relaÇÕes de trabalho e medidas socioeducativas … · doutora e mestra em tecnologia pelo ppgte....

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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X RELAÇÕES DE TRABALHO E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO: ESTADO DA ARTE Talita Ketlyn Costa Cabral 1 Lindamir Salete Casagrande 2 RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar o estado da arte elaborado como parte da pesquisa para a dissertação de mestrado que tem como tema principal as medidas socioeducativas em meio aberto e as relações trabalho feminino na adolescência. O tema foi escolhido com base na experiência profissional vivenciada enquanto assistente social do Centro de Referência Especializado em Assistência Social - CREAS do município de Rio Branco Sul Paraná, entre os anos de 2014 e 2016. Para embasar a pesquisa e verificar sua relevância frente às produções já existentes, realizamos a pesquisa bibliométrica com base no portal Capes, nos permitiu acessar inúmeras plataformas nacionais e internacionais. De forma sistemática e confirmando a hipótese de escassez de trabalhos sobre o tema, encontramos apenas 27 obras, sendo estas, 24 artigos e 3 teses que de alguma forma abordam o objeto de pesquisa. O estado da arte vem descrever a grande e as sub-áreas do tema, trazendo o recorte teórico, as vantagens e deficiências das abordagens, assim como as metodologias utilizadas. Buscamos ainda, apresentar o que o serviço social tem produzido sobre o tema e subsidiar a dissertação. Palavras-chave: Medidas Socioeducativas; Adolescência feminina; Serviço Social. 1 Introdução O presente estudo vem retratar o que se tem produzido acerca do tema Medidas Socioeducativas - MSE em Meio Aberto - MA e as relações de trabalho feminino na adolescência. Como grande área se delimitou as MSE em MA, podendo ser de Liberdade Assistida LA ou de Prestação de Serviços à Comunidade - PSC e como sub-áreas as relações de gênero presentes nas MSE, as relações de trabalho feminino na adolescência das meninas em cumprimento de MSE em MA e as consequência das MSE na vida destas adolescentes. O objetivo deste artigo é apresentar as deficiências e vantagens das abordagens já realizadas sobre o tema, visando elaborar uma breve revisão bibliográfica que subsidie o desenvolvimento da dissertação de mestrado e desperte novos interesses de produção na área. Este tema foi escolhido com base na experiência profissional obtida durante os anos de 2014 e 2016, trabalhando como assistente social do Centro de Referência Especializado em Assistência Social CREAS no 1 Mestranda em Tecnologia e Sociedade pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia - PPGTE, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Especialista em Saúde Mental e Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina - UEL. Pesquisadora do Núcleo de Gênero e Tecnologia GeTec. E-mail: [email protected]. 2 Pós-Doutora em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismos pela Universidade Federal da Bahia; Doutora e Mestra em Tecnologia pelo PPGTE. É Professora de matemática pela UTFPR desde 1994. Também faz parte do corpo docente do PPGTE e da coordenação do GETEC, pela mesma universidade. E-mail para contato: [email protected].

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

RELAÇÕES DE TRABALHO E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO:

ESTADO DA ARTE

Talita Ketlyn Costa Cabral1

Lindamir Salete Casagrande 2

RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar o estado da arte elaborado como parte da pesquisa para a dissertação de

mestrado que tem como tema principal as medidas socioeducativas em meio aberto e as relações trabalho feminino na

adolescência. O tema foi escolhido com base na experiência profissional vivenciada enquanto assistente social do

Centro de Referência Especializado em Assistência Social - CREAS do município de Rio Branco Sul – Paraná, entre os

anos de 2014 e 2016. Para embasar a pesquisa e verificar sua relevância frente às produções já existentes, realizamos a

pesquisa bibliométrica com base no portal Capes, nos permitiu acessar inúmeras plataformas nacionais e internacionais.

De forma sistemática e confirmando a hipótese de escassez de trabalhos sobre o tema, encontramos apenas 27 obras,

sendo estas, 24 artigos e 3 teses que de alguma forma abordam o objeto de pesquisa. O estado da arte vem descrever a

grande e as sub-áreas do tema, trazendo o recorte teórico, as vantagens e deficiências das abordagens, assim como as

metodologias utilizadas. Buscamos ainda, apresentar o que o serviço social tem produzido sobre o tema e subsidiar a

dissertação.

Palavras-chave: Medidas Socioeducativas; Adolescência feminina; Serviço Social.

1 Introdução

O presente estudo vem retratar o que se tem produzido acerca do tema Medidas

Socioeducativas - MSE em Meio Aberto - MA e as relações de trabalho feminino na adolescência.

Como grande área se delimitou as MSE em MA, podendo ser de Liberdade Assistida – LA ou de

Prestação de Serviços à Comunidade - PSC e como sub-áreas as relações de gênero presentes nas

MSE, as relações de trabalho feminino na adolescência das meninas em cumprimento de MSE em

MA e as consequência das MSE na vida destas adolescentes.

O objetivo deste artigo é apresentar as deficiências e vantagens das abordagens já realizadas

sobre o tema, visando elaborar uma breve revisão bibliográfica que subsidie o desenvolvimento da

dissertação de mestrado e desperte novos interesses de produção na área. Este tema foi escolhido

com base na experiência profissional obtida durante os anos de 2014 e 2016, trabalhando como

assistente social do Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS no

1Mestranda em Tecnologia e Sociedade pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia - PPGTE, da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Especialista em Saúde Mental e Graduada em Serviço Social pela

Universidade Estadual de Londrina - UEL. Pesquisadora do Núcleo de Gênero e Tecnologia – GeTec. E-mail:

[email protected]. 2Pós-Doutora em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismos pela Universidade Federal da Bahia;

Doutora e Mestra em Tecnologia pelo PPGTE. É Professora de matemática pela UTFPR desde 1994. Também faz parte

do corpo docente do PPGTE e da coordenação do GETEC, pela mesma universidade. E-mail para contato:

[email protected].

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Município de Rio Branco do Sul – Paraná, que mostrou a necessidade de se investigar a realidade

das adolescentes em cumprimento de MSE em meio aberto.

Ao observar as adolescentes que eram atendidas no CREAS, percebeu-se que em sua

maioria, não almejavam uma carreira profissional e que em alguns casos não viam o trabalho

doméstico como um trabalho, apesar de já o realizarem. Com isso surgiram algumas dúvidas:

Qual a concepção de trabalho destas adolescentes?

As relações de gênero estão ligadas as suas decisões profissionais?

A MSE influencia educacionalmente estas adolescentes?

Com base nestes questionamentos, delimitou-se como tema da pesquisa as MSE em meio

aberto e seus desdobramentos, sob o qual foi realizada a pesquisa bibliométrica que inicialmente

trouxe como resultado 124 referencias. Porém, após leitura dos títulos e resumos identificou-se que

apenas 27 destas obras respondiam ao tema e/ou suas sub-áreas, tornando-se este o universo do

estudo. Para uma melhor compreensão, traremos na sequência, o que os/as autores/as

selecionados/as falam sobre a grande e as sub-áreas do tema e apresentaremos uma breve reflexão

sobre os resultados encontrados.

2 Contextualização, abordagem e execução das MSE

Para iniciar a discussão sobre as MSE em suas mais diversas facetas, os/as autores/as

selecionados/as utilizaram-se da contextualização histórica. Em sua maioria, trouxeram dados sobre

o sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente apresentando a trajetória percorrida

até a formulação atual.

Dentre as inúmeras e recorrentes informações encontradas, Maria Cristina dos Santos e

Moisés Francisco Farah Junior (2012, p. 302) discorrem que:

O Estatuto (da criança e do adolescente – ECA) passou a adotar uma ordem jurídica

totalmente diversa da anterior – correcional e repressiva. Acolheu a Doutrina da proteção

integral, segundo a qual crianças e adolescentes são reconhecidos como pessoa em

condição peculiar de desenvolvimento, sujeitos de direito e destinatários de prioridade

absoluta.

Para Santos e Farah Jr. (2012) este olhar diferenciado passa a focar a totalidade das crianças

e adolescentes, incluindo os infratores, fazendo com que a sociedade, a família e as autoridades

públicas ocupem o papel de devedores, no que tange a garantia de direitos para estes sujeitos.

Um ponto levantado por Cristiano Costa de Carvalho (2013, p. 75) é a dificuldade

enfrentada na execução do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Para o

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autor “não se tem uma bibliografia que norteie a atuação frente aos adolescentes que cumprem MSE

em MA, a não ser o ECA”, carecendo de novas pesquisas e estudos que auxiliem no direcionamento

da aplicação efetiva deste sistema.

Carvalho (2013, p. 78) faz destaque a MSE de LA, considerando que:

O programa de liberdade assistida é umas das políticas públicas da assistência social, que

tem como objetivo garantir o convívio social e conscientizar o adolescente do ato cometido,

porém como toda política social inserida na logica neoliberal, possui desafios devido ao seu

caráter fragmentado, não reconhecendo o sujeito como um todo, e minimizando o

atendimento perante as demandas dos adolescentes.

Dentre as bibliografias selecionadas, outros/as autores/as tais como Edenilza Gobbo e Crisna

Maria Muller (2009), Leila Maria Torraca de Brito (2007), Fabio Silvestre Silva, Francisco Helder

da Silva, Marcelo Arruda Piccione e Roberta Freitas Lemos (2008), Maria Emilia Passamani e

Edinete Maria Rosa (2009) abordam a MSE em MA com enfoque nas dificuldades e necessidades

da execução da LA, porém não realizam recorte de gênero e/ou relações de trabalho feminino na

adolescência.

Ainda sobre a aplicação das MSE e sua importância, destacamos as autoras Claudia Regina

Brandão Sampaio Fernandes da Costa e Simone Gonçalves de Assis (2006, p. 78) que apresentam

os fatores de proteção mais significativos ao desenvolvimento do adolescente em conflito com a lei,

sendo eles: “vínculos familiares fortes; êxito escolar; estabilidade; apoio mútuo; capacidade de

tomar decisões; rotinas organizadas; compartilhamento de sentimentos; responsabilidade; auto-

estima; competência; religiosidade”.

As autoras Costa e Assis (2006) aprofundaram o estudo sobre três fatores, os quais com base

nos limites de alcance das MSE consideram de maior relevância: Fortalecimento de vínculos,

autonomia e projeto de vida. Para as autoras (2006, p. 78), “a possibilidade de desenvolver

confiança básica em si mesmos e no meio demanda qualidade nos vínculos” dos/as adolescentes

para com a equipe técnica que executa as MSE e as pessoas de seu convívio diário. Segundo as

autoras, a promoção destes fatores:

pode resultar na aquisição de outros importantes recursos para que os adolescentes em

situação de risco social desenvolvam a capacidade de resistir à destruição e a capacidade

para se reconstruir, que constituem os dois componentes básicos da resiliência. (COSTA;

ASSIS, 2006, p. 80)

A abordagem e execução das MSE devem garantir a promoção dos fatores protetivos. Para

que isso seja possível é necessário que se compreenda o contexto no qual o adolescente está

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inserido e qual a composição da rede de assistência que deverá ser acionada para o atendimento de

forma integral. Com base em Lisélen de Freitas Avila (2013, p. 43):

as medidas socioeducativas em meio aberto de PSC e LA requerem das entidades e serviços

que as executam a articulação com os demais órgãos e serviços governamentais e não

governamentais responsáveis pela garantia dos direitos da criança e do adolescente onde a

família e a educação ocupam espaço fundamental. Dessa forma, o diálogo entre a escola e

os serviços de execução das medidas socioeducativas em meio aberto é essencial para o

sucesso da medida aplicada. As diferentes contribuições ampliam as possibilidades e

apontam novos caminhos para o rompimento da prática infracional.

Para que as MSE atinjam ao objetivo delineado no SINASE, é necessário compreender seu

papel pedagógico em detrimento ao caráter sancionatório. Para trabalhar as questões implicadas

neste recorte, buscamos as obras das autoras Cândida Costa (2015), Olga Maria Pimentel Jacobina e

Liana Fortunato Costa (2011), Gobbo e Muller (2011).

Costa (2015, p. 66) traz sua contribuição referente aos desafios encontrados na

implementação e efetivação da prática pedagógica:

O principal limite pedagógico é identificado quando os programas socioeducativos, a

pretexto de socializar o adolescente em conflito com a lei, se propõe, a “trata-lo”,

“transformá-lo”. Essas iniciativas tendem a despersonalizar o adolescente, a desconhecê-lo

em sua singularidade. Compreender o adolescente em sua singularidade significa recusar

uma denominação e características que deveriam ser comuns a todos os adolescentes, pois

não existe uma única forma de viver a adolescência, de vez que esta foi construída social e

historicamente. As aflições de classe, etnia, gênero, as vivências familiares, os momentos

históricos e contexto social em que se inserem são elementos significativos nas vivências

de cada adolescente. Daí, porque não se pode eleger técnicas seriadas pra tratar com os

adolescentes, sendo necessário compreender suas experiências de vida.

Ainda sobre a implementação e efetivação da prática pedagógica, Jacobina e Costa (2011)

ressaltam que é necessário sair do papel passivo e assumir o papel ativo no acompanhamento dos

adolescentes em conflito com a lei. As autoras ressaltam:

Entretanto, se avançamos quanto aos dispositivos legais que visam garantir a execução da

MSE pautada nos Direitos Humanos, ainda estamos longe do preconizado quando o assunto

é adolescente e criança em situação de vulnerabilidade e/ou risco social. (JACOBINA;

COSTA, 2011, p. 137)

Gobbo e Muller (2011, p.182) reforçam a importância do olhar pedagógico nas MSE. As

autoras afirmam que:

Assim, o espaço do aprender é o próprio ser do indivíduo, pois é ali que ocorre o embate

decisivo entre as diferentes influências, o que irá determinar o seu comportamento. Tal

entendimento exige que não se subestime a experiência do educando, pois ela é tudo no

processo educacional. Não que com isso o papel do mestre seja dispensável, pelo contrário.

Segundo as autoras, isso se deve a necessidade de aceitação e adaptação que o ser humano

tem em relação ao meio que vive, onde se considerando as subjetividades individuais, a prática

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pedagógica acontece. Ressaltam que “assim, no atendimento socioeducativo faz-se necessário, para

ser eficaz, voltar o olhar para a trajetória do adolescente em processo de desenvolvimento, suas

relações e interligações com a realidade social”. (GOBBO; MULLER, 2011, p. 183)

Trazemos aqui, mais duas autoras que discorrem sobre a tomada de decisão sobre a

aplicação das MSE e suas consequências na vida dos adolescentes em conflito com a lei. Maria

Cristina Marushi e Ruth Estevão Marina Rezende Bazon (2013, p. 454) afirmam que:

A correta identificação da medida socioeducativa que melhor se aplica ao adolescente e a

definição da amplitude da intervenção, fundamentada na avaliação que se puder fazer as

necessidades de acompanhamento do adolescente, são fundamentais para a interrupção da

prática de delitos e a promoção do desenvolvimento do adolescente.

Corroborando com este posicionamento, Claudia Regina Brandão Sampaio Fernandes da

Costa (2005) traz exemplos de experiências “bem sucedidas” para mostrar que novos caminhos de

abordagem são possíveis. Para a autora, é valido olhar para as experiências positivas para que:

Ainda que a tese de continuidade e estabilidade da conduta infracional esteja presente no

contexto socioeducativo, há que se considerar que outras trajetórias se delineiam enquanto

possíveis, constituindo experiências de descontinuidade e mudança, apontando para outras

direções, tornando factível a própria ideia que move o princípio socioeducativo: mudar é

possível. Promover mudança é o que deve, portanto, vislumbrar o sistema socioeducativo.

(COSTA, 2005, p. 85-86)

Trabalhando com as representações de adolescentes em LA, as autoras Bianca Izoton

Coelho e Edinete Maria Rosa (2013) analisaram as representações sociais do ato infracional e

medida socioeducativa. Com a referente pesquisa as autoras concluíram que:

o ato infracional ainda está condicionado ao crime adulto, sendo que, social e moralmente,

não estamos preparados para considerações acerca de direitos e deveres de adolescentes

como pessoas em desenvolvimento. Esse fato torna-se ainda mais preocupante, uma vez

que nem mesmo os adolescentes conseguem se considerar providos de direitos e deveres.

Assim, tem-se a impressão de que o ato infracional é mais um tipo de violência e, como

toda violência, deve ser punida utilizando-se para isso de qualquer meio. Não obstante, ai

também está inclusa a utilização de violência para o combate a violência. (COELHO;

ROSA, 2013, p. 171)

Toda essa discussão nos faz pensar no paradigma entre teoria e prática. Se na teoria temos

obtido um avanço considerável referente às MSE, na prática ainda temos um caminho longo e árduo

para trilhar. Caroline Santos de Viera (2009) destaca que a instrumentação teórica, que ocorre no

âmbito da ciência do direito, deve subsidiar as decisões judiciais frente ao processamento e

julgamento do adolescente que pratica o ato infracional. Porém, considera que:

o Direito não é capaz de dar conta do complexo problema da violência, sob pena de exceder

os limites de um Estado Democrático de Direito, o que denota a importância do estudo

crítico para a implementação do modelo garantista insculpido pelo paradigma da proteção

especial quando da prática de ato infracional por adolescente. O modelo garantista vai aqui

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defendido enquanto liame mínimo de legitimação do poder político do Estado. (VIERA,

2009, p. 110)

Segundo os/as autores/as até aqui apresentados/as, para que a execução das MSE, seja

realizada de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo SINASE, que teve como base a doutrina da

proteção integral, devemos olhar para o adolescente que pratica o ato infracional como um sujeito

em situação peculiar de desenvolvimento, que tem suas subjetividades ligadas as particularidades de

seu cotidiano, necessitando assim de um planejamento individualizado para um atendimento eficaz.

Buscaremos a partir daqui resgatar as obras selecionadas que contribuíram na construção das

categorias de estudo.

3 O liame entre as produções e as especificidades do tema

Com base na delimitação do tema realizada previamente, buscaremos mostrar o que as

produções selecionadas através da pesquisa bibliométrica trazem de contribuição. Apontaremos se

as mesmas abordam todas as especificidades, quais as deficiências e vantagens encontradas e quais

as necessidades identificadas.

3.1 Relações de gênero presentes na MSE

Após a leitura dos 27 referenciais obtidos com a pesquisa bibliométrica, identificamos

apenas uma dissertação que abordava diretamente as relações de gênero nas MSE e um artigo que

trazia informações de gênero em seu conteúdo. Joana das Flores Duarte (2016), em sua dissertação

de mestrado intitulada: “Para além dos muros: As experiências sociais das adolescentes privadas de

liberdade”, ao falar sobre as unidades de internação relata que:

No que se refere á discussão de gênero, enquanto fenômeno legal, dentre os motivos que

justificam o atual modelo, a falta de parâmetros norteadores na legislação destinada às

adolescentes permite a manutenção do modelo reformador, evidenciado pela pesquisa do

CNJ ao afirmar que a falta de orientação e formação dos profissionais são um dos agravos

que acarretam violações de direitos humanos nas unidades socioeducativas em todo Brasil.

(DUARTE, 2016, p. 95)

Duarte (2016) aponta questões como a invisibilização das adolescentes em restrição de

liberdade, critica a perspectiva biologizante da normatização dos corpos, e faz considerações sobre

identidade de gênero tomando como base grandes autores/as como Michel Foucault (2014) e Judith

Butler (2015).

Com o enfoque nas percepções sobre as famílias dos/as adolescentes em conflito com a lei,

as autoras Fernanda Ludke Nardi e Débora Dalbosco Dell’Aglio (2012, p. 183) relataram que:

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Um estudo feito com 50 meninas infratoras, que possuíam idades entre 13 e 20 anos,

revelou a presença de violência intra e extra familiar no contexto em que as jovens viviam.

As adolescentes estavam expostas a um contexto social e familiar caracterizado por

agressões físicas, discussões verbais, ameaças, abuso sexual, envolvimento com o tráfico e

uso de drogas, bem como escolhas amorosas por companheiros violentos e também

envolvidos no mundo infracional.

Neste relato, as autoras não explicitam se as adolescentes do estudo em questão são de MSE

em MA ou em Meio Fechado (MF).

Ao finalizar a leitura das obras selecionadas, constatou-se que, apesar de trazerem

questões relacionadas a gênero, não abordaram a totalidade desta sub-área que se reporta

especificamente a meninas adolescentes em cumprimento de MSE em MA.

3.2 Relações de trabalho feminino na adolescência

Com o resultado obtido através da pesquisa bibliométrica, não foi possível localizar

nenhuma referência que trouxesse informações sobre as relações de trabalho na adolescência

feminina. Para que esta sub-área seja estudada serão necessários novos testes de aderência para a

criação de uma fórmula específica de busca.

Podemos considerar, com base no resultado apresentado, que existe uma carência de

produções que abordem a temática apesar de sua importância no contexto de formação das

adolescentes que se encontram como sujeitos em situação peculiar de desenvolvimento.

3.3 Consequências das MSE em MA na vida das adolescentes

Para trabalhar as consequências das MSE na vida das adolescentes, selecionamos dentre as

27 referências, oito obras que de alguma forma trouxeram informações que contribuíram para a

elaboração desta sub-área. Apesar do foco dos artigos escolhidos em sua maioria não abordarem as

MSE de PSC e tratarem somente a LA e a privação de liberdade, apontaram que a educação, a

família e o processo de (res)socialização interferem diretamente neste processo.

Com base em Ivani Ruela de Oliveira Silva e Leila Maria Ferreira Salles (2012), Aline

Fávaro Dias (2013) e Glaziela Cristiani Solfa Marques (2013), podemos afirmar que a educação

e/ou ação educativa pode acarretar em inúmeras consequências na vida dos/as adolescentes que

cometeram ato infracional. Isto porque a escola e as instituições executoras das MSE possuem papel

fundamental na formação de opinião e superação das situações de conflito.

Sobre o processo educativo, Marques (2013, p.201) afirma:

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Compreende-se a ressignificação como processo desenvolvido junto ao adolescente, em que

o mesmo possa refletir ao se deparar com suas limitações, suas ações, mas também com a

descoberta de potencialidades, com novas formas de agir e estar no mundo. Nesse sentido o

ato infracional é considerado como uma ocorrência na vida do adolescente, como uma

situação a ser transposta. Deverá refletir sobre a sua realização, suas responsabilidades e

implicações. Mas não ignora o contexto social em questão, nem tão pouco as situações de

vulnerabilidades em que estão implicados, buscando uma problematização sobre as mesmas

e alternativas ao seu sofrimento.

Para demonstrar como os problemas educacionais se incidem na vida dos/as adolescentes

que cumprem MSE, Dias (2013, p. 73) ressalta que “no que se refere a escola, pesquisas realizadas

em âmbito nacional indicam que a repetência, a dificuldade em conseguir vagas e a evasão escolar

são fenômenos comuns entre jovens que cometeram atos infracionais”. A autora ressalta ainda que:

apesar da garantia da educação como um direito do público infanto-juvenil, diante dos

dados apresentados, é possível perceber a dificuldade contrariando os direitos adquiridos e

a tendência de democratização do acesso à escola. Tal exclusão pode significar limitar o

desenvolvimento do indivíduo, impedindo-o, por exemplo, de construir novas significações

sociais e adquirir consciência de sua situação através da intervenção escolar. (DIAS, 2013,

p. 74)

A autora conclui que “faz-se importante discutir a escola a partir da visão dos jovens que

estão em conflito com a lei; essa discussão pode contribuir para o entendimento do significado da

escola para estes jovens”. (DIAS, 2013, p. 74)

Sobre a ressocialização, Magro e Gobbo (2007, p. 159) trazem considerações que mostram a

importância de olharmos cuidadosamente para as MSE:

Considerando as peculiaridades da medida de Liberdade Assistida, não restam dúvidas de

que ela seja uma medida de verdadeiro caráter pedagógico, porém necessita, para sua

concretude, de estrutura adequada e de um comprometimento maior da sociedade e Poder

Público para que, efetivamente, ofereça-se ao adolescente a possibilidade de reinserção

social, acompanhando seu convívio familiar, escolar e na sociedade, além de inclui-lo em

programas que auxiliem em sua formação pessoal.

Paulo Arthur Malvasi (2011, p. 168-169) argumenta:

Ao situar os adolescentes como sujeitos de direitos, o sistema socioeducativo passa a

representar a possibilidade de eles mudarem o comportamento desviante e assim tornarem-

se membros da sociedade. Dessa forma, o Estado faz a sua parte, cumpre suas funções

racionais de controle da criminalidade e, ao mesmo tempo, de promoção da cidadania. O

Estado garante o direito do adolescente se ressocializar, permite que ele, por meio de sua

razão individual, possa transpor a fronteira do “mundo do crime”. Se o adolescente não a

transpuser, isso será uma fraqueza individual ou da família. Cria-se uma noção de

diversidade entre jovens aptos a voltarem ao convívio social e jovens reincidentes.

Para o autor a questão familiar também causa implicações na vida dos/as adolescentes que

cumprem MSE. Nesta mesma linha, as autoras Ana Paula Motta Costa e Juliana Maia Goldani

(2015, p. 91) concluem que:

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a intervenção familiar é, portanto, um instrumento de controle social no qual a imposição

da normalidade familiar funciona como uma parte do processo de moralização controladora

dos grupos populares. Busca-se na fiscalização da família, um meio de controlar os estratos

sociais mais baixos.

Corroborando com esta ideia, Nardi e Dell’Aglio (2012, p. 183) justificam que “alguns

adolescentes autores de ato infracional apresentam um comportamento violento que pode ser

explicado pelo padrão de relações estabelecidas dentro de sua família”, reforçando assim a família

como um fator importante nas consequências geradas pelas MSE na vida dos/as adolescentes.

4 Considerações finais

Tomando como base de busca a pesquisa bibliométrica, após o teste de aderência das

fórmulas e análise das obras encontradas, podemos observar que o tema deste artigo não foi

contemplado em sua plenitude. Mesmo com busca sistemática, não localizamos referências que

abordassem as relações de trabalho e MSE em MA conjuntamente.

Ao focarmos a pesquisa no tema central MSE em MA, as abordagens encontradas em sua

maioria tratavam apenas da MSE de LA deixando uma lacuna sobre as MSE de PSC. Quando nos

referimos as questões de gênero, pouco encontramos, sendo que a única obra que tinha este enfoque

se referia a meninas em MSE de privação de liberdade.

Analisando o resultado da pesquisa, concluímos que existe a necessidade de investir em

pesquisas sobre as MSE em MA com enfoque de gênero, para que se possa subsidiar uma forma

mais eficaz de garantia dos direitos destas adolescentes e as mesmas saiam desta condição de

invisibilidade.

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Work Relationships and Social & Educational Measures in an Open Environment: State of

Art

ABSTRACT: The purpose of this article is to present the state of art elaborated as part of the

research for a master’s dissertation which main theme is the Social & Educational measures in an

open environment and the female working relationships during adolescence. The theme was chosen

based on the professional experience acquired while working as a Social Assistant of Centro de

Referência Especializado em Assistência Social – CREAS, in Rio Branco do Sul, Paraná, from 2014

to 2016. To base the research and verify its relevance compared to other existing productions, a

bibliometric research was performed at Capes portal, which enabled the access to innumerous

national and international platforms. In a systematic manner and confirming the hypothesis that

there was a shortage of works about the selected theme, only 27 works were found – 24 articles and

3 theses that approach the object of the research in a way or another. The state of the art describes

the major area and the sub areas of the theme, thus bringing a theoretical approach, its advantages

and disadvantages of the approach, as well as the methodologies utilized. Also, this work attempts

to show what social work has produced about the theme and subsidize the dissertation.

Key Words: Social & educational measures; female adolescence; social work