medidas socioeducativas e o adolescente infrator

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8/19/2019 Medidas Socioeducativas e o Adolescente Infrator http://slidepdf.com/reader/full/medidas-socioeducativas-e-o-adolescente-infrator 1/28 Medidas socioeducativas e o adolescente infrator João Batista Costa Saraiva "...não vês ali, sentadas nessa casa, essas crianças que parecem emergir dum sonho !s mesmos que lhes deviam amor lhes deram morte..." #squilo. !rest$ada. %&' a.C.( ! )*M+  + aordagem do tema relativo -s medidas socioeducativas oportunia a uma s/rie de refle01es. 23 e0periências magn$ficas em andamento no Brasil, com resultados impressionantes, redução de reincidência, comprometimento do *stado e da Sociedade e resultados e0pressivos. + par dessa situação h3 fracassos retumantes, indiferença do 4oder 45lico *0ecutivo, como um todo, e Sistema de Justiça 6 onde incluo Judici3rio, Minist/rio 45lico e !rganismos de Segurança e +tendimento( e indiferença da pr7pria sociedade.  +s oas e0periências, inclusive em privação de lierdade, raramente encontram espaço na imprensa para divulgação. J3 o contr3rio / o8eto de den5ncias que se sucedem, como tem sido, por e0emplo9 e com acerto na den5ncia, por se constituir em uma situação insuport3vel e inadmiss$vel9 o modelo de atendimento para adolescentes privados de lierdade da :*B*M de São 4aulo, e0posta na m$dia seguidamente por suas maelas e violação dos direitos humanos dos adolescentes, em primeir$ssimo lugar, mas tam/m de suas v$timas e do pr7prio pessoal que traalha com estes 8ovens. ;emram o porão do +M<S)+= >avio >egreiro que deu t$tulo a um filme de Stephen Spielerg e que valeu o !scar de melhor ator coad8uvante a +nthon? 2op@ins. Como saemos, / ineg3vel que estes 8ovens são, antes de mais nada, v$timas de um sistema. A$timas do aandono estatal e da fam$lia, no mais das vees. Mas, / ineg3vel , que tam/m são, ou que tam/m tornamse, vitimiadores. =o sucesso no trato da questão infracional, de nossa capacidade de demonstrar o sentido de responsailiação da ;ei, que contempla direitos e origaç1es, depende o futuro do *C+ e de toda a proposta magn$fica que encerra. Como as oas e0periências não tem sido relatadas, / incutido na opinião p5lica um sentimento falso de que o modelo de atendimento de adolescentes infratores est3 fadado a não funcionar. +o lado disso, os inimigos do *C+ propalam aos quatro ventos, semeando sofismas e muitas inverdades, a id/ia falsa de que o *C+ teria se transformado em um instrumento de impunidade, confundindo conceitos, não saendo estaelecer a diferença entre inimputailidade penal9 ou se8a, a vedação de sumeterse o adolescente ao regramento penal imposto ao adulto, no Brasil os maiores de ' anos.  +penas para referir a e0periência europ/ia, +lemanha, B/lgica, Bulg3ria, =inamarca, *spanha desde o novo C4 espanhol, que revogou a legislação penal franquista(, :rança, Dr/cia, 2olanda, 2ungria, <nglaterra, <t3lia, Eomênia, Su/cia e Su$ça, fi0am a idade de responsailidade penal em ' anos. +lemanha, =inamarca, *spanha, Eomênia e Su$ça, esta at/ os FG anos, e aqueles at/ F anos, tem um tratamento diferenciado para o H8ovem adultoI, que poder3, em certas circunstncias sumeterse -s Hsanç1esI pr7prias da adolescência, mesmo 83 penalmente imput3veis. *stes pa$ses prevêem em suas legislaç1es a responsailiação dos inimput3veis como o Brasil, pelo *C+(, com regramentos variadosK +lemanha,  Lustria, Bulg3ria, 2ungria, <t3lia, a partir dos % anos9 B/lgica, 4ortugal e Eomênia a partir dos anos9 =inamarca e Su/cia a partir dos G anos, *spanha

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Medidas socioeducativas e o adolescente infrator 

João Batista Costa Saraiva

"...não vês ali, sentadasnessa casa, essascrianças que parecememergir dum sonho!s mesmos que lhesdeviam amor lhesderam morte..."#squilo. !rest$ada. %&'a.C.(

! )*M+

 + aordagem do tema relativo -s medidas socioeducativas oportunia a uma s/rie

de refle01es. 23 e0periências magn$ficas em andamento no Brasil, comresultados impressionantes, redução de reincidência, comprometimento do *stadoe da Sociedade e resultados e0pressivos. + par dessa situação h3 fracassosretumantes, indiferença do 4oder 45lico *0ecutivo, como um todo, e Sistemade Justiça 6 onde incluo Judici3rio, Minist/rio 45lico e !rganismos deSegurança e +tendimento( e indiferença da pr7pria sociedade.

 +s oas e0periências, inclusive em privação de lierdade, raramente encontramespaço na imprensa para divulgação. J3 o contr3rio / o8eto de den5ncias que sesucedem, como tem sido, por e0emplo9 e com acerto na den5ncia, por seconstituir em uma situação insuport3vel e inadmiss$vel9 o modelo de atendimentopara adolescentes privados de lierdade da :*B*M de São 4aulo, e0posta na m$diaseguidamente por suas maelas e violação dos direitos humanos dosadolescentes, em primeir$ssimo lugar, mas tam/m de suas v$timas e do pr7prio

pessoal que traalha com estes 8ovens. ;emram o porão do +M<S)+= >avio>egreiro que deu t$tulo a um filme de Stephen Spielerg e que valeu o !scar demelhor ator coad8uvante a +nthon? 2op@ins.

Como saemos, / ineg3vel que estes 8ovens são, antes de mais nada, v$timas deum sistema. A$timas do aandono estatal e da fam$lia, no mais das vees. Mas, /ineg3vel , que tam/m são, ou que tam/m tornamse, vitimiadores.=o sucesso no trato da questão infracional, de nossa capacidade de demonstrar osentido de responsailiação da ;ei, que contempla direitos e origaç1es,depende o futuro do *C+ e de toda a proposta magn$fica que encerra.

Como as oas e0periências não tem sido relatadas, / incutido na opinião p5licaum sentimento falso de que o modelo de atendimento de adolescentes infratoresest3 fadado a não funcionar. +o lado disso, os inimigos do *C+ propalam aosquatro ventos, semeando sofismas e muitas inverdades, a id/ia falsa de que o*C+ teria se transformado em um instrumento de impunidade, confundindoconceitos, não saendo estaelecer a diferença entre inimputailidade penal9 ouse8a, a vedação de sumeterse o adolescente ao regramento penal imposto aoadulto, no Brasil os maiores de ' anos.

 +penas para referir a e0periência europ/ia, +lemanha, B/lgica, Bulg3ria, =inamarca, *spanha desde onovo C4espanhol, que revogou a legislação penal franquista(, :rança, Dr/cia, 2olanda,2ungria, <nglaterra, <t3lia, Eomênia, Su/cia e Su$ça, fi0am a idade deresponsailidade penal em ' anos. +lemanha, =inamarca, *spanha, Eomênia eSu$ça, esta at/ os FG anos, e aqueles at/ F anos, tem um tratamentodiferenciado para o H8ovem adultoI, que poder3, em certas circunstnciassumeterse -s Hsanç1esI pr7prias da adolescência, mesmo 83 penalmenteimput3veis. *stes pa$ses prevêem em suas legislaç1es a responsailiação dos

inimput3veis como o Brasil, pelo *C+(, com regramentos variadosK +lemanha, Lustria, Bulg3ria, 2ungria, <t3lia, a partir dos % anos9 B/lgica, 4ortugal eEomênia a partir dos anos9 =inamarca e Su/cia a partir dos G anos, *spanha

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e 2olanda como o Brasil( a partir dos F anos9 :rança, Dr/cia e 4olNnia apartir dos O anos e <nglaterra e Su$ça que dão possiilidade deresponsailiação de crianças, com sanç1es especiais, desde os sete anos. Aidetaela ao final deste traalho. :onteK Conselho da *uropaK E/actions sociales 3la delinquance 8uvenil, in Carlos )iffer Sotoma?or, ;e? de 8usticia penal 8uvenilP Comentada ? Concordada 6 Q ed. 6 San Jos/ 6 Costa Eica, C.E.KJuriste0to, &&, p. FRF.

4or não saerem distinguirinimputailidade de impunidade induem em erro a opinião p5lica, traempropostas reducionistas - idade de responsailidade penal, distorcem fatos.Muitos o faem por desconhecimento, por ignorarem os instrumentos que o*statuto da Criança e do +dolescente disp1e. HAomitam aquilo do qual não sealimentaramI, como certa ve sentenciou +ntNnio Carlos Domes da Costa.

 +ssim se aproveitam os simplistas de prontidão, diante do clima deinsegurança, violência e medo que desnorteia a sociedade rasileira, vitimiadapelo desemprego e pela paralisia de seus governantes, e radam com propostas deredução de idade de imputailidade penal, induindo a opinião p5lica noequ$voco de que inimputailidade seria sinNnimo de impunidade, construindo umimagin3rio de que tal alternativa seria apta a conter a criminalidade e

restaelecer a ordem.# passada a id/ia de que o sistema de atendimento de infratores não tem 8eito,e que motins e insurreiç1es são da rotina deste processo, com mortes, edesrespeito dos direitos humanos de todos, dos infratores, de suas v$timas, dostraalhadores do sistema.

 + par disso travase entre os defensores do *C+ um deate -s vees virilrelativamente - naturea 8ur$dica da medida socioeducativa, se o *statutocontemplou ou não, sore este ou outro ad8etivo, um direito penal 8uvenil,sancionat7rio do adolescente quando autor de conduta a qual a ;ei 4enal definecomo crime ou contravenção Sore o temaK +maral e Silva, +ntNnio :ernando do.H! mito da inimputailidade 4enal do +dolescenteI. <n Eevista da *scolaSuperior da Magistratura do *stado de Santa Catarina, v. G, :lorian7polisK +MC,&&', e Saraiva, João Batista Costa. H+dolescente e +to <nfracionalK garantiasprocessuais e medidas socioeducativasI. 4orto +legreK ;ivraria do +dvogado,&&&.

*ste deate resultou e0acerado desde que passou a ser discutido noBrasil a necessidade ou não de uma ;ei para regular a e0ecução das medidassocioeducativas, ante a ausência de disposiç1es espec$ficas, notadamente apartir de uma proposta de esoço de antepro8eto da lavra do eminente=esemargador Catarinense +ntNnio :ernando do +maral e Silva, intransigentedefensor do *C+, que ense8ou muita polêmica entre os militantes da 3rea dainfncia e 8uventude *soço para um antepro8eto de ;ei de *0ecuç1es de MedidasS7cio*ducativas, )e0to da =iscussão, pulicado pela +BM4, em &&'.

 + certea que se e0trai de todo o deate e do amiente que se estaelece dicomo a necessidade de se demonstrar o 7vio. Sim, porque o 7vio precisa ser

dito. ual se8a, de que o *statuto prevê soluç1es adequadas e efetivas -questão da chamada delinqTência 8uvenil e o que nos tem faltado / a efetivaçãodestas propostas, seguramente por ausência de decisão pol$tica, mas não apenaspor isso, tam/m pela inação da sociedade, que parece, em especial em nossocentros uranos maiores, adormecida, indiferente ao destino de nossas criançase 8ovens, prioridade asoluta da >ação rasileira.

UM+ E*:;*VW! >*C*SSLE<+

Certa feita utiliei uma referência feita por Moacir Scliar em um artigo seu,onde relata uma hist7ria contada por Simone de Beauvoir, onde uscava eusimoliar o equ$voco na condução do deate relativo - delinqTência 8uvenil emface nosso ordenamento 8ur$dico e organiação pol$tica e social. Cae aquiretomar esta par3ola.

>a hist7ria contada por Simone, uma mulher, maltrada pelo marido, arran8ara umamante, a cu8a casa ia uma ve por semana. 4ara visitar o amante tinha de

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atravessar um rio e podia faêlo de duas maneirasK por arca ou por uma ponte.!corre que nas viinhanças havia um conhecido assassino, motivo pelo qual amulher a evitava. Um dia, demorouse mais que de costume, e quando chegou aorio, o arqueiro não quis lev3la, diendo que seu e0pediente tinha terminado. + mulher pediu ao amante que a acompanhasse at/ a ponte, mas este recusou,alegando cansaço. + mulher resolveu arriscar, e o assassino a matou.

Simone então perguntaK quem / o culpado ! arqueiro urocrata ! amantenegligente !u a pr7pria mulher, por ad5ltera * comentaK *m geral, as pessoas culpam um destes três, mas ningu/m se lemra doassassino. # como se fosse normal para um assassino assassinar.

uando retoma com força a id/ia de redução da idade de responsailidade penalpara faer imput3vel os 8ovens a partir dos anos h3 quem defenda menos(, emespecial porque se desconhece as medidas socioeducativas, esta hist7ria permiteuma transposição para a realidade de nossa discussão.

*sta tese, do reai0amento da idade, em princ$pio, convençome, se fainconstitucional, pois o direito insculpido no art. FF', da C: que fi0a em 'anos a idade de responsailidade penal( se constitui em cl3usula p/trea, pois /ineg3vel seu conte5do de "direito e garantia individual", referido no art. R,

<A da C: como insuscept$vel de emenda. =emais a pretensão de redução viola odisposto no art. % da Convenção das >aç1es Unidas de =ireito da Criança, ondeest3 impl$cito que os signat3rios não tornarão mais gravosa a lei interna deseus pa$ses. ! te0to da Convenção se fa ;ei interna de car3ter constitucional- lu do par3grafo segundo do art. GX da C:.

Mas a questão de fundo não / esta.)angenciando a sempre lemrada tese do discernimento asolutamente descaida,pois / not7rio que se trata de decisão de pol$tica criminal a fi0ação et3ria tal procedimento vem na contramão da hist7ria, vide a recente reforma do C7digo4enal *spanhol que, desde o tempo da ditadura franquista fi0ava aresponsailidade penal em anos e que agora foi elevada para ' anos.

 + questão da responsailiação do adolescente infrator e a eventual sensaçãoda impunidade que / passada para a opinião p5lica decorre não do te0to legalnem da necessidade de sua alteração mesmo se admitindo não ser o *statuto daCriança e do +dolescente uma ora pronta e acaada. + questão toda se funda naincompetência do *stado na e0ecução das medias s7cioeducativas previstas na;ei, a ine0istência ou insuficiência de programas de e0ecução de medidas emmeio aerto e a carência do sistema de internamento privação de lierdade(,denunciado diariamente pela imprensa, com raras e honrosas e0ceç1es.

Como no caso do homic$dio da mulher ad5ltera narrado por Simone se ficadiscutindo o crescimento da violência 8uvenil esquecendo que tem como causaso desemprego, a mis/ria, a deseducação e a desagregação familiar , se ficaafirmando a necessidade de redução da responsailidade penal esquecendo que osistema penal rasileiro / ca7tico, pretendendo lançar 8ovens de anos noconv$vio de criminosos adultos , e não se fala do verdadeiro vilão, qualse8a, a ausência de comprometimento do *stado e da Sociedade com a efetivação

das propostas traidas pelo *C+.

! modelo preconiado pelo *C+ / totalmente efica e adequado, e estão a$ ase0periências onde houve uma efetiva aplicação a demonstrar o que afirmo,responsailiando e recuperando 8ovens, devendo sim ser efetivado o que Marcel2ope vaticinaK ! *statuto / a receita, que a n7s cumpre aviar.*m resumoK falhas h3 e são graves, mas não são falhas de legislação.

! erro que susiste est3 na e0ecução das medidas, na ausência ouinsuficiência( de investimentos nesta 3rea e na necessidade de uma organiaçãopr7pria e especialiada para o trato de 8ovens em confronto com a lei, cu8ose0igem tratamento diferenciado daquele dedicado a 8ovens e crianças em situaçãoe0clusiva de aandono ou portadores de necessidades especiais.>o que respeita ao pro8eto socioeducativo h3 necessidade de uma regulamentação,

em complemento ao *C+, definindo procedimentos e estaelecendo com clarea oslimites de responsailidade de cada ator que opera na cena do trato doadolescente em conflito com a lei. =a$ porque ser oportuno que e0ista uma lei

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de e0ecução de medidas socioeducativas, rompendo com a desregulamentação desta3rea e opondose definitivamente ao ar$trio.

*nquanto se despende energia vital discutindo redução da idade deresponsailidade criminal, permanecemos a ignorar a questão fundamental, qualse8a, asta se dar meios de e0ecução -s medidas que o *C+ prop1e que sealcançar3 os resultados que toda a sociedade afirma dese8ar. ! fato / que

falamos muito em igualdade de direitos e de origaç1es, mas no momento decorarmos, especialmente dos e0clu$dos suas origaç1es, que são iguais a quee0igimos dos inclu$dos, nos esquecemos de que -queles não se assegura os mesmosdireitos do que a estes. >ossa "p3tria mãe gentil" tem sido madrasta para agrande maioria de seus filhosK cora de todos , mas oferece condiç1es apoucos... acaar3 sendo destitu$da do p3trio poder por aandono.

 + >+)UE*Y+ JUEZ=<C+ =+S M*=<=+S S!C<!*=UC+)<A+S

# ineg3vel que o *statuto da Criança e do +dolescente construiu um novo modelode responsailiação do adolescente infrator. uando nosso 4a$s rompeu com avetusta doutrina da situação irregular e incorporou a =outrina da 4roteção<ntegral, promovendo o então HmenorI, mero o8eto do processo, para uma novacategoria 8ur$dica, passandoo - condição de su8eito do processo, conceituando

criança e adolescente, estaeleceu uma relação de direito e dever, oservada acondição especial de pessoa em desenvolvimento, reconhecida ao adolescente.

! conceito que se pretenda emprestar ao sistema 8ur$dico adotado pelo *C+ notratamento da questão do adolescente em conflito com a ;ei, o nomem 8uris destesistema, se de Hresponsailiação especialI, se de Hresponsailiaçãoestatut3riaI, se de Hresponsailiação infracionalI, ou se de Hdireito penal 8uvenilI, desimporta, desde que tenhamos clarea que o *C+ imp1e sim sanç1esaos adolescentes autores de ato infracional e que a aplicação destas sanç1es,aptas a interferir, limitar e at/ suprimir temporariamente a lierdade dos 8ovens, h3 que se dar dentro do devido processo legal, so princ$pios que sãoe0tra$dos do direito penal, do garantismo 8ur$dico, da ordem constitucional queassegura os direitos de cidadania. ! *stato de =ireito se organia no inNmiodireitoPdever, de modo que -s pessoas em peculiar condição de desenvolvimento,assim definidas em lei, cumpre ao *stado definirlhe direitos e deverespr7prios de sua condição. + sanção estatut3ria, nominada medida socioeducativa,tem ineg3vel conte5do aflitivo como diria o velho Basileu Darcia( e por certoesta carga retriutiva se constitui em elemento pedag7gico imprescind$vel -construção da pr7pria essência da proposta socioeducativa. 23 a regra e h3 oNnus de sua violação. =esta forma somente poder3 ser sancion3vel o adolescenteem determinadas situaç1es. S7 receer3 medida socioeducativa se autor dedeterminados atos. uais uando autor de ato infracional. * o que / atoinfracional + conduta descrita na ;ei 4enal( como crime e contravenção.>ão e0iste mais o vago e impreciso conceito de Hdesvio de condutaI. Aige oprinc$pio da legalidade ou da anterioridade penal Saraiva, João Batista Costa,op. Cit., p. O.

!u se8a, somente haver3 medida socioeducativa se ao adolescente estiver sendoatriu$da a pr3tica de uma conduta t$pica. +inda assim, para sofrer a ação

estatal visando a sua socioeducação haver3 de esta conduta ser reprov3vel, seranti8ur$dica, ou se8a, que não tenha sido praticada so o p3lio de quaisquerdas 8ustificadoras legais, as causas e0cludentes da ilicitude previstas no art.FO do C7digo 4enal. Se agiu o 8ovem em leg$tima defesa, ele, como o penalmenteimput3vel, ter3 de ser asolvido, mesmo tendo praticado um fato t$pico. )am/mnão haver3 ato infracional, por e0emplo, se sua conduta não for culp3vele0cluindose do conceito de culpailidade o elemento iol7gico daimputailidade penal(, ou se8a, se lhe for ine0ig$vel conduta diversa, comolegou ao mundo 8ur$dico a doutrina penal alemã. 4oder3, quem sae, o 8ovemnecessitar de alguma medida de proteção, como o acompanhamento e orientaçãotempor3rio, mas 8amais ser3 destinat3rio de uma medida socioeducativa se o seuagir, fosse ele penalmente imput3vel, seria insuscept$vel de reprovação estatal.

Se constitui isso, no plano do direito, o que, entre outros efeitos, trou0e a

=outrina da 4roteção <ntegral para o corpo do ordenamento 8ur$dico p3trio,incorporado no *C+ no trato da questão infracional. !u se8a, h3 que sere0aminado o caimento da aplicação da medida socioeducativa ao infrator so o

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prisma, so os fundamentos, do =ireito 4enal. >ão se est3 diendo com isso quea medida socioeducativa se8a uma pena no sentido que adota este conceito omundo laico. Mas / ineg3vel que se constitui em um sancionamento estatal, tantoque somente o Judici3rio pode impor medida socioeducativa, mesmo nos casos emque esta venha a ser concertada pelo Minist/rio 45lico em sede de remissão S5mula R' do S)J.

>ão se pode olvidar que o descumprimento in8ustificado e reiterado de medida

socioeducativa anteriormente imposta pode su8eitar o adolescente - privação delierdade, nos termos do art. FF, <<<, do *C+. !ra, mesmo em uma medidasocioeducativa em meio aerto tem o adolescente so sua caeça esta espada do*stado. # ineg3vel, pois, o car3ter aflitivo desta imposição. =a$ porquedeveria, mesmo naquela audiência preliminar feita perante o Minist/rio 45lico,antes do 4rocesso, estar presente o =efensor do +dolescente, quando não rarasvees / concertada a remissão e a$ h3 concerto e não concessão, porque quemconcede / autoridade 8udici3ria quando homologo o ato(. + presença do =efensortraria o necess3rio equil$rio - relação, mesmo sendo esta pr/processual, ha8avista os efeitos disso resultante. <dentificase aqui, na atual redação da ;ei,uma concessão feita pelo *C+ - antiga doutrina da situação irregular, tendoapenas transferido a antiga condição do Jui de Menores, agora ao 4romotor da<nfncia.

Aisando a origatoriedade de presença de =efensor nesta fasepr/processual tramita proposta de alteração do *C+, de iniciativa da =eputada;u$a *rundina 4ro8eto de ;ei nX FG, de &&&, que introdu o seguintepar3grafo ao art. [&, do *C+K \ + oitiva do adolescente necessariamente ser3realiada com a presença do advogado constitu$do nomeado previamente pelo Juida <nfncia e da Juventude, ou pelo 8ui que e0erça essa função, na forma da;ei de !rganiação Judici3ria local.

 + inimputailidade penal do adolescente, cl3usula p/trea institu$da no art.FF' da Constituição :ederal, significa fundamentalmente a insumissão doadolescente por seus atos -s penaliaç1es previstas na legislação penal, o quenão o isenta de responsailiação e sancionamento. +final pena e sanção sãoconceitos que se tocam , emora não se confundam. +li3s, as sanç1esadministrativas, advertências, suspensão, etc, são esp/cies de penaliação deuma legislação especial, a administrativa. +s sanç1es triut3rias, multas,etc., são esp/cies de penaliação de outro ramo de legislação especial, e assimpor diante. >ão compreendo a celeuma em torno do fato de haver quem sustenteque o sistema de sancionamento do *C+ cont/m um sistema penal 8uvenil. +finalassim o / definido em todos os pa$ses da +m/rica ;atina onde houve a recepçãoem seus sistemas legislativos da doutrina da proteção integral, cu8o modusoperandi / idêntico ao adotado no Brasil Ae8a se, por e0emplo, a legislação daCosta Eica, cu8o sistema de tratamento ao adolescente em conflito com a ;ei /praticamente idêntico ao adotado no Brasil, com praticamente as mesmas medidassocioeducativas previstas como sancionamento -s condutas infracionais, comopode ser visto em +rmi8o, Dilert. HManual de =erecho 4rocesal 4enal JuvenilI 6Q ed. 6 San Jos/ 6 Costa EicaK <JS+, &&'.

!S *U:*M<S)+S * +S CE<+>]+S >! BE+S<;

 ^s vees so o prete0to de proteger se desprotege. uando se pugna pelae0igiilidade de um procedimento calcado nas garantias processuais e penais nausca da fi0ação da eventual responsailidade do adolescente, o que se pretende/ vêlo colocado na sua e0ata dimensão de su8eito de direitos. uando se mitigao conte5do aflitivo da sanção socioeducativa est3se ignorando que esta tem umacarga retriutiva, de reprovailidade de conduta. + medida socioeducativaadequadamente aplicada ser3 sempre oa, mas somente ser3 sempre oa se oadolescente se fier su8eito dela, ou se8a, somente ser3 oa se necess3ria, esomente ser3 necess3ria quando ca$vel, e somente ca$vel nos limites dalegalidade, oservado o princ$pio da anterioridade penal. Se não h3 ato infracional, não se pode cogitarem sanção.

4odese ver oadolescente inserido em programas de proteção, mas não em programas

socioeducativos, na forma como se organia o *C+, que fa uma clara e e0pl$citadistinção entre medidas de proteção +rt. R do *C+ e medidas socioeducativas +rt. F do *C+ ,aquelas pass$veis de terem como destinat3rios crianças e

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adolescentes e estas que tem como alvo apenas adolescentes a quem se atriua apr3tica de ato infracional.

So o t$tulo deste cap$tulo o sempre atento *dson Sêda fe pulicar um artigoonde tece oservaç1es quanto - dificuldade de alguns segmentos em admitir, maispor desconhecimento, do que por outra raão, a naturea penal de certasdisposiç1es do *C+. 4or certo se toma a e0pressão naturea penal em seu car3ter

de garantismo, nos princ$pios que norteiam esta ciência, criado como garantiado cidadão contra o *stado.

! te0to de Sêda surgiu de um questionamento de algu/m que afirmava que asregras do *C+ eram de =ireito Civil e0clusivamente, como se fosse poss$veldividir os ramos do direito em civil e penal.

! fato de o =ireito da <nfncia e Juventude se constituir em um sistemaautNnomo não resta d5vida. +utNnomo o / o direito civil, o pr7prio direitopenal, o comercial, etc. *sta autonomia entretanto /, e necessariamente sempreser3, relativa. =i respeito aos princ$pios que o informam, como no caso dodireito da infncia, os princ$pios da prioridade asoluta, da peculiar condiçãode pessoa em desenvolvimento, do car3ter e0cepcional da privação de lierdade,etc. Mas h3 3reas de intersecção entre as ciências. +li3s o direito da infncia

e da 8uventude, por princ$pio, / o mais transdisciplinar dos direitos,estaelecendo uma interface permanente com outras 3reas como psicologia,sociologia, pedagogia, etc. Mas não e0iste uma autonomia asoluta. >ão h3 ramodo direito que se lhe reconheça efic3cia se não for constitucionalmentecontaminado. ! direito / formado por um con8unto de sistemas que se interligam.

 +ssim, h3 normas de direito civil, de direito penal, de direito triut3rio, dedireito administrativo, no direito da infncia. uando criou o Conselheiro)utelar o *C+ criou uma figura h$rida de =ireito +dministrativo. >ingu/mquestiona que o Conselho )utelar / um instituto do =ireito da <nfncia eJuventude, mas ter3 situaç1es a serem equacionadas no =ireito +dministrativo. +ssim por diante. <maginar que possa e0istir uma autonomia asoluta de um ramoda ciência do direito, ser3 ignorar que o sistema se fa em um con8unto, comnormas que se interligam.

Cae aqui transcrever parte do te0to de Sêda, em homenagem a este homem quetem dedicado sua vida - luta pelos =ireitos das Crianças e dos +dolescentesKH>o mito das infraç1es de crianças e adolescentes de que trata este te0to,todos n7s quando procuramos aprender sore a mat/ria( saemos que o =ireitoCriminal foi inventado para proteger o cidadão das aritrariedades dosgovernantes do momento Eaimundo :aoro diria, dos donos do poder( queencarceravam seus desafetos ou as pessoas com quem não simpatiavam segundo seupr7prio ar$trio.Criouse então uma doutrina de que Cesare Bonesana / precursor( atrav/s daqual se veda ao *stado punir pessoas por sua condição pessoal ser pore, serrica, ser de esquerda, ser de direita, ter tal ou qual raça, pensar desta oudaquela maneira, ser idoso, adulto, criança ou adolescente(. 2umanista, a novadoutrina prevê que não se pune pessoas pelo que são, mas somente por condutasque a sociedade reprova e que se8am descritas as condutas( em lei aprovada

pelo povo ou por seus representantes. <sso e0atamente para evitar que odetentor do poder, no tempo durante um governo( ou no espaço um pa$s, umaregião, uma cidade, um airro( prote8a seus amigos e persiga ou puna seusdesafetos.

>ascem assim as leis criminais para proteger o cidadão do ar$trio quando /acusado de praticar condutas que atingem o interesse dos demais. ! queperversamente ocorreu, entretanto, / que historicamente, crianças eadolescentes foram e0clu$das dessas garantias e continuaram a ser punidas semque os cuidados reservados aos adultos fossem respeitados. 4or quê isso )ratodessa mat/ria em detalhes num outro te0to chamado *l =erecho a ;as!portunidades *dição +dês, fora do com/rcio(.

 +qui asta dier que nesse passado que estamos compulsoriamente encerrando

agora em &&& se praticou uma e0clusão conceptual de crianças e adolescentes nomundo dos direitos e dos deveres chamado tam/m mundo do =ireito. *0clu$dosconceitualmente da condição cidadã eram tidos como cidadãos do futuro, não

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cidadãos daqui e dagora(, crianças e adolescentes automaticamente ficarame0clu$dos dos enef$cios da cidadania, entre os quais, principalmente, o dapresunção de inocência não se / infrator por mera den5ncia...( e o de nãoserem punidos pulicamente por condutas que praticadas por adultos não sãopun$veis. Eepetindo para superior clareaK >ão pun$veis pulicamente porcondutas que, praticadas por adultos, são impun$veis.

*sse, o imenso erro hist7rico que devemos corrigir urgentemente agora. 4ara quenão ocorram araridades como essas das :*B*Ms rasileiras com esse ou comoutro nome( da vida. * não ocorram declaraç1es que a mim me parecem tacanhas deautoridades que ignoram certos avanços do tempo em que vivem e mant/m essae0clusão conceitual de não cidadania.

Com nossa adesão - Convenção dos =ireitos da Criança da !>U, em &'&ratificamos internacionalmente nosso compromisso constitucional de não punircrianças e adolescentes por atos que n7s não punir$amos se adultos ospraticassem. * nos comprometemos a estender a crianças e adolescentes asgarantias de que em caso de punição, esta somente seria feita se ficasseprovada a culpa do acusado do imputado(, com a presunção da inocência, ampladefesa por advogado e atrav/s do devido processo legal conduido por 8ui ouautoridade imparcial.

)udo isso são conquistas nas esferas filos7fica, /tica, antropol7gica,psicol7gica, pol$tica, administrativa, hist7rica e, ufa_... 8ur$dica... do=ireito Criminal, que opera conquistas cient$ficas, traalha com recursost/cnicos visando - eficiência e - efic3cia( e se rege por normas deorganiação social ordenamento 8ur$dico do pa$s( de car3ter... 8ur$dico ufa_outra ve(. +vançado, o *statuto da Criança e do +dolescente pautase por essasconquistas da cidadania, se n7s, cidadãos, temos a percepção de que esse*statuto se8a um instrumento v3lido para os novos tempos que se iniciam,digamos, no primeiro dia do ano F.RRR.

ue quer dier isso uer dier que estendemos -s crianças e aos adolescentesos enef$cios do =ireito Criminal. *ntão, o *statuto, nessa mat/ria, trata simde =ireito Criminal e o fa da forma mais sulime poss$velK uando a umadolescente se imputa / imput3vel( uma conduta que / definida como crime elegoa da presunção da inocência, tem direito - ampla defesa por advogado, /sumetido a um 8ulgamento 8usto para responder por sua conduta / respons3vel(,ter3 sua culpa aferida no devido processo legal previsto no *statuto /culp3vel, tem culpailidade( por 8ui imparcial.Se for inocente se não for culpado( ser3 asolvido ver o rigoroso artigo '&do *statuto(. Se for culpado ser3 condenado. *m 8ulgamento 8usto, segundo ograu de gravidade de sua conduta, ser3 sentenciado - repreensão, ou - reparaçãodo dano causado, ou a prestar serviços comunit3rios, ou ficar em lierdadeassistida ter3 sua lierdade cerceada so certos cuidados pedag7gicos(, ouficar em semilierdade, ou ficar internado, privado de lierdade, quer dier,preso. Se isso não / o =ireito criminal, a ser aplicado com 8ustiça e garantiados direitos humanos e sociais pelo *statuto, se isso / =ireito Civil como S.E.afirmou, eu não sei o que / =ireito Criminal nem sei o que / =ireito Civil.ISêda, *dson. H!s *ufemistas e as Crianças no BrasilI, M<M*!, Eio de Janeiro,

&&&.

 +S M*=<=+S S!C<!*=UC+)<A+S

! *C+ prevê dois grupos distintos de medidas socioeducativas. ! grupo dasmedidas socioeducativas em meio aerto, não privativas de lierdade+dvertência, Eeparação do =ano, 4restação de Serviços - Comunidade e ;ierdade +ssistida( e o grupo das medidas socioeducativas privativas de lierdadeSemilierdade e <nternação(.

 + maior parte do deate na questão das medidas socioeducativas tem surgido apartir da grave crise que se aate sore o sistema de internação. + princ$pio /necess3rio informar que h3 muitos ons e0emplos de internação de adolescentesprivados de lierdade funcionando no Brasil. Menciono, sem hesitação, o Centro

da Juventude de Santo Wngelo, no Eio Drande do Sul, afirmando que não /necess3rio ir - ColNmia +pesar de a legislação colomiana ser muitodeficit3ria, temse apontado a ColNmia, onde o traalho com adolescentes

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infratores / realiado por uma !rdem Eeligiosa, como um om e0emplo notratamento de infratores privados de lierdade. para conhecer estaelecimentosque funcionam em. Muitos outros poderiam ser referidos.>esta questão cumpre mais uma refle0ãoK *m privação de lierdade encontramse,em maioria, adolescentes autores de atos infracionais graves, com violência -pessoa e grave ameaçaK *stupro, ;atroc$nio, 2omic$dio, Eouo. !s adolescentesprivados de lierdade não perfaem G` daqueles que respondem a processos nas

Aaras da <nfncia. >ingu/m, salvo raras e0ceç1es, inicia sua HcarreiraIdelinqTencial pelo fim. +ntes do homic$dio, antes do rouo, antes dolatroc$nio, via de regra, em &R` dos casos, houve outra infração. Mais leve.4or que não temos conseguido com eficiência evitar que muitos de nossos 8ovensavancem nesta carreira 4orque nos preocupamos muito 6 e por certo / causa depreocupação , mas nos preocupamos demasiadamente com as medidassocioeducativas privativas de lierdade e esquecemos das medidassocioeducativas em meio aerto. Uma oa rede de atendimento, um em estruturadoprograma de ;ierdade +ssistida ou de 4restação de Serviços - Comunidade /capa de prevenir a internação. 23 falha grave no sistema de atendimento emmeio aerto e a conseqTência imediata disso / o inchamento do sistema deprivação de lierdade. *ste, por seu turno, por ausência de investimentos, dedecisão pol$tica, tem sido causa de violência e atentados aos direitos humanos.

M*=<=+S S!C<!*=UC+)<A+S *M M*<! +B*E)!Eelativamente ao primeiro grupo de medidas, a plena realiação desses programasest3 vinculada em direta proporção ao grau de comprometimento do Juiado da<nfncia e Juventude local com sua efetivação. *nquanto em relação -s medidass7cioeducativas que importam em privação de lierdade resta pacificado oentendimento de que a efetivação dos programas de atendimento são decompetência do *0ecutivo das Unidades :ederadas, relativamente ao primeirogrupo de medidas nada osta que os programas se8am realiados pelos pr7priosJuiados e0cepcionalmente(, ou por estes em articulação com o *stado, ou ,preferencialmente , com Munic$pio ou por organiaç1es nãogovernamentais.

*stes programas, visam ao atendimento de adolescentes em prestação de serviços- comunidade e em lierdade assistida. + advertência, a mais randa das medidaspreconiadas pelo art. F, esgotase na admoestação solene feita pelo Jui aoinfrator em audiência especialmente pautada para isso9 enquanto a reparação dodano sup1e um procedimento de e0ecução de medida que se e0aure nacontraprestação feita pelo adolescente, consoante estaelecido em sentença ecientificado o infrator em audiência admonit7ria.

 +s medidas de prestação de serviços - comunidade e de lierdade assistidatêmse revelado as mais eficaes e eficientes entre as propostas pela lei. +e0emplo da prestação de serviços - comunidade prevista para o imput3vel comopena alternativa pelo C7digo 4enal, a medida s7cioeducativa correspondentepressup1e a realiação de convênios entre os Juiados e os demais 7rgãosgovernamentais ou comunit3rios que permitam a inserção do adolescente emprogramas que preve8am a realiação de tarefas adequadas -s aptid1es doinfrator.

:ormase a$ o respectivo processo de e0ecução de medida de 4SC, com relatosmensais fornecidos pelo 7rgão conveniado onde o adolescente presta o serviço. !encaminhamento do 8ovem a estes 7rgãos se far3 por pr/via audiênciaadmonit7ria, onde recee a orientação relativa ao cumprimento da medida, sendocientificado de suas responsailidades e dos o8etivos uscados. + pr/via escolha da entidade para onde o adolescente em 4SC / encaminhadofase mediante avaliação de suas condiç1es pessoais, em 8u$o de e0ecução demedida. 23, portanto, uma fase pr/in$cio da medida, uscando a definição daentidade mais adequada para receer o infrator. =ecorrido o prao decumprimento, por per$odo não e0cedente a seis meses, nova audiência marcar3 oencerramento da medida, em face dos relatos da instituição. + prop7sito, tantoaqui, como na ;+, o adolescente / advertido de que o descumprimentoin8ustificado da medida poder3 resultar na regressão dessa medida mais grave 6at/ mesmo privativa de lierdade, quando o então m7dulo m30imo de privação ser3

de três meses art. FF, \ X(. + lierdade assistida constituise naquela que se poderia dier Hmedida de

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ouroI. +ssim dito, ha8a vista os e0traordinariamente elevados $ndices desucesso alcançados com esta medida, desde que, evidentemente, adequadamentee0ecutada.<mp1ese que a lierdade assistida realmente oportunie condiç1es deacompanhamento, orientação e apoio ao adolescente inserido no programa, comdesignação de um orientador 8udici3rio que não se limite a receer o 8ovem deve em quando em um gainete, mas que de fato participe de sua vida, com

visitas domiciliares, verificação de sua condição de escolaridade e detraalho, funcionando como uma esp/cie de HsomraI, de referencial positivo,capa de lhe impor limite, noção de autoridade e afeto, oferecendolhealternativas frente aos ost3culos pr7prios de sua realidade social, familiar eeconNmica.

*stes programas de ;+, de onde se e0trai a figura do orientador, tanto podemser governamentais, como comunit3rios, funcionando os Juiados como 7rgãos dee0ecução de medida, acompanhados por relatos mensais, com avaliaç1esperi7dicas, nunca inferiores a seis meses, relativos - evolução da medida.

Como na 4SC, a ;+ tem in$cio em uma audiência admonit7ria, onde o adolescente /apresentado a seu orientador 8udici3rio e na qual são estaelecidas ascominaç1es iniciais sore o cumprimento da medida, sendo, como na 4SC,

advertido da necessidade de cumprimento dessas cominaç1es, so pena,inclusive, de regressão da medida.

 + manutenção de adolescentes infratores adequadamente assistidos,comprometendose a sociedade com esses programas, alcança sucesso na medida emque não se faça da medida de ;+ um simulacro de atendimento, como muitas veesse fa em relação aos imput3veis colocados em sursis.

M*=<=+S 4E<A+)<A+S =* ;<B*E=+=*

 +s medidas s7cioeducativas que importam em privação de lierdade hão de sernorteadas pelos princ$pios da revidade e e0cepcionalidade consagrados no art.F do *C+, respeitada a peculiar condição de pessoa em desenvolvimento. +firma +ntNnio Carlos Domes da CostaK )rês são os princ$pios que condicionam aaplicação da medida privativa de lierdadeK o princ$pio da revidade, enquantolimite cronol7gico9 o princ$pio da e0cepcionalidade, enquanto limite l7gico noprocesso decis7rio acerca de sua aplicação9 e o princ$pio do respeito -condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, enquanto limite ontol7gico, aser considerado na decisão e na implementação da medida Cur?, M.P+maral eSilva, +.PMende, *.D. Coord., *statuto da Criança e do +dolescenteComentado, Coment3rios Jur$dicos e Sociais, Malheiros *=., São 4aulo S4.

 +s medidas privativas de lierdade semi lierdade e internamento( são somenteaplic3veis diante de circunstncias efetivamente graves, se8a para segurançasocial, se8a para segurança do pr7prio adolescente infrator, oservandose comrigor o estaelecido nos incs. < a <<< do art. FF, reservandose especialmentepara os casos de ato infracional praticado com violência - pessoa ou graveameaça ou reiteração de atos infracionais graves. + delieração pelointernamento fora das hip7teses do art. FF, do *C+, viola literalmente a lei.

Cumpre destacar, por/m, que a decisão pelo internamento dever3 ocorrer Hem5ltima alternativaI, como e0pressamente disposto no \ FX do art. FF,considerado o princ$pio da e0cepcionalidade, de car3ter norteador do sistema.>o Eio Drande do Sul, desde a regionaliação dos Juiados da <nfncia eJuventude com competência de *0ecução de Medidas S7cio*ducativas privativas delierdade vivese interessante e0periência.

Aisa a iniciativa ga5cha a garantir que as medidas privativas de lierdadese8am cumpridas pelo adolescente o mais pr70imo poss$vel de sua cidade deorigem, evitando a crNnica centraliação das internaç1es na Capital, prolemade quase todos os *stados :ederados.

 + ineg3vel necessidade de interioriação dos internamentos neste 4a$s

continental fase imprescind$vel. >ecess3rio, por/m, que se tenha sempre emmente a par3ola do HEaio V do =entistaI, referida pelo grande *m$lio DarciaMende. Sore o risco da proliferação de unidades de internamento, no rev/s da

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quase ausência total em nossos dias, advertia *m$lio, referindose -necessidade de qualificação dos Ju$es para esta 3rea tão especial da 8urisdiçãoK <maginese um dentista, aquele, do interior, que sempre tratounossos dentes, sem necessidade de e0trair chapas de raio V para este ou aqueleprocedimento. Um dia ele adquire o aparelho de raio V. =esse dia em diante,nosso om dentista não fa mais nenhuma restauração sem e0trair uma chapa deraio V, como forma de aumentar o custo, dir3 algu/m, talve9 mas,

especialmente, como forma de 8ustificar a aquisição da m3quina.

>ão ser3 o fato de e0istirem as unidades que se tornar3 rotineira ainternação, limitadas que estão aos e0pressos casos em que outra solução nãohouver, oservados os crit/rios o8etivos e su8etivos da ;ei. 4or/m, se nãohouver enga8amento e comprometimento de Ju$es e 4romotores de Justiça para como *C+, o risco e0iste, em especial se os programas s7cioeducativos em meioaerto não forem efetivados e disponiiliados. ! risco se torna ainda maiorenquanto não houver consciência que a medida socioeducativa tem uma natureasancionadora, pelo que somente deve ser aplicada nos casos e0pressos em lei,com oservncia rigorosa das garantias constitucionais, processuais e penaisprevistas no sistema legal.

*m resumo, permitome repetirme a mim mesmoK uando se mitiga o conte5do

aflitivo da sanção socioeducativa est3se ignorando que esta tem uma cargaretriutiva, de reprovailidade de conduta. + medida socioeducativaadequadamente aplicada ser3 sempre oa, mas somente ser3 sempre oa se oadolescente se fier su8eito dela, ou se8a, somente ser3 oa se necess3ria, esomente ser3 necess3ria quando ca$vel, e somente ca$vel nos limites dalegalidade, oservado o princ$pio da anterioridade penal e o con8unto dosistema de garantias.

 +>*V!

Comparação europ/ia da idade da responsailidade penal 8uvenil, maioridade daidade penal e maioridade da idade civil.:onteK Conselho da *uropaK reaç1es sociais contra a delinqTência 8uvenilEecomendação nX E'[(FR e e0posição de motivos( *strasurgo, &'&.

Conselho da *uropaK +s legislaç1es em vigor relativas aos 8ovens adultosdelinqTentes. <nforme apresentado por M. :rieder =Tn@el. *strasurgo, outurode &&.=ados fornecidos pelos diferentes consulados.

! novo C4 espanhol fi0ou a idade de responsailidade penal em ' anos,prevendo a figura do H8ovem adultoI como a +lemanha(, entre ' e F anos ;e?!rg3nica RP&&G, de FO..&G.

Eeferência iliogr3ficaK )<::*E S!)!M+b!E, Carlos. ;e? de 8usticia penal 8uvenilP anotado ? concordado 6 Q ed 6 San Jos/, Costa EicaK Juriste0to, &&.

B<B;<!DE+:<+

 +maral e Silva, +ntNnio :ernando do. H! mito da inimputailidade 4enal do +dolescenteI. <n Eevista da *scola Superior da Magistratura do *stado de SantaCatarina, v. G, :lorian7polisK +MC, &&'

 +rmi8o, Dilert. HManual de =erecho 4rocesal 4enal JuvenilI 6 Q ed. 6 San Jos/ 6 Costa EicaK <JS+, &&'.

Cur?, M.P+maral e Silva, +.PMende, *.D. Coord., *statuto da Criança e do +dolescente Comentado, Coment3rios Jur$dicos e Sociais, Malheiros *=., São4aulo S4

Saraiva, João Batista Costa. H+dolescente e +to <nfracionalK garantiasprocessuais e medidas socioeducativasI. 4orto +legreK ;ivraria do +dvogado,&&&.

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Sêda, *dson. H!s *ufemistas e as Crianças no BrasilI, M<M*!, Eio de Janeiro,&&&

Sotoma?or ,Carlos )iffer, ;e? de 8usticia penal 8uvenilP Comentada ? Concordada 6 Q ed. 6 San Jos/ 6 Costa Eica, C.E.K Juriste0to, &&

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Os Eufemistas e as Crianças no Brasil

Promenino Fundação Telefônica 

11 anos atrás

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*Edson Seda

IntroduçãoOs infratoresOs menoristasO que diz a constituição brasileiraAgora, os eufemistasA essência do eufemismoAs medidas sócio-educativasApelo aos meios de comunicaçãoÀs faculdades de direito e s secç!es locais da OA"

 

Introdução

 

A#, os eufemistas$ %ns, por delicadeza, suavizam os termos para dizer coisas$ Outros não ousam dizer oque pensam ou deve ser dito$ &screvo motivado pelas declaraç!es de autoridades e especialistas quando

dos 'ltimos motins de adolescentes presos, primeiro no (io de )aneiro, depois em *orto Alegre e +ão*aulo no 'ltimo ano do sculo , ou se.a, em /000$ *enso que o primeiro cuidado a adotar quandocrianças e adolescentes são v1timas ou vitimadores dei2armos de ser eufemistas 3um e2emplo entremuitos4 .amais dizermos eufemisticamente que uma criança est5 em situação de risco 3estado potencialde perigo6, quando de fato o estado em que ela ou outra pessoa se encontram não de risco mas dereal violação de direitos fundamentais$$$6$ O resto 3todo o comple2o resto das mazelas que nós mesmosengendramos6 conseq7ência da #onestidade ou desonestidade com que concebemos, falamos eagimos na abordagem dessas dif1ceis quest!es$

 

8o triste caso dos adolescentes encarcerados tem sido f5cil afirmar certezas coletivas com todaconvicção e essas afirmaç!es não passarem de crassos erros$ Ali5s, quanto mais coletiva a certeza,maior o engano$ Isso ocorre em v5rios 9mbitos$ *or e2emplo4 afirmar que o novo milênio e sculocomeçam não em :$;;; mas em :$;;/$ < óbvio que quem afirma isso confunde contar com medir 3como

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quem confunde uma violação de direitos - certeza de que algo mau ocorreu - com um risco -probabilidade de que algo ruim v5 ocorrer6$

=uem conta /; começa no um e termina no dez$ =uem mede dez, começa no zero e termina no nove$8o fim do nove$ >a1, o bug do milênio, que ocorre do 'ltimo dia de /000 para o primeiro de :$;;;$ >a1

zerarmos 3para começar não no um mas no zero6 o contador do v1deo, e o tempo do micro ondas, etc$=uem mede o espaço, digamos, a largura de uma mesa, vê diretamente na fita mtrica que deve iniciarno zero e terminar no fim do nove, pois o novo zero .5 novo começo$ =uem mede o tempo, sabe que oprimeiro ano começa no primeiro de .aneiro do ano zero 3ao longo do ano zero se consome o ano um,como ao longo do zero da fita mtrica se consome o primeiro cent1metro6$ O ano um termina no ?/ dedezembro do ano zero@ ao longo do ano um se consome o ano dois$$$ ao longo do ano nove se consomeo ano dez$ +e o leitor est5 entre os que dizem que risto nasceu no ano um e não no ano zero, pensebem, a contagem de nosso tempo começa um ano antes do nascimento de risto, no zero$$$

 

+e tão f5cil acertar ou errar ou ter posição divergente numa simples seq7ência aritmtica, o que nãodizer de comple2as quest!es do desenvolvimento #umanoB >ispomos ainda de algum tempo 3escrevo

em setembro de /0006 para repensar concepç!es e atitudes e zerarmos o novo sculo sem eufemismos$>epois, teremos ou não coragem de pensar ou não as coisas como são e agirmos ou não segundo esseentendimento$

 

Coltar ao Dndice

 

Os Infratores

 

Eratarei aqui apenas dos infratores$ >ia /F de setembro de /000, deu entrevista Eelevisão ultura de+ão *aulo, uma promotora

de .ustiça de +ão *aulo 3>ra +$(, pon#amos assim, só as iniciais$ (espeitemos democraticamente seuponto de vista$6 dizendo que os .ovens de mais de /G anos que estavam encarcerados por cometereminfraç!es antes dos dezoito anos não podiam ficar presos .unto com os adultos porque o &statuto dariança e do Adolescente por ser uma legislação de menores não era uma lei de tipo penal e sim de tipocivil$ &u, que estava boquifec#ado fiquei literalmente boquiaberto com essa afirmação da representantedo soberbo 3por sua e2celência6 Hinistrio *'blico de +ão *aulo$ Eorturados pelos carcereiros do governo

de +ão *aulo 3o mundo inteiro viu a tortura pela televisão6, os adolescentes 3segundo o &statuto sãoadolescentes, não menores6 não devem ser presos com adultos por outras raz!es, segundo penso, nãopelo que afirmou a promotora$$$

 

O &statuto, com todo o respeito ao direito de +$($ e o de sua corporação de emitir sua própria opinião,não uma lei de tipo civil, nem trata de menores$ < uma lei que trata dos direitos sociais e #umanos decrianças e adolescentes, os quais - crianças e adolescentes - estavam e2clu1dos at a onstituiçãobrasileira de /0GG, de m1nimos direitos recon#ecidos aos adultos e aos idosos$ &ssa onstituição acabacom o conceito de menoridade absoluta aplicado s crianças e aos adolescentes$

&sse conceito de menoridade significa incapacidade$ *or culpa dos civilistas 3especialistas em direitocivil6 ou dos próprios menoristas, o conceito de menoridade significando incapacidade foi indevidamenteestendido alm do 9mbito do >ireito civil$ %ma criança, obviamente, não absolutamente incapaz$ *or

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convenção #umana, ela tem algumas incapacidades, como por e2emplo de firmar contrato, de alienarbens, de firmar certos compromissos 3no 9mbito civil, #o.e at :/ anos6, de ser votada 3no 9mbitopol1tico, #o.e at ? anos6, de e2ercer cargos p'blicos 3no 9mbito administrativo, #o.e at /G anos6, defirmar contrato de emprego e votar nas eleiç!es 3nos 9mbitos trabal#ista e pol1tico para votar, at os /Fanos6 mas tem uma infinidade de capacidades que o mundo do >ireito não pode descon#ecer$

O que o &statuto fez foi recon#ecer s crianças e aos adolescentes as capacidades que l#es sãoinerentes pelo simples fato de serem pessoas, capacidade primeira das quais a de ser su.eito$ +u.eitode direitos e de deveres$ >a1 sua inclusão 3na segunda metade do sculo 6 ao mundo da cidadaniasocial, de que falou pela primeira vez E$ J$ Hars#all, ao lado da cidadania civil 3inventada ou descobertano sculo CIII com 5pice na (evolução Krancesa6 e da cidadania pol1tica 3inventada ou descoberta nosculo I com o sufr5gio do cidadão comum para escol#er seus governantes6$$$ A cidadania em suadimensão social seria assim, a grande conquista do +culo $ Huitos operadores do >ireito ainda estãodesatualizados, como parece estar +$($ quando pensa que o &statuto lei do tipo$$$civil 3descon#ecendoa atual dimensão social da cidadania, de que participam todos desde o ano zero de suas vidas - ol#a1 otempo zero outra vez - como querem a onstituição e o &statuto brasileiros6$

 

&nfoquemos a questão agora sob um outro 9ngulo4 8o 9mbito das infraç!es de crianças e adolescentesde que trata este te2to, todos nós 3quando procuramos aprender sobre a matria6 sabemos que o>ireito riminal foi inventado para proteger o cidadão das arbitrariedades dos governantes do momento3(aimundo Kaoro diria, dos donos do poder6 que encarceravam seus desafetos ou as pessoas com quemnão simpatizavam segundo seu próprio arb1trio$

riou-se então uma doutrina 3de que esare "onesana precursor6 atravs da qual se veda ao &stadopunir pessoas por sua condição pessoal 3ser pobre, ser rica, ser de esquerda, ser de direita, ter tal ouqual raça, pensar desta ou daquela maneira, ser idoso, adulto, criança ou adolescente6$ Jumanista, anova doutrina prevê que não se punem pessoas pelo que são, mas somente por condutas que asociedade reprova e que se.am descritas 3as condutas6 em lei aprovada pelo povo ou por seus

representantes$ Isso e2atamente para evitar que o detentor do poder, no tempo 3durante um governo6ou no espaço 3um pa1s, uma região, uma cidade, um bairro6 prote.a seus amigos e persiga ou puna seusdesafetos$

8ascem assim as leis criminais para proteger o cidadão do arb1trio quando acusado de praticarcondutas que atingem o interesse dos demais$ O que perversamente ocorreu, entretanto, que#istoricamente, crianças e adolescentes foram e2clu1das dessas garantias e continuaram a ser punidassem que os cuidados reservados aos adultos fossem respeitados$ *or quê issoB Erato dessa matria emdetal#es num outro te2to c#amado &l >erec#o a Las Oportunidades 3&dição Adês, fora do comrcio6$

 

Aqui basta dizer que nesse passado que estamos compulsoriamente encerrando agora em /000 sepraticou uma e2clusão conceptual de crianças e adolescentes no mundo dos direitos e dos deveresc#amado tambm mundo do >ireito$ &2clu1dos conceitualmente da condição cidadã 3eram tidos comocidadãos do futuro, não cidadãos daqui e dagora6, crianças e adolescentes automaticamente ficarame2clu1dos dos benef1cios da cidadania, entre os quais, principalmente, o da presunção de inocência 3nãose infrator por mera den'ncia$$$6 e o de não serem punidos publicamente por condutas que praticadaspor adultos não são pun1veis$ (epetindo para superior clareza4 8ão pun1veis publicamente por condutasque, praticadas por adultos, são impun1veis$

 

&sse, o imenso erro #istórico que devemos corrigir urgentemente agora$ *ara que não ocorrambarbaridades como essas das K&"&Hs brasileiras 3com esse ou com outro nome6 da vida$ & não ocorram

declaraç!es que a mim me parecem tacan#as de autoridades que ignoram certos avanços do tempo emque vivem e mantm essa e2clusão conceitual de não cidadania$

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om nossa adesão onvenção dos >ireitos da riança da O8%, em /0G0 ratificamosinternacionalmente nosso compromisso constitucional de não punir crianças e adolescentes por atos quenós não punir1amos se adultos os praticassem$ & nos comprometemos a estender a crianças eadolescentes as garantias de que em caso de punição, esta somente seria feita se ficasse provada aculpa do acusado 3do imputado6, com a presunção da inocência, ampla defesa por advogado e atravsdo devido processo legal conduzido por .uiz ou autoridade imparcial$

Eudo isso são conquistas nas esferas filosófica, tica, antropológica, psicológica, pol1tica, administrativa,#istórica e, ufaM$$$ .ur1dica$$$ do >ireito riminal, que opera conquistas cient1ficas, trabal#a com recursostcnicos 3visando eficiência e efic5cia6 e se rege por normas de organização social 3ordenamento

 .ur1dico do pa1s6 de car5ter$$$ .ur1dico 3ufaM outra vez6$ Avançado, o &statuto da riança e do Adolescentepauta-se por essas conquistas da cidadania, se nós, cidadãos, temos a percepção de que esse &statutose.a um instrumento v5lido para os novos tempos que se iniciam, digamos, no primeiro dia do ano:$;;;$

 

=ue quer dizer issoB =uer dizer que estendemos s crianças e aos adolescentes os benef1cios do >ireito

riminal$ &ntão, o &statuto, nessa matria, trata sim de >ireito riminal e o faz da forma mais sublimeposs1vel4 =uando a um adolescente se imputa 3 imput5vel6 uma conduta que definida como crime elegoza da presunção da inocência, tem direito ampla defesa por advogado, submetido a um

 .ulgamento .usto para responder por sua conduta 3 respons5vel6, ter5 sua culpa aferida no devidoprocesso legal previsto no &statuto 3 culp5vel, tem culpabilidade6 por .uiz imparcial$

+e for inocente 3se não for culpado6 ser5 absolvido 3ver o rigoroso artigo /G0 do &statuto6$ +e forculpado ser5 condenado$ &m .ulgamento .usto, segundo o grau de gravidade de sua conduta, ser5sentenciado repreensão, ou reparação do dano causado, ou a prestar serviços comunit5rios, ou ficarem liberdade assistida 3ter5 sua liberdade cerceada sob certos cuidados pedagógicos6, ou ficar em semi-liberdade, ou ficar internado, privado de liberdade, quer dizer, preso$ +e isso não o >ireito criminal, aser aplicado com .ustiça e garantia dos direitos #umanos e sociais pelo &statuto, se isso >ireito ivil

como +$($ afirmou, eu não sei o que >ireito riminal nem sei o que >ireito ivil$

 

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Os Menoristas

 

O que ocorre que nessa matria, ten#o verificado que est5 entran#ada, em toda a Amrica Latina, aatitude eufem1stica dos adeptos do menorismo, doutrina dos que adotam o conceito de menoridadeabsoluta para as crianças e os adolescentes$

 

&sses adeptos 3criadores e seguidores dos .5 abolidos ódigos de Henores do "rasil de /0:N e /0N06seguem a lei Agote da Argentina de /0/0, com a retórica e a ideologia dos .uristas daqueles anosdistantes do in1cio do sculo, refletindo os preconceitos da poca$ *ara eles, as crianças, desde quenascem 3desde seu ano zero6 at /N anos, // meses, :0 dias, :? #oras, 0 minutos, 0 segundoscarecem de discernimento para manifestar sua vontade, são incapazes, não são dotados do sentido tico

das coisas e da própria conduta, não sendo portanto culp5veis, nem têm responsabilidade$ 8o segundoseguinte 3naquele e2ato segundo de tempo em que completam dezoito, dezesseis ou vinte e um anos,segundo preferências vari5veis6 amadurecem instantaneamente 3leitor, para dramaticidade, acelere aqui

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a leitura desta frase6 e passam a ter capacidade, discernimento, sentimento tico das coisas e de suaconduta, responsabilidade em relação ao seu próprio comportamento, e passam a ter culpabilidade$

8a verdade, essas pessoas, se têm bom senso, não acreditam realmente que esse amadurecimento se.aassim instant9neo$ Has agem como se assim fosse$ &ssa instantaneidade, vista do futuro em relação a

/0/0, /0:N e /0N0 3nós estamos agora no futuro6 parece bem caricata$ < isso4 uma caricatura$ Aquelaspessoas criaram uma ficção legal 3adolescente não sabe o que faz e não pode ser punido6 quecomandava 3ou pretendia comandar6 não outra ficção 3o que seria aceit5vel6, mas a própria realidadedas fam1lias, das crianças e dos adolescentes$ &ssa ficção violentava os fatos, mas ela se impsautoritariamente$

< interessante notar que .5 nos anos ?; apareceram estudos como os de *iaget que passaram a mostrarmuitas coisas importantes$ &ntre elas a de que o ser #umano, desde que nasce 3na verdade, desdeantes de nascer, trazendo o ano zero para nove meses antes, na concepção6, com as regras inscritas emsua carga gentica 3e não com as regras de qualquer código Pde menoresP6, vai construindo nas suasrelaç!es com o mundo circundante sua capacidade de atuar no mundo como su.eito$ Cai construindo sua

capacidade de discernir entre o aceit5vel e o reprov5vel 3e portanto de ser culp5vel6, capacidade demanifestar sua vontade e de responsabilizar-se por seus atos$

Ou se.a, o ser #umano vai amadurecendo progressivamente nas coisas da vida, nas relaç!es com aspessoas de sua fam1lia, de sua comunidade e com a sociedade em geral$ Cai amadurecendo no mundodo >ireito$ < um su.eito desse mundo de direitos e de deveres$ O amadurecimento não instant9neo3por e2emplo, não

ocorre no segundo em que se completam dezoito anos ou dezesseis, ou quatorze, para os que falam emrebai2ar a idade para trat5-los como adultos6$ 8ão$ onstrói-se 3da1, construtivismo6 no tempo$ Aquelemesmo tempo 3desculpe, mas sou repetitivo6 que medimos a partir do zero e não do um, ou dosdezesseis ou dos dezoito$$$

< da não percepção dessas conquistas da ciência do desenvolvimento #umano 3assim como do espaço edo tempo6 que vem essa coisa de dizer que o &statuto lei de menores sendo de tipo civil$ mico etr5gico$ Ou se.a, reinterpretam o &statuto com a mesma doutrina de antes 3menorista6 e queremimputar ao &statuto coisa que ele não , e não querem imputar aos adolescentes as condutas que opróprio &statuto e a onstituição recon#ecem imput5veis$ +enão ve.amos$

 

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O que diz a Constituição Brasileira

 

A onstituição brasileira um con.unto de normas alterativas 3não confundir com alternativas6, ou se.a,alteram antigas percepç!es, vel#os princ1pios, ultrapassadas doutrinas$ As constituiç!es anterioresdiziam que os menores 3no sentido de ter menos6 de dezoito anos eram penalmente inimput5veis,querendo dizer com isso que eram irrespons5veis, inculp5veis, impun1veis$

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Has todos sabem que crianças e adolescentes na vigência daquelas leis maiores eram punidos sob oeufemismo de que estavam protegidos$ Isso importante perceber para evitarmos ser eufemistas4prendia-se para proteger$ & não se tin#a a coragem de dizer que estavam presos$ A onstituição de /0GGrompeu com essa doutrina ou essas nefastas formas de tortuosamente praticar violaç!es a direitossociais e #umanos dos que devem desde muito cedo gozar dos benef1cios da cidadania, sendo osprincipais desses benef1cios os constantes do >ireito riminal$

A onstituição de /0GG introduziu crianças e adolescentes no mundo dos benef1cios garantidos pelo>ireito riminal$ Agora não se pode prender para proteger, não se pode prender por mera acusação$Agora vige a presunção de inocência para quem acusado de atentar contra a vida, contra a pessoa,contra o patrimnio, etc$ al#eios$

Agora toda criança e adolescente aos quais se imputa uma conduta prevista na lei criminal 3nunca civil$< assim que est5 no artigo /;? do &statuto6, se garante o devido processo legal conduzido porautoridade imparcial que ouve a acusação imputada pelo promotor de .ustiça 3fulano matou, roubou,furtou, fraudou, etc,6 e ouve a defesa praticada por advogado competente 3fulano não matou, não

roubou, não furtou, não fraudou, não #5 provas, #5 atenuantes, etc$ 8em delegado, nem promotor, nem .uiz podem obrigar o acusado a confessar crimes ou depor contra si mesmo$$$6 e com sentenças oudecis!es compat1veis com a sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento$

8a pr5tica, os que 3como +$($6 dizem que o &statuto lei civil, não criminal, negam todos ou partedesses direitos$ Huitos deles quase sempre obrigam o imputado a confessar e a depor contra simesmo$ 8ão estou inventando, eu vi isso com meus próprios ol#os e com ol#os de visitantesinternacionais 3muitos deles professores de >ireito6 que me acompan#avam no (io Qrande do +ul, em+ão *aulo e no (io de )aneiro$ &m grande parte, a isso se deve a superlotação dos campos deconcentração c#amados K&"&Hs que aplicam princ1pios eufem1sticos v5lidos para antigas doutrinas demenores$ 8ão #5 que descentralizar K&"&Hs$ +eria a met5stase do c9ncer social$ 3&m seu caso pessoal,o governador, a quem dese.o vida e sa'de, não permitiu met5stase$ &2tirpou o c9ncer da be2iga$ =ue

faça o mesmo com a pol1tica para infratores .uvenis6 J5 que eliminar essas instituiç!es onde tudocomeça pelo nome4 coisa de menores$ Arrrg#$$$ Aberraç!es de um fim de +culo$ /000$

L1 numa publicação da Kundação ARrton +enna que desde /0S; crianças e adolescentes são penalmenteinimput5veis, o que não seria agora novidade$ Has, sen#ores, o que estava no ódigo *enal de /0S; completamente diverso do que vigora constitucionalmente agora$ Ce.am4

 

A onstituição de /0GG diz em seu artigo ::N, par5grafo ?T, que se incluem como princ1pios de proteçãoespecial 3notar bem, a onstituição não distingue a1 entre criança e adolescente, não cabe portanto ao

intrprete distinguir64

IC - garantia de pleno e formal con#ecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relaçãoprocessual e defesa tcnica por profissional #abilitado, segundo dispuser a legislação tutelar espec1fica@

 

C - obediência aos princ1pios de brevidade, e2cepcionalidade e respeito condição peculiar de pessoaem desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade@

 

& diz em seu artigo ::G4

 

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+ão penalmente inimput5veis os menores de dezoito anos, su.eitos s normas da legislação especial$

 

Atribuir quer dizer imputar$ Atribuir um ato infracional quer dizer imputar um ato infracional$ =uer dizeracusar da pr5tica de um ato infracional$ Aplicar medida privativa de liberdade$ =ue quer dizer issoB +ópode significar uma coisa4 privar de liberdade$ =uer dizer4 prender$ =uem foi privado de liberdade est5

preso$ &ntão, quais seriam esses atos infracionais que podem at mesmo levar prisãoB +eriam atosinfracionais ao regulamento da escolaB ao estatuto de um clubeB s regras de etiquetaB s ordens de paie mãeB arbitrariedade da pol1cia ou de outro agente, autoridade ou cidadão qualquerB ao ódigo ivil3como parece dizer +$($6B *arece que não, não B

 

*ara refrescar nossa memória de eufemistas, quero lembrar que quando fizemos a onstituição de /0GG .5 sab1amos que ir1amos firmar a onvenção +obre os >ireitos da riança de /0G0, e que o artigo ::Nredigido por destacados brasileiros depois de e2tensos debates p'blicos nada mais que o resumodessa onvenção que diz em seu artigo S; que o pa1s signat5rio se compromete a não punircriminalmente crianças por ato que legalmente não puniria se praticado por adultos$ =uer dizer, nãopunimos adultos por crime que não se.a ato infracional nossa lei criminal, não certoB *ois isso vale

tambm para crianças e adolescentes$

 

&ssa onstituição traz crianças e adolescentes para as garantias do >ireito riminal$ Antes dela se punia3se prendia6, dizendo que se protegia num eufemismo cruel, da1 o avozão +AH - antigo serviço deassistência ao menor do Hinistrio da )ustiça e suas netas as K&"&Hs$ (epetindo4 punia-se por ato anti-social$ Ou se.a, eram pun1veis para as crianças e os adolescentes 3c#amados menores6 quaisquer atosque as autoridades .ulgassem anti-sociais e não apenas os da garantia do >ireito riminal previstoscomo crime$ Has aos eufemistas faltava coragem de escrever isso em lei$ +imulavam proteger o queentão se c#amava de menor$ (epetindo4 a onstituição de /0GG não fala 3não poderia falar6 em ato anti-social, porque ela alterativa 3não confundir com alternativa6, altera vel#as percepç!es, vel#osprinc1pios, dentre os quais o de só punir por infração lei criminal$

Jo.e, com a visão alterativa 3não confundir com alternativa6 atos infracionais imput5veis s crianças eaos adolescentes, são apenas os atos infracionais contra a vida, contra a paz p'blica, contra opatrimnio, etc$, constantes da lei criminal, ou se.a, formalmente identificados, ou se.a, tipificados emlei$ Isso, para proteger crianças e adolescentes do arb1trio de autoridades discricion5rias$ 8ão #5portanto que dizer que o &statuto não lei tipo criminal mas sim civil$

&m seu sentido mais amplo, o que o &statuto faz dar garantias sociais e de direitos #umanos squest!es c1veis, trabal#istas, administrativas, de costumes, criminais, etc$, que envolvem crianças eadolescentes$ < uma lei abrangente que defende crianças

e adolescentes quando v1timas e defende a cidadania quando crianças e adolescentes são vitimadores3adota a doutrina da proteção integral$ Integral$ >e todos, idosos, adultos, adolescentes e crianças,como consta do artigo se2to do &statuto6$ Leia com atenção e cuidado o artigo se2to, leitor4

 

Art $ FT - 8a interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, ase2igências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criançae do adolescente como pessoas em desenvolvimento$

=uando a uma criança ou a um adolescente algum imputa 3atribui, acusa de6 um ato infracional leicriminal, a onstituição diz no inciso C acima mencionado que l#es garantida a brevidade, a

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e2cepcionalidade e o respeito sua condição peculiar de criança ou adolescente para a aplicação dequalquer medida privativa de liberdade, ou se.a, prisão 3atenção4 A onstituição não distingue, não cabeao intrprete distinguir a1, criança de adolescente6$ +e 3>eus o livre e guarde, leitor6 quiserem aplicarsem defesa medida de proteção 3artigo /; do &statuto6 a seu fil#o de digamos // anos, acusado deassalto 3digamos que o acusem de #aver entrado pelo vão estreito de um basculante, como au2iliar deum ladrão adulto6, não esqueça que, nos seus onze anin#os, ele tem constitucionalmente todos osdireitos assegurados pelo >ireito riminal$ O mesmo vale para os fil#os dos outros, OUB$

Coltemos lin#a de argumentação4 +e se disser que a privação de liberdade não significa prisão, ointrprete est5 sendo eufem1stico$ omo se poderia privar de liberdade sem prenderB =uero observarque não acredito que prisão, em certos casos necess5ria, necessariamente mude a conduta de quemquer que se.a$ Hais frente neste te2to argumentarei com as medidas em regime aberto$ &stou fazendoapenas a leitura do te2to constitucional e do &statuto$ +em eufemismos$

 

Isso, segundo o inciso IC, ao mesmo tempo em que se garante pleno e formal con#ecimento 3 criançae ao adolescente6 da atribuição 3da acusação, da imputação, logo a onstituição diz que são imput5veis6

de ato infracional 3 lei criminal, porque não vale para qualquer ato infracional segundo a onvenção daO8% e o artigo /;? do &statuto$ 8ão se trata a1 de qualquer ato anti-social, como constava da lei demenores do tempo do ódigo penal de /0S;6$ Eambm est5 garantida a igualdade na relação processual3devido processo legal com imputação, ou se.a, com acusação e defesa tcnica por profissional#abilitado, segundo dispuser a legislação tutelar de direitos espec1fica6, legislação que o &statuto$

 

>epois de tudo isso a onstituição diz que os menores 3menores aqui não no sentido de incapazes, masno sentido de ter menos6 de dezoito anos são penalmente inimput5veis$ Ou se.a, a eles,constitucionalmente se pode atribuir, imputar, acusar de um ato infracional lei criminal 3artigo ::N, ?T,IC da onstituição6 seguida de punição se for o caso, mas não se l#es pode atribuir, imputar umapunição c#amada pena 3que tecnicamente t1pica de adultos6, mas uma punição de outro tipo previstana legislação tutelar de direitos, que o &statuto$ O &statuto c#ama s puniç!es por esses atos

infracionais lei criminal praticados por adolescentes não de penas mas de medidas socio-educativas$Eermos tcnicos que pretendem não desvirtuar mas distinguir uma coisa da outra, como se distinguelaparotomia feita por mdico de buraco na barriga feito por bala de pistoleiro$ &mbora ambos3laparotomia e buraco de bala6 furem a barriga$

 

8ão se pode portanto dizer que a imputabilidade penal da onstituição de /0GG a mesma do ódigo*enal de /0S;, como parece querer a Kundação ARrton +enna na publicação citada$ Aquele código, comotambm a onstituição da poca, não autorizava atribuir, imputar um ato infracional lei criminal a umacriança ou a um adolescente$ Os eufemismos da poca faziam isso na pr5tica 3punia-se - cassava-se op5trio poder, retirava-se criança de pai e de mãe, internava-se em instituto fec#ado - restringindodireitos e at mesmo a liberdade, dizendo que se estava protegendo6, mas sem ousar dizer-l#e o nome4

punição$

As violaç!es de direitos ficavam assim ocultas nos por!es do &stado torturador$ Eorturava-se, dizendoque se protegia$$$ < isso que não podemos aceitar de forma alguma atravs de met5stases das K&"&Hsda vida$$$ (epito, K&"&H deve ser e2tinta e substituida por uma nova pol1tica não eufem1stica nemmenorista que se.a digna do sculo I$ )osep# onrad, imortalizado tambm em imagem por Harlon"rando em Apocalipse 8oV, escreveu #5 muitas dcadas, como se estivesse descrevendo isso que agoraquerem descentralizar4 $$$ O #orror, o #orror$$$

 

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Agora, os Eufemistas

 

>itas essas coisas de forma preliminar, entremos no assunto4 +e os meninos na maldita K&"&H estãopresos, se são maltratados, se fogem, se aquele c9ncer se e2p!e opinião p'blica tão flagrantementecomo agora 3escrevo em setembro de /0006, e muitos querem descentraliz5-lo disseminando amet5stase, não se pode dizer que l5 estão por uma lei civil$ 8ão$ L5 deveriam estar pela aplicação deprinc1pios do >ireito riminal, feito para defender cidadãos do arb1trio de autoridades, princ1pios essesantes só aplic5veis a adultos e que agora são estendidos pela onstituição de /0GG a crianças eadolescentes$

L5 estão porque supostamente praticaram ato contra a vida, contra o patrimnio, contra a paz p'blica,contra os costumes, etc$, ato esse tipificado na lei criminal brasileira$ 8ão questão civil, questão

criminal$ L5 estão supostamente porque foram punidos por um .uiz, depois do devido processo legal,com amplo direito de defesa e a presença de um bom advogado, tendo #avido provas claras einsofism5veis de que praticaram ato de natureza criminal 3artigo /;? do &statuto6$

+e #ouve d'vida no processo, supostamente teria sido aplicado o princ1pio do in dubio pro reo, porqueeles têm direito presunção de inocência$ Eêm o direito de não ser c#amados de infratores, sem quese.a provada sua culpa, mediante o con#ecimento claro de quê são acusados, com amplo direito defesa, perante um .uiz imparcial 3se for parcial, o .uiz deve ser substituido, por isso deve #aver umadvogado atento6 que em sentença diga se o imputado ou não infrator da lei criminal$

 

Afirmo que quem diz que esse meu racioc1nio est5 errado um eufemista, como os que dizem que osrapazes estão presos para serem protegidos$ 8ão se trata de um .u1zo de valor 3não ofensa nemelogio6 em relação aos eufemistas$ < apenas uma constatação emp1rica$ Ontem vi entrevista de uma>eputada 3c#amêmo-la ($$, pelas iniciais6 referindo-se aos abrigos da K&"&H de +ão *aulo que devemser, segundo ela, descentralizados$ Abrigo, com todo o respeito deputada, para proteger v1timas$ As%nidades 3unidades$$$Arrrg#6 da K&"&H são privação de liberdade 3prisão6 para punir vitimadores$

>izer que os rapazes estão presos para serem protegidos seria um crime contra a lógica$ +e a sociedade,numa lei, o &statuto, autoriza o .uiz a conden5-los a ficarem presos 3a palavra presos repugna aoseufemistas6 porque quer defender a sociedade 3doutrina da proteção integral6$ &ntão, os primeiros queconfundem a sociedade brasileira são os eufemistas que querem dar, ou dão 3desculpem, não queroofendê-los6, por ignor9ncia, visão falsa do &statuto$ & parado2almente criam a reação enorme dos quequerem aplicar a lei criminal a esses garotos que o &statuto, segundo eles, estaria defendendo semdefender a sociedade$

A onstituição e o &statuto defendem a sociedade, sim$ Has dizem que, presos, eles devem sersubmetidos a um tratamento digno, como qualquer preso deve ser tratado com dignidade e, nessetratamento, l#e se.a recon#ecida sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento$ O que não est5sendo feito porque autoridades e agentes do &stado de +ão *aulo, (io Qrande do +ul, (io de )aneiro,etc$ confundem tudo, inclusive praticam na pr5tica a presunção da culpa 3dizendo, ingênua oucal#ordamente que não #5 culpa em questão a ser considerada6, aplicando o vel#o e abolido código demenores, com seus eufemismos$

 

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J5 anos, como consultor, ven#o c#amando a atenção para o sistema que funciona na cidade de +ão*aulo, onde se aplica o vel#o código de menores com seus eufemismos e arbitrariedades$ 8a mesmaK&"&H dei mais de vinte semin5rios pregando a mudança, e dei2ei um te2to, +1ntese, que publicaramsem entender o conte'do ou, entendendo, para se dizer uma coisa e praticar outra$ Isso tem que sermudado urgentemente$ J5 um +O+ riança na cidade de +ão *aulo que recebe crianças e adolescentesque agridem a sociedade$ Ol#a1 o eufemismo gritante4 +O+ para v1timas$ +e prende a criança, esse tal+O+, para manter o rótulo +O+, deveria c#amar-se +O+ +ociedade$$$

 

8o (io de )aneiro #5 uma delegacia de proteção a crianças e adolescentes 3#erdeira do abolido códigode menores6, que prende crianças e adolescentes$ +e a delegacia prende adolescente ela de proteção sociedade contra a m5 conduta do adolescente$ omparemos com as delegacias da mul#er$ Al1,corretamente, não se prendem as mul#eres, mas aqueles que agridem as mul#eres$ >eu para percebera inversãoB O rótulo que engana e confunde a opinião p'blica obra dos eufemistas que violam aconstituição e o estatuto$

riança que pratica ato infracional lei criminal deve ser atendida no onsel#o Eutelar, não em +O+, não

pelo .uiz, não pelo promotor$ Adolescente vai preso perante o >elegado de *ol1cia, que a autoridadepolicial, a quem compete reunir os elementos necess5rios para que o imputado 3que imput5vel, porisso se l#e imputa, se l#e atribue, se acusa de, como diz a onstituição, um ato infracional lei criminal6se.a apresentado ao promotor$

8o (io de )aneiro, o .uiz 3autoridade .ur1dico .udicial6 usurpa funç!es que legalmente são do onsel#oEutelar 3autoridade .ur1dico administrativa6, e este, com funç!es suas usurpadas, acaba por usurpar asfunç!es dos programas previstos pelo &statuto no seu artigo 0;, praticando em certos casos o e2erc1cioilegal das profiss!es de assistente social, pedagogo, psicólogo$$$ ria-se dessa forma a entropia, não aorganização social$ Assim estamos no ano de /000$ Hin#a tese que podemos alterar, mudar,transformar tudo isso, desde que dei2emos de ser eufemistas e encaremos a absoluta necessidade deorganização social no "rasil dando o correto, adequado e pertinente nome aos bois

 

J5 munic1pios que aplicam a onstituição e o &statuto e fazem as coisas certas$ *orque outros não opodem fazer, começando pelo (io e +ão *aulo, que são os munic1pios onde mais se praticam oseufemismos de que trato neste te2toB Qaranto que se se organizar um semin5rio 3topo organizarvoluntaria e gratuitamente6@ se no semin5rio pessoas 3indiv1duos, cidadãos6 tiverem vontade pol1ticanessas duas grandes metrópoles para identificar essas pr5ticas eufem1sticas, .5 ter1amos um começo demudança como querem a onstituição e o &statuto$$$

 

Has voltemos ao tema4 +e meu fil#o, se seu fil#o leitor forem levados ao delegado ou ao consel#o

tutelar, imediatamente c#amamos um advogado para assisti-los, como ali5s manda a onstituição acimamencionada$ Has quando fil#o de um pobre estran#o, .5 sendo um e2clu1do, fica sem advogadomesmo, su.eito boa ou m5 vontade do delegado, do promotor ou dos consel#eiros$ A presença doadvogado leal ao acusado leg1timo direito deste$ A criança e o adolescente não são infratores por meraacusação$ O >ireito riminal l#es beneficia com a presunção de inocência$ &u afirmo, como consultor,que no "rasil e no resto da Amrica Latina, onde ten#o trabal#ado nos 'ltimos dez anos, o que vigora a presunção de culpa$ & me atrevo a dizer que a1 est5 a raiz da superlotação das K&"&Hs do (io Qrandedo +ul, de +ão *aulo e do (io de )aneiro 3esta, eufemisticamente, mudou de nome e continua amesma6$

 

+e se aplicassem s crianças e aos adolescentes os princ1pios do >ireito riminal que são os princ1piosda cidadania que todos nós, eu, você, leitor, queremos que nos se.am garantidos se nós ou nossos fil#os

formos acusados, como manda a onstituição, nem e2istiriam as K&"&H+ da vida$ Os programas deproteção para v1timas e os programas socio-educativos para vitimadores previstos pelo &statuto seriam

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organizados nos munic1pios 3ou em consórcios de munic1pios, com estes pagando pela estadia dosinfratores que produzem6 porque nos munic1pios que os garotos se incluem ou se e2cluem no mundoda cidadania$

Cou repetir4 com os munic1pios pagando a estadia dos infratores que produzem 3para isso o &statuto

prevê o Kundo Hunicipal, com recursos que vão dos programas - ler o artigo 0; - de apoio fam1lia, at internação, que a privação da liberdade6$ Onde a lei não distingue, não cabe ao seu intrprete oue2ecutor distinguir$

8otar bem esse aspecto do problema4 Os munic1pios produzem 3quando dei2am de organizar programasde proteção e programas sócio-educativos previstos no &statuto6 os infratores que são e2portados parapris!es 3que não ousam dizer o nome6 da K&"&H dos &stados 3+ão *aulo, ($Q$ do +ul, (io de )aneiro eoutros6, parecendo que quanto mais tempo ficarem presos mel#or4 estão fora da circulação nomunic1pio, sem despesa alguma para este 'ltimo$ +e entretanto, o sistema se organiza com instituiç!esautnomas e fortalecidas em 9mbito regional, com os munic1pios pagando a conta de seus infratores,#averia mais cuidado em organizar programas sócio-educativos em meio aberto para reduzir os gastos

com a conta da criminalidade$ Isso pol1tica criminal$ Isso pol1tica de segurança p'blica$

 

< absolutamente imperiosa e inarred5vel a presença de programas nos bairros, nos centros sociais, navizin#ança das escolas, na vizin#ança das fam1lias, inclusive para que os .uizes ten#am opção de aplicaras medidas mais importantes que são a reparação do dano praticado, a prestação de serviços comunidade, a liberdade assistida e a semi-liberdade 3esta 'ltima bril#antemente e2ecutada pela*refeitura de "lumenau, por e2emplo6$ & para que os privados de liberdade 3internados, presos6 saiamda privação de liberdade para programas em comunidades e, não como #o.e, devolvidos ou iniciados nosbandos, nas quadril#as, no tr5fico$ Cou repetir4 $$$ e não como #o.e, devolvidos ou iniciados nos bandos,nas quadril#as e no tr5fico$

 

&screvo estas coisas para alertar a opinião p'blica e a imprensa em geral que tudo que os eufemistasdizem da onstituição e do &statuto est5 errado$ Kalta-l#es a elementar coragem de admitir que criançase adolescentes podem ser vitimadores, como podem ser v1timas numa sociedade in.usta como a nossa$& que não se deve pr num saco 'nico 3como no +O+ riança$$$ arrrg#$$$ de +ão *aulo6 o modo de trataradultos, de tratar adolescentes e de tratar crianças, se.am v1timas ou vitimadores, embora apeculiaridade de cada caso e2ista num conviver social que produz todas as aberraç!es quepresenciamos$

 

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A Essência do Eufemismo

Alertando que escrevo e2atamente como falo e faço questão de ser repetitivo, pleun5stico e redundantepara tentar ser claro, aduzirei mais um ou dois argumentos contra o tipo de mal que este te2to querespancar$

 

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Aos que ainda estão possuidos pelo preconceito de G; anos de menorismo 3desde a lei Agote argentinade /0/06, repugna dizer que crianças e adolescentes praticam crimes ou delitos$ & embora punam ecastiguem com outro nome, l#es repugna igualmente dizer que se l#es apliquem castigos ou puniç!es$&ntão, para e2plicar as coisas como ac#am que são ou como .ulgam dever ser, os menoristas inventamou se acomodam aos eufemismos aqui mencionados$ Cale então aquele ditado4

 

As pessoas, quando não conseguem ou não lhes con!m praticar princ"pios, inentamprinc"pios para suas pr#ticas$$$

 

Ce.amos como funciona a coisa4 *ara quando criança ou adolescente furta, agride, rouba ou mata, osredatores da onstituição de /0GG tin#am que escrever algo$ *odiam pr no te2to constitucional4=uando crianças e adolescentes praticam crime ou delito$$$ Has entrou em cena o .ogo de palavras$Alguns influentes da poca sugeriram4 não se deve escrever pr5tica de crime ou delito$ Hel#or escrever4pr5tica de infração criminal$ Has #avia, movidos por nobres e #onestos motivos, os mais e2igentesainda$ Hel#or seria em vez de falar em infração criminal que ainda lembra crime e delito, escrever atoinfracional$ &ssa corrente prevaleceu para a redação$ 8otar que, corretamente, não se ousou repetir a

e2pressão de antan#o4 atos anti-sociais$ 3usei o de antan#o a1 e2atamente para significar coisa vel#a emalsã6$

&ntão, temos ainda #o.e duas correntes4 a primeira, dos que dizem que ato infracional quer dizerinfração criminal e portanto quer dizer crime ou delito 3e isso que o &statuto diz em seu artigo /;?com todas as letras6$ A segunda dos que, contrariando o &statuto, dizem que .amais criança eadolescente praticam crime ou delito ou ato que se.a criminal$ &ssas crianças e adolescentes virtuais,segundo os eufemistas de turno, nada teriam a ver com as mazelas da imperfeita sociedade em quevivemos$ O que praticam, segundo a corrente menorista, uma espcie de falta di5fana, etrea,diferente das que são praticadas por adultos$ =uando assaltam e matam isso não crime4 atoinfracional e devem ser protegidos$$$ &mbora as v1timas este.am violentadas ou estendidas, mortin#asda silva$ *elo estatuto 3artigo /;?6 matar$$$ #omic1dio, que o ato descrito na lei como crime$

+e tudo ficasse nos nomes que se dão s coisas, uma coisa equivaleria outra$ Has o que pega comoproblema aquilo que o consel#eiro Ac5cio dizia que vêm sempre depois, nunca antes4 asconseq7ências4 *ara os eufemistas menoristas, crianças e adolescentes que furtam, roubam, matam,violentam, por não praticarem crime ou delito, nem infração criminal, mas apenas ato infracional, nãopodem ser punidos, devem apenas receber uma medida de proteção$ *ara eles, os presos das K&"&Hsde +ão *aulo, do (io Qrande do +ul, e do (io de )aneiro 3que mudou de nome mas a mesma coisa6estão sendo protegidos pela sociedade ou, se não são, deveriam ser$

At a1 tudo bem, tambm, se realmente #ouvesse alguma proteção cidadania, desde que nos termosdo artigo se2to do &statuto #5 pouco mencionado$ O que ocorre que, se a medida por eles c#amada

proteção for coercitiva 3e 6, obrigatória 3e 6 não depender de escol#a do protegido 3e não depende6,não for uma coisa agrad5vel para o protegido 3e não 6 ela efetivamente um castigo ou punição 3e 6$&stamos pois tratando de uma visão #ipócrita e c1nica$ Eudo porque aos menoristas eufemistas nãoconvm dar o nome correto s realidades como elas são4 rianças e adolescentes v1timas devem serprotegidos$ rianças e adolescentes vitimadores devem ser punidos 3não confundir punição commaltrato uma das regras primeiras da doutrina da proteção integral cidadania6$ 8otar que restringiralgum direito 3não frequentar salão de bil#ar, por e2emplo, onde estão os amigos traficantes6 puniçãoe não maltrato$ Eal restrição leva em conta direitos e deveres individuais e coletivos e as e2igências dobem comum, como quer o artigo se2to #5 pouco referido$

 

J5 uma outra opção, mas quando apertados contra a parede os eufemistas se negam a discut1-la4>igamos que realmente os menores 3no sentido de ter menos6 de dezoito anos 3não no sentido de

serem incapazes6 não se.am punidos quando roubam, assaltam, agridem, ferem, matam$ Isso só ser5

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verdade se ao matar e aparecer o policial este nada fizer porque matar para um adolescente for um atoleg1timo, e, no caso, o matador sai para passear, ir para casa, ou matar outra vez, sem restriç!es$

&st5 claro, clar1ssimo para qualquer um, inclusive para os eufemistas, que não pode ser assim$ +e pormatar o matador detido e levado a uma autoridade contra a sua vontade, isso caracteriza, na maisclara evidência, um in1cio de punição$ 8ão , não pode ser considerado leg1timo a ningum 3a ancião,adulto, adolescente ou criança6 matar, assaltar, estuprar 3acusados por essas pr5ticas são clientes daK&"&H6 sem que #a.a uma reação da sociedade de algum tipo que restrin.a direitos 3vale dizer, quepuna6, visando proteção da cidadania$ &ssa reação matria de uma disciplina .ur1dica c#amada>ireito riminal$

 

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As Medidas %&cio'Educatias

 

>entre os muitos cidadãos prestantes aos quais o "rasil #o.e deve seu respeito e gratidão, ao lado do*edagogo Antonio arlos Qomes da osta figura o >esembargador Amaral e +ilva do Eribunal de )ustiçade +anta atarina, que se destaca pela milit9ncia da e2tensão do &stado de >ireito s crianças e aosadolescentes$ Acompan#ado de um grupo de .uristas, o desembargador prop!e para discussão p'blicaum antepro.eto de lei para o cumprimento de medidas sócio-educativas previstas na onstituiçãobrasileira e no &statuto da riança e do Adolescente$

 

Een#o absoluto respeito posição de tão respeitados .uristas, todos eles grandes democratas, aos quaisdedico amizade e com os quais privei de compan#eirismo em memor5veis campan#as$ &stou certo deque o >esembargador Amaral e +ilva concorda com o que eu disse neste te2to at aqui$ *osso garantir4&le .amais praticou os eufemismos espancados neste te2to$ Has infelizmente para mim - que gostariade concordar com ele no caso do ante pro.eto - sua proposta vai na contramão da #istória, em meumodesto entender$ +egundo penso, não deve ser aprovada$

 

Hin#a percepção diz que o problema da e2ecução das medidas sócio-educativas e2iste #o.e em razão damilit9ncia dos eufemistas #5 pouco referidos$ As coisas estão como estão pela pr5tica da presunção daculpa 3eufemisticamente se dizendo que nunca #5 culpa6$ Eal presunção inflaciona a aplicação demedidas de forma descriteriosa 3descumprindo os princ1pios do >ireito riminal6$ 8ão nos esqueçamosdo artigo /: do &statuto que manda aplicar-l#e subsidiariamente as normas gerais do processo

criminal$ Isso, pelo 9ngulo da porta de entrada no sistema$ +ob o ponto de vista da sa1da, a saber, dae2ecução da sentença .udicial por uma das medidas sócio-educativas previstas no &statuto, a coisa pegapela ausência de programas sócio-educativos nas comunidades$ &stes são os programas que seencarregam, quando e2istem e funcionam bem, de estimular no adolescente a construção da norma deconduta que vem de dentro do su.eito, esta sim, capaz de mudar condutas se.a pró se.a contra acidadania$

"andos, quadril#as e tr5fico, porque são #o.e e2tremamente profissionais e aplicam tcnicas de 'ltimageração, a utilizam como arma da anticidadania$ +e empatarmos com essa gente, .5 estaremos emdesvantagem, porque eles usam meios violentos e ilegais$ Eemos que impor mais competência eefic5cia, se quizermos desempatar em favor de algo que se c#ama bem comum 3artigo se2to do

&statuto6$ 8ão evidentemente criando mais normas em "ras1lia que se fazem essas coisas$ "ras1lia, aocontr5rio, quando centraliza, tem infelizmente sido a sede da perple2idade nacional$

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>igamos que o pro.eto Amaral se.a aprovado$ +em os programas, que não podem ser federais e devemser aprovados e registrados em n1vel municipal, tudo continuar5 como antes no quartel de Abrantes$$$ Osegredo est5 na organização dos programas sócio-educativos em meio aberto nas comunidades, centrossociais, vizin#anças de escolas, fam1lias, etc$, para que a .uventude se.a integrada na mal#a que atraipara o mundo da cidadania 3via educação, esporte, cultura, lazer, capacitação para o trabal#o, etc$6 eafasta dos bandos, das quadril#as, do tr5fico$ Has os eufemistas não sabem nem o que são nem comoorganizar os programas$ Huitos os confundem com burocracias ou vel#arias praticadas nos cartórios$

Eal segredo consiste em multiplicar por mil os programas e torn5-los ub1quos onde nasce tanto acidadania quanto a anticidadania$ A cidade de +antos, por e2emplo, tem iniciativas not5veis nesseterreno, aplicando a onstituição e o &statuto$ onsiste tambm em criar Institutos de Internação, comoprevê a onstituição e o &statuto, como entidades autnomas das burocracias dos &stados 3taisentidades autnomas evitam a met5stase das burocracias #o.e imperantes e impedem o alastramentodesordenado de tcnicas que não geram ou não fazem gerar a boa norma que vem de dentro daspessoas mas ao contr5rio, reforçam as normas da anticidadania, com seus monitores, inspetores, etc$,em geral carcereiros despreparados6$

A e2periência .5 demonstrou que entros de Internação para .ovens infratores não podem funcionar comos tais monitores menos cidadãos que os internados$ +ua din9mica interna deve ser criada com amplaparticipação cidadã 3#5 tcnicas .5 testadas para isso6 preparando para a libertação, sob a orientaçãointensa e presente de psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, etc,$ etc$ em trabal#o transdisciplinar6$+em carcereiros$ 8ão adianta dizer que os atuais são ruins, serão demitidos, mas os futuros serão bons$8ão serão$ Cide a e2periência #istórica de +ão *aulo$ Cide a do (io de )aneiro, onde a e2periênciafederal passou a estadual, que passou da educação para a .ustiça e desta para a assistência social, ouvice versa 3tudo com carcereiros que antes teriam sido viciosos e no futuro seriam virtuosos6$$$ Oproblema não são as pessoas, o sistema que não presta$ +e se contar com carcereiros, tudo fica igualao falido sistema prisional dos adultos 3embora com nome diferente6$ < a1, sen#ores, que a tal da vel#a,vel#1ssima porca torce o rabo$$$

J5 que se cumprirem os princ1pios da descentralização constante do artigo :;S da onstituição e o damunicipalização presente no artigo GG do &statuto 3contra os quais muitos .uizes e promotores se batemporque presos ao passado6$ +e o &statuto manda municipalizar 3e manda6, municipalize-se, emconsórcio bem bolado e administrativamente bem gerido$$$

Isso não tem nada a ver com o sofisma de certos setores do Hinistrio *'blico de +ão *aulo de que aK&"&H inevit5vel porque cabe ao &stado membro, não ao munic1pio, garantir segurança p'blica$ Asegurança p'blica a ser garantida e2terna, onde deve operar a ronda policial no seu papel preventivoe repressivo como em qualquer outra situação, segundo a peculiaridade daquele lugar, mas do lado defora das paredes do instituto$ >entro, #5 que organizar, com segurança 3e2terna6, nos limites f1sicos do

espaço dispon1vel, condiç!es pedagógicas de vivência que estimulem a norma que vem de dentro dosu.eito de direitos e deveres, visando responsabilidade social$

 

Eudo isso, inovando no que couber, mediante consórcios entre munic1pios para que os institutos se.amregionalizados$ &, important1ssimo, com di5rias de estadia pagas pelo munic1pio onde se originou acriminalidade de que o adolescente parte por #aver praticado ato anti.ur1dico t1pico, culp5vel e pun1velcom medidas sócio-educativas nos termos da lei que protege a cidadania$ Obrigatoriamente, cumprindoo &statuto, a sa1da do .ovem do instituto fec#ado, em min#a proposta, seria sempre atravs da suainclusão em programa aberto para progressiva integração social via educação, capacitação, esporte,cultura, lazer, segurança p'blica, tudo com muito controle social e sofisticada preparação de recursos#umanos$ Lembremo-nos de que são sofisticados os recursos do crime organizado deste final de sculo$Eemos que ser mel#ores$$$ &ssas coisas, nen#uma burocracia faz$ As pessoas podem ser inteligentes$ Aburocracia burra$

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*ara isso, as normas do &statuto são e2celentes$ &las são normas gerais como determina o artigo :S daonstituição$ Os detal#es todos mencionados aqui se referem organização de cada programa em cadamunic1pio ou região, programa esse discutido e aprovado no onsel#o Hunicipal dos >ireitos da riançae do Adolescente local, ou dos consel#os que formam o consórcio da região, tudo descentralizado,

municipalizado 3em democracia participativa6 como manda a onstituição - artigo :;S - e o &statuto -artigos GG e 0;$ 8essa matria, o .urista opera ou deve operar com normas de conduta, de vivênciasocial, de formação #umana, cu.os conte'dos desafiam profundamente os demais profissionais dasciências #umanas e sociais$ =uando competentes, todos eles .amais são ou se dei2am ser eufemistas$ A1 est5 a c#ave da inter e da transdisciplinaridade$

 

J5 ainda na proposta Amaral a estran#a inclusão do onsel#o Eutelar em matria com a qual o onsel#oEutelar nada tem a ver, não l#e cabendo usurpar funç!es ou praticar o e2erc1cio ilegal de profiss!es, emassuntos para sociólogos, criminólogos, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, etc$ etc$ O onsel#oEutelar uma autoridade p'blica colegiada 3cinco membros6 que aplica medidas .ur1dico administrativas,como o .uiz aplica medidas .ur1dico .udiciais 3aos interessados, com paciência para me aturar, alm dote2to >ireitos e >everes de rianças e Adolescentes - omo Qarantir ver meu A a W do onsel#o Eutelar

em #ttp4XXmembers$tripod$comXedsonseda6$

O onsel#o Eutelar, no que tange com adolescentes, tem a ver com v1timas@ com vitimados por algum$Os vitimadores adolescentes são assunto da pol1cia, do ministrio p'blico, do .udici5rio, de assistentessociais, psicólogos, pedagogos e outros tcnicos em trabal#o interdisciplinar$ < um equ1voco meter oconsel#o tutelar nesse balaio$$$

&2pon#o essas idias respeitando obviamente todo o direito dos autores da proposta #o.e em discussãop'blica a manifestar sua opinião$ Aos munic1pios e s secç!es locais da OA" que queiram organizar osistema segundo a doutrina da proteção integral cidadania 3de que obviamente fazem parte crianças eadolescentes6, este consultor se oferece para colaborar volunt5ria e gratuitamente não apenas com asinformaç!es do site acima mencionado na internet, como atravs de outros meios, se #ouver dese.o realde organizar programas de maneira e2emplar$

*or falar em programas e2emplares, ouve um grupo de pessoas #5 pouco no "rasil s quais foi dadoaprender a trabal#ar em programas para infratores adolescentes$$$ na olmbia$ +anto >eus$$$ aolmbia, para quem estuda os sistemas latinoamericanos nessa 5rea, con#ecida como a que tem apior lei, o pior sistema, o pior regime no ontinente 3digo isso, naturalmente com o mais profundorespeito aos irmãos colombianos e aos que têm a coragem, em qualquer regime, de trabal#ar#onestamente com infratores, principalmente os que estão mudando tudo isso6$ L5 impera o regimemais eufem1stico poss1vel, com as maiores arbitrariedades e em nada compat1vel com a onvenção da

O8% dos >ireitos da riança$

8a olmbia, .unto a aguerridos compan#eiros colombianos e de outros paises, muito participei, comoconsultor do %8I&K, de tentativas de transformar aquele sistema, o que creio, se lograr5 um dia$ & para l5 que foi gente da K&"&H de +ão *aulo para aprender a trabal#ar$ >5 para entender, pois, aperple2idade com que essas coisas estão sendo tratadas no "rasil 3que tem a pior e2ecução, não porfalta da mel#or lei, mas por falta de programas locais6$

 

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Apelo aos Meios de Comunicação

 

A primeira coisa a fazer seria então repudiar eufemismos e eufemistas$ Os meios obviamente dão cursoa todas as aberraç!es$ (eproduzem o que l#es declaram$ Has penso ser poss1vel passar a fazer aseparação da qualidade do material que col#em$ O p'blico dei2aria de ficar perple2o e pre.udicado$ 8ãoestou defendendo paternalismo dos meios de comunicação em relação ao p'blico$ >efendo amplo devere direito informação$ *ropon#o apenas que os .ornalistas e comunicadores passem a cobrar atitudeprofissional dos entrevistados e quando poss1vel, e2pon#am ao rid1culo os eufemistas que enganam op'blico$ >arei uma sugestão que espero se.a pertinente4

 

=ue os meios eliminem essa terminologia antiga que se refere a menores$ O &statuto não de menores$J5 manc#etes de .ornal ou televisão importantes que falam do estatuto do menor$ O &statuto adotou os

nomes .ur1dicos de criança e adolescente e2atamente porque as pessoas não devem ser tratadas comoincapazes 3a não ser que o se.am de fato incapazes por deficiência mental6$ &ssa incapacidadepresumida não mais e2iste legalmente para crianças e adolescentes, porque a onstituição e o &statutoos respeita nas capacidades de que são detentores por sua própria condição de vida$ Adotarterminologia moderna seria not5vel atitude pedagógica e de prestação de serviço p'blico população$

rianças e adolescentes são menores 3no sentido de incapacidade6 para o >ireito ivil, onde sãoincapazes para certas coisas apenas 3firmar contratos, alienar bens6$ *ara o &statuto são atores capazesno 9mbito dos direitos e deveres sociais e #umanos$ omo qualquer adulto, se praticam atos infracionais lei criminal contra a vida, o patrimnio, a paz p'blica, etc$, submetem-se aos benef1cios do >ireitoriminal e s puniç!es cab1veis aos adolescentes 3como aos adultos l#es cabem puniç!es que atendamao car5ter peculiar de sua maturidade6$ Inclusive, se for o caso, e infelizmente, prisão$

 

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(s )aculdades de *ireito e +s %ecçes locais da OAB

 

Huita da desinformação que e2iste atualmente devida a profissionais do direito que continuam aadotar antigos conceitos .5 abolidos pela onstituição e pelo &statuto$ %m e2emplo incr1vel e pattico4>ois Hinistros da )ustiça, Haur1cio orreia e (enan al#eiros proferiram aberraç!es do mesmo tipo3perdão, ministros, não posso ser eufemista, foram aberraç!es6 que levaram a população totalperple2idade4 +egundo eles, com três ou quatro anos de dist9ncia no tempo, os governos a que serviamnão autorizavam ou concordavam com o uso de motonetas por adolescentes de /F ou /N anos porqueseriam eles penalmente inimput5veis e, se praticarem delito de tr9nsito, 3sic6 não poderiam serresponsabilizados nem punidos$ *ode uma coisa dessasB

Cou repetir4 A onstituição e o &statuto dizem que, se a um adolescente se imputar ato infracional leicriminal de les!es corporais, ou contra a vida, por atropelamento, por e2emplo, ele ser5 conduzido aodelegado, que reunir5 as provas, encamin#ar5 o caso ao promotor que, garantindo ampla defesa poradvogado, representar5 pedindo abertura de processo ao .uiz da )uventude, perante o qual o

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adolescente responder5 por sua conduta 3 respons5vel6 e se for considerado culpado ser5 condenado aou reparar o dano, ou prestar serviços comunidade, ou a liberdade assistida, ou semi-liberdade, ou privação de liberdade 3prisão6$ Onde est5 a irresponsabilidade e a falta de puniçãoB

8ão estou defendendo que adolescentes guiem motonetas ou motocicletas no tr9nsito$ &stou

argumentando com o fato de que os ministros erraram, foram mal assessorados 3coisa inconceb1vel numHinistrio da )ustiça ou num Qoverno competente6, usou-se a1 o mesmo eufemismo que grassa emmuitos lugares e o p'blico não foi informado que nada do que as e2celências disseram era verdade$

=uanto a adolescentes guiando no tr9nsito, penso l#es faltar maturidade, como falta maturidade a ummenor de ?S anos para ser senador ou presidente da rep'blica, mas #5 maturidade para um adolescentede /F anos maior para votar em senador ou presidente, se quizer$$$ As pessoas amadurecemdesigualmente para situaç!es desiguais na sociedade onde vivem de maneira desigual$$$

 

Hin#a sugestão que as Kaculdades de >ireito se esmerem em incluir urgentemente no curr1culo doprimeiro ano em disciplina separada o novo >ireito da riança e do Adolescente, mas sem eufemistasresponsabilizando-se pela matria$ om eufemistas a sociedade se manter5 cada vez mais #ipócrita emais c1nica nos tempos que virão$ Qrande a responsabilidade dos .uristas na construção de um sistema#onesto de garantia de direitos e deveres em regime de proteção integral cidadania$

 

O +culo I vem a1$ *ara mim, que meço o espaço e o tempo começando do zero, .5 no primeiro dia doano :$;;;$ +anto >eus$$$ não merecemos continuar no novo milênio praticando tanta #ipocrisia e tantaviolação de direitos a crianças, adolescentes, adultos e idosos, só porque os eufemistas não ousam dar onome correto s coisas, uns porque são mesmo e2tremamente delicados, outros por pura safadeza$

 

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Edson Sêda é advogado, ex-consultor do Unicef e integrante da comissão

redatora do Estatuto da Criança e do Adolescente