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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

ANA CAROLINA AMADOR DE SOUSA

RELATÓRIO PARA A OBT ENÇÃO DO GRAU DE LIC ENDIADO EM

FARMÁCIA - 1º CICLO

Janeiro|2014

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

4º ANO / 1º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

ANA CAROLINA AMADOR DE SOUSA

SUPERVISOR: DR. ANDRÉ ARAÚJO

ORIENTADOR: DR.ª RAQUEL VIDEIRA LOPES ANDRADE

Janeiro|2014

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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LISTA DE SIGLAS

AIM -Autorização de Introdução no Mercado;

ANF- Associação Nacional das Farmácias;

ARS- Administração Regional de Saúde;

BPF - Boas Práticas de Farmácia para a Farmácia Comunitária;

CCF - Centro de Conferência de Faturas;

CEDIME - Centro de Documentação e de Informação de Medicamentos;

CNPEM - Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

DCI- Denominação Comum Internacional;

EMA - Agência Europeia do Medicamento

FM- Farmácia Moderna;

GH - Grupo Homogéneo;

INFARMED- Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.;

IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado;

MNSRM- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica;

MSRM- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica;

MSRME- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica Especial;

PVP- Preço de Venda ao Público;

RAM – Reações Adversas ao Medicamento;

RCM- Resumos das Características do Medicamento;

SNS- Serviço Nacional de Saúde;

TF- Técnico de Farmácia.

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Terminada mais uma etapa do meu percurso académico, não poderia deixar de

agradecer, em primeiro lugar, à Exma. Sra. Dr.ª Raquel Videira Lopes Andrade, por ter

autorizado a realização do meu estágio na Farmácia Moderna e pela simpatia e

carinho com que me acolheu. Sinto-me realizada e grata para com toda a equipa de

trabalho da Farmácia Moderna, que com bom agrado me recebeu desde o primeiro

momento, transmitindo o seu conhecimento e experiência e também pelo apoio em

certos momentos menos bons. Acho pertinente citar alguns nomes de pessoas que se

destacaram nesta experiência, por toda a simpatia, amizade e apoio que sempre

demonstram para comigo, pela partilha de conhecimentos, que tanto contribuiu para a

minha formação na farmácia comunitária, entre elas: Dr.ª Carla Forte Marques; Dr.ª

Tânia Martinho; Dr. Alexandre Lote; Dr.ª Sofia Jorge; Dr.ª Joana Conde;Dr.ª Vanina

Nunes; Hugo Santos, Filipa Pais; Francisco Inácio; Anabela Varges, Marco Macedo.

Queria também agradecer à colega que fez estágio no mesmo período na Farmácia

Modena, Ana Vasconcelos, que com amizade e disponibilidade me apoiou, partilhou

dúvidas e momentos bons e menos bons.

Um muito obrigada aos meus orientadores pedagógicos da Escola Superior de

Saúde da Guarda, Dra. Fátima Roque e Dr. André Araújo por tornarem possível a

realização deste estágioProfissional.

A todos, um muito obrigada!

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1- Factura/Guia de Remessa ............................................................................... 58

Anexo 2-Nota de devolução ........................................................................................... 59

Anexo 3- Nota de Crédito ............................................................................................... 60

Anexo 4 - Receita médica não renovável ....................................................................... 61

Anexo 5 - Receita médica renovável .............................................................................. 62

Anexo 6 - Receita médica manuscrita ............................................................................ 63

Anexo 7 - Impresso do processamento informático da receita ....................................... 64

Anexo 8 - Receita médica especial (medicamentos psicotrópicos e estupefacientes) ... 65

Anexo 9 - Ficha de manipulação .................................................................................... 66

Anexo 10- Ficha de registo de movimento de matérias-primas ..................................... 67

Anexo 11 - Rótulo de um medicamento manipulado e respetiva receita ....................... 68

Anexo 12 - Verbete de identificação do lote .................................................................. 69

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela I- Diferença entre a quantidade encomendada e recepcionada. ......................................... 23

Tabela II- Equipamento de laboratório mínimo de existência obrigatória .................................... 43

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ÍNDICE LISTA DE SIGLAS ..................................................................................................................... 3

ÍNDICE DE ANEXOS ................................................................................................................ 5

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 9

1- ORGANIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FARMÁCIA MODERNA................... 11

1.1- CARACTERIZAÇÃO EXTERIOR DA FARMÁCIA .................................................... 11

1.2- O ESPAÇO INTERIOR DA FARMÁCIA ...................................................................... 12

1.3- RECURSOS HUMANOS ................................................................................................ 16

1.4. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DA FARMÁCIA MODERNA ............................ 16

1.5-APLICAÇÃO INFORMÁTICA NA FARMÁCIA .......................................................... 17

1.6- INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA ................................................. 18

2- ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO.................................................................... 20

2.1. GESTÃO DE STOCKS ................................................................................................... 20

2.2. ENCOMENDAS .............................................................................................................. 20

2.2.1. Realização de Propostas de Encomenda ................................................................... 20

2.2.2. Receção e Conferência de Encomendas .................................................................... 22

2.2.3. Critérios e Condições de Armazenamento ................................................................ 24

2.3. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE E DEVOLUÇÃO DE

MEDICAMENTOS ................................................................................................................. 25

3- OS MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE....................................... 27

3.1- MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ................................................ 27

3.2- MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ...................................... 28

3.3- MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES ................................. 28

3.4- PREPARAÇÕES OFICINAIS E MAGISTRAIS ............................................................ 29

3.5- PRODUTOS PARA ALIMENTAÇÃO ESPECIAL E DIETÉTICOS ........................... 29

3.6- PRODUTOS COSMÉTICOS E DERMOFARMACÊUTICOS ...................................... 30

3.7- FITOTERAPIA E SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS ................................................. 31

3.8- DISPOSITIVOS MÉDICOS ............................................................................................ 31

3.8- MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE USO VETERINÁRIO ..................................... 32

4- DISPENSA DE MEDICAMENTOS ................................................................................... 33

4.1. DISPENSA DE MSRM ................................................................................................... 33

4.1.1. Modelos de receita médica ........................................................................................ 34

4.1.2. Prescrição Médica e Validação da Mesma ................................................................ 36

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4.2- INDICAÇÃO FARMACÊUTICA E AUTOMEDICAÇÃO ........................................... 38

5- FARMACOVIGILÂNCIA ................................................................................................... 41

6- MEDICAMENTOS MANIPULADOS ............................................................................... 42

7- RECEITUÁRIO/FATURAÇÃO ......................................................................................... 46

8- OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA ............................. 48

ANÁLISE CRÍTICA ................................................................................................................. 53

CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 54

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 55

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INTRODUÇÃO

O relatório que se segue surge no âmbito da realização do Estágio Profissional I

que se insere no plano curricular do primeiro semestre do quarto ano do curso de

Farmácia 1º ciclo da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda. Este

teve a duração de 490 horas, desde o dia 1 de outubro de 2013até ao dia 17 de janeiro do

ano de 2014.

O Estágio Profissional I foi realizado na Farmácia Moderna (FM),no concelho

de S.Miguel, Guarda, tendo sido orientado pedagogicamente pelos professores Dr.

André Araújo. O estágio no local onde foi realizado, foi supervisionado pela Dr.ª

Raquel Videira Lopes Andrade.

Segundo o Decreto-Lei nº. 87.497/82, o Estágio é definido como, “as atividades

de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela

participação em situações reais da vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na

comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob

responsabilidade e coordenação da instituição de ensino” [1]

O Decreto-lei n.º 564/99 de 21 de dezembro refere como conteúdo funcional do

Técnico de Farmácia (TF) o desenvolvimento de "actividades no circuito do

medicamento, tais como análises e ensaios farmacológicos, interpretação da prescrição

terapêutica e das fórmulas farmacêuticas, sua separação, identificação e distribuição,

controlo da conservação, distribuição e stocks de medicamentos e outros produtos,

informação e aconselhamento sobre o uso dos medicamentos". [2]

Este estágio permite ao aluno assumir conhecimentos em contato direto com o

utente/cliente, com base na aprendizagem adquirida na parte teórica aplicando-a num

contexto real, onde não só a teoria está presente mas todo um conjunto de situações que

preparam o estudante para dar resposta às exigências do consumidor, promovendo a

integração à vida profissional.

Os objetivos deste estágio são favorecer, em contexto real, a integração das

aprendizagens que vão sendo desenvolvidas ao longo do curso, de modo que o perfil do

estudante vá ao encontro das competências necessárias no âmbito da sua formação;

preparar o estudante para dar resposta às exigências da sociedade, promovendo a

socialização e integração profissional.[3]

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O estágio é assim sujeito a frequência e realização obrigatória sendo também

avaliado na componente prática, estágio em si e na componente teórica, culminando na

descrição do estágio num relatório escrito.

Deste modo, este relatório foi elaborado com o objetivo de descrever todas as

atividades realizadas ao longo do estágio. Este documento está organizado em vários

capítulos para que seja mais facilmente analisado. Por fim será dada a minha opinião na

análise crítica.

Para a sua realização foram usadas as experiências adquiridas durante o Estágio

Profissional I e os conhecimentos teóricos e teórico-práticos que ao longo dos últimos

anos assimilei.

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1- ORGANIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FARMÁCIA

MODERNA

A FM localiza-se na Avenida São Miguel da Guarda. Esta farmácia está situada

numa zona onde vivem e trabalham um grande número de habitantes da cidade, estando

também próxima do Centro de Saúde que serve todos os habitantes da Freguesia de São

Miguel da Guarda. A sua localização contribui para a diversidade de utentes da

Farmácia e consequentemente para a variedade de serviços prestados. Esta farmácia

existe há trinta anos. Inicialmente era designada "Farmácia Piné", tendo pertencido a

outros donos. Há quinze anos passou a chamar-se "Farmácia Moderna". Os atuais donos

mativeram o nome da farmácia, no entanto mudou a sua localização tendo esta sido

remodelada há cerca de cinco anos.

Esta farmácia pertence a um grupo de quatro farmácias distribuídas nos distritos

de Viseu e Guarda. Este grupo tem a designação de Videira Lopes, Saúde, e patilham a

mesma entidade patornal, pelo que se torna benéfico no intercâmbio de produtos de

saúde entre as farmácias.

1.1- CARACTERIZAÇÃO EXTERIOR DA FARMÁCIA

A FM marca a diferença pelas suas características requintadas, pela sua

modernidade, aspecto actual com pormenores selectos e bem desenhados.

A farmácia possui duas grandes montras, onde estão expostos produtos à venda

na farmácia, o que contribui para uma boa iluminação natural do espaço interior,

cativando a apreciação e preferência dos utentes deste espaço.

O exterior da farmácia deve ser característico e profissional, facilmente visível e

identificável, requisito descrito nas Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) para farmácia

comunitária.[4]

No exterior do edifício está inscrito o nome da Farmácia, "Farmácia

Moderna ", o nome da Diretora Técnica e o respectivo grupo Videira Lopes, Saúde, em

letreiro iluminado durante a noite e colocado perpendicularmente à frontaria do edifício,

de modo a ser visto com mais facilidade. Neste espaço exterior está presente ainda o

símbolo da cruz verde e a informação acerca dos horários de funcionamento e das

farmácias em regime de serviço permanente, bem como a respetiva localização e

contacto.

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É um local de fácil acessibilidade, devidamente munido com portas automáticas

e com uma rampa de acesso, o que se revela de extrema importância para pessoas

portadoras de deficiência física, crianças e idosos, que constitui um requisito de

qualidade das BPF. Possui ainda um postigo de atendimento nocturno que permita

preservar de possíveis violências à integridade física dos profissionais da Farmácia.[5]

1.2- O ESPAÇO INTERIOR DA FARMÁCIA

Interiormente, a FM, especialmente a zona de atendimento ao público, apresenta

um aspecto moderno, proporcionando um ambiente airoso e acolhedor.

O Decreto -Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, veio estabelecer o novo regime

jurídico das farmácias de oficina. A Deliberação n.º 2473/2007 de 24 de dezembro,

anexo ao próprio regime jurídico, estipula quais são as áreas mínimas para uma

farmácia e as suas respetivas divisões.

As farmácias devem assim ter uma área útil total mínima de 95 m².As farmácias

devem dispor, obrigatória e separadamente, das seguintes divisões:[6]

a) Sala de atendimento ao público com, pelo menos, 50 m²;

b) Armazém com, pelo menos, 25 m²;

c) Laboratório com, pelo menos, 8 m2;

d) Instalações sanitárias com, pelo menos, 5 m²;

e) Gabinete de atendimento personalizado, exclusivamente para a prestação dos

serviços a que alude o n.º 2 do artigo 3.º da Portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro,

com, pelo menos, 7 m².

A FM encontra-se em conformidade com a legislação supracitada, encontrando-

se organizada fisicamente pelas seguintes áreas:

1. Área de atendimento ao público;

2. Área de receção e conferência de encomendas;

3. Local de armazenamento dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

(MSRM)

4. Armazém geral I;

5. Armazém geral II;

6. Laboratório

7. Zona de atendimento personalizado;

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8. Escritório da direção técnica;

9. Instalações sanitárias;

10.Copa.

Como referenciado nas BPF, esta farmácia contém sistemas de alarme contra

intrusão/furto e incêndios.[4]

1-Área de atendimento ao público

A zona de atendimento ao público é, por excelência, o local mais importante da

farmácia. É aqui que ocorre o primeiro contacto do utente com o profissional de sáude,

e onde se desenvolve todo o processo de atendimento e aconselhamento. Na FM, esta é

uma área ampla, possibilitando uma boa circulação do utente. É bem iluminada, com

um ambiente calmo, harmonioso e acolhedor, o que permite uma perfeita comunicação

entre o utente e o profissional de saúde. Nesta farmácia cada profissional tem o seu

próprio posto/balcão de atendimento. Existem nove balcões, e é a ordem de senhas que

vai ditar o posto em que cada utente vai ser atendido. Isto permite uma atividade

simultânea de vários funcionários, traduzindo-se numa melhor qualidade e rapidez de

atendimento. Existe ainda dois balcões que se destinam particularmente à cosmética e à

ortopedia e puericultura, respetivamente. Em toda a zona de atendimento ao público,

observa-se uma exposição de produtos de aquisição/venda livre, dividida por categorias:

puericultura, alimentação infantil, produtos de emagrecimento, suplementos

alimentares, produtos capilares, produtos de higiene oral, higiene íntima,

dermocosmética, e lineares destinados ao mercado sazonal (cosméticos solares,

produtos de emagrecimento, antitússicos, antigripais, etc).Esta estratégia permite

rentabilizar espaço na farmácia, dispondo os produtos de forma atrativa para o

consumidor. Existe também uma área de espera com cadeiras para os utentes e/ou

acompanhantes e uma zona infantil de entretenimento.

2- Área de receção e conferência de encomendas

A área de receção e conferência de encomendas é uma zona resguardada do

público e é destinada à descarga de encomendas, bem como à sua receção por parte de

um responsável. Este encontra-se encarregue de conferir a encomenda, introduzi-la no

sistema informático, através da leitura óptica. Para que estas tarefas sejam concretizadas

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da melhor maneira este espaço é amplo e existem dois terminais informáticos, bem

como prateleiras onde são arquivados documentos importantes. Esta zona é também

utilizada para o controlo dos prazos de validade, verificação/correção de preços e

marcação de preços. Existe ainda neste espaço dois armários, um destinado aos

medicamentos reservados e outro no qual se colocam os medicamentos destinados às

restantes farmácias do grupo Videira Lopes, Saúde.

3- Local de armazenamento de MSRM

Nesta zona encontra-se um armário com gavetas deslizantes onde se arrumam

MSRM por ordem alfabética do nome do titular da Autorização de Introdução no

Mercado (AIM) e segundo a sua forma farmacêutica.

Os medicamentos psicotrópicos encontram-se armazenados separadamente numa

gaveta, respeitando assim as normas legais de armazenamento e conservação deste tipo

de medicamentos.

Também se encontra localizado neste local um frigorifico, devidamente

controlado em termos de temperatura e humidade, e no qual se armazenam os produtos

que requerem conservação no frio.

4- Armazém geral I

Este armazém está subdividido em diferentes áreas, entre elas, medicamentos

sazonais, xaropes, medicamentos genéricos (arrumados por ordem alfabética da

substâcia ativa), pomadas/ cremes, produtos de higiene oral e íntima, produtos de

dermocosmética, dispositivos médicos, suplementos alimentares, nutrição e dietética e

medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), papas e leites infantis.

5- Armazém geral II

No segundo piso da farmácia está situado um segundo armazém destinado ao

armazenamento de produtos de grande volume, sapatos ortopédicos e de criança, fraldas

e consumíveis, puericultura de grande volume, entre outros.

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6- Laboratório

O laboratório da FM é constituído por uma zona para manipulação e armários

para armazenamento das matérias-primas e de literatura de apoio necessária à execução

dos manipulados. A zona de manipulação apresenta uma bancada de superfície lisa e de

fácil limpeza, onde se podem observar uma balança analítica, um banho de água

termostatizado e um pórfiro, bem como outro material de laboratório necessário à

realização dos manipulados.

7- Zona de atendimento personalizado

A FM possui dois gabinetes de atendimento personalizado que gera um clima

mais privado com o utente, destinadas a consultas periódicas com diversos profissionais

de saúde, bem como eventuais conversas mais reservadas com o utente. Existem

consultas de podologia, nutricionismo, medicina tradicional chinesa, hidrolinfa e

audiologia. Existe ainda um outro gabinete onde se efetua a avaliação de parâmetros

fisiológicos e bioquímicos. Estas zonas de atendimento personalizado são destinadas a

desenvolver um clima de privacidade, confiança e atenção exclusiva.

8- Escritório da direção técnica

O escritório da direcção técnica é o local onde se orienta toda a atividade da FM,

destinando-se, fundamentalmente, à gestão, administração e contabilidade da farmácia.

Além de um terminal informático, dispõe de bastante documentação na área

farmacêutica para consulta dos profissionais de saúde. É ainda neste espaço que

decorrem breves reuniões de rotina com outros profissionais de saúde, e, caso a situação

assim o exija, se estabelece um diálogo de maior confidencialidade/privacidade com

algum utente.

9- Instalações sanitárias

A FM dispõe de duas casas de banho, uma destinada aos utentes e outra reservada

aos colaboradores (localizada na Copa/ Vestiário).

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10- Copa

A copa é um espaço que reúne as condições essenciais ao descanso dos

profissionais de saúde em horário de trabalho. Possui uma cozinha e um armário, cama

e uma estante com cacifos para guardar objetos pessoais com segurança, pois é uma

zona totalmente resguardada do público. É neste local que os profissionais se preparam

para iniciar a atividade profissional.

1.3- RECURSOS HUMANOS

A FM conta com a colaboração de uma equipa de dezassete elementos, cada um

deles com um título profissional. Com formação na área da farmácia existem cinco

Técnicos de Farmácia (TF) e sete farmacêuticos, sendo um deles a Diretora Técnica da

farmácia. Existe ainda um ajudante de farmácia, uma podologista, uma nutricionista, um

especialista em medicina tradicional chinesa e uma pessoa encarregue dos serviços de

limpeza.

Apesar de estarem atribuídas tarefas específicas para cada um dos funcionários,

estes possuem cargos profissionais diferentes, havendo um ambiente de entreajuda e

cooperação, todos eles assumindo as suas responsabilidades éticas e profissionais. Esta

equipa colabora diariamente em conjunto com o objetivo de satisfazer com o maior

rigor e qualidade os utentes.

Tanto os TF, como o restante pessoal de apoio da FM frequentam cursos de

formação científica, seminários, simpósios, ações de formação, congressos, encontros

profissionais e científicos, bem como a leitura de publicações de forma a manterem-se

constantemente informados e atualizados a nível científico, ético e legal, reforçando

assim as suas competências. Durante o período de estágio tive oportunidade de

acompanhar a equipa técnica num seminário de apresentação de produtos da Aboca®.

1.4. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DA FARMÁCIA MODERNA

O horário da FM é o seguinte: de segunda a sábado das 8:30 horas às 22:00

horas, sem interrupção para almoço.

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Esta farmácia efetua serviços noturnos aproximadamente de 10 em 10 dias,

estando o respetivo dia de serviço devidamente assinalado. Nesta situação a farmácia

permanece aberta desde o horário normal de abertura (8:30 horas) até às 00:00 horas. A

partir desta hora, por questões de segurança, o atendimento passa a ser realizado

mediante chamada e através do postigo noturno de atendimento, até às 8:30 horas do dia

seguinte.

1.5-APLICAÇÃO INFORMÁTICA NA FARMÁCIA

Hoje em dia, um sistema informático funcional revela-se imprescindível no

exercício de toda a actividade na farmácia comunitária.

A sua utilização não só constitui uma ferramenta fundamental na gestão e

administração financeira da farmácia, como também é, do ponto de vista técnico-

profissional, um importante apoio ao profissional de farmácia, na medida em que

permite, rápida e eficazmente, aceder a todo o tipo de bases de dados especializadas,

traduzindo-se, consequentemente, num melhor aconselhamento farmacêutico.

A aplicação informática da FM é o SPharma® (software elaborado pela

SoftReis), sendo reconhecido pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de

Saúde, I.P. (INFARMED). Este sistema constitui um instrumento eficiente e rápido na

execução das tarefas de prática rotineira na farmácia comunitária.

O SPharma® é uma aplicação desenvolvida para a gestão diária de uma

farmácia, no que diz respeito à entrada e saída de mercadoria e todas as tarefas com ela

relacionadas, não tendo como o objetivo a gestão a outros níveis como sejam a gestão

de pessoal, tesouraria e outros.

Assim o SPharma® faz a gestão do produto desde a sua entrada até a saída e de

acordo com as suas especificidades.

Este faz a comunicação interna na farmácia e permite a comunicação externa

com os fornecedores. Abrange assim as seguintes áreas:

o Vendas ao balcão;

o Encomendas;

o Faturação;

o Documentos internos contabilísticos;

o Vendas institucionais;

o Artigos;

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o Clientes.

1.6- INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA

Para que o profissional de farmácia possa manter sempre os seus conhecimentos

atualizados, por vezes deve recorrer à informação científica do sistema informático, à

sua biblioteca de farmácia e aos centros de informação de medicamentos disponíveis.

Uma boa transmissão de informação científica ao utente é fundamental para que

este possa cuidar corretamente da sua saúde e do seu bem-estar.

Na farmácia, o TF deve ter acesso a fontes de informação sobre medicamentos,

quer em termos terapêuticos, quer sobre as suas características farmacológicas para que,

desta forma, possa responder prontamente e de forma clara a todas dúvidas colocadas

pelo utente, tendo como objetivo primordial a transmissão de informação fidedigna

relativamente aos medicamentos dispensados.

A FM possui uma biblioteca atualizada e organizada, bastante vasta que se

encontra disponível para consulta por parte de qualquer um dos colaboradores da

farmácia. De toda a documentação disponível destacam-se:

Formulário Galénico Nacional;

Farmacopeia Portuguesa;

Regimento Geral de Preços e Manipulações. Disposições Gerais;

Código da Ética da Ordem dos Farmacêuticos;

Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos;

Direito Farmacêutico;

Boas Práticas de Farmácia;

Circulares Técnico-Legislativas Institucionais;

Livro de Reclamações.

Acordos com as diferentes entidades;

Manual dos Medicamentos Não Prescritos;

Administração de Medicamentos, Aspectos Práticos;

Dicionário dos Termos Médicos;

Martindale, The Extra Pharmacopeia;

Índice Nacional Terapêutico;

Simposium Terapêutico;

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Resumos das Características do Medicamento (RCM);

Guia dos preços de referência;

Guia dos medicamentos genéricos;

Regime Geral do Preço dos Medicamentos;

Publicações periódicas;

Outros.

Para além de toda a documentação científica, sempre que necessário o

profissional de farmácia poderá contactar via telefone ou internet, o Centro de

Documentação e de Informação de Medicamentos (CEDIME) ou mesmo o

INFARMED que presta esclarecimentos relativos a determinado medicamento, ou uma

eventual situação que poderá surgir. Tendo em conta que o dia-a-dia da farmácia

comunitária exige rapidez e eficácia, é necessário recorrer a meios capazes de

solucionar as questões num curto espaço de tempo.

O TF, aquando da cedêcia de medicamentos, tem ao seu dispor informações

sobre o medicamento (posologia, indicações, contra-indicações, interações e

precauções) no Prontuário Terapêutico e no RCM.

O próprio sistema informático também fornece algumas informações, permitindo

aumentar a segurança e diminuir o número de erros na dispensa, sem gastos adicionais

de tempo. Contudo, as informações fornecidas pelo SPfarma ® são, ainda, bastante

reduzidas:

Informação sobre as precauções com a toma e posologia;

Contra-indicações e/ou interações;

Classificação dos medicamentos (quando aplicável).

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2- ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO

Para além da vasta gama de cuidados e serviços de saúde que presta à

comunidade em geral, uma farmácia comunitária é, também, uma empresa que necessita

de uma boa estratégia de gestão no que respeita aos seus recursos humanos, materiais e

financeiros.

O objetivo primordial da FM é uma melhoria contínua na prestação dos seus

serviços, aliada a uma crescente satisfação dos seus utentes. É, pois, muito importante

conseguir colocar à disposição dos utentes os produtos farmacêuticos, na quantidade e

qualidade pretendidas, ao menor preço e no mais curto espaço de tempo possível.

2.1. GESTÃO DE STOCKS

A farmácia comunitária deve ser um espaço dinâmico, com uma contínua

actualização de produtos, conhecimentos e serviços, de modo a manter viável a sua

atividade e a adaptar-se às necessidades dos utentes.

Na FM, esta dinâmica é concretizada através da manutenção diária do stock. A

informatização assume aqui um papel muito importante, na medida em que, com base

no histórico de vendas, são feitas as propostas de encomenda.

Com o desenvolvimento dos sistemas de distribuição de produtos farmacêuticos,

não é necessário possuir um stock muito elevado de medicamentos/produtos de saúde, já

que a aquisição dos mesmos pode ocorrer no próprio dia, ou se necessário, praticamente

na própria hora.

É, contudo, política da FM tentar manter um stock relativamente elevado dos

medicamentos/produtos de saúde que, por norma, apresentam uma elevada rotação.

2.2. ENCOMENDAS

2.2.1. Realização de Propostas de Encomenda

Como supracitado, para cada produto disponível na farmácia é estipulado um

stock mínimo e um máximo (em função da média do seu consumo), e cada vez que se

atinge o stock mínimo, o SPharma® elabora automaticamente uma proposta de

encomenda, indicando a quantidade ideal para reposição do stock.

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Porém, com base na sensibilidade do farmacêutico e no seu conhecimento do

histórico de vendas, esta proposta é analisada, podendo ser anulada ou as quantidades

sugeridas reajustadas tendo em conta produtos que estejam esgotados, possíveis

bonificações ou produtos com um consumo superior ao esperado.

Esta proposta refere-se à “encomenda diária”, já que existe a possibilidade do

profissional de farmácia elaborar, à sua inteira responsabilidade, uma encomenda via

telefone ou uma encomenda de reforço de stock.

Na FM, a aquisição dos produtos é efetuada de duas formas distintas:

Encomenda a Armazenistas e/ou Cooperativas de Distribuição

Com vista a desenvolver uma boa política de aprovisionamento, a farmácia deve

definir os seus fornecedores principais, com base nos parâmetros que considera de

maior importância para garantir um bom serviço. Assim, a FM conta com a principal

colaboração da Alliance Healthcare (armazém do Porto e Castelo Branco), da Cooprofar

(armazém da Guarda), da Agroviseu e da Cofanor. Esta seleção é efetuada, avaliando:

as condições económicas que cada fornecedor faz em cada produto;

a rapidez de entrega dos produtos;

as condições de transporte e armazenamento;

a percentagem de erro nas entregas;

as condições de pagamento;

a credibilidade e reconhecimento pelas autoridades competentes.

Na FM as encomendas diárias são realizadas por farmacêuticos. Esta tarefa é

atribuída mediante um quadro de tarefas diárias (ou semanais) elaborado pela Diretora

Técnica.

A encomenda é transmitida ao respetivo fornecedor via modem ou R.D.I.S..

Quando por rutura ou inexistência de um dado produto em stock, e em função do pedido

do utente, é necessária a aquisição urgente do mesmo, o TF entra em contacto com o

fornecedor via telefone.

Existe ainda a possibilidade de encomendar produtos inexistentes na FM (por e-

mail ou por telefone) às restantes Farmácias do grupo Videira Lopes, Saúde mediante

verificação prévia dos seus stocks através do programa informático SPharma®.

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Encomenda Direta a Laboratórios

As encomendas diretas a laboratórios constam, essencialmente, de produtos

dermocosméticos, sazonais, de puericultura e medicamentos genéricos.

Com este tipo de encomenda a farmácia garante condições de compra mais

benéficas, que podem passar por desconto financeiro, bonificação ou prazo de

pagamento alargado. Este processo deve, contudo, ser acompanhado de um bom sentido

de ponderação por parte do Diretor Técnico, pois geralmente abarca quantidades

consideráveis de produtos e, assim, também um maior risco económico.

2.2.2. Receção e Conferência de Encomendas

A receção e a conferência de encomendas revelam-se cruciais, visto que

permitem dar entrada dos produtos no stock e verificar se os produtos enviados

correspondem aos encomendados.

Todas as encomendas que chegam à farmácia em questão vêm acompanhadas de

uma fatura/guia de remessa (Anexo 1), em duplicado, onde constam, entre outros, os

seguintes elementos:

Número da fatura/guia de remessa;

Data, hora e local de carga e descarga;

Identificação do fornecedor e da farmácia destinatária (nome, morada e

número de contribuinte);

Descrição individualizada dos produtos (código nacional, nome comercial,

forma farmacêutica, dosagem e quantidade da embalagem) – (Este código é

atribuído pelo INFARMED, I.P. ou pelo CEDIME, sendo comum para todas

as farmácias e distribuidores. Contudo, existem alguns produtos cuja ficha é

criada pela própria farmácia, possuindo, por isso, um código interno);

Quantidade encomendada e enviada de cada produto;

Eventual bónus;

Preço unitário e total;

Percentagem de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) referente a cada

produto;

Preço de Venda ao Público (PVP), exceto para produtos sem preço marcado;

Valor total da factura com e sem IVA e valor do IVA.

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PROBLEMA MOTIVO RESOLUÇÃO

Produto em falta.

“Esgotado no laboratório”

“Retirado do mercado”

“Não comercializado”

Transferência para situação de

“esgotado”. Incluir numa

próxima encomenda.

Quantidade enviada inferior à

encomendada, mas debitada. Erro distribuidora

Notificar fornecedor que enviará

o produto ou nota de crédito.

Quantidade superior à

encomendada.

Erro distribuidora Devolver o produto e notificar o

fornecedor.

Bónus Dar entrada no stock como

bónus.

Produto recebido diferente do

encomendado. Erro distribuidora

Devolver o produto e notificar o

fornecedor para envio de nota de

crédito.

Tabela I – Diferenças entre a quantidade encomendada e rececionada.

As encomendas vêm acondicionadas em “baques” destinadas ao transporte de

medicamentos. Os produtos termolábeis, consoante o fornecedor, vêm num saco

térmico ou numa “baque” devidamente isolada e refrigerada e são os primeiros produtos

a serem rececionados. Todas as “baques” possuem a identificação do Diretor Técnico e

da farmácia a que se destinam, pelo que o primeiro passo deve ser a confirmação da

correta identidade do destinatário.

A receção da encomenda é efetivada através do SPharma ® procedendo-se à

leitura ótica de todos os produtos. A encomenda é depois conferida com base na fatura,

tendo em conta, sobretudo, os seguintes parâmetros:

Nome comercial;

Dosagem e forma farmacêutica;

Número de unidades;

Preço unitário e PVP;

Bonificações;

Estado de conservação da embalagem;

Prazo de validade.

Todavia, o próprio sistema informático, aquando da leitura ótica dos produtos,

previne eventuais enganos, alertando para as diferenças entre a quantidade

encomendada e rececionada.

Quando surgem diferenças entre a encomenda e a factura enviada, tenta-se

resolver a situação, de acordo com o seguinte (Tabela I):

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Após a confirmação informática da encomenda, os stocks são automaticamente

actualizados.

Existem produtos cujo preço já vem marcado na embalagem (produtos éticos),

mas existem outros que necessitam de ser etiquetados(produtos NETT) , sendo,

portanto, necessário imprimir etiquetas com o código de barras e o respetivo preço para

proceder à marcação.

O PVP dos produtos NETT é determinado com base no preço da fatura, margem

de comercialização e IVA.

No que diz respeito aos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, estes vêm

acompanhados de duas vias de requisição. Ambas as vias de requisição devem ser

assinadas e carimbadas pelo Diretor Técnico. A via original deve ser arquivada

juntamente com uma cópia da fatura num dossier destinado única e exclusivamente à

documentação referente aos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes e deve

permanecer na Farmácia durante três anos. A outra via deve ser enviada ao fornecedor.

Após a sua receção, estes são imediatamente armazenados na gaveta destinada aos

mesmos.

Após a conferência e receção das encomendas as faturas são assinadas pelo

operador e arquivadas. No final de cada mês, estas são comparadas com as faturas

resumo enviadas pelos armazenistas, de forma a proceder à sua liquidação de acordo

com os termos do contrato estabelecido com os diferentes fornecedores.

2.2.3. Critérios e Condições de Armazenamento

“Nas farmácias não podem existir produtos em mau estado de conservação.”

“As farmácias não podem fornecer produtos que excedam o prazo de

validade.”[7]

Um correto armazenamento dos medicamentos/produtos de saúde é fundamental

para garantir a sua estabilidade e qualidade, e deve ser organizado de forma a permitir

um rápido acesso durante o atendimento ao público.

Assim que uma encomenda é rececionada e conferida, procede-se ao

armazenamento dos medicamentos e produtos de saúde nos respetivos locais:

expositores, gavetas, armários de portas deslizantes, frigorífico, armazém ou

laboratório.

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Todos os produtos são guardados nos respetivos locais, segundo a regra “First

expired, First out”, isto é, o produto com o prazo de validade mais curto deverá ser o

primeiro a sair. Deste modo, minimiza-se o risco de dispensar produtos fora do prazo de

validade e reduz-se a probabilidade dos produtos atingirem o término do prazo de

validade na farmácia.

De acordo com as BPF, “as condições de iluminação, temperatura, humidade e

ventilação das zonas de armazenamento de produtos devem respeitar as exigências

específicas dos medicamentos e outros produtos que fazem parte do serviço a prestar ao

doente, sendo efetuada a sua monitorização e registo.”[4]

A FM cumpre este requisito de qualidade através da utilização do

termohigrómetro, que controla a temperatura e a humidade dos medicamentos/produtos

de saúde, para que estes possam ser dispensados ao utente nas melhores condições.

Existem medicamentos que necessitam de conservação entre 2ºC a 8ºC, enquanto que

outros necessitam de ser conservados a uma temperatura a inferior a 25ºC ou 30 ºC.

2.3. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE E DEVOLUÇÃO DE

MEDICAMENTOS

O controlo dos prazos de validade é um procedimento extremamente importante

no que concerne à qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos.

Aquando da receção, faz-se uma primeira verificação dos prazos de validade,

atualizando-se o sistema diretamente na ficha do artigo.

O controlo dos prazos de validade faz-se também durante a arrumação dos

mesmos, de forma a garantir que aqueles cujo prazo de validade expire mais cedo sejam

os primeiros a ser cedidos, e também no ato da dispensa, onde se verifica sempre se o

medicamento dispensado se encontra ou não dentro do prazo de validade.

O sistema informático permite que se retire uma listagem dos prazos de validades

dos produtos existentes na farmácia. É com base nela que o responsável pelo controlo

dos prazos de validades verifica quais os produtos em aproximação ou mesmo em fim

de prazo de validade.

Estes produtos são, então, recolhidos e devolvidos ao respetivo fornecedor.

Também o estado da embalagem, o envio de um produto não encomendado, bem como

a não correspondência ao pedido constituem motivo para devolução.

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Posto isto, recorre-se ao sistema informático para emitir uma Nota de Devolução

(Anexo 2), indicando o motivo da devolução, os produtos a devolver, a quantidade e o

preço. Este documento é impresso em triplicado, sendo que uma via fica arquivada na

farmácia e as restantes seguem juntamente com o produto.

Caso a devolução seja aceite, pode haver substituição dos produtos por outros,

ou ser emitida uma Nota de Crédito (Anexo 3) no valor correspondente.

No entanto, a devolução pode não ser aceite, pelo que o produto regressa nas

mesmas condições à farmácia. Nestas situações, dá-se quebra dos produtos e estes são

colocados no contentor da ValorMed para posterior destruição. Nestes casos, emite-se

uma nota de quebra (comprovativo contabilístico da eliminação do produto).

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3- OS MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

Tal como estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto,

medicamento é “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como

possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos

seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a

estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica

ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”.[8]

Já especialidade farmacêutica é “todo o medicamento preparado

antecipadamente e introduzido no mercado com denominação e acondicionamento

próprios”.[8]

As especialidades farmacêuticas constituem, sem dúvida, a grande maioria dos

produtos existentes e solicitados na farmácia, e é para onde está voltada a maior parte

dos recursos humanos e financeiros. Uma das responsabilidades do TF é cedê-los e

aconselhar adequadamente o seu uso, considerando sempre os aspetos técnicos,

científicos e a ética profissional.

Podemos então dizer que produto farmacêutico abrange as especialidades

farmacêuticas, os medicamentos manipulados e matérias-primas utilizados na sua

preparação, produtos de cosmética e higiene corporal, produtos dietéticos e produtos

veterinários. Todos estes produtos existem na FM, sendo a sua existência ponderada

segundo uma previsão da sua saída com base na sua procura, sazonalidade ou propostas

de lançamento dos produtos no mercado por parte de delegados.

3.1- MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

De acordo com a legislação portuguesa, estão sujeitos a receita médica os

medicamentos que preencham uma das seguintes condições:[8]

Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou

indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam

utilizados sem vigilância médica;

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Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando

sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes

daquele a que se destinam;

Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja

atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

Destinem-se a ser administrados por via parentérica.

Deste modo, estes medicamentos só podem ser dispensados mediante a

apresentação de uma receita médica, depois do médico avaliar e diagnosticar o

problema de saúde.

3.2- MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

“Qualquer medicamento que não preencha qualquer das condições referidas para os

MSRM pode ser classificado como MNSRM. Contudo, estes medicamentos têm que

conter indicações terapêuticas que se incluam na lista de situações passíveis de

automedicação.” [9]

Os MNSRM são assim vendidos livremente nas farmácias, podendo ser usados

com alguma segurança, não os descartando de qualquer contra-indicação ou efeito

adverso. Deste modo o TF assume um papel crucial, sendo um profissional de saúde

especializado no medicamento, tem a responsabilidade de aconselhar, informar e educar

para a correta utilização do medicamento.

Estes medicamentos não são normalmente comparticipados pelo Estado, estando

sujeitos a um regime de preços livre.

3.3- MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são substâncias que atuam

diretamente no sistema nervoso central, logo com impacto em todo o organismo

humano, podendo atuar como depressores ou estimulantes. São substâncias utilizadas na

medicina devido as suas propriedades, desde que usadas de forma correta, podem trazer

benefícios terapêuticos a um número alargado de situações clínicas. Uma vez que estes

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produtos estão associados a actos ilícitos são alvo de muita atenção por parte das

autoridades competentes. [10]

3.4- PREPARAÇÕES OFICINAIS E MAGISTRAIS

As preparações oficinais e magistrais encontram-se inseridas na área dos

medicamentos manipulados e são definidas pelo Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de

agosto, como: [8]

Preparação oficinal: “qualquer medicamento preparado segundo as

indicações compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário oficial, numa

farmácia de oficina ou em serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser

dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço”;

Preparação magistral: “qualquer medicamento preparado numa farmácia de

oficina ou serviço farmacêutico hospitalar, segundo uma receita médica e destinado a

um doente determinado”.

As fórmulas mais solicitadas à FM são as magistrais e referem-se essencialmente

a produtos de aplicação tópica em dermatologia. Este tipo de preparações constituem

uma possibilidade de personalizar a terapêutica a um determinado utente, estando

sujeito a uma prescrição. Estas preparações pretendem, de certo modo, colmatar os

vazios terapêuticos da indústria farmacêutica, ao mesmo tempo que se torna possível

ajustar a terapêutica ao perfil fisiopatológico do doente, estabelecendo a composição

qualitativa e quantitativa do medicamento manipulado.

3.5- PRODUTOS PARA ALIMENTAÇÃO ESPECIAL E DIETÉTICOS

Segundo o Decreto-lei n.º 74/2010 de 21 de junho, os géneros alimentícios

destinados a uma alimentação especial são aqueles que, devido à sua composição

especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de

consumo corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais especiais de

determinadas categorias de pessoas :[11]

a) Pessoas cujo processo de assimilação ou cujo metabolismo se encontrem

perturbados;

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b) Pessoas que se encontram em condições fisiológicas especiais e que, por esse

facto, podem retirar benefícios especiais de uma ingestão controlada de

determinadas substâncias contidas nos alimentos;

c) Lactentes ou crianças de pouca idade em bom estado de saúde.

Estes produtos apresentam grande vulnerabilidade a fatores externos, como

humidade e temperatura, pelo que devem ser armazenados em locais adequados de

forma a assegurar a sua qualidade.

O aconselhamento e a disponibilidade do TF revelam-se muito importantes para

manter a comercialização destes produtos na farmácia comunitária, uma vez que muitos

destes produtos são já comercializados nas grandes superfícies comerciais a preços

bastante competitivos, o que condiciona a sua procura nas farmácias. Porém, continuam

a existir algumas marcas de venda exclusiva em farmácias.

3.6- PRODUTOS COSMÉTICOS E DERMOFARMACÊUTICOS

Entende-se por produto cosmético “qualquer substância ou preparação destinada

a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano,

designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais

externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou

principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspecto, proteger, manter em bom

estado ou de corrigir os odores corporais”. [12]

Nos dias que correm, tem-se verificado uma preocupação crescente com a

imagem e, portanto, com os cuidados cutâneos diários, não só por parte do público

feminino, mas também por uma pequena faixa de público masculino.

Os produtos de dermofarmácia e cosmética são já tão necessários como outros,

visto que muitas vezes determinam a qualidade de vida e a auto-estima de quem os

utiliza. A FM responde a esta necessidade com uma enorme variedade de marcas e

linhas mais ou menos específicas, direcionadas à maioria dos seus utentes.

A grande diversidade de produtos, assinalada pela sua composição

(qualitativa/quantitativa), forma cosmética e finalidade, obriga o TF a dominar a

dermofarmácia. Correntemente, este é solicitado para o esclarecimento e

aconselhamento acerca dos produtos que mais se adequam às características e

necessidades individuais dos utentes (considerando o estado da pele, a área da pele, a

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idade, entre outros). Assim, além da necessidade de conhecer bem a vasta gama de

produtos disponíveis no mercado, é fundamental que o TF domine os princípios básicos

da constituição e fisiologia cutâneas.

Normalmente, a aquisição deste tipo de produtos é realizada diretamente aos

laboratórios, e deve ser muito bem equacionada em função da época do ano, dos

padrões de beleza, do nível sócio-cultural e económico dos utentes e das campanhas

publicitárias promovidas pela televisão e revistas. No entanto, quando se pretendem

pequenas quantidades ou reposição de stock, é também possível adquirir estes produtos

através dos fornecedores habituais da farmácia.

3.7- FITOTERAPIA E SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS

Na FM existe uma variada gama de produtos fitoterapêuticos (ex.:

Arkocápsulas®). Para além de produtos à base de plantas, existem também gamas de

suplementos nutricionais. Na FM, estes são selecionados, com base em diversos

critérios como a eficácia comprovada, segurança e qualidade. Na FM aposta-se também

na formação dos seus colaboradores para que o aconselhamento vise a oferta de uma

alternativa terapêutica adequada às necessidades do utente.

O TF, após avaliar qual o efeito pretendido por parte do utente, deve procurar

saber o seu historial clínico, a fim de evitar reações adversas ou interações

medicamentosas. Deve ainda informar o utente sobre a posologia do produto em causa,

qual o objetivo do tratamento e quais os possíveis efeitos adversos que possam surgir e

o que fazer nessas situações.

3.8- DISPOSITIVOS MÉDICOS

O Decreto-Lei n.º 145/2009 de 17 de junho define “dispositivo médico” como

qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado

isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a

ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja

necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito

pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos,

imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios,

destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de:[13]

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I. Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;

II. Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão

ou de uma deficiência;

III. Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico;

IV. Controlo da conceção.

A FM, visando satisfazer as necessidades dos seus utentes, dispõe de uma

grande variedade de dispositivos médicos. O TF deve estar apto a aconselhar e a

responder a qualquer dúvida sobre a correta utilização destes produtos.

3.8- MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE USO VETERINÁRIO

O Decreto-Lei n.º 184/97, de 26 de julho define medicamento veterinário como

“todo o medicamento destinado aos animais”.[14]

A FM, por estar inserida num meio com algumas características rurais, apresenta

uma razoável procura de medicamentos/produtos de uso veterinário, quer para animais

domésticos, quer para animais de criação. Antiparasitários de uso interno e externo,

antibióticos, anticoncecionais, vacinas, vitaminas são os mais solicitados.

Frequentemente, recorre-se à utilização de medicamentos de uso humano em

animais, não descurando o rigoroso reajuste da dose. Há que ter em conta, no entanto, as

diferenças no metabolismo das várias espécies, pelo que o TF deve, nestes casos, alertar

e aconselhar o dono do animal a dirigir-se a um veterinário.

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4- DISPENSA DE MEDICAMENTOS

A dispensa de medicamentos consiste no ato de, após ouvir, interpretar e avaliar

a medicação, o TF ceder o medicamento ou substância medicamentosa, contribuindo

para o uso racional do mesmo, quer em regime de prescrição médica, quer em regime de

automedicação ou indicação farmacêutica.

O acto de dispensar medicamentos é, sem dúvida, a face mais visível da

atividade praticada em farmácia comunitária. Porém, não é a mais importante. O

aconselhamento farmacêutico assume uma maior relevância, podendo mesmo

considerar-se a essência de toda a atividade farmacêutica.

O aconselhamento reveste-se de maior destaque quando se trata de

especialidades de aconselhamento farmacêutico, pois, nestas, o TF tem uma

responsabilidade acrescida na sua correta utilização e adesão terapêutica, conduzindo

assim à promoção da saúde e prevenção da doença.

Não apenas nestas situações, mas também no aviamento de prescrições médicas,

o TF desempenha um papel fulcral, na medida em que deve entrar em contacto com o

médico sempre que o considere pertinente, por exemplo, quando: existam dificuldades

na interpretação das receitas médicas; a posologia não seja muito comum; existam

eventuais interações medicamentosas ou os medicamentos estejam esgotados.

É muito importante que o TF, enquanto intermediário principal na relação

médico-utente, transmita ao utente todas as informações que possam contribuir para a

melhor utilização dos medicamentos prescritos, de forma a garantir a máxima

qualidade, eficácia e segurança.

4.1. DISPENSA DE MSRM

A dispensa de MSRM só pode ser efetuada mediante a sua apresentação, salvo

exceções de força maior, devidamente justificadas.[7]

A criação da receita médica foi a forma encontrada pelo Ministério da Saúde

para controlar a dispensa de medicamentos e efetuar as respetivas comparticipações.

Segundo o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, a receita médica é um

“documento através do qual são prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em

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legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista, um ou mais

medicamentos determinados”.[8]

A legislação que suporta a prescrição de medicamentos foi alterada para

promover a prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI). Esta medida visa

centrar a prescrição na escolha farmacológica, o que permitirá promover a utilização

racional dos medicamentos. Ao determinar que a prescrição se efetue de forma

eletrónica, pretende-se dotar o médico de instrumentos de suporte à decisão clínica,

evitar erros na dispensa e agilizar os processos de prescrição e de conferência de

receituário. [15]

4.1.1. Modelos de receita médica

Existem vários modelos de receita médica:

Receita médica renovável/não renovável;

Receita médica especial;

Receita médica restrita.[8]

Receita Médica Renovável/Não Renovável

As receitas médicas renováveis/não renováveis são, preferencialmente,

preenchidas por via eletrónica ou, não sendo possível, manualmente.

A prescrição por via eletrónica deve conter: a indicação da DCI da substância

activa, do nome do titular da AIM, da forma farmacêutica, da dosagem e da posologia.

A diferença entre a receita médica não renovável e a renovável reside no facto da

primeira ter apenas validade de30 dias consecutivos (Anexo 4) e ser utilizada sobretudo

para prescrições ocasionais, enquanto a segunda, emitida em triplicado, se destinar a

determinadas doenças ou tratamentos prolongados e ter a duração de seis meses (Anexo

5).

Em ambos os modelos, podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos e

não mais que duas embalagens do mesmo medicamento.

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Receita Médica Especial

Estão sujeitos a receita médica especial os medicamentos que satisfaçam uma

das seguintes condições:[8]

a) contenham, em dose sujeita a receita médica, uma substância classificada

como estupefaciente/psicotrópico, nos termos da legislação aplicável;

b) possam, em caso de utilização anormal, originar riscos importantes de abuso

medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais;

c) contenham uma substância que, pela sua novidade ou propriedades, se

considere, por precaução, dever ser incluída nas situações previstas na alínea anterior.

Receita médica restrita

A utilização da receita médica restrita é reservada a certos meios especializados,

por satisfazerem uma das seguintes condições: [8]

a) destinarem-se a uso exclusivo hospitalar, devido às suas características

farmacológicas, à sua novidade, ou por razões de saúde pública;

b) destinarem-se a patologias cujo diagnóstico seja efetuado apenas em meio

hospitalar ou estabelecimentos diferenciados com meios de diagnóstico adequados,

ainda que a sua administração e o acompanhamento dos pacientes possam realizar-se

fora desses meios;

c) destinarem-se a pacientes em tratamento ambulatório, mas a sua utilização ser

susceptível de causar efeitos adversos muito graves, requerendo a prescrição de uma

receita médica, se necessário emitida por especialista, e uma vigilância especial durante

o período de tratamento,.

A noção de receita médica restrita é geralmente associada aos medicamentos

destinados a uso hospitalar. No entanto, apenas os medicamentos classificados ao abrigo

da alínea a) são exclusivos do meio hospitalar. Os medicamentos constantes das alíneas

b) e c) podem ser vendidos nas farmácias comunitárias em termos a definir por

regulamento do INFARMED, I.P..[8]

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4.1.2. Prescrição Médica e Validação da Mesma

Cada farmácia deve ter um procedimento definido para a receção de receitas

médicas, devendo canalizar-se os recursos humanos e materiais necessários para esse

efeito. Deste modo, garante-se que as prescrições sejam dispensadas de forma segura e

eficaz.

Aquando da recepção da receita, é imperativo que se ateste a

validade/autenticidade da mesma, verificando:

Número da receita (19 dígitos)

Identificação do doente;

Regime de comparticipação, através da confirmação com o cartão

individual de aderente, quando aplicável: O principal organismo é o

Serviço Nacional de Saúde (SNS). No entanto, a lista de entidades que

comparticipam medicamentos é extensa (ex.: Caixa Geral de Depósitos,

Energias de Portugal, Correios de Portugal, entre outros). Existem

situações em que o utente pode beneficiar simultaneamente da

comparticipação de duas entidades diferentes devido à existência de

complementaridade entre organismos.

Identificação da entidade de cuidados de saúde, onde foi emitida a

prescrição/receita, quando aplicável;

Identificação do médico prescritor através da vinheta codificada e/ou

assinatura;

Verificação do prazo de validade da receita;

Identificação do medicamento: DCI, dosagem, forma farmacêutica e

dimensão da embalagem. Excecionalmente, o prescritor pode prescrever

por marca comercial. Essa menção deve ser feita através da respetiva

designação (nome comercial do medicamento e número de registo do

medicamento, representado em dígitos e código de barras). Nestes casos,

é necessário que o prescritor indique a exceção ou justificação técnica

prevista na portaria 137-A/2012 na área da posologia da receita: a)

“Medicamento com margem ou índice terapêutico estreito”, b) “Reação

adversa prévia” ou c) “Continuidade de tratamento superior a 28 dias”).

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É igualmente importante efetuar uma avaliação crítica, considerando aspectos

como a dose, a posologia, a via de administração, a duração do tratamento, e

verificando/confirmando a quem se destina a medicação, os sintomas apresentados e os

aspectos terapêuticos, nomeadamente, efeitos adversos, contra-indicações, interacções e

precauções especiais.

Quando alguns destes parâmetros não se encontrar em conformidade, o TF não

pode aceitar a receita médica.

A prescrição manuscrita ainda se mantém até se atingir a desmaterialização do

processo (Anexo 6). Para que o TF possa aceitar a receita manual e dispensar os

medicamentos nela prescritos, este tem de verificar adicionalmente aos itens acima

referidos, a presença da aposição de vinhetas na receita médica referentes à

identificação do prescritor e da exceção legal no canto superior direito da receita, sendo

apenas válidas as seguintes: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição

no domicílio e prescrição de até 40 receitas/mês.

Após validação da receita, os medicamentos são dispensados ao utente. No ato da

dispensa, o TF tem a obrigação que informar o utente da existência de medicamentos

genéricos similares ao prescrito, comparticipados pelo SNS e qual o mais barato. Caso

não existam genéricos disponíveis no mercado, o TF tem a obrigação de informar o

utente qual o medicamento de marca mais barato, similar ao prescrito. É importante dar

a conhecer ao utente que este tem o direito de opção na escolha do medicamento.

A farmácia tem que ter em stock, no mínimo, três medicamentos de cada grupo

homogéneo (GH) de entre os cinco medicamentos com preço mais baixo. Deste modo, e

na existência de GH, TF tem que dispensar o medicamento que cumpra a prescrição

médica e, no caso de ser aplicável, deve dispensar o mais barato dos três. No entanto, o

utente pode optar por qualquer medicamento com o mesmo Código Nacional para a

Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), independentemente do seu preço,

assumindo a diferença de preço e assinando no verso da receita a sua opção no local

próprio para o efeito.[15]

O TF deve ainda informar o utente acerca do esquema posológico do

medicamento, duração do tratamento, possíveis efeitos adversos e interações com outros

fármacos ou alimentos, precauções especiais de administração e conservação. De

seguida procede-se ao processamento informático da receita (Anexo 7). Efetua-se a

leitura dos códigos de barras dos medicamentos/produtos, seleciona-se a entidade que

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comparticipa e caso exista, a portaria. No final, o TF deve carimbar, rubricar e datar o

verso da receita. O utente deve igualmente assinar o verso da receita no campo referente

ao “direito de opção”. A fatura/recibo que é emitida, é carimbada, rubricada e entregue

ao utente.

No que diz respeito à prescrição de medicamentos contendo uma substância

classificada como estupefaciente ou psicotrópica, esta tem que ser feita em receitas

eletrónicas identificadas com RE (receita especial) (Anexo 8). Estes têm que ser

prescritos isoladamente. A receita não pode conter outros medicamentos. Para a

prescrição destes medicamentos são seguidas as mesmas regras utilizadas para os

restantes, nomeadamente no que diz respeito ao número de embalagens por receita.

Aquando da dispensa destes medicamentos, o sistema informático SPharma® abre uma

janela que obriga à introdução de alguns dados: nome e morada do doente, nome do

médico prescritor, número da receita médica especial, nome, morada, número e data de

emissão do bilhete de identidade do adquirente, e data da dispensa. Após finalizar a

dispensa, na receita são impressos os dados referentes à dispensa dos medicamentos e

os dados do adquirente. São também impressos dois talões para serem anexados às duas

cópias da receita onde constam as informações introduzidas no sistema.

Depois de processada a receita, para efeitos de comparticipação, o original é

enviado à entidade correspondente, um dos duplicados é enviado ao INFARMED,I.P. e

o outro duplicado, é arquivado na farmácia por um prazo de 3 anos, por ordem de

aviamento juntamente com o duplicado da guia de requisição.

4.2- INDICAÇÃO FARMACÊUTICA E AUTOMEDICAÇÃO

Indicação farmacêutica e automedicação são dois conceitos distintos. A

automedicação acontece quando o utente assume a total responsabilidade da gestão da

sua saúde, sem recorrer a qualquer aconselhamento farmacêutico. Porém, a maioria dos

utentes não é detentora de conhecimentos científicos para poder decidir com segurança

qual o medicamento/produto de saúde mais adequado ao seu problema de saúde,

destacando-se aqui o papel do TF.

O TF deve alertar o utente para o facto de alguns medicamentos, embora não

sujeitos a receita médica, não serem totalmente isentos de riscos. Deste modo, deve ser

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capaz de detectar um eventual problema de saúde e avaliar a relação risco/benefício de

aconselhar determinado MNSRM.

Numa primeira fase, a intervenção do TF baseia-se em incutir ao utente medidas

não farmacológicas, nomeadamente a adoção de um estilo de vida saudável

(alimentação equilibrada, exercício físico, etc.), e só posteriormente a indicação de

MNSRM ou mesmo o encaminhamento para uma consulta médica, se a situação assim

o justificar.

A utilização de MNSRM é hoje uma prática integrante do sistema de saúde. O

processo de indicação farmacêutica acaba por se revelar vantajoso, na medida em que

permite a redução de tempo, de recursos e do custo do tratamento, permitindo o alívio

de situações ligeiras de saúde, sem recorrer necessariamente a um médico. Por outro

lado, o governo reduz as despesas com os medicamentos, dado que estes são suportados

na totalidade pelos doentes, e a Indústria Farmacêutica pode aumentar os seus lucros,

pois dispõe da possibilidade de promover estes medicamentos livremente junto das

populações, especialmente recorrendo ao “Marketing” e à publicidade.

Para o TF, para além das vantagens económicas, pela possibilidade de aumentar

as vendas, há a oportunidade de se tornar ainda mais ativamente envolvido na educação

para a saúde, podendo interferir directamente na seleção do medicamento.

A averiguação de possíveis interações e/ou contra-indicações é também tarefa do

TF logo no momento da interpretação da receita médica ou indicação farmacêutica. A

existência de interações medicamentosas e de contra-indicações pode comprometer a

segurança e a eficácia de um medicamento e, por conseguinte, de toda a terapêutica. As

interações surgem, frequentemente, em consequência da polimedicação a que muitos

doentes estão sujeitos. Nestes casos, é dever do TF alertar o doente e tentar solucionar a

situação da melhor forma possível.

A posologia e modo de administração são duas indicações que devem estar

sempre agregadas, sendo geralmente definidas e mencionadas pelo médico na receita

médica. Caso tal não se verifique, o TF pode estabelecer a posologia e modo de

administração, recorrendo ao folheto informativo do medicamento ou à bibliografia

existente na farmácia. Em situações muito delicadas, deve entrar-se em contacto com o

médico prescritor. No caso de medicamentos/produtos de saúde de aconselhamento

farmacêutico, o TF deve conhecer a posologia e modo de administração, transmitindo-

os, portanto, ao utente.

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É fundamental que o TF se certifique que o utente compreendeu toda a

informação prestada, fazendo-o repetir, se necessário, ou mesmo complemetar com

informação escrita.

O TF deve tentar ao máximo promover a adesão à terapêutica pelo utente, com

o intuito de se atingir o máximo resultado terapêutico, pois uma correta adesão à

terapêutica revela-se fundamental. O TF tem o dever de informar o utente acerca do

motivo do tratamento, da sua duração, dos seus efeitos não serem imediatos, de não

poder abandonar bruscamente o tratamento, realçando a importância de cumprir

corretamente o esquema posológico.

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5- FARMACOVIGILÂNCIA

Facilmente se compreende que o momento mais favorável para a deteção de

possíveis reações adversas aos medicamentos (RAM) seja durante o atendimento, uma

vez que é nessa altura que o utente se manifesta sobre o seu estado de saúde.

A Farmacovigilância consiste na observação, registo, análise e interpretação de

efeitos adversos, com a finalidade de determinar a incidência, gravidade e nexo de

causalidade com os medicamentos, para assim melhorar a qualidade e segurança dos

mesmos, em defesa do consumidor e da Saúde Pública.

Quando não se tem acesso ao perfil farmacoterapêutico do utente, torna-se

complicado ou mesmo impossível efetuar uma correta farmacovigilância.

A notificação das RAM é de marcada importância, podendo levar à alteração das

informações do medicamento, à realização de estudos de segurança pós-comercialização

e até mesmo à retirada do medicamento do mercado. Assim, a população deve ter a

ideia estabelecida que é imperativo comunicar qualquer efeito secundário, que não

conste no folheto informativo, às autoridades competentes.

Na farmácia comunitária, sempre que são detetadas reações adversas, efetua-se

uma notificação , não devendo ultrapassar o prazo de quinze dias desde a sua deteção.

A notificação de reações adversas requer um impresso próprio do Sistema

Nacional de Farmacovigilância. Este impresso, Ficha de Notificação de Reações

Adversas, deve ser devidamente preenchido com: as informações do utente (iniciais do

nome, sexo e idade) e do notificante; a RAM; o medicamento suspeito; a terapêutica

concomitante; informações adicionais; o tratamento da reação; suspeita de interação; o

parecer clínico quanto à relação causal e outros dados relevantes.[16]

Também já se tornou possível fazer notificações via on-line nas unidades de

farmacovigilância de cada região. [16]

Esta entidade avalia os sinais e emite uma ação regulamentar, dirigindo, por

último, a notificação à Agência Europeia do Medicamento (EMA – European Medicines

Agency), ao abrigo do Programa Internacional de Monitorização das RAM’s.

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6- MEDICAMENTOS MANIPULADOS

Nos dias de hoje, em que a tecnologia está cada vez mais desenvolvida e as

exigências de mercado são cada vez mais fortes, a produção de medicamentos

manipulados é ínfima. Todavia, a indústria farmacêutica não é plena, pelo que, por

vezes, se torna imprescindível a personalização da terapêutica dos utentes, motivo pelo

qual a manipulação de medicamentos ainda hoje consta da realidade da farmácia

comunitária.

Medicamentos manipulados comportam as formulações preparadas na farmácia,

quer preparações oficinais, quer formulações magistrais.

Esta modalidade praticada em farmácia de oficina tem como objetivo o reforço e

salvaguarda da saúde pública, garantindo uma melhor qualificação, segurança e

eficácia, bem como credibilidade por parte do utente .

Os medicamentos manipulados são regulamentados pelo Decreto-Lei n.º

176/2006 de 30 de agosto – atual Estatuto do Medicamento – e pela Portaria n.º

594/2004, de 2 de junho – que aprova as boas práticas a observar na preparação de

medicamentos manipulados em farmácia comunitária e hospitalar, aprovadas pelo

INFARMED, I.P..

A Deliberação n.º 1500/2004, de 7 de dezembro aprova a lista de equipamento

mínimo de existência obrigatória para as operações de preparação, acondicionamento e

controlo de medicamentos manipulados (Tabela II); o Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de

abril regula a prescrição e a preparação dos mesmos. e n.º 118/92, de 25 deJunho, que

estabelece o regime de comparticipação no preço dos medicamentos.

A manipulação tem lugar no laboratório da farmácia, devidamente equipado com

o material necessário e bibliografia adequada.

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Tabela II – Equipamento de laboratório mínimo de existência obrigatória

nas farmácias, constante da Deliberação n.º 1500/2004, de 7 de Dezembro.

Alcoómetro;

Almofarizes de vidro e de porcelana;

Balança de precisão sensível ao miligrama;

Banho de água termostatizado;

Cápsulas de porcelana;

Copos de várias capacidades;

Espátulas metálicas e não metálicas;

Funis de vidro;

Matrazes de várias capacidades;

Papel de filtro;

Papel indicador pH universal;

Pedra para a preparação de pomadas;

Pipetas graduadas de várias capacidades;

Provetas graduadas de várias capacidades;

Tamises FP VII, com abertura de malha 180µm e 355 µm (com fundo e tampa);

Termómetro (escala mínima até 100ºC);

Vidros de relógio.

Na receita médica destinada à preparação de uma fórmula magistral devem

constar: a composição qualitativa e quantitativa de cada elemento da formulação e o

modo de preparação. Deve ainda vir indicada a posologia e forma de administração do

medicamento, bem como a palavra “Manipulado”, não sendo permitida, nestas receitas,

a prescrição de qualquer outro tipo de medicamento.

Antes de iniciar a manipulação, o TF deve assegurar-se da segurança do

medicamento no que respeita às dosagens das substâncias ativas e à inexistência de

incompatibilidades e interacções que possam pôr em causa a ação do medicamento e a

segurança do doente. Verifica-se, então, a existência de equipamento adequado e das

matérias-primas necessárias. Em caso afirmativo, acorda-se com o utente um prazo para

entrega e o preço estimado.

Cada vez que um manipulado é preparado, é necessário preencher uma Ficha de

Preparação de Medicamentos Manipulados (Anexo 9). Esta ficha deve estar em sinergia

com a Ficha de Registo de Movimentos das Matérias-primas (Anexo 10), visto que

sempre que se utiliza determinada matéria-prima para um manipulado, deve registar-se

a saída da quantidade usada. Deste modo, cumpre-se mais um requisito das BPF: “a

farmácia deve possuir procedimentos documentados para preparação de medicamentos

manipulados”.[5]

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PVP = [(Honorários + Matérias-Primas + Embalagens) x1,3] + IVA à taxa em vigor

Após a preparação, devem efetuar-se todas as determinações necessárias para

garantir a boa qualidade final do medicamento manipulado, nomeadamente a

verificação das propriedades organoléticas, pH e uniformidade de massa.

O passo seguinte é o acondicionamento em recipiente adequado, de acordo com

a forma farmacêutica e a composição, em condições adequadas para a sua correta

conservação. Para garantir a sua correta utilização, é imprescindível que sejam rotulados

(anexo 11).

Conforme o disposto na legislação, pela Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho, o

cálculo do PVP dos medicamentos manipulados é efetuado com base no valor dos

honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de

embalagem. [17]

O registo geral de preços dos medicamentos manipulados é calculado em três

fases:[17]

A) Valor dos Honorários de preparação de medicamentos:

De acordo com a Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho, tendo por base um fator

(F), que é multiplicado em função das formas farmacêuticas e quantidades preparadas.

B) Valor das Matérias-Primas:

É calculado pelo valor de aquisição (sem IVA), multiplicado pelos fatores

descritos, consoante a maior das unidades em que forem utilizadas ou dispensadas;

C) Valor dos Materiais de Embalagem:

É determinado pelo preço de custo (sem IVA) multiplicado pelo factor 1,3.

Por fim, o preço de venda ao público dos medicamentos manipulados é o

resultado da aplicação da fórmula:[17]

PVP = [ (A+B+C) x 1,3] +IVA à taxa em vigor

ou

Após a conclusão destes passos, a ficha de manipulação, devidamente

preenchida, datada e assinada pelo preparador responsável, é colocada numa capa de

arquivo.

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Durante o período de estágio na FM apenas tive a oportunidade de preparar uma

solução alcoólica de ácido bórico, indicado para otites médias crónicas e no ouvido já

operado.

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7- RECEITUÁRIO/FATURAÇÃO

Na FM, as receitas já aviadas são, diariamente, agrupadas consoante o

organismo comparticipante, com vista a facilitar a sua posterior conferência.

A conferência do receituário consiste, pois, em reanalisar o seu preenchimento e

aviamento, bem como apurar os aspectos científicos da receita, por exemplo interações

medicamentosas. Na FM, a conferência de receituário está a cargo de 2 farmacêuticos

destacados mensalmente para essa função. Detectando-se algum engano no atendimento

da receita, há uma tentativa imediata de contacto com o utente, procedimento muito

valorizado nesta farmácia. De seguida, efetua-se a correção da receita ou o seu abate no

sistema informático, dependendo do erro.

O processamento do receituário precede as operações de faturação mensal da

farmácia comunitária. Aquando do aviamento da receita, esta é identificada por um

número de 1 a 30 e respetivo lote, que, posteriormente, facilitará a sua ordenação.

Assim, as receitas são agrupadas por organismos e para cada organismo, são

ordenados lotes de trinta receitas, sendo que o último lote do mês pode conter menos

receitas.

No verso da receita a informação, produzida informaticamente deve ser

diretamente impressa ou colada. Desta informação fazem parte os seguintes elementos

dispostos na ordem indicada: 1)Data da dispensa; 2)PVP de cada medicamento;3)

Comparticipação do Estado, em valor, por cada medicamento; 4) Encargo do utente, em

valor, por cada medicamento; 5) Valor total da receita; 6) Valor total da

comparticipação do Estado; 7) Valor total do encargo do utente; 8) Impressão do código

do medicamento em caracteres e códigos de barras. Para além desta informação no

verso da receita deve ainda conter a assinatura do responsável pela dispensa e carimbo

da farmácia, a assinatura do utente, relativamente ao “Direito de Opção”. A assinatura

relativa ao “Direito de Opção” tem carácter obrigatório quando o utente opte por levar

um medicamento com preço acima do 5º mais baixo (prescrição por DCI quando há

GH) ou diferente do medicamento prescrito pelo médico, por marca e com a alínea c) –

“Continuidade de tratamento superior a 28 dias”).

À medida que cada lote de receitas se encontra completo, devidamente

verificado e corrigido, é emitido o Verbete de Identificação do Lote (Anexo 12). Este

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documento apenas é válido com o carimbo da farmácia correspondente. Depois de

validado é então anexado ao respetivo conjunto de receitas.

Do Verbete de Identificação do Lote constam:

Nome da farmácia e código (atribuído pelo INFARMED, I.P.);

Identificação do mês e ano;

Nome e código da entidade comparticipante e n.º sequencial do lote, no

total dos lotes entregues no mês;

Nº de receitas no lote;

Nº de etiquetas no lote;

Importância total do lote correspondente aos PVP;

Importância total do lote a pagar pelo utente;

Importância total a pagar pela entidade comparticipante.

No final de cada mês procede-se ao fecho dos lotes. Esta operação só deve ser

feita depois de vistas e revistas minuciosamente todas as receitas. As faturas são

enviadas paraCentro de Conferência de Faturas (CCF). A responsabilidade do CCF está

adstrita à conferência de faturas e ao apuramento dos montantes a pagar às farmácias

pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS).

As entidades competentes efetuam então a conferência das receitas e sempre que

se verifiquem incorreções, as receitas são devolvidas à farmácia, com a devida

explicação. Se houver lugar a correções, as receitas podem ser reenviadas juntamente

com a faturação do mês seguinte. Caso contrário, o valor da comparticipação é dado

como perdido, o que se traduz em prejuízo para a farmácia.

Durante o meu estágio, pude participar por diversas vezes no processo de

conferência de receituário o que, numa primeira fase permitiu que me ambientasse com

os vários conceitos ligados ao receituário e posteriormente permitiu que, durante o ato

da dispensa estivesse mais atenta para certos aspetos, para que assim pudesse evitar

alguns erros (receitas fora de validade, vinhetas erradas, cedência de mais unidades do

que as prescritas, ausência de assinatura do utente, atribuição de uma entidade diferente,

entre outros).

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8- OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA

O TF comunitário deve ser encorajado a fomentar e a participar, cada vez mais,

em atividades de promoção da saúde e prevenção da doença, em cooperação com

outros organismos ligados à saúde. Deve, pois, apoiar a comunidade, através da

avaliação da informação que essa possui, da forma como foi assimilada e aplicada e

do modo como os diferentes estilos de vida, valores e aspirações determinam a

conduta das pessoas. Devido à distribuição homogénea das farmácias a nível

nacional, estas revelam-se um instrumento em perfeitas condições para a promoção

da educação dos seus utentes, no que se refere à prevenção e correção de fatores de

risco.

Neste contexto, a FM oferece serviços, tais como:

Medição da tensão arterial;

Avaliação de parâmetros bioquímicos;

Distribuição domiciliária de medicamentos;

Consulta de Nutrição, Podologia, Audiologia e Medicina Tradicional Chinesa;

Administração de injectáveis;

Projeto ValorMed.

Medição da tensão arterial

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de medir por diversas vezes a tensão

arterial a utentes, tendo-me deparado com várias situações como hipotensão,

hipertensão medicada e controlada, e hipertensão medicada e não controlada. O TF

desempenha a um papel importante no controlo da tensão arterial, pelo que deve alertar

para os perigos que advém do não controlo da mesma, deve ainda realçar a importância

da adesão à terapêutica (quando esta já esteja instituída) bem como deve promover

hábitos de vida saudável.

Avaliação dos parâmetros bioquímicos

Na FM é efetuada a medição de diversos parâmetros bioquímicos com o intuíto de

prevenir e monitorizar determinadas patologias e terapêuticas medicamentosas.

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Glicémia

Na FM a medição da glicémia capilar realiza-se mediante utilização de um teste

rápido no aparelho OneTouch Ultra Easy®.

Antes de se efetuar a medição da glicémia, é necessário ter em conta diversos

fatores. O TF deve procurar saber se o utente é ou não diabético e se este, aquando da

medição se encontra ou não em jejum, pois a interpretação dos valores é distinta

consoante estas situações. O protocolo do teste consiste na desinfeção de um dos dedos

do utente, seguida da punção capilar por uma lanceta para a obtenção de uma gota de

sangue, que é colocada na tira de teste.

Assim sendo, se o utente for diabético, a pré-prandial será acima dos 126mg/dL e

a pós-prandial acima de 200 mg/dL; se se trata de um utente não diabético, a pré-

prandial varia entre 70-100mg/dL e pós-prandial entre 70-140 mg/dL. [18]

Nas situações em que o utente apresente um elevado valor de glicémia, este é

aconselhado a repetir a medição noutro dia. Se os valores se mantiverem elevados, o TF

deve aconselhar uma ida ao médico, tanto em casos em que utente não é diabético,

como em casos em que o utente seja um diabético diagnosticado e não controlado.

Colesterol total e triglicéridos

Nestas determinações, é importante que o utente se encontre em jejum, sendo o

protocolo do teste igual ao acima referido para a glicémia capilar.

O TF dever ter em conta os valores de referência (Colesterol Total <190 mg/dL;

Triglicérido<150 mg/dL)[19]

para que, deste modo possa interpretar os valores de forma

adequada.

Quando estes valores se apresentam ligeiramente alterados, o TF deve aconselhar

o utente a alterar a sua dieta, no sentido de reduzir a ingestão de alimentos com elevado

teor em gorduras. É também importante incentivar a prática de exercício físico

moderado. Caso os valores se mantenham alterados, o TF deve recomendar ao utente

uma consulta médica, uma vez que pode ser necessário iniciar ou alterar a terapêutica

farmacológica.

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Ácido úrico

A prevenção da gota úrica assenta na identificação da hiperuricemia e no seu

tratamento.O intervalo de referência é distinto para homens (<8 mg/dL) e mulheres (<6

mg/dL). [20]

Assim sendo, o TF tem um papel importante nesta área através da deteção de

situações de hiperuricemia, mediante queixas do utente e posterior realização do teste,

bem como na prevenção através do aconselhamento de diversas medidas não

farmacológicas como por exemplo, reduzir o consumo de grandes quantidades de

purinas na dieta, associadas ao consumo de proteínas animais, bem como reduzir o

consumo de álcool em excesso.

Os parâmetros acima referidos (colesterol total, triglicerídeos e ácido úrico) são

determinados quantitativamente utilizando um aparelho de diagnóstico “in vitro”

denominado de Reflotron® que utiliza tiras-teste reativasReflotron®.

Outros: Teste de gravidez, Combur-Test®

Na FM realizam-se, quando solicitados outros testes como é o caso do Teste de

gravidez, do Combur-Test®.

No que diz respeito ao Combur-Test®. As tiras de teste para urina Combur-

Test® são um método rápido e económico para detetar a bacteriúria, piúria e hematúria

(conjuntos de testes para leucócitos, nitrito e eritrócitos)[21]

. Este teste tem carácter

qualitativo e apenas se realiza quando o utente se desloca à farmácia referindo sintomas

de infeção urinária. Nestes casos, o teste é efetuado com o objetivo de detetar alterações

na urina. Se os resultados forem positivos, encaminhar-se-á a utente para o médico.

Caso não se detetem alterações, o TF desempenha um papel importante no sentido de

aconselhar medidas não farmacológicas destinadas ao alívio do desconforto.

Distribuição domiciliária de medicamentos

A FM disponibiliza este tipo de serviço a todos os utentes da farmácia quando

estes, por razões de várias ordens, estão impossibilitados de se deslocar à farmácia ou

quando estes se deslocam à farmácia e parte da sua medicação não se encontrava

disponível, não sendo possível a cedência da mesma. Nestas situações, a medicação em

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falta ou é enviada por correio devidamente acondicionada ou, se o utente vive em zonas

próximas da farmácia, um dos colaboradores descola-se até à residência do utente para

proceder à entrega da mesma.

Existe outra situação na farmácia que se prende com a preparação de medicação

para 2 lares da cidade da Guarda (Lar Aconchego e Lar Sta. Clara). Após receção dos

pedidos de medicação, enviados pelos lares via e-mail ou via telefónica, a medicação é

preparada e faturada aos vários utentes com domicílio nos respetivos lares, sendo

posteriormente entregue por um dos colaboradores da FM nas instituições dos dois

lares.

Consulta de Nutrição, Podologia, Audiologia e Medicina Tradicional Chinesa

Estas consultas podem ser sugeridas ao utente no seguimento de um atendimento

em que se verifique que existe necessidade de reencaminhamento para um profissional

mais especializado.

A consulta de nutrição destina-se aos utentes que pretendam executar uma

alimentação saudável e controlo de peso.

A consulta de podologia é indicada para utentes que recorrentemente têm afeções

do pé como por exemplo, utentes diabéticos.

Realizam-se ainda periodicamente na FM consultas de audiologia e de Medicina

Tradicional Chinesa por profissionais com competência nas áreas.

Administração de injetáveis

Na FM são administradas vacinas não constantes do Plano Nacional de Vacinação

e também outros medicamentos injetáveis. Esta função é realizada por duas TF com

formação específica nesta área.

Projeto Valormed

Ao longo das últimas décadas, têm-se realizado imensos movimentos

ecológicos, que têm alertado a opinião pública acerca dos perigos inerentes à

inexistência de uma política ambiental. Neste âmbito, e dado o carácter de

especificidade do medicamento, criou-se a ValorMed.

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As farmácias assumem-se como o “rosto” do ValorMed junto dos utentes, pois

desempenham um papel de primeira linha na recolha das embalagens e medicamentos

fora de uso, assim como no aconselhamento e sensibilização dos utentes para esta atual

possibilidade.

Os produtos recolhidos para o ValorMed são: medicamentos que já não são

utilizados; medicamentos fora do prazo de validade; caixas e embalagens; folhetos

informativos; copos e colheres de medida. [22]

Quando o contentor estiver cheio, é pesado, selado e preenche-se uma ficha de

contentor, com um n.º de série e o nome da farmácia e do responsável pela pesagem e

selagem. A recolha é feita por um distribuidor, após validação da guia por este, cujo

duplicado fica arquivado na farmácia.

O tratamento adequado destes resíduos contribui grandemente para a

preservação do ambiente e para a Saúde Pública.

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ANÁLISE CRÍTICA

Ao longo deste meu estágio, tive a oportunidade de entrar em contacto com a

dinâmica de funcionamento da FM. Pude acompanhar todo o circuito do medicamento,

no contexto da farmácia comunitária desde a realização e receção de encomendas,

adequado armazenamento até à dispensa, quer de medicamentos, quer de outros

produtos de saúde, faturação, gestão e administração, bem como prestação de outros

serviços como avaliação de parâmetros fisiológicos e bioquímicas, preparação de

manipulados e o esclarecimento de dúvidas dos utentes.

O espírito pró-ativo e de interajuda da equipa contribuíram em muito, para que o

meu estágio se revelasse uma experiência enriquecedora a todos os níveis.

Durante este período, pude observar as várias vertentes da atividade do TF em

farmácia comunitária enquanto prestador de cuidados de saúde e na importância que

este desempenha no seio da sociedade. Assim sendo, ao contactar com a realidade

profissional, desenvolvi tanto as minhas capacidades técnico-científicas, como as

minhas capacidades comunicativas e humanas.

Todos os conhecimentos que me foram transmitidos e todas as vivências

experienciadas ao longo deste período, serão sem dúvida, uma mais-valia para o meu

desenvolvimento enquanto futura profissional de saúde.

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CONCLUSÃO

Um estágio de integração à vida profissional em farmácia comunitária poderá

dizer-se que é mais um passaporte para o sucesso de nós, TF, enquanto profissionais de

saúde. Enriquece-nos a nível profissional e ético, aproxima-nos da realidade profissional

em farmácia comunitária. Sendo assim, o período de estágio é uma experiência que

proporciona a aquisição dos conhecimentos fundamentais necessários a um desempenho

profissional de qualidade e de excelência.

Neste contexto, os três meses passados na FM revelaram-se de uma enorme

importância, na medida em que me forneceram os alicerces indispensáveis para a minha

carreira profissional. De facto, se não tivesse vivenciado esta experiência, não estaria

certamente apta a responder aos desafios que são colocados no dia-a-dia do TF. É

evidente que a aquisição de conhecimentos não é um processo acabado, é, sobretudo,

um percurso que tem de ser permanentemente construído e atualizado, pois o mundo

está em constante mutação.

Na verdade, através da realização das tarefas diárias, pude verificar que a

atividade do TF vai muito para além da dispensa de medicamentos, já que promove o

desenvolvimento das relações humanas e interpessoais, quer dos funcionários, quer dos

utentes. Acresce-me referir que toda a equipa se mostrou disponível e acolhedora,

contribuindo para a minha integração num ambiente que até aí me era estranho. Assim,

a insegurança inicial foi dando lugar a um progressivo à vontade que se foi espelhando

na execução das tarefas propostas.

Quanto ao relacionamento com os utentes, embora a presença de um novo

elemento possa, num primeiro momento, ter suscitado alguma curiosidade e até mesmo

uma certa desconfiança, creio poder afirmar que não senti qualquer rejeição ou

antipatia. A minha atuação, enquanto estagiária, pautou-se pela comunicação e inteira

disponibilidade para ouvir o público utente, procurando em todas as ocasiões, contribuir

para a promoção da saúde e prevenção da doença e para o bem-estar de toda a

comunidade.

Chegada ao fim mais esta etapa, resta-me reconhecer que apenas me foi aberta a

porta para o longo caminho que tenho de trilhar, mas, citando Miguel Torga “em

qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar”.

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BIBLIOGRAFIA

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[2]- Decreto-Lei n.º 564/99 de 21 de dezembro

[3]- Regulamento de estágio. Guarda: Escola Superior de Saúde da Guarda.

[4]- Farmacêuticos Od, Comunitária (2009), 3ª edição. Boas Praticas Farmacêuticas

para a farmácia comunitária (BPF), Acedido em Dezembro, 2014, obtido em:

http://www.ordemfarmaceuticos.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc3082.pdf

[5]- Despacho do ministério da Saúde nº 8/91 de 19 de novembro

[6]- Deliberação n.º 2473/2007 de 24 de dezembro

[7]- Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto;

[8]- Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto;

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de:http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_

HUMANO/PRESCRICAO_DISPENSA_E_UTILIZACAO/CLASSIFICACAO_QUAN

TO_A_DISPENSA

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2014.Obtido de:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICO

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[11]- Decreto-Lei n.º 74/2010 de 21 de junho

[12]- Decreto-Lei 189/2008 de 24 de setembro

[13]- Decreto-Lei n.º 145/2009 de 17 de junho

[14]- Decreto-Lei n.º 184/97, de 26 de Julho

[15]- Saúde, M. d. Normas Relativas à prescrição, dispensa e utilização de

medicamentos uso humano(2012).Acedido em janeiro,2014. Obtido de

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HU

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[16]- Vaz, Inês Ribeiro. Notificação espontânea de RAM. Acedido em Janeiro,2014.

Obtido em: http://ufn.med.up.pt/documentacao2/4842183298.pdf

[17]- Portaria n.º 769/2004, de 1 de Julho

[18]- Gross, J. L., Silveiro, S. P., Camargo, J. L., Reichelt, A. J., & Azevedo, M. J. D.

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[19]- Perk, J., De Backer, G., Gohlke, H., Graham, I., Reiner, Ž., Verschuren, W. M., ...

&Zannad, F. (2012). Europeanguidelineson cardiovascular diseaseprevention in

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[20]- Kratz, A., Ferraro, M., Sluss, P. M., &Lewandrowski, K. B. (2004).

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[21]- Combur - Test. Acedido em janeiro 2014. Obtido de:

[http://www.roche.pt/portugal/index.cfm/produtos/equipamentos-de-

diagnostico/products/near-patient-testing/combur/]

[22]- VALORMED. Acedido em janeiro 2014. Obtido de http://www.valormed.pt/.

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Anexos

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Anexo 1- Factura/Guia de Remessa

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Anexo 2-Nota de devolução

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Anexo 3- Nota de Crédito

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Anexo 4 - Receita médica não renovável

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Anexo 5 - Receita médica renovável

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Anexo 6 - Receita médica manuscrita

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Anexo 7 - Impresso do processamento informático da receita

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Anexo 8 - Receita médica especial (medicamentos psicotrópicos e

estupefacientes)

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Anexo 9 - Ficha de manipulação

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Anexo 10- Ficha de registo de movimento de matérias-primas

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Anexo 11 - Rótulo de um medicamento manipulado e respetiva receita

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Anexo 12 - Verbete de identificação do lote