução da política monetária 641.1 Panorâmica global 641.2 As operações principais de refinanciamento 661.3 As operações de refinanciamento de prazo alargado 681.4 Outras operações de mercado aberto 681.5 Facilidades permanentes 681.6 O regime de reservas mínimas 691.7 Os activos elegíveis do Eurosistema e a sua utilização para operações

de crédito 701.8 Participação das contrapartes do Eurosistema em operações de

política monetária 711.9 Actividade no mercado monetário 72

2 Operações dos sistemas de pagamentos e de liquidação 722.1 O sistema TARGET 722.2 O modelo de banco central correspondente 74

3 Operações cambiais e investimento de activos de reserva externa 763.1 Operações cambiais do BCE 763.2 Activos de reserva do Eurosistema 763.3 Evolução da abordagem do Eurosistema à gestão das

reservas externas 77

Índice

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000IV

4 Gestão dos fundos próprios do BCE 78

5 Gestão do risco 785.1 Introdução 785.2 Operações de investimento 785.3 Operações de política monetária e dos sistemas de pagamentos 795.4 Evolução actual 80

Capítulo III

Entrada da Grécia na área do euro

1 Evolução monetária, financeira e económica na Grécia 84

2 Aspectos legais da integração do Banco da Grécia no Eurosistema 87

3 Aspectos operacionais da integração do Banco da Grécia no Eurosistema 893.1 Operações de política monetária 893.2 Contribuição para o capital, reservas e activos de reserva externa do BCE 90

Capítulo IV

Evolução económica nos outros países da União Europeia 94

Capítulo V

Questões europeias, internacionais e bilaterais

1 Questões europeias 1041.1 O papel do Eurogrupo 1051.2 O Conselho Europeu Extraordinário de Lisboa sobre emprego,

reforma económica e coesão social 1051.3 Conferência Intergovernamental 106

2 Questões internacionais 1082.1 Acordos institucionais com organizações internacionais 1082.2 Supervisão multilateral e bilateral de políticas macroeconómicas 1092.3 Acompanhamento da evolução dos mercados financeiros mundiais 1112.4 Arquitectura do sistema financeiro internacional 112

3 Questões bilaterais 1143.1 Relações com países candidatos 1143.2 Relações com outros países 116

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VBCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Capítulo VI

Sistemas de pagamentos e de liquidação de títulos

1 Questões gerais/introdução 120

2 Supervisão dos sistemas de pagamentos de importâncias avultadas 121

3 Supervisão dos sistemas de pagamentos a retalho 123

4 Outras actividades dos sistemas de pagamentos 124

5 Política de sistemas de liquidação de títulos 125

Capítulo VII

Estabilidade financeira e supervisão prudencial

1 Evolução do enquadramento institucional para a estabilidade financeira 130

2 Evolução no sector bancário 132

3 Desenvolvimentos em matéria de regulamentação 135

Capítulo VIII

Produção das notas e moedas de euro e preparativos para a transição para o euro fiduciário

1 Produção das notas e moedas de euro 140

2 Qualidade das notas e moedas de euro 1402.1 Qualidade das notas 1402.2 Qualidade das moedas 140

3 Protecção das notas e moedas de euro contra a contrafacção 140

4 A Campanha de Informação Euro 2002 1414.1 A Campanha da Comunicação Social 1414.2 Relações públicas e actividades de imprensa 1424.3 O Programa de Parceria 1424.4 Outros elementos 142

5 Transição para as notas e moedas de euro em 2002 1425.1 Modalidades financeiras da transição para o euro fiduciário em 2002 1435.2 Transição para o euro fiduciário em mercados fora da área do euro 1455.3 Duração do período de dupla circulação 1455.4 Troca de notas nacionais nos bancos centrais nacionais 1465.5 Adaptação de ATM, máquinas de distribuição e recolha de notas 146

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000VI

Capítulo IX

Desenvolvimento do enquadramento estatístico

1 Introdução 150

2 Estatísticas monetárias e bancárias e estatísticas sobre os mercados financeiros 150

3 Estatísticas da balança de pagamentos, das reservas internacionais e daposição de investimento internacional e taxas de câmbio efectivas 152

4 Contas financeiras 153

5 Estatísticas das finanças públicas 153

6 Estatísticas económicas gerais 153

7 Cooperação com a Comissão Europeia e com instituições internacionais 154

8 Estatísticas relacionadas com Estados-membros não participantes e países candidatos 154

Capítulo X

Outras atribuições e actividades

1 Funções consultivas 158

2 Cumprimento das proibições de financiamento monetário e de acesso privilegiado 160

3 A administração das operações activas e passivas efectuadas pelaComunidade Europeia 161

Capítulo XI

Comunicação externa e responsabilização

1 Actividades e política de comunicação do BCE 1641.1 Objectivos da política de comunicação 1641.2 Actividades de comunicação 165

2 Troca de informação e de opiniões com o Parlamento Europeu 1662.1 Relações entre o BCE e o Parlamento Europeu 1662.2 Pareceres do BCE sobre questões específicas abordadas nas reuniões

com o Parlamento Europeu 167

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VIIBCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Capítulo XII

O quadro institucional do Eurosistema e o Sistema Europeu de Bancos Centrais

1 O Eurosistema e o Sistema Europeu de Bancos Centrais 174

2 Os órgãos de decisão do BCE 1752.1 O Conselho do BCE 1752.2 A Comissão Executiva 1772.3 O Conselho Geral 178

3 A organização do BCE 1803.1 Gestão 1803.2 Gestão de recursos humanos 1813.3 O organograma do BCE 183

4 Comités do SEBC 184

Capítulo XIII

Contas Anuais do BCE e Balanço Consolidado do Eurosistema 2000

Balanço em 31 de Dezembro de 2000 188

Conta de Resultados do exercício em 31 de Dezembro de 2000 190

Políticas contabilísticas 191

Notas ao Balanço 195

Notas à Conta de Resultados 200

Relatório de Auditoria 202

Nota sobre a distribuição dos lucros 203

Balanço Consolidado do Eurosistema em 31 de Dezembro de 2000 204

Anexos

Glossário 208Cronologia 223

Documentos publicados pelo Banco Central Europeu (BCE) 227

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000VIII

Lista de Caixas, Quadros e Gráficos

Caixas

1 Publicação pelo BCE das projecções económicas elaboradas por especialistas doEurosistema 13

2 Aumento da volatilidade nos mercados accionistas mundiais provocado pelos mercados accionistas das altas tecnologias 32Gráficos: Volatilidade histórica e implícita do mercado accionista 33

3 Efeitos sobre os preços de reformas regulamentares nas indústrias de fornecimento de serviços de rede da área do euro 37Gráfico: Nível de preços relativo ao IHPC global na área do euro 38

4 Principais características do crescimento do PIB da área do euro nos últimos anos 42Quadro: Contribuição da procura interna e do comércio líquido para o crescimento do PIB na área do euro 43

5 Descida do desemprego numa perspectiva de mais longo prazo 49Quadro: Taxas de desemprego harmonizadas na área do euro 49

6 Envelhecimento da população e necessidade de reforma das pensões na área do euro 54

7 Implicações estatísticas do alargamento da área do euro à Grécia 868 Diferenciais de inflação entre os países da UE não participantes e a área do euro 100

Gráfico: Indicadores de inflação relativos à área do euro 1009 Disposições relevantes do Tratado de Nice 10710 Revisão pelo FMI dos cabazes de valorização e de taxa de juro de DSE 10911 Principais conclusões do Seminário de Viena 11712 Procedimentos de consulta em 2000 15813 Comparências públicas dos representantes do BCE perante

o Parlamento Europeu em 2000 167

Quadros

1 Evolução de preços e de custos na área do euro 342 Composição do crescimento do PIB em termos reais na área do euro 423 Produção industrial na área do euro 464 Evolução do mercado de trabalho na área do euro 475 Posições orçamentais na área do euro 526 Tráfego de pagamentos no TARGET 737 Tráfego máximo no TARGET em 2000 738 Indicadores macroeconómicos para a Grécia 859 Indicadores macroeconómicos para a Dinamarca 9510 Indicadores macroeconómicos para a Suécia 9711 Indicadores macroeconómicos para o Reino Unido 9912 Pesos das moedas no cabaz de valorização de DSE 10913 Actividades domésticas e transfronteiras do balanço das OIFM

da área do euro 13414 Montante de notas de euro a ser produzido até 1 de Janeiro de 2002 146

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IXBCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Gráficos

1 Taxas de juro do BCE e taxas do mercado monetário 162 Crescimento do M3 e valor de referência 183 Componentes do M3 194 Desagregação sectorial de empréstimos por IFM 215 Saldos de títulos de dívida denominados em euro emitidos por residentes

da área do euro 236 Taxas de juro de curto prazo na área do euro 247 (a) Taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública de longo

prazo na área do euro, Estados Unidos e Japão 257 (b) Diferencial entre as taxas de juro a dez anos dos Estados Unidos e da área do euro 258 Taxa de inflação implícita calculada para o IPC francês 279 Taxas de juro de curto prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado

equivalente 2810 Taxas de juro de longo prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado

equivalente 2911 Índices de cotações de acções na área do euro, Estados Unidos e Japão 3012 Desagregação da inflação medida pelo IHPC na área do euro por componentes 3513 Preços no consumidor, no produtor e das importações na área do euro 3914 Contribuições para o crescimento trimestral do PIB em termos reais

na área do euro 4115 Desemprego na área do euro 4816 Principais desenvolvimentos nas maiores economias industrializadas 5817 Taxa de câmbio efectiva nominal 5918 Factores de liquidez e utilização das facilidades permanentes

na área do euro em 2000 6519 Montante de licitação total e rácio de colocação em 2000 6620 Evolução das garantias transfronteiras em percentagem do total das garantias

fornecidas ao Eurosistema 7521 Actividades de cooperação entre o BCE e os bancos centrais dos

países candidatos 116

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000X

Abreviaturas

Países

BE BélgicaDK DinamarcaDE AlemanhaGR GréciaES EspanhaFR FrançaIE IrlandaIT ItáliaLU LuxemburgoNL Países BaixosAT ÁustriaPT PortugalFI FinlândiaSE SuéciaUK Reino UnidoJP JapãoEU Estados Unidos

Outras

BCE Banco Central EuropeuBCN bancos centrais nacionaisBPI Banco de Pagamentos InternacionaisCD certificados de depósitoc.i.f. cost, insurance and freight at the importer’s borderCTCI 3.ª Rev. Classificação Tipo do Comércio Internacional (3.ª revisão)ECU European Currency Unit (Unidade de Conta Europeia)EUR euroFMI Fundo Monetário Internacionalf.o.b. free on board at the exporter’s borderIFM Instituições Financeiras MonetáriasIME Instituto Monetário EuropeuIPC Índice de Preços no ConsumidorIHPC Índice Harmonizado de Preços no ConsumidorMBP4 Manual da Balança de Pagamentos do FMI (4.ª edição)MBP5 Manual da Balança de Pagamentos do FMI (5.ª edição)OIT Organização Internacional do TrabalhoPIB Produto Interno Brutorepos acordos de recompraSEBC Sistema Europeu de Bancos CentraisSEC 95 Sistema Europeu de Contas 1995UE União Europeia

De acordo com a prática corrente na Comunidade, a listagem dos países da UEconstantes no presente Relatório é feita segundo a ordem alfabética dos nomes dospaíses nas línguas nacionais.

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XIBCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Este Relatório Anual apresenta, nas 14 páginas divisórias, desenhos coloridos de moedas deeuro, pintados, sob o patrocínio do Presidente do BCE, no contexto de um projectointitulado “Euro-World: European painting for young cancer patients” (“Euro-Mundo: pinturaseuropeias para jovens doentes com cancro”). Crianças e adolescentes em toda a UniãoEuropeia, juntamente com artistas, dedicaram o seu esforço e imaginação à pintura de cercade 1000 moedas de euro de grande dimensão, que estiveram expostas em Frankfurtdurante vários meses em 2000. Algumas dessas moedas serão também expostas noutrascidades europeias ao longo de 2001. O BCE adquiriu um total de 14 dessas moedas deeuro, duas das quais ficarão no BCE, enquanto as restantes 12, pintadas por jovens doentescom cancro dos 12 países da área do euro, serão devolvidas em doação do BCE aoshospitais das crianças envolvidas nas pinturas. O BCE congratula-se por ter contribuídodesta forma para os objectivos caritativos do projecto Euro-Mundo.

Vesaliusinstituut KTA Ostende, Bélgica XIIAutoria: Jacky De Mayer.Título: Euro’s Spring

Universitätsklinik Frankfurt am Main, Alemanha 10Autoria: Ferry Ahrlé.Título: Europe follow me

Hospital InfantilVirgen del Rocío,Niños Ud. 62Oncología Pediátrica,Sevilha,EspanhaAutoria: children at the hospital. Sem título

Grécia 82Autoria: Marios Spilopoulos. Sem título

Les enfants de l’unité de pédiatrie de l’Institut 92Gustave Roussy et le Rire Médecin,FrançaAutoria:Marine,Hugues,Tiphaine,Romain,Christine, Farid,Guillaume,Founé, Christelle, Magalie, Adel and Si-Amed. Sem título

Our Lady’s Hospital for Sick Children, Irlanda 102Autoria: Eamonn Coleman. Sem título

Clinica Pediatrica Ospedale “S. Gerardo”, Itália 118Autoria: Pedrotti Riccardo and Francesca Zavanone. Sem título

Mitarbeiterkinder der Luxair S.A., Luxemburgo 128Autoria: Paule Lemmer.Título: Tracing the EURO

VU – Ziekenhuis, Kinderkliniek Amsterdam,Países Baixos 138Sem título

Sir-Karl-Popper-Schule,Viena, Áustria 148Autoria: Christian Ludwig Attersee. Sem título

Jardim de Infância de Gueifães,Maia,Portugal 156Autoria: Emerenciano, Inês, Ricardo, Maria and Ana.Título: All together

Helsinki Art School for Young People, Finlândia 162Autoria:Annu Martikainen.Título: Colours playing along

Académie du Westhoek, Koksijde, Bélgica 172Autoria: Chantal Grard.Título: Euro 2000 – Unity

Kinderkrebsstation der Klinik Innsbruck, Áustria 186Autoria: Marie Luise Klimbacher. Sem título

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Vesaliusinstituut KTA Ostende, BélgicaAutoria: Jacky De Mayer.Título: Euro’s Spring

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Prefácio

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 20002

O euro foi introduzido há dois anos. Em 1999,os aumentos de preços foram muito baixosna área do euro. No último ano, a inflaçãoexcedeu ligeiramente o limite de 2% que oBanco Central Europeu (BCE) consideracompatível com a estabilidade de preços amédio prazo.

O aumento da inflação no último ano deveu--se principalmente a influências externas. Ospreços do petróleo aumentaram rapida-mente, enquanto o euro se depreciou face àsprincipais moedas. Dado que estes desen-volvimentos ocorreram num clima de fortecrescimento económico, poderiam ter tidoimplicações para a estabilidade de preços amédio prazo. Em consequência, verificaram-seriscos ascendentes para a estabilidade depreços durante a maior parte de 2000, queforam também indicados pela evoluçãomonetária. O crescimento monetário man-teve-se bastante acima do valor de referênciade 41/2% durante a maior parte de 2000.

A fim de manter as perspectivas de preçosestáveis a médio prazo, o Conselho do BCEdecidiu aumentar as taxas directoras em seisocasiões ao longo de 2000. Na parte final doano, os riscos para a estabilidade de preçostornaram-se mais equilibrados. O cresci-

mento monetário desceu gradualmente,aproximando-se do valor de referência. Ospreços do petróleo caíram. A taxa de câmbiodo euro recuperou face aos mínimos regista-dos em Outubro. Os sinais de que a economiados Estados Unidos estava a abrandar torna-ram-se mais claros. O crescimento econó-mico na área do euro manteve-se robusto,mas desceu ligeiramente dos níveis elevadosobservados no início do ano. Contudo, nofinal de 2000 e no início de 2001 existiamainda alguns sinais de riscos ascendentes paraa estabilidade de preços, relacionados com asperspectivas salariais, a política orçamental eas repercussões desfasadas quer dosanteriores aumentos dos preços do petróleo,quer da depreciação do euro.

Analisando os dois primeiros anos do euro,há motivos para reiterar as conclusõesfavoráveis apresentadas no Relatório Anual de1999. A inflação tem-se mantido em níveisrelativamente baixos, especialmente tendoem consideração os fortes aumentos dospreços do petróleo. Os mercados financeirosmostraram confiança na determinação ecapacidade do BCE em manter a estabilidadede preços, o seu objectivo primordial, a médioe a mais longo prazo. Tal é claramente reve-lado no nível das taxas de juro a longo prazo,que mostra que os mercados esperam amanutenção da estabilidade de preços na áreado euro. O BCE alcançou já considerávelcredibilidade.

A introdução do euro aumentou o vigor doprocesso de mudança no sector financeiro eno conjunto da economia da área do euro. Naverdade, a área do euro enquanto entidadeeconómica única começou a tornar-se umanoção mais familiar, o que é fundamental paraa compreensão da política monetária do BCE,a qual foi sempre orientada para a manu-tenção da estabilidade de preços no conjuntoda área do euro. Os mercados financeiros naárea do euro continuaram a ser cada vez maisintegrados e a consolidação do sectorfinanceiro foi impulsionada pela introduçãodo euro. Os dois processos estão rela-cionados, não se encontrando ainda nenhumcompleto, o que se torna também claro no

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3BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Plano de Acção dos Serviços Financeiros daComissão Europeia e no relatório preparadopelo Comité de Sábios sobre a regula-mentação dos mercados de títulos europeus.

O euro foi introduzido num clima económicofavorável, tendo contribuído para o mesmo.Em 2000, o crescimento económico na áreado euro (3.4%) foi o mais forte numa década.Já tinha aumentado em 1999, após apenas umligeiro abrandamento na sequência das crisesasiática e russa. Foram criados muitos novospostos de trabalho e o desemprego desceuquase continuamente. Não obstante, odesemprego manteve-se num nível inaceita-velmente elevado, quer em média na área doeuro, quer em alguns países em particular.

É amplamente reconhecido que o desem-prego na área do euro é de natureza muitoestrutural. É portanto gratificante notar quenos dois últimos anos as reformas estruturaisdestinadas a permitir uma maior flexibilidadeno funcionamento dos mercados do trabalhoe do produto tenham constituído sempre umponto em agenda. Mas mais importante aindaé o facto de serem tomadas medidas com umlongo alcance, estando a ser aplicadas deforma consistente.

A posição orçamental dos países da área doeuro é muito mais saudável do que apenas háalguns anos. É justo afirmar, contudo, que adescida recente dos défices orçamentais temresultado mais de taxas de juro baixas e deum crescimento mais forte do que o espe-rado do que de medidas para melhorar ossaldos orçamentais. É importante que ospaíses efectuem novos progressos no sentidoda consolidação de modo a cumprir osrequisitos do Pacto de Estabilidade e Cresci-mento. A evolução económica favorável naárea do euro foi facilitada pela consolidaçãoorçamental já alcançada, bem como pelaevolução salarial moderada, reformas estru-turais e estabilidade de preços. A concreti-zação destes objectivos, se sustentada, deverámelhorar o potencial de crescimento naEuropa e estimular uma redução dodesemprego nos próximos anos. Os doisprimeiros anos de existência do euro

também mostraram que o enquadramentode decisões de política a nível europeu ésatisfatório. Não se verificaram falhassignificativas, como temido por alguns. Écrucial que este enquadramento seja seguidocomo acordado. Isso não significa negar quepossam ser efectuadas novas melhorias combase na experiência, se e sempre quenecessário.

Ainda há muito para fazer, mas muito foi jáconseguido. Um facto a salientar, contudo, éque o grande público nem sempre se temapercebido do saldo global positivo dos doisprimeiros anos de existência do euro. Não éeste o fórum adequado para analisar, empormenor, o desvio entre a percepção e arealidade. Pode até ser impossível encontraruma explicação cabal para este fenómeno.Contudo, o facto de o euro ser novo e, devidoà ausência de notas e moedas de euro, aindanão muito “visível” ou “concreto”, tem tidoprovavelmente a sua importância.

Em qualquer caso, foi dedicada demasiadaatenção – particularmente entre o grandepúblico – à depreciação do euro. Embora aárea do euro seja uma economia relativa-mente fechada, esta depreciação contribuiupara os riscos ascendentes para a estabilidadede preços (como mencionado acima), emresultado da sua persistência e dimensão. Ataxa de câmbio deixou claramente deacompanhar os fortes fundamentos da áreado euro. Esta situação e a atenção que a taxade câmbio recebeu nos meios de comunica-ção tenderam a afectar a confiança do grandepúblico em relação ao euro.

A preocupação acerca das implicaçõespotenciais da evolução da taxa de câmbio doeuro para a economia mundial, partilhadapelos nossos parceiros no G7, levou, emúltima instância, a intervenções nos mercadoscambiais, por iniciativa do BCE em conjuntocom os seus parceiros do G7, em Setembroe unilateralmente pelo Eurosistema emNovembro. No final de 2000, o euro começoua recuperar.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 20004

A percepção do euro e a discussão acerca dataxa de câmbio em 1999 e 2000 são exemplospráticos e concretos de algo que sempre seconheceu em termos abstractos: conseguircimentar a confiança no euro, em especial porparte do grande público, é um processomoroso. A melhor forma de o conseguirconsiste em manter uma trajectória de baixainflação e demonstrar a determinação do BCEem prosseguir o seu objectivo de manutençãoda estabilidade de preços. Foi dado um bominício ao estabelecimento dessa trajectória,embora, por definição, isso leve tempo. Comoa estabilidade de preços nunca pode serconsiderada um dado adquirido, este serápois o maior desafio que se coloca aoEurosistema nos próximos anos.

Conforme já referi, uma das maiores dificul-dades em sensibilizar os cidadãos europeuspara a sua nova moeda consiste no facto dasnotas e moedas de euro só serem introduzidasno próximo ano, o que ilustra o grandesignificado desse acontecimento. Este ano,ficarão concluídos os preparativos respei-tantes ao lançamento das notas e moedas deeuro. A sua introdução coincidirá com apassagem para o euro de todos os sistemascontabilísticos. Este facto salienta que todosterão de estar seriamente preparados para afase final de passagem para o euro.

O presente Relatório Anual sintetiza as activi-dades do Sistema Europeu de Bancos Centrais(SEBC) e do Eurosistema em 2000, dandoigualmente informações sobre a política mone-tária no ano passado e neste ano. O relatóriodestaca as várias questões, por vezes denatureza técnica, já resolvidas ou em vias deresolução, relativas à instituição do Euro-sistema enquanto banco central da área doeuro. Embora muitas destas questões se en-contrem directa ou indirectamente relacio-nadas com a política monetária, o relatóriofoca igualmente outras actividades do Euro-sistema.Abordarei aqui apenas algumas dessasquestões, as quais serão analisadas em porme-nor nos 13 capítulos que constituem orelatório.

As decisões de política monetária doConselho do BCE continuaram a sercentradas no objectivo primordial demanutenção da estabilidade de preços a médioprazo (ver Capítulo I). À semelhança doocorrido no passado, a política monetária doBCE baseou-se na sua estratégia de doispilares. No que respeita ao segundo pilar, oBCE começou a publicar no ano passadoprojecções económicas para a área do euroelaboradas pelos especialistas do Eurosistema,o que deve ser visto no quadro da política doBCE de ser tão aberto e transparente quantopossível; não implicando qualquer alteração naestratégia de política monetária do BCE. Nocontexto do primeiro pilar da estratégia, oConselho do BCE reconfirmou o valor dereferência de 41/2% para o crescimento anualda massa monetária, argumentando que osfactores determinantes subjacentes a estevalor de referência não se alteraram. Porém,concluiu que a incerteza que rodeia ocrescimento económico potencial na área doeuro a médio prazo se tinha tornado enviesadano sentido ascendente. Embora não severifiquem ainda sinais claros de umcrescimento do produto potencial na área doeuro em resultado do aparecimento da “NovaEconomia”, alguns indicadores a nível micro-económico sugerem que tal se poderá alterarno futuro.

O enquadramento operacional do Euro-sistema continuou a funcionar de forma eficaz(ver Capítulo II). A única excepção consistiuno aparecimento gradual de um problema deelevada sobrelicitação por parte das insti-tuições de crédito nas operações principais derefinanciamento, o que levou o Eurosistema amudar do procedimento de leilões de taxa fixapara leilões de taxa variável com uma taxamínima de proposta.Foi explicado que no novoprocedimento a taxa mínima de propostaassinalava a orientação da política monetária,tal como acontecera anteriormente com a taxafixa. A mudança para o novo procedimentode colocação não visava qualquer alteração naorientação da política monetária. A expe-riência com o novo procedimento de leilõestem sido bastante positiva.

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5BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Este ano, a Grécia foi aceite como o décimosegundo país da área do euro (ver Capítulo III).A decisão foi tomada com base na con-vergência alcançada com a área do euro.Como estabelecido, o BCE publicou um rela-tório de convergência em 2000, tendo sidofeitos ao longo do ano diversos preparativostécnicos para a entrada da Grécia. É tambémde referir que, após um referendo, a Dina-marca decidiu não se candidatar à adopção doeuro. Essa decisão não implicou qualqueralteração no relacionamento entre o BCE e oDanmarks Nationalbank. A Dinamarca conti-nua a ser membro do MTC II, mantendo umabanda de flutuação estreita para a coroadinamarquesa face ao euro (ver Capítulo IV).

Em 2000, o Eurosistema continuou a reforçaro seu papel na cooperação internacional(ver Capítulo V), o que se revelou em váriasdimensões. Em primeiro lugar, o BCE conti-nuou a manter e desenvolver relações com asinstituições e órgãos da Comunidade Euro-peia. Em segundo lugar, o Eurosistema conti-nuou a estar envolvido na cooperação inter-nacional em questões monetárias, económicase financeiras, mostrando um interesse espe-cial nos trabalhos sobre a evolução dosmercados financeiros internacionais conduzi-dos ao nível de organizações e fóruns inter-nacionais. Em terceiro lugar, o BCE continuoua aprofundar as suas relações de trabalhocom diversos bancos centrais fora da UniãoEuropeia (UE). O Eurosistema intensificou oseu diálogo com os bancos centrais dos paísescandidatos. O BCE desenvolveu tambémrelações com bancos centrais de paíseseuropeus não incluídos no processo deadesão, com as principais economias demercado emergentes e com outros paísesindustrializados específicos.

Em Junho de 2000, o BCE publicou umadeclaração na qual é especificado o papel doEurosistema na área da supervisão dossistemas de pagamentos (ver Capítulo V). Apromoção do funcionamento regular dossistemas de pagamentos é uma funçãoessencial de um banco central, estandodirectamente relacionada com as suas

responsabilidades pela política monetária epela estabilidade financeira.

Em 1999, o Eurosistema formulou diversosobjectivos destinados a melhorar a velocidadee a diminuir os custos dos serviços depagamentos a retalho transfronteiras na áreado euro (ver Capítulo VI). Em 2000, oEurosistema avaliou os progressos alcançadosface a estes objectivos e identificou asquestões pendentes. Concluiu-se que osector bancário e dos sistemas depagamentos se tinha comprometido aocumprimento dos objectivos. Realizaram-seprogressos nos preparativos para umtratamento mais eficiente das transferênciasde crédito a retalho transfronteiras. Contudo,o Eurosistema identificou também algumasquestões por resolver e sugeriu soluções.Continuará a acompanhar de perto asactividades do sector bancário e osprogressos efectuados para o cumprimentodos seus objectivos, de modo a assegurar que,em última análise, os preparativos setraduzam em serviços adequados para oscidadãos europeus.

O Eurosistema continua a acompanhar aevolução da moeda electrónica e as suasimplicações para os bancos centrais (verCapítulo VI). Em 2000, o Eurosistemacooperou activamente com as autoridadeseuropeias no âmbito do novo enquadramentoregulamentar para as instituições de moedaelectrónica. Foi adoptado este enquadra-mento, que abrange amplamente as preocu-pações de política monetária, de supervisãoprudencial e de sistemas de pagamentos doBCE.

A estreita colaboração entre os supervisoresdos sistemas de pagamento e os supervisoresbancários contribui para uma estratégia globalde redução do risco no sistema financeiro,sendo assim crucial (ver Capítulos VI e VII). OBCE e os bancos centrais nacionais (BCN) doSEBC, na qualidade de supervisores dossistemas de pagamentos, e as autoridades desupervisão bancária da UE estabeleceram um“Memorando de Acordo”, que incide sobre atroca de informação entre os supervisores

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 20006

dos sistemas de pagamentos e os super-visores bancários relativamente aos sistemasinterbancários de transferência de fundos deimportâncias avultadas, de modo a assegurar asolidez e a estabilidade desses sistemas e dosseus participantes.

A crescente integração das actividadesbancárias e financeiras na área do euro e naUE levou as autoridades da UE a rever, nodecurso de 2000, os acordos institucionaise o enquadramento regulamentar parasalvaguardar a estabilidade financeira (verCapítulo VII). O “Report on financial stability”(Relatório sobre estabilidade financeira)conclui que os acordos institucionais existen-tes constituem uma base coerente e flexívelpara salvaguardar a estabilidade financeira,mas também que o seu funcionamentooperacional carece de algumas melhorias. OBCE apoia a orientação assumida no rela-tório. O Eurosistema tem um interesse geralem avançar no sentido de uma maiorintegração dos mercados de valores mobiliá-rios. Porém, as atribuições do Eurosistema noque respeita aos sistemas de pagamentos, àsupervisão prudencial e à estabilidade finan-ceira dão ao BCE um incentivo ainda maiorpara acompanhar e avaliar a evolução dasinfra-estruturas do mercado de títulos e doenquadramento regulamentar. Em conse-quência, o BCE participou activamente noprocesso de consulta iniciado pelo Comité deSábios sobre a regulamentação dos mercadosde valores mobiliários europeus. As pro-postas apresentadas pelo Comité no sentidode vir a ser alcançado um processo regula-mentar mais flexível e eficaz a nível da UE sãoamplamente apoiadas pelo BCE.

Com o apoio do Comité de SupervisãoBancária, os instrumentos para a análise dosector bancário foram aperfeiçoados porforma a proporcionar um enquadramentomais abrangente para o acompanhamento dorisco sistémico ao nível da UE e da área doeuro. Além disso, a análise dos principaisdesenvolvimentos estruturais no sectorbancário e financeiro teve progressos signifi-cativos (ver Capítulo VII).

No contexto dos preparativos para a intro-dução das notas e moedas de euro, o BCE eos 12 BCN do Eurosistema conduzem umaCampanha de Informação Euro 2002 (ver Capítulo VIII). O slogan da campanha é“EURO. a NOSSA moeda”. Esta campanha estáa ser conduzida a nível internacional pelo BCEe a nível nacional pelos 12 BCN do Euro-sistema. A campanha, coordenada com cam-panhas idênticas preparadas pelas autoridadesnacionais, incide sobre quatro mensagensprincipais:

• o aspecto das notas e moedas,

• as características de autenticação,

• as denominações, e

• as modalidades da transição global para oeuro fiduciário.

Estão a ser utilizados três canais principaispara a divulgação destas mensagens: umacampanha de comunicação social, informaçãopara o público e imprensa e cooperação comoutros grupos activos nesta área (o Programade Parceria).

O Conselho do BCE chegou a acordo sobreos princípios gerais do quadro para atransição para o euro fiduciário em 2002 (verCapítulo VIII). Na tomada destas decisões, foilevado em linha de conta o papel primordial adesempenhar pelas instituições de crédito nacondução com êxito da transição para o eurofiduciário.As decisões estão relacionadas comas seguintes questões: o fornecimento prévioe o subfornecimento prévio, o modelo dedébito e a cobertura de riscos.

Em 2000, o trabalho estatístico do BCE foidireccionado no sentido de garantir que ainformação necessária ao cumprimento dasatribuições do Eurosistema continuasse a serrecebida, processada, divulgada e publicadaatempadamente, com um elevado padrão dequalidade e boa documentação de base (verCapítulo IX). Este trabalho foi efectuado emestreita cooperação com os BCN, os quaisrecolhem os dados dos agentes que prestam

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7BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

informações estatísticas, compilando as estatísticas nacionais necessárias para a construção dos agregados da área do euro.Embora não haja razões para pôr em causa adisponibilidade de informações suficientespara uma adequada tomada de decisões depolítica monetária, também é verdade queexiste ainda margem de manobra paramelhorias. Tal aplica-se principalmente àsestatísticas económicas. Uma harmonizaçãosuficiente das estatísticas disponíveis paratodos os países da área do euro e dos dadosnacionais assume especial importância. Estasestatísticas ao nível da UE são principalmenteda responsabilidade da Comissão Europeia(Eurostat). O BCE e a Comissão colaboraramestreitamente a fim de estabelecer um Planode Acção que identificasse os campos ondesão necessários progressos mais urgentespara cada Estado-membro e para cada áreaestatística.As áreas identificadas como as quenecessitam de progressos mais urgentesincluem as contas nacionais trimestrais, asestatísticas trimestrais das finanças públicas,as estatísticas do mercado de trabalho, umconjunto de dados sobre indicadoreseconómicos de curto prazo e as estatísticasdo comércio externo.

O BCE deverá ser consultado pela institui-ção da Comunidade relevante ou pelasautoridades nacionais competentes, conformeo caso, sobre qualquer proposta de legislaçãocomunitária ou nacional, no domínio das suasatribuições (ver Capítulo X). No total, foraminiciados 32 procedimentos de consulta em2000, três dos quais estiveram relacionadoscom a adopção do euro pela Grécia,quatro envolveram a introdução das notas emoedas de euro em 2002 e sete envolveramlegislação comunitária.As restantes consultasforam relativas a propostas de legislaçãonacional.

No decurso do ano 2000, os membros daComissão Executiva do BCE e o Presidenteem particular continuaram a comparecerperante o Parlamento Europeu para prestarinformações acerca da política monetária ede outras actividades do SEBC (ver CapítuloXI). De acordo com a prática corrente,

compareci, todos os trimestres, peranteo Comité de Assuntos Económicos eMonetários do Parlamento Europeu. Estasinformações centraram-se na políticamonetária e na evolução económica, emparticular nos factores que afectampotencialmente a estabilidade de preços.Prestei informação acerca das decisõestomadas pelo Conselho do BCE no domínioda política monetária, bem como em outrosdomínios das atribuições do SEBC, e expliqueipormenorizadamente a análise subjacentea estas decisões.Além disso, outros membrosda Comissão Executiva do BCE compare-ceram perante este Comité em várias outrasocasiões. As nossas comparências regularesperante o Parlamento Europeu constituemuma ferramenta essencial para a disponi-bilização ao público europeu e aos seusrepresentantes directamente eleitos deexplicações pormenorizadas relativas à formacomo o BCE e o Eurosistema cumprem o seumandato.

Além dos órgãos de decisão do BCE(Comissão Executiva, Conselho do BCE eConselho Geral), a gestão do SEBC incluiainda diferentes níveis de controlo interno eexterno (ver Capítulo XII). Os Estatutos doSEBC prevêem, nomeadamente, a existênciade auditores externos e do Tribunal Europeude Auditores. Mais recentemente, foi criadoum Comité Antifraude independente, comoforma de controlo adicional. Além disso,existe também uma estrutura de controlointerna, que, nomeadamente, efectua conti-nuamente missões de auditoria interna,encontrando-se para tal mandatada pelaComissão Executiva. Em Outubro de 2000,a Comissão Executiva aprovou o Códigode Conduta do Banco Central Europeu. OCódigo de Conduta dá orientações eestabelece referenciais para os funcionáriosdo BCE e para os membros da ComissãoExecutiva, sendo todos encorajados a manterelevados padrões de ética profissional nocumprimento das respectivas funções noBCE, assim como nas suas relações com osBCN, autoridades públicas, participantes demercado, representantes dos meios decomunicação social e público em geral. A

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 20008

Comissão Executiva também adoptou umconjunto de controlos internos pormenori-zados destinados a evitar a utilização abusivade informações sensíveis relativas aosmercados financeiros (“regras sobre a utiliza-ção abusiva de informação privilegiada” e“muralhas da China” (Chinese walls)).

No final de 2000, o número de funcionáriosdo BCE de todos os 15 Estados-membros erade 941 (ver Capítulo XII), o que compara com732 no final de 1999. O orçamento do BCEpara 2001 prevê um aumento dos funcio-nários do BCE para um número ligeiramenteacima dos 1 100 no decurso do ano.

Em 2000, o BCE registou um lucro ope-racional de €4.6 mil milhões, antes dadedução de uma provisão especial de €2.6 milmilhões para a cobertura de riscos cambiais ede taxa de juro (ver Capítulo XIII). O lucroapurado no contexto das intervenções doBCE nos mercados cambiais foi um elementosignificativo deste resultado.

Uma das vantagens da moeda única é que aárea do euro é provavelmente menos vulne-rável do que no passado a perturbaçõeseconómicas noutras regiões. Existem boasrazões para um optimismo realista relativa-mente às perspectivas da economia na área doeuro, o que não beneficiará apenas a própriaárea do euro: o facto de a área do eurorevelar uma evolução económica saudável,resolver gradualmente os seus problemas dedesemprego, melhorar a estrutura da suaeconomia e manter uma moeda internamenteestável é também uma fonte de estabilidadepara a economia mundial.

Frankfurt, Março de 2001

Willem F. Duisenberg

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Universitätsklinik Frankfurt am Main, AlemanhaAutoria: Ferry Ahrlé. Título: Europe follow me

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Capítulo I

Evolução económica

e política monetária

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200012

O objectivo primordial da política monetáriaúnica é a manutenção da estabilidade de preçosna área do euro. No final de 1998, o Conselhodo BCE definiu a estabilidade de preços como“um aumento anual do IHPC inferior a 2% naárea do euro”. Além disso, foi estabelecidodesde o início que “a estabilidade de preçosseria mantida a médio prazo”. Na tomada dedecisões de política monetária, o Conselho doBCE continuou a organizar, em 2000, a suaanálise das informações sobre a situaçãoeconómica e sobre as ameaças para a estabili-dade de preços, nos termos dos dois “pilares”da sua estratégia de política monetária.

O primeiro pilar da estratégia atribui umpapel primordial à moeda, reflectindo asorigens fundamentalmente monetárias dainflação a médio e longo prazo. No contextodo primeiro pilar, a evolução do M3 é avaliadaface a um valor de referência. Este valor dereferência corresponde à taxa de crescimentohomóloga do M3 que é consistente com, emais favorece, a manutenção da estabilidadede preços na área do euro a médio prazo.O valor de referência foi fixado em 41/2%em Dezembro de 1998 e confirmado pelo Conselho do BCE em Dezembro de 1999.

O segundo pilar da estratégia incorpora umvasto conjunto de outras variáveis económicase financeiras, por forma a obter uma avaliaçãoamplamente fundamentada das perspectivaspara a evolução dos preços e os riscos para aestabilidade de preços na área do euro. Nocontexto deste pilar, as projecções macro-económicas internas baseadas quer emmodelos convencionais, quer nos conheci-mentos dos especialistas em economia, assimcomo as previsões produzidas fora do Euro-sistema, desempenham um papel enquantoinstrumentos para a síntese da informaçãoexistente relevante para a avaliação da possívelevolução futura. Em Novembro de 2000, oConselho do BCE decidiu publicar, a partir deDezembro de 2000 e com uma periodicidadesemestral, as projecções económicas para aárea do euro elaboradas pelos especialistas doEurosistema (ver Caixa 1 que apresenta uma

descrição da publicação das projecções e doseu papel na estratégia de política monetáriado BCE).

O ano 2000 registou um sólido crescimentoeconómico na área do euro, tendo atingido3.4%, o seu nível mais elevado em mais deuma década. Em simultâneo, principalmentecomo resultado de influências adversas dospreços do petróleo e da taxa de câmbio doeuro, as pressões a curto prazo sobre ospreços aumentaram em 2000, fazendo subir ataxa de inflação média anual para 2.4%. Aintensidade destas pressões de curto prazosobre os preços colocou riscos para aestabilidade de preços a médio prazo, atravésde eventuais efeitos indirectos e de segundaordem sobre a inflação dos preços noconsumidor, em especial num contexto deforte crescimento económico e de elevadograu de utilização da capacidade produtiva.A taxa de crescimento do M3 manteve-seacima do valor de referência ao longo do ano.O Conselho do BCE reagiu a estas pressões amédio prazo sobre os preços aumentando astaxas de juro por seis vezes (ver Gráfico 1),contribuindo assim para a manutenção deperspectivas favoráveis para a estabilidade depreços a médio prazo.

No início de 2000, as taxas de juro dos trêsprincipais instrumentos de política monetáriaeram as prevalecentes desde 4 de Novembrode 1999, data em que o Conselho decidiuaumentar as principais taxas de juro do BCEem 50 pontos base. Nessa ocasião, a taxa dasoperações principais de refinanciamento doEurosistema subiu para 3%, enquanto as taxasdas facilidade permanente de cedência deliquidez e da facilidade permanente de depó-sito foram aumentadas para 4% e 2%, respec-tivamente. Em Novembro de 1999, as razõessubjacentes à redução por precaução dastaxas de juro em Abril de 1999 já não seaplicavam.As informações relativas à evoluçãodos agregados monetários, mercados financeiros e outros indicadores económicosindicavam que os riscos descendentes paraa estabilidade de preços tinham diminuído e

1 Análise geral: decisões de política monetária em 2000

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13BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Caixa 1

Publicação pelo BCE das projecções económicas elaboradas por especialistasdo Eurosistema

As projecções económicas oferecem um instrumento analítico adequado para a organização e síntese de uma

grande quantidade de informação e contribuem para criar um cenário consistente da possível evolução futura.

Por esta razão, as projecções são um ponto de partida útil para iniciar os debates sobre a evolução económica

futura.

As projecções económicas têm sido preparadas, desde o início da Terceira Fase, por especialistas do

Eurosistema, constituindo um dos diversos contributos para as deliberações do Conselho do BCE. No número

de Dezembro de 2000 do Boletim Mensal do BCE, o BCE publicou pela primeira vez estas projecções dos

especialistas. As projecções, produzidas pelo Eurosistema numa base semestral, passarão a ser publicadas nos

números de Junho e Dezembro do Boletim Mensal do BCE. São publicadas projecções para a inflação do IHPC

e para a taxa de crescimento do PIB em termos reais e suas componentes, sendo acompanhadas por um texto

que descreve as suas principais características. Estas projecções têm um horizonte temporal de dois anos. Por

forma a reflectir o grau de incerteza atribuído a tais exercícios de projecção, as projecções são publicadas sob

a forma de intervalos.

A decisão de publicar as projecções elaboradas por especialistas reflecte a convicção do Conselho do BCE de

que as informações e análises subjacentes às suas decisões de política monetária deveriam ser partilhadas com

o público, na medida julgada possível e eficiente. Porém, a fim de avaliar adequadamente o papel das projecções

elaboradas por especialistas no processo de tomada de decisões de política, a natureza e limitações das

projecções deverão ser bem compreendidas.

A este respeito, o Eurosistema utiliza o termo “projecção” (em vez de “previsão”) a fim de assinalar que os

valores publicados são o resultado de um cenário baseado num conjunto de pressupostos técnicos subjacentes,

incluindo, em particular, o pressuposto de “política monetária inalterada”, que implica um nível constante de

taxas de juro de curto prazo ao longo do horizonte de previsão. Tal significa que eventuais reacções futuras de

política monetária às ameaças emergentes para a estabilidade de preços não se encontram incorporadas. Devido

a estes pressupostos subjacentes, as projecções económicas elaboradas por especialistas não são, em geral, a

melhor forma de prever resultados futuros, sobretudo para períodos mais longos.

As projecções económicas elaboradas por especialistas do Eurosistema baseiam-se em modelos econométricos

e no conhecimento dos especialistas em economia. As referidas projecções fazem parte do segundo pilar (tal

como as previsões efectuadas pela maioria das restantes instituições), visto serem produzidas a partir de

quadros analíticos, que não conferem um papel primordial à moeda, antes incidem sobre a interacção entre a

procura e a oferta e/ou a pressão sobre os custos. Além disso, é importante notar que as projecções, pela sua

natureza, não incluem todas as análises conduzidas nos termos do segundo pilar. Em particular, as projecções

subjacentes aos modelos econométricos, como qualquer outro modelo da economia, estão sujeitas a incerteza

e não estão em posição de fornecer uma descrição completa da economia. Além disso, o processo de preparação

das projecções é moroso, implicando que determinados pressupostos subjacentes às projecções se podem

rapidamente tornar desactualizados. Por último, na avaliação do risco potencial para a estabilidade de preços,

é frequentemente necessário avaliar períodos que ultrapassam o horizonte de previsão para os quais previsões

fiáveis são tipicamente efectuadas, ou seja, um a dois anos. Por todas estas razões, o Conselho do BCE, nas suas

considerações de política monetária, não se baseia apenas em projecções. Analisa também a evolução monetária

de acordo com o primeiro pilar da sua estratégia e avalia outras informações, para além das projecções, de

acordo com o segundo pilar (tais como dados recentes não considerados nas projecções, previsões obtidas fora

do Eurosistema, indicadores do mercado financeiro com informações prospectivas, etc.). Uma avaliação

cuidada e um cruzamento de informações provenientes de vários indicadores e quadros analíticos diferentes são

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200014

que os riscos para a estabilidade de preços sealteravam no sentido ascendente.

No primeiro semestre de 2000, as infor-mações de acordo com o primeiro pilar daestratégia continuaram a apontar no sentidode riscos ascendentes para a estabilidade depreços. A média de três meses do cresci-mento homólogo do M3 manteve-se em tornode 6% quase continuamente ao longo daprimeira metade de 2000, significativamenteacima do valor de referência de 41/2%, com umpico de 6.4% em Abril de 2000 (ver Secção 2.1deste Capítulo). O desvio positivo maisprolongado do crescimento do M3 em relaçãoao valor de referência de 41/2% em 2000, quese seguiu a um período em que o crescimentodo M3 se tinha aproximado de 6% durantevários meses de 1999, implicou um acumulargradual de ampla liquidez em 1999 e na pri-meira metade de 2000.Além disso, o elevadocrescimento do M3 em 1999 e na primeirametade de 2000 continuou a estar associado ataxas de crescimento do M1 de cerca de 10%.Também o crédito ao sector privado conti-nuou a aumentar a taxas de cerca de 10%.

As informações nos termos do segundo pilarno primeiro semestre de 2000 apontavam

também cada vez mais no sentido de riscospara a estabilidade de preços. Os preços dopetróleo continuavam a aumentar, à medidaque diversos acontecimentos conduziam apressões ascendentes graduais, em especialno segundo trimestre de 2000, enquanto ataxa de câmbio do euro se depreciava denovo até ao início de Maio.A inflação, medidapelo aumento do Índice Harmonizado dePreços no Consumidor (IHPC), subiu, perma-necendo próximo de 2% ao longo de grandeparte da primeira metade de 2000. Alémdisso, a subida nos preços das importaçõesaumentou os custos de produção, compossíveis efeitos indirectos que provavel-mente se repercutiriam na taxa de cresci-mento do IHPC com um desfasamento. Numaperspectiva de médio prazo, estas pressõesascendentes mais prolongadas dos preços daenergia deram também origem ao risco deefeitos de segunda ordem através deaumentos salariais. Este risco era especial-mente pronunciado num contexto de cresci-mento económico robusto e condições domercado de trabalho restritivas em algunssectores. De facto, os dados sobre ocrescimento do produto interno bruto real(PIB), bem como outros indicadores, incluindoos valores da produção industrial e os

características essenciais da estratégia dos dois pilares do BCE, apoiando também o Conselho do BCE na sua

avaliação da importância dos vários indicadores e na identificação da natureza das perturbações económicas que

afectam a economia da área do euro e que têm implicações para a evolução dos preços.

Os argumentos acima referidos explicam por que razão as projecções elaboradas por especialistas do

Eurosistema têm um papel importante mas limitado nas discussões do Conselho do BCE. O Conselho do BCE

apenas utiliza as projecções como um elemento informativo para as suas deliberações, não assumindo a

responsabilidade pelas projecções. Uma vez que a avaliação efectuada pelo Conselho do BCE se baseia numa

gama mais vasta de análises do que apenas nas projecções dos especialistas, não é de esperar que as decisões

de política monetária reajam mecanicamente à evolução das projecções económicas publicadas pelo BCE.

Dado o compromisso dominante do BCE de manutenção da estabilidade de preços, a melhor previsão do

próprio Conselho do BCE para a evolução dos preços a médio prazo deverá ser sempre consistente com a sua

definição quantitativa de estabilidade de preços. Esta definição deverá levar em consideração as expectativas

inflacionistas. Neste contexto, as projecções macroeconómicas publicadas para a inflação nunca deverão ser

vistas, em qualquer circunstância, como pondo em causa o compromisso do Conselho do BCE de manutenção

da estabilidade de preços a médio prazo. Além disso, as projecções têm sido elaboradas por especialistas e

apresentadas ao Conselho do BCE desde o início da Terceira Fase. Nem a estratégia do BCE em geral, nem o

papel das projecções elaboradas por especialistas nesse contexto em particular, sofreram qualquer alteração em

resultado da publicação das projecções.

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15BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

inquéritos sobre a confiança dos consumido-res e da indústria, indicavam que a actividadeeconómica se tinha expandido muito rapida-mente no início de 2000, devendo prosseguirna mesma linha. O contexto externo eratambém favorável ao crescimento.A recupera-ção prosseguia na Ásia oriental e na AméricaLatina, enquanto o crescimento nos EstadosUnidos se revelava muito forte. As previsõespara a actividade económica na área do euroforam repetidamente revistas em alta, apoia-das por dados e inquéritos sobre a evoluçãoda actividade económica e pela contínuamelhoria do enquadramento internacional.

No geral, um elevado crescimento monetárioe de crédito, uma fase mais prolongada dedepreciação da taxa de câmbio e fortes subi-das nos preços do petróleo, num período deforte crescimento económico, contribuírampara novas pressões sobre os preços a médioprazo. Num contexto em que ambos os pilaresda estratégia de política monetária apontavampara riscos ascendentes sobre a estabilidadede preços, o Conselho do BCE decidiu aumen-tar as principais taxas de juro do BCE emquatro ocasiões ao longo da primeira metadede 2000 (25 pontos base em 3 de Fevereiro, 16de Março e 27 de Abril e 50 pontos base em 8de Junho).A taxa de juro das operações princi-pais de refinanciamento do Eurosistema foi porconseguinte aumentada para 4.25% e as taxasde juro aplicáveis à facilidade permanente dedepósito e à facilidade permanente decedência de liquidez foram aumentadas para3.25% e 5.25%, respectivamente.

Em 8 de Junho de 2000, o Conselho do BCEdecidiu também que, com início na operaçãoliquidada em 28 de Junho de 2000, as opera-ções principais de refinanciamento seriamconduzidas como leilões de taxa variável como anúncio de uma taxa mínima de proposta.Ataxa mínima de proposta foi inicialmenteestabelecida ao mesmo nível da taxa anteriordos leilões de taxa fixa (4.25%). Esta mudançapara leilões de taxa variável com uma taxamínima de proposta nas operações principaisde refinanciamento pretendeu dar uma respos-ta à elevada sobrelicitação (“overbidding”)verificada no contexto do procedimento de

leilão de taxa fixa até então utilizado, nãoconstituindo uma alteração na orientação dapolítica monetária (ver Secção 1, Capítulo II).Foi também anunciado que a taxa mínima deproposta desempenharia a partir de então opapel previamente atribuído à taxa dos leilõesde taxa fixa de sinalizar a orientação dapolítica monetária.

Ao longo do Verão de 2000, as informações deacordo com o primeiro pilar apontavam paraum abrandamento gradual do crescimentodos agregados monetários, em especial ascomponentes mais líquidas do M3, reflectindoprovavelmente os aumentos graduais dastaxas de juro do BCE. O crescimento docrédito total na área do euro abrandoutambém, embora devido principalmente àtrajectória descendente do crescimento docrédito às administrações públicas. Porém, ataxa de crescimento do M3 manteve-se acimado valor de referência, em torno de 5.5%, nofinal do Verão.

Do ponto de vista do segundo pilar, tornou-secada vez mais evidente durante o Verão de2000 que a inflação de preços no consumidor,em resultado dos contínuos aumentos dopreço do petróleo em dólares dos EUA, semanteria acima de 2% durante um períodomais longo do que o anteriormente previsto,o que aumentou o risco de aparecimento denovos efeitos de segunda ordem. A estaspreocupações acresceu a evolução da taxa decâmbio do euro, que se depreciou de novosignificativamente a partir de meados deJunho de 2000. Além disso, os dados daactividade económica continuavam a apontarno sentido de um forte crescimentoeconómico, apoiado pela continuação de umenquadramento internacional favorável. Nestecontexto, as principais previsões da inflaçãopara 2001 foram também revistas em alta noterceiro trimestre de 2000.

Dado que os riscos ascendentes para aestabilidade de preços se mantiveram signi-ficativos, o Conselho decidiu aumentar asprincipais taxas de juro do BCE em 25 pontosbase, em 31 de Agosto e 5 de Outubro de2000. Após estas decisões, a taxa mínima de

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200016

proposta das operações principais de refinan-ciamento atingiu 4.75% e as taxas da facilidadepermanente de depósito e da facilidade permanente de cedência de liquidez situaram--se em 3.75% e 5.75%, respectivamente.

Ao longo doVerão de 2000, o nível da taxa decâmbio do euro afastara-se ainda mais dossólidos fundamentos da área do euro, dandoassim também origem a preocupações quantoàs potenciais implicações para a economiamundial. A depreciação do euro foi abordadaao nível do G7 em 22 de Setembro de 2000,por iniciativa do BCE, sob a forma de umaintervenção concertada no mercado cambial,juntamente com as autoridades monetáriasdos Estados Unidos, Japão, Reino Unido eCanadá. O BCE, em linha com as suaspreocupações quanto aos riscos para a estabi-lidade de preços na área do euro decorrentesda depreciação da taxa de câmbio do euro,decidiu intervir de novo nos mercadoscambiais no início de Novembro.

No final de 2000, os sinais de moderação docrescimento do M3 tornaram-se mais fortes,

à medida que os aumentos das taxas de jurodo BCE a partir de Novembro de 1999 pareciam ter invertido significativamente aprocura de componentes mais líquidas do M3,o que foi apenas parcialmente compensadopelo forte aumento dos instrumentos negociáveis. A taxa de crescimento anual docrédito ao sector privado tinha-se mantidorelativamente elevada, visto estar relacionadacom o financiamento pelas empresas de telecomunicações dos pagamentos de licençasde UMTS ao sector público. O crescimentodo crédito total a residentes da área do eurodiminuiu aproximadamente 2 pontos percen-tuais entre Abril e Outubro de 2000, com ocrescimento do crédito ao sector privado areduzir-se 0.5 pontos percentuais no mesmoperíodo. Em geral, o cenário dos riscos paraa estabilidade de preços decorrentes do pri-meiro pilar tornou-se assim mais equilibradono Outono de 2000.

No final de 2000, verificaram-se os primeirossinais de que o impacto da subida nos preçosdo petróleo poderia ter contribuído para umabrandamento da actividade económica na

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T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T11999 2000

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5.0

5.5

6.0

taxa da facilidade permanente de cedência de liquideztaxa da facilidade permanente de depósitotaxa principal de refinanciamento/mínima de propostataxa de juro overnight (EONIA)taxa marginal nas operações principais de refinanciamento

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Gráfico 1

Taxas de juro do BCE e taxas do mercado monetário(percentagens por ano; dados diários)

Fontes: BCE e Reuters.Nota: A taxa para as operações principais de refinanciamento é a aplicável a leilões de taxa fixa para operações liquidadas até 28 deJunho de 2000. Após aquela data, a taxa reflecte a taxa mínima de proposta aplicável a leilões de taxa variável.

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17BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

área do euro. Além disso, surgiu algumaincerteza quanto ao comportamento eco-nómico dos Estados Unidos e do Japão. Osdados sobre a produção industrial e osindicadores de confiança sugeriam, de ummodo geral, que o crescimento da produçãona área do euro parecia ter atingido o seumáximo no segundo trimestre do ano, tendo--se moderado após aquele trimestre. Emsimultâneo, a evolução positiva do mercadode trabalho prosseguiu ao longo do ano,tendo provavelmente contribuído para aestabilização da confiança dos consumidoresem níveis elevados. Nos primeiros meses de2001, as perspectivas para um crescimentoeconómico sustentado na área do europermaneciam positivas.

A evolução nos mercados financeiros porvolta do final do ano reflectiu esta perspectivageral de crescimento sustentado na área doeuro num contexto global de maior incerteza.A taxa de câmbio do euro apreciou-sesignificativamente face a todas as principaismoedas a partir de Novembro de 2000.Alémdisso, as taxas de rendibilidade das obrigaçõessugeriam que os mercados esperavam que ocrescimento económico na área do eurocontinuasse forte e que a inflação evoluísse deacordo com a definição de estabilidade depreços a médio prazo do Conselho do BCE.

A queda significativa nos preços do petróleoem dólares dos EUA após o seu pico emNovembro e a apreciação da taxa de câmbiodo euro contribuíram para uma tendênciadescendente da inflação homóloga dos preçosno consumidor. Contudo, no final de 2000 einício de 2001, existiam ainda alguns sinais deriscos ascendentes para a estabilidade depreços.A inflação do IHPC manteve-se signifi-cativamente acima de 2% e a inflação do IHPCexcluindo a energia, embora se mantivesserelativamente moderada, passou a reflectir, apartir do Outono de 2000, os efeitos indirec-tos sobre a inflação dos anteriores aumentosnos preços do petróleo e a depreciaçãoverificada na taxa de câmbio do euro, ou seja,as repercussões de maiores aumentos nospreços do produtor em fases anteriores doprocesso produtivo. Um outro risco esteve

relacionado com as perspectivas salariais, emespecial à luz do nível relativamente elevadoda inflação do IHPC na segunda metade de2000, num contexto de forte crescimentoeconómico. Além disso, começaram a verificar-se sinais de menor rigor da políticaorçamental em diversos países da área doeuro, que precisavam de ser tomados emconsideração. Os indicadores, incluídos nasprojecções económicas elaboradas porespecialistas do Eurosistema publicadas emDezembro de 2000, confirmavam em largamedida as perspectivas de manutenção deriscos ascendentes para a estabilidade depreços.

Na reunião de 14 de Dezembro de 2000, oConselho do BCE efectuou a sua revisãoregular do valor de referência para o cresci-mento do M3 e confirmou o valor de 41/2%para o agregado alargado M3. Esta decisãobaseou-se na revisão anual dos pressupostossubjacentes ao cálculo do valor de referência,nomeadamente os relacionados com a descida tendencial da velocidade de circula-ção do M3 (mantida dentro de um intervaloentre 1/2% e 1%) e com a tendência de cresci-mento do produto potencial (mantido entre2 e 21/2%). O Conselho do BCE salientouque não se verificavam ainda sinais decisivosde aumentos mensuráveis e duradouros nocrescimento da produtividade na área doeuro que justificassem uma significativarevisão em alta do pressuposto da tendênciade crescimento do PIB potencial, emboraparecesse que as incertezas relativas àsestimativas da evolução de médio prazo docrescimento do produto potencial na área doeuro se tinham tornado enviesadas no sentidoascendente. O Conselho do BCE anunciouque acompanharia de perto novos dadossobre uma possível aceleração do cresci-mento da produtividade da área do euro.Salientou também que o crescimento doproduto potencial poderia ser reforçado pornovas reformas estruturais nos mercados detrabalho e do produto. Naturalmente, apolítica monetária tomaria essas alteraçõesdevidamente em consideração.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200018

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 1998 1999 2000

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

M3M3 (média móvel de três meses centrada arredondada até à primeira casa decimal)valor de referência (41/2%)

Gráfico 2

Crescimento do M3 e valor de referência(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: BCE.

2 Evolução monetária e financeira

2.1 Evolução monetária

Crescimento do M3 abrandou no decursode 2000

A taxa de crescimento homóloga do agregadomonetário largo M3 situou-se em cerca de5.7% em 2000, ou seja, o valor registado em1999. Contudo, a estabilidade da taxa de cres-cimento média escondeu uma tendência demudança da evolução monetária ao longo doano (ver Gráfico 2). A taxa de crescimentohomóloga do M3 continuou a aumentar nosprimeiros quatro meses de 2000, atingindo umvalor máximo de 6.7% em Abril, mas caiu deforma significativa durante o resto do ano. Emconsequência, o desvio entre o crescimento doM3 e o seu valor de referência de 41/2%registou um estreitamento progressivo. Amédia móvel de três meses do crescimentoanual do M3 situou-se em 5.1% no últimotrimestre de 2000.

Durante o ano 2000, o crescimento econó-mico sustentado, em termos quer reais quer

nominais, encorajou a procura de moeda pormotivo transacções. O dinamismo particular-mente forte do crescimento do M3, registadono primeiro trimestre de 2000, pode,além disso, ter sido motivado por uma atitudede precaução por parte dos investidores,confrontados com a elevada incerteza nosmercados bolsistas durante o mesmo período,como indicado pelo crescimento pronunciadodo M1 no início de 2000. A moderaçãodo crescimento do M3, observada a partir dosegundo trimestre de 2000, reflectiuprovavelmente os aumentos sucessivos dastaxas de juro do BCE ocorridos a partir deNovembro de 1999 e, por via do associadoaumento das taxas de juro de curto prazo domercado monetário, custos de oportunidadeacrescidos para as componentes mais líquidasdo M3. Esta situação teve um impacto modera-dor sobre a procura das componentes quenão têm juros ou que têm menor capacidadede resposta, em termos das taxas de rendi-mento, às alterações das taxas do mercado,como, por exemplo, a circulação monetária eos depósitos à ordem (isto é, o M1), assim

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19BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

como depósitos com pré-aviso até três meses.Este efeito mais do que compensou o daprocura de depósitos de curto prazo e deinstrumentos negociáveis incluídos no M3 (ver Gráfico 3).

Passando a uma análise mais pormenorizadadas componentes do M3, a taxa de cresci-mento homóloga da circulação monetária, quetinha recuperado fortemente em 1999, princi-palmente em resultado de um aumentotemporário da procura de moeda por motivoprecaução, devido à mudança de data aquandoda viragem do século, seguiu uma tendênciadescendente ao longo do ano 2000. O abran-damento tornou-se mais pronunciado nosegundo semestre do ano, provavelmente emresultado dos crescentes custos de oportu-nidade de deter moeda. Em consequência, noquarto trimestre de 2000, a taxa de cresci-mento homóloga da circulação monetáriadesceu para 1.8%, face a 6.0% no trimestrecorrespondente de 1999.

No que respeita aos depósitos à ordem,depois de atingir 12.7% em Abril de 2000, a

taxa de crescimento homóloga seguiu umatendência descendente acentuada a partirda Primavera, possivelmente devido aoscrescentes custos de oportunidade. Noúltimo trimestre de 2000, a taxa de cresci-mento anual média desceu para 6.4%,representando uma queda significativa faceaos valores registados no quarto trimestre de1999 (13.5%).

Os depósitos de curto prazo excepto depó-sitos à ordem continuaram, em média, aexpandir-se de forma muito moderada aolongo de 2000. No último trimestre do ano,cresceram 2.2%, em termos anuais, face a2.0% no trimestre correspondente de 1999.Contudo, o ritmo moderado do crescimentodeste tipo de depósitos em 2000, ocultoudinâmicas muito diferentes nas suas subcom-ponentes. Enquanto a procura de depósitos aprazo até dois anos cresceu fortemente em2000 (5.6%), no mesmo período, a procura dedepósitos com pré-aviso até três mesesdesceu (-1.6%). A evolução divergente dasduas subcomponentes dos depósitos de curtoprazo excepto depósitos à ordem pode ser

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T41998 1999 2000

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circulação monetáriadepósitos à ordemoutros depósitos de curto prazoinstrumentos negociáveis

Gráfico 3

Componentes do M3(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: BCE.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200020

amplamente atribuída ao comportamentodas taxas de juro a retalho pagas sobre osmesmos (ver Gráfico 9).

Em 2000, a expansão dos instrumentos nego-ciáveis incluídos no M3, nomeadamenteinstrumentos negociáveis e acordos derecompra, manteve-se muito forte. No últimotrimestre de 2000, a taxa de crescimentohomóloga situava-se em 13.2%, representandoum aumento significativo em relação àsmoderadas taxas de crescimento homólogasregistadas no quarto trimestre de 1999 (2.5%).Conforme referido atrás, a forte procuradeste tipo de instrumentos pode, pelo menosem certa medida, ter reflectido a menorinclinação da curva de rendimentos em 2000.O comportamento dos instrumentosnegociáveis emitidos pelas Instituições Finan-ceiras Monetárias (IFM) deve, contudo, serinterpretado com precaução, uma vez que, noquadro estatístico actual do Eurosistema, nãoé possível estimar com precisão a parte que édetida por não residentes na área do euro.Essas aquisições por não residentes na área doeuro poderão ter distorcido no sentidoascendente o crescimento do M3 em 2000.

Em Janeiro de 2001, a taxa de crescimentohomóloga do M3 desceu para 4.7%, de 5.2%em Dezembro de 2000, continuando atendência decrescente do segundo trimestredo ano passado. A média trimestral das taxasde crescimento homólogas do M3 tambémdesceu para 5.0% no período de Novembrode 2000 a Janeiro de 2001, de 5.1% noperíodo de Outubro a Dezembro de 2000.

Crédito total abrandou ligeiramenteem 2000

Passando à análise das contrapartidas do M3,o crédito concedido a residentes na área doeuro abrandou em 2000. A taxa de cresci-mento homóloga desta rubrica situou-se em7.4%, face a 8.4% no ano anterior. Esta mode-ração é principalmente atribuível à reduçãodo crédito concedido às administraçõespúblicas (a taxa de variação homóloga médiasituou-se em -1.3% em 2000, face a 2.9% em

1999), enquanto o crescimento do créditoconcedido ao sector privado se manteveforte (situando-se, em média, em 10.5% em2000, ou seja, sem alteração face a 1999).

No que respeita ao crédito ao sector privado,o aumento homólogo dos empréstimososcilou entre 8.8% e 10.5%. Contudo, na partefinal do ano, a dinâmica de curto prazo dosempréstimos concedidos ao sector privadoparece ter apresentado sinais incipientes deabrandamento. O aumento dos empréstimosconcedidos ao sector privado em 2000resultou essencialmente de uma expansãosignificativa dos empréstimos concedidos asociedade não financeiras. Ao invés, o ritmode expansão dos empréstimos concedidos àsfamílias desceu ligeiramente, reflectindoessencialmente uma moderação na procurade financiamento para aquisição de habitação(ver Gráfico 4).

O crescimento robusto da actividade econó-mica na área do euro e o nível elevado daconfiança das empresas e dos consumidoresencorajou a expansão dos empréstimosconcedidos às famílias e às empresas aolongo de 2000. A antecipação de pedidos deempréstimo, devido a expectativas de umaumento das taxas de juro, pode também tertido influência, especialmente no primeirosemestre do ano.As transacções relacionadascom fusões e aquisições dentro da área doeuro, assim como o investimento directoestrangeiro no exterior podem ter sidofactores adicionais. Finalmente, a interacçãoentre empréstimos hipotecários e o dina-mismo dos preços do imobiliário em algunspaíses da área do euro incentivou os pedidosde empréstimo, em especial, no primeirosemestre de 2000, enquanto eram visíveissinais de uma moderação no aumento dospreços da habitação nos últimos meses doano. Paralelamente, o aumento contínuo dastaxas de juro das operações activas, queseguiu o das taxas de juro do mercadomonetário nos prazos correspondentes comalgum desfasamento, contribuiu para aredução do crédito na área do euro. Oabrandamento do crescimento do crédito foi,de facto, visível durante o segundo trimestre

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21BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

do ano (a taxa de crescimento homóloga dosempréstimos concedidos ao sector privadoatingiu um máximo de 10.5% em Abril, tendodesacelerado posteriormente para 9.1% emJulho). Após o segundo trimestre de 2000, ospedidos de empréstimo foram muito afecta-dos pela necessidade sentida por algumasempresas de telecomunicações de obterfinanciamento para a compra de licenças detelefones móveis da terceira geração(UMTS), especialmente na Alemanha. Emconsequência, a taxa de crescimento homó-loga dos empréstimos concedidos ao sectorprivado voltou a situar-se próximo de 10%nos meses do Outono. Posteriormente, ataxa de crescimento homóloga dos emprésti-mos concedidos ao sector privado voltou adescer, atingindo 9.5% em Dezembro de 2000e 9.1% em Janeiro de 2001. O efeitodesfasado do aumento das taxas de juro dasoperações activas, assim como o ligeiroenfraquecimento do crescimento económicoda área do euro, associado ao aumento dospreços do petróleo no Outono, pode tercontribuído para esta evolução.

Contrastando acentuadamente com o fortecrescimento do crédito concedido ao sectorprivado, a variação do crédito concedido àsadministrações públicas foi negativa ao longode 2000 (a taxa de decréscimo homóloga dosempréstimos das IFM situou-se em 1.9% noquarto trimestre de 2000 e a dos títulos em8.9%). No conjunto, esta evolução foiconsistente com as reduzidas necessidades definanciamento, numa fase de forte actividadeeconómica, e, em alguns países, reflectiureceitas elevadas resultantes da venda delicenças de UMTS no decurso de 2000.Relativamente às restantes contrapartidas doM3, as responsabilidades a mais longo prazodo sector das IFM aumentaram a um ritmorelativamente moderado em 2000 (a taxa decrescimento anual média situou-se em 6.2%no último trimestre de 2000 face a 7.2% notrimestre homólogo de 1999). O abran-damento do ritmo de crescimento destesinstrumentos reflectiu provavelmente, emcerta medida, a menor inclinação da curva derendimentos ao longo de 2000.

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 1999 2000

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empréstimos ao sector privadoempréstimos a sociedades não financeirasempréstimos a particularesempréstimos às administrações públicas

Gráfico 4

Desagregação sectorial de empréstimos por IFM(taxas de variação homólogas (%); dados de fim de trimestre)

Fonte: BCE.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200022

Finalmente, durante o ano de 2000, a posiçãodas disponibilidades líquidas sobre o exteriordo sector das IFM registou uma descidasignificativa, C98 mil milhões nos 12 meses atéDezembro. Contudo, esta descida foi menordo que a queda de C177 mil milhões, registadano ano anterior. À semelhança de 1999, aredução das disponibilidades líquidas sobre oexterior reflectiu, provavelmente, os fluxos desaída de investimento directo e de carteirado sector não monetário residente. Oabrandamento do ritmo de descida dasdisponibilidades líquidas sobre o exterior foivisível no segundo semestre do ano, parale-lamente a uma recuperação das entradaslíquidas, resultantes de algumas transacçõesfinanceiras entre o sector não monetárioresidente e o sector constituído pelo restodo mundo.

2.2 Mercados financeiros

Crescimento contínuo da emissão de títulosde dívida

O mercado de títulos de dívida emitidos porresidentes na área do euro continuou a crescerfortemente em 2000, tendo o saldo dos títulosde dívida aumentado cerca de 7% entre o finalde 1999 e o final de 2000. Subjacente a estaevolução esteve uma subida de 4% do saldo dasemissões a curto prazo e de 7% do saldodas emissões a longo prazo. O saldo totalcontinuou a ser dominado por títulos de dívidade longo prazo, os quais representavam maisde 90% do saldo total no final de 2000.

A administração central e o sector das IFMainda dominam, em termos absolutos, omercado de títulos de dívida da área do euro,quer a nível dos saldos, quer da emissão. Astaxas de crescimento dos saldos de títulos dedívida emitidos por estes sectores foi baixoem 2000 se comparado com as actividades deemissão do sector financeiro não monetário edo sector não financeiro (ver Gráfico 5), emrelação aos quais os saldos de títulos dedívida denominados em euro aumentaramaproximadamente 24% e 17%, respectiva-mente, em 2000. Além do crescimento

económico robusto na área do euro, aactividade de emissão, que continuou elevada,por parte destes sectores deve-se, em grandemedida, à restruturação em curso no sectorempresarial europeu. Além disso, a necessi-dade do sector das telecomunicações definanciar as aquisições de licenças de UMTSconstituiu um elemento importante nosegundo semestre do ano. Em simultâneo,existem fortes sinais de que a moeda únicacontribuiu para a melhoria das condições emque os emissores privados recorrem aosmercados de capitais europeus. Além disso,conforme apresentado no artigo intitulado“Características do financiamento das empre-sas na área do euro”, do número de Fevereirode 2001 do Boletim Mensal do BCE, existemsinais de que o sector empresarial da área doeuro alargou as respectivas fontes de financia-mento de mercado, incluindo de formacrescente o financiamento directo através daemissão de títulos de dívida.

Como consequência das muito diferentes taxasde crescimento dos saldos entre sectores, asinstituições financeiras não monetárias e associedades não financeiras aumentaram apercentagem conjunta do montante de títulosde dívida denominados em euro de 8.5% em1999 para 9.75% em 2000. A percentagem domontante de títulos de dívida denominados emeuro do sector das IFM aumentou de 37.0% nofinal de 1999 para 37.4% em 2000, reflectindosobretudo o financiamento de um maiornúmero de empréstimos ao sector privado.Reflectindo estas percentagens crescentes, apercentagem dos títulos denominados em eurodas administrações públicas desceu de 54.5%no final de 1999 para 53.0% no final de 2000.A redução continuada da importância relativado sector público nos mercados de títulos dedívida da área do euro reflecte necessidadesde financiamento reduzidas do sector públicoem 2000 face aos anos anteriores.

A percentagem da emissão por bruto detítulos de dívida denominados em euroemitidos por residentes na área do euro nomontante total das emissões em todas asmoedas manteve-se elevada em 2000, tendo,no entanto, descido face a 1999. Em

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23BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

comparação com uma percentagem média de94.6% em 1999, a emissão por bruto denomi-nada em euro representou 92.6% da emissãototal por bruto efectuada por residentes naárea do euro em 2000. O euro continuou aser uma moeda interessante, também parainvestidores internacionais, ainda que as taxasde crescimento em 2000 não tenham atingidoos níveis extraordinários de 1999. O saldo detítulos de dívida denominados em euroemitidos por não residentes na área do euroregistou um aumento de 26.3% em 2000 (facea 42.4% em 1999).

Taxas de juro do mercado monetárioaumentaram em consonância com as taxasde juro do BCE em 2000

Ao longo de 2000, as taxas de juro do mercadomonetário aumentaram significativamente,reflectindo a subida gradual das taxas de jurodo BCE, ocorrida em seis ocasiões diferentes,num total de 175 pontos base durante 2000.A subida das taxas de juro do mercado mone-tário ao longo do ano já era amplamenteesperada pelos mercados financeiros.Tal podeser observado pelo facto de, no início de 2000,a taxa EURIBOR a doze meses, situada em

cerca de 3.9%, estar consideravelmente acimada taxa EURIBOR a um mês em vigor nessaaltura, que era de 3.1% (ver Gráfico 6), indi-cando que os mercados financeiros esperavamum aumento significativo das taxas de juro domercado monetário durante o ano 2000.

Antes do anúncio das decisões de aumentodas taxas de juro do BCE, a taxa de juroovernight, medida pela taxa EONIA, tendiahabitualmente a situar-se acima das taxas quesinalizavam a orientação da política monetária(esta era a taxa aplicada aos leilões de taxafixa até à operação principal de refinan-ciamento liquidada em 21 de Junho de 2000e a taxa mínima de proposta aplicada a partirde então nos leilões de taxa variável). Àsemelhança do já ocorrido em 1999, a volatili-dade da EONIA foi baixa, tendo-se confinadoà parte final dos períodos de constituição dereservas, quando se torna obrigatória a manu-tenção de reservas mínimas pelo sistemabancário. Além disso, a EONIA tendeu aaumentar ligeiramente no último dia doperíodo de constituição de reservas de cadamês, reflectindo o desejo das instituiçõesfinanceiras de ajustar os respectivos saldosnessa ocasião. Esta situação ocorreu de formamais acentuada na viragem do ano.

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000-10

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20

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40

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60

instituições financeiras monetáriassociedades não financeirassociedades financeiras não monetáriassector público

Gráfico 5

Saldos de títulos de dívida denominados em euro emitidos por residentes da área do euro(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: BCE.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200024

No primeiro semestre de 2000, as taxas dejuro do mercado monetário tiveram umatrajectória muito paralela ao ajustamentogradual ascendente das taxas de juro do BCE.Dos quatro aumentos das taxas de juro doBCE no primeiro semestre de 2000, os trêsprimeiros tinham sido já quase totalmenteprevistos pelos mercados financeiros naocasião em que foram anunciados, resultandoem apenas pequenos ajustamentos das taxasde juro de curto prazo do mercadomonetário.Apenas na ocasião da subida de 50pontos base das taxas de juro do BCE, em8 de Junho de 2000, foi mais pronunciada areacção das taxas de juro de curto prazo domercado monetário, sugerindo que o valor dasubida não era totalmente previsto pelosparticipantes no mercado.

O aumento das taxas de juro do BCE,anunciado em 8 de Junho interrompeu, porum período de cerca de dois meses, atendência ascendente da EURIBOR a um e atrês meses, uma vez que essa decisão contevetemporariamente as expectativas acerca deuma nova subida da taxa de juro a curtoprazo. Contudo, entre meados de Agosto eOutubro, as taxas de juro de curto prazo do

mercado monetário voltaram a aumentar nosprazos mais curtos da curva de rendimentos,antecedendo os dois aumentos das taxas dejuro do BCE, anunciados em 31 de Agosto eem 5 de Outubro. Estas decisões contri-buíram posteriormente para uma moderaçãodas expectativas acerca de novas subidas dastaxas de juro do BCE.

No Outono, a expectativa do mercadomonetário mudou gradualmente. Enquanto aEURIBOR a doze meses já tinha começadoa descer em Setembro, as taxas de juro demais curto prazo do mercado monetáriocomeçaram a cair gradualmente durante omês de Novembro.A queda das taxas de jurode prazo mais alargado do mercado mone-tário foi mais pronunciada e, no início deDezembro de 2000, a inclinação da curva derendimentos do mercado monetário come-çou a inverter-se. No final de 2000, aEURIBOR a doze meses situava-se em 4.75%,sensivelmente o nível registado no início deMaio de 2000, e mais de 50 pontos baseabaixo do nível alcançado em Setembro,enquanto a EURIBOR a um mês se situava em4.85%, ou seja, 20 pontos base abaixo do valormáximo registado no final de Novembro.

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T11999 2000

2.22.42.62.83.03.23.43.63.84.04.24.44.64.85.05.25.45.6

2.22.42.62.83.03.23.43.63.84.04.24.44.64.85.05.25.45.6

EURIBOR a um mêsEURIBOR a três mesesEURIBOR a seis mesesEURIBOR a doze meses

Gráfico 6

Taxas de juro de curto prazo na área do euro(percentagens por ano; dados diários)

Fonte: Reuters.

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25BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

A alteração na expectativa do mercado noOutono de 2000 esteve relacionada com umaumento da volatilidade implícita associadaaos contratos de futuros e opções sobre aEURIBOR a três meses, sinalizando umaumento na incerteza dos participantes nomercado acerca da política monetária futura.Contudo, este aumento da volatilidadeimplícita do mercado monetário inverteuapenas uma parte das quedas da volatilidadeimplícita no mercado monetário nos primei-ros dez meses de 2000.

Nos primeiros dois meses de 2001, a descidadas taxas de juro do mercado monetárioparou. A inclinação da curva de rendimentosdo mercado monetário, medida pela diferençaentre a EURIBOR a doze meses e a um mês,permaneceu ligeiramente invertida ao longodeste período, sugerindo que os participantesde mercado esperavam que as taxas de curtoprazo do mercado monetário descessemligeiramente durante a restante parte de2001.

Taxas de rendibilidade das obrigações delongo prazo da área do euro geralmenteestáveis durante a maior parte de 2000

Contrastando com o aumento pronunciadodas taxas de juro de longo prazo observadodurante o ano de 1999, as taxas de rendibili-dade das obrigações de dívida pública delongo prazo na área do euro mantiveram-segeralmente estáveis, num nível próximo de5.5%, durante a maior parte de 2000 (verGráfico 7(a)). Foi apenas na parte final do ano,mais precisamente, a partir de Novembro de2000, que as taxas de rendibilidade dasobrigações desceram um pouco, para um nívelligeiramente acima de 5.0% no final do ano.Nos mercados de obrigações dos EstadosUnidos, as taxas de rendibilidade das obriga-ções a 10 anos americanas desceram cerca de130 pontos base durante 2000. No final doano, esta taxa situava-se em 5.2%, o nível maisbaixo registado desde a Primavera de 1999.Reflectindo esta evolução, o diferencial entreas taxas de rendibilidade das obrigações a 10anos entre os Estados Unidos e a área do

1996 1997 1998 1999 20000.0

3.0

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9.0

área do euroEstados UnidosJapão

1996 1997 1998 1999 2000-2.0

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0.0

1.0

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1.0

2.0

Gráfico 7

(a) Taxas de rendibilidade das obrigaçõesde dívida pública de longo prazo na áreado euro, Estados Unidos e Japão(percentagens por ano; dados diários)

Fonte: Reuters.Nota: As taxas referem-se a obrigações a 10 anos ou à maturidade disponível mais próxima. A partir de 1 de Janeiro de 2001, estãotambém incluídos os dados da Grécia.

(b) Diferencial entre as taxas de juroa dez anos dos Estados Unidos e da áreado euro(percentagens por ano; dados diários)

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200026

euro reduziu-se cerca de 85 pontos base du-rante 2000, atingindo aproximadamente 15pontos base no final de 2000, o nível maisbaixo desde o final de 1996 (ver Gráfico 7(b)).

As revisões efectuadas no sentido ascendentee a subsequente moderação das expectativasde crescimento mundial parecem ter sido umfactor importante subjacente às tendênciasmundiais das taxas de rendibilidade dasobrigações de longo prazo em 2000. EmJaneiro, nos Estados Unidos, o ritmo robustoda actividade económica exerceu pressãoascendente sobre as taxas de rendibilidadedas obrigações de longo prazo americanas.No início de Fevereiro de 2000, registou-seuma inversão na tendência observada nastaxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública americanas, as quais caíramsignificativamente, em resultado dos planosdo Tesouro americano destinados a reduzirsignificativamente a emissão de obrigaçõesnos prazos mais longos, recomprandoobrigações antes do respectivo prazo devencimento. Este plano terá dado origem aoaparecimento de um prémio de escassez nospreços das obrigações de dívida públicaamericanas no início de 2000, o qual pareceter contribuído também, nos primeiros mesesde 2000, para o acentuado alargamento –cerca de 50 pontos base – do diferencialentre as taxas de swap dos Estados Unidos eas taxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública, o qual registou os níveis maiselevados da década. O alargamento destediferencial ficou a dever-se essencialmente auma queda significativa das taxas de rendi-bilidade das obrigações de dívida pública,enquanto o nível das taxas dos swap a 10 anosse manteve geralmente estável desde o fim deJaneiro até ao fim de Abril de 2000.

A pressão descendente prolongada e extensasobre as taxas de rendibilidade dasobrigações americanas, observada no segundosemestre de 2000, parece ser atribuívelprincipalmente às reavaliações efectuadaspelos investidores sobre o ritmo daactividade económica no futuro. Emparticular, face às decisões do Federal Reservede aumentar as taxas de juro oficiais em 1999

e no início de 2000, assim como aos níveispersistentemente elevados dos preços dopetróleo e da robustez do dólar americano,os participantes no mercado começaram aprever, de forma crescente, um abrandamentodo ritmo de actividade económica americana.Neste contexto, as expectativas acerca dainflação a longo prazo diminuíram, exercendopressão adicional sobre as taxas derendibilidade das obrigações americanas. Apressão descendente exercida sobre as taxasde rendibilidade das obrigações de longoprazo foi reforçada em algumas ocasiõesdurante o ano, à medida que a queda dospreços das acções, associada ao aparecimentode volatilidade nos mercados accionistas ame-ricanos, induziu os investidores a investiremem títulos relativamente mais seguros, comoé o caso das obrigações de dívida pública.

No Japão, as taxas de rendibilidade das obri-gações de dívida pública de longo prazoapresentaram uma estabilidade notável aolongo da maior parte de 2000, tendo-se situa-do a taxa de rendibilidade a 10 anos entre1.6% e 1.9% durante a maior parte do ano. Astaxas de rendibilidade das obrigações a dezanos japonesas subiram de forma gradual paraum valor acima deste intervalo estreito,apenas temporariamente, quando, em Agostode 2000, o Banco do Japão pôs termo àpolítica de taxa de juro zero.

Ao longo do ano, embora a evolução nosmercados de obrigações nos Estados Unidos,por vezes, se tenha repercutido nas taxas derendibilidade das obrigações de dívida públicada área do euro, o aspecto mais importante asalientar consiste no facto de os movimentosda taxa de rendibilidade das obrigações naárea do euro terem sido muito menospronunciados do que nos Estados Unidos.Além disso, o nível médio em torno do qualflutuaram as taxas de rendibilidade dasobrigações da área do euro manteve-sebastante estável ao longo dos primeiros dezmeses de 2000. Dois factores parecem tercontribuído largamente para a estabilidadedas taxas de rendibilidade nominais dasobrigações da área do euro. Em primeirolugar, as expectativas médias da inflação a

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27BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

longo prazo entre os investidores parecemter permanecido estáveis em níveis relativa-mente baixos durante este período, reflec-tindo a confiança dos participantes nomercado de que as medidas tomadas peloConselho do BCE manteriam a estabilidadede preços a médio prazo. Esta situação foivisível no elevado grau de estabilidade da taxade inflação implícita (break-even inflation rate),obtida pela diferença entre as taxas derendibilidade nominais das obrigações dedívida pública francesas a dez anos e a taxa derendibilidade real das obrigações de dívidapública indexadas francesas a dez anos (verGráfico 8), as quais se mantiveram entre 1.5%e 1.8% durante a maior parte de 2000. Emsegundo lugar, as expectativas acerca docrescimento a longo prazo para a área doeuro parecem ter estabilizado em níveisrelativamente elevados em 2000, após orápido aumento do crescimento do PIB emtermos reais em 1999 e no início de 2000.Esta evolução foi indicada pela estabilidade dataxa de rendibilidade real das obrigações dedívida pública indexadas francesas, para níveisentre 3.6% e 4.0% durante a maior parte de2000. Nos dois últimos meses de 2000,registou-se uma descida gradual das taxas derendibilidade das obrigações de dívida pública

de longo prazo na área do euro, reflectindoexpectativas de mercado de um crescimentoeconómico ligeiramente mais lento na áreado euro a mais curto prazo. Entre osprincipais factores subjacentes à revisãodescendente das expectativas acerca do ritmoda actividade económica parecem ter estadoincluídos os aumentos anteriores dos preçosdo petróleo, assim como o referidoajustamento descendente do crescimentoeconómico mundial – nomeadamente nosEstados Unidos.

Entre o final de 1999 e o final de 2000, ainclinação da curva de rendimentos da áreado euro, medida como a diferença entre astaxas de rendibilidade das obrigações a dezanos e a taxa EURIBOR a três meses, registouum achatamento de aproximadamente 200pontos base, para cerca de 20 pontos base.Em 2000, podem distinguir-se dois períodosneste processo de pronunciado achatamentoda curva de rendimentos. Durante osprimeiros dez meses do ano, reflectiu essen-cialmente o crescimento das taxas de juro decurto prazo do mercado monetário, resul-tante do aumento das taxas de juro do BCE,enquanto as taxas de rendibilidade das obriga-ções a longo prazo permaneceram geral-

T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T11999 2000

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taxa de inflação implícitataxa de rendibilidade nominal das obrigaçõestaxa de rendibilidade real das obrigações

Gráfico 8

Taxa de inflação implícita calculada para o IPC francês(em percentagens; dados diários)

Fontes: Tesouro francês, ISMA e Reuters.Nota: As taxas de rendibilidade reais das obrigações são calculadas a partir dos preços de mercado das obrigações francesasindexadas ao IPC francês (excluindo tabaco) e que se vencem em 2009. As taxas de rendibilidade nominais das obrigações sãocalculadas a partir dos preços de mercado das obrigações de rendimento fixo francesas, que também se vencem em 2009.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200028

mente estáveis. Contudo, durante os doisúltimos meses de 2000, as taxas de juro decurto prazo desceram e o achatamento con-tínuo da curva de rendimentos ficou assim adever-se a maiores descidas das taxas derendibilidade das obrigações de longo prazo.Além disso, no final de 2000, a curva derendimentos ter-se-á invertido ligeiramentenos prazos até dois anos, mantendo, noentanto, uma inclinação positiva nos prazosmais longos. Tal poderia ser visto comouma indicação de que a revisão no sentidodescendente das expectativas de crescimen-to se concentrava nos horizontes maiscurtos, enquanto as expectativas decrescimento a longo prazo dos participantesde mercado parecerem permanecerpraticamente inalteradas.

No período entre o final de 2000 e 13 deMaio de 2001, as taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública a dez anos daárea do euro permaneceram geralmente está-veis, próximo de 5%. Dado que as taxas derendibilidade das obrigações de longo prazonos Estados Unidos tenderam a descer nomesmo período, num contexto em que astaxas de juro oficiais dos EU registaram umaqueda de 100 pontos base, o diferencial entreas taxas de rendibilidade das obrigações de

dívida pública a dez anos nos EstadosUnidos e as da área do euro estreitou e foivirtualmente nulo no início de Março de2001. Este foi o ponto mais baixo registadopor este diferencial desde o início de 1997.

As taxas a retalho seguiram, em geral,as taxas do mercado em 2000

As taxas de juro de curto prazo da banca aretalho continuaram a aumentar até Novem-bro de 2000, seguindo a tendência das taxas dejuro do mercado monetário. Contudo, foramobservadas diferenças significativas entre astaxas de vários tipos de depósitos. Do final de1999 até Novembro de 2000, a taxa de juro atrês meses do mercado monetário subiu 165pontos base. Durante o mesmo período, astaxas dos depósitos à ordem e dos depósitoscom pré-aviso até três meses aumentarammuito moderadamente, cerca de 40 pontosbase, alargando o diferencial em relação à taxade juro a três meses do mercado monetárioem aproximadamente 125 pontos base no finalde 2000.Contrariamente,a taxa dos depósitoscom prazo até um ano aumentou 134 pontosbase (ver Gráfico 9). Esta evolução não foiparticularmente invulgar em termos históri-cos, pois tem-se verificado que a transmissão

1996 1997 1998 1999 20000.0

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taxa de três meses do mercado monetárioempréstimos a empresas com prazo até um anodepósitos a prazo até um anodepósitos com pré-aviso até três mesesdepósitos à ordem

Gráfico 9

Taxas de juro de curto prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado equivalente(percentagens por ano; médias mensais)

Fontes: BCE e Reuters.Nota: A partir de 1 de Janeiro de 2001, estão também incluídos os dados da Grécia.

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29BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

das taxas de mercado tem sido tendencial-mente mais lenta e menos completa no caso dedepósitos com pré-aviso até três meses doque no caso dos depósitos a prazo até doisanos, mas aumentou o interesse relativo dosdepósitos a prazo até dois anos, comoreflectido pelo seu crescimento relativamenteforte (ver Secção 1.1 para pormenores acercada evolução monetária).As taxas a retalho atéum ano dos empréstimos às empresas aumen-taram 137 pontos base até Novembro, reflec-tindo a evolução das taxas de juro de curtoprazo do mercado monetário, as quais acaba-ram por se situar num nível 210 pontos baseacima da taxa de juro a três meses do mercadomonetário (face a 238 pontos base no fim de1999). A partir de meados de Novembro, astaxas do mercado monetário começaram adescer, o que se reflectiu rapidamente na taxados depósitos a prazo até um ano,que registouuma descida de 17 pontos base entre Novem-bro de 2000 e Janeiro de 2001.A taxa de juroactiva até um ano para empresas tambémdesceu, embora em menor escala. Esta evolu-ção sugere uma transmissão relativamenteacelerada das taxas do mercado monetário.No entanto, outras taxas de juro a retalho, taiscomo as dos depósitos à ordem e dos depó-sitos com pré-aviso até três meses, não se

alteraram muito ao longo deste período,indicando um grau mais elevado de resistênciadestas taxas.

As taxas de juro de longo prazo da bancaa retalho, em geral, tiveram uma subidaacentuada no primeiro semestre de 2000,acompanhando os aumentos das taxas derendibilidade das obrigações de dívida públicaao longo de 1999. Posteriormente, reflectindoa estabilidade das taxas de rendibilidade dasobrigações de longo prazo nos três primeirostrimestres de 2000, as taxas a retalho, emgeral, começaram a estabilizar por volta doVerão de 2000 (ver Gráfico 10). Por exemplo,a taxa dos depósitos com prazos superiores adois anos aumentou 69 pontos base entre ofinal de 1999 e Julho de 2000, e apenas 6pontos base de Julho até Novembro de 2000.Além disso, a taxa dos empréstimos àhabitação concedidos aos particulares aumen-tou 72 pontos base de Dezembro de 1999 atéAgosto de 2000, tendo estabilizado posterior-mente. Depois de Novembro, estas taxascomeçaram a descer, reflectindo a evoluçãodas taxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública no final do ano.

1996 1997 1998 1999 20003.0

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taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública a cinco anoscrédito à habitação a particularesdepósitos a prazo superior a dois anosempréstimos a empresas com prazo superior a um ano

Gráfico 10

Taxas de juro de longo prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado equivalente(percentagens por ano; médias mensais)

Fontes: BCE e Reuters.Nota: A partir de 1 de Janeiro de 2001, estão também incluídos os dados da Grécia.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200030

Descida dos preços mundiais das acçõesnuma conjuntura volátil

Em 2000, os índices dos preços das acções nosmaiores mercados mundiais não continuaram atendência ascendente registada a partir de1995. Numa conjuntura em que os preços dasacções apresentaram uma volatilidade significa-tiva durante a maior parte do ano,os índices dereferência dos preços das acções, assentes embases amplas, registaram níveis mais baixos nofinal de 2000 do que no final de 1999. Estaevolução reflecte principalmente a maiorincerteza dos participantes no mercado acercadas perspectivas de ganhos a curto e a maislongo prazo das empresas em geral,assim comoas significativas revisões em sentido descen-dente das expectativas de ganhos das empresasque operam nos sectores das altas tecnologias.

A evolução dos preços das acções ao longo de2000 seguiu um padrão semelhante nosEstados Unidos, no Japão e na área do euro(ver Gráfico 11). Nos primeiros meses do ano,os índices de preços das acções aumentaramem geral, e de forma muito acentuada na áreado euro. Posteriormente, os preços das

acções encontraram-se sujeitos a algumaturbulência, mas, a partir do fim de Agosto,registaram uma tendência generalizada dedescida. Em termos gerais, no final de Dezem-bro de 2000, os preços das acções na área doeuro, medidos pelo índice Dow Jones EUROSTOXX, situavam-se 6% abaixo dos níveisobservados no final de 1999. Nos EstadosUnidos, o índice Standard and Poor’s 500 caiu9% durante o mesmo período, enquanto noJapão o índice Nikkei 225 desceu 27% em2000. Contudo, a queda dos índices de preçosdas acções durante 2000 deverá ser vista naperspectiva dos grandes aumentos de preçosocorridos nos últimos anos. Estas descidasseguiram-se, nomeadamente, à subida de 40%do índice Dow Jones EURO STOXX, de 20%do índice Standard and Poor’s 500 e de 37%do índice Nikkei 225 em 1999.

Os acontecimentos nos Estados Unidos foramos principais impulsionadores dos movi-mentos nos mercados accionistas em todo omundo. O crescimento económico nos Esta-dos Unidos, que se revelou persistentementeforte no início de 2000, tinha criado expecta-tivas muito optimistas entre os investidores

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T11998 1999 2000

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área do euroEstados UnidosJapão

Gráfico 11

Índices de cotações de acções na área do euro, Estados Unidos e Japão(1 de Janeiro de 1998 = 100; dados diários)

Fonte: Reuters.Nota: Índice Dow Jones EURO STOXX alargado (cotação de acções) para a área do euro, Standard and Poor’s 500 para os EstadosUnidos e Nikkei 225 para o Japão. A partir de 1 de Janeiro de 2001, estão também incluídos os dados da Grécia.

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31BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

relativamente à rentabilidade a longo prazodas acções, nomeadamente das empresas dadesignada “nova economia”, cujas melhoresrepresentantes são as empresas que operamno domínio da Internet. Ao longo do ano,acumulou-se evidência de que nos EstadosUnidos o ritmo da actividade económicatendia para um abrandamento. Simultanea-mente, os participantes no mercado reviramno sentido descendente as respectivas previ-sões a longo prazo acerca dos ganhos dasempresas, nomeadamente no sector das altastecnologias. Em resultado da alteração daspreferências dos investidores, no sentido dedeixar de privilegiar as acções das empresas dealtas tecnologias, o índice Nasdaq Compósito(que contém uma elevada percentagem deacções de empresas do sector da “novaeconomia”) desceu 37% entre o final de 1999e o final de 2000. Esta queda acentuada elimi-nou os aumentos substanciais registados em1999, pelo que, no final de 2000, este índicevoltou aos níveis do início de 1999.Reflectindoo maior grau de incerteza entre os partici-pantes no mercado acerca das perspectivas deganhos das empresas do segmento de mer-cado constituído pelas altas tecnologias, avolatilidade implícita no índice Nasdaq 100flutuou acentuadamente ao longo do ano. EmDezembro de 2000, esta volatilidade era cercade um terço mais elevada do que no mêshomólogo do ano anterior (ver Caixa 2).

No Japão, os preços das acções do segmentode mercado das altas tecnologias registaramtambém quedas pronunciadas em 2000. Emparticular, as acções das empresas japonesasde telecomunicações,meios de comunicação etecnologia de informação caíram 53% entre ofim de 1999 e o fim de 2000. Pelo contrário, asacções das restantes empresas desceram 12%durante o mesmo período (medido pelos sub-índices totais do mercado da Datastream).Além de terem surgido preocupações entre osparticipantes no mercado sobre as repercus-sões para a rentabilidade das acções dasempresas de altas tecnologias, em geral,decorrentes da situação nos Estados Unidos,o mercado accionista japonês voltou aestagnar devido ao fraco crescimento

económico no Japão e ao grande número defalências de empresas.

Embora as acções da área do euro tenhambeneficiado de um desenvolvimento econó-mico globalmente positivo na área do euro,não estiveram imunes aos factores mundiaisacima referidos. À semelhança do ocorridoem outras economias e reflectindo oaumento da incerteza dos participantes nomercado acerca das perspectivas de lucro dasempresas, a volatilidade dos preços dasacções na área do euro manteve-se muitoelevada durante a maior parte de 2000. Omaior contributo para a queda global e para aacentuada volatilidade dos preços das acçõesna área do euro foi proveniente do sector dastecnologias, assim como do sector das tele-comunicações. Embora os preços das acçõesnestes sectores tenham subido de formamuito acentuada no primeiro trimestre de2000, continuando uma tendência ascendentevisível desde o Outono de 1999, durante oresto do ano tenderam a descer. Em últimaanálise, os preços das acções do sector dastelecomunicações incluídas no índice DowJones EURO STOXX desceram 43% em 2000,com os participantes no mercado a tornarem--se particularmente preocupados com os ris-cos inerentes e com as perspectivas de lucroa longo prazo das empresas de telecomuni-cações, face à crescente concorrência nestesector e ao aumento do endividamento, resul-tante dos grandes investimentos necessáriospara desenvolver redes de telecomunicaçõese para financiar a compra de licenças deUMTS. Os preços das acções das empresas dosector das tecnologias foram também voláteisem 2000, não tendo, no entanto, registadouma descida semelhante. Seguindo a evoluçãomundial, o sector das tecnologias deu, delonge, o maior contributo para o elevado graude volatilidade dos preços nos mercados deacções da área do euro em 2000.

No período desde o final de 2000 até 13 deMarço de 2001, os índices dos preços dasacções nos principais mercados accionistascaíram acentuadamente. Ao longo desteperíodo, o índice Dow Jones EURO STOXXregistou uma descida de 11%, enquanto o

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200032

Caixa 2

Aumento da volatilidade nos mercados accionistas mundiais provocado pelosmercados accionistas das altas tecnologias

As tendências dos preços das acções podem fornecer informações úteis no contexto do segundo pilar da estratégia

de política monetária do Eurosistema. O conteúdo informativo dos preços das acções resulta do facto de que eles

devem reflectir, entre outros factores, as expectativas dos participantes no mercado acerca de dividendos futuros,

os quais, por sua vez, se encontram ligados às expectativas de lucros empresariais no futuro. Uma vez que os

lucros esperados das empresas se encontram geralmente relacionados com o ritmo previsto para a actividade

económica, as oscilações dos preços das acções podem ser indicativas de alterações nas expectativas dos

participantes no mercado acerca do crescimento económico. Neste sentido, a evolução dos preços das acções pode

dar informação complementar à retirada dos preços de outros activos, tais como as taxas de rendibilidade nominal

das obrigações e as taxas de rendibilidade real de obrigações indexadas à inflação. Para os bancos centrais é

igualmente importante acompanhar de perto a evolução dos preços das acções, para avaliar os efeitos sobre a

riqueza e a confiança que podem surgir da oscilação desses preços. Contudo, do ponto de vista da política

monetária, a elevada volatilidade dos preços das acções, aliada à possibilidade de desalinhamentos entre os preços

das acções e os respectivos fundamentos económicos, dificulta a utilização da evolução dos preços das acções para

a avaliação das condições económicas no futuro.

Durante a maior parte de 2000, os mercados accionistas mundiais estiveram sujeitos a flutuações de preços

relativamente elevadas. Em consequência, a volatilidade dos preços das acções nos principais mercados voltou a

aumentar em 2000, continuando a tendência visível há alguns anos. Por exemplo, enquanto o desvio-padrão

médio anualizado da variação diária em percentagem dos preços das acções (volatilidade histórica) na área do

euro, medido pelo índice Dow Jones EURO STOXX entre 1990 e 1998, se situou em 15% em 1999, aumentou

para 17% e, em 2000, para 22% (ver gráfico a seguir).

O aumento a nível mundial observado nos últimos anos na volatilidade dos índices de preços das acções que

cobrem um conjunto muito variado de sectores ficou a dever-se, em grande medida, à evolução nos sectores das

altas tecnologias dos mercados accionistas. A divergência acentuada na evolução dos preços das acções entre os

segmentos de mercado que representam a denominada “nova economia” e os da “velha economia” parece ter

origem nos Estados Unidos. A volatilidade histórica do índice Nasdaq Compósito – que contém uma percentagem

elevada de acções de empresas do sector das novas tecnologias – quase duplicou, passando de 27% por ano em

1999 para 48% em 2000, face a uma volatilidade média de 16% durante o período de 1990 a 1998. Ao contrário,

a volatilidade histórica do índice Standard and Poor’s 500 – que contém uma percentagem mais elevada de acções

de empresas da “velha economia” – aumentou apenas ligeiramente para 22%, em média, em 2000. A área do euro

regista um comportamento semelhante. A volatilidade dos preços das acções no sector das tecnologias e no sector

das telecomunicações do índice Dow Jones EURO STOXX aumentou de 28% e 27% em 1999 para 51% e 45%

em 2000, respectivamente, enquanto a volatilidade média de todos os sectores económicos deste índice registou

um aumento menor, de 19% para 22%.

As grandes oscilações de preços verificadas nos sectores das altas tecnologias de todos os principais mercados em

2000 estiveram essencialmente relacionadas com a reavaliação geral efectuada pelos participantes no mercado das

perspectivas de lucro a mais longo prazo e dos riscos inerentes às acções das empresas das altas tecnologias.

Embora nos primeiros meses do ano os investidores se tenham tornado cada vez mais optimistas acerca das

perspectivas de lucros a longo prazo das acções das empresas da “nova economia”, posteriormente parecem

ter-se tornado mais pessimistas e com maiores incertezas. A elevada volatilidade dos preços do sector das altas

tecnologias reflectiu as invulgares dificuldades com que os participantes no mercado se depararam na valorização

dessas acções. As empresas da “nova economia” são, em geral, novas e têm potencial para um elevado

crescimento dos ganhos dado o seu carácter inovador. Contudo, em muitos casos, estes ganhos só são geralmente

recebidos em fases posteriores do ciclo de vida dessas empresas, apresentando apenas ganhos baixos ou mesmo

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33BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

perdas nas fases iniciais. Em consequência, e especialmente devido aos custos de estabelecimento iniciais

associados ao investimento e às perspectivas incertas quanto ao volume de negócios, as perspectivas de lucro a

longo prazo podem revestir-se de um grau considerável de incerteza. Além disso, as acções das empresas das altas

tecnologias podem ser particularmente vulneráveis a riscos de negócio (alterações nas tecnologias e nas

preferências dos consumidores) e a choques de liquidez.

O maior grau de incerteza dos participantes no mercado reflectiu-se no nível mais elevado de volatilidade

implícita das acções que compõem o índice Nasdaq 100 (ver gráfico abaixo). A volatilidade implícita é obtida a

partir dos preços das opções sobre acções correspondentes, dando uma aproximação do desvio-padrão esperado

da variação do preço das acções, que neste caso, é referente a um período até três meses. Assim, a volatilidade

implícita é um indicador da incerteza acerca dos movimentos dos preços no futuro. A volatilidade implícita do

índice Nasdaq 100 passou de um nível médio de 36% em 1999 para 51% em 2000. Ao invés, a volatilidade

implícita média das acções que compõem o índice Standard and Poor’s 500 mantiveram-se sem alteração, em

21%, em 2000, face ao nível registado em 1999. O grau geralmente elevado de co-movimento entre a volatilidade

histórica e a volatilidade implícita em todos os mercados principais sugere que quanto maior a incerteza dos

participantes no mercado acerca dos preços das acções no futuro, tanto maior é a sua sensibilidade à informação

sobre os ganhos e outros factores fundamentais, como se verifica nas grandes oscilações de preços.

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volatilidade implícita Standard & Poor’s 500volatilidade implícita Nasdaqvolatilidade histórica Standard & Poor’s 500volatilidade histórica Nasdaq

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volatilidade implícita EURO STOXXvolatilidade implícita STOXX tecnologiavolatilidade histórica EURO STOXXvolatilidade histórica EURO STOXX tecnologia

1999 2000 1997 1998 1999 2000

Fontes: Bloomberg e cálculos do BCE.Nota: A volatilidade histórica é calculada como o desvio-padrão anualizado das variações percentuais das cotações diárias dasacções durante um mês. Para a área do euro, a volatilidade histórica é calculada com base nos índices de cotações de acções DowJones EURO STOXX. A volatilidade implícita é calculada a partir de opções de índices de cotações de acções. Para o mercadoalargado e o sector de tecnologia da área do euro, a volatilidade implícita é aproximada a partir de opções do índice Dow JonesEURO STOXX 50 e do subíndice do sector de tecnologia Dow Jones STOXX, respectivamente.

Volatilidade histórica e implícita do mercado accionista(percentagens por ano; dados mensais)

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200034

3 Evolução dos preços

Subida da inflação principalmente devidoa factores externos

A tendência ascendente da taxa de variaçãohomóloga do IHPC, observada desde aPrimavera de 1999, manteve-se em 2000devido a pressões externas sobre os preços,enquanto as pressões internas permanecerammoderadas. A inflação medida pelo IHPC naárea do euro situou-se em 2.3% em média em

2000, o que representou uma subida signifi-cativa face a 1.1% em 1999 (ver Quadro 1).Em termos homólogos, a inflação medidapelo IHPC subiu de cerca de 1% em meadosde 1999 para 1.9% em Janeiro de 2000 enovamente para 2.9% em Novembro, mas caiuposteriormente para 2.6% em Dezembro de2000.Este comportamento reflectiu principal-mente a evolução dos preços do petróleo e dataxa de câmbio do euro.Apesar de ter havido

1998 1999 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2001 2001

T1 T2 T3 T4 Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev.

Índice Harmonizado de Preçosno Consumidor (IHPC) e suas componentes 1)

Índice total 1.1 1.1 2.3 2.0 2.1 2.5 2.7 2.8 2.7 2.9 2.6 2.5 .

do qual:

Bens 0.7 0.9 2.7 2.3 2.3 2.9 3.2 3.3 3.2 3.4 3.0 2.7 .

Produtos alimentares 1.6 0.6 1.4 0.4 0.9 1.9 2.2 2.1 2.0 2.2 2.4 2.7 .

Transformados 1.4 0.9 1.1 1.0 1.0 1.1 1.3 1.3 1.2 1.4 1.4 1.7 .

Não transformados 1.9 0.0 1.7 -0.4 0.7 3.1 3.5 3.3 3.2 3.5 3.9 4.4 .

Produtos industriais 0.1 1.0 3.3 3.2 3.0 3.4 3.7 4.0 3.8 4.0 3.3 2.7 .

Não energéticos 0.9 0.6 0.7 0.5 0.6 0.6 1.0 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 .

Energéticos -2.6 2.4 13.3 13.7 12.3 13.6 13.7 15.5 14.6 15.2 11.3 8.0 .

Serviços 1.9 1.5 1.7 1.6 1.7 1.8 1.8 1.8 1.9 1.8 1.8 2.2 .

Outros indicadores de preços e de custos

Preços da produção industrial 1), 2) -0.7 -0.4 5.4 4.3 5.2 5.8 6.1 6.2 6.6 6.3 5.4 4.8 .

Custos unitários dotrabalho 3) 0.2 1.2 . 0.6 0.5 1.2 . - - - - - -

Produtividade do trabalho 3) 1.2 0.8 . 1.8 1.4 1.0 . - - - - - -

Remuneração por trabalhador 3) 1.4 2.0 . 2.4 2.0 2.3 . - - - - - -

Custos horários totais do trabalho 4) 1.8 2.2 . 3.6 3.8 3.9 . - - - - - -

Preços do petróleo (EUR p/ barril) 5) 12.0 17.1 31.0 26.9 28.8 33.7 34.5 37.2 36.8 37.7 28.8 27.5 29.9

Preços das matérias-primas 6) -12.5 -3.1 18.1 19.9 18.3 18.0 16.4 21.4 23.1 18.2 8.6 3.3 1.9

Quadro 1

Evolução de preços e de custos na área do euro(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

Fontes: Eurostat, dados nacionais, International Petroleum Exchange, HWWA – Institut für Wirtschaftsforschung (Hamburgo) ecálculos do BCE.1) Os valores para Janeiro de 2001 incluem a Grécia, que é também incluída no período de base (ou seja, Janeiro de 2000).2) Excluindo a construção.3) Conjunto da economia.4) Conjunto da economia (excluindo agricultura, administração pública, educação, saúde e outros serviços).5) Brent Blend (com entrega a um mês). Em ECU até Dezembro de 1998.6) Excluindo produtos energéticos. Em euro; em ECU até Dezembro de 1998.

índice Standard and Poor’s 500 e o índiceNikkei 225 observaram uma queda de 12% e14%, respectivamente. Esta evolução reflecte

incerteza relativamente à perspectivas doslucros das empresas, nomeadamente nossectores de alta tecnologia.

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35BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

evidência de alguns efeitos indirectos ascen-dentes desta evolução sobre os preçosinternos no decurso de 2000, os custos inter-nos, tais como os custos unitários do trabalho,registaram apenas uma subida ligeira durante oano.

Subidas dos preços do petróleo reforçadaspor oscilações nas taxas de câmbio

A subida dos preços dos produtos energé-ticos contribuiu, em média, com mais de1 ponto percentual para a inflação global em2000. A taxa de variação homóloga dospreços dos produtos energéticos subiu deforma gradual, de -4.4% em Janeiro de 1999para cerca de 14% de Junho a Novembro de2000, mas caiu para 11.3% em Dezembro de2000 (ver Gráfico 12). Consequentemente, ataxa de variação homóloga da componente

produtos energéticos do IHPC subiu, emmédia, de 2.4% em 1999 para 13.3% em 2000.Estes desenvolvimentos reflectiram as maio-res pressões ascendentes da subida dospreços do petróleo nos mercados interna-cionais, reforçadas pela descida da taxa decâmbio do euro, sobre a componente produ-tos energéticos do IHPC no decurso do ano.De facto, os preços do petróleo subiram de€ 10.3 por barril no primeiro trimestre de1999 para € 23.1 por barril no quartotrimestre de 1999 e posteriormente para€ 34.5 por barril no quarto trimestre de2000.

Para além dos preços dos produtos energé-ticos, os preços dos produtos alimentares nãotransformados contribuíram igualmente parauma subida da taxa de inflação global nodecurso de 2000, embora em muito menorescala. O nível dos preços dos produtos

1996 1997 1998 1999 2000-6

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IHPC totalserviços produtos alimentares não transformadosprodutos alimentares transformadosprodutos industriais não energéticosprodutos energéticos

Gráfico 12

Desagregação da inflação medida pelo IHPC na área do euro por componentes(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

Fonte: Eurostat.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200036

alimentares não transformados subiu deforma significativa na primeira metade de2000, devido a uma recuperação dos preçosda carne e a condições atmosféricas adversas,que tiveram um efeito ascendente maior doque o normal nos preços dos vegetais e dafruta. O impacto correspondente na taxahomóloga foi reforçado por efeitos de baseresultantes da queda dos preços dosprodutos alimentares não transformados emmeados de 1999. Na segunda metade de2000, a taxa de variação homóloga dos preçosdos produtos alimentares não transformadosvoltou a subir, atingindo 3.9% em Dezembrode 2000, o que também reflecte a subida dospreços da carne, resultante dos preços maiselevados dos substitutos da carne de vaca nasequência da recente preocupação em algunspaíses da área do euro no que respeita à BSE.A taxa de variação homóloga dos preços dosprodutos alimentares não transformadossituou-se em 1.7% em média em 2000, face a0.0% em 1999.

Evolução das componentes menos voláteisdo IHPC mantém-se moderada

A taxa de crescimento homóloga média doIHPC excluindo produtos alimentares nãotransformados e produtos energéticos subiuligeiramente de 1.1% em 1999 para 1.2% em2000. Porém, esta subida encobre o facto de ataxa ter caído de 1.3% em Janeiro de 1999para 0.9% em Setembro de 1999, emboratenha subido gradualmente desde essa data,situando-se em 1.5% em Dezembro de 2000.Estes desenvolvimentos deverão ser vistos nocontexto de uma evolução salarial ligeira-mente mais forte, embora ainda moderada, ede uma fraca transmissão das subidas ante-riores aos preços das importações. Tal deve--se, entre outras razões, ao aparecimento gra-dual e desfasado dos efeitos indirectos dealterações nos preços das importações, o queimplica que a trajectória da inflação em 2000foi ainda atenuada pelos efeitos indirectosda descida dos preços do petróleo e dasmatérias-primas até ao início de 1999. Deigual modo, a transmissão dos aumentos dospreços das importações, e em particular dos

preços do petróleo, em 1999 e 2000continuarão a existir durante algum tempoem 2001, apesar de os preços do petróleo seterem moderado e de a taxa de câmbio doeuro se ter apreciado no final de 2000. Amaior concorrência poderá ser outro factor aimpedir uma transmissão mais forte doaumento sustentado dos preços do petróleoem 1999 e 2000.

Em particular, a evolução dos preços dosprodutos industriais não energéticos indicouuma transmissão limitada dos preços dasimportações em 2000. A taxa de variaçãohomóloga dos preços dos produtosindustriais não energéticos permaneceuglobalmente estável em cerca de 0.6% deAbril de 1999 a Agosto de 2000. Contudo,para o final de 2000 a taxa homóloga subiupara 1.1% em Dezembro de 2000, reflectindoem parte a transmissão da subida dos preçosda produção industrial de bens de consumo.Em resultado destes desenvolvimentos, a taxade variação homóloga média desta compo-nente do IHPC subiu de 0.6% em 1999 para0.7% em 2000.

A taxa de crescimento homóloga dos preçosdos produtos alimentares transformadossituou-se em 1.1% em média em 2000, tendosubido ligeiramente face a 0.9% em 1999.A taxa de crescimento desta componentepermaneceu próximo de 1.0% na primeirametade de 2000, antes de subir gradualmente,situando-se em 1.4% em Dezembro de 2000.

Ao longo de 2000, a taxa de variação homó-loga dos preços dos serviços manteve-seglobalmente estável, registando uma médiaanual de cerca de 1.7%, sendo apenas ligeira-mente superior à média de 1.5% em 1999. Ataxa de crescimento estável em 2000 reflectiufactores contraditórios. Por um lado, a evolu-ção salarial geralmente moderada contribuiupara a pequena subida sustentada dos preçosdos serviços. Além do mais, a desregulamen-tação no sector das telecomunicações, junta-mente com a maior concorrência, exercerampressões descendentes nos preços das tele-comunicações (ver Caixa 3, intitulada “Efeitossobre os preços de reformas regulamentares

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37BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Caixa 3

Efeitos sobre os preços de reformas regulamentares nas indústrias de fornecimentode serviços de rede da área do euro

Durante os últimos anos, a UE prosseguiu um programa de reformas regulamentares ambicioso para aintrodução de concorrência nas indústrias de fornecimento de serviços de rede e a criação de um mercadoeuropeu único nestes sectores. Tal deveria resultar numa maior eficiência e em preços mais baixos para osutilizadores. As indústrias de fornecimento de serviços de rede dependem de uma infra-estrutura comcaracterísticas de monopólio natural, como, por exemplo, as redes de distribuição de electricidade, gás e água.Como não é normalmente viável do ponto de vista económico a construção de redes concorrentes, aconcorrência só poderá ser introduzida nestes sectores se um enquadramento regulamentar adequado asseguraro acesso não discriminatório à rede a todos os fornecedores existentes e potenciais. Esta caixa centra-senos efeitos sobre os preços de reformas regulamentares nos sectores das telecomunicações, electricidadee gás durante o período de 1998 a 2000. No final de 2000, as reformas regulamentares noutras indústriasde fornecimento de serviços de rede, tais como os serviços postais e a água, estavam ainda em discussão a nívelda UE.

Houve progressos significativos na liberalização do sector das telecomunicações da área do euro, apesar depermanecerem por resolver, em alguns países, diversas questões práticas, como o acesso ao mercado detelefones local e os subsídios cruzados de serviços pelas empresas nacionais dominantes. Para as indústrias deelectricidade e gás, os calendários para as reformas adoptados pelo Conselho de Ministros prevêem umaabertura gradual do mercado durante um período até dez anos. A Directiva do Mercado da Electricidade de 1996estipulou uma liberalização inicial de 25% do mercado em 1999, aumentando esta proporção paraaproximadamente um terço até 2003. A Directiva do Mercado do Gás de 1998 estipula que os Estados--membros abram um mínimo de 20% do mercado até 2000. Esta percentagem aumentará para 33% até 2008.A Comissão Europeia recolhe regularmente informação sobre os progressos efectuados no que respeitaà aplicação destas Directivas. Com base nesta informação, em 2000 cerca de 56% do mercado de electricidadeda área do euro (incluindo o da Grécia) e cerca de 58% do mercado de gás da área do euro terão sido abertos,excedendo assim claramente os requisitos mínimos para cada país estabelecidos nas Directivas. De acordo comos planos actuais dos Estados-membros, estas percentagens deverão aumentar para 68% (para a electricidade)e 76% (para o gás) até 2003. Contudo, é importante ter em conta que a abertura legal dos mercados dasindústrias de fornecimento de serviços de rede é um pré-requisito necessário, mas não suficiente parao estabelecimento da concorrência nestes mercados. Em particular, um enquadramento regulamentaradequadamente concebido é fundamental para assegurar a concorrência nas indústrias de fornecimento deserviços de rede.

O gráfico abaixo mostra a evolução dos subíndices do IHPC de toda a área do euro para os serviços deelectricidade, telefone e telefax, bem como a evolução dos subíndices mais latos a que pertencem, ou seja,energia e serviços, durante o período de 1998 a 2000. Todos os subíndices apresentados são relativos ao IHPCglobal. Como a liberalização dos mercados europeus de gás teve início apenas recentemente, o subíndice do gásnão foi incluído neste gráfico. Relativamente ao subíndice dos serviços de telefone e de telefax, é notória umaacentuada tendência descendente, em comparação com o índice global, a partir de 1998; o preço no consumidorcaiu 11.7% de Dezembro de 1997 a Dezembro de 2000. O subíndice da electricidade apresenta também umatendência descendente, mas apenas desde 1999. Contudo, o movimento descendente foi interrompido por umaumento dos impostos sobre a energia em alguns países, tendo a subida geral dos preços da energia conduzidotambém a uma ligeira subida dos preços da electricidade no final de 2000. Consequentemente, o índice depreços da electricidade para o conjunto da área do euro caiu apenas 0.5% de Dezembro de 1998 a Dezembro de2000, o que equivaleu a uma queda de cerca de 4.7% em relação ao IHPC global da área do euro. Algumasdescidas dos preços, especialmente no sector da electricidade, foram originadas pela actuação das entidadesreguladoras públicas. Em particular, durante a primeira fase de reforma regulamentar, na qual a concorrênciapode ser ainda limitada ou inexistente, algumas entidades reguladoras tentam ajustar as tarifas ao preço demercado gradualmente através de limites máximos para os preços (“price caps”). A descida conjunta dos preços

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200038

nos sectores das telecomunicações e electricidade reduziu directamente a inflação medida pelo IHPC global daárea do euro em 0.1 pontos percentuais, em média, em 2000.

Dever-se-á ter em consideração que a reforma regulamentar constitui um dos factores que determina a evoluçãodos preços nas indústrias de fornecimento de serviços de rede. Outros elementos importantes incluem oprogresso tecnológico (no caso das telecomunicações), alterações fiscais e variações nos preços do gás e deoutros combustíveis (no caso da electricidade). Não obstante, a tendência recente dos preços nestas indústriassugere que a reforma regulamentar exerceu, de facto, pressões descendentes sobre os preços nestes sectores.

Maiores progressos na aplicação de reformas regulamentares no sector das telecomunicações, juntamente coma criação de mercados únicos europeus de electricidade e de gás com concorrência transfronteiras, deverãooriginar novas quedas dos preços e, nos próximos anos, poderão reduzir as diferenças substanciais de preçosactualmente existentes entre os Estados-membros. A tendência descendente dos preços deverá continuar aolongo do próprio processo de reforma regulamentar e prosseguir até que as indústrias em causa se tenhamajustado ao novo ambiente concorrencial e os consumidores adaptado ao facto de poderem escolher osfornecedores. O momento de ocorrência dos efeitos no período de reforma depende, em larga medida, defactores externos, em particular do enquadramento legal das reformas. No que respeita à inflação no conjuntoda economia da área do euro, é provável que a reforma regulamentar tenha um efeito descendente temporário.Nos sectores da electricidade e do gás, os mercados para as famílias serão os últimos a ser liberalizados. É,assim, possível que uma parte substancial das descidas potenciais dos preços no consumidor nestes doissectores ocorra perto do final do processo de reforma. No entanto, visto não haver qualquer obrigação legal paraque os Estados-membros concedam às famílias o direito à livre escolha dos fornecedores de electricidade e degás, como acontece com os utilizadores industriais, alguns países não prevêem a liberalização deste segmentodo mercado, o que, por seu lado, limitará possivelmente o efeito global sobre os preços no consumidor dareforma regulamentar nestes sectores.

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T41998 1999 2000

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electricidadeprodutos energéticosserviços de telefone e de telefaxserviços

Fonte: Eurostat.

Nível de preços relativo ao IHPC global na área do euro(índice: Dezembro 1997 = 100; dados mensais)

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39BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

nas indústrias de fornecimento de serviços derede da área do euro”). Por outro lado, algunsefeitos indirectos associados a uma subidados preços das importações conduziram apreços mais elevados das subcomponentes detransportes e serviços recreativos.

Preços mais elevados das importaçõesconduziram a um aumento dos preços noprodutor

Em resultado do aumento dos preços dopetróleo e da descida da taxa de câmbio doeuro, a taxa de crescimento homóloga dospreços das importações, medida pelos índicesde valor unitário das importações, foisignificativamente mais elevada em 2000 doque em 1999 (ver Gráfico 13). De acordocom os últimos dados disponíveis, a taxa devariação homóloga dos preços das impor-tações situou-se em 25.5% em Novembro de2000. Estes desenvolvimentos também afecta-ram os preços da produção industrial da áreado euro, que aumentaram fortemente em2000 – a sua taxa de variação homóloga subiude uma média de -0.4% em 1999 para 5.4%em 2000, sobretudo devido a um aumentodos preços dos bens intermédios reflectindosubidas nos preços do petróleo. No entanto,os preços no produtor de bens de consumocontribuíram também, ainda que em menorescala, com uma taxa de crescimento homó-

loga que subiu de 0.2%, em média, em 1999,para 1.5% em 2000.

Evolução salarial permaneceu moderada

O resultado geral da negociação salarial naárea do euro em 2000 foi a concessão deaumentos em geral moderados. Subjacentes aeste resultado global, diversos factores exer-ceram uma influência atenuante na negociaçãosalarial, tais como políticas de emprego eacordos relativos aos horários de trabalho eredução nos impostos e nas contribuiçõespara a segurança social em diversos países, queos parceiros sociais levaram em conta nasnegociações.Além disso, o padrão dos aumen-tos salariais em cada Estado-membro da áreado euro tendeu a reflectir a situação cíclica daeconomia nacional na altura em que os acor-dos foram assinados. Em particular, em algunspaíses os salários negociados registaram umacerta tendência ascendente devido ao robustocrescimento económico, taxas de inflaçãotemporariamente mais elevadas e, nalgunscasos, sinais de restritividade dos mercadosde trabalho.

No decurso de 2000, o crescimento salarialobservado manteve-se geralmente moderado.Contudo, embora o crescimento da remune-ração por trabalhador se tenha situado em2.2% em média nos três primeiros trimestres

1996 1997 1998 1999 2000-3-2-101234567

-12-8-40481216202428

IHPC global (escala da esquerda)preços da produção industrial (escala da esquerda) 1)

índice de valor unitário das importações (escala da direita) 2)

Gráfico 13

Preços no consumidor, no produtor e das importações na área do euro(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Excluindo a construção.2) Os índices de valor unitário referem-se a transacções entre a área do euro e o resto do mundo; os cálculos baseiam-se em médias

móveis de três meses centradas.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200040

de 2000, ou seja, 0.2 pontos percentuais acimado valor de 1999, o crescimento dos custoshorários totais do trabalho aumentou para3.8% em média nos três primeiros trimestresde 2000, face a 2.2% em 1999. Durante 2000,os custos horários totais do trabalho foraminfluenciados por diversos desenvolvimentosespecíficos, tais como pagamentos pontuaisno primeiro trimestre do ano em diversosEstados-membros de grande dimensão, ealterações nos enquadramentos legaisnacionais, em particular a redução do horáriode trabalho em França.Além do mais, factoresespeciais poderão ter também contribuídopara a diferença entre o crescimento daremuneração por trabalhador e os custoshorários totais do trabalho. Por exemplo, naAlemanha e nos Países Baixos houve menosdias de trabalho em 2000 do que em 1999.Este efeito de calendário teve um impactoascendente temporário no aumento doscustos horários do trabalho em 2000.

Embora o crescimento salarial subjacentetenha permanecido moderado, o crescimentodos custos unitários do trabalho diminuiupara 0.8% em média nos três primeirostrimestres de 2000, face a 1.2% em média em1999. Esta descida reflectiu principalmenteuma recuperação cíclica da produtividadepara 1.4% em média nos três primeirostrimestres de 2000, face a 0.8% em 1999.

Alargamento dos diferenciais de inflaçãoentre países da área do euro

As economias da área do euro registaram umgrau considerável de convergência das taxasde inflação ao longo da última década. Noentanto, a dispersão da inflação nos países daárea do euro – como indicado por algumasmedidas normalmente utilizadas, como osdiferenciais entre as observações maiselevadas e mais baixas e os desvios-padrão –terá aumentado desde meados de 1997,mantendo-se relativamente elevada em 2000.

Os maiores diferenciais da inflação, medidapelo IHPC, entre os países surgiram emgrupos de produtos tais como os produtos

energéticos, os serviços e os produtos alimen-tares transformados, podendo ser explicadosda seguinte forma. Primeiro, no que respeita àinflação medida pelos preços dos produtosenergéticos, o facto de a divergência apre-sentar uma clara tendência ascendente terásido causado pelo aumento acentuado dospreços do petróleo e pela descida da taxade câmbio do euro até Novembro de 2000,num contexto de diferentes pesos destacomponente, percentagens de impostos deconsumo sobre os preços finais dos produtosenergéticos e estruturas comerciais nos paísesda área do euro. Segundo, a maior dispersãorelativamente à taxa de crescimento dospreços dos serviços em 2000 pode prender-secom as crescentes diferenças na evolução doscustos unitários do trabalho, em parte devidoa diferenças nos aumentos salariais e nasposições cíclicas nacionais. De certa forma,isto também reflecte os efeitos sobre ospreços do progresso desigual das reformasregulamentares nos mercados de trabalho enas indústrias de fornecimento de serviços derede (telecomunicações e serviços básicos),bem como da aproximação dos padrões devida de certos países da área do euro face aosrestantes. Além do mais, os preços maiselevados do petróleo poderão ter sidotransmitidos em graus diversos aos preçosdos serviços de transporte. Terceiro, a maiordispersão nos aumentos dos preços dosprodutos alimentares transformados em 2000deve-se, em parte, a aumentos nas taxas dosimpostos indirectos num Estado-membro. Porúltimo, várias alterações nos preços admi-nistrados a nível nacional terão igualmenteconduzido a um alargamento dos diferenciaisde inflação no ano passado.

As medidas de dispersão apontam tambémpara diferenças relativamente grandes nosaumentos dos preços dos produtos alimen-tares não transformados, devido à tradicionalvulnerabilidade desta componente a choquesrelacionados com as condições meteorológi-cas e a padrões sazonais, apesar de não existiruma tendência clara na dispersão. Pelocontrário, a evolução dos produtos industriaisnão energéticos foi caracterizada por diferen-ciais baixos e estáveis de aumento dos preços

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Forte crescimento do PIB no conjunto doano 2000, mas algum abrandamento nosegundo semestre

A actividade económica na área do eurocomeçou a recuperar no segundo semestre de1999, no seguimento de um abrandamentorelacionado com a crise dos mercadosemergentes, e o crescimento da área do eurocontinuou elevado em 2000.Apesar de factoresdesfavoráveis, como a prolongada e acentuadasubida dos preços do petróleo, parecerem teratenuado um pouco o crescimento no segundosemestre de 2000, a subida do PIB para oano no seu conjunto foi a mais elevada desde1990.

De acordo com o Eurostat, o PIB em termosreais registou uma subida média de 3.4% em2000, no seguimento de uma taxa de cresci-mento de 2.5% em 1999 (ver Quadro 2). Noentanto, a actividade abrandou, passando deuma taxa de crescimento média trimestral emcadeia de cerca de 1% no segundo semestrede 1999 para um crescimento médiotrimestral em cadeia de 0.8% no primeirosemestre de 2000 e de 0.6% no segundosemestre do ano. O crescimento homólogosubiu para 3.7% no segundo trimestre de2000 e desceu a partir daí para 3.0% noúltimo trimestre de 2000. A Caixa 4 analisaas principais características do crescimentodo PIB da área do euro nos últimos anos.

Crescimento do PIB em termos reaisapoiado na procura interna

Tal como em 1999, o forte crescimento daprocura interna deu o contributo mais impor-tante para o crescimento do PIB em 2000 (verGráfico 14). Para o conjunto do ano, o contri-buto da procura interna situou-se em

2.7 pontos percentuais, o que compara com3.0 pontos percentuais em 1999.

Durante o ano, o crescimento da procurainterna permaneceu robusto. No entanto,o crescimento do consumo privado e, emmenor escala, do investimento, apesar deelevado no conjunto do ano, desceu nosegundo semestre de 2000. A variação deexistências deu um contributo positivo para ocrescimento da procura interna na parte finaldo ano.

Em 2000, o crescimento do consumo privadopermaneceu forte pelo terceiro ano conse-cutivo, 2.6%, no seguimento de 2.8% em 1999.O elevado crescimento do emprego contri-buiu para aumentos do rendimento e parasustentar a confiança dos consumidores.

41BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

nos países da área do euro, o que parecereflectir o efeito da concorrência no sectordos bens transaccionáveis, especialmente no

contexto de um Mercado Único com umamoeda única.

4 Evolução do produto, da procura e do mercado de trabalho

1999 2000-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

procura internaexportações líquidasPIB em termos reais 1)

Gráfico 14

Contribuições para o crescimentotrimestral do PIB em termos reais naárea do euro(contribuições trimestrais em pontos percentuais; corrigidas desazonalidade)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Variação em percentagem face ao trimestre anterior.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200042

Caixa 4

Principais características do crescimento do PIB da área do euro nos últimos anos

Apesar de a taxa de crescimento média do PIB da área do euro no período de cinco anos de 1992 a 1997 ter sido

de 1.5%, o PIB subiu fortemente nos últimos anos, ou seja, 2.9% em média durante o período de 1998 a 2000

(ver o quadro abaixo). Nos últimos três anos, o crescimento homólogo do PIB variou entre um mínimo de 1.9%

no primeiro trimestre de 1999 e um máximo de 3.7% no segundo trimestre de 2000. As variações substanciais

do contributo do comércio líquido para o crescimento do PIB foram em larga medida responsáveis pelas

flutuações da taxa de crescimento do PIB, enquanto o crescimento da procura interna permaneceu praticamente

estável durante os três anos, o que constituiu um factor-chave para o fortalecimento do crescimento do PIB da

área do euro durante este período.

Desde 1998, o crescimento anual da procura interna tem sido de 3.1% por ano, em média, depois de se ter mos-

trado relativamente moderado nos primeiros anos da década de 90, crescendo a uma média anual de apenas

1.1% entre 1992 e 1997. A procura interna foi fomentada por um crescimento forte e sustentado do consumo

privado nos últimos três anos, de 2.8% ao ano em média, um nível muito mais elevado do que a média de 1.2%

registada entre 1992 e 1997. O forte crescimento do emprego apoiou a confiança dos consumidores e contribuiu

para o crescimento do rendimento disponível das famílias. A recuperação do crescimento no final de 1997 foi

acompanhada por uma subida da taxa de crescimento do emprego, a qual foi amplamente sustentada a níveis

elevados durante o período de 1998 a 2000. Para além do forte crescimento da actividade, os moderados

aumentos salariais durante este período contribuíram para a manutenção de um ritmo robusto de criação de

emprego, em especial no sector dos serviços. Ao aumentar a transparência dos preços e eliminar os movimentos

Quadro 2

Composição do crescimento do PIB em termos reais na área do euro(variações em percentagem, salvo indicação em contrário; corrigidas de sazonalidade)

Taxas homólogas1) Taxas trimestrais2)

1998 1999 2000 1999 2000 2000 2000 2000 1999 2000 2000 2000 2000

T4 T1 T2 T3 T4 T4 T1 T2 T3 T4

PIB em termos reais 2.8 2.5 3.4 3.3 3.5 3.7 3.2 3.0 1.0 0.9 0.8 0.5 0.7

do qual:

Procura interna 3.4 3.1 2.8 2.9 2.6 3.2 2.8 2.5 0.8 0.6 0.8 0.4 0.6

Consumo privado 3.1 2.8 2.6 2.7 2.6 3.1 2.4 2.1 0.7 0.8 0.8 0.2 0.3

Consumo público 1.0 1.6 1.6 1.6 1.7 1.8 1.4 1.6 0.4 0.6 0.3 0.1 0.6

Formação bruta de capital fixo 4.8 5.3 4.6 5.5 5.7 4.9 4.0 3.9 0.6 1.8 0.6 1.1 0.4

Variações de existências 3), 4) 0.4 -0.0 -0.0 -0.1 -0.5 -0.0 0.2 0.1 0.2 -0.3 0.2 0.1 0.2

Exportações líquidas 3) -0.5 -0.5 0.6 0.4 0.9 0.6 0.5 0.5 0.1 0.3 -0.1 0.1 0.1

Exportações 5) 7.0 4.7 11.7 10.0 12.8 11.4 11.2 11.6 3.0 3.0 2.0 2.8 3.3

Importações 5) 9.5 6.7 10.4 9.1 10.5 10.1 10.2 10.7 2.7 2.2 2.3 2.6 3.2

Valor acrescentado brutoem termos reais:

Agricultura e pescas 6) 1.8 2.5 1.5 3.9 2.7 1.0 1.5 0.8 0.5 0.1 -0.9 1.7 -0.1

Indústria 1.9 1.6 3.6 3.3 4.2 3.9 3.4 3.0 0.7 1.5 0.5 0.7 0.3

Serviços 3.2 2.7 3.4 2.8 3.2 3.4 3.3 3.5 0.8 1.1 0.7 0.7 0.9

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Taxas homólogas: variação em percentagem face ao período homólogo do ano anterior.2) Taxas trimestrais: variação em percentagem face ao trimestre anterior.3) Como contribuição para o crescimento do PIB em termos reais; em pontos percentuais.4) Incluindo aquisições líquidas de cessões de objectos de valor. 5) As exportações e as importações cobrem os bens e serviços e incluem o comércio intra-área do euro. O comércio intra-área do euro

não se compensa completamente relativamente aos valores de importação e exportação utilizados nas contas nacionais.Consequentemente, estes dados não são totalmente comparáveis aos da balança de pagamentos.

6) Inclui também caça e silvicultura.

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43BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

cambiais entre Estados-membros, a União Monetária pode ter chamado a atenção das entidades patronais e dos

empregados para a importância da manutenção da competitividade através da moderação dos aumentos salariais.

A formação bruta de capital fixo contribuiu também para o fortalecimento da procura interna, tendo aumentado

cerca de 5% ao ano no período de 1998 a 2000, enquanto no período entre 1992 e 1997 aumentou a taxas

reduzidas (descendo mesmo fortemente em 1993). Os projectos de investimento foram encorajados pelas

empresas com necessidade de modernizar o equipamento, após vários anos de limitado crescimento do

investimento. Além disso, condições favoráveis de procura e de financiamento favoreceram a despesa em

investimento. Mais, a confiança dos investidores no crescimento robusto prolongado beneficiou do

compromisso a longo prazo das autoridades monetárias de manutenção da estabilidade de preços e das

autoridades orçamentais em assegurar a sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas no âmbito do Pacto

de Estabilidade e Crescimento. Finalmente, o desenvolvimento e integração em curso dos mercados de capital

na área do euro melhorou o acesso a fundos pelos investidores.

Em contraste com o crescimento praticamente estável da procura interna, o padrão do comércio líquido de bens

e serviços foi mais variado nos últimos três anos, conduzindo a variações no crescimento do PIB. O contributo

do comércio líquido de bens e serviços para o crescimento homólogo do PIB foi negativo em 1998 e início de

1999; passou a positivo no decurso de 1999 e continuou a ter um impacto positivo sobre o crescimento do PIB

em 2000, apesar de ter descido no decurso do ano passado. Diferentes factores estiveram subjacentes à descida

do contributo das exportações líquidas para o crescimento do PIB em 1998 e no início de 1999, por um lado, e no

decurso de 2000, por outro. Relativamente ao primeiro destes períodos, a crise dos mercados emergentes e o

subsequente abrandamento geral do crescimento do comércio mundial tiveram um impacto negativo sobre os

volumes das exportações de bens e serviços da área do euro. Os dados do Eurostat sobre os volumes do comércio

de bens mostram apenas que o abrandamento no comércio de bens na área do euro foi muito menos pronunciado

e mais breve do que o do comércio com países fora da área do euro, em linha com o crescimento sustentado da

procura interna. Em termos de volume, o crescimento das exportações de bens e serviços (incluindo o comércio

intra-área do euro) desceu de 12% em termos homólogos no primeiro trimestre de 1998 para 0.6% no primeiro

trimestre de 1999. As importações também abrandaram durante este período, mas em menor escala (passando de

um crescimento de 12.5% em termos homólogos no primeiro trimestre de 1998 para 4.5% no primeiro trimestre

de 1999). Em contraste, em 2000, as taxas de crescimento dos volumes das importações e das exportações de bens

e serviços (incluindo o comércio intra-área do euro) aumentaram fortemente e a respectiva taxa de crescimento

tem-se mantido geralmente sustentada desde meados de 1999. Deste modo, no final de 2000, as taxas de

crescimento homólogas dos volumes de exportações e importações situaram-se acima de 10%. O elevado

crescimento da actividade interna estimulou a procura de importações em 2000. Consequentemente, em contraste

com a evolução em 1998 e início de 1999, o reforço das importações, e não o enfraquecimento das exportações,

1992–97 1998 1999 2000

Crescimento médio dePIB 1.5 2.8 2.5 3.4Procura interna 1.1 3.4 3.1 2.8Exportações 5.8 7.0 4.7 11.7Importações 4.4 9.5 6.7 10.4

Contribuição para o crescimento do PIBProcura interna 1.0 3.3 3.0 2.7Comércio líquido 0.5 -0.5 -0.5 0.6

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.

Contribuição da procura interna e do comércio líquido para o crescimento do PIB na áreado euro

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200044

esteve na origem da descida do contributo do comércio líquido para o crescimento do PIB. A este respeito, a

evolução das importações em 2000 é uma indicação suplementar do reforço da procura final, especialmente das

exportações e do investimento, sendo este último favorável ao crescimento do PIB a médio prazo.

Em geral, o reforço da procura interna foi a característica dominante dos últimos anos. O estabelecimento da

União Monetária pode ter aumentado a moderação salarial, contribuindo assim para favorecer as condições para

um crescimento elevado e sustentável da actividade interna. Além disso, tal como demostra a evolução em 2000,

uma descida do contributo do comércio líquido para crescimento do PIB pode ser o resultado dos elevados

volumes de importações induzidos por uma forte actividade económica interna e não do fraco crescimento das

exportações.

O rendimento dos trabalhadores por contraprópria poderá ter beneficiado do elevadonível da actividade económica. Além disso, asreduções nos impostos directos tiveram umimpacto positivo no crescimento do rendi-mento disponível das famílias em 2000. Noentanto, apesar destes factores positivos, ocrescimento do consumo privado registouuma significativa queda, em termos trimestraisem cadeia no segundo semestre de 2000, para0.2% em média, o que compara com 0.8% noprimeiro semestre do ano. O crescimentomais reduzido do consumo privado pode emparte ser explicado pelas perdas no rendi-mento real relacionadas com a subida dospreços do petróleo.

No entanto, outros indicadores apontam paraalguma resistência do crescimento doconsumo privado à subida dos preços dopetróleo. Em primeiro lugar, a confiança dosconsumidores manteve-se elevada no final doano passado. De acordo com o Inquérito daComissão Europeia aos Consumidores, aconfiança dos consumidores atingiu um pontomáximo histórico em Agosto de 2000. Desceuligeiramente no Outono, mas permaneceupróximo dos níveis históricos no final do ano.Em segundo lugar, as vendas a retalho de bensde equipamento das famílias foram robustasdurante a maior parte do ano. Estas vendasterão sido as mais fortemente atingidas pelasperdas do rendimento real na sequência dasubida dos preços do petróleo, já queimplicam elevadas despesas que frequen-temente podem ser adiadas.As novas subidasdas vendas dessas rubricas importantes sãocompatíveis com uma avaliação optimista dasfamílias da evolução futura.

Relativamente ao consumo público, o cresci-mento em 2000 situou-se em 1.6%, em linhacom a taxa de crescimento média de 1.5%verificada na década de 90.

Para o conjunto de 2000 a formação decapital aumentou 4.6%, o que compara com5.3% em 1999. Na sequência de três anos derobusto crescimento da formação bruta decapital fixo, o respectivo rácio em relação aoPIB subiu de um ponto baixo de 20.1% em1997 para cerca de 21.5% no ano passado. Oelevado crescimento da formação bruta decapital fixo manteve-se ao longo de 2000,apesar do agravamento dos termos de troca,os quais tenderam a diminuir o crescimentodas margens de lucro. O crescimento daformação de capital foi encorajado pela forteactividade dentro e fora da área do euro. Deacordo com o Inquérito às Empresas daComissão Europeia, a confiança no sector daindústria transformadora cresceu firme-mente, atingindo um máximo histórico emJunho de 2000. Desceu a partir dessa data,mas permaneceu em níveis elevados. Osprojectos de investimento foram encorajadospelas condições relativamente restritivas dacapacidade produtiva. As taxas de utilizaçãoda capacidade produtiva no sector daindústria transformadora aumentaram con-tinuamente durante o ano e no final de 2000estavam apenas ligeiramente abaixo dosmáximos atingidos no final da década de 80.Além disso, a elevada rendibilidade alcançadanos últimos anos, em conjunto com condi-ções de financiamento favoráveis, assegurouàs empresas os recursos financeiros parainvestir. Um outro factor que terá contribuídopara aumentar a despesa total em capital

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45BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

novo na área do euro foi a utilização maisintensiva de equipamento informático e decomunicações. Finalmente, os dados dispo-níveis sobre a divergência entre investimentoem habitação e empresarial sugerem que ofortalecimento do investimento no anopassado terá tido origem sobretudo noelevado crescimento da componentemáquinas e equipamentos.

Para o conjunto de 2000, o contributo davariação de existências para o crescimentodo PIB foi zero. É necessária precaução nainterpretação dos dados sobre existências,objecto de significativas revisões no passado.O contributo da variação de existências foirelativamente elevado no final de 2000,compensando desse modo parcialmente oabrandamento da procura interna final. Deacordo com Inquérito às Empresas daComissão Europeia, os níveis de existênciasno sector industrial foram relativamentebaixos em 2000, apesar de terem aumentadodurante o ano.

Aumento significativo do comércio de bense serviços da área do euro

Os volumes de exportações e de importa-ções de bens e serviços – incluindo o comér-cio intra-área do euro – aumentaram muitorapidamente no ano passado. No conjunto de2000, o contributo das exportações líquidaspara o crescimento do PIB foi positivo, 0.6pontos percentuais, tendo sido negativo em1999, -0.5 pontos percentuais.

No entanto, os valores anuais ocultam umadescida gradual do contributo do comérciolíquido para o crescimento do PIB no decursode 2000, com a taxa de crescimento emvolume das importações a aproximar-se dataxa correspondente para as exportações.Consequentemente, a partir do segundotrimestre de 2000, o comércio líquido tendeua contribuir menos para o crescimento doPIB.

Actividade do sector dos serviços apoiadapelo forte crescimento da procura interna

Os dados sobre o valor acrescentado porprincipal sector de actividade foram compi-lados pelo BCE e publicados pela primeira vezno número de Maio de 2000 do BoletimMensal. Estes dados proporcionam informa-ção útil para análise da evolução económica anível sectorial, nomeadamente no sector dosserviços. Em Janeiro de 2001, o Eurostatpublicou pela primeira vez estimativas dovalor acrescentado por principal sector deactividade.

O crescimento do valor acrescentado brutoem termos reais no sector dos serviços foiforte em 2000, situando-se em 3.4%, o quecompara com 2.7% em 1999. No sector dosserviços, os serviços de mercado (que incluemcomércio a retalho e por grosso, serviçosfinanceiros e imobiliários, e serviços de trans-porte e telecomunicações) registou as taxasde crescimento mais rápidas, cerca de 4.5%em termos homólogos em 2000, enquanto ataxa de crescimento da administração públicae dos serviços sociais se situou em cerca de1%.A melhoria da actividade no mercado dosserviços ficou a dever-se principalmente àrecuperação do sector industrial, quebeneficiou sectores como os serviços detransporte e financeiros. O forte consumoprivado no ano passado terá tambémfomentado o crescimento da prestação deserviços às famílias. O forte crescimento dosserviços, que representam cerca de doisterços do valor acrescentado na área doeuro, foi um factor essencial ao elevadocrescimento económico alcançado no anopassado.

Produção industrial recuperou em 2000

Tal como nos últimos anos, o crescimento daactividade industrial foi significativamenteafectado pela evolução externa no ano pas-sado: recuperou fortemente no primeirosemestre de 2000, com o aumento do cresci-mento económico mundial. Além disso, acompetitividade dos exportadores da área do

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200046

euro beneficiou dos aumentos moderadosdos salários e dos preços internos e dadepreciação do euro durante 2000. Noentanto, no segundo semestre de 2000, aactividade económica global não aceleroumais, deixando, assim, de impulsionar ocrescimento da produção industrial da áreado euro, atenuado ainda pela prolongadasubida dos preços do petróleo.

Como o comércio e a actividade internarecuperaram no decurso de 1999, o cresci-mento da produção industrial subiu a níveiselevados no segundo semestre de 1999 e noprimeiro semestre de 2000. O crescimentohomólogo da produção industrial excluindo aconstrução registou um aumento acentuadono primeiro semestre de 2000, subindo para8.2% em Maio de 2000. Começou a descer apartir daí, seguindo assim o padrão daconfiança industrial evidenciado pelo Inqué-rito às Empresas da Comissão Europeia. Aacentuada subida da taxa de crescimento daprodução industrial em Dezembro de 2000poderá ter tido origem, pelo menos parcial-mente, nos efeitos favoráveis dos dias úteis.Para o conjunto de 2000, a produção industrialsubiu 5.4%, a taxa de crescimento mais rápidadesde 1985, o primeiro ano para o qualestiveram disponíveis dados oficiais da áreado euro para a produção industrial (verQuadro 3).

Dado o nível relativamente elevado deconsumo de energia pelo sector industrialpor comparação com o sector dos serviçosem geral, a produção industrial poderá tersido afectada mais significativamente pelamarcada subida dos preços da energia em2000. No que respeita ao impacto dadepreciação do euro, as consequênciasnegativas dos elevados custos dos factorespoderão ter sido pelo menos parcialmentecompensadas pela melhoria da competitivi-dade para os exportadores de bens transfor-mados. A medida em que estes dois efeitosopostos se equilibram varia entre os sectoresindustriais e depende da percentagem debens importados nos respectivos factores deprodução e da proporção da respectiva pro-dução exportada para fora da área do euro.

Na indústria, o abrandamento durante osegundo semestre de 2000 foi principalmenteacentuado no sector de bens intermédios. Noconjunto de 2000, a produção neste sectorsubiu 5.2%, no seguimento de 2.3% em 1999.O crescimento homólogo subiu para 8.9%em Maio de 2000, mas desceu de seguida.A procura dos bens intermédios parece tersido sustentada, face ao forte crescimento daprodução de bens de investimento, mas oselevados preços do petróleo contribuírampara o abrandamento posterior. O cresci-mento da produção de bens de investimento

Quadro 3

Produção industrial na área do euro(variações em percentagem)

Taxas homólogas1) Taxas trimestrais2)

1998 1999 2000 1999 2000 2000 2000 2000 1999 2000 2000 2000 2000

T4 T1 T2 T3 T4 T4 T1 T2 T3 T4

Total da indústria excl. construção 4,3 1,9 5,4 4,3 4,8 6,0 5,7 5,2 1,7 0,5 2,1 1,0 1,8

Indústria transformadora 4,7 1,9 5,8 4,8 5,0 6,3 6,1 5,8 1,2 1,0 1,8 1,8 1,4

por princ. categorias industriais:

Bens intermédios 4,0 2,3 5,2 5,6 5,6 6,2 5,0 4,2 1,5 0,8 1,4 0,9 1,5

Bens de investimento 6,6 1,5 9,2 2,8 6,9 8,7 10,1 10,9 1,6 2,3 2,8 2,9 3,4

Bens de consumo 2,7 1,8 2,6 3,9 1,3 3,8 3,0 2,3 1,0 -2,1 2,7 0,9 1,4

Duradouros 6,3 3,1 7,1 5,7 7,6 8,3 7,3 5,3 1,8 1,7 1,8 1,3 1,8

Não duradouros 2,0 1,5 1,7 3,5 0,0 2,9 2,1 1,7 0,9 -2,9 2,9 0,8 1,4

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Taxas homólogas: variação em percentagem face ao período homólogo do ano anterior, utilizando dados corrigidos da variação do

número de dias úteis.2) Taxas trimestrais: variação em percentagem face ao trimestre anterior, utilizando dados corrigidos de sazonalidade e de dias úteis.

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47BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

permaneceu particularmente forte em 9.2%em 2000, a taxa mais elevada durante pelomenos uma década.Apesar de se ter registadotaxas de crescimento similares no passado,nunca foram sustentadas por um períodotão longo. O crescimento da produção debens de investimento também permaneceusustentado durante o ano, apoiado pelo forteinvestimento na área do euro. Em particular, aprodução de bens electrónicos, informáticose de comunicações aumentou cerca de20% em 2000. O crescimento da produçãode bens de consumo duradouros foi tambémforte em 2000, situando-se em 7.1%, após3.1% em 1999, consistente com as vendas aretalho robustas de bens de equipamentodas famílias.

No sector da construção, o crescimentomoderou-se ligeiramente, à medida que oefeito dos incentivos fiscais, que tinhamestimulado a actividade em 1999, começou adesvanecer-se. O valor acrescentado registouum aumento de 1.3% em 2000, na sequênciade 1.9% em 1999. Finalmente, o valor acres-centado na agricultura e pescas registou umasubida de 1.5% em 2000, o que compara com2.5% em 1999.

Crescimento sustentado do empregoem 2000

Com base nos dados nacionais disponíveis,estima-se que o emprego no conjunto da áreado euro tenha aumentado a um ritmoligeiramente mais rápido em 2000 do que em1999, ou seja, 2.0% em comparação com 1.7%.A recuperação da actividade económica apartir do início de 1999 estimulou a criaçãolíquida de emprego ao longo da segundametade de 1999 e em 2000, conduzindo aosmaiores aumentos do emprego na área doeuro desde o início da década de 90. Ocrescimento do emprego em 2000 foitambém sustentado pela continuação damoderação salarial e por novas políticas parao mercado de trabalho. Convém no entantonotar que no Verão de 2000 houve umarevisão significativa de toda a série de dadossobre o emprego na Alemanha. Consequen-temente, o crescimento do emprego da áreado euro foi revisto para cima, em particularno período desde 1996.

Um maior crescimento do emprego foiobservado nos dois principais sectores daeconomia (ver Quadro 4), tendo seguido de

Quadro 4

Evolução do mercado de trabalho na área do euro(taxas de variação homólogas (%) e percentagens)

1998 1999 2000 1998 1998 1999 1999 1999 1999 2000 2000 2000 2000

T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4

População activa 0.8 0.8 . 0.8 0.7 0.9 0.7 0.8 0.8 1.0 1.1 1.0 .

Emprego 1.6 1.7 . 1.7 1.9 1.8 1.5 1.7 1.7 1.9 2.2 2.0 .

Agricultura 1) -1.1 -2.8 . -1.4 -2.2 -3.6 -2.6 -2.7 -2.4 -1.1 -1.2 -1.1 .

Indústria 2) 0.7 0.5 . 0.9 0.8 0.6 0.4 0.3 0.6 0.8 0.9 1.0 .

– excl. construção 1.2 0.3 . 1.3 0.9 0.9 -0.1 0.0 0.3 0.2 0.9 1.0 .

– construção 0.2 0.8 . -0.1 0.8 -0.3 1.3 1.0 1.2 2.6 1.3 1.3 .

Serviços 3) 2.1 2.5 . 2.3 2.7 2.7 2.4 2.6 2.4 2.6 2.9 2.7 .

Taxas de desemprego 4)

Total 10.9 9.9 9.0 10.8 10.6 10.3 10.1 9.9 9.6 9.4 9.1 8.9 8.7

Idade < a 25 anos 21.3 19.1 17.3 21.1 20.8 20.1 19.3 18.9 18.2 18.0 17.4 17.1 16.7

Idade ≥ a 25 anos 9.4 8.7 7.9 9.3 9.1 8.9 8.8 8.6 8.4 8.2 7.9 7.8 7.6

Fontes: Dados nacionais e cálculos do BCE para os dados relativos à população activa; Eurostat para os dados relativos ao empregoe ao desemprego.1) Inclui também pescas, caça e silvicultura.2) Inclui indústria transformadora, mineira, extractiva, construção e fornecimento de electricidade, gás e água.3) Inclui órgãos e organizações extraterritoriais.4) Percentagem da população activa em conformidade com recomendações da OIT.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200048

perto o padrão de crescimento sectorial acimadescrito. Com taxas de crescimento homólo-gas superiores a 2.6% nos três primeirostrimestres do ano, o sector dos serviçoscontinuou a ser claramente o principalimpulsionador para a criação de emprego em2000, incentivado pelo crescimento susten-tado da procura interna. O crescimento doemprego no sector industrial registou tambémuma evolução mais positiva em 2000. De facto,após um ligeiro aumento em 1999, o cresci-mento do emprego no total da indústriarecuperou nos três primeiros trimestres de2000, o que se deveu, em larga medida, aum forte contributo positivo do sector daconstrução no primeiro trimestre do ano,enquanto no segundo e terceiro trimestres ocrescimento do emprego melhorou de formasignificativa no sector transformador. Pelocontrário, a queda na criação de emprego nosector da agricultura continuou em 2000, aindaque a um ritmo significativamente mais lentodo que nos últimos anos.

Ritmo de descida do desemprego manteve-se, em geral, em 2000

A descida gradual do desemprego da área doeuro, que teve início em Julho de 1997, con-tinuou em 2000 a um ritmo globalmente seme-lhante ao de 1999 (ver Gráfico 15).A Caixa 5analisa a descida do desemprego numaperspectiva de mais longo prazo. A taxa dedesemprego harmonizada caiu para 8.7% nofinal de 2000, em comparação com 9.6% emDezembro de 1999. Na primeira metade de2000 a descida foi acentuada, tendo a taxa dedesemprego caído aproximadamente 0.1 pon-tos percentuais todos os meses. Na segundametade do ano, a descida do desempregoabrandou.Em geral,em 2000,pelo segundo anoconsecutivo o número de desempregados naárea do euro caiu em média, mais de 1 milhão.No final de 2000, havia cerca de 11.4 milhõesde desempregados na área do euro.

A descida do desemprego foi acompanhadapor um aumento acentuado da populaçãoactiva. Estima-se que o crescimento da popu-lação activa tenha aumentado ligeiramente, de0.8% em 1999 para aproximadamente 1% em2000. Este aumento pode dever-se, pelomenos em parte, à recuperação económicaque, ao aumentar a probabilidade de encon-trar emprego, dá um maior incentivo à parti-cipação no mercado de trabalho, estandotambém relacionado com uma mudança nacomposição da população, com um aumentodo peso relativo dos grupos de idade inter-média, cuja taxa de participação é geralmentesuperior à dos outros grupos.

A desagregação por grupo etário mostra queo desemprego dos jovens, apesar de corres-ponder ainda ao dobro da taxa de desempregototal, em termos globais, em 2000, diminuiu de18.0% em Dezembro de 1999 para 16.6% emDezembro de 2000. Esta diminuição foi, nãoobstante, ligeiramente menor do que em1999, quando o desemprego dos jovens caiumais de 340 000, em comparação com 311 000em 2000, o que pode indicar uma subida conti-nuada da taxa de participação deste grupoetário. Contudo, cerca de um quarto dadescida total do desemprego continuou a ser

% da população activa (escala da direita)

variação homóloga em milhões (escala da esquerda)

1994 1996 1998 2000-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

8.5

9.0

9.5

10.0

10.5

11.0

11.5

12.0

Gráfico 15

Desemprego na área do euro(dados mensais; corrigidos de sazonalidade)

Fonte: Eurostat.

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49BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Caixa 5

Descida do desemprego numa perspectiva de mais longo prazo

Desde Junho de 1997, a taxa de desemprego da área do euro caiu 2.9 pontos percentuais, ou seja, a uma taxa

média de cerca de 0.2 pontos percentuais por trimestre, situando-se em 8.7% em Dezembro de 2000, o que

corresponde a 11.4 milhões de desempregados. Tal reflecte a recuperação económica, juntamente com a

evolução salarial moderada sustentada e, ainda, o efeito das reformas do mercado de trabalho da área do euro.

A descida desde 1997 foi, de longe, a mais forte e mais sustentada desde a observada no final da década de 80,

no seguimento de um período em que a taxa de desemprego se manteve em níveis bastante elevados entre o

início de 1994 e meados de 1997, depois de ter subido de forma acentuada de um valor mínimo de 7.8% em

meados de 1990 para um máximo de 11.7% no início de 1994. Em termos absolutos, o desemprego desceu cerca

de 3.5 milhões desde Junho de 1997, anulando dois terços do acentuado aumento registado entre meados de

1990 e Junho de 1997. Esta caixa analisa de forma mais pormenorizada a descida do desemprego na área do euro

desde 1997, destacando em particular a idade, o sexo, as qualificações e os padrões de duração.

Forte crescimento do emprego responsável em larga medida pela descida do desemprego

A descida do desemprego teve origem no crescimento robusto do emprego. O emprego total tem vindo a crescer

a uma taxa homóloga média de 1.8% desde meados de 1997, o que compara com uma descida de 0.2% entre

meados de 1990 e meados de 1997. Isto corresponde a um aumento de cerca de 7 milhões, enquanto, em termos

comparativos, no início da década de 90, o emprego registou uma queda superior a 1 milhão. Convém notar que

a descida do desemprego teve lugar no contexto de um crescimento notável da população activa. Foi sobretudo

devido a uma maior taxa de participação que o crescimento da população activa acelerou desde 1997, situando-

-se a uma taxa homóloga média de 0.9%, o que compara com 0.4% no início da década.

O desempenho positivo recente do emprego deveu-se em grande medida ao crescimento económico robusto na

segunda metade da década de 90. No entanto, existem também sinais de que a expansão económica se tornou

mais trabalho-intensiva, em comparação com o período anterior de forte crescimento no final da década de 80.

Esta situação parece ser confirmada quando o emprego é medido em termos de equivalentes a tempo inteiro e

não simplesmente pelo número de indivíduos empregados. Uma possível explicação será que, ao contrário do

final da década de 80, a evolução dos custos reais do trabalho manteve-se moderada durante a actual

recuperação, devido à moderação salarial e às reduções nas contribuições patronais para a segurança social para

certos grupos em alguns países. Além do mais, a evolução favorável do emprego deverá ter sido também

possibilitada pelas reformas do mercado de trabalho, tais como medidas para promover o emprego flexível e a

tempo parcial, incentivos financeiros para empregar trabalhadores com baixas qualificações e condições mais

restritivas de direito a subsídio de desemprego.

Fonte: Eurostat.Nota: As taxas de desemprego harmonizadas só estão disponíveis a partir de 1990.

Taxas de desemprego harmonizadas na área do euro(em % da população activa)

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Total 7.9 8.2 9.2 10.8 11.6 11.3 11.5 11.5 10.9 9.9 9.0

Homens 6.1 6.4 7.3 9.1 9.8 9.4 9.8 9.8 9.1 8.3 7.4Mulheres 10.5 10.9 11.9 13.3 14.2 14.0 14.0 14.0 13.3 12.2 11.1

Idade < a 25 anos 16.6 16.9 18.5 22.2 23.6 23.3 23.9 23.2 21.3 19.1 17.3Idade ≥ a 25 anos 6.2 6.6 7.5 8.9 9.7 9.5 9.8 9.9 9.4 8.7 7.9

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200050

Todos os grupos, incluindo os de elevados níveis de desemprego, estão a beneficiar das melhorias no

mercado de trabalho

Todos os grupos, em particular os mais afectados pelo elevado desemprego, como mulheres, jovens, idosos,

indivíduos com baixas qualificações e desempregados de longa duração, registaram uma queda do desemprego

desde 1997.

Primeiro, a taxa de desemprego das mulheres caiu 3.4 pontos percentuais desde Junho de 1997 para 10.7% em

Dezembro de 2000, o que compara com uma queda de 2.6 pontos percentuais, para 7.2% em Dezembro de 2000,

no desemprego dos homens. Isto pode ser explicado pela subida acentuada do emprego no sector dos serviços,

concentrando cerca de 80% do emprego das mulheres, e onde o emprego a tempo parcial se encontra mais

generalizado, pela crescente proporção de mulheres com educação superior e pelos benefícios fiscais para

despesas com a assistência aos filhos em alguns países.

Segundo, apesar de o desemprego dos jovens (idade inferior a 25 anos) na área do euro representar ainda

aproximadamente o dobro da taxa de desemprego global, diminuiu de forma acentuada, de 23.5% em Junho de

1997 para 16.6% em Dezembro de 2000, o que é ainda mais evidente visto a taxa de participação dos jovens ter

também aumentado, após uma descida constante de 1987 a 1997. As reduções das contribuições para a

segurança social em diversos países, juntamente com a atenuação da regulamentação dos contratos a prazo e a

introdução de iniciativas com vista a promover o emprego a tempo parcial, terão contribuído directamente para

aumentar a empregabilidade dos jovens, especialmente os com baixas qualificações ou sem experiência de

trabalho. A taxa de desemprego dos trabalhadores com baixas qualificações desceu, de facto, 1.5 pontos

percentuais desde 1997 para 12.5% em 1999. Além disso, regimes especiais para os jovens, como formação

interna, apoio à colocação, estágios e subsídios de emprego, poderão ter tido também um papel importante. Em

termos gerais, cerca de um terço da descida total do desemprego é atribuível a este grupo, apesar de este ter

representado apenas 12% da população activa. A taxa de desemprego para indivíduos mais velhos (com idades

compreendidas entre os 55 e os 59 anos), que mais do que duplicou ao longo das duas últimas décadas, caiu

mais de 1 ponto percentual de 1997 para 11.1% em 1999.

Terceiro, o número dos desempregados de longa duração terá diminuído mais rapidamente que o desemprego

global. Os dados de 2000 não se encontram ainda disponíveis, mas a proporção entre os desempregados há mais

de um ano e o desemprego total diminuiu 2.4 pontos percentuais entre 1997 e 1999, após uma subida acentuada

no início da década de 90. O desemprego de longa duração beneficiou provavelmente da recuperação

económica, mas também das reformas do mercado de trabalho com o objectivo específico de melhorar a

empregabilidade dos grupos mais vulneráveis e aumentar os incentivos ao trabalho. Porém, o desemprego de

longa duração ainda representa cerca de metade do desemprego total.

Novas descidas do desemprego requerem reformas estruturais e a continuação da moderação salarial

No geral, a descida do desemprego desde 1997 foi significativa. Para a manutenção sustentável desta descida

nos próximos anos serão necessárias, para além da moderação salarial, reformas contínuas dos mercados de

trabalho da área do euro. Tudo isto é necessário com carácter ainda mais urgente devido ao aumento das

dificuldades de recrutamento em alguns sectores e aos possíveis riscos de que alguns países registem escassez

de mão-de-obra a médio prazo. Em particular, a coexistência de desemprego ainda elevado e de numerosas

vagas por preencher pode sugerir um desajustamento entre a oferta e a procura de trabalho, que poderá ser

devido, entre outras razões, a desajustamento geográfico ou de qualificações, a problemas de inactividade e a

estruturas salariais inadequadas. Esta situação pode requerer medidas concretas que visem a fonte subjacente

ao desajustamento, tais como políticas de formação e de educação, a redução de factores que limitem a

mobilidade profissional e incentivos para a reentrada de indivíduos desempregados ou inactivos no mercado de

trabalho.

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51BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

atribuível à queda do desemprego dos jovensem 2000, apesar de este grupo representarapenas cerca de 12% do total da populaçãoactiva. Por seu turno, a descida do desempre-go dos indivíduos com idade igual ou superiora 25 anos foi maior em 2000 do que em 1999.Esta taxa caiu de 8.4% em Dezembro de 1999para 7.6% em Dezembro de 2000, o querepresenta uma redução de 820 000 nonúmero de desempregados (face a 725 000 em1999). Em 2000, tanto a taxa de desempregodos homens como a das mulheres desceu, de8.3% em 1999 para 7.4% em 2000 para oshomens, e de 12.2% para 11.1% para as

mulheres, e o diferencial entre as taxas dedesemprego médias dos homens e dasmulheres reduziu-se ligeiramente. Acontinuação da convergência das taxas dedesemprego por escalão etário e por sexo,que poderia reflectir uma redução gradual dodesajustamento do mercado de trabalho, foi,apesar disso, ligeiramente menos pronunciadado que em 1999. Por último, a dispersão dastaxas de desemprego entre os países da áreado euro voltou a diminuir em 2000, tendo asreduções mais significativas ocorrido, emgeral, nos países com os níveis mais elevadosde desemprego.

5 Evolução orçamental

Saldos orçamentais melhoraram em 2000

Os saldos orçamentais das administraçõespúblicas da área do euro continuaram a me-lhorar em 2000, principalmente devido à vendade licenças de UMTS em diversos países e afactores cíclicos. De acordo com os últimosdados disponíveis do Eurostat, em média, foialcançado um excedente de 0.3% do PIB (verQuadro 5, coluna 5). As vendas de licenças deUMTS contribuíram com 1.1% do PIB para amelhoria do saldo orçamental agregado da áreado euro. Mesmo excluindo estas receitasexcepcionais, o saldo orçamental melhorou emtodos os países da área do euro devido aoimpacto do forte crescimento económicosobre as receitas fiscais e sobre as despesasrelacionadas com o desemprego. Em média, orácio do défice em relação ao PIB atingiu 0.8%do PIB (líquido das receitas de UMTS), face a1.2% em 1999 (ver Quadro 5, coluna 6). Osobjectivos previstos para o défice nosprogramas de estabilidade actualizados de1999/2000 foram alcançados em quase todosos países da área do euro.

Algumas diferenças consideráveis na evoluçãoorçamental em cada país estão subjacentes aocenário global para a área do euro. Na Irlandae na Finlândia o rácio do excedenteorçamental voltou a aumentar substancial-mente em 2000, mais de 2 pontos percen-tuais, suportado por um elevado crescimento

económico e, no caso da Irlanda, por umfactor pontual excepcional em 1999 que teveum efeito descendente sobre o excedente.Em todos os outros países da área do euro, ossaldos melhoraram entre 0 e 1% do PIB. Emconsequência, apenas cinco países (Alemanha,França, Itália, Áustria e Portugal) apresen-taram défices excluindo as receitas da vendade licenças de UMTS superiores a 0.5% doPIB em 2000, em comparação com sete paísesem 1999. Portugal, a Áustria e a Itália têm osrácios do défice orçamental mais elevados daárea do euro, sendo igualmente os países quefizeram progressos limitados na consolidaçãoorçamental.A Espanha e a Bélgica alcançaramsaldos próximos do equilíbrio ou equili-brados, enquanto quatro países têm registadocontinuamente excedentes (Irlanda,Luxemburgo, Países Baixos e Finlândia).

O rácio médio da dívida em relação ao PIB naárea do euro desceu 2.3 pontos percentuais,para 69.7%. O rácio da dívida desceu emtodos os países da área do euro em 2000.Nos Países Baixos, Bélgica, Itália e Irlanda, orácio da dívida desceu mais de 4 pontospercentuais. Os ajustamentos do défice emrelação à dívida, que reflectem, entre outrosfactores, transacções financeiras que não têmefeito sobre o défice, mas que têm impactosobre a dívida, exerceram um efeitoascendente de 0.3 pontos percentuais sobre orácio médio da dívida da área do euro em

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200052

2000. Entre outros factores, a reavaliação dadívida denominada em moeda estrangeiracontribuiu para esse efeito.

Políticas orçamentais expansionistasresultantes de contenção insuficiente dadespesa

A melhoria dos saldos orçamentais excluindoas receitas da venda de licenças de UMTSficou a dever-se principalmente à evoluçãoeconómica favorável que aumentou asreceitas fiscais e contribuiu para a contenção

da despesa primária (despesa excluindopagamentos de juros) em 2000. Contudo,o “crescimento dos dividendos” foi muitoutilizado no financiamento de cortes adicio-nais nos impostos e de despesa, em vez denuma redução mais rápida do défice. No iníciode 2000, esperava-se que o rácio da despesaem relação ao PIB descesse cerca de 1 pontopercentual, devido a uma redução da despesaem juros, subsídios de desemprego e massasalarial dos funcionários públicos. Devido àdespesa adicional, contudo, a descida do ráciofoi consideravelmente inferior à esperada.Esta evolução contraria as recomendações

1997 1998 1999 2000 2000incluindo excluindoreceitas de receitas de

UMTS UMTS

Área do euro -2.6 -2.1 -1.2 0.3 -0.8

Bélgica -1.9 -0.9 -0.7 0.0 0.0

Alemanha -2.7 -2.1 -1.4 1.3 -1.2

Espanha -3.2 -2.6 -1.2 -0.3 -0.4

França -3.0 -2.7 -1.6 -1.3 -1.3

Irlanda 0.7 2.1 2.1 4.5 4.5

Itália -2.7 -2.8 -1.8 -0.3 -1.5

Luxemburgo 3.6 3.2 4.7 5.3 5.3

Países Baixos -1.1 -0.7 1.0 2.0 1.3

Áustria -1.7 -2.3 -2.1 -1.1 -1.5

Portugal -2.7 -2.2 -2.0 -1.4 -1.7

Finlândia -1.5 1.3 1.8 6.7 6.7

Font: Eurostat e BCE para os agregados da área do euro.Nota: Os dados baseiam-se no SEC 95.

Quadro 5

Posições orçamentais na área do euro(em percentagem do PIB)

Saldo orçamental das administrações públicas

Dívida bruta das administações públicas

1997 1998 1999 2000

Área do euro 74.8 73.1 72.0 69.7

Bélgica 125.3 119.8 116.4 110.9

Alemanha 60.9 60.7 61.1 60.2

Espanha 66.7 64.7 63.4 60.6

França 59.3 59.7 58.7 58.0

Irlanda 65.1 55.0 50.1 39.1

Itália 120.1 116.2 114.5 110.2

Luxemburgo 6.0 6.4 6.0 5.3

Países Baixos 70.0 66.8 63.2 56.3

Áustria 64.7 63.9 64.7 62.8

Portugal 59.1 55.3 55.0 53.8

Finlândia 54.1 48.8 46.9 44.0

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53BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

das Orientações Gerais de Política Económicade 2000, segundo as quais, o crescimentosuperior ao esperado deveria ser utilizadopara alcançar posições orçamentais maisseguras e não para aumentar a despesa oureduzir os impostos.

A evolução do saldo primário (saldo orça-mental excluindo pagamentos de juros) indicaque as medidas de política orçamental na áreado euro não contribuíram para melhoriasorçamentais em 2000. Depois da correcçãodas receitas da venda de licenças de UMTS, osaldo primário melhorou apenas ligeiramente.Como esta melhoria foi menor do quepoderia sugerir o efeito do crescimentoeconómico sobre a receita fiscal e a despesacom o desemprego, o excedente orçamentalprimário corrigido de efeitos cíclicos desceuligeiramente. Por país, este indicador deterio-rou-se, em particular no Luxemburgo e nosPaíses Baixos. A melhoria foi relativamenteforte na Finlândia, que já tinha alcançado umexcedente significativo. Os outros países daárea do euro registaram pequenas alteraçõesnos respectivos saldos primários corrigidosde efeitos cíclicos, sugerindo que muitosgovernos pararam ou inverteram os seusesforços de consolidação orçamental.

De acordo com os planos orçamentais dospaíses da área do euro, a orientaçãoacomodatícia das políticas orçamentais em2000 será maior em 2001. Serão efectuadosnovos cortes significativos nos impostos em2001, os quais, no entanto, não serão comple-mentados por uma contenção suficiente dadespesa primária. O saldo orçamental líquidodas receitas da venda de licenças de UMTSdeverá manter-se geralmente estável em2001, enquanto o excedente primário deveráprovavelmente descer pela primeira vezdesde o início da década de 90.

Necessidade de maior consolidação e deuma ampla reforma orçamental estrutural

Tendo em consideração que é esperado umcrescimento económico sustentado em 2001,as políticas orçamentais expansionistas

planeadas para o corrente ano em diversospaíses da área do euro não conduzem àcontenção da procura agregada e daspressões inflacionistas. Particularmente nospaíses que registam elevadas taxas decrescimento económico, as pressõesinflacionistas receberão um estímulo adicionalproveniente de políticas orçamentais expan-sionistas. Além disso, existem outras razõesque vinculam os países a retomar activamentea consolidação orçamental. Em alguns países,os orçamentos corrigidos de efeitos cíclicosapresentam défices significativos e, como tal,os saldos orçamentais não podem ser consi-derados “próximo do equilíbrio ou exceden-tários”, conforme exigido no Pacto deEstabilidade e Crescimento. Nestes casos, sãonecessárias novas medidas de consolidaçãode forma a conseguir alcançar, o mais rapida-mente possível, uma margem suficiente paraque os estabilizadores automáticos possamactuar livremente. Em vários países, os eleva-dos níveis da dívida pública devem tambémser considerados como um argumento paraprosseguir a consolidação orçamental. Porúltimo, a sustentabilidade das políticas orça-mentais a mais longo prazo requer a criaçãode suficiente espaço de manobra orçamen-tal para fazer face à pressão ascendente sobrea despesa pública a médio e a longo prazoexercida pelo envelhecimento da população.

A reforma orçamental estrutural, que estimulao emprego e o crescimento, pode contribuirpara apoiar a consolidação orçamental ea sustentabilidade. As reformas fiscais quemuitos Estados-membros puseram outencionam pôr em prática são, pois, positivas.Ao reduzirem significativamente as taxas dosimpostos, diminuem as distorções naeconomia e têm potencial para gerar efeitospositivos a longo prazo sobre o mercado detrabalho e o lado da oferta. Esses efeitospodem contribuir para evitar escassez deoferta e conter pressões inflacionistas, atravésdo reforço da flexibilidade das economias.Contudo, a redução das taxas, se não foracompanhada de reformas suplementares dolado da despesa, leva a uma deterioraçãoindesejável da posição orçamental subjacente.Assim, é necessária uma reforma estrutural

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adicional da despesa, incluindo a reorientaçãoda despesa para o investimento em capitalfísico e humano. Essas reformas reforçariamtambém os efeitos positivos sobre o empregoe o lado da oferta, especialmente enquantoparte de uma estratégia de reformas global,que inclua alterações regulamentares. Areforma estrutural dos sistemas de benefíciosé particulamente importante na área daspensões (ver Caixa 6).

Os progressos na consolidação orçamentale uma reforma orçamental estrutural ampladeverão, portanto, ocupar um lugar de

destaque nos programas de estabilidadeactualizados dos Estados-membros. Estes pro-gramas foram submetidos ao Conselho da UEe à Comissão Europeia no fim de 2000 e noinício de 2001, abrangendo o período até2003/2005. Os referidos programas prevêemprogressos no sentido de serem alcançadasposições orçamentais mais seguras nos paísesonde tal ainda não foi conseguido, embora oritmo de consolidação, em geral, não tenhamelhorado significativamente em relação àsactualizações anteriores dos programas deestabilidade, apesar de, na maior parte doscasos, terem sido efectuadas revisões em alta

Caixa 6

Envelhecimento da população e necessidade de reforma das pensões na área do euro

O envelhecimento da população exercerá pressão crescente sobre as finanças públicas

Actualmente, quase todos os países da área do euro basearam a maior parte dos benefícios de pensões de velhicenum sistema de pensões públicas obrigatório, do tipo reforma por repartição, no qual as pensões sãopredominantemente financiadas pelos trabalhadores. Pelo contrário, a importância de planos capitalizados depensões públicas ou privadas, na sua maioria, é diminuta, ainda que alguns países da área do euro estejam, cadavez mais, a adoptar planos deste tipo. Os sistemas existentes tiveram como resultado grandes aumentos dadespesa pública com pensões nas últimas décadas, uma vez que os governos alargaram a elegibilidade para orecebimento de pensões, a generosidade dos benefícios e os objectivos de redistribuição.

As despesas com pensões deverão continuar a aumentar nas próximas décadas, à medida que a população forenvelhecendo. As projecções demográficas do Eurostat antevêem que as taxas de natalidade se irão manterbaixas, a esperança de vida irá aumentar e todos os países da área do euro serão confrontados com oenvelhecimento da população nas próximas décadas. O rácio da terceira idade em relação à população em idadeactiva (também conhecido por rácio de dependência da terceira idade) deverá duplicar até 2050, passando de umvalor ligeiramente inferior a 27% para mais de 53%.

Recentemente, têm sido efectuadas várias tentativas para avaliar a solidez dos actuais sistemas de pensões equantificar os custos orçamentais associados ao envelhecimento da população. As projecções a longo prazo dasdespesas com pensões/contribuições para pensões, baseadas num conjunto comum de pressupostosmacroeconómicos para os diferentes países e nas tendências demográficas, concluem que a despesa compensões em relação ao PIB aumentará significativamente na maior parte dos países, se as políticas actuais foremmantidas. Embora estes pressupostos subjacentes se encontrem sujeitos a uma margem de incerteza, a dimensãode um tal aumento da despesa com pensões colocará provavelmente um sério desafio à sustentabilidade dasfinanças públicas e aos encargos com a dívida nas próximas décadas.

São necessárias grandes reformas nas pensões

A consciência dos riscos orçamentais associados à actual evolução demográfica está claramente a aumentar,estando em curso um grande debate sobre opções de reforma. As propostas no sentido da “reforma paramétrica”centram-se nas alterações dos benefícios e das contribuições no quadro dos actuais sistemas públicos do tiporeforma por repartição. Também têm sido propostas “reformas sistémicas” no sentido da adopção de sistemascapitalizados, baseando os benefícios futuros nos activos acumulados.

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Dadas as dificuldades políticas e a complexidade técnica dos acordos de pensões, até ao presente, as iniciativasde política têm favorecido as reformas paramétricas. Contudo, enquanto as medidas tomadas têm sido, atéagora, largamente suficientes para conter quaisquer desequilíbrios orçamentais maiores, parecem inadequadaspara financiar o aumento projectado da despesa pública com pensões a longo prazo. Outras reformas do mesmotipo poderiam visar ajustar a indexação das pensões, o rácio de substituição ou da idade de reforma. Esta últimateria a vantagem de regularizar a tendência da despesa em pensões sem comprometer o nível de vida da terceiraidade.

Complementar gradualmente os sistemas tradicionais de reforma por repartição por sistemas de capitalizaçãodaria um contributo útil para a sustentabilidade das finanças públicas. Dessa forma, seria também promovido odesenvolvimento do mercado financeiro, sendo possível obter bons rendimentos através da escolha da estratégiade investimento mais eficiente. Além disso, uma ligação actuarial justa entre contribuições e benefícios poderiareduzir as distorções no mercado de trabalho. Os governos deveriam apoiar esta evolução, criando os quadroslegais e orçamentais necessários à reforma dos sistemas de pensões existentes. Alguns países já adoptaram comêxito esta solução.

Em suma, são necessários importantes ajustamentos de política, de forma a conter a despesa pública e impediraumentos de impostos ou uma deterioração significativa das posições orçamentais da administração públicadevido ao envelhecimento da população. Adiar a reforma das pensões só aumentará ainda mais no futuro amagnitude dos ajustamentos necessários. Acresce ainda que o envelhecimento da população, associado àcontinuação da actual baixa taxa de actividade e ao facto da idade efectiva de reforma ser atingida cedoresultarão na deterioração do desempenho económico e do nível de vida e em encargos orçamentais ainda maiselevados para as gerações vindouras. As políticas do mercado de trabalho, que reduzem o desemprego estruturale aumentam a taxa de actividade da população activa, por conseguinte, constituem um importante complementopara a reforma das pensões. Por último, é importante que os países eliminem os desequilíbrios orçamentaisainda existentes e reduzam a dívida pública antes dos custos do envelhecimento da população subirem mais.

do crescimento económico previsto. Ospaíses que ainda registavam défices orça-mentais em 2000 planeiam alcançar posiçõesde equilíbrio ou excedentárias em 2001(Espanha e Grécia), 2002 (Áustria),2003 (Itália) ou 2004 (Alemanha, França ePortugal). Em resultado das melhorias

orçamentais planeadas e do crescimentoeconómico robusto, os rácios da dívidapública irão continuar a tendênciadescendente. A partir de 2002, apenas aGrécia, a Itália e a Bélgica ainda terão ráciosda dívida superiores ao valor de referênciade 60%.

Ano histórico para o crescimentoeconómico mundial

O ano 2000 foi um dos mais favoráveis dosúltimos 25 anos para a economia mundial, porter combinado um forte crescimento doproduto e uma inflação comparativamentebaixa, enquanto o comércio mundial seexpandiu a um ritmo robusto. Embora todasas regiões do mundo tenham dado umcontributo positivo para este desempenho, ocrescimento económico foi particularmente

forte na América do Norte e em algumaseconomias do Este asiático – em particular aChina. No entanto, após um primeirosemestre bastante forte, a actividadeeconómica nos Estados Unidos abrandousubstancialmente na segunda metade de 2000.Durante este período, também se verificouum abrandamento da actividade noutrasregiões do mundo, especialmente na AméricaLatina e no Este asiático. Houve tambémalguma incerteza em certas economias de mercado emergentes, como reflectido nos

6 Enquadramento macroeconómico mundial, taxas de câmbioe balança de pagamentos

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casos isolados de perturbações financeiras naArgentina e Turquia.

O forte desempenho da economia mundial nodecurso de 2000 foi cada vez mais afectadopela subida continuada dos preços do petró-leo. Os preços do petróleo bruto subiram deUSD 26.6 no primeiro trimestre de 2000 paraUSD 32.5 em Novembro de 2000, apresen-tando sinais claros de abrandamento apenasdurante o último mês do ano, com a quedatemporária dos preços para USD 23.0. Asanteriores subidas dos preços resultaram deuma combinação de diversos factores, incluin-do a procura mundial robusta, existênciaslimitadas de petróleo bruto e de produtosrefinados e o agravamento das tensões noMédio Oriente. Contrastando com esta fortesubida dos preços do petróleo, os preços dasmatérias-primas não petrolíferas registaramuma subida ligeira em dólares dos EUA de1.7%, em particular devido a um lentoajustamento descendente da oferta deprodutos agrícolas, em resultado dos preçosmais baixos observados em 1999.

Nos Estados Unidos, o ano de 2000 marcou oponto alto de nove anos de expansão econó-mica, com o PIB em termos reais a crescer 5%e o desemprego permanecendo bastantebaixo, a uma taxa homóloga média de 4%. Aomesmo tempo, a produtividade no sector empresarial não agrícola cresceu 4.1% face a2.9% em 1999, contribuindo assim parasustentar a forte expansão económica. Ainflação anual medida pelo IPC aumentou deforma significativa para 3.4% em 2000, de2.2% em 1999, em resultado da continuaçãodos elevados preços do petróleo numperíodo mais prolongado do que o anterior-mente esperado, enquanto os custos unitáriosdo trabalho aumentaram apenas 0.7%, face a1.8% em 1999. O principal motivo subjacenteà expansão económica robusta em 2000 foi aprocura interna privada. O consumo privadocresceu 5.3%, à mesma taxa de crescimentoobservada em 1999, enquanto o crescimentodo investimento empresarial privado aceleroude novo para 10.2%, em comparação com6.6% em 1999. A contribuição negativa dasexportações líquidas para o crescimento do

PIB em termos reais foi de 0.9 pontospercentuais, praticamente a mesma de 1999(1 ponto percentual). O robusto crescimentodo PIB em termos reais em 2000 concentrou--se sobretudo na primeira metade do ano,enquanto se acumulavam sinais crescentes dedesequilíbrios internos e externos na econo-mia americana. De facto, a taxa de poupançabastante baixa – -0.1% em 2000 face a 2.2%em 1999 – e o aumento do défice da balançacorrente para 4.4% do PIB em 2000, face a3.6% em 1999, criou algumas dúvidas quanto àsustentabilidade do ritmo de expansãoeconómica. Neste contexto, a economiaamericana começou a abrandar consideravel-mente no terceiro trimestre de 2000, numambiente de uma diminuição continuadada confiança dos consumidores e dosprodutores. De facto, a desaceleração daeconomia envolveu tanto o consumo como oinvestimento privados, tendo as despesas deconsumo real no último trimestre de 2000crescido apenas 0.7% (em cadeia trimestral),face a 1.9% (em cadeia trimestral) noprimeiro trimestre de 2000. Além do mais, nofinal do ano começaram a surgir sinais detensão nos mercados financeiros americanos(como descrito na Secção 2.2). Num contextode menores lucros empresariais e deperspectivas económicas mais fracas, ospreços nos mercados accionistas desceram deforma significativa, em particular no sectordas altas tecnologias, e os diferenciais entreas obrigações das empresas alargaram-se,especialmente no segmento das “obrigaçõesde alto risco” (junk bonds).

Durante a primeira metade de 2000, o FederalOpen Market Committee (FOMC) do FederalReserve System reagiu ao aumento daspressões inflacionistas e continuou a aumen-tar a restritividade da política monetáriainiciada em Junho de 1999 subindo oobjectivo para a taxa dos fundos federais para6.5%, isto é, 1 ponto percentual acima do seunível no final de 1999. Apesar de o FOMC tercontinuado a encarar os riscos como sendoprincipalmente do lado da inflação durantea maior parte da segunda metade de 2000,deixou inalterada a sua taxa objectivo, com oaumento das incertezas quanto à evolução

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da procura interna. Por ocasião da suaúltima reunião em 2000, realizada a 19 deDezembro, o FOMC alterou a sua avaliaçãodo equilíbrio dos riscos, visto acreditar queos riscos pesavam sobretudo no sentido depoder gerar condições económicas maisfracas. No seguimento desta mudança daavaliação de risco, o FOMC baixou o seuobjectivo para a taxa dos fundos federaisnum total de 100 pontos base, para 5.5% emJaneiro de 2001.

No Japão houve apenas uma ligeira melhoriadas condições económicas em 2000, e asincertezas quanto à sustentabilidade e robus-tez da recuperação aumentaram novamenteperto do final do ano. Na sequência darecessão na segunda metade de 1999, aactividade económica voltou a recuperar noinício de 2000. Contudo, o crescimento tor-nou-se negativo no terceiro trimestre, sendoseguido uma vez mais por um crescimentopositivo no quarto trimestre. A despesapública deu um forte apoio à economiadurante a primeira metade de 2000, seguidapor uma diminuição substancial na segundametade, com o início do desaparecimento dosefeitos do pacote orçamental suplementar de1999. Nessa altura, o investimento fixo dasempresas, impulsionado por condições delucro favoráveis, recuperou, acrescendo àevidência de que poderá estar finalmente asurgir uma recuperação auto-sustentadaconduzida sobretudo pela procura privada.No entanto, os resultados favoráveis dosector empresarial, que se restringiram emlarga medida às maiores empresas do sectortransformador, não se transmitiram ao sectordas famílias, e o consumo privado perma-neceu fraco, apesar de alguma melhoria norendimento e no mercado de trabalho. Dolado dos preços, as pressões deflacionistaspersistiram, com o Índice de Preços noConsumidor (IPC) a descer, em média, 0.7%em 2000, embora essas pressões possam ser,em parte, atribuíveis às mudanças estruturaisem curso na economia japonesa. O Banco doJapão abandonou em Agosto de 2000 a suapolítica de “taxa de juro zero” prevalecentehá 18 meses, aumentando o seu objectivopara a taxa overnight não garantida para 0.25%,

visto acreditar que a economia tinha atingidouma fase em que se tinham dissipado aspreocupações deflacionistas. À luz dasincertezas remanescentes relativamente àrecuperação japonesa, o Governo aprovouum pacote orçamental suplementar modera-do no valor de aproximadamente JPY 4 800mil milhões de despesas reais perto do finalde 2000. Tal foi seguido por uma atenuaçãomoderada da orientação de política mone-tária por parte do Banco do Japão emFevereiro de 2001.

As outras economias asiáticas tiveram umforte desempenho em 2000, reflectindosobretudo o robusto crescimento impulsio-nado pelas exportações e pela forte procuranos mercados externos. O forte desempenhoteve lugar num contexto quer de descidas nosmercados de títulos, à excepção da China, queforam bastante influenciados pela descida dasacções das altas tecnologias dos EU, quer demaiores pressões sobre as balanças comer-ciais, dada a dependência desta região dasimportações de petróleo.Ao longo do últimotrimestre de 2000, cresceram as preocupa-ções relativamente às perspectivas de cresci-mento na região, em particular face à evoluçãomundial incerta em 2001 que, por seu lado,tendeu a alargar os diferenciais entre as taxasde rendibilidade das obrigações soberanas aolongo do último trimestre de 2000. A Chinacontinuou a registar um crescimento robustoem 2000, motivado pelos fortes fluxos decapitais, na expectativa de maior liberalizaçãodo comércio e do investimento, associada àadesão à Organização Mundial do Comércio(OMC) em 2001.

Em 2000, os países em transição foramcaracterizados por uma forte recuperação daactividade económica e por um climaeconómico geralmente mais favorável. Omaior crescimento foi uma característicacomum em toda a região, sendo de destacarem particular o desempenho da Rússia em2000, com uma estimativa de crescimentosuperior a 7%, e a melhoria substancial dabalança corrente e do saldo orçamental.Embora esta evolução possa ser, em grandeparte, atribuída aos preços elevados dos

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1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000-4

-3

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0

1

2

3

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5

6

7

8

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

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7

8

área do euroEstados UnidosJapão

área do euroEstados UnidosJapão

área do euroEstados UnidosJapão

Crescimento do produto 1)(taxas de variação homólogas (%); dados trimestrais)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000-2

-1

0

1

2

3

4

5

-2

-1

0

1

2

3

4

5

Taxas de inflação 2)((taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 20000

1

2

3

4

5

6

7

8

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Taxas de juro de curto prazo 3)(médias mensais; em percentagem)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 20000.8

0.9

1.0

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

1.7

75

85

95

105

115

125

135

145

USD/EUR (escala da esquerda)JPY/USD (escala da direita)

Taxas de câmbio 4)(médias mensais)

Gráfico 16

Principais desenvolvimentos nas maiores economias industrializadas

Fontes: Dados nacionais, BPI, Eurostat e cálculos do BCE.1) Os dados do Eurostat são utilizados para a área do euro; para os Estados Unidos e Japão são utilizados dados nacionais.2) Os dados para a área do euro até 1995 são estimativas do IHPC, tendo por base dados nacionais do IPC; após 1995 são utilizados

dados do IHPC.3) Os dados para a área do euro são cálculos do BCE e são médias das taxas interbancárias a três meses nacionais; a partir de 1999

são utilizadas taxas EURIBOR a três meses.4) Até 1999, a linha USD/EUR mostra dados relativos ao USD/ECU.

produtos energéticos – sendo a Rússia umexportador líquido destes produtos – e a umataxa de câmbio competitiva, o crescimentoeconómico foi mais generalizado em 1999,com uma recuperação significativa da procuraquer dos consumidores, quer de investimento.

Ao mesmo tempo, os diferenciais entre asobrigações russas registaram um acentuadoestreitamento em 2000, permanecendo, noentanto, amplos em comparação com osoutros mercados emergentes.

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O desempenho económico dos paísescandidatos da Europa Central e de Leste foibastante positivo em 2000, sustentado pelosresultados favoráveis na área do euro.O crescimento económico robusto foi,porém, acompanhado por taxas de inflaçãoligeiramente mais altas e por défices dabalança corrente relativamente elevados, que,em alguns casos, originaram políticas mone-tárias mais restritivas. Em termos gerais, asituação financeira foi menos favorável emcomparação com o ano anterior, em que osmercados accionistas na região se caracte-rizaram por significativas correcções parabaixo concentradas na segunda metade do ano.

No que respeita aos desenvolvimentosnoutros países, o mercado accionista turcoregistou graves perdas a partir de meados de2000, depois de o seu índice global ter quasetriplicado em 1999. Estas perdas intensifica-ram-se no final de Novembro de 2000, nasequência de uma grave crise de liquidez nosector bancário turco, que tornou necessárioo anúncio de um maior compromisso porparte do FMI para restabelecer a confiança eestabilizar os mercados. No entanto, após umcurto período de relativa estabilidade, osproblemas financeiros voltaram a surgir emFevereiro de 2001, acabando por levar aoabandono do regime pré-anunciado dedesvalorização programada (crawling peg). Acrise deu sinais de abrandamento após a flu-tuação da lira turca e o anúncio de um con-junto de medidas de política concebidas paraalcançar os objectivos do Governo turco dereduzir a inflação e assegurar um crescimentosustentável.

Em 2000, a América Latina registou uma forterecuperação face à recessão do ano anterior,com o crescimento do produto em termosreais a atingir 4.2%. Ao contrário do resultadopositivo do sector real, o desempenho dosmercados financeiros foi fraco, caracterizadopor maiores diferenciais entre as taxas derendibilidade das obrigações soberanas, pre-ços mais baixos das acções e interrupção datendência descendente das taxas de juro. Aeconomia mexicana expandiu-se ao ritmomais rápido registado em quase 20 anos, com

uma previsão de crescimento para o PIB emtermos reais de cerca de 7% em 2000 e a taxade desemprego a cair para um nível de apenas2%, apoiada pelas grandes exportações paraos Estados Unidos, pelos preços elevados dopetróleo e pelo consumo privado dinâmico.A recuperação do Brasil foi motivada pelasexportações, apesar de as taxas de juro maisbaixas e a maior disponibilidade do créditoterem permitido um alargamento da basepara a expansão da despesa em investimentoe consumo. Na Argentina, o crescimentoeconómico menor que o previsto em 2000deveu-se à fraca confiança interna e a preocu-pações com desequilíbrios orçamentais, bemcomo ao aumento dos défices da balançacorrente, resultantes da apreciação do pesoem relação às moedas dos principaisparceiros comerciais e do aumento dosencargos com o serviço da dívida. No últimotrimestre do ano, estas condições económicasfrágeis, juntamente com o intensificar dastensões políticas, conduziram ao surgimentode graves tensões financeiras, que, nãoobstante, se atenuaram após o anúncio de umprograma de apoio financeiro liderado peloFMI. No final do ano, as perspectivas para o

1994 1995 1996 1997 1998 1999 200080828486889092949698

100102104106108110

80828486889092949698100102104106108110

Gráfico 17

Taxa de câmbio efectiva nominal1)

(médias mensais; índice 1999 T1 = 100)

Fonte: BCE.1) Os dados são cálculos do BCE (ver o artigo correspondente

no número de Abril de 2000 do Boletim Mensal).Um movimento do índice no sentido ascendente representauma apreciação do euro. A linha horizontal indica a médiaao longo do período apresentado (Janeiro de 1994 aFevereiro de 2000).

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conjunto da região mostraram indícios demelhoria, apesar de a incerteza da políticainterna, as dúvidas quanto ao grau doabrandamento nos Estados Unidos e a quedados preços do petróleo constituírem motivosde preocupação.

Recuperação do euro perto do final de 2000

O euro continuou a descer em relação àsmoedas dos principais parceiros comerciaisda área do euro durante a maior parte de2000, antes de recuperar bastante perto dofinal do ano.A tendência descendente do eurofoi temporariamente interrompida em Maioe Junho de 2000, quando a moeda única sefortaleceu, mas as pressões descendentesvoltaram a sentir-se posteriormente, tendopersistido até ao Outono. Em 22 de Setembrode 2000, os bancos centrais do G7 expres-saram a preocupação comum relativamenteàs potenciais implicações da descida do europara a economia mundial e intervieram deforma concertada nos mercados cambiais.Num ambiente de preocupações quanto àsrepercussões mundiais e internas da taxa decâmbio do euro, o BCE e alguns bancoscentrais nacionais (BCN) em nome do BCElevaram novamente a cabo intervençõesunilaterais em apoio do euro no início deNovembro de 2000. Perto do final do ano, oeuro apresentou uma recuperação acentuadanum ambiente de fortes sinais de um abranda-mento económico nos principais parceiroscomerciais da área do euro e de perspectivasde crescimento sustentado para a área doeuro. No final de 2000, o índice da taxa decâmbio efectiva nominal situava-se, emtermos globais, apenas cerca de 2% abaixo donível registado no início do ano, apesar deaproximadamente 8% abaixo do seu nívelmédio em 1999. Em 13 de Março de 2001, adata limite dos dados incluídos nesteRelatório Anual, o euro, medido pela taxa decâmbio efectiva nominal, tinha-se apreciadoquase 4% em relação à média de 2000. Astendências das taxas de câmbio efectivas reaisdo euro, que são corrigidas dos diferenciaisde evolução dos preços e dos custos do

trabalho entre a área do euro e os seusprincipais parceiros comerciais, seguiramrelativamente de perto o índice nominal.

O euro depreciou-se em relação ao dólar dosEUA ao longo de quase todo o ano, atingindoum valor mínimo de USD 0.8252 em 26 deOutubro de 2000, o que implicou umadepreciação de cerca de 18% face ao início doano. A robustez do dólar deveu-se em parteao facto de os mercados se terem centradonas diferenças de desempenho económicorelativo e perspectivas entre os EstadosUnidos e a área do euro. Contudo, com amelhoria da evolução e das perspectivaseconómicas para a área do euro no decursodo ano, a descida do valor externo do eurotornou-se cada vez mais inconsistente comos fundamentos económicos de médio prazo,acabando por levar a preocupações quevieram a dar origem a intervenções nosmercados cambiais. Num ambiente deevidências crescentes de um abrandamentona economia dos EU, o euro recuperou nofinal de 2000, altura em que era cotado a USD0.93, ou seja, quase 8% mais fraco do que noinício do ano. No início de 2001, o euroflutuou num intervalo entre USD 0.90 e USD0.95, e em 13 de Março foi transaccionado aUSD 0.9202, ou seja, aproximadamente omesmo nível da média de 2000.

Em comparação com o início do ano, o eurodepreciou-se em cerca de 13% em relação aoiene japonês até atingir o valor mínimo em 26de Outubro de 2000. Esta evolução foifomentada por indicações de que a economiajaponesa estava a entrar numa fase de cresci-mento mais sustentável. No entanto, perto dofinal do ano, revisões das perspectivas para aeconomia japonesa deram origem a umarevisão da avaliação da taxa de câmbio pelosmercados. Subsequentemente, o euro apre-ciou-se 20% no período até ao final de 2000,altura em que estava cotado a JPY 106.92, ouseja, uma apreciação de 4% em comparaçãocom 3 de Janeiro de 2000. O iene tambémenfraqueceu face ao dólar dos EUA em cercade 13% no decurso do ano. Em 13 de Marçode 2001, o euro era cotado a JPY 110.27, ouseja, cerca de 11% acima da média para 2000.

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61BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Aumento do défice da balança corrente

A balança corrente da área do euroapresentou um défice de C28.3 mil milhõesem 2000, em comparação com um défice deC5.8 mil milhões em 1999. A principal razãopara esta evolução foi uma redução doexcedente de bens, de C83.4 mil milhões em1999 para C59.8 mil milhões em 2000, vistoque o aumento das importações de bensultrapassou o aumento das suas exportações.O crescimento das importações de bensreflectiu, em parte, o forte aumento dospreços das importações, o qual, por seu lado,foi atribuível aos efeitos conjuntos da fortesubida dos preços do petróleo e da depre-ciação do euro. A forte procura interna daárea do euro contribuiu igualmente paravolumes de importações cada vez mais eleva-dos com o desenrolar do ano.As exportaçõesde bens cresceram sobretudo devido aosmaiores volumes de exportações associados àforte procura externa e à maior competi-tividade dos preços da área do euro.

Os movimentos significativos nas outrascomponentes da balança corrente compensa-ram-se, em parte, mutuamente com a quedado défice de rendimentos de C32.4 milmilhões para C24.7 mil milhões, enquanto odéfice de transferências correntes aumentoude C45.0 mil milhões em 1999 para C49.9 milmilhões em 2000, e o défice de serviçosaumentou ligeiramente de C11.8 mil milhõespara C13.5 mil milhões.

Ligeira diminuição conjunta das saídaslíquidas de investimento directo e decarteira

As saídas líquidas de investimento directo ede carteira em conjunto ascenderam a C143.4mil milhões em 2000, ou seja, um valor ligei-ramente inferior ao de 1999 (C162.3 milmilhões).Tal reflectiu sobretudo menos saídaslíquidas de investimento directo e mais entra-das líquidas de instrumentos de dívida, quemais do que compensaram o aumento signi-ficativo das saídas líquidas de títulos departicipação.

Analisando com mais pormenor cada rubrica,os instrumentos de dívida registaram entra-das líquidas de C145.6 mil milhões, signifi-cativamente acima do valor de 1999 (C7.7 milmilhões), o que se prendeu principalmentecom o investimento estrangeiro substancialem obrigações e outros títulos de dívida daárea do euro. O estreitamento do diferencialde taxa de juro positivo dos Estados Unidosem relação à área do euro em 2000 terá sidoum dos factores que motivaram oinvestimento estrangeiro em obrigações eoutros títulos de dívida da área do euro.

A diminuição das saídas líquidas de investi-mento directo deveu-se sobretudo ao fortecrescimento do investimento directo por nãoresidentes da área do euro, que mais do quecompensou o investimento directo mais ele-vado no exterior por parte de residentes daárea do euro. O investimento directo na áreado euro aumentou para C303.1 mil milhõesem 2000 de C166.2 mil milhões em 1999. Esteaumento foi devido quer a maiores entradasde títulos de participação no capital(incluindo lucros reinvestidos), especialmenteassociadas a uma transacção de grandemontante, quer a um crescimento particular-mente forte das entradas na rubrica “outrocapital”, composta sobretudo por emprésti-mos entre empresas.

As saídas líquidas de títulos de investimentode carteira aumentaram substancialmente em2000, para C266.0 mil milhões (de C49.4 milmilhões em 1999). Em 2000, tanto os títulosde investimento directo, como os de investi-mento de carteira foram bastante afectadospela aquisição de empresas através da trocade acções. Na maioria dos casos, emconformidade com os padrões internacionais,o investimento na respectiva empresa foiregistado como investimento directo e aliquidação da transacção em acções comoinvestimento de carteira em títulos de partici-pação. Em particular, no início de 2000, umaúnica transacção resultou numa entradabastante elevada de investimento directo enuma saída de investimento de carteira/emtítulos de participação de dimensãosemelhante.

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Hospital InfantilVirgen del Rocío,Niños Ud.Oncología Pediátrica,Sevilha,Espanha

Autoria: children at the hospital. Sem título

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Capítulo II

Operações dos

bancos centrais

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200064

1.1 Panorâmica global

O enquadramento operacional para aexecução da política monetária únicafuncionou de forma eficaz em 2000,confirmando a experiência global positiva de1999. Por conseguinte, este enquadramentonão sofreu mudanças significativas ao longodo ano, à excepção da mudança doprocedimento de leilões de taxa fixa paraleilões de taxa variável nas operaçõesprincipais de refinanciamento (OPR) e dapublicação da estimativa das necessidadesagregadas de liquidez do sistema bancário.

O BCE publicou uma versão revista dodocumento intitulado “A política monetáriaúnica na Terceira Fase: Documentação geralsobre os instrumentos e procedimentos depolítica monetária do Eurosistema”(Documentação Geral), em 5 de Dezembrode 2000. Este documento contém umadescrição detalhada dos instrumentos eprocedimentos de política monetáriaaplicados pelo Eurosistema. Esta versãorevista inclui as alterações introduzidas noenquadramento operacional, aprovadas peloConselho do BCE entre a data de publicaçãodas versões anteriores da DocumentaçãoGeral, em 18 de Setembro de 1998, e 31 de Agosto de 2000. A concepção global doenquadramento operacional, que inclui ostrês principais elementos, nomeadamenteoperações de mercado aberto, facilidadespermanentes e reservas mínimas, mantém-seinalterada.

Entre as operações de mercado aberto, asOPR são as mais importantes, de-sempenhando um papel crucial na orientaçãodas condições de liquidez e sinalizando aorientação da política monetária. Estasoperações disponibilizam a maior parte daliquidez ao sector financeiro, sendooperações reversíveis de cedência de liquidez,realizadas sob a forma de leilões normais,com uma frequência semanal e um prazo deduas semanas. Além das OPR, o Euro-sistema conduz também operações de

refinanciamento de prazo alargado (ORPA),com um prazo de três meses. Estas operaçõesdestinam-se a proporcionar ao sectorfinanceiro refinanciamento a prazo maisalargado, numa base mensal, não visandoenviar sinais ao mercado ou guiar as taxas dejuro do mercado. Além disso, o Eurosistemapode realizar outros tipos de operações demercado aberto, a fim de atenuar os efeitossobre as taxas de juro de flutuaçõesinesperadas de liquidez no mercado(denominadas operações ocasionais deregularização) ou com vista ao ajustamentoda posição estrutural do Eurosistema face aosector financeiro (denominadas operaçõesestruturais). Em 2000, o Eurosistema realizouoperações ocasionais de regularização emduas ocasiões, não tendo realizado operaçõesestruturais.

As facilidades permanentes têm comoobjectivo ceder e absorver liquidez peloprazo overnight, sinalizando a orientação geralda política monetária e estabelecendo umlimite máximo e um limite mínimo para astaxas de juro do mercado overnight.

Além das facilidades permanentes, oEurosistema obriga as instituições de créditoa deter reservas mínimas sob a forma de umdepósito no Eurosistema num montanteequivalente a 2% das suas responsabilidadesde curto prazo, com o objectivo de estabilizaras taxas de juro do mercado monetário ealargar o défice de liquidez do sistemabancário face ao Eurosistema. A estabilizaçãodas taxas do mercado monetário é facilitadapelo facto de as reservas mínimas seremapenas cumpridas, em média, num período deconstituição de um mês. Este sistema tem umefeito atenuador significativo sobre a procurade reservas por parte das instituições decrédito, afectando, por conseguinte, ocomportamento das taxas de juro domercado monetário. Desta forma, oEurosistema, em circunstâncias normais, podelimitar as suas operações de mercado abertoa OPR e a ORPA. Considerando que asreservas mínimas, durante o período de

1 Execução da política monetária

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65BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

constituição, são remuneradas à taxa médiadas OPR do Eurosistema, o referido depósitonão implica custos significativos para o sectorbancário.

Na gestão da liquidez na área do euro atravésde operações de mercado aberto, o BCEcentra-se no mercado interbancário dereservas. Neste contexto, entende-se porreservas os depósitos à vista no Eurosistemadetidos por instituições de crédito da área

do euro destinados ao cumprimento dasreservas mínimas. A oferta de tais reservas édeterminada pelo efeito líquido entre aliquidez injectada através de operações depolítica monetária e a liquidez absorvidapelos denominados “factores autónomos”.Estes referem-se a rubricas do balanço dobanco central que não dependem deoperações de política monetária, tais comocirculação monetária, depósitos dasadministrações públicas, valores em

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Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.-20

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facilidade permanente de cedência de liquidezfacilidade permanente de depósito

Gráfico 18

Factores de liquidez e utilização das facilidades permanentes na área do euro em 2000

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200066

liquidação e disponibilidades líquidas sobre oexterior. O nível dos factores autónomosatingiu em média €103.1 mil milhões em2000, oscilando entre €78.2 mil milhões e€158.6 mil milhões (ver Gráfico 18). O nívelmédio dos factores autónomos em 2000 foi€19.8 mil milhões superior ao registado em1999. Os movimentos diários dos factoresautónomos são frequentemente consi-deráveis; alterações da ordem de €10 milmilhões são relativamente frequentes. Entreestes factores, os mais voláteis são osdepósitos das administrações públicas juntodos BCN. A volatilidade dos depósitos dasadministrações públicas (medida pelo desvio--padrão das variações diárias) ascendeu amais de €4.9 mil milhões, face a cerca de €1.0mil milhões para as notas.

Em 2000, o nível médio das reservas mínimasdas instituições de crédito na área do eurototalizou €111.8 mil milhões, ou seja, umvalor superior em €10.2 mil milhões, ou 10%,ao registado em 1999. O aumento do níveldas reservas mínimas, em conjunto com ocrescimento dos factores autónomos, levou a

um aumento do défice global de liquidez dosector bancário para com o Eurosistema de€29.8 mil milhões, ou 16%, face a 1999. Em2000, o montante médio diário da liquidezcedida através de operações de mercadoaberto ascendeu a €213.1 mil milhões,enquanto o recurso às facilidades per-manentes deu origem a uma retirada líquidadiária de liquidez de €0.2 mil milhões.

1.2 As operações principais derefinanciamento

Em 2000, o Eurosistema conduziu um total de51 OPR. Os volumes de colocação variaramentre €35 mil milhões e €128 mil milhões,tendo a média ascendido a €80 mil milhões.De toda a liquidez cedida através deoperações regulares de mercado aberto, 74%foi cedida através de OPR. Em 1999 e durantea primeira metade de 2000, todas as OPRforam conduzidas através de leilões de taxafixa. Contudo, em resposta à elevadasobrelicitação registada no contexto doprocedimento de leilão de taxa fixa, o

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12 26Ago.9 23

Set.6 20

Out.4 18

Dez.13 22

Nov.1 15 29

montante de licitação (escala da esquerda)

rácio de colocação (escala da direita)

EUR mil milhões %

Gráfico 19

Montante de licitação total e rácio de colocação em 2000

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Conselho do BCE decidiu, em 8 de Junho de2000, passar para um sistema de leilão de taxavariável (leilão americano) a partir daoperação a realizar em 27 de Junho de 2000.Em simultâneo, o Conselho do BCE decidiufixar uma taxa mínima de proposta com oobjectivo de sinalizar a orientação da políticamonetária, a qual tinha sido indicada noprocedimento anterior através da taxaaplicada aos leilões de taxa fixa. A taxa mínimade proposta foi inicialmente fixada ao mesmonível da taxa aplicada à operação anterior deleilão de taxa fixa. Aquando do anúncio damudança para leilões de taxa variável, oConselho do BCE salientou que tal alteraçãonão deveria ser considerada como umamudança na orientação da política monetária.O Conselho do BCE sublinhou também quenão excluía a possibilidade de voltar a realizarleilões de taxa fixa, se e quando necessário.

O mecanismo de preços do procedimento deleilão de taxa variável encoraja ascontrapartes do Eurosistema a licitaremconsoante as respectivas necessidades deliquidez. A mudança de um procedimento deleilão de taxa fixa para um procedimento deleilão de taxa variável teve, portanto, umimpacto significativo no comportamento delicitação nas OPR (ver Gráfico 19). Omontante médio das propostas apresentadasnas OPR realizadas em leilões de taxa fixa, noprimeiro semestre de 2000, ascendeu a €3 614 mil milhões, indicando um aumentosubstancial face a 1999, quando o seu valor setinha situado em €954 mil milhões. Emconsequência, o rácio médio de colocaçãocaiu de cerca de 11% em 1999 para 2.7% noprimeiro semestre de 2000. A proposta maiselevada, no montante de €8 491 mil milhões,foi registada na operação realizada em 6 deJunho de 2000. Nas duas últimas OPRrealizadas antes do anúncio da mudança paraleilões de taxa variável, o rácio de colocaçãofoi inferior a 1%. O forte aumento daspropostas no primeiro semestre de 2000 foiampliado pelo facto de, durante a maior partedo período, se registarem expectativas porparte do mercado de aumentos das taxas dejuro pelo BCE, sendo que as taxas de juro decurto prazo do mercado monetário se

situaram, muitas vezes, significativamenteacima da taxa principal de refinanciamento.Esta situação tornou mais interessante paraos bancos licitarem grandes montantes deliquidez do banco central.

Na sequência da mudança paraprocedimentos de leilão de taxa variável, osmontantes licitados caíram fortemente. Omontante médio agregado licitado nasoperações realizadas entre 27 de Junho de2000 e o final do ano foi de €161 mil milhõese o rácio médio de colocação de 58%. Amudança para o procedimento de leilão detaxa variável levou a uma diminuição donúmero de contrapartes que participam nasOPR, de uma média de 814 no primeirosemestre de 2000 para 640 no segundo. Nosleilões de taxa variável, o desvio médio entrea taxa mínima de proposta fixada peloConselho do BCE e a taxa marginal deproposta situou-se em 8 pontos base. Omaior desvio observado entre a taxa marginalde proposta e a taxa mínima de proposta foide 43 pontos base em 30 de Agosto de 2000,reflectindo as grandes expectativas deaumento das taxas de juro existentes nessaocasião. O desvio entre a taxa marginal deproposta e a taxa média ponderada foi de 2 pontos base em média, com um máximo de6 e um mínimo de 0 pontos base. Estepequeno desvio indica que as expectativas dascontrapartes sobre a taxa marginal dasoperações foram relativamente homogénease que foi diminuto o volume de propostasapresentadas a taxas consideravelmente maiselevadas.

A mudança para o novo procedimento deleilão foi acompanhada pela decisão decomeçar a publicar uma estimativa dasnecessidades agregadas de liquidez do sistemabancário a fim de facilitar a tarefa dascontrapartes na preparação das propostas.As necessidades de liquidez do sistemabancário têm duas componentes. A primeirarespeita às reservas mínimas e a segunda é oresultado líquido de todos os outros factoresque afectam o balanço consolidado doEurosistema, isto é, os factores autónomos.Destas duas componentes, as reservas de

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200068

caixa são geralmente conhecidas com elevadograu de precisão alguns dias após o início doperíodo de constituição de reservas,enquanto a estimativa dos factoresautónomos é menos precisa. Em 2000, o erroabsoluto médio de previsão (isto é, adiferença absoluta média entre o valorestimado dos factores autónomos, publicadouma vez por semana para os nove diasseguintes, e o valor verificado) totalizou€1.11 mil milhões. O desvio-padrão dadiferença entre os valores estimado eobservado foi de €1.34 mil milhões.

1.3 As operações de refinanciamentode prazo alargado

Além das OPR, o Eurosistema também realizaORPA, que são operações reversíveis decedência de liquidez, com uma frequênciamensal e um prazo de três meses. Em média,no ano 2000, as ORPA cederam cerca de 26%do refinanciamento total através deoperações regulares de mercado aberto. AsORPA não são, em regra, conduzidas com aintenção de afectar a situação de liquidez, deenviar sinais ao mercado ou de orientar astaxas de juro do mercado. Para que oEurosistema possa actuar como tomador detaxa, as ORPA têm sido conduzidas sob aforma de leilões de taxa variável, comvolumes de colocação pré-anunciados, tendosido aplicado o procedimento de leilãoamericano. Enquanto as seis primeiras ORPAem 2000 tiveram um volume de €20 milmilhões, as últimas seis ascenderam a €15 milmilhões. Em média, no ano 2000, foi cedidoum volume de liquidez de €17.5 mil milhõesatravés deste tipo de operação. Em média,participaram 270 contrapartes nas ORPA em2000.

1.4 Outras operações de mercadoaberto

Em 2000, o Eurosistema realizou duasoperações ocasionais de regularização. Aprimeira teve por objectivo absorver a amplaliquidez existente no início do ano devido, por

um lado, ao compromisso do BCE de evitar aocorrência de restrições de liquidez durantea transição para o novo milénio e, por outro,ao forte recurso das contrapartes doEurosistema à facilidade permanente decedência de liquidez em 30 de Dezembro de1999. Esta operação foi realizada sob a formade uma operação ocasional de regularizaçãopara absorção de liquidez com um prazo deuma semana – liquidada em 5 de Janeiro de2000 –, tendo sido realizada através dacaptação de depósitos com prazo fixo numleilão rápido de taxa variável com uma taxamáxima de proposta pré-anunciada de 3%.Embora o anúncio tivesse sido efectuado paraum montante de colocação de €33 milmilhões, as propostas ascenderam apenas a€14.4 mil milhões. Das 210 contraparteselegíveis para as operações ocasionais deregularização do Eurosistema, 43 participaramna operação. A segunda operação ocasionalde regularização esteve relacionada com uminesperado elevado recurso à facilidadepermanente de depósito, no montante de€11.2 mil milhões, em 20 de Junho de 2000,o que levou a uma contracção da liquidezno final do período de constituição. OEurosistema conduziu a operação no diaseguinte, a qual foi definida como transacçãode cedência de liquidez a taxa variável, sendorealizada sob a forma de leilão rápido peloprazo overnight. Os montantes licitadosascenderam a €18.8 mil milhões, enquanto omontante colocado foi de €7.0 mil milhões.Na operação participaram 38 contrapartes.

1.5 Facilidades permanentes

A amplitude do corredor de taxa de jurodeterminado pelas duas facilidades per-manentes manteve-se sem alteração em 200 pontos base durante todo o ano. Quer ataxa da facilidade permanente de cedência deliquidez, quer a taxa da facilidade permanentede depósito foram fixadas simetricamente,implicando um desvio de 100 pontos baseentre cada taxa e a taxa fixa do leilão ou ataxa mínima de proposta das OPR. Autilização média de ambas as facilidadespermanentes desceu comparativamente ao

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ano anterior, indicando que a gestão dasreservas das contrapartes do Eurosistema setornou mais eficaz e que, em média, a gestãode liquidez pelo Eurosistema alcançou umasituação de liquidez mais equilibrada no finaldos períodos de constituição de reservas.

Ao longo do ano, o recurso médio diário àfacilidade permanente de cedência de liquideze à facilidade permanente de depósitototalizou €0.4 mil milhões e €0.5 mil milhões,respectivamente. Normalmente, o recurso àsfacilidades permanentes é relativamente baixodurante a maior parte do período deconstituição de reservas, como se pode ver noGráfico 18 acima. Em particular, ascontrapartes geralmente só utilizam afacilidade permanente de depósito depois deterem cumprido os requisitos das reservasmínimas, o que – para a maior parte dasinstituições de crédito – ocorre apenas nosúltimos dias do período de constituição. Destemodo, cerca de 85% da utilização da facilidadepermanente de depósito em 2000 ocorreu nosúltimos cinco dias do período de constituição.O mesmo aconteceu, embora em menorescala, com a utilização da facilidade perma-nente de cedência de liquidez.

Por vezes, a utilização das facilidadespermanentes pode ser significativa devidoquer a circunstâncias excepcionais, como asdescritas na Secção 1.4 acima, quer aproblemas técnicos na liquidação depagamentos.

1.6 O regime de reservas mínimas

O nível médio das reservas mínimas dasinstituições de crédito na área do euroascendeu a €111.8 mil milhões em 2000. Onível efectivo dos requisitos de reservaagregados variou entre €107.5 mil milhões(durante o período de constituição queterminou em 23 de Fevereiro de 2000) e€116.6 mil milhões (durante o período deconstituição que terminou em 23 deDezembro de 2000). Das 7 521 instituições de crédito sujeitas a reservas mínimas,5 304 cumpriram os respectivos requisitos

directamente com os respectivos BCN doEurosistema, enquanto as outras os cumpriramindirectamente através de um intermediário.As reservas detidas pelos bancos oscilaramentre €78.7 mil milhões e €137.8 mil milhõesao longo do ano, indicando estar disponível umconsiderável amortecedor contra retiradasinesperadas de liquidez (ver Gráfico 18). Defacto, em 2000, a taxa EONIA apresentou umavolatilidade limitada. O desvio-padrão das suasvariações diárias foi de apenas 14 pontos base,apesar da frequência muito baixa dasoperações ocasionais de regularização. Destemodo, as duas principais funções do regime de reservas mínimas, nomeadamente aestabilização das taxas de juro do mercadomonetário e o alargamento do défice deliquidez estrutural do sector bancário, foramcumpridas com êxito.

Em consequência do bom funcionamento doregime de reservas mínimas, não foramintroduzidas alterações nas suas carac-terísticas principais, ou seja, nas cláusulas demédia, duração do período de constituição dereservas (um mês, com início no dia 24 decada mês e fim no dia 23 do mês seguinte) ouremuneração das reservas (à média das taxasde juro marginais das OPR relevantes para operíodo de constituição de reservas). De igualforma, não foram efectuadas alterações aorácio de reserva (que se manteve em 2% dasresponsabilidades elegíveis), à base deincidência ou ao montante da dedução(€100 000) dedutível das reservas mínimas.Os únicos elementos novos introduzidos noregime, em 2000, foram as alterações aoRegulamento (CE) N.º 2818/98 do BancoCentral Europeu relativo à aplicação dasreservas mínimas obrigatórias (BCE/1998/15)e ao Regulamento (CE) N.º 2819/98 do BancoCentral Europeu relativo ao balançoconsolidado do sector das instituiçõesfinanceiras monetárias (BCE/1998/16)1. Oobjectivo destas alterações consistiu emespecificar de forma mais clara o modo comoas fusões e as cisões de instituições afectamas suas reservas mínimas e melhorar osprocedimentos relativos à troca de

1 Ver o Regulamento do BCE de 31 de Agosto de 2000(BCE/2000/8).

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200070

informação entre as instituições de crédito eos BCN sobre os valores das reservasmínimas. Em particular, esta última alteraçãopermitiu ao Eurosistema dispor de valoresdefinitivos sobre as reservas mínimas antesdo fim do período de constituição, o quemelhorou a precisão da gestão de liquidez.Além disso, o novo procedimento eliminarevisões tardias das reservas mínimas. Osnovos Regulamentos entraram em vigor emNovembro de 2000.

Acresce ainda que, com o objectivo demelhorar a transparência relativamente àpolítica de sanções do BCE em matéria dereservas mínimas, o BCE tornou público, em 2 de Fevereiro de 2000, a taxa de juropenalizadora aplicada em caso de nãocumprimento da obrigação de constituirreservas mínimas. Normalmente, a taxapenalizadora é a taxa da facilidade permanentede cedência de liquidez acrescida de 2.5 pontospercentuais. Em caso de incumprimentorepetido, isto é, quando uma instituição nãocumpre as reservas mínimas mais do que duasvezes durante um período de 12 meses, a taxapenalizadora é a taxa da facilidade permanentede cedência de liquidez acrescida de 5 pontospercentuais. O número de incumprimentos dasreservas mínimas continuou a diminuir em2000. O número médio de infracções porperíodo de constituição de reservas foi de 92,enquanto que em 1999 tinha sido de 139. Alémdisso, na maior parte dos casos, as situações deincumprimento foram pouco significativas.Cerca de 80% das sanções impostas foraminferiores a €500.

1.7 Os activos elegíveis do Eurosistemae a sua utilização para operações decrédito

De acordo com os Estatutos do SEBC, todasas operações de crédito do Eurosistemadeverão estar cobertas por garantiasadequadas. O quadro de garantias doEurosistema foi concebido de forma a evitarque este incorra em perdas nas suasoperações de política monetária e desistemas de pagamentos (ver Secção a seguir

sobre a gestão do risco), garantir umtratamento igualitário das contrapartes emelhorar a eficácia operacional. São aplica-dos critérios de elegibilidade comunsrelativamente às garantias aceites nasoperações de crédito realizadas peloEurosistema. Em simultâneo, é prestada adevida atenção às diferenças em termos depráticas utilizadas pelos bancos centrais eestruturas financeiras em toda a área do euroe à necessidade por parte do Eurosistemade assegurar a suficiente disponibilidade degarantias adequadas nas suas operações decrédito. Em conformidade com o disposto noartigo 102.º (ex-artigo 104.º-A) do Tratado, éproibido o acesso privilegiado às instituiçõesfinanceiras por parte das instituições dosector público; do mesmo modo, não deve serfeita discriminação no quadro das garantiascom base no facto de os emitentes serempúblicos ou privados.

A fim de tomar em consideração as diferençasexistentes na estrutura financeira dosEstados-membros, os activos elegíveis para asoperações de crédito incluem um númeroelevado de diferentes instrumentos. É feitauma distinção entre duas categorias deactivos elegíveis para as operações de créditodo Eurosistema. Essas categorias são referidascomo activos da “Lista 1” e da “Lista 2”,respectivamente. Essa distinção não temrelação com a qualidade dos activos e a suaelegibilidade para os vários tipos deoperações de política monetária doEurosistema, à excepção do facto de osactivos da Lista 2 não serem normalmenteutilizados pelo Eurosistema no caso detransacções definitivas. Os activos da Lista 1 são constituídos por instrumentos de dívidanegociáveis que preenchem os critérios deelegibilidade uniformes em toda a área doeuro, especificados pelo BCE. Os activos daLista 2 são activos com importância particularpara os mercados financeiros e sistemasbancários nacionais, sendo os critérios deelegibilidade estabelecidos pelos BCN,sujeitos aos critérios de elegibilidade mínimosestabelecidos pelo BCE. Os activos da Lista 2 podem ser instrumentos de dívidatransaccionáveis ou não transaccionáveis, ou

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podem ser constituídos por acções. O BCEpublica e actualiza semanalmente, na suapágina na Internet (www.ecb.int), a Lista 1 eos activos negociáveis da Lista 2. No final deDezembro de 2000, o montante total dosactivos elegíveis negociáveis potencialmentedisponível para as operações de políticamonetária do Eurosistema era ligeiramentesuperior a €6 300 mil milhões (face a €6 150mil milhões em Janeiro de 2000). Os activoselegíveis efectivamente detidos porinstituições de crédito representavam apro-ximadamente um terço deste montante. Agrande maioria desse montante (93%) eraconstituída por activos da Lista 1, sendo osrestantes 7% constituídos por activos da Lista 2(mais de metade do montante destes eramacções avaliadas a preços de mercado). Dosactivos, 57% eram títulos de dívida pública,32% eram títulos emitidos por instituições decrédito e os restantes 11% eram activosemitidos por sociedades não financeiras. Emtermos de prazos, 85% dos activos eramobrigações de longo prazo, enquanto ostítulos de dívida de médio prazo, os títulos decurto prazo e as acções representavam cadaaproximadamente 5% do total dos activos. Domontante total de activos elegíveis ne-gociáveis, aproximadamente 10% foramefectivamente apresentados ou depositadospelas contrapartes para garantir a políticamonetária do Eurosistema e as operações decrédito intradiário ao longo do ano.

As contrapartes do Eurosistema podemutilizar os activos elegíveis numa basetransfronteiras, isto é, podem obter fundos doBCN do Estado-membro no qual seencontram estabelecidas, utilizando activoslocalizados em outro Estado-membro (vertambém Secção 2.2). No ano em análise, ascontrapartes utilizaram predominantementegarantias domésticas; a utilização trans-fronteiras de garantias manteve-se estável emaproximadamente 17%, sendo a maior parterepresentada por activos da Lista 1.

1.8 Participação das contrapartes doEurosistema em operações depolítica monetária

O enquadramento de política monetária doEurosistema permite a participação de umagrande variedade de contrapartes nasoperações de política monetária. Todas asinstituições de crédito que se encontramsujeitas a reservas mínimas de caixa podemter acesso às facilidades permanentes eparticipar em operações de mercado abertorealizadas através de leilões normais.Contudo, as contrapartes devem tambémpreencher quaisquer critérios operacionaisespecificados em acordos contratuais ouregulamentares aplicados pelo Eurosistemacom o objectivo de garantir a condução eficazdas operações de política monetária. Emconsequência, cerca de 3 600 das cerca de 7 500 instituições de crédito da área do eurosujeitas a reservas mínimas no final deDezembro de 2000 acederam à facilidadepermanente de depósito e 3 000 à facilidadepermanente de cedência de liquidez. Cerca de2 500 instituições de crédito participaram emoperações de mercado aberto realizadasatravés de leilões normais. Foi seleccionadoum grupo limitado, que actualmente é decerca de 200 instituições, para participar nasoperações ocasionais de regularização.

Em comparação com a situação existente nofinal de 1999, o número total de instituiçõesde crédito teve uma redução de cerca de 400, 200 das quais tinham acesso àsfacilidades permanentes. Esta redução ficou adever-se principalmente à consolidação dosector bancário. No entanto, não ocorrerammudanças relevantes de 1999 para 2000 nonúmero global de instituições com acesso àsoperações de mercado aberto.

A participação efectiva das contrapartes nasoperações principais de refinanciamento doEurosistema situou-se entre 655 e 923 lici-tantes no período em que foi aplicado o pro-cedimento de leilão de taxa fixa (isto é, noprimeiro semestre de 2000), tendo-se situadoentre 496 e 800 licitantes no segundo semes-tre do 2000, período em que foi aplicado o

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procedimento de leilão de taxa variável. Emgeral, o número global de licitantes de uma se-mana para a outra apresentou maior vola-tilidade durante o período de leilões de taxafixa do que durante o período de leilões detaxa variável. A participação nas ORPA situ-ou-se entre 165 e 354 contrapartes durante oano. Em média, o número de participantesdiminuiu no segundo semestre de 2000, faceao primeiro. O número de contrapartes elegí-veis para as operações ocasionais de regula-rização diminuiu de 211 para 198 em 2000.

I.9 Actividade no mercado monetário

Em 2000, o mercado monetário da área doeuro funcionou de forma muito regular e obem sucedido processo de integração, ini-ciado em 1999, foi confirmado, contribuindodessa forma para uma redistribuição eficaz,em toda a área do euro, da liquidez cedidapelo Eurosistema através das suas operaçõesde política monetária.

De acordo com a informação disponível, aactividade global no mercado monetário naárea do euro aumentou face a 1999. Nomercado interbancário de depósitos, no qual

os bancos transaccionam liquidez de curtoprazo sem a utilização de garantias, a activi-dade manteve-se estável face a 1999, emboratenha aumentado significativamente noutrossegmentos do mercado monetário, incluindoo mercado das operações de reporte e, emespecial, o mercado de swaps de taxa de juro,onde a actividade pode ter duplicado face a1999. A actividade no mercado de depósitossem garantia parece ter registado uma maiorconcentração no muito curto prazo, nomea-damente nas operações overnight, enquanto aactividade no mercado das operações dereporte terá registado uma concentraçãocrescente nos prazos ligeiramente mais lon-gos (até um mês). A maior parte do aumentoda actividade no mercado de swaps de taxa dejuro, que é muito líquido, é atribuível ao êxitodas transacções indexadas à EONIA.

No que respeita à evolução dos mercados detítulos de curto prazo (bilhetes do Tesouro,papel comercial e certificados de depósito),registaram-se alguns progressos em matériade integração, embora tenham permanecidolimitados em comparação com outros seg-mentos do mercado monetário. A actividadetransfronteiras na área do euro aumentouligeiramente.

2 Operações dos sistemas de pagamentos e de liquidação

2.1 O sistema TARGET

O sistema de Transferências AutomáticasTranseuropeias de Liquidações pelos ValoresBrutos em Tempo Real (TARGET) funcionoucom êxito ao longo de 2000, sendoactualmente reconhecido pelos participantesde mercado como o principal sistema depagamentos do euro. Proporciona um serviçoeficiente para pagamentos rápidos deimportâncias avultadas, em especial osrelacionados com operações do mercadomonetário e do mercado cambial.

Versão actualizada do TARGET

Em 20 de Novembro de 2000, foi adoptada aversão actualizada do TARGET 2000 – aprimeira actualização do software comum doTARGET desde que o sistema iniciou o seufuncionamento efectivo em Janeiro de 1999.A versão actualizada do software inclui umnovo formato de mensagem para ospagamentos de clientes MT103 (e a suaversão de processamento directo, oMT103+). Este novo padrão facilita a adopçãopelos bancos dos requisitos de transparênciaestipulados pela Directiva 97/5/CE doParlamento Europeu e do Conselho, de 27 deJaneiro de 1997, relativa às transferênciastransfronteiras. Todas as componentes doTARGET foram modificadas antes ou durante

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73BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

o fim-de-semana de 18 e 19 de Novembro de2000, o mesmo fim-de-semana em que foiactualizada a rede SWIFT.

Funcionamento do TARGET em 2000

Em 2000, a média diária de pagamentosprocessados por todo o sistema (ou seja,pagamentos transfronteiras e domésticos) foide 188 157, o que representa um valor de€1 033 mil milhões (ver Quadro 6).

Em 2000, o tráfego de pagamentostransfronteiras no TARGET ascendeu a 41.8%do valor total do TARGET, face a 38.9% em1999, e a 21.2% do volume total do TARGETface a 17.6% em 1999. Dos pagamentostransfronteiras do TARGET, 96.5%, em termosde valor, e 65.5%, em termos de volume,corresponderam a transacções interbancá-rias, sendo o restante pagamentos de clientes.O valor médio dos pagamentos interban-cários transfronteiras foi de €10.8 milhões eo valor médio dos pagamentos de clientestransfronteiras foi de €1.1 milhões. As infor-mações sobre os dias de maior tráfego depagamentos em termos de volume e de valorsão apresentadas no Quadro 7.

A página do BCE na Internet, em www.ecb.int,apresenta outras estatísticas na secção“Payment statistics”, sob o título TARGET.

Disponibilidade do TARGET em 2000

Após a realização de um elevado número detestes em 1999, a transição para o ano 2000decorreu sem qualquer problema significativopara o TARGET.

A disponibilidade do TARGET melhorouclaramente em 2000, revelando que osproblemas iniciais enfrentados em 1999 foramultrapassados. O número de incidentes noTARGET ao longo de 2000 teve umdecréscimo considerável, 70%.

Calendário do TARGET

Em 2000, para além de sábados e domingos, oTARGET esteve encerrado no dia de AnoNovo, na Sexta-feira Santa (católicos/protestantes), na segunda-feira a seguir àPáscoa (católicos/protestantes), no 1.º deMaio (Dia do Trabalhador), no dia de Natal eno dia 26 de Dezembro. Em alguns países emque estes dias eram dias úteis normais, osBCN mantiveram os seus sistemas deliquidação por bruto em tempo real (SLBTR)abertos para o processamento de operaçõesdomésticas limitadas. Para 2001, o Conselhodo BCE decidiu adoptar um dia de

Volume 1999 2000 Variação, %

GlobalTotal 42 257 784 47 980 023 13.5Média diária 163 157 188 157 15.3DomésticoTotal 34 804 458 37 811 112 8.6Média diária 134 380 148 279 10.3TransfronteirasTotal 7 453 326 10 168 911 36.4Média diária 28 777 39 878 38.6

Valor, EURmil milhões 1999 2000 Variação, %

GlobalTotal 239 472 263 291 9.9Média diária 925 1 033 11.7DomésticoTotal 146 236 153 253 4.8Média diária 565 601 6.4TransfronteirasTotal 93 236 110 038 18.0Média diária 360 432 20.0

Quadro 6

Tráfego de pagamentos no TARGET *)

Volume

Global 283 745 29 Dez.Doméstico 236 658 29 Dez.Transfronteiras 60 770 29 Set.

Valor, EUR mil milhõesGlobal 1 551 30 Nov.Doméstico 1 032 30 Nov.Transfronteiras 586 30 Jun.

*) Em 1999: 259 dias de funcionamento; em 2000: 255 dias defuncionamento.

Quadro 7

Tráfego máximo no TARGET em 2000

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200074

encerramento extraordinário em 31 deDezembro, a fim de salvaguardar a conversãoharmoniosa para o euro dos sistemas depagamentos a retalho e dos sistemasbancários internos.

Em Dezembro de 2000, foi estabelecido umcalendário a longo prazo para os dias defuncionamento do TARGET, aplicável a partirde 2002 e até informação em contrário. Destaforma, o TARGET encerrará, para além desábados e domingos, no dia de Ano Novo, naSexta-feira Santa (católicos/protestantes),na segunda-feira a seguir à Páscoa(católicos/protestantes), no 1.º de Maio (Diado Trabalhador), no dia de Natal e no dia 26de Dezembro. Nestes dias de encerramento,o TARGET, no seu conjunto, incluindo todosos SLBTR nacionais, estará completamenteencerrado. Poderão ser necessárias algumasadaptações operacionais e legais em algunsEstados-membros. Assim, as autoridadescompetentes desses Estados-membros foramconvidadas a tomar iniciativas, sempre quenecessário, a fim de eliminar qualquerimpedimento legal à aplicação do calendário a longo prazo para os dias de funcionamentodo TARGET. Considerou-se necessárioadoptar um calendário a longo prazo a fim deeliminar incertezas para os mercadosfinanceiros e, como sugerido pelo sectorbancário, a fim de evitar problemasdecorrentes de diferentes dias nacionais defuncionamento do TARGET. Nos dias deencerramento do TARGET não estarãodisponíveis quaisquer facilidades permanentesnos BCN. Estes dias não poderão ser dias deliquidação para o mercado monetário do euroou para transacções cambiais que envolvam oeuro. A EONIA e a taxa de câmbio dereferência também não serão publicadas.Além disso, o modelo de banco centralcorrespondente (MBCC) para a utilizaçãotransfronteiras de garantias não funcionarános dias de encerramento do TARGET.

Esquema de reembolso do TARGET

Em 1 de Janeiro de 2001, foi introduzido umesquema de reembolso do TARGET para

benefício dos participantes do TARGET emcaso de mau funcionamento do sistema. Oesquema é aplicável sempre que oprocessamento, no próprio dia, de ordens depagamento no TARGET não possa sercompletado. O esquema de reembolsodestina-se a compensar os participantes dedeterminados custos mais elevados em queestes incorram ao recorrerem às facilidadespermanentes do Eurosistema em caso dequalquer deficiência de funcionamento. A fimde assegurar igualdade nas condições deconcorrência, o esquema é também aplicávela participantes nos SLBTR em euro de BCN não participantes. O quadro legal paraeste esquema encontra-se previsto nas“Orientações do TARGET”, que serãopublicadas no Jornal Oficial das ComunidadesEuropeias e também disponibilizadas napágina do BCE na Internet.

Relações com os utilizadores do TARGET

Em 2000, o BCE e os BCN mantiveram umdiálogo permanente com os utilizadores doTARGET, com o propósito de lhes permitir amelhor utilização possível do sistema. Foramefectuadas reuniões regulares entre osGrupos de Utilizadores nacionais do TARGET,juntando os BCN e as comunidades bancáriasnacionais. Além disso, foram organizadasreuniões a nível do Eurosistema, a fim deassegurar que os BCN e o BCE se encontremmelhor informados e mais aptos a responderàs necessidades dos participantes.

2.2 O modelo de banco centralcorrespondente

O MBCC entrou em funcionamento em 4 deJaneiro de 1999. Foi criado com o objectivode facilitar a todas as contrapartes doEurosistema e aos participantes no TARGET autilização transfronteiras de todos os activoselegíveis como garantias, quer em operaçõesde política monetária, quer em operações decrédito intradiário. Desde o início da TerceiraFase da UEM, o MBCC tem sido oinstrumento principal na utilização

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transfronteiras de garantias, revelando umuso crescente. Em 2000, as garantiasapresentadas ao Eurosistema através doMBCC representavam 15%, em média, dototal de garantias prestadas. Esta percentagemé notável quando comparada com 3% degarantias detidas em custódia através deacordos de ligação entre sistemas deliquidação de títulos (SLT), a única alternativaao MBCC para a transferência transfronteirasde garantias (ver Gráfico 20). Os restantes82% são detidos internamente.

O total das garantias fornecidas aoEurosistema refere-se à soma das garantiasnacionais, das garantias transfronteirasdetidas através do MBCC e das garantiastransfronteiras detidas através das ligaçõesentre SLT. A primeira fase de ligações foiaprovada em Maio de 1999.

Ao longo do ano, os activos detidos emcustódia pelo Eurosistema através do MBCCatingiram, em média, €100 mil milhões (emmédia, €114 mil milhões eram detidos peloSEBC). O principal fornecedor de garantias

(actuando na qualidade de banco centralcorrespondente) foi a Itália, com 36% dosactivos totais detidos através do MBCC,seguida pela Alemanha com 17% e peloLuxemburgo e Bélgica com 15% cada. Oelevado montante de garantias fornecidaspelo Luxemburgo e Bélgica deve-se ao factode a Clearstream Luxembourg e a Euroclear, asduas centrais de depósito de títulos (CDT)internacionais, estarem localizadas nestes doispaíses.

Os principais utilizadores de garantias(actuando na qualidade de banco central deorigem) foram a Alemanha, com 42% dasgarantias detidas através do MBCC, oLuxemburgo (16%), os Países Baixos (15%) ea França (11%). Devido à relativa escassez degarantias domésticas na Irlanda e noLuxemburgo, as garantias estrangeiras detidasatravés do MBCC numa base transfronteirasascenderam a 54% de todas as garantiasdetidas no Luxemburgo pelas contrapartes ea 63% das detidas na Irlanda.

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Jan.1999 2000

Abr. Jul. Out. Jan. Abr. Jul. Out.

ligaçõesMBCC

Gráfico 20

Evolução das garantias transfronteiras em percentagem do total das garantiasfornecidas ao Eurosistema

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200076

Das duas categorias de activos elegíveis paraoperações de crédito do Eurosistema, tambémdenominados activos da Lista 1 e da Lista 2, autilização transfronteiras de garantias envolveprincipalmente activos da Lista 1.

O MBCC, embora tendo sido projectadocomo uma solução intermédia, continuará afuncionar pelo menos até que o mercadotenha desenvolvido alternativas abrangentes etotalmente eficazes para a transferência degarantias transfronteiras. O estabelecimentode ligações directas entre os SLT temconstituído um primeiro passo importante

nesta direcção. Porém, a utilização dasligações não foi, até à data, tão ampla como oprevisto. De facto, apenas 29 das 62 ligaçõeselegíveis são utilizadas frequente esignificativamente. A ausência das carac-terísticas de entrega contra pagamento e afalta de harmonização dos procedimentos deliquidação dos SLT domésticos são as razõesmais frequentemente apontadas pelosutilizadores quando explicam a reduzidautilização das ligações. A este respeito, aadopção do mecanismo de entrega contrapagamento poderá conduzir a uma maiorutilização das ligações no futuro.

3 Operações cambiais e investimento de activos de reserva externa

O Eurosistema é responsável pela detenção egestão dos activos de reserva externa dosEstados-membros da UE que participam naUEM. Tanto o BCE como os BCN detêm egerem activos de reserva externa.

3.1 Operações cambiais do BCE

Em 2000, o BCE e os BCN, em nome do BCE, conduziram operações cambiais queconsistiram, por um lado, em vendas dereceitas de juros de moeda estrangeira e, poroutro lado, em operações de intervenção nomercado cambial.

O investimento da componente moedaestrangeira dos activos de reserva do BCEconduziu, desde o início de 1999, a umaumento no seu valor num montantecorrespondente a mais de €2.5 mil milhõesno final de Agosto de 2000, principalmentedevido a rendimentos de juros. Com oobjectivo de manter a estrutura e o perfil derisco do balanço do BCE, tal como seencontrava no início de 1999, o Conselhodecidiu, em 31 de Agosto de 2000, que osrendimentos provenientes de juros dosactivos de reserva seriam vendidos contraeuro. Estas vendas tiveram início em 14 deSetembro de 2000 e decorreram ao longo devários dias, de forma a ficarem concluídas noprazo de aproximadamente uma semana.

Em 22 de Setembro de 2000, o BCE interveiono mercado cambial pela primeira vez desde aintrodução do euro. Por iniciativa do BCE, asautoridades monetárias dos Estados Unidos,Japão, Canadá e Reino Unido aliaram-se aoBCE numa intervenção concertada, nocontexto da evolução cambial descrita noCapítulo I. A intervenção concertada foiseguida por intervenções unilaterais do BCEem 3, 6 e 9 de Novembro, as quais foramconsideradas como uma continuação daacção concertada.

3.2 Activos de reserva do Eurosistema

No final de 2000, os activos de reserva doBCE ascendiam a €43.5 mil milhões, emcomparação com €46.8 mil milhões no finalde 1999. Esta variação reflecte diversosfactores, tais como as vendas de rendimentosde juros provenientes das reservas externasdo BCE, intervenções cambiais efectuadaspelo BCE ao longo do ano e reavaliaçõestrimestrais, a preços de mercado, dos activosde reserva. O BCE pode exigir novascontribuições em activos de reserva aosBCN, nas condições previstas na legislaçãosecundária da Comunidade Europeia(Regulamento (CE) N.º 1010/2000 doConselho, de 8 de Maio, relativo a novascontribuições em activos de reserva exigidospelo Banco Central Europeu).

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O Conselho do BCE definiu a composiçãopor divisas das reservas externas do BCE, queconsistem em ouro, dólares dos EUA e ienesjaponeses, com base nas necessidadesoperacionais futuras, podendo alterá-la se equando considerar adequado. Não existe umagestão activa da composição por moedas dasreservas para fins de investimento, de modo aevitar qualquer interferência com a políticamonetária única e com a política cambial doEurosistema. Nos termos do Acordo entreBancos Centrais sobre o Ouro, de 26 deSetembro de 1999, que estipula que ossignatários não deverão expandir a suaactividade de empréstimos em ouro e nosmercados de futuros e opções sobre ouro, osactivos em ouro continuam a não ser geridosde forma activa.

Os BCN continuam a gerir as suas própriasreservas da forma que consideram maisadequada, mas as suas operações, acima deum determinado limite, estão sujeitas anotificação ou a aprovação do BCE, por formaa assegurar a coerência com a políticamonetária única.

Quanto às reservas externas do BCE e dosBCN da área do euro, um formulário sobre as“Reservas Internacionais e Liquidez Cambial”é publicado mensalmente, com umdesfasamento de um mês, ao abrigo doPadrão de Divulgação de Dados Especiais(Special Data Dissemination Standards) do FMI, para além da situação financeiraconsolidada do Eurosistema, publicadasemanalmente na página do BCE na Internet(www.ecb.int).

3.3 Evolução da abordagem doEurosistema à gestão das reservasexternas

O objectivo subjacente à gestão das reservasexternas do BCE é garantir que, em qualquermomento, o BCE dispõe de um montante derecursos líquidos suficiente para qualquerintervenção cambial, sempre que e quando o Conselho do BCE decidir que tal seja necessário. Quando se verificam

intervenções, como sucedeu em 2000, sãoutilizados os activos de reserva externa doBCE. Liquidez e segurança são, assim, osrequisitos básicos para o investimento dasreservas externas do BCE. Sujeitas a estasrestrições, as reservas externas do BCE sãogeridas de forma a maximizar o seu valor.

As reservas externas do BCE são geridas deforma descentralizada pelos BCN da área doeuro, com base nas principais linhasorientadoras do investimento e numreferencial estratégico estabelecidos peloConselho do BCE, bem como num quadrotáctico decidido pela Comissão Executiva.Para além da composição por divisas, o BCEdefine quatro parâmetros-chave para oinvestimento das suas reservas externas.Primeiro, um referencial de investimento adois níveis (ou seja, um referencial estratégicoe outro táctico) para cada moeda; segundo,desvios permitidos face a esses referenciais,em termos de risco de taxa de juro; terceiro,uma lista de instrumentos e operaçõeselegíveis; e, quarto, limites à exposição aorisco de crédito (ver também a Secção 5). OsBCN utilizam a margem de manobraproporcionada pelas bandas de desvio e oslimites de risco para maximizar o rendimentodas carteiras que gerem em nome do BCE,num contexto de acompanhamento contínuopor este. Na condução da actividade deinvestimento do BCE, os BCN actuam emnome deste, de forma delegada, de modo aque as contrapartes do BCE possam distinguiras operações efectuadas pelos BCN em nomedo BCE, das efectuadas pelos BCN no âmbitoda gestão das suas próprias reservas.

Desde o seu lançamento, este quadro temfuncionado de forma satisfatória. Contudo, sãopermanentemente prosseguidos trabalhoscom o objectivo de o aperfeiçoar e melhorar.É especialmente este o caso relativamente àselecção de activos e instrumentos elegíveisnos quais são investidas as reservas externas.A gama de instrumentos foi, de início, algolimitada, e uma atitude prudente continuará aser adoptada. Porém, foi iniciada umaexpansão gradual dos instrumentos deinvestimento autorizados.

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4 Gestão dos fundos próprios do BCE

Foi atribuído ao BCE um capital inicial deaproximadamente €4 000 milhões. O objec-tivo principal deste capital é conceder ao BCEfundos próprios, que lhe deverão disponibili-zar rendimentos suficientes,mantendo ao mes-mo tempo um nível de segurança adequado.Como estes fundos são actualmente investi-dos em activos denominados em euro, é damaior importância prevenir qualquer interfe-rência com as decisões de política monetáriado Conselho do BCE. Por conseguinte, paraevitar a utilização abusiva de informaçãoconfidencial na gestão dos fundos própriosdo BCE e proteger a reputação do BCE, foiestabelecido um dispositivo específico idên-tico às denominadas “muralhas da China”(Chinese walls), ou seja, uma separação opera-cional e física rigorosa entre a unidade quegere os fundos próprios e as outras unidadesdo BCE. Além disso, o BCE segue umaabordagem de investimento relativamentepassiva, em particular na área do mercadomonetário, de forma a não gerar quaisquersinais de política monetária.

Os órgãos de decisão do BCE determinam os parâmetros-chave para o investimento dos fundos próprios nos mercados obriga-cionistas europeus. Neste contexto, o objec-tivo é maximizar o rendimento da carteirados fundos próprios.

A lista de contrapartes elegíveis para oinvestimento de fundos próprios do BCE e adocumentação legal relevante, embora elabo-radas separadamente das referentes à gestãodos activos de reserva externa do BCE, cum-prem os mesmos critérios de prudência e deeficiência. De acordo com o alargamento gra-dual da gama de instrumentos de investi-mento autorizados, a utilização activa de futu-ros de obrigações para a gestão de fundospróprios foi iniciada em 2000, tendo sidolançado, em Fevereiro de 2001, um programade empréstimo automático de títulos parafundos próprios.

5 Gestão do risco

5.1 Introdução

O BCE e os BCN do Eurosistema incorremem riscos quando gerem activos, ou seja, osactivos de reserva externa e fundos próprios,na execução da política monetária e nasoperações de sistemas de pagamentos. Sãoprincipalmente riscos de crédito, de mercado,de liquidez e operacionais. Existe um quadropara a identificação e gestão destes riscosnuma base integrada e centralizada, de acordocom as melhores práticas de mercado. O BCEproporciona também uma avaliação contínuae disponibiliza conhecimentos analíticos emgestão do risco que proporcionam um diálogoao nível do Eurosistema sobre as práticas degestão do risco.As principais fontes de risco,incluindo o tipo de operação e o método degestão, são descritas mais abaixo.

5.2 Operações de investimento

Os investimentos financeiros do BCEconsistem em activos de reserva externa efundos próprios do BCE, denominados emeuro. O comportamento e o risco dasoperações de investimento são regularmentecomunicados aos gestores de carteirarelevantes, bem como aos mais importantesdecisores de política do BCE e doEurosistema.

Os investimentos do BCE são principalmenteorientados pela composição por divisas e porreferenciais estratégicos de investimento. Osreferenciais estratégicos, um para cadacarteira de moeda, são construídosinternamente e especificam os tipos deactivos e de prazos adequados em que osgestores de carteira podem investir. Asconsiderações sobre risco e rendimento

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estão numa posição de relevo no processo detomada de decisão, na altura em que sãoconstruídos estes referenciais.

O desempenho dos referenciais e dascarteiras existentes é medido de acordo comas recomendações da Associação de Gestão eEstudos do Investimento (Association ofInvestment Management and Research (AIMR)).O desempenho do investimento é tambémanalisado para identificar as fontes do seucomportamento.

O BCE adopta uma posição prudente face aorisco nas suas decisões de investimento. É desalientar a elevada credibilidade e liquidez,sendo esta última especialmente relevantepara as reservas cambiais. O BCE segue umaabordagem analítica e pró-activa cuidadosaque assegura que as implicações, em termosde risco, das decisões são totalmentecompreendidas. Foi adoptado um sistemadetalhado de limites de mercado e de crédito.Os limites de crédito são decididos numabase global para o BCE e em seguidadistribuídos pelos BCN de acordo com omontante de fundos que gerem em nome doBCE. O cumprimento é controlado a nívelcentral. Os limites ao risco de mercado sãoaplicados de forma consistente em todo oEurosistema, sendo todas as carteirasidênticas sujeitas às mesmas condicionantesde risco de mercado, independentemente dadimensão. Os riscos de liquidez são tambémcontrolados e acompanhados de perto. Porúltimo, o valor em risco de todas as carteirasé medido e comunicado regularmente. Omontante do valor em risco capta e agrega asformas mais significativas de risco de preçopara os investimentos do BCE.

5.3 Operações de política monetária edos sistemas de pagamentos

As operações do Eurosistema incluemoperações de política monetária e dossistemas de pagamentos (principalmente pelosistema TARGET, através da cedência deliquidez intradiária). O Eurosistema éresponsável pela disponibilização de um

quadro de controlo de risco adequado a estasoperações. Especificamente, o Eurosistemaincorre em risco quando uma contraparte,num relação contratual com o Eurosistema,não está em posição de cumprir as suasobrigações de crédito.

O Eurosistema assegura, através do quadro decontrolo de risco, que apenas os activos comqualidade de crédito suficiente são elegíveiscomo garantia para as suas operações. Naavaliação do padrão de risco dosinstrumentos de dívida, o Eurosistemaconsidera, nomeadamente, as notações decrédito disponíveis nas agências de mercado enos próprios sistemas de avaliação de créditodos BCN, bem como determinados critériosinstitucionais, a fim de assegurar umaprotecção particularmente elevada dosdetentores. O BCE acompanha a avaliação decrédito apresentada pelos sistemas deavaliação de crédito dos BCN.

Em caso de incumprimento de umacontraparte, o Eurosistema pode usargarantias para a recuperação da liquidezcedida. É nestas situações que o Eurosistemaincorre no risco de mercado associado àsgarantias recebidas. O quadro de controlo derisco do Eurosistema limita os riscos demercado e de liquidez aplicando medidas decontrolo de risco adequadas e consistentes,principalmente através de percentagens(haircuts) e margens, aos activos entreguescomo garantia. A fim de obter um níveladequado de medidas de controlo de risco, oEurosistema avalia, de acordo com asmelhores práticas de mercado, parâmetroscomo a evolução de preços verificada eesperada e as volatilidades de preçosrelacionadas. A este respeito, o quadro de controlo de risco do Eurosistemaproporciona também princípios devalorização a preços de mercado, seguidosnuma base diária, a fim de avaliar os activoscedidos em garantia.

Ao longo de 2000, foram introduzidas algumasalterações técnicas nas medidas de controlode risco aplicadas aos activos elegíveis. Essasalterações foram puramente técnicas e não

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200080

reflectem alterações na política de garantias(ou seja, critérios de elegibilidade). De facto,destinam-se principalmente a proporcionaruma maior homogeneidade à vasta gama depercentagens (haircuts) existentes, aplicáveisao activos da Lista 2. A este respeito, foramidentificados quatro grupos de instrumentoscom características de liquidez relativamentehomogéneas. O quadro de controlo de riscorevisto destina-se também a facilitar osprocedimentos de verificação no Eurosistemae a melhorar a transparência do quadro decontrolo de risco. Quanto aos activos da Lista 1, não foram introduzidas alterações,excepto a introdução de percentagens(haircuts) específicas para um determinadotipo de activos (“títulos de dívida pública de

taxa variável invertida” (“inverse floater securities”)).

5.4 Evolução actual

Estão a ser desenvolvidos esforços paracontinuar a melhorar o quadro da gestão derisco do Eurosistema. A evolução actual incluia adopção de um tratamento mais geral dorisco de liquidez dos activos subjacentes àsoperações de política monetária e deinvestimento. Além disso, têm-se verificadomudanças consideráveis no sentido doacompanhamento dos riscos financeirosinerentes a todo o balanço do BCE.

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GréciaAutoria: Marios Spilopoulos. Sem título

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Capítulo III

Entrada da Grécia na

área do euro

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Em 19 de Junho de 2000, durante a cimeira deSanta Maria da Feira, o Conselho ECOFINconfirmou que a Grécia tinha cumprido ascondições necessárias para adoptar a moedaúnica a partir de 1 de Janeiro de 2001. OConselho baseou a sua decisão nosRelatórios de Convergência, preparados peloBCE e pela Comissão Europeia, no parecerdo Parlamento Europeu e numa propostada Comissão Europeia. No mesmo dia, oConselho decidiu igualmente que a taxa deconversão entre o dracma grego e o euroseria igual à taxa central do dracma face aoeuro no mecanismo de taxas de câmbio –MTC II –, ou seja, GRD 340.750 face ao euro.A convergência do dracma para a taxa centralno MTC II tinha sido facilitada por umareavaliação de 3.5% da sua taxa central, em 17de Janeiro de 2000, e já fora concretizada comêxito em meados de Dezembro de 2000,alguns dias antes da fixação irrevogável dataxa de conversão pela qual o euro substituiuo dracma grego em 1 de Janeiro de 2001.

Em 2000, a Grécia continuou a registar umforte crescimento do produto, acima da médiada área do euro.A taxa de crescimento do PIBem termos reais situou-se em 4.1% em 2000,face a 3.4% em 1999 (ver Quadro 8). Ocrescimento foi suportado por uma forteprocura interna. O crescimento do consumoprivado acelerou de 2.9% em 1999 para 3.1%em 2000 e o crescimento do investimentorecuperou substancialmente de 7.3% para9.3%. O investimento público continuou abeneficiar fortemente da entrada de fundosestruturais provenientes da UE. O contributodas exportações líquidas para o crescimento,situado em 0.2 pontos percentuais do PIBem 1999, tornou-se negativo, -0.6 pontospercentuais do PIB em 2000. A forte procurainterna deu origem a uma aceleração da taxade crescimento das importações (essencial-mente, bens de investimento, matérias-primase automóveis de passageiros) de 3.9% em1999 para 7.4% em 2000, apenas parcialmentecompensada pelo aumento das exportações.Além disso, os aumentos consideráveis dopreço do petróleo em 2000 e a apreciação

do dólar americano oneraram de formasignificativa o preço das importações. Opersistente e considerável défice comercial daGrécia foi parcialmente compensado porconsideráveis excedentes na balança deserviços e por entradas de capitais, sob aforma de investimento quer directo quer decarteira. Não obstante, na Grécia, o déficeconjunto da balança corrente e da novabalança de capital aumentou para cerca de6.9% do PIB em 2000.

De acordo com as estimativas, o emprego terácrescido 1.2% em 2000. Este valor representauma melhoria significativa face a uma taxa decrescimento do emprego negativa em 1999(-0.7%) e reflecte a rápida expansão da econo-mia.Além disso, é provável que os programasdo mercado de trabalho, recentemente intro-duzidos, tenham um impacto positivo sobre acriação de emprego. A taxa de desempregodeverá ter descido de 12.0% em 1999 para11.3% em 2000. Contudo, a falta de dadosatempados sobre o emprego dá origem a umgrau considerável de incerteza no querespeita aos verdadeiros valores sobre omercado de trabalho em 2000.

A taxa média de inflação medida pelo IHPC naGrécia durante 2000 situou-se em 2.9% face a2.1% em 1999. A aceleração da inflação em2000 foi fortemente influenciada pelo aumen-to dos preços do petróleo e pela apreciaçãodo dólar americano. Além disso, os custosunitários do trabalho subiram cerca de 1.5%em 2000 face a 0.6% em 1999, e o impacto deredução da inflação proporcionado peloscortes nos impostos indirectos, introduzidosem 1999, deixou de entrar no cálculo da taxahomóloga do IHPC. (Para uma discussão sobreos diferenciais de inflação entre a Grécia e aárea do euro, ver Caixa 8, no Capítulo IV).

A consolidação orçamental continuou em2000. O défice orçamental apresentou umatendência descendente, caindo de 1.8% doPIB em 1999 para 0.9% em 2000. O saldoorçamental registou uma melhoria muito maisrápida do que a anteriormente esperada, a

1 Evolução monetária, financeira e económica na Grécia

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qual pode ser principalmente atribuída àsfortes receitas fiscais. Estima-se que o rácioda dívida pública tenha descido de 104.6%do PIB em 1999 para 103.9% em 2000.Esta redução, que é relativamente pequena,deve-se à apreciação do dólar americano edo iene japonês durante a maior parte de2000, que levou ao aumento do valor emdracmas do saldo da dívida denominada emmoeda estrangeira, e a operações financei-ras, tais como as injecções de capital emempresas públicas. O Programa de Estabili-dade da Grécia, apresentado em Dezembrode 2000, define objectivos para o excedenteorçamental de 0.5% e 1.5% do PIB em 2001e 2002, respectivamente. De acordo com as

projecções, a dívida pública deverá diminuirpara 98.9% do PIB em 2001 e para 96.0% em2002.

Ao longo de 2000, a política monetária doBanco da Grécia continuou a ser orientada nosentido de alcançar a estabilidade de preços.Em simultâneo, o Banco da Grécia tentouefectuar uma transição regular para o euro,reduzindo as taxas de juro oficiais principal-mente na parte final do ano. Em Janeiro de2000, a taxa do banco central dos depósitos a14 dias situava-se em 9.75%. Até Junho,quando o Conselho ECOFIN confirmou que aGrécia tinha cumprido as condições necessá-rias para adoptar a moeda única, o Banco da

Quadro 8

Indicadores macroeconómicos para a Grécia(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, dados nacionais e cálculos do BCE. Nota: Contas nacionais em conformidade com o SEC 95.1) Pontos percentuais.2) Dados do Banco da Grécia (base de liquidação); os dados de 2000 são provisórios.3) Base SEC 95.4) Em conformidade com a definição do Tratado de Maastricht.5) Saldo orçamental (+/-) das administrações públicas.6) Média dos valores do período.7) Unidades de moeda nacional por ECU até ao final de 1998. Após aquela data, por euro.

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2000 2000 2000 2000

T1 T2 T3 T4

PIB em termos reais 2.0 2.1 2.4 3.5 3.1 3.4 4.1 . . . .

Contribuição para o crescimento do PIB em termos reais1)

Procura interna em termos reais incluindo existências 1.1 3.7 3.5 3.9 5.1 3.2 4.7 . . . .

Exportações líquidas 0.9 -1.6 -1.1 -0.4 -2.0 0.2 -0.6 . . . .

IHPC 10.3 8.8 7.9 5.4 4.5 2.1 2.9 2.6 2.3 2.8 3.8

Remuneração por trabalhador 10.8 12.2 8.8 13.5 6.0 4.8 4.5 . . . .

Custos unitários do trabalho, conjunto da economia 10.7 11.6 5.9 9.3 6.4 0.6 1.5 . . . .

Deflator das importações (bens e serviços) 5.6 7.5 5.0 2.7 4.2 1.2 6.1 . . . .

Balança corrente e nova balança de capital (% do PIB) 2) -0.1 -2.5 -3.7 -4.0 -3.0 -4.1 -6.9 . . . .

Total do emprego 1.9 0.9 -0.4 -0.3 3.4 -0.7 1.2 . . . .Taxa de desemprego (% da população activa) 3) 8.9 9.1 9.8 9.7 11.2 12.0 11.3 . . . .

Saldo orçamental (% do PIB) 4). 5) -10.0 -10.2 -7.4 -4.0 -2.5 -1.8 -0.9 . . . .

Dívida bruta consolidada (% do PIB) 4) 109.3 108.7 111.3 108.3 105.5 104.6 103.9 . . . .

Taxa de juro a três meses (% por ano) 6) 26.7 16.4 13.8 12.9 13.9 10.3 7.9 8.9 8.5 7.9 6.2

Taxa de rendibilidade das obrigações de dívida pública a dez anos (% por ano) 6) . . . 9.8 8.5 6.3 6.1 6.4 6.1 6.1 5.8

Taxa de câmbio em relação ao ECU ou euro 6). 7) 288 303 306 309 331 326 337 333 336 338 340

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200086

Caixa 7

Implicações estatísticas do alargamento da área do euro à Grécia

A entrada da Grécia na área do euro representou a primeira ocasião em que as séries estatísticas para a área doeuro tiveram que incluir mais um Estado-membro. Diversas questões estatísticas tiveram que ser resolvidas, noque diz respeito quer à disponibilidade dos dados para o novo país quer aos procedimentos para calcularagregados a nível da área do euro. Com o objectivo de assegurar a disponibilidade regular e em tempo oportunodas estatísticas da área do euro incluindo a Grécia, foram acelerados os preparativos estatísticos depois doConselho ECOFIN ter decidido, em 19 de Junho de 2000, que a Grécia cumpria os critérios para participar namoeda única a partir de 1 de Janeiro de 2001. A preparação de estatísticas para a área do euro alargada foicoordenada, quando necessário, com a Comissão Europeia para garantir a consistência em todos os domíniosdas estatísticas.

Em síntese, o alargamento da área do euro para incluir a Grécia a partir de 1 de Janeiro de 2001 tem duasimplicações estatísticas principais. Primeiro, os residentes na Grécia tornaram-se residentes na área do euro.Segundo, o dracma grego é uma denominação nacional do euro. Em consequência, numa perspectiva estatística,a composição do “resto do mundo” e de “moedas estrangeiras” foi alterada. Por sua vez, esta alteração afectatodas as estatísticas monetárias e financeiras, bem como outras estatísticas económicas para o conjunto da áreado euro.

Relativamente à Grécia, esta alteração implicou que desde Janeiro de 2001 existe a obrigação de satisfazer todosos requisitos estatísticos do BCE, conforme se encontra estipulado no Regulamento (CE) N.º 2533/98 doConselho. Os requisitos estatísticos do BCE são apresentados no documento intitulado “Statistical information

collected and compiled by the ESCB”(Informação estatística recolhida e compilada pelo SEBC) (Maio de2000). O Banco da Grécia, como membro do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do Conselho Geral doBCE, foi integralmente informado acerca dos requisitos do BCE, estando assim em condições de cumprir asobrigações estatísticas que cobrem as estatísticas monetárias, bancárias, da balança de pagamentos e outrasestatísticas financeiras. Além disso, o Banco da Grécia teve que efectuar os preparativos necessários relativosà integração das instituições de crédito gregas no regime de reservas mínimas do BCE e adaptar os respectivosrequisitos estatísticos.

Para os restantes membros da área do euro, o alargamento da área à Grécia implicou que a partir de Janeiro de2001, as transacções (ou fluxos) e as posições dos residentes da Grécia passassem a ser tratadas como parte daárea do euro, em vez de serem incluídas nas transacções e posições dos não residentes da área do euro. O dracmagrego tem que ser reconhecido como mais uma denominação nacional do euro até à conclusão da transição parao euro (isto é, até à substituição pelo euro das notas e moedas denominadas nas moedas nacionais que compõemo euro).

Durante o segundo semestre de 2000, o BCE efectuou todos os preparativos técnicos necessários à troca dedados com o Banco da Grécia. Prestou também o seu apoio ao efectuar as necessárias alterações ao quadro decomunicação de dados estatísticos aos Estados-membros da área do euro. Relativamente à publicação dasestatísticas da área do euro pelo BCE – por exemplo, na secção “Estatísticas da área do euro” do BoletimMensal –, as séries estatísticas de referência sobre a área do euro continuarão a incluir os Estados-membros queconstituem a área do euro na data em questão. Isto significa que os dados sobre, por exemplo, emprego e osbalanços das Instituições Financeiras Monetárias (IFM), assim como os dados de fluxos, tais como, asestatísticas da balança de pagamentos, referentes aos períodos até e incluindo Dezembro de 2000, cobrem a áreado euro com 11 países participantes, enquanto os dados relativos aos períodos ou a datas posteriores a Janeirode 2001 cobrem a área do euro alargada a 12 países participantes (isto é, incluindo a Grécia). Na medida dopossível, as variações absolutas e em percentagem para 2001, calculadas com base em 2000, têm em conta avariação na composição da área do euro.

Foram disponibilizados, com fins analíticos, os dados históricos relativos aos 11 países da área do euro mais aGrécia sobre várias séries-chave no número de Janeiro de 2001 do Boletim Mensal do BCE (páginas 65* e 66*da secção “Estatísticas da área do euro”) e na página do BCE na Internet.

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Grécia tinha reduzido a taxa principal derefinanciamento para 8.25%. Após váriasetapas intermédias, esta taxa foi reduzida para4.75% em 27 de Dezembro, ou seja, exacta-mente o valor da taxa das operações princi-pais de refinanciamento do BCE. Paralela-mente, a taxa de juro a três meses na Gréciadesceu e, no fim de 2000, o diferencial da taxade juro de curto prazo entre a Grécia e a áreado euro tinha desaparecido completamente.

Em Fevereiro de 2001, o diferencial entre astaxas de juro de longo prazo na Grécia(medido pelas taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública a dez anos) e astaxas comparáveis na área do euro situava-seem 34 pontos base, ou seja, 56 pontos baseabaixo do valor registado em Janeiro de 2000,quando as taxas de juro de longo prazo gregasse situavam em 6.6%. O pequeno diferencialdaí resultante face às outras taxas derendibilidade das obrigações da área do eurodemonstra o sucesso das políticas orientadaspara a estabilidade seguidas na Grécia.

O agregado monetário largo na Grécia, oM4N1, cresceu 10.4% em 2000, isto é, conside-ravelmente acima do intervalo de referênciade 5-7%, fixado pelo Banco da Grécia. Existemdiversas razões subjacentes ao fortecrescimento do M4N em 2000. Primeiro,foram introduzidas várias alterações institu-cionais no que respeita ao tratamento dasoperações de reporte. Segundo, o M4N foiafectado por redistribuições de carteira parafundos do mercado monetário, favorecidaspela queda prolongada dos preços das acções.Terceiro, a expansão económica foi mais forte

do que anteriormente previsto aquando docálculo do intervalo de referência. O créditointerno registou igualmente uma rápidaexpansão ao longo de 2000, de 20.2% face a12.2% em 1999. Esta expansão reflectiu essen-cialmente o rápido crescimento do créditoconcedido ao sector privado, atribuível ao fimdos requisitos das reservas mínimas tempo-rárias para além do crescimento do crédito nofinal de Março de 2000, à descida das taxas dejuro, ao crescimento dinâmico da economia eàs diferenças na valorização dos empréstimosem moeda estrangeira.

Depois de ter conseguido alcançar o objec-tivo de adoptar a moeda única, o principaldesafio da Grécia consiste em assegurar umacombinação adequada das políticas nacionais.A economia deverá continuar a registar umrápido crescimento, principalmente face aoimpulso expansionista resultante da neces-sária menor restritividade das condições monetárias no período até à entrada para aárea do euro.A fim de contrariar as pressõesinflacionistas, o governo tem que adoptar umapolítica orçamental mais restritiva. Além disso, a continuação da moderação salarialdeve ser assegurada e rapidamente introdu-zidas novas reformas estruturais. Neste domí-nio, existe uma necessidade contínua de novasalterações legislativas destinadas a colmataras deficiências do mercado de trabalho.Acresce ainda que é importante acelerar asreformas do sistema de segurança social, deforma a manter o dinamismo do programade privatizações, aumentar a eficácia da administração pública e aliviar o peso daregulamentação na economia.

O BCE e o Banco da Grécia introduziramdiversos instrumentos jurídicos, com vista aassegurar a integração do Banco da Grécia noEurosistema em 1 de Janeiro de 2001, data naqual a Grécia adoptaria o euro. A adaptaçãodo quadro legal do Eurosistema foi umaconsequência da decisão tomada peloConselho da UE em 19 de Junho de 2000, querevogou a derrogação de que beneficiava a

Grécia2. Antes da referida Decisão doConselho da UE e em conformidade com o

2 Aspectos legais da integração do Banco da Grécia no Eurosistema

1 O M4N era um agregado monetário oficial da Grécia antes daentrada deste país na área do euro. Este conceito não coincidiaintegralmente com o do agregado monetário largo M3 da áreado euro.

2 Decisão do Conselho (CE) N.º 427/2000, de 19 de Junho de2000, em conformidade com o disposto no n.º 2 do artigo 122.ºdo Tratado, relativa à adopção da moeda única pela Grécia em1 de Janeiro de 2001, JO L167, 7.7.2000, pp. 19-21.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200088

disposto no n.º 2 do artigo 122.º doTratado, oBCE analisou os Estatutos do Banco da Gréciae legislação grega relevante à luz do dispostono artigo 109.º doTratado. Com base nas suasconclusões, a avaliação do BCE acerca dacompatibilidade da legislação grega com oTratado e os Estatutos do SEBC foi positiva,sendo apresentada no “Relatório de Con-vergência 2000” do BCE sobre a Grécia e aSuécia. A introdução do euro na Grécia e aintegração do Banco da Grécia no Eurosistemadeu origem às alterações jurídicas a seguirmencionadas. O Banco da Grécia alterou osseus Estatutos, eliminando algumas imper-feições, detectadas em 1998. O Banco daGrécia consultou o BCE sobre a alteração aosEstatutos em 24 de Março de 2000. Em 17 deAbril de 2000, foi adoptado um Parecer doBCE propondo algumas alterações à propostade Estatutos do Banco da Grécia. Posterior-mente, na sequência de uma consulta efec-tuada pelo Banco da Grécia, o Conselho doBCE adoptou, em 27 de Junho de 2000, umParecer do BCE acolhendo favoravelmente asdisposições da lei que ratificavam os Estatutosdo Banco da Grécia.À semelhança do ocorridono passado com os bancos centrais nacionaisdos outros 11 Estados-membros da área doeuro, o Banco da Grécia apresentou paraconsulta, em 11 de Agosto de 2000, uma pro-posta de lei relativa a medidas adicionais sobreos Regulamentos (CE) N.ºs 1103/97, 974/98 e2866/98 do Conselho relativos à introduçãodo euro3. Em 1 de Setembro de 2000, foiadoptado um Parecer do BCE que reconheciaos esforços realizados com êxito pelos legis-ladores nacionais no sentido de assegurar acompatibilidade da legislação nacional com oTratado e os Estatutos do SEBC.

Uma das repercussões da Decisão doConselho da UE de 19 de Junho de 2000consistiu na necessidade de alterar os Regula-mentos do Conselho relativos à introduçãodo euro para incluir a Grécia na lista deEstados-membros participantes e determinara taxa de câmbio fixada irrevogavelmente dodracma grego face ao euro4. Em 7 de Junho de2000, o Conselho da UE consultou o BCEsobre propostas de três Regulamentos doConselho, que alteravam os Regulamentos

existentes contendo certas disposiçõesrelativas à introdução do euro. O BCE deu oseu Parecer5, acolhendo favoravelmente aspropostas e o Conselho da UE adoptou trêsRegulamentos que alteravam os existentes, afim de garantir que a Grécia estaria sujeita àsmesmas disposições que os outros Estados-membros da área do euro relativamente àadopção do euro6.

No que respeita à preparação jurídica relativaà integração do Banco da Grécia e em con-formidade com o disposto no artigo 27.º 1dos Estatutos do SEBC, o Conselho do BCEadoptou uma Recomendação7, propondo afiscalização das contas anuais do Banco daGrécia por auditores externos a partir doexercício de 20018. Por último, o BCE reviu oseu quadro legal e introduziu, quando neces-sário, alterações resultantes do facto doBanco da Grécia passar a ser um banco cen-tral nacional plenamente participante a partirde 1 de Janeiro de 2001. O BCE analisou aindaa documentação legal grega que põe emprática o quadro legal do Eurosistema nas

3 Que posteriormente se tornou a Lei 2842/2000, Jornal Oficial207/27.9.2000, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2001.

4 Regulamento (CE) N.º 974/98 do Conselho, de 3 de Maio de1998, relativo à introdução do euro, JO L 139 de 11.5.1998,pp. 1-5; Regulamento (CE) N.º 1103/97 do Conselho, de 17 deJunho de 1997, relativo a certas disposições respeitantes àintrodução do euro, JO L 162 de 19.6.1997, pp. 1-3; eRegulamento (CE) N.º 2866/98 do Conselho, de 31 deDezembro de 1998, relativo às taxas de conversão entre o euroe as moedas dos Estados-membros que adoptam o euro,JO L 359 de 31.12.1998, pp. 1-2.

5 Parecer do BCE, de 16 de Junho de 2000, solicitado peloConselho da União Europeia, nos termos do n.º 5 do artigo 123.ºdo Tratado que institui a Comunidade Europeia (CON/00/12),JO C 177 de 27.6.2000, pp. 11-12.

6 Regulamento (CE) N.º 1478/2000 do Conselho, de 19 de Junhode 2000,que altera o Regulamento (CE) N.º 2866/98 relativo àstaxas de conversão entre o euro e as moedas dos Estados--membros que adoptaram o euro, JO L 167 de 7.7.2000, p. 1;Regulamento (CE) N.º 2595/2000 do Conselho, de 27 deNovembro de 2000, que altera o Regulamento (CE) N.º 1103/97 relativo a certas disposições respeitantes àintrodução do euro, JO L 300 de 29.11.2000, p. 1; Regulamento(CE) N.º 2596/2000 do Conselho, de 27 de Novembro de 2000,que altera o Regulamento (CE) N.º 974/98 relativo à introduçãodo euro, JO L 300 de 29.11.2000, p. 2.

7 Recomendação do BCE, de 5 de Outubro de 2000, relativaà designação dos auditores externos dos bancos centraisnacionais, (BCE/2000/10), 2000/612/CE, JO L 259 de13.10.2000, p. 65.

8 O Conselho adoptou a Decisão do Conselho (CE) N.º 737/2000,de 20 de Novembro de 2000, que altera a Decisão 1999/70/CErelativa à designação dos auditores externos dos bancos centraisnacionais JO L 298 de 25.11.2000, p. 23.

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89BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

áreas da política monetária e do TARGET. Emparticular, as regras operacionais do HERMES– sistema de liquidações em tempo real deordens de pagamento denominadas em euro,gerido pelo Banco da Grécia e que é umacomponente do TARGET – foram revistas ealteradas. A documentação legal do Banco daGrécia utilizada nas operações de políticamonetária foi revista e alterada de forma areflectir as Orientações sobre os instru-mentos e os procedimentos de política mone-tária do Eurosistema. Entrou em vigor umnovo Regulamento do BCE relativo às dispo-sições transitórias sobre a aplicação dasreservas mínimas pelo Banco Central Europeu,na sequência da adopção do euro pela Grécia9;entraram também em vigor instrumentos

jurídicos sobre a liquidação do capital rema-nescente e transferência para o BCE peloBanco da Grécia de activos de reserva emmoeda estrangeira10. Por último, terminou oacordo do MTC II com o Banco da Grécia.

3 Aspectos operacionais da integração do Banco da Gréciano Eurosistema

Na sequência da decisão do Conselho da UE,de 19 de Junho de 2000, de revogar a derro-gação de que beneficiava a Grécia, o BCErealizou preparativos técnicos, tendo emvista a integração plena do Banco da Gréciano Eurosistema. Em conformidade com odisposto no Tratado, o Banco da Grécia parti-cipa no Eurosistema exactamente com osmesmos direitos e as mesmas obrigações dosbancos centrais nacionais (BCN) dos outrospaíses que desde o início adoptaram o euro.

Os preparativos foram realizados emcooperação com o Banco da Grécia e, quandonecessário, de forma multilateral com os 11BCN do Eurosistema. Os preparativostécnicos destinados à integração do Banco daGrécia no Eurosistema cobriram uma grandevariedade de questões, nomeadamente naárea da comunicação de informações finan-ceiras e contabilísticas, operações de políticamonetária, gestão de reservas externas,operações em moeda estrangeira, sistemas depagamentos, estatísticas e produção de notasde banco. No campo das operações, ospreparativos envolveram testes completosaos instrumentos e procedimentos relativos àexecução da política monetária e às opera-ções cambiais do Eurosistema. Esses extensos

preparativos foram fundamentais para facilitara boa integração do Banco da Grécia noEurosistema a partir de 1 de Janeiro de 2001.

3.1 Operações de política monetária

A introdução do euro na Grécia em 1 deJaneiro de 2001 significou que as instituiçõesde crédito localizadas na Grécia passaram aestar sujeitas ao regime de reservas mínimasobrigatórias do Eurosistema a partir dessadata. Foi publicada, pela primeira vez, em 31de Outubro de 2000, na página do BCE naInternet, a lista das 57 instituições de créditogregas que se encontram sujeitas às reservasmínimas do Eurosistema.

O euro foi introduzido na Grécia em 1 deJaneiro de 2001, isto é, durante o períodode constituição de reservas mínimas doEurosistema que começou em 24 de Dezem-bro de 2000 e terminou em 23 de Janeiro de2001. Este facto exigiu disposições transi-tórias relativas à aplicação das reservasmínimas na Grécia durante o referido perío-do. Na realidade, o primeiro período deconstituição de reservas para as contrapartesgregas teve início em 1 de Janeiro de 2001,

9 Regulamento (CE) N.º 2548/2000 do BCE, de 2 de Novembrode 2000, relativo às disposições transitórias em matéria deaplicação de reservas mínimas pelo Banco Central Europeu, nasequência da introdução do euro na Grécia, JO L 291 de18.11.2000, pp. 28-29.

10 Decisão do BCE, de 16 de Novembro de 2000, que dispõequanto à realização do capital e à contribuição para as reservase provisões do BCE pelo Bank of Greece, e quanto à transferênciainicial de activos de reserva externa para o BCE pelo Bank ofGreece e matérias afins (BCE/2000/14), JO L 336 de30.12.2000, pp. 110-117; e o Acordo, de 16 de Novembro de2000, entre o BCE e o Bank of Greece relativo ao créditoatribuído ao Bank of Greece pelo BCE nos termos do artigo 30.º3 dos Estatutos do SEBC e matérias afins, JO L 336 de30.12.2000, pp. 122-123.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200090

tendo terminado na data normal de 23 deJaneiro de 2001.

Em 1 de Janeiro de 2001, a adesão da Grécia àárea do euro teve como consequência umaumento de C2.1 mil milhões nas reservasmínimas agregadas para as instituições decrédito da área do euro. Os factores autó-nomos de liquidez no balanço do Banco daGrécia, incluindo os depósitos a prazoreferidos a seguir, contribuíram, em média,para uma cedência global de liquidez de C1.5mil milhões no período entre 1 e 23 de Janeirode 2001. Por conseguinte, neste período, aGrécia contribuiu com um défice de liquidezmédio em termos líquidos para a área do eurono montante de C0.6 mil milhões.

Por último,a fim de obter um quadro completodos efeitos de liquidez resultantes da adesãoda Grécia,deve ser tomado em consideração ofacto de que algumas operações de políticamonetária realizadas pelo Banco da Grécia em2000 apenas se vencem em 2001. Entre estasincluem-se alguns depósitos a prazo até18 meses, captados junto das contrapartes afim de conseguir atenuar a injecção de liquidezresultante da harmonização das reservasmínimas dos depósitos denominados emdracmas com as do Eurosistema, assim comoda abolição do anterior regime especial dereservas mínimas sobre certas categorias dedepósitos denominados em moeda estrangeirana Grécia antes da introdução do euro.

O impacto da adesão da Grécia sobre as con-dições de liquidez na área do euro foi tomadoem consideração pelo BCE, o qual procedeuao correspondente ajustamento dos montan-tes colocados nas operações principais derefinanciamento no início de 2001.

A introdução do euro na Grécia teve tambémreflexo na incorporação de activos gregos(quer activos localizados na Grécia, queractivos inicialmente denominados emdracmas gregos) na lista de activos elegíveispara as operações de crédito do Eurosistema.Estes activos foram incorporados na lista deactivos elegíveis publicada na página do BCEna Internet em 29 de Dezembro de 2000,

tendo-se tornado efectivamente elegíveis em1 de Janeiro de 2001. Os activos gregos leva-ram a um aumento total de C89.6 mil milhõesdo montante global de activos elegíveis paraas operações de crédito do Eurosistema.

3.2 Contribuição para o capital,reservas e activos de reservaexterna do BCE

Quando o BCE foi estabelecido em Junho de1998, o Banco da Grécia, à semelhança deoutros BCN de países que não adoptaram oeuro no início da Terceira Fase da UEM,realizou 5% da participação no capital do BCEpor ele subscrito, como contribuição paracobertura dos custos de funcionamento doBCE. Em conformidade com o disposto noArtigo 49.º dos Estatutos do SEBC, em 1 deJaneiro de 2001, o Banco da Grécia realizouos restantes 95% da sua subscrição no capitaldo BCE. O total da participação subscrita peloBanco da Grécia totaliza C102 820 000,equivalente a 2.0564% dos C5 mil milhões decapital do BCE subscrito. O Banco da Gréciacontribuiu ainda para as reservas do BCE epara provisões equivalentes a reservas, quecorrespondem à sua participação no BCE.

No início de 2001, o Banco da Grécia trans-feriu activos de reserva externa para o BCEem proporção – baseada na sua participaçãono capital do BCE subscrito – dos activos dereserva externa transferidos por outros BCNno início de 1999. O Banco da Grécia foicreditado em activos correspondentes sobreo BCE. A contribuição foi efectuada de acordocom as regras e os procedimentos utilizadosna transferência inicial de activos de reservaexterna pelos 11 BCN participantes em 1999.Da contribuição total, foram efectuados 15%em ouro e os restantes 85% nas moedasestrangeiras nas quais se encontram investi-dos os activos de reserva externa do BCE.Para além disto, o Banco da Grécia foinomeado agente do BCE no contexto dassuas operações cambiais.

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Les enfants de l’unité de pédiatrie de l’Institut Gustave Roussy et le Rire Médecin,França

Autoria:Marine,Hugues,Tiphaine,Romain,Christine, Farid,Guillaume,Founé, Christelle, Magalie, Adel and Si-Amed. Sem título

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Capitolo Capítulo IV

Evolução económica

nos outros países da

União Europeia

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O Eurosistema e os BCN dos países da UEnão participantes colaboram estreitamenteno âmbito do Conselho Geral do BCE com oobjectivo de contribuir para a manutenção daestabilidade de preços no conjunto da UE.Neste contexto, a análise regular das condi-ções macroeconómicas, bem como das políti-cas monetária e cambial, é uma parte inte-grante do exercício de coordenação entre oEurosistema e os três BCN que actualmentenão participam na política monetária única.Embora estes BCN conduzam a suas políticasmonetárias em diferentes enquadramentosinstitucionais e operacionais, o objectivo pri-mordial da política monetária é em todos elesa manutenção da estabilidade de preços.

Dinamarca

O PIB na Dinamarca aumentou cerca de 2.5%em termos reais em 2000, face a 2.1% em1999 (ver Quadro 9). O aumento do cresci-mento do produto teve por base, em largamedida, uma recuperação da procura interna,incluindo existências, que se tinha reveladomodesta em 1999. O consumo privado, noentanto, manteve-se moderado em compara-ção com outras componentes da procurainterna, como reflectido, nomeadamente,numa descida significativa das vendas deautomóveis. O contributo das exportaçõeslíquidas para o crescimento real do PIB diminuiu de forma significativa em 2000. Umfactor excepcional em 2000 decorreu dograve temporal no final de 1999, que implicoua necessidade de investimentos substanciais.O mercado de trabalho manteve-se relativa-mente restritivo, com a taxa de desemprego aestabilizar em torno de 4.7%. A oferta deemprego não teve um aumento significativo econtinua a ser uma das principais áreas depreocupação a médio prazo.No geral, a econo-mia dinamarquesa transmite a imagem de teralcançado um crescimento mais sustentávelem 2000, com reduzidos riscos de sobrea-quecimento e uma composição da procuramais equilibrada do que em anos anteriores.

A evolução dos preços em 2000 foi princi-palmente afectada por elevados aumentos dos

preços do petróleo e das importações, alémdos efeitos associados aos aumentos tanto dosimpostos sobre a energia como dos preçosdos produtos alimentares e serviços públicos.As pressões sobre a inflação interna atenua-ram-se no contexto de um menor cresci-mento dos custos horários do trabalho, comas margens de lucro, contudo, a serem com-primidas pela subida dos preços do petróleo edas importações. Em geral, a taxa de cresci-mento do Índice Harmonizado de Preçosno Consumidor (IHPC) manteve-se relativa-mente estável em torno de 2.8% ao longo doano, implicando uma convergência para o nívelde inflação da área do euro. A taxa média dainflação homóloga foi de 2.7% em 2000, face a2.1% em 1999. Apesar de alguma moderação,os custos salariais continuaram a aumentarmais rapidamente do que na área do euro. Semum novo abrandamento do crescimentosalarial, a competitividade poderá continuar adeteriorar-se. (Para uma análise mais deta-lhada dos diferenciais de inflação entre ospaíses da UE não participantes e a área doeuro, ver Caixa 8.)

As finanças públicas na Dinamarca continua-ram a revelar uma posição forte em 2000.Apesar do excedente das administraçõespúblicas ter sido ligeiramente mais baixo doque no ano anterior, a dívida pública continuoua reduzir-se. O excedente das administraçõespúblicas foi de 2.5% do PIB em 2000, com umadescida face a 3.1% em 1999. Na sequênciados efeitos restritivos do chamado pacote deausteridade orçamental Whitsun, a políticaorçamental foi ligeiramente menos restritivaem 2000. De acordo com a actualização doprograma de convergência da Dinamarca,apresentado em Dezembro de 2000, espera-seque o excedente se mantenha relativamenteestável e que a situação da política orçamentalseja ligeiramente mais restritiva nos próximosanos. Face a 1999, o rácio da dívida públicadiminuiu 5.3 pontos percentuais, para se situarem 47.3% do PIB em 2000.

Em 28 de Setembro, a maioria dos eleitoresdinamarqueses rejeitou em referendo aadopção do euro. Contudo, a Dinamarcacontinua a ser membro do MTC II, sem

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95BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

qualquer alteração na estratégia de políticamonetária do Danmarks Nationalbank. OGoverno e o Danmarks Nationalbank emitiramuma declaração conjunta anunciando quecontinuariam a prosseguir a política de taxa decâmbio fixa face ao euro, no contexto da bandaestreita do MTC II. O Governo declaroutambém a sua intenção de estar preparado pararestringir a política orçamental, se necessário.Devido à política de taxa de câmbio fixa, aevolução das taxas de juro directoras e demercado de curto prazo deverá em primeirolugar ser analisada no contexto das decisõesrelativas às taxas de juro do Conselho do BCEe da evolução da taxa de câmbio da coroadinamarquesa face ao euro. A coroadinamarquesa manteve-se estável em 2000, em

torno de um nível ligeiramente mais forte doque a taxa central do MTC II de DKK 7.46038face ao euro. O único factor que gerou algumavolatilidade na taxa de câmbio da coroadinamarquesa face ao euro, contrariado porintervenções cambiais e alterações nas taxasdirectoras, foi o período que antecedeu e o quese seguiu ao referendo sobre a adopção doeuro pela Dinamarca. Desde o início de 2000até ao referendo, o Danmarks Nationalbankaumentou a sua taxa de cedência de liquideznum total de 1.8 pontos percentuais,para 5.1%,seguindo em geral aumentos idênticos efectua-dos pelo Eurosistema.Porém,após o referendosobre o euro, a taxa de cedência de liquidez foiaumentada 0.5 pontos percentuais,por forma aevitar alguma incerteza relativamente à coroa.

Quadro 9

Indicadores macroeconómicos para a Dinamarca(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2000 2000 2000 2000

T1 T2 T3 T4

PIB em termos reais 5.5 2.8 2.5 3.0 2.8 2.1 2.5 2.6 3.4 2.7 .

Contribuição para o crescimento do PIBem termos reais 1)

Procura interna em termos reais incluindo existências 6.5 3.9 2.1 4.6 4.4 -0.6 . 2.4 3.2 2.3 .

Exportações líquidas -1.0 -1.2 0.4 -1.7 -1.7 2.8 . 0.2 0.2 0.4 .

IHPC 1.8 2.0 2.1 1.9 1.3 2.1 2.7 2.8 2.9 2.6 2.6

Remuneração por trabalhador 3.5 3.5 3.3 3.5 3.8 4.2 . 3.4 4.3 4.1 .

Custos unitários do trabalho, conjunto da economia -2.2 1.4 2.1 1.9 2.3 3.0 . 1.9 2.6 1.6 .

Deflator das importações (bens e serviços) 0.7 1.2 -0.1 2.2 -1.1 0.6 . 7.7 9.0 10.7 .

Balança corrente e nova balança de capital (% do PIB) . . . 0.1 -0.1 0.2 0.2 0.2 0.2 0.5 0.0

Total do emprego 1.4 0.5 0.6 1.2 1.3 1.1 0.9 1.0 1.5 0.0 .

Taxa de desemprego (% da população activa) 8.2 7.3 6.8 5.6 5.2 5.2 4.7 4.8 4.6 4.7 4.8

Saldo orçamental (% do PIB)2), 3) -2.6 -2.3 -1.0 0.4 1.1 3.1 2.5 . . . .

Dívida bruta consolidada (% do PIB) 2) 76.5 72.1 65.1 61.4 55.8 52.6 47.3 . . . .

Taxa de juro a três meses (% por ano) 4) 6.2 6.1 3.9 3.7 4.1 3.3 4.9 3.8 4.6 5.7 5.4

Taxa de rendibilidade das obrigações de dívida pública a dez anos (% por ano) 4) 7.8 8.3 7.2 6.3 4.9 4.9 5.6 5.8 5.7 5.7 5.4

Taxa de câmbio em relação ao ECU ou euro 4), 5) 7.54 7.33 7.36 7.48 7.50 7.44 7.45 7.45 7.46 7.46 7.45

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, dados nacionais e cálculos do BCE.Nota: Contas nacionais em conformidade com o SEC 95. Os dados do IHPC anteriores a 1995 são estimativas baseadas em definiçõesnacionais, não sendo totalmente comparáveis ao IHPC, que começou a ser utilizado em 1995.1) Pontos percentuais.2) Em conformidade com a definição do Tratado de Maastricht.3) Saldo orçamental (+/-) das administrações públicas.4) Média dos valores do período.5) Unidades de moeda nacional por ECU até ao final de 1998. Após aquela data, por euro.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200096

A coroa manteve-se em geral estável após oreferendo e a taxa de cedência de liquidez foireduzida num total de 0.2 pontos percentuais,em paralelo com um fortalecimento gradual dacoroa.Em 2000,as taxas de juro de curto prazo,medidas pela taxa do mercado monetário atrês meses, subiram 1.6 pontos percentuais,enquanto o diferencial face às taxas corres-pondentes na área do euro se mantevepraticamente estável em cerca de 40 pontosbase,à excepção do período que antecedeu e oque se sucedeu ao referendo, em que foi maiselevado.No final de Fevereiro de 2001,as taxasde juro de curto prazo situavam-se em 5.2%,com um diferencial de 40 pontos base face àstaxas de juro da área do euro.

As taxas de juro de longo prazo, medidas pelastaxas de rendibilidade das obrigações de dívidapública a dez anos, seguiram a tendência verifi-cada nos mercados de capitais internacionais,com o diferencial positivo das taxas de juroface às taxas de juro correspondentes da áreado euro a manter-se relativamente constanteem torno de 20-30 pontos base. Ao longo doano, as taxas de juro de longo prazo manti-veram-se relativamente estáveis em torno de5.7%, antes de descerem para 5.2% no final doano. Em Fevereiro de 2001, o diferencial faceà média das taxas de juro da área do euroascendia a cerca de 10 pontos base, ou seja,praticamente inalterado face ao início de 2000.

Suécia

O PIB real na Suécia continuou a registar umforte crescimento em 2000. O crescimentodo produto aumentou 3.6%, que comparacom 4.1% em 1999 (ver Quadro 10).Tal comonos dois anos anteriores, o crescimento doproduto foi principalmente impulsionado pelaprocura interna, incluindo existências. Aprocura interna continuou a ser apoiada pelocrescimento do emprego e dos salários reais,pelo afrouxamento da política orçamental epelo crescimento da riqueza das famílias. Oconsumo privado, em particular, teve umaumento de 4.1%, enquanto as exportações eas importações de bens e serviços seguirama tendência verificada no comércio mundial,

subindo cerca de 10%. O contributo dasexportações líquidas para o crescimento doPIB manteve-se positivo em 0.9 pontospercentuais, tendo-se reduzido face a 1999,quando o contributo foi 1.1 pontos percen-tuais. A taxa de desemprego desceu de novopara 5.1% da população activa em Dezembro,que compara com uma média de 7.2% em1999. O emprego cresceu 2.2% em 2000 e,como anteriormente, os novos empregostiveram origem principalmente no sectorprivado dos serviços. Em simultâneo, a popula-ção activa aumentou, à medida que o númerode programas de emprego diminuía e quemenos pessoas continuavam a estudar. Onúmero de vagas de emprego aumentoutambém rapidamente, tendo demorado bastan-te mais tempo a preencher. Apesar de algunssinais de escassez de mão de obra nos sec-tores da construção e dos serviços, bem comode técnicos qualificados na indústria transfor-madora, não se verificou ainda uma situaçãogeneralizada de escassez de mão-de-obra.

As taxas de inflação anuais, medidas peloIHPC e pelo IPC excluindo despesas compagamento de juros e efeitos directos daalteração de impostos indirectos e subsídios(UND1X)1, mantiveram-se relativamentebaixas e estáveis em 2000, apesar do aumentonos preços do petróleo e das importações edo rápido crescimento do produto. A médiaanual da taxa de inflação do IHPC foi de 1.3%,face a 0.6% em 1999. A Suécia manteve-se,portanto, entre os países da UE com asmenores taxas de inflação ao longo do ano.Asrazões para a evolução de preços relativa-mente moderada podem ser atribuídas aosefeitos da liberalização dos serviços públicos,aos reduzidos aumentos das rendas, à reduçãodas margens de lucro, e, eventualmente, a ummenor grau de utilização dos recursos do queanteriormente previsto. As margens de lucrotêm diminuído, regressando à média de longoprazo registada ao longo de vários anos,indicando que poderá ser mais difícil acomodar

1 Na Suécia, a taxa de inflação global do IPC é a variável objectivo.Porém, como os factores temporários são tomados emconsideração, as decisões de política monetária, na prática, têmtido por base uma avaliação do UND1X.

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97BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

nas margens de lucro novos aumentos noscustos unitários do trabalho. A evoluçãosalarial continuou, assim, a ser matéria depreocupação em termos de manutenção dacompetitividade, do crescimento do empregoe da estabilidade dos preços.

O excedente orçamental das administraçõespúblicas da Suécia aumentou para 4.0% do PIBem 2000, que compara com 1.8% em 1999.O rácio da dívida pública melhorou tambémde forma significativa, caindo de 65.2% do PIBem 1999 para 55.6% em 2000. O Programade Convergência actualizado da Suécia,apresentado em Novembro de 2000, fixou osexcedentes orçamentais previstos para 2001e 2002 em 3.5% e 3.3% do PIB, respectiva-mente. Prevê-se uma redução do rácio da

dívida para 53.2% do PIB em 2001 e para48.9% em 2002.

O Sveriges Riksbank tem adoptado um regimecambial flexível e tem conduzido a políticamonetária com um objectivo explícito deinflação desde 1993.A política monetária temcomo objectivo a manutenção da inflação doIPC em 2%, com uma margem de tolerânciade ±1 ponto percentual. Em 2000, a taxa dosacordos de recompra foi aumentada duasvezes, 0.50 pontos percentuais, em 4 deFevereiro, e 0.25 pontos percentuais, em 7 deDezembro, para 4.0%. A decisão tomada emDezembro teve origem na conclusão de quetinha aumentado o risco de uma subida dainflação acima do objectivo de 2% num prazode dois anos. As taxas de juro de curto prazo

Quadro 10

Indicadores macroeconómicos para a Suécia(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2000 2000 2000 2000

T1 T2 T3 T4

PIB em termos reais 4.1 3.7 1.1 2.1 3.6 4.1 3.6 4.2 4.1 3.7 2.3

Contribuição para o crescimento do PIB em termos reais 1)

Procura interna em termos reais incluindo existências 3.0 1.8 0.7 0.7 3.9 3.0 2.7 3.4 3.4 3.6 0.5

Exportações líquidas 1.2 1.9 0.4 1.4 -0.3 1.1 0.9 0.8 0.7 0.1 1.8

IHPC 2.9 2.7 0.8 1.8 1.0 0.6 1.3 1.2 1.2 1.3 1.5

Remuneração por trabalhador 4.8 2.8 6.8 3.8 3.3 1.3 7.0 8.3 6.4 7.1 6.3

Custos unitários do trabalho, conjunto da economia -0.1 0.5 5.1 0.7 0.9 -0.4 5.5 5.7 4.5 5.3 6.7

Deflator das importações (bens e serviços) 4.0 5.9 -4.2 0.7 -0.5 1.4 5.9 5.6 5.1 6.2 6.7

Balança corrente e nova balança de capital (% do PIB) . . . . 0.6 0.5 0.5 0.7 0.3 0.5 0.7

Total do emprego -0.9 1.6 -0.6 -1.1 1.5 2.2 2.2 1.5 2.1 2.1 3.1

Taxa de desemprego (% da população activa) 9.4 8.8 9.6 9.9 8.3 7.2 5.9 6.5 6.0 5.7 5.4

Saldo orçamental (% do PIB) 2), 3) -10.9 -6.8 -3.4 -1.5 1.9 1.8 4.0 . . . .

Dívida bruta consolidada (% do PIB) 2) 79.0 77.6 76.0 73.0 71.8 65.2 55.6 . . . .

Taxa de juro a três meses (% por ano) 4) 7.7 8.8 6.0 4.4 4.4 3.3 4.1 4.0 4.1 4.1 4.1

Taxa de rendibilidade das obrigações de dívida pública a dez anos (% por ano) 4) 9.7 10.2 8.0 6.6 5.0 5.0 5.4 5.8 5.3 5.3 5.1

Taxa de câmbio em relação ao ECU ou euro 4), 5) 9.16 9.33 8.51 8.65 8.90 8.82 8.45 8.50 8.27 8.40 8.61

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, dados nacionais e cálculos do BCE.Nota: Contas nacionais em conformidade com o SEC 95.1) Pontos percentuais.2) Em conformidade com a definição do Tratado de Maastricht.3) Saldo orçamental (+/-) das administrações públicas.4) Média dos valores do período.5) Unidades de moeda nacional por ECU até ao final de 1998. Após aquela data, por euro.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 200098

mantiveram-se bastante estáveis ao longo de2000 e nos dois primeiros meses de 2001,situando-se em cerca de 4%, um nível quase70 pontos base abaixo das taxas de curtoprazo correspondentes da área do euro nofinal de Fevereiro de 2001. Depois de se terapreciado na primeira parte de 2000, a coroadepreciou-se face ao euro na segunda metadedo ano. Esta depreciação esteve parcialmenterelacionada com o diferencial negativo dastaxas de juro de curto prazo, mas deveu-setambém à volatilidade do mercado de acçõese a ajustamentos de carteira relacionadoscom a reforma das pensões. Esta permiteaos particulares investir os seus prémios depensões em diversos fundos de pensõesnacionais e internacionais.

As taxas de juro de longo prazo desceramcerca de 1 ponto percentual ao longo de2000, situando-se em 4.9% no final deFevereiro de 2001. O diferencial a dez anosface às taxas de juro da área do euro tornou--se negativo, passando de 20 pontos baseacima destas taxas no início do ano para20 pontos base abaixo das mesmas no finaldo ano. No final de Fevereiro de 2001, odiferencial negativo era de 10 pontos base.

Reino Unido

No Reino Unido, o PIB real cresceu 3.0% em2000, em comparação com 2.3% em 1999. Ocrescimento do produto atingiu o seu pico nosegundo trimestre de 2000, tendo abrandadoposteriormente (ver Quadro 11). O consumodas famílias continuou a ser o principalimpulsionador do crescimento do produto,embora a procura de exportações tenhatambém sido forte, em particular na primeirametade do ano.

O consumo das famílias em termos reaiscresceu 3.7% em 2000, face a 4.5% em 1999.Ganhos mais elevados em termos reais, menordesemprego e preços da habitação elevadoscontribuíram para a robustez da procura dosconsumidores. Depois de ter atingido o seuponto máximo no terceiro trimestre, verifi-caram-se alguns sinais de que o crescimento do

consumo teria abrandado no último trimestrede 2000, depois de um comportamentobastante mais fraco dos mercados accionistas.A formação bruta de capital fixo cresceu 2.3%em 2000, que compara com 5.4% em 1999,enquanto o crescimento do investimentoempresarial foi fraco na primeira metade doano, antes da forte recuperação registada noúltimo trimestre. O volume das exportaçõescresceu rapidamente, mas o ritmo abrandouna segunda metade do ano, seguindo atrajectória da procura mundial. O crescimentodas importações manteve-se robusto durantea maior parte do ano, reflectindo quer umaprocura interna dinâmica, quer a solidez dalibra esterlina face ao euro.

O emprego cresceu rapidamente na primeirametade do ano, estabilizando na segundametade. A taxa de desemprego estabilizouligeiramente abaixo de 5.5% na segundametade de 2000, descendo de cerca de 6% nofinal do ano anterior. Depois de ter atingidoum pico em Fevereiro de 2000, devidoprincipalmente ao efeito dos bónus, o cresci-mento dos ganhos desacelerou nos meses atéJulho para uma taxa homóloga de 3.9%, antesde recuperar de novo na segunda metade doano, atingindo uma taxa homóloga de 4.4%no final de 20002. Os custos unitários dotrabalho desaceleraram, quer em resultado docrescimento mais lento das remunerações,quer devido à recuperação do crescimentoda produtividade ao longo de 2000, depoisde ter alcançado o nível mínimo de 1% em1999.

Apesar do forte crescimento do produto e dealguns sinais de restrições da capacidadeprodutiva, a taxa de inflação do IPRX manteve--se, ao longo do ano, bastante abaixo doobjectivo de 2.5%. Medida pelo IHPC, ainflação desceu de 1.3% em 1999 para 0.8%em 2000. O lento crescimento dos preçosdas importações em resultado da apreciaçãoda libra esterlina face ao euro poderá tercontribuído significativamente para manter ainflação num nível baixo (ver Caixa 8). A forte

2 O crescimento salarial é obtido a partir de dados de fontesnacionais não incluídos no Quadro 11.

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99BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

competitividade dos preços das importações emenores margens nas exportações afectaramas margens de lucro, em particular no sectorda industria transformadora. Calcula-se quea taxa de remuneração líquida das empresasdo sector da indústria transformadora noterceiro trimestre se tenha situado no seunível mais baixo desde 1993.

O excedente orçamental das administraçõespúblicas em percentagem do PIB ter-se-ámantido em 1.3% em 2000, aproximadamenteo mesmo nível verificado em 1999 (excluindoas receitas de licenças de UMTS). O Programade Convergência actualizado do Reino Unido,apresentado em Dezembro de 2000, previauma posição orçamental equilibrada em 2002,de acordo com os objectivos orçamentais de

longo prazo do governo. De acordo com oPrograma, prevê-se uma subida da despesa,em particular nas áreas prioritárias para ogoverno, como a saúde, educação e trans-portes. As despesas de capital deverão au-mentar significativamente em resultado docompromisso do governo de duplicar o seuinvestimento líquido em percentagem do PIB.O rácio da dívida pública desceu em 2000para um valor estimado de 41.0% do PIB, facea 45.7% em 1999, prevendo-se que diminuapara 36.5% até 2002.

O Bank of England tem conduzido a políticamonetária no contexto de um regime cambialflexível com um objectivo explícito deinflação, fixado pelo Governo do Reino Unidoem 2.5%. Em 2000, a taxa dos acordos de

Quadro 11

Indicadores macroeconómicos para o Reino Unido(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2000 2000 2000 2000

T1 T2 T3 T4

PIB em termos reais 4.4 2.8 2.6 3.5 2.6 2.3 3.0 3.1 3.5 3.0 2.5

Contribuição para o crescimento do PIB em termos reais:1)

Procura interna em termos reais incluindo existências 3.5 1.8 3.0 3.8 4.7 3.8 3.9 3.2 4.8 4.5 2.9

Exportações líquidas 0.9 1.0 -0.5 -0.3 -2.0 -1.5 -0.9 0.0 -1.4 -1.5 -0.5

IHPC 2.0 2.7 2.5 1.8 1.6 1.3 0.8 0.8 0.6 0.8 0.9

Remuneração por trabalhador 3.1 3.1 3.4 4.4 5.0 4.6 3.6 4.7 3.3 3.2 3.4

Custos unitários do trabalho, conjunto da economia -0.3 1.0 1.9 2.8 3.4 3.5 1.6 2.6 1.0 1.3 1.7

Deflator das importações (bens e serviços) 3.1 6.1 0.3 -6.7 -6.3 -2.5 1.0 -0.3 0.5 1.0 2.9

Balança corrente e nova balança de capital (% do PIB) -0.5 -0.9 0.1 2.7 0.1 -3.4 . -5.2 -4.3 -5.8 .

Total do emprego 0.9 0.7 1.1 2.0 1.1 1.3 1.0 1.0 1.2 1.1 0.8

Taxa de desemprego (% da população activa) 9.6 8.7 8.2 7.0 6.3 6.1 5.5 5.9 5.6 5.4 5.3

Saldo orçamental (% do PIB) 2), 3) -6.8 -5.8 -4.4 -2.0 0.4 1.3 1.3 . . . .

Dívida bruta consolidada (% do PIB) 2) 50.6 52.5 52.7 51.1 48.0 45.7 41.0 . . .

Taxa de juro a três meses (% por ano) 4) 5.5 6.7 6.0 6.8 7.3 5.4 6.1 6.1 6.2 6.1 6.0

Taxa de rendibilidade das obrigações de dívida pública a dez anos (% por ano) 4) 8.2 8.3 7.9 7.1 5.6 5.0 5.3 5.6 5.3 5.3 5.1

Taxa de câmbio em relação ao ECU ou euro 4), 5) 0.78 0.83 0.81 0.69 0.68 0.66 0.61 0.61 0.61 0.61 0.60

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, dados nacionais e cálculos do BCE.Nota: Contas nacionais em conformidade com o SEC 95. Os dados do IHPC anteriores a 1995 são estimativas baseadas em definiçõesnacionais, não sendo totalmente comparáveis ao IHPC, que começou a ser utilizado em 1995.1) Pontos percentuais.2) Estimativas para o ano civil. Em conformidade com a definição do Tratado de Maastricht.3) Estimativas para o ano civil. Saldo orçamental (+/-) das administrações públicas.4) Média dos valores do período.5) Unidades de moeda nacional por ECU até ao final de 1998. Após aquela data, por euro.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000100

Caixa 8

Diferenciais de inflação entre os países da UE não participantes e a área do euro

Os diferenciais de inflação do IHPC entre os quatro países da UE não participantes na área do euro e a médiada área do euro oscilou entre -1.6 e +0.5 pontos percentuais em 2000. Nos dois países do MTC II, Dinamarca eGrécia, a inflação foi ligeiramente mais elevada do que a média da área do euro, mas os diferenciaismantiveram-se relativamente pequenos, em comparação com os da década de 90. Foram também pequenos,quando comparados com os diferenciais de inflação dentro da área do euro. A Suécia e o Reino Unidoregistaram taxas de inflação baixas em 2000, apesar do forte crescimento do produto nos últimos anos; ainflação medida pelo IHPC em ambos os países situou-se abaixo da registada no Estado-membro com osmelhores resultados.

A análise das componentes da inflação medida pelo IHPC revela que o desempenho relativo da inflação nosquatro países face à área do euro foi muito diferente na indústria e nos serviços. Em todos os quatro países nãoparticipantes na área do euro, a inflação do IHPC para os produtos industriais (excluindo energia e produtosalimentares) foi mais baixa do que na área do euro. No caso do Reino Unido, a inflação do IHPC na indústriasituou-se mais de 4 pontos percentuais abaixo da registada na área do euro. A inflação do IHPC nos serviços,no entanto, foi mais elevada nos países da UE não participantes do que na área do euro, à excepção da Suécia.A taxa de inflação mais elevada nos serviços foi registada na Dinamarca, situando-se quase 2 pontos percentuaisacima da verificada na área do euro.

-16

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-8

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2

4

Grécia Dinamarca Suécia Reino Unido

IHPC totalIHPC indústriadepreciação efectivadeflator das importações IHPC serviçosremuneração por trabalhadorcustos unitários do trabalho

Fontes: Eurostat, cálculos e estimativas do BCE.Nota: “Depreciação efectiva” define-se como o inverso da alteração da taxa de câmbio efectiva. Todas as variáveis se referem amédias anuais. O deflator das importações, a remuneração por trabalhador e os custos unitários do trabalho referem-se à médiados três primeiros trimestres de 2000 para a Dinamarca e têm por base as estimativas de crescimento homólogo do BCE para aárea do euro. Para a Suécia, a remuneração por trabalhador define-se como os salários e vencimentos por trabalhador e os custosunitários do trabalho são iguais aos custos unitários dos salários e dos vencimentos.

Indicadores de inflação relativos à área do euro(diferencial entre as taxas de crescimento homólogas e as taxas de crescimento da área do euro em 2000, em pontos percentuais)

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101BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

recompra foi aumentada em Janeiro eFevereiro, 0.25 pontos percentuais em ambasas ocasiões, num contexto de preocupaçõesquanto a futuras pressões inflacionistas,mantendo-se inalterada em 6.0% ao longo doresto de 2000. Em Fevereiro de 2001, o Bankof England baixou a taxa dos acordos derecompra em 0.25 pontos percentuais, para5.75%. As taxas de juro de curto prazomantiveram-se em torno de 6.0% ao longode 2000, antes de caírem para cerca de 5.5%no final de Fevereiro de 2001, ou seja, cercade 0.8 pontos percentuais acima das taxasde curto prazo da área do euro. As taxas dejuro de longo prazo diminuíram de cerca de

5.8% no início de 2000 para 4.8% no final deFevereiro de 2001, ou seja, aproximadamenteo mesmo nível das taxas na área do euro.

Depois de se ter apreciado face ao euro nofinal de 1999 e durante os primeiros quatromeses de 2000, a libra esterlina depreciou-seface ao euro ao longo de Maio e Junho do seu nível mais elevado de GBP 0.57 para GBP 0.63. Entre o final de Junho e o final doano, a libra esterlina recuperou fortementeantes de se depreciar face ao euro. No final deFevereiro de 2001 situava-se em GBP 0.64.

Este padrão comum de inflação do IHPC, relativamente baixa na indústria e mais elevada nos serviços, em comparação com a área do euro, parece estar em parte relacionado com comportamentos diferentes dosmovimentos cambiais e da evolução dos custos do trabalho em 2000 (ver gráfico abaixo). Diversos outrosfactores específicos aos países, não representados no gráfico, terão também desempenhado um papel, tal comoas subidas nos preços dos serviços públicos na Dinamarca ou a evolução da tributação indirecta na Grécia.

A média anual das taxas de câmbio efectivas nominais dos países da UE não participantes na área do euro nãose depreciou de forma tão marcada como a da área do euro; no caso do Reino Unido, a média anual da taxa decâmbio efectiva nominal apreciou-se em 2000. Nos dois países do MTC II, esta depreciação menos significativafoi o resultado de diferenças nos padrões de comércio em comparação com a área do euro. Quanto à Suécia eao Reino Unido, verificou-se o efeito adicional da apreciação das respectivas taxas de câmbio bilaterais da coroae da libra esterlina face ao euro. Moedas mais fortes reflectiram-se geralmente numa menor inflação dos preçosdas importações, afectando quer os custos dos factores, quer a competitividade nos mercados dos benstransaccionáveis. No caso do Reino Unido, o deflator das importações subiu, em 2000, 7.2 pontos percentuaismenos do que na área do euro. A solidez relativa da libra esterlina contribuiu portanto significativamente parao comportamento mais favorável da inflação dos produtos industriais no Reino Unido.

Pelo contrário, a subida das remunerações por trabalhador e dos custos unitários do trabalho foi maior em todosos quatro países do que na área do euro, o que terá provavelmente contribuído para a comparativamente maiselevada inflação do IHPC dos serviços nesses países. A Suécia é a excepção neste caso, uma vez que aliou umabaixa inflação do IHPC dos serviços de apenas 1% a um aumento das remunerações por trabalhador e doscustos unitários do trabalho acima da média da área do euro. A explicação para isso poderá estar principalmentenos efeitos de redução dos preços relacionados com a liberalização no sector dos serviços públicos.

Em suma, todos os quatro países da UE não participantes parecem ter sofrido menos pressões geradasexternamente e mais pressões geradas internamente do que a área do euro em 2000. Certamente, no ReinoUnido, a apreciação da libra esterlina e a consequente queda dos preços no consumidor dos produtos industriaisforam cruciais para a manutenção da inflação do IHPC no nível mais baixo entre os Estados-membros da UE.Na Suécia, a baixa inflação dos preços dos serviços, relacionada com o processo de liberalização no sector dosserviços públicos, contribuiu significativamente para um ambiente de estabilidade dos preços. A Dinamarca ea Grécia registaram taxas de inflação acima das da área do euro no sector dos serviços, o que esteveprovavelmente relacionado com subidas mais fortes nos salários e nos custos unitários do trabalho.

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Our Lady’s Hospital for Sick Children, IrlandaAutoria: Eamonn Coleman. Sem título

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Capítulo V

Questões europeias,

internacionais e bilaterais

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000104

Em 2000, o BCE continuou a manter edesenvolver relações com as instituições eórgãos da Comunidade Europeia. Emparticular, através da participação nasreuniões do Conselho ECOFIN, doEurogrupo, do Comité Económico eFinanceiro (CEF) e do Comité de PolíticaEconómica (CPE), o BCE continuou envolvidonum diálogo construtivo com representantesdos Estados-membros e da ComissãoEuropeia, quer a nível político, quer a níveltécnico1.

A nível político, os contactos do BCE com aUE e, em particular, com os Ministros dasFinanças da área do euro, tiveram lugarsobretudo através da sua participação emreuniões do Conselho ECOFIN e doEurogrupo. Nos termos do n.º 2 do artigo113.º do Tratado, o BCE é convidado aparticipar nas reuniões do Conselho ECOFIN“sempre que este delibere sobre questõesrelativas aos objectivos e atribuições doSEBC”. Em 2000, estas questões prenderam--se, nomeadamente, com a promulgação dalegislação necessária para a adopção do europela Grécia, o plano de acção concertadoentre o BCE e o Eurostat relativo aosrequisitos estatísticos na UEM e a discussãodo Conselho ECOFIN sobre as estratégiascambiais dos países candidatos à adesão à UE.Embora a participação do BCE nas reuniõesdo Conselho ECOFIN dependa dos assuntosem discussão, o BCE participou em todas asreuniões do Eurogrupo, a fim de discutir comregularidade com os Ministros das Finanças daárea do euro e a Comissão Europeia questõesrelacionadas especificamente com a moedaúnica.

A nível técnico, o BCE continuou a contribuirpara a análise e aconselhamento do ConselhoECOFIN e do Eurogrupo através do CEF e doCPE. Enquanto a participação do BCE emreuniões do CEF decorre directamente doartigo 114.º do Tratado, a sua participação nasreuniões do CPE baseava-se, até Setembro de2000, unicamente num convite do Presidentedeste Comité. Contudo, com a adopção por

parte do Conselho ECOFIN dos novosestatutos do CPE, em 29 de Setembro de2000, foi agora atribuída à participação doBCE nas reuniões deste Comité a mesmabase jurídica que à dos Estados-membros e daComissão Europeia.

Na qualidade de participante nas reuniões doCEF e do CPE, o BCE tomou parte notrabalho regular e permanente realizado nocontexto dos vários procedimentos depolítica económica e exercícios de supervisãomultilateral da Comunidade. Em particular, oBCE esteve envolvido na preparação dasOrientações Gerais de Política Económica ena avaliação dos programas de estabilidade econvergência dos Estados-membros. Além do mais, o BCE deu o seu contributo paradiscussões sobre diversos assuntos, tais comoo impacto do envelhecimento da populaçãonas finanças públicas, o contributo dasfinanças públicas para o crescimento e oemprego e a criação de indicadores dedesempenho estrutural, que constituíram amissão atribuída pelo Conselho EuropeuExtrrdinário de Lisboa sobre emprego,reforma económica e coesão social (verabaixo)2.

O BCE continuou igualmente a participar noDiálogo Macroeconómico (MED) bianual, quereúne representantes não só dos Estados--membros, da Comissão Europeia, do BCE edos bancos centrais não pertencentes à áreado euro, como também de organizaçõespatronais e sindicais europeias. Em 2000, oMED continuou a desenvolver-se enquantofórum no qual representantes de todos osprincipais intervenientes ou participantes nasdecisões de política a nível macroeconómicopodem trocar opiniões de forma útil, no querespeita quer às perspectivas económicas,quer aos desafios de política no futuro.

1 Questões europeias

1 As relações do BCE com o Parlamento Europeu são tratadasseparadamente no Capítulo XI do presente Relatório Anual.

2 O envolvimento do BCE em grupos de trabalho e comités maisespecializados é discutido nos respectivos capítulos do presenteRelatório Anual.

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105BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Do vasto conjunto de assuntos tratados nasinstituições e órgãos europeus em 2000,destacam-se os seguintes desenvolvimentospor se revestirem de um significado particulardo ponto de vista económico e institucional.

1.1 O papel do Eurogrupo

O Eurogrupo (anteriormente o Grupo doEuro-11) foi criado pelo Conselho Europeudo Luxemburgo em Dezembro de 1997, comoum órgão informal no qual os Ministrosdas Finanças dos Estados-membros da áreado euro se poderiam reunir para deba-ter “questões relacionadas com asresponsabilidades específicas que partilhamem matéria de moeda única”. O ConselhoEuropeu previu também que a ComissãoEuropeia, e “se for caso disso” o BCE, seriamconvidados a participar nestas reuniões. Naprática, desde o início da Terceira Fase daUEM, não só a Comissão Europeia, comotambém o BCE, têm sido convidados e têmparticipado em todas as reuniões doEurogrupo. Estas têm, por conseguinte,servido um duplo propósito. Em primeirolugar, e acima de tudo, o Eurogrupo constituium fórum no qual os Ministros das Finançasda área do euro podem debater em conjuntoe, quando for caso disso, coordenar as suaspolíticas económicas. Em segundo lugar,o Eurogrupo, sendo de natureza infor-mal, proporcionou um enquadramentoparticularmente adequado para o diálogopermanente entre os Ministros, a ComissãoEuropeia e o BCE, no qual estes podempartilhar com regularidade as respectivasavaliações da situação económica da área doeuro e dos futuros desafios de política. Paraaumentar a visibilidade do Eurogrupo peranteo público em geral, os Ministros das Finançasda área do euro estabeleceram as seguintesiniciativas em 2000.

Primeiro, se e quando os Ministros doEurogrupo considerarem adequado divulgaras opiniões comuns aos mercados e aopúblico em geral, de forma tão clara e concisaquanto possível, tal será feito através dapublicação de declarações ou comunicados.

Foram divulgadas nestes moldes duasdeclarações em 2000, ambas expressando apreocupação comum, não só do Eurogrupo,como também da Comissão e do BCE, no querespeita ao nível baixo da taxa de câmbio doeuro.

Segundo, foi decidido que cada reunião doEurogrupo seria seguida de uma conferênciade imprensa dada pelo Presidente doEurogrupo. Estas conferências de imprensaservem para disponibilizar informação aopúblico interessado sobre os assuntos queforam discutidos e para divulgar as opiniõesdo Eurogrupo. Quando julgado conveniente, oPresidente do BCE também participa nestasconferências de imprensa.

1.2 O Conselho Europeu Extraordináriode Lisboa sobre emprego, reformaeconómica e coesão social

Nos dias 23 e 24 de Março de 2000, oConselho Europeu realizou uma reuniãoextraordinária em Lisboa, dedicada aoemprego, reforma económica e coesão social.Nesta reunião, os Chefes de Estado ou deGoverno estabeleceram para a UE um novoobjectivo estratégico para a próxima década,definido nas conclusões do Conselho, nosentido de esta se “tornar no espaçoeconómico mais dinâmico e competitivo domundo baseado no conhecimento e capaz degarantir um crescimento económicosustentável, com mais e melhores empregos, ecom maior coesão social”. Para alcançar esteobjectivo ambicioso foi definida umaestratégia global com base nos três seguinteselementos: preparar a transição para umaeconomia baseada no conhecimento,modernizar o modelo social europeu esustentar perspectivas económicas sãs,aplicando uma adequada combinação depolíticas macroeconómicas.

No contexto dos esforços comuns parapreparar a transição para uma economia maisdinâmica e competitiva, baseada noconhecimento, o BCE atribui particularimportância ao objectivo de proporcionar um

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000106

enquadramento para mercados financeiroseficientes e integrados. Assim, o ConselhoEuropeu acordou em acelerar a conclusão doMercado Único para serviços financeiros,nomeadamente através da fixação de umcalendário que estabelece que o Plano deAcção para o Capital de Risco deverá estarconcluído até 2003 e o Plano de Acção paraos Serviços Financeiros até 2005.

Relativamente à consecução dos objectivosestratégicos globais, ficou acordado noConselho Europeu que não seriamnecessários novos processos para aplicar aestratégia definida em Lisboa. Pelo contrário,os processos existentes, tais como asOrientações Gerais de Política Económica eos Processos do Luxemburgo, de Cardiff e deColónia, já proporcionavam os instrumentosnecessários. Estes processos poderiam,contudo, ser reforçados, o que implica quesejam definidas orientações combinadas comcalendários específicos, que sejamestabelecidos indicadores quantitativos equalitativos e referenciais, que as orientaçõeseuropeias sejam traduzidas de forma maiseficiente em políticas nacionais e regionais,e que se proceda periodicamente aoseu acompanhamento, avaliação e análise,organizados como um processo deaprendizagem recíproca. Além do mais, oConselho Europeu sublinhou a sua intençãode assumir um “significativo papel deorientação e coordenação” e de “realizaranualmente, na Primavera, uma sessãodedicada às questões económicas e sociais”.

O BCE congratula-se pelo impulso dado peloConselho Europeu ao processo de reformaeconómica. O facto de ter sido dedicada umareunião do Conselho Europeu, na sua quasetotalidade, a questões económicas e sociais ea decisão de realizar estas reuniõesanualmente a partir de então ilustram aimportância atribuída pelos Chefes de Estadoou de Governo às reformas estruturais emcurso. O sucesso da “estratégia de Lisboa”dependerá, é certo, em última instância, daaplicação atempada e integral das váriasmedidas de política identificadas. Nãoobstante, os esforços para reformas

estruturais em curso beneficiam do apoiopolítico total do Conselho Europeu.

1.3 Conferência Intergovernamental

De acordo com o “Protocolo relativo àsinstituições na perspectiva do alargamento daUnião Europeia”, anexo ao Tratado deAmsterdão, e com as conclusões do ConselhoEuropeu de Helsínquia de Dezembro de 1999foi convocada, no início de 2000, uma“Conferência de representantes dosGovernos dos Estados-membros”. O objec-tivo estabelecido para esta ConferênciaIntergovernamental (CIG) de revisão dosTratados foi a preparação das instituiçõespara o alargamento, com vista a assegurar ofuncionamento adequado dos órgãos dedecisão e dos processos comunitários após aexpansão para incluir 12 ou mais novosEstados-membros. Para este fim, a missão daCIG incluiu cinco questões específicas:

• o alargamento das votações por maioriaqualificada no Conselho da UE;

• a dimensão e composição da ComissãoEuropeia;

• a ponderação dos votos no Conselho daUE;

• a revisão das disposições relativas à“cooperação mais estreita”; e

• outras alterações aos Tratados, no quetoca às instituições europeias, que serevelem necessárias.

A expansão da participação na UE a 27 oumais Estados-membros terá efeito imediatona composição e funcionamento dasinstituições comunitárias, tais como oConselho da UE, a Comissão Europeia, oParlamento Europeu, os vários Tribunais e oscomités consultivos. Por sua vez, não seespera que os novos Estados-membrosadiram à área do euro imediatamente após asua adesão à UE, mas apenas depois de teremdemonstrado a sua capacidade para cumpriros critérios de convergência de Maastricht deforma sustentável. Não obstante, numaperspectiva a médio e longo prazo, oEurosistema – e o Conselho do BCE

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107BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

enquanto seu principal órgão de decisão –terá de estar igualmente preparado para umaumento potencialmente significativo donúmero de Estados-membros a adoptar oeuro.

Alterações ao Tratado relativas a aspectosinstitucionais do SEBC e do BCE

O Tratado de Nice – que teve origem na CIG– trata também dos aspectos institucionais doEurosistema. No entanto, em vez de estipularprecisamente a forma como as característicasinstitucionais do Conselho do BCE serãoalteradas face a uma futura expansão em largaescala da área do euro, a Presidência francesalançou a proposta de incluir no Tratado uma espécie de “cláusula de possibilidade”,que permitiria a alteração futura decaracterísticas institucionais específicas do

Conselho do BCE sem ser necessária aconvocação de uma nova CIG alargada.

Como a proposta da Presidência francesa deuma cláusula de possibilidade se traduziunuma “alteração institucional na áreamonetária”, a qual, nos termos do artigo 48.ºdo Tratado da União Europeia, requer que oBCE seja formalmente consultado, o BCEformulou, em 5 de Dezembro de 2000, umParecer a pedido da Presidência do Conselhoda União Europeia relativo a uma proposta dealteração do artigo 10.º – 2 dos Estatutos doSistema Europeu de Bancos Centrais e doBanco Central Europeu (CON/00/30).

Posteriormente, foi acordado na CIG que, emtermos jurídicos, uma cláusula depossibilidade deste tipo deverá assumir aforma de um n.º 6 no artigo 10.º (intitulado“O Conselho do BCE”) dos Estatutos do

Caixa 9

Disposições relevantes do Tratado de Nice

“Disposições relativas ao funcionamento do Conselho de Governadores do BCE no Protocolo relativo aos

Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do Banco Central Europeu.

Artigo 10.º dos Estatutos

Aditamento de um n.º 6

10.º – 6 O disposto no n.º 2 [relativo aos procedimentos de votação do Conselho do BCE] pode ser alterado pelo

Conselho reunido a nível de Chefes de Estado e de Governo, deliberando por unanimidade, quer sob

recomendação do BCE e após consulta ao Parlamento Europeu e à Comissão, quer sob recomendação da

Comissão e após consulta ao Parlamento Europeu e ao BCE. O Conselho sugerirá a adopção dessas

recomendações pelos Estados-membros. As alterações entrarão em vigor depois de terem sido ratificadas por

todos os Estados-membros, de acordo com as respectivas normas constitucionais.

Qualquer recomendação feita pelo BCE nos termos do presente número requer uma decisão unânime do

Conselho de Governadores.

* * *

Declaração, a incluir na Acta Final da Conferência, relativa ao artigo 10.º – 6 dos Estatutos do Sistema

Europeu de Bancos Centrais e do Banco Central Europeu

A Conferência espera que seja apresentada o mais rapidamente possível uma recomendação na acepção do

n.º 6 do artigo 10.º dos Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do Banco Central Europeu.”

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000108

SEBC. Este novo artigo 10.º – 6 estipula queuma alteração ao artigo 10.º – 2 (relativo aosprocedimentos de votação no Conselho doBCE) pode ser promulgada sem necessidadede convocar uma nova CIG alargada.Significativamente, o artigo dá ao Conselhodo BCE e à Comissão Europeia o direito deiniciativa para iniciar, através de umarecomendação, esta revisão ao artigo 10.º – 2dos Estatutos do SEBC (ver também Caixa 9).

O BCE considera a inclusão desta cláusula depossibilidade nos Estatutos do SEBC umadisposição útil que permite uma resposta aosdesafios do alargamento e a adaptação dasestruturas de decisão do BCE de forma agarantir a condução eficiente de uma políticamonetária orientada para a estabilidade numaárea do euro alargada. Actualmente, não seespera que surja no futuro próximo anecessidade de um ajustamento deste tipo.Contudo, o Conselho do BCE avaliará todasas opções disponíveis e apresentará as suasrecomendações se e quando considereadequado.

Outras alterações relevantes ao Tratado

A CIG chegou igualmente a acordo quanto aoalargamento do processo de decisão atravésde votações por maioria qualificada a quatrodisposições no Título VII do Tratado (“PolíticaEconómica e Monetária”). Mais precisamente,as votações por maioria qualificada serão

introduzidas para as decisões sobre arepresentação externa no contexto da UEM(n.º 4 do artigo 111.º). Porém, será aditadauma declaração ao Tratado de Niceespecificando que “se deverá proceder deforma a possibilitar que todos os Estados--membros da zona euro sejam plenamenteenvolvidos em cada fase da preparação da posição da Comunidade a nívelinternacional”. As votações por maioriaqualificada serão também introduzidas para asmedidas relacionadas com a introdução doeuro (n.º 4 do artigo 123.º). A taxa deconversão das moedas nacionais em eurocontinuará, no entanto, a ser determinadaatravés de uma decisão unânime. Além domais, decisões sobre certas disposições deurgência relacionadas com medidas e ajudafinanceira da Comunidade em casos decondições económicas graves ou catástrofesnaturais (n.ºs 1 e 2 do artigo 100.º) serãotambém, no futuro, tomadas através devotação por maioria qualificada. Nestecontexto, será incluída no Tratado uma outradeclaração, segundo a qual qualquer ajudafinanceira concedida ao abrigo do artigo 100.ºdeverá ser compatível com a regra “no bail-out” (artigo 103.º) e respeitar os limitesestabelecidos para as rubricas orçamentais daUE.

Todas as alterações aos Tratados entrarão emvigor após a ratificação do Tratado de Nicepor todos os Estados-membros, de acordocom as respectivas normas constitucionais.

2 Questões internacionais

2.1 Acordos institucionais comorganizações internacionais

O Eurosistema continuou a estar envolvidona cooperação internacional em questõesmonetárias, económicas e financeiras. Osacordos práticos adoptados em 1998 e 1999 para a representação e cooperaçãointernacionais do BCE, como descrito noRelatório Anual de 1999, permaneceram emgeral inalterados em 2000. Relativamente àsrelações entre o Fundo Monetário

Internacional (FMI) e a área do euro, convémsalientar dois desenvolvimentos.

Primeiro, em 15 de Novembro de 2000, o FMIaprovou a candidatura do BCE para se tornarum detentor autorizado de Direitos de SaqueEspeciais (DSE), o activo de reservainternacional emitido pelo FMI. O estatuto dedetentor autorizado permite ao BCE trocarDSE contra moedas utilizáveis sem restrições(o dólar dos EUA, o euro, a libra esterlina e oiene japonês), em transacções voluntárias

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109BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

com países membros do FMI e outrosdetentores autorizados. A candidatura doBCE foi efectuada em conformidade com oartigo 30.º – 5 dos Estatutos do SEBC, queestipula que o BCE pode deter e gerir DSE.

Segundo, por ocasião da revisão quinquenalregular dos cabazes de valorização e de taxade juro de DSE, em 1 de Janeiro de 2001, oFMI decidiu substituir a abordagem com basenos países até então aplicada na determinaçãoda composição dos cabazes de valorização e

de taxa de juro de DSE por uma abordagemcom base nas moedas (ver Caixa 10).

2.2 Supervisão multilateral e bilateralde políticas macroeconómicas

As análises regulares (supervisão multilateral)e as revisões da evolução e das políticaseconómicas e financeiras por instituiçõesindependentes – como o FMI ou a OCDE(supervisão bilateral) – são particularmenteimportantes para o Eurosistema, uma vez quemelhoram a sua capacidade de análise doimpacto da evolução externa em variáveis daárea do euro. Convém, no entanto, notar queo Eurosistema não se encontra envolvido nacoordenação internacional ex ante da suapolítica monetária com as políticasprosseguidas por países não pertencentes àárea do euro. Esta coordenação ex antepoderia ser incompatível com a missão doEurosistema – a manutenção da estabilidadede preços na área do euro – e com a suaindependência.

Caixa 10

Revisão pelo FMI dos cabazes de valorização e de taxa de juro de DSE

A taxa de câmbio do DSE é determinada como uma média ponderada das taxas de câmbio das mais importantes

moedas internacionais. Até à introdução do euro, as moedas incluídas no cabaz de DSE eram o dólar dos EUA,

o marco alemão, o franco francês, a libra esterlina e o iene japonês. Com a introdução do euro em 1 de Janeiro

de 1999, as componentes marco alemão e franco francês foram substituídas por montantes equivalentes de euro.

Porém, os critérios de selecção das moedas componentes e de atribuição dos pesos continuaram a ter por base

indicadores dos países. Consequentemente, o peso da componente euro apenas reflectia o peso económico da

Alemanha e da França.

Estes critérios foram agora ajustados para acomodar a existência de uniões monetárias como a área do euro. Por

conseguinte, o peso da componente euro nos cabazes de valorização e de taxa de juro de DSE é agora

determinado com base em indicadores de toda a área do euro, entre os quais o mais importante são as

exportações de bens e serviços da área do euro – excluindo o comércio interno. Os novos pesos das

componentes no cabaz de valorização de DSE são apresentados no Quadro 12.

O FMI procedeu igualmente à revisão do método de determinação da taxa de juro do DSE. A taxa de juro

continua a ser determinada como a média ponderada das taxas de juro dos instrumentos financeiros de curto

prazo (ou seja, a três meses) denominados nas moedas incluídas no cabaz de DSE. De acordo com a mudança

para um método de valorização de DSE com base nas moedas, a EURIBOR a três meses tornou-se a taxa

representativa para a componente euro, substituindo as taxas nacionais, nomeadamente a taxa dos depósitos

interbancários a três meses da Alemanha e a taxa a três meses dos Bilhetes do Tesouro de França.

Quadro 12

Pesos das moedas no cabaz devalorização de DSE(percentagens)

Moeda 29 Dezembro 1 Janeiro2000 2001

dólar dos EUA 45 45

euro 25 29

iene japonês 18 15

libra esterlina 12 11

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000110

Supervisão multilateral

O BCE participou no intercâmbio deinformação e opiniões com outros decisoresde política em organizações e fórunsmultilaterais. As reuniões regulares sobreevolução e políticas económicas e financeirasnas principais áreas económicas contribuíram,nomeadamente, para esclarecer acerca daadequação das políticas actuais e do impactoda evolução externa sobre a economia daárea do euro.

Em 2000, diversas reuniões internacionaisproporcionaram uma oportunidade paraestes intercâmbios multilaterais de opiniões.O Presidente do BCE, juntamente com aPresidência da UE, representaram a área doeuro nas sessões das reuniões dos Ministrosdas Finanças e Governadores dos bancoscentrais do G7 dedicadas a questões desupervisão e da taxa de câmbio. Comoilustrado pela intervenção concertadarealizada em 22 de Setembro de 2000, asreuniões dos Ministros das Finanças eGovernadores dos bancos centrais do G7proporcionam um enquadramento paraconsultas sobre a evolução do mercadocambial, podendo conduzir à cooperaçãoquando necessário. O Presidente do BCEparticipou igualmente nas discussões sobre oestado da economia mundial em vários outrosfóruns informais, como as reuniões deMinistros e Governadores do G10 e do G20.

O BCE participou no CPE da OCDE. O CPEdiscutiu as perspectivas mundiais de curtoprazo e os requisitos de política imediatos,bem como assuntos de política relacionadoscom o crescimento, incluindo o possívelsurgimento de uma Nova Economia naseconomias da OCDE. Os subcomités egrupos de trabalho do CPE, incluindo oGrupo de Trabalho N.º 1, o Grupo deTrabalho N.º 3 e o Grupo de Trabalho dePerspectivas de Curto Prazo, apoiaram o CPEna preparação destas discussões.

Supervisão bilateral

O BCE contribuiu não só para a supervisãomultilateral, como também participou nasrevisões bilaterais das políticas económicascom o FMI e a OCDE. Em 2000, o FMIrealizou duas consultas ao abrigo do Artigo IVsobre as políticas monetária e cambial da áreado euro, que complementaram as consultasnacionais sobre outras políticas, tais comopolíticas orçamentais e estruturais. Nadiscussão do relatório preparado pelo corpotécnico do FMI, os Administradores do FMIverificaram que bases macroeconómicassólidas e desenvolvimentos externosfavoráveis deram origem a um crescimentorobusto na área do euro. No seu entender, aUEM fortaleceu o enquadramento de políticamacroeconómica da área do euro, não sóatravés da condução da política monetáriaúnica, como também de uma melhorcoordenação das políticas orçamentais eestruturais. O Conselho de Administração doFMI considerou a condução da políticamonetária desde a introdução do eurodevidamente cuidadosa. Por último, oConselho de Administração sublinhou anecessidade de continuação das reformasestruturais dos mercados de trabalho e doproduto para a criação das condições para ocrescimento sustentado não inflacionista.

Em Abril de 2000 e Novembro de 2000, o FMIpublicou os relatórios do corpo técnicosobre as consultas ao abrigo do Artigo IV daárea do euro, juntamente com Notas deInformação ao Público (PIN) sintetizando aavaliação do Conselho de Administração doFMI. Estas publicações fazem parte de umprojecto-piloto com vista a aumentar atransparência da supervisão bilateral. Esteprojecto-piloto foi agora concluído com êxitoe o FMI decidiu prosseguir a sua política deincentivo às autoridades nacionais para queestas aprovem a publicação de relatórios aoabrigo do Artigo IV e de PIN.

A nível da OCDE, o BCE esteve envolvido emtodas as discussões do Comité de Exame dasSituações Económicas e dos Problemas deDesenvolvimento onde se examina a situação

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111BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

económica em cada país membro da OCDE.Além do exame que efectua por país, a OCDEdecidiu lançar um primeiro exame formal daspolíticas a nível de toda a área do euro, o qualserá concluído em 2001. Para o preparar, umadelegação da OCDE visitou o BCE para avaliaras políticas monetária e cambial únicas e asituação económica global da área do euro.

2.3 Acompanhamento da evolução dosmercados financeiros mundiais

O BCE tem um interesse particular notrabalho realizado nas organizações e fórunsinternacionais sobre a evolução dos mercadosfinanceiros internacionais.

Em 2000, o FMI continuou a considerar comespecial atenção a evolução do mercadofinanceiro. Como parte do trabalhopreparatório para a publicação do RelatórioAnual dos Mercados de CapitaisInternacionais, uma delegação do FMI visitouo BCE para debater a evolução recente dosmercados financeiros europeus, com especialdestaque para a integração financeira e aspolíticas que garantem a estabilidadefinanceira.

O BCE participou no debate entre Ministrosdas Finanças e Governadores dos bancoscentrais dos países do G10 sobreconsolidação do sector financeiro. Estedebate abrangeu padrões, causas eimplicações da consolidação para os riscosfinanceiros, política monetária, concorrência,sistemas de pagamentos e questões depolítica relacionadas.

Além do mais, o BCE participou em diversoscomités a funcionar sob os auspícios dosGovernadores dos bancos centrais dos paísesdo G10. O Comité de Basileia de SupervisãoBancária (CBSB) centrou a sua actuação numarevisão exaustiva do quadro de adequaçãodos fundos próprios (ver Capítulo VII). O BCEparticipou no acompanhamento regular daevolução dos mercados por parte do Comitésobre o Sistema Financeiro Global (CSFG),com vista a identificar fontes potenciais de

vulnerabilidade e avaliar alterações da infra--estrutura operacional dos mercadosfinanceiros. Neste contexto, o BCE contribuiupara melhorar as estatísticas bancárias doBanco de Pagamentos Internacionais (BPI),bem como para relatórios sobre transacçõeselectrónicas, utilização de garantias edeterminantes de liquidez do mercado. OBCE também esteve envolvido no trabalho doComité sobre Sistemas de Pagamentos e deLiquidações (CSPL), presidido por ummembro da Comissão Executiva do BCEdesde Junho de 2000, e no trabalho doComité sobre Ouro e Reservas Externas.

A nível da OCDE, o BCE continuou aparticipar na análise da evolução estruturaldos mercados financeiros mundiais levada acabo pelo Comité dos Mercados Financeiros.

O Fórum de Estabilidade Financeira (FinancialStability Forum – FSF), no qual o BCEparticipou na qualidade de observador,centrou-se nas medidas para reforçar aestabilidade do mercado financeiro. Emparticular, o FSF definiu um pacote demedidas para fazer face às preocupaçõesrelativamente aos riscos financeiros quepoderão surgir das actividades de instituiçõescom elevado nível de endividamento (highlyleveraged institutions – HLI). As medidaspropostas incidiram em práticas sólidas degestão de risco por contrapartes de HLI.Foram igualmente consideradas medidasregulamentares mais directas para as própriasHLI, mas não foram recomendadas nesta fase.

Num relatório sobre centros financeirosoffshore (offshore financial centres – OFC), o FSFconcluiu que as preocupações quanto àtransparência e estabilidade de alguns OFCdeveriam ser tratadas através do reforço daadopção de padrões e códigos reconhecidosinternacionalmente. O FSF divulgou oagrupamento de OFC em três categorias, combase numa avaliação das respectivas infra--estruturas jurídicas e práticas de supervisão,do nível de cooperação e dos recursosaplicados em supervisão e cooperação. Noseguimento das recomendações do FSF, o FMIlançou um programa para avaliar o

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000112

cumprimento por parte dos OFC dos padrõesinternacionais e para prestar assistênciatécnica de apoio aos OFC na adopção depadrões de supervisão. Outras áreas detrabalho do FSF incluem a identificação dosincentivos para a adopção de padrões ecódigos internacionais nos países em geral, aevolução da orientação internacional sobresistemas de garantia de depósitos e asimplicações das finanças electrónicas para asupervisão, regulamentação e funcionamentodo mercado.

2.4 Arquitectura do sistema financeirointernacional

Dado que a estabilidade do mercadofinanceiro é essencial para os seus objectivosestatutários, o Eurosistema e, de um modomais geral, o SEBC têm grande interesse nodebate em curso sobre os riscos para aestabilidade financeira mundial que poderãoadvir de desenvolvimentos adversos nosmercados financeiros internacionais.Estiveram, assim, activamente envolvidos nodesenvolvimento de opiniões sobre formas dereforçar a arquitectura do sistema monetárioe financeiro internacional, incidindo napromoção de políticas económicas nacionaissólidas e na melhoria da gestão de crisesfinanceiras.

Solidez das políticas económicas nacionais

Políticas económicas sólidas constituem umrequisito fundamental para uma integraçãoharmoniosa no sistema económico efinanceiro mundial. A solidez das políticasultrapassa o domínio tradicional da políticamacroeconómica e abrange, em particular, agestão prudente dos riscos associados àsresponsabilidades para com o exterior, acondução cuidadosa da liberalização dosmovimentos de capitais e uma política cambialadequada.

Em 2000, várias organizações e fórunsinternacionais analisaram a forma como agestão dos riscos associados às

responsabilidades para com o exterior dossectores público e privado poderia sermelhorada. O FMI, o FSF e o G20 formularamvárias propostas para a melhoria doacompanhamento e gestão destes riscos ederam início à aplicação das mesmas. No querespeita às responsabilidades do sectorpúblico, o FMI e o Banco Mundial começarama desenvolver orientações sobre gestão dadívida pública. Além do mais, foram feitosprogressos importantes na gestão de reservasoficiais através da adopção do quadro-modelopara as reservas internacionais e a liquidezcambial ao abrigo do Padrão de Divulgação deDados Especiais do FMI (Special DataDissemination Standard – SDDS). Como parte da aplicação deste novo quadro--modelo, o BCE começou a divulgar dadosmensais sobre as reservas oficiais do BCE edo Eurosistema. O BCE contribuiu igualmentepara o trabalho do FMI relativo aodesenvolvimento de orientações sobre agestão de reservas externas. No que respeitaàs responsabilidades do sector privado, emparticular das instituições financeiras, ospaíses deveriam promover uma gestão derisco cuidadosa através de regimesregulamentares e de supervisão adequados.

As organizações e fóruns internacionaistambém dedicaram uma atenção especial àliberalização faseada da balança de capital.Segundo o Eurosistema, a liberalização dabalança de capital tem benefícios por si só,desde que seja cuidadosamente concebida e asequência conforme à evolução de um sectorfinanceiro robusto. Em particular, aliberalização deveria começar com oselementos mais estáveis dos fluxos decapitais, ou seja os fluxos de longo prazo,como o investimento directo estrangeiro.Além disso, os sistemas financeiros nacionaisdeverão ser suficientemente fortes antes deserem totalmente abolidas as restrições aosfluxos de capitais. O Eurosistema salientaigualmente que, em certos países, a integraçãoeconómica regional poderá dar um impulso àabertura da balança de capital.

A adequação dos regimes cambiais constituiuoutro ponto principal da agenda das reuniões

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113BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

internacionais. O Eurosistema sublinha que aescolha de um regime cambial depende decaracterísticas específicas a cada país. Umrequisito básico para um regime cambialadequado é a sua compatibilidade com oenquadramento geral de política, bem comocom os padrões do comércio regional e dasrelações financeiras. Além disso, a avaliação de um regime particular deverá ter em contaa interacção dinâmica entre a política cambiale outras áreas de política.

A necessidade de reduzir a vulnerabilidade decada país a crises através de políticasnacionais sólidas levou o FMI a rever as suasactividades de supervisão. Em resultado, o FMIcentra cada vez mais a sua supervisão naspolíticas monetária, orçamental e cambial,bem como nas respectivas bases institucionaise nas reformas estruturais intimamenterelacionadas com estas políticas. De igualmodo, a supervisão leva cada vez mais emlinha de conta desenvolvimentos a nívelregional, como demonstrado pelas consultasao abrigo do Artigo IV para a área do euro.O FMI está igualmente a intensificar asupervisão da solidez dos sistemas financeirosem cada país. Em particular, o FMI e o BancoMundial decidiram continuar o Programa deAvaliação do Sector Financeiro (FinancialSector Assessment Program – FSAP) conjunto,após a conclusão com êxito de um projecto--piloto.

Para além da supervisão macroeconómicamais orientada, tem sido dado especialdestaque à adopção de padrões e códigos.O FSF compilou um compêndio de 12padrões e códigos internacionalmenteaceites, relevantes para a solidez e o bomfuncionamento dos sistemas financeiros. OFMI continuou a acompanhar o cumprimentode padrões e códigos internacionais,preparando Relatórios sobre o Cumprimentode Padrões e Códigos (Report on theObservance of Standards and Codes – ROSC)para diversos países-membros. Nestecontexto, o BCE solicitou ao FMI queelaborasse um ROSC sobre a políticamonetária e a política dos sistemas depagamentos da área do euro. Este ROSC, que

deverá estar concluído em 2001, incluirá umavaliação da conformidade com (i) osprincípios de transparência para a supervisãoda política monetária e dos sistemas depagamentos, como definidos no Código deBoas Práticas de Transparência nas PolíticasMonetária e Financeira do FMI e (ii) osPrincípios Básicos para Sistemas dePagamentos Sistemicamente Importantes,elaborados pelo CSPL. O ROSC sobre a áreado euro deverá complementar os ROSC decada país da área do euro, como os da Françae da Irlanda, que foram concluídos em 2000ou início de 2001.

Gestão de crises financeiras

O sector privado desempenha actualmenteum papel cada vez mais importante nofinanciamento das economias de mercadoemergentes. Em alturas de perturbaçãofinanceira, o sector público tem assumidofrequentemente este papel, visto que oscredores do sector privado apenas seenvolvem, em geral, na resolução de crisesfinanceiras caso a caso. Por conseguinte,o FMI, o G7 e outras organizações inter-nacionais consideraram necessário continuaro trabalho nos princípios gerais para reforçaro enquadramento para a gestão de crisesfinanceiras. O FMI estabeleceu um GrupoConsultivo dos Mercados de Capitais parapromover o diálogo regular com participantesde mercado do sector privado. Osmecanismos de financiamento do FMI foramrevistos, por forma a torná-los mais eficientesna prevenção e resolução de situações decrise. Em particular, chegou-se a acordorelativamente a várias alterações paraassegurar que os países não se apoiam nosrecursos financeiros do FMI por períodosexcessivamente longos ou em montantesexcessivamente elevados.

O SEBC sublinha a necessidade de regrasclaras que estabeleceriam as responsa-bilidades dos sectores privado e público naresolução de crises. Face aos recursoslimitados do FMI e devido a considerações derisco moral, o papel do FMI deverá centrar-se

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000114

na mobilização de apoio financeiro e noaconselhamento sobre a política apropriada.Deste modo, o SEBC salienta que ofinanciamento público deveria ser limitado,

devendo procurar-se o envolvimento dosector privado em todos os casos de crisesfinanceiras internacionais.

3 Questões bilaterais

Em 2000, o BCE continuou a aprofundar assuas relações de trabalho com diversosbancos centrais fora da UE. O BCE preparouposições de política sobre diversos assuntosde relevância para a sua cooperação comoutros bancos centrais. Em particular,estabeleceu relações de trabalho com osbancos centrais dos países candidatos, bemcomo com os de outros países europeusvizinhos, com as principais economias demercado emergentes e com paísesindustrializados específicos.

3.1 Relações com países candidatos

O Eurosistema intensificou o diálogo com osbancos centrais dos países candidatos àadesão à UE (“países candidatos”), visto que aperspectiva de adesão de novos Estados--membros constitui um assunto primordialpara o Eurosistema. As relações de trabalhocom os bancos centrais dos países candidatosforam reforçadas através do diálogo regularquer a nível de política, quer a nível técnico. Em 2000, houve uma cooperaçãobilateral e multilateral regular abrangendo umamplo conjunto de domínios relacionadoscom os bancos centrais. O Eurosistematambém acompanhou de perto a evoluçãoeconómica e institucional nestes países,mais precisamente as discussões edesenvolvimentos a nível legislativorelacionados com a independência dos bancoscentrais destes países, nos quais oEurosistema conseguiu dar apoio. OEurosistema analisou questões macro-económicas e, em particular, as estratégias depolítica cambial prosseguidas pelos paísescandidatos. Neste contexto, o BCE contribuiupara as discussões no Conselho ECOFINsobre o enquadramento para as estratégiascambiais dos países candidatos e para o

correspondente relatório do ECOFIN aoConselho Europeu.

Os regimes cambiais dos países candidatosvariam actualmente entre taxas fixas (fixedpegs), cuja forma extrema são os fundos deestabilização cambial (currency boardarrangements), e câmbios flutuantes.Até à suaentrada na UE, os países candidatos não estãosujeitos a quaisquer requisitos específicos doTratado relativos a estratégias cambiais. Ocumprimento dos critérios de Copenhagadeverá ser o aspecto central das políticas dospaíses candidatos nesta fase, assumindo aconstituição de uma base microeconómicaadequada para uma economia de mercadocompetitiva uma importância fundamentalpara alcançar uma estabilização macro-económica sustentável. A grande variedade deacordos cambiais poderá parecer adequada àsnecessidades específicas do processo detransição, tendo em conta o progresso emtermos das reformas estruturais, bem comoas implicações de cada escolha de política.Contudo, apesar de esta diversidade sejustificar antes da participação na UE, ospotenciais novos membros da UE, prevendo aadesão ao novo mecanismo de taxas decâmbio (MTC II), podem querer considerardesde já a conformidade das suas políticasactuais com vista à participação futura nessemecanismo.

Quando aderirem à UE, os países candidatostornar-se-ão “Estados-membros com umaderrogação”, devendo passar a considerar assuas políticas cambiais como uma questão deinteresse comum. Isto significa que osEstados-membros evitarão prosseguirpolíticas cambiais que prejudiquem o bomfuncionamento do Mercado Único. Prevê-seque os novos Estados-membros participemno MTC II, visto que não terão uma cláusula

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de “opção de não participação” (“opt-out”)relativamente ao capítulo UEM, acabando poradoptar o euro. Estes países poderãoparticipar no MTC II em qualquer altura apósa sua adesão à UE, de acordo com osprocedimentos estabelecidos na Resoluçãodo Conselho relevante.

O MTC II é suficientemente flexível paraacomodar os regimes cambiais actualmenteprosseguidos na maioria dos paísescandidatos. O Eurosistema analisou acompatibilidade dos diferentes regimescambiais com os requisitos para aparticipação no MTC II. Os regimes cambiaisbaseados em câmbios fixos ou de flutuaçãocontrolada que utilizam o euro como moedade referência podem, em princípio, seracomodados, enquanto não é obviamenteeste o caso para um regime com base emcâmbios flutuantes. Além disso, regimes decâmbios deslizantes e regimes cambiais combase em moedas de referência que não o eurosão, no entender do Eurosistema,incompatíveis com o enquadramento do MTC II.

O Eurosistema analisou igualmente se osfundos de estabilização cambial com base noeuro podem ser mantidos em paralelo com aparticipação no MTC II. Segundo oEurosistema, estes fundos não podem serencarados como substitutos da participaçãono MTC II, embora possam, em alguns casos,constituir um compromisso unilateral quereforça o cumprimento do requisito do MTC II relativo à manutenção da estabilidadecambial. Aos países candidatos que tenhamfuncionado com um fundo de estabilizaçãocambial com base no euro sustentável nãoseria requerida uma dupla mudança de regimepara adoptar o euro. A sustentabilidade dosfundos de estabilização cambial com base noeuro será avaliada caso a caso. Ocompromisso unilateral resultante de umfundo de estabilização cambial com base noeuro não imporá quaisquer obrigaçõesadicionais ao BCE para além das provenientesda Resolução do Conselho relevante.Além domais, a participação no MTC II, simultâneacom a manutenção de um fundo de

estabilização cambial com base no euro, nãodispensa as partes em causa de definir, emcomum, uma taxa central em relação ao euro.

Em alguns países candidatos e como viaalternativa à adopção da moeda única, isto é,fora do âmbito do Tratado, foi sugerida a ideiade adoptar o euro como a moeda com cursolegal, a chamada “euroização”. O Eurosistemanão considera, no entanto, que a euroizaçãoseja uma forma aceitável de um país candidatoadoptar o euro. Os países candidatosencontram-se numa trajectória pré-definidapara a entrada na UE e, em última instância, naárea do euro, o que implica que deverãoseguir os procedimentos e cumprir osrequisitos estipulados no Tratado. Aeuroização por um país candidato entraria emconflito com a fundamentação económicasubjacente à UEM, a qual prevê que o eurovenha a ser adoptado no final de um processode convergência, num enquadramentomultilateral. Esta abordagem é, por si só,reflexo da opinião consensual de que umaunião monetária bem sucedida requer aprévia convergência macroeconómica entreos Estados-membros participantes e acordoscomuns sobre questões-chave, tais como aadopção final da taxa de conversão fixadairrevogavelmente.

Em 2000, o BCE intensificou a cooperaçãocom os bancos centrais dos paísescandidatos. Estas actividades assumiram aforma de seminários multilaterais, visitasbilaterais a nível técnico, consultas ao maisalto nível, estágios, prestação de assistênciatécnica e relações profissionais regulares anível técnico. Foram organizadas cerca de 60actividades em 2000, envolvendo os bancoscentrais de todos os países candidatos (verGráfico 21). A cooperação a nível dos bancoscentrais abordou um elevado número dequestões relacionadas com análiseeconómica, sistemas jurídicos, sistemas depagamentos e de liquidação de títulos,enquadramento de política monetária,enquadramento de política cambial,estatísticas, contabilidade, auditoria interna,notas de banco e supervisão prudencial. Noâmbito jurídico, o Eurosistema, em

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000116

colaboração com os bancos centrais dospaíses candidatos, realizou uma análisedetalhada do estatuto da legislação a nível dosbancos centrais e dos mercados financeiros.Estas actividades de cooperação servemcomo um importante meio para promoveruma integração organizada dos bancoscentrais dos países candidatos no SEBC e, emúltima instância, no Eurosistema.

Para responder de forma coordenada àcrescente procura de cooperação, o BCE e osbancos centrais nacionais da área do eurocomeçaram a preparar um enquadramentopara as suas actividades de cooperação.Como parte deste enquadramento,começaram a partilhar informação sobre assuas actividades de cooperação com osbancos centrais dos países candidatos econtinuarão a fazê-lo numa base regular. Osprincipais objectivos do enquadramento sãomobilizar todos os recursos disponíveis,beneficiar da experiência das diferentescomponentes do Eurosistema, assegurar oapoio necessário aos bancos centrais de

todos os países candidatos e garantir que são seguidas abordagens e estratégiasconsistentes.

A cooperação a nível dos bancos centraisentre o Eurosistema e os bancos centrais dospaíses candidatos é também levada a cabo soba forma de seminários ao mais alto nível. OSeminário de Viena, organizado pelo BCE epelo Oesterreichische Nationalbank a 15 deDezembro de 2000, constituiu o segundoseminário ao mais alto nível a reunir oEurosistema e os Governadores dos bancoscentrais dos 12 países candidatos à adesão àUE (Bulgária, Chipre, Eslováquia, Eslovénia,Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta,Polónia, República Checa e Roménia), tendotido lugar na sequência do Seminário deHelsínquia, o primeiro seminário realizado anível dos Governadores.

O objectivo do Seminário de Viena foiaprofundar o debate sobre questõesimportantes de política monetária, por formaa assegurar a futura integração harmoniosados bancos centrais dos países candidatos noSEBC e, em última instância, no Eurosistema.Depois de o Seminário de Helsínquia, em1999, ter definido o enquadramento geral depolítica, o debate em Dezembro de 2000incidiu sobre três questões específicas: adinâmica de preços nos países candidatos, opapel dos bancos centrais no processo deadesão e a cooperação entre o Eurosistema eos bancos centrais dos países candidatos.

Continuarão a ser realizados eventos destetipo nos próximos anos. O próximoseminário terá lugar em Berlim em 2001.

3.2 Relações com outros países

O BCE desenvolveu também as relações comos bancos centrais de países europeus quenão participam no processo de adesão, comas principais economias de mercadoemergentes e com países industrializadosespecíficos. O Presidente e os restantesmembros da Comissão Executiva visitaram e

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Consultasao mais

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Jurídica Análiseeco-

nómica

Sistemasde paga-mentos

Esta-tísticas

Enqua-dramento de política monetária

Enqua-dramento

de política cambial

Outras

Formas de cooperação(em percentagem de todas as actividades de cooperação)

Áreas de cooperação(em percentagem de todas as actividades de cooperação)

Gráfico 21

Actividades de cooperação entre o BCE eos bancos centrais dos países candidatos

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117BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

receberam delegações de diversos paísesterceiros.

Foram considerados em particular os paísesterceiros situados no continente europeu oupróximo deste. Em alguns países do Sudesteda Europa e da Comunidade de EstadosIndependentes (CEI), o euro substituiu asmoedas nacionais da área do euro enquantomoeda de referência nas políticas cambiais.As autoridades do Montenegro informaram oBCE de que o euro seria a única moeda comcurso legal no seu território a partir de 13 deNovembro de 2000 e que todos os dinaresjugoslavos detidos seriam convertidos emmarcos alemães até à introdução das notas emoedas de euro. A decisão de introduzir o

euro foi tomada unilateralmente sem oenvolvimento do BCE.

O BCE participou igualmente em reuniões deredes e fóruns regionais no continenteeuropeu ou próximo deste. Em particular, oBCE assistiu à reunião anual do Clube dosGovernadores de Bancos Centrais emAncara, um grupo informal que inclui bancoscentrais de países dos Balcãs, da região doMar Negro e do Cáucaso. Além disso, o BCE participou na Mesa de Trabalho sobre Reconstrução, Cooperação eDesenvolvimento Económicos, no âmbito doPacto de Estabilidade para o SudesteEuropeu.

Caixa 11

Principais conclusões do Seminário de Viena

• Os países candidatos deverão promover o processo de redução das taxas de inflação nos próximos anos,

sem adiar excessivamente os necessários ajustamentos de preços relativos na economia. Estes ajustamentos

de preços fazem parte do processo de transição e de “convergência real”(“catching-up”) e envolverão

tipicamente taxas de inflação que, durante algum tempo, se situarão acima das prevalecentes na área do

euro, aproximando-se destas progressivamente.

• As convergências nominal e real deverão ser prosseguidas em paralelo. Os progressos alcançados pelas

convergências nominal e real implicarão uma eliminação sistemática do desfasamento entre os países

candidatos e a economia da área do euro, quer em termos de rendimento per capita, quer dos níveis de

preços. Neste processo, a política monetária deverá ser apoiada por políticas orçamentais e salariais

prudentes e reformas estruturais adequadas.

• Não existe qualquer receita comum adequada para as estratégias de política monetária e para as políticas

cambiais antes da adesão à UE. Poderão existir diferentes regimes, desde que apoiados por uma adequada

orientação de política económica no sentido da estabilidade.

• A aplicação rigorosa das obrigações decorrentes do Tratado da UE nos países candidatos, em particular as

relativas ao estatuto de independência do banco central, serão de importância fundamental para a

integração dos países candidatos na União Europeia e, em última instância, na área do euro.

• A participação na área do euro basear-se-á no cumprimento dos critérios de convergência. O Tratado que

institui a Comunidade Europeia exige o cumprimento rigoroso e sustentável destes critérios, a aplicar aos

futuros aderentes à área do euro, à semelhança do que aconteceu no passado.

• O diálogo em curso entre o Eurosistema e os bancos centrais dos países candidatos será mais alargado. Em

particular, o Eurosistema está em posição de reforçar as suas actividades de cooperação com os bancos

centrais em todas as áreas relevantes, incluindo a análise da política monetária e económica, sistemas de

pagamentos, estatísticas, questões jurídicas e outras áreas.

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Clinica Pediatrica Ospedale “S. Gerardo”, ItáliaAutoria: Pedrotti Riccardo and Francesca Zavanone. Sem título

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Capítulo VI

Sistemas de pagamentos e de

liquidação de títulos

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000120

Declaração sobre o papel do Eurosistemano domínio da supervisão dos sistemasde pagamentos

Na sua declaração de Junho de 2000, oConselho do BCE referiu que a promoção dofuncionamento harmonioso dos sistemas depagamentos constitui uma função essencialdos bancos centrais e está directamenteligada às suas responsabilidades no âmbito dapolítica monetária e da estabilidadefinanceira. Sistemas de pagamentos e deliquidação sólidos e eficientes são essenciaispara a execução da política monetária,contribuindo para a estabilidade do sistemafinanceiro e para a confiança do público noeuro. A fim de atingir estes objectivos, oEurosistema acompanha de perto a evoluçãodos sistemas de pagamentos e de liquidação,disponibiliza directamente serviços depagamentos e de liquidação e assegura ocumprimento dos padrões relevantes para ossistemas operados por si e pelo sectorprivado. Esta função de supervisão doEurosistema – que abrange quer sistemas detransferência de fundos interbancários deimportâncias avultadas, quer sistemas depagamentos a retalho – está consignada noTratado que institui a Comunidade Europeia(n.º 2 do artigo 105.º) e nos Estatutos doSEBC (artigos 3.º e 22.º).

O Conselho do BCE formula a orientação de política de supervisão comum através da determinação dos objectivos e doestabelecimento dos padrões que os sistemasde pagamentos têm de cumprir. Em áreas nãoespecificamente abrangidas pela política desupervisão comum, aplicam-se as políticasdefinidas a nível dos BCN no âmbito dapolítica comum. A aplicação da orientação dapolítica de supervisão comum é asseguradapelos BCN relativamente aos sistemas depagamentos legalmente incorporados na suajurisdição. Porém, dadas as característicasespeciais de alguns sistemas, o Conselho podeatribuir ao BCE a responsabilidade desupervisão desses sistemas. A orientação dapolítica de supervisão comum pode ser

definida pela legislação do BCE, emconformidade com o artigo 22.º dos Estatutosdo BCE, ou com instrumentos mais informais(por exemplo, persuasão moral). Umenquadramento adequado de prestação deinformação e de coordenação asseguraconsistência na aplicação das políticas desupervisão.

A política de supervisão do Eurosistemabaseia-se em particular nos princípios para aminimização do risco sistémico, estabelecidosem 1993 no Relatório do Comité deGovernadores dos Bancos Centrais dosEstados-membros da Comunidade EconómicaEuropeia intitulado “Características mínimascomuns para os sistemas de pagamentosnacionais”. No âmbito da preparação para aUEM, o referido relatório confirmou ospadrões de segurança estabelecidos, em 1990,no “Report of the Committee on InterbankNetting Schemes of the Central Banks of theGroup of Ten Countries” (Relatório do Comité sobre Sistemas de CompensaçãoInterbancária dos Bancos Centrais dos Paísesdo Grupo dos Dez) (relatório Lamfalussy). Em2000, efectuaram-se trabalhos adicionais nosentido de dar orientações sobre a aplicaçãodo Padrão I do relatório Lamfalussy (o qualexige que os sistemas de pagamentos tenhamuma base legal bem fundamentada),solicitando pareceres jurídicos paraparticipantes estrangeiros nos sistemas depagamentos de importâncias avultadas emeuro. Os princípios de orientação da políticade supervisão no domínio da moedaelectrónica são os requisitos estabelecidos,em 1998, no “Report on Electronic Money”(Relatório sobre moeda electrónica) do BCE.

Desde o início do corrente ano, os “Princípiosprimordiais para os sistemas de pagamentossistemicamente importantes”, aprovadospelos Governadores do G10 em Janeiro de2001, passaram a integrar os padrõesaplicados pelo Eurosistema no desempenhoda sua função de supervisão.

1 Questões gerais/introdução

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121BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Memorando de Acordo

Uma vez que a estreita colaboração entre ossupervisores dos sistemas de pagamentos eos supervisores bancários contribui para umaestratégia global de redução do risco nosistema financeiro, sendo assim crucial, o BCE e os BCN do Eurosistema e dosEstados-membros não participantes, naqualidade de supervisores dos sistemas depagamentos, e as autoridades bancáriassupervisoras da UE estabeleceram um“Memorando de Acordo” (o Memorando). OMemorando substitui um acordo anterior emvigor desde 1994 e toma em consideraçãoquer o novo enquadramento institucionalcriado pelo estabelecimento do Eurosistema,quer o enquadramento de supervisão doEurosistema. O referido Memorando incidesobre a troca de informação entre ossupervisores dos sistemas de pagamentos eos supervisores bancários relativamente aossistemas interbancários de transferência defundos de importâncias avultadas (SITF), demodo a assegurar a solidez e a estabilidadedesses sistemas e dos seus participantes(instituições de crédito e sociedades deinvestimento). O Memorando pode tambémservir de ponto de partida para a organizaçãoda cooperação relativa aos sistemas de

pagamentos a retalho, incluindo os sistemasde moeda electrónica (ver também CapítuloVII, Secção 1).

Cooperação com os países candidatos

O BCE participa na cooperação multilateralcom os países candidatos no âmbito dossistemas de pagamentos e de liquidação. Em2000, o BCE concentrou-se nas reformasprimordiais dos sistemas de pagamentos e deliquidação em curso nesses países e numatroca de opiniões sobre questões na área dospagamentos relacionadas com o processo deadesão. Neste contexto, o BCE organizou emmeados de Fevereiro de 2000 um importanteseminário, com a duração de dois dias,intitulado “Os sistemas de pagamentos e deliquidação e o processo de adesão”, no qualparticiparam representantes da ComissãoEuropeia e dos bancos centrais dosEstados-membros e dos 12 países candidatos.Além disso, foram estabelecidos e mantidosao longo do ano contactos bilaterais erelações de trabalho. Está planeada para 2001uma cooperação mais estreita com os paísescandidatos. O Capítulo V contém informaçõesmais detalhadas sobre as relações do BCEcom os países candidatos.

2 Supervisão dos sistemas de pagamentos de importâncias avultadas

Evolução dos sistemas de pagamentos deimportâncias avultadas em euro

Em 2000, os cinco sistemas de pagamentos deimportâncias avultadas que processampagamentos em euro conjuntamente com oTARGET continuaram a registar um bomfuncionamento. Estes sistemas são o Sistemade Compensação do Euro (Euro 1), dirigidopela Clearing Company (Empresa deCompensação) da Associação Bancária doEuro (ABE), e quatro sistemas nacionais: oEuro Access Frankfurt (EAF), na Alemanha, oParis Net Settlement (PNS), em França, oServicio de Pagos Interbancarios (SPI), emEspanha e o Pankkien On-line Pikasiirrot ja Sekit-järjestelmä (POPS), na Finlândia.

O BCE continua a desempenhar uma funçãotripla relativamente ao Euro 1. Para além dafunção de supervisão, que inclui oacompanhamento da evolução do sistema emtermos gerais, o BCE presta serviços deliquidação de fim-de-dia. Além disso, o BCEdetém o conjunto da liquidez do Euro 1,estabelecida para assegurar a liquidaçãoatempada do Euro 1 no caso de falha departicipantes. Verificou-se alguma alteraçãonos membros do Euro 1 em 2000, devido àretirada de alguns participantes, sobretudoem consequência de fusões entre bancos, e àadesão de novos membros. No geral, onúmero de participantes permaneceu estávelem 72 (no final de Dezembro de 2000).

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000122

Liquidação em contínuo (Continuous Linked Settlement (CLS))

O CLS Bank (CLSB), estabelecido em NovaIorque, confirmou que pretende liquidartransações cambiais numa base paga-mento-contra-pagamento a partir de Outubrode 2001. Tal como previsto no quadro dasupervisão conjunta estabelecida pelorelatório Lamfalussy, o Federal Reserve Systemtem a responsabilidade máxima de supervisãodo sistema CLS e envolveu os bancos centraisdas outras moedas elegíveis na supervisão daconcepção do sistema. Prevê-se que o Bank ofEngland seja a autoridade designada ao abrigoda Directiva 98/26/CE do Parlamento Europeue do Conselho de 19 de Maio de 1998 relativaao carácter definitivo da liquidação nossistemas de pagamentos e de liquidação devalores mobiliários. Dado que o euro será umadas moedas a ser liquidadas no esquema desdeo início, o Eurosistema acompanhou de perto aevolução do sistema e estabeleceu umaestreita colaboração com os supervisoresrelevantes e o próprio CLSB. Proceder-se-á embreve à abertura de uma conta para o CLSB nomecanismo de pagamentos do BCE (MPBCE)para efeitos de teste e, mediante a aprovaçãofinal do sistema, o BCE procederá à aberturade uma conta para o funcionamento efectivodo CLSB.

Em 2000 e no início de 2001, representantesdo Eurosistema reuniram-se com osaccionistas da área do euro da CLS Services, asociedade gestora de participações sociais quegere o projecto, para analisar questões degestão de risco, liquidez e operacionaisrelacionadas com a liquidação da componenteeuro nas transacções cambiais. As reuniõesincidiram sobre o impacto das operações doCLSB nos sistemas de pagamentos deimportâncias avultadas da área do euro e sobrequestões de gestão de liquidez em euro.

Evolução da actividade doscorrespondentes bancários em euro

O Eurosistema tem interesse em acompanhara evolução não só dos sistemas de

pagamentos de importâncias avultadas e aretalho, mas também da actividade depagamentos no seu conjunto. Com esseobjectivo, o Eurosistema, em cooperação comos bancos centrais dos Estados-membros nãoparticipantes, efectuou um estudo, com basenum inquérito, da evolução recente daactividade dos correspondentes bancários naUE. Concluiu-se que a UEM – em conjuntocom a sua nova infra-estrutura depagamentos, as novas iniciativas de sistemasde pagamentos (por exemplo no domínio dospagamentos a retalho e CLS), a inovaçãotecnológica e a consolidação do sectorfinanceiro – tem sido fonte de grandesmudanças no modo como as actividades doscorrespondentes bancários são actualmenteexecutadas. Todos estes factores conduzirama uma concentração, em curso, da actividadedos correspondentes bancários num númerolimitado de intervenientes de mercado.Alguns bancos tornaram-se instituições deliquidação para um grupo alargado de bancosou gerem acordos de pagamentos inovadoresque combinam as características doscorrespondentes bancários com as dossistemas de transferência de fundos. Emalguns casos, as actividades de pagamentosdesses intervenientes de mercado excedeu ovolume de operações dos sistemas depagamentos de importâncias avultadas maispequenos acima mencionados. Espera-se quese dê mais um passo no sentido de uma maiorconcentração em 2002, após a introdução dasnotas e moedas de euro, dado que as relaçõesactualmente existentes dos correspondentesbancários respeitantes aos pagamentos nasmoedas nacionais que compõem o eurodeixarão de ser necessárias.

Estas tendências têm impacto sobre aeficiência, a concorrência e o risco daactividade de pagamentos, todosconsiderados pelo Eurosistema numaperspectiva de supervisão. Dado que osbancos são os intervenientes maisimportantes neste domínio, a análise destesdesenvolvimentos e das suas implicações élevada a cabo em cooperação com asautoridades nacionais de supervisão bancária.

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123BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

3 Supervisão dos sistemas de pagamentos a retalho

Serviços de pagamentos a retalhotransfronteiras

Em 2000, o Eurosistema continuou a organizarreuniões regulares com bancos, operadores desistemas de pagamentos e AssociaçõesEuropeias do Sector de Crédito por forma aincentivar o diálogo e facilitar a cooperaçãovisando o cumprimento atempado dosobjectivos estabelecidos no relatóriointitulado “Improving cross-border retail payment services – the Eurosystem’s view”(Melhoria dos serviços de pagamentos aretalho transfronteiras – a perspectiva doEurosistema) (Setembro de 1999). Nestecontexto, foi publicado um Relatório deProgresso em Setembro de 2000, que descreveos progressos realizados pelo sector bancárioe dos sistemas de pagamentos desde apublicação do relatório de 1999. Além disso,proporciona uma avaliação intercalar, até aofinal de Agosto de 2000, face aos objectivos eidentifica as questões em aberto. O Relatóriode Progresso indica que o sector bancário edos sistemas de pagamentos se comprometeuao cumprimento dos objectivos do Euro-sistema. Realizaram-se progressos nospreparativos para um tratamento maiseficiente das transferências de crédito aretalho transfronteiras. Relativamente a estaquestão, foram introduzidos padrões quepermitem o processamento directo auto-matizado (straight-through processing (STP)) deordens de pagamento, a ABE estabeleceu umsistema de pagamentos para os pagamentos depequenos montantes transfronteiras (Step 1,ver abaixo) e foram alcançados progressosconsideráveis para reduzir os requisitos deprestação de informação da balança depagamentos a partir de 2002. No entanto, oEurosistema também identificou algumasquestões por resolver. É urgente que os bancose os sistemas de pagamentos se comprometampublicamente a uma rápida aplicação dospadrões STP. Além disso, esperam-seprogressos adicionais relativamente aos preçospara clientes e a eliminação de encargos para obeneficiário, caso o pagador queira suportartodos os custos. As Associações Europeias do

Sector do Crédito estão neste momentoa estudar soluções para o problema. OEurosistema reconhece que atingir osobjectivos depende não só dos bancos, mastambém das empresas e dos clientes, os quaisdeveriam incluir informação suficiente nasfacturas e ordens de pagamento para permitiro STP. Deste modo, o Eurosistema convidou osector dos sistemas bancário e de pagamentosa lançar uma campanha de informação.

O Eurosistema continuará a acompanhar deperto as actividades do sector bancário e osprogressos efectuados para o cumprimentodos seus objectivos, de modo a assegurar que,em última análise, os preparativos setraduzam em serviços adequados para oscidadãos europeus. Estão planeadas maisreuniões e encontros de trabalho entre oEurosistema e representantes do mercado.

A iniciativa Step 1 da ABE

Em resposta aos objectivos do Eurosistemapara os serviços de pagamentos a retalhotransfronteiras, a ABE desenvolveu um serviçode pagamentos a retalho transfronteiras queutiliza a plataforma tecnológica existente parao sistema de importâncias avultadas do Euro 1. Este serviço é designado “STEP 1”(acrónimo de “Straight-Through EuroProcessing” (Processamento Directo Auto-matizado em Euro)) e foi lançado em 20 deNovembro de 2000. Os bancos que aderiramao acordo STEP 1 poderão submeter ereceber pagamentos a retalho de outrosparticipantes no STEP 1 e liquidar os saldoscompensados através de um bancoparticipante no sistema de importânciasavultadas Euro 1 (banco de liquidação). Até ao momento, aderiram 21 bancos à iniciativaSTEP 1. Espera-se que o STEP 1 seja o núcleocentral para uma nova evolução da ABE noâmbito do sistema de pagamentos a retalhotransfronteiras.

O BCE avaliou o STEP 1 na perspectiva desupervisão dos sistemas de pagamentos.

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Em Fevereiro de 2000, o BCE publicou umdocumento intitulado “Payment systems in the European Union: Addendum incorporating1998 figures” (Sistemas de pagamentos naUnião Europeia: Adenda incluindo valores de1998), uma actualização estatística dorelatório de 1996 intitulado “Payment systems in the European Union” (the “Blue

Book”) (Sistemas de pagamentos na UniãoEuropeia (o “Livro Azul”)). Considerando asimportantes alterações verificadas desde1996, o BCE, em estreita cooperação com osBCN, tem vindo a trabalhar numa nova edição– a terceira – do Livro Azul, a ser publicada nosegundo trimestre de 2001. Constituirá umguia descritivo actualizado e restruturado dos

BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000124

A avaliação do STEP 1 não incidiu sobre oSTEP 1 em si mesmo, mas sobre o impactoque pode ter na solidez e bom funcionamentodo Euro 1 e num banco do Euro 1 que actuecomo banco de liquidação para os bancos doSTEP 1. Neste contexto, o Conselho do BCEconfirmou a sua não objecção ao lançamentodo STEP 1. O BCE continuará a seguir aevolução subsequente do STEP I. Só serápossível avaliar a verdadeira extensão docontributo do STEP 1 para alcançar osobjectivos do Eurosistema em matéria deserviços de pagamentos a retalhotransfronteiras passado algum tempo do seufuncionamento efectivo.

Moeda electrónica

O Eurosistema segue continuamente aevolução da moeda electrónica e as suasimplicações para os bancos centrais. Em 2000,o Eurosistema cooperou activamente com as instituições da Comunidade Europeia no âmbito do novo enquadramentoregulamentar para as instituições de moedaelectrónica, processo que conduziu àpublicação, em 27 de Outubro de 2000, daDirectiva do Parlamento Europeu e doConselho 2000/46/CE relativa ao acesso àactividade das instituições de moedaelectrónica e ao seu exercício, bem como àsua supervisão prudencial e da Directiva2000/28/CE, modificando a Directiva2000/12/CE, relativa ao acesso à actividade das instituições de crédito e ao seu exercício.Este novo enquadramento regulamentarresponde amplamente às preocupações de

política monetária, prudenciais e de sistemasde pagamentos do BCE.

Foi dada particular atenção às abordagens desegurança técnica dos sistemas de moedaelectrónica e a sua interoperabilidade dentroda área do euro. O Eurosistema está a estudaras diferentes abordagens adoptadas pelossistemas de moeda electrónica e as inicia-tivas de mercado neste domínio, visto queconsidera estes factores importantes para obom funcionamento dos sistemas e paraprotecção contra o crime de abuso.

Preparativos dos sistemas a retalhoem euro para a transição para o eurofiduciário em 2002

Em 2000, o BCE e os BCN da área do eurocomeçaram a recolher informações sobre oandamento dos preparativos para a transiçãofinal para o euro em 1 de Janeiro de 2002 etambém relativamente à Recomendação daComissão, de 11 de Outubro de 2000, sobremedidas para facilitar a preparação dosoperadores económicos para a transição parao euro. No âmbito dos sistemas depagamentos e de liquidação, o ponto fulcralrelaciona-se com a preparação dos sistemasde pagamentos a retalho, tais como câmarasde compensação automática, redes de pontosde venda e sistemas de moeda electrónica,e dos instrumentos de pagamentos a retalho.As informações obtidas até ao momento não evidenciam quaisquer problemasintransponíveis. O BCE e os BCN continuarãoa acompanhar de perto a evolução nodecurso de 2001.

4 Outras actividades dos sistemas de pagamentos

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125BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

sistemas de pagamentos e de liquidação detítulos que operam na área do euro e nos

Estados-membros da UE e incluirá estatísticasreferentes a 1999.

5 Política de sistemas de liquidação de títulos

O Eurosistema tem um interesse geral nobom funcionamento dos sistemas deliquidação de títulos (SLT). O interesse doEurosistema advém de várias preocupações.

Primeiro, em conformidade com os Estatutosdo SEBC, o crédito do banco central para apolítica monetária ou sistemas de pagamentosé concedido apenas com base em garantiasadequadas. Dado que a maioria dastransferências de garantias ocorre via SLT, oseu bom funcionamento é condição essencialpara a execução harmoniosa das operaçõesde política monetária.

Segundo, os SLT e os sistemas de pagamentosestão estreitamente ligados. No caso de osSLT estarem sujeitos a roturas súbitas, aliquidez proveniente de transacções de títulospoderá não estar disponível no mercado,resultando em escassez de liquidez, a qual, porseu lado, poderá provocar uma roturasistémica nos sistemas de pagamentos deimportâncias avultadas.

A atenção do Eurosistema estende-se aorganizações de compensação de títulos,dado que estas executam de forma crescentecertas funções tradicionalmente executadaspelos SLT, tais como correspondência ecompensação das instruções de liquidação.

Avaliação dos sistemas de liquidação detítulos

Em 1998, na capacidade de utilizador dos SLT,o Eurosistema estabeleceu padrões para autilização dos SLT da UE nas suas operaçõesde crédito e avaliou os SLT da UErelativamente a esses padrões. Os resultadosda avaliação e, em particular, a lista dos SLTelegíveis e respectivas condições deutilização, estão publicadas na página do BCEna Internet.

O Eurosistema completou a segunda avaliaçãoem 1999 e efectuou uma terceira em 2000,com o objectivo de actualizar a lista dos SLTelegíveis e as respectivas condições deutilização, publicada em Fevereiro de 2001. OsSLT mantiveram, ao longo de 2000, osesforços para melhorar o nível decumprimento dos padrões. Em resultado,existem neste momento oito SLT na UE quepodem ser utilizados sem condições prévias.Para além das alterações para um melhorcumprimento dos padrões, o sector dos SLTeuropeus está a ser objecto de um forteprocesso de consolidação quer a nívelnacional, quer transfronteiras. Nestecontexto, quatro SLT (o CBISSO na Irlanda, oCGO no Reino Unido e o LDT e o CAT emItália) foram retirados da lista de SLTelegíveis. Outros SLT anunciaram e acordarama fusão (por exemplo, o Deutsche BörseClearing e o Cedel, formando o Clearstream,e o Euroclear com o Sicovam SA, o Necigefe o CIK). No entanto, a consolidação conduziumais a uma integração de plataformas técnicase operacionais do que a uma redução formaldo número de SLT.

Avaliação das ligações

O Eurosistema continuou também a avaliar as ligações entre os SLT, em linha com a sua política de encorajamento dodesenvolvimento de soluções de mercadopara a utilização transfronteiras de garantias ede incentivo à integração dos mercadosfinanceiros europeus. As ligações avaliadas até ao momento permitem a transferênciatransfronteiras de títulos numa base gratuita.

Em 1999, o Eurosistema avaliou e considerouelegível um total de 47 ligações. OEurosistema continuou o exercício emFevereiro, Maio e Outubro de 2000, o queresultou num total de 64 ligações elegíveis.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000126

No entanto, na sequência da retirada doCBISSO, CGO e LDT da lista de SLT elegíveis, onúmero total de ligações elegíveis tinhabaixado para 62 no final de Dezembro de2000 (uma lista actualizada de ligaçõeselegíveis está disponível na página do BCE naInternet).

Integração do mercado de títuloseuropeu

O Eurosistema está bastante interessado naintegração do mercado de títulos, estandoportanto a analisar aspectos da infra--estrutura do mercado determinantes nesteprocesso. Neste domínio, em estreita ligaçãocom os participantes no mercado, foramidentificadas e necessitam de ser abordadas as

seguintes barreiras ao desenvolvimento deum mercado financeiro europeu integrado:

• desenvolvimento insuficiente dos proce-dimentos para a liquidação transfronteirasnuma base de entrega-contra-pagamento;

• multiplicidade de convenções colectivasde base como documentação paraoperações com garantia, tais como osacordos de recompra (o Eurosistemaesteve associado e participou emdiscussões no sentido de desenvolver umenquadramento legal harmonizado nodomínio das operações com garantia);

• falta de harmonização nos procedimentosdos SLT e nos processos de garantia;

• heterogeneidade dos regimes legais,regulamentares e fiscais.

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Mitarbeiterkinder der Luxair S.A., LuxemburgoAutoria: Paule Lemmer.Título:Tracing the EURO

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Capítulo VII

Estabilidade financeira e

supervisão prudencial

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000130

A crescente integração das actividadesbancárias e financeiras na área do euro e naUE levou as autoridades da UE a rever, nodecurso de 2000, os acordos institucionais e o enquadramento regulamentar para aestabilidade financeira. Surgiram duasquestões. A primeira relaciona-se com acapacidade de os actuais acordos institu-cionais acomodarem as mudanças nosmercados financeiros e darem salvaguardassuficientes para garantir a estabilidadefinanceira. A segunda prende-se com odesfasamento entre o enquadramentoregulamentar e a evolução no mercadofinanceiro, criando assim obstáculos aoprocesso de integração do mercado.Ambas asquestões foram tratadas por grupos ad hoc:o Grupo de Trabalho sobre a EstabilidadeFinanceira, estabelecido pelo ComitéEconómico e Financeiro (CEF) e o Comité deSábios sobre a Regulamentação dos Mercadosde Valores Mobiliários Europeus, estabelecidona reunião do Conselho da UE, a nível dosMinistros da Economia e das Finanças(ECOFIN). O BCE acompanhou de pertoestas iniciativas, dado o seu grande interesseem que a área do euro e a UE tenham umenquadramento regulamentar e institucionalque garanta, de forma eficaz, a estabilidadefinanceira e conduza a mercados financeirosmais integrados.

O “Report on Financial Stability” (Relatóriosobre Estabilidade Financeira)1, do Grupo deTrabalho do CEF, conclui que os acordosinstitucionais existentes constituem uma basecoerente e flexível para salvaguardar aestabilidade financeira em mercados cada vezmais integrados, mas também que o seufuncionamento operacional carece de algumas melhorias. O relatório apresenta,nomeadamente, quatro recomendaçõesrelativas à adaptação dos acordos práticos às tendências prevalecentes no sectorfinanceiro: (i) reforço da cooperaçãointersectorial a nível da UE entre ossupervisores bancários, de títulos e deseguros, nomeadamente através da

clarificação e do alargamento do conceito desupervisor coordenador para grandes gruposfinanceiros, (ii) melhoria da troca deinformação entre as diferentes autoridades desupervisão e entre as autoridades desupervisão e os bancos centrais sobre asprincipais instituições financeiras e tendênciasdo mercado, (iii) reforço da cooperação entreos supervisores e os bancos centrais a fim deresolver potenciais problemas financeiroscom implicações transfronteiras, e (iv)realização de trabalhos sobre a convergênciadas práticas de supervisão.

O BCE apoia a orientação assumida norelatório. Considerando as actuais tendênciasdos mercados financeiros, assim como o factode a supervisão prudencial continuar a serresponsabilidade nacional, é necessária umaboa cooperação entre supervisores parafacilitar uma acção preventiva e correctivaconjunta destinada a manter a estabilidade dosistema financeiro na área do euro e na UE.

O CEF enviou o “Report on Financial Stability” a todos os comités competentes da UE, assim como um pedido para que sejamtomadas medidas formais para aplicar asrecomendações e prestar informações sobretodos os progressos realizados. Os principaisórgãos envolvidos no campo da supervisãobancária são o Comité de SupervisãoBancária (CSB) do SEBC, o ComitéConsultivo Bancário (CCB) e o Grupo deContacto (GdC). Todos estes fóruns estão atrabalhar na aplicação de recomendações ena melhoria da cooperação multilateral. Édado especial realce à convergência daspráticas de supervisão, sendo esta a área detrabalho mais inovadora e que coloca omaior número de desafios. O GdC, emfuncionamento há já longo tempo comofórum para a cooperação sobre práticas desupervisão, tem grande actividade nestedomínio. A contribuição do CSB para este

1 Evolução do enquadramento institucional para a estabilidadefinanceira

1 Publicado em 8 de Abril de 2000.

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processo centra-se, em particular, nosacordos de supervisão que têm importânciapara a estabilidade sistémica, assim como nosaspectos que exigem a cooperação entre oEurosistema/SEBC e os supervisoresbancários.

Neste contexto, foi celebrado um Memorando de Acordo pelos supervisores dossistemas de pagamentos (incluindo o BCE) eos supervisores bancários da UE para acooperação e a troca de informações (vertambém Capítulo VI do presente RelatórioAnual). Este memorando substitui umanterior que vigorava desde 1994. Ossupervisores bancários da UE contribuírampara a preparação do Memorando através doCSB. O novo enquadramento, necessáriovisto que a supervisão dos sistemas depagamentos e a supervisão prudencialpartilham o objectivo comum que consisteem assegurar a estabilidade financeira,destina-se a acompanhar a mudança,desencadeada pelo estabelecimento da UEM,na forma como as duas funções actualmenteinteragem. O Memorando contempla acooperação e a troca de informações em trêsconjuntos distintos de circunstâncias: (i) esta-belecimento de um sistema de pagamentos eaplicações de acesso a esse sistema, (ii)actividades em curso, e (iii) gestão desituações de crise.

Foram igualmente dados passos significativosno domínio da cooperação intersectorial entre os supervisores, nomeadamente atravésda constituição de uma Mesa RedondaIntersectorial de Reguladores. Nesta MesaRedonda2 participam todos os comitéscompetentes da UE, enquanto a Comissão

Europeia apoiou o processo. Trata-se de umfórum informal que permite a troca deinformações a um nível mais profundo entreos diferentes grupos sectoriais desupervisores sobre questões de interessecomum.

O Eurosistema tem também um interessegeral em avançar no sentido de uma maiorintegração dos mercados de valores mobiliários.As atribuições do Eurosistema no querespeita a promover o bom funcionamentodos sistemas de pagamentos e a contribuirpara a boa condução das políticas nacionais naárea da supervisão prudencial e daestabilidade financeira dão ao BCE umincentivo ainda maior para acompanhar eavaliar a evolução das infra-estruturas domercado de títulos e do enquadramentoregulamentar. Em consequência, o BCEparticipou activamente no processo deconsulta iniciado pelo Comité de Sábiossobre a regulamentação dos mercados devalores mobiliários europeus. Este Comitéencontra-se mandatado pelo ECOFIN paraavaliar a actual situação da regulamentaçãodos mercados de valores mobiliários eefectuar propostas a fim de eliminar osobstáculos existentes à integração dosmercados financeiros. As propostasapresentadas pelo Comité no sentido de vir aser alcançado um processo regulamentar maisflexível e eficaz a nível da UE são amplamenteapoiadas pelo BCE.

2 Os comités que participam nesta Mesa Redonda são o CSB, oCCB, o GdC, o Comité de Altos Representantes dos Supervisoresde Valores Mobiliários, o Fórum Europeu de Comissões de ValoresMobiliários, o Comité de Seguros e a Conferência de Seguros.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000132

A integração dos mercados bancário efinanceiro da área do euro prosseguiu em2000, com um aumento significativo daimportância das actividades transfronteiraspor grosso e da componente estrangeira dascarteiras de títulos, enquanto as operaçõesactivas e passivas mantiveram um grausignificativo de segmentação nos mercadosnacionais ou até regionais. Em Dezembro de 2000, 85% dos depósitos bancários e 90% dos empréstimos bancários (excluindotransacções interbancárias) eram cons-tituídos por operações com contrapartesdomésticas (ver Quadro 1). Contudo, oquadro é muito diferente quando sãotomadas em consideração as transacçõesinterbancárias. A percentagem de transacçõesinterbancárias transfronteiras na área do eurotem vindo a subir de forma constante,estimulada pela moeda única e pela políticamonetária única, representando mais de 50%do volume global de transacções pelosvalores brutos quer no mercado inter-bancário sem garantias, quer no mercado dasoperações de reporte. A percentagem dosempréstimos às instituições bancáriasresidentes em outros países da área do euroem relação ao volume total de empréstimosinterbancários aumentou de 16.6% emDezembro de 1998 para 17.6% em Dezembrode 2000, enquanto a percentagem de outroscréditos, incluindo títulos de rendimento fixoe títulos do mercado monetário face a outrospaíses da área do euro, aumentou de 14.5%para 19.8% no mesmo período. A tendênciade diversificação internacional é tambémvisível na composição das carteiras de títulosdos bancos da área do euro. A percentagemdos instrumentos de rendimento fixoemitidos por outros países da área do euro epelo resto do mundo tem aumentado de umaforma constante desde 1998.

Contudo, a análise dos balanços não dá um quadro completo das actividadestransfronteiras dos bancos, uma vez que essesdados não reflectem alguns serviços queregistaram um crescimento particularmenteelevado no passado recente. Trata-se, por

exemplo, de actividades geradoras decomissões, tais como os serviços de gestãofinanceira e de activos.

Face às crescentes ligações entre bancos e àstendências comuns que afectam osrespectivos negócios, a actividade do CSB –no contexto da atribuição do Eurosistema,que consiste em contribuir para a conduçãoregular das políticas de supervisão e deestabilidade financeira – tem continuado a serdesenvolvida de acordo com duas linhasprincipais.

Primeira: os instrumentos analíticos da análisemacroprudencial do sector bancário têm vindo a ser melhorados, tendo sido proposto um enquadramento abrangente para oacompanhamento do risco sistémicoassociado ao sector bancário numaperspectiva a nível de toda a UE e área doeuro. Este enquadramento, baseado nacombinação de informação estatística comuma avaliação qualitativa e, tanto quantopossível, prospectiva efectuada pelasautoridades de supervisão nacionais, destina--se a identificar e a examinar, numa baseregular, quaisquer acontecimentos oudesenvolvimentos que possam ameaçar aestabilidade do sector bancário. Foramrealizados progressos significativos com oobjectivo de melhorar a base de informaçãoutilizada nesta análise, a qual inclui dados dobanco central e da supervisão. Foi identificadoum conjunto de “indicadores macro-prudenciais”, continuando a ser procuradasformas de melhorar ainda mais a informação.

O CSB efectuou uma primeira avaliação daestabilidade do sector bancário da UE nodecurso do ano 2000, a qual seráregularmente actualizada no futuro. Oacompanhamento regular da estabilidadesistémica na UE e na área do euro permitirátambém identificar questões específicas paraprosseguir a análise. Durante os primeirosexercícios de acompanhamento, foi dedicadaespecial atenção à análise dos efeitos dosmovimentos dos preços dos activos no sector

2 Evolução no sector bancário

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bancário da UE3 e das margens de juro epadrões de crédito4 dos bancos da UE.Relativamente aos últimos, a principalconclusão foi de que, nos últimos anos, asmargens dos bancos nas operações activastêm vindo a diminuir (entre Setembro de1997 e Setembro de 2000), o que é atribuídoem grande parte ao actual aumento daconcorrência. Em particular, a concorrênciatransfronteiras intensificou-se em algumasáreas, sendo os países nórdicos e osmercados do Reino Unido e da Irlandaexemplos claros de integração de mercadosfinanceiros regionais, enquanto a expansão da“banca com acesso remoto” assistiu aoaumento da pressão competitiva por parte denovos participantes. Com o objectivo degarantir a sustentabilidade das menoresmargens nas operações activas, os bancosdeverão adoptar políticas de constituição deprovisões e sistemas de gestão de riscosólidos, aplicando um controlo efectivo doscustos e uma qualidade adequada dos activose do capital. No que respeita aos padrões dosbancos em relação às operações activas, aavaliação global efectuada pelas autoridadesde supervisão é em geral satisfatória, emboraexista evidência de que os sistemas denotação interna dos bancos se baseiam muitasvezes mais nas condições económicascorrentes do que na evolução da qualidadedos activos ao longo do ciclo económico.Contudo, existem já alguns exemplos debancos que passaram a optar por umaabordagem orientada mais para o longoprazo, na qual a qualidade dos empréstimos éavaliada ao longo do ciclo económico.

Segunda: o CSB melhorou a análise dosprincipais desenvolvimentos estruturais noquadro dos sistemas bancários da UE. Estaactividade revelou-se um contributo preciosopara o trabalho das autoridades de supervisãonacionais, em termos de identificação dasquestões que levantam preocupação e dasáreas onde é necessário um acompanhamentomais próximo e/ou uma adaptação daspráticas de supervisão. Na sequência de umtrabalho anterior sobre os possíveis efeitosda UEM e das tecnologias sobre os sistemasbancários da UE e sobre a estrutura de

rendimento dos bancos da UE5, o trabalhoefectuado no ano 2000 concentrou-se nosefeitos da restruturação do sector bancário efinanceiro através de fusões e aquisições6 e noenvolvimento dos bancos na gestão depatrimónios, nomeadamente private banking e gestão de activos.

Durante vários anos, o sistema bancário daUE tem estado num processo de restruturação. No período entre Janeiro de1995 e Junho de 2000, a maior parte dasfusões e aquisições envolveram bancosdomésticos e, em particular, instituições depequena dimensão. Inicialmente, aconsolidação realizou-se a nível nacional e eramais marcada nos países mais pequenos.Contrastando com esta situação, alguns dospaíses maiores ainda têm mercados bancáriosmuito fragmentados, embora o grau deconcentração tenha aumentado. Maisrecentemente, a actividade de fusões eaquisições intensificou-se e instituições demaior dimensão têm estado maisfrequentemente envolvidas. Nas fusões eaquisições internacionais de bancos, a maiorparte das transacções envolveu, pelo menos,uma instituição não pertencente ao EspaçoEconómico Europeu (EEE). Estabeleceram-sealguns grupos bancários regionais econglomerados, mas não é perceptível uma“tendência” definida no sentido de fusões eaquisições transfronteiras no EEE, na UE ouna área do euro. Contudo, as forçasimpulsionadoras do processo não se confinamàs fronteiras nacionais. A importânciacrescente das transacções envolvendograndes instituições de crédito aparecerelacionada com a transformação daactividade do mercado monetário e decapitais na UE e na área do euro após a

3 Ver o relatório intitulado “Asset prices and banking stability”(“Preços dos activos e estabilidade bancária”), publicado peloBCE em Abril de 2000.

4 Ver o relatório intitulado “EU banks’ margins and creditstandards” (“Margens e padrões de crédito dos bancos da UE”),publicado pelo BCE em Dezembro de 2000.

5 Ver os Relatórios Anuais do BCE de 1998 e 1999.6 Ver o relatório intitulado “Mergers and acquisitions involving the

EU banking industry – facts and implications” (“Fusões eaquisições envolvendo o sector bancário da UE – factos eimplicações”), publicado pelo BCE em Dezembro de 2000.

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introdução do euro. A tendência para aconsolidação bancária nos Estados Unidossinaliza que alguns dos factores em jogo têm,na verdade, um alcance mundial. Umacaracterística adicional da restruturação é aconstituição de conglomerados financeiros –definidos como grupos de sociedadesfinanceiras que operam em diferentessectores da indústria financeira – observadaem muitos Estados-membros. O processo deconglomeração deve-se especialmente aosbancos, uma vez que estes têm vindo aexpandir-se activamente na gestão de activos.

A gestão de patrimónios – compreendendo os serviços de private banking a indivíduosricos e a gestão de activos, isto é, os serviçosde gestão de carteiras financeiras, a venda deprodutos e a consultoria prestada a clientes –está a crescer rapidamente na UE. Estecrescimento proporcionou um incentivoeconómico para que os bancos da UEentrassem nesta área de negócio numa épocaem que a concorrência se está a intensificarnos mercados mais tradicionais. A gestão depatrimónios constitui uma oportunidade paraos bancos venderem a clientes produtoscruzados, contrariando, dessa forma, astendências no sentido da desintermediação.

Quadro 13

Actividades domésticas e transfronteiras do balanço das OIFM da área do euro

EUR mil milhões salvo indicação em contrário

Dez. 1997 Dez. 1998 Dez. 1999 Dez. 2000

Total dos activos interbancários1) 4 681 4 981 5 355 5 689Empréstimos a OIFM 3 886 4 087 4 303 4 465

actividade doméstica (%) 59.7 61.4 62.1 60.8actividade com outros países da área do euro (%) 15.2 16.6 17.5 17.6actividade com o resto do mundo (%) 25.1 22.0 20.4 21.6

Outros créditos sobre OIFM(títulos do mercado monetário e outros títulos) 795 894 1 052 1 224

actividade doméstica (%) 80.0 78.2 72.7 68.1actividade com outros países da área do euro (%) 12.7 14.5 18.4 19.8actividade com o resto do mundo (%) 7.3 7.3 8.9 12.1

Total dos empréstimos a não-bancos2) 5 887 6 296 6 789 7 392actividade doméstica (%) 91.8 91.6 90.8 90.2actividade com outros países da área do euro (%) 2.3 2.6 3.0 3.2actividade com o resto do mundo (%) 5.9 5.8 6.2 6.6

Títulos de rendimento fixo emitidos por não-bancos2) 1 416 1 503 1 597 1 548actividade doméstica (%) 71.2 66.9 60.1 54.6actividade com outros países da área do euro (%) 16.0 19.2 24.5 26.5actividade com o resto do mundo (%) 12.8 13.9 15.4 18.9

Detenções de títulos de participação 379 478 604 745

Outros activos 1 019 1 014 1 190 1 322

Total do activo 13 382 14 272 15 535 16 696

Total dos depósitos interbancários 4 104 4 469 4 883 5 179actividade doméstica (%) 58.9 58.5 57.4 55.2actividade com outros países da área do euro (%) 14,5 15.7 16.1 15.5actividade com o resto do mundo (%) 26.6 25.8 26.5 29.3

Total dos depósitos de não-bancos2) 5 074 5 343 5 645 5 991actividade doméstica (%) 88.5 87.6 85.8 84.6actividade com outros países da área do euro (%) 5.5 5.6 5.3 5.2actividade com o resto do mundo (%) 6.0 6.8 8.9 10.2

Títulos de rendimento fixo3) 2 064 2 281 2 613 2 831

Capital e reservas 688 744 838 924

Outros passivos 1 452 1 435 1 556 1 771

Total do passivo 13 382 14 272 15 535 16 696

Fonte: BCE.1) Estas rubricas não incluem acções.2) Incluindo as administrações públicas.3) A rubrica inclui títulos do mercado monetário.

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No private banking a situação é, de algummodo, ligeiramente diferente, na medida emque possibilita a oferta em simultâneo deserviços e produtos, contrariando assim atendência para margens mais baixas nosprodutos-padrão.

Os bancos desempenharam um papelimportante na gestão de activos durantemuitos anos, mas o seu envolvimento poderáter aumentado no passado recente. O privatebanking, habitualmente considerado uma áreaespecializada, tem registado uma entradasignificativa de novos participantes, incluindomuitos dos maiores bancos universais e deinvestimento. Estas áreas de negócio sãoconsideradas pelos bancos como maisrentáveis, oferecendo um rendimento maisestável do que a banca tradicional. A suarentabilidade é aumentada pelo facto de, em

geral, terem requisitos de capital menores,uma vez que muitas actividades com elarelacionadas são conduzidas extra-balanço.Os riscos de reputação são, no entanto,considerados mais elevados na gestão depatrimónios do que nas actividades bancáriastradicionais. Existem sinais de concorrênciacrescente na gestão de patrimónios. Asbarreiras à entrada estão a cair, devido aodesenvolvimento da Internet, que pode vir aaumentar a entrada de novos prestadores deserviços.

Além das duas principais áreas mencionadasacima, o CSB deu início a novos trabalhos nodomínio da análise do risco-país, tendoprosseguido os trabalhos sobre centrais derisco de crédito e sistemas avançados dealerta no campo da supervisão.

3 Desenvolvimentos em matéria de regulamentação

No centro dos desenvolvimentos em matériade regulamentação, a nível internacional,encontra-se a revisão do enquadramento daadequação dos fundos próprios dos bancosefectuada pelo Comité de Basileia deSupervisão Bancária (CBSB). No ano 2000, amaior parte do trabalho do CBSB foiconsagrada a aperfeiçoar a sua proposta,tendo sido divulgado um segundo documentode consulta em Janeiro de 2001, que aguardacomentários até ao fim de Maio. Segundo oplaneado, o novo enquadramento seráadoptado até ao fim de 2001 e posto emprática em 2004 por todos os países do G10,ou até a nível mundial, dado o alcance globaldo Acordo de Basileia.

O novo enquadramento regulamentarproposto assenta em três pilares. O primeiropilar – requisitos mínimos de capital –consiste num novo enquadramento paramedir o risco de crédito, o qual inclui: (i) areformulação da abordagem-padrão, prevendoa utilização das notações atribuídas pelascentrais de risco externas, e (ii) a introduçãode uma abordagem baseada em notaçõesinternas, que assenta nos sistemas de medida

de risco adoptados pelos próprios bancos.Outros elementos relevantes do primeiropilar são o tratamento explícito dado pelasupervisão à titularização de activos, oreconhecimento de uma grande variedade detécnicas de atenuação de risco e um requisitoespecífico de fundos próprios para coberturado risco operacional. Os outros dois pilaresincluem o processo de supervisão e umamaior disciplina de mercado. O primeirodestina-se a garantir que as posições decapital dos bancos estão de acordo com orespectivo perfil global de risco. O último visadar aos participantes de mercado ainformação necessária que lhes permitaefectuar uma avaliação adequada do perfil derisco e da adequação dos fundos próprios dosbancos. Uma das principais característicasinovadoras do novo enquadramentoregulamentar é a maior sensibilidade ao riscoglobal dos requisitos de capital. Este novoenquadramento concede ainda aos bancosincentivos para seguirem a variedade deabordagens propostas, destinadas a fazer face ao risco de crédito e operacional,adoptando técnicas mais sofisticadas esensíveis ao risco.

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O BCE, que participa como observador noCBSB, apresentou um parecer sobre oprimeiro documento de consulta emitidopelo CBSB em Junho de 1999. O parecer do BCE centrou-se principalmente nanecessidade de obter um equilíbrio entre osinstrumentos destinados a disciplinar ocomportamento de cada banco enquantotomador de risco (o nível micro) e o impactoglobal do capital regulamentar sobre ascondições financeiras e macroeconómicas (o nível macro).

A nível da UE, os principais desenvolvimentosno campo regulamentar incluíram o trabalhoefectuado sobre: (i) requisitos de capitalregulamentar para as instituições de crédito e sociedades de investimento da UE, e (ii) conglomerados financeiros. Ambas asiniciativas estão a ser efectuadas pelaComissão Europeia, coadjuvada pelosrespectivos comités de consultoria sectoriais,segundo as prioridades definidas no Plano deAcção dos Serviços Financeiros destinado aaperfeiçoar o enquadramento regulamentarda UE relativo aos mercados financeiros. Emambas as áreas, a Comissão Europeia deveráapresentar, no decurso de 2001, uma propostapara um projecto de Directiva.

O trabalho sobre a adequação de fundospróprios na UE destina-se a tornar as regrascomunitárias sobre a adequação dos fundos

próprios conformes ao novo enquadramentoa ser acordado pelo CBSB, tomando emconsideração a especificidade do sectorfinanceiro da UE e o facto de oenquadramento regulamentar ser legalmentevinculativo para todas as instituições decrédito e sociedades de investimento da UE.No início de 2001, a Comissão Europeiaemitiu um segundo documento de consultadefinindo os aspectos principais do novoenquadramento regulamentar.

O trabalho sobre os conglomerados financeiros destina-se a estabelecer umenquadramento regulamentar abrangente naUE, contemplando diversas questões,incluindo a adequação dos fundos própriosdos conglomerados financeiros, astransacções intra-grupo, a concentração derisco, a idoneidade e experiência profissionaldos membros dos órgãos de administração eidoneidade dos accionistas, o papel decoordenação na supervisão dos conglo-merados e a troca de informações entre asautoridades. O BCE também contribui para otrabalho da Comissão Europeia participando,com o estatuto de observador, no CBSB.

Além disso, foi adoptada uma Directiva sobrea reorganização e a liquidação de instituiçõesde crédito, que consagra o reconhecimentomútuo dos referidos procedimentos.

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VU – Ziekenhuis, Kinderkliniek Amsterdam,Países BaixosSem título

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Capítulo VIII

Produção

das notas e moedas de euro

e preparativos para a

transição para o euro fiduciário

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As notas de euro estão a ser produzidas pelosBCN e por empresas privadas e públicas. Aimpressão prossegue nas 14 fábricas de notasenvolvidas na produção de notas de euro.(A fábrica de notas da Grécia, o participantemais recente, iniciou a produção no últimotrimestre de 2000). Os volumes necessáriosforam revistos à luz da entrada da Grécia noEurosistema e das alterações introduzidas nasquantidades previstas. Será agora necessáriodispor de cerca de 14.25 mil milhões de notas(incluindo os stocks de lançamento e os

stocks logísticos; ver Quadro 14) com umvalor facial total de cerca de €642 mil milhõesaté Janeiro de 2002.

Os Estados-membros são responsáveis pelaprodução das moedas de euro, que estãoactualmente a ser cunhadas em 15 casas damoeda de 11 países. De acordo com asestimativas actuais, o número total de moedasde euro será de cerca de 50 mil milhões, comum valor de aproximadamente €16 milmilhões.

1 Produção das notas e moedas de euro

2 Qualidade das notas e moedas de euro

Foi estabelecida uma base de dados com oobjectivo de armazenar informaçõesrelacionadas com a qualidade provenientesdas casas da moeda e das fábricas de notas.Esta base de dados será utilizada a fim deproporcionar dados agregados mensaisrelativos à qualidade das notas e moedas deeuro.

2.1 Qualidade das notas

O objectivo de assegurar padrões dequalidade comuns em todas as fábricas denotas participantes é uma tarefa exigente.A adopção de um sistema de qualidade comumenvolveu um grande volume de trabalho,tendo recentemente sido confirmada aoperacionalidade do sistema em todas asfábricas de notas. Os trabalhos prosseguemna área da optimização dos sistemas dequalidade. Os mecanismos para identificaçãode variações funcionam de forma adequada e

quaisquer alterações de qualidade quepossam ocorrer são sujeitas a um processocuidadoso de investigação e de tomada dedecisão, no contexto dos procedimentosestabelecidos com base em normas ISO 9000.

2.2 Qualidade das moedas

O BCE continua a actuar como um avaliadorindependente da qualidade das moedas,desempenhando as suas responsabilidadesjunto das casas da moeda envolvidas naprodução das moedas de euro. Estasresponsabilidades incluem o apoio ao sistemade qualidade, o acompanhamento através deauditorias de qualidade periódicas e aprestação mensal de informação sobre osprogressos alcançados. Os progressos aolongo do ano foram regulares e o BCE nãoteve necessidade de alertar os Ministros daEconomia e Finanças sobre quaisquer proble-mas relacionados com a qualidade.

3 Protecção das notas e moedas de euro contra a contrafacção

A criação da base de dados do Sistema deControlo de Contrafacções (SCC), quearmazenará dados técnicos e estatísticosacerca da contrafacção de notas e moedas deeuro, prosseguiu de acordo com o calendário.Na sequência da elaboração dos requisitos do

utilizador e da realização de um estudo deviabilidade em 1999, as especificaçõesoperacionais foram concluídas na primeirametade de 2000, a que se seguiu uma fase dedesenvolvimento. Prevê-se que a criação,teste e aceitação do SCC prossiga até Junho

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de 2001. Foi designado um período de cincomeses (de Julho a Novembro de 2001) paraformação e introdução de medidas decorrecção, caso se revele necessário. Porúltimo, em Dezembro de 2001, um mês antesda emissão das notas e moedas de euro, ficaráoperacional a base de dados do SCC.

Em paralelo com a base de dados do SCC,está a ser criado no BCE o Centro de Análisede Contrafacções (CAC). As actividades debase envolvidas na criação deste Centroconsistem no recrutamento do respectivopessoal – incluindo peritos em contrafacçãoe pessoal técnico e administrativo – e naaquisição do equipamento técnicoespecializado necessário. O CAC ficaráequipado com os instrumentos necessáriospara a análise de diferenças entre notas falsase genuínas, em particular no que respeita às

características de segurança das notas deeuro.

Têm sido intensificados contactos com aEuropol, a Interpol e a Comissão Europeia,com o objectivo de estabelecer acordos decomunicação e de cooperação necessáriospara assegurar um fluxo efectivo deinformação para efeitos de prevenção ecombate à contrafacção.

O BCE, conjuntamente com a Europol e aComissão Europeia, cooperou estreitamentena preparação de um projecto deRegulamento do Conselho sobre a protecçãodo euro contra a contrafacção. O BCE foidevidamente consultado em Setembro de2000 e apresentou o seu Parecer emDezembro.

4 A Campanha de Informação Euro 2002

No contexto dos preparativos para aintrodução das notas e moedas de euro, oBCE e os 12 BCN do Eurosistema conduzemuma “Campanha de Informação Euro 2002”.Esta campanha conta com um orçamento de€80 milhões. Após a realização de umconcurso público, a agência Publicis Worldwide B.V. foi seleccionada para apoiar oBCE na condução da campanha. O contratofoi assinado na Primavera de 2000 e acampanha está a ser conduzida a nívelinternacional pelo BCE e a nível nacionalpelos 12 BCN do Eurosistema.

A campanha, coordenada com iniciativasidênticas preparadas pelas autoridadesnacionais, incide sobre:

• o aspecto das notas e moedas,• as características de autenticação,• as denominações, e• as modalidades da transição global para o

euro fiduciário.

Estão a ser utilizados três canais principaispara a divulgação destas mensagens: umacampanha de comunicação social, relações

públicas e actividades de imprensa, ecooperação com outros grupos activos nestaárea (o Programa de Parceria).

4.1 A Campanha da ComunicaçãoSocial

A Campanha da Comunicação Social – queterá início no final de 2001 e prosseguirá atéao início de 2002 – apoiará a introdução dasnotas e moedas de euro, proporcionando aopúblico em geral informações sobre o seuaspecto e características de autenticação esobre a transição para o euro fiduciário.A campanha decorrerá na televisão e nosjornais, em todos os países da área do euro.A concepção do material a distribuir pelacomunicação social e a decisão quanto aosperíodos de divulgação, etc., serãocoordenadas a nível nacional, a fim demaximizar a utilização de todo o horizonterelevante da comunicação social e deassegurar a coordenação de conteúdos e deprojectos da comunicação social com outrascampanhas, em particular as organizadas pelasautoridades nacionais.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000142

4.2 Relações públicas e actividades deimprensa

O interesse público pela introdução das notase moedas de euro irá crescer de formasignificativa à medida que se aproxima o dia 1 de Janeiro de 2002. A campanha procuramaximizar este interesse e assegurar que sejaprestada informação precisa sobre as notas emoedas através de relações públicas eactividades de imprensa. Estes esforçoscontribuirão para aumentar a conscien-cialização sobre a transição e para tornar opúblico mais receptivo à nova moeda. Umprograma de relações públicas está a serdivulgado ao longo de 2001, incluindo as“Conferências da Campanha de InformaçãoEuro 2002” – uma série de conferências empaíses do Eurosistema – e uma “Contagemdecrescente para o euro”, que destaca datassignificativas da contagem decrescente eenvolve a distribuição de conjuntos (kits) paraos membros da comunicação social, etc., paraapoiar o programa de relações públicas. Talcomo sucede com outros elementos dacampanha, estes programas estão a seradoptados a nível nacional e internacional.

4.3 O Programa de Parceria

O Programa de Parceria foi concebido a fimde alcançar os objectivos seguintes:

• envolver parceiros que podem auxiliar naprestação de informação adequada aopúblico sobre a transição;

• maximizar o efeito multiplicador que estesorganismos podem exercer;

• assegurar a distribuição eficiente dematerial informativo do Eurosistemasobre as notas e moedas de euro emlocais onde este seja mais necessário,como por exemplo pontos de venda.

Os sectores público, bancário, do comércio aretalho, do turismo e viagens e educativo sãoalgumas das áreas-chave envolvidas.

O Programa de Parceria está a ser adoptadoa nível nacional pelos BCN e a nível inter-nacional pelo BCE.

4.4 Outros elementos

No início de 2001, foi lançada uma página naInternet, em www.euro.ecb.int, que tem umpapel central a desempenhar na disponi-bilização de informação completa sobre asnotas e moedas de euro.

A campanha incide também sobre os caixas eas forças policiais, bem como grupos-alvo forada área do euro. Estão a ser tomadas medidasespecíficas para apoiar sectores vulneráveisda população.

Foram já tomadas diversas iniciativasdestinadas a assegurar a disponibilização deinformação completa também fora da área doeuro, com especial destaque para os paísescandidatos, bem como para alguns outrospaíses onde sejam largamente utilizadasmoedas de países do Eurosistema.

5 Transição para as notas e moedas de euro em 2002

Relativamente à transição para o eurofiduciário, foi estabelecido um Comité deCoordenação da Transição para o EuroFiduciário, constituído por representantes doBCE e dos 12 BCN. A coordenação datransição para as notas e moedas de euro atéao final de Fevereiro de 2002 será da totalresponsabilidade do Comité, o qualacompanhará os preparativos relativos à

emissão das notas e moedas de euro e àtransição para estas e estabelecerá umquadro, a nível de todo o Eurosistema, para atroca de informações para os períodosanterior e posterior ao dia €. Foramestabelecidos Comités semelhantes porocasião dos preparativos para a adopção doeuro no início de 1999 e para a transição parao ano 2000.

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5.1 Modalidades financeiras da transiçãopara o euro fiduciário em 2002

O Conselho do BCE chegou a acordo sobreos princípios gerais do quadro para atransição para o euro fiduciário em 20021. Natomada de decisões, o Conselho do BCElevou em linha de conta o papel primordial adesempenhar pelas instituições de crédito nacondução com êxito da transição para o eurofiduciário em 2002. Estas decisões estãorelacionadas com as seguintes questões:

• fornecimento prévio/subfornecimentoprévio;

• modelo de débito; e • cobertura de riscos.

Fornecimento/subfornecimento prévio

O Eurosistema reconhece que a reduçãodo período de transição acordada peloConselho ECOFIN em Novembro de 1999implicará um fornecimento prévio activo denotas e moedas de euro às instituições decrédito e, através destas, a determinadosgrupos-alvo (ou seja, o subfornecimentoprévio a retalhistas, a empresas de transportede dinheiro e à indústria de máquinas devenda automática).

Nestas circunstâncias, o Conselho do BCEaprovou que o fornecimento prévio e osubfornecimento prévio de notas a gruposprofissionais-alvo teria início em 1 deSetembro de 2001. Porém, cada BCN é livrede operar dentro do período máximo detempo, por forma a responder àsnecessidades do fornecimento prévio. Talimplica também que o período de tempodeterminado a nível nacional pode diferirentre os vários grupos-alvo, bem como entrenotas e moedas. As autoridades nacionais denove países irão disponibilizar moedas deeuro às instituições de crédito a partir deSetembro de 2001, dado que o seu volumetorna mais difícil o transporte, enquanto oseu baixo valor significa que o risco para asinstituições de crédito é menor do que nocaso das notas. Três países prevêem o

fornecimento prévio simultâneo de notas.A maioria dos restantes países adiará ofornecimento de notas até Novembro ouDezembro de 2001.

Quanto aos diferentes grupos-alvo, todos ospaíses reconhecem a necessidade de forneceràs instituições de crédito notas e moedas deeuro antes de 1 de Janeiro de 2002.

Além disso, 11 países irão fornecer ao sectorretalhista moedas de euro e em particularnotas de euro de baixa denominação antes dodia € (subfornecimento prévio).Tal deve-se aofacto de, ao contrário das notas, as moedasserem geralmente colocadas em circulaçãoactiva pelo sector retalhista e não pelasinstituições de crédito. Quanto à indústria demáquinas de venda automática e conside-rando a necessidade de carregar as máquinascom moedas antes do dia €, sete países irãosubfornecer previamente moedas a estesector, enquanto os outros cinco estão aconsiderar actualmente esta opção.

De acordo com a declaração do ConselhoECOFIN de Novembro de 1999, as moedasde euro podem ser fornecidas ao público emgeral na segunda metade de Dezembro de2001. O fornecimento de moedas de euro aopúblico em geral está actualmente previstoem dez países. Porém, em dois países, nestafase, não se encontram estabelecidos planospara o fornecimento de moedas ao públicoem geral, uma vez que estes países conside-ram que os possíveis benefícios de fornecerao público moedas de euro não compensamos custos de distribuição ou os riscosassociados com a circulação antecipada.

Modelo de débito

O Conselho do BCE chegou a acordo sobre omodelo de débito que reflectirá de formaadequada a liquidez adicional detida pelasinstituições de crédito em resultado datransição para o euro fiduciário em 2002. O

1 Orientação do BCE que adopta determinadas medidas relativasà passagem para o euro fiduciário em 2002 (BCE/2001/1), JO L55, 24.2.2001, p. 80.

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modelo de débito, simples e de fácil aplicação,não irá interferir com o relacionamento entreas instituições de crédito e os seus clientes.Assim:

• as notas e moedas de euro fornecidaspreviamente às instituições de crédito ouaos seus agentes autorizados serãodebitadas nas respectivas contas nos BCN,pelo seu valor facial, de acordo com o“modelo de débito linear”, ou seja, um terçodo total previamente fornecido em 2, 23 e30 de Janeiro de 2002, respectivamente;

• o euro em numerário entregue àsinstituições de crédito e devolvido porestas a partir de 1 de Janeiro de 2002deverá ser debitado/creditado de acordocom a prática actual; e

• o numerário denominado em unidades demoeda nacional e devolvido às instituiçõesde crédito a partir de 1 de Janeiro de 2002deverá ser creditado de acordo com aprática actual.

Cobertura de riscos

O Conselho do BCE aprovou o seguinteesquema para a cobertura de riscos:

As notas de euro previamente fornecidascontinuarão a ser propriedade dos BCN até ao final de Dezembro de 2001. Caso osacordos para a retenção de propriedade nãosejam considerados pelos BCN legalmenteexequíveis ou aplicáveis, podem ser utilizadosactivos elegíveis como garantia dos direitosdos BCN relativamente às notas de europreviamente fornecidas. Estes activos podemser também fornecidos como garantia, emparalelo com os acordos para a retenção depropriedade.

Os activos elegíveis serão fornecidos aosBCN, o mais tardar, à data de fecho dasoperações no último dia útil de 2001, comogarantia pelos montantes de notas e moedaspreviamente fornecidas em 31 de Dezembrode 2001 ou anteriormente.

Todos os activos considerados comogarantias elegíveis para operações de crédito

do Eurosistema ou outros activos idênticosque venham a ser aprovados pelo Conselhodo BCE, sob proposta de um BCN, sãoelegíveis como garantia para o fornecimentoprévio e para o subfornecimento prévio.Também pode ser fornecido numerário comogarantia elegível, sob a forma de depósitonuma conta dedicada, remunerado à mesmataxa aplicável às reservas mínimas, ou sobqualquer outra forma considerada adequadapelos BCN.

Os BCN deverão assegurar que asinstituições de crédito cubram pelo menos o risco de perda resultante de destruição,furto ou roubo de notas e moedaspreviamente fornecidas, que permaneçampropriedade de BCN, através de um seguroou de qualquer outro meio adequado. Ascondições para o fornecimento prévio nãose aplicam ao seguro do risco próprio dasinstituições de crédito, que é da sua inteiraresponsabilidade.

A fim de verificar o cumprimento pelasinstituições de crédito ou pelos seus agentesautorizados das obrigações relativas àprevenção da utilização antecipada por partedo público das notas de euro previamentefornecidas, e com o único objectivo deverificar a presença das notas previamentefornecidas, os BCN podem assegurar quesejam incluídas cláusulas de auditoria e deinspecção em quaisquer acordos estatutáriosou contratuais estabelecidos para ofornecimento prévio.

Qualquer não cumprimento por parte dasinstituições de crédito ou dos agentesautorizados das suas obrigações, incluindo,nomeadamente, a colocação das notas deeuro em circulação, ou uma actuaçãoconducente à sua colocação em circulaçãoantes de 1 de Janeiro de 2002, seráconsiderado danoso para o objectivo doEurosistema de uma transição harmoniosapara o euro fiduciário e ficará sujeito aopagamento de sanções contratuais ouestatutárias, conforme o caso, a requerer peloBCN num montante proporcional ao danocorrespondente.

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Por seu lado, os BCN solicitarão àsinstituições de crédito a inclusão deprovisões nos seus contratos desubfornecimento prévio com os retalhistas,que permitam um nível equivalente deprotecção.

Os activos elegíveis serão fornecidos aosBCN como garantia a partir do momento dosubfornecimento e pelos montantes de notase moedas previamente fornecidas, até aopreenchimento das obrigações de garantia.

5.2 Transição para o euro fiduciário emmercados fora da área do euro

Dado que o euro sob a forma fiduciária serácolocado em circulação a partir de 1 deJaneiro de 2002, deverão ser envidados todosos esforços para assegurar a introduçãoharmoniosa do euro e a transição para a novamoeda, por forma que todos os clientes quepretendam notas de euro as possam obter demodo eficiente. Nestas circunstâncias, étambém muito importante abordar de formapró-activa a questão da transiçãointernacional para o euro fiduciário epreparar adequadamente os mercadoslocalizados fora da área do euro, bem como opúblico, a fim de manter um nível mínimo decustos e de perturbações.

O Conselho do BCE adoptou as medidas quese seguem, que poderão contribuir paraassegurar um lançamento harmonioso dasnotas e moedas de euro fora da área do euro:

• as instituições de crédito que sejamcontrapartes de operações de políticamonetária dentro do Eurosistemapoderão distribuir notas de europreviamente fornecidas às suas agênciasou à sua sede, consoante o caso,localizadas fora da área do euro;

• as instituições de crédito que exerçam asua principal actividade dentro da área doeuro poderão subfornecer previamentenotas de euro às suas subsidiárias quesejam também instituições de crédito eestejam localizadas fora da área do euro; e

• as instituições de crédito que exerçam asua principal actividade dentro da área doeuro poderão subfornecer previamentenotas de euro a outras instituições decrédito que não tenham escritório derepresentação nem sede dentro da áreado euro.

As modalidades financeiras aplicáveis aofornecimento prévio/subfornecimento préviosão as descritas na secção 5.1, com aexcepção que as instituições de créditoapenas serão autorizadas a iniciar adistribuição de notas de euro a mercados forada área do euro a partir de 1 de Dezembro de2001. Além disso, fora da área do euro, nãoserá possível subfornecer previamente notasde euro a quaisquer terceiros.

Para além destas medidas, o BCE exploramedidas adicionais na primeira metade de2001, incluindo o envolvimento directo debancos centrais fora da área do euro.

5.3 Duração do período de duplacirculação

Na prática, a velocidade efectiva da transiçãopara o euro fiduciário dependerá da reacçãodo público, da capacidade das diversas partesenvolvidas e das infra-estruturas nacionaisexistentes. Quanto maior for o período detransição, maiores serão os custos de duplotratamento de moeda suportados pelasinstituições de crédito e pelo sectorretalhista. Assim, surgiu um consenso a favorde uma redução considerável do período decirculação dupla relativamente ao máximo deseis meses decidido pelo Conselho da UE em1995.

Em oito Estados-membros o período decirculação dupla prolongar-se-á até ao final deFevereiro de 2002. Alguns países adoptaramum período de circulação dupla inferior aomáximo de dois meses acordado peloConselho ECOFIN. Nos Países Baixos, oflorim deixará de ter curso legal em 28 deJaneiro de 2002.A Alemanha decidiu retirar opoder liberatório das suas notas e moedas no

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final de 2001, embora este “big bang” legalseja acompanhado por um compromisso porparte dos diferentes sectores envolvidos deaceitar o marco alemão pelo menos até 28 deFevereiro de 2002. Na Irlanda (sujeito àaprovação do Governo) e em França, as notase moedas nacionais deixarão de ter cursolegal em 9 e 17 de Fevereiro de 2002,respectivamente.

Na página oficial sobre o euro do Eurosistemana Internet, em www.euro.ecb.int, sob o título“Prepare-se para o euro”, poderão serconsultados pormenores dos planos detransição nacionais.

5.4 Troca de notas nacionais nos bancoscentrais nacionais

As notas e moedas de euro apenas serãoemitidas em 1 de Janeiro de 2002. Entretanto,as notas na área do euro continuarão a serdenominadas nas moedas nacionais. Duranteo período de transição, a fim de assegurar asubstituibilidade entre as unidades de moedanacionais, a troca de notas denominadas nasmoedas nacionais da área do euro rege-sepelo artigo 52.º dos Estatutos do SEBC.Tal significa que cada BCN deverá assegurarque, pelo menos num local do seu respectivopaís, as notas de outros Estados-membrosparticipantes possam ser trocadas por notas emoedas nacionais ou, a pedido, possam sercreditadas numa conta na instituição queefectua o câmbio, caso a legislação nacionalpreveja essa possibilidade. Em ambos oscasos, a troca será feita ao par. O Conselhodo BCE decidiu prolongar as disposições doactual artigo 52.º para além do ano 2001, atéao final de Março de 2002. Neste caso, asunidades de moeda nacionais serão trocadaspor euro.

Cerca de 500 sucursais de BCN de toda aárea do euro têm estado envolvidas na troca

de notas não nacionais da área do euro. Asnotas repatriadas ao abrigo deste acordo paraos respectivos países emissores atingiram umvalor total de €9.3 mil milhões, ascendendo a169.7 milhões de notas no total.

5.5 Adaptação de ATM, máquinas dedistribuição e recolha de notas

Em 2000 foram organizadas duas semanas detestes centralizados, uma em Maio e outra emSetembro, em Neu-Isenburg, perto deFrankfurt, destinadas aos fabricantes demáquinas distribuidoras e receptoras denotas, sob a supervisão do BCE. O seuobjectivo foi oferecer às empresas aoportunidade de testar as notas de euro, porforma a obter informações de base que sepudessem revelar úteis no apoio à adaptaçãodas máquinas e sensores às notas de euro. Nototal, participaram nos testes 55 empresas.Com base na análise dos resultados dostestes, os representantes das empresasmostraram-se em geral satisfeitos com acapacidade de leitura das notas de eurorevelada pelas máquinas.

Quadro 14

Montante de notas de euro a serproduzido até 1 de Janeiro de 2002(em milhões de notas)

Bélgica 530

Alemanha 4.342

Grécia 597

Espanha 1.924

França 2.240

Irlanda 222

Itália 2.380

Luxemburgo 46

Países Baixos 659

Áustria 550

Portugal 536

Finlândia 225

Total para a área do euro 14 251

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Sir-Karl-Popper-Schule,Viena, ÁustriaAutoria: Christian Ludwig Attersee. Sem título

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Capítulo IX

Desenvolvimento do

enquadramento estatístico

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000150

Em 2000, o trabalho estatístico do BCE foidireccionado no sentido de garantir que ainformação necessária ao cumprimento dasatribuições do Eurosistema continuasse a serrecebida, processada, divulgada e publicadaatempadamente, com elevados padrões dequalidade e boa documentação de base. Estetrabalho foi efectuado em estreitacooperação com os BCN, os quais recolhemos dados dos agentes que prestaminformações estatísticas, compilando asestatísticas nacionais necessárias para aconstrução dos agregados da área do euro. Odocumento-base de estatísticas da área doeuro compilado pelo BCE intitula-se“Statistical information collected and compiled bythe ESCB” (Informação estatística recolhida ecompilada pelo SEBC), de Maio de 2000. Estedocumento é uma actualização do relatório“Statistical requirements for Stage Three ofMonetary Union (Implementation Package)”(Requisitos estatísticos para a Terceira Fase

da União Monetária (Conjunto de Medidas aTomar)), de Julho de 1996, e descreve adisponibilização de estatísticas actual. Estedocumento cobre estatísticas monetárias ebancárias e outras relacionadas, estatísticas dabalança de pagamentos e relacionadas eestatísticas das contas financeiras, incluindoas estatísticas financeiras das administraçõespúblicas. Os requisitos em termos deinformação respeitantes a estatísticas depreços e custos, contas nacionais, mercado detrabalho, receitas e despesas dasadministrações públicas, indicadores de curtoprazo do produto e da procura e inquéritosàs empresas e consumidores, originalmentemencionadas no Conjunto de Medidas aTomar, são novamente referidas nodocumento “Statistical requirements of the ECBin the field of general economic statistics”(Requisitos estatísticos do BCE na área dasestatísticas económicas gerais), de Agosto de2000.

1 Introdução

2 Estatísticas monetárias e bancárias e estatísticas sobre osmercados financeiros

A compilação e a publicação de estatísticas dobalanço consolidado das InstituiçõesFinanceiras Monetárias (IFM) da área do eurocontinuou a decorrer sem problemas em2000, permitindo a divulgação atempada peloBCE da evolução monetária na área do euro.Em Abril, a publicação de dados trimestrais noBoletim Mensal do BCE foi alargada de modoa cobrir, em particular, a desagregação dosdepósitos detidos nas IFM, por contraparte einstrumento, assim como a desagregação, porinstrumento, das principais disponibilidades eresponsabilidades das IFM relativamente aoresto do mundo. Mensalmente, são publicadosagregados monetários corrigidos desazonalidade; a metodologia adoptadaencontra-se descrita num documento do BCEintitulado “Seasonal adjustment of monetaryaggregates and HICP for the euro area”(Correcção de sazonalidade dos agregadosmonetários e IHPC da área do euro),publicado em Agosto de 2000.

Tem sido conseguida uma maiorharmonização entre os fluxos calculados apartir do balanço consolidado das IFM da áreado euro e os correspondentes fluxos dabalança de pagamentos.

As IFM reportam dados relativos ao balançonuma base mensal e trimestral. A “Lista dasIFM”, actualizada mensalmente, é publicada napágina do BCE na Internet. É necessáriomanter a consistência na aplicação dadefinição de IFM em toda a área do euro e naUnião Europeia.

O Regulamento do BCE relativo ao balançoconsolidado do sector das IFM(BCE/1998/16), que entrou em vigor em 1 deJaneiro de 1999, foi actualizado em 2000. Aprimeira actualização, concluída em Agosto,introduziu diversas alterações quemelhoraram a clareza legal relativamente àaplicação do regime de reservas mínimas.

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151BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Entre as referidas alterações, é de salientar aúltima revisão de dados sobre as reservasmínimas, fusões e cisões que envolveminstituições de crédito (que constituem amaioria das IFM) e a revisão do Anexo II doRegulamento do BCE. Uma segundaactualização foi concluída no início deNovembro, contemplando as disposiçõestransitórias relativas ao regime de reservasmínimas à luz da entrada da Grécia na área doeuro.Além disso, foi dado início aos trabalhosdestinados a melhorar as estatísticas dobalanço das IFM e a harmonizar o modosegundo o qual as reavaliações são efectuadaspara calcular fluxos a partir das estatísticas dobalanço das IFM. As estatísticas de taxa dejuro (“a retalho”) das IFM estão igualmente aser objecto de uma melhoria; no decurso de2000, foram dados os primeiros passos paraum quadro harmonizado de comunicação de dados. Actualmente, encontram-sedisponíveis, com frequência mensal, dez taxasde juro a retalho da área do euro, obtidascom base nas estatísticas nacionais existentese publicadas no Boletim Mensal do BCE. OBCE também publica as principais taxas dejuro a retalho nacionais para todos osEstados-membros da UE, na sua página naInternet. O BCE recolhe os dados disponíveissobre moeda electrónica, e irá publicá-losregularmente. O SEBC está consciente dasimplicações dos novos requisitos exigidospara os agentes que prestam informaçãoestatística e efectua uma análise preparatóriados méritos e custos, durante a qual podemser consultados.

Em Novembro, foi publicada uma alteração àOrientação do BCE relativa aos requisitos deprestação de informação estatística do BCE eaos procedimentos de prestação de infor-mação pelos bancos centrais nacionais na área

das estatísticas monetárias e bancárias. AOrientação do BCE é vinculativa para oEurosistema.

As estatísticas mensais sobre emissão detítulos, publicadas pela primeira vez no finalde 1999, com uma desagregação por prazooriginal, residência e moeda de denominação,foram objecto de uma melhoria em 2000, emtermos da respectiva cobertura, desagregaçãosectorial e precisão dos dados. No início doano, foi publicada uma desagregação porsector emitente no que respeita aos saldos eàs emissões por bruto denominadas em euro,a qual teve uma nova melhoria em Março de2000, com a desagregação sectorial dasemissões líquidas. Os dados históricos sobreemissões de títulos foram publicados napágina do BCE na Internet em Março de 2001.

Os dados sobre os índices de bolsa foramalargados. As estatísticas sobre mercadosfinanceiros são publicadas no Boletim Mensaldo BCE, encontrando-se igualmentedisponíveis na página do BCE na Internet.

Foi reportado o primeiro conjunto de dadostrimestrais sobre o balanço agregado dasinstituições de crédito (por oposição aosector das IFM no seu conjunto), para fins deanálise macroprudencial.

Em 2000, foram efectuados preparativos parao desenvolvimento do balanço trimestral e de outras estatísticas relacionadas sobreintermediários financeiros não monetários,excepto sociedades de seguros e fundos depensões. As instituições de investimentocolectivo (excluindo fundos do mercadomonetário, que pertencem ao sector das IFM)representam a maior parte dessesintermediários na área do euro.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000152

A compilação e a publicação das estatísticas dabalança de pagamentos da área do euro, numabase mensal e trimestral, continuou a decorrersem problemas ao longo de 2000. Foramintroduzidas novas melhorias, quandonecessário, relativamente à contribuição dosEstados-membros para os agregados da área doeuro. O BCE contribuiu para as discussõesacerca da evolução futura dos sistemas derecolha de dados da balança de pagamentos,nomeadamente dos que têm por base fontestradicionais de liquidação bancária, no contextodas novas circunstâncias criadas pela UEM. Umdos objectivos consiste em facilitar ospagamentos transfronteiras na área do euro.

No que respeita à fiabilidade das estatísticas,o investimento de carteira e o “outroinvestimento” apresentam os maioresdesafios aos compiladores das estatísticas dabalança de pagamentos e de outrasestatísticas relacionadas. Foram efectuadostrabalhos adicionais relativamente à criaçãode uma base de dados de títulos centralizada,considerada essencial para a melhoriasignificativa a médio prazo dos dados sobre oinvestimento de carteira. Além disso, essabase de dados trará também benefíciossignificativos para as estatísticas relativas aoutras áreas que interessam ao BCE. Oregisto da detenção dos títulos negociáveiscontinua a constituir uma grande dificuldade.

A quarta edição da publicação “EuropeanUnion balance of payments/internationalinvestment position statistical methods”(Métodos estatísticos da balança depagamentos/posição de investimento inter-nacional da União Europeia) apresentainformação detalhada para os utilizadoresdessas estatísticas. A nova edição inclui umguia de compilação, que descreve com maiorpormenor a metodologia subjacente utilizadapara cada rubrica da balança de pagamentos eda posição de investimento internacional.

No que respeita às estatísticas sobre reservasinternacionais, o BCE deu início, em 2000, à

publicação de dados agregados para oEurosistema, com dados separados para oBCE, tendo utilizado um quadro-padrão paraas reservas internacionais e a liquidezdenominada em moeda estrangeira,desenvolvido conjuntamente pelo FundoMonetário Internacional (FMI) e pelo Bancode Pagamentos Internacionais (BPI). O BCEtem publicado, desde Abril de 2000, na suapágina na Internet, um conjunto completo dedados mensais utilizando esse quadro-padrão.Em Outubro, o BCE publicou um documento,no qual explica em pormenor a compilaçãodas reservas internacionais do Eurosistema.Os Estados-membros publicam dadosnacionais harmonizados.

Em 2000, foram publicados dados sobre aposição de investimento internacional líquidapara a área do euro relativos ao final de 1999,assim como dados revistos para o final de1997 e final de 1998. O BCE irá exigir que osdados sejam apresentados de forma apermitir a compilação em separado dasdisponibilidades e responsabilidades para oconjunto da área do euro sobre o exterior, apartir de Setembro de 2002 (dados relativosao final de 2001).

Através da adopção da Orientação N.º BCE/2000/4 pelo Conselho do BCE em11 de Maio de 2000, foi actualizado o quadrojurídico relativo à compilação das estatísticasda balança de pagamentos, das reservasinternacionais e da posição de investimentointernacional da área do euro.

O BCE publica dados sobre as taxas decâmbio efectivas nominais e reais do euro.Além dos índices de taxas de câmbioefectivas, compilados pelo BCE desdeOutubro de 1999, passaram a ser publicados,em Abril de 2000, índices que incluem asmoedas de um grupo mais alargado deparceiros comerciais e um maior número dedeflatores (preços no produtor, custosunitários do trabalho).

3 Estatísticas da balança de pagamentos, das reservas internacionais eda posição de investimento internacional e taxas de câmbio efectivas

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153BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Em 2000, o BCE intensificou os trabalhossobre contas financeiras, as quais irão cobrirfluxos financeiros trimestrais e extractostrimestrais das disponibilidades eresponsabilidades financeiras. As contasfinanceiras são um instrumento analíticoimportante de suporte à execução da políticamonetária e a outras atribuições doEurosistema. Estas contas estabelecem umaligação entre a evolução da economia real(poupança e investimento) e as transacçõesfinanceiras e balanços, clarificando a formacomo a política monetária afecta a economiada área do euro.

Existem duas fontes principais disponíveispara a compilação de dados sobre ofinanciamento e o investimento dos sectores

não financeiros da área do euro – estatísticasfinanceiras da área do euro e contasfinanceiras nacionais. As estatísticasfinanceiras da área do euro são compiladaspelo BCE, em estreita cooperação com asautoridades nacionais, enquanto as contasfinanceiras nacionais são compiladas pelosEstados-membros. As estatísticas financeirasda área do euro cobrem, actualmente, asestatísticas monetárias, estatísticas da balançade pagamentos e da posição de investimentointernacional e estatísticas de emissão detítulos, sendo devidamente consolidadas anível da área do euro. Embora as contasfinanceiras nacionais não possam ainda serconsolidadas a nível da área do euro, elasserão muito úteis para a construção decontas financeiras da área do euro.

4 Contas financeiras

5 Estatísticas das finanças públicas

Em Setembro de 2000, o BCE introduziu noseu Boletim Mensal uma nova apresentação,mais alargada, das posições orçamentais dasadministrações públicas da área do euro,baseada principalmente em dados disponi-bilizados pelos BCN, com informações

detalhadas sobre a dívida das administraçõespúblicas e uma análise da diferença entredéfice das administrações públicas e variaçãoda dívida das administrações públicas. Nestaárea, o BCE trabalha em estreita cooperaçãocom a Comissão Europeia.

6 Estatísticas económicas gerais

Além das estatísticas monetárias e bancárias,da balança de pagamentos e das contasfinanceiras, as estatísticas económicas sãotambém importantes para a execução dasatribuições do Eurosistema. As estatísticaseconómicas incluem dados sobre preços ecustos, contas nacionais, receitas e despesasdas administrações públicas (sobre as quais aComissão Europeia aprovou um novoRegulamento (N.º 1500/2000) em Julho de2000), estatísticas do mercado de trabalho euma grande variedade de outras estatísticaseconómicas.

A responsabilidade pelas estatísticaseconómicas a nível da UE cabe principalmenteà Comissão Europeia (Eurostat). O BCE

trabalha em estreita cooperação com aComissão Europeia, a fim de satisfazer osrequisitos estatísticos. A disponibilidade deestatísticas para todos os países da área doeuro e um grau suficiente de harmonizaçãodos dados nacionais assumem especialimportância. Na sequência de um pedido doConselho ECOFIN, o BCE e a ComissãoEuropeia colaboraram estreitamente a fim deestabelecer um Plano de Acção queidentificasse os campos onde são necessáriosprogressos mais urgentes para cada Estado--membro e para cada área estatística. Asáreas identificadas como as que necessitamde progressos mais urgentes incluem ascontas nacionais trimestrais, as estatísticastrimestrais das finanças públicas, as

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000154

estatísticas do mercado de trabalho, umconjunto de dados sobre indicadoreseconómicos de curto prazo e as estatísticasdo comércio externo. O Plano de Acção

apresentado ao Conselho ECOFIN emSetembro propõe também alterações àregulamentação estatística.

7 Cooperação com a Comissão Europeia e com instituiçõesinternacionais

A nível europeu, a partilha deresponsabilidades estatísticas entre o BCE e aComissão Europeia (Eurostat) continuou afuncionar bem em 2000. As estatísticasmonetárias e bancárias são da respon-sabilidade do BCE; a responsabilidade pelasestatísticas da balança de pagamentos, posiçãode investimento internacional e contasfinanceiras é partilhada pelo BCE e ComissãoEuropeia; as estatísticas sobre preços, custose outras estatísticas económicas são daresponsabilidade da Comissão Europeia.

O BCE está também em estreito contactocom outros organismos internacionaisrelativamente ao desenvolvimento deestatísticas, em especial, com o FMI e o BPI. OBCE, em cooperação com instituiçõesComunitárias e organismos internacionais,contribui para a definição dos actuais padrõesestatísticos internacionais, promovendo aadopção dos mesmos.

8 Estatísticas relacionadas com Estados-membros não participantese países candidatos

Todos os Estados-membros foramfortemente encorajados a realizar prepa-rativos a nível estatístico destinados àparticipação na Terceira Fase da UEM. Ospormenores sobre as implicações estatísticasdo alargamento da área do euro por forma aincluir a Grécia são apresentados no CapítuloIII.

Em 2000, o Eurosistema deu assistênciatécnica aos bancos centrais dos países quepretendem aderir à UE, os denominadospaíses candidatos. O próprio BCE deutambém apoio, nomeadamente através da

realização de seminários multilaterais. Estaassistência técnica destina-se essencialmentea auxiliar os países candidatos a implementarsistemas de recolha e compilação de dadosque lhes permitirão, na devida altura,satisfazer os requisitos estatísticos do BCE econtribuir para estatísticas totalmenteconsistentes (agregadas e consolidadas) paraa área do euro. Desta forma, estarão criadasas condições para a sua futura integração noSEBC e, mais tarde, no Eurosistema. Nestemomento, encontram-se em preparaçãomanuais metodológicos que incluem os paísescandidatos.

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155BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

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Jardim de Infância de Gueifães,Maia,PortugalAutoria: Emerenciano, Inês, Ricardo, Maria and Ana.Título:All together

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Capítulo X

Outras atribuições

e actividades

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Caixa 12

Procedimentos de consulta em 2000

N.º1 Origem Assunto

1 Áustria Lei Bancária austríaca.

2 Comissão Europeia Reclassificação dos pagamentos ao abrigo de acordos de swape de contratos

de garantia de taxas.

3 Dinamarca Lei relativa às Estatísticas da Dinamarca sobre a incorporação de uma base

jurídica para a recolha e compilação de estatísticas financeiras pelo Danmarks

Nationalbank.

4 Portugal Aplicação da Directiva 98/26/CE de 19 de Maio de 1998 relativa ao carácter

definitivo da liquidação nos sistemas de pagamentos e de liquidação de títulos

(“Directiva relativa ao Carácter Definitivo da Liquidação” – “Settlement

Finality Directive”).

5 Países Baixos Encerramento do De Nederlandsche Bank em 5 de Maio de 2000.

6 Dinamarca Lei de Garantia de Depósitos e de Investidores.

7 Grécia Artigos dos Estatutos do Banco da Grécia e outras questões relacionadas com

a adopção do euro pela Grécia.

BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000158

O BCE, de acordo com o disposto no n.º 4 doartigo 105.º do Tratado e no artigo 4.º dosEstatutos do SEBC, será consultado pelainstituição da Comunidade relevante ou pelas autoridades nacionais competentes1,conforme o caso, sobre qualquer proposta delegislação comunitária ou nacional, nodomínio das suas atribuições.

Os limites e condições que se aplicam àsconsultas a efectuar ao BCE pelas autoridadesnacionais sobre propostas de legislaçãoencontram-se fixados na Decisão doConselho 98/415/CE de 29 de Junho de 1998.Os n.ºs 1 e 2 do artigo 2.º desta Decisãopormenorizam as áreas específicas em que oBCE será consultado, nomeadamente sobrequalquer projecto de disposição legal nosdomínios das suas atribuições sobre:

• questões monetárias;• meios de pagamento;• bancos centrais nacionais;• recolha, tratamento e divulgação de

estatísticas monetárias, financeiras,bancárias e relativas aos sistemas depagamentos e às balanças de pagamentos;

• sistemas de pagamento e de liquidação; e

• normas aplicáveis às instituiçõesfinanceiras, na medida em que influenciemsignificativamente a estabilidade dasinstituições e dos mercados financeiros.

Para além disso, o BCE deverá ser consultadopelas autoridades dos Estados-membros nãopertencentes à área do euro2 sobre qualquerprojecto de disposição legal relativo ainstrumentos de política monetária.

No total, em 2000, iniciaram-se 32 consultas,três das quais relacionadas com a adopção doeuro pela Grécia; quatro envolveram aintrodução das notas e moedas de euro em2002 e sete envolveram legislaçãocomunitária. As restantes consultas foramrelativas a propostas de legislação nacional.

A caixa seguinte sintetiza as consultasiniciadas em 2000.

1 Funções consultivas

1 Em conformidade com o Protocolo relativo a certas disposiçõesrelacionadas com o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda doNorte anexo ao Tratado, o n.º 4 do artigo 105.º do Tratado e oartigo 4.º dos Estatutos do SEBC não se aplicam ao Reino Unido.Por conseguinte, a obrigação de consultar o BCE não se estendeàs autoridades nacionais do Reino Unido.

2 À excepção do Reino Unido (ver nota 1).

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159BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

N.º1 Origem Assunto

8 Finlândia Centralização de registos escriturais numa central de depósito de títulos.

9 Áustria Participação da Áustria na Iniciativa do FMI para Redução das Dívidas

Externas Multilaterais dos Países Pobres Altamente Endividados.

10 Conselho da UE Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho (CE) que altera o

Regulamento (CE) N.º 2223/96 no que diz respeito à reclassificação dos

pagamentos ao abrigo de acordos de swape de contratos de garantia de taxas.

11 Luxemburgo Comércio electrónico.

12 Conselho da UE Regulamentação do euro relativa à Grécia.

13 Irlanda Solicitações ao abrigo da Lei da União Económica e Monetária, 1998.

14 Áustria Forma de adopção das medidas no domínio da moeda associadas à emissão de

notas e moedas de euro (Lei do Euro) e forma de alteração da Lei da

Cunhagem austríaca de 1988 e da Lei do Banco Central de 1984.

15 Grécia Ratificação das alterações aos Estatutos do Banco da Grécia aprovadas pela

sua Assembleia Geral de Accionistas em 25 de Abril de 2000.

16 Irlanda Contrafacção de notas e moedas denominadas em euro.

17 Alemanha Emissão de uma moeda de ouro de DEM 1 e estabelecimento de uma

Fundação de “Estabilidade Monetária”.

18 Luxemburgo Circulação de títulos e de outros instrumentos financeiros e transferência de

titularidade por medida de segurança (altera e completa várias outras leis).

19 França Introdução do euro em Mayotte e em S. Pedro e Miquelon2.

20 Conselho da UE Protecção do euro contra falsificações.

21 Grécia Medidas adicionais para implementar os Regulamentos (CE) N.ºs 1103/97,

974/98 e 2866/98 do Conselho, caso aplicáveis, à introdução do euro.

22 Espanha Introdução do euro.

23 Alemanha Recolha de estatísticas da balança de pagamentos na Alemanha.

24 Dinamarca Lei dinamarquesa relativa às Transacções de Títulos.

25 Áustria Medidas auxiliares e de alteração da legislação existente sobre a introdução do

euro no âmbito das cooperativas (Euro-GenBeG).

26 Suécia Modificação da Lei do Sveriges Riksbank (1988:1385).

27 Comissão Europeia Dois Regulamentos da Comissão relativos ao Índice Harmonizado de Preços

no Consumidor.

28 Alemanha Recolha de estatísticas da balança de pagamentos na Alemanha.

29 Países Baixos Lei da Cunhagem (em relação à introdução das moedas de euro).

30 Conselho da UE Modificação do Artigo 10.º - 2 do Protocolo relativo aos Estatutos do Sistema

Europeu de Bancos Centrais e do Banco Central Europeu.

31 França Acordo entre a Banque de France e o IEDOM (Institut d’émission des

départements d’outre-mer3).

32 Dinamarca Lei relativa a Empresas Financeiras.

1 As consultas encontram-se numeradas de acordo com a ordem em que são recebidas pelo BCE.2 Posição tomada pelo BCE nos termos da Decisão do Conselho 1999/95/CE de 31 de Dezembro de 1998 relativa ao regime

monetário aplicável nas circunstâncias territoriais francesas de S. Pedro e Miquelon e de Mayotte, JO L 030, 4.2.1999,pp. 29-30.

3 Esta consulta complementa um Parecer anterior do BCE sobre o estatuto e as funções do IEDOM (procedimento de consulta doBCE N.º 20 de 1999).

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000160

2 Cumprimento das proibições de financiamento monetárioe de acesso privilegiado

Nos termos da alínea d) do artigo 237.º doTratado, o Conselho Geral do BCE tem afunção de acompanhar o cumprimento porparte dos 15 BCN da UE das respectivasobrigações estipuladas nos artigos 101.º e102.º do Tratado e nos Regulamentos (CE)N.ºs 3603/93 e 3604/93 do Conselho. Alémdisso, o Conselho Geral acompanha ocumprimento destas disposições pelo BCE. Oartigo 101.º proíbe a concessão de créditossob a forma de descobertos ou sob qualqueroutra forma pelo BCE ou pelos BCN embenefício de governos e instituições ouorganismos da Comunidade, bem como acompra directa de títulos de dívida a essasentidades. O artigo 102.º proíbe quaisquermedidas, não baseadas em considerações deordem prudencial, que possibilitem o acessoprivilegiado às instituições financeiras porparte dos governos e instituições ou orga-nismos da Comunidade. A par do ConselhoGeral, a Comissão Europeia acompanha ocumprimento por parte dos Estados--membros das disposições atrás referidas.

O Conselho Geral considera muito impor-tante o respeito em todas as circunstânciaspelas disposições do Tratado acima men-cionadas e Regulamentos (CE) do Conselhoassociados. O financiamento monetário dosgovernos e instituições públicas, bem como

qualquer forma de acesso privilegiado ainstituições financeiras, poderia prejudicar deforma significativa a credibilidade da políticamonetária única e gerar maiores expectativasinflacionistas. Além disso, poderia reduzir osincentivos para a prossecução da conso-lidação orçamental nos países da área doeuro, ao proporcionar aos governos umaforma fácil de financiar as suas dívidas.

O Conselho Geral acompanha igualmente acompra pelos BCN em mercado secundáriode instrumentos de dívida emitidos quer pelosector público interno, quer pelo sectorpúblico de outros Estados-membros. Nostermos dos considerandos do Regulamento(CE) N.º 3603/93 do Conselho, a aquisição deinstrumentos de dívida do sector público nomercado secundário não deve servir parailudir o objectivo visado no artigo 101.º doTratado.Tais aquisições não se deverão tornaruma forma de financiamento monetárioindirecto ao sector público.

Relativamente a 2000, o Conselho Geral nãoencontrou nenhum caso de não cumprimentodos requisitos do Tratado e dos Regulamentosdo Conselho (CE) associados pelos BCN dosEstados-membros ou pelo BCE.

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161BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Nos termos do n.º 2 do artigo 123.º doTratado e do artigo 2.º do Regulamento (CEE)N.º 1969/88 do Conselho, de 24 de Junho de1988, o BCE continuou a administrar asoperações activas e passivas efectuadas pelaComunidade Europeia ao abrigo domecanismo de Assistência Financeira a MédioPrazo.

Em 2000, o BCE recebeu os montantes emdívida relativos ao capital e juros dos

empréstimos por liquidar pelo único paísmutuário (Itália) e pagou-os aos credores daComunidade Europeia. O montante total das operações activas por liquidar daComunidade com a Itália ascendia a €2 483 milhões em 31 de Dezembro de 1999.Após a amortização final efectuada pela Itáliaem Novembro de 2000, não restava qualquersaldo por liquidar no final de 2000.

3 A administração das operações activas e passivas efectuadas pelaComunidade Europeia

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Helsinki Art School for Young People, FinlândiaAutoria:Annu Martikainen.Título: Colours playing along

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Capítulo Capítulo XI

Comunicação externa

e responsabilização

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000164

1.1 Objectivos da política decomunicação

O BCE atribui grande importância à eficáciada comunicação externa. Apesar de o BCEpoder contar com os conhecimentosespecializados e com a credibilidade dos BCNda área do euro, ao contrário destes últimosnão possui um longo historial e opera numenquadramento multilingue e multicultural.Estes factores desempenharam um papelmuito importante no desenvolvimento eapuramento da política de comunicação doBCE e do Eurosistema e explicam o facto de oBCE comunicar mais activamente do que amaioria dos outros bancos centrais.

O BCE estabeleceu uma política decomunicação externa baseada nocumprimento dos princípios de abertura,transparência e responsabilização. Reco-nhece-se que a comunicação eficaz éfundamental para a concretização dosobjectivos globais do BCE. Em linha com aorganização de um modo geral descen-tralizada do SEBC e do Eurosistema, os BCNdo Eurosistema desempenham um papelimportante na concretização dos objectivosda política de comunicação do Eurosistema.Os órgãos de decisão do BCE e o Comité deComunicações Externas, que reúne os peritosem comunicação do BCE e dos BCN,exercem uma coordenação contínua dasactividades de comunicação.

Os objectivos gerais da política decomunicação do Eurosistema são osseguintes:

• contribuir para a eficácia e eficiência dapolítica monetária; e

• melhorar o conhecimento acerca doEurosistema e das suas políticas, por partedo público dos países participantes e foradeles.

Foram adoptados dois princípiosorientadores para atingir estes objectivos:

1 A comunicação “a uma só voz” sobre apolítica monetária única para a área doeuro é considerada desejável.

2 A transparência dos objectivos de política,das atribuições e das decisões doEurosistema deve ser promovida,contribuindo dessa forma para aresponsabilização do Eurosistema; aconfiança e o conhecimento do modocomo o Eurosistema funciona devem serfomentados.

Para que a comunicação seja eficaz torna-senecessário que se observem outrosprincípios: a comunicação externa deverá serconsistente em toda a área do euro, otratamento dos diferentes países e meios decomunicação deverá ser igual e nãodiscriminatório e a informação deverá serdisponibilizada atempadamente.

Os Estatutos do SEBC impõem legalmentealgumas obrigações ao BCE relativamente àcomunicação. O BCE deve publicar umrelatório sobre as actividades do SEBC pelomenos uma vez por trimestre, e um relatórioanual sobre essas actividades e a políticamonetária do Eurosistema. Além disso, o BCEdeve publicar semanalmente a situaçãofinanceira consolidada do Eurosistema.

Desde a introdução do euro em 1 de Janeirode 1999, o BCE decidiu que deveria ir alémdos requisitos legais em matéria decomunicação externa. Foi reconhecido desdeo início que vários meios teriam deser utilizados para que o BCE atingisse osseus objectivos últimos em matéria de comunicação. Esta posição levou,nomeadamente, à decisão de publicar umBoletim Mensal do BCE, em vez de apenas umrelatório trimestral, e de realizar conferênciasde imprensa regularmente.

Com base nos princípios gerais acimamencionados, o Eurosistema utiliza umagrande variedade de instrumentos decomunicação. Os membros da Comissão

1 Actividades e política de comunicação do BCE

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165BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Executiva do BCE e os Governadores dosBCN, assim como os funcionários doEurosistema, dedicam bastante tempo erecursos à comunicação externa. Os órgãosde decisão do BCE e o Comité deComunicações Externas revêem continua-mente em que medida os objectivos geraisestão a ser atingidos.

1.2 Actividades de comunicação

Na escolha dos instrumentos decomunicação, o BCE procura divulgarinformação ao público em geral e seusrepresentantes eleitos, aos mercadosfinanceiros e a outros grupos de interesse, demodo a tomar devidamente em consideraçãoa diversidade dos grupos-alvo. Para ocumprimento destes requisitos, são utilizadosvários canais diferentes:

• Conferências de imprensa conduzidas peloPresidente e pelo Vice-Presidente do BCE, numa base regular, em geralimediatamente após a primeira reunião doConselho do BCE de cada mês.

• O Boletim Mensal do BCE é geralmentepublicado uma semana após a primeirareunião do Conselho do BCE de cada mês,contendo pormenores sobre a avaliaçãodo BCE relativamente à situaçãoeconómica, assim como artigos sobrequestões especiais relacionadas com asactividades do Eurosistema. Além disso, oBoletim Mensal do BCE inclui uma secçãoestatística com uma grande variedade dedados económicos e financeiros sobre aárea do euro.

• O Relatório Anual do BCE faz um balançoda política monetária no ano anterior e noano corrente. Analisa ainda outrasactividades do Eurosistema e do SEBC.

• Trimestralmente, o Presidente do BCEcomparece perante o Comité de AssuntosEconómicos e Monetários do ParlamentoEuropeu. Estas audiências públicas sãotratadas no Capítulo XI, Secção 2, dopresente Relatório Anual.

• Discursos públicos e entrevistas realizadaspelos membros dos órgãos de decisão do

BCE constituem um meio importantede estes se dirigirem directamente aaudiências importantes.

• Comunicados de imprensa têm comoobjectivo principal a disponibilização aopúblico de informação estatística ou deanúncios breves de política.

• Brochuras e outras publicações impressassão destinadas a grupos-alvo, que vão dopúblico em geral a especialistas em várioscampos.

• A Série Documentos de Trabalho procuradivulgar os resultados da investigaçãorealizada pelo BCE ou apresentada noâmbito das conferências e seminários doBCE à comunidade académica e aosmercados financeiros. Os Documentos deTrabalho do BCE são publicados no nomedos autores.

• A Série Documentos de TrabalhoOcasionais, iniciada em Julho de 2000,apresenta tópicos de política a umaaudiência alargada, incluindo outrosdecisores de política, académicos, meiosde comunicação e público em geral. OsDocumentos de Trabalho Ocasionais doBCE são publicados no nome dos autores.

• A alimentação directa de páginas paraagências de notícias proporciona ao BCE a oportunidade de divulgar, aosparticipantes no mercado financeiro,informações sensíveis ao mercado emtempo real.

• Grupos de visitantes são recebidos noBCE numa base quase diária ao longo doano. Deste modo, os visitantes – cerca de10 000 no ano passado – recebeminformação em primeira mão sobre o BCEe as suas actividades.

• Conferências académicas são organizadaspara estimular a interacção entreeconomistas interessados em questões debanca central.

O crescente nível de acesso à Internet entrea população da área do euro facilitou muito oprocesso da pronta disponibilização deinformação. A página do BCE na Internet(www.ecb.int) desempenha presentementeum papel importante na comunicação com opúblico. Todos os documentos publicados

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000166

pelo BCE podem ser consultados e obtidos apartir da página do BCE na Internet. Existemlinhas directas de correio electrónico paradar resposta a vários tipos de perguntas.Além disso, a página do BCE na Internetproporciona ligações às páginas na Internet detodos os BCN da UE, nas quais estãodisponíveis muitas das publicações nasrespectivas línguas.

Uma parte substancial da procura deinformação é já satisfeita através dadistribuição electrónica, tendo esta vindo aganhar uma importância crescente. Emboraseja de esperar a manutenção desta tendência,ela não substituirá a comunicação através demeios de comunicação mais tradicionais, queconstituem importantes intermediários entreo BCE e o público em geral.

2 Troca de informação e de opiniões com o Parlamento Europeu

2.1 Relações entre o BCE e oParlamento Europeu

No decurso do ano 2000, os membros daComissão Executiva do BCE e o Presidenteem particular continuaram a comparecerperante o Parlamento Europeu para prestarinformações acerca da política monetária ede outras actividades do SEBC. Estascomparências regulares têm por base o n.º 3do artigo 113.º do Tratado, segundo o qual oBCE deverá enviar anualmente ao ParlamentoEuropeu, ao Conselho, à Comissão e ainda aoConselho Europeu um relatório sobre asactividades do SEBC e sobre a políticamonetária do ano anterior e do ano emcurso. O Presidente do BCE apresentará esserelatório ao Parlamento Europeu que, combase nesse relatório, pode proceder a umdebate geral. Além disso, o Presidente do BCEe os outros membros da Comissão Executivapodem, a pedido do Parlamento Europeu oupor sua própria iniciativa, ser ouvidos pelascomissões competentes do ParlamentoEuropeu.

As comparências regulares do Presidente e deoutros membros da Comissão Executivaperante o Parlamento Europeu constituemuma ferramenta essencial para adisponibilização ao público europeu e aosseus representantes directamente eleitos deexplicações pormenorizadas relativas aocumprimento das atribuições do Tratado.

De acordo com a prática corrente, oPresidente do BCE compareceu, todos ostrimestres, perante o Comité de Assuntos

Económicos e Monetários do ParlamentoEuropeu. Estas comparências centraram-se napolítica monetária e na evolução económica,em particular nos factores que afectampotencialmente a estabilidade de preços. OPresidente prestou informação acerca dasdecisões tomadas pelo Conselho do BCE nodomínio da política monetária, bem como emoutros domínios das atribuições do SEBC, eexplicou pormenorizadamente a análisesubjacente a estas decisões.

Além disso, os membros da ComissãoExecutiva do BCE compareceram perante oComité de Assuntos Económicos eMonetários em várias outras ocasiões. OVice-Presidente apresentou o Relatório Anualde 1999 e o Relatório de Convergência de2000, que abrangeu a Grécia e a Suécia.Outros membros da Comissão Executivacompareceram perante o Comité paradisponibilizar informação sobre a preparaçãoda Campanha de Informação Euro 2002 epara apresentar o parecer do BCE no querespeita à análise da economia da UEefectuada pela Comissão em 1999. Por último,o BCE participou, a nível técnico, nas reuniõesdo Comité para apresentar a Recomendaçãodo BCE sobre um Regulamento do Conselhorelativo a novas contribuições em activos dereserva exigidos pelo BCE e para explicara preocupação do BCE com projectos delegislação secundária relativos a instituiçõesde moeda electrónica. A Caixa 13 dá umapanorâmica global das comparências públicasdos representantes do BCE perante oParlamento Europeu em 2000.

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167BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Para além destas comparências públicas,houve diversos contactos entre o BCE e oParlamento Europeu fora do âmbito formaldas reuniões parlamentares oficiais. Emparticular, uma delegação de membros doComité de Assuntos Económicos eMonetários visitou o BCE no dia 23 deOutubro de 2000 para trocar ideias com aComissão Executiva.

2.2 Pareceres do BCE sobre questõesespecíficas abordadas nas reuniõescom o Parlamento Europeu

No decurso de várias trocas de opiniõesentre o BCE e o Parlamento Europeu noâmbito do Comité de Assuntos Económicos eMonetários, foram abordadas diversas

questões. As secções seguintes dão umapanorâmica global do debate sobre algunstemas principais.

Contribuição da política monetária únicapara as políticas económicas gerais daComunidade

O artigo 105.º do Tratado estipula que, semprejuízo do objectivo da estabilidade dospreços, o SEBC apoiará as políticaseconómicas gerais na Comunidade. Nestecontexto, uma das questões principais levan-tadas na troca de opiniões entre o BCE e oParlamento Europeu foi a forma de a políticamonetária única melhor contribuir para osobjectivos gerais da política económicada Comunidade, tais como o crescimento

Caixa 13

Comparências públicas dos representantes do BCE perante o Parlamento Europeuem 2000

Em 5 de Julho de 2000, o Presidente apresentou o Relatório Anual do BCE de 1999 na sessão plenária do

Parlamento Europeu.

Representantes do BCE compareceram perante o Comité de Assuntos Económicos e Monetários para diversos

assuntos:

• troca de opinião com o Presidente numa base trimestral (20 de Março, 20 de Junho, 12 de Setembro, 23 de

Novembro);

• troca de opinião com Otmar Issing sobre o relatório da Comissão intitulado “EU Economy – 1999 Review”

(“Economia da UE – Balanço de 1999”) (10 de Janeiro);

• apresentação da Recomendação do BCE a um Regulamento do Conselho relativo a novas contribuições em

activos de reserva exigidos pelo BCE (27 de Janeiro);

• apresentação do parecer do BCE sobre a proposta da Comissão para uma Directiva do Parlamento Europeu

e do Conselho relativa ao acesso à actividade das instituições de moeda electrónica e ao seu exercício, bem

como à sua supervisão prudencial (28 de Fevereiro);

• apresentação do Relatório Anual do BCE de 1999 pelo Vice-Presidente (17 de Abril);

• apresentação do Relatório de Convergência do BCE de 2000 pelo Vice-Presidente (3 de Maio);

• troca de opinião com Domingo Solans sobre a Campanha de Informação Euro 2002 relativa às notas e

moedas de euro (5 de Junho).

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000168

sustentável e não inflacionista e um elevadonível de emprego.

Neste contexto, o Presidente do BCElembrou que o melhor contributo da políticamonetária para os objectivos de crescimentoe de emprego era proporcionar aos agenteseconómicos a expectativa bem fundamentadade que a evolução económica futura seriacaracterizada pela estabilidade de preços. Umclima de estabilidade de preços permitiria àsempresas e consumidores tomar decisões deinvestimento e despesa sem que estas fossemdistorcidas pela inflação ou pela deflação. Defacto, a estabilidade de preços contribui parauma mais eficiente afectação de recursos naeconomia e cria condições propícias aocrescimento e ao emprego.

Por conseguinte, o ponto central da políticamonetária única é – e deverá continuar a ser– a manutenção da estabilidade de preços, queconstitui a principal atribuição cometida aoEurosistema pelo Tratado. A necessidade deincidir sobre a estabilidade de preços foitambém explicitamente reconhecida naresolução do Parlamento Europeu sobre oRelatório Anual de 1999 do BCE, que afirmaque “o contributo do BCE para a promoçãodo crescimento e do emprego consisteprimordialmente em garantir, de formacredível e duradoura, a estabilidade dospreços” (considerando H).

Valor externo do euro

O valor externo do euro, a avaliação do BCEdas razões subjacentes à evolução da taxa decâmbio do euro e a questão das respostas depolítica adequadas têm sido também alvo deuma atenção generalizada.

O Presidente explicou que a evolução dovalor externo do euro foi analisada de formaregular e cuidada pelo Conselho do BCE, emparticular no que respeita ao seu impactopotencial na estabilidade de preços na área doeuro. O Eurosistema partilhou a preocupaçãode que a taxa de câmbio do euro não reflectiaa robustez dos fundamentos económicos da

área do euro. Salientou ainda que osindicadores económicos disponíveissugeriram o forte potencial de apreciação doeuro.

Neste contexto, o Presidente lembrou asconclusões dos Governos da área do euro noâmbito do Eurogrupo, em especial anecessidade de acelerar o processo deconsolidação orçamental e de promoverreformas estruturais com vista a aumentar opotencial de crescimento da área do euro. Aimportância de reformas estruturais étambém sublinhada pela resolução doParlamento Europeu sobre o Relatório Anualde 1999 do BCE (n.º 11).

Serviços de pagamentos a retalhotransfronteiras da área do euro

Em Setembro de 1999, o Eurosistema lançouuma iniciativa com vista a melhorar osserviços de pagamentos a retalhotransfronteiras na área do euro e definiu seteobjectivos principais de política, que se esperaque o sector bancário europeu cumpra até aoinício de 2002. O Parlamento Europeumanifestou um grande interesse nestainiciativa bem como no primeiro relatóriocomplementar publicado pelo BCE emSetembro de 2000.

Durante a troca de opiniões com o Comitéde Assuntos Económicos e Monetários, oPresidente recordou a lógica subjacente àiniciativa do Eurosistema, nomeadamente queas comissões cobradas pelas transacções depagamentos a retalho transfronteiras na áreado euro e o respectivo tempo de execuçãodeveriam ser semelhantes às dos pagamentosa retalho domésticos. O Presidente referiutambém os contactos que o BCE tinhaestabelecido com o sector bancário europeucom vista a explorar métodos práticos deaumentar a eficiência dos sistemas depagamentos a retalho transfronteiras.

Na apresentação das principais conclusões dorelatório ao Comité, o Presidente salientouque a maioria dos objectivos definidos pelo

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169BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Eurosistema não tinha sido ainda cumprida,mas que tinham sido feitos progressosconsideráveis na criação das condições paraum tratamento mais eficiente dos pagamentosa retalho transfronteiras. O Eurosistemacontinuaria a acompanhar de perto aevolução dos serviços de pagamentos aretalho transfronteiras, por forma a assegurarque os preparativos actualmente em curso setraduziriam, em última instância, em serviçosadequados para os cidadãos europeus.

É disponibilizada no Capítulo VI informaçãomais pormenorizada sobre a iniciativa doEurosistema para a melhoria dos serviços depagamentos a retalho transfronteiras e sobreo relatório publicado neste contexto.

Campanha de Informação Euro 2002

Uma outra questão central prendeu-se com anecessidade de preparar adequadamente oscidadãos europeus para a introdução dasnotas e moedas de euro no dia 1 de Janeirode 2002. Neste contexto, o Comité deAssuntos Económicos e Monetáriosmanifestou interesse em informação maispormenorizada sobre a Campanha deInformação Euro 2002, dirigida peloEurosistema. A convite do Comité, ummembro da Comissão Executiva apresentouas características principais da campanha deinformação ao Comité.

Durante a discussão, os membros do Comitéatribuíram grande importância a umacoordenação eficiente das diferentescampanhas de informação preparadas erealizadas a nível europeu e nacional.Além domais, especial atenção deverá ser atribuída àprestação de informação apropriada a gruposvulneráveis, tais como invisuais e parcialmenteinvisuais.

O BCE salientou que a Campanha deInformação Euro 2002 seria coordenada comtodas as instituições relevantes a níveleuropeu e nacional, de forma a evitarmensagens contraditórias e confusas, bemcomo a duplicação de mensagens e lacunas de

informação. De facto, o BCE coordena deperto as suas actividades de informação coma Comissão Europeia e o ParlamentoEuropeu. A plataforma principal decoordenação das estratégias de comunicaçãosão as reuniões trimestrais dos DirectoresNacionais de Comunicação sobre o Euro, nasquais participam representantes do BCE, daComissão Europeia e dos Estados-membros.Além do mais, um representante da ComissãoEuropeia faz parte do grupo de trabalho doEurosistema para a Campanha de InformaçãoEuro 2002. Para além disso, o BCE estáenvolvido num processo de cooperação comorganizações representativas de gruposvulneráveis, tais como a European Blind Union(União Europeia de Invisuais), no contexto doprojecto “Facilitar o Euro”. No Capítulo VIII,Secção 4, encontra-se informação maispormenorizada sobre a Campanha deInformação Euro 2002.

Recomendação do BCE sobre umRegulamento do Conselho relativo a novascontribuições em activos de reserva exigidospelo BCE

Com base nas disposições relevantes doTratado (em particular no n.º 6 do artigo107.º do Tratado e no artigo 30.º - 4 dosEstatutos do SEBC), o BCE apresentou umaRecomendação sobre um Regulamento doConselho relativo à transferência para o BCEde activos de reserva externa para além domontante inicial de €50 mil milhões pelosbancos centrais nacionais do Eurosistema.Conforme o estipulado pelo Tratado, oParlamento Europeu foi consultado nesteprocedimento. No decurso do processo deconsulta, técnicos do BCE participaram numareunião do Comité de Assuntos Económicose Monetários para apresentar a Reco-mendação e responder a quaisquer questõesdo Comité a este respeito.

O BCE salientou que a Recomendação sobreeste Regulamento do Conselho constituía umrequisito do Tratado, não pretendendoefectivamente aumentar as reservas externasna conjuntura actual. Salientou-se também

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000170

que o BCE recorreria a esta disposiçãoapenas para reconstituir as suas reservas atéao montante inicial.

A Recomendação apresentada pelo BCE teveum apoio evidente do Comité, que sublinhou

que o BCE deveria ter a possibilidade deutilizar as reservas externas detidas pelosBCN do Eurosistema. A Recomendação doBCE veio a ser aprovada pelo ParlamentoEuropeu na sua sessão plenária.

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171BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

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Académie du Westhoek, Koksijde, BélgicaAutoria: Chantal Grard.Título: Euro 2000 – Unity

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Capítulo Capítulo XII

O quadro institucional

do Eurosistema

e o Sistema Europeu

de Bancos Centrais

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000174

O Sistema Europeu de Bancos Centrais(SEBC) é constituído pelo Banco CentralEuropeu (BCE) e pelos bancos centraisnacionais (BCN) de todos os 15 Estados--membros da UE, ou seja, inclui os três BCNdos Estados-membros que não adoptaramainda o euro (ver Capítulo III sobre a entradada Grécia na área do euro). Com o objectivode promover a transparência e de facilitar acompreensão da estrutura dos bancoscentrais na UE, o termo “Eurosistema” foiadoptado pelo Conselho do BCE. OEurosistema compreende o BCE e os BCNdos Estados-membros que adoptaram o euro(Estados-membros participantes). Enquantoexistirem Estados-membros que não tenhamainda adoptado o euro, será necessário fazeruma distinção entre o Eurosistema e o SEBC.

O BCE, ao abrigo do direito públicointernacional, tem personalidade jurídica. Foiestabelecido como núcleo do Eurosistema e

assegura a realização das atribuições doEurosistema quer através das suas própriasactividades, quer através dos BCN. Natomada de decisões sobre a forma como asatribuições deverão ser desenvolvidas, o BCErege-se pelo princípio da descentralização,nos termos dos Estatutos do SEBC.

Cada BCN tem personalidade jurídica nostermos da legislação nacional do respectivopaís. Embora com personalidades jurídicasdistintas, os BCN da área do euro são parteintegrante do Eurosistema. Nessa qualidade,realizam as atribuições que competem aoEurosistema, de acordo com os regulamentosestabelecidos pelo BCE. Os BCN tambémcontribuem para os trabalhos do SEBC,nomeadamente através da participação dosrespectivos representantes nos diversosComités do SEBC (ver Secção 4 mais abaixo).Os BCN podem exercer funções que não sãoconsideradas funções do Eurosistema, sob a

1 O Eurosistema e o Sistema Europeu de Bancos Centrais

EUROSISTEM

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Conselhodo BCE

Comissão Executiva

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lho

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ral Banco Central Europeu (BCE)

DanmarksNationalbank

Sveriges Riksbank

Bank of England

Nationale Bank van België/Banque Nationale de Belgique

Deutsche Bundesbank

Bank of Greece

Banco de Espan̄a

Banque de France

Central Bank of Ireland

DanmarksNationalbank

Sveriges Riksbank

Bank of England

Nationale Bank van België/Banque Nationale de Belgique

Deutsche Bundesbank

Bank of Greece

Banco de Espan̄a

Banque de France

Central Bank of Ireland

Banca d’Italia

Banque centrale duLuxembourg

De Nederlandsche Bank

Oesterreichische Nationalbank

Banco de Portugal

Suomen Pankki

Banca d’Italia

Banque centrale duLuxembourg

De Nederlandsche Bank

Oesterreichische Nationalbank

Banco de Portugal

Suomen Pankki

Conselhodo BCE

Comissão Executiva

Banco Central Europeu (BCE)

Co

nse

lho

Ge

ral

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175BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

sua própria responsabilidade, salvo se oConselho do BCE for de opinião que tais

funções interferem com os objectivos eatribuições do Eurosistema.

2 Os órgãos de decisão do BCE

O Eurosistema e o SEBC são dirigidos pelosórgãos de decisão do BCE: o Conselho doBCE e a Comissão Executiva. Sem prejuízo, oConselho Geral é constituído como umterceiro órgão de decisão do BCE, desde queexistam, e enquanto existirem, Estados--membros que não tenham ainda adoptado oeuro como sua moeda. O funcionamento dosórgãos de decisão é regulamentado peloTratado que institui a Comunidade Europeia(o Tratado), os Estatutos do SEBC e osRegulamentos InternosI relevantes. Enquantoas decisões relacionadas com os objectivos eatribuições do Eurosistema/SEBC sãotomadas de forma centralizada, as operaçõesna área do euro são descentralizadas e sãorealizadas pelos BCN na medida consideradaadequada e possível.

2.1 O Conselho do BCE

O Conselho do BCE, o órgão de decisãosupremo do BCE, é composto por todos osmembros da Comissão Executiva e pelosgovernadores dos BCN dos Estados--membros que adoptaram o euro. Nostermos do Tratado, as principais atribuiçõesdo Conselho do BCE são:

• adoptar as orientações e tomar asdecisões necessárias ao desempenho dasatribuições cometidas ao SEBC; e

• definir a política monetária da área doeuro, incluindo, quando apropriado, asdecisões respeitantes a objectivos

monetários intermédios, taxas de jurobásicas e aprovisionamento de reservas no Eurosistema, estabelecendo asorientações necessárias à respectivaexecução.

Quando tomam decisões sobre políticamonetária e sobre outras atribuições doEurosistema, os membros do Conselho doBCE não actuam como representantesnacionais, mas na qualidade de membrostotalmente independentes. Esta actuaçãoreflecte-se no princípio “um membro, umvoto”.

Em 2000, o Conselho do BCE reuniu, regrageral, com uma frequência quinzenal nasinstalações do BCE em Frankfurt, naAlemanha. Três destas reuniões, no entanto,foram realizadas através de teleconferência.Além disso, de acordo com a decisão tomadaanteriormente de que o Conselho do BCEdeveria reunir duas vezes por ano num outropaís da área do euro, uma dessas reuniões foipromovida pelo Banco de España, em Madrid,e outra pela Banque de France, em Paris.

1 Os regulamentos internos foram publicados no Jornal Oficial dasComunidades Europeias, ver regulamento interno do BancoCentral Europeu, JO L 125,19.5.1999,p.34 e L 314,8.12.1999,p. 32; regulamento interno do Conselho Geral do BCE, JO L 75,20.3.1999, p. 36 e L 156, 23.6.1999, p. 52; Decisão do BancoCentral Europeu de 12 de Outubro de 1999 relativa aoregulamento interno da Comissão Executiva do Banco CentralEuropeu (BCE/1999/7), JO L 314, 8.12.1999, p. 34. À excepçãodo último, os restantes regulamentos internos foram reproduzidosno primeiro livro anual jurídico do BCE “Compendium: Collectionof legal instruments” (“Compendium”: Colectânea de instru-mentos jurídicos), Junho 1998 – Maio 1999”, Outubro de 1999.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000176

Willem F. Duisenberg Presidente do BCEChristian Noyer Vice-Presidente do BCE Jaime Caruana Governador do Banco de España

(a partir de 12 de Julho de 2000)Vítor Constâncio Governador do Banco de Portugal

(a partir de 23 de Fevereiro de 2000)Eugenio Domingo Solans Membro da Comissão Executiva do BCEAntonio Fazio Governador da Banca d’ItaliaSirkka Hämäläinen Membro da Comissão Executiva do BCEOtmar Issing Membro da Comissão Executiva do BCEKlaus Liebscher Governador do Oesterreichische NationalbankYves Mersch Governador da Banque Centrale du LuxembourgMaurice O’Connell Governador do Central Bank of IrelandTommaso Padoa-Schioppa Membro da Comissão Executiva do BCELucas D. Papademos2 Governador do Banco da GréciaGuy Quaden Governador do Nationale Bank van België/

Banque Nationale de BelgiqueLuis Ángel Rojo (até 11 de Julho de 2000) Governador do Banco de EspañaAntónio José Fernandes de Sousa Governador do Banco de Portugal

(até 22 de Fevereiro de 2000) Jean-Claude Trichet Governador da Banque de FranceMatti Vanhala Governador do Suomen PankkiNout Wellink Presidente do De Nederlandsche BankErnst Welteke Presidente do Deutsche Bundesbank

2 O Governador do Banco da Grécia assistiu a todas as reuniões do Conselho do BCE na segunda metade de 2000,na qualidade de “convidadoespecial”, na sequência da decisão tomada pelo Conselho da UE em 19 de Junho de 2000 de revogar a derrogação da Grécia, com efeitosa partir de 1 de Janeiro de 2001.

O Conselho do BCE

Fila de trás (da esquerda para a direita): Yves Mersch, Lucas D. Papademos, Jaime Caruana,Antonio Fazio, Matti Vanhala,Guy Quaden, Ernst Welteke, Nout Wellink, Jean-Claude Trichet, Maurice O’Connell, Klaus Liebscher,Vítor Constâncio

Fila da frente (da esquerda para a direita): Otmar Issing,Tommaso Padoa-Schioppa, Christian Noyer,Willem F. Duisenberg,Sirkka Hämäläinen, Eugenio Domingo Solans

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177BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

2.2 A Comissão Executiva

A Comissão Executiva é composta peloPresidente, pelo Vice-Presidente e por quatrooutros membros, nomeados de comumacordo, pelos Governos dos Estados-membrosparticipantes, a nível de chefes de Estado oude Governo. As principais responsabilidadesda Comissão Executiva são:

• preparar as reuniões do Conselho doBCE;

• executar a política monetária de acordocom as orientações e decisões esta-belecidas pelo Conselho e, para tal, dar as

instruções necessárias aos BCN doEurosistema;

• ser responsável pela gestão dasactividades correntes do BCE; e

• assumir determinados poderes que lhetenham sido delegados pelo Conselho,incluindo os de natureza regulamentar.

Segundo a prática actual, a ComissãoExecutiva reúne pelo menos uma vez porsemana, a fim de decidir sobre a execução dapolítica monetária, a preparação das reuniõesdo Conselho do BCE e questões internas doBCE.

Willem F. Duisenberg Presidente do BCE Christian Noyer Vice-Presidente do BCEEugenio Domingo Solans Membro da Comissão Executiva do BCESirkka Hämäläinen Membro da Comissão Executiva do BCEOtmar Issing Membro da Comissão Executiva do BCETommaso Padoa-Schioppa Membro da Comissão Executiva do BCE

Fila de trás (da esquerda para a direita): Eugenio Domingo Solans,Tommaso Padoa-Schioppa, Otmar IssingFila da frente: Christian Noyer, Willem F. Duisenberg, Sirkka Hämäläinen

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000178

2.3 O Conselho Geral

O Conselho Geral é composto pelo Presidentee pelo Vice-Presidente do BCE e pelosgovernadores de todos os 15 BCN, ou seja,dos Estados-membros participantes e dos nãoparticipantes. O Conselho Geral desempenhaas atribuições que o BCE assumiu do InstitutoMonetário Europeu, as quais, devido ao factode nem todos os Estados-membros teremadoptado o euro, devem ainda serdesempenhadas pelo BCE na Terceira Fase da UEM. Assim, o Conselho Geral éprimeiramente responsável por apresentarrelatórios sobre os progressos alcançados nosentido da convergência pelos Estados--membros não participantes3 e por acon-selhar sobre os preparativos necessários para

a fixação irrevogável das taxas de câmbio dasmoedas desses Estados-membros (verCapítulo IV). Além disso, o Conselho Geralcontribui também para actividades específicasdo BCE, tais como as funções consultivas (verCapítulo X) e a compilação de informaçãoestatística (ver Capítulo IX). Em 2000, oConselho Geral reuniu cinco vezes emFrankfurt.

3 Nos termos do Protocolo relativo a certas disposiçõesrelacionadas com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda doNorte e do Protocolo relativo a certas disposições relacionadascom a Dinamarca, ambos em anexo ao Tratado, estes relatóriosapenas serão realizados para o Reino Unido e Dinamarca, casoestes países decidam adoptar o euro.

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179BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Willem F. Duisenberg Presidente do BCEChristian Noyer Vice-Presidente do BCEBodil Nyboe Andersen Governadora do Danmarks NationalbankUrban Bäckström Governador do Sveriges RiksbankJaime Caruana Governador do Banco de España

(desde 12 de Julho de 2000) Vítor Constâncio Governador do Banco de Portugal

(desde 23 de Fevereiro de 2000) Antonio Fazio Governador da Banca d’ItaliaEdward A. J. George Governador do Bank of EnglandKlaus Liebscher Governador do Oesterreichische NationalbankYves Mersch Governador da Banque Centrale du LuxembourgMaurice O’Connell Governador do Central Bank of IrelandLucas D. Papademos Governador do Banco da GréciaGuy Quaden Governador do Nationale Bank van België/

Banque Nationale de BelgiqueLuis Ángel Rojo (até 11 de Julho de 2000) Governador do Banco de EspañaAntónio José Fernandes de Sousa Governador do Banco de Portugal

(até 22 de Fevereiro de 2000)Jean-Claude Trichet Governador da Banque de FranceMatti Vanhala Governador do Suomen PankkiNout Wellink Presidente do De Nederlandsche BankErnst Welteke Presidente do Deutsche Bundesbank

O Conselho Geral

Fila de trás (da esquerda para a direita): Klaus Liebscher, Guy Quaden,Antonio Fazio, Matti Vanhala, Lucas D. Papademos,Urban Bäckström, Ernst Welteke, Nout Wellink, Edward A.J. George, Maurice O’Connell, Jean-Claude Trichet

Fila da frente (da esquerda para a direita): Jaime Caruana,Yves Mersch, Christian Noyer,Willem F.Duisenberg, Bodil Nyboe Andersen,Vítor Constâncio

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3.1 Gestão

Além dos órgãos de decisão do BCEdescritos nas secções anteriores, a gestão doBCE inclui ainda o controlo interno e externoa diferentes níveis. Os Estatutos do SEBC(artigo 27.º) prevêem, nomeadamente, aexistência de auditores externos e doTribunal Europeu de Auditores4. Maisrecentemente, foi criado um Comité Anti-fraude independente, como forma decontrolo adicional. Além disso, a DirecçãoInterna de Auditoria, que dependedirectamente do Presidente do BCE, efectuacontinuamente missões de auditoria,encontrando-se para tal mandatada pelaComissão Executiva.

A estrutura de controlo interno do BCE tempor base uma abordagem funcional, segundo aqual cada unidade organizativa (Divisão,Direcção ou Direcção Geral) é responsávelpelo seu próprio controlo e eficácia internos.Para tal, as unidades põem em prática umconjunto de procedimentos operativos decontrolo na respectiva área deresponsabilidade. Além destes controlos,algumas unidades organizativas aconselham efazem propostas à Comissão Executiva sobrequestões específicas de controlo, numa basehorizontal (por exemplo, Direcção deControlo e Organização e Divisão deControlo de Operações).

O mandato da Direcção de Auditoria Internaencontra-se definido na Carta de Auditoriado BCE (ECB-Audit Charter). Esta Carta foidefinida com base em padrões técnicosaplicados internacionalmente5. A política deauditoria do SEBC foi estabelecida peloConselho do BCE, a fim de assegurar aauditoria de projectos e sistemas operativosconjuntos a nível do SEBC.

Em Outubro, a Comissão Executiva aprovou oCódigo de Conduta do Banco CentralEuropeu6. O Código de Conduta dáorientações e estabelece referenciais para osfuncionários do BCE e para os membros

da Comissão Executiva, sendo todosencorajados a manter elevados padrões deética profissional no cumprimento dasrespectivas funções no BCE, assim como nassuas relações com os BCN, autoridadespúblicas, participantes de mercado,representantes dos meios de comunicaçãosocial e público em geral. Em conformidade,assemelha-se à iniciativa tomada peloProvedor de Justiça Europeu de efectuar uminquérito sobre um código de boas práticasadministrativas para as relações dosfuncionários da Comunidade com o público.

A Comissão Executiva também adoptou umconjunto de controlos internos, incluindoregras pormenorizadas destinadas a evitar autilização abusiva de informações sensíveisrelativas aos mercados financeiros (“regrassobre a utilização abusiva de informaçãoprivilegiada” e “muralhas da China” (Chinesewalls)). Os funcionários do BCE e os membrosda Comissão Executiva encontram-se, assim,proibidos de utilizar em proveito próprio,quer directa quer indirectamente, através darealização de actividades financeiras privadaspor seu próprio risco, ou por risco e conta deterceiros, informações privilegiadas às quaistenham acesso. O Regime Aplicável aosFuncionários do Banco Central Europeu foialterado em conformidade7.

A autoridade do BCE em matéria orçamentalé o Conselho do BCE, o qual aprova oorçamento do BCE com base numa propostada Comissão Executiva.Além disso, o Comitéde Orçamento coadjuva o Conselho do BCE

3 A organização do BCE

4 As competências do Tribunal Europeu de Auditores incluem aanálise da eficácia operacional da gestão do BCE (artigo 27.º-2dos Estatutos do SEBC).

5 Os princípios e os padrões dos institutos técnicos competentes,como, por exemplo, o Instituto de Auditores Internos e aAssociação de Sistemas Informáticos de Auditoria e Controlo.

6 Ver o Código de Conduta do Banco Central Europeu, emconformidade com o artigo 11.º 3 do Regulamento Interno doBanco Central Europeu, OJ C 76, 8.3.2001, p. 12, e a página doBCE na Internet.

7 Ver a Secção 1.2 das Normas de Pessoal do BCE, que contém asnormas de conduta e de sigilo profissional. JO C 76, 8.3.2001,p. 15.

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181BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

nas questões relacionadas com o orçamentodo BCE.

Com o objectivo de juntar os esforços dasinstituições das Comunidades Europeias edos Estados-membros no combate à fraude ea outras actividades ilegais, os níveisinicialmente existentes de controlo do BCEforam aperfeiçoados através do esta-belecimento de um Comité Antifraude, combase na Decisão do BCE relativa à prevençãoda fraude (BCE/1999/5)8. Este Comité tomouposse no início do exercício em análise, tendonomeado para presidente John L. Murray. OComité Antifraude, que se reuniu três vezesao longo do ano, é mantido regularmenteinformado pela Direcção de Auditoria Internasobre todas as questões relacionadas com ocumprimento das suas atribuições. Emparticular, o Comité acompanhou oestabelecimento de procedimentos internospara a prevenção de fraude no BCE. No seuprimeiro relatório anual, o Comité Antifraudeconcluiu não ter detectado qualquer indíciode fraude ou de actividade ilegal prejudicialaos interesses financeiros do BCE.

3.2 Gestão de recursos humanos

Evolução do pessoal

No final de 2000, o número de funcionáriosdo BCE proveniente de todos os 15Estados-membros situou-se em 941, o quecompara com 732 no final de 1999. Em 30 deNovembro de 2000, o Conselho do BCEaprovou o orçamento do BCE para 2001, oqual prevê um aumento do número defuncionários para um número ligeiramenteacima dos 1 100 no decurso do ano.Consequentemente, a Comissão Executivaaprovou diversos ajustamentos organiza-cionais com o objectivo de reforçar aestrutura de gestão do BCE, reflectidos noorganograma revisto do BCE que entrou emvigor em 4 de Janeiro de 2000, e que foiobjecto de novos ajustamentos, com efeito apartir de 5 de Dezembro de 2000. O esforçode recrutamento do BCE incluiu a oferta deserviços de realojamento, acomodação

temporária, um programa de procura deemprego para cônjuges e formação em línguaspara os novos funcionários e respectivoscônjuges.

Políticas de gestão de recursos humanos

Verificaram-se progressos na codificação dasregras de recrutamento. Presentemente estáa ser analisado um projecto pelo Comité dePessoal e espera-se uma versão final no iníciode 2001. As regras destinam-se a assegurarque o recrutamento e a promoção sejambaseados em princípios de qualificaçãoprofissional, divulgação, transparência, igualacesso e não discriminação e a estabelecerpráticas justas e uniformes para os processosde recrutamento.

A Comissão Executiva aprovou uma propostapara instituir a função de Conselheiro dePessoal e Consultor de Igualdade deOportunidades. Como perito externoindependente, o Consultor procederá àrevisão da situação relativamente à igualdadede oportunidades no BCE e farárecomendações sobre medidas de política. Osconhecimentos técnicos e o estatuto deindependência do consultor proporcionarãorecomendações atempadas e com um elevadonível de credibilidade. A função do consultorexterno poderá ultrapassar a questão daigualdade entre os sexos, estendendo-se aoutras áreas da igualdade de oportunidades(por exemplo, questões relacionadas comdeficiências e discriminação não relacionadacom a igualdade entre os sexos).Além disso, oConsultor pode actuar como uma fonteimparcial na detecção de situações de(potencial) conflito no trabalho e comomediador, assistindo as partes no sentido dealcançar um resultado mutuamente aceitável.

8 Ver a Decisão do Banco Central Europeu de 7 de Outubro de1999, relativa à prevenção da fraude (BCE/1999/5), OJ L 291,13.11.1999, p. 36. Em conformidade com esta Decisão, oregulamento interno do Banco Central Europeu foi alteradoatravés de uma nova alínea a) do artigo 9.º, ver OJ L 314,8.12.1999, p. 32.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000182

O infantário do BCE e a Escola Europeia

O infantário do BCE abriu as portas das suasinstalações provisórias para 30 crianças.As instalações definitivas deverão ficardisponíveis em meados de 2001, tendo emvista acomodar aproximadamente 70 criançasdos três meses de idade até à entrada para aescola primária.

O Conselho de Governadores das EscolasEuropeias aprovou o pedido apresentado pelaRepública Federal da Alemanha para instituiruma Escola Europeia em Frankfurt. O BCEtem envidado esforços para a concretizaçãodeste projecto. A localização da escola já foidecidida e os planos de construção estão aser elaborados. O objectivo é abrir a escolaaté ao ano lectivo de 2002/03.

Pensões

O sistema de gestão do Plano de Reforma doBCE ficou concluído com o estabelecimentodo Comité de Supervisão e dos Comités deInvestimento. O Comité de Supervisão, cujosmembros são eleitos pelos beneficiários,representa os interesses dos beneficiáriosatravés do acompanhamento da gestão globaldo Plano de Reforma. Os Comités deInvestimento, com alguns membros eleitospelo pessoal e outros nomeados peloConselho do BCE, aconselham sobre aestratégia de investimento dos fundos queconstituem os activos do Plano de Reforma

do BCE e do pessoal e acompanham odesempenho do gestor de investimento.

Foi celebrado com o Luxemburgo e os PaísesBaixos um acordo de transferência dedireitos de pensões para o Plano de Reforma.Continuarão a ser envidados esforços nosentido de celebrar acordos com outrospaíses da UE.

Relações de pessoal

Em Junho foi eleito um novo Comité dePessoal, alargado de sete para nove membros.O Porta-voz e dois Porta-vozes Adjuntos doComité de Pessoal são dispensados das suasatribuições normais em 50% e os outrosmembros em 20%. Quando no âmbito da suacompetência, o Comité de Pessoal éconsultado sobre alterações às Condições deEmprego e às Regras de Pessoal e sobreassuntos relacionados.

Por sua própria iniciativa, membros dopessoal criaram um sindicato interno, oSindicato do Pessoal do Banco CentralEuropeu (Union of the Staff of the EuropeanCentral Bank (USE)). Numa base voluntária, oBCE estabeleceu um diálogo institucional aomais elevado nível de gestão com o Sindicato.No entanto, o BCE rejeitou o seu pedido paraser reconhecido como parceiro social para afinalização de acordos colectivos. O Sindicato,em conjunto com um sindicato externo,remeteu a questão para o Tribunal Europeu dePrimeira Instância.

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183BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Comissão Executiva do BCEPresidente Willem F. Duisenberg

Direcçãode Relações PúblicasManfred J. Körber

Direcçãode Secretariado e

Serviços LinguísticosFrank Moss

Direcçãode Auditoria Interna*

Michèle Caparello

Consultores daComissão Executiva

Coordenador:Olaf Sleijpen

Divisãode Publicações Oficiais,Arquivos e Biblioteca

Divisãode Secretariado

Divisãode Imprensa

Divisãode Auditoria do SEBC

Divisãode Auditoria do BCE

Divisãode Protocolo

e Conferências

Comissão Executiva do BCEVice-Presidente Christian Noyer

Direcçãode Finanças Internas

Ian Ingram

Direcçãode Pessoal

Berend van Baak

Divisãode Direito Financeiro

Divisãode Desenvolvimento

de Recursos HumanosDivisão de

Contabilidade

Divisão deInformações Financeirase Política Contabilística

Divisãode Instalações

Divisãode Política de Pessoal

Direcção Geralde Administraçao e Pessoal

Hanspeter K. Scheller

Direcção Geralde Serviços Jurídicos

Antonio Sáinz de Vicuña

Divisãode Direito

Institucional

Divisãode Controlo

de Operações

Comissão Executiva do BCEEugenio Domingo Solans

Divisãode Estatísticas de Balança

de Pagamentos e deReservas Externas

Divisão deDesenvolvimento dosSistemas Informáticos

Divisão deOperações Informáticas

e Serviço ao Cliente

Direcção Geral deSistemas de Informação

Jim EtheringtonAdjunto:

Christian Boersch

Direcção Geral de Estatística

Peter Bull

Divisão deEstatísticas Económicas

e Financeiras Gerais

Divisãode Estatísticas

Monetárias e Bancárias

Direcção de Controloe Organização

Klaus Gressenbauer

Divisão de Processamento

de Operações

Divisão de Sistemas de Gestãode Carteiras de Títulos

Divisão de Gestão

de Fundos Próprios

Divisão de Sala de Operações

Divisão de Orçamento

e Projectos

Divisão de PlanificaçãoOrganizativa

Divisão de Análise

de Operações

Direcção Geral de OperaçõesFrancesco Papadia

Adjuntos: Paul Mercier, Werner Studener

Direcçãode Notas de Banco

Antti Heinonen

Divisão de Impressão deNotas de Banco

Divisão de Emissão de Notas de Banco

Comissão Executiva do BCEOtmar Issing

Direcção Geralde Estudos Económicos

Vítor GasparAdjunto:

Ignazio Angeloni

Divisãode Modelos

Econométricos

Divisãode Estudos

Económicos Gerais

Comissão Executiva do BCETommaso Padoa-Schioppa

Divisãode Política de Sistemas

de Pagamento

Divisãode Relações

Internacionais

Divisãode RelaçõesEuropeias

Divisãode Relações Bilaterais

Direcção Geral deRelações Internacionais

e EuropeiasPierre van der Haegen

Adjunto: Georges Pineau

Divisãodo TARGET eProcessamentode Pagamentos

Divisãode Política de Sistemas

de Liquidação de Títulos

Direcção Geralde Sistemas

de PagamentoJean-Michel Godeffroy

Adjunto: N. N.

Divisãode Supervisão

Prudencial

Divisão deInfraestruturas Informáticas

e Suporte de Sistemas

Divisãode Segurança dos

Sistemas Informáticos

Divisão de Planificaçãodos SistemasInformáticos

e Grandes Projectos

Divisãode Apoio a AplicaçõesInformáticas Específicas

Divisão deServiços Administrativos

e Segurança

Divisãode Sistemas de

Informação Estatística

Direcçãode Política Monetária

Hans-Joachim Klöckers

Direcçãode Evolução Económica

Wolfgang Schill

Divisãode Estratégia de

Política Monetária

Divisãode Evolução

Macroeconómicana Área do Euro

Divisãode Orientação dePolítica Monetária

Divisãode Países da UE

Divisãode Mercados de Capitaise Estrutura Financeira

Divisãode Evolução Externa

Representaçãopermanente do BCE,em Washington, D.C.

Gerald Grisse

Comissão Executiva do BCESirkka Hämäläinen

Direcção Geral de EconomiaGert Jan Hogeweg

Adjuntos: Philippe Moutot, Wolfgang Schill

Divisãode Políticas

Orçamentais

Divisãode ServiçosLinguísticos

3.3 O organograma do BCE

* Foi criada uma Unidade Antifraude dentro da Direcção de Auditoria Interna que responde, através do Director deAuditoria Interna,perante o Comité Antifraude criado de acordo com o estabelecido pela Decisão do Banco CentralEuropeu relativa à prevenção da fraude (BCE/1995/5), de 7 de Outubro de 1999.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000184

Os Comités do SEBC continuaram adesempenhar um papel importante naexecução das atribuições do Eurosistema/SEBC. A pedido do Conselho e da ComissãoExecutiva, os Comités deram apoio emmatérias específicas da sua competência efacilitaram o processo de decisão. OsComités do SEBC são compostos porrepresentantes dos bancos centrais doEurosistema e, quando adequado, por outrosorganismos competentes, tais como

autoridades de supervisão nacionais no casodo Comité de Supervisão Bancária. CadaBCN dos Estados-membros não participantesnomeia um representante para participarnas reuniões dos Comités do SEBC, sempreque sejam discutidas matérias específicasda competência do Conselho Geral.Actualmente, existem 12 Comités do SEBC,todos estabelecidos ao abrigo do Artigo 9.ºdo Regulamento Interno do BCE.

4 Comités do SEBC

Comités do SEBC e seus Presidentes

Comité de EstatísticasPeter Bull

Comité dos Sistemas de Pagamento e LiquidaçãoJean-Michel Godeffroy

Comité de Política MonetáriaGert Jan Hogeweg

Comité de Operações de MercadoFrancesco Papadia

Comité de Questões JurídicasAntonio Sáinz de Vicuña

Comité de Relações InternacionaisHervé Hannoun

Comité de Auditores InternosMichèle Caparello

Comité de Tecnologias de InformaçãoJim Etherington

Comité de Comunicações ExternasManfred J. Körber

Comité de Notas de BancoAntti Heinonen

Comité de Supervisão BancáriaEdgar Meister

Comité de Questões Contabilísticas e Rendimento MonetárioHanspeter K. Scheller

Além dos Comités do SEBC, foi estabelecidopelo Conselho do BCE o Comité deOrçamento, com base no Artigo n.º 15 doRegulamento Interno do BCE. Este Comité écomposto por representantes dos bancos

centrais do Eurosistema, sob a presidência deLiam Barron, e presta apoio ao Conselho doBCE em questões relacionadas com oorçamento do BCE.

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185BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

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Kinderkrebsstation der Klinik Innsbruck, ÁustriaAutoria: Marie Luise Klimbacher. Sem título

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Capítulo XIII

Contas Anuais

do BCE

e Balanço Consolidado

do Eurosistema

2000

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000188

Balanço em 31 de Dezembro de 2000

Activo Nota 2000 1999€ €

1 Ouro e ouro a receber 1 7.040.906.565 6.956.995.273

2 Créditos sobre não residentes na área do euro expressos em moeda estrangeira 2

Depósitos e investimentos em títulos,empréstimos ao exterior e outros activos sobre o exterior 37.475.047.829 41.923.041.208

3 Créditos sobre residentes na área do euro expressos em moeda estrangeira 2 3.824.522.571 2.595.090.860

4 Créditos sobre não residentes na área do euro expressos em euros 3

Depósitos, investimentos em títulos e empréstimos 698.252.463 3.002.567.659

5 Créditos às contrapartes da área do euro expressos em euros 3 288.143.000 565.724.243

6 Títulos emitidos por residentes na área do euro expressos em euros 4 3.667.731.194 3.537.141.285

7 Créditos intra-Eurosistema 5Outros créditos para com o Eurosistema (líquido) 13.080.794.017 0

8 Outros activos8.1 Imobilizado 6.1 64.168.178 42.589.4678.2 Outros activos financeiros 6.2 81.758.341 76.083.1638.3 Diferenças de reavaliação de operações

extrapatrimoniais 6.3 251.564.471 08.4 Acréscimos e diferimentos 6.4 862.316.142 777.032.3328.5 Contas diversas e de regularização 6.5 3.747.484 6.774.149

1.263.554.616 902.479.111

9 Prejuízo do exercício 0 247.281.223

Total do activo 67.338.952.255 59.730.320.862

Por memóriaActivos a prazo expressos em euros 2.885.697.468

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189BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Passivo Nota 2000 1999€ €

1 Responsabilidades para com contrapartes da área do euro expressas em euros 7 288.143.000 265.724.244

2 Responsabilidades para comoutras entidades da área do euro expressas em euros 8 1.080.000.000 1.080.000.000

3 Responsabilidades para com não residentes da área do euro expressas em euros 9 3.421.112.123 301.656.911

4 Responsabilidades para com não residentes da área do euro expressas em moeda estrangeira 10

Depósitos, saldos e outras responsabilidades 4.803.381.255 4.708.950.946

5 Responsabilidades intra-Eurosistema 5.1 Responsabilidades decorrentes da

transferência de reservas externas 11 39.468.950.000 39.468.950.0005.2 Outras responsabilidades para com

o Eurosistema (líquido) 5 0 1.720.937.64639.468.950.000 41.189.887.646

6 Outras responsabilidades 126.1 Acréscimos e diferimentos 1.626.022.228 1.237.727.1666.2 Responsabilidades diversas 52.005.650 36.881.237

1.678.027.878 1.274.608.403

7 Provisões 13 2.637.039.135 21.862.239

8 Contas de reavaliação 14 7.972.626.864 6.860.539.710

9 Capital e reservas 159.1 Capital 3.999.550.250 3.999.550.2509.2 Reservas 0 27.540.513

3.999.550.250 4.027.090.763

10 Lucro do exercício 1.990.121.750 0

Total do passivo 67.338.952.255 59.730.320.862

Por memóriaResponsabilidades a prazo expressas em moeda estrangeira 2.885.697.468

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000190

Conta de Resultados do exercício em 31 de Dezembro de 2000

Nota 2000 1999€ €

Juros e outros proveitos equiparadosde activos de reserva externa 2.507.164.892 1.733.987.854 Outros juros e proveitos equiparados 4.657.469.867 3.122.690.418 1.1 Juros e outros proveitos equiparados 7.164.634.759 4.856.678.272 Remuneração dos activos dos BCN relacionados com os activos de reservaexterna transferidos (1.375.110.826) (913.067.289) Outros juros e custos equiparados (4.375.476.075) (2.988.344.639) 1.2 Juros e outros custos equiparados (5.750.586.901) (3.901.411.928)

1 Resultado líquido de juros e de custos e proveitos equiparados 1 1.414.047.858 955.266.344

2.1 Resultados realizados em operaçõesfinanceiras 2 3.352.768.266 (466.056.435)

2.2 Prejuízos não realizados em operações financeiras 3 (1.084.563) (604.920.383)

2.3 Transferência para/de provisões para riscos de taxa de câmbio e preços (2.600.000.000) 0

2 Resultado líquido de operações financeiras, menos valias e provisões para riscos 751.683.703 (1.070.976.818)

3 Resultado líquido de comissões e de outros custos e proveitos bancários 4 673.498 232.200

4 Outros proveitos e ganhos 5 904.158 436.898

Total de proveitos e ganhos 2.167.309.217 (115.041.376)

5 Custos com pessoal 6 & 7 (80.275.827) (61.022.091)

6 Outros custos administrativos 8 (82.808.524) (60.748.855)

7 Amortizações de activos fixos (14.103.116) (10.468.901)

Resultado do exercício 1.990.121.750 (247.281.223)

Frankfurt, 13 de Março de 2001

BANCO CENTRAL EUROPEU

Willem F. Duisenberg Presidente

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191BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Forma e apresentação dasdemonstrações financeiras

As demonstrações financeiras do BancoCentral Europeu (BCE) foram preparadaspara reproduzir de forma apropriada asituação financeira do BCE e os resultadosdas suas operações. Foram elaboradas deacordo com as seguintes políticas conta-bilísticas, consideradas adequadas pelo Con-selho do BCE, à função de banco central.Estas políticas são compatíveis com odisposto no artigo 26.4 dos Estatutos doSEBC, que requer a harmonização das regrase do reporte contabilístico das operações doEurosistema.

Princípios contabilísticos

Foram aplicados os seguintes princípioscontabilísticos:• transparência e realidade económica;• prudência;• reconhecimento de ocorrências verificadas

após o encerramento do balanço;• materialidade;• especialização dos exercícios;• continuidade;• consistência e comparabilidade.

Base contabilística

As contas foram preparadas com base nocusto histórico, porém modificadas de modoa incluir a valorização a preços de mercadodos títulos transaccionáveis, do ouro e detodos os outros activos e passivos patri-moniais e extrapatrimoniais expressos emmoeda estrangeira.As transacções em activose passivos financeiros reflectem-se nas contastendo por base a data da respectiva liqui-dação.

Ouro, activos e passivos em moedaestrangeira

Os activos e passivos em moeda estrangeirasão convertidos em euro à taxa de câmbio emvigor na data do balanço. Os custos e provei-tos são convertidos à taxa de câmbio emvigor na data da transacção.A reavaliação dosactivos e passivos em moeda estrangeira éefectuada moeda a moeda, incluindo asoperações patrimoniais e extrapatrimoniaisem moeda estrangeira.

A reavaliação para o preço de mercado dosactivos e passivos em moeda estrangeira étratada separadamente da reavaliação cambialdos mesmos.

No que se refere ao ouro não é feita distinçãoentre reavaliação a preços de mercado ereavaliação cambial. Em alternativa, foiefectuada uma única valorização com base nopreço em euro por onça de ouro fino, o qualé obtido a partir da taxa de câmbio do euroface ao dólar dos EUA, em 29 de Dezembrode 2000.

Títulos

Todos os títulos de dívida negociáveis eoutros activos semelhantes são valorizadosaos preços médios de mercado em vigor àdata do balanço. Para o exercício queterminou em 31 de Dezembro de 2000, foramutilizados os preços médios de mercado dodia 29 de Dezembro de 2000. Os títulos nãonegociáveis são valorizados a preço de custo.

Acordos de reporte

Os acordos de recompra são registados nobalanço como depósitos com garantia. O

Políticas contabilísticas1

1 As políticas contabilísticas detalhadas do BCE estão definidas naDecisão do Conselho do BCE de 12 de Dezembro de 2000(BCE/2000/16),publicada no Jornal Oficial das ComunidadesEuropeias (JO L 33, de 2.2.2001).

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000192

balanço apresenta os depósitos e o valor dostítulos utilizados como garantia. Os títuloscedidos sob este tipo de acordo continuamregistados no balanço do BCE e são tratadoscomo se permanecessem parte integrante dacarteira de onde foram cedidos. Os acordosque envolvem estes títulos expressos emmoeda estrangeira não têm qualquer efeitosobre o custo médio da posição da moeda.

Os acordos de revenda são registados noactivo como empréstimos com garantia, pelovalor do empréstimo. Os títulos adquiridossob este tipo de acordo não são reavaliados.

Reconhecimento de resultados

Os proveitos e custos são reconhecidosquando obtidos ou incorridos.

Os ganhos e perdas realizados são levados àconta de resultados. É utilizado um métodode custo médio numa base diária para calcularo custo de aquisição de cada tipo de activo.Na eventualidade de, no final do ano, severificar uma perda não realizada em qualquerespécie de activo, o seu custo médio deaquisição é reduzido de acordo com a taxa decâmbio e/ou o preço de mercado em vigor nofinal do ano.

Os ganhos não realizados não são reconhe-cidos como proveitos, sendo transferidosdirectamente para uma conta de reavaliação.

As perdas não realizadas são levadas à contade resultados caso excedam os ganhos dereavaliação anteriores registados na conta dereavaliação correspondente. As perdas nãorealizadas em qualquer título, moeda ou ouronão são compensadas com ganhos nãorealizados em outros títulos ou moedas.

Os prémios ou os descontos sobre títulosadquiridos são calculados e apresentadoscomo juros, sendo amortizados ao longo doprazo residual desses activos.

Instrumentos registados em contasextrapatrimoniais

Os instrumentos de moeda, nomeadamenteas operações cambiais a prazo, os ramos aprazo de swaps cambiais e outros instru-mentos de moeda, envolvendo a troca de duasmoedas estrangeiras numa data futura, estãoincluídos na posição cambial dessa moedaestrangeira para o cálculo dos resultadoscambiais. Os instrumentos de taxa de juro sãoreavaliados, em base individual, e tratados demodo semelhante ao dos títulos. Nos swapscambiais, a posição a prazo é reavaliada emconjunto com a posição à vista. Em conse-quência, não existem diferenças líquidas dereavaliação, uma vez que a moeda recebida e aobrigação de a devolver são valorizadas àmesma taxa de mercado em euro. Os resul-tados provenientes de operações extra-patrimoniais são reconhecidos e tratados demodo semelhante ao dos resultados relacio-nados com instrumentos registados emcontas patrimoniais.

Ocorrências verificadas após oencerramento do balanço

O activo e o passivo são corrigidos face aocorrências entre a data do balanço anual e adata em que o Conselho do BCE aprova asdemonstrações financeiras, caso tais ocorrên-cias afectem materialmente o valor do activoe do passivo à data do balanço.

Posições intra-SEBC

As transacções intra-SEBC são transacçõestransfronteiras que ocorrem entre dois ban-cos centrais da UE. Estas transacções sãoprincipalmente processadas através doTARGET2, dando origem a saldos bilateraisnas contas entre cada banco central (BCNparticipantes, BCN não participantes e BCE)pertencentes ou ligados ao TARGET.

2 O TARGET é o sistema de Transferências Automáticas Trans-Europeias de Liquidações pelos Valores Brutos em Tempo Real(ver também Capítulo II).

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193BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Com efeitos a partir de 30 de Novembro de2000, todos os activos e passivos bilateraisrelacionados com o TARGET entre os BCNda UE e o BCE são compensados diariamenteno fim do dia, por novação com o BCE,ficando cada BCN com uma única posiçãobilateral líquida face ao BCE. Nas demons-trações financeiras do BCE este saldorepresenta o activo ou a responsabilidadelíquida de cada BCN face ao resto do SEBC.

Os saldos intra-SEBC dos BCN participantescom o BCE (excepto o capital do BCE e asposições resultantes da transferência de acti-vos de reserva externa para o BCE) são con-siderados como activos ou responsabilidadesintra-Eurosistema, sendo apresentados noBalanço do BCE como uma única posiçãocredora ou devedora líquida.

Tratamento do imobilizado corpóreo eincorpóreo

O imobilizado corpóreo e incorpóreo é con-tabilizado pelo custo de aquisição deduzidodas amortizações. A amortização é calculadade acordo com um esquema linear, com iníciono trimestre seguinte à aquisição e esten-dendo-se pelo período de vida esperado paraesse activo, nomeadamente:

• computadores, outro equipamentoinformático e veículos: quatro anos;

• equipamento, mobiliário e construções:dez anos.

Os activos fixos de custo inferior a €10 000 são amortizados no ano de aquisição.

Plano de reformas do BCE

O BCE dispõe de um sistema de pensões comcontribuições definidas. Os activos do plano,que existem apenas para que possam serconcedidos benefícios aos subscritores doplano e seus dependentes, estão incluídos nosoutros activos do BCE e estão identificadosseparadamente. Os resultados provenientesda reavaliação dos activos do fundo de

pensões são reconhecidos como proveitos ecustos do plano de reformas no ano em queocorrem. Os benefícios a pagar através daconta principal, resultantes das contribuiçõesdo BCE, dispõem de garantias mínimas supor-tando o plano de benefícios estabelecido.

Alterações ao formato do balanço

O Conselho do BCE decidiu alterar oformato do balanço a partir do fim de 2000.Foram igualmente introduzidas alterações noformato da Conta de Resultados. Os valorescomparativos apresentados para 1999 foramcorrigidos em conformidade.

Outras questões

Tendo em consideração o papel do BCE comobanco central, a Comissão Executiva é deopinião que a publicação de uma demons-tração dos fluxos de caixa não fornece aosleitores das demonstrações financeiras qual-quer informação adicional relevante.

Em conformidade com o disposto no artigo27.º dos Estatutos do SEBC, e com base numaRecomendação do Conselho do BCE, o Con-selho da União Europeia aprovou a nomea-ção da PricewaterhouseCoopers GmbH comoauditores externos do BCE.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000194

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195BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Notas ao Balanço

1 Ouro e ouro a receber

O BCE detém 24 milhões de onças de ourofino. Não foram efectuadas transacções emouro em 2000.As movimentações no balançodevem-se ao processo de reavaliação tri-mestral (ver “Ouro, activos e passivos emmoeda estrangeira” nas notas sobre políticascontabilísticas).

2 Créditos sobre não residentes naárea do euro e residentes na área doeuro expressos em moedaestrangeira

Estes créditos consistem em depósitos embancos estrangeiros, em empréstimos expres-sos em moeda estrangeira e em investimentosem títulos expressos em dólares dos EUAe ienes japoneses.

3 Créditos sobre não residentes na áreado euro e às contrapartes da áreado euro expressos em euros

Os créditos sobre não residentes na área doeuro representam depósitos bancários eoperações de reporte realizados no âmbitoda gestão dos fundos próprios do BCE.Acordos de reporte idênticos realizados comresidentes na área do euro são apresentadasna rubrica “Créditos às contrapartes da áreado euro expressos em euros”.

4 Títulos emitidos por residentes na área do euro expressos em euros

Estes títulos compreendem dívida transac-cionável emitida por emitentes específicos daárea do euro com um elevado nível dequalidade de crédito.

5 Créditos intra-Eurosistema

Esta rubrica consiste principalmente nossaldos em posições do TARGET dos BCN

participantes face ao BCE (ver “posiçõesintra-SEBC” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

A variação significativa nestes saldos, em com-paração com 1999, deveu-se principalmenteao efeito das compras de euros contra moedaestrangeira ao longo do ano, que foramliquidadas através do TARGET.

6 Outros activos

6.1 Imobilizado

As imobilizações corpóreas, líquidas dasamortizações acumuladas no montante de€43.2 milhões, eram constituídas pelasseguintes rubricas principais em 31 deDezembro de 2000:

O acréscimo no imobilizado corpóreo deveu--se principalmente a investimentos nassegundas instalações do BCE, o Eurotheum.A rubrica terrenos e edifícios está relacionada

2000 1999€ €

Devidos por bancos centrais participantes,relacionados com o TARGET 59.010.910.157 7.697.803.922

Devidos a bancos centrais participantes relacionados com o TARGET (45.930.059.415) (9.418.628.635)

Posição líquida 13.080.850.742 (1.720.824.713)

Valor de Valor de balanço balanço

líquido em líquido em31 Dez. 2000 31 Dez. 1999

€ €

Terrenos e edifícios 1.305.097 0

Computadores 21.042.849 15.865.660

Equipamento, mobiliário,construções e veículos 4.852.047 5.955.720

Imobilizações em curso 21.691.248 12.989.835

Outras imobilizações corpóreas 15.276.937 7.778.252

Total 64.168.178 42.589.467

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000196

com a imobilização do custo das obras derenovação do edifício Eurotower.

6.2 Outros activos financeiros

Os principais elementos desta rubrica são osseguintes:

a) As carteiras de investimento relacionadascom o fundo de pensões do BCE, avaliadasem €42.9 milhões (1999: €32.2 milhões).Os activos detidos representam o investi-mento das contribuições acumuladas doBCE e do pessoal do BCE, para o fundo depensões, à data de 31 de Dezembro de2000, o qual é gerido por uma sociedadegestora de fundos externa. As contri-buições regulares do BCE e dos subscri-tores do plano são investidas numa basemensal. Os activos do plano de pensõesnão são fungíveis com outros activosfinanceiros do BCE, e o rendimento líqui-do desses activos não constitui umproveito do BCE sendo reinvestida nosfundos respectivos até ao pagamento dosbenefícios. O valor dos activos detidospelo fundo de pensões baseia-se naavaliação efectuada pela sociedade gestorade fundos externa, utilizando os preços demercado no final do ano.

b) O BCE detém 3.000 acções do Bancode Pagamentos Internacionais, que estãoregistadas ao custo de aquisição de €38.5milhões.

6.3 Diferenças de reavaliação de operaçõesextrapatrimoniais

Esta rubrica representa uma reavaliação nega-tiva das posições a prazo extrapatrimoniaisdecorrentes de swaps cambiais por liquidar.Dado que as correspondentes posições patri-moniais à vista são reavaliadas à mesma taxaque as posições a prazo, não houve em geraluma diferença de valorização líquida (ver“Instrumentos registados en contas extra-patrimoniais” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

6.4 Acréscimos e diferimentos

A principal componentes desta rubricacorresponde a juros corridos de títulos e deoutros activos financeiros.

6.5 Contas diversas e de regularização

Esta rubrica representa principalmente umactivo sobre o Ministério Federal das Finançasda Alemanha relativo ao imposto sobre ovalor acrescentado a recuperar e outrosimpostos indirectos pagos. Esses impostossão recuperáveis nos termos do dispostono Artigo 3.º do Protocolo relativo aosPrivilégios e Imunidades das ComunidadesEuropeias, que se aplica ao BCE por força dodisposto no Artigo 40.º dos Estatutos doSEBC.

7. Responsabilidades para comcontrapartes da área do euroexpressas em euros

Esta rubrica inclui a contrapartida de acordosde reporte conduzidos com instituições decrédito da área do euro, relacionadas com oinvestimento dos fundos próprios do BCE.

8 Responsabilidades para com outrasentidades da área do euro expressasem euros

Esta rubrica inclui depósitos de membros daAssociação Bancária do Euro (ABE), usadospelo BCE como garantia para os pagamentosda ABE, liquidados através do sistemaTARGET.

9 Responsabilidades para com nãoresidentes da área do euroexpressas em euros

Estas responsabilidades representam princi-palmente os saldos das contas dos BCN nãoparticipantes no Eurosistema, junto do BCE,relacionados com transacções efectuadas

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197BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

através do sistema TARGET (ver “Posiçõesintra-SEBC” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

10 Responsabilidades para com nãoresidentes da área do euroexpressas em moeda estrangeira

Esta rubrica apresenta as responsabilidadesdecorrentes de acordos de reporte relacio-nados com a gestão das reservas em moedaestrangeira do BCE.

11 Responsabilidades intra-Eurosistema

No início da Terceira Fase da UEM, os BCNdos países participantes transferiram activosde reserva externa para o BCE, nos termosdo Artigo 30.º dos Estatutos do SEBC e deuma Decisão do Conselho do BCE queestipulou a entrada em vigor daquele Artigo.Entre 4 e 7 de Janeiro de 1999, foramtransferidos montantes no valor de €39.5 milmilhões, sob a forma de ouro, numerário etítulos.

As contribuições dos BCN encontram-sedenominadas em euro e são remuneradas àstaxas de refinanciamento de curto prazo doEurosistema, corrigidas de forma a reflectiruma remuneração zero da componente ouro(ver Nota 1 nas “Notas à Conta de Resulta-dos”). Durante os três primeiros anos daTerceira Fase da UEM, e na sequência de umaDecisão do Conselho do BCE, estes activosestão sujeitos a uma redução, caso o BCE nãodisponha de resultados positivos e reservassuficientes para cobrir perdas não realizadasresultantes da descida das taxas de câmbiodesses activos. Quaisquer montantes a deduzirnão poderão reduzir a responsabilidade a umnível inferior a 80% do seu valor original. Em31 de Dezembro de 2000, não tinham sidoregistadas quaisquer reduções de activos.

12 Outras responsabilidades

Esta rubrica consiste principalmente em jurosdevidos aos BCN decorrentes dos seus acti-vos relacionados com os activos de reservaexterna transferidos (ver Nota 11). Encon-tram-se também registadas nesta rubrica asresponsabilidades do BCE relacionadas com ofundo de pensões de €42.9 milhões (1999:€32.2 milhões), bem como outros acréscimose diferimentos.

13 Provisões

Considerando a elevada exposição do BCE ariscos cambiais e de taxa de juro, e a dimen-são actual das suas reservas de reavaliação,foi considerado adequado estabelecer umaprovisão especial para fazer face a estesriscos, que ascende a €2 600 milhões. Aprovisão será utilizada para cobertura futurade perdas realizadas e não realizadas, emparticular menos valias não cobertas pelasdiferenças de reavaliação. A avaliação danecessidade de manutenção desta provisãoserá revista numa base anual.

O saldo remanescente consiste em provisõesadministrativas relacionadas com aquisiçõesde bens e serviços.

Chave de repartição do capital

% €

Nationale Bank van België/Banque Nationale de Belgique 2,8658 1.432.900.000

Deutsche Bundesbank 24,4935 12.246.750.000

Banco de Espãna 8,8935 4.446.750.000

Banque de France 16,8337 8.416.850.000

Central Bank of Ireland 0,8496 424.800.000

Banca d’Italia 14,8950 7.447.500.000

Banque centrale du Luxembourg 0,1492 74.600.000

De Nederlandsche Bank 4,2780 2.139.000.000

Oesterreichische Nationalbank 2,3594 1.179.700.000

Banco de Portugal 1,9232 961.600.000

Suomen Pankki 1,3970 698.500.000

Total 78,9379 39.468.950.000

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000198

14 Contas de reavaliação

Estas contas representam reservas de reavalia-ção originadas por ganhos não realizados emactivos e passivos.

15 Capital e reservas

As subscrições do capital do BCE de €5milhões, integralmente realizadas pelos BCNda área do euro, totalizam €3 946 895 000,como segue:

As contribuições dos BCN não participantesna área do euro, equivalentes a 5% dorespectivo capital que seria subscrito seestes países participassem na UniãoMonetária, totalizam €52 655 250, comosegue:

Estes montantes representam contribuiçõespara cobertura de custos operacionaisincorridos pelo BCE com relação a tarefasdesempenhadas para os BCN não partici-pantes na área do euro. Os BCN não parti-cipantes na área do euro não são obrigados arealizar subscrições de capital para além dosmontantes já fixados até à data da sua adesãoao Eurosistema. Os BCN não participantesnão têm direito a receber qualquer parti-cipação nos lucros distribuíveis do BCE, nemsão obrigados a financiar quaisquer perdasincorridas pelo BCE.

16 Ocorrências verificadas após oencerramento do balanço

Com base na Decisão do Conselho(2000/427/CE) de 19 de Junho de 2000, nostermos do N.º 2 do artigo 122.º do Tratadorelativo à adopção pela Grécia da moedaúnica em 1 de Janeiro de 2001 e de acordocom o artigo 49.1 dos Estatutos do SEBC e dalegislação adoptada pelo Conselho do BCEem 16 de Novembro de 20001, o Banco daGrécia transferiu para o BCE, em 1 de Janeirode 2001 um montante de €97 679 000, que

2000 1999€ €

Ouro 1.120.787.564 1.036.876.277

Moeda estrangeira 6.228.835.267 5.821.397.453

Títulos 623.004.033 2.265.980

Total 7.972.626.864 6.860.539.710

Chave de repartição do capital

% €

Nationale Bank van België/ Banque Nationale de Belgique 2,8658 143.290.000

Deutsche Bundesbank 24,4935 1.224.675.000

Banco de Espãna 8,8935 444.675.000

Banque de France 16,8337 841.685.000

Central Bank of Ireland 0,8496 42.480.000

Banca d’Italia 14,8950 744.750.000

Banque centrale du Luxembourg 0,1492 7.460.000

De Nederlandsche Bank 4,2780 213.900.000

Oesterreichische Nationalbank 2,3594 117.970.000

Banco de Portugal 1,9232 96.160.000

Suomen Pankki 1,3970 69.850.000

Total 78,9379 3.946.895.000

Chave de repartição do capital

% €

Danmarks Nationalbank 1,6709 4.177.250

Banco da Grécia 2,0564 5.141.000

Sveriges Riksbank 2,6537 6.634.250

Bank of England 14,6811 36.702.750

Totale 21,0621 52.655.250

1 Decisão do BCE de 16 de Novembro de 2000, que prevê opagamento de capital e de uma contribuição para as reservas eprovisões do BCE pelo Banco da Grécia, bem como umatransferência inicial de activos de reserva externa para o BCEpelo Banco da Grécia e outras questões relacionadas (BCE/2000/14) em paralelo com a Orientação do BCE anexa, de 3 deNovembro de 1998, com as alterações que lhe foramintroduzidas pela Orientação do BCE de 16 de Novembro de2000 sobre a composição, valorização e modalidades para atransferência inicial de activos de reserva externa, e sobrea denominação e remuneração de activos equivalentes.(BCE/2000/15), JO L 336, 30.12.2000, pp. 110-117;Acordo de16 de Novembro de 2000 entre o BCE e o Banco da Gréciarelativo ao crédito atribuído pelo BCE ao Banco da Grécia, nostermos do artigo 30.3 dos Estatutos do SEBC e outras questõesrelacionadas, JO L 336, 30.12.2000, pp. 122-123.

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199BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

representa os 95% remanescentes da suasubscrição de capital e, entre 2 e 5 de Janeirode 2001, nos termos do artigo 30.1 dosEstatutos do SEBC, activos de reservaexterna num valor total equivalente a€1 278 260 161. O montante total transferidofoi determinado pela multiplicação do valorem euros, à taxa de câmbio prevalecente em29 de Dezembro de 2000, dos activos dereserva externa já transferidos para o BCE,pelo rácio entre o número de acçõessubscritas pelo Banco da Grécia e o númerode acções já realizadas pelos outros BCN semderrogação. Estes activos de reserva externacompreendem montantes em ouro, dólaresdos EUA e ienes do Japão, nas mesmasproporções dos montantes transferidos noinício de 1999 pelos outros BCNparticipantes. A componente em moeda foitransferida sob a forma de numerário etítulos.

Ao Banco da Grécia foram creditados activosrelacionados com o capital realizado e com osactivos de reserva externa equivalentes aosmontantes transferidos. Estes activos serãotratados de forma idêntica aos activosexistentes dos outros BCN participantes (vernota 11).

17 Rubricas extrapatrimoniais

Em 31 de Dezembro de 2000, encontravam-sepor liquidar €2 886 milhões de responsa-bilidades decorrentes de contratos nãovencidos de swaps cambiais.

Em 31 de Dezembro de 2000, não existiamquaisquer passivos eventuais de valormaterial.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000200

1 Resultado líquido de juros e decustos e proveitos equiparados

Esta rubrica inclui juros recebidos, líquidos dejuros pagos, relacionados com os activos epassivos expressos em moeda estrangeira ecom resultados líquidos de juros de saldosrelacionados com o TARGET e com activos epassivos expressos em euros. A remuneraçãopaga aos BCN pelos seus activos sobre o BCErelacionados com activos de reserva externatransferidos no início de 1999 é apresentadaseparadamente.

Os juros e outros proveitos equiparadosrealizados, relacionados com a venda dedeterminados títulos são agora apresentadosna rubrica Resultado líquido de juros e decustos e proveitos equiparados da Conta deResultados. Por forma a permitir a suacomparação, os valores de 1999 foramalterados em conformidade.

O acréscimo dos resultados líquidos face a1999 deveu-se principalmente a juros rece-bidos mais elevados relacionados com activosde reserva externa e à remuneração paga aoBCE pelos saldos resultantes das transacçõesTARGET. Este acréscimo foi parcialmenteabsorvido pelas remunerações mais elevadaspagas aos BCN relativamente aos seus activosrespeitantes aos activos de reserva externatransferidos, devido a aumentos nas taxasde refinanciamento de curto prazo do Euro-sistema (ver nota 11 ao Balanço do BCE).

2 Resultados realizados em operaçõesfinanceiras

Foram obtidos ganhos realizados substanciaisem resultado das vendas de moeda estran-geira pelo BCE durante as operações deintervenção em Setembro e Novembro, eainda pelas vendas de moeda estrangeiraresultante de proveitos obtidos desde o iníciode 1999. Esta rubrica inclui também ganhosrealizados líquidos decorrentes da venda detítulos, em resultado da gestão corrente da

carteira e da liquidação de carteiras antes daintervenção.

3 Prejuízos não realizados emoperações financeiras

A subida generalizada nos preços dos títulosna última parte de 2000 teve como con-sequência que os prejuízos não realizadosafectassem de forma reduzida o custo deaquisição dos títulos, sendo estes registadosno balanço ao valor de mercado em 31 deDezembro de 2000.

4 Resultado líquido de comissões e deoutros custos e proveitos bancários

Esta rubrica consiste nos proveitos e custosque se seguem. Os proveitos resultaram desanções impostas às instituições de créditorelacionadas com o não cumprimento dosrequisitos de reservas mínimas.

5 Outros proveitos e ganhos

Os outros proveitos diversos do exercícioforam originados pela reposição na Conta deResultados de provisões administrativas nãoutilizadas.

6 Custos com pessoal

Esta rubrica inclui remunerações e subsídiosno montante de €67 milhões (1999: €52.3

Notas à Conta de Resultados

2000 1999€ €

Comissões recebidas e outros proveitos bancários 1.296.112 593.902

Comissões pagas e outros custos bancários (622.614) (361.702)

Resultado líquido de comissões e de outroscustos e proveitos bancários 673.498 232.200

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201BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

milhões) e as contribuições do BCE para ofundo de pensões e para seguros de saúde eacidentes. Os emolumentos dos membros daComissão Executiva do BCE totalizaram €1.8milhões. Não foram pagas pensões a ex--membros da Comissão Executiva ou aos seusdependentes durante o ano.As remuneraçõese subsídios dos funcionários, incluindo osemolumentos dos órgãos de gestão, são ba-seadas na sua essência e comparáveis com osesquemas de remuneração praticados nasComunidades Europeias.

No último dia útil de 2000, o BCE tinha 941funcionários, dos quais 72 com funções degestão. O número médio de empregados efec-tivos do BCE em 2000 era de 823, o que com-para com 648, em 1999. Durante o ano foramadmitidos 259 empregados e 50 deixaram oserviço do BCE.

7 Plano de reformas do BCE

Nos termos do regulamento do plano depensões do BCE, é necessária uma avaliaçãoactuarial trienal. A última avaliação actuarialfoi efectuada em 31 de Dezembro de 1999,utilizando o Método de Unidade de CréditoProjectada, que obriga a que as responsabili-dades mínimas igualem os montantes fixos emnumerário pagáveis aos funcionários no finaldo seu serviço.

O custo das pensões relacionado com oplano é avaliado de acordo com o parecer deum actuário qualificado. O custo total daspensões para o BCE, incluindo uma provisãopara subsídios de invalidez e de pós-reforma,foi de €13.1 milhões (1999: € 8.1 milhões).Este montante inclui uma provisão parapensões dos membros da Comissão Executivade €0.6 milhões (1999: 1.8 milhões).A taxa decontribuição futura necessária a pagar peloBCE é de 16.5% das remunerações pensio-náveis de todo o pessoal.

8 Outros custos administrativos

Esta rubrica inclui todos os outros custoscorrentes, nomeadamente rendas, e manuten-ção das instalações, bens e equipamento nãocapitalizáveis, honorários e outros serviços efornecimentos, bem como despesas relacio-nadas com o recrutamento, mudança, insta-lação, formação profissional e reafectação dosempregados.

O acréscimo dos custos administrativosdeveu-se principalmente a custos operacio-nais adicionais relacionados com as instala-ções principais do BCE, o edifício Eurotower, ea honorários de consultoria mais elevados,em especial relacionados com os preparativosda Campanha de Informação Euro 2002.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000202

Ao Presidente e ao Conselho do Banco Central Europeu

Frankfurt

Verificámos o Balanço e a Conta de Resultados do Banco Central Europeu em 31 de Dezembrode 2000. A Comissão Executiva do Banco Central Europeu é responsável pela elaboração dascontas. Compete-nos emitir um parecer independente sobre o referido Balanço e Contas,baseado na auditoria por nós efectuada e apresentá-lo a V. Exas.

Procedemos à auditoria de acordo com os Padrões Internacionais de Auditoria. Uma auditoriainclui exames baseados em verificações, por amostragem, de documentos comprovativos dosmontantes e de documentos informativos sobre as contas. Inclui igualmente uma avaliação dasestimativas relevantes e critérios utilizados na preparação de contas, bem como dos métodoscontabilísticos, por forma a averiguar se os mesmos são adequados à realidade do BancoCentral Europeu e se são devidamente divulgados.

Em nossa opinião, o balanço e a conta de resultados, elaborados de acordo com as práticascontabilísticas descritas na primeira parte das notas sobre as contas do Banco Central Europeu,reflectem com exactidão a situação financeira do Banco Central Europeu em 31 de Dezembrode 2000 e os resultados do exercício então terminado.

Frankfurt, 14 de Março de 2001

PricewaterhouseCoopers

Gesellschaft mit beschränkter HaftungWirtschaftsprüfungsgesellschaft

(Wagener) (Kern)Wirtschaftsprüfer Wirtschaftsprüfer

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203BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Esta nota não é parte integrante dasdemonstrações financeiras do BCE para o ano2000, sendo publicada no Relatório Anualpara efeitos de informação.

Distribuição dos lucros

O artigo 33.º dos Estatutos do SEBCestabelece que o lucro líquido do BCE deveráser aplicado da seguinte forma:

• Um montante a determinar pelo Conselhodo BCE, que não pode ser superior a 20%do lucro líquido, será transferido para ofundo de reserva geral, até um limite de100% do capital;

• O remanescente do lucro líquido serádistribuído aos accionistas do BCEproporcionalmente às participações quetiverem realizado.

Nos termos deste Artigo, o Conselho do BCEdecidiu, em 29 de Março de 2001, transferirum montante de €398 mil milhões para o

fundo de reserva geral, sendo o saldoremanescente distribuído entre os bancoscentrais nacionais participantes, proporcional-mente ao capital que tiverem realizado.

Os bancos centrais nacionais não partici-pantes não têm direito a receber qualquerpercentagem dos lucros a distribuir.

Nota sobre a distribuição dos lucros

2000 1999€ €

Perda/lucro do exercício 1.990.121.750 (247.281.223)

Utilização/ reforço do fundo de reserva geral (398.024.350) 27.540.513

Transferência do rendimento monetário alocado 0 35.160.676

Débitos directos aos BCN 0 184.580.034

Lucros a distribuir 1.592.097.400 0

Distribuição aos BCN (1.592.097.400)

Total 0 0

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000204

Balanço consolidado do Eurosistema em 31 de Dezembro de 2000(EUR mil milhões)

Activo Balanço em 31 de Balanço em 31 deDezembro de 2000 Dezembro de 1999

1 Ouro e ouro a receber 117.073 116.610

2 Créditos sobre não residentes na área do euro expressos em moeda estrangeira 2.1 Créditos a receber do FMI 26.738 29.8422.2 Depósitos e investimentos em títulos, empréstimos

ao exterior e outros activos sobre o exterior 232.087 225.040258.825 254.882

3 Créditos sobre residentes na área do euro expressos em moeda estrangeira 15.786 14.385

4 Créditos sobre não residentes na área do euro expressos em euros 4.1 Depósitos, investimentos em títulos e empréstimos 3.750 6.0504.2 Facilidade de crédito no âmbito do MTC II 0 0

3.750 6.050

5 Créditos às contrapartes da área do euro expressos em euros 5.1 Operações principais de refinanciamento 222.988 161.9875.2 Operações de refinanciamento de prazo alargado 45.000 74.9965.3 Operações ocasionais de regularização sob

a forma de operações reversíveis 0 05.4 Operações estruturais sob a forma de

operações reversíveis 0 05.5 Facilidade permanente de cedência de liquidez 608 11.4295.6 Créditos relacionados com o valor

de cobertura adicional 53 404268.648 248.815

6 Outros créditos sobre instituições de crédito da área do euro expressos em euros 578 1.842

7 Títulos emitidos por residentes na área do euro expressos em euros 26.071 23.521

8 Créditos à administração pública expressos em euros 57.671 59.180

9 Outros activos 87.559 81.567

Total do activo 835.961 806.853Os totais/subtotais podem não coincidir devido a arredondamentos.

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205BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Passivo Balanço em 31 de Balanço em 31 deDezembro de 1999 Dezembro de 1999

1 Notas em circulação 371.370 374.964

2 Responsabilidades para com contrapartes da área do euro expressas em euros 2.1 Contas correntes (incluindo reservas obrigatórias) 124.402 114.6722.2 Facilidade de depósito 240 2.6182.3 Depósitos a prazo 0 02.4 Operações ocasionais de regularização sob

a forma de operações reversíveis 0 02.5 Depósitos relacionados com valores de cobertura 0 10

124.642 117.301

3 Outras responsabilidades para com instituições de crédito da área do euro expressas em euros 305 283

4 Certificados de dívida emitidos 7.876

5 Responsabilidades para com outras entidades da área do euro expressas em euros 5.1 Administração pública 53.353 56.4705.2 Outras responsabilidades 3.694 5.292

57.047 61.762

6 Responsabilidades para com não residentes na área do euro expressas em euros 10.824 9.048

7 Responsabilidades para com residentes na área do euro expressas em moeda estrangeira 806 927

8 Responsabilidades para com não residentes na área do euro expressas em moeda estrangeira 8.1 Depósitos, saldos e outras responsabilidades 12.414 11.9048.2 Responsabilidades decorrentes da facilidade

de crédito no âmbito do MTC II 0 012.414 11.904

9 Atribuição de contrapartidas de direitos de saque especiais pelo FMI 6.702 6.534

10 Outras responsabilidades 72.215 54.222

11 Contas de reavaliação 117.986 106.782

12 Capital e reservas 57.866 55.249

Total do passivo 835.961 806.853

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000206

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Anexos

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000208

Glossário

Acesso remoto (a um SITF) (remote access (to an IFTS)): facilidade que permite a umainstituição de crédito estabelecida num país (“país de origem”) ter acesso directo a umsistema interbancário de transferência de fundos (SITF) estabelecido em outro país(“país de acolhimento”) e, para esse efeito, deter uma conta de liquidação em seu nome juntodo banco central do país de acolhimento, sem que nele tenha, necessariamente, uma presençafísica.

Acordo de reporte (repurchase agreement): acordo segundo o qual um activo é vendidoficando o vendedor simultaneamente com o direito e a obrigação de o recomprar a um preçoespecificado numa data futura ou a pedido. Um acordo deste tipo é semelhante a umempréstimo com garantia, excepto no que se refere à propriedade do título que não é mantidapelo vendedor. O Eurosistema utiliza nas suas operações reversíveis acordos de reportecom prazo fixado. As operações de reporte estão incluídas no M3 nos casos em que ovendedor é uma Instituição Financeira Monetária (IFM) e a contraparte é uma instituiçãodo sector não monetário residente na área do euro. De acordo com o Regulamento do BCErelativo ao balanço consolidado do sector das IFM (BCE/1998/16), as operações de reporte(repos) são classificadas no passivo como depósitos, visto não serem negociáveis.

Actividade de correspondente bancário (correspondent banking): acordo segundo oqual uma instituição de crédito presta serviços de pagamentos e outros serviços a outrainstituição de crédito. Os pagamentos através dos correspondentes são geralmente efectuadospor intermédio de contas recíprocas (as chamadas contas nostro e loro), as quais podem estarassociadas a linhas de crédito permanentes. Os serviços respeitantes à actividade doscorrespondentes bancários são essencialmente prestados a nível internacional, sendoigualmente conhecidos como relações entre agências num contexto interno. O termo contaloro é utilizado por um correspondente para descrever a conta detida em nome de um bancoestrangeiro; o banco estrangeiro, por seu lado, referir-se-á a esta conta como conta nostro.

Administrações públicas (general government): tal como se encontram definidas noSistema Europeu de Contas 1995 (SEC 95), consistem na administração central, estaduale local e nos fundos de segurança social.

Agente de liquidação (settlement agent): instituição que gere o processo de liquidação(por exemplo, a determinação das posições de liquidação, o acompanhamento da permuta depagamentos, etc.) para sistemas de transferência ou outros acordos que impliquem liquidações.

Agregados monetários (monetary aggregates): podem ser definidos como a soma dacirculação monetária acrescida de algumas responsabilidades das instituições financeirascom um grande nível de liquidez, num sentido lato. O agregado monetário estreito M1 foidefinido pelo Eurosistema como circulação monetária mais detenções por residentes daárea do euro (excepto administração central) de depósitos à ordem em instituições da áreado euro emitentes de moeda. O agregado monetário M2 compreende o M1 mais depósitos aprazo até dois anos e depósitos com pré-aviso até três meses. O agregado monetário largoM3 inclui o M2 mais acordos de reporte, acções/unidades de participação em fundos domercado monetário e títulos do mercado monetário e títulos de dívida com prazo até doisanos. O Conselho do BCE anunciou um valor de referência para o crescimento do M3 (vertambém valor de referência para o crescimento monetário).

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209BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Ajustamento défice-dívida (deficit-debt adjustment): diferença entre o défice público e avariação na dívida pública. Entre outras razões, pode dever-se a variações no montante deactivos financeiros detidos pelo sector público, a uma variação na dívida pública de outrossubsectores públicos ou a ajustamentos estatísticos.

Área do euro (euro area): área que abrange os Estados-membros nos quais o euro foiadoptado como moeda única, nos termos do Tratado, e na qual é conduzida uma políticamonetária única sob a responsabilidade do Conselho do Banco Central Europeu (BCE).Em 2000, a área do euro incluía os seguintes países: Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Irlanda,Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal e Finlândia. A Grécia aderiu à área do euroem 1 de Janeiro de 2001, aumentando assim para 12 o número de países da área do euro.

Associação Bancária do Euro (ABE) (Euro Banking Association (EBA)): organismo cujoobjectivo é constituir um fórum para a exploração e debate de todas as questões de interessepara os seus membros e, em particular, de questões relacionadas com a utilização do euro e aliquidação de transacções em euro. A ABE criou, uma sociedade de compensação (“ABEClearing, Société par Actions Simplifiée à capital variable”) para efeitos de gestão do Sistema deLiquidação do Euro a partir de 1 de Janeiro de 1999. O Sistema de Compensação do Euro(Euro 1) é o sucessor do Sistema de Compensação e de Liquidação do ECU.

Balanço consolidado das IFM (consolidated MFI balance sheet): o balanço consolidadodo sector das Instituições Financeiras Monetárias (IFM) obtém-se compensando asposições intra-IFM (empréstimos inter-IFM e depósitos de fundos do mercado monetário emIFM, por exemplo) no balanço agregado das IFM. Fornece informações sobre os activos e ospassivos do sector das IFM para com os residentes da área do euro não pertencentes a estesector (ou seja, as administrações públicas e outros residentes da área do euro) e para comnão residentes da área do euro. O balanço consolidado é a principal fonte estatística para ocálculo dos agregados monetários, fornecendo a base para a análise regular dascontrapartidas do M3.

Banco Central Europeu (BCE) (European Central Bank (ECB)): o BCE encontra-se nocentro do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) e do Eurosistema e, ao abrigodo Direito Comunitário, é dotado de personalidade jurídica. Assegura que as atribuiçõescometidas ao Eurosistema e ao SEBC sejam executadas, quer através das suas própriasactividades, nos termos dos Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do BancoCentral Europeu, quer através dos bancos centrais nacionais.

Base de incidência (reserve base): soma das rubricas do balanço (em especialresponsabilidades) que constituem a base para o cálculo das reservas mínimas de umainstituição de crédito.

Cartão pré-pago com múltiplas finalidades (multi-purpose prepaid card): cartãocarregado com um certo montante que pode ser utilizado em diversos tipos de pagamentos,tendo a possibilidade de ser usado à escala nacional ou internacional, mas cuja utilização podepor vezes ser restrita a determinada área. Um cartão pré-pago com múltiplas finalidadesrecarregável é também conhecido por porta-moedas electrónico (ver também moedaelectrónica).

Central de depósito de títulos (CDT) (central securities depository (CSD)): entidadeque guarda e controla valores mobiliários, permitindo que as transacções de títulos se

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000210

processem sob a forma escritural. Os títulos podem ser físicos e encontrar-se imobilizados nacentral ou podem ser desmaterializados (ou seja, existirem apenas como registo electrónico).Além da custódia e gestão de títulos (serviços de emissão e reembolso, por exemplo), umacentral de depósito de títulos pode desempenhar funções de compensação e liquidação.

Circulação monetária (currency in circulation): inclui tanto notas como moedas emcirculação normalmente utilizadas para efectuar pagamentos. Inclui notas emitidas peloEurosistema e por outras Instituições Financeiras Monetárias (IFM) na área do euro(na Irlanda e no Luxemburgo), bem como as moedas emitidas por alguns bancos centraisnacionais do Eurosistema e pela administração central.A circulação monetária incluída no M3é um conceito líquido, ou seja, refere-se apenas a notas e moedas em circulação detidas forado sector das IFM (como demonstrado no balanço consolidado das IFM, o que implica quea moeda emitida mas detida pelas IFM – designada por “valores em caixa” – foi subtraída).A circulação monetária não inclui o stock de notas próprio do banco central (já que não estãoemitidas), nem moedas comemorativas, que não são normalmente utilizadas para efectuarpagamentos.

Comissão Europeia (Comissão das Comunidades Europeias) (European Commission(Commission of the European Communities)): instituição da Comunidade Europeia queassegura a aplicação das disposições do Tratado. A Comissão desenvolve as políticas daComunidade, propõe legislação comunitária e exerce poderes em áreas específicas. Na área dapolítica económica, a Comissão formula recomendações respeitantes às orientações gerais depolíticas económicas na Comunidade e apresenta ao Conselho da UE relatórios sobreevolução e políticas económicas. Acompanha as finanças públicas no âmbito da supervisãomultilateral, submetendo relatórios à apreciação do Conselho. É composta por 20 membros einclui dois representantes da Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido e um de cada umdos outros Estados-membros.

Comissão Executiva (Executive Board): um dos órgãos de decisão do Banco CentralEuropeu (BCE). É composta pelo Presidente e Vice-Presidente do BCE e por quatro outrosmembros, nomeados de comum acordo pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados--membros que adoptaram o euro.

Comité Económico e Financeiro (Economic and Financial Committee): órgãoconsultivo da Comunidade, instituído no início da Terceira Fase, quando o Comité Monetáriofoi dissolvido. Os Estados-membros, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu(BCE) nomeiam cada um no máximo dois membros do Comité. Os dois membros nomeadospelos Estados-membros são seleccionados, respectivamente, de entre os altos funcionários dosadministrações nacionais e dos bancos centrais nacionais. O n.º 2 do artigo 114.º do Tratadocontém uma lista das funções do Comité Económico e Financeiro, que incluem oacompanhamento da situação económica e financeira dos Estados-membros e da Comunidade.

Conselho da UE (EU Council): instituição da Comunidade Europeia. É composto porrepresentantes dos Governos dos Estados-membros, geralmente os Ministros responsáveispelos assuntos em consideração (deste modo referido geralmente como Conselho deMinistros). O Conselho da UE, quando composto pelos Ministros das Finanças e da Economia,é normalmente designado por Conselho ECOFIN. Além disso, o Conselho da UE pode reunirna composição de Chefes de Estado ou de Governo. (ver também Conselho Europeu).

Conselho de Ministros (Council of Ministers): ver Conselho da UE.

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211BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Conselho do BCE (Governing Council): um dos órgãos governativos do Banco CentralEuropeu (BCE). É composto pelos membros da Comissão Executiva do BCE e pelosGovernadores dos bancos centrais nacionais dos Estados-membros que adoptaram o euro.

Conselho Europeu (European Council): proporciona à União Europeia o incentivonecessário para o seu desenvolvimento e define as respectivas orientações gerais de política.Reúne na composição de Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros e doPresidente da Comissão Europeia (ver também Conselho da UE).

Conselho Geral (General Council): um dos órgãos governativos do Banco CentralEuropeu (BCE). É composto pelo Presidente e Vice-Presidente do BCE e pelosGovernadores de todos os 15 bancos centrais nacionais da UE.

Contraparte (counterparty): a parte oposta numa transacção financeira (por exemplo, emqualquer transacção com o banco central).

Crédito a residentes da área do euro (credit to euro area residents): medida geral dofinanciamento de instituições do sector não monetário residentes na área do euro (incluindoadministrações públicas e sector privado) pelo sector das IFM. Inclui empréstimos etítulos detidos por IFM. Os últimos incluem acções, outras participações e títulos de dívida,incluindo títulos do mercado monetário, emitidos por instituições do sector não monetárioresidentes na área do euro. Dado que os títulos podem ser vistos como uma fonte de fundosalternativa aos empréstimos, e que alguns empréstimos podem ser titularizados, esta definiçãofornece informações mais precisas sobre o montante total dos financiamentos concedidos pelosector das IFM à economia do que uma definição restrita compreendendo apenas empréstimos.

Critérios de Copenhaga (Copenhagen criteria): o conjunto de critérios a cumprir pelospaíses candidatos como pré-requisito para se tornarem membros da União Europeia foidefinido em termos gerais pelo Conselho Europeu de Copenhaga em Junho de 1993. Oscritérios de Copenhaga requerem (i) a estabilidade das instituições como garante dademocracia, das normas legais, dos direitos humanos, e do respeito e protecção das minorias,(ii) a existência de uma economia de mercado operacional, bem como a capacidade de fazerface a pressões de concorrência e a forças de mercado na UE; e (iii) a capacidade de assumir asobrigações da participação, incluindo a adesão aos objectivos de unificação política, bem comoda União Económica e Monetária (UEM).

Dedução fixa (lump-sum allowance): montante fixo que uma instituição pode deduzir nocálculo das suas reservas mínimas no âmbito das reservas mínimas do Eurosistema.

Depósitos à ordem (overnight deposits): esta categoria de instrumento compreendeprincipalmente os depósitos à vista/à ordem integralmente transferíveis (por cheque ouinstrumento equivalente). Inclui também depósitos não transferíveis, convertíveis a pedido ouno fecho do dia útil seguinte.

Depósitos com prazo fixo (deposits with agreed maturity): esta categoria de instrumentocompreende principalmente os depósitos a prazo com um determinado vencimento, que,dependendo das práticas nacionais, podem não ser convertíveis antes do vencimento ou serconvertíveis mas sujeitos a uma penalização. Compreendem ainda alguns instrumentos dedívida não negociáveis, tais como certificados de depósito (a retalho) não negociáveis. Osdepósitos a prazo até dois anos estão incluídos no M2 (e, consequentemente, no M3),enquanto que aqueles com prazo superior a dois anos estão incluídos nas responsabilidades

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000212

financeiras (não monetárias) a mais longo prazo do sector das Instituições FinanceirasMonetárias (IFM).

Depósitos com pré-aviso (deposits redeemable at notice): esta categoria de instrumentocompreende os depósitos de poupança relativamente aos quais o detentor tem de respeitar umperíodo fixo de pré-aviso antes de poder levantar os respectivos fundos. Em alguns casos,existe a possibilidade de levantar um determinado montante fixo num período especificado oude proceder a levantamentos antecipados sujeitos ao pagamento de uma penalização. Osdepósitos com pré-aviso até três meses pertencem ao M2 (e, consequentemente, ao M3),enquanto que aqueles com um pré-aviso mais alargado pertencem às responsabilidadesfinanceiras (não monetárias) a mais longo prazo do sector das Instituições FinanceirasMonetárias (IFM).

ECOFIN (ECOFIN): ver Conselho da UE.

ECU (Unidade de Conta Europeia) (ECU (European Currency Unit)): o ECU foi umcabaz de moedas composto pela soma de montantes fixos de 12 das 15 moedas dos Estados-membros da UE. O valor do ECU calculava-se como uma média ponderada do valor dasmoedas que o compunham. O ECU foi substituído pelo euro à taxa de 1 por 1, em 1 de Janeirode 1999.

EONIA (índice overnight médio do euro) (EONIA (euro overnight index average)):medida da taxa de juro efectiva vigente no mercado interbancário overnight do euro. É calculadacomo uma média ponderada das taxas de juro dos contratos overnight sem garantia dosdepósitos denominados em euro, comunicada por um painel de bancos contribuintes.

Estabilidade de preços (price stability): a manutenção da estabilidade de preços é oobjectivo primordial do Banco Central Europeu (BCE). O Conselho do BCE publicouuma definição quantitativa de estabilidade de preços, de modo a dar uma orientação clara paraas expectativas da evolução futura dos preços. O Conselho do BCE define estabilidade depreços como um aumento homólogo inferior a 2% do Índice Harmonizado de Preços noConsumidor (IHPC) para a área do euro. Reflectindo a necessidade de a política monetáriater uma orientação prospectiva a médio prazo, a estabilidade de preços, de acordo com estadefinição, deverá ser mantida a médio prazo.A definição estipula um limite superior para a taxade inflação medida e, ao mesmo tempo, o uso da palavra “aumento” assinala que a deflação, ouseja, descidas prolongadas no nível do IHPC, não seria considerada compatível com aestabilidade de preços.

EURIBOR (taxa interbancária de oferta do euro) (EURIBOR (euro interbank offeredrate)): taxa à qual um banco principal está disposto a conceder empréstimos em euro a outrobanco principal. A EURIBOR é calculada diariamente para os depósitos interbancários comprazo de uma semana e de um a doze meses como média das taxas de oferta diárias de umpainel representativo de bancos principais, arredondada a três casas decimais.

Euro (euro): designação da moeda europeia adoptada pelo Conselho Europeu na reunião deMadrid de 15 e 16 de Dezembro de 1995 e usada em substituição do termo ECU (Unidadede Conta Europeia) utilizado no Tratado.

Eurogrupo (Eurogroup): organismo informal que reúne os membros do Conselho ECOFINque representam os Estados-membros da área do euro. Reúne-se numa base regular

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213BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

(normalmente antes das reuniões do Conselho ECOFIN) para discutir questões relativas àsresponsabilidades comuns dos Estados-membros da área do euro no que diz respeito à moedaúnica.A Comissão Europeia, e, sempre que adequado, o Banco Central Europeu (BCE),são convidados a tomar parte nestas reuniões.

Eurosistema (Eurosystem): compreende o Banco Central Europeu (BCE) e os bancoscentrais nacionais dos Estados-membros que adoptaram o euro na Terceira Fase da UniãoEconómica e Monetária (UEM) (ver também área do euro).Actualmente, fazem parte doEurosistema 12 bancos centrais nacionais. O Eurosistema é governado pelo Conselho doBCE e pela Comissão Executiva do BCE.

Eurostat (Eurostat): Instituto de Estatísticas das Comunidades Europeias, que faz parte daComissão Europeia e é responsável pela produção das estatísticas comunitárias.

EURO STOXX (EURO STOXX): a STOXX Limited (www.stoxx.com) publica os índicesDow Jones STOXX, que medem a evolução das cotações de acções na Europa como um todo.O índice Dow Jones EURO STOXX é um dos elementos deste grupo de índices, agregando ospreços de um vasto conjunto de acções dos países que pertencem à área do euro. Para alémdeste, encontram-se disponíveis três tipos de índice de sector (sectores económicos e demercado, bem como grupos industriais) para o índice Dow Jones EURO STOXX.

Facilidade permanente (standing facility): facilidade do banco central à qual ascontrapartes têm acesso por sua própria iniciativa. O Eurosistema disponibiliza duasfacilidades permanentes pelo prazo overnight: a facilidade permanente de cedência deliquidez e a facilidade permanente de depósito.

Facilidade permanente de cedência de liquidez (marginal lending facility): facilidadepermanente do Eurosistema, que as contrapartes podem utilizar para receber créditopelo prazo overnight de um banco central nacional a uma taxa de juro fixada antecipadamente.

Facilidade permanente de depósito (deposit facility): facilidade permanente doEurosistema, que as contrapartes podem utilizar para efectuar depósitos à ordem numbanco central nacional remunerados a uma taxa de juro fixada antecipadamente.

Fornecimento prévio (frontloading): fornecimento de notas e/ou moedas de euro àsinstituições de crédito antes de 2002.

Garantia (collateral): activos usados como caução de reembolso em operações deempréstimos a curto prazo pelo banco central às instituições de crédito, bem como activosvendidos aos bancos centrais por instituições de crédito em operações de reporte.

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) (Harmonised Index ofConsumer Prices (HICP)): o IHPC é a medida de preços utilizada pelo Conselho do BCEpara a avaliação da estabilidade de preços. O IHPC foi desenvolvido pela ComissãoEuropeia (Eurostat), em estreita colaboração com os institutos nacionais de estatística e oInstituto Monetário Europeu (IME) e posteriormente o Banco Central Europeu(BCE), para cumprir os requisitos do Tratado relativos a um índice de preços no consumidorconstruído numa base comparável, tomando em consideração diferenças nas definiçõesnacionais.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000214

Instituição de crédito (credit institution): instituição abrangida pela definição contida non.º 1 do artigo 1.º da Directiva 2000/12/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 deMarço de 2000, relativa ao acesso à actividade das instituições de crédito e ao seu exercício.De acordo com esta definição, uma instituição de crédito é (a) uma empresa cuja actividadeprincipal consiste em receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis e emconceder créditos por sua própria conta, ou (b) uma instituição de moeda electrónica, segundoa Directiva 2000/46/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de Setembro de 2000,relativa ao acesso à actividade das instituições de moeda electrónica e ao seu exercício, bemcomo à sua supervisão prudencial.

Instituições Financeiras Monetárias (IFM) (Monetary Financial Institutions (MFIs):instituições financeiras que constituem o sector emitente de moeda da área do euro. Incluemos bancos centrais, as instituições de crédito residentes segundo a definição do DireitoComunitário e todas as outras instituições financeiras residentes, cuja actividade consiste emreceber depósitos e/ou substitutos próximos de depósitos de entidades, excepto IFM, e que,por sua própria conta (pelo menos em termos económicos), concedem crédito e/ou efectuaminvestimentos em valores mobiliários. O último grupo consiste predominantemente de fundosdo mercado monetário. No final de 2000, existiam 9 096 IFM na área do euro (o BancoCentral Europeu (BCE), 11 bancos centrais nacionais, 7 476 instituições de crédito, 1 600fundos do mercado monetário e 8 outras instituições financeiras).

Instituto Monetário Europeu (IME) (European Monetary Institute (EMI)): instituiçãotemporária criada no início da Segunda Fase da União Económica e Monetária (UEM),a 1 de Janeiro de 1994. As duas principais funções do IME foram fortalecer a cooperação entreos bancos centrais e a coordenação da política monetária e tratar dos preparativos necessáriosà criação do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) para a condução da políticamonetária única e para a criação de uma moeda única na Terceira Fase. O IME entrou emliquidação, após a criação do Banco Central Europeu (BCE), em 1 de Junho de 1998.

Leilão normal (standard tender): leilão utilizado pelo Eurosistema nas suas operaçõesde mercado aberto de carácter regular. Os leilões normais são efectuados num prazo de 24horas.Todas as contrapartes que cumpram os critérios gerais de elegibilidade têm direito aapresentar propostas nos leilões normais.

Leilão rápido (quick tender): leilão utilizado pelo Eurosistema nas operações ocasionaisde regularização. Os leilões rápidos são executados no período de uma hora e neles podeparticipar um conjunto limitado de contrapartes.

Ligações entre os sistemas de liquidação de títulos (links between securitiessettlement systems): procedimentos e acordos existentes entre dois sistemas deliquidação de títulos destinados à transferência transfronteiras de títulos, através de umprocesso escritural.

M1, M2, M3: ver agregados monetários.

Mecanismo de interligação (Interlinking mechanism): um dos componentes do sistemaTARGET. O termo é utilizado para designar as infra-estruturas e práticas utilizadas nasligações entre os SLBTR nacionais no processamento de pagamentos transfronteiras atravésdo TARGET.

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215BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Modelo de banco central correspondente (MBCC) (correspondent central bankingmodel (CCBM)): modelo estabelecido pelo Sistema Europeu de Bancos Centrais(SEBC), com o objectivo de permitir que as contrapartes transfiram activos elegíveis comogarantia numa base transfronteiras. No MBCC, os bancos centrais nacionais actuam comodepositários entre si.Tal significa que cada banco central nacional tem uma conta de títulos emnome de cada um dos outros bancos centrais nacionais (e do Banco Central Europeu(BCE)).

Moeda electrónica (electronic money (e-money)): armazenagem por meio electrónico deum valor monetário num suporte técnico, que pode ser amplamente utilizado para efectuarpagamentos a entidades, à excepção do emitente, sem envolver necessariamente nessatransacção contas bancárias, mas actuando como um instrumento pré-pago do portador (vertambém cartão pré-pago com múltiplas finalidades).

MTC II (mecanismo de taxas de câmbio II) (ERM II (exchange rate mechanism II)):acordo de taxas de câmbio que constitui o quadro para a cooperação da política cambial entrea área do euro e os Estados-membros da UE que não pertencem à área do euro desde o inícioda Terceira Fase da União Económica e Monetária (UEM). A adesão ao mecanismo évoluntária. No entanto, espera-se que os Estados-membros da UE que beneficiam de umaderrogação venham a aderir ao mecanismo. Actualmente, a coroa dinamarquesa participa noMTC II com uma banda de flutuação relativamente à taxa central, face ao euro, de ±2.25%.Antes da adopção do euro pela Grécia em 1 de Janeiro de 2001, o dracma grego participou noMTC II com uma banda de flutuação de ±15%. A intervenção e o financiamento cambiais nasmargens das bandas de flutuação normais ou mais estreitas são, em princípio, automáticos eilimitados, com financiamento de muito curto prazo disponível. O Banco Central Europeu(BCE) e os bancos centrais nacionais participantes não pertencentes à área do euro poderiam,no entanto, suspender a intervenção automática, caso tal entrasse em conflito com o seuobjectivo primordial de manutenção da estabilidade de preços.

Opção (option): uma opção é um instrumento financeiro que confere ao seu detentor odireito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um determinado activo subjacente (porexemplo, uma obrigação ou uma acção) a um preço pré-determinado (preço de exercício) atéou numa certa data futura (data de exercício ou de vencimento). Uma opção de compraconfere ao detentor o direito de adquirir o activo subjacente a um determinado preço deexercício, enquanto uma opção de venda confere ao detentor o direito de o vender a umdeterminado preço de exercício.

Operação de mercado aberto (open market operation): operação executada nosmercados financeiros por iniciativa do banco central, envolvendo uma das seguintestransacções: (i) compra ou venda definitiva de activos (à vista ou a prazo); (ii) compra ou vendade activos através de acordo de reporte; (iii) operações activas ou passivas garantidas poractivos subjacentes (garantia); (iv) emissão de certificados de dívida do banco central; (v)constituição de depósitos com prazo fixo; ou (vi) swaps cambiais entre moedas nacionaisestrangeiras.

Operação de refinanciamento de prazo alargado (longer-term refinancing operation):operação de mercado aberto de carácter regular executada pelo Eurosistema sob aforma de operação reversível. As operações de refinanciamento de prazo alargado sãorealizadas através de leilões normais com uma frequência mensal e com o prazo de trêsmeses.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000216

Operação de reporte (repurchase operation (repo)): operação reversível de cedênciade liquidez baseada num acordo de reporte.

Operação ocasional de regularização (fine-tuning operation): operação de mercadoaberto, de carácter não regular, executada pelo Eurosistema especialmente para resolversituações de flutuação inesperada de liquidez no mercado.

Operação principal de refinanciamento (main refinancing operation): operação demercado aberto de carácter regular executada pelo Eurosistema sob a forma deoperação reversível. As operações principais de refinanciamento são realizadas através deleilões normais com uma frequência semanal e com o prazo de duas semanas.

Operação reversível (reverse transaction): operação através da qual o banco centralcompra ou vende activos, ao abrigo de um acordo de reporte, ou conduz operações decrédito com garantia.

Pacto de Estabilidade e Crescimento (Stability and Growth Pact): consiste em doisRegulamentos do Conselho da UE relativos ao reforço da supervisão das posiçõesorçamentais e à supervisão e coordenação das políticas económicas e à aceleração eclarificação da aplicação do procedimento relativo aos défices excessivos e numa Resolução doConselho Europeu relativa ao Pacto de Estabilidade e Crescimento adoptada na Cimeira deAmsterdão, em 17 de Junho de 1997. O referido Pacto constitui um meio de salvaguardar asolidez das finanças públicas na Terceira Fase da União Económica e Monetária (UEM) porforma a reforçar as condições para a estabilidade de preços e para um forte crescimentosustentável conducente à criação de emprego. Mais precisamente, as posições orçamentaispróximas do equilíbrio ou excedentárias são exigidas como o objectivo a médio prazo quepermitirá aos Estados-membros enfrentar as flutuações cíclicas normais, mantendo,simultaneamente, o défice público abaixo do valor de referência de 3% do PIB. De acordo como Pacto de Estabilidade e Crescimento, os países participantes na UEM apresentarãoprogramas de estabilidade, enquanto os países não participantes continuarão a terprogramas de convergência.

Pagamento contra pagamento (PCP) (payment versus payment (PVP)): mecanismonum sistema de liquidação cambial, que assegura que a transferência definitiva de uma moedasó é efectuada se tiver lugar a transferência definitiva da outra moeda ou moedas.

Pagamentos de importâncias avultadas (large-value payments): pagamentos deimportâncias geralmente muito elevadas, efectuados principalmente entre bancos ou entreparticipantes nos mercados financeiros, e que normalmente requerem uma liquidação urgentee atempada.

Países candidatos (accession countries): existem actualmente 13 países na Europa Centrale de Leste e do Mediterrâneo reconhecidos pelo Conselho Europeu como candidatos àadesão à União Europeia (UE).Actualmente, já iniciaram formalmente negociações de adesão os12 países seguintes: Bulgária, Chipre, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia,República Checa, República Eslovaca e Roménia. No seguimento de uma decisão do ConselhoEuropeu de Dezembro de 1999, a Turquia tornou-se um candidato oficial à adesão, mas nãoforam ainda satisfeitas as condições que precedem o início das negociações. Quando háreferência aos países candidatos no Relatório Anual, diz respeito aos 12 países com os quais oConselho Europeu decidiu iniciar negociações formais para adesão à UE.

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217BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Parlamento Europeu (European Parliament): composto por 626 representantes doscidadãos dos Estados-membros. Faz parte do processo legislativo, embora dispondo deprerrogativas diferentes, consoante os procedimentos através dos quais a legislação da UE épromulgada. No contexto da União Económica e Monetária (UEM), o Parlamento dispõeprincipalmente de poderes consultivos. No entanto, o Tratado estabelece determinadosprocedimentos relativamente à responsabilidade democrática do Banco Central Europeu(BCE) perante o Parlamento (apresentação do relatório anual, debates sobre a políticamonetária e audição perante os comités parlamentares competentes).

Período de constituição (maintenance period): período em relação ao qual as reservasmínimas devem ser calculadas. O período de constituição de reservas mínimas doEurosistema é de um mês, tendo início no dia 24 de cada mês e terminando no dia 23 do mêsseguinte.

Posição de investimento internacional (p.i.i.) líquida (ou posição activa e passivasobre o exterior líquida) (net international investment position (i.i.p.) (or net externalasset or liability position)): declaração estatística do valor e da composição do stock deactivos ou créditos financeiros de uma economia em relação ao resto do mundo, deduzida dassuas responsabilidades financeiras em relação ao resto do mundo.

Posição de liquidez cambial do Eurosistema (Eurosystem’s foreign exchange liquidityposition): compreende as reservas internacionais do Eurosistema e os outros activos epassivos em moeda estrangeira do Eurosistema, incluindo posições em relação a residentesda área do euro, tais como, por exemplo, depósitos em moeda estrangeira junto deinstituições bancárias residentes na área do euro.

Procedimento bilateral (bilateral procedure): procedimento através do qual o bancocentral tem contactos directos com apenas uma ou com um pequeno número decontrapartes sem recorrer a leilões. Os procedimentos bilaterais incluem operaçõesexecutadas através das bolsas de valores ou de agentes de mercado.

Programas de convergência (convergence programmes): ver programas deestabilidade.

Programas de estabilidade (stability programmes): planos governamentais a médio prazoe hipóteses fornecidas por Estados-membros participantes no que respeita à evolução dasvariáveis económicas fundamentais para o cumprimento do objectivo a médio prazo de umaposição orçamental próxima do equilíbrio ou excedentária, tal como é referido no Pacto deEstabilidade e Crescimento. No que respeita às posições orçamentais, são salientadasmedidas para consolidar os saldos orçamentais e os cenários económicos subjacentes. Osprogramas de estabilidade deverão ser actualizados anualmente. São examinados pelaComissão Europeia e pelo Comité Económico e Financeiro. Os seus relatórios servemde base à avaliação pelo Conselho ECOFIN, realçando, em particular, o facto de o objectivoorçamental a médio prazo no programa fornecer ou não uma margem de segurança adequadapor forma a evitar um défice excessivo. Os países não participantes na área do euro deverãoapresentar programas de convergência anuais, de acordo com o disposto no Pacto deEstabilidade e Crescimento.

Rácio da dívida (debt ratio): objecto de um dos critérios de convergência orçamentalestabelecidos no n.º 2 do artigo 104.º do Tratado. É definido como a relação entre adívida pública e o produto interno bruto a preços correntes de mercado; a dívida pública

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000218

encontra-se definida no Protocolo N.º 20 (sobre o procedimento relativo aos déficesexcessivos) como dívida global bruta, em valor nominal, existente no final do exercício, econsolidada pelos diferentes sectores das administrações públicas. As administraçõespúblicas encontram-se definidas no Sistema Europeu de Contas 1995 (SEC 95).

Rácio de reserva (reserve ratio): rácio definido pelo banco central para cada categoria derubrica elegível do balanço, incluídas na base de incidência. Os rácios são utilizados paracalcular as reservas mínimas.

Rácio do défice (deficit ratio): objecto de um dos critérios de convergência orçamental,estabelecido no n.º 2 do artigo 104.º do Tratado. É definido como a relação entre o déficeorçamental programado ou verificado e o produto interno bruto a preços correntes demercado; o défice orçamental é definido no Protocolo N.º 20 (sobre o procedimento relativoaos défices excessivos) como empréstimos líquidos contraídos pelas administraçõespúblicas. As administrações públicas encontram-se definidas no Sistema Europeu deContas 1995 (SEC 95).

Realinhamento (realignment): alteração na paridade central de uma moeda participantenum sistema de taxas de câmbio, com uma taxa fixa (fixed peg), mas ajustável. No MTC II, umrealinhamento consiste numa alteração da taxa central do euro.

Redenominação de títulos (re-denomination of securities): a denominação de um título éa moeda em que é expresso o seu valor nominal (na maioria dos casos, o valor facial de umcertificado). Redenominação refere-se a um processo pelo qual a denominação original de umtítulo, emitido numa moeda nacional, é convertida em euro, à taxa de conversão fixadairrevogavelmente.

Referencial (benchmark): relativamente a investimentos, um referencial é uma carteira ouíndice de referência construído com base nos objectivos de liquidez e, risco, bem como deremuneração de investimentos. O referencial serve também de base de comparação dodesempenho da carteira efectiva. No contexto da gestão das reservas cambiais do BancoCentral Europeu (BCE), o referencial estratégico é uma carteira de referência que reflecteas preferências de longo prazo de rentabilidade do risco do BCE. As suas características sãoalteradas apenas em circunstâncias excepcionais. O referencial táctico reflecte as preferênciasde rentabilidade do risco do BCE com um horizonte temporal de alguns meses, com base nascondições de mercado prevalecentes, sendo revisto numa base mensal.

Regra (ou acordo) sobre a repartição de prejuízos (loss-sharing rule (or agreement)):acordo entre participantes num sistema de transferências ou acordo de compensação relativoà atribuição de quaisquer prejuízos que surjam quando um ou mais participantes não cumpremas respectivas obrigações; o acordo estipula a forma como os prejuízos serão repartidos entreas partes envolvidas, no caso de ser executado.

Reservas internacionais do Eurosistema (Eurosystem’s international reserves): osactivos de reserva da área do euro consistem nos activos de reserva do Eurosistema, ouseja, os activos de reserva do Banco Central Europeu (BCE) e os activos de reservadetidos pelos bancos centrais nacionais dos Estados-membros participantes. Os activos dereserva devem estar sob o controlo efectivo da respectiva autoridade monetária, quer seja oBCE ou o banco central nacional de um dos Estados-membros participantes, e referir-se aactivos denominados em moeda estrangeira (excepto o euro) credíveis, negociáveis e

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219BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

altamente líquidos sobre não residentes da área do euro, mais ouro, direitos de saque especiaise posições de reserva no Fundo Monetário Internacional dos bancos centrais nacionaisparticipantes.

Reservas mínimas (reserve requirement): obrigação de as instituições constituíremreservas mínimas no banco central. No regime de reservas mínimas do Eurosistema, asreservas mínimas de uma instituição de crédito são calculadas multiplicando o rácio dereserva, definido para cada categoria de rubrica da base de incidência, pelo montantedessas rubricas constante do balanço da instituição.Além disso, as instituições podem efectuaruma dedução fixa às respectivas reservas mínimas.

Risco de liquidação (settlement risk): expressão de carácter geral utilizada para designar orisco de uma liquidação num sistema de transferência não se realizar da forma esperada. Esterisco pode incluir tanto o risco de crédito como o de liquidez.

Saldo primário (primary balance): crédito líquido ou endividamento líquido dasadministrações públicas, excluindo os pagamentos de juros sobre os seus passivosconsolidados.

Sistema de entrega contra pagamento (delivery versus payment (DVP) system ordelivery against payment system): mecanismo utilizado num sistema de liquidação detítulos (SLT), que assegura que a transferência definitiva de um activo só é efectuada seocorrer a transferência definitiva de outro ou outros activos. Os activos podem incluir títulose ou outros instrumentos financeiros.

Sistema de liquidação de títulos (SLT) (securities settlement system(SSS)): sistema quepermite a transferência de títulos, gratuitamente ou contra pagamento.

Sistema de liquidação pelos valores líquidos (SLVL) (net settlement system (NSS)):sistema de transferência de fundos, cujas operações de liquidação são efectuadas numabase líquida bilateral ou multilateral.

Sistema de transferência de fundos (STF) (funds transfer system (FTS)): acordo formal,tendo por base um contrato privado ou diploma legal, com vários participantes, regras comunse acordos normalizados, com vista à transmissão e liquidação de compromissos monetáriosassumidos entre os respectivos membros.

Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) (European System of Central Banks(ESCB)): constituído pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos bancos centrais nacionaisdos 15 Estados-membros, ou seja, inclui, para além dos membros do Eurosistema, os bancoscentrais nacionais dos Estados-membros que ainda não adoptaram o euro. O SEBC égovernado pelo Conselho do BCE e pela Comissão Executiva do BCE, e, enquanto umterceiro órgão de decisão do BCE, pelo Conselho Geral.

Sistema Europeu de Contas 1995 (SEC 95) (European System of Accounts 1995 (ESA95)): sistema de definições e classificações estatísticas uniformes, cujo objectivo consiste ematingir uma descrição quantitativa harmonizada das economias dos Estados-membros. O SEC95 é a versão comunitária do Sistema de Contas Nacionais mundial de 1993 (SCN93). O SEC95 é uma nova versão do sistema europeu, cuja adopção teve início em 1999, em conformidadecom o Regulamento N.º 2223/96 do Conselho (CE).

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000220

Sistema interbancário de transferência de fundos (SITF) (interbank funds transfersystem (IFTS)): sistema de transferência de fundos cujos participantes directos são na suamaioria (ou na sua totalidade) instituições de crédito.

Sistema TARGET (Transferências Automáticas Transeuropeias de Liquidaçõespelos Valores Brutos em Tempo Real) (TARGET (Trans-European Automated Real-time Gross settlement Express Transfer system)): sistema de pagamentos composto por umSLBTR em cada um dos 15 Estados-membros da UE e pelo mecanismo de pagamentos doBCE. Os SLBTR nacionais e o mecanismo de pagamentos do BCE estão ligados entre si deacordo com procedimentos comuns (mecanismo de interligação) por forma a permitir queo processamento de pagamentos transfronteiras em toda a UE passe de um sistema para outro.

SLBTR (sistema de liquidação por bruto em tempo real) (RTGS (real-time grosssettlement) system): sistema de liquidação no qual o processamento e a liquidação sãoefectuados por ordem de chegada (sem compensação) e em tempo real (em contínuo). Vertambém sistema TARGET.

Subfornecimento prévio (sub-frontloading): fornecimento de notas e/ou moedas de europor instituições de crédito a certos grupos-alvo (por exemplo, retalhistas, empresas detransporte de dinheiro, indústria de máquinas de venda automática e público em geral) antesde 2002.

Swap cambial (foreign exchange swap): duas transacções simultâneas à vista e a prazo deuma moeda contra outra. O Eurosistema poderá executar operações de política monetáriade mercado aberto sob a forma de swaps cambiais, nas quais os bancos centrais nacionais (ouo Banco Central Europeu (BCE)) compram ou vendem à vista (spot) um dado montante deeuro contra uma moeda estrangeira e, simultaneamente, vendem ou compram aquelemontante em data valor futura fixada (forward).

Taxa central do euro (euro central rate): taxa de câmbio oficial das moedas dos membrosdo MTC II em relação ao euro, em torno da qual as margens de flutuação do MTC II sãodefinidas.

Taxas de câmbio efectivas (nominais/reais) (effective (nominal/real) exchange rates):as taxas de câmbio efectivas nominais consistem numa média ponderada de várias taxas decâmbio bilaterais. As taxas de câmbio efectivas reais são taxas de câmbio efectivas nominaisdeflacionadas por uma média ponderada de preços ou custos externos em relação aosinternos. Constituem, pois, medidas da competitividade dos preços e dos custos. A taxa decâmbio efectiva nominal do euro calculada pelo Banco Central Europeu (BCE) é umamédia ponderada geométrica das taxas de câmbio do euro face às moedas de 13 parceiroscomerciais da área do euro. As ponderações são baseadas no comércio de bensmanufacturados com os parceiros comerciais, no período de 1995 a 1997, e tomam emconsideração efeitos em terceiros mercados. A taxa de câmbio efectiva real para o euro écalculada com base em índices de preços no consumidor (o Índice Harmonizado de Preçosno Consumidor (IHPC) para a área do euro e outros Estados-membros da UE).

Taxas de juro directoras do BCE (key ECB interest rates): taxas de juro do BCE quedeterminam a orientação da política monetária do Banco Central Europeu (BCE).Actualmente, as taxas directoras do BCE são a taxa mínima de proposta das operaçõesprincipais de refinanciamento, a taxa de juro da facilidade permanente de cedênciade liquidez e a taxa de juro da facilidade permanente de depósito. Antes da decisão de

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221BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

realizar as operações principais de refinanciamento sob a forma de leilões de taxa variável, ataxa dos leilões de taxa fixa tinha desempenhado o papel de “taxa directora”. Este papel éactualmente desempenhado pela taxa mínima de proposta das operações principais derefinanciamento do BCE.

Taxa mínima de proposta (minimum bid rate): limite mínimo das taxas de juro a que ascontrapartes podem submeter propostas em leilões de taxa variável. Desempenhaactualmente, enquanto taxa de juro directora do BCE, o papel anteriormente abrangidopela taxa dos leilões de taxa fixa.

Transacção definitiva (outright transaction): transacção através da qual são comprados ouvendidos activos até à sua data de vencimento (à vista ou a prazo).

Tratado (Treaty): refere-se ao Tratado que institui a Comunidade Europeia. O Tratado foiassinado em Roma a 25 de Março de 1957 e entrou em vigor a 1 de Janeiro de 1958. Instituiua Comunidade Económica Europeia (CEE), que é actualmente a Comunidade Europeia (CE),sendo geralmente referido como “Tratado de Roma”. O Tratado da União Europeia(frequentemente referido como “Tratado de Maastricht”) foi assinado a 7 de Fevereiro de 1992,entrando em vigor a 1 de Novembro de 1993. O Tratado da União Europeia introduziualterações ao Tratado que institui a Comunidade Europeia, e instituiu a União Europeia. O“Tratado de Amsterdão”, assinado em Amsterdão a 2 de Outubro de 1997, entrando em vigorem 1 de Maio de 1999, introduziu alterações quer ao Tratado que institui a ComunidadeEuropeia quer ao Tratado da União Europeia. De igual modo, o “Tratado de Nice”, que concluiua Conferência Intergovernamental de 2000, tendo sido assinado a 26 de Fevereiro de 2001,introduzirá novas alterações ao Tratado que institui a Comunidade Europeia e ao Tratado daUnião Europeia, após a sua ratificação e entrada em vigor.

UEM (EMU): ver União Económica e Monetária.

UMTS (Sistema Universal de Telecomunicações Móveis) (UMTS (Universal MobileTelecommunications System)): sistema de telecomunicações móveis de “terceira geração”.As licenças para frequências de telecomunicações móveis estão actualmente a ser vendidas ouatribuídas por governos da UE a empresas de telecomunicações. No seguimento de umarecomendação do Eurostat, as receitas da venda destas licenças deverão ser registadas nascontas do Estado como venda de activos não financeiros, melhorando assim os saldosorçamentais públicos. Contudo, estas receitas são apenas de natureza pontual não conduzindo,por conseguinte, a uma melhoria duradoura dos saldos orçamentais. A dívida pública deverá,em princípio cair para um nível permanentemente mais baixo devido às receitas de UMTS.

União Económica e Monetária (UEM) (Economic and Monetary Union (EMU)):o Tratado descreve o processo para alcançar a União Económica e Monetária na UniãoEuropeia em três fases.A Primeira Fase da UEM, iniciada em Julho de 1990 e terminada a 31 deDezembro de 1993, foi caracterizada principalmente pela total liberalização dos movimentos decapitais na União Europeia. A Segunda Fase da UEM, iniciada a 1 de Janeiro de 1994, originou,nomeadamente, a criação do Instituto Monetário Europeu (IME), a proibição dofinanciamento do sector público pelos bancos centrais, a proibição do acesso privilegiado dosector público às instituições financeiras, e ainda o evitar de défices públicos excessivos. ATerceira Fase teve início a 1 de Janeiro de 1999, com a transferência da competência monetáriapara o Eurosistema e a introdução do euro.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000222

Valor de referência para a situação orçamental (reference value for the fiscalposition): o Protocolo N.º 20 do Tratado sobre o procedimento relativo aos déficesexcessivos estabelece valores de referência explícitos para o rácio do défice orçamental(3% do PIB) e para o rácio da dívida pública (60% do PIB) (ver também Pacto deEstabilidade e Crescimento).

Valor de referência para o crescimento monetário (reference value for monetarygrowth): o Conselho do BCE atribui à moeda um papel proeminente na condução da suapolítica, implicando a análise detalhada dos agregados monetários e das suas contrapartidas,no que respeita ao seu conteúdo informativo sobre a evolução futura dos preços. Tal éassinalado através do anúncio de um valor de referência para a taxa de crescimento doagregado monetário M3. O valor de referência é calculado de forma consistente, servindo paraalcançar a definição de estabilidade de preços do Conselho do BCE, com base empressupostos a médio prazo relativos à tendência de crescimento do PIB em termos reais e àtendência da velocidade de circulação do M3. Desvios substanciais ou prolongados docrescimento do M3 em relação ao valor de referência assinalam, em circunstâncias normais,riscos para a estabilidade de preços a médio prazo. No entanto, o conceito de valor dereferência não implica um compromisso por parte do Conselho do BCE de corrigir de formamecânica desvios no crescimento do M3 em relação ao valor de referência.

Volatilidade implícita das taxas de juro (implied interest rate volatility): medida davolatilidade esperada das taxas de juro de curto e de longo prazo no futuro, a qual pode serobtida através dos preços das opções. Dado o preço de mercado observado de uma opção, avolatilidade implícita pode ser obtida utilizando uma fórmula de fixação de preços de opçõespadrão que depende explicitamente, nomeadamente, da volatilidade esperada do preço doactivo subjacente durante o período até ao vencimento da opção. Os activos subjacentespodem ser contratos de futuros sobre taxas de juro de curto prazo, como a EURIBOR a trêsmeses, ou sobre obrigações de longo prazo como de obrigações federais alemãs a dez anos.Dados os pressupostos adequados, a volatilidade implícita pode ser interpretada como aexpectativa do mercado da volatilidade durante o período de vida remanescente da opção.

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223BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

4 de Janeiro de 2000

O BCE anuncia que em 5 de Janeiro de 2000o Eurosistema efectuará uma operaçãoocasional de regularização para absorção deliquidez com liquidação no próprio dia. Estamedida visa o restabelecimento das condi-ções normais de liquidez no mercado mone-tário, após a transição bem sucedida para oano 2000.

5 de Janeiro de 2000

O Conselho do BCE decide que as taxas dejuro das operações principais de refinan-ciamento, da facilidade permanente decedência de liquidez e da facilidade perma-nente de depósito se mantêm inalteradas em3.0%, 4.0% e 2.0%, respectivamente.

15 de Janeiro de 2000

A pedido das autoridades gregas, os Ministrosdos Estados-membros da área do euro, o BCEe os Ministros e Governadores dos bancoscentrais da Dinamarca e da Grécia decidem,com base num procedimento comum,revalorizar a taxa central do dracma grego nomecanismo de taxas de câmbio (MTC II) em31/2%, com efeitos a partir de 17 de Janeiro de2000.

20 de Janeiro de 2000

O Conselho do BCE decide que as taxas dejuro das operações principais de refinancia-mento, da facilidade permanente de cedênciade liquidez e da facilidade permanente dedepósito se mantêm inalteradas em 3.0%,4.0% e 2.0%, respectivamente.

O Conselho do BCE anuncia também que oEurosistema pretende colocar um montantede €20 mil milhões em cada uma dasoperações de refinanciamento de prazo alar-gado a ser realizadas no primeiro semestre de

2000. Este montante toma em consideraçãoas necessidades previstas de liquidez dosistema bancário da área do euro no primeirosemestre de 2000, bem como o desejo doEurosistema de continuar a disponibilizar amaior parte do refinanciamento ao sectorfinanceiro através das suas operaçõesprincipais de refinanciamento.

3 de Fevereiro de 2000

O Conselho do BCE decide aumentar a taxade juro das operações principais derefinanciamento do Eurosistema em 0.25pontos percentuais para 3.25%, com início naoperação a ser liquidada em 9 de Fevereiro de2000.Além disso, decide aumentar as taxas dejuro da facilidade permanente de cedência deliquidez e da facilidade permanente de depó-sito em 0.25 pontos percentuais, fixando-asem 4.25% e 2.25%, respectivamente, ambascom efeitos a partir de 4 de Fevereiro de2000.

17 de Fevereiro, 2 de Março de 2000

O Conselho do BCE decide que as taxas dejuro das operações principais de refinancia-mento, da facilidade permanente de cedênciade liquidez e da facilidade permanente dedepósito se mantêm inalteradas em 3.25%,4.25% e 2.25%, respectivamente.

16 de Março de 2000

O Conselho do BCE decide aumentar a taxade juro das operações principais de refinan-ciamento do Eurosistema em 0.25 pontospercentuais para 3.5%, com início na operaçãoa ser liquidada em 22 de Março de 2000.Alémdisso, decide aumentar as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito em0.25 pontos percentuais, fixando-as em 4.5% e2.5%, respectivamente, ambas com efeitos apartir de 17 Março de 2000.

Cronologia da política monetária

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000224

30 de Março, 13 de Abril de 2000

O Conselho do BCE decide que as taxas dejuro das operações principais de refinancia-mento, da facilidade permanente de cedênciade liquidez e da facilidade permanente dedepósito se mantêm inalteradas em 3.5%,4.5% e 2.5%, respectivamente.

27 de Abril de 2000

O Conselho do BCE decide aumentar astaxas de juro das operações principais derefinanciamento do Eurosistema em 0.25pontos percentuais para 3.75%, com início naoperação a ser liquidada em 4 de Maio de2000.Além disso, decide aumentar as taxas dejuro da facilidade permanente de cedência deliquidez e da facilidade permanente de depó-sito em 0.25 pontos percentuais, fixando-asem 4.75% e 2.75%, respectivamente, ambascom efeitos a partir de 28 de Abril de 2000.

11 de Maio, 25 de Maio de 2000

O Conselho do BCE decide que as taxas dejuro das operações principais de refinan-ciamento, da facilidade permanente decedência de liquidez e da facilidade per-manente de depósito se mantêm inalteradasem 3.75%, 4.75% e 2.75%, respectivamente.

8 de Junho de 2000

O Conselho do BCE decide aumentar astaxas de juro das operações principais derefinanciamento do Eurosistema em 0.50pontos percentuais para 4.25%, a aplicar apartir das duas operações (que serãorealizadas sob a forma de leilão de taxa fixa)que serão liquidadas em 15 e 21 de Junho de2000.Além disso, decide aumentar as taxas dejuro da facilidade permanente de cedência deliquidez e da facilidade permanente de depó-sito em 0.50 pontos percentuais, fixando-asem 5.25% e 3.25%, respectivamente, ambascom efeitos a partir de 9 de Junho de 2000.

Anuncia ainda que, com início na operação aser liquidada em 28 de Junho de 2000, asoperações principais de refinanciamento doEurosistema serão realizadas sob a forma deleilão de taxa variável, através de um pro-cedimento de leilão de taxa múltipla. OConselho do BCE decide fixar em 4.25% ataxa mínima de proposta para estasoperações. A mudança para leilões de taxavariável nas operações principais de refinan-ciamento não se trata de uma nova alteraçãona orientação da política monetária do Euro-sistema, mas sim de uma resposta à elevadasobrelicitação (overbidding) que se temregistado no contexto dos actuais procedi-mentos de leilão de taxa fixa.

19 de Junho de 2000

Nos termos do n.º 2 do artigo 122.º doTratado que institui a Comunidade Europeia,o Conselho ECOFIN decide que a Gréciapreenche as condições necessárias para aadopção da moeda única, com base noscritérios fixados no n.º 1 do artigo 121.º erevoga as derrogações de que beneficiava aGrécia, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de2001. O Conselho ECOFIN tomou a decisão,tendo considerado os relatórios da ComissãoEuropeia e do BCE sobre os progressosalcançados pela Grécia e pela Suécia nocumprimento das suas obrigações relativas àrealização da União Económica e Monetária,após ter consultado o Parlamento Europeu edebatido a questão no Conselho da UE,reunido a nível de Chefes de Estado e deGoverno.

O Conselho ECOFIN, actuando com aunanimidade dos Estados-membros daComunidade Europeia que não beneficiam dequalquer derrogação e do Estado-membroem causa, sob proposta da ComissãoEuropeia e após ter consultado o BCE, adoptatambém a taxa de conversão irrevogávelentre o dracma grego e o euro, com efeitos apartir de 1 de Janeiro de 2001. Na sequênciada determinação da taxa de conversão dodracma grego em relação ao euro (igual à taxacentral então prevalecente face ao euro no

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225BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

mecanismo de taxas de câmbio, MTC II), oBCE e o Banco da Grécia anunciam queacompanharão de perto a convergência dataxa de câmbio de mercado do dracma gregoface ao euro no sentido da sua taxa deconversão face ao euro, que deverá ficarconcluída, o mais tardar, em 29 de Dezembrode 2000.

21 de Junho de 2000

O Conselho do BCE decide que as taxas dejuro da facilidade permanente de cedência deliquidez e da facilidade permanente de depó-sito se mantêm inalteradas em 5.25% e 3.25%,respectivamente.

O Conselho do BCE anuncia também que,para as operações de refinanciamento deprazo alargado a ser realizadas no segundosemestre de 2000, o Eurosistema tencionacolocar um montante de €15 mil milhões poroperação. Este montante toma em consi-deração as necessidades previstas de liquidezdo sistema bancário da área do euro nosegundo semestre de 2000, bem como odesejo do Eurosistema de continuar a dis-ponibilizar a maior parte do refinanciamentoao sector financeiro através das suasoperações principais de refinanciamento.

6 de Julho, 20 de Julho,3 de Agosto de 2000

O Conselho do BCE decide que a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 4.25%, 5.25% e 3.25%,respectivamente.

31 de Agosto de 2000

O Conselho do BCE decide aumentar a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento do Eurosistema em 0.25pontos percentuais para 4.50%, com efeitos a

partir da operação a ser liquidada em 6 deSetembro de 2000. Além disso, decideaumentar as taxas de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito em 0.25pontos percentuais, fixando-as em 5.50% e3.50%, respectivamente, ambas com efeitos apartir de 1 de Setembro.

14 de Setembro de 2000

O Conselho do BCE decide que a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 4.50%, 5.50% e 3.50%,respectivamente.

5 de Outubro de 2000

O Conselho do BCE decide aumentar a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento do Eurosistema em 0.25pontos percentuais para 4.75%, ambas comefeitos a partir da operação a ser liquidadaem 11 de Outubro de 2000. Além disso,decide aumentar as taxas de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito em 0.25pontos percentuais, fixando-as em 5.75% e3.75%, respectivamente, ambas com efeitos apartir de 6 de Outubro.

19 de Outubro, 2 de Novembro,16 de Novembro,30 de Novembro de 2000

O Conselho do BCE decide que a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento e as taxas de juro da facili-dade permanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito se mantêminalteradas em 4.75%, 5.75% e 3.75%,respectivamente.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000226

14 de Dezembro de 2000

O Conselho do BCE decide que a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 4.75%, 5.75% e 3.75%,respectivamente.

Além disso, decide reconfirmar o valor dereferência existente para o crescimentomonetário, nomeadamente uma taxa decrescimento anual de 41/2% para o agregadomonetário largo M3. O Conselho do BCEconfirma que efectuará a próxima revisão dovalor de referência em Dezembro de 2001.

1 de Janeiro de 2001

O euro é adoptado na Grécia. Porconseguinte, o Banco da Grécia torna-semembro de pleno direito do Eurosistema,com os mesmos direitos e as mesmasobrigações que os 11 bancos centraisnacionais dos Estados-membros da UE quetinham adoptado o euro em 1999.

4 de Janeiro de 2001

O Conselho do BCE decide que a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 4.75%, 5.75% e 3.75%,respectivamente.

Além disso, decide que o montante decolocação para as operações derefinanciamento de prazo alargado a seremrealizadas em 2001 será de €20 mil milhõespor operação. Este montante leva em conta asnecessidades previstas de liquidez do sistemabancário da área do euro em 2001, bemcomo o desejo do Eurosistema de continuara disponibilizar a maior parte do

refinanciamento ao sector financeiro atravésdas suas operações principais de refinancia-mento. O Conselho do BCE anuncia tambémque poderá ajustar o montante de colocaçãono decurso do ano, em caso de desen-volvimentos inesperados nas necessidadesde liquidez.

18 de Janeiro, 1 de Fevereiro,15 de Fevereiro, 1 de Março,15 de Março de 2001

O Conselho do BCE decide que a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 4.75%, 5.75% e 3.75%,respectivamente.

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227227BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

Esta lista tem como objectivo informar os leitores sobre determinados documentos publicadospelo Banco Central Europeu. Estas publicações, que são gratuitas, podem ser obtidas por todosos interessados no Departamento de Imprensa. As encomendas deverão ser efectuadas porescrito, para o endereço postal indicado no verso da primeira página.

Para a obtenção de uma lista completa dos documentos publicados pelo Instituto MonetárioEuropeu, consultar a página do BCE na Internet (http://www.ecb.int).

Relatório Anual

“Relatório Anual 1998 ”, Abril de 1999.

“Relatório Anual 1999 ”, Abril de 2000.

“Relatório Anual 2000 ”, Maio de 2001.

Relatório de Convergência

“Relatório de Convergência 2000 ”, Maio de 2000.

Boletim Mensal

Artigos publicados a partir de Janeiro de 1999:

“A área do euro no início da Terceira Fase”, Janeiro de 1999.

“A estratégia de política monetária do Eurosistema orientada para a estabilidade”, Janeirode 1999.

“Agregados monetários da área do euro e o seu papel na estratégia de política monetária doEurosistema”, Fevereiro de 1999.

“O papel dos indicadores económicos de curto prazo na análise da evolução dos preços na áreado euro”, Abril de 1999.

“A banca na área do euro: características estruturais e tendências”, Abril de 1999.

“O enquadramento operacional do Eurosistema: descrição e primeira avaliação”, Maio de 1999.

“A aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento”, Maio de 1999.

“O quadro institucional do Sistema Europeu de Bancos Centrais”, Julho de 1999.

“Evolução a longo prazo e variações cíclicas dos principais indicadores económicos dos paísesda área do euro”, Julho de 1999.

“O papel internacional do euro”, Agosto de 1999.

“Os balanços das Instituições Financeiras Monetárias da área do euro no início de 1999”,Agosto de 1999.

“Diferenciais de inflação numa união monetária”, Outubro de 1999.

“Preparativos do SEBC para o ano 2000”, Outubro de 1999.

“Políticas orientadas para a estabilidade e evolução das taxas de juro reais de longo prazo nadécada de 90”, Novembro de 1999.

Documentos publicados pelo BancoCentral Europeu (BCE)

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000228228

“TARGET e pagamentos em euros”, Novembro de 1999.

“Instrumentos jurídicos do Banco Central Europeu”, Novembro de 1999.

“A área do euro um ano após a introdução do euro: características principais e alterações naestrutura financeira”, Janeiro de 2000.

“Operações e reservas cambiais do Eurosistema”, Janeiro de 2000.

“O Eurosistema e o processo de alargamento da UE”, Fevereiro de 2000.

“Consolidação no sector de liquidação de títulos”, Fevereiro de 2000.

“As taxas de câmbio efectivas nominais e reais do euro”, Abril de 2000.

“UEM e supervisão bancária”, Abril de 2000.

“O conteúdo informativo das taxas de juro e seus derivados para a política monetária”,Maio de 2000.

“Evolução e características estruturais dos mercados de trabalho da área do euro”,Maio de 2000.

“A mudança para leilões de taxa variável nas operações principais de refinanciamento”,Julho de 2000.

“Transmissão da política monetária na área do euro”, Julho de 2000.

“Envelhecimento da população e política orçamental na área do euro”, Julho de 2000.

“Indicadores de preços e custos para a área do euro: uma visão global”, Agosto de 2000.

“O comércio externo da economia da área do euro: características essenciais e evoluçãorecente”, Agosto de 2000.

“Crescimento do produto potencial e desvios do produto: conceito, utilizações e estimativas”,Outubro de 2000.

“As relações do BCE com instituições e organismos da Comunidade Europeia”, Outubrode 2000.

“Os dois pilares da estratégia de política monetária do BCE”, Novembro de 2000.

“Questões decorrentes do aparecimento da moeda electrónica”, Novembro de 2000.

“A área do euro após a entrada da Grécia”, Janeiro de 2001.

“Decisões de política monetária em contexto de incerteza”, Janeiro de 2001.

“Relações entre o BCE e organizações e fóruns internacionais”, Janeiro de 2001.

“Características do financiamento das empresas na área do euro”, Fevereiro de 2001.

“Objectivos a cumprir para a obtenção de um nível de serviços uniforme para os pagamentosa retalho na área do euro”, Fevereiro de 2001.

“A comunicação externa do Banco Central Europeu”, Fevereiro de 2001.

“Avalição de estatísticas económicas gerais para a área do euro”, Abril de 2001.

“O quadro de garantias do Eurosistema”, Abril de 2001.

“A introdução das notas e moedas de euro”, Abril de 2001.

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Série “Documentos de Trabalho Ocasionais”

1 “The impact of the euro on money and bond markets”, por Javier Santillán, Marc Bayle eChristian Thygesen, Julho de 2000.

Série “Documentos de Trabalho”

1 “A global hazard index for the world foreign exchange markets”, por V. Brousseau eF. Scacciavillani, Maio de 1999.

2 “What does the single monetary policy do? A SVAR benchmark for the European Central Bank”,por C. Monticelli e O.Tristani, Maio de 1999.

3 “Fiscal policy effectiveness and neutrality results in a non-Ricardian world”, por C. Detken,Maio de 1999.

4 “From the ERM to the euro: new evidence on economic and policy convergence among EU countries”, por I.Angeloni e L. Dedola, Maio de 1999.

5 “Core inflation: a review of some conceptual issues”, por M.Wynne, Maio de 1999.

6 “The demand for M3 in the euro area”, por G. Coenen e J. -L.Vega, Setembro de 1999.

7 “A cross-country comparison of market structures in European banking”, por O. de Bandt e E. P.Davis, Setembro de 1999.

8 “Inflation zone targeting”, por A. Orphanides e V. Wieland, Outubro de 1999.

9 “Asymptotic confidence bands for the estimated autocovariance and autocorrelation functions ofvector autoregressive models”, por G. Coenen, Janeiro de 2000.

10 “On the effectiveness of sterilised foreign exchange intervention”, por R. Fatum, Fevereirode 2000.

11 “Is the yield curve a useful information variable for the Eurosystem?”, por J. M. Berk eP. van Bergeijk, Fevereiro de 2000.

12 “Indicator variables for optimal policy”, por L. E. O. Svensson e M. Woodford, Fevereirode 2000.

13 “Monetary policy with uncertain parameters”, por U. Söderström, Fevereiro de 2000.

14 “Assessing nominal income rules for monetary policy with model and data uncertainty”,por G. D. Rudebusch, Fevereiro de 2000.

15 “The quest for prosperity without inflation”, por A. Orphanides, Março de 2000.

16 “Estimating the implied distribution of the future short-term interest rate using theLongstaffschwartz model”, por P. Hördahl, Março de 2000.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000230230

17 “Alternative measures of the NAIRU in the euro area: estimates and assessment”,por S. Fabiani e R. Mestre, Março de 2000.

18 “House prices and the macroeconomy in Europe: results from a structural VAR analysis”,por M. Iacoviello,Abril de 2000.

19 “The euro and international capital markets”, por C. Detken e P. Hartmann,Abril de 2000.

20 “Convergence of fiscal policies in the euro area”, por O. De Bandt e F. P. Mongelli,Maio de 2000.

21 “Firm size and monetary policy transmission: evidence from German business survey data”,por M. Ehrmann, Maio de 2000.

22 “Regulating access to international large-value payment systems”, por C. Holthausen e T. Rønde,Junho de 2000.

23 “Escaping Nash inflation”, por In-Koo Cho e T. J. Sargent, Junho de 2000.

24 “What horizon for price stability”, por F. Smets, Julho de 2000.

25 “Caution and conservatism in the making of monetary policy”, por P. Schellekens, Julho de 2000.

26 “Which kind of transparency ? On the need for clarity in monetary policy-making”, por B.Winkler,Agosto de 2000.

27 “This is what the US leading indicators lead”, por M. Camacho e G. Perez-Quiros, Agostode 2000.

28 “Learning, uncertainty and central bank activism in an economy with strategic interactions”,por M. Ellison e N.Valla,Agosto de 2000.

29 “The sources of unemployment fluctuations: an empirical application to the Italian case”,por S. Fabiani,A. Locarno, G. Oneto e P. Sestito, Setembro de 2000.

30 “A small estimated euro area model with rational expectations and nominal rigidities”, porG. Coenen e V.Wieland, Setembro de 2000.

31 “The disappearing tax base: is foreign direct investment eroding corporate income taxes?”,por R. Gropp e K. Kostial, Setembro de 2000.

32 “Can indeterminacy explain the short-run non-neutrality of money?”, por F. de Fiore, Setembrode 2000.

33 “The information content of M3 for future inflation in the euro area”, por C.Trecroci e J. L.Vega,Outubro de 2000.

34 “Capital market development, corporate governance and the credibility of exchange rate pegs”, porO. Castrén e T. Takalo, Outubro de 2000.

35 “Systemic Risk: A Survey”, por O. De Bandt e P. Hartmann, Novembro de 2000.

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231BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

36 “Measuring core inflation in the euro area”, por C. Morana, Novembro de 2000.

37 “Business fixed investment: evidence of a financial accelerator in Europe”, por P. Vermeulen,Novembro de 2000.

38 “The optimal inflation tax when taxes are costly to collect”, por F. De Fiore, Novembro de 2000.

39 “A money demand system for euro area M3”, por C. Brand e N. Cassola, Novembro de 2000.

40 “Financial structure and the interest rate channel of ECB monetary policy”, por B. Mojon,Novembro de 2000.

41 “Why adopt transparency?The publication of central bank forecasters”, por P. M. Geraats,Janeiro de 2001.

42 “An area-wide model (AWM)for the euro area”, por G. Fagan, J. Henry e R. Mestre, Janeirode 2001.

43 “Sources of economic renewal: from the traditional firm to the knowledge firm”, por D. RodriguesPalenzuela, Fevereiro de 2001.

44 “The supply and demand for Eurosystem deposits – The first 18 months”, por U. Bindseil eF. Seitz, Fevereiro de 2001.

45 “Testing the rank of the Hankel Matrix: a statistical approach”, por G. Camba-Mendez eG. Kapetanios, Março de 2001.

46 “A two-factor model of the German term structure of interest rates”, por N. Cassola e J. BarrosLuís, Março de 2001.

47 “Deposit insurance and moral hazard: does the counterfactual matter?”, por R. Gropp e J.Vesala,Março de 2001.

48 “Financial market integration in Europe: on the effects of EMU on stock markets”, porM. Fratzscher, Março de 2001.

Outras publicações

“The TARGET service level”, Julho de 1998.

“Report on electronic money”, Agosto de 1998.

“A política monetária única na Terceira Fase: Documentação geral sobre os instrumentose procedimentos de política monetária do SEBC”, Setembro de 1998.

“Assessment of EU securities settlement systems against the standards for their use in ESCB creditoperations”, Setembro de 1998.

“Money and bankings statistics compilation guide”, Setembro de 1998.

“Third progress report on the TARGET project”, Novembro de 1998.

“Modelo de Banco Central Correspondente (MBCC)”, Dezembro de 1998.

“Payment systems in the European Union: Addendum incorporating 1997 figures”, Janeiro de 1999.

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BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000232

“Possible effects of EMU on the EU banking systems in the medium to long term”, Fevereiro de 1999.

“Euro area monetary aggregates: conceptual reconciliation exercise”, Julho de 1999.

“The effects of technology on the EU banking systems”, Julho de 1999.

“Payment systems in countries that have applied for membership of the European Union”, Agostode 1999.

“Improving cross-border retail payment services: the Eurosystem’s view”, Setembro de 1999.

“Compendium: colectânea de instrumentos jurídicos, Junho de 1998–Maio de 1999”, Outubrode 1999.

“Cross-border payments in TARGET: A users’ survey”, Novembro de 1999.

“European Union balance of payments/international investment position statistical methods”,Novembro de 1999.

“Modelo de banco central correspondente (MBCC)”, Novembro de 1999 (não existem cópiasimpressas).

“Money and Banking Statistics Compilation Guide, Addendum 1: Money Market paper”, Novembrode 1999.

“Money and Banking Statistics Sector Manual”, segunda edição, Novembro de 1999.

“Money and Banking Statistics: Series keys for the exchange of balance sheet items time series”,Novembro de 1999.

“Report on the legal protection of banknotes in the European Union Member States”, Novembrode 1999.

“Money and Banking Statistics: Handbook for the compilation of flow statistics”, Dezembro de 1999.

“Payment Systems in the European Union:Addendum incorporating 1998 figures”, Fevereiro de 2000.

“Interlinking: Data dictionary”, Versão 2.02, Março de 2000.

“Asset prices and banking stability”, Abril de 2000.

“Statistical information collected and compiled by the ESCB”, Maio de 2000.

“EU banks’ income structure”, Abril de 2000.

“Statistical information collected and compiled by the ESCB”, Maio de 2000.

“Statistical requirements of the European Central Bank in the field of general economic statistics”,Agosto de 2000.

“Seasonal adjustment of monetary aggregates and HICP for the euro area”, Agosto de 2000.

“Improving cross-border retail payment services”, Setembro de 2000.

“Statistical treatment of the Eurosystem’s international reserves”, Outubro de 2000.

“European Union balance of payments/international investment position statistical methods”,Novembro de 2000.

“Information guide for credit institutions using TARGET”, Novembro de 2000.

“A política monetária única na Terceira Fase: documentação geral sobre os instrumentos eprocedimentos de política monetária do Eurosistema”, Novembro de 2000.

“EU banks’ margins and credit standards”, Dezembro de 2000.

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233BCE • Re l a t ó r i o Anua l • 2000

“Mergers and acquisitions involving the EU banking industry: facts and implications”, Dezembrode 2000.

“Cross-border use of collateral: A users’ survey”, Fevereiro de 2001.

“Price effects of regulatory reform in selected network industries”, Março de 2001.

“The role of central banks in prudential supervision”, Março de 2001.

“Contas Anuais do BCE 2000”, Março de 2001.

Brochuras informativas

“TARGET: facts, figures, future”, Setembro de 1999.

“The ECB payment mechanism”, Agosto de 2000.

“The euro: integrating financial services”, Agosto de 2000.

“TARGET”, Agosto de 2000.

“O Banco Central Europeu”,Abril de 2001.

“Euro – Notas e Moedas”, Maio de 2001.

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