relativismo cultural x direitos humanos

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Relativismo Cultural O Outro Lado Sociologia – Aula 3 Professora: Carmem IFRJ

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Page 1: Relativismo cultural x direitos humanos

Relativismo Cultural O Outro Lado Sociologia – Aula 3

Professora: Carmem IFRJ

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Aprendemos que devemos evitar o etnocentrismo e a xenofobia cultivando o relativismo cultural.

Porém, reflita sobre...

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q  Segundo a advogada iraniana Shirin Ebadi, de 63 anos e Prêmio Nobel da Paz em 2003, que desde as eleições presidenciais do Irã em 2009 vive na Europa por temer ser presa em seu país, a situação dos direitos humanos piorou muito.

“A situação da mulher é insuportável desde a revolução islâmica!”, diz ela.

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"Ciganos: Sarkozy vai à guerra", diz a manchete do Libération nesta sexta-feira. O jornal de esquerda afirma que as declarações do presidente francês, que anunciou uma reunião de segurança sobre o "comportamento" dos membros da etnia Rom, suscita uma onda de protestos de defensores dos direitos humanos. Libération destaca que mesmo membros da UMP, o partido de Sarkozy, criticaram a atitude do presidente.

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Fifa investiga violação direitos humanos na seleção da Coreia do Norte. Equipe teria sido punida após eliminação da Copa do Mundo.

Segundo dissidentes norte-coreanos e espiões da Coreia do Sul, os jogadores tiveram que ficar seis horas em pé ouvindo críticas. O técnico teria sido obrigado a trabalhar na construção civil.

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Os limites para o relativismo cultural são, portanto, ...

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v  Os direitos humanos são o resultado de uma longa história, foram debatidos ao longo dos séculos por filósofos e juristas.

v  O início, remete-nos para a área da religião, quando o Cristianismo, durante a Idade Média, é a afirmação da defesa da igualdade de todos os homens numa mesma dignidade, foi também durante esta época que os cristãos desenvolveram a teoria do direito natural, em que o indivíduo está no centro de uma ordem social e jurídica justa, mas a lei divina tem prevalência sobre o direito laico tal como é definido pelo imperador, o rei ou o príncipe.

Breve Histórico

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q  Com a idade moderna, os racionalistas dos séculos XVII e XVIII, reformulam as teorias do direito natural, deixando de estar submetido a uma ordem divina.

q  Para os racionalistas, todos os homens são por natureza livres e têm certos direitos inatos de que não podem ser despojados quando entram em sociedade.

q  Foi esta corrente de pensamento que acabou por inspirar o atual sistema internacional de proteção dos direitos do homem.

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Ø  A evolução destas correntes veio a dar frutos pela primeira vez em Inglaterra, e depois nos Estados Unidos.

Ø A Magna Carta (1215) deu garantias contra a arbitrariedade da Coroa, e influenciou diversos documentos, como por exemplo o Acto Habeas Corpus (1679), que foi a primeira tentativa para impedir as detenções ilegais.

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v  A Declaração Americana da Independência surgiu a 4 de Julho de 1776, onde constavam os direitos naturais do ser humano que o poder político deve respeitar.

v  Essa declaração teve como base a Declaração de Virgínia proclamada a 12 de Junho de 1776, onde estava expressa a noção de direitos individuais.

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A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em França em 1789, e as reivindicações ao longo dos séculos XIV e XV em prol das liberdades, alargou o campo dos direitos humanos e definiu os direitos econômicos e sociais.

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Mas o momento mais importante, na história dos Direitos do Homem, é durante 1945-1948.

Em 1945, os Estados tomam consciência das tragédias e atrocidades vividas durante a 2ª Guerra Mundial, o que os levou a criar a Organização das Nações Unidas (ONU) em prol de estabelecer e manter a paz no mundo.

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Foi através da Carta das Nações Unidas, assinada a 20 de Junho de 1945, que os povos exprimiram a sua determinação

«em preservar as gerações futuras do flagelo da guerra; proclamar a fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e valor da pessoa humana, na igualdade de direitos entre homens e mulheres, assim como das nações, grande e pequenas; em promover o progresso social e instaurar melhores condições de vida numa maior liberdade.».

A criação das Nações Unidas simboliza a necessidade de um mundo de tolerância, de paz, de solidariedade entre as nações, que faça avançar o progresso social e econômico de todos os povos.

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OBJETIVOS

Ø  Os principais objetivos das Nações Unidas, passam por:

Ø  manter a paz, a segurança internacional, desenvolver relações amigáveis entre as nações, realizar a cooperação internacional resolvendo problemas internacionais de cunho econômico, social, intelectual e humanitário, desenvolver e encorajar o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais sem qualquer tipo de distinção.

Ø  Assim, a 10 de Dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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Estados

q  A Declaração Universal dos Direitos Humanos, ganhou uma importância extraordinária, contudo, não obriga juridicamente que todos os Estados a respeitem e, devido a isso, a partir do momento em que foi promulgada, foi necessário a preparação de inúmeros documentos que especificassem os direitos presentes na declaração e assim força-se os Estados a cumpri-la.

q  Foi nesse contexto que, no período entre 1945-1966 nasceram vários documentos.

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Mundo

Assim...

a junção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os dois pactos efetuados em 1966, nomeadamente

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o

Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, sociais e Culturais,

bem como os dois protocolos facultativos do Pacto dos Direitos Civis e Políticos

(que em 1989 aboliu a pena de morte), constituem

A Carta Internacional dos Direitos do Homem.

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E, o que tem a Sociologia a ver com tudo isso?

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Ciências Sociais

•  As Ciências Sociais contribuem para um melhor entendimento das sociedades, fornecendo instrumentos que podem ajudar a transformá-las.

O que são as “Ciências Sociais”???

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v  Sociologia:

§  Estuda s relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade.

§  A Sociologia envolve, portanto, o estudo dos grupos e dos fatos sociais, da divisão da sociedade em classes e camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito, das relações de poder e dos processos de construção, manutenção ou mudança nas hierarquias sociais.

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v  Economia

•  Tem por objeto as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços.

•  Portanto, são fenômenos estudados pela Economia a distribuição da renda num país, a política salarial, a produtividade de uma empresa, o mercado de ações, etc...

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v  Antropologia

•  Pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos.

•  São objetos de estudo da Antropologia os tipos de organização familiar, as religiões, a magias, os ritos de iniciação, de morte e casamento, por exemplo.

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v  Ciência Política

•  Ocupa-se da distribuição de pode na sociedade, assim como da formação e do desenvolvimento das diversas formas de governo.

•  Estuda, por exemplo, os partidos políticos, os mecanismos eleitorais, etc.

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Afinal, o que estamos estudando?!

•  Não existe uma divisão nítida entre essas disciplinas.

•  Embora cada uma das Ciências Sociais esteja voltada, preferencialmente, para um aspecto da realidade social, elas são complementares entre si e atuam frequentemente juntas para explicar os complexos fenômenos da vida em sociedade.

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os Clássicos

• A fim de melhor compreendermos os fenômenos sociais, aprofundaremos nossos conhecimentos acerca dos três teóricos de maior relevância para as Ciências Sociais: Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.

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Karl Marx

“A história de todas as sociedades que já existiram é a história da luta de classes”

q  As condições materiais determinam a organização social

q  Principais obras: O Manifesto Comunista (1848 - junto com Friedrich Engels); O Capital (publicação póstuma por Engels)

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O conjunto das forças produtivas e das relações sociais de produção de uma sociedade forma sua base ou estrutura (também conhecido com infraestrutura): fundamento sobre o qual se constituem as instituições políticas e sociais

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q  Superestrutura ou supraestrutura:

q  Segundo a concepção materialista da história, na produção da vida os homens geram também outra espécie de produtos que não têm forma material:

q  as ideologias políticas, concepções religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico, representações coletivas de sentimentos, ilusões, modos de pensar e concepções de vida diversos.

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Os homens se relacionam a partir de relações sociais de produção.

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q  A Sociedade Capitalista é dividida em duas classes sociais =

q  Burgueses (detêm os meios de produção) X Proletários (não detêm os meios de produção e são obrigados a vender o único bem que possuem: sua força de trabalho).

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q  Materialismo Histórico-Dialético

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q  Questiona a perspectiva para a qual as relações burguesas de produção são naturais, estão de acordo com as leis da natureza, como se fossem independentes da influência do tempo, sendo por isso consideradas como leis eternas que devem reger sempre a sociedade (naturalismo).

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q  Um dos primeiros pensadores sociais a utilizar o termo alienação foi Rousseau, para descrever o ato de cada indivíduo quando troca suas liberdades pessoais por direitos comuns garantidos em lei, submetendo suas vontades às conveniências e os limites da vida em sociedade, e por extensão à autoridade do Estado.

ALIENAÇÃO

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q  Nesse sentido, tem um caráter predominantemente jurídico, sendo sinônimo de abdicar de algo que lhe pertence, seja por imposição externa ou por decisão espontânea.

q  De acordo com essa definição, podemos abdicar de bens materiais ou de direitos. Uma fazenda pode ser alienada (desapropriada) de seu possuidor, para fins de reforma agrária.

q  Um criminoso encontra-se alienado (preso) numa penitenciária, pois sua liberdade representa perigo para a sociedade.

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q  Segundo Marx, o capitalismo tornou o trabalhador alienado, isto é, separou-o de seus meios de produção (suas terras, ferramentas, máquinas, etc).

q  Estes passaram a pertencer à classe dominante, a burguesia. Desse modo, para poder sobreviver, o trabalhador é obrigado a alugar sua força de trabalho à classe burguesa, recebendo um salário por esse aluguel.

q  Como há mais pessoas que empregos, ocasionando excesso de procura, o proletário tem de aceitar, pela sua força de trabalho, um valor estabelecido pelo seu patrão.

q  Caso negue, achando que é pouco, uma exploração, o patrão estala os dedos e milhares de outros aparecem em busca do emprego. Portanto é aceitar ou morrer de fome. Com a alienação nega-se ao trabalhador o poder de discutir as políticas trabalhistas, além de serem excluídos das decisões gerenciais

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Leia, Reflita, Interaja!

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O que é mais-valia?

q  Para Marx a exploração é decorrente de certos sistemas produtivos que se caracterizam por extrair dos agentes de produção um valor excedente em relação ao que efetivamente lhe custava esses mesmos agentes.

q  Para o capitalista (aquele que detém o capital) a força de trabalho é uma mercadoria que ele compra do trabalhador.

q  Essa produção de excedentes se dá uma vez que o capitalista remunera o trabalhador de acordo com um valor que seja o estritamente necessário para sua sobrevivência.

q  Contudo, ele extrai desse trabalho um produto maior do que pagou. Marx chama esse mecanismo de mais-valia.

Exploração

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q  A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a força de trabalho e o preço pelo qual ele vende o resultado.

q  Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial.

q  No capitalismo moderno, com a redução progressiva da jornada de trabalho, o lucro empresarial seria sustentado através do que se denomina mais-valia relativa (em oposição à primeira forma, chamada mais-valia absoluta), que consiste em aumentar a produtividade do trabalho, através da racionalização e aperfeiçoamento tecnológico, mas ainda assim não deixa de ser o sistema semi-escravista, pois "o operário cada vez se empobrece mais quando produz mais riquezas", o que faz com que ele "se torne uma mercadoria mais vil do que as mercadorias por ele criadas".

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q  Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo dos homens se desvaloriza.