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“Eu quero tanto bem a vocês, e desejo muito vê- las logo!” Mestra Tecla, irmã e mãe

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“Eu quero tanto bem a vocês, e desejo muito vê-las logo!”

Mestra Tecla, irmã e mãe

“Junto com a doçura, a paz e a calma, quanta força! Possuía aquela firmeza suave que domina mas domina forte e docemente. Uma força à qual não se resiste!.” (Cardeal Arcadio Larraona)

Olhemos para ela fazendo falar as irmãs que a conheceram como Mãe, Superiora, Irmã entre as Irmãs.

“Faça-o você que é esperta...”

Reconhecia de boa vontade as capacidades de suas Irmãs,

sentia-se pequena e humilde na frente delas e dizia:

“Faça um pouco você que é esperta”. E frequentemente cedia o lugar às outras. Indo com ela visitar as Casas, a vi sentar-se com as Irmãs para escutar as minhas palavras e dizia: “Gosto de ficar ouvindo...

tenho necessidade de aprender!... pois devo aprender!”

“Muitas vezes fui objeto das atenções de Mestra Tecla, porque ela frequentemente via chegar no refeitório suprimentos de frutas para mim... era a Superiora que me mandava a fruta dela porque sabia o quanto ajudava a minha saúde. Várias vezes ela encarregou-me de levar comida, dinheiro ou outra coisa às pessoas que tinham necessidade, aos pobres!” (Irmã Assunta Bassi)

Tecla

“Várias vezes tive a impressão de que eu deveria resolver os problemas, pequenos ou grandes, da vida dela, mas sempre à luz da Palavra de Deus: “Não é assim que Jesus diz no Evangelho?”. Esta e outras frases semelhantes eram frequentes em sua boca. (Irmã Assunta Bassi)

Mestra Tecla sabia aceitar as

brincadeiras e era ela quem alegrava as

recreações. Aos domingos participava

dos jogos de Ludo, Dama chinesa e frequentemente

procurava “burlar” as outras Irmãs; divertia-

se e ria à vontade quando conseguia...

Lembro que visitando as Casas, precisei dar uma palestra às Irmãs e me foi fixado um horário certo para terminar. Mas, no decorrer da conversa, não me dei conta que o horário marcado havia terminado, e continuei falando. Mais tarde, quando Mestra Tecla chegou, disse-me: “Fique tranquila porque já preparei o “macarrão com aspargo...”

“Eu faço o papel de mãe para você...” Mestra Tecla tinha bem claro desde o início, o princípio que a autoridade é serviço. Sabia dar-se toda para todas. Ajudava as Irmãs em seus trabalhos: da cozinha à costura, da tipografia à seção de acabamento; ajudava fazer os pacotes dos livros, arrumar a casa, cuidar das doentes...

“Uma das coisas que mais me custa é ter que pedir às Irmãs obediências que lhes custam sacrifício... Contudo, quando se deve fazer a vontade de Deus é necessário saber superar também isto...”

Uma vez ou outra acontecia que alguma Irmã era chamada com urgência para ir à família por ocasião da morte do pai, da mãe etc. E quando voltava de sua casa, apresentava-se à Primeira Mestra para cumprimentá-la. Mestra Tecla acolhia a Irmã (que estava chorando), a convidava a sentar-se perto dela e lhe dizia: “Conta-me, conta-me alguma coisa de tua mãe” (ou da pessoa que havia falecido!). Que grande alívio poder falar com alguma pessoa que nos ama, nos momentos de dor!”

Amava profundamente todas as Irmãs, fazia grandes sacrifícios e não olhava os gastos quando se tratava de ajudar as doentes ou aquelas que se encontravam em dificuldade vocacional. Aconteceu mais de uma vez que partiu pessoalmente, ou mandou expressamente alguma de nós visitar Irmãs que se encontravam em dificuldade, a fim de ajudá-las a manter-se serenas, tranquilas e encorajá-las a seguir em frente. Outras vezes convidava as Irmãs a irem a Roma, a fim de que pudessem falar mais livremente com ela.

Havia uma Irmã gravemente doente em um Sanatório no Vêneto. A Irmã era jovem

e tinha tuberculose muito grave, a qual avançava rapidamente... Não havia mais nada a fazer. Do hospital nos escreveram

que fôssemos buscar a Irmã se quiséssemos que ela morresse em casa. Mas o fato mais doloroso era um outro: a Irmã não queria morrer assim tão jovem.

Mestra Tecla partiu pessoalmente e foi encontrar-se com essa Irmã no Sanatório.

Esteve muito tempo com ela. Falou-lhe maternalmente como sabia fazer muito

bem, e com a fé que enchia seu coração... No fim do longo colóquio com a

“Mamãe”, a Irmã estava transformada...

“Por diversos anos sofri com bronquite asmática. As noites de inverno eram um suplício para mim... Fui dormir embaixo da escada para poder tossir livremente, sem medo de perturbar as outras... A Primeira Mestra, sabendo disso, me obrigou a ir dormir no seu quarto. E ao meu questionamento, respondia: “Não, não, não me perturba; tussa quanto você tem necessidade; mas queime o ‘pó’...”

Todas as noites eu enchia de fumaça o quarto e tossia por várias horas... E a Primeira Mestra sempre com bondade me dizia: “Coitadinha!... Faça tudo o que você tem necessidade para respirar melhor”. Suportou tudo isso por vários anos!... E sem nunca dar um mínimo sinal de cansaço; para mim é sinal de heroísmo!”

“Abraçou-me com tanta efusão e tanto afeto...” (Irmã Elena Ramondetti)

Tecla

“Abraçou-me com tanta efusão e tanto afeto...” “Quando parti para a China com outras Irmãs, Mestra Tecla nos acompanhou até a Estação e, quando nos separamos, me abraçou com tanta efusão e tanto afeto que ainda me comovo ao lembrar-me daquela cena. No mesmo dia, por meio de uma Irmã que ia a Nápoles, me mandou uma carta cheia de afeto e de materna exortação: Recomendava principalmente para querer-nos bem, manter-nos fiéis, sempre unidas aos superiores, e formar uma comunidade de caridade e fazer-nos santas. (Irmã Elena Ramondetti)

Quando teve início a Segunda Guerra Mundial, ela continuou regularmente com suas cartas, sempre atenciosa pela nossa saúde, recomendava-nos para estudar bem a língua e inserir-nos gradualmente no novo ambiente a fim de estarmos melhor preparadas para exercer nosso apostolado.

Tecla Depois de dez anos, voltei do Oriente pela primeira vez. Somente neste dia revi a Primeira Mestra que tinha ido a Nápolis para nos encontrar pessoalmente. Perguntou-me com tanta ternura como tinha sido a viagem, como tínhamos passado durante os longos anos de guerra, quais provas havíamos sofrido, como havíamos sido salvas..., e concluía: “Nossa Senhora salvou todas vocês; sejam gratas e procurem gostar muito de Maria Santíssima.”

“Lembro a sua extrema pontualidade em responder às nossas cartas. Nos longos anos de guerra ficamos privadas de notícias... E Tecla muito criativa nos enviava as cartas através das Irmãs dos Estados Unidos. Nenhuma carta minha ficou sem resposta... (Ir. Elena)

Tecla

Finalmente quando as relações entre a Itália e as nações do Oriente foram reabertas, posso dizer que também neste tempo nenhuma carta minha ficou sem resposta, até sua última doença...”

“Estive sempre com vocês; segui vocês a cada instante”. “Em fevereiro de 1952 ela me confiou a missão de visitar as casas das Filhas de São Paulo dos Estados Unidos e da América do Sul para começar o apostolado do cinema. Cheguei na Casa de Istaten Island a 12 de fevereiro de 1952. As Irmãs me esperavam e eu entreguei a elas toda a correspondência que a Primeira Mestra havia me solicitado levar. Com surpresa minha, junto com aquelas cartas encontrei uma endereçada a mim. Era uma carta da Primeira Mestra que me dizia:

“Caríssima M. Rosária, não se espante de receber este bilhete, levado por você mesma. Eu quis que você, logo que chegasse, lesse as minhas saudações, as minhas lembranças e o desejo de todo o bem. Sei que se pode sentir um pouco de saudades quando se vai assim tão longe: eu já experimentei isso e sei também como causa grande prazer ler qualquer linha de escrito que vem da Pátria! Espero que sua viagem tenha sido ótima. Segui você com o pensamento, com o coração e com as orações. Fique alegre. Eu estou muito perto de você. Aguardo notícias de tudo”.

“Segui você com o pensamento, com o coração, com as orações”. (A Irmã Rosaria Visco)

No ano 1961, Mestra Tecla comunicou-me que havia pensado em transferir-me para a Austrália... Aceitei de boa vontade a minha transferência e percebi sua alegria pela minha prontidão. Ela quis exprimir esta sua alegria com um bilhete que demonstra a sua materna delicadeza: “Estou tão feliz de vê-la assim dócil e boa. Que o Senhor a abençoe e a faça uma grande santa. Tive muitas preocupações com a Austrália. Confio que aos poucos as coisas irão se ajustando bem. Que Nossa Senhora a assista sempre.” (Irmã Rosaria Visco)

Tecla

“Sydney, 17/05/1962. Caríssima M. Rosária, sinto-me muito feliz por ter estado alguns dias aí com você. Agradeço de coração a caridade que vocês tiveram para comigo. Agora deixo o coração, o espírito nesta casa, nesta nação onde existem tantas esperanças para o apostolado. Coragem!... Pense que você terá muitos merecimentos e poderá encaminhar muito bem esta nação. Tenho plena confiança que vocês não só desempenharão tudo muito bem mas otimamente.

Estou sempre perto de vocês, sintam-me; todos os dias rezo por você em especial. Encontrei muita boa vontade em todas. Tenho confiança que vocês farão milagres nesta terra. Saúdo-a com o coração. No santo Sacrário estamos sempre unidas. Levo a todas as irmãs as notícias, as lembranças, as lindas notícias de você, de todas; da casa e das esperanças que temos. Esqueça se alguma coisa de mim a desgostou. Já disse que levo somente boas recordações. Esteja alegre. Nossa Senhora a bendiga.” Tecla

Na viagem de volta, de Darwin, escrevia: “Chegamos depois de um lindo vôo. Sempre estive com vocês: acompanhei vocês hora por hora. Espero que estejam alegres e serenas. Rezo muito por você, por todas. Sintam-me no meio de vocês: pobre kokoró (queria dizer: pobre coração, em japonês!); mas no paraíso não nos separaremos mais.”

O seu grande coração

“Se por acaso não receberem (minhas cartas), não digam que as esqueci. Não. Trago-as todas no coração: todos os dias eu as recomendo ao Senhor e as coloco sob o manto de Maria. Da mais anciã à última que ainda não conheço” (VPC 157).

A sua linha de governo está baseada num grande respeito à pessoa que se manifesta na capacidade de guardar segredo e reservas, na capacidade de corrigir sem humilhar, no harmonizar trabalho, oração, estudo e repouso, levando em conta a saúde das irmãs, na caridade entre uma casa e outra. As jovens devem ser acolhidas nas casas com muito amor e acompanhadas com paciência e atenção para que não se desanimem na primeira experiência apostólica.

Mestra Tecla está sempre preocupada em ajudar as pessoas a crescerem partindo da confiança e do afeto.

Os seus ensinamentos sobre a caridade são sempre muito concretos, tocam detalhes da vida. Ela tem certeza que “nós faremos o bem na proporção em que vivermos a caridade em família.”

É muito forte nela a preocupação para que esteja vivo em todas o sentido de pertença, que todas se sintam uma grande família, um só coração e uma só alma. O crescimento na compaixão recíproca, no perdão, na benevolência, afastando-se da crítica e da murmuração.

Contínuo é o convite a “cobrir tudo com o manto da caridade”, a vigiar para ser “um só coração e uma só alma”

Frequentemente ela fazia o convite para não julgar, não murmurar, e não “levar” para outras as críticas... a pensar bem uma das outras, a ajudar-se, a alegrar-se com o bem de cada uma, a ser gentis, educadas, retribuir o mal com o bem, a tornar-se donas da caridade fraterna... Todo o caminho no amor é visto pela Mestra Tecla como normal: “A caridade não é um heroísmo, mas é simplesmente a virtude do bom cristão.”

Tecla

Tecla “Se por acaso alguma Irmã não fizer bem todas as coisas, não se propague, procure-se corrigi-la, se for possível; e se não for possível, reze-se por ela. Eu devo confessar-lhes que recebi muitos bons exemplos de vocês. Peço-lhes desculpas se alguma vez eu as desgostei e peço-lhes para não imitar os maus exemplos que às vezes lhes dou. Sim, é justo que eu lhes diga isso, porque, na verdade, somos todas miseráveis, todas pecamos e temos necessidade da misericórdia do Senhor. O Senhor use de misericórdia para conosco!”.

“Procuremos cimentar a nossa união com o cimento da caridade... Na vida é necessário passar por cima de muitas coisas porque um dia ou outro tudo acabará... Trabalhemos, saibamos sofrer com os outros e ajudemo-nos com o pensamento da eternidade”.

“A casinha de Nazaré, onde em perfeita união de coração, viviam Jesus, Maria e José, deve ser o modelo de todas as Filhas de São Paulo... Jesus, na sua vida escondida, é o nosso modelo. Trabalhemos como ele trabalhava, intimamente unidas a Deus, fazendo tudo por seu amor, com grande perfeição e exatidão. O desempenho fiel de nossos deveres, a concórdia, a paz, a humildade, a compreensão, o perdoar-se mutuamente, a sinceridade recíproca, farão de nossa família religiosa muitos ninhos quentes de afeto, onde se progride “em sabedoria e graça”, onde se goza antecipadamente as alegrias do Paraíso. É assim de verdade a nossa Família? Se nos dermos conta de que em alguma coisa ela difere do modelo de Nazaré, façamos o propósito de colocar o remédio”.

“... Todas devemos ser mártires de paciência, isto é, suportar dia a dia aquilo que custa, suportar em nós, nos outros, nas coisas...”

Alarguemos as ideias, o coração. Não façamos distinção de região, de nacionalidade. Não dizer: esta é piemontesa, aquela da Lombardia, Siciliana, Napolitana... Esta é americana, japonesa, indiana, atribuindo qualidades mais ou menos verdadeiras ou contrárias.”

“Algumas vezes, nos vem este pensamento: daqui a cinquenta anos, o que será da Congregação? Se todas as Filhas de São Paulo estiverem unidas, apegadas às Constituições, aos superiores, se todas se quiserem bem, se forem como disse Jesus, um só coração e uma só alma, irão à frente bem e a Congregação florirá...”

“Queiramo-nos bem, toleremos os defeitos umas das outras, cubramos os erros, cubramos os defeitos, ajudemo-nos mutuamente! Que esta caridade seja vivida entre uma casa e outra, entre uma irmã e as outras... Que sejamos todas unidas! Então o Senhor ficará contente conosco”.

Às irmãs que irão partir para os Estados Unidos

“... Mando-lhes do fundo do coração uma saudação e um augúrio desejando que a nova terra que vocês irão habitar seja para vocês, em primeiro lugar, o campo de trabalho da santidade. Façam-se muito santas. Os grandes sacrifícios que esperam vocês lá, se tornem suaves com o pensamento do Paraíso e a esperança de levar o Senhor a muitas almas.”

As matizes do amor

As matizes do amor “Estou com vocês, com o pensamento e com o coração, parece-me vê-las a cada momento”. “Penso sempre em vocês, vivo com vocês... Vocês são sempre as primeiras a serem lembradas nas orações”.

Não desanimem se não virem o bem feito... Aqui há pessoas muito unidas a vocês, que as seguem passo a passo, que pensam em vocês, e rezam por vocês.”

“Apenas ontem despachei uma carta, agora mando um expresso para ver se ainda consigo fazer chegar esta no navio do dia 17, se pudermos... Sabe, às vezes me dá muita vontade de partir e ir encontrar-me com vocês! Vejo-as em espírito e frequentemente me encontro no meio de vocês... Sim, se lhes quero tanto bem, desejo muito vê-las.”

“Dias atrás escrevi para sua mãe porque ela disse que há tempo não recebia notícias suas e estava muito preocupada... Fique tranquila e serena. Em qualquer lugar que formos, levaremos conosco os nossos defeitos, não é verdade? Aqui há sempre muita coisa para fazer... Rezo por você, sei que você também reza por mim. Queiramos bem ao Senhor, somente a Ele....”

Caríssima Mestra Paula (...) Escreva para sua mãe uma vez por mês e quando escrever para mim, se quiser colocar junto um bilhete para ela, eu o farei chegar em mãos dela. Ela está sozinha e você está tão longe.... 29/12/1932

“... Tenho muito prazer em receber sempre notícias de vocês, de tudo e de todas; é melhor que sejam repetidas do que faltem. É necessário, porém, que vocês saibam tolerar-se mais, ajudar-se a ser muito generosas com o Senhor... Sejam humildes, obedientes, é melhor errar obedecendo do que fazer milagres desobedecendo ou fazendo a nossa vontade. É preciso trabalhar muito pelas vocações, mas, antes de tudo, sermos fervorosas nós, muito, sem histórias, ou cumprimentos sei lá o que, mas verdadeiro espírito religioso, amar as cruzes, as coisas difíceis, as humilhações. Somente com renúncia de nós mesmos começaremos a ser santas”. (À irmã Stefanina Cillario, 1933)

“Tenho tanta pena de vocês!”.

“... Agora espero uma carta sua, não com histórias mas com todas as notícias da casa, e das Filhas. Fico mais contente se você a mandar por via aérea...” (1932 à irmã Dolores Baldi)

No dia 5 de maio de 1934 escreve para Irmã Stefanina:

“... Demos almas a Jesus, com o nosso amor ao nosso Celeste esposo, com os nossos sacrifícios, renúncias etc. Que possamos dar ao Senhor muitos filhos espirituais. Todas as outras coisas são tentações. Fique tranquila, eu a compreendo, conheço a minha Stefanina, ela é travessa, mas no fundo tem tanta boa vontade e desejo de tornar-se santa. É preciso tornar-se santa, sabe! No silêncio operoso e amoroso, no sacrifício contínuo de sua vontade à vontade de Deus, faça tudo e somente para agradar a Jesus, sob o olhar de Maria, nossa Mãe Santíssima...”.

Uma viagem solitária...

“Estou sobre o mar... são 15 longos dias dos quais já passaram 9, assim me encorajo. Acho-os muito longos, primeiro por causa do jejum que é necessário fazer... sem Missa, sem Comunhão... Eu me fiz um altarzinho na cabine!...”

No dia 26 de março de 1936, Mestra Tecla parte sozinha para as Américas.

Carissima M. Stefanina “Sua carta me causou tanta alegria. Agradeço a Deus pelo bom trabalho que você faz, seja sobre você mesma, seja pelo apostolado. Confie! Maria Santíssima lhe dará tudo quanto você precisa, e a fará santa. Para mim você pode dizer tudo, mesmo que seja longa, não me causa desprazer . Estou certa que você medita e esforça-se para colocar em prática os meus avisos. As coisas eu as digo assim, nuas e cruas! Algumas vezes eu faço sofrer, mas sofro muito mais eu para dizer... Embora sabendo que agindo assim fazemos os merecimentos para o paraíso...”

“Quando você escreve, diga-me tudo...”

“Sempre quis bem a você, muitas coisas eu não sabia e quando escrevia não tinha muito assunto para lhe dizer. Agora que falei com as Irmãs, sei muito mais sobre suas vidas e suas necessidades, pois vocês sofreram muito nestes anos de guerra. Quando você escreve, diga tudo, eu não me admiro de nada. Se eu puder ajudá-la em alguma coisa, peça-me que o farei de boa vontade. Muitas vezes uma pessoa se sente inquieta e não sabe porquê, ela escreve, e depois parece que tudo passou como que por encanto. É a graça da obediência, é o confiar nos superiores que nos representam o Senhor, não é assim? Às vezes respondo com atraso, também porque falta o tempo, mas enviarei logo o Anjo da Guarda para fazer a minha parte junto a vocês. Não pensem mal se demorar um pouco para receber (...).

“Olhemos o essencial”

“Não somos tão pequenas assim para apegar-nos à coisas insignificantes, olhemos o essencial, o resto virá por si... É necessário passar por cima de tantas coisas se quisermos conservar a paz. Não sejamos tão meticulosas e difíceis de tratar; quando não há ofensa a Deus, deixemos correr... Não podemos impor a nossa vontade, o nosso modo de ver...” Tecla

Às superioras recomenda... “Antes de mais nada ser maternas com as irmãs. Lembrem-se de quando estavam em suas casas com a mamãe! (...) É preciso que a irmã não sinta falta da mãe e não deva pensar: Oh, a minha mãe não me trataria assim! Ser maternas, porém, não quer dizer contentar todos os caprichos, como fazem algumas mães com suas crianças. Ao contrário, as superioras devem pretender que se façam bem as práticas de piedade, que se observem bem os horários etc... mas ser maternas.”

“Nunca aconteça que deixemos a Visita porque temos muito que fazer ou pelo apostolado ou outros motivos. Antes de tudo pensemos em nossa alma! (...) A mestra é como a mãe... Se nós não nos nutrimos de Nosso Senhor, como poderemos depois sustentar as outras?

“... Que as irmãs não fiquem entusiasmadas somente quando se propõe um cinema, mas também quando se diz: “Hoje vamos fazer uma bela Hora de Adoração”. Se as irmãs sentem entusiasmo somente por uma fita de cinema, por um passeio, e não por uma Hora de Adoração, uma Missa cantada ou algum outro momento solene de oração, será que podemos afirmar que estão formadas para a vida religiosa, ao sentimento de piedade? Se não houver oração, tampouco haverá exercício das virtudes; porque a oração é o que nos obtém a graça para praticar as virtudes. Se faltar a oração, faltam também as virtudes porque sozinhas, somos muito débeis.”

Tecla

Boa irmã Maria Cléofe (...) Uma coisa para observar é esta: atenta a não adquirir o costume de ficar atrás de uma irmã que não age muito bem, senão adeus à paz da casa, é preciso fazer, como já escrevi: finja que não vê. Muitas vezes algumas irmãs nos “esquentam os nervos”, nosso modo de dizer!... a estas devemos usar maior caridade, assim é a vida religiosa. Nem todas são iguais, nem todas pensam como nós, e é preciso muita paciência, cobrir tudo com o manto da caridade, não nos arrependeremos nunca de ter sido demasiado boas. Lembro de todas sempre e de cada uma. Confiem em Nossa Senhora. Ela lhes dará um ninho...

“Deixei aqui um pedaço de meu coração...” “Chegamos em Boston, daqui há 15 minutos partiremos novamente... Não digo a vocês como as penso, vivo com vocês e por vocês rezo. Logo que o avião decolou comecei rezar o terço. - Fiquei muito contente com a casa de vocês, com sua boa vontade de se fazerem santas, e agradeço ao Senhor. Parto bem consolada... Agradeço a você e a todas as Filhas; de todas levo comigo uma boa recordação, isto é, a sua fidelidade e o amor à Congregação... Sempre me lembro de vocês, deixei aqui um pedaço do meu coração.

“Eu estou sempre ao seu lado...” “Paula, minha caríssima, estou tão contente

com você, do bom trabalho que faz, seja para o espírito seja para o apostolado e para as irmãs. Você me ama tanto e me faz amar, eu estou sempre a seu lado, sinta-me bem pertinho de você. Os pequenos mal-entendidos, os sofrimentos, as incompreensões são permitidas para enriquecer sempre mais sua coroa no Paraíso. Entrego-a à minha querida Mãe, ela será a sua defesa nos perigos, o seu conselho nas decisões, o seu conforto no sofrimento, a sua ajuda em todas as necessidades. Confie. Gosto muito desta casa, eu a protejo e me comprazo com a boa vontade e harmonia que reina, não obstante as pequenas coisas que são inevitáveis na vida. Eu a abençoo com todas as irmãs que estão nela. Seu Menino Jesus que tanto a ama.”

Tecla

“Você é minha caríssima amiga”

“Você é minha caríssima amiga” Vejo-as em espírito e quase em meio a vocês. Quero tanto bem a vocês... Desejo tanto vê-las” À Mestra Paula, 1940

A 18 de março de 1954, ela escreve a Mestra Paula: “Agradeço muito porque você veio à Itália, e pelo bem que fez a mim e às irmãs. Você é mesmo a minha caríssima amiga, eu sinto cada vez mais... Lembre-se que eu vivo com vocês. Quando não escrevo todas as semanas, eu sinto (não somente você mas também eu). É porque nós nos queremos muito bem. Perdoa-me se com minha rudeza alguma vez, sem querer, fiz e faço você sofrer. Acredite que eu o faço sempre com as melhores intenções, mas eu sou “grosseirona”. Façamo-nos santas. Eis tudo. Rezemos uma pela outra. Sempre unidas em nossos santos Protetores.”

9 de julho de 1954 “Na verdade contamos muito com vocês. Já conhecemos sua generosidade. O Primeiro Mestre disse que vocês são fervorosas, eu fico muito contente... Rezo muito por vocês, recordo-as, vivo com vocês. Agora vou fazê-la rir. Sabe o que eu queria sugerir a você? Empenhar a Providência polindo os cassetes... Vocês ajudariam muito a Mestra Ignácia que nestes dois meses, julho e agosto, são muito... secos... ou melhor, ... muito verdes... e os pedidos são muitos. Pense que estamos para iniciar o estabelecimento dos magazines porque não cabemos mais. É preciso ter muita fé, mais do que um grão... de mostarda... é necessário um grão de milho... de fé, mas entre todas nós a colocaremos...”. .

Tumor no seio - 23 de fevereiro de

1957

Tumor no seio - 23 de fevereiro de 1957 Caríssima Mestra Paula ... Como certamente Mestra Constantina já lhe escreveu, sábado, 23, serei operada do peito, porque, se não o fizer, dizem que há perigo... assim foi decidido desde ontem quando encontraram o mal. Hoje é meu aniversário, fui a Roma saudar as Filhas. Ofereço tudo também por vocês e pelas vocações. Dizem que não é uma coisa muito grave, paciência. Rezem por mim para que tenha muita paciência e possa, se for do agrado de Deus, estar bem quando vocês vierem. Recordo-as todas com muito afeto. Rezo por vocês e saúdo-as de coração.

22/02/1957 Tudo pronto, pela Sua Divina Misericórdia. Graças a Deus, graças a Deus! Intenções: pelo êxito da cirurgia, pelas intenções de Jesus ao imolar-se. Pelas intenções de Maria Santíssima, de São Paulo, do Santo Padre. De modo especial, pelas intenções do Primeiro Mestre. Para mim, para obter sempre maior união com Deus e desapego de mim mesma. Para a Congregação e toda a Família Paulina. Para que todas nos façamos santas. Pelo cinema, pela revista “Cosi”, pela revista Via Verità e Vita, por todo o apostolado. Pelas Festas do Evangelho, Semanas catequéticas e para que tenhamos boas e santas vocações. Tudo por Deus e pelas almas. Tecla

Pelo fim de março, Mestra Tecla escreve novamente: Albano 23/03/1957 Caríssima Mestra Paula, São as primeiras cartas que escrevo. Desejei muito poder escrever-lhe pelo menos algumas linhas! (...). Faz um mês hoje que fui operada, e justamente num sábado. Nem acredito que já posso me mover. Estou em convalescência, e está sendo longa. Paciência! Espero com o pensamento o dia que nos veremos... Espero melhorar bem, mas qualquer coisa que aconteça, seja feita a vontade de Deus.

Agradeço a todas as muitas orações que vocês fizeram por mim, senti realmente o efeito delas, uma coisa assim na minha idade não podia ser tão simples, ainda mais que eu tenho bronquite. Foi mesmo uma graça extraordinária. O Primeiro Mestre, pobrezinho, vinha ver-me todos os dias. Para mim era um grande conforto; agora ele vem ainda cada dois dias. Penso que sejam as Santas Missas que ele celebrou por mim e que as Filhas iam assisti-las no Santuário. Agora termino. Saúdo a todas de coração. A você o meu afeto.

“Certamente, vocês teriam preferido que me deixassem de lado para poder pensar na minha alma e preparar-me para o grande passo final. Aceitei fazer a vontade de Deus e aceito a cruz também para fazer a Sua Santa Vontade.”

No Capítulo do ano 1957

“Santamente fixas a fazer-nos santas...” Caríssima Mestra Paula, sabe que sentia vontade de chorar ao deixá-la! Mas quis ser forte... Agradeço de coração toda a assistência que você me deu, e também o sacrifício. Eu o compreendo. Eu estou bem, fique tranquila. Quanto pensei em você nestes dias!... Recordemos que devemos estar santamente fixas a fazer-nos santas. Eu as levo todas no coração, vivo com vocês em espírito. (...) Eu rezo por todas as necessidades. “Creio”, você se lembra? Não se obtém aquilo que se pede, mas aquilo que se “crê”.

“O Primeiro Mestre me disse: Reduza tudo ao amor”.

Os anos da oferta da vida.

Com Mestra Nazarena era “um livro aberto”, a ponto de a ter escolhido como sua “orientadora!” E mesmo à Mestra Nazarena a Primeira Mestra confiou o seu desejo de oferecer a vida pelas Filhas de São Paulo.

“Caríssima Mestra Nazarena, agora lhe digo também o meu pensamento. Desejo que me corrija naquilo que vê ou que sente que não está bem ou se poderia melhorar. Lembro-a que a escolhi como minha “orientadora”. Se você o fizer nestes dias, me fará uma grande caridade. Eu ainda não combinei nada, sabe por quê? Não gostei daquela conferência sobre a Piedade, que vocês me prepararam. Incomoda-me e não sei como e nem o que dizer. Talvez seja tudo amor próprio. Sugira-me você algum pensamento...…

“... Há algum tempo o meu propósito é: Abandono em Deus e em Maria Santíssima. Exercício de humildade e paciência. Fazer alguma penitência, pequenas coisas em reparação. Penso mantê-lo, porque quando fiz aquele retiro em Albano , o Primeiro Mestre me disse: reduza tudo ao amor, eu não sei como agir a não ser fazendo a vontade de Deus. Você, o que me diz? Agradeço-a desde já pela caridade que me fará!... Reze por mim pois são meus últimos dias e estou ainda muito longe de tudo. Agradeço a Deus!”

“Nas visitas ao Mestre Divino nos encontramos todas unidas...” O seu maior desejo era a “santidade” de cada irmã. Diante disso, escrevia à Mestra Dolores Baldi (Brasil), logo depois do mês dos Exercícios de 20 dias no ano 1961:

Roma 11/06/1961 Caríssima Mestra Dolores, Agradeço muito por vocês terem vindo. Também a mim, como lhe disse o Santo Padre, “O Brasil está no coração”. Tenho todas vocês no coração, rezo por vocês. Façam-se santas. Diga a todas que continuem com coragem, com fé, com amor. Vocês fazem tanto bem às almas, antes porém, é preciso fazer-nos santas nós... Eu estou sempre com vocês em espírito... Rezem por mim que estou ficando velha e ainda não me converti. Rezemos umas pelas outras. Nas Visitas ao Mestre Divino nos encontraremos todas unidas, eis o pacto.

Caríssima Mestra Dolores, Você fez bem em visitar as irmãs nas Casas Filiais, eu também estou fazendo assim. É certo que custa, mas quando se faz por amor a Deus tudo vai bem. Quanto mais vocês aumentarem o número de irmãs tanto mais faltarão as pessoas, parece um paradoxo, mas é assim mesmo, nós percebemos isso aqui também... Fique tranquila que agora os Bispos voltam de Roma e pedirão ainda mais...”.

E à irmã Cléofe Zanoni, no dia 3 de novembro de 1962: É muito bom de vez enquando ir nas Casas para encontrar-se com as Irmãs, elas se sentirão mais animadas... Fique tranquila porque aquilo que vocês dão às irmãs mais necessitadas o Senhor lhes devolverá o 100 por um. Na Coréia elas necessitam muito. ... O Senhor não pretende mais do que se pode fazer (...) Como está Formosa? Conseguem pagar as despesas?... Se você visse aqui quantos Bispos! Não todos, mas uma boa parte pede para irmos em suas Dioceses. Deveríamos ser 10 mil... Seja muito materna com as Irmãs, alimente-as bem, do contrário, vão ficar doentes pois têm muito que andar.

“Durante a guerra a Providência sempre nos ajudou”

“Caríssima Dolores, depois dos 40 dias no Oriente estou novamente na Itália. Esta vez porém, mal na saúde... O calor da Índia enfraqueceu-nos... Estou muito contente com o Brasil. Gostaria que você preparasse duas irmãs para a Índia. Imagino que o pensamento das missões as anime!...”. (À irmã Dolores, 1953)

“Ela era muito delicada na caridade para com as suas filhas. Mais de uma vez aconteceu que depois de alguma observação que me fazia, eu ficava um pouco ofendida. Era quase sempre ela que no primeiro encontro sorria para mim e me olhava com aqueles olhos penetrantes, quase como se quisesse dizer: “Não vai me fazer cara feia!”. Outras vezes, me dizia abertamente: “eu lhe faço as observações porque lhe quero bem, porque a quero santa!” Seria muito feio se eu tivesse que colocar as luvas brancas “para dizer-lhe as coisas: ´Vá-lá´: fique serena e se faça santa!” Giuseppina Balestra

Além disso o meu propósito de algum tempo é: abandono em Deus e em Maria Santíssima. Exercício de humilde paciência. Fazer alguma penitência, pequenas coisas para reparar. Penso que o peguei quando fiz aquele retiro em Albano e o Primeiro mestre me disse: reduza tudo ao amor, eu não sei como agir se não fazendo a vontade de Deus. Você o que me diz? Agradeço-a desde já pela caridade que terá comigo... Reze por mim que estou nos últimos dias e estou ainda muito longe de tudo. Graças a Deus!”

ERA “A PATERNA, DOCE, FORTE PROVIDÊNCIA DE DEUS...”

(são as palavras do cardeal Larraona

referentes à Mestra Tecla)

ERA “A PATERNA, DOCE, FORTE PROVIDÊNCIA DE DEUS...” (são as palavras do cardeal Larraona referentes à Mestra Tecla) “A Primeira Mestra não era somente uma superiora, ela era a Mãe do Instituto. Tereis outras superioras que cumprirão o ofício e seguirão os exemplos da Primeira Mestra; porém, não serão as Mães. Portanto, é preciso estudar o seu espírito, lembrar os seus exemplos, ler aquilo que ela escrevia e particularmente seguir seus conselhos, os avisos, as conferências que ela sabia tão bem apresentar, na hora certa e com jeito tão delicado e bom que tudo era acolhido e levado no coração.”

Tecla

“... Se vivemos a obediência na Congregação, grande parte dos merecimentos é devido à Primeira Mestra, a qual sempre foi obediente. E quem tem um ofício particular para cumprir, se, na sua posição, obedecer sempre, mais facilmente conseguirá que lhe obedeçam aquelas que dependem dela.”

Vocês devem tudo à Primeira Mestra e eu devo também porque me iluminou e orientou em circunstâncias alegres e tristes, ela foi conforto nas dificuldades que atravancavam o caminho... Gostaria que vocês fossem todas como a Primeira Mestra. Nada sem ela e tudo com ela.”

Pe. Alberione Tecla

“Seguir a Primeira Mestra humildemente, docilmente; cumprir afetuosamente aquilo que ela diz: não resistir à sua vontade, ajudá-la com a oração, agir de modo que ela não precise carregar o peso de sua responsabilidade com dificuldade...”

Pe. Alberione

“Seguir a Primeira Mestra é o caminho da santificação e do apostolado”.

Mestra Tecla pedia-nos para sermos e sentir-nos “um só coração e uma só alma”, a crescer na compaixão recíproca, no perdão, na benevolência, deixando longe a crítica e a murmuração, e “cobrir tudo com o manto da caridade”. Como concretizar em nossa vida pessoal e comunitária estes seus preciosos pensamentos?