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ANA CAROLINA RAMPAZZO VIEIRA CARLOS AFFONSO SARTORE SALLES PAULO VITOR TARGA LIMA RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS: ESTUDO SOBRE UM NOVO CENÁRIO DE ATUAÇÃO PARA O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS LONDRINA 2010

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Estudo sobre a atuação de profissionais de Relações Públicas no planejamento de comunicação para pessoas físicas, sendo elas personalidades públicas ou não. O estudo e a pesquisa buscam abordar que, assim como uma empresa, uma pessoa também pode assumir papel empresarial fundamentado em si, necessitando de um trabalho estruturado de comunicação para atuar de forma coerente em seus objetivos profissionais.

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Page 1: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

ANA CAROLINA RAMPAZZO VIEIRA

CARLOS AFFONSO SARTORE SALLES PAULO VITOR TARGA LIMA

RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS: ESTUDO SOBRE UM NOVO CENÁRIO DE ATUAÇÃO PARA

O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

LONDRINA 2010

Page 2: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

ANA CAROLINA RAMPAZZO VIEIRA CARLOS AFFONSO SARTORE SALLES

PAULO VITOR TARGA LIMA

RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS: ESTUDO SOBRE UM NOVO CENÁRIO DE ATUAÇÃO PARA

O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina, para obtenção do título de bacharel. Orientadora: Profa. Dra. Mariângela Benine Ramos Silva

LONDRINA 2010

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ANA CAROLINA RAMPAZZO VIEIRA CARLOS AFFONSO SARTORE SALLES

PAULO VITOR TARGA LIMA

RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS: ESTUDO SOBRE UM NOVO CENÁRIO DE ATUAÇÃO PARA

O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina, para obtenção do título de bacharel.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Dra. Mariângela Benine Ramos Silva

Profa. Orientadora Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Ms. Marta T. M. Campos Martins

Profa. Componente da Banca Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Dr. Renato Rodrigues Martins Prof. Componente da Banca

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, _____de ___________de _____.

Page 4: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

Este trabalho é dedicado a todos àqueles que

acreditaram na temática e nos incentivaram na

busca pelo conhecimento e por resultados que

proporcionarão o nosso crescimento pessoal e

profissional.

Page 5: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

AGRADECIMENTOS

A nossa orientadora, Profa. Dra. Mariângela Benine Ramos Silva,

por todo o apoio e a dedicação durante o desenvolvimento do nosso trabalho. Sua

confiança, sua paciência e seus conselhos foram de grande valia para que, juntos,

pudéssmos chegar aos resultados esperados. Com sua orientação, tivemos

liberdade durante todo o processo de criação e desenvolvimento e pudemos “pensar

alto”. Com suas características únicas, você se transformou em uma verdadeira

amiga para nós. Daqui pra frente, temos a certeza de que sempre poderemos contar

uns com os outros.

Aos professores Marta T. M. Campos Martins e Waldyr G. Fortes,

que desde o início, nos ensinaram o valor de ser um Relações Públicas. Durante a

nossa graduação, sempre nos apoiaram, indicaram os caminhos corretos e

ajudaram em nosso crescimento pessoal e profissional. Certamente, o carinho, a

atenção e a dedicação de vocês estarão sempre presentes conosco. Temos orgulho

em ter vivenciado e aproveitado tudo isso, junto com vocês.

A todos os professores do curso de Comunicação Social –

Habilitação em Relações Públicas da UEL que, durante a nossa graduação,

contribuíram com todo o conhecimento que levaremos daqui pra frente. Além disso,

o carinho e a proximidade sempre estiveram presentes em nossos relacionamentos.

Em especial: Emerson Dias, Maria Amélia Pirolo, Maria Helena Cavazotti, Marlene

Marchiori, Morgana Batistela, Patricia Correa, Regiane Ribeiro, Renato Martins,

Rosane Borges, Rozinaldo Miani e Zilda Andrade.

Aos profissionais, docentes, pesquisadores, estudantes e

instituições que contribuiram com as pesquisas realizadas pelo presente trabalho.

Sem a participação e o empenho de todos vocês, não seria possível atingir os

resultados esperados. É sempre muito bom saber que podemos contar com

profissionais como vocês.

Aos profissionais que acompanharam os estágios que realizamos

durante a graduação. Com certeza, a contribuição de vocês tem parte significativa

no profissional em que estamos nos tornando. Agradecimento especial a Andrea

Vilardo, Carina Rufino, Everton Camara, Gleicy Ferreira, Lebna Landgraf, Luciana

Page 6: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

Fontes, Marisa Bressan, Paula Saiz, Suzete Prado, Robson Turcato, Tiago Fuganti e

Vanessa Dall‟Agnol.

Aos amigos que participaram de toda a caminhada da gradução, em

especial aos amigos do curso de Relações Públicas, que estiveram presentes em

diversos momentos, fazendo parte de nossas vidas nesses quatro anos, participando

e compartilhando de nosso crescimento pessoal, acadêmico e profissional.

Às nossas famílias pelo fundamental apoio durante toda a nossa

graduação. Sem o carinho, a atenção, a dedicação e a compreensão de vocês,

percorrer esse caminho teria sido muito mais difícil. Juntos, as nossas conquistas

farão sempre muito mais sentido. Especialmente a José Gama, Ana Rampazzo e

Tony; Carlos Salles, Leila, Carlos Cesar, Carlos Augusto, Carlos Mateus, Leodenir,

Kátia e Chrislainne; Eloisa Maria Targa, Mauricio Tonelo, Vanessa Tonelo, Ana Keila

de Almeida e Paulo Roberto Targa.

A equipe realizadora desse TCC, cuja sinergia possibilitou o

desenvolvimento do trabalho de forma harmônica e extremamente agradável,

mesmo frente às dificuldades encontradas. Parceiros de graduação, amigos para a

vida toda!

À Deus por guiar, fortalecer e iluminar o nosso caminho e as nossas

vidas.

Page 7: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

“Vamos celebrar Nossa própria maneira de ser

Essa luz que acabou de nascer Quando aquela de trás apagou”

(Paulinho Moska)

Page 8: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

VIEIRA, Ana Carolina Rampazzo; SALLES, Carlos Affonso Sartore; TARGA, Paulo Vitor. Relações Públicas Pessoais: estudo sobre um novo cenário de atuação para o profissional de Relações Públicas. 2010. 132 fl. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Relações Públicas) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

RESUMO O objetivo deste estudo é demonstrar a relevância do profissional de Relações Públicas como gestor de comunicação e relacionamento das chamadas personalidades – indivíduos que possuem notoriedade e representatividade em suas áreas de atuação – procurando evidenciar a contribuição estratégica das Relações Públicas na atuação junto a esse segmento. Trata-se de um estudo com caráter qualitativo, em que procurou-se embasamento teórico nos estudos gerais de Relações Públicas e áreas de conhecimento correlatos à temática abordada, a fim de fundamentar o trabalho proposto, possibilitando o início de um pensar frente à uma nova área e forma de atuação para o profissional de Relações Públicas. Como complemento, realizou-se também uma pesquisa empírica quantitativa e qualitativa junto a estudantes, docentes, pesquisadores e profissionais da área, a fim de analisar as diferentes opiniões e visões com relação ao tema, procurando captar seus conhecimentos, impressões e sugestões sobre o assunto abordado. Diante dos resultados obtidos, percebe-se que as Relações Públicas Pessoais necessitam de maior estruturação com relação a conceitos, estudos e publicações, cabendo à Academia um estímulo e incentivo maior à pesquisa nessa área de conhecimento. Além disso, é fato que tal temática inovadora desperta o interesse de muitos estudantes e profissionais da área, sendo esta reconhecida como um novo campo de atuação para os profissionais de Relações Públicas. Palavras-chave: Relações Públicas; Relações Públicas Pessoais; Comunicação e Relacionamento; Planejamento Estratégico; Imagem, Identidade e Reputação.

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VIEIRA, Ana Carolina Rampazzo; SALLES, Carlos Affonso Sartore; TARGA, Paulo Vitor. Relações Públicas Pessoais: estudo sobre um novo cenário de atuação para o profissional de Relações Públicas. 2010. 132 fl. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Relações Públicas) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

ABSTRACT The aim of this study is to demonstrate the relevancy of the Public Relations professional as a communication and relationship manager of the so-called personalities – people with notoriety and representativity in their fields – trying to evidence the strategic contribution of Public Relations to this segment. It is a qualitative character study with theoretical basis on general studies of Public Relations and its correlated fields, in order to base the work and enable the beginning of thoughts about a new field and actuation to the Public Relations professional. An empirical quantitative and qualitative research has also been done with students, professors, researchers and professionals in the field, in order to analyze different opinions and views related to the theme, aiming to get their knowledge, impressions and suggestions about the topic. With the results, it can be concluded that Personal Public Relations need better structuring with regard to concepts, studies and publications, falling to the Academy to give greater stimulation and incentive to research in this field. Besides, such an innovative thematic arouses interest in many of the field students and professionals, and it is recognized as a new field for the Public Relations professionals. Keywords: Public Relations; Personal Public Relations; Communication and Relationship; Strategic Planning; Image; Identity and Reputation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema de Shannon ............................................................................ 20

Page 11: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Categoria dos Entrevistados ................................................................. 64

Gráfico 2 – Conhecimento sobre o termo “Relações Públicas Pessoais” ............... 67

Gráfico 3 – Tipo do veículo ou estudo ..................................................................... 67

Gráfico 4 – Conhecimento sobre algum autor/profissional que atua/pesquisa

sobre Relações Públicas Pessoais no Brasil............................................................ 68

Gráfico 5 – Relevância de um estudo/publicação a respeito das Relações

Públicas Pessoais .................................................................................................... 70

Gráfico 6 – Interesse por um estudo/publicação a respeito das Relações

Públicas Pessoais .................................................................................................... 72

Page 12: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Marketing – Momentos de Orientação .................................................. 40

Quadro 2 – Autores ou profissionais apontados na pesquisa quantitativa .............. 69

Page 13: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Instituição de atuação/estudo dos entrevistados ................................... 65

Tabela 2 – Estados participantes da pesquisa quantitativa ..................................... 66

Tabela 3 – Veículo/estudo brasileiro ou estrangeiro ................................................ 68

Tabela 4 – Quais os motivos para considerarem o tema relevante ......................... 70

Tabela 5 – Quais os motivos para não consideraram o tema relevante .................. 71

Tabela 6 – Assuntos de interesse para uma publicação a respeito das Relações

Públicas Pessoais .................................................................................................... 72

Page 14: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15

2. SOCIEDADE MIDIÁTICA: A COMUNICAÇÃO INFLUENCIANDO TUDO E

TODOS ..................................................................................................................... 18

2.1 COMUNICAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS .................................................... 20

3. IDENTIDADE, IMAGEM E REPUTAÇÃO .......................................................... 25

3.1 IDENTIDADE ...................................................................................................... 25

3.2 IMAGEM ............................................................................................................. 27

3.3 REPUTAÇÃO ...................................................................................................... 31

3.4 PESSOA COMO MARCA E MARCA COMO PESSOA ....................................... 35

4. UNIÃO ENTRE MARKETING E RELAÇÕES PÚBLICAS ................................. 39

5. RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS ................................................................. 45

6. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................... 50

6.1 ESTRATÉGIAS ................................................................................................... 50

6.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..................................................................... 51

6.3 ANÁLISE DE CENÁRIOS .................................................................................... 52

7. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RELAÇÕES PÚBLICAS ..................... 54

7.1 PLANEJAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS PARA PERSONALIDADES ....... 56

8. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO ................................................. 58

8.1 ANÁLISE DA PESQUISA QUANTITATIVA ......................................................... 63

8.2 ANÁLISE DA PESQUISA QUALITATIVA ............................................................ 76

9. PROPOSTA PARA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS ............................... 106

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 109

Page 15: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 112

APENDICES ........................................................................................................... 116

APÊNDICE A – Instrumento da Pesquisa Quantitativa ........................................... 117

APÊNDICE B – Instrumento da Pesquisa Qualitativa ............................................. 121

APÊNDICE C – Identificação dos Entrevistados da Pesquisa Qualitativa .............. 125

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1. INTRODUÇÃO

Personalidades são pessoas que apresentam grande visibilidade e poder de

influência diante da sociedade, sujeitando-se à exposição de sua vida pessoal e

profissional na mídia e demais veículos de comunicação, de modo a afetar positiva

ou negativamente o desempenho de sua carreira e de seus relacionamentos.

Na era informacional, o avanço das tecnologias e a evolução dos meios de

comunicação massivos possibilitaram à sociedade rapidez na troca de informações,

dado que essas são veiculadas de forma intensiva, exigindo que as pessoas

busquem cada vez mais por informações diversas e relevantes para seu

conhecimento.

Na busca pelo efetivo relacionamento com os públicos estratégicos, a

ampliação e o fortalecimento da imagem e reputação das personalidades, inclui-se o

profissional de Relações Públicas como gestor das estratégias de comunicação para

tais personalidades.

Destaca-se a necessidade da análise permanente das informações

apresentadas a respeito das personalidades nos veículos de comunicação, a fim de

identificar a imagem projetada dessas na sociedade, o que exige o planejamento de

ações destinadas para a criação e manutenção da imagem e reputação favoráveis.

Nesse contexto, o trabalho com a comunicação adquire outra essencialidade,

pois se torna a ponte para a confiança dos públicos perante as personalidades. Ou

seja, a credibilidade conquistada poderá ser perdida por falhas no gerenciamento da

comunicação.

Soma-se a isso o fato de que a vida privada das personalidades é cada vez

mais pública, dado que inúmeras pessoas têm acesso a informações sobre tal

privacidade pelos diversos meios de comunicação. Sendo assim, qualquer deslize

que venha a causar desconfiança por parte dos públicos, pode gerar a perda de

reputação favorável.

Para Castro Neves (2002), as razões para não se preservar uma boa imagem

são várias, porém a mais importante é a comunicação inexistente ou inadequada.

Comunicação ruim ou ineficiente significa perda de mercado e redução das

oportunidades de trabalho.

Diante de tal situação, para que o trabalho de pessoais e/ou personalidades

traga o retorno esperado, é preciso que as mesmas estabeleçam estratégias de

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comunicação e relacionamento, garantindo maior proximidade e,

consequentemente, conquistando seu público de interesse.

Para atender às novas necessidades desse mercado, profissionais de

diversas áreas especializaram-se como assessores de personalidades públicas,

realizando o trabalho que, na teoria, deveria ser desenvolvido por profissionais de

comunicação.

Apesar da grande competitividade e inserção de profissionais de outras áreas,

é necessário destacar que tal mercado apresenta inúmeras oportunidades e grande

crescimento, evidenciando-se como um notório segmento para a atuação dos

profissionais de Relações Públicas.

Graças às habilidades da profissão, as Relações Públicas adequam-se

perfeitamente no gerenciamento da comunicação para pessoas e/ou

personalidades, uma vez que a profissão prioriza o relacionamento com os

diferentes públicos, assim como a manutenção de uma boa imagem, reputação e

identidade e o fortalecimento positivo perante a opinião pública, questões essenciais

para o segmento.

Nos EUA e na Europa, a atuação dos profissionais de Relações Públicas

nessa área é bastante intensa, apresentando inúmeros profissionais e significativas

discussões sobre o tema. Já no Brasil, infelizmente, a temática ainda é pouco

explorada e o número de profissionais atuantes na área é um tanto quanto restrito.

Diante desse panorama, compreende-se que para que seja possível a

realização de um gerenciamento de comunicação e relacionamento das

personalidades de forma efetiva, o trabalho dos profissionais de Relações Públicas é

fundamental, dado que suas atividades baseiam-se nos relacionamentos de tais

indivíduos de/com notoriedade com seus públicos estratégicos.

Para tanto, faz-se uso de diferentes ferramentas de comunicação e Relações

Públicas com a finalidade da construção de carreira e fortalecimento do

relacionamento com os públicos, objetivando imagem, reputação e conceito

positivos.

Refletindo sobre essa temática, desenvolveu-se o presente trabalho com o

intuito principal de evidenciar a relevância do profissional de Relações Públicas na

qualidade de gestor da comunicação e relacionamento de personalidades,

demonstrando como este pode atuar de forma estratégica junto às pessoas que

apresentam notoriedade em seus campos de atuação, administrando de forma

Page 18: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

17

eficiente suas carreiras, da mesma forma e semelhança como atua em ambiente

organizacional.

A preocupação em desenvolver um estudo nessa área justifica-se em virtude

da carência de pesquisas e publicações relacionadas à temática, na intenção de

proporcionar uma discussão em torno das Relações Públicas Pessoais, fomentando

a construção e formalização de conceitos e de teorias específicas do tema em

questão, além de desmistificar a áurea de futilidade que acaba de certa forma

envolvendo o tema – quando muitos confundem personalidades com “celebridades”.

Sendo assim, o presente trabalho foi realizado em duas etapas:

A primeira traz o referencial teórico do trabalho, no qual procurou-se

embasamento nas teorias gerais de Relações Públicas e Comunicação, enfatizando

nove temas relevantes para o entendimento das Relações Públicas Pessoais, tais

como Sociedade do Espetáculo; Imagem; Identidade; Reputação; Relações

Públicas; Marketing; Relações Públicas Pessoais e Planejamento Estratégico.

Frente à carência de publicações específicas da área, tais conteúdos serviram

como fundamentação teórica, norteando as reflexões em torno da temática e

auxiliando na tentativa de estruturação de uma nova área para a atuação do

profissional de Relações Públicas.

Na segunda etapa realizou-se um estudo empírico, de natureza quantitativa e

qualitativa, realizado junto a acadêmicos, docentes, pesquisadores e profissionais de

Relações Públicas, com o objetivo de investigar as opiniões e visões dos mesmos

com relação à temática das Relações Públicas Pessoais, seus níveis de

entendimento/conhecimento, bem como sugestões e críticas ao tema. Os detalhes

referentes aos aspectos metodológicos do estudo, amostra e participantes são

detalhados na parte introdutória do capítulo em questão, seguidos posteriormente da

apresentação e análise das duas pesquisas citadas.

Enfim, nas páginas que seguem, pretende-se demonstrar um trabalho

pioneiro e inovador sobre o estudo da atuação de Relações Públicas com foco de

atuação no gerenciamento e fortalecimento da comunicação entre personalidades e

seus públicos de interesse.

Page 19: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

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2. SOCIEDADE MIDIÁTICA: A COMUNICAÇÃO INFLUENCIANDO TUDO E

TODOS

Para entender a influência e o poder que a comunicação apresenta sobre a

sociedade como um todo, é necessário partir de pensamentos que nortearam os

estudos sobre o processo de comunicação no mundo contemporâneo, abordando

aspectos que nos remetem à Revolução Industrial, com o surgimento da força da

mídia, gerando os estudos sobre a espetacularização da sociedade.

Nesse sentido, sabe-se que, ao longo do tempo e, a partir do século XVIII, os

reflexos da industrialização foram amplamente estudados por Theodor Adorno e Max

Horkheimer (1982), que analisaram como o modo de produção capitalista modificou

a forma de se fazer comunicação e cultura.

Perceberam, portanto, que assim como as mercadorias, a cultura também

passou a ser produzida em massa, propagada de maneira homogênea e

padronizada pelos meios de comunicação, sem nenhum tipo de contextualização ou

criticidade. A esse processo Mattelart e Mattelart (1997, p.66) deram o nome de

“Indústria Cultural”, fenômeno que representa a chamada Sociedade de Massa:

Os produtos culturais, os filmes, os programas radiofônicos e as revistas revelam a mesma racionalidade técnica, o mesmo esquema de organização e planificação de gestão que os da fabrica de automóveis em série ou dos projetos de urbanismo. Cada setor da produção está uniformizado e todos o estão em relação aos outros. A civilização contemporânea a tudo confere um ar de presença. A indústria cultural oferece, onde quer que seja, bens padronizados para satisfazer as numerosas procuras, identificadas como outras tantas distinções a que os padrões da produção devem responder. Através de um modo industrial de produção obtém-se uma cultura de massas feita de uma série de objetos com a marca bem manifesta da

indústria cultural: seriação - padronização - divisão do trabalho.

A partir de meados do século XX, com a intensificação do desenvolvimento

tecnológico, sobretudo com a criação de novas tecnologias de comunicação e

informação, surge a chamada “Sociedade do Espetáculo” que, de acordo com Bucci

e Kehl (2004, p.155), “[...] é a versão atualizada da sociedade de massas”.

Para Guy Debord (1997) - criador da referida expressão - tal sociedade

apresenta como característica marcante a velocidade na troca de informações e no

Page 20: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

19

processo de geração de conhecimentos, colocando uma ênfase maior na

comunicação por meio de símbolos ou imagens.

Essa nova forma de retratar e transmitir as informações gerou o que Debord

(1997) chama de “espetacularização da vida humana”, onde os veículos de

comunicação de massa são os maiores responsáveis pela difusão de tais

mensagens.

Diante da espetacularização dos acontecimentos, a realidade passa a ser

vivida no reino das imagens e não mais por meio da vivência da própria realidade.

De acordo com Debord (1997, p.14), “Tudo que era diretamente vivido se afastou

numa representação. [...] O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma

relação social entre as pessoas, mediada por imagens”.

Assim, o espetáculo passa a ser confundido com a própria realidade e vice-

versa. Os indivíduos passam a viver num mundo repleto de aparências, amplamente

influenciados pelas mensagens imagéticas transmitidas pelos meios de

comunicação de massa.

Dessa forma, pode-se compreender que os indivíduos transformaram-se em

telespectadores da realidade, já que todos os aspectos da vida social são retratados

de forma espetacular e só são considerados reais se noticiados pela mídia, pelos

veículos de comunicação. Tal pensamento é confirmado por McLuhan (2010):

A mídia contemporânea tem o poder de determinar o que é e o que não é realidade no mundo de hoje. […] Por essa lógica, uma coisa existe ou deixa de existir hoje no mundo à medida que é comunicada pela mídia. A realidade deixa assim de ser a expressão dos fatos, para se revelar com a sua apresentação midiática.

Percebe-se que a sociedade do espetáculo acaba guiando a forma de pensar

e agir dos indivíduos, pois as relações humanas passam a ser mediadas pelas

imagens construídas sobre a realidade. Tais imagens acabam formando no

pensamento coletivo a identidade e a reputação de tudo e todos, aspectos que serão

analisados no próximo capítulo deste trabalho.

Sendo assim, entende-se que a sociedade contemporânea é fortemente

influenciada pelo imaginário e pelos padrões impostos pela comunicação. Todos os

veículos de comunicação e, principalmente, a mídia massiva, acabam

desempenhando um importante papel na forma como as pessoas “absorvem” e

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20

interpretam o mundo, influenciando a forma como esses se comportam frente a

diversas situações cotidianas.

2.1 COMUNICAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

Independente do modo e situação, todas as pessoas são atingidas pelas

informações veiculadas pelos diversos meios de comunicação, sendo que

considerável parte dessas pessoas são influenciadas pela veiculação dessas

mensagens. De acordo com Ferreira (apud KUNSCH, 2006, p. 93), a comunicação é

“em síntese, [...] o processo de transferir uma informação selecionada (mensagem)

de uma fonte de informação a um destinatário, ou seja, transferir significados”.

Nesse sentido, em sua aula inaugural, realizada no primeiro semestre de

2007, a Profª M.ª Marta T. M. C. Martins - docente do curso de Relações Públicas da

Universidade Estadual de Londrina - define comunicação da seguinte forma:

“Comunicação é um processo de mediação para se criar um campo comum, o qual

comporta uma diversidade de naturezas”.

Diante dessas duas conceituações, pode-se então afirmar que comunicar é

compartilhar os mais diversos assuntos, com um ou mais indivíduos, a fim de

estabelecer um diálogo consciente entre os membros envolvidos.

Um bom exemplo de como se estrutura o processo de comunicação é o

chamado Esquema de Shannon, que se constituí da seguinte maneira:

Figura 1 – Esquema de Shannon Fonte: Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta99/berger/figura/1.gif> Acesso em: 10 abr. 2010.

Page 22: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

21

Explica-se por esse esquema que um indivíduo (Emissor) deseja compartilhar

algo, mas para que isso se torne possível, é preciso que esse “algo” apresente uma

forma (Codificador), para que assim, chegue-se a um assunto em comum

(Mensagem) entre os indivíduos envolvidos no processo da comunicação.

Essa mensagem poderá ser transmitida de forma natural (voz), ou não

(mídias), para o receptor (Decodificador) compreender tal mensagem, tornando-se

um público do assunto envolvido, e apresentando o entendimento (Feedback) para o

comunicador, fechando dessa forma, o ciclo da comunicação.

Partindo dessas definições, tem-se que o profissional de Relações Públicas

visa utilizar desse mesmo poder de penetração das mídias de comunicação, para

desenvolver todo o seu trabalho em qualquer que seja sua área de atuação,

possibilitando a ele a formação de públicos autênticos e a conquista de resultados

positivos e satisfatórios para o seu trabalho.

Nesse sentido, a atuação do profissional juntamente a pessoas insere um

emissor diferente do que é constantemente abordado nas literaturas clássicas de

comunicação. Isto é, no estudo em questão, todo o trabalho envolve a inclusão de

um emissor pessoa no lugar de um emissor organização, no qual busca-se o

entendimento e processo de comunicação a partir de uma esfera na qual a

controvérsia ocorre no entorno dessa pessoa, posicionando-se semelhantemente à

uma organização, ou seja, uma pessoa/empresa. Ressalta-se também que, por se

tratar de um processo de comunicação pautado no relacionamento, é preciso e deve

haver constante interação e obtenção do feedback, constatando-se a presença de

emissores-receptores e receptores-emissores.

Em resumo, a atividade de Relações Públicas norteia-se pelo uso efetivo da

comunicação como um meio de transmissão de informações entre organização e/ou

pessoa que representa e seus diferentes públicos.

Para Fortes (1999, p.15), Relações Públicas é o:

Processo de gestão das ações administrativas e de comunicação, deliberadas e permanentes, de uma entidade pública ou particular interessada em estabelecer e manter diálogo, entendimento, solidariedade e colaboração com os grupos sociais e a elas vinculados direta e indiretamente, para firmar o seu conceito público, que irá respaldar, facilitar e dar legitimidade aos seus objetivos socioeconômicos.

Page 23: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

22

O profissional de Relações Públicas atua com base nos relacionamentos, na

identificação das necessidades de comunicação da empresa e de cada um dos seus

públicos, buscando equilibrar os interesses e fortalecendo a reciprocidade de

informações almejadas por ambas as partes. No atendimento a uma pessoa, o

Relações Públicas deve pautar-se nos mesmos princípios, buscando atender

coerentemente o perfil da pessoa com os seus públicos alvo, fazendo a ponte do

relacionamento que irá fortalecer o posicionamento almejado.

É nesse sentido que Nassar (2007, p. 84) descreve as diversas atividades

para as Relações Públicas, demonstrando a preocupação da profissão em manter a

comunicação aberta e fortalecida com os públicos que cercam uma organização:

Aumentar a credibilidade, quer da empresa, quer dos seus produtos e serviços; manter os colaboradores da empresa bem informados sobre as suas atividades, contribuindo para o seu envolvimento; criar um sentimento de pertencimento; gerar o compartilhamento de valores comuns entre colaboradores; estimular a força de vendas e os distribuidores, melhorar a imagem da empresa e de suas marcas; criar ou aumentar a notoriedade da empresa e de seus produtos/serviços; desenvolver uma atmosfera de confiança com os órgãos de comunicação social; prevenir e minimizar o impacto de eventuais crises; orientar a gestão da empresa em função do feedback recebido dos públicos; capitalizar o goodwill da empresa junto as entidades governamentais, fornecedores e comunidades financeira; atrair investidores; criar boas relações de vizinhança com a comunidade local; destacar as contribuições da empresa para o desenvolvimento do país ou da região.

Da mesma forma que é afirmado por Nassar no trabalho com uma

organização, deve-se entender a visão aplicada a uma pessoa. Trata-se de

transparecer para todos que a cercam, sendo envolvidos direta ou indiretamente no

negócio que essa pessoa/empresa representa, angariando credibilidade e confiança

reais na construção do relacionamento.

Sendo assim, a comunicação na atividade do profissional de Relações

Públicas está pautada na comunicação informativa, ou seja, naquela que estabelece

entre as referidas partes um relacionamento mútuo na transmissão de mensagens.

Segundo Fortes (2003, p. 217), a comunicação deve ser embasada:

[...] na compreensão daquilo que se pretende transmitir, na linguagem comum que estabelece o universo de debates e efetiva o diálogo, e na eleição planejada e competente dos veículos que serão empregados no transporte da informação.

Page 24: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

23

A escolha errada do meio de comunicação e, até mesmo da linguagem

adequada a determinado público acarreta no fracasso do processo de comunicação

com os públicos.

Fortes (2003, p. 217-218) ainda explica que:

A falta de uma linguagem única [...], por exemplo, traz obstáculos naturais que impedem a cooperação e a troca de informações entre diversas equipes e as pessoas responsáveis pela tomada de decisões.

De acordo com Fortes (2003, p. 219), na sociedade, cada membro possui

certas predisposições, reagindo distintamente ao receber estímulos provenientes da

comunicação. Esses respondem por meio de suas atitudes que revelam aceitação,

redefinição ou rejeição das mensagens e de todo o conteúdo emitido. As atitudes

que levam ao aprendizado social das pessoas estão relacionadas à participação

destas no meio humano em que se encontram integradas.

Sobre esse ponto, entende-se que, da mesma forma que as organizações

utilizam-se dos meios de comunicação para atingir e buscar uma mudança de

comportamento e visão de seus públicos perante ela, uma pessoa também necessita

manter sua abordagem e seu diálogo uníssono com seus receptores, de modo que

os mesmos possam absorver informações que permitam uma interpretação e

entendimento condizentes com o que a pessoa realmente representa no espaço que

se estabelece. Nesse sentido, a pessoa/empresa, atuando como emissor-receptor

precisa ter total conhecimento de sua representatividade. Dado que, para emitir,

precisa ser coerente com sua informação e, ao obter o feedback, deve manter seu

posicionamento, sua comunicação pactuada com sua linguagem única.

Diante disso, Fortes (2003, p. 219) enfatiza a necessidade de se atentar à

prática do relacionamento com os públicos para otimização da comunicação:

A prática profissional de relacionamento incrementa a comunicação com os públicos mediante características peculiares, dependentes dos objetivos que se tencionam atingir e das particularidades dos grupos que serão alvo do fornecimento de informações.

Para Lesly (1995), os fatores primordiais na busca dos resultados desejados

são as ações de Relações Públicas. São por meio de pesquisas e análises,

formulações de políticas, planejamento, programação e avaliações das respostas do

Page 25: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

24

público que se consegue atingir os objetivos propostos, sempre fazendo uso de

formas de comunicação eficiente.

Diante disso, as Relações Públicas com foco de atuação para pessoas e/ou

personalidades, assim como para organizações, buscam planejar e executar seus

programas de comunicação e relacionamento utilizando os diferentes tipos de

comunicação, a partir de diversos tipos de plataformas e ferramentas que permitam

manter unidos e unificados, informação e diálogo, possibilitando um trabalho

coerente de imagem, identidade e reputação.

Page 26: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

25

3. IDENTIDADE, IMAGEM E REPUTAÇÃO

Diante da realidade de grande atribuição à imagem, é preciso realizar um

estudo para entender os conceitos de identidade, imagem e reputação, uma vez que

apresentam grande relevância para a atuação do profissional de Relações Públicas,

sobretudo, para aqueles que focarão suas atividades para as pessoas e/ou

personalidades e farão o uso de tais conceitos como base para a realização de um

trabalho diferenciado.

3.1 IDENTIDADE

A identidade pode ser entendida como aquilo que define e caracteriza algo,

pois é constituída por meio das características e qualidades que foram assimiladas e

incorporadas em sua formação, desde a sua existência.

Diante dessa realidade, o conceito de identidade pode ser aplicado a diversos

segmentos da sociedade caracterizando-se como objeto de estudo para a

comunicação.

Até pouco tempo, a identidade corporativa era entendida apenas pelas

atribuições externas de uma organização, como logomarca, slogan e demais

características visíveis, limitando-se ao conceito de identidade gráfica ou visual.

Com a crescente competitividade entre as organizações, os profissionais de

comunicação passaram a realizar um estudo mais aprofundado sobre a identidade e

entendê-la como o conjunto de características que determinam o que a organização

realmente é.

Segundo Nassar (2007, p. 63), a identidade de uma organização é formada

por “um conjunto de símbolos, comportamentos e narrativas que a tornam única

diante de seus públicos, redes de relacionamento e sociedade”, sendo possível

entender, portanto, que a identidade é a personalidade, os valores e as crenças que

são atribuídas para determinada organização.

Embora, as definições apresentadas acima abordem o conceito de identidade

aplicado para as organizações, destaca-se que esse mesmo entendimento sobre

identidade pode ser aplicado para pessoas, afinal, toda pessoa possui um conjunto

de características próprias, caracterizados por suas crenças, seus valores e suas

opiniões, tornando-a única com relação aos demais.

Page 27: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

26

Quando aplicada às organizações, a identidade passou a ser definida e

chamada por “identidade corporativa”. Sobre essa questão, Correa (2007, p.40)

aponta:

A identidade corporativa é, portanto a apresentação de uma empresa aos seus vários stakeholders e o modo pelo qual esta se distingue de seus competidores. Além disto, diz respeito a articulação do que a organização é, o que ela faz e como ela faz, isto quer dizer que está ligada ao modo como a organização faz negócio e as estratégias que adota.

Entende-se, portanto, que o conceito de identidade corporativa está

fundamentalmente relacionado com o que uma organização é em elementos, como

estratégia, filosofia, história, finalidade do negócio, a variedade e o tipo de produtos

e serviços oferecidos e sua comunicação formal e informal.

Ainda sobre a identidade corporativa, Costa (2003, p.172) afirma:

É a manifestação tangível, o auto-retrato da organização ou a soma total de seus atributos, sua comunicação, suas expressões. A identidade corporativa consiste no que a organização efetivamente é: sua estrutura institucional fundadora, seu estatuto legal, o histórico do seu desenvolvimento ou de sua trajetória, seus diretores, seu local, o organograma, suas filiais, seu capital, seu patrimônio. E também no que ela faz, todas as suas atividades, características e métodos.

Como apresentado, o conceito de identidade corporativa também pode ser

aplicado para as pessoas, pois a identidade de uma pessoa pública/personalidade

caracteriza exatamente o que a pessoa é. Diante dessa realidade, destaca-se a

contribuição estratégica que o gerenciamento de tal identidade possibilitará para o

trabalho de Relações Públicas, seja ele aplicado para organizações ou para

pessoas.

Diante do entendimento do conceito de identidade, é preciso realizar o seu

gerenciamento correto e Balmer e Stotvig (1997) argumentam que o objetivo de se

gerenciar a identidade corporativa é garantir um comportamento favorável não só

dos stakeholders chave, como de todos os outros grupos com que se estabelecem

relacionamentos.

Page 28: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

27

Sobre o gerenciamento da identidade, Correa (2007, p. 43) complementa:

Com isto, presume-se que tais grupos estão predispostos a usar seus produtos e serviços, investir em suas ações, realizar transações financeiras, trabalhar para a empresa e falar bem desta. A partir deste comportamento, pode-se conseguir uma vantagem competitiva que contribui significativamente na sobrevivência do negócio.

Para que o gerenciamento da identidade corporativa realmente traga

resultados efetivos, é preciso que os profissionais de comunicação a encarem como

uma ferramenta estratégica. Sobre esse aspecto, Kunsch (2003, p. 172) destaca:

A identidade corporativa refere-se aos valores básicos e às características atribuídas às organizações pelos seus públicos internos e externos. Além do que ela é e faz, a identidade corporativa se origina de três níveis de comunicação: o que a organização diz, o que ela realmente faz e o que dizem e acham dela seus públicos.

Apesar das citações acima referirem-se exclusivamente ao gerenciamento da

identidade corporativa para as organizações, esse mesmo procedimento pode ser

aplicado a pessoas, afinal, o gerenciamento correto de sua identidade, trará

vantagens competitivas para essas personalidades e transmitirá ao público de

interesse a sua realidade, promovendo uma unificação entre o que ela diz, o que ela

é e o que dizem a respeito dela.

Dessa forma, compreende-se que a comunicação deverá ajudar e administrar

tais percepções, isto é, fazer com que consumidores, cidadãos e todos os demais

públicos de interesse associem à marca de uma empresa ou de uma pessoa aos

valores e atributos justos e que realmente a caracterizam e a representam.

3.2 IMAGEM

Durante certo tempo, os conceitos de imagem e identidade foram

considerados sinônimos, justamente pelo fato da identidade ter sido associada aos

atributos visuais. Porém, com o esclarecimento do que realmente seria a identidade

e a identidade corporativa, o conceito de imagem também passou a ser claramente

definido.

Para Andrade (2010), “a imagem é formada em nível inconsciente e está

relacionada a um conjunto de simbolismos e conotações”, podendo compreender

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28

que as pessoas são propensas a pensar em função das imagens, realizando uma

síntese instantânea de todas as impressões que possuímos sobre determinado

assunto.

Sobre a definição de imagem, Iasbek (2007, p. 88) ressalta:

A imagem é uma configuração mental e, sobretudo afetiva que o receptor elabora com base na relação do discurso que recebe e suas próprias idiossincrasias, experiências anteriores, visões de mundo, desejos e necessidades.

Com base em tal definição, é possível entender que a imagem é formada por

cada indivíduo, de acordo com as suas próprias vivências, e também com as

informações que possui sobre determinado assunto.

Relacionando-se com a identidade, o conceito de imagem também apresenta

grande relevância para a comunicação. Nesse caso, a imagem proporcionará

entender o que a organização pode ser para cada indivíduo.

Nesse contexto, Correa (2007, p. 45) ressalta:

Ao contrário da identidade, a imagem não é o que a empresa é, mas o que as pessoas vêem. Ou, em outras palavras, imagem não é o que se diz, mas o que o outro entende. Cabe ao gestor responsável em transmitir a identidade o cuidado para que ela seja bem entendida.

É possível compreender, portanto, que a imagem corporativa é uma imagem

que um indivíduo ou determinado grupo possui da organização, como consequência

das informações e interações, sendo essa imagem complexa, multifacetada e até

mesmo ambígua.

Sobre a imagem organizacional, Almeida (2007, p. 229) afirma:

A imagem organizacional é uma das formas de conhecimento compartilhado, sendo considerada importante para o funcionamento de uma organização por duas razões. Primeiro, por estar relacionada às respostas afetivas e de comportamento dos membros e não membros de uma organização. Segundo, a imagem informa sobre as características de uma organização, o que é importante para estimular e manter a aliança com seus empregados, potenciais empregados e todos aqueles públicos que direta ou indiretamente se relacionam com ela.

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29

Portanto, compreende-se que a imagem é um modelo mental que cada

indivíduo forma, contendo informações cognitivas, afetivas e sensoriais sobre a

organização. Correa (2007, p. 46) entende que “a imagem é formada por meio da

informação recebida das empresas, primeiro recebem e depois organizam em um

„banco de dados‟, de modo muito particular”.

As pessoas podem formar imagens de diferentes entidades como produtos,

marcas, empresas, serviços e até mesmo de outras pessoas, porém estas

informações armazenadas ajudam a determinar a imagem por parte do público e que

irá influenciar em ações subsequentes. Justamente por se basear nas percepções

de cada um, diferentes indivíduos poderão ter diferentes imagens a respeito de uma

mesma organização ou de uma pessoa.

Com base em tais informações, é possível compreender que, assim como as

organizações, as pessoas públicas/personalidades também estarão sujeitas ao

mesmo processo de formação de sua imagem diante dos diferentes públicos.

Para Minguez (1999), as imagens são formadas com base em atributos que

são provenientes de três diferentes fontes: os meios de comunicação de massa, as

relações interpessoais e a experiência pessoal. A imagem corporativa ou pessoal,

portanto, é uma configuração entre o que a empresa/pessoa é, o que a

empresa/pessoa faz e o que a empresa/pessoa diz.

Sobre a temática, Correa (2007, p. 47) afirma:

Portanto, a imagem corporativa pode ser dita como a totalidade das percepções dos stakeholders do modo como a organização se apresenta, deliberadamente ou acidentalmente. As imagens formam-se por meio do encontro com as características da organização, o resultado em cadeia da interação de todas as experiências, crenças, sentimentos, conhecimentos e impressões que cada stakeholder tem da organização.

Justamente por esse fator, é imprescindível o monitoramento da imagem

diante dos diferentes públicos, pois cada um poderá formar uma imagem diferente

sobre a mesma empresa ou personalidade. Diante do conhecimento da imagem

projetada para seus diferentes públicos, será possível atribuir competitividade, por

meio da implementação de ações estratégicas.

Sobre os papéis atribuídos às imagens nas organizações, Costa (apud

CORREA, 2007, p. 48) apresenta quinze funções que a imagem corporativa possui:

Page 31: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

30

1. Destacar a identidade diferenciadora da empresa;

2. Definir o sentido da cultura organizacional;

3. Construir a personalidade e o estilo corporativo;

4. Reforçar o “espírito corporativo” e orientar os gestores;

5. Atrair os melhores especialistas;

6. Motivar o mercado de capitais;

7. Evitar situações críticas;

8. Impulsionar novos produtos e serviços;

9. Relançar a empresa;

10. Gerar uma opinião pública favorável;

11. Reduzir as mensagens involuntárias;

12. Otimizar a comunicação;

13. Acumular reputação e prestígio;

14. Atrair clientes e fidelizá-los;

15. Inventar o futuro.

Frente a essas funções, Correa (2007, p. 48), afirma:

A imagem corporativa constitui-se, então, como um ativo intangível que oferece à empresa uma real vantagem diante da concorrência, principalmente por ser única, já que é o resultado de um amplo conjunto de comportamentos organizacionais na mente se seus públicos, fruto de suas estratégias, políticas e comunicação. Por isto, os gestores preocupados com a imagem corporativa de suas empresas não podem ignorar a identidade corporativa, já que a imagem sempre começa com a Identidade Corporativa.

Com isso, é possível afirmar que os profissionais de comunicação deverão

pautar seu trabalho no alinhamento da identidade com a imagem, pois dessa forma,

os diferentes públicos terão a visão e a percepção exata do que a organização ou as

personalidades realmente são.

É preciso destacar também que para ocorrer tal alinhamento é necessário

realizar constantes monitoramentos, para identificar a imagem que está sendo

transmitida frente aos diferentes públicos. Sobre tal monitoramento, Rufino (2010, p.

89) acredita que “embora as imagens sejam sempre uma percepção que surge a

partir dos significados construídos pelos públicos, o acompanhamento das imagens

construídas é de fundamental importância para o trabalho de comunicação”.

Page 32: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

31

Uma determinada ação poderá causar um impacto positivo ou negativo na

imagem que determinados públicos possuem. Por isso mesmo, é preciso monitorar,

constantemente, a imagem e compreender se imagem e identidade estão sendo

trabalhadas de maneira correlata.

Com a conceituação de identidade e imagem é possível verificar as

diferenças existentes, assim como a importância de trabalhá-las de maneira

unificada, promovendo um maior entendimento da empresa ou da personalidade

para o público de interesse, estabelecendo uma boa reputação, fator decisivo nos

dias de hoje.

3.3 REPUTAÇÃO

Atualmente, estamos inseridos numa sociedade caracterizada como

sociedade do espetáculo, na qual, novas estratégias estão sendo utilizadas a fim de

atrair o indivíduo para seus produtos e serviços. Com isso, novos parâmetros estão

sendo impostos e a imagem está cedendo lugar, aos poucos, para a reputação.

Para Rosa (2006, p. 66) “a reputação significa manter a coerência de uma

imagem, entre seus valores professados e praticados. Significa zelar para que essa

pureza e essa coerência sejam percebidas como tal”.

Entende-se, portanto, que a reputação é uma representação sólida e

consciente, construída ao logo dos anos, por meio de múltiplas interações com os

públicos de interesse de uma organização.

Sobre o conceito de reputação, Bueno (2005, p.20) completa:

Simplificadamente, quando tenho uma imagem de uma organização eu acho que ela, eu sinto que ela é ou representa alguma coisa; quando compartilho a reputação de uma organização eu sei, eu tenho certeza sobre o que ela é ou representa.

Com a contribuição de Bueno, é possível entender que a reputação é

caracterizada de forma muito mais racional e consciente do que a imagem, refletindo

numa opinião assertiva por parte dos públicos.

Com relação à definição de reputação, Almeida (2005, p.120) entende por

“reputação corporativa uma representação coletiva das ações e resultados da

organização, por meio da qual se demonstra sua habilidade em gerar valores

múltiplos para os stakeholders”.

Page 33: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

32

Assim como realizado para os conceitos de identidade e imagem, é possível

estabelecer a relação entre a reputação das organizações e a reputação de

pessoas, afinal, a reputação de uma pessoa pública/personalidade também se

configurará como uma representação mais racional da opinião dos públicos e que

deverá ser construída por meio de ações e resultados da performance de suas

carreiras ao longo do tempo.

Embora alguns autores ainda utilizem os termos de imagem corporativa e

reputação corporativa como sinônimos, os estudos comprovam que a reputação

apresenta duas importantes características distintas, conforme explica Almeida

(2005, p. 120):

Reputação é construída ao longo dos anos e tem como base as ações e o comportamento das organizações. A reputação pode ser entendida como um crédito de confiança adquirido pela organização, estando esse crédito associado a um bom nome, familiaridade, boa vontade, credibilidade e reconhecimento.

Tal reputação favorável aumentará a distintividade da organização ou da

pessoa no mercado em que estão inseridas, agregando importante vantagem

competitiva, justamente por não ser facilmente copiada. Porém, por outro lado, a

reputação é um recurso frágil, que não pode ser adquirido por compra e pode sofrer

sérios impactos, necessitando de um bom gerenciamento.

Para Rosa (2006), a reputação está diretamente ligada à confiança que os

públicos depositam sobre determinada organização ou pessoa e atualmente, sem

confiança, não há escolha. Dessa forma, pode-se dizer que a reputação caracteriza-

se como fator de decisão para a escolha do público.

Tempos atrás era possível conquistar a credibilidade e a escolha do público

somente com ações de propaganda e divulgação, porém, com o aumento da

competitividade e da racionalização, por parte do público, a reputação passou a ser

o fator decisivo.

Além das características citadas acima, a popularização das tecnologias

também provocou mudanças no mercado, e atualmente, “não basta ser apenas

conhecido. Não basta apenas ser famoso e ter seu nome massificado, é preciso ser

respeitado” (ROSA, 2006, p. 122).

Vale destacar que para Mario Rosa (2006), a reputação não garante a

escolha para o público, mas a sua ausência pode acarretar no descarte, pois o que

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33

vendemos hoje não são apenas produtos e serviços, mas vendemos também

confiança.

A reputação apresenta ainda uma dualidade em seu conceito, conforme

explica Almeida (2005, p. 121):

De um lado, é considerada como um recurso próprio, que pode ser gerenciado pelas organizações e, por outro, como sendo as percepções dos observadores, sobre os quais as organizações tem controle limitado. Evidencia-se que há dois tipos de atores envolvidos em sua formação: a organização e os observadores.

Uma das consequências dessa dualidade é a dificuldade da organização e

também das pessoas públicas/personalidades em saber, de forma clara e precisa,

até que ponto a reputação está sendo criada pelas ações de comunicação, políticas

formais, qualidade dos produtos e outros aspectos institucionais e quais as

influências e interferências de outras fontes de informação e inter-relação dos

observadores.

Dessa forma, Fombrun e Van Riel (1998, p. 206) afirmam que o

gerenciamento da reputação pode ser entendido da seguinte forma:

Um gerenciamento de reputação eficiente requer uma forte capacidade de enxergar – a habilidade de monitorar as expectativas de cada stakeholder, bem como a capacidade de antecipar eventos inesperados que podem ameaçar a reputação.

No gerenciamento da reputação, será de grande valor identificar quais os

atributos são relevantes para cada um dos stakeholders, podendo, dessa forma,

trabalhá-los de forma eficiente pela comunicação.

Inserida nesse contexto, a comunicação será a responsável por ajudar na

identificação e atendimento das necessidades de cada um dos stakeholders,

fortalecendo a reputação, seja de uma organização ou de uma pessoa.

Nos estudos de Fombrun e Van Riel (1998), destacam que as organizações

melhores posicionadas em termos de reputação são aquelas que trabalharam o

processo de comunicação em cinco diferentes perspectivas: visibilidade,

transparência, distintividade, consistência e autenticidade.

Sobre tal realidade, Almeida (2005, p. 123) ressalta que “mensurar reputação

contribui para seu gerenciamento, ao fornecer aos gestores elementos que orientem

Page 35: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

34

e embasem a tomada de decisão sobre as relações da organização com seus

principais grupos de relacionamento”.

Ainda sobre a mensuração da reputação, Rufino (2010, p. 94-95) destaca:

Ainda há muito a se conhecer sobre métodos mais eficientes para que a própria empresa trabalhe sua reputação junto a diferentes públicos, assim como métodos para levantar os parâmetros que são considerados relevantes pelos públicos em determinados segmentos de mercado, que vão além dos parâmetros gerais (credibilidade, confiabilidade, responsabilidade e probidade) estabelecidos, por exemplo, por Fombrun e Van Riel. É bem possível que um cruzamento das atuais pesquisas em reputação, com os estudos desenvolvidos sobre as teorias de recepção, dentro da comunicação social, e pela psicologia possam propiciar importantes avanços sobre as respostas cognitivas, afetivas e emocionais que dão forma à reputação das organizações.

Embora os estudos apresentados digam respeito sobre a mensuração da

reputação para as organizações, podemos utilizar tais métodos para avaliar a

reputação de pessoas públicas/personalidades diante de seus públicos de interesse,

afinal, o conhecimento de tal posicionamento, será definitivo para as futuras ações

de comunicação e relacionamento entre essas e seus públicos de interesse.

Percebe-se, portanto, uma evolução no pensamento, pois até 1970, havia

uma grande preocupação com a imagem e com a valorização da propaganda. De

1970 a 1980, a atenção voltou-se para a identidade e de 80 em diante, a valorização

passou a se pautar na reputação, que leva em conta, além da imagem, o

comportamento ao longo dos últimos anos.

Para entender essa mudança no pensamento, vale ressaltar a diferença entre

os conceitos, que segundo Argenti (2006, p. 97) se apresenta da seguinte maneira:

A reputação é diferente da imagem corporativa porque ela é construída ao longo do tempo e não pode ser simplesmente uma percepção em um determinado período. A reputação é distinta da identidade porque é um produto tanto de públicos internos quanto externos, enquanto a identidade é construída por elementos internos (a própria empresa), a reputação esta baseada na percepção de todos os públicos.

Dessa forma, é possível entender que, para Andrade (2010, p. 135) a

identidade determina e representa “o que a empresa é”, a imagem corporativa é

formada pelas percepções causadas nos diferentes públicos e a reputação

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35

representa os “julgamentos sobre a empresa, com base na atuação em todas as

áreas – social, econômica e ambiental – no decorrer do tempo”.

Andrade (2010, p. 137), conclui, afirmando:

A reputação é construída no dia a dia e engloba as estratégias utilizadas pela empresa, as mensagens emitidas, os programas desenvolvidos e as demais ações da organização e dela para com todos os públicos tornam-se essenciais na formação da reputação.

Com isso, percebe-se que os conceitos de identidade, imagem e reputação

são imprescindíveis para os profissionais de comunicação, em especial para as

Relações Públicas, que serão responsáveis por utilizar todas essas informações e

trabalhar o conceito das organizações ou das personalidades com os seus

diferentes públicos.

Ressalta-se, novamente, que todos os conceitos e definições de identidade,

imagem e reputação referentes às organizações podem ser aplicados no contexto

das pessoas públicas/personalidades, uma vez que essas também possuem uma

identidade própria, projetam uma imagem para diferentes públicos e necessitam de

uma reputação favorável para se manterem e se destacarem no mercado em que

estão inseridas.

Dessa forma, as Relações Públicas podem ser inseridas na chamadas

“Relações Publicas Pessoais”, realizando suas atividades para estabelecer o

relacionamento e a comunicação entre as personalidades e seus públicos de

interesse, utilizando os conceitos abordados e garantindo os retornos desejáveis

para as pessoas públicas/personalidades.

3.4 PESSOA COMO MARCA E MARCA COMO PESSOA

Conforme exposto até o presente momento, podemos constatar a força que a

imagem, a identidade e a reputação das personalidades têm sobre a opinião dos

mais variados públicos de nossa sociedade, influenciando comportamentos e formas

de pensar, sobretudo porque vivemos atualmente na chamada sociedade midiática

ou sociedade do espetáculo.

Nesse contexto, observamos que se torna cada vez mais comum a

supervalorização da imagem das pessoas públicas, sendo que essas passam a ser

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vistas como se fossem verdadeiras marcas. Rosa (2006, p. 218) confirma isso ao

dizer que “há a proliferação do que poderíamos chamar de pessoas corporativas. [...]

As pessoas, os profissionais, por sua vez, estão se tornando marcas como

antigamente eram as empresas”.

Dearlove & Crainer (1999) observam que muitas pessoas públicas estão

procurando estruturarem-se como marcas pessoais para otimizar o desenvolvimento

de suas carreiras.

Em busca de maior visibilidade e destaque nos diferentes nichos de atuação,

os responsáveis pela gestão de carreiras de personalidades públicas passaram a

tratar seus clientes enquanto marcas, com a finalidade de diferenciá-las no mercado.

Para Hines (2004), a marca pessoal vem a ser as características intrínsecas e

extrínsecas da pessoa e suas potencialidades. Ou seja, seria a reunião dos valores,

da personalidade, dos conceitos, das técnicas e habilidades que a pessoa possui,

com o intuito de formar uma imagem ideal da personalidade e, a partir disso,

comunicá-la aos públicos.

Os primeiros autores que propuseram o desenvolvimento de estudos e

técnicas de marketing voltadas à construção da marca pessoal foram Rein, Kotler e

Stoller (1987). Para eles, as pessoas - assim como marcas - também podem ser

“produtos desejáveis”, já que influenciam o público a seguir suas formas de pensar,

seus hábitos de consumo etc.

A fim de se promover e alcançar a visibilidade desejada é necessário destacar

frente aos públicos os diferenciais que essas personalidades possuem em

comparação com os demais.

Para isso, Rein, Kotler e Stoller (1987) propõem o emprego das técnicas de

marketing utilizadas com produtos e serviços, adaptando-as a cada realidade para a

construção da marca pessoal. São elas:

Análise do ambiente;

Análise do mercado e sua segmentação;

Avaliação das características pessoais;

Exame da carreira pessoal com relação ao ciclo de vida;

Análise dos diferenciais pessoais.

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37

Os autores destacam alguns setores que são propícios para o

desenvolvimento de marcas pessoais, tais como cultura, entretenimento, esportes,

política e negócios. Por se tratarem de carreiras que geralmente conseguem maior

acesso à mídia, tais pessoas e/ou personalidades conseguem com isso uma maior e

mais frequente visibilidade.

Ressalta-se que, para Rein Kotler e Stoller (1987), a visibilidade das

personalidades varia em termos demográficos (local, regional, nacional,

internacional) e duração de exposição (dia, semana, ano, geração, legendário).

Destacam também que existem outras situações à parte que podem ocasionar alta

visibilidade, tais como fatalidades, comportamentos sensacionalistas, entre outros.

No entanto, Peters (1997) afirma que todos possuem uma chance de se

destacar, principalmente se conseguirem criar uma personalidade distinta e torná-la

atrativa para o público. Ele afirma que:

[...] indiferentemente à idade, à posição, negócio em que nos encontramos, todos nós necessitamos compreender a importância da construção da marca. Nós somos os presidentes de nossas próprias empresas: „Eu & Cia‟. Hoje, para se permanecer nos negócios, nosso mais importante trabalho é comandar o marketing da marca chamada Você.

Ou seja, assim como as organizações constroem suas marcas e se associam

com questões psicossociais que possam aproximá-las de seus consumidores, os

gestores de carreiras de personalidades devem cuidar de suas marcas pessoais da

mesma forma, criando associações favoráveis nas mentes e nos corações do

público.

Montoya (2005) destaca algumas atitudes/princípios que contribuem para a

construção e o sucesso da marca pessoal frente ao público:

Especialização: uma marca pessoal forte deve concentrar seus esforços

de visibilidade na característica principal da personalidade, aquela que

seja motivo de destaque e diferenciação perante os demais;

Liderança: uma marca pessoal deve transmitir autoridade, credibilidade e,

consequentemente, liderança.

Personalidade: a marca pessoal deve ser o reflexo da verdadeira

personalidade do indivíduo, sendo construída de acordo com as

qualidades e defeitos do mesmo (afinal, não existe pessoa perfeita);

Page 39: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

38

Visibilidade: deve-se buscar tornar a marca pessoal conhecida em seu

meio e expandi-la, com o intuito de aumentar a visibilidade e garantir o

sucesso da mesma;

Unidade e Transparência: a marca pessoal deve ser coerente e

transparente, tanto em seus aspectos privados como públicos;

Postura: uma marca pessoal produz melhores e duradouros resultados

quando a pessoa é percebida de modo positivo e associada à bons

valores por parte do público-alvo.

Dessa forma, observa-se que o trabalho de construção e a manutenção da

reputação e imagem positiva de uma marca pessoal são de longo prazo e exigem

cuidados constantes. Trata-se de uma área de atuação nova e ainda pouco

estruturada, necessitando de mais pesquisas empíricas para a formação e

consolidação de conhecimentos que possam fornecer estratégias para o

desenvolvimento de trabalhos eficazes na área. Daí a importância da união das

áreas de Relações Públicas e Marketing em um processo contínuo de gestão dessas

carreiras, dada a experiência do Marketing no trabalho com a criação e divulgação

de marcas de forma expressiva, juntamente à expertise das Relações Públicas com

o trabalho de criação e fortalecimento da comunicação a partir do relacionamento

entre as organizações ou pessoas/personalidades e seus stakeholders.

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39

4. UNIÃO ENTRE MARKETING E RELAÇÕES PÚBLICAS

A partir de toda a exposição realizada sobre a necessária unicidade entre

Relações Públicas e Marketing, discorre-se sobre os conceitos que envolvem esses

duas áreas de atuação para profissionais de comunicação, evidenciando-se as

convergências que ambas apresentam, bem como as vantagens dessa união no

trabalho para pessoas/personalidades.

Segundo Philip Kotler (2000, p. 30) Marketing é “um processo social por meio

do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que

desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor

com outros”. Além disso, o Marketing deve ser entendido como uma filosofia da

empresa, algo que pode e deve fazer parte da cultura organizacional. Dessa forma,

o Marketing deve fazer parte de todo o planejamento estratégico da organização e

utiliza-se de todas as variáveis controláveis - os 4 P‟s (Preço, Produto, Ponto de

Venda e Promoção) – para alcançar seus objetivos organizacionais.

Nesse contexto, o marketing passou a ser visto como sinônimo de negócio,

pois Peter Drucker (1997) dizia que o marketing vai além da venda ou propaganda,

trata-se do negócio todo visto do ponto de vista do cliente – não apenas um

departamento, sendo necessária que sua visão transcorra por toda a organização.

Dentro do universo do Marketing, destaca-se que as formas de

relacionamento entre empresas e clientes mudaram com o desenvolvimento da

economia, ou seja, percebe-se, pela literatura clássica que existem três momentos

bem marcantes de acordo com a orientação, conforme apontado no quadro a seguir:

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MARKETING - MOMENTOS DE ORIENTAÇÃO

Orientação para o Produto

* Foco das atividades é o produto e o processo. * Impera a filosofia do produto que se vende por si só. * Produtor define qualidade. Consumidor age objetivamente e racionalmente.

Orientação para Vendas

* Produtos são vendidos, e não comprados. * Ênfase em vendas e promoções. * Lucros decorrem do volume de vendas. * Vendas são funções diretas dos investimentos em composto promocional.

Orientação para o Mercado

* Necessidades e desejos do cliente são guias do desenvolvimento dos produtos. * Ênfase em pesquisa, planejamento e integração das atividades da empresa. * Lucros decorrem das satisfações dos clientes

Quadro 1 – Marketing – Momentos de Orientação Fonte: Adaptado de Phillip Kotler (2000).

Nota-se, portanto, que a orientação final dos esforços de Marketing passou a

operar sobre uma forma mais condizente com o comportamento e anseios dos

públicos e é partir desse momento que se verifica a proximidade do discurso do

Marketing aos conceitos das Relações Públicas.

Nesse sentido, Kunsch (1997, p. 123), ressalta essa abordagem conceitual,

apontando sobre as mudanças no pensamento do Marketing e afirma que essa

abordagem trata de:

[...] um conceito amplo que envolve um processo complexo de relacionamento entre uma organização e o mercado. É uma visão moderna, com ênfase na satisfação do cliente e não apenas na mera preocupação com a venda do produto. Segundo Kotler „o marketing evoluiu de suas antigas origens de distribuição e vendas para uma filosofia abrangente de como relacionar dinamicamente qualquer organização ao seu mercado‟.

Sendo assim, destaca-se que o marketing moderno exige das empresas mais

do que desenvolver um bom produto a um preço atraente e torná-lo acessível. Exige

também a comunicação com as atuais e potenciais partes interessadas e com o

público em geral. Contudo, o grande problema para muitas empresas ou

personalidades não é comunicar, mas o que dizer, para quem dizer e com que

frequência fazê-lo.

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41

Além disso, em se tratando de um trabalho para pessoas, essa orientação

para o mercado, norteia completamente o trabalho de informar e buscar o

relacionamento fortificado com os públicos. Afinal, trata-se da necessidade de olhar

para os anseios do cliente, suas vontades e seu entendimento sobre o

posicionamento da pessoa, de modo que ambos mantenham um diálogo ativo e

condizente com sua marca, espelhada pela imagem, identidade e reputação obtidas

e divulgadas pela personalidade.

É a partir dessa necessidade que se destaca outro apontamento de Kunsch

(1997, p. 123), resguardando algumas propriedades e particularidades da atividade

de RP junto ao Marketing, afirmando que:

Kotler enfatiza o papel reservado às relações públicas no processo mercadológico das organizações, mediante atividades específicas como as de imprensa, divulgação do produto, organização de eventos etc. para nós, elas, além dessas tarefas, podem auxiliar na administração de conflitos, nos serviços de atendimento ao consumidor e no gerenciamento da comunicação com os diferentes públicos do marketing e a sociedade em geral.

A partir dessas análises, verifica-se que as personalidades podem dispor de

dois grandes subsistemas para auxiliar no planejamento de sua comunicação e

diretrizes de relacionamento com os públicos. De acordo com Silva (2009, p. 1),

esses subsistemas devem atuar em convergência sendo que:

[...] o de Relações Públicas, em apoio às diversas iniciativas desenvolvidas pelas organizações, tanto internas como externas; e o de Marketing, especialmente destinado às comunicações persuasivas e informativas dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas. Esses dois subsistemas, além de proporcionarem mecanismos de comunicação, figuram como suporte administrativo ao executivo, ao empresário e ao empreendimento.

Diante dessa exposição do cenário de Marketing, bem como a aproximação

com os conceitos de Relações Públicas, Fortes (1999, p. 13-15) ressalta:

O Marketing tem o propósito de detectar, prognosticar, servir e satisfazer as necessidades do consumidor, sem comprometimento da lucratividade dos negócios. [...] As Relações Públicas tratam, consequentemente, com a organização e seus autênticos públicos, regulando as controvérsias, identificando-as e administrando-as, tendo em vista a harmonia entre o interesse privado e o interesse

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público. Outrossim, promovendo atividades voltadas a comunicar dados dos produtos e serviços, sugerindo medidas que assegurem um conceito da companhia de modo a não prejudicar seu desempenho e lucro.

Além disso, ressalta-se que a ação mais valiosa da atuação da atividade de

Relações Públicas não se trata de trabalhos estritamente mensuráveis, pois revelam

o auxílio às organizações para evitarem erros, administrarem conflitos a partir do

diálogo aberto, formular posicionamentos e análises de cenários futuros.

Junto a isso, o papel das Relações Públicas em proximidade ao Marketing

deve-se ao fato da existência de um mercado repleto de diversidades, porém que

não elimina a possibilidade de semelhanças. Sendo assim, um dos poucos aspectos

que diferenciam uma empresa ou uma personalidade de outra é o que os públicos

acreditam sobre ela, sobre o produto ou serviço e o relacionamento estabelecido

junto aos públicos. Assim como afirma Kunsch (1997, p. 125):

O único lugar onde existe o valor real do produto ou da marca é dentro da mente dos clientes ativos e potenciais. Todas as outras variáveis de marketing, tais como projeto de produto, formação de preços, distribuição e disponibilidade, podem ser copiadas, duplicadas ou superadas pelos concorrentes.

Silva (2009, p. 1) destaca a convergência das Relações Públicas e o Marketing

como as grandes áreas de relacionamento organizacional na estruturação de um

planejamento estratégico de comunicação, visto que as duas atividades atuam com

objetivo de satisfazer grupos externos e internos e reforça que:

[...] as áreas de Relações Públicas e Marketing, em geral, são bastante abrangentes e, de um modo ou de outro, fazem parte das organizações. Entretanto, verificar o nível de abrangência de cada uma delas é sempre um desafio. Muitos são os fatores que acabam intervindo em uma realidade organizacional. É preciso conhecimento do todo, atenção, informações e outras características que demandam uma vontade da empresa de estar continuamente aprendendo, com o objetivo de manter relacionamentos com diferentes pessoas e proporcionando benefícios para elas.

Conforme apresentado, a convergência dos conceitos e atividades do

Marketing e das Relações Públicas poderá proporcionar contribuições estratégicas

para as ações implementadas em um planejamento de comunicação e

relacionamento, tanto para organizações como para pessoas que se constituem em

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uma empresa. Diante desse cenário, Correa e Martins (2009) ponderam sobre a

necessidade de haver convergência nessas duas linguagens, de modo a não perder

as possibilidades de complementação e visões que a união dessas áreas pode

gerar:

A linguagem do marketing e a de relações públicas, isoladamente, podem, se executadas dentro de seus preceitos e lógica, levar a esse tipo de perda. A terceira linguagem dialoga com as outras duas formas tradicionais de linguagem: a de marketing com objetivo comercial e de consequente aumento de participação no mercado; e a linguagem de relações públicas, que apresenta e divulga a instituição e busca, por meio dos relacionamentos com seus públicos, criar um conceito forte e duradouro, sem apresentar diretamente seus produtos, serviços ou marcas comerciais.

É possível compreender ainda, que a terceira linguagem propõe uma

comunicação mercadológica mais relacional e que apresente elementos para uma

postura ética e responsável, sem perder o foco com os aspectos comerciais. Essa

forma de linguagem pode ser considerada como mista e não exclui as demais. Com

base nisso, Correa e Martins (2009) afirmam:

A terceira linguagem desenvolve a idéia de que a comunicação deve ser criativa, agradável, atual e de resultado, e, acima de tudo, deve contribuir para o desenvolvimento social, para a inclusão da diversidade cultural dentro das formas mestiças, em que o diferente não fique separado do outro; deve ter um aumento da pluralidade com conteúdo ético e responsável, sem mascaramentos. Ou seja, desenvolver uma mentalidade em que se possa atender à demanda pela conquista de mercado, pela sobrevivência do negócio, pelo necessário cuidado ambiental e pelo tratamento do cliente como pessoa.

Com base no cenário apresentado – convergência do Marketing e das

Relações Públicas - é possível entender a contribuição estratégica que a união das

áreas trará para um trabalho de excelência em comunicação, pois cada uma das

vertentes trará a sua contribuição estratégica, permitindo visões amplas, tanto com

visualizações mercadológicas, quanto com visualizações de diálogo e

relacionamento.

Diante do contexto apresentado e dos conceitos abordados, apresenta-se a

seguir as Relações Públicas Pessoais, tratando-se de uma vertente da área de

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Relações Públicas que visa promover estratégias de comunicação e relacionamento

entre as personalidades e seus públicos de interesse.

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5. RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS

Para conceituar as Relações Públicas Pessoais, precisa-se, anteriormente,

descrever que as pessoas, assim como as organizações, apresentam a necessidade

de relacionar-se, bem como buscar por informações sobre quem a cerca, além de

sofrer influências perante as aspirações e necessidades de quem está diretamente

envolvido com o seu cotidiano.

Nesse sentido, as personalidades são pessoas que apresentam grande

destaque na sociedade e, por esse motivo, podem estar sujeitas à exposição e

visibilidade, com a divulgação de informações sobre sua vida pessoal e profissional,

nos mais diversos veículos de comunicação.

Na era informacional, a comunicação caracteriza-se por sua amplitude e

influência, sendo capaz de propagar informações para um grande número de

pessoas das mais diversas origens e classes sociais, atingindo simultaneamente

diversas localidades geográficas.

Essa característica de larga abrangência da comunicação pode ser encarada

como forte aliada das personalidades, já que as mesmas devem estabelecer

comunicação com grande número de pessoas de forma eficiente, trazendo

resultados positivos para sua carreira.

Pela atuação do profissional de Relações Públicas, utiliza-se da comunicação

dirigida, que tem sua origem na dualidade de desempenho dos quatro grandes

veículos de comunicação de massa (rádio, televisão, revistas e jornais).

De acordo com Celso Feliciano de Oliveira (apud FORTES, 2003, p. 238),

como os meios de comunicação massivos:

[...] podem bombardear a mente humana indiscriminadamente, teremos [os profissionais de RP] que dispor de outros elementos que auxiliem na reorganização das idéias difusas e mantenham o equilíbrio da pessoa, e por extensão, da sociedade propiciando elementos para a formação da opinião pública.

Sendo assim, o nível de relacionamento entre as personalidades e seus

públicos estará pautado no fluxo de troca de informações entre ambos, pois as

Relações Públicas, em nível estratégico, objetivam a participação total, contando

com a troca efetiva de informações em relação aos assuntos de interesse de tais

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públicos. Todas as ações, posicionamentos e atitudes das personalidades serão

comentadas, analisadas, discutidas e servirão como base para o posicionamento da

opinião pública, favorável ou não.

O desenvolvimento da opinião pública surge a partir de discussões racionais

sobre temas de interesse. Os públicos autênticos nortearão suas discussões

racionais com base nas informações obtidas pela análise crítica dos veículos de

comunicação utilizados para ampliar o posicionamento que a personalidade

apresenta na mente de seus públicos.

Salienta-se também que a presença na mídia, juntamente com a

representatividade que as personalidades detêm na sociedade, exigem o

planejamento de ações destinadas para a criação e manutenção desse

posicionamento e identidade favoráveis.

Pela velocidade da informação, há necessidade de melhor atenção sobre as

ações e escolhas do que se pretende fazer. Assim, o trabalho com a comunicação

adquire outra essencialidade, pois se torna a ponte para a confiança dos públicos

perante as personalidades. Ou seja, a credibilidade conquistada poderá ser perdida

pelo gerenciamento não efetivo da comunicação.

Soma-se a isso o fato de que a vida privada das personalidades torna-se

cada vez mais pública, dado que inúmeras pessoas têm acesso a informações sobre

tal privacidade pelos diversos meios de comunicação. Sendo assim, qualquer deslize

que venha a causar desconfiança por parte dos públicos, pode gerar a perda de

reputação favorável.

Para o gerenciamento da comunicação de forma efetiva, o trabalho dos

profissionais de Relações Públicas apresenta grande relevância, dado que suas

atividades baseiam-se nos relacionamentos das personalidades com seus públicos

estratégicos. Para tanto, faz-se uso de diferentes ferramentas da comunicação com

a finalidade da construção de carreira e fortalecimento do relacionamento com os

públicos, objetivando identidade, posicionamento, reputação e conceito positivos.

Segundo Fábio França (apud MOURA, FUSTINONI e HATAMURA, 2007, p.

29):

As Relações Públicas Pessoais exigem dedicação total, 24 horas. Trata-se de planejar em minúcias a vida e todo o envolvimento social da pessoa. Isso inclui a sua agenda completa, do dia-a-dia, contato, locais que deve ou não freqüentar, entrevistas a quem dar ou não

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dar, em que veículos deve aparecer ou não, etc. Inclui o marketing pessoal, linguagem corporal, vocabulário, ou seja, todo relacionamento social e cultural da pessoa com todas as recomendações do que pode ou não pode fazer.

Com relação ao trabalho e as atividades que a comunicação poderá

desenvolver para as personalidades, Roberto Castro Neves (2010) afirma:

O trabalho de administração do relacionamento de uma celebridade (artista, político, alto executivo, magistrado, educador, jornalista, etc) não difere muito do que é feito para uma organização. Entre outras coisas, examinam-se os públicos com os quais essa celebridade se relaciona; examinam-se as características dessa celebridade (imagem pessoal, pontos fortes e fracos, histórico familiar e profissional); define-se uma linha de comportamento para essa celebridade de acordo com suas características pessoais (pontos fortes e fracos) e objetivos a serem alcançados, bem como em função da imagem desejada; estabelece-se uma programação junto aos públicos estratégicos; acompanha-se através de pesquisas periódicas a imagem dessa celebridade junto aos seus públicos estratégicos, entre outras.

Nesse contexto, Machado Neto (2008, p. 250), descreve sobre o

assessoramento para indivíduos de forma que “o profissional de Relações Públicas

coloca-se como o perfil mais adequado para atuar no que chamamos de entorno do

artista, trabalhando em toda a gama de atividades aplicadas ao fazer da arte e do

produto/serviço artístico”.

No atendimento às personalidades, o Relações Públicas pode assumir

funções que nos países mais desenvolvidos são, normalmente, exercidas por public

relations, personal manager (secretário de produção), publicist (promoter), agent

(agente) ou career manager (administrador da carreira, gere o patrimônio financeiro

e simbólico do artista). Segundo Neto (2008) as funções que o Relações Públicas

pode realizar são:

Representação do artista: o profissional representará por uma

procuração o artista em todas as circunstâncias dentro da lei;

Assessoria de imagem: o tipo de forma e conteúdo de mensagem que o

artista deseja comunicar, e a preservação da imagem do artista e de sua

família é debatido entre o artista e o relações públicas;

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Administração de carreira artística: refletir junto ao artista, sobre os

convites recebidos, tanto de trabalho quanto de reuniões e participação

em produções de outros, sempre por uma perspectiva de construção de

uma reputação;

Conduta ética: quesito simples de perceber, mas difícil de explicar,

depende do paradigma interno de cada um em termos de civilização e

sempre diante do outro. Uma conduta é tecnicamente ética quando não

transgride a mandamentos próprios de uma atividade, estejam eles

expressos ou não em um código.

Diante de tal cenário, Gilceana Galerani (2010) alerta que:

A profissão deve estar sempre focada em desenvolver relacionamentos que levem à equação "ganha-ganha" (efeito bom para ambas as partes). Assim, conceituo relações públicas pessoais como atividade que auxilia na formação e na manutenção da imagem adequada de pessoas que precisam demonstrar suas habilidades numa área do conhecimento de grande impacto para determinados grupos. Não aprecio esse termo "imagem" para a função de relações públicas, mas entendo que o trabalho que se faz para uma pessoa é muito diferente do trabalho que se faz para uma organização. Auxiliar na formação da reputação adequada de uma empresa é um objetivo possível para relações públicas. Mas para celebridades ou qualquer pessoa que visa projeção pública isso é mais difícil. Reputação depende da formação e da natureza de uma identidade e um bom profissional pode ajudar no desenvolvimento da identidade organizacional. Mas entendo ser pretensioso, talvez impossível ou muito arriscado, um profissional ter a responsabilidade de interferir na identidade particular de alguém e ainda administrá-la. Ao auxiliar na criação e na manutenção da boa imagem, RP podem atuar em vários aspectos junto ao cliente: apresentação visual, manifestações públicas, assessoria de imprensa, prevenção de crises, administração de riscos, entre outros. Se tiver a sorte de trabalhar para uma personalidade de boa índole, as habilidades do profissional de relações públicas serão de grande auxílio na reputação que o cliente irá desfrutar por muito tempo. Mas, se o assessorado não tem princípios sólidos, dificilmente relações públicas conseguirão resultados bons, verdadeiros e por isso de longo prazo com seu cliente.

O relações públicas também terá responsabilidade marcante no

desenvolvimento de iniciativas que seu cliente decidir patrocinar. Nos países

desenvolvidos utiliza-se o conceito property (propriedade), ou seja, iniciativa criada

como uma proposta de valor autônoma, com “vida própria”.

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49

Essa abordagem provém da face do trabalho que envolve a comunicação

como intermediadora entre a produção artístico-cultural e o público. Ou seja, o artista

ou a personalidade necessitam exercer um discurso, uma voz e ostentar uma

atitude, uma face pública, enfim, estabelecer um relacionamento com seu meio

externo.

Diante disso, será possível realizar um trabalho efetivo de Relações Públicas

para personalidades, utilizando-se, principalmente, das funções e habilidades da

profissão com o objetivo de promover o diálogo com os diferentes públicos,

estabelecer relacionamentos confiáveis e conquistar uma reputação favorável,

garantindo o seu posicionamento estratégico no mercado.

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6. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Diante do cenário apresentado, no qual, as atividades e estratégias de

Relações Públicas são perfeitamente aplicadas para o desenvolvimento do

gerenciamento da comunicação entre as personalidades e seus públicos de

interesse, é de fundamental relevância a realização de um planejamento estratégico

de comunicação.

O processo de formulação do planejamento estratégico de comunicação

exigirá do profissional a realização da análise de cenários, assim como o estudo e a

escolha das estratégias que garantirão o retorno desejado, garantindo, dessa forma,

a eficiência da comunicação e do trabalho desenvolvido pelas Relações Públicas.

Apresenta-se a seguir, as principais definições a respeito de estratégia,

planejamento estratégico, análise de cenários e planejamento estratégico de

comunicação. Ao final, objetiva-se realizar uma análise sobre o planejamento

estratégico de comunicação para personalidades, ressaltando as principais

estratégias para criação da imagem, manutenção da reputação e relacionamento

efetivo entre essas e seus públicos de interesse.

6.1 ESTRATÉGIAS

Anterior à elaboração de um planejamento estratégico de comunicação é

preciso entender o conceito de estratégia, que, segundo Chiavenato (2007), pode

ser entendida como um comportamento global e sistêmico, que está focada no futuro

e que deverá ser definida pelo próprio planejamento.

A estratégica pode ser entendida ainda, como o meio pelo qual será possível

alcançar os objetivos propostos, sendo preciso também, realizar a alocação dos

recursos necessários para o cumprimento dos objetivos estipulados.

Para Mintzberg (2000), a estratégia é um padrão, ou seja, consistência em

comportamento ao logo do tempo. Bulgacov (2007) complementa afirmando que as

estratégias são as decisões antecipadas que envolvem os recursos para obterem-se

os resultados esperados.

Bueno (2005, p.165), ressalta ainda que a estratégia pode ser entendida

como “o conjunto amplo e diversificado de processos, cenários e produtos (ações,

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planos, etc.) que permitem a uma organização obter resultados positivos em

conformidade com seus objetivos (ou metas), missão, visão, valores, etc.”

Dessa forma, é possível compreender que as estratégias são compostas pela

análise dos ambientes e de todas as questões relacionadas à organização,

promovendo as adequações necessárias entre as mesmas e intervindo para que

sejam realizadas constantes evoluções.

Diante disso, entende-se que a definição das estratégias verifica-se como um

delinear relevante para conjugar os esforços que serão necessários na realização

das ações em longo prazo, além de auxiliar todo o processo do planejamento

estratégico, permitindo resultados coerentes com os objetivos da organização.

6.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

A partir do entendimento do conceito e da finalidade das estratégias, será

possível ponderar sobre o planejamento estratégico que, segundo Mintzberg (2004,

p. 83), pode ser entendido como um “procedimento formal para produzir um

resultado articulado, na forma de um sistema integrado de decisões”.

Diante de tal definição, compreende-se que o planejamento estratégico é uma

metodologia gerencial, que possibilita estabelecer a direção a ser seguida, visando

integração com o ambiente e o cumprimento dos objetivos que se desejam cumprir.

Para Almeida (2005, p.223), o planejamento estratégico:

É uma técnica administrativa que procura ordenar as idéias das pessoas, de forma que se possa criar uma visão do caminho que se deve seguir (estratégia). Depois de ordenar as idéias, são ordenadas as ações, que é a implementação do plano estratégico, para que, sem desperdício de esforços, caminhe na direção pretendida.

Dessa forma, entende-se que o planejamento caracteriza-se como um

processo contínuo e interativo, que visa alterar um cenário presente, provavelmente

não ideal, para um futuro favorável ao cumprimento dos objetivos.

Para Andrade (apud FORTES, 2003, pg. 185), a função de planejamento:

Prepara planos, programas e projetos, básicos e específicos, de periodicidade anual ou plurianual. Planeja os esquemas iniciais de administração dos casos de crises e emergências. Seleciona pessoal

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para a execução da programação, faz estudo de tempo e indica os instrumentos.

Entende-se, portanto, que o planejamento orienta sobre o que fazer e como

fazer, consolidando as metas, os objetivos e garantindo um trabalho eficaz e

eficiente. Diante de tal perspectiva, Fortes (2003, p. 185), afirma que:

Uma organização que não está ao abrigo de um processo coerente de planejamento poderá resistir à rotina de turbulência do cotidiano, mas não sobreviverá às mudanças dos ambientes, simplesmente pela falta de uma visão clara da realidade na qual está atuando.

Dessa forma, é compreendida a grande relevância que o planejamento

estratégico e a definição das estratégicas apresentam para o trabalho das Relações

Públicas e, para isso, será preciso realizar a análise de cenários, ferramenta que

facilitará o processo de formulação do planejamento estratégico de comunicação.

6.3 ANÁLISE DE CENÁRIOS

Para a realização da análise de cenários, será preciso estudar os ambientes

nos quais as organizações estão inseridas. Dessa forma, Bulgacov (2007) afirma

que o ambiente pode ser compreendido como uma reunião de todos os fenômenos

externos à organização que apresentam algum tipo de influência direta ou potencial

sobre suas operações.

Diante de tal definição, entende-se que a análise do ambiente poderá

estruturar, de forma eficiente, as estratégias, promovendo a integração entre a

organização e o ambiente em que está inserida.

Para as organizações e também para as personalidades, pode-se considerar

dois diferentes ambientes: o ambiente interno e o ambiente externo. No ambiente

externo, podem ser consideradas questões como: ramo de negócios, mudanças

tecnológicas, ação e controle do governo, conjuntura econômica e tendências

sociais.

Por meio da análise do ambiente externo, encontram-se as ameaças e

oportunidades, que são caracterizadas como forças variáveis ou situações, dentro

de um cenário ou situações externas, não controláveis para a empresa. As ameaças

são adversas às empresas e criam obstáculos ao desempenho esperado, que

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podem reduzir a vantagem competitiva. Já, as oportunidades podem favorecer o

desempenho esperado, desde que sejam aproveitadas satisfatoriamente em tempo

hábil.

A análise do ambiente interno, por sua vez, apresentará os pontos fortes e

fracos. Para Valadares (2002), o ponto forte é uma característica existente na

empresa que proporciona ou provoca uma vantagem operacional no seu ambiente

empresarial, sendo considerada como uma variável controlável.

Ainda segundo Valadares (2002), o ponto fraco pode ser entendido como uma

situação inadequada da empresa que proporciona ou provoca uma desvantagem

frente ao ambiente organizacional. Assim como os pontos fortes, é uma variável

controlável, necessitando da organização, enfoque para a correção dos mesmos.

Diante disso, destaca-se que todos os fatores e ambientes devem ser

considerados para a análise dos cenários, uma vez que esses serão os

responsáveis por auxiliar na elaboração do planejamento estratégico e,

consequentemente, na escolha das estratégicas.

Com base em tais definições, em sua maioria, proveniente de estudiosos e

pesquisadores da área de Administração, é possível aplica-los à comunicação e às

Relações Públicas, estruturando o planejamento estratégico de comunicação e

Relações Públicas.

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7. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

O planejamento estratégico de Relações Públicas baseia-se também na

analise de cenários, identificando pontos fortes e fracos, assim como as ameaças e

oportunidades, relacionadas ao processo comunicacional das organizações.

Tal análise permite ao responsável pelo desenvolvido de tal planejamento, a

definição de estratégias que possibilite o aprimoramento no relacionamento da

organização com seus públicos estratégicos, tornando-se, dessa forma, efetivo.

Para auxiliar na elaboração do planejamento estratégico, é preciso ponderar

sobre a comunicação daquela determinada organização, avaliando os paradigmas

da comunicação e da organização; reconhecendo os princípios da cultura

organizacional e identificando o nível de capital intelectual de tal organização.

Sobre a importância do planejamento estratégico, Fortes (2003, p. 187)

afirma:

A função do planejamento impede que as atividades de Relações Públicas sejam improvisadas. O planejamento enuncia os passos impreteríveis e norteia as deliberações para conseguir o efeito final ambicioso, e, oferecendo maiores possibilidades para consecução dos objetivos, permite racionalizar os recursos necessários e dá uma orientação básica, capaz de permitir a avaliação dos resultados.

Dessa forma, é possível compreender que o planejamento será o responsável

por definir, anteriormente, o que, como, quando, por quem e por que deve ser feito,

possibilitando que as ações de relacionamento sejam realizadas com eficácia,

garantindo o cumprimento dos objetivos esperados.

Sobre o papel do planejamento de Relações Públicas, Kunsch (2006, p. 5)

ressalta:

O papel fundamental do planejamento de relações públicas é o de exercer um caráter pró-ativo nas ações decorrentes dos relacionamentos das organizações com seus públicos. Com planejamento é possível fazer projeções e prognósticos e prever eventuais comportamentos e reações dos públicos frente a algumas decisões ou atitudes das organizações.

Para Fortes (2003, p. 187), os principais objetivos do planejamento de

Relações Públicas são:

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Formular estratégias para os meios de comunicação com os públicos;

Adequar as atividades de Relações Públicas à administração estratégica

da empresa;

Organizar os recursos técnicos e físicos dos programas de

relacionamento;

Definir estratégias de Relações Públicas para trabalhos solidários com os

setores da companhia;

Elaborar o orçamento de Relações Públicas;

Estabelecer a rentabilidade das proposições apresentadas.

Entendido o objetivo e a relevância estratégica que o planejamento de

Relações Públicas traz para a organização, é preciso evidenciar que existem

diferentes modelos, desenvolvidos por diferentes autores. É possível ainda afirmar

que não existe um modelo, logo destaca-se que é necessário desenvolver o modelo

que seja aplicável a organização em questão e que trará o retorno esperado.

Apresenta-se a seguir, os itens do modelo de planejamento de Relações

Públicas apresentado por Kunsch (2006):

1. Identificação da organização;

2. Compromisso e comprometimento da alta direção;

3. Pesquisa, auditoria, identificação dos públicos e análise estratégica;

4. Elaboração do briefing;

5. Análise e construção do diagnóstico;

6. Definição da missão visão e valores da comunicação;

7. Estabelecimento de filosofias e políticas;

8. Determinação de objetivos e metas;

9. Estratégias gerais;

10. Elencar possíveis projetos e programas específicos de comunicação;

11. Montagem do orçamento geral;

12. Divulgação do plano;

13. Implantação;

14. Controle e monitoramento das ações;

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56

15. Avaliação dos resultados.

Diante de tais pontos, é possível compreender que o planejamento de

Relações Públicas, caracteriza-se como um processo bastante complexo, no qual,

diversos aspectos devem ser considerados no momento de sua elaboração e

implementação.

Nesse contexto, Kunsch (2006, p. 12) afirma que:

O planejamento estratégico de relações públicas para a comunicação excelente [...] deve ser orientado por princípios ou atributos dessa comunicação, que prioriza a visão estratégica e a competência do executivo responsável pela comunicação e valoriza a cultura corporativa no âmbito das organizações. Os programas de ação propostos devem ser coerentes com a definição da missão, dos valores, dos negócios, dos objetivos e das metas estabelecidas pela organização. Esses são delineados, por meio de um planejamento estratégico da organização como um todo e, numa sinergia com a área de comunicação, hão de convergir para uma comunicação excelente e simétrica. Daí a necessidade de uma nova visão das relações públicas sob novos paradigmas e a adoção de um

planejamento muito mais participativo.

Entende-se, portanto, que o planejamento de Relações Públicas traz grande

contribuição estratégica para o desenvolvimento das ações de comunicação e

relacionamento, uma vez, que se baseia em aspectos de relevância para a escolha

e implementação das estratégias.

Vale ressaltar também, que é necessário que tal planejamento seja colocado

em prática e que a mensuração e avaliação estejam presentes em todos os

momentos, possibilitando, dessa forma, a realização dos ajustes necessários e o

cumprimento dos objetivos propostos, garantindo efetividade ao processo.

7.1 PLANEJAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS PARA PERSONALIDADES

Para a realização de um trabalho efetivo de comunicação e Relações

Públicas para personalidades, constata-se que é imprescindível a utilização do

planejamento estratégico. Tal planejamento deve seguir, basicamente, os mesmos

princípios do que foi apresentado anteriormente, objetivando o relacionamento entre

tais personalidades e seus públicos de interesse.

Page 58: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

57

O planejamento de Relações Públicas para personalidades também deve ser

elaborado com base na análise de cenários, apresentando os pontos fortes, fracos e

as ameaças e oportunidades, garantido a escolha correta das estratégias para o

cumprimento dos objetivos.

É preciso compreender que tal planejamento se baseará também em

questões já apresentadas no presente trabalho, como imagem, identidade e,

principalmente, reputação. Além disso, deverão ser estabelecidas formas eficientes

de relacionamento entre as personalidades e seus públicos de interesse.

Assim como o planejamento estratégico de Relações Públicas, não há um

modelo fixo a ser seguido. Nesse caso, é preciso avaliar todos os aspectos da

personalidade em questão e desenvolver um planejamento que se torne eficiente e

alcance os resultados esperados.

A partir da exposição dessa revisão bibliográfica, busca-se retratar a seguir, a

realização de um estudo prático que visou o levantamento de informações, com

base em pesquisas, junto a pessoas inseridas na área de comunicação e Relação

Públicas, quanto à temática da atuação do profissional de RP na formulação de

estratégias de relacionamento com seus públicos de interesse.

Page 59: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

58

8. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO

Mediante a abordagem teórica do presente trabalho, foi possível compreender

que, diversas temáticas da comunicação, como os conceitos de imagem, identidade,

reputação e o planejamento estratégico podem ser aplicados no contexto das

Relações Públicas Pessoais. Além disso, a área apresenta deficiência na questão

bibliográfica específica a respeito do tema, sendo necessário buscar auxílio em

áreas que apresentam junção com as Relações Públicas, como é o caso da união

com o Marketing.

Com o objetivo de aprofundar as discussões com os diferentes públicos da

área de Relações Públicas, foi proposta a realização de duas pesquisas, uma

quantitativa e a outra qualitativa, utilizando-se das vantagens de cada um dos

métodos, buscando atingir os resultados esperados.

Para isso, realizou-se uma análise de conteúdo de ambas as pesquisas,

tendo como referência a metodologia proposta por Kientz (1973, p. 28), que afirma:

Através de uma análise de conteúdo, poderemos tentar intuir os valores que estão na gênese e se encontram nas práticas que lhes deram origem, bem como inferir algumas das formas como se processará a construção de significados para esses textos.

Inicialmente, optou-se pela pesquisa quantitativa por ser mais adequada para

apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utiliza

instrumentos padronizados. Por meio de tal método, foi possível testar de forma

precisa as hipóteses levantadas e fornecer índices que puderam ser comparados

com os demais. Vale ressaltar também que o método quantitativo exige

conhecimentos sobre estatística, definição de margem de erro e possíveis desvios.

De acordo com Demo (1987), o método quantitativo é representativo, mas

nem sempre estratificado e utiliza como técnica fundamental a aplicação de

questionários que buscam respostas de forma percentual, de números e/ou valores.

Tal instrumento de coleta de dados é utilizado para elucidar e confirmar ou

não a hipótese em torno da qual se ampara a pesquisa, constituindo-se um meio

para validar e, no caso, quantificar os dados a serem analisados e considerados na

pesquisa.

Page 60: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

59

Nesse tipo de questionário, as questões devem ser padronizadas em uma

lista de perguntas fixas, considerando em sua organização os tipos de perguntas,

ordem a ser estabelecida, os grupos de perguntas relacionados, sua formulação e

definição quanto à percepção do tema.

Quando elaborados, os questionários devem ser bem estruturados, possuindo

uma sequência lógica das questões, promovendo a uniformidade do entendimento

por parte dos entrevistados. Gil (1999) alerta que a linguagem utilizada deve ser

simples e direta, permitindo ao respondente compreender com clareza o que lhe é

perguntado, para que responda as questões com maior precisão.

Os questionários podem ser aplicados pessoalmente, virtualmente, por

telefone ou correspondência. Ressalta-se que o entrevistador identificará as pessoas

a serem entrevistadas por meio dos variáveis pré-estabelecidas (sexo, idade, faixa

salarial, localização geográfica, etc.). É fundamental que os questionários sejam

aplicados individualmente e que sigam as regras de seleção da amostra.

Vale ressaltar que os questionários utilizados devem passar pela etapa de

pré-teste, em um universo reduzido, para que possam ser corrigidos eventuais erros

de formulação e readequar o instrumento, se necessário, para seu total

aproveitamento (RUDIO, 2007).

Para a pesquisa quantitativa, a análise de dados é percentual, realizada por

meio de gráficos e tabelas. Em tal método, busca-se pelo resultado da soma do

maior número de opiniões sobre determinado assunto, utilizando tal somatório como

respaldo para a confirmação de suas hipóteses. Pode-se afirmar que tal método

provoca a generalização das respostas por meio das informações obtidas.

A quantificação é estipulada como a forma mais adequada a tabulação e

codificação dos dados, facilitando comparações e o cruzamento com outros dados

relacionados e, assim, melhor exploração dos elementos apontados.

O relatório final da pesquisa quantitativa deve conter, além da análise e

interpretação dos dados obtidos, tabelas e gráficos que comprovem numericamente

o que está sendo afirmado. A partir da produção do relatório final, será possível

identificar, percentualmente, o que está sendo dito com relação a um determinado

tema (MINAYO, 2007).

Com base na contribuição do método quantitativo, foi elaborado um

questionário a respeito das Relações Públicas Pessoais, visando identificar o nível

Page 61: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

60

de conhecimento e interesse de profissionais, professores, pesquisadores e

estudantes de Relações Públicas e comunicação sobre a temática.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi apresentado em forma de

questionário estruturado misto, predominantemente com perguntas fechadas e de

preenchimento do próprio entrevistado, conforme apresentado no apêndice A.

No segundo momento, a escolha do método qualitativo, por sua vez,

apresentou grande contribuição para o desenvolvimento do presente trabalho, uma

vez que foram realizadas entrevistas semiestruturadas com profissionais, docentes e

pesquisadores das Relações Públicas, caracterizando-os como formadores de

opinião para a área.

De acordo com Richardson (1999, p. 90), o método qualitativo pode ser

caracterizado como:

[...] a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.

Dessa forma, percebe-se que tal método não se prende à valorização objetiva

ou a dados quantificáveis. Na pesquisa qualitativa, o interessante é a busca por

valores subjetivos, pela contextualização dos dados e pelos motivos de cada

resposta. A credibilidade desse método está diretamente relacionada com a

“exaustão” e saturação dos dados levantados.

Por esses motivos, a abordagem qualitativa é amplamente utilizada nas

pesquisas das áreas de ciências humanas e sociais, já que se apresenta enquanto

uma forma adequada para investigar e compreender a natureza dos fenômenos

sociais.

Richardson (1999, p. 80) reforça o diferencial e a importância da pesquisa

qualitativa ao afirmar que:

[...] em geral, as investigações que se voltam para uma análise qualitativa tem como objeto situações complexas ou estritamente particulares. Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de

Page 62: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

61

profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.

Diferentemente do método quantitativo, o método qualitativo permite

flexibilização ao roteiro da pesquisa, desde que atenda todos os objetivos propostos

inicialmente pela mesma.

Com relação aos procedimentos metodológicos, as pesquisas qualitativas

utilizam principalmente as técnicas de observação e as entrevistas, devido à

capacidade que tais instrumentos possuem para penetrar na complexidade do

problema de pesquisa a ser investigado. Pode-se fazer o uso de diferentes técnicas

de coleta de dados, porém as mais utilizadas são as entrevistas: não estruturada,

semiestruturada, informal ou em profundidade.

Demo (2001) conceitua entrevista como uma técnica por meio da qual o

pesquisador se coloca diante do participante com o objetivo de obter informações

que contribuam para a investigação da temática. Trata-se de um diálogo assimétrico

em que o pesquisador busca coletar dados e o interlocutor se apresenta como fonte

de informação. As entrevistas procuram explorar o que as pessoas sabem, creem,

esperam, sentem e desejam.

Para o desenvolvimento da presente pesquisa qualitativa, o grupo utilizou a

entrevista semiestruturada, que se caracteriza como uma entrevista extensiva,

investigativa, aberta, com relativa flexibilidade e normalmente conduzida

pessoalmente, por telefone ou via internet, na qual os entrevistados são incentivados

a desenvolver livremente e com detalhamento alguns assuntos pré-determinados.

De acordo com Mattos e Lincoln (2005), na entrevista semiestruturada, o

pesquisador se orienta por meio de um guia, ou seja, uma relação das questões ou

dos tópicos que devem ser respondidos/preenchidos pelos entrevistados.

Devido à flexibilidade desse tipo de entrevista, as questões não precisam,

necessariamente, serem respondidas de acordo com a ordem previamente

estabelecida, havendo a possibilidade de formulação de novas questões ao longo da

entrevista.

Tomar (2007) aponta as principais vantagens da realização de entrevistas

semiestruturadas como sendo: possibilidade de acréscimo de conhecimentos e

informações além do que havia sido inicialmente planejado; esclarecimento das

questões a serem investigadas; obtenção de opiniões, orientações e pontos de vista

Page 63: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

62

relevantes para o aprofundamento da investigação e auxílio da definição de novas

estratégias e instrumentos de pesquisa.

Outra vantagem relevante das entrevistas semiestruturadas é que elas são

discursivas, permitindo a cada entrevistado demonstrar sua linha de argumentação

de modo que o entrevistador possa inferir as associações que faz em seus

pensamentos oferecendo, inclusive, oportunidades para extensivas sondagens de

opiniões, atitudes e valores dos participantes.

A entrevista semiestruturada tem um caráter subjetivo, o que torna necessário

que toda interpretação leve em consideração o ponto de vista do entrevistado. É

nesse aspecto que as entrevistas semiestruturadas apresentam-se mais pertinentes,

pois aproximam o estudo da realidade social e políticas analisadas.

Com a aplicação do instrumento qualitativo, apresentado no apêndice B, foi

possível coletar informações suficientes sobre o assunto, focando em sua qualidade,

nos motivos das respostas e na contextualização dos fatos e não apenas em dados

quantificáveis, números e valores sobre a temática. Os resultados alcançados com

o desenvolvimento da pesquisa qualitativa foram bastante específicos com relação à

conceituação das Relações Públicas Pessoais, das temáticas que envolvem o

assunto e das novas perspectivas do profissional para esse campo de atuação.

Para basear e nortear o desenvolvimento da pesquisa qualitativa foram

traçados os objetivos geral e específicos, de acordo com as necessidades

detectadas e que são apresentados durante a análise.

Destaca-se ainda que, para a aplicação de ambas as pesquisas, optou-se

pelo questionário online, por meio do formulário do Google Docs. Tal escolha

justificou-se pela grande abrangência que esse proporcionou ao trabalho, contando

com a participação de profissionais, docentes, pesquisadores e estudantes de todo o

Brasil, além da segurança garantida pelo serviço específico para aplicação de

questionário virtual e dos baixos custos para sua aplicação.

Para a realização de pesquisa no Google foi preciso criar uma conta de e-mail

no site. Após essa primeira etapa, realizou-se o cadastro no sistema do Google

Docs, que representa um pacote de aplicativos com diversas ferramentas para

edição de planilhas, textos, apresentações, questionários e outros.

Após a inserção e criação do formulário, o sistema do Google Docs gerou um

link para acesso à pesquisa. Esse link foi utilizado para divulgação da pesquisa a

Page 64: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

63

todos os entrevistados. Para responder ao questionário, era preciso acessar o link,

inserir as respostas nos campos destinados e enviar.

Cada questionário respondido era inserido automaticamente em uma planilha

arquivada no Google Docs. Nessa planilha, foram armazenadas todas as

informações das pesquisas quantitativa e qualitativa. Vale ressaltar que tal planilha

representa a fase de tabulação dos dados em um projeto de pesquisa.

Após o término da aplicação dos questionários, foi possível gerar gráficos e

tabelas com as respostas cadastradas e tabuladas pelo sistema. Tal ferramenta

destaca-se pelas facilidades fornecidas ao entrevistador, uma vez que, após a sua

aplicação, os dados, as tabelas e os gráficos são fornecidos automaticamente.

Com relação ao período de aplicação dos questionários, destaca-se que

esses foram disponibilizados entre os dias 10 e 30 de setembro de 2010. Durante

esse período, foi realizada sua divulgação, convidando o público-alvo a responder o

instrumento e colaborar com o presente trabalho.

8.1 ANÁLISE DA PESQUISA QUANTITATIVA

A pesquisa quantitativa foi elaborada mediante a problemática que buscou

compreender “Qual o conhecimento e o interesse dos profissionais, pesquisadores,

docentes e estudantes da área a respeito das Relações Públicas Pessoais”, com o

objetivo geral de “identificar o nível de conhecimento e interesse a respeito das

Relações Públicas Pessoais”.

Como objetivos específicos da pesquisa destacam-se “mensurar a relevância

para a produção de um estudo a respeito das Relações Públicas Pessoais no Brasil”

e “destacar os temas de interesse a respeito das Relações Públicas Pessoais”.

As cinco hipóteses estabelecidas para a pesquisa quantitativa referem-se a:

“o nível de conhecimento do público entrevistado a respeito do termo Relações

Públicas Pessoais é baixo”; “o público entrevistado considera relevante o tema para

as Relações Públicas no Brasil”; “o interesse por uma publicação a respeito das

Relações Públicas Pessoais é alto”; “Os assuntos de interesse a respeito das

Relações Públicas Pessoais correspondem à base teórica desenvolvida para o

presente trabalho de conclusão de curso” e “há poucos pesquisadores e

profissionais atuando na área das Relações Públicas Pessoais”.

Page 65: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

64

A presente pesquisa quantitativa determinou como seu universo de

investigação indivíduos ligados a área de Relações Públicas no Brasil,

caracterizados por estudantes, docentes, pesquisadores e/ou profissionais da área,

de ambos os sexos, de todas as região e faixas etárias.

Definida a população da pesquisa, ressalta-se que, justamente por se tratar

de uma pesquisa divulgada e realizada por meio de questionário virtual, não foi

possível identificar o número total de possíveis respondentes que tiveram acesso ao

questionário.

Frente a isso, determinou-se que a amostra que representou a população da

presente pesquisa quantitativa, foi determinada pelo seu período de duração. Vale

destacar que os dados apresentados a seguir, representam fielmente as

informações contidas nos 109 questionários aplicados.

Com o objetivo de mensurar a participação das diferentes categorias

(profissional, pesquisador, docente e estudante) na presente pesquisa quantitativa,

todos os entrevistados deveriam identificar a sua categoria dentro da área das

Relações Públicas, podendo escolher uma ou mais alternativas.

Gráfico 1 – Categoria dos Entrevistados. Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Estudante 45%

Profissional 41%

Pesquisador 8%

Docente 6%

Page 66: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

65

Conforme apresentado no gráfico, entre os 109 entrevistados, 57 (45%) são

estudantes, 52 (41%) profissionais, 10 (8%) pesquisadores e sete (6%) docentes.

Vale destacar que o perfil dos respondentes da pesquisa atendeu às

expectativas, pois sua divulgação foi realizada em redes sociais (Twitter, Facebook e

LinkedIn), nas quais, a concentração de estudantes e profissionais é maior do que

pesquisadores e docentes.

Para ajudar na identificação do perfil do público respondente, o questionário

solicitava também o preenchimento da instituição de atuação ou estudo do

entrevistado, porém, o preenchimento de tal questão não era obrigatório.

Tabela 1 – Instituição de atuação/estudo dos entrevistados.

Instituição Estado Quantidade

AIEC Brasília 1

Belas Artes São Paulo 1

Centro Universitário de Belo Horizonte Minas Gerais 1

Centro Universitário de Rio Preto São Paulo 1

Conselho Regional de Enfermagem São Paulo 1

Editora Abril São Paulo 1

Faculdade Cásper Líbero São Paulo 5

Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação São Paulo 2

Faculdade Sul Americana Goiás 1

Faculdades Integradas de Taquaras Rio Grande do Sul 1

GDT Brasil São Paulo 1

Instituto Federal da Bahia Bahia 1

Maxpress São Paulo 1

Oito Comunicação Estratégica Rio de Janeiro 1

Solae do Brasil Rio Grande do Sul 1

UNESP São Paulo 6

União das Faculdades dos Grandes Lagos São Paulo 1

Unisinos Rio Grande do Sul 1

UNIVAG - Centro Universitário Mato Grosso 1

Universidade de Salvador Bahia 3

Universidade de São Paulo São Paulo 1

Universidade de Taubaté São Paulo 1

Universidade do Contestado Santa Catarina 1

Universidade do Sagrado Coração São Paulo 1

Universidade do Vale do Itajaí Santa Catarina 2

Universidade Estadual de Londrina Paraná 30

Universidade Federal da Bahia Bahia 1

Universidade Federal de Santa Maria Rio Grande do Sul 5

Universidade Federal do Amazonas Amazônia 1

Universidade Federal do Paraná Paraná 2

Page 67: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

66

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul 3

Universidade Metodista de São Paulo São Paulo 1

Total de Instituições 81

Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Conforme apresentado na tabela, entre os 109 respondentes, 81 identificaram

a instituição de atuação ou ensino, representando 74,3% dos entrevistados.

Mediante tal identificação, foi possível destacar que a pesquisa atingiu 11 diferentes

Estados do Brasil, reforçando a eficiência e a abrangência do instrumento de

pesquisa, o questionário online. A seguir, apresenta-se a relação dos Estados

participantes na pesquisa e as respectivas porcentagens.

Tabela 2 – Estados participantes da pesquisa quantitativa.

Estado Porcentagem

Paraná 39,50%

São Paulo 29,61%

Rio Grande do Sul 13,58%

Bahia 6,17%

Santa Catarina 3,70%

Amazônia 1,24%

Distrito Federal 1,24%

Goiás 1,24%

Mato Grosso 1,24%

Minas Gerais 1,24%

Rio de Janeiro 1,24%

Total 100%

Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Com o objetivo de identificar o conhecimento sobre o tema “Relações

Públicas Pessoais” no Brasil, foi perguntado aos entrevistados se já haviam lido

ou ouvido falar sobre esse assunto.

Page 68: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

67

Gráfico 2 – Conhecimento sobre o termo “Relações Públicas Pessoais”. Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Dos 109 entrevistados, 59 afirmaram conhecerem o termo, enquanto 50

afirmaram nunca terem ouvido falar sobre o assunto, representando 54 % e 46%,

respectivamente.

Para os 59 respondentes que afirmaram já terem lido ou ouvido falar sobre o

termo “Relações Públicas Pessoais” no Brasil, questionou-se o tipo do veículo ou

estudo em que tiveram contato com o tema. Para tal questão, o entrevistado poderia

optar por mais que uma alternativa e, por isso, a somatória das porcentagens será

superior a 100%, conforme apresentado no gráfico abaixo.

Gráfico 3 – Tipo do veículo ou estudo. Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Sim 54%

Não 46%

67%

40%

37%

28%

28%

18%

Sites/Portais de Comunicação

Mídia (televisão, jornal, etc)

Revista de Comunicação

Livros

Monografias

Projetos de Pesquisa

Page 69: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

68

Com base nas informações dispostas acima, é possível afirmar que, entre os

respondentes, 40 (67%) selecionaram a opção “Sites/Portais de Comunicação”; 24

(40%) escolheram “Mídia (jornal, televisão, etc.); 22 (37%) indicaram “Revista de

Comunicação”, 17 (28%) apontaram “Livros” e para “Monografias” e 11 (18%)

selecionaram “Projetos de Pesquisa”.

Ainda com relação ao termo “Relações Públicas Pessoais” e, somente para

aqueles que afirmaram já terem lido ou ouvido falar sobre a temática, questionou-se

se o veículo/estudo era uma produção brasileira ou estrangeira.

Tabela 3 – Veículo/estudo brasileiro ou estrangeiro.

Quantidade Porcentagem

Produção Brasileira 47 79,60%

Produção Estrangeira 12 20,40%

Total 100%

Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

No total de 59 respondentes, 47 afirmaram que o veículo ou estudo era uma

produção brasileira e apenas 12 disseram se tratar de uma produção estrangeira,

representando 79,6% e 20,4%, respectivamente, conforme indicado na tabela

apresentada.

Ainda para os 59 entrevistados que afirmaram conhecer o termo “Relações

Públicas Pessoais”, foi questionado o conhecimento sobre algum autor ou

profissional que pesquise ou atue na área das Relações Públicas Pessoais no

Brasil.

Gráfico 4 – Conhecimento sobre algum autor/profissional que atua/pesquisa sobre Relações Públicas Pessoais no Brasil. Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Sim 27%

Não 73%

Page 70: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

69

Conforme destacado no gráfico, foi possível constatar que 43 (73%)

entrevistados não conhecem nenhum autor ou profissional de Relações Públicas

que atue nessa área e apenas 16 (27%) afirmaram conhecer. Entre os autores ou

profissionais destacados na pesquisa, apresenta-se a relação dos nomes

destacados.

Autores ou profissionais apontados na pesquisa

Andre Teles Marcia Ceschini

Bete Dantas Margarida Kunsch

Candido Teobaldo Mario Rosa

Carolina Terra Assessoria Maxpress

Fábio França Patricia Bündchen

Gisele Flores Rodrigo Cogo

Ilka Carrera Thais Miranda

Julio Cezar Barbosa Valéria de Castro Lopes

Luiz Alberto de Farias Wilson Bueno

Marcello Chamusca Tânia Baitello

Quadro 2 – Autores ou profissionais apontados na pesquisa quantitativa. Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Vale ressaltar que entre os nomes citados acima pelos entrevistados, nenhum

dos autores ou profissionais desenvolvem pesquisas teóricas a respeito da temática

de Relações Públicas Pessoais. Por meio dos estudos realizados para o presente

trabalho, foi possível identificar que a profissional Patrícia Bündchen realmente atua

com foco na comunicação entre pessoas públicas e seus diferentes públicos. Sobre

os demais citados, não foi possível identificar a atuação dos mesmos na área das

Relações Públicas Pessoais.

Os entrevistados foram questionados também a respeito da relevância de

estudos e publicações a respeito das Relações Públicas Pessoais.

Page 71: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

70

Gráfico 5 – Relevância de um estudo/publicação a respeito das Relações Públicas Pessoais. Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Dos 109 entrevistados, 105 consideram relevante e apenas quatro

respondentes acreditam que o tema não seja relevante para a área de Relações

Públicas no Brasil, representando 96% e 4%, respectivamente, conforme indicado no

gráfico acima.

Diante de tais dados, nos quais a relevância é apontada por 96% dos

entrevistados, destaca-se a contribuição do tema do presente trabalho para a área

de Relações Públicas no Brasil, pois as Relações Públicas Pessoais, até então,

configura-se como um tema pouco explorado no país, porém com grande interesse

por parte dos estudantes, profissionais, pesquisadores e docentes.

Com o objetivo de identificar os fatores para considerarem relevante ou não

os estudos a respeito das Relações Públicas Pessoais, os entrevistados

apresentaram os motivos que julgam interessantes.

Tabela 4 – Quais os motivos para considerarem o tema relevante.

Motivos de relevância sobre o tema Relações Públicas Pessoais no Brasil Quantidade

Por ser uma área em ascensão e pouco explorada pelas Relações Públicas no Brasil 40

Para o desenvolvimento de bibliografia a respeito de Relações Públicas Pessoais 33

Pela necessidade de explorar todas as possibilidades de atuação da área 18

Pela importância da imagem, identidade e reputação 15

Para promover o relacionamento com os públicos de interesse 5

Total 111

Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Sim 96%

Não 4%

Page 72: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

71

A tabela acima apresenta os motivos apresentados pelos entrevistados, sobre

a relevância do tema Relações Públicas Pessoais no Brasil, bem como a quantidade

de pessoas que responderam sobre cada motivo apontado. O motivo da somatória

das quantidades ser superior ao total de entrevistados, justifica-se pelo fato de que

as respostas de algumas pessoas aplicavam-se a mais de um motivo apresentado.

Destacam-se os motivos referentes ao fato das Relações Públicas Pessoais ser

considerada uma área em ascensão e pouco explorada pelas Relações Públicas no

Brasil, para 40 entrevistados (36%); além do desenvolvimento de bibliografia a

respeito do tema, citado por 33 respondentes (30%).

Tabela 5 – Quais os motivos para não consideraram o tema relevante.

Motivo da não relevância sobre o tema Relações Públicas Pessoais no

Brasil Quantidade

Pouca relevância para a atuação das Relações Públicas 1

Porque as Relações Públicas devem atuar em ambiente empresarial 1

Porque não há necessidade de criar campos diversos para as Relações Públicas 2

Total 4

Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Da mesma forma, a tabela apresenta acima representa os motivos

apresentados pelos entrevistados, sobre o fato de não considerarem o tema

relevante para as Relações Públicas Pessoais no Brasil, bem como a quantidade de

pessoas que responderam sobre cada um dos motivos apontados. Destaca-se o fato

apontado para 25% dos respondentes (dois entrevistados) como o fato de não ser

necessária a criação de campos diversos para as Relações Públicas.

Após destacar a relevância do tema para os entrevistados, objetivou-se

identificar o interesse por uma publicação a respeito das Relações Públicas

Pessoais no Brasil.

Page 73: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

72

Gráfico 6 – Interesse por um estudo/publicação a respeito das Relações Públicas Pessoais. Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Entre os 109 entrevistados, 48 (44%) afirmaram ter um interesse “Alto”; 29

(27%) possuem interesse “Médio”; 17 (16%) consideram ter interesse “Muito Alto”,

oito (7%) avaliam seu interesse como “Baixo” e apenas sete (6%) consideram seu

interesse “Muito Baixo”.

Conforme as informações apresentadas no gráfico foi possível compreender

que, juntos, os fatores positivos para o interesse a respeito de uma publicação,

caracterizados por “Muito Alto” e “Alto”, representam 60% das respostas, enquanto o

interesse médio representa 27% e apenas 13% das respostas são consideradas

como fatores negativos para a publicação, representadas pelo interesse “Baixo” e

“Muito Baixo” dos entrevistados.

Identificada a relevância do tema para a área de Relações Públicas e o

interesse do público respondente a respeito de uma publicação sobre as Relações

Públicas Pessoais, buscou-se obter os assuntos de interesse para uma

publicação sobre as Relações Públicas Pessoais. Vale destacar que tal questão

era aberta no questionário, porém para facilitar a análise dos dados, os assuntos

apontados foram agrupados por temáticas.

Tabela 6 – Assuntos de interesse para uma publicação a respeito das Relações Públicas Pessoais.

Tema Quantidade Porcentagem

Indicadores de Avaliação e Mensuração para Relações Públicas Pessoais 4 4,10%

Apresentação e análise de cases 16 16,50%

Imagem, Identidade e Reputação aplicada às Relações Públicas Pessoais 11 11,30%

Não soube indicar (por falta de conhecimento no tema) 6 6,20%

Assessoria de Imprensa 3 3,10%

16%

44%

27%

7%

6%

Muito Alto

Alto

Médio

Baixo

Muito Baixo

Page 74: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

73

Marketing Pessoal 3 3,10%

Utilização de Mídias Sociais 3 3,10%

Remuneração para os profissionais da Relações Públicas Pessoais 2 2,10%

Administração de Crises para pessoas públicas 1 1,00%

Coaching 1 1,00%

Ética nas Relações Públicas Pessoais 1 1,00%

Indústria Cultural e Sociedade do Espetáculo 1 1,00%

Lobby 1 1,00%

Oratória e Apresentação Pessoal 1 1,00%

Relacionamento com os diferentes públicos 1 1,00%

Conceito de Relações Públicas Pessoais 21 21,60%

Planejamento e Estratégias de Relações Públicas Pessoais 21 21,60%

Total 97 100,0%

Fonte: Pesquisa dos autores, 2010.

Diante dos dados apresentados na tabela, é possível destacar que, para o

público participante na pesquisa quantitativa, os temas de maior relevância para uma

publicação ou estudo a respeito das Relações Públicas Pessoais no Brasil, são:

“Conceito de Relações Públicas Pessoais” e “Planejamento e Estratégias de

Relações Públicas Pessoais” com 21,6% cada, “Apresentação e Análise de Cases”

com 16,5% e “Imagem, Identidade e Reputação aplicada às Relações Públicas

Pessoais” com 11,3%.

Mediante essas afirmações, é possível confirmar a contribuição da teoria

apresentada no presente trabalho, que abordam as temáticas de imagem, identidade

e reputação, planejamento estratégico de Relações Públicas e o entendimento sobre

o termo “Relações Públicas Pessoais”. Além da teoria apresentada, tais temáticas

foram reforçadas com as discussões promovidas com o desenvolvimento da

pesquisa qualitativa realizada com profissionais, pesquisadores e docentes da área,

que será apresentada a seguir.

Durante o preenchimento do questionário, o respondente poderia inserir

comentários, porém, com preenchimento não obrigatório. Entre alguns, pode-se

destacar:

“O tema é bem interessante e trata-se de algo que esta cada dia mais

próximo dos termos que englobam a comunicação, principalmente, quando se trata

de pessoas que estão constantemente ligadas a mídia, ou possuem destaque de

alguma forma em sua profissão. Parabéns pelo Tema”.

Page 75: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

74

“Muito boa a iniciativa dos estudantes em produzir algo nessa área. Sugiro

que, depois de pronto, o TCC não vá parar somente na prateleira da biblioteca,

geralmente esquecido pelos alunos e professores. Como é um assunto não muito

abordado em salas de aula, principalmente, pelos docentes, seria interessante que o

trabalho fosse lembrado de alguma forma pelos estudantes de RP em outras

ocasiões no decorrer do curso, situação um pouco complicada essa, mas que

poderia ser diferente”.

“Acredito que a área de RP Pessoal precisa ser mais estudada no Brasil. Não

temos aulas sobre isso, uma matéria específica, o que seria interessante”.

“Parabéns por escolherem um tema que, pelo menos pra mim, é novo! Bom

trabalho... sucesso!”

“Uma pesquisa de opinião pública bem inteligente para um TCC. Desejo toda

a sorte para vocês!”

“Nunca ouvi falar na terminologia que vocês empregam – „Relações Públicas

Pessoais‟ - e não acho que ela seja legível para o „grande público‟ ou para os

contratantes [...] Além disto, o termo RP Pessoais pra mim dá uma conotação de RP

pra própria pessoa, como se fosse marketing pessoal, e não com a noção de

consultoria para terceiros sobre seus comportamentos e exposições públicos

entremeados com táticas de comunicação”.

“Quero parabenizar os estudantes pela originalidade do tema e desejar

sucesso para conclusão do TCC, que com certeza será de grande validade para

nossa área. Após a conclusão com certeza gostaria de receber um exemplar/cópia”.

“Parabéns pelo trabalho. O Brasil é muito pobre nessa temática, ainda.

Trabalhos como o de vocês tem mesmo que acontecer para explorar essa área que,

para mim que não conheço ainda, parece ser vasta e oportuna”.

“Parabéns pela iniciativa e desenvolvimento do projeto. Espero entender

melhor do assunto com publicações sobre o tema”.

Page 76: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

75

Vale ressaltar que os comentários apresentados acima representam fielmente

o que foi registrado durante o preenchimento do questionário. Há outros comentários

registrados, porém, com conteúdo similar ao apresentado acima.

Após a análise dos dados obtidos com a realização da pesquisa foi possível

confirmar ou refutar as hipóteses definidas na elaboração do projeto da pesquisa

quantitativa.

A hipótese número um, que afirmava que o nível de conhecimento do

público entrevistado a respeito do termo “Relações Públicas Pessoais” é

baixo, não pode ser confirmada, pois, dos 109 entrevistados, 59 afirmaram conhecer

o termo, representando 54% do público total.

Já, a hipótese número 2, acreditava que o público entrevistado considera

relevante o tema para as Relações Públicas no Brasil. Mediante as informações,

tal hipótese é confirmada, pois, entre os 109 entrevistados para a pesquisa

quantitativa, 105 consideram o tema relevante para as Relações Públicas no Brasil,

representando 96% do público entrevistado.

A hipótese número três, que afirmava que o interesse por uma publicação a

respeito das Relações Públicas Pessoais é alto também pode ser confirmada

pela pesquisa, pois entre os 109 entrevistados, 17 afirmaram ter interesse “Muito

Alto” e 44 possuem interesse “Alto”, representando 60% dos entrevistados. Ressalta-

se ainda que entre os demais 40%, 27% apresentam interesse “Médio”, restando

apenas 13% para “Baixo” ou “Muito baixo”.

Os assuntos de interesse a respeito das Relações Públicas Pessoais

correspondem à base teórica desenvolvida para o presente trabalho de

conclusão de curso, compunham a hipótese número 4 que foi confirmada mediante

a análise dos dados, afinal, 21,6% apontaram o “Conceito de Relações Públicas

Pessoais” e “Planejamento e “Estratégias de Relações Públicas Pessoais”, seguidos

por “Imagem, Identidade e Reputação aplicada às Relações Públicas Pessoais” com

11,3%, totalizando mais de 50% dos entrevistados. Destaca-se que os pontos

destacados acima foram abordados no referencial teórico do presente trabalho de

conclusão de curso.

A última hipótese da pesquisa quantitativa, que afirmava que há poucos

pesquisadores e profissionais atuando na área das Relações Públicas

Pessoais, também foi confirmada, pois dos 59 entrevistados que afirmaram

Page 77: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

76

conhecer o termo, apenas 16 (27%) conhecem pesquisadores ou profissionais

atuando com as Relações Públicas Pessoais.

Diante das afirmações apresentadas acima, compreende-se que, das cinco

hipóteses elaboradas para a presente pesquisa quantitativa, apenas uma não foi

confirmada mediante os resultados analisados.

Com base nas informações obtidas pela tabulação e análise dos resultados

da pesquisa quantitativa, é possível afirmar que o público considera as Relações

Públicas Pessoais um tema de grande relevância para a área no Brasil,

apresentando também, grande interesse por uma publicação a respeito do tema,

retratando, principalmente, o conceito da mesma e a forma de aplicação de

conceitos como imagem, identidade e reputação e planejamento estratégico de

Relações Públicas.

Destaca-se também que, embora o público da pesquisa afirme conhecer o

termo “Relações Públicas Pessoais”, o mesmo não apresenta conhecimentos

teóricos aprofundados a respeito da temática, apresentando dificuldades para

discussões sobre o tema e para o apontamento de profissionais que pesquisem ou

trabalhem nesse contexto.

Mediante a tais informações, do grande interesse pela temática e do baixo

conhecimento teórico, realizou-se também uma pesquisa qualitativa sobre as

Relações Públicas Pessoais, entrevistando profissionais, docentes e pesquisadores,

com o objetivo de promover e aprofundar as discussões a respeito da temática no

Brasil, conforme apresentado no início do capítulo 8.

8.2 ANÁLISE DA PESQUISA QUALITATIVA

Para basear e nortear o desenvolvimento da pesquisa qualitativa foram

traçados o objetivo geral e os objetivos específicos, de acordo com os resultados

pretendidos para o presente estudo. O objetivo geral visou “estimular discussões a

respeito das Relações Públicas Pessoais com profissionais, docentes e

pesquisadores da área”.

Os objetivos específicos, por sua vez, procuraram “avaliar o entendimento dos

profissionais, docentes e pesquisadores a respeito do conceito de Relações Públicas

Pessoais”; “Refletir sobre a forma de atuação do profissional no campo das

Relações Públicas Pessoais”; “Destacar as temáticas e ferramentas mais relevantes

Page 78: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

77

para a atuação do profissional no contexto das Relações Públicas Pessoais”;

“Determinar a aplicabilidade dos conceitos de imagem, identidade e reputação no

contexto das Relações Públicas Pessoais”; “Mensurar a contribuição do

planejamento estratégico de comunicação para as Relações Públicas Pessoais” e

“Identificar possíveis convergências entre as Relações Públicas Pessoais e demais

áreas de estudo da profissão”.

Diante dos objetivos dispostos foi de extrema relevância estabelecer um

estudo investigativo para constatar a seguinte problemática: “Como estruturar o

trabalho de Relações Públicas para o gerenciamento da comunicação entre

personalidades e seus diferentes públicos”.

O universo a ser investigado pela presente pesquisa qualitativa é composto

por determinados públicos, cuja determinação justifica-se pela contribuição que tais

segmentos representam na sociedade, apresentado-se como formadores de opinião.

Os profissionais de Relações Públicas representam um dos pilares para o

desenvolvimento da pesquisa qualitativa, pois os mesmos foram os responsáveis por

evidenciarem informações relevantes a respeito do mercado atual para a profissão,

como oportunidades, desafios, remuneração, entre outros.

Por sua vez, os docentes de Relações Públicas também apresentam grande

contribuição, pois puderam destacar como as diferentes temáticas, teorias e

ferramentas da área poderão ser desenvolvidas e aplicadas nesse novo contexto de

atuação. Além disso, os docentes estão sempre atualizados e em contato com as

diversas áreas da profissão.

Os pesquisadores de diversas áreas das Relações Públicas configuraram-se

como públicos estratégicos da pesquisa qualitativa, pois os mesmos puderam

estabelecer discussões teóricas e relações a respeito das Relações Públicas

Pessoais com suas áreas de pesquisa.

Diante da definição da categoria de cada um dos públicos para a pesquisa,

selecionaram-se diferentes representantes de cada uma das categorias, de acordo

com a área de atuação/pesquisa e relevância do mesmo para a área das Relações

Públicas no Brasil.

Ao todo, foram 70 convidados a participarem da pesquisa qualitativa. Com a

realização de 52 entrevistas, garantiu-se 74,2% de retorno. Vale destacar que para a

pesquisa qualitativa, esse número já representa informações necessárias para a

saturação dos dados.

Page 79: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

78

Para um maior aproveitamento das entrevistas, o questionário foi baseado por

três diferentes temáticas principais: entendimento sobre o tema Relações Públicas

Pessoais; estratégias, temáticas e ferramentas relevantes para a as Relações

Públicas Pessoais; e relação com a área de atuação/pesquisa dos entrevistados.

Embora os entrevistados tenham sido divididos por categorias - profissionais,

docentes e pesquisadores - será apresentada uma análise geral das respostas a

respeito de cada uma das questões presentes no questionário. Tal estruturação

justifica-se pelo fato de que, mesmo representando diferentes categorias, o

conteúdo apresentado por todos os entrevistados é semelhante, não sendo possível

estabelecer um comparativo entre as categorias.

Para garantir a credibilidade da análise da pesquisa qualitativa, foram

inseridas frases dos entrevistados, comprovando os seus posicionamentos sobre os

temas abordados, porém, sem a devida nominação, focando no conteúdo das

respostas e não em sua identificação. Destaca-se ainda que os entrevistados

apresentados na análise foram enumerados conforme a ordem de realização das

entrevistas. Aqueles que autorizaram a publicação de seus nomes foram

identificados no apêndice C.

Os registros de todas as entrevistas completas estão em posse dos autores

do trabalho e a divulgação de todas as respostas não foi inserida, pois garantiu-se

aos entrevistados que tais informações não seriam divulgadas na íntegra. A seguir,

apresentam-se os resultados obtidos para os questionamentos solicitados.

A respeito da 1ª questão: entendimento sobre o termo Relações Públicas

Pessoais, os entrevistados que responderam à pesquisa qualitativa, apresentam

suas próprias definições para o termo ou buscaram referências em outros autores.

O entrevistado nº. 1, não apresentou nenhuma definição para as Relações

Públicas Pessoais, porém, compreende a profissão de acordo com a definição de

Flynn, Gregory & Valin (2008), que afirmam: “Relações Públicas é a gestão

estratégica das relações entre uma organização e seus públicos, através do uso da

comunicação, para alcançar a compreensão mútua, realizar os objetivos

organizacionais e servir o interesse público”. Completando o mesmo pensamento, o

entrevistado nº. 19 afirma que “Relações Públicas designa uma série de

compromissos, atributos e funções relacionadas à comunicação de uma organização

com seus diversos públicos”.

Page 80: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

79

Com base no entendimento sobre a definição das Relações Públicas, outros

entrevistados, apresentaram suas próprias definições para o termo, conforme o

entrevistado nº. 27 que acredita que “Relações Públicas Pessoais são as relações

públicas – prática profissional – aplicadas às relações que se estabelecem entre

uma pessoa (personalidade/pessoa pública) e sua alteridade (público de interesse)”.

Seguindo essa mesma linha conceitual, o entrevistado nº. 31 ressalta que Relações

Públicas Pessoais refere-se “a gestão de relacionamentos de políticos, artistas,

personalidades e pessoas públicas de modo geral com seus públicos de interesse”.

A entrevistada nº 51, afirma ainda que as Relações Públicas Pessoais

constituem um “trabalho de comunicação realizado com e para pessoas públicas

(celebridades, personalidades). Pressupõe uma atividade que busca gerir os

relacionamentos com os diversos públicos com os quais estas pessoas atuam (ou

públicos potenciais). É uma vertente do campo das Relações Públicas capaz de

construir e gerenciar a imagem de pessoas públicas”.

Reforçando esse mesmo conceito abordado, a entrevistada nº. 6 acredita que

as Relações Públicas Pessoais “seja uma forma de planejar estratégias de

relacionamento de um profissional para com seus públicos de interesse. Dessa

forma, consegue-se evidenciar uma imagem positiva desta pessoa com a mídia,

contatos profissionais, enfim, com todos os públicos ao seu redor”.

Seguindo o mesmo conceito de um trabalho baseado na imagem positiva, a

entrevistada nº. 17 acrescenta que as Relações Públicas aplicadas a esse contexto

devem “estabelecer vínculos confiáveis, através de canais de comunicação

eficientes entre o indivíduo e seus grupos de interesse”. A entrevista nº. 41 reafirma

a ideia de que essa “é a área responsável por construir uma imagem pública

positiva, encontrando a melhor forma de utilização das ferramentas comunicacionais,

facilitando o fluxo de informações entre os públicos de forma eficaz”.

Mesmo com o entendimento do termo para vários entrevistados, alguns

outros manifestaram algumas objeções com relação ao emprego do termo

“pessoais”, uma vez que trata-se de uma subárea das Relações Públicas e que,

portanto, poderia ser contemplada pelas teorias gerais da profissão.

Sobre essa discussão, o entrevistado nº. 12 afirma: “tenho dúvidas,

entretanto, a respeito do uso da expressão pessoais. Pessoais diz respeito a

indivíduo, particular, íntimo. Temo que acabe sendo considerado algo como

marketing pessoal, ou seja, uma estratégia individual para obtenção de benefício

Page 81: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

80

mediante promoção. De qualquer maneira, apresenta-se uma questão interessante e

oportuna”.

Ainda sobre esse mesmo posicionamento, o entrevistado nº 20, destaca: “não

acredito que o termo Relações Públicas Pessoais tenha investimento teórico e

empírico suficiente para caracterizar um conceito”.

O entrevistado nº 40 defende ainda a ideia de que “Relações Públicas não

precisariam do termo „pessoais‟, posto que quando pensamos em comunicação, esta

se dá entre pessoas, mesmo que o emissor assine como empresa, com marcas e

logos, ainda assim, a gênese e o suposto fim da mensagem estão no sujeito, na

pessoa. Ainda assim, é compreensível a necessidade didática do termo quando

vemos o povoamento do campo referencial dos profissionais de Comunicação com

termos que desconfiguram ou deformam a percepção do que é basal, fazendo-se

necessário um resgate do entendimento holístico e em uma de suas aplicações”.

Completando tal discussão, a entrevistada nº 39, ressalta: “Não gosto muito

de inserir apostos na expressão Relações Públicas. Acho que o escopo conceitual e

o campo de atuação das Relações Públicas já acomodam todo o tipo de trabalho de

comunicação voltado para construção e consolidação de imagem, reputação e

relacionamento por meio das RP, seja para organizações (de primeiro, segundo e

terceiro setores) seja para pessoas físicas (pessoas públicas). Portanto, não vejo

necessidade de tal qualificação”.

Com isso, o entrevistado nº 14 ressalta que não há “distinção entre Relações

Publicas voltada às organizações e Relações Públicas voltada à

personalidades/pessoas públicas. Acredito que a razão de existir do Relações

Públicas seja pensar e expressar a comunicação estrategicamente, atuando de

forma planejada em prol do cumprimento dos objetivos e do bem estar dos públicos

com os quais estes objetivos inter-relacionam; efetivar as relações comunicacionais,

mudando comportamentos por meio da criação, gestão e/ou consolidação da

identidade e da imagem institucional, quer seja de uma organização ou de

personalidades/pessoas públicas”.

Diante de tais informações, é possível compreender, portanto, que para os

entrevistados, as Relações Públicas Pessoais deverão pautar suas atividades no

relacionamento eficiente e eficaz entre a personalidade com seus públicos de

interesse, utilizando os veículos adequados, conquistando a credibilidade e uma

imagem pública favorável diante de seus públicos, assim como é entendida as

Page 82: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

81

próprias Relações Públicas, porém, é preciso avaliar a questão do uso do termo

“pessoais” para que o entendimento do conceito não seja confundido com outros

termos já existentes e para que seja feita uma avaliação sobre a real necessidade

de subdividir as Relações Públicas.

Após identificar o entendimento sobre o conceito de Relações Públicas

Pessoais, objetivou-se identificar a opinião dos entrevistados com relação a seguinte

proposição: como as Relações Públicas podem desenvolver estratégias de

comunicação e relacionamento entre pessoas públicas/personalidades e seus

públicos de interesse.

Com ponto de partida para o entendimento de tal questão, o entrevistado nº.

34, afirma que é preciso “tratar o indivíduo como uma organização em si”. Sob esse

mesmo ponto de vista, demais entrevistados reforçam esse mesmo conceito,

conforme afirma a entrevistada nº. 5 ao dizer que “a forma de trabalho é a mesma

para relações públicas organizacionais ou pessoais” e o entrevistado nº. 10 ao

destacar que a formulação das estratégias deve ser feita “da mesma maneira que

desenvolvem estratégias e táticas para pessoas jurídicas”.

Conforme descrito acima, as pessoas públicas/personalidades deverão ser

compreendidas como organizações, contudo, “respeitando algumas especificidades

da pessoa em questão”, destacado pelo entrevistado nº. 31. A entrevistada nº. 4

ressalta ainda que “o que muda são as estratégias específicas para se atingir o

objetivo daquela celebridade que podem ser de construção/criação/reversão da

imagem, solução e prevenção de crises, mapeamento de relacionamentos, etc”.

Diante de tal entendimento, a mesma entrevistada expressa ainda que para o

trabalho de Relações Públicas Pessoais, é preciso entender que o “processo de

comunicação é o mesmo: diagnóstico, plano de ação, métricas de avaliação. O

processo se dá de forma equivalente à prática de Relações Públicas em qualquer

ambiente”. Partindo desse mesmo ponto de vista, a entrevistada nº. 2 destaca que a

definição das estratégias será “da mesma forma que o faz quando trabalha em

instituições públicas e privadas: mapeando os públicos estratégicos; planejando e

avaliando ações com base em pesquisa; executando divulgação, troca e

compartilhamento de informações por meio de peças e veículos de comunicação”.

Afirmando o proposto pelos entrevistados citados acima, os entrevistados nº.

8 e nº. 12, afirmam, respectivamente, que a formulação das estratégias de

comunicação e relacionamento deverão ser elaboradas “com planejamento e ações

Page 83: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

82

sistemáticas de comunicação com interesse em manter contato constante e

fornecimento de informações entre as pessoas envolvidas” e que “busquem um

relacionamento harmonioso entre pessoas públicas/personalidades e as pessoas ou

grupos com os quais se relaciona ou tem interesse”.

Ainda com relação à forma como deverão ser elaboradas tais estratégias para

relacionamento entre as personalidades e seus públicos de interesse, o entrevistado

nº. 27 destaca que “essa questão pressupõe ações de pesquisa/diagnóstico,

prognóstico e definição de posicionamento estratégico (quais conceitos se quer

associados à pessoa pública/personalidade – imagem – conceito ideal), bem como

identificação clara do público de interesse. Identificados os objetivos estratégicos,

parte-se para a elaboração de plano de ação propriamente dito. Pode-se dizer,

então, que guardadas as especificidades, tratam-se dos processos e estratégias de

Relações Públicas em sentido amplo”.

O entrevistado nº. 11, afirma ainda que “a mudança da abordagem, de uma

instituição para uma pessoa pública, não implica necessariamente em mudanças

drásticas na metodologia ou estratégias clássicas de Relações Públicas. Talvez haja

maior mudança na questão de mapeamento de públicos, que nas RP Pessoais

deverão ser adaptados às suas necessidades. Talvez o alinhamento com a

metodologia de Fábio França, que defende o mapeamento baseado na intensidade

e natureza dos relacionamentos entre público/instituição, ao contrário de outros

teóricos que defendem a diferenciação baseada em características geográficas. O

pensamento do profissional que irá trabalhar com este foco deverá ser orientado

diretamente aos relacionamentos. Para que isto aconteça, deverão ser trabalhadas

questões como Imagem, abertura de Canais de Comunicação, e um profundo estudo

de ambiente em que esta pessoa estará desenvolvendo suas atividades”.

Seguindo essa mesma linha conceitual, a entrevistada nº. 30 destaca a

necessidade do completo estudo da relevância da personalidade ou pessoa pública

a ser trabalhada, como parte fundamental para a criação de estratégias que irão

nortear o trabalho de comunicação. De acordo com ela “figuras públicas são

formadoras de opinião e necessitam de zelar por sua reputação e imagem para que

possam desempenhar com sucesso o papel para o qual foram designados. Por

assessorá-los, os profissionais de relações públicas necessitam, em primeiro lugar,

entender com clareza a atuação dessa figura na sociedade e os públicos com que

se relaciona, mapear as características e traços de personalidade da figura pública,

Page 84: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

83

além das oportunidades e riscos associados à sua atuação. Em seguida, traçar

objetivos e metas claras a serem alcançadas em sua atuação. Com essas

informações, acredito ser possível estabelecer a melhor estratégia para a

comunicação e o relacionamento com os públicos estratégicos e monitorar os

resultados de imagem e reputação alcançados”.

Contribuindo também nesse mesmo sentido, o entrevistado nº. 14 alinha a

necessidade de trabalhar o posicionamento real e desejado dessas personalidades

perante seus públicos. De acordo com o entrevistado “primeiramente é importante

ter-se claro o posicionamento desta personalidade/pessoa pública. O

Posicionamento está relacionado com objetivos estratégicos, indicadores de

desempenho e as metas estabelecidas; está diretamente associado à "razão de ser

e existir", "fatores críticos de sucesso", "competências essenciais" e "visão de

futuro", além dos "princípios" que guiam os comportamentos, as atitudes e as

tomadas de decisão desta personalidade/pessoa pública. Estando claro o

Posicionamento, parte-se para a matriz Importância versus Influência; nela é

possível elencar quão importante determinado público é para a consolidação do

posicionamento e qual nível de influência este exerce no processo de consolidação

do posicionamento. Um político, por exemplo, tem o Poder Público como um público

de extrema importância e, seu partido com alto poder de influência; já um ator, tem

na opinião pública da audiência uma alta variável influenciadora de seu papel.

Firmado o posicionamento almejado e os públicos estratégicos estando delimitados,

como já dito, cabe ao Relações Públicas Relações Públicas pensar e expressar a

comunicação estrategicamente, atuando de forma planejada em prol do

cumprimento dos objetivos e do bem estar dos públicos com os quais estes objetivos

inter-relacionam”.

O entendimento sobre a atividade de Relações Públicas destacada pelos

entrevistados reforça o proposto por Fortes (1999, p.15) ao afirmar que Relações

Públicas é o:

Processo de gestão das ações administrativas e de comunicação, deliberadas e permanentes, de uma entidade pública ou particular interessada em estabelecer e manter diálogo, entendimento, solidariedade e colaboração com os grupos sociais e elas vinculados direta e indiretamente, para firmar o seu conceito público, que irá respaldar, facilitar e dar legitimidade aos seus objetivos socioeconômicos.

Page 85: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

84

Ressalta-se também, que o “trabalho de Relações Públicas deve ser

meticuloso e perene e não apenas de solução de crises de imagem pública,

apagando incêndios”, conforme afirmado pelo entrevistado nº. 10 e a entrevistada

nº. 5, ao evidenciar que “o processo se faz de forma contínua, sendo objetivo maior

a construção de relacionamentos”.

Sobre a perenidade do trabalho de Relações Públicas para

personalidades/pessoas públicas, o entrevistado nº. 40 ressalta: “é muito comum

encontrarmos estratégias personalistas de comunicação que se moldam apenas de

acordo com as necessidades momentâneas, criando um ambiente reativo que age,

em momentos de crise, como fator contrário e pode potencializar a derrocada em

detrimento do capital social que poderia ter sido consolidado. Os esforços devem se

concentrar no relacionamento, na troca. Assim, a construção de valor simbólico e

capital social se deitaria muito mais nos benefícios e satisfação do ato comunicativo

do que na figura pública específica”.

Com base nas informações apresentadas acima, é possível compreender,

portanto, que as pessoas públicas/personalidades deverão ser encaradas como uma

organização e que o processo de comunicação para definição das estratégias

também será o mesmo. Ainda assim, o entrevistado nº. 19 destaca que é preciso

pensar nesse trabalho de forma multidisciplinar, ao dizer que o trabalho de Relações

Públicas Pessoais deverá ser realizado “utilizando técnicas, conhecimentos e

habilidades do marketing, da administração, da psicologia, da comunicação, da

sociologia e da antropologia”.

Sobre essa visão do profissional multidisciplinar, a entrevistada nº. 41 afirma

que é preciso unir “os conhecimentos da Comunicação Social aos da Administração,

principalmente os relacionados ao marketing”, assim como afirma o entrevistado nº.

47 quando evidencia que é preciso utilizar a “teoria consagrada no campo, mais os

conhecimentos ligados ao campo da comunicação interpessoal, fonoaudiologia,

liderança, etc”.

Diante disso compreende-se que os entrevistados acreditam que a

elaboração das estratégias de comunicação e relacionamento entre pessoas

públicas/personalidades e seus públicos de interesse deverá ser feita de maneira

multidisciplinar e de acordo com o pensamento estratégico já aplicado às

organizações e que os “profissionais de Relações Públicas tem todo o perfil para

administrar esse tipo de comunicação”, conforme afirmação da entrevistada nº. 17.

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85

Identificado o entendimento sobre as Relações Públicas Pessoais e a forma

como deverão ser pautadas as estratégicas de comunicação e relacionamento para

pessoas públicas, identificou-se com os entrevistados as temáticas que sustentam

as discussões acerca das Relações Públicas, quais são aquelas que

apresentarão maior contribuição para as Relações Públicas Pessoais.

Apresentam-se abaixo as temáticas ressaltadas pelos entrevistados:

Imagem, identidade e reputação;

Planejamento estratégico de Relações Públicas;

Relacionamento com a mídia;

Relacionamento com os públicos e interatividade;

Pesquisa (de imagem, de opinião, de mercado, de público, etc);

Comunicação Digital e Novas Tecnologias (com destaque para as mídias

sociais);

Métodos para Avaliação e Mensuração;

Comunicação dirigida;

Comunicação Interpessoal e Relacionamento Simétrico;

Gerenciamento de Crises;

Comunicação mercadológica;

Branding e comunicação empresarial;

Comunicação e Cultura;

Construção do conhecimento;

Linguagem e Discurso;

Relações de Poder;

Teoria de opinião pública;

Ética;

Responsabilidade social;

Lobby;

Marketing direto;

Liderança;

Diálogo e Credibilidade.

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86

Dentre as temáticas mais citadas, destaca-se a abordagem referente à

Imagem, Identidade e Reputação, como sendo uma das que apresentaram mais

relevância nos comentários dos entrevistados – sejam eles docentes, pesquisadores

ou profissionais. O posicionamento da entrevistada nº 51 sintetiza a contribuição de

tais temáticas para a área, quando ela afirma que “não há como desvincular um

trabalho de comunicação com personalidades destas temáticas”.

Tal análise evidencia a relevância dessas três temáticas para os profissionais

de relações públicas que pretendem atuar diretamente com pessoas públicas /

personalidades.

Segundo Santos (2007), essas figuras de renome tem suas imagens cada vez

mais disseminadas pelas mídias e, por isso, estão constantemente à mercê de

exposições nem sempre positivas.

Diante disso, a mesma autora afirma que se faz necessário um trabalho que

priorize não só a construção e sustentação da imagem positiva dessas

personalidades, mas também da identidade e da reputação, visando a credibilidade

dos mesmos junto aos públicos e opinião pública. De acordo com Santos (2007, p.

148 - 149), “na sociedade de consumo e na contramão das tendências, novos

parâmetros exigem que a imagem ceda lugar, aos poucos, a uma economia da

reputação”.

Nesse contexto de exposições cada vez mais constantes, Fortes e Martins

(2008) destacam a contribuição que a oralidade poderá proporcionar para a

manutenção da imagem e da reputação favorável, ao afirmar que:

Os profissionais de hoje reconhecem a importância de saber se comportar e falar bem em público, independente de serem da área de comunicação. Há, contudo, pessoas para quem a necessidade de falar em público é reconhecidamente uma limitação a ser superada. A habilidade de comunicação pode ser desenvolvida, pois, se houver barreira para este aprendizado, é provável que o obstáculo encontre-se no íntimo da pessoa por não acreditar em seu próprio potencial.

Verificou-se também a preocupação dos entrevistados em destacar a

necessidade de se realizar um trabalho embasado em áreas de conhecimento que

possibilitem uma maior otimização no relacionamento entre o profissional de

Relações Públicas e a pessoa pública assessorada, bem como com seus públicos.

Page 88: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

87

A entrevistada nº 2 chama a atenção para esse aspecto, destacando a

questão da identificação de públicos/lideranças e a interatividade como uma

necessidade do trabalho direto com pessoas e que “pressupõe compreensão quanto

à necessidade de conhecer muito o público de interesse e a dar atenção

personalizada a esse público. Penso assim porque, na maioria das vezes, o mundo

das „personalidades‟ envolve particularidades, vaidade, criatividade e outros itens

que não devem ser considerados sob o ponto de vista único da comunicação

massiva”.

Fortes (2003, p. 69) enfatiza este cuidado em relação ao estabelecimento de

um bom relacionamento entre o relações públicas, personalidade e públicos, já que

“para o profissional de Relações Públicas, o conhecimento do público, sua

classificação e o relacionamento com cada um deles são prementes”.

Em suma, é possível compreender que todas as temáticas relacionadas às

Relações Públicas são indicadas como base para a atuação do profissional de

comunicação que pretende atuar na área das RP Pessoais.

De acordo com os entrevistados, tais temáticas poderão ser aplicadas a esse

contexto, cabendo aos profissionais realizar a adequação das mesmas conforme os

objetivos a serem alcançados, como indicado pelo entrevistado nº. 8 ao dizer que

“todas as áreas são importantes para essa profissão”.

A entrevistada nº 45 reafirmou a questão de que as temáticas fazem parte do

trabalho de Relações Públicas como um todo e que, a aplicação de uma ou outra

para o trabalho com personalidades depende da pessoa que será atendida ou

trabalhada. Nesse sentido, ela defende que “todas [as temáticas] sejam importantes

e indispensáveis, porém vai depender de qual pessoa pública vamos prestar serviço,

em que área ela atua, em que meio está inserida”.

Assim, percebe-se que as Relações Públicas Pessoais devem se pautar nas

diferentes áreas temáticas que englobam as Relações Públicas, procurando realizar

suas atividades de comunicação e relacionamento entre as personalidades e seus

públicos, fazendo uso das temáticas abordadas.

No entanto, mais uma vez apontou-se a carência de estudos nacionais sobre

Relações Públicas Pessoais, bem como em áreas de conhecimentos

correlacionados diretamente com à área. Percebe-se que tal fato dificulta a

estruturação e reconhecimento da mesma junto aos próprios profissionais e público

Page 89: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

88

interessado, conforme a fala da entrevistada nº 41 que afirma que “no Brasil ainda

não vejo nada voltado para isso”.

Quando questionados sobre as diversas ferramentas de Relações Públicas

que poderiam ser implantadas para a atuação do profissional de RP na área de

RP Pessoal, a maioria dos docentes afirmou que as ferramentas variam de acordo

com a pessoa pública assessorada, sua área de atuação e objetivos a serem

alcançados com o planejamento de Relações Públicas.

O direcionamento dado pelo planejamento para a escolha das ferramentas é

fundamental, já que, de acordo com Fortes (2003, p. 186-187):

[...] a função de planejamento impede que as atividades de Relações Públicas sejam improvisadas. O planejamento enuncia os passos impreteríveis e norteia as deliberações para conseguir o efeito ambicionado e, oferecendo maiores possibilidades para consecução dos objetivos, permite racionalizar os recursos necessários.

Segundo os entrevistados, tais ferramentas só serão determinadas após o

mapeamento completo do assessorado e seu cenário de atuação, conforme aponta

a entrevistada nº. 4 ao afirmar que “só é possível responder a essa questão ao

vermos o diagnóstico do caso a ser solucionado” e a entrevistada nº. 5 que destaca

que a escolha de tais ferramentas “depende da expectativa e dos objetivos, pois não

entendo a atividade com receitas e sim com criatividade dependendo do contexto”.

O entrevistado nº 14 corrobora com este pensamento, afirmando que não

acredita “que haja um pacote de ferramentas engessado ou pré-fabricado que tenha

mais relevância para a atuação das Relações Públicas Pessoais. O Planejamento

Estratégico e de Comunicação voltado à personalidade/pessoa pública deve ser

coerente ao posicionamento almejado e à promoção da mudança de

comportamento; para tanto, a essência das Relações Públicas precisa ser cumprida

em sua máxima: comunicação dirigida e aproximativa. Dirigida, para incutir a

sensação de pertencimento; e, aproximativa, para favorecer a boa-vontade e a

mobilização proativa dos públicos”.

Assim, percebe-se que todos ressaltam a necessidade da escolha

contextualizada de ferramentas de Relações Públicas para uma atuação de

excelência. No entanto, o entrevistado nº 34 destaca que a “ferramenta é a parte

menos importante. Todas podem ser úteis, se bem utilizadas”. A entrevistada nº. 23

Page 90: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

89

ressalta a questão da contextualização dizendo que “é muito difícil dizer o que tem

mais relevância, pois o que se aplica para um pode não se aplicar para outro”.

O entrevistado nº. 27 completa dizendo que tal ponto “é muito relativo, pois isso está

diretamente relacionado ao lugar da pessoa pública. Para cada caso pode-se pensar

em ferramentas específicas, melhor adequadas para a ação estratégica”.

Mesmo após destacarem que as ferramentas só poderão ser escolhidas após

a análise de cada situação, os entrevistados apontaram diversas ferramentas que

poderão ser utilizadas. Apresentam-se a seguir as ferramentas citadas:

Planejamento Estratégico de Relações Públicas;

Assessoria e Monitoramento de Imprensa;

Internet e mídias sociais (blogs, twitter, facebook, entre outros);

Pesquisas (de opinião, monitoramento de imagem/marca, etc);

Eventos como ferramenta estratégica;

Ferramentas de diagnóstico, controle, monitoramento e avaliação;

Comunicação dirigida;

Midia Training;

Interações Pessoais;

Marketing;

Atendimento e ouvidoria.

Entre as justificativas para alguns desses temas, pode-se destacar a fala do

entrevistado nº. 18 que afirma que “a pesquisa de monitoramento de imagem da

marca é crucial em qualquer organização. O gerente de conteúdo e a pesquisa com

metodologia inovadora para avaliar o valor da imagem (marca) é uma questão de

prioridade na gestão moderna e é onde as Relações Públicas deve avançar”.

Ainda sobre a questão da imagem, a entrevistada nº. 41 ressalta que “não

apenas as organizações que precisam de ações de comunicação voltadas para a

imagem. Cada dia mais e mais pessoas públicas necessitam de profissionais que

cuidem de sua imagem perante o público”.

Com relação ao planejamento estratégico e ao marketing, o entrevistado nº. 8

afirma que essas são as “atividades que diferenciam os profissionais e inerentes a

fase econômica que estamos vivendo”.

Page 91: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

90

Sobre as redes sociais, o entrevistado nº. 19 afirma que “essa é a ferramenta

mais importante hoje para as Relações Públicas” e que é a “ferramenta que permite

o ganho de credibilidade e liderança”, conforme apontado pelo entrevistado nº. 31.

Com base em tais informações, é possível compreender que, para os

entrevistados, diversas ferramentas de Relações Públicas poderão ser utilizadas,

porém, é preciso avaliar o contexto e aplicá-las de forma coerente com os objetivos

do plano de ação.

Segundo Godinho (2002), o uso eficiente das variadas ferramentas de

Relações Públicas pode auxiliar na construção de uma imagem positiva - nesse

caso, na imagem positiva das personalidades – ao influenciar na percepção e

construção dos conceitos junto aos públicos de interesse.

Com essa mesma visão, o entrevistado nº. 20, concluí que “só a partir do uso

competente do mix de comunicação é possível constituir um quadro mais verossímil

da imagem de um indivíduo qualquer e o que deve ser trabalhado para desenvolver

outros atributos”.

Com relação aos conceitos de identidade, imagem e reputação no

contexto das Relações Públicas Pessoais, os entrevistados ressaltam a

relevância de tais conhecimentos para atuação do profissional de Relações Públicas

em quaisquer áreas de atuação, seja institucional ou pessoal. De acordo com a

entrevistada nº 22, trata-se do “tema central de trabalho das RP Pessoais. Assim,

compreender profundamente a identidade/características da personalidade,

desenvolver ações que suportem a projeção de imagem e construção de reputação

é a base do trabalho”.

O entrevistado nº 3 reafirma tal visão, dizendo que “o trabalho do relações-

públicas está diretamente ligado ao equilíbrio entre a identidade e o trabalho de

construção da imagem. Reputação é o potencial que oferta esse trabalho”.

Tais falas confirmam o pensamento de autores como Bueno (2007) e Iasbeck

(2007), que afirmam que o profissional de Relações Públicas deve buscar alinhar os

três conceitos em sua prática – seja com organizações ou pessoas físicas – para

possibilitar uma melhor visualização por parte dos públicos do que o indivíduo

representado/assessorado realmente é.

Muitos entrevistados enfatizam que a aplicação dos conceitos deve ser

semelhante ao que acontece nas organizações, apenas adaptando o foco para

pessoas físicas, como afirma a entrevistada nº 29, dizendo que a questão deve ser

Page 92: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

91

tratada “com a mesma seriedade que se dedica a tratar das mesmas questões num

ambiente organizacional. No entanto, o que estará à frente das discussões é a

imagem de uma pessoa física e que, portanto, questões de sua vida pessoal vão

influenciar diretamente a questão da formação de uma sólida reputação”.

Essa adaptação de foco também é ressaltada pela entrevistada nº 43, ao

dizer que a atuação deve ocorrer “da mesma maneira em que são trabalhadas para

as organizações, porém com as devidas adequações. O procedimento segue

sempre uma linha lógica, primeiro é preciso conhecer as características da pessoa,

depois qual é a imagem que o público tem dessa pessoa, verificar os pontos em que

a identidade real diverge da imagem percebida pelo público e a partir daí

desenvolver estratégicas e canais de comunicação para o esclarecimento do público

com um amplo programa de informações. O ideal é que a imagem seja coerente

com o que a pessoa realmente é, porém quando alguns pontos da identidade não

são positivos, também cabe às Relações Públicas Pessoais corrigir os desvios,

assim como se faz com os pontos fracos das organizações”.

A entrevistada nº 36 também aponta essa convergência, demonstrando que a

atividade de Relações Públicas é aplicável para todo um conjunto, independente da

finalidade. Ela ainda esclarece que “o conceito chave está na transparência e

clareza das informações para assim desenvolver pontos chave nos relacionamentos:

empatia, respeito, dedicação e fidelização do público”.

Do ponto de vista da ação, o entrevistado nº 20 coloca uma cronologia do

trabalho com esses conceitos, afirmando que a atuação do profissional deve ocorrer

“primeiramente com uma pesquisa junto aos públicos para verificar a imagem e

reputação do indivíduo perante eles. Em seguida, após desenvolvimento de

diagnóstico e planejamento, executar ações de comunicação que consigam enunciar

a identidade do sujeito. Realizar nova pesquisa para verificar se a percepção dos

públicos está, então, alinhada à identidade”.

Seguindo essa mesma visão, a entrevistada nº 4 destaca que para um

trabalho envolvendo tais conceitos, o profissional deverá “analisar o indivíduo/cliente

a fundo. É preciso ver quais são as características pessoais, pontos fortes e fracos

para se detectar oportunidades e ameaças de atuação. Depois, é preciso quantificar

e qualificar a imagem que ele tem diante de seus públicos. Após isso, é preciso

definir um plano de reputação para a personalidade, sempre se preocupando com

metodologias de avaliação”.

Page 93: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

92

As falas dos entrevistados demonstram que esses conceitos estão

interligados e devem ser constantemente trabalhados, procurando transformar a

teoria em ações práticas. Para isso, é preciso alinhar tais conceitos ao planejamento

de comunicação.

Sobre essa união dos conceitos, o entrevistado nº 27 afirma que “trata-se de

estratégia. Creio que quanto mais proximidade existir entre o que a pessoa pública é

e a imagem-conceito que desejar, mais econômico será o processo e mais

duradouro será o posicionamento (o que alguns definem como reputação).

Posicionar a imagem-conceito distante do que a pessoa pública é (sua identidade)

implica, necessariamente, altos investimentos de tempo, dinheiro, estratégia,

maquiagem, acompanhamento e, por outro lado, altos índices de dificuldade em

manter tais conceitos associados à identidade. Portanto, diante da atual constituição

da sociedade, em tempos de altos níveis de visibilidade, quanto mais proximidade

houver entre identidade e imagem-conceito, mais provavelmente isso será durável”.

É nesse contexto que as Relações Públicas Pessoais devem se esforçar junto

aos públicos de interesse das personalidades, pois, segundo Rosa (2006, p.216),

“Não se trata de vaidade, como pensam alguns. Imagem positiva exaustivamente

construída, é esse saldo positivo que você sempre tem que ter, para poder sacar a

descoberto dependendo da situação”.

Corroborando com essa visão, o entrevistado nº 19 afirma que “a identidade

só pode ser trabalhada de modo relativo, ou seja, nas relações entre produção de

discurso e imagem. Ela fica no meio. Não está no discurso nem na imagem, mas nas

conexões entre ambos”.

Sobre a relevância do discurso no processo comunicacional, Fortes e Martins

(2008) destacam a contribuição da oralidade para esse processo, ao afirmar que:

Cabe à comunicação oral a função de integrar, unificar o discurso e a retórica à realidade organizacional e possibilitar maior compreensão de seus públicos sobre as mensagens da organização. Conhecer os elementos da comunicação oral é fundamental. Esta necessidade é marcadamente percebida por executivos e colaboradores que prezam por uma imagem forte e confiável das organizações das quais participam e as quais representam.

Outro aspecto ressaltado foi a relação entre os termos e a atuação embasada

em princípios éticos. A entrevistada nº 45 chama atenção para esse ponto,

Page 94: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

93

destacando que o trabalho dever ser realizado “da mesma forma que vou conduzir

meu trabalho com ética dentro de uma corporação, respeitando os valores, a missão

e a visão da empresa e de seus proprietários, vou fazer isso com uma figura pública,

respeitando sempre os valores daquela pessoa e não esquecendo que além de

figura pública ele é um ser humano e que tem algo que uma empresa não tem:

sentimentos. E estes estão diretamente ligados à identidade, a imagem e a

reputação dessa pessoa”.

Frente a isso, Rosa (2006, p. 204-205) enfatiza o cuidado que o profissional

de relações públicas deve ter ao gerenciar a carreira de personalidades, já que estas

estão constantemente expostas e passíveis à crise, ao afirmar que “Arranhões éticos

potencialmente conquistam pesada exposição negativa, algo capaz de minar

reputações e, por conseguinte, o ativo inestimável e indispensável da confiança”.

Ainda com relação à gestão da identidade, imagem e reputação de

personalidades, observa-se pelas falas dos entrevistados que a forma de trabalho do

profissional de Relações Públicas acaba tendo influências diretas na opinião dos

públicos. A entrevistada nº 48 enfatiza tal aspecto, ao dizer que “os conceitos de

identidade, imagem e reputação poderiam ser trabalhados quanto à interface com a

opinião pública. Parece-me que mediar a visibilidade de personalidades públicas

assessoradas na sociedade seria um dos pontos principais das Relações Públicas

Pessoais”.

O entrevistado nº 18, reforça a necessidade do trabalho com foco nos

públicos, como elemento de matéria prima do trabalho de qualquer ação do

profissional de Relações Públicas. O entrevistado afirma que o comunicador “precisa

estar sempre centrado no afinamento/alinhamento entre as percepções públicas dos

públicos sobre seu cliente (imagem), que decorrem em parte das projeções públicas

desta organização através de atitudes cotidianas e processos comunicacionais de

posicionamento (identidade), chegando, ao longo de um certo tempo e a partir da

consistência e da minimização do vácuo entre estes conceitos (identidade e

imagem), à uma reputação positiva ou negativa, consolidada ou incipiente, a ponto

de promover nestes públicos sensações de idolatria, indiferença ou detração”.

Ainda sob essa ótica, destaca-se também a fala da entrevistada nº 5, que

relaciona os conceitos de identidade, imagem e reputação com

interação/relacionamento, afirmando que “se identidade é quem somos e imagem

como somos vistos, não há como trabalhar esses conceitos sem o desenvolvimento

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94

de processos de interação. Não formo mais uma imagem somente através de uma

campanha publicitária, é preciso mais, principalmente relacionamento. A partir dai,

podemos falar em reputação que passa a ser criada a partir de inúmeras

possibilidades de convivência, de conhecimento”.

A contribuição de um trabalho consistente com a identidade, imagem e

reputação junto aos públicos das personalidades é mais uma vez ressaltada pela

entrevistada nº 39, que prioriza o desenvolvimento de um trabalho “conforme o

escopo de Gestão da Reputação e Gerenciamento de Riscos de Imagem. O

fundamento é o mesmo: é preciso ter um mapeamento preciso de atributos do que o

objeto/pessoa pública é e faz, da imagem pretendida (tomando cuidado para a

aderência entre o que a pessoa é ou faz com os atributos de imagem que se

pretende projetar) e analisar/recomendar/acompanhar a mesma para que o

comportamento ao longo do tempo esteja em acordo com os elementos de

identidade (verdadeiros) para que se construa ou possamos manter uma reputação

consistente e, sim, competitiva; porém, que seja essencialmente verdadeira, e para

isso, é importante conhecer a fundos as fraquezas e administrá-las para que não se

construa uma imagem/reputação falsas ou para que todo um trabalho não seja

perdido em uma crise de imagem”.

Alguns entrevistados discorreram sobre o fato desses três pontos serem,

constantemente, confundidos em sua conceituação, sendo necessário, acima de

tudo, o esclarecimento exato desses aspectos, por parte do profissional de RP, de

modo que possa trabalhar concretamente com a personalidade em questão.

Os entrevistados destacam que, primeiramente, é preciso aprofundar o

entendimento e a compreensão desses termos, pois, conforme afirma o entrevistado

nº 8 “existe uma nebulosa nessas terminologias e a maioria dos profissionais e

pesquisadores não sabem distingui-las”. Avaliando sobre tal consideração, a

entrevistada nº 41 destaca também que “primeiramente é preciso que os

profissionais das Relações Públicas conheçam profundamente esses conceitos e

noto que existe um grande buraco acadêmico com relação a essas teorias”.

Entendido que é preciso realizar um estudo aprofundado sobre esses

conceitos, novamente, o entrevistado nº 8 destaca que “academicamente existe

muita diferença, mas profissionalmente pouco se preocupa com a terminologia. É

uma questão semântica e acadêmica apenas. No mercado, a diferença é que as três

Page 96: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

95

devem estar alinhadas e consoantes com o planejamento de imagem que se

propõe”.

Nesse sentido, a entrevistada nº 2 pontua cada conceito, denotando sobre o

trabalho de Relações Públicas para personalidades em cada um. Assim, ela aponta

“Identidade: atuar no sentido de destacar fatores que diferenciam a personalidade.

Imagem: cuidar para que a personalidade entregue ao seu público o que sua

imagem sugere. Reputação: a mais difícil de ser alcançada e solidificada

positivamente, de forma que ajude a personalidade em momentos de crise ou

dificuldades. Precisa ser sustentada pela transparência nas informações e pelas

atitudes éticas e reconhecidas como genuínas, verdadeiras e não apenas

politicamente corretas”.

Reforçando as afirmações acima, a entrevistada nº 51 também pontua que o

trabalho com esses conceitos deve agir “construindo a imagem da personalidade a

partir de sua identidade (reforçando os atributos positivos e corrigindo os negativos).

Uma reputação sólida e positiva será fruto de um trabalho que faça com que a

identidade e imagem da pessoa pública sejam coerentes”.

Dessa forma, o entrevistado nº 52 demonstra “que o principal papel das

relações públicas pessoais seja o de construir a identidade do indivíduo, ressaltando

seus valores e crenças; associando a sua imagem a causas e temas de interesse

dos públicos com os quais se pretende relacionar-se; e garantindo a empatia dos

públicos com a pessoa pública (consolidação de uma reputação positiva)”.

Assim, compreende-se que é preciso estudar o conceito de imagem,

identidade e reputação e aplicá-los no contexto das Relações Públicas Pessoais da

mesma forma em que são tratados pelas organizações, afinal, conforme afirma o

entrevistado nº 50, os “conceitos de identidade, reputação e imagem são de fato os

elementos que constituem a base para os relacionamentos duradouros e confiáveis”.

Contudo, como afirmam Bueno (2005) e Iasbeck (2007), faz-se necessário

monitorar constantemente a percepção da imagem, identidade e reputação com

pesquisas, a fim de verificar se o público tem se apropriado do real conceito que

pretende se passar daquela personalidade em questão.

Sobre esse aspecto, Rufino (2010, p. 90) indica ainda que:

Há uma série de indicadores que podem ser estabelecidos e tornarem-se valiosos instrumentos para se compreender, junto a um

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96

público específico, como está a imagem da instituição, de seu setor de atuação e a afinidade entre as identidades percebidas e projetadas.

Indagados sobre a contribuição do planejamento estratégico de Relações

Públicas para o desenvolvimento de um trabalho eficaz e eficiente das para as

Relações Públicas Pessoais os entrevistados afirmaram que, de modo geral, para

todo e qualquer trabalho de Relações Públicas, o planejamento estratégico é

imprescindível. Em um trabalho com pessoas públicas ou personalidades, isso

também não é diferente, conforme discorre a entrevistada nº 15, afirmando que “não

se pode pensar em qualquer execução de uma ação sem um planejamento e para

as RP Pessoais mais ainda, pois a construção da reputação/imagem/identidade

necessitará de ações de curto, médio e longo prazo”. Nesse sentido, o entrevistado

nº 8 afirma que o planejamento estratégico é “que fará o diferencial para quem se

está planejando. É o início de tudo e o que dará o balizamento para o cliente e

principalmente para quem está desenvolvendo o trabalho”.

Da mesma forma o entrevistado nº 40 destaca a relevância do planejamento,

com um teor crucial para a obtenção de resultados. Ele retrata que “[...] o

planejamento é crucial para que os resultados tangenciem os objetivos. Sem ele, as

ações e táticas acabam respondendo a demandas desconexas de modo impulsivo,

por mais que estejam revestidos de pretensa estratégia. Planejar não é um ato

apenas mental, mas são ações, em si mesmo. É uma ação futura com

comprometimento contínuo, iniciando no presente. Desta forma, há de se

estabelecer métricas que possam favorecer as reavaliações programadas ao longo

do percurso e alinhar tanto a expectativa dos agentes quanto as características,

sempre em transformação, do campo e das pessoas envolvidas neste processo,

avaliando os seus impactos nos públicos estratégicos prioritários e de segunda

ordem”.

Nesse sentido, os entrevistados reafirmam o posicionamento apontado por

Fortes (2003, p. 187), quando denota sobre o planejamento estratégico de Relações

Públicas como o norteador das ações que comunicação que devem ser

empreendidas no exercício da atividade. Segundo ele:

A função do planejamento impede que as atividades de Relações Públicas sejam improvisadas. O planejamento enuncia os passos impreteríveis e norteia as deliberações para conseguir o efeito final

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ambicioso, e, oferecendo maiores possibilidades para consecução dos objetivos, permite racionalizar os recursos necessários e dá uma orientação básica, capaz de permitir a avaliação dos resultados.

Levando a aplicação para o âmbito de personalidades públicas, o entrevistado

nº 18 insere a necessidade do planejamento estratégico como forma de trabalhar a

carreira da pessoa, permitindo uma completa análise de cenários condizentes com

sua identidade. De acordo com ele “o planejamento de carreira para um esportista,

artista, político, empresário ou celebridade (de outras ordens) deve seguir passos

semelhantes ao que o profissional de relações públicas já empreende para suas

organizações-clientes, com análise de cenário comportamental, posicionamento da

obra/produção/visão de mundo deste assessorado, estabelecimento de objetivos de

divulgação e identidade, escolha de públicos prioritários escalonados para contato

através de táticas comunicativas, apontamento de formatos de avaliação do trabalho

e do efeito de RP sobre a percepção pública frente a este assessorado. O

planejamento estratégico permite evitar o desgaste da exposição desta pessoa-

cliente, ou sua vinculação com correntes de pensamento desabonadoras e

equivocadas que venham a prejudicar, no longo prazo, sua reputação e sua

respeitabilidade”.

Outro aspecto interessante levantado nas entrevistas foi apontado pelo

entrevistado nº 11. De acordo com sua afirmativa, é notória a necessidade do

trabalho de Relações Públicas ser realizado com o alinhamento ao planejamento

estratégico “mas como cada instituição é uma realidade diferente, às vezes a

instituição ou o momento não é maduro o suficiente para a criação de um trabalho

muito bem planejado, devendo o profissional manter o direcionamento e alinhamento

de forma mais „artesanal‟, baseado nas suas habilidades e visão de negócio. O

Planejamento Estratégico é a consolidação da atividade de RP, possibilitando um

trabalho estruturado e consistente. O cuidado que deverá ser tomado é com a

possibilidade de adaptação e adequação do que foi planejado com o momento da

execução”.

Nessa linha de pensamento, em determinados momentos, o planejamento

estratégico tem de ser remediado pelo timing de ação, ou seja, a capacidade de

identificação de oportunidades, antecipando ameaças que possam vir a

desestruturar o posicionamento da personalidade perante seus públicos e o

mercado, como em um momento de crise.

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98

Mesmo assim, a entrevistada nº 35 reforça que o planejamento estratégico

deve sempre estar presente na atividade de Relações Públicas, sejam elas para

pessoa jurídica ou física. Em sua abordagem, ela destaca que o planejamento

estratégico é fundamental “para conquistar os objetivos almejados e obter resultados

satisfatórios nos projetos de relações públicas pessoais. Todas as etapas são

importantes para estruturar as ações que serão desenvolvidas em prol do bom

relacionamento com e entre os públicos, consolidando-os a longo prazo. Sem

planejamento não tem como identificar os públicos a serem atingidos, organizar as

idéias para elaborar estratégias eficazes, analisar se as estratégias são ideais para

„bater‟ as metas estabelecidas, prever possíveis crises, avaliar as ações realizadas,

entre outros itens importantes”.

Também destacando a relevância do planejamento estratégico, alguns

entrevistados ressaltaram outros pontos de contribuição da utilização do mesmo

para as Relações Públicas Pessoais. Conforme a entrevistada nº 5 “o pensamento

estratégico é fundamental, ou seja, amplia horizontes, sendo estratégico o

conhecimento dos grupos e de onde se pretende chegar, assim como as

expectativas”. O entrevistado nº 47 ressalta ainda que o planejamento estratégico

servirá para “aplicação de processos como antecipação de ameaças, oportunidades,

fraquezas e forças, contribuindo para as Relações Públicas Pessoais efetivas”.

Ainda evidenciando o diferencial do Planejamento Estratégico, o entrevistado

nº 27 afirma que “nessa direção, dentre outras coisas, o planejamento estratégico

permite conhecer a identidade, bem como os cenários/ambientes; possibilita definir

claramente públicos e suas expectativas; estabelecer objetivos de comunicação,

visibilidade e imagem-conceito (quais conceitos se quer associados à identidade);

planejar e implementar ações claras com objetivos específicos; acompanhar e, na

medida da necessidade, redimensionar as ações. Avaliar/mensurar resultados e

retroalimentar o sistema com base em nos indicadores. Penso que sem

planejamento, por mais simples que possa ser em algumas situações, não há

estratégia”.

Dessa forma, os entrevistados, concordam sobre o papel do planejamento de

Relações Públicas, assim como Kunsch (2006, p. 5) ressalta, quando disserta que:

O papel fundamental do planejamento de relações públicas é o de exercer um caráter pró-ativo nas ações decorrentes dos

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relacionamentos das organizações com seus públicos. Com planejamento é possível fazer projeções e prognósticos e prever eventuais comportamentos e reações dos públicos frente a algumas decisões ou atitudes das organizações.

Sendo assim, diante das discussões apresentadas, pode-se estabelecer que

“o planejamento estratégico de Relações Públicas é necessário para o

desenvolvimento de um trabalho eficaz e eficiente das Relações Públicas Pessoais”,

conforme evidenciado pelo entrevistado nº 20, ressaltando ainda mais o destaque de

tal temática como pressuposto teórico para as Relações Públicas aplicadas no

contexto das personalidades/pessoas públicas.

Sobre a possibilidade e a maneira de “estabelecer alguma relação entre

sua área de atuação/pesquisa com as Relações Públicas Pessoais”, os

entrevistados criaram diversas correlações que destacaram, principalmente, temas

como gestão de imagem, identidade e reputação junto ao corpo diretivo das

organizações; eventos, cerimonial e protocolo; novas mídias e redes sociais;

planejamento estratégico; gestão de crise; liderança; pesquisa; entre outros.

Assim, a entrevistada nº 51 afirma essa ligação, pois “enquanto as relações

públicas pessoais trabalham com „pessoas públicas‟, a comunicação empresarial

engloba um trabalho de relações públicas nas organizações. Os públicos de

interesse e o ambiente de atuação poderão ser diferentes. As estratégias ou

ferramentas de relações públicas utilizadas poderão ser diferentes. Mas a essência

do trabalho de relações públicas será a mesma: a busca da credibilidade,

compreensão e confiabilidade por meio da interação com os públicos e

gerenciamento de controvérsias, para construir uma reputação consistente e

positiva”.

Além disso, a entrevistada nº 2 também faz um paralelo com sua atividade em

Comunicação Interna, afirmando que qualquer personalidade “deve se preocupar

com as atitudes e a Comunicação com seu público interno, constituído pelas

pessoas que o apoiam na rotina de sua profissão”.

A entrevistada nº 37 destaca ser possível identificar algumas atividades que

seriam aplicadas em Relações Públicas Pessoais. Ela afirma que: “indiretamente

trabalho com colegas de renome na área de pesquisa e atuação em Gestão e

Economia e é o meu departamento que planeja, elabora, produz e divulga o que

essas determinadas pessoas devem pronunciar em público - reuniões, comunicados,

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discursos, eventos, canais de comunicação interna e externa, entre outros. Por se

tratarem de pessoas públicas, que estão com frequência na mídia, é necessário

estar sempre atento e ciente de como orientá-los e direcioná-los”.

Utilizando desse mesmo preceito, o entrevistado nº 14 destaca que,

principalmente por atuar em um cenário empresarial que envolve pessoas com

conhecimentos técnicos “o desafio está em consolidar a imagem dos especialistas

enquanto profissionais gabaritados, sem que suas respectivas marcas suplantem a

da instituição, do próprio CIH (Centro Internacional de Hidroinformática) ou mesmo

do projeto em que atuam. A estratégia foca-se em fortalecer a Imagem do conjunto

coerentemente a suas Identidades”.

Sobre os aspectos que envolvem a imagem, identidade, planejamento e

pesquisa, o entrevistado nº 27, afirma ser “ser possível estabelecer muitas relações,

pois que, minha pesquisa, atualmente, aborda temáticas como: imagem-conceito;

comunicação pública; estratégias de visibilidade (por exemplo, no âmbito da

assessoria política); processos identificatórios (para, a partir dos objetivos

estratégicos definidos no planejamento, pensar estratégias de para a geração de

identificação e simpatia - sentido empregado por Foucault); relações de poder (aqui,

particularmente no que tange ao poder simbólico); pesquisa de opinião e imagem-

conceito; e comunicação estratégica”.

Junto a ele, o entrevistado nº 38, também aborda relações em referência aos

mesmos conceitos, certamente convergentes com as Relações Públicas Pessoais,

pois “como professor, busco fazer meus alunos entenderem a importância da

construção de uma forte identidade profissional, que deve ter como base as teorias

propostas para a área de RP. Ou seja: Construção de identidade que corresponda à

realidade, a importância da ética, estímulo à pesquisa constante, entendimento do

ambiente e dos públicos, monitoramento permanente da imagem (por exemplo, em

mídias sociais), construção e manutenção de canais de diálogo com os diversos

públicos de relacionamento etc”.

No âmbito da comunicação digital, mídias sociais e Cibercultura, a

entrevistada nº 4 destaca a relação das áreas “na medida em que as

celebridades/personalidades necessitam de planos de atuação/presença/ação nas

mídias sociais. Além disso, precisam aferir sua imagem na rede e definir níveis de

interação, visibilidade e exposição”. Além disso, o entrevistado nº 20 ressalta que

“na pesquisa em Comunicação Mediada por Computador, já está identificado o uso

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101

de ferramentas de Internet para dar visibilidade a pessoas desconhecidas com a

intenção de transformá-las em celebridades. Nesses casos há uma aproximação

entre as Relações Públicas Pessoais e estudos que venho realizando”.

Aprofundando mais essa abordagem, o entrevistado nº 31 também destaca a

ligação entre seu trabalho nas redes de comunicação com a atividade de Relações

Públicas Pessoais, principalmente na necessidade dessas estarem presentes nas

discussões em redes. Segundo ele, seu trabalho envolve “a questão da

comunicação em mobilidade e em como as pessoas se encontram num ambiente

em que a possibilidade de conexão é generalizada, por conta das multirredes sem

fio, que estão espalhadas pela cidade, permitindo a comunicação móvel se tornar

pervasiva, ou seja, espalhada, de modo penetrante na malha urbana, possibilitando

a todos se comunicarem enquanto estão em movimento pela cidade. O

político/personalidade/artista não pode prescindir de se inserir nesse contexto das

relações em movimento, pois, hoje, grande parte da informação que se produz,

consome e distribui, se faz em movimento”.

Sobre Memória Organizacional, o entrevistado nº 18 faz um paralelo

interessante com seu estudo e trabalho, na medida em que estabelece como a

trajetória da organização pode ser inspiradora para as escolhas do presente, sua

projeção para o futuro e, ainda, como o passado pode ser considerado nas

estratégias comunicacionais de posicionamento. Dessa forma, o entrevistado afirma

que “então, tem total aderência à RP Pessoais no sentido de buscar na história de

vida deste assessorado os caminhos de sua obra/produção/visão de mundo, que no

final legitimem suas posições atuais e permitam aos públicos compreenderem

melhor suas ações”.

Entretanto, o entrevistado nº 50, acredita que “infelizmente” não há qualquer

relação de sua atividade com as Relações Públicas Pessoais, pois seu trabalho está

voltado para “estratégias de comunicação corporativa e de responsabilidade social

para grandes empresas. As pesquisas que já realizei e atualmente realizo estão

também voltadas para a comunicação corporativa”.

Da mesma forma, o entrevistado nº 7 estabelece um ponto de discordância

nessa Proposição, pois, de acordo com sua exposição “cada indivíduo é único e

subordinado à lei, à moral, à sua identidade pessoal, sua história, cultura, aos

grupos sociais aos quais está vinculado. Estratégias como as propostas estariam

mais próximas de profissionais que dependem de reconhecimento e aprovação

Page 103: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

102

externa [...]. Exemplos típicos são vendedores e políticos. Parece-me, a noção de

relações públicas é limitante para profissionais destas áreas, embora seus conceitos

e estratégias possam ser úteis para posicionamento e ação profissional”.

Em contrapartida, a entrevistada nº 13, afirma que inclusive já realizou

trabalho nessa perspectiva de atuação profissional, destacando que: “desenvolvo

pesquisa com lideranças de Londrina em relação aos jornais da cidade. Há anos

realizei um trabalho de relações públicas pessoais na área governamental. Esta

experiência foi de grande relevância para minha formação profissional”.

Reforçando as possibilidades de convergências, a entrevistada nº 45, discorre

sobre as semelhanças com a área de eventos, de modo que “com certeza, a área de

eventos, cerimonial e protocolo e entretenimento tem muita relação com a área de

pessoas públicas e celebridades. Pode ser uma ferramenta, uma estratégia de RP

para se trabalhar a imagem dessas pessoas, tornando mais público ainda seus

atos”.

Dessa forma, a maioria dos entrevistados estabeleceu que a atividade de

Relações Públicas pode ser aplicada tanto para empresas como para pessoas,

afirmando, de modo geral, que sempre é possível estabelecer ligação com áreas de

atuação profissional, reafirmando o que coloca o entrevistado nº 11 sobre o fato de

que do profissional de Relações Públicas “é multidisciplinar e multifocal, é tentando

abranger todos estes aspectos que realizaremos nossa atividade com primazia e

completude”.

Após a análise qualitativa das informações obtidas com as 52 entrevistas

realizadas, destacam-se os comentários e as sugestões feitas pelos

entrevistados com relação ao desenvolvimento do presente trabalho a respeito

das Relações Públicas Pessoais. Vale ressaltar que os comentários foram

inseridos na íntegra, conforme inseridos no formulário pelos entrevistados.

Comentários Negativos

“Temos tanto que trabalhar no âmbito comercial e institucional que vejo uma

perda de tempo trabalhar em um ramo onde está coalhado de assessores,

promoters, marketeiros e afins sem o e ainda precário respaldo jurídico da profissão

de RP. Pode até ser uma atividade aplicável, mas não condiz com os processos

teóricos da área de RP”.

Page 104: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

103

Sugestões

“Penso que vocês poderiam definir RP Pessoais antes, pois muitos não fazem

ideia do que seja”.

“O questionário ficou, em alguma medida, raso. Tratou-se de questões como

as ferramentas de Relações Públicas e Imagem/identidade e reputação em mais de

uma pergunta. O desafio para quem estuda Relações Públicas Pessoais não é

aplicar o mix de Relações Públicas num outro contexto e sim perceber o que desse

contexto demanda novas habilidades ou ferramentas do profissional de Relações

Públicas, o que o faz peculiar”.

“Cuidado com o uso de novas nomenclaturas sem necessidade. Temos que

ser excelentes planejadores se aprendermos isso fazemos para qualquer tipo de

empresa ou pessoas”.

“Acredito que o profissional de comunicação que trabalha com/para pessoas

públicas tem que analisar a situação de uma forma geral e inicial, das seguintes

formas:

1) Sim, por serem muito visadas, pessoas públicas tem de ter cuidado

„redobrado‟ com a comunicação, postura e relacionamento perante seus públicos.

Consequentemente o profissional que cuida desses itens para essas pessoas, tem

que ter cuidado triplicado‟;

2) Entretanto, se essas bem orientadas, pessoas públicas são pontos-chaves

e devem ser usadas de forma positiva para atrair a atenção e promover

relacionamentos (principalmente para área empresarial)”.

Comentários Positivos

“Há um grande campo de atuação no que se refere ao trabalho com

personalidades, mas é um terreno árduo, pois é mais difícil realizar a assessoria de

pessoas que de empresas, pois estas costumam ser mais organizadas e

Page 105: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

104

disciplinadas. Todavia, há muito o que se desenvolver no espaço das RP-P e um

grande contingente que pode ser atendido”.

“Parabéns pela iniciativa de desenvolver este tipo de pesquisa”.

“Área de pequeno interesse profissional dos alunos da UEL e dos

profissionais locais. Tenho visto certo "desdém" a área, ou por pouco conhecimento,

incompetência ou mesmo falta de mercado. Acredito que os professores também

não desenvolvem a área e dão pouca ênfase ao assunto. Talvez pudesse ser uma

nova área de atuação para os profissionais”.

“Acredito ser extremamente oportuno e relevante o direcionamento do olhar

de relações públicas para as pessoas físicas que necessitam de administração de

sua imagem pública. É um segmento de atuação profissional que só crescerá no

país nos próximos anos”.

“Respondo com a idéia de tentar contribuir. O tema, ainda assim, é

interessante, e gostaria de receber o trabalho, quando concluído”.

“Boa pesquisa. Sucessos nas apurações e mandem retorno para os

pesquisados. É muito frustrante perder tempo respondendo uma pesquisa e não ter

mais notícia nenhuma do que ela gerou, se gerou. Nossas áreas de trabalho

precisam fazer mais e mostrar mais o que fazem”.

“Fico feliz de ver que vocês estão desbravando um campo que ainda é pouco

explorado no Brasil. Há muita gente que se beneficiaria de algumas ferramentas ou

ações de relações públicas, algumas das quais eu não toparia atender, pois não tem

a ver com os valores que eu acredito e com o que eu acredito de RP”.

“Parabéns por sua pesquisa. Uma temática muito interessante, atual e, cada

vez mais presente”.

“Acredito que esse trabalho pode e deve ser uma referência nacional nessa

temática. Parabéns pela iniciativa!!!”.

Page 106: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

105

“Pessoal, parabéns, questões muito bem pensadas!!!”

“Apesar de não trabalhar com isto, a comunicação empresarial também pode

se preocupar com a imagem do presidente da empresa, pois a mesma pode afetar a

reputação da organização. Assim, trabalhando-se as „relações públicas pessoais‟ no

contexto da comunicação empresarial”

“Achei o tema muito interessante. Boa sorte!”

“Parabenizo a equipe pela imersão da construção referencial para o setor, o

que denota, sim, o conhecimento pela causa e, sobremodo, o contributo a profissão

e sua consolidação. Vocês serão o irrefutável exemplo das Relações Públicas

Pessoais”.

Após a análise dos dados obtidos com a pesquisa qualitativa, foi possível

aprofundar as discussões com os diferentes segmentos da área de Relações

Públicas sobre o entendimento do termo Relações Públicas Pessoais. Conforme

discutido e apresentado anteriormente, afirmou-se a relevância do papel do

Relações Públicas como gestor de comunicação e relacionamento entre as

personalidades e seus diferentes públicos de interesse.

Reforçou-se ainda que, como em toda e qualquer atividade de Relações

Públicas, a escolha das estratégias, temáticas e ferramentas a serem utilizadas,

necessitam de uma análise de cenário que possibilite a identificação exata dos

públicos e objetivos a serem trabalhados no contexto do planejamento estratégico

de Relações Públicas aplicados a personalidades.

Destacou-se também a contribuição do alinhamento dos conceitos de

identidade, imagem e reputação para as ações de comunicação, garantindo a

consolidação de relacionamentos entre as personalidades e seus públicos de

interesse.

Diante do conteúdo obtido com a realização dos estudos, compreende-se que

o tema proposto pelo presente trabalho apresenta considerável relevância e

interesse para área, enaltecendo a contribuição que a temática pode proporcionar

para as Relações Públicas no Brasil. Sendo assim, apresenta-se a seguir, uma

proposta com o objetivo de aprofundar as discussões relacionadas à temática.

Page 107: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

106

9. PROPOSTA PARA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS

Diante dos estudos realizados para a fundamentação teórica deste trabalho e

dos resultados obtidos com a realização das pesquisas, é possível afirmar que o

Brasil não possui bibliografia especializada a respeito do tema, dificultando o

entendimento dos interessados e a inserção do profissional nesse contexto.

Os resultados da pesquisa quantitativa evidenciaram que, para os

entrevistados, o tema apresenta grande relevância para as Relações Públicas no

Brasil, além de apresentarem alto grau de interesse por uma publicação sobre a

temática.

A pesquisa qualitativa, por sua vez, comprovou que não há estudos ou

pesquisas sobre essa vertente no Brasil, porém, caracteriza-se como assunto

inovador, pouco explorado e de interesse para discussões teóricas entre

profissionais, pesquisadores e docentes.

Com base em tais informações e, objetivando o crescimento de discussões e

publicações a respeito do tema no Brasil, propõe-se a criação do livro “Relações

Públicas para Personalidades: um novo cenário de atuação para o profissional

de Relações Públicas”, que contará com artigos de profissionais, docentes e

pesquisadores de renome da área de Relações Públicas e demais áreas da

comunicação do Brasil.

O livro, dividido em três partes, deverá abordar as temáticas e propostas

discutidas nas pesquisas, englobando, principalmente, os conteúdos a respeito das

Relações Públicas, do Marketing, do planejamento estratégico, de identidade

imagem e reputação e das ferramentas de Relações Públicas e comunicação que

auxiliam nos processos comunicacionais e de relacionamento entre personalidades

e seus públicos de interesse.

Nesse sentido, o grupo responsável pelo trabalho, juntamente com a

orientadora, organizarão os artigos escritos pelos convidados, de acordo com as

divisões elaboradas em um sumário de temas pré-estabelecidos, baseado nas

contribuições obtidas com os estudos das pesquisas realizadas. No livro, as

temáticas serão apresentadas da seguinte forma:

Page 108: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

107

Parte I

Relações Públicas

Conceituação da atividade profissional com visão teórica-prática

Relações Públicas e o Marketing

Convergências das áreas de Relações Públicas e Marketing para atuação dos

profissionais, tanto no âmbito institucional, como mercadológico.

Indústria Cultural e Sociedade do Espetáculo

Visualização do contexto das personalidades dentro da visibilidade das redes

comunicacionais

Parte II

Relações Públicas para Personalidades

Apresentação do conceito da terminologia e atuação profissional em Relações

Públicas para personalidades;

Planejamento Estratégico de Relações Públicas para personalidades;

Gestão da Imagem, Identidade e Reputação;

Gestão de crises em Relações Públicas para personalidades.

Ferramentas de Relações Públicas aplicadas às personalidades

Diversidade de ferramentas para o fomento do relacionamento e diálogo entre as

personalidades e seus públicos de interesse:

o Pesquisas em Relações Públicas para personalidades;

o Comunicação Digital;

o Comunicação Dirigida;

o Relacionamento com imprensa;

o Métricas de Controle e Avaliação.

Page 109: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

108

Parte III

Estudo de Casos

Apresentação de situações práticas, de alguns profissionais da área que já

atuaram em um contexto de Relações Públicas para personalidades.

A partir da estruturação e publicação desse material, pretende-se compor

uma bibliografia pioneira e inovadora sobre a temática apresentada, buscando o

melhor entendimento e conhecimento da atividade de Relações Públicas no contexto

da criação de estratégias de comunicação e relacionamento entre personalidades e

seus públicos de interesse.

Page 110: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

109

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao retomar a temática que nos levou a este estudo – Relações Públicas

Pessoais: estudo sobre um novo cenário de atuação para o profissional de Relações

Públicas – faz-se necessário algumas considerações.

Tendo em vista a problemática proposta pelo estudo, buscou-se analisar as

diferentes possibilidades de atuação do profissional de Relações Públicas para

garantir o bom gerenciamento da comunicação entre as personalidades e seus

públicos de interesse.

A escolha do termo personalidade se deu pelo fato de se tratar do

desenvolvimento de um trabalho de Relações Públicas junto a pessoas que

apresentam notoriedade/representatividade em seu campo de atuação, não

devendo-se confundir tal terminologia com questões relacionadas apenas às

chamadas “celebridades”.

Ao longo do trabalho, mediante o referencial teórico e, principalmente, após a

realização das pesquisas quantitativa e qualitativa, pode-se observar que tal

terminologia utilizada foi compreendida sem maiores problemas – salvo poucos

comentários que ainda relacionam o termo aos aspectos diretamente ligados às

questões de imagem e marketing pessoal, etiqueta, comportamento, exposição na

mídia, etc. – visão que julgamos ser limitada frente ao novo campo a ser explorado

pela área.

Foi possível desmistificar o estereótipo de futilidade que envolve a temática

no ponto de vista de muitos profissionais da área, demonstrando a importância do

papel do profissional de Relações Públicas como gestor de comunicação e

relacionamento dessas personalidades, evidenciando sua contribuição estratégica

na atuação junto a esse público.

Para isso, procurou-se evidenciar as contribuições das Relações Públicas

enquanto área estratégica da comunicação e relacionamento para com as

personalidades e seus públicos de interesse, por meio da utilização de diversas

estratégias, ações e ferramentas comuns à área, contextualizando-as com cada

situação no tratamento junto às pessoas de notoriedade.

Como já era previsto, a carência de publicações na área em questão –

sobretudo em se tratando de estudos nacionais – dificultou a elaboração de um

conteúdo que formalmente retratasse diretamente a referida temática.

Page 111: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

110

Em vista disso, procurou-se analisar a teoria relativa ao assunto, focando

principalmente em questões ligadas à comunicação em geral e, principalmente, nas

Relações Públicas e áreas de conhecimento correlatas (Sociedade Midiática e

Sociedade do Espetáculo, Comunicação de Massa; Identidade, Imagem e

Reputação; Marketing; Planejamento Estratégico, entre outros).

Tais conteúdos serviram como arcabouço teórico para a fundamentação do

trabalho proposto, auxiliando na tentativa de visualização de uma nova área e forma

de atuação para o profissional de Relações Públicas.

Num segundo momento, recorreu-se à pesquisa quantitativa e qualitativa

como forma de verificação sobre a opinião e visão de diferentes segmentos ligados à

área de Relações Públicas – estudantes, docentes, pesquisadores e profissionais –

com relação às formas de gerenciamento de comunicação para personalidades.

De modo geral, pode-se perceber que parte considerável dos entrevistados

demonstrou ter conhecimento sobre a temática, mesmo que de forma ainda um

pouco informal – haja vista que tal área é carente de pesquisas e publicações.

Notou-se também que a maioria destaca a relevância dessa área de

conhecimento como sendo mais uma oportunidade para a atuação dos profissionais

de Relações Públicas no Brasil.

Por conta disso, evidencia-se mais uma vez a necessidade de estudos

relacionados às Relações Públicas Pessoais, para que se desenvolvam os

conhecimentos necessários para a formalização de conceitos que possam servir

como teoria específica da área – lembrando que as Relações Públicas Pessoais

sempre estarão diretamente relacionadas às teorias gerais de Relações Públicas.

Obteve-se também algumas sugestões com relação à possibilidade de

mudança de tal terminologia, já que muitos dos entrevistados – docentes,

pesquisadores e profissionais – utilizavam em suas falas termos como “relações

públicas para pessoas físicas” e “relações públicas para indivíduos”.

No entanto, o entendimento do grupo julga ser mais aplicável o conceito

“Relações Públicas para Personalidades”, tendo em vista que o objetivo de tal

estudo é desenvolver meios para gestão de carreiras (comunicação e

relacionamento) para pessoas com notoriedade, independentemente de suas áreas

de atuação.

Page 112: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

111

Dessa forma, as Relações Públicas Pessoais representam um novo mercado

para os profissionais de Relações Públicas, fazendo-se necessário o incentivo a

produções acadêmicas com relação a essa temática.

Page 113: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

112

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Page 117: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

116

APÊNDICES

Page 118: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

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APÊNDICE A

Instrumento da Pesquisa Quantitativa

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PESQUISA - TCC - RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS Pesquisa realizada como parte do Trabalho de Conclusão de Curso dos alunos Ana Carolina Rampazzo Vieira, Carlos Affonso Sartore Salles e Paulo Vitor Targa, para o curso de Comunicação Social - Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina “Relações Públicas Pessoais” sugere o desenvolvimento de um trabalho de comunicação e Relações Públicas voltado para o relacionamento entre personalidades/pessoas públicas e seus diferentes públicos. O termo personalidades/pessoas públicas refere-se a indivíduos que apresentam notoriedade em suas áreas de atuação, independente de quais sejam, por exemplo músicos, atletas, políticos, médicos, pesquisadores, entre outros. Obrigado pela atenção e disponibilidade. Com certeza, sua participação é fundamental para o desenvolvimento do nosso trabalho! Contato: [email protected]

* Required

Nome: Caso queira se identificar.

Instituição: Assinale sua atuação na área de Relações Públicas: *

Profissional

Docente

Pesquisador

Estudante 1) Já leu ou ouviu falar sobre o tema Relações Públicas Pessoais no Brasil? *

Sim

Não (pular para a questão 3) 1.1) Se sim, em que tipo de veículo/estudo?

Revistas de Comunicação

Sites/Portais de Comunicação

Anais de Eventos

Projetos de Pesquisa

Livros

Dissertação/Monografia

Mídia (jornal, televisão, etc.) 1.2) Esse veículo/estudo era uma produção brasileira?

Sim

Não

Page 120: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

119

2) Conhece algum autor ou profissional que pesquisa/atua nesta área no Brasil?

Sim

Não (pular para a questão 3) 2.1) Se "Sim", qual(is)?

3) Considera relevante a realização de um estudo/publicação a respeito das Relações Públicas Pessoais?*

Sim

Não 3.1) Por quê? *

4) Qual o seu interesse por uma publicação a respeito das Relações Públicas Pessoais? *

Muito Alto

Alto

Médio

Baixo

Muito Baixo 5) Quais conteúdos você gostaria de ler a respeito das Relações Públicas Pessoais? * (cite pelo menos 3 itens)

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Caso queira, utilize esse espaço para comentários, dúvidas e sugestões.

Page 122: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

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APÊNDICE B

Instrumento da Pesquisa Qualitativa

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PESQUISA QUALITATIVA: TCC - RELAÇÕES PÚBLICAS PESSOAIS “Relações Públicas Pessoais” sugere o desenvolvimento de um trabalho de comunicação e Relações Públicas voltado para o relacionamento entre personalidades/pessoas públicas e seus diferentes públicos. O termo personalidades/pessoas públicas refere-se a indivíduos que apresentam notoriedade em suas áreas de atuação, independente de quais sejam, por exemplo músicos, atletas, políticos, médicos, pesquisadores, entre outros. Obrigado pela atenção e disponibilidade. Com certeza, sua participação é fundamental para o desenvolvimento do nosso trabalho de conclusão de curso!

* Required Nome: * Favor preencher nome, categoria e instituição/empresa. Os dados só serão divulgados mediante

autorização do respondente deste formulário. Categoria *

Profissional

Pesquisador

Docente

Área de Atuação/Pesquisa *

Instituição/Empresa: Autorização * Caso a resposta seja positiva, poderemos divulgar o nome do entrevistado nos resultados finais. Caso contrário, tais dados serão mantidos em sigilo.

Sim

Não 1) Qual o seu entendimento sobre o termo “Relações Públicas Pessoais”? *

2) Em sua opinião, como as Relações Públicas podem desenvolver estratégias de comunicação e relacionamento entre pessoas públicas/personalidades e seus públicos de interesse? *

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3) Entre as temáticas que sustentam as discussões acerca das Relações Públicas, quais são aquelas que, em sua opinião, apresentarão maior contribuição para as Relações Públicas Pessoais? *

4) Dentre as diversas ferramentas de Relações Públicas, quais acredita ter mais relevância para a atuação das Relações Públicas Pessoais e por quê? *

5) Como acredita que os conceitos de identidade, imagem e reputação devem ser trabalhadas pelas Relações Públicas Pessoais? *

6) Qual a contribuição do planejamento estratégico das Relações Públicas para o desenvolvimento de um trabalho eficaz e eficiente das Relações Públicas Pessoais? *

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7) É possível estabelecer alguma relação entre a sua área de atuação/pesquisa com as Relações Públicas Pessoais? De que maneira? *

Caso queira, utilize o campo abaixo para comentários, dúvidas ou sugestões.

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APÊNDICE C

Identificação dos Entrevistados da Pesquisa Qualitativa

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NOME CATEGORIA ÁREA DE ATUAÇÃO/PESQUISA INSTITUIÇÃO

1 Aislan Greca Profissional, Pesquisador e Docente Comunicação e Psicosociologia Petrobras

2 Gilceana Galerani Profissional Comunicação Interna Embrapa

3 Luiz Alberto Farias Docente Opinião pública, mídia e crise USP

4 Carolina Frazon Terra Profissional, Pesquisador e Docente Comunicação Organizacional e Mídias Sociais Agência Ideal/FECAP/USP

5 Divulgação não autorizada Pesquisador e Docente Comunicação organizacional e interna Divulgação não autorizada

6 Mara Lucia Diniz Profissional e Docente Organização de Eventos e Marketing ETEC e CSA/IESG

7 Wilson Bueno Docente Comunicação Empresarial UMESP

8 Renato Martins Profissional, Pesquisador e Docente Comunicação Mercadológica UEL

9 Rodrigo Stéffani Correa Pesquisador e Docente Comunicação e Cultura e Midias Sociais UFPE

10 Manoel M. M. Neto Pesquisador Relações Públicas UERJ

11 Ramon Lourenço Profissional Comunicação Empresarial Itaipu

12 Jorge Duarte Profissional, Pesquisador e Docente Comunicação Secom

13 Liberaci Pascuetto Docente Teoria e Comunicação Comunitária Unopar

14 Robson Carvalho Turcato Profissional Comunicação Institucional Itaipu

15 Teresa Dias de Toledo Pitombo Docente Relações Públicas FAAT/FAM

16 Maria Amélia Pirolo Docente Teoria de opinião pública e Pesquisa UEL

17 Regiane Ribeiro Pesquisador e Docente Comunicação, Educação e Discurso UFPR

18 Rodrigo Cogo Profissional Comunicação Organizacional e Memória Ideafix/ECA-USP

19 Luiz Iasbeck Pesquisador e Docente Comunicação Organizacional PUC/Brasília

20 Rafael Figueiredo Cruz e Silva Profissional, Pesquisador e Docente Comunicação mediada por computador Petrobras

21 Bruno Pacheco Carramenha Profissional e Docente Comunicação Corporativa Cásper Líbero

22 Marília Lobo Docente Comunicação e Relações Públicas Cásper Líbero

23 Vivane Regina Mansi Profissional, Pesquisador e Docente Comunicação Corporativa MSD/Cásper Líbero

24 Cristina Marques Fernandes Profissional Agência de Relações Públicas (Portugal) Imagem e Eventos

25 Divulgação não autorizada Docente Semiótica, Relações Públicas e Marketing Divulgação não autorizada

26 Marcelo Pinheiro Profissional Comunicação e Cerimonial Portal do Cerimonial

27 Divulgação não autorizada Pesquisador e Docente Comunicação Turística, Imagem e Cultura Divulgação não autorizada

28 Esnel Fagundes Docente Comunicação UFMA

29 Ethel Shiraishi Pereira Docente Relações Públicas Cásper Líbero

30 Divulgação não autorizada Profissional Comunicação Institucional Divulgação não autorizada

31 Marcelo Chamusca Profissional, Pesquisador e Docente Cibercultura e Comunicação e Urbanismo Instituto Federal da Bahia

32 Cleyton Carlos Torres Profissional Jornalismo e Novas Mídias Blog Midia8!

33 Divulgação não autorizada Profissional Assessoria de Comunicação Divulgação não autorizada

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Page 128: Relações Públicas Pessoais - Estudo sobre um novo cenário para a atuação do profissional de Relações Públicas

NOME CATEGORIA ÁREA DE ATUAÇÃO/PESQUISA INSTITUIÇÃO

34 Julio Cesar Barbosa Profissional, Pesquisador e Docente Relações Públicas Cásper Líbero

35 Ludimila A. de Souza Costa Profissional Assessoria de Comunicação Goiasindustrial

36 Ludmila Maia Mendes Profissional Comunicação e Marketing Universidade Católica Portuguesa

37 Gisele Lorenzetti Profissional Agência de Relações Públicas LBVA Comunicação

38 Mauricio Luis Marra Docente Relações Públicas Cásper Líbero e ESAMC

39 Tânia Câmara Baitello Docente Relações Públicas Cásper Líbero

40 Mauricio Felicio Profissional e Docente Comunicação Interna e Assessoria de Imprensa Fish Comunicação / USP

41 Divulgação não autorizada Pesquisador e Docente Imagem Divulgação não autorizada

42 Fabiana Rezende Profissional Relações Públicas ITAL

43 Andreia Martelozzo Constantino Profissional Relações Públicas Ministério da Fazenda

44 Divulgação não autorizada Profissional Educação Divulgação não autorizada

45 Andrea Bigaiski Profissional e Docente Eventos, Cerimonial e Protocolo 360º Eventos

46 Divulgação não autorizada Docente Relações Públicas Divulgação não autorizada

47 Paulo Nassar Profissional, Pesquisador e Docente Memória e Organização da Informação USP

48 Divulgação não autorizada Docente Comunicação nas relações de trabalho Divulgação não autorizada

49 Divulgação não autorizada Profissional Comunicação Organizacional Divulgação não autorizada

50 Sergio Andreucci Profissional, Pesquisador e Docente Relações Públicas Cásper Líbero

51 Andrea Vilardo Profissional Relações Públicas Embrapa Soja

52 Divulgação não autorizada Profissional Patrocínio Divulgação não autorizada

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