relatoria da oficina de monitoramento de concessões · ser feito de várias formas, e uma delas é...

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Relatório do evento Oficina de Monitoramento de Contratos de Concessões Local: Parque Nacional do Iguaçu PR Período: De 8 a 10 de novembro de 2017 Autoria: Helouise Melo Costa Assessora Técnica da Unidade de Execução do PAPP Supervisão: Alexandre Carlos de Albuquerque Santos - Coordenador Geral da Unidade de Execução do PAPP

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Relatório do evento Oficina de

Monitoramento de Contratos de Concessões

Local: Parque Nacional do Iguaçu – PR

Período: De 8 a 10 de novembro de 2017

Autoria: Helouise Melo Costa – Assessora Técnica da Unidade de Execução do PAPP

Supervisão: Alexandre Carlos de Albuquerque Santos - Coordenador Geral da Unidade de Execução do PAPP

Programa: Parcerias Ambientais Público Privadas - PAPP

Relatório do evento Oficina de Monitoramento de Contratos de Concessões

Programação do evento

Dia 8 de novembro de 2017

Mesa de abertura

Compuseram a mesa de abertura do evento o presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski,

o Superintendente de área do IBAM e Coordenador Geral da Unidade de Execução do

PAPP, Alexandre Carlos de Albuquerque Santos, e o Chefe do Parque Nacional do

Iguaçu, Ivan Carlos Baptiston.

Ivan abriu a mesa, enfatizando ser muito importante que a Oficina esteja sendo realizada

no PARNA do Iguaçu, local onde as ações acontecem no dia-a-dia, oferecendo aos

TARDE

Hora Programação Hora Programação

7/11

Deverá ser levado em consideração o cronograma de viagem, pois

haverá deslocamentos em diferentes horários e origens. O ICMBio

deverá apresentar a lista das pessoas que serão acomodadas nos

alojamentos e às demais será providenciado hotel.

09:00 1. Abertura oficial (Ricardo Soavinski) 14:15 1. Apresentação da visão dos concessionários

sobre o monitoramento das concessões

09:30 2. Apresentação IBAM 16:15 2. Coffee Break

10:00 3. Apresentação ICMBio (CGFIN/CGEUP) 16:30 3. Continuação da apresentação da visão dos

concessionários

10:30 4. Coffee Break 17:30 4. Debate, perguntas

10:50 5. Apresentação Marcos Siqueira: exposição

dialogada sobre monitoramento, indicadores

de resultados

11:30 6. Debates e perguntas

12:30 7. Almoço no Porto Canoas

09:00 1. Apresentação monitoramento UC´s (Parque

Nacional da Tijuca, Parque Nacional do Iguaçu,

Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Parque

Nacional Marinho de Fernando de Noronha)

14:00 1. Trabalho em grupo com aplicação de planilha

de monitoramento de contrato em campo. (4

GRUPOS)

10:30 2. Coffee Break 16:00 2. Lanche em campo

10:50 3. Continuação da apresentação de

monitoramento UC's

16:20 3. Continuação do trabalho em grupo

12:30 4. Almoço no local 18:00 4. Encerramento

09:00

1. Apresentação dos grupos propondo

melhorias no processo e apresentando a

experiência de campo do dia anterior

10:30 2. Coffee Break

10:50

3. Continuação da apresentação dos grupos

12:00 4. Encerramento

Deslocamento10/11Interno

ICMBio

Sala de

reuniões

Deslocamento

OBSERVAÇÕES

Deverá ser providenciado café da manhã para os alojados,

transporte do hotel para a sede do PNI para os que estiverem

hospedados nos hotéis (manhã e noite). Deverá ser providenciado

dois Coffee Breaks, almoço e jantar para 35 pessoas.

Deverá ser providenciado um lanche, com sanduíches, sucos,

frutas e barras de cereal, fornecido aos grupos no final do almoço

para levar em campo.

18:30

9/11Interno

ICMBio

Sala de

reuniões

DATAPÚBLICO

ALVOLOCAL

5. Encerramento

MANHÃ

8/11ICMBio e

parceirosAuditório

participantes a oportunidade de associar a teoria à prática da gestão das Unidades de

Conservação, além de propiciar o contato com alguns “bastidores” importantes do

Parque Nacional do Iguaçu, local precursor de vários processos envolvendo a prestação

de serviços concessionários. Especialmente para aqueles que trabalham na parte

administrativa, essa capacitação representa uma oportunidade única de conhecer as

realidades das unidades de conservação.

O chefe do parque citou também que espera que todos saiam da oficina com melhores

diretrizes, procedimentos, processos de gestão de contratos de serviços

concessionados de unidades de conservação e, principalmente, que essa melhoria

possa se refletir na qualidade da experiência dos visitantes. É um desafio institucional

melhorar e aumentar, cada vez mais, o número e acesso ao nosso grande patrimônio,

que são os parques nacionais.

Alexandre Santos iniciou sua fala comentando que a oficina é mais uma atividade dentro

do programa que vem sendo implementado desde 2014, que é o projeto de Parcerias

Ambientais Público-Privadas – PAPP, programa apoiado pelo Fundo Multilateral de

Investimentos – FUMIN - do Banco Interamericano e pelo Fundo Socioambiental _ FSA

- da Caixa Econômica Federal. Iniciou realçando que o projeto passou por sérias

dificuldades, motivadas, sobretudo, pela instabilidade institucional do país ao longo do

período.

Porém, no período mais recente, o projeto sofreu um grande impulso, e registra

expressivos avanços na direção de sua meta, qual seja, a de sistematizar arranjos de

parcerias público-privadas com o terceiro setor e empresas, de maneira que se possa

trazer a expertise de gestão, os recursos, e a contribuição das comunidades tradicionais

que vivem no entorno das unidades de conservação para que façam parte desse

movimento de melhoria de processo de gestão por meio de parcerias e de ampliação

de oportunidades, citando o PARNA do Iguaçu como um paradigma da boa gestão e

dessas práticas.

Por isso, realçou a importância de se realizar o evento no parque, para que todos

tenham a experiência de entender como as parcerias, as concessões, contribuem com

a manutenção da boa estrutura do parque, com bons serviços, com atendimento ao

turismo, e com receita, e que, certamente, o PARNA do Iguaçu é um ativo que gera

receita, negócios e oportunidades. Sobretudo quando se percebe que na cidade existe

uma quantidade enorme de hotéis e pousadas em função, especialmente, do parque.

Ele cita que é isso que o projeto e seus parceiros e financiadores querem, que pelo

menos metade dos parques e florestas do país, que tem potencial de visitação, tenham

a estrutura do Parque Nacional do Iguaçu. E, se isso acontecer, teremos um sistema

nacional de unidades de conservação gerador de receita, oportunidades de negócios,

formador de visitação e com grande potencial turístico. O Brasil encontra nessas

unidades um potencial turístico gigantesco, cerca de 9% do território nacional, mas

exploramos muito pouco esse ativo natural.

Ao situar referências sobre o PAPP e o papel do IBAM nesse contexto, Alexandre se

refere à trajetória do IBAM - instituição que há 65 anos está comprometida com o

aperfeiçoamento de práticas de gestão pública, em especial na esfera local – recorta a

atuação do instituto seja na questão ambiental, seja na disseminação de práticas e

instrumentos de parcerias, como indutores do aperfeiçoamento da gestão territorial.

Realça a longa parceria que a instituição mantém com o BID e, em especial, com o

FUMIN, sempre associada à disseminação de práticas de parcerias, bem como com o

FSA da CAIXA, especialmente focalizada em projetos de desenvolvimento sustentável.

Sobre o PAPP, ele cita que é um desafio gerenciá-lo por ele ser complexo na medida

em que mobiliza um conjunto imenso de atores institucionais, que precisam tomar

decisões, e por receber recursos de duas fontes distintas. Assim como não é simples

gerenciar um projeto de concessão. Ele cita que, para isso, não existe um modelo pronto

e acabado, cada instituição irá procurar desenvolver seu modelo específico, aquele que

atende melhor as comunidades tradicionais, a economia do entorno e o interesse das

empresas privadas, e que, lamentavelmente, nesse ponto, ainda estamos muito

primários. Isso porque há poucos grupos econômicos interessados realmente em entrar

nesse circuito e que o grupo Cataratas hoje é praticamente uma empresa monopolista

nesse assunto, realçando, assim, que esse mercado precisa ser ampliado. Alexandre

traz a questão de que se há tanto interesse econômico envolvido, porque existem

poucos interesses nesta área? Ele cita também que o marco legal existente hoje ainda

é precário e precisa ser mais vasto e forte, mais adequado às necessidades específicas

da gestão ambiental, da preservação das unidades e da biodiversidade.

Sobre a Lei do terceiro setor, ele cita que é recente, e que na semana que antecedeu a

Oficina em Foz do Iguaçu, o PAPP, sempre balizado pela equipe técnica do ICMBio,

promoveu um evento similar no Parque Nacional do Itatiaia sobre a aplicação desta lei

no terceiro setor para as terceirizações em instituições da sociedade civil. Finaliza com

um breve balanço das iniciativas já realizadas no âmbito do PAPP.

Ricardo Soavinski finalizou a abertura do evento, enfatizando que a oficina é uma

oportunidade para que todos analisem os procedimentos que estão sendo adotados no

instituto, especialmente aqueles relacionados ao monitoramento de contratos e

parcerias das concessões, com o objetivo de melhorar e estabelecer um padrão de

trabalho nesse sentido. Também ressaltou que todos tentassem fazer esse tipo de

encontro, não só sobre este tema, mas sempre que possível, dentro das unidades,

mesmo que se gaste um pouco mais, porém ele acredita que o resultado será bem

melhor. Especialmente por ser uma chance de se conhecer os parques e conviver com

as equipes locais.

Antes de falar objetivamente sobre a importância da oficina, o Presidente falou de

maneira mais abrangente sobre parcerias e, especificamente, sobre concessões, e o

que o ICMBio tem feito para dar escala às ações. O instituto tem feito muita coisa boa,

especialmente porque conta com uma rede de parceiros, mas não com a escala que

precisa ser feita nem que a sociedade espera, e que isso não é culpa dos gestores ou

servidores do instituto, que recebe uma avaliação muito boa da sociedade, e isso faz

toda a diferença. Mas que precisa aprimorar certos marcos legais, procedimentos,

diretrizes, para que consiga dar escala ao trabalho.

O processo de implantação das unidades é contínuo, pois, ao longo do tempo, vai se

pensando em novos investimentos e novas maneiras de fazer, e o ICMBio tem boas

experiências, mas são algumas de um conjunto muito maior e, por mais que se abrissem

mais concursos públicos ou duplicassem o orçamento, conseguiria crescer, mas não na

escala que precisa. O ICMBio sempre esteve aberto a parcerias e conseguiu crescer

por meio dessa relação, mas tem que avançar muito mais, inclusive por meio de

procedimentos muito claros, com a adoção de uma maneira comum de trabalho dentro

do instituto, claro que com as especificidades de cada parceria e situação, mas é preciso

desenvolver melhor os procedimentos para que as parcerias sejam estabelecidas mais

rapidamente, com o objetivo de ganhar escala.

Para Ricardo, é preciso pensar em como resolver os problemas no acompanhamento

de parcerias de concessão do ICMBio, tanto antigas quanto recentes, e que isso pode

ser resolvido por meio do estabelecimento de procedimentos padrão para que cada um

saiba qual é a sua responsabilidade e prazos para acompanhar, já que, em uma gestão

de parques, há muito a ser feito. Até para não se submeter, em alguns casos, a possíveis

pressões de concessionários por conta dos prazos. Quando acontece uma perda de

prazo do contrato, é preciso fazer um reequilíbrio econômico mais para frente, então, dá

muito mais trabalho, prejudicando o concessionário, a unidade de conservação e o

instituto. Ricardo enfatizou, também, que é importante trabalhar com contratos claros

para facilitar o monitoramento dos parques pela equipe.

Ainda sobre essa questão das parcerias com concessionárias, ele disse que, se o

ICMBio deseja crescer, precisa se preparar muito bem para isso, utilizando aquilo que

já se tem e se ajudando para incrementá-lo, torná-lo melhor, de maneira colaborativa. É

preciso avaliar o que se faz e como faz, para tentar melhorar e estabelecer um padrão

de trabalho para todos os contratos. Depois disso, é importante continuar se reunindo e

trabalhando nessas questões. Talvez, segundo ele, seja preciso implementar algum

sistema para acompanhar tudo isso.

Comenta ainda que, para avançar, é importante oferecer bons serviços nas unidades, e

que algumas delas estão indo muito bem, com ou sem concessão. Esses bons serviços

motivam a sociedade a se apropriarem dos parques, no bom sentido, tornando-se parte

deles, como aconteceu no incidente no Parque dos Veadeiros. Os parques pertencem

à sociedade, então, é preciso trazer a sociedade para dentro dos parques. E isso pode

ser feito de várias formas, e uma delas é por meio do programa de voluntariado do

ICMBio, que é maravilhoso, e dá muito orgulho ao instituto.

Finalizando, realçou que o momento não é fácil, mas que o instituto está dando as

respostas necessárias e tem como avançar muito mais, mas que, para isso, precisa de

instrumentos apropriados para ser melhor do que já é.

Falas Iniciais sobre o Sentido e o Desenvolvimento do Evento

A analista ambiental, Larissa Diehl, da Coordenadoria Geral de Uso Público e Negócios

- CGUP, responsável pela estruturação do evento, iniciou sua apresentação (em anexo)

realçando o objetivo de tratar as informações sobre contratos de concessão de maneira

geral, já que existia um público muito diverso presente na oficina, tanto aqueles que já

têm muita experiência com monitoramento quanto os que estão começando agora a

conhecer este universo. Por isso, ela mostrou como se deu todo o processo de

monitoramento desde que começou a trabalhar na ideia de estabelecer um fluxo de

processos, uma rotina de monitoramento, e um protocolo mínimo que pudesse servir

para as diferentes unidades trabalharem com concessões.

E, para estabelecer essa rotina, foram buscar algumas referências de como esse

trabalho era desenvolvido na Colômbia e na Argentina, procurando constituir, com base

nessas experiências, planilhas para inserir informações de contrato de concessão para

facilitar no momento da realização da vistoria, observando tanto aspectos técnicos

quando econômicos do contrato. Além dessas planilhas que traziam obrigações

contratuais, pensaram também na necessidade de ter um modelo de relatório. Então,

trabalharam na padronização do modelo de contrato, com base nas experiências dos

dois países citados.

A primeira vez que testaram esse protocolo de monitoramento foi no Parque Nacional

de Fernando de Noronha, em 2012, no momento inicial da concessão, ocasião em que

as planilhas foram aplicadas e foi elaborado o relatório. Como o processo estava muito

no início, não deu para observar muitos avanços. Depois disso, foi feita uma avaliação

conjunta e, por ela, foi criado o protocolo do Parque Nacional do Iguaçu, com propostas

de melhorias nas planilhas, modelo de relatório e fluxo dos processos. As planilhas

também foram aplicadas no processo de concessão no Parque Nacional da Serra dos

Órgãos.

Em outubro de 2014, houve uma reunião com o apoio do Serviço Florestal, onde foi

apresentada esta proposta de protocolo de monitoramento, e surgiu a necessidade de

normatizar este serviço, o que teve que ser feito no início de 2017, com aplicação da

Instrução Normativa (IN) nº 2, de 30 de janeiro de 2017, que instituiu o comitê de

concessões. Dentro do processo de monitoramento das concessões, se estabeleceria

uma comissão de fiscalização dos contratos com a obrigação de avaliar o cumprimento

dos mesmos, em um relatório semestral, e o gestor do contrato poderia contribuir tanto

com o relatório quanto estabelecer vistorias complementares. Com isso, o comitê de

concessões deveria consolidar um relatório anual com base nesses relatórios

semestrais, e manter uma página na intranet do ICMBio com temas-modelo previamente

aprovados para facilitar os trabalhos das equipes que farão o monitoramento dos

contratos.

Depois, Larissa mostra um exemplo das planilhas produzidas no Excel, e continua a

explicação em sua apresentação. Ela finalizou, dizendo que a oficina é uma

oportunidade de apresentar as experiências já realizadas com protocolos de

monitoramento com o propósito de contribuir na formalização dos modelos de parcerias

a serem adotadas pelo ICMBio.

Gustavo Costa Rodrigues, analista ambiental do ICMBio, continuou a apresentação

sobre a instrução normativa que proporcionou a formalização do processo. Ele

comentou que, na sede do ICMBio, estão trabalhando com duas premissas muito claras

e definidas. A primeira delas é a necessidade de parcerias, porque o modelo tradicional

de contratação de serviço público hoje não resolve os problemas enfrentados e nem o

salto de qualidade que o instituto precisa dar. Então, tem acontecido os procedimentos

de manifestação de interesse, e estão focando muito na questão do marco regulatório

das organizações sociais com a Academia Nacional da Biodiversidade - ACADEBio, e

para a área de concessões.

Gustavo comentou também que foi reformulada a estrutura da coordenação e

consolidada uma parceria importante com a área de uso público, com criação de comitê.

Segundo ele, a outra premissa que está sendo trabalhada no ICMBio é que,

individualmente, os setores não irão dar “conta do recado”, e que é preciso haver um

esforço conjunto de todas as instâncias tanto na elaboração de novos processos quanto

no monitoramento e execução de contratos vigentes. Também é preciso capacitar as

áreas para que entendam a importância dos contratos de concessão, tanto para o

instituto quanto para a sociedade, que terá a possibilidade de conhecer parques mais

estruturados.

Palestra de Referência - Marcos Siqueira - Sócio fundador da empresa Radar PPP

Marcos começou sua palestra (em anexo) dizendo que passou os últimos 15 anos

participando e observando iniciativas para entender como os órgãos do governo

enfrentam o desafio de implementar e manter políticas públicas de maneira estável ao

longo dos ciclos políticos. Ele fala que em países como a Inglaterra e Alemanha, onde

Marcos teve a oportunidade de trabalhar, este tipo de problema estava sendo

solucionado por meio da criação de relações estáveis e de longo prazo entre governo e

iniciativa privada.

Voltando ao Brasil, ele trabalhou no governo de Minas Gerais e, na ocasião, ajudou a

desenvolver um programa de relacionamento entre o governo e a iniciativa privada, e

ainda trabalhou com organismos multilaterais, desenvolvendo projetos deste tipo em

outros países. Hoje, ele possui uma consultoria estratégica em concessões de parcerias

público-privadas, que vem acompanhando esse tipo de iniciativa no Brasil.

Sobre as parcerias, Marcos comentou que o ICMBio está construindo um caminho sem

volta e que, com isso, estão construindo o futuro. Sobre os contratos de concessão, ele

explicou que não basta ter energia para contratar consultores para estruturar os

projetos, é preciso ter uma gestão profissional dos contratos para que não falhem. Com

isso, ele questiona: o que os governos precisam fazer para evitar essas falhas?

Informando que é difícil responder à pergunta se não houver clareza sobre os tipos de

problemas que os contratos de concessão tentam resolver. Para tentar indicar quais os

desafios na gestão de contratos é preciso entender qual o problema que o contrato vai

tentar resolver, pois é a falha em resolver esse problema que gera a má gestão.

Ele citou exemplos de países, por exemplo, que precisaram solicitar os serviços de

órgãos públicos de departamentos de transportes ou de saneamento para melhorar

algum serviço para a população. E, ao serem questionados, todos os presentes

concordaram que o papel do ICMBio, de conservação e sustentabilidade, se assemelha

ao de órgãos de outros países, inclusive no modo como isso é feito, por exemplo, por

meio de licitações, contratação pessoas através de concursos públicos, e que mobilizam

recursos para fazer o que precisa ser feito.

Diante disso, ele pergunta a todos: “O que é ruim nesse processo de fazer políticas

públicas ou o que eles não gostam? ”. E prossegue, dizendo que o problema com esse

modelo é a questão da estabilidade de verba para se investir, por exemplo, e pediu que

os participantes dissessem mais causas. E eles responderam que era a má qualidade

da manutenção, instabilidade com relação à execução (mudam de opinião toda hora) e

à morosidade na solução de problemas simples, como trocar uma lâmpada. Ele fala que

há um tema essencial, além do exemplo simplório sobre troca de lâmpada. Que esse

processo de políticas públicas está sujeito a um conjunto de regras e procedimentos, a

uma rigidez normativa, que é legítima para que se evite, por exemplo, a corrupção. Mas

que o efeito colateral consequente a essa medida normativa, o que ele chamou de

“amarras burocráticas necessárias”, é que isso impacta diretamente no consumidor

final, por exemplo, o visitante do parque, em uma baixa qualidade do serviço prestado

ao usuário.

Ainda de acordo com Marcos, outro aspecto ruim com relação ao modo de fazer políticas

públicas é que isso diminui o incentivo para se fazer as coisas que são relevantes. A

que tipo de incentivo a pessoa responsável por implementar um projeto público no

modelo tradicional está submetida? Por exemplo, se isso fosse relacionado a licitações,

uma pessoa pode não se sentir incentivada a aprovar ou executar, já que ela pode correr

um real risco de enfrentar um problema enorme. Isso acontece porque, por exemplo, o

tempo em um edital para se enviar uma licitação muitas vezes é insuficiente, e o gestor

acaba focando no prazo curto em que precisa enviar a documentação. Porém, ele não

pensa, por exemplo, se a finalidade ou meta de uma instituição pela qual ele está

concorrendo para oferecer um serviço está sendo cumprida. Sobre isto, ele cita o

exemplo de uma licitação para obra em uma escola quando não se pergunta se o ensino

de qualidade está sendo garantido.

Marcos ressalta que nem todos os servidores são assim, mas a tendência é que o baixo

incentivo leve a um baixo desempenho, e que criar dificuldades para que algo seja feito

por meio de rigidez de processos tira os incentivos para as coisas que são relevantes,

que contribuem para melhorar a qualidade dos serviços. Mas, e se, ao contrário, for

contratado um terceirizado a longo prazo para resolver os problemas?

Apesar de contribuir para facilitar os processos e melhorar os serviços, Marcos comenta

que abandonar o modelo tradicional de se fazer políticas-públicas pode acabar criando

outros problemas e um deles é a assimetria de informações. Ele explica que isso

acontece porque o poder público não possui a informação e o concessionário não vai

querer divulgar essa informação. Outro problema relacionado a este é a questão dos

mecanismos de controle que, neste caso, é perdido pelo ICMBio.

O expositor também comentou sobre a necessidade de os instrumentos de gestão de

contratos garantirem, por um lado, o desenvolvimento de mecanismos que retirem a

flexibilidade das concessionárias e, por outro, a manutenção do incentivo para a

qualidade do desempenho. E isto tem que ser feito ao mesmo tempo em que se tenta

evitar a assimetria de informações.

Para ele, o desafio da gestão contratual é preservar as razões que inspiraram a

implementação da concessão ao mesmo tempo em que se tenta desenvolver

instrumentos para reduzir os problemas criados pela concessão. E não se faz isso

usando as antigas práticas de monitoramento e controle, mas mudando e construindo

novos padrões. Uma boa gestão contratual começa com contratos bem estruturados e

bem avaliados, ou seja, com a qualidade do contrato. É preciso que eles tenham

mecanismos que facilitem a gestão.

Também é preciso desenvolver instrumentos efetivos e específicos de monitoramento

para não dar margem a falsas interpretações. Os instrumentos também precisam ser

mensuráveis, pois os indicadores de desempenho são quantitativos, e relevantes. Sobre

isto, comenta sobre a importância de se verificar se a quantidade de indicadores de

desempenho é mesmo necessária ou se iria diminuir muito a flexibilidade que precisa

existir na relação entre a concessionária e o órgão público, e, ainda, que os indicadores

precisam ser temporais, ou seja, é preciso que a capacidade da informação esteja

disponível nos intervalos de tempo adequados. Com isso, ele convida os gestores a

focarem no resultado esperado, traduzido pelos indicadores de desempenho, e não

apenas nos processos. E o que o governo precisa fazer para ter bons indicadores de

desempenho? Construir capacidades solidas institucionais dentro das unidades de

conservação, responde.

Marcos pergunta sobre a relação entre o tamanho da lista de indicadores e a

subjetividade que se dá ao não cumprimento dos contratos. O que o palestrante sugere

sobre isso é que se foque nos resultados da concessão e menos nos pormenores

técnicos, para que se facilite a elaboração de uma lista mais simples de indicadores e,

consequentemente, o monitoramento dos contratos. O modelo de monitoramento tem

que focar, assim, no resultado do processo. Mas para que tanto o concessionário quanto

o gestor do parque fiquem satisfeitos com o acordo feito no contrato, é preciso que

existam instrumentos de alinhamentos de interesses.

Outra questão chave é o acompanhamento dos governos, que precisa ser feito todos

os dias. Ele cita o exemplo da Colômbia que teve um avanço enorme na política de

concessões, e deve ser o país mais avançado do mundo neste tema, onde, em cada

contrato assinado para escola, unidades de conservação e hospital que tenham essas

características, os órgãos públicos são obrigados a montar uma equipe de pelo menos

três pessoas por projeto para monitorar os riscos de dar errado.

Enfatizou também a questão da transparência na gestão dos contratos e cita o usuário

como aliado importante para o poder público na gestão de contratos, mas que, para isso

o usuário precisa ser empoderado pela informação, ou seja, saber que o contrato para

a prestação de determinado serviço foi feito por meio de concessão, o nome da

concessionária, e que o governo precisa da ajuda dele para monitorar o serviço. Como?

Se ele vir algo errado, tira uma foto do problema, por exemplo. Transparência nesse

caso, portanto, é “abrir” informações relevantes para o usuário para que ele se torne

aliado do governo. A transparência também evita comportamentos oportunistas. Os

contratos também têm que prever modelos de atualização, que tem a ver com a

inteligência das regras contratuais.

Finalmente, realçou que os problemas decorrentes de processos de concessão não são

conjunturais, mas inerentes a este modelo tradicional, e que o modelo de concessão é

um dos caminhos que podem ser utilizados para resolver parte dos problemas que

existem nas UCs, mas que existem outros, pois o modelo de concessão apenas não

resolverá todos os problemas.

Posições em Complemento e Debate

Depois da exposição do Dr. Marcos Siqueira, Cibele Munhoz e Apolônio Rodrigues, da

equipe de gestores do Parque Nacional do Iguaçu, continuaram a oficina, comentando

que o parque foi o laboratório para a implantação de concessões no ICMBio, e que os

primeiros contratos não previam ações de monitoramento, pois não existia legislação

que previsse a concessão de parques no passado. Como alguns contratos antigos do

PARNA do Iguaçu acabaram vencendo como, por exemplo, o do Macuco Safari, os

novos contratos já citaram a questão do monitoramento.

Também criaram uma planilha de monitoramento dos resultados, junto com a

concessionária, e uma pesquisa de satisfação dos visitantes no site Trip Advisor. Com

isso, começaram a questionar que itens supervisionados que se mostraram falhos

seriam motivos de punição administrativa contra a concessionária. E, após a inclusão

disso em contrato, o serviço do Macuco, por exemplo, melhorou muito.

Citaram, também, que o parque promove monitoramento em poucos casos, e o que

tentam fazer está mais para avaliação do que para monitoramento, que deve ser

contínua e periódica. Quando realizam avaliação, checam o contrato para saber o que

não está sendo cumprido, o que está errado, e o que pode ser acrescentado e, muitas

vezes, isso acaba se acumulando. Com isso, percebem que se faz necessário

estabelecer rotinas de monitoramento de contratos no parque.

Sobre contratos, a grande questão é deixá-los mais objetivos, pensando em como o

parque deve expressar aquilo que precisam da concessionária, com relação à estrutura

e serviços, por exemplo: “não se mede o que não se define”. Foi questionado sobre a

eficácia do Trip Advisor no monitoramento dos serviços por meio da pesquisa de

satisfação dos usuários, por eles saírem, normalmente, tão maravilhados com as

unidades de conservação, que não se ocupam e preocupam em observar possíveis

falhas, podendo, assim, “mascarar” um pouco o índice de satisfação das visitas.

Foi comentado também sobre a importância de se observar no contrato o que será

usado pelo parque como ferramenta de gestão, a partir do monitoramento, ou seja, se

vai levar o gestor a tomar decisões. Caso não seja usado, sugerem a revisão. Ter

cuidado com o excesso, por exemplo, de indicadores de desempenho, pois o excesso

de medição pode atrapalhar e não servir efetivamente para melhorias no gerenciamento

do parque e da concessão. Também foi citado o cuidado que se deve ter para que o

monitoramento não se atenha muito à parte técnica e que, assim, a atenção fique

voltada para a parte legal do contrato.

Outra questão importante discutida foi sobre o processo de transição de contratos, em

garantir que um processo que foi iniciado no contrato anterior seja continuado no

seguinte porque a empresa precisa ter condições de assumir, muitas vezes, processos

complexos durante essa transição. E isso tem que estar previsto no contrato, todos os

detalhes que podem implicar na execução desse tramite de mudança de uma empresa

para outra. O processo de monitoramento tem que ser feito desde o início, na

elaboração do contrato, para que sejam mantidas e cumpridas ações observadas em

relatório e não se “passe por cima” de questão importantes para a gestão dos parques.

Deve-se observar com clareza as datas de finalização do contrato para que não haja

problemas de interpretação com, por exemplo, várias possíveis datas de finalização. É

importante perceber isso bem antes do fechamento do ciclo da concessão, evitando-se,

com isto, muitos desgastes.

Citaram também que os custos do monitoramento não devem ser maiores do que o

resultado e que é preciso fazer, no ICMBio, uma “trilha do aprendizado”, para que todos

os conhecimentos aprendidos sejam sistematizados, evitando, assim, erros em novos

contratos e perdas de conhecimentos pelo caminho. Ao se mudar a gestão do parque,

por exemplo, as ideias observadas na gestão anterior para melhorias na unidade

costumam se perder com a nova gestão.

O ponto de vista das concessionárias

Grupo Cataratas

Representantes: Marcelo Cavaro, Adélio Demeterko, Fernando de Souza e Bruno

Marques

Os representantes do Grupo Cataratas começaram a apresentação (em anexo) falando

que os contratos de concessão do grupo com o ICMBio têm como objetivos gerais:

melhorar a infraestrutura e os serviços de apoio à visitação nos parques, o

desenvolvimento socioeconômico local, a redução e o controle de impactos nas áreas

de visitação, o apoio à educação e interação socioambiental com o entorno do parque

e visitantes e a melhoria na interpretação ambiental dos parques.

O grupo deixou claro também que, para eles, é preciso que a parceria se baseie em

uma lógica "ganha-ganha-ganha" entre o poder concedente, a concessionária e a

sociedade. O poder concedente ganharia por meio de receita com outorga e impostos,

revitalização, educação ambiental e pesquisas, contrapartidas em apoio à gestão e a

valorização da pesquisa e do trabalho de conservação. A concessionária, por outro lado,

ganha com crescimento, prazer em trabalhar na causa socioambiental, mais

oportunidades para os colaboradores e retorno para os acionistas. E a sociedade, que

ganha uma melhor infraestrutura e atendimento dos parques, primeiros socorros e

emergências, melhor acessibilidade, qualidade da experiência, mais oportunidades para

o entorno e desenvolvimento regional.

Durante a apresentação, os representantes mostraram fotos e explicaram os serviços

que estão sendo oferecidos pela concessionária ao PARNA do Iguaçu, da Tijuca e de

Fernando de Noronha. Sobre a concessão no PARNA do Iguaçu, a empresa levantou

pontos da regulação dos contratos 01 e 02/1998. Eles também levantaram questões

críticas da regulação do Contrato de Concessão 001/2012 Paineiras/Corcovado, no

PARNA da Tijuca (RJ). Também apontaram questões críticas da regulação do Contrato

de Concessão 136/2010 Econoronha, no PARNA de Fernando de Noronha.

Para o Grupo Cataratas, os contratos de concessão deveriam ser regulados a partir de

quatro pilares principais:

- Indicadores de desempenho que reflitam uma priorização clara vinculada aos aspectos

originários do objeto da concessão (qualidade da infraestrutura dos serviços da

visitação, apoio à conservação ambiental, ordenamento, etc.);

- Matriz de alocação de riscos com claro apontamento de como é feita a alocação dos

riscos entre concessionário e poder concedente;

- Acompanhamento resolutivo e cooperativo em prol do cumprimento dos objetivos

prioritários da concessão por meio de avaliações isonômicas, acordos de prazos

razoáveis e PDCA (do inglês: Plan - Do - Check - Act ou Adjust. Método iterativo de

gestão de quatro passos, utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e

produtos);

- Definição clara dos fluxos e responsáveis para a resolução das questões mais críticas

(entrega de obras, reequilíbrios, aplicação de penalidades).

Para finalizar, eles deram sugestões para a reavaliação dos contratos atuais e novos,

como a implantação de modelos específicos para cada parque, por terem atividades

diferentes; a revisão do contrato a cada três ou cinco anos para refletir a atualidade; a

inclusão de equipes multidisciplinares, compostas por biólogos, economistas,

advogados e terceiros; o acompanhamento do contrato via instrumento de regulação e

relatórios periódicos, por meio de sistema simples para resoluções pontuais do dia-a-

dia; e que o auditor financeiro e verificador sejam independentes para o

acompanhamento das obrigações contratuais.

Hope Serviços

Representante: Ronaldo Ribeiro

O representante da Hope Serviços falou sobre a concessão no Parque Nacional da

Serra dos Órgãos – PARNASO (em anexo). Ele explicou que os principais desafios da

concessão foram a manutenção da preservação e sensibilização ambiental coletiva; a

segurança e bem-estar dos visitantes e sustentabilidade econômica da região. Sobre o

contrato, a Hope foi responsável pela manutenção de 32.000 m de trilhas segundo plano

de manejo; serviços de hotelaria, manutenção e limpeza dos abrigos de montanha;

fornecimento de mais de 7.000 banhos quentes ao ano nas áreas de abrigo;

atendimento a visitantes; serviços de manutenção e limpeza em três campings e

estacionamento. Finalizou a apresentação, falando um pouco sobre a empresa, seus

principais clientes, e deu mais detalhes dos serviços oferecidos por eles por meio da

concessão.

Macuco Safari

Representantes: Maicon da Rocha, Isis de Cristo e Abel Barbosa

Os representantes do Macuco mostraram um vídeo institucional que explicava um pouco

mais sobre a concessão da empresa com o PARNA do Iguaçu, cujo principal serviço é

o passeio Macuco Safari, que inclui o passeio até as cataratas, a loja de souvenir, as

lanchonetes e o deck de observação.

Dia 9 de novembro de 2017

Apresentação de gestores sobre monitoramento nas UCs

1 – A gestão de concessões no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha

Expositores: Gustavo Costa Rodrigues e Ricardo Araújo

Os expositores - gestores do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha -

realçaram no início da apresentação que a concessão no parque, pelo Grupo Cataratas,

foi feita após a do Parque Nacional do Iguaçu. No caso de Fernando de Noronha, a

concessão é diferente por se tratar de uma ilha com questões logísticas complexas. Os

detalhes sobre o que foi acordado para que o parque seja objeto de parceria estão

pontuados no anexo da apresentação.

Chamaram atenção que foram tomados cuidados para não concessionar o local, mas

que, teoricamente, foram feitos, na medida em que foi um contrato de concessão de

prestação de serviços, cobrança de ingressos, lojas de conveniência, controle de

acesso, lanchonete, loja de souvenires, e aluguel de equipamentos. O aluguel de

bicicletas foi uma contrapartida, ou seja, eles teoricamente não podem ter lucro com

esta atividade, e o centro de visitantes também foi uma contrapartida, com a

manutenção e gestão da sua exposição permanente.

Foi citada a praia do Sancho, que tinha problemas com o complexo de trilhas, o

banheiro, as escadas de acesso, a ausência de coleta de lixo e sinalização, e muitas

reclamações dos visitantes. Por isso, a maior parte das intervenções foi feita lá, como a

construção de passarela suspensa, o alargamento de trilha, a drenagem de água fluvial,

a revegetação do solo, a coleta de lixo seletiva, o sistema de tratamento e reutilização

de água, a captação da água da chuva e a acessibilidade para cadeirantes, idosos e

crianças. Durante a apresentação, os gestores mostraram imagens do “antes e depois”

das estruturas do parque, com relação ao início da concessão e durante o seu processo.

Após essas modificações na estrutura da praia do Sancho, ela ganhou o título de

“melhor praia do mundo” pelo site TripAdvisor.

A Sueste é outra praia de Fernando de Noronha que sofreu intervenções por parte da

concessionária. O local, ambientalmente complexo e rico em diversidade de animais,

não tinha sanitário nos banheiros e nem coleta de lixo. A Cataratas providenciou um

acesso apenas para a praia, organizaram a coleta de lixo, implementaram o sistema de

tratamento de esgoto e de reutilização de água da chuva e efetivaram uma passarela

adaptada para cadeirantes, que conseguem também tomar banho de mar.

Os gestores enfatizaram que, no meio do processo de intervenções referentes à

concessão com o Cataratas, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –

Iphan - mandou paralisar as obras, pedindo a realização de estudos arqueológicos

dentro de uma determinada matriz de risco antes de liberar as intervenções. Com isso,

a concessionária alegou que não estava no contrato que teriam que fazer estudos

arqueológicos, e o ICMBio não tinha recursos para fazer. E todas as obras que

necessitavam de escavação ficaram paradas por três anos. Até que o Iphan se

organizou um pouco mais e decidiu não exigir estudo arqueológico. No único local que

de fato precisava disso, o Iphan fez o estudo.

Eles comentaram que aconteceu algo inusitado antes da liberação das obras pelo Iphan.

Os gestores do parque colocaram uma placa na passarela informando sobre a interdição

feita pelo órgão e uma associação de cadeirantes recorreu ao Ministério Público

Federal, que acionou o Iphan, que resolveu fazer o estudo e, com isso, liberar a

passarela. A passarela que terminou de ser construída por conta dessa mobilização dos

cadeirantes foi algo muito importante para eles, em especial, para uma delas, que fazia

parte da associação, que se emocionou ao ter acesso ao mar de Noronha.

Depois desse episódio, puderam dar continuidade a outras intervenções feitas em

parceria com a Cataratas, como estacionamentos, que estão sendo replanejados e

serão implantados em breve. Eles citam outro item complexo deste processo, que é o

Centro de Visitantes, que possui monitores fornecidos pela concessionária. Como a

Cataratas não sabia se iriam ter concorrentes de peso, inseriu o dobro de itens no

contrato, além do listado pelos gestores do parque. Com isso, nos últimos três anos,

saltou de 60 mil para 90 mil visitantes, por isso, eles comentaram que a ilha precisa de

muito mais estrutura de estacionamento, por exemplo, pois a atual não está mais

adequada para esta demanda de pessoas. Com isso, o aumento do número de

visitantes hoje é um problema para a Fernando de Noronha que, atualmente, tem 3x o

número de pessoas morando a mais do que deveria.

Sobre o monitoramento de rotina, o histórico de fiscalização deles é complexo. Em 2012,

um dos gestores fazia tudo, não existiam servidores suficientes e nem equipe de

fiscalização de contrato. Então, não era exatamente uma fiscalização, limitava-se a um

relatório indicando o que estava acontecendo, feito sempre no ano seguinte. O contrato

de concessão foi de 2010 e, em 2013, foi publicada uma ordem de serviço. Com isso,

teve a publicação de uma primeira fiscalização, que não foi efetiva, pois os fiscais não

sabiam muito bem o que fazer.

Em 2014, a Coordenação Geral de Uso Público e Negócios - CGUP enviou uma pessoa

para o PARNA de Fernando de Noronha, que fez um relatório detalhado da concessão,

no qual analisava como estava o andamento. Até então, haviam sido feitos três

relatórios e nenhuma fiscalização propriamente dita. Em 2016, foi publicada uma nova

ordem de serviço, que teve um fiscal substituto e uma fiscal titular. Em 2017, foi feito o

primeiro relatório da fiscalização de fato e, na metade deste ano, foi feito o primeiro

relatório semestral. A equipe de campo também tem um processo de registro, se virem

algo de errado, fazem um registro formal e entregam aos gestores do parque. Eles

também utilizam uma tabela de acompanhamento, onde informam tudo o que está

acontecendo durante a parceria com a concessionária. Eles abriram também um

processo específico para a fiscalização para ficar mais fácil de todos entenderem,

inclusive o gestor do parque.

Sobre a fiscalização anual do contrato, eles utilizam uma ficha que foi elaborada junto

com a CGUP, com uma relação de todos os itens do contrato que a concessionária tem

que atender. Depois da ficha preenchida, ela é enviada para o chefe do parque e para

a concessionária para que façam as suas considerações e, então, encaminhem ao

gestor do contrato. Eles realizam fiscalizações durante todo o ano e, ao final, compilam

todas as informações para envio em janeiro do ano seguinte.

Eles citaram também que fazem a fiscalização de todos os itens, mas o monitoramento

eles não conseguem fazer, pois vão a campo algumas vezes ao mês, fazem reuniões,

mas o modelo de monitoramento usado não indica se a concessão está sendo efetiva

ou não. O parque hoje é um sucesso de público, mas ainda existem problemas. Eles

estão agora querendo trabalhar mais com resultados do que com processos, que é um

pouco do que a concessão já promove, pois, só cobrar os itens de fato do edital não

indica se a qualidade da concessão está boa.

Outro ponto que foi citado foi a questão da transição de contrato. Quando ele vai acabar

em um período para outra concessionaria assumir, mudando, por exemplo, o quadro de

funcionários de um dia para o outro. O parque tem agendamento online e outras

questões que podem ficar comprometidas com essa transição. Hoje eles também são o

operacional e o fiscal do contrato e entendem que devem ser pessoas diferentes para

esses trabalhos.

Também comentaram sobre o mito de que ter concessionaria diminui o trabalho do

gestor, mas, no início, essa parceria acaba aumentando muito o trabalho. Com isso, foi

comentado que, no início da implantação, o ICMBio poderia colocar duas pessoas no

local para ajudar no processo. Hoje em dia, o chefe do parque é o gestor e o fiscal do

contrato, então a cadeia de comando acaba não sendo definida, e as coisas precisam

ser melhor definidas. Afirmam: “Se para os servidores do ICMBio é confuso, imagina

para o concessionário? ”. Também apontam a questão: “Se o concessionário está

lucrando bem, não seria o caso de contribuir mais com o ICMBio, com, por exemplo,

mais monitores? E esse tipo de coisa não está previsto, o ideal não seria prever isso em

contrapartidas ou financeiramente para o ICMBio? ”.

2 – Parque Nacional da Tijuca

Expositores: Ernesto Viveiros de Castro, Thaís Ferreira Xavier e Leonardo Boquimpani

de Freitas

Ernesto Viveiros de Castro, gestor do parque, abriu a apresentação sobre as

concessões no Parque Nacional da Tijuca, mais especificamente, sobre o

monitoramento da concessão Paineiras Corcovado, com o Grupo Cataratas, que

engloba serviço de van, centro de visitantes, lojas de souvenires, restaurantes e outros

tipos de apoio. Além dessa concessão, a equipe gestora do ICMBio no parque também

abordou a concessão do trem do corcovado, que opera desde 1884, e já passou por

diferentes arranjos com a administração pública.

Thaís começou a apresentação falando sobre o contrato do Paineiras Corcovado, e a

primeira questão que ela tratou foi sobre a agenda do monitoramento de contrato, que

não se sabia como fazer. Então, as primeiras coisas que devem ser pensadas sobre

essa questão são: qual o objetivo do monitoramento? Como fazer o monitoramento? A

equipe tem que acompanhar as obras contratuais e os resultados da concessão, o que

funcionaria para dar um “norte” do que está bom ou ruim e do que deveriam ou não

mudar.

Ela comentou também que os visitantes normalmente amam o parque, mas existem

questões de segurança, por exemplo, que passam desapercebidas. O primeiro objetivo

do monitoramento é verificar os resultados, se os itens do contrato estão sendo

cumpridos, e o segundo é para esclarecer aos visitantes e à população sobre o que está

sendo feito no parque. Thaís explicou como o relatório foi feito (em anexo).

Citou as dificuldades encontradas com relação ao objeto do monitoramento. O contrato

do PARNA da Tijuca contou com várias operações na proposta da concessionária, que

sofreu modificações ao longo do contrato. Com isso, a planilha foi se modificando, por

conta dos problemas com relação ao objeto da avaliação, das mudanças ao longo do

tempo. Outro problema foi a dificuldade de se avaliar falhas permanentes. O check list

é feito a cada seis meses. Caso chegue uma reclamação de um visitante por e-mail, o

responsável pode guardar em uma pasta, se for muito organizado. Também apontou

outras questões: ”Em um dia de avaliação o uniforme do funcionário pode estar

impecável. Mas, justamente no dia do monitoramento, um dos uniformes não está de

acordo. Pronto, só esse dia já generalizou a avaliação para os outros”. E os itens do

check list possuem pesos e gravidades diferentes, por isso, existem coisas que

precisam ser resolvidas imediatamente e outras não.

Assim, a planilha utilizada no parque era, para ela, “injusta” quando os itens eram

somados em sua totalidade, pois cada item tem seu peso e isso influencia no

monitoramento do contrato. Esses são alguns dos problemas notados e estão buscando

soluções. Algo que estão testando no parque é o monitoramento por programas pelo

qual se trabalha, não com cláusulas do contrato, mas com categorias que agrupam

apenas as cláusulas que são importantes de serem monitoradas. E os programas

agrupam essas categorias, indicando como está a operação e onde estão as falhas. E

a planilha possui alguns botões de gerenciamento.

Para fazer o relatório, é preciso avaliar se o programa está funcionando e, para isso, é

preciso se ter um objeto e saber como ele funciona. No PARNA da Tijuca eles estão

utilizando um aplicativo de registro de ocorrência. Então, a cada seis meses, eles

verificam quais ocorrências tiveram. Além disso, utilizam o check list, que usam para

percorrer toda a operação a cada seis meses, verificando as cláusulas do contrato. No

relatório de verificação, identificam as pendências que precisam ser cumpridas, e

registram um prazo para a abertura das pendências, em uma planilha feita no Google

Docs.

Eles têm feito algo que tem dado resultado, junto com a Unidade Avançada de

Administração Financeira - UAAF, a gestão do parque e a concessionária, que é fazer

o check list com eles e definir um prazo, atentando sempre para não o extrapolar. 15

dias antes do prazo vencer, eles recebem um e-mail de alerta do Google Docs, depois,

três dias antes, e quando acaba o prazo. Caso a concessionária não responda o e-mail

10 dias após o prazo, o e-mail vai pra UAAF, que notifica a concessionária e abre um

prazo para a resolução dos problemas.

Leonardo continuou a apresentação do PARNA do Tijuca falando sobre a concessão do

trem do corcovado (em anexo). Foram feitas cinco avaliações de monitoramento. Na

primeira, avaliaram 22 itens e, na última, 30 itens. Embora desde o início do contrato

até hoje existam itens que não atenderam ao contrato, a concessionária nunca sofreu

penalidades por conta desse monitoramento operacional. E, por conta da quantidade de

itens no contrato que não foram cumpridos, o parque estabeleceu uma multa em

contrato pelo não cumprimento dos itens.

A concessionária já havia sido penalizada com advertências e acabou recebendo a

multa por não cumprir. Com isso, perceberam que o processo de concessão não estava

funcionando bem. Com três anos desde a implementação do contrato era para todos os

itens estarem cumpridos, todas as melhorias implementadas. Depois, Leonardo

abordou a situação atual do trem do corcovado, utilizando sua apresentação. Ele falou

também sobre flexibilidade e rigidez nos contratos. Citou o contrato da concessão

Paineiras, que é mais rígido do que o do trem. Com isso, como lição aprendida,

resolveram optar por um contrato mais flexível no caso da concessão do trem do

corcovado. Porém, apesar disso, o sucesso de execução do contrato do Paineiras foi

melhor, mais bem-sucedido, do que o do trem. Então, o sucesso do contrato parece que

não depende muito da rigidez ou da flexibilidade nos termos.

Sobre esta flexibilidade, Ernesto comentou que as contrapartidas para o ICMBio devem

ser mais “amarradas” e, na época, se optou por valores de referência para se evitar

polêmicas sobre o atendimento ou não do cumprimento dos itens do contrato. Caso se

opte por um modelo mais flexível de contrato, é importante pensar como isso será

otimizado. Ele cita também sobre a questão de avaliação pelos visitantes e que, mesmo

que a estrutura do trem do corcovado seja ruim, quando eles fazem pesquisa de

satisfação, todos adoram. Portanto, é difícil usar essa meta como algo importante para

a avaliação da concessão. Ele também comentou que, se forem penalizar a

concessionária por todos os descumprimentos de itens do contrato, ele já teria se

encerrado há muito tempo.

Para concluir o aprendizado sobre as duas concessões, Ernesto comentou que

avançaram muito nos dois editais, com a questão da abertura dos programas, mas que

eles estão muito mais avançados no monitoramento do Paineiras do que no do trem,

pois este sequer possui os programas de monitoramento. Para futuros editais, ele

sugere que o monitoramento seja feito desde o período de avaliação. Então, se puderem

pensar o edital com as diretrizes para cada tema, vinculando aos programas, ao longo

dos anos estes programas podem ser atualizados. Também é importante monitorar os

programas com mais foco nos resultados e menos nas ações. Ernesto sugere que é

fundamental que isso seja institucionalizado no ICMBio.

3 – Parque nacional da Serra dos Órgãos

Expositor: Leonardo Martins Gomes

A última apresentação foi do Leonardo, do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Ele

explicou um pouco sobre o parque em apresentação (em anexo), mostrou o

cronograma de concessões do parque pela concessionária Hope e enfatizou que, na

época, foi feito um projeto básico, em que se contava muito com a boa vontade da

concessionária para cumprir o que estava acordado em contrato. Há sete anos, eles

não identificam uma boa vontade da concessionária em prestar um serviço de

qualidade.

Com relação à periodicidade do monitoramento, perceberam que faz mais diferença

para eles acompanhar diariamente a rotina, de ponto a ponto, sob demanda, do que

ficar esperando o relatório semestral resolver alguma coisa. Este relatório pontual, o

check list que fazem de rotina, serve mais como uma ponderação para uma possível

renovação de contrato do um conserto de irregularidades. Ainda de acordo com

Leonardo, as fontes hoje que dão origem à conferência de fiscalização são: reclamação

dos visitantes, verificação espontânea (quando estão em verificação de rotina), aviso da

concessionária e verificação programada (com ações de fiscalização especificas).

Outro assunto importante comentado por ele foi que, no momento em que o

empreendedor percebe que a dinâmica do gestor do parque está alinhada com o fiscal,

é mais difícil de ele não cumprir com suas obrigações. Ele explicou também que o novo

modelo de gestão de contrato prevê um fiscal técnico e um administrativo, mas que o

modelo ideal ainda é o de comissão técnica, que divide responsabilidades e, assim, o

parque consegue se organizar com as outras demandas.

Apresentação da posição da UAAF - sobre monitoramento nas UCs

O Chefe da Unidade Avançada de Administração Financeira no RJ - UAAF, André Luiz

Peixoto Barbosa, apresentou a sua explicação (em anexo). Ele mostrou um gráfico,

indicando o aumento na arrecadação dos parques citados na apresentação após as

concessões. Ele apresentou pontos que fazem a diferença no monitoramento das

concessões, destacando os que seguem:

1 - Aplicação da legislação que trata sobre concessões: hoje se busca uma parte de

cada lei para se chegar a uma conclusão;

2 - Conhecimento profundo do Termo de Referência e contrato de concessão: existe

uma questão de flexibilidade e rigidez nos contratos, mas o que irá trazer um grande

diferencial não é o monitoramento, mas a forma como isso foi construído isso num

primeiro momento. Se for feito um trabalho que realmente possa fechar todos os pontos

do que pode acontecer, o gestor terá um monitoramento dentro do esperado. É preciso

atentar para não trazer informações dúbias, que prejudicam as interpretações, e o

processo todo acaba sendo prejudicado.

3 - Alinhamento entre comissão de fiscalização e gestão contratual: não existem dois ou

três ICMBios e, muitas vezes, as pessoas agem dessa forma. Hoje, o pessoal da

Coordenação Geral de Uso Público e Negócios - CGUP desenvolve uma planilha de

check list, mas, ao mesmo tempo, essa planilha já foi desenvolvida também no PARNA

da Tijuca e, talvez, também tenha sido desenvolvida no PARNA da Serra dos Órgãos.

Ou seja, muitas vezes, os processos não estão sendo institucionalizados. Como não

existe um padrão, cada um acaba fazendo da sua forma. Só que, muitas vezes, essas

“maneiras de se fazer as coisas” acabam convergindo para um mesmo ponto.

Barbosa alertou também que, muitas vezes, não são definidas as obrigações, mas nem

todas elas têm o mesmo peso. Então, para os próximos contratos, é necessário

diferenciar o que é realmente uma obrigação do que é algo acessório. Também é

importante distinguir o que é interesse particular do que é interesse do ICMBio. Se o

concessionário perceber que ele vai ter o retorno financeiro com determinado

investimento, ele vai fazer o melhor possível para faturar o maior valor possível. Porém,

se é uma contrapartida, que é do interesse do ICMBio, e ele não vai ganhar mais

dinheiro por isso, ele não vai querer fazer da forma que queremos que ele faça. Com

isso, vão acontecer uma série de embates que desgastam o relacionamento com o

parceiro. Então, quando forem desenvolvidos esses processos de concessão, o gestor

deve pensar no que está sendo pedido de contrapartida, que é o que ficará para o

instituto após a concessão.

É preciso, também, que o concessionário cumpra o que foi acordado no edital, por isso,

a contrapartida precisa ser detalhada. Como os pesos dos itens são diferentes, as

multas aplicadas por um descumprimento precisam ser diferentes, e essa visão facilita

muito na hora da fiscalização. Barbosa enfatizou também que é importante que o

processo de monitoramento seja estruturado e institucionalizado desde o início para que

se saiba o que a última pessoa responsável pelo monitoramento conseguiu alcançar

para que se dê continuidade. E, para isso, é preciso definir bem um cronograma e um

plano de trabalho para o monitoramento de concessões, para que não haja hiatos no

processo. Ele citou também a importância da gestão do conhecimento, que no ICMBio

é tácito. Nele, o conhecimento está apenas na cabeça das pessoas que o elaboram, ele

não é gerido, compartilhado com os outros. O conhecimento precisa ser formalizado

para ser e ficar no instituto.

Barbosa também cita a importância de as decisões serem tomadas em conjunto, com

reuniões periódicas que contem com a participação da área de gestão e comissão para

mostrar à concessionária que a equipe é coesa, fala a mesma linguagem, para que a

concessionária perceba que todos estão a par do que foi acordado, com tudo também

documentado. Ele apresentou uma planilha que está à disposição caso alguém queira

conhecer. Como o contrato tinha muitos assuntos, fizeram uma aba para cada assunto

e, em cada aba, inseriram todo o histórico daquele tópico, tudo o que foi feito de ata,

ofício, todas as respostas do concessionário. Então, quando marcarem uma reunião,

esses dados são encontrados facilmente e melhora o entendimento de todos os

processos. Esse modelo tem facilitado muito a relação com o concessionário e as

reuniões que têm sido feitas com ele.

Atividade de Campo

Depois dessas explanações e dos debates que se seguiram, os participantes se

dividiram em grupos para realizar um trabalho de fiscalização em três áreas

concessionadas do Parque Nacional do Iguaçu, a área do Centro de Recepção e do

Restaurante, ambas concedidas à empresa Cataratas, e o do atrativo Macuco Safari,

concedido à empresa do mesmo nome. A intenção foi fazer um check list dos

indicadores de monitoramento, propostos pela CGEUP, de campo para avaliar como

estavam os itens apontados na planilha, inseridos como exemplos de algumas

obrigações que estão no contrato das empresas concessionárias, e se estariam

cumprindo os contratos.

Os grupos seguiram em um ônibus do parque e ficaram aproximadamente uma hora e

meia coletando dados para que, no dia seguinte, pudessem se organizar em uma roda

e discutir suas impressões sobre o evento propriamente dito e os principais achados, a

partir das impressões colhidas no exercício de campo.

Dia 10 de novembro de 2017

Conclusões

Nessa ocasião, todos puderam se manifestar sobre o evento em si, considerado, em

linhas gerais, como uma oportunidade de encontro e troca de experiências entre

pessoas com responsabilidades similares em realidades distintas. E buscou-se também

identificar os principais achados do evento e as recomendações dele advindas,

naturalmente focalizadas no tema do monitoramento e avaliação das concessões, a

seguir resumidas em grandes linhas:

• O sucesso das concessões, de serviços ou de porções territoriais, assenta-se

em grande medida sobre a construção e qualidade dos contratos estabelecidos;

• Nesse sentido, recomendam que se busque uma certa uniformização dos tipos

de contratos, naturalmente adaptados aos objetivos e aos ganhos pretendidos

em cada situação e que se incluam com clareza as obrigações e expectativas

das partes;

• Da mesma forma, busca-se estabelecer – e o evento tratou disso - um conjunto

de indicadores capazes de mensurar e permitir o monitoramento e a avaliação

do desempenho das concessionárias. Tal procedimento, comum aos casos,

deverá orientar a ação dos fiscais da concessão, como o experimentado no

exercício realizado;

• Esta função da avaliação cotidiana da concessão será sempre um encargo do

fiscal, membro da equipe de gestão do parque, e deverá observar uma

periodicidade comum (no momento o que se observou é que não há um padrão

desse procedimento);

• Se a fiscalização da concessão está ao encargo do fiscal do contrato, a

fiscalização do contrato propriamente dito estará, como regra, ao encargo da

Unidade Avançada de Administração Financeira – UAAF -, a quem incumbe a

avaliação das deficiências apontadas pela fiscalização de campo e aplicação

das sanções cabíveis e previstas em contrato. Contudo, para maior eficácia

desse procedimento, constatou-se a necessidade de um alinhamento entre os

relatórios enviados pela fiscalização e ação da UAAF;

• Tal medida, bastante explorada na exposição de André Barbosa, da UAAF – RJ,

apoia-se na necessidade de se estabelecer um parâmetro entre o que deve ou

não ser incluído nesse relatório e o que pode ou não ser sanado de imediato

pela gestão do parque;

• Tal procedimento visa separar medidas de correção de pequenas falhas, por

exemplo: verificação de uniforme dos funcionários, conserto de um sanitário,

falta de material de suprimento, troca de uma luminária etc., cujos ajustes podem

ser realizados de imediato, após uma negociação entre os gestores do parque

(ICMBio) e os responsáveis pela gestão local da concessionária;

• Recomendou-se que deveriam ser incluídas nos relatórios encaminhados às

UAAFs apenas situações como as acima exemplificadas, no caso de recorrência

da falha e que tais relatórios deveriam priorizar as incorreções efetivas da

execução do contrato, como o não cumprimento de compromissos estabelecidos

em contratos; questões relativas à segurança ou insalubridade dos usuários etc.

Tal procedimento permitiria a racionalização da ação da UAAF e a não inclusão

de medidas pontuais que, se consideradas, poderiam colocar a própria

sequência da concessão em risco;

• Outro ponto explorado foi a da avaliação qualitativa do resultado da visitação –

recomendada pelos representantes das concessionárias – e a necessidade de

aperfeiçoamento dos instrumentos hoje utilizados (avaliações do TripAdvisor e

similares) que, em geral, expressam a impressão final do usuário, acobertando

eventuais falhas na prestação dos serviços e a distinção entre a necessidade da

fiscalização cotidiana, com base em modelo comum, e esse tipo de avaliação;

• Por fim, constatou-se a necessidade de uniformização de instrumentos e

procedimentos – indicadores comuns, planilha de avaliação do fiscal comum,

periodicidade da fiscalização, procedimentos de encaminhamento de falhas na

prestação dos serviços e dos contratos entre a gestão do parque e a UAAF etc.

- e o estabelecimento de regras claras de conduta nos contratos estabelecidos,

bem com a necessidade de um sistema de fácil alimentação capaz de permitir o

monitoramento adequado e a avaliação das concessões.